História de Tibagi [1, 1 ed.]

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História de Tibagi [1, 1 ed.]

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DECLARAÇÃO DE REPRODUÇÃO E COMPARTILHAMENTO DE OBRA LITERÁRIA

Tibagi, 21 de Março de 2016.

Eu, GILDA MARIA MERCER, autorizo a reprodução, digitalização e compartilhamento Gratuito pela Biblioteca Pública de Tibagi (e órgãos associados) da Obra "História de Tibagl' na sua versão publicada em 1977, em edição do autor. Com base na Lei do Direito Autoral (Lei 9.610/98) em que o artigo 28 que diz "cabe ao autor o direito exclusivo

de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica." e ao artigo 29 que "dispõe que depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, dentre elas a reprodução parcial ou integral".

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DECLARAÇÃO DE REPRODUÇÃO E COMPARTILHAMENTO DE OBRA LITERÁRIA

Tibagi, 19 de Fevereiro de 2016.

Eu, Angela Regina de Mello Nasser, descendente direta do autor Edmundo Alberto Mercer, autorizo a reprodução, digitalização e compartilhamento Gratuito pela Biblioteca Pública de Tibagi (e órgãos associados) da Obra "História de Tibagt" publicado em 1934 e editado pela "Gráfica e Editora Linarth LTA" com base na Lei do Direito Autoral (Lei 9.610/98) em que o artigo 28 que diz "cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica." e ao artigo 29 que "dispõe que depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, dentre elas a reprodução parcial ou integral".

...

HISTôRIA DE TIBA(il

F..dmundo Alhl,10 ~Ü'Ct-,, I...uiz u-opldo llct«'I·

PREFEITURA MUNICIPAL DE TIBAGI Estado do Paraná Praça Edmundo Albeno Mercer, n.0 10

Fones: 222 e 223 Fundaçlo de Tibagi 9-01- 1835 Fundadora ManOtll das Doff/S Machado e sua primsira mulher, Antônia Maria de Jt,sus, coad/uvtidos por Tt11. C,,I. Baldu(no dll AlmBida TaqUIIS II Ttt,. JO# Gon~lves GuimarãllS. Tibegi F....,_ia Lsi n. 15, dll 6,-03/1846

Tiblgi Município • Vila Lei n. 302, de 18.-03/1872

o.ta de Irwtalaçio 10!01/ 1873

Tlbegl Cidade Lei n. 259, dll 27/12/1897 Superfície

3.799 km2 (tllf"Ctliro maior munie1'pio em extensão ts"itorial do Estado do Paran4)

Llmhm NORTE: Tellmaco Borba, RnMva Curiúva SUL : Ponta Grossa e Castro LESTE: Piral do Sul • Arapotl OESTE: lpiranga • lva(

11

Atrações Turírticas Festa de Santa Casturina, sm 26!07 Fazenda Forraleza Ft1ir11 dll Bazerros Salto Sanra Rosa Gruta do A fume Salto Conceição Produçio Soja, arroz, trl(IO, milho, fel/lo Pecuária de Corte

Distritos S.dll Amparo Ventania Caerano Mendes

Segunda Ediçio pat rocinada pela Municipelld1de de Tibagi, na gestão do Prefeito Municipal Dr. José Tibagy de Mello.

BIBLIOTECA MUNICIPAL DE TIBAGI

HISTÓRIA DE TIB~\GI

BIBUOTECA MUNICIPAL DE TIBAGI

Edmundo Albc11o ~lcl' -"ansAS J\Nl'IGAS PARA A HIS'IÕRIA 00 TIBAGI"foi cnrpilaà:> oo aoo de 1934, pelo ronhecido sertanista parana ense EIMNX> AIBERTO MEICER, agrirrensor tibagiaoo, geógrafo e historiÓgrafo de rena-te , ex-nerbro éb Instituto Histórico e Geográfico à:> Paraná, faleci.à::> ro aoo de 1938, sem ter dado o iresro ao oomecilrento pÚblico. Valen:b-rre dessa op:,rtunidade e da qualidade de seu filho, sem o seu nérito intelectual, proa.irei. a provei tá- la para oontar, a rreu rrocb, e de aoorà:> CllTI os ébcunentos que vi, a HISIÕRIA DE TIBI\GI, desde onde o meu sauó:>so pai a

deucou, fazen:b este ooamentário histórico até o ano de 1930.

EDMUNDO Im.z Leopolcb Mercer

MERCER 1934

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7

Embora o povoamento do hinterland das Capitanias do Sul não se o perasse imediatamente após o descobrimento do Brasil, o interior dÕ hoje Estado do Paraná, mormente a região que mais tarde formou o Muni cÍpio de Tibagi,teve o seu solo palmilhado pelos pioneiros de nossa nacionalidade desde as primeiras décadas que se seguiram à chegada de Cabral às terras de Santa Cruz, Este antigo e vasto município,- ai~da que mergulhado em densa e gigantesca floresta na sua maior parte, abrangendo regiões montanha -

sas de complicada ondulação,- foi, de fato, percorrido em todas as di reçÕes, por uma chusma de aventureiros e expedicionários que, à pro-= cura do ELDORADO ou em busca de glórias de conquista, ou ainda, na f aina de negra pirataria, não conheceram sacrifícios que não fossem levados de vencida, não idealizaram glórias que não as tivessem colimado. A República Teocrática de Guaíra,- que tanto se celebrizou na primeira metade do século XVII, em seguinento à infiltração dos cas t elhanos nas terras a oriente do rio Paraná,- teve o maior número

suas reduções, e uma grande parte de seus arraiais indígenas tes no solo deste remoto muoicfpio do Paraná.

de

assen -

E antes que os jesuítas substituíssem pelo catecismo a ação

ci-

vil e militar dos espanhóis em Guaira, cortou também as plagas tiba gianas D. Alvar Nunes Cabeça de Vaca, adelantado na coroa de Castela, na Província do Paraguai. A expl anação destas proposições e uma resenha de fatos posteriores que produziram o atual estado político deste município, são os as

suotos deste traHalho, que, sem preocupação literária, dedicamos nossos patrícios apreciadores de cousas da história.

aos

ALEIXO GARCIA Aleixo Garcia, soldado português,- da gente que veio com Martim Atonso, o insigne capitão donatário e fundador de são Vicente,-e seus tt~R companheiros de expedição, foram, segundo as nH primeiros europe us, ou homens civilizados, que

crônicas do

tempo,

conheceram a opule!!_

cartas de Sesmarias do começo do século XVIII escreviam ora TAIIAGI ora TUBAGI - que, em guarani, quer dizer"aldeia do machado" ou "multo mechado",respectivamente . Escreviam também TIBAGI.

Nos

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regiao do antigo município de Tibagi. "Querendo Martim Afonso explorar as terras ocultas por detrás da Serra do Mar e não desejando impor autoridade na escolha dos que deveriam levar a termo seus desir,nios, pediu gente voluntária para a arriscada expedição". Aleixo Garcia " era wn valente, um herói, talhado para os grandes feitos , ae coração generoso, vontade de ferro, wn daqueles nobres tipos da velha Luzitânia"e por isso não hesitou em apreaen tai--se, seguido de mais três não menos intrépidos portugueses . "Fasa pequena escolta, escreveu Ermelino de Leão, conseguindo captar an simpatias de alguns indigenas do litoral, e desta forma reforçada, penetrou no interior do pais, isto por volta de l . 53l ou l .532, per COl"l"endo 67 léguas de montanhas e vastas aampinas . " lll

Segundo Southay, Garcia adquiriu com facilidade

o

mascararam com emplastros de argila, A certo ponto, acima dos saltos, vizinhos a uma ilha ali existente, retiraram os tapumes e , a nado, puseram-se a salvo ganhando a ilhota,donde apreciaram o desenrolar do drama de que for~ cruéis prE_ tagonistas, As canoas soçobraram e, com os passageiros, la se foram, águas abaixo, desaparecendo tudo, ~entro de alguns instantes , nos s~ midouros infernais dos saltos lendarios .•• na passagem do Aqueronte jamais repetida, .• festa, pois, a segunda expedição que, a se dar crédito às crôni cas, palmilhou os Ínvios sertões tibagianos,

conhecimento

da língua tupi e, graças a isso, pôde chegar, sem muito embaraço,

ao

vale do rio Paraguai. Nessa jornada atravessou os campos de Piratinin ga, passou o rio das Cinzas, navegou e transpôs o rio Tibagi, pouco ã baixo da foz do Iapo e, embrenhando-se nos sertões de oeste, cruzou o Ivaí, margeou o Piquiri, transpôs o "Paraná" acima das Sete Quedas e penetrou no território da hoje Republica do Paraguai. " Aii, continua o historiador, aonseguiu Garcia a adesão de dois mil indios e aom tal exército demandou os Andes, invadiu o Peru e ter

ros dos r•eis I ncas, com cujos vassalos pelejou e adquiriu muitos des= pojos de prata, roupas , etc. De regresso ao Paraguai, diz ainda Er me Lino de Leão, enviou seus três companheiros portugues,rn a 8. Vú,,,nte comunicar a Martim Afonso todo o sucedido, remetendo amostras de prata e cristais. Em seguida, foi o valoroso sertanista assassinado pelos guaranis, com t odos os demais companheiros indios que o acom panhavam. " Desse modo, assaz contristador, terminou Aleixo Garcia o seu ci e lo de aventuras, cabendo-lhe e aos seus não menos intrépidos compa nheiros, entretanto, a gloria de descobridores do interior da Américã do Sul. Pelo itinerário seguido por esta expedição , vê-se que ela cortou as terras tibagianas, passando , exatamente, no lugar onde, muito tem po depois, foi fundada a atual cidade de Tibagi . ( 2 )

JORGE SEDENHO Outro português, Jorge Sedenho, com alguns nobres e soldados seguiu no encalço de Aleixo Garcia, e não menos feliz que seu digno êmulo, foi, com toda a sua gente, sacrificado no rio Paraná, a montante dos saltos das Sete Quedas, pelos Índios do poderoso cacique Guairã, senhor daquelas paragens. Verdadeiramente trágico o fecho desta expedição'. 2 Vide nota no fim

Aqueles silvícolas , de bom grado prontificaram-se a dar passagem

ã caravana, mas fizeram-na em canoas cheias de rombos que habilmente

D, Af..VAR Nl.NES CABEÇA DE VACA Mais ventur oso que Francisco de Chaves que , não logrando a amiza de dos guaranis , foi por eles trucidado com seus 80 homens, nas ime diações de São José dos Pi~ha~s, pôde o Adelantad~ D. Alvar N~n~s Cabeça de Vaca atravessar , 1ncolume , em 1.541, os Campos Gerais en tre as hordas dos gentios que ali habitavam e penetrar em nossos sertões de oeste, em demanda do Paraguai . _ .. D. Alvar que veio investido da alta funçao de adm1n1strador das províncias es~anholas do Rio da Prata, trouxe, tamhêm, incum~ência de reçonhec.er o inLerior da:;; t~r cai:, que, pelo TraLado ele Tunlei:;.1.lhas ,veE_ tenciam à coroa de Castela. Desembarcou ele, com 400 soldados e 26 Ci!_

valos

na Ilha de Santa Catarina em começo de 1.541 . êom esse pequeno exército passou-sem em seguida, ao continente ; venceu a Serra do Mar e veio sair no planalto, sobre as vertentes do Iguaçu. Depois de seguir o curso deste rio, afastou-se dele em certo Pº-1:: 11 to e, alc~nçando as cabec7iras ~o T~~agi", ma:geou~o pelo_~4do es querdo ate um toldo denominado Tapu1 , ~o cacique. Aba~ara_ , donde, inclinando para oeste, penetrou nos sertoes do Ivai, cu~o rio trans pôs na foz do "Iguaçu", seguiu pelo vale do Monday e fo1 ter em Ass unção - objetivo precípuo de sua viagem. Pelas notas de um mapa organizado em 1.640 que se acha apenso às 11 Alegações Argentinas", na questão das Missões, e que mostra,com basr.nnte clareza , o intinerário de Cabeça de Vaca, se conclui que a exprdição por ele comandada chegou ate o l ugar chamado "Amparo", disLnnte cinco léguas à S.O. da cidade de Tibag i, e dai, cortando os nos aoa sertões pelas "Campinas Belas", mais ou menos, foi passar o IvaT rnmo jii foi dito. _ Pela top,ografia da região, à esquerda do Tibagi, como nao _bast~~ s,•m as indicações inconfundíveis do roteiro existente, conclusao d1v11rs11 dificilmente seria aceita, sabendo-se que os campos desse l ado Ilha do Pacu. 4 Abapará - homem pintado, em guarani

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do rio, apertados pelos sertões de oeste, vão se estreitando ao longo daquela ribanceira até o seu completo desaparecimento com a aproximaçao daa matas. ~ natural que o Adelantado procurasse, até o limite do razoável, evitar a viagem pela floresta, e assim sendo, eode-se determinar o-s campoa do Amparo cotoo os Últimos que a expediçao palmilhou na travesaia dos Campos Gerais . E pelo roteiro da expedi~ão, assinalado no mapa Jª mencionado, chega-se ã evidência que o arraial indígena do "Tapuy" estava assente nas Campinas do velho Amparo, onde Cabeça de Vaca, para ressarcir as forçai gastas com a escalada da Serra do Mar e inclemência da canícula, descansou nos dias que decorreram de 19 a 28 de dezembro de 1.541, Entretanto, ao invés do descanso, não teria D. Alvar ali estacado sob a influência do temor, do pavor que o incógnito nos infunde? O mar indômito ele galhardamente tinha vencido nas suas primitivas e frágeis caravelas. Outro oceano, este, porém. de" verduras e flores " jíi tinha, tambem, conquistado sob o som do ~ e das saudações singelas do aborígine. Restava agora a floresta intermina que se erguia dali a dois pas aos! As araucíirias, como que formando uma silhueta, ocultavam a mataria, a flora sub-tropical que assombra pela majestade solene de sua e xuberância e mistério de seus rpcessos quase impenetráveis: Dali a dois passos não mais contemplaria Cabeça de Vaca a beleza pomposa dos nossos prados, desse "paraíso do Brasil"na frase de Saint Hilair@·, hoje C!Onhecidos pelo sugestivo nome' de Campos Gerais ,omle 11a brem todas as flores e recendem tod.os os frutos", mas sim •o emaranha-=do da luxuriante floresta que se estende por ai a fora, cheia de recortes por onde deslizam, ora silenciosos, ora frementes, os caudalosos rios da bacia do Paraná • . . Não há dúvida, a hesitação empolgou por alguns intantes a envergadura de aço do fidalgo de Castela, porém era mister vencer e venceu fazendo, em 11 de março de 1.542, triunfal entrada em Assunção, então capital dos domínios da Espanha na América Meridional. Cabeça de Vaca pi sou, portanto, e no despontar de nossa nacionalidade, as terras do Tibagi.

ULDER!CO SCl+1IDL Um v1aJante alemão, Ulderico Schmidl, em retorno do Paraguai,com de stino a São Paulo, passou pelas regiões trilhadas por Cabeça de Vaca , logo apôs a famosa viagem do Adelantado. Será, pois, mais mn eur~ peu a ajuntar ã lista dos que pisaram, em época remota, o formoso solo do El Dorado paranaense.

,,

OS JESUITAS Vem agora a açao dos Jesuítas espanhóis nos sertões tibagianos. Os espanhóis, na ânsia de estender os seus domínios à leste .~as províncias do Paraguai e Peru, fundaram em 1.557 e 1,577, nas reg1oes do GuairãS, as encomiendas denominadas Ciudad Real 6 e Vila Rica,aquela na foz do Piquiri e esta na barra do Corumbatai, as quais! em verdade, não passaram de simples piresidios militares" ou ~staçoes de ªE. rebanhamento de Índios", enquanto estiveram sob a direçao de seu fundador Ruy Dias de Melgarejo. • " o regime de prepotênaia e escravização imposta pelos espanhois naquelas feitorias, aos abor-igi nes atraídos a tais posto~, redundou,, sem demora, como era natural, em fracass o completo; por 1-sso que o 1-~ dio, que sempre soube ser altivo, preferia viver el'l'ante pelas flo restas a fazer vida de escravo." Daí a incursão dos Jesuítas naquelas paragens. A estes estava, pois, reservada a obra verdadeiramente humanitár ia, mas não compreendida e completada, de reduzir os nos!º! gent!os, ã civilização, num embate de invulgar estoicismo de que soe capaz o mi s sionário da fé e da religião. A ação dos padres de Loyola no Guairá, como vamos ver adiante, desenvolveu-se, quase toda ela, no ~ntigo território tibagia~o. Os padres José Cataldino e Simao Maseta, como vanguarde1ros da cat e quese, foram os primeiros Jesuítas que chegaram àquelas encomien-

uas . E ali não pararam; mister procurar pelos sertões inóspitos o Índ io mal tratado e arredio. 11 A f orma de conversão usada pelos rr.ii~tar:es de Melg_are_jo, que 1,,,mpre vaiia para o s uposto converso as angustias do ca!1-ve1-ro, nunca d, ixou de afugentar o gentio" como diz Rocha Pombo, a~v1ndo como con-:cqUên c ia, o despovoamento daqueles postos= a necess1dad d ser ali 7 7 1dnp t ado outro regime mais humano e consentaneo com os obJet1vos da ,o t equese. Os Jesuítas alcançaram, galhardamen~e! a despeito ~e odas ,a dif i culdades inerentes a essa cruzada apostol1ca, esses obJet1vos, , mhora para vê-los, mais tarde, sacrificados pelas razias das bandei1 ns paulistas.

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5 A gr afi a Guairá ( ant. Guayrá) usade pe l os- escritor8s daquela época, parece-nos a mais correta. 6 As r uí nas de Gua irá ou Ciudad Real foram descobertas pelo ilus tredo sertanista Cel . Telêmãco Morosini Borba em 1.876 e por nós vi s i tada em 1,912. NllTA Rnmón I . Cardoso, historiador paraguaio, em seu belo trabalho, "I t !,IJAIRA" - Hi stóri a de l a antigua Provir.eia- dá o ano de 1. 556 como 11 ri'-! 1'11ndação de Vila Rica del Espiritu Santo, em campo aberto-Cuara, Jl ,urii l up;ar da s minas onde viviam os Ybyrayas-(L.Mercer)

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12.

Fwidaram Maseta e Cataldino na margem esquerda do Paranapanema, em 1.610, as reduções de Loreto 7 e Santo Inácio Menor 8 , que rapidámen te floresceram graças ã imediata concentração, ali, de milhares de c~ tecúmenos. A esses dois padres vieram juntar-se os missionários Antônio Ruy de Montoya, Diogo de Moranta, Martim Urtrasum, Juan Vasco, Diogo Sa lazar, Christovam de Mendonça, Francisco Dias e muitos outros. Refor çado as sim o pequeno exêrcito da fê, incursionaram os Jesuitas , sem de' mora,pelos domínios dos guaranis e nas terras do cacique"Taiobá" fun= daram: Sete Arcanjos e são Tomé, sobre as ribanceiras do Corumbatai; 9 Jesus Maria,sobre a Corredeira de Ferro,no rio Ivaí e Santo Antonio,

nes te mesmo rio, para baixo donde está situado, hoje, o povoado de Te rezina; nas do cacique"Pindobê" estabeleceram o aldeamento de Encarnã ção , ã beira do rio Tibagi, nos fundos da atual Fazenda Monte Alegre e, nas d~s caciq!:es "Roque Ma_Eacanã" e ttMiguel Atiguagé", levantaram a s reduçoes d~ Sao Xavier e Sao Josê, ainda no vale do Tibagi,não mui to longe da hoje cidade de Jatai. Incansáveis na obra de civilizaçao do nativo, escalonam os Jesui t ~s o_alto Tibagi e, já nos Campos Gerais , erguem ainda a redução de Sao Miguel, ~o lugar atualmente conhecido por Igreja Velha, que demora a 12 quilometros , a S. E. , da cidade de Tibagi. E ~ssim, e~teve por dois ~ecênios o antigo território tibagiano, na sua 1~tegral1dade! sob a açao dos padres de Loyola, reunindo eles, nAs pr@citadas reduçoes e aldeamentbs

para mais dê cem

mil Índios

guaranis, caiu~s.ou cai nguás e arês lÕ,todos da grande nação tupi,onde lhes eram ministrados, com o fervor de uma fé acrisolada, os ensinamentos da doutrina cristã. O que foi a obra dos Jesuítas nas reduções a oriente do "Paraná" tida por alguns., " oom algwna rozão, mai s oomo wn pensamento potiti ao di~ farç~do do _que propriament ~ a e sfor ço de missionários apl i cados oom s1,noendade a catequese ", seJa como for, bem denota a rapidez com que, em tão vasto território, puderam eles trazer à conversão, em or-

ganizados e prósperos núcleos, distantes dezenas e atê centenas de lê guas un,s dos outros, os sel vagens todos da sertania de nosso hinter land . E as estradas que fizeram por toda parte, para trânsito de carro~, enredan~o as povoaçõe s nascentes e as cidades que er igir am, de taipas , de t1Jol os e t elhas cujos vestigi os e r uÍnaa ainda esção por aí ,

=

7 8 9

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Ureto foi edificada sobre a foz do "Piropó", afluente da margem esquerda do Paranapanema. Santo Inácio Menor estava para oima de Loreto, na mesma margem deste rio. Ri~ Cõr~75atãi , af_luen,._te da lmargem esquerda do Ivai. • Are - e a denorm-naçao dada por Telemaoo Borba a uns 1,ndios que impropriamente foram tidos como bo tocudos . Habitavam o Vale do Ivai.

tudo nos capacita da grandiosidade dessa divina missão de catequese! Mas tudo isso em pouco tempo foi destruído •• . e todo esse trabalho perdeu-se • .. e toda essa gente desapareceu para ficar a selva entregue ã solidão tétrica do deserto! • •. f que a r onda das bandeiras paulistas vigiava o avanço dos caste l hanos nas t err as ambicionadas pela coroa de Portugal. O r e cuo do paralelo de Tordesi lhas se impunha e essa obra estava reservada ao s intrépidos bandeir antes pauli stas, a quem, inc ont esta -

velmente , coube a glória imor redoura de dil atadores de no ssas l i ndes. ~s pa uli~tas de Antônio Rapo s2 Tavare s caem, em 1.629, s obre as reduçoes de Sao Mi gue l e Santo An tonio ; destroem-nas e des ses pos tos arrebatam 2.500 Índ i os ! _ Encarnação , São Xavier e demai s povoado s adjacentes não escapam a s anha das famiger adas bandeiras , e , em menos de 3 anos , diz Rocha ~ombo , " foram vendidos nas Capi tar.ias d, norte, para mais de 60. 1.,ndios oomo escravos, todos arrebanhados nessas r eduções"! E antes que Loreto, San to Inác i o e demais a ldeament os e r eduções

ººº

restantes passas sem pe l a me sma p r ovação , Mon t oya o pera a retirada ; a-

bandona a obra cic lópica da cat equese a que se i mpuse r am os missionários de Loyola nos s ertões tibagianos. E leva o remanescente do gen tio, escapo das a rremeti da s bande iran t e s , para as famosa s mi ssõe s

do

sul, célebr e s , t ambém, nos fa stos de nossa história, Na r edução de Lore to , Montoya f a z embarcar toda sua gente ( para mais de 12 mil a lmas ) em 700 jangadas e muitas canoa s e de sce os ca u dalosos Paranapan ema e Paraná, em busca de outra s plagas mais pr omi~ ,oras e onde pudesse v ive r tranqUi l o e fel i z no mei o de seus fi lho s ~spirituais. Assim, completa-se, aí por 1 . 632 , o integral despovoamen to de nossos ser tões . As peripécias de s sa dolorosa od isséi a di- las o p róprio Montoya : " Ali ( à margem do Paraná, junto ao salto ) pousou a gente toda que 11niu de jangadas e das oanoas. Por causa da gronde altura de onde a á (/IM fie precipitava, n.ão se quisera que por ali passasse oa:noa aZgwna-: Naa oba·tante, sempre fiz.emos a experiência de atirar 300 canoas que r.otavam va;:ias, na eaperança de que algumas se salvassem e pudesaem n,•1•1Ji1~nos depois para reembar oar-nos abaiJ:o da oasoata . Mas as ca no,111 lodas se espatif aram. Por e s se motivo deixamos as outras canoas li •,vninhamos por terra. Mulheres e raparigas, homens e rapazes teva vam •w suas oargas, as suas coisas miúdas, cada wn segundo as suas Ji:>1,çt.111. Coisas destinad.as a adoração de Deus, as violas, rabecas , trom l,o 11111, flautas e outr•as coisas pertencentes à músioa, deixaY'am à toa-; r, iu or>a muito difi cil que se as lev as se por não haver burros, nem oa valvu , nem bois para nos ajudarem. Dentro de oi to dias chegamos ao lo, 110 lugar ande cuidávamos que embarcariamos de novo, ~supondo que 11 / ,rd1•,w rP-aidentes para baixo do salte, no Par aná, t i vessem par a all mandado oanoas e mantimentos. Ali, pcrêm, não enoontr amtJs coisa at gwn,1; oa padres estavam rrruito mais Zonge; e as noticias que nÓs l he ti 11/iamott mandado depois de mui ta demora é que ohegarom at ê eles ... A 1 rl o l"'>lOOa jornada que t -inhamos de vencer por terro,oaminhando pelã

lon

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maz,gem do Paraná . . . demorou-nos extremamente em caminho. Por isso mes mo, depressa Veio a fome e a doença pôr-nos em estado miaeráveZ ..• At= guna homens pZ':'ltaram" das sementes que dão depressa ", e assim minoramos a carost-ia. Outros homens, com muita dific:uZdalle, fizeram ca noa~ novas, e outros com taquaruçu fizeram uma espécie de balsas ... A v1-agem dos que seguiram pe Zo Pio não foi menos penosa que a dos que foram por terra. "

OS CAINGANGI.ES OU GUAIANÁs Com a dispersão dos guaranis, permaneceram as nossas terras in teir~nt~ despovoadas por alguns anos, uns trinta talvez, até que fo ram invad 7das e ocupadas felos guaianãs ( coroados ou caingangues ) q~e! ~angidos ~ela expansao paulista, no planalto de Piratininga, de ~a imi§raram vindo_encher nossos campos desde as divisas de Jaguariaiva ate as mesopotamias Tibagi-Ivaí, Ivaí-Piquiri, inclusive os cam -

pos de Palmas e Guarapuava. • E isto fizeram.sem trabalho e nenhum sacrifício, porque, como já dissemos, os guaranis, ou melhor, os tupis, antigos senhores destas terras, reman:scentes d a s ~ das bandeiras de Raposo Tavares e Ma noel Preto, ja as haviam abandonado com os Jesuítas de Guairã em ê':' xodo momorãvel rumo às Missões do Sul. ' A! terras do Paraná, mormente as da região que formou o antigo ~er~i~orio tib~giano, estiveram_até 1.632, sem dúvida alguma, sob o imperio exclusivo da grande naçao tupi, nas suas variantes:os carijÕs que habitaram o litoral e foram diluídos ém fusão racial com os eu -

Os coroados, no Paraná, afora o contato que tiveram em 1661-1665 com o grande bandeirante das esmeraldas , permaneceram absolutamente a lheios ao convívio com nossa gente até o povoamento de Guarapuavã (1.810). AÍ umas famílias de caingangues, chamados votorÕes e crunes a cederam ã catequese do Padre Chagas e outras; os ~orins ou xocréns"; mantiveram-se arredios pelos fundos daqueles sertoes. Também em Palmas, mais tarde, indios da mesma tribo achegaram-se à "civilização" I mas ho Tibagi eles se opuseram tenazmente, . ao avanço dos portu~ueses 1 nos seus domínios, até que em 1.858, um bando de ,t.ais gentios se apresentou na ex- colônia militar de Jataí e aí, e em são Jerônimo, foram aldeados pelo Governo, marcando-se então o início da pacificação do caingangue no Tibagi. A conquista dos campos da Fortaleza e a fundação do povoado do TibagÍ custaram, entretanto, muito sangue, como se verá mais adiante ao darmos detal hes das novas entradàs nos rincões tibagianos •. Convém notar que ~m Guarapuava e. Palmas os coroados deram alguns nomes às situações locais, como sejam: CandÕi, Xopim, Xanxerê , Goio int ou Goio-en, Campo Erê, Xapecó, etc.; isto por que, ao nosso

FERNÃO DIAS

ropeus que aportaram em nossas praias e os guaranis, caiuâs e arês,es

parsos pelo !9 e 29 planaltos e pelos vales do Tibagi, Ivai, Paranapa

nema e Parana. A toponím~a guarani de.todos os nossos sítios, rios, baías 1 ser-

ras, etc., registrada, possivelmente, pelos primeiros itinerantes estrangeiros que por aqui transitaram, isso atesta e de uma maneira tão unirorme, que não deixa lugar a controvérsia;, .

Ao rac~f~c~ e ~Óci1 guarani rend:u, pois, o caingangue, Índio re

nitente a civilizaçao, da qual viveu a margem até meados do sécul;; XIX , evitando até então, o quanto pôde e por sistema o contato com nossa gente. Dai por que o coroado não imprimiu nenhuma modificação na nomenclatura lo;al, embora prolongada fosse a sua dominação nestas paragens, e dai por que nula, felizmente, foi a dosagem sangüínea desse~ borigine na formação racial do sertanejo paranaense. Ao inverso, o tupi-guarani, sempre dócil, contribuiu, poderosa mente, no desenvolvimento de nossa nacionalidade fornecendo as cunhãs graciosas e sadia~ e ~s home~s de ~raço forte pa;a a procriaxªº e tr~ balho , de onde, nao ha a fugir, muito perdemos na substituiçao do tupi pelo guaianâs •••

ver ,

foram eles os únicos habitantes dessas regiões nos tempos da nossa his tõria. Não consta que os Jesuítas tivessem escalado o 39 planalto,e nem hã notícia de que as bandeiras paulistas hajam chegado até os campos daqueles altiplanos,

Cabe agora às plagas tibagianas a insi gne honra da visita do maior dos bandeirantes paulistas, Fernão Dias Paes Lemes .- o Governa dor das esmeraldas.-Diz Rocha Pombo: "A bandeira dB mais vulto que Fernão Dias comandou fo7'. dir>igida contra os guaianás 12 que dos campos dB Piratininga havi am refl u{do, desde muito, para os sertões que ficam entre ós Pios Ti bagi e Iva{". Ess~s Índids, continua o historiador, " estabeZ.ecerarrrse por a-i senhoreando--se de vasta,, paragens numa e noutra encosta da Serra da ~ pucarana ande três célebres caciques - Tombú, Condá e Gravata{ - im peravam em três reinos independentes, ceda qual com sww Leis próprias. 11

11 12

O coroado até hoje nos trata de "português" , que significa, para ele" usurpador de suas terras". Segundo Von Den Steinen, na sua ho je clássica distri buiQão etnográfica, os coroados, atualmente conhecidos pelo denominação de "caingangues", pertence~ ao grupo dos goitacás ou guaiarias.

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~ interessante a descrição que faz o nosso grande cronista da vida, costumes e forma de governo dessa tribo ao mando d'aqueles reis caingangues, que ele classifica como a mais adiantada da América do Sul.O presente trabalho não comporta a sua transcrição, mas ela poderá ser lida ãs folhas 52/53 da História do Brasil, volume VI, Entr~tanto, não podemos· deixar de ilustrar este opúsculo com a transcriçao a seguir, data venia , de uma bela página do saudoso pv.ranaense Ermelino de Leao, que diz respeito ã investida de Fernão Dias nos sertões da Apucarana, • " A visão d'E7.. Dorodo foi o grande sonho que impulsionou os heroicos bandeirantes nas bravas e g7..oriosas investidas contra o sertão misterioso. A imaginação ardente dos 7..usitanos, incendiada pela pom pos~ natureza dos ':"vos mundos descobertos, não poderia, naquele tempo aureo das conqu~stas, discernir os contornos que distinguiam osso nhos das realidades. Fora uma utopia a existência das Índias, os pa-Íses das especia rias e dos pagodes suntuosos, as terms dos brâmines e dos elefantes brancos, os dominios dos faustosos rajava como wn mal inevitável. Os mais audazes, os mais enérgicos dos co7..onos,sedu;;;idos pelo ve7..ocino das opulentas lavras andinas, deixavam o Era sil, que se ia transfoPmando em terr>a clássiaa de degredo. Contra esta situação deplorável, era urgente agir, decisiva e resolutamente; e para conjurar o perigo, somente wn recurso aonsiderava efiaaz: arrancar das entranhas do solo pátrio, riquezas sepultadas!. para com elas acenar aos lusos sadios e diligentes, revelando que nao eram somen te as Índias de Castela as destinadas a proporcionar a ventura e pro!!_ peridade. _ _ Fernão procurou, consciente ou nao, prestar a terra natal este grande serviço. Ainda menino, ouvira ae maravilhosas nai•rativas de _v~ lhos indígenas sbbre a opulência da Apucarana, a serra das pedranas faiscantes . Desde então, a idéia de desvendar os tesouros ignorados , aonstituiu--lhe pertinaz preocupação . Colheu informes, inquiriu v__elhos selvagens, ouviu lendas e narrativas ind-Ígenas e aferiu, que alem de!!_ sa, outras ~olinas reluzentes de gemas jaziam perdidas nn recesso das selvas patnciaa. . ._ , . . A conquista da Apucarana pareceu-,he mavel; os ~nd~os esc= zados diziam-se capazes de conduzir uma bandeira ao dore0 da serrB nia. O projeto do audaz paulista se to1"rlou conhecido: amigos e parentes taJrv:Jém ansiosos de novas aventuras , ofereceram--7..he o concurso arcos de suas administrações; e aliaram-se ao promissor empree11d:f. mento, com viva esperança de sucesso. Secundado pelos seus conterra -

aos'

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Ili >11101 que o a.:Lamara,, cabo da bandeira, Fernão 1:wio providenciou para Cl"" o i.ritc coroass11 os seus esforços. Anl!a~, qW:. ime_ortam os perigos para os que palmilham a rude vereda da Gl.õna? Nao sao eles os degraus que levam ao cimo do Capitólio? O bravo paulista não os temia; removia-os, quando não lograva do

miná-Zoa.

ApÓs longas semanas de provações e incertezas, do alto dos mon tes, apareceram tons azulados e indecisos de montanhas distantes. A esperança renasceu:o riso poúaou, de novo,nos lábios dos expedicionários, refletindo o estado de alma daqueles heróis. _os b>'a908 doo -Cndio, por> momento, o faustoso palaaw que o aelebr>e oronista lhe aonaeder-a, tom~a assento em wn andor> e , levado aos ombros de quatr>o dos prin,:,ipaz.a vultos do seu r>eino, pennitia ao sol que lhe oseu'lasse a tez aaob~eada e os miser>os vassalos que lhe saudavam, poster>navam-se II aom os Joelhos e"! . ter>r>a, aom tanta r>everênaia e submissão que, inalinando a aabeça, be1.,Javam a ter>r>a, em auja postur>a se oonseroavam até passar> o dito r>ei. li . Deliai_osa e oi:ientalesaa narTativa, essa que Taques legou à poste?'1,,dade, u1:fluen01.,ado pelo nobr>e desejo de r>evelar> ao nobilia:raado Zusi~ que os _nossos avoengos americanos não desdour-avam a prosápia das l1.,nhagens f1.,dalgas da honrosa gens paulistana. Os outros aaaiques - figur-as mais esbatidas de ver-são taqueana aaudiam aos nomes de Sondá e Gr>cwata{. Dir>igiu-se o gr>ande Fer>não par>a a taba do poder-aso Tombu: e ao ~r>oximar--s_e _da cidade ~al, segundo os ditames da pr-udênaia,pÔ-la em ?'1,,goroao s1.,t1.,o. Convencido, cada dia mais, que a guer>r>a além de des vaneaer> as esper>anças que os bandeir>antes nutr>iam aontr>ar>ia:ria os in tuitos da expedição ( que andava a cata de r>iquez:U, e não de Zouros)proaurou incutir> no ânimo dos sitiados os seus paai'.fiaos propósitos ' ofer>eaendo-lhe wna aliança suasao e pela aor>duru; e , em vez de inimigos, aonqu1.,stou ded1.,aados aolabor-adnr>es do seu magno empr>eendimento. Anos gastou o gr>ande paulista em pesquisaR ~ e:rpZoraçÕes das rei~zentes pedr>cv:ias ,. antevis tas at~avés das lendas gu=anis. As pedr>as la estavam: anata-is de qu=tzo, agatas, as mesmas supostas r>iquezas ~ Zevar-am os aaetelha:noe a denominar> Vila Riaa o seu povoado do Iva-z.; e a rovoltar>-s_e aontr>a os pr>epostoe do Adelantado,sup,:mda,-se uns nababos oq_m os a:rr>ateis de aristais que haviam acumulado! Fernao pr>eviu que o pr>eeti'.gio de que gozava ser-ia v{ti.ma do fraa~so da_bandeir>a, quandn a desesper>ança, unida às pr>ovações, começou a 1.,naend1.,ar- o descontentamento entr>e o bando que dir>igiu. Tentou evitar> o P~r>i;go fminente, que fr>ustruria a exeaução de novos planos, ain da em med1.,taçao . Somente uma tangente se ofer>eaia - a ser>Vidão dos -ín d~os aliacfos. - Compensar-ia, assim, os saar>ifi'.aios dos expediaioná~ 'I'7;0B, satisfa~e~dn-Z~es a ambiç~. Realizá-la pela violência - imposs1.,vel. As mun1.,çoes mnguavam; o animo dos bandeir>antes se aquebr-antar>a e os guaian6s, senhor>es de todos os segr>edos da ser>r>a numer>osos e Clf_uer>r>idos , ter>iam todas as vantagens sobr>e os desleais ~liados . Fer>-nao Paes, hábil poUtioo, quão valente guer>r>eiro, pernuadiu os silv{aol~s ({1±_e dever-iam aaompanhá-lo a São Paulo, onde teriam o pr-êmio da ded1.,aaçao aom que se houVe1'am. Vencida a tenaz r>esistênaia Fer>não e Tombu deixar>qp:n, pa:ra sempr>e, as plagas de Apuaa:rana, r>umo :ZO nor>te em demanda de Sao Paulo. E as hor-das guai_ands que abandnn= Pir>atininga aos br-anaos e mameluaos de S. Andr>e, volta1'am, novamente, par-a o habitat de sua r-aça, indo estabeleaei--se à margem do Tietê, pouco abllixo de farnaiba ,

onde Tombu, fiel às tr>adições da tr>ibo, viveu longo tempo à conver-s~ ção até esgotar-em-se as ener>gias • . . Eis findo o primeiro aialo da hi-atoria por>tugueaa do T·ibag·i • Se o desengano foi o epilogo da audaciosa bandeir>a, se os tesour-os pr>eviatos deixar>am de ser> desvendados, nem por> isso per>der>am o Tibagi , Fernão Dias e a HistÓr>1'.a Nacional; aquele lucr>ou a fama de opulento; este aolheu proveitosos ensinamentos, que somente a expei:iênaia _saj>e ministr>ar, e a história traçou, em livr>o de our>o, a palp-itante pag1.,na da sagr-ação de um herói - glÓr>ÜJ. d.e sãn Faufo - aomo o foi o audaz C~ çador> d.e Esmer>aldas. Desde a er>a de Z. 66l, Fernão Dias deixou de ser> um simples batedor> d.e ser-tão para avultar, aos olhos dos coevos e dos póster-os, aomo benemér>ito da páma: 11 Cinco anos viveu Fernão Dias nos doKÍnios do gentio da Apucarana

cuja amizade o glorioso bandeirante soube , desde logo, conquistar. Na sua retirada levou consigo Condâ, Tombu e 5.000 coroàdos , que foram aldeados nas margens do Tietê , (S. Paulo) , abaixo d·a Vi la de Santana de Parnaíba, onde os aproveitou na cultura de sua fazenda ali a~ sente. Esteve o glorioso bandei rante 5 anos acampado nas pro~imidades da ºapucarana", e , portanto, demorou ele , todo esse tempo, em

terras

genuinamente tibagianas, porisso que a lendária serra se levanta ali, pelas bandas do hoje distrito de Bela Vista13 do nosso mun1c1p10. É ioto que noo conta a hiotÓria, mas, a nosso ver, a estada

de

Fernão Dias verificou-se nos campos da atual Fazenda do Monte Alegre, onde aqueles Índios estavam radicados. O caingangue viveu sempre nos campos; é Índio campes!re e só embrenhou-se nas matas ( e isso o fez depois de tenaz resistencia) quando os campos lhe for~ arreba~ados pelos povoadores paulistas ao tempo das sesmarias .Em Sao Paulo tinham eles seus arraiais nos campos de Piratininga ( Faxina, ltapetininga

Campos Novos, etc. ). Aqui, no Paraná, viveram eles pelos ~ampos

de

Jaguariaí va, Tibagi, Guarapuava e Palmas e quand~ eram bati~os e forçados a emigrar, fugiam para o interior dos sertoes, mas , la mesmo ,

procuravam campinas para erigir suas tabas, como fizeram em Inho-õ 14 , são Jerônimo, Campo Mourão, Campo das ~aranjeira~ , Chagu, Cam~inas B~ las, etc . Robustecem esta nossa asserçao os vest1gios de alde1amentos

e sepulturas que se encontram, ainda, por todos aqueles campos, onde freqüentemen t e são apanhados artefatos de argila, de pedra polida e lascada, dos usados pelos cai ngangues. Daí por que fixamos a Fazenda Monte Alegre como sendo o ponto do acampamento 'do invicto bandeirante. E ainda mai s : os campos deste formidável latifúndio muito se aproxi roam da Serra da Apucarana. Quem deu o nome de 11 Faisqueira" a um ria choque corta esses campos , cuj a denominação vem de priscas eras? E os vestígi os de garimpos que ali aparecem, a quem se deve? 13 14

Atualmente NATINGUI, Município d3 Ortigueira . INHO-ú - nome de um cacique coroado .

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22 A aut or i a dos fat os compreendidos nes tas duas interrogações ·poderã, entre tanto , ser atriburda não só a Fernão Dias como aos garim 11

peiros da "Pedra Branca

dos quais falaremos a seguir.

OS GARJ/,pQS

ApÓs a arremetida do Governador das Esmeraldas nos domínios de Tombu, Condã e Gravataí, de que jã falamos, vem o perrodo tormentoso dos garimpos. O Tibagi foi conhecido desde 1. 754 como o El Dorado paranaense , pelas descobertas que f i zer am os paulistas, na Pedra Br anca 15 das minas de diamente e ouro . Entretanto , hã a anot ar que , entre a época da incursão de Fernão Dias à Apucarana e a da descoberta destas mi nas , decorreu um período de quase um sé culo, de que não t emos notícias haja havido outras entradas nos nossos sertÕes. Isto quer dizer que os caingangues ficaram por todo esse longo espaço de tempo , senhor es absolutos , não só das terras tibagianas, como de todo o oeste e noroeste do Paranã. 16 15 16

PEDRA BRANCA é uma serra que fica a 10 quilômetros a SD. da cidade de Tibagi . August de Saint Hilaire , em sua "Viagem ao Interior do Brasil" (1820) noti ciou a coexistência , com os coroados de Jaguariaíva, de outras tribos de índios que usavam furar as orelhas e lábios a que viviam em guerras com aqueles aborígines. Acrescentou o eminente naturalista que "seria quase impossível que estes Índios fossam os verdadeiros boto-:udos do Rio Doce, mas que néo seria de duvidar que fossem eles ir mãos dos Índios que os paulistas encontraram em 1845 no Guairá, tidos , também, como botocudos, devido ao uso de tembetá de resina , no lábio inferior.• Não partilhamos da opinião do sábio , Os Índios encontrados, na região do Guairá, pela expe dição enviada pelo Barão de Antonina , não eram outros senãÕ os caiuás, por isso que eram eles os Únicos Í ndios que . no in terior do Paraná, usavam batoques de resina, sendo de notar que tais aborí gines , ali vivem, com os mesmos hábitos ecostumes de seus avoengos . E estes aborígines nunca usaram furar as orelhas e não eram afeitos à guerra . Temos como certo , por isso , que os Índios inimigos dos coroados de Jaguariaíva, de que fala o graede botânico , eram os botocudos ou aimorés do Rio Doce, do Grupo GE que de lá emigraram, e, a esse tempo, erravam pelos altos da Serra do Mar, até se fixarem em Santa Catarina, onde, até não há mui to t empo, davam pasto à s ua ferocidade e bruta lida das extremas . -

Um artigo que hã tempo publicamos , a propósi~o do surto dos ga • r impos nes sas minas e que repr oduzitws adi ante, da a notrcia detalhada de como começou o Tibagi a ser conhecido sob esse novo aspect o , de terra do El Dorado. Eis o artigo :

"Entre a época da malograda bandeira do gl.orioso sertanista Fernão Dias à l.endária Apucarana _e os dias da epop~ia da "~or tal.eza", ~e que ;já fal.amos em artigo tarrbem publ.icacfo l 7 , hã wn peri.odo de . ma1;s de wn sécul.o, que encerra al.gune fat