O conceito de Barroco [1 ed.]
 9789726995128

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Arnold Hauser é um dos mais destacados h i scoriadores de arte deste século . Uma d,,:: suas o:Oras capitais é a História Social d.1 Arte e da Cultura (publicada por esta e 1cora em vo umes e que az par te o presente estudo . Sendo uma das partes dessa sua obra qu e ma1s sol1c1tações tem t1do pela parte o publico estudantil universitario achou-se por bem autonomizá-la e incluí-la nesta Meli§JHI•j O prefac1o com que e enr1quec1da , da autoria de Da aberto L . Markl, constitui uma ma1s va 1a prec1osa na me 1 a em que este h1stor1ador de arte, com o conhecimento e autoridade que se l he reconhecem nessa mater1a , lhe confere novos motivos de inceresse e estudo mediam::.e uma inter reta ão inovadora do conceito de barroco e uma anal 1se da situação porcuguesa de imagens coecânea .

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ARNOLD HAUSER

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O CONCEITO DE BARROCO

O CONCEITO DE l!ARROCO Alltot·: Arnold llauscr Colecção: Artes/Ensaio 7i·adllçti o: Dcna Mendes, Antonino de Sousa c Alberto Candeias Rc ,·ütio: Alice Araújo {) Vcga (1 997)

ARNOLD HAUSER

Vcga, Limimda Ap3rt3do 41 034 1526 Lisboa Codcx

O CONCEITO DE BARROCO Sem a11tori:açàa expressa da editor não é permitida a n.!pT'Od11çtio parcial 011 torai de.!to obra desde IJIII! tal reprod11ç1io niio decorra tias .finalidades I!Specificas da divulgação e da critica.

Ediror: Assírio Oacelar Capa: Luis EME Imagem da capa: O mpto das filhas de Lcusipo, de Rubens Fotocomposiçtio, Fotoliros e Momagem: Corsino & Neto - Gabi nete de Fotocomposiç5o, Lda. ISON: 972-699·5 12-4 Depósito l.cgnl: 11 0920/97

lmpn•s.wio i' Acahamrmw: Rolng~:\ fico lmprc~sorcs I. da.

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ÍNDICE

Hauser e a Pintura Portuguesa do Século XVU, por Dagoberto

L. Mark!.. ....................................................................................

7

I - O CONCEITO DE BARROCO ....... ..........................................

27

II-O BARROCO DAS CORTES CATÓLICAS ...........................

41

Ill - O BARROCO DA BURGUESIA PROTESTANTE ................

73

HAUSER E A PINTURA PORTUGUESA DO SÉCULO XVII por

Dagoberto L. Markl

Nota do editor Este livro tem por base um capítulo da obra The Social History of Art, editado em 6 volumes por esta editora, sob o título História Social da Arte e da Cultura, que dado o seu particular interesse para o público estudantil universitário, optámos por autonomizar e enriquecer com um prefácio de um especialista nessa matéria.

A apresentação de um texto de Arnold Hauser implica, necessariamente, o estudo da abordagem marxista do fenómeno artístico. Sendo que este trabalho sobre o Barroco feito por aquele historiador se debruça sobre o século XVII na Itália, na França e na Holanda importa, sem dúvida, inquirir-se qual a situação portuguesa na produção de imagens coetânea. Nada existe de mais estimulante do que partir para o estudo de Hauser tendo como base a atitude crítica de um dos expoentes máximos da historiografia europeia, Ernst Gombrich. Para o que analisaremos, sucintamente, a recensão que este fez, em 1953 da História Social da Arte que aquele tinha acabado de publicar na sua edição em língua inglesa('). É evidente que não é nosso propósito apreciar detalhadamente a crítica de Gombrich. Tão só nos importa abordar um ou dois tópicos, um deles focalizado sobre o Barroco, que são reveladores da atitude de preconceito político de que enfonna a recensão deste historiador austríaco radicado na Inglaterra.

(I) THE ART BULLETIN, March 1953, Vol. XXXV, Number 1.

9

Como contraponto a este «debate» de ideias julgamos útil referir as posições, algo esquecidas, assumidas por outro historiador da arte de orientação marxista, Nicos Hacljinicolaou, cujo radicalismo tem levantado algumas suspeições e criado bastantes detractores, sobretudo no âmbito da historiografia portuguesa. Entendemos, porém, que, salvaguardadas as devidas reservas, será necessário, de acordo com um critério de objectividade, valorizar as teses de Hadjinicolaou no que elas têm, ainda que indirectamente, de comum com as de Hauser no sentido de actualizar as posições defendidas por este nos inícios da década de 50. O Barroco é, com efeito, o periodo ideal para colocar em jogo o processo metodológico defendido por Hauser e para compreender, em apoio deste, a noção de ideologia imagética avançada por Hadjinicolaou e que, entre nós, teve repercussão nos estudos pioneiros de Vítor Sen-ão (2). Estamos em crer que depois dos eventos políticos da última década se criou um refluxo nos métodos de abordagem da obra de arte tendente, sem dúvida, a retomar um tipo de análise formalista, quase esotérica para o não iniciado ou, por contraposição, um exagero na aplicação incorrecta do método iconológico proposto por Erwin Panofsky. Por outro lado surgiu um novo pendor positivo que se alicerça numa combinação evident.e entre a Histórica da Arte e das Mentalidades, combinação ric.a em sugestões uma vez que integra a Arte no âmbito mais globalizante da História da Cultura. lvfas para que esta corrente possa vir a produzir efeitos úteis importa que nela se incluam, tantbém, os fenómenos

O Vítor SERR.ÃO, «História de Arte proposta por Hauser cujas explicações sociológicas redundam 12

em «falácias psicológicas». Como é natural Gombrich omitiu um parágrafo que explica, com toda a lógica, a ideia avançada por Hauser que se pode ler, intercaladamente, na mesma página: «0 racionalismo encontrava-se, de facto, mais profundamente enraizado na maneira de pensar burguesa do que no da nobreza, que havia adoptado apenas a concepção de vida racionalista da burguesia». Uma coisa é uma aceitação do pensamento racionalista outra, totalmente diforente, é a de se aceitar somente as concepções de vida ou de estar na sociedade sem maior aprofundamento. Há, todavia, um outro aspecto que Gombriclz não contempla na sua crítica e que, de alguma forma, põe em causa a sua objectividade. De acordo com Hauser a subida ao poder de Luís XIV e o eclodir do absolutismo e das teses mercantilistas de Colbert submetem toda a criação artística a estereótipos definidos pelo rei que se apoiava, essencialmente, no gosto de Le Brun controlador de toda a produção artística tornando a Academia num pe1jeito tribunal definidor dos critérios de gosto. Este dirigismo artístico colocou a «aristocracia e a alta finança fora do mercado da arte>>. Deixou, por consequência, de existir uma independência nos critérios de apreciação estética. Tudo isto revela um retrocesso em relação aos govemos de Richefieu e de lvfazarino, como escreve Hauser: