Trabalho imaterial e teoría do valor em Marx: semelhanças ocultas e nexos necessários 9788577432264

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Trabalho imaterial e teoría do valor em Marx: semelhanças ocultas e nexos necessários
 9788577432264

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TRABALHO IMATERIAL E

T E O R IA

DO

VALOR

EM

MARX

VINÍCIUS OLIVEIRA SANTOS

express^0

POPULAR 

 

Este

livro

questão

traz

do

um

estudo

trabalho

teórico

imaterial

a

sobre partir

a de

categorias marxianas, presentes sobretudo em O capital   e no Capítulo VI inédito de O  capital.   O autor mantém aqui uma polêmica

com

os

teóricos

do

trabalho

imaterial

que

questionam a validade da teoria do valor desenvolvida por K. Marx, seja pelo excessivo conteúdo objetivista das obras mencionadas, seja pela suposta superação das categorias centrais ali presentes (valor, mais valia,

entre

outras)

devido

aos

elementos

impulsionados pelo aumento da presença do trabalho

imaterial

  885

na

produção.

432264

 

Este livro é um dos mais qualificados estudos sobre as formulações oferecidas por Marx acerca do chamado trabalho imaterial.

Partimos da hipótese de que, ao contrário da tão divulgada (quanto equivocada) tese da finitude da lei do valor, o capitalismo de fato vem apresentando um processo multi forme, no qual informalidade, precarização, materialidade e imaterialidade são mecanismos vitais tanto para a  p r e s e r v a ç ã o   quanto para a ampliação da lei   do valor.

Assim, ao mesmo tempo que a informalidade deixa de ser a exceção para (tend encialmente) tornarse a regra, a conhecida ampliação das atividades dotadas de maior dimensão imaterial, especialmente nas mais i n f o r m a t i z a d a s , n as c h a m a das tecnologias de informação e comunicação presentes de modo crescente nos serviços  p r i v a t i z a d o s   e merca do riza do s,   configurase como um elemento no vo e central para uma real compreensão dos novos mecan i s mque o s dperda o valo oje. Meno do der h relevância das teoria do valor, estamos, então, presenciando novas formas de sua vigência, configurando mecanismos complexos de extração da maisvalia também nas esferas da produção não material, para usar uma con ceitualização seminal oferecida por Marx. t r aS bea l hpoa riemcaet e rei vail d    enn ã ot e s eq uceo noverteu em elemento dominante,  

ele as su me pa pape pell cres ce nte na conformação do valor, uma vez que é  p a r t e   d a a r t i c u l a ç ã o r e 

»

 

lacional entre distintas modalidades de trabal ho vi vo   em interação com o trabalho morto,   partícipe portanto do processo d e v a l o r i z a ç ã o d o v a l o rr.. São "órgã os d do o cérebro humano  logrado pelas mãos humanas" 

(conforme a caracterização de Marx nos Crundrisse),   o b r i g a n donos a compreender as novas dimensões e configurações da lei do valor. Aqui reside o mérito maior d este livro . Ao caminhar pelo s difíceis atalhos oferecidos por Marx, o autor enfrenta temas complexos, dos quais podemos mencionar: os limites das teses que d efend em a intangibilid ad e do t r a b a l h o i m a t e r i a l e e,, p o r isso, a incapacidade de concebêlo como parte do valor; o pseudoproblema da quantificação d o valo r em O capital:   as conexões existentes entre trabalho produtivo, materialidade e imaterialidade tanto em Marx co mo no pensamento d a eco no mia po lítica prémarxiana; a exploração da capacidade de trabalho socialmente combinada:  a

produção de valor para além da fábrica, presente na noção ampliada de indústria o ferecid a po r Marx; a questão da circulação e o caso particular da indústria de transportes, dentre outros. P or or c e r t o , s e m u i t o a i n d a há que se fazer para a compreensão deste tema vital, este livro é ponto de partida d e primeira qualid ad e. Ricardo

Antunes

 

Copyright opyright © 201 2013, by Editor Editora a Expressã xpressão o Popular  Revisão: M  Mar aria ia E la lain inee Andreo And reoti, ti, A n a Crist Cr istin ina a Teixeir Teixeira a e M ig igue uell Yoshida Yoshida  Projeto gráfico: Z a p Design De sign   Capa e diagramação: Kr  Krit itss Estú E stúdio dio Imagem da capa: “A s atividades nu n u m dia normal na plantação de chá de de Mata Mat a  

 

consistem na colheita dasfo folh lhas as de chá e seu seu transporte transpo rte em cesto cestoss até at é a pesagem;

 

a esp esper era a de de u m vale correspond correspondente ente ao salário do dia (...) (... ) R u an d a , 1 9 9 1 ”. Sebastião Salgado T  Tra rabalha balhadore dores: s:

uma arqueolo arqueologi gia a da era industri ndustrial.

São Paul Paulo: o: Com panh pa nhia ia da dass Letras Letras,, 1996, 1996 , p. 54

Impressão e acabamento: Cromosete

 

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) S2 37t

Santos, Vinícius Oliveira Trabalho imateria imateriall e teoria do valor em Marx; Marx; semelhanças ocu ltas e nexos necessá necessários, rios, / Vi Vinícius nícius Olive Oliveira ira Santos— 1.ed.— 1.e d.— Sã Sãoo Paulo: Ex Expre pressã ssãoo Popula opular, r, 2013. 168 p. Indexado em GeoOados - http://www.geodados.uem.br   ISBN 978-85-7743-226-4 1. Trabalho. 2. Marxismo. I. Título. CDU 331

 ______________________________  _______________ ______________________________ ______________________________ _______________________ ________ CDD 331 Catalogação na Publi Publicaçã cação: o: Elia Eliane ne M. S. Jovan Jovanovich ovich C R B 9/1 25 0

Todo odoss os di direitos reitos reser eservados. vados. Nenhuma parte parte d desse esse liv livro ro pode ser util utiliz izada ada  ou reproduzida sem a autorização da editora. Iaedição: setemb setembro ro de 201 2013 E DITO DIT ORA EXPRE XPRESSÃO POPULAR  POPUL AR  Rua Abolição, Abolição, 201 201 - Be Bela la Vista CEP CE P 0131 013199-01 010 0 - São Paulo-SP Paulo-SP Telefon lefone e: (11) 3105 05--9500 9500// 35223522-75 751 16/ 40634063-41 4189 Fax: (11)3112-0941 [email protected]  editora.expressaopopular.com.br 

 

Para Maria, Ro Rosimar, simar, Bo Boliva livar e V itor itor

 

SUMÁRIO

Int ntr rodu odução............. ção.................... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............. .............. ............... ........... ....1 11 Capítulo Capí tulo 1—Teoria do val valor or e o problem problema a da qu quanti antifi fica caçã ção o

21

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 A apresentação do problema: a quantificação do valor  do trabalho trabalho imate materi rial al

21

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Teoria do valor e qua Teo quantita ntitativi tivism smo... o....... ........ ........ ........ ........ ........ ........ ........ ........ ........ ........ ........ ........ ........ ....... ...3 34 O pseudoproblem pseudoproblema da quantif tific icação ação do do v valor alor em O cap ital  41 . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Capítulo 2 —Trabalh Capítulo balho o imaterial aterial e mais-vali ais-valia: a: a abran angên gênci cia a da categoria trabalho pro prod dut utiivo

57

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 As  A s conexões teóricas entre trabalho produtivo e (i)mater (i)materiali alidade dade do resultado do trab trabalho alho antes de Marx  Os três níveis conceit conceituais uais do trabalho produti produtivo vo

60

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

em Mar arx x e o tr trabalh abalho o imater imaterial.. ial..... ....... ........ ........ ........ ........ ........ ........ ....... ....... ....... ....... ........ ....... ....... ....... ....... ......70 Capítulo 3—A produção produção cap capiita talista lista e o traba trabalho lho imate materi rial al

111

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

 A produção de valor para além da fábrica: a noçã noção o am ampli pliada ada de iindú ndúst stri ria a 112 Tempo de produção, tempo de ci circulaç rculação ão e o cas caso o da iind ndústr ústria de trans transpo portes rtes 122 O que que revela a fórmu fórmula la d da a indúst indústria ria de tra transportes?.. nsportes?.... .... .... .... .... .... .... .... .... .... .... .... .... ....134 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Tra rabalho balho imater imateriial e a iim mportân portânci cia a do valo valor rd de eu uso so na teor eoria de M Marx arx..... ............. ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... .............. .......1 140 Con Co nsid side eraçõ çõe es fina finais........ is................ ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ............... ........... ....1 153 Referências bibliográficas.............................................................................163

 

AGRADECIMENTOS

ostar staria ia a ag gvra radece aimpo mportante rtante o orienta rientaçã ção oede R Ra ani nier erii, bemGcomo asde as rele relev adecer ntesrs sug uge estões e in indi dicaçõ cações es ffe ita itasJesus po porr R Ric ica ardo  Anttunes e HenriqueAm  An Amo orim em dife ferrentes momentos da pesquisa que qu e rre esu sult lto ou ne neste ste li liv vro, e aEla laine ine A Andreo ndreoti ti,, pela cuid cuida ado dosa sarevisã visão o do texto. texto. Agra rade deço ço tam também bém aos pr prof ofe essore ores sE Edilson dilson Gra racio cioll lli, i, Adalberto be rto P Pa ara ranho nhos, s, E Eli lia ane Fe Ferr rre eira ira,, G ilberto ilberto Per Pere eira ira,, Paulo Gom ome es e Sér érg gio T Ta avolar laro o; aos me memb mbros ros e amigo amigos sd do o Grupo de E Estud studo os sobre O capital-, a Felipe Silva, Henrique Pasti, Igor Figueiredo, Igor Pizzotti, Lívia Moraes, Lúcio Mário, Nara Roberta, Ornar Esca scamil milla, la, Renata Sil ilv va, Ro Rodrig drigo oD Da ant nta as, S Sá ávi vio o Cavalcante e Ra Ra pha ph ael Ma Machado chado,, po porr ter terem em co contri ntribuí buído do de dif dife ere rentes ntes forma rmas; s; a aos os dema dem ais amigo migos s e fami amilliare ares s que aco comp mpanh anha aram e este ste traba traballho ho;; e à Fape Fa pesp sp e ao C CN NPq, pelo indi ndispensá spensáv vel ffo ome mento nto à pesquisa.

 

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento capitalista contemporâneo tem promo viido o c  v crrescimento do c ch hamado “setor de servi viç ços os”” e, con cons sequenteme que ntemente, nte, o aumento de postos de trabalh trabalho o cuja cuja pri princ ncip ipa al espec es pecif ifici icida dade de é a pro produçã dução o de re resultados sultados iimateria materiais: is: um se servi rviço ço,, uma in infforma rmaçã ção o, um be bem m cu culltu tural ral etc. etc. Segundo o M anual on on  stat st atist istics ics o offInternati nternatio onal trade trade in Service vices  (ONU, 2010), os serviços  def defini inido dos s com como o be bens ns in intang tangív íveis eis vendido vendidos s no me merc rca ado —são os maio ma iore res s re rece ceptore ptores sd dos os ffluxo luxos sd de e in inv vesti stimento mento in interna ternaci cio onal, se sennd o re responsá sponsáveis veis po porrde c cer erca ca dea60% dos inv inves esti time ment nto o s produti produtiv vos globais no período 2005 2007. No Brasil, os dados do Cadastro da stro G era erall de E Empre mpreg gado dos s e D ese sempre mpreg gado dos s (Ca (Caged) apo pont nta am que qu e, do mo mont nta ant nte e to tottal de e empr mpre egos ffo orma rmais is gera rado dos s no mês d de e setem se tembro bro de 2 20 011 11,, o se seto torr de se servi rviços ços cr criiou a apro prox ximada madament mente e 45% des de ste tes sn nov ovos os postos de tra trabalho balho,, e a indú dúst stri ria a 33% 33% (Mi Mini nistéri stério o do Tra raba balho lho e Empr mpre ego, 2011). A no noçã ção o que ta tais is do docume cumento ntos s tem tem do “se seto torr de se servi rviço ços” s” in incl clui ui uma ga gam ma d de e ffunções unções tais como as atividades envolvidas em transporte, marketing,  intermediação financeira, administração pública, atividades de limpeza, serviços médi mé dico cos s e de sa saúde, úde, entretenim entretenimento ento,, co comé mércio rcio,, ser serv viço iços s pes pesso soa ais etc. Portanto, por definição, o vigoroso crescimento da produção de serviços1 2é a amp mpli lia açã ção o do ttra rabalho balho im imateri aterial al e da produçã produção o imaterial no quadro social de hoje. 1 Este relatório relatório éemit emitido ido regularmente ularmente pela pela Organiz rganiza ação das das Nações ções Unida Unidas, s, o Fundo Monetário Monetá rio Internaciona cionall e a Orga rganiza nização ção Mundi Mundial al do Comércio, Comércio, em conjunto. 2 Os usos usos conte contem mporâneos neos d do o conce conceito ito de serviço têm um senti sentido do geral: diz dizem respe respe:':' a todo bem intangí intangív vel que pode se ser vendido no merca mercado do.. Ver Vere emos que, em M conceito co nceito serviço serviço assume um conteú conteúdo do dif diferente erente.. 11

 

T r a b a l h o   i m a t e r i a l   e   t e o r i a   d o   v a l o r    e m  

m a r x

Como decorrê Como decorrênci ncia a de desta sta dinâmi inâmica ca rece recente, nte, verificá rificávvel com maior intensidade a partir da antepenúltima década do século X X ,3o ,3o trabalho trabalho ima imateria terial e as temáti temática cass corre correla lata tass pass passa aram ram a chamar ch amar a atenção tenção de pensado pensadore ress de div dive ersas rsas áre área as, in inffluenci luencia ando ndo uma considerável produção acadêmica a respeito, acrescendo o debate debate sob sob ponto pontoss de vista cada vez vez mais mais reno renovvados. dos. A originalidade do debate sobre trabalho imaterial à luz do capitalismo contemporâneo cabe aos teóricos do operaismo italiano .45 Maurizio Lazzarato (2001d) atribui a tal corrente a elaboração do conceito de trabalho imaterial. Posteriormente, tal conceito foi dese desenv nvo olvido lvido por por alguns cont contin inua uado dore res, s, entre os quais quais o próprio Lazzarato. De maneira incipiente, a teoria do trabalho  imateriaP  resga   resgata alguns alguns avanço avançoss da teoria teoria d de e Marx. arx. Por Porém, há nesses escritos uma nova proposta teórica e metodológica, bem como uma revisão crítica de diversos elementos da teoria marxiana, interpretada como uma teoria do capitalismo fabril, 3 “É perc perceptível eptível també também, m, particularme particularmente nte na nass últimas últimas déca década dass do século século X XX X, uma uma signifficativa signi cativa expansão expansão dos dos assa assallari ria ados dos médio médioss no ‘seto ‘setorr d de eserviço serviços’ s’ que ini inici cialmente almente incorporou incorporo u parce parcelas las signif significati icativas vas detraba trabalh lhadores adores expu xpulsos lsos do mundo prod produtivo utivo industri dust rial al como result resultado ado do amplo amplo process processo o de reestrutura reestruturação ção p produt rodutiv iva a, das das pol polít ític icas as neoliber neoli bera ais edo cenári cenário o dedesindustrial desindustrialiização epriva privati tizaçã zação. o. Nos Nos EUA EUA, esse essecontinge contingente nte ultrapa ult rapassa ssaa casa casa dos 70 70% % (...) (...)”” (A (Antunes ntunes,, 2005, p. 77) 77). 4 Gius iuseppe ppe Cocco Cocco (200 (2001) def define o operaismo i itali taliano ano como como uma uma vertente vertente te teórica com int ntensa ensa produçã produção o nas nas décadas décadas de 1 19 950 e 19 1970 70,, e com ati ativo vo envolv envolviment imento o pol polít ítico ico nos movime movi mento ntoss soci sociais ais das déca décadas das de 1 1960 960 e 19 1970 70.. A corrente corrente operaista tinha tinha o filós filósofo ofo  An  A ntonio Negri como principal membro. 5 Tendo ndo em vista ista ess esse e re recorte, para simplif simplificar icar os term termos os da exposição xposição de deste stetrabalho, trabalho, ria a dotrabal trabalho hoiimate materi rial ale estar stare emos fazendo sempre se mprequefor mencio mencionada adesignação designação teori refferênc re erência, ia, pri princi ncipalment palmente, e, aNegri Negri,, Lazza zzarato eGorz. orz. Ess Esse esforam os autores contempocontemporâne râ neos os que, que, do ponto devista daori riginal ginaliidade das das ques questõ tões es,, mais co cont ntri ribuí buíram ramao debate rece re cente nte ssobre obretrabalho rabalho imaterial. material. A falta altade um termo termo adequa adequado do para abrigar abrigar esta estavertente ertente teóri teó rica ca nos nos levou levou a co colo locá cálo loss sob esta esta expre expressã ssão o genérica. A ri riqu quez eza ado deba debate te contemcontemporâneo porâne o sobre sobre o trabalho imateri material al nos leva a reco reconheceros limites des desta ta delimi delimitaçã tação o.  Alé  Al ém disso, não podemos deixar de salientar que a teoria de André Gor Gorz possui impo portantes dist anciamento das das ffo ocuida rmula rmulações ções doensidera Negri Neg ri ndo e La Laos zza zzatemas rato rato..sPor isso, incluí incl uílo los nortantes mesm mes modistanciame conj conjunto unto exig exintos gesalguns cuid ados. do s. Co Cde nsi derando tema debatido debatidos s aqui, as difer dif erença ençass de Negri Negri e Lazza Lazzarato em relaçã relação o a Gorz nã não o geram eram disso dissonânci nâncias as no nosso nosso argume arg umento nto,, nem descara descaract cteriz eriza am evidentes evidentes apro aproxi xima maçõ ções es entre e eles. les. 12

 

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incapaz de compreender a dinâmica do trabalho imaterial e o ciclo da produção imaterial.6 Um exame da obra de K Ka arl M Marx arx que busq busque ue elem emento entos s concernentes à imaterialidade do trabalho certamente apontará que teori oria a ssobr obree o ttrab rabalho alho im ima a teria terial  l , ou ou qu que e o auto autorr nã não o delineou delineou um uma a te este ponto nunca constituiu objeto delimitado de pesquisa na empreitada marxia preita marxiana. Em um de seus te text xto os nã não o publi publica cado dos s em vid ida a, o chamado Capít Capítulo ulo V I inédit inédito o de O capital, capital, ao disco discorrer rrer sobre os serrvi se viços ços e in incl clui uirr dete determin rmina ada das s ativ ativid ida ades da produçã produção o imaterial dentro de ntro da co conceitua nceituaçã ção o de tra trabalho balho pro produtiv dutivo o (o trabalh trabalho o pa pag go porr ca po capi pital, tal, qu que e gera valo lorr s sob ob a forma de ma mais isv valia lia), ele a affirm irma a a possibilidade de este tipo de trabalho ser explorado segundo o modo de produçã produção o capi capitali talista, sta, ma mas s ffa az u uma ma obse observa rvaçã ção o: o número número insignificante da produção imaterial na totalidade da produção capitalista capitali sta indi indica cav va, na naque quele le mome momento, nto, que “de “deve vese se pô pôrr de la lado do esses ttra rabalh balho os e tratá tratálos some somente nte a pro propó pósit sito o do ttrabalh rabalho o assassalariado laria do que nã não o é simul simultanea taneamente mente tra trabalh balho o produtiv produtivo o” (M (Ma arx rx,, 2004 20 04,, p p.. 116).  A es esse respeito, é necessário pon onttuar duas considerações: em primeiro lugar, o contexto histórico atual impõe um quadro profundamente diferente em relação àquele com que Marx se deparava: ra va: o cre crescime scimento nto dos p po ostos d de e trabalh trabalho imateriais n na a pro produçã dução o capitalista é uma tendência contemporânea.7Em segundo lugar, conf co nfo orm rme e analisa nalisaremos, remos, apes pesa ar daquela afirma rmaçã ção o, Marx de dese senv nvo ol ve  v eu impor orttantes contribuições ao tema do trabalho iim material no “O conjunto conjunto dessas te teo orias difundi difundiu use se de dentro ntro de um eix eixo o te teórico órico orientad orientado o pelas pelas novas formas ormas de exploração do trabalho trabalho na indústr indústriiaepela pelasua expansão no setor deservi serviços. ços. No entanto, nessas nov nova as análises nálises existi existia a e cont contiinua a existi existirr uma contradição contradição fundafundamental: ment al: ao mesmo smo tempo em que se impõe impõe a necessidade de negar a teori teoria a marx marxiist sta, a, entendida como teoria restri restrita ta ao industri industria alism lismo, o, recorre recorreseaos Grund rundri ris sse como obje objeti tivo vo de orientar sua suas tese teses centrais” centrais” (A (Amorim, 2006, 2006, p. 26). 26). “(•••) a ampl ampliiação de formas de trabal trabalho imateri material al torna tornase, se, portanto portanto,, out outra ra tendência tendência do sistema sistema de produçã produção o contempo contemporâ râneo, neo, uma vez vez que ele ele carece carece crescentemente crescentemente de arke eti ting ng (...) ativid ativ ida ades de pesquisa, pesquisa, comuni comunicaçã cação emark (...) (Antune (Antunes, s, 200 2007, 7, p. p. 126). 13

 

T r a b a l h o   i m a t e r i a l   e   t e o r i a   d o   v a l o r    e m   m a r x

ciclo do ca capi pital. tal. Em me meio ao de denso nso per percur curso so tteórico eórico efetua tuado do pe pelo lo auto utor, r, époss possív íve el enco encont ntra rarr dive divers rsos os elem leme ento ntos s pa para ra um di dia agnó nósti stico co do tra trabalho balho to toma mado do em sua categ catego oria de im ima aterial erialiidade e ext extra rair ir indicações de uma noção marxiana de trabalho imaterial. Marx ffo orne rnece ce um uma a no noçã ção o de trabalh trabalho o imateri material al (apes pesa ar de n nã ão chamá cha málo di dire retam tamente ente de tra traba balh lho o imateria imateriall) qua quando ndo mencio nciona na duas   possibi  poss ibili lidades dades da produçã produção o im imaterial, aterial, ou duas duas fform orma as de e ex xist istência ência do

resultado da resultado da produção imateria imateriall. A pri primeira meira dela delas s éo re resu sult lta ado de o trabalh traba lho o exi existi stirr s sepa epara rada dame mente nte do produto produtorr dire direto to,, po pode dendo ndo circular com co mo qua quallquer m merca ercado dori ria ano int ntervalo ervalo entreaproduçã produção e o consum consumo o, tais como lliv ivros, ros, qua quadro dros s e todapro produçã dução o artísti rtística caqu que e tenhaa pos poss sibilidade deexi existência stênciasepa separa rada dadaatividade d de eseu seucri cria ado dorr (M (Marx arx,, 2004 2004,, p. 119). Em tais casos, o re resulta sultado do ima matteri eria al do trabalh trabalha ado dorr imedi imedia ato necessit nece ssita a ser iinco ncorpo rpora rado do aos elem elemen enttos ma matteriai eriais s gera rado dos s po porr outros trabalh traba lha ado dore res. s. O re result sulta ado do ttra rabalh balho o de um sociólo sociólog go que conc conce ebe uma um a exp xpli lica caçã ção o da da re rea alidade nã não o é o liv livro em si, mas mas a tte eoria conti contida da no livro. livro. O liv livro é expressão da soci socia alizaçã lização o e arti rticul cula açã ção o entreo tr tra aballho do sociólo ba sociólog go, do ti tipóg pógra raffo, dos traba balhadores lhadoresqueparti partici cipara param m da impre impressã ssão et etc. c.,, em suma suma,, a co combi mbinaçã nação o de traba raballho hos s ma materiais teriais e do tra traba balho lho imaterial do pe pens nsa ador. O re resu sult lta ado iime medi dia ato do tra traba balh lho o do sociólog ociólogo o  a teoria  é ima imater teria ial, l, é uma inf inform orma ação. O consu consum mo do re resu sult lta ado de deste ste tra traba ballho se dá pela leitura. leitura. O ato consumpti consumptiv vo da leit eitura ura do liv livro só p po ode re rea aliz iza ar rse se atra través vés da int inter era açã ção o entr ntre e o leitor e o resultad resultado o da produção produção material material d da a ti tipo pog gra raffia, da grá ráffica etc. Ma Mas so consum con sumo o do liv livro ro (o a ato to de obt obte er pe pelo lo meno nos s parte da inf nfo orm rma açã ção oa alli conti co ntida da)) sedá ima imateri teria alme ment nte. e. O me mesmo smo a aco contece ntece co com m obra bras sd de ea arte rte cujjos re cu resultados sultados são qua quadro dros: s: são obj obje eto tos s ma materi teria ais co com m ca cara ract cteríst erístiicas ca s úteis úteis imate imateriais. riais. Tra rata tamos mos tta ais exemplo plos s co com mo traba traballho ima materi teria al porque ele é “o trabalho que produz o conteúdo informacional e culttural d cul da a merca mercado dori ria a” (Lazzara rato to,, 19 1992 92,, s/ p). E Esta sta nos par parece ece se serr a úniipro ún ca interpre interpreta taçã ção o ca cabív enceit l que usti ustif fique Ma Marx rx ter inse inserido rido e steunda ti tipo po de produçã dução dentro de ntro dobíve co conce ito ojde  produção não m aterial. A seg segunda possibil po ssibilidad idade ed de ee exi xistência stênciadosprodutos do tra traba balh lho o imateri material al di diz z res14

 

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peito peit o àque quellas ati ativvidades dades nas quais quais o pro produto duto não é sepa separá rávvel do ato da produçáo produçá o, tais como como os servi serviços ços m mé édi dico coss ea educa educaçã ção o escola scolar. Tra Trabalh balho o imaterial é aqui pensado levando em conta o caráter imediato e útil do produto produto d do o traba traballho (Marx Marx,, 2004, 2004, p. 119120). trabalho ho im imaterial  aterial  todo Logo, neste neste estudo, studo, ch cha amamo mamoss de trabal todo tra traba ba-lho humano cujo resu result lta ado úti útill seja seja pre predo dominanteme minantemente nte iima material, terial, mesmo me smo quando há a necessi necessida dade de de medi mediaçã ação o de obje objeto toss materi materia ais para pa ra que este traba trabalh lho o ima matterial erial se seja ja efetiv tivado enqua nquanto nto uti utilidade. ade.8 8 Na real realidade co concre ncreta, ta, não existem existem linhas rriigorosas rosas de demarcaçã demarcação o que qu epermit permitem ema disti distinção comple completaentre traba traballho material material e tra trabalh balho o ima material. terial. No ttra rabalho balho imaterial há frag ragmento mentoss detrabal trabalho ma material: terial: pode po demos mos tto omar mar co como exem xemplo plo um profe profess sso or que que,, na sua ativ tividade imaterial, consome instrumentos materiais, tais como giz, livros, ano notações tações para gera rarr o resultado inf informacio rmacional nal de sua aula. Por outro lado, lado, o traba traballho materi materia al a aba barca rca,, em dife diferentes rentes níve níveis, e exce xcertos rtos de trabal trabalho imaterial: material: to todo do tra traba balh lho o necessita necessita da in intervençã tervenção o inteintelectual do trabalhador direto, imprimindo no objeto de trabalho a medi me dia ação ção desuavonta ntade eatenção tenção vo voltada tadass à ffiinali nalidade do proce process sso. o. Estess e Este elem leme entos ntos se se objetiv bjetiva am no result resulta ado final. Desta maneira, é a prepond prepo nderâ erânci ncia a da relaçã relação o que det determi ermina, na, teoricam teoricame ente, nte, o uso das expressões trabalho material  ou trabalho imaterial. imaterialidade terialidade d do o trabalho nã Érelevanteme menci ncio onartambémqueima  não o trabalho de fruiçã  fruição, o, mas diz imp mpllicanecessa necessari ria ament mente e trabalho diz respe respeiito ao traba traba-lho lh o quegerao cont conte eúdo údo ima matterial de um bem o ou u serviço serviço,, mesmo mesmo que custe cus te ao ao trabalh trabalhado adorr gra grand ndes es es esforços. orços. Nos Grundrisse, a  ao o menci mencio onar o trabalho trabalho decom composiçã posição o (i (ima mater terial, ial, portanto portanto), ), Marx afi afirmaque, que, por maiis que e ma est sta aatividadesej sejalilivre, vre, “sã são ojust usta amente mente tra trabalho balhoss ao ao me mesmo smo tempo da maior maior seriedade e do mais intenso esforço” (Marx (Marx,, 20 2011 11,, trabalho ima imaterial  terial  aqui ut p. 50 509). 9). A noçã noção o detrabalho utiilizadapossui todos todos es estes tes senti se ntidos dos a part partiir d dos os d de esenvo senvolv lvime imento ntoss ffe eitos itos por por Marx. Marx.

“(■••) o tr trabalh abalho o imaterial material d diiz respe respeiito àpro produção dução que que não result resulta ae em m bens bens materi materiais ais ou durávveis” (Cocco; V durá Vililarim, arim, 2009, p p.. 176). 15

 

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Nas definições iniciais do que chamamos trabalho imaterial,  conceituado sob o ponto de vista principal da imaterialidade do result re sulta ado do,, po pode demos mos no notar tar qu que e há um pont ponto o de in inters terseç eçã ão entre a deffin de inição ição ext extra raíd ída a a part partiir da obra de Marx e o se sentido ntido atrib tribuído uído ao termo por parte da teor teoria ia do trabalho im imaterial. aterial. Na obra Império,  Neg egri ri e Hardt dã dão o o se seg gui uint nte e sig signi niffic ica ado à expre xpressã são: o:  A maioria dos serviços de fato baseia na permuta contínua de informa ções e conheci conhecime mentos. Como a produção de servi serviços ços não resulta em bem  mater ateriial e durável, defi definimos nimos o trabal trabalho ho envol envolvi vido do nessa produç produção ão como  trabalho imateria imateriall - ou s se eja, trabal trabalho ho que produz um be bem m im imate aterial, rial,   como com o se serviç rviço, o, produ produto to cultural, conheci conhecime mento nto ou comun comunic icação ação (N (Neg egri; ri;   Hardt, 2002, p. 311).

Esta similitude inicial percebida entre a teoria marxiana e a teoria do trabalho imaterial  to torna rnase peque pequena na em meio às múlt múltip ipllas e inco inconcil nciliá iáveis veis di differe rença nças s defundo. Os dista distancia nciame mento ntos s ttorna ornam mse se expl xplíci ícito tos s quando quando conside considera ramos mos a form rma a pe pela la qual o traba trabalh lho o iima ma-terial teri al é vi visto sto de dentro ntro da produçã produção o capi capitali talista sta de aco cordo rdo com as dua duas s  ve  v ertentes teóricas. Partindo da produção capitalista, na teoria marxiana, ana, o ttra raba balh lho o imateri materia al é de deli linea neado do com como o par parte te componente da teoria oria do trabalho imaterial, im aterial,  produção produçã o socia ciall devalor ema mais isv vali lia a. Na te ao con contrá trário rio,, o ttraba raballho imateri materia al é tratado com como o expressã expressão d da a su supe pe-raçã ra ção o de certa certas s determin determina açõ ções es d do o capi capittal nas prod produçõ uçõe escoma comandada ndadas s por e por esta sta espé spécie cie de traba traballho e/ ouco como mo de demon monstra straçã ção o dainva nvalidade atual atu al da teo teoria riado v va alo lor rtra traba balh lho o. Por e ess ssa arazã zão o, consi consider dera amos queos  nexos entre a teoria marxiana do valor e a sua explicação do trabalho  imaterial  fora fo ra m camuflados, cam uflados, de certa fo forr m a , pe pela lass interpretações d da a  teori eoria a do tr trabal abalho ho im imate aterial rial de N egri, G orz e La Lazzarato, zzarato, relegando

a maioria das formulações de Marx ao capitalismo predominantement me nte e fabril bril,, lliigado à produçã produção o ma material. terial. Neste trabalh trabalho o, a parti artirr da pesquisa rea reali liz zada para a obtenbtenção dos resultados, esboçamos outra interpretação: é necessário  clarificar as semelhanças ocultas e os nexos necessários que elucidam 

a importânci importância a central da teori eoria a do valor valor de M a rx para a análi análise se do 16

 

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Nos ssa fin ina alida lidade de prin princicitrabalho imaterial no capitalismo recente.  No pal é adent dentra rarr na análi análise se das ca categ tego orias marx marxiianas que que permi ermitem tem uma um aa av verigua eriguaçã ção o sobre trabalho imaterial  no conte contexto xto circunscrito circunscrito das da s so soci cie eda dades des onde reg regem em as leis so soci cia ais e econ econô ômicas do capi capital tal.. Tentar ntare emos expor co como mo determ determiinado nados se elem leme ento ntos s da ob obra rade Marx lev evantam antam qu que estõe stões s impo importantes rtantes para o estudo do ttra rabalho balho imaterial. Dentre algumas const construçõ ruçõe es co conceit nceitua uaiis do auto autorr que que,, a no noss sso o ve verr, municiam uma ap apre reci ciaç ação ão crítica crítica do traba trabalho lho ima im a ter teria iall no capitali capitalissconsti nstituem tuem obj bje eto direto de discuss discussã ão ne neste ste livro livro,, pode podemos mos mo e co sali sa lientar: entar: acateg catego oriavalo lorr esu sua a obj bjetiv etiviida dade de so socia cial, l, a po poss ssib ibil iliida dade de de o v va alor s se er gera rado do em a ati tiv vid ida ades iimateri materiais, ais, o ca cará ráter ter do traba traba-lho sob o domínio do capital, o critério de Marx para definir as categ ca tego oria rias s de tra traba balh lho o pro produtiv dutivo o etraba trabalh lho o improduti improdutivo vo,, o se sentido ntido de capi capital tal iind ndustri ustria al e a noção noção amp amplliada de in indústri dústria a, o tra trabalho balho  ve  v endido sob a for forma de serviços, a impor orttância das categorias de tempo de circulação e tempo de rotação. Tais elem leme ento ntos s são partes pertinentes pertinentes d da a crí críti tica ca da d a Economia Econo mia PolíPolítica levadaa ca cabo bo por por Marx e, além d disso, isso, co corpo rporif rific ica am pr  pres esssup upos osiç içõe õess  teóricas distintas em relação à teoria do trabalho imaterial. Portanto, tangencialment tang encialmente e ao noss nosso oo objetivo bjetivo p prin rinci cipal, pal, expl xpliicitar citare emos, de for or-ma brev breve, as dif difere erença nças s teó teóri ricas cas entre M Mar arx x e os auto utore res s que llev evara aram m a cabo cabo a originali originalidade dade do debate do trabalho im imater aterial ial enquan enq uanto to teor teoria ia  específica (  (pri princi ncipalmente palmente Negri, Lazzara rato to e Gorz), se sem m que a ob obra ra

dess de sse es a autores utores co const nstiitua parte d do o obj obje eto pr priinc nciipal de discussão. Em suma suma,, tra trata tase se de um e estudo studo teó teórico rico sobr bre e determi determinadas nadas categorias marxianas que podem servir como fundamento para uma apreci precia açã ção o do ttra rab balho imateri materia al. Para a re rea aliz iza açã ção o desta tareffa, nos va re valem lemo os de um uma a pa parte rte be bem m def defiini nida da da obra marx marxiiana: nosso noss os e es sforç orços os ffo ora ram m ca canali naliz zado dos sp para araa aprecia preciaçã ção o teó teóri rica caexposta xposta,, principalmente, em O capital  eno Ca Capít pítulo ulo V I inédito inédito de O capi capittal. al.  Ess ssa a es esco collha d de eve vese se a algu algun ns mo motiv tivo os: em pri primeiro meiro luga ugar, r, esta é a obra mais crit critic ica ada pe pelo los s te teó órico ricos s do ttra rabalh balho o imate imaterial, rial, se sejja pe pelo lo exce xces ssivo conte conteúd údo o obj bjetiv etiviista (L (La azz zza ara rato to,, 2006 2006)), se seja ja pel pela a su supo posta sta

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superaçã supera ção o da das s ca categ tego orias ce cent ntra raiis al alii p pre rese sentes ntes (v (va alo lor, r, mais maisv vali alia a, entre outras) outras) d devi evido do aos e elem leme ento ntos s imp impulsi ulsio onados pe pelo lo aume ument nto o da presença do trabalho imaterial na produção; em segundo lugar, notamos no tamos a ausência de um uma a aná anállise e espec specíífic ica ade O capit pro-cap ital  al  que pro curasse cura sse e ex xtrai trairr desta obra elem leme ento ntos s sobre o ttrabalh rabalho o imateri material. al. Buscamos Busca mos c co onst nsta atar a perti pertinên nênci cia a da teo teoria do v valo alorr d de eK Ka arl Marx no debate teórico sobre o trabalho imaterial, ou melhor, tenta tent amo mos sa apu pura rarr que as ffo ormu rmulações lações a an nalí alíti ticas cas d do oa auto utorr forne rnece cem m elemento ele mentos s para entender entendermo mos s as mutabi mutabillid idades ades do trabalh trabalho o no capitalismo contemporâneo. Tomamos como hipótese geral a possibi po ssibili lida dade de de enco encont ntra rarr e em mM Marx arx um uma ab ba ase teó teóri rica caparaa compree pre ensã nsão o da dinâmi âmica ca a attual do ca capi pitali talismo smo — —e e aqui e estã stão o inc nclluí uídas das as temáticas referentes ao trabalho imaterial.  A te teoria marxi xia ana do valor perpassa todos os pontos de nosso trabalho.. Em outr trabalho utros os ter termos, mos, tenta tentare remos mos expl explici icita tarr a impo importâ rtânci ncia a de Marx para a análi análise se do ttra rabalho balho im imaterial aterial a parti artirr de sua crítica   Pe ensa nsarr o trabal trabalho ho ima ma-da Economia P Polí olíti tica ca exposta em O capit capital. al. P teri erial al a parti artirr des desta ta co cont ntrib ribui uiçã ção o é algo ne nece cessá ssário na pe perce rcepçã pção o da atu tuali alidade dade do pe pensa nsame mento nto ma marxi rxia ano no.. Co Como mo af afirm irma aD Da al Ros Ross so:  A questão do trabalho material e imaterial suscita problemas de primeira  ordem emrelação à teoria do val valoror-trabal trabalho, ho, no senti tido do de como pensásá-la lae  utiliizáutil zá-la la para iinterpretar nterpretar caracterís ísti ticas cas dasoci socieda edadecontemporânea, tarefa  ainda compl ainda completam etamente aberta nos campos da reflexão teóri teórica ca e dos estudos  concretos. Mi Mini nimam mamente impõepõe-se seatarefadesuaatuali liz zaçãoparadar darconta  de infinitos infinitos servi viços ços de natureza imaterial (D (Dal al Rosso, 2008, p. 43).

Sem a ousa usadi dia ad de e tent tenta ar a attual ualiizar a te teo oria do v valo alor, r,9 9a re relev levâ ânci ncia a de nos noss so traba trabalh lho o in inci cide de n no o se sentido ntido de co consti nstitui tuirr um po ponto nto de vista 9 Com Com aaprese presentaçã ntação de nosso nosso trabalh balho, o, não não pretendem demos re realiz aliza ar uma discussã ssão aprofunaprofundada dos dos tem temas que tal talvez sejam os ma mais polêmico polêmicos s dentro das das interpretações interpretações da da teoria oria marxiana marxi ana do valo valor. r. Aqui A qui,, esse sses temas só só consti constituem tuem obje objeto de inv investig estigação na medida medida em suscit amde que stõ diretam retamente ente ienf rtantes para aanáli anánlise se do traba imateri Sobque este estesuscita ponto vistões sta, sta,esos odi s problema prob lema s impo emportantes nfrentados rentados por Rubin Rubi (1987), (1987), Swlho eez eezyimaterial. (1976) (1976)al.e Rosdol Ro sdolsky sky (2001) (2001) pouco pouco apare parece cem m aqui aqui enquanto parte const constit itui uint nte e da daexposiçã xposição o, pois pois sempre que possível possível apresentamos como as questõ questões es estão postas no proprio Marx Marx.. No

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muitas ve muitas veze zes se esq sque uecido cido ou de desconhecido sconhecido por por m muito uitos s estu estudio diosos sos do tem te ma: bali baliz zar a cont contrib ribuição uição que Marx fez a ao o tra traba balho lho imaterial, principalmente em O capit capital, al, o  offere rece cendo ndo elem leme ento ntos s ain aind da pouco discutido discuti dos s na nas s te teo oriz riza ações s sobr obre e a imateriali imaterialidade dade d do o trabal trabalho ho,, resgatando tando,, po porta rtanto nto,, a av vanço nços s da teori teoria a soci socia al mar marx xist ista a. Este livro livro é apena penas su uma ma pr priimeira a apro prox xima maçã ção o ao tema. Em re rela laçã ção o à estrut estrutura ura ffo orma rmall do texto texto,, ele está org rga ani niz zado em trê três sc ca apí pítulo tulos. s. Tendo em vist ista a a leit eitura ura da teori teoria a marx arxiiana do  va  v alor fe feiita pela teoria do trabalho imaterial, o primeiro capítulo  ve  v ersa sobre questões refe ferrentes à categor oriia valor  e ao pr pro obl blema ema da quant qua ntiificaçã cação o do valo lor. r. A nec nece essida ssidade de de mensurar empirica empiricamente mente o valo alorr (ou o valo lorr nece necessitar ssitar de uma mer merca cado doria ria material pa para ra existir, excluindo a possibilidade de o trabalho imaterial gerar  va  v alor) é um problema colocado p pe ela Ec Eco onomia Pol olíítica clássica eoria a do trabalho im ateria aterial. l. Por que a que apar parece ece sob out utra ra ffo orma na teori isso, fazemos um breve retorno ao problema da quantificação da Eco cono nomia mia Po Polí lítica tica cláss clássica ica para exp expllic iciitar a posiçã posição o de Marx Marx sobre o assunto. Continuando a linha de raciocínio do primeiro capítulo, o segundo tratadaabrang brangênci ência a qu que e Marx forne rnece ce ao traba trabalh lho o pro produto dutorr de valo alorr a parti artirr do ex exa ame d da a ca categ tego oria trabalho pro produ duti tivo vo,, sempre buscando busca ndo qu que estõ stõe es re reffere rentes ntes ao trabalho imateri material. al. Vere rem mos qu que e,

na sua e expo xposiçã sição o re reffere rente nte a ao o traba trabalh lho o pro produti dutiv vo, o a auto utorr to toca ca em pontos ponto s centra centrais is p pa ara a c co ompr mpre eensã nsão o do tr tra abalh alho o ima materi teria al. O terce terceiro iro ca capí pítul tulo ov ver ersa sa sobr sobre e outros mome momento ntos se expo xpostos stos por Marx que tratam da produção capitalista e da incorporação direta do trabalho imaterial na análise; ou pontos que contemplam o trabalho imaterial mesmo quando o autor não o menciona.

entanto, estes entanto, tes aurore urores s fo foram ram fund fundame ament ntais ais por indi indicarem carem uma leitura eitura ampla e atenta atenta da teoria teoria do va valor lor de Marx.

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CAPÍTULO 1

TEORIA DO VALOR E O PROBLEMA DA QUANTIFICAÇÃO

 A apresentação do problema: a quantificação do valor do  trabalho im imaterial  Ape  Ap esardevários teóricos proclamarem o fi fim m da(s) teoria(s) do valorr emvirt lo rtud ude e da das s mudanças s sof ofrida ridas s pelo capi capital taliismo de desde sdemeados da década de 19 197 70, esta temáti temática ca a aiinda é di discut scutiida s sob ob pont ponto os de

 vista cada vez mais renovados. Seja para a crítica, seja para reforçar  vi a atualidade do tema, ambas as possibilidades confluem para um ponto em co comum mum:: al algum guma aimpo mportânci rtância a re repo pousa usano e espinho spinhoso so deba debate te sobr obre eo v va alo lor. r. David R Riicardo jjá á havi havia a notado notado em seus Princípios de   Econ  E conom omia ia P Política olítica e trib tributação-, utação-,  “de nen nenhu huma ma outra fonte brot brota am tanto ta ntos se err rros os ne nem m ttanta anta di differe erença nça de opi pini niã ão, nesta ciênci ciência a, qua quanto nto das da s iidéias déias co conf nfusa usas s que e estão stão ass asso ociada ciadas s à palav palavra ra valor  ’ (R (Rica icardo, rdo, 1996, p. 25). Na me mesma smalinha de ra racio ciocíni cínio o, o econo conom mista br bra asileiro Luiz G Go onz nza aga de M Mell ello o Bell Belluzz uzzo o abr bre e o pr pre efácio à ediçã dição o brasil brasileira eira do livro A teori teoria a m arxista arx ista do va valo lor, r, de Isaa saak k Rub Rubiin, com a se seg guint uinte e afirma rmaçã ção o: “nada pod pode e causar mai mais desav desavenças e entre ntre os econ econo omist mista as do que que a pal alav avra ra valor ” (Bel (Bellluz uzz zo, 1987, p. 9). As desav desavença enças s em torno do valo alorr romper rompera am o cam campo po da teo teori ria a eco conô nômica mica e passa passara ram m ailus usttrar a as s ma maiis v variadas ariadas á áre rea as da das sC Ciiênc ênciias Soci cia ais em geral, e da Sociologia do Trabalho em específico. Podemos verificar um processo de refutação aos termos da te teoria oria ma marx ianandradas do vaslo lor, r, intensif intensifica , struturaçã pri princi ncipalmente, palmente, após a as s mudanças mudança srxi e enge ngendrada no âmbi mbito to icado dado, ree reestrut uração o pro produt duti iva da década déca da de 1970, marca marcadas das pela diminui uição ção dos postos de trabalho 21

 

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na fábrica brica.. De acordo co com m Ric Rica ardo A Ant ntunes unes (2005 e 2007 2007)), es esta ta reestru ree strutu tura ração ção da pro produção, dução, que buscava re restabe stabellece ecerr os pata patama mares res de acumul acumula açã ção o ca capi pitali talista sta alcança alcançado dos sa ant nte es da cr crise ise d do o modelo for or dist di sta a, co consti nstitui tuiu u um pr proce ocess sso o de re reo org rga aniz niza açã ção o econ conô ômica mica,, p po olíti lítica ca e id ideo eollógica do c ca api pital, tal, e te teve ve como um uma a da das s mui muita tas s conse consequê quênci ncia as a di dimi min nui uição ção de e empr mpreg ego os no se seto torr fabri brill e a expansão expansão de outra outras s forma rmas s detr tra abalh balho o, ent entre re ela elas, s, “um a aumento umento da das sa ati tiv vida dade des s do dotada tadas s de ma maio iorr dime dimensã nsão o in intelect telectua ual” l” (A (Antunes ntunes,, 200 2005, 5, p. 63).  A pr presença destes fenômenos instigou os debates geradores da 01que aqu aquii são represent representa ado dos sp pri rinc nciipalteoria do trabalho imaterial ,1 mente me nte p por or Anto ntonio nio Negri, Ma Maurizi urizio o La Lazza zzara rato to eA ndré G Gor orz. z. Tal teori teo ria aé marcada marcadapo porr div dive ersas rupt ruptura uras s co com m a ba base seteó teóri rica ca ma marx rxiiana, buscando busca ndo forne ornece cerr um novo m ma aterial te teó órico paraexp expllicaro “novo” ti tipo po de tra trabalho balho no ca capi pital: tal: aque quele le que n nã ão produ produz z um uma a me merca rcado doria ria palpá palp ável, ma mas s tem co como mo re resu sult lta ado um se servi rviço, ço, uma in infforma rmaçã ção o etc.  As teorizações de Marx fo forram declaradas defa fas sadas em muitos de seus se us e elem lemento entos s fful ulcrais crais,, entre eles les,, a teo eori ria a do valor. valor. Entre as div dive ersa rsas s obj obje eções re rea aliz iza adas pela teori teoria a do trabalh trabalho o imat materi erial al à teo teoria ria marx arxiiana do valo lor, r, u um m tema n nos os cha chamo mou u atenção çã o: na expo xposiçã sição o dos a auto utore res, s, pa pare rece ce que em Marx a exi existên stênci cia a do  va  v alor dependería de sua quantifi fic cação empírica. Como o trabalho imateri im aterial al nã não o po pode de se serr mensu mensura rado do po porr uni unidades dades de medi edida, da, a teoria ma teoria marx rxiiana do v va alo lorr nã não o teria validade lidade expl explicativ icativa a na nas s tem temá áti ticas cas concerne concernentes ntes a esta forma de trabalh trabalho o. Os a autore utores sp partem artem de determina determin adas hipótes hipótese es  em primeiro luga lugar, r, haveria um uma a re rela laçã ção o necessá neces sária ria entre entre o co conce nceit ito o marx marxiiano de valo lorr e apo possib ssibiilidade de quant qua ntif ificaçã icação o de deste ste valo lor;" r;" em s se egundo undo,, a teoria do v va alo lorr exi exig girí ría a 10 Giuseppe iuseppeCocco, Cocco, naintroduçã ntrodução aumli livro vro no qual publicou publicou textos de Laz Lazzarato zarato eNegri, Negri, diz di z queamaiori maioria ados artigos rtigos “f “foi escritano âmbi âmbito to do debatefrancês rancês s sobre obre reestrutura struturação ção produti pro dutiv va, crise crise do fo fordismo e transf transforma ormações do trabalho” ho” (Cocco (Cocco,, 2001, 2001, p. 7). 11 Podem os sinteti siantetizar zar ess essa hipó hipótese tese nati seg seg uint e fra frade se d de eHenrique mo rim: m: “Essa ssa,que qu stão press pre ssupõe upõe existência existênci a,ana problemá pro blemá tica cauinte teó teórica Marx Ma rx sobreoAvmori alor alortrabalho trabalho, deeuma tenta tent ativ tiva de de determi determinação do va valor como algo essencia essencialmente lmente calculável calculável,, matema matemati ticacamente me nte mensurá ensurável, aritmetícame aritmetícament nte e previsível” previsível” (Am (Amorim, 2006, p. p. 28).

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a nece necessida ssidade de de o v valo alorr s se er expre xpress sso o em um re resultado sultado m ma aterial erial  e tentam, tenta m, a parti artirr da daíí, ex expl plic icit ita ar in insuf sufici iciência ências s na te teoria oria do v va alo lorr d de e Marx. O presente capítulo discute como os termos da primeira hipó hi pótes tese ea apa pare rece cem mn na a teori teoria a marxia marxiana. Expl xplici icita tare remos mos o os se eleme lemenntos relacio relaciona nado dos s à seg segun unda da hipó hipótes tese e quando quando fiz ize erm rmos os a a an nálise da categoria trabalho produtivo no segundo capítulo. Em co conj njunto unto,, as duas obj obje eções menci mencio onada nadas s sáo fruto fruto do que interpret erpretação ação q qu u a n titativista titativis ta do vval alor or..  Na re nome no mea amo mos s aqui de int rea alilidade, os a auto utore res s enx enxerg ergam am e em m Mar Marx x ess esse e quantitativismo  superado pelo pe lo traba trabalh lho o imateri materia al. Sempr mpre e qu que e falarmo rmos se em m quantitativismo   da teoria do valor,  es estar taremos emos nos ref refer erin indo do às dua duas s hi hipó pótese teses s já descritas des critas.. Po Porrém, é impo mportante rtante af afiirma rmarr que int inte erpre rpretaç taçõ ões quanti quanti tativ tati vistas do va valo lorr nã não o di diz zem rre espe peito ito apena penas s à teo teoria ria do traba trabalh lho o origem gem nosproblem problemas as enfrentados  imaterial, mas tais postulados têm ori  pela  p ela E con conom omia ia P Política olítica cl clás ássi sica ca..

Mediant Medi ante ee es sse qua quadro dro ger era al, o pre prese sente nte capí capítul tulo o tem três três ob j  je etivos: em primeiro lugar, o de apresent apresentar ar ccomo omo a teor teoria ia m arx arxian iana a  do valor trata a questão da quantificação/quantitativismo do valor. 

O pro probl ble ema pode s se er c co olo loca cado do nos seg segui uint ntes es te term rmos: os: Marx ter teria ia considera co nsiderado do a necessida necessidade de de verif rificaçã icação o empí empíric rica a do v va alo lorr com como o critér crit ério io de exi existênci stência a de deste ste? ?D Deli elinea neare remo mos s al alguns guns pontos refere rente ntes s a esta q que uestã stão o. No Noss sso o segund segundo o obj bje etiv tivo é expo exporr alguns elem elemento entos s quan anti titati tativism vism o da teor eoriia do  constituintes daquilo que nomeamos qu valor.  Esta abo bord rda agem ffoi oi deli delinea neada da na Eco cono nomia mia Po Polí líti tica ca clá cláss ssica ica e ressurgiu na teoria do trabalho imaterial usando novas roupagens. Mas, na sua segund segunda a oco corr rrênc ência, ia, não se trata de co cont ntri ribu buiir a teo teoria ria do valo valor rtra trabalho balho,, e sim d de e neg negá ála. O te terc rce eiro obj obje etiv tivo o impl im plic ica a expor xpor,, in inic icialment ialmente, e, o probl proble emada quanti quantifficaçã icação o do valo valorr na an análi lise se d do o traba trabalh lho o im ima ateri teria al, cu cujo jos s termos termos g ge ené néricos ricos apo apontantamos. A Ant ntes es d de e tratar d dos os o outr utros os iite tens, ns, come comece cemos mos pela análi álise se da

terceira Umaquestão. teoria do valor baseada nos critérios de medição empírica do result resulta ado do trabalho nã não o é ca capaz paz de exp expli licar car a in inse serçã rção o do 23

 

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trabalho trabalh o im ima aterial na produçã produção o capi capitali talista. sta. Em outra utras s pa pala lav vra ras, s, a im impo possibi ssibili lida dade de de mensura mensurarr o re resultado sultado do tra trabalho balho imateria imateriall expli exp lici cita ta uma limi mitação tação pr pre ese sente nte na teo teoria ria d do ov va alo lorr erigi erigida da sob obrre press pre ssuposiçõ uposiçõe es quanti quantitati tativ vistas. A Aqui qui,, a que questã stão o pri princ nciipal é: se não é po poss ssív íve el, atra través vés do “cá “cálc lculo ulo co cont nta abi bilí lísti stico co’’”, constata constatarr a existência do valor nos resultados do trabalho imaterial, uma teoria quantitativista do valor não abrangeria temáticas pertinentes sobre este tipo tipo de trabalh trabalho o.12Sa 2Sadi di D al Rosso co colo loca ca pertin pertinenteme entement nte ea questão da quantificação do valor na seguinte forma: Os p problema roblemas que se lev levantam antam paraateo teori ria a do va vallor náo são pequenos nem  simples. Como pen sar a dimensão do valor pe  p e ra n te a im ater at eria iali lid d ad e, pera pe rant ntee   a cooperação da inteligência, do sentimento, do relacionamento interpessoal,   os aspectos herdados pela socialização ou aprendidos culturalmente? Como  m e d ir o valor va lor ness nesses es caso casoss? Aind nda a que inexi nexistam r re espostas sati satisfatórias sfatórias para 

tais questões, deve ser mantid mantido o o sentido de iincorporar ncorporar es essa sas s di dim men ensões sões  imateriai teriais s do trabal trabalho ho que não sesubmetemao cri crivo vo demedi didas das talhadas  para medir quan quantid tidades ades n no o cora coração ção da teoria do valor ttrabalho rabalho (...) (D (Dal al  Rosso, 2008, p. 34 - des desta taque ques nossos ssos). ).1 13

 A im imaterialidade do resultado de determinados tipos de trabalho rea reallme ment nte ee esca scapa pa do esq esque uema ma de medição empí empíri rica ca do v va alor. E impra imp rati ticável cável men mensurar surar o v va alor em atividades ma marcada rcadas s pelo “pa papel pel central cen tral des dese empenha mpenhado do po porr co conhecime nhecimento nto,, iinf nfo orma rmaçã ção o, afeto e comunica comuni caçã ção o” ((N Neg egri; ri; Hardt rdt,, 2002 2002,, p. 306) e outra utras s capa capacida cidade des s imateria ima teriais. is. A qua quanti ntifficaç icaçã ão úti útill do tra traba balh lho o não seapli plica caao ttra raba balho lho imateri material, al, dada a naturez natureza a física de se seu u re result sulta ado eos co com mponente ponentes s do process processo o de trabalho trabalho im ima aterial. Em outros ter term mos, o trabalho trabalho imat materi erial al carreg carrega acomponentes componentes e g ger era aresult resulta ado dos s in inco cong ngrue ruent ntes es com os padrõ padrões es clás clássico sicos s de me mensura nsuraçã ção o. A Auto utore res s marx marxiist stas, as, co como mo éo 12 As teorias teorias deSmith mith e Ricardo Ricardo podem podemser consi considera deradas como casos nos quais quais é possível encontrar encon trar determinado determinado teor de de qua quanti ntitativ tativiismo do valor. Ass Assim, im, o tra trabalho balho imateri material al é excluído da análise nálise princi principal. pal. 13 O problema da quanti quantifficação do valo valorr també também m foi foi abordado porPrado Prado (2005), 2005), principrincipalmente palme nte no artigo Crí ríti tic ca à Ec Economia Polí Polític tica do imaterialrial-,, e por por Amorim morim (2009). 2009). 24

 

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caso de Dal Ross caso Rosso, o, também no notara taram me este ste impa impasse sse:: “o trabal trabalho imaterial esca scapa padess desse ee esquema squemade me medi dida da d de e tempo tempo”” (D al Rosso, 2008, p. 34). Po Poré rém m, nes neste te moment momento o do traba traballho ho,, int inte ere ress ssa anos e ex xpo porrcomo teori oria a do tra trabal balho ho im a ter teria iall logrou impo a te mporta rtant nte es co contribuiçõ ntribuiçõe es sobr sobre e os elem leme ento ntos sd do o trabalh trabalho o imateri materia al que determi determinam nam a impo impossibi ssibi-lidade de m me ensu nsura raçã ção o/ qu qua anti ntiffica icaçã ção o empíri empírica ca do va valor. lor. Neg egri ri e Hardt ardt,, ao teo teori riz zarem sobre o que jul ulgam gam se serr as três três principais formas de trabalho imaterial na contemporaneidade, demonstra demo nstram mo os s eleme lemento ntos s que to tornam rnam in intang tangív íveis eis (p (po orta rtanto nto,, income inco mensur nsurá áveis) se seus us re resultados. sultados. A pri rimei meira ra forma é o trabalho relac re lacio iona nado do à in infformá rmáti tica ca e co comunicaçã municação o; esta esta es está tá env nvo olv lvida ida na produção fabril que incorporou tecnologias da informação e requereu que reu d do os tra trabalh balha ado dores res a tare tareffa de ident dentiificar, re resolv solve er e propo proporr  softwares.u   estraté es tratég gias d de e in interme termedi dia açã ção o no âm âmbi bito to da inf info ormá rmáti tica cae softwares.u Envolve também o arquivamento de dados e processamento de te text xto os. O se seg gundo ti tipo po di diz z re respe speito ito ao ttra rabalho balho im imaterial aterial de tare ta reffas a analí nalíti tica cas s que exi exig gem o “m “ma anuseio simból simbólico ico criativ criativo o” da informação e da comunicação, isto é, ao trabalho tipicamente intelectual. As atividades de pesquisa e de gestão das possibilidades da des hum huma anas ta tamb mbém ém ent entra rariam riam ness nessa a defini definiçã ção o (L (La azzara rato to;; Neg egri, ri, 20 2001 01). ). A tterce erceiira forma re relev leva ante de tra trabalho balho im imateri aterial al é o trabalho afetiv tivo, o, que im impl plic ica a o ““cont conta ato e int inte era raçã ção o hum huma ano nos” s” (Negri; (Neg ri; Hardt, 2 2002, 002, p. 31 313 3). A Aqui qui se seri ria am inscr inscrito itos so os s se servi rviços ços d de e saúde (por (por se base basea arem em cui cuida dado dos) s) e o trabal trabalho ho re rellaci cio onado à indú in dústri stria a do entre entretenimento tenimento  por, or, supo suposta stame mente, nte, esta estarr ce cent ntra ra-do na na “cr “cria iaçã ção o e mani manipu pulaçã lação o do afeto” (N (Ne egri; Hardt, 2002, p. 313 313)  mesm smo o quando o conta contato to nã não o é re rea al, ma mas s virt rtual. ual. Ma Mas sa até té quando o trabalho afetivo é físico constituise trabalho imaterial pelo pe lo fato de seus pr pro odutos (sa (satisf tisfa açã ção o, con confforto, bem bemes estar tar etc.) sere se rem m int nta angív ngíveis. eis. Toda das s essas caracterí característi sticas cas d do o trabalho im ima ate te1 4 1 14 Aqui vale ressa ressaltar que, que, mesmo smo quando o trabal trabalho imaterial material está relacio relacionado nado àesf esfera produti pro dutiv va, ele ele éconsiderado um serviço: “aativ tividade fabril bril évista com como o servi serviço ço” ” (Hardt; (Hardt; Negri egri,, 2002, p. 314).

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IM ATER IAL

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rial imp rial impõ õem probl proble ema mas s para um uma a te teo oria do v va alo lorr que sup supo onh nha aa mensuração mensura ção dos e eleme lemento ntos s do trabalh trabalho o como pr pre ess ssuposto uposto para a existência do valor-trabalho. Na mes mesma ma linha de pensa pensamento mento,, ao tr tratar atar da das s apti ptidõ dões es d do o trabalh rabalhado adorr d do o traba trabalh lho o imaterial, Lazzara zarato afirma qu que ee este ste deve ser capaz (...) (.. .) de ‘anali ‘analisar sar um uma as siituação’, de ‘tomar decisões decisões’, ’, de do dominar minar os acon teciimentos iimprev tec mpreviisto stos s e ao mesm esmo o tempo de ter u um ma c capaci apacidade dade d de e  comunicação comunic ação edetraba traballho c coleti oletivo, vo, pois as tarefas pr prescr escritasaosoperários rios   não nã o m ais concernem opera operaçõ ções es codificadas com antecedência. antece dência.  (...) O oper operár ário io,, 

emvez de apênd ndiice da máqui quina, na, deve se tornar um relé comunicaci unicacional onal na  integração cada vez mais poder poderosa osa da re relação lação equipe/ sistema (L (Lazz azzar arato ato,,  1992, s/ p- tradução e destaques nos osso sos). s).

Na produçã produção o co coma mand ndada adape pelo lo traba traballho imate imaterial, rial, o tra traba balh lha ado dorr necessitaria de apti necessitaria ptidõ dões es q que ue nã não o era eram m ex exigidas igidas pe pelo lo ca capi pitalismo talismo coma co mandado ndado pe pelo lo trabalh trabalho o materi materia al. No seu estud studo o so sobre bre o imaterial, A  And ndré ré G Gorz orz apre aprese sent nta a os ffa atore tores s re rellaci cio onados ao “componen componente te comp co mpo ort rta ament menta al” e à “m “mo oti tiv vaçã ção o” como e elem leme ento ntos s fund unda ament menta ais da pro produçã dução o im imaterial aterial.. Paraele, a as s ca cara racteríst cterístiica cas s impo mportant rtantes es pa para ra o trabalhador do imaterial seriam: (....) as quali (.. qualidades dades de compo comportamento, rtamento, as qualidades qualidades expressivas e ima ginati gi nativas, vas, o envol envolvi vimento mento pe pessoa ssoall na tarefa a desenvolv desenvolver er e com completa pletar r.  Todas essas qualidades qualidades e ess ssa as faculdades faculdades são habi abitualmente tualmente próp própri rias as dos  prestadores de servi serviços ços pessoais, dos forn  fornece ecedor dores es de d e um u m tra traba balh lho o im i m a te ria ri a l   impo ssível de qu antificar, estoca tocarr, homologar homologar,, fo rm a liz a r e a té mesmo de  objetivar  (G (Gorz, orz, 2005, p. 17).

Gorz a affirma que a ess ssência ência do tra trabalho balho im imateri aterial al (qua (quali lida dades des imag agiinati ativ vas e co compo mponente nentes s im ima ateriais) é dif difere erent nte e da ess ssê ência do trabalh trabalho o materia materiall (di (dispê spêndio ndio de tem tempo po de tra traba balho lho). ). O conhecimento,  pri princ nciipal ffo orça pro produti dutiv va at atu ual al,,15se 5seria ria um uma a capacidade capacidade soci so cia al iimpo mposs ssív íve el de me mensura nsurar. r. Os pr proce ocess ssos os de tra trabalho balho atu tua ais 15 “O conhecime conhecimento nto se tornou a principa principall força forçaprodutiva produtiva” (Gorz, (Gorz, 2005, p. p. 29).

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exigem “o julgamento, a intuição, o senso estético, o nível de forma rmaçã ção o e de inf nfo orma rmaçã ção o, a facul culdade dade de aprender e de s se e adapadaptar a sit situa uaçõ çõe es imp imprevi revistas” stas” (G (Gorz, orz, 200 2005, 5, p. 29 29). ). Ess Esse es elem lemento entos s impõem um válido contraponto para uma teoria do valor com base ba se na necessid necessida ade de quant quantiificação dos pro proce cessos ssos do ttrab rabal alh ho.161 7 Como quantificar todas essas frações imateriais do processo de trabalh traba lho o? Nos ter term mos empre empreg gado dos sp pe elo auto utor, r, “o tra trabalh balho o de pro ro-dução material, mensurável em unidades de produto por unidades de tempo, é substituído por trabalho dito imaterial, ao qual os  padrõ  pa drões es ccllás ássi sico coss de med m edida ida não m mais ais p od odem em se aplicar"  (Gorz,  (Gorz, 2005, p. 15 —d —destaques estaques no nossos). ssos).  A par partir da breve exposição dos avanços feitos pela teoria do trabalho imaterial, foi possível demonstrar por que uma teoria quantit quant ita ati tiv vista ista do valo valorr nã não o po pode de exp expli lica carr o ca cará ráter ter do ttra rabalho balho imateri aterial al nem rela relaci cio onar os pre press ssupostos upostos teórico teóricos s concerne concernentes ntes à catego categ oriavalo lorr com aque questão stão do tra trabalho balho ima matteria eriall. Nes Nesse ses s ter termos, mos, concorda conco rdamos mos com N Ne egri, Lazz zza ara rato to e Gorz: do ponto de vist ista a da mensura me nsuraçã ção o empírica, é imp impra rati ticá cáv vel qu quant antiificar todos os e eleme lemenntos envolvidos no processo de trabalho imaterial (as atividades executada executa das s pe pelo los s trabalhadores trabalhadores do iimateri materia al, o re resulta sultado do imateri materia al do servi serviço ço cria criado do etc.) tc.).. A di difficul culdade dade de ref refut uta ar este pre press ssuposto uposto se torna a aiinda mais in inten tensa sa se ti tiv ver ermo mos s em vista qu que ea as s teorias  quantitativistas do valor nunca explicaram a inserção do trabalho  imateria im ateriall na pr produç odução ão real de valor! valor!1 1  A  in  inco congruê ngruênci ncia a ampl mpla amente perce percebi bida da (i (inclusive nclusive p pe elo los s marmar-

xista xi stas) s) entre tra trabalho balho imateri teria al e teoria quant quantiitati tativ vis ista ta do valo lor, r,

16 “O conhecim conhecimento, ento, difere diferentementedo trabalho social social gera gerall, é impossível impossível de traduzir traduzir ede mensur me nsurar ar emunidade unidades abstra bstratas simples simples. El Ele e não é redutív redutível a umaquanti quantidade de detr trabalh abalho o (ibid., p bstrato de que eleana snal eria o equi eqmos uiv valduas ente, o result resulta adontit ou oitativ uativist o produto pro duto” . 29). 29) . 17 a No próximo próximo item, item, ase lisaremos isare dua s teorias quant qua ista a s do”valo valor: r:  p. ade Smith eade Rica Ri cardo rdo.. Explici xplicita tare remos mos que questõe stões ref referente rentes s ao quanti quantitati tativ vismo do valor e sua sua relaçã relação o com a exclus xclusã ão do trabalho imaterial material dos ma marcos da teoria teoria do va valor lortra traba ballho.

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levando em conta o aumento crescente das atividades imateriais na pro produçã dução o, pode lev leva ar o a ass ssunto unto a do dois is ca caminh minho os:

O primei primeiro ro consiste em supor q qu ue a etapa e tapa d a teoria do va lor está send sendo o 

 supe  su pera rada da p ela el a divisã div isão o soc s ocia iall do traba tra balho lho e que q ue é necessá necessário rio dese de senv nvolv olver er novas

 

Outro o  categorias para analisar a luta de classes e a evolução da sociedade.   Outr consiste emalargar as tra tradi dici cionai onais s noções da teori teoria a do val alor orno se sent ntiido de  inco ncorpo rporar rar aprodução de val valor or tambémem div diver ersas ati ativi vidades dades im imateriais riais   (Dal Ross Rosso, o, 2008, p. 3434-35 35 - de desta staques nossos).

 A teoria do trabalho imaterial  seg segue ue o pri primeiro meiro ca cami minh nho o. E aquele pont ponto o de co conco ncordâ rdânci ncia a entre a nossa lei leittura ea in interpre terpre-tação dos teóricos do trabalho imaterial  nã não o se man mantém tém qua quando ndo considera co nsideramos mos o des dese env nvo olv lvime imento nto que a teo teoria ria do trabalho ima material terial forne rnece ce a este ra racio ciocíni cínio o. A imp impo ossibil ssibilidade idade d de e me mensura nsurarr o valor valor dos pro produtos do ttra rabalho balho im ima aterial é vista po porr ta tais is te teóricos óricos com omo o a pro prov va maio maiorr de que a teo teoria ria do valo valor, r, tendo em vista o gra rand nde e crescimento cre scimento do traba trabalh lho o im ima aterial n na a produção produção contemporâ contemporânea nea,, perdeu sua valid alida ade exp expli lica cati tiv va. Para eles les,, a teoria marxiana do  valor é um a teor teoria ia quantitativista. A  Assi ssim, m, os autore utores s jo jog gam to toda das s as te teo oria rias s do valo valorr em uma vala comum. comum. Co Como mo indi indica ca A nto ntonell nella a Corsani rsani:: “desinco “desincorpo rpora rados dos de qua quallquer supo suporte rte ma materia terial, l, osconh conheemarxist ista a qua quanto nto   cimentos desequilibram as teorias do valor, tanto a marx a neoclássica” (Co (Corsa rsani ni,, 2003, p. 28  de desta staqu que es n noss ossos). os).  probl blem ema a da quantificação quantif icação do valor na análise do trabalho im a O pro terial, naver erda dade, de, d diiz re respe speiito ao que H Henri enrique que Amo mori rim1 m18chama 8chama de “eco “e co ari arittméti mético co sobre sobre o valo valor do tr tra abal balho ho” ”. D De e acordo com este autor, a rel relaçã ção o que Marx estabeleceu e entre ntre horas detrabalh trabalho o eme merca rcado dorias rias produz pro duzid ida as fo foii reduzi reduzida da,, po porr par parte te d de e dete determin rmina ado dos s estudioso studiosos, s, à necessidade de quantificar matematicamente o valor: 18 H Henrique do refere ref referencia rencial tteóricom eóri órico com realiza enriqueAmorim, a partir partir do ncial te teórico metodológ etodológico marxi marxia ano no,, rea liza uma uma “críti crítica ca às teorias do do tra trabalho balho imateri materia al li liga gadas a uma leitura leitura específica cíficados dos Grundrisse  de Marx” arx” (Amori (Amorim, m, 200 2006, 6, p. 23). Entre os temas temas abo abordados, rdados, apare parece ce a questão questão da quantifficação quanti icação do valor. No presente presente traba trabalh lho o, apesa pesar da não inclusã inclusão o dos dos Grundrisse  enquanto obje objeto direto deanálise, parti partimos mos econcorda concordamos comcontri contribui buiçã ção o deAmorim em relaçã relação à questão stão da quant quantiificação do valor.

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Pressu Pre ssupõe-se, põe-se, dess ssa a forma, forma, que h havería avería no iinteri nterior or à teoria do va valo lor r de  Marx Ma rx a po possibili ssibilida dade de do cálculo cálculo ‘contabil ‘contabilísti ístico’ co’ do valo valor r do tr trabalho abalho e em m  si e que ess sse e cálculo cálculo não seria mais possív possível el hoj hoje e devi devido do a u um ma suposta suposta   predominân predo minânci cia ad de e trabal trabalhos hos não m manua anuaiis co como mo ag agen entes da geração de  maisais-vali valia a (Amorim, 20 2006, 06, p. 30).

D evido à su supo posta sta nece necessida ssidade de d de e qu quant antiificar os elem leme ento ntos s da produçã pro dução o (inclus (inclusiive o os s elem lementos entos do proce processo sso detrabalho ima matterial) erial),, segundo a teoria do trabalho imaterial,  o mundo co conte ntemporâ mporâne neo o, com seu empreg mprego co collossa ssall de ma massa ssas sd de e trabalh rabalhado adores res im imateri ateriais ais,, pare pa rece ce s sug uger eriir a in ine eficá cáci cia a expl pliica cati tiv va da teoria teoria marxi marxiana ana d do ov va alo lor. r. Na obra O imaterial, Gorz tece várias crít críticas icas a dete determinados rminados elem leme ento ntos s tte eóricos ma marxi rxia ano nos. s. O mu mundo ndo cont conte emporâ mporâne neo o iin ndi dicaria caria uma crise crise d do o conceit conceito o de valo alor1 r19e de outr utra as categ catego ori ria as de Marx arx:: “o cará ca ráter ter ca cada da vez ma mais is quali qualitati tativ vo, ca cada da vez menos me mensurá nsuráv vel do tra rabalh balho o, põ põe e em crise crise a perti ertinên nênci cia a das das no noçõ ções es de ‘sobretra ‘sobretrabalho balho’’ e ‘sobrevalor’” (Gorz, 2005, p. 30). Segundo suas teorizações, o troca, oca, isto é, a conceito valor  indi dica ca se sempre mpre o sentido de valor de tr relaçã re lação o de prop propo orçã rção o das tro troca cas se entre ntre a as s mercado mercadori ria as. s.2 20O valo alorr é tratado somente sob o prisma da quantificação e das relações mensuráveis, convergindo sempre, em grandezas quantitativas.  Apó  Ap ós fa faz zer refe ferrência a um trecho de O capital, G  Gorz orz afirma irma:: “o  va  v alor sempre vem a s ser er expresso apenas n  na a re relaç laçã ão de e equi quiv valên lênci cia a grandeza deza do valo valor'  r'  (Gorz, entre me merca rcado dorias rias dif difere erent ntes es,, isso é, como gran  (Gorz, 2005, p. 30 —de desta staque ques s nos noss sos). A teo teoria ria do traba trabalh lho o imateri materia al vê em Marx o que chamamos de quantitativismo da teoria do valor.  Para Pa ra ela, o v va alo lorr tteria eria a nece necessidade ssidade de se man manifest estar ar e em m merca mercado do-rias ria s materiais, mensurá mensuráv veis, co com m possibi possibili lida dade de de quant quantif ific ica açã ção o. Nesses termos, trabalho produtor de maisvalia seria apenas o trabalho material. 19 “A crise da me medição dição do trabal trabalho engendra engendraine inevit ita avelmente elmente a crise criseda me medição dição do va valor” (Gorz, (G orz, 2005, p. 30). 30). 20 “O valo valor designaas diversa diversas quanti ntidades dedive diversas merca mercadori doria aspelasquais umaquanti quantia a de uma uma mercado mercadori ria a determi determinada nada pode ser trocada trocada” (ibid., p. 30).

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Segundo Negri e Lazzarato, o trabalho imaterial demarcaria o def definh inha ame mento nto da teo teoria ria marxi marxia ana do valo valor rtra traba balho lho.. Mais do que isso, o tra trabalho balho im imateri aterial al carre carrega gari ria a eleme lemento ntos s qu que e iin ndicam a supe supera raçã ção o da das s re relaç laçõ ões capi capitali talistas stas na pro produçã dução o atua tual, l, o que incide em em outros ponto pontos s de crít crític ica a à teori teoria a marxia marxiana do v va alo lor. r. Nos refferidos a re autore utores, s, a tent tenta ati tiv va de re reffuta utarr a validade lidade exp expli licativ cativa a da teoria do valor na questão do trabalho imaterial está intimamente relacionada relacio nada com a in interpre terpretaçã tação o de qu que e o trabalho im ima ateri teria al po possu ssuii características de superação do capitalismo e de suas leis fundamenta ment ais is.. Na ótica tica de Lazzara rato to (20 2001 01b, b, p. 73), a “cr crise ise do v va alor trabalho” daí decorrente “é também a crise do capitalismo”. Os autores também afirmam que “o trabalho imaterial não se reproduz repro duz (enã não o re repro produz duz a soci socie eda dade de)) na forma de e expl xplo ora raçã ção o, ma mas s na forma de rre eproduçã produção o da subj subjetiv etivid ida ade” de”,, e nesta mo modali dalidade dade de trabalho torna “difícil distinguir o tempo de trabalho do tempo da pro produçã dução oo ou u do tempo lliv ivre re” ”. E, aind nda a, uti utilliz iza ando tre trech chos os d dos os Grundrisse, afi afirmam que o trabalho imat materi erial al é a express expressã ão de que “a m ais-va ais -valia lia da mas massa sa ce  cessou ssou de se serr a co condi ndiçã ção o do desenv desenvo olv lvimento imento da riquez riqueza a ge geral” ral” ((L Lazzara rato to;; N Ne egri, 200 2001, 1, p. 29 2930). 30). Em suma suma,, ambos defendem a impossibilidade de produção de maisvalia pelo pe lo tra trabalho balho im ima ateria terial. l. D esse modo, a co contribuiçã ntribuição om mar arx xist ista a se enco encont ntra raria ria de deffasa sada da po porr con considera siderarr apena penas s o trabalho fabri brill, material. Os conce material. conceito itos s de ma mais isv vali lia a, tra trabalho balho pr produ odutivo tivo etc. nã não o seriam seria m mais a chave exp expli licativ cativa a da pro produçã dução o atual, atual, com como o se Marx ti tiv vesse atri ribu buíído a tais co conce nceiito tos s a neces necessi sida dade de de c crriaç iaçã ão de uma uma utilidade material}'   Como as úl últi timas mas dé déca cada das s têm sido marca marcadas das pelo aumento do trabalho imaterial, a teoria de Marx, portanto, não nã o conseguirí conseguiría ae ex xpl pliicar e ess ssa a tendência tendência cont conte emporâ mporâne nea a. Prosse rosseg guindo na análi álise, se, Lazza zzara rato to e Negri (20 (200 01) a affirm rmam am que o trabalho imaterial é constituído por uma capacidade de2 de2 1 21 As ques questõ tões es re refferentes ao traba traballho, ho, produção produção devalor enecessidade necessidadeou não da produção produção de um res result ultado ado material material para este este fim serã serão eluc eluciidadas dadas no capí capítul tulo o seguinte. seguinte.

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 socia ciall e a au u tô tôn n o m a . A trabalho so

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coop co oper eraç ação ão do traba trabalho lho im a ter teria ial  l  

teri te ria a autono au tonom m ia m ediante a produção capi capittali alist sta. a.  É just usta amente este este

o sent sentiido que Hardt e Neg egri ri expre expressa ssam m na seguin seguintte sent sente ença nça:: “o aspecto cooperativo do trabalho imaterial não é imposto e organizado de fora, como ocorria em formas anteriores de trabalho, cooperação é totalme totalmente nte im ima a ne nente nteàp àpró róp p ria atividad atividadee llab abo o ra rai” i”  mas a co (Ne (N egri; Hardt, 200 2002, 2, p. 314 314315  de desta staque quess dos autore tores). s).  Asssim, segundo La  As Lazzzarato (1 (1992), com o prenuncio do novo  tipo de trabalho foram criados meios para contradizer uma longa tendênci tendê ncia a do dese desenv nvo olvime lvimento nto capi capitali talista. sta. Ag Agora, ra, “o ca caráter ráter soci socia al do trabalho não mais aparece como capitalista, mas como resultado epre pressu ssupo posto sto do próprio tra trabalh alho o” (La (Lazza zzara rato to,, 1992 1992,, s/ s/ p.) Ou sej seja, são “f “fo ormas rmas de coo cooper pera ação ção social social pro produt dutiv iva a que que independem do comando coma ndo capita capitalista lista”” (Cocco; (Cocco; Vil Vila arim rim,, 2009, p. 175). D aí decorre decorre quea forç rça a de traba traballho não não é avali aliada ada como omo capi capital  va  v ariável, isto é, não é um elemento do capital. A co conceituação de capi ca pital tal vva ariável se seria riauma uma ““vvelh elha anoçã noção o (comu (comum m à econo economia miaclá clássica eà Eco cono nomia mia Polí Política tica marxista)” marxista)” (Ne (Negri; H Har ardt dt,, 2002 2002,, p. 315). Os próprios elementos cooperativos já dariam ao trabalho imaterial a possibilidade de criar, de produzir, mesmo necessitando de fatores produtivos que não pertencem ao trabalhador. Nos Grundrisse, Marx  Marx,, ao tra tratar do de dese senv nvo olv lvime imento nto das ffo orça rças  supra rass ssu unç nção ão2 22 d produtivas produti vas no ca capit pita al, indi dica ca a sup  da a produçã produção o devalo lor: r:

O roubo de tempo de trab trabal alho ho alheio, sobre o qual a riqueza atual se ba-

seia, aparece como fund fundament amento o miserável em comparação c com om esse nov novo o  fundamento desenvolv desenvolviido, criado por meio da própria própria gra grande nde indústr ndústriia.  Tão logo o trabalho na sua fo form rma a imedi diata ata deixa de ser ser a grand grandee fo n te de  riqueza, o tempo de trabalho deixa, e tem de deixar, de ser a sua medida e,  em consequênci consequência, a, o valor de troca troca deixa dei xa de ser  ser  [a  [a medi edida] da] do valor val or de uso. O 

trabalho trabal ho excedente da massadeix deixa a de s se er condiç condição ão para o desenvo desenvolv lviimen-

suprassunç ssunçãoé aquiuti superaç çãoque quepreserv rva a determina rminados dos  22 O te terrmo supra utillizadop para araexp expre ress ssa arasupera elementos ntos do momento nto ante anterior. rior.

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to da r riiqueza ge gera ral, assim como o não traba trabalh lho o dos po pouc ucos os de deiixa de ser   condiição do desenvol cond desenvolvi vime mento das força forças s ge ger rais do cérebro humano. C om   isso, desmorona a pro produ dução ção baseada baseada no valo valorr de troca, troca, eo própri próprio o processo processo  

de produção materi material imedi imediato ato é de despido spido da fforma orma da precar precariiedade e  contradiição (Mane, 2011, p. 588 - destaques nosso contrad sos). s).

Segundo os teóricos do trabalho imaterial, o sistema produtivo atual,, em q atual que ue re reg ger ería ía a suprema supremaci cia a do trabalh trabalho o imat materi erial, al,2 23a parti partirr dessa desmedida do valor ,24teria cheg chega ado ao p po ont nto o des descrit crito o por por Marx:: seliber Marx libertado tado do ttra rabalh balho o imediato imediato.. A cri cria açã ção o da rique riqueza, za, neste tes s moldes mol des soci socia ais, nã não o depe depende nde d do o ttem empo po de tra trabalh balho o e daqu quant antiidad dade e de traba raballho em empre preg gado p para arapro produz duzi illa, ma mas s ““de de su sua a produti produtiv vida dade de ger era al (...) enqua nquanto nto corpo so soci cia al” (L (La azzar zara ato to;; N Ne egri, 2001, p p.. 28 28). ). A produçã pro dução o imaterial ser seriia a expre express ssã ão da lliibertaçã bertação o do va valo lor.2 r.25 Lazzara rato to e Neg egri ri v ve eem, ut util iliizand ando o trecho trechos s da passa passag gem d de e Marx antes cit cita ada da,, que no mode modelo lo produti produtiv vo atu atual al as c co ondiçõ ndiçõe es para a super supera açã ção o do c capi apital talis ism mo jjá á estão estão d da adas. Por meio meio da das s moda mo dallid ida ades d de e tra trabalho balho imateria imaterial, l, a re relaç laçã ão do indi indiv víduo com a produção pro dução sedá “e “em m term termo os de ind ndependên ependênci cia acom com relaçã relação o ao tempo tempo de trabalh trabalho o impo imposto sto pe pelo lo capi capital tal (...) e em te term rmos os de autono utonomi mia a com relaçã relação o à expl explo ora raçã ção o” (L (La azzara rato to;; N Neg egri, ri, 20 2001 01,, p. 30 30). ). Em outro mo mome mento nto,, L La azzara rato to (200 (2001a 1a)) qu quali aliffica ess ssa a re rela laçã ção o com como o sendo de uma radical autonom ia. Em contraposição aos teóricos do trabalho imaterial, Amo rim ri m (2009) demo demonst nstra ra co como mo a as s pre pressu ssupo posiçõ siçõe es ref refere rente ntes s àquela passagem dos Grundrisse (a super supera açã ção o do v va alo lor) r) rem remete etem m a di differentes re ntes in interpretaçõ terpretações. es. Uma de dellas é a de La Lazzara rato to e Neg egri ri:: h hav averí ería a uma um a crise na medi medida da do v va alo lor, r, relacio relacionada nada à imp mpo ossib ssibil ilid ida ade d de e quant qua ntiific ica açã ção o do tra trabalho balho im ima aterial e e,, po porta rtanto nto,, in intensif tensificada icadape pelo lo 23 O trabalho imateri imaterial al teria, medi diante anteaprolif proliferação dastecnol tecnologia ogias, s, atendênciade “torna “tornar sehegemôni nico co,, de formatotalmente totalmente explí explíci cita” ta” (Lazza (Lazzarato rato;; Negri, ri, 200 2001, 1, p. 27). 24 Prado Prado (2005). (2005). A expre express ssã ão “desmedida “desmedida do valor” é o títul título o da da obra obra. 25 Log Logo, diz diz Lazzara Lazzarato, a “crise do valor trabalh trabalho o” daí decorrente “é também bém a crise do capitali capit alismo smo”” (La (Lazza zzarato, rato, 2001c, 2001c, p. 73).

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crescimento crescime nto do ttra rabalh balho o imateri aterial al na pro produçã dução oc co ont ntempo emporâ rânea nea.2 .26 Tal crise in indi dicari caria a a crise do capi capitali talismo smo e o esta estabelecimento belecimento de um novo novo modo de pro produção dução.2 .27 Sobre as re relaç laçõ ões ffe eit ita as pel ela a teo eori ria ado trabal trabalh ho imateri material al e ent ntre: re: 1. ain ine eficá cáci cia ade umateo teoria riaqua quant ntiitati tativ vist ista ado va valor expl expliica carr o ffe enô nôme me-no do traba traballho ima material; terial; 2. a teori teoria a marxi marxiana ana ser consi conside dera rada da uma uma dess de ssa as teo teorias rias quant quantiitati ativ vist sta as do v va alo lor; r; e3. es essa sacrise da mensura mensuraçã ção o do v valo alorr s se er também a crise do capi capitali talismo smo,, é ne nece cessá ssário rio exp expllici citar tar alguns elem leme ento ntos. s. Emba basa sado do na teori teoria amarxi marxiana ecriti critica cando ndo a teo teoria ria do trabalho imate imaterial, rial, A Amo mori rim m assinala assinala,, em m me eio a suaco contri ntribuiçã buição o ao ttema ema:: “nã “não o nos pare parece, ce, assim, que po poderiamos deriamos co conf nferir erir às tese teses s de Marx a re respe speiito daform rma açã ção o do v va alor d de e tro roca ca um a dimen dimensão são estri estritatam ente aritm a ritmética ética co com m base base em um su supo post sto o cál cálcul culo o do valor presente em  uma determinada mercadoria” (Am (Amorim, 20 2006, 06, p. 35  de desta staqu que es

noss nos sos). Com iiss sso, o, prete pretendemo ndemos s sa sallient entar ar que a int nte erpreta rpretaçã ção o da teoria do trabalho imaterial  leva levada a ca cabo bo po porr N Neg egri, ri, Lazzara rato to e Gorz apre prese senta nta umaimp impo ortante li limit mita açã ção o: épossível possível encont ncontra rarr um uma a teori teo ria a do va valor qu que e nã não o é pautada por c crit rité ério rios s quantitativistas, isto é, em que a quant quantiifica caçã ção o do v va alo lorr não seja condi condiçã ção o de verif verifica icaçã ção o da exi existên stênci cia a deste deste.. Seg egun undo do no noss ssa a int nterpre erpretaçã tação o, este é o ca caso so da teoria teori a marx marxiiana do va valo lorr. Em outros te terrmos, ao co contrá ntrário rio da teo teori ria a de Smi mith th e Rica Ricard rdo o, o qua quanti ntita tati tiv vismo do v va alo lorr nã não o é um problem problema a posto pela pela contribuiçã contribuição o de Marx Marx:: (...) (.. .) atri atribui buir r a Marx uma inte interpr rpretação/ etação/ re reform formulação da teo teoria ria do v val alor  or   presente emAda dam m Smith eemDav aviid Ri Ricard cardo, o, que confi configur gure erestrinj nja as sua ua  análise análi se a um esquemaobjeti objetiv vista da d determ eterminação das relações s sociai ociais s que que   fundament fun damentam am aprodução de ti tipo po capi capitali talista, sta, seria redu eduz zi-la a uma teoria teoria  economiciistadocapi economic capitali talism smo. Talvez sejaesteograndeproblemadasquestões  levantadas lev antadas sobre sobre a teoria do iim material (A (Am morim orim, 20 2006 06,, p. 31-32).  2,‘

Grundriss risse

  O auto autorr apresenta prese nta a análise análise dos dos  como fonte fonte teóri teórica ca do traba trabalho lho imaterial material (Amorim, 2009). 27 Sobre a consti constitui tuição ção deste deste “novo modo de produçã produção o” (Neg (Negri ri,, 1991, p. 167), ve ver os os delinea deli neamentos mentos em Negri (1991) e Negri & Hardt (2004) 2004).

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É fund unda amental aprese apresenta ntarr como como o prob problem lema a da qua quant ntif ificaçã icação o do va valor apa pare rece ceem Marx Marx.. No entanto entanto,, paraexpl expliicitar citarsuaino inovado dora ra cont co ntrib ribui uiçã ção o a essatemá emáti tica, ca, conv convé ém tratar pri prime meiiramente ramente d do o quan ti titati tativvismo do valo valorr prese presente nte em Smi Smith th e Rica Ricardo rdo.. Desta form rma a, o argument rgumento o queco come meça çamos mos adeli delinear ear ne neste ste prime primeiiro it ite em se seráposto emevidênci evidência a. Nossa Nossahipó hipótes tese e équeateo teori ria amarx marxiiana abando abandona na,, dendentre vários rios outros outros e elem lementos entos que nã não o mencio menciona nare remos mos aqui, a po posiçã sição o de uma uma teo teoria qua quant ntiitativ tativist ista a do va valo lor. r. No próximo próximo ite item, farem remos o esf esforço rço de indicar bre brevveme emente os elemento lementoss da teoria eoria de Smi Smitth e Ricardo cardo,, sa sallientando a relaçã relação o necessá necessária ria e eterna eterna que ambos ambos rea reallizam com com valo lorr e qua quant ntiifica caçã ção o do valo valor. r. Pos Poster terio iorm rme ente, nte, no úl últi timo mo it ite em, entra ntrare remos mos di direta retament mente e na contri contribui buiçã ção o da teoria teoria marx marxiiana, explicitando suas diferenças em relação a seus predecessores. Teor eoriia do valor alor e quan quantitati titativi vism smo o

Em suas origens, a teoria do valortrabalho tem preocupações forteme rtemente enra enraiz iza adas das n naquil aquilo o que chama chamamo moss de quantitativismo da  oiss important importantes es autores utores podem podem se serr alinha nhados dos nesta nesta teoria do vabr.  Doi marca:: Adam marca Adam Smith Smith e Da David Ricar Ricardo do.. Cada um à su sua a maneira sse e preocupa preo cupa co com m o fa fato torr determin determina ante nte da dass mag magni nitu tudes des dos dos valore valoress das das merca me rcado dorias, rias, iincl ncluí uídas dasnos sistema sistemas detroca trocas. s. Conv Convém émexpli explicitar citar com como o o quantitativismo da teoria do valor  apa aparece rece nos nos ref refer eriidos te teórico óricos. s. Segundo egundo Adam Smi mitth, há uma p prope ropens nsã ão na naturez natureza ahumana: humana: “a propens propensã ão a interca ntercamb mbiiar, permutar ou trocar trocar uma coi coisa pela out utra ra”” (S (Smith mith,, 1996 1996,, p. 69). Este fato torr est estaria aria pre prese sente nte em em todos os homens e seria restrito à natureza humana, não sendo possível encont enco ntra rarr tal cara caract cteríst erístiica em outra espécie. spécie. Para Smit mith, as trocas não estão atreladas a determinados tipos de organização social, pressu pre ssupo posiçã sição o que, que, no desenro desenrollar de sua expo xposiçã sição o, faz com com que o merca merc ado apareça pareça vazio de senti sentido do histó históri rico co..28 :s “Para Smith, mith, a hi histó stóri ria a é lugar de rea realilizaçã zação o des desse sess pri princíp ncípio ios, s, não font onte e desu sua a consticonstituição” (Teixeira, 2004, p. 32).

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Nos ato atoss de de tro troca cas, s, um eleme lemento salta ao aos ol olho hoss de Smit mith: o  va  v alor de uma mercadoria é igual à quantidade de trabalho que tal merca me rcado doria ria permite permite se seu u possu possuido idorr compra comprar: r: “o traba trabalh lho o é amedi edida da rea re al do valor de troca trocade to toda dass as as m me erca rcado dori ria as” (Smith mith,, 1996, p. p. 87). O po possuido ssuidorr da merca mercado doria, ria, neste neste caso, caso, não não pretende pretende co consumi nsumila, la, mas, ma s, sim, sim, tro trocá cála por outros utros bens bens.. Prosse Pro sseg guindo em sua análise, nálise, o a auto utorr re reco conhec nhece e a dif dificuldade culdade em e esti stipul pula ar, na troca troca,, a qua quant ntiificação icação do vva alor lor da dass merca mercado doria rias: s: Entretanto, embor bora a o trabal trabalho ho se seja ja a me medi dida da rea reall do valor de troc troca de  todas toda s as mercadori cadorias, as, não é essa a medi edida da pela qual geralmente se av aval aliia  o valor valor da das s mercadorias. Muitas v ve ezes, é di difí fíci cill determinar c com omcerteza a  proporção propo rção entr tre e duas quanti quantidades dades di difere ferentes ntes de trabal trabalho. ho. (...) O Ora, ra, não é  fácill encontrar fáci encontrar um cri critério tério exato para medir a di difi ficul culdade dade ou o engenh engenho o  exigid exi gidos os por um determinad determinado o trabalho trabalho ((S Smith, 1996, p. 88).

 Vemos aqui que Smith levanta um primeiro problemaà quan Vem ti tifficaçã icação o do valor: u uma ma di difficuldade culdade de de ordem ordem práti prática ca.. Quant uantiidades dades de trabalho trabalho se seria riam m no noçõe çõess abstrata abstratas, s, poré porém, m, inteligív inteligíveis. eis. D ess sse e modo,, esti modo estimar o valor valor de duas m me ercado rcadorias rias e em mo out utra ra me merca rcado doria, ria, em partes, soluci solucio onaria o probl proble ema ma.. Em vez de toma tomare rem m como rereferê rência ncia diret direta a uma noção noção abst bstra ratta de trabalh trabalho o, os a ag gente ntess da ttro roca ca figuram o valor de sua produção em outra mercadoria: o dinheiro, “um obje bjeto pl ple enament namente e palp alpáv ável” el” (S (Smith, mith, 1996, 1996, p. 88). 88).2 29 Ent ntre retanto tanto,, a medi medida da ex exata dos valore valoress nã não o pode pode sse er um uma a mermercado ca doria ria susce suscetí tívvel a variaçõ riaçõe es, como é o ca caso do dinheiro. dinheiro. D evido ido as const consta antes ntes a alltera teraçõ çõe es, este e exp xpre ressa ssa apenas o valo valorr no nomi min nal das merca me rcado dorias rias.. Por ser ser in invvari riá ável, o elemento q u e exp expre ress ssa a o valo valorr real   das mercadorias é o trabalho.  Um iimpo mporta rtant nte e aspe aspecto cto a ser ex exp pli29 “É mai mais ffre reque quente nte tro troca carr ca cada da m merc ercadoria adoria es espe pecíf cífica ica por dinh dinheiro eiro do que que por qualquer qualquer outro out ro bem. bem. Rarame Rarament nte e o aço açougue ugueiiro leva ssua uass carne carness de boi ou d de e carneiro ao padeiro ou ao ao cerv cervejeiro ejeiro,, para tro troca callas por pã pão oo ou u por ce cerveja; rveja; o que fa faz é levar as carnes ao ao mer erca do, onde tro din heiro depoi tro sse e dinheir din oaou cerveja.  A qucado, an tida de deasdtroca inhca eirpor o qudinhei e re cero, be,peede laspois carsntroca es ca deteess rm inaheiro tamobépor m apã qu ntid ade de pão e de cer cervveja q que ue poderá co comprar mprar depoi depois. s. É, poi pois, s, ma maiis natu natural ral e ma mais óbvi óbvio o, para ele, esti estimar o valo alorr das das ca carne rness pela qua quant ntiidade de di dinh nheir eiro o” (Smith (Smith,, 1996, p. 89).

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citado é o fato de o valortrabalho ser tratado como unidade de mediida na te med teo oria de S Smi mitth. Há um uma a preo preocupa cupaçã ção o em inv investiga estigarr a relaç re laçã ão entre ntre,, de um la lado do,, o va valo lor rtra traba balho lho e, de outro, qua quant ntid ida ade de trabalho que determi determin na os pre preços.3 ços.30O valo lorr de troca troca,, visto apenas co como mo expre xpress ssã ão de um uma a det determi erminada nada quan quanttidade de tra trabalh balho o incorporado na mercadoria, é a “pedra angular da investigação clássic cl ássica” a” (Bell elluz uzz zo, 1987, p. 10). O valor de troca como conceito central da teoria smithiana exclui o valor de uso como categoria importante na análise econômica. nô mica. Q ua uando ndo Smith mith expõ xpõe e os obj obje etiv tivo os da obra bra,, sali salienta enta qu que e sua pre preo ocupa cupaçã ção o cent centra rall era “inv nvestiga estigarr os princíp princípio ios s que que re regulam gulam o valo alorr de tro troca ca”” (Smit (Smith, h, 19 1996 96,, p p.. 86 86)).31A 1Assim, ssim, a ao o cont contrá rário rio de Marx arx,, que par parte te da análi análise se da mer merca cado doria ria e enqua nquanto nto uni unidade dade entre ent re valo alorr e valo lorr de uso, ele ffo oca nas q que uestõ stõe es ref refer erentes entes a ao o  va  v alor de troca.  Ao exp expllicitar a inva varriabilidade no valor do ttrrabalho, S Sm mith forne rnece ce o conce conceito ito de tra trabalho balho.. Q ua uant ntid ida ades iguais d de e tra traba balho lho teriam teri am v va alo lorr iigual gual para o os s tra trabalhadores balhadores e em m todo todos s os lug luga are res: s: Estando o trabalhad trabalhador or e em m seu esta estado do no normal rmal de sa saúd úde, e, vi vigor gor e di dispo spo-sição, siç ão, e no gr grau au no normal rmal de su sua a habili habilidade dade e destre destrez za, el ele e deverá apli aplicar  car   sempre o m mesm esmo c cont ontiingente de seu desembaraço, de sua li liberdade berdade e de  sua felici felicidade. dade. O preço que ele pag paga a deve ser sempre o mesmo, qualq qualquer  uer   que sej seja a quanti quantidad dade e de bens qu que er receba eceba em troc troca a de seu trab trabal alho ho.. (... (...))  Por Po r conseguinte, somente somente o trabalho trabalho,, pelo pelo fato de nunca vari ariar ar e em m seu  basee no q u a l se pode po de sempre s empre e em em  va  v alor, constitui o pa drã o últim o e real com bas

30 “( “(.....) .) a teori teoria a do valor valor apresentada em A riqueza das nações i  ilumin lumino ou sob sobvários rios ângulos ulos o fenômeno fenômeno da formação ção de preços” (Fri (Fritsch, tsch, 1996, 1996, p. 11). 31 “Na “Na obrade Smith, mith, naverdade, verdade, a teoria teoriado valor valor não não cumpresuaprom prome essa ssade determinar determinar simulltaneamente simu taneamente o va valor lor das das mercado mercadorias rias e a partici participação pação dos agentes ntes produti produtiv vos no  va  v alor criado” (Belluzzo, 1980, p. 28). Confor formeveremos, ateoriado valor deMarx tem  forma  outr utras as preocupações ocupações eenfoques: enfoques: a catego tegori ria avalor étratada tratada princi principalment palmente e como fo sem a exclusão exclusão da categori categoria a valor alor de uso, uso, e as dua duas s são vi vistas como uni unidade complexa complexa da célul célula da sociedade capi capitali talista, sta, a merca mercadoria; doria; e o aspecto qualitativo itativo da forma formavalor assumirá ssumirá centrali centralida dade de em em detrimento do quanti quantitativ tativismo ismo.. 36

 

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toda p a rt rtee estim ar e comparar comp arar o valor de todas todas as as mercadorias (Smith, 1996,

p. 89 —destaques nossos).

O valo lor rtra trabalho balho é tra tratado tado como padrã padrão o de medid medida a dos  vallor  va ore es de troc oca a das mercador oriias. Es Ess sa tradição ini nic ciada por  Ad  A dam S Smi mitth fo foii herdada e desenvo vollvi vid da por D avid Ric Ricardo.  A te teor oriia ricardiana dá respos ostta a pontos impor orttantes que não havia havi am s sido ido re resolv solvido idos, s, ou s so olucio luciona na determi determinadas nadas in inco coe erê rências ncias do seu predecessor. predecessor.3 32N 2Na a obra Pr  Prin incí cípi pios os d e E co con n o m ia P o lít lític ica a e  tributação, Ricardo tem como preocupação explicitar o desen vo  v olvimento de uma econ ono omia do tipo capitalista e verifi fic car como ela exp experim eriment enta a mudança mudanças em re relaçã lação o à parti partici cip paçã ação o da das s classe classes s sociais fundamentais (proprietários fundiários, possuidores do capital capi tal e tra trabalhado balhadore res) s) n na a riquez riqueza a total, al,3 33centra centrand ndo o atençã atenção o no des dese env nvo olv lvimento imento da tax axa a de lucr lucro o e sua suas s rela relaçõ ções es.3 .34 Mas não nos in não inter tere essa a form rma a pela qu qua al Ric ica ardo deli delineia neia su sua a teoria teoria sobre a taxa de lucro enquanto grandeza econômica principal; nossa atenção deve focar nos elementos conceituais que expresUmexemplo plo do avanço deRicardo Ricardo em rel relação aSmith Smith seria seriaaseparaçã ção o entre os fatores tores riqueza das nações, Smith de determinaçã determinação o do val valor de de uso uso e do valo valorr de troca troca.. Em A ri afiirma: af rma: As coisa coisas que que têmo mais alto alto valo valorr de de uso uso freque frequent ntem emente ente têm têm pouco ou nenhum nh um valor valor detroca troca;; vi vice cev versa ersa, os bens que têm o mais mais alto valor de troca trocamuitas muitas vezes têm pouco pouco ou ou nenhum valor valor de uso uso” (Smith mith,, 1996 1996,, p. 85), o que poderia poderia gerar uma uma confusã conf usão em relaçã relação o ao que condi condici cio ona o valo valor. r. Em cont contraparti rapartida, da, Ricardo Ricardo promove promove aseparação ração efetiv efetiva a entre as duas duas categorias tegorias:: “A uti utilidade, portanto portanto,, não é amedida medida do do  va  v alor detroca, emboralheseja absolutamente essencial” (Ricardo, 1996, p. 23). Out Outros exemplo xemplos s seriam: seriam: o da inse inserçã rção o teóri teórica ca dos dos tipos tipos de trabalho trabalho de maio iorr quali qualifficaçã icação o e/ ouintensi intensidade dade ea possibil possibilid ida ade de tais trabalho rabalhos s sere serem m passíveis ssíveis de reduç reduçã ão ao mesmo esmo critério devalor valor (qu (que esó époss possível ível pela pela formu formulação ção ricardi ricardiana anade trabalho balho incorporado); incorporado); aexplana explanação enriquecid enriquecida asobre odese desenv nvol olvi vime mento nto da maquinari maquinaria a ealgumasmudanças quepromovem promovem na produção do do valor alor etc. etc. Com Com isso, isso, não não pretende pretendemos mos afirmar uma uma superiorid perio rida ade teóric teórica adeRicardo Ricardo em relação relação aSmith; mith; há, há, naquel naquele, progre progress ssos os eretrocess retrocessos os emrelação a este. este. Sobre o tema, tema, o texto “Ric “Ricardo ardo eo fra fraca casso sso de uma teoria do valor”, alor”, de Reinaldo Reinaldo Carcanhol Carcanholo o (2002) é bastant bastante e instig instigador. 33 “Determ “Determin ina ar as as leis que que regulam essa essadistrib distribuição uição é a princi principal pal que questão da Economia conomia Polí Po líti tica ca”” (Rica Ricardo rdo,, 1996, p. 19). 34 “Nestaperspecti perspectiv va, suapreocupaçã preocupação o maior está estáfixadanaevol evolução ução da da taxa taxadelucro (que defiine como a propo def proporçã rção o entre aprodução produção e o consumo é indi indispensável spensável pa para se se obter essa ssaproduçã produção o)” (Belluz (Belluzzo zo,, 1980, 1980, p. p. 31).

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sam a arti sam articu culação lação entre a teo teoria ria ri ricard cardiiana e sua in interp terpretaçã retação o quanti qu antitati tativ vist ista a do va valo lor. r. C Co onf nfo orm rme e vere veremos, o valo lorr é trata tratado do principalmente sob a perspectiva da m edida ed ida do val valor or —   em o outros utros termos, o valor como unidade de medida. A teoria do valor de Ricardo é uma teo teoria ria d dos os pre preços ços re relati lativ vos; e é exp explí líci cita ta a atenção atenção fornecida aos aspectos quantitativos do valor em detrimento de seu conteúdo qualitativo.  Ao con onttrário de A dam Smi mitth, D avi vid d Ric Ricardo ini nic cia s su ua exposiçã expo sição o com o co conceito nceito de valo lorr ou valo lorr de troca troca.. Em sua teoria, teo ria, não há clar clara as dist distin inçõ ções es e entre ntre os dois dois conc conce eito itos s. O v valo alorr de uma mercadoria, segundo Ricardo, é determinado por dois fato tore res: s: a esca escasse ssez z35e a quant quantiidade de tr trabalh abalho o necessá necessário rio para obt bte er a mer erca cado doria ria.. Embo mbora ra haja es essa sa dupl dupla a determi determin nação ção,,  Ass s im , a maioria das mercadorias é produzida pelo trabalho.  A  se mpre  semp re q u e se refere a v alo al o r de troca, o a au u to r está ssee re refe feri rin n do aos  bens que têm seu valor de troca incorporado pelo trabalho. Mas o

que seria seria ess sse e valor de tro troca ca? ?R Riicardo re respo sponde nde a ess ssa a questão com a seguinte afirmação: (...) (.. .) o val valor or de troca de ta tais is mer ercadorias, cadorias, ou a regra qu que e dete etermi rmina na que  quantiidad quant dade e de uma dev deve e ser dada e em m troc troca a de outra, depende quase ex clusiv clusi vam amente ente da quant quantiidad dade e comparativa comparativa de trabal trabalho ho emprega egada da a cada cada   uma. (...) (...) Se aquanti quantidade dade de trabal balho ho c conti ontida da nas mercadorias dete determin rmina a  o seu seu val alor or d de e troca troca,, tod todo o acré acrésci scim mo nessa quanti quantidad dade e de trabalho deve deve   aumentar o valor valor da m mercadoria ercadoria sobre aqual ela foi apli aplicada, cada, assim co como mo   toda tod a dim diminuição deve reduzi reduzi--lo (R (Ricardo, icardo, 1996, p. 24-25).

35 “Algumas merca mercadori doria as têm seu seu valo lorr determinado somente somente pela escassez. ssez. Nenhum trabalho trabalh o pode aume aumentar ntar a quantidade quantidade de de tais tais bens, e, portanto portanto,, seu valor valor não pode ser reduzi reduzido do pelo pelo aumento umento da ofe oferta. rta. Al Algumas gumas estátuas estátuas e qua quadros fa famosos, liv livros e moedas raras, ras, vinhos vinhos de qualidade qualidade peculiar, peculiar, que só podem podemser feitos com comuvas cultiv cultivadas em terras terra seu especiais especiais das datalmente s quais existe uma quanti quant dade muito imitad mi tada, a,osã todos to dosmente desta desta espécie. es pécie. S valor é totalmente to indepe indepe ndente daiquantidade quanti dade de dle trabalho trabalh ori ooriginal ginalmente necessári necessá ria a para para produzi produzi--los e oscila scila com amodif modifiicação cação da riqueza e das preferênci preferências as daqueles daque les que dese desejjam possuí-l possuí-los” (Ricardo (Ricardo,, 1996, 1996, p. 24). 24). 38

 

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 A te teoria do valor de Ricardo é  uma  uma teoria do trabalho incorporado: pora do: o v va alo lorr d de e uma me merca rcado doria ria é determinado pela quan uanttidade de trabalho ali materializado. Além disso, sua contribuição é co conhecid nhecida a por por co const nstiitui tuirr uma teori teoria a dos pre preços re rela lativ tivo os, isto é, uma compree compreensão nsão que se preo reocup cupa a co com m as prop propo orçõ rções es e ra raz zões da troca tro ca entre dif dife ere rentes ntes me merca rcado dori ria as. Os pre preço ços s re relativ lativo os dependem exclusiva exclusiv amente d da a quant quantid ida ade de tra trabalh balho o empre mpreg gada da.. Consequentemente, quentement e, sua teo teori ria a dá ê ênf nfa ase aos elem elemento entos s que que co compõ mpõem em os pre preço ços s rela relativ tivo os da das s merca mercado dori ria as, se sendo ndo p po ossív ssível el a apo pont nta ar que a contribuição ricardiana exposta em sua obra principal investiga os aspecto spectos s qu que e det determi ermin nam os pre preços, ços, na qual o valo lorr é tratado princi pri ncipalment palmente en nos os s se eus elem lementos entos qua quant ntiitati tativ vos. A Ass ssim, im, de aco cordo rdo com o sent sentiido que de demos mos a ao o term termo o quantitativismo   pa para ra faze zerr referência ao viés de determinada teoria do valor —a teoria ricardiana é, por excelência, quantitativista.  As  A s dific ficu uldades decor orrrentes d de estes pressupostos acom omp panharam Ric ica ardo par para a o resto resto de s sua ua vid ida a. O auto utorr noto notou u que as troca tro cas s rrea eaiis e ent ntre re merca mercado dorias rias não co cond ndiizem e ex xatame tament nte e co com ma quantiidade de tra quant traba balh lho o con conti tido do em ca cada daum uma a delas. delas. Como soluçã lução o, apo ponto ntou u a nece necessida ssidade de de enco encont ntra rarr uma mercado mercadori ria a qu que e man mantti ve  v esse seu valor, u um ma mercadoriap pa adrão c cu ujo valor de troc oca a não sof ofrresse var varia iações. ções. A in inv variabi riabili lidade dade d de e tal me merca rcado doria ria permi ermiti tirí ría a sua utilização como unidade de medida ao possibilitar a percepção da variaçã ariação o do v va alo lorr d de e tro troca ca de to toda das s as o outras utras me merca rcado dorias rias.. Seu anseio pela medida do valor resumese na busca por uma unidade   de m ed edida ida dos dos pre preços ços relativos relativos da  das s mercado mercadori ria as.  A noção de que a medida do valor éo tempo de trabalho incorpora po rado do na me merca rcado doria rialev evant anta aq que uestõ stõe es iimpo mportantes rtantes par para a aformula rmulação çã o ri ricardi cardiana. ana. Nasuaexp expllanaçã nação o sob sobre reo assunto, ssunto, co consider nsidera a, além do trabalho trabalho imedia imediato to,, os g ga astos com ca capi pital tal ffixo ixo,, edif difício ícios s etc etc.3 .36E 3f> “Não só o traba icado di diretamente retamente às mer merca cadoria dorias afeta afeta o seu valor, ttambém ambém bém ttrabalho raballho apl plicado às merca me rca seu valo lor, mas mas tam també m  fe erramentas e edif o traba traballho gasto em implem implementos, entos, f  edifíci ício os que contribuem contribuem para sua sua execução” (ibid.> p. 30).

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percebe a percebe aqui qui um uma a inco ncongruênci ngruência: a: o qu que e o trab trabalh alhado adorr re rece cebe be como remunera rem uneraçã ção o nã não o é pro propo porcio rciona nall ao v va alo lorr d dos os pro produto dutos sgera rado dos s por ele. H Há á a identi identifficaçã icação o de um proble problema fund unda ament menta al: a di differe rença nça quanttitati quan ativ va entre o que o tr tra abalh balha ado dorr produz produz e o que rre ece cebe be c como omo sallári sa rio o nã não o conf confiigura um uma a tro troca ca entre equiv quiva alentes lentes:: Se isso fosse verda verdadei deiro, ro, se a remuner uneração ação do trabal trabalhad hador or fosse sempre  proporci propo rcional onal ao queele produz produz,, aquantidade quantidade de trabalho empregadanuma  mercad mer cadori oria a e a quantidad quantidade e de trabal trabalho ho que essa mer ercadori cadoria a compraria  seriam seri am iguais, e qualquer delas poderia medi medir r com p pre recisão a vari variaç ação ão de  outras coisa coisas. Mas não são iguais ((Ri Ricardo, cardo, 1996, p. 25).

Para os nos nossos sos fins, é fun undamen damental tal co compre mpree ender aqu aquiilo qu que e caráterr meram meramente ente in instr strum um en ental tal do trabalho na  Belluzzo chama “o caráte teoria ricardian r icardiana a do va valor lor” ”{ 1980, p. 39 39). ). O conceit conceito o de valo lor rtra traba ba lho na teo teori ria a de R Riicardo tem lu luga garr a apena penas s nas q que uestõ stõe es re reffer erentes entes à medida do valor, do conteúdo conteúdo quanti quantitati tativ vo da tro troca ca.. Isso po pode de ser

facilmente observável no capítulo dedicado à análise do valor em  Princí  Pri ncípio pioss de Eco E cono nomi mia a Polític Po lítica a e tribu tributaç tação, ão, no qual expõe vá várias rias compara co mparaçõ ções es quant quantiitati ativ vas entre doi dois s gêner nero os de merca mercado dori ria as, ou de uma um a mesma mer mercadori cadoria a em dife difere rentes ntes épo época cas, s, ou de uma me mesma sma mercado merca doria ria co considera nsiderando ndo determin determina adas flutuações de valo alorr etc., mas sempre comparando quantitativamente. Tudo isso nos faz concl co ncluir uir que D Da avid R Ricar icardo do trata o valor na pe pers rspe pectiv ctiva a de uma busca pelo que se busca seria ria a medida do valor  e a cria criaçã ção o de uma teo teoria ria dos preços relativos. Os probl proble ema mas s re reffere rente ntes s à quanti quantiffic ica açã ção o do v va alo lorr do tra traba balh lho o imat material erial apre prese senta ntado dos s no it item em a ant nterio eriorr se enc enca aixam na te teo oria d de e Smi mith th e Ri Rica cardo rdo.. Co Como mo quanti quantifficar os elem leme ento ntos s lig liga ados ao conh conheecimento,, às ati cimento tiv vidade idades s in intelectuais telectuais e etc.? tc.? O prob probllemada q qua uanti ntiffica caçã ção o do val valo or permei permeia aaobra dos ref refe erido ridos sa auto utores res,, eas que questõ stõe es re refferente ntes s ao tra trabalh balho o imaterial nã não o assum ssumem em imp mpo ortânci rtância a na análi análise. se. Ao conceit conc eitua uarr o valor valor como um uma a facti ctici cida dade de pass passív íve el d de e me mensura nsuraçã ção o empíri empí rica, ca, form rma as pro produti dutiv vas co com m elem leme ento ntos s nã não o quanti quantifficá cáv veis s sã ão excluíd excl uída as d do o es espe pectro ctro expl expliica cati tiv vo des desta ta teori teoria a. Po Porrta tanto, nto, as crític crítica as

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teó óri rico coss do trab trabalho alho im imat ater eria ial  l  ao qua feitas pelos te quanti ntitativ tativismo ismo da teori teoria a do v va alor s sã ão apli plicá cáv veis a S Smi mitth e Rica Ricardo rdo.. Os mesmos elementos que marcam o quantitativismo da teoria smithiana e ricardiana definem as interpretações quanti-   tativistas da teoria marxiana do valor. Essas interpretações são pautadas nas pressuposições de que haveria em Marx um viés quantitativista segundo o qual os valores das mercadorias só podem ser deduzidos pela mensuração da magnitude de seu resultado final. Tal quantificação se daria através da quantidade de pro produto duto fin ina al, o que só po pode de ocorre correrr devi devido do à cara caract cteríst erístiica material do artigo produzido (um casaco, dez quilos de chá, meia me ia to tonelada nelada de ferro etc.). A especificidade da teoria do traba lho imaterial  re reside side em ten tentar tar ref refutar utar a teo teoria ria do v va alo lorr de K Ka arl Marx ao supor supor que a produç produçã ão de valo lorr está pre presa sa à nece necessidade ssidade

deste se deste serr quanti quantifficado e mensurado pel pela as uni unidades dades materi materiais ais de seu resultado final. Como consequência, a teoria marxiana não estaria apta para analisar a produção “comandada” pelo trabalho im imaterial. Par Para a lev evant antar ar mais um ponto ponto ao de deba bate te,, conv convé ém adentrar na análi álise se da teoria teoria marx marxiiana. capitall O pseudoproblem doproblema da quantifi quantificação cação do val valo or em O capita  A teor oriia soc ociial37de K arl Ma Marrx e ex xposta nos três volumes de O capital  opera uma a alltera teração ção nos rumo rumos s pelos pelos quais a teo eori ria a do

 valor fo  va foii levada a cabo p pe elos seus predecessores. A lguns autores discorda disco rdam m des dessa sa di differe erenç nça a,38po poré rém, m, po pode demos mos v ve erif rificar icar tamb também ém apital não trabalho trabalh o, defende po sicio onam ento undo o qual aobra ão 37 No prese presente nte traba lho, ho def defendemo osso posici posicio posi ciona name me nto segundo segundo obraO capital restringe cam po daEcono tratar de relações so sociais, soci ais, preferimos prefer preferimo imos serestri restr inge ao campo ca mpo conomia. mia. Por tratar s ociais, preferimo s chama chamar ori oria ria ria social, diz construçã o de uma teo respe spe ito a diver diversa suaconstrução co nstrução dizendo resp re speito eito sas s área áreas do do conhecimento conhecimento car nohumano entre as quai quais aEcono conomia mia faz parte. parte. Em Em uma carta cartta a a Lassalle, em 12 de no ve  v embro de 1858, referindose se aosseus estudos eàcontribuição quepretendia realizar no campo ca mpo d da a Economia conomia Pol Política, tica, o próprio próprio Marx reconhece que sua obra “aprese presenta, nta, pela pela

ci c enti2008, importante mpo sobre sociais pri primeira meira vez, P cienti entif ficamente icame nte18 um ponto de vista ista impo imp ortante sobre sobr e as relações relações soci so ciais” ais”” apud Paula, 200 8, p. (Marx aiula, 2 008, 8). ponto menc ionado onad o por Belluzzo afirmou que Marx Marx 38 Por exemplo xemplo,, o caso menci mencio menciona nado do por Bel luzzo no qual qual Samuelso muelson n af um “/porí wíric wí rica ardiano rdiano (B elluzzo 1980, p 76). foi um po ríricardia ricardiano no menor” menor” ((Belluzz Belluzz Bell uzzo o, 19 p.. 76). 76 ).

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a ru rup ptura ura de Marx em relaçã relação o ao método método de pe pesqu squisa isa// exposiçã xposição o, conteú co nteúdo do,, senti sentido do e objeto de estudo. studo. Os limi limites tes de dest ste e trabalh trabalho o nos impedem de abordar todos esses elementos em conjunto.  Ap  A pesar disso, de defen fendemos o seguinte argumento: em em relação à poss ssíve ívell u uti tili lizz a r a teo teoria ria social m ma a r x ia ian n a pa para ra  categoria valor, só ê po o estu estudo do do tra trabalh balho o im imater aterial ial no capi capital talism ismo o porq porque ue M a r x rompeu  com a tendência conceituai da teoria econômica clássica pautada no  quantitativismo da teoria do valor. Tal tendência demonstrada no

item anterior diz respeito ao que chamamos de quantitativismo   da teoria do valor,  ou visão quantitativista do valor,  na qual este é  viisto so  v sob dois enfoq foques relacionados entre si que vão determinar a abrangê rangênc nciia da teoria: teoria: ou é  tratado  tratado como unidade de medida, e neste caso a quantificação matemática do valor das mercadorias porr un po uniidad dade e pro produz duzid ida a dema demarca rca o critério de e exi xistê stência ncia dess desse e valor; ou lor; ou apare aparece ce ligado exclusiv exclusiva ament mente e à produçã produção o de merca mercado dorias rias mater ma teriais/ iais/ físi ísica cas, s, e os se servi rviços ços nã não o são vvisto istoss como como produto produtore ress de  va  v alor. A teoria do trabalho iim material enxerga estes elementos na teori teo ria a de Marx e def defende o arg argument umento o segund segundo o o qua quall as teo teorias do va valor (e aqui está está incl incluí uída da a de Ma Marx rx)) foram ram supe supera rada dass qu qua ando a produção imaterial ganhou força. Conforme mostramos no primeiro item, os postulados teóricos pautados nas formulações quantitativistas da teoria do valor excluem a possib excluem possibiilidade de incorpo ncorpora raçã ção o dos temas temas conce concerne rnentes ntes ao trabalh trabalho o im ima aterial. Aqui A qui,, tte entare ntaremos mos de demo monstra nstrarr que, que, ao contrário do que presume a teoria do trabalho imaterial , não há elementos de quantitativismo na teoria do valor de Marx. Em nova va formu formulação lação   relação a seus predecessores, o autor realiza uma no nos termos empregados pela teoria do valor para compreensão  po o r esta ino inova vaçã ção o que qu e se p o d e enxe enxergar rgar na teo teoria ria  da realidade. É p m arxian arx iana a um a base conceit conceituai uai coesa e fu n d a m e n ta l pa para ra o es estu tudo do  do trabalho imaterial,  embo embora ra o

auto autorr não nãde o tive tiv ess sse e nenhum enhuma pretensão de fornecer esse tipo específico contribuição. Pora isso iss o considera consideramo moss que o pro proble blema do quantitativ quantitativismo ismo da teo teoria ria

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marxiana é um p marxi pseudo seudopro probl blema ema,3 ,39o 9ou u um p pro robl ble ema que nã não o se colo co loca ca.. C Ca abe a nós, aqui qui,, resga resgatar tar as teo teoriz riza açõ ções es qu que e iluminam o tema da qua quan nti tiffic ica ação do valo valorr na teo teoria ria marxi marxia ana. Nossa hipótese é de que Marx, mesmo ao considerar elementos relacionados à quantidade  de valo lor, r, nã não op pre ressupõ ssupõe e a necessid necessida ade de quantificação empírica como critério de existência do valor, nem a necessidade inexorável de o valor existir em mercadorias materiais. Isso po pode de ser demon demonstra strado do em m mo ome mento ntos s ce cent ntra raiis d da a exposição de O capital  e  e indica que a teoria marxiana do valor é pass pa ssív íve el de s se er uti utilliz izada ada para a análise d do o trabalho imateria material. Sem querer antecipar exageradamente os elementos que necessitam ser demo dem onstrados gra gradati dativ vament mente, e, pa pass sse emos à análi análise se da que questão stão da quantificação em O capital. Um pri prime meiiro ponto a s se econsi consider dera ar s sã ão os delineamentos marxia-  nos que expr expres essam samfatores qu quee dif dificu icultam ltam u m a hipotética hipotética men mensuraç suração ão  empírica do valor.  Seg egundo undo Marx Marx,, “a lei do v valo alorr da das s merca mercado doria rias s

determina qua quanto nto de todo tem tempo po de traba trabalh lho o disponív disponíve el a sociedade pode despender para produzir cada espécie particular de merca me rcado doria ria”” (19 (198 85, p. 280) 280).. E exata exatamente mente ne neste ste ponto que dificulda cul dades des para aquanti quantificação do v va alo lorr co começa meçam m a se serr lev eva ant nta adas: a mercador mercadoria ia pod podee ter um u m valor valor in ind d ivid ua l e um va valo lorr soc socia ial  f  lf   S  Se e desde o prime primeiro iro ca capí pítul tulo o Marx co conceitua nceitua o valo valorr aparti artirr do tempo  de trabalho socialmente necessário para a pro produção dução da merca mercado doria, ria, 39 A pala lavra vrapseudoproblema foi  foi to toma mada da deempré mpréstimo stimo de Rodolf Rodolfo o Ba Banfi nfi (1970 (1970) no artigo rtigo “Un pseudo pseudo proble problema: La teoria teoria dei dei valor valortra traba bajjo como como base basedelos losprecios de equilí equilíbrio brio”. Nele, o auto autorr mostra mostra como ateori teoria a marx marxiiana não não é uma teori teoria a dos preços preços relati relativ vos de equilíbrio. " Ao tratardo dese desenvolvi nvolvim mento ento da produtiv produtividade idadedo traba trabalh lho o que que umcapitali capitalista sta consegue estimul esti mular ar em relação aseus seus concorre concorrentes, ntes, Marx salienta salienta um aspecto specto da difere diferença nça entre ntre o valor valor social social e o valor valor indi indiv vidual da da merca ercadori doria a. Discorre iscorrendo ndo sobre obre como a questão stão da mais ma isv valia relativa apare parece ce “parao capitali capitalista sta indi indivi vidua dual, l, na me medida em em que toma tomaa in iniciativ ciativa, a, aci acica catado tado pela pelaci circunstância rcunstância deo valor valor ser igual ao tempo detrabalho socia socialmente neces nec essá sário queseobjetiv objetivo ou no produto; produto; [o capi capitali talista] sta] estimulado estimulado pelo fa fato de que, por por ais s bai aix xo do que se conseguinte, o valor individual do seu produto é mai seu valor valor soci socia al e de que,, por isso, que isso, pode ser ser vendido acima acima dese seu u valor ind indiividual” dual” (Ma (Marx, rx, 2004, p. 92).

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decorre deco rre qu que e “o ver verda dadeiro deiro valor de uma mercado mercadori ria a, poré porém m, náo é seu se u valor iind ndiividual, ma mas, s, sim, se seu u valo lorr soci socia al, isto é, não s se e me mede de pelo pe lo tempo de traba traballho que custa real realmente ao produtor, produtor, no caso indi in div vidual, ma mas sp pe elo tempo tempo de tra trabalho balho soci socia alme lmente nte exig xigido pa para ra sua produção rodução”” ((Marx Marx,, 19 1985 85,, p. 252 252)). Porr ora Po ra,, co convém nvém re refforça rçarr a idei deia a de que, p para ara o autor, o valo lorr de uma mercadoria não é o valor incorporado nela individualmente, me nte, ma mas, s, sim, o ttrabalh rabalho o so soci cia al ne nece cessá ssário para sua pro produçã dução o. Sob este pr pre ess ssuposto uposto,, uma me merca rcado doria ria po pode de ter s se eu valo valorr altera terado do após pós sua pr pro oduç duçã ão. Marx forne rnece ce um e exem xempl plo o: supo supondo ndo que uma mercado merca dori ria a dema demande nde 6 h ho ora ras s de trabalh trabalho o para se serr pro produz duzid ida a e, poste po sterio riorme rmente, nte, à suaproduçã produção o surjam surjam inv inve enções q que uepo possibi ssibili litem tem sua co conf nfecçã ecção o em trê três s ho hora ras: s: Cairá airá também também pela pela metade metade o valor valor da mer merca cado dori ria a j á prod uzida.  E  Ela la reprerepresenta agora três horas horas de trabal trabalho ho soci social al necessári necessário, em vez vez de seis seis como como  ante an tes. s. É, portanto, portanto, o quantum  de trabal trabalho ho exi exigido gido para suaprodução, enã não o  sua forma forma objetiv objetivada ada [geg gegenstànd enstàndliche liche Farm ], que determ determiina suagrandeza  de val alor or (Mar (Marx x, 1988, 988, p. 122).

 As difer ferenças existentes entre valor soc ociial e valor indivi vid dual remetem reme tem a di difficuldades culdades de ord orde em prá prática em relaçã relação àme mensuraçã nsuração o do v va alo lor. r. Co Como mo mensura mensurarr e empi mpiricame ricamente nte o v va alo lorr s so oci cia al d de e dete deterrminado tipo de mercadoria? O ut utra ra di difficul culdade dade dec deco orre do próprio proce proces sso de pro produçã dução o: o trabalh traba lha ado dor, r, na s sua uaativ tividade pro produtiv dutiva a, pro produz duz va valo lorr e, ao me mesm smo o tempo tem po,, tra transf nsfe ere va valo lor. r. O que po pode de pa pare rece cerr tri triv vial é, na rea realida idade, um complicador para aqueles que buscam a quantificação do  va  v alort trrabalho. O processo de trabalho é constituído por elementos dive div ers rso os que exer xerce cem m papé papéis is di disti stint nto os na pro produçã dução o de v va alo lorr dos produtos do traba trabalho lho.. Enquanto nquanto funcio unciona na,, a forç orça ade tra trabalh balho o cria novo va valo lor. r. Mas Mas o valo lorr d dos os me meio ios sd de e pro produçã dução o ta também mbém in inci cide de sobre bre o valor valor ffin ina al d da a merca mercado doria. ria. Ao me mesm smo o te tem mpo, po, o tra trabalho balho  viivo promove a criação de valor e aconservação do valor dos meios  v de produção:

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O trab trabal alhad hador or não trabal trabalha ha duas vezes ao me mesmo smo te tem mpo, uma vez pa para ra  agreg egar ar,, po por r meio de se seu u trabal trabalho, ho, valo alor ra ao o algod algodão ão e outra ve vez zp para ara  conservar conserv ar seuval alor or an anter terior, ou, o que é o mesmo, para transf transferir erir ao pro pro-duto, o fi fio, o, o val alor or do algo algodão dão que transforma e do fuso com o qual ele  trabalha. Antes, ao contrário contrário,, pelo mero acréscimo denovo val valor or conserva  ac réscimo imo d e novo valo va lorr ao objeto obje to d e tra t rab b a lho lh o e  o valor valor an antigo. tigo. M a s como o acrésc a conserv conservaç ação ão dos valore valoress antigos no pr oduto od uto são são dois d ois resu result ltados ados tota lmente lm ente   diferente dife rentess qu e o trabalhad trabalhador or alcança ao ao mesmo tempo, embora trabalhe um a    só v e z d u r a n t e ess ssee tem t emp p o, ess essa a d u a l id a d e d do o re resu sulta ltado do só p o d e exp explic licarar-se, se,   evidentement evi dentemente, e, pela dua lidad e de seu próprio próprio trabalho. trabalho. N  No o mesmo insta instante, nte, 

o trabalho, trabalho, em uma condi condição, ção, tem de gerar val valor, or, e em outra condi condição ção  deve conservar ou transf transferi erir r val alor or ((Ma Marx rx,, 1985, p. 165).

O duplo resultado do trabalho vivo no processo de produçáo de  va  v alor éilustrado por Marx a partir da metáfo forra da “transmigração dealmas” almas”.. Quando uando o trabalho trabalho vivo vivo consome consome os m me eio ioss de de pro produçã dução o para a co conf nfecçã ecção o de um nov novo o produto produto,, “ele “ele [o valo valor] r] transmi ransmigra do ccorpo orpo consum consumid ido oa ao o corpo recém recémes estrutura truturado do”” ((Marx Marx,, 1985, p. 169). 1Sendo assim, assim, o trabalhado trabalhadorr só po pode de pro produz duzir ir valor lor nov novo o conse co nservando rvando os antigo ntigos, s, os valore loress dos dos meio meioss de produçã produção o. “É, “É, porta po rtanto nto,, um dom natural da da força de trabalho trabalho em a açã ção o, do tratrabalho viv vivo o, co conser nservvar valor lor a ao o agreg grega ar va valo lor, r, um dom dom natural que que nada cust custa a ao trabalhado trabalhador, r, ma mass que rende rende muito muito ao cap capiital taliista” sta” (Marx, Marx, 1985, 985, p. 170). Quand uando o Marx come começa ça a co considera nsiderarr outros condici condicio oname namento ntos, s, como co mo o sal salário rio por por peça, peça, po porr exempl xemplo o, surgem surgem no nova vass qu que estõe stões rref efeerente re ntess à di difficul culdade dade de quantif quantificaçã cação o do resulta resultado do.. Nesta forma rma de assa ssallariam riame ento nto,, o tra trabalhador balhador direto écont control rola ado apart partiir da quant quantiidade do do result resulta ado, do, das pe peça çass produz produziida das. s. Paraque se seja ja quant quantiificado4 cado4 1 41 Os ca cadá vere veres de má máquina quinas, s, iinstrume instru nstrume mento ntos, s, edif difícios iindust ndustriais ais etc. continuam ntinuam existi dáver es de nstrumento difício ícioss industri ndustri riais etc. co cont inuamaexistir existirr separ se para ados dos dos produto produtoss qu que e aj ajud udaram aram a formar. Seco consi nsidera derarmo rmoss to todo do o período período em io de trabalho pre que tal me meio presta sta se serv rviço iço,, de desd sde e o dia dia de de sua entrada na oficina icina a até té o dia di ad de e se seu u baniment banimento o ao despejo, despejo, verem veremos os que, dur durante ante es esse se perío período do,, se seu u valor de u uso so foi in inteiram teiramente ente cons consum umido ido pelo traba trabalh lho o, e se seu u va valo lorr de de troca troca transf transfe eriu riuse se,, por iss isso, o, totalmente to talmente ao p produto produto” ., 1985, 1985, 85, p. 168). i/d roduto”” ((« D. 168).

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o produto produto final do ttra rabalh balho o, elas ne nece cessitam ssitam ser ser “partes “partes discretas discretas ou mensurá me nsurávveis de um produto produto cont contíínuo” nuo” (Marx, Marx, 1988 1988,, p. p. 134). 134). Mas essa mensuração mensuração não não diz diz re respe speiito à relaçã relação o de valo lor: r: O salário salário po por r peçanão expressadiretam diretamente na reali alidade dade nenhuma relação  de valor. valor. Não se se trata de de medi medir r o val alor or da pe peça ça pelo tempo de trabalho  nela corpor corporiifi ficado, cado, mas, as, ao contrário, demedir edir o tr trabalho abalho despe despen ndi dido do pe pelo lo  trabal trab alhad hador or pelo número de peç peças as que produz produziiu (Marx (Marx,, 1988, p. 134).

 A me medida do valor é o tempo de trabalho sso ocialmente necessário. A quantidade materialmente determinada do salário por peça,, na ver peça erdade dade,, nã não o se serve rve para medir medir o va valo lor. r. Na forma mais mais comum de assalariamento capitalista, o salário por tempo, o trabalh traba lho o é medido medido por sua dura duração ção. A Ao o contrá contrário rio,, no sa salário lário por peça, o trabalho é medido “pelo quantum  de pro produt duto os em que o trabalho trabalh o se conde condensa nsa durante durante determinado determinado pe perío ríodo do detem tempo po.. (...) O salário por peça é, portanto, apenas uma forma modificada do salário por por tempo tempo”” ((Marx Marx,, 1988 1988,, p. 134). 134). Ess Esse es eleme lemento ntoss assum assumem em importância para a contabilidade capitalista e a maximização e padroniz padron iza açã ção o da produçã produção o, e lidam di direta retamente mente com os pr pre eços e, e, apenas penas in indi diretament retamente, e, com com os valore lores.4 s.42 É importante notar que as dificuldades de quantificação não são sã o re reffere erent nte es apenas apenas aos processos processos d do o trabal rabalh ho imateri material, al, m ma as sã são o condicionamentos erigidos em qualquer processo de produção de teoria a do trabalho imateri ima terial  al    valor, incluindo aprodução material. A teori  va defende que o valor permeia a produçã  produção o ma mater terial  ial , sendo possível sua quantificação, o que não acontece com a pr  prod oduç ução ão im imate ateria rial, l,  em que os proce processos ssos e exxcluem cluem a mensuraçã mensuração o. Por Por tais razõe razões, a teori teoria a

42 “A quali qualidade dade do trabalho trabalho é aqui co contro ntrolada lada me mediante diante o pr próprio óprio produto produto,, que tem tem de possuir po ssuir quali qualidade média médiaseo p preço reço po porr peçade deve ve serpago pago integralme ment nte. e. Dess sse e modo modo,, o sallário po sa porr peçasetorna tornafont onte ema maiis ffecunda ecundadede descontos scontos salariai salariaiss edefrau raudes descapit capitali alistas. stas. Ele proporciona proporciona ao capi capitali talista sta uma medi dida da inte nteiram ramentedetermina rminada dapara aintensidade nsidade  do trab alho al ho  Port  P orta nto nã o fçã ornece uma me medi d dos os pesa pesar r de intensi intensidade d do o trabal traba lho se ser.r"um fa faator tonto, rde d,enão g gera era ção o dova valo lor. r. “S “Só ódida oda te tem povalores, d de etrabal trabaalho que seacorp corpori oriffdade icanum quantum de merca mercadori doria as previ previam amente ente de determinado terminado e fix ixa ado pela e experiência xperiênciaval ale e como como tempo de trabalho trabalho soci socia alme mente nte ne neces cessá sário rio e épag pago o com como ttal al”” (id., 19  1988 88,, p. p. 134).

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do va valor lor não não explicaria plicaria o tra trabalho balho imaterial. Noss Nossa a inte interpre rpreta taçã ção o dife dif ere des desta: ta: mensurar empiri empirica camente mente o va valor lor so social de qua qualq lquer uer produto pro duto do trabalho trabalho é inexequív nexequível. el. Mas Mas é necessá necessário rio ir além: pa para  pse seud udop opro robl blem ema a d a qu quan antif tific icaç ação ão do  entender o que chamamos p valor, não não po pode demos mos nos co cont ntentar entar com com a aprese presenta ntação ção dos pro probl bleemass ffo ma ormais rmais que se impõe mpõem à mensura mensuraçã ção o do valor, lor, mas mas adent adentra rarr nos se sentido ntidoss que o autor utor fornece rnece a tal categ catego oria. ria. É o que faremos remos a parti artir de a ag gora ra.. Não é preciso ler muitas páginas de O capital  para que que im importa po rtant nte es p piistas sobr sobre e a categ catego oria ria valor lor saltem aos aos olho olhoss d do o le leit itor. or. No pref prefácio, cio, Marx jjá á anunci anuncia a que “a “a forma celul celular da econo conomia é a forma de mercadoria do produto do trabalho ou a fo  f o r m a do  valor  da mercado mercadori ria” a” (Marx, arx, 198 1985, p. 12). Lo Logo, em vez de tratar o valo valorr co como uma unidade unidade de medida, medida, fo fornece rnece a ele outro senti sentido: do: o valor é uma f foo r m a  e pode ser constatado e analisado a partir da capacidade de abstração. Em direção oposta a Smith e Ricardo, que tomam como fulcro da teoria teoria a análi nálise se do do va valor lor d de e troca troca,, Marx a affirmou: “para “para mim, não são sujeitos nem o valor, nem o valor de troca, mas somente a mer mercad cadoria oria” ” { Marx, arx, 1977, p. p. 171  destaque do autor, utor, tradução nossa). Contrariando os desenvolvimentos da Economia Política clássica, a categoria marxiana de valor é exposta a p artir arti r de sua uni cde omuso a categ caconstitui tego oria deavcélula alor lor d de eeconômica uso. uso. A jjun unção ção do valor comunidade o dade valor co da sociedade capitalista, a mercadoria. Esta, por sua vez, é o corpo contraditório que contém a forma específica que o produto do  fiorm rmaa-va valo lor. r.A Ai Não por trabalho assume na ordem do capital: a fio acaso, caso, a mercadori mercadoria a é o po ponto nto de partida partida da expo exposiçã sição o tanto tanto de O capital  quanto crítica da Economia Pol Políti ítica. ca.   quanto de Contribuição à crítica  A me mercador oriia, ao ao cons consttituir o ponto d de e par partida da exposição,4 3 43 Uma da dass ma maio iore ress contribuiçõ contribuições es à lei leitur tura ad do o va valo lorr e enqua nquanto nto forma foi rea realilizzada por Rubin Rubi n (1 (1987 987, p. 121 12113 138 8). 47

 

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foi aspecto fundamental para uma efetiva crítica da Economia Polí líti tica.4 ca.44 Pross rosse eguindo suaanálise, nálise, o autor afi afirma que que a uti utilidade de um obje obj eto faz dele um valor valor de uso uso, que se real realiza com com o consum consumo o, e é determi determin nado pelas caract característ erístiicas peculi peculiares de cada cada merca mercado dori ria a: o va valor lor de uso uso imedia imediato de uma cadeira cadeira é exatamente exatamente auti utilidade expre xpressa ssa na poten potenci cia alidade de sati satisf sfa azer a necessid necessida ade hum humana ana de de senta se ntar. r. A uti utilidade está inti intimamente mamente li liga gad da às cara característi cterística cas s que que compõem o objeto. Porr outro lado Po lado, a merca mercado doria ria tem tem também valor de troca troca,, ora apresenta presentado do como o elemento mento a partir artir do qual as re rela laçõe ções s de troca troca entre mercado mercadori ria as com difere diferent ntes es uti utilidades seestabelece stabelecem m, nas ma maiis  va  v ariadas proporções. Doi Dois fatos importantes saltam aos olhos de Marx:: “primeiro: Marx “primeiro: osvalore valores s de troca trocavigentes da mesma mesma merca mercado doria ria expre xpressa ssam al algo igual gual. Segund egundo o, poré porém m: o valor valor de troca trocasópode pode se ser o modo mo do de express xpressã ão, a ‘forma de mani maniffestação’ estação’ de um conteú conteúdo do dele dele dist di stiinguív nguível” (Marx Marx,, 1985, p. 46). 46). Existe uma re relaçã lação o de igual gualdade passív pas sível el de ser ser verifi erificada na pro proporçã porção o em que as as mercado mercadori ria as se se permuta permut am: uma uma mesma mesma grand grandeza eza quantitati quantitativ va exi existe ste em em dua duas mermercado ca doria rias s de util utilidades dades disti distint nta as. Há uma cara característ cterístiica em comum quenas nas devidas devidas proporçõe proporções s iguala guala quantitati quantitativ vament mente e os pro produtos do do traba tra balh lho o: é o queMarx aprese presenta ntainici nicia alment mente ecomo valo valor. r. O valor valorde umamerca uma mercado dori ria aédetermina determinado pelo pelo tempo tempo de trabal trabalho socia socialme lmente nte necessá nece ssário rio para sua produçã produção o. Este tempo determi determina na a gra grand ndez eza a do 44 Além do do método de pesquisa, pesquisa, Marx também também inco incorpo rpora ra a dialéti dialética ca como como méto método do de de exposiçã xposição o críti crítica ca dos press pressup upostos ostos da Econom Economia Polít Política ica clássica: clássica: “O conce conceito fundamental, me ntal, aqui, para o Marx Marx críti crítico co da Economia conomia Polí Políti tica ca,, é o de ‘exposiçã xposição’, ‘método todo de exposição’, expo sição’, que designa o modo como o objeto, objeto, sufici suficiente enteme mente nte apreendido preendido e analisaanalisado, se desdobra desdobra em sua suas articul articulaçõ ações es própri próprias as e como como o pensamento mento as desenvol desenvolve ve em em sua su as determinações determinações conceitu conceitua ais correspondente correspondentes, s, orga organiz nizando um discurso discurso metó metódico dico (Müll Müller, 1982, 1982, p. 20) 20). Ai Ainda nda sobre aexposiçã exposição, o, é import mportante ante lembrar embrar quea mercadori doria a (e aexposição, suasição, univ universal ersa ida idadeseno mo m ovdo capital capindo taliista produção) produçã , enqua enqu antodo ponto pont e parti part ida da expo só lpôde ef efeti etiv ar quando qua já esta ede stava va plenamente plenao), mente figura figurado naoconsci codnsciência ência o capitali capitalismo smo emseu seu conjunto conjunto,, isto é, há uma relaçã relação do pon ponto to devistadialéti dialético co entre ntre um elemento e a totali totalidade dade.. 48

 

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 valor da mercadoria em relação a outras. As mercadorias se distin va guem qua quali litati tativ vamente e enqua nquant nto o valo valore res s de uso; uso; e, enqua nquanto nto valo lorr detro troca ca,, ela elas difere diferem m quantitativamente. Po Porta rtanto nto,, ateo teoria riama marx rxiiana do va valor e envo nvolv lve e eleme lemento ntos s re relacio laciona nado dos s à quantidade. Nesta a alltur ura a da exposiçã exposição, o, po pode de pare parecer cer que a teo teoria ria de Marx é quant quantiitati tativ vist sta a por por envo nvolv lve er a qu que estã stão o da qua quant ntiidade d do o va valo lor, r, seguin uindo do a linh nhag agem em das con contri tribuiçõ buiçõe es de Smi mitth e Ri Rica cardo rdo.. M Mas as e ess ssa a aparê parênci ncia a não se sus sustenta tenta quando anali nalisa samo mos s a teo teori ria a marx marxiiana um pouco po uco mais mais afundo undo.. A Ao o sepa separa rar, r, no pla plano da a abstra bstraçã ção o, as ca cara racteríscterísticas ti cas úteis úteis d das as dif difer erentes entes merca mercado dori ria as, Mar Marx x percebe percebe quesobra“uma mesma objetividadefantasma fantasmagórica, górica, uma simples g gel elati atin nadetrabalho  humano indiferenciado” (  (Marx Marx,, 1985, p. 47). 47). Resta um di dispêndio spêndio de força de trabalho humana pura e simples, nã não o import importando ando a fo forr m a   como co mo f o i desp despendid endido. o. Co  Conf nfo orm rme e apo ponta nta,, como como crist crista alizações lizações des desta ta  substância  subst ância social comum comum,, todas essa essas merca mercado dori ria as sã são o valo valore res. s.

E aqui Marx promove promove um uma a dif difer erencia enciaçã ção o esse ssencial ncial entr ntre e valo lorr (enqua (enq uanto cont conte eúdo darel relação ção dedetermi determinada nadapro produçã dução o soc sociial) evalor de troca troca (e (enqu nqua anto ma mani niffesta staçã ção o do v va alo lorr na e es sferada troca troca). ). Além do aspecto specto qua quant ntiitati tativ vo qu que esemani maniffesta na nas s tro troca cas ss sob ob a ffo orm rma afeno nom mê nica ni ca do valo valorr d de e troca, troca, o valor valor p po ossu ssuii u um ma aspe specto cto qu qua alita litati tivo vo.. Isa saa ak Rub Rubiin, po porr exemplo xemplo,, enx nxerg erga ana teori teoria amarx arxiiana e es sses d doi ois s asp spe ectos, dividi dividindo ndoos conc conce eitua itualment lmente.4 e.45O aspe specto cto qua quanti ntita tati tiv vo

do valor diz respeito às leis da troca que possuem relação com determina determin adas leis leis d de e produçã produção o (a lei da igua iguallaçã ação o dos produtos do trabalh rabalho o no me mercado rcado)):46 45 “(...) o valor valor é uma form formasocia social adquirid adquirida a pe pelo los sp produtos rodutos do do trabalh trabalho o no contexto contexto de determinada determi nadas s relaçõ relações depro produçã dução o entre as as pess pesso oas. Deste este ponto ponto de vista, o valo valorr é uma formasocial social adquirida adquirida pelo pelos s produto produtos do trabalho trabalho no contexto contexto de determin determina adas relaçõessoci sociais ais deproduçã produção o ent entre re as pessoas. pessoas. Devemos passar do v va alor como magni magnitu tude de quantitati quantita tivam vame entedetermi rminada para o valo valor abo abordado como umaforma forma social q qual ualiitati tati-vam va mente ntedetermi rmina nada da.. Em outras outras pal palavras, devem devemos pas passar sar da teori teoria da ‘magnitud gnitude e do do

 valor pa  va para a teoria da for forma de valor (Rubin, 1987, p. 83 —destaques nossos). 46 O aspecto quantitativ quantitativo o do valor ta tambémé percebido por Sweezy nos seg seguintes term termos: os: “a princi pri ncipa pall taref tarefa a da teoria teoria do v va alor quantitati quantitativ vo nasce nascedess dessa a definição definição do valor valorcomo como uma grandeza. E nada nadamais nem menos que ainvesti nvestiga gação das leis leis quegovernam governam adi distri stribui buição ção 49

 

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Os termos de tr troc oca a entre duas mercadori mercadorias as (consideram consideramos os os termos termos  médi édios os de troca, e não os ocasionai ocasionais s preços de mercado) correspon correspondem dem a  um certo nível nível de produti produtivi vidad dade e nos nos ramos que fabricam esses artigos. artigos. A   igualação da da várias form formas as concretas de trabalho, enquanto componentes componentes  do trabalho trabalho social total, total, distri distribuí buído do entre entre vários ramos, ocorre ocorre através da da  igualação das coisas coisas,, ou seja, dos produtos do trabalho trabalho enquanto enquanto valores valores  (Rubi (R ubin, n, 1987, p. 82).

É perceptível que a teoria marxiana do valor envolve quantidade, pois a igualação representada na troca, em última instância, é uma igualação quantitativa. Mas nossa leitura, apoiada na interpretação da contribuição de outros autores marxistas marxi stas como como Rubi ubin n (1987), (1987), Swe Swee ezy (1976 (1976), ), Rosdol Rosdolsky sky (2001 (2001)) e Amorim (2009), não indica que há um viés quantitativista na teoria de Marx.  E  En n v o l v e r q u a n ti tid d a d e n a an anál ális isee ec econ onôm ômic ica a  não implica que a explicação vai se enquadrar automaticamente   no chamado quantitativismo da teoria do valor.  De acordo com

Rubin, relações de quantidade dizem respeito à magnitude do valor, valor, press pressuposto uposto relac relacio ionado nado,, em em úl últi tim ma análilise se,, com a repartição quantitativa do trabalho nos ramos produtivos. Isso  vaii mu  va muito além da da mera questão de de mensuração em empírica dos processos do trabalho imaterial e também supera os termos dass teo da teorias quanti quantitati tativvistas istas do do valor, que o enxerga enxergam, sob o manto da necessidade de quantificação , o valor como padrão de medida, tomando como preocupação a tentativa de determinar o conteúdo qua quant ntit ita ativ tivo das das troca trocas. s. E Em m noss nossa a leit leitura ura,, o aspecto specto quantitativo do valor em Marx não chega a propor a necessidade de mensuração empírica dos processos de trabalho como fator que qu e determ determiina sua existênci existência a: “a in interpreta terpretaçã ção o corrente corrente da teoteoria do valor como uma teoria que se limita às relações de troca entre as coi coisa sass é errônea” errônea” (Rub (Rubiin, 1987, p. 82). da fo forçade trabalho trabalho entre as dif difere erent ntes es es esffera rass da pro produçã dução o numa socieda sociedade de pro produto dutora ra demercador mercadoriias” (19 (1976 76,, p. 62). Rosdo Rosdollsky not nota aaque questão, stão, ededi dedica ca algumas p pág áginas ssobre obre “osaspecto spectoss qua quanti ntitati tativvo e qualit qualitati ativvo do problem problema ado valor” valor” (200 (2001 1, p p.. 111). 50

 

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 A teoria do valor de Marx abarca questões quantitativas sem se torna to rnarr quanti quantitati tativ vista. Para demon demonstra strarr qu que e a categoria valor não   se ad adêq êqua ua às críticas críticas do doss te teóric óricos os do trab trabalh alho o im a te teri ria a l é  necessário tratar tr atar do aspec specto to qualitativo do valor. Mas, antes disso, considerando ra ndo o co conj njunto unto da teoria do v va alo lorr de Marx, co conv nvé ém me menci ncio ona narr que o aspecto quantitativo do valor está intimamente relacionado ao se seu u aspe specto cto qua quali lita tati tiv vo. Co Conf nfo orme adver dverte te,, a di distri stribui buiçã ção o do traba tra balho lho soci socia al  elem leme ento que diz respe peito ito ao a aspe specto cto qua quanti ntita tati tiv vo  f o r m a es espe pecí cífi fica ca da  do va valo lorr — —nã não o po pode de s se er co consi nsidera derada da à parte da fo  produç  pro dução ão soc sociah iah E evi evidente dente po por rsi mesmo queessanecessi cessidade dadede di distri stribui buir ro trabalho soci social al  em proporções defi definidas nidas náo pode ser afastada pela fo forma rma parti particu cula lar r da  produção soci social, al, mas apenas pod pode e mudar a forma que ele assume. (.. (...) .) E a  form fo rma pela qua quall operaes essa sadi divi visão são proporci proporcional onal do trabalho, num estado  da sociedade sociedade em que ainterconex nterconexão ão do trabal trabalho ho soci social al é mani nifes festada tada na  troca pri privada dos pr produtos odutos indi ndivi viduai duais s do tra trabalho, balho, épr precisam ecisamen ente te o valo valor  r   de troca desses produtos (2002, p. 243).

Neste excer xcerto to genial escr scrit ito o a K ug ugelmann elmann u um ma ano no após a publica bli caçã ção o do primeiro primeiro li livro vro de O capital, Marx sin sinteti tetiz za a uni unidade dade entre os elem elemento entos s do v va alor que e env nvo olvem quantidade (  (distribuiçã distribuição o do trabalho trabalho so social cial e o valo lorr d de e tro troca ca dos produtos) e qualidade   (forma particular da produção social). Ao analisar o valor, sua preocupação maior consistiu explicar as internas reffer re erente entes s a esta catego categori ria a queem d diizem re respe speit ito o conexões às re relaçõ lações es so soci cia ais escondidas na formamercadoria. O aspecto qualitativo do valor   pode po de ser co consi nsider dera ado do,, poi pois, s, u um ma ino inov vaçã ção o teórica teórica de Marx Marx..47Este aspe specto cto revela que o valo alorr depe depende nde da o org rga aniz nizaçã ção o so soci cia al do ttraba raba-lho lh o em um m mo odo de produçã produção o deter determin mina ado do:: o mo modo do de produ produçã ção o especificamente capitalista. 47 “Ricardo “Ricardo também sabia, sabia, é claro, claro, que paraseencontrar encontrara basedos va valore lores s era eraneces necessá sário rio redu re duzi zirr o trabalho do indi indiv víduo ao ao ‘trabalho ‘trabalho socialme socialmente nte necess necessá ário rio’ (ele (ele destaca destaca isso isso na seçã seção II do capít capítul ulo o I desua sua obra obra)). Mas, para ele, iss isso o só diz diz respeito respeito ao aspec aspecto to quantitativ ntitativo o do problem problema a, enão ao qualitati qualitativ vo” (Rosdolsky (Rosdolsky,, 2001, p. 114). 51

 

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(...) o ‘val ‘valor’ or’ ( sto  stoim imost  ost ) náo caracteri caracteriz za coi coisas, sas, mas relações h humanas umanas sob sob   as quais as coisas coisas são produzi oduzidas. Não é um uma a propri propriedade edade das coi coisa sas, s, mas  uma um a fo forma rma social adqui adquirid rida a pela pelas s coisa coisas, s, dev deviido ao fat fato o de as pessoa pessoas s  manterem determinadas relações de produç produção ão umas umas com as outras através  através  das coi coisas sas (Rub (Rubiin, 1987, p. 83).

Neste stes s ter termos, mos, a te teo oria marx arxiiana do valo lorr e ex xtra trapo pola, la, e muit muito o, as limi mitaçõ tações es rre efere rente ntes s ao quanti quantitati tativ vismo enco ncontra ntrado do nas nas co cont ntri ri-buiçõe buiçõ es de Smith mith e Ricar cardo do.. Marx p pa arte de outra utras s preo preocupa cupaçõ çõe es e tenta rre esol solv ver out outra ras s que questõ stõe es. A Amo morim rim indica a que questã stão o da seguinte forma:  As  A s diferenças que informam a ruptura da teoria do valor da Ec Eco onomia  Polí Po líti tica ca cl clássica ássica com as de Marx Marx pod podem em s ser er pensadas co com m baseem um uma a  hipótese: a teoria d do ov valo alor r de Marx Marx,, ao contrário de tentar soluciona solucionar ro os s  problemas problem as da E Econom conomia Pol Polííti tica ca c clássica lássica,, temaintenção ntenção d de e caracte acter rizázá-los los   como problemas sem solução (A (Amor moriim, 2006, p. 33).

Q uanti uantiffic ica ar uma produçã produção o signif significa ica e esta stabe belec lece er c crité ritérios rios q quanuanti tita tati tivo vos s de de deli limi mitaçã tação o dos re resu sult lta ado dos, s, em de determ termin ina ado pe perío ríodo do de tempo tem po.. Ess ssa anão não nos pa pare rece ce s se er um uma a da das s ffunções unções d da a teo teori ria a marx marxiiana do valo valor. r. O modo pe pelo lo qual o v va alo lorr é conc conce ebido po porr Ma Marx rx exclui essa limi mitação tação da teo teoria ria do v va alo lorr e enqua nquanto nto uni unidade dade d de e medida, pois po is e ele le é apree preendi ndido do no flux luxo o de se seu u mo mov vimento mento.4 .48 Cap apttar e co compre mpreende enderr adequa dequadamente damente o mo mov vime mento nto do v va alo lor, r, na leit eitura ura que fazemos zemos d da a teo teoria ria marxi marxia ana, excl exclui ui a m me ensura nsuraçã ção o empíri empí rica ca co como mo critério de exi existênci stência a de deste ste.. Os mov movimento imentos s re rea ais dos preço preços s iin ndicam a difere erenç nça a entre valo lore res s e pre preços: ços: O econo econom mista vul vulgar gar não tem amí míni nima ma idéia dequea relação d de etroca real real   de todo todo di dia a não preci cisa saserdi diretam retamente ente id identif entifiicada comas magnitudes do do    va  v alor. (...) E assimo economistavulgarpensaque fez umagrande descoberta  quando, como secontrariamen contrariamente te àrevelação da conexão iinterna, nterna, ele afi afirm rma

“Aque quelles que acham qu que e atr atriibui uirr a ao ov valo alorr existênc stênciia ind indepe ependent ndente e é mera abst bstraçã ração esquecem que cemque o movi vime mento do capi capital tal ind ndust ustri rial al éessaabst bstra raçã ção o co com mo realidadeopera perante. nte. O val valorpercorre percorreaqui dive diversasformas, ormas, efetua dive diversos movim ovimentos ntos em que quese manté antém e ao  mesmo tempo aumenta nta, cresce” (Marx (Marx,, 2008a, p. 120 —destaque destaques sn nossos). ossos).

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com orgulho que na aparência das co coiisas parece ecem m di diferen ferentes. De fato, ele  estájactandoactando-se sedeagarrar-seàaparênciaetomáá-la lapelaúl últi tima mapalavra. Qual  então arazão de serde tod toda a ci ciên ênci cia? a? (Marx, 2002, p. 243-244).

Em Marx Marx,, o vva alo lorr de uma me merca rcado dori ria a não não é determin determina ado pe pelo lo trabalho objetivado, materializado nela, mas pela quantidade de traballho vi traba vivo vo soci socia alme ment nte enece necessá ssário rio paraproduzi produzila. Sefoss osseposs possív íve el identifica identif icarr e qua quanti ntifficar em em um uma a me merc rca adoria indi indivvidual aquil aquilo o que que o autor conceitua como valor, tal qua quanti ntifficação icação não corre corresponde spondería ría ao vva alor o obj bjetiv etiva ado nesta merca mercado dori ria a, mas mas seria seria um uma e expre xpress ssã ão da quantidade de trabalho social necessário para a sua produção em condições normais. Aqui, consideramse questões referentes à quantidade ti dade,, ma mas não há esp espa aço para um uma a inte nterpreta rpretaçã ção o quantitati quantitativvista. Esse argumento se fortalece quando consideramos a noção de objetivi obje tivida dade de social do va valo lor. r. Apesar de algumas indicações já terem sido fe feita itas, conv convé ém, a parti artir de agora, ra, analisar analisar de perto a q que uestã stão o. Em determinada altura do primeiro capítulo da seção sobre o questio stiona na::  salário,  salár io,  Marx se que Mas o que éo v val alor or de uma mercadori ercadoria? a? F  Fo o rma rm a obj o bjet etiv iva ad do o tra traba balho lho so social  cial   despendido em sua produção.  E med mediiante o que medi medimos mos a gran grandez deza a de 

seu se u val valor? or? Medi Mediante ante a gran grandeza deza do trabalho contid contido o ne nela. la. Mediante o  que se ser ria, pois, deter determinado minado o valor, po por r exemplo, de uma jornada ornada de  trabal trab alho ho de 12 horas? Med Mediiant ante e as 12 horas de trab trabal alho ho contidas contidas numa   j  jo ornada de trabalho de 12 horas, o que é uma insípida tautologia (Marx,  1988, p. 121).

Tratar os elementos desta tautologia está além dos objetivos do nosso trabalho. Aqui, vamos nos deter ao argumento segundo o qual, apesa pesarr de Marx abo bordar rdar elem leme ento ntoss de quanti quantidade do va valo lor, r, ele nã não o tem uma uma in interpre terpretaç taçã ão quanti quantitativ tativista sta deste; deste; e o valor não   pod  po d e ser m at atem emat atic icam amen ente te de defi fin n id ido o : “val valor or de troca e val valor or de us uso o ssã ão  arx, 1988, p. 125). 125).4 49 em si epa ep a ra si grand grandezas ezas incomens incomensuráveis uráveis” (Marx, O trabalh trabalho o é a substância substância e a me medi dida da imanent imanente e dos valo valore res, s, mas e elle m mes esm mo nã não o tem  va  v alor. Naexpressão vva alordo trabalho, o conceito devalor não estáapenas inteiramente apagado, mas co conv nverti ertido do em se seu u co cont ntrário rário.. É uma expr expre essão imagi imagin nári ária, a, assim com como o 53

 

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 As con ond diçõe ões s da produ odução c ca api pittalista nos remetem a u um ma  prod oduç ução ão social de vvalo alor  r  em  prod oduç ução ão in ind d iv ivid id u a l ,* noção de pr  em vez da pr ,5 *0 pois po is sua exi existência stência é so socia cial. l. Esta obj bjetiv etivid ida ade s so ocia ciall do valo lorr é condi co ndiçã ção o para a produçã produção o espe specif cifica icame mente nte capi capitali talista: sta: “a lei gera rall da valo loriz riza açã ção o só s se e real realiza compl comple eta tame mente nte para o produto produtorr in indi vid  vi dual ttã ão llo ogo e elle produza como capitalista, e em mpregue muitos trabalhadores, ao mesmo tempo, pondo assim em movimento, desde de sde o in iníc ício io,, traba trabalh lho o social social mé médi dio o” (Marx rx,, 1985, p p.. 258). 258). Log ogo, o, “o tra trabalho balho obj bje etiv tiva ado em valo lorr é tra trabalho balho de quali qualidade dade socia so ciall m média, édia, po porta rtanto nto a mani maniffesta staçã ção o de um uma a força de tra traba balho lho média” (Marx, (Marx, 1985, p. 2 257 57). ). O va valo lor rca cap pit ita al d do o ca cap pitali talista sta só pode crescer a partir da produção de maisvalia pela força de trabalho tra balho,, um uma a re rela laçã ção o social. social. E o valo lorr produzi produzido do pela forç orça a de trabalho depe depende nde do tem tempo po em que funci uncio ona e enquanto nquanto tra trabalho balho socialmente necessário. Tendo em v viista os dese desenv nvo olv lvime imento ntos s da c ca ateg tego oria valo valorr q que ue esta stamo mos se exp xpo ondo ndo,, noss nosso op po osicio sicioname nament nto o é o de de que a teoria teoria marxiana do valor não pode ser confundida com uma teoria quantiitati quant tativ vista, ttal al qual era eram m as as de Smi mith th eRicardo cardo,, ao co consi nsider dera ar o aspe aspecto cto func unciional do valo lorr como un uniidade de medi medida. da. Somente com co m os avanço nços s que Marx rea realliz izo ou no pla plano te teó órico rico,, aexplicaçã plicação o da rea reallid ida ade a partir de um uma a teori teoria a do v va alo lorr pass passo ou ainco incorpo rpora rarr temas tema s que co consider nsidera am a imp mpo ortânci rtância a do tra trabalh balho o im ima ateria teriall na produç pro duçã ão de valo lorr e ca capi pital. tal. A qui, nã não o é nec nece ess ssá ário q qua uant ntif ific ica ar os eleme lemento ntos s do ttra rabalh balho o imateri aterial al para dedu deduz zir a exi existência stência de seu valor. Já no prefácio de O capi capital, tal, Marx p pin incela cela es este se sentido ntido:: “a fo r m a do va valo lor, r,  cuja figura figura aca cabada bada é a forma do di din nheiro heiro,, é  valor da terra. Essas expressões imaginárias surgem, entretanto, das próprias condições  va de produção. produção. São categ catego oria rias para for forma mas e em m que se manif manifestam condições condições essenci essenciais. ais. Que na aparênci parência as coisas se apresentam apresentam freq frequentem uentemente inv inverti ertidas, das, é conheci conhecido do em quase todas quase todas as ciências ciências,, exceto n na a Economi conomia a Pol Polític ítica a” (id„  1988, p. 122). 50 “Pa “Para dese desenvo nvolv lver er o conce conceito ito de capital, capital, é neces necessá sário rio parti artir não do trabalh trabalho o, mas do id. ,  va  v alor e, de fato, do valor de rroca já desenvolvido no movimento da circulação ((id 2011 20 11,, p. 200). 200).

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muito simples simples e vazia zia de conteúdo conteúdo.. (...) na análi análise se das das fo forma rmas econômicas não podem servir nem o microscópio nem reagentes químicos. A fa facc u ld a d e d e a ab b stra st rair ir deve su sub b s titu ti tuir ir am ambos bos ’ (Mar (Marx x, 1985 19 85,, p. 11 1112). Marx fornece rnece,, assim, ssim, uma base base funda undamental para para o estudo estudo do traba tra balho lho imaterial aterial no capi capitali talismo smo na medi medida da em que vai além dos pontos ponto s leva levantados ntados pel pelosseus seusprede predece cess sso ores. res. O presente nte trabalho trabalho tenta expl xpliicitar citar suaimportâ mportânci ncia a para paraaanálise nálise do do traba trabalho lho imaterial material a parti partirr de sua crítica crítica da Economia conomia Polí Políti tica ca.. Neste Neste primeiro capí capítulo tulo,, rea realilizam za mos esta esta tare tareffa a parti partirr do do p pro robl ble ema do quantitati quantitativ vismo da teo teoria  va  v alor. E  Em m M a r x eesste não é um probl pr oblem ema, a, é um pseudoproblema, ou um falso probl proble ema, ma, posto por por terc terce eiros. O autor tor atrib tribui uma existência  rmando que não não havería nenhum nenhum áto átom mo de apenas social ao va valor lor,, afirmando matéri ma téria a física ísica nele. Mas Mas a concretude concretude e existência xistência da relação de valor   podem se podem ser const consta atadas a parti artir das proporções proporções em que se se troca trocam m os produto produ tos s do trabal trabalho enas flutuaçõ lutuaçõe es daproduti produtiv vidade dade do tra traba balho lho.. Envolve Envol verr quantidade, quantidade, nest neste e ponto ponto de vista vista,, não não result resulta a em quant quantiitativiismo tativ smo, mas mas poss possui ui senti sentido do mai mais abra abrang nge ente: há há o e entendi ntendime mento nto de que que a forma rmavalor lor passa passa fundament undamenta alment mente e por por rela relaçõe ções s sociais, sociais, mais essenciais ssenciais que as relações relações quanti quantitativ tativas. A passage passagem m de Marx que qu e mel melhor hor expre express ssa anosso argumento argumento foi apresentada presentadajá no capí capítul tulo o primeiro de O capital-.  A objetividade do valor das mercadorias diferencia-se de Wittib Hurtig,  pois poi s não sesabepo por r onde apanhá-la. Emdi direta reta opos oposiição à palpável erude rude   objeti obj etivi vidade dade dos corpos das mercadorias, ercadorias, não se encerra encerra n nen en hu m átomo de   matéria n a tura tu ra l na objetividade objetividad e de se seu u valor valor.. Podemos virar vira r e revirar um a   mercadoria como queiramos, qu eiramos, como como coisa coisa de valor el ela a perm pe rm anece an ece imper imperceptí ceptível. vel. 

Recordem Reco rdemoo-nos, nos, entretanto, que as merca ercadorias dorias ape apenas nas poss possue uem m obj objeti eti  viidade de valor na medida em que elas sej  v  sejam am expre expressõ ssões es da mesm me sma a u nid ni d a d e    socia  so ciall de traba tra balh lho o hum ano, p po o is sua obje ob jetiv tivid ida a de d dee vva a lor lo r éép p u r a m e n te so social  cial   e, ent então, ão, é evi de nte q ue ela po de aparecer apenas apenas n nu u m a rela relaçã ção o soci social al de   mercadoria mercadori a pa ra mercadori mercadoria. a.  Parti Partimos, mos, de fato, do va vallor d de e troca ou da

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relação de troca troca das mercadorias ercadorias para para chegar chegarà pista pista de seuvalor alor aí oculto oculto   (Marx,, 1985, p. 53-54 - destaques nossos). (Marx

Negri, Lazz zza ara rato to e Gorz lliimi mitam tam a abra brangê ngência ncia expl explicativ icativa a da teoria do valor considerando seus pressupostos quantitativistas. Esta re reffuta utaçã ção o é pl pla aus usív íve el qua quand ndo o di direcio recionada nada a Smi mith th eRic ica ardo rdo,, e nã não o a Marx. Marx. Em outros te termos, rmos, re reffuta utarr teoria teorias s quanti quantitativ tativist ista as do valor valor a parti artirr dos elem eleme ento ntos s pre prese sente ntes s no trabal trabalho ho imaterial nã não o consiste em in inv valid ida ar a teo teoria ria do valo valorr marxi arxia ana; nesta nesta,, o valo lorr não nã o se limita a forne rnece cerr a ba base se quanti quantitati tativ va da tro troca ca,, ma mas s exp exprime rime também relações sociais específicas. Para to toma marr de e empréstimo mpréstimo a e exxpre pr ess ssã ão uti utilizada po porr Carca Carcanh nho olo e Teixe ixeira, ira, pa pare rece ceno nos s que há na teoria do trabalho imaterial  um uma a “l “leit eitura ura ricard ricardiiana de Marx Marx”. ”.5 51 Essas característi acterísticas cas da da concepção de Ricardo Ricardo e de alguns de seus seguido seguido res, semdúvi dúvida nenhum nenhuma, determinam determinam o perfil perfil da interpretação ri ricardi cardiana ana   sobre ateoria sobre teoria marxista arxista do val valor or que, nos dias dehoje, émui muito generaliz eralizada ada  (...) (Car (Carcanholo; canholo; Teix Teixeira eira, 1992, 992, p. 584).

Neste item, item, busca buscamos mos ex expl pliicar que as crít crítiica cas s que s supo uposta stame mente nte inv in valid ida ari ria am a teo teoria marx marxiiana d do ov va alo lorr a parti artirr d da a apre prese senta ntaçã ção o do probl proble ema da qua quant ntiific ica açã ção o consti constituem tuem,, na nossa in inter terpre preta taçã ção o, um pse pseudo udopro probl ble ema ma.. Consid nsider era amo mos, s, p po orta rtanto nto,, que na teo teori ria a de Marx não há incongruências entre produção de valor e trabalho ima im ateri teria al. A discus discussã são o rea reallizada no capít capítulo ulo segui seguint nte e dá se sequê quência ncia a estepostul stula ado do,, ressa ressalt lta ando que a teoria teoria marx marxiiana lev leva ant nta aelem leme entos ntos pertinentes pertin entes para o estudo estudo do traba traballho imaterial a parti artirr d do o conce conceiito de trabalho produtivo.

51 “Em Ricardo Ricardo,, o conceito conceito de valo lorr está está direta direta e imediata imediatamente mente associ ssocia ado ao de pre preço relativ rela tivo, o, ou, na terminolo terminolog gia marxista marxista estrita, estrita, de valor valor de troca troca.. O valor de qualquer qualquer mercado merca dori ria a, na perspectiv perspectiva a ri ricard cardiiana, é a quant quantid idade ade de de qualquer qualquer outra que que se troca por ela no merca mercado. do. A  As ssim, a teoria do valor é concebida ida simplesmentecomo uma teoria  ia  da determina terminaç ção da magnitu nitude deou grande randez za dospreços rel relati ativo vos s” (Carca (Carcanho nholo lo;; Te Teixeira, ixeira, 1992, p. 583). 56

 

CAPÍTULO 2

TRABALHO IMATERIAL E MAIS-VALIA: A ABR ABRANG ANGÊNCIA ÊNCIA DA CATEGORIA TRABALHO PRODUTIVO

No capítulo anterior, ao tratar do que chamamos interpretação quantitativista da teoria marxiana do valor, di  disse ssemo mos sq que ue tal supo su posiçã sição o se baseia e em m duas hip hipó óteses: teses: em pri primei meiro ro luga ugar, r, haveria uma um a rre elaçã ção o necessá necessári ria a entre o conceit conceito o marxi marxiano ano de valor e a sua possibili possibi lida dade de de qua quant ntif ificaçã icação o; em s se egundo, a teo teori ria a do valor n nos os moldes deste a aut uto or ex exiigiri giria a a nece necessi ssidade dade d de eov valo alorr se serr e expre xpress sso o em um resul resultado material. E a part artiir des dessa sas dua duas s hip hipó ótese teses s que a teoria do traba trabalh lho o imateri material al s se e sustenta sustenta para crit criticar icar a teori teoria a do valo valorr de Marx. Tra ratam tamo os d da apri prime meiirahip hipó óteseno ca capít pítulo ulo anterio nteriorr epu pude dem mos constata co nstatarr qu que e a teori teoria amarxi marxiananão atri ribui bui ao valo lorr a ne nece cessida ssidade de mensura me nsuraçã ção o co como mo crit crité ério de exi existênc stênciia de deste ste.. Nesta oca casiã sião o, disse disse-mos que a ino nov vado dora ra co construçã nstrução o teó teóri rica ca na qual Marx Marx ela elabo bora ra uma uma nova interpre nov interpretaçã tação o em re relaçã lação às teo teorias rias quant quantiitati tativ vist sta as do v va alo lorr se compl co mpletaria etaria no pr pre ese sente nte capít capítul ulo o, que a abo borda rdará ráco como mo aquel aquela aseg segunda unda hipó hi pótese teseapar parece ece.. Em sum suma a, aqui apres presenta entamos mos u um ma lei eittura da teoria marxiiana na qu marx qual al a no noçã ção o de valo alorr po pode de opera perarr n nos os pr proce oces ssos de trabalho imateria material, nã não o se sendo ndo n ne ece cessá ssário rio um co corpo rpo material par para a que qu e ele exista. T Tril rilha hare remos mos e este ste ra racio ciocíni cínio o, prin princi cipalmente, palmente, a partir partir da categ catego oria d de e tra traba balh lho o produtiv produtivo o. Sob múlti múltipl plo os ele eleme mento ntos, s, a teo teoria ria marxi marxia ana é construí construída da de forma distinta antecessores.  A  Al lém d do os pon ontem tos relação leva van ntadàs osformulações no c ca apítulode anseus terior or, , a categor oriia trabal tra balho ho pro produ dutivo tivo é  um  um des desse ses sa aspe specto ctos. s. Q uando voltada pa para ra a 57

 

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compreensão do capitalismo, a densa construção desta categoria embasa a especificidade da contribuição de Marx de diferentes formas: em primeiro lugar, enfatiza a abrangência de sua teoria do valor; valor; em e m segundo, elucida a “relaç “relação ão e a fun ção dos elementos elementos constitutivos do processo gerado r de valor (Meirel (Meireles es,, 2 0 0 6 , p. p. 121) 12 1);; em terceiro, terceiro, explicita explicita um a relação social de produçã prod ução o específica fica,, em que o trabalhad trabalhador or é meio direto direto de produzir pro duzir maisval m aisvalia. ia. A definição defini ção de trabalho produ produtivo tivo tem um lugar centr central al na construcon strução teórica marxiana, mas sua importância geral não e suficiente para justificar a inserção da referida categoria neste estudo. Aqui serão discutidos na medida em que levantarem pontos relevantes para a compreensão com preensão do trabalho imat imater erial ial.. Do ponto de vista da tradição economica anterior a Marx, os elementos element os “prod “produçã ução o de valorca valorcapital’ pital’ e pro produç dução ão material eram inseparáveis: para produzir trabalho excedente, seria necessário produzir mercadorias materiais. A teorização marxiana fornece a esses dois elementos existências diferentes entre si, porém, com possibilid po ssibilidad adee interrel interrelaci acional onal.. Isto se torna m ais claro na apreciação apreciaç ão do conceito conceito de trabal trabalho ho produtivo, mom ento em que M arx indica ricos ric os elementos sobre sobre o tra traba balho lho imaterial. E Explicita xplicitarr tais elementos elementos é o objetivo do presente capítulo. Para além do que já expom expomos, os, a discuss discussão ão sobre sobre trabalh trabalho o produ p rodu-tivo (e o seu contrário, o trabalho improdutivo) e fundamental nas configurações do capitalismo atual. Conforme aponta Dal Rosso: (. (... ..)) tornase imprescind imprescindível, ível, d dad ado o o cresc crescente ente espa espaço ço ocup ocupado ado pelos serviç serviços os rediscu scutir tir a quest questão ão daprodu dapr odutivid tividade ade   no emprego d daa mão de obra mundial, redi ou improdu imp rodutiv tivida idade de do trab t rabalho alho nesse sse seto setor. r. Se alguns serviços, tais como o

comércio de mercadorias, mercadorias, eeram ram consider considerados ados improdutivos a era de Marx, de forma análoga outros eram considerados produtivos e não podem ser lançados à vala comum do trabalho improdutivo pelo simples argumento de que o trabalho no setor de serviços e genericamente improdutivo. Pesquisa, comunicações, telefonia, cultura, serviços educacionais e de saúde, lazer e esporte, apenas para mencionar alguns que na classificação 58

 

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tripartite triparti te do emprego recaem recaem no setor de de serviços serviços,, jam ais podem pode m ser conconsob bp en a de desvirtuar toda teoria do valor v alor trabalho trabalho  siderados sider ados improdutivos, improdu tivos, so na atualidade.  (...) Rediscuti Rediscutirr a questã questão o da d a improdutividade imp rodutividade do trabalho, trabalho,  separando dele aqueles ser servi viço çoss que qu e contri contribuem buem de m aneira expon exp onencialpa encialpara ra  a valorização valorizaç ão do trabalho, é uma um a necess necessid idade adepara para o aggi teoria   aggiornamento ornamento da teoria

(Dal Rosso, 2008, p. 3233 —destaques nossos).

Neste sentido, o resgate de assuntos dissolvidos dentro da grande contribuição teórica de Marx à luz das novas relações estabelecidas no modo de produção em que vivemos —que no presente capítulo se faz considerando o trabalho imaterial relacionado com a noção m arxiana de trabal trabalho ho produti produtivo vo  demonstra que e possível extrair dai uma chave explicativa do capitalismo contemporâneo. Tendo em vista o conteúdo d a cate categoria goria trab trabalho alho produ produtivo, tivo,  a s questões referentes ao trabalho imaterial e o debate empreendido pela teoria do trabalho imaterial, julgamos importante apresentar de forma breve o desenvolvimento do conceito de trabalho produtivo antes de Marx para que o mapeamento da contribuição do autor a tematica da imaterialidade do trabalho seja posto em destaque. Para isso, abordaremos brevemente as contribuições de François Quesnay, Q uesnay, Ad A d am Sm ith e Jean B Bap aptiste tiste Say. Say.5 52E m seguida, verificaremos o conceito marxiano de trabalho produtivo, cuja Escolhemos os referidos autores por constituírem casos mais emblemáticos de como o conceito de trabalho produtivo relacionado ao trabalho (i)material se desenvolveu até Marx (desenvolvimento que se dá de acordo com as relações capitalistas e os interesses de classe do contexto vivido por cada c ada autor). autor). Assim, Assi m, evidenciarem evidenciaremos os a contribuição marxiana. A contribuição de David Ricardo não foi aqui incluída porque o autor não promove um avanço considerável no conceito de trabalho produtivo em relação a Adam Smith, apesar de utilizálo utilizálo para demonstrar demonstr ar vários vários aspectos aspec tos de sua teoria. teoria. Ass Assim im como c omo veremos veremos em Smith, Smith, o conceito ricardiano de trabalho produtivo continua ligado à quantidade material do resultado do trabalho dentro do qual o valor está incorporado, afinal o trabalho imaterial, na opinião dos autores, não resulta num bem que perdure para além da sua produção, não fazendo da acumulação de capital. Por outro lado, é necessário Ricardo perce percebeu beuparte a influência de determinados setores da d a produção imaterial, pontuar ccomo omo osque transportes, transporte s, no produto produto final. Em um dado momento de sua obra, o autor salienta o papel do com comércio ércio e dos transportes para o aumento do produto total (Ricardo, 1996, p. 32).

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construção remete a três níveis de abstração diferentes, que aqui chamamos trê tece remos os trêss níveis co conceitu nceituais ais do trabal trabalho ho p ro rod d u tiv tivo o , e tecerem brev br eves es com entários sobre algu n s contrapontos em e m relação relação à teori teoriaa do trabalho imaterial.

As conexões teóricas entre trabalho produtivo e  (i)materialidade do resultado do trabalho antes de Marx  Os fisiocratas, cujo representante de maior envergadura é François Quesnay, possuem o mérito reconhecido por Marx de levarem le varem em consideração, pela prim eira ve vez, z, o capit capital al produtivo (e não o capital mercantil) como a relação pela qual se origina a maisvalia, além de encararem a produção do excedente como o fat fator or determinan te da d inâ m ica da econ om ia capitalista.5 capitalista.53 N a investigação d a natureza desse pro produ duto to exce excedent dente, e,

os fisiocr fisiocrata atass

rompem co com m os mercantil mercan tilistas istas e enxe enxergam rgam que a origem do exce exce-dent de ntee não é a ci circul rculação, ação, m as a produçã produção o de fato. E sta deli delimitação mitação influe inf luenciar nciaria ia,, co m as devidas mediações, m ediações, Smith, Sm ith, Ricard o e M arx. C om o decorrênci decorrência, a, o p pensam ensam ento fi fisi siocra ocrata ta po de se serr consi considera derado do o primeiro a explicitar o trabal trabalho lho trabalho ho produ produtivo tivo  com o sendo traba gerador de excedente. D esde o seu primeir primeiro o u so par paraa a compreens compreensão ão do exced exceden ente te da produção co com m os fis fisiocrat iocratas, as, o conceito de trabalho produtiv produtivo o passou por diversas diversas reformulações até tom ar o conteúdo inovador d a construção truç ão m arxian arxiana. a. Leitor Leitor enfático da produção teóri teórica ca d a economia (e de outras áreas do conhecimento), Marx, ao formular sua teoria do valor, filtrou criticamente, também em relação ao conceito de* de *5 ” Cf. Marx, 2008 20 08d, d, p. 1.0391.040. 1.0391.040. ,4 Após mencionar menc ionar a interpretação interpret ação de W illiam illia m Petty sobre o excede excedente, nte, Marx Ma rx diz: Os fisiocratas encontram dificuldade de outra natureza (...) procuram analisar a nature natureza za  em si da mais-valian (id ., 2008d, p. 1.039). 55 “ Em termos rigorosos, o conceito de excedente excedente nasce nasce a partir par tir da fisio fisiocra cracia; cia; os desenvolvimentos sucessivos, que se realizaram com a escola clássica —especialmente com Smith tomarão a teoria teoria fisiocrática como com o seu ponto natural de partida par tida”” (Napoleoni, 1978, p. 28). 60

 

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trabalho produtivo, a formulação de seus pre predeces decessore sores, s, mantendo m antendo alguns pressupostos pressupostos e modelando mo delando um a compreensão compreensão nova do trabatrabalho produtor de maisvalia. Para ele, a economia clássica (...) sempre fez da produção de maisvalia a característica decisiva do trabalhador produtivo. Com sua concepção da natureza da maisvalia muda, portanto, sua definição de trabalhador produtivo. Desse modo, os fisiocratas declaram que somente o trabalho agrícola seria produtivo, pois só ele fornecería maisvalia. Para os fisiocratas, porém, a maisvalia existe exclusivamente na forma da renda da terra (Marx, 1988, p. 102).

Como explicita o trecho, na teoria dos fisiocratas, a formação de excedente é atribuída unicamente à agricultura e, consequentemente, somente o trabalho agrícola é considerado produtivo. E m seus escri escritos, tos, Q uesn ay co n stata a exist existência ência de três três cl class asses es fundam entais. A primeira del delas as é a cl clas asse se produtiv produtiva-. a-. A classe produtiva é a que faz renas renascer, cer, pelo cultivo do território, as riquezas anuais da nação, efetua o oss adiantam adiantamentos entos das despes despesas as com os traba trabalhos lhos da agricultura e paga anualmente as rendas dos proprietários de terras. Englobamse no âmbito dessa classe tod todos os os os trabalhos tra balhos e despes despesas asfe feit itas as n a   agricultura, até a venda dos produtos em primeira mão; por essa venda

conhecese o valor da reprodução anual das riquezas da nação (Quesnay, 1986, p. 257 —destaques nossos).

A segu segund nd a é a cl classe asse dos proprietários. E la engloba o sober soberano, ano, os possuidores de te terra rrass e os dizimeiro dizimeiros. s. T al classe classe se se mantém man tém po r meio da renda do cultivo da terra  que ue seri seriaa pa paga ga pela classe classe produtiva terra q através dos adiantamentos e posses desses proprietários. A terceira classe, por sua vez, é composta por todos os outros cidadãos que executam outras formas de trabalhos fora da agricultura. cult ura. Q uesna y a cham a d dee classe estéril. Na acepção dos fisiocratas “a terra é a única fonte de riqueza”, e o trabalho agrícola, a agricultura, é “a fonte que a multiplica” (Quesnay, 1981, p. 160). Sob este ponto de vista, o trabalho produtivo, concebido como o trabalho produtor de excedente, é   somente o trabalho diretamente relacionado relacionado com as atividades da 61

 

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agricultura, que lida com a fertilidade fertilidade natural do solo. O exce excede dent ntee é vist visto o com o a part partee da riqueza riqueza que exc excede ede a riquez riquezaa consu m ida na produção. E, na medida em que o capitalismo leva a cabo a tarefa de ampliação do excedente, a atividade capitalista só pode moverse efetivamente na atividade agrícola. A supervalorização teórica da produção produçã o agrícola por p or parte dos fisiocra fis iocratas tas condiz com o contexto históric histórico o de Q uesn ay e do doss autore to ress da fisi fisiocrac ocracia: ia: a França da segu segund ndaa metade do séc século ulo X XV V III. III . A econom ia era era pre predominantemente dominantemente agrí agrícola cola e com andad andada, a, principalmen cipal mente, te, sob a forma capitalista. A propriedade da d a te terr rraa era era d dee caráter senhorial. Ao lado dessa produção dominante também se desenvolviam outras atividades, como a agricultura camponesa e o comércio, comércio, am bo boss subm etidos às atividades atividades artesan arte sanais ais n naa cid cidade ade.. A presença da agricultura agricultura capitalista e da agricultura cam ponesa fez saltar aos olhos dos fisiocratas a superioridade produtiva da primeira em relação à segunda (Napoleoni, 1978). Conforme interpreta Napoleoni, na teoria de Quesnay, a avaliação do excedente não é posta como duas diferenças de grandezas do valor, mas “como avaliação da diferença entre duas grandezas físicas” (Napoleoni, 1978, p. 26), consider considerando ando apen apenas as o asp aspec ecto tofísi fí sico co   da produç produção. ão. O critério de constatação da existência do excedente

é simplesmente a sua p  pu u r a verifica verificação ção emp empírica írica segundo o m o ntan nt ante te    fís ico do p r o d u t o *  E m outros termos, o exced  físico excedente ente é comprovado mediante u m a averigu averiguaçã ação o quantitativa quantitativa que se torna determina determinante. nte.  No  N o pe pens nsam amen ento to fisiocrát fisiocrático, ico, o excedente tem u m a fac fa c ticid tic idad adee estrita mentefísico-materialT  S   S ua produção está está iintim ntimam amente ente ligad ligadaa à de

bens tangíveis e só é vista m mediante ediante tal articulação articulação;; quer diz dizer er,, para produzir produtivamente, seria necessário um resultado material.* material. *5 7 *

“Q “Qua uand ndo o aos fisiocratas fisiocratas se apresenta o problema problema da mensuraçáo do ‘‘prod produto uto líquido líqu ido’’ (excedente), com o fito de construir seu esquema quantitativo, tal problema é resolvido de forma empírica, aceitando como dados os preços de mercado” (ibid., p. 27).

57 “(...) “(...) o valor assumia assum ia aqui aqui sua expressão puramente material, tangível” (Be (Beluz luzzo, zo, 1980, p. 21).

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Mas nem toda produção material é considerada produtiva. A origem do excedente está intimamente relacionada com os trabalhos que, diretamente, se relacionam com a terra e sua fertilidade natural.. O produto natural produ to aí gerado é expressão expressão do papel determinante determinante da terr te rraa na pro produçã dução, o, pois p ois “o produto que a terr terraa proporcion prop orcionaa supera o  reutilização e pa para ra suprir os meios de subsistência subsistência necessário para su a reutilização dos trabalhadores” (Napoleoni, 1978, p. 27). Tal superação se dá em termos termos de qu quan antidad tidadee fí física sica de produto. Somente Somen te na agricultura a produção de determinados bens geraria uma quantidade maior desses dess es objetos objetos d daa mesm me smaa esp espéci écie. e. Portanto, Po rtanto, todo pro produ duto to ex exce ceden dente te que um a determin determinada ada econom ia naci nacional onal al alcança cança,, de aco acordo rdo com tal concepção, é produzido pela agricultura. Em contrapartida, a atividade ativi dade fora da agricultura é vista com o um a simp simples les ativida atividade de de transformação de bens oriundo oriundoss d a produção agrícol agrícola. a. A questão d a imateriali ima terialidade dade do d o trabalho não tem espaç espaço o neste neste quadro qua dro teórico teórico por alg algum um as razões: razões: em primeir primeiro o lugar, a massa de trabalho trabal ho imateri imaterial al é rrealizada ealizada fundamen talmente nas ativi atividades dades d a indústriaa e dos ch indústri cham am ado s servi serviços, ços, portanto, fora d a agricult agricultura; ura; em segundo, é impossível as atividades imateriais gerarem exce dente fí  físi sico co de p r o d u to  devido à facticidade imaterial do resultado.

To m ando Tom an do com o base a teori teoriaa dos fisiocr fisiocratas, atas, não haveria haveria produção de excedente a partir da produção imaterial. Posteriormente, Ad Posteriormente, A d am Sm ith 58 alar alargo gou u a abrang ab rangência ência do concon ceito de trabalho produtivo em relação aos fisiocratas ao enxergar o trabalho com o a med ida do v alor d dee tr troca oca da s m ercado rias. rias.5 59 Para ele, existe determinado tipo de trabalho que agrega valor ao objeto objet o para pa ra o qua quall o trabalho é direcionado, e outro outro tipo de trabalho trabalho que não tem a me sm a caracterís característica. tica. O aut autor or no nom m eia o primeir primeiro o 58 O autor escocês escocês viveu viveu no período período de 1723 1723 a 1790. Considerado Considerado o grande nom nome do llibeiberalismo, teorizou em um contexto marcado pelas acentuadas modificações capitalistas no campo dos grandes centros de de manufatura manufa tura (Fusfe (Fusfeld, ld, 2005). O trabalho trab alho é a medid me didaa real do valor de de troca de todas as mercadorias” me rcadorias” (Smith, (Smith, 1996b, p. 87).

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tipo de tr trabalho abalho pro produtiv dutivo o  e o segundo de trabalho improdutivo.  U m exemplo de trabalho produtivo ser seria ia o de um u m m anufator: este “acresc “ac rescenta enta algo ao valor dos materiais com que trabal trabalha: ha: o de sua própria manutenção man utenção e o do luc lucro ro de seu patrão pa trão”” (Sm (Smit ith, h, 1996b, p. 333). Os salários do manufator são adiantados pelo patrão, mas na nada da ccustam ustam a es este te últi últim m o, um a vveez que o valor valor dos salári salários os é reposto juntamente com o lucro. O trabalho improdutivo, por sua vez, não incorpora valor a nenhum objeto, não se materializa em nenhum produto que possa perdurar e ser vendido vendido a um a ssom om a de val valor or superi superior or aos el elemen emento toss necess nec essári ários os à pro produção. dução. Se Segun gundo do Smith, figuram como com o trabal trabalhadores hadores improdutivos os cham c hamados ados “criados domésticos”, o soberano, ofici oficiai aiss de justiça, m em embros bros ddoo exér exérci cito to,, “eclesi “eclesiást ásticos icos,, ad advoga vogados, dos, m médico édicos, s, homens de d e lletras etras de todos os tipos, atores atores,, palh palhaço aços, s, mú músicos, sicos, cantores de ópera, dançarinos de ópera etc.” (Smith, 1996b, p. 334). Todos este es tess não acres acrescerí ceríam am nenh nenhum um valor a nada: um u m indi indivíduo víduo aum enta a magnitu ma gnitude de de sua rique riqueza za ao contr contratar atar operári operários, os, m mas as empobre empobrece ce se pa paga ga m uitos trabalhadores improdutivos, apesar da in incon contes testáv tável el utilidade de suas atividades e merecimento de remuneração. A grande diferença entre a conceituação smithiana de trabalho produtivo e trabalho improdutivo reside, principalmente, na seguinte formulação: (...) o trabalho do manufator fixase e realizase em um objeto específico ou  mercadoria mercad oria vendáv vendável, el, a q u a l perd pe rdur ura, a, no mínim mínimo, o, algum temp tempo o depo depois is de   encerrado o trabalho.  É , por assim dizer, dizer, uma certa quan quantidade tidade de trabalho estocado e acumulado acum ulado para ser empregado, ssee necessá necessário, rio, em alguma algu ma outra ocasiãoo (Smith, 1996b, p. 333  destaques nossos) ocasiã nossos)..

O concei conceito to de ttrabalho rabalho produtivo em Sm Smith ith depende, portanto, da possibilidade do trabalho incorporar valor a um objeto, a uma mercadoria mer cadoria m material aterial,, física, ppara ara que poss possaa sser er posteriormente rearealizada. Só é produtivo o trabalho cujo resultado perdure além da sua produção, produção , com comoo uum m objet objetoo fí físi sico. co. Futuram Futuramente, ente, ta tall obj objeto eto po pode de movimentar uma quantidade de trabalho igual ao trabalho que

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o produziu. Em contrapartida, a atividade imaterial de qualquer um dos trabalhadores improdutivos listados por Smith e expostos anter ant erior iorment mentee n não ão produz nenhum nen hum obj objet eto, o, n enhu m a mercadori mercadoriaa vendáve vend ável. l. Tal se serviço rviço desapa desaparece rece no ato de sua pro pr o du çã ção o .60 Para Smith, os serviços “não têm nenhum valor produtivo, não se se fixando fixando nem se realizando realizando em nenhum objeto permanente ou mercadoria vendável que perdure após encerrado o serviço, e pelo qual igual quantidade de trabalho pudesse ser conseguida posteriormente” (1996, p. 334). Como o resultado dos serviços é imaterial, não existe a possibilidade de extração do lucro a partir destes tipos de trabalho. De acordo com o autor, é produtivo o trabalho que atenda aos seguintes critérios critérios:: em primeiro primei ro lugar, incorporaraalo alorr ao objeto objeto sobre o qual o trabalho é executado; em segundo, operar dentro da produção mate materia rial, l, produzind prod uzindo o u m objeto fís físico ico que que perdure para aalém lém este é um do ato da produção pro dução (s (só ó é produtivo o trab trabalho alho ma material terial), ), e este ponto po nto de convergência com o pensa pe nsam m ento en to fisiocr fisiocrático; ático; em terc tercei eiro ro,, a possibilidade e necessidade de o trabalho produtivo movimentar, no futuro, uma quantidade de trabalho igual à que produziu. Por tais razões razões,, defendemos o argum ento segun seg undo do o qual Adam Smith, ao ampliar a noção de trabalho produtivo em relação a seus predecessores fisiocratas, realiza uma amp ampliação liação pa parc rcia iall d deesse  exclusão ão do tra trabalho balho imaterial como um a conceito, já que ain da há exclus atividade inserida nos tipos produtivos de atividade laborai; este não gera valor, não valoriza o capital. Levando suas teorizações às últimas consequências, podemos extrair os seguintes resultados: em primeiro prim eiro lugar, o trabalho im aterial teri teriaa independência indepen dência relat relativa iva em relação à produção de maisvalia; em segundo, o capital seria incapaz de obter lucro lucro a partir de u m a produção imaterial, imaterial, u um m a vez vez que este este ttipo ipo de produçã prod ução o não ggera era um resultado resultado m materi aterial al no qual 60

Seus serviç serviços os normalmente morre morrem m no próprio instante instante em que são execu executados tados,, e raramente deixam atrás de si algum traço ou valor pelo qual igual quantidade de serviço poderia, posteriormente, ser obtida” {id.,  1996, p. 334).

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o valor deve ser incorporado; em terceiro, como decorrência dos pontos pon tos anteriores, a teoria do valor teria teria um a abran ab rangên gên cia rest restrit rita, a, dizendo respei respeito to apenas à produção produ ção de mercadorias materiais. Sob Sob este es te ponto de vista, vista, u m a m ercadoria só teri teriaa valor caso o trabal trabalho ho se corporifique corporifique em algum algu m conteúdo materia material. l. D esse modo, apesar ap esar de avançar a teoria em relação aos fisiocratas, generalizando o conceito de trabalho produtivo ao capital produtivo, cuja produção conceito é tangível tangível,, em Sm ith a produçã prod ução o de valor valor ain da se encontr encontraa pres presaa à produ pro dução ção de mercadorias m ercadorias palpáv pa lpáveis.6 eis.61 O primeiro grande econom ista a incorporar incorporar o traba trabalho lho imateima terial dentro da conceituação de trabalho produtivo —contrariando a tendência vigente em sua época, segundo a qual o trabalho produtivo é conceituado de acordo com a fisicidade de seu resultado útil —foi —foi o francês fra ncês JeanB Jean Bap aptiste tiste Say.6 Say.62 A d m ira do r da teoria de Adam Smith, o autor teceu vários contrapontos em relação ao conceito de trabalho produtivo em voga. Segundo Say, este erro smithiano decorre decorre de sua concepção limitada de riqueza-, em vez de atribuir essa nomenclatura nomen clatura a todas tod as as coisas coisas com co m valor de troca troca,, ele a define define com o u m a característica característica p pres resent entee apenas em mercadorias mercadorias cujo valor é preservado para além da produção. Teórico defensor do utilitarismo, Say, ao contrário, enxerga uma identidade entre produção de riqueza (leiase: produção de vallor) va or) e produçã prod ução o de qualquer qualqu er utilidade utilidade que satisfaça satisfaça algu algum m a es espé pé-61 “A diferença en entre tre trabalho produtivo e improdutiv improdutivo o em Smi Smith th esta referenciada numa visáo material do processo de valorização do capital. Segundo o autor, um bem só tem valor quando é palpável, concreto, visível e estocável, de forma que o trabalho nele aplicado seja reprodutível, capaz de se perpetuar ao longo das transações econômicas, permitindo a aquisição de novos bens e serviços —ou seja, a perpetuação do valor pressupõe uma base material de suporte. Portanto, trabalho produtivo é todo trabalho reprodutível, que forma for ma uma reserva de de valor valor,, concreta e material, de mo modo do a possibilit poss ibilitar ar a acumulação de riqueza” (Meirelles, 2006, p. 221). 62 Say (1 (17671 7671832) 832) nasceu na França, mas morou no país capitalista mais des desen envolv volvido ido de sua época, a Inglaterra. Ali presenciou o processo de industrialização e conheceu a teoria de Smith. Posteriormente, voltou à França e liderou uma indústria têxtil que empregava cerca de 400 funcionários (Tapinos, 1983). 66

 

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cie de necessidade h um an cie ana;6 a;633 pro produ duzir zir qualquer qu alquer tip tipoo de utili utilidade dade é, simultaneam simultaneamente, ente, pprodu roduzir zir val valor, or, de mo modo do que o valor ddee troca das mercadorias é “a medida da utilidade que lhes foi dada” (Say, 1983,, p. 68). De 1983 Desd sdee o pri primeiro meiro capítulo de sseu eu Tratado de Economia  Politica,  ao discorrer so sobre bre o principal el elemen emento to que caracteri caracteriza za um processo produtivo (a sua função na produção de coisas úteis), ele explicit expli citaa a possibilidade de a Ec Econ on om ia Políti Política ca incl incluir uir a produção de utilidades imateriais no conceito de produção e fornece uma excelente pista para o tema do trabalho imaterial: (...) a massa de matéria de que o mundo se compõe não poderia aumentar   nem ne m diminu dim inuir. ir. Tudo Tudo o quepodem pod emosf osfaz azer er é reproduzir ess essas as matérias so sob b uma   outraform a que as torna torna apropriadas a um uso uso qualquer  que  que não possuíam anteriormente ou que simplesmente aumentalhes a utilidade que antes já podia po diam m ter. N Ness essas as circunstânc circunstâncias, ias, h á criação criação de utilidade, não de matéria, e, visto que essa utilidade utilidad e lhes confere confere va valor, lor, há produção produçã o de riquezas. É nesse nesse sentido que devemos entender a palavra produção  em Economia Política e em em todo o cu curso rso desta obra. obra. A pro produç dução ão não é eem m absoluto uma criação criação de matéria, mas uma criação de utilidade (Say, 1983, p. 68).

O homem necessita de bens e serviços para a realização de suas necessida nece ssidades. des. So Sobb este ponto de vi vista, sta, ser seria ia produtivo qualqu qualquer er trabal trabalho ho gerador de utilidade, independent independentemente emente do co conteúdo nteúdo fís físico ico de seu seu resultado resu ltado.. E m outros termos termos,, o autor incl inclui ui at atividades ividades geradoras ddee prod utos imateriais na conceituaç produtos conceituação ão ddee trabalho produtivo, di difer ferent enteemente de Q ue uesn snay ay e Smith, ppois ois seu conce conceito ito de trabalho produtivo ssee descola da necessidade de produção de mercadorias materiais. ’3 “ O valor que os os home homens ns atribuem atrib uem às coi coisas sas tem seu primeiro prime iro funda fun dame ment nto o no us uso o que delas  podemfazer. podem fazer. Umas servem como alimento, outras outra s como vestuário; vestuário; alg alguma umass nos ddefen efendem dem dos rigores do clima, como as casas; outras, como os ornamentos, os produtos de beleza, satisfazem gostos que são uma especie de necessidade. Seja como for, permanece sempre verdadeiro que os homens atribuem valoras coisas em virtude de seu uso: o que não serve para nada não tem preço nenhum. A essa essafa facu culd ldad adee que possuem possuem cer certas tas coisas coisas depoderem poderem  satisfazer as diferent diferentes es necess necessida idade dess humanas, permitam-me chamá-la de utilidade. utilidade. Direi Dir ei   que criar obje objeto toss dotados de uma utilidade uti lidade qualqu qua lquer er é criar riquezas riquezas,, visto visto que a utilidade  des esse sess objet objetos os constitui o primei pri meiro ro fu funda ndame mento nto de seu seu valor valor,, e que seu seu valor val or é rriqueza iqueza  ” (Say,

1983, 198 3, p. 68  destaques no nosso ssos). s).

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Incorporar temas concer concernent nentes es aos produtos imateri imateriais ais no ob  jeto  je to de e s t u d o é u m d o s m é ri rito toss d e Say. N o Tratado de Economia   Política , ele dedica um capítulo inteiro à análise dos “ pr  prod odut utos os   imateriais ima teriais ou va valo lore ress que se se consomem consomem no m omento om ento da d a produção produ ção . 

Tomando como exemplo o trabalho de um médico, que trabalha observando observan do os o s sintom as da enferm en fermidade idade de seu paci pacient entee e prescreprescrevendo a medicação adequada, ele indaga: O trabalho do médico foi improdutivo? Quem poderia pensar isso? O doente foi salvo. Essa produção era incapaz de tornarse matéria de uma troca? tro ca? Em absoluto, pois o conselho do médico foi trocado trocad o pelos pelos seus hoh onorários; norár ios; m mas as a necessidade necessidade dessa recomendação cessou desde o instant instantee em que foi dada. dada . Sua produção produ ção consistia co nsistia em dizê dizêla; la; seu consum consumo, o, em escuta la;; ela foi la foi consumi consu mida da no mesmo momento em qu quee produzida. E a isso que chamo de produto imaterial (Say, 1983, p. 125 —destaque do autor).

A utilidade utilidade gerada gerada pelo pelo trabal trabalho ho do m édico édico faz com qu e Say consider consi deree esta atividade ati vidade com o tra trabalho balho produtivo. O m esm o ocorre com outros exemplos, como o trabalho de músico, ator, advogado, juiz etc. Todos são imateriais, isto é, seus resultados não se mantêm para consumo ou troca futura, mas são consum idos no at ato o da produção. produ ção. A lém disso, geram riqueza, de de mo do que “os produtores de produtos imateriais adquirem fortunas” (Say, 1983, p. 126). A pesar da capacidade de gerar valor valor e utili utilidade, dade, o cap ital não poderia absorver para si si os resultados resultados da pro dução imaterial im aterial com a m esm a facilidade. N a teoria de Say Say,, devido a essa essa característ característica ica imaterial, tornase tornase impossível im possível acum ular capital a pa rtir do lucr lucro o extraído pelo trabalho imaterial. Só haveria valor incorporado nos chamados  p  prr o d u to s im a te r i a is   porque eles são dotados de u tilid ade,6 ad e,64 4 e não por po r causa cau sa d a relação de capital cap ital que q ue se est estabelece abelece na produção: 64 “O trabalho prod produtivo utivo de pro produtos dutos imateriais, imateriais, como q qualquer ualquer outro trabalho, trabalho, e produtivo até agora apenas quando aumenta a utilidade, e, assim, o valor de um produto: alem deste ponto, é um esforço puramente improdutivo” (ibid., p. 229).

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D a natureza dos do s produtos pro dutos imateriais imateriais resulta que náo seria possível acumulá acumulá los e que eles não servem para aumentar o capital nacional. Uma nação em que encontrássemos uma multidão de músicos, de sacerdotes e de empregados poderia ser uma nação muito divertida, bem doutrinada dou trinada e admiravelmente bem administrada; mas seria tudo. Seu capital não recebería nenhum acréscimo direto de todo o trabalho dos homens industriosos, porque seus produtos seriam consumidos à medida que fossem criados (Say, 1983, p. 126).

A relação de capital só poderia operar na produção imaterial de forma exterior. Este tipo de produção, segundo a teoria de Say, não corroboraria para a produção de lucro especificamente capitalista. tali sta. Seri Seriaa impraticável qualquer d ono de meios de produção engendrar acum acu m ulação de ccapit apital al a partir de um a produçã produção o de ben benss imateriais. Para o autor, o resultado do trabalho imaterial contém  valor enquanto enqu anto utilidad utilidade, e, mas não contém valor enq enqua uanto nto ge gera raçã ção o  de riqueza para pa ra acumulação de d e capital capital.. A produção imaterial seria

capazz de circular quan capa quantidade tidade de dinh dinheiro eiro sufi sufici cient entee pa para ra enri enriquece quecerr muitos indivíduos, mas incapaz de enriquecer um indivíduo que empregue muitos trabalhadores visando obter lucro neste tipo específi espec ífico co de pro produç dução ão.. Po Porr tais razões, consideram consideramos os que, na teoria de Say, a inserção do trabalho imaterial no conceito de trabalho  disso,, sua contribuição cconstitui onstitui  pro  p rod d ut utiv ivo o é apenas pa parci rcial al.. A pesar disso um avanço na questão da imaterialidade do trabalho em relação à tradição da teoria econômica de sua época. Seus predecessores, analisados neste item, excluem o trabalho imaterial do conceito de trabalho produtivo. Com a exposição dos pressupostos de Say, concluímos esta breve bre ve aprese apresentação ntação de com o a qu questão estão d a ima imaterial terialidade idade do trabalho aparece, aparece, m mesm esm o q que ue iimp mplici licitamen tamente, te, em algu ns predece predecessor ssores es de Marx. Ao tratar do trabalho produtivo, todos eles tocam na questão da materialidade física do resultado. Mas, antes de Marx, a inserção do trabalho imaterial no âmbito do trabalho produtivo só é abordada parcialmente. parcialmente. R estava analisar a parte m ais comple-

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xa da questão: para além da utilidade, como o trabalho imaterial entra ent ra no processo proce sso de produção produ ção do valor que valoriza o capital? capital? Say  já  j á h a via vi a n o t a d o o p r o b lem le m a : “os “o s p r o d u tos to s im a ter te r iais ia is s ã o fru fr u to d a indústria humana, pois chamamos indústria qualquer espécie de trabalho produtivo. Percebe-se menos claramente como eles são, ao  mesm me smo o te temp mpo, o, fr u to de um capital ” (Say, 1983, p. 127 —destaques

nossos). No entanto, a questão não foi resolvida pelo autor, que parou no pon p onto to onde on de começa com eça a rea reall dificuldade dificuldade do tema: tema: analisar analisar o trabalho trabalh o imaterial im aterial inserido diretamente diretam ente na relação relação social de de capital. Coube a Marx realizar tal tarefa. Demonstrar a abrangência do conceito marxiano de trabalho produtivo acentuando a explícita consideração do trabalho imaterial dentro desta conceituação é o principal objetivo do presente capítulo. Em outros termos, procuraremos demonstrar como Marx, ao inovar qualitativamente o conceito de trabalho produtivo, levanta questões pertinentes para a análise do trabalho imaterial.

O s tr três ês níveis níveis conceituais conceituais do trabalho trabalh o produtivo produtivo em Mar M arx x e o  trabalho imaterial E m O capital,  devido à rigorosa exposição marxiana, as catego rias65 rias65 são aapre presen sentada tadass progressivam ente, pa rtin do d e suas determinações mais simples e passando para as mais complexas visando a compreender as múltiplas determinações que constituem o co nc ret o.66 o.66 A o rdem exp ositiva dos vo lum es do livr livro o ® “O que Ma Marx rx promov promovee  sem dúvid dúvida, a, a partir d dee um trabal trabalho ho teó teóric rico o fecu fecund ndo o oriu oriund ndo o de Hegel —é o desenvolvimento de uma forma adequada de reprodução conceituai (representação) do movimento do ser por intermédio de categorias do pensamento (Ranieri, 2011, p. 131). 66 A exp exposi osição ção marxiana marxiana,, marc marcada ada pe pela la construção conceituai gradual, é muito bem explicitada por Marcos Müller. Referindose ao capital enquanto capital em geral, diz o autor: “A dialética enquanto método caracteriza um procedimento que pretende expor construtivamente  o ‘desenvolvimento conceituai do capital’ enquanto ‘capital em geral’, o ‘capital enquanto tal, isto éé,, o capital social tota l’ a partir part ir de su suaa forma elementar’, a mercadoria (enquanto objeto imediato da circu circulação lação e forma econômica

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segue esse movimento: parte do  proce  processo sso de p rod ro d u ção çã o do cap ca p ital ita l  (primeiro volume), perpassa o  processo de circu ci rculaç lação ão do c a p it ita a l  (segundo volume) e “finaliza” com o pr proc oces esso so glo g loba ball de produç pro dução ão   capitalista.  No entanto, atrelado a esse movimento geral que vai do simples ao complexo, outros conceitos e categorias são acrescentados, realizando várias progressões de menor amplitude do abstrato ab strato ao ccon oncre creto to.6 .677 O conceito de tr trabal abalho ho prod pr od utiv o  pode ser considerado um daqueles elementos teóricos que, dentro da progressão expositiva geral da obra, e intimamente atrelado a ela, segue seu próprio movimento movim ento conceituai. Este desenvol desenvolvimento vimento conceituai é gra gradual, dual, remetendo, portanto, a níveis de abstração diferentes. Por meio d a leit leitura ura de O capital e do Capítulo VI inédito, percebemos que é possível distinguir três níveis referentes à definição de trabalho produtivo. E produtivo. Em m todos todo s el elees há questões pert pertine inentes ntes para a com compreenpreensão do trabalho imaterial. É importante expli explici citar tar que M ar arxx não distingue formalmente os três níveis conceituais do trabalho produtivo, embora sejam notáveis os diferentes modos de abstração. Um nível não exclui o outro, todos fazem parte da construção do conteúdo do conceito tr traba abalho lho produtivo pro dutivo,,   que Marx articula de forma inovadora e crítica em relação aos seus predecessores da tradicional teoria econ ec onôm ôm ica ica.6 .68 dos produtos do do trabalh t rabalhoo humano humano), ), e ddas as determin determinações ações progressivas da dassform formas as d dee manifestação do valor , presentes na mercadoria: formavalor simples, formavalor total, formavalor forma valor univer universal, sal, dinheiro em suas determinações d eterminações ffunda undamen mentais” tais” (Müller (Müller,, 1982 1982,, p. 21 21  destaques nossos). nossos). em 67 (• (••• ••)) a passagem do ‘abstrato’ ao ‘‘concreto’ concreto’ é feit feitaa por Marx de várias maneiras e em todos os capítulos” (Tavares, 1998, p p.. 52  destaqu destaques es nos nossos). sos). “ “Marx “M arx ssee utiliza das da s ddescob escobertas ertas da Eco Econom nomia ia Política Política ((aa relaçã relaçãoo entre declínio e propr ogresso econômicos econômicos a partir parti r da composição do capital e ddoo trabalho; o tra trabalho balho enquanto econômico como regra da acumulação produtor deao rique riqueza; za; a acumulaç acum ulação do excedente capitalista) mesmo tempo emãoque faz a crítica desta ciência —considera corretas estas suas descobertas, descob ertas, mas não aceita a inter interpretação pretação levada a eefeito feito por ela da relação estabelecida entre trabalho e capital” (Ranieri, 2000, p. 38).

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Primeiro nível: nível: o p processo rocesso de trabal trabalho ho sob a forma de simples simples  produção de valores de uso E m O capital,  o conceito de trabalho produtivo aparece explicitamente pela primeira vez na seção destinada à análise do processo de trabalho sob a perspectiva da simples produção de valores de uso. Para expor o primeiro momento, ou o primeiro nívell de abstração deste conceit níve conceito, o, a análise marx ma rxian ian a apresent apresentaa um rico desenvolvimento sobre a categoria trabalho, que apontamos sem pormenorizar os desenvolvimentos posteriores. A apresentação do processo de trabalho considerado sob a forma de simples produção de valores de uso consiste em expor os elementos abstratos abstratos do do trabalho,   referi referindo ndo as sua suass característi ca racterísticas cas universais,  independentemente das suas formas históricas p a r ticulares  nas diferentes sociedades, ou seja, Marx analisa, nesse

primeiro momento, o trabalho em seus elementos de fundo, nos nexos menos perceptíveis. Sobre este primeiro nível, o autor afirma: “o processo de trabalho deve ser considerado de início independentemente de qualquer forma social determinada” (Marx, 1985, p. 149). Em outro momento, referindose ao capítulo de onde a citação anterior foi retirada, diz: “no capítulo V, estudamos o processo de trabalho em abstrato, independente de suas formas históricas (Marx, 1988, p. 101), sendo “comum a todas as formas sociais” (Marx, 1985, p. 153). O nosso foco é demonstrar o conceito de trabalho trabal ho produ tivo  a partir da natureza geral e imutável imutável d a produção produ ção h um ana an a de valores valores de uso —e —e extrai extrairr daí d aí elemento elementoss para par a a compreensão do trabalho imaterial. O trabalho seria, para Marx, uma atividade exclusivamente humana por meio da qual há um dispêndio de energia física e mental para a p  prr od odu u çã ção o de a lg lgu u m va valo lorr de us uso, o,  de alguma utilidade par a satisfazer satisfazer um a necessidade necessidade específ específica ica,, sem im im por tar qual a sua natureza dessa necessidade, seja ela do estômago ou da fantasia. fantasia. 72

 

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A partir desta constatação, podemos indicar que, em relação a materialidade do resultado do trabalho, os diferentes tipos de necessidade necess idade cond condiciona icionam m a form a pela qua quall o val valor or de uso deve deve sser er construído pelo trabalhador: trabalhador: a necess necessidade idade hum humana ana ddaa ali alimentação mentação só pode ser provida através da atividade de transformar os bens disponívei dis poníveiss pela natureza na form a adequ adequada ada de al alimento, imento, sej sejaa retirando frutos de arbustos, seja ccozen ozendo do alimentos crus e du duro ros. s.® ® Do mesmo modo, a necessidade de ouvir melodias agradáveis a fantasia humana só pode ser suprida pela atividade na qual o homem extrai sonoridades de objetos ou das cordas vocais sob a forma de música audível aos ouvidos humanos. O valor de uso produzido é adequado a um tipo de consumo específico:6970711uma uma música só pode ser consumida imaterialmente, e o alimento que sacia a fome só podequ ser consumido materialmente. suma, existem exis tem necessidades que e ssão ão supridas com o cons consum umoo doEm res result ultado ado material materi al da ativi atividade dade hum ana e outra outrass com o con consum sumoo do re resul sultad tadoo imater imat eria iall do tr trabal abalho. ho. C om o M ar arxx afi afirma rma nos Grundrisse,  “sem necessidade, nenhuma produção” (2011, p. 47). Sob a pers perspecti pectiva va exposta, o consum o, a partir do ti tipo po da necessidade a ser ser suprido, co condicion ndicionaa a produçã produçãoo de valores de uuso. so. M as tam também bém é verdade que que o ato de traba trabalhar lhar e prod produzir uzir util utilidade idade 69 Ele [o ho home mem] m] põe em movim moviment entoo as forças natur naturais ais pert pertenc encen entes tes a sua corpor corporalid alidade, ade, braços e pernas, cabe cabeça ça e mão, a fim de apr apropr opriariar-se se da matéria matéria natura n aturall numaforma form a útil  paraa sua própria par própria vida' vid a'   (Marx, 1985, p. 149). Explicando como o consumo produz a produção, Marx diz: