Modelos...
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MODELOS, ESQUEMAS E GRAFOS NO ENSINO DE LACAN Alfredo Eidelsztein

TORO editora

Copyright (& 2018 alfredoeidelsrrein CRÉDITOS

TRADUÇÃO: josé luiz caon, marta d'agord, vitor hugo triska, maria cristina hein fogaça e martha wanlder hoppe REvISÃO TÉGNICA: michele roman faria DIAGRAMAÇÃOE ILUSTRAÇÃO:eva christie roman IMPRESSÃO: tomas artesgráficas é editora cara: didor design EPITORAÇÃO:toro editora

2018

Todos os direitos desta colição reservados à toro editora telefone: (11) 9 7132-2109 wwtoroeditora.com.br É Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP Brasil) Elidelsetotn, Alfredo Modelos, esquemas Coon)

e grafos

no ensino de Lacan / Alftedo Eidelszteins [tradução José Luiz

São Paulo ; Toro Editora, 2018.

al: Modelos, esquemas y grafos én la ensenanza de Lacan. ISBN 978:85-92779-04-7

E Grao do desejo 2, Lacan,

6 Ibpologla 1,

Jacques, 1901-1981 3. Psicanálise 4. Psicoeducação 5. Psicologia

Título,

LAS0990

CDD-150.195

Índices para catálogo sistemático: 1 Psicanálise lacaniana : Modelos, esquemas e grafos : Psicologia - 150,195 Maria Alice Pereeira Bibltoteo

CRB 8/7964

A Graciela

indice

apresentação 9 introdução 1.3 topologia 17 parte um | modelos capítulo um

modelo óptico 31 parte dois | esquemas capítulo um

esquema 'L" 53 capitulo dois

psquema "2º 77 capitulo três

euquema "Rº 87 parto três | grafos capitulo um

grato do desejo 121 conclusões 159 telotências bibliográficas 161

apresentação

Neste livro, Alfredo Eidelsztein, psicanalista argentino que há mais de trinta

anos se dedica à transmissão dapsicanálise em cursos de pós-graduação e seminários em universidades e sociedades científicas — não apenasna Argentina, mas em vários países da

América Latina, entre eles o Brasil — dedica-se minuciosamente à tarefa de apresentar ao

leitor os mais importantes modelos, esquemas e grafos construídos por Lacan ao longo

deseu ensino: o modelo óptico, os esquemas L, Z, Re1 e o grafo do desejo. Mesmo o leitor ainda não familiarizado com esse recurso da teoria lacaniana não terá dificuldade para acompanhar um percurso cuidadosamente traçado de forma

clara e generosa por Eidelsztein, que se preocupa não apenas em apresentar cada um dos modelos, esquemase grafos, mas também em situar contexto teórico em que aparecem, bem como as referências ropológicas e matemáticas que os embasam. Logo na introdução, o autor justifica o interesse por um tema considerado difícil. Segundo ele, os modelos, esquemas e grafos são um instrumento de trabalho

fundamental para a formação do psicanalista, na medida em que se encontra neles a mesma estrutura com que se opera na clínica psicanalítica. Eidelsztein lembra a preocupação de Lacan com a transmissão e sua necessidade de “levar em conta que o que se quer representar (a noção de sujeito do inconsciente tl como se presentifica na experiência psicanalítica) deve estar presente naquilo que se escolhe para repres

á-lo”. O autor mestra, neste livro, como os modelos, esquemas e

pualos resultam dessa preocupaçãode Lacan, o que os coloca entre os mais importantes recursos de transmissão da teoria e da clínica psicanalítica lacaniana. É um livro de

extremo interesse, portanto, para o estudo da formalização na obra de Lacan. Na primeira parte do livro, dedicada à topologia, oleitor é apresentado a este tamo da matemática, justamente para esclarecer a importância de seu uso como um

tecuiso para enfrentar os desafios que se impõem à transmissão da psicanálise. Desafios aque

remetem ao problema da apresentação sinerónica e diacrônica dos conceitos; À

dificuldade de apresentar um modelo não metafórico que evidence a estrutura de que se trata na concepção do sujeito do Inconselentes h tendência de um alinhamento das

teorias de Lacan ds de Predio di dificuldade envolvida ma arteilação do partleular de tm caso ao geralou universal da estrutura, Bidelszteha faz da topologia e de seu uso por

nora suficiente para justificar o Interene pelo livro. Eldelseteln propõe seus próprios

Lacan o ho condutor do livro e é a partir desse fio que os modelos, esquemas e grafos são apresentados.

Algumas delas sugerem uma linha geral de entendimento dos esquemas e

Por isso, ele inicia a parte dedicada aos modelos esclarecendo o leito que,

esquemas, dialoga com a teoria lacantana, acrescenta suas próprias reflexões,

pratos, como a quepropõe que “com Lacan, afirmamos que uma estrutura quadripartida é exigível para a conceptualização do sujeiro da experiência psicanalítica”,

diferentemente dos esquemas € grafos, o modelo óptico não é propriamente ropológico,

Outras, mais específicas, mostram que os modelos, esquemas e grafos podem

Alnda que o próprio Lacan tenhapassado a chamá-lo esquema óptico a partir do semi-

servir debase para uma ampliação dareflexão teóricae clínica de cada psicanalista. Qual

mário sobre a angústia, Eide Isztein

se preocupa em esclarecer que é como modelo que

a velação entre o modelo óptico e os três registros? Qual a função e o alcance do ideal

bi, e que é opróprio Lacan que afirma ser a analogia que fundamenta seu valor de uso para a psicanálise (cf. Lacan, 1960, p. 679). Eidelszteinesclarece que “seu

do cu nesse modelo? Comoarticular o esquema óptico do seminário sobre a angústia à

funcionamento

do real no esquema "L"? Comoarticular o esquema "L” à teória do Édipo, à banda de

Lacan o const

se embasa na analogia entre o que representa e o que se emprega para

tepresenta” e que,

alémdisso, “os modelos em geral, e o modelo óptico em particular,

têm estrutura imaginária”, o que os caracteriza como não topológicos. Para o autor, é soinmente quando Ls

an passa à chamar seu modelo de esquema óprico, no seminário

de 1962-63, queas articulações teóricas já não estarão fundamentadas “em nenhuma analogia com os fenômenos que se quer evocar”. Ao p

11 OS esquemas e grafos, nos capítulos seguintes, Eidelsztein mostrará

tratar-se de um recurso topológico que implica a “representação espacial das funções e de suas relações”, lembrando que o próprio Lacan, ao utilizar esse recurso, afirmava tão estar preocupado emapresentar umasolução ou um modelo, mas uma maneira de fixar as ideias que a enfermidade de nossoespírito discursivo reclama. Os esquemas e grafos são um recursovalioso porque permitem reduzir osefeitos dessa enfermidade que conduz à compreensão teórica. Eidesztein mostra-o comclareza neste livro, insistindo ta Importância da passagem da intuição imaginária à representação simbólica como uma Indics

ão preciosa do progresso do ensino de Lacan.

Um capítulo inteiro será dedicado a cada um dos esquemas — esquema 'L",

esquema “Z” e esquema "Rº — cao grafo do desejo, mas sem deixar de lado o interesse

operação dedivisão do sujeito proposta por Lacan no mesmo seminário? Qual o lugar Mubius? Qual a relação com o diagrama do grupo de Klein? Comoextrair do esquema "uma concepçãode psicopatologia e de final de análise? Como localizar o sujeito no

juema "Z"? Qual relação entre o esquema "Z", o complexo de Édipo e ao problemas relativos à sexualidade? Como articular o esquema "R" à metáfora paterna? Como localizar o objeto 4 no esquema "R"? Como a comparação ao esquema "[” permite pensar a oposição neurose-psicose? Como localizar no grafo do desejo o acting-out como uma

resposta do sujeito a uma manobra do psicanalista? Eidelszrein não apenas busca o rigor da transmissão teórica dos modelos, esquemas e grafos mas, como leitor de Lacan, propõe umatransmissão que é marcada

por suas próprias indagações, por sua compreensão da função deste recurso teórico na obra lacaniana, investigando cada nuance,cada virada conceitual, levantando hipóteses sobre suas possíveis motivações. Ao final da leirura, ficará claro que o autor cumprea tarefa a que se propôs, “ilemonstrar queesses instrumentos, aqui modelos, esquemase grafos, foram concebidos por Lacan com o propósito que a estrutura dos mesmos se aproxime cada vez mais à estrutura do sujeito com o qual opera a psicanálise”.

pela rele ão que há entre eles, Eidelsztein afirma, por exemplo, que o esquema "Z" eo

esquema

"L” nãosão o mesmo, e que “não somente serão trabalhados como diferentes,

mas ainda o esquema "Z" será tomado como uma retificação essencial das noções em do esquema "L””, Observa que o esquema "Rº co grafo do desejo foram construídos 1

Michele Roman Faria Carina Rodriguez Sciutto

atmmultancamente, “não na mesma época, mas nos mesmos dias”, e propõe a necessidade

de respondera essa peculiaridade, Justifica não dedicar um capítulo ao esquema "I” por entender tratar-se de um esquema que se aplica particularmente a Schreber, mas propõe algumas relações entre o esquema "T" e o esquema "R", Ao final, o leitor notará que se trata de um livro que vai além da ampla e

penerosa apresentação dos modelos, esquemas e grafos no ensino de Lacan — o que já a

introdução

O título deste livro indica claramente que nele se trata da questão dos modelos, esquemas e grafos no ensino de Jacques Lacan. Tentarei estabelecer a relação que esa sério de produções mantém com os principais conceitos psicanalíticos que Lacan elaborou e muitas vezes criou.

Os modelos, assim como os esquemas e grafos, são formas de apresentar esses conceitos e suas relações de maneira “sincrônica”; neles, todos os conceitos em jogo estão dados simultaneamente. Por outro lado, qualquer apresentação discursiva implica neces-

suriamente a “diacronia”, já que todo discurso responde a umaestrutura fundamental que consiste em ser uma cadeia de termos, o que produz, como efeito inescapável, que os

vonceitos e suasarticulações sejam expostos primeiramente um, depois o outro, e assim sucessivamente. A apresentação discursiva, embora não pareça assim, contribui pouco para que o leitor articule seu pensamento, pois esse precisa conservar em sua memória

tudoaquilo que foi dito ou lido anteriormente, Os modelos, esquemas e grafos tentam luvorecer a articulação dos conceiros junto ao leitor. Entretanto, somente cumprem essa [unção quando podemos manejá-los com certa habilidade. Tratarei de dar conta da estrutura de cada um deles, já que não é a mesma,

nem sequer no sentido mais geral. Por exemplo, apesar de serem ambos “esquemas”, o esquema “L” tem a estrutura daquilo que na matemática se chama de grupo, enquanto

que o esquema “Rº tem uma estrutura topológica. Noestudo dessas produções lacanianas, a pergunta pela relação que mantém entre si vai ser um dos temas fundamentais. O faro de que os modelos tenham aparecido primeiro (Semindrio 1), os esquemas depois (Seminário 2) e só ao final dessasérie renham aparecido os grafos (Seminário 5), não fornece informação sobre sua relação recíproca, ou seja, não basta para que seja concebida a maneira comose relacionam.

O ensino de Lacan tem, entre outras particularidades, a seguinte: a forma em que se imbricam sincronia e a diacronia de suas concepções, ou seja, a relação que

guardam entire si os conceitos fundamentais em cada etapa do seu desenvolvimento e em seu progresso. O estudo dos modelos, esquemas e grafos é uma excelente via para 13

prossegulr e estudar a articulação entre o ue se cura tertoa por entar mato ado poruma

se levar et conta que o que se quer representar (a soção de sujeito do Inconsclente

lógica sincrônica e à quie se caracteriza por estar cm movimento q purtir de uma lógica

tal como se presentifio a na experiência pstennalivio a) deve estai presente naquilo que

dacrônica, etteular acravés dos modelos,

se escolhe para representá-lo; de outra forma, calríamos naquilo que Lacan critica em [reud; não superar o nível da metáfora; faz-se necessário aqui o uso da topologia. Esta condição é encontrada já em “Intervenção sobrea transferêne + de 1951, na qual, num

Desde seu primeiro seminário até o último, Lacan elabora às consequências

parágrafo memorável, Lacan diz: “Isto é, o conceito da exposiçãoé idêntico ao progresso

Hodavia, quais

são as noções que Lacan tenti ç

esquemas e grafos?

de ter introduzido napsicanálise a estrutura de seustrês registros: o Real, o Simbólico e o

do sujeito, isto é, à realidade do tratamento p

analítico” *

Imapindrio, E no último seminário, o de Caracas', onde afirma “meus rrés não são os dele »

Esta exigência de que a estrutura do sujeito temde ser a mesmaquea estrutura

fede Lreud). Neste trabalho, proponhoque o “retorno a Freud” que Lacan propôs desde o

daquilo quese escolhe para representá-lo, vai ser reencontrada na estrutura dos escritos

começo desuaprodução, consistindo numa retificação de como se concebiam os conceitos

de Lacan, dos quais tanto se falou no que tange ao estilo que lhes imprimiu seu autor,

peleanalívicos nesse momento, tem outraface ou aspecto. Ela é o debate permanentemente sustentado com Freud, referente à validade da utilização dos trios freudianos “Incons-

esquecendo que aquilo que encontramosneles é a estrutura mesma do sujeito do incons-

vlente, Pré-Consciente e Consciente” ou “Eu, Supereu e Isso”, versus o rrio de Lacan.

nas dificuldades de meu estilo, talvez possam entrevê-lo, há algo que responde ao objeto

Que tipo de relação mantêm esses três registros de Lacan entre si? Como representaressarelação? Que relação mantêmos registros de Freud entre si? A resposta

mesmo de que:

pode servir tunbémpara responder à pergunta acima proposta: qual é a relação entre

clente. No Seminário 5: Asformações do inconsciente, encontramos, quanto a isso: “(...)

À leitura dos escritos de Lacan é, então, “formação do psicanalista” já que se enfrenta neles a mesma estrutura com que se deve operar na prática psicanalítica. Pelo que já foi dito, o primeiro capítulo deste livro tratará, de forma bem

vs dois trios freudianos e o lacaniano?

Ostrês registros devem ser apresentados juntos, mas de que maneira? Em outra passagem do “Seminário de Caracas”, vemos comoo próprio Lacan elabora essa pergunta: Eis aqui: meus três não são os dele [Freud]. Meus três são q, simbólico, o teal é o imaginário. Vi-me levado situá-los como uma topologia, a do nó, chamado de nó borremeano. O nó bartomeano põe em evidência a função do ao-menos-três, Enoda os ourros dois desenodados. Isso eu dei aos meus. Dei-lhos para que soubessem orientar-se na prática. Porém, orientam-se melhor que coma tópica legada por Freud aos dele? Há que ser dito: o que Freud desenhou com suatópica, chamada de a segunda, padece de certa torpeza, Imagino que ele fazia assim para poder fazer-se entender dentro dos limites de sua época.?

rata (...) não simplesmentefalar da fala, masfalar no fo da fala (...)"*

peral, da questão da topologia, da sua relação comas noções matemáticas e sua estrutura

lundamental, Será apenas uma fórma de nos assegurarmos de contar com os elementos que Lacan toma a partir dos progressos mais avançados em sua época, quanto à noção de estrutura é sua formalização, Embora o estudoda topologia ultrapasse o tema deste livro, para responder às questões no nível em que Lacan as lança e as trabalha, devemos

[izer o esforço de entrar no campo da formalização moderna, o que nos obrigaa introduzir conceitos fundamentais de ropologi

Na obra de Lacan, o recurso à topologia está presente desde cedo: não é, como

Emoutra passagemafirma: “Essa topologia que se inscreve na geometria pro-

se poderia acreditar, o ponto mais alto de abstração deste psicanalista ímpar na história

jetiva e na geometria das superfícies da anabysis situs, não deve ser tomada como ocorre com os modelos ópticos de Freud, com valor de metáfora, senão como representando

«lu psicanálise. Assim, por exemplo, já em “Função e campoda fala e da linguagem em | wsicanálise”, de 1953, encontramos:

realmente a própria estrutura”?

Dizer que este sentido mortal revela na fala umcentro externo à linguagem é mais do que

uma metáfora, e evidencia uma estrutura. Essa estrutura é diferente da espacialização da circunferência ou da esfera onde nos comprazemas em esquemarizar os limites do vivente e do seu meio: ela corresponde, antes, ao grupe relacional gue a lógica simbólica designa topologicamente como um anel, As querer fornecer dele uma representação intuitiva, parece que,

A forma de conceber a relação entre os três registros lacanianos é, então,

topológica, enquanto quea relação entre os registros freudianos é tópica. Veremos, no transcurso dos capítulos, em que consiste essa diferença.

mais que à superficialidade de uma zona, é à forma tridimensional de um toro que conviria

O que Lacan reclama, a respeito da articulação psicanalítica dostrês registros,

recorrer, na medida em que sua exterioridade periférica e sua exterioridade central constiruem apenas uma única região”

é que cles devem implicar o sujeito do inconsciente e, seguindo o seu ensino, há que [O do

LACAN] El Seminario de Caracas. In: Escisidir, exospmeniom, disoticion. Manantial, p.264. bl, p 2064-265.

1

1

Adi HH abjeto del psicoanálisis. In: Reseãas de enserianza. Manantial, p.38.

6

vo

Ido Intervenção sobre a transferência. In: Eserisos, ). Zahar, p.217 kl, Sexcindrio So As formações do inconscienie. Lição de 13/11/57.

Id. Função e campo da fala c da linguagem em psicanálise, op. cit., p.321-322.

A topologia é necessária a Lacan, não

apenas vinentada ao Simbólico,

acui

proposto a parcde da função da fala, mas também em relação no Imaginário, Tim “O

mito individual do neurótico”, que é umdos primeiros escritos de Lacan, encontramos, por exemplo: “Queé o eu senão algo que o sujeito experimenta primeiro como algo que é alheio a ele mesmo em seu próprio interior?” Essa concepção da relação entre o Interior e o exterioré já topológica.

topologia

Todavia, para que nos serve a topologia? Essa pergunta pode ser respondida

por meio dessas outras: o qué, daquilo que diz um psicanalisante, deve ser levado em conta? Como fazer para não cair naquilo que criticamos de certos enfoques psicanalíeos, como, por exemplo, que o seu horizonte não vai mais além do fazer descrições

O espaço, considerado independentemente de nossos

de formas, tanto de caráter, como de personalidade? Da mesma maneira, e quanto à posição psicanalítica

instrumentos de medida, não tem, pois, nem propio dades métricas nem propriedades projetivas; tem apena propriedades ropalógicas.., (Henri Poincaré)

a respeito da particularidade única de cada sujeito, como é que

aperamos com noções de estrutura generalizáveis? Caso não façamos isso, não haveria nada para comunicar entre psicanalistas: mas como articular o particular de cada caso como geral ou universal da estrutura? Todas essas perguntas se apoiam numa pergunta

fundamental: como se acede à estrutura? As noções da topologia e especialmente seus invariantes topológicos serãoa via.

O que é a topologia? É um ramo das matemáticas na qual se distinguem

Tendoassim introduzida a topologia, surge a perguntaa respeito das proprie-

vários tipos detopologias. Antes de começara desenvolver as propriedades de cada uma das topologias,

dades topológicas dos modelos, esquemas e grafos no ensino de Jacques Lacan. São eles

convém fazer uma distinção no campoda geometria que nos servirá como introdução

todos ropológicos? E como evoluio recurso à ropologia no ensino de Lacan?

no temas trata-se da distinção entre geometria euclidiana e geometrias náo-eucliedlanas,

5

As respostasa essas perguntas são os fios condutores destelivro.

das quais tomaremosa geometria projetiva e a topologia.

No comentário das propriedades dessas três geometrias acentuarei como a noção de “conservação” é considerada em cada umadelas, comose considera o quese conserva

e como se o faz, É um enfoque das questões geométricasfeito desde a perspectiva das “transformações”. Éa fotma de aceder à estrutura que lhes corresponde. A geometria enclidiana ou métrica, que é aquela que estudamos na escola, diz que as propriedades de umafigura são as que se conservam em todo deslocamento da mesma e que, como tais, têm que ver com sua forma é com seu tamanho. Historicamente

filando, é a primeira geomerria, e o termo que a designa rem umaetimologia bemc medição da Terra. “A geometria euclidiana é métrica, pois supõe que todo segmento ou

Angulo pode medir-se e ser expressado por meio de uma distância ou ângulo-padrão”!

Eis aqui um exemplo de uma figura geométrica que conservasuas propriedades 'cuclidianas” logo apóster sofrido um deslocamento:

» individual del neurótico. In: Intervenciones y textos. Manantial, p.57.

1

PAULKNER, T E. Geomerriaproyectiva. Dossar, p.l.

17

implica o passo da ineulção imaginária para a representação stimbólica. Esse pasto que

atenta e determina como meta o progresso do ensino de Jacques Lacan,

Nesse ponto talvez convenhaintercalar um comentário referente à “álgebra lacantana”. À substituição, tanto em modelos como em esquemas e grafos, das noções pslcanalívicas porletras “(..) não poracaso, rompeo elemento fonemático constituído pela unidadesignificante, até seu átomo literal. É que ele é feitopara permitir um semnúmero deleituras diferentes, multiplicidade admissível desde que o falado continue preso à sua álgebra” Todofalante, isto é, também o científico, não poderá evitar à relação significante/significado que suas noções implicam,já que essas são feitas com figura 1

palavras:

álgebra, ao operar somente com lerras, evita toda relação com o significado

O triângulo ABCé equivalente, nessa geomerria, ao triângulo A'B'C, já que,

e por isso permite inúmerasleituras. Esse é o motivo pelo qual não se devem traduzir us letras da álgebra lacaniana, uma vez que, por não terem um significado, elas não têm um equivalente emoutraslínguas. Deve-se, então, conservar a letra escolhida por Lacan.

A geometria projetiva “(...) foi uma das conquistas fundamentais do pensa-

Entretanto, deve-se apontar que a geometria projetiva não chegaa ser puramente

mento geométrico”. Estudaas propriedades que se conservamatravés da projeção e da secção, Nessa geometria, não estão em jogo a distância, o ângulo (que implica medida) nem a congruência (a relação entre figuras de forma idêntica, cujas partes correspondentes são idênticas). É a geometria que está em jogo nos problemas de perspectiva e

qualitativa. Poincaré o diz assim: “Que uma linha seja reta, não é um fato puramente

após o deslocamento, são conservados formae tamanho.

no estudo das sombras.

qualitativo; não se poderia garantir issosemfazer medições ou sem deslizar sobre essa linha

um instrumento chamado régua, que é uma espécie de instrumento de medida”. Dado que a projeção precisa dareta para ser realizada, então a geometria projetivaestáa meio

caminho entre a geometriaeuclidiana (métrica) ea topologia (puramente qualitariva).

Eis aqui um exemplo de duas figuras que desde a perspectiva da geometria

Ficou demonstrado que os teoremas da geometria projetiva eram indepen-

dentes do conceiro de distância e queesse mesmo conceitopodia expressar-se mediante elementos projetivos mais simples”.

“Alengirade dos segmentos e ângulos varia e as formasdos objetos sofrem uma dlelormaçãovisível. Sem embargo, conserva-se a propriedade de que certos pontos estão sobre uma mesma reta, a propriedade de umareta de ser tangente a uma curva, etc”!

projetiva têmas mesmas propriedades, embora suas formas e tamanhos sejam absolu-

tamente distintos:

“Viu-se que os teoremas da geometria métrica constiruíam casos particulares de teoremas mais gerais da geometria projetiva, e que a geometri a euclidiana abarcava

somente uma parre do campo a que se estendia a geometria projetiva”> Nahistória da geometria, que se enlaça com tripartição que busco definir e comentar (já que primeiramente apareceu a métrica, depois a projetiva e, finalmente, a topologia) destaca-se a abordagem feira por Descartes, “(...) quem, ao representar um

figura 2

ponto por meio de um conjunto de números (coordenadas cartesianas) tornou possível

Finalmente, a iopologia, cuja denominação primeira foi analysis situs e sua etimologia é “tratado sobrea situação”, estudaos invariantes topológicos, absolutamente

)

qualitativos e não-métricos. As propriedades que se conservam — ou os invariantes tapo-

4 aplicação dos métodos da álgebra na resolução dos problemas geométricos”é Isso dg KOLMOGOROVet al. Lu onatemuárica: sm contenido. métodos y significado. Tomo 3, Alianza

à, .239,

1

PAULKNER, ope cit., p.2.

E

ALEKSANDROY, KOLMOGOROVet al., op. cic., p.160,

4 PAULKNER,op. cita p2: Ibudl.

lógicos — são aquelas propriedades fundamentais das Aguras estudadas (anteriormente) 7 8

LACAN, J. Subversão do sujeito é dialética dodescjo nó inconsciente fecudiano. In: Escritos, ]. Zahar, p.830. POINCARÉ, H. Últimas peosarmicittos. Espasa-Calpe, p.50.

um caca LATA CLAN GUETAM REGAR CA geometria, As MEpuaras Quo Aperte são Lomicas como espaços topológicos, À noção de espaço topológico sera definida mala adiante. Existem vúrios tipos de topologias e a definição recente é válida somente para aquela topologia que é um ramo da geometria; a topologia getal ou topologia combi-

| prledades, como a vizinhança, o Mimite e a continuldade, de coleções relacionadas a E elementos físicos ou abstratos, s termos da linguagem geométrica, como a vizinhança, o limite ea cont | muldade, são de uso frequente em outros ramosdas matemáticas “(..) e algo mais do

natória (ou dos complexos).

que um modo deexpressão; a representação geométrica torna “intuitivos” muitos fatos

Utilizando à metáfora que M. Frécher e Ky Fan apresentam emseu livro Introdmecidn a la topologia combinarória, a geometria euclidianaseria equivalente a um

da análise por meio da analogia como espaço ordinário é permite empregar os métodos

homem vestido comtrajes coloridos, a geometria projetiva se

A fim de entender melhor em que consiste esse procedimento, devemos deter-nos primeiramente na noçãode espaço, na qual vamos seguir Aleksandrow, [se

o corpo nu

topologia

senta o esqueleto humano. Comose depreende facilmente dessa metáfora, partindo da peometr 'lementar, passando pela projetiva até à topologia, obtém-se cada vez dimensões

poométricos de demonstração, generalizados aoespaço de n=dimensões”,*

untor distingue, no campoda ciência, duas noções de espaço: o espaço real oreindria,

com propriedades menos numerosas, porém, mais essenciais. . A relação entre essas três disciplinas, a geometria elementar, a projetiva e a topologia, pode ser articulada à teoria psicanalítica, em que é muito enriquecedor sustentar a oposição entre a geometria do ey versus a topologia do sujeito. Essa oposição

que ele define como a forma universal da existência da matéria, e 0 espaço abstrato, uma

será analisada nos próximos capítulos. Nesse mesmo sentido, tentaremos relacionat à

(continuidade, distância, etc). “(...) Ao considerar umacoleção ee objetos como umespaças

nero que

coleção arbitrária de “objetos homogêncos” que não necessariamente são objetos no sentido comum do termo, mas que podem ser fenômenos, estados funções, figuras, valores de variáveis, entre os quais existem relações similares às relações espaciais usuais

ai dos esquemas freudianos até os modelos, esquemas e grafos lacanianos.

lemos abstração de todas as propriedades dos objetos, a exceção das determina

Exemplo de figuras com as mesmas propriedades ou invariantes, a partir da

pelas relações em questão. Essas relações dererminam a que podemos chamar estrutura

perspectiva da topologia, as quais aparecemna deformação de uma figura plana:

AO

ou geometria” do espaço. Os próprios objetos fazem o papel de 'pontos' do espaço; as liguras são conjuntos de pontos”. Se as relações que estudamos são as topológicas e

deixamos de lado todas as outras, então o conjunto abstrato de objeros será chamado de espaço topológico abstrato, o qual será o objeto mais específico da topologia.

Esclareçamos um pouco mais esse último: Um espaço topológico (...) é uma coleção de pontos (um conjunto arbitrário de objetos ho mogêntos) no qual se estabeleceu uma relação de proximidade, (...) é uma generalização da

relação de proximidade de figuras no espaço ordinário. (...) Como ficou demonstrado pelo desenvolvimento posterior da topologia, é precisamente sobre a propriedade de proximidade ou de aderência que se fundamas demais propriedades topológicas, O conceito de aderência

figura 3

e para a deformação de uma esfera:

expressa a noção de que um ponto está infinitamente próximo a um conjunto. Portanto, toda

coleção de objetos em que existe um conceito natural de continuidade ou de infini

f figura é

Em termos mais gerais, e mais além da distinção entre topologias, podemos

dizer quea ropologia é um tamo das matemáticas que se ocupa de determinadas pro-

nente

próximo, é um espaço topológico.

Eis aqui uma formalização 'simples das noções topológicas fundamentais: Uma definição rigorosa de espaço topológico geral pode ser dada da seguinte forma: Diz-se que um conjunto arbitrário R de 'pontos é um espaço topológico geral se para todo conjunto M contido nele estão definidos seus pontos aderentes, de forma que se cumpram as condições seguintes, isto é, os axiomas do espaço. 1: Todo ponto de MM é contado entre seus pontos aderentes (é perfeitamente natural supor que cada ponto de um conjunto é aderentea este), 4 ALEKSANDROY, KOLMOGOROY et al. op. cit. p191. 1 Ibid. pi192, Grifos nossos.

LL Ibidopol9á.

(a)

Outra definição, do mesmo autor, porém mala precisa, É a seguinte:

No campo da topologia há que distinguir entre:

E Jopolagia diferencial ou conjuntista;

Dizemos que 4 é um ponto aderente a um conjunto AF me MF comida pontos cuja distância a

A é menor que qualquer número positivo (.,); 2Se umconjunto ALE contém um conjunto

2. Topologia algébrica ou abstrata (ou geral);

Ma todos os pontos aderentes de M, são pontos de ME, (de modo mala breve, porém menos precisos o conjunto malor não deveter menos pontos aderentes)

3. Topologia geral ou combinatória (ou dos complexos).

6.) Com a ajuda do conceito de proximidade ou dea rência é fácil definir uma série conceitos topológicos muitoimportante: Esses são, ao mesmo tempo, os conceitos mais fundamentais e gerais da geometria e suas Jefinições são intuitivamente muito claras, Daremos alguns exemplos.

1. À topologia diferencial ou conjuntista tem por tema todotipo de conjuntos de pontos, especialmente os conjuntos fechados; está baseada na teoria dos conjuntos eleva associado a ela o nome de Georg Cantore a obra que este desenvolveu no último quarto do Século XIX; tem aplicação naanálise mate-

| Comjuntos aderentes. Dizemos que os conjuntos MZ, e M, são aderentes se um deles contém

mática,especialmente no cálculo diferencial (daí provém sua denominação).

do menos um ponto aderente do outro (nesse sentido, por exemplo, a circunferência de um clrculo é aderente ao interior).

2. A topologia algébrica om abstrasa é o estudo topológico des espaços abstra-

2, Cominuidade ou, como se diz em matemática, conexão de uma figura. Uma figura,isto é,

tos quaisquer e implica, como já temos dito, a generalização do conceiro de

um conjunto de pontas M, se diz conexa se não se pode dividir em partes não aderentes entre

si (por exemplo, um segmento é conexo, porém um segmento sem seu ponto médio não o é).

espaço. “A possibilidade de uma ral generalização se funda na uniformidade

3. Fromieira, À fronteira de umconjunto Ml num espaço À é o conjunto dos pontos aderentes tanto a M comoa seu complemento R-M,isto é, a parte restando doespaço 1º (é, evidente-

número arbitrário de variáveis. Isso nos permite aplicar raciocínios geomérri-

das leis algébricas, graças ao que se pode resolver muitas problemas com um os que são válidos emtrês dimensões ao espaço n-dimensional”.*

mente, um conceiro perfeiramente natural de fronteiras). À. Ponto imtertor. Umponto de um conjunto M se chama interior sc não pertencer à sua fronteira, Isto é, se não é aderente a R-M.

3. A mpologia geral ou combinatória (ou dos complexos) é um ramo da geometria que estuda ropologicamente as superfícies (os complexos são genera-

5. Aplicação ou transformação contínua. Urma transformação de um conjunto M se chama

lizações das mesmas). Estuda as propriedades que um objeto mantém logo

contínua se não se romperem as aderências (dificilmente se poderia dar uma definição mais

após ter sofrido deformação, como estiramento e compressão, porém não

natural de transformação continua), Essa transformação Éa representada pelos desenhos da deformação do triângulo e da esfera, dados acima.

enuncl

rompimento ou rasgamento. Foi o único campo da topologia relativamente acabado deser desenvolvido, no final do século passado.

Para completar um apanhado mínimo de noções topológicas, às noções já devemos agregar a seguinte:

Toda transformação de uma figura que não destrói a adjacência das distintas partes da figura

“Um conjunto se chama fechado se contém todos os pontos aderentes”.

se-chama conriinsas caso aconteça que não somente se conservem as adjacências, mas que não

À ropologia é tão fundamental que sua influência se faz sentir na maioria dos

não há rupturas nem fusões. (.) Assim, pois, as transformações rapológicas são univocas e contínuas em ambas as direções. *

se criem outras novas, a transformação se chamarepológica. (..) numa transformação topológica

outros rumos das matemáticas. Descobriu-se ainda que é muito útil emdisciplinas não consideradas parte das matemáticas em sentido estrito (como, por exemplo, na mecânica)

1, como tentaremos demonstrar, na psicanálise. Háque se destacar a relação íntima existente entre aspectos da topologia e da

lógica simbólica. Ainda que o pensamento geométrico tenha sido sempre abstrato, devido do mesmo caráter do conceito de figura geométrica, com a topologia esse pensamento ne eleva um novo grau de abstração.

EA Aid, 262,

Entre as noções fundamentais da topologia geral encontramos: orientabilidade, característica de Euler, homomoríismo, especularidade; bem como: fronteira, ciclo e homologia, que iremos definindo segundo as necessidades que surgirem nos próximos

capítulos.

A representação seguinte é a da transformação de umafigura!?. É uma transformação contínua?

13 Ibido p.169. lá Ibi, p.232-233. 15 Tbid., p:232.

MG RO Não, porque se criou uma nova adjacência, ou seja, uma transformação é continua quando não se perde nem se cria adjacência alguma (não se devem produzir fusões nem rupturas novas). Na figura acima teríamos, sim, uma ruptura, se fizéssemos

o caminho inverso daquele que marcamas Hechas. O exemplo de fguras topológicas dado acima pertence à topologia geral ou combinatória e entre as figuras que estuda

eme rumo da geometria encontramos à banda de Môbius (sobre a qual meestenderei amplamente nos capítulos referentes aos esquemas “L” e “Rº), o toro, a garrafa de Klein

“o crosenp. Esse último será estudado em relação ao esquema “R”. Antes de passarmos às representações das figuras topológicas, e dado o tema de nosso trabalho, devemoslevar em conta a seguinte ressalva, sempre repetida e usualmenteesquecida: “[Em topologia] as figuras e os diagramas têm um papel estritamente auxiliar; neles não se podem expressar as situações de nenhuma geometria não eucli-

diana, já que diras figuras representam retas ordinárias no plano ordinárioe esse plano é completamente euclidiano dentro doslimites da exatidão da figura”, "é Representação, no plano euclidiano, da banda de Móbius, do toro, da garrafa de Klein e do eross-cap:

figura 9 - o eross-cap

Assim como fizemos com a figura 5, façamos outro exercício, a fim de nos aproximarmosdas diferenças referentes aos invariantes topológicos. Se partimos dessa figura 6 - a banda de Múbius

parte do teorema de Euler, “não se podetraçar uma curva fechada sobre uma superftcic sem dividir esta em dois”, podemos nos preguntar, se não levamos em conta suas propriedades não-topológicas, o que diferencia o toro da esfera? Efetuando uma representação de um possível caso de uma curva ou linha fechada sobre uma esfera e outra sobre um toro, obtemos:

o Id p.133. 25

Ea

são topológicos, antecipamos ao tratamento detalhado de cada uma dessas questões que

os modelos não o são, dadoque “a analogia irá fundarseu valor de uso como modelo" e que a analogia quese funda na semelhança de forma, porser comparaçãofeita pela

imaginação, não é topológica. Se pensarmos no modelodobuquê invertido, apresentado no Seminário E, fica evidente seu valor analógico de “modelo” não topológico, já que,

para antecipar um exemplo, o estádio do espelho é representado por umespelho. figura 9a

Os esquemas, tal comoos utiliza Lacan, são topológicos, já que são geometri-

são necessários dois cortes fechados que não tenham nenhum ponto em comum, para

«ações topológicas, qualitativas e não numéricas, de noções psicanalíticas expressadas como pontos e suas relações como segmentos ouvetores. Entre eles, porém, deve-se diferenciar os esquemas “L” e “Z” dos esquemas “Rº e “T, já que esses dois últimos implicam superfícies e os anteriores não. Finalmente, o gr4f2, tal como o concebe Lacan,é indubitavelmente topológico,

ficarmos seguros de tê-lodividido em duas partes. O caso de um só corte que divide o

entre outras razões, pela concepção de “situação [situs] ou espaço” que aí está implicada.

toro em doi

Sem embargo, é topológico de forma distinta dos esquemas. Analisarei os modelos,

No c

o daesfera, vemos que a curva fechada implica um corte que divide

a superficie emdois, o que, no caso representado, não acontece no toro, que somente

se converteu emalgo como um cilindro, porém não dividido emduas partes. Ao toro

por exemplo, o seguinte:

esquemas e grafos nos seguintes capítulos dedicados particularmente a cada umdeles.

g Portanto, a curva fechada ou corte é uma propriedade topológica que devemos acrescentar às anteriores. Como diz Poincaré a respeito da topologia, nela “tudo se funda no corre” 1? A topologia é, em certa perspectiva, o ramo da geomerria que implica uma

exclusão absolura de roda dimensão mensunivel, permite, por sua vez, tratar o problema da relação espacial entre o exterior e o interior de uma forma absolutamente distinta de como o faz o sentido comum, já que opera com outra noção de espaço; sendo os invariantes topológicos aqueles que permanecem após as deformações das superfícies, a topologia erradica também todo problema vinculado com aforma. Porisso sua utilização em psicanálise: nosso sujeito não é mensurável, como nenhumadas categorias que lhe aplicamos, As relações entre o Interior e o exterior (a noção de espaço que convémao

sujeito) são absolutamente distintas de como são propostas pela geometria elementar tembora cla reja corretamente rodos nossos deslocamentos no mundo abjetivo), e não implica descriçã o nem forma alguma, já que a noção de estrururaas exclui. Quanto à questão sobre se os modelos, esquemas é grafos no ensino de Lacan [7 POINCARÉ, Hop, cit; p.56-57.

18 LACAN, ]. Observação sobre 0 relatório de Daniel Lagache, op. cito p679. 27

capítulo um

modelo óptico

espelho côncavo

figura 10 - o modelo óptico

Antes de começar a analisar o zrodelo óprico, devemos localizá-lo no contexto do ensino de Jacques Lacan. Esse modelo foi produzido no Seminário 1: Os escritos técnicos de Free, o qual marca, para o próprio autor, o surgimento do ensino de Lacan

e estabelece que o produzido anteriormente passa a ter estatuto de “antecedente”, O Seminário É é o primeiro em que Lacan conta com “seus três”.

Com a introdução do simbólico, do imaginário e do real na teoria psicanalítica, abre-se a possibilidade de um novo enfoquepara a questão fundamental da constituição da realidade. Essa temática será elaborada conjuntamente com análise de Lacan acerca

do caso Dick, por Melanie Klein (publicado em A importância daformação de símbolos nodesenvolvimento do Ego, obra de 1930). O que acontece com Dick, pata quem a realidade consiste numaquantidade tão pobrede abjetos fibidinizados, sendo que o mundo, para ogeral das crianças, está coberto de objetos? São perguntas que podem orientar a análise que Lacan faz ao aplicar

31

Nes Eron MU UINA FONOVIÇIA CONCEPÇÃO cla PEMIETAÇIO CHA PARTE

Há, além disso, umapergunta quecem um aleance mal geral e que vincula a produção anterior de Lacan sobre o esteelio do espelha com a teoria freudiana do mareimo, Como o cu podeser um objeto, mais ainda, o primelro objeto (Vreud), se é uma

imagem (Lacan)? Proponho queessa perguntanos oriente naleltura do quodelo óptico, A disciplina queestudaarelaçãoentre os objetos e as imagens, a óptica, tem uma resposta para essa pergunta, O recurso da óptica está duplamentejustificado: não nó por poder dar umaresposta a nossa pergunta, mas também por ter sido o modelo que

figura la

figura Hb

Preud adotou quando apresentou “seustrês”. Lacan não deixou passar a oportunidade que essa coincidência implica.

Para comprovar, é suficiente proceder dessa forma: apoiar uma mão num es-

Na li ão do Seminário 1

que tempor do imaginário”, Lacan B título “A tópica p: as cita extensamente a Freud quando ensina que a forma correta de interpretar o aparato psíquico, tal como aparece em sua primeira tópica, é “(...) como uma espécie de micros-

pelho plano, fazendo coincidir, desse modo, o objeto e sua imagem no espelho. Retirada à mão, a imagempassaa servista atrás do espelho e resultará ser menor do que a mão.

Ninguém se surpreende que issose passe assim ao ver a própria imagem noespelho do atimário do banheiro: o rosto fica menordo que é na realidade. Sabemos que a imagem

cópiocomplicado, ee aparelho forográfico, etc. O lugar psíquico corresponderá à um ponto desse aparelho ondeseforma a imagem. No microscópio e notelescópio, sabe-se que estão aí dois pontosideais aos queis não corresponde nenhuma parte tangível do aparelto”!. Freud parte de um modelo óptico para dar conta da espacialidade que corresponde ao aparato putquico; Lacanfará de forma equivalente. Tomando, então, as noções da óptica, diremos que as imagens são de dois tipos: imagens reais e imagens virtuais. Às imagens rectis são as produzidas, por exemplo,

j à i Ee ros É por um espelho côncavo, ouseja, algo parecido coma superficie intérna e bem polida de uma esfera oca, Chamam-se imagens reais porque, para O sujeito percipiente, elas se comportam como objetos e não como imagens, implicam uma ilusão óptica, isto

de nosso rosto fica menor, porque está em outro plano, diferente do plano em que nós estamos.

A imagem real é produzida no mesmo plano em que se encontra o objeto. vr

Comporta uma inversão simétrica comoa da imagem virtual, porém esta inversão não

implica mudança de plano. Tomando o mesmo esquema que Lacan roma da óptica, E ab ga gu

denominado “a experiência do buquê invertido”, observa-se:

é, 0 observadoré enganado. As imagens virtuais são as imagens cotidianas produzidas por um espelho plano (como o do armário do banheiro) e não implicam ilusão óptica alguma já que, para o sujeito observador, essas imagens se comportam como tais, ou

seja, como imagens.

Uma maneira de diferenciar os dois tipos de imagens consiste no ato delevar em conta o plano em que se produz a imagem em relação ao plano em que se encontra

o objeto. Nos dois tipos de imagens é produzida uma dupla inversão simétrica. Tanto no espelho plano, como no espelho esférico, é produzida uma inversão da esquerda para

a direita ou vice-versa, porém, no espelho plano, a simetria se produz no outro plano

diferente do plano do objero enquanto, no espelho côncavo,ela se produz no mesmo plano, poréminvertendo a imagem debaixo para cima ou vice-versa. Pode-se representar

atm a formade produção da imagem virtual num espelho plano:

figura 12

Naimagem, o buquê das flores (ilusório) está virado para cima e o buquê das Ilores (real) está virado para baixo, o que significa que foi produzida uma inversão (a outra inversão, esquerda/direita, não é observável, dado que a formado bugué a escon-

FREVD, SA interpretação dos sonhos:

de), porém, essa Inversão lol Telta no mesmo planoç o aque se pode obnervar no ponto em que poderíamos dizer que as hastes do objeto-buquê se tocaram com as hastes da temagem-buque. O experimento do buquêinvertido, tal como Lacan à encontra na Óptica, tem

gustdam entre ab ene modelo dptica e os modelos crlados por Freud, “Não lazemos nesse modelo, inclusive em sua natureza ópeea, senão seguir o exemplo de Freud, exceto que, Es entro nós, ele nem sequer nos oferece e, para evitar uma possível contusão com algum

esquema de uma via de condução anatômica"? Extrai-se, de

citação, que Lacan

me nseguintes características: um objeto peculiar, um buquê deflores, no Interior de um

considera que as produções freudianas tém a estrutura de modelos. porémqueFreud se

cubo do qual selhetiraramtantoa face que dá para o espelho côncavo, a fimde que se

preveniu no sentido de não confundi-las com nenhumalocalização anatômica. No dizer

produza a imagem, quanto a face que dá para o observadorquelé o esquemado expe-

do próprio Lacan, o modelo do bugué invertido nem sequer fornece essa prevenção.

timento, a fim de que possa observara existência do buquê no interior do cubo; buquê

Como veremos daqui em diante, são muitas as analogias em jogo no modelo

+ justamente, não pode ser observado pelo sujeito do experimento, sujeito que está

representado pelo símbolo do olho. Para esse sujeiro será uma surpresa o fato de que em

dprico; entre elas, destacamos a que implica que o estádio do espelho, o especular, seja representado por um espelho. Nos próximos capítulos, ver-se-á que a estrutura dos

determinado momento de sua passagem em frente ao vaso colocado emcima do cubo

esquemas e grafos é de uma índole muito distinta, a partir do que se justifica a defini-

e de frente para o espelho, apareça, no interior do gargalo do vaso, um belo buquê de

qão que agora adiantamos: os modelos em geral, e o modelo óptico em particular, têm

Hóres, Deve-selevar em conta que o sujeito crê que está vendo um buquêreal, que não

estrutura imaginária.

et

sabe de onde surgiu, pois que, pouco antes, o vaso estava vazio. À escolha do buquê

Lacan trouxe à psicanálise uma chave quefaltava à teoria do narcisismo de

como objeto é devida ao faro de que a estrutura de um buquê é apta para enganar o sujeito, justamente porcarecer de bordas nítidas e precisas.

Pieud: essa chaveé 0 estádio do espelho. Emseu fundamento, a noção de estádio do espelho

O fatode fazer referência a “um determinado momento da passagem do sujeito do experimento diante do aparato” serve para indicar que somente numa determinada

está destinadaa contradizer todos os desenvolvimentos pós-freudianos com respeito ao “em autônomo”. O estadio doespelho é uma construção cuja Função é: (...) evidenciar a conexão de certo núme-

posição é que se produz a ilusão, No modelo, essa ilusão é lida como posição do sujeito,

vode relações imaginárias fundamentais num comportamento exemplar de umacertafase do desenvolvimento. Esse comportamento não é outro senão o que a criança temdiante de sua

representadapelo olho no cone de reflexo. Fora desse cone, a ilusão não se produz; bem

imagem no espelho, a partir dos seis meses de idade (...)

perto das bordas, produz-se comtantas distoições que o'experimento pode chegar a

E que Lacancaracteriza como de “(...) assunção triunfante da imagem com a

fracassar.

O experimento do buguê invertido serve de modelo à gênese e estrutura do

mímicajubilarória que a acompanha, a complacência lúdica no controle da identificação

em Diver que serve de “modelo” deve ser entendido em roda sua rranscendência con-

especular (,..)?.6 Éinteressante observar o que acontece se a experiência não é articulada con-

celtual, Efetivamente, o modelo óptico é um modelo que Lacan cria para construir uma articulação do simbólico, do imaginário e do real; porém, essa forma de fazê-lo deve ser diferenciada daquela implicada nos esquemas e nos grafos. Os modelos repousam,

praças à estrutura mesma deles, na analogia. Em “Observação sobre o relatório de

veitualmente. Em 1888, publicou-se, em Paris, Lart et la poésie chez Venfant, de Bérnard Perez, Nele, diz; “A criança de poucos meses, posta diante de um espelho, comporta-se

Danicl Lagache”, Lacan afirma, a respeito do modelo óptico: “Situemos primeiramente

de uma maneira muito diferente da dos símios das espécies superiores, cães ou gatos. [Esses animais não experienciam surpresa nem prazer ao ver refletida a imagem. Não

o aparelho um tanto complexo pelo qual, como é regra em casos similares, a analogia

à reconhecem como imagem e a confundem com a realidade ou passam diante dela

trá fundamentar o valor de uso como modelo”? e, ainda, “sem nos iludirmos quanto do alcance de um exercício que só ganha importância por uma analogia grosseira com

vom indiferença. Pelo contrário, a criança, diante da imagem no espelho, reconhece as pessoas e as coisas e se maravilha alegremente por causa desse reconhecimento”.” Essa

04 fenômenos que permite evocar(...)"2 O modelo éprico é uma apólogo das relações

rvação, tão precisa em si mesma, ao não ser articulada nem por Hegel nem por

teciprocas do simbólico, do imaginário e do real. No mesmo escrito, Lacan nos dá sua concepção a respeito da relação que

Freud, da maneira como o faz Lacan, não levoua nada: ficou numa mera é intranscen-

1 1

vo

LACAN, |. Observação sobre o relatório de Daniel Lagache. In: Bicritos, ]. Zahar, p.679,

Abi, p.686

fo

Ibido, p.680. LACAN], Focmulações sobre a causalidade psíquica, op. cir.; p186. Abi,

Citadopor A. Mura. Tn: El dibujo de tas otitus, Eudelha, p.26,

lente curtostdade psicológica.

não o desejo mesmo, Desejar o desejo de outrem é pols, em última instância, desejar

As relações imaginárias que são articuladas por Lacan d comenta perante o

que o valor do que eu sou ou que represento” seja o valor desejado por esse outro; quero

apelho consistem em “(,,) que o sujeito se identifica, em seu sentimento de si, com

que ele “reconheça” meu valor como seu valor; quero queele me “reconheça” como um

viagem do outro, e de que a imagem do outro vema cativar nele esse sentimento” *

valor autônomo"! Não se deve perder de vista que esse desejo de “impor-se ao outro

“E no quero que o sujeito se identificaeaté se experimenta à princípio"? Isto deter-

enquanto valor supremo"! implica o “ou eu ou o outro” porque, nesse nível, não há

nina um efeito de alienação fundamental, Alienação no duplosentido de "ser outro"

pacto possível; essa dialética não pode evoluir para um “eu te reconheço ti e tu me

na perspectiva em que se o entende em Hegel e Marx. Entfremdung, enquanto perda

reconheces a mim”, Não há pacto possível dentro dessa relação dual e sua falta implica

le identidade) e de "estar louco" (alienação mental). Isto permite concluir, com Arthur Uimbaud: "Eu é um outro”.

a intenção agressiva,

O sujeito se identifica no outro porque seu ex se constituiu a partir da “nova ação palquica” que consiste na identificação à imagem unificada apresentada pelo seu

marcante essa função da identificação no outro, proveniente da articulação das noções

emelhante; a imagem do semelhante tem tal valor cativante para o sujeito devido às

sim

ondições peculiares de seu nascimento. O que Freud denominou Hilfosigkeir, o estado

efeito de alienação do sujeito, É no outro que o sujeitose identifica até se experimenta

Je desamparo do laetante, Lacan o denomina “prematuração do nascimento” é Bolk,

a princípio, fenômeno que há de parecer menes surpreendente ao nos lembrarmos das

autor citado por Lacan), o chama de “fetalização”, Isso consiste, por um lado, no atraso

condições fundamentais sociais do Usmuwelt humano, é ao evocarmos a intuição que

lo desenvolvimento do neuro-eixo durante os primeiros seis meses e, por outro lado,

domina toda a especulação de Hegel”*

Em “Pormulações sobre a causalidade psíquica”, Lacan define de maneira de Hegel com seuestádio do espelho e coma teoria do narcisismo segundo Freud: “Aspontoessencial -, o primeiro efeiro que aparece da imago no ser humano é um

m antecipação funcional que, acerca desse atraso, representa a maturação precoce da percepção visual. Essa discordância temporal implica que o sujeito não possa controlar

alicnada do eu, vamos chegar ao ponto em que essa agressão pode tomar como objeto

em dominar um corpo que se lhe apresenta como fragmentado, o que, todavia, pode

o próprio eu, e converter-se numa “agressão suicida”, como a concebe Lacan; esse foi

he ficar ocultado por meio da identificação com a imagemenganosa do semelhante, a

um dos pilares sobre os quais Lacan apoiou a nova distinção que introduziuno seio da

qual, enquanto ilusoriamente completa e unificada, vela que Esse outro se encontre no

psicopatologia, comsua “paranoia de autopunição”.

nesmo estado de “miséria original”. A imagem do semelhante funciona como imago alvadora diante da impotência biológica.

Se arrieularmos a intenção agressiva para com o outro semelhante e a estrutura

Daqui surge a crítica que Lacan faz à forma com que Hegel entendea dialética

do senhor é do escravo. Para que exista umasaída na qual um dos implicados na “luta

Uma consequência desse processo é o tipo peculiar de relação quese estabelece

de morte por puro prestígio” renuncie a se fazer reconhecer por medo de perder a vida,

om esse outro que chamamos de semelhante. Essa relação, fundada numalógica do “ou

deve haver um “pacto prévio” que dê possibilidade de ral renúncia, já que, sem ela,

uomo outro”, implica “(...) a impossibilidade de coexistência com o outro”! “e podemos

aquele que tentar render-se, ao baixar as armas, sempre será assassinado. O recurso ao

lescrevé-la como uma só imagem para os dois, que permite sua articulação com a “luta

pacto prévio indica que a dialérica dual, enquanto tal, não tem saída, a não ser pela via

le morte por puro prestígio”, tal como a encontramos em Hegel.

do simbólico, enquanto pacto preexistente, o qual implica a possibilidade de resolução

Seguindo Alexandre Kojéve, que despertou um grande interesse por Hegel Jando aulas na École Pratique de Hautes Études de Paris, às quais, entre outros grandes,

da agressividade. Ingressa-se, assim, na necessidade da consideração do plano legal. Na óptica

neques Lacan assistiu, podemos citar: “O homem se 'reconhece” humano ao arriscar sua

lu leis precisas para entender a produção das imagens, tanto as reais como as virtuais,

tela [numaluta de morre] para satisfazer seu desejo humano,isto é, seu desejo que se lirige sobreoutro desejo. Porém, desejar um desejo é querer sobrepor-se ao valor desejado

como, por exemplo, a relação biunivoca (a cada elemento de um conjunto corresponde

vosso desejo. Pois que, sem essa substituição, desejar-se-ia o valor, o objero desejado, e

com cada ponto do objeto.

LACAN, |. Formulações sobre a causalidade psíquica, op, cit p.182. lola, [94, [o LACAN, |. Seminário 3: As Peicoses. Lição de 30/11/55.

11 KOTÉVE, A:La dialtntica del emay del esclavo em Hegel, Ta Pléyade pld-15

um e somente um elemento do outro conjunto e vice-versa) entre cada ponto da imagem

[2 Ibid.,p.l5.

13 LACAN, J, Formulações sobre a causalidade psíquica, op. cir., p.182

37

Sendo isso assim, neste experimento da dptlem podemos encontrar os três siglo plano

registros do simbólico, do imaginário e do 1 As imagens, 0 enpos talento as imagens enganosas do espelho esférico, representam o imaginário, a estrutura usória do ex, enacessíveis vistalmenteao sujeito do experimente

avés da imagem dusória), repres

'

u

quanto que o aparato óptico, mais os objetos “inacessíveis” (as flores reais somente são

[o

tum

o real eas leis da produção de imagens, o simbólico. Ademais, o fato de que a ilusão só se produza se o sujeito está em determinada posição, permite articular este aspecto da

experiência com uma noção muito importante que se aplica à experiência analítica: a noção de cena, Entende-se o sujeito da experiência analítica comoposicionado em uma cem

e não como caracterizado por essências ou substâncias. figura 13

Então, por que é que Lacan necessita elaborar outro esquema, o esquema do vaso invertido? Por que é que não lhe basta o esquema do buquê invertido, tal como se encontra desenvolvido pela óprica, já que esse permite articular o simbólico, o ima-

O comentário da estrutura do modelo óptico dividir-se-á em: a) as modifica-

pinário, o real e uma concepção de sujeito não substancial? A fimde respondera essa pergunta, podemos fazer uso da oposição que no Seminário 1 é denominada “os dois

qões que Lacan faz sobre o “esquema do buquê invertido” da óptica pata convertê-lo no “esquema do vaso invertido” e b) responder pela lógica do modelo a partir de seu

marcisismos”, Conceber dois narcisismos, um anitnal e outro humano, é criticável, dado

funcionamento enquantotal.

aque no animal não opera a ordem simbólica, entãoos outros dois registros já não podem

As modificações são: 1) a inversão das posições entre vaso é buquê; 2) a mu-

ser equiparados aos mesmos registros ral como operam no ser humano. Assim, o real é o Imaginário dos animais nada têm a ver com o real e o imaginário dos humanos, pelo

dança da posição do olho que não fica enfrentando o espelho esférico e que obriga a

simples fato de, nos animais, o real e o imaginário não se arricularem numa estrutura

0 espelho esférico,

com o simbólico, Apesar disso, a ideia de dois narcisismos tema vantagem de fazer desaparecer umaideia ainda mais ingênua, a da “adaptação à realidade”. Não se pode

falar, nem sequer no nível do mundo animal, de uma adaptação à realidade. A noção de realidade deve, em todo caso, ser posta em questão e “os dois marcisismos” são uma forma de fazê-lo. O primeiro narcisismo falaria da função das

gestalten (formas boas) no mundo animal (funcionamento que opera através da projequo) O Upmivelt, mundo circundante do animal, não é “a realidade” enquantoobjetivas

é a realidadeque se constitui por meio da projeção da forma corporal de cada espécie. Por exemplo, nem para os animais que vivem na selva existe “uma realidade” que seja enquanto tal a selva: a selva será distinta para cada espécie animal segundoseu “narci-

sumo”, ou seja, segundo a projeção de sua forma corporal específica. Quando falamos de narcisismo humano, referimo-nos a outra coisa. O narci-

introdução de um espelho plano enfrentando ao mesmo rempo o olho do observador 1. Essas flores tão chamativas e até ridículas, paradas sobre a caixa, represen-

tam a multiplicidade de objetos ao redor dos quais vai se constituir a imagem do vaso cujo gargalo as abraça. Autorizadospela estrutura analógica do modelo, comparando, por um lado, o vaso / continente como corpo cujos furos representam as zonas erógenas é comparando, por outro lado, as fores | conteúdos comos objetos parciais pulsionais, podemos concluir que é ao

redor dos objerosparciais da pulsão que, na teoria psicanalítica,se constitui o corpo. É surpreendente poder encontrar essa função do objeto num modelo que surge tão cedo na obra de Lacan. 2. O vaso dento da caixa, por sua vez, também inacessível ao sujeito na nova

posição que ocupa junto ao modelo, representa 0 corpo como organismo

Imagem, está intermediada pela função do Ouiro. A fim de introduzira função do Outro,

biológico, perdido para o sujeito humano, mais além dosavatares das histó| rias particulares.

Lacan precisa desenvolver, produzir, o “esquema do vaso invertido” ou “esquema dos

Uma das consequências da mudança de posição do sujeito é que, se esse não

sumo humano, ouseja, a relação, sempre relativamente falha, do sujeito com a própria

dois espelhos”.

ficar de frente para o espelho esférico, não ficará cativo da ilusão da imagem real. É

pomiyel ODRGPvI que, nas vepresentações do esquema completo, esa limageim não

desenhada (o vaso abraçando o buque à esquerda do espelho plano) e, todavia, oper porque é a imagem que o espelho plano capta e reproduz, Aqui, convém fazer umainterpolação. Levando em conta o modelo ópeicotal como aparece no escrito de Lacan “Observação sobre o relatório de Danicl Lagache”,

squema dos cols espelhos; na realidade, o mesmo modelo, somente diterencindo pela linha pontilhada S--5MY, "Simplificado", em francês, não somente quer dizer mais

simples, mas tambémsimbolizado. Aqui, Lacan simbolizou com aletra S aquilo que o olho representava, isto é o sujeito mítico antertor à incidência do simbólico, e com SV, o sujeiro viveual, um sujeito que é capaz dever a si mesmo, mas apenas a partir da posição

do ano de 1958, not; e que aquilo que aí é designado (a), a imagem real com a qual

em que o outro 9 veria. Este uso do termo “simplificado” será de grande importância

se identifica o eu, não figura no modelo, mas sim 7 (4), a imagemvirtual que, da imagem

no momento dedistinguir as estruturas dos esquemas "L" e "Z", Proponho o esquema seguinte para representar a noção de mediação do Outro:

teal, é produzida pelo espelho plano.

Para o ser humano, a imagemnarcisista somente é acessível atravésda mediação do Outro, aqui representado pelo espelho plano.

s

A

O Outro é o mediador pelo qual o sujeito humano encontra sua “própria” tmagem, porém é tambémo que separa o sujeito de sua imagem. Partindo do fato de que o espelho plano, diferentemente do espelho esférico,

A fecha inferior indica-nos que, antes de receber o reconhecimento do Ou-

produzimagens virtuais, concluímos que, por meio do Outro, à imagem real ilusória,

tro, primeiramente deve acontecer que o sujeito tenha elevado algum outro à condição

enganadora, passa a ser uma imagem virtual, não enganadora enquantotal. Essa função do Outto, representado pelo espelho plano, enconrra-se escrita por meio da linha pontilhada da expressão seguinte: “S--—-SV” da parte superior do “esquema simplificado

de Outro, isto é, que o tenha reconhecido como seu Outro; como, por exemplo, em

dos dois espelhos”:

própria, de forma invertida. Essa função da mediação do Outro deve ser articulada à noção de loucura”,

“Tu és minha mulher”, onde primeiro se eleva “uma” mulher à qualidade de “minha” mulher e logo se poderá receber dela o reconhecimento, sob forma de uma mensagem

a qual, diferente da psicose, implica a exclusão da mediação do Outro e, portanto, a

imediaticidade das identificações, um crer-se que, enquanto tal, suprime a função da mediação do Outro. Como diz Lacan, um homem que se cré rei está louco, porém um

tei que se crê rei também; finalmente, um homem quese crê homem,está louco, como todos. À loucura é entendida, então, como uma dimensão essencial do homem, mais

espelho cômeavo

além das estrururas clínicas; a noção de alienação, como estrutura do eu, já o indica.

Nos termos de Lacan: “(...) é a relação simbólica que define a posição do sujeito como aquele que vê”. !*

figura 14

Quanto ao funcionamento do modelo, há que se dizer quea difícil adequação do imaginário e do real não depende agora da posição do sujeito, mas de como incidam sobre ele os raios que o espelho planoreflete. “Da inclinação do espelho depende, pois, que vocês vejam menos ou mais precisamente a imagem”. Assim, o outro humano é

Significa que, pela mediação do outro humano, a imagem real do sujeito

se torna virtual. Aqui devemos levar em conta, além do que ensina a ópticaa respeito das imagens virtuais, que a acepção do termo “virtual” quer dizer “que tem existência aparente e não real”.

Como se vê claramente, o “esquema simplificado” não é mais simples do que

a relação com ele mantida, determinarão o imaginário do sujeito. Essa relação com o Outro, enquanto propriamente humana, é o que Lacan

vonceberá como o sizmbólico, o qual determinará a relação recíproca do imaginário e do real. Assim entendemos o posicionamento de Dick, o paciente de Melanie Klein; 4

LACAN, ]. Seminário 1: Os escritos técnicos de Prend, ]. Zahar, p.165

[5 Ibidop.164,

encontra-se mma desinirincação do imaginário e do tea, 0 aque dleslibicdiniza o real, E

a consequência de uma incidência “parológica” do simbólico e a via para operar sobre ele é, consequentemente, o próprio simbólico, Se encontra aqui a vantagem do uso da noção de posição queeste modelo autoriza; já não se trava de nenhuma essência de Dick,

mas uma determinada posição na estrutura.

o estedelto do espelho; ela requer ordem do Ideal do eu "O febsladval, o Ideal do eu é o outro enquanto falante, o outro enquanto tem comigo uma relação simbólica”, O Ideal do eu não somente gula o sujeito no imaginário, mas também per mite identificaro sujeito. Nesse sentido, “Identificar” não é “identificação com”, mas é dar ou obter identidade, tal como funciona a carteira de identidade, ou quando sediz

A partir disso, e tendo em conta como Lacan definea relação entre o imagi-

que identificamos alguém por meio dafoto. Para terminar de entender como Lacan

nário e o real: “Um tal esquemalhes mostra que o imaginário e o real agem no mesmo

concebeo Ideal do cu, como ele identifica o sujeito, proponho tomar o que, noseio do

Rosto nível

é

A

,

É

da proponho o esquemaseguinte para as relações reciprocas entre os três Fegistros:

Seminário 1, podemos considerar umainterpretação. Osleitores do Seprinário 1 lembram a longasérie de intervenções de O. Mannoni: grande parte delas são feitas para

corrigir ouretificar o que Lacan diz. Diante desse estado de coisas, Lacan diz: “O que é a ligação simbólica? É, para colocaros pingosnos ii, que socialmente nós nos definimos por intermédiodalei. É da troca dos símbolos que nós situamos uns em relações aos outros nossos diferentes eus — você é você, Mannoni, e eu, Jacques Lacan, e estamos

1 mesmarelação proposta pelo medelo óptico, porém com um giro de um quarto de volta em sentido contrário aos ponteiros do relógio:

numacerta relação simbólica, que é complexa, segundo os diferentes planos em que nos colocamos, segundoestejamos juntos no comissariado da polícia, juntos nesta sala, juntos em viagem”. A bom entendedor... SeoIdeal do eu é o vínculo social legalizante, é evidente que deveser introjetado

pelo sujeito; por sua vez, o ex projera sobre os objetos a sua forma própria, tal comofoi

g “Osobjetos reais, que passam por intermédio do espelho e através dele, estão

no mesmolugar que o objeto imaginário”.”” O imaginário e o real, portanto, encontram-se no mesmo nível. Convém fazer umaressalva: o faro de o simbólico determinar a velação do imaginário e do real não implica que seja o mais importante, Estamosdiante de umarelação interdependente, onde não há um semo outro, mas não reversível, ou

seja, ondeas relações de cada um para com o outro não são as mesmas. O pequeno esquema proposto acimacoincide com a estrutura geral do modelo

dos dois espelhos e, por sua vez, também permite articular essas elaborações lacanianas coma tópica freudiana. Essa estrutura indica não somentea existência dastrês instâncias, mas também, fundamentalmente, que as mesmas se caracterizam por se encontrarem muma determinada ordem de localização mútua.

A essa altura de sua obra, como Lacan concebe a ordem simbólica? O plano simbólico consistirá no intercâmbio legal, que se encarna nos intercâmbios verbais. E isso

toque opera comoguia da posição imaginária sob a forma do ldeal do eu. Não somente guia, Podemos dizer que a ordem imaginária não poderia estruturar-se somente com

vtd, po165. 1º

Ibid,

dito para a descrição do “narcisismo animal”, Essa forma de oporintrojeção e projeção ordena em grande parte a noção de Ideal do eu e eu ideal que Freud propõe em “Sobre o narcisismo: umaintrodução”. Ali diz, referindo-se ao Ideal do eu: “Podemos dizer que o primeiro homem fixou um idea! em si mesmo, pelo qual mede seuego real, ao passo

que o outro não formou qualquer ideal desse tipo”? Referindo-se ao eu ideal, diz: “O queele projeta diante de si como sendo seu ideal é o substituro do narcisismo perdido de «ua infância na qual ele era seu próprio ideal”. Em relação à concepção do Ideal do eu, é muito importante levar em conta a sua evolução no ensino de Lacan. Sobre a concepção apr

sentada no Seminário 1, direi que convém pensá-la como umapré-concepção. Essa

pré-concepção encontra-se também na obra de Freud, no quese refere à concepção dele quanto à “identidade de percepção” e “identidade de pensamento”. Com teoria do significante, dizemos que, no simbólico, a identidade é impossível. À impossibilidade de encontrar um significante que forneça identidade ao sujeito vai serescrita por Lacan como $. Voltarei a essa questão no capítulo sobre o esquema “Z?, Se compararmosa linha pontilhada queliga o sujeito como sujeito virtual

no “esquema simplificado dos dois espelhos”: IN Ibid, p.166. 19 Ibid., p.165. 1) FREUD,5. Sobre o narcisismo: uma introdução. ESB, vol, XIV, Ed. Imago, p. 100,

"1 Ibido p/LOL.

8V

hemagindria? E sai porque, mais além do quo| nem chegou aesclarecer sobre sua Rinção

stmbólica, no Seminário À vornnse cada vez mas elara sua função imaginária idealizante, Se nos lembrarmos de que;"O Jebsldeal, enquanto falante, podevir asituar-se

a qual representa que, somente a partir de uma posição simbólica, a saber, o Ideal do

no mundo dos objetos ao nível do fdeal-loh, ou seja

eu, poderemos vera imagem real refletida como virtual, jumo com aquela que ocupa o

» nível em quese pode produzir

essa captação narcísica (.,.)”, veremos que o queacabamos de dizer já estava entrevisto

lugar homólogo no esquema dos dois espelhos, tal como aparece no escrito “Observação

por Lacan, embora a nível da patologia, Isso corresponde, por suavez, âquilo que Freud encontra no fenômeno da Vertiebibeit, amor à primeiravista, o estar perdidamente apai-

sobre o relatório de Daniel Lagache”:

sonado por alguém, o que corresponde a uma “subduçãodo simbólico” e que, segundo

o=8;1

a teoria da estrutura alienadado eu, permite a Lacan coincidir com a afirmação popular de que “quando estamos apaixonados, estamos loucos”; o apaixonamento é uma alteração

da função do Ideal do eu.

Pode-se ler com facilidade que a respeito do $ (sujeito barrado pela inexis-

Essalógica justifica que Lacan possaescrever, em “Observação sobre o relatório

tência, na bateria do Outro, de vmsignificante que o represente, que lhe dé identidade

de Daniel Lagache”, a relação entre ambosideais da seguinte maneira:

simbólica) o Ideal do eu ocupa esse lugar faltante no Outro e faz, do $, um 8. "O Ideal

do eu é umaformação que surge nesse lugarsimbólico”.“(...) (o lugar do sujeito como elisão significante)" 2

Tdeal-Fu-ideal

Reproduzamos aqui o modelo óprico tal como aparece em “Observação sobre o telatório de Daniel Lagache”:

Estabelecida essa continuidade, destaca-se a coincidência da função doIdeal

!

simbólico coma do eu, enquanto se refere ao desconhecimento do sujeito do inconsciente. A fim de seguirmos Lacan em sua concepção da direção da cura, tal comoela é elaborada no Seminério 1, devemos continuar com a análise do modelo dos espelhos

ou dos ideais da pessoa, a partir do desenvolvimento do “esquema simplificado dos dois espelhos”: espelho plano n “

espelho côncavo

a

O

.

o

nnm

figura 16 - esquema simplificado dos dois espelhos

Figura 15

Lacan equipara-o a uma báscula do desejo, a partir da qual podemosdefinir

Qual é a função e o alcance do Ideal do eu nesse modelo? Sem esquecer que um nome para esse modelo é: “Esquema das relações do eu ideal com o Ideal do eu”,

v andamento do dispositivo freudiano como: “(...) discurso desamarrado, a oscilação

concluo que a inter-relação entre o Ideal e a estrutura do modelo é estreita. À partir dessa perspectiva, podemos formular uma pergunta que oriente esse terreno. Se o Ideal

do espelho que permite o jogo de báscula entre O e O”, no fim das análises conduzidas corretamente” ** Isso conduza inversões dialéticas, mudança das posições subjetivas

do eu ésimbólico, por que o chamamos de “do ex”, eu que, enquanto ral, é umafunção LACAN, ]. Observação sobre relatório de Daniel Lagache, op. cit., p.684.

14 LACAN,

Seminário !, op. cit, p.165.

vi Ibid,, p.203.

por eletro do Intercâmbio simbólico, no decorrer de wma polennálino, tal como Lacan

sustenta em “Intervenção sobrea transferência”, desenvolvido em sou enpuemma det anellises

ne reportar no sistema completado OM MTMIOLOM, AA NANCIA MENINA Cha MLNALINE 0 CRIE +

Énessas noções de “sistema completado dos simbolos” e de“história imaginária completada”, onde reencontramos a função Idealizante do Ideal do cu. Somente o Ideal

do eu podedar a ilusão deidentidade ao sujeito, se reconhecermos comosua verdad lunção a de ocultar a falta designificante no Outro, ou seja, completá-lo. Se, no grafo do desejo, como veremosadiante, oIdeal simbólico se escreve MA),

é porque cumpre a funçãoilusória de completar ao Outro marcado pela falta de significante, Outro quese escreve (A), Deve-se levar em conta que, quando Lacan dispuser figura 17 - um esquema da análise

Os dois esquemas exigem o esclarecimento da citação seguinte de Lacan: “Em O, situo a noção inconsciente do eu [noi] do sujeito"?, que implica o que o su-

jeito essencialmente desconhece. Desconhecimento que Lacan chama, em francês, de “mdconnaissance” e que não implica “não saber”, mas um “não querer saber nada disso”. O mo inconsciente é equiparável a um dos elementos novos que Freud buscava introduzir em sua segunda tópica: os aspectos inconscientes do eu.

Assim, podemos conceber os movimentos da primeirafase da análise. a) "(...) passagem de O para O” — daquilo que, do es, é desconhecido para o sujeito, a essa

dessas claborações, mudará sua concepção de final de análise. Isso é observado bem oluramente ao prestarmosatenção nos títulos das partes do escrito “Observação sobre q relatório de Daniel Lagache”, das quais a terceira é “Os ideais da pessoa” e a quarta “Por uma ética”. Nofinal do tratamento, rrara-se de uma ética, porque a experiência

psicanalítica é uma experiência que vai além dosideais. como a palavra ética o indica,

“Seética se diferencia de moral, é porque tada moral se apoia nos ideais mais ou menos sociais, no que está certo ou no que está errado; pelo contrário, cada decisão ética é

tomada sem apoio de ideal algum. A fim de concluir, então, com o comenrário do modelo dos dois espelhos e dos ideais da pessoa, apresentarei como Lacan concebe o final da análise no texto “Ob-

wervação sobre o relatório de Daniel Lagache”. Nele, aparece:

Imagem em que reconhece os seus investimentos imaginários”? através, comofoi dito,

das inversões das posições entre o sujeito e o outro que é e psicanalista, inversões que encaram a função de mediação do outro ao nível da palavra, através da qual o sujeito

se reconhece. b) “(...) é na medida em que o dramasubjetivo é integrado num mito que tem valor humano extenso, e mesmo universal, que o sujeito se realiza”, ou seja, não

somentea função de mediação do outro, mas também rodaa estruturalegal, que para a psicanálise é o complexo de Édipo. E, finalmente, c) “(...) tudo o que é do ego deve ser tealizado noque o sujeiro reconhece de si mesmo” * Ouseja, Wo. Es war, so!tIch werden.

Concluindo, numa teoria dofim de análise, poder-se-iam destacar os seguintes elemento

)(...) não há nenhuma resolução possível de umapsicanálise, seja qual for a

diversidade, a cintilação dos eventosarcaicos que põe em jogo, que não venhase ligar no fimem torno dessa coordenadalegal, legalizante, que se chama o complexo de Edipo”?. b) “Uma vez realizado o número de voltas necessárias para que os objetos do sujeito

figura 18

apareçam, e sua história imaginária seja reintegrada, nempor isso tudo está acabado. O que esteve inicialmente lá, em O, depois aqui, em O, depois de novo em O, deve ir

1 Ibi ps 6 Ile po215

27

Ible p.221,

am Ibkl, p.226, 39 Ibid,, 3.229

A partir da citação seguinte: “Sem entrar num detalhe cujo recurso pareceria lurçado, podemos dizer que, ao se apagar progressivamente até uma posição a 90º de

sua partida, o Outro, como espelho em A, podelevar o sujeito de $, a ocupas, por uma 0 Ibids p.230.

47

rotação quase dupla, a posição Aem |, de onde ele sá thalia tn aceno vlreual à ilusão do vaso invertido na figura 2; só que, ne e pereuiso, q Iusão entá fadada a enfraquecer

com a busca queela guia (JP, fica claro que não somente dd um pro de 180º, mas a teoria do final da análise também, Somente

chega ao fim da análise

consegue efftcer (em francês, entre outras

acepções, “apresentar cada vez menos superfície”) o Outro, encarnadopelopsicanalista, Pazé-lo cair do suposto lugar de poder reconhecer o sujeito. Atravessar, a partir da queda do lugar que a transferência outorga ao

RA

8

a posição em que se estava, de P psicanalista, AR q ]

esperar receber a comprovação da onipotência do Outro. Finalmente, algumas palavras , sobe a utilização do modelo óptico no Seminário 10: A angústia, As noções que tenho

desenvolvido até o presente não permitem dar conta da grande parte desse trabalho, porém, todavia, efetuarei algumasarticulações. O primeiro a ser destacado é que Lacan o Usa como um esquemae já não como modelo, ou seja, já não se funda em nenhuma

analogia com os fenômenos que se quer evocar; o perigo é que o leitor não se dê conta e faça uma analogia entre o modelo óptico do Seminário 7 e o esquema, que sobre algumas

leituras possíveis do mesmo, Lacan desenvolve no Seminário 10. Já que não há espelhos, o espelho plano A já não é um espelho e é lido como repartição dos lados respectivos “do sujeito” e “do Outro”, da maneira seguinte:

que finalmente permite que Lacan escreva sua fórmula do fantasma no lado do Outro:

1

LACAN, | Observação sobre o relatório de Dante) Lagache, op, cit, p.687.

,

a

ivel

O Corpo, uma vez que esta dentro do cubo Ec, portanto, não acessivel

O

o

Nau

o

.

ao

olhar do sujeito, é elaborado como não especularizável, como -p, não especularidade a e , E : ) E a

aqui imaginarizada, que mais adiante articularei com uma das superfícies ropológicas,

a : a o cross-cap ou plano projetivo, já que também se caracteriza pelo fato de estar composto e j E de umaparte especularizável e outra não-especularizável.

parte 2 esquemas

capítulo um

esquema “L”

Abandonamos os modelos, que definimos como analógicos, já que seu funclonamento se embasa na analogia entre o que se representa e o que se emprega para representar, ou seja, como diz Sáren Kierkegaard: “(...) a analogia éalgo imperfeito dentro

do conceito”! Os modelos possuem estrutura imaginária e isso nos leva a concluir que eles nãosão topológicos. Quanto aos esquemas, vou tratá-los como o propõe Lacan no Seminário 2, onde os define da maneira seguinte: “Este esquema não seria um esquema se apresentasse uma solução, Nem sequer é um modelo. É só uma maneira de fixar as ideias, que uma enfermidade de nosso espírito discursivo reclama”.? Lacan diz que devemos trabalhar us nações que ele vai propore, fundamentalmente, as inter-relações, em forma somente

discursiva, mas que, por causa da “enfermidade de nosso espírito discursivo”, devemos luzer uso dos esquemas, os quais, enquanto substitutos de discurso, se caracterizam pelo

[nto de terem diversas leituras, as quais não se fundam nem na forma nem naposição, salvo que as tomemos como elementos simbólicos e que, então, devem assim ser “lidos” eles também, Nesse mesmo sentido, na primeira lição do Seminário 6: O desejo esta

interpretação, Lacan diz sobre os esquemas: “(...) o primeiro que devemos exigir de um esquema é ver em que ele pode servir quanto ao propósito da comutação” * E é por isso

mesmo que no Seminário 4, diz sobre os termos do esquema “L?: “(...) esses termos (...) impóem uma estrutura, isto quer dizer que se trocarmos a posição de um deles, devemos situar, noutra parte, é nunca fica sem importância o lugar destinado a todos vs demais termos” é

Os esquemas de Lacan implicam a representação espacial das funções e de suas relações. À questão consiste em estabelecer o tipo de espaço de que se trata, Esse último | "

à

KIERKEGAARD. E! concepto de la angustia, Tivspamérica, p.58. LACAN,]. Seminário 2: O e ma reoria de Freud ema técnica psicanalístca. Lição de 01/06/55.

Id, Seminário 6: O deseja e sua interpretação. Lição de 12/11/58.

DA, Semindrio do A relação de objeto. Lição de 23/01/57.

53

ne enoda à pergunta referente a se os esquemas são ou não são topológicos, Considere

O

(1 outro

mos o que Lacan escolhe para Iniciar o seminário do ano escolar 1956-1957, sobre As relações de objeto eus estruturas frendianas. Na primelta lição, Lacan volta a apresentar a seus ouvintes o esquema “L”, tal como o fizera nos dois anos anteriores, Antes de iniclara elaboração das noções assim apresentadas, Lacan presta conta da estrutura mista do esquema, Diz ali; “(...) eis-nos, pois, armados com um certo número de termos é

esquemas, À espacialidadedestes últimos não deve ser tomadano sentido intuitivo do termo “esquema”, mas num outro sentido, perfeitamente legítimo, que é topológico não se trata de localização, e sim de relações de posições, interposições, por exemplo, Ou sucessão, sequência” .*

a (A)Ouiro

(eua

figura 19 - O esquema “Lº ou “Lambda”

Oque se deve dizer em primeiro lugar sobre o esquema “L” é que o nome dele,

lógica, já que essa noção não implica analogia nem mensuração alguma, já que se leva

“Lambda” se justifica pelo fato de que essa letra do alfabeto grego, cuja escrita é À,ter umaforma especialmente apta para superpor-se à estrutura do esquema. O equivalente latino é aletra L, a qual, talvez, faça algumareferência à lerra inicial do sobrenome do

em conta a proximidade, vizinhança ou continuidade, em oposição à descontinuidade

criador desse esquema. Um comentário inicial deste esquemaservirá para poder encami-

ou interposição, noções estas últimas implicadas na concepção de espaço topológico.

nhar umapergunta fundamental sobre suaestrutura, O vetor ÁS, ou seja, o segmento de

Então, a noção de espaço nos esquemas, tal como a concebe Lacan, é topo-

O passo nautilização de modelos para o uso de esquemas é equivalente a certas

linha orientado que vai de A para S, representa, no esquema, o eixo simbólico; o vetor

mudanças produzidas no campo da ciência, relacionadas coma introdução da álgebra. Vejumos dois aspectosdessefato: 1) a introdução da álgebra em matemáticas que consiste

au representa o eixo imaginário; o vetor Sa representa umainter-relação do simbólico R So pu a com o imaginário, e o vetor Áa, outra.

mu expressão das relações entre números por meio do emprego de símbolos gerais, pode

ser definida, então, como uma generalização da aritmética, a qual, ao substituir algarismos ou figuras por letras ou signos, permite que sejam generalizados e autoriza a operar com elementos desconhecidos chamados de incógnitas; 2) sua utilização na geometria que conhecemos como geometria analítica, emque, pelo fato de “(...) representar um ponto

por meio de umconjunto de números (coordenadas cartesianas), se tornou possível a aplicação dos métodos da álgebra à resolução de problemas geométricos”. Visto que em psicanálise se trata de conceitualizar simbolicamente e não de imaginar, é necessário

Eixo simbólico

daro passo que implica subsrituir modelos por esquemas. Neste capítulo, analisaremos os seguintes esquemas: o esquema “Lambda” ou

“1º, o esquema “Z”, e o esquema “Rº, ou “Rho”. Para a estrutura dessa lista, torna-se evidente que os esquemas “L” e “Z” são dois esquemas distintos. É comum ouvir ou ler, pelo menos em Buenos Aires, O esquema “L” ou “Z”, isto é, que esses esquemas

se confundem. Não somente serão trabalhados comodiferentes, mas ainda o esquema “4º send tomado como umaretificação essencial das noções em jogo no esquema “L”.

figura 20

Assim sendo, surge a seguinte pergunta: se esse esquema é o que dá prosseguimentoao trabalho de Lacan para prestar conta da estrutura do simbólico, do imaginário e do real, onde está 0 real nesse esquema? Conclui-se que não está aí. Por que é que não está representado o real no esquema “Lº? Primeiro: recor-

demos que embora o modelo óptico articule o real, o simbólico e o imaginário, não se figura, não se inscreve nele a imagem real, aquela que Lacan, alguns anos depois, escreverá i(a). Segundo: Lacan apresenta seu esquema “L” na lição 19 do Seminário 2: O eu do

Aid, Lição de 21/11/56.

6

PAULKNER. apo cit pd.

nat teoria de Freud e na técnica psicanalítica, e é bem aí que se encontra wma definição

55

do real a

qual deve ser usada para responder a essa pergunta O real caracterizado por

Lacan, enquanto aquilo eque não fala, o real não fala, porque sempre retorna no mesmo

lugar ou seja, não há nenhum cipo dealteridadeaseu nlvel; a alteridade, o radicalmente outro, é simbólico, No esqueme “E, oreal não se apresenta, porque ndofala e o esquema “Et oesquema “da fala e da linguagem” e, portanto, da alteridade, do outro. No Seminário 2, abre-se outra vertente da concepção de Lacan sobre o real,

Goro Ed

“astração

(804)

é ado indeterminado” ese designa assim a casualidade. Naqueles jogos de azar quese caracterizam pelo fato de que em cada novajogada voltam a se restabeleceras condições

anteriores, por exemplo, no lance de dados e naroleta, sempre, saia o que sair, existe a mesma probabilidade de se obter qualquer um dos resultados possíveis. Pelo fato de ter saído 1,000 vezes o O, na roleta, esse número tem a mesma probabilidade de sair de

Significante

Voz m

Ha)

novo como qualquer outro número. Não há lei que determine, que antecipe o resultado, e luso é uma dimensão do real: “Sempre pode sair qualquer coisa real? 7 E a relação do sujeito com essa dimensão do real é elaborada emtorno da noção de aposta. “O símbo-

lo surge no real a partit de uma aposta” * A função cada vez mais essencial que terá “a pergunta” nas elaborações lacanianas começará aquia ser articulada. “A apostaestá no centro de roda pergunta radical sobre o pensamento simbólico. Tudo se reduz ao to be ornor to be, à eleição entre o que vai sair ou não, ao par primordial do mais e o menos.

HA) a

$

a alimbólico é alinguagem, que o imaginário são as imagens e queo real são os objetos:

z

M

Es

KR

Porém, então, surge outra pergunta: se o real não se representa a si, porque não lala, ese o imaginário e o simbólico se representam si, então, o imaginário fala? Esse imerrogante justifica-se por meio do prejulgamento existente que implica sustentar que

ê

a s

m

s

,

a

A

IT

Ê

A

E

figura 21

A primeira reserva que devemos fazer quanto esse prejulgamento é que acedemos ao

simbólico, ao imaginário e ao real por meio do simbólico, caso contrário, a frase que se estl a ler seria impossível. A resposta à pergunta anterior (o imaginário fala?) é: sim!

Não devemos esquecer que, por sua vez, as redes da sobredererminação que Lacan trabalha em seu escrito “A carta roubada”e na lição que tem o mesmo nome no

| uso justifica a oposição que Lacan faz entre fala e linguagem. À função da fala é simbólica co uso dalinguagem,imaginário. Partindo dessa oposição será fácil e, livre de

Seminário 2, exigem o quaterno, q, , 8 e A para poderem estabelecer as coordenadas

comttulição, localizar o polêmico “muro da linguagem”. Por sua vez, se sustentarmos

fundamentais do sujeito.

que o imaginário fala, isso já implica mais que o puro especular. Quanto à estrutura geral do esquema “L”, a primeira coisa que se deve dizer

Com Lacan, afismamos que uma estrutura quadripariida é exigível para a conceprualização do sujeito da experiência psicanalítica,

É que é um esquema de estrutura quadripartida, é um esquema tetrádico e, se prestar-

Antes de responderà lógica do quarerno, vejamos a primeira arriculação do

tmos atenção a essa questão emtodos os outros esquemas, grafos

representações que

quaterno na obra de Lacan. Em “O mito individual do neurótico”, Lacan articula à

ele agora em diante Lacan vai elaborar, constataremos que todos coincidemno fato de totem quatro elementos, quatro vértices e quatro lugares:

estrutura quaternária como uma superação da insuficiência da estrutura ternária do

complexo de Édipo freudiano, ao qual, segundo Lacan, deve-se completar com o natcisismo, isto é, o modo imaginário, a Aim de formar o quarreto. Qual é o elemento que

LACAN, | Semindrio 2º O eu na reoria de Premet e na sécnica psicanalítica. Lição de 26/04/55.

do Po

Aoul bh]

o narcisismo agrega ao trio edípico? À morte. “Qual é o quarto elemento? Pois bem, vou

57

destgnddo hoje dizendo que é a morte”!

um conceito de proximidade de seus elementos e caso

A partir da função da morte enquanto quarto elemento, podemos analisar a

a proxiimio

ude dos elementos do

grupo implicar ade seus produtos eme seus Inversos, então, ela é topológica.

A representação danoção deestruturaimplicadano grupo deKlein, éa seguinte:

profunda influência dafilosofia hegeliana nos primeiros ensinamentos de Lacan. Issose deve entre outros motivos, ao fato de que a obra de Hegel está essencialmente marcada pela função da morte, Quanto aisso, James Carse, em Mortee existência, uma história conceda! da mortalidade bumetra, ahima: “(...) Hegel éo primeiro a tentarlevar a morte do contro da vida, para ver o vivo não enquanto não-morte, ou o todavia-não-morto,

mas sim, como morta”! e “[para Hegel] não soufeito mortal por um Outro hostil, mas, sou mortal enquanto um Ore para mim mesmo.É esse exatamente o ponto em nossa figura 22

longa narração em quea mortalidade aparece descrita primeiramente como uma parte

duestruçura doem. Nenhum filósofo antes de Hegel tinha alcançado tal concepção”. 2 O próprio Lacan sustenta que “(...) a metafísica hegeliana não hesitou em construir toda a fenomenologia das relações humanas em torno da mediação mortal, terceiro essencial do progresso, por meio doqual o homem se humaniza na relação com seu semelhante"!

Agora, então, por que quatro? Lacan, no Seminário 14: À lógica dofantasma, mu lição de 14/12/66, recomenda a releitura do artigo de Marc Barbut, “Acerca do

sentido da palavra estrutura em matemáticas”. Nesse trabalho, Barbut propõe, como representante do uso da noção de estrutura em matemáticas, o grupo de Klein, “célebre em matemáticas e presente em múltiplas atividades humanas”, 14

e que se aplica às per-

mutações de quatro elementos quaisquer. A noção de estrutura é assim definida: “Uma

Na mesma nota, Barbut esclarece a utilização desse tipo de estrutura detal “riqueza e potência” em geometria, em lógica, em psicologia experimental e em etnoloK ia, como por exemplo, em Claude Lévi-Strauss. Justamente Lacan toma Lévi-Strauss, « Ss E citado “Ob-

quando se dedica ao desenvolvimento da noção de estrutura no aqui já servação sobre o informe de Daniel Lagache”. Ali, diz: “Como nós mesmos fazemos

do termo estrutura um emprego que cremos poder pautar no de Claude Lévi-Strauss (1.º 17 Além disso, encontramos uma roral confirmação dessa “autorização” de Lacan sobre à noção de estrutura numa passagem de sua obra,se observarmos dois esquemas de Lévi-Strauss, a) e b), com a mesma estrutura do esquema “LI”: PALA a) 6 esquema que aparece em “Ag estruturas elementares do parentesco”*:

estrotura (...) É um conjunto de elementos escolhidos a Esto; perém entre os quais são

definidas uma ou várias (...) operações”, 2

Comodissemos no capítulo “Topologia”, há que diferenciar as noções de estrutura utilizadas em matemática e, entre essas, pelo menos há que diferenciar entre

estruturas de grupo e estruturas topológicas. As estruturas de grupo consistem em “um

Py a Qu

ESG

RES Ss

figura 23

conjunto no qual se definiu uma operação x e y e que satisfaz às três propriedades un) |) ec)" E

Px SC Oy

s propriedades ou axiomassão:a) a lei da associatividade; b) lei da e b) o esquema que aparece em Antropologia estructural":

existência de um elemento neutro; c) a existência de elemento inverso para cada um dos elementos. Entre as noções fundamentais com as que opera a teoria de grupo está a de “simetria”, a qual vemos muito implicada na estrutura do grupo de Klein. As estruturas ropológics Ho

ão aquelas estruturas em que há, além da operação de grupo, a definição de

LACAN] O mito individual do neurótico. . Zahar, 2007, p.42.

BE CARSE, )o Muecrte y existencia, sema dristoria concejrial de do mortalidad fumana. Fondo de Cultura Económica, polos Cariho nossa,

12 Abi, 378 E

LACÇAN,).O imito individual do neurótico. J. Zahar, 2007, pÃ2.

Bi BARBUTSM, Ficha interna de La Sociedad Analítica de Bucnos Aires, p.6. 13 Ibkel, po? to BOURBAKI, N. La arquitectura de las matemáticas. In: Las grandes corrientes del pensazienta matemático. [usidela, pá,

17 LACAN, ]. Observação sobre o informe Daniel Lagache. In: Escritos. p4654. 14

LEVIESTRAUSS, E. Las Estructsnes elementares deljusrentesco. Cap. XII, Paídós, 1949, P 238.

[9 leem, Las estruciurassociales en el Brasil central y oriental. lo: Antropologia estrscticral, 1052, p.113.

Vevldentea relação de“parentesco” entre q enequemaDL" ca noção de estru tura tal como se encontra nas matemáticas, a parde de Mesebaled, e cm antropologia,

com Lévi-Strauss, Se o quatemo éutilizado pela Matemática e pela Antropologia, Lacan não esquece o seu uso em Linguística. No Seminário 5: As formações do inconsciente, na lição de 06/11/57, ao comentar o quaterno do Seminário 2, 0, , O c A, diz

B

Nós temos

então af esse grupo mínimo de quatro elementos significantes que têm como propriedade

to

Banda de Môbius“aplanada”

Esquema “L”virado

figura 26a

figura 26b

ser cada um deles analisável em função de suas relações com os outros três, isto é, para confiumá-lo, tal comorecentemente foi descoberto por Jakobson, que o grupo mínimo

necessário para que se tenham dado as condições primeiras, elementares, do que se pode chamar de análise linguística. Agora, vocês o verão, essa análise linguística tem uma relação íntima com o que nós chamamos de análise pura e simples, inclusive se

Devemos dizer que essa semelhança é apenas figurativa, pois que as estruturas

a

E

]

,

a

vão essencialmente distintas. Estabelecemos isso a partir da análise do ponto de “entre-

a fio j cruzamento” dos verores ÀS e aa no esquema “L”, com o ponto de “entrecruzamento'

confunde comela: ela, essencialmente, se a examinarmos de perto, não é outra coisa”,

dos segmentos AC e BD.

[fica confirmadaessa articulação da noção de estrutura em matemática com as noções linguísticas nessa definição de Lacan: “(...) a estrutura definida por meio da articulação

significante enquantotal”? de Lacan,

Agora, discurirei uma ideia sustentada com bastante frequência entre os leitores aquela que afirma que o esquema “L” é umautilização ropológica ç da figura e!

IN.

que se conhece com o nome de banda de Móbius, cuja representação é a seguinte:

figura 27a

l

figura 27b

Devemos ter em conta que a descontinuidade do segmento BCao encontrar-se com AD na banda de Mabiusé a forma de escrever que BC passa “por baixo” de AD, não acontecendoa mesma coisa em “L”, onde nenhum vetor passa por debaixo do outro,

mas que se chocam por estarem no mesmonível. Numapassagemdolivro de Jeanne Granon-Lafont, La tapologie ordinaire de Jacques Lacan, nos é dito que, na representação da banda de Mbóbius, “A descontinuida-

figura 25

:

Caso se aplique ao esquema “L” uma rotação de um quarto de volta, no sen-

de da linha não pretende indicar sua interrupção, mas a passagem sob ela mesma num. determinado momento de seu trajeto, Este “por cima — porbaixo”é necessário para que desaparecera ilusão de profundidade. (...) Assim, as convenções do desenho vão ne fi ” “a dar ao aplanamento umestatuto deescritura”2! Lacan, pelo contrário, no momento de

tido dos ponteiros do relógio e compararmos isso com uma representação “aplanada”

apresentar o esquema “L”, no Seminário 3, diz: “Nosso esquema, lembro isso a vocês,

(uma representação plana) da banda de Móbius, efetivamente vamos observar que só

ligura a interrupção da fala plena entre o sujeito e o Outro, e seu desvio pelos dois eus, «e

Podemos descrevê-la assim: superfície de uma face que se obrém torcendo

uma fita de papel, larga e retangular, colando-se, emseguida, as pontas.

apare temente se parecem.

MD LACAN, | Observação sobre o relatório de Daniel Lagache, op. cit., p.655.

1 GRANON-LAFON'E; ]. topologie de Jacques Tecar, ). Zahar, p.27-28. 61

are suas pelações imaginárias”, do Semindrio 4, diz: “(o ) um de

na apresentação do mesmo esquema, na primeira lição

os esquemas (.,) É 9 esquema que inscreve a relação

do sujeito para com o Outro, (..) relação virtual, relação de palavras virtuais por melo daquilo que é do Outro que o sujeito recebe, sob a forma de uma fala inconsciente, À

própria mensagem quelheéinterditada por meiodessa interposição da relação imaginária entcodeo d (..), isto é, enquanto a relação imaginária interrompe, retarda, inibe,

Inverte (4) a relação depalavras entre o sujeito e o Outro (..)

da

O, figura 29

Outro argumento, nesse mesmo sentido, está dado pelo fato de que o vetor

AS, que é pleno até enfrentar-se como vetor aa, por meio do entrecruzamento, graças o choque com o mesmo, passaa serlinha pontilhada. Em realidade, o vetor aa7 divide o esquema em dois, representando-se, assim, o obstáculo que inscreve; isso se torna

algo distinto. Isso não é assim. Jamais Lacan fez referência a umaleitura dessa índole, jumais fez referência a triângulo algum no esquema “L” e tentar fazer isso leva a contrariar

evidente, caso aplicarmos, ao esquema, um quarto de giro, em sentido contrário aos

todos os ensinamentos que Lacan tenta transmitir por meio desse esquema.

ponteiros do relógio, assim:

Ambas superfícies, ou seja, ambos rriângulos deveriam representar cada um

Mas, nem por isso fica fora do campo de aplicação das noções topológicas.

fi verdade que não é uma figura comoas quesão estudadas na topologia combinatória ou dos complexos, essa topologia é um ramo da geometria, entretanto,se ficarmos na topologia geral ou abstrata, onde um conjunto de pentos pode ser tomado comoespaço topológico, então, o esquema “L” entra no campo das noções ropológicas. As noções fundamentais da topologia aplicam-se-lhe, como, por exemplo: não opera nenhuma

noção de quantidade ou mensurabilidade; a forma do esquema tampouco é levada em figura 28

o

vonta, nada mudará se for mais alargado, mais espichado, ou mais engrossado. Por sua

vez, não conserva nenhumarelação de analogia com aquilo que representa, por exemplo, É importante estabelecer a continuidade ou descontinuidade implicadas nas hguras que estão sendo analisadas,já que o conceito de continuidade, como já vimos, é

fundamental nas considerações topológicas. O esquema “L” implica descontinuidade, enquanto que a banda de Môbius, não.

O esquema “LT” distingue-se da banda de Mabius, ainda, pelo fato de que essa última é uma superfície, uma superfície topológica, enquanto que o esquema “L” não implica superfície alguma. Caso fosse uma superfície, teria que distinguir os dois

erângulos; o formado por Sa e o ponto de intersecção e o triângulo Au e o ponto de Intersceção. Assim:

“A” não é maior que “a”, o sujeito “S” não está por cima do eu, “a”. Em seu escrito,

“De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose”, Lacan diz: “O “do questionamento do sujeito em sua existência tem uma estrutura combinatória que não convém confundir com seu aspecto espacial, Nessas condições, é realmente o

próprio significante que deve articular-se no Outro, e especialmente em sua topologia de quaternário”.” Dissemos que se diferenciarmos entre noções de estrutura em mate-

mútica, o fazemos fundamentalmente entre estrutura de grupo e estrutura topológica. Utilizamos as noções de estrutura do grupo, a fim de relacionar o esquema “L” com o grupo de Klein, tal como o tinha usado, por exemplo, Claude Lévi-Strauss; entretanto, nessa passagem posterior de Lacan, nos diz que antes há que pensá-lo como estrutura iopológica. Por quê? Veremos, mais adiante, na articulação do esquema “L” com as uturas clínicas, que a questão da “distância” será levada em conta. Distância não

métrica, mas, topológica, na qual não é a mesma coisa se dois pontos estão separados ou se estão infinitamente próximos. Visto que a distância não-quantitativa é levada em 42

JACAN,)

DA Teor, Senrind

jnário 37 Aspsicoses, Lição de 16/11/55. di A relação de objeto. Lição de 21/11/56. Grifo nosso.

conta na estrutura do esquema “L”, este, então, tem estrutura topológica. “1 LACAN, ]. De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose. op. cite, p.55.

19 esquema

CI terRELAÇÃO CL CPP INN REA ND CARA EDITA CAAD ONE

consiste em quatro portos e quarro vetores que os concotam

EG ML POA,

resulta Inexato dizer como Jd me fogo que Premal o ignorar entretanto, pode-se, com corta,

de uma maneira particular, Para maior clareza, faremos de conta que o esquema é

alemar que não forma pare do aparelho conceltual dele Todavia, a patio dos anos 30, 0 conceito de relação objemal adquiriu ma Importância crescente na literatura psicanalítica,

“como” um quadrado, no sentido de ter quatro vértices, quatro lados e duas diagonais,

até ao ponto de consltmir atnalmento, par muitos attores, d reférência terica firmeelamentad, A promoção do conceito de relação objetal conduziu a uma mudança de perspectiva tanto no campo clínico quanto no campo réenico e genético

porém sem esquecermos quese erradica toda dimensão de superfície, tal comoocorre narepresentação do grupo de Klein,

O esquema “L”, então, é como um quadrado do qual foi retirado o lado esquerdo, lado que uniria S com à e o lado direito, união de & com A. A sustentação do que dissemos está representada no mesmo esquema, onde Lacan assinala, bem evi-

No Seminário 2, encontra-se: “Tende-se a fazerdesta famosa relação de objeto, com a qual por ora nos deleitamos, um modelo, pattera da adaptação dosujeito a seus

dentemente, a presença dos quatro lados do quadrado (ou dos quatro segmentos que

objetos normais”? A crítica de Lacanà noção derelação de objeto não estará fundada

uniram os quatro pontos do esquema que são vizinhos, tomados dois a dois):

no fato de que não é uma noção freudiana, embora é certo que nãoo é; tampouco Lacan

a porqueela implica uma mudança essencial de toda a doutrina, embora a implique, mas critica-a porque ela é incorreta. Isto vai ser dito e articulado no esquema “L”, acer

lado superior

lado

direito

figura 31

lado inferior

figura 30

Cada extremo ou vértice escreve a separação fundamental que umacorreta con-

veituação teórica requer da função do e do a, por umlado, e do À com o é, por outro. A fim de começarmos com a análise feita por Lacan, reromarei os esquemas de Lévi-Strauss. Em ambos está indicado o fato de que são passíveis de serem parridos

Os parênteses indicam o lado esquerdo; os círculos maiores vazios, o lado

divelto; os círculos pequenos cheios, o lado superior; os círculos pequenos vazios, o lado inferior. Isso se confirma, além do mais, pelo faro de Lacan chamar muitas vezes

ao esquema “L”, “nosso quadrado”, ou “nosso quadrado mágico”, no transcurso dos unos de uso mais frequente desse esquema,isto é, durante os Seminário 2, Seminário 3

pela metade, no sentido vertical (separandoo lado direito do esquerdo). No esquema a seguir, os lados direito e esquerdo, estão indicados respectivamente pelas letras “x”, de um lado,e pelas letras “y”, do ourro. Pr +00

Pp» Qu

rESy

ph &

v Seminário 4.

“Tendo ficado estabelecido que é como um quadrado do qual foram retirados om dois lados laterais, surge a pergunta sobre a razão dessa manobra, que vou chamar de

a introduçãode cada um dos intervalos. A razão está no fato de que Lacan desenvolve

figura 32

iso para dar conta da correta conceituação da experiência psicanalítica enquanto experiência intersubjetiva, contrária à teoria da relação de objeto. A fim de dar uma ideia

do que essa última implicava no momento da criação do esquema “L”, tomazei alguns parágrafos do Vocabulário de Psicanálise de J. Laplanche e ].-B. Pontalis.

No próximo esquema, a linha pontilhada corta o esquema,deixando À e € de umlado e B e D, do ourro. 15 LAPLANCHEe PONTALIS. Vocabulário depsicanálise, Martins Fontes, p.577. m LACAN, ]. Seminário 2: O eu má teoria de Freud é ira técnica psicanalítica, Lição de 19/05/55.

65

esquerdo. Porém, ao serem denominados pela mesma letras são apresentados tnmbém

como um só lugar, Esse paradoxo do esquema é o paradoxo próprio ea dialética entre a outro semelhante o outro do modo imaginário e o em, entendido como o precipitado

das identificações com a imagem do outro. À verdadeira pergunta, então, é o eu eo outo imaginário são dois ow um só? Responderei com uma citação do seminário de figura 33

A leitura do esquema “L” que eu proponho, ao parti-lo verticalmente, auto-

=

demon

rbease a partir do diagramado grupo de Klein.

Lacan: “Esta forma do outro tem a mais estreita relação com o seu eu, ela lhe pode ser mperpasta e nós a escrevemos4, Temos, pois, o plano do espelho, 9 mundo simétrico dos

eus eos outros homogêneo” ” Visto que «e a são intercambiáveis entre si, então isso não implica mudança de estrutura quando Lacan escreve em cada extremo do eixo da

relação especular (cf. Seminário 2, lição de 22/06/55). Iniciarei o estudo do eixo imaginário por meio desse paradoxo. Devemosdizer queo eixoaa não somente inscreve a dialética do estádio do espelho, mas também inscreve

a função da linguagem, a qual, para distingui-la da função da fala, Lacan a denomina “muro dalinguagem”, tal como foi proposto mais acima.Isso autoriza outra interessante

s4— figura 34

pergunta: se a linguagemé, obviamente, simbólica, como, justamente, vamos situá-la no eixo imaginário? O próprio Lacan enuncia: Temos, pois, 0 plano do espelho, à mundosimétrico do eu e dos outros homogêneos. Dele

As linhas pontilhadas permitem uma manobra de corte vertical, no sentido que inscrevemosladosdireito e esquerdo, deixandoas duas versões de “x” à esquerda e

devemos distinguir o outro plano que chamaremos de o muro da linguagem. O imaginário impõe sua falsa realidade que, entretanto, é umarealidade verificada, a partir da ordemdefinida pelo muro da linguagem. O eu tal como o entendemos, o outro, 0 semelhante. todosesses

de “-x" à direita. Efetuandotal cortevertical no esquema “L” obtemos,o lado esquerdo,

imaginários, são objetos. É certo que não são homogêneos às las: constantemente corremos

o risco de nos esquecermosdisso. Porém são, efetivamente, objetos porseremassimdeterntinados memsistema organizado, que é o do muto da linguagem *

que chamarei o lado do sujeito; e o lado direito, que chamarei de o lado do outra. Isso comigo as noções da reoria da relação de objeto, no sentido em que essa, a verdadeira

A linguagem adquire uma função imaginária, na medida em que “objeriviza”

relação de objeto, a partir do esquema “L”, já não é «al, pelo fato de que tanto o lado do sujeito comoo lado do outro, são duplos. Do lado do sujeito devemos diferenciar o

O sujeito comoeu e ao outro.

sujeito do inconsciente (S) e o eu (2); do lado do outro, obteremos esse outro enquanto

Não nos deve surpreender o faro de que localizamos dimensões da linguagem em planos opostos do esquema, Já Ferdinand de Saussure tinha estabelecido em seu

semelhante(4) eo Outro (4), comoalteridade radical. Não poderá haver uma correta

conceituação edireção de tratamento se forem confundidos os extremos heterogêneos, tanto do ladodo sujeito, quanto do lado do outro. No esquema “L”, Lacan escreve que, se bem quese estabelecem os lados do sujeito e do outro, respectivamente, cada um deles implica uma composição de dois elementos heterogêneos.

Cours que a linguagem é, em si mesma, o misto heterogêneo dalíngua, por um lado, e

da fala ou palavra, por outro. No capítulo sobre o modelo óptico, dizíamos que eramcertas propriedades das imagens as que permitiam a objetivação; agora, diremos que essa função é confe-

Retrocedendo um pouco, resta dizer que o esquema “LI? é um quaterno bem

vida à linguagem. Veremos que, no desenvolvimento do ensino de Lacan, a passagem

peculiar, ou seja, “mais ou menos” um quaterno. Se levarmos em conta os extremos do

vetor que inscrevema relação imaginária, observaremos que ambos são denominados

de funções do especular para a linguagem não se esgota nisso que agora comentamos, vomo tampouco a ampliação do imaginário que,se incluir a linguagem com sua função

com a mesmaletra: q. Se o vetor a à tiver, como extremos, dois lugares denominados

objetivante, já não é só o estádio do espelho.

E

Por outra parte, se articularmos “imaginário” e “realidade”, é parque no eixo

vom a mesmaletra, então são dois lugares ou apenas um? Da perspectiva do esquema, são dois lugares, já que um indica o vértice superior direito e, o outro,o vértice inferior

17

Ibid., Lição de 25/05/55. Grifo nosso.

mm Ibid.

mer, TOCALZA TEMOS O IN tASMA, CMADOPA CM Sta cimeira gginária, que

podemos chamar de “funtasmagorias”, Opondo-se à função objetivante da linguagem, a fala cumpre a função do reconhecimento subjetivante, que implica umadialética própria, ado vetor AS queLas y su ps a. 1 1 Ê é can descreve assim:q ME “Na fala verdadeira, o Outro é aquilo diante do que vocês se fazem

reconhecer, Mas vocês só podem se fazer reconhecer porque ele é em primeiro lugar

reconhecido. Ele deveser reconhecido para que vocês possam fazer-se reconhecer(...) tel o reconhecimento de um Outroabsoluto, visado além de tudo o que vocês poderão conhecer, e para quem 6 reconhecimento só tem valor precisamente porque está além

do conhecido”? O que abre a possibilidade de receber do Outro o reconhecimento do passo prévio de reconhecer ao Outro, o que está claramente indicado em todosos exemplos que Lacan dá, ao iniciar todos eles com “Tu és...

pt, devemos destacar que ema não é a conceituação do desejo que aparece em Freud e à que, portanto, Lacan representanh em outro nivel em seu esquema "L”, g Esse poder arbitrário que | o Outro detém a nível simbólico, o poderde designar ou não um lugar ao sujeito, funda-se na estrutura da comunicação humana que Lacan retífica. À teoria da comunicação entncia que o emissor codifica c emite a mensagemque q receptorrecebe e descodifica,

Na teoria linguística estrutural, articulada à concepção do

sujeito tal como se deduz da experiência psicanalítica,é retificada por Lacan, propondo que 0 emissor recebe a própria mensagem em forma invertida proveniente do receptor. É em consequência dessa concepção que Lacanlocalizará a transferência no vetor ÀS, na medida em que o esquema “L” pode dar a estrutura da experiência psicanalítica. “(...) É sobre essa linha quese estabelece tudo o que é da ordem transferencial,

além do conhecido no reconhecimentoserá o inconsciente da concep-

falando com propriedade, o imaginário desempenhando aí, precisamente um papel defiltro e até mesmo de obstáculo” ? A, o Outro, não só representa ao cutro sujeiro

qão Ireudiana, se ao inconsciente freudiano lhe arricularmos:a teoria da fala que Lacan onstruindo e do desejo de reconhecimento em Legel.

que, por sua posição de alteridade radical, motiva a que o chamemos de Outro e que é capaz, por sua vez, de reconhecer, a nível simbólico, ouseja, desde onde se receberá

Quanto a esse último, o desejo de reconhecimento em Hegel, tomamos de Nojéve: “Tal aceitação da morte produz-se quando o homem artisca conscientemente a

o verdadeiro lugar (mensagem) no simbólico, e que é o inconsciente (por isso sempre o recebe de forma invertida), mas, também a estrutura legal, em geral, come armação fundamental das relações intersubjetivas é, em especial, “(...) o pacto que une o homem à

Om ais

ae:

:

.

vida em função do só desejo de “reconhecimento” (Anerkennen), de sua mera vaidade, O desejo de reconhecimento é o desejo de um desejo, isto é, não de um ser dado (=

mulher (...) o pacto maior que põe de acordo o elemento macho com o elemento fêmeo

natural), mas dapresença da awséncia de tal ser” E também: "Assim, na relação entre o homem a mulher, por exemplo, o desejo é humano se umdeseja não o corpo, mas o

(1..)",º Segundo a perspectiva antropológica, isto vem a ser a interdição do incesto e o

desejo do outro, se quer possuir ou “assimilaro desejo tomado enquanto desejo, isto é,

parentesco”e que Freud elabora a partir da noção de complexo de Édipo. Essa função do Outro,A, para o sujeito, pode ser encarnada por umaplurali-

se quer ser “desejado” ou 'amado”, ou, mais, reconhecido” em seu valor humano, em sua realidade de indivíduo humano”! Recordemosque Lacan, no vetor AS, coloca como RR em a p : a a paradigma

“Tu és minha mulher”. O desejo e, mais ainda, o desejo sexual, enquanto

dimensão intersubjetiva implica a noção hegeliana da mediatização do outro como essencial para a condição do ser humano. Podemos obter uma conceituação simples

da mediação do Outro, tema que trabalhamos no capítulo sobre o smrodela óptico, caso E desdobremos ovetor AS em dois momentoslógicos, o primeiro consistindo em elevar a um outro a função de Outro que se pode escrever SA, e o segundo consistindo em .

et

e

receber deste Outro o lugar simbólico, AS.

intercâmbio das mulheres, o que Lévi-Strauss denomina “as estruturas elementares do

dade de sujeitos anônimos como, por exemplo, o conjunto dos sujeitos que constituem a

“audiência” para o “conferencista”, que pode receber sua mensagem desde esse Ourro, já que, se o auditório abandonao lugar, pode-se propor ao sujeiro em questão a pergunta: vetodosse vão embora, ele se encontrará no lugar do conferencista? Essa concepção do Outro simbólico faz dele a garantia da verdadeira posição simbólica do sujeito, a garantia da verdade do sujeito. Essa função do Outro, de ser parantia da verdade e para que a vetdade tenha possibilidade de garantia, será profun-

damente criticada por Lacan, quandodesenvolver o esquema “Z”.

Assim, o Qurro fica em posição 'média' no reconhecimento do sujeito. So-

Quanto ao sujeito, 5, Lacan aproveita a homofonia daletra “5” (em francês, /es!)

mente se adquire o lugarsimbólico de "esposo" se uma mulher, em especial, a que se

na língua francesa com a palavra “Es” empregada por Freud na segunda tópica. “ES é o

reconhece primeiro como “minha mulher”, reconhecer o homem,nesse lugar. Desde

“iso”. Assim Lacan indica que o sujeito em questão é o sujeito do inconsciente, sujeito que não sabe o que diz e que não é tomado como uma totalidade, porém somente em

1

LACAN, |. Semindrio 3: As psicnses, Lição de 07/12/55

ME ROJEVEÇA. Li idea de muerte cn Hegel, La Pkeyade, p.102, Mo demo Lo dialética del amo y del esclavo em Legel, p.l4.

14 LACAN, ]. Seminário de À relação de objeio. Lição de 19/12/56. 13 1d, Seminário 2: O eu na teoria de Freud é na técnica psicanalírica, Lição de 26/04/55.

sua abertura, Esse sujeito É aquele que Lacan chama de “ema suposição básica, a dos

cora apta uma pessoa a ocuparo lugar terceiro, do outro do chiste, é que pertença ”)

paleanalintas”, Junto ao psicanalista, por devrás do discursa que recebe, faz-se operar a suposição de um sujeito, A prova da existência de um sujeito p;

estima paróquia” aque a primeira, tim derinos de Lace aum o pertenc era mesma paróquia

é entendido como “compartilhar o Outro”,

a pela possibilidade de que ele pode

Passemos, agora, au que se pode obter como ensino dos dois veLrores que

mentir, Se podemos lançar a pergunta, “estará mentindo?”, então estamos diante de um

articulam o eixosimbólico com o eixo imaginário: Ag e 5x! Antes defazê-lo, convém

sujeito, Aqui, temos que diferenciar entre engano e mentira, O exgano, próprio do modo

distinguir, no esquema, em seu conjunto, cada um dos vértices com os respectivas vetores.

x

,

Eh

z

imaginário e possível no mundo animal, não vai mais além da manobra do quero-quero,

que põe os ovos numladoe canta “quero-quero” no outro, para enganar os inimigos; todavia, a mentira, a qual somente é possível a nível simbólico, refere-se ao sujeito, im-

plicaa possibilidade de mentir sobre uma mentira, algo assim como por ós ovos num lado e, 40 mesmotempo, cantar “quero-quero”, deixando, então, o interlocutor sem possibilidade dediscernir se está a dizer a verdade, querendo fazercrer que está a dizer uma mentira, ou vice-versa. Nessa perspectiva, propomos como paradigma,o chiste que Proud estuda em Ochiste esuarelação como inconsciente: “Numaestação ferroviária de

figura 35 Assim, fica mais evidente que: 1) do ponto À, saem somente vetores, ne-

Gralitzia, dois judeus se encontram num vagão. Para onde viajas”, pergunta o primeiro,

nhum chega, o que deve ser interpretado como que o Ourro é um lugar determinante e não determinado; 2) ao ponto «, somente chegam vetores, nenhum sai, o que indica

Para Cracóvia”, é a resposta dosegundo. “Porém”, diz o primeiro 'que mentiroso que nrés Ese encoleri “Quando dizes queviajas para Cracóvia, tu queres me fazer crer que viajas a Lemberg. Porémse eu sei bem que realmente estás a viajar para Cracóvia,

a condição de determinado do ei, tanto para o outro imaginário como para o Outro simbólico; 3) do ponto S, sai um vetor, o do desejo; é umvetor quesai, porque “o desejo

Porque é que mentes então?”*

tornaativo o ser humano”; chega um vetor vindo de A, indicando que ainda que entre

Dos trés textos de Freud que Lacan destaca como fundamentais para a elabora-

Sc A haja umarelação deinterdependência (não existiria um sem o outro), essa relação

ção da noção do inconsciente, A interpretação dos sonhos, Picoparologia da vida cotidiana

não implicareversibilidade; o A determinao S e não vice-versa; e 4) do ponto a'sai um vetorpata 4indicando que o outro está na origem da identificação do eu, e chega um

e O ehiste e sua relação com o inconsciente, é esse último o mais apto para elaborar o

Inconsciente enquanto articulado na dimensão do Outro. Enquanto que os sonhos e os

vetor provindo de S, o vetor do desejo.

lapsos podem parecer mais intrassubjetivos, a Freud não escapou“o chiste como processo sochal” (título de uma seção de seu livro). Recordemosa distinção que ele propõe para. diferenciar o “cômico” do “chistoso”: “No cômico, intervém, geralmente, duas pessoas;

Portanto, se encararmos os vetores que articulam ambos os eixos. temos o vetor Aa, que indica que, embora o imaginário seja datado por Lacan nos primeiros

meses de vida e a função da palavra seja evidentemente posterior, desde a perspectiva

ademais de meu ex, a pessoa em que eu descubro o cômico (...). Noprocesso cômico, Inustaum essas duas pessoas: o cu e a pessoa objeto (...). O chiste, enquanto jogo com pessoa a quem se pode comunicar o resultado. Então, essa segunda pessoa do chiste

não corresponde à pessoa do objeto, mas sim à terceira pessoa, o outro da comicidade” 5 A comunidade conceitual e rerminológica entre cssa citação de Freud e os lugares do esquema “L” é verdadeiramente chamativa. A partir do texto de Freud sobre o chiste, obtemos, ainda, uma forma de apresentar outra dimensão que Lacan anexa ao Outro, A. Uma das condições que ME PREDD, So Obnrs completas, Biblioteca Nucva, Tomo1, p.875 o Mid, [887 Grifo nosso.

relação ao imaginário. Também nesse vetor, inscreve-se que o simbólico determina o es

a próprias palavras e pensamentos, dispensa a pessoa objeto, (...) porém requer outra

estrutural, o simbólico, enquanto registro, tem umaposição de antecedente lógico em imaginário, no sentido que o simbólico é a causa, enquanto o imaginário é efeito, Se isso é assim, devemos concluir que, se desejarmos operar sobre o imaginário, temos que fazê-lo sobre aquilo que o determina.*

Quanto ao vetorSa! ondese localiza o desejo que torna ativo ao ser humano « que Lacan define como: “E esse desejo é o que, ao mesmo tempo, está na fonte de toda espécie de animação”, devemos destacar que a esse nível se inscreve a concepção

freudiana do desejo (a qual não coincide com a hegeliana); portanto, faz de 4'o desti16 Ver capítulo sobre zmodelo úptico UNIT).

e

natúrio desse clesejo, o objeto.

Já no Seminário |, estava presente enma concepção da direção do tratamento, através da

Proponho-mediferenciar as noções freudiana e hegeliana do desejo a partir de como as articula Lacan em seu esquema “Li O desejo hegelhano, que se inscreveno vetor

noção de “fecha plena” Al, Lacan diz CA fala plena é aque visa, a que forma a verdade

ÀS, artleula um elemento simbólico com outro elemento simbólico; em troca, o desejo freullano, queseinscreve no vetor 5%, articula, como já o dissemos, o simbólico com

que faz ato, Um dos sujeitos se encontra, depois, outro que não o que era antes. É por

tal como ela se estabelece no reconhecimento de um pelo outro; À fala plena é a fala Isso que essa dimensão não podeser eludida da experiência psicanalítica” º

o imaginário, No desenvolvimento do ensino de Lacan, esse problema será encaradoe

E, como vimos nocapítulo anterior, para o final do tratamento psicanalítico

tesolvido ao se produzir, em seuseio, a noçãode objeto a causa do desejo, já não imagi-

Lacan retoma o Wo Es war, sol! Ichwerden freudiana, ao qual vai daro seguinte sentido: “Ao final do tratamento psicanalítico, é ele quem deve ter a fala (no sentido de tomar

nro, O esquema “Rºserá o lugar em que essas mudanças começarão a ser elaboradas. Estamos lendo a” não mais como a imagem do outro imaginário, mas sim como o objeto dodesejo; há ainda outra acepção a lhe ser dada, 4º é também o objeto

a palavra”), e entrar em relação com os verdadeiros Outros. Ali onde estava S, ali o Job

deveestar”* Entender-se-á como a supressão ideal da distância entre S e a por meio

libidinal, entendendo Lacan, nesse momento de sua obra, que libidoé imaginária, “Libido eex estão no mesmolado, O natcisismoé libidinal”.* a”terá, então, dois valo

da elevação da dialética que, no começo do tratamento psicanalítico, se encontrava em

tes 1) como o outro dadialética imaginária, o semelhante; e 2) o objeto do desejo, ao

Resta dizer que no mesmo seminário, encontra-se umaarticulação da insis-

qual, em nossos dias, faríamoscoincidir com o objeto próprio do "marketing" e que, em consequência, é teorizado por Lacan, nesse momentode seu ensino, como imaginário,

Aquilo que se descreveu como direção do tratamento e final do tratamentopsicanalítico.

marés, rência significante e a pulsão de morte e que o fato de levá-la em conta traz um giro novo

Por que é que o desejo frendiano, tal como aparece no esquema “L” está re-

Essaarticulação implica:

presentado por uma linha pontilhada, ou seja, é inconsciente? A resposta é que podemos

1. “A experiência freudiana parre(...) postulando um mundo de desejo (...).

saber qual é o objeto que se deseja, porém, todo objeto aoculta, enquanto tal, falta, no nível do outro imaginário e isso é o inconsciente dessa dimensão do desejo. Do que foi dito, se deduz uma concepção paraa direção do tratamento é uma

O desejo se institui no interior do mundo freudiano onde nossa experiência se desenrola, ele o constitui, e isto não pode ser apagado em instante algum

vvttica d forma em que sea vinha concebendo, Se o determinante é aquilo que chamamos

do mais mínimo manejo de nossa experiência”.

q Outro e o determinadoé a, então, um tratamento psicanalítico deve proceder sobre À

2.“O mundofreudiano não é um mundo de coisas, não é um mundo doser,

e desde À, a fim de operar sobre S. No eixo imaginário ax, situaremosa transferência

é um mundo do desejo enquanto tal”E mais: “O desejo é uma relação do

enquanto resistência, a resistência à passagem da falade A a Se, seco psicanalista aquele

ser coma falta. Essa falta é, falando com propriedade, falta a ser. Não é falta

que se situa no ponto 4 à resistência será do psicanalista.

disso ou daquilo, mas falta de ser, pela qual o ser existe”; o significante não

“A psicanálise deve visar à passagem de uma fala verdadeira, que junte o sujeito

remete a um objeto, somente remete a ourro significante, o que nos leva a:

4 um outro sujeito, do ourro lado do muro da linguagem. É a relação derradeira do sufeito a um Outro verdadeiro, ao Outro que dá a resposta que não se espera, que define o ponto terminal dotratamento psicanalítico” * “O tratamento psicanalítico consiste em

3. “O desejo, função central de toda experiência humana, é o desejo de nada que possa ser nomeado” que é taxativamente definido no Seminário 7: À

ésica da psicanálise, na lição que se chama de “A pulsão de morte”, como “»

Luzélo tomarconsciência de suasrelações, não com o ez do psicanalista, mas com todos

campo inomindvel do desejo radical” que leva a concluir com um olhar de

esses Outros que são as verdadeiras garantias do psicanalisante, que respondem porele

soslaio novo e que Lacan define como fim de análise:

e queele não reconheceu. Trata-se de o sujeito descobrir progressivamente a que Outro verdadeiramente se endereça, apesar de não sabé-lo, e de ele assumir progressivamente

1 LACAN, T. Seminário [: Os escritos técnicos de Freud. Lição de 17/03/54.

as relações de transferência no lugar ondeestá e onde, de início, não sabia que estava”.

11 11

DO LACAN, | Seminário 2: O em ma regri de Freud ena técnica psicanelttica. Lição de 29/06/55. ME ido Lição de 25/05/55. do oia

dd 15 to i7

Parote, Francês, se traduz, por “fala” (NºTO. Idem, Seminário 2: O ewna teoria de Frend e na técnica psicanalítica. Lição de 25/05/55.

14 Ibid., Lição de 19/05/55. Ibid. Ibid, Ibid. LACAN. ]. Seminário 7: A ética. Lição de 04/05/60,

73

eheaz da psicanálise, Mas, não se cravm de reconhecer algo que estaria aí, Já

potemelras implicam o aplanamento de esquema, ou seja, a perda da separação de 5 e porum lado, e de À e, por outros Easa perda de distância deveser entendida como

dado, pronto para ser captado, Ao nomed-lo, o mujelto era, fes surgir teme nova

perda de distância topológica, tal como a que representamose estudamos no capítulo

presença no mundo, Ele introduz a presença como tal e, ao mesmo tempo, cava a ausência como tal. E apenas neste nível que a ação da interpretação é

sobre topologia,

concebível"!

de S aa, produz, comoresultado, a lonenra. “Louco é justamente aquele que se adere a

4. "Que o nu elvo chegue a reconhecer e a nomear sem desejo, els aí a ação

O reconhecimento, porparte do Ourro, do ser do sujeito, deve ser entendido

como capaz deproduzir umser que somente se sustenta emsua “falta a ser”. No emprego dos termos “presença” e “ausência” se reencontra o fort-da freudiano, paradigma de suas

elaborações sobreo “alémdo princípio de prazer” e a pulsão de morte. “Tudo se resume. ao do beor not to be, na escolha entre o que vai ou não vai sair, no par primordial do mais e do qenos. Mas presença, assim como ausência, conotamausência ou presença possíveis.

Logo que o próprio sujeito chega ao ser, ele o deve a um certo não ser, sobre o qual ele ergue seu ser, l E se ele é que e ele restemunha, | nãoé,é se ele I não é algo, | el é rest: h: evidentemente, d te, de

algumaausência, masele permanecerá sempre devedor dessa ausência, quero dizer queele terá de dar prova disso, na falta de poder dar prova da presença”.Isso quer dizer levar

até as últimas consequéncias a noção de “diferencial” ou “opositiva”, para o significante de I Perdinandde Saussure. Em seu Curso de linguística geral, encontramos: “Isso é mais certo, porém, no significante linguístico, em sua essência, de nenhum modo é fônico, é

incorpóreo, constituído, não por meio de sua substância material mas, unicamente, por meio das diferenças que separam sua imagem acústica de todas as demais imagens?” O ser do “ser” somente lhe vem de seu não ser, de sua diferença com o “hão ser”. Por sua vez, ao recordarmos o “Tu és...” que inaugura a dialética do reconheci-

mento, devemos ter presente o trabalho que posteriormente Lacan vaifazer ao converter

eme Chués,” [Tess] emseu homófono: Té, que significa assassinado, morto por causa da ps

A perdadadistância, ouseja, a perdade sey

ão entre S e 4 pelo rebaixamento

esse imaginário,pura e simplesmente” Umlouco, nãoa estrutura psicótica, é aquele que se aderea seu a (vn), sem a intermediação da função do Outro. Por outra parte,

à perda da distância entre À é a produz o delírio. “Esta distinção entre o Ourro com malúsculo, isto é, o Outro enquanto não é conhecido, e o outro, com minúsculo,isto é, do outro que é o em, fonte de todo conhecimento, é fundamental. É nesse afastamento, é no ângulo aberto dessas duas relações, que deve ser situada a dialética do delírio”.

A terceira dimensão psicopatológica correspondeà histeria. No Seminário 3: Às putcoses, Lacanafirma: “Quem é Dora? (...) A questão de saber onde está o ex de Dora fica resolvidaassim: o eu de Dota é o senhor K. A função preenchida no esquema do estádio daespelho pela imagem especular, em que o sujeito situa seu sentido para se reconhecer,

onde pela primeira vez ele situa seu ex, esse ponto externo de identificação imaginária, é no Sr. K que Dora o coloca”? No esquema “L”, podemos então inscrever muito adequadamente a “identificação inverrida” própria da histeria, na qual o em estará em &º. O esquema “L”, que marca a passagem transcendente do uso dos modelos imaginários para os esquemas simbólicos, será extensamente empregado por Lacan nos Seminário 2, Seminário 3 e Seminário 4. Porém, a partir daí, será objeto de uma profundacrítica. Crítica, não de sua estrutura, mas das noções que escreve e de como ticula. Autocrítica profunda de Lacan queestá na base da produção dos esquemas

“Re do grafo do desejo.

apem pelo simbólico. O Outro, capazde reconhecer, também se ausenta, em

consequência de sua presençano simbólico, Articulando esse último 2o dito anteriormente, podemosentender por que o

final do tratamento psicanalítico é entendido por Lacan por meio das famosas palavras

de Édipo em Colono: “Agora, quando nada mais sou, por acaso me conserto em homen” Como tratamento psicanalítico, tal como o concebe Lacan desde seu retorno a Freud,

respondemos que sim. Do esquema “L”, ademais da concepção do tratamento psicanalítico e do final do tratamento psicanalítico, podemos também extrair uma forma de representar

algumas dimensões psicopatológicas. Das três que foram estudadas, as duas

dh ldem, Seminário 2º O ese na veoria de Freud é ma técnica peleannlítica, Lição de 19/05/55. 1 Ih, Lição de 26/04/55. tp SAUSSURE, E Curso de linguística general, Losada, p.201.

51 LACAN]. Seminário 2: O ex na rearia de Freud en técnica psicanalítica, Lição de 25/05/55. 12 Idem, Seminário 3: As psicoses. Lição de 30/11/55, 13 Ibid., Lição de 21/03/56.

capítulo dois esquema “Z”

a

A

figura 36 - esquema "Z”

Partindo da situação do esquema “Z” noseio da obra de Lacan, indicaremos

como Lacan corrige o esquema “L”, Essa modificação é necessária para passarmos logo aos esquemas “R” e “T" cao grafo do desejo. O esquema “Z”aparece no escrito “De uma questão preliminar a todo trata-

mento possível da psicose”, texto redigido entre dezembro de 1957 e janeiro de 1958, ou seja, simultaneamente ao Seminário 5: Asformações do inconsciente, no qual, justamente,

Lacan produz seu grafo do desejo. Que Lacanjá tenha proferido o Seminário 3: As psicoses, implica que, depois de propor seu esquema “T”, no Seminário 2, já tivesse produzido: a) a distinção entre o estelio do espelho e a ordem imaginária, já que essa última implica, além do estádio do espetho, também significação; b) a teorização da fala de um significante que, embora, nesse momento, signifique patologia (a foraclusão do Nome-do-Pai implica a psicose), inaugura o tratamento lógico dessa questão; c) distinção entre significantes, a partir do significante Nome-do-Pai, distinção entre significantes que antes somente compreendia o Ideal do eu; e d) a concepção da ordem simbólica enquanto conjunto co-variante que,

pelo uso da noção de “conjunto”, que exclui a possibilidade da existência do conjunto

universal, permite deduzir que não é uma cotalidade e equie queda aplicar to

enquanto

tal do pertencer a um conjunto “co-vartante”, “(.,) enquanto alstema correlativo de

COMSEruTE one esquema e que, porcento, PEGUE NE GO ENICÃO FRICIA COUVE ENTE A PENTA PERA +

São as seguintes:

elementos que pegam seus lugares sincrônica e dlacronlcamente uns em relação aos ou-

EC.) 0estado do sujeito 5 (neurose ou psicose) depende daquilo quesedesenrola

tros 6...) não significa nada,

no Outro Aºº Por“estado [condição] do sujeito” entendemos, por umlado, o

Essas quatro dimensões operam plenamente nos esquemas

CARE e “Pproduzidos em “De uma questão preliminar”,

Como já dissemos, nãose pode confundir o esquema “L” com oesquema “2”,

ser sujeito e, por outro lado, a questão de que tipo de sujeiro está implicado.

O termo que, em francês, se traduziu por “se desenrola” é “se dérowle” que

Isso se torna evidente na definiçãoque Lacandá a esse último: “O L do questionamento

significa “toma lugar no tempo, falando de uma continuidade ininterrupta

alosujeito em sua existência tem uma estrutura combinatória que não convém confundir com seu aspecto espacial. Nessas condições, é realmente o próprio significante que deve

de acontecimentos de pensamento” (Dictionnaire Petit Robert). Isso implica a articulação de tempoe de espaço no Outro, pelo que proponho comotradu-

amdeular-se no Outro, é especialmente em sua topologia do quarernário”.? Em seguida,

ção mais ajustada “se desenvolve”, que inclui ambas as dimensões, em lugar de “tem lugar”, já que nosso sujeito sempre requer, para ser corretamente

analisaremos o questionamento do sujeito que implica o esquema “Z” comrespeito ao que foi proposto no “L”, porémdesde já se deve levar em conta que esse esquema(L) tem “estrutura combinatória” e então se descuidarmos desse seu aspecto espacial, que não do importante, poderíamos representá-lo sintaticamente:

conceituado, a dimensão temporal. Não há sujeito, ral como é conceituado

hapsicanálise, sem a dimensão remporal, 2.50 que nele [no Outro] se desenrola articula-se como um discurso (o inconsciente é o discurso do Outro)" Entendemos pela via do “discurso”, a questão

de umasintaxe e a expressão queseja “articulado” implica que esteja composto por itens (os elementos) e articulações (suas leis).

3. “Nesse discurso, como estaria o sujeito implicado, se dele não fosse parte inSe fora sintaxe de um quaternário, então é significante em si mesmo. Poder-se-ia

er e “Z” são o mesmo esquema,já que Lacan iz: “(..) aplicaremosa dita

tegrante [interessel?”*. Aqui, o trabalho que Lacan faz com os significantes é fundamental. À etimologia, tanto para o castelhano como para 6 francês, de

relação ao esquema 'L, já produzido, e aqui simplificado”? Porém, devemos observar,

“interessado” [interessé) é “inter sum: estar entre, em meio de, no intervalo de”

tal como sefez junto ao “modelo simplificado dos dois espelhos”, que “simplificar”, em

(Dicionário Sopena Latin). Ou seja, nosso sujeito se localiza nos intervalos

francês, tem o sentido de “ser objeto de uma esquematização”e isso supõe sua passagem

dos elementos do discurso do Outro. Quando, no capítulo sobre o grafo do

ao significante, E, se for assim, então deve ser entendido num espaço que é topológico,

desejo, retomarmos a questão do intervalo, veremos como essa noção já estava

Lacan desenvolve isso a fim de dar “(...) a formulação científica da relação com esse Outro do sujeito”! “(...) que o estado do sujeito S (neurose ou psicose) depende

implicada em noções freudianas fundamentais quanto ao desejo inconscien-

supor que

daquilo quese desenrola no Outro A”, Essa afirmação deve ser entendida mais além das estruturas clínicas, porém, também no sentido de que a condição neurótica ou psicótica do sujeito depende daquilo que se desenrola no Ourro. Por essa razão é que o esquema “4 deveser produzido antes do esquema “R”, quese poderia definir, provisoriamente, cómo o esquema da neurose. Ântes de comentar O que Lacan escreve em cada ponto do

esquema “Z”, devemoslevar em conta várias premissas que fundam a possibilidade de

o

o

Do

oil,

9

Abud,

Vo

- Seminário 3: As psicoses, Lição de 11/04/56. 4 questão preliminar a todo tratamento possivel da psicose, In: Escritos, J. Zahar, p.557, Grifo nosso.

Abilo p.555,

tes

4 O sujeito está interessado no discurso do Outro, “(..) enquanto repuxádo

pera os quatro cantos do esquema (...)"? Aqui, há que corrigir a tradução. Em francês diz-se tiré, cuja terceira acepção no Dictionnaire Petit Robert é “traçar

sobre o papel (uma figura) escrevendo, desenhando, gravando. Traçar uma linha, um risco. Traçar umplano (grafar um plano)”. Evidentemente, nosso sujeito não está “repuxado”, mas, sim, “traçado” no sentido em que se traça

tm piano Ou um esquem

meto dos Onjeros ques €Mmpora Seja GOT LPLCHCDO Rel L LIS dad Lo O

mm custelhano, eme sentido conserva no substan-

que confundi-los com o nemellante especular O fato de que “2” seja o obje

tivo diralêneas, um aparelho para craçãr Hnhas,

vo a parede do momento em que Lacan empregaessa álgebra, talvez seja uma

O sujeito está traçado nos qui vo pontos do esquema, já não É o sujeito de um

das justificações possíveis do fato de que, ap ar de quea partir do final do

lado e o Outro sujeito do outro lado; isso implica queo esquema “Z” já não representa

Semindrio 6: O desejo e suit interpretação, e do Seminário 7: A ética da psicant-

O

a dmversubjetividade, no sentido de um sujeito diante de outro sujeito e, portanto, “A” Já não é sujeito, Veremos mais adiante o que é.

a di E lise, Lacan desenvolva uma nova noção de “objero 4”, e embora a noção seja ; : 1% “nova”, ele continue chamando-o de “a

De que formaestá traçadoo sujeito nos quatro pontos do esquema “Z”

43. (..) do seu em, isto é, 0 que sereflete de sua forma em seús objetos (.)"Je O euque definimos como precipitado dasidentificações ao outro semelhan-

414.) ou seja S, sua inefável é estúpida existência (...)” *º Pelo que já disse-

mos quanto às noções que fundam o esquema “Z”, sabemos que a inefável e estúpida existência do sujeito está no discurso do Ouiro.

te, é a fonte do mecanismo da projeção. O ex, por estrutura, projeta-se em seus objetos. Aqui, reencontramos a crítica à concepção que situa a projeção

como 6 mecanismo psicótico, que se desenvolverá na análise do presidente Schrebei, no Seminário 3: As psicoses. O déficir da análise de Freud resulta do

Inefidvel: inexprimível em palavras, já o dissemos, a) os significantes, enquanto tais, não significam nada, são apenas um conjunto covariante e então

nenhu

deles pode (logicamente) significar ao sujeito, já que nem sequer

fato de Freud não contar ainda com as noções de “À guisa de introdução ao narcisismo”,

podemsigni ficar a si próprios, o que implica a impossibilidade de propor a identidade no nível do simbólico; b) o sujeito se localiza nos intervalos

4.4...) e A, 0 lugar de onde lhe podeser formulada a questão desua existên-

entre os significantes, por isso será definível como “o que representa um

cia” 1º Aqui devemos esgotar um problema de tradução. Em francês, se diz “poser à lui la question” que convém que seja traduzido por “propor-lhe a

significante para outro significante”. É preciso recordar aqui o dito no capítulo sobre modelos, onde justamente a noção do Ideal do eu definida como

“prejulgamento” implicava a existência de um elemento do simbólico que dá ser ao sujeito e que aquiserá criticada pelo próprio Lacan. Estamosdiante do desenvolvimento lógico com O qual Lacan sustenta sua autocrítica.

úpiela: esse termo tem duas acepções que também são localizáveis em sua

etimologia. À mais comum,referida a umainércia mental, vinculada à imbecilidade ou idiotice, não é com ela que Lacan está trabalhando. À outra, muito menos comum,implica “marcado pelo estupor, paralisado pela surpresa, boquiaberto” (Dictionnaire Petit Robert), que descreve o sujeito tal como o deduzimos do fato de que não encontra o significante que o signifique. Existência: também leva à mesma dialética que implicam os termos“inefável” e “estúpida”, já que Lacan, partindo de Heidegger, usa o termo como ex-sistere, que, assim separado, “ex” significa fora e “sistir”significa sustentar-se, ser de

significante, porém, fora de cada significante. 4.2...) a, seus objetos, (....)” 1! Isso confirmaa leitura que fizemos do vetor

— Sa” do esquema “L”, já que foi dito que ele inscrevia o desejo do sujeito por O Til DE Aid,

sam, 1

pergunta”.

A novidade que se propõe aqui, ademais da indicada dessubjetivação de “A”, é consequência de que, agora, a existência é inefivel é estúpida. Se no Qurro já não há elementos que, enquanto tais, possam reconhecer, dar identidade simbólica ao sujeito, então o Outro se converte num lugar de onde o sujeito pode receber sua pergunta, que é

justamente o avesso, Isso se postula em condicional, não é necessário que a todo sujeito lhe seja feita a pergunta, é contingente. Quanto à condição de “lugar” que Lacan aneis

e ao Outro, há que se ter presente o que Lacan diz a respeiro, em “Subversão do sujeito dialética do desejo no inconsciente freudiano”: (...) fem (place plntôr qu'espace) ( a

que em portuguêsfoi traduzido por “(...) local (mais lugar do que espaço) (...)”? onde cu creio que “sítio” não dá justamente o viés que “lugar” de faro dá. Em francês, são

o muitas as acepções desse vocábulo, porém quase todas tendem a indicar uma dimensã do espaço com coordenadas simbólicas, como em castelhano: localização, situação, de localidade, Evidentemente, se operarmos com um espaço que não vale como porção ponto um lugar, mas, tanto e enquanto articulado ao simbólico, ral como se marcássemos 12 13 [4 [5

Ibid. sd . a ENPN Thid. Seuil, p.806. LACAN, ]. Subversion dusujet et dialectique du désir dans Vinconscient freudien, Tn: Ecrets. du Idem, Subyersãodo sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano. In: Escritos, ). Zahar, p-820.

FA pano a pa rEor CO NLLAS COD FCCN ACIAS Cu

estan CnpAREM

Clelo mas consideraçõen

debase da topologia, Se o Outro é “lugar”, é “lugar de agudos”, o “lugar da fala” e esta é a nação de espaço que correspondeao sujeito da experiência palcanalítica.

Em Preud, indica Lacan, encontra-se uma elaboração bem precisa dessas) questões na noção de “ein anderer Sebanplate”, “um outro palco, um outro cenário”,

expressão tomada de Fechner, a qual implica uma concepção doespaço para o inconse vlente, Breud, para aquilo que se chamade “localidade psíqui , desenvolve o famosa. esquema do pente, a partir do qual postula que: “Em rigor, não necessitamos supor um ordenamento realmente espacial dos sistemas psíquicos”.'º Com a introdução das. noções topológicas, conclui-se que não é que não necessitemos de um ordenamento

Escrdeura, cnma última, via qual 04 termos almbolicos compreendem e ordenam ou imaginários. “Pois, reiremeno dal (o Outro em seu lugar A), e o homem já nem sequer consegue sustentar=se na posição de Narciso"Essa ideia foi já apresentada por Lacan na últimaliçãodo Seminario 2, chamada“As mm; à, Sº, ondese encontra a mesma função do simbólico com respeito ao imaginário e onde, alémdisso, algo óbviopara o leitorfrancês, não na tradução, é que “a.m.a.s/amas” é umtermo dalínguafrancesa que

significa: nebulosa aparente que um instrumento poderoso permite resolver. “(..) mas resta ainda dizer que é sob aforma de elementos do discurso particular

que essa questão no Outro se articula.” Se a psicanálise se mantém no nível da estrutura

Comose propõe essa pergunta da existência do sujeito? “Pois mma verdade da

e, nesse caso, ainda mais além das estrururasclínicas, então ela se refere a “todo” sujeito, enquanto efeitodosignificante; todavia, não devemosesquecer, posição psicanalítica por excelência, que também é de estrutura que todo sujeito é “particular”, “único”, enquanto articulado por um discurso único, um discursoparticular. O complexo de Édipo conjuga as perguntas referentes ao sexo e ao ser, ou

experiência, para a psicanálise, é que a questão de sua existência coloca-se parao sujeito não.

seus equivalentes, procriação e morre. Se anteriormente falamos de criação, não vamos

sob a feição da angústia que ela suscita no nível do ex, (...) mas como uma pergunta!

esquecer que o Criador, por excelência, é Deus, substituto do pai. À articulação da

articulada: “Que sou eu nisso?, concernente a seusexo e sua contingência no ser. isto é

conjugando sem mistério e entaçando-o aos símbolos da procriação e da morre”

lunção paterna à pergunta sobre “que sou eu nisso?”, traz consequentemente o recurso às estruturas clínicas e até podemos dizer que abre uma dimensão clínica: a clínica da pergunta. “A tópica freudiana do ex nos mostra como uma ou um histérico, como um

O “que sou eu nisso?”, a respeito do sexo e do ser, conjuga seu mistério ao. enodá-o aos símbolos da procriação e da morte. Por quê? A fim de responder, faz-se

obsessivo, usa de seu ex para por a questão, isto é, justamente para não pô-la. À estrutura de uma neurose é essencialmente uma pergunta (...)”.2

claro que Lacanfala de procriação e não de gestação. A gestação implica o animal e seu:

Se cadasujeito faz a pergunta sobre o ser e o sexo com a símbolo do pai, com

equivalente é a gravidez, porém, a procriação implica o símbolo e não há procriação!

o significante do Nome-do-Pai, não haveria possibilidade de tal pergunta na psicose,

fora dele. É a noção necessária para responder à pergunta: “de onde sai ou surge um,

dada a foraclusão desse elemento. “Estamos seguros de que os neuróticos se puseratn uma

sujeito?” Já no Seminário 2 Lacan afirmava: “A realização simbólica do sujeito, que é

questão. Os psicóticos, não é tão certo. À resposta lhes veio talvez antes da questão — é

sempre criação simbéólica, é a relação que vai de A a S”.'S A criação em jogo, quanto:

umahipótese. Ou entãoa questão se pôs sozinha — não é impensável”. E mais: “Trata-se

Jo sujeito, é criação do nada (criação ex-aifaifo), e só o significante pode criar do nada, Na relação entre À e S, devemos dizer que asfuncionam como “(...) o véu.

de conceber, não de imaginar, o que se passa para um sujeito quandoa questão lhe vem dali onde não há significante, quando é o buraco, a falta que se faz sentir como ral” *

da miragem narcísica (...)"!”; é por isso que, sintaticamente falando, ce à interpóem-se.

Porsua vez, a pergunta, na neurose, se polarizará em direção ao sexo na histeria

realmenteespacial, mas que necessitamos de um ordenamento espacial distinto daquele

que utilizames na “realidade”. Oesforço de Lacan é de substituir a “tópica freudiana”: por uma concepção do espaço logicizável para o sujeito do inconsciente.

dele ser homem ou mulher, por um lado, e por outro, dofato quepoderia não sê-lo, os dais,

entre À e Se, aproveitando a sintaxe, podemos também ler: (xy) Sad A

bo PRI = À interpretação dos sonhos, In: Obras completas, Vol.IL, cap.VI-B, Imago. [7 LACAN, ]. De umaquestão preliminar a rodotratamento possível da psicose, op, cir, p.555-556. DE Ido Semindrio 2: O ex na teoria de Frenol é nuit técnica psicumilítica. Lição de 2N/06/55. [dolo De umaquestão preliminara todo tratamento possível da psicose, op.cit.p.557.

(tanto para as histéricas como para os histéricos) sob a forma: “o que é uma mulher?” e,

na neurose obsessiva, sobre a contingência do ser, sob a forma da morte, Av abordar, mais adiante, o grafo do desejo, veremos que a pergunta “Quesou eu nisso?” se substitui por “Che vuBi?”; a lógica desta mudança será elaborada naquele capítulo. 20 Ibid. Ho Ibid., 556.

1» LACAN, |. Seminário 3:45 Piicoses. Lição de 21/03/56. 14 Ibid,, Lição de 18/04/56. 4 Ibid, p.231

a vespeito dos símbolos da procriação e da more e do que dig Prev com respeito à

simbolo distinguido. A reterêneia a Prrápo tunbem incica rerrndade é potencia t2 TO dentro dos cultos fálicos implica mals que a fertilidade, a potência criativa co princípio

tmpossibilidade da inscrição inconsciente da própria morte e da diferença sexual anatós

penerativo. Muitas vezes o Mngam é representado pelo genital feminino.

Queria fazer um comentário sobre a possivel avienlação do que Lacan diz

mica, Inlclalmente pareceria que nos encontramos diante de uma diferença conceitual

O que Breud sustenta é “Não é possível dar nenhum conteúdo novo aos

importante entre ambos os autores. Porém, a fim de demonstrar queisso não é tãoassim,

conceitos de masculino e de feminino. Esta “distinção” não é psicológica a AA)

sugiro fazer a análise seguinte,

que o inconsciente não pode inscrever é a oposição sexual, embora, sim, seja capaz de

Dizemos, com frequência, que Freud sustenta que não há inscrição incons= elento do órgão sexual feminino. Isso é só parcialmente certo. Consideremos os textos fundamentais que dão conta dessas questões, tais como; “A organização genital infantil”,

registrar a diversidade anatômica; entretanto, é cerro que 0 órgão sexual masculino é mais acilmente imaginarizável que o feminino, é a relação entre os sexos que não pode serinscrita.

psíquicas da diferença sexual anatômica”, a Conferência 33, de

Quanto à inscrição ou não inscrição da próptia morre a nível inconsciente,

“Conferências introdurórias à psicanálise” e “A feminilidade, onde se estabelece que a!

devemos reter aquilo que Lacan, diferentemente de Freud, nos ensina, que é que a

posição freudiana indica outra coisa. Primeiro: devemoster presente que, em toda sua

função da morte,incluída a próptia, é uma modalidade da pergunta pela contingência

obra, Freud fala do simbolismo inconsciente do órgão sexual feminino, que inicia na

do ser, é uma elaboração da pergunta: “o que é que sou eu no discurso do Outro?”E a

“A Interpretação dos sonhos” e adquire um estatuto transcendente na comprovação

pergunta pelo ser é inevitável e, como já foi dito, “(...) aquilo, que através do símbolo

elínica do caso Dora. Se levarmos em conta que Freud afirma, no primeiro dos textos

advém à existência (...) não pode, de forma alguma, ser nomeado (...) e o inominável,

acima Indicados: “No seguinte estado da organização genital infantil, há certamente

por excelência, é (...) a morte”.* À morte da qual falamos é a morte introduzida pelo

algo musculino, porém, não algo feminino (...)”,” devemos concluir que Freud já não:

significante e não a morte biológica que, em si mesma, só é a continuação dociclo viral.

“Algumas consequências

sustentaria sua interpretação de que, para Dora, a “caixa de joias” representaria, em forma

inconsciente, o órgão sexual feminino? Lacan, em “A questão histérica”, no Seminário 4 diz; “Os dois sonhos de Dora são, absolutamente transparentes a esse respeito — não

Finalmente, para concluir a análise do esquema “Z”, recordemos que: 1, Esse esquema corrige essencialmente as noções que dão sustento ao esque-

se fala de outra coisa: “O gue é ser mulher?”e, especificamente: “O que é um órgão femi-

ma LH 13

nino" Por acaso, o “(...) enigma da feminilidade”” quererá dizer que o inconsciente é uma sede derepresentações onde falta “vagina”?

2. Sua estruturaé sintática, ou seja, relação entre termossignificantes determinada por uma legalidade vinculada fundamentalmente com o lugar;

Segundo: temos que recordar que ofita não é o órgão sexual masculino,o falo

3. O sujeiro S se localiza entre seu ser de intervalo e a modalidade particular de articular, ou seja, de responder à pergunta pelo desejo do Outro. Aqui,já temos o fundamento daquilo que, no grafo do desejo, será a relação entre o sujeito do descjo e o fantasma, que estudaremos oportunamente; e

não é a representação inconsciente da posição sexual do homem. O falo é um símbolo,

porém, não do pênis. Enconrrei somente duas indicações, na obra de Freud, quanto a esse ponto, porémelas existem: 1) “Uma recordação infantil de Leonardo da Vinci”, onde Freud diz: “(...) se os antigos Aguravam alado o falo (...)7; 2) “O tabudavirgindade”:

“Em muitas comarcas da Índia, a recém-casada devia sacrificar seu hfmen ao lingam de

4. O Outro, À, já não é um sujeito, é um lugar necessário para conceber o

madeira e, segundo o informe de Santo Agostinho, no cerimonial nupcial romano,existia

sujeito com o qual se enfrentaa psicanálise.

o mesmo costume (...), a jovem esposa somente tinha que senrar-se sobre o gigantesco falo de pedra de Priapo” Lingaméo símbolo fálico do culto do Deus Siva, associado

dt ddeia de criação e de geração. Mais ainda, em sânserito, fingam quer dizer signo ou 9 MEEUD, S.A organização genital infantil, op, cit, 10 LACAN, | Seminário 3: 45 pricoses. Lição de 14/03/56. 1 YREUD, S.A feminilidade, op. cit. MH, Uma recordação de Leonardo da Vinci, op. cit 19 1d, 0 tabu da virgindade, op. eir.

. 0 Td, A feminilidade, op. cit. + LACAN, J. Seminário 20 es na teoria de Freud é na técnica psicanalisica, Lição de 12/05/55.

capítulo três

esquema “R”

nt

figura 37 - esquema R

Antes de comentar e analisar os ensinamentosimplicados no esquema “Rºque Lacan apresenta em seuescrito “De umaquestão preliminar a todo tratamento possível

da psicose”, devemos ter em conta um fato bem peculiar: esse esquema é produzido simultaneamente ao grafo do desejo. Não na mesma época, mas nos mesmos dias. Devemos responder a essa particularidade. Se o esquema “Z” é uma correção do esquema “L”, necessária para se produzir o esquema “R”, ou seja, se inserimosa relação entre o esquema “L”, “Z” e “Rº, dentro

" da lógica diacrônica, a relação entre o “Rº e o grafo do desejo não é da índole daquelas que se situam nadiacronia das concepções de Lacan. São duas “produções” simultâneas para responder a duas questões diferentes, mediante lógicas diferentes. O esquema “Rº

é a teorização da função paterna na articulação, no enodamento peculiar do simbólico, do imaginário e do real, que é a neurose. Já o grafo do desejo, responde à exigência de teorizar as consequências da introdução, na psicanálise, da noção de cadeia significante

que, fundamentalmente, sé inicia com a distinção entre necessidade, demandae desejo. Também remos que levar em conta, quantoà relação entre o esquema “Rº e

87

e genafo do desejo, que o squema "RO é uma superele E, emequanto tal, abordado desde 4“ topol pla que se denomina Be

1, OU com outra denominação, combinatória (ou dos

agntficante tal como ele a concebe, A estrutura geral de uma imetálora é;

|

complexos), enquanto que o grifo do desejo é abordado desde a topologia algébrica ou

abstrata (ou geral) e a teoria matemática dos grafos e redes, Entretanto, nem tudo é

s

diferença, Hi também importar

s

pontos em comum quedevem ser ce side

Ss

I — 5

los. Por

x

'

exe | do, que aml vos têm uma estrutura essencialmente quadripart ida,

Depois d

ad

breve distinção de funções e comparação de estruturas entre o

Emseulado esquerdo, a fórmula implica:

esquema “Rºeo grafo do desejo, sobre as quais vou me estender naelaboração de cada

|

|. Heterogencidade: há dois elementos simbólicos (as lerras maiúsculas in-

um deles, devemos passar à noção que se torna necessário manejar, a fim de trabalhar

dicam o simbólico; dois significantes: S e S”, esse último repetido) e um elemento imaginário (o “x” comosignificação desconhecida até a produção

com o esquema “R”: refiro-me à metáfora paterna. Durante as mesmas semanas em que Lacanapresenta as lições do Seminário 5, nas quais elabora à noçã 0 da metáfora paterna, escreve “De uma questão preliminara

do efeito merafórico).

todo tratamentopossível dapsicose”, É evidente que devemos começar por aquela. Como

2. Efeito de substituição na cadeia: a significação é produzida por meio da

|

substituição de S” por S,isto é, S ocupa o lugar que Sº tinha na cadeia.

||

dissemos no capítulo sobre o esquema “Z?, a função paterna conjuga a sexualidade e

a morte, Preudarticula essa conjunção por meio da teoria do complexo de Édipo e, quanto a isso, elabora seu mito da horda primitiva. Faz derivar da culpa proveniente

3. Implicação de um terceiro significante: se S substitui a S', no lugar que S tinha “numa cadeia”, fará falta ao menosoutro significante, o qual proporcionará ral função de cadeia, enquanto segundotermo. Só existem duas possibilidades: a) S” Sou b) S' S”, ou seja, que o outro elemento constitutivo da cadeia que, por clareza, aqui é chamado S”, esteja antes ou depois de S'.

do assassinato/morte do pai, a dimensão da dívida, a lei e, consequentemente, o acesso ds mulheres. O questionamento do sexo se faz através do complexo de castração, cujo agente é também o paie introduz a função do falo. Com Lacan, e desde seu Seminário 3,

sabemos que somente com o significante do pai, o sujeito, tanto varão como mulher,

Como para Freud, que supunha que a condensação implicava o deslocamen-

pode perguntar-se sobre seu ser, “que sou cu?”, sob suas duas formas fundamentais: “que

to, aqui, a metáfora deve ser antecedida logicamente pela metoníinia, não

“uma mulher?”, ou seja, a pergunta pelo sexo, e as contingências do ser, a pergunta sobre

há metáfora possível sem uma prévia conexão de um significante com outro

a morte, o “ra be or not to be”,

significante. No Seminário 5: As formações do inconsciente, Lacan, quanto a

Portanto:

isso, afirma: “(...) a própria possibilidade do jogo metafórico baseia-se na

existência de algo a ser substituído. O queestá na base é a cadeiasignificante, Pai

Complexo de Édipo — assassinato/morte — lei —

P

procriação

Complexo de castração — função fálica — sexualidade

(...) enquanto lugar da metonímia”.?

Ê

Não devemosconfundir esses dois lugares.” implicados pela noção de cadeia significante com as duas barras representadas na fórmula da metáfora “ . ”. Lacan re-

No Seminário £: As relações de objeto, Lacanafirma: “(...) éa propósito do “PD,

vela a lógica da substituição, utilizando, metaforicamente, a simplificação matemática.

(ugnificante paterno), que se produz na criança essa interrogação sobre a ordemsimbólica: “O que é um par” Na medida em que esse é o pivô, o centro fictício e concreto dessa

A barra (-—) de:

manutenção da ordem genealógica(...)?.!

s

Lacan articula o Édipo e a castração fazendo da função paterna a operatória de um significante; o Nome-do-Pai, e desenvolve, a fim de dar conta dessa operatória,

a metáfora paterna que é a consequência de aplicar ao Édipo freudiano a lógica do [O

LACAN, ), Seminario 4: A relação de objeto. Lição de 26/06/57.

implica o elo da cadeia onde se produza substituição que, comojá dissemos, deve ser » 1

Td, Seminário 5; As formações da inconsciente. Lição de 20/11/57. Sims, posições (NIT).

Passer

entendia assim Ss sm — — v

; OL assim

ss — ç'

A barra (—) de: Es x

os agora à metáfora pareria

E » avi da Mai do Nome-do: Pal , Desejo O is Gai Desejo da ) Significado para o sujeito

a u

Considerando o quefoi dito quanto à procedência lógica da metonímia em relação à metáfora, deve haver, quanto aosignificante do Desejo da Mãe, pelo menos outro significante emjogo para que se constirua a base da cadeia significante, de onde se

não é a mesma barra que a anterior, é a barra do algoritmo saussurcano, definida como

produzirá a substituição metafórica,e esse significante quese correlaciona com o Desejo

tente à significação”,“ o que significa que “(...) é na cadeia significante “u) bar n que o sentido iysíste, porém nenhum elementoda cadeia consiste nasignificaçãoda que

da Mãe é osignificante do Ideal. A substituição da metáfora paterna deve operar, então,

é capaz no mesmo momento”. Podemosdizer que, se Freud localizava em “seu algo»

meio dessalógica que se pode sustentar que o Nome-do-Pai implica umelemento terceiro.

» Ra E A : a ritmo” a resistência entre inconsciente e pré-consciente, Lacan o faz entre significante

sobre uma cadeia, assim: Desejo da Mãe . Ideal, ouassim: Ideal. Desejo da Mãe. É por O esquema “Rº permitirá articular essa noção de uma forma bem clara no queserefere:

e significado,

O ladodireito da fórmula implica efeito do significação: é pela via da metáfora por ondeé introduzida “(...) uma espécie nova nasignificação(...)”.º É como tal, a cria-

qão do sujeito “(...) o queliga a metáfora à questão do ser (...)”” e, pela metáfora “(...) advindo o sujeito verdadeiro na medida em que esse jogo dossignificantes vai levá-lo a slgnilicar”,*

Significado para o sujeito

devemos dizer que isso implica as seguintes considerações: 1. Na metáfora, constitui-se a atribuição primeira. Isso implica que:

Aqui também devemosrecordar a preeminência lógica da metonímia em relação

a) À onipotência do Outro: aquele que ocupa o lugar de Outro disporá de

dmetáfora, já que o “ser” que traz a metáfora é a resposta à “falta-a-ser” que introduz à

“todo poder”de fazer do grito, apelo, de fazerpassar a necessidade biológica

metonímia e que, por isso mesmo,essa última se articula com o desejo. O significante isolado não produz a falta-a-ser. Nesse sentido, não devemos esquecer que se pode in-

para a materialidade significante, arravés do desfiladeiro significante;

troduzir um significante na vida de um animal, como por exemplo na experiência do

b) Toda metofora se origina numa injúria, “pois é dela que provém a injustiça,

estímulo condicionado de Pavlov, porém, nem por isso haverá falta ou desejo. É nesse

cometida graruitamente, contra qualquer sujeito, de umatributo (..,)";? atributo no sentido de juízo de atribuição que Lacan exemplifica com “o cão faz

sentido que a metáfora pode levar o “ser” ao sujeito, tentando, assim, preencher a falta

miau, o gato faz au-au”; por meio da inversão recíproca de grito próprio de

introduzida pela meronímia.

cada espécie comprova-se que esse griro foi mortificado (desnaturalizado) ao

O “s” da parte direita da fórmula deve, então, ser distinguido da incógnita eque repr

enta naparte esquerda “”, indicando quese produziu, por meio do jogo dos

spnificantes, o atravessamento da barra (-). O parêntese que substitui, nas fórmulas de Lacan, a elipse das fórmulas de E de Saussure, indica o inconsciente. É função do significante colocar um termo sobre o

significado e essa é uma operação inconsciente para o sujeito falante. BO

LACAN, | A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud, Tn: Escritas, ]. Zahar, p.500.

4

Ibids, p.506.

6

Jul À metáfora do sujeito. To: Escritas, ]. Zahar, p.903.

Ho

lets, ul,

â

da letra no inconsciente oua razãodesde Freud, op. cit. p.533. questão preliminar a todo tratamento possível da psicose., op. cit. 9.558.

passara nível do significante. 2. Só rerroarivamente à operatória da metáfora paterna, o Desejo da Mãe po-

derá ser cabalmente desejo, ou seja, só advirá enquanto desejo após operar-se a substituição metafórica. Só após o significante do Nome-do-Pai pôr-se como substituto para o significante Desejo da Mãe e após introduzir, assim,

a função da lei no Qutro, por meio da interdição (na criança, “não re deirarás com tua mãe” e, na mãe: "não reintegrarás teu produto”), é que se articu-

lam lei e desejo. Sem essa articulação, a mãe permanece no lugar do Outro “ld, A metáfora do sujeito, op. cit, p.905.

onlpotente e o desejo dela opera como caprleho, Desejar não é querer, pode

haver um querer que, por não articular-se a uma Interdição fundamental, não está referido, então a uma falta original, Base é o capricho do Outro que

No Semilndro 5, tatnos

comentando, dá um passo amais, na direção da citação do Seminário 3, fazendo operar o significante fálico. Al, Lacan elabora a relação existente entre necessidade, demanda e 1

não implica sua castraçi

Isso é o queescrevea

intimamenteesse último como aleto em jogo na fobia eno fecichismo,

aque está sendo apresentando abmultancamento com a redação do escrito «que

parte da fórmulaa seguir: Nome-da-Pai

Desejo-da Mas

desejo; é o seminário "Às formações do inconsciente”, parque e

s derivam da função

da cadeia significante, cixo das claborações desse seminário. O desejo é o queestá além de toda demanda, é o resto dessa demanda, aqui-

ló que da necessidade nunca poderá passar para o nível da demandae, se todo desejo humano é desejo do descjo do Outro, a existência de um mais além da demanda vai

Caso não opere, poderíamostentar escrever o resultado falho da seguinte formas.

implicar, em último termo,através do desejo do Ourro, umafalra estrutural no Outro, cuja inscrição se fará através do significante fálico, marca desse barramento do Ourro, e

Mãe

Objeto de seu desejo

vai fazer do desejo, desejo sexual. A articulação da falta no Outro com um significante que a inscreva será estudada detalhadamente mais adiante, na capítulo sobre o grafo do desejo, emrelação com S(A).

e é o resultado falho, justamente porque a função do Nome-do-Pal consiste em privar a mãe de seu objeto.

10

Analisaremos, agora,a estrutura geral do esquema “R”. Como podemosobservar

claramente, o esquema “R” implica umasuperfície em forma de quadrado. Destaquemos o fato de que, de todos os esquemas de Lacan que já vimos até o presente, esse é o

primeiro que consiste numa superfície. Se recordarmos o que foi dito no capítulo sobre o esquema “L”, quanto àquilo que dizíamosestar implicando a noção de estrutura que,

cm matemática, se chama de “grupo”, agora passaremosà noção de estrutura que, em matemática, se chama de estrutura “topológica”. É a significação fundamental produzida pela metáfora paterna que é fálica,

Discutiremos, mais tarde, que tipo de superfície é essa. Dediquemos, agora,

porquea operação dosignificante Nome-do-Pai se faz por meio dosignificante fálico, D,

algumas linhas, a recordar que Ftend indicou a noção de superfície implicada em sua

Já no Seminário 3: As psicoses, quanto à função do falo, Lacan afirma: “O

concepção de inconsciente na expressão “cin anderer Sehauplata”, o outro palco, a outra

do pal, exatamente igual ao varão, devido à prevalência da forma imaginária do falo,

cena, lembrando que “Platz”, em alemão, quer dizer “lugar”, de onde o inconsciente requer a noção de “outro lugar”. Freud o diz assim: “O cenário dos sonhos é diferente

porém, enquanto que, por sua vez, é tomada como o elemento simbólico central do Edipo”J!

do cenário da vida de representação durante a vigília”.'> E introduz a noção de “locali-

É acrescenta ainda mais, em sua consideração do significante fálico: “(...) porque o falo

dade psíquica”,que requer sua concepção de “aparelho psíquico”, destacando que não

é um símbolo que não tem correspondente nem equivalente. O que está emjogo é uma

coincide com a noção anatômica e que devemos criar uma concepção de localizações

dissimetria no significante. Essa dessimetria significante determina às vias por onde

ideais!”, devendo entender por “ideal” como não pertencente ao registro da realidade

passará o complexo de Édipo. Ambas as vias levam pelo mesmo caminho: o caminho cla castração”?

do sentido comum.

No Seminário É: As relações de objeto, Lacan faz girar a dialética edípica ao redor do objero fálico (noção de objero que justifica o nome do seminário) e articula

esquema,

HE

[4 FREUD,S. La Incerpresación de lossuchos. In: Obras completas. Amorrorau. Tomo V p.529. [4 Sício ou situação (NT). [5 Siruações ideais (NT).

acesso da mulher ao complexo edípico,a identificação imaginária dela, faz-se por meio

CE LACAN]. Semincário 5: Asformações do inconsciente. Lição de 22/01/58; pIS7.

BO do Seminário 3: Aspsicoses. ]. Zahar, p.201, Grito nosso. 12 Ibi,

Vamos produzir esquemas parciais parair assinalando as características desse

93

imaginário e apolada no simbólico, como todo o tmaginário: Entendo o hachurado do

esquema, tal como se Indica nos clrenlos de Euler a superposição dos mesmos.

figura 38

O triângulo traçado com linha contínua representa a ordem simbólica, Con-

firma-se pelo seguinte: a) que seja denominado “S”, ou seja, a ordem simbólica; b) que

figura 40

Para o esquema “R”, o hachurado por superposição das superfícies do triângulo imaginário é do quadrângulo da realidade deve entender-se assim:

seus vértices sejam simbólicos, L, M, P, em maiúsculas segundo a convenção de Lacan, coja letra “A”, o Outro com maiúscula, o inconsciente, como outro nome do mesmo

tlângulo. O triangulo com linhas pontilhadas é o não-simbólico. Porém, que é o que está implicado por esse triângulo do não simbólico? Poder-se-ia supor que é o seguintes

figura 41 wo

am dE

Por sua vez, é da mesma natureza, o fato de que “4” e “xy”, “vértices internos” do imaginário, compreendidos pelos vértices simbólicos “M”e “T” sejam um doslados figura 39

do quadrângulo hachurado que se apoia no simbólico.

Outro argumento que devemoslevar em conta quanto à condição de imaginário Visto que Lacan escreve “IP, “R” e “S”, em cada um desses três polígonos, poder-se-ia pensar que cada umdeles representa o Imaginário, o Real e o Simbólico,

Db, Me T, o imaginário não se apoiaria no simbólico, mas, sim, na realidade, algo assim

respectivamente. Porém, não é assim. Numa importante citação em nota de rodapé de

como o famoso “critério de realidade” sustentaria o imaginário do ser humano, bem

do quadrângulo da realidade é que, se o triângulo imaginário não tivesse como limites

“De umaquestão preliminar”, Lacan nos indica que “R” não é o Real, mas “o campo da

contrário ao sentido de rodo o ensino de Lacan. Citemo-lo quanto a esse ponto: “A fim

reateliute” !* realidade que, como o indica o esquema, barra-o””; o campo da Realidade

«de retornarmosà fórmula que havia agradado tanto a Freud na boca de Charcot, "isso

cobre, encobre o campo do Real.

não impede de existir”, o Outro em seu lugar A. Pois, tirai-o daí, e o ser humano não poderá nem sequer sustentar-se na posição de Narciso”.!*

É que estrutura temesse campo da Realidade? É evidentemente imaginária, €, como o imaginário, se apoia no simbólico, Nesse escrito, onde Lacan tentadar conta de

Finalmente, devemos dizer que há no escrito mesmo uma indicação que

sua concepção das psicoses e, para tanto, deve esgotaros prejulgamentos que abundam

corrobora o que sustentamos, Lacan define a estrutura do esquema “R” como um “(...)

quanto à estrutura e quanto à diferença da realidade e do real (por isso esse esquema se

duplo ternário (..)",o ternário simbólico MIP e o ternário imaginário qa.

chama de “R), Lacan indica-nos, com seu esquema,a estrutura imaginária da realidade.

A iso responde o sombreado que, além de indicar que a realidade “barra”, “encobre” como uma tela, o real, também indica comoa realidade está superposta ao campo do to LACAN, | De uma questão prelimibar a todotratamentopossível da psicose, op, cit, p.560. 17 Hime, cm grafêmica, quer dizer riscar um texto escrito, mas sem apagá-lo (N.T).

18 Tbid; p.557. [9 Ibig, p.559, 9

quer seja homólogo ao erlangulo aimbálico MID, deve-se entender que o triangulo simbólico cobre o imaginário, ou melhor que cada elemento do ternário imaginário é

recoberto por cada um dos elementos simbólicos correspondentes, segundo o indica o esquema “Rº, a saber;

a) a dupla MI recobrea sua homóloga, a dupla 42; ouseja, as duplas correspondentes às bases de ambos os triângulos; figura 42

Então, distinguiremos, no triangulo imaginário, o triângulo Simque chas

maremos de triangulo dosujeito no imaginário, do quadrângulo da realidade, Mel, Se observarmos deridamente, veremos que justamente “»” e “?” ficam dentro do que senha o campodotriangulo do sujeito, graças à continuação de ambos extremos do lado

À

Pp

E

s

E

E

ia

b) a dupla — recobrea — ouseja, os vértices de ambos triângulos.

Isso pode ser representado com muito mais clareza se redobramos, no esque-

ma, umtriângulo sobre o outro, tornando menorotriangulo imaginário que, assim, fica interno:

mal (cl, figura 42).

A relação entre ambos rernários, o imaginário e o simbólico, é definida por Lacan como uma homologia. Essa noção topológica será de grande importância para entendera lógica que sustenta a estrutura do esquema “R”, como também a do grafo da desejo.

Uma definição geral de homologia deve partir de uma diferenciação entre. homologia e analogia. Esta últimasignifica igualdade derelações, ou seja, proporção,

figura 43

semelhanças já a, homologia éa relação entre elementos que se correspondem nasfiguras,

semelhantes. Uma justa definição topológica de homolagia poder ser esta: uma região | dada é homóloga de outra, quando podeser associada àquela,de tal mancira que sejam, qualitativamente equivalentes, constituindo, assim, aquilo que se chama de complexo, À

composto, por exemplo, por triângulos postosjuntos de tal maneira que se toquem sos. mentenos vérrices ou ao longo de uma bordainteira (como no caso do esquema “Rº), | A teoria homológica foi estendida desde as figuras cuclidianas aos espaços topológicos

anbitrários. A ideia básica de homologia provém do maremárico francês Henri Poincaré e consiste em dividir o espaço em pontos, segmentos de linha,triângulos (procedimens. to conhecido como triangulação) ou outros componentes geométricos, pata, assim,

poderestabelecer e “medir” o número das inter-relações desses componentes, numa via| «iiuúvel algebricamente. A teoria homológica se ocupa em atribuir a cada espaço, ou às. pencralizações do mesmo, seus invariantes. Portanto, podemos dizer que está fundada, mas estruturas algébricas associadas à topologia das regiões geométricas. Então, ambos os ternários são homólogos. Lacan nos indica que também o. são: o par 4-2' com M-l e $ sob q com P sob A, Ao afirmar que o triangulo imaginário|

Em francês, recowvir, que é o termo queutiliza Lacan, significa, além das acepções comuns, "dominar", "arbitrar como autoridade", “regular”. Êo que fazem os

termos simbólicos (com suas relações) em relação aos termos imagináriose suas relações. Antes de comentar as relações homológicas, devemos indicar aquilo que representa cada umadas letras do esquema: 1: registro Imaginário,

R:registro Real que, no esquema, está velado pela Realidade, R, então, será a realidade. S: ordem do Simbélico,a estrutura da linguagem e o sistemalegal implicado.

A: o Outro que deve ser distinguido de “S” (de S,I,R), enquanto “A” é o inconsciente particularizado para um sujeito. “A” é o (ugar” de onde o sujeito pode receber a pergunta por sua inefável e estúpida existência; enquanto que “S” é a ordem simbólica, mais além de cada sujeito, a estrutura e as propriedades de cada lingua para dO Str ANT).

opolópgica,

Pau COMO pç BRA O NOIS CIO SRI (o ve) o NERI UNO O OG

Em “Observação sobre o informe de Daniel Lagache”, Lacan dize “Sabemos que essa

do Nome-do-Pal na ordemstimbólica, o que se poderia entender como o cultural, mas a relação:

e congunto dos Enlamten da mesma A noção de Ip aque a CA” fmplica

mola da fala, em nossa topologia, nós designamos pelo Outro, conotado com um A malúsculo (,,,)"! dd

A

,

;

sr

ç

:

O ditoii CSSCS dois pares de termos estão diferenc iados, porem du

aqui,

eram um par só. Levando em conta os dois lados do quadrângulo da realidade,pos demos ver que implicam um redobramento daquilo que estava implicado no «a do

que implica a função de “P” em“A”, “(...)isto é, dosignificante que, no Outro, enquanto

esquema * , edyZ.

m será o moi, o eu, precipitado das identificações narcísicas, 7 a imagem do semelhante, complemento indiscriminado e indiscriminável de m, porém, agora, à Inscreverá o objeto, será o objeto imaginário em sua dupla vertente, o a que aparece. nesta posição:

2, lugar do significante, é o significante do Outro enquanto lugar dalei”.

q 18: “(...) à significação do sujeito S sob o significante do falo ("2º Aqui temos que fazer vários assinalamentos: a) o queestá escrito no esquema não é o signifcante fálico, mas, sim,a significação fálica, que já vimos que é o produto da operatória da metáfora paterna. Porque essa substituição do significante fálico, no texto, pela

significação fálica no esquema?” A significação fálica é “fálica” em consequência do fato de que o significante do Nome-do-Pai opera através do significante fálico. Não fosse assim, seria “significação”, mas significação não “fálica” e, então, por que é que Lacan (...) onde colocar as figuras do outro imaginário nas relações de agressão

erótica em queelas se realizam (..)";2 ouseja, o objeto imaginário vinculado à função | muterna, que tanto Lacan quanto Freud vinculam aos laços de amore de ódio; o «' que aparec e nesta posição:

E

não escreve no esquema o significante fálico? A fim de responder a essa pergunta, é necessário esclarecer que há comentaristas da obra de Lacan que, ao se entregarem ao estudo do esquema “R”, justamente substituem, sem esclarecimentos, o que escreve Lacan: q, a significação fálica, por 4, o significante fálico. Isto é confundir e esquecer as características fundamentais desse último. Vou tomar uma série de citações de Lacan nas quais aparecemas proprieda-

des desse significante: as figuras do outro “(..) nas que o eu se identifica, desde sua Urbilkt especular até à

telentifio

paternal do ideal do eu"? O Ideal simbólico opera desde o princípio é

determin: a identificação imaginária, como desenvolvemosnocapítulo sobre o modelo dprico, porém não conclui sua operatória antes que se coordene coma operatória paterna.

M: “(...) o significante do objeto primordial”* o estatuto simbólico do Outro primordial, por exemplo, a mãe, ou seja, sua presença e sua ausência (fori-da).

À mãe tomada como significante e, em consequência, o objeto passa a ser o desejo dela. “LACAN, ]. Observação sobre relatório de Daniel Lagache, op. cir., p.684. 2 del De umaquestão preliminar a todo tratamento possível da psicose, op. cit., p.559. 24 Ih, bi ul,

1, Recordemos o quejá dissemos ao citar o Seminário 3: “(...) porque o falo em éum simbolo que não tem correspondente nem equivalente. Õ que está

27 jogo é uma dissimetria no significante”,

2. Acrescentemos o que Lacan desenvolve em “A significação do falo”, escrito baseado numa conferência pronunciada simultaneamente com as últimas lições do Seminário 5, em que afirma: “Pois, o falo é um significante, um

significante cuja função, na economia intra-subjetiva da análise, levanta talvez o véu daquela função que ele tinha nos mistérios. Pois, é o significante destinado a designar em seu conjunto os efeitos de significado, na medida em 35 Ibid, p.590. 26 Ibid, p.559. 27 LACAN, |. Seminário 3: As psicases. Lição de 21/03/56. p.201 99

que o signllicante os condiciona por melo de qua presença de significante”

com a qual o corpo paga para que uma parvo sua se faça significante, elevação que, o

10 falo é o significante privilegiado cessa marca em quea parte do fogos se

ser chamada de anfhebung Justica que ele mesmo permaneça para sempre “atente”, não expresso a nível fenoménico,

une do advento do desejo”, ed

Eo significante do desejo, do desejo do Outro, entretanto devemos lembrar 4. “Todas essas expressões não fazem outra coisa que continuar velando 0

fato de quesó podedesempenharseu papel como velacto, isto é, comosigno mesmo dalatência que enferma a todostgnificável, desse o momento em que é elevado (aufhebung) à função de sienificante”.

como a progenitura bastarda de sua concatenação significante” *

6.º0 falo, enquanto significante da razão do desejo (..)" > ?, “Que ofalo seja umsignificante, impõe que seja no lugar do Outro, que 0 sujeito tem acesso a ele. Mas, como esse significante só se enconrra aí velado

ãodo desejo (...) 32

Caso opere o significante que introduz a falta no Outro, que o priva do objeto, que o barra como desejante, o significante fálico marcará a significação e fará do desejo, desejo sexual,

O filo é um significante impar, não se articula com os outros significantes, não é 8, de nenhum RE nem vice-versa, e é por isso que não pode ser escrito no esquema

“R”, Tanto M, I como P se apresentam noesquema “R” em suas articulações: só pode escrever-se a significação que ele determina, portanto, a significaçãofálica, q.

8. “Pois, o falo, como o temos mostrado em outra parte, é o significante da perdi mesma que o sujeito sofre pelo despedaçamento do significante (..,)"!

9, “É a função privilegiada do significante falo, no modo de presença do sujeito no desejo, que se ilustrada aqui (...)"* 10.(..) 0 falo (...) significante do desejo (...)

cante não possa aparecer a não servelado. Porsua vez, se é osignificante do desejo do Outro, então deve produzir-se a operatória da metáfora que introduz a falta do desejo no Outro, a fim de que o significante fálico cumpra sua função,

5, “Converte-se, então, na barra que (...), caí sobre o significado, marcando-o

e como va

que, ao ser 0 desejo articulado, porém, não articulável, fica justificado que seu signif-

235



Detodas essas cirações, extrairemos as características do significante fálico, tal como ele se articula no esquema “R”. É um significante que tem umafunção pri vilegiada, que não tem correspondente nem equivalente, ou seja, que implica uma

O "TI" éo Ideal do eu, o significante operando como o ideal que possui duas vertentes, a vertente MI, logicamente a primeira, para cuja descrição servir-me-ei da

seguinte citação de Lacan: “Porém, esse lugar original do sujeito, como ele o recobrará nessa elisão que o constitui como ausência? Como reconheceria esse vazio como a Coisa

inais próxima,ainda quandoo escave de novo noseio do Outra, porfazer ressoar nele seu grito? Melhor ainda, comprazer-se-á emencontrar nele as marcas de resposta que foram

poderosas para fazer, de seu grito, apelo. Assim,ficam circunscritanarealidade, com o traço do significante, essas marcas em que se inscreve a onipotência da resposta. Não é em vão que nomeamosessasrealidades de insígnias. Esse termo é aqui nominativo. Éa

dissimetria no significante, já que todos os outros significantes, estes sim, a têm. Tal como diz Lacan em “A direção do tratamento”, é um significante impar, isto querdizer que não tem par, que é único enquanto tal. Nessa mesma direção, no Seminário 5 o significante fálico é denominado significante pivô, significante carrefosr, significante

constelação dessas insígnias o que constitui o Ideal do eu para o sujeito. Nosso modelo lo modelo áprico] mostra que é ao se situar nela comoI que ele fita no espelho A, para obter, entre outros efeitos, uma dada miragem do Eu ideal” * Dessa preciosa citação, sobre o Ideal do eu, quero destacar, esclarecendo que deixo para a análise de “S”, aquilo quese refere ao “lugar do sujeito”, 1) quem encarna o

particular e diz, na lição de 07 de maio de 1958: “(...) o falo não é um significante como os outros (...)”,

lugar do Quiro, M, será onipotente porser capaz de fazer dogrito da criança um apelo,

É uma parte do corpo, o significável elevado a significante, "a libra de carne” MH AAsignifica ão dofalo, op. cit p.697, 1 ido, p.699, de Aid

Mo Abido p.700. 14 1H

Aid LACAN, |. Sobrea teoria do simbolismo de Ernest Jones,op. cir,, p.723.

Mi Ml A direçãodo tratamento, op. cit, pla. Hido, p.633,

ou seja, a passagem da resposta biológica a uma “demanda” significante; 2) as marcas significantes das respostas desse Outro onipotente serão as insígnias que operarão como nomes do sujeito (Cinsígnia” deriva do latim, jnsigne, que significa marca distintiva);

nomes que, por não serem o produto do Nome-do-Pai, não situarão o sujeito no siste-

malegalizante do parentesco; 3) essas marcas, traços que logo Lacan trabalhará como “unários”, ficam, como o indica claramente o esquema “Rº, circunscritas à realidade Hm LACAN, ]. Observaçãosobre o relatório de Daniel Lagache, op. cir., p.686.

da qual Justamente o lado ME é a base ou o suporte, Ciraças do comentário da fórmula | Ê

A primelra colsa que devemos levarem conta é que o quadrângulo da Realidade

da metáfora paterna, indicamos a necessidade de condenar o aguificante do Desejos

é definido como uma banda de Mobius, Porém, reconheçamos que não se parece em

“TS pois, “(a erlança enquanto desejada,

nada ao queapresentamos no capítulo “Topologia” Todavia, há quelevarem conta quea

comttulo vértice | 6.) Então, o “IT são as marcas da onipotência do Outro, Outro

banda de Móbius se constitui a partir de uma fita, seguindo os procedimentosseguintes:

daMãc, articulado com o significante

que afunção do pai virá a castrar; além disso, é a criança como objeto desejado pela mãe

quem se identifica ao significante desse objeto. Osignificante paterno, ao substituir-se do materno, o converterá em significação. Por suavez, o “T”, articulado no segmento IP

do deal paterno pós-edípico que, como o indica o esquema, não deixa de vincular-se com os ideais maternos.

Arelação designificantes MIinscreve o que Lacanchamade “relação de amor”, amor enquanto “toda demanda é demanda de amor”. Não porque roda demanda em: at pede amor, mas porque o horizonte de toda demanda é o amor, Se o Outro, ao fazer atravessar o grito pelos desfiladeiros do significante, tem o poder de rorná-lo demandas consequentemente soda demanda, mais além de seu conteúdo, remeterá sempre a essa: onipotência do Outro, justamente para mantê-lo nessa posição onipotente. Todademanda é um ato de amor ao Outro onipotente e todo desejo, por ser desejo do desejo

h

(

A

B

BD

ESe figura 44

Se colarmos AB com CD, aplicando antes uma torção, tal que B se una com D,c A se una com €, obtermos uma banda de Móbius,

Acompanhando o esquema proposto por M. Gardiner,” vemos como se unem as bordas de um quadrado na construção de um tubo:

do Outro, atacará a esse Ourro, castrando-o.

O “5” é o sujeito no simbólico, tal como o indica o que esteja escrito com

A

A

tma letra maiúscula, emboraseja encontrado no triângulo imaginário. Por quê? O sigs alicante do sujeiro está “Foracluído” na neurose, Esse último se lê na homologia, que

Lacan destaca, entre o vértice do lugar dePem A co vértice significante do sujeito sob significação fálica. “O quarto termo (a otro em relação à M, [e P) é dado pelo sujeito em sua realidade, como tal, foracluída no sistema e só entrandosob o modo do morto

figura 45

no jogo dos significantes, mas tornando-se o sujeito verdadeiro à medida em que esse

Devemoslevar em conta que os lados do traçado mais grosso se unem entresi,

logo dos significantes vem dar-lhe significação”. Ou se encontra foracluído o signif-

coincidindo a direção de suas Hechas respectivas. Assim, se unem na banda de Móbius:

|

cante do Nome-do-Pai, e isso é a psicose, ou está foracluído o significante do sujeito, e Isso É a neurose, Sempre, no Outro, falta um significante e, no caso da neurose, é justamente

o significante do sujeito que funciona como significante faltante, que podemosescrever como o “Sº do significante barrado para indicar sua exclusão $, ou como -1, O signifi-

cante que falta. À fim de dizer isso em termos mais próximosaos freudianos, diremos

figura 46

que ninguém é eu no inconsciente ou, o que vem a ser a mesmacoisa, que o desejo

inconsciente nunca se expressa em primeira pessoa. Passemos, agora, ao estudo do esquema “R”, tal como se depreende da nota rodapé do ano de 1966. 1 dd, Dema questão preliminar à todo tratamento possível da psicose, ap. cit. p.560. MH Mid, [558

Voltando ao quadrângulo da Realidade do esquema “Rº vemos que, efetivamente, as letras dos vértices e a linha grossa que interrompe a linha pontilhada do

imaginário indicam que é uma banda de Mábius. 39 GARDINER, M. Comunicación extraterrestre. Editorial Cátedra, p34.

103

Deacordo como esquema, o lápis “parece” passar de uma face para a outra da banda de Múblus, todavia, no pereorermos todo o trajeto, descobrivemos queé uma e mesma face, mi

l

figura 47

O testo do plano do esquema “Rº, o não hachurado, pode ser convertido, por deformação contínua, num circulo, Aqui, s imdois emicírculos que têm suas

bordas suturadas (recosidas) às bordas da banda de Môbius. Essa superfície, a resultante Além disso, na nota de rodapé, Lacan nos diz: “Em especial os pontos em

da sutura de uma banda de Móbius e um círculo, é um plano projetivo.

Se o quadrângulo da Realidade é uma banda de Móbius, ouseja, uma super

Utilizarei umalongacitação de Alelisandrov sobre o plano projetivo, que é bem clara e que será muito útil para seguir Lacan emsua localização do objeto « no esquema “R?. “A transição do plano ordinário para o plano projerivo consiste em completar o plano com novos elementos abstratos, os chamados pontos impróprios, ou infinitamente distantes. Ao acrescentarmosesses pontos, a operação de projetar um plano sobre outro

Hole topológica, há que tirar as consequências disso. A banda de Móbius caracteriza-se

(por exemplo, a projeção sobre uma tela, por meio de um projetor), converter-se-á numa

pelos seguintes invariantes topológicos: tem uma única face, uma única borda, não é

transformação um a um. O processo de completar o plano comos pontos impróprios

orlentável, seu número cromático é seis e seu número de Betri é um. Tomaremos 08 dois primeiros deles.

(.,.) se desenvolve da seguinte forma. Todalinha reta se completa com um só ponto

A Realidade para o ser humano, em consequência da articulação do Simbó-

forem paralelas. Uma reta completada com o ponto do infinito se converte numa linha fechada e o conjunto de todos os pontos de infinito de todas as possíveis retas formam,

que não foi por acaso (nemporbrincadeira), que escolhemosas letras pelas quais eles se corenpondem, wi M i | e que são aquelas comque se enquadram o único corte válido nesse caquema (ou seja, o corte mi, MD, eles indicam suficientemente que esse corte lola, no campo, uma banda de Mabius”

livo, do Imaginário e do Real, tal como se dá na neurose, é uma superfície com uma borda e duas dimensões, embora não se pareça isso. Tal como o exemplo dado por Lacan

assim como pelos topólogos — permite conceber,é uma superfície de projeção,

como uma tela sobre a qual se projeta, na qual o projetado parece tér três dimensões, embora só tenha duas. Diferentemente de uma tela cinematográfica que tem duas faces,

a banda de Mobius tem uma única face. Basta começar a pintar o que parece ser uma

de suas duas faces para nos darmos conta de que terminamos pintandotoda a banda

impróprio (no infinito), e duas retas têm o mesmo ponto impróprio se, e somente se,

por definição, uma linha imprópria, ou uma linha de infinito.”

“Visto que as retas paralelas têm em comum o ponto deinfinito, narepresentação do processo de completar o plano comos pontos impróprios, é suficiente consideraras retas que passam por um ponto arbitrário do plano, por exemplo, a origem de coordenadas O (figura 13) [é nossafigura 49, na próximapágina]. Os pontos impróprios dessas retas esgotam os pontos impróprios de todo o plano projetivo (posto que toda

de Móbius (o que pareceriam duas faces), sem que tenhamos que cruzar por nenhuma

reta tem o mesmo ponto impróprio que a paralela a ela que passa por O). Obteremos,

borda, Isso somente se torna evidente, se levarmos em conta toda a banda de Móbius,

portanto, um modelo do plano projetivo se o imeginarmos como um círculo de raio

Jd quese a tomamos parcialmente, ilusoriamente, parecerá ter duas faces, ral como o

“infinitamente” grande com centro em O,se supormos que rodo par de pontos diame-

indica o desenho abaixo:

tralmente opostos À, 4'da circunferência desse círculo está unido no único ponto do “infinito” da reta AML À circunferência de nosso círculo se converte, então, na reta do

infinito, porém, devemoslevar em conta que cadapar de pontos diametralmente opostos dessa circunferência representa, em realidade, um único ponto. É evidente, pois, que o plano projetivo é uma superfície fechada sem bordas.” “Se tomarmos uma curva de segunda ordem, no plano projetivo — uma hipérbole, por exemplo, (veja-se figura 13) [é nossa figura 49] — é óbvio que, em dito plano, é uma curva fechada (cortada em dois ramos, por meio da reta do infinito).

figura 48 ME LACAN, ]. De uma questão preliminar a todotratamentopossível da psicose, op. Cit., 7.360.

Levando em conta que os pontos diametralmente opostos da circunferência de nosso círculo fundamental são um mesmo ponto, podemos, ver, sem dificuldade que o inte105

Mor Quachurado) da hipérbole, na figura 13 [é a figura 49] é homeomarto ao Interior de um clreulo ordinário e que seu complemento, a parte não hachurada na figuras é homeomorto a uma banda de Móbius,"!

O termo “imaginames, sublinhoso bem a fim de recordarmos aquilo que dissemos das representações emtopologia, essas são Imaginarizações do quese concebe,

“Assim, desde o ponto devista topológico, o plano projetivo é um resultado

aturdivo”, diz: “Isso nos leva ao assombro do que evitávamos ao sustentar pela imagem

da sutura de um círculo (em nosso caso, o interior de uma hipérbole) com uma banda

nossa banda de Môbius, imaginação essa que tornavãos os comentários que um outro dito exigiria, ao se descobrir articulado a ela (..)",º e acrescenta: “Assim, um objeto tão

de Móbius ao longo desuas bordas, Dissose segue que o plano projetivo,isto é, o ob» deto de estudo da geometria projetiva, é uma superficie Fechada de uma única face”?

As representações são imaginarizações e não noções topológicas em si, Lacan, em “O

fácil defabricar, quanto a banda de Móbius, ral como imaginada, coloca ao alcance de toda;

mãos aquilo que é imaginável, a partir do memento em que seu dizer, ao ser

esquecido, faz o dito ser suportado” “ O que aqui se imaginariza são os “pontos infinitamente distantes” que são, obviamente, impossíveis de serem representados. Lacan os chama de “pontos fora de linha”. Noesquema “Rº, devemosinverter o quese escreve na figura 13 de Aleksandrov

figura 49

[nossa figura 49], o hachurado é a banda de Môbius e o não hachurado é a superficie homeomorfa de um círculo (essa pode ser obrida por deformação bicontínua e biunívoca). No plano projerivo, constitui-se, assim, um misto bem particular: um disco

Qurra forma de “imaginarizar” o plano projexivo consiste em identificar os. pontos diametralmente opostos, tal como é proposto por Ian Stewart. em seu livro. Conceitos de matemática moderna:

ou círculo euclidiano é uma banda de Môbius ropológica. Essa heterogeneidade é a do objeto a em relação à ordem simbólica que o engendra, Em “O aturdito”, encontramos: “A topologia esférica desse objeto chamado (2) é o quese projeta sobre o outro composto,

heterogêneo, que o eross-cap constitui” “é Há umarelação entre o plano projetivo e o eross-cap ou mitra (“gorro cruza-

do”), é que ambos têm as mesmas propriedades ropológicas e Lacan as leva em conta. Nesse ponto, convém propor um esclarecimento. Um plano projetivo ou um

crass-cap podem ser entendidos, comojá dissemos, comoa união de um plano euclidiano figura 50

e uma banda de Môbius. Por sua vez, devemoster em conta que uma banda de Môbius

pode ter uma torção esquerda ou umatorção direita. No esquema “R”, deveríamos fazê-lo assim:

Egura 51 4 ALERSANDROV, KOLMOGOROVY, LAURENTIEYet al, op. cit, p.239-40. 42 Abid

14

LACAN, JO amrdito. In: Outros Escritos, J. Zahar, p.483.

14 Tbid., poága. 15

Ibi

472.

do Tbid., p.475.

“O plano profevivo é pole, uma enter”, ao qual se lhe fechou a abertura”

ESA»

[IES E banda de torçãodireita

nr

bandade torção esquerda

figura 52

figura 54

Nunca uma banda de Môbius com torção direita poderá converter-se, por

melo de uma transformação contínua, numa banda de Môbius com torção esquerdae vice-v 1. Issafaz com que a banda de Môbius não seja especularizável, já que o espelho

Se tratarmos de enfocar esse problema desde a perspectiva da construção do cross-cap, ele poderá tornar-se menos incompreensível para nós. O procedimento é

produzsempre umainversão no sentido da orientação da torção.

conhecido, em topologia, como “cirurgia”, corte e sutura.

O emprego do espelho e da noção topológica do “especularizável” deve ser nitidamente distinguido do emprego que Lacan faz do mesmo em seu estádio do espelho. A segundautilizaçãoirá impondo-se cada vez mais sobre a anteriore, naaltura do Se-

Mabius. Para isso, fazemos uma abertura na esfera. Essa abertura tem uma única aresta

mindrio 12; Problemas cruciais para à psicanálise (inédito), Lacannos diz que a primeira

concepção sobre o espelho fica subsumida e ordenadapela segunda. lissa não-especularidade de uma parte do cross-capé aquilo que permite assoeia ao objeto «4, que também carece de imagem especular, conforme comentaremos

no capítulo sobre o grafo do desejo. A fim de compreendermosessa relação, citarei Stewart: “O plano projetivoé

“As superfícies não orientáveis serão obtidas mediante a costura das fitas de circular (borda): a banda de Môbius tem também uma única aresta circular que uni-

mos com a outra, Se tentássemos fazer isso no espaço tridimensional, verificaríamos que a banda de Môbius tem que se cortar a si mesma, formando um 'gorro cruzado” (...)

Acrescentando uma banda de Môbius, obtemos um plano projetivo (como nafigura 121) [é nossa Águra 56)(...).”* Sublinho a expressão “se tentássemos”, pois que é impossível fazê-lo, é impossível realizar essa figura no espaço tridimensional.

uma banda de Móbius e um disco, costurados, aresta por aresta. A fimde realizar essa operação no espaço de três dimensões devemos retorcer a banda de Môbius até que

sua aresta seja circular, o que a obriga a cortar-se a si mesma, formando uma 'mitra! Coros cup) (eat?

figura 55

Se Eos

a e] figura 53

O STEWART, | Correapios de metemeltica moderna, Alianea, p.181-82.

48 Ibi. 49 Ibido p.207,grifo nosso. 109

E NAL

figura 58

Concluímos ques1) o corte não pode estar em AB nem em AB”; 2) tampouco

figura 56

Então, onde finalmente situamos o objeto pequeno a no esquema “RP? Jd

dissemos que a realidade barra [t4cha] o Real e que, portanto, se o objeto pequeno a for teal, então deve estar barrado[tachado| pela realidade; porém, não poderíamos localizá-lo

por meio desua função ouatravés dela mesma?

O objeto 4 é o matco do fantasma que sustenta o campo da realidade, por. melo de sua extração mesma. No comentário ao modelo óptico, tínhamos dito que os

objetos «4, como objetos parciais pulsionais, sustentavam a constituição do corpo para: ser humano, porém aqui se afirma que é por meio de sua extração. Devemos concluir que o objeto aé situável no esquema, na função do corte, “(...) o Real, aqui em questão,

podeestar no espaço entre AB e A'B”, e 3) sem estar em nenhum desses lugares produ«idos por ele, o corte dá aos três sua característica fundamental, Emtopologia, isso está bem compreendido. Poincaré afirma-o, assim: “(..) em outras partes da amatysis sitis, (...) tudo se fundamenta no corre”.” Lacan, em “Subversão do sujeito”, nos transmite isso dessa forma: “Observe-se que esse traço do corte é não menos evidentemente preponderante no objeto descrito pela teoria psicanalítica (...)".2 Finalmente, quero fazer menção a umacitação bem precisa e esclarecedora

de Jacques-Alain Miller, em sua “Mostration en Premontré”. Aí, comentandoa nota de rodapé que estamos analisando, produz o seguinte esquema:

se reduz ao corte mesmo (...)".*º

ZA O

No esquema “R?, o corte está representado por 72, MI, que Lacan chama de

único corte válido nesse esquema.

[Ja

&

figura 59

A seu respeito, diz: “Precisamente porque o objeto a é extraído do campo da realidade, é queele lhe dá seu marco. Se tomoda superfície do quadro-negro [esclarecendo que a extração não é em um plano, como o quando-negro é, senão em um plano

projetivo), essa coisa que represento com um quadrado hachurado, obtenho o que podemos chamar de uma moldura: moldura tanto do furo quanto do resto da superfície. [ssa moldura, por outra parte, pode ser materializada por meio de uma janela simples. figura 57

O fato de localizar o objeto 2 no corte deve ser articulado à pergunta: onde se situa um corte? Se analisarmos o esquema seguinte:

Pois bem,o objeto « é um simples retalho de superfície e é sua subtração da realidade, aquilo que a emoldura. (...) Somente sob a condição de que o objeto « pequeno seja extraído, se constitui a janela do fantasma, Assim é, pois, que o fantasma é marco. Ele também é tela. O termo não tem que ser tomado em seus dois valores; detém a luz, estorva o olhar, dissimula e, ao mesmo tempo, tem uma função óprica positiva, permite 253 que se fforme uma iimagem"* 51

POINCARÉ, H Ultimos persamientos. Espasa Calpe, p.56.

52 LACAN, ]. Subversão do sujeito e dialética do desejo, op. cit, p.8352. “0 LACAN, |. De uma questão preliminar a todo tratamento possívelda psicose. op: cit., p.560.

53

MILLER, ). A. Maiemas E Manantial, p. 171.

Vejamos o que acontece se o objeto pequeno a nho Tor extraldo: a Isso ress

ela Falta, Mit FARO pruLPOS APR PR LAS PÇCOCA MALD PILAR MT DDA

ponde o esquema "Iº, construído no momento em que Lacan estava pestando a noção

dessa falta. Quartos provocand uma abertura comespondente dasignificação fálica, um

de objeto «e. Assim como Lacan elabora a relação entre as estruturas clínicas no modela dprico co “LP, assim também o faz no “Rº, porém, nesse momento será para dar conta da oposição neurose-psicose.

furo no imaginário que implicard a “regressão tópica ao esteldio do espelho”, ou sejas a

redução doimaginário (cuja estrutura é a significação fálica mais o estádio do espelho) à dialética especular

elínicas que são inferidas da prática psicanalítica, No esquema “Rº, a articulação dos três.

Essa abertura no imaginário por meio dafalta dasignificação fálica é a consequência, não somente daforaclusão do Nome-do-Pai, condição de sua produção, senão

tegistros por meio dosignificante do Nome-do-Pai; e a estrutura do sujeito Sehreber,

“(.) [que] teremos que concebê-lo como produzido numsegundo grau pela elisão do

Lacan tentaarticular, com o modelo dptico e com o esquema “L”, as estruturas:

no final de seu processo psicótico, no esquema “P, Apesar de estar construído sobre particularidades da psicose de Schreber, acrediro que a análise desse esquema permito estabelecer algumas considerações importantes sobre a psicose em geral.

falo (..PS Ê por isso que Lacan escreve QD, significante fálico, com subíndice O, no furo imaginário. Essas dois furos estão representados, no esquema, pot meio dos interiores dos

dois ramosda hipérbole, deslocados no esquema, ao longo de umadas retas da assíntora. Por que Lacan emprega esses clementos geométricos no esquema “E que

não empregou no “R”2 Por isso, mais acima, dizíamos “geometrização”, em lugar de “topologização”. Para respondera essa pergunta, vejamos, primeiramente, o que signi-

ficamalguns dos termos empregados. Assínrara: do grego, quer dizer “sem queda” (que podemos fazer equivaler a não queda ou a não extração do objeto a pequeno) e que, em

peometria, equivale a umalinha reta, em relação a qual nos aproximamos, porém, nunca chegamos a ela, seria um ramo infinito de uma curva. Representa-se dessa maneira: assíntora ag

criaturas

da palavra onde se mantém o criado mm

sa

curva

E

(ama a sua mulher) assíntota pra

figura 60 - esquema "1"

“No pento em que (...) é chamado o Nome-do-Pai, pode, pois, responder, no Outro, um puro e simples furo, o qual, por meio da carência do efeito metafórico,

provocará umfuro correspondente no lugar dasignificação fálica.”.*” Comentemos essa

figura 61

No esquema “T”, umadelas está partida « cada uma de suas partes, deslocadas sobre a ourrapara que possa seguir sendo possível o percurso “Z”, porém saído deseu eixo.

frase, já que a construção do esquema “T” se funda nela. Primeiro: quando, dada certa

conjuntura, “é chamado o Nome-do-Pai”, àquilo que permitia ao sujeito psicótico manter aestrutura estabilizada, mas que agora não maislhe serve,já que precisa do Nome-do-Pai e não de outra suplência. Segundo: “pode, pois, responder (...)”, é potencial, ou seja,

não -necessário, É por isso que deve ser realçado que esse é o esquema para Schreber, motivo pelo qual não dedico um capítulo especial a esse esquema. Térceiro: “um puro é

figura 62

simples furo no Quero”, furo como a geometrização dafalta e não como topologização 55 Ibid, p.577, 94 LACAN, |, De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose, op.cit., p.364.

96 Ibid., p.572.

13

PNMperoae, O rogo

CXOCNHO ; TOPTENCTERSHO CRONNA MC PAs

vérticao

o

A foco

eixo

e

tounnversal

centro «

ramo da hipérbole

a 2

eixo conjugado

to seu semelhante (,,,) são pertelimmento compatíveis com a relação saída de seu eixo como grande Outroy e tudo o que implica de anomalia radical (,,)"" "é Ou seja, quese mantém o trajeto, Se tomamos o parágralo que segue ao já citado: “Toda a espessura da criatura real, ao contrário, Interpõese para o sujeito entre o gozo nareis sta de sua imagem ca alienação da fala, onde o Ideal do cu tomouo lugar do Outro”,” então, o

“2ºfica constituído da seguinte forma:

foca

ramoda hipérbole

figura 63

Devemosleyar em conta que tanto o eixo transversal, quanto o eixo conjus

figura 64

pado, são linhas de largura indefinida. Tanto a assíntora, como a hipérbole, indicam o indefinido, o infinito introduzido no esquema “T”, em relação ao qual, o esquema “Rº,.

Lacan os define da maneira seguinte:

é umquadrado em que destacamos a função de marco, de borda do fantasma. Convém. recordar, aqui, como Freud distinguia a função do fantasma, da fantasia inconsciente, na neurose cnapsicose, em “Introdução ao narcisismo”. Ali, sustentava quea retirada dalibido era orientada, na neurose, para a fantasia e na psicose, para o ex. À não-extração do objeto q é a consequência fundamental da não-operatória do Nome-do-Pai, deixando a criança no lugar de objero dá mãe, que assim reintegra neu produto. “A identificação (...) pela qual o sujeito assumiu o desejo da mãe (...) 7 A

i

(gozo narcisista da

M (Outro divino)

sua imagem)

mt (eu delirante)

1

(ideal do eu que tomou o lugar do Outro)

Quanto relação recíproca dessas funções representadas poressas letras, encon-

não extração do objero q implica, além disso, que não se proibiu à criança sua relação com o objeto primordial.

as funções queidentificam nele as letras tomadas do esquema “R” não pode apreciar-se

Lacan indica duplamentea infinitude, ao dizer: “(...) o vínculo (laço) tornado

a hão ser em seu uso de retomada dialética”.A noção a qual me refiro é “distorção”,

sensível, na dupla assíntota que une o eu delirante ao outro divino, de sua divergência

tramos uma indicação em: “É tanto como dizer que a distorção que se manifesta entre

que significa "desequilíbrio entre vários fatores que entram, assim, em tensão”; esse

timaginária no espaço e no tempo com a convergência ideal de sua conjunção”.* Recor-

desequilíbrio não deve ser entendido, como diz Lacan, como a desordem posterior a

demos queas séries divergentes são aquelas abertas na direção do infinito. Também se esti indicadonos quatro extremos do hachurado do esquema “IP”queestão abertos. Em

um terremoto mas, seguindoas leis da estrutura, e nós o devemosoporà 'torção”, tal como essa opera e ordena os termos do esquema “R”, na banda de Môbius que lhe dá

“O aturdito”, Lacan articula “(...) a inscrição quefiz mediante uma função hiperbólica, da psicose de Schreber (...)” com que “(...) nada existente faz limite à função (...)” ” Da

sua estrutura. Que tipo de distorção nosleva do esquema “R” ao esquema “["? À consequência

eitação anterior, também podemos remar a definição dos quatro termos do esquema “4 que operam, tanto na neurose, quanto na psicose, porém que não são iguais em

de haver cavado dois furos no simbólico e no imaginário produz a seguinte distorção,

ao menos pata o caso do presidente Schreber:

suma as estruturas. “A manutenção no esquema “TP” do rrajero Sag'A,simboliza, nele, a

1. Desaparição da função do sujeito sob significação fálica, que Lacan deno-

opinião que temos tirado do exame desse caso em que a relação com o outro, enquan-

7 oia, SH Ibido, p.578. 19 LACAN, | O awrdito, dp. cit, p.466.

69 Td. De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose, op, cit, p.580. 61 Thid,, p.578.

62 Ibid.

115

narcisista, processo denominado “regressão tóplea noeridelio do espelho”,

Ou seja, o encontro do par do fantama sehreberanofica postergado Infinl uumente, eo esquema o escreve mediante à posição descentrada em relação aocixo da

2. Desaparição da função do “A”, que definimos como o Inconsciente e sua substituição por meiodo funcionamentodo Ideal do cu.

assíntota; aut estão Tora do elxo, um dolado “gozo narcisista da imagem” e 0 outro, no lado do “Ideal no lugar do Outro”

mina “morte do sufelto” e sua subseltulção pur melo da função da imagem

4. O giro nosentido contrário aos ponteiros do relógio B de toda as restantes

funço claramente escrito por Lacan ao horizontalizar as letras “IP, “Rº e “Sº que, no esquema“Rº, faziam oequivalente da outra diagonal do quadras do; como tambémdas indicadas em 1) e 2), ou seja, o à, imagem narcisista, €

91º, Ideal do eu, Ão ter esse giro um caráter “centrífugo” deixa objetos aa! fora do esquemada realidade. 4. ºM” é o único termo que não troca de lugar, essa permanência indica 0 fato de nãoatravessar pelos efeitos do complexo de castração.

5, À infinitização ocorrida como consequência da inexistência do marco do fantasma.

Noseguinte esquema, vemos essa “distorção centrífuga”:

ca

/ mM

|

P

NA ER ag

M

mB

+

|

|

a

:

figura 65

Lacan, a respeito dos objetos 4-4, que estão numa posição tão peculiar, que odemos descrever como saídos de seu lugar por meio de umaforça centrífuga, nos diz: Nisso se desenha a dimensão de miragem que 0 tempo indefinido em que se adia sua promessa

sublinha ainda mais, € que condiciona profundamente a ausência de mediação que o fantasma testemunha. Pois, podemosver que ele parodia a situação do casal de sobreviventes últimos que, em conseguência de uma catástrofe humana, se veria confrontado, tendo o poder de repovoar a Terta, confrontado ao que o ato de reprodução animal implica de total” &

did, 577

||

==

parte 3 grafos

capítulo um

grafo do desejo

Assim se entretece meu discurso — cada terino somen-

te se mantém por meio de sua relação topológica com os demais... (Jacques Lacan, Seminário 11, Lição de 26/02/64, p.89).

KA)

5

figura 66 - o grafo do desejo

O grafo do deseja, entre os modelos e os esquemas,é a criação de Lacan que mais foi levada em consideração pelos psicanalistas que orientam a prática com seus 121

eminamentos e também à mails comentada pelos estuelonas da obra de Lacan, Apesar elisso, credo que

tenta

* justifica mais um desenvolvimento do mesmo, já que possul pros

prledades que, regularmente, foram esquecidas, especlalmente sua estrutura topológica, Comecemosindicando que embora o nome grafo” nos leve à teoria matemá» grafos, Lacan nos ensina que devemos tomar o grafo também comogrémame,

[ha

ilha G

em francês, que provém do grego,significando"letra", “escritura”, tal como seo utiliza,

por exemplo, no espanhol e no português, em “telegrama”, O grafoé, pois, um tipo particular de escritura. Antes de comentaro uso que Lacanfaz do grafo do desejo, devemos introduzir dtvoria matemática dos grafos e redes e estudar suas propriedades topológicas.

O que em Matemática se conhece como “teoria dos grafos e redes” surge, entre outros, dos famosos problemas seguintes: 1) do problema das pontes de Kônigsberg, resolvido pelo matemárico Euler: 2) do problema das quatro cores para a coloração de mapas, ainda insolúvel; e 3) do problemadastrês casas vizinhas que se conectam três redes deserviços, como, por exemplo,eletricidade, gás c água. O primeiro dos problemas

mencionados é o que resulta da tentativa de responder à seguinte pergunta: “Pode uma.

terra

figura 68

Nesse esquema, foram substituídas as duas margens dorio e as duas ilhas por

um ponto e cada ponte foi substituída por uma linha ou teta ou em forma de Eri

Para maior clareza, foram dados números às pontes e nomeou-se cada ponto do grafo de acordo com o setor representado. Ao fazer o mesmo com o problema das três casas vizinhas, obtivemos o seguinte grafo ou rede:

pessoa, saindo da própria casa, romar um caminhoe retornar à casa própria, passando somenteumavez por cada umadas sete pontes que unem as duas margens do rio Pregel du duas ilhas que ficam dentro da cidade de Kônigsberg, (hoje, Kaliningrado)?”Eis,

1

deul, um mapa daregião:

2

3

E

|

+

G

E

A

figura 69 figura 67

A partir desse mapa, podemos traçar um esquema que simplifica bastante o problema:

Quanto a esse gtafo, convém dizer que não é necessário que às linhas que conectam os pontos sejam retas, por isso as chamamos de arcos (segmentos de linhas curvas) equea impossibilidade da conexão, para nosso grafo, entrea casa 2 eo depósito

de água, fica resolvida ao se autorizar queaslinhas fiquem superpostas.

Nateoria dos grafos, os pontassão chamados “vértices” e as linhassão chamadas “arestas”, Evidentemente, podemos subsrituir territórios por pontos e pontes por arcos; nos grafos, as superfícies e as longitudes não são levadas em conta; nestes exemplos desenvolvidos, fica evidente que nenhum pedia ser solucionado mediante o aumento

ou diminuição das superfícies ou das distâncias.

Passemos, agora, a tma definição de grafo ou mede chamaremos de “grafo” ou de “rede”, ao trio formado porvértice, aresta e função, val ques a cada aresta, lhe corres-

Para pôr à prova emas noções, analinemos a rede que aparece no escrito de

Lacan, "O seminário sobreA carta voubada”,

pondam dois vértices, assim como afunçãoespecifica que 05 uno, Se tentás: mos aproveitara teoria dos grafos para o problema da ordenação e distribuição do tráfego de veículos em umacidade, seria necessário agregar a dimensão da direção das avestas, já que há ruas que têmdireções permitidas e outras proibidas, As esquinas seriam os vértices, as ruas seriamas arestas que, nesse caso, deveriamestar

ertentadas, podendo ocorrer que dois yérrices estivessem unidos por duas arestas de direção oposta, Os grafos que levam em conta a direção são chama de grafos orientados ou digrafos e é evidente, a partir de um grafo, que cada par de vértices fica convertido tum par ordenado. Por exemplo, o grafo de uma quadra delimitada por quarro ruas, tochas elas de mão dupla, é o seguinte:

figura 73

Deste grafo ou rede, podemos dizer que é um grafo orientado, que possui dois bucles, quatro vértices(já que o “2” que aparece logo depois de “1” não é o mesma

o

que aquele que aparece logo depois de “3”, como se pode ver nesse mesmo escrito) e,

finalmente, agreguemos algo mais, é um grafo planar, ou seja, podeser realizado sobre o plano de duas dimensões.

Recordemos que o grafo das três casas vizinhas e o dos trêsserviços públicos

o

não seriam passíveis de realização no plano bidimensional, Porém, é evidente que o

figura 71 .

Agora, tomaremos os exemplos de dois grafos simples.

seriam fora dele, ou seja, num espaço tridimensional, em que umaaresta pudesse passar por debaixo da outra (tecordemos, neste sentido,o já trabalhando nocapítulo sobre o esquema “L”, com respeito ao ponto de intersecção do vetor AS com o vetor aa). Todo

grafo pode realizar-se no espaço tridimensional, Osgrafos que requerem três dimensões espaciais são chamados de grafos não-plandres.

Quetipo de grafo é o grafo do desejo? No Seminário 6: O desejo e sua interpreração, Lacan diz: “(...) nosso grafo (...) isto que não é outra coisa que posição topológica grafo A

grafo B

de elementos e de relações (...)” 2 Reproduzimos, aqui, somente sua estrutura de grafo, sem as funções que Lacan atribui aos vetores e às arestas.

figura 72

No grafo A, a única aresta começa é termina nó mesmo vértice: a esse tipo le arestas, chamamos de &uele'. O grafo Barticularidade, dentro da teoria dos grafos,

le ser uma cadeia, ou seja, umasérie de arestas em que cada uma incide no vértice preedente e no seguinte e, além disso, todosos vértices são distintos. É evidente que nós

não devemos deixar de articular o grafo B à noção de cadeia significanre, já que possuem à mesma estrutura. | termo em espanhol é fazo. Adoramos a mesma tradução dolivro O arafo do desejo (Toro; 2017), que sugere à

vlação como termo Francês bowele (N.R.).

2

LACAN, ] Seminário 6: O deseja e suit interpretuçeo, Lição de 26/11/58. 125

ENVIEDS 8APR PLAÇIO, QUE PaFEÇE NAO TEL DUGICA, PVE; E ou não é planar) À fimde resolver esa pergunta, devemos antes resolver um problema ainda mais fundamental, À quevetores chegam as a as quesaempeladireitadografo? Dequevetores provém as arestas que chegam pela esquerda do grafo? Pela definição mesmade vetor e de aresta, é óbvio que qualquer arco que saia de umvértice ou que

chegue a um vértice não é uma aresta, somente é aresta um arco que conecte um par devértices. Há duas soluções: uma planar € outra não-planar, ambas articulam entre si esses dois pares de arestas "anormais":

TI| o o! po: ME.

4

1

1

Doo Eempeo

Lo 4 | I g Nr

n

1

EM

ti

na

figura 74

fl

:

É

Segundo as noções da teoria dos grafos, o grafo do desejo poderia ser geomevizado assim:

figura 76

“EEE

Mais adiante, analisaremos psicanaliticamente ambas as soluções para deter-

minar qual delas eleger e, em função disso, poderestabelecer se o grafo do desejo é planar ounão-planar (a solução “A”é planar e a solução “Bº é não-planar).

|

Rs

Lt fe

|

Ee

A fim de nos aproximarmoscada vez mais do conhecimento das caracrerísticas que devemos levar em conta ao analisar o grafo do desejo passemos, agora, ao estudodas

propriedades ropológicas das redes ou grafos, Para poder fazê-lo, devemos introduzir ainda outras noções. Numa rede, um caminho é uma sucessão de arestas que une um vértice a outro, no qual cada aresta termina no começo da seguinte. Uma rede em que um vértice qualquer puder unir-se mediante um caminho comqualquer outro vértice se chama conexa, isto significa que a rede não de se decompõe em partes. Toda rede está formada por partes conexas (considerando que dois vértices unidos por uma aresta é uma

rede conexa). Recordemosque no capítulo sobre topologia definimos a conexão como sinônimo de continuidade.

Dois vértices de um grafo são adjacentes se são extremos da mesmaaresta e duas arestas o são quando têm um vértice em comum. O grau ou valência de um

figura 75

127

vértice corresponde no número de arestas que Incldermfede, um vértice em que Inclde Mena aresta

chama de vértice pendente. Dua

arestas senão paralelas se os dois extremos

delas coincidem, Analisemos agora estes grafos:

Kao chegara ese ponço eu

pegamos FOCA CHAT GRHPIÇHO CUM POTRMANÇÕANO ARA HO RADRDA UR

dos gra a tem como problema da coloração de mapas e, mais ainda, com o famoso e ainda não resolvidoproblema do mapi das quatro cores, Dado um mapa qualquer, pode-se colorir com 4 cores, de manelra que nenhumpar de faces adjacentes a uma

mesmaaresta tenhaa mesma cor? Como se vê comfacilidade, esse é o caminho inverso do quese realizou com o mapa de Kônigsberg até chegar ao grafo,já que passamos da teoria dos grafos para uma consideração sobre os mapas. O número mínimo de cores necessário para colorir uma superficie, sem que as adjacentes a uma mesma aresta coin-

vidam, é um invariante topológico, que é conhecido como mzimero cromático.

Uma vez definidos vértices, arestas e faces, podemos chegara outra propriedade ropológica dos grafos: a fórmula de Euler. Refere-se à relação que existe entre vértices (V), arestas (A) e faces (F) que pode ser expressa das seguintes formas: figura 77 f4V=A+41 OL

io grafos distintos? Suas formas, evidentemente, são distintas, porém suas estrureras não o são, Ambos têm 8 vértices, 11 arestas, 1 bucle, 1 par de arestas paralelas

V-Asf=1

e 5 vértices pendentes, São dois grafos idênticos, ou seja, isoronfos. Poderíamos dizer que se trata de dois desenhos do mesmo grafo.

Podemos comprovar essas fórmulas nostrês grafos seguintes:

À maioria dos exemplosaré aqui tratados correspondea representações gráficas | dos grafos ou redes que permitem elucidar as ideias e contribuir para a intuição doleitor, porém, não convém confundir a estrutura do grafo com o “desenho” do grafo. Assim como também convém não confundir as superfícies topológicas com suas representações.

7Po7)

Quando representamos umgrafo num plano, chama-se face toda divisão do

plano ocasionada pelo circuito fechado de arestas. Como se vê com clareza, é possível

“as

mumociar os vértices com pontos, as arestas com linhas e as faces com as regiões do plano.

e

As redes ou grafos de vértices e de arestas finitos, conexas e planares, assemelham-se a mapas c assimse os designa na teoria matemática dos grafos. Este é um exemplo de um

A

B

figura 79

grato que, intuitivamente, coincide com um mapa:

3

CE STEWART LI,op. cit, p 192.

E

Jo

PADUA GM DENUNCIE

É

VOAR

As

Á

6

9

Bs

á

6

9

[rs

7

10

16

Presumimos que os distingue o furo que o tora possui e à esfera não possui,

Agr 6=8+1 4 + 6 9 +41

porém o furo não é dotoro, mas do espaço circundante e, por outro lado, devemos recordar que nossa consideração topológica da esfera e do toro levou-nos a nos ocupar das superfícies e não de seus interiores. Então, como distingui-los? Existe uma solução:

C:7 +10

H

H

figura BO

=-16 +11

toda curva fechada sobre esfera a faz essa desconexa, a essa, dividindo-a em duas su-

Nos três casos, comprovamos que a fórmula está correta e foi Euler quem escobriy que stá correta para rodo mapa. Àfórmula de Euler se converte assim numa

perfícies, embora haja curvas fechadas que não dividem o toro em dois.

propriedade topológica aplicável também aos espaços topológicos conhecidos como uperticies, estudados pela topologia, e que já descrevemos nocapítulo correspondente,

tabela correspondente a essas superfícies, a partir dafórmula de Euler, é a seguinte:

Superfície

figura 81

Fórmula de Fuler

Esfera

A

Toro

0

Garrafa de Klein

0

Plano projetivo

1

fo

A fim de comprovar isso, cada superfície é triangulada e se comprova que, para cada transformação contínua dela, mantém-se o número de Euler. Para a banda

e Móbius, nãoé possível aplicar afórzinta de Enter, porque sua única borda impede a dangulação. Observemos que as outras superfícies se caracterizam todas por carecerem de hordas (recordemos o que foi dito sobre a triangulação no capítulo sobre o esquema “R”), Uma vez estabelecido que, para os grafos: 1) a forma e a medida não cum-

As propriedades: “curva fechada”, “conexo” e “desconexo” são topológicas. Então, essa é umavia que serve para distinguir topologicamente uma esfera de um toro. Mas, como poderemossaber se uma superfície possui um furo? Ouseja, se se lhe aplicou uma curva fechada. Suponhamos que temos um caminho como já o temos definido; qualquer caminho podeser reduzido até converter-se num ponto, salvo que haja umfaro. “(.) Osfuros podem ser detectados por meio da observação dos caminhos do espaço € poi meio das maneiras capazes de deformá-los”.* “Um caminho numespaço topológico ueie é uma linha que une dois pontos do mesmo caminho. Não importa que ziguezag io nem que se corte a si mesmo; porém não deve estar “interrompido”. É necessár que seja um caminho contínuo. E

A fim de exemplificar isso, consideremos os quatro casos seguintes:

tem função alguma; 2) que a dimensão de conexão implica a noção de continuidade undamental na topologia; e 3) que operam, para eles, a fórmula ee Enter e o número

romárico, ambos invariantes topológicos; então concluímos que são, em si mesmos, opológicos. Porém, ainda resta outro desenvolvimento a ser feito, para poder achar à

serutura fundamental do grafo do desejo. Suponhamos que queremos distinguir toponn plo dimento uma esfera e um toro,

4 Ibid, pls. 5 ibid.

131

No plano exeleliano, me dote cmminhos sacim ec hegam ao mesa porto oa, além disso, não têm um furo entre eles, sempre são equivalentes, No tora, não aconteve o mesmo, Ao compasiemos os dale caminhos traçados no toro da Agura seguinte (pura Há), em que ambos sacm eu hegau nao mesmo ponto À, veremos que não são equivalentes,

figura 84 figura 82

Chegados a esse ponto, podemos fazer a primeira pergunta sobre 0 grafo do Em todos, se cumpree uma função: a forma em que se percorre o caminho,

so emconta, podemosdizer que os bucles dos caminhos A e B poderiam ser duzidos a um pontoe que, em C,isso não é possível, por causa do furo que rodeia o pvando

minho, Além disso, não se poderia, por causa da forma do percurso, afastar-se do furo

ntml enquanto que, em D, isso se rorna possível (o desenhorepresentaesse afastamento mas outras linhas traçadas em D). se [ambém poderemos considerar a transformação contínua de um caminho,

seja, sua transformação ropológica, Se, a partir da deformação contínua de um ca-

inho, se puder chegar a outro, dizemos que ambos são homotópicos. Observemos os ds casos seguintes:

desejo, da relação com as noções psicanalíticas que ele permite articular. Por que é que o

grafo do desejo é somente “do desejo”, quando também situa e articula a pulsão, o fantasma, o sintoma, etc.? Apoiemos essa pergunta numa citação de Lacan, em “Subversão do

sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiana”, onde diz o seguinte: “É, portanto, preciso levar muito mais longe, diante de vocês. a topologia que elaboramos para nosso ensino neste último lustro, ouseja, introduzir um certo grafo que prevenimos garantir

apenas, entre outros, o emprego que faremosdele, tendosido construído e ajustado a céu aberto para situar, em sua disposição em patamares, a estrutura mais amplamente

prática dos dados de nossa experiência. Ele nos servirá aqui para apresentar onde se situa 9 deseja em relação a um sujeito definido porsuaarticulação pelo significante.” A resposta é 0 grafo do desejo, por que sua estrutura fundamental é dada pela

noção é subsequente “localização” do desejo. Podemos pensar isso apoiando-nos nas noções ropológicas que desenvolvemos até aqui? Resolvamos isso mediante algumas

citações de Lacan,a primeira do Seminário 8: A transferência: Desculpando-me perante os que são recém-chegados, passo dar por conhecidas, em sua caractérística geral, por meuauditório, as elaborações que já dei, referentes à posição do sujeito, as

quais são indicadas no resumo copológico que nós chamamos, convencionalmente de o grafo. A forma geral, aí, está dada pelo splizting [clivagem, fendal, o desdobramento fendamental de dluias cudleias significantes, onde se constitui o sujeito.”

figura 83

Evidentemente, os caminhos de A serão homotópicos. enquanto queosde B,

A outra citação é do Seminário 6: O desejo e sua interpretação:

tu Já que o furo que está entre eles, no plano, impede que, por deformação continua mi cortes), se passe de um a outro.

6

7

LACAN, J. Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente Ficudiano. op. cir., p819, grifo nosso.

Id. Le Seminaire: livre VIE, Le transfert, Seuil, p.201, tradução pessoal, grifo nosso.

133

Degrala de tor estabelecido a função das duas linhas der grafias quinera Iiracduzhe um elemento emenclal que se velore ao que faz no LuscervudoO que chmmameas de desejo é a distância que

Che Vino

6 sujeito pode manter entre as duas linhas, é al que resplia duranteo tempo de vida que lhe vento!

Dessas duas citações, concluímos que o lugar [s4tus) do sujeito, enquanto

(80)

ujelto do desejo, é o intervalo, o furo, entre as duas linhas do grafo. O que poderiaser epresentado assim:

NA)

5

figura 86 - grafo figura 85

Situar o sujeito do desejo no intervalo permite articular, de formainovadora, questão do acting-ont. Cada vez que o psicanalista, por meiq de sua manobra, produzir

mm fechamento deste “espaço vital” entre as duas cadeias, produzirá, consequentemente, tmexpulsão dosujeito “para fora” da experiência psicanalítica, um “por fora” em que aujeito tentarárecuperar seu lugar enquanto desejante. Assim como situamos, no intervalo, no furo, o sujeito, o mesmo faremos

om o objeto. Não o objeto para o qual tendemos, mas o objeto causa dodesejo. Causa o desejo do ser humanoque, como sempre,é desejo do desejo do Outro; que, com a upressão de um “gue queres de mim”, Lacan inscreve comoa razão que obriga à passaem deseu grafo 2 ao grafo 3, passagem que requera saída docircuito imaginário (que tis adiante comentaremos) e que requer a entrada do intervalo que o segundo andar o galo implica. Analisemos o grafo 3:

Este “gue queres de mira?”é a reelaboração da pergunta “que é que eu sou ai”, que trabalhamos no capítulo sobre o esquema “RP, porém, agora, articulada à função “desejo do Outro”, O grafo do desejo é o grafo do desejo, porque sua estrutura topológica fundamental consiste em ser constituído ao redor de um furo, e Lacan, desde o começo de seu ensino, nunca deixou de destacar que o desejo, tal como se depreende das elaborações

fteudianas, não é umarelação ao objeto, mas umarelação à falta (cf, Seminário 2, Lição de 19/05/55, “O desejo, a vida e a morte”). O grafo, com sua estrutura fundamental,

está destinado a destacar e a demonstrar a impossibilidade de descuidar do desejo em nossas considerações. Dada sua estrutura, podemos afirmar que é impossível reduzi-lo

a um ponto por meio de deformação contínua. Confrontemosessa última conclusão à estrutura dacélula elementardografo. Não é nova a consideração do sujeito via sua estrutura intervadar. Não é nova em Lacan, nem nesse esctito. Quando comentamosa definição que Lacan faz do sujeito (S), no esquema “Z”, como “parte interessada no discurso (do Outro)”, sustentamos que “interessado” derivava de inter sum que em latim significa “estar entre”, no meio de, no

intervalo de, ou seja, o sujeito já foi concebido “no intervalo”, porém no intervalo entre

os significantes; aqui, o é no intervalo entre as cadeias significantes.

O fato de o sujeito do desejo implicar a noção deintervalojá estava presente

Lonmdn Ol, Xavier Boveda Ediciones, grifo nosso, p.69

as naselaborações freudianas, porém, como em tantas outras ocasiões, Lacan somente

135

etomou No capítulo 7 de 4 interpretação«os sonhos, "A paleologla do processo onírico”, va veção “C" "Sobre a realização do c

No esquema de referência do Proud, fo equivale a:

ejo”, Preud afirmar “Por que é que durante o

onhoço Inconsciente não podeoferecer nada mais do que a força para umarealização

lo desejo? À resposta a essa perguntaestá destinada a lançar luz sobrea naturezapsíquica

tração

traço

mndmico

mnêmico!

lo desejar; deveser procurada por meio do auxílio do esquema do aparato psíquico”?

O esquemaa que Freud se refere é o que apresentou várias páginas antes nesse

nesmo livro sobre os sonhos, o conhecido “esquema do pente”, cuja representação é

o

à nefguinto:

E

exitação (necessidade)

PO Me My Mn

percepção (nurrição)

figura 88

A próxima vez que essa última sobrevenha, graças ao enlace assim estabelecido, se suscitará uma moção psíquica que quererá investir de novo a imagem mnêmica daquela percepção e

ss

produzir outra vez a percepção mesma,vale dizer, em verdade, restabelecer a situação dasatisfação primeira, Uma noção desse indole é o que elnemamos desejo (Jo!

figura 87

Retomemosa citação de Freud: Supostos que têm de se fundamentar de alguma outra mancira nos dizem que o apararo abedeveu primeiramente ao afã de se manter no possível isentosde estímulos e, por isso, em sua primeira construção adotou o esquema de aparatoreflexo que lhe permitia descarregar em seguilda, porvias motoras, uma excitação possível que chegava de fora. Porém, a pressão da vida

É evidente que Freud localiza o desejo no intervalo dos traços mnêmicose que o esquema de suas concepções coincide, em sua estrutura, com a parte esquerda da fórmula da metonímia tal como aparece em “Instância da letra no inconsciente”, à qual Lacan também articula o desejo, porque é nela quesitua a “falta-a-ser na relação

de objeto”.

perturba essa simples função; a ela o aparato deve também 6 impulso para-sua constituição ulterior, À pressão davida o assedia primeiro na forma das grandes necessidades corporais, A

trago

traço

excitação imposta [setzen] pela necessidadeinterior buscará uma drenagem na motilidade que

mnêmico

mnêmico”

podeser chamada de “alteração interna” ou “expressão emocional”. À criança faminta chorará ou se debaterá inerme, Porém, a situação se manterá imutável e, pois, a excitação que parte

da necessidade interna não corresponde a uma força que golpeia de maneira momentânea, imas à uma força que atua continuamente, Somente pode ocorrer uma mudança quando, por algum caminho(no caso da criança, por meio do cuidado alheio), se fizer a experiência da vivência desatisfação que cancela o estímulo interno, Um componente essencial desta vivência é a aparição de uma certa percepção (a nutrição, em nosso exemplo) cuja imagem mnêmica fica, daí em diante, associada ao traço que a excitação produzida pela necessidade deixou na

desejo

03 figura 89

memória”,

Uma concepção do inconsciente entendida como uma cadeia significante, tal como se depreende do esquema fieudiano e da fórmula lacaniana de “Instância da

letra no inconsciente”, apresenta contradições semelhantes. Podemos recordar os inconvenientes que trouxe a Freud o problema da orientação espacial do esquema numa FREUD, S. op. cit, voliV; p.557-558 E Aid

Wo Tbid.

Malba e o obrigou a produzir acréscimos compliendos para dar contra da “regressão” o sonho; em Lacan, veremos quea noção de ditervado, o espaço entre dois sulcos ou mivcas stimbálica não podeser equivalente à noção defuro e, por outro lado, há várias ulicações de Lacan que sugerem a necessidade de passar de uma cadeia significante o grafo de pelos menos duas cadeias, entre as quais escolhi a seguinte: “De modo que

sujeito se acha sempre em vários planos, capturado emredes que se entrecruzam”,

(0.0.0.0) |

COOON) figura 91

Pensemos o intervalo comose fosse umelo faltante na cadeia, mais que um

paço entre os elos, Umelo faltante produz o corte da cadeia. Sua interrupção, porém,

Justamente, isso constirui uma parte do grafo do desejo, na qual Lacan situa

do chega a se constituir numfuro, somente o seria num encadeamento de várias cadeias,

o sintoma enquanto formação do inconsciente, de estrutura metafórica stÃ) (estrutura

onlorme o esquemaseguinte:

ond cpm. sobre a qual já fizemos uma análise extensa no capítulo sobre o esquema “Rº):

Na verdade, convém conceber o inconsciente como uma séric de cadeias arti-

uladas entre si, Recordemosa seguinte citação de “Instânciadaletra no inconsciente”: Porémbasta escutar a poesia (...) para que se faça escutar nela apolifonia « para que rode etiscursorevele alinbutr-se nos vários pentagramas de ma partitura. Nenhuma cadeia significante,

comefeito, que não sustente como pendente de uma pontuação de cada uma de suas unidades tudo aquilo que se articula de contextos atestados, ma vertical, por assim dizer, desse ponto.”

Por outra parte, também faz-se necessário criticar a noção de inconsciente mendido como uma cadeia significante já que, se essa fosse sua estrutura, como po-

erlamos entender então a metáfora? À metáfora é a substituição de um significante (o

ubstituído) por outro (o substituinte) que vem no lugar do anterior na cadeia signifante, Mas, de onde vinha o substituinte? Não há outra resposta lógica que nãoseja: de

utra cadeia significante. Algo que pode ser representado assim:

Se a estrutura do inconsciente e do desejo, tal como a experiênciapsicanalítica revela, exige pelo menos duas cadeias, deve-se concluir que o grafo, com sua lógica,

opera sempre “completo”, no sentido de “grafo completo” e que os grafos 1, 2 e 3 são recursos didáticos empregados porLacan. É por essa razão que o vértice inferior direiro, por meio do qual o vetor da intenção se inícia, leva por nome $, barramento do sujeito que, enquanto efeito da linguagem, está no início de qualquer consideração sobre ele. O circulo da demanda, que mais adiante analisaremos, rompe seu circuito, porque “(...) o

sujeito somente se constitui ao se subtrair dela cao descompletá-la essencialmente (..)”. é Deque maneira conceber a estrutura de pelo menos duas cadeiassignificantes que são sempre necessárias para operar com a noção do inconsciente, sem recorrer à exemplos de caso por caso? Lacan faz uso, para esse fim, das noções linguísticas de código, mensagem, enunciado, enunciação e shifier que apresentam uma renovada forma de pensar o sujeiro tal comodeveser, a partir do inconsciente estruturado como umalinguagem.

“Tais noçõessão elaboradas por RomanJakobson em suas conferências: “Qverlapping of code and message in language”, de 1950, e em “Les catégories verbales”, do mesmo ano,

4 LACAN,

Seminário 2º O eu na teoria de Freud na técnica pricanelítica.

4 A instância da lerra no inconsciente ou à razãodesde Freud, op. cit., p.506-507, grifo nosso.

14 Td. Subversão do sujeito e dialética dodesejo no inconsciente ficudiano, op, cit., p.821.

Rms

apareceno escrito “Shifter, verbal categories and the Rima verh”, redigido em 1956

qe ij

e publicado em 1957, No mesmo ano, Lacan já faz uso dan noções que aí aparecem.

PS ma

|

No escrito referido, Jakobsondistingue as noções de mensagem e de código,

t figura 94

sendo essa última subjacenteà anterior. Ambas têm uma dupla função: “(...) ao mesmo tempo em que podem ser empregadas, podemserreferidas (isto é, sinalizadas)”Sobre a

use dessas noções, Lacan produz a célula elementar do grafo queé representada nografo

Se aceitarmos quea representação daretroação,tal como deriva do grafo l,éo

[de seu escrito “Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano”;

esquemaanterior, inaugura-se um circuito em que,se o último termo pode darsentido ao primeiro, também deve ser considerado que esse primeiro determina o último, ou seja, que através do primeiro, o ultimo se modifica si próprio. Então:

ias

Pepe gua 5

4

figura 95

figura 93 - grafo 1

Isto faz, dos pontos de entrecruzamento, o seguinte circuito fechado ou bucle Lacan concebe esse grafo assim:

Eis aqui o que poderia dizer-se que é ser umacélula elementar (cf. grafo 1). Articula-se, aí, O que temoschamado de 'ponto de basta”, por meio do qual osignificante detém o deslizamento dl significação, que ficaria indefinido de outra forma. Supõe-se quea cadeia significante é sustentada pelo vetor 5.5". Sem entrarmos nasutileza da direção retroativa em que se produz o vruzamento redobrado por meio do vetor À.S, veja-se unicamente nesse último, o peixe que a, menos próprio para figurar o que ele subtrai à captação emseu nado vivo do que a oque se esforça por afogá-lo no fluxo do pré-texto, à saber, a realidade que se imagina no esquema etológico do retorno da necessidade A hunção diacrônica desse ponto de basta deve encontrar-se na frase, na medida em que não fechasua significação a não ser comseu último termo, já que cada termo está antecipado na construção dos outrose, inversamente, sela seu sentido porefeito retroativo. '*

A partir dessa citação, obtemosque o vetor so representa a cadeia significante queo À, $a intenção. É de grandeutilidade para a concepção da noção freudiana le Muchindglich, retroação. O segundo ponto de entrecruzamento que, por convenção

lerivadada estrutura da cadeia significante tanto em espanhol quanto em francês, será vela diveita, como último termoesse tem a virtude de determinar as anteriores, assim omo foi antecipado e determinado por meio deles na cadeia. Isto costuma parecer ibvio, porém apresenta alguns problemas,

de arestas:

E

o) et O

figura 96

Essa representação nosdá a ideia clara de que a função do ponto de basta, como fechamento ou detenção, deve ser complexificada. Por sua vez, há outro problema no grafo 1, ou célula elementar, que é o seguinte: se é um grafo e, evidentemente, os “pontos de entrecruzamento” são equivalentes ao que, em teoria dos grafos, se chama vértices, então para onde vão e de onde vêm as arestas que deles saem e que a eles che-

gam? É o mesmo problema que propomos respeito da estruturageral dografo do desejo. Proponho a seguinte solução, totalmente justificada na obra de Lacan.

O OU figura 97

1

JAROBSON, R, Ensayos de linguístico general, Seix Barral, p.307.

fo

LACAN, |. Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano, op. cic.; p.820.

Mustento que ela esta justificaçda, protequi

NO fato de |

an chamá-la de célula elementar do grafo é entendido ha-

bitualmente no sentido de que ela é a “unidade fundamental” do grafo do desejo completo e que, efetivamente, é uma acepção de célula; quanto a isso, não devemos nos esquecer de que “célula”, em biologia, é também aquilo que “contém uma membrana que isola o citoplasma e seu núcleo”, ou no

contexto em que empregamos para “célula de memória” enquanto “elemento repetitivo que tem um funcionamento próprio”. Efetivamente, depreende-se

disso que se a essa célula não se associa outra função, nada indicaria que fosse capaz de detersua repetição infinita ou comoessa detenção poderia serfeita,

Eeummegrato plana

IVAI QELANETO | COM GOIS VEPELÇON, CUMENO PENTA E RIR

bucles, Como os bruces são arentu que partem e chegam ao mesmo vértice, poderíamos dizer que não requerem tempo para sua trajetória (o percurso quesai de umponto para

chegar a ele mesmo nãorequer nenhum tempo) ese não têm um furo em torno do qual Ç irculam, podem reduzir

“ao mesmo vértice, dessa forma:

És O YU figura 99

2, No escrito, em francês, onde no castelhano consta: “A função diacrôni=

ca desse ponto de basta deve encontrar-se na frase, na medida em que não fecha suasignificação (...)”, no lugar de “fecha”, que tambémindica suspensão, diz-se, bouele, que em francês tem, entre outras significações, a seguinte: “Diz-se dos objetos em forma de anel”, ou, mais especificamente; “O que se enrola emforma de anel, linha curva que se recorta ou volta a se cortar."

4, Adiante, no mesmo escrito, Lacan afirma: “A submissão do sujeito ao significante que se produz no circuito que vai de s(A) para À para regres-

No final, restam dois vértices e duas arestas que nos permitem estabelecer,

sem dúvida, que se trata de um círculo, Círculo que, para indicar sua condição de “sem saída”, Lacan metaforiza como “círculo infernal da demanda”, fazendo referência aos

círculos do inferno da Divina Comédia de Dante Alighieri: “(...) aí, são os gritos, os choras, os lamentos cas blasfêmias(...)”,* mesmo assim, os condenados não encontram

saída alguma para seus tormentos.

sar de À para (A) é propriamente um círculo, na medida em que a asserção

4. O fato de Lacan chamar a isso de ponto de besta, ou ponto de estofo, além de fazer referência à função do ponto enquanto sinal de pontuação, também

(efeito) que ali se instaura, por não se fechar sobre nada a não sersobre sua

remete ao problema do círculo, dado que o ponto de basta é aquele nó do

próp ia escansão, dito de outra maneira, a falta de um ato em que se en-

estofador que se caracteriza pela circularidade estabelecida entre todos os

contre sua certeza, só remete à sua própria antecipação na composição do

pontos ou botões do mesmo.

significante, em si mesma insignificante” ” Lacan sustenta, nessa citação,

5. Por último, recordemos que a noção empregada pelo próprio Roman Ja-

que a falta de um aro faz com que a estrutura da célula derermine que ela

kobson, gverlappimg, indica a maneira como as noções de código e de mensa-

só possa chegar à sua próptia antecipação e assim voltar a girar emcírculo.

gem podem ser empregadas e, por sua vez, referidas uma pela outra, estabe-

Porém, é importante, além disso, destacar a estrutura topológica do círculo,

lecendo-se, assim, a autorreferência e a circularidade.

a fim de poder dar todo seu alcance à estrutura do grafo do desejo. Retornemos à célula elementar, tal como a representamosantes:

fra Ó Ú

Porém, de que círculo se trata e o que é que faz o sujeito sair do mesmo?

Nocapítulo sobre o esquema “R”, sustentamosque esse esquema e o grafo do desejo foram concebidos e desenvolvidos por Lacan na mesma época, poderíamos

até dizer que nas mesmas lições do Seminário 5: Asformações do inconsciense, de 19571958. Se retomarmos a forma em que diferenciamos os destines de cada um deles, tal como propusemos naquele capítulo, podemos achar alguma resposta para as duas perguntassugeridas, O esquema “Rº éa teorização da função paterna na articulação, no

enodamento peculiar do simbólico, do imaginário e do real, que é a neurose. O grafo do [E Aid, po821, grifonosso.

18 ALIGHIERI, Dante. La divina comedia, Porrúa, p 2.

esejo responde à exigência de teoriza as consequências da Iierodução, na psicanálise, da

concepção que, erroneamente, comum ser associada à noção freudiana de Apllemng,

ação de cadelasignificante, a qual fundamentalmente é a distinção entre necessidade, emanda e desejo. A estrutura do grafo do des jo, comrespeito à articula reciproca das noções

apoio, Propor que a mecesldade passa pelos desfiladeiros do significante não é mais que

ee

ystdade, demanda e desejo, ta seguinte:

umalicença de exposição, dado que não há tal necessidade operando antes dosignificante para nenhumsujeito humano, e o cfreulo da demandaevita de formacategórica tal erro, Ao esquemaanterior, há que comparar o da célula elementar do grafo.

Õ I

Ú figura 101

Necessidade

Mais que pura margem, Lacan vai situar o desejo no intervalo entre duas

figura 100

cadeias significantes, às quais já fizemos referência e que respondem à oposição entre

Convém, aqui, termos presente, para justificar o esquema precedente, a se-

“enunciado” e “enunciação” ou, melhor dito, à oposição entre os sujeitos respectivos de cada um deles.

ulnte citaçãode Lacan: “O desejo se esboça na margem onde a demanda de desprende

a necessidade(...)”)? e se articularmos essas noções com o esquema anterior, podemos ler que o desejo inconsciente permite que o sujeito saia do círculo infernal da de-

manda. Essa margem deve ser entendida, e o esquemafacilita esse entendimento, como m “mais além” que Lacan, em “A significação do falo”, explícita assim: “O quié assim

ZA,

Iso

lenado das necessidades constitui uma Urverdrângung por não poder, hipoteticamente, sticular-se na demanda, aparecendo, porém, numrebento que é aquilo se apresenta no amem como o desejo (das Begebren)" 2º

O desejo, embora esteja articulado, no sentido de que somente no mais além e cada cadeia significante particular podemosencontrá-lo, não é articulável, não pode

figura 102

qurar em si mesmo em nenhuma cadeia, é o mais além de cada umadelas. É por isso

O enunciado é, segundo Jakobson,“o faro relatado” e a enunciação “o faro

ue Lacan designa a demanda com a letra D maiúscula e o desejo com “d” minúscula,

discursivo”. O enunciado é então um conjunto defrases e a enunciação, o ato por meio

adendo nos surpreender, dado que as letras maiúsculas são destinadas a designar o

do qual se as enuncia atualmente. “O inconsciente, a partir de Freud, é uma cadeia de significantes que em

imbúlico; isso coincide, obviamente, com a condição simbólica da Demanda, porém,

“o testo ineliminável da passagem da necessidade pelos desfiladeiros do significante. O

algum lugar (em outra cena, escreve ele) se repete e insiste para interferir nos cortes quelhe oferece o discurso eferivo e o pensamento informado pelo discurso (..)".* Na citação de Lacan de “Subveisão do sujeito” vemos queele distingue entre duas cadeias

vo de a célula elementar ser um círeulo, deve ser agora aproveitado para evitar o eterno

de significante, uma do discurso efetivo, a outra do inconsciente. Porém, o importante

o desejo? Este leva “d” minúscula, dado que é o que não pode passar ao simbólico; é a

uugem, o mais além que este produz mas que é impossível que reincorpore em seuseio.

tomo da concepção que diz que primeiro estava a necessidade e logo veio o verbo,

é perguntarmo-nos quem é o sujeito disso que se repete e disso que insiste. À fimde abordar esse problema, Lacan faz uso da noçãolinguística de shifier, ou seja, a partícula

LACAN, | Suliversão do sujeito « dialética do desejo noinconsciente freudiano, op, cit, p.828. tdo A significação do falo, op. cit, p.697,

21 Id. Subversão do sujeito e dialética dodesejo no inconsciente ficudiano, op. cit. p-813,

“Ed que designa o sujelto da enunciação (no enunelado, man que não o alguifica,

além disso, indicadas ns arestas que Incermediam cases dobe andares: Tum galo conexo

Lacan elabora, aqui, a função da partícula “je”, pronome pessoal da primeira pessoa

já que, de qualquer vértice, podemos chegar por via colina a qualquer OLLTO,

do stngula que, quanto à pergunta: “Quem está fitandol, quando se trata do sujeito

Lacan nos Indhen que a posição dos dois pontos de entrectuzamento do

no Inconsclente”, sempre enco ramos como resposta um não cu, ou seja o fading a desaparição, a elisão do sujeito do inconsciente.

andar superior é “homóloga” à posição dos dois pontos do andarinferior, À noção de

Dada a existência, em francês, das partículas moe je, e sendo omoi destinado

que homologia é uma relação de equivalência qualitativa entre elementos quese cor-

por Lacan ps a a situação imaginária, produz-se, em muitos leitores, a suposição de que então o fe indicaria o sujeito do inconsciente. Já discutimosessa ideia no capítulo sobre

respondem nas figuras relacionadas, que deixa de lado toda comparação analógica que

homologia foi amplamente desenvolvida no capítulo sobre o e squema

“RP, Al, se diz

implique proporção, semelhança,etc.

o esquema “Zº; ampliemos ainda mais o conceito. Lacan sustenta que o sujeito do inciente deve ser situado na discordância entre o sujeito do enunciado e o sujeito da enunciação, o sujeito dividido “entre-dois-sujeitos”o que nos faz lembrara “clivagem cor

do cu” tal comoé proposta por Preud. Recordemo-nos daquilo que Freud toma como o exemplo do “crimede lesa

majestade”, Ele nos relata o que lhe diz o Homem dos Ratos quanto à ideia da morte do pai, a respeito da qual “(...) se defende de ter externalizado por meio disso um “dese-

jo

E quefoi somente uma “conexão de pensamento”, Eu lhe oponho: Se não era um

desejo, por que a revolta? “Bem, somente pelo conteúdo da representação: que meu pai possa Inorr

1 —Eu: Trate esse texto como um texto delesa majestade: segundose sabe,

enstlga-se da mesma forma quem diga “O imperador é um asno” ou quemdisfarçadamente diga

essas palavras proibidas, “Se alguém diz ...., terá que se haver comigo”

o

Nessa interessante intervenção de Freud, fica claro que o sistema legal castiga o sujeito

da enunciação, embora o crime seja cometido pelo sujeito do enunciado. É porque fica elaro, para o paciente de Freud, que ainda que se agregue um "eu não”, é possível que

so deseje, mesmo assim. Se o rei costuma ocupar o lugar do tolo, o sistema legal não

figura 103

Os quatro vértices, em relação com a posição homológica, são chamados por

Lacan de “código” e “mensagem”, tal como Jakobson,no trabalhojá citado, os chama de “veiculos de comunicaçãolinguística”; porém, Lacan criará exceções para as noções tomadas

do linguista citado. Coloquemos “código” (C) e “mensagem” (M) nos dois andares do grafo:

cONtUMA fazer o mesmo.

Prosseguiremos, agora, com o estudo do grafo do desejo, em sua estrutura geral, Não o faremos seguindo a estrutura dos quatro grafos apresentados por Lacan. É comumver que foram interpretados como algo equivalente a um “desenvolvimento”. Veces

ário desenvolvé-lo a partir da noção de que a estrutura não é evolucionista,

mas que está toda ela, desde o início, se bem é certo que não com a mesma incidência sobre o sujeito; isso esclarece, ao menos um pouco, as questões referidas à criança e à psicanálise de crianças. Ografo do desejo é constituído fundamentalmente por quatro pontos de

entrecruzamento, ou seja, quatro vértices e os lados, arestas, que os relacionam. Tem,

llvic, potá. Ibid, poBIS. Ibid PREUID, 8. À propósito de uncasa de neurosis obsesiva, op. cit, tomo X, potál-42.

figura 104

Vejamos as diferenças que Lacan propõe para que sejam úteis e não contradi147

tória cm palcanálise, O) código (0), será conotado por (AM Cd do lugar do tesouro

puras no sujeito da palvane o aque ne banha por ese Outro prévio"? Se a cadeia superior

do significante, o qual não quer digei código, pois não é que ne conserve nele correse

não ser por meio de uma reunião sincrônica e enumerável, na qual qualquer um só se

implica à inconselente; na palooue não podemos sustentar um sujeito do Inconsciente, se bemque temos umsujeito determinadopelo Outro, umsujeitodafala. Corresponde, então, articular a psicose com a célula elementar do grafo,

sustenta pelo princípio de sua oposição a cada um dos dem Quanto à mensagem,

É neces: ário, agora, responderà seguinte pergunta: em que são homológicos

Lacan nos diz: “O outro, conotado por (A), é o que se pode chamar a pontuação onde amignificaçãose constitui como produto acabado”?

os dois pontos de entrecruzamento da cadeia superioraos que acabamos de comentar? Antes de responder, devemosfazer algumas pontuações prévias, para que essa pergun-

Nos dois casos, convém destacar as diferenças que Lacan introduz naquilo

ta adquira todo seu alcance. Primeiro: devemos recordar que a cadeia superiorera “a

que ele importa dalinguística. A diferençaentre código e tesouro do significante, pode ser derivada dos sentidos que o termo "tesouro" possui, Por um lado, indica a reunião

outra” cadeia, que deve ser levada em conta, a fim de responder à estrurura do desejo e do inconsciente. Segundo: os pontos de entrecruzamento, como os vértices do grafo,

de coisas preciosas, de valor, acumuladas para serem conservadas e que, por maior que

são denominados, por Lacan, como noções psicanalíticas. Indiquemos no grafo quais

seja, nunca indica totalidade. O maior tesouro que possamos imaginar não implica

são e assim poderemosarticular essas noções à forma em que “código” e “mensagem”

totalidade desses elementos. Por outro lado, o tesouro é também o lugar onde esses

inconscientes resultam concebidos.

pondéncia univoca de um signo com algo, mas que o sgnlhicante não se constitui a

elementossão conservados juntos. Quanto à mensagem, a diferença fundamental é que Lacan à conota como“do Outro”, significação do Qutro ou s(A), modificaçãoda teoria da comunicação humana, já comentada neste livro, que responde à concepção que diz. que o emissor recebe do Outro a própria mensagem em forma invertida, “Observemos a dissimerria entre um (A) que é o local (mais lugar/sírio do

que espaço) e o outro (s(A)), que é um momento (mais escansão do que duração)” Essa citação, esclarecedora da estrutura de cada um desses pontos de entrecruzamento,

já foi apresentada. Que s(A) tenha estrutura de tempo, foiarticulado com a noção de ponto de basta, é um tipo de corte na diacronia, ou seja, um tempo no qual a duração

do mesmo não cumpre nenhumafunção. (A) como lugar,foi articulado com a noção de tesouro dosignificante, seja como lugar, seja como espaço que, como dissemos, quanto ao tempo faz caso omisso da extensão e somente contempla as noções de continuidade,

descontinuidade, corte e fronteira. Tempo e espaço são considerados, então, topologicamente. Aproveitando esse desenvolvimentojá obtido, podemos fazer com Lacan uma

articulação dessas noções com as estruturasclínicas, neste caso, a psicose. Se, na neurose, q emissorrecebe do Outro a própria mensagem em formainvertida, ouseja, produz-se a ilusão de que a mensagem é do emissor, para o Outro, na psicose, revela-se que a men-

sagem é do Outro. O psicótico recebe a mensagem desde o Outro como, por exemplo, no caso das vozes alucinatórias, fenômeno no qual o Outro fala ao sujeito, que indica

Ideal

que esse último não pôde recobrir essa dimensão da estruturaclínica, quanto à célula

5 figura 105

elementar: “Mensagens de código e códigos de mensagem se distinguirão em formas Vejamos como opera então “tesouro do significante”, (A), e “ponto de fecha16 LACAN, ]. Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente ficudiano, op. cit. p.B20. 7 Ibid. JH Ibid,

mentodasignificação dacadeia significante”, s(A), no inconsciente e, consequentemente,

29 Thid.grifo nosso. 149

No Inconsciente o aupelto não pode ser locullzado no nível do enunciad

como se ardeulam tempo e espaço para o sujeito do Incanselento, “Porém, se nosso grafo completo nos permite situara pulsão como tesouro

tal como o elaboramos pela noção de shifter; pubdo é “onde ele é designado por melo

ronia, E o

de umalocalização orgânicas oral, anal, eto”, “segundo o eleito particular da demanda

dos significantes, sua notação (OD) mantém sua estrutura, ligando add

aque surge da demanda, quando o sujeito se desvanece nela. Que a demanda desapareça

(D), porém sem esquecer que também al “o sujeito se desvanece”, “

n pulsão de função orgânica que habita: a saber, seuartifício gramatical, tão manifesto

O orgânico, assim comprometido, tem estrutura de corte, tal como é indi cadopela noção freudiana de zona erógena, caso contrário, por exemplo; para a pulsão

nas teversões de sua articulação com a fonte tanto como com o objeto (Freud, nesse

oral deveríamos estabelecer o estômago como a zonacorporal correspondente e não as

ponto, é inesgotável)”. Essa

mimento superior direito, a pulsão e que, consequentemente, articula a pulsão à função

bordas labiais e dentais. A função do corte também permite estabelecer à estrutura do objeto da pul

do tesouro dossignificantes; porém, aqui, mais do que os significantes, são os arrifícios

são, cuja lista indica bem sua condição de parcial: seio, fezes, olhar e voz são parciais,

gramaticais os que estão em jogo. Se não são ossignificantes, mas a gramática, aquilo

devemosesclarecer, sempotisso estarmosdestinadosa serparte de nenhumatotalidade,

também, é evidente, exceto queficao corte, pois

se permanece presente noquedistingue

citação confirma que Lacan situa, no ponto de entrecru-

que a pulsão toma do À, então inscreve o que da linguagem é mudo, que constitui,

por mais genital que se a queira; são pare

assim, “O silêncio pulsional”.

estrutura mesma,

que perduram parciais por se

8 SULA

Osartifícios gramaticais são os únicos que nos permitem compreender a ida

Quanto ao objeto, Lacan indica-nosainda: “Umtraço comumaesses objetos

e volta implicada pelo circuito pulsional, que se apoia num “fazer” e “fazer-se”, segundo

em nossa elaboração: eles não têm imagem especular, ou, diro de outra maneira, alterida-

a estrutura de cada pulsão: sugar, cagar, olhar e ouvir. Recordemos, no texto freudiano,

de" e acrescenta uma nota de rodapé que diz: “O quejustificamos desde então por um

essadialética no “bater” e “ser batido”, do “Bate-se numa criança”. Podemosarticular duplamenteesse último à pulsão, Por um lado, o que se disse sobre os artifícios grama-

modelo topológico extraído da teoria das superfícies na amailysis sétus (nota de 1962)",

tleais é, por outro, não esqueçamos a fórmula da pulsão (80D), inscreve como um de seus temos a demanda, a respeito da qual devemos recordar: “(...) a inversão própria da

Que o objeto da pulsão não tenha imagem especular, foi antecipado no capítulo sabre o modelo óptico, quanto à não-representação, por parte de Lacan, da imagem i(a), mas somente da produzida a partir dela, por meio do espelho plano, a que é designada (a).

estrutura da demanda (...) o sujeito recebe sua própria démunila de forma invertida”.”

Continuamos sua elaboração no capítulo sobre o esquema “R”que, ao ser articulado

Situar a pulsão no ponto de entrecruzamento superior direito, permite retomar

por Lacan como plano projetivo ou cross-cap, também nos permitiu desenvolver a nos

o ponto desde ondese partiu, a oposiçãoe articulação de necessidade, demandae desejo.

ção de especularidade em topologia. Aqui, Lacan avança ainda mais, já que nos ensina

Ao esquemafeito para introduzir a lógica da relação desses três termos (cf. esquema da

que a não tem imagem especular é que, consequentemente, (a), a imagem especular,

figura 99), o grafo do desejo permite opor-lhe esse outro que se adequa ao que impõe a

funciona como sua vestimenta; essa imagem funciona como recobrimento daquilo que

experiência psicanalítica,

não tem imagem no espelho. “É a esse objeto inapreensível no espelho que a Imagem especular dá sua vestimenta. Presa capturada na rede da sombra, ("80 objeto a não

:

o) desejo

é especularizável, embora centre todo esforço de especularização. Convém intercalar aqui um comentário sobre a estrutura e relação recíproca entre as linhas intermédias das duas cadeias significantes. Ao estudar a homologia dos

pontos de entrecruzamento de ambascadeias, Lacan propõe quea relação que mantêm entre si o desejo, «4 é o fantasma (804) é homóloga àquela que mantém a imagemespe cular, (4), e o et, m, porém implicando umainversão, representadano grafo:

Necessidade figura 106

32 Td, Subversão dosujeito & dialética do desejo-no inconsciente freudiano, op. cit., p.831. 33 Ibid,

34 Ibid. p832

50

HO Ibid.

p.831-832.

ME

minceire; divre VIVE, Le transfere. op. cit, p.238, tradução pessoal.

Td,

35 Ibid. 36 Ibid,

Puros, então, organtados eapocihenmente segundo a lógica de cada pulsão: otal'c anal, articuladas à demanda, e escópica e invocante, articuladas ao desejo, Por sua vez, ao nos referktmos a me a Ma), convém articulá-los ao que dissemos (80d)

el

à (u)— eu

figura 107

sobre o grafo do desejo se construtr no redor de umfuro, O processo imaginário permite um percurso sobre o grafo que oculta essa função central do furo e é por esse motivo

que Lacan chama a esse percurso “curto-circuito”; “Esse processo imaginário que val da imagem especular [*(4)] à constituição do eu por meio do caminhoda subjetivação pelosignificante está significado em nosse grafo por meio dovetor ;(4),m, de sentido único, porém articulado duplamente, uma primeira vez em curto-circuito sobre $.I(A), e uma segunda vez na via de regresso sobre s(A).A. O que monstra que o eu somente de completa aoserarticulado não como ex [je] do discurso, mas como metonímia de sua

O grafo inscreve que o desejo se regula sobre o fantasmaassim estabelecido (...) Em relação

significação (...)”. Vejamosa representação num grafo:

coma cadeiasignificante inconsciente como constitutiva do sujeito que fala, a desejo se apre-

quanto tal numa posição que somente se pode conceber sobre a base da metonímia determinada por meio da existência da cadeia

significante (...) e que não é outra coisa que a

possibilidade de deslizamento indefinido-dossignificantes sob a continuidade da cadeia significante, Agora,

então, é na medida mesma emque certa coisa se apresenta coma revalorizando

o tipo de deslizamento infinito, o elemento dissolutivo que traz por si mesma, no sujeito, a fraginent

ignificante, que roma valor um objeto privilegiado, que detém esse deslizamen-

to infinito. Um objeto pode tomat, assim, em relação com o sujeito, esse valor essencial que constitui o fantasma fandamental*” O fantasma, ou melhor dito, seu objeto, sustenta q sujeito no desvanescimento em que é somadoporseu estatuto de sujeito de desejo. Dessa citação de Lacan, em seu

KA)

Seminário 8: A transferência, obtemos, também, uma referência à função do fantasma

como limite, limite ao deslizamento metonímico que, sem ele, tenderia ao infinito (cf.

$

figura 108

a articulação dos esquemas “Rº e “P). Com essaestrutura, o fantasma cumpre umafunção quanto ao desejo, homólogaà que cum-

Comoo circuito imaginário é percorrido sem passar pela cadeia superior, o eu

pre a imagem do corpo [/(2)] quanto ao eu (72), com exceção de que o grafo sinaliza, além

fica aprisionado na deriva dassignificações, «(A), já que sua estrutura faz com que uma

dissa, uma inversão de desconhecimentos em que se fundamrespectivamente um e outro"

significação somente remeta a outra significação. Esse circuito, enquanto tal, reproduz

Isso implica que, na via imaginária, campo do desconhecimento, essas duas

o “círculo infernal da demanda”, tal comojá o descrevemos.

telações ocultam respectivamente suas próprias estruturas em sua relação recíproca.

A localização da pulsão ao nível da cadeia inconsciente será retomada por

Convém não deixar de apontar que, ao não ter o objeto 4, imagem especular, a inversão

Lacan no Seminário 11: Os quatro conceitosfundamentais da psicaniilise, mediante outro

da posição entre 71 e i(a), tem como função quei(4) fique do lado do grafo onde « falta

giro de parafuso da noção de corre. Dirá que o inconsciente, em sua pulsação temporal,

enquanto imagem.

ou seja, em sua estrutura de abertura e fechamento, é superponível à pulsão enquanto

Os objetos a faltam como imagem especular porque são furos, é por isso que,

por exemplo, o objeto “olhar” é o mais oculto navisão já que, se há algo que não se vê no campo escópico, éo objeto à, não vemos que não se vê.

Ud, de Sómfinaire: leme VIII, Le emansora. p.201-202, tradução pessoal Wi Id Subveisão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente fieudiano, op. cit; p328 e p.891.

corte. É evidente que o que nos permite a articulação de inconsciente e pulsão é que

ambos possuem uma estrutura que implica descontinuidade topológica. Voltando à nossa análise dos pontos de entrecruzamento da cadeia superior,

39 Ibid, p.824 153

passemos ao "ponto de Fechamento da significação cha cadeia alpgohicanto”, ou seja, do ponto homólogo as(A), nm Oqueo

dito, deduzimos a impossilbieado da significação fúlica na palcos. Restasnos artleular emes desenvolvimentos com 6 complexo de castração: Da

la superior,

fo nos propõe, agora. situa-se no ponto em que toda cadela significante se honra

em fechar o clreulo de sum significação, Se há que esperar semelhante efeito da enunciação Ino consciente, aqui, será S(A), e se le

gnificante de umafalta no Outro, inerente a sua função

ser o tesouro do significante. Isso, na medida em que Outro é solicitado (Che muai?) a sponder pelo valor desse tesouro, isto é, a responder, certamente, de seu lugar na cadeiainferior, mas nos significantes constituintes da cadeia superior, dito de outra maneira, emtermos depulsão”, a mesada

lado do Outro, temos quer S(A), é um significante muito peculiar, já ques “E, enquanto

tal, impronunciável, porém, não sua operação (. vas e é “simbolizável por melo da

inerência de um (=1) no conjunto dos significantes"* Isso é equivalente ao que, em matemática, representa V=1 que, impossível de substituir-se por qualquer algarismo, já

que todo número elevado ao quadradose positiviza, pode igualmente sustentar o que ras se disse dele por último. É, enquanto tal, “(...) significante dafalta desse símbolo (,..

aqui uminteressante problema, a relação entre s(A) e S(A). Como podem homolopar-se, se um é significação e o outro significante? “Quanto a nós, partiremos

sem esquecer que essa falta é falta no Ourro e, por isso, pode serdesignada como: não

daquilo quea sigla S(A) articula: ser, em primeiro lugar, um significante” * “[S(A)],

Além disso, na outra face do complexo de castração, temos que: “(..,) 0 gozo

esse significanteserá, pois, o significante para o qual todos os outros significantes represema o sujeito: ouseja, na falta desse significante, todos os demais não representariam

está proibido a quem fala enquanto tal, ou também que não pode dizer-se a não ser entre linhas, seja quem quer que seja, sujeito da Lei, posto que a Lei se fundajustamente

nada!

Como diz Lacannacitação anterior, ambos são resposta do valor do tesouro do

nessa proibição”. É por meio da Lei que o significante fálico, O, pode ser também o

slgnificante, Isto é, para que se produza a significação do Outro, s(A), todo significante

“significante do gozo”, Resta dizer que também falo se articula à “(...) função imaginária

fará referência a esse, Oque o grafo indica da seguinte maneira:

da castração (...)"*, porém, nesse caso, não enquanto significante, mas enquanto (up),

há Outro do Outro.

O lado esquerdo do grafo pode ser designado como o lado das respostas a S(A) (embora não se deva esquecer que i(4) está do lado direito, porém é também uma resposta). Nesse lado, temos T(A), como última resposta. Por que é a última? Por que I(A) está nessa posição?

(8a) À

d

se

KA) está como último termo do lado das respostas do grafo porque, dessa

maneira, Lacan nos permite articulá-lo com a função do “traço unário” que, no extremo

do grafo, indica sua função inaugural na identificação do sujeito. Como último termo, está no mesmonível que $, porém, comoas funções de (A) e de $ são contrárias, não figura 109

as une nenhum vetor (cÊ. Seminário 9: A identificação, lições 02 e 03). O Ideal simbólico já não é “do eu”, como em Freud, mas é do Qutro, (A),

A cadeia superior determina as significações produzidas na inferior, porém,

e enquanto ral, há que tomar como anulação da castração que S(A) inscreve; anulação

o grafo indica claramente que não se articulam significações na cadeia superior. Assim,

indicada por meio do fato de que passamos de (A) para (A), anulação da castraçãosim

conclui-se um processo de esvaziamento do inconsciente. Se já dissemos que $0D, a pulsão, searticula à demanda, não implica os significantes, então S(A), implica o esva-

bólica por meio de um elemento simbólico. “(...) um significante como insígnia dessa onipotência (...)”*º (cf. o elaboramosno capítulo sobre o esquema “R”, especialmente

ramento de significações do inconsciente.

o que foi dito sobre o esquema “T”), Finalmente, tratemos do fantasma e de sua relação com o desejo. (404)

Para o caso da neurose, então, S(A) determina s(A), e tendo esse último o

estatuto de significação fálica, convém articular aqui como umafunção possível de S(A),

simboliza o momento de uma elipse do sujeito, “(...) por só ser indicável no fading

o significante fálico, D. Visto que o andar superior não opera na psicose, o que já foi

43 44 5 46 47 48

10 Ibi, p.833, HE Abi, 1

Aid,

Ibid. Ibid. Tbid. Ibid., p.836. Ibid., p.840. Thid, p822.

enunciação”,

mn relação com olugar do objeto a O) desejo reune sobre ele, mas de

Os quadro termos que Lacan escreve nobre essas quatro arestas, o Indlenm assim

uma forma imaginarizada, “O fantasma, em sua estrutura definida por nós, contém o Ep), funiç to imaginária da castração, sob uma forma oculta e reversível de um de seus

termos do outro, Isto é, (,..) imaginariza (se nos permitem esse termo) alternadamente Gong

umde seus termos emrelação ao outro” *Ou seja, a função do fantasma — e, porisso,

Castração

hd que atravessá-lo na direção de umtratamento psicanalítico = é imaginarizar a falta estrutural, seja a falta do sujeito ou a falta do objeto. No fantasma, (-q) cai, seja do lado do %, seja do lado do a. Se o fantasma imaginariza a castração, então se substitui

Significante

a 564), Naperversão, se “(...) institui o predomínio, nolugar privilegiado do gozo, do objeto a

fantasma que substitui o A”, Por sua vez, “(...) o neurótico, em realidade,

o histérico, o obsessivo, ou mais radicalmente, o fóbico, é aquele que identifica a falta

do Outro comsua demanda, P com Dº Subsritui também S(A), em sua vertente do figura 111

alnificante É álico, pela demanda do outro. O neurótico, em lugar de desejar o desejo do Outro, demandaa demanda do Ourro, o que facilita que, em seu tratamento,se oculte

a angústia diante do desejo do Qutro por detrás da frustração, inerente à demanda e não ao desej

A fim de concluir, resta responder à pergunta que formulamos acima: como devem unir-se as arestas que partem dos quatro vértices de entrecruzamento? Cremos

que a resposta correta é a que propõem Rinty D'Angelo, Eduardo Carbajal e Alberto Marchilli em Upaintrodução à Lacan. É a resposta que faz do grafo do desejo um grafo »

Distinguem-se, na cadeia significante inferior, “significante” e “voz”; na cadela

superior, “gozo”e “castração”, o queé lógico unir dessa forma: voz enquanto objeto pulsional com gozo,e significante com castração,indicando,assim,que a perda de satislição implicada pela pulsão no ser falanre está diretamente em conexão com significante,

A estrutura que proponho como a resultante da conexão dasarestas pendentes é a do “oito interior”:

não planar:

figura 112

figura 110 (0 Ibid., 7.83] mo Ih, 833,

MD Ibkd, p.838,

Que “voz” e “gozo” se ponham em conexão, ao unirem as arestas pendentes,

mediante a estrurura do oiro interior, permite articular, no grafo do desejo, a função do supereu. Suas propriedades de mandar gozare proibir o gozo ficam implicadas, ao unir o lugar do A e do S(A). Sua representação, no grafo, seria a seguinte:

Gozo

conclusões

Supereu a

Quisera somente selar o vpode incitamento que pode impor nossa topologia estrutural, (Jacques Lacan, O

figura 113

aturdito, p. 58)

in, no Seminério 11, após elaborar o pseudo paradoxo do “eu minto” com as duas cadeias do grafo, nos propõe entendé-lo assim; “Essa imagemnos

ermite

Realizou-se, nesse livro, um percurso parcial no seio da obra de Jacques Lacan,

higurar o desejo como lugar da junção do campo da demanda, onde se presentificamas stncopes do inconsciente, com a realidade sexual”? o mesmo propósito que se manifesta

Apresentamos e analisamos muitas das noções psicanalíticas que esse autor introduziu

em seu grafo,

e tirou do esquecimento em que haviam caído ou, fundamentalmente, releu desde a

Apesar da colocação em continuidade de ambas as cadeias sob a estrutura

perspectiva de um retorno ao fo subversivo, quanto à concepção do sujeito, dotexto

da oito interior, não devemos esquecer que entre ambas permanece o furo; o furo que,

freudiano.

enquanto tal, impede que ambas cadeias sejam homorópicas, ou seja, por deformação contínua de uma, não se pode soprepó-la à outra, As duas cadeias jamais farão umcírculo.

Também analisamos os instrumentos dos quais Lacan se apropriou e legou aos psicanalistas para aprofundar, cada vez mais, sua condição e posição psicanalíric;

Há outras vantagens de conceberqueas arestas pendentes do grafo do desejo se unem em “oitointerior”, São as seguintes: a) a união em oiro interiorresolve o problema do início e do término de cada cadeia ao pô-las em continuidade; caso contrário, deve-

sempre em perigo de desaparecerem. Tentou-se demonstrar que esses instrumentos — aqui modelos, esquemas e

ramos responder como é quandose inicia e termina cada cadeia, e à clínica psicanalítica

grafos — foram concebidos por Lacan com o propósito de que a estrutura dos mesmos se aproxime cada vez mais da estrutura do sujeito com o qual opera a psicanálise,

contradiz a possibilidade de um início e de um rétmino para as cadeias; b) o fato de que

É um fato irrefutável que Lacansustentou que todo passo que se realiza na

as cadeias se unam em oito interior resolve o problema da relação dos dois intervalos,

teoria psicanalítica, mais além de seu conteúdo, afasta o psicanalista de sua verdadeira

a saber, o intervalo entre os significantes e o intervalo entre as cadeias, ao colocar esses

função, se a estrutura do passo e a posição em que fica aquele que o enuncia, não se

dois intervalos em continuidade; c) o oito interior articula demanda & desejo, já que é em “oito interior” que podemos articular as duas voltas, de estrutura totalmente distin-

aproxima da estrutura do sujeito.

ta, que se pode dar no toro, Lacan não somente as aproveita para articular demanda e

esse propósito de Lacan e que, ademais, a passagem de uns à outros o confirma, Cada um deles se aproxima cada vez mais, em sua estrutura e na posição de enunciação em quefica aquele que o enuncia, do núcleo roralmente peculiar da práxis psicanalítica,

descjo, mas também para articular desejo do sujeito e demanda do Ourro.

Modelos, esquemas e grafos são produções que, cada uma delas, demonstram

O percurso realizado nesse livro é parcial em vários sentidos. Fundamentalmente, o é porque a posição de Lacan que acabamos de explicitar, e sua elaboração LACAN, |, Sexrinário 11: Os quatro conceitosfindimenteis de psicanálise. Zahar, p.163

consequente, se estendem mais além do ponto em que culminam essas páginas. Fica

Fora à analise das supertcies topológicas em sua utilização ma paleandliso, outro tanto, com respeito aos nós, Devem ser encontradas as causas que justificam o passo do grafo

de desejo às superfícies topológicas e dessas aos nós, Finalmente, o quefica nestelivro é a resposta a uma pergunta, que não se

chegou a formular nele, com respeito ao uso que Lacan faz da topologia: em que se

referências bibliográficas

distingue a utilização que dela fazem os matemáticos? A citação de “O aturdito” é uma indicação, entre outras, que nos deixou seu autor, com respeito a 1) que a pergunta deve ser formulada: “nossa topologia estrutural em queconsiste?” e 2) sua possível resposta: “nossa topologia estrutural”,

À classificação de topologias que já comentamos, devemos agregar a “topologia

estrutural” que Lacan propôs, para que a psicanálise siga consistindo em umaverdadeira subversão do sujeiro?

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