Para além da Identidade: fluxos, movimentos e trânsitos 978-85-7041-853-1

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Para além da Identidade: fluxos, movimentos e trânsitos
 978-85-7041-853-1

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PARA AlÉM DA IDENTIDADE FlUXOS, MOVIMENTOS ETRÂNSITOS UNIVERSJDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Rmi::w Ronaldo Clélío Campolina Diniz Vicr-Rr.rn::iii.A Rocksane de Carvalho Norcon

EDITORA UFMG

DiKEroR Wander Melo Miranda Vicr-Ü!RfTOaA Sih-·ana Cóser

~ ~ LttícW !fraga UEPG

CO!"SELHO EDITORIAL

Wander Meto Miranda (presidence) Flávio de Lemos Carsalade

HeloW Maria Murgel Starling Márcio Gomes Soares Maria

das GtaÇllS Santa Bárbara

Maria Helena Damasceno e Silva Megale

Paulo Sérgio Lacerda Beirão Silvana Cóser

Belo Horizonte Editora l.'F!\IG 2010

e 2010, Os autores e 2010, Editora UFMG

SUMÁRIO

E.o,

INTRODUÇÃO

lden1idade e Scxio:'Wde, realizado no Rio de janeiro em 2006. Inclui bibl.iografm.

A EXPERIÊNCIA IDENTITÁRIA NA LÓGICA DOS FLUXOS

ISBN: 978-85-7041-853-1

Uma lente para se compreender a vida socíal

L Sociologia - ~. 2. Linguistirn. 3- Idemidade Sre as sexualidades. ao mostrar os desejos como processos de trânsito contínuo. Os dados da interação em sala cie aula analisados mostram rnicromovimentos discursiYos, que índicam tent.am·as da parte dos alunos de questionar a lógica da heteronormati\idade. Esperamos que os capírulos que seguem façam pensar a \"ida socia.I na. lógica do uânsiro, oo fluxo e do mO\imento, colaborando para que cal insuumental teórico-analítico possa ser inspirador àe outras pesquisas, ao passo que também possa contribuir para desaiticu1ar 00015 homogeneizadoras e binarizadas sobre quem somos. Tal caminho pode contribuir para a construç.lo de

discursos alternativos e inovadores para a vida social, para além da identidade.

NOTAS 1

SKLIAR, 2003, p. 55.

2

SKLIAR, 2003, p. 95.

'

BHABHA, 1998, p. 23.

4

APPADURAI, 2001, p. 5.

~ FABRÍCIO, 2006, p. 46. 6

ROLNJK, 1997.

1

TOLENTINO, 2007, p. 28.

REFERÊNCIAS APPADURAI, A. Modernityatlarge: Culturnl noma da obra, mas sobre a relação fruitiva entre ela e seus possíveis receptores. O resultado, uma obra indefinida, plurívoc1, alwrta Sl' okrece ao leitor como 55

fei'S pressupostos. para nào desistir da escrita de histórias da literatura, tradicionalmente configur.i.das em modelos de linearidade temporal, seguindo uma classificação em épocas ou gerações? Entre diversos experimentos historiográficos em sintonia com essas novas posturns e pressupostos alterados, a Columbia litera1)' bistory of tbe Cnited States pennite ilustrar o nm·o cenário de questões teóricas. Os editores da obra coletiva - entre eles, T. Eliott - diferern.iam o seu projeto de propostas anteriores, pela escolha de uma metáforJ arquitetônica emblemática. 18 Essa nm·a história da liter:itura. poc eles entendida como modest(rpostmodem (modescameme pós-moderna), é construída fonnalmente segundo o mooelo de uma galeria de arte. Yãrias entradas disponfreis garantem o acesso a diversos corredores, que p:xlem ser percorridos ou não. Em Cúfltr.L"ile com outras histórias, de caráter monumental e optando por um modo de represemaçào linear e unifonne do passado, o5 seus princípios esuuturais acentuam d.i,·ersidade, complexidade e contingência, portanto, padrões avessos a perspectivas glotx1ís. homogeneizantes. A partir desses compromissos, os editores assumem as contribuições dos distintos autores em sua forma original sem inte1vençào sintetizadora que possa tr.msfomiar a coktânea de autoria e oompromi.ssos teóricc6 e escéticos diYersos em narrdti\-a linear e coereme. Ao leitor, pennite-se, dessa forma, .a experiência paradoxal do confronto com elemt:ntos arti· rulados aleatoriamerne numa esuurura sem síntese sem início e sem fün, condizeru:e, portanto, com hipóleses e diagnósticos n:"\..'"'enl.eS. Assim lemos. por exemplo, que hoje inexistem \"i..";(:.es uniformes de uma identidade nacional e, por conseguinte. é preciso represeruar a multiplicidade coexiteme das persJX"-1.i' as da uwest:igaçào COOlemporânea, reprimindo o dest-jo de \"ê-las

unificadas. Nesse sentido, comparecem, lado a lado, tanto autores da linhagem canonizada e autores de tradiçôes tão divergentes, quanto escritoras e escritores índo-amerícanos, afro-americanos, sino-americanos, hispano-americanos e judcu-amcricanos. 19 Uma situação que obviamente proíbe falar de uma única história da literatura americana, o que o próprio título exibe com ênfase pela substituição da "História da literatura americand' por ~História da literatura dos Estados Unidos'. Por outro lado, os editores homenageiam com esse projeto as mudanças fundamentais ocorridas nas tendências teóricas dos estudos de literatura desde os anos 1960, motivadas, entre outras, por provcx:açôes alemãs, francesas, inglesas e americanas, no campo dos pressupostos teóricos e epistemológicos, que transformaram o ambiente da discussão acadêmica em cenário aberto e flexível. Portanto, o livro historiográfico é concebido para produzir efeitos de heterogeneidade e dispersão, ao problematizar as categorias tradicionais da maioria das histórias de literatura, que, ao contrário, proturam a síntese. E é precisamente essa opção que diferencia esse e outros experimentos de historiografia literária das marcas tradicionais dos congêneres anteriores, tanto em sua proposta temática quanto estrutural. E, desse modo, leitores leigos e profissionais - são estimulados a compor o seu próprio menu individual e a participar de um circuito comunicativo por princípio aberto e interativo. Em suma, trata-se, em última análise, da transformação em prática historiográfica das reflexões epistemológicas, teóricas e metodológicas que mobilizaram teóricos e historiadores da literntura nas últimas década...4.Ul..l\.US capazes de descTe\-er

essas configur.i.ções

~ reo:mes, Jnaocadas pelo pref1xo tran.s. de modo nu is a..:lã:f:.ado à sua crescente complexidade e mobil.ídade? Olnmderi..-= -

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.. .........111.'llane Hei.bach, lileraturim l11Jeme1tLl1er:uur.i. na miema: ), ilustra de modo exemplar as difi.rukhdes de um

teórico da literatura diante dessa literatura digital e os riscos de tomar invisível o objeto sob investigação por um olhar míope. A sua proposta sugere uma teoria de hipertextos e hipermídía em constante elaboração, verificação e modificação, a partir da análise empírica de experimentos concretos que hoje circulam na rede digital da internet. Esse projeto teórico em movimento, intitulado pela autora como Teoria e Prátíca de urna Estétíca Cooperativa, acentua a necessidade de se elaborarem métodos híbridos, flexíveis, em constante diálogo com a empiria, o que permite tematizar e discutir os procedimentos da ,investigaçà.o científica com relação às formas alteradas de uma literatura cuia casa deixou de ser o livro impresso aprisionado entre duas capas. Nesse limiar entre teoria e prática, emergem momentos de tensão que acompanham a construção de uma moldura heurística para as análises concretas da literatura digital. Segundo a autora, a proposta precisa ser entendida a partir da ênfase sobre o conceito de oscilação, que permite compreender as novas formas de expressão de hipertextos literários como movimentos oscilantes entre diversos sistemas semióticos. Nessa ótica, enfraquece-se, igualmente, o potencial explicativo de teorias fundadas sobre a articulação entre figura e fundo apropriadas da psicologia ela gestalt, que, embora tematizando a instabilídade da percepção visual na construção de imagens a partir do movimento ocular do switch, não abrangem as transformações do devir contínuo, que caracterizam as experiências com imagens moventes animadas pelo computador. Estas demandam uma teorização que leva em conta novos movimentos de expansão baseados na dinamicidade constante. 23 O movimento de oscilação permite fundar os novos fenômenos literários eletrônicos no modelo dinâmico do movimento, porque ele corresponde ao processo infinito entre diversos níveis, que cria algo novo a partir dos jogos ccx)perativos dos sistemas sociais, midiáticos e técnicos articulados pelo computador. Os cenários construíibilidade todo o tempo pel - · , o contrano, como se afirmou reiteradamente poderá recuar, de modo insondável, sob a mesma luz da sobre~ -exposiçã E d. :- · · o. sta mam1ca - que às vezes se transforma numa dialétka-con'>pira contra todo conteúdo "próprio" e designado. As questões-.e seus fr"""'"tos ~ · 'bli ~...... - 5erd0, assim, pu cos ou privados, segundoª"' c1rcun'>tâ.ncias e os modos de sua construção.i

52

os exemplos do dLcl ·::1 produção, da escolarização e do lazer aiiemido, Banharno-nr ).Sassinados no Brasil no ano passado. A cidade não para. Passam os ônibus, e o ritmo da ooate se desfaz; queremos, agora, pensar e pesquisar sobre a violência em relação às minorias sexuais no contexto do estado do Rio de Janeiro.

que percebamo...'> imagens de expenencia, como aquelas que dizem respeito às sexualidades periféricas. Experiência não é 0 que garante um reencontro do sujeito que doa o sentido ao que se realiza. Experiência, na acepção dos autores citados, é o que pennite um reconhecimento-desprendimento da própria história. Reconhecer o presente pem1ite um desprendimento em relação a ele mesmo. É o que afim1a Benjamin em sua reflexão sobre a ciência histórica:

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Os acontecimentos que cercam o historiador, e dos quais ele mesmo participa, estarlo na base de sua apresentação como um texto escrito com tinta invisível. A história que ele submete ao leitor constitui, por assim dizer, as citações desse texto, e somente elas se apresentam de uma maneira legível parn todos. Escrever a história significa, portanto, citar a história. Ora, no conceito de citação está implícito que o objeto histórico em questão seja arrancado de seu contexto. 16

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NOTAS

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Arrancar o objeto de seu contexto significa citá-lo, buscando uma fisionomia das épocas históricas. Mas tal fisionomia só se constrói através de um movimento de supressão da história contínua. No texto, a atualidade se confronta, como imagem, ao continuísmo e às concepções cronológicas do que se entende por temporalidade histórica. Objetos arrancados de seu contexto necessitam de uma interpretação renovada da história. Assim também quando se produz um obstáculo a uma história que determina nossas ações e nossos sentimentos. No caso em questão, o que determina o reconhecimento dos indivíduos que se relacionam com outros do mesmo sexo? Resta buscar não o reconhecimento através de um trabalho de detetive, mas as trilhas do que permitiu uma outra ÍOffi1a de se relacionar com a vida e com o tempo. A diluição de si na experiência possivelmente significa uma resistência ao nominalismo de alguns movimentos sociais e do discurso científicizante. Portanto, as imagens sugeridas não indicam uma representação ociosa da história em que a experiência cotidiana ficaria totalmente diluída na temporalidade oficial. As imagens sugeridas indicam a tensão produzida pelo confronto de existências cotidianas com o próprio tempo histórico. O lazer que une as imagens permite urna distensão a quem viveu os momentos narrados e ao próprio nzlfrndor das imagens.

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1

BENJAMIN, 1993a, P- 113.

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Flanerie, neste contexto, se refere a uma forma de caminhar na cidade. atendo--se aos aspectos históricos e mesmo subjetivos que identificam uma determinada época. Obviamente que o sentido de j7ani>rie é superado na obra de Charles Baudelaire. O "andar atento - na cidade ensejou um método nos estudos de Walter Benjamin sobre a modernidade. e o autor considera que Baudelaire lhe tenha fornecido a imagem mais forte de uma atenção sensível ao caráter de novidade e de tr.u1sit0Iiedade em questão no século XIX.

3

BThJAMIN, 1993b.

4

CLARK, 2004.

5

CLARK, 2004, p. 318.

6

FOUCAULT, 2004.

7

FOUCAULT, 2004, p. 119-120.

8

FOUCAULT, 2004, p. 122.

9

CT.AR.K, 2004.

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to BENJAMIN, 1993a. 11

AGAMBEN, 2005 .

u Fonna de tempo inaugur,1da fnr.1 d:ts amarr.1:; d:1 çmnologia \·igt'IHt'. Trata-se do momento em que uma época passada t•ntr:t em conmicos. a imaginarem como as conversas sobre as sexualidades em contextos de letramenrns podem ser transformadas em ati\·idades pedagógicas rde\·:mtl'S e em oportunidades de aprendizagem que enn>lYam o questionamento de ideias naturalizadas sobre a vida scóJI. '.\osso trabalho é uma tentativa de contribuir par.i esse empn.:erKlimemu: conceber e investigar a operacionalizaç~1o de tarefas educacionais de letrJmento, as quais, ao lidarem com o repertório de significado dos alunos e com crenç·as do senso comum. ohjeti,·am desesrabilízar. em algum nível, ~·rct'N;ôt·s normalízJd:ts das x·xualidades

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1

que não consideram os modos polimorfos de experimentar formas de vida social e de desejo.

A TEORIZAÇÃO PARA A AÇÃO PEDAGÓGICA

Em vez de compreender os gêneros e os desejos sexuais de modo essendalizado, com base na lógica hetcronormativa na

É nossa crença que a implementação de transformações em

contextos educacionais deve ser orientada por princípios teóricos explícitos. Neste estudo, seguimos um arcabouço interdisciplinar em face da complexidade das questões envolvidas, associando visões discursivas das sexualidades na linha de teorias queer e uma perspectiva do discurso e do letramento como práticas sociais. Com base nas concepções dos chamados Novos Estudos do Letramento, concebemos o letramento como uma miríade de práticas de construção de significado por meio das quais os participantes, conjuntamente, aprendem a abordar textos midiáticos, entre outros, como artefatos culturais.

ótica queer, eles são concebidos como múltiplos,

e contraditórios, não fazendo coincidir gênero e desejo sexual pelo sexo oposto. Desnormatiza-se, assim, qualquer direção normativa para a sexualidade. Não haveria, portanto, nenhuma essência do gênero e da sexualidade nem tampouco um destino de gênero e sexualidade para quem quer que seja, o que não quer dizer, por outro lado, que tais destinos não possam ser perseguidos, por motivos variados, como aqueles de natureza política evidenciados nos grupos de liberação homossexual. As construções do gênero e da sexualidade que nos orientam seriam dependentes dos discursos a que temos acesso em práticas discursivas diferentes. 13 Além disso, a_,, se1lS ,-.akJres

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Dar inído ao projeto com a problematização do que é considerado o cerne de nossa identídade pode facilitar o caminho para o abalo de outras crenças socioculturalmente solidificadas acerca de quem somos. Cabe lembrar que a ideia norteadora dos procedimentos acima se afasta da perspectiva da simples aceitação ou tolerância da diferença, já que, com base nos princípios da teorização queer, se deseja questionar a lógica da heteronormatividade, não havendo lug'J.r, portanto, parn a ideia de tolerância fundada na legitimidade da norma heterossexual. Ao contrário, as estratégias propostas visam conduzir jovens alunos aos primeiros passos em direção ao exame dos processos de nomeação, construção, classificação e hierarquização das diferenças, bem como dos modos pelos quais certas características físicas, comportamentais e socioculturais passam a defini-las. Além disso, elas têm por objetivo familiarizar alunos de 10 a 12 anos com a ideia de que as sexualidades e os gêneros são produzidos em nossas práticas discursivas, tendo uma natureza fluida - na verdade, trata-se de uma tentativa de engajar crianças em uma prática problematizadora dos efeitos e embates de sentido implicados em nossas escolhas semióticas diárias e na forma como usamos a linguagem.

AS AULAS Como apontado anteriormente, as nove aulas registradas em áudio e vídeo se desenvolveram em tomo de materiais e procedimentos metodológicos elaborados pelos pesquisadores em colabornção com Lívia. Fez parte desse trabalho cooperativo inicial a preparação de um conjunto de atividades reflexivas sohre ideias naturalizadas de sexualidades. Todas as aulas foram encaminhadas colaborativamente, tendo Lívia e um dos pesquisadores se alternado na condução das atividades. A professora decidiu que, pelo menos nas primeiras aulas, a interação deveria ser mais controlada, já que os alunos não estavam habituados à prática de debates em grupo, sobretudo nas primeiras aulas da 5" série. Ela também sugeriu que um dos pesquisadores guiasse as discussões e organizasse o sistema de troca de turnos de forma didática, tornando-a gradualmente mais dinâmica, já que sua expectativa era a de que os alunos falariam todos ao mesmo tempo e tratariam o tema focalizado de maneira

jocosa, o que se comprovou. O entusiasmo e a ansíedade dos estudantes em participar ativamente trouxeram, a princípío, uma série de dificuldades interacionais, frequentemente pro:indo muito barulho e ruído. A professora contornava a situação elevando o tom de voz, retomando o controle da participação dos alunos e constantemente redirecionando a atenção dos mesmos para o tema centra) da aula. Tais aspcc.1os levaram os pesquisadores a adotarem determinadas convenções de transcríçâ()-.il (como, rx)r exemplo, tom de voz, engatamentos, sobrerx>síções, pausas e sinalizações não veibaL'i) que pudessem captar a dinâmica ctio de màos d.:1di:-.

4° quadrinho

-

l"m dos meninos diz: -Qut:: boiob.s!" O omro ri;

·tta. h.a.

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9' quadrinho

l-m dos merunos: -Yocê nu. ci.r.i! Que boiolas'"

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.\torai: As leis mudam.

?> quadrinho

.\loral: A geme discrirruru o blrJ.nho.

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.\Jora.I: :'l>ingu('m aceita

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.\Joral: EJes rUO esUO 3Cdtmdo :l lei :.mtr)'!:L

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Os gregos. segur.indo um tipo Je :imu e t•m um;i :nitude ,

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a cuiturJ. do pn >x.11110_

ameaç:ldor:i: -\·:imos lutar. Os meninos bri-.íleiros: -:--;Jo. unur;..

1

corr~·r'-

Os go=gos: -Qutípo negativo

da homossexualidade em diferentes momentos: na reação inicial dos viajantes no tempo em relação aos gregos de mãos dadas e na reação dos gregos que classificam os meninos de ~peidões~, em referência ao fato de se acovardarem e se recusarem a lutar. Ambas as imagens estão ligadas a ideias de norma, desvio e comportamento desejável - algo como homens reais não tiram o corpo fora. Dessa forma, o binarismo homossexual/heterossexual é mantido, sendo o conceito de masculinidade concebido como inerentemente heterossexual, o que delíneia uma dinâmica oscilatória entre significados essencializados e pequenas desestabilizações de tais significados.

CONSTRUINDO NOVAS SOCIABILIDADES A análise nos fornece modos por meio do..o;; quais podemos compreender o que acontece quando tent~unos questionar/ desnaturalizar visões solidificadas da vida socül. As dificukbdes encontradas por professores e alunos ao encaminharem essa tarefa chama a atenção para sua importância: alunos de 10 a 12 ãnos parecem já ter desenvolvido ncw;ôes hem sediment1d~1s sobre as sexualidades e as masculinidad1:s, sarwndo operar dentro do binário heterosexual/homo1'1'exual - que discingut.·rn claramente.

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de formas de vida consensuais. A simplicidade de uma S. ,.J.O :'Uu.J.e e tr-t'.>".c.D• 1 e :-- ·' io::. ,. ''"""·· e se:nuliJ:.Wc. Seus últ.rnüs Ll• ros slo 5aúck'. m1~úht, e d:...x·:a-sn médico ( 1999 l e Ética. traha:ho e suh;.:rn kkkÍc' 1 2•:• 'D '· -

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