Frutos nativos da Amazônia comercializados nas feiras de Manaus - AM
 9788521100737

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Frutos nativos

Da Amazônia

comercializados nas feiras de Manaus-AM Afonso Rabelo

Frutos nativos

Da Amazônia

comercializados nas feiras de Manaus-AM Afonso Rabelo

PRESIDENTE DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff MINISTRO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Aloizio Mercadante Oliva DIRETOR DO INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA Adalberto Luis Val

Frutos nativos

Da Amazônia

comercializados nas feiras de Manaus-AM Afonso Rabelo

Manaus-AM 2012

Copyright © Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPA 2012

Revisão do Português

EDITORA INPA

Fernanda Rodrigues Morais de Oliveira

Editores

Mario Cohn-Haft

Revisão do Glossário

Maria das Graças Gonçalves Vieira Fotografias

Isolde Dorothea Kossmann Ferraz Projeto gráfico

O autor

Tito Fernandes Luís D. da Paz Produção editorial

Odinéia Garcia Bezerra Shirley Ribeiro Cavalcante Tito Fernandes Bolsistas

Anne Caroline Pereira Andes Erick Isidoro Ermiro Ribeiro Cavalcante Luís D. da Paz Sabrina Araújo de Almeida

Ficha catalográfica

R114

Rabelo, Afonso Frutos nativos da Amazônia : comercializados nas feiras de ManausAM / Rabelo Afonso.— Manaus : INPA, 2012. 390 p. : il. color.; 16 x 23cm

ISBN: 978-85-211-0073-7 1. Frutos nativos – Amazônia – Taxonomia. 2. Feira-livre – Manaus. I. Título. CDD 19. ed. 581.4

Av. André Araújo, 2969 - Aleixo Manaus - AM, CEP 69060-001 Fone: (92) 3643-3223 email: [email protected]

DEDICATÓRIA Dedico esta obra, “Frutos nativos da Amazônia comercializados nas feiras de Manaus-AM”, primeiramente, a Deus, pois sem ele, nada seria possível; à memória do meu pai Sr. João da Cunha Rabelo, pelos ensinamentos, sua bondade, sua companhia e humildade; à minha mãe Sra. Nadir do Nascimento Rabelo, pelo esforço e pela dedicação dispensados ao êxito de minha vida pessoal e acadêmica; à minha esposa Maria das Dores Batista da Silva e à minha filha Laís Silva Rabelo, pela paciência e pelo companheirismo; e a todos meus irmãos, sobrinhos, cunhados e amigos pelo apoio que carinhosamente, me dispensaram.

AGRADECIMENTOS A Deus pela realização dessa obra. Ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e ao seu Diretor Adalberto Luís Val. À Escola Agrotécnica Federal de Manaus, atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM). Ao professor Henrique Rabelo Sobrinho pelo incentivo e facilitação para realização das fotografias de fruteiras dentro das dependências do IFAM. Aos colegas da Editora do INPA, em especial ao Tito Fernandes, Luís D. da Paz e Shirley Ribeiro Cavalcante, pela dedicação e eficiência durante a editoração do livro. À Felipe França de Morais pelo grande estímulo e ajuda nas excursões de campo. À Fernanda Rodrigues Morais de Oliveira, pela revisão do português. Ao Coordenador de Extensão do INPA, Carlos Roberto Bueno, pelo apoio ao trabalho e informações valiosas durante a editoração do livro. À minha esposa Maria das Dores Batista da Silva e à minha filha Laís Silva Rabelo, pelo auxílio valioso durante as pesquisas nas feiras livres de Manaus. Aos meus colegas da Coordenação de Pesquisas em Botânica, em especial, ao Dr. Antonio Carlos Marques-Souza, à Dra. Maria das Graças Gonçalves Vieira, aos pesquisadores Carlos Alberto Alves de Freitas, Diógenes de Andrade Lima Filho e Luiz Carlos de Matos Bonates, e aos técnicos Denizard da Silva Ló, José Augusto Coelho da Silva, José Izac de Souza, Luiz de Souza Coelho, Maria da Glória Paiva de Assis, Maria Olenka Maciel e Nory Daniel de Carvalho Erazow, pelo apoio durante a realização da pesquisa. Aos ilustres companheiros José Guedes de Oliveira, José Ferreira Ramos, José Lima dos Santos, Everaldo Pereira e Gláucio Belém da Silva, pela colaboração nas coletas de campo. Aos feirantes da cidade de Manaus, pelas informações sobre os frutos.

APRESENTAÇÃO “Quem enxergar esta obra sob a ótica de mais um estudo sobre os frutos nativos da Amazônia ”... Está no rumo certo do seu entendimento e de sua importância, em vista de uma biodiversidade tão rica, que se apresenta tão convidativa ao desvendamento de sua variedade e potencialidade que cada estudo feito, com seriedade e empenho, encontrará seu lugar como elemento eficaz no necessário conhecimento desse manancial. A obra é resultado de dois anos de pesquisas e discorre sobre 38 espécies diferentes de fruteiras nativas da Amazônia, catalogadas em 10 feiras livres na cidade de Manaus. Apesar de sua formatação técnico-científica, apresenta uma linguagem simples, objetiva e ricamente ilustrada com fotografias coloridas em alta resolução, dos principais elementos constituintes das plantas, para que possa ser usada pela sociedade em geral, sobretudo, por pequenos agricultores, estudantes e pesquisadores. Os conhecimentos deste livro servirão também de fonte de consultas para trabalhos voltados para pesquisas que visam, especialmente, à incorporação das fruteiras nativas em sistemas agroecológicos e no agronegócio; na criação de leis para proteção de fruteiras raras presentes em fragmentos florestais urbanos e para socialização do conhecimento científico, com vistas à sua aplicabilidade. Ademais, no momento em que a sociedade globalizada sofre mais de perto as consequências de uma exploração longa e cruel dos recursos naturais, contribuir, de algum modo, para instrumentalizar os que buscam o caminho da sustentabilidade, por meio de novas tecnologias e pesquisas científicas inovadoras que possibilitem maior conservação, utilidade e agregação de valores econômicos aos subprodutos dos frutos, é muito gratificante. Todavia, esta obra também é a expressão de um amazônida fascinado e apaixonado por este “Paraíso Verde”. Sinto-me desafiado e privilegiado por viver aqui e trabalhar no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia-INPA e, por meio da pesquisa em Taxonomia vegetal, poder ajudar no conhecimento da biodiversidade amazônica e na divulgação do potencial frutífero de valor econômico. Por tudo isso, ofereço aos senhores um trabalho realizado com humildade, paciência e boa vontade.

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Por fim, espero que o presente livro seja útil aos interessados nos estudos das fruteiras nativas da Amazônia, com a expectativa de que esses conhecimentos possam ser difundidos e usados de maneira proveitosa por pesquisadores, estudantes, agricultores e comunidades tradicionais de outros Estados do Brasil, sobretudo, da Amazônia. O autor

PREFÁCIO

O

professor Dr. Warwick Estevam Kerr escreveu certa vez que sem plantas o mundo morreria de fome e que até o ano 1500, os homens comiam mais de 5000 espécies de plantas, com destaque para os frutos. Já no ano de 1800, esse número já tinha caído para 1500. Segundo ele, hoje consumimos apenas 200 espécies. Se formos checar em cada região do Brasil esse número, com certeza, é ainda muito menor. Por isso, toda informação adicional que venha contribuir para o conhecimento dos tipos de plantas que fornecem frutos ao homem será sempre bem vinda. Numa região como a Amazônia, carente de informações sobre a fauna e a flora, Afonso Rabelo nos propicia, com uma linguagem simples e de fácil compreensão, de dados sobre o hábito alimentar de parte da população de Manaus que frequenta as nossas feiras em busca de frutos que, apesar de nativos, são bastante apreciados pelo seu paladar. Quantos de nós tivemos a curiosidade de observar isso que o autor constatou? Que há no comércio local determinados tipos de frutos que são encontrados somente nesses estabelecimentos. Foi à curiosidade e o olhar aguçado do autor que transformaram essas observações em uma obra que será de grande serventia aos estudiosos da região que desejam se aprofundar no assunto. O autor descreve 38 frutos que são comercializados nas principais feiras de Manaus, trazendo em detalhes as características botânicas de cada um e da planta a qual pertencem, a época de maturação, a distribuição geográfica, a maneira como devem ser consumidos e o seu potencial de mercado. Fornece ainda, informações para a utilização econômica, para o manejo sustentado e para a conservação dessas espécies e os ambientes onde elas ocorrem. Os dados inclusive fornecem subsídios para os que desejam fazer reflorestamento em áreas desmatadas, em fazendas e pequenas propriedades, visando à sua exploração econômica em larga escala para atender o comércio local e/ou para o consumo próprio. Portanto, por serem frutos tipicamente amazônicos é mais uma contribuição que a obra nos dá para o entendimento das plantas que existem na região. Os dados aqui contidos mostram que o potencial desses frutos são promissores. A importância das informações aqui contidas e o papel

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que as mesmas têm em desvendar fatos e curiosidades que acontecem no dia-a-dia das feiras de Manaus, quando da comercialização desses frutos, caminham no sentido de que é preciso popularizar o conhecimento. Antonio Carlos Marques Souza Pesquisador INPA/Coordenador/CPBO

SUMÁRIO INTRODUÇÃO ... 15 OBJETIVOS ... 19 METODOLOGIA ... 20 CONFECÇÃO DA OBRA ... 24 RESULTADOS ... 30

ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTOS ... 33 1. ABIU

Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. ... 34 2. ARAÇÁ-BOI

Eugenia stipitata McVaugh ... 41 3. BACURI-DE-ESPINHO

Garcinia madruno (Kunth) Hammel ... 49

4. BACURI-DO-IGAPÓ

Garcinia brasiliensis Mart. ... 58 5. BACURI-MIRIM

Garcinia cf. gardneriana (Planc. & Triana) Zappi ... 67 6. BACURIPARI

Garcinia macrophylla Mart. ... 71 7. BIRIBÁ

Rollinia mucosa (Jacq.) Baill. ... 77 8. CAMU-CAMU

Myrciaria dubia (Kunth) McVaugh ... 85 9. CASTANHA-DO-BRASIL

Bertholletia excelsa Bonpl. ... 94 10. CUBIU

Solanum sessiliflorum Dunal ... 105 11. CUPUAÇU

Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum. ... 112 12. INGÁ-AÇU

Inga cinnamomea Spruce ex Benth. ... 121 13. INGÁ-CIPÓ

Inga edulis var. edulis Martius ... 129 14. JATOBÁ

Hymenaea courbaril L. ... 137 15. JENIPAPO

Genipa americana L. ... 145 16. MARI-MARI

Cassia leiandra Benth ... 154

14 17. MURICI-AMARELO

Byrsonima crassifolia (L.) Kunth ... 162 18. PAJURÁ

Couepia bracteosa Benth ... 170 19. PEPINO-DO-MATO

Ambelania acida Aubl. ... 177 20. PIQUIÁ

Caryocar villosum (Aubl.) Pers. ... 185 21. PITOMBA

Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk ... 194 22. PURUÍ

Borojoa sorbilis (Ducke) Cuatr. ... 204 23. SAPOTA-DO-SOLIMÕES

Quararibea cordata (Bonpl.) Vischer ... 213 24. SORVINHA

Couma utilis (Mart.) Müll. Arg. ... 221 25. TAPEREBÁ

Spondias mombin L. ... 229 26. UXI

Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. ... 239 27. UMARI

Poraqueiba sericea Tul. ... 246

ESPÉCIES TREPADEIRAS ... 255 28. GOGÓ-DE-GUARIBA

Salacia sp. ... 256 29. GUARANÁ

Paullinia cupana Kunth ... 263 30. MARACUJÁ-DO-MATO

Passiflora nitida Kunth ... 272

ESPÉCIES DE PALMEIRAS ... 283 31. AÇAÍ-DO-AMAZONAS

Euterpe precatoria Martius ... 284 32. AÇAÍ-DO-PARÁ

Euterpe oleracea Martius ... 296 33. BACABA

Oenocarpus bacaba Martius ... 308 34. BURITI

Mauritia flexuosa L.f. ... 319

15 35. MARAJÁ-DO-IGAPÓ

Bactris concinna Martius ... 332 36. PATAUÁ

Oenocarpus bataua Martius ... 340 37. PUPUNHA

Bactris gasipaes Kunth ... 348 38. TUCUMÃ

Astrocaryum aculeatum G. Mey. ... 361 REFERÊNCIAS ... 379 SITES CONSULTADOS ... 380 GLOSSÁRIO ... 381

INTRODUÇÃO A floresta amazônica possui, aproximadamente, 250 espécies com frutos comestíveis. CAVALCANTE (1996) relaciona 117 fruteiras nativas e 15 espécies de palmeiras, do total 44 nunca foram cultivadas. MIRANDA et al. (2001) e MIRANDA & RABELO (2006 e 2008) catalogaram 31 espécies de palmeiras com frutos comestíveis. A maioria das fruteiras nativas da Amazônia não apresenta potencial florestal madeireiro. Elas produzem frutos com qualidades e sabores bastante variados, com paladar aprazível. Em geral, os frutos são consumidos na forma in natura, mas determinadas espécies apresentam frutos com potencial para uso na culinária e na agroindústria. Entretanto, pouco se sabe sobre a comercialização desses frutos nas feiras livres da cidade de Manaus. A comercialização dos frutos, oriundos do extrativismo sustentado, ou de sistemas agroecológicos é considerada como ecologicamente correta e economicamente viável, pois além de preservar a floresta e sua biodiversidade, proporciona receita alternativa, principalmente para as comunidades tradicionais da região amazônica e, consequentemente, gera empregos e melhoria da qualidade vida da população. Entretanto, alguns frutos oriundos do extrativismo estão cada vez mais escassos nas feiras livres da cidade de Manaus, dentre eles destacam-se: Piquiá (Caryocar villosum (Aubl.) Pers.), Pajurá (Couepia bracteosa Benth), Sorvinha (Couma utilis (Mart.) Müll. Arg.), Uxi (Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.), Jatobá (Hymenaea courbaril L.), Bacaba (Oenocarpus bacaba Martius), Patauá (Oenocarpus bataua Martius) e Sapota-do-Solimões (Quararibea cordata (Bonpl.) Vischer), em decorrência dos desmatamentos provocado para abertura de estradas, expansão agropecuária e desenvolvimento sócio-econômico, próximo das zonas urbanas. Essa perspectiva tem causado preocupação nos ambientalistas em relação à preservação das fruteiras no seu habitat natural. Atualmente as espécies de Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.), Jatobá (Hymenaea courbaril L.) e Piquiá (Caryocar villosum (Aubl.) Pers.), sofrem com grande perda de variabilidade genética, decorrente da supressão para retirada de madeira de excelente qualidade. Com relação à preservação dessas fruteiras é necessário fortalecer o extrativismo sustentado dos frutos e sementes, uma vez que essa prática causa menos impactos em relação à extração de outros produtos não madeireiros.

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É fundamental também incentivar plantios de fruteiras associadas com outros vegetais de potencial econômico, sobretudo, em sistemas agroecológicos, permaculturas, sistemas agroflorestais e em áreas já desmatadas e degradadas, para que ocorram posteriormente, crescimento da produção e fortalecimento da agricultura familiar, visando especialmente a permanência das populações nas zonas rurais e ribeirinhas. Como impactos positivos, haverá redução na taxa de desmatamento e aumento das ofertas de frutos, impulsionando assim, o crescimento da agricultura familiar, orgânica e sustentável, pois são práticas que protege a estrutura do solo e garante sua fertilidade, além de defender as plantas de pragas e doenças, sem a necessidade do emprego de agrotóxicos, mantendo assim a biodiversidade completa dos nossos ecossistemas. O sistema agroecológico ou agricultura orgânica são sistemas sustentáveis, com produção de alimentos e modelos mais tradicionais a baixo custo econômico, energético e ambiental. Esse sistema pretende, principalmente, melhorar a qualidade de vida e aumentar a renda de pequenos e médios agricultores, visto que envolve a formação de sítios e fazendas, além de valorizar o conhecimento tecnológico e o conhecimento das populações tradicionais, os quais são essencialmente importantes para atingir uma agricultura saudável e resguardar o ecossistema, como a biodiversidade das florestas nativas, os recursos hídricos, a fertilidade e a estrutura do solos. Nesse sistema, as áreas de solo de baixa fertilidade, são recuperadas por meio da adubação orgânica e compostagem. A permacultura foi criada pelos australianos Bill e David Holmgren, nos anos 70, agregando o conhecimento das populações tradicionais com técnicas inovadoras, com o objetivo de criar culturas permanentes, na relação entre os homens, natureza e animais, direcionando para a autossuficiência doméstica e comunitária e, os produtos em excesso, para a comercialização. É um método ambientalmente sustentável que inclui inevitavelmente o uso e a convivência direta com as florestas e os benefícios sociais que esse relacionamento concede em sítios, fazendas, comunidades isoladas e assentamentos, como modelo de sustentabilidade agrícola de menor gasto de energia e de trabalho para a sua manutenção, além da autossuficiência econômica e familiar. A estrutura envolve o planejamento de casas com formação de telhados verdes, captação de água de chuva, reciclagem do saneamento, uso de fogão a lenha com serpentina, materiais mais orgânicos para a bioconstrução e maior cultivo de espécies, com maior valor econômico, energético, alimentar e medicinal (Figuras A e B).

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O sistema agroflorestal (Saf ) é um sistema sustentável de uso da terra, que combina, de maneira simultânea ou em sequência, a produção de cultivos agrícolas com plantações de árvores frutíferas, florestais ou criadouro de animais, utilizando a mesma unidade de terra e aplicando técnicas de manejo que são compatíveis com as práticas culturais da população local, visando à melhoria dos aspectos ecológicos, econômicos e sociais, para promover maior qualidade de vida e, consequentemente, a fixação do homem no campo. O sistema busca aproveitar, ao máximo, as condições ambientais e ecológicas nessas áreas, já que efetivamente envolve a associação de espécies de interesse econômico em diferentes estratos e composições vegetais, objetivando melhor aproveitamento e rendimento. Notadamente, esses modelos agroecológicos são os que mais se aproximam ecologicamente da floresta, despontando atualmente como uma atividade promissora para o desenvolvimento da fruticultura na Amazônia. Dentre as fruteiras regionais mais valorizadas para o cultivo em sistema agroecológico, permacultura e sistema agroflorestal estão: o Abiu (Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.), Açaí-do-Amazonas (Euterpe precatoria Martius), Açaí-do-Pará (Euterpe oleracea Martius), Araçá-boi (Eugenia stipitata McVaugh), Bacaba (Oenocarpus bacaba Martius), Bacuri-deespinho (Garcinia madruno (Kunth) Hammel), Biribá (Rollinia mucosa (Jacq.) Baill.), Camu-camu (Myrciaria dubia (Kunth) McVaugh), Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.), Cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal), Cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum.), Guaraná (Paullinia cupana Kunth), Ingá-açu (Inga cinnamomea Spruce ex Benth.), Ingá-cipó (Inga edulis var. edulis Martius), Jatobá (Hymenaea courbaril L.), Jenipapo (Genipa americana L.), Marimari (Cassia leiandra Benth), Murici-amarelo (Byrsonima crassifolia (L.) Kunth), Pitomba (Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk), Pupunha (Bactris gasipaes Kunth), Puruí (Borojoa sorbilis (Ducke) Cuatr.), Sapotado-Solimões (Quararibea cordata (Bonpl.) Vischer)), Sorvinha (Couma utilis (Mart.) Müll. Arg.), Taperebá (Spondias mombim L.), Tucumã (Astrocaryum aculeatum Mayer) e Umari (Poraqueiba sericea Tul.).

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A

B Figuras (A e B) - Detalhe de algumas fruteiras cultivadas em sistemas agroecológicos.

OBJETIVOS Com propósito de ampliar o conhecimento das espécies de fruteiras nativas comercializadas nas feiras livres na cidade Manaus, foram realizadas pesquisas durante dois anos em 10 (dez) estabelecimentos, com os objetivos a seguir: 1 - Ressaltar as características botânicas de cada fruteira catalogada, bem como o potencial ecológico, econômico e ornamental; 2 - Sugerir o cultivo dessas fruteiras em sistema agroecológico, permacultura, sistema agroflorestal, quintal residencial, sítio, arborização urbana e paisagismo; 3 - Valorizar os frutos amazônicos e propagar os conhecimentos dessas fruteiras, sobretudo, nas escolas de ensino fundamental, médio e universitário; 4 - Alertar políticos, pesquisadores e ambientalistas sobre a importância da preservação de fruteiras raras no seu habitat natural; 5 - Estimular a criação de leis para proteção de fruteiras nativas em fragmentos florestais urbanos, principalmente, em nascentes, margens de igarapés e áreas próximas a rios; 6 - Resgatar os costumes da cultura amazonense, especialmente dos manauaras, pelo consumo de frutas nativas. 7 - Por meio dos plantios de fruteiras em sistemas agroecológicos, promover uma relação mais equilibrada entre o homem e o meio ambiente, respeitando, especialmente, os conhecimentos, tradições e costumes das populações tradicionais da Amazônia.

METODOLOGIA O trabalho foi realizado na cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas, principal centro financeiro da região Norte do Brasil (Figura C), na Amazônia Central e, confluência dos rios Negro e Solimões, com área territorial de 11.159,5 km² e urbana de 377 km², nas coordenadas: Latitude 3° 07’ (S) e Longitude 59° 57’ (W), e distante a 1.924 quilômetros da capital federal, Brasília. É a cidade mais populosa da Amazônia, com 1.802.525 habitantes (Censo IBGE, 2010), e conhecida pelo teatro Amazonas e ecoturismo (Figuras D, E e F). O clima é do tipo equatorial, quente e úmido, apresentando precipitação pluviométrica anual média de 2.300 mm, com uma variação de temperatura média de 27 ºC. As chuvas, apesar de regulares, não se distribuem igualmente durante o ano, os meses mais chuvosos são: dezembro, janeiro, fevereiro, março, abril e maio. Essas precipitações resultam de uma umidade relativa anual superior a 80%. Nos meses de junho a outubro ocorre o período de poucas chuvas, resultando em uma estação seca, com pequenos deficit hídricos nos solos, principalmente, aqueles arenosos. Os solos mais importantes são os latossolos amarelos, que são muito argilosos, ácidos e com altos teores de alumínio. A superfície da floresta apresenta boa fertilidade devido à reciclagem de nutrientes provenientes da liteira (galhos, folhas, flores e frutos das árvores). Essa liteira é importante, por suprir continuamente o solo com nutrientes e contribuir para a manutenção da sua estrutura e conservação. Nas áreas mais profundas, o solo apresenta baixa fertilidade, além de, muitas vezes, apresentar deficiência de micronutrientes. O tipo de vegetação no entorno de Manaus é caracterizado por floresta ombrófila densa, localizada em terra firme, dividindo-se em floresta de platô, vertente e baixio, às vezes, associada com outros tipos de vegetação, com superfícies menor, tais como campinas e campinaranas. É caracterizada por apresentar vegetação densa de grande porte, em que a altura das árvores varia de 20 a 40 metros; o dossel é emergente, uniforme e contínuo, às vezes, com pequenas clareiras provocadas pelo vento ou queda natural de árvores velhas, além das clareiras naturais de pequenos igarapés. O sub-bosque é bastante úmido, pouco denso, sem emaranhado de cipós e com grande frequência e abundância de palmeiras acaules.

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Figura (C) -Mapa de localização da cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas. Fonte: Olly Phillipson-2007.

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D

E Figuras (D e E) - Vista panorâmica da cidade de Manaus.

BIOMA CERRADO

Figura (F) - Mapa de localização da cidade de Manaus, enfatizando o bioma amazônico.

BIOMA AMAZÔNICO

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CONFECÇÃO DA OBRA Foi realizada por meio de pesquisas durante dois anos em 10 (dez) feiras livres localizadas na cidade de Manaus (Figuras G, H, I, J, L, M, N, O, P e Q). Nas feiras, os frutos nativos foram fotografados e coletados para mensuração em laboratório e identificação no Herbário da CPBO/INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). A identificação dos frutos foi realizada por meio de comparação com o material testemunho herborizado e revisado por especialistas. Após as identificações, foram avaliados as frequências, abundâncias, preços e período de comercialização de cada espécie. Nos textos, as espécies foram separadas em 3 (três) blocos: (1) plantas arbóreas e arbustos, (2) plantas trepadeiras e, (3) palmeiras. Posteriormente, foram listadas de acordo com a determinação alfabética de cada grupo, seguidas pela numeração crescente, por meio dos nomes vulgares. Para cada espécie foram atribuídos o nome vulgar, o nome científico, as sinonímias, o gênero e a família, utilizando-se a nomenclatura da base de dados do Missouri Botanical Garden (MBG), disponíveis no site: www. tropicos.org. Em seguida, foi feita a caracterização botânica de cada espécie, onde foram destacados a descrição das plantas, hábito de crescimento, tipos e formas das inflorescências, flores, folhas, frutos e sementes, bem como, os principais usos, época da comercialização e preços dos frutos nas feiras, tudo isso, retratados em fotografias com alta resolução, tratadas no programa photoshop.

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G Figura (G) - Feira do Alvorada, localizada no centro comercial da Avenida “J”, s/n, no Bairro da Alvorada I.

H Figura (H) - Feira do CIGS, localizada na Avenida São Jorge, 750, no Bairro de São Jorge, realizada aos sábados, a cada 15 dias.

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I Figura (I) - Feira Modelo da Compensa, localizada na Rua São Pedro no Bairro da Compensa II, s/n, ao lado do Mini-Shopping no entroncamento da Avenida Brasil.

J Figura (J) - Feira Modelo do Coroado, localizada na Alameda Cosme Ferreira, s/n, próxima da Avenida Beira-Rio, no Bairro do Coroado.

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L Figura (L) - Feira de frutas regionais, localizada na Avenida Torquato Tapajós, próxima ao do viaduto do Bairro da Cidade Nova e entrada para o Aeroporto Eduardo Gomes.

M Figura (M) - Feira do Lírio do Vale, localizada na Avenida Laguna, s/n, no Bairro do Lírio do Vale I.

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N Figura (N) - Feira da Manaus Moderna, localizada na Rua Barão de São Domingos, s/n no centro de Manaus.

O Figura (O) - Feira da Panair, localizada na Rua Bento José de Lima, s/n, no Bairro da Colônia Oliveira Machado.

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P Figura (P) - Feira do Produtor, localizada na Rua Comendador Vicente Cruz, em frente à Câmara Municipal de Manaus, no Bairro de Santo Antônio.

Q Figura (Q) - Feira do CEASA, localizada na BR-319, no Porto da Balsa.

RESULTADOS Foram identificadas 38 (trinta e oito) fruteiras nativas, sendo 27 (vinte e sete) plantas arbóreas e arbustos (Tabela 1), 3 (três) plantas trepadeiras (Tabela 2) e 8 (oito) espécies de palmeiras (Tabela 3), distribuídas em 31 (trinta e um) gêneros e 21 (vinte e uma) famílias. A família Arecaceae (palmeiras) com 8 (oito) espécies (21,62%) foi a mais abundante, seguida por Fabaceae com 4 (quatro) (10,81%), Clusiaceae com 4 (quatro) (10,81%) e Apocynaceae, Malvaceae, Myrtaceae, Rubiaceae e Sapindaceae com 2 (dois) (5,41%) respectivamente. Entre as espécies catalogadas, as mais conhecidas foram: Abiu (Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.), Açaí-do-Amazonas (Euterpe precatoria Martius), Açaí-do-Pará (Euterpe oleracea Martius), Araçá-boi (Eugenia stipitata McVaugh), Bacaba (Oenocarpus bacaba Martius), Biribá (Rollinia mucosa (Jacq.) Baill.), Buriti (Mauritia flexuosa L.f.), Camu-camu (Myrciaria dubia McVaugh), Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.), Cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum.), Guaraná (Paullinia cupana Kunth), Ingá-cipó (Inga edulis var. edulis Martius), Jatobá (Hymenaea courbaril L.), Jenipapo (Genipa americana L.), Patauá (Oenocarpus bataua Martius), Pitomba (Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk), Pupunha (Bactris gasipaes Kunth), Taperebá (Spondias mombin L.) e Tucumã-do-Amazonas (Astrocaryum aculeatum Mayer). As espécies que ocorreram em todas a feiras visitadas foram: Bacuri-deespinho (Garcinia madruno (Kunth) Hammel), Bacuri-do-igapó (Inga edulis var. edulis Martius), Biribá (Rollinia mucosa (Jacq.) Baill.), Castanhado-Brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.), Cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal), Cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum.), Ingá-açu (Inga cinnamomea Spruce ex Benth.), Ingá-cipó (Inga edulis var. edulis Martius), Jenipapo (Genipa americana L.), Pupunha (Bactris gasipaes Kunth), Tucumã (Astrocaryum aculeatum Mayer) e Umari (Poraqueiba sericea Tul.). As fruteiras de Açaí-do-Pará, Castanha-do-Brasil, Camu-camu, Cubiu, Cupuaçu, Guaraná, Murici-amarelo, Pupunha, Sorvinha, Taperebá e Tucumã apresentam grande potencial econômico e ótimas oportunidades de comercialização, geração de emprego, renda e melhoria da qualidade de vida, tendo em vista a boa aceitação pelos mercados regionais, nacionais e internacionais.

1

Abiu

Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.

Sapotaceae

2

Eugenia stipitata McVaugh

Myrtaceae

Garcinia madruno (Kunth) Hammel

Clusiaceae

4

Araçá-boi Bacuri-deespinho Bacuri-do-igapó

Clusiaceae

5

Bacuri-mirim

6

Bacuripari

Garcinia brasiliensis Mart. Garcinia cf. gardneriana (Planc. & Triana) Zappi Garcinia macrophylla Mart.

Clusiaceae

7

Biribá

Rollinia mucosa (Jacq.) Baill.

Annonaceae

8

Myrciaria dubia (Kunth) McVaugh

Myrtaceae

Bertholletia excelsa Bonpl.

Lecythidaceae

10

Camu-camu Castanha-doBrasil Cubiu

Solanaceae

11

Cupuaçu

12

Ingá-açu

Solanum sessiliflorum Dunal Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum. Inga cinnamomea Spruce ex Benth.

13

Ingá-cipó

Inga edulis var. edulis Martius

Fabaceae

14

Jatobá

Hymenaea courbaril L.

Fabaceae

15

Jenipapo

Genipa americana L.

Rubiaceae

16

Mari-mari

Cassia leiandra Benth

Fabaceae

17

Murici-amarelo

Byrsonima crassifolia (L.) Kunth

Malpighiaceae

18

Pajurá

Couepia bracteosa Benth

Chrysobalanaceae

19

Pepino-do-mato

Ambelania acida Aubl.

Apocynaceae

20

Piquiá

Caryocar villosum (Aubl.) Pers.

Caryocaraceae

21

Pitomba

Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk

Sapindaceae

22

Borojoa sorbilis (Ducke) Cuatr.

Rubiaceae

Quararibea cordata (Bonpl.) Vischer

Malvaceae

24

Puruí Sapota-doSolimões Sorvinha

Couma utilis (Mart.) Müll. Arg.

Apocynaceae

25

Taperebá

Spondias mombin L.

Anacardiaceae

26

Uxi

Endopleura uchi (Huber) Cuatrec

Humiriaceae

27

Umari

Poraqueiba sericea Tul.

Icacinaceae

3

9

23

Clusiaceae

Malvaceae Fabaceae

33 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

Tabela 1 - Lista das espécies arbóreas e arbustos catalogadas nas feiras livres de Manaus. N°. NOME VULGAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIAS

A fo n s o R a b e l o

34

Tabela 2 - Lista das plantas trepadeiras catalogadas nas feiras livres de Manaus. N°. 28

NOME VULGAR Gogó-de-guariba

NOME CIENTÍFICO Salacia sp.

FAMÍLIAS Hippocrateaceae

29

Guaraná

Paullinia cupana Kunth

Sapindaceae

30

Maracujá-do-mato

Passiflora nitida Kunth

Passifloraceae

Tabela 3 - Lista das palmeiras catalogadas nas feiras livres de Manaus. N°. 31

NOME VULGAR Açaí-do-Amazonas

NOME CIENTÍFICO Euterpe precatoria Martius

FAMÍLIA Arecaceae

32

Açaí-do-Pará

Euterpe oleracea Martius

Arecaceae

33

Bacaba

Oenocarpus bacaba Martius

Arecaceae

34

Buriti

Mauritia flexuosa L.f.

Arecaceae

35

Marajá-do-igapó

Bactris concinna Martius

Arecaceae

36

Patauá

Oenocarpus bataua Martius

Arecaceae

37

Pupunha

Bactris gasipaes Kunth

Arecaceae

38

Tucumã

Astrocaryum aculeatum Mey.

Arecaceae



PLANTAS ARBÓREAS E ARBUSTOS

1

ABIU NOMENCLATURA DA ESPÉCIE FAMÍLIA: Sapotaceae

Juss. Genera Plantarum 151. 1789. (Gen. Pl.).

GÊNERO: Pouteria

Aubl. Histoire des plantes de la Guiane Françoise 1: 85-86, pl. 33. 1775. (Hist. Pl. Guiane). Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. Sitzungsberichte der Mathematisch-Physikalischen Classe (Klasse) der K. B. Akademie der Wissenschaften zu München 12(3): 333. 1882. (Sitzungsber. Math.-Phys. Cl. Königl. Bayer. Akad. Wiss. München).

NOME científico:

SINONÍMIAS:

Achras caimito Ruiz & Pav. Guapeba brasiliensis Steud. Guapeba caimito (Ruiz & Pav.) Pierre Guapeba lasiocarpa (Mart.) Pierre Guapeba laurifolia Gomes Labatia caimito (Ruiz & Pav.) Mart. Labatia lasiocarpa Mart. Labatia reticulata Mart. Lucuma caimito (Ruiz & Pav.) Roem. & Schult. Lucuma huallagae Standl. ex L.O. Williams Lucuma lasiocarpa (Mart.) A. DC. Lucuma laurifolia (Gomes) A. DC. Lucuma temare Kunth Pouteria caimito var. laurifolia (Gomes) Baehni Pouteria lasiocarpa (Mart.) Radlk. Pouteria leucophaea Baehni Pouteria temare (Kunth) Aubrév. Richardella temare (Kunth) Pierre

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO ABIU O abiueiro é uma árvore lactescente de porte médio, podendo alcançar até 20 metros de altura. É nativo da Amazônia Ocidental, onde pode ser encontrado na forma silvestre. Quando cultivado em ambientes abertos, possui tronco (caule) curto e copa fechada, com densas ramificações, a qual estampa uma conformação bastante ornamental. Por apresentar potencial econômico, nutricional, ornamental e medicinal, o abiueiro é cultivado amplamente na Amazônia e região tropical brasileira, sobretudo, em pequenos pomares, sítios e quintais residenciais (Figura 1A). ÁRVORE -

A Figura 1 (A) - Hábito de crescimento do abiueiro.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

37

Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.

FOLHAS - São inteiras, alongadas, brilhantes, glabras com disposições alter-

ABIU

38

nas e abundantes nas extremidades dos ramos; possuem formato elíptico ou lanceolado, com base cuneada e ápice acuminado (Figuras 1B e 1C).

B

C Figura 1 - (B) detalhe das folhas, com disposições alternas; (C) superfície superior da folha acima e inferior abaixo com nervuras proeminentes.

Formadas ao longo dos ramos e axilas das folhas, são pequenas, coloração amarelo-esverdeada e pouco vistosas. Pode ocorrer na mesma planta flores unissexuais e hermafroditas (Figura 1D). FLORES -

D Figura 1 (D) - Flores pequenas formadas ao longo do ramo e nas axilas das folhas. FRUTO - É uma baga com forma globosa ou elipsoide de extremidade arre-

dondada ou afilada, medindo em média 8cm de comprimento por 6cm de diâmetro, contudo podem ser encontradas variedades melhoradas geneticamente com tamanhos maiores; nos frutos maduros o epicarpo (casca) possui consistência grossa, porém pouco densa, superfície lisa, coloração amarela ou amarelo-esverdeado-brilhante; o mesocarpo (polpa), com rendimento de ±50% do total do fruto possui coloração branco-transparente no momento do corte, consistência mucilaginosa, sendo pouco fibroso, bastante nutritivo e com paladar levemente adocicado e, às vezes, insípido, podendo ser consumido na forma in natura ou na preparação de sucos e doces. Quando os frutos são cortados e degustados, exsudam um látex branco e pegajoso que cola nos lábios das pessoas, no entanto é de fácil remoção com óleo de cozinha (Figuras 1E, 1F, 1G e 1H).

E

Figura 1 (E) - Detalhe dos frutos nos ramos.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

39

ABIU

40

F

G Figura 1 - (F) abiu grande, melhorado geneticamente; (G) frutos maduros.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

41

H Figura 1 (H) - Frutos inteiros, medindo em média 8cm de comprimento por 6cm de diâmetro e descerrados na forma longitudinal e transversal. SEMENTES - São alongadas, lisas e brilhantes, medindo de 3-4,5cm de comprimento por 2-2,5cm de diâmetro; endocarpo (tegumento) possui coloração escura e uma cicatriz branca; endosperma (amêndoa) espesso e branco. No interior dos frutos, encerram-se de 1 a 4 sementes (Figura 1I).

I

Figura 1 (I) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas.

COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos de abiu foram encontrados em 90% das feiras

ABIU

42

visitadas, nos meses de agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro e janeiro do ano seguinte, em pequenas ofertas nas feiras do Alvorada, do Ceasa, da Compensa, do Coroado, de frutas regionais, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor, da Panair e, eventualmente, por vendedores ambulantes nos cruzamentos de algumas avenidas do centro da cidade de Manaus. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são vendidos por unidades com valores variando de R$ 0,50 a R$ 1,00, ou em sacolas contendo 15 unidades, ao preço de R$ 5,00. Esses frutos são demasiadamente sensíveis ao transporte e à deterioração. Após a compra, recomenda-se o consumo imediato. A conservação em geladeira preserva os frutos por poucos dias (Figura 1J).

Figura 1 (J) - Comercialização dos frutos em sacolas de náilon.

J

ARAÇÁ-BOI NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Myrtaceae Juss. Genera Plantarum 322-323. 1789. (Gen. Pl.).

FAMÍLIA:

Eugenia L. Species Plantarum 1: 470-471. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

Eugenia stipitata McVaugh Fieldiana, Botany 29(3): 219. 1956. (Fieldiana, Bot.).

NOME CIENTÍFICO:

TIPO:

Local: Peru: Loreto: Mishuyacu, próximo de Iquitos, floresta com elevação de 100 metros, Jan. 1093. Número do coletor: G. Klug 788. Distribuição: Peru, Brasil (Amazônia Ocidental). Instituição: F-624179; IT:NY, US. ESPÉCIME TIPO:

HT: Klug, G. 788; Jan 1930; Peru.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO ARAÇÁ-BOI Eugenia stipitata McVaugh Nativo da Amazônia Ocidental, o araçá-boi é um arbusto que quando adulto, atinge pouco mais de 4 metros de altura. Possui tronco curto e copa ampla, porém com densas ramificações laterais e folhagens abundantes, as quais alcançam a superfície do solo. É considerada uma planta de grande valor econômico, nutricional e ornamental, além disso, apresenta precocidade na produção de frutos e rusticidade contra pragas e doenças. Atualmente é cultivado como planta ornamental ou para produção de frutos em pequenos pomares, sítios e sistemas agroecológicos difundidos pela Amazônia e, em alguns municípios da região Nordeste do Brasil. Em cultivos racionais, floresce e frutifica durante o ano inteiro (Figura 2A). ÁRVORE -

2

ARAÇÁ-BOI

44

A Figura 2 (A) - Hábito de crescimento do araçazeiro. FOLHAS -

Possui folhas simples, disposição opostas, venação com nervura intramarginal presente e afastada da margem; lâmina foliar com presença de minúsculos pontos com glândulas taníferas que, geralmente, são visíveis à contra luz e, quando as folhas são amassadas exalam um aroma parecido com o de goiaba verde. Essas folhas apresentam forma elíptica, ápice acuminado e base arredondada (Figuras 2B, 2C e 2D).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

45

B

C

D

Figura 2 - (B e C) ramos com folhas opostas; (D) detalhe da folha com formato elíptico, ápice acuminado, base arredondada e nervuras intramarginais, afastadas das margens.

Possui inflorescências do tipo racemosa, formada nas axilas das folhas (Figura 2E). INFLORESCÊNCIAS -

ARAÇÁ-BOI

46

E Figura 2 (E) - Detalhe das inflorescências racemosas. FLORES - São pequenas, solitárias ou agrupadas; as hermafroditas possuem numerosos estames livres e gineceu funcional, com cálice formado por 4 sépalas verde-amareladas e corola com 4 pétalas brancas (Figuras 2 F1 e 2F2).

F1 Figura 2 - (F1 e F2) detalhe dos botões florais e flores na antese.

F2

- É uma baga globosa de coloração amarelada quando maduro, medindo em média 5cm de comprimento por 7cm de diâmetro, contudo frutos provinientes de cultivos racionais, podem apresentar tamanhos superiores ao da média. O epicarpo (casca) é fino, frágil e levemente aveludado na superfície. O mesocarpo (polpa) é amarelo-claro, suculento, pouco fibroso e com rendimento de ±75% do total do fruto, todavia, rico em carboidratos, proteínas e vitaminas do complexo A, B e C. Entretanto, o consumo na forma in natura não é recomendado por conter sabor bastante ácido, no entanto, pode ser utilizado na culinária regional, na preparação de cremes, doces, sucos, tortas, entre outras. Possui potencial para uso na agroindústria, na preparação de sucos concentrados, doces, sorvetes, geleias e iogurtes (Figuras 2G, 2H, 2I, 2J, 2L e 2M). FRUTO

Figura 2 - (G) detalhe do fruto imaturo no ramo; (H) fruto maduro. G

H

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

47

ARAÇÁ-BOI

48

I

J Figura 2 - (I) frutos maduros, medindo em média 6cm de comprimento por 9cm de diâmetro; (J) frutos descerrados na forma tranversal e longitudinal.

L

Figura 2 - (L) detalhe do mesocarpo (polpa); (M) creme da polpa do fruto do araçá-boi.

M

- No interior dos frutos, encerram-se de 10 a 25 sementes, com formas e tamanhos variados; o tegumento possui coloração marrom e textura fina; endosperma é branco no momento do corte (Figura 2N). SEMENTES

N Figura 2 (N) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas, na forma longitudinal e transversal.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

49

Os frutos de araçá-boi foram encontrados, esporadicamente, em 60% das feiras visitadas, nos meses de outubro, novembro, dezembro e, janeiro, fevereiro, março, abril, maio e junho do ano seguinte, nas feiras do Alvorada, CIGS, Coroado, Manaus Moderna, de frutas regionais e da Panair, onde foram comercializados em pequenas ofertas com o preço variando de R$ 0,50 a R$ 1,00, a unidade, independente do tamanho do fruto ou por R$ 2-4,00 o quilo. Esses frutos são bastante sensíveis ao transporte e à deterioração, no entanto, a polpa pode ser conservada sob refrigeração por alguns meses (Figuras 2O1 e 2O2). COMERCIALIZAÇÃO -

ARAÇÁ-BOI

50

O1 Figura 2 - (O1 e O2) detalhe da comercialização por unidades ou por quilos dos frutos do araçá-boi.

O2

BACURI-DE-ESPINHO NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Clusiaceae Lindl. An Introduction to the Natural System of Botany 74. 1836. (Intr. Nat. Syst. Bot. (ed. 2).

FAMÍLIA:

Garcinia L. Species Plantarum 1: 443. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

MATERIAL TIPO:

Garcinia mangostana L. - Species Plantarum 1: 443-444. 1753. SINÔNIMO RELEVANTE:

Sin. heterotípico Rheedia L. Kearns, D.M. 1998. Garcinia. In: P.E. Berry, B.K. Holst, Yatskievych, K. (eds), Flora of the Venezuelan Guayana, vol. 4. St. Louis. Missouri Botanical Garden Press, p. 295-299. Garcinia madruno (Kunth) Hammel Annals of the Missouri Botanical Garden 76(3): 928. 1989. (Ann. Missouri Bot. Gard.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Calophyllum madruno Kunth Rheedia acuminata (Ruiz & Pav.) Planch. & Triana Rheedia kappleri Eyma Rheedia madruno (Kunth) Planch. & Triana Rheedia spruceana Engl.

3

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO BACURI-DE-ESPINHO BACURI-DE-ESPINHO

52

Garcinia madruno (Kunth) Hammel O bacurizeiro-de-espinho, nativo da Amazônia, é uma planta lactescente de médio porte, podendo alcançar até 15 metros de altura. Atualmente é cultivado por todo o bioma amazônico, sobretudo, em sítios, pequenos pomares ou como planta ornamental. Possui caule curto e retilíneo, porém com várias ramificações paralelas, densas folhagens e copa da árvore em forma de cone; qualquer constituinte da árvore, quando sofre incisão, segrega um látex de coloração amarelada (Figura 3A). ÁRVORE -

A Figura 3 (A) - Hábito de crescimento do bacurizeiro-de-espinho.

53 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

Apresenta potencial para ser cultivado em quintais residenciais, sítios, sistemas agroecológicos e para arborização e paisagismo (Figura 3B).

B Figura 3 (B) - Bacurizeiro-de-espinho sendo cultivado na arborização e paisagismo. FOLHAS - São simples, glabras e opostas na inserção dos ramos, apresentando forma elíptica, base cuneada, ápice acuminado e nervura central proeminente nas superfícies superior e inferior (Figuras 3C, 3D e 3E).

C

Figura 3 (C) - Detalhe dos ramos com folhas opostas.

BACURI-DE-ESPINHO

54

D

E

Figura 3 - (D e E) folhas simples com nervura central proeminente em ambas as superfícies.

Apresentam inflorescências tipo racemosas formadas nas axilas das folhas e dispostas ao longo dos ramos e galhos menores (Figuras 3F). INFLORESCÊNCIAS -

F Figura 3 (F) - Detalhe dos botões florais.

São hermafroditas, pequenas, solitárias ou agrupadas; possuem estames livres e cálice formado por 4 sépalas verde-claras e corola por 4 pétalas brancas (Figuras 3G, 3H e 3I). FLORES -

G

H Figura 3 - (G e H) detalhe das flores na antese; (I) flores polinizadas.

I

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

55

É uma baga com epicarpo (casca) de coloração amarela, quando maduro, possui forma elíptica-ovoide e afilamento na extremidade inferior. Em média, os frutos apresentam 6,5cm de comprimento por 5,2cm de diâmetro. O epicarpo (casca) é grosso, áspero e com rugas na superfície. O mesocarpo (polpa) tem rendimento de ±25%, apresenta coloração branca, consistência fina, sendo acidífero e com sabor levemente azedo. O consumo é basicamente na forma in natura, entretanto, ocasionalmente é usado para preparação de sucos (Figuras 3J, 3L e 3M). FRUTO -

BACURI-DE-ESPINHO

56

J Figura 3 - (J) detalhe do fruto imaturo no ramo; (L) fruto maduro.

L

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

57

M Figura 3 (M) - Frutos maduros inteiros com forma elíptica, ovoide e afilamento na extremidade, medindo em média 6,5cm de comprimento por 5,2cm de diâmetro, e frutos descerrados na forma longitudinal e transversal. SEMENTES - No interior de cada fruto, encerram-se de 1 a 3 sementes, com

formas geralmente cilíndricas, tegumento fino e coloração castanho-escura; o endosperma é abundante, amarelo-claro e leitoso (Figura 3N).

N

Figura 3 (N) - Sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal.

Os frutos do bacuri-de-espinho foram encontrados em 100% das feiras visitadas, nos meses de março, abril, maio, junho e julho, com grandes ofertas nas feiras do Alvorada, do Ceasa, do CIGS, da Compensa, do Coroado, de frutas regionais, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair. A comercialização dos frutos ocorre no varejo e atacado na feira da Panair e, nas demais feiras, só no varejo. No atacado são comercializados em caixas de madeira, contendo aproximadamente 15 quilos, ao preço de R$ 15,00; no varejo são comercializados em sacolas, contendo aproximadamente 20 frutos, ao preço de R$ 2,00. Após a compra, recomenda-se consumir os frutos em até dois dias, visto que são muito perecíveis, mesmo que conservados em geladeira (Figuras 3O, 3P, 3Q e 3R). COMERCIALIZAÇÃO -

BACURI-DE-ESPINHO

58

O Figura 3 (O) - Detalhe da comercialização dos frutos no atacado.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

59

P

Q Figura 3 - (P, Q e R) comercialização dos frutos em sacolas de náilon.

R

4

BACURI-DO-IGAPÓ NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Clusiaceae Lindl. An Introduction to the Natural System of Botany 74. 1836. (Intr. Nat. Syst. Bot. (ed. 2).

FAMÍLIA:

Garcinia L. Species Plantarum 1: 443. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

MATERIAL TIPO:

Garcinia mangostana L.- Species Plantarum 1: 443-444. 1753. SINÔNIMO RELEVANTE:

Sin. heterotípico Rheedia L. Publicado em: Kearns, D.M. 1998. Garcinia. In: P.E. Berry, B.K. Holst, Yatskievych, K. (eds), Flora of the Venezuelan Guayana, vol. 4. St. Louis. Missouri Botanical Garden Press, p. 295-299. Garcinia brasiliensis Martius Flora 34(Beibl. 11): 34. 1841. (Flora).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Rheedia brasiliensis (Mart.) Planch. & Triana.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO BACURI-DO-IGAPÓ Garcinia brasiliensis Martius O bacurizeiro-do-igapó é uma árvore lactescente, com até 10 metros de altura. Possui caule curto e retilíneo, com várias ramificações paralelas e densas folhagens. É nativo da América do Sul, onde possui ampla distribuição, sobretudo, no bioma amazônico. Nesse ambiente, a espécie é bastante frequente em vegetações periodicamente inundadas, podendo ser encontrado em florestas de igapós e margens de lagos. Contudo, é cultivado em sistemas agroecológicos, sítios e quintais residenciais. Possui grande potencial para ser cultivado em sistemas agroflorestais, permaculturas, parques botânicos e na arborização e paisagismo (Figura 4A). ÁRVORE -

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

61

A Figura 4 (A) - Hábito de crescimento do bacurizeiro-do-igapó.

As folhas são simples, glabras e opostas na inserção dos ramos, apresentando forma elíptica, base arredondada, ápice agudo e nervura central proeminente na superfície inferior (Figuras 4B, 4C e 4D). FOLHAS -

BACURI-DO-IGAPÓ

62

B

C

D

Figura 4 - (B) detalhe do ramo; (C) superfície superior da folha; (D) superfície inferior.

INFLORESCÊNCIAS - São formadas nas axilas das folhas e dispostas ao longo

E

F

G Figura 4 - (E) detalhe dos botões florais; (F e G) botões florais e flor na antese.

63 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

dos ramos e galhos menores. As flores são hermafroditas, pequenas, solitárias ou agrupadas; possuem estames livres e cálice formado por sépalas de coloração verde-amarelada e corola com pétalas brancas (Figuras 4E, 4F, 4G, 4H e 4I).

BACURI-DO-IGAPÓ

64

H

I Figura 4 - (H) detalhe das flores após a polinização; (I) fruto imaturo abaixo.

FRUTO - É uma baga de coloração amarela ou alaranjada quando maduro,

J

L Figura 4 - (J) frutos maduros na copa da árvore; (L) disposição dos frutos no ramo.

65 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

possui forma globosa, medindo em média 3cm de comprimento por 4cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é liso e muito frágil; o mesocarpo (polpa), com rendimento de ±20%, é branco, suculento, acidífero e com sabor azedo, contudo, muito apreciado pela população local. O consumo é basicamente na forma in natura , no entanto, algumas vezes, é usado na preparação de sucos (Figuras 4J, 4L, 4M e 4N).

BACURI-DO-IGAPÓ

66

M

N Figura 4 - (M) frutos maduros, medindo em média 3cm de comprimento por 4cm de diâmetro; (N) frutos inteiros e descerrados na forma longitudinal e transversal.

SEMENTES - No interior dos frutos, encerram-se de 1 a 3 sementes, as quais

N Figura 4 (O) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal. COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos do bacuri-do-igapó foram encontrados em 100% das feiras visitadas, nos meses de março, abril, maio, junho e julho, com grandes ofertas nas feiras do Alvorada, do Ceasa, da Compensa, do Coroado, de frutas regionais, do CIGS, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair, ocoasionalmente pode ser encontrados no segundo sementre na feira de frutas regionais. A comercialização dos frutos ocorre no varejo e atacado na feira da Panair e, nas demais feiras, só no varejo. No atacado são vendidos em caixas de madeira, contendo aproximadamente 22 quilos, ao preço de R$ 20 reais; já no varejo são comercializados em sacolas de náilon, ou por litro, ao preço de R$ 2,00. Após a compra, esses frutos devem ser consumidos no máximo em dois dias, pois deterioram rapidamente, mesmo que conservados em geladeira (Figuras 4P, 4Q e 4R).

67 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

apresentam forma geralmente cilíndrica e tegumento fino de coloração castanho-escura; o endosperma é abundante e, quando cortado expeli um látex de coloração amarelada (Figura 4O).

BACURI-DO-IGAPÓ

68

P

Q

R Figura 4 - (P) detalhe da comercialização no atacado; (Q e R) no varejo.

BACURI-MIRIM NOMENCLATURA DA ESPÉCIE FAMÍLIA: Clusiaceae

Lindl. An Introduction to the Natural System of Botany 74. 1836. (Intr. Nat. Syst. Bot. (ed. 2).

Garcinia L. Species Plantarum 1: 443. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

Garcinia cf. gardneriana (Planch. & Triana) Zappi Kew Bulletin 48(2): 410. 1993. (Kew Bull.).

NOME CIENTÍFICO:

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO BACURI-MIRIM Garcinia cf. gardneriana (Planch. & Triana) Zappi ÁRVORE - O bacuri-mirim é uma árvore lactescente com até 8 metros de altura. Possui caule curto, retilíneo e várias ramificações paralelas, sendo mais alongadas na base e curtas para a direção do ápice da copa da árvore. É nativa da Amazônia, com ocorrência natural em florestas de porte baixo e com boa penetração de luminosidade. No entanto, pode ser encontrado em pequenos cultivos em sítios e quintais residenciais. Possui potencial para ser cultivado em sistemas agroflorestais, parques botânicos, arborização e paisagismo. FOLHAS - Possui folhas simples e opostas na inserção dos ramos; as quais apresentam forma elíptica, base acuneada e ápice acuminado. FLORES - São formadas nas axilas das folhas e possuem tamanho pequeno e coloração branca. FRUTO - É uma baga com epicarpo (casca) de coloração amarelo-clara, quando madura. Possui forma elíptica e afilamento na extremidade; o tamanho varia de 3-4cm de comprimento por 2-2,5cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é fino, frágil e liso na superfície; o mesocarpo (polpa) com rendimento de ±20%, é branco, suculento, acidífero e muito azedo, contudo, com sabor aprazível. O consumo é basicamente na forma in natura e, às vezes, usado na preparação de sucos (Figuras 5A, 5B e 5C).

5

BACURI-MIRIM

70

A

B Figura 5 - (A e B) detalhe dos frutos maduros, medindo de 3-4cm de comprimento por 2-2,5cm de diâmetro.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

71

C Figura 5 (C) - Frutos inteiros e descerrados na forma longitudinal e transversal.

- No interior de cada fruto, encerram-se de 1 a 4 sementes, as quais apresentam forma geralmente cilíndrica e tegumento fino, de coloração castanho-escura; o endosperma é abundante, com coloração amarelo-clara, porém leitoso, quando cortado. COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos de bacuri-mirim foram encontrados, esporadicamente, em apenas 10% das feiras visitadas no mês de julho, e em pequenas ofertas na feira do CIGS. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde foram vendidos em sacolas de náilon, contendo aproximadamente 12 unidades, ao preço de R$ 1,00. Após a compra, esses frutos devem ser consumidos no máximo em dois dias, pois deterioram rapidamente, mesmo aqueles conservados em geladeira (Figura 5D). SEMENTES

BACURI-MIRIM

72

D Figura 5 (D) - Detalhe da comercialização em sacolas de náilon.

BACURIPARI NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Clusiaceae Lindl. An Introduction to the Natural System of Botany 74. 1836. (Intr. Nat. Syst. Bot. (ed. 2).

FAMÍLIA:

Garcinia L. Species Plantarum 1: 443. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

MATERIAL TIPO:

1753.

Garcinia mangostana L. - Species Plantarum 1: 443-444.

Sin. heterotípico Rheedia L. Kearns, D.M. 1998. Garcinia. In: P.E. Berry, B.K. Holst, Yatskievych, K. (eds), Flora of the Venezuelan Guayana, vol. 4. St. Louis. Missouri Botanical Garden Press, p. 295-299.

SINÔNIMO RELEVANTE:

Garcinia macrophylla Mart. Flora 24 (Band 2): 35. 1841. (Flora).

NOME CIENTÍFICO:

TIPO:

Martius s.n.; Brazil.

SINONÍMIAS:

Rheedia benthamiana Planch. & Triana Rheedia gardneriana Planch. & Triana Rheedia macrantha Standl. & Steyerm. Rheedia macrophylla (Mart.) Planch. & Triana

6

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO BACURIPARI B A C U R I PA R I

74

Garcinia macrophylla Mart. ÁRVORE - O bacuriparizeiro é uma árvore lactescente, com até 10 metros de

altura; possui caule curto, retilíneo e densas ramificações paralelas, sendo mais alongadas na base e curtas para a direção do ápice da copa da árvore. É nativo da Amazônia, onde é amplamente distribuído, às vezes, associada à vegetação de pequeno porte, sobretudo, em ambientes de várzeas baixas ou igapós, no entanto, pode ser encontrada em sítios, quintais residenciais e em pequenos pomares espalhados pelo bioma amazônico e outras regiões do Brasil. Notadamente, possui potencial para ser cultivado em sistemas agroflorestais, parques botânicos, arborização e paisagismo (Figura 6A).

A Figura 6 (A) - Disposicão dos galhos na copa do bacuriparizeiro.

Possui folhas simples, glabras e opostas na inserção dos ramos, lâmina foliar com forma elíptica, base cuneada, ápice acuminado e nervura central proeminente na superfície inferior da folha (Figuras 6B e 6C). FOLHAS -

B

C

Figura 6 - (B) folha simples com forma elíptica; (C) folha com nervura central proeminente na superfície inferior. INFLORESCÊNCIAS - São formadas nos entrenós dos ramos curtos e galhos novos; as flores são hermafroditas, pequenas, solitárias ou agrupadas; possuem estames livres e cálice formado por sépalas de coloração verdeamarelada e corola com 5 pétalas brancas (Figuras 6D e 6E).

D Figura 6 (D) - Detalhe das inflorescências e botões florais.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

75

B A C U R I PA R I

76

E Figura 6 (E) - Botões florais e flor na antese.

É uma baga globosa ou elipsoide, medindo em média 6,5cm de comprimento por 5cm de diâmetro; possui epicarpo (casca) grosso, com superfície lisa e coloração amarela ou amarelo-alaranjada, quando maduro. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±25% do total do fruto possui textura macia, coloração branca e sabor doce, porém pouco ácido. O consumo é basicamente na forma in natura, contudo, é usado eventualmente na preparação de sucos e sorvetes (Figuras 6F e 6G). FRUTO -

F

Figura 6 (F) - Detalhe dos frutos imaturos no ramo da árvore.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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G Figura 6 (G) - Frutos maduros, medindo em média 6,5cm de comprimento por 5cm de diâmetro e frutos descerrados na forma transversal e longitudinal. SEMENTES - No interior de cada fruto, encerram-se 4 sementes com forma geralmente cilíndrica; o tegumento é fino com coloração castanho-escura; possui endosperma abundante, de coloração amarelo-clara e, quando cortado exsuda um látex amarelado (Figura 6H).

H

Figura 6 (H) - Detalhe da semente inteira e descerrada na forma longitudinal.

COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos do bacuripari foram encontrados esporadica-

B A C U R I PA R I

78

mente em apenas 10% das feiras visitadas, nos meses de junho e julho, e em pequenas ofertas na feira de frutas regionais. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são vendidos em sacolas de náilon, contendo 8 unidades, ao preço de R$ 2,00. Esses frutos são bastante perecíveis ao transporte e ao tempo de conservação. Após a compra, recomenda-se o consumo imediato do fruto (Figuras 6I e 6J).

I Figura 6 - (I) detalhe da comercialização por unidades; (J) em sacolas de náilon.

J

BIRIBÁ NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Annonaceae Juss. Genera Plantarum 283. 1789. (Gen. Pl.).

FAMÍLIA:

Rollinia A. St.-Hil. Flora Brasiliae Meridionalis (quarto ed.) 1: 23. 1824. (Fl. Bras. Merid (quarto ed.)).

GÊNERO:

Rollinia mucosa (Jacq.) Baill. Adansonia 8: 268. 1868. (Adansonia).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Annona biflora Ruiz & Pav. ex G. Don. Annona microcarpa R. & P. ex G. Don. Annona mucosa Jacq. Annona obtusifolia DC. Annona pterocarpa Ruiz & Pavon ex G. Don. Annona pteropetala R. & P. ex R.E. Fries Annona reticulata L. Rollinia biflora Ruiz & Pavon ex G. Don Rollinia curvipetala R.E. Fr. Rollinia deliciosa Saff. Rollinia jimenezii var. nelsonii R.E. Fr. Rollinia mucosa subsp. aequatorialis R.E. Fr. Rollinia mucosa var. macropoda R.E. Fr. Rollinia neglecta R.E. Fr. Rollinia orthopetala A. DC. Rollinia permensis Standl. Rollinia pterocarpa G. Don. Rollinia pulchrinervia A. DC. Rollinia sieberi A. DC.

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CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO BIRIBÁ BIRIBÁ

80

Rollinia mucosa (Jacq.) Baill. O biribazeiro é uma árvore com até 15 metros de altura, possui caule retilíneo com ramos muito apartados; a copa é irregular e bem espalhada. Provavelmente é nativo da região ocidental da América do Sul, de onde dispersou-se pelo bioma amazônico e regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Por apresentar potencial econômico e nutricional, o biribá é cultivado atualmente em sítios, quintais, pequenos pomares e sistemas agroecológicos, espalhados pela Amazônia e outras regiões do Brasil (Figuras 7A e 7B). ÁRVORE -

A Figura 7 - (A) hábito de crescimento; (B) detalhe dos galhos com os frutos.

B

São simples, alternas e dispostas em duas séries ao longo dos ramos, lâmina foliar com forma oblonga-elíptica, base arredondada, ápice acuminado e nervura central proeminente na superfície inferior; quando as folhas são amassadas exalam um forte aroma (Figuras 7C, 7D e 7E). FOLHAS -

C

D

E

Figura 7 - (C) folhas com disposições alternas; (D) folha simples com forma oblonga-elíptica; (E) folha com nervura central proeminente na superfície inferior.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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FLORES - São hermafroditas, solitárias ou unidas de 2 até 4 flores. São for-

BIRIBÁ

82

madas nas axilas das folhas e possuem forma triangular (3 asas), coloração verde-clara quando imatura e amarelo-clara na antese; o cálice possui 3 sépalas pilosas, corola com 3 pétalas vistosas e 3 pétalas rudimentares localizadas no interior da flor (Figuras 7F e 7G).

F

G Figura 7 - (F) detalhe das flores no ramo; (G) flores com forma triangular.

FRUTO -

H Figura 7 - (H e I) detalhe dos frutos imaturos e maduros nos ramos.

I

83 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

É uma baga tipo sincárpico, indeiscente, com forma ovoide ou globosa, medindo em média 11cm de comprimento por 12cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é grosso com coloração amarela, quando maduro, e presença de várias protuberâncias verrugosas na superfície, porém frágeis; o mesocarpo (polpa), com rendimento de ±60%, é suculento, mucilaginoso, sabor adocicado e coloração branca. O mesocarpo (polpa) encerra consideráveis quantidades de proteínas, lipídeos, fibras, minerais e vitaminas; o consumo é basicamente na forma inatura ou ocasionalmente utilizado para preparação de sucos e picolés (Figuras 7H, 7I, 7J e 7L).

BIRIBÁ

84

J

L Figura 7 - (J e L) frutos maduros, medindo média 11cm de comprimento por 12cm de diâmetro e descerrados na forma transversal e longitudinal.

No interior do fruto, são encontradas várias sementes com forma variando de elíptica a obovada; possuem tegumento fino, resistente, impermeável e coloração castanho-escura. As sementes, quando secas e moídas, são usadas na medicina tradicional, no combate à inflamação dos intestinos (Figura 7M). SEMENTES -

M Figura 7 (M) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal. COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos de biribá foram encontrados em 100% das

feiras visitadas, com maior ofertas nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho e julho, em pequenas ofertas nas feiras do Alvorada, do CIGS, da Compensa, do Coroado, de frutas regionais, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair, contudo, foram encontrados

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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BIRIBÁ

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esporadicamente, nos meses de setembro e outubro na feira de frutas regionais. A comercialização é realizada somente no varejo, onde os frutos são selecionados e o preço variando conforme o tamanho, todavia é comercializado também em sacolas de náilon, contendo de 2-3 frutos, com valores variando entre R$ 5,00 e R$ 10,00. Esses frutos são sensíveis ao transporte e à deterioração, após a compra consumir em até três dias, mesmo que conservados em geladeira (Figuras 7N e 7O).

N Figura 7 - (N) detalhe da comercialização dos frutos por unidades; (O) comercialização em sacolas de náilon.

O

CAMU-CAMU NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Myrtaceae Juss. Genera Plantarum 322-323. 1789. (Gen. Pl.).

FAMÍLIA:

Myrciaria O. Berg Linnaea 27(2-3):136, 320. 1854[1856]. (Linnaea).

GÊNERO:

Myrciaria dubia (Kunth) McVaugh Fieldiana, Botany 29(8): 501-502. 1963. (Fieldiana, Bot.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Eugenia divaricata Benth. Eugenia grandiglandulosa Kiaersk. Marlierea macedoi D. Legrand Myrciaria caurensis Steyerm. Myrciaria divaricata (Benth.) O. Berg Myrciaria lanceolata O. Berg Myrciaria lanceolata var. angustifolia O. Berg Myrciaria lanceolata var. glomerata O. Berg Myrciaria lanceolata var. laxa O. Berg Myrciaria obscura O. Berg Myrciaria paraensis O. Berg Myrciaria phillyraeoides O. Berg Myrciaria riedeliana O. Berg Myrciaria spruceana O. Berg

8

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO CAMU-CAMU CAMU-CAMU

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Myrciaria dubia (Kunth) McVaugh O camu-camu, também conhecido vulgarmente como caçari, araçá-d’água e araçá-de-igapó, é caracterizado como um arbusto de até 3 metros de altura, apresentando caule flexível, solitário ou com várias ramificações. A boa frequência e abundância por toda a região amazônica é decorrência da tolerância do mesmo a inundações periódicas e ao seu eficiente mecanismo de dispersão natural, sobretudo, nas margens de rios, lagos e igapós. Atualmente, é cultivado em pequenos pomares na Amazônia e em alguns municípios do Estado de São Paulo (Figura 8A). ÁRVORE -

A Figura 8 (A) - Hábito de crescimento do camu-camu.

Possui folhas simples com disposições opostas e lâmina foliar com nervura intramarginal presente e afastada da margem; possuem forma elíptica ou lanceolada, base atenuada e ápice acuminado; quando jovens, estampam coloração avermelhada, já as maduras apresentam coloração verde-escura e minúsculos pontos com glândulas que geralmente são visíveis à contra luz (Figuras 8B, 8C e 8D). FOLHAS -

B

C

D

Figura 8 - (B) folhas com disposições opostas; (C) folha simples exibindo minúsculos pontos com glândulas; (D) folha com nervura central proeminente na superfície inferior.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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São pequenas, hermafroditas, individuais ou em forma de inflorescências vistosas, sendo formadas nas axilas das folhas ou ao longo dos ramos. Essas flores estampam pétalas brancas, sépalas verde-claras e numerosos estames livres (Figuras 8E, 8F e 8G). FLORES -

CAMU-CAMU

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E

F Figura 8 - (E) inflorescência e botões florais; (F e G) detalhe das flores na antese.

G

É uma baga com epicarpo (casca) de coloração vermelha escura a arroxeada quando maduro; possui formato esférico ou globoso, medindo em média 3cm de comprimento por 4cm de diâmetro; possui o epicarpo (casca) fino, liso e brilhoso na superfície; o mesocarpo (polpa), com rendimento de ±55%, é suculento e de coloração branca a rósea bem clara, sendo bastante ácido; em decorrência disso, o consumo na forma in natura é quase desprezível. A polpa possui grande potencial econômico por encerrar alto teor de ácido ascórbico (vitamina C), fósforo, cálcio e potássio. Atualmente, os frutos do camu-camu estão sendo utilizados na agroindústria, na preparação de polpas concentradas, para serem utilizadas em sucos, doces, cremes, geleias, licores, mousses e sorvetes (Figuras 8H, 8I, 8J, 8L e 8M). FRUTO -

H

I Figura 8 - (H e I) detalhe dos frutos imaturos e maduros nos ramos.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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CAMU-CAMU

92

J

L Figura 8 - (J) frutos maduros, medindo em média 3cm de comprimento por 4cm de diâmetro; (L) frutos inteiros e descerrados na forma longitudinal e transversal.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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M Figura 8 (M) - Suco do mesocarpo (polpa) do camu-camu. SEMENTES - No interior dos frutos, encerram-se de 1 a 3 sementes, com tamanhos variados, sendo classificadas como sementes exalbuminosas (sem endosperma); o tegumento possui textura fina, superfície rugosa, irregular e coloração marrom-clara (Figura 8N).

N Figura 8 (N) - Sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal.

COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos de camu-camu foram encontrados em 50%

CAMU-CAMU

94

dos locais visitados, nos meses de fevereiro, março, abril e maio, com considerável oferta nas feiras do Coroado, CIGS, de frutas regionais, Manaus Moderna e da Panair. A comercialização dos frutos ocorre no varejo e no atacado na feira da Panair e, nas demais feiras, só no varejo. No atacado são comercializados em caixas de madeira, contendo aproximadamente 20 quilos, ao preço de R$ 40 reais; já no varejo são comercializados entre R$ 1,00 R$ 3,00, o quilo ou o litro, dependendo da feira. Após a compra esses frutos devem ser consumidos no máximo em dois dias, pois deterioram rapidamente, mesmo conservando-os em geladeira, no entanto, a polpa da fruta pode ser conservada sob refrigeração por longos períodos (Figuras 8O, 8P e 8Q).

O Figura 8 (O) - Detalhe da comercialização no atacado.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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P

Q Figura 8 - (P) detalhe da comercialização por litro; (Q) por quilo.

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CASTANHA-DO-BRASIL NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Lecythidaceae A. Rich. Dictionnaire classique d’histoire naturelle 9: 259. 1825. (Dict. Class. Hist. Nat.).

FAMÍLIA:

Bertholletia Bonpl. Plantae Aequinoctiales 1:122, pl. 36. 1807[1808]. (Pl. Aequinoct.).

GÊNERO:

MATERIAL TIPO:

Bertholletia excelsa Bonpl. - Plantae Aequinoctiales 1:122-127, pl. 36. 1807. Bertholletia excelsa Bonpl. Plantae Aequinoctiales 1: 122-127, pl. 36. 1807. (Pl. Aequinoct.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Barthollesia excelsa Silva Manso Bertholletia nobilis Miers

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DA CASTANHA-DO-BRASIL Bertholletia excelsa Bonpl. - A castanha-do-Brasil, também conhecida vulgarmente como castanha-do-Pará, é caracterizada como uma árvore de grande porte, podendo alcançar até 50 metros de altura; possui caule retilíneo, alongado, cilíndrico e com ritidoma (casca) com fissuras longitudinais; a coroa foliar é ampla e volumosa, porém com folhas caducifólias nos meses de agosto e setembro, as quais se desprendem da copa e novas folhas surgem imediatamente. Ocorre em ambientes naturais de matas de terra firme por todo o bioma amazônico, geralmente, em agrupamentos abundantes, todavia, com baixa frequência. É encontrada também em projetos de reflorestamento, sistemas agroflorestais, sítios e alguns pomares. Por figurar como uma das espécies mais importantes da Amazônia, em termos ecológico, econômico e social, foi criada uma Lei Federal que está em vigor proibindo o corte da castanheira em qualquer meio geográfico (Figura 9A). ÁRVORE

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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A Figura 9 (A) - Hábito de crescimento da castanheira-do-Brasil.

FOLHAS - São simples com disposições alternas, apresentando lâmina foliar

C A S TA N H A - D O - B R A S I L

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com nervura central proeminente na superfície inferior e, forma oblonga ou oblonga-elíptica, margens sinuadas, ápice cuspidado e base cuneada, medindo entre 15-20cm de comprimento por 10-15cm de diâmetro (Figuras 9B, 9C e 9D).

B

C

D

Figura 9 - (B) folhas com disposições alternas; (C) detalhe da superfície superior da folha; (D) superfície inferior folha.

As flores possuem capuz revoluto de estaminoides que ocultam os estames. Elas são agrupadas em forma de cachos (panículas) e, quando abertas, apresentam coloração branca a amarelo-clara, 6 pétalas e diversos estames (Figuras 9E, 9F e 9G). FLORES -

F

E Figura 9 - (E e F) detalhe da copa da árvore, destacando as inflorescências vistosas; (G) inflorescência com botões florais, flor na antese acima e flor polinizadas abaixo.

G

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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FRUTO - Tipo

C A S TA N H A - D O - B R A S I L

100

pixídeo, com presença de opérculo, sendo conhecido como ouriço; possui forma globosa e tamanhos variados, alcançando em média 15cm de comprimento por 13cm de diâmetro; possui epicarpo (casca) rugoso com coloração marrom-escura quando maduro; o endocarpo é lenhoso, muito duro e, no seu interior encerram-se as castanhas (sementes). Após a retirada das castanhas, esse endocarpo possui potencial para confecção de diversos objetos artesanais e, também pode ser usado como fonte renovável de bioenergia, por meio de sua combustão (Figuras 9H, 9I, 9J e 9L).

I

H Figura 9 - (H) flores e fruto; (I) frutos maduros, medindo em média 16cm de comprimento por 13cm de diâmetro.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

101

J

L Figura 9 - (J) detalhe do fruto descerrado na forma longitudinal; (L) na forma transversal.

No interior dos frutos, encerram-se entre 15 e 30 sementes, as quais apresentam tegumento rígido, superfície rugosa e coloração castanho; o endosperma é branco com consistência oleosa. Essas sementes possuem alto valor comercial, tanto para o mercado nacional como internacional, por apresentarem consideráveis quantidades de proteínas e carboidratos e serem ricas em gorduras saturadas. Nutricionalmente são bastante calóricas e ricas em selênio, que é um micronutriente importante no controle dos radicais livres, além de proporcionarem aumento do sistema imunológico. O consumo pode ser na forma in natura ou usada para preparação de bombons recheados, bolos, paçocas, rações para animais, sorvetes e condimentos para diversos tipos de iguarias. Nas indústrias, o óleo extraído das sementes é utilizado como matéria-prima para fabricação de creme de limpeza, frescor para pele, esfoliante corporal, extrato aromático, lubrificante, manteiga esfoliante, óleo fixo hidratantes, polpa hidratante para as mãos, produtos farmacêuticos, sabonetes líquidos, xampus e condicionadores (Figuras 9M e 9N). SEMENTES -

C A S TA N H A - D O - B R A S I L

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M Figura 9 (M) - Detalhe do fruto inteiro, descerrado e sementes.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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N Figura 9 (N) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas nas formas longitudinais e transversais.

Ocorreu em 100% das feiras visitadas nos meses de novembro e dezembro e, janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho e julho do ano seguinte com grande oferta nas feiras do Alvorada, do Ceasa, do CIGS, da Compensa, do Coroado, de frutas regionais, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair. A venda das sementes é efetuada no varejo, em todas as feiras e no atacado, somente nas feiras da Panair e Manaus Moderna. No atacado são comercializadas em latas grandes, contendo aproximadamente 22 quilos e, em sacos de ráfia, com aproximadamente 80 quilos, ao preço de R$ 20,00 e R$ 90,00, respectivamente. No varejo são comercializadas com cascas na maioria dos casos e, vendida na quantidade de 1 (um) litro, custando de R$ 1,50 a R$ 3,00, no entanto, pode ser encontrada já descascadas, custando R$ 1,00, a dúzia. Nos primeiros meses do ano é encontrado também o fruto inteiro (ouriço) da castanha ao preço variando entre R$ 1,00 e R$ 3,00, a unidade. Os frutos e as sementes de castanha são pouco perecíveis ao transporte e ao tempo, podendo serem conservados por longos períodos, em decorrência disso, a comercialização das castanhas in natura ocorre também nos meses de entressafra que acontece de junho a outubro (Figuras 9O, 9P, 9Q, 9R, 9S, 9T e 9U). COMERCIALIZAÇÃO -

C A S TA N H A - D O - B R A S I L

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O

P Figura 9 - (O) detalhe da comercialização dos frutos inteiros; (P) comercialização das sementes em sacos de ráfia.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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Q Figura 9 - (Q) detalhe da comercialização das sementes inteiras em latão; (R) comercialização por litro.

R

C A S TA N H A - D O - B R A S I L

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S

T Figura 9 - (S) comercialização das sementes inteiras em sacolas de náilon; (T e U) comercialização das sementes descascadas.

U

CUBIU 10 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Solanaceae Juss. Genera Plantarum 124. 1789. (Gen. Pl.).

FAMÍLIA:

Solanum L. Species Plantarum 1: 184-188. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

Solanum sessiliflorum Dunal Encyclopédie Méthodique. Botanique ... Supplément 3: 775. 1814. (Encycl., Suppl.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Solanum arecunarum Pittier Solanum georgicum R.E. Schult. Solanum topiro Dunal

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO CUBIU Solanum sessiliflorum Dunal ÁRVORE - O cubiuzeiro é um arbusto nativo da Amazônia podendo alcançar

até 2 metros de altura; o caule é curto, tormentoso e, com coroa foliar densa, porém espalhada. O ciclo vegetativo da espécie é curto, atingindo no máximo três anos de vida. Atualmente é encontrado em ambientes naturais ou na condição de cultivo em pequenas propriedades rurais, sobretudo na Amazônia Central e Ocidental. É tolerante a pragas, doenças e solos ácidos de baixa fertilidade, no entanto, para obter-se uma boa produtividade, é necessário fazer irrigação no período de estiagem e, corrigir o solo quanto à acidez e à sua fertilidade (Figura 10A e 10B). O cubiu possui grande potencial para agregação de valor econômico, aproveitamento agroindustrial e propagação de seus subprodutos para alimentação humana, uso medicinal e preparação de cosméticos.

CUBIU

108

A

B Figura 10 - (A) hábito de crescimento do cubiuzeiro; (B) detalhe do cultivo.

- São peludas, simples e com disposições alternas; o pecíolo é curto, limbo membranoso e expandido, com formato ovoide, margem lobado-dentada e ápice pontudo (Figuras 10C e 10D). FOLHAS

C

D

Figura 10 - (C) detalhe da superfície superior da folha; (D) superfície inferior. FLORES - São hermafroditas, vistosas e dispostas em pequenos racemos nas

axilas das folhas; são compostas por 5 estames e 5 pétalas de coloração verde-amarelada, sendo peludas na superfície inferior (Figuras 10E e 10F).

E Figura 10 (E) - Botões florais e flor com a presença do agente polinizador.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

109

CUBIU

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F Figura 10 (F) - Flor na antese.

- São bagas com tamanho e peso variado entre as variedades, geralmente as dimensões variam de 4-7cm de comprimento por 4-6cm de diâmetro. Esses frutos possuem forma globosa a ovoide na maioria das variedades e cilíndrica na minoria. No início da maturação, os frutos estampam coloração amarela e no final laranja-vermelha. Epicarpo (casca) é grosso com superfície pilosa e fácil de ser removida. O mesocarpo (polpa) com rendimento de ±70% do total do fruto, possui coloração amareloclara e, consistência fibrosa e suculenta, contudo na forma in natura o consumo é pouco apreciado, no entanto, pode ser consumido na forma de sucos. Nutricionalmente o mesocarpo é rico em ácido ascórbico, cálcio, carboidrato, fibra, fósforo, potássio, vitaminas B1,B3, C e pectina, que é um polissacarídeo que ocasiona a geleificação das frutas, quando cozidas com açúcar. O cubiu possui grande potencial para preparação de iguarias como: compotas, doces e patês e, como condimento para refeições constituídas principalmente de peixes ou de frangos. Na medicina tradicional é usado no controle da diminuição dos níveis do ácido úrico, glicose no sangue, coceira da pele e colesterol. Na agroindústria os frutos são utilizados como matéria-prima na fabricação de cosméticos, geleias, sorvetes e xaropes concentrados (Figuras 10G, 10H, 10I e 10J). FRUTO

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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G

H Figura 10 - (G e H) detalhe dos frutos imaturos e maduros nos ramos.

CUBIU

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I

J Figura 10 - (I) detalhe dos frutos em diversas formas e tamanhos, esses variando de 4-7cm de comprimento por 4-6cm de diâmetro; (J) frutos inteiros e descerrados nas formas transversais e longitudinais.

- A comercialização dos frutos de cubiu ocorreu em 100% das feiras visitadas, durante o ano inteiro, em pequenas ofertas nas feiras do Alvorada, do CEASA, da Compensa, do Coroado, do CIGS, de frutas regionais, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são vendidos por quilo custando R$ 4,00, ou em sacolas de náilon, contendo entre 8-12 unidades no valor de R$ 3,00. Esses frutos são pouco perecíveis ao transporte e quando são conservados sob refrigeração prolonga-se sua viabilidade. Se colhido no início do amadurecimento o armazenamento pode ser prolongado por até 30 dias (Figuras (10L, 10M e 10N). COMERCIALIZAÇÃO

L

M

N

Figura 10 - (L) detalhe da comercialização por quilo; (M e N) comercialização em sacolas de náilon.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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11

CUPUAÇU NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Malvaceae Juss. Genera Plantarum 271. 1789. (4 Aug 1789).

FAMÍLIA:

Theobroma L. Species Plantarum 2: 782. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

NOME CIENTÍFICO: Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum.

Flora Brasiliensis 12(3): 76. 1886. (Fl. Bras.). SINONÍMIAS:

Bubroma grandiflorum Willd. ex Spreng. Guazuma grandiflora (Willd. ex Spreng.) G. Don Theobroma macrantha Bernoulli Theobroma silvestre Spruce ex K. Schum.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO CUPUAÇU Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum. ÁRVORE - O cupuaçuzeiro é uma árvore de porte médio, podendo alcançar

até 10 metros de altura quando cultivado, no entanto, em seu habitat natural chega a atingir até 20 metros de altura. Possui caule (tronco) curto, copa irregular com densas folhagens e ramos tomentosos e flexíveis; ritidoma (casca) apresenta coloração cinzenta, porém com algumas manchas brancas. É uma planta nativa da Amazônia, podendo ser encontrada na forma silvestre nos ecossistemas de terra firme e várzea alta, sobretudo, no sul do Estado do Pará e noroeste do Estado do Maranhão. Atualmente planta do cuapuaçu é amplamente cultivada por toda a Amazônia e em alguns Estados do Nordeste e Sudeste do Brasil, principalmente, em sítios, pequenos pomares e sistemas agroecológicos (Figura 11A). Dos frutos nativos da Amazônia, o cupuaçu é considerado como um dos mais importantes para agregação de valor econômico, aproveitamento agroindustrial e propagação de seus subprodutos nos mercados nacionais e internacionais.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

115

A Figura 11 (A) - Hábito de crescimento do cupuaçuzeiro.

São alternas, simples, inteiras e com nervuras proeminentes na superfície inferior, medindo em média 30cm de comprimento por 12cm de diâmetro; o pecíolo é curto com 1cm de comprimento em média e o limbo foliar é expandido com formato oblongo-obovato e margem lisa, ápice cuspidado e base cordada; as folhas, quando jovens, apresentam coloração rósea e são muito pubescentes (Figuras 11B, 11C e 11D). FOLHAS -

C U P UA Ç U

116

B

C

D

Figura 11 - (B) detalhe das folhas com disposição alternas; (C) folha simples com forma oblonga-obovata; (D) folha com nervuras proeminentes na superfície inferior.

São arranjadas de 3 a 6 flores e dispostas nas axilas das folhas ou no próprio ramo; corola é constituídas por 5 pétalas de coloração escuroroxa e cálice por 5 sépalas com formas triangulares e androceu por dois verticilos, sendo um interno com 5 estames e outro externo constituido por 5 estaminódios.(Figuras 11E, 11F e 11G). FLORES -

E

F

G

Figura 11 - (E) detalhe dos botões florais e flor nas axilas das folhas; (F) flores na antese; (G) detalhe ampliado da flor.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

117

São bagas de forma cilíndrica ou elipsoide, com extremidades obtusas ou arredondadas, medindo, em média, 18cm de comprimento por 12cm de diâmetro; quando maduros, os frutos desprendem-se dos ramos, sendo necessário a coleta imediata para evitar a deterioração. O epicarpo (casca) possui superfície coberta por polvilho marrom e textura lenhosa, porém, fácil de ser quebrada. Esse epicarpo pode ser usado como fonte de biomassa para produção de energia renovável (bioenergia), adubos orgânicos e artesanatos. Para ter segurança se o fruto do cupuaçu é viável para o consumo, basta raspar os polvilhos do epicarpo com a ponta das unhas e verificar se a coloração exposta é verde. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±40% do total do fruto, é suculento, possui aroma forte e agradável, coloração branca ou amarelo-clara, sabor adocicado, porém, acidífero; em decorrência disso, o consumo da polpa na condição natural é pouco apreciado. É considerado um alimento nutritivo por encerrar altos teores de proteína, cálcio, fósforo, vitamina C e pectina (Figuras 11H, 11I, 11J). FRUTOS -

C U P UA Ç U

118

H Figura 11 (H) - Detalhe do fruto no ramo.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

119

I

J Figura 11 - (I) detalhe dos frutos maduros medindo em média 18cm de comprimento por 12cm de diâmetro; (J) frutos inteiros e descerrados na forma longitudinal e transversal.

C U P UA Ç U

120

Por meio de suas diversas aplicações, tanto na forma in natura como na industrializada, os frutos de cupuaçu figuram entre os principais frutos amazônicos de alto valor comercial e de geração de emprego e renda, sobretudo, para agricultura familiar. Na agroindústria, o mesocarpo (polpa) é utilizado como matéria-prima na preparação de biscoitos, bombons, compotas, geleias, iogurtes, licores, picolés, sorvetes e sucos concentrados; na culinária doméstica têm inúmeras aplicações com destaque para preparação de bolos, cremes, doces, mousses, pavês, pizzas, pudins, sucos e tortas, entre outros (Figuras 11L, 11M e 11N).

L

M Figura 11 - (L) mesocarpo (polpa) envolvendo as sementes; (M) mesocarpo (polpa) sem as sementes; (N) detalhe do suco.

N

O Figura 11 (O) - Sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal.

- A comercialização dos frutos de cupuaçu ocorreu em 100% das feiras visitadas, durante os meses de dezembro e, janeiro, fevereiro, março, abril e maio do ano seguinte, nas feiras do Alvorada, da Ceasa, do CIGS, da Compensa, do Coroado, de frutas regionais, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair. É efetuada somente no varejo, onde são vendidos por unidade, com preço variando entre R$ 0,50 a R$ 2,00 para os frutos menores e R$ 2,00 a R$ 5,00 para os maiores. Esses frutos são resistentes ao transporte, porém muito perecíveis após o desprendimento das árvores; em decorrência disso, proceder a extração da polpa logo após a compra ou coleta dos frutos, contudo, depois da extração, o mesocarpo (polpa) pode ser conservado sob refrigeração por vários meses (Figuras 11P, 11Q). COMERCIALIZAÇÃO

121 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

SEMENTES - No interior dos frutos, encerram-se entre 20 a 35 sementes com tegumento de coloração marrom, textura fina, porém flexível e aderido ao mesocarpo (polpa); o endosperma é abundante com consistência gordurosa. As sementes têm potencial para fabricação do cupulate (chocolate de cupuaçu) e preparação de cosméticos com ações hidrantes, emolientes e remineralizantes; na medicina tradicional são empregadas na extração de uma manteiga extraída a partir de sua gordura, a qual pode ser usada no tratamento de queimaduras e dores abdominais (Figura 11O).

C U P UA Ç U

122

P

Q Figura 11 - (P e Q) detalhe da comercialização dos frutos por unidades.

INGÁ-AÇU 12 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Fabaceae Lindl. An Introduction to the Natural System of Botany 148. 1836. (Intr. Nat. Syst. Bot. (ed. 2)).

FAMÍLIA:

Inga Mill. The Gardeners Dictionary...Abridged...fourth edition no. 2. 1754. (Gard. Dict. Abr. (ed. 4)).

GÊNERO:

Inga cinnamomea Spruce ex Benth. Transactions of the Linnean Society of London 30(3): 606. 1875. (Trans. Linn. Soc. London).

NOME CIENTÍFICO:

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DA INGÁ-AÇU Inga cinnamomea Spruce ex Benth. ÁRVORE - A ingazeira-açu é uma árvore de porte médio podendo alcançar até 20 metros de altura em ambientes naturais de floresta, entretanto quando cultivada chega atingir até 15 metros; possui caule retilíneo, ritidoma (casca) com superfície áspera e copa com densas folhagens. É nativa da Amazônia, onde é encontrada na forma silvestre, sobretudo nos ecossistemas de várzeas dos principais rios da bacia amazônica. Atualmente seu cultivo estende-se em pequenos sítios espalhados pelo bioma amazônico, notadamente pelos Estados do Amazonas e do Pará. Por ser uma espécie frutífera de fácil propagação, além de produzir grande fitomassa e fixar nitrogênio no solo, seu cultivo é recomendado para sistemas agroflorestais, permacultura e reflorestamento para recuperação de mata ciliares (Figura 12A).

INGÁ-AÇU

124

A Figura 12 (A) - Hábito de crescimento da ingazeira-açu.

FOLHAS - São compostas, paripinadas com disposições alternas, geralmente

B

C

D

Figura 12 - (B) folíolos com disposições opostas; (C) detalhe da superfície superior do folíolo; (D) superfície inferior do folíolo.

125 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

formadas por 3 pares de folíolos opostos, estes possuem lâmina foliar glabra e presença de uma glândula (nectário extrafloral) entre cada par; o pecíolo é alongado nas folhas e curto nos folíolos; as formas dos folíolos são obovadas com base arredondada e ápice agudo; quando jovens as folhas apresentam coloração castanho-avermelhada (Figuras 12B, 12C e 12D).

INFLORESCÊNCIAS - São vistosas do tipo capítulo denso, formada nas axilas

INGÁ-AÇU

126

das folhas dos ramos novos, sendo geralmente agrupada em três, no entanto, ocorre ramos com uma e até quatro inflorescências juntas. As flores são brancas, pequenas, porém densamente agrupadas nas inflorescências e constituídas por numerosos estames (Figuras 12E1, 12E2 e 12F).

E1

E2

F

Figura 12 - (E1) detalhe da copa com inflorescências vistosas; (E2) inflorescências e botões florais; (F) detalhe ampliado da inflorescência na antese.

FRUTOS - São vagens subcilíndricas, tortuosas, monocarpelares, compactas,

G Figura 12 - (G e H) detalhe dos frutos nos ramos.

H

127 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

indeiscentes e polispérmicas, apresentando duas fendas longitudinais; em média os frutos alcançam 25cm de comprimento por 6cm de diâmetro. Possuem epicarpo (casca) espesso com superfície lisa, ondulada e coloração verde-clara a amarelo-clara, quando maduros. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±25% do total do fruto é formado por um arilo branco de sabor adocicado e nutritivo; é consumido basicamente na forma in natura, no entanto, é muito importante na dieta de animais silvestres, como os macacos e pássaros (Figuras 12G, 12H, 12I e 12J).

INGÁ-AÇU

128

I

J Figura 12 - (I) frutos maduros, medindo em média 25cm de comprimento por 6cm de diâmetro; (J) detalhe do fruto descerrado.

SEMENTES - Possuem tegumento fibroso aderido ao arilo (polpa), endosper-

L Figura 12 (L) - Detalhe das sementes com arilo acima, inteiras sem arilo no meio e descerradas na forma longitudinal e transversal abaixo. COMERCIALIZAÇÃO - A comercialização dos frutos de ingá-açú ocorreu em

100% das feiras visitadas nos meses de março, abril, maio, junho e julho, com consideradas ofertas nas feiras do Alvorada, da Ceasa, da Compensa, do Coroado, de frutas regionais, do CIGS, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair. É efetuada somente no varejo, onde são vendidos geralmente em sacolas de náilon, contendo 3-4 unidades, ao preço de R$ 2,00. Esses frutos são bastante tolerantes ao transporte,

129 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

ma com coloração verde ou castanho-avermelhado na superfície externa; quando descerradas na forma longitudinal exibem o embrião; o número de sementes por fruto varia de acordo com o tamanho da vagem, contudo, em média, encerram-se 8 sementes (Figura 12L).

mas perecíveis ao tempo de conservação natural. Após a compra, esses frutos podem ser conservados por até uma semana (Figuras 12M e 12N).

INGÁ-AÇU

130

M

N Figura 12 - (M e N) detalhe da comercialização em sacolas de náilon.

INGÁ-CIPÓ 13 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE FAMÍLIA: Fabaceae

Lindl. An Introduction to the Natural System of Botany 148. 1836. (Intr. Nat. Syst. Bot. (ed. 2)).

GÊNERO: Inga

Mill. The Gardeners Dictionary...Abridged...fourth edition no. 2. 1754. (Gard. Dict. Abr. (ed. 4)). Inga edulis var. edulis Mart. Flora 20(2): Beibl. 113-114. 1837. (Flora).

NOME científico:

SINONÍMIAS:

Feuilleea edulis (Mart.) Kuntze Inga benthamiana Meisn. Inga edulis var. grenadensis Urb. Inga minutula (Schery) T.S. Elias Inga scabriuscula Benth. Inga ynga (Vell.) J.W. Moore Mimosa inga L. Mimosa ynga Vell.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DA INGÁ-CIPÓ INGÁ-CIPÓ

132

Inga edulis var. edulis Mart. ÁRVORE - A ingazeira-cipó é uma árvore de porte médio, podendo atingir

até 20 metros de altura; possui caule sinuoso, com ramos apartados e copa com densas folhagens. Nativa da Amazônia é cultivada em pequenas propriedades rurais, quintais residenciais, sítios e jardins de algumas repartições públicas e privadas, contudo é encontrada também em terrenos baldios e margens de estradas nas zonas rurais e periferia urbana. Por ser uma espécie frutífera de fácil germinação, apresentar crescimento rápido, além de produzir grande fitomassa e fixar nitrogênio no solo, seu cultivo pode ser sugerido em sistemas agroflorestais, permacultura, recuperação de áreas degradadas, reflorestamento e sombreamento para culturas que não toleram luminosidade intensa (Figura 13A).

A Figura 13 (A) - Hábito de crescimento da ingazeira-cipó.

- São compostas, paripinadas, disposições alternas com ráquis alados entre os pares folíolos opostos e presença de uma glândula (nectário extrafloral) entre cada par de folíolos, esses em número de 4-5 pares, sendo pendentes quando jovens e abertos na fase adulta, notadamente esses folíolos são cobertos por uma fina camada pilosa, porém densa; o limbo foliar possui nervuras proeminentes na superfície inferior; o pecíolo é alongado nas folhas e muito curto nos folíolos; a lâmina foliar possui forma elíptica, ápice acuminado, base abtusa e margem lisa, às vezes, com sinuosidades (Figuras 13B, 13C e 13D). FOLHAS

B Figura 13 - (B) folha com folíolos opostos; (C) superfície superior do folíolo; (D) superfície inferior do folíolo.

C

D

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

133

- É do tipo espigada, vistosa, terminal ou subterminal, formada nas axilas das folhas; as flores são agrudadas nas inflorescências, sendo estas formadas por pétalas unidas entre si, de coloração verde-clara a amarelo-clara e com presença de vários estames brancos (Figura 13E). INFLORESCÊNCIA

INGÁ-CIPÓ

134

E Figura 13 (E) - Detalhe das inflorescências na antese.

- São indeiscentes em forma de vagem cilíndrica e alongada medindo em média 50cm de comprimento por 4cm de diâmetro; o epicarpo (casca) possui superfície multissucada de textura rígida e coloração verde-clara quando maduro. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±25% do total do fruto é constituído por um arilo branco de sabor adocicado; o consumo é basicamente na forma in natura, no entanto, é muito importante na dieta de animais silvestres como os macacos e pássaros (Figuras 13F, 13G, 13H e 13I). FRUTOS

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

135

F

G Figura 13 - (F) detalhe dos frutos imaturos na copa da árvore; (G) frutos maduros.

INGÁ-CIPÓ

136

H Figura 13 - (H) fruto no ramo medindo em média 50cm de comprimento por 4cm de diâmetro; (I) fruto descerrado.

I

SEMENTES - As sementes possuem tegumento fibroso aderido ao mesocarpo

I Figura 13 (J) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal. COMERCIALIZAÇÃO - A comercialização dos frutos de ingá-cipó ocorreu em

100% dos locais visitados nos meses de março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro, notadamente em pequenas ofertas nas feiras do Alvorada, do Ceasa, da Compensa, do Coroado, de frutas regionais, do CIGS, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair. É efetuada somente no varejo, onde são vendidos em feixes, contendo 3 unidades ao preço de R$ 2,00 no pico da produção e R$ 3,00 no período de menor oferta. Esses frutos são bastante tolerantes ao transporte, mas perecíveis ao tempo de conservação natural. Após a compra, recomenda-se o consumo da fruta em até 3 dias (Figuras 13L e 13M).

137 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

(polpa); o endosperma é sólido com superfície de coloração escurobrilhante, contudo, quando descerrado, apresenta coloração roxo-escura e um embrião desenvolvido; o número de sementes por fruto varia de acordo com o tamanho da vagem, no entanto, em média, encerram-se 20 sementes (Figura 13J).

INGÁ-CIPÓ

138

L

M Figura 13 - (L e M) detalhe da comercialização dos frutos em feixes.

JATOBÁ 14 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Fabaceae Lindl. An Introduction to the Natural System of Botany 148. 1836. (Intr. Nat. Syst. Bot. (ed. 2)).

FAMÍLIA:

Hymenaea L. Species Plantarum 2: 1192. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

Hymenaea courbaril L. Species Plantarum 2: 1192. 1753. (Sp. Pl.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Hymenaea animifera Stokes Hymenaea candolleana Kunth Hymenaea courbaril var. obtusifolia Ducke Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Hayne) Y.T. Lee & Langenh. Hymenaea multiflora Kleinhoonte Hymenaea retusa Willd. ex Hayne Hymenaea stilbocarpa Hayne Inga megacarpa M.E. Jones

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO JATOBÁ Hymenaea courbaril L. ÁRVORE - O jatobazeiro, também conhecido vulgarmente como jutaí, é caracterizado como uma árvore de grande porte, podendo alcançar até 40 metros de altura. O caule é cilíndrico, sendo alongado em florestas fechadas, no entanto em áreas abertas é curto e com copa ampla e fechada. É uma planta muito frequente no bioma amazônico, sobretudo em ambientes naturais de florestas de terra firme e em várzeas altas, predominando nos solos argilosos e bem drenados. É considerada uma espécie ornamental, frutífera e medicinal, em decorrência disso, seu cultivo pode ser indicado para sítios, reflorestamentos e sistemas agroecológicos (Figura 14A).

J AT O B Á

140

A Figura 14 (A) - Hábito de crescimento do jatobazeiro em áreas abertas.

FOLHAS - São bifolioladas com 2 folíolos opostos, glabros, brilhantes e com

B

C

D

Figura 14 - (B) folhas com disposições alternas; (C) detalhe da superfície superior dos folíolos; (D) superfície inferior dos folíolos com nervuras proeminentes.

141 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

disposições alternas nos ramos; o pecíolo é alongado nas folhas e curto nos folíolos; a lâmina foliar dos folíolos apresenta forma oblonga-lanceolada, ápice acuminado, base desigual, margem lisa, superfície coriácea e nervura central proeminente na superfície inferior (Figuras 14B, 14C e 14D).

São vistosas, dispostas em panículas terminais e compostas por flores hermafroditas; cada flor possui cálice formado por 4 sépalas de coloração castanho-esverdeada e corola por 5 pétalas brancas, 1 estigma e 10 estames livres (Figuras 14E, 14F1 e 14F2). INFLORESCÊNCIAS -

J AT O B Á

142

E

F1

Figura 14 - (E) inflorescências vistosas na copa da árvore; (F1) inflorescência com botões florais e flores polinizadas; (F2) detalhe da flor. F2

FRUTOS - São vagens secas, indeiscentes com forma oblonga, subcilíndrica

G Figura 14 (G) - Detalhe dos frutos na copa do jatobazeiro.

143 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

a cilíndrica, medindo 6-12cm de comprimento por 3-5cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é áspero, brilhante, impermeável, textura lenhosa e coloração castanho-escura. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±25% do total do fruto, é constituído por uma fécula seca de coloração amarelo-pálida, consistência farinácea e fibrosa, levemente doce e com aroma desagradável; esse mesocarpo (polpa) é rico em carboidrato e o consumo é basicamente na forma in natura, no entanto, possui potencial para ser usado como matéria-prima na culinária caseira, na preparação de bolos e mingaus (Figuras 14G, 14H e 14I).

J AT O B Á

144

H

I Figura 14 - (H) detalhe dos frutos nos ramos; (I) frutos maduros e descerrado, medindo de 6-12cm de comprimento por 3-5cm de diâmetro.

- O número de sementes variam de acordo com o tamanho da vagem, contudo, encerram-se em média 4 sementes por fruto, essas apresentando formas circulares e achatadas; o tegumento é espesso, impermeável e com coloração violeta-escuro-brilhante; o endosperma é rígido com coloração branca (Figuras 14J e 14L). SEMENTES

J

L Figura 14 - (J) detalhe das sementes cobertas por uma fécula seca comestível; (L) sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

145

- Ocorreu em 20% das feiras visitadas nos meses de junho, julho, agosto, setembro e outubro, com pequenas ofertas nas feiras de frutas regionais e da Panair. É efetuada somente no varejo, onde são vendidos em sacolas contendo 12 unidades ao preço de R$ 3,00 na feira de frutas regionais, e R$ 1,00, na feira da Panair. Esses frutos são bastante resistente ao transporte, mas perecíveis ao tempo de conservação natural. Após a compra, recomenda-se o consumo imediato (Figura 14M). COMERCIALIZAÇÃO

J AT O B Á

146

M Figura 14 (M) - Detalhe da comercialização dos frutos em sacolas de náilon.

JENIPAPO 15 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Família: Rubiaceae Juss. Genera Plantarum 196. 1789. (Gen. Pl.) Gênero: Genipa L. Systema Naturae, Editio Decima 2: 931. 1759. (Syst. Nat. (ed. 10)). Nome científico: Genipa americana L. Systema Naturae, Editio Decima 2: 931. 1759. (Syst. Nat. (ed. 10)). Sinonímias: Gardenia genipa Sw. Genipa americana var. caruto (Kunth) K. Schum. Genipa barbata Presl Genipa codonocalyx Standl. Genipa excelsa K. Krause Genipa grandifolia Pers. Genipa nervosa Spruce Genipa oblongifolia Ruiz & Pav. Genipa pubescens DC. Genipa spruceana Steyerm. Genipa venosa Standl.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO JENIPAPO Genipa americana L. O jenipapeiro é uma árvore de porte médio, nativa da América Tropical, podendo alcançar até 20 metros de altura; o caule é retilíneo com ritidoma (casca) levemente áspero e com várias manchas esbranquiçadas; a copa é composta por densos galhos apartados e muitas folhas nas extremidades dos ramos. Possui ampla distribuição no bioma amazônico e Estados do Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste do Brasil. No bioma amazônico é encontrado na forma espontânea, sobretudo, nos ecossistemas de florestas degradadas e várzea. Contudo é bastante cultivado, principalmente em pequenas propriedades rurais, sítios, quintais residenciais e fazendas ÁRVORE -

J E N I PA P O

148

localizadas sobre áreas de várzeas. É uma espécie de rápido crescimento e resistente às inundações periódicas, podendo assim ser indicada para reflorestamento de matas ciliares (Figura 15A).

A Figura 15 (A) - Hábito de crescimento do jenipapeiro em área de várzea.

FOLHAS - São simples, glabras e inteiras com disposições cruzadas, opostas

B Figura 15 - (B) ramo com folhas opostas em cada nó; (C) superfície superior da folha; (D) superfície inferior da folha.

C

D

149 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

em cada nó e abundantes nas extremidades dos ramos; a lâmina foliar possui superfície superior de coloração verde-escuro-brilhosa e inferior verde-clara com nervuras proeminentes. Apresentam forma obovada, margem lisa, ápice acuminado e base cuneada, medindo em média 28cm de comprimento por 12cm de diâmetro. Essas folhas são caducifólias nos meses de julho e agosto (Figuras 15B, 15C e 15D).

São formadas nas axilas das folhas novas, podendo ocorrer isoladas ou agrupadas de duas até três; são constituídas por cálice tuboso de coloração verde e corola por 5 pétalas soldadas até a metade da base, apresentando coloração branca na antese e amarelo-escura depois da polinização (Figuras 15E, 15F, 15G, 15H e 15I). FLORES -

J E N I PA P O

150

E

F

G

Figura 15 - (E) detalhe dos botões florais; (F e G) flores na antese.

H

I Figura 15 - (H e I) flores polinizadas com coloração amarelo-escura.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

151

É uma baga de forma subglobosa a ovoide, medindo em média 9cm de comprimento por 7cm de diâmetro e pesando aproximadamente 200 gramas. É um fruto bastante nutritivo, por encerrar boas quantidades de carboidratos, vitaminas, fósforo, cálcio e fibras. Quando maduro, apresenta epicarpo (casca) flácido e enrugado com 1-1,5cm de espessura e coloração pardo-acinzentada. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±65% do total do fruto, é suculento, tem aroma agradável e sabor adocicado, porém, acidífero. Por causa dessa acidez, o consumo do mesocarpo (polpa) na condição in natura é pouco apreciado, no entanto, é muito utilizado na preparação de doces, licores, sorvetes, sucos, vinhos e xaropes. Na medicina tradicional, o fruto imaturo quando ralado, é usado no controle da asma e, quando maduro seu suco pode ser receitado como diurético e desobstruinte. Outros usos são a partir de frutos imaturos, deles obtém-se um pigmento chamado “genipina”, que é uma tintura de coloração violeta a azul-escura, que pode ser usada em diversas pinturas (Figuras 15J, 15L, 15M e 15N). FRUTO -

J E N I PA P O

152

J Figura 15 - (J e L) detalhe dos frutos nos ramos.

L

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

153

M

N Figura 15 - (M) frutos maduros, medindo em média 9cm de comprimento por 7cm de diâmetro; (N) fruto inteiros e descerrados na forma longitudinal e transversal.

Em cada fruto, encerram-se várias sementes pequenas, com formas variadas e achatadas; o tegumento é rígido, impermeável e de coloração marrom; o endosperma é espesso e branco. Na medicina tradicional as sementes trituradas são utilizadas para estimular vômitos nas pessoas (Figura 15O). SEMENTES -

J E N I PA P O

154

O Figura 15 (O) - Detalhe das sementes do fruto do jenipapo. COMERCIALIZAÇÃO - A comercialização dos frutos de jenipapo ocorreu em 100% das feiras visitadas, durante o ano inteiro, principalmente, nas feiras da Compensa, do Coroado, da Manaus Moderna, do Produtor e da Panair. A venda desses frutos ocorre no varejo e atacado na feira da Panair e no varejo nas demais feiras. No atacado são comercializados em caixas de madeira, contendo aproximadamente 80-90 unidades, ao preço de R$ 20,00. No varejo são comercializados em sacolas de náilon, contendo 3-5 unidades ao preço de R$ 2,00. São frutos resistentes ao transporte, porém perecíveis a partir da compra, no entanto, sua viabilidade pode ser aumentada, se forem conservados em geladeira (Figuras 15P, 15Q, 15R e 15S).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

155

P Figura 15 (P) - Detalhe da comercialização no atacado.

Q

R

S

Figura 15 - (Q) detalhe da comercialização livre; (R) em sacolas de náilon; (S) suco do mesocarpo (polpa).

16

MARI-MARI NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Fabaceae Lindl. An Introduction to the Natural System of Botany 148. 1836. (Intr. Nat. Syst. Bot. (ed. 2)).

FAMÍLIA:

Cassia L. Species Plantarum 1: 376-380. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

Cassia leiandra Benth. Flora Brasiliensis 15(2): 94. 1870. (Fl. Bras.).

NOME CIENTÍFICO:

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO MARI-MARI Cassia leiandra Benth. ÁRVORE - O mari-marizeiro é uma árvore elegante de médio porte, nativa da Amazônia, podendo alcançar até 12 metros de altura. Apresenta caule curto, cilíndrico e ritidoma (casca) com placas lenhosas e coloração cinzacastanho; a copa é fechada, com muitas ramificações e densas folhagens, estampando uma conformação bastante ornamental. Essa planta possui grande frequência e abundância em florestas de igapós, margens de igarapés, lagos e várzeas baixas, sobretudo, na Amazônia Central. Apesar de ser nativa de florestas periodicamente inundadas, o mari-mari tolera solos drenados de terra firme, podendo assim ser cultivado com boa produtividade nesses ambientes ou ainda como planta ornamental. A espécie pode ser ainda recomendada para recuperação e enriquecimento de matas ciliares (Figura 16A).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

157

A Figura 16 (A) - Hábito de crescimento do mari-marizeiro.

São compostas, paripinadas, glabras e com disposições alternas nos ramos; os folíolos são opostos, variando entre 7 e 11 pares; a lâmina foliar dos folíolos possui forma oblonga, margem lisa, ápice e base arredondada e superfície inferior com nervuras proeminentes (Figuras 16B, 16C, 16D e 16E). FOLHAS -

MARI-MARI

158

B

C

D

Figura 16 - (B) folhas com disposições alternas; (C) detalhe da folha inteira; (D) detalhe da superfície superior dos folíolos.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

159

E Figura 16 (E) - Superfície inferior dos folíolos. INFLORESCÊNCIAS - São do tipo espigada formadas ao longo dos ramos, estampando coloração amarelada bastante vistosa; as flores são hermafroditas e bastante perfumadas, sendo formadas por 5 pétalas amarelas e poucos estames. A antese dessas flores ocorre progressivamente da base para a extremidade da inflorescência, em função disso, ocorrem flores abertas e botões florais simultaneamente na mesma inflorescência (Figuras 16F, 16G e 16H1 e 16H2).

F Figura 16 (F) - Detalhe das inflorescências vistosas do mari-marizeiro.

MARI-MARI

160

G

H1 Figura 16 - (G) inflorescência com flores na antese e botões florais; (H1 e H2) detalhe das flores na antese.

H2

FRUTOS - São indeiscentes, do tipo vagem cilíndrica, podendo alcançar até

I Figura 16 - (I) frutos na copa da árvore; (J) frutos maduros medindo em média 45cm de comprimento por 2cm de diâmetro.

J

161 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

60cm de comprimento por 2,5cm de diâmetro; o epicarpo (casca) possui consistência seca, forma anelada e coloração verde-clara a amarelo-clara quando maduro. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±25% do total do fruto, é composto de um arilo de coloração verde, separadas por septos dentro do fruto, o qual envolve as sementes de formas anelada-achatada. O consumo é somente na forma in natura (Figuras 16I, 16J e 16L).

MARI-MARI

162

L Figura 16 (L) - Frutos descerrados. SEMENTES - Possuem forma anelada-achatada e o número varia de acordo

com o tamanho da vagem, entretanto, encerram-se em média 50 unidades; o tegumento é fino, impermeável e com coloração marrom (Figura 16M).

M Figura 16 (M) - Detalhe das sementes cobertas com arilo acima, sem arilo no meio e inteiras e descerradas abaixo.

Os frutos de mari-mari foram encontrados em 70% dos locais visitados, nos meses de fevereiro, março, abril, maio e junho, com pequenas ofertas nas feiras do Alvorada, do CIGS, Coroado, de frutas regionais, Lírio do Vale, Manaus Moderna e da Panair. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são vendidos a R$ 0,50 a unidade ou em feixes, contendo 3-5 unidades, ao preço de R$ 2,00. Esses frutos são bastante tolerantes ao transporte, mas perecíveis ao tempo de conservação natural. Após a compra, recomenda-se o consumo em 3 dias, no máximo (Figura 16N e 16O). COMERCIALIZAÇÃO -

N

O Figura 16 - (N) detalhe da comercialização por unidades; (O) comercialização em feixes.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

163

17

MURICI-AMARELO NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Malpighiaceae Nova Genera et Species Plantarum (quarto ed.) 5: 149. 1821[1822].

FAMÍLIA:

Byrsonima Rich. ex Kunth Nova Genera et Species Plantarum (quarto ed.) 5: 147. 1821[1822].

GÊNERO:

Byrsonima crassifolia (L.) Kunth Nova Genera et Species Plantarum (quarto ed.) 5: 149. 1821[1822].

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Byrsonima biacuminata Rusby Byrsonima coriacea (Sw.) DC. Byrsonima cotinifolia Kunth Byrsonima crassifolia fo. kunthiana Nied Byrsonima cumingiana A. Juss. Byrsonima fagifolia Nied Byrsonima fendleri Turcz Byrsonima ferruginea Kunth Byrsonima karwinskiana A. Juss. Byrsonima lanceolata DC. Byrsonima laurifolia Kunth Byrsonima laurifolia var. guatemalensis Nied. Byrsonima moritziana Turcz. Byrsonima panamensis Beurl. Byrsonima pulchra Sessé & Moc. ex DC. Byrsonima rufescens Bertol. Malpighia coriacea Sw.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO MURICI-AMARELO O muricizeiro, também conhecido vulgarmente como muriciamarelo e murici-do-campo, é caracterizado como um arbusto de até 5 metros de altura, apresentando caule cilíndrico, curto e tortuoso, com densas ramificações e folhagens abundantes, muitas vezes tocando o solo; ritidoma (casca) é espesso e áspero. Possui ampla distribuição nas regiões Norte (nos Estados do Amapá, Pará, Roraima e Tocantins), Nordeste (Bahia, Maranhão, Pernambuco e Piauí) e Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), com maior frequência e abundância em ecossistemas de caatinga, cerrado e lavrado. Todavia pode ser encontrado, na Região Sudeste, no entanto de forma rara, nos Estados de Minas Gerais e São Paulo. No Estado do Amazonas não ocorre de maneira espontânea, entretanto pode ser encontrado em pequenos pomares e alguns sistemas agroecológicos, principalmente os localizados na região metropolitana de Manaus. Por apresentar frutos comestíveis, crescimento rápido, rusticidade e boa produtividade, recomenda-se o cultivo desta espécie na recuperação de áreas degradadas, pequenos pomares, sistemas agroecológicos ou como planta ornamental (Figura 17A). ÁRVORE -

A

Figura 17 (A) - Hábito de crescimento do muricizeiro.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

165

Byrsonima crassifolia (L.) Kunth

FOLHAS - Possui folhas simples, disposição opostas, pecíolo pequeno, mar-

M U R I C I - A M A R E LO

166

gem inteira, limbo com nervura central e paralelas proeminentes, forma elíptica, base arredondada e ápice agudo ou arredondado. As folhas novas são cobertas por tricomas de coloração ferrugíneos-claros; na superfície superior da folha esses tricomas desprendem-se mais rápidos, ficando presentes apenas nas nervuras e pecíolos, todavia na superfície inferior, permanecem por mais tempo, em decorrência disso, as folhas apresentam coloração verde-escura na face superior e ferruginea-pilosa na inferior (Figuras 17B, 17C e 17D).

B

C

D

Figura 17 - (B) folhas com disposições opostas; (C) superfície superior da folha; (D) superfície inferior da folha.

São vistosas, tipo racemosa, formadas nas extremidades dos ramos compostos por folhas novas. As flores são hermafroditas, agrupadas ao longo da inflorescência, com coloração amarelada na antese e alaranjada após a polinização; o cálice possui 5 sépalas, cada uma delas com um par de glândulas na base externa, produtoras de óleos, denominadas elaiofóros; a corola é formada por 5 pétalas livres, amarelas, com pedúnculo longo e presença de 10 estames (Figuras 17E, 17F e 17G). INFLORESCÊNCIAS -

E

F

G Figura 17 - (E e F) inflorescência com flores na antese e botões florais; (G) detalhe da flor aberta.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

167

São drupas com coloração amarela quando maduro; possui formato globoso ou oblongo, medindo em média 1,5cm de comprimento por 1,7cm de diâmetro; possui o epicarpo (casca) com superfície fina, lisa e brilhosa. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±70% do total do fruto, possui consistência pastosa, coloração amarela e, aroma e sabor bastante agradável, porém acidífero; contudo, encerra-se consideráveis teores proteinas, lipídeos, carboidratos e, minerais como cálcio, ferro e zinco. Esse mesocarpo (polpa), pode ser consumido na forma in natura, no entanto, possui grande potencial para ser utilizado pela agroindústria, na obtenção de polpa concentrada para ser comercializada e, posteriormente ser utilizada na preparação de creme, geleia, licor, mousse, picolé, sorvete e suco (Figuras 17H, 17I, 17J e 17L). FRUTOS -

M U R I C I - A M A R E LO

168

Figura 17 (H) - Detalhe dos frutos imaturos e maduros nos ramos.

H

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

169

I

J Figura 17 - (I) detalhe dos frutos, medindo em média 1,5cm de comprimento por 1,7cm de diâmetro; (J) frutos inteiros e descerrados na forma transversal.

M U R I C I - A M A R E LO

170

L

Figura 17 (L) - Detalhe do suco do fruto do muriciamarelo.

No interior dos frutos, encerra-se uma semente contendo de 1 a 3 amêndoas (endosperma). No entanto, na maioria das sementes são encontradas de 2 a 3 amêndoas; o tegumento (endocarpo) possui consistência rígida com estrias e coloração escura (Figura 17M). SEMENTES -

M

Figura 17 (M) - Sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal.

COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos de murici-amarelo foram encontrados em apenas 20% das feiras visitadas, nos meses de outubro, novembro, dezembro e, janeiro, fevereiro, março e abril do ano seguinte, em pequenas ofertas nas feiras do CIGS e do Coroado. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são armazenados e vendidos em garrafas de PET de 2 litros ou em badejas plásticas com aproximadamente 500 gramas, ao preço de R$ 5,00 e R$ 3,00 respectivamente. Os frutos quando bem embalados, são tolerantes ao transporte, mas perecíveis na temperatura ambiente, devendo ser conservado sob refrigeração (Figura 17N e 17O).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

171

N

O Figura 17 - (N) detalhe da comercialização em garrafas de PET; (O) comercialização em bandejas.

18

PAJURÁ NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Chrysobalanaceae R. Br. Narrative of an Expedition to Explore the River Zaire 433. 1818. (Narr. Exped. Zaire).

FAMÍLIA:

Couepia Aubl. Histoire des plantes de la Guiane Françoise 1: 519, t. 207. 1775. (Hist. Pl. Guiane).

GÊNERO:

Couepia bracteosa Benth. Journal of Botany, being a second series of the Botanical Miscellany 2: 215. 1840. (J. Bot. (Hooker)).

NOME CIENTÍFICO:

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO PAJURÁ Couepia bracteosa Benth. ÁRVORE - O pajurazeiro, também conhecido vulgarmente como pajurá da mata e pajurá verdadeiro, é caracterizado como uma árvore de porte médio, podendo alcançar até 25 metros de altura. Possui caule alongado em florestas fechadas e curto quando cultivado em áreas abertas; a copa é ampla, densamente ramificada e com densas folhagens. É nativo da Amazônia, porém com ocorrência rara em florestas preservadas de terra firme, sobretudo, na Amazônia Central. Contudo é cultivado, principalmente, em pequenas propriedades rurais, sítios e quintais residenciais. Por ser uma frutífera de valor econômico, seu cultivo é recomendado para sistemas agroecológicos (Figura 18A).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

173

A Figura 18 (A) - Hábito de crescimento do pajurazeiro (planta jovem).

PA J U R Á

174

FOLHAS - São simples, de consistência firme, disposições alternas nos ramos, forma oblonga, ápice cuspidado, base arredondada, coloração verde-brilhante na superfície superior, prata-acinzentada na inferior e com nervuras proeminentes; o pecíolo é curto, medindo até 2,5cm de comprimento e lâmina foliar com até 25cm de comprimento por 10cm de diâmetro (Figuras 18B, 18C e 18D).

B

C

D

Figura 18 - (B) detalhe das folhas com disposições alternas; (C) superfície superior da folha; (D) superfície inferior da folha com nervuras proeminentes.

E Figura 18 (E) - Detalhe do fruto no ramo do pajurazeiro.

175 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

INFLORESCÊNCIAS - São dispostas em panículas terminais, apresentando flores hermafroditas de coloração branca, com cálice e corola formados por 5 sépalas e 5 pétalas, respectivamente, e presença de vários estames. FRUTOS - São do tipo drupa, com forma globosa, indeiscentes, medindo de 8-12cm de comprimento por 8-15cm de diâmetro e pesando de 80 a 200 gramas; possui epicarpo (casca) de coloração pardo-escura e superfície áspera coberta por muitas pontuações brancas. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±50% do total do fruto, é carnoso com coloração amarelo-pálida e consistência sólido-granulosa. O consumo é basicamente na forma in natura, no entanto, pode ser usado na culinária caseira para preparação de doces (Figuras 18E, 18F e 18G).

PA J U R Á

176

F

G Figura 18 - (F) detalhe dos frutos, medindo de 8-12cm de comprimento por 8-15cm de diâmetro; (G) frutos inteiros e descerrados na forma transversal.

No interior dos frutos, encerra-se apenas uma semente; o tegumento é espesso com superfície áspera, consistência fibrosa e coloração marrom-escura; o endosperma é abundante, com rendimento de ±30% do total do fruto, e possui consistência sólida e coloração róseo-clara (Figuras 18H e 18I). SEMENTES -

H

I Figura 18 - (H) detalhe das sementes inteiras; (I) semente descerrada na forma transversal.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

177

COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos de pajurá foram encontrados em apenas 10%

PA J U R Á

178

das feiras visitadas, nos meses de fevereiro e março, em pequenas ofertas na feira de produtos regionais. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são vendidos em sacolas, contendo 3-4, unidades ao preço de R$ 5,00. Os frutos são tolerantes ao transporte, mas perecíveis ao tempo de conservação, devendo ser consumidos logo após a compra (Figura 18J).

J Figura 18 (J) - Comercialização em sacolas de náilon do pajurazeiro.

PEPINO-DO-MATO 19 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE FAMÍLIA: Apocynaceae

Juss. Genera Plantarum 143-144. 1789. (Gen. Pl.).

GÊNERO: Ambelania

Aubl. Histoire des plantes de la Guiane Françoise 1: 265. 1775. (Hist. Pl. Guiane).

NOME CIENTÍFICO: Ambelania acida Aubl. Histoire des plantes de la Guiane Françoise 1: 265-268, t. 104. 1775. (Hist. Pl. Guiane). SINONÍMIAS:

Ambelania cucumerina Miers Ambelania sagotii Müll. Arg. Ambelania tenuiflora Müll. Arg. Ambelania tenuiflora var. tenuiramea Müll. Arg. Willughbeia acida (Aubl.) Oken Willughbeia acida (Aubl.) J.F. Gmel.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO PEPINO-DO-MATO Ambelania acida Aubl. ÁRVORE - O pepineiro-do-mato é uma árvore rara de pequeno porte, lactescente, podendo alcançar até 10 metros de altura. Possui caule curto, fino e com várias ramificações opostas, sendo as maiores na base e as menores na direção da copa da árvore. É nativo da Amazônia, com predominância no sub-bosque das florestas preservadas de terra firme, sobretudo, em platô e vertente, no entanto pode ser encontrado em algumas capoeiras e florestas de campinaranas (Figuras 19A e 19B).

P E P I N O - D O - M AT O

180

A Figura 19 - (A) hábito de crescimento do pepino-do-mato; (B) caule lactescente.

B

FOLHAS - São simples, coriáceas, inteiras, glabras e com disposições opostas

C

D

E

Figura 19 - (C) detalhe das folhas com disposições opostas; (D) superfície superior da folha; (E) superfície inferior com nervuras proeminentes.

181 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

nos ramos; a lâmina foliar possui forma oblonga ou elíptica, ápice acuminado, base arredondada e margem lisa; superfície superior brilhante e inferior com nervuras proeminentes (Figuras 19C, 19D e 19E).

São hermafroditas, vistosas e, constituídas por corola tubulosa de coloração branca, 5 lobos torcidos no botão e 5 estames inseridos na metade superior do tubo (Figuras 19F, 19G e 19H). FLORES-

P E P I N O - D O - M AT O

182

F

G

H Figura 19 - (F) detalhe dos botões florais; (G e H) flores na antese.

São bagas indeiscentes com forma oblonga-elipsoide, medindo de 8-12cm de comprimento por 7-10cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é firme, estriado longitudinalmente e com coloração amarelada quando maduro; o mesocarpo (polpa) tem rendimento de ±80% do total do fruto, possui coloração branca e consistência maciço-carnosa; é comestível, embora seja leitoso e pegajoso; o consumo é basicamente na forma in natura ou usado na culinária caseira na preparação de doces e saladas. Durante a preparação das saladas, deve-se eliminar o látex dos frutos, cortando os mesmos em pequenas porções e posteriormente infundindo em água potável para sua eliminação (Figuras 19I, 19J, 19L e 19M). FRUTOS -

I Figura 19 (I) - Detalhe dos frutos nos ramos do pipineiro-do-mato.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

183

P E P I N O - D O - M AT O

184

J

L Figura 19 - (J) detalhe dos frutos inteiros, medindo de 8-12cm de comprimento por 7-10cm de diâmetro; (L) fruto descerrado na forma transversal.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

185

M Figura 19 (M) - Fruto descerrado na forma longitudinal.

- O interior dos frutos é constituído por dois locos estreitos longitudinalmente nos quais encerram-se várias sementes pequenas e secas; o tegumento é firme, opaco e com coloração marrom-escuro; o endosperma é rígido e branco (Figura 19N). SEMENTES

N

Figura 19 (N) - Detalhe das sementes.

COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos de pepino-do-mato foram encontrados oca-

P E P I N O - D O - M AT O

186

sionalmente em 10% das feiras visitadas, no mês de fevereiro de 2009, na feira do Coroado. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são vendidos em sacolas de náilon, contendo 3-4 unidades, ao preço de R$ 2,00. Esses frutos são bastante tolerantes ao transporte, mas perecíveis ao tempo de conservação natural. Após a compra, recomenda-se o consumo imediato (Figura 19O).

O Figura 19 (O) - Detalhe da comercialização em sacolas de náilon.

PIQUIÁ 20 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Caryocaraceae Voigt Hortus Suburbanus Calcuttensis 88. 1845. (Hort. Suburb. Calcutt.).

FAMÍLIA:

Caryocar L. Mantissa Plantarum 2: 154, 247. 1771. (Mant. Pl.).

GÊNERO:

Caryocar villosum (Aubl.) Pers. Synopsis Plantarum 2: 84. 1806. (Syn. Pl.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Caryocar butyrosum (Aubl.) Willd. Caryocar villosum var. aesculifolium Wittm. Caryocar villosum var. macrophyllum Wittm. Pekea butyrosa Aubl. Pekea villosa (Aubl.) Poir.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO PIQUIÁ Caryocar villosum (Aubl.) Pers. ÁRVORE - O piquiazeiro é caracterizado como uma árvore de grande porte,

podendo alcançar até 40 metros de altura. Possui caule cilíndrico, sendo alongado em florestas fechadas e curto em áreas de insolação intensa; o ritidoma (casca) é rugoso e sem aroma; a copa da árvore possui ramificações espalhadas com folhagens abundantes e agrupadas no ápice dos ramos. Possui ampla distribuição na Amazônia, sobretudo, em florestas de terra firme, sobre solos argilosos bem drenados em ecossistemas de platô e vertente. Atualmente o piquiá sofre grande pressão antrópica por meio da retirada de sua madeira e expansão dos desmatamentos, principalmente, próximos das áreas urbanas. Segundo DE PAULA (2010), esta espécie encontra-se na lista de fruteiras arbóreas ameaçadas de extinção. Uma alternativa efetiva para preservar esta espécie e, consequentemente, aumentar as ofertas de frutos nas feiras livres, seria criar leis para proteção do piquiá, da mesma forma como foi feito para a castanha-do-Brasil (Figura 20A).

PIQUIÁ

188

A Figura 20 (A) - Hábito de crescimento do piquiazeiro.

- São compostas com disposições opostas nos ramos, exibindo cada uma 3 folíolos, sendo o central maior que os laterais; possui pecíolo alongado e lâmina foliar com folíolos de forma elíptica e nervação proeminente na face inferior, ápice acuminado, base arredondada e margem serreada a crenada (Figuras 20B, 20C e 20D). FOLHAS

B

C

D

Figura 20 - (B) detalhe das folhas com disposições opostas; (C) superfície superior dos folíolos; (D) superfície inferior dos folíolos com nervuras proeminentes.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

189

INFLORESCÊNCIA -

PIQUIÁ

190

São vistosas e dispostas em racemos terminais (vários botões florais), apresentando flores bissexuais (hermafroditas) que abrem no início da noite e são polinizadas por morcegos; cada flor é constituída por numerosos estames, corola com 5 pétalas amareladas e cálice por 5 sépalas esverdeadas (Figuras 20E, 20F e 20F1).

E

F E

F1 F Figura 20 - (E) detalhe das inflorescências vistosas; (F) botões florais e flor na antese, (F1) flor na antese.

São drupas com forma globosa a subglobosa, medindo 7-8cm de comprimento por 9-10cm de diâmetro; o epicarpo (casca) possui coloração parda, é carnoso, grosso e com grande quantidade de tanino. O mesocarpo (polpa) é amarelo-claro, fino, oleoso e com rendimento ±20% do total do fruto. Este mesocarpo é bastante rico em óleos e substâncias nutritivas, e o consumo é feito após a retirada do epicarpo (casca) e cozimento com água e sal, o sabor é agradável, no entanto, algumas variedades podem apresentar paladar amargo e repugnante. O óleo extraído pode ser utilizado na culinária caseira e como matéria-prima para fabricação de cosméticos para limpeza de pele e outros fins (Figuras 20G, 20H, 20I, 20J, 20L1 e 20L2). FRUTOS -

Figura 20 (G) - Detalhe dos frutos nos ramos do piquiazeiro.

G

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

191

PIQUIÁ

192

H Figura 20 - (H) detalhe dos frutos, medindo 7-8cm de comprimento por 9-10cm de diâmetro; (I) fruto descerrado na forma tranversal.

I

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

193

J

L1

L2

Figura 20 - (J) detalhe dos frutos sem o epicarpo (casca); (L1) fruto descerrado na forma transversal, expondo o mesocarpo (polpa) na superfície mais externa, endocarpo ao meio com espinhos e endosperma (amêndoa) de coloração branca; (L2) descerrado na forma longitudinal.

SEMENTES - Possuem o endocarpo grosso e espesso, com zonas mais inter-

PIQUIÁ

194

nas, cobertas por numerosos espinhos pontiagudos; o endosperma é livre de espinhos e com coloração branca (Figuras 20M).

M Figura 20 - (M) semente inteira e descerrada na longitudinal. COMERCIALIZAÇÃO - A comercialização dos frutos de piquiá ocorreu em 50% das feiras visitadas, nos meses de fevereiro, março e abril e maio, com pequenas ofertas nas feiras do Alvorada, CIGS, Coroado, frutas regionais e da Panair. Foi efetuada somente no varejo, onde foram vendidos em sacolas, contendo 3 unidades, ao preço de R$ 5,00, na feira de frutas regionais e 3-4 unidades, entre R$ 3,00 e R$ 5,00, nos demais estabelecimentos. Esses frutos são resistentes ao transporte, mas bastante perecíveis ao tempo de conservação natural. Após a compra, recomenda-se o consumo imediato (Figuras 20N e 20O).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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N Figura 20 - (N) comercialização por unidade; (O) em sacolas de náilon.

O

21

PITOMBA NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Sapindaceae Juss. Genera Plantarum 246. 1789. (Gen. Pl.).

FAMÍLIA:

Talisia Aubl. Histoire des plantes de la Guiane Françoise 1: 349, pl. 136. 1775. (Hist. Pl. Guiane).

GÊNERO:

Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk. Sitzungsberichte der Mathematisch-Physikalischen Classe (Klasse) der K. B. Akademie der Wissenschaften zu München 8: 345. 1878. (Sitzungsber. Math.-Phys. Cl. Königl. Bayer. Akad. Wiss. München).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Sapindus esculentus A. St.-Hil.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DA PITOMBA Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk. A pitombeira é uma árvore de porte médio, podendo alcançar até 15 metros de altura. Possui tronco (caule) curto, cilíndrico e ritidoma (casca) com placas lenhosas; a copa da árvore é ampla, densamente ramificada e com folhagens abundantes, estampando uma conformação bastante ornamental. É nativa da Amazônia Ocidental, de onde dispersou-se por todo o bioma amazônico e regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Na região de Manaus, sua ocorrência é muito comum na região metropolitana, sobretudo em sítios, quintais residenciais, fachadas de alguns prédios e jardins botânicos (Figura 21A). ÁRVORE -

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

197

A Figura 21 (A) - Hábito de crescimento da pitombeira.

FOLHAS - São compostas, paripinadas, com disposições alternas nos ramos

PITOMBA

198

e 3-4 pares de folíolos opostos; lâmina foliar glabra, formato elíptico, base cuneada, ápice acuminado e margem lisa, porém ondulada. Estas folhas são caducifólias nos meses de julho e agosto; desprendem-se dos ramos e novas folhas surgem em seguida (Figuras 21B, 21C, 21D e 21E).

B

C

D

Figura 21 - (B) detalhe das folhas com disposições alternas; (C) superfície superior da folha; (D) superfície inferior da folha e folíolos com disposições alternas.

E Figura 21 (E) - Detalhe dos folíolos com lâmina foliar de forma elíptica.

São do tipo racemosa, formadas nas extremidades dos ramos novos. A pitombeira é uma espécie dioica, apresentando plantas com flores masculinas e femininas separadas em indivíduos diferentes; as plantas masculinas produzem inflorescências bastante ramificadas e grande quantidade de flores estaminadas; já nas plantas femininas as inflorescências são pouco ramificadas e as são flores hermafroditas. Tanto as flores estaminadas quanto as pistiladas, são pequenas, aromáticas, sendo constituídas por 5 sépalas partidas até a base, estampando coloração verde-clara a amarelo-clara e 5 pétalas pilosas branca (Figuras 21F, 21G, 21H e 21I). INFLORESCÊNCIAS –

F Figura 21 (F) - Detalhe das inflorescências na copa da pitombeira.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

199

PITOMBA

200

G Figura 21 (G) - Detalhe da inflorescência com flores estaminadas (masculinas).

H Figura 21 (H) - Detalhe das flores pistiladas (femininas) na antese.

I Figura 21 (I) - Inflorescência com flores pistiladas (femininas) polinizadas. FRUTOS - São drupas formadas em cachos, apresentando forma globosa a subglobosa, medindo em média 2cm de comprimento por 2,1cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é flexível, porém resistente, com superfície de coloração amarelo-queimada e presença de espícula na zona inferior do fruto. O mesocarpo (polpa) é formado por um arilo gelatinoso aderente ao tegumento da semente e seu rendimento de ±20% do total do fruto; possui sabor adocicado e levemente azedo. O consumo é basicamente na forma in natura (Figuras 21J, 21L, 21M, 21N e 21O).

J Figura 21 (J) - Detalhe da infrutescência (cacho) imatura.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

201

PITOMBA

202

L Figura 21 - (L) detalhe dos cachos na copa da árvore; (M) cacho maduro no ramo.

M

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

203

N

O Figura 21 - (N) detalhe dos frutos, medindo em média 2cm de comprimento por 2,1cm de diâmetro; (O) frutos inteiros e descerrados na forma transversal e longitudinal.

SEMENTES - No interior dos frutos, encerra-se normalmente uma semente,

PITOMBA

204

no entanto, casualmente, ocorre frutos com duas; o tegumento é fino, com coloração marrom e o endosperma é abundante, com superfície externa de coloração rosada e a interna esbranquiçada. Segundo a Revista Fapesp online N°82, da semente da pitomba é extraída uma proteína chamada lectina, que pode ser usada no combate a fungos causadores de doenças de plantas cultivadas e de pragas, como os besouros que atacam tanto as plantas quanto os grãos armazenados (Figura 21P).

P Figura 21 (P) - Detalhe das sementes inteiras, sem tegumento e descerradas nas formas transversal e longitudinal. COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos de pitomba foram encontrados em 50% das feiras visitadas, no final do mês de setembro, seguido pelos meses de outubro, novembro, dezembro e prolongando até o mês de janeiro do ano seguinte, notadamente nas feiras do Alvorada, Ceasa, Compensa, Coroado e de produtos regionais. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são vendidos em feixes, contendo entre 3-4 cachos, com aproximadamente 50 unidades, ao preço de R$ 4,00, na feira de frutas regionais, e entre R$ 2,00 a R$ 3,00, nas demais feiras. Ocasionalmente, estes frutos são comercializados também por vendedores ambulantes nos principais cruzamentos das avenidas do centro da cidade e de alguns bairros. Quanto ao manuseio, estes frutos são resistentes, no entanto, são demasiadamente sensíveis ao transporte e à deterioração, desse modo, recomenda-se o consumo após a efetivação da compra (Figuras 21Q, 21R e 21S).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

205

Q

R

S

Figura 21 - (Q, R e S) detalhe dos cachos arranjados em feixes para comercialização.

22

PURUÍ NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Rubiaceae Juss. Genera Plantarum 196. 1789. (Gen. Pl.).

FAMÍLIA:

Borojoa Cuatrec. Revista de la Academia Colombiana de Ciencias Exactas, Físicas y Naturales 7: 474. 1949. (Revista Acad. Colomb. Ci. Exact.).

GÊNERO:

Borojoa sorbilis (Ducke) Cuatrec. Acta Agronómica 3: 95. 1953. (Acta Agron.).

NOME CIENTÍFICO:

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO PURUÍ Borojoa sorbilis (Ducke) Cuatrec. ÁRVORE - O puruizeiro é uma arvoreta de até 5 metros de altura. Apresenta caule curto, fino, duro e com ritidoma (casca) estriado; a copa possui ramagens laterais espalhadas e densas folhagens nas extremidades. É nativa da Amazônia, onde é cultivada em pequenos sítios, quintais residenciais e jardins botânicos. É uma espécie pouco conhecida, no entanto, possui grande potencial alimentar, todavia, seu cultivo é muito pequeno. Para a ampliação das áreas cultivadas do puruí, faz-se necessário maior divulgação de suas potencialidades, para sua efetiva inclusão em sistemas agroecológicos e pequenos pomares (Figura 22A).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

207

A Figura 22 (A) - Hábito de crescimento do puruizeiro.

FOLHAS - Possui folhas simples, glabras e arranjadas em seguimentos de três

PURUÍ

208

folhas, sendo duas opostas e uma perpendicular ao eixo; a lâmina foliar possui forma elíptica com ápice acuminado, base cuneada, margem lisa e nervuras proeminentes na superfície inferior (Figuras 22B, 22C e 22D).

B

C

D

Figura 22 - (B) detalhe da inserção das folhas nos ramos; (C) superfície superior da lâmina; (D) superfície inferior com nervuras proeminentes.

FLORES - É uma planta que possui indivíduos com flores masculinas

E Figura 22 - (E) detalhe dos botões florais masculinos; (F) flores masculinas na antese.

F

209 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

(flores estaminadas) e indivíduos com flores hermafroditas (flores estaminadas e pistiladas). Essas flores são formadas em inflorescências nas extremidades dos ramos, após a formação de folhas novas. As masculinas possuem vários botões florais e, quando abertas, apresentam 5 pétalas com coloração branca na superfície superior; o cálice possui forma tubosa, coloração verde-clara, 5 estames e anteras dispostas regularmente. As flores femininas são solitárias, com cálice tuboso de coloração verde-escura e corola soldada na base, com 6-7 pétalas de coloração verde-clara na superfície inferior e branca na superior; o filete é pequeno, composto por 6-7 estames e estilete com presença do estigma (Figuras 22E, 22F, 22G , 22H e 22I). Após a polinização os frutos levam aproximadamente um ano para o amadurecimento.

PURUÍ

210

G

H

I Figura 22 - (G) detalhe do botão floral; (H e I) flores hermafroditas na antese.

São bagas de forma globosa a subglobosa, medindo em média 6cm de comprimento por 8cm de diâmetro. Quando maduro, apresenta epicarpo (casca) rígido, superfície lisa e coloração castanho-cinzenta. O mesocarpo (polpa) possui aspecto gelatinoso, aroma forte e sabor adocicado, todavia o consumo na forma in natura não é bem aceito por ser acidífero. Contudo, pode ser utilizado na culinária regional na preparação de sucos e sorvetes (Figuras 22J, 22L, 22M, 22N , 22O e 22P). FRUTOS -

J

L Figura 22 - (J e L) detalhe dos frutos nos ramos.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

211

PURUÍ

212

M

N Figura 22 - (M) detalhe dos frutos, medindo em média 6cm de comprimento por 8cm de diâmetro; (N) frutos inteiros e descerrados na forma transversal e longitudinal.

O

P

Figura 22. (O) detalhe do mesocarpo (polpa) misturado com as sementes; (P) suco do mesocarpo (polpa) do fruto de puruí.

No interior dos frutos, encerram-se várias sementes de tamanhos pequenos, formas achatadas e, com tegumento rígido de coloração marrom (Figura 22Q). SEMENTES -

Q Figura 22 (Q) - Sementes com formas achatadas.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

213

COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos de puruí foram encontrados, ocasionalmen-

PURUÍ

214

te, em 30% das feiras visitadas, nos meses de agosto, setembro e outubro, em pequenas ofertas nas feiras do Cigs, Coroado e de frutas regionais. A comercialização é efetuada em sacolas, contendo de 6 a 12 unidades ao preço de R$ 3,00. Esses frutos são resistentes ao transporte, porém são bastante perecíveis, todavia sua viabilidade pode ser aumentada quando conservados em geladeira (Figuras 22R e 22S).

R

S Figura 22 - (R e S) detalhe da comercialização em sacolas de náilon.

SAPOTA-DO-SOLIMÕES 23 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Malvaceae Juss. Genera Plantarum 271. 1789. (4 Aug 1789) (Gen. Pl.) .

FAMÍLIA:

Quararibea Aubl. Histoire des plantes de la Guiane Françoise 2: 691-692, pl. 278. 1775. (Hist. Pl. Guiane). GÊNERO:

Quararibea cordata (Bonpl.) Vischer Bulletin de la Société Botanique de Genève 11: 206, f. 1(7), 2(3), 3(4). 1919[1920]. (Bull. Soc. Bot. Genève).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Matisia cordata Bonpl.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DA SAPOTA-DO-SOLIMÕES Quararibea cordata (Bonpl.) Vischer A sapotazeira é caracterizada como uma árvore de grande porte, atingindo até 40 metros de altura no ambiente silvestre, no entanto, quando cultivada em ambientes abertos, alcança em média 20 metros. Possui tronco (caule) retilíneo com raízes tabulares ou sapopemas na base. A copa é densamente ramificada, fechada e abundante, estampando-se uma conformação bastante ornamental. Esta espécie é originária da Amazônia Ocidental, onde ainda podem ser encontrados indivíduos na forma silvestre. É uma fruteira com grande potencial para ser cultivada em sítios e sistemas agroecológicos (Figura 23A). ÁRVORE -

SAPOTA-DO-SOLIMÕES

216

A Figura 23 (A) - Hábito de crescimento da sapotazeira.

- São simples, com disposições alternas e agrupadas nas extremidades dos ramos; o pecíolo é alongado, medindo em média 20cm de comprimento; a lâmina foliar é membranácea e palminérvea, com formato deltoide-cordiforme, ápice cuspidado, base hastada e margem inteira a levemente sinuosa (Figuras 23B, 23C e 23D). FOLHAS

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

217

B

C

D

Figura 23 - (B) inserções das folhas com disposições alternas nos ramos; (C) detalhe da superfície superior da folha; (D) superfície inferior com nervuras proeminentes.

São formadas nos ramos adultos e desnudos, sendo cada uma delas hermafrodita. Estas flores são vistosas, com coloração amarelo-clara e constituídas por cálice tubular, com 5 sépalas e corola obovada, por 5 pétalas e 5 estames no ápice (Figuras 23E e 23F). FLORES -

SAPOTA-DO-SOLIMÕES

218

E

F Figura 23 - (E e F) detalhe dos botões florais e flores na antese.

São bagas com forma globosa a subglobosa e com presença de cálice persistente na extremidade superior; o peso total de um fruto varia de 250-1.200 gramas e atinge de 7-18cm de comprimento por 6-16cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é carnoso, com consistência grossa e superfície pulverulenta de coloração marrom. O mesocarpo (polpa) é volumoso, com rendimento em torno de 65% do total do fruto, este é suculento, com coloração alaranjada, pouco fibroso, baixa acidez, sabor agradável e com consideráveis teores de proteínas, carotenoides e minerais. O consumo é basicamente in natura ou na forma de sucos (Figuras 23G1, 23G2, 23G3, 23H, 23I e 23J). FRUTOS -

G1

G2

G3 Figura 23 - (G1, G2 e G3) detalhe dos frutos nos ramos.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

219

SAPOTA-DO-SOLIMÕES

220

H

I Figura 23 - (H) detalhe dos frutos, medindo de 7-18cm de comprimento por 6-16cm de diâmetro; (I) detalhe do fruto inteiro e descerrado na forma longitudinal e transversal.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

221

J Figura 23 (J) - Fruto descerrado na forma transversal, sem o corte das sementes.

No interior dos frutos, encerram-se de 2 a 5 sementes, estas são grandes, constituídas por tegumento rígido de coloração marrom e endosperma abundante e branco (Figura 23L). SEMENTES -

L Figura 23 (L) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal.

- A comercialização dos frutos ocorreu em 20% das feiras visitadas, nos meses de março, abril, maio e junho, em pequenas ofertas, nas feiras do Coroado e de frutas regionais. É efetuada somente no varejo, onde são vendidas em sacolas de náilon, contendo três unidades de frutos, ao preço de R$ 5,00 para os menores e R$ 10,00 para os maiores. Esses frutos são resistentes ao transporte e podem ficar armazenados em condições naturais por até uma semana, no entanto, após a efetivação da compra, a viabilidade pode ser aumentada se os frutos forem conservados em geladeira (Figuras 23M, 23N, 23O e 23P). COMERCIALIZAÇÃO

SAPOTA-DO-SOLIMÕES

222

M

O

N

P

Figura 23 - (M e N) detalhe da comercialização por unidades; (O e P) comercialização em sacolas de náilon.

SORVINHA 24 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Apocynaceae Juss. Genera Plantarum 143-144. 1789. (Gen. Pl.).

FAMÍLIA:

Couma Aubl. Histoire des plantes de la Guiane Françoise 2 (Suppl.): 39, t. 392. 1775. (Hist. Pl. Guiane).

GÊNERO:

Couma utilis (Mart.) Müll. Arg. Flora Brasiliensis 6(1): 19. 1860. (Fl. Bras.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Collophora utilis Mart. Couma multinervis Monach.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DA SORVINHA Couma utilis (Mart.) Müll. Arg. A sorvinha é uma árvore lactescente, de porte médio, com até 15 metros de altura. É nativa da região amazônica, com maior ocorrência na Amazônia Central, sobretudo, no sub-bosque da floresta de terra firme ou em áreas de vegetação de porte baixo, onde seu crescimento é mais intenso. Possui caule alongado, em florestas fechadas, e curto, em florestas abertas; o ritidoma (casca) é levemente rugoso, sem aroma, coloração marrom-escura e presença de manchas cinzentas ou brancas espalhadas por toda a planta; a copa é coberta por densas ramificações e folhagens abundantes. Esta planta possui grande potencial para ser cultivada em reflorestamentos e recuperação de áreas degradadas (Figura 24A). ÁRVORE -

SORVINHA

224

A Figura 24 (A) - Hábito de crescimento da sorvinha em áreas abertas e degradadas.

FOLHAS - São simples, verticiladas, apresentando forma elíptica, base cune-

B

C

D

Figura 24 - (B) disposição trípice das folhas em torno de um nó nos eixos; (C) detalhe da superfície superior da folha; (D) lâmina inferior com nervuras proeminentes.

225 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

ada e ápice agudo. A lâmina foliar é glabra com margem lisa e superfície superior de coloração verde-escura e inferior verde-abacate e com nervuras proeminentes (Figuras 24B, 24C e 24D).

São do tipo corimbo, vistosas, formadas nas axilas das folhas terminais, estampando coloração rósea. Estas flores são hermafroditas, com cálice formado por 5 sépalas e corola, com formato tubuloso, constituída de por 5 pétalas (Figuras 24E, 24F1 e 24F2). INFLORESCÊNCIAS -

SORVINHA

226

E

F1 Figura 24 - (E) inflorescências vistosas; (F1) botões florais e flores na antese.

F2

Figura 24 (F2) Flores na antese.

- São bagas leitosas com forma ovoide, pesando em média 20 gramas e medindo de 1,5-3cm de comprimento por 1,5-3cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é fino, com superfície lisa, muito frágil e coloração marrom-escura, quando o fruto é amadurecido na árvore. No entanto, os frutos retirados da árvore para maturação com aplicações de gás de etileno em baixas concentrações (1 a 10ppm), por 2 a 3 vezes, no intervalo de 24 horas, apresentam coloração verde-escura; o mesocarpo (polpa), com rendimento de ±80%, é suculento, com sabor adocicado e bastante agradável. Esses frutos são consumidos, principalmente, na forma in natura, no entanto, apresenta potencial para preparação de sucos (Figuras 24G, 24H, 24I, 24J e 24L). A sorvinha é considerada como uma das espécies florestais de grande importância, tanto pela precocidade da produção de frutos, quanto pelos subprodutos de valor econômico, dentre eles destacam-se: o látex, que é usado na fabricação da goma de mascar e outros fins, e os frutos, que são nutritivos e saborosos. Entretanto, esses produtos estão cada vez mais raros, em decorrência do desmatamento e do desenvolvimento social e econômico, próximos das zonas urbanas, que resultaram na escassez dos frutos da sorvinha nas feiras de Manaus, hoje encontrada somente na feira de frutas regionais. Na década de 70 era muito comum o comércio desses frutos nas feiras e postos ambulantes nos bairros e no centro de Manaus. Contudo, para melhorar esse cenário, é necessário disseminar essas informações, visando essencialmente potencializar seu cultivo em quintais residenciais, sítios, sistemas agroecológicos, sistemas agroflorestais, permacultura e na ornamentação de parques botânicos. FRUTOS

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

227

SORVINHA

228

G

H

I Figura 24 - (G e H) detalhe dos frutos nos ramos; (I) fruto maduro e imaturo.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

229

J

L Figura 24 - (J) detalhe dos frutos, medindo de 1,5-3cm de comprimento por 1,5-3cm de diâmetro; (L) frutos inteiros e descerrados na forma longitudinal e transversal.

SEMENTES - No interior de cada fruto, encerram-se várias sementes peque-

SORVINHA

230

nas e com formas achatadas. COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos da sorvinha foram encontrados em 10% das feiras visitadas, nos meses de maio, junho, julho, agosto, setembro e outubro, somente na feira de frutas regionais. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são vendidos em cachos, contendo 12 unidades no início da produção e 24 unidades no ápice da mesma, sendo vendidos a R$ 4,00, respectivamente. Os frutos, quando coletados para amadurecimento, são tolerantes ao transporte, no entanto, são bastante perecíveis, após a maturação e durante a comercialização. Após a compra, recomenda-se o consumo imediato dos frutos (Figuras 24M e 24N).

M Figura 24 - (M e N) cachos formados para a comercialização, após o amadurecimento com o uso do gás de etileno.

N

NOMENCLATURA DA ESPÉCIE

TAPEREBÁ 25

Anacardiaceae R. Br. Narrative of an Expedition to Explore the River Zaire 431. 1818. (Narr. Exped. Zaire).

FAMÍLIA:

Spondias L. Species Plantarum 1: 371. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

Spondias mombin L. Species Plantarum 1: 371. 1753. (Sp. Pl.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Spondias aurantiaca Schumach. & Thonn. Spondias axillaris Roxb. Spondias cythera Tussac Spondias dubia A. Rich. Spondias graveolens Macfad. Spondias lucida Salisb. Spondias lutea L. Spondias lutea Royen ex Blume Spondias lutea var. glabra Engl. Spondias lutea var. maxima Engl. Spondias myrobalunus L. Spondias nigrescens Pittier Spondias oghigee G. Don Spondias pseudomyrobalanus Tussac Spondias purpurea var. venulosa Engl. Spondias radlkoferi Donn. Sm. Spondias venulosa (Engl.) Engl.Spondias zanzee G. Don

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO TAPEREBÁ TA P E R E B Á

232

Spondias mombin L. E uma árvore de porte alto, podendo alcançar até 30 metros de altura. É nativa da América Tropical, de onde dispersou-se por todo o bioma amazônico e regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Possui tronco (caule) curto, retilíneo e ritidoma (casca) com coloração castanho-acinzentada, superfície rugosa, fendida e muito densa, às vezes, soltando-se em placas grossas; ao ser cortado, libera uma resina preta, viscosa e sem odor. A coroa foliar é coberta por densas ramificações e folhagens abundantes, com uma conformação bastante ornamental. Todavia, as folhas são caducifólias nos meses de agosto e setembro; estas desprendem-se dos ramos e novas folhas rebrotam imediatamente. Atualmente é cultivada em pequena escala, sobretudo, em sítios, quintais residenciais, fachadas de prédios e jardins botânicos, contudo, é muito comum sua ocorrência em margens de estradas e terrenos abandonados (Figura 25A). ÁRVORE -

A Figura 25 (A) - Hábito de crescimento do taperebazeiro.

- São compostas, imparipinadas com disposições alternas nos ramos e folíolos dispostos aos pares, sendo um terminal (ímpar), com tamanho inferior aos demais; em cada folha encerram-se de 6-10 pares de folíolos opostos, com lâmina foliar de margem lisa, formato elíptico, base desigual, ápice acuminado, margem lisa (Figura 25B, 25C, 25D e 25E). FOLHAS

B

C Figura 25 - (B) folhas com disposições alternas; (C) folha do tipo imparipinada.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

233

TA P E R E B Á

234

D

E

Figura 25 - (D) detalhe da superfície superior do folíolo; (E) superfície inferior do folíolo com nervura central proeminente.

INFLORESCÊNCIAS - São formadas durante a renovação das folhas. Estas são

compostas de panículas terminais vistosas e muito ramificadas. As flores são hermafroditas, pequenas, com coloração branca e com 10 estames livres (Figuras 25F, 25G, 25H e 25I).

F Figura 25 (F) - Detalhe da floração na copa da árvore.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

235

G

H Figura 25 - (G) detalhe das inflorescências na copa da árvore; (H) inflorescência.

TA P E R E B Á

236

I Figura 25 (I) - Detalhe da inflorescência com flores na antese. FRUTOS - São do tipo drupa, dispostos em forma de cachos na árvore. Pos-

suem forma ovoide ou oblonga, medindo de 3-5cm de comprimento por 2-3cm de diâmetro; o epicarpo (casca) possui textura fina, superfície lisa, coloração amarelo-alaranjada e aroma bastante agradável. O mesocarpo (polpa) é suculento, com coloração amarelada e com rendimento de até 35% do total do fruto, apresentando consideráveis teores de carboidrato, caroteno, fibra alimentar, proteína, vitamina “C” e minerais como: cálcio, fósforo e ferro. Este mesocarpo (polpa) possui sabor adocicado, porém moderadamente acidífero. O consumo na forma in natura ocorre casualmente, no entanto, esse mesocarpo é bastante utilizado pelas agroindústrias de alimentos na preparação de polpa concentrada, geleia, picolé e sorvete (Figuras 25J, 25L, 25M, 25N e 25O).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

237

J

L

M

Figura 25 - (J) detalhe dos frutos imaturos nos ramos; (L) frutos maduros na copa da árvore; (M) detalhe do cacho.

TA P E R E B Á

238

N

O Figura 25 - (N) detalhe dos frutos medindo de 3-5cm de comprimento por 2-3cm de diâmetro; (O) detalhe dos frutos inteiros e descerrados na forma longitudinal e transversal.

SEMENTES - Apresentam formas variando de ovoides a obovoides, com uma

P Figura 25 (P) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal. COMERCIALIZAÇÃO - Os frutos de taperebá são excessivamente perecíveis e bastante sensíveis ao manuseio e ao transporte, em decorrência disso, apesar da considerável quantidade de frutos produzidos, estes são pouco comercializados, sendo encontrado esporadicamente em apenas 30% dos locais visitados, durante os meses de janeiro, fevereiro, março e abril, nas feiras do CIGS, da Manaus Moderna e da Panair. A comercialização dos frutos ocorre no varejo e no atacado. No atacado são comercializados em sacas, contendo aproximadamente 30 quilos, ao preço de R$ 40,00, já no varejo são comercializados sacolas de náilon, contendo entre 15-20 frutos por R$ 2,00 em média. Após a compra, esses frutos devem ser consumidos imediatamente ou beneficiados, pois se deterioram rapidamente, mesmo que conservados em geladeira, no entanto, a polpa processada e embalada pode ser conservada por meio de refrigeração, por longos períodos (Figuras 25Q e 25R).

239 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

extremidade afunilada e outra arredondada, medindo em média 3,5cm de comprimento por 2,5cm de diâmetro; o tegumento é pouco espesso e o endocarpo é composto por fibras esponjosas e tecido lenhoso, dividido em lóculos, onde, encerram-se de 1 a 3 amêndoas (Figura 25P).

TA P E R E B Á

240

Q

R Figura 25 - (Q) detalhe da comercialização no atacado; (R) comercialização no varejo em sacolas de náilon.

UXI 26 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Humiriaceae A. Juss. Flora Brasiliae Meridionalis (quarto ed.) 2: 87. 1829. (Fl. Bras. Merid. (quarto ed.)).

FAMÍLIA:

Endopleura Cuatrec. Contributions from the United States National Herbarium 35(2): 80-81, f. 3, 16-18. 1961. (Contr. U.S. Natl. Herb.).

GÊNERO:

Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. Contributions from the United States National Herbarium 35(2): 81. 1961. (Contr. U.S. Natl. Herb.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Sacoglottis uchi Huber

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO UXI Endopleura uchi (Huber) Cuatrec. O uxizeiro é caracterizado como uma árvore de grande porte, arborescente, podendo alcançar até 40 metros de altura. Possui caule alongado, cilíndrico e ritidoma (casca) com superfície fissurada e coloração cinza ou castanho-clara na porção externa e avermelhada na interna. A copa é ampla, sendo formada por densas ramificações e folhagens abundantes. Possui ampla distribuição na Amazônia, sobretudo, em florestas de terra firme, notadamente nas vegetações de platô e vertente, predominando nos solos argilosos bem drenados. Seu cultivo é raro, no entanto, é encontrado em alguns fragmentos florestais urbanos e parques botânicos espalhados pela Amazônia (Figura 26A). ÁRVORE -

UXI

242

A Figura 26 (A) - Hábito de crescimento do uxizeiro.

FOLHAS - São simples com disposições alternas nos ramos e pecíolo curto. A

B

C

D

Figura 26 - (B) folhas com disposições alternas no ramo; (C) superfície superior da folha; (D) superfície inferior da folha com nervuras proeminentes.

243 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

lâmina foliar é glabra e possui forma elíptica-lanceolada, ápice acuminado, base cuneada e margem serrilhada. A superfície inferior da folha possui a nervura central e paralelas proeminentes (Figuras 26B, 26C e 26D).

INFLORESCÊNCIAS - São do tipo cimosa-paniculada e formadas geralmente

UXI

244

nas axilas das folhas; as flores são pequenas, perfumadas e compostas por vários estames, cálice com 5 sépalas e corola com 5 pétalas livres. FRUTOS - São drupas com forma elipsoide, medindo 5-6cm de comprimento por 4-4,5cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é composto por superfície externa fina, seca, quebradiça e com coloração castanho ou amarelada. O mesocarpo (polpa), com rendimento de até 20%, é carnoso-farináceo, oleoso, coloração parda e sabor agradável. O consumo é feito basicamente na forma in natura, contudo, o óleo extraído do mesocarpo apresenta potencial para ser usado na culinária caseira e em outros fins (Figuras 26E e 26F).

E Figura 26 (E) - Detalhe dos frutos, medindo de 5-6cm de comprimento por 4-4,5cm de diâmetro.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

245

F Figura 26 (F) - Frutos inteiros e descerrados na forma logitudinal e transversal. SEMENTES - Possuem o tegumento lenhoso e espesso, sendo composto por

vários lóculos e 1 a 2 amêndoas (Figura 26G).

G

Figura 26 (G) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal.

A comercialização dos frutos do uxizeiro ocorreu em 50% das feiras visitadas nos meses de fevereiro, março, abril e maio, com pequenas ofertas nas feiras do Coroado, frutas regionais, Manaus Moderna e da Panair e, ocasionalmente, na feira do CIGS. A venda é efetuada somente no varejo, onde são vendidos em sacolas de náilon, contendo em média 10 unidades, ao preço variando entre R$ 2,00 e R$ 4,00, nas feiras do Cigs e de frutas regionais, respectivamente. Nas feiras do Coroado e da Panair, os frutos são negociados por unidades. Esses frutos são resistentes ao transporte, mas bastante perecíveis após o amadurecimento. Após a efetivação da compra, recomenda-se o consumo imediato ou extração do óleo da polpa (Figuras 26H1, 26H2, 26I e 26J). COMERCIALIZAÇÃO -

UXI

246

H1 Figura 26 - (H1 e H2) detalhe da comercialização por unidades dos frutos do uxi.

H2

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

247

I

J Figura 26 - (I e J) detalhe da comercialização em sacolas de náilon.

27

UMARI NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Icacinaceae Miers Annals and Magazine of Natural History, ser. 2 8: 174. 1851. (Ann. Mag. Nat. Hist., ser. 2).

FAMÍLIA:

Poraqueiba Aubl. Histoire des plantes de la Guiane Françoise 1: 123, pl. 47. 1775. (Hist. Pl. Guiane).

GÊNERO:

Poraqueiba sericea Tul. Annales des Sciences Naturelles; Botanique, sér. 3 11: 172. 1849. (Ann. Sci. Nat. Bot., sér. 3.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Poraqueiba acuminata Miers

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO UMARI Poraqueiba sericea Tul. O umarizeiro é uma árvore de porte médio, podendo alcançar até 15 metros de altura. É nativo da Amazônia Ocidental, com distribuição nas matas de terra firme do alto rio Negro, Solimões e rio Madeira. Possui tronco (caule) curto, cilíndrico, retilíneo e ritidoma (casca) com coloração castanho-escura e textura rugosa; quando perfurado, libera uma seiva transparente. A coroa foliar é formada por densas ramificações, com folhagens fechadas e abundantes, sendo estas mais amplas na base e curtas na direção do ápice da copa. Existem duas variedades de umari, sendo uma com fruto de epicarpo (casca) escuro e outra com coloração amarela, no entanto, trata-se da mesma espécie, a Poraqueiba sericea (umari). Atualmente são cultivadas em sítios, quintais residenciais e alguns parques botânicos (Figura 27A). ÁRVORE -

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

249

A Figura 27 (A) - Hábito de crescimento do umarizeiro.

São simples e glabras com disposições alternas nos ramos, apresentando lâmina foliar com margem inteira, lisa, formato elíptico-ovado com base arredonda e ápice acuminado. A superfície inferior da folha possui coloração verde-oliva e nervura central e paralelas proeminentes (Figuras 27B, 27C e 27D). FOLHAS -

UMARI

250

B

C

D

Figura 27 - (B) folhas com disposições alternas no ramo; (C) detalhe da superfície superior da folha; (D) superfície inferior da folha com nervura central e paralelas proeminentes.

INFLORESCÊNCIAS - São panículas vistosas formadas nas axilas das folhas. As

E

F Figura 27 - (E e F) inflorescências, botões florais e flores na antese.

251 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

flores são hermafroditas e pequenas, estas formadas por 5 sépalas brancoesverdeadas e concrescidas entre si, formando um campanulado; possuem também corola com 5 pétalas livres de coloração branca a amarelo-clara e 5 estames (Figuras 27E e 27F).

São do tipo drupa com forma ovoide ou oblonga, medindo de 6-8cm de comprimento por 4-5cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é bastante fino com superfície lisa, coloração amarela ou escura e aroma muito forte. O mesocarpo (polpa) é bastante oleoso, possui coloração alaranjada e rendimento de 20-25% do total do fruto. Sua composição nutricional apresenta importantes quantidades de carboidrato, gordura, proteína, caroteno e fibra alimentar. Possuem sabor suave e agradável e o consumo basicamente é na forma in natura, todavia, possuem potencial para uso na culinária caseira, produção de cosméticos, e às vezes, como complemento na alimentação de animais domésticos (Figuras 27G, 27H, 27I, 27J1, 27J2 e 27L). FRUTOS -

UMARI

252

G Figura 27 (G) - Detalhe do fruto imaturo no ramo.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

253

H

I Figura 27 - (H) detalhe do fruto maduro no ramo; (I) frutos amarelos e escuros, medindo de 6-8cm de comprimento por 4-5cm de diâmetro.

UMARI

254

J1

J2 Figura 27 - (J1) detalhe dos frutos amarelos; (J2) frutos escuros-arroxeados.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

255

L Figura 27 (L) - frutos escuros e amarelos, inteiros e descerrados na forma longitudinal e transversal. SEMENTES - No interior do fruto, encerra-se uma semente com tegumento

de coloração marrom, textura fina, porém densa e endosperma abundante de coloração branca (Figura 27M).

M Figura 27 (M) - Detalhe da semente inteira e descerrada na forma longitudinal.

- Os frutos foram encontrados em 100% dos locais visitados, durante os meses de janeiro, fevereiro, março e abril, notadamente, com poucas ofertas nas feiras do Alvorada, Ceasa, CIGS, Compensa, Coroado, de frutas regionais, Lírio do Vale, Manaus Moderna, Panair e do Produtor. A comercialização é efetuada em sacolas de náilon ou bandejas plásticas, contendo de 7-12 unidades, ao preço variando entre R$ 2,00 e R$ 3,00. Quando maduros, os frutos são bastante sensíveis ao transporte e à deterioração, após a efetivação da compra, recomenda-se o consumo imediato (Figuras 27N e 27O). COMERCIALIZAÇÃO

UMARI

256

N

O

Figura 27 - (N) detalhe da comercialização em bandejas; (O) em sacolas de náilon.

ESPÉCIES TREPADEIRAS

28

GOGÓ-DE-GUARIBA NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Hippocrateaceae Juss. Annales du muséum national d’histoire naturelle 18: 486. 1811. (Ann. Mus. Natl. Hist. Nat.).

FAMÍLIA:

Salacia L. Mantissa Plantarum 2: 159-160. 1771. (Mant. Pl.).

GÊNERO:

NOME CIENTÍFICO:

Salacia sp.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO GOGÓ-DE-GUARIBÁ Salacia sp. O gogó-de-guariba é um cipó lenhoso, muito raro (semelhante a um arbusto), com até 12 metros de altura e caule com 10-15 cm de diâmetro. Possui caule tortuoso, cilíndrico e ritidoma (casca) áspero; na extensão da copa existem várias ramificações e folhagens abundantes. É nativo da Amazônia, onde é encontrado na forma silvestre nos ecossistemas de várzeas baixas, principalmente, no rio Solimões e seus tributários (Figura 28A). ÁRVORE -

A

Figura 28 (A) - Hábito de crescimento do gogó-de-guariba.

São simples, disposições opostas, glabras e com pecíolo curto, este medindo de 1 a 1,5cm de comprimento; lâmina foliar com forma oblonga, ápice e base arredondada, superfície superior brilhosa com coloração verde-escura e a inferior verde-clara, com nervura central e paralelas proeminentes. (Figuras 28B, 28C e 28D). FOLHAS -

B

C

D

Figura 28 - (B) folhas com disposições opostas no ramo; (C) detalhe da supefície superior da lâmina; (D) lâmina inferior com nervura central e paralelas proeminentes.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

259

- São panículas vistosas muito ramificadas, formadas nos ramos desnudos; as flores são pequenas e formadas por 5 sépalas e 5 pétalas de coloração marrom (Figuras 28E, 28F e 28G). INFLORESCÊNCIAS

GOGÓ-DE-GUARIBA

260

E

F Figura 28 - (E e F) detalhe das inflorescências vistosas; (G) flores na antese.

G

FRUTOS - São bagas indeiscentes, sem aroma e com forma globosa, medindo

H

I Figura 28 - (H) frutos imaturos no ramo; (I) fruto maduro.

261 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

em média 8cm de comprimento por 7,97cm; o epicarpo (casca) é carnoso e grosso, este possui a superfície externa levemente áspera com presença de estrias acinzentadas e coloração alaranjada quando maduro. O mesocarpo (polpa) é suculento, possui coloração laranja-escura e rendimento de ±35% do total do fruto. Este mesocarpo (polpa) possui baixa acidez e paladar levemente adocicado; seu consumo é basicamente na forma in natura (Figuras 28H, 28I, 28J e 28L).

GOGÓ-DE-GUARIBA

262

J

L Figura 28 - (J) detalhe dos frutos, medindo em média 8cm de comprimento por 7,97cm de diâmetro; (L) frutos inteiros e descerrados na forma longitudinal e transversal.

SEMENTES - No

M Figura 28 (M) - Detalhe das sementes inteiras e descerrada na forma longitudinal.

- A comercialização dos frutos de gogó-de-guariba ocorreu em 20% das feiras visitadas, nos meses de maio, junho e julho com pequenas ofertas nas feiras de frutas regionais e da Panair. É efetuada somente no varejo, onde são vendidos por unidade, custando entre R$ 0,50 a 1,00 na feira da Panair, contudo, na feira de frutas regionais, são vendidos em sacolas de náilon contendo 3 unidades, ao preço de R$ 4,00. Esses frutos são resistentes ao transporte, mas perecíveis em poucos dias (Figuras 28N e 28O). COMERCIALIZAÇÃO

263 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

interior dos frutos, encerram-se geralmente 4-5 sementes graúdas de formato oblongo, tegumento fino e coloração marrom; o endosperma é sólido e abundante (Figura 28M).

GOGÓ-DE-GUARIBA

264

N Figura 28 - (N) detalhe da comercialização por unidades; (O) comercialização em sacolas de náilon.

O

GUARANÁ 29 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Sapindaceae Juss. Genera Plantarum 246. 1789. (Gen. Pl.).

FAMÍLIA:

Paullinia L. Species Plantarum 1: 365. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

Paullinia cupana Kunth Nova Genera et Species Plantarum (quarto ed.) 5: 117. 1821. (Nov. Gen. Sp. (quarto ed.)).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Paullinia sorbilis Mart.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO GUARANÁ Paullinia cupana Kunth ÁRVORE - O guaranazeiro é uma planta nativa da Amazônia, possui hábito de trepadeira (cipó) lenhosa em florestas primárias, cultivos abandonados (capoeiras) e bordas das vegetações, chegando a atingir até as copas das árvores maiores. No entanto, quando cultivada em áreas abertas, possui hábito arbustivo, tronco (caule) curto e, às vezes escorado em tutor para evitar o tombamento; a copa possui folhas abundantes e ramos com presença de gavinhas bifendidas. Atualmente é cultivado em grande escala nos Estados do Amazonas, Bahia e Mato Grosso, os quais são os maiores produtores, contudo, é encontrado também em alguns pomares, sistemas agroecológicos e jardins botânicos espalhados pela Amazônia (Figuras 29A e 29B).

G UA R A N Á

266

A

B Figura 29 - (A) hábito de crescimento em floresta; (B) em áreas cultivadas.

- São compostas, imparipinadas, com disposições alternas nos ramos e formadas por 2 pares de folíolos opostos e um terminal (ímpar); a lâmina foliar dos folíolos é coriácea com formato elíptico, base cuneada ou arredondada, ápice acuminado, margem sinuada e nervuras central e paralelas proeminentes na superfície inferior (Figuras 29C, 29D, 29E e 29F). FOLHAS

C Figura 29 - (C) folhas com disposições alternas no ramo; (D) detalhe da folha imparipinada.

D

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

267

G UA R A N Á

268

E

F

Figura 29 - (E) superfície superior do folíolo; (F) superfície inferior do folíolo com nervuras central e paralelas proeminentes.

INFLORESCÊNCIAS - São racemosas e vistosas, formadas nas axilas das folhas; as flores são pequenas, dioicas (com flores masculinas e femininas separadas na mesma inflorescência), com coloração branca e formadas por cálice de 5 sépalas e corola entre 4-5 pétalas (Figura 29G).

G Figura 29 (G) - Detalhe da inflorescência racemosa.

- São cápsulas deiscentes com forma subglobosa e sulcos longitudinais, medindo de 2-3cm de comprimento por 2-2,5cm de diâmetro; quando maduros, possuem epicarpo (casca) de coloração vermelho-alaranjada, o qual desabrocha e exibe de 1-2 sementes, estas apresentam uma porção expondo o tegumento de coloração escura e outra, um arilo branco, nesta fase o fruto é semelhante ao olho humano (Figura 29H, 29I, 29J, 29L e 29M). FRUTOS

H Figura 29 - (H e I) detalhe das infrutescências imaturas.

I

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

269

G UA R A N Á

270

J

L

M

Figura 29 - (J) detalhe da infrutescência madura; (L e M) frutos maduros, medindo de 2-3cm de comprimento por 2-2,5cm de diâmetro.

Cada fruto encerra de 1 a 2 sementes, estas possuem forma globosa e tegumento com superfície escura e brilhante. A semente é a parte do fruto do guaraná que são utilizadas em alimentos, produção de cosméticos e medicamentos fitoterápicos, entre outros. Possui grande valor comercial no mercado nacional e internacional, por apresentar grande concentração, sobretudo, de cafeína, proteína, carboidrato, tanino, potássio e cálcio, além de ser considerado como um alimento adstringente, energético, estimulante e afrodisíaco (Figura 29N). SEMENTES -

N Figura 29 (N) - Sementes com arilo acima, inteiras no meio e descerradas na longitudinal e transversal abaixo.

Na alimentação, o pó das sementes moídas é usado como ingrediente na preparação de muitos alimentos, como: a mistura de guaraná com limão e mel; guaraná com amendoim, castanha de caju e leite; guaraná com amendoim, ovo de codorna, castanha de caju, mel e leite; guaraná com acerola, leite, mel, catuaba e miratã em pó, entre outros. Na indústria de bebidas é utilizado como matéria-prima para fabricação de refrigerantes e xaropes concentrados de guaraná. Na produção de cosméticos é usada na preparação de creme hidratante, sabonete esfoliante, sabonete íntimo, xampu e condicionador. Como fitoterápico, é empregada na confecção de medicamentos que atuam no tratamento de cólicas, nevralgias, enxaquecas, depressão nervosa e também nas ações analgésicas, antigripais, diuréticas e reguladores

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

271

G UA R A N Á

272

intestinais. Como estimulante, atua no combate às indisposições físicas, cansaço, estresse mental e fraqueza em geral. COMERCIALIZAÇÃO - As sementes do guaraná são comercializadas nas feiras da cidade de Manaus durante o ano inteiro, em três formas diferentes: 1) Sementes torradas: são vendidas para beneficiamento artesanal ou industrial, sendo essa a forma mais comum de comercialização (Figura 29O); 2) Sementes em forma de pó: quando as sementes são moídas e o pó embalado em recipientes plásticos, sendo esta, a forma de beneficiamento mais encontrada no comércio, visto que se encontra pronto para ser consumido. Após o beneficiamento, esse produto é pouco perecível ao tempo, podendo ser conservado por longos períodos (Figura 29P); 3) Pó das sementes transformadas em pastas: quando as sementes são piladas e misturadas com água até formar uma pasta que pode ser moldada em forma de bastão, peças decorativas ou figuras de animais silvestres; o

O Figura 29 (O) - Detalhe da comercialização das sementes torradas.

273 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

bastão é comercializado separadamente ou em arranjos artesanais, sendo essa a forma mais procurada pelos turistas (Figura 29Q).

P Figura 29 (P) - Detalhe da comercialização na forma de pó.

Q Figura 29 (Q) - Detalhe da comercialização na forma de bastão e língua de pirarucu usada como ralador.

30

MARACUJÁ-DO-MATO NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Passifloraceae Juss. ex Roussel Flore du Calvados (ed. 2) 2: 334. 1806. (Fl. Calvados (ed. 2)).

FAMÍLIA:

Passiflora L. Species Plantarum 2: 955-960. 1753. (Sp. Pl.).

GÊNERO:

Passiflora nitida Kunth Nova Genera et Species Plantarum (quarto ed.) 2: 130. 1817. (Nov. Gen. Sp. (quarto ed.)).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Passiflora nymphaeoides H. Karst.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO MARACUJÁ-DO-MATO Passiflora nitida Kunth ÁRVORE - O maracujazeiro-do-mato é uma planta trepadeira nativa da Amazônia, onde pode ser encontrado com muita frequência em florestas de capoeiras, pastagens abandonadas e bordas das florestas, sobretudo, em margens de estradas e ramais. Nesses ambientes, cresce com grande vigor, chegando a atingir as copas das árvores maiores. Em pastagens abandonadas, possui hábito de planta rasteira, formando moitas e crescendo sobre si mesma (Figura 30A).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

275

A Figura 30 (A) - Hábito de crescimento do maracujazeiro-do-mato.

FOLHAS - São simples e com presença de gavinhas solitárias, formadas nas

M A R A C U J Á - D O - M AT O

276

axilas das mesmas; o pecíolo é curto e possui glândulas secretoras. Estas folhas possuem disposições alternas nas inserções dos ramos e lâmina foliar de consistência cartácea a coriácea, margem pouco serreada, forma oval a ovada, base arredondada ou cordada, ápice agudo e nervuras proeminentes na face inferior (Figuras 30B, 30C e 30D).

B

C

D

Figura 30 - (B) folhas com disposições alternas no ramo; (C) detalhe da superfície superior da folha; (D) superfície inferior da folha com nervura central e paralelas proeminentes.

FLORES - São axilares, hermafroditas, muito vistosas e pedunculadas; estas

E Figura 30 (E) - Detalhe do botão floral e flor na antese do maracujá-do-mato.

277 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

flores possuem base protegida por três brácteas de coloração verde e são formadas por um androginóforo vertical, este contento ovário, estilete com 3 estigmas, filete com 5 estames de extremidades livres e uma corona (conjunto de estaminódios ou estames modificados), constituída por estruturas organizadas em círculo na região apical do cálice, esta composta por elementos filamentosos de coloração avermelhada na base; a porção mais interna dos filamentos é mais grossa e possui coloração roxa e as extremidades são mais finas e brancas (Figuras 30E, 30F, 30G e 30H).

M A R A C U J Á - D O - M AT O

278

F

G

H Figura 30 - (F, G e H) detalhe das flores na antese em diferentes ângulos.

FRUTOS - São bagas indeiscentes sem aroma, com forma globosa a subglo-

I Figura 30 - (I) detalhe dos frutos imaturos no ramo; (J) fruto maduro.

J

279 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

bosa, medindo de 6-8cm de comprimento por 4-8cm de diâmetro. O epicarpo (casca) representa ±55% do fruto e exibe duas camadas: uma externa e outra interna. A externa é fina e apresenta coloração alaranjada, todavia a camada interna é mais grossa e possui consistência esponjosa e coloração branca. A porção comestível do fruto é um arilo gelatinoso, com rendimento de ±20% do total do fruto, possui coloração acinzentada, baixa acidez e sabor suave e adocicado. O consumo é basicamente na forma in natura e consiste na ingestão do arilo com as sementes (Figuras 30I, 30J, 30L e 30M).

M A R A C U J Á - D O - M AT O

280

L

M Figura 30 - (L) detalhe dos frutos, medindo de 6-8cm de comprimento por 4-8cm de diâmetro; (M) frutos inteiros e descerrados na forma longitudinal e transversal.

SEMENTES - No interior dos frutos, encerram-se várias sementes pequenas

N

O Figura 30 - (N) detalhe das sementes com arilo; (O) sementes desnudadas.

281 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

envolvidas por um arilo, estas possuem forma achatada e tegumento rígido de coloração escura-brilhante ou opacas (Figuras 30N e 30O).

Os frutos do maracujá-do-mato foram encontrados em 80% das feiras visitadas, nos meses de março, abril, maio, e junho e, eventualmente em outros. Os frutos são vendidos em pequenas ofertas nas feiras do Alvorada, do Ceasa, do CIGS, do Coroado, de frutas regionais, do Lírio do Vale, Manaus Moderna e da Panair. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são vendidos em sacolas de náilon, contendo 12 unidades, ao preço de R$ 2,00, ou em arranjos na forma de cacho, contendo 8 unidades, ao preço de R$ 3,00. Esses frutos são tolerantes ao transporte e ao manuseio, no entanto são perecíveis em temperatura ambiente; após a efetivação da compra, a viabilidade pode ser aumentada se forem embalados em sacos plásticos e conservados em geladeira (Figuras 30P, 30Q, 30R e 30S). COMERCIALIZAÇÃO -

M A R A C U J Á - D O - M AT O

282

P Figura 30 (P) - Detalhe da comercialização por unidades.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

283

Q

R

S

Figura 30 - (Q e R ) comercialização dos frutos arranjados na forma de cacho; (S) comercialização em sacolas de náílon.

ESPÉCIES DE PALMEIRAS

31

AÇAÍ-DO-AMAZONAS NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Arecaceae Bercht. & J. Presl O Prirozenosti Rostlin 266. 1820. (Prir. Rostlin).

FAMÍLIA:

Euterpe Mart. Historia Naturalis Palmarum 2(1): 28. 1823. (Hist. Nat. Palm.).

GÊNERO:

Euterpe precatoria Mart. Voyage dans l’Amérique Méridionale 7(3): 10-11, t. 8, f. 2, t. 18a. 1842. (Voy. Amér. Mér.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Euterpe andicola Brongn. ex Mart. Euterpe confertiflora L.H. Bailey Euterpe erubescens H.E. Moore Euterpe haenkeana Brongn. ex Mart. Euterpe jatapuensis Barb. Rodr. Euterpe kalbreyeri Burret Euterpe karsteniana Engel Euterpe langloisii Burret Euterpe leucospadix H. Wendl. ex Hemsl. Euterpe longevaginata Mart. Euterpe macrospadix Oerst. Euterpe microcarpa Burret Euterpe oleracea Engel Euterpe panamensis Burret Euterpe ptariana Steyerm. Euterpe rhodoxyla Dugand Euterpe roraimae Dammer Euterpe stenophylla Trail & Thurn Euterpe subruminata Burret

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO AÇAÍ-DO-AMAZONAS ÁRVORE - O açaizeiro-do-Amazonas é uma palmeira monocaule nativa da

Amazônia, podendo atingir até 25 metros de altura; possui estipe (caule) cilíndrico com 15-20cm de diâmetro, coloração cinza-escura, sem espinhos e com cicatrizes aneladas resultantes da queda das bainhas. A base desse estipe é coberta pela presença de raízes adventícias de coloração avermelhada, em épocas chuvosas, e cinzentas, nos períodos de estiagem. É uma palmeira muito frequente no ecossistema amazônico, todavia, não forma populações adensadas como o açaizeiro-do-Pará (Euterpe oleracea). Na floresta primária de terra firme, a maior abundância concentra-se em ecossistemas de vertente e baixio, contudo, nas florestas de solos mal drenados, próximos aos rios e lagos, possui eficiente mecanismo de dispersão natural e adaptação em solos encharcados, chegando a alcançar mais de 200 indivíduos por hectare, nesses ambientes (Figura 31A). A extração do palmito do açaizeiro-do-Amazonas em ambientes naturais não é recomendado, por ser uma palmeira de hábito solitário. É uma fruteira de grande potencial econômico, em decorrência disso, é cultivada para produção de frutos em pequenos pomares, sítios e quintais residenciais, entretanto, por ser uma palmeira de bonita conformação e porte elegante, é cultivada também como planta ornamental em fachadas de prédios, casas e alguns condomínios da cidade de Manaus (Figura 31B).

287 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

Euterpe precatoria Mart.

AÇAÍ-DO-AMAZONAS

288

A Figura 31 - (A) hábito de crescimento solitário do açaizeiro-do-Amazonas; (B) detalhe da utilização do açaizeiro-do-Amazonas como planta ornamental.

B

A coroa foliar é composta de 13 a 15 do folhas do tipo pinadas, medindo cada uma entre 5 e 6 metros de comprimento. Essas folhas apresentam as pinas inseridas em intervalos regulares e pendentes em relação ao alinhamento da ráquis; possuem pecíolo curto e bainha fechada com superfície lisa, coloração verde-clara e 1,5 metros de comprimento (Figuras 31C e 31D). FOLHAS -

C

D Figura 31 - (C) detalhe da coroa foliar; (D) folhas com pinas pendentes.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

289

INFLORESCÊNCIAS - São infrafoliares na antese, monoicas, vistosas e racemo-

AÇAÍ-DO-AMAZONAS

290

sas contendo várias ráquilas brancas, estas cobertas por flores estaminadas e pistiladas (masculinas e femininas) de coloração vermelho-escura a violeta. As flores masculinas são formadas por cálice e corola, com 3 sépalas e 3 pétalas, respectivamente, 6 estames e um pistilódio (pistilo rudimentar e não funcional); após a polinização, soltam-se das ráquilas. As flores femininas são desprovidas de estames e protegidas por duas brácteas, cada flor é formada por cálice e corola com 3 sépalas e 3 pétalas, respectivamente, e um pistilo pequeno. Ao longo de cada ráquila, as flores são distribuídas de 3 em 3, sendo uma feminina para duas masculinas (Figura 31E).

E Figura 31(E) - Detalhe da inflorescência vistosa do açaizeiro-do-Amazonas.

FRUTOS - São drupas de forma globosa, medindo de 1,1-1,2cm de compri-

F Figura 31 (F) - Detalhe das infrutescências imaturas.

291 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

mento, por 0,9-1,1cm de diâmetro e pesando em média, 1 (um) grama; apresentam epicarpo (casca) fino, liso e de coloração negro-arroxeada na maturidade; o mesocarpo (polpa) é pouco volumoso, possui coloração violácea e espessura pequena. O mesocarpo (polpa) e o epicarpo (casca) são os subprodutos dos frutos utilizados na preparação da polpa concentrada e do vinho, com rendimento ±20% em relação ao total do fruto. O vinho de açaí é considerado um alimento calórico e rico em pigmentos chamados antocianinas, que por sua vez têm função antioxidante e também ajudam na circulação sanguínea, além de possuírem reconhecidamente, considerados teores de fibras, lipídeos, proteínas, vitamina-E e minerais como cálcio, ferro, fósforo e potássio. Este vinho é consumido, basicamente, na forma tradicional com açúcar e farinha de tapioca, seu paladar e propriedades nutricionais são semelhantes ao vinho do Euterpe oleracea (açaí-do-Pará), que juntos são considerados como principais alimentos das populações interioranas da região amazônica, contudo, a polpa concentrada ou desidratada é utilizada, sobretudo, na agroindústria na preparação de alimentos como: doces, geleias, licores, picolés, sorvetes, sucos, tortas, entre outros; e em laboratórios, na fabricação de vários tipos de cosméticos e medicamentos fitoterápicos (Figuras 31F, 31G, 31H e 31I).

AÇAÍ-DO-AMAZONAS

292

G

H Figura 31 - (G) infrutescência madura; (H) detalhe dos frutos maduros, medindo de 1,1-1,2cm de comprimento por 0,9-1,1cm de diâmetro.

I Figura 31 (I) - Detalhe dos frutos inteiros e descerrados, na forma transversal e longitudinal. SEMENTES - No interior do fruto, encerra-se uma semente com tegumento fibroso e endosperma duro, homogêneo, branco e abundante. As sementes do açaí-do-Amazonas quando dessecadas, envernizadas, perfuradas e tingidas em diversas cores, apresentam grande potencial para fabricação de vários adereços como: brincos, chinelos, colares e pulseiras, entre outros (Figura 31J, 31L e 31M).

J Figura 31 (J) - Sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

293

AÇAÍ-DO-AMAZONAS

294

L

M Figura 31 - (L e M) adereços de sementes.

A comercialização do açaí-do-Amazonas ocorreu em 80% das feiras visitadas, durante o ano inteiro nas feiras do Alvorada, da Compensa, do Coroado, do CIGS, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair, no entanto, as maiores ofertas ocorreram no primeiro semestre, contudo, estima-se que 90% desse vinho colocado à venda nesta semestralidade seja dessa espécie. Na maioria das feiras visitadas, os frutos são beneficiados no local da venda (com exceção da feira do CIGS), pelo método tradicional em máquinas despolpadeiras, também chamadas de batedeiras, construídas em aço inoxidável e modelo vertical. Após a extração, o vinho é padronizado e embalado em sacos plásticos transparentes, contendo 1 litro e vendido entre R$ 3,00 e R$ 5,00. Os frutos desse açaizeiro são resistentes ao transporte, entretanto, são bastantes perecíveis, sobretudo quando expostos à radiação solar e temperaturas elevadas, portanto, devem ser despolpados logo após a colheita para evitar desidratação e diminuição do rendimento do vinho. O vinho também é bastante perecível, mesmo quando conservado em geladeira, todavia, para aumentar sua viabilidade, por longos períodos, é necessário manter a polpa ou o vinho sob congelamento (Figura 31N, 31O, 31P, 31Q, 31R, 31S e 31T). COMERCIALIZAÇÃO -

N Figura 31 - (N) Detalhe dos frutos após cocção em água quente.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

295

AÇAÍ-DO-AMAZONAS

296

O

P

Q Figura 31 - (O e P) extração do vinho em máquinas despolpadeiras; (Q) detalhe do vinho extraído.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

297

R

S

T

Figura 31 - (R e S) embalagem em sacos plásticos de 1 litro para comercialização; (T) vinho pronto para o consumo.

32

AÇAÍ-DO-PARÁ NOMENCLATURA DA ESPÉCIE FAMÍLIA: Arecaceae

Bercht. & J. Presl O Prirozenosti Rostlin 266. 1820. (Prir. Rostlin).

GÊNERO: Euterpe

Mart. Historia Naturalis Palmarum 2(1): 28. 1823. (Hist. Nat. Palm.). Euterpe oleracea Mart. Historia Naturalis Palmarum 2(2): 29-31, f. 28-30. 1824. (Hist. Nat. Palm.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Catis martiana O.F. Cook Euterpe badiocarpa Barb. Rodr. Euterpe cuatrecasana Dugand

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO AÇAÍ-DO-PARÁ Euterpe oleracea Mart. - O açaizeiro-do-Pará é uma palmeira multicaule, constituída por 3 a 20 indivíduos de diferentes tamanhos nas touceiras, contudo, os mais velhos chegam a alcançar até 20 metros de altura. Os estipes (caules) são cilíndricos, medindo de 8 a 12cm de diâmetro, possuem superfície lisa, coloração cinzenta e cicatrizes aneladas resultantes das renovações das bainhas. A base do estipe é coberta por de raízes adventícias, as quais apresentam coloração avermelhada, em épocas chuvosas e cinzenta, nos períodos de estiagem. Por apresentar uma abscisão constante de folhas, aliada ao sistema radicular fasciculado e abundante e, com a presença de raízes adventícias, o açaí-do-Pará pode ser recomendado para proteção do solo, enriquecimento de matas ciliares, proteção de nascentes e prevenção contra assoreamento de rios, lagos e igarapés (Figura 32A). ÁRVORE

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

299

A Figura 32 (A) - Hábito de crescimento do açaizeiro-do-Pará.

A Ç A Í - D O - PA R Á

300

É nativo da Amazônia, tendo suas maiores populações concentradas nas florestas da Amazônia Oriental, principalmente, nos Estados do Pará, Amapá e Maranhão. Possui eficiente mecanismo de dispersão natural e adaptação a solos encharcados; em função disso, cresce de maneira espontânea, sobretudo, nas margens de pequenos rios, igarapés e em florestas de solos arenosos mal drenados, às vezes, formando populações quase homogêneas, no entanto, fora desses ambientes, a espécie é bastante vulnerável à estiagem, principalmente, quando cultivadas em canteiros dentro da zona urbana. Na Amazônia oriental, o açaí-doPará figura como a espécie mais promissora para o manejo sustentado de produtos florestais não madeireiros, visto que, a comercialização de seus subprodutos possibilitam geração de emprego, aumento de bens móveis e imóveis que, consequentemente promovem melhoria na qualidade de vida das população ribeirinhas. O açaizeiro-do-Pará atualmente é cultivado para produção de frutos como produto principal e palmito como secundário, por vários agricultores, sobretudo, no Estado do Pará. Entretanto, por ser bastante ornamental, é muito comum seu cultivo em quintais residenciais, fachadas de prédios e praças espalhadas por toda a Amazônia (Figuras 32B e 32C).

B Figura 32 (B) - Detalhe do cultivo em fachadas.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

301

C Figura 32 (C) - Detalhe do cultivo açaizeiro-do-Pará como planta ornamental. FOLHAS - A coroa foliar é composta por 9 a 18 folhas pinadas, medindo cada uma entre 3 a 4 metros de comprimento. Essas folhas apresentam folíolos inseridos em intervalos regulares e pouco pendentes em relação ao alinhamento da ráque; apresenta pecíolo curto e bainha fechada com superfície lisa e coloração verde ou alaranjada-clara, medindo de 1,0 a 1,5m de comprimento (Figura 32D).

A Ç A Í - D O - PA R Á

302

D Figura 32 (D) - Detalhe da coroa foliar, enfatizando as folhas com folíolos inseridos regularmente e pouco pendentes.

INFLORESCÊNCIAS - São infrafoliares na antese, vistosas de coloração ro-

sada a arroxeada, racemosas com várias ráquilas brancas, contendo flores estaminadas e pistiladas (masculinas e femininas), separadas na mesma inflorescência. As flores masculinas são constituídas por cálice e corola, com 3 sépalas e 3 pétalas, respectivamente, com 6 estames e um pistilódio (pistilo rudimentar e não funcional); a antese ocorre lentamente da base para as extremidades e este fenômemo dura mais ou menos uma semana, após a polinização, soltam-se das ráquilas. As flores femininas são protegidas por duas báctreas e formadas por cálice e corola, com 3 sépalas e 3 pétalas, respectivamente e um pistilo pequeno. Ao longo de cada ráquila, as flores são distribuídas de 3 em 3, sendo uma feminina para duas masculinas, e a antese dessas flores tem duração mais ou menos de 3 dias na inflorescência (Figuras 32E, 32F e 32G).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

303

E

F

G

Figura 32 - (E) detalhe da inflorescência; (F e G) ráquilas com flores na antese.

Apresentam forma globosa, medindo de 1,2-1,5cm de comprimento por 1,1-1,6cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é fino e liso, com coloração negro-arroxeado, no entanto algumas variedades podem apresentar ocasionamente, frutos de coloração verde na maturidade; o mesocarpo (polpa) é pouco volumoso, possui coloração violácea e espessura em torno de 1mm. O mesocarpo (polpa) e o epicarpo (casca) são os subprodutos utilizados na obtenção da polpa concentrada e na preparação do vinho, porém são limitados, com rendimento ±15% em relação ao total do fruto. O vinho dessa espécie é considerado um alimento calórico e rico em pigmentos chamados antocianinas, que por sua vez, têm função antioxidante e também ajudam na circulação sanguínea, além de conter considerados teores de fibras, lipídeos, proteínas, vitamina-E e minerais como: cálcio, fósforo e potássio. Este vinho é consumido basicamente na forma tradicional com açúcar, misturado à farinha de tapioca ou misturado a outros alimentos, no entanto, a polpa concentrada ou desidratada é utilizada na agroindústria para preparação de alimentos como: doces, geleias, licores, picolés, sorvetes, sucos, tortas, entre outros. Também é utilizada em laboratórios de cosméticos para fabricação de creme para cabelo, esfoliante, hidratante corporal, máscara capilar, sabonete líquido e em barra, xampu e condicionador, além de alguns medicamentos fitoterápicos. Atualmente a cadeia produtiva do açaí-do-Pará emprega milhares de pessoas em mais de 50 municípios no Estado do Pará, com uma produção anual estimada em quase 600 mil toneladas de frutos (ano de 2010), sendo ±60% consumidas regionalmente, 25% exportados para a região Sudeste do Brasil e 15% para a Europa e Estados Unidos, onde possuem boa aceitação, figurando entre os frutos mais saborosas da atualidade nesses países (Figuras 32H, 32I, 32J e 32L). FRUTOS -

A Ç A Í - D O - PA R Á

304

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

305

H

I Figura 32 - (H) detalhe das inflorescências e infrutescências imaturas; (I) infrutescências maduras.

A Ç A Í - D O - PA R Á

306

J

L Figura 32 - (J) detalhe dos frutos, medindo de 1,2-1,5cm de comprimento por 1,1-1,6cm de diâmetro; (L) frutos inteiros e descerrados na florma transversal e longitudinal.

SEMENTES - No interior do fruto, encerra-se uma semente com endosperma

M Figura 32 (M) detalhe das sementes inteiras e descerradas; (N) colar das sementes.

N

307 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

ruminado, rígido e abundante. Esse endosperma (amêndoa), na forma in natura, produz um óleo verde-escuro bastante usado na medicina tradicional, já as sementes, quando limpas, dessecadas, envernizadas, perfuradas e tingidas em diversas cores, apresentam grande potencial para fabricação de biojoias e bijuterias (Figuras 32M, 32N e 32O).

A Ç A Í - D O - PA R Á

308

O Figura 32 (O) - Adereços das sementes. COMERCIALIZAÇÃO - A comercialização do açaí-do-Pará nas feiras de Manaus ocorreu em 40% das feiras visitadas, durante o ano inteiro, no entanto, as maiores ofertas ocorreram no segundo semestre. O açaí foi negociado somente na forma de vinho nas feiras do Alvorada, do Coroado, do Cigs e do Lírio do Vale, onde são beneficiados nos locais de venda (com exceção da feira do CIGS), pelo método tradicional em máquinas despolpadeiras, chamadas também de batedeiras, construídas em aço inoxidável, no modelo vertical. Após a preparação, o vinho é padronizado e embalados em sacos plásticos transparentes, contendo 1 litro e vendido entre R$ 3,00 e R$ 4,00. Na feira do CIGS o produto é processado em outro local e acondiconado em garrafas de PET de 1 e 2 litros, sendo comercializado por R$ 5,00 e R$ 10,00, respectivamente. Os frutos do açaizeiro são resistentes ao transporte, no entanto, são bastante perecíveis à radiação solar e as temperaturas elevadas, portanto devem ser despolpados logo após a colheita para evitar desidratação e diminuição do rendimento do vinho. O vinho também é bastante perecível, mesmo quando conservado em geladeira, devendo ser consumido imediatamente após a compra. Todavia,

P

Q

R Figura 32 - (P) comercialização em garrafas de PET; (Q) detalhe do vinho; (R) consumo do vinho misturado com açúcar e farinha de tapioca.

309 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

para aumentar sua viabilidade por longos períodos é necessário manter a polpa ou vinho sob congelamento (Figuras 32P, 32Q e 32R).

33

BACABA NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Arecaceae Bercht. & J. Presl O Prirozenosti Rostlin 266. 1820. (Prir. Rostlin).

FAMÍLIA:

Oenocarpus Mart. Historia Naturalis Palmarum 2(1): 21-22. 1823. (Hist. Nat. Palm.).

GÊNERO:

Oenocarpus bacaba Mart. Historia Naturalis Palmarum 2: 24, pl. 26, f. 1-2. 1823. (Hist. Nat. Palm.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Oenocarpus bacaba var. bacaba Oenocarpus bacaba var. grandis (Burret) Wess. Boer Oenocarpus bacaba var. xanthocarpa Trail Oenocarpus baccata Cuervo Marquez Oenocarpus grandis Burret Oenocarpus hoppii Burret

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DA BACABA Oenocarpus bacaba Mart. A bacabeira é uma palmeira monocaule, podendo alcançar até 20 metros de altura. Possui estipe (caule) sem espinhos, ereto, cilíndrico, e com 15-25cm de diâmetro, coloração castanho com manchas brancas e cicatrizes aneladas resultantes da queda das bainhas; a base desse estipe é coberta por numerosas raízes adventícias. É nativa da Amazônia, onde é muito frequente e abundante na floresta de terra firme, predominando nos ambientes com altitude mais elevada. Quando adulta, alcança basicamente o extrato médio da floresta, porém com reduzido número de indivíduos adultos, entretanto, no sub-bosque, ocorrem vários indivíduos na fase acaulescente e acentuada quantidade de plântulas, às vezes, formando um banco (Figura 33A). ÁRVORE -

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

311

A Figura 33 (A) - Hábito de crescimento da bacabeira.

BACABA

312

Embora as plântulas das bacabeiras serem frequentes em todos os ambientes da floresta, sua manutenção é uma estratégia de regeneração natural, na qual as bacabeiras persistem em condições de baixa luminosidade e de alta competição, visando, essencialmente ao aparecimento de condições favoráveis para os seus crescimentos, sobretudo, após o surgimento de clareiras naturais, notadamente, nos ecossistemas de platô e vertente, onde possui grande abundância de plântulas e indivíduos jovens na fase de crescimento acaulescente (sem estipe), no entanto, poucos indivíduos atingem a fase adulta. Todavia, a bacabeira possui eficiente mecanismo de dispersão natural e capacidade de regeneração após interferências antrópicas, em decorrência disso, alguns indivíduos crescem espontaneamente nas bordas das florestas, pastagens, capoeiras e margens de estradas. A bacabeira possui sistema radicular fasciculado, alongado, superficial e abundante, em função disso, seu cultivo pode ser sugerido para proteção das estruturas dos solos, ou no enriquecimento de áreas reflorestadas, sobretudo, aquelas localizadas em terrenos com declividade. Entretanto, por ser uma palmeira de valor econômico e ornamental, é cultivada em alguns quintais residenciais, sítios e sistemas agroecológicos, especialmente, para a produção de frutos. Atualmente o cultivo comercial para produção de frutos e palmito é inexpressivo (Figura 33B).

B

Figura 33 (B) - Bacabeiras em áreas de pastagens.

C Figura 33 - (C) detalhe da coroa foliar; (D) folha com folíolos pendentes e inseridos irregularmente.

D

313 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

FOLHAS - A coroa foliar é composta por 9 a 14 folhas do tipo pinadas, medindo cada uma entre 5 a 7 metros de comprimento. Essas folhas apresentam folíolos pendentes e inseridos irregularmente em vários planos em relação ao alinhamento da ráquis da folha; os folíolos novos possuem a superfície inferior coberta por polvilho de coloração esbranquiçada; o pecíolo é maior que 1 metro e a bainha é aberta com até 50cm de comprimento, apresentando superfície lisa e coloração verde-escura a castanho (Figuras 33C e 33D).

São infrafoliares na antese, vistosas e racemosas com numerosas ráquilas, sendo brancas durante a abertura da espata e avermelhadas após a polinização. Essas inflorescências são bissexuais, contendo flores estaminadas e pistiladas (masculinas e femininas) separadas na mesma inflorescência e arranjadas de três em três flores, sendo duas masculinas para uma feminina. As flores estaminadas (masculinas), são formadas por cálice de 3 sépalas soldadas na superfície inferior e livre na parte superior, corola com 3 pétalas livres, vários estames e presença de um pequeno pistilódio (pistilo rudimentar e não funcional); após a polinização, essas flores soltam-se das ráquilas. As flores pistiladas (femininas) possuem forma globosa, cálice e corola com 3 sépalas e 3 pétalas, respectivamente, e estigma trífido (Figuras 33E e 33F). INFLORESCÊNCIAS -

BACABA

314

E Figura 33 (E) - Detalhe das inflorescências na antese.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

315

F Figura 33 (F) - Detalhe das inflorescências após a polinização.

Apresentam forma elipsoide a globosa, medindo de 1,3-1,6cm de comprimento por 1,3-1,5cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é liso com coloração escuro-arroxeada quando maduro. O mesocarpo (polpa) e epicarpo (casca), com rendimento de ±25% em relação ao total do fruto, são os subprodutos utilizados na preparação do “vinho de bacaba”. Esse vinho é um alimento bastante nutritivo, calórico e rico em gorduras e proteínas. É consumido basicamente na forma tradicional com açúcar, misturado a farinha ou a outros alimentos, no entanto, a polpa concentrada pode ser utilizada na preparação de alimentos como: picolés, sorvetes e sucos, entre outros. O seu óleo extraído é usado na culinária caseira, na preparação de saladas ou em frituras (Figuras 33G e 33H). FRUTOS -

BACABA

316

G

H Figura 33 - (G) detalhe das inflorescências imaturas e maduras; (H) frutos inteiros, medindo, de 1,3-1,6cm de comprimento por 1,3-1,5cm de diâmetro e frutos descerrados na forma longitudinal.

SEMENTES - No interior do fruto, encerra-se uma semente com tegumento

I Figura 33 (I) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas na forma transversal e longitudinal. COMERCIALIZAÇÃO - A comercialização da bacaba nas feiras de Manaus ocorreu esporadicamente em 30% das feiras visitadas. Foi negociada na forma de vinho em sacos plásticos transparentes, contendo 1 litro e vendido a R$ 3,00 nas feiras do Coroado e Manaus Moderna. No entanto, na feira do CIGS, foi comercializada na forma de frutos frescos, custando R$ 2,00 o litro e na forma de vinho preparado e acondicionado em garrafas de PET de 1 e 2 litros, sendo vendidas por R$ 5,00 e R$ 10,00, respectivamente. Os frutos da bacaba são resistentes ao transporte, no entanto, são bastante perecíveis à radiação solar e às temperaturas elevadas, portanto devem ser despolpados logo após a colheita, para evitar desidratação e diminuição do rendimento em vinho. O vinho também é bastante perecível, mesmo sob refrigeração, devendo ser consumido imediatamente após a efetivação da compra. Todavia, para aumentar sua viabilidade por longos períodos, é necessário manter a polpa ou o vinho sob congelamento (Figuras 33J, 33L, 33M, 33N, 33O e 33P).

317 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

fibroso e endosperma semi-ruminado de coloração branca, textura sólida, abundante e com rendimento de ±75% do total do fruto. O endosperma na forma in natura produz um óleo de coloração amarelo-claro que pode ser usado na preparação de saladas (Figura 33I).

BACABA

318

J

L Figura 33 - (J) acondicionamento dos frutos em saco de ráfia para o transporte; (L) comercialização dos frutos por litro.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

319

M

N Figura 33 - (M e N) detalhe da comercialização do vinho em garrafas de PET.

BACABA

320

O

P Figura 33 - (O) detalhe do vinho da bacaba na jarra e no copo; (P) consumo do vinho com farinha de tapioca e açúcar.

BURITI 34 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE FAMÍLIA: Arecaceae Bercht. & J. Presl O Prirozenosti Rostlin 266. 1820. (Prir. Rostlin). Mauritia L. f. Supplementum Plantarum 70, 454. 1781[1782]. (Suppl. Pl.).

GÊNERO:

Mauritia flexuosa L. f. Supplementum Plantarum 454. 1781[1782]. (Suppl. Pl.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Mauritia flexuosa var. venezuelana Steyerm. Mauritia minor Burret Mauritia sphaerocarpa Burret Mauritia vinifera Mart.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO BURITI Mauritia flexuosa L. f. ÁRVORE - O buritizeiro é uma palmeira monocaule, arborescente, podendo alcançar até 30 metros de altura. Os indivíduos são dioicos, com flores unissexuadas, masculinas e femininas, separadas em plantas diferentes. Possui estipe (caule) ereto, cilíndrico com 35-45cm de diâmetro, sem espinhos, coloração cinza-castanho e cicatrizes aneladas resultantes da queda das bainhas. A base desse estipe é coberta por muitas folhas senescentes e numerosas raízes adventícias. Nas áreas alagadas e encharcadas, essas raízes desenvolvem extensos pneumatóforos, os quais são responsáveis pelas trocas de gases das partes submersas da planta com a atmosfera (Figura 34A).

BURITI

322

A Figura 34 (A) - Hábito de crescimento do buritizeiro.

B Figura 34 (B) - Detalhe das populações de buritis em margens de rodovias.

323 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

É uma espécie de extensa distribuição, com ocorrência por todo o bioma amazônico, regiões Centro-Oeste e parte das regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. A água é a principal dispersora e responsável pela grande frequência e abundância de buritizais em áreas periodicamente inundadas ou com drenagem deficiente, sobretudo, em nascentes, margens de igarapés e pântanos, principalmente, aqueles localizados nas florestas de savanas e serrados. Nesses ambientes, a fisionomia é formada por grandes veredas de buritizais. É muito comum também encontrar essa palmeira ao longo das margens de rodovias estaduais e federais, espalhadas por toda a região amazônica e ainda sobre alguns fragmentos de remanescentes florestais localizados nos centros urbanos. Todavia a expansão social e econômica nos últimos anos tem ameaçado e destruído alguns buritizais (Figuras 34B e 34C).

BURITI

324

C Figura 34 (C) - Detalhe das populações naturais de buritis em áreas descampadas.

O buritizeiro tolera muito bem ambientes de solos bem drenados fora de seu habitat natural, dessa forma, por apresentar grande potencial ornamental e paisagístico, é cultivado atualmente em parques botânicos, praças e fachadas de prédios, entretanto, o cultivo para produção de frutos é quase inexistente (Figura 34D).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

325

D Figura 34 (D) - Uso do buritizeiro na ornamentação de fachadas de prédios. FOLHAS - A coroa foliar é composta por 8 a 14 folhas de forma costapalmada

com coloração verde-brilhante e por 4 a 7 folhas pendentes e senescentes (mortas). Essas folhas apresentam ráquis curto com numerosos folíolos soldados na base do pecíolo e livres nas extremidades, estes inseridos regularmente no mesmo plano, formando um leque; a margem desses folíolos e superfície superior da nervura mediana (chamadas de talas), exibem pequenos espinhos; o pecíolo é alongado, com 2 a 2,5 metros de comprimento, e a bainha é curta e aberta, com até 1,5 metro de comprimento (Figuras 34E e 34F).

BURITI

326

E

Figura 34 - (E) detalhe da coroa foliar com folhas vivas e folhas senescentes; (F) folha do tipo costapalmada.

F

Parte dessas folhas tem potencial para diversos usos, entre os principais estão: retirada das nervuras medianas (talas) dos folíolos adultos para confecção de “papagaios de papel” (pipas); epiderme (casca) dos pecíolos para fabricação de cestos, chapéus, leques e armadilhas para pescarias; e as fibras internas para produção de rolhas para tampar garrafas e fabricação de vários tipos de brinquedos e artesanatos, usados principalmente nos Estados do Pará e Maranhão, onde, o buriti é chamado de miriti. Pesquisadores do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), tem desenvolvido técnicas para o aproveitamento do pecíolo das folhas do buriti, na fabricação de chapas para serem utilizadas em forros e divisórias, as quais possuem boas características para isolamento acústico e térmico.

São interfoliares, vistosas, com coloração alaranjada e unissexual (dioica), contendo flores estaminadas ou pistiladas (masculinas ou femininas) separadas em plantas diferentes. As flores estaminadas (masculinas) possuem aroma marcante e agradável, sendo formadas e agrupadas em pequenas espigas, que são distribuídas em numerosas ráquilas de coloração verde; o cálice possui forma tubular, sendo levemente trilobado; a corola é constituída por 3 pétalas livres e 6 estames. Após a antese, essas flores desprendem-se das pequenas espigas, no entanto, as ráquilas secas dessas inflorescências perduram por vários meses, proporcionando nessa fase a distinção dos indivíduos masculinos dos femininos. As flores pistiladas (femininas) são constituídas de estigma apical, cálice tubular e corola com 3 pétalas livres (Figuras 34G, 34H, 34I, 34J e 34L). INFLORESCÊNCIAS -

G Figura 34 (G) - Detalhe da inflorescência masculina.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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BURITI

328

H

I Figura 34 - (H) detalhe da inflorescência feminina; (I) ráquila com flores femininas polinizadas.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

329

J

L Figura 34 - (J e L) detalhe das infrutescências imaturas.

- Possuem forma elipsoide a subglobosa, medindo de 5-6cm de comprimento por 4-5cm de diâmetro e, 40-50 gramas de peso; o epicarpo (casca) é coberto por escamas de coloração marrom, quando imaturo, e vermelho a vermelho-escura na fase final de amadurecimento. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±25% em relação ao total do fruto, é o subproduto utilizado na extração da polpa concentrada e na preparação do “vinho de buriti”. Esses subprodutos possuem consistência oleosa e coloração laranja-escura, sendo considerado um alimento bastante nutritivo, calórico e rico em carboidratos, gorduras, proteínas e ß-caroteno (pró-vitamina “A”), além de apresentar considerados teores de minerais como: cálcio, fósforo e ferro. O consumo dos frutos na forma in natura é quase desprezível, no entanto, o vinho é bem aceito, sendo consumido tradicionalmente com açúcar ou misturado a outros alimentos. O mesocarpo (polpa) concentrado é muito utilizado pela agroindústria na preparação de alimentos, tais como: doces, cremes, picolés e sorvetes, entre outros. Desse mesocarpo (polpa) é extraído também um óleo de coloração avermelhada, o qual é usado na medicina caseira como tônico e no tratamento de queimaduras da pele. Por apresentar propriedades emolientes, esfoliantes e aromatizantes, o óleo é utilizado atualmente na indústria de cosméticos, na preparação de cremes para limpeza de pele, creme hidrante, esfoliantes, filtro solar, óleo corporal, sabonetes líquidos, xampus e condicionadores, entre outros (Figuras 34M, 34N). FRUTOS

BURITI

330

M

Figura 34 - (M) Detalhe dos frutos, medindo entre 5 a 6cm de comprimento por 4 a 5cm de diâmetro.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

331

N Figura 34 (N) - Fruto inteiro e descerrado na forma longitudinal e transversal.

No interior do fruto, encerra-se uma semente, formada por tegumento fino de coloração marrom e endosperma rígido, homogêneo e de coloração branca. Esse endosperma, quando seco e beneficiado, apresenta potencial para ser usado na preparação de diversos adereços (Figura 34O). SEMENTES -

O Figura 34 (O) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal.

- Ocorreu em 50% das feiras visitadas, com maior frequência no primeiro semestre do ano, nas feiras da Compensa, do Coroado, do CIGS, do Lírio do Vale e Manaus Moderna. Foi negociado na forma de frutos inteiros e de vinho, sendo esta última a forma mais tradicional e, vendida em sacos plásticos transparente e garrafas de PET com capacidade para 1 (um) litro. Na forma de frutos inteiros foram comercializados nas feiras da Compensa e do CIGS, onde foram embalados em sacolas de náilon, com duas dúzias, custando R$ 2,00. Em sacos plásticos de 1 (um) litro, o vinho foi vendido a R$ 3,00 nas feiras do Coroado, do Lírio do Vale e da Manaus Moderna, já por meio de garrafas de PET, foi comercializado na feira do CIGS, custando R$ 5,00. Os frutos do buriti são resistentes ao transporte, no entanto, são perecíveis ao tempo de conservação natural, portanto devem ser despolpados logo após a colheita para evitar desidratação, diminuição do rendimento e da qualidade do vinho. O vinho também é bastante perecível, mesmo sob refrigeração, devendo ser consumido imediatamente após a compra. Todavia para aumentar sua viabilidade por alguns meses é necessário manter a polpa ou o vinho sob congelamento (Figuras 34P, 34Q e 34R). COMERCIALIZAÇÃO

BURITI

332

P Figura 34 (P) - Detalhe da comercialização em sacolas de náilon.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

333

Q

R Figura 34 - (Q) detalhe da comercialização do vinho em sacos plásticos de 1 (um) litro; (R) comercialização em garrafa de PET.

35

MARAJÁ-DO-IGAPÓ NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Arecaceae Bercht. & J. Presl O Prirozenosti Rostlin 266. 1820. (Prir. Rostlin).

FAMÍLIA:

Bactris Jacq. ex Scop. Introductio ad Historiam Naturalem 70. 1777. (Intr. Hist. Nat.).

GÊNERO:

Bactris concinna Mart. Historia Naturalis Palmarum 2: 99, pl. 72, f. 4-6. 1823. (Hist. Nat. Palm.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Bactris concinna subsp. depauperata Trail Bactris concinna var. depauperata (Trail) Drude Pyrenoglyphis concinna (Mart.) Burret Pyrenoglyphis concinna var. depauperata (Trail) Burret Pyrenoglyphis concinna var. inundata (Spruce) Burret

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO MARAJÁ-DO-IGAPÓ Bactris concinna Martius ÁRVORE - O marajá-do-igapó é uma palmeira multicaule (forma touceiras),

podendo atingir até 4 metros de altura. Os estipes (caules) são curtos e cilíndricos com 2-3cm de diâmetro; possuem coloração castanho, com espinhos nos entrenós e cicatrizes aneladas resultantes da perda das folhas. É uma palmeira nativa da Amazônia, sendo a água sua principal dispersora natural e responsável pelas das grandes frequências e abundâncias no bioma amazônico, sobretudo, nos ecossistemas de igapós e margens de pequenos rios, onde, o marajá-do-igapó forma densas touceiras. É comum também encontrar essa palmeira nas margens de ramais e rodovias abertas, próximos a igapós e rios, principalmente na Amazônia Central. Todavia, por tolerar solos bem drenados, a espécie vem sendo cultivada como ornamental em jardins botânicos, apesar de ser uma palmeira espinhosa (Figuras 35A, 35B e 35C).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

335

A Figura 35 (A) - Hábito de crescimento do marajá-do-igapó em florestas inundadas.

MARAJÁ-DO-IGAPÓ

336

B

C

Figura 35 - (B) hábito de crescimento fora do habitat natural; (C) cultivo em jardim botânico.

- A coroa foliar é composta por 4 a 7 folhas do tipo pinadas, medindo cada uma entre 1-2 metros de comprimento. Essas folhas apresentam folíolos inseridos em intervalos regulares e dispostos no mesmo plano em relação à ráquis principal. Esses folíolos possuem superfície inferior de coloração verde e pequenos espinhos nas margens; a bainha é aberta, com 10-20cm de comprimento e superfície superior coberta por espinhos negros; o pecíolo é alongado, com até 60cm de comprimento, sendo moderadamente coberto por espinhos (Figura 35D). FOLHAS

D Figura 35 (D) - Detalhe da folha com folíolos inseridos em intervalos regulares e dispostos no mesmo plano. INFLORESCÊNCIAS - São interfoliares, do tipo espigada e monoica, sendo compostas por flores masculinas e vistosas de coloração amarelo-clara nas extremidades e por flores femininas nas camadas mais internas, sendo totalmente camufladas pelas flores masculinas. Essa inflorescência é protegida por uma espata, com superfície superior coberta por densos espinhos negros (Figura 35E).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

337

MARAJÁ-DO-IGAPÓ

338

E Figura 35 (E) - Detalhe da inflorescência tipo espigada. FRUTOS - Apresentam forma obovoide irregular e anel estaminoidal eviden-

te. Alcançam em média 2,70cm de comprimento por 1,30cm de diâmetro; o epicarpo (casca) é fino, flexível, coloração roxo-escura e superfície levemente áspera. O mesocarpo (polpa) é suculento-fibroso, com rendimento de ±30% do peso total do fruto; este mesocarpo é consumido somente na forma in natura, após a retirada do epicarpo (casca). Geralmente o período de amadurecimento dos frutos acontece durante o período de cheias dos rios e lagos (Figuras 35F, 35G e 35H).

F Figura 35 (F) - Detalhe da infrutescência imatura.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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G

H Figura 35 (G) - Detalhe da infrutescência madura; (H) - Frutos maduros, medindo em média 2,70cm de comprimento por 1,30cm de diâmetro e descerrados na forma longitudinal e transversal.

SEMENTES - No interior do fruto, encerra-se uma semente com endocarpo

MARAJÁ-DO-IGAPÓ

340

(tegumento) negro, fino, porém duro e com três poros, sendo um germinativo; o endosperma é homogêneo de coloração branca (Figura 35I).

I Figura 35 (I) - Detalhe da semente inteira e descerrada na forma longitudinal e transversal.

- Os frutos do marajá-do-igapó foram encontrados em apenas 10% das feiras visitadas, nos meses de abril, maio e junho, em pequenas ofertas na feira do Coroado. A comercialização é efetuada somente no varejo, onde são vendidos separadamente em cachos ao preço de R$ 2,00, a unidade, ou 3 cachos por R$ 5,00. Os frutos dessa palmeira são bastante resistentes ao transporte e à manipulação, no entanto, são perecíveis à radiação solar direta, às temperaturas elevadas e ao tempo de conservação natural, portanto devem ser consumidos por até uma semana após a efetivação da compra. Todavia, para aumentar sua viabilidade por algumas semanas, é necessário embalar os cachos em sacolas plásticas e, conservar em geladeira (Figuras 35J e 35L). COMERCIALIZAÇÃO

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

341

J

L Figura 35 - (J) exposição dos cachos durante a comercialização; (L) detalhe da comercialização por unidade de cacho.

36

PATAUÁ NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Arecaceae Bercht. & J. Presl O Prirozenosti Rostlin 266. 1820. (Prir. Rostlin).

FAMÍLIA:

Oenocarpus Mart. Historia Naturalis Palmarum 2(1): 21-22. 1823. (Hist. Nat. Palm.).

GÊNERO:

Oenocarpus bataua Mart. Historia Naturalis Palmarum 2(1): 23-24, t. 24-25. 1823. (Hist. Nat. Palm.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Jessenia bataua (Mart.) Burret Jessenia bataua subsp. oligocarpa (Griseb. & H. Wendl.) Balick Jessenia oligocarpa Griseb. & H. Wendl. Jessenia polycarpa H. Karst. Jessenia weberbaueri Burret Oenocarpus oligocarpa (Griseb. & H. Wendl.) Wess. Boer

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO PATAUÁ Oenocarpus bataua Martius ÁRVORE - O patauazeiro é uma palmeira monocaule, podendo alcançar até

25 metros de altura. Possui estipe (caule) liso, ereto, cilíndrico, medindo de 20-30cm de diâmetro, com coloração castanho com manchas brancas e cicatrizes aneladas resultantes da queda das bainhas. A base desse estipe é coberta por numerosas raízes adventícias e por folhas, espatas e infrutescências senescentes. Possui ampla distribuição na Amazônia, sendo muito frequente e abundante nas florestas de baixio, sobretudo, em margens de igarapés e solos encharcados. Nesses ambientes, o patauá normalmente é arborescente, sendo habitualmente associado a outras palmeiras de sistema radicular adaptado a solos encharcados e periodicamente alagados, tais como: Marajá (Bactris maraja), Açaí-do-Amazonas (Euterpe precatoria), Buritirana (Mauritiella aculeata), Buriti (Mauritia flexuosa), Palha vermelha (Orbignya spectabilis) e Paxiúba (Socratea exorrhiza) (Figuras 36A e 36B).

A Figura 36 (A) - Hábito de crescimento solitário do patauazeiro.

343 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

O patauazeiro ocorre ainda em floresta de platô, sobre solos argilosos bem drenados, onde são encontradas algumas plântulas (raramente indivíduos adultos) e em floresta de vertente, na qual predominam várias plântulas, indivíduos jovens na fase acaulescente e alguns indivíduos adultos. Esta palmeira tolera bem ambientes de solos bem drenados, fora de seu habitat natural, dessa forma, por apresentar potencial econômico, ornamental e paisagístico, é cultivado em parques botânicos e em alguns sítios, contudo, possui potencial para ser cultivado em sistemas agroecológicos e na proteção e recuperação de matas ciliares. Atualmente o cultivo para produção de frutos é inexistente.

PATA UÁ

344

B Figura 36 (B) - População de patauás em ecossistema de baixio. FOLHAS - A coroa foliar é composta por 7 a 12 folhas, do tipo pinadas, medindo cada uma entre 7 a 10 metros de comprimento. Essas folhas apresentam folíolos de coloração esbranquiçada na superfície inferior, geralmente não pendentes, sendo inseridos regularmente e dispostos no mesmo plano em relação ao alinhamento da ráquis da folha; o pecíolo é curto, medindo até 1,5 metro de comprimento e a bainha é aberta, sendo as mais novas cobertas por fibras pilosas (Figuras 36C e 36D).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

345

C

D Figura 36 - (C) coroa foliar; (D) detalhe das folhas com folíolos inseridos regularmente e dispostos no mesmo plano em relação ao alinhamento da ráquis.

INFLORESCÊNCIAS - São do tipo infrafoliar após a abertura da espata, visto-

PATA UÁ

346

sas, racemosas com numerosas ráquilas, sendo estas de coloração branca durante a antese e amarelo-clara após a polinização. As inflorescências são bissexuais, contendo flores estaminadas e pistiladas (masculinas e femininas), separadas nas ráquilas da mesma inflorescência. As flores estaminadas (masculinas) são formadas por cálice com 3 sépalas ovada e corola por 3 pétalas triangulares, vários estames e presença de um pistilódio trífido (pistilo rudimentar e não funcional). As flores desabrocham lentamente da base para as extremidades das ráquilas e este fenômeno dura alguns dias; após o período de fertilização, as flores soltam-se das ráquilas. As flores pistiladas (femininas) possuem forma ovada e são constituídas por estigma trífido, cálice e corola com 3 sépalas e 3 pétalas, respectivamente. Essas flores transformam-se em flores férteis no final da fase de abertura das flores estaminadas (masculinas) (Figuras 36E).

E Figura 36 (E) - Detalhe da inflorescência na antese e infrutescência.

FRUTOS - Os frutos apresentam forma elipsoide, medindo em média 3,5cm

F Figura 36 (F) - Detalhe dos frutos maduros, medindo em média 3,5cm de comprimento por 1,75cm de diâmetro.

347 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

de comprimento por 1,75cm de diâmetro; possuem epicarpo (casca) liso, fino, porém rígido e superfície de coloração escuro-arroxeada quando maduro. O mesocarpo (polpa) e o epicarpo (casca), com rendimento de ±30% em relação ao total do fruto, são os subprodutos dos frutos utilizados na preparação do “vinho do patauá”. Esse vinho é um alimento bastante nutritivo, calórico, rico em gorduras e proteínas, constituindo-se como um dos principais alimentos para as populações tradicionais da Amazônia. É consumido basicamente na forma tradicional, com açúcar, misturado à farinha de tapioca ou a outros alimentos, no entanto, a polpa concentrada pode ser utilizada na preparação de alimentos como picolés, sorvetes e sucos, entre outros. O mesocarpo (polpa) contém um óleo com propriedades químicas e paladar semelhante ao azeite de oliva, podendo ser usado na preparação de saladas e em frituras. Esse óleo possui também potencial para ser usado na medicina caseira, sobretudo, pelas populações tradicionais, no combate à bronquite, à tuberculose e a outros problemas respiratórios, e também como cosmético no controle da queda de cabelo e da seborreia (Figuras 36F e 36G).

PATA UÁ

348

G Figura 36 (G) - Frutos inteiros e descerrados na forma longitudinal e transvesal. SEMENTES - No interior do fruto, encerra-se uma semente com tegumento muito fino e fibroso; o endosperma é ruminado, sólido e abundante, com rendimento de ±60% do total do fruto. Essas sementes, após a secagem e o polimento, têm potencial para serem utilizadas em artesanatos, na confecção de brincos, colares ou em arranjos com outras sementes (Figura 36H).

H

Figura 36 (H) Sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal.

A comercialização dos frutos do patauá nas feiras de Manaus ocorreu esporadicamente em 20% das feiras visitadas (feiras do CIGS e da Compensa), onde foram vendidos na forma de frutos frescos e na forma de vinho. Na forma de frutos frescos foram comercializados na feira do CIGS, sendo vendidos em sacolas de fios de náilon, contendo aproximadamente 2 litros, custando R$ 2,00. Em forma de vinho, foram negociados na feira da Compensa em sacos plásticos transparentes, contendo 1 litro e vendido a R$ 3,00. Os frutos de patauá são resistentes ao transporte, no entanto, são bastante perecíveis à radiação solar e às temperaturas elevadas, portanto, devem ser despolpados logo após a colheita para evitar desidratação e diminuição do rendimento e da qualidade do vinho. O vinho extraído também é bastante perecível, mesmo sob refrigeração, devendo ser consumido imediatamente após a compra. Todavia, para aumentar sua viabilidade por longos períodos, é necessário manter a polpa ou vinho sob congelamento (Figuras 36I e 3J). COMERCIALIZAÇÃO -

I

J

Figura 36 - (I) detalhe da comercialização dos frutos em sacolas de náilon; (J) comercialização do vinho em saco plástico.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

349

37

PUPUNHA NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Arecaceae Bercht. & J. Presl O Prirozenosti Rostlin 266. 1820. (Prir. Rostlin).

FAMÍLIA:

Bactris Jacq. ex Scop. Introductio ad Historiam Naturalem 70. 1777. (Intr. Hist. Nat.).

GÊNERO:

Bactris gasipaes Kunth Nova Genera et Species Plantarum (quarto ed.) 1: 302, pl. 700. 1815[1816]. (Nov. Gen. Sp. (quarto ed.)).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Bactris ciliata (Ruiz & Pav.) Mart. Bactris insignis (Mart.) Baill. Bactris macana (Mart.) Pittier Bactris speciosa (Mart.) H. Karst. Bactris utilis (Oerst.) Benth. & Hook. f. ex Hemsl. Guilielma chontaduro H. Karst. & Triana Guilielma ciliata (Ruiz & Pav.) H. A. Wendland ex Kerchove Guilielma gasipaes (Kunth) L.H. Bailey Guilielma gasipaes var. chichagui (H. Karst.) Dahlgren Guilielma gasipaes var. coccinea (Barb. Rodr.) L.H. Bailey Guilielma gasipaes var. flava (Barb. Rodr.) L.H. Bailey Guilielma gasipaes var. ochracea (Barb. Rodr.) L.H. Bailey Guilielma insignis Mart. Guilielma macana Mart. Guilielma microcarpa Huber Guilielma speciosa Mart. Guilielma speciosa var. mitis Drude Guilielma speciosa var. ochracea Barb. Rodr. Guilielma utilis Oerst.

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DA PUPUNHA - A pupunheira é uma palmeira geralmente multicaule, com espinhos, embora ocorram variedades com indivíduos monocaule e sem espinhos. Em ambos os casos, podem alcançar até 20 metros de altura. Possui estipe (caule) ereto, cilíndrico com 10 até 20cm de diâmetro, coloração castanho-cinzenta, espinhos nos entrenós, na maioria das variedades e cicatrizes aneladas resultantes da queda das bainhas. (Figura 37A). ÁRVORE

A Figura 37 - (A) Hábito de crescimento das pupunheiras.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

351

Bactris gasipaes Kunth

PUPUNHA

352

É uma espécie bastante vulnerável à estiagem, por apresentar sistema radicular fasciculado e superficial. Em caso de estiagens prolongadas e sem irrigação, muitas folhas secam, podendo, em alguns casos, ocorrer a morte da planta. Nos meses de julho, agosto e setembro do ano de 2009, na cidade de Manaus, ocorreu uma estiagem de grande intensidade, que resultou na morte de alguns indivíduos de pupunheira cultivados nas áreas de canteiro central e parques botânicos, dentro do perímetro urbano. A pupunheira é cultivada em todo o bioma amazônico, especialmente para produção de frutos. No entanto, em alguns Estados da região Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, é plantada para produção de palmito (Figura 37B).

B Figura 37 (B) - Detalhe do cultivo das pupunheiras para produção do palmito.

Entretanto, por apresentar potencial ornamental, é cultivada também na arborização urbana, fachadas de prédios, praças e quintais residenciais, sobretudo, na região amazônica. Para essa finalidade, recomenda-se o uso de variedades com estipes sem espinhos (Figuras 37C, 37D e 37E).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

353

C

D Figura 37 - (C e D) detalhe do cultivo da pupunheira como planta ornamental.

PUPUNHA

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E Figura 37 (E). Detalhe do cultivo em margens de avenidas.

A coroa foliar é composta por 7 a 16 folhas do tipo pinadas, medindo de 2-3 metros de comprimento. É constituída por bainha aberta, pecíolo curto e vários folíolos com superfície superior verde-brilhante e inferior de coloração verde-clara; esses folíolos são inseridos irregularmente e dispostos em vários planos em relação ao alinhamento da ráquis da folha (Figuras 37F e 37G). FOLHAS -

F

G

Figura 37 - (F) detalhe da coroa foliar; (G) ráquis da folha com folíolos inseridos irregularmente.

INFLORESCÊNCAS - São infrafoliares na antese, vistosas e protegidas por uma

H Figura 37 - (H) detalhe das espatas das inflorescências fechadas; (I) inflorescência após a abertura da espata.

I

355 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

espata membranosa e rígida, de coloração amarelo-clara, frequentemente sem espinhos na superfície inferior e glabra ou espinhosa na face superior do ápice. Possuem aspecto racemoso, com numerosas ráquilas contendo muitas flores estaminadas (flores masculinas), e poucas flores pistiladas (femininas), separadas na mesma inflorescência e com presença de muitos tricomas. As flores estaminadas (masculinas) possuem coloração amarelopálida e são menores que as femininas; são constituídas por cálice com 3 sépalas e corola pequena, com 3 pétalas triangulares concrescidas na base, 6 estames, com pistilódio pequeno (pistilo rudimentar e não funcional); após a abertura da espata, as flores desabrocham lentamente, da base para as extremidades das ráquilas, e depois do período de fertilização, essas flores soltam-se das ráquilas. As flores pistiladas (femininas) possuem coloração amarelo-clara na antese e verde-clara após a fecundação; possuem forma ovada, trilocular e são constituídas por um estigma trífido e cálice e corola por 3 sépalas e 3 pétalas, respectivamente. Essas flores pistiladas (femininas) ficam férteis geralmente após a fase de abertura das flores estaminadas (masculinas) (Figuras 37H, 37I, 37J e 37L).

PUPUNHA

356

J

L Figura 37 - (J) detalhe da inflorescência com flores masculinas em tamanho menor e mais numerosa, e flores femininas proeminentes em tamanho maior; (L) inflorescência e infrutescências imaturas.

- Apresentam, conforme as variedades, tamanho oscilando de 2,5-7,0cm de comprimento a 2,5-6,0cm de diâmetro e diferentes formas, variando de globosas a subglobosas, de ovoides a cilíndricas. O epicarpo (casca) possui superfície lisa ou rachada, opaca ou brilhosa, fina e flexível e, com diversidades de cores, variando de vermelha, amarela, alaranjada, verde-amarelada e verde-alaranjada, quando maduro. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±80% em relação ao total do fruto, é a parte comestível e o principal produto do fruto, este possui coloração alaranjadoescura, alaranjado-clara, amarelo-clara e amarelo-esbranquiçada; a textura é farinácea, oleosa ou seca com muitas ou poucas fibras. É um alimento bastante nutritivo, especialmente por ser rico em carboidratos, lipídeos, proteínas, ß-caroteno (pró-vitamina A) e minerais como: cálcio, fósforo e ferro. É consumido basicamente na forma tradicional, acompanhada de um cafezinho puro, após o cozimento em água misturada com sal; geralmente, os frutos mais secos, oleosos e com poucas fibras são os mais saborosos (Figuras 37M, 37N e 37O). FRUTOS

M Figura 37 (M) - Detalhe das infrutescências na árvore.

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

357

PUPUNHA

358

N

O Figura 37 - (N) frutos maduros com tamanho oscilando de 2,5-7cm de comprimento a 2,5-6cm de diâmetro e, com diferentes formas, variando de globosas, a subglobosas, de ovoides a cilindrícas; (O) frutos descerrados na forma longitudinal.

359 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

Efetivamente os frutos de pupunha figuram entre os principais alimentos para as populações tradicionais da Amazônia e restaurantes de café regional, na cidade de Manaus. Contudo, esses frutos apresentam potencial para uso na culinária caseira para preparação de diversos tipos de iguarias e, utilização na agroindústria para fabricação de ração para animais e farinha de pupunha, a qual pode ser utilizada na preparação de vários tipos de alimentos como: bolos, licores, pães, tortas, massas para salgados, ou ainda em várias receitas. Outros produtos obtidos dos frutos são bebidas fermentadas e cosméticos produzidos a partir do óleo extraído. No Estado do Amazonas, principalmente na cidade de Manaus, o maior potencial econômico da pupunheira é através de seus frutos, no entanto, a cada ano que passa, nota-se desânimo por parte dos produtores para produzir frutos de pupunha, em função da redução da demanda e da queda do preço. O que está motivando isso, é a grande variabilidade genética que os frutos colocados a venda apresentam quanto à forma, ao tamanho, à cor do epicarpo (casca), à textura, à coloração e à oleosidade do mesocarpo (polpa); em decorrência disso, a escolha dos frutos na feiras livres para o consumo tradicional fica confusa, uma vez que os consumidores têm preferência por frutos de epicarpo (casca) avermelhado-brilhoso e tamanho médio, acreditando serem os de melhore sabor, todavia a qualidade da morfologia externa e interna dos frutos não garante uma compra com as qualidades desejadas para o consumo que são frutos de polpa oleosa, pouco fibrosa e de consistência suave. Notadamente os cachos com frutos de forma cilíndrica e sem sementes apresentam essas características. Dos 33 cachos diferentes, comprados nas feiras e analisados após o cozimento, 8 (24%) apresentaram textura macia, pouco fibrosa e paladar agradável. Desse total apenas 1 (3%) cacho, de forma cilíndrica e sem sementes, apresentou mesocarpo (polpa) oleoso (Figura 37P). A falta de programas de melhoramento genético por frutos com as qualidades desejadas pelo consumidor, aliada à grande demanda atual por palmito certificado, pode ter sido responsável pela perda de mercado desses frutos nas feiras livres. Além dos frutos, outras partes que constituem a pupunheira podem ser aproveitadas, dentre elas destaca-se o estipe (caule), que pode ser usado na fabricação de folhas de compensados, móveis, peças de decoração, instru-

PUPUNHA

360

mentos musicais, entre outros, e o palmito, por apresentar sabor agradável e textura macia, além de sua produção ser considerada economicamente viável por apresentar precocidade, perfilhamento e rusticidade. O cultivo de plantas de pupunha para extração do palmito é considerado ainda ecologicamente correto, pois promove a diminuição da extração de palmito de palmeiras nativas, sobretudo, as do gênero Euterpe como a juçara (Euterpe edulis Mart.), nativa da mata atlântica, e a do açaí-do-Amazonas (Euterpe precatoria Mart.), nativo da floresta amazônica.

P Figura 37 (P) - Detalhe dos frutos analisados provenientes de 33 cachos diferentes.

- No interior do fruto, encerra-se uma semente de coloração escura e formato variado entre as variedades; o tegumento é rígido com coloração escura e constituído por 3 poros, sendo um germinativo; o endosperma é sólido, branco e possui rendimento de ±20% do total do fruto (Figura 37Q). SEMENTE

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

361

Q Figura 37 (Q) - Detalhe das sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal e transversal. COMERCIALIZAÇÃO - A comercialização dos frutos de pupunha nas feiras de

Manaus ocorreu em 100% das feiras visitadas no período de dezembro e, janeiro, fevereiro, março e abril do ano seguinte, nas feiras do Alvorada, da Ceasa, da Compensa, do Coroado, de frutas regionais, do CIGS, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair. Entretanto foram encontrados também fora desse período, com grande frequência na feira de frutas regionais e, esporadicamente, nas outras. A grande parte da comercialização dos frutos de pupunha ocorreu na forma in natura (em cachos), com preço variando de acordo com o tamanho, qualidade e aparência, custando entre R$ 1,00 e R$ 15,00. No entanto, foi encontrada outra forma de venda, realizada por vendedores ambulantes nos principais cruzamentos das avenidas e dos terminais de integração de ônibus, os quais comercializavam frutos cozidos e embalados em sacos plásticos, contendo entre 8-12 unidades, prontos para o consumo imediato, ao preço variando entre R$ 1,00 e R$ 2,00. Os frutos in natura de pupunha são resistentes ao manuseio e ao transporte, no entanto, começam a

PUPUNHA

362

ficar perecíveis a partir do momento do desprendimento das ráquilas dos cachos. Em consequência disso, recomenda-se cozinhar por no máximo três dias após a compra (Figuras 37R, 37S e 37T).

R

S

T

Figura 37 - (R e S) detalhe dos cachos expostos para comercialização; (T) comercialização dos frutos cozidos, pronto para o consumo imediato.

TUCUMÃ 38 NOMENCLATURA DA ESPÉCIE Arecaceae Bercht. & J. Presl O Prirozenosti Rostlin 266. 1820. (Prir. Rostlin).

FAMÍLIA:

Astrocaryum G. Mey. Primitiae Florae Essequeboensis . . . 265-266. 1818. (Prim. Fl. Esseq.).

GÊNERO:

Astrocaryum aculeatum G. Mey. Primitiae Florae Essequeboensis . . . 265-266. 1818. (Prim. Fl. Esseq.).

NOME CIENTÍFICO:

SINONÍMIAS:

Astrocaryum aureum Griseb. Astrocaryum candescens Barb. Rodr. Astrocaryum chambira Burret Astrocaryum macrocarpum Huber Astrocaryum manaoense Barb. Rodr. Astrocaryum princeps Barb. Rodr. Astrocaryum princeps var. aurantiacum Barb. Rodr. Astrocaryum princeps var. flavum Barb. Rodr. Astrocaryum princeps var. sulphureum Barb. Rodr. Astrocaryum princeps var. vitellinum Barb. Rodr. Astrocaryum tucuma Mart.

TUCUMÃ

364

CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DO TUCUMÃ Astrocaryum aculeatum G. Mey. O tucumanzeiro é uma palmeira monocaule, com até 25 metros de altura. Possui estipe (caule) ereto e cilíndrico, com 15 a 25cm de diâmetro; nas plantas mais jovens, os estipes são cobertos por longos espinhos negros nos entrenós e cicatrizes aneladas sem espinhos, resultantes da queda das folhas, entretanto, nas plantas mais velhas, esses espinhos desvigoram-se e desprendem-se com o passar do tempo, permanecendo somente os localizados na superfície superior do estipe. Debaixo da planta é comum a presença de folhas velhas, espatas das inflorescências e muitos espinhos (Figura 38A). É uma espécie de extensa distribuição, com ocorrência por todo o bioma amazônico, sobretudo, nos Estados do Acre, Amazonas, Rondônia, ÁRVORE -

A Figura 38 (A) - Hábito de crescimento do tucumanzeiro.

B Figura 38 (B) - Detalhe dos tucumanzeiros em área de capoeira.

365 Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

Roraima e na região ocidental do Estado do Pará, onde, é encontrado com grande frequência em pastagens e floresta primária. Nos outros Estados, predominam esporadicamente em florestas primárias, no entanto, possuem grande frequência e abundância, principalmente em áreas degradadas como: capoeiras, pastagens, margens de estradas e sítios. Nessas áreas o tucumanzeiro cresce e produz frutos com frequência, naturalmente por ser uma palmeira resistente às estiagens e com tolerância a solos compactados, degradados e com baixa fertilidade, além de produzir crescimento eficiente na competição com outros vegetais (Figuras 38B e 38C).

TUCUMÃ

366

C Figura 38 (C) - Hábito de crescimento do tucumanzeiro em pastagens. FOLHAS - A coroa foliar é composta por 7 a 15 folhas pinadas, cada uma medindo entre 4-6m de comprimento. Essas folhas possuem folíolos com superfície superior de coloração verde-escuro-brilhante e superfície inferior esbranquiçada; esses folíolos são inseridos regularmente e dispostos em vários planos em relação ao alinhamento da ráquis mediana da folha; a bainha é aberta, porém curta, encerrando muitos espinhos pretos na superfície superior; o pecíolo tem extensão de até 1,60 metro de comprimento, sendo demasiadamente coberto por espinhos escuros e de vários tamanhos (Figuras 38D e 38E).

Frutos Nativos da Amazônia comercializados em Manaus

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D

E Figura 38 - (D) detalhe da coroa foliar; (E) folha com folíolos inseridos regularmente e dispostos em vários planos.

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INFLORESCÊNCIAS - São interfoliares, monoicas (com flores masculinas e femininas na mesma inflorescência), eretas, vistosas e cobertas por uma espata membranosa e flexível, sendo glabras na superfície inferior e excessivamente cobertas por espinhos na face superior. Essas inflorescências apresentam conformação de espádice, com presença de muitas ráquilas, estas compostas por flores femininas próximos ao pedúnculo e flores masculinas nas extremidades. As flores estaminadas (masculinas) são mais numerosas que as femininas, porém com tamanho inferior; são formadas por 3 pétalas torcidas e 3 sépalas, 6 estames separados entre eles e presença de pistilódio pequeno (pistilo rudimentar e não funcional). As flores desabrocham em períodos diferentes, da base para as extremidades das ráquilas, e após o período de fertilização, essas flores desprendem-se dos eixos das mesmas. As flores pistiladas (femininas), desprovidas de estames, possuem coloração amarelo-clara na antese e verde após a polinização, possuem forma oblonga e são formadas por 3 estiletes pequenos, cálice e corola simpétalas com forma tubosa e subitamente contraída junto à abertura (Figuras 38F, 38G1 e 38G2).

F Figura 38 (F) - Detalhe da inflorescência na antese.

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G1

G2 Figura 38 - (G1) detalhe das flores femininas na antese; (G2) flores femininas e masculinas após a polinização.

FRUTOS - Conforme as variedade, apresentam tamanho, oscilando de 3,2-

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5,6cm de comprimento a 2,5-5,4cm de diâmetro e formas variando entre globosas, subglobosas e ovoides. O epicarpo (casca) é frequentemente liso, áspero ou rachado, opaco ou brilhoso, fino e firme; a coloração normalmente é amarelada, amarelo-clara, amarelo-castanha, alaranjada, verde-amarelada, verde-alaranjada e verde-clara quando maduro. O mesocarpo (polpa), com rendimento de ±25-35% em relação ao total do fruto, é a parte comestível e o principal produto do fruto, o qual possui diferentes pigmentações, variando de alaranjado-escura, alaranjadoclara, amarelo-clara, amarelo-escura, amarelo-esbranquiçada e raramente avermelhada; a textura é oleosa ou seca, com muita ou pouca fibra (Figuras 38H, 38I, 38J, 38L, 38M e 38N).

H Figura 38 (H) - Detalhe das infrutescências interfoliares.

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I

J Figura 38 - (I) detalhe dos frutos maduros com diferentes formas e tamanhos; (J) frutos com formas diferentes e tamanho oscilando de 3,2-6,6cm de comprimento a 2,5-5,4cm de diâmetro.

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L

M Figura 38 - (L) detalhe dos mesocarpos (polpas) exibindo as difrentes pigmentações; (M) detalhe das pigmentações pouco frequentes.

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N Figura 38 (N) - Frutos descerrados na forma longitudinal e transversal.

O mesocarpo (polpa) do tucumã é considerado um alimento especial, por ser bastante saboroso e encerrar consideráveis quantidades de ß-caroteno (pró-vitamina A), proteínas, minerais, lipídeos, carboidratos, óleos e fibras. É consumido basicamente na forma in natura, costumeiramente acompanhado de café com leite e pão ou como ingrediente na preparação de iguarias regionais, como recheio em tapiocas e sanduíches, o qual é apelidado na cidade de Manaus como “x-caboquinho,” com bastante aceitação nos restaurantes e cafés regionais (Figuras 38O e 38P). Geralmente os frutos de mesocarpo (polpa) mais oleosos e menos fibrosos são os mais saborosos, no entanto, algumas variedades apresentam frutos com paladar amargo e repugnante. Atualmente os frutos de tucumã figuram entre os principais alimentos das populações tradicionais da região Norte do Brasil, sobretudo, no Estado do Amazonas, onde possuem grande valor econômico e potencial para utilização em agroindústria na preparação de bolos, cremes, pães, pizzas, macarronadas, sorvetes e sucos, entre outros.

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O

P

Figura 38 - (O) utilização do mesocarpo (polpa) em recheios de tapioca; (P) em sanduíches (x-caboquinho).

SEMENTES - No interior dos frutos, encerra-se uma semente de coloração escura e formato variado, de acordo com as variedades. O endocarpo (tegumento) possui consistência densa e lenhosa e 3 poros, sendo um germinativo. O endosperma (amêndoa), com rendimento de ±55-65% do total do fruto, é espesso, possui coloração branca e uma pequena cavidade no centro, contendo uma substância líquida (água). Esse endosperma (amêndoa), quando verde, ou após a germinação das plântulas, pode ser aproveitado como alimento na forma in natura, contudo os provenientes de frutos maduros possuem potencial para extração de óleo, o qual pode ser empregado na industria de alimentos, de cosméticos ou em mistura com óleo diesel para preparação do biodiesel. O endocarpo (tegumento) possui grande potencial para confecção de biojoias e outros artefatos de valor, podendo ainda ser utilizado como combustível para produção de bioenergia por meio da sua combustão (Figuras 38Q, 38R, 38S e 38T).

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Q

R Figura 38 (Q) - sementes inteiras e descerradas na forma longitudinal; (R) biojoias das sementes.

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S

T Figura 38 - (S) detalhe dos brincos; (T) prendedores de cabelo confeccionados pela etnia Sateré-Mawé.

U

V

Figura 38 - (U) descanso para panelas das fibras das folhas; (V) porta joias confeccionados a partir das fibras das folhas, pela etnia Tukano.

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Além dos frutos, outras partes que constituem o tucumanzeiro podem ser aproveitadas, dentre elas destacam-se as folhas novas, ainda fechadas, que produzem fibras resistentes e finas, as quais podem ser usadas para confecção de redes, encostos para cadeiras, abanos, bolsas, chapéus, sacolas, dentre outros (Figuras 38U e 38V); o estipe (caule) possui potencial para fabricação de móveis, peças de decoração e instrumentos musicais, entretanto, por não apresentar brotamentos laterais (perfilhos), não se recomenda a extração.

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COMERCIALIZAÇÃO - A comercialização dos frutos de tucumã, nas feiras de Manaus, ocorre durante o ano inteiro, todavia o pico da safra acontece no primeiro semestre e foram encontrados em todas as feiras visitadas (Alvorada, da Ceasa, da Compensa, do Coroado, de frutas regionais, do CIGS, do Lírio do Vale, Manaus Moderna, do Produtor e da Panair), já o período de entressafra ocorre no segundo semestre e os frutos são encontrados somente em algumas feiras. A comercialização dos frutos ocorre de duas maneiras: 1 - Os frutos de maior valor comercial são selecionados, de acordo com sabor e homogeneidade na forma, tamanho, coloração do epicarpo (casca), espessura do mesocarpo (polpa) e são comercializados entre R$ 4,00 e R$ 7,00 a dúzia; 2 - A comercialização ocorre por meio de frutos misturados com grandes diferenças na forma, tamanho, coloração do epicarpo (casca) e espessura do mesocarpo e, vendidos entre R$ 2,00 e R$ 3,00 a dúzia, e entre eles, alguns podem apresentar o mesocarpo (polpa) com sabor amargo, fibroso e repugnante. Além da comercialização dos frutos inteiros nas feiras, vendedores ambulantes comercializam o mesocarpo (polpa) da fruta embaladas em sacos plásticos, contendo aproximadamente 100 gramas ao preço de R$ 4,00, em terminais de integração de ônibus e cruzamentos das avenidas do centro e bairros da cidade. Os frutos de tucumã são bastante resistentes ao manuseio e ao transporte, todavia, a partir do ponto de maturação, tornam-se perecíveis, contudo, para aumentar a viabilidade é necessário acondicionar em sacos plásticos e acomodar em geladeira, por até duas semanas (Figuras 38W, 38X, 38Y e 38Z).

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W

X Figura 38 - (W) detalhe da comercialização dos frutos misturados, depositados em sacos de ráfia; (X) em tabuleiros.

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Y

Z Figura 38 - (Y) detalhe da comercialização dos frutos selecionados; (Z) comercialização do mesocarpo (polpa).

REFERÊNCIAS CONSULTADAS CAVALCANTE, P.B. Frutas comestíveis da Amazônia. 6ª.ed. Belém-PA: CNPq/Museu Emílio Goeldi, 1996. 279p. DE PAULA, J.E. As atividades rurais e urbanas no contexto do aumento da temperatura da terra. Brasília-DF: Cinco Continentes Editora Ltda, 2010. 304p. MIRANDA, I.P.A.; RABELO, A.; BUENO, C.R.; BARBOSA, E.M. RIBEIRO, M.N.S. Frutos de Palmeiras da Amazônia. Manaus-AM: INPA, 2001. 120p. MIRANDA, I.P.A.; RABELO, A. Guia de identificação das palmeiras de um fragmento florestal urbano. Manaus-AM: EDUA, 2006. 228p. MIRANDA, I.P.A.; RABELO, A. Guia de identificação das palmeiras de Porto Trombetas-PA. Manaus-AM: EDUA-INPA-MRN, 2008. 365p. RIBEIRO, J.E.L.S.; HOPKINS, M.J.G.; VICENTINI, A.; SOTHERS, C.A.; COSTA, M.A.S.; BRITO, J.M.; SOUZA, M.A.D.; MARTINS, L.H.; LOHMANN, L.G.; ASSUNÇÃO, P.A.C.L.; PEREIRA, E.C.; SILVA, C.F.; MESQUITA, M.R.; PROCÓPIO, L.C. Flora da Reserva Ducke: guia de identificação de plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia Central. Manaus-AM: INPA, 1999. 816p. PRANCE, G.T.; SILVA, M.F. Árvores de Manaus. Manaus-AM: INPA, 1975. 312p.

SITES CONSULTADOS http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php http://amazonianamidia.blogspot.com http://www.cpaa.embrapa.br http://www.cpafro.embrapa.br/embrapa/Artigos/frut_amaz.htm http://www.cpatu.embrapa.br http://frutasraras.sites.uol.com.br/ http://revistapesquisa.fapesp.br/index http://www.florestavivaextrativismo.org.br/index.php http://www.google.com.br http://www.ibge.gov.br http://www.inpa.gov.br/pupunha http://www.inpa.gov.br/pupunha/receitas/pupunha-bebidas.html http://www.inpa.gov.br/cpca/areas/areas.html http://www.manaus.am.gov.br/index_html http://plataformarg.cenargen.embrapa.br/pnrg http://www.tropicos.org http://www.ufpa.br/permacultura/oque.htm

GLOSSÁRIO A Abundância - É o total de indivíduos de uma espécie, em uma determinada

área.

Amêndoa - Parte da semente envolvida pelo tegumento; qualquer semente

contida em caroço. Prolongamento do receptáculo das flores que sustenta, o androceu e o gineceu (órgão feminino de uma flor). Agroindústria - Local que processa ou beneficia matéria-prima oriunda da agricultura ou extrativismo e vende como produto para o consumo. Antese - Abertura dos botões florais em flores; inflorescências. Ápice - Porção terminal da folha. Arbóreo - Planta lenhosa, que tem porte de árvore. Arborescente - Que apresenta o porte (ou hábito) de árvore. Arbusto - Planta lenhosa, cujo o caule é ramificado desde a base. Arilo - Protuberância do funículo, rafe, ou tegumento; ou tegumento polpudo, ou casca da semente, a sarcotesta. Árvore - Vegetal lenhoso, cujo caule, chamado tronco, só se ramifica bem acima do nível do solo. Axila - É o ângulo formado entre pecíolo da folha e ramos da planta. Androginóforo -

B Fruto simples, carnoso com pericarpo suculento com 1 (um) ou mais carpelos, 1 (um) ou mais sementes livres. Bainha - Parte basal dilatada de uma folha, que abraça, parcial ou totalmente, o ramo ou o caule. Bifoliolada - Com 2 (dois) folíolos de um ponto comum. Biodiversidade - É a existência numa dada região, de uma grande variedade de espécies, ou de outras categorias taxonômicas (como famílias, gêneros, etc.) de plantas ou de animais. Bioma - Grande comunidade, ou conjunto de comunidades, distribuída numa grande área geográfica, caracterizada por um tipo de vegetação dominante. Baga -

A fo n s o R a b e l o

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C Planta ou vegetação que não se mantém verde durante o ano todo, perdendo as folhas na estação seca ou no inverno. Cálice - Verticilo floral externo, inferior, formado por folhas modificadas, sépalas. Capítulo - Tipo de inflorescência definida ou indefinida constituída por um grupo de flores sésseis ou subsésseis inseridas em um receptáculo composto. Capoeira - Vegetação secundária, pobre em espécies, que surge após a derrubada da floresta nativa. Cápsula - Fruto seco, deiscente, derivado de um ovário composto de 2 (dois) ou mais carpelos. Caule - Parte aérea, provida de apêndices verdes, ou folhas, do eixo das plantas superiores, ligada à parte subterrânea, ou raiz. Copa - Ramagem superior de uma árvore, que forma uma superfície convexa. Coriácea - Consistência rígida, espessa, semelhante à do couro; aplica-se especialmente as folhas. Corimbo - Tipo de inflorescência indefinida, em que as flores partem de alturas diferentes e alcançam o mesmo nível, na porção superior. Corola - Verticilo interno do perianto da flor, quase sempre vistoso e de coloração viva, raramente verde, localizada acima das sépalas. Corona - Conjunto de apêndices ligulares que se encontram nas corolas de muitas plantas, (estaminódios, ou estames modificados). Caducifólia -

D Fruto que se abre espontaneamente quando maduro para liberação das sementes. Dioica - Planta que tem órgãos reprodutores masculinos e femininos em indivíduos distintos, unissexuais. Drupa - Fruto carnoso, geralmente 1 (um) só carpelo, 1 (um) só semente concrescida com o endocarpo. Deiscentes -

Ecossistema - É uma área limitada onde vivem mutuamente várias espécies

de animais e vegetais; ambiente em que há troca de energia entre o meio ambiente e seus habitantes. Eixo principal - É aquele em que se inserem os restantes. Endocarpo - Camada interna do fruto que reveste as cavidades (lojas) do fruto. Endosperma - Tecido de reserva que envolve o embrião. Epicarpo - Camada que reveste o fruto por fora, conhecida como casca ou pele do fruto. Espata - Bráctea ampla que envolve as espigas (inflorescências) de muitas plantas, como as aráceas e palmeiras. Espigada - Tipo de inflorescência caracterizada pela presença de flores sésseis dispostas ao longo do eixo ou ráque. Espinho - Provém de caule transformado, folha, raque da folha ou estípula modificada em orgão de defesa. Estame - Folha modificadas que constituem o órgão masculino da flor; formado por 3 (tres) partes: filete, conectivo e antera. A antera e constituída de duas tecas unidas pelo conectivo, que também liga o filete à antera. Estaminódio - Estame estéril, quase sempre reduzido ao filete. Estigma - Órgão glanduloso, situado geralmente no ápice do estilete, que apresenta uma secreção destinada a fixar o grão de pólen. Estilete - Porção filamentosa que prolonga o ovário para cima, e na ponta da qual se acha o estigma através do estilete desse o tubo polínico para penetrar no ovário e operar a fecundação. Estipe solitário - Caule das palmeiras, que é indiviso e termina por uma coroa de folhas.

F Parte do estame que sustenta a antera. Fissurado - Provido de fissuras, fendas ou sulcos longitudinais. Flor terminal - É a que se encontra no extremo de uma inflorescência definida. Filete -

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E

Floresta localizada nas planícies aluviais ao longo dos igarapés, dentro da floresta de terra firme.

Floresta de baixio A fo n s o R a b e l o

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Floresta de terra firme localizada entre a floresta de baixio e floresta vertente. Floresta de platô - Floresta de terra firme localizada nas áreas mais altas do terreno. Floresta de vertente - Floresta de terra firme localizada em terreno com declividade. Folha alterna - Quando as folhas se colocam em níveis diferentes do caule (ramo). Folha composta - Folha na qual a lâmina é dividida por dois ou mais folíolos. Folha opostas - Quando duas folhas se inserem no caule (ramo), ao mesmo nível, mas em oposição, isto é, pecíolo contra pecíolo. Folha simples - Folha não dividida em folíolos. Folíolo - Cada um dos segmentos da folha, distinto e separado. Frequência - Refere-se ao número de locais onde os indivíduos de uma determinada espécie, são encontrados dentro de uma área determinada. Fruto - É o desenvolvimento do ovário, depois de fecundado. É constituído por pericarpo que compreende epicarpo, mesocarpo e endocarpo e a semente em cujo interior se encontra o embrião. Floresta de campinarana -

G Órgão especial originário de caule ou folha modificada, que se enrola e agarra a suportes, auxiliando na sustentação e crescimento da planta. Gineceu - Órgão reprodutor feminino, formado por 1 (um) ou mais carpelos. Glabra - Superfície lisa, desprovida de pelos ou escamas. Gavinha -

H Ambiente natural onde vivem animais ou plantas. Hábito - Fenótipo ou aspecto das plantas quando adulta. Hermafrodita - Quando uma planta é dotada de órgãos reprodutores dos 2 (dois) sexos: bissexual. Habitat -

Igapó - Floresta inundada, onde a água após a enchente dos rios, fica algum

tempo estagnada. Imparipinada - Folha composta pinada, que apresenta a raque terminando por um folíolo. Indeiscente - Fruto que não se abre ao atingir à maturidade para liberar as sementes. Inflorescência - Refere-se à disposição das flores quando estas encontram-se agrupadas nas ramificações da planta. Inflorescência axilar - Situada na axila da folha. Inflorescência terminal - Situada na extremidade ou próxima extremidade do ramo. Infrafoliar - Situada no caule abaixo das folhas, como em Arecaceae (palmeiras). Infrutescência - Frutificação em massa de uma inflorescência, com soldadura de todas as partes florais contíguas, e cujo resultado é 1 (um) fruto composto íntegro. Interfoliar - Situada no caule entre as folhas, como em Arecaceae (palmeiras).

L Lactescente -

Planta provida de látex.

M Sem dentes ou incisões nas margens, lisa. Maturação - Período durante o qual ocorre o amadurecimento do fruto. Membranácea - Consistência fina e semi translúcida, semelhante a membrana. Mesocarpo - Camada mediana do pericarpo dos frutos, a qual, quando estes são carnosos, constitui a polpa. Monoica - Planta com flores unissexuadas, masculinas e femininas, no mesmo indivíduo. Margem inteira -

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I

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N Natural da própria da região em que vive. Órgão fora das flores (glândulas), onde o néctar é segregado. Nervura mediana - Refere-se a nervura principal. Nervura principal - É a nervura central que conduz e suporta a estrutura da lâmina de uma folha simples. Nervura secundária - É a nervura que se origina a partir da nervura principal da folha. Nó - Porção do caule ou do ramo onde se inserem as folhas. Nativo -

Nectário extrafloral -

O Ovário - Orgânulo cavitário da flor, que encerra os óvulos, dentro dos quais

se acha a célula reprodutiva feminina; pode ser súpero ou ínfero, conforme sua posição em relação às demais peças florais; depois da fecundação cresce e forma o fruto. Panícula - Tipo de inflorescência que é um cacho composto, no qual os ramos vão decrescendo da base para o ápice, pelo que assume forma aproximadamente piramidal.

P Paripinada - Folha composta pinada aos pares, sem 1 (um) folíolo terminal.

Haste que suporta o limbo da folha e a uni à bainha ou diretamente ao ramo. Perecível - Fruto sujeito a deterioração. Persistente - Que persiste para além da sua duração funcional; que dura muito tempo. Pétala - Cada peça que constitui a corola das flores; são alvas ou diversamente coloridas, livres entre si ou concrescidas, e muitas desiguais. Pecíolo -

Pinada - Folha composta com folíolos arranjados opostamente ou alterna-

R Tipo de inflorescência correspondentes a cachos ou constituído de um eixo indefinido sobre o qual se inserem flores pediceladas. Ramo - Subdivisão do caule das plantas, com a mesma constituição deste; galhos. Ráquila - São as ramificações das inflorescências e infrutescências das palmeiras. Raque - Eixo principal de uma folha composta pinada. Ritidoma - Parte externa da casca, formada por tecidos mortos. Racemo -

S Sapopema ou raízes tabulares - São extensões achatadas da parte superior das raízes superficiais, atua como estrutura de sustentação das árvores. Semente - É o óvulo fecundado e desenvolvido responsável pela perpetuação plantas superiores, constituído pelo embrião em estado de dormência e, por vezes, tecido nutritivo envolvidos por um revestimento mais ou menos espesso.

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damente ao longo da raque. Pixídio - Fruto capsular, seco, lenhoso, deiscência transversal, cujos carpelos se abrem por uma tampa única e comum. Constituindo-se de duas par­tes: a urna onde estão inseridas as sementes e o opérculo que é a tam­pa; fruto típico da família Lecythidaceae. Planta feminina - Planta em que o gineceu é formado por de ovário, estilete e estigma. Planta masculina - Planta que tem só flores estaminadas (flores masculinas). Planta trepadeira - São plantas que necessitam de suporte para manterem eretas e crescerem, ou por enrolamento ou por meio de gavinhas e órgõas semelhantes; planta escandente.. Pneumatóforo - Raízes aéreas com esponjas, usualmente encontradas em plantas de pântanos, brejos, charcos, etc. Polinização - Transporte do grão de pólen da antera da flor para o estigma. Poro - Qualquer orifício muito estreito num órgão ou parte vegetal.

Cada uma das peças do cálice (verticilo exterior) das flores, gerlamente verde, podendo ser unidas ou separadas. Sincarpo - Fruto resultante do concrescimento dos carpelos, e frequentemente tecido receptacular. Sub-bosque - Formação vegetal adaptada ao sombreamento, que ocorre abaixo das árvores arborescentes (emergentes); representados principalmente por ervas, epífitas, gramíneas, pteridófitas, arbustos, arvoretas e palb meiras. Suculento - Que tem suco ou sumo. Sépala -

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T Revestimento externo das sementes. Aplica-se a todas as florestas que não são sazonalmente inundadas pela cheia dos rios. Tricoma - Qualquer prolongamento ou produção de parede externa das células epidérmicas, com por exemplo, o pelo. Trifoliada - Folha composta, apresentando três folíolos. Tegumento Terra firme -

U Unissexuada -

Flor com um só sexo.

V Vagem - Fruto com 1 (um) carpelo, abertura por 2 (duas) fendas, em geral

abrindo-se longitudinalmente, com várias sementes, seco e geralmente deiscente; comum na família das leguminosas. Variedade - Grupo de indivíduos dentro de uma espécie que morfologicamente diferem dos demais. Várzea - Terreno baixo inundável periodicamente pelas águas de rios.

O AUTOR Afonso Rabelo, natural do município de Canutama-AM, possui graduação em Engenharia Florestal (CREA-2455-D/AM) pela Universidade Federal do Amazonas-UFAM (1997), curso Técnico em Agropecuária pela Escola Agrotécnica Federal de Manaus-EAFM (1983) e curso de Webdesigner pelo Centro de Ensino Superior da Amazônia-CIESA (2003). É técnico especializado em sistemática de palmeiras e fruteiras nativas da Amazônia, lotado na Pesquisa de Taxonomia da Coordenação da Biodiversidade do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) desde 1986, tendo publicado 4 (quatro) livros, 3 (três) capítulos de livros, 2 (dois) artigos completos publicados em periódicos, 1 (um) artigo em revista de circulação nacional e 1 (um) guia de campo. Possui experiência na área de recursos florestais, com ênfase em inventário florístico e dendrometria. Realiza também trabalhos na área de webdesigner, designer gráfico, editoração eletrônica, fotografias da natureza e tratamento de imagens. Atualmente é integrante dos grupos de pesquisas: Taxonomia da Flora Amazônica, Fitogeografia da Amazônia e Estudo da Polinização nos Ecossistemas Amazônicos.

CONTATO: [email protected] [email protected]

ISBN: 978-85-211-0073-7

9 788521 100737

comercializados nas feiras de Manaus-AM

Frutos nativos Da Amazônia

obra é resultado de dois anos de pesquisas e discorre sobre 38 espécies diferentes de fruteiras nativas da Amazônia, catalogadas em 10 feiras livres na cidade de Manaus. Apesar de sua formatação técnico-científica, apresenta uma linguagem simples, objetiva e ricamente ilustrada com fotografias coloridas em alta resolução, dos principais elementos constituintes das plantas, para que possa ser usada pela sociedade em geral, sobretudo, por pequenos agricultores, estudantes e pesquisadores. Os conhecimentos deste livro servirão também de fonte de consultas para trabalhos voltados para pesquisas que visam, especialmente, à incorporação das fruteiras nativas em sistemas agroecológicos e no agronegócio; na criação de leis para proteção de fruteiras raras presentes em fragmentos florestais urbanos e para socialização do conhecimento científico, com vistas à sua aplicabilidade. Além disso, sem a valorização dos frutos nativos, não há argumentos que possam produzir efeitos multiplicadores para a manutenção da floresta em pé.

Afonso Rabelo

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