Pequeno guia de incríveis artistas mulheres que sempre foram consideradas menos importantes que seus maridos 9788569433736

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Pequeno guia de incríveis artistas mulheres que sempre foram consideradas menos importantes que seus maridos
 9788569433736

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Beatriz Calil

Nasceu em São Paulo, em 1990. Graduou-se em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas e atualmente é doutoranda na mesma universidade, onde pesquisa sobre a participação da fotografia na arte contemporânea. Encontrou na linguagem fotográfica o seu modo de criar discursos e defender posições. A cada dia se aproxima um pouco mais do feminismo e considera impossível fazer arte sem posicionar-se social e politicamente.

PEQUENO GUIA DE INCRÍVEIS ARTISTAS MULHERES QUE SEMPRE FORAM CONSIDERADAS MENOS IMPORTANTES QUE SEUS MARIDOS Beatriz Calil

Beatriz Calil

Inverno Editora Urutau editora Urutau 1ª edição verão 2017 2018

editora Urutau rua adolpho arruda, 41 jardim das laranjeiras 12910 455 bragança paulista-sp brasil américa do sul Tel. [ 55 11] 94859 2426 [email protected] www.editoraurutau.com.br [editores] ana elisa de arruda penteado • tiago fabris rendelli • wladimir vaz

[diagramação] victor prado [revisão] caroline micaelia [capa] beatriz regina guimarães barboza © beatriz calil, 2018.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410 Calil, Beatriz C153p Pequeno Guia de Incríveis Artistas Mulheres Que Sempre Foram Consideradas Menos Importantes Que Seus Maridos / Beatriz Calil. - Bragança Paulista, SP: Editora Urutau, 2018. 58 p.; 14cm x 19,5 cm ISBN: 978-85-69433-73-6 1. Mulheres. 2. Status. 3. Artistas. I. Título. CDD: 305.42 CDU: 396 2018-77 Índice para catálogo sistemático: 1. Status das mulheres 305.42 2. Posição das mulheres 396

Sumário Prefácio por Mariana Paiva [7] [10] Simone de Beauvoir [12] Camille Claudel [16] Zelda Fitzgerald [18] Françoise Gilot [20] Jeanne-Claude [22] Elaine de Kooning [24] Lee Krasner [28] Lee Miller [30] Ana Mendieta [34] Gabriele Münter [36] Georgia O’Keeffe [40] Dorothea Tanning [42] Yoko Ono [44] Leonora Carrington [46] Margaret Keane [48] Frida Kahlo Epílogo [50] Referências [54]

Prefácio

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A reescrita da história por Mariana Paiva

Na história, nada é, tudo está. É que cabe sempre um olhar a mais, seja de inocente retorno ou de desconfiança. A história não guarda espaço para estática: todo tempo é de reescrita. Disso bem sabe Beatriz Calil, autora de Pequeno Guia De Incríveis Artistas Mulheres Que Sempre Foram Consideradas Menos Importantes Que Seus Maridos. Como o título entrega, trata-se de um trabalho artístico corajoso: admite, desde o princípio, o equívoco de uma história que escolheu celebrar os homens artistas em detrimento de suas companheiras. Que relegou o brilhantismo delas e de suas obras às celas de manicômios, salas de estar, camas. Que transformou mulheres fortes em vítimas de abuso, artistas competentes em belas acompanhantes para eventos sociais. E então o olhar de Beatriz pousa sobre elas. É que é tempo ainda — é sempre — de lhes fazer justiça. De reverter o apagamento e transformá-las em protagonistas nas fotos de casais em que eram apenas figuras decorativas. Mesmo que para isso seja necessário promover outro apagamento: o de seus parceiros. Sozinhas, com seus sorrisos acompanhados apenas de um vulto branco, elas finalmente podem existir. Beatriz mete a mão na história e a reescreve, contando quem foram essas mulheres, falando de suas obras e das dores de seus relacionamentos abusivos. E termina, sutilmente, explicando a razão do apagamento dessas mulheres/ companheiras de artistas quando, em seu epílogo, mostra, em dados, a ínfima quantidade de artistas mulheres representadas por galerias de arte em São Paulo. 7

É com o dedo na ferida que Beatriz nos diz que ainda há pouco espaço para a mulher na arte, tanto tempo depois de algumas das histórias contadas no livro. Nessa metalinguagem infinita que é ela mesma, mulher, fazer um livro de arte para falar disso, enfim há portas abertas, futuro, coragem. E luta, naturalmente.

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Simone de Beauvoir

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Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir, nascida em Paris, França, em 9 de janeiro de 1908 e falecida em 14 de abril de 1986, foi uma grande escritora, filósofa e ativista política. Foi também uma figura de extrema importância para o feminismo, pensadora do existencialismo e da teoria feminista. Beauvoir estudou matemática, literatura e línguas no colégio Sainte-Marie de Neuilly. Em seguida, estudou filosofia na Sorbonne, em Paris, onde conheceu outros intelectuais importantes, como Jean-Paul Sartre, com quem manteve um relacionamento aberto por toda sua vida. Beauvoir escolheu nunca se casar e não constituir uma família com Sartre. Os dois moravam em casas separadas e eram livres para se relacionarem com outras pessoas. Não quis ter filhos e utilizou seu tempo integralmente para estudar, construir uma carreira acadêmica sólida, lutar por causas políticas e sociais, escrever, ensinar e viajar. Um de seus trabalhos mais conhecidos é o livro O Segundo Sexo, de 1949, um tratado detalhado sobre a opressão das mulheres e que contém considerações fundamentais sobre o feminismo contemporâneo. Beauvoir escreveu romances, ensaios e biografias sobre filosofia e política. Beauvoir foi uma ativista do feminismo e a responsável por grande parte da consciência feminista de muitas mulheres atualmente. Beauvoir não possui o reconhecimento que sua obra merece. Beauvoir é uma vítima do machismo e muitas vezes sua obra fica à sombra de curiosidades biográficas com seu companheiro Sartre.

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Camille Claudel

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Camille Claudel, nascida em Fère-en-Tardenois, França, em 8 de dezembro de 1864 e falecida em 19 de outubro de 1943, foi uma importante escultora. Na juventude, Camille estudou na Académie Colarossi, uma das poucas escolas que aceitavam alunas mulheres, a famosa École des Beaux-Arts era destinada apenas para homens nessa época. Após alguns anos tendo Alfred Boucher como mentor, a artista foi estudar com Auguste Rodin. Com apenas 19 anos, Camille tornou-se amante de Rodin, que tinha então 43 anos e era casado com Rose Beuret. Por causa de seu romance, a jovem se afastou da família. Em 1903, Camille começou a exibir seus trabalhos e se tornou uma importante expoente da escultura, apesar de seu mérito ser sempre associado e atribuído a Rodin. Há muitos relatos sobre a inveja e a raiva que Rodin sentia do destaque e da genialidade da artista. Em 1905, após anos sofrendo em um relacionamento abusivo com Rodin, Camille foi diagnosticada com um transtorno mental. A artista destruiu muitas de suas esculturas e acusou Rodin de ter roubado e assinado muitas outras como se fossem dele. Em 1913, foi internada à força por seu irmão, Paul Claudel, em um hospício na França. Algumas vezes, os médicos alertaram Paul sobre a falta de necessidade em manter Camille no hospício, porém ele insistiu em mantê-la encarcerada. Camille permaneceu internada durante 30 anos no hospício de Montfavet e durante todo esse tempo foi proibida de receber cartas e se comunicar com o exterior, sendo concedido apenas o contato com seu irmão, que foi visitá-la somente sete vezes nesses 30 anos. Em 1943, Camille faleceu e foi enterrada na própria instituição em uma vala comum. 13

Camille foi vítima de um parceiro e de um irmão abusivos, de uma sociedade e de uma medicina machistas. Camille foi uma escultora genial e produziu obras de extrema importância para a história da arte. Camille é mundialmente conhecida por ter sido “a amante de Rodin” ou “a irmã de Paul Claudel”.

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Zelda Fitzgerald

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Zelda Sayre, nascida em Montgomery, EUA, em 24 de julho de 1900 e falecida em 10 de março de 1948, foi escritora, dançarina e pintora. Ainda muito jovem conheceu Scott Fitzgerald e, após ele conseguir alguma segurança financeira, casaram-se. Scott se tornou um importante escritor e usou o relacionamento dos dois como material para seus romances, chegando até mesmo a ser acusado por Zelda de plagiar partes de seu diário e de cartas. O casamento dos Fitzgerald era conhecido como sendo muito conturbado. Scott era alcoólatra e Zelda era considerada “instável”. Zelda escrevia contos, poesias e artigos para revistas, aos 27 anos desejou ter uma carreira como bailarina e, para isso, treinava exaustivamente. Em 1930, ela foi internada em um sanatório e diagnosticada com esquizofrenia. Após entrar e sair muitas vezes de diferentes instituições, durante sua internação em um sanatório de Baltimore, ela escreveu o romance Save Me the Waltz, publicado em 1932. Scott ficou muito bravo porque Zelda colocou em seu romance informações sobre sua vida juntos, apesar de ele também ter feito isso. A artista passou seus últimos anos no Highland Mental Hospital, na Carolina do Norte, pintando e escrevendo um segundo romance que infelizmente nunca finalizou. Zelda faleceu em 1948, com mais 9 mulheres, quando o hospital pegou fogo e ela estava trancada em uma sala aguardando a terapia de eletrochoque. Zelda foi vítima de um marido abusivo e autoritário. Zelda foi escritora, foi bailarina, foi pintora. Zelda é mundialmente conhecida como “esposa do escritor Scott Fitzgerald”.

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Françoise Gilot

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Françoise Gilot, nascida em Neuilly-sur-Seine, França, em 26 de novembro de 1921, é pintora e escritora. Gilot começou a pintar ainda criança. Estudou literatura inglesa na Cambridge University e no British Institute em Paris. Em 1938 graduou-se em Filosofia na Sorbonne e em 1943 teve sua primeira exposição de pinturas em Paris. Com 21 anos, Gilot conheceu Pablo Picasso, então com 61 anos. Tornaram-se amantes e permaneceram juntos por quase 10 anos, apesar de nunca se casarem. O casal teve dois filhos, Claude e Paloma. Em 1964, onze anos após sua separação de Picasso, Gilot escreveu o livro Life with Picasso, no qual ela descreve a relação extremamente abusiva que viveu com o pintor. Gilot foi a única mulher a deixar o pintor, que parece ter sido abusivo em todos os seus relacionamentos. A última esposa de Picasso, Jacqueline Roque, cometeu suicídio com uma arma de fogo; Marie-Thérèse Walter, se enforcou. A bailarina Olga Khoklova e a fotógrafa Dora Maar, que desistiram de suas carreiras profissionais por ele, “enlouqueceram”. Em 1973, Gilot foi nomeada Diretora de Arte da revista científica Virginia Woolf Quarterly. Em 1976, foi nomeada membro do conselho do Departamento de Belas Artes da University of Southern California. Ao longo das décadas de 1980 e 1990, projetou trajes, cenários e máscaras para produções no Guggenheim, em Nova York. Suas obras estão espalhadas em coleções particulares e em grandes museus, como, por exemplo, o Metropolitan de Nova York. Gilot foi vítima de um relacionamento com um homem extremamente abusivo. Gilot realizou, de forma competente, mais de 5000 desenhos e 1600 pinturas. Gilot é conhecida como “a musa de Picasso”. 19

Jeanne-Claude

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Jeanne-Claude Denat de Guillebon, nascida em Casablanca, Marrocos, em 13 de junho de 1935 e falecida em 19 de novembro de 2009, foi uma artista da Land-Art que produziu inúmeras instalações artísticas. Casada com Christo, Jeanne-Claude formava com seu marido um casal de artistas que criava e produzia conjuntamente. Ficaram conhecidos por instalações que “embrulhavam” com tecido prédios importantes, monumentos e paisagens naturais, como o Parlamento alemão, em Berlim e a Pont Neuf, em Paris. Os artistas se conheceram em 1958 e já a partir de 1961 começaram projetos de arte juntos. Apesar de criarem e produzirem juntos e terem direitos iguais sobre suas obras, até a morte da artista, em 2009, Christo foi reconhecido e famoso mundialmente, enquanto Jeanne-Claude foi conhecida apenas como “a esposa de Christo”.

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Elaine de Kooning

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Elaine Marie Catherine Fried, nascida em Nova York, EUA, em 12 de março de 1918 e falecida em 1989, foi uma pintora do expressionismo americano. Também era escritora, professora e foi sócia editorial da revista Art News. Em 1937, ela frequentou a Leonardo da Vinci Art School e depois a American Artists School, ambas em Nova York. Enquanto estudava, Elaine ganhava dinheiro trabalhando como modelo de escola de arte. Elaine conheceu Willem de Kooning em 1938, quando ela tinha 20 anos e ele 34. Casaram-se em 1943 e passaram a compartilhar seus ateliês. Eles viveram um casamento aberto até sua separação em 1957. Após anos separados, reataram em 1975. Elaine promoveu de forma incansável o trabalho de seu marido ao longo de seu relacionamento. Já Willem era conhecido por suas críticas severas ao trabalho da esposa e, como um mestre, exigia que ela desenhasse e redesenhasse algo em busca de precisão, chegando até mesmo a destruir alguns desenhos da artista. Depois de mostrar seu trabalho na exposição “Artists: Man and Wife”, de 1951 na Sidney Janis Gallery, que também incluiu Jackson Pollock e Lee Krasner, Elaine disse: “Parecia uma boa ideia na época, mas mais tarde eu considerei que significava rebaixar um pouco as mulheres. Havia algo sobre mostrar as mulheres-artistas anexas aos artistas-verdadeiros”. Em 1952, Elaine fez sua primeira exposição individual. A artista escolheu assinar suas pinturas apenas com suas iniciais, para impedir que fossem rotuladas como “arte feminina” e para que não fossem ofuscadas pela arte e pelo sobrenome do marido. Elaine produziu um trabalho importante e sólido, presente em coleções de museus como do MoMA e do Guggenheim Museum, em Nova York. Elaine foi sempre conhecida por ser “esposa de Willem de Kooning”. 23

Lee Krasner

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Lena Krassner, nascida no Brooklyn, EUA, em 27 de outubro de 1908 e falecida em 19 de junho de 1984, foi uma importante pintora expressionista. Sua carreira como artista começou quando ela ainda era adolescente. Ela frequentou o Washington Irving High School, a única escola pública de Nova York que permitia que mulheres estudassem arte. Mais tarde, frequentou a Women’s Art School of Cooper Union e a National Academy of Design. Em 1930 começou a estudar arte moderna, o que definiu sua produção durante toda sua vida. Buscando se sustentar financeiramente, Lee precisou trabalhar como garçonete, como funcionária de uma fábrica e como modelo para artistas, porém, após a Crise de 29, entrou para o Works Progress Administration’s Federal Art Project, em que trabalhou como assistente adequando projetos de outros grandes artistas para grandes murais públicos. Porém, sua própria obra nunca foi escolhida para ser transformada em um mural. Posteriormente, entrou para o American Abstract Artists e, quando conheceu Pollock e seu trabalho, a artista rejeitou seu próprio estilo e chegou a destruir muitas de suas obras. Krasner e Pollock se casaram em 1945. Krasner sempre precisou lutar contra o estigma de ser uma “mulher artista” e a “esposa de Pollock”. Sua obra sempre foi vista a partir da de Pollock e a maioria dos artigos sobre seu trabalho se referem continuamente a ele. Como Elaine de Kooning, Lee Krasner assinava as obras apenas com suas iniciais, para que seu trabalho não fosse julgado a partir de sua fama de “esposa”. Lee Krasner morreu aos 75 anos. Apenas seis meses depois de sua morte, o MoMA de Nova York realizou uma exposição re-

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trospectiva de seu trabalho. Até 2008, Krasner era uma das únicas quatro mulheres artistas a ter uma exposição retrospectiva no MoMA. Lee foi uma excelente pintora, que deixou obras incríveis e importantes para a história da arte. Lee é conhecida como “esposa de Jackson Pollock”.

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Lee Miller

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Elizabeth Miller, nascida em Poughkeepsie, EUA, em 23 de abril de 1907 e falecida em 21 de julho de 1977, foi uma grande fotógrafa e modelo. Quando tinha 7 anos de idade, Miller foi estuprada por um amigo da família e foi infectada com gonorreia. Ainda jovem, estudou arte em Nova York, aprendeu fotografia com seu pai e, nos anos 1920, tornou-se uma das modelos mais procuradas e bem-sucedidas de Nova York. Quando sua carreira de modelo acabou, Miller começou a se dedicar à fotografia. Em 1929, Miller viajou a Paris para se tornar aprendiz do artista Man Ray. Logo, tornou-se sua modelo e colaboradora, assim como sua amante. Nesse período, Miller assumiu muitas encomendas de fotografias de moda feitas para Man Ray, para que o artista pudesse se concentrar em seu trabalho autoral. Muitas fotografias assinadas por Man Ray foram feitas por Miller. Em 1932, Miller deixou Man Ray e voltou a Nova York onde criou um estúdio de fotografia e retrato. Durante a Segunda Guerra Mundial foi correspondente na Europa da revista Vogue. Foi, possivelmente, a única mulher fotojornalista a cobrir a guerra na linha de frente. Atualmente sua obra é mantida e promovida por seu filho, Antony Penrose, que descobriu, após a morte da mãe, sessenta mil negativos guardados. Suas fotos podem ser vistas no Arquivo Lee Miller. Miller foi vítima de um relacionamento e de uma sociedade machistas. Miller foi uma importante participante do movimento surrealista. Miller foi uma das únicas, se não a única, mulheres fotojornalistas presentes na Segunda Guerra Mundial. Miller fez fotografias importantes e imprescindíveis para a história da humanidade. Miller é conhecida por ter sido “amante e musa de Man Ray”. 29

Ana Mendieta

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Ana Mendieta, nascida em Havana, Cuba, em 18 de novembro de 1948 e falecida em 8 de setembro de 1985, foi uma artista conhecida por suas performances e videoartes. Aos 12 anos, Mendieta foi enviada com sua irmã de 14 anos para os Estados Unidos como refugiada. Ambas passaram as primeiras semanas em campos de refugiados, depois passaram por algumas instituições e lares adotivos em Iowa, até reencontrarem sua mãe em 1966. Mendieta estudou na University of Iowa e possuía uma obra essencialmente autobiográfica, sobre assuntos relacionados ao feminismo, à violência e à morte. Em 1978 Mendieta passou a integrar a AIR Gallery, a primeira galeria dos EUA destinada a mulheres, onde conheceu outras artistas mulheres e se envolveu diretamente com o movimento feminista. Na mesma época, Mendieta conheceu também o artista minimalista Carl Andre quando ele participou de uma exposição intitulada “How has women’s art practices affected male artist social attitudes?” e eles passaram a viver juntos. Após oito meses vivendo com Carl em Nova York, Mendieta morreu ao cair do seu apartamento no 34º andar. Há registros que afirmam que um pouco antes de sua queda vizinhos escutaram uma briga violenta entre o casal, e em uma gravação de um telefonema de Carl para a polícia ele diz: ‘’My wife is an artist, and I’m an artist, and we had a quarrel about the fact that I was more, eh, exposed to the public than she was. And she went to the bedroom, and I went after her, and she went out the window.’’ Após três anos de processo, em 1988 Carl Andre foi absolvido da acusação de assassinato, pois o júri teve dúvida razoável.

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Mendieta foi vítima de um marido abusivo. Mendieta criou uma obra de extrema relevância para a arte contemporânea e faz parte de muitas coleções importantes como, por exemplo, as do Guggenheim, do Metropolitan, do Whitney Museum, do MoMA, do Centre Pompidou e do Tate. Mendieta é pouquíssimo conhecida. Na maioria das vezes em que é lembrada, é por ter sido “esposa de Carl Andre”, o artista minimalista que continua vivo, fazendo exposições e vendendo obras, com muito reconhecimento.

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Gabriele Münter

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Gabriele Münter, nascida em Berlim, Alemanha, em 19 de fevereiro de 1877 e falecida em 19 de maio de 1962, foi uma pintora do expressionismo alemão, além de fotógrafa e salvadora das pinturas do movimento Blaue Reiter que foram ameaçadas durante a Segunda Guerra Mundial. Gabriele estudou piano durante toda a juventude. Em 1897, frequentou uma escola de arte para mulheres em Düsseldorf. Posteriormente, mudou-se para Munique, porém a Academy of Fine Arts Munich não permitia a matricula de mulheres, então Gabriele ingressou na escola de arte Phalanx, onde Wassily Kandinsky lecionava. Em pouco tempo, os dois se tornaram amantes. Em 1903, Kandinsky comprometeu-se em se casar com Gabriele apesar de ainda estar casado com outra mulher. Gabriele viveu uma relação aberta com Kandisnky, como amante, já que ele não se divorciou até 1911. Os artistas permaneceram juntos até 1917, quando ele rompeu totalmente o contato com a artista e se casou com outra mulher. A obra artística de Gabriele foi muito influenciada por Matisse e outros fauvistas, e a artista desenvolveu um estilo muito particular de pintura. A partir de 1920, Gabriele viveu uma depressão crônica e praticamente abandonou a pintura, voltando a produzir apenas após uma estadia em Paris em 1930. Durante a Segunda Guerra, ela escondeu mais de 80 obras de Kandinsky e outros membros do Blaue Reiter, além de suas próprias obras, salvando-as da destruição pelos nazistas. Gabriele produziu pinturas impactantes e muito importantes para a arte moderna. Gabriele tem obras presentes em importantes coleções de museus. Gabriele não é conhecida por sua arte. Gabriele é conhecida como “amante de Kandinsky”.

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Georgia O’Keeffe

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Georgia Totto O’Keeffe, nascida em Sun Prairie, EUA, em 15 de novembro de 1887 e falecida em 6 de março de 1986 foi uma grande pintora, que influenciou o início do modernismo americano. Em 1905, Georgia iniciou sua formação artística no School of the Art Institute of Chicago e depois no Art Students League of New York. Em 1908, trabalhou como ilustradora comercial e posteriormente passou sete anos lecionando. Georgia foi uma das primeiras artistas americanas a utilizar a abstração pura em suas pinturas. Em 1916, Alfred Stieglitz, negociante de arte e fotógrafo, realizou a primeira exposição individual de Georgia. Em 1918, ela se mudou para Nova York a pedido de Stieglitz para se dedicar integralmente à carreira de artista. Em 1924, Georgia e Stieglitz se casaram, porém, em 1928, Stieglitz iniciou um caso com Dorothy Norman e, em 1933, O’Keeffe foi internada por dois meses após um colapso nervoso resultado, em grande parte, do caso extraconjugal de seu marido. Ela não pintou novamente até janeiro de 1934. Nas décadas de 1930 e 1940, Georgia ficou muito famosa e foi homenageada com duas exposições retrospectivas importantes, a primeira em 1943, no Art Institute of Chicago e a segunda em 1946, no MoMA que, então, realizou a primeira retrospectiva da obra de uma artista mulher. Na década de 1970, já idosa, mesmo com a perda de sua visão, Georgia continuou pintando. Para isso, recrutou assistentes que a auxiliavam a continuar criando sua arte. Após sua morte, foi criado o Georgia O’Keeffe Museum, em Santa Fé.

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Georgia foi uma das pioneiras do modernismo americano na pintura. Georgia possui uma obra muito importante, que faz parte da coleção de inúmeros museus. Georgia é muito pouco conhecida no mundo. Georgia é “esposa de Stieglitz” e não tem seu reconhecimento e seu sucesso desvinculados do marido.

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Dorothea Tanning

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Dorothea Margaret Tanning, nascida em Galesburg, EUA, em 25 de agosto de 1910 e falecida em 31 de janeiro de 2012, foi pintora, escultora, figurinista e escritora. Dorothea estudou pintura em Chicago e ainda muito jovem mudou-se para Nova York onde possuía um estúdio de pintura, porém não conseguia se manter financeiramente com pinturas e por isso, ganhava a vida como desenhista de moda. Durante a década de 30, conheceu o grupo dos surrealistas e juntou-se a eles em 1941, quando conheceu Max Ernst, então casado com Peggy Guggenheim. Logo os artistas iniciaram um relacionamento e se mudaram juntos para o Arizona. Na década de 50, o casal se mudou para Paris e lá permaneceram juntos até o falecimento de Ernst, em 1976. Então a artista retornou para os EUA. Tanning possui uma obra surrealista bastante importante, que foi criada principalmente entre as décadas de 1940 e 1960. Após esse período, Tanning criou figurinos e cenários para os balés de George Balanchine. A partir dos anos 80, a artista se dedicou bastante a escrita, publicando vários trabalhos em prosa e poesia. Dorothea possui um trabalho bastante particular e competente. Dorothea tem obras em diversas coleções de importantes museus como o MoMA, de Nova York e a Tate Modern, de Londres. Dorothea sempre foi conhecida como “esposa de Max Ernst”.

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Yoko Ono

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Yoko Ono, nascida em Tóquio, Japão, em 18 de fevereiro de 1933, é uma compositora, cantora e artista visual. Conhecida por obras tanto musicais quanto plásticas e conceituais que comumente se caracterizam pela provocação. Ainda criança, Yoko estudou música no Japão. Após uma infância difícil, em 1951, Yoko foi a primeira mulher a ser aceita no programa de filosofia da Gakushuin University, em Tóquio. Em 1952, mudou-se para Nova York e frequentou a faculdade de música Sarah Lawrence, onde conheceu importantes músicos de vanguarda, como John Cage. Em 1956, casou-se com Toshi Ichiyanagi e, para se sustentar, começou a lecionar arte japonesa e música em escolas públicas. Em 1961, após se separar de seu marido, retornou ao Japão. A péssima aceitação de seus trabalhos e a crise em seu relacionamento a levaram a uma profunda depressão. Yoko foi internada em uma clínica e só foi liberada após seu amigo Tony Cox denunciar que ela estava recebendo doses muito altas de medicamentos. De volta a Nova York, Yoko se casou com Cox e os dois tiveram uma filha chamada Kyoko. O casamento durou até 1969, quando o casal se separou e Cox ganhou a guarda da menina, fugindo e desaparecendo com ela de 1971 até 1986. Na década de 1960, Yoko se uniu ao grupo Fluxus e em uma de suas exposições individuais conheceu John Lennon. Juntos começaram a produzir composições musicais de vanguarda, Lennon se separou de sua primeira esposa para se casar com Yoko em 1969. O casal teve um filho, Sean, que nasceu em 1975, cinco anos antes do assassinato de Lennon em Nova York. Yoko é uma importante artista conceitual, com uma produção consistente e relevante e inúmeras exposições no mundo todo. Yoko é conhecida como “esposa de John Lennon”. 43

Leonora Carrington

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Leonora Carrington, nascida em Lancashire, Inglaterra, em 6 de abril de 1917 e falecida em 25 de maio de 2011, foi uma escritora, escultora e pintora surrealista. Ainda muito jovem, Leonora foi forçada pela família a ir para o convento. A menina era famosa por sua rebeldia e indisciplina e, por isso, foi expulsa de dois conventos. Em 1936 iniciou sua formação artística na Amedee Ozenfants’ Academy, em Londres. Em 1937, conheceu Max Ernst e foi viver com ele, em Paris, onde permaneceu por três anos até o fim de seu relacionamento com o artista. Durante a Segunda Guerra, Ernst foi preso algumas vezes e depois fugiu para os EUA, com a ajuda de Peggy Guggenheim, abandonando seu relacionamento com Carrington. Leonora, então, fugiu para a Espanha, onde teve um “surto psicótico” e foi internada em um hospital psiquiátrico em Madrid, passando por tratamentos com terapia de eletrochoque. Nessa época também conheceu o escritor mexicano Renato Leduc, com quem se mudou para o México em 1941. A relação deles terminou dois anos depois, porém a artista permaneceu no México, onde passou seus últimos setenta anos. Mais tarde, Leonora se casou com Emerico Weisz, com quem teve dois filhos. Em 1947, Carrington participou de uma exposição internacional surrealista na Pierre Matisse Gallery, em Nova York, onde seu trabalho foi reconhecido como visionário e singular. Além de pintar, a artista também escrevia, tendo publicado muitos artigos e contos. Leonora é considerada uma das últimas artistas representantes do surrealismo. Leonora possui uma obra fantástica e impressionante. Leonora é uma importante artista, cujo trabalho foi exposto em exposições no MoMA e em outros importantes museus ao redor do mundo. Leonora nunca foi conhecida por sua obra. Leonora sempre foi conhecida como “namorada de Max Ernst”. 45

Margaret Keane

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Peggy Doris Hawkins, nascida em Nashville, EUA, em 15 de setembro de 1927 é uma pintora. Casou-se com Walter Keane em meados da década de 1950. Walter vendia as pinturas da esposa como se fossem dele e, na década de 1960, ficou muito famoso com elas, faturando milhões de dólares. As telas, que faziam muito sucesso, eram conhecidas por representarem, em sua maioria, crianças com grandes olhos. Walter era um marido bastante abusivo. Além de assinar as telas da esposa e vendê-las em nome dele, muitas vezes mantinha Margaret trancada em um estúdio para que ela não parasse de pintar. Em 1965, Margaret deixou o marido e pediu o divórcio, mas somente em 1970 a artista revelou, em um programa de rádio, que ela era a verdadeira autora das pinturas. Após Walter declarar que ela estava mentindo, Margaret o processou por difamação. Durante o julgamento, em 1986, o juiz pediu que Margaret e Walter pintassem uma tela cada um, ali mesmo no tribunal, a fim de verificar o verdadeiro autor. Ela produziu uma pintura em menos de uma hora, enquanto ele alegou que não podia pintar por estar com uma dor nos ombros. O júri determinou que Walter pagasse uma indenização de quatro milhões de dólares à sua ex-esposa. Dinheiro este que nunca foi pago. Mais tarde, a artista se casou novamente e se estabeleceu no Havaí, onde permanece pintando. Margaret foi vítima de um relacionamento abusivo. Margaret pintou inúmeras telas que fizeram um enorme sucesso com o nome de seu marido, Walter Keane. Margaret é pouquíssimo conhecida atualmente.

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Frida Kahlo

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Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, nascida em Coyoacán, México, em 6 de julho de 1907 e falecida em 13 de julho de 1954, foi uma importante pintora. Frida não começou a pintar desde a infância, como é comum em outros artistas. Em 1925, sofreu um grave acidente de bonde, ficando alguns meses internada no hospital entre a vida e a morte. Após a internação Frida, precisou ficar um enorme período em casa de repouso e então começou a pintar. Em 1928, entrou para o partido comunista mexicano e conheceu Diego Rivera com quem se casou no ano seguinte. Seu casamento foi bastante tumultuado e ambos possuíam casos extraconjugais. Frida era bissexual e Diego aceitava os casos da esposa com outras mulheres, mas não com outros homens. Frida sofreu muito com os casos de Diego e descobriu certa vez que ele mantinha um relacionamento com sua irmã, Cristina. Entre algumas idas e vindas, o casal permaneceu junto por muito tempo, porém Rivera sempre teve uma postura machista e abusiva em seu relacionamento causando um imenso sofrimento para Frida. A artista sempre quis ter filhos, mas nunca conseguiu devido a sequelas de seu acidente, tendo tido diversos abortos. Em 1954, Frida foi encontrada morta. Seu atestado de óbito registra embolia pulmonar como a causa da morte, mas não se descarta a hipótese de que ela tenha morrido de overdose de medicamentos. A última coisa que escreveu em seu diário foi: “Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar.”. Frida possui uma obra de extrema importância para a história da arte. Frida sempre lutou por seus direitos como mulher. Frida é uma das únicas mulheres artistas realmente conhecidas no mundo todo. Sua história de vida e sua importância na arte tornaram a artista um dos símbolos do feminismo atualmente. 49

Epílogo

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Referências

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_ 1ª edição _ Fevereiro de 2018 _ papel pólen 80 g/m2

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