O Bolsonarismo no Divã 3442566906

São tempos duros. Tempos da distância. Tempos em que apertar a mão de um amigo não é recomendável. Tempos em que abraçar

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O Bolsonarismo no Divã
 3442566906

Table of contents :
TEMPOS ESTRANHOS
NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI
HOJE EU TIVE UM SONHO
AS ARMADILHAS DOS SONHOS
PARA ALÉM DA IMAGEM
A INSUPORTABILIDADE DO PURGATÓRIO
A SOLIDÃO, UM PATAMAR DO PURGATÓRIO
A HAUSHÄLTERIN EMMA SCHÄFER
NOTAS SOBRE O SENHOR E SENHORA SCHÄFER
O DR. SANDOR MAYER
A OUTRA FACE DE EMMA
PASTOR LUTERANO PR. THOMAS HUS
DR. SANDOR MAYER E A SRA. EMMA SCHÄFER
PLANEJAMENTO DO EVENTO
A IMPORTÂNCIA DA ANTEVÉSPERA
ABERTURA DO ENCONTRO
NOSSO CONVIDADO O PSIC DR. SANDOR MAYER
ANOTAÇÕES SOBRE KURT SCHNEIDER
CONCEITO DE PSICOPATIA DE SCHNEIDER
A CONDUTOPATIA
KURT SCHNEIDER E A PERSONALIDADE PSICOPÁTICA SOB A ÓTICA PSICANALÍTICA
CONDUTOPATIA E A POLÍTICA
“RACHADINHAS” A BASE DO SURTO
PERTO DEMAIS
CONFUSÃO IDEOLÓGICA
A INTOLERÂNCIA COMO PRÁXIS
O CONFLITO COMO PRÁTICA POLÍTICA
SOFREM OU FAZEM SOFRER
MANIPULAÇÃO COMO PRÁTICA POLÍTICO-SOCIAL
FALSIFICAR A HISTÓRIA
OS PERIGOS DA IGNORÂNCIA
CONDUTOPATIA
ENCERRAMENTO DO ENCONTRO
O HAPPY HOUR
A VOLTA À ROTINA
OUTROS MATERIAIS DO 23º ENCONTRO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA DE SÃO PAULO
CARTA DE SANDOR MAYER
E-MAIL DE SANDOR MAYER PARA EMMA SHÄFER
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SOBRE O AUTOR

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LAURO FONTES

FICHA CATALOGRÁFICA

© Copyright 2021 Lauro Fontes - Todos os direitos Reservados Publicado de maneira independente por Lauro Fontes pela Amazon Capa: Lauro Fontes Esta é uma obra ficcionada - está parcialmente baseada em fatos da vida cotidiana da área política e social brasileira -, possui conteúdo imaginário. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real, que não sejam públicas no Brasil ou não façam parte do processo histórico nacional, terá sido mera coincidência. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, total ou parcial, da obra, ou usado de forma alguma sem autorização expressa, por escrito, do autor ou editor, exceto pelo uso de citações breves e claras em conformidade com as leis vigentes brasileiras. Edição: 1ª Ed. 2021

Aos que partiram desta vida vítimas do mal desses tempos de pandemia, negligência, egoísmo e da ignorância. Não existem para que possam traduzir tantas dores. De forma singela e humildemente dedico esta pequena obra. Aos seus familiares e amigos rogo ao Senhor que vos console.

“Os espíritos ainda não encontraram uma palavra para definir a dor de um coração de mãe quando perde um filho.” Chico Xavier”.

SUMÁRIO TEMPOS ESTRANHOS NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI HOJE EU TIVE UM SONHO AS ARMADILHAS DOS SONHOS PARA ALÉM DA IMAGEM O PURGATÓRIO A INSUPORTABILIDADE DO PURGATÓRIO A SOLIDÃO, UM PATAMAR DO PURGATÓRIO A HAUSHÄLTERIN EMMA SCHÄFER NOTAS SOBRE O SENHOR E SENHORA SCHÄFER O DR. SANDOR MAYER A OUTRA FACE DE EMMA PASTOR LUTERANO PR. THOMAS HUS DR. SANDOR MAYER E A SRA. EMMA SCHÄFER PLANEJAMENTO DO EVENTO A IMPORTÂNCIA DA ANTEVÉSPERA ABERTURA DO ENCONTRO NOSSO CONVIDADO O PSIC DR. SANDOR MAYER ANOTAÇÕES SOBRE KURT SCHNEIDER CONCEITO DE PSICOPATIA DE SCHNEIDER A CONDUTOPATIA KURT SCHNEIDER E A PERSONALIDADE PSICOPÁTICA SOB A ÓTICA PSICANALÍTICA CONDUTOPATIA E A POLÍTICA PÔSTERS “RACHADINHAS” A BASE DO SURTO PERTO DEMAIS CONFUSÃO IDEOLÓGICA A INTOLERÂNCIA COMO PRÁXIS O CONFLITO COMO PRÁTICA POLÍTICA SOFREM OU FAZEM SOFRER MANIPULAÇÃO COMO PRÁTICA POLÍTICO-SOCIAL FALSIFICAR A HISTÓRIA OS PERIGOS DA IGNORÂNCIA

CONDUTOPATIA ENCERRAMENTO DO ENCONTRO O HAPPY HOUR A VOLTA À ROTINA OUTROS MATERIAIS DO 23º ENCONTRO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA DE SÃO PAULO CARTA DE SANDOR MAYER E-MAIL DE SANDOR MAYER PARA EMMA SHÄFER REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOBRE O AUTOR

TEMPOS ESTRANHOS

São tempos duros. Tempos da distância. Tempos em que apertar a mão de um amigo não é recomendável. Tempos em que abraçar pai, mãe e irmãos é arriscado. Tempo do medo e da dor. Tempo em que o desafio não é só estar ou se manter vivo, é algo que nos pede sabedoria e luta. Sabedoria para conseguir resistir ao arremesso de nossas almas para os séculos da escuridão que todos haviam imaginado ter vencido, e tempo de luta para vencer o negacionismo, a ignorância, o egoísmo, a bestialidade, e o fascismo que tomou conta da vida nacional. É preciso registrar a dor e a ignorância, infelizmente! Contar, de diversas maneiras e pontos de vista esses tempos estranhos, para que, no futuro, nossos filhos e neto consigam imunidade às pessoas nefastas como o personagem central desse texto. É verdade que não fomos felizes quando da oportunidade que tivemos ao escolher para presidente uma alma perdida. Fomos enganados. Nosso único consolo é que ninguém escapa aos psicopatas se estiver ao alcance de seus objetivos. Conforta também saber que não fomos ou somos os únicos nessa experiência manipuladora, a Europa nos precedeu. A ameaça do fascismo não é menos violenta que o comunismo ou nazismo, é ainda muito pior, pois ela flerta com valores nacionais e os subverte, objetiva enganar os corações patriotas, e sequestrar as liberdades. Mas, se o velho continente venceu... haveremos também de derrotar essa gente.

NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI Eduardo Alves da Costa[1] Assim como a criança humildemente afaga a imagem do herói, assim me aproximo de ti, Maiakóvski. Não importa o que me possa acontecer por andar ombro a ombro com um poeta soviético. Lendo teus versos, aprendi a ter coragem. Tu sabes, conheces melhor do que eu a velha história. Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na Segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada. Nos dias que correm a ninguém é dado

repousar a cabeça alheia ao terror. Os humildes baixam a cerviz; e nós, que não temos pacto algum com os senhores do mundo, por temor nos calamos. No silêncio de meu quarto a ousadia me afogueia as faces e eu fantasio um levante; mas amanhã, diante do juiz, talvez meus lábios calem a verdade como um foco de germes capaz de me destruir. Olho ao redor e o que vejo e acabo por repetir são mentiras. Mal sabe a criança dizer mãe e a propaganda lhe destrói a consciência. A mim, quase me arrastam pela gola do paletó à porta do templo e me pedem que aguarde até que a Democracia se digne a aparecer no balcão. Mas eu sei, porque não estou amedrontado a ponto de cegar, que ela tem uma espada a lhe espetar as costelas e o riso que nos mostra é uma tênue cortina lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo e não os vemos ao nosso lado, no plantio. Mas ao tempo da colheita lá estão e acabam por nos roubar até o último grão de trigo. Dizem-nos que de nós emana o poder mas sempre o temos contra nós. Dizem-nos que é preciso defender nossos lares mas se nos rebelamos contra a opressão é sobre nós que marcham os soldados. E por temor eu me calo, por temor aceito a condição de falso democrata e rotulo meus gestos com a palavra liberdade, procurando, num sorriso, esconder minha dor diante de meus superiores. Mas dentro de mim, com a potência de um milhão de vozes, o coração grita - MENTIRA!

HOJE EU TIVE UM SONHO

Acordei-me no meio da noite inquieto devido um daqueles pensamentos sabotadores de sonos. Ocorria-me, naquele instante, que assistia uma consulta de uma pessoa a profissional psicoterapeuta, e havia um divã. Eu estava confuso, não entendia as razões de minha presença naquela cena: esse era meu desconforto. Deitado, a paciente balbuciava coisas estranhas deitada em posição fetal. Era algo muito esquisito. Ensinamentos extraídos da psicanálise de Sigmund Freud, sobretudo, em famoso livro “A Interpretação dos Sonhos”, dão conta de que todo sonho pode ser interpretado, e servem como uma espécie de portal de acesso ao inconsciente. Neles existem sentidos, uma lógica, não há que se falar em coisas absurdas. A psicanálise, ao longo desse longo tempo de existência, acumulou conhecimentos e experiências que fornecem diferentes visões e interpretações para os sonhos. Transformou-se em uma ferramenta importante da prática clínica-terapêutica. Para muitos neurocientistas, sonhos são formados a partir de estímulos aleatórios e não possuem qualquer significado. Contudo, diversos estudos associam as emoções experimentadas durante a vigília[2] e o conteúdo dos sonhos. É bem possível que os sonhos possam exercer algum papel na elaboração psíquica de nossas lembranças. Talvez seja prudente a compreensão de que tanto a psicanálise quanto a neurociência estão corretas, e que os sonhos são complementos enriquecedores em nossas vidas. Quem nunca teve um sonho e se sentiu preocupado? São tantas as referências aos sonhos e seus significados, ao longo de nossas vidas que nos são apresentados, que é quase uma ação natural a tentativa de extrair deles uma espécie de prenúncio, aviso ou

coisas assim. Essa é uma história que nos é apresentada durante a formação religiosa. Platão, IV a.C., em um de seus diálogos mais lidos, Fédon (Fédon 60f), fala que Sócrates, por conta de um sonho recorrente, estava tão persuadido pela retórica nele presente, que passou os últimos dias antes de sua morte colocando as fábulas de Esopo em verso. E, por fim decide: “para mim será mais seguro satisfazer tal escrúpulo, e, em obediência ao sonho, compor uns poucos versos antes de partir”. As referências aos sonhos são fartas na bíblia, nas passagens bíblicas é como Deus escolheu falar com seu povo. Nem todos os sonhos trazem algum significado, mas, segundo religiosos, sonhos especiais vêm de Deus. São várias passagens: Eles responderam: "Tivemos sonhos, mas não há quem os interprete". Disse-lhes José: "Não são de Deus as interpretações? Contem-me os sonhos". (Gênesis 40:8) Ouçam as minhas palavras: Quando entre vocês há um profeta do Senhor, a ele me revelo em visões, em sonhos falo com ele. (Números 12:6) Então Pedro levantou-se com os Onze e, em alta voz, dirigiu-se à multidão: "Homens da Judeia e todos os que vivem em Jerusalém, deixem-me explicar isto! Ouçam com atenção: estes homens não estão bêbados, como vocês supõem. Ainda são nove horas da manhã! Ao contrário, isto é o que foi predito pelo profeta Joel: " 'Nos últimos dias, diz Deus, derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens terão visões, os velhos terão sonhos. (Atos dos Apóstolos 2:14-17)

As crendices populares e o senso comum corroboram com essa cultura das mensagens externas dos sonhos. Coisas que a imaginação do homem é capaz de produzir pela ignorância ou a ausência de uma explicação de alcance geral para o fato. Por exemplo, interpretação dos sonhos baseada em imagens neles contidas. De acordo com o sr. João Bidu[3] (BIDU, 2015), sonhar com:

Abelha

Abraço

Academi a

Barata

Bebê Cabelos

Tem sempre significado muito bom, de sorte na vida. Outras interpretações – ser picado por uma: é sinal que colegas têm inveja de você. Vê-las: lucros. Se uma mulher sonhar que está sendo picada na face, é sinal de gravidez. Representa uma grande prova de generosidade, pois os braços mostram aconchego e proteção. Outras interpretações – abraçar desconhecido: indica novidades. Pais: paz doméstica. Marido ou esposa: cuidado com brigas. Amigo: intrigas. Pessoa solteira em uma: o casamento pretendido será marcado por problemas. Ser casado e estar fazendo ginástica: vencerá os inimigos se tiver perseverança. Ser professor de academia: terá infelicidade. Não traz bom sinal, pois, geralmente mostra o lado pecaminoso da pessoa. Outras interpretações: Matar uma: problemas nervosos ou pessoa falsa que anda pelas proximidades. Apenas ver uma: dificuldade em viagem. Em perigo: preocupação com o recémnascido. Gordo e saudável: fortuna e alegria. Morto: muita sorte. Bonitos ou abundantes: sucesso com o sexo oposto. Despenteados ou curtos: decepções. Perder cabelos: problema com a saúde ou reputação. Cortá-los:

Cachorro

Cadáver

Carro

Demissã o

Demônio Dinheiro

preocupações com dinheiro. Cabelos loiros: lembranças. Castanhos: energia e boa saúde. Ruivos: ciúme e caprichos. Brancos: amor eterno. Grisalhos: nascimento de criança. Quem sonha com esse animal deve ficar atento, pois será preciso redobrar a atenção com as coisas do lar, do trabalho e do amor. Outras interpretações: Afeição sincera e desinteressada. Se o cachorro tem uma atitude amistosa com você, espere alegrias. Se estiver atrás de você: discussões. Levar uma mordida: traição. Poderá satisfazer um desejo oculto. Esse sonho está diretamente ligado à vontade de realizar uma viagem, um passeio ou mesmo se aventurar em algo que deseja muito. A maneira como aparece dirigindo, em sonho, mostra se você é uma pessoa disciplinada ou indisciplinada. Outras interpretações: ver um: é sinal de prosperidade. Parado: indica dificuldades financeiras. Andar de carro: pode indicar mudança de estado civil. Entregar sua própria demissão: as pessoas, no trabalho, gostam de você. Outras pessoas entregando sua demissão: melhora em um futuro próximo. Se você o vencer ou conseguir se livrar dele: conquistará grande triunfo. Se não conseguir: sinal de problemas e dificuldades. Sonhar com esse elemento representa ensinamentos futuros e amizades sinceras. Outras interpretações: achálo: aborrecimento com finanças. Perdêlo: sorte, entrada de dinheiro. Ver

Labirinto

Cobra

dinheiro: você não receberá a quantia que lhe é devida. Se sonhar que está no meio do labirinto, indica que algo está desesperando você. Um labirinto a céu aberto significa que está com dificuldade de encontrar um rumo na sua vida. Outras interpretações – verse dentro de um: falta de orientação. Não conseguir sair de um: você não está conseguindo se organizar da forma como gostaria. Encontrar a saída: saberá superar as dificuldades. Ver revela que você tem medo de algo. Se a cobra estiver na sua cama, significa relações amorosas com pessoa infiel. Levar uma mordida de cobra é sinal de que um inimigo poderá acusar você de algo. Pegar indica que poderá enriquecer. Matar representa vitória sobre pessoas que vinham atrapalhando o seu sucesso. Seguir uma é um conselho para que respeite suas intuições. Ser seguido por uma cobra anuncia que você conquistará vitória considerada impossível. Ver uma cobra morta simboliza que suas disputas se aproximam do fim. Se for verde, ninguém prejudicará você. Se for azul, você tem grande energia espiritual. Caso seja marrom, preste atenção aos seus desejos sexuais. Se for vermelha, você poderá viver uma paixão. Preta indica que poderá passar por momentos de perigo. Preta e amarela é sinal de que pessoas falsas estão próximas. Preta e vermelha é um alerta para tomar cuidado com violência.

Isto posto, não é nada demasiado alguém ficar perturbado com um sonho e procurar compreender a mensagem possível trazida por

eles.

AS ARMADILHAS DOS SONHOS

Os nossos sonhos são formas que temos de entrar em contato com questões do inconsciente, trazê-las à consciência, compreender todo processo, e, com sorte, nos tornamos alguém melhor. Entretanto, pode ser uma armadilha. Talvez, com ajuda de Freud e Jung, podemos interpretar os sonhos e escapar às coisas ruins. Ter em mente que não é o conteúdo do sonho lembrado propriamente dito que nos levaria às respostas, mas sim, a capacidade de relatá-lo. Relatando-o é possível encontrar as relações destes com algo guardado em nosso inconsciente, enfrentá-los e daí resolvê-los, desarmando armadilhas. Entendendo assim fiquei mais aliviado com aquela noite mal dormida. O sonho ruim era, na verdade, meu inconsciente chamando-me à razão: Jair deveria ser entendido por suas próprias palavras.

PARA ALÉM DA IMAGEM

O divã é apenas uma peça do mobiliário, como mesas, armários Etc. Está presente em qualquer escritório de diferentes áreas de atuação profissional. Entretanto, na psicanálise, dependendo da orientação do terapeuta – Psicanálise freudiana, CognitivoComportamental, Behaviorista, Psicologia Analítica de Jung, Psicologia Corporal e Humanismo -, é, também, uma ferramenta na prática clínica, ou seja, deixa de ser um mobiliário inerte e assume um papel interlocutor da dinâmica psicanalítica. Até mesmo se pode dizer que, ao senso comum, a imagem da psicanálise está associada à figura do divã. Em que pese a peça não ser exclusiva dos consultórios de psicanálise-terapêuticos, nem ter seu surgimento com o aparecimento da psicanálise. Esse mobiliário tem um lugar no inconsciente coletivo meio fetichicioso, que, em muitas ocasiões, inspiram até sambas: “o samba é o meu melhor divã”, música cantada por um grupo brasileiro de pagode. Ao que parece, até aqui, o divã pode ser qualquer lugar onde se possa soltar suas quimeras na busca de sentir-se bem.

OPUS INCERTUM Uma construção erguida por duas paredes altas, quase 5 metros, feita em pedras, distantes uma da outra cerca de 80 centímetros, com o interior preenchido com um tipo de argila que se mantém fria o tempo todo. Como as técnicas de edificações utilizadas na Roma antiga conhecida por “Opus incertum[4]”. Os fragmentos de rochas utilizados, eram em pedras pequenas quase lisas, que tornavam as superfícies planas, tanto fora, quanto dentro do ambiente. No geral, tinha uma coloração uniformemente acinzentada. O interior era muito frio em qualquer estação do ano. A sala ambiente não possuía janelas grandes: havia uma pequena e única janelinha no alto, no canto esquerdo que, no máximo, media algo por volta de 30 cm X 30 cm; sem qualquer peça que impedisse os raios solares. Entrava-se naquele local por uma portinhola, estreita e baixa, fechada por uma porta muito grossa feita, em madeira de lei, totalmente lisa e pintada na cor predominante ali. Também não haviam muitos móveis, tinha apenas de uma cadeira, um divã, feito em madeira, e uma pequena almofada. Tudo feito na mesma tonalidade acinzentada. Esse conjunto ficava localizado no canto oposto à janelinha por onde entrava a luz. Para mim, em meu sonho, a imagem daquela sala, era o verdadeiro purgatório - lugar onde as almas passam por um processo de purificação -. Mas é preciso estar morto. Em outras palavras: é um castigo.

A INSUPORTABILIDADE DO PURGATÓRIO

O purgatório - lugar onde as almas passam pelo processo de purificação - não é um lugar que as almas desencarnada queiram habitar, é insuportável está ali, e isso é a base do castigo recebido por não terem sido boas ou não terem vivido na graça. A ideia de purgatório é uma construção que tem origem na obra “A Divina Comédia Humana” do italiano Dante Alighieri. Na concepção do autor é um lugar separado do mundo humano por um imenso oceano, tipo uma ilha, cujo o acesso é dificultado por um mar agitado e tempestades que assustam os navegantes e colocam em risco as naus. Uma vez na ilha, é preciso ser como um alpinista muito experiente para escalar os rochedos que levam à entrada do purgatório. A porta de entrada seria estreita e fechada com duas chaves. Um anjo armado com uma espada guarda a entrada. Tendo sua estrutura feito em círculos, feito patamares, onde, em cada volta, os pecados seriam expurgados. Uma ideia tão bia que mais tarde foi confirmada nas obras de Santo Agostinho, e passou a fazer parte das doutrinas oficiais da Igreja Católica Romana, e habita o senso comum de uma quantidade enorme de cristãos por todo o mundo. A insuportabilidade do purgatório reside no fato das almas desencarnadas viverem em intermináveis voltas subindo algo íngreme, sofrendo as dificultadas encontradas no caminho, para que obtenha a remissão dos erros cometidos. De certo modo a sala ambiente onde ocorria o sonho estranho era exatamente como a descrição do purgatório de Dante, inclusive, o elemento patamares, poderia ser encontrado naquela construção arquitetônica romana antiga, sem, contudo, serem fisicamente construídos.

A SOLIDÃO NÃO É BOA COMPANHEIRA

Uma boa alegoria para compreendermos o mal da solidão é passear um pouco pela obra “A Divina Comédia Humana”, do escritor italiano Dante Alighieri, com ênfase maior no segundo livro “O Purgatório”. A obra toda é um enorme poema, talvez, o maior do Ocidente, ou, pelo menos, o maior que se tem notícia. Ela descreve a viagem de um indivíduo onde ocorrem diversos acontecimentos. A grandeza do poema está na riqueza das alegorias criadas, isso o fez atemporal. A solidão é um dos sentimentos mais dolorosos que o ser humano pode experimentar qualquer que seja o momento de sua vida. É algo inato aos indivíduos. O sentimento de solidão é parte da experiência do viver dos seres humano e, sendo assim, é, também, uma oportunidade para o fortalecimento e amadurecimento emocional. Esse aspecto deveria ter como consequência o aprimoramento das relações sociais e a diminuição da negatividade. Mas nem sempre funciona assim. Foi o filósofo, sociólogo, professor e escritor polonês Zygmunt Bauman quem disse que os laços humanos é uma mistura de bênção e maldição. Segundo o filósofo, é uma bênção porque é realmente muito prazeroso, é muito satisfatório ter alguém em quem se possa confiar e, também, se possa fazer algo por aquela pessoa. Muitos não se têm conta do valor a esse aspecto, devido à ausência de experiência com esse sentimento. E, é uma maldição, pois quando você entra em um laço com alguém, você espera ficar lá para sempre. Coisa um pouco improvável no mundo moderno em que a maioria dos laços são por intermédio de redes sociais digitais. Esses meios ambientes anulam a experiência. Por quê? Porque tudo pode ser desconstruído por um simples aperta de o botão

desfazer amizade. Os laços se transformam em uma situação ambígua, cujo a consequência é, sem dúvida, a solidão. Pior, curiosamente, uma solidão dentro de uma multidão de solitários. Não é certo afirmar que o sentir da solidão seja algo inerente somente a espécie Homo Sapiens, à qual pertencemos, classificada na ordem primata e na família Hominidae, ou simplesmente, seres humanos. Há relatos muitos curiosos que registram o sentimento de depressão, solidão e mágoa, na saga de Lucy, a chipanzé: aconteceu quando os cuidadores de Lucy, após alguns anos de convivência com o animal, decidiram reapresentála à natureza. Colocaram-na frente a frente com um chimpanzé macho. Assustada e desconfiada, a primata nem olhou para o potencial companheiro da mesma espécie. Por muito tempo, Lucy teve extrema dificuldade em se adaptar à vida na natureza. Alguns anos depois de ser deixada em um centro para reabilitação para animais, ela passou a conviver com outros primatas com maior facilidade e frequência. Todavia, desenvolveu sinais e sintomas da solidão e depressão, inclusive, se recusando a comer e expressar sentimentos hostis. Talvez, por ser nosso parente ancestral primata, Lucy tenha guardado as mesmas predisposições para esses sentimentos. O certo é que nós, os humanos, parece não sermos os únicos dentro desse universo de sentimentos. Nos tempos atuais as redes sociais são um meio ambiente social ainda muito desconhecido. Serão necessários muitos anos de estudos para se compreender melhor todos os seus enlaces, todos os seus contornos. Ao olhar descuidado pode parecer que provoca um exacerbado individualismo e, consequentemente, solidão. Isso acontece devido a enorme diversidade na formação axiológica do indivíduo: suas crenças e seus valores. Esse conjunto, organizado de maneira diferente, em cada indivíduo, afeta seu comportamento e molda o modo de como age em sociedade. Esses meios de comunicações, trazidos pela tecnologia, viraram uma febre, parecem criar e atrair cada vez mais indivíduos, de

todas as idades, para dentro de determinadas bolhas digitais, onde se reconhecem em comportamentos comuns. O indivíduo, no sentido daquilo que se é, ou seja, do carácter do que é único, passa a se reconhecer como parte de um determinado grupo. A identidade individual e pessoal de cada indivíduo pode ser identificada ou caracterizada por sua participação nesses grupos em redes sociais. É, ao fim e ao cabo, um instrumento de fuga para a solidão. As redes são uma panaceia digital completamente anárquica de origem que vêm facilitando o processo de encaixe e desencaixe continuo dos indivíduos dentro de suas diversas ferramentas de participações sociais. É exponencial o índice de migração dos participantes entre os grupos dentro dos aplicativos de troca das mensagens. Uma dinâmica que nos faz refletir sobre a busca da identidade perdida de alguns migrantes. Uma ideia de modernidade pelo desencantamento do mundo, em que a noção de um mundo governado pelas leis das religiões, do Estado e da cultura, deu lugar a um mundo cético, onde prevalecem as leis da realização imediata de prazeres e objetivos, algo que pode ser previsto e manipulado. Afinal, nenhum ser humano deseja viver em solidão, esse sentimento machuca muito. Logo, bastaria, a um manipulador, oferecer a possibilidade de convivência com outros iguais, ainda que de forma digital, asséptica e fria, para formar um grupo de interesse e disponibilizar, para consumo do grupo, informações que aliviem suas dores. Um indivíduo em solidão é alguém fragilizado e, aos poucos, é arremessado a uma espécie de purgatório, tal qual descrito por Dante Alighieri: uma ilha com uma montanha ao centro feitas em patamares espiralados e íngremes, de base larga e cume estreito onde há a árvore de acesso ao paraíso na terra. Ao percorrer pelos patamares circulares, o indivíduo vai encontrando seus erros, pecados, angústias, medo e seus outros sentimentos cruéis. E, um deles, inexoravelmente, é a solidão. Cada um “classificado” na punição estabelecidas de acordo com os malefícios feito à alma. Há também os outros habitantes do purgatório que interpelam

caminhante mandando recado aos vivos ou explicando as circunstâncias de sua morte. É torturante! O purgatório, além da punição, o purgatório também tem uma função pedagógica, já que a intenção é “recuperar” seus habitantes. Entre todos os males, sem nenhuma dúvida, a solidão penaliza mais os seres dentro e fora do paraíso. E, por quê? Porque ela consegue se esconder junto às sete cornijas[5], ou seja, misturadas às cornijas é a solidão parte delas, ou ainda, uma espécie de cornija invisível. A estrutura s do purgatóri o são:

os orgulhosos: carregam pesadíssimos blocos de pedra; os invejosos: ficam sentados contra a encosta sustendose uns aos outros, com as pálpebras costuradas com arame; os iracundos: um é transformado em rouxinol; outro é crucificado; os preguiçosos: correm de um lado para o outro para acudir necessitados; os avaros e pródigos: ficam deitados de bruços no chão e com pés e mãos atados; os gulosos: têm a alma emagrecida; os luxuriosos: penitentes cantam e lançam exemplos de castidade. Percorrer os patamares íngremes da montanha da ilha do purgatório, assistindo cada um de seus habitantes cantando suas desgraças e penalizações, realmente deve ser algo insuportável. O consolo é que, passado pela última cornija e atravessado uma barreira de fogo para purificação da alma, o caminhante ao entrar nos rios Lete[6] e Eunoé[7], estará limpo, isento dos males que os atormentam, e apto a continuar sua jornada no paraíso na terra. Já nem se lembrará mais de tudo que ficou para trás.

A HAUSHÄLTERIN EMMA SCHÄFER

A porta de entrada daquela sala, estreita e muito bem fechada, não havia um anjo armado com uma espada montando guarda. Lá era sempre um lugar quase vazio. As ordens e, portanto, o controle de acesso, estava sob a responsabilidade da Senhora Emma Schäfer. A Sra. Haushälterin[8] Emma Schäfer, uma senhora de origem austro-húngaro, que recebera uma austera educação alemã. Descendente de uma longa linhagem de senhoras governantas e de militares. Um histórico de antecedência que contribuía para lhe conferir um perfil de alguém extremamente rígida e, por vezes, severa. Fora enviada muito cedo, aos 12 anos, para uma escola de educação para mulheres na Inglaterra, por seu pai, um militar do exército NVA - Nationale Volksarmee[9]. A escola escolhida foi Wycombe Abbey, que se localizava, no condado de Buckinghamshire, Inglaterra, e funcionava em regime de internato. A escola foi fundada por volta do ano de 1896, e mantinha o conceito de ser uma instituição tradicional e rigorosa no cumprimento de seus objetivos. Além das aulas tradicionais, as meninas-estudantes se ocupavam com atividades culturais curriculares e extracurriculares. A oferta das atividades sempre foi muito grande, e era motivo de orgulho da instituição. Incluía atividades como: esportes coletivos e individuais, música, dança, teatro, língua estrangeira, artes culinárias, etiquetas e costumes, entre outros. Se a família da estudante quisesse que aprendesse algo que não era oferecido pela escola, poderia solicitar aulas individuais e pagar por esse serviço acrescido.

Figura 2: Wycombe Abbey, a escola da Srta. Emma.

Emma deixa a escola aos 25 anos, formada em pedagogia, e passa a fazer curso de especialização em literatura inglesa. Nessa época a antiga Alemanha Oriental que estava sob influência socialista e soviética, conforme a lógica da Guerra Fria. Período que durou até o ano de 1989, e desabou junto com a queda do Muro de Berlim; ocasião em que Emma, aos 30 anos, migra para o Brasil, e se estabelece na cidade de S. Paulo. A escolha pelo Estado de São Paulo foi motivada por laços familiares: já haviam outros Schäfer, seus tios paternos, que imigraram após a II Guerra Mundial. Migração motivada pelo empobrecimento, guerra, perseguição política e religiosa. No caso de Emma, havia o temor de voltar à Alemanha devido ter medo de perseguição ideológica, visto sua simpatia por práticas políticasreligiosa ligadas à Igreja Evangélica de Confissão Luterana. A Srta. Schäfer não voltou à Alemanha depois de sua migração para o Brasil. Isso, segundo se sabe, devido a morte de seus pais em situação pouco esclarecida, ocorrido na fronteira, entre a Alemanha e a Áustria, na cidade de Passau[10], em um pequeno estacionamento às margens do Rio Inn, de frente para suas águas verdes, que descem dos Alpes.

O casal foi encontrado sem vida no interior de um Trabant[11]. Um evento ocorrido meses antes da queda do muro de Berlim. A data dos óbitos dos Schäfer’s também é cercada de controvérsias. O registro mais provável seria 10 de setembro de 1989, e a Causa Mortis, contida nos documentos oficiais, foi anotada como provocada por asfixia por inalação de monóxido de carbono.

Emma Schäfer não tinha filhos e também não havia registro de que fora casada algum dia. Tudo à sua volta e sobre sua vida pessoal era muito subjetivo. Por sua beleza, aos 65 anos, poder-se-ia imaginá-la quando jovem, sem nenhuma dúvida, despedaçando muitos corações, mas, obviamente, apenas no campo das especulações derivadas de seus hábitos. Emma, cultivava um rigoroso regime de exercícios. Praticava, por assim dizer, rotinas de beleza exigentes: cuidados diários com seus cabelos abundantes e longos, que com o tempo passaram de loiros escuros em sua juventude a castanhos, e que lhe roubavam boa parte de suas horas. Seu cabelo comprido e pesado conferialhe tranças lindas e elogiadas. Eram lavados à base de ervas aromáticas e flores, e, as vezes com Aloe vera. Gostava de acrescentar uma combinação de óleo de amêndoas e conhaque, uma vez a cada duas semanas. Esse cuidado conferia às madeixas um cheiro muito agradável. Não era muito adepta do uso

de cosméticos e perfumes, desejava mostrar sua beleza natural. Emma parecia preferir o Crème Céleste (creme celeste), um composto à base de cera branca, espermacete[12], creme de amêndoa doce e água de rosas, para sua higiene corporal. Srta. Emma falava, além do húngaro, alemão, inglês e francês fluentemente. Conhecia os clássicos gregos, uma de suas paixões. Pouquíssimas fotos foram tiradas, e o esplendor da jovem Emma não se pode apreciar nos dias atuais. Nas narrativas encontradas dão conta de uma beleza do final do século XIV muito próximo da princesa Elisabeth da Hungria: branca, alta, magra, cabelos castanhos claros e longos, olhos verdes, pernas, busto e pélvis que atraiam olhares. Simplesmente uma linda mulher. Entretanto, ninguém que a tenha conhecido ousou questionar suas decisões, e era assim que se referiam à Sra. Emma Schäfer.

NOTAS SOBRE O SENHOR E SENHORA SCHÄFER

A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, a cidade de Berlim, a capital de todos os alemães, se tornou um espaço muito peculiar: era uma espécie de cidade "ilha". Fora dividida em quatro grandes áreas de influência das nações vencedoras da 2ª guerra: União Soviética Estados Unidos, Reino Unido e França. Todavia, localizada dentro da zona de influência da União Soviética. Para evitar a fuga em massa dos cidadãos de um lado para o outro, ou seja, de leste para o oeste onde ficava a área de influência das nações aliadas, grandes depósitos de arame farpado, malhas metálicas e postes de concreto foram erigidos rapidamente dentro do setor Leste, às vezes aproveitando postes de iluminação e trilhos de bondes para fazer barreiras meio que improvisadas. Dias depois as autoridades da Alemanha Oriental começaram a construir uma estrutura mais permanente com blocos de cimento e lajes de concreto: o Muro de Berlim propriamente dito. Klaus Schäfer era oficial militar da temida National Volksarmee (Exército Popular Nacional), servindo na força Landstreitkräfte (forças da terra). O Sr. Schäfer alimentava fortes ligações com uma confraria de simpatizantes das forças nazistas, que mantinha suas atividades clandestinamente, e que funcionava do lado ocidental, nas dependências de uma igrejinha luterana, situada no bairro Kreuzberg. O grupo, cerca de mais ou menos mil membros, era formado por veteranos nazistas, que decidiram defender, a recémcriada República Federal da Alemanha, da agressão do Leste nas primeiras horas da guerra fria e, na frente nacional, mobilizar-se contra os comunistas em caso de uma guerra civil. Tinham como lema a velha frase Alemanha acima de tudo[13].

Adotavam como insígnia a bandeira do Império Alemão (Deutsches Kaiserreich ou Deutsches Reich). De remissão à durante a República de Weimar[14].

A inspiração para a formação do grupo, segundo se pode saber, foi do general Schanez, que pensou fundar um exército. Há registro de que Schnez elaborou uma rede que arrecadou doações de empresários e de antigos oficiais de ideias afins, fez em contato com grupos de veteranos de outras divisões, e elaborou acordo com empresas que pudessem contribuir para manutenção da confraria. Sobre a Sra. Schäfer, além de sua dedicada vida de esposa de militar, não se enquadrou na suposta emancipação da mulher da Alemanha Oriental, e não se encontrou registro de que tenha exercido um ofício. Sabe-se, todavia, que suas atividades sociais e religiosas eram cumpridas com rigor, e que, antes do muro ser erguido, frequentava a igrejinha luterana do Bairro Kreuzberg, exercendo atividades na organização dos fiéis, e na preparação dos cultos semanais. Uma tarefa facilitada devido suas habilidades e competências como professora de literatura alemã de formação. Essa iniciativa era completamente contrária às leis para a Alemanha e era vista como um ato de resistência, e manutenção da ideologia que foi a causa da 2ª Guerra Mundial.

Teorias conspiratórias acusam que a morte em situações suspeitas e não esclarecidas está relacionada às atividades dos Schäfer’s junto à confraria de Berlim. Nada provado oficialmente. Primeiro verso da Canção dos Alemães EM PORTUGUÊS (Livre Tradução) Deutschland, Deutschland Alemanha, Alemanha über alles acima de tudo Über alles in der Welt Acima de todas as coisas Wenn es stets zu Schutz und do mundo Trutze Quando sempre, na defesa Brüderlich zusammenhält e proteção Von der Maas bis an die Se mostra unida como Memel irmãos Von der Etsch bis an den Do Maas ao Memel Belt Do Etsch ao Pequeno Belt Deutschland, Deutschland Alemanha, Alemanha acima über alles de tudo Über alles in der Wel Acima de todas as coisas (...) do mundo! (...) (Grifo nosso) EM ALEMÃO

Tabela 1: Versos da Canção dos Alemães.

O DR. SANDOR MAYER

Muito embora, no sonho estranho, não fosse possível enxergar, o tempo todo, o rosto do terapeuta – o que predominava era ver seus pés, sempre bem postados, um ao lado do outro, e, eventualmente cruzados -, ainda, algumas vezes, as pernas cruzadas, não passava despercebido seu nome, pelas locuções do paciente, ou ocasionalmente, pela interferência da Sra. Emma Schäfer. Este último quando do seguimento e do cumprimento da agenda da sala acinzentada: Dr. Sandor Mayer. Em narrações de pacientes na antessala de espera o Sandor Mayer tinha um perfil de: homem, jovem, 40 anos, de poucas palavras, discreto, descendente da aristocracia paulistana: alto, branco, olhos claros, cabelo castanho claro, muito bonito. Poderia facilmente fazer o estilo atleta de academia. Entretanto, desenvolveu hábitos modestos, e, por vezes, considerado fora dos padrões para dos outros jovens de sua idade, era do tipo convencional conservador. A Sra. Emma descrevia o Dr. Sandor Mayer como: formado fora do país, pelo Departamento de Psicologia da Columbia University, uma conceituada universidade, com história de excelência entre as faculdades de psicologia dos Estados Unidos. Seu orgulho parecia ser manter os inúmeros certificados na antessala da sala acinzentada, entre eles: graduação, especializações, mestrado e doutorado. Tudo pela mesma instituição onde obteve a graduação. Além de outros certificados de incontáveis participações em eventos internacionais. Não havia obras de artes decorando o ambiente, haviam honrarias. Ainda segundo a Sra. Emma, Mayer tornou-se famoso nos círculos sociais por atender celebridades de diversos mundos, como: artistas, jogadores de futebol, políticos e socialites. Logo, poder-seia dizer: o terapeuta dos famosos!

Não era muito fácil obter agenda e o preço não era muito modesto. Ah! Ninguém o demovia de apreciar Sigmund Schlomo Freud, ninguém! A família Mayer tem origem na Alemanha e chegou ao Brasil com as primeiras levas de migrantes, por volta do ano de 1827, quando seus bisavôs desembarcavam no porto de Santos. Não muito tempo depois, tomaram rumo para Rio Claro/SP, onde passaram a trabalhar nas plantações de cafés daquela região. Passados alguns tempos se mudaram para a capital, e desenvolveram seus próprios e prósperos negócios de tecelagem, e vendas ao varejo. Dr. Sandor Mayer era filho único de judeus alemães, Sr. Aaron Mayer e Sra. Eloah Opfermann Mayer, fora morar com seus pais inicialmente no Bairro Bom Retiro[15], na cidade de São Paulo.

Talvez essa ascendência e a sua formação tenham contribuído para buscar selecionar, para cuidar da sala acinzentada, uma pessoa com o perfil da Sra. Emma Schäfer, era algo que os aproximava bastante.

A OUTRA FACE DE EMMA

Emma era uma mulher de uma austera educação alemã, e isso lhe conferia uma espécie de carta de apresentação. Conquistava facilmente a confiança das pessoas por sua discrição e postura. A educação em colégios para moças contribuía também para que seus hábitos fossem notados. Com a Queda do Muro de Berlim; ocasião em que Emma, aos 30 anos, migra para o Brasil, estabelecida na cidade de S. Paulo, não custou a encontrar um trabalho. O país estava vivendo uma certa efervescência: clima era de redemocratização; economia brasileira dava sinais de crescimento; e, as eleições democráticas, traziam um espírito do combate à corrupção e caça aos marajás da política. Um ambiente de oportunidades pairava no ar. Indicada por uma amiga da família Emma se emprega como governanta em uma casa pertencente à elite paulistana, dizem que era na residência da tradicionalíssima família sírio-libanesa Zarur, donos de uma rede de fábricas de tecelagem e plantios de cafés. Emma só saiu da companhia dos Zarur’s após a mudança dos proprietários para a cidade do Rio de Janeiro, quando do falecimento do patriarca. Trabalhou para os Zarur’s por quase de um quarto de século. Emma não os acompanhou na mudança, muito embora a família a tenha feito reiteradamente convites. Não desejava abandonar a cidade de S. Paulo, um ambiente que muito lhe lembrava a cidade natal. Estava adaptada. A Srta. Emma morava em Campo Belo, um bairro da cidade de S. Paulo, antigo município de Santo Amaro, à rua Eugênio Potenbecker, hoje rebatizada por Estevão Baião. Nessa região costumava frequentar uma pequena congregação da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).

A escolha não foi um ato do acaso, contam que havia, nesse te m pl o es pe cíf ic o, al gu m as cé lul as do Deutsche Christen ou Movimento Cristão Alemão[16]. As células e o templo lhe foram apresentados seus acolhedores no Brasil, os outros Schäfer, que imigraram para o país logo após a II Guerra Mundial, participavam dos cultos frequentemente. A residência dos Schäfer era de uma arquitetura que guardava um estilo antigo, era modesta, porém, muito bem conservada e confortável. O grande orgulho do patriarca era seu fusca. Carro que considerava veículo da família. Não havia nada parecido com suítes ou assemelhados. O imóvel tinha apenas um banheiro espaçoso, dois bons quartos, sala de visita e jantar, uma cozinha espaçosa, e um corredor que interligava todos os cômodos. A pequena varanda dava acesso à ampla sala de visitas, e havia após a porta dos fundos uma pequena área de serviço com uma também pequena despensa. Ao fundo, no quintal era mantido primorosamente uma horta doméstica recheada de hortaliças e ervas para chás. Os livros eram guardados em um móvel tipo prateleira, em madeira de lei, com portas de vidro, era algo de muito bom gosto.

Local preferenci al do Sr. Schäfer, onde passava horas envolto às leituras das poucas obras que cultivava como de Rainer Maria Rilke, Franz Kafka, Stefan Zweig, entre outros. Dava preferência a uma obra em especial Neue Gedichte (Novos Poemas). Não se sabe quantas vezes suas páginas foram lidas. Um de seus deleites era recitar, em certas e especiais ocasiões, o poema “A Pantera” de Rilke: EM PORTUGUÊS (TRADUÇÃO LIVRE) Sein Blick ist vom Seu olhar contra a Vorübergehn der Stäbe varredura das barras so müd geworden, daß er ficou tão cansado que não nichts mehr hält. aguenta mais. Ihm ist, als ob es tausend Para ele, parece haver mil Stäbe gäbe bares und hinter tausend Stäben e atrás daquelas mil barras, keine Welt. nenhum mundo. EM ALEMÃO

Der weiche Gang geschmeidig starker Schritte, der sich im allerkleinsten Kreise dreht, ist wie ein Tanz von Kraft um eine Mitte, in der betäubt ein großer Wille steht.

O passo suave e flexível e o ritmo robusto, que no menor de todos os círculos gira, se move como uma dança de força em torno de um núcleo no qual uma vontade poderosa está atordoada.

Nur manchmal schiebt der Vorhang der Pupille sich lautlos auf -. Dann geht ein Bild hinein, geht durch der Glieder angespannte Stille und hört im Herzen auf zu sein.

Apenas às vezes a cortina do aluno desliza silenciosamente -. Uma imagem entra então, atravessa a imobilidade tensionada dos membros e no coração deixa de existir.

Tabela 2:Tabela da tradução livre do Verso "A Pantera" de Rilke

Era indisfarçável seu orgulho em recitar nos dois idiomas. Aos olhos de Emma era a visão de um esplendor. A Srta. Emma nutria pelos seus uma admiração, um afeto que não fora capaz de dispensar antes. Os amava profundamente. A morte do Sr. Schäfer e Sra Schäfer foi um marco de muita tristeza para Emma. Sentira ali que voltara a ser novamente sozinha. Herdara todos os bens de seus tios, não haviam outros herdeiros. A igreja a acolheu como um de seus membros efetivos, e ela passou a frequentar mais assiduamente os cultos e pregações. Em especial, acompanhava o Pastor Thomas Hus, alemão radicalizado no Brasil. Pouco se sabe sobre o religioso, conhece-se apenas como alguém muito erudito e persuasivo. Seu carisma e estilo de pregação fazia com que a igreja estivesse sempre cheia. A aproximação de Hus com Emma foi quase natural, muito devido a Srta Schäfer ter fluência em outras línguas e por sua refinada educação. Havia uma sinergia entre eles, fortemente influenciada pela simpatia de Emma com o antigo regime da Alemanha Oriental. Uma relação promissora que a levou à direção de uma das células da igreja luterana de Santo Amaro, que denominavam de Célula Lutero Brasil da Juventude da Confissão Luterana no Brasil – CLBJCLB. Aos 55 anos a linda Srta. Emma Schäfer é líder de um grupo de jovens cristãos luteranos. Paralelo às atividades da igreja e da célula que é líder Emma trabalhava em um hotel de luxo no Centro de S. Paulo, da rede de Hotéis Holiday Sky. Uma distância de 10 km entre sua residência e

o trabalho, percurso que cumpria todos os dias sem muito se apressar, estava sempre adiantada em suas agendas. Usava o fusquinha para se locomover. Curtia o tempo da viagem, algo por volta de 15 a 20 min, apreciando a paisagem que lhe havia conquistado. Seu labor no hotel era de executiva de relacionamento corporativo. Dedicava-se a realizar visitas periódicas de relacionamento com grandes clientes para garantir a satisfação e a manutenção da carteira. Desenvolvia campanhas de fidelização dos clientes, participava de eventos das empresas para o estabelecimento de networking comercial, e prospectava novos clientes, ajudava na organização dos eventos realizados no hotel, ETC. Suas expertises, habilidades e competências a levaram a ser selecionada para esse emprego. Mas essas tarefas a mantinha bastante ocupada, e não era incomum suas ausências na igreja. Esse fato a deixava cheia de inquietações. Mas não havia lamurias, Emma não se permitia.

PASTOR LUTERANO PR. THOMAS HUS

O Pastor Thomas Hus era de origem da Alemanha Ocidental, como costumava se referir, e radicalizado no Brasil desde dos anos 90. O pouco se sabe sobre o religioso, dão conta ser alguém muito erudito e persuasivo. Seu carisma e estilo de pregação fazia com que a igreja estivesse sempre cheia. Os seus cultos eram sempre com muitos - cânticos de hinos para cultos compostos nos anos 1524 - 1600, misturados com hinos remixados, mais joviais, baseadas em melodias populares e folclóricas, tudo de fácil compreensão para os fiéis. Todavia, havia destaque para os hinos de autoria de Martinho Lutero, “Deus é Castelo Forte e Bom”, inspirado no Salmo 46. HINO LUTERANO Castelo Forte é o nosso DEUS Escudo e boa espada Com seu poder defende os seus, a sua igreja amada Com força e com furor, nos prova o tentador Com artimanhas tais, e astucias infernais Iguais nao há na Terra

SALMO 26 Castelo firme é nosso Deus, boa defesa e armamento, Ele nos livra de toda a aflição que agora nos atingiu. O velho malvado inimigo agora investe para valer, grande poder e muita astúcia são seu cruel armamento, A nossa força nada faz, sobre a terra não existe estamos nós perdidos igual a ele. Mas nosso DEUS socorro traz e somos protegidos Ainda que o mundo Defende-nos Jesus, o que estivesse cheio venceu na cruz de demônios Senhor dos altos céus, que, e nos quisesse devorar, sendo o próprio DEUS não nos apavoraremos Triunfa na batalha demais, (...) pois venceremos apesar de tudo. O príncipe deste mundo,

por mais raivoso que ele se apresente, nada nos fará, isso porque já está julgado, uma palavrinha pode derrubá-lo. (...)

Tabela 3: Hino e Salmo Luterano

Mas, nem tudo era só metafísica e religião. Haviam muitos relatos de reuniões com jovens fiéis daquela igrejinha com Pr. Hus em que se tratavam de apresentações e estudos de movimentos políticos na Alemanha como, por exemplo, reuniões entre janeiro a julho de 2017, para estudos dos grupos Reichsbürger (em tradução livre, "Cidadãos do Reich"). Importante ressaltar que, segundo a Agência Federal para Educação Cívica – BPB[17] (Bundeszentrale für politische Bildung), da Alemanha, os grupos têm elos bastantes claros com grupos neonazistas. Organizações que rejeitam o Estado Alemão em sua organização política atual. Esses Movimentos sociais e políticos estão sempre ou frequentemente associados à extrema direita e a grupos antissemitas. Seus seguidores acreditam que o Império Alemão[18] continua a existir legalmente e que suas fronteiras deveriam ser restabelecidas conforme as fronteiras de 1914, 1939. A BPB apurou que os grupos também acreditam que a atual República Federal da Alemanha é: “Uma farsa, uma construção administrativa ainda ocupado pelas potências aliadas na segunda guerra mundial. Uma conspiração contra os alemães, por parte de Wall Street, judeus e o capital financeiro internacional”.

Ainda segundo BPB, os Reichsbürger, também rejeitam o sistema de justiça alemão, e atraem cada vez mais atenção do povo da Alemanha por suas afinidades com armas, hostilidade a agentes das leis, violência e o ódio. Os Reichsbürger e neonazistas compartilham um "terreno ideológico", que inclui o revisionismo histórico.

A práxis do Pr. Hun que se seguiam às suas viagens constantes à Alemanha era promover reuniões temática com os líderes das células de jovens da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), de Campo Belo. Poder-se-ia dizer que, para um lugar de natureza pacata, a igrejinha da rua Eugênio Potenbecker era bem agitada politicamente.

DR. SANDOR MAYER E A SRA. EMMA SCHÄFER

Aproximava-se o mês de abril de 2021, o Hotel Holiday Sky de São Paulo e Dr. Mayer foram convidados, pelo Sr. Dr. Alain Henrique Miller, presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBPSP, para a realização de o 23º Encontro Nacional de Psicanálise da SBPSP. A escolha pelas organizações Holiday foi, de certo modo, quase natural devido as experiências da SBPSP em eventos anteriores realizados naquela instituição, e ser o Hotel um empreendimento especializado em turismo de negócios e eventos como o que se propunha a Sociedade Brasileira de Psiquiatria. No anteprojeto para o encontro apresentado por Sandor Mayer à SBPSP, trazia a sugestão da abordagem de um tema ainda pouco explorado pela sociedade e que vinha despertando muitos interesses dos colegas psicanalistas, seja pelo ineditismo ou pelo desconhecimento do assunto. Tratava-se do assunto [19] condutopatias de Kurt Schneider . Às suas justificativas para a propositura do tema, Dr. Sandor trouxe um arrazoado interessante. Disse que em seus diversos estudos Schneider procurou expor as limitações da Psiquiatria fundamentada no empirismo e em postulados clínicos obrigatórios na Medicina, face às exigências do Direito e, ainda, do esforço que deve ser feito para se adaptar as possibilidades, pela psicanálise, para alcançar, com metodologia totalmente estranha à das ciências jurídicas, o entendimento, a compreensão da sanidade mental de cada indivíduo apresentado à justiça. Lembrou ainda que o Decreto-lei nº 3.689, de 03/10/1941, Capítulo VIII - da Insanidade Mental do Acusado -, em seu Art. 149, por exemplo, trata de integridade mental do acusado, traz o interesse do juiz quanto ao assunto ao anunciar que quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz

ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal. Em perícia e dentro da boa Psiquiatria, continua Dr. Sandor, só pode, em grande número de casos, para que desincumbirmo-nos parcialmente: Sim, há que se falar em doenças mentais porque existem, para isso, razões compulsórias, ainda que indiretas, deduzidas com fundamentação principalmente psicológica. Como Schneider, Sandor Mayer, decide-se positivamente pelos postulados psiquiátricos de as condutopatias serem doenças mentais. E que, como atenção central, é que pacientes que sofrem desse mal apresentam alta periculosidade social. Nada os detêm, salvo a reprimenda enérgica, judicial e legal, única forma eficaz de pará-los. E é, precisamente esse aspecto, que justificaria um bom debate. O tema foi aceito com muitos elogios, e gerou uma grande expectativa dentro da SPPSP. Em reunião da comissão da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBPSP para o evento, com a direção do Hotel Holiday Sky, em 6 de fevereiro de 2021, quando foi-lhes apresentado a equipe do Hotel para compor a comissão organizadora do SBPSP, tendo como líder a Srta. Emma Schäfer. Após as apresentações iniciais ficou claro o interesse dos contrates pela experiência da Srta. Emma. Notadamente, sua network de negócios e sua facilidade com línguas estrangeiras. Suas atividades no Hotel Holiday Sky como executiva de relacionamento corporativo. A fez realizar visitas periódicas de relacionamento com grandes clientes e garantir a satisfação e a manutenção de uma carteira muito diversificada de clientes que incluía desde de grandes corporações da indústria, comercio e de serviços dentro e fora do país. Soma-se à essa carteira uma reconhecida fidelização dos clientes e sua expertise na prospecção novos clientes. Claro que a experiência em organização dos eventos realizados no hotel impressionava. Mas

foram as avaliações do conjunto da obra da Srta. Schäfer que convencera ao SPBSP que estavam em boas mãos. Iniciado os trabalhos de divulgação do evento não tardou ter todos os convites comprados e o estabelecimento da lotação máxima da audiência: estudantes e profissionais da psicanálise, empresas operadoras da saúde, faculdades de psicologia, grandes grupos empresariais de diversos setores da economia, profissionais da psicanálise dos países vizinhos como Peru, Paraguai, Uruguai, Colômbia e Argentina, e ainda, países de língua portuguesa como Portugal, São Thomé e Príncipe, Angola e Moçambique. O evento ofereceria tradução simultânea para as línguas estrangeiras e em linguagem brasileira de sinais, e, também, transmissão ao vivo pelas redes sociais da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. O buffet ficou entregue ao chef internacional do restaurante do Hotel Holiday Sky, chef Gastón Meyrin.

PLANEJAMENTO DO EVENTO

Emma cuida pessoalmente da elaboração do planejamento do evento da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBPSP. Então solicita de Dr. Sandor Mayer o conteúdo para produzi-lo. Após lê-lo a Srta. Schäfer se enche de surpresa com o conteúdo, mas dá encaminhamento à uma gráfica que prestava serviços ao Hotel sempre como muito zelo e profissionalismo. Fechado todo o projeto, Emma inicia uma conversação com Sandor Mayer com objetivo de conhecer mais sobre o tema, e matar seus incômodos. O encontro para isso não pode ser completado devido suas agendas não coincidirem na ocasião. O tema do encontro basicamente abordaria a obra do psiquiatra alemão Kurt Schneider, e de sua obra “Die Psychopathischen Persönlichkeiten”, traduzido no Brasil como “Personalidades Psicopáticas”. Uma obra que lhe rendeu o reconhecimento mundial. O resumo estava encartado as descrições tipológicas dão base ao diagnóstico de Schneider. “Tipologias das condutopatias, se estabelecem pelos desvios do comportamento social, resultado da ausência de sentimentos superiores de piedade, compaixão e altruísmo; como pela falta de valores éticos-morais e da incapacidade de reconhecer a própria culpa. A maioria dos pacientes são indivíduos que nunca apresentam remorso e arrependimento. Essas personalidades anormais, destacam-se características bem próprias: são carentes de compaixão, muitas vezes toscos, frios, anestesiados de senso moral, não medem palavras e, frente ao sofrimento alheio, como morte de milhares de pessoas, soltam frases ofensivas e groseiras. Não guardam ressonância afetiva com a dor alheia. Outro aspecto é a

vaidade exagerada. Acham-se acima de tudo e de todos. Por se sentirem superiores, não toleram contrariedades”.

A frase que encerava o planejamento para o evento era mais um chamamento ao engajamento profissional: “Estamos diante de novos desafios para os profissionais da psicanálise”. Os questionamentos que inquietaram Srta. Emma se cristalizaram quando confrontou as descrições apresentadas dentro do roteiro do evento com suas experiências anteriores e com as pregações e práxis que encontrara na igrejinha da Rua Eugênio Potenbecker, em Campo Belo. O esquema do encontro ficou dividido em três partes: exposição de pôsteres; entrega do memorial do evento, como: panfletos, resenhas, slides e outros materiais que por acaso tenham sido utilizados pelo palestrante; e as palestras sobre o tema escolhido. Emma cuidou pessoalmente da produção da pasta do evento. A escolha recaiu em um modelo tipo executivo na cor preta, masculino e feminino, estilo pasta feita courvin[20], com alça de mão superior, abertura transversal e abertura com zíper; a parte interna possuía divisórias para documentos, celulares e notebook. A impressão da logo do evento e da SBPSP foi feito por estampamento com a logo do encontro. Algo que ficou desejável até para quem não tem hábito de frequentar esse tipo de evento.

A Srta. Schäfer preparou, e aprovou junto a comissão, um produto para oferecer à venda durante toda campanha de chamamento

para o evento. Tratava-se de uma caixa de brindes contendo diversos produtos personalizados com a marca do encontro, chamou-o de “caixinha de brinde do encontro”, continha camiseta polo – masculino ou feminino, dependendo do cadastro -, em embalagem Tubo CRAFT, caneca em louça, bloco de anotações, pen drive, pin de lapela e bottons. A ideia, segundo a senhorita Emma, seria levantar recursos para diminuir os custos da organização e massificar através da criação.

Ficou decidido que a equipe de organização do Hotel Holiday Sky seria dividida em duas, sendo uma para trabalhar exclusivamente com os convidados, tendo a responsabilidade pela organização do cerimonial, mesa do encontro e de todos os serviços pertinentes, incluindo, transportes e alimentações dos membros; uma outra seria responsável pela organização da recepção, distribuição de materiais, centro de informação e internet, controle e organização dos participantes. A direção do Holiday Sky ofereceu o restaurante da organização para as refeições dos convidados e da comissão organizadora. Aliás, uma sugestão bastante significativa do ponto de vista de marketing de negócios, uma vez que estariam presentes o pessoal da comunicação. Afinal, com um cardápio assinado por, Gastón Meyrin, um dos melhores Chefs da cidade de São Paulo, com uma carreira sólida e uma reputação fortemente consolidada, soma-se a isso, uma mesa de frios, saladas, carta de vinhos, drinks, sucos e refrigerantes extremamente variada, o sucesso seria garantido. Toda a estrutura para conferências, como: 1. Auditório para até 1000 pessoas; 2. Salão de festas propício para “happy hour” e confraternizações; 3. Diversas salas de reuniões; 4. Ampla área de convivência equipada com circuito interno de TV e canais por assinatura; 5. Wi-Fi e Internet banda larga em todas as dependências do Hotel Holiday; 6. Serviço de taxi próprio – Call Sky; 7. Agência de viagem; 8. Caixas eletrônicos 24 horas; 9. Espaço de conveniência, incluindo comércio tipo “dutyfree shops”;

10. 11. 12. 13. 14.

Academia de ginástica; Piscinas e saunas. Lanchonete 24 horas; Farmácia e enfermaria; Serviços de salão de beleza feminino e masculino.

Todos esses espaços atendidos com um excelente som ambiente. Emma Schäfer cuidou dos mínimos detalhes, tendo, inclusive, preparado um centro especializado em comunicação para atender a imprensa e blogueiros que, com esmero, procurou selecionar para a oportunidade, muitos dos quais ela cuidava de atender eventuais solicitações de serviços de hotelaria e buffet quando lhes recorriam. Alguns desses profissionais foram selecionados pelo Hotel Holiday no passado para suas campanhas publicitárias e promoções da rede de serviços da organização. Sabiam como se articular dentro desse meio. Emma sempre soube que se comunicar com o público é uma garantia de que seus produtos não serão esquecidos com o tempo. Ela tinha uma expressão muito peculiar que buscava transmitir aos colaboradores: "A essência da propaganda é ganhar as pessoas para uma ideia de forma tão sincera, com tal vitalidade, que, no final, elas sucumbam a essa ideia completamente, de modo a nunca mais escaparem dela. A propaganda quer impregnar as pessoas com suas ideias. É claro que a propaganda tem um propósito. Contudo, este deve ser tão inteligente e virtuosamente escondido que aqueles que venham a ser influenciados por tal propósito nem o percebam".

Uma expressão que, segundo se apurou, fora atribuída a Joseph Goebbels[21], o responsável pela propagando de Adolf Hitler. Costuma também encerrar suas falas sobre propagando indagando e respondendo a pergunta: “Por que vocês acham que chamamos todas as lâminas de barbear de Gilette? Porque marca provocou uma verdadeira revolução no processo de retirada de

pelos indesejáveis, utilizando uma propaganda extremamente inteligente e popular que, de tão eficiente, se transformou em sinônimo de lâmina de para barbear”. Não era incomum Emma arrancar aplausos dos atentos ouvintes às suas preleções. Emma Schäfer produziu um conjunto muito especial de músicas para atender os ambientes onde estiverem acontecendo alguma atividade do encontro, exceto, é claro, no auditório pela ocasião das palestras. A playlist era, na verdade, uma coleção de músicas apropriadas para promoções de palestras, seminários, fóruns Etc. Embora o país e o mundo estivessem vivendo e sofrendo por causa da pandemia a equipe coordenadora apostou em seguir em frente com o projeto. Acreditava que tudo ficaria bem e que o Estado brasileiro daria respostas positivas para o enfrentamento à crise. É bem verdade que a ameaça do cancelamento sempre rondou suas mentes. A cidade de São Paulo vivia o período do plano São Paulo denominado de “Retomada Consciente”, uma estratégia para retomar com segurança a economia do estado durante a pandemia do coronavírus. A retomada consciente dos setores da economia previa começar a funcionar em 1º de junho. O Estado foi dividido em 17 Departamentos Regionais de Saúde, que foram categorizados segundo uma escala de cinco níveis de abertura econômica. Cada região mapeada poderia reabrir determinados setores de acordo com a fase em que se encontra. As regras estabelecidas eram: média da taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivas para pacientes com coronavírus, número de novas internações no mesmo período e o número de óbitos. Para o período da realização do 23º Encontro, 24 de abril em diante, foram permitidas, para a região do Hotel Holiday Sky, as seguintes atividades econômicas: 1. Atividades comerciais - horário: 11h às 19h 2. Atividades religiosas - com restrições

3. Restaurantes e similares - horário: 11h às 19h 4. Atividades culturais - horário: 11h às 19h 5. Academias - Horário: 07h às 11h e 15h às 19h Para organizar todo o fluxo de acesso e garantir o funcionamento em segurança dos participantes do Encontro ficou decidido o estabelecimento das seguintes regras higienização pessoal e distanciamento social: 1. Utilização de apenas 50% dos lugares disponíveis nas instalações do Hotel Holiday Sky para ocupação dos participantes; 2. Uso de máscara do tipo máscaras PFF2 (Peça Facial Filtrante)[22] é obrigatório em todos os ambientes. A organização do evento disponibiliza unidade personalizadas nas mesas receptoras das inscrições;

3. Instalar barreiras físicas transparentes (ex., de acrílico) em áreas onde é difícil para as pessoas permanecerem pelo menos um metro e meio afastados (por exemplo, no atendimento ao público); 4. Ligar o sistema de exaustão e filtragem de ar de todos os ambientes da organização, o dia tudo, sobretudo e especialmente, durante o período do evento; 5. Utilizar os tapetes Sanitizante nas entradas e saídas da instituição Hotel Holiday, trocando-os após 24 horas; 6. Sinalizar preferencialmente no chão com fita adesiva ou em local visível (como placas nas paredes) a posição em que as pessoas devem aguardar na fila, respeitando o distanciamento mínimo;

7. Organizar as cadeiras da recepção ou de outras áreas comuns cortinando (cobrindo a cadeira com fita ou tecido para que os assentos não possam ser usados), espaçando ou removendo as cadeiras; 8. Limitar, sempre que possível, a frequência de visitantes, voluntários e atividades não pertencentes ao evento; 9. Disponibilizar álcool em gel 70% (dispensadores, frascos, totens) nas entradas dos locais reservados ao evento, e em outros pontos estratégicos, como os corredores com alto fluxo de pessoas; 10. Disponibilizar nas pias dispensadores com sabão líquido e toalhas de papel; 11. Fixar cartazes com orientações da sequência da técnica de higiene das mãos que deverá estarem visíveis em todos os locais onde houver pias e dispensadores de álcool; 12. Estimular os funcionários a limparem sob fricção com toalhas de papel e álcool 70% superfícies e objetos frequentemente tocados (mesa de trabalho, computador, teclado, equipamentos de laboratório, bancadas, telefones, maçanetas, interruptores) ao chegar e antes de sair do trabalho; 13. Disponibilizar lixeiras com tampa com dispositivo que permita a abertura e o fechamento sem o uso das mãos (pedal ou outro tipo de dispositivo, como acionamento automático); 14. Certificar de que o lixo seja removido no mínimo três vezes ao dia e descartado com segurança; 15. Oferecer e usar desinfetantes ambientais que sejam produzidos à base de cloro, peróxido de hidrogênio ou álcool 70%; 16. Pedir aos inscritos no Encontro que, se possível, apresente o teste molecular (RT-PCR) no ato da inscrição; 17. Realizar o teste molecular (RT-PCR) em todos os colaboradores do Hotel Holiday Sky.

A IMPORTÂNCIA DA ANTEVÉSPERA

A antevéspera, para qualquer acontecimento, é um dos períodos mais importante e não deve ser deixado de lado ou negligenciado. Isso se deve ao cumprimento de três grandes princípios: prudência, tolerância e paciência. É onde toda a equipe é testada para o cumprimento da missão e tudo é checado e rechecado. Seria o equivalente em guerra à expressão “contar a munição”. Isso evita as surpresas durante os acontecimentos do dia do evento e deixa todos os membros sabendo o que fazer e a utilizar as contingencias planejadas. Toda equipe de Emma Schäfer fora treinada para esse evento, logo todos sabiam o que deveria ser feito e, em caso de dúvidas, teriam os responsáveis setoriais como recurso contingenciais, além do que, isso não fosse possível, poderiam recorrer ao Manual Operacional do Encontro – MOE, contendo detalhadamente passo-a-passo de cada atividade e a matriz de responsabilidades. É na antevéspera, por exemplo, que o time de translado aeroporto-hotel fica sabendo qual participante chega, data, horário e plataforma de desembarque do terminal aeroportuário. Esse simples gesto otimiza a organização nos aeroportos e a utilização do meio de transporte – usar menos recursos e transportar muito mais -, e, também, na produção das placas de identificação de desembarque. Tudo, nesse aspecto, tem origem no e-mail de confirmação de participação e check-in de voo nas companhias de avião escolhida pelo participante. A VÉSPERA DO EVENTO É na véspera que tudo começa a acontecer. Os participantes de outros Estado e países começam a chegar nos terminais dos aeroportos e são recebidos, transportados para os Hotéis, realizado o check-in nas portarias, e também são inscritos previamente no Encontro, recebendo todos os materiais

necessários à participação. A ideia é evitar transtornos de última hora e aglomeração nas mesas de recepção e inscrição. Os participantes que por acaso não tenham escolhido ficar no mesmo hotel do evento receberiam o mesmo tratamento onde escolheram ficar. O dia do evento ficaria, portanto, reservado às inscrições dos participantes retardatários, e dos locais ou de suas imediações. O que, por planejado, promoveria um bom distanciamento social. Quando do encerramento do encontro todas essas operações seriam realizadas de modo reverso e disponíveis até o dia seguinte.

Também é nesse período que o time responsável pelos multimeios solicita ao palestrante o material audiovisual que irá utilizar no evento, e também traz o mestre de cerimônia para repassar o som de todos os ambientes. O slide de abertura ficou decidido pelo modo simples: O palestrante teria liberdade para escolher os formatos de suas apresentações desde que usasse os elementos padrões que lhe foi sugerido pela comissão organizadoras: cores, fontes e logomarca do encontro.

ABERTURA DO ENCONTRO

O evento teve seu início pontualmente à hora marcada. Os locais, convidados e participantes, foram atendidos pelas mesas de recepção e receberam todos materiais a serem utilizados durante o 23º Encontro. Nada ficou fora do plano para a etapa inicial. O DJ conduziu a sonorização do ambiente como era o esperado, e o ambiente realmente estava muito agradável, a Srta. Emma brilhava. Sua postura discreta, não ficou despercebida por muito tempo, dispensava a todos que lhe procuravam uma atenção especial e muito educada. Na real? Emma parecia uma maestrina. A equipe dava a impressão de trabalhar como uma orquestra sinfônica. Nada, absolutamente nada, estava fora do lugar. Quase passou despercebido o fato de Emma ter sempre à mão direita uma cópia do Manual Operacional do Encontro – MOE. Aos olhos mais acostumados com produção e organização de eventos o gesto se equivale às maestrinas e suas batutas conduzindo uma ópera: os movimentos da mão direita, para a regente, define, para os músicos, o compasso e a velocidade com que a obra deve ser executada e, é claro, não fosse assim, cada músico tocaria à sua própria maneira – enquanto a plateia, provavelmente, sairia correndo dali. Seria um desastre! O mestre de cerimônia fez a apresentação do evento agradeceu a presença de todos, sem esquecer os organizadores, compôs a mesa com os convidados para o evento e, passou a palavra ao presidente da SBPSP, que sando da palavra estendeu os agradecimentos ao público, fez um breve histórico do evento e, em especial, ao 23º Encontro por suas peculiaridades. Após as considerações, apresentou detalhadamente o palestrante principal agradecendo-o pela oportunidade de tê-lo para a ocasião, pediu então para que este tomasse lugar ao púlpito.

NOSSO CONVIDADO O PSIC DR. SANDOR MAYER

Meus cumprimentos a todos os presentes, e na pessoa do presidente da Sociedade Brasileira de Psiquiatria de São Paulo agradeço aos participantes do 23º Encontro Anual de Psiquiatria promovido pela SBPSP. Muito obrigado! Nosso encontro este ano traz como tema A CONDUTOPATIA E A POLÍTICA. É um assunto de muita relevância no atual momento da vida nacional. Não buscará diagnosticar clinicamente nenhum dos atores do campo político, não se prestará a servir de clínica psiquiátrica. Mas não se furtará a apontar, dentro do limite possível, a linha tênue que separa os lados do problema da condutopatia política. A relevância do tema reside em um aspecto já vivido em outros momentos da história, e que vem acendendo fortemente no mundo atualmente. Os defensores desse campo político tomam como base o que chamam de tradicionalismo, ele fornece duas ideias-chave para os movimentos de extrema-direita e ultradireita que surgiram com muita força nos Estados Unidos, na Europa Ocidental e Oriental. Essa ventania também atingiu o Brasil: restaurar um passado idealizado; e, o passado foi perdido por uma degeneração moral pelo progressivo abandono da religião e pelo materialismo. Grupos sociais que defendem essas ideias se utilizam, muitas vezes, da violência e pregação do ódio e têm alvos bem escolhidos e de diferentes vieses como: nacionalismo, xenofobias, racismos, fundamentalistas religiosas, entre outras opiniões reacionárias. Depois da criação da União Europeia, em 1993, que se baseava em princípios como: cooperação, não discriminação, solidariedade e democracia, a sociedade da região foi ficando descontente com o

não cumprimento de algumas promessas feitas pela EU., então passou questioná-los. Alguns movimentos e partidos de extrema direita na Europa, motivados por essas insatisfações, retomaram discursos nacionalistas, de controle das fronteiras e de protecionismo econômico. O ninho da extrema-direita e ultradireita fora criado na Europa. Daí para o mundo não houve muitos atropelos. Para o Brasil o território fora preparado com a insatisfação da sociedade com a corrupção, crime organizado, lavagem de dinheiro, baixa oferta de emprego e renda, desconfiança e descrédito com o sistema de representação política Etc. Aqui, como na França de Luís Bonaparte, em 1815, criou-se um vácuo de soluções. Nessas ocasiões de casuísmo, ou desalento da política, é natural o surgimento de personagem que personifique desejos populares de levante. Na França de 1815, formou-se um exército incomum, segundo MARX (2011, p. 91): “O lumpemproletariado[23] parisiense foi organizado em seções secretas, sendo cada uma delas liderada por um agente bonapartista e tendo no topo um general bonapartista40. Roués [rufiões] decadentes com meios de subsistência duvidosos e de origem duvidosa, rebentos arruinados e aventurescos da burguesia eram ladeados por vagabundos, soldados exonerados, ex-presidiários, escravos fugidos das galeras, gatunos, trapaceiros, lazzaroni [lazarones], batedores de carteira, prestidigitadores, jogadores, maquereaux [cafetões], donos de bordel, carregadores, literatos, tocadores de realejo, trapeiros, amoladores de tesouras, funileiros, mendigos, em suma, toda essa massa indefinida, desestruturada e jogada de um lado para outro, que os franceses denominam labohème [a boemia]; com esses elementos, que lhe eram afins, Bonaparte formou a base da Sociedade 10 de Dezembro.”.

Essa é a razão pelo qual se faz importante a discussão de um tema como o proposto para esse encontro. Só compreendendo a real dimensão de um problema com a CONDUTOPATIA NO PODER podemos encontrar as saídas.

ANOTAÇÕES SOBRE KURT SCHNEIDER

Kurt Schneider psiquiatra alemão conhecido principalmente por seus escritos sobre o diagnóstico e a compreensão da esquizofrenia, bem como dos transtornos de personalidade então conhecidos como personalidades psicopáticas, e condutopatia. Schneider nasceu em Crailsheim, Reino de Württemberg[24], em 1887, foi, em sua formação, influenciado e orientado por Max Scheler[25], um professor de filosofia, e um dos cofundadores do movimento fenomenológico na filosofia. Kurt Schneider é sem dúvidas um dos maiores vultos da Psiquiatria contemporânea, se indefectível estilo ático de sobriedade em seus conceitos, lapidados, elegância e clareza impecáveis, algo seria apreciado pelos atenienses da antiga Grécia. Um método posto a serviço do critério analítico-descritivo que utilizava. Schneider tem um papel fundamental no desenvolvimento de conceitos de psicopatia, usados em um sentido amplo para significar transtorno de personalidade ou transtorno de personalidade antissocial. Uma de suas publicações mais influentes foi 'The Psychopathic Personalities' (As personalidades psicopatas). Para Schneider, uma personalidade anormal deve ser definida como sendo um desvio da personalidade normal. Assim, para Schneider, a personalidade anormal representa um desvio de uma gama de determinadas qualidades pessoais, que são independentes de avaliações, se os desvios são bons ou ruins.

CONCEITO DE PSICOPATIA DE SCHNEIDER

Entre as personalidades anormais, Schneider distingue os psicopatas (individuais que sofrem, ou fazem outros sofrerem), em dez tipos diferentes: 1. Hipertímico; 2. Depressivo; 3. Inseguro; 4. Fanático; 5. Vaidoso em busca de reconhecimento; 6. busca de atenção; 7. Explosivo; 8. Desalmado; 9. Abúlico; e, 10. Astênico. 1. Hipertímico[26] O primeiro dos tipos de psicopatas é o hipertímico, que se caracteriza por ter um humor alegre, ativo e impulsivo. Schneider disse que esse tipo de pessoa é o “Não são sangue quente, têm temperamento leve”. Ele os define como amigáveis e charlatães, propensos a delitos como ofensas, falsidades, fraudes e pequenas transgressões. 2. Depressivo São indivíduos com espírito sombrio, embora nem sempre seja fácil reconhecer essa característica neles, pois tendem a esconder o que sentem. Em alguns, prevalece a melancolia, enquanto em outros, o mau humor ou a paranoia. Tanto esse tipo quanto o anterior têm propensão ao alcoolismo. O paranoico depressivo pode se tornar muito insensível. 3. Inseguro

Dentro desse grupo, existem dois tipos de psicopatas: sensíveis e anancásticos. Os primeiros são muito impressionáveis, têm dificuldade em expressar as suas emoções. Já os anancásticos[27] transformam suas inseguranças em obsessões. Esses indivíduos podem até parece estranhos, mas raramente se envolvem com o crime. 4. Fanático Os indivíduos típicos desse grupo desenvolvem ideias superestimadas que são vividas com grande intensidade emocional. Não é incomum acreditar ser um ungido, um inspirado pelo espírito divino, por uma divindade, um ser predestinado ou iluminado. 5. Vaidoso em busca de reconhecimento A característica típica desses indivíduos é a vaidade. Sentem necessidade de parecer mais do que são. Desejam ter reconhecidos seus próprios dotes e méritos físicos ou intelectuais. Se gabam. São os Falsificadores de emoções. Não conseguem estabelecer laços íntimos e não sabem amar. Normalmente são excêntricos, fanfarrões e organizam fantasias bem elaboradas objetivando enganar os outros. 6. Lábil Este é um dos tipos de psicopatas que podem ser confundidos com o depressivo. São indivíduos que passam por episódios de tristeza ou mau humor muito intensos, como tempestades, mas que depois passam de forma quase inesperada. Não é incomum se envolverem em crimes emocionais ou ocasionais. 7. Explosivo Os psicopatas explosivos têm um humor violento, que é desencadeado até mesmo por motivos banais. Eles costumam se envolver em crimes de vários tipos: desrespeitam, desobedecem e são prejudiciais ao seu entorno. São

personalidades autocontrole.

infantis,

pouco

desenvolvidas

e

com

pouco

8. Desalmado Eles representam o psicopata típico, sem compaixão, vergonha ou culpa. Seu traço característico é um baixo desenvolvimento da consciência. Eles tendem a ser taciturnos, frios e antissociais. São capazes de cometer crimes menores, dependendo das suas convicções, mas geralmente só realizam atos de perturbação da vida social. 9. Abúlico São pessoas extremamente influentes, permeáveis a todos os tipos de estímulos. Eles são afáveis, razoáveis, mas inconstantes e maleáveis. Este tipo de personalidade está muito frequentemente associado ao furto, peculato, fraude Etc. Podem cometer crimes apenas devido à pressão do seu grupo ou ambiente. 10. Astênico São de dois tipos: corporais e psíquicos. Ambos mantêm uma observação vigilante de si mesmos. O primeiro focado no corpo e o segundo na mente. Desenvolvem sentimento de estranhamento sobre si. Esse tipo raramente se envolve com crimes. Para Schneider, portanto, a "personalidade psicopática" é equivalente ao “transtorno de personalidade”, ou do "transtorno de personalidade antissocial”.

A CONDUTOPATIA

Seguiremos a linha condutora do psicanalista Guido Palomba[28], cuja denominação condutopatia utiliza em substituição à psicopatia. Kurt Schneider usa o termo psicopatia para referir-se a esses anormais. Preferimos nominar condutopatia (conduta patológica, transtorno de comportamento) por ser menos genérico e, de certa forma, autoexplicativo. (PALOMA, 2021)

A psicopatia é classificada na DSM-IV[29], CID-10[30], e na literatura médica como transtorno de personalidade antissocial, transtorno de mentalidade emocional instável - borderline ou explosivo -, personalidade amoral. Agrupa os indivíduos de comportamento explosivo, que agem de inopino[31], egoístas, arrogantes, egocêntricos, sádicos, com uma afetividade fingida ou superficial e que costumam desrespeitar regras. Esses indivíduos desenvolvem comportamentos muitas vezes confundidos com indivíduos portadores de transtornos de personalidade e de comportamento decorrentes de doença, lesão ou disfunção cerebral, conforme CID10, F 07, devido às semelhanças de seus comportamentos: CID-10: F07 – Transtornos de Personalidade e do Comportamento Devidos a Doença, a Lesão e a Disfunção Cerebral; F070 - Transtorno orgânico da personalidade; F071 - Síndrome pós-encefálica; F072 - Síndrome pós-traumática; F078 - Outros transtornos orgânicos da personalidade e do comportamento devidos à doença cerebral, lesão e disfunção; F079 - Transtorno orgânico não especificado da personalidade e do comportamento devido a doença cerebral, lesão e disfunção.

Um indivíduo condutopata não é capaz de estabelecer relações objetivas com qualquer coisa, sejam objetos ou pessoas, porque

uma relação, qualquer seja ela, significa alguma forma de renúncia, e ele simplesmente é incapaz de realizar. São egoístas, rudes, impulsivos e incapazes de sentir culpa ou aprender com a experiência ou castigo. Não desenvolvem o sentimento de culpa. São personalidades anormais que em função dela, de acordo com as situações, se colocam, permanentemente em conflitos. São egoístas, rudes, impulsivos e de desenvolverem empatia com o próximo. Condutopatas quando ocupam cargos públicos, pouco importa o que é certo ou de errado, interessa-lhes o poder para escoar as condutopatias em louvor a si mesmos. Em postos de chefia, tornamse tiranos, pois, egoístas, colocam a própria vontade e a autoridade acima das leis e da justiça. Por consequência lógica, apresentam alta periculosidade social. Nada os detêm, salvo a reprimenda enérgica, judicial e legal, única forma eficaz de pará-los. Kurt Schneider menciona que os psicopatas possuem “dificuldades muito particulares sob circunstâncias militares. O desacato e a desobediência são cometidos quase sempre. A insubordinação, o mau comportamento leva-os à prisão, acabam expulsos ou abandonam”. (Kurt, 1974, pág. 166). São suas características gerais: a. Os indivíduos condutopatas são basicamente não socializáveis, cujo padrão de comportamento coloca-os, corriqueiramente, em conflito com a sociedade. b. São incapazes de lealdade significativa para com outros indivíduos, grupos ou valores sociais. c. São manifestamente egoístas, rudes, irresponsáveis, impulsivos e incapazes de sentir culpa ou aprender com a experiência ou castigo; d. Defende-se onipotentemente, via de regra, usando algum tipo de ameaça; e. Não desenvolvem o sentimento de culpa; f. Seu Sistema de valores e seus julgamentos são essencialmente diferentes do homem comum, e isso os leva

a uma atuação agressiva à sociedade geral.

KURT SCHNEIDER E A PERSONALIDADE PSICOPÁTICA SOB A ÓTICA PSICANALÍTICA

Segundo Schneider o psicopata é portador de forte e profunda inveja em relação ao outro. Uma inveja da qual ele se defende, projetando-a naquele outro, “esvaziando-o” de qualquer valor. “Esvazia” o outro se qualquer valor, atribui-lhe a culpa de todos os males, transforma-o em objeto de suas satisfações, sente-se onipresente, independente, não necessitado de ninguém, detentor somente de direitos, sem obrigação alguma para com o outro. Para a ciência da psicanálise a psicopatia não responde a nenhuma espécie de tratamento, ou psicopata, mesmo passando por internação e poderá ser curado. Pior, não procuram ajuda conhecimento de que sofrem ou fazem sofrer.

tem cura e nem seja, o indivíduo tratamento, não por não darem

PERKTOLD, (2010, p. 24) esclarece que: É raro psiquiatra ou psicanalista ouvir algo do psicopata porque ele não procura esses profissionais; ele não tem queixas de mal-estar ou sintomas que o incomodem, pois vive a fazer tudo que lhe apraz, como se o mundo lhe pertencesse e existisse só para lhe servir. Nada o impede de realizar seu desejo. A etiologia[32] pode estar relacionada com a história triste e pessoal que todos têm para contar. Pode ocorrer também em famílias com pais atentos e amorosos, dificultando a sua compreensão teórica. O sociopata não sofre angústia, não é empático, não sente culpa e não se julga doente, portanto, não tem do que se tratar. Kurt Schneider, brilhante psiquiatra alemão, foi quem mais se interessou por essas criaturas. (PERKTOLD, 2010).

Ainda segundo PERKTOLD, (2010, p. 25),

A esmagadora maioria das pessoas com esse diagnóstico em geral termina sua vida isolada da família, que sofreu horrores dele e por ele. Seus amigos o abandonaram ao longo dos anos por não suportarem tanto descaso e desconsideração destrutiva. Exígua e raríssima parte deles percebe que a responsabilidade é própria e procura nova forma de vida. Outra parte não resiste e suicida-se. (grifo nosso).

CONDUTOPATIA E A POLÍTICA

São tempos duros. Tempos da distância. Tempos em que apertar a mão de um amigo não é recomendável. Tempos em que abraçar pai, mãe e irmãos é arriscado. Tempo do medo e da dor. Tempo em que o desafio não é só estar ou se manter vivo, é algo que nos pede sabedoria e luta. Nesses tempos difíceis volta o Estado ser a única segurança do homem. O Estado é um organismo vivo e, portanto, mortal. Sendonos um aparelho para segurança da família, negócios, saúde, educação, e tantos outras funções e necessidades coletivas, devese buscar preservá-lo dentro do que preceitua a constituição do país. Qualquer ameaça ao Estado é uma ameaça para cada homem que nele vive. O estado, como instrumento político denominado, não cabe habitação ou tolerância da presença de indivíduos condutopatas, mas é, sem dúvidas, um dos meios ambientes sociais mais atrativos para esses personagens. Todavia, se identificados devem ser removidos, arrancados do lugar para a segurança do todo. Sobretudo, conhecendo-se as mazelas que trazem em seus atos. Em tempos como o que vivemos foi preciso uma peste grave como a da COVID-19 para revelar o pior da classe política que dirige nação. É urgente admoestá-la. A população necessita de sabedoria para conseguir resistir ao arremesso de nossas almas para os séculos da escuridão que todos haviam imaginado ter sido vencido. Há que se ter muita paciência, tolerância e prudência, mas, acima de tudo, combatividade para se vencer o negacionismo, o egoísmo, a bestialidade e o fascismo que tomaram conta da vida nacional. Infelizmente as ameaças, o medo e a ignorância, sob diversas maneiras, fizeram-se em tempos estranhos. Nosso único consolo é

que ninguém escapa aos condutopatas se estiver ao alcance de seus objetivos. Conforta também saber que não fomos ou somos os únicos nessa experiência manipuladora, a Europa nos precedeu. A ameaça do fascismo não é menos violenta que o comunismo ou nazismo, é ainda muito pior, pois ela flerta com valores nacionais e os subverte, objetivando enganar os corações patriotas, e sequestrar as liberdades. A sociedade precisa saber que um condutopata, quando ocupa cargos públicos, pouco se importará do que é certo ou errado, interessa-lhe tão somente o poder. O poder como instrumento para escoar as suas vontades em favor de si mesmo. Em elevados postos de comando torna-se um tirano, coloca a própria vontade e a autoridade acima das prioridades das instituições. Representam uma alta periculosidade social. Nada o detêm, salvo grandes manifestações populares, ação judiciais terminativas ou parlamentar disruptiva. Essas são as únicas formas eficazes de detê-lo. Vimos aqui que os sociopatas possuem dificuldades muito particulares sob circunstâncias militares. O desacato e a desobediência são cometidos quase sempre, uma espécie de válvula de escape para suas práticas. Não é incomum que a insubordinação e o mau comportamento acabem levando-os à prisão, à expulsão, ou quando não, levando-os a abandonarem a carreira. Uma história tantas vezes lida nos noticiários nacionais. Conheces vós seus líderes e poderás, com sorte, aspirar a liberdade. Se reveste de importância a leitura dos pôsteres de nosso encontro. E escolhemos o de número um para dar início essa fase que, de resto, tenta consolidar as características de um líder com um resumo de gestos que o aproxima demasiadamente do perfil de um condutopata.

A partir dessa leitura é preciso responder uma questão de ordem: é um fato isolado as ações contidas no pôster nº 1? Se não o for, qual outros podem corroborar com o entendimento? É possível encontrar uma resposta satisfatória à questão de ordem levantada. Sem nenhum esforço basta uma visita aos documentos da câmara federal e se tem em mãos os elementos que se procura. Aportado ao levantamento a biografia do capitão reformado, encontrar-se-á uma possível resposta. De acordo com o CPDOC/FGV -Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. os fatos registrados do cidadão público Jair Bolsonaro são os seguintes: • Em 1988 foi para a reserva com a patente de capitão[33], e em novembro desse ano, foi eleito para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na legenda do Partido Democrata Cristão (PDC). Empossado em janeiro de 1990, cumpriu pouco tempo de mandato, uma vez que em outubro do ano da posse como vereador foi eleito deputado federal, pela mesma legenda, com os votos de sua base eleitoral na Vila Militar e em algumas zonas do município de Resende, vigésimo terceiro município mais populoso do estado. Renunciou em seguida então ao mandato de vereador para tomar posse na Câmara dos Deputados em fevereiro de 1991, quando integrou a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público. • Em 29 de setembro de 1992, foi um dos 441 deputados que votaram a favor da abertura de processo de impeachment do presidente da República, Fernando Collor de Melo, acusado de crime de responsabilidade após a conclusão dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada no Congresso Nacional para investigar denúncias de corrupção contra Paulo César Farias, ex-tesoureiro de sua campanha presidencial. • Em abril de 1993, Bolsonaro foi um dos fundadores do Partido Progressista Reformador (PPR), nascido da fusão do PDC com o Partido Democrático Social (PDS). Também no mesmo ano, voltou a provocar polêmica ao defender o retorno do regime de exceção e o fechamento temporário do Congresso Nacional. Alegava o deputado

que a existência de muitas leis atrapalhava o exercício do poder e que, “num regime de exceção, o chefe, que não precisa ser um militar, pega uma caneta e risca a lei que está atrapalhando”. Tal pronunciamento causou inúmeros protestos e levou o corregedor do Congresso Nacional, deputado Vital Rego, a solicitar ao procuradorgeral da República, Aristides Junqueira, o início de uma ação penal contra Bolsonaro por crime contra a segurança nacional, ofensa à Constituição e ao regimento interno da Câmara. A reação dos círculos militares veio por meio do general da reserva Luís Henrique Domingues, porta-voz do Movimento dos Guararapes, que condenou qualquer tentativa de punição ao deputado. • Ainda em 1993, Bolsonaro acusou o governador de São Paulo, Luís Antônio Fleury Filho, de intermediar, através de uma empreiteira, a compra e venda de deputados do Partido Social Democrático (PSD). O objetivo de Fleury, segundo Bolsonaro, era ampliar sua base de apoio na Assembleia Legislativa paulista e no Congresso. Os deputados Onaireves Moura (PSD-PR) e Nobel de Moura (PSD-RO) estariam encarregados de contatar os deputados e oferecer a quantia acordada. Segundo Bolsonaro, Onaireves lhe oferecera 85 mil dólares para que assinasse ficha de filiação ao PSD e afirmara que o pagamento seria “feito por uma empreiteira ligada ao governo de São Paulo”. Fleury, porém, sustentou que a acusação era absurda e sugeriu a condenação de Bolsonaro por crime de difamação, injúria e calúnia. • Em junho de 1994, Bolsonaro envolveu-se em mais uma polêmica, dessa vez com o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, do Partido Popular (PP). Na ocasião, acusou o governador de barganhar com o governo federal a liberação de verbas para a construção do metrô de Brasília em troca de votos a favor da aprovação do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF). • Prevista ainda para essa legislatura, a revisão da Constituição de 1988 acabou não acontecendo, e poucas alterações na Carta foram aprovadas. Entre outras votações, Bolsonaro esteve ausente da

sessão que rejeitou o fim do voto obrigatório e foi favorável à criação do IPMF e do Fundo Social de Emergência (FSE), concebidos como fontes de financiamento para o plano de estabilização econômica do governo, batizado de Plano Real. • Em agosto de 1994 voltou a pedir o fechamento do Congresso Nacional, declarando preferir “sobreviver no regime militar a morrer nesta democracia”, Bolsonaro concorreu a um novo mandato parlamentar, tendo sido reeleito em outubro de 1994. Sua plataforma de campanha incluía, além da luta pela melhoria salarial para os militares, o fim da estabilidade dos servidores, a defesa do controle de natalidade e a revisão da área dos índios ianomâmis, cuja extensão considerava absurda. • Em outubro de 1994 o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Rio de Janeiro decidiu anular o pleito por suspeitas de fraude. Marcada nova eleição para novembro, Bolsonaro confirmou sua reeleição. Empossado em fevereiro seguinte, tornou-se membro da Comissão de Defesa Nacional. • O início de seu mandato foi marcado por novos incidentes, dessa vez envolvendo Luís Carlos Bresser-Pereira, ministro da Administração do recém-iniciado governo Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Sustentando que Bolsonaro havia tratado o ministro de forma desrespeitosa durante o depoimento deste na Comissão de Trabalho sobre o adiamento da data de pagamento dos servidores públicos, o deputado gaúcho Osvaldo Biochi, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), solicitou sua cassação, o que veio a se converter, no entanto, apenas em uma advertência. • Em agosto de 1995, com a criação do Partido Progressista Brasileiro (PPB), resultado da fusão do PPR com o PP, Bolsonaro transferiu-se para a nova agremiação. Nas votações das emendas constitucionais propostas pelo governo Fernando Henrique nesse mesmo ano, foi favorável à quebra do monopólio dos governos estaduais na distribuição de gás canalizado e à mudança no conceito de empresa nacional. Pronunciou-se contra a abertura da

navegação de cabotagem às embarcações estrangeiras e a abolição do monopólio estatal nos setores das telecomunicações e da exploração do petróleo, concentrado pela Petrobras. Em julho de 1996, manifestou-se contra a aprovação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), antigo IPMF. • Em fevereiro de 1995, votou contra a emenda que estabeleceu o direito de reeleição para prefeitos, governadores de estado e presidente da República. Em maio, foi um dos parlamentares que denunciaram na imprensa a compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição. Em novembro, pronunciou-se contra o destaque ao projeto de reforma administrativa do governo federal que instituía a possibilidade de demissão no funcionalismo público em caso de mau desempenho do servidor ou toda vez que os gastos com pessoal superassem 60% da arrecadação do Estado. • Em março de 1998 esteve no centro da polêmica sobre a eleição para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Candidato ao cargo, Bolsonaro enfrentou a reação de vários setores da sociedade, que chamavam atenção para seu envolvimento com os segmentos responsáveis pela violação de direitos humanos. No mesmo mês, publicou na imprensa um artigo no qual defendia a pena de morte, a prisão perpétua, o regime de trabalhos forçados para condenados, a redução da maioridade para 16 anos e um rígido controle da natalidade como maneira eficaz de combate à miséria e à violência. • Em novembro de 1998, manifestou-se contra os destaques da reforma da previdência que propunham o estabelecimento de um teto para as aposentadorias dos funcionários públicos e a adoção dos critérios de idade mínima e de tempo de contribuição para a concessão de aposentadorias no setor privado. • Em junho de 1997, a Mesa Diretora da Câmara decidiu propor ao plenário sua suspensão por um mês, por ter defendido o fechamento do Congresso e afirmado que “a situação do país seria melhor se a ditadura tivesse matado mais gente”, incluindo o presidente da República Fernando Henrique Cardoso. A Mesa

Diretora havia optado por apenas censurá-lo, após ter recebido uma retratação, mas voltou atrás quando Bolsonaro não reconheceu a retratação, afirmando que sua assinatura havia sido falsificada. No entanto, a proposta da Mesa Diretora nunca chegou a ser votada pelo plenário da Câmara. • Em agosto de 1997, foi divulgado que Bolsonaro praticava nepotismo, pois empregava em seu gabinete sua companheira Ana Cristina Vale, o pai e a irmã dela. Na ocasião afirmou estar se divorciando de sua esposa, e argumentou que, por não ser casado com Ana Cristina, não configurava prática de nepotismo. • Em dezembro de 1999, envolveu-se em nova polêmica ao defender o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso. O ataque ocorreu em almoço de desagravo ao ex-comandante da Aeronáutica, Walter Braüer, exonerado pouco antes. Em seguida, afirmou que o fuzilamento era até “algo honroso para certas pessoas”. O líder do governo na Câmara, Artur Virgílio, do PSDB, chegou a entrar com pedido de cassação de seu mandato, mas a proposta nunca chegou ao plenário da casa. • No início de 2000, Bolsonaro defendeu a pena de morte para qualquer crime premeditado, e a tortura em casos de tráfico de drogas, afirmando que “um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau-de-arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso. [...] Para sequestrador, a mesma coisa. O objetivo é fazer o cara abrir a boca. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico”. Atacou também os homossexuais, dizendo não “admitir abrir a porta do meu apartamento e topar com um casal gay se despedindo com beijo na boca, e meu filho assistindo a isso”. • Em dezembro de 2000, foi o único deputado a votar contra a criação do Fundo de Combate à Pobreza. O Fundo, proposto pelo governo federal e financiado pela Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o que implicou aumento de sua alíquota, entrou em funcionamento no ano seguinte e destinou

verbas para programas de transferência de renda, como o BolsaEscola, e para o saneamento básico. • Bolsonaro seguiu defendendo os interesses das Forças Armadas e demonstrou sua insatisfação com o aumento da ingerência civil sobre os militares a partir da criação do Ministério da Defesa pelo governo Fernando Henrique. Em audiência do ministro da Defesa Geraldo Quintão na Câmara, criticou-o por postergar o reajuste dos militares, qualificou-o de “despreparado” e acusou-o de estar “servindo aos interesses dos EUA no país”. Em discurso pronunciado em plenário alguns dias antes, havia chamado o mesmo ministro de “canalha”, “patife” e “imoral”. • Nas eleições de 2002, candidatou-se pela quarta vez a deputado federal pelo Rio de Janeiro, pelo do PPB. Na Câmara foi titular das comissões de Constituição e Justiça e de Cidadania; de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, e de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Ainda no início de 2003, declarouse contrário à reforma da previdência proposta pelo governo federal. Também naquele ano, deixou o PPB para filiar-se ao PTB, mas no início de 2005, deixou o PTB e se filiou ao Partido da Frente Liberal (PFL). Em abril, deixou o PFL e foi para o Partido Progressista (PP), nova denominação do PPB, sua antiga legenda. • No ano de 2005, ocorreu uma crise política envolvendo membros do governo Lula e parlamentares, acusados de financiamento ilícito de campanhas eleitorais e de compra e venda de votos para a aprovação de projetos do governo federal. Durante a chamada crise do “mensalão”, Bolsonaro destacou-se pelos ataques ao PT e a políticos do partido envolvidos nos escândalos. • Ainda no amo 2095, iniciou-se a campanha em torno da consulta popular a respeito da proibição ou não da venda de armas no Brasil, a ser realizada no dia 23 de outubro. Bolsonaro havia sido crítico das campanhas pelo desarmamento organizadas pelo governo federal em anos anteriores. Contra essas campanhas havia mandado confeccionar cartazes com frases como “O exército do PT é o MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]” e

“Entregue suas armas: os vagabundos agradecem”. Por ocasião do referendo, posicionou-se entre os defensores e organizadores da campanha do “não”. Justificou sua posição afirmando ser favorável “ao desarmamento, sim, mas dos bandidos. Que tirem metralhadoras, fuzis, granadas”. Realizada a consulta no dia previsto, venceram os partidários do “não” à proibição da venda de armas, que obtiveram 64% dos votos válidos contra 36% dos votos pelo “sim”. • Bolsonaro sempre foi crítico das políticas de memória defendidas e implantadas pelos governos civis, defendendo sistematicamente a atuação do regime militar. Dedicou-se a defender em especial a repressão à Guerrilha do Araguaia. Em 2006, quando o governo federal determinou que se fizessem esforços para que os restos mortais dos guerrilheiros desaparecidos em combates com as forças armadas fossem localizados, mandou confeccionar e expôs cartazes com os dizeres “Araguaia: quem procura osso é cachorro”. • Em 2008 envolveu-se em nova polêmica, em audiência pública na Câmara para debater a situação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, no estado de Roraima. A demarcação realizada pelo governo federal era contestada pelo governo estadual, e ocorriam conflitos entre agricultores e indígenas. Bolsonaro combateu a demarcação contínua em área de fronteira, afirmando que ela poria em risco a integridade nacional. Na ocasião, o representante indígena no debate, Jecinaldo Sateré Maué, atirou água no deputado. • Nas eleições de 2010 reelegeu-se deputado federal, e migrou do PP para o Partido Social Cristão (PSC), alegando que na legenda anterior não teria espaço para concorrer a cargos mais altos. • Em abril de 2016, ocasião na qual Bolsonaro anunciou seu voto pela admissibilidade proferindo homenagem falecido coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, apontado como torturador ativo no período do regime militar, durante o qual a própria presidente Dilma Rousseff havia sido presa e torturada. Em função da homenagem, Bolsonaro

veio a ser denunciado ao Conselho de Ética da Câmara, por apologia à tortura. • Em março de 2018, Bolsonaro filiou-se ao PSL, acompanhado por seus filhos e outros postulantes para a disputa eleitoral. • Na condição de pré-candidato à chefia do Poder Executivo Nacional, intensificou a quantidade de viagens pelo país, tendo participado de atividades políticas as quais não apenas concebiam maior notoriedade nacional como postulante, como demarcavam também suas pautas prioritárias. Em viagem a Campo Grande, por exemplo, defendeu o direito ao porte de armas de fogo, ao passo que em Belém deu destaque à necessidade de uma política mineral ativa, com a legalização do garimpo, e, por várias outras vezes, mobilizou a pauta dos costumes e também da segurança pública. • A candidatura foi oficializada em julho de 2018 e recebeu o apoio formal do PRTB, que indicou como postulante a vice o general Hamilton Mourão e contou com a participação efetiva de parlamentares do DEM e do PSC, muito embora estes últimos o tenham feito de modo independente de seus respectivos partidos. À época, o então candidato Bolsonaro ressaltou que embora não tivesse amplas estruturas partidárias sustentando sua candidatura e escasso fosse o tempo de propaganda na televisão, confiava na espontaneidade dos seus apoiadores, que se mobilizariam em plataformas digitais e viabilizariam uma campanha massiva, mas de baixo custo • Jair Bolsonaro presidente eleito iniciou a composição de seu ministério, a ser reduzido a 22, em virtude da fusão de pastas. Defendeu, na ocasião, critérios de nomeação técnicos e os quais entendia como não ideológicos, muito embora tenha optado por indicar oito militares para estes postos. • As maiores repercussões sociais das escolhas foram os indicados para o Ministério da Economia, Paulo Guedes, e para Ministério da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, ex-juiz nas investigações da força tarefa denominada de Operação Lava Jato.

Como homem público, e desde de 1988, Bolsonaro traz uma pauta de armamento da população brasileira. Algo que chamou de costume. Como, por exemplo, tentar aprovar projetos ampliam o porte de armas para diversas categorias de servidores públicos. Segundo a Agência Câmara de Notícias, o Projeto de Lei 6438/19, do Executivo, que autoriza o porte de armas para diversas categorias, como: guardas municipais; agentes socioeducativos; polícia penal; auditores agropecuários; peritos criminais; agentes de trânsito; oficiais de justiça; agentes de fiscalização ambiental; defensores e advogados públicos, incluindo, o porte de armas durante o exercício profissional e, em determinados casos, autoriza o porte de armas individuais em todo o território nacional. Uma narrativa contraditória aos discursos mantidos por décadas, inclusive, quando de sua vingança aos órgãos de controle e fiscalização da Estação Ecológica de Tamoios, Angra dos Reis/RJ, em 15/out/2018, ocasião em que o então deputado federal Jair Bolsonaro, apresentou projeto visando desarmar os fiscais ambientais em ações de campo. Oportuno lermos o pôster de nº 2: ideias formadas e fixas. É a forma que encontra de forçar o ‘sistema’ seja ele qual for, a repararem de alguma forma para elas.

PÔSTERS

Os condutopatas são capazes realizar coisas contraditórias e mentir descaradamente. Se necessário, olhando nos olhos do interlocutor e, muitas vezes, fingindo sentimentos e interesses para conseguir seus objetivos. Quando em posição de flagrante raramente fica constrangido. Sua estratégia é mudar de assunto ou tentam refazer a história contada para que esta pareça mais verossímil. Em outras palavras, mudar tudo se possível for, sem o menor sentimento de perda ou frustação, desde que a mudança lhe traga a concretização de seus objetivos. As eleições de 2018 no Brasil já é um dos capítulos políticos mais diferentes em toda a história do processo eleitoral brasileiro. Fora marcada pela angústia, medo, tristeza, raiva, insegurança, ignorância, Fake News, e desinformação. Esses são alguns dos sentimentos que que atormentaram muitos brasileiros durante todo o processo do pleito. Um pleito marcado por agressões e ofensas, a disputa presidencial, principalmente no segundo turno, assumiu contorno de luta entre dois blocos socias, estimulou, inclusive, o confronto entre as pessoas. Haviam duas correntes extremamente antagônicas disputando as eleições: os Lulistas, representando o continuísmo do projeto do Partidos dos Trabalhadores; e um projeto que defendia o combate: à corrupção, ao crime organizado, as organizações criminosas, a lavagem de dinheiro, o” toma lá dá cá” na política. Teses que não encontro uma base em nenhum partido político como promotor. Essa pauta nasceu para o cotidiano da vida nacional através da uma investigação da Polícia Federal brasileira em conjunto com o Ministério Público Federal. Para o Ministério Público Federal, e toda sociedade brasileira, a Lava-Jato é uma das maiores iniciativas de combate à corrupção e lavagem de dinheiro da história recente do Brasil. Teve seu início em março de 2014. Nessa época, quatro organizações criminosas, que teriam a participação de agentes públicos, empresários e doleiros passou a ser investigada perante a Justiça Federal em Curitiba.

O trabalho de investigar cresceu demasiadamente e, em função dos inevitáveis desdobramentos, outras investigações foram instauradas em vários estados ao longo de mais de seis anos, sobretudo, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os procuradores da operação LavaJato passaram a contar com a colaboração de outros colegas da instituição, e a atuação conjunta, fez surgir o modelo de força-tarefa. As investigações apontaram irregularidades na Petrobras, maior estatal do país, e contratos vultosos, como o da construção da usina nuclear Angra 3, entre outros. Como ato contínuo resultou na instauração de inquéritos criminais junto ao Supremo Tribunal Federal – STF, e Superior Tribunal de Justiça – STJ, para apurar fatos atribuídos a pessoas com prerrogativa de função[34]. Como antes na história do Brasil foram investigados com profundidade: As empreiteiras: consideradas inalcançáveis pelo sistema judicial durante muitos anos, desde o início da república brasileira. Consideradas como um “clube”, fraudavam as licitações e corrompiam todo o processo. Na Petrobrás, por exemplo, os preços oferecidos à Petrobras eram calculados e ajustados em reuniões secretas nas quais se definia quem ganharia o contrato e qual seria o preço, inflado em benefício privado e em prejuízo dos cofres da estatal. O cartel tinha até um regulamento, que simulava regras de um campeonato de futebol, para definir como as obras seriam distribuídas. Para disfarçar o crime, o registro escrito da distribuição de obras era feito, por vezes, como se fosse a distribuição de prêmios de um bingo. Funcionários da Petrobras: As empreiteiras precisavam garantir que apenas aquelas do cartel fossem convidadas para as licitações. Por isso, era conveniente cooptar agentes públicos. Os funcionários não só se omitiam em relação ao cartel, do qual tinham conhecimento, mas o favoreciam, restringindo convidados e incluindo a ganhadora dentre as

participantes, em um jogo de cartas marcadas. Segundo levantamentos da Petrobras, eram feitas negociações diretas injustificadas, celebravam-se aditivos desnecessários e com preços excessivos, aceleravam-se contratações com supressão de etapas relevantes e vazavam informações sigilosas, entre outras irregularidades. Operadores financeiros: Os operadores financeiros ou intermediários eram responsáveis não só por intermediar o pagamento da propina, mas especialmente por entregar a propina disfarçada de dinheiro limpo aos beneficiários do esquema. Em um primeiro momento, o dinheiro saía das empreiteiras até o operador financeiro. O repasse era feito em espécie, por movimentação no exterior e por meio de contratos simulados com empresas de fachada. Em um segundo momento, o dinheiro saía do operador financeiro até o beneficiário em espécie, por transferência no exterior ou mediante pagamento de bens. Agentes políticos: Também conhecida como verticalização da investigação, que se inicia em março de 2015, quando o então procurador-geral da República Rodrigo Janot apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 28 petições para a abertura de inquéritos criminais destinados a apurar fatos atribuídos a 55 pessoas, das quais 49 eram titulares de foro por prerrogativa de função. Eram pessoas que à época integravam ou estavam relacionadas a partidos políticos responsáveis por indicar e manter os diretores da Petrobras. Elas foram citadas em colaborações premiadas, feitas na primeira instância mediante delegação do procurador-geral. Esses núcleos da política revelaram-se mais evidente em relação às seguintes diretorias: de Abastecimento, ocupada por Paulo Roberto Costa, entre 2004 e 2012, indicado pelo PP, com posterior apoio do MDB; de Serviços, ocupada por Renato Duque, entre 2003 e 2012, indicado pelo PT; e Internacional, ocupada por Nestor Cerveró, entre 2003 e 2008, indicado pelo MDB.

Para a procuradoria-geral da República, esses grupos políticos agiam em associação criminosa, de forma estável, com comunhão de esforços e unidade de desígnios para praticar diversos crimes, entre os quais: corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os senhores Fernando Baiano e João Vacari Neto atuavam no esquema criminoso como operadores financeiros, em nome de integrantes do MDB e do PT. Esse movimento encontrou na sociedade um apoio muito grande. Havia um sentimento que o Brasil não mais toleraria a corrupção. Desde o início da operação, em março de 2014, a força tarefa do MOF, investigou 199 personalidades, que vão desde cidadãos comuns, empresários e empreiteiros, doleiros, banqueiros, laranjas Etc., são eles: Nº

NOME

CARGO

VÍNCULO

1

Adir Assad

Lobista/empresário

Ligado a Renato Duque

2

Aécio Neves

Ex-senador, Deputado Federal

PSDB-MG

Secretário estadual de Governo (RJ)

Luiz Fernando Pezão

Deputado federal

PP-RS

Diretor

Construtora OAS

Deputado federal

PP-PB

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Affonso Henriques Monnerat Alves Da Cruz Afonso Hamm Agenor Franklin Magalhães Medeiros Aguinaldo Ribeiro Alberto Elísio Vilaça Gomes Alberto Youssef Aldemir Bendine Alexandre Portela Barbosa Alexandrino de Salles Ramos de Alencar Aline Corrêa

Ex-diretor da área de óleo e gás Doleiro

Mendes Júnior

Ex-presidente

Petrobras

Advogado

Construtora OAS

Ex-diretor

Odebrecht

Ex-deputada federal

PP-SP

13

Ana Cristina da Silva Toniolo

14

André Catão de Miranda

15

André Vargas

16

Ângela Palmeira Ferreira

17

Angelo Alves Mendes

18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29

Aníbal Gomes Antonio Almeida da Silva Antonio Anastasia Antonio Carlos Pieruccini Antônio Delfim Netto Antonio Palocci Antônio Pedro Campello de Souza Dias Armando Furlan Júnior Arthur Lira Augusto Ribeiro de Mendonça Neto Benedito de Lira Bernardo Schiller Freiburghaus

30

Beto Richa

31 32 33

Borghi Lowe Cacá Leão Camila Ramos Cândido Vaccarezza

34

filha

Othon Luiz Pinheiro da Silva

Gerente Financeiro

Posto da Torre

Ex-deputado federal Funcionária do Departamento de Pagamentos Estruturados Diretor vicepresidente de assuntos corporativos Deputado federal

sem partido-PR Odebrecht

Mendes Júnior PMDB-CE

Ligado a Youssef

Empreiteira Rigidez

Senador

PSDB-MG

Advogado

Olvepar

Ex-ministro da Fazenda ex-Ministro

Governo Costa e Silva PT-SP

Ex-diretor

Andrade Gutierrez

Deputado federal

Fernando Soares PP-AL

Executivo

Toyo Setal

Senador

PP-AL

Sócio

Odebrecht Ex-governdor e exprefeito Deputado federal Filha Ex-deputado federal

PSDB PP-BA José Dirceu PT-SP

35

36 37 38 39

Carlos Alberto Pereira da Costa Carlos Eduardo Strauch Albero Carlos Gallo Carlos Habib Chater Carlos Magno

46

Celso Araripe d’Oliveira César Augusto Craveiro De Amorim Cesar Ramos Rocha Ciro Nogueira Cláudio Fernandes Vidal Cleverson Coelho de Oliveira Clóvis Renato

47

Cristiano Kok

40 41 42 43 44 45

48 49 50 51

Representante

Diretor

GFD Investimentos Engevix Engenharia

Youssef Ex-deputado federal

PP-RO

Funcionário

Petrobras

Sócio da High Control Luis

Luiz Fernando Pezão

Ex-diretor

Odebrecht

Senador

PP-PI

Sócio da J.R.O Pavimentação

Luiz Fernando Pezão

Youssef Andrade Gutierrez Presidente

Ex-presidente do Dalton dos Conselho de Santos Avancini Administração Daniela Leopoldo e Arquiteta Silva Facchini Dario de Ex-presidente Queiroz Galvão Dario Teixeira Laranja Alves Júnior

Engevix Engenharia Camargo Corrêa José Dirceu Galvão Engenharia Empresa fantoche Banca della Svizzera Italiana - BSI PT-MS (atualmente sem partido)

52

David Muino Sanchez

Gerente

53

Delcídio do Amaral

Senador (cassado)

54

Dilceu Sperafico

Deputado federal

PP-PR

55

Dilma Rousseff

Ex-presidente da República

PT-RS

56 57 58

Ediel Viana da Silva Edison Lobão Ednaldo Alves da Silva

Youssef Senador

PMDB-MA UTC Engenharia

Executivo

59

Eduardo Cunha

ex-Deputado Federal e expresidente da Câmara dos Deputados

60

Eduardo da Fonte

Deputado federal

PP-PE

61

Eduardo de Oliveira Freitas Filho

Sóciogerente Filho

Construções Limitada

62 63 64 65 66 67 68 69 70

71

72 73

Eduardo Hermelino Leite Eduardo Vaz da Costa Musa Eidilaine Soares Elton Negrão de Azevedo Júnior Enivaldo Quadrado Erton Medeiros Fonseca Esdra de Arantes Ferreira Fábio Corrêa Filho Faiçal Mohamed Nacirdine Fernando Antonio Guimarães Horneaux de Moura Fernando Augusto Stremel Andrade Fernando

Freitas

PMDB-RJ

Ex-vice-presidente

Camargo Corrêa

Ex-gerente-geral da área Internacional

Petrobras

Esposa

André Vargas

Diretor-executivo

Andrade Gutierrez

Ex-dono

Bônus-Banval

Diretor-presidente de engenharia industrial

Galvão Engenharia

Sócio

Labogen

Ex-deputado

Pedro Corrêa

Youssef

Lobista

José Dirceu

Funcionário

Construtora OAS

Lobista

74 75 76

77

'Baiano' Antônio Falcão Soares Fernando Senador Bezerra Coelho Fernando Collor Senador de Mello Fernando Governador Pimentel Flávio David Barra

80 81 82

Flávio Gomes Machado Filho Flávio Sá Motta Pinheiro Geraldo Arruda Gerson Almada Gladson Cameli

83

Gleisi Hoffmann

84

Guido Mantega

78 79

85 86

87 88 89 90 91

Gustavo Botelho Hamylton Pinheiro Padilha Hsin Chi Su (Nobu Su) Humberto Costa Iara Galdino da Silva Ildefonso Colares Filho Ivan Vernon Gomes Torres Júnior

92

Jaques Wagner

93

Jayme Alves de

Presidente global

Operador

PSB-PE PTC-AL PT-MG AG Energia, empresa controlada pela Andrade Gutierrez Andrade Gutierrez

Gerente

Mendes Júnior

Vice-presidente Senador Exsenadora,Deputada Federal Ex-ministro da fazenda

Engevix PP-AC PT-PR PT-SP

Operador

ligado a Jorge Zelada

Executivo

Empresa chinesa TMT (ligado a Jorge Zelada)

Senador

PT-PE

Doleira Diretor-presidente

Queiroz Galvão

Ex-funcionário

Ex-deputado Pedro Corrêa

Ex-ministro chefe da Casa Civil e exgovernador Ex-agente da

PT-BA Youssef

94 95 96 97

Oliveira Filho Jean Alberto Luscher Castro Jerônimo Goergen João Alberto Pizzolati João Augusto Rezende Henriques

Polícia Federal Executivo

Galvão Engenharia

Deputado federal

PP-RS

Ex-deputado federal

PP-SC

Lobista

ligado a Jorge Zelada

98

João Leão

Vice-governador e PP-BA ex-deputado federal

99

João Procópio de Almeida Prado

Executivo

Youssef

100

João Ricardo Auler

Ex-presidente do Conselho de Administração

Camargo Corrêa

101

João Vaccari Neto

Ex-tesoureiro

PT

102 Joesley Batista

Presidente

J&F Investimentos

103

Jorge Luiz Zelada

Ex-diretor

Petrobras

104

José Adolfo Pascowitch

Operador do esquema pela Engevix

irmão de Milton Pascowitch

105 106 107 108 109

José Aldemário Pinheiro Filho José Antunes Sobrinho José Dirceu de Oliveira e Silva José Humberto Cruvinel Resende José Iran Peixoto Júnior

110

José Linhares

111

José Mentor José Otávio Germano José Ricardo Nogueira Breghirolli Josué Nobre

112 113 114

Presidente Executivo

Construtora OAS Engevix Engenharia

Ex-ministro da Casa Civil

PT-SP

Engenheiro

Mendes Júnior

Secretário estadual de Obras (RJ) Ex-deputado federal Deputado federal

Luiz Fernando Pezão

Deputado federal

PP-RS

Contato

Youssef– Construtora OAS

PP-CE PT-SP

115

116 117 118 118 120 121 122 123 124 125 126

Juliana Cordeiro de Moura Júlio César dos Santos Julio Gerin de Almeida Camargo Lázaro Botelho Leon Denis Vargas Ilário Leonardo Meirelles Lindberg Farias Luccas Pace Júnior Lucélio Roberto von Lechten Góes Luis Carlos Heinze Luis Fernando Craveiro De Amorim Luiz Alberto Gomes Gonçalves

127 Luiz Argôlo

128

Luiz Carlos Vidal Barroso

Luiz Eduardo 129 de Oliveira e Silva Luiz Fernando 130 Faria Luiz Fernando 131 Pezão Luiz Inácio Lula 132 da Silva Luiz Roberto 133 Pereira Marcelo Bahia 134 Odebrecht

Youssef

Ex-sócio minoritário

JD Consultoria

Executivo

Toyo Setal

Deputado federal

PP-TO

Irmão

André Vargas

Sócio

Labogen

Senador Operador de câmbio

PT-RJ

Lobista

Odebrecht

Deputado federal

PP-RS

Sócio da High Control Luis

Luiz Fernando Pezão

Sócio da J.R.O Pavimentação

Luiz Fernando Pezão

Ex-deputado federal Servidor da secretaria da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico (RJ)

Youssef

SD-BA Luiz Fernando Pezão

Sócio

JD Consultoria

Deputado federal

PP-MG

Ex-governador

PMDB-RJ

Ex-presidente da República

PT-SP

Diretor

Engevix Engenharia

Presidente

Odebrecht

135 Marcelo Santos Amorim Márcia Danzi 136 Russo Corrêa de Oliveira Marcio Andrade 137 Bonilho Márcio Farias 138 da Silva Maria Dirce 139 Penasso Mario Frederico 140 Mendonça Góes Mário Lúcio de 141 Oliveira Mário 142 Negromonte Júnior Mário 143 Negromonte Matheus 144 Coutinho de Sá Oliveira 145 Meire Poza 146 Michel Temer 147

Milton Pascowitch

Missionário José Olímpio Murilo Tena 149 Barros Nelma Mitsue 150 Penasso Kodama 151 Nelson Meurer 148

152 Nestor Cerveró Newton Prado Júnior Olavinho 154 Ferreira Mendes 155 Olavo 153

Sobrinho de Luiz Fernando Pezão

Luiz Fernando Pezão

Nora

Ex-deputado Pedro Corrêa

Sócio

Sanko Sider

Ex-diretor

Odebrecht

Laranja

Youssef

Lobista

Odebrecht

Diretor de agência de viagem deputado federal e filho de Mário Negromonte Ex-deputado federal

GFD PP-BA PP-BA

Vice-presidente do conselho executivo

Construtora OAS

contadora Ex-presidente da República Operador do esquema pela Engevix através da Ecovix

Youssef

Deputado federal

DEM-SP

PMDB-SP Engevix

Youssef Doleira Deputado federal Ex-Diretor da área internacional

PP-PR Petrobras

Diretor

Engevix Engenharia

ex-executivo

Andrade Gutierrez

Operador do

Irmão gêmeo

Horneaux de Moura Filho Otávio Marques de Azevedo Othon Luiz 157 Pinheiro da Silva 156

158

160 Paulo Bernardo Paulo Roberto 161 Costa Paulo Sérgio 162 Boghossian Pedro Argese 163 Junior 164 Pedro Corrêa 165 Pedro Henry

167 168 169 170 171 172 173 174 175 176

Presidente Ex-presidente

Diretor-geral de Othon Zanoide desenvolvimento de Moraes Filho comercial

159 Otto Garrido

166

esquema

Pedro José Barusco Filho Rafael Ângulo Lopez Raul Schmidt Felippe Junior Renan Calheiros Renato de Souza Duque Renato Molling Renê Luiz Pereira Ricardo Hoffmann Ricardo Ribeiro Pessoa Rinaldo Gonçalves de Carvalho Roberto

Diretor de operações Ex-ministro Diretor de abastecimento Ex-diretor Operador do esquema Ex-deputado federal Ex-deputado federal Ex-gerente de serviços

do empresário Fernando Moura Andrade Gutierrez Eletronuclear Vital Engenharia IESA Óleo & Gás (empresa do Grupo Inepar) PT-PR Petrobras Odebrecht Youssef PP-PE PP-MT Petrobras

Braço Direito

Youssef

Ex-funcionário

Petrobras

Senador

PMDB-AL

Ex-diretor de Serviços Deputado federal

Petrobras PP-RS

Youssef Operador Ex-presidente

ligado a André Vargas UTC Engenharia

Youssef Deputado federal

PP-GO

177 178 179 180 181

Balestra Roberto Britto Roberto Marques Roberto Teixeira Rodrigo Tacla Duran Rogério Cunha de Oliveira

182 Rogério Nora 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193

Rogério Santos de Araújo Romero Jucá Roseana Sarney Sandes Júnior Sanko Sider Sérgio Cabral Sérgio Cunha Mendes Simão Sessim Sônia Mariza Branco Valdir Lima Carreiro Valdir Raupp

194 Vander Loubet

Deputado federal

PP-BA

Ex-assessor

José Dirceu

Ex-deputado federal

PP-PE

Operador

Advogado

Diretor de óleo e gás

Mendes Júnior

Ex-presidente

Andrade Gutierrez

Ex-diretor

Odebrecht

Senador

PMDB-RR

Ex-senadora

PMDB-MA

Deputado federal

PP-GO

ex-Governador

PMDB-RJ

Vice-presidente

Mendes Júnior

Deputado federal Operadora do esquema

PP-RJ

Diretor-presidente Senador Deputado federalPT-MS

IESA Óleo & Gás PMDB-RO

195 Victor Colavitti 196 Vilson Covatti Waldir Maranhão Waldomiro de 198 Oliveira Walmir Pinheiro 199 Santana 197

Ex-deputado federal

PP-RS

Deputado federal

PP-MA

Dono

MO Consultoria

Executivo

UTC Engenharia

Tabela 4: Tabela de Investigados Pela Operação Lava-Jato

A força das investigações alcançando classe dantes intocáveis e recuperando somas vultuosas de recursos desviados do Estado brasileiro deu o ritmo ao pleito eleitoral de 2018. O PT fora identificado como o inimigo a ser vencido, dando origem a

expressão “Anti-PT”. O presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, consegue capitalizar para sua campanha todo legado da operação Lava-Jato ao anunciar que o então juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, o sr. Sergio Fernando Moro, seria convidado a integrar à sua equipe de governo como Ministro da Justiça e Segurança Pública. Também se soma a essa capitalização o discurso de que não seria tolerado o toma lá da cá, prática política do grupo político “centrão”, e adoção da meritocracia como forma de entrada nos quadros do governo. Essa pauta cai no gosto da população e ganha as eleições o candidato “Anti-PT” e “Anti-Sistema”.

“RACHADINHAS” A BASE DO SURTO

O caso das “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro atinge, em cheio, o filho de Jair Bolsonaro, o Deputado Federal, Flávio Bolsonaro, e com as investigações envolvendo Flávio Bolsonaro cada dia mais perto de seu filho, Bolsonaro entra em pânico. Tudo começou após o então COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, hoje UIF, ou Unidade de Inteligência Financeira), órgão que atua na prevenção e combate à lavagem de dinheiro, identificar inúmeras transações financeiras bancárias realizadas pelo assessor de Flávio Bolsonaro na assembleia do Rio de Janeiro, o Sr. Fabrício José Carlos de Queiroz, ou simplesmente Fabrício Queiroz, como ficou conhecido. O relatório do COAF identificou uma movimentação atípicas no valor global de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz. Este fato chamou a atenção do Ministério Público do Rio de Janeiro. Os promotores verificaram que haviam 483 depósitos em cheques e dinheiro vivo na conta do assessor, que foi exonerado do cargo em 2018. Desse episódio deriva o termo “rachadinha”, que é quando os servidores lotados no gabinete devolvem parte dos salários. Uma destas operações envolvia um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da hoje primeira-dama Michelle Bolsonaro. À época, o presidente afirmou que o cheque teria servido para pagar parte de empréstimo feito por ele a Queiroz. O relatório do Coaf, divulgado em 2018, mencionava ainda assessores de outros 20 deputados da Assembleia fluminense. Para os investigadores do Ministério Público do Rio de Janeiro, parte desses recursos chegava "legalmente" a Flávio Bolsonaro por meio de lavagem de dinheiro a partir de uma loja de chocolate em um shopping do Rio de Janeiro.

Ficou muito evidente que esse caso não se restringiria ao filho #01.

PERTO DEMAIS

O condutopata não suporta ser contrariado e tem muita dificuldade em lidar com a rejeição, frustração, ou qualquer espécie de ameaça. Diante de fatos dessa natureza costuma ser bastante teimoso, agressivo e apresentar comportamentos explosivos, tomando atitudes de modo impulsivo, sem levar em consideração as consequências e os sentimentos das outras pessoas. Ameaçado, reage de forma inesperada atacando àquela julgou ataca-lo, e não guardará medidas ou proporções. Segundo Schneider são indivíduos portadores de forte e profunda inveja em relação ao outro. Uma inveja da qual se defende, projetando-a no outro. O outro não significa nada ou tem qualquer valor. Atribui-lhe a culpa de todos os males, transforma-o em objeto de suas satisfações, sente-se onipresente, independente, não necessitado de ninguém. Esses dois aspectos constituem o ponto inflexão de Bolsonaro frente a condução do país. Uma mudança da direção ou de sua posição adotada até o momento do estabelecimento dos mesmos. Promovem um desvio rumo a negar tudo que dissera em campanha e buscar se reencontrar com velhos companheiros da velha política que tanto criticou na campanha que o levou à presidência. Sobreviver, é a ordem ecoada em seus ouvidos. Não uma sobrevivência individual, antes disso e por isso, salvar sua prole e a si mesmo. Em seus planos se fazia necessário aparelhar o Estado e tomar para si o que de fato é uma função de Estado. Nesse sentido não haveria mais espaço para ministros que cumprisse a função constitucional de suas respectivas pastas. Chegara o momento de “defeccionar”[35] o ministro da justiça e segurança pública, justamente aquele que fora reconhecido como o bastião do combate à corrupção, lavagem de dinheiro e ao crime organizado, ações que

alavancaram a campanha de Bolsonaro em 2018, e o fez chegar à presidência do país. Mas é a put… o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar f… a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira (grifo nosso).

A fala acima foi feita pelo presidente Bolsonaro durante a reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020. A troca no comando da PF visava substituir o superintendente da instituição no Rio de Janeiro — onde ocorreriam investigações de interesse da família e do grupo político do presidente. Efetivamente essa troca ocorreu em 04/05/2020, segunda-feira. O recémempossado diretor-geral da PF, Rolando Alexandre de Souza, determinou a troca na Superintendência. É a partir desse ponto que Bolsonaro percebe que não haverá mais volta. A sujeira estava perto demais. Então toma a decisão de colocar todos os aparelhos do Estado brasileiro para blindarem a si mesmo, seu cônjuge, seus filhos, amigos de outros que orbitam o núcleo familiar do clã Bolsonaro, como parece ser o caso de alguns personagens dos quartéis e delegacias no Rio de Janeiro, sua base política eleitoral. O aparelhamento das instituições foi colocado em prática. Todavia, para viabilizar tal intento, deveria ter apoio de uma base parlamentar grande e disposta assumir essa postura. Decorre dessa decisão a reaproximação do presidente com o “Centrão” seu ninho parlamentar por muito anos, cerca de 30 anos. No governo de Bolsonaro há uma sentença: ninguém pode receber mais luzes dos holofotes e brilhos das câmaras de fotografia que o presidente. O desavisado que cair em tentação será eliminado. O

grau de narcisismo é em nível Hard. O incauto será automaticamente “esvaziado”, e terá contra si o ódio. O pôster nº 3, a seguir, nos mostra os desvios de objetivos.

CONFUSÃO IDEOLÓGICA

O movimento que se autodenominou “bolsonarismo” é produto de uma confusão ideológica produzida por aloprados fanáticos nas redes sociais. Via de regra, baseada em distorções da realidade, releituras de fatos históricos, ressignificação de fatos, invencionices, teorias da conspiração[36], assassinato de reputações e Fake News[37]. Em nada guarda semelhança com “conservadorismo”, muito embora se coloquem como “conservadores”. A identidade social que os identificam trazem conceitos ligados à extrema-direita e ultradireita internacional. Portanto, não é um movimento iniciados pelos aloprados “bolsonarista”. O que existe é um crescimento da extrema-direita e ultradireita em todo o mundo. Governos de direita governam o Chile, a Argentina, a Colômbia, o Peru, o Paraguai, só para nos ficarmos entro da América do Sul. Em recentes eleições na província da Andaluzia, na Espanha o Vox, partido de extrema-direita, parte de sustentação da ditadura franquista[38], foi a quarta força mais votada, conquistando muitas cadeiras naquele parlamento. A extrema-direita governa países europeus como Hungria e Polônia e divide com a extremaesquerda, em uma associação estranha de antiglobalização e antieuropeísta[39]. O neonazismo ressurge com força na própria Alemanha onde conquistou diversas cadeiras importantes nas eleições locais e regionais. Na França, a candidata de extremadireita, Marine Le Pen, chegou ao segundo turno das últimas eleições, sendo derrotada por um candidato de centro-direita, Emmanuel Macron. Enganam-se todos aqueles que pensam ser essa crescente onda da extrema-direita um fato regional isolado, estão todos conectados e se apoiam. As pautas não apresentam absolutamente nada que os ligue ao conservadorismo. São radicais e pregam a desinformação, nacionalismo e o ódio.

A base do conservadorismo é a cultura. Dentro dessa visão está o respeito e preservação das instituições. Logo, se o movimento, qualquer que seja ele, prega a extinção das instituições foge completamente aos enunciados do conservadorismo. Por exemplo? Uma das maiores instituições de uma sociedade é a educação e as leis. Se alguém ou algo, as querem destruir não é propriamente algo ou alguém conservador. Advogar o fechamento do congresso, extinção da suprema corte e jogar o exército contra seu povo é, no mínimo, alguém que não sabe o que faz ou fala. É o povo quem inspira as leis e as instituições. Os bolsonarista não disfarçam nem um pouco seus extremismos. Inspirados por um louco, que vive longe do país, cultivam laços extremamente perigosos. É assim, por exemplo, com uso de símbolos ligados ao fascismo e o neonazismo, como, por exemplo: Dog Whistle (apito para cães): São símbolos da extrema direita que cultivam gestos utilizados como uma mensagem codificada para que seus membros possam se identificar. White Power (poder branco) : Os três dedos esticados simbolizam a letra "w", uma referência à palavra em inglês "white" (branco). Já o círculo formado representa a letra "p", para a palavra "power" (poder). Ou seja, o símbolo é apontado como simbolizando "poder branco", utilizado pelos supremacistas brancos americanos. Copo de Leite: Em 2017, de acordo com a Liga Americana Antidifamação - ADL, os membros dos grupos também disseminaram o conceito de que os defensores da supremacia branca deveriam bebiam leite para mostrar "a superioridade da raça branca". “Brasil acima de tudo”: Um bordão que guarda sintaxe com o hino da Alemanha nazista, “Alemanha acima de tudo”;

Bandido bom é bandido morto: Um discurso extremamente em conflito, pois, também, recoloca a narrativa já utilizada por José Guilherme Godinho Sivuca Ferreira, o “SIVUCA” (miliciano carioca ligado ao esquadrão da morte, nos anos 80). Há algo que precisa ser anunciado com caráter de urgência: Uma coisa é ser bolsonarista, outra coisa é ser conservador, mas as dá para ser as duas coisas, são incompatíveis. A base do conservadorismo é a cultura. Dentro dessa visão está o respeito e preservação das instituições. Conservadorismo é uma expressão derivada do verbo conservar, utilizando o sufixo ismo[40]. Já a palavra/verbo conservar traz o significado de manter algo, alguém ou alguma coisa em bom estado, ou no mesmo estado anterior. Apartado do conceito de cultura e, por forçação argumental ideológica extremista, tem seu significado ligado ao tradicionalismo perenialista[41]. Por cultura de uma sociedade deve-se entender que se trata do conjunto de suas realizações, como, por exemplo: Suas instituições; Suas Leis; Seu sistema de justiça; Suas religiões; Seu sistema de ensino e educação; A forma de organização do Estado; A estruturação de sua economia; A forma de estruturação da família; Entre outros. Um conjunto, portanto, que, vindo do passado, e que no presente, deve ser aperfeiçoado para que seja transmitido àqueles que nos sucederão. Um ciclo permanente de conservaçãoaperfeiçoamento-conservação, que caracteriza ser conservador.

Isso em nada tem a ver, por exemplo, em manter coisas realizadas no passado e que não deram certo. Uma dessas coisa é a cansada história do “eterno feminino” pregado por esses pensadores perenialista. O "Eterno Feminino" foi uma expressão criada por Johann Von Goethe, retirada em um de seus romances, e de sua obra em versos Fausto[42]. CÂNTICO FINAL DO CHORUS MYSTICUS ALEMÃO PORTUGUÊS CORO MÍSTICO CHORUS MYSTICUS (Livre Tradução) Tudo o que passa É mera aparência; O inalcançável Alles Vergängliche Aqui se alcança; Ist nur ein Gleichnis; O indescritível Das Unzulängliche, Aqui se completa; Hier wird's Ereignis; O eterno feminino Das Enfim nos enleva. Unbeschreibliche. Eterno! Eterno! Hier ist's getan; Tudo o que passa Das Ewig Weibliche É mera aparência; Zieht uns hinan. O eterno feminino Enfim nos enleva[43]! (Grifo Nosso) A mulher e o homem, dentro do conservadorismo, são atores sociais dotados de um mesmo poder e direito. Essa é a condição institucional vinda do passado e que, no presente deve ser preservado e, no que for possível, aperfeiçoado para aqueles que hão der vir. Assim também o é com toda a cultura já relacionada aqui. O Estado brasileiro se constituiu em uma república[44] em 1889, são, portanto, 132 anos vivendo nessa forma de governo, e dentro de um

regime democrático. Nossa monarquia é um período de apenas 67 anos de duração. Portanto, nossa “tradição” é majoritariamente republicana e democrática, essa foi a vontade do povo. O povo, a maior instituição de um Estado, escolheu se organizar como uma república, e o fez em mais de uma oportunidade. Toda nossa cultura política é republicana. Portanto, pode ser dito que, o que deve ser razão da luta conservadora é “Conservar o Estado brasileiro dentro de sua cultura de república democrática”. Essa luta se fundará na melhoria de todas as instituições que constituem o aparelho do Estado para que todos os brasileiros que hão de vir encontre um país muito melhor do que seus antepassados receberam. Alguns grupos no Brasil querem, por argumental ideológica extremista, grudar o destino da política nacional à Guerra Fria, período da história que se inicia com final da Segunda Guerra Mundial e a extinção da União Soviética. Esse período foi marcado por disputas ideológicas entre os EUA e a URSS, que polarizaram as relações internacionais entre o capitalismo e o comunismo. Esses grupos acusam a existência de uma entidade oculta que promove o domínio do mundo pelo comunismo internacional. Enxergam em todos os opositores de suas teses operadores dessa entidade inominada. Por traz dessa entidade estão grandes Financistas-Globalistas. Para então ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o "globalismo é a configuração atual do marxismo, da qual o Brasil e o mundo precisam se libertar. É a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural". Essa afirmação foi publicada em seu blog, Metapolítica 17[45]. A referência ao termo “globalismo” nada mais representa do que manipulação retórica de expressões sem definição, vazias, utilizados por nacionalistas-populistas para condenar, denegrir, e destruir histórias e biografias de personalidades e organizações, que atuam internacionalmente no comércio, indústria, pesquisas, e de serviços. Os membros desses grupos operam com sabotagem, são adeptos das teorias das conspirações, e fletam permanentemente com a

inverdade utilizando como instrumentos as fakes News. Sabem conspirações possuem forte apelo popular, razão pela qual muitas delas servem como tema massificação de notícias falsas, sobretudo, usando as redes socais onde os textos mais acessados são sempre muito curtos e com pouco conteúdo. Esse instrumento os ajuda a criarem um público quase cativo, posto que os alimentam continuamente com versões cada vez imaginativas e instigantes. Todavia, sem nenhum lastro em uma verdade. Algumas vezes, por obra da sorte, baseado em um fato ocorrido que distorcem para dar à narrativa alguma conotação de verdade. A ideia sustentada por traz de tudo isso é criar uma confusão ideológica, auto atribuindo ao bolsonarismo a denominação de movimento conservador, o que, obviamente, não é. É tipicamente, um movimento nacionalista de extrema e ultra direita.

A INTOLERÂNCIA COMO PRÁXIS

Disse Abraham Weintraub, um dos pupilos do ideólogo do bolsonarismo, em reunião do dia reunião ministerial de 22 de abril de 2020, sobre a expressão povos indígenas (sic): “(...) eu odeio o termo ‘povos indígenas’, odeio esse termo. (...) Só tem um povo nesse país. É povo brasileiro, só tem um povo. Pode ser preto, pode ser branco, pode ser japonês, pode ser descendente de índio, mas tem que ser brasileiro, pô! Acabar com esse negócio de povos e privilégios". E foi além, "Eu percebo que tem muita gente com agenda própria. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF". Qualquer leitura nos noticiários diários poder-se-á encontrar: Ataques intimidadores dos filhos do presidente ao STF e a seus ministros; Afirmações de que pobreza no Brasil eé uma “grande mentira”. Afirmações que vão de encontro com os dados do próprio governo, que indicam que 55 milhões de brasileiros (de uma população de 209 milhões) vivem na pobreza; Retirada o Brasil do Pacto Global para uma Migração Segura, Ordenada e Regular da Organização das Nações Unidas (ONU). Significa que o Brasil não tem mais a obrigação de tratar os migrantes de forma digna, mas, mais que qualquer outra coisa, ou não os aceitar. Uma tese aderente aos movimentos de extrema e direita europeus; Investigação da PF e PGR, foi estruturada uma rede antidemocrática para cometimento de crimes contra a constituição, proliferação de fake News, promoção e financiamento de atos igualmente ilegais. Uma rede subdividida em quatro núcleos: os organizadores e movimentos; os influenciadores digitais e hashtags; monetização e conexão com parlamentares:

Núcleo organizadores e movimentos: formado por militantes, por exemplo, Edson Salomão, assessor parlamentar do deputado estadual em São Paulo Douglas Garcia (PSL); Núcleo de influenciadores: formado por ativistas e jornalistas como Allan dos Santos (do site Terça Livre), Oswaldo Eustaquio Filho (do canal com o mesmo nome), e Sara Giromini (do canal Sara Winter), líder do movimento ‘300 pelo Brasil’; Núcleo da monetização: formado por empresários como Luís Felipe Belmonte dos Santos, vicepresidente do Aliança pelo Brasil, e Otávio Oscar Fakhoury; Núcleo político: formado por pelo menos 10 deputados federais — Bia Kicis (PSL-DF), General Girão (PSL-RN), Aline Sleutjes (PSL-PR), Guiga Peixoto (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ), Júnio Amaral (PSL-MG), Otoni de Paula (PSC-RJ), Caroline de Toni (PSL-SC), Carla Zambelli (PSL-SP), Alê Silva (PSL-MG) — e o senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ). O incentivo à surrar ministros do Supremo Tribunal Federal, agressões contra a saúde e vida de ministros do Supremo Tribunal Federal; o incentivo à ditadura e ao AI-5, fechamento do Supremo Tribunal Federal; Golpe militar com Bolsonaro no Poder; Manifestação determinando ao Ministério da Defesa que as "comemorações devidas" do golpe de 1964 fossem feitas; Manifestação à ONU afirmando que "não houve golpe de Estado" em 1964, justificando que houve a necessidade de "afastar a crescente ameaça de uma tomada comunista do Brasil e garantir a preservação das instituições nacionais, no contexto da Guerra Fria". Voltou a dar declaração exaltando o ato que instaurou uma ditadura no Brasil., dizendo: "Hoje é o grande dia da

liberdade". Em LIVE disse (sic): "Eu faço o que o povo quiser. Digo mais: eu sou o chefe supremo das Forças Armadas. As Forças Armadas acompanham o que está acontecendo. As críticas em cima de generais, não é o momento de fazer isso. Se um general errar, paciência. Vai pagar. Se errar, eu pago. Se alguém da Câmara dos Deputados errar, pague. Se alguém do Supremo errar, que pague. Agora, esta crítica de esculhambar todo mundo? Nós vivemos um momento de 1964 a 1985, você decida aí, pense, o que que tu achou daquele período. Não vou entrar em detalhe aqui". Negação da tortura (sic): "Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X". Novo AI-5 (sic): "Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada". Totalitarismo? (sic) “O pessoal geralmente conspira para chegar ao poder. Eu já estou no poder. Eu já sou o presidente da República” (...) “Eu sou, realmente, a Constituição”. Soma-se aos fatos acima todo um conjunto de ataques à imprensa livre, aos jornalistas e, também, inúmeros atos contra a educação e a pesquisa científica brasileira. Não há um plano para a nação, o que se vê é uma confusão ideológica. O plano que até o momento foi apresentado ao Brasil é:

A volta ao regime militar, o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, e da reedição do Ato Institucional nº 5. O presidente não perde nenhuma ocasião para ameaçar a nação com um golpe militar. Já disse: “como é fácil impor uma ditadura no Brasil. Vou repetir: como é fácil impor uma ditadura no Brasil.”; "Quanto mais atiram em mim, de forma covarde por parte da sociedade, mais estão enfraquecendo quem pode resolver a situação. Como é que posso resolver a situação? Eu tenho que ter apoio. Se eu levantar minha caneta Bic e falar 'Shazam', eu vou ser ditador. Vou ficar sozinho nessa briga? O meu exército que tenho falado o tempo todo é o povo. Sempre digo que eu devo lealdade absoluta ao povo brasileiro, e esse povo está em toda sociedade, inclusive o Exército fardado. A vocês eu devo lealdade, eu faço o que vocês quiserem, porque essa é minha missão como chefe de Estado”. "Repito, eu faço o que o povo quiser. E digo mais: sou o chefe supremo das Forças Armadas. As Forças Armadas acompanham o que está acontecendo. As críticas em cima de generais, não é o momento de fazer isso. Se um general errar, paciência, vai pagar. Se eu errar, eu pago; se alguém da Câmara dos Deputados errar, pague. Se alguém do Supremo errar, um ou dois, que paguem. Agora, essa crítica de esculhambar todo mundo... Nós vivemos um momento de 64 a 85. Você decida aí o que achou daquele período. Pense. Não vou entrar em detalhe aqui”. "A pessoa com fome perde a razão, topa tudo. Estamos segurando o Brasil. Estou antevendo um problema sério no Brasil, não quero falar que problemas são esses porque não quero que digam que estou estimulando a violência, mas teremos problemas sérios pela frente.”. "O Brasil está no limite. O pessoal fala que eu devo tomar providências. Eu estou aguardando o povo dar uma

sinalização. Porque a fome, a miséria e o desemprego estão aí. Não vê quem não quer". A verdade, depois de três anos, é que Bolsonaro, os bolsonaristas e o bolsonarismo cansam, são cansativos. Ninguém consegue ter um momento de paz. O Tempo todo são ameaças e fatos lúdicos que parecem terem saídos dos contos de aventuras de Júlio Verne ou de Miguel de Cervantes. Sempre uma trama maquiavelicamente elabora por inimigos ocultos que visam derrubar o presidente. Ele sim, o herói altruísta ungido que se sacrifica por seu povo. Tudo é como uma cortina de fumaça criada para esconder uma verdade cada dia mais cristalina: INAPTIDÃO para gerir a nação. Terceirizar a culpa é uma estratégia. O culpado não é o “chefe supremo”, são os inimigos que não deixam que ele governe. A sociedade brasileira foi jogada à missão de viver e desvendar um emaranho de linhas conspiratórias fatalistas. O presidente foge-se à realidade de ações resolutivas de enfretamentos às inúmeras crises provocadas pelas ausências de reformas estruturantes que, essas sim, poderiam colorar o país em um rumo muito melhor do que antes. Reformas que, aliás, faziam parte das promessas eleitorais em 2018. Reforma tributária; Reforma fiscal; Reforma trabalhista; Reforma do imposto de renda; Reforma do estado; Reforma administrativa; Privatizações e diminuição do tamanho de Estado; Etc. Personalidades anormais possuem características próprias: são carentes de compaixão, são toscos, frios, não desenvolvem o senso moral, não medem palavras. Frente ao sofrimento alheio, morte de

milhares de pessoas, soltam frases do tipo: “eu não tô nem aí!”, “chega de frescura, vai ficar chorando até quando?”. Essas personalidades reconhecem apenas uma única forma de relações com os outros, é a narcísica. Só existe a possibilidade do estabelecimento de alguma relação se o outro lhe servir para um propósito seu. São egoístas, rudes, impulsivos e incapazes de aprender com a experiência ou castigo, e não desenvolvem sentimento de culpa.

O CONFLITO COMO PRÁTICA POLÍTICA

O estabelecimento de conflito do político/governante com a imprensa e outros meios de comunicação dentro do campo político no Brasil não é exatamente uma novidade. Nesse sentido Bolsonaro não inova em nada. A história registra que Getúlio Vargas, segundo (ABREU, 2021), ao iniciar o movimento para sua volta ao poder, em 1951, não contou com o apoio da imprensa escrita e falada de maior circulação no país. Naquele ano a campanha fora feita com a utilização de caminhões equipados com alto-falantes e de volantes impressos que divulgavam seu programa de governo. Consta ainda que a imprensa, na verdade, atacou violentamente as propostas políticas, econômicas e sociais do candidato Vargas. Essa recusa em apoiar a volta de Vargas estava referenciada principalmente ao período do Estado Novo, quando se criou uma imagem negativa do ditador entre intelectuais e jornalistas. Estes últimos se lembravam de que a Constituição de 1937 abolira a liberdade de expressão do pensamento e de que todos os meios de comunicação foram então submetidos à censura. Bolsonaro, nesse sentindo, não inova, o que faz é introduzir no campo político, o conflito generalizado como prática de se fazer política. Essa prática não escolhe um alvo específico, uma ideologia específica, ou ainda, um adversário específico. É uma atuação política semelhante a uma metralhadora giratória que se move dependendo de quem se coloque a frente de seus objetivos pessoais. As motivações são prioritariamente em conformidade com que sua “voz da consciência”, conhecida no meio da política como “grilo falante”[46], vai estabelecendo. É algo muito louco, vejamos algumas delas: 1. ISRAEL: Bolsonaro foi à Israel, não visitou a Palestina, mas visitou o Muro das Lamentações, e também, abriu um

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escritório do Brasil em Jerusalém, sinalizando que reconhece a cidade como capital de Israel. O Hamas, organização islâmica que controla a Faixa de Gaza, não poupou críticas à situação. O filho do presidente Flávio Bolsonaro postou em seu Twitter uma notícia sobre o grupo acompanhada do texto “Quero que vocês se explodam”, e apagou em seguida. O Hamas respondeu, chamando Flávio de “o filho do extremista presidente brasileiro”. Livros escolares: O ex-ministro da Educação, Ricardo Vélez, disse que pretendia retirar o termo "golpe militar" dos livros escolares. Os próprios militares se irritaram e ele voltou atrás. Olavetes x militares: A disputa internas do governo entre as alas ligadas a Olavo de Carvalho e os militares, ganhou um novo campo: o Ministério da Educação. O Ministério foi o centro da disputa. IBGE: a. O IBGE foi alvo de Bolsonaro quando o instituto divulgou dados que mostravam aumento no desemprego, o presidente tentou desacreditar os dados e a metodologia utilizada pelo instituto. b. “Não nasci para ser presidente”: A frase, que causou insegurança nos próprios eleitores de Bolsonaro, é difícil de ser refutada. c. Depois voltou a atrás dizendo “Não posso me arrepender de ter feito xixi na cama”, disse Bolsonaro. A declaração foi encarada como uma espécie de reedição do “esqueçam o que eu escrevi”. Paraquedas: Em meio à crise entre o vice-presidente, a ala ligada a Olavo de Carvalho e os filhos de Bolsonaro, Mourão se atrapalhou e disse: “Sou que nem um paraquedas com Bolsonaro: estou com ele e não abro”. Demissão: Poucos dias depois de dizer que não desligaria o ministro da Educação, Ricardo Vélez, Bolsonaro anunciou sua demissão. A gestão era considerada caótica. Entrou no

lugar outro indicado por Olavo de Carvalho, o professor Abraham Weintraub. 7. TV pública: O anúncio da fusão da TV Brasil, emissora pública, com a NBR, canal do governo federal, pode significar o fim da TV pública no país. 8. Petrobras: a. Na dúvida entre intervir ou não no valor do combustível, o presidente disse: b. “Não sou economista, já falei que não entendia de economia”. c. disse ter "simpatia inicial" pela privatização da Petrobras. d. Disse também ser contra o patrocínio da Petrobras a eventos culturais. Para dizer isso, ele publicou em suas redes sociais um vídeo de um debate na GloboNews. Só não disse que o vídeo tinha sido editado, incluindo imagens de eventos que não foram patrocinados pela estatal, como a exposição Queermuseum[47], em Porto Alegre. 9. EXECUÇÃO E MORTE PELO EXÉRCITO: Após o Exército assassinar um trabalhador que ia com a família a um chá de bebê, atirando 80 vezes em seu carro, o presidente Jair Bolsonaro declarou: “O Exército não matou ninguém, não. O Exército é do povo”. 10. HOLOCAUSTO: Sobre o Holocausto, que “podemos perdoar, mas não esquecer”. O museu Yad Vashem, que Bolsonaro visitara dias antes, reagiu e repudiou a declaração. Até o presidente de Israel reagiu afirmando que não se pode perdoar nem esquecer. Bolsonaro teve que rever a declaração para contornar a crise. 11. PAULO GUEDES: Depois de Bolsonaro intervir na Petrobras em uma tentativa de controlar o preço do diesel, o ministro da Economia, Paulo Guedes, desautorizou o presidente de sua decisão. 12. PREFEITO DE NOVA YORK:

a. O assessor de Bolsonaro para assuntos internacionais, Filipe Martins, chamou o prefeito de Nova York de “toupeira” depois que o americano disse que o presidente brasileiro é um “ser humano perigoso”. b. O Museu Americano de História Natural, em Nova York, decidiu não receber um evento de homenagem a Bolsonaro, que estava marcado para acontecer no local em maio. O prefeito de Nova York agradeceu ao museu pela decisão. 13. SALÁRIO MÍNIMO: O governo Bolsonaro mudou a regra de cálculo do salário mínimo, que significava um aumento na renda da população brasileira desde que foi implementada, em 2005. Se a regra de Bolsonaro já estivesse valendo desde 2005, o salário mínimo seria hoje de R$ 573. 14. PUBLICIDADE: O governo Bolsonaro aumentou em 63% os gastos com publicidade no primeiro trimestre de 2019, em relação ao mesmo período de 2018. Em três meses, foram gastos R$ 75,5 milhões com propaganda. A Record e o SBT lideram o ranking dos veículos que mais receberam recurso do governo. Só na Rede Record, do bispo Edir Macedo, os investimentos em publicidade governamental subiram 659% no primeiro trimestre de 2019. Como se não bastasse, o governo Bolsonaro renovou o passaporte diplomático do bispo e de sua esposa. 15. VICE-PRESIDENTE: As brigas e intrigas estão dentro do governo. O aliado Marco Feliciano pediu o impeachment do vice-presidente, Hamilton Mourão, por "deslealdade" a Bolsonaro. 16. OLAVO DE CARVALHO: Publica um vídeo com ataques de Olavo de Carvalho a militares foi postado no canal do Youtube de Bolsonaro e depois deletado. Por meio do portavoz da Presidência, disse que as declarações do “filósofo” “não contribuem” para o governo. Olavo tinha dito que no governo só há "intriga, sacanagem, egoísmo e vaidade".

17. PREVIDÊNCIA: governo tenta aprovar a reforma da Previdência, que vai gerar efeitos na vida de todos os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros. Mas os cidadãos não podem saber como nem por quê. O presidente decretou sigilo sobre os estudos que embasam a reforma da Previdência, e até o fim do mês ainda não tinha liberado os dados. 18. CARLOS BOLSONARO, O FILHO 02: a. Carlos, já tinha criticado o vice-presidente, aí seu pai, Jair Bolsonaro falou que colocaria um “ponto final” na disputa, mas o filho voltou a postar críticas a Mourão, referindo-se a ele como "tal de Mourão" e "queridinho da imprensa". b. Carlos Bolsonaro vetou o acesso do pai ao Twitter. O presidente ficou três dias sem publicar nada porque o filho se refugiou em um clube de tiros em Santa Catarina depois de um desentendimento com Jair. O motivo da briga foi o vídeo de Olavo de Carvalho atacando o vice-presidente postado por Carlos no YouTube do pai e que depois foi apagado. c. Os filhos de Bolsonaro mostraram que sabem fazer nesses primeiros quatro meses de governo foi arranjar confusão com aliados. Um dos alvos de Carlos foi o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, por divergências em relação à propaganda da reforma da Previdência. Carlos reclamou no Twitter da demora na aprovação da proposta, que custou R$ 40 milhões e deve ir ao ar em maio. 19. LÉO ÍNDIO: Sobrinho de Bolsonaro, Léo Índio já tinha virado notícia porque, mesmo sem cargo, circulava pelo Palácio do Planalto e participava de reuniões. Agora, ganhou um cargo no Senado, no gabinete do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), com um salário de R$ 14.802,41. 20. HORÁRIO DE VERÃO: Mesmo em meio a polêmicas, Bolsonaro assinou o decreto que acaba com o horário de

verão. 21. BANCO DO BRASIL: Bolsonaro proibiu a divulgação de uma propaganda do Banco do Brasil que retratava a diversidade brasileira. O episódio também envolveu a saída do diretor de Comunicação e Marketing do banco, Delano Valentim. Dias depois, o presidente do banco, Rubem Novaes, disse que a esquerda tentou empoderar minorias e caracterizar cidadão “normal” como exceção. 22. LGBT: Depois de cancelar o vídeo do Banco do Brasil, Bolsonaro decidiu proibir palavras do universo LGBT em qualquer propaganda de empresas estatais, como “lacrou” e “morri”. 23. PROPAGANDAS: a. Recua e decide liberar propagandas de estatais de análise prévia. b. recua de novo e diz que não permitirá propaganda de estatal que não siga sua ideologia. 24. TURISMO SEXUAL: Ao falar sobre o cancelamento de evento nos Estados Unidos por ser visto como homofóbico, Bolsonaro foi… homofóbico. Disse que o “Brasil não pode ser o país do mundo gay, de turismo gay”. Para completar, ainda fez apologia do turismo sexual: “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”. 25. MEIO AMBIENTE: a. O Ministério do Meio Ambiente atacou o meio ambiente e tirou do ar uma sessão especial no site que tinha mapas de áreas prioritárias para conservação. b. Bolsonaro diz que quer isentar de punição fazendeiros que atirarem em quem entrar em suas terras. Com isso, pode acabar liberando o assassinato de militantes da luta pela terra e aumentando a violência no campo. 26. PERSEGUIÇÃO A PROFESSORES: Bolsonaro publicou em seu Twitter o vídeo de uma aluna expondo uma professora por criticar Olavo de Carvalho. Em seguida, o ministro da

Educação disse que alunos têm o direito de filmar professores. 27. WEINTRAUB: no mesmo dia em que disse que os alunos têm o direito de filmar professores, o ministro da Educação, Abraham Weintraub proibiu o uso de celular em reuniões no seu gabinete. 28. IMPOSTO DE RENDA: O secretário da Fazenda, Marcos Cintra, disse que criaria um novo tributo, que recairia inclusive sobre igrejas. No mesmo dia, Bolsonaro gravou um vídeo desmentindo o secretário para não desagradar os evangélicos. 29. UNIVERSIDADES FEDERAI: O Ministério da Educação cortou 30% das verbas de três importantes universidades federais, a Fluminense (UFF), a da Bahia (UFBA) e a Universidade de Brasília (UnB). Outras instituições podem vir a ter recursos cortados, se não apresentarem desempenho acadêmico esperado ou se estiverem promovendo “balbúrdia” em seus câmpus, segundo o ministro Abraham Weintraub. Ele reclamou da realização de eventos políticos, manifestações partidárias ou festas inadequadas nos campi. A próxima na mira é a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais. E o que dizer da coleção de algumas de suas falas durante sua longa vida como Deputado Federal pelo Estado do Rio de Janeiro: 1. ''Eu defendo a tortura. Um traficante que age nas ruas contra nossos filhos tem que ser colocado no pau-de-arara imediatamente. Não tem direitos humanos nesse caso. É pau-de-arara, porrada. Para sequestrador, a mesma coisa. O cara tem que ser arrebentado para abrir o bico''; 2. "Você me chamou de estuprador, você me chamou de estuprador! Vagabunda! Vai dizer que você é uma coitada agora? Chora agora. Eu não tenho medo de perder meu mandato por quebra de decoro";

3. "Essa é uma farsa, uma mentira. É um projeto que caminha apenas para apurar o justiçamento no Araguaia, roubos, sequestros, execuções e justiçamentos. Isso é uma mentira"; 4. "O kit gay não foi sepultado ainda. Dilma Rousseff, pare de mentir. Se gosta de homossexual, assume. Se o teu negócio é amor com homossexual, assuma. Mas não deixe que essa covardia entre nas escolas de primeiro grau"; 5. ''Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente promíscuo como lamentavelmente é o teu'; 6. ''Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui: prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí. Para mim ele vai ter morrido mesmo. Se um casal homossexual vier morar do meu lado, isso vai desvalorizar a minha casa! Se eles andarem de mão dada e derem beijinho, desvaloriza''; 7. ''Não posso ter medo dos senhores, até porque a maioria aqui são heterossexuais preocupados com a família. Se fosse LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais), eu seria condenado não vou me calar com essa representação sem vergonha, com esse lixo. Sou parlamentar com P maiúsculo, não com H minúsculo de homossexual''; 8. "O PSol é um partido de pirocas e de veados. Eu estou me lixando para a senadora. Eu vou responder à senadora [Marinor Brito] num papel higiênico. A imagem está lá, ela me deu uma porrada, me xingou de homofóbico, de corrupto e de assassino, daí eu estou errado, feri a feminilidade dela? As mulheres do Brasil que me desculpem, mas não são iguais a ela não"; 9. ''Essa mulher (Eleonora) representa a sua mãe, Dilma Rousseff, a minha não. E nem as mulheres brasileiras''; 10. "O senador Randolfe me chamou de vagabundo e só ficou no empurra-empurra. Talvez tenha dado um empurrão nele, mas não foi nada premeditado.

Atuação parlamentar à margem do processo histórico nacional polemizando ou propondo releituras. 1. Bolsonaro sempre foi crítico das políticas de memória defendidas e implantadas pelos governos civis, defendendo sistematicamente a atuação do regime militar. 2. Dedicou-se a defender em especial a repressão à Guerrilha do Araguaia. Disse "Araguaia: quem procura osso é cachorro", referência às buscas dos corpos dos desaparecidos. Os indivíduos condutopatas são basicamente não socializáveis, cujo padrão de comportamento coloca-os, corriqueiramente, em conflito com a sociedade. São incapazes de lealdade significativa para com outros indivíduos, grupos ou valores sociais. Manifestamente egoístas, rudes, irresponsáveis, impulsivos e incapazes de sentir culpa ou aprender com a experiência ou castigo. Defende-se onipotentemente, via de regra, usando algum tipo de ameaça. Não desenvolvem o sentimento de culpa. Seu Sistema de valores e seus julgamentos são essencialmente diferentes do homem comum e isso os leva a uma atuação agressiva à sociedade geral. São indivíduos.

SOFREM OU FAZEM SOFRER

"Personalidades Psicopáticas são aquelas personalidades que sofrem por sua personalidade ou fazem sofrer, sob influência desta, a sociedade" (SÁ Apud Schneider, 1974, p. 31).

O texto nos oferecido por SÁ Apud SCHNEIDER (1974, p. 31), esse aspecto é polêmico pois indica o reconhecimento de um determinado grupo de psicopatas que sofrem, que se chocar com outras formas de se conceituar personalidade psicopática, onde se acentua o caráter antissocial de sua conduta. Segundo SÁ (1974, p.31), Schneider, reconhece ser possível identificar e distinguir duas grandes formas de personalidades psicopáticas: 1. aquelas que sofrem; e, 2. aquelas que fazem sofrer os outros (os perturbadores sociais). São dois grupos que, embora distintos, não são muito precisos, muitas vezes, os limites que os separam, pois há “sofredores” que acabam por ser os perturbadores e há perturbadores que acabam por sofrer, eles próprios. Indispensável é salientar que o “sofrer" ou “fazer sofrer” são condições que, por si mesmas, não definem as personalidades psicopáticas. O conceito de personalidades psicopáticas subordina-se ao conceito superior de personalidade anormal, este isento de conotações valorativas ou sociológicas. O perturbador social só será um psicopata se for uma “personalidade anormal”. A condição de perturbador social, em si, é aspecto secundário, estando sujeito a conotações valorativas e sociológicas. “Os psicopatas são personalidades anormais que, em consequência da anormalidade de sua

personalidade, têm que chegar mais ou menos, em toda situação vital, sob a influência dos mais diversos tipos de circunstâncias, a conflitos internos e externos” SÁ Apud SCHNEIDER (1974, p. 33).

Como este texto não pretende, não quer e nem pode elaborar um diagnóstico sobre quem quer que seja, e embora se limite a correlacionar fatos da vida política nacional com algumas características dos condutopatas e, para usar a expressão Schneider, personalidades psicopáticas, nos interessa, não pode fugir a obrigação de alertar aos participantes deste evento, e aos eventuais leitores dos anais do 23º Encontro Anual de Psicanálise da Sociedade de Psicanálise De São Paulo, sobre essas criaturas que habitam o meio político: o problema reside no alcance dos atos psicopatas. Em qualquer outra área de atuação o sofrer provocado é grande e muito ruim para quem é atingido, mas sua circunscrição estará limitada aos ambientes e às pessoas envolvidas. Todavia, se em um meio social como o Estado, o problema tem proporções gigantescas, profundas e insanáveis. Vejamos, por exemplo, essa questão do mal que nos atingiu, a pandemia do covid-19. Qual é a forma escolhida por Bolsonaro para tratar do assunto? Até aqui tem agido de acordo com os conselhos de seu grilo falante e, como é práxis dos grupos de extrema e ultra direita mundo à fora: negando o problema. Um negacionismo tão obtuso que, por si só, já um dos grandes males. O negacionismo é uma escolha pessoal ou de grupos, que objetiva negar a realidade como forma de escapar à uma verdade que lhes incomoda. É também a rejeição dos conceitos básicos, incontestáveis e apoiados pela ciência. No lugar dos conhecimentos científicos produzem ideias radicais e controversas com objetivo de borrar a verdade. As ações, de tão claras, não deixam dúvidas: 1. 26/02/2020 - Primeiro caso de corona vírus no Brasil 2. Sobre o vírus “...Está super dimensionado.”. 3. “...Outras gripes matavam mais...”.

4. “...Esse vírus trouxe certa histeria...”. 5. “...meu histórico de atleta...”. 6. “...Nada sentirá, ou sentirão quando muito uma gripezinha ou resfriadinho...”. 7. “...Vai morrer gente? Vai!...”. 8. “...Tá com medinho de pegar vírus? Tá de brincadeira...". 9. “...O vírus tá indo embora...”. 10. “...Eu não sou coveiro!...”. 11. “...E daí lamento. Quer que eu faça o que? Eu sou Messias, mas não faço milagres!...”. 12. “... Não vão botar no meu colo essa conta...”. 13. 03/01/2021 - Variante do coronavírus em SP. Vacinação no Rio em janeiro e proibição de exportação de agulhas e seringas. 14. 14/02/2021 - Manaus tem seu sistema de saúde em colapso provocado pela falta de oxigênio para pacientes internados com Covid-19. Com a situação alarmante, o Amazonas passou a enviar pacientes para receber atendimento em outros estados. A estimativa inicial era transportar 235 pacientes, mas o próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a expectativa do governo era mandar 1,5 mil pacientes para tratamento em outros estados em função da falta de condições de atendimento no Amazonas. Ao todo, mais de 500 pacientes foram transferidos. O transporte dos passageiros feito realizado pelas aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), que foram adaptadas para essa finalidade. 15. 09/03/2021- Sanção de lei das vacinas e recorde de mortes por covid. 16. 14/04/2021 - Falta de kit intubação em todo país. A tabela abaixo detalha com maior riqueza a postura negacionista do presidente: DATA 31/12/2019

FATOS A China reporta a descoberta do coronavírus à OMS. Primeiro caso

BOLSONARO

reportado na província de Hubei ocorreu em 17 de novembro. O Pentágono divulga, ainda em novembro, relatório falando em doença cataclísmica e fora de controle em Wuhan, na China. 34 brasileiros de Wuhan, 9/fev/2020 são repatriadospara uma quarentena. Governomonitora um caso suspeito no RS, que foi 20/fev/2020 descartado; apenas um de SP é investigado “É mais uma gripe Confirmado primeiro caso que vamos 26/fev/2020 em São Paulo. atravessar”, disse o ministro Mandetta. Dólar bate recorde nominal de R$ 4,477. “Estamos tendo problemas 27/fev/2020 nesse vírus, o coronavírus. O mundo todo está sofrendo”. Ministério da Saúde lança campanha publicitária orientando hábitos como lavar as mãos, usar álcool 28/fev/2020 em gel e não compartilhar objetos pessoais. São 182 casos suspeitos em monitoramento em 16 estados. Brasil 29/fev/2020 confirma segundo caso importado da Itália. Dados indicam a confirmação de 2 casos e monitoramento de 433 2/03/2020 suspeitos. Não há evidências de circulação sustentada do vírus no Brasil Mais um caso importado 4/03/2020 da Itália, confirmado em São Paulo.

5/03/2020

Sobe para 8 o número de casos confirmados no Brasil. Foram adquiridas 500 mil máscaras do modelo N95 e quase 19 milhões de máscaras cirúrgicas, além de óculos, álcool em gel e luvas. 6/03/2020 13 casos confirmados Nos Estados São 25 casos no Brasil. Unidos, diz que a Médicos começam a testar epidemia está 9/03/2020 hospitalizados com superdimensionada, problemas respiratórios, talvez por motivos mesmo não tendo viajado. econômicos. Obviamente, temos, no momento, uma crise, uma pequena Bolsonaro ainda nos crise. No meu Estados Unidos, minimiza entender, muito de novo a epidemia, após mais fantasia, a 10/03/2020 queda mundial das bolsas questão do de valores. De lá, volta coronavírus, que com casos de coronavírus não é isso tudo que no avião. a grande mídia propala ou propaga pelo mundo todo. O que eu ouvi até o 52 casos. OMS declara momento é que que é uma pandemia. 11/03/2020 outras gripes Mandetta critica demora da mataram mais do declaração. que esta. Bolsonaro se irrita com encontros de Primeiro paciente 13/03/2020 Mandetta com diagnosticado é curado. governadores de SP e RJ. Classificou de “extremismo” e Bolsonaro incentiva e “histeria” medidas participa de manifestações para controlar a públicas contra o pandemia e sugeriu 15/03/2020 Legislativo e o Judiciário. que existem Mandetta criticou quando “interesses Bolsonaro esperava que econômicos”. “Em ele o defendesse. 2009, 2010, teve crise semelhante”. 16/03/2020 Se justificou pelas críticas Não é tudo isso que a participação em dizem.

manifestações, dizendo que precisa dar o exemplo. Esse vírus trouxe Primeira morte notificada uma certa histeria. nem fazia parte dos A vida continua, não números oficiais, assim tem que ter histeria. como outras cinco do Não é porque tem mesmo hospital. São 291 uma aglomeração 17/03/2020 casos oficiais. Começa de pessoas aqui e quarentena no RJ. acolá Bolsonaro diz que vai fazer esporadicamente festinha de aniversário com que tem que ser convidados. atacado exatamente isso. Já tivemos problemas mais Entrevista coletiva com graves no passado máscaras é criticada pelo que não tiveram 18/03/2020 uso errada dos essa comoção toda, equipamentos. repercussão toda, por parte da mídia brasileira. Depois da facada, não vai ser uma 20/03/2020 11 mortes gripezinha que vai me derrubar! Eu estava achando que ele [Mandetta] estava exagerando. 18 mortes. Bolsonaro Tanto é que ele foi acusa governadores de bastante 21/03/2020 causarem desemprego questionado ontem com medidas de quando falou uma isolamento social. palavra que não era adequada para aquele momento, foi o colapso. O povo saberá que foi enganado por 25 mortes. esses governadores Bolsonaro revoga trecho e por grande parte de MP que autorizava da mídia nessa a suspensão de salários questão do 22/03/2020 por 4 meses. À noite, emite coronavírus. Espero MP que suspende pedidos que não venham me via Lei de Acesso à culpar lá na frente Informação (LAI) enquanto pela quantidade de durar a pandemia. milhões e milhões de desempregados 23/03/2020 34 mortes Não dá para fazer

24/03/2020

25/03/2020

26/03/2020

27/03/2020

mais do que estamos fazendo. À noite, Bolsonaro faz pronunciamento criticando o pedido 47 mortes. Mandetta diz para que as que o “o travamento do pessoas fiquem em país é péssimo para a área casa e culpa a da saúde”. Seguindo mídia por espalhar discurso de Bolsonaro, “sensação de também afirmou que pavor”. Se fosse alguns governadores contaminado, eu “passaram do ponto” nas nada sentiria, ou iniciativas de isolamento e sentiria, quando fechamento de atividades. muito, uma gripezinha ou resfriadinho. Outros vírus mataram muito mais. Bolsonaro anuncia que pedirá ao Ministério da Saúde que oriente apenas o isolamento de 57 mortes. Começa novo pessoas dos grupos protocolo de enterros. Sob de risco — doentes boataria de demissão, crônicos e idosos — Mandetta critica e de contaminados, quarentena dos estados. o chamado isolamento vertical. “Brasileiro pula em esgoto e não acontece nada”. O brasileiro precisa ser estudado, porque não pega nada. O cara pulando no esgoto, 77 mortes. sai, mergulha, e não Bolsonaro decreta que acontece nada com atividades religiosas são ele. O povo foi essenciais à rotina enganado este tempo todo sobre o vírus. Eu acho que não vai chegar a esse ponto. 92 mortes. Governadores Não estou reclamam do confisco pelo acreditando nesses Governo Federal de números de SP. A

respiradores comprados para atender suas demandas locais. 114 mortes. Estudo britânico estima que Brasil poderia ter mais 28/03/2020 de 1.150.000 mortes, sem nenhuma estratégia de isolamento adotada, com 187.700.000 infectados.

29/03/2020

139 mortes.

30/03/2020

159 mortes. Chegam primeiros 500 mil testes rápidos doados ao governo. Mandetta é excluído de coletiva, conduzida por militar.

maioria das mortes não tem nada a ver com o coronavírus. Mandetta pede a Bolsonaro que não diminua a gravidade da pandemia e reafirmar que não apoia a tese de isolamento vertical. Também criticou carreatas pedindo a retomada de atividades. Bolsonaro vai às ruas conversar com pessoas em cidades da região de Brasília. Disse que estudava um decreto para determinar a retomada das atividades no país. “O vírus precisa ser enfrentado como homem, não como moleque. É a vida! Todos nós vamos morrer um dia.” Vai morrer gente? Vai!

Vírus é igual uma chuva. Você vai se 1/04/2020 241 mortes. molhar, mas não vai morrer afogado. 2/04/2020 327 mortes. Brasil Bolsonaro admite recomenda uso de crise com Mandetta máscaras para todos. e seu protagonismo. Mandetta janta com “Alguns presidentes do Congresso, profissionais” do que recusam jantar com Ministério ajudaram Bolsonaro na mesma noite. com o clima de histeria e pânico. Voltou a defender o isolamento de

3/04/2020

365 mortes.

4/04/2020

445 mortes.

5/04/2020

487 mortes.

6/04/2020

566 mortes. Militares evitam demissão de Mandetta.

688 mortes. Governo contabiliza 53 milhões de EPIs distribuídos no SUS. Testes são 137,4 mil. 100 7/04/2020 centros pesquisam tratamentos com cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina. 800 mortes. Em pronunciamento, Bolsonaro anuncia importação de insumos para produção de 8/04/2020 hidroxicloroquina, mesmo sem comprovação de eficácia e riscos. Ele voltou a atacar governadores e prefeitos.

grupos de risco. “Tá com medinho de pegar vírus? Tá de brincadeira! O vírus é uma coisa que 60% vai pegar”, disse ridicularizando quem se protege. Pesquisas revelam aprovação de Mandetta e desaprovação de Bolsonaro. “A hora dele não chegou ainda, mas vai chegar. A minha caneta funciona”. Mandetta reitera necessidade do isolamento social e mostra incômodo com as críticas que “trazem dificuldade” ao ambiente. Saiu em defesa da ciência e menciona o Mito da Caverna, uma alegoria entre o conhecimento e o obscurantismo.

09/04/2020

941 mortes.

Bolsonaro vai a uma padaria, onde abraça apoiadores e causa aglomeração. Foi flagrado limpando o nariz e, em seguida, cumprimentando apoiadores, como uma idosa com máscara, em passeio no dia seguinte. “Cada vez mais, o uso da cloroquina se mostra como algo eficaz”.

Ultrapassados os mil mortos. Manaus colapsa diante da falta de 10/04/2020 profissionais de saúde. Morre primeiro indígena em RR. 1.223. Mandetta é entrevistado no Fantástico, Quarenta dias da Globo, e critica depois, parece que 12/04/2020 flexibilização da está começando a ir quarentena. “O brasileiro embora a questão não sabe se escuta o do vírus. ministro ou o presidente”. 13/04/2020 1.328 mortes. Mandetta percebe 1.552 mortes. Com erro da entrevista primeira morte no TO, 14/04/2020 no Fantástico e todos os estados registram perde apoio de óbitos. militares. 15/04/2020 1.760 mortes. Bolsonaro Mandetta diz a Veja: procura por substituto de “Isso cansa! Mandetta, enquanto o Sessenta dias tendo ministro discursa em clima de medir palavras. de despedida. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o

camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante” 1.952 mortes. Um mês depois do primeiro óbito, país chega a 2 mil casos. Bolsonaro exonera o ministro Mandetta e apresenta o oncologista 16/04/2020 Nelson Teich. Folha divulga operação de guerra do governador do Maranhão, para driblar governo federal e trazer respiradores da China. 18/04/2020

2.347 mortes.

20/04/2020

2.588 mortes.

2.924 mortes. Mais de mil novos óbitos em apenas sete dias. Taxa de 22/04/2020 ocupação de UTIs é quase total nas capitais mais atingidas. 3.331 mortes. Recorde registra 407 mortes em 24 horas. Ministro da Saúde, Nelson Teich, diz não ser possível interpretar os dados e 23/04/2020 concluir se há indicativo de avanço da doença ou de diagnósticos médicos. Para ele, o foco é “ter ações”, mas não detalha o que pensa. 4.603 mortes. Mesmo sem indícios de arrefecimento da epidemia, Teich, 27/04/2020 começa a explicar como será a saída gradual do isolamento social. 28/04/2020 5.083 mortes.

Ninguém disse que seria diferente, mas o pavor foi demais. “Eu não sou coveiro”, sobre o número de mortes.

E daí? Lamento. Quer que eu faça o que? Eu sou

Messias, mas não faço milagre. 29/04/2020

5.466

Tabela 5: Fatos negocionistas do presidente do Brasil

Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, dados coletados em 25/04/2021, os óbitos até 25/04/2021, são: O presidente não demonstra pesares, não esboça sentimento de consternação ou solidariedade com os mortos ou seus familiares.

Não demonstra humanismo em nenhuma situação, em relação à as vítimas da Covid-19. Seu sentimento cristão lhe serve para pose em fotografias de cenários produzidos para selfs apropriadas às redes sociais. É cruel, frio e distante dos sofreres dos entes que choram as perdas e, por tabela, ao conjunto da sociedade que tudo assiste estarrecida. Ao invés da demonstração de empatias aproveita as ocasiões para defender teses desfocadas do momento de sofreguidão do povo como: o armamento da população, voto impresso e ataques aos governadores e prefeitos, que tentam soluções para o problema. Os condutopatas não desenvolvem ressonância afetiva com a dor alheia, simplesmente não se importam. Essas personalidades anormais possuem características próprias: são carentes de compaixão, são toscos, frios, não desenvolvem o senso moral, não medem palavras. Frente ao sofrimento alheio, como a morte de milhares de pessoas, soltam frases do tipo “eu não tô nem aí!”, “chega de frescura, vai ficar chorando até quando?”.

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MANIPULAÇÃO COMO PRÁTICA POLÍTICOSOCIAL

O presidente do Brasil tomou a decisão de apostar tudo em uma ideia que julga, até hoje, acertada para o enfrentamento da pandemia da Covid-19: p tratamento precoce à base de uma cesta de medicamentos aa que denominou de KIT COVID, composta pelos medicamentos: cloroquina, hidroxicloroquina e o vermífugo ivermectina. Fundado nesse convencimento passou a manipular tudo que estivesse ao seu alcance para viabilizar a sua solução. Todos os medicamentos parte do kit covid não têm eficácia comprovada por nenhum órgão de pesquisa farmacêutica, médica ou dos órgãos de vigilância, controle e fiscalização em saúde no Brasil e no exterior. Um dos diretores da ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, dos críticos dos negacionistas, disse “No nosso vocabulário, não há espaço para negação da ciência, tampouco para politização. A tragédia de Manaus é a expressão mais triste e revoltante da falha objetiva do Estado, em todos os níveis. A tragédia da morte por falta da terapia mais simples, o oxigênio, é um atestado ainda da nossa ineficiência, infelizmente. As imagens nos últimos dias nos fazem prestar homenagem sincera a esses brasileiros do Amazonas, mas a todos os brasileiros que foram vítimas da Covid e da incúria do Estado”. Esses mesmos remédios do kit Covid-Bolsonaro são rejeitados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), precisamente por não terem eficácia contra a Covid-19 e ainda poderem trazer complicações.

Não obstante aos avisos expedidos por uma gama enorme de instituições o presidente fez produzir, pelo laboratório do exército brasileiro uma quantidade imensa da droga. O Ministério da Defesa informou que há 1,8 milhão de comprimidos de cloroquina em estoque no Laboratório do Exército. O valor representa cerca de 18 vezes a produção anual do medicamento nos anos anteriores. Normalmente, a cloroquina é usada para combater a malária. Além dessa quantidade há ainda mais um milhão de comprimidos que já foram direcionados ao Ministério da Saúde. O Ministério da Saúde pressionou a Secretaria de Saúde de Manaus a utilizar precocemente medicações antivirais orientadas pela pasta para o tratamento da Covid-19. Em um ofício, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde, afirma que é "inadmissível" a não adoção da orientação da pasta e pede para fazer visitas às unidades básicas de saúde do município de Manaus para difundir o tratamento precoce: "Solicita autorização da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus para que possa realizar no dia 11 de janeiro de 2021 — segunda-feira, a partir das 14h às 22h — visita às Unidades Básicas de Saúde destinadas ao atendimento preventivo à Covid-19, para que seja difundido e adotado o tratamento precoce como forma de diminuir o número de internamentos e óbitos decorrentes da doença".

Os condutopatas são incapazes de desenvolverem sentimentos pelo outro, portanto sentir empatia por outras pessoas só se for para alguma forma de manipulação que sirva aos seus próprios interesses. Daí são capazes de eleger indivíduos e momentos para demonstrar algum tipo de afeto. Essa escolha seletiva não é real, é ausente de sentimento, afeto ou empatia. Os indivíduos condutopatas são basicamente não socializáveis, cujo padrão de comportamento coloca-os, corriqueiramente, em conflito com a sociedade. São incapazes de lealdade significativa para com outros indivíduos, grupos ou valores sociais.

São manifestamente egoístas, rudes, irresponsáveis, impulsivos e incapazes de sentir culpa ou aprender com a experiência ou castigo; Defende-se onipotentemente, via de regra, usando algum tipo de ameaça; Não desenvolvem o sentimento de culpa; Seu Sistema de valores e seus julgamentos são essencialmente diferentes do homem comum e isso os leva a uma atuação agressiva à sociedade geral. A manipulação do aparelho Estatal é uma espécie de corrupção, a pior entre todas. Ele atinge a moral que deveria sustentar o próprio Estado. É, portanto, a mãe de todas as corrupções que possa atingir a nação. Ela não envolve o patrimônio público. Corrompe o homem, corrompe a ideia de Estado. A partir dela os comportamentos deixam de ser pudicos. Acaba qualquer noção de valor moral: mentir, fraudar, roubar viram hábitos banais. Desaparecem os parâmetros, regras, e limites balizadores da ética pública. O presidente Jair Bolsonaro afirmou em 07/10/2020, durante pronunciamento no Palácio do Planalto, que "acabou" com a operação Lava Jato porque, no governo dele, não há corrupção a ser investigada, segundo ele, as pessoas são confiáveis: "Eu desconheço um lobby para criar dificuldade para vender facilidade. Não existe. É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação”.

FALSIFICAR A HISTÓRIA

Falsificar a história é a maneira que despostas, ditadores e autocratas encontram para dominarem uma sociedade e tentar produzir uma nova identidade social. Buscam criar um sentimento para que os indivíduos tenham a sensação de se enquadrarem, de que pertençam a um determinado grupo social. A ideia é que esses indivíduos acreditem possuírem características e desejos semelhantes a outros indivíduos. Não são raras as oportunidades que o presidente do Brasil tentar fazer releituras ou falsificar a história recente do Brasil. Sua obstinação é centrada no estabelecimento da glorificação do regime militar (1964-1985), e da negação de alguns atos praticados por alguns militares da época, notadamente, atos de torturas, censuras e perseguições à presos políticos. Por exemplo, no programa do apresentador Datena, da TV bandeirante, em 25 de março de 2019, declarou que não houve uma ditadura militar no Brasil. Ilustrou afirmando que (sic): “assim como em casamento, todo regime tem alguns "probleminhas"; “Temos de conhecer a verdade. Não quer dizer que foi uma maravilha, não foi uma maravilha regime nenhum. Qual casamento é uma maravilha? De vez enquando tem os probleminha, é coisa rara um casal não ter um problema, tá certo?"; "Agora, entre os probleminhas que nós tivemos, e que outros países tiveram, olha aí a Venezuela a que ponto chegou? Se esse pessoal que no passado tentou chegar ao poder usando as armas e que hoje em dia grande parte tá preso ou sendo processado por corrupção, as mais variadas possíveis, como estaria o Brasil?".

Bolsonaro na ocasião justificou dizendo não ter havido uma ditadura no Brasil devido ao caráter pacifico do processo de redemocratização " onde você viu uma ditadura entregar pra oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil. Então, não houve ditadura". Essa tentativa de releitura da história recente do país é fraude. O que busca é criar uma nova narrativa para servir de argumento para seus fanáticos seguidores. É uma informação para ser trabalhada pelo sistema de comunicação GDO, e esparramada por todas as redes sociais. Massificado essa narrativa os indivíduos de suas redes identificam e se identificam na mensagem, criam novos entendimentos da história. Uma nova história na contramão do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, apresentado em 2014, e que trouxe a afirmação de que cerca de mais 400 pessoas foram mortas ou desapareceram no período de 1964 a 1985 no Brasil. Ainda, segundo a comissão, os crimes foram resultado de uma política de Estado, com suas diretrizes definidas pelos cinco presidentes militares e seus ministros, ou seja, não foi um ato isolado de um ou outro militar ou grupos de militares.

OS PERIGOS DA IGNORÂNCIA

O mapa da ignorância no mundo, pesquisa de percepção da ignorância realizada pelo Instituto Ipsos Mori[48] em público on-line e em 38 países, quando observando algumas questões-chaves em que as pessoas foram estimuladas a responderem sobre realidades factuais, o Brasil ocupa a 3ª posição. Ao que se pode inferir da pesquisa da Ipsos Mori, existe uma massa populacional que tem predisposição às manobras pela utilização de técnicas apropriadas de controle da opinião pública. O filósofo Noam Chomsky[49] chegou à conclusão de que entre outras coisas: É necessário, também, falsificar completamente a história. Essa é outra maneira de superar as tais restrições doentias: passar a impressão de que quando atacamos e destruímos alguém, na verdade estamos nos protegendo e nos defendendo de agressores e monstros perigosos, e assim por diante. (CHOMSKY, 2014. P.17).

Na sociedade atual esse embate é travado dentro da internet e, especialmente, dentro das redes sociais. A explosão da Internet como meio de comunicação trouxe para as relações sociais uma espécie de resgate da promessa feita pelos enciclopedistas[50]. A internet é a base de um sistema global de redes de computadores interligadas que utilizam um conjunto próprio de protocolos de comunicação que serve os usuários ao redor do mundo. Esse protocolo é conhecido como TCP/IP. TCP: Protocolo de Controle de Transmissão; IP: Protocolo de Internet. Juntos, são os responsáveis pela base de envio e recebimento de dados por toda a internet

Os Browsers/Navegadores é um programa para internet que permite ao usuário navegar pela rede mundial. É o que torna possível o acesso a sites, como um caminho que leva até o que você procura na rede. Conhecemos os navegadores mais pelos seus nomes do que por sua aplicação. O motivo é que se tornaram tão comuns que não mais nos importamos com o que fazem. E é precisamente esse o motivo de preocupação atualmente. Esses navegadores são, na verdade, motores de busca. Os motores de busca são buscadores que baseiam em coleta de páginas realizada por um robô, que varre a Internet à procura de páginas novas para introduzir em sua base de dados automaticamente. A maioria dessas páginas apresentadas pelos robôs, atualmente, trazem consigo, entre outras coisas, os famosos cookies. Os cookies são arquivos simples, enviados pelas páginas visitadas ao seu computador e ficam armazenados nele. Guardam informações que visam a identificar cada internauta, como o endereço IP, termos pesquisados, conteúdos acessados, configurações salvas Etc.

AMEAÇAS CONTÍNUAS Cada novo dia, uma nova ameaça. A mais recente ameaça são os algoritmos dotados de inteligência artificial. Por exemplo, o caso do Facebook. Nessa rede social há um algoritmo por trás da organização, relevância e frequência de conteúdos que aparecem na sua timeline[51]. Chamado de EdgeRank[52]. O algoritmo decide o que você visualiza na sua página a partir de uma série de elemento que vão das referências cruzadas entre o que seus amigos curtem e compartilham e passam também pelo cálculo daquilo que você tende a achar mais interessante a partir dos seus próprios hábitos.

A QUESTÃO AGORA É ENGAJAR O olhar dos publicitários digitais, políticos, igrejas, mercadores de ilusões e tantos outros atores, está voltado para um tema preocupante: ENGAJAMENTO NAS REDES SOCIAIS. Em outras palavras, quanto mais usuários/internautas/pessoas respondendo às

publicações de alguma forma, maior será o engajamento à elas e, portanto, mais interessante elas se tornam para os objetivos desses grupos. Além disso, a adoção de algoritmos por parte das redes sociais fez com que nem todo conteúdo apareça na timeline dos usuários – elas costumam priorizar os posts que engajam mais.

TUDO É MERCADO Criou-se um novo modelo de negócio, um novo nicho: criar público engajado a um “produto”. Um produto que pode ser de qualquer tipo: indústria, comércio, agricultura, serviços Etc., ou simplesmente, de pessoas como socialites, celebridades, jogadores de futebol, youtubers, digital influencer, ou outros bichos; utilizam para essa criação os famosos BOTS - termo bot nasceu da palavra “robot” (robô, em inglês). Na prática, os bots, são programas de computador criados para, por exemplo, controlar o Feed de Notícias de cada usuário. São capazes de apresentar sites falsos a usuários desatentos espalhando as famosas fake News, contribuindo sobremaneira para o processo de difusão de notícias falsas e de temas que poderiam beneficiar, por exemplo, um candidato em algum tipo de eleição. O dilema é realmente muito grande porque esse tipo de programa, os bots, são extremamente fáceis de produzir e e a sua manutenção custa muito pouco. Em geral, pode envolver um ou poucos computadores conectados na rede o tempo todo, sobretudo, voltado às redes sociais. E é esse o território preferencial dos robôs. Um mecanismo pode influenciar a opinião pública de forma artificial.

O GDO Gabinete do ódio – GDO, é uma expressão que designa o complexo de comunicação criado para dar ao bolsonarismo um aparato de midiático, e que tem sua atuação, preferencialmente, dentro da internet através de seus diversos mecanismos.

O GDO foi identificado como sendo internamente integrante do governo, e se refere ao um grupo formado por servidores ligados ao vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PSC), o filho "#02" do presidente; os assessores: Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz. Esse grupo produz relatórios diários, com suas interpretações, sobre fatos do Brasil e do mundo, e são responsáveis pelas redes sociais da Presidência da República.

Esse complexo, por incrível que possa parecer, não é modesto. Tem seu início no que eles chamam de ideólogo, o sr. Olavo de Carvalho, e desce aos mais elementares instrumentos de difusão de fake News e desinformações. Sua configuração está tipificada na figura 13, abaixo: DESCRIÇÃO DA ESTRUTURA GDO I. II. III. IV. V. VI.

VII.

JORNAL DA CIDADE: www.jornaldacidadeonline.com.br NOTICIAS BRASIL ON LINE: www.noticiabrasilonline.com PLENO NEWS: www.pleno.news TROMBETA: www.atrombetanews.com.br Bernardo Küster: https://www.youtube.com/user/starkerbar Canal de Brasília: https://www.youtube.com/channel/UC_609pA3c3_RzrOlLCe4 wCw Carlos Bolsonaro:

VIII.

IX. X. XI. XII.

XIII.

XIV.

XV.

XVI. XVII. XVIII. XIX. XX.

XXI. XXII. XXIII.

XXIV.

XXV. XXVI.

https://www.youtube.com/user/tchoucaverna Kim Paim: https://www.youtube.com/channel/UCkR6xPOHhpjq3wnFchV I4sg Foco do Brasil: https://www.youtube.com/results? search_query=foco+do+brasil Instituto Plinio Corrêa: https://www.youtube.com/results? search_query=instituto+plinio+correa+de+oliveira Mauro Fagundes: https://www.youtube.com/results? search_query=mauro+fagundes Papo Conservador: https://www.youtube.com/channel/UC26PMEIkLYO6zb3Lypu6 E4w Ravox Brasil: https://m.youtube.com/channel/UCXHIVqy5OJJu5idlT2UP66 Q Vista Pátria: https://www.youtube.com/channel/UCTATEhH2rJBer3NOCcg BdMA Te Atualizei: https://www.youtube.com/channel/UCXRIQok8uzYtg1TPwSqi kVg BRASIL SEM MEDO: www.brasilsemmedo.com TERÇA LIVRE: www.tercalivre.com.br CRITICA NACIONAL: www.criticanacional.com.br TERÇA LIVRE: www.tercalivre.com.br Bia Kicis: https://www.youtube.com/channel/UCeCm6AiQfKamRlBHOGP NVOg Canal Nação Patriótica: https://www.youtube.com/user/TheValterCesar Daniel Lopez: https://www.youtube.com/user/daniel4310lago Eduardo Bolsonaro: https://www.youtube.com/channel/UCkR6xPOHhpjq3wnFchV I4sg Folha Política: https://www.youtube.com/channel/UCYiM773ssvNMaBHvaW WeIoQ Leandro Ruschel: https://www.youtube.com/channel/UCVAtPw_AhAfaaTtZuohTQg Olavo de Carvalho: https://www.youtube.com/user/olavodeca

XXVII.

Paula Marisa: https://www.youtube.com/user/profepaulamarisa XXVIII. Regina Vilela: https://m.youtube.com/channel/UCrQ4fiNiLn1hyPjFf1TjihA XXIX. Comunicação e Política: https://www.youtube.com/user/visaomacro (...) Desconhecidos I. RENOVA MÍDIA: www.renovamidia.com.br II. ESTUDOS NACIONAIS: www.estudosnacionais.com III. CONEXÃO POLÍTICA: www.conexaopolitica.com.br IV. Alexandre Garcia: https://www.youtube.com/channel/UCitieTo0pWGe5Qyk9SjWRA V. Brasil Paralelo: https://www.youtube.com/channel/UCKDjjeeBmdaiicey2nImISw VI. Carla Zambelli: https://www.youtube.com/user/nasruastv VII. Direita Webnews:https://www.youtube.com/channel/UCoNhdL0_VD1ajo8BIpibAA VIII. Ficha Social:.https://www.youtube.com/user/fichasocial IX. Instituto Borborema: https://www.youtube.com/results? search_query=instituto+borborema X. Liliane Ventura: https://www.youtube.com/user/MrLilianeventura XI. Oswaldo Eustáquio: https://www.youtube.com/channel/UC7tfOFBAGCv4f9IaaMv7pQ XII. Políbio Braga: https://m.youtube.com/results? search_query=polibio+braga XIII. Terça Livre: https://m.youtube.com/channel/UC7qK1TCeLAr8qOeclO-s39g XIV. Kim Paim: https://www.youtube.com/channel/UCuiukp_wROL9PdZKm1hxSfA Terceirizados

O GDO “bolsonarista” atua produzindo e distribuindo desinformações, com uso de BOTS. Baseia-se em distorções da realidade, releituras de fatos históricos, ressignificação de fatos, invencionices, teorias da conspiração, assassinato de reputações e Fake News[53]. É com essa prática que tenta controlar o engajamento nas redes sociais criando uma falsa sensação de volume, e com isso demonstrando que as suas pautas têm tendências majoritárias visando manipular a ignorância.

Como já foi dito, os robôs têm a capacidade de coletar e armazenar informações sobre cada usuário da internet e conhece-lo, inclusive, conhecer seus hábitos. Todos os dias há avanços na inteligência artificial aplicada aos programas dedicados a rede mundial de computadores visando ampliar os serviços de reconhecimento do público que a utiliza. Já não é mais possível viver na sociedade moderna sem que se esteja, de alguma forma, plugado na internet. Então, da próxima vez que usar o browser de seu equipamento, limpar os históricos de navegações na internet e eliminar os cookies, não aceitar que cookies sejam instalados, entrar só em sites seguros (verificar se a expressão http:// tenha um “s” no final: https://), tenha sempre um bom antivírus instalado. O perigo da ignorância é se tornar uma vítima de entidades inescrupulosas. Afinal, eles conseguem, pelos meios aqui expostos, conhecer melhor o indivíduo comum do que ele conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, os usuários já não exercem controle sobre quais informações a seu respeito estão em mãos estranhas.

MODUS OPERANDI DO GDO “BOLSONARISTA” Bauman (BAUMAN, 2003), em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, dá uma dica de como, nos tempos atuais, a sociedade se permitiu sofrer da síndrome de Estocolmo[54]: Tudo é temporário. É por isso que sugeri a metáfora da "liquidez" para caracterizar o estado da sociedade moderna, que, como os líquidos, se caracteriza por uma incapacidade de manter a forma. Nossas instituições, quadros de referência, estilos de vida, crenças e convicções mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades "auto evidentes". É verdade que a vida moderna foi desde o

início (...). Mas, enquanto no passado isso se fazia para ser novamente "reenraizado", agora as coisas todas empregos, relacionamentos, know-how etc.- tendem a permanecer em fluxo, voláteis, desreguladas, flexíveis.

Acontece a partir do processo de troca de informação escolhido pela população para se comunicar. Nesses tempos novos, devido a pressa, a linguagem foi prejudicada e, por consequência, todo processo de interpretação dos fatos sociais basicamente dividido em dois grandes universos: encurtamento e resumarização. O primeiro universo atende aos que se comunicam por textos curtos, invariavelmente entrecortados por gírias ou abreviações. Parece mais mundo à parte onde há a predominância das gírias e as abreviações. Coisas do tipo: “dexa ax coisax komu staum”; “dexa d iztuda mina bja na boka, gennttii, izo eh baum”. O segundo universo atende aos que se comunicam textos breves por considerarem textos mais elaborados “socialmente incorretos”, “socialmente inoportuno”, “fora de tempo”, “textos chatos”, entre outros termos. Escrever “textão” OU “textões” é coisa de gente não iniciada na internet, coisa de velhos. Simplesmente o conteúdo da mensagem não será lido, não interessa. Encurtou-se tudo! Rasgaram todas as regras da língua portuguesa e violaram a qualquer possibilidade da compreensão da mensagem. Agora tudo depende da boa vontade de quem ler. Por exemplo, veja uma essa manchete publicada no Portal de Notícia AM (https://amazonas1.com.br/): “Jesus é preso em Manaus suspeito de roubar igrejas na Cidade de Deus”. Os leitores “resumaristas” que se informam por manchetes de blogs, Portais, Sites, ou postagens em redes sociais, muito provavelmente, acreditarão que Jesus voltou, mas que foi preso por roubar igrejas. Pior, na cidade de seu pai. Isso é loucura? Não, não é. É bem verdade que Jesus não faria uma coisa dessa, mas os criadores de fake News sim. O truque é exatamente esse: A partir de uma ocorrência verdadeira, separa-se o fragmento do texto

principal que serve aos propósitos, e produz-se um conteúdo distorcido da notícia. O ocorrido em Manaus informaria melhor de a manchete saísse de uma outra maneira, tipo: “Bandido é preso em Manaus, no bairro Cidade de Deus, suspeito de roubar igrejas”, mas é longo em demasia e ninguém tem tempo para ler, e, o que é pior, manchetes corretas não vendem jornal. Essa forma de comunicação e de manipulação dos fatos caiu como uma luva nas mãos dos grupos políticos, sobretudo, no meio político brasileiro. Quem melhor se apropriou da ideia, sem sobra de dúvida, foi o “bolsonarismo”. Esse grupo não usa de escrúpulos na produção de desinformações e ignorância com esse modus operandi: antes das eleições de 2018, após as eleições e durante todo o período até aqui. Um bom exemplo dessa prática? A partir de uma notícia, publicada em jornal “The New York Times”, em 26/04/2021, que trazendo a seguinte informação: A União Europeia, através da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que planeja permitir a entrada durante o verão de americanos imunizados com vacinas aprovadas pela agência reguladora do bloco.

A partir dessa informação a deputada bolsonarista Carla Zambelli fez produzir a seguinte “sub-manchete” para as redes sociais: que brasileiros vacinas com a vacina do Butantan, CoronaVac – produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac -, instituto considerado por grupo político como anti-Bolsonaro e uma empresa estrangeira comunista, não poderiam entrar na União Europeia. Não é em nada diferente do que entender que Jesus foi preso em Manaus por roubo. Mas é assim que opera o mundo bolsonarista. Depois de tudo pronto... basta acionar os robôs do GDO. Mas, como disse Bauman: “tudo é temporário”, logo, já, já, haverá outras novidades.

CONDUTOPATIA Para Schneider, a personalidade do homem é o conjunto de seus sentimentos e valorizações, de suas tendências e volições. Não inclui, portanto, a inteligência. Distingue-se na individualidade: a inteligência, a personalidade e o conjunto dos sentimentos e instintos corporais e vitais. Tais instâncias referem-se, pois, a disposições distintas (intelectual, psíquica e corpórea), mas que se interrelacionam. (apud SÁ, 1995, p. 32). Ao abordar sobre os psicopatas fala que esses indivíduos se defendem onipotentemente de duas grandes ameaças ao seu equilíbrio interno: Ansiedade persecutória intensa; e, Sentimento de culpa. Negando à ambos, não sofre no plano consciente. Recalca qualquer forma de amor, é voltado para si mesmo toda a sua libido, de forma narcisista. O texto nos oferecido por SÁ Apud SCHNEIDER (1974, p. 31), esse aspecto é polêmico pois indica o reconhecimento de um determinado grupo de psicopatas que sofrem, que se chocar com outras formas de se conceituar personalidade psicopática, onde se acentua o caráter antissocial de sua conduta. Segundo SÁ (1974, p.31), Schneider, reconhece ser possível identificar e distinguir duas grandes formas de personalidades psicopáticas: aquelas que sofrem; e, aquelas que fazem sofrer os outros (os perturbadores sociais). São dois grupos que, embora distintos, não são muito precisos, muitas vezes, os limites que os separam, pois há “sofredores” que

acabam por ser os perturbadores e há perturbadores que acabam por sofrer, eles próprios. Indispensável é salientar que o “sofrer" ou “fazer sofrer” são condições que, por si mesmas, não definem as personalidades psicopáticas. O conceito de personalidades psicopáticas subordina-se ao conceito superior de personalidade anormal, este isento de conotações valorativas ou sociológicas. O perturbador social só será um psicopata se for uma “personalidade anormal”. A condição de perturbador social, em si, é aspecto secundário, estando sujeito a conotações valorativas e sociológicas. “Os psicopatas são personalidades anormais que, em consequência da anormalidade de sua personalidade, têm que chegar mais ou menos, em toda situação vital, sob a influência dos mais diversos tipos de circunstâncias, a conflitos internos e externos” SÁ Apud SCHNEIDER (1974, p. 33).

Como nosso texto não pretende elaborar um diagnóstico sobre quem quer que seja, e se limite tão somente a correlacionar fatos da vida política nacional com algumas características dos condutopatas aqui apresentadas, na expressão Schneider, personalidades psicopáticas, nos interessa alertar aos leitores sobre essas criaturas que habitam o meio político: o problema reside no alcance dos atos psicopatas. Em qualquer outra área de atuação o sofrer provocado é grande e muito ruim para quem é atingido, mas sua circunscrição estará limitada aos ambientes e às pessoas envolvidas. Todavia, se em um meio social como o Estado, o problema tem proporções gigantescas, profundas e insanáveis. Um indivíduo condutopata não é capaz de estabelecer relações objetivas com qualquer coisa, sejam objetos ou pessoas, porque uma relação, qualquer seja ela, significa alguma forma de renúncia, e ele simplesmente é incapaz de realizar. São egoístas, rudes, impulsivos e incapazes de sentir culpa ou aprender com a experiência ou castigo. Não desenvolvem o sentimento de culpa. São personalidades anormais que em função dela, de acordo com as situações, se colocam, permanentemente em conflitos. São

egoístas, rudes, impulsivos e incapazes de desenvolverem empatia com o próximo. Condutopatas quando ocupam cargos públicos, pouco importa o que é certo ou de errado, interessa-lhes o poder para escoar as condutopatias em louvor a si mesmos. Em postos de chefia, tornamse tiranos, pois, egoístas, colocam a própria vontade e a autoridade acima das leis e da justiça. Por consequência lógica, apresentam alta periculosidade social. Nada os detêm, salvo a reprimenda enérgica, judicial e legal, única forma eficaz de pará-los. Kurt Schneider menciona que os psicopatas possuem “dificuldades muito particulares sob circunstâncias militares. O desacato e a desobediência são cometidos quase sempre. A insubordinação, o mau comportamento leva-os à prisão, acabam expulsos ou abandonam”. (Kurt, 1974, pág. 166). São suas características gerais: a. Os indivíduos condutopatas são basicamente não socializáveis, cujo padrão de comportamento coloca-os, corriqueiramente, em conflito com a sociedade. b. São incapazes de lealdade significativa para com outros indivíduos, grupos ou valores sociais. c. São manifestamente egoístas, rudes, irresponsáveis, impulsivos e incapazes de sentir culpa ou aprender com a experiência ou castigo; d. Defende-se onipotentemente, via de regra, usando algum tipo de ameaça; e. Não desenvolvem o sentimento de culpa; f. Seu Sistema de valores e seus julgamentos são essencialmente diferentes do homem comum, e isso os leva a uma atuação agressiva à sociedade geral. Os condutopatas não são capazes de estabelecer uma relação objetiva com outras pessoas porque, em uma relação estável, significa renunciar sempre algo, ainda que parcialmente, e eles são incapazes de fazer isso. A única forma de relações que conhecem é

a narcísica. Só existe a possibilidade de algum tipo de relação se o outro lhe servir para algum propósito. Esses indivíduos não desenvolvem o sentimento de culpa. são personalidades anormais que em função disso, segundo as situações, se colocam, permanentemente em conflitos com a lei. São egoístas, rudes, instáveis, impulsivos e não conseguem aprender com a experiência ou castigo. As infrações mais comuns atribuídas aos psicopatas que cometem crimes, são: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13.

Abuso de incapazes Ameaça Arremesso ou colocação perigosa Coação no curso do processo Constrangimento ilegal Corrupção Crime de lavagem de dinheiro Crimes ambientais Crimes contra a administração pública Crimes contra o mercado financeiro Crimes de trânsito Crimes hediondos Crueldade contra animais

14. Dano 15. Desacato 16. Desobediência 17. Difamação 18. Direção perigosa de veículo na via pública 19. Disparo de arma de fogo 20. Estelionato 21. Estupro 22. Exercício ilegal da medicina 23. Exercício ilegal de profissão ou atividade 24. Explorar prostituição

25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32.

Extorsão Falsa identidade Formação de quadrilha Furto Homicídio Incêndio Injúria Inumação ou exumação de cadáver

33. Lesão corporal 34. 35. 36. 37. 38.

Maus-tratos Motim de presos Peculato Perturbação da tranquilidade Perturbação do trabalho ou do sossego alheios 39. Poluição de água potável 40. Porte de arma 41. Provocação de tumulto e conduta inconveniente 42. Roubo 43. 44. 45. 46.

Sequestro Simulação de casamento Vias de fato Violação de correspondência

47. Violência doméstica

Tabela 7: Infrações mais comuns atribuídas aos psicopatas.

São indivíduos que não deveriam fazer de parte dos quadros de servidores do estado, pois os danos que podem causar a sociedade são potencialmente profundos e insanáveis.

O que se assiste no Brasil desde as eleições de 2018 é a exposição narcísica de um político frente à sociedade brasileira. Só existe uma única possibilidade de algum tipo de relação possível com qualquer cidadão, de dentro ou fora do governo, a que servir para algum propósito ou objetivo do presidente. Bolsonaro não desenvolve sentimento de empatia ou culpa. Invariavelmente se colocar em conflitos com a lei. Suas demonstrações de despreparo para governar o país, com decoro que o cargo requer, é gritante. Além de explicito egoísmo, rudeza, instabilidade, impulsividade e incapacidade de aprender com os erros e experiências. No Brasil de 2018, formou-se um exército incomum, o “Lumpemcanelau bolsonarista”, a massa que sustenta as vociferações e ginásticas ilógicas políticas e morais cotidianas do bolsonarismo. Um modelo formado tal como foi o lumpemproletariado parisiense de Luís Bonaparte. Igualmente dividida em seções, no Brasil de 2018: Militares, Técnicos e Ideológicos. A diferença é que não há, no caso brasileiro, o elemento abscôndito. Tudo acontece dentro das redes sociais e mídias alternativas, manipulando a verdade com uso de ferramentas de varredura e impulsionamentos irregulares de internet e, inclusive, com apelos às fake News, assassinato de reputações e à promoção da ignorância. Em suma, uma massa indefinida de eleitores que se vê identificada com o perfil político a quem passou a denominar de “mito”. Não se importa com a rudeza, grosserias, “subletração” e tantos outros adjetivos do presidente. Afinal, tudo que o “mito” faz é um pouco daquilo que gostariam de fazer. É, podemos dizer assim, a labohème tropicalizada de extrema e ultradireita, ou simplesmente, labohème aloprada de direita. Bolsonaro espera novamente um outro casuísmo, seja por um golpe militar, ou por cumprimento, pelo Centrão, de sua vocação para a corrupção, a lavagem de dinheiro e o flerte com organizações criminosas, como ficou evidenciado por um elevado número de seus membros investigados, processados e presos pela justiça brasileira.

ENCERRAMENTO DO ENCONTRO

Encerrado a apresentação do tema pelo convidado Dr. Sandor Mayer, o mestre de cerimônia convidou o presidente da SBPSP, o Sr. Sr. Dr. Alain Henrique Miller, a fazer uso da palavra. E algo na fala despertou uma atenção especial. Nada muito grande, cheio de glamour, mas fragmentos de frases, palavras ou mesmo, um gesto. Disse assim o presidente: “Obrigado mestre de cerimônia jornalista Sérgio Brusque! Sabe Sérgio, queridos convidados e participantes, hoje encerramos mais um encontro de nossa classe, mas meus pensamentos passaram, ao longo de todas essas horas, que, aliás, são os motivos de minhas mais profundas reflexões. E, por essa razão, peço, humildemente, que me acompanhe em palmas ao meu amigo, colega Dr, Mayer. (interrupção... e palmas). Obrigado! Minhas reflexões foram de encontro a tantas vidas que perdemos sem um motivo justo. Famílias inteiras foram à óbito; muitas crianças estão e ficarão privadas da presença de seus pais; filhos e filhas então em luto pelas perdas de seus pais e irmãos; pais choram a falta dos seus. Os noticiários se transformaram em verdadeiro obituários, a morte virou notícias banais, muitos já nem se importam mais em lêlas. De repente nos vemos sem lágrimas, não por não quer chorálas, mas porque não conseguimos, estamos secos. No lugar dos pesares por tantos, aprece a morte rondando nossos lares. A velha imagem de uma senhora, sem rosto, empunhando uma foice amolada, assombra nossas noites de sonos. O medo da morte por sufocamento, um dos piores modo de se morrer que a literatura médica conhece, afugenta-nos da paz possível. Nossa humanidade cede espaço para um vazio horrível. Tem-se a impressão de que o homem se tornou indiferente ante a morte de um semelhante. Dr. Sandor Mayer, quisera eu que suas palavras fossem ecoadas aos quatro cantos dessa nação. Fosse apenas uma escolha minha, algo

de minha discricionaridade, cada homem, cada mulher, cada cidadão brasileiro, as ouviria. Quero, mais uma vez agradecê-lo pelo que o senhor fez hoje aqui. Confesso, é necessário ter-se muita coragem para fazê-lo, mas mais do que isso, é preciso amar muito seu povo para trazer um alerta com tamanha responsabilidade. Rogo a Deus que abençoe nosso povo e nos dê fé, muita fé, para superar tanto mal. Muito, muito obrigado a cada um de você!”. Continuando, o presidente anunciou a apresentação da obra “Bachiana Brasileira nº 5, de Villa-Lobos”, executada pela Orquestra Filarmônica de São Paulo, com a soprano Ana Flor Maria Rodriguez, sob a regência do Maestro Mário Brasil. Logo após a maravilhosa execução da obra de Villa-Lobos, o presidente quebrou o protocolo e fez subir ao palco toda a equipe de coordenação do 23º Encontro Nacional de Psicanálise da SBPSP, tendo à frente do time a Coordenadora geral, a Srta. Emma Schäfer e o palestrante dr. Sandor Mayer. Sequer deu tempo para que fosse pedido palmas, a galera, em pé, aos gritos de “Hip-Hip-Hurra!”, aplaudiu a todos. O mestre de cerimônia convidou a todos para a área de convivência para um pequeno happy hour, e, é claro... mais aplausos!

O HAPPY HOUR

O som ambiente da área de convivência tocava “Panama de Van Halen”[55], quando passou pela grande porta de vidro que a separava do salão de entrada do hotel Holiday Sky Emma Schäfer, vestia-se como uma mulher que sabe lidar com seu corpo e com o tempo: trajava um pantacourt estilo social em tom de verde bem clarinho, com uma regata banca por dentro, calçando uma rasteirinha que deixava à mostra seus lindos pés, que aliás, eram extremamente muito bem cuidados. Sinceramente? Um look arrebatador que, além de lindo e supermoderno, era muito leve, realçando a beleza de uma mulher que se conhecia. Um conjunto de fatores naquele instante que seria impossível não virar a cabeça para vê-la entrando. Bem como inspira repetir o verso da canção, daquele instante “Jump back, what's that sound/Here she comes, full blast and top down/Hot shoe, burnin' down the avenue/Model citizen zero discipline”. Discreta e muito disciplinada Emma busca sentar-se em uma mesa fora da passagem das pessoas, perto de uma área ventilada com bastante espaço para circulação dos frequentadores, e bem iluminada. Muitos dos participantes ali presentes não se furtaram em cumprimentar a Srta. Schäfer e fazer as famosas “self do momento”. Os garçons e o chef Gastón Meyrin, contratados para a ocasião, não deixavam faltar os mais variados drinks como a caipirinha, tendo, inclusive, opções com gin, nem mesmo deixando de servir os amados espumantes e vinhos. Já transcorria um bom tempo de happy hour quando o presidente da SBPSP, Dr. Alain Henrique Miller, e o Dr. Sandor Mayer, chegaram ao local. Levaram um tempão cumprimentando todos ali que acenavam, até que tiveram folga para se sentar à mesa com Emma e suas companhias, na verdade, os coordenadores setoriais do evento. O gelo inicial foi quebrado por Miller reconhecendo que

todos mereciam celebrar o Encontro. Seguiu-se uma breve pausa até que Emma, gentilmente, agradeceu em nome do hotel Holiday e de todas as pessoas envolvidas, ressaltando que sem seus coordenadores e coordenadoras nada seria possível. Superado os instantes formais o papo foi animado contando os fatos engraçados dos bastidores e não falaram muitas risadas. Tendo que se retirar do happy Emma pede desculpas e prepara-se para sair. Uma de suas coordenadoras pede-lhe carona pois ambas moram no mesmo bairro. Combinam, e antes de se levantarem da mesa, trocam contatos com os demais para que, quem sabe, em uma outra oportunidade estarem juntos novamente. Terminado o dia, todos seguiram para seus destinos.

A VOLTA À ROTINA

Como voltar à rotina? Aliás, como não voltar para a rotina de antes, depois do encontro da SBPSP? A resposta não é muito fácil para nenhuma das perguntas feitas. A razão é muito simples: certos acontecidos em nossas vidas se transformam em uma espécie de catarse. Há determinados fatos que nos atingem por inteiros, representam uma libertação de emoções, de sentimentos e de tensões reprimidas. São acontecimentos que possuem a capacidade de trazer à consciência memórias recalcadas no inconsciente, libertando-nos de incômodos antigos associados a algum tipo de bloqueio. O senso comum dá conta desse aspecto usando palavras simples e de entendimento mais geral, como: “o ocorrido foi muito impactante que mudou algo”. O primeiro questionamento sugere uma resposta muito próxima do senso popular. Ao responder “como voltar à rotina?”, talvez seria dito: não é mais possível, algumas mudanças foram feitas, ou, não negando. por exemplo, respondendo: “continuando como era antes”. Nesse último sentindo é assumir que não houve uma contribuição significativa a ponto de não provocar uma mudança importante. O segundo questionamento é muito diferente. Ele já traz consigo parte da resposta, pois assume negando que não deseja voltar para o que era antes, ou seja, que aconteceu alguma forma de libertação no acontecido que provocou mudanças importantes. Essas promoções de seminários, simpósios e outras formas de reuniões de categorias profissionais costumam trazer mudanças significativas para muitos participantes e é precisamente esse é o principal aspecto que os promovem. A perspectiva de mudanças em nossas vidas, para alguns, não é confortável. Mudanças trazem consigo a ideia de nos tirar da zona

de conforto. Isso é sempre uma escolha que terá que ser feito: mudar ou não mudar. Não há mudança indolor. Às vezes se escuta por aí expressão que trazem a mensagem “não senti a mudança”. Esse não sentir, muito provavelmente está ligado a predisposição para mudar que alguns têm, ou que a mudança verdadeira já aconteceu antes. Ser um predisposto não significar não sentir no sentir da dor de perdas, mas sim, da aceitação. A aceitação está associada, quase sempre, às condições individuais da adaptação. É da espécie humana: Alguns de nós se adaptam melhor do que outros. Esses que aceitam melhor as mudanças, entendem mais rapidamente que a vida não é sempre estável e que a mudança é inevitável. Por isso, ajustam-se, os outros se debatem um pouco mais. Mudanças promovidas por esses eventos profissionais que atingem seu público alvo são consideradas horizontais. Pois cumprem com um de seus princípios. Já as mudanças que atingem outros envolvidos com o evento, não importando a área de atuação, são consideradas verticais, pois as mudanças vão além de seus princípios atingindo terceiros. Essa última é considerada por muitos especialistas o suprassumo[56] do cumprimento dos objetivos de um evento. Sandor Mayer, o empresário, estava decidido não voltar para a rotina. Estava pronto para tirar do papel um antigo sonho: reformulação da Empresa Clínica de Psicanálise PsicVid - CPP. Haveria de ser como o que viu no Hotel Holiday Sky: Carteira de executiva de relacionamento corporativo e de relacionamento com grandes clientes; desenvolver campanhas de fidelização dos clientes; prospecção de grandes eventos, criação de networking comercial de prospecção de novos clientes; Profissionalização do agendamento clínico; Gestão de redes sociais e do e-commerce de serviços; preparação e organização dos eventos da Clínica PsicVid; e, mudança completa na identidade visual do negócio. Projeto “Um novo tempo!”.

OUTROS MATERIAIS DO 23º ENCONTRO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA DE SÃO PAULO O 23º Encontra da SBPSP, além dos apontamentos da palestra e slides utilizados no evento, entregará, para compor a pasta do participante, os materiais completares: 1. Perfil político de Jair Bolsonaro na condução da crise do Covid-19; 2. Perfil psicológico bolsonarista; 3. Crachás do 23º Encontro de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psiquiatria de São Paulo; 4. Agenda do encontro; 5. Panfleto do encontro; e, 6. Certificado do encontro.

Tabela 8: Perfil Bolsonarista - Verso

OBS: O participante receberá, se solicitado, uma cópia de seu crachá do encontro, juntamente com o recibo comprovante de pagamento da inscrição

08h00 às 09h00 09h00 às 12h00 12h00 às 13h30 13h30 às 14h30 14h30 às 16h00

Registro e recepção Cerimônia de Abertura. Dr. Ferdinando Piñero – SPPSP. Almoço Abertura da visitação de pôsteres Palestra Dr. Sandor Mayer – Parte I

16h30 às 17h00

Coffee Break

17h00 às 18h30

Palestra Dr. Sandor Mayer – Parte II

18h30 às 19h00

Encerramento

19h00

Entrega de certificados

CARTA DE SANDOR MAYER São Paulo, 20 de julho de 2021 À Srta. Emma Schäfer Rua Eugênio Potenbecker, 1.673 Campo Belo/SP CEP: 04.642-123 Prezada Senhorita, Tomei a liberdade de enviar-lhe este e-mail para gradecer seu trabalho e profissionalismo quando da coordenação do 23º Encontro Nacional Anual de Psicanálise promovido pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. O sucesso do evento em muito se deve atribuir toda a sua competência, comprometimento e eficiência. Muito obrigado! Aproveito a oportunidade para encaminhar, junto ao reconhecimento, uma proposta de trabalho. Nossa clínica de psicanálise deve passar por uma reestruturação e gostaria muitíssimo de contar com seus serviços profissionais para realiza-la. As condições contratuais são as seguintes:

1. 30 horas semanais por jornada de trabalho; 2. Carteira assinada; 3. Manutenção do salário registrado em carteira; 4. 13º Salário; 5. Férias de 30 dias anuais; 6. 1/3 de férias constitucional. 7. Assistência médica; 8. Vale-alimentação; 9. Vale-refeição; 10. Vale-transporte; 11. Bônus (negociável). Na certeza de sua avaliação, Atenciosamente,

Sandor Mayer[57]

E-

MAIL DE SANDOR MAYER PARA EMMA SHÄFER

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompil ado.htm. Acesso em: 08/03/2021. BRASIL. Lei Nº 13.105, de 16 de março de 2015. Presidência Da República do Brasil, Código de Processo Civil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2015/bLei/L13105.htm. Acesso em: 08/03/2021. CHOMSKY, Noam Mídia [livro eletrônico]: propaganda política e manipulação / Noam Chomsky; tradução Fernando Santos. -- São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2013. DIMENSTEIN, Gilberto. É preciso entender. Disponível em: https://twitter.com/gdimenstein/status/1027525354498547712.Aces so em: 08/03/2021. ESTADÃO. Fausto Macedo: Acusações de Moro podem afetar candidata Brasil na OCDE, diz chefe do grupo de trabalho anticorrupção. Disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/acusacoes-demoro-podem-afetar-candidatura-do-brasil-na-ocde-diz-chefe-dogrupo-de-trabalho-anticorrupcao/.Acesso em: 10/09/2021. FOUCAULT, M. Os anormais: curso no Collège de France. São Paulo: Martins Fontes, 2001. FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979. FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense, 2001. FREUD, S. A dinâmica da transferência. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v.12. FREUD, S. Luto e melancolia. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v.14. FREUD, S. O “estranho”. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v.17. FREUD, S. O ego e o id. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v.19. FREUD, S. O mal-estar na civilização. São Paulo: Imago, 1992. v.21.

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BAUMAN, Zygmunt. A Sociedade Líquida. Folha de S. Paulo, São Paulo, domingo, 2003.

SOBRE O AUTOR

É professor e filho de uma enorme linhagem de educadores. Autor dos Livros “Introdução à Política: Livro Texto”, “Introdução à Política: Livro de Atividades”, “Poesias Versos, Contos e Causos: Uma Obra Inacabada”, e “Acre: Modelo de Gestão e Política”. Possui Especialização em Gestão Pública, Mestrado em Ciência Política e Sociologia, Mestrado em Ciências do Direito. Tem experiência na área de Administração, tendo exercido diversos cargos na estrutura governamental pública. Na área pública é autor do “Método de Escrituração e Sistema SIGMA de Contabilidade Voltada ao Serviço Público”. Mas é como um contador de causos e poetas de versos errantes que gosta de viver.

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Eduardo Alves Costa é natural do de Niterói/RJ. Seu poema mais conhecido do autor foi escrito nos anos 60, “No Caminho com Maiakóvski”. O lindo poema em nada tem a ver com escritos do poeta da revolução russa Vladimir Maiakóvski. Costa é formado em direito pela Universidade Mackenzie em 1952, em São Paulo/SP. O autor, nos anos 1960, organiza as “Noites de Poesia”, no Teatro Arena, em São Paulo. Participa no movimento dos “Novíssimos”, da Massao Ohno. Entre 1962 e 1989 publica a novela “Fátima e o Velho”, o romance “Chongas” e o livro de contos “A Sala do Jogo”. Entre 1996 e 1998 atua como cronista do jornal paulistano Diário Popular. Seu único livro de poesia, “No caminho com Maiakóvski”, foi publicado em 1985.

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Vigília é a ação de não dormir durante a noite. Normalmente, esta privação do sono, consiste num ato voluntário. Entretanto, também pode estar relacionado à causas psicológicas, como a ansiedade, estresse, ou medo. [3] João Bidu, á a alcunha de João Carlos de Almeida, astrólogo brasileiro, responsável pela edição das: a revista mensal Guia Astral, a Boa Sorte! e a Astral Dia-a-Dia. A Astrologia tem como objetivo decifrar a influência dos astros nos acontecimentos terrestres e na vida das pessoas, em suas características psicológicas e em seu destino e, também, predizer o futuro de povos ou indivíduos. A astrologia não é uma ciência. Assim como a astronomia. Floresceu na Antiguidade, muito antes da formulação da teoria gravitacional e da teoria eletromagnética e do conhecimento de que todos os astros são compostos da mesma matéria existente aqui na Terra. [4] Opus incertum é uma antiga técnica de construção da Roma Antiga, que consistia na introdução do concreto. entretanto, tornou-se necessário incorporar enchimentos, compostos por pedaços de pedra menores, que se aderiam ao miolo de concreto. [5] É uma divisão tipo patamares do Purgatório de Dante Alighieri. Está associada ao conceito de Amor enquanto representante do Bem. Dante a organiza de acordo com os pecados e da forma que eles se apresentem como: a ausência do Amor, a indiferença ao Amor e o excesso de Amor. Conforme a alma castigada vai subindo a montanha e passando pelos patamares, elas vão se purificando e se sublimando por meio da reflexão e do arrependimento, restaurando dentro delas o verdadeiro Amor e, dessa maneira, tornando-se dignas de habitarem o Paraíso na Terra. [6] Na mitologia grega, Lete ou Léthê, é um dos rios do Hades (deus grego do submundo, do reino dos mortos. Na mitologia romana, ele é chamado de Plutão. Também é chamado de deus da riqueza porque possui todos os metais preciosos do planeta. Reside e governa o lugar mais sombrio da Terra, para onde vão as almas dos mortos). Aqueles que bebessem de sua água ou, até mesmo, tocassem na sua água experimentariam esquecer as coisas ruins e lembrar as coisas boas. [7] Idem. [8] Uma governanta é uma mulher que realiza tarefas domésticas por uma taxa. Isso inclui cuidar de crianças e animais domésticos, preparação de alimentos, limpeza ou lavagem de roupas. A origem da profissão está ligada à fixação das pessoas. Desde o início dos registros escritos, existem evidências por escrito para os empregados domésticos. As famílias mais abastardas, atribuíam obrigações que exigiam consciências e discrições por parte da governanta e confiança por parte do empregador, e, ainda, a exigência de comportamento adequado e conhecimento de etiqueta. [9] Eram as Forças Armadas da República Democrática Alemã (RDA), que existiu entre os anos 1956 - 1990. O NVA mantinha estreita relação com outros

exércitos membros do Pacto de Varsóvia, especialmente o Exército Vermelho, e era considerado, por muitos historiadores, a segunda força dentro desse bloco. Prezava pela austera disciplina, dificuldade durante os treinamentos e capacidade de liderança dos seus oficiais. Com a reunificação da Alemanha, o Exército Nacional Popular foi incorporado ao exército da Alemanha ocidental República Federal Alemã (RFA). Entretanto, a absorção não foi um processo equalitário: a maior parte dos efetivos da NVA passou à reforma e os incorporados em geral passaram para postos mais baixos. Foram fechados quase todos os quartéis e vendeu-se equipamento a outros exércitos. [10] É uma cidade na região da Baixa Baviera, estado da Baviera, Alemanha, também conhecida como Dreiflüssestadt - Cidade dos Três Rios -, porque o Danúbio se encontra ali com os rios do Sul e do Norte, respectivamente, Inn e Ilz. [11] Trabant foi um automóvel produzido pela VEB, Sachsenring Automobilwerke, em Zwickau, Alemanha Oriental. O veículo tinha uma carroceria de plástico, reforçado com fibras de madeira e restos de tecido e algodão, que era similar a fibra de vidro, mas de custo de fabricação mais barato e viável para uma produção em larga escala. [12] Uma mistura de substâncias gordurosas extraídas da cabeça de baleias, constituída em cremes, ceras, emulsões, na fabricação de velas, sabões, emolientes etc. [13] Deutschland über alles é o primeiro verso da canção nacionalista Das Lied der Deutschen - a canção dos alemães -, composta em 1841 por August Heinrich Hoffmann. [14] A República de Weimar é a designação histórica pela qual é conhecida a república estabelecida na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial em 1919 e que durou até ao início do regime nazista em 1933. [15] A história do bairro tem início no século 19, quando a região era formada por chácaras e sítios, como a “Chácara do Bom Retiro”, origem de seu nome. A região se tornou uma das mais importantes da cidade de São Paulo, que experimentava um acelerado crescimento urbano, social e econômico. [16] Foi um movimento racista e antissemita da igreja protestante alemã, orientando-se nos princípios da ideologia nazista minoritário. Baseava-se no cristianismo positivo e suscetível ao neopaganíssimo sob a liderança de Ludwig Müller. O movimento tinha como proposta sintetizar a fé cristã e as teses do nacional-socialismo. Afirmava que Deus não se revelara apenas por intermédio de sua palavra, mas também na pátria, na história e na raça. Segundo esse ensinamento, cabia à igreja, se colocar à serviço do povo alemão e de seu destino histórico. [17] A Agência Federal para a Educação Cívica - Bundeszentrale für politische Bildung -, é uma agência do governo federal alemão responsável pela promoção da educação cívica. Está subordinada ao Ministério Federal do Interior,

Construção e Comunidade do governo alemão. Em sua formação atual, foi criada na Alemanha Ocidental em 1952, para combater o comunismo durante a Guerra Fria. Suas raízes remontam às agências governamentais anteriores à Primeira Guerra Mundial. [18] O Império Alemão (Deutsches Kaiserreich ou Deutsches Reich), era o Estado Nacional Alemão que existia desde a Unificação da Alemanha em 1871 até a abdicação do Imperador Guilherme II em 1918. Foi fundada em 1 de janeiro de 1871, quando os estados do sul da Alemanha, com exceção da Áustria, ingressaram na Confederação da Alemanha do Norte e a nova constituição entrou em vigor, mudando o nome do Estado Federal para o Império Alemão e introduzindo o título de Imperador Alemão para Guilherme I, Rei da Prússia. [19] Psiquiatra alemão conhecido, em grande parte, por seus escritos sobre diagnósticos e entendimentos da esquizofrenia e de outros termos das psicopatias para se referir aos anormais, como, por exemplo, as condutopatias. [20] Conhecido como couro sintético ou vinil, o courvin deixa pouco a desejar em relação à opção natural. Ele é impermeável e de fácil higienização, sendo ideal para alérgicos ou pessoas que possuam animais de estimação que soltam pelos. [21] Ministro da Propaganda na Alemanha Nazista entre 1933 e 1945. Um associado e devoto apoiador de Adolf Hitler. Ficou conhecido pela sua capacidade oratória e pelo seu indisfarçável antissemitismo. [22] As máscaras do tipo PFF2 - Peça Facial Filtrante, fazem proteção contra partículas finas, fumos e névoas tóxicas (penetração máx. através do filtro de 6%), daí o número 2. É um produto parte do Equipamento de Proteção Individual – EPI, utilizado para os serviços na área da saúde para proteção contra vírus e bactérias. Essas máscaras seguem a norma brasileira (ABNT/NBR 13698:1996). [23] Lumpemproletariado pode designar subproletariado. Refere-se a população situada socialmente abaixo do proletariado, do ponto de vista das condições de vida e de trabalho. Normalmente formada por partes miseráveis, não organizadas do proletariado, destituídas de recursos econômicos, e de indivíduos desprovidos de consciência política e de classe. Uma massa de manobra suscetível a cooperar com os interesses de grupos políticos. [24] Württemberg é um território histórico do sudeste da Alemanha. Stuttgart foi sua capital por um longo período. Integra atualmente o Estado Federal de BadenWürttemberg. De 1806 a 1918 foi um reino, integrante do Império Alemão. [25] Max Ferdinand Scheler foi um filósofo alemão conhecido por seu trabalho sobre fenomenologia, ética e antropologia filosófica, bem como por sua contribuição à filosofia dos valores. Para Scheler, o ser humano é uma síntese de várias dimensões, desde as esferas naturais até a espiritual; é espírito que se move entre as esferas do ser; é um microcosmo que compartilha as diversas camadas da realidade do mundo; é o único ser que pode chegar a ser pessoa

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Indivíduos com temperamento hipertímico possui uma personalidade com muita energia, otimismo, entusiasmo e extroversão. manifestam o dinamismo e a busca por estímulos e sensações prazerosas, tendem a ser exploradores, impulsivos, otimistas, entusiasmados, perguntadores, extravagantes, curiosos e desorganizados. É possível desenvolverem o potencial para a criação, a inovação, a liderança, o carisma, as descobertas Etc. [27] O transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo ou perturbação de personalidade obsessivo-compulsiva. Caracterizado por um constante sentimento de dúvida, perfeccionismo, escrupulosidade, verificações, e preocupação com pormenores, obstinação, prudência e rigidez. [28] Guido Arturo Palomba é um psiquiatra forense brasileiro, nascido em São Paulo. É um profissional muito respeitado no meio acadêmico, médico, judicial e da psicanálise. [29] Manual diagnóstico e estatístico, que foi adotado pela APA5 (American Psychological Association (5th ed.), e que se correlaciona com a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-106, da Organização Mundial da Saúde (OMS). [30] CID-10 é a nomenclatura simplificada de “Classificação Internacional de Doenças”. Refere-se aos instrumentos de base epidemiológica que organiza informações sobre doenças, sinais, sintomas, achados anormais, queixas, circunstâncias sociais e causas externas. A CID-10, décima versão do documento, foi aprovada em 1994. [31] Indivíduos que tem suas ações definida pelo teor surpreendente, extraordinário ou inesperado. [32] É o ramo do conhecimento cujo objeto é a pesquisa e a determinação das causas e origens de um determinado fenômeno, como, por exemplo estudo das causas das doenças. [33] Bolsonaro foi acusado de transgressão grave ao Regulamento Disciplinar do Exército (RDE), de acordo com relatório secreto do Centro de Inteligência do Exército (CIE), nº 394, de 1990, com 96 páginas. Ele dera entrevista e publicou artigo na revista Veja, em 1986, com comentários nada amigáveis ao governo federal. Também planejou ações terroristas. Iria explodir bombas em quartéis do Exército e outros locais do Rio de Janeiro, como na principal adutora de água da capital fluminense, para demonstrar insatisfação sobre índice de reajuste salarial do Exército. Após uma manifestação de caráter casuísta dos militares teve como punição passar para a reserva com o posto de capitão. [34] A prerrogativa de função é conhecida como foro privilegiado, um dos modos de estabelecer-se a competência pena de quem ocupa cargos público no Brasil. É aplicado apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados à função desempenhada.

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Defecção é o abandono voluntário e consciente de uma obrigação ou compromisso. No caso específico o movimento estratégico era provocar o pedido de saída. [36] O termo “teoria da conspiração” é para identificar operações secretas a nível social, ambiental, político ou econômico criando-se hipóteses alternativas para a explanação de eventos polêmicos e relevantes, contando com a ignorância de quem se aproxima. Sabem os teóricos da conspiração que as histórias de conspirações possuem forte apelo popular, razão pela qual muitas delas viram tema de filmes, documentários, musicais, peças teatrais, enfim, produtos artísticos voltados a vender cultura, e entretenimento para as pessoas. São invencionices. [37] Significa literalmente Notícias falsas. É a forma de comunicação que consiste na distribuição deliberada de desinformação ou boatos via jornal impresso, televisão, rádio, ou ainda online, como, por exemplo, as mídias sociais, seu principal meio ambiente. [38] Ditadura Franquista é o período da História da Espanha do governo do Generalíssimo Francisco Franco Bahamonde, Caudillo Espanhol, a partir do fim da Guerra Civil Espanhola em 1939. [39] Anti-europeu. Em política significa tudo que se opõe à União Europeia ou às suas políticas para a região, como por exemplo, à unificação política da Europa. Mas também pode significar aqueles que têm aversão aos valores ou aos hábitos próprios da cultura europeia. [40] Pode significar uma ciência, doutrina, conjunto de ideias, um modo de ver o mundo Etc. O sufixo ismo possui ao menos seis possibilidades de utilização: Fenômeno Linguístico, Sistema Político, Religião, Doença, Esporte, Ideologia, entre outros. [41] O perenialismo ou Escola Tradicionalista é composta por um grupo de pensadores dos séculos 20 e 21 preocupados com o que eles consideram ser o fim das "formas tradicionais de conhecimento, tanto estéticas quanto espirituais, dentro da sociedade ocidental. Uma corrente de pensamento que vem balizando os discursos da extrema e ultra direita mundo a fora. [42] Fausto é a obra-prima do poeta alemão Goethe. É baseado em uma lenda medieval, que revela a decadência do espírito humano que se deixa seduzir pelo mal. Nela Fausto possui todas as ciências do mundo, mas revela-se insatisfeito com o conhecimento que já tem. Então, Fausto buscando ser mais sábio e de melhor aparência, faz um pacto com o Demônio, encarnado na figura de Mefistófeles. No final do poema, Fausto tem redenção católica, presente na contemplação da Virgem Maria, a Mater Gloriosa. A virgem intercede pela alma de Fausto, que escapa às mãos de Mefistófeles. Fausto e Gretchen, estão, são reunidos novamente no Céu. [43] Causar enlevo a alguém; extasiar, encantar, cativar, absorver.

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A República é um regime de governo em que o Chefe de Estado e o Chefe de Governo são escolhidos através de eleições diretas ou indiretas. A República tem sua origem na Grécia Antiga, descrita como uma forma de governo para administrar a polis grega (cidade grega, A cidade era sinônimo de Estado na Grécia antiga). [45] ABOUT ME do Blog Metapolítica 17 (sic): Quero ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. Essencialmente é um sistema antihumano e anti-cristão. A fé em Cristo significa, hoje, lutar contra o globalismo, cujo objetivo último é romper a conexão entre Deus e o homem, tornado o homem escravo e Deus irrelevante. O projeto metapolítico significa, essencialmente, abrirse para a presença de Deus na política e na história. [46] Grilo Falante é um personagem fictício que surgiu por volta de 1940 no desenho animado Pinóquio. O sr. Grilo é o companheiro sábio e bem humorado de Pinóquio em suas aventuras. Foi criado para ser um tipo de consciência do Pinóquio. [47] A exposição Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, em cartaz há quase um mês no Santander Cultural, em Porto Alegre, foi cancelada neste domingo após uma onda de protestos nas redes sociais. [48] Instituto Ipsos é a terceira maior empresa de pesquisa e de inteligência de mercado do mundo. Fundada na França em 1975, a Ipsos conta hoje com 16.000 funcionários e está presente em 87 países, incluindo o Brasil. [49] Avram Noam Chomsky é um linguista, filósofo, sociólogo, cientista cognitivo, comentarista e ativista político norte-americano, reverenciado em âmbito acadêmico como "o pai da linguística moderna", também é uma das mais renomadas figuras no campo da filosofia analítica. [50] enciclopedistas eram filósofos/pensadores que criaram o movimento filosóficocultural denominado de enciclopedismo, originado do iluminismo, que buscava, a partir dos novos princípios da razão, catalogar todo o conhecimento humano e reunindo-os na “Encyclopédie”, uma obra monumental, que constava de 35 volumes. [51] Linha do Tempo em português, é basicamente a forma gráfica e linear de representar uma sequência de eventos em ordem cronológica. [52] O EdgeRank é um algoritmo desenvolvido pelo Facebook para avaliação de tudo que é postado em cada página e seu impacto sobre a audiência. É baseado nele por exemplo, que o Facebook determina o que deve ou não ser exibido no Feed de Notícias dos fãs da página. EdgeRank analisa cada post que é publicado e lhe atribui uma pontuação que irá determinar qual será o seu grau de exposição. Se a pontuação é baixa, muitas pessoas não irão vê-lo. Portanto, EdgeRank é que determina quais as mensagens que serão mostradas, e a quem serão mostradas no Newsfeed – (Feed de notícias) é um recurso da rede social

Facebook. O feed da web é o sistema principal pelo qual os usuários são expostos ao conteúdo postado na rede. [53] Significa literalmente Notícias falsas. É a forma de comunicação que consiste na distribuição deliberada de desinformação ou boatos via jornal impresso, televisão, rádio, ou ainda online, como, por exemplo, as mídias sociais, seu principal meio ambiente. [54] Estado psicológico em que a pessoa submetida à intimidação, medo, tensão, e até mesmo agressões, passa a sentir empatia e sentimento de amor e amizade por seu agressor. [55] Van Halen foi uma banda de hard rock norte-americana formada em 1972. Foi fundada pelos irmãos Eddie Van Halen e Alex Van Halen, que mais tarde juntou o cantor David Lee Roth e o baixista Michael Anthony. [56] O mais elevado grau de alguma coisa. É sinônimo de máximo, cúmulo, apogeu, auge, culminância e cume Etc. [57] Assinatura tipo rubrica meramente ilustrativa.