Eu Sou Assim Mesmo 9788532659255, 9783831902002

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Eu Sou Assim Mesmo
 9788532659255, 9783831902002

Table of contents :
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Folha de rosto
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Sumário
Quem somos nós?
Por que é tão difícil sermos diferentes do que somos?
O que nos guia?
De onde obtenho minha energia?
Como se dá minha percepção?
Como tomo minhas decisões? Com a cabeça ou com o fígado?
De que modo abordo as coisas?
O seu tipo: mais do que quatro letras!
Os quatro temperamentos
Qual é o meu tipo? O seu manual de instruções pessoal
Nota prévia
Manual de teste
Interpretação do teste
IInPPe: os gestores de teorias
EInPPe: os gestores do futuro
IInPJ: os gestores de estratégias
EInPJ: os gestores de competências
IInSPe: os gestores de virtudes
EInSPe: os gestores de ideias
EInSJ: os gestores de relacionamentos
IInSJ: os gestores de empatia
ISeSJ: os gestores de harmonia
ESeSJ: os gestores do social
ISePJ: os gestores da precisão
ESePJ: os gestores do planejamento
ISeSPe: os gestores da tolerância
ESeSPe: os gestores do prazer
ISePPe: os gestores de liberdade
ESePPe: os gestores de crise
E agora, o que muda?
Como nos entender melhor com os outros
A forma como pessoas extrovertidas e introvertidas falam
Pequeno manual de instruções para lidar com extrovertidos
Pequeno manual de instruções para lidar com introvertidos
A forma como pessoas que percebem orientadas pela intuição e pessoas que percebem orientadas pela sensação falam
Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que percebem orientadas pela intuição
Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que percebem orientadas pela sensação
A forma como pessoas que decidem orientadas pelo sentimento e pessoas que decidem orientadas pelo pensamento falam
Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que decidem orientadas pelo sentimento
Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que decidem orientadas pelo pensamento
A forma como tipos julgamento e tipos percepção falam
Pequeno manual de instruções para lidar com tipos julgamento
Pequeno manual de instruções para lidar com tipos percepção
Considerações finais
Referências

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  Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Stahl, Stefanie Eu sou assim mesmo! : manual de instruções pessoal / Stefanie Stahl, Melanie Alt ; tradução de Lorena Richter. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2018. Título original : So bin ich eben! : erkenne dich selbst und andere Bibliografia ISBN 978-85-326-5925-5 – Edição digital 1. Autoconhecimento 2. Estilo de vida 3. Personalidade – Testes I. Alt, Melanie. II. Título. 15-06767

CDD-155.26 Índices para catálogo sistemático: 1. Tipologia : Personalidade : Psicologia 155.26

© 2005 Ellert & Richter Verlag GmbH, Hamburg Edição em língua portuguesa agenciada por Mundt Agency, Düsseldorf, Alemanha Título original em alemão: So bin ich eben! Erkenne dich selbst und andere Direitos de publicação em língua portuguesa – Brasil: 2015, Editora Vozes Ltda. Rua Frei Luís, 100 25689-900 Petrópolis, RJ www.vozes.com.br Brasil Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da editora. CONSELHO EDITORIAL Diretor editorial Gilberto Gonçalves Garcia Editores Aline dos Santos Carneiro Edrian Josué Pasini Marilac Loraine Oleniki Welder Lancieri Marchini Conselheiros Francisco Morás Ludovico Garmus Teobaldo Heidemann Volney J. Berkenbrock Secretário executivo João Batista Kreuch ______________________ Editoração: Maria da Conceição B. de Sousa Diagramação: Sandra Bretz Capa: Ygor Moretti Ilustração de capa: © vidady | fotolia e © olly | Dollar Photo Club Revisão da tradução: Dyda Bessana ISBN 978-85-326-5925-5 (Brasil – Edição digital) ISBN 978-3.8319-0200-2 (Alemanha – Edição impressa)

Editado conforme o novo acordo ortográfico.

Sumário

Quem somos nós? Por que é tão difícil sermos diferentes do que somos? O que nos guia? De onde obtenho minha energia? Como se dá minha percepção? Como tomo minhas decisões? Com a cabeça ou com o fígado? De que modo abordo as coisas? O seu tipo: mais do que quatro letras! Os quatro temperamentos Qual é o meu tipo? O seu manual de instruções pessoal Nota prévia Manual de teste Interpretação do teste IInPPe: os gestores de teorias EInPPe: os gestores do futuro IInPJ: os gestores de estratégias EInPJ: os gestores de competências IInSPe: os gestores de virtudes EInSPe: os gestores de ideias

EInSJ: os gestores de relacionamentos IInSJ: os gestores de empatia ISeSJ: os gestores de harmonia ESeSJ: os gestores do social ISePJ: os gestores da precisão ESePJ: os gestores do planejamento ISeSPe: os gestores da tolerância ESeSPe: os gestores do prazer ISePPe: os gestores de liberdade ESePPe: os gestores de crise E agora, o que muda? Como nos entender melhor com os outros A forma como pessoas extrovertidas e introvertidas falam Pequeno manual de instruções para lidar com extrovertidos Pequeno manual de instruções para lidar com introvertidos A forma como pessoas que percebem orientadas pela intuição e pessoas que percebem orientadas pela sensação falam Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que percebem orientadas pela intuição Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que percebem orientadas pela sensação A forma como pessoas que decidem orientadas pelo sentimento e pessoas que decidem orientadas pelo

pensamento falam Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que decidem orientadas pelo sentimento Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que decidem orientadas pelo pensamento A forma como tipos julgamento e tipos percepção falam Pequeno manual de instruções para lidar com tipos julgamento Pequeno manual de instruções para lidar com tipos percepção Considerações finais Referências

Quem somos nós?

  “Ah, eu sou assim mesmo!” Quantas vezes vocês já ouviram essa frase? Quantas vezes já falaram ou desejaram dizer essa frase? Quantas vezes já ouviram essa pequena frase como explicação ou a deram como explicação – como explicação para suas ações, seu pensamento e seus sentimentos? Para situações nas quais puderam se comportar desta ou de outra forma, e em que seu comportamento não poderia ser diferente? E quantas vezes já usaram essa frase para explicar o comportamento de outra pessoa? – “Ele(a) é assim!” As pessoas são diferentes umas das outras. Sabemos disso. E sabemos que, por serem diferentes, também agem, pensam e sentem de modo diverso. E apesar da diversidade ser uma das maiores obviedades – o que de fato sabemos sobre nós mesmos? Mesmo que cada um de nós já tenha constatado um dia “Sou assim!” ou “Não sou assim!” seríamos muito ingênuos ou muito arrogantes se quiséssemos afirmar que nos conhecemos por inteiro. O que me determina? Por que sou como sou? Por que ajo, sinto e penso desse modo e não de outro? Sou normal ou, quem sabe, não “regulo muito bem”? Sou alguém especial ou totalmente comum? Meus pais são responsáveis pelo que sou ou já nasci assim? Por que razão me sinto atraído por algumas pessoas e com outras simplesmente não há química? Quase todo mundo se pergunta coisas como essas. Imaginem que fosse possível descer de elevador ao seu inconsciente, conhecer com toda a calma o “centro de controle operacional” e contemplar os mecanismos que determinam suas ações, seu pensamento e sentimento, suas decisões e percepções. Imaginem também que nessa hora não conhecerão apenas parte de seus mecanismos e padrões pessoais, mas, sim, que se matricularão em um

curso intitulado “De que forma o ser humano funciona?” Além disso, receberão um manual de instruções pessoal, assim como um manual de instruções para as pessoas de sua convivência. Seria bom, não seria? Mas também um pouco angustiante. Muitos de nós preferem não saber das coisas com tantos detalhes, pois é possível que lá embaixo existam alguns “cadáveres” sobre os quais é melhor não tropeçar. Sabe lá que tipo de coisas nos assombram nesse lugar escuro, o inconsciente, que sombras nos envolvem, que fantasmas do passado, com os quais preferimos não nos deparar, vagam por lá. Fiquem tranquilos, não os conduziremos às mais remotas províncias de sua alma. Nem seríamos capazes disso, já que não os conhecemos pessoalmente. Além do mais, isso não é necessário quando desejamos compreender alguns padrões que determinam tanto a nós quanto aos outros. Nesse momento, muitos de nossos colegas psicólogos, ao menos os que trabalham como psicoterapeutas, balançariam a cabeça. Pois a história pessoal, as experiências pelas quais passamos, principalmente as experiências da infância, são centrais para a compreensão dos padrões e modos de comportamento pessoais. Naturalmente isso é correto. Porém, há algo a ser acrescentado: uma estrutura forte, uma estática estruturante na arquitetura de nossa psique, com a qual nascemos, que é nossa desde o berço. E esse equipamento básico é tão significativo, tão marcante para o nosso comportamento, pensamento e sentimento que é francamente “escandaloso” o fato de a maioria das pessoas saber tão pouco a respeito de quem somos e do que nos determina! Saber demasiadamente pouco sobre nossas qualidades inatas, qualidades que não escolhemos e para as quais não contribuímos. Saber tão pouco a respeito das características básicas da personalidade que nos conduzem em nossas vidas, que constituem parte fundamental de nossa personalidade.

Resumindo: Necessitamos de um manual de instruções para nós mesmos! É possível que haja um manual de instruções dessa espécie? – Pode existir algo assim, “um manual de instruções para o ser humano”? É preciso ser modesto – não há manual de instruções que faça inteiramente jus à individualidade, à história pessoal e às possibilidades de desenvolvimento de alguém. Não existe e jamais existirá. Mas existe um manual de instruções que, apesar de não abranger tudo, é de grande ajuda, muito informativo e, além disso, divertido. É ele o tema deste livro. Esse conhecimento tem origem germânica e remonta ao célebre médico e psicanalista suíço Carl Gustav Jung (18751961), ou seja, tem origem europeia. Porém, foram os americanos que já nos anos de 1960 adotaram o pensamento de C.G. Jung, o ampliaram e obtiveram resultados bastante surpreendentes. Neste livro apresentaremos a vocês a teoria junguiana dos tipos e a teoria das americanas Isabel Myers e Katharine Briggs, bem como os quatro temperamentos segundo David Keirsey e Marilyn Bates. Tais conceitos os levarão a fazer descobertas surpreendentes sobre si mesmos e sobre os outros. Por ora, no entanto, desejamos quase antecipar o clímax e continuar com nossa ideia do “manual de instruções pessoal”. Qual seria o aspecto de um manual dessa espécie? Primeiro deveria fornecer informações sobre características essenciais do ser humano. Por exemplo: Em sua essência, Nina é uma pessoa aberta e comunicativa. Gosta de falar e pode ser muito divertida. Além disso, é boa ouvinte, pois se interessa muito pela vida dos outros. Por isso, tem também bastante conhecimento da natureza humana. Nina necessita de muita proximidade e reconhecimento. Tem dificuldade de estar sozinha, pois extrai a maior parte dos estímulos e suas melhores ideias do contato com outras pessoas. Empenha-se bastante por sua família e pelos amigos. Mas

evita conflitos, pois tem uma marcante necessidade de harmonia. Além disso, o manual de instruções deve dizer algo a respeito de setores importantes da vida como trabalho, amor e relacionamentos ou parentalidade. Por exemplo: Nina gosta que seu campo profissional esteja bemestruturado. Sabe planejar e organizar muito bem, o que é mais fácil para ela do que a necessidade constante de reagir de forma flexível diante de imprevistos. Tem mais talento para línguas e menos no âmbito das ciências naturais ou tecnológicas. Em razão de seu comportamento atencioso e amável e de seu bom conhecimento da natureza humana, terá sucesso em todas as profissões que a coloquem em contato com outras pessoas, como advogada, psicóloga, enfermeira ou consultora – praticamente em todas as profissões voltadas para a prestação de serviços. Seu modo simpático de ser a torna benquista entre seus colegas e superiores. É capaz de assumir a liderança, contanto que esteja voltada para esta. Em relação ao amor e ao relacionamento, o manual de instruções de Nina poderia ter o seguinte aspecto: Amor e parceria representam valores muito importantes para ela. Apaixona-se, na maior parte das vezes, intensamente. É muito dada ao romantismo. Mais do que outros tipos, sonha com um relacionamento ideal e deseja que o relacionamento permaneça para sempre igual à fase inicial da paixão. Tende a afastar muito a realidade cotidiana do relacionamento, de modo que a relação corre perigo. Depois da apresentação de importantes setores da vida de Nina, o manual de instruções deve ser encerrado com conselhos concretos sobre como lidar com ela: Nina adora refletir sobre a vida e sobre as relações interpessoais. Deseja principalmente compreender o contexto. Temas puramente factuais e objetivos lhe interessam menos. Caso desejem estabelecer uma boa conversação com ela, por

favor, não a atormentem com excesso de informações objetivas e descrições detalhadas, pois isso rapidamente a cansa e entedia. Nina se empenha bastante para ter uma convivência harmoniosa, por vezes mais do que se percebe à primeira vista. Esse seu ponto forte, entretanto, é simultaneamente seu ponto mais fraco: ela se sente enfraquecida e terrivelmente incompreendida quando seu esforço não é reconhecido ou até mesmo interpretado de forma oposta. Gosta de ouvir o quanto sua contribuição é importante. Quando desejam criticá-la de algum modo, por favor, façam-no com cuidado, pois ela reage de forma bastante sensível. É melhor mencionar primeiro o que há de positivo. Como isso pode ser possível? Como escrever tanto sobre uma pessoa sem conhecer sua história pessoal? E, além disso: esse tipo de “manual de instruções” é puro preconceito e manipulação! Ou, mais exatamente: um manual de instruções para seres humanos é uma coisa arrogante, pois não respeita a singularidade do indivíduo! São mais ou menos essas as objeções que poderiam ser feitas ao que foi exposto até então. Por isso, nos próximos capítulos explicaremos a vocês do que se trata. Vocês verão que não se trata de mágica, nem de charlatanismo, nem mesmo de algo moralmente reprovável. Ao contrário, a teoria dos tipos contribui para a melhor compreensão interpessoal, tem fundamento psicológico, é altamente interessante e – divertida!

Por que é tão difícil sermos diferentes do que somos?

Como sempre, o Sr. Müller chega pontualmente a seu escritório. Passa carinhosamente os olhos sobre sua mesa de trabalho: os lápis estão cuidadosamente organizados; ao lado de seu computador há apenas sua lista de tarefas. O Sr. Müller senta-se e estuda sua lista: nos últimos dois dias conseguiu eliminar mais itens do que imaginava, ele progrediu bem, por isso entoa um satisfeito: “Resolvido!” No fim da semana poderá concluir o projeto, seguindo exatamente o cronograma. Ele ama sua profissão. Pode passar horas debruçado sobre seus números, é muito detalhista, raramente comete um erro. O Sr. Müller odeia ser interrompido, sobretudo quando a Sra. Weber – a fofoqueira de plantão – entra sem bater na porta e o “sequestra para um cafezinho”. Segundo ele, a Sra. Weber deveria tomar menos café e se dedicar mais a seu trabalho. Ontem mesmo ele a pegou cometendo outra vez um erro. A Sra. Weber é considerada a “alma” da empresa, mas com o Sr. Müller ela não tem sucesso. Quem não conhece “tipos” como o Sr. Müller e a Sra. Weber? Será que um dia inverterão seus papéis? A Sra. Weber então se dedicará horas a fio, de porta fechada, ao balanço da empresa e o Sr. Müller entrará, como se estivesse a passeio, em sua sala dizendo: “Cara colega, que tal um cafezinho?” Talvez sim. Ao menos os filmes ou as propagandas nos mostram fenômenos como esse. Mas, e na vida real? Provavelmente não. Nós, seres humanos, quase não modificamos nossa natureza ao longo de nossa vida. Modificamos nossos posicionamentos, opiniões e podemos

também abrir mão de certos comportamentos ou adquirir outros ou, então, ao menos lapidá-los. Porém não conseguimos modificar de modo fundamental nossa natureza – e na maior parte das vezes também não queremos isso. Ou: Não somos capazes de ser diferentes, apesar de muitas vezes desejarmos. Por quê? O que determina nosso caráter, nossa natureza? Há dois fatores decisivos: Primeiro, nossa experiência de vida, em especial as experiências de nossa infância que – na maior parte das vezes de modo inconsciente – nos marcam. Quando, por exemplo, uma criança é muito criticada e pouco elogiada, provavelmente desenvolverá pouca confiança em suas capacidades. Mesmo adulta, reagirá de forma angustiada diante de exigências e se julgará menos capaz do que de fato é no que diz respeito às suas capacidades objetivas. Segundo, nossa natureza é determinada por tendências, isto é, por disposições inatas. Apesar de a pesquisa psicológica evidenciar o oposto, essas ainda são fortemente subestimadas. Muitos pais que têm dois ou mais filhos sabem muito bem o quanto seus filhos eram diferentes desde bebês e o quanto ainda são. Quando a criança pouco elogiada já nasceu com uma tendência para a angústia, o comportamento dos pais terá um efeito ainda pior no desenvolvimento de sua personalidade do que no caso daquela com pouca tendência para a angústia. Desde sempre, a personalidade humana é explorada pela ciência psicológica. Numerosos e amplos estudos investigam as qualidades da personalidade e as características essenciais que explicam e tornam nosso comportamento previsível. O que os psicólogos praticam com seus métodos científicos, todos nós fazemos com nosso dom de observação e nossa psicologia do cotidiano: Tipificamos pessoas segundo as suas semelhanças e diferenças. Declarações como “Pessoas de determinada índole”, “Fulano é um ser humano de outra categoria”, “Diz-

me com que andas e te direi quem és” ou “Os opostos se atraem” – o “parentesco da alma” ou a “falta de química entre duas pessoas” são apenas algumas das muitas afirmações coloquiais, fruto de nosso conhecimento da psicologia cotidiana, cujo objetivo é agrupar as pessoas de nossa convivência de acordo com suas semelhanças e diferenças. Não conseguimos abrir mão de nossa tipologia leiga pessoal. Necessitamos de algumas gavetas que nos ajudem a ordenar um pouco as diversas impressões geradas pelas pessoas com as quais convivemos. Sem generalizações, nosso cérebro estaria completamente sobrecarregado. Perderíamos a orientação. Não saberíamos definir nosso posicionamento. Não teríamos um ponto de partida, nenhum plano que nos guiasse de modo mais ou menos seguro pela selva social. E pior: sem a comparação com o outro, que sempre inclui certa generalização, jamais seríamos capazes de desenvolver uma ideia sobre o que nos determina pessoalmente. Diariamente nos vemos confrontados com diferenças que remontam a diferentes culturas, ao gênero e às características inatas. Nesse sentido é importante compreendermos que o fato de sermos únicos e, mesmo assim, nos reconhecermos dentro de certos padrões não é uma contradição. Ninguém pensa em duvidar da unicidade e individualidade de um menino só porque prefere, como a maioria dos meninos, brincar com carros do que com bonecas. Da mesma forma costumamos aceitar a exceção, quer dizer, quando ele prefere brincar com bonecas. Todos seguimos certos padrões e, ao mesmo tempo, somos inconfundíveis e únicos. Pode-se dizer que a individualidade é a expressão de diferentes variáveis de determinados padrões. Provavelmente, o Sr. Müller zelou por sua coleção de Smurfs e organizou seus carrinhos de brinquedo quando era criança. Da mesma forma, provavelmente tenha tido

poucos, porém constantes, companheiros de brincadeira ou então um único melhor amigo. Conseguimos igualmente imaginar o Sr. Müller criança construindo com infinita paciência e zelo um aeromodelo. A Sra. Weber, por sua vez, já gostou de conversar com todo tipo de pessoa quando era criança e teve muitos companheiros de brincadeira. Certamente já desejou participar de tudo e tinha dificuldades de brincar por um tempo maior sozinha em seu quarto. Em resumo, a ação conjunta dessas qualidades e tendências determina nosso ser, o qual não se alterará substancialmente ao longo da vida.

O que nos guia?

Afinal, quais as influências internas, genéticas e de outras pessoas que determinam nosso ser? A resposta, pouco surpreendente, é: muitas! Na psicologia científica, o atual estado de pesquisa é: Nascemos com determinadas tendências que posteriormente são estimuladas ou deformadas conforme as experiências que temos quando criança. Por exemplo, uma característica essencial da personalidade é a inteligência, determinada em 80%. Desse modo, os pais têm apenas 20% de liberdade para treinar a inteligência de seu filho. Nossa índole também nos é dada desde o início, seja um pouco fleumática, robusta, porosa, seja mais esquiva ou audaz, apenas para mencionar algumas variantes. Naturalmente, a índole de uma pessoa também é influenciada pela educação e pelo meio ambiente. Na teoria dos tipos parte-se de quatro dimensões psicológicas que determinam o cerne de nosso ser, nossa personalidade. Essas quatro dimensões não são apenas úteis para descrever nossa personalidade, mas também para descobri-la, formulá-la e, assim, torná-la de certa forma manejável. A seguir apresentaremos resumidamente as quatro dimensões e, nos capítulos subsequentes, há uma descrição completa com muitos exemplos do cotidiano. A primeira dimensão: De onde obtenho minha energia? C.G. Jung observou duas fontes básicas das quais um ser humano pode obter sua energia: do mundo externo ou de sua vida interior. Jung chamava essas duas atitudes básicas

de extroversão (orientação para fora) e introversão (orientação para dentro). Pessoas extrovertidas lançam sua energia para o mundo e deste extraem sua energia. Gostam de ir ao encontro de pessoas e são comunicativas. Recarregam suas baterias de preferência em boa companhia, com a qual obtêm sua força e alegria de viver. Pessoas introvertidas tendem a obter sua energia de seu mundo interno constituído por ideias e sentimentos. Também gostam de estar entre pessoas, embora necessitem de mais tempo a sós do que as extrovertidas. Para obter sua força interna, priorizam estar sozinhas. Um excesso de contato e comunicação tende a sobrecarregá-las. Lembremo-nos de Nina, cujo manual de instruções apresentamos no primeiro capítulo. Nina é extrovertida pois, em sua essência, é aberta e comunicativa. Gosta de falar e pode ser muito divertida… Tem dificuldades de estar sozinha… Terá sucesso em todas as profissões em que esteja em contato com outras pessoas… A segunda dimensão: Como se dá minha percepção? A percepção é o processo interno por meio do qual assimilamos informações de nosso meio circundante. A forma como percebemos determina o modo como enxergamos o mundo, sendo esse modo o fundamento de nosso sentimento, pensamento e ação, pois o ser humano só pode agir e reagir diante das coisas que percebe (consciente ou inconscientemente). Jung diferenciou a percepção sensorial da intuitiva. Pessoas que percebem principalmente por meio de seus sentidos, as que percebem, por assim dizer, pela sensação, se orientam baseadas na realidade externa: por meio da audição, da visão, da sensação, do olfato e do paladar. Sua percepção está focada no mundo experimentável através

dos cinco sentidos. São pessoas pragmáticas e ligadas aos fatos. Vivem no aqui e agora e costumam considerar-se realistas. Pessoas que percebem sobretudo orientadas pela intuição, as que percebem, por assim dizer, intuitivamente, naturalmente também percebem através de seus cinco sentidos, e não poderia ser diferente, mas seu inconsciente tem maior participação em sua percepção, isto é, na forma de inspirações e associações internas que surgem como compreensões súbitas e se entrelaçam na imagem percebida que lhes é transmitida por seus cinco sentidos. Desejam, por assim dizer, olhar através das coisas, buscam contextos mais amplos e se entusiasmam mais pela teoria e menos pelos fatos. Seu olhar para a realidade é menos nítido, captam menos os detalhes. Quem percebe intuitivamente tenderia mais a se intitular idealista do que realista. Nina é alguém que percebe intuitivamente, pois quando se apaixona sonha com o relacionamento ideal… Tende a afastar demasiadamente a realidade cotidiana do relacionamento. Temas puramente factuais e objetivos a interessam menos… Caso desejem estabelecer uma boa conversa com ela, por favor, não a atormentem com excesso de informações objetivas e descrições detalhadas, pois isso a cansa e a entedia rapidamente. A terceira dimensão: Como tomo minhas decisões? A percepção de uma situação é seguida por uma avaliação. Em outras palavras: A que resultados, conclusões e avaliações chegamos? Naturalmente, a reflexão sobre uma situação determina em larga escala as nossas decisões. C.G. Jung diferia a decisão orientada pelo pensamento daquela orientada pelo sentimento, mesmo que ambas as formas sejam consideradas racionais.

Aqueles que decidem, por assim dizer, orientados pelo pensamento (i. é, que priorizam a decisão orientada pelo pensamento), refletem, de modo objetivo e analítico, o que por vezes os faz parecer um pouco frios e distantes. Incluem seus sentimentos no processo de decisão apenas para sustentar sua análise lógica. Tendem mais a se orientar pelo objeto do que pelo ser humano. Calculam as consequências de suas decisões para as pessoas de sua convivência, mas estas não determinam suas ações. Em caso de dúvida dão prioridade à “voz da razão”. Já aqueles que decidem, por assim dizer, orientados pelo sentimento ponderam e decidem com base em seus valores pessoais. Valores baseados nas relações interpessoais orientam suas decisões, e nunca perdem de vista as consequências de suas decisões para as pessoas de sua convivência. Quem decide orientado pelo sentimento zela pela harmonia e pelo equilíbrio e, em geral, são calorosos. Apesar de também considerarem uma reflexão de natureza mais racional, a “voz de seu íntimo” é a determinante. Nina decide orientada pelo sentimento, pois se interessa muito pela vida dos outros… Tem uma marcante necessidade de harmonia… Em razão de seu comportamento atencioso e amável, terá sucesso em todas as profissões voltadas para a prestação de serviços… Amor e parceria são valores muito importantes para ela… No intuito de evitar conclusões precipitadas, nem todas as mulheres decidem orientadas pelo sentimento e nem todos os homens decidem orientados pelo pensamento. A quarta dimensão: Como abordo as coisas? A quarta e última dimensão psicológica da teoria dos tipos não remonta a C.G. Jung, e sim, foi acrescentada pelas americanas Isabel Myers e Katharine Briggs. Essa dimensão se refere, por assim dizer, a nossa atitude básica perante o

mundo externo. Aqui se diferencia entre a atitude que ajuíza, ou julga, e a atitude que percebe. Pessoas que tendem para uma atitude de julgamento perante o mundo se orientam à medida que avaliam, isto é, ajuízam mais rapidamente do que os tipos percepção. Isso, entretanto, não deve ser confundido com julgar, no sentido de ser condenatório ou taxativo! Os tipos julgamento se destacam pelo ímpeto interno de resolver e encerrar as coisas. Sentem-se aliviados quando tomam uma decisão e/ou quando uma tarefa é concluída. Por isso, em geral dividem bem seu tempo e são considerados organizados e estruturados. Os tipos percepção/perceptivos se deixam levar mais pelas impressões externas, mantêm sua percepção aberta – são, por assim dizer, receptores constantes e não chegam tão rapidamente a um ajuizamento. São flexíveis e se adaptam facilmente, mas têm dificuldade de se comprometer e decidir. Preocupam-se mais em perder alguma coisa do que em concluir algo. Por não gostarem de se comprometer, têm dificuldade de organizar seu tempo, por isso resolvem muitas coisas no último minuto. Nina é um tipo julgamento, pois gosta que seu campo profissional esteja bem-estruturado, o que é mais fácil para ela do que a necessidade constante de reagir de forma flexível diante de imprevistos… Estamos falando de dimensões psicológicas, o que significa que há dois polos e entre esses muitas variações, ou seja, modalidades. A seguir uma síntese das quatro dimensões: Image Em cada dimensão, cada pessoa tende mais para uma ou para outra modalidade e a intensidade de expressão da modalidade varia de indivíduo para indivíduo. Algumas

pessoas são muito extrovertidas e outras, muito introvertidas; entre esses dois polos há muitas variações. Em relação às outras dimensões acontece a mesma coisa. Além disso, não existe pessoa que se comporta apenas de forma extrovertida ou introvertida, apenas sensorial ou intuitivamente ou que decide se orientando apenas pelo pensamento ou pelo sentimento. Mesmo usando sempre ambas as modalidades, inconscientemente tendemos a priorizar uma ou outra modalidade. Por isso, a teoria dos tipos fala também em tendências, ou seja, preferências. Podemos comparar esse fato à lateralidade: a maioria das pessoas prioriza a mão direita ou a esquerda; a outra mão, porém, também é usada, embora seja apenas menos hábil. A teoria dos tipos parte do pressuposto de que essas tendências são inatas e se manifestam muito cedo no desenvolvimento de uma pessoa. Naturalmente, o meio ambiente também influencia o quão fortemente uma pessoa desenvolve uma tendência inata. O comportamento parental pode tanto se opor quando estimular uma determinada tendência de uma criança, não sendo nunca possível mudar a inclinação por inteiro. Aqui as influências da educação se deparam com limites. Essas quatro dimensões, quer dizer, a modalidade de funcionamento de uma pessoa em cada uma dessas dimensões, determinam em larga escala do que gostamos e do que não gostamos e transmitem muitas informações sobre padrões de comportamento, pensamento e sentimento de uma pessoa. Uma vez que toda pessoa, em cada dimensão, tende mais para uma ou outra modalidade, existem 4 x 4 possibilidades de combinações diferentes, das quais resultam disso 16 combinações possíveis, sendo que cada uma corresponde a um determinado tipo de personalidade: portanto, há 16 tipos de personalidade. Mais uma vez ilustramos cada uma dessas com Nina:

Extrovertido

E

Percepção orientada pela intuição

In

Percepção orientada pelo sentimento

S

Tipo julgamento

J

Nina é um Tipo “Extrovertido, que percebe orientada pela Intuição, decide orientada pelo Sentimento e um tipo Julgamento”. Elaboramos siglas para essa expressão enorme e marcamos as letras a serem usadas como sigla. Sendo assim Nina é um EInSJ. Caso fosse introvertida, seria um IInSJ. Caso fosse introvertida e percebesse Sensorialmente, seria um ISeSJ, e assim por diante. O princípio parece ser claro: determinamos a modalidade de uma pessoa em cada dimensão e, com base nisso, combinamos as quatro modalidades resultantes e as nomeamos com a sigla correspondente. A seguir mais uma vez uma síntese das dimensões com as siglas correspondentes: Extrovertido

E

Introvertido

I

 

 

Percepção orientada pela intuição

In

Percepção orientada pela sensação

Se

 

 

Decisão orientada pelo sentimento

S

Decisão orientada pelo pensamento

P

 

 

Tipo julgamento

J

Tipo percepção

Pe

Caso isso lhe pareça complicado, acalme-se. Não é preciso estudar exaustivamente as noções e suas siglas para prosseguir com a leitura. Simplesmente continue lendo, o resto se dá espontaneamente. Neste capítulo lhe apresentamos as quatro dimensões de modo muito abreviado para que num primeiro momento, antes que você

mergulhe mais profundamente, compreenda o princípio dessa teoria dos tipos. De fato as quatro dimensões nos revelam ainda muito mais sobre sentir, pensar e sobre o comportamento. O que, exatamente, descobrirá ao longo dos próximos capítulos.

De onde obtenho minha energia?

Se você não sabe o que pensa um extrovertido, não prestou atenção! Se você não sabe o que pensa um introvertido, não perguntou! Jack Falt, psicólogo.

As noções extroversão e introversão são de origem latina e, traduzidas, significam “voltado para fora” (extrovertido) e “voltado para dentro” (introvertido). Extroversão e introversão designam dois tipos de estilo de personalidades diferentes e indicam o modo como uma pessoa se relaciona com as pessoas de sua convivência (mundo externo) e consigo mesmo (mundo interno). O extrovertido se sente atraído prioritariamente pelo mundo externo. Ama estar entre pessoas, gosta de falar, fala muito e estabelece contatos rapidamente. Tende a se sentir solitário quando não há ninguém por perto e não gosta de estar sozinho. Numa festa, o extrovertido fala com muitas pessoas, se aproxima delas e faz novas amizades rapidamente. Quando a festa acaba, deseja ir para a próxima. O introvertido se sente atraído pelo mundo interior das ideias e dos sentimentos. Também gosta de estar entre pessoas – mas não em excesso! E, por favor, não por um tempo demasiadamente longo! Prioriza um ciclo pequeno de amigos. Numa festa, se relaciona com poucas pessoas e com as que lhe são familiares, com as quais conversa por mais tempo. Depois de algum tempo quer ir para casa. A presença de muitas pessoas (estranhas) o esgota, pois prefere ficar consigo mesmo.

As pessoas extrovertidas obtêm sua energia no contato com as pessoas. Recarregam suas baterias quando estão em boa companhia, ao passo que as introvertidas obtêm sua energia de sua vida interior. Recarregam suas baterias quando estão sozinhas. As características da personalidade extrovertida e introvertida são inatas e, em 90% dos casos, determinadas geneticamente. Desse modo, não há muito espaço para uma “reeducação”. Por isso, já na infância podemos observar: uma criança extrovertida salta com os dois pés para dentro do mundo – vai ao parquinho e participa das brincadeiras. Estabelece rapidamente contato com os outros e seus pais a alertam repetidamente para não se aproximar de forma tão confiante das pessoas. A criança introvertida primeiro observa o acontecimento de fora e, talvez, só depois participa da brincadeira. Uma criança introvertida jamais poderá ser educada para ser um valentão audacioso, mesmo quando os pais (extrovertidos) são um bom exemplo. Uma criança extrovertida jamais se ocupará em silêncio, e por muitas horas, com um livro, mesmo quando seus pais (introvertidos) o fazem com dedicação. Justamente por essas características serem determinadas geneticamente, tende a ser mais raro que ambos os pais apresentem uma modalidade diferente de seu filho. Como no caso das outras características da personalidade, das quais nos ocuparemos adiante, é importante sublinhar: • As características são inatas. Não as escolhemos! • Uma coisa não é melhor ou pior do que a outra! Ambas têm suas vantagens e desvantagens. Pessoas extrovertidas são companheiros animados que buscam contatos e variedade. Entusiasmam-se e têm dificuldade de excluir os outros de suas experiências. Muitas vezes são narradores envolventes. Espalham sua energia pelo mundo e se abastecem desta, querem aventurar-se.

Sua sede de aventuras faz com que também assumam riscos. Preferem fazer uma jogada dupla do que ficar fora de uma rodada. Aparentam ser autoconfiantes e, em geral, bem-humoradas. Mas as pessoas extrovertidas precisam tomar cuidado para não se esgotarem excessivamente nessa entrega ao mundo, pois tendem a negligenciar o confronto consigo mesmas, a se deixar distrair ou cegar pelo mundo externo. Nesse caso, pessoas extrovertidas também podem cansar muito os outros, uma vez que falam só de si, são maus ouvintes e se comportam de modo dominante e autorreferente. Pessoas introvertidas tendem a ser companheiros calmos e deixam sua energia atuar internamente. Muitas vezes mergulham em seus pensamentos e é difícil perceber o que acontece em seu interior. Vivem a vida de modo cuidadoso e sensato. Quando se interessam por algo, são capazes de se concentrar durante horas e mergulhar em sua ocupação. Nessas horas não precisam de outras pessoas – por vezes durante dias. Em geral são bastante independentes do mundo externo. Usufruem de sua esfera privada e se tornam inquietas quando não têm tempo suficiente para si mesmas. Hesitam em falar de sentimentos e ideias pessoais, e só o fazem com seus amigos próximos. Quando o tema, entretanto, se refere a seus hobbies e interesses, conseguem falar bastante. Em princípio, pessoas introvertidas não são, conforme se acredita, mais tímidas ou inibidas do que as extrovertidas. Apenas não têm uma necessidade tão grande de se comunicar. Pessoas introvertidas correm o perigo de se perder demasiadamente em seu mundo interior, ocasiões em que se entregam a devaneios, fantasias e teorias irreais de modo que sua relação com a realidade se torna demasiadamente frouxa. Uma conversa com pessoas muito introvertidas pode se tornar bastante árdua. Seu modo retraído de ser pode, às vezes, parecer arredio ou até arrogante.

Seguindo o ditado “os opostos se atraem”, pessoas extrovertidas e introvertidas muitas vezes se sentem atraídas umas pelas outras quando escolhem seus parceiros: Erik e Isis se conhecem de seu trabalho no banco. Isis admira o modo charmoso e aberto de Erik no contato com os clientes. Considera a forma descontraída e autoconfiante com que ele entra em cena e o bom humor que costuma demonstrar muito atraentes. Ele facilita a conversa, pois gosta de falar bastante e, desse modo, não surgem pausas constrangedoras durante a conversa, como ocorre com alguns outros conhecidos. Erik considera o modo calmo de Isis muito atraente e profundo. Isis é ótima ouvinte e tudo que diz sempre tem sentido. A independência dela o fascina. É raro encontrá-la tomando cafezinho com os colegas, bem como não costuma participar dos almoços coletivos. Consegue ficar consigo mesma, mas nem por isso parece arredia ou pouco amável. Erik e Isis se apaixonam. No primeiro ano de seu relacionamento se empenham muito em agradar um ao outro. Gradativamente, porém, surgem necessidades diferentes de se relacionar. Erik tem um círculo amplo de amigos e conhecidos, adora sociabilizar-se e está sempre em busca de diversão. Isis gosta de ficar em casa sozinha ou a dois. De vez em quando convida amigos próximos para um jantar. Em festas passa a segunda parte da noite reclamando que quer voltar para casa enquanto Erik ainda está muito animado. Começam a brigar cada vez mais: Erik acusa Isis de ser uma “estraga prazeres” e inibida. Isis retruca que o modo superficial e espalhafatoso dele a enoja. Além disso, Erik fica furioso quando numa situação de confronto Isis se fecha e se “recolhe em seu casulo” em vez de resolver o problema. Isis, por sua vez, se sente atropelada pela fala de Erik. Nas discussões com ele mal tem tempo de refletir. Alguma hora descobrem que o outro não é “teimoso e obstinado”, e sim, apenas que Erik é

extrovertido e Isis, introvertida. Daí em diante conseguem compreender e respeitar muito melhor suas diferenças. Determinaram um dia em que ambos ficam em casa à noite. Erik se encontra frequentemente sozinho com amigos enquanto Isis aproveita o momento para ficar sozinha em casa. Em festas, Isis pega um táxi quando deseja voltar para casa. No caso de discussões, Erik aceita que Isis necessita primeiro de um tempo para refletir. Combinam continuar a discussão no dia seguinte. Opondo-se aos preconceitos típicos de gênero segundo os quais mulheres falam mais rápido do que pensam e os homens resolvem tudo consigo mesmos, as características da personalidade extrovertida e introvertida independem do sexo e se encontram de modo mais ou menos equivalente entre homens e mulheres. O ditado “Falar é prata, calar é ouro” só pode ter sido inventado por uma pessoa introvertida. Para o extrovertido esse ditado não faz nenhum sentido: “Culpa sua se você não consegue falar com o coração nas mãos e permanece em silêncio”. Quando fazemos uma pergunta a uma pessoa extrovertida, ela começa a falar imediatamente, às vezes antes de terminarmos. Quando a fazemos a uma introvertida, ela reflete por um breve (ou longo) instante antes de responder. Pessoas introvertidas desejariam que todas as outras primeiro refletissem e só depois falassem. Pessoas extrovertidas gostam de pensar em voz alta, isto é, têm suas melhores ideias quando conversam com os outros. Pode acontecer de o extrovertido verbalizar uma ideia que é igualmente nova para ele. O introvertido, por sua vez, não verbaliza o processo de seu pensamento, apresenta o resultado. Provavelmente a seguinte situação lhes é familiar: durante uma conversa em equipe, algumas pessoas (extrovertidas) têm a palavra, falam rapidamente e em voz alta, apresentam sugestões e ideias e, por vezes, se interrompem mutuamente. Uma pessoa ainda não se

manifestou e, por fim, seus colegas pedem sua participação: “Qual a sua opinião?” A pessoa começa a falar e, em poucas palavras, chega ao cerne do problema. Quando temos um chefe extrovertido recomenda-se perguntar: “Devemos fazer tal coisa de tal maneira?” Pode acontecer de ele responder: “Não, só pensei em voz alta!” Quando temos um chefe introvertido, um bom conselho seria não confundir silêncio com consentimento. Se perguntarmos outra vez, pode acontecer de ele retrucar: “Mas eu não disse nada! Vou pensar novamente sobre isso!” Pessoas extrovertidas e introvertidas lidam também de maneira diferente com problemas pessoais: o extrovertido dá com a língua nos dentes. Quando algo o aflige, conversa com os amigos a respeito. Elisabeth está com dor de cotovelo. Sua amiga introvertida Isabelle a aconselha a passar alguns dias sozinha na praia. Lá poderia estar a sós, passear e fazer coisas boas para si mesma – ficar em paz. Para Elisabeth, que é extrovertida, isso se assemelharia a um exílio no inferno – só que lá ao menos teria companhia! Nada seria pior do que ficar sozinha, justamente agora que precisa de amigos com os quais pode abrir seu coração. Pessoas extrovertidas e introvertidas diferem entre si inclusive em relação a seu estilo de trabalho. A introvertida se aprofunda durante horas em sua atividade e o mundo em volta desaparece. Não deseja ser interrompida e mantém a porta do escritório fechada. A extrovertida prefere ocupar-se com tarefas diversas que prometem variedade. Gosta de deixar a porta do escritório aberta, pois deseja participar do que acontece ao seu redor; após ter trabalhado concentrada e sozinha por um tempo, necessita de uma breve pausa na companhia dos outros. Caso não haja nenhum colega disponível para um bate-papo, recorre ao telefone. Em geral, pessoas extrovertidas preferem trabalhos em que têm

contato com outras pessoas. Já a introvertidas priorizam atividades que podem resolver sozinhas. Pessoas extrovertidas passam pela vida de forma curiosa, aberta e autoconfiante. Na sociedade ocidental, a pessoa extrovertida goza de maiores chances de sucesso e de mais prestígio. Uma apresentação autoconfiante, a sociabilidade e a capacidade de se impor são habilidades sociais desejadas e, na maior parte das vezes, extrovertidas. Muitas pessoas introvertidas compartilham dessa opinião, por isso anseiam por uma transformação extrovertida de sua índole. Mas, devido ao fato de as pessoas mais agradáveis serem as que vivem em boa companhia consigo mesmas, desejamos novamente lançar luz sobre os tesouros ocultos dos introvertidos: pessoas introvertidas são basicamente mais independentes do que as extrovertidas – sentem-se bem em sua própria companhia. Por se relacionarem de modo mais profundo com seu mundo interno de ideias e sentimentos do que as extrovertidas, são mais consequentes em suas ações: refletem por um longo tempo e, depois de tomarem uma decisão, persistem. Quando põem um determinado objetivo na cabeça, por exemplo, o de aprender um instrumento ou uma língua estrangeira, em geral o fazem de modo persistente e consequente. Pessoas introvertidas são “corredores mentais de longa distância”. Quando se dedicam a uma tarefa se “entregam” com mais cuidado, dependem bem menos de elogios e constatações acerca de seu sucesso do que as extrovertidas. O pesquisador que, apesar das muitas adversidades, se dedica com persistência a seu objetivo e, por fim, quando ninguém mais acredita nele, alcança sua meta, é um bom exemplo para a criação introvertida. Pessoas extrovertidas, por sua vez, sempre alegremente dedicadas ao mundo, se entusiasmam rapidamente e, na maior parte das vezes, a curto prazo. É típico de pessoas extrovertidas começarem muitas coisas,

mas desistirem assim que a primeira chama de euforia se apaga. Com frequência, o projeto não vai além do mundo das ideias. Um dia uma mulher extrovertida disse acertadamente: “O caminho de minha vida é luminoso, pois à esquerda e à direita há muitos fogos de palha ardendo!” Certamente, vocês refletiram enquanto leram e tentaram avaliar se são mais extrovertidos ou introvertidos. É importante dizer que não se trata de duas características mutuamente excludentes da personalidade. Vocês podem imaginar a dimensão da extroversão-introversão como um termômetro numa escala de +40º a 0º. Isso significa que algumas pessoas são claramente extrovertidas ou introvertidas (quando comparadas à temperatura, mais ou menos 20 graus), mas que gradações são igualmente possíveis. Algumas pessoas se encontram relativamente no centro e se comportam, quase com a mesma frequência, de forma introvertida ou extrovertida. Independentemente de sermos mais extrovertidos ou introvertidos, abrigamos também o oposto, o que significa que toda pessoa introvertida experimenta momentos extrovertidos, e viceversa.

Como se dá minha percepção?

O todo é mais do que a soma de suas partes, acredita aquele que percebe intuitivamente. Fatos, fatos, fatos! É o que conta para aquele que percebe sensorialmente.

Cada um de nós assimila por dia milhões (talvez bilhões) de pequenas unidades de informação em grande parte elaboradas de forma inconsciente. Chamamos esse processo de percepção. É justamente a isso que se refere a segunda dimensão da teoria dos tipos: De que modo uma pessoa assimila informações do mundo externo – como se dá a sua percepção? A teoria dos tipos diferencia a percepção sensorial da intuitiva. É importante enfatizar que fazemos sempre ambas as coisas, ou seja, percebemos de modo sensorial e intuitivo, ninguém é exclusivamente extrovertido ou introvertido. Há, porém, uma tendência natural inata de priorizar (inconscientemente) um dos dois processos de percepção. As pessoas que tendem a perceber mais a partir dos sentidos (percepção sensorial) confiam no que podem ver, tatear, cheirar e no paladar. Estão ligadas aos fatos, são pragmáticas e realistas. Seus sentidos voltam-se para a realidade tátil, para o que é e menos para o que poderia ser. Têm ambos os pés no chão e estão voltadas para o mundo. Interessam-se por possibilidades práticas, por aquilo que é realizável. Discussões abstratas e teóricas sobre o que eventualmente poderia ser as cansam e entediam rapidamente. Tudo o que experimentam mediante seus sentidos é digno de confiança para elas. Aprendem com as

experiências e confiam nessas. Isso já é perceptível na infância: crianças que percebem orientadas pelos sentidos aprendem melhor com a experiência. Pouco adianta os pais lhe explicarem a diferença entre “meu e seu”. Ao contrário, precisam experimentar repetidas brigas com outras crianças quando simplesmente tomam os brinquedos delas. (Pais de uma criança que percebe intuitivamente, por sua vez, têm mais chances de sucesso com explicações, pois tais crianças tendem a aprender mais pela compreensão.) Devido ao fato de aqueles que percebem sensorialmente concentrarem-se no que é palpável, na realidade objetiva, costumam perceber seu entorno de modo exato, não deixando escapar nada. Assimilam detalhes, os armazenam e os depositam em sua memória como se essa fosse um fichário. Preferem fatos. Quando a percepção sensorial se encontra especialmente desenvolvida, isso pode gerar um enorme esforço mental. Quando escutamos uma pessoa falar de uma viagem, de anos atrás, e ela ainda consegue se lembrar detalhadamente da rota de viagem, retendo inclusive o nome de pequenos lugares onde ficou por pouco tempo, assim como o preço dos pernoites, lembrancinhas e restaurantes; se ela, porventura, ainda souber o valor do câmbio, assim como o nome de alguns hotéis, então ela provavelmente é alguém que percebe sensorialmente. Em razão da boa percepção dos detalhes daqueles que percebem sensorialmente, seu estilo de narração pode – porém, não necessariamente – ser um pouco prolixo e excessivamente minucioso, algo que tortura em especial aquele que percebe de modo intuitivo. Quem percebe intuitivamente faz, assim como os que percebem sensorialmente, têm ambas as formas de percepção, priorizam, entretanto (inconscientemente), a intuição. A percepção intuitiva se dá, por assim dizer, pelo assim chamado “sexto sentido” – a inspiração, o insight. Compreender isso não é tão fácil como no caso da

percepção sensorial. O inconsciente participa mais da percepção intuitiva do que da percepção sensorial. Associações que surgem do inconsciente e as quais nos são passadas via lampejos e inspirações se entrelaçam na imagem percebida que é transmitida àquele que percebe intuitivamente orientado pelos seus sentidos. A percepção intuitiva tende a ocorrer orientada pelas compreensões internas; poderíamos dizer que essa tem uma tonalidade mais subjetiva do que no caso daquele que percebe sensorialmente. Quem percebe intuitivamente se interessa menos por aquilo que é óbvio e palpável. Desejam apreender o sentido superior que está por trás do que se manifesta aos olhos. Buscam as relações existentes entre as coisas, o significado subjacente. “A moral da história” interessa àquele que percebe intuitivamente bem mais do que a história em seus detalhes. Quando o Fausto de Goethe se ocupa da questão “O que mantém o mundo unido em sua essência?”, isso o caracteriza como alguém que percebe intuitivamente. Se Fausto fosse alguém que percebe orientado pela sensação, se dedicaria mais à questão “O que o mundo ainda não me revelou em termos de fatos?” Se entregamos uma rosa a uma pessoa que percebe sensorialmente e à outra que percebe intuitivamente e pedimos que falem algo sobre a flor, a que percebe sensorialmente elogiará o odor e a bela cor, mencionará a forma e a estrutura das folhas e talvez ainda comente alguns fatos e experiências relativas a rosas. Resumidamente, acionará seus sentidos e conhecimentos sobre fatos. No caso da pessoa que percebe intuitivamente, a resposta poderia ser mais ou menos esta: a rosa me lembra meu primeiro encontro com uma moça. Na época eu tinha 16 anos e estava terrivelmente nervoso. Em seu jardim, meus pais tinham lindas rosas que eram sempre

admiradas por todos. Levei rosas vermelho-escuras para a moça… As pessoas que percebem orientadas pela intuição e as que percebem orientadas pela sensação diferem igualmente no que diz respeito à sua relação com o tempo. As que percebem intuitivamente se ocupam com perspectivas futuras, as que percebem sensorialmente com as possibilidades do presente: Inês, que percebe intuitivamente, anda de carro com sua amiga Selma que percebe sensorialmente. Visualizam, no ambiente rural, uma velha e deteriorada casa de campo, cujo glamour de outrora pode no máximo ser intuído. Inês fica encantada, espontaneamente surgem imagens internas referentes ao que poderia ser feito com essa casa. Ela assimila a casa como um todo, sem considerar os detalhes. Diante de seu olho interno, a casa resplandece na forma de uma construção nobre e restaurada. Selma não é capaz de compartilhar de seu entusiasmo. Diferentemente de sua amiga, considera os detalhes e, portanto, os vários defeitos. Vê o enorme investimento em termos de reforma e gastos. Interessa-se por aquilo que há no presente. Aqueles que percebem sensorialmente veem o que é viável. Os que percebem intuitivamente veem o que seria possível. C.G Jung escreveu: “O intuitivo jamais está onde há valores da realidade comumente aceitos, e sim onde se encontram possibilidades”. Os que percebem intuitivamente se entusiasmam por aquilo que poderia ser. Detalhes os entediam, por isso, muitas vezes não reparam neles. Amam esboços grandes (e rudimentares) e sofrem quando, em seguida, precisam elaborar seus detalhes. Têm mais êxito na fase em que os projetos são delineados. Outra pessoa, porém, deve assumir a elaboração dos detalhes e prosseguir com o projeto. Quem percebe intuitivamente começa quando tem o esboço geral de como prosseguir. Leem o manual de instruções só em caso de necessidade.

Amam mudanças e variedade, mas tarefas rotineiras lhes causam horror. Já para os que percebem sensorialmente, a rotina é uma forma efetiva de resolver as coisas. Sérgio, que percebe sensorialmente, e Ina, que percebe intuitivamente, voltam para casa depois de um jantar com amigos. Sérgio elogia a boa comida: o cordeiro assado desmanchava na boca, a crosta de alecrim e farinha de pão estava simplesmente maravilhosa. E o vinho tinto não poderia ter combinado mais. Inspirado, Sérgio sugere arranjar um livro de culinária mediterrânea no dia seguinte. Assim talvez pudessem fazer algumas receitas na noite seguinte, quando Suse e Helmut fossem visitá-los. Pois é algo que combina com o verão – será que o tempo continuará firme, para que a mesa possa ser posta na varanda amanhã? Ina responde quão admirável seria o fato de a boa comida unir as pessoas. Reflete sobre o ritual da refeição em grupo de fato ocorrer em todas as culturas e pergunta a Sérgio se um dia ele já leu algo a respeito, como se poderia explicar o fato de seres humanos se reunirem com tanto prazer para as refeições em todos os lugares e desde as épocas mais remotas? Sérgio responde perguntando quando foi que ela viu a grande assadeira de ferro pela última vez e se há a possibilidade de tê-la emprestado para algum amigo. Ina responde distraída que amanhã daria uma olhada. Em seguida, continua perguntando se ele conhece alguma cultura para a qual a comida não tem um valor central. Sérgio diz: “O que você acha de eu fazer uma sopa de tomates com curry seguida de espaguete com pesto amanhã?” Ina responde: “O que você acha de festejarmos o meu aniversário de quarenta anos na Itália?” Sérgio: “Como você imagina isso? Como conseguirá levar todos os seus convidados para lá? Na verdade ainda teríamos de pagar a hospedagem deles. Em suma, seriam muitas coisas a serem organizadas!” Ina responde: “Poderíamos alugar uma grande casa de campo

na Toscana”. Sérgio: “Mas como faremos as compras amanhã? Você poderia resolver a questão dos vinhos?” Ina prossegue em suas reflexões: “Bem, não acho a ideia nada má. Se a Itália for longe demais, podemos alugar uma bela casa aqui perto”. Sérgio começa a ficar impaciente e acusa Ina de estar novamente no mundo da lua. O que precisa ser feito agora é resolver a questão da noite seguinte. Ina pergunta o que mais ele quer resolver, do ponto de vista dela está tudo acertado. Sérgio responde de forma ríspida: “Está tudo certo? Então você já sabe o que vamos cozinhar?” Ina pensa rapidamente e responde: “Bem, estou com vontade de comer aspargos”. Sérgio fica perplexo: “Diga-me Ina, você está sonhando? Aspargos em agosto?” Ina começa a ficar aborrecida e responde que ele já havia dito que ia pesquisar em seu magnífico livro de culinária novo. Sérgio responde igualmente irritado: “Às vezes gostaria que você, ao invés de fantasiar constantemente, também me ajudasse a fazer as coisas. Pois, afinal de contas, também foi ideia sua convidar Suse e Helmut amanhã!” Ina revida: “A sua caretice realmente me irrita!” Esse exemplo demonstra como pessoas que percebem intuitivamente e pessoas que percebem sensorialmente têm estilos de comunicação diferentes. Os que percebem sensorialmente gostam de se referir a fatos, detalhes e exemplos, ao passo que as pessoas que percebem intuitivamente nos apresentam compreensões, conceitos e novas ideias. Desse modo, pode acontecer de não haver uma comunicação direta entre eles: Quando aquele que percebe intuitivamente se estende sobre sua compreensão teórica, isso não apenas cansa aquele que percebe sensorialmente, como também o faz acreditar que a pessoa que percebe intuitivamente não tem os pés no chão. Além disso, pessoas que percebem intuitivamente tendem a fazer verdadeiros voos em seu raciocínio e isso irrita aquele que percebe sensorialmente pois este prefere um raciocínio

linear. Quem percebe intuitivamente, por sua vez, se impacienta quando a pessoa que percebe sensorialmente se refere de novo a exemplos concretos, os explana detalhadamente sem chegar ao ponto (na real compreensão). Secretamente, os que percebem intuitivamente se julgam mais inteligentes. Aqueles que percebem sensorialmente tendem, em razão de sua estrutura de percepção, a ser realistas ao passo que podemos considerar idealistas os que percebem intuitivamente. De acordo com isso, os que percebem sensorialmente avaliam as relações interpessoais de forma mais realista. Criam uma imagem mais próxima da realidade de seu parceiro, pois são excelentes colecionadores de informações. Os que percebem intuitivamente, por sua vez, prestam menos atenção aos comportamentos visíveis do parceiro e no que o parceiro de fato diz. Costumam criar uma imagem interna subjetiva dele que muitas vezes pode consistir num grande engano. Tendem a idealizar as relações, pois sonham com a amizade ou o relacionamento perfeito. Aqueles que percebem sensorialmente também podem devanear, mas voltam mais rapidamente à realidade. Em uma relação necessitam de uma alta previsibilidade e de regras claras, e esperam que os planos compartilhados se tornem realidade. Quando algo dá errado se baseiam em fatos. Para aqueles que percebem intuitivamente, os problemas no relacionamento constituem apenas um desafio para mudar algo. Podem se ater firmemente à crença de que tudo acabará bem, só é preciso se esforçar o suficiente. Podem voltar sempre a sonhar com novas possibilidades. Alguns pequenos fatos desagradáveis que, porventura, poderiam se opor à sua visão, são ofuscados ou então diminuídos de tal forma que acabam se tornando irrelevantes. Naturalmente aquele que percebe sensorialmente também não desiste diante da primeira dificuldade, mas inclui mais fortemente os fatos, o que

existe, em suas reflexões. Devido a seu senso de realidade, suas expectativas em relação ao relacionamento se encontram mais próximas da realidade. Pessoas que percebem intuitivamente diferem também em seu estilo de trabalhar e em seu modo de aprendizagem daquelas que percebem sensorialmente. Estas preferem confiar em suas experiências práticas e não em teorias. Agem de forma sistemática: comparam dados e fatos passo a passo e os averiguam em face da demanda de ação atual. Por confiarem mais em suas experiências, priorizam caminhos convencionais quando precisam resolver algo, pois estes se revelaram mais eficientes. Fazem parte de seus valores preferidos o bom-senso, o detalhismo e a ciência dos fatos. Nesse sentido priorizam trabalhos que exigem esse tipo de valores. Uma elaboração detalhada e uma realização concreta de uma ideia lhes dá mais prazer do que apresentar constantemente propostas inovadoras. Os campos de ação que, dependendo de suas aptidões, mais as atraem no âmbito acadêmico são, por exemplo, medicina, geografia, história e disciplinas tecnológicas. Nos cursos técnicos, as encontramos em áreas como na contabilidade, no ramo bancário, na mecânica automobilística, no secretariado, na agricultura e nas atividades artesanais. Aqueles que percebem intuitivamente amam tudo que é inovador, criativo e os grandes projetos inovadores. Gostam de pensar estabelecendo relações complexas. Detectam o padrão oculto, a ligação entre coisas que aparentemente não têm relação. Buscam as “compreensões profundas”. Têm um faro apurado para o que está prestes a despontar e para o que é promissor. O caminho novo os atrai bem mais do que o que é familiar e antigo. Quando alguém que percebe sensorialmente lê essas últimas linhas, elas provavelmente lhe parecerão um pouco confusas e abstrusas. Aquele que percebe intuitivamente, e cujo lar é a

abstração, estará de acordo. Devido ao fato de aquele que percebe intuitivamente com frequência flutuar em esferas mais elevadas, tende a cometer mais erros relacionados a dados da realidade do que aquele que percebe sensorialmente. Sente-se menos inclinado a se ater aos detalhes e, sendo assim, algumas informações importantes lhe escapam. Por outro lado, quando se encontra no caminho certo, é possível que tenha êxito em seus planos inovadores. Os campos de atividade que atraem os que percebem intuitivamente são, no âmbito acadêmico, filosofia, psicologia, direito, estudos literários e artísticos. Além disso, os encontramos em diversas profissões artísticas e, por vezes, também como consultores, na área tecnológica e artesanal, à medida que estas lhes inspirem inovações.

Como tomo minhas decisões? Com a cabeça ou com o fígado?

Quando ouvimos alguém dizer: “Isso é duro, porém justo!”, provavelmente estamos lidando com alguém que decide orientado pelo pensamento. Quando, em contrapartida, ouvimos alguém dizer: “Que a piedade esteja acima da justiça!”, provavelmente se trata de uma pessoa que decide orientada pelo sentimento.

A terceira dimensão da teoria dos tipos se refere ao processo pelo qual uma pessoa toma decisões: Ela se deixa conduzir mais pelos seus sentimentos do que pela razão? C.G. Jung distinguia entre a decisão orientada pelo sentimento e a orientada pelo pensamento. Aqui também vale a afirmação de que ninguém decide exclusivamente orientado pelo pensamento ou pelo sentimento. Quem decide orientado pelo sentimento tem plena capacidade de pensar de forma lógica (mesmo que a pessoa que decide orientado pelo pensamento às vezes duvide disso) e, naturalmente, aquela que decide orientada pelo pensamento também tem sentimentos (mesmo que aquele que decide orientado pelo sentimento às vezes duvide disso). Aquele que decide orientado pelo pensamento tende a considerar o mundo a distância. Quando se vê diante de uma decisão internamente dá um passo para trás e analisa a situação de modo racional e objetivo. Aquele que decide orientado pelo sentimento dá um passo internamente para frente, fica de antena ligada e acessa seus valores pessoais. Aqueles que decidem orientados pelo sentimento se baseiam em seus valores pessoais. Consideram as

consequências de sua decisão para as pessoas de sua convivência. Valorizam muito uma convivência harmônica e, por isso, conseguem se colocar melhor no lugar do outro do que os que decidem orientados pelo pensamento. Aqueles que decidem orientados pelo pensamento, por sua vez, têm mais chances de, sem querer, dar uma bola fora. Suzana, que decide orientada pelo sentimento, apresenta Paulo, seu novo namorado, que decide orientado pelo pensamento, a seus pais. Antes do encontro ela estava bastante nervosa. Para seu alívio, a noite foi muito agradável. No caminho para casa, Suzana, curiosa, pergunta se Paulo gostou. Ele responde radiante: “Amor, estou tão feliz por você cozinhar melhor do que sua mãe!” Suzana se cala. Paulo se dá conta disso depois de alguns instantes. Pergunta o que aconteceu e Suzana responde que considera o comentário dele pouco gentil, pois a noite foi muito agradável! Paulo fica consternado, só queria fazer um elogio à sua namorada. Aqueles que decidem orientados pelo pensamento são analíticos e objetivos. Incluem seus sentimentos em sua decisão, mas só para apoiar o processo de decisão lógico. Os seus sentimentos estão a serviço de sua lógica, não o contrário. Consideram as coisas e pessoas baseadas em um distanciamento interno. Mesmo quando estão entusiasmados com algo, reparam imediatamente nos erros. Seu modo sóbrio por vezes os faz parecer duros e insensíveis. Tato não é seu forte e, na maior parte das vezes, também não é muito importante para eles. Quando precisam decidir entre serem sinceros ou terem tato, em geral preferem dar prioridade à sinceridade. Registram os sentimentos do outro, mas estes não determinam suas decisões. Se dissermos a alguém que decide orientado pelo pensamento: “Não sei se meu casamento ainda faz sentido”, sua primeira reação poderia ser: “Caso necessite, conheço uma boa advogada especializada em divórcio!”

Aqueles que decidem orientados pelo pensamento tomam uma decisão depois de analisarem os fatos de forma lógica e ponderar todos os argumentos sensatos. Tendem a considerar mais as consequências lógicas de sua decisão do que as consequências para as pessoas de sua convivência. Aqueles que decidem orientados pelo sentimento se voltam mais para seus próximos e visam a harmonia e o equilíbrio. Conseguem considerar um problema do ponto de vista racional e lógico, mas, em última instância, a avaliação orientada pelo sentimento é determinante para sua decisão. Procuram permanecer fiéis a seus valores pessoais. Aqueles que decidem orientados pelo sentimento aparentam ser calorosos e amorosos. Independentemente de serem socialmente competentes ou não, têm dificuldades para serem breves e profissionais. Antes de fazerem uso da lógica, primeiro são compreensíveis. Se dissermos a alguém que decide orientado pelo sentimento: “Não sei se o meu casamento ainda faz sentido”, sua primeira reação poderia ser: “Sinto muito. Imagino que não seja nada fácil para você”. Assim como no caso das outras dimensões, a função de decisão orientada pelo pensamento ou sentimento é inata. De fato essa é a única característica para a qual se encontrou uma relação específica com o gênero: segundo os estereótipos específicos de gênero, há mais mulheres que decidem de acordo com o sentimento e mais homens que decidem de acordo com o pensamento. Entretanto, a diferença não é muito marcante: cerca de 65% dos homens tendem a decidir com o pensamento e cerca de 65% das mulheres tendem a decidir com o sentimento. Seguindo o raciocínio do estereótipo homem/mulher, os homens costumam ser descritos como lógicos, racionais e sensatos, ao passo que as mulheres são caracterizadas como emocionais, compreensivas e cuidadosas. Conforme revelam os percentuais apresentados, a tendência é essa,

embora haja uma interseção de 35%, isto é, 35% dos homens decidem com o sentimento e 35% das mulheres decidem com o pensamento. Todos nós conhecemos homens considerados sensíveis e ternos e mulheres consideradas objetivas e sóbrias. Desses homens, costumase dizer que têm qualidades “femininas” e dessas mulheres que têm qualidades “masculinas”. Do nosso ponto de vista seria mais correto dizer que são pessoas que decidem orientadas pelo sentimento ou pelo pensamento. Sandro e Patrícia são os pais de Nikolas e Lea, respectivamente de sete e nove anos de idade. Sandro, que decide orientado pelo sentimento e Patrícia, pelo pensamento, se entendem relativamente bem, mas com frequência se desentendem apenas em relação à educação das crianças: Sandro acha que Patrícia lida de modo demasiadamente duro com as crianças, ao passo que Patrícia o acusa de ser inconsequente. Patrícia estimula que as crianças estudem e obtenham êxito e dá muito valor à autonomia. Seus filhos devem aprender a assumir responsabilidades por si próprios e pelos outros, por isso ela elaborou um plano que encarrega as crianças de pequenas tarefas domésticas. Ela exige uma divisão justa e o cumprimento dessas tarefas. Segundo ela, exceções não são justas. Sandro tem uma visão um pouco diferente. O mais importante para ele é que seus filhos se tornem “pessoas boas”. Encoraja-os com frequência a expressarem seus sentimentos e a assumirem sua opinião. Além disso, Sandro permite com frequência exceções à regra: “Ele foi tão corajoso no dentista, deixe-o assistir um pouco mais de televisão”. Dos pais, Sandro é o mais afetuoso e condescendente, cede com frequência. Ambos se complementam, pois Patrícia impede Sandro de desistir demasiadamente rápido e Sandro intermedia entre Patrícia e os filhos quando um conflito ameaça intensificar-se. Contanto que Sandro e

Patrícia não discutam suas diferenças na frente das crianças, os filhos se beneficiarão dos estilos diferentes de educação de seus pais, pois necessitam de ambos. Gostaríamos de frisar claramente que nenhuma das duas preferências de decisão é basicamente melhor ou pior. Dependendo da situação, ambas têm suas vantagens ou desvantagens. O processo de tomar decisões orientado pelo pensamento é superior àquele orientado pelo sentimento quando se trata de problemas impessoais e decisões puramente objetivas como a compra de um carro. O processo de tomar decisões orientadas pelo sentimento é, na maior parte das vezes, mais favorável quando envolve pessoas e depende de cooperação. As duas atitudes básicas podem se beneficiar amplamente uma da outra: para aquele que decide orientado pelo sentimento pode ser muito útil ouvir os argumentos sensatos de alguém que decide orientado pelo pensamento e adicioná-los as suas reflexões determinadas pelo sentimento. Isso parece muito plausível quando se pensa em uma decisão objetiva como a compra do carro onde aquele que decide orientado pelo sentimento tende a não perceber falhas ocultas ou a não pensar suficientemente sobre o financiamento, pois acredita que o carro combina bem com ele e porque a cor e a forma lhe agradam. A consideração de argumentos racionais, entretanto, pode igualmente poupar aquele que decide orientado pelo sentimento em seu próprio meio, o âmbito interpessoal, de uma ou outra decepção quando, por exemplo, se dedica demasiadamente às pessoas de seu convívio, se deixa cegar pela sua aparente carência e não percebe a tendência destas de usarem constantemente outras pessoas para os seus próprios fins. Aquele que decide orientado pelo pensamento – com a cabeça fria –, porém, avalia as boas ações daquele que decide orientado pelo sentimento e calcula o resultado: “Você já apagou várias vezes os incêndios de Jorge, mas alguma vez você já

o viu se esforçar verdadeiramente para acabar com a sua miséria?” Em contrapartida, é igualmente aconselhável que aquele que decide orientado pelo pensamento considere as reflexões de quem decide orientado pelo sentimento, pois isso aumentará sua capacidade de ter empatia e, assim, o poupará de “efeitos colaterais humanos” indesejados. Assim sendo, pode acontecer de aquele que decide orientado pelo pensamento negligenciar demasiadamente o fator humano em suas considerações objetivas. Um superior, que claramente decide orientado pelo pensamento, pode não conseguir sair do lugar, pois suas instruções se desfazem de modo difuso. Ficará muito surpreso quando aquele que decide orientado pelo sentimento lhe explicar alguns dos conflitos malresolvidos de seus colegas que aquele que decide orientado pelo pensamento não calculou ou, então, não percebeu. O conselho de quem decide orientado pelo sentimento: “Separe a Sra. Jaqueline e o Sr. Silvio, pois eles não se dão e diga logo algumas palavras mais pessoais à Sra. Jaqueline reconhecendo o mérito dela…” deve ser levado a sério por aquele que decide orientado pelo pensamento. Aquele que decide orientado pelo pensamento dá mais valor à lógica do que aos sentimentos, ao passo que aquele que decide orientado pelo sentimento valoriza mais os sentimentos do que a lógica. As avaliações daquele que decide orientado pelo sentimento muitas vezes parecem incontroláveis e inconstantes a quem decide orientado pelo pensamento. Inversamente, aquele que decide orientado pelo sentimento com frequência sente as avaliações de quem decide orientado pelo pensamento como muito duras e distantes do ser humano. Quem decide orientado pelo pensamento se pergunta: “Qual é a verdade?”, quando aquele que decide orientado pelo sentimento reflete: “O que está em harmonia comigo?” Quem decide orientado pelo pensamento considera a

decisão baseada no sentimento suspeita pelo simples fato de seu sentimento não se encontrar suficientemente desenvolvido, pois o consulta menos do que à sua razão. Isso significa que mal pode confiar em seus sentimentos. Quem decide orientado pelo sentimento, por sua vez, já passou diversas vezes pela experiência de se enganar redondamente quando não ouviu a voz de seu íntimo e deu prioridade a uma decisão puramente racional. Nossa sociedade estima mais o estilo de tomar decisões orientado pelo pensamento do que o orientado pelo sentimento. Os próprios programas de ensino das escolas têm como finalidade treinar o pensamento lógico e a argumentação objetiva das crianças. Por isso, abdicamos neste momento de frisar especialmente os ganhos da decisão orientada pelo pensamento. Porém, no intuito de evitar mal-entendidos devemos deixar claro que aqueles que decidem orientados pelo pensamento não são mais inteligentes do que os que decidem orientados pelo sentimento. Nenhuma pesquisa científica foi capaz de estabelecer uma ligação entre a inteligência e a forma de tomar decisões. A decisão orientada pelo pensamento é tão boa quanto os fatos em que se baseia. Ao lançar mão de critérios irrelevantes ou falsos, o resultado é igualmente precário. O pensamento objetivo não é obrigatoriamente melhor. Assim como os que decidem orientados pelo pensamento não se baseiam exclusivamente em seu pensamento, os que decidem orientados pelo sentimento não se encontram completamente imersos em seus sentimentos. Ambos os caminhos para a tomada de decisões são considerados racionais: Ambos conduzem ao objetivo pretendido, só que de formas diferentes.

De que modo abordo as coisas?

Apenas mentes pequenas criam ordem, o gênio domina o caos! É esse o lema do tipo percepção. Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje! É essa, por sua vez, a opinião do tipo julgamento.

A última dimensão da teoria dos tipos se dedica à postura e à atitude básica com as quais uma pessoa vai ao encontro do mundo e se aproxima das coisas. Diferenciam-se aqui os tipos percepção dos tipos de julgamento. As tendências de conduzirmos a vida orientada pela percepção ou pelo julgamento podem, por assim dizer, ser concebidas como diferentes estilos de vida. A atitude que tende mais ao julgamento diante do mundo está relacionada a um impulso interno de concluir, decidir, avaliar coisas. A atitude que tende à percepção se encontra associada à inclinação de manter as coisas em aberto, assimilar informações, de perceber. Assim como no caso das outras dimensões sempre fazemos uso de ambas as atitudes, isto é, tanto da percepção como do julgamento, com diferentes intensidades. Como essas inclinações diferentes se expressam no comportamento de uma pessoa, em sua vida cotidiana? Os tipos julgamento apresentam certa urgência de abordar as coisas de modo planejado, de estruturá-las e, o mais importante, de concluí-las. Os tipos julgamento são os inventores e usuários de listas de tarefas. Muitos deles não conseguem imaginar uma vida sem uma lista de tarefas. Listam o que precisam fazer diária ou semanalmente, resolvem a tarefa e em seguida a riscam. A palavra

“resolvido” gera a eles uma sensação agradável. Planejar e estruturar coisas transmite aos tipos julgamento uma sensação de segurança e controle, a sensação de que tudo está “sob controle”. Está associado a isso o fato de, quando comparados aos tipos percepção, os tipos julgamento gostarem de tomar decisões, ao passo que os tipos percepção tenderem mais a adiá-las. Tipos julgamento se sentem impelidos a tomar decisões, ficam aliviados quando tomam uma decisão, pois esta abre o caminho para o planejamento e a organização. Os tipos percepção têm uma natureza mais lúdica. Preocupam-se mais com a possibilidade de perder alguma coisa do que com a conclusão de algo. Sua percepção está sempre aberta a novas impressões. Por isso se sentem melhor quando podem deixar uma decisão em aberto, pois, quem sabe, ainda pode acontecer algo melhor! Às vezes hesitam até o último momento, preocupados em não terem colhido informações suficientes para tomarem uma decisão. Em princípio preferem deixar as coisas se desenvolverem a estruturá-las e planejá-las de antemão. Sentem certo malestar quando são pressionados a se comprometer. Para tipos percepção, listas de tarefa são, na melhor das hipóteses, um mal necessário. Quando as elaboram, perdem-nas com frequência ou então esquecem sua existência. Tipos percepção adoram investigar coisas desconhecidas. Sua atenção se volta para o que naquele momento desperta seu interesse. Deixam-se distrair com facilidade e são curiosos por natureza. Pode-se dizer que os tipos percepção se deleitam com o caminho, isto é, se orientam mais pelo processo ao passo que os tipos julgamento se deleitam com o objetivo, ou seja, se orientam mais pelo resultado. A razão pela qual tipos julgamento gostam de concluir as coisas e os tipos percepção gostam de manter as coisas em aberto está relacionada à tensão interna. Tensões internas não

necessariamente precisam ser acessíveis à consciência. Podem igualmente gerar uma tensão difusa num nível mais abaixo da consciência. Independentemente de a tensão ser percebida de modo consciente ou inconsciente, ela gera na pessoa o impulso de reduzi-la. No caso do tipo julgamento, a tensão se dá quando as coisas estão suspensas, incertas e em aberto. Quanto mais importante a decisão a ser tomada ou o trabalho a ser resolvido, maior o impulso de concluí-lo. Devido ao fato de uma decisão tomada gerar alívio para o tipo julgamento, ele só precisa das informações necessárias para tomá-la. No caso do tipo percepção, a tensão se dá quando ele é forçado a se decidir a favor de algo e, desse modo, contra outra coisa. Ele evita a tensão à medida que mantêm a decisão o maior tempo possível em aberto para assim não inviabilizar outras opções. Conforme se pode perceber, as atitudes do julgamento e da percepção estão intimamente vinculadas à forma como conduzimos nossa vida cotidiana, por isso essa dimensão pode gerar muitos atritos entre casais. Julia (J) chega em casa numa noite de inverno. Deleita-se com a possibilidade de estudar os prospectos sobre destinos de viagens para planejar as férias de verão. Já anotou vários lugares e hotéis quando Peter (Pe) chega em casa, como sempre atrasado e estressado. Julia fala cheia de entusiasmo das diversas possibilidades de destinos para suas férias. Deseja incluir Peter no planejamento. Para sua decepção, ele reage de modo um pouco aborrecido, pois ainda precisa fazer muitas ligações telefônicas e resolver diversas coisas que não conseguiu fazer ao longo do dia. Além disso, Peter diz que as férias de verão ainda estão muito longe e ainda não sabe para onde quer ir e o que gostaria de fazer. “Vamos ser flexíveis e manter em aberto possibilidades espontâneas”, é o que Peter pensa. Julia retruca irritada que as ofertas exigem uma reserva prévia, pois, caso contrário, se esgotarão ou tudo ficará

demasiadamente caro. Lembra-o das últimas férias que ficaram frustrados num destino turístico lotado, pois esperaram demais e não tiveram mais nenhuma outra opção. Acusa-o de que essa sua espontaneidade sempre acaba no caos. Peter responde que os planejamentos caretas de Julia acabam com seu ânimo. Assim, já estão no meio de uma briga que costuma irromper cada vez que planejam ou deixam de planejar algo a dois. Uma diferença essencial entre os tipos julgamento e percepção é sua sensação de tempo. Para os tipos percepção, o tempo é elástico, flexível e maleável, é uma fonte da qual nos alimentamos de acordo com nossa necessidade. Dispõem do tempo à vontade. Os tipos julgamento dividem o tempo. Como os tipos percepção não se orientam tanto pelo objetivo, cedem mais facilmente às tentações presentes no entorno de sua tarefa momentânea. Gostam de se desviar, são atraídos por distrações e se dedicam a estas – assim o tempo se esvai. Isso, porém, não raro conduz à situação de estarem sob pressão, se atrasarem com frequência e – uma especialidade dos tipos percepção – resolverem tudo na última hora. Para tipos julgamento, pessoas estruturadas e organizadas, o tempo, por sua vez, é dividido em unidades: 15 minutos, 30 minutos, 60 minutos. Sentem o tempo praticamente como uma agenda imposta. O tempo é precioso e deve ser aproveitado, portanto odeiam desperdiçá-lo. Desse modo, para eles prazos são forçosos: elaboram um cronograma e, na maior parte das vezes, têm êxito ao cumpri-lo. Apesar de serem capazes de resolver trabalhos de última hora, não se sentem bem com isso e refletem aborrecidos sobre como evitar esse tipo de pressão futuramente. Para tipos percepção, um prazo tende mais a representar um combinado flexível ou o último momento para se iniciar uma tarefa.

É óbvio que noções diferentes de tempo proporcionam muito material para conflitos entre tipos percepção e julgamento. Tipos julgamento não suportam quando alguém os deixa esperando. Veem os tipos percepção como pessoas desorganizadas e caóticas. O que aborrece sobremaneira os tipos julgamento é o fato de a falta de organização muitas vezes ocorrer à sua custa. Os tipos percepção, ao contrário, frequentemente se sentem pressionados pelos tipos julgamento e os percebem como pessoas rígidas, inflexíveis e que as apressam. Assim como os tipos percepção e julgamento diferem um do outro na forma como se relacionam com o tempo, sua relação com a ordem é igualmente distinta. Sendo assim, a afeição por planejamentos e estrutura dos tipos julgamento e a afeição por flexibilidade e por deixar as coisas em aberto dos tipos percepção não se revela apenas no comportamento e, sim, em seu entorno. Reconhece-se a mesa de trabalho de um tipo percepção pela confusão de papéis de anotações, livros espalhados, pastas, aglomerados de papel, xícaras de café ou tudo de que ele necessita, ou não, para o trabalho. Em resumo, é aquele estado que um tipo percepção chamaria de “caos criativo” e um tipo julgamento, de “catástrofe”. A mesa de trabalho de um tipo julgamento se caracteriza, ao menos no fim do expediente, por um vazio razoável; na melhor das hipóteses encontra-se nesta ainda uma lista de tarefas para o dia seguinte (e caso não esteja lá, está na primeira gaveta). Naturalmente essa descrição é bastante simplificada, mas a tendência nos parece clara: o tipo julgamento prefere o controle e a ordem; o tipo percepção na verdade também, mas não suficientemente para gerá-los, a não ser em momentos de verdadeiros ataques de arrumação. Aliás, uma das razões de o tipo percepção tender à aglomeração e ao acúmulo de coisas é o fato de ele não ser capaz de tomar a decisão de jogar alguma coisa fora. Talvez um dia

precise de certo objeto. Além disso, revela-se aqui também a inclinação lúdica do tipo percepção de voltar sua atenção para assuntos diversos que acabam se materializando e espalhando sobre sua mesa de trabalho. As diferentes necessidades de ordem dos tipos julgamento e percepção, em geral, não se reduzem a seu local de trabalho, mas são também encontrados em sua casa. Para evitar malentendidos: não se trata de uma regra que tipos julgamento são “apóstolos da ordem” e tipos percepção, “bagunceiros”. Estamos falando de inclinações, tendências. A pessoa que tende para uma atitude de percepção, normalmente não necessita de tanta organização. A desordem gera menos tensão para ela do que para uma pessoa que tende a uma atitude de julgamento e que se sente melhor quando as coisas estão “em seu devido lugar”. João (J) e Pedro (Pe) são amigos. Ambos são apaixonados cozinheiros amadores e gostam de cozinhar para seus amigos. Quando João cozinha, age de forma sistemática. Os ingredientes para o respectivo prato estão à disposição. Executa um passo após o outro, o lixo produzido é descartado e a louça suja é guardada na máquina de lavarlouça. Entrementes, a mesa de trabalho é limpa e, em seguida, parte-se para a próxima etapa. Quando chegam as primeiras visitas, a cozinha está arrumada e João concluiu os preparativos. Pedro, por sua vez, sai cortando e fazendo, para cada etapa de trabalho pega uma nova louça e empurra a que está usada para o canto para ter mais espaço. Quando chegam as primeiras visitas, ainda está absorvido nos últimos preparativos e a cozinha parece um campo de batalha. Antes que surja a impressão de que os tipos percepção têm menos êxito nos exemplos mencionados, devemos enfatizar que há vantagens e desvantagens em ambas as inclinações. A preferência dos tipos julgamento por estrutura muitas vezes não permite que sejam criativos, seu

forte raramente é a improvisação. Se, por exemplo, João percebesse que se esqueceu de um ingrediente importante na hora das compras, se aborreceria com seu jeito desastrado. Provavelmente, se penduraria no telefone para conseguir o ingrediente. Nesse mesmo caso, Pedro permaneceria bastante calmo e improvisaria. E, provavelmente, inventaria outra criação melhor que a receita anterior. Na maior parte das vezes, tipos julgamento sabem exatamente o que querem. A sua força reside mais na organização do que na improvisação. Normalmente assumem claramente sua opinião. Se sua inclinação se encontra especialmente desenvolvida, podem se apresentar de forma bastante dominante (sobretudo quando são extrovertidos). Quando ouvimos alguém dizer, depois de poucos minutos de conversa, “Você deve” ou “Você tem que”, provavelmente trata-se de um tipo julgamento. Eles podem ficar rapidamente irritados quando as coisas não ocorrem como imaginam. Os tipos percepção, em contraposição, são mais flexíveis e capazes de adaptação, pois tendem a deixar as coisas acontecerem e não se comprometem tanto com objetivos claros. Por não avaliarem tão rapidamente, seu mundo consiste em mais nuanças de cinza e tons intermediários. Podemos frequentemente ouvi-los dizer: “Podemos ver tal coisa dessa ou daquela maneira” ou “Quem sabe não seja nada disso…” Jaqueline (J) e Petra (Pe) combinaram fazer um tour por vários barzinhos à noite. Como sempre, Jaqueline chega pontualmente ao ponto de encontro acertado. Em seguida, seu celular toca e Petra avisa que chegará em 10 minutos. Quando Petra chega, elas começam o seu tour e entram num bar que ambas conhecem e de que gostam, mas que nessa noite está lotado. Jaqueline adoraria dar meia-volta, pois não suporta aglomerações. Desejou uma noite tranquila com Petra. De repente, Petra encontra dois

conhecidos em comum, Rodolfo e Anita, e vai até eles. Jaqueline a segue e conversa um pouco com ambos. Logo depois, ela diz que gostaria de ir a outro lugar, pois todo aquele movimento a está incomodando. Petra responde que deveriam esperar um instante para que Rodolfo e Anita terminem sua cerveja, pois eles gostariam de acompanhálas. Jaqueline percebe que está ficando impaciente, gostaria de partir imediatamente, mas engole sua leve irritação, para não parecer dominante. Meia hora depois ainda estão no mesmo lugar. Jaqueline sente que sua paciência está se esgotando gradativamente. Volta-se aborrecida para Petra e pergunta se não poderiam, enfim, partir. Também gostaria de tomar algo, mas, por favor, em algum lugar mais agradável e, caso Rodolfo e Anita não se decidam logo, elas poderiam sair, o que, aliás, ela até preferiria. Petra, que aparentemente está se divertindo muito, responde que a amiga não deveria ser tão impaciente quando as coisas não acontecem exatamente da forma como imagina. Jaqueline fica um pouco magoada, pois sua intenção é boa, isto é, deseja passar uma noite agradável com sua amiga. Petra, por sua vez, que não imaginou de antemão como deveria ser essa noite e estava aberta a qualquer possibilidade, se sente um pouco controlada por Jaqueline. Por fim, concordam em sair antes. Rodolfo e Anita podem encontrálas mais tarde. No fim, a noite acaba sendo agradável para ambas. A nossa sociedade, principalmente o meio profissional e o mundo do trabalho, é determinada por regras e estruturas de tempo fixas dentro das quais um tipo julgamento consegue transitar sem muito esforço. Tipos percepção estão em desvantagem nesse meio; em parte muitos deles se submeteram a um treinamento exaustivo para agirem mais de acordo com o tipo julgamento. Gostaríamos de enfatizar outra vez que nenhuma inclinação é, em princípio, melhor ou pior do que a outra,

ambas têm vantagens e desvantagens. Tipos julgamento gostam dos tipos percepção por eles serem abertos, espontâneos e criativos. Tipos percepção admiram o poder de decisão, a organização e a eficiência dos tipos julgamento. Apenas no caso de inclinações extremas, as coisas podem se tornar desagradáveis. Nesses casos, o tipo julgamento se apresenta de forma muito rígida e fechada a acordos, ao passo que um tipo percepção extremo começa muitas coisas e não conclui nenhuma. A maioria de nós, entretanto, mantém um bom equilíbrio entre as duas capacidades.

O seu tipo: mais do que quatro letras!

Até então vocês receberam várias informações sobre como cada uma das quatro dimensões, quando consideradas isoladamente, influencia o comportamento, o pensamento e o sentimento de uma pessoa. Cada uma das dimensões, entretanto, não existe independentemente da outra; essas dimensões se influenciam mutuamente. Encaixam-se uma na outra tal como uma engrenagem dinâmica. De início, porém, já é difícil o suficiente lembrarse de todas as oito modalidades e o que significam. Mesmo se, até agora, vocês são capazes de compreender que um IInPJ é introvertido + percebe pela intuição + decide pelo pensamento + é um tipo julgamento, provavelmente ainda não compreendeu de fato que conclusões pode tirar a partir disso, pois, até então, dissemos pouco a respeito de como essas dimensões atuam juntas. Pois não é o caso de as modalidades isoladas do exemplo supracitado, I-In-P-J, simplesmente se somarem e de o tipo respectivo resultar da soma. Não, o I, o In, o P e o J se influenciam mutuamente. A seguir pretendemos ilustrar, com alguns exemplos, a dinâmica da teoria dos tipos e transmitir-lhe a possibilidade de captar e compreender a interação das dimensões, o que é suficiente para que aplique a teoria dos tipos com êxito no dia a dia. Começaremos com a combinação entre extroversão (E) e a decisão pelo pensamento (P) conforme a encontramos, por exemplo, no caso do ESePJ. Aqui dois estilos se confrontam e influenciam mutuamente: o modo falante e pessoal do extrovertido e a distância racional daquele que decide orientado pelo pensamento. A consequência disso é

que conseguimos estabelecer mais rapidamente um contato pessoal com a pessoa extrovertida que decide orientada pelo pensamento do que com a pessoa introvertida que decide orientada pelo pensamento. Na relação com os outros, o extrovertido que decide orientado pelo pensamento dá a impressão de ser mais acessível e aberto do que o introvertido. O seu fator-P faz com que expresse sua opinião de forma bastante imediata e direta. Os EPs1 são predestinados a cometerem gafes, pois em razão de sua extroversão (i. é, por vezes falam mais rápido do que pensam) e de seu P (i. é, consideram as coisas de um ponto de vista externo) às vezes expressam sua crítica de forma tão imediata que o outro fica sem ar. É típica cena de uma mulher – que decide orientada pelo sentimento (tanto faz se é introvertida ou extrovertida) – acusar seu marido – do tipo extrovertido que decide orientado pelo pensamento –, no caminho para casa, das indelicadezas que ele cometeu naquela noite e que ele próprio nem percebeu. O modo direto dos EPs, porém, tem também algo revigorante: eles representam um ponto de vista claro (em especial se, além disso, também são do tipo julgamento) e nos deixam saber onde estamos pisando. O introvertido que decide orientado pelo pensamento passa uma impressão bem mais distante do que o extrovertido na relação com os outros. Os tipos IP são aqueles sobre os quais com frequência dizemos que são inacessíveis. O modo reservado de antemão dos introvertidos é ainda intensificado pelo fator-P; a distância racional-crítica a partir da qual consideram o mundo. Apesar de não falarem “pelos cotovelos”, conforme às vezes acontece com os extrovertidos, podem parecer um tanto frios em razão de seu modo reservado. Sua introversão, entretanto, não os protege necessariamente de ofender os outros (sem querer) com comentários indelicados. O outro

lado da moeda é o ponto forte dos IPs: são excelentes analistas principalmente em assuntos objetivos. A seguir ligaremos o P (aquele que decide orientado pelo pensamento) a um Se (aquele que percebe orientado pela sensação). Os que percebem orientados pela sensação são pessoas ligadas aos fatos, que observam de modo exato os detalhes. Sua percepção está voltada para os fatos: fatos passíveis de serem vistos, ouvidos, tocados, contados, mensurados e pesados. Esses fatos são submetidos a uma análise impessoal e interpretados (P). Essa combinação faz com que sejam muito voltados para a realidade e se autodenominem puramente factuais. Por não recuarem – em razão de sua percepção sensorial – diante de detalhes e da rotina, são, na forma mais extrema de sua modalidade, minimalistas. Se o SeP se une a um J (tipo julgamento) essas pessoas chegam rapidamente a resultados e decisões claras. Procedem de modo estruturado e sistemático e sabem administrar bem seu tempo. O J acaba “adubando” sua estrutura P: Sua inclinação para o pensamento analítico-racional é intensificada por sua tendência a formar o mais rapidamente possível um juízo próprio (J). Por vezes isso pode conduzir a avaliações duras e um pouco rígidas. Entretanto, como a objetividade e a justiça fazem parte dos valores de P, os SePJs exigem serem justos. Os SePJs com frequência são aqueles tipos sobre os quais se diz que, embora “severos, são justos”. Mas, quando o P (decisão orientada pelo pensamento) se une a um In (percepção orientada pela intuição) no perfil da personalidade, por exemplo, no caso de um IInPJ, então essa pessoa tende igualmente a fazer análises lógico-racionais (P). No nível da percepção, porém, lança mão de sua intuição (In). Consequentemente seu interesse se volta mais para teorias e possibilidades futuras, ao passo que o SeP se concentra em fatos e no presente. InPs são excelentes solucionadores de problemas quando se trata de sistemas

complexos e conceitos. A competência faz parte de seus maiores valores. É uma exigência que fazem a si próprios e a outras pessoas, por isso às vezes podem parecer um pouco arrogantes. Quando à percepção intuitiva (In) se une um I (introversão), temos aqueles tipos que provavelmente especularão sobre a razão de a casa ter pegado fogo ao invés de o apagarem. A atitude um pouco alheia ao mundo e autorreferente dos introvertidos conduz, quando unida à percepção intuitiva, a concatenações de ideias altamente abstratas, especulativas, inteligentes – para pessoas de fora, porém, complicadas e às vezes estranhas. Quando o IIn, além disso, ainda se une a um Pe (tipo percepção), então se trata do proverbial gênio distraído. No teclado das dimensões tocaremos agora o S (aquele que decide orientado pelo sentimento): aquele que decide orientado pelo sentimento tem mais relação com as pessoas de sua convivência do que aquele que decide orientado pelo pensamento. Seu foco são as relações interpessoais, ele se interessa bem mais pela psicologia do que pela lógica dos fatos. O fator-S faz com que se volte de modo mais suave e afetuoso para as pessoas do que aquele que decide orientado pelo pensamento. Quando o S ainda se une a um E (extroversão), são pessoas especialmente amáveis e afetuosas. A extroversão faz com que voltem seu S para fora, isto é, procuram mais intensamente o contato interpessoal e falam mais de seus sentimentos do que as pessoas introvertidas que decidem orientadas pelo sentimento. No caso das pessoas introvertidas que decidem orientadas pelo sentimento (IS), o S tende a se manifestar mais no mundo interno. ISs são excelentes ouvintes e ajudantes “silenciosos” que reconhecem as necessidades dos outros e ajudam sem fazer muito alarde. Quando à extroversão se une um J (tipo julgamento), então esse tipo não é apenas alguém que toma decisões e

forma rapidamente uma opinião, e sim, o E atiça o J – o EJ expressa sua opinião de modo claro e bastante determinado. Os EJs têm uma forte necessidade interna de expressar sua opinião e gostam de dar conselhos mesmo quando não solicitados. Por terem uma opinião muito clara, acreditam saber o que precisa ser feito. Quando um EJ é um tipo sentimento (S), ele se interessa especialmente por temas psicológicos e relações interpessoais. Autoelege-se conselheiro de relacionamentos. Quando o EJ, porém, é alguém que decide orientado pelo pensamento, ele se manifesta principalmente em relação a temas mais técnicos. Mais um ponto referente à pessoa racional um pouco distanciada que decide orientada pelo pensamento (P) em relação ao tipo julgamento: o J no perfil desse tipo o faz formar rapidamente um juízo próprio e, caso seja extrovertido, também emitirá esse juízo. O estilo desse juízo formado, entretanto, depende do modo que toma decisões – orientado pelo pensamento ou pelo sentimento. Se o tipo julgamento for alguém que decide orientado pelo pensamento (P), pode acontecer de ele emitir sua opinião com pouco tato pois considera, mais do que aquele que decide orientado pelo sentimento, as coisas de um ponto de vista externo e, além disso, não depende tanto de um sentimento de harmonia. O E…SJ também gosta de expressar sua opinião, mas por causa de sua acentuada capacidade de empatia e necessidade de harmonia é, por um lado, mais compreensivo com as pessoas de sua convivência e, por outro, deseja evitar conflitos. Por isso sua opinião é um pouco mais leve. Tipos percepção estão sempre abertos para receber estímulos externos. Quando o Pe se une, no âmbito da percepção, a um Se (percepção orientada pela sensação), isso confere um impulso especial à percepção sensorial. Os SePes não são apenas, no real sentido da palavra, tipos

muito voltados aos prazeres dos sentidos, mas têm também uma percepção apurada em relação ao meio externo que os circunda: Quase nada escapa àquele que percebe orientado pela sensação. Quando andamos de carro com um SePe, ele já nota de longe a blitz policial, ao mesmo tempo vê uma ave de rapina voar no céu e percebe ainda que o cano de escapamento do carro à frente está prestes a cair. Se, além disso, ele for extrovertido, comunicará em voz alta suas observações: “Cuidado, lá na frente há uma blitz policial!”, “Veja, uma águia!”, “O da frente daqui a pouco vai precisar ir a uma oficina…” Caso seja introvertido, nos beneficiaremos menos de seu dom de observação, ao passo que o introvertido provavelmente só nos alertará da blitz policial. Se, por sua vez, o Pe se une, no âmbito da percepção, a um In (percepção orientada pela intuição), esse tipo não volta, assim como o SePe, sua percepção para o aqui e agora, mas se concentra nas possibilidades futuras. A percepção do mundo externo dos InPes é permeada por intuições. Relacionam as diversas impressões, que os inundam na forma Pe, para criar novos padrões de ideias, e frequentemente são bons “produtores de ideias”. A combinação de In e Pe os torna produtivos e inovadores. Sem os SPes não há festa! São pessoas descontraídas, sociáveis, agradáveis e adoram se divertir. A coisa se torna extremamente divertida quando, além disso, são extrovertidas (ESeSPe e EInSPe). No caso dos SPes, a natureza flexível, lúdica e tolerante dos tipos percepção se une à sociabilidade daqueles que decidem orientados pelo sentimento, o que os torna propensos ao entretenimento e ao convívio social. Esperamos que com este breve resumo vocês tenham adquirido uma noção de como as quatro dimensões se influenciam e permeiam mutuamente. Queremos, entretanto, facilitar mais ainda as coisas para vocês! Por

isso, no último capítulo lhe apresentaremos os quatro temperamentos: um curso intensivo altamente efetivo em matéria de conhecimento humano.

Os quatro temperamentos

O que se entende por temperamento? O dicionário de psicologia define temperamento como “o modo de ser e a particularidade individual predominante no decurso dos processos psíquicos”. Poderíamos dizer que o temperamento é a peça central da personalidade. É onde nossa essência, com suas particularidades e seus estímulos, se encontra enraizada em seu núcleo. O tema deste livro é o ser humano que, em sua personalidade total, constitui um indivíduo único e inconfundível, mas, mesmo assim, é possível reconhecer padrões básicos que temos em comum com outras pessoas. Apesar dos aspectos individuais, há mais pessoas do mesmo tipo que, enquanto tal, é totalmente única em todos os sentidos. Na teoria dos tipos há uma distinção entre quatro temperamentos que, por sua vez, condensam a variedade de cada tipo no que há de nuclear e essencial. A descoberta dos temperamentos se deve aos psicólogos norte-americanos David Keirsey e Marylin Bates. Eles descobriram que os 16 tipos podem ser divididos em quatro subgrupos que, em sua personalidade nuclear, exibem notáveis semelhanças: Os estrategistas InPs

(IInPPe, EInPPe, IInPJ, EInPJ)

Os idealistas InSs

(IInSPe, EInSPe, IInSJ, EInSJ)

Os experimentadores SePes Os tradicionalistas SeJs

(ISeSPe, ESeSPe, ISePPe, ESePPe) (ISeSJ, ESeSJ, ISePJ, ESePJ)

Pelo fato de que, no primeiro momento, quando embarcamos na teoria dos tipos nos ocupamos com a memorização das quatro dimensões, não desejamos cansar vocês com teoria em excesso. Por isso, nos abstemos de

explicar-lhe o que levou Keirsey e Bates a destacar essa combinação de letras e não outra. O importante é que o conhecimento dos quatro temperamentos oferece uma orientação muito eficiente e certeira diante da variedade dos tipos – podemos usá-lo praticamente como bússola. Pedimos, entretanto, que, mesmo assim, vocês não percam de vista que o que apresentaremos a seguir é uma generalização e que descrevemos os temperamentos a partir de modalidades muito claras, mas igualmente extremas. Uma vez que cada temperamento une quatro tipos, há algumas diferenças significativas entre os tipos de cada temperamento, mas, ao mesmo tempo, eles apresentam muitas semelhanças centrais. InPs: Os estrategistas Os estrategistas priorizam a intuição (In) e o pensamento (P). A percepção intuitiva faz com que se interessem pela imagem como um todo e não pelas especificidades. Como pessoas que decidem orientadas pelo pensamento, tomam suas decisões baseadas em uma análise racional e lógica. Em razão dessa combinação, são os mais independentes de todos os temperamentos. Dizem que os tipos InPs apresentam certa genialidade. São excelentes analistas de questões abstratas e complexas; por causa de sua percepção intuitiva se orientam mais pelo futuro do que pelo presente. Isso faz com que sejam muito capazes de solucionar problemas, principalmente quando se trata da compreensão e do aprimoramento de sistemas e conceitos complexos. O valor preferido dos estrategistas é a competência. Em relação a isso, trata-se quase de uma mania. Estrategistas têm um enorme desejo de lapidar suas próprias capacidades e de se aprimorar constantemente. Tendem a ser perfeccionistas. O desenvolvimento de suas capacidades nesse caso não se refere apenas a atividades, e sim,

igualmente ao acúmulo de saber. Esse anseio por competência constitui uma exigência que não têm só em relação a si próprios, mas em relação aos outros. Por isso, a convivência com eles às vezes pode ser um pouco exaustiva, pois têm o hábito de testar o outro. Amam desafios intelectuais e por isso com frequência produzem, consciente ou inconscientemente, uma atmosfera de competição intelectual. Gostam de desafiar os outros com perguntas em relação ao “porquê” ou à “razão pela qual” e fazem papel de advogado do diabo, tendo em conta que com seu olhar analítico aguçado encontram rapidamente os defeitos das coisas. Quando um estrategista discute de modo belicoso, isso significa que de fato já conquistamos seu respeito, pois ele só se rende a discussões quando considera o outro alguém digno de ser seu adversário. Caso contrário, parte do pressuposto de que, de qualquer forma, não somos capazes de seguir seu raciocínio e não o revela. Ou então expressa claramente sua posição, mas não considera os argumentos dos outros, pois acredita que intelectualmente eles não estão à sua altura. Essa arrogância não caracteriza de fato todo e qualquer estrategista, mas frequentemente é um efeito colateral de suas habilidades positivas. Mas por serem relativamente independentes, os estrategistas não dão tanta importância à simpatia. Por outro lado, desejam ser reconhecidos e respeitados pelas pessoas que eles respeitam. Apesar de os estrategistas, na maior parte das vezes, aparentarem estar envolvidos por uma aura de autoconfiança e sucesso, internamente são atormentados por dúvidas a seu respeito, as quais se devem a seu perfeccionismo. Keirsey escreve o seguinte a respeito do InP: “Ele controla constantemente o pulso de suas habilidades e, de hora em hora, mede a temperatura de sua capacidade de compreensão. Essa ‘mania de competência’ dos estrategistas nutre seu medo de fracassar, o qual,

entretanto, só revelam, quando muito, a pessoas de sua íntima confiança. Quando se encontram diante de uma nova e importante tarefa, pensam que dessa vez certamente não terão êxito, que dessa vez simplesmente não estão preparados o suficiente”. Encontramos os InPs em todas as profissões, mas, em razão de sua condição P tendem a se sentir mais atraídos por atividades em que a relação interpessoal exerce um papel menor e a dimensão objetivo-analítica está em primeiro plano. São encontrados com frequência nas ciências naturais, na informática, em profissões técnicas e, de modo geral, nas áreas de gestão. Adoram solucionar problemas teóricos complexos. Devido ao fato de serem ambiciosos por natureza, gostam de trabalhar com pessoas cujas habilidades são capazes de reconhecer e respeitar. Conquistamos o respeito dos estrategistas exclusivamente por nossa capacidade, e não por nossa posição social ou profissional. Já quando crianças chamam atenção por certa falta de respeito perante figuras de autoridade – como professores –, se a capacidade destas não os convencer. Não é só porque alguém tem certo status ou título que sua opinião necessariamente convencerá um estrategista, pois ele avalia o conteúdo que, em sua opinião, precisa ser adequado. Para os estrategistas, desenvolver suas habilidades é mais importante do que ganhar dinheiro. Por valorizarem tanto as habilidades e as capacidades, são extremamente autocríticos, o que pode conduzir a certa paralisação quando precisam agir. Poderíamos dividir os InPs em dois grupos: uns têm uma carreira brilhante em razão de suas excelentes habilidades, outros jamais alcançam o sucesso profissional condizente com sua verdadeira capacidade. Sua elevada exigência de êxito os bloqueia, pois faz com que sejam muito hesitantes e reticentes para realizar seu potencial e ir mais longe.

InSs: os idealistas Assim como os estrategistas, os idealistas percebem intuitivamente (In), o que significa que se concentram em contextos mais amplos e olham para o futuro. Contudo, como são pessoas que decidem orientadas pelo sentimento (S), tomam decisões com base em seus valores pessoais, tendo sempre em vista as consequências para os outros. Portanto, sua percepção intuitiva se volta para as pessoas, ao passo que o estrategista direciona sua compreensão mais para o contexto objetivo. O valor preferido dos idealistas é a autorrealização. O anseio de autoconhecimento e a constante busca por um significado mais profundo, isto é, por “encontrar o sentido da vida”, é o lema de sua existência. Desejam, o máximo possível, ser eles próprios e viver em sintonia com seus profundos valores humanitários. O desenvolvimento pessoal, o amadurecimento humano e de seu caráter, “tornar-me quem sou” é sua tarefa de vida. É praticamente sua missão entender o máximo possível a respeito de si próprio e dos outros e farejar e estimular o potencial humano, tanto o seu como o dos outros. Tendem a ver mais o lado bom do que o lado ruim do ser humano e desejam extrair o melhor de si e do próximo. Entretanto, não são totalmente modestos em sua ambição de “serem inteiramente eles mesmos”: o InSs fazem questão de se diferenciar dos outros e de não ser um entre muitos. Dão importância à singularidade e à originalidade, as quais, porém, devem estar profundamente relacionadas à sua identidade autêntica ao invés de existir na forma de uma máscara artificial com o intuito de chamar a atenção para si. É algo que não consideram genuíno e que vai inteiramente de encontro a seu anseio por autorrealização. Desejam que sua contribuição para os outros seja estimada e reconhecida. Desejam ser especiais para as pessoas mais próximas. Esta é uma das razões

pelas quais frequentemente se empenham tanto por pessoas isoladas ou por uma boa causa. Duas outras razões são seu idealismo incansável e sua profunda solidariedade com os seres humanos. Enquanto suas “boas ações” experimentam certa apreciação, eles não as contabilizam. Entretanto, o InS se ofende rapidamente quando se sente desconsiderado no que diz respeito a seus esforços e quando estes não são suficientemente honrados. Idealistas necessitam mais do que oxigênio. Veem um sentido mais profundo e uma chance de evoluir em quase toda relação interpessoal. Em razão de sua capacidade empática e afetividade conhecem, na maior parte das vezes, muito bem o ser humano. Mesmo assim, são predestinados a serem decepcionados pelos outros. Seu entusiasmo e idealismo eventualmente embaçam demasiadamente sua visão quando se trata das fraquezas do outro. Desse modo, investem com frequência, principalmente na fase inicial de uma relação, bastante tempo e sentimentos até que, em algum momento, precisam constatar que não recebem quase nada do que esperaram do relacionamento, isto é, da outra pessoa. Em geral, porém, isso não os impede de se empenhar da mesma forma numa próxima vez. Só na segunda parte da vida, a maior parte deles desenvolve um olhar mais crítico que os faz agir de modo mais prudente. Devido ao fato de, para os InSs, ser um ideal exímio extrair o que há de melhor de si e dos outros, transformando assim o mundo num “lugar agradável”, exercem com desproporcional frequência profissões que correspondem a essa tendência: atuam como professores, psicólogos, conselheiros, sacerdotes e em todas aquelas profissões em que podem investir seus ideais e seus profundos valores humanitários. As profissões ligadas às ciências e à área comercial, por sua vez, os atraem menos. Segundo Keirsey, poetas, escritores, dramaturgos e

jornalistas devem ser associados a esse temperamento. Por um lado, isso se deve ao fato de os idealistas se destacarem com grande eloquência. Por outro, nessas profissões é possível elaborar de forma excelente as questões da humanidade que tanto os interessam. A eloquência dos idealistas resulta de sua grande necessidade de contato interpessoal e comunicação: convencer, entusiasmar, transmitir, lecionar, pregar, refletir, acusar, motivar, formular seus conhecimentos de modo preciso – a língua é o meio de comunicação dos idealistas. Entretanto, entre os InSs os introvertidos se sentem mais atraídos pela palavra escrita ao passo que os extrovertidos mais pela palavra falada. Segundo Keirsey, os idealistas tendem a mergulhar a vida que levam e os encontros interpessoais em uma luz romântica. Têm certa inclinação para o drama, pois veem um sentido mais profundo em qualquer experiência e todo encontro é significativo para eles. A constante busca de sentido e de si mesmos, que determina sua vida, também os faz se arriscarem em dimensões metafísicas e extrassensoriais. Muitos InSs têm uma predisposição espiritual. Para a maioria deles a ideia de que não existe nada além do que é visível é um tanto absurda. Também é incompreensível para eles, o fato de existirem tantas pessoas para as quais o autoconhecimento e a busca por si mesmo é relativamente indiferente. Não conseguem imaginar como é possível levar uma vida plena e significativa na ausência desse sentido superior. SePes: Os experimentadores Os experimentadores percebem pelos sentidos (Se), consequentemente são pragmáticos e realistas e vivem mais no presente do que no futuro. Como tipos percepção (Pe) gostam de espontaneidade e flexibilidade e evitam se comprometer. A combinação de Se e Pe conduz a um forte

anseio de liberdade e ação. Além disso, se destacam, conforme descrito no capítulo anterior, por uma percepção excepcionalmente boa da realidade. Experimentadores não são planejadores, mas realizadores. Sentem-se atraídos pela ação e quanto mais espontaneamente podem fazer, melhor. Planos a longo prazo com objetivos preestabelecidos, compromissos e o cumprimento rígido de obrigações não lhes agradam. SePes não gostam de se sentir constrangidos e aprisionados – seu valor preferido é a liberdade. O experimentador deseja fazer o que quer, na hora que quer e da forma que quer. Poupar, prevenir, limitar-se, quer dizer, pensar no dia de amanhã não é com ele. Vive no aqui e agora: “Carpe diem” – “Aproveite o dia” é seu lema. Resolve os problemas quando estes surgem, em vez de se preocupar com a possibilidade de seu surgimento. SePes são gestores de crises altamente eficientes. Florescem na crise onde estão engajados. Por serem espontâneos, pragmáticos, realistas e extremamente dispostos à ação, seus talentos desabrocham plenamente em situações de crise. Podem inclusive chegar ao ponto de provocar a crise para se libertar de uma situação de vida estática e monótona. As teorias interessam aos SePes apenas quando revelam uma utilidade prática imediata. Seu forte desejo por ação os faz perder a paciência rapidamente quando a conversa gira por muito tempo em torno de conteúdos abstratos e teóricos. Ao invés de avaliar horas a fio os prós e os contras, preferem se arriscar. Sua necessidade relativamente reduzida de segurança e seu grande talento para a solução rápida de problemas não os deixam hesitar por muito tempo antes de partir para a ação. E caso o SePe quebre a cara, levanta-se rapidamente, muito mais rápido do que outros temperamentos. Ao invés de se queixar longamente, dão passos concretos para sair da miséria: “Outra jogada – outra

sorte!”, é o que pensa e, logo em seguida, se dedica ao próximo projeto. O desejo por ação do experimentador resulta de sua grande necessidade de alcançar um resultado. Por isso, ferramentas exercem um grande fascínio sobre ele. Constituem a alavanca prolongada da ação, lhe dão ímpeto. Keirsey afirma: “Ele precisa dirigir o trator, conduzir o avião, tocar a buzina, manipular o bisturi, o cantil, o pincel. A ferramenta toca no ponto certo dos SePes e exerce uma atração sobre eles que se manifesta como um vício”. (Observação: no contexto norte-americano os tipos percepção são designados “perciever” e abreviados com “P”.) A vontade de agir dos experimentadores pode também levar ao aprimoramento de habilidades. Quando uma atividade exerce fascínio sobre eles, são capazes de persegui-la de forma excessiva. Diferentemente do estrategista que aprimora suas capacidades de modo objetivo e planejado, o experimentador pode se tornar mestre no que faz, pois age movido pela paixão. Nesse caso, seu objetivo não é, como no caso do estrategista, a perfeição e, sim, o prazer de criar que o impulsiona. Segundo Keirsey, é por isso que muitos artistas plásticos pertencem a esse temperamento. Experimentadores amam diversão e entretenimento, são despreocupados e, na maior parte das vezes, têm bom humor. Alegres e descontraídos trazem diversão para qualquer tipo de encontro social, o que, em geral, os torna populares. Experimentadores desejam saborear plenamente a vida, o momento. Estão sempre abertos a novas experiências, necessitam do clímax e para tanto estão igualmente dispostos a assumir riscos. Por sua necessidade de segurança ser comparativamente pequena, não pensariam em pagar por esta o preço da monotonia e do

compromisso rígido. Um pouco de adrenalina é bem mais atraente para eles do que o êxito garantido. Assim como os outros temperamentos, os experimentadores estão representados em todas as profissões, mas, conforme sua natureza, sentem-se especialmente atraídos por profissões que exigem reações rápidas sem planejamento prévio a longo prazo. Gostam de trabalhos que prometem diversidade diária e onde se sentem minimamente controlados por regras e normas. Em primeiro lugar, o trabalho precisa dar prazer e é absolutamente estimulante para eles trabalharem sob pressão. Em situações de crise atingem seu potencial máximo: seja como garçom ou como chefe de uma unidade de forças especiais. Mas também da secretária, do entregador de bicicleta, da enfermeira, do gerente de hotel se exige sempre de novo que se reposicionem rapidamente e se adaptem a novas situações. Devido ao fato de os experimentadores gostarem muito de coisas palpáveis, são tomados por todas as atividades que exigem o uso de ferramentas ou máquinas, seja como artista plástico, operário ou piloto. Experimentadores são, por natureza, pouco ambiciosos e se orientam mais pela diversão do que pelo trabalho. Se, mesmo assim, alcançarem sucessos admiráveis, isso não ocorre pela perspectiva de sucesso, isto é, por serem impulsionados pela ambição, mas pelo fato de uma atividade poder tomá-los por inteiro. Muitos SePes gostam de praticar esportes e atividades corporais. Também no caso do esporte, sua inclinação pode se transformar em risco e excesso, por isso frequentemente encontramos entre eles praticantes de esportes radicais e atletas profissionais. Quando, entretanto, não estão agindo sob o efeito da paixão, tendem a ser mais descontraídos e não levam a vida demasiadamente a sério. Gostam de boa comida, viagens, jogos, belas-artes, em resumo, de tudo que aguça

seus sentidos. Sendo amantes da liberdade e pessoas despreocupadas, conseguem se adaptar rapidamente e extrair o melhor de qualquer situação da vida, sem idealizar muito o passado ou temer o futuro. SeJs: Os tradicionalistas Assim como os experimentadores, os tradicionalistas priorizam sua percepção sensorial (Se), pois consideram detalhes e fatos e se concentram mais no presente do que no futuro. Mas, como tipos julgamento (J), têm uma forte moral de trabalho e princípios claros. A ligação entre Se e J conduz a um forte senso de responsabilidade e dever. Os tradicionalistas são os pilares e os guardiões de nossa sociedade. Seu valor máximo se chama responsabilidade. Colocam seu senso de responsabilidade e dever a serviço de sua empresa, família, associação e de seus amigos. Assim como os SePes, põem a mão na massa e são realizadores, porém, condicionados pelo J, são muito estruturados e bem-organizados. Enquanto o experimentador faz as coisas por prazer – ou então, não as faz –, o tradicionalista é movido por seu senso de dever. Não age conforme seu humor, mas porque coisas que precisam ser realizadas precisam ser feitas. Leva até o fim o que assume e, quando aceita algo, podemos contar 100% com ele. Tradicionalistas são dignos de confiança, cooperativos e comprometidos. Levam a sério a vida e as obrigações desta. Muitas vezes desejam abordar as coisas com um pouco mais de leveza. Sua consciência clara de “Primeiro o trabalho, depois o lazer!” se opõe a isso, como um ditado quase inscrito em sua testa. Tradicionalistas gostam de ser úteis. Quer estejam em seu local de trabalho, quer em uma festa, desejam dar uma contribuição pessoal. Por isso é típico serem os SeJs os que primeiro levantam para ajudar a anfitriã a tirar os pratos da mesa. Não consideram simpatia e reconhecimento uma

dádiva, mas algo que precisa ser conquistado. Sua marcante presteza se deve à sua convicção de que doar é mais abençoado do que tomar. E não se sentem bem quando eles próprios recebem ajuda e afeto, pois dessa forma temem cair em uma dependência unilateral. Tradicionalistas registram internamente de modo exato o que deram e o que receberam. Sentem-se melhor quando há mais “pontos” do lado “Dar” do que do lado “Tomar”, pois apenas assim – e acreditam nisso – são reais merecedores da amizade e da afeição da pessoa em questão. Segundo Keirsey a necessidade do tradicionalista de ser útil se revela igualmente em sua forte necessidade de pertencimento. “Nesse sentido demonstra um anseio maior do que todos os outros”, é o que ele afirma. O tradicionalista se sente melhor quando pertence a instituições sociais nas quais pode ser útil, seja a família, a paróquia, o conselho municipal, a associação esportiva ou a associação de pais e mestres. À medida que se engaja, assegura seu lugar na comunidade. Jamais imaginaria que alguém lhe teria estima ou dele gostaria por ele mesmo. Normalmente tradicionalistas estão dispostos a realizar o que se espera deles. Já na infância se esforçam para corresponder às expectativas de seus pais e professores. Respeitam autoridades e se sentem bem em sistemas em que as exigências dirigidas a eles se encontram claramente definidas, como na escola. Crianças SeJ são fáceis de lidar, prestativas e têm vontade de aprender. Desde que pais e professores não exijam exageradamente delas, podem de fato se julgar felizes com elas. Entretanto, como crianças e adultos, são predestinados a não receber o reconhecimento que merecem. É tão óbvio para eles se esforçar ao invés de exigir, que muitas vezes recebem, desde a infância, menos atenção do que seus irmãos ou colegas de escola, justamente por serem tão fáceis de lidar. Na idade adulta

esse destino frequentemente se perpetua: “Deixa que a Jane vai fazer”, é assim que Keirsey descreve muito acertadamente uma atitude com que os SeJs são confrontados com frequência – deduz-se de sua constante presteza um direito por hábito. Entre todos os temperamentos, os tradicionalistas têm mais facilidade de cumprir regras, seguir leis e normas. Não por baixarem a cabeça e, sim, por estarem convictos de que nada funciona sem uma ordem desse tipo. Conforme o nome “tradicionalista” diz, os SeJs são os conservadores e guardiões de tradições, práticas e costumes. Diante do novo tendem a sentir desconfiança, não são “modernizadores” e sim “conservadores”. Desejam guardar e conservar e não se mostram facilmente abertos a desistir de velhas e consagradas práticas em favor de uma nova ideia ou forma de agir que ainda não tenha se provado eficaz. Naturalmente não se fecham por completo para a mudança e reconhecem quando uma reforma é necessária, mas, em geral, não são os primeiros a clamar por ela. Hesitam mais em pisar em terra nova, inclusive no caso de decisões cotidianas. Além de seu senso de responsabilidade, também faz parte de sua natureza uma forte necessidade de segurança. Diferentemente dos experimentadores, eles se previnem e poupam. Para eles “poupar para o futuro” é um lema muito evidente que conduz suas ações. Sendo que, não raro, seu realismo tende para o pessimismo – conseguem ser convencidos, mais facilmente do que qualquer outro temperamento, por seguradoras para a compra de um produto. Tradicionalistas são encontrados com mais frequência em profissões que estão de acordo com sua tendência de se colocarem a serviço de uma instituição. Preferem um entorno profissional bem-estruturado, que se destaca por regras claras e âmbitos de responsabilidade bem-delimitados. Os campos profissionais mais almejados

entre os tradicionalistas são: seguradoras, bancos, hospitais, escolas, tribunais e empresas de prestação de serviços de todos os tipos. Na verdade os encontramos em quase todos os lugares – exceto em lugares que exigem constante inovação e que oferecem pouca estrutura.

Qual é o meu tipo? O seu manual de instruções pessoal

Nota prévia

Até então apresentamos a vocês o efeito que as quatro dimensões psicológicas, isto é, cada uma de suas modalidades, geram na personalidade de uma pessoa. Provavelmente, você refletiu durante a leitura sobre qual modalidade em cada dimensão mais se adequa a você. Para determinar seu perfil, vocês podem também fazer o teste psicológico no final deste capítulo. Naturalmente, esse teste também serve para quem não deseja ler o livro inteiro para determinar seu tipo. Consequentemente, o teste pode ser feito por outras pessoas interessadas em um “diagnóstico imediato”. Fizemos a experiência de que os perfis isolados de personalidade são muito certeiros, contanto que “o diagnóstico” esteja correto, quer dizer, contanto que a autoavaliação nas dimensões isoladas tenha se dado de forma exata. Dito de modo bem concreto: quando alguém se avalia como um extrovertido (E) que percebe orientado pela intuição (In), que decide orientado pelo sentimento (S) e como um tipo percepção (Pe) (quer dizer, um EInSPe) seu perfil de personalidade se adequará a ele só caso de fato seja um EInSPe! E não, por exemplo, um EInPPe ou até um IInPPe. Essa autoavaliação muitas vezes não é tão simples assim, o teste psicológico, em última instância, também se baseia em uma autoavaliação correta, não podendo, por isso, oferecer garantia de 100%. Um problema que muitas vezes surge na autoavaliação são as ilusões pessoais, isto é, como gostaríamos de nos enxergar. Isso se refere principalmente à terceira dimensão, ou seja, se somos alguém que decide orientado pelo

sentimento ou orientado pelo pensamento: Em relação ao “quesito simpatia”, quem decide orientado pelo sentimento se sai um pouco melhor, por isso algumas pessoas prefeririam ser alguém que decide orientado pelo sentimento, apesar de na realidade serem alguém que decide orientado pelo pensamento. Por outro lado, há também pessoas que decidem orientadas pelo sentimento que prefeririam ser alguém que decide orientado pelo pensamento, pois gostariam de ser um pouco mais racionais e descolados do que de fato são. O que vale aqui é se enganar o mínimo possível ou então consultar pessoas que nos conhecem muito bem. Problemas referentes a nossas ilusões pessoais podem surgir igualmente em todas as outras dimensões. Algumas pessoas que percebem orientadas pela sensação achariam mais bacana ser alguém que percebe orientado pela intuição – e algumas pessoas que percebem orientadas pela intuição desejam ter um “raciocínio mais prático” ou então sua profissão as força a se ocuparem com mais detalhes, de modo que supõem erroneamente serem pessoas que decidem orientadas pela sensação. Da mesma forma, alguns tipos julgamento prefeririam ser um tipo percepção, e vice-versa. Já fizemos a experiência de tipos claramente julgamento se classificarem erroneamente como tipos percepção, pois experimentam sua ânsia de resolver as coisas como algo francamente obsessivo e, por isso, gostariam de ser um tipo percepção. Da mesma forma, alguns tipos percepção aprenderam a agir conforme o tipo julgamento, pois sua profissão ou sua família exige isso. Desse modo, se avaliam, erroneamente, como um J, apesar de “no fundo de seu coração” serem um Pe. Ou então se autopercebem como muito estruturados, apesar de qualquer pessoa que os conhece tender a afirmar o contrário. Também aqui é necessário autoperceber-se da

melhor forma ou, em caso de dúvida, consultar quem nos conhece bem. A dimensão extroversão/introversão também oferece algumas armadilhas – não apenas no que se refere às ilusões e, sim, também no que se refere ao comportamento: Alguns introvertidos gostam de falar muito quando estão entre pessoas. Nesse caso, o traço mais distintivo é o fato de em algum momento estarem esgotados e necessitarem ficar um pouco a sós para reabastecer a energia. Por outro lado, também há pessoas extrovertidas que, com frequência, gostam de estar sozinhas. Isso se refere principalmente a extrovertidos que vivem em família e, em geral, se sentem bem quando seus entes queridos “saem um pouco do ninho”. Isso também se refere a pessoas extrovertidas que têm tantos contatos sociais em seu cotidiano profissional que sua necessidade de contatos está plenamente saciada ao fim do expediente. A propósito, o capítulo “os quatro temperamentos” é muito útil para a autoavaliação. A maioria das pessoas tem facilidade para se reconhecer claramente em um dos quatro temperamentos. Conhecer o próprio temperamento já é “meio caminho andado” e normalmente é bastante simples determinar as letras restantes. Além da autoavaliação correta, outro problema pode surgir, isto é, o de sermos um tipo misto. Apesar de ser extremamente raro uma pessoa se encontrar mais ou menos no meio em todas as dimensões, não é nada raro se encontrar relativamente no meio em uma ou, às vezes, em duas dimensões. Quando, por exemplo, você não tiver certeza se é um ou um IInSJ ou um ISeSJ, então, por favor, leia a descrição de ambos os perfis e veja qual deles se adequa mais. Caso, mesmo assim, não consiga se decidir, então vocês de fato são um tipo misto.

Manual de teste

Nas páginas a seguir vocês encontrarão o teste psicológico que os auxiliará na determinação de seu tipo de personalidade. Para cada pergunta, há duas opções de respostas. Por favor, decidam-se da forma mais espontânea possível por uma das duas alternativas. Escolham a pergunta que lhes pareça mais acertada à primeira vista. Não se esqueçam de que essas perguntas devem abarcar preferências, ou seja, tendências. Com frequência as duas alternativas não se excluem mutuamente e, talvez, a decisão seja difícil. Por isso, perguntem a si mesmos qual das duas alternativas corresponde mais às suas inclinações e decidam-se pela alternativa que mais chama sua atenção. No caso de algumas perguntas é possível que a resposta de vocês difira, dependendo de se estão pensando em sua profissão ou em sua vida particular. Por favor, respondam essas perguntas de acordo com sua vida particular. A possibilidade de se comportarem mais de acordo com suas inclinações em sua vida particular é maior. Se de fato não conseguirem se decidir por nenhuma das duas respostas, simplesmente omitam a pergunta. Mas isso deve ser uma exceção. Recomendamos que anotem o número da resposta escolhida continuamente em uma folha separada e não marquem no próprio livro. A vantagem disso é que podem usar o teste várias vezes e, além disso, interpretar com mais facilidade. 1 Prefiro que:

a) Me digam algo indiretamente. b) Quando se “dá nome aos bois”. 2 a) Às vezes reflito por um longo tempo e, mesmo assim, não digo nada. b) Às vezes falo mais rápido do que penso. 3 Planos a longo prazo me dão a sensação: a) De estar em uma camisa de força. b) De ter tudo sob controle. 4 Trabalhos que exigem paciência e zelo: a) Tendem a ser uma tortura para mim. b) São os que mais me dão prazer. 5 Tendo mais a: a) Dizer sinceramente minha opinião. b) Estar atento para a harmonia e o equilíbrio. 6 No meu caso vale mais: a) Trabalho e lazer não se encontram tão claramente separados um do outro. b) Primeiro o trabalho, depois o lazer. 7 Quando preciso tomar uma decisão, escuto, em caso de dúvida: a) A minha voz interior. b) A minha razão. 8 Quando faço trabalhos manuais ou artesanais: a) Trabalho com zelo e exatidão; b) Tendo a fazê-los “grosso modo”. 9 Caso tenha de me decidir, me consideraria mais como: a) Realista. b) Idealista. 10 a) No meu caso tudo tem seu devido lugar. b) No meu caso tende a existir um “caos criativo”. 11 Para mim a maior virtude é: a) Ser direto. b) Ter tato. 12 Meu ponto forte tende mais a ser: a) A boa organização. b) A reação espontânea diante do inesperado. 13 Quando estou acompanhado: a) Ouço mais.

b) Gosto de falar bastante. 14 Quando tenho problemas: a) Falo, no máximo, com algumas poucas pessoas a respeito. b) Dou com a língua nos dentes. 15 a) Descrevo-me como alguém que segue os sentimentos. b) Descrevo-me mais como alguém que segue a razão. 16 Quando recebo visitas: a) Normalmente terminei os preparativos 15 minutos antes de as visitas chegarem. b) Ainda estou ocupado com os preparativos quando as primeiras pessoas chegam. 17 a) Tenho uma boa percepção de detalhes. b) Não tenho uma boa percepção de detalhes. 18 a) Gosto de saber, já na segunda-feira, quais os planos para o fim de semana. b) Prefiro que a programação do fim de semana se dê de modo espontâneo. 19 A melhor forma de recarregar as minhas baterias é: a) Estar em boa companhia. b) Quando estou sozinho. 20 Sinto mais prazer em: a) Criar algo novo. b) Aprimorar um projeto existente até que este funcione. 21 Fico mais irritado: a) Quando alguém não cumpre compromissos. b) Quando alguém é inflexível. 22 a) Meus sentimentos são facilmente perceptíveis. b) Os outros não conseguem descobrir com muita facilidade o que acontece dentro de mim. 23 a) Acontece com frequência de eu resolver coisas no último momento. b) Na maior parte das vezes, faço uma boa divisão do tempo. 24 a) Tendo a ter uma veia filosófica.

b) Tendo a ter uma veia prática. 25 Decido e avalio: a) De modo mais objetivo. b) De modo mais subjetivo/de acordo com meus sentimentos. 26 Quando passo um tempo maior com outras pessoas: a) Não acho isso extenuante. b) Muitas vezes acho isso cansativo e extenuante. 27 Prefiro um trabalho: a) Que exige capacidade social e empatia. b) Que exige ações racionais e um pensamento analítico. 28 Prefiro confiar: a) Nos meus cinco sentidos. b) Na minha intuição. 29 Quando viajo com um grupo de amigos: a) Posso estar constantemente rodeado por eles. b) Necessito, de vez em quando, de tempo para mim. 30 a) Costumo formular minhas ideias e meus sentimentos espontaneamente. b) Costumo refletir um tempo maior antes de expressar as minhas ideias e sentimentos. 31 Gosto: a) Quando alguém faz uso de uma linguagem imagética e reveste seu discurso de adornos. b) Quando alguém se expressa de forma precisa e chega logo ao ponto. 32 Prefiro trabalhar em um meio: a) Que requer muitos conceitos novos. b) Que depende de exatidão e saber factual. 33 a) Intuo logo quando duas pessoas se apaixonam. b) Muitas vezes sou o último a perceber quando há química entre duas pessoas. 34 a) Costumo encarar as coisas desagradáveis imediatamente para me livrar delas. b) Com frequência adio as coisas desagradáveis. 35 Quando estou em uma festa: a) Não gosto muito de abordar pessoas desconhecidas.

b) Gosto de abordar pessoas desconhecidas. 36 Quando estou diante de uma tarefa difícil: a) Parto para a ação depois de fazer um esboço geral sobre meu procedimento. b) Planejo os passos isolados da forma mais exata possível. 37 a) Tendo a experimentar meus sentimentos de forma espontânea e intensa. b) É difícil eu ser tomado pelo sentimento. 38 Trabalho de modo mais eficiente: a) No fim, quando o tempo está curto. b) Antes, quando sei que ainda tenho tempo suficiente. 39 Sinto mais prazer: a) Conversando sobre assuntos objetivos. b) Conversando sobre relações interpessoais. 40 a) Gosto de refletir “sobre as grandes questões da vida”. b) Prefiro me voltar para coisas palpáveis.

Interpretação do teste

No caso ideal, agora há uma folha diante de vocês na qual anotaram o número das respostas selecionadas. A seguir, encontrarão uma listagem que relaciona as perguntas isoladas do teste com as modalidades que devem ser abarcadas por estas. Nesse sentido há as seguintes correlações: E Extroversão Se Percepção orientada pela sensação S Decisão orientada pelo sentimento J Atitude que julga

I Introversão In Percepção orientada pela intuição P Decisão orientada pelo pensamento Pe Atitude que percebe

“2a =I” significa que a resposta 2a “Às vezes reflito por um longo tempo e, mesmo assim, não digo nada”, abrange a introversão (I). Pela listagem, vocês podem relacionar suas respostas com as modalidades correspondentes. Cada resposta vale 1 ponto. Se, por exemplo, escolheram a resposta 18a, isso vale 1 ponto para a preferência J (atitude que julga). Se escolheram a resposta 18b, isso vale 1 ponto para a preferência Pe (atitude que percebe). Caso tenham escolhido ambas as possibilidades de resposta ou nenhuma delas, a pergunta não vale nenhum ponto. Insiram na tabela da página a seguir um traço para cada uma de suas respostas. No fim somem os pontos de cada modalidade isolada. Desse modo, poderão determinar facilmente sua modalidade pessoal para cada uma das

quatro dimensões (E/I, Se/In, S/P, J/Pe): sua modalidade será sempre aquela na qual vocês obtiveram mais pontos. Seu perfil tipológico é composto por suas modalidades pessoais nas quatro dimensões psicológicas (E ou I, Se ou In, S ou P, J ou Pe) Image Image Depois de descobrirem sua combinação de letras, por favor, verifiquem no índice que tipo de gestor vocês são. Pode acontecer de vocês obterem exatamente a mesma quantidade de pontos para as duas modalidades de uma ou mais dimensões. Há duas possibilidades: ou vocês se encontram exatamente no meio e não têm uma modalidade clara, ou têm uma tendência que não foi detectada corretamente pelo teste. Qual das duas possibilidades está certa apenas vocês podem decidir. Caso estejam inseguros, simplesmente leiam a descrição dos tipos para ambos os perfis. Se uma dessas se aplica claramente melhor a vocês, sua tendência se esclareceu dessa maneira. Se vocês continuam inseguros a respeito de seu perfil de tipos, pode ser de ajuda reler a descrição da dimensão correspondente e, baseando-se nesta, se autoavaliar. Além disso, pode ser útil voltar ao capítulo “Os quatro temperamentos”. Se descobrirem seu temperamento, darão um grande passo à frente.

IInPPe: os gestores de teorias

IInPPes são observadores pensativos que enxergam seu entorno de uma distância crítica. Desejam aprender e compreender – durante toda a sua vida. Os IInPPes não sossegam antes de todos os detalhes se encaixarem em uma imagem completa e fechada. Quando chegam a esse ponto, sua compreensão lhes parece tão clara que praticamente não consideram importante comunicá-la aos outros. Por serem introvertidos, muitos de seus raciocínios e reflexões permanecem ocultos para o meio que os circunda. IInPPes são tipos essencialmente racionais (P). A lógica se encontra estampada em sua testa. Lançam um olhar analítico para o meio que os circunda. Interessam-se por princípios e fundamentos básicos, buscam compreender a lógica de um sistema e esboçam teorias a respeito das leis conforme o funcionamento do mundo à sua volta. Por perceberem ser orientados pela intuição, elaboram as informações que recebem de tal maneira que contextos superiores e padrões lógicos lhes são revelados. Aberto ao novo e original, têm um bom faro para o que há de promissor. Em caso de dúvida, porém, sua racionalidade pesa mais do que sua intuição: quando uma nova ideia não resiste à sua análise crítica, independentemente de quão original é, ela é descartada ou, quando possível, adaptada. IInPPes têm um raciocínio aguçado que, num instante, capta erros lógicos ou insuficiências teóricas. O espírito crítico dos IInPPes muitas vezes permanece velado aos outros, pois não necessariamente expressam suas reflexões. Antes de mais nada, IInPPes desejam compreender e perscrutar, e não modificar. Chegar ao cerne de algo

representa para eles uma satisfação máxima, mas, ao mesmo tempo, se torna quase demasiadamente banal para falar a respeito. Quando, porém, os IInPPes são perguntados sobre sua avaliação, gostam de prestar informações completas. Rebelam-se também contra pessoas de autoridade quando as ações e os pensamentos destas lhes parecem ilógicos. IInPPes se dedicam àquilo que faz sentido para eles. Caso encontrem, desse modo, um nicho aceito pela sociedade, podem fazer uma carreira de muito sucesso. Porém, pode acontecer de entrarem sempre de novo em conflito e de sua mente crítica e sua competência especializada não serem reconhecidas pelas pessoas com quem convivem. É possível ter conversas muito estimulantes com IInPPes. Aturdem-nos com suas ideias originais e seus pontos de vista fora do comum. Sentem prazer em discutir e lançar sempre novos pontos de vista. Seu humor é seco, em parte mordaz, mas, em compensação, muito engraçado, pois captam com muita rapidez o essencial e conseguem ir direto ao ponto. Trabalho IInPPes não gostam de ter ocupações públicas e, por natureza, também não são muito práticos. Sua força reside no mundo intelectual teórico: têm êxito no desenvolvimento de conceitos e sistemas lógicos complexos, na análise e na crítica. São pensadores e não fazedores. Quando o processo de pensamento se encontra concluído e um conceito alcança a maturidade teórica, para eles a questão está encerrada. Naturalmente têm um pouco de curiosidade a respeito de se a ideia de fato funciona. Entretanto, não se sentem nem um pouco inclinados a organizar a realização concreta. São pouco detalhistas para isso e carecem de talento para a organização prática. IInPPes preferem trabalhar – é onde têm mais êxito – com ciência e pesquisa, no âmbito das ciências naturais, na engenharia, na

informática, na economia e também na filosofia. Quer dizer, em todos os lugares onde podem mergulhar num mundo intelectual complexo e lógico. IInPPes preferem um trabalho que lhes permita pensar sozinhos e sem interferências. Beneficiam-se pouco da troca com outras pessoas, pois preferem processar as coisas sozinhos até o fim e, em seguida, apresentam seu resultado (I). Não apenas preferem trabalhar sozinhos, mas também, quando possível, de modo autônomo e flexível. Sentem-se pressionados e limitados em sua criatividade com instruções fixas. IInPPes se deixam convencer e motivar mais facilmente com argumentos racionais, mas em hipótese alguma pela autoridade. Quando IInPPes estão convictos de estar fazendo algo que tem sentido, trabalham de modo bem engajado. Acabam não percebendo o tempo passar e podem esquecer da hora do almoço ou do fim do expediente. IInPPes consideram postos de liderança atraentes, pois prometem autonomia e flexibilidade. O que os assusta é a responsabilidade por seus colegas, pois esta limita sua própria independência. IInPPes lideram da forma como eles gostariam de ser liderados: permitem que seus colaboradores trabalhem prioritariamente por conta própria. Para eles há a vantagem de serem pouco importunados pela parte concreta da organização do trabalho. Entretanto, esperam que o resultado esteja correto, tanto faz a forma como esse se deu. Não dão importância a dinâmicas tradicionais de trabalho. IInPPes podem estressar seus colegas de trabalho quando com frequência modificam sua ideia original. Nos outros isso gera a impressão de serem inconstantes e pouco confiáveis, mas na verdade IInPPes estão apenas buscando possibilidades de melhora. Muitas vezes não têm clareza de quanto trabalho estão jogando nas costas de seus colaboradores dessa forma. Enxergam o

objetivo superior e não refletem sobre quão penoso é o caminho prático para que esse seja atingido. Amor e amizade IInPPes são amantes da liberdade. Por serem introvertidos, tendem mais a buscar a solidão para se recomporem. Por serem racionais, tendem mais a se deixar envolver em discussões intelectuais do que em relações pessoais. Seu ciclo de amizade é relativamente pequeno, mas consiste em amigos muito íntimos e de longa data. Com frequência há diversos outros InPs. O que une os IInPPes a seus amigos é um saber compartilhado, o interesse teórico e o gosto pela discussão. IInPPes raramente se enamoram. Em princípio, o sentimento romântico de estar enamorado é estranho à sua atitude normalmente tão racional diante da vida. Mas quando de fato deixam a racionalidade de lado, se apaixonam com grande intensidade. Então podem ser bastante emotivos, comunicativos e “insensatos”. Quando, entretanto, aquele primeiro sentimento de paixão cede, sua racionalidade e introversão gradativamente retornam. Nessas horas assumem um ponto de vista crítico e se recolhem mais em seu mundo intelectual teórico. Essa transição pode ser difícil para os parceiros, pois podem ser acometidos por dúvidas em relação à afeição dos IInPPes. Para o IInPPe, porém, seu comportamento não tem nada a ver com uma diminuição de seu amor pelo parceiro e, sim, com sua necessidade de autonomia que despertou novamente com mais força. IInPPes necessitam de sua liberdade individual e não querem se justificar por causa desta. Estão dispostos a conceder a seu parceiro a liberdade que reivindicam para si. Mas como os IInPPes têm apenas um círculo de amizade pequeno, são muito ligados, à sua maneira, ao parceiro e à família. Contanto que o parceiro não exija constantemente provas de amor “extrovertidas” e

conceda ao IInPPe sua liberdade, pode contar plenamente com ele. Um relacionamento com um IInPPe pode de fato ser um desafio intelectual, pois para ele amor significa dividir seu conhecimento e suas ideias com seu parceiro e discutir sobre eles. Parentalidade IInPPes desejam ajudar seus filhos a entender o mundo. Têm grande prazer em responder aos milhares de porquês de seus filhos. Por fazerem isso com tanto entusiasmo, encorajam seus filhos a perguntarem cada vez mais. Desejam manter todos os caminhos abertos para eles e acompanham com grande interesse seu desenvolvimento. Para os IInPPes, o estímulo intelectual representa um valor muito maior do que ensinar ordem e normas de conduta para seus filhos. Filhos de pais IInPPe podem experimentar quase tudo que lhes gera prazer. Nesse sentido quase não lhes são impostos limites. Pelo contrário, IInPPes se animam tanto quanto seus filhos para experimentar algo novo. O reverso da medalha consiste no fato de os IInPPes por vezes serem pouco diretivos e darem poucos estímulos concretos e, principalmente, consequentes a seus filhos. Ignoram que eles também podem se sentir sobrecarregados por precisar selecionar e aproveitar sozinhos as infinitas possibilidades que se oferecem para eles. Além disso, seus filhos podem sofrer pressão pois chegam à falsa conclusão de que somente podem impressionar seus pais IInPPe pela competência e pelo desempenho. Problemas e possibilidades de desenvolvimento A maior força dos IInPPes consiste na racionalidade (P): são pensadores críticos, analistas aguçados e teóricos competentes. Quando não há um equilíbrio, isto é, quando sua avaliação baseada no sentimento (S) fornece pouco

contraponto, isso pode tornar-se simultaneamente sua maior fraqueza. IInPPes podem acabar com a alegria dos outros com seu olhar constantemente crítico. Parecem ser estraga-prazeres que trazem à tona qualquer tipo de erro, por menor que seja. Os próprios IInPPes se surpreendem quando os outros tomam sua crítica pessoalmente. De acordo com seu ponto de vista, apenas verbalizaram um sugestão objetiva de aperfeiçoamento. Eles mesmos gostam de discutir, de preferência de forma polêmica – uma crítica ríspida, inclusive, pouco os choca, no máximo os desafia. Mesmo assim, tornariam as coisas mais fáceis para si e para os outros se formulassem sua crítica de modo mais ameno. Bastaria dizer algumas palavras de reconhecimento antes. Se os IInPPes não são capazes disso por convicção (na visão deles não faz sentido destacar o que já funciona), poderiam fazê-lo, porventura, em nome da sensatez: desse modo teriam maiores chances de suas sugestões de aprimoramento serem aceitas. Além disso, podem atenuar sua crítica à medida que permitem aos outros conhecerem melhor as reflexões que os levaram a seu julgamento crítico. Assim, o outro não se sente tão atropelado. IInPPes não criticam apenas os outros. Eles próprios são seus maiores críticos. São incansáveis em sua busca por uma solução ainda melhor. Muito raramente obtêm um resultado com o qual estão plenamente satisfeitos. Em casos extremos, sentem-se constantemente movidos e estão sempre insatisfeitos, pois têm a sensação de não alcançarem a solução perfeita por muito pouco. Quando não são capazes de relativizar sua exigência de perfeição por conta própria, seria útil conversar com os outros sobre seus projetos, para, desse modo, obter uma resposta realista. IInPPes são bastante céticos em relação a sentimentos. Sentem-se inseguros porque as emoções não são passíveis de ser compreendidas ou controladas pela lógica. A pior solução é simplesmente ignorar os sentimentos, apesar de

ser algo que alguns IInPPes tentam fazer. Entretanto, em seguida se surpreendem com o quanto se deixam irritar ou deprimir por causa de insignificâncias. Não percebem que já deixaram de lado seu aborrecimento ou sua mágoa bem antes. Não seria apenas um enriquecimento pessoal para os IInPPes caso se dedicassem mais à sua vida pessoal. Certamente usufruiriam também em termos objetivos, pois poderiam avaliar e decidir de forma ainda mais distinta se incluíssem não apenas argumentos racionais, mas também argumentos baseados nos sentimentos (S). IInPPes precisam estar atentos para não submergirem no mundo teórico. Com frequência têm suas inspirações mais criativas quando conseguem se dedicar sozinhos e em paz às suas ideias. Por outro lado, precisam colher o “alimento” para suas reflexões no mundo externo. Apenas quando sua percepção (intuitiva) funciona corretamente, os IInPPes dispõem de uma base sólida na qual conseguem basear seus raciocínios. De outro modo, suas reflexões podem ser lógicas e coerentes, mas, mesmo assim, estarão distantes da realidade, pois os pressupostos objetivos não estão corretos. Por perceberem de modo intuitivo, IInPPes, por si sós, já tendem a se concentrar no que é superior e a desconsiderar pequenos detalhes que consideram irritantes. São justamente esses detalhes que podem minar suas ideias, independentemente de quão geniais são. Aqui os IInPPes poderiam lançar mão da competência para lidar com detalhes e fatos que percebem de modo sensorial – cuja capacidade (de perceber) se encontra justamente nesse âmbito. Manual de instruções pessoal • Por favor, respeite minha necessidade de sossego e recolhimento! Não espere que eu o acompanhe a todos os encontros sociais. Frequentemente considero exaustivo

estar rodeado de pessoas e prefiro estar só. Mas não quero impedi-lo de sair sozinho. • Por favor, aceite o fato de que preciso de um tempo até falar sobre meus pensamentos e, especialmente, sobre os meus sentimentos. Isso, porém, não significa que não confio em você. Antes de ser capaz de falar sobre alguma coisa, preciso primeiro terminar de pensar sobre isso. • Por favor, respeite minha independência! Preciso de minha liberdade para me sentir bem. Quanto mais você me limita, mais me retraio. Mas se tenho meu próprio espaço, em seguida terei mais prazer de estar com você. Por favor, confie em mim! • Por favor, não me imponha um excesso de rotinas. Gosto de resolver as coisas à minha maneira e, de preferência, quando eu quero. Mesmo assim você pode contar comigo! • Por favor, não me pressione com planejamentos a longo prazo. Não gosto de me comprometer com antecedência. Vamos ser espontâneos ao invés de planejar tudo! • Por favor, não se exalte com minha desordem e com minha mania de colecionar coisas. Mesmo assim, não perco o controle. Simplesmente tenho dificuldade de me desfazer de coisas. • Por favor, compartilhe minhas ideias e meus interesses. Discuta comigo, me contradiga, me desafie com argumentos. • Não consigo lidar bem com excessos de emoções. Por favor, procure se manter objetivo para que eu possa compreender o que move você. • Por favor, me diga aberta e sinceramente o que o incomoda. Não posso adivinhar o que ocorre dentro de você e só posso mudar se falar comigo sobre o assunto. • Se eu falar de uma nova ideia com você, por favor, não me interrompa antes de eu concluir. Não rejeite

imediatamente minha ideia como algo não realista. Num primeiro momento, detalhes concretos não são tão importantes para mim. Mais tarde, porém, serei grato pelos seus conselhos práticos. • Por favor, seja espontâneo e me surpreenda. Vez ou outra deixe de lado as obrigações e usufrua do momento presente comigo.

EInPPe: os gestores do futuro

Para EInPPes a vida é uma fonte inesgotável de possibilidades e desafios. São curiosos e entusiasmados. Tudo que, de alguma forma, é novo e incomum os interessa. O maior desgosto dos EInPPes é o fato de precisarem se decidir por algo e não poderem agarrar todas as chances que se oferecem a eles. Desse modo jamais saberão o que teria sido caso tivessem feito outra escolha. Isso é algo muito lamentável para um EInPPe. A característica mais marcante dos EInPPes é sua percepção intuitiva (In). Quando se trata de reconhecer potenciais, estão sempre um passo a frente dos outros. Automaticamente são tomados por uma visão de como algo poderia ser diferente ou melhor. Essa ideia visionária é tão confiável para o EInPPe quanto o fato nu e cru para aquele que percebe orientado pela sensação. Por serem extrovertidos, conseguem se entusiasmar muito rapidamente e por coisas diversas. Ao mesmo tempo, sua percepção se mantém aberta (Pe) e registra constantemente novas possibilidades. A vida, profissional e particular, do EInPPe pode ser extremamente variada, mas também um pouco desorganizada – ao menos para as pessoas de sua convivência que com frequência se sentem sobrecarregadas pela flexibilidade do EInPPe. Mas, na verdade, EInPPes conduzem sua vida de modo bastante consequente: Dedicam-se sempre ao projeto que mais os cativa naquele momento. O ponto forte de um EInPPe consiste em descobrir oportunidades, mas não em transpô-las de forma consequente para a realidade. Em razão de sua capacidade

de se entusiasmar, é bastante capaz de contagiar os outros, ao menos na fase inicial de seu projeto. À medida que uma ideia amadurece, esta rapidamente perde seu poder de fascínio sobre um EInPPe. A realização concreta acaba ficando com os outros ou então o projeto encalha. Para EInPPes cuidar da realização de suas ideias é um martírio. Odeiam trabalhos que envolvem detalhes e, caso sejam forçados a fazê-los, irão improvisar o máximo possível. Nesse estágio, seu projeto já não é mais tão significativo para eles. Suas ideias novas são bem mais interessantes. Um contraponto mais ou menos forte para sua capacidade espontânea de se entusiasmar (E + Pe) pode ser a postura racional dos EInPPes. São inclusive autocríticos e submetem suas ideias a uma análise lógica. EInPPes gostam muito de discutir. Têm o dom de formular seus argumentos tanto em termos de conteúdo quanto também, com frequência, de articulação. Amam o desafio intelectual e gostam de colocar sua opinião em discussão. De acordo com seu modo de ser P, são relativamente independentes do reconhecimento dos outros e não fogem do confronto. EInPPes desejam viver uma vida tão variada, intensa e independente quanto possível. Não gostam de se comprometer com antecedência, pois assim acabam inviabilizando diversas oportunidades que podem surgir espontaneamente. Adoram viajar e, nesse sentido, mergulhar em novos mundos a respeito dos quais desejam saber o máximo possível. Não dão muito valor à segurança e à previdência, inclusive financeira; ao contrário, buscam fortes sensações. Os outros gostam de sua companhia, pois são divertidos e engraçados, sempre têm algo a contar e estão abertos a tudo que é novo. Trabalho

EInPPes frequentemente percorrem uma trajetória profissional bastante variada e muitas vezes se tornam independentes. O risco do empreendedor, que impede muitas pessoas de se tornarem independentes, é um desafio atrativo para EInPPes. Não suportam rotinas nem hierarquias rígidas. Caso não possam romper com estas, preferem voltar-se para uma atividade nova, mudando, se possível, de trabalho. O EInPPe precisa gostar de seu trabalho e este deve desafiá-lo. Para ele, trabalho e lazer não se encontram claramente separados um do outro, especialmente quando se empolga com um projeto, dedicando também seu tempo livre a ele. EInPPes se sentem, assim como todos os InPs, internamente impelidos a ampliar constantemente sua competência. Sua alta exigência intelectual com frequência faz com que tenham sucesso em sua profissão. A condição prévia para isso, entretanto, é que tenham bastante persistência (ou capacidade de delegar) para colocar em prática suas ideias criativas. Para desenvolver sua criatividade, EInPPes necessitam de condições de trabalho as mais livres possíveis. Não gostam de se submeter a autoridade quando suas instruções não fazem sentido para eles. O que respeitam é a competência. Hierarquias e títulos não os impressionam. Almejam cargos de liderança, pois estes lhes proporcionam, nos limites institucionais, grande margem de ação e de tomada de decisão. Encorajam seus colaboradores a trabalharem com a maior autonomia possível à medida que lhes indicam apenas o objetivo e uma direção geral. Estão profundamente convencidos de que há muitos caminhos que conduzem ao fim e ficam curiosos a respeito das variantes às quais seus colegas de trabalho lançarão mão. Além disso, ficariam irritados caso tivessem de dar instruções de trabalho exatas e detalhadas: sua percepção intuitiva lhes transmite uma visão mais ou menos abstrata

do objetivo, mas mantém o caminho prático que conduz a ele consideravelmente no escuro. EInPPes ficam muito agradecidos quando podem passar essa parte do trabalho para os outros. Contagiam seus colegas de trabalho com seu próprio entusiasmo por algum projeto e, dessa forma, os motivam. O que é frustrante para seus colaboradores é que os EInPPes perdem o fôlego na hora da realização. Por já terem se voltado para novas possibilidades, mal reconhecem os esforços que seus colegas de trabalho investiram na realização do projeto original. Uma vez que EInPPes têm interesses tão variados, conseguem ter êxito em diversos campos profissionais. Gostam menos de trabalhos predominantemente práticos ou manuais, assim como rejeitam todo tipo de rotina. Dãose melhor na esfera conceitual, quando se trata de sondar tendências futuras e impulsionar um novo desenvolvimento. São bons consultores organizacionais e de investimento, trabalham com sucesso na área de marketing ou como jornalistas. Amor e amizade EInPPes são atirados e sociáveis e têm um grande e diversificado círculo de amizade. Topam praticamente qualquer tipo de atividade e amam a variedade. Da mesma forma, gostam de discutir com seus amigos, de preferência com opiniões divergentes, para adquirir novas perspectivas. Em geral, EInPPes evitam assumir precocemente um relacionamento sério. Querem ter certeza de não estar perdendo nada e têm medo de tomar decisões erradas. Mesmo quando se apaixonam, confiam em sua percepção intuitiva e em seu julgamento crítico (InP). Intuem rapidamente se existe “potencial” para um relacionamento. São muito exigentes na escolha de seu parceiro, pelo menos quando cogitam assumir um relacionamento a longo prazo. Assim como todos os tipos In, têm um ideal de

relacionamento e procuram um parceiro que se aproxima, ao menos minimamente, disso. Porém, por serem ao mesmo tempo tipos racionais, sabem que terão de fazer acordos ou então viverão permanentemente sem relacionamento, algo que muitos deles inclusive preferem. Para eles parceria significa compartilhar pontos de vista, interesses e atividades. Querem discutir, experimentar e se desenvolver em conjunto. Assim como em todos os âmbitos da vida, também desejam em seu relacionamento o máximo possível de variedade, desafios e principalmente liberdade. EInPPes desejam tanta autonomia quanto possível em seu relacionamento. Necessitam de espaço e não querem se justificar por este. Concedem o mesmo a seu parceiro, pois acreditam que uma vida independente fortalece o relacionamento. Parentalidade EInPPes desejam estimular seus filhos da forma mais variada e intensa possível. É muito importante que esses tenham as melhores condições de desenvolvimento. Acompanham com muito interesse a forma como seus filhos crescem, se tornam mais autônomos e se desenvolvem intelectualmente. Nesse sentido, enxergam a educação de seus filhos como uma oportunidade de eles próprios crescerem pessoalmente e se desenvolverem ao lado deles. Estimular seus filhos da melhor forma possível é muito mais importante para pais EInPPe do que ensinar-lhes ordem, normas de conduta rígidas e bom comportamento. Por isso, seus filhos, na maior parte das vezes, são criados de modo relativamente livre e sem muitas restrições. Pais EInPPe, em geral, não têm em mente um objetivo concreto a respeito da direção na qual seus filhos devam se desenvolver. Suas visões são abstratas e podem perfeitamente mudar. Dessa forma, seus filhos têm todo tipo de oportunidade. Por vezes, entretanto, são pouco

consequentes. Nesses casos encorajam seus filhos a experimentar de tudo, mas não os encorajam suficientemente para, vez ou outra, persistirem. Pais EInPPe dão muito valor ao estímulo intelectual, mas, às vezes, podem ignorar que seus filhos simplesmente desejam brincar de forma mais descontraída e que necessitam de acolhimento pessoal. Mas para EInPPes, o esforço de abrir todos os caminhos de desenvolvimento para seus filhos consiste na maior prova de amor. Problemas e possibilidades de desenvolvimento O objetivo superior dos EInPPes é a competência. Consideram altamente embaraçoso serem considerados simplórios ou incompetentes. Por isso, se esforçam constantemente para aprender mais e ampliar seu horizonte. Colocam-se, porém, rapidamente sob pressão e não gostam de admitir seus erros. Aos outros, EInPPes podem dar a impressão de serem arrogantes. Com frequência, acreditam saber mais do que os outros e não conseguem deixar de impor sua opinião. Nessas horas estão tão convencidos de seus pontos de vista que não deixam qualquer outra alternativa se sobrepor. Apesar de, em princípio, estarem abertos ao novo, isso deixa de valer a partir do momento em que formam seu juízo. De acordo com seu modo de ser extrovertido (E), EInPPes se entusiasmam espontaneamente com as inspirações que sua percepção claramente intuitiva lhes permite. Segundo seu ponto de vista intuitivo (In), tudo é possível – o impossível só demora um pouco mais a ser alcançado. Partindo de sua atitude ligada à percepção (Pe) gostariam de fazer tudo e, melhor ainda, ao mesmo tempo; a pior coisa para eles é a ideia de perder algo. Sua forma racional de avaliar (P) é o único contraponto em seu perfil passível de confrontar seu entusiasmo visionário. Quando a função que avalia não se encontra suficientemente desenvolvida ou

simplesmente se encontra “fora do ar”, acabam rapidamente se atrapalhando e não são capazes de levar ao menos uma de suas várias ideias até o fim. Tomados pelo medo de perder algo, muitas vezes se encarregam de um excesso de coisas. Não têm só pouco talento para o planejamento ou a organização (J), mas também carecem de um olhar para a prática. Frequentemente EInPPes não têm a menor noção de quão trabalhoso é transpor suas ideias para a prática. Têm uma ideia (intuitiva) do resultado final. Quanto aos passos concretos, que exigem muito esforço, eles praticamente pulam. É justamente este o ponto fraco de seus projetos. EInPPes têm visões orientadas para o futuro, que, de um ponto de vista lógico, podem ser plenamente coerentes. Algo que, na maior parte das vezes, inclusive é avaliado criticamente por eles de acordo com o seu estilo P. Isso, entretanto, ainda não significa que suas ideias são também passíveis de serem postas em prática. Para tanto os EInPPes não enxergam suficientemente o detalhe. Por isso, deveriam sempre tomar consciência novamente de que “o diabo mora nos detalhes”. Os conselheiros ideais para esses problemas dos EInPPes seriam os tipos SeJ: por serem orientados pela sensação (Se) são, por natureza, radicais e muito práticos. Por serem tipos julgamento (J) são estruturados e organizados. A crítica dos tipos SeJ, que têm uma atitude mais conservadora, certamente não agradará aos EInPPes. Praticamente os forçará a confrontar sua visão abstrata com a realidade factual e, desse modo, desvendará pontos fracos que, de outro modo, permaneceriam ocultos aos próprios EInPPes. Se, porém, o EInPPe deseja de fato colocar suas ideias em prática, é aconselhável que leve a sério a avaliação dos tipos SeJ e a inclua em suas reflexões. Os próprios EInPPes poderiam conduzir sua vida com mais tranquilidade caso se predispusessem a ter prioridades e a não fazer tudo ao mesmo tempo, o que muitas vezes é

algo difícil para eles, pois não querem perder nada. Por outro lado, perdem no mínimo tanto quanto quando apenas iniciam as coisas ou as concluem apenas de modo parcial ou então as abandonam. EInPPes têm alta exigência intelectual, não apenas em relação a si próprios, mas também em relação aos outros. Por isso, sua avaliação por vezes é um tanto cruel. Como raramente têm papas na língua, podem ferir bastante o outro sem que essa tenha sido sua intenção. EInPPes deveriam considerar que há outras qualidades valorosas além da competência. Tornariam sua vida e a dos outros bem mais fácil se amenizassem um pouco sua crítica ou, vez ou outra, simplesmente não a revelassem, sobretudo quando, por meio desta, mais ferem do que ajudam. Manual de instruções pessoal • Por favor, simplesmente me escute sem avaliar de imediato minhas ideias. Não seja demasiadamente pessimista; ao invés disso, me encoraje a continuar perseguindo as minhas projeções. • Por favor, reconheça que sou criativo e que encontro uma solução para quase todos os problemas. • Por favor, seja espontâneo e atirado! Adoro socializar e compartilhar atividades. Quando não há essa troca, tornome insuportável. Por favor, deixe-me fazer as coisas sozinho quando você não tem vontade. Em seguida estarei mais disponível para você. • Por favor, dê-me a minha liberdade sem que eu precise me justificar! Às vezes simplesmente quero “tocar as minhas coisas”. Quando preciso me justificar por tudo, sinto-me limitado e insatisfeito. Deixo você participar de tudo, mas desejo decidir quando e em que medida. • Por favor, não me imponha um excesso de rotina. Quero resolver as coisas à minha maneira e, vez ou outra,

experimentar algo novo. • Por favor, não espere que eu me comprometa com antecedência. Desejo viver e aproveitar as oportunidades que o momento oferece. Caso contrário, tenho a sensação de perder muito. • Por favor, também deixe, de vez em quando, algo inacabado e participe de alguma ideia louca minha! Ou, melhor, surpreenda-me com algum empreendimento espontâneo. • Não se incomode com o meu caos. Para mim, o todo tem um sistema e é isso que importa. A ordem não é importante para mim. • Jamais duvide publicamente de minha competência, nem caçoe de mim. Esse é um ponto muito sensível meu. • Por favor, tenha uma troca comigo! Fale-me de você e escute o que digo a meu respeito. • Não converse comigo apenas sobre coisas cotidianas, o relacionamento e sentimentos e sim, sobre sua visão e opinião sobre assuntos objetivos. Discuta comigo, me desafie com argumentos; se necessário, brigue comigo. Também gosto de ter uma troca e de me medir nesse nível. • Por favor, não tome a minha crítica pessoalmente! Às vezes me pronuncio antes de pensar a respeito de algo. Em seguida me arrependo. Além disso, quando aponto um erro seu, não desejo ferir, mas ajudar você. • Por favor, diga-me abertamente quando algo incomoda você! Não posso adivinhar o que acontece em seu interior. Apenas quando fala comigo a respeito, posso modificar alguma coisa.

IInPJ: os gestores de estratégias

IInPJs amam mudanças e desafios. Têm um olhar que reconhece potenciais e o que tem futuro. Acreditam que tudo ainda pode ser melhorado, tanto faz quão bem já funciona. Para os IInPJs não faltam ideias para um novo projeto. Entretanto, tendem a guardar as suas inspirações para si, a não ser que alguém pergunte diretamente. IInPJs com frequência têm uma acentuada percepção intuitiva (In). Como, além disso, avaliam de modo racional (P), direcionam sua intuição principalmente para sistemas lógicos e conceitos teóricos, que analisam de modo objetivo e, assim, criam um novo projeto. Os outros, por vezes, acham que IInPJs procuram defeitos em tudo, pois sempre sabem como algo ainda pode melhorar. Mas a intenção do IInPJ não é ruim, e ele tampouco deseja mostrar conhecimento: Erros lógicos chamam automaticamente sua atenção. Ideias a respeito de como algo ainda pode ser melhorado se impõem (intuitivamente), sem que tenha de pensar muito a respeito. Às vezes, entretanto, falta-lhe a sensibilidade necessária para saber como melhor expressar sua crítica (P). Com frequência, porém, IInPJs simplesmente guardam seus raciocínios para si ou os comunicam apenas depois de terem refletido o suficiente, quando têm certeza de algo. Alguns IInPJs sofrem com o fato de jamais serem capazes de transmitir suas compreensões em sua complexidade plena. Têm dificuldade de expressar seus raciocínios, que se dão em vários níveis e se interrelacionam, por meio de palavras claras. Em parte, a tentativa de se comunicar com os outros acaba em frases maldelimitadas que, apesar de representarem todo o

contexto complexo de suas ideias, na melhor das hipóteses são compreendidas por outros Ins. Como seus raciocínios lhes parecem muito claros, os IInPJs às vezes se irritam quando os outros não os entendem, ou pior, deturpam a questão com perguntas posteriores acerca de detalhes irrelevantes. IInPJs são capazes de mover montanhas com sua intuição. Eles próprios têm convicção de suas intuições, pois passaram muito tempo apurando-as e averiguando-as. Quando chegam a esse ponto, é difícil fazê-los desistir de suas ideias e da concretização destas, mesmo com argumentos racionais. Defendem seus pontos de vista e não temem confrontos. IInPJs são estrategistas natos: desenvolvem e verificam com muito cuidado e circunspecção seu projeto e planejam sua realização. São suficientemente introvertidos e estruturados para ter a paciência necessária e não se precipitarem. São suficientemente racionais para questionar sua ideia de modo crítico. Assim como todos os tipos J, gostam de concluir as coisas principalmente quando se trata de uma ideia própria. Como todos os tipos In, não se deixam intimidar por obstáculos, ao contrário, são impulsionados por estes. Também partem do princípio típico dos Ins de que o impossível demora um pouco mais, mas não muito, a ser alcançado. IInPJs se sentem bem no mundo intelectual. Frequentemente buscam a atividade intelectual não apenas na profissão, mas também no lazer, à medida que leem muito, aprendem novas línguas ou se aprofundam no sistema de seu computador. Gostam de pensar sobre questões filosóficas e se ocupam com teorias. Do seu ponto de vista, jamais sabem o suficiente e aproveitam toda e qualquer oportunidade para se aperfeiçoar. Para eles o conhecimento tem valor por si só e não tem, em princípio, uma finalidade utilitária, como ascender na carreira

profissional. Isso, no entanto, pode ser um efeito colateral agradável. Trabalho Muitos IInPJs obtêm sucesso profissional, pois são competentes e consequentes. Sentem-se atraídos por profissões em que suas maiores habilidades são exigidas: analisar sistemas e conceitos em relação ao seu potencial de mudança, gerar um novo projeto, planejar e efetuar a realização deste de modo consequente. Não faltam ideias novas para os IInPJs. De preferência, gostariam de se encarregar de todas ao mesmo tempo. O seu J, entretanto, é forte o suficiente para dominar esse impulso. IInPJs trabalham com sucesso em todas as profissões que exigem um pensamento abstrato e lógico e atuação sistemática. São cientistas, técnicos em informática, engenheiros, trabalham como jornalistas ou consultores organizacionais. IInPJs preferem trabalhar sozinhos. Consideram cansativo o fato de antes de começar com seu trabalho precisarem cultivar relações sociais. O trabalho em equipe funciona melhor com pessoas que têm a mesma mentalidade (outros InPs ) aos quais não precisam expor longamente suas ideias e que não esperam um “blá-blá-blá social prévio”. Naturalmente IInPJs também são capazes de trabalhar em equipe, quando obrigados. Sua postura básica, no entanto, se orienta mais pela tarefa do que pela relação interpessoal. IInPJs desejam trabalhar do modo mais autônomo e flexível possível. Trabalhos rotineiros que sufocam sua criatividade são um suplício para eles. Quando, porém, podem dar livre-curso à sua intuição, IInPJs trabalham de modo muito engajado, normalmente mais do que se exige deles. A melhor forma de motivá-los é dando-lhes tarefas que os desafiam intelectualmente. Nesses casos trabalham de modo mais meticuloso e com mais empenho do que quando se promete uma recompensa financeira especial

para um trabalho rotineiro. Mesmo não gostando de trabalhos detalhistas e rotineiros, IInPJs são suficientemente consequentes (J) para se dedicarem também a esse tipo de tarefas quando necessário. Porém, não se dedicam a essas voluntariamente. Por serem ambiciosos, IInPJs com frequência alcançam postos de liderança. Seu estilo de liderar se orienta, assim como seu estilo de trabalhar, mais pelas tarefas. Promovem primeiro um modo de trabalhar eficiente e se preocupam menos com um clima de trabalho harmonioso. A maior satisfação dos IInPJs é a conclusão bem-sucedida de um projeto. Em face do sucesso, todo o esforço investido esmaece. Por isso, raramente pensam em elogiar explicitamente seus funcionários. Partem do princípio de que o sucesso já é elogio suficiente. Com frequência, entretanto, se enganam e seus funcionários ficam frustrados, pois seus esforços não são suficientemente apreciados. Quando IInPJs não confiam logo de imediato seus planos aos outros, podem surgir problemas. Nessa hora seus funcionários se sentem confrontados com fatos consumados (ou ao menos com planos consumados a respeito de como esses fatos devam ser criados). Por terem tido tão pouca voz, mal conseguem se identificar com o projeto e trabalham de modo desmotivado. Quando IInPJs se encontram em uma posição hierarquicamente inferior correm o risco de seu chefe se sentir passado para trás e, na pior das hipóteses, fazer cair por terra seus projetos. Seria muito favorável para o trabalho em conjunto da empresa se os IInPJs comunicassem aos outros suas reflexões desde o início. Desse modo, não apenas os convenceriam com mais facilidade, como também usufruiriam dos estímulos que estes oferecem. Amor e amizade

IInPJs são pessoas independentes que prezam sua liberdade. Por um lado, são introvertidas, isto é, não têm, por si só, uma forte necessidade de troca, e conseguem ficar bem a sós consigo mesmas. Por outro, são tipos racionais (P) que se envolvem mais facilmente em uma discussão objetiva do que em uma relação emocional. IInPJs só lentamente se abrem para novos contatos, pelo menos quando se trata de algo mais do que apenas uma relação superficial. Demora um tempo até que sua confiança seja conquistada a ponto de eles se abrirem para conversas pessoais. IInPJs cultivam um pequeno e seleto círculo de amizade cuja base consiste em interesses e temas de discussão em comum. Suas amizades se mantêm estáveis durante um longo tempo e o círculo se amplia pouco. IInPJs raramente buscam novas amizades. Na maior parte das vezes, sua necessidade de contatos é satisfeita por amizades existentes. Não precisam necessariamente de encontros regulares e frequentes para cultivar as relações, e são capazes de se reconectar mesmo após longas interrupções. Para IInPJs amor significa confiar seus pontos de vista ao parceiro e evoluir em conjunto. Assim como no caso da maior parte dos Ins, imaginam um modelo ideal de relacionamento. Por serem tipos racionais, seu ideal se refere menos ao aspecto emocional do relacionamento (ao que um “deveria” sentir pelo outro) e mais como o relacionamento “deveria” ser. Isso se refere, por exemplo, à divisão de tarefas para se atingir objetivos em comum. Também no relacionamento, a máxima dos IInPJs é “Há sempre algo a ser melhorado”. Da mesma forma, sua relação é bastante dinâmica. Entretanto, pode surgir com facilidade certa inquietação ou insatisfação subliminar. Afinal de contas, jamais é possível estar satisfeito com o que há no presente. Seus parceiros se sentem frustrados, pois o ímpeto por mudanças nunca acaba e lhes dá a

impressão de jamais agradarem de fato. O que vale aqui é encontrar o equilíbrio adequado entre mudança e estabilidade (satisfatória). O IInPJ se decepciona muito quando seu ideal de relacionamento não pode ser conciliado com a realidade. Em geral, ele tem dificuldade de abrir mão de seus pontos de vista já amadurecidos. Isso vale especialmente para os relacionamentos amorosos. Com frequência IInPJs dão a impressão, ao menos à primeira vista, de serem um pouco frios e distantes. Têm dificuldade de expressar sua simpatia e especialmente seu amor – ao menos com palavras. Às vezes seus sentimentos se encontram tão distantes da superfície que eles próprios não têm acesso imediato a eles. Parentalidade IInPJs são pais muito aplicados que estimulam seus filhos de forma múltipla e consequente. Esboçam diversas ideias de como seus filhos poderão se desenvolver e não medem esforços para propiciar as condições necessárias para esse desenvolvimento. Também na educação, IInPJs voltam sua atenção para o aprimoramento. Seus filhos têm condições iniciais ideais. Entretanto, pais IInPJ precisam ficar atentos para não sobrecarregarem seus filhos. Estes sentem as exigências de seus pais de que tudo pode melhorar sempre e se frustram por jamais conseguirem fazer as coisas de modo suficientemente bom. Quando os filhos não têm o dom ou os interesses para atingir os objetivos, frequentemente ambiciosos, de seus pais, na certa haverá problemas. IInPJs insistem muito em seus ideais e não se deixam convencer com facilidade de que esses não são realizáveis. Em sua educação IInPJs são claros e consequentes de modo que seus filhos podem ser criados em uma estrutura cotidiana estável e confiável. Voltam a sua atenção para o futuro e sempre têm os objetivos do

desenvolvimento de seus filhos em mente. Por isso, muitas vezes perdem a oportunidade de simplesmente usufruírem do momento com seus filhos, livres de todos os objetivos a longo prazo. IInPJs são pais muito responsáveis. Deveriam, entretanto, conscientizar-se sempre, de que educação não significa apenas algo sério, mas também prazer. Assim como seus filhos precisam ser estimulados de modo consequente, estes também anseiam por conviver com seus pais de forma alegre e descontraída. Problemas e possibilidades de desenvolvimento IInPJs são estrategistas natos: quando suas ideias amadurecem, é quase impossível impedi-los de concretizálas de modo consequente. Por um lado, trata-se de um grande dom por meio do qual IInPJs tornam possível o que parece impossível; por outro, há diversas armadilhas que, na pior das hipóteses, podem condenar a ideia como um todo ao fracasso. Às vezes, IInPJs se aferram às suas ideias. Quando se decidem, ofuscam qualquer tipo de dúvida (J) e seu projeto se torna inabalável. Ignoram de modo leviano até mesmo obstáculos óbvios; com sua visão do tipo In tudo é possível. Carecem de um olhar voltado para as dificuldades de realização prática. Nesse caso seria útil confiar o mais cedo possível suas ideias a outros e, principalmente, levar a sério possíveis objeções. Conselheiros adequados são prioritariamente tipos Se que encaram os problemas de modo muito mais pragmático. Da mesma forma seria favorável se IInPJs pudessem ser um pouco mais flexíveis. Para isso, um atitude mais conduzida pelo Pe seria útil, ou seja, a convicção de que não há apenas uma única, mas diversas possibilidades. IInPJs poderiam tornar sua vida mais fácil caso treinassem um pouco seu S. Desse modo teriam mais chances de fazer

valer suas ideias. Se IInPJs incluíssem mais as necessidades dos outros, poderiam também contar com mais apoio. IInPJs se projetam nos outros quando tiram conclusões errôneas partindo do pressuposto de que estes se entusiasmarão da mesma forma com suas ideias. Por isso, vale de fato a pena refletir um pouco sobre como tornar sua ideia palatável aos outros, pelo menos quando dependem do apoio deles. Isso também se aplica ao caso em que IInPJs se manifestam a respeito de projetos de outras pessoas. Frequentemente criticam com a melhor das intenções, mas de forma muito direta. Em seguida se espantam de os outros ficarem sentidos e os rejeitarem aborrecidos, assim como suas sugestões de melhoria bem-intencionadas. IInPJs encontrariam mais receptividade se dissessem algumas palavras de reconhecimento antes de criticar. Mesmo se, em sua opinião, isso talvez fosse desnecessário, perceberiam que em seguida sua opinião seria aceita com mais rapidez. IInPJs têm muito sucesso, pois buscam incessantemente possibilidades de melhora. Essa exigência ambiciosa, porém, pode ser um tanto estressante para os outros, pois nunca conseguem de fato satisfazer os IInPJs. IInPJs devem ficar atentos para não frustrarem ou pressionarem demasiadamente os seus parceiros, especialmente no caso de relações mais próximas. Eles próprios poderiam respirar aliviados se, de vez em quando, não colocassem tanto defeito em tudo. Muitas vezes perdem o prazer do momento por estarem tão voltados para o futuro. Manual de instruções pessoal • Por favor, compartilhe as minhas ideias! Não critique logo de imediato, mas primeiro apenas me escute. Não dou tanta importância a detalhes, por isso não destrua minhas ideias com minúcias que talvez não funcionem. O que conta para mim é a ideia como um todo!

• Por favor, mantenha-se aberto para experimentar o novo. Não destrua minhas sugestões só por serem um pouco incomuns. • Preciso de tempo para mim, principalmente depois de um dia estressante. Nessas horas gosto de mergulhar em meus hobbies, pois essa é a minha melhor forma de relaxar. Por favor, conceda-me essa liberdade sem se sentir posto em segundo plano. Em seguida estarei plenamente disponível para você! • Fico contente quando você compartilha as minhas ideias. Jamais me canso de evoluir e ficaria feliz se pudéssemos fazer isso juntos. • Por favor, apoie ou respeite o meu envolvimento profissional e meus planos de carreira. Meu trabalho é muito importante para mim. • Quando discutimos algo, por favor, dê-me tempo para que eu possa elaborar minha resposta, mesmo se, no meu caso, isso demora mais do que no seu. Quando você me pressiona muito, fecho-me facilmente ou digo coisas nas quais não acredito. Preciso de tempo e paciência, pois, quando deseja falar sobre sentimentos comigo, esse assunto não é exatamente o meu ponto forte. • Por favor, não encare minha crítica pessoalmente. Na realidade, minha intenção é boa e desejo apenas ajudar você, mesmo se nem sempre eu seja capaz de me expressar adequadamente. • Por favor, diga-me abertamente quando algo incomoda ou fere você. Só quando sei o que você espera de mim, posso de fato considerá-lo. • Por favor, não me sobrecarregue com excesso de espontaneidade. Gosto e preciso de um cronograma claro, sobretudo quando estou estressado. Por favor, avise-me a tempo quando você não pode cumprir uma promessa ou quando seus planos mudaram. Preciso me acostumar com

a ideia. Apesar de gostar de experimentar o novo, prefiro que seja de forma planejada! • Por favor, não me arraste para um excesso de compromissos sociais, isso me cansa. Estou aberto a acompanhar você, com moderação e necessito de tempo para mim. Nesses casos, não ligo se você quiser ir sozinho.

EInPJ: os gestores de competências

EInPJs são pessoas autoconfiantes e ativas. Sabem o que querem e trabalham objetivamente para isso. Para eles viver equivale a um desafio, ficam quase entediados quando algo cai, sem esforço, em seu colo. EInPJs têm sede de conhecimento, amam discutir e considerar problemas os mais complexos possíveis a partir de perspectivas sempre diversas. São analistas natos que compreendem muito rapidamente uma situação para em seguida transpor suas ideias para a realidade de modo enérgico e competente. Em seu perfil de personalidade, a avaliação racional (P) é central e eles a direcionam de forma extrovertida para fora. Consideram o meio que os circunda de uma distância crítica e analisam o que acontece ao seu redor. Em razão de seu olhar interrogativo, rapidamente se dão conta de erros e contradições. De acordo com seu estilo extrovertido, criticam de forma espontânea e aberta, o que faz com que as pessoas em questão se sintam facilmente ofendidas. EInPJs refletem pouco sobre o efeito (emocional) de suas palavras (P), o que importa para eles é o fato. Sentem prazer em discutir pontos de vista diversos, gostam de ser desafiados intelectualmente e se divertem medindo forças de modo argumentativo com os outros. É difícil persuadi-los, pois estão convencidos de seu ponto de vista. Quando alguém consegue fazê-lo, o EInPJ tira o chapéu para ele. Nas raras vezes que isso acontece, ele pode ser impressionado pela competência e presença de espírito. Além disso, o que caracteriza a personalidade do EInPJ é sua percepção intuitiva (In). Tem um olhar aguçado para o que é superior, para padrões e sistemas complexos. Gosta

de se ocupar com teorias e conceitos abstratos. Seu olhar interno se volta para possibilidades e mudanças. Interessase menos por aquilo que foi ou é e mais por aquilo que poderá vir a ser. Em razão de seu perfil tipológico, EInPJs têm excelentes condições prévias para de fato realizarem suas ideias intuitivas.São tipos julgamento, isto é, têm necessidade de concluir as coisas, principalmente quando se trata de suas próprias ideias, ideias que são importantes para eles. Seu anseio do tipo J de realizar as coisas até as últimas consequências doma, inclusive, a relutância que sentem diante da exigência de detalhar suas ideias (os tipos InPPe desistem neste momento). São tipos P, o que significa que submetem suas ideias à análise crítica e as examinam em relação a erros lógicos. Quando tomam sua decisão, abordam a coisa toda de modo racional: buscam o caminho mais eficiente possível para alcançar seu objetivo. Não se desviam do caminho para agradar os outros. Por serem extrovertidos, são comunicativos e têm a capacidade de conquistar os outros para suas ideias, o que, por sua vez, aumenta a probabilidade de elas de fato se realizarem. É exatamente essa combinação de qualidades que torna os EInPJs líderes natos. Diz-se que não são capazes de liderar. Por sua natureza dominadora (E) e o objetivo claro (InP), que perseguem e desejam alcançar a qualquer preço (J), começam automaticamente a organizar tudo e todos a seu redor de modo que seja proveitoso para a realização de seu objetivo. É preciso se opor de forma muito clara caso não queiramos ser submetidos ao objetivo do EInPJ. Dada sua natureza extrovertida, os EInPJs podem ser uma companhia muito divertida e alegre. Essa leveza, porém, é só uma parte pequena, mais superficial, de sua personalidade. Em sua essência, os EInPJs são, na maior parte das vezes, bastante ambiciosos e muito exigentes consigo mesmos. Sempre vislumbram algo ainda melhor.

Nada lhes dá mais prazer do que ir além de seus objetivos. Aceitar um “não” é tão difícil para eles quanto reconhecer que um obstáculo é intransponível: um EInPJ não desiste. Frequentemente EInPJs projetam desde muito cedo objetivos de vida claros, os quais então perseguem de modo muito consequente e, na maior parte das vezes, conseguem realizar. De vez em quando, têm dificuldade de simplesmente relaxar ou se dedicar a uma ocupação que não esteja a serviço de um objetivo superior. Gastar seu tempo com distrações divertidas normalmente não é o que buscam. Trabalho EInPJs necessitam de um trabalho que os desafie intelectualmente. Têm talento para analisar problemas complexos, desenvolver possibilidades de solução e organizar sua realização da forma mais eficiente possível. Trabalham de modo duro, eficiente e muito motivado quando têm em mente um objetivo com o qual se identificam. Agem de forma muito consequente e estruturada. Os EInPJs são encontrados com mais frequência em profissões técnicas ou ligadas à administração, prioritariamente na área de management. Quando trabalham na área social estão “menos a serviço do ser humano”, e mais movidos pelo desafio em relação a seu talento de organização e sua capacidade de solucionar problemas. EInPJs trabalham muito focados na tarefa, pois o que lhes importa é o objetivo. Não esperam que o trabalho em conjunto seja harmonioso, mas eficiente. Esperam dos outros a mesma disciplina com que encaram suas tarefas. Podem se tornar rapidamente impacientes quando os outros não entendem de imediato suas ideias ou quando cometem, segundo sua perspectiva, um erro estúpido que atrasa a realização do objetivo.

EInPJs não gostam de trabalhar sozinhos em seu cantinho; preferem estar rodeados de pessoas. Mesmo assim, nem sempre é fácil trabalhar com eles. Em geral, estão convictos de serem aqueles que melhor sabem de que modo um problema deve ser encarado. E não fogem do confronto para afirmar seu ponto de vista, mesmo quando se trata de um superior. Um EInPJ se submete a regras apenas quando fazem sentido. Caso contrário, fará de tudo para modificá-las ou contorná-las. EInPJs não são pessoas conformadas e estão abertos a tudo que é novo e original. Quando, porém, chegam a uma conclusão, é quase impossível convencê-los do contrário. EInPJs necessitam de um trabalho onde podem ter o máximo de independência e desenvolver soluções criativas. Quando assumem um cargo de liderança, EInPJs estão no auge, pois têm liberdade para realizar suas ideias conforme suas concepções. Exigem empregar não apenas suas próprias capacidades, mas também as de seus funcionários, da forma mais eficiente possível. Normalmente têm uma boa percepção dos pontos fortes e fracos de seus colegas. São mestres em empregar seus funcionários de um modo que cada um possa contribuir da melhor forma possível para a realização do objetivo. Não raro tomam decisões sobre seus empregados que geram indignação e resistência, pois para eles o mais importante não são os interesses humanos, mas o trabalho eficiente. Como chefes EInPJs não são necessariamente benquistos; sob sua liderança, entretanto, o trabalho realizado é muito bom. Amor e amizade EInPJs cultivam um círculo de amizade grande e variado. São sociáveis, atirados e têm interesses diversos. Para eles amizade significa mais do que se divertir na companhia dos outros. Desejam evoluir e aprender com a troca com seus amigos. Amam desafiar-se mutuamente em discussões e

abordar um tema de perspectivas sempre novas. EInPJs esperam que seus amigos não levem a mal seu jeito direto, mas que sejam capazes de encarar críticas. Animosidades os cansam demasiadamente. No que diz respeito ao relacionamento a dois, EInPJs têm desde cedo ideias muito claras. Sabem exatamente o que esperam de seu parceiro e estão pouco dispostos a fazer acordos. Podem perfeitamente se apaixonar espontânea e ardentemente, mas a sua razão sempre volta a assumir o comando. Ponderam racionalmente quão bem o relacionamento se encaixa em seu conceito de vida superior. Buscam parceiros que compartilham seus objetivos, ou, ao menos, os apoiam. Assim como todos os tipos In, têm em mente sua “visão” de relacionamento. Embora esta também se refira à ligação emocional com seu parceiro, o que está em primeiro plano é como ambos podem evoluir juntos. Desse modo não têm apenas grandes expectativas em relação a si próprios, mas em relação a seu parceiro. Apesar de serem extrovertidos, têm dificuldade de expressar seus sentimentos. São mais hábeis para encontrar argumentos objetivos do que para falar sobre o que estão sentindo. EInPJs são cavaleiros solitários. Têm uma forte necessidade de independência e não gostam de fazer acordos. Em seus relacionamentos isso gera repetidos conflitos, pois o parceiro se sente atropelado e não levado a sério. EInPJs se sentem internamente divididos entre seu desejo de um relacionamento e sua necessidade de independência. Sentem-se melhor com um parceiro igualmente independente que lhes dá liberdade suficiente. Por outro lado, eles mesmos são suficientemente tolerantes para conceder ao seu parceiro sua independência. Isso não significa que EInPJs desejam excluir seu parceiro de todos os domínios de sua vida. Gostam de falar e discutir suas experiências, apesar de não estarem dispostos a permitir

intromissões ou a se limitar em termos temporais. Para muitos EInPJs o trabalho está em primeiro lugar, no qual investem muito tempo e energia. De seu parceiro esperam que apoie seu engajamento ou, ao menos, o tolere. Parentalidade Pais do tipo EInPJ têm também planos e objetivos claros em mente para seus filhos. São muito engajados quando se trata de estimulá-los e de criar as melhores condições possíveis de desenvolvimento. São para seus filhos exemplos de perseverança, integridade e coerência, pois estes também são valores essenciais para eles. Sua educação se caracteriza por regras claras e consequências igualmente claras caso estas sejam transgredidas. Pais do tipo EInPJ precisam ficar um pouco atentos para não sobrecarregarem seus filhos. Mesmo que os objetivos que têm em mente sejam de fato dignos de serem alcançados, não devem ignorar que às vezes seus filhos querem ou sabem fazer algo totalmente diferente. Como do ponto de vista dos EInPJs (quase) tudo é possível, caso se trabalhe suficientemente duro para tal, eles têm dificuldades de aceitar a possibilidade de seus filhos não terem o dom necessário para alcançar os objetivos frequentemente ambiciosos de seus pais. A concepção dos EInPJs de que tudo, seja lá o que for, pode sempre ser feito de uma forma ainda melhor é dúbia quando se trata de sua educação. Por um lado, isso pode incentivar seus filhos a desenvolverem a mesma ambição bélica. Por outro, os filhos podem ser tomados pela sensação frustrante de nunca serem bons o suficiente o que, em última instância, é muito prejudicial para sua autoestima. Seria um alívio se o EInPJ amenizasse um pouco seu olhar crítico. Isso significa olhar mais para o que é positivo, elogiar com mais frequência e, de vez em quando, passar por cima de erros.

Problemas e possibilidades de desenvolvimento O ponto mais forte dos EInPJs – sua determinação e sua estrutura – a partir do qual lutam pela realização de suas ideias, pode igualmente causar desvantagem. Isso já começa na hora da seleção de suas ideias: embora EInPJs submetam suas ideias a uma análise lógica, nem sempre levam sua própria crítica suficientemente a sério. Desse modo, suas objeções lógicas acabam invalidadas por sua convicção do tipo “In” de que (quase) tudo é passível de realização. A consequência disso é que EInPJs se sobrecarregam e, por fim, após infinitos esforços e lutas, se frustram ainda mais pois acabam precisando se render. Quando algo não segue exatamente aquilo que têm em mente ou quando percebem que estão chegando a seu limite, EInPJs podem se tornar um tanto teimosos e aborrecidos. Dessa forma não se tornam exatamente benquistos, principalmente por aqueles que, porventura, desde o início manifestaram suas dúvidas. EInPJs poderiam tornar sua vida mais fácil caso pedissem conselhos aos outros e, principalmente, se levassem estes a sério. Pessoas orientadas pela sensação visualizam facilmente os problemas práticos que surgem na realização concreta de uma ideia. Eles precisam ser levados a sério para se despedir a tempo de ideias que, apesar de muito criativas, infelizmente não são passíveis de realização. Porque tipos In direcionam seu olhar principalmente para o futuro, acabam absorvendo poucas informações do passado e do presente, informações essas que, entretanto, podem ser altamente relevantes. Por isso faz sentido pedir conselhos àqueles que percebem pela sensação. Pessoas que decidem orientadas pelo sentimento estão atentas às necessidades dos que são afetados pela ideia do EInPJ. Pelo fato de o EInPJ se encontrar tão mergulhado em sua ideia, por vezes subestima ou ignora o “fator humano”. Mas por depender tanto dos outros na hora da realização de sua

ideia, isso pode constituir um grande erro. Quanto mais aqueles que participam se sentem levados a sério e respeitados, tanto mais motivados trabalharão. Isso, por sua vez, aumenta a eficiência tão importante para o EInPJ. Por isso pode “valer tanto a pena” considerar as necessidades dos outros e promover um ambiente profissional harmonioso. Um EInPJ praticamente não corre perigo de desistir antes da hora. É bem mais provável que se torne obstinado por uma ideia e não consiga admitir o fracasso desta. EInPJs sentem dificuldade de se despedir de suas ideias principalmente quando seu J é muito desenvolvido. Por vezes, isso talvez nem seja necessário, pois já seria suficiente retroceder novamente alguns passos, colher novas informações e experimentar formas de solução alternativas. Porém, até para isso EInPJs às vezes são demasiadamente obstinados. Quando uma ideia fracassa, o próprio EInPJ é atingido por sua dura avaliação e experimenta seu insucesso como fracasso pessoal. Nessas horas ignora que o sucesso está em suas mãos de forma limitada e que fez o melhor que pôde. Assim como sua perseverança o leva em diante, também o bloqueia quando sua ideia não é passível de realização. Nesses momentos seria muito útil se o EInPJ pudesse lançar mão de uma atitude Pe mais desenvolvida. Perceberia assim que há ainda outras formas de alcançar o seu objetivo e que nem o investimento de tempo, nem o desgaste emocional valem o agarrar-se a uma ideia. De modo geral, o EInPJ encararia a vida com mais leveza e alegria se aprimorasse mais seu Pe e seu S: a vida não é só trabalho! Seria muito proveitoso manter seu pensamento visionário para o lazer e no âmbito do relacionamento. Manual de instruções pessoal

• Por favor, me escute e me deixe falar, discutir, pensar em voz alta e desenvolver novas ideias! Necessito da troca com os outros. • Por favor, me encoraje e me acompanhe em minha busca por crescimento e desenvolvimento. Seja compreensivo em relação à minha necessidade de desafios e ao desejo de ir cada vez mais longe. • Por favor, ouça minhas ideias e minhas concepções e participe de minhas reflexões. Tente primeiro compreender a ideia geral. Não faça logo mil perguntas a respeito de quaisquer detalhes. Isso me torna impaciente, pois num primeiro momento não é algo tão relevante para mim. • Por favor, confie em minhas ideias e em minha competência! Por favor, jamais me questione diante de outras pessoas. • Por favor, apoie ou, ao menos, respeite meus planos profissionais de carreira e o fato de eu investir muito tempo e energia em meu trabalho. Para mim é importante conseguir avançar. • Por favor, não encare minhas críticas pessoalmente! Desejo trocar argumentos com você e, talvez, formar um novo ponto de vista. Não desejo magoá-lo nem quero ser arrogante. • Você me impressiona quando entra em um confronto comigo e, quem sabe, no final até consegue me convencer com seus argumentos. Por favor, não se esquive do confronto! • Por favor, diga-me abertamente o que incomoda ou fere você! Não varra tudo para debaixo do tapete em nome da harmonia. Só quando você fala comigo, posso mudar alguma coisa. • Por favor, seja pontual e cumpra o que promete. Nada me irrita mais do que um monte de projetos iniciados e

deixados pela metade. Se você se atrasar ou desistir de seus planos, por favor, avise-me a tempo e, se for possível, explique o porquê! • Respeite minha necessidade de rotina e estrutura também no dia a dia. Simplesmente me sinto melhor quando sei o que me aguarda. • Saia comigo e socialize. Necessito da troca com outros. Por favor, aceite que sairei sozinho caso você não tenha vontade de me acompanhar.

IInSPe: os gestores de virtudes

IInSPes são pessoas simpáticas e modestas. São flexíveis e capazes de adaptação. É fácil estabelecer contato com eles, pois são muito gentis e ouvintes atentos. Assim como no caso de muitos tipos introvertidos, vale igualmente para os IInSPes: “Águas mansas são profundas”. Na maior parte das vezes os conhecemos melhor só à terceira ou à quarta vista, pois não expõem com tanta facilidade o que têm de mais íntimo. Em geral, o IInSPe faz pouco alarde de sua pessoa. O que caracteriza os IInSPes é sua avaliação fortemente conduzida pelo sentimento (S). Têm um sistema interno de valores muito desenvolvido, cujo núcleo é formado por valores sociais e interpessoais. Tudo o que fazem e que acontece a seu redor é filtrado por esse sistema de valores. IInSPes buscam integridade, quer dizer, desejam viver em harmonia com seus valores e realizá-los na relação com as pessoas de seu convívio. São afetuosos, interessados, atenciosos, cooperadores, confiáveis e leais. No que se refere a seus valores internos, têm uma exigência quase perfeccionista e são praticamente incapazes de perdoar a si mesmos e aos outros quando esses valores são feridos. Por serem introvertidos, porém, falam pouco sobre sua concepção interna de valores; em vez disso, agem de acordo com esses. Por isso, muitas vezes permanece oculto às pessoas de seu convívio quão significativa essa concepção de valores é para eles, pelo menos até que alguém a fira. Na verdade IInSPes são pessoas muito corteses e educadas, que evitam brigas. Quando, porém, seus valores são atingidos (intencionalmente ou não), se

aborrecem sem se importar com a harmonia. Tornam-se então muito furiosos e podem de fato levantar a voz. Nessas horas os outros muitas vezes ficam surpresos, pois o IInSPe, sempre tão cordial, de súbito e imediato perde as estribeiras. Além disso, o que caracteriza os IInSPes é sua percepção intuitiva (In). Assim como todas as pessoas que percebem pela intuição, direcionam seu olhar para contextos superiores, possibilidades e o futuro. Sua forte avaliação intuitiva determina, o que percebem: estão sempre em busca de possibilidades de melhorar o mundo. Sentem-se realizados quando apoiam os outros na busca de seu caminho, na descoberta de suas habilidades e no desenvolvimento de seus talentos. Jamais perdem de vista o que perseguem e se empenham constantemente em realizar seus ideais humanistas em seu próprio contexto de vida. Quando se trata de seus valores, IInSPes são perseverantes e tenazes. Aqui a importância de seus valores internos pesa mais do que seu fator Pe, o que em outros contextos faz com que, embora iniciem muitas coisas, não necessariamente as concluem. Por se guiarem fortemente por possibilidades e pelos potenciais das pessoas de seu convívio, às vezes seu olhar se volta pouco para o que é prático. Quando se trata de questões mais cotidianas, IInSPes são, em parte, um pouco complicados e inábeis. Necessidades cotidianas permanecem com frequência pendentes, são ignoradas ou esquecidas. Alguns IInSPes são típicos gênios distraídos; mergulham de tal forma em seu mundo de pensamentos que acabam se esquecendo de questões práticas e vitais, como as compras, até que são tomados pela fome e se encontram diante de sua geladeira vazia. O aspecto de sua casa e de seu entorno profissional pode ser um tanto confuso e caótico. Por um lado, IInSPes têm dificuldades de se separar de coisas que têm um valor

emocional para eles; por outro, trabalham, na maior parte das vezes, em vários projetos ao mesmo tempo o que, ao menos externamente, gera desordem. Internamente, IInSPes costumam ter um bom controle sobre o que precisa ser feito. Assim como todos os tipos InS, IInSPes também buscam integridade e autoconhecimento. Colocam-se repetidamente em questão, assim como seu estilo de vida. Por terem altos padrões de exigência, são muito autocríticos, pois jamais conseguem alcançar a perfeição que almejam. O seu Pe os faz buscar constantemente possibilidades alternativas de criar sua vida, de modo que jamais obtêm um resultado final nesse processo de autoconhecimento e autoquestionamento. Estão sempre abertos para novas compreensões. Em relação a outros estilos de vida, são muito tolerantes. Os limites de sua tolerância, porém, se encontram claramente definidos por seus valores sociais. Nesse sentido, não fazem acordos. Trabalho IInSPes necessitam de um trabalho que está de acordo com seu sistema interno de valores, caso contrário se sentem rapidamente esgotados e exauridos. Realizar um trabalho valioso e pessoalmente significativo é mais importante para eles do que ganhar dinheiro. IInSPes trabalham bem e com prazer em profissões sociais: psicólogos, conselheiros, professores, assistentes para países subdesenvolvidos, assistentes sociais, enfermeiros – nas profissões em que podem contribuir em termos humanitários. Mesmo sendo introvertidos, IInSPes gostam de trabalhar em equipe, principalmente quando os outros partilham dos mesmos valores e trabalham em conjunto por uma “boa causa”. Apesar de raramente serem porta-vozes, contribuem com seu modo de ser engajado e cordial para a

criação de um ambiente construtivo e efetivo. IInSPes são modestos e raramente se colocam no centro das atenções. Contudo, vez ou outra, se decepcionam quando sua contribuição não é suficientemente reconhecida (mesmo se na verdade seu empenho é pelo projeto e não pelo reconhecimento dos outros). IInSPes trabalham de modo mais eficaz quando têm uma quantidade média de autonomia e liberdade. Conseguem, desse modo, desenvolver sua criatividade e abordar as coisas à sua maneira. Não gostam de trabalhos rotineiros e preferem experimentar novos caminhos para solucionar um problema. Quando, porém, é inevitável, IInSPes são suficientemente introvertidos para se disciplinarem a elaborar detalhes e fazer atividades rotineiras. A liberdade, entretanto, não deve ser excessivamente grande, pois nesse caso IInSPes tendem a adiar demasiadamente a conclusão de um trabalho. Não por serem preguiçosos ou se sentirem desmotivados; ao contrário: IInSPes visualizam um ideal e não descansam antes de, ao menos, se aproximarem deste. E isso pode demorar! Por isso, é favorável quando precisam seguir um cronograma claro, pois desse modo são forçados a frear seu perfeccionismo. Mesmo quando não estão exatamente satisfeitos com o resultado, realizam, na maior parte das vezes, do ponto de vista objetivo, um trabalho muito bom. IInSPes se sentem melhor em um ambiente de trabalho harmonioso. Apreciam o trabalho em conjunto que se caracteriza por cordialidade e solidariedade; não suportam concorrência e competitividade. Sua atitude se orienta mais pela relação do que pela tarefa, isto é: o que está em primeiro lugar para eles é um bom clima de trabalho. Existindo este, o trabalho também se torna mais fácil para eles. Raramente IInSPes almejam postos de liderança, fato que tem razões diversas: não gostam de estar no centro das atenções, preferem fazer suas tarefas sem serem

observados. Relutam em precisar provar constantemente sua competência. Além disso, sentem dificuldades de impor sua vontade e expor críticas mesmo quando estas se justificam. Seu forte desejo de harmonia faz com que frequentemente reprimam sua chateação e insatisfação. Quando ocupam postos de liderança podem passar repetidas vezes por situações desagradáveis, sobretudo quando seus colegas de trabalho apresentam interesses e opiniões opostos que não permitem uma solução consensual. IInSPes, entretanto, têm, sem dúvida, características de um líder. São capazes de motivar seus colegas de trabalho, pois enxergam seus pontos fortes e gostam de elogiar. Com seu modo gentil e cordial inspiram confiança em seus colegas de trabalho que, em contrapartida, desejam se mostrar à altura desta. Além disso, concedem a seus colaboradores bastante liberdade de ação. Desse modo promovem a autonomia de cada um e também a criatividade e a motivação. IInSPes têm um estilo de liderança que se caracteriza tanto pela gentileza quanto pela tenacidade. Com frequência energizam seus colegas de trabalho com seu próprio engajamento. Amor e amizade IInSPes cultivam um pequeno e seleto círculo de amigos. Pequeno por serem introvertidos e, desse modo, sua necessidade de contato e troca pessoal é satisfeita pelas poucas pessoas próximas. Seleto, pois para eles é importante compartilhar os mesmos valores com seus amigos íntimos. Por isso, muitas pessoas não são cogitadas para amizades à primeira vista. Mas não se trata de os IInSPes praticamente só buscarem estabelecer contatos com pessoas semelhantes a eles. Pelo contrário, gostam de discutir e debatem questões acerca de valores também com pessoas que pensam de modo diferente. Entretanto, não

estabelecem amizades nessa base, pois não há interesses básicos em comum. A troca pessoal é muito importante para os IInSPes; eles questionam tanto a si próprios quanto os outros. Os IInSPes, gostam de meditar sobre as “grandes questões da humanidade. “E desejam conversar com seus amigos exatamente sobre elas. Sentem-se entediados quando a conversa não se aprofunda e permanece na superfície. Por isso, muitos outros InSs, que também buscam o sentido da vida e aquilo que de fato importa, transitam em seu círculo de amizade. IInSPes não costumam cultivar relações mais distantes e superficiais, pois contatos dessa espécie os exaurem. Em vez disso, preferem passar um tempo sozinhos, pois necessitam disso para adquirir força. Para IInSPes amor e parceria representam um profundo compromisso. E parceria significa evoluir em conjunto e compartilhar valores e pontos de vista em comum. Por terem um elevado ideal de relacionamento, IInSPes raramente se apaixonam e ainda mais raramente de modo espontâneo. Antes de acreditar que encontraram o parceiro para a vida, ele é avaliado minuciosamente. Por vezes, não apenas seus parceiros sofrem devido ao seu elevado padrão de exigência em relação ao relacionamento, mas os próprios IInSPes. Por serem introvertidos, têm, em parte, dificuldade de comunicar seus pensamentos e sentimentos. Mas é exatamente isso que exigem do relacionamento: uma troca intensa de ideias e uma profunda compreensão mútua. Aqui o parceiro muitas vezes pode ter a sensação de não ser suficientemente profundo. Desse modo se sente pressionado a extrair de si o máximo possível para não decepcionar seu parceiro do tipo IInSPe. Quando, porém, a relação tem êxito, a parceria é muito intensa, íntima e consistente. Parentalidade

IInSPes desejam transmitir valores sociais a seus filhos tanto na teoria como na prática. Na maior parte das vezes conseguem ter muita empatia com seus filhos e buscam transmiti-lhes uma profunda compreensão de proibições e exigências. Seu estilo de educação se baseia na parceria e é pouco autoritário. Com frequência não são apenas pais de seus filhos, mas também de amigos e confidentes. Pais do tipo IInSPe são extremamente amorosos e calorosos. É muito importante para eles que seus filhos possam desenvolver seu potencial individual de forma plena, por isso os encorajam e apoiam para encontrarem seu próprio caminho. Nesse sentido são muito tolerantes e condescendentes, contanto que seus valores não sejam postos em xeque. Mas, quando isso acontece, não fazem concessões. No caso de outras pequenas transgressões, vez ou outra fazem vista grossa. Isso pode se tornar também um ponto fraco da educação do tipo IInSPe. Quando seu Pe se encontra muito desenvolvido, às vezes transmitem pouca estrutura externa e regularidade a seus filhos. Isso pode desestabilizá-los bastante. Problemas e possibilidades de desenvolvimento IInSPes conduzem sua vida de acordo com elevados ideais. Isso, por um lado, constitui sua força, pois, dada sua tenacidade, de fato realizam alguns sonhos. Mas é algo que pode também representar uma desvantagem. Por vezes, IInSPes se aferram às suas convicções e ignoram que também existem outros pontos de vista (legítimos). Quando são criticados ou impedidos, podem reagir de forma muito teimosa e aborrecida. Nesses casos é difícil convencê-los de que estão sendo demasiadamente obstinados e que a intenção da crítica foi boa. Da mesma forma pode acontecer de IInSPes esquecerem de avaliar se seus ideais intuitivos e suas ideias se encaixam na realidade. Assim como todas as pessoas que percebem pela intuição, concentram-se na

ideia grande e superior e não usam muito tempo e esforço para se ocupar com os detalhes de sua realização. Isso pode levar a grandes decepções quando percebem, demasiadamente tarde, que as suas ideias não resistem à realidade. Nesse caso, seria útil fazer o quanto antes o “teste da realidade”. Este não precisa ser necessariamente feito pelos próprios IInSPes, mas podem se aconselhar com um SeP (pessoa que percebe orientada pela sensação e que decide orientada pelo pensamento), que, em geral, tem um olhar mais aprimorado para os problemas da realização. Para tal, IInSPes precisam se esforçar para comunicar suas reflexões aos outros o quanto antes. Entretanto, por serem introvertidos, não gostam de falar sobre coisas prematuras; isso, porém, poderia salvá-los de algumas panes. Seus ideais elevados e seu anseio por perfeição motivam IInSPes e os fazem perseguir seus objetivos de forma consequente. Por vezes são extremamente eficientes; eles mesmos, porém, estão insatisfeitos, pois em sua visão o resultado é insuficiente, o que pode se tornar problemático em dois sentidos. Por um lado, IInSPes congelam diante da possibilidade de concluir o trabalho, pois este poderia sempre ainda ser melhorado. Por outro, isso faz com que raramente estejam satisfeitos consigo mesmos. IInSPes deveriam ser mais comedidos em sua autocrítica. Caso contrário, correm o perigo de sua atitude autocrítica se transformar em uma permanente dúvida a respeito de si mesmos que os paralisa e os faz desistir. IInSPes devem ficar atentos para direcionar seu olhar não apenas para os objetivos que desejam alcançar, mas também para o presente, e registrar o que já conquistaram. Na verdade, IInSPes só precisariam voltar sua atitude benevolente e auxiliadora, que assumem diante dos outros, para si próprios. Porém, o que fazem com tamanha facilidade pelos outros, por vezes só conseguem fazer com muita dificuldade por si mesmos.

Sua marcante avaliação baseada no sentimento (S) pode igualmente se tornar problemática para IInSPes quando tentam se esquivar ao máximo de conflitos. Nessas horas engolem seu mal-estar e sua decepção, em vez de buscarem uma conversa esclarecedora. Seu comportamento faz com que os outros cheguem à conclusão de que o IInSPe está de acordo e não se sentem culpados. Em seguida ficam um tanto espantados e aborrecidos quando, mais tarde, o IInSPe recua e sua raiva acumulada explode por um motivo comparativamente insignificante. IInSPes deveriam tomar coragem para falar de seus conflitos desde já. Dessa forma não aliviam apenas a si próprios, mas aumentam as chances de encontrar um acordo que faça sentido para ambos os lados. Ao evitar conversas esclarecedoras por um tempo muito longo, chegam cada vez mais à conclusão de que confrontos não levam a nada. O erro, entretanto, consiste apenas no fato de esperarem tempo demais e evitarem uma conversa franca. Manual de instruções pessoal • Por favor, lide de forma paciente, gentil e auxiliadora comigo. Aceite que necessito de um pouco de tempo para me abrir e falar sobre o que me preocupa. • Por favor, tente me compreender e não reduza meus sentimentos a um exagero, mesmo quando você não sente da mesma forma como eu. • Por favor, aceite (melhor, compartilhe) meus valores sociais! Esses são muito importantes para mim e formam a base de toda relação íntima que estabeleço. • Por favor, conte-me também o que move você. Interesso-me por aquilo que acontece dentro de você e desejo compartilhar seus pensamentos, sentimentos e reflexões.

• Por favor, não converse apenas sobre assuntos objetivos comigo! Também me interessa muito mais o que você sente, o que move você e que visões e objetivos você persegue. • Por favor, respeite que necessito de tempo para mim com frequência. Isso não tem nada a ver com você. Simplesmente preciso estar sozinho para ficar com meus pensamentos. Em seguida, estarei mais presente e com mais prazer em sua companhia. • Por favor, não espere que eu acompanhe você em todos os encontros, festas e eventos. Canso-me rapidamente quando preciso ficar por um tempo demasiadamente longo na companhia de muitas pessoas e, principalmente, entre desconhecidos. Prefiro que vá sozinho e, em seguida, me conte sua experiência. • Por favor, esteja aberto para o novo! Não se aferre ao velho apenas porque as coisas sempre foram assim. • Desejo evoluir em termos pessoais e, de preferência, em sua companhia! Seja sincero consigo mesmo, aberto para descobrir mais sobre você e refletir a seu respeito. • Por favor, não me force a seguir um plano de forma obstinada. Procure ser espontâneo e, vez ou outra, desista de seus planos em face de algo melhor. • Por favor, não me critique de imediato quando falo ou faço algo! Primeiro valorize o meu esforço. Depois disso, sua crítica me fere muito menos e consigo aceitá-la melhor. • Por favor, não se queixe do meu caos! Necessito dessa variedade em torno de mim. Um pouco de desordem não me incomoda. • Preciso de tempo para me decidir por algo. É importante para mim manter-me aberto também para outras possibilidades. Estressa-me planejar as coisas com tamanha antecedência e certeza.

EInSPe: os gestores de ideias

Pessoas do tipo EInSPe se entusiasmam com facilidade, são criativas e têm muita energia. Seu fator principal é a percepção intuitiva: interessam-se por padrões e ligações que se encontram por trás do óbvio. EInSPes preferem investigar os contextos internos aos fatos visíveis de situações, pessoas e coisas. Sua percepção intuitiva encontra-se direcionada para projetos e possibilidades futuros. Aquilo que é os interessa menos do que aquilo que poderia ser. Têm um faro excelente para projetos promissores e um olhar apurado para os potenciais das pessoas de sua convivência. Por serem entusiásticos, contagiam e motivam os outros com facilidade. Para eles não há problemas insolúveis e muitas vezes encontram soluções originais e não convencionais. De modo geral, suas maiores capacidades residem no pensamento criativo, por isso os encontramos muitas vezes em profissões criativas e/ou nas que oferecem bastante espaço para novas soluções e ideias. São otimistas e com frequência dispostos a correr riscos. Sua extroversão (E) aliada à sua avaliação orientada pelo sentimento (S) faz com que gostem de estar entre pessoas e, na maior parte das vezes, são benquistos, pois emanam alegria e vivacidade. A maioria dos EInSPes têm redes sociais amplas e consistentes. Entretanto, podem ser muito impulsivos e, às vezes, os outros precisam entrar em ação para que a situação seja salva. Sua tendência de expressar de modo direto e claro sua opinião, porém, faz com que raramente guardem ressentimento (algo que as pessoas atingidas tendem a fazer).

EInSPes gostam de um bom “drama”, para eles a vida é um palco de intensas vivências. Sempre buscam profundas experiências emocionais, mas, quando elas ocorrem, desencadeiam certo mal-estar. Isso se deve a um conflito interno básico dos EInSPes: por um lado, almejam autenticidade e independência, por outro, desejam agradar os outros e dependem de uma convivência harmoniosa e de reconhecimento. Isso pode levar a certa instabilidade que os divide entre seus próprios sentimentos e as necessidades dos outros. Às vezes, esse conflito pode chegar a tal ponto que eles, desejosos de agradar os outros, perdem o contato com seus próprios sentimentos e são tomados pela sensação de estar presentes apenas pela metade. EInSPes gostam de se ocupar com várias coisas ao mesmo tempo. Sua atitude ligada à percepção perante o mundo (Pe) sempre os mantêm atentos e abertos para novas impressões. São excelentes observadores. São capazes de voltar sua atenção de forma imediata e direta para quem está diante deles e simultaneamente prestar atenção no meio circundante. Apesar de detestarem ser controlados pelos outros, eles mesmos exercem, pela observação, um controle atento sobre o meio que os circunda. Isso faz com que, em parte, se encontrem mais tensos internamente do que aparentam. Diz-se, inclusive, que por causa dessa característica, EInSPes tendem a tensionar a nuca. Assim como a maioria dos InSs, os EInSPes têm muito talento para línguas. Em combinação com seu dom para a observação, isso muitas vezes os torna interlocutores muito engraçados e divertidos. Nos primeiros dez metros de um projeto ou de uma relação, EInSPes são praticamente imbatíveis. Infelizmente, investem mais em arrancadas do que em chegadas. Isso se deve tanto à sua profunda aversão a se ocuparem com detalhes (In), como à sua tendência de não gostar de se

comprometer (Pe). São mestres em projetos inovadores, mas sentem pavor de os aprimorar e realizar no que diz respeito aos detalhes. Não raro perdem inclusive o interesse por seus próprios projetos quando os primeiros desafios foram vencidos e o novo perdeu seu encanto. A maioria dos EInSPes, entretanto, aprendeu a resistir a essa tendência ou, dadas as imposições objetivas, simplesmente se sente forçada para tal e persiste. Trabalho EInSPes não raro seguem um caminho profissional não convencional. No caso deles encontramos com maior frequência mudanças de carreira, pois sua ocupação antiga impõe a eles um excesso de rotina ou obrigações institucionais. Desse modo decidem procurar novos desafios. Conforme já mencionado, os encontramos com frequência em profissões que exigem pensamento criativo, versatilidade e flexibilidade. Têm um ótimo faro para o que tem futuro e promete êxito. Sua ânsia de liberdade e necessidade de autonomia exigem um círculo profissional onde podem se desenvolver da forma mais livre possível, por isso encontramos entre eles um número acima da média de profissionais autônomos. Detestam trabalhar em organizações nas quais se sentem muito controlados e onde há fortes hierarquias. Nesses casos, tentam mudar ou evitar essas regras o máximo possível. A ocupação com detalhes e a realização de trabalhos rotineiros sem sentido para eles são muito assustadoras. Têm mais êxito quando ocupam cargos que exigem ideias e conceitos novos e em locais onde outras pessoas assumem a elaboração mais detalhada destes. Gostam de trabalhar com pessoas. Sentem-se inspirados e energizados por elas e, ao mesmo tempo, também as inspiram e energizam. Na maior parte das vezes, EInSPes irradiam bom humor e otimismo. Adoram um clima de trabalho marcado pelo coleguismo e pela gentileza

e se empenham para isso, independentemente da função que ocupam – a de um superior ou de um colega. Sua capacidade de se entusiasmar, seu pensamento inovador e seu ótimo faro para as capacidades de seus colegas lhes proporcionam excelentes qualidades de liderança. Porém, não se deve esperar deles excesso de planejamento e administração do tempo, pois ambas as coisas não são seus pontos fortes. Em razão de sua versatilidade e sua abertura para o novo têm dificuldade de se comprometer. Preferem manter em aberto as suas decisões até o último momento para assim não perderem, em nenhuma circunstância, alguma opção. Sentem-se bem mais inclinados a reagir de modo flexível diante do inesperado do que planejar tarefas a longo prazo. Seu entorno profissional mais imediato, como sua mesa de trabalho, frequentemente exibe, de acordo com essa tendência, uma desordem caótica. EInSPes podem desabrochar por inteiro em cada um de seus projetos. Nessas horas trabalham de forma incansável, transgridem muitas vezes amplamente seus limites físicos e psíquicos de modo que, quando concluíram o projeto estão a ponto de desabarem – ou de fato desabam. Esse perigo é, além de tudo, alimentado por sua tendência de quase não separarem trabalho de lazer, pois as profissões que exercem correspondem com frequência à sua vocação. Um trabalho deve dar principalmente prazer ao EInSPe, qualidade para eles é praticamente sagrada. Além disso, seu trabalho deve estar, no sentido mais lato, a serviço da humanidade. EInSPes desejam fazer valer seus valores humanitários. Ganhar dinheiro por si só pouco lhes interessa. Por sua percepção intuitiva (In) se ligar à sua avaliação emocional (S) e à sua extroversão (E) gostam de trabalhar em projetos voltados para pessoas. Além de atuarem em profissões criativas, são encontrados com frequência na função do professor, conselheiro e, de modo mais geral, em

profissões voltadas para a prestação de serviços. EInSPes precisam ficar atentos para que seu In não se apodere deles. Sua função menos desenvolvida é a percepção sensorial (Se), a decisão orientada pelo pensamento também não é seu ponto forte. Por isso, podem se enganar tanto na escolha de seus projetos, como na avaliação de pessoas, caso não considerem suficientemente a esfera objetiva dos fatos. Nessa hora suas valiosas ideias evaporam em empreendimentos equivocados e eles iniciam muitas coisas e jamais as concluem. Amor e amizade Pessoas do tipo EInSPe são parceiros apaixonados, românticos e amorosos e a vida com eles raramente se torna tediosa. Proporcionam divertimento e variedade – infelizmente, também em seus relacionamentos. Assim como em todos os aspectos de sua vida, EInSPes têm o melhor desempenho na fase inicial e tendem a perder – inclusive em seus relacionamentos amorosos – rapidamente o interesse quando o amado ou a amada foi suficientemente desvelado e não há mais nada de “novo” a ser descoberto, ou quando o relacionamento lhes parece demasiadamente “estabelecido”. Por, até então, não terem poupado provas de amor – tanto por palavras como de atos –, o parceiro pode sofrer um grande choque quando é deixado de modo súbito e inesperado. Quando, no entanto, EInSPes se comprometem de forma duradoura são parceiros amorosos e fiéis que oferecem muito apoio aos projetos e ao desenvolvimento pessoal de seus parceiros. Em geral é recomendável que EInSPes não tomem decisões importantes da vida – como o casamento – de modo precoce. Seu mal-estar básico na hora de se comprometer se revela também na hora de escolher um parceiro – pode sempre surgir alguém “melhor”! Como sua percepção sensorial (Se) é sua função menos desenvolvida,

EInSPes tendem a idealizar seu parceiro. Na fase inicial da paixão não avaliam corretamente seu “objeto amoroso” e – algo típico para EInSPes – acreditam sempre que dessa vez encontraram a “pessoa certa”. Quando o relacionamento começa a fluir, negam os defeitos do parceiro enquanto for possível e, quando não dá mais, reagem de forma decepcionada diante da “verdadeira face” do outro. Quando não existem razões suficientemente fortes, como filhos, que os impedem de terminar o relacionamento, eles se afastam. Ao contrário das pessoas do tipo EInSJ, não costumam lutar muito por seus relacionamentos. O que vale para eles é: “Outro jogo, outra sorte!” Para alguns EInSPes, a paixão também representa um tipo de estado duradouro, estão “enamorados da paixão” e necessitam sempre de novo do “frisson” do início, algo que os impele incansavelmente de relacionamento a relacionamento, de caso amoroso a caso amoroso. EInSPes são amigos amáveis, afetivos e prestativos. Sua capacidade de proporcionar diversidade e cor para a vida atrai outras pessoas e faz deles companhias desejadas. Sua sociabilidade e seu modo divertido são tão apreciados como sua forte capacidade de ter prazer, pois nos sentimos bem em sua companhia. Além disso, são frequentemente anfitriões muito generosos com senso para o que há de original e incomum. Parentalidade EInSPes são pais muito amorosos e afetivos. Oferecem bastante liberdade de desenvolvimento a seus filhos e julgam importante estimular os talentos destes. Sua tendência para a impulsividade e seus elevados ideais, porém, às vezes os fazem perder as estribeiras de modo súbito e serem muito críticos. Porém, frequentemente se arrependem muito depois de uma “explosão” desse tipo. Raramente concretizam suas ameaças espontâneas – é algo

que preferem deixar a cargo de seu parceiro. Outro problema que pais EInSPe por vezes apresentam são seus numerosos interesses capazes de absorver sua atenção com tamanha força que, apesar de terem muita consciência de suas obrigações, em determinados momentos seus filhos saem um pouco de seu campo de visão. O lar dos EInSPes se destaca menos pela ordem e mais pela vitalidade e “cor”. As casas de EInSPes muitas vezes constituem pontos de encontro da sociabilidade e do lazer. Aqui também o talento de improvisação dos EInSPes floresce: são mestres em transformar tudo em festa e dar brilho a cada encontro planejado ou espontâneo. Problemas e possibilidades de desenvolvimento O maior problema dos EInSPes se chama persistência. Sua tendência de se entusiasmar de imediato muitas vezes se desfaz quando um projeto ou relacionamento passa para a “fase da realidade” e exige um trabalho exaustivo que se volta mais para os detalhes ou, então, quando há excesso de rotina. Aqui também há um considerável perigo de contaminar os outros: um EInSPe pode pôr um projeto em movimento com muito entusiasmo, mas em seguida desaparece, pois perdeu o interesse, ou porque outras tarefas exigem muito dele. Esse tipo de perigo existe principalmente quando um EInSPe ocupa uma função superior. Sua tendência de transpor imediatamente seus impulsos e ideias para a realidade, não raro o faz confiar com bastante ímpeto uma tarefa a um ou mais funcionários. Contaminados pelo EInSPe, estes começam a trabalhar e se esforçam para realizar a tarefa da melhor forma possível. Quando apresentam os resultados, às vezes são forçados a constatar, decepcionados, que, no máximo, recebem uma espécie de atenção distraída. Comprometimento, planejamento a longo prazo e administração do tempo são as “zonas problemáticas” dos

EInSPes. Caso já não o façam (a contragosto) – um conselho derradeiro seria: Faça listas de tarefas! Além disso, deveriam aprender a resistir mais a seus impulsos de querer iniciar tudo de imediato sem ter feito um planejamento. EInSPes deveriam se forçar a pensar as coisas até o fim e elaborar um cronograma realista. Para isso pode ser útil consultar pessoas que têm um J e um Se no perfil. Além disso, deveriam se exercitar em montar listas de prioridades. Sua atitude ligada à percepção (Pe), e a abertura e a curiosidade em relação a novas impressões atreladas a esta, faz com que facilmente se distraiam. Por isso acabam sempre vítimas da falta de tempo. Quando se sentem inclinados a se dedicar a uma tarefa ou distração, deveriam antes se perguntar rapidamente se isso de fato precisa ser feito agora. Outro ponto fraco dos EInSPes é sua resistência a se ocuparem com fatos e detalhes. Por isso podem perder parcialmente o olhar para o que é objetivo e, assim, desperdiçam suas ricas ideias com projetos e pessoas inadequadas. É recomendável que treinem de modo consciente suas capacidades racionais (J) e sua percepção sensorial (Se) à medida que – mesmo que relutantes – se dedicam a detalhes e fatos. Também aqui a troca com pessoas que têm um J e um Se no perfil pode ser muito útil. Por fim, a forma de lidar com dinheiro pode frequentemente constituir um problema para EInSPes que tendem por natureza à generosidade ou, inclusive, ao desperdício. Isso, por sua vez, acaba levando-os a períodos de extrema economia. Têm dificuldade de encontrar um equilíbrio adequado. O lar do EInSPe não raro é equipado com luxo excessivo e, ao mesmo tempo, faltam objetos necessários para o cotidiano. Aqui também se recomenda planejamento escrito e organização do orçamento. Manual de instruções pessoal

• Por favor, compartilhe minhas ideias e visões sem criticá-las de pronto ou desqualificá-las como não realistas. • Por favor, fale também sobre seus sentimentos e não apenas sobre fatos e temas objetivos. • Por favor, não critique constantemente minha desordem e meu caos. • Por favor, não seja tão meticuloso quando se trata de detalhes e pormenores. • Por favor, aceite minha necessidade de estar entre amigos e de me sociabilizar. • Por favor, não me force a assumir planos e estruturas excessivamente fixos. • Por favor, tenha abertura para empreendimentos espontâneos e não se sinta pessoalmente atingido caso eu mude, de vez em quando, subitamente de planos. • Por favor, elogie minhas ideias e sugestões criativas. • Por favor, compreenda meu anseio por liberdade e autonomia. Quanto menos me sentir forçado e pressionado, mais solícito serei, confie em mim. • Por favor, mantenha a calma diante de insignificâncias. Por exemplo, quando me atraso um pouco ou esqueço algo.

EInSJ: os gestores de relacionamentos

EInSJs são pessoas calorosas, gentis e simpáticas. Sua decisão orientada pelo sentimento (S) em combinação com sua extroversão (E) faz com que se voltem para as pessoas e tenham necessidade de harmonia. EInSJs têm profundos valores interpessoais, de acordo com os quais vivem e os quais desejam realizar. Lealdade e solicitude, assim como a valorização e a aceitação do outro, são muito importantes para eles. Seus valores preferidos são o autoconhecimento e a reflexão sobre as relações humanas (assuntos sobre os quais conseguem falar por horas). Assim como todos InSs, são idealistas e tendem a reflexões filosóficas – a pergunta “O que mantém o mundo unido em sua essência?” indica muito bem como pensam. EInSJs conseguem se colocar facilmente no lugar do outro, são excelentes conhecedores do ser humano. Por isso, são bons solucionadores de problemas interpessoais, razão pela qual com frequência seu conselho é requisitado. Sua percepção intuitiva (In) os faz desenvolverem bom faro para o potencial das pessoas de seu convívio e, quando possível, se encarregam de estimulá-lo. Em princípio tendem mais a perceber o lado positivo do que o negativo das pessoas. Devido a seu tato muitas vezes conseguem extrair o que há de melhor nos outros. Adoram reunir as pessoas e fundar associações. Além de sua generosidade para com o ser o humano, EInSJs se destacam pelo grande talento para a oratória, são comunicadores natos. EInSJs conseguem convencer e entusiasmar os outros, sendo que alguns irradiam um forte carisma. Em razão de sua extroversão preferem falar –

inclusive diante de grupos – a escrever. Na maior parte das vezes, são envolventes contadores de histórias, em especial por terem facilidade em expor seu mundo interior. Desse modo, suas narrações se tornam muito ricas. Trabalho EInSJs são pessoas produtivas e bem organizadas. Gostam de planos e projetos claros (J), de preferência em cooperação com outros e para os outros (S). Têm grande talento para a organização, sobretudo no âmbito interpessoal, como em festas e eventos. Dão importância ao comprometimento e cumprem não só compromissos como sua palavra. Por causa de seu talento para a organização, conseguem estruturar o caos, mas, na verdade, não gostam de locais de trabalho caóticos que exigem constante flexibilidade. Sua proximidade do ser humano, seu talento para a oratória e sua capacidade de planejar faz deles excelentes líderes, pois conseguem motivar os outros e para todos encontram um lugar no grupo que corresponde às suas capacidades. Dão muita importância a um bom clima social, procuram relações profissionais harmoniosas e solucionam conflitos. Mas seu ponto mais forte – o de promover uma boa convivência – é ao mesmo tempo seu ponto mais fraco: um EInSJ se sente incompreendido, de forma trágica e terrível, quando não se sente pessoalmente valorizado, quando é confrontado com rejeição ou, até mesmo, animosidade dissimulada. EInSJs reagem de forma sensível também diante de críticas, o que se deve a uma de suas características essenciais: em geral, EInSJs têm uma ideia cruelmente exata do que é certo e do que é errado. Por isso, reagem de forma muito irritada – e em parte também se sentem feridos – quando os outros não compartilham suas ideias. Mas, dada sua excelente capacidade de persuasão, não é algo que lhes acontece com frequência.

EInSJs gostam de assumir responsabilidade, às vezes até mesmo em excesso. Tendem a se esgotar, no pior dos casos tornam-se vítimas da síndrome de burnout. Essa tendência está associada a seu idealismo e à sua fé (exagerada) na natureza das relações pessoais. Acham que sempre há uma possibilidade e, desse modo, às vezes perdem o momento adequado de desistir e aceitar as pessoas como são e lidar com as consequências disso. Na maior parte das vezes, encontramos EInSJs em profissões em que podem impor seus valores pessoais e sua capacidade de comunicação e as quais permitem colocar-se a serviço dos outros. Têm pouco talento para tarefas individuais e que exigem um trabalho muito voltado para detalhes. Têm mais êxito na criação de projetos e ideias e menos na elaboração minuciosa; “insignificâncias” os cansam rapidamente, mas, quando são necessárias, são dedicados. Amor e amizade Se um dia alguém já morreu de amor foi um EInSJ. EInSJs se apaixonam com intensidade e, na maior parte das vezes, de forma súbita. São completamente românticos e têm uma concepção ideal de como o relacionamento irá se conformar. EInSJs sonham com o relacionamento perfeito, uma característica de todos os InSs, que, no caso dos EInSJs, entretanto, é muito acentuada. Tendem a idealizar o relacionamento e gostariam de preservá-lo a vida inteira da forma como era na fase inicial da paixão. Fantasiam uma ligação profunda e um “parentesco de alma”. Adoram conversar com seu parceiro sobre os profundos valores internos do relacionamento. Para eles também é importante que seu parceiro compreenda sua natureza filosófica e espiritual. EInSJs são companheiros de jornada constantes e fiéis que se dedicam muito ao parceiro e à família, uma vez que,

dada sua natureza, se sentem responsáveis por uma convivência harmoniosa, em que estão dispostos a investir muita energia, muito tempo e dinheiro. Porém, por acreditarem que sabem o que é certo e o que é errado, podem ser muito dominadores. Acabam criticando constantemente seu parceiro para moldá-lo de acordo com sua imagem ideal. Como EInSJs idealizam relacionamentos e jamais desistem de acreditar em um final feliz, tendem a insistir por muito tempo nas relações que não lhes fazem bem. EInSJs têm dificuldades em se desprender. Por isso, correm o perigo de serem usados. Muitas vezes só conseguem dar um passo mais decisivo quando surge um terceiro. Para eles uma vida sem parceiro é mais difícil do que para muitos outros. Como amigos EInSJs são fiéis e comprometidos, 100% leais e apoiam os outros na hora em que precisam. Quando conquistamos a amizade de um EInSJ, precisamos de fato decepcioná-los muito para perdê-la. Mas, como ele também idealiza as amizades, corre o risco de se enganar a respeito do caráter de um suposto amigo, ao qual dá uma segunda chance, tanto quanto ao parceiro amoroso, até que em algum momento constata que, de fato, não vale a pena insistir na amizade. Como até esse momento foram muito compreensivos e investiram muito tempo na amizade, demoram para se restabelecerem dessa decepção. Parentalidade Pais EInSJ são muito amorosos e afetuosos. Transmitem suas ideias concretas a respeito de valores também a seus filhos. Não permitem que eles se desenvolvam de “qualquer jeito”, mas lhes dão um direcionamento muito claro a respeito do que “é certo e errado” do que “é bom e mal” para sua vida. Acima de tudo, desejam transmitir valores sociais, servindo-lhes de modelo, e também consideram

muito importante que seus filhos aprendam a falar sobre problemas e sentimentos. Em geral EInSJs se preocupam muito em causar boa impressão – o que esperam também de seus filhos. EInSJs ficam especialmente embaraçados quando seus filhos se comportam mal ou estão vestidos de forma inadequada. Entretanto, como EInSJs são relativamente bondosos e se conhecem bastante bem, em geral se esforçam para se opor a essa tendência e a não controlar em demasia seus filhos com o excesso de regras sobre como se vestir e se comportar. A questão se complica quando seus filhos têm problemas sérios, pois, mais do que outros tipos, tendem a sentir isso como um fracasso pessoal. Nessa hora, correm o risco de expressar de modo demasiadamente forte seus sentimentos de culpa a seus filhos, que se sentem culpados por terem decepcionado seus pais. Problemas e possibilidades de desenvolvimento Em razão da combinação entre a percepção intuitiva e a decisão orientada pelo sentimento, EInSJs carecem um pouco de um olhar mais objetivo. Por isso devem – em especial no caso de decisões objetivas, como assuntos financeiros – fazer aquilo para que têm menos disposição: avaliar fatos e detalhes de forma racional ou se consultar com um amigo que tem um Se (percepção sensorial) e um P (decisão orientada pelo pensamento) em seu perfil. No âmbito interpessoal também recomenda-se que o EInSJ trabalhe sua tendência de se entusiasmar muito rapidamente, e sem visão crítica, por uma pessoa. Isso pode facilmente levar a decepções. Não é atípico para um EInSJ, que na verdade tem um bom conhecimento humano, precisar se autorrepreender posteriormente, pois outra vez subestimou os pontos fracos de uma pessoa. Ou, em razão de sua fé inabalável no lado bom do ser humano,

superestima suas próprias possibilidades de influenciar o outro. EInSJs gostam de agradar, dão muito valor à impressão que causam aos outros, por isso são especialmente sensíveis à crítica. Deveriam se trabalhar para serem menos dependentes de julgamentos externos. Além disso, a necessidade de harmonia faz com que alguns EInSJs, por temerem conflitos, não assumam seu próprio ponto de vista, o que, no fim, prejudica seus relacionamentos. Os EInSJs aos quais isso se aplica deveriam se esforçar para assumir mais abertamente sua opinião. De modo geral, EInSJs necessitam de treino na esfera da percepção sensorial e da decisão orientada pelo pensamento. Seria um bom exercício deixar, de vez em quando, a avaliação orientada pelo sentimento de lado e avaliar uma situação só com base nos fatos objetivos (o ideal seria fazê-lo por escrito). Da mesma forma, não seria prejudicial para os EInSJs aprimorarem um pouco o seu I (introversão). Isto é, ficar, conscientemente, de vez em quando, a sós. Suportar, num primeiro momento, sentimentos desagradáveis e se confrontar por conta própria com estes antes de procurar os amigos para uma conversa. Por fim, EInSJs poderiam também explorar um pouco mais seu Pe, a percepção diante do mundo. Também lhes faria bem dar mais espaço para o desenvolvimento das coisas e aguardar, confiar mais na situação e nas pessoas envolvidas e resistir a seu impulso de assumir tudo sozinhos. Manual de instruções pessoal • Por favor, não fale apenas de assuntos objetivos; fale também de seus sentimentos e pensamentos pessoais. • Por favor, leve a sério meus sentimentos e não os reduza a um “exagero”.

• Por favor, reconheça e valorize o que faço pelo nosso relacionamento. • Por favor, respeite minha necessidade de contatos sociais. • Por favor, compartilhe minhas visões e ideias, mesmo que, nem sempre, eu as transponha para a realidade. • Quando falo de minhas compreensões intuitivas e emocionais, por favor, não as critique imediatamente de forma dura e objetiva. • Por favor, cumpra acordos e combinados e não espere de mim que eu seja constantemente flexível. • Quando você me conta algo, por favor, não me atormente com descrições de detalhes longas e impessoais. • Quando algo não lhe agrada, por favor, diga de modo gentil e direto para mim e não me deixe na dúvida. • Quando me critica, por favor, mencione também o lado positivo. • Por favor, diga-me o que em mim agrada você, quero ouvir que você gosta de mim. • Por favor, respeite minha necessidade de ordem e de um meio belo.

IInSJ: os gestores de empatia

IInSJs são amáveis, reservados e profundos. É difícil conhecer um IInSJ a fundo. Por ser tão complexo e impenetrável, ele nos surpreende sempre de novo por suas novas facetas. IInSJs dão preferência à percepção intuitiva. Por serem introvertidos, a direcionam para seu interior, o que, em termos concretos, significa que gostam de mergulhar em si próprios e refletir. Com frequência, guardam seus pensamentos e entendimentos consigo mesmos, a não ser que estejam com vontade de falar ou sejam questionados concretamente a respeito. Gostam de meditar sobre as “grandes questões da vida” e se interessam pelas relações e pelas ligações entre coisas e pessoas que não podem ser desvendadas à primeira vista. Uma vez que IInSJs decidem orientados pelo sentimento (S), preferem refletir sobre outras pessoas e relações interpessoais em detrimento de assuntos objetivos. A maior parte dos IInSJs desenvolve um excelente conhecimento do ser humano. Alguns têm um faro quase “detetivesco” para os problemas das pessoas de sua convivência. Com frequência, compreendem antes delas o que se passa em seu interior. Farejam intuitivamente os pontos fortes e fracos daquelas com que convivem. No que diz respeito ao ponto forte de uma pessoa, a maioria dos IInSJs é mestre em trazê-lo à tona, contanto que se trate de uma relação profissional ou de alguém realmente próximo. O que também os ajuda nesse sentido é sua marcante capacidade de se colocar no lugar do outro.

Além de seu conhecimento do ser humano, IInSJs frequentemente têm visões e intuições muito precisas a respeito de transformações e mudanças sociais. São solucionadores criativos de problemas que normalmente apresentam pontos de partida novos e incomuns. Assim como muitas pessoas que percebem orientadas pela intuição (In), estão convictos de que o incomum exige um pouco mais de tempo. IInSJs vivem sua vida de modo intenso e são, em parte, um pouco sérios: desejam se compreender e também compreender os outros. Anseiam por significado e sentido. Na maior parte das vezes, IInSJs têm a persistência necessária para realizar seus ideais. Quando seu processo mental se encontra concluído e sua visão interna clara, IInSJs fazem de tudo para alcançar seu objetivo. Por causa de sua tendência introvertida, às vezes têm dificuldade de comunicar aos outros suas reflexões complexas e multifacetadas – com frequência nem sentem necessidade disso. Por isso, os outros muitas vezes ficam surpresos quando um IInSJ, em geral tão necessitado de harmonia, de repente se empenha (obstinadamente!) por suas ideias. Nesse caso é muito difícil fazer o IInSJ desistir de seus planos. Trabalho Muitos IInSJs são bastante engajados e bem-sucedidos profissionalmente. Dada sua tendência intuitiva têm uma curiosidade quase insaciável e um desejo infinito de explorar o sentido das coisas. Sua ótima competência social, assim como seu faro, por vezes excepcional, para os problemas de outras pessoas abrem caminho para o sucesso profissional. Por priorizarem o abstrato e o teórico, com frequência encontramos IInSJs em profissões ligadas às ciências, sendo também atraídos por áreas que apresentam, no sentido

mais amplo, conteúdos espirituais, filosóficos e psicológicos. Em razão de seu bom conhecimento do ser humano, IInSJs também têm aptidão para profissões em que precisam lidar diretamente com pessoas. IInSJs têm muito talento para línguas e amam (como hobby) atividades ligadas ao domínio da escrita. IInSJs necessitam e desejam um trabalho ao qual podem dar um sentido superior, um trabalho em harmonia com sua compreensão e seus valores internos. Gostam de esboçar novos conceitos e solucionar problemas. Por causa de seu J são estruturados e organizados, ao que se acrescenta sua introversão. Por isso, são mais aptos a se aprofundarem com toda calma em uma ou poucas tarefas, em vez de se dedicar superficialmente a muitas coisas. Isso, entretanto, não significa que desejam elaborar tudo até os últimos detalhes. O trabalho detalhado e rotineiro logo os entedia. Mas são capazes de ser relativamente disciplinados e, caso necessário, concluir trabalhos desse tipo. IInSJs adoram um ambiente profissional calmo e bem organizado, onde se sentem pouco incomodados em sua ocupação preferida – a reflexão. Superficialmente costumam zelar por uma ordem clara em que cada coisa tem seu lugar (J). Sob a superfície, entretanto, há uma miscelânea de possíveis projetos, ideias e visões, todos passíveis de serem empreendidos (In). Como um todo, a ordem interna, isto é, um plano claro, é mais importante para os IInSJs do que uma ordem externa meticulosa. A concentração que dedicam a cada projeto às vezes os impede de dar muita atenção a seu entorno. Pode acontecer de IInSJs mergulharem de tal forma em seu mundo interior, não prestando atenção a coisas do cotidiano, como deixar a comida queimar. Nesse caso, a força estruturante e organizadora de seu J não consegue se impor à dominante percepção intuitiva.

IInSJs almejam posições de liderança, pois estas lhes proporcionam mais possibilidade de transpor seus objetivos e suas visões para a realidade. Seu estilo de liderança se orienta por ideias. Com seu entusiasmo – apesar de este ocorrer em silêncio – são capazes de inspirar e conquistar os outros. Convencem e motivam as outras pessoas mais por seu engajamento pessoal com algo do que por sua autoridade. Seu estilo de liderança em geral também tem êxito, pois reconhecem com facilidade os pontos fortes e os talentos de cada um de seus funcionários, encontrando assim um lugar adequado para cada um no grupo. Uma equipe liderada por um IInSJ se destaca, na maior parte das vezes, por relações profissionais harmoniosas e um alto índice de satisfação dos funcionários. Mas muitos IInSJs reagem com menos aptidão diante de conflitos. Dada sua tendência S, dão muito valor a uma convivência harmoniosa e evitam o confronto aberto. Assim, podem perder o momento adequado para um esclarecimento. Quando um IInSJ, entretanto, consegue passar por cima dessa resistência e lida com um conflito, age com muito tato. Dependendo do funcionário, surgem soluções de conflito muito boas, ou então, nenhuma, o que ocorre quando aquele não é suficientemente “antenado” para ouvir as críticas (veladas) do IInSJ. Por vezes seria melhor que o IInSJ fizesse aquilo para o que se sente menos inclinado, isto é, fazer valer sua autoridade. Amor e amizade Assim como todos os InSs, os IInSJs também têm um ideal elevado de amor e relacionamento. Devido a seu modo de ser introvertido e reservado, porém, raramente se apaixonam de uma hora para outra, mas entregam-se a uma relação apenas quando há uma perspectiva de que seja duradoura. Buscam uma parceria profunda e longeva e se sentem pouco atraídos por casos amorosos instáveis.

Para eles amor significa ligação profunda, fidelidade e lealdade. Muitos IInSJs sofrem por terem dificuldade de expressar com palavras a intensidade de seus sentimentos por seu parceiro. Em caso de problemas, IInSJs lutam como leões pelo seu relacionamento. Nessas ocasiões precisam ficar atentos para não se perderem conforme expressam suas próprias necessidades e interesses que estão em segundo plano, negligenciando outros setores de sua vida. IInSJs são amigos muito leais, compreensíveis e fiéis. Assim como a maior parte dos introvertidos, cultivam um círculo de amizade pequeno, mas muito íntimo e sólido. Às vezes, é difícil para os novos amigos entrarem nesse círculo de profunda e íntima ligação. Para manter uma profunda amizade, IInSJs não dependem necessariamente de contatos muito frequentes e regulares; também no caso de contatos mais esporádicos conseguem rapidamente refazer a antiga familiaridade. IInSJs são frequentemente muito estimados como conselheiros no caso de problemas pessoais. Sua profunda capacidade de empatia gera um ambiente de conversa familiar e respeitoso. Seguindo sua inspiração intuitiva, são excelentes na solução de problemas. Parentalidade Profundamente ligados a seus filhos, IInSJs são pais muito amorosos e cuidadosos. Apoiam seus filhos no desenvolvimento de suas capacidades e raramente perdem a oportunidade de estimular os talentos deles. São bastante tolerantes no que se refere à direção do desenvolvimento infantil. Sua única exigência é estimular o potencial de seus filhos da melhor maneira possível. A vantagem dessa atitude é evidente: filhos de pais IInSJ crescem em um ambiente muito estimulante, sem serem forçados em uma direção específica. O perigo reside no fato de IInSJs não sobrecarregam apenas a si próprios em relação à sua

responsabilidade parental, mas também a seus filhos em razão de sua exigência de extrair sempre o melhor de tudo. Em relação à educação dos filhos, IInSJs se confrontam também com a questão de seus ideais nem sempre estarem de acordo com a realidade. Por terem uma relação muito íntima e empática com seus filhos, há o risco de os IInSJs terem uma ligação exagerada. Nesses casos têm dificuldade de dar mais liberdade a seus filhos e permitir que eles tenham suas próprias experiências, mesmo que estas, às vezes, sejam infelizes. Problemas e dificuldades de desenvolvimento Como os IInSJs direcionam seu olhar (intuitivo) para o que é futuro e existe potencialmente, tendem, às vezes, a avaliar certas situações e também as pessoas de seu convívio de modo idealizado. Às vezes reprimem fatos e detalhes mais críticos de sua percepção, principalmente quando estes não se encaixam bem em seus objetivos, o que pode levar a decepções e frustrações. A percepção sensorial (Pe), isto é, a assimilação detalhada, factual e condizente com a realidade das informações é a função menos desenvolvida dos IInSJs por ser fortemente sobrepujada pela percepção total e intuitiva. Treinar um pouco seu Se e forçar-se a confrontar suas visões e seus ideais a tempo com a dura realidade poderia poupar-lhes algumas decepções. A tendência dos IInSJs de idealizarem sua relação e seu parceiro pode se tornar outro problema, porque eles podem cair em duas armadilhas: por um lado, correm o perigo de ofuscar aspectos problemáticos de seu relacionamento e insistir na relação, apesar de decepções e desgostos recorrentes, mesmo que isso seja muito extenuante para os IInSJ. Por outro, sua elevada exigência de uma parceria ideal pode gerar um sentimento constante de insatisfação já que têm dificuldade de aceitar a imperfeição do cotidiano do

relacionamento. Em razão de seu anseio por perfeição, IInSJs tendem também a assumir um excesso de responsabilidade pelo êxito da parceria: culpam-se caso o relacionamento não corra bem ou se desfaça. Do lado do parceiro, os ideais do IInSJ podem gerar o sentimento de incapacidade de corresponder às suas elevadas exigências. A personalidade dos IInSJs apresentam três características que podem, no caso de um desenvolvimento desfavorável, impedi-los de transpor suas visões para a realidade: quando sua introversão é muito forte, têm dificuldade de falar sobre seus ideais e objetivos e correm o risco de submergirem em seu mundo interno. No caso de um J muito desenvolvido, pode acontecer de obrigações cotidianas e, principalmente, sua organização exata parecerem ser mais urgentes do que seguir suas próprias inspirações, desviando-se dos caminhos familiares. Quando sua decisão orientada pelo pensamento (P) se encontra pouco desenvolvida, IInSJs tendem de todo modo a evitar conflitos e se esquivam de realizar seus interesses tanto quanto de seus ideais e objetivos, em especial se estes são questionáveis. Porém, quando estas três características estão adequadamente desenvolvidas, podem ser muito proveitosas para a concretização de suas visões: a introversão contribui com a constância necessária e a persistência imprescindível para dedicação intensa a algo. O modo estruturado e organizado (J) proporciona a garra necessária para planejar, e também para concluir, um projeto. Em razão de um componente com frequência pequeno de J e uma avaliação fortemente baseada no sentimento (S), muitos IInSJs são de natureza cativante, o que os faz conquistar os outros com bastante facilidade para seus empreendimentos. Manual de instruções pessoal

• Por favor, dê-me tempo suficiente para que eu possa concluir minhas reflexões. Minhas ideias precisam primeiro crescer no meu interior e me convencer. Só então posso compartilhá-las. • Quando às vezes pareço um pouco distante e guardo algumas coisas comigo por um longo tempo, isso não tem nada a ver com você – não significa que não gosto ou não confio em você. É simplesmente meu jeito resolver primeiro as coisas comigo mesmo. Sinto-me pressionado quando preciso falar sobre algo antes de organizar meus pensamentos de modo adequado. • Quando falo sobre minhas ideias e meus sonhos para você, por favor, escute-me com atenção e demonstre seu interesse, por exemplo, fazendo perguntas! • Por favor, tente se abrir para as minhas reflexões e, por gentileza, não se impaciente mesmo quando desejo discutir tudo detalhada e profundamente. • Por favor, não seja muito duro com sua crítica! Provavelmente minhas ideias são bastante ideais e não muito pragmáticas. Isso, porém, não significa que sejam ruins! Às vezes, tente apenas “pirar” um pouco comigo e não dissolva minhas visões com um excesso de críticas sobre detalhes! • Por favor, conte-me o que acontece em seu interior! Interessa-me o que você pensa e sente, o que preocupa você, o que faz você feliz e o que entristece você. • Tente compreender que, de vez em quando, preciso de um tempo só para mim! • Por favor, comprometa-se e seja pontual! Quando não consegue cumprir um prazo ou precisa mudar seus planos, por gentileza, avise-me a tempo para que eu possa me organizar. • Respeite minha necessidade de harmonia! Mesmo quando algo incomoda você ou quando se aborreceu, por

favor, fale de forma amável comigo. Tenho certeza de que quase tudo tem solução. • Por favor, aprecie tudo o que faço pela nossa relação! Deixe-me ouvir e sentir que você aprecia tudo e que também se empenha pelo nosso relacionamento e por mim!

ISeSJ: os gestores de harmonia

ISeSJs são amáveis, solícitos e muito confiáveis. Sua introversão faz com que atuem mais nos bastidores, sejam modestos e reservados. Sentem-se desconfortáveis quando estão no centro das atenções ou quando são alvo da admiração dos outros. Tendem a se manter na sombra. Tudo o que fazem só chama a atenção dos outros quando, de repente, não estão disponíveis. O que é típico para a maioria dos ISeSJs é sua percepção sensorial (Se). Armazenam enorme quantidade de experiências práticas e informações concretas. Esse arsenal interno é permanentemente alimentado por novos dados. É o que mais os auxilia quando precisam se orientar em novas situações. Nessas ocasiões preferem lançar mão de experiências cuja eficiência já foi comprovada. Mas costumam ser cautelosos, por que têm receio diante do que é novo e desconhecido: sentem-se inseguros quando não podem se apoiar em experiências antigas e conhecidas. Por isso, preferem planejar tudo com o máximo de cuidado e antecedência. Apoiam-se no que se revelou eficiente e no que lhes é familiar. Não desejam deixar as coisas ao acaso e raramente ousam dar um salto no escuro. ISeSJs são os guardiões da tradição, adoram a ordem e uma determinada rotina. Assim se sentem seguros. ISeSJs reúnem o máximo de estabilidade e comprometimento. São colecionadores de informações minuciosos, conscienciosos e realistas (Se) que gostam de planejar as coisas com antecedência e se comprometem a longo prazo (J). Antes de partirem para a ação, param e refletem outra vez. Depois de se decidirem, perseguem seu

objetivo de modo consequente e tenaz. Quando ISeSJs dão sua palavra, fazem o possível e o impossível para cumpri-la. Além disso, o que caracteriza ISeSJs é sua decisão orientada pelo sentimento (S). Consideram os outros e sempre refletem sobre o efeito de suas ações para aqueles. Têm excelente faro para as necessidades práticas e cotidianas das pessoas de seu convívio e buscam satisfazêlas. Sua memória administra um banco de dados amplo sobre as preferências e as necessidades das pessoas próximas. Quando ISeSJs são os anfitriões, sabem exatamente o que seus hóspedes gostam de comer, de que música – e em que volume – gostam e como deve ser a iluminação para que haja o máximo de bem-estar. Não apenas como anfitriões, mas em quase todas as situações da vida, ISeSJs tendem a colocar suas próprias necessidades em segundo plano para atender às dos outros. Fazem isso pelas pessoas de seu convívio, pois estimam muito a harmonia e a paz e também necessitam destas. Por serem introvertidos, ISeSJs não são exatamente tagarelas. Durante as conversas preferem também dar prioridade aos outros e são ouvintes atentos. Precisamos conhecê-los muito bem para que compartilhem conosco suas reflexões e seus sentimentos. Dependendo de quão esgotados se encontram em razão de seu trabalho extra, podem se fechar completamente. Nessas horas, ficam aliviados quando podem ficar a sós e nenhum interlocutor exige sua atenção. Trabalho ISeSJs são muito conscienciosos e confiáveis também em sua vida profissional. Preferem mais uma rotina de trabalho que os permita lançar mão de seu saber e de suas experiências do que apresentar constantemente projetos novos. ISeSJs tendem a ser perfeccionistas. Com infinita paciência conseguem aprimorar um trabalho até os últimos

detalhes. Sentem-se muito mais inclinados para isso do que para a realização de várias tarefas ao mesmo tempo e à custa da exatidão. Seus pontos mais fortes são a perseverança e a precisão; os mais fracos, a flexibilidade e a espontaneidade. São muito leais ao empreendimento no qual trabalham, a não ser que haja razões consistentes que não permitam sua lealdade. Assim como todos os SeJs, não têm problemas de se adaptar à hierarquia, aceitam a autoridade não por respeitá-la – apesar de serem capazes disso –, mas por estarem convencidos de que nada funciona sem regras e estruturas claras. Preferem trabalhos que são claramente estruturados em termos de conteúdo e que conduzem a resultados e conclusões consistentes. No que se refere ao conteúdo, priorizam atividades que vão ao encontro de sua inclinação de oferecer apoio concreto e prático aos outros. Com frequência encontramos ISeSJs em profissões ligadas ao ensino, à medicina ou à enfermagem, no setor de prestação de serviços e no secretariado. Dada sua tendência introvertida, ISeSJs trabalham bem sozinhos, tanto quanto são aptos para o trabalho em equipe, pois são capazes de se adaptar e socialmente competentes (S). Mas o trabalho em grupo só os agrada enquanto o grupo se encontra motivado e atua em sintonia. Discussões prolixas cansam ISeSJs rapidamente, pois, na maior parte das vezes, têm uma clara ideia a respeito de como um problema deve ser solucionado (Se) e desejam concluir o trabalho (J). Por causa de seu grande senso de responsabilidade, os ISeSJs são muito estimados por seus superiores. Podemos acreditar que os ISeSJs farão no mínimo o que deles se espera e, na maior parte das vezes, mais do que isso. O ditado: “Primeiro o trabalho, depois o lazer”, encontra-se praticamente estampado na testa deles.

ISeSJs raramente almejam postos de liderança: consideram o que fazem óbvio e tendem a se subestimar. Mas, se mesmo assim caírem em um posto de liderança, colocam as necessidades de seus funcionários em primeiro plano, pois dão muita importância a um trabalho em conjunto, harmonioso e cooperativo. (S). Sentem-se pressionados quando, mesmo assim, se instala um clima de trabalho desfavorável em sua equipe, necessitando, desse modo, fazer valer sua autoridade. Relutam em impor ordens contra a vontade de seus subalternos. Mal suportam quando estes se aborrecem com eles. Em razão de seu anseio de perfeição, têm dificuldade de delegar responsabilidades. Por evitarem conflitos e serem tão perfeccionistas, correm o risco de assumir muitas coisas e trabalhar até à beira do colapso. Amor e amizade ISeSJs raramente se apaixonam, e mais raramente de forma súbita. São estáveis demais para isso e têm ideias muito claras sobre o que esperam do parceiro. Isso os protege de ilusões – não se iludem com facilidade e são capazes de ver realidade de forma mais ou menos nítida. O casamento e a família constituem valores muito estimados pelos ISeSJs tão vinculados à tradição. Por isso, sentem-se pouco tentados por aventuras amorosas, tendendo bem mais a procurar o parceiro para toda a vida. Quando acreditam ter encontrado a pessoa certa, empenham-se muito por uma convivência feliz. Para os ISeSJs amor significa segurança, confiança mútua e estabilidade. São fiéis e cuidadosos e embelezam o cotidiano do parceiro com pequenas gentilezas. Dessa forma, revelam, mais do que por palavras, sua profunda afeição e ligação. ISeSJs se sentem muito responsáveis pelo êxito do relacionamento. Em nome da harmonia e da paz perdem

rapidamente de vista suas próprias necessidades. Caso tenham se envolvido com a pessoa errada, sua disponibilidade para o sofrimento é grande: para manter o relacionamento, suportam mágoas e decepções antes de estarem dispostos a pôr um ponto-final. Têm muita dificuldade de desistir de algo familiar – mesmo que estejam infelizes – em prol de um futuro incerto. O fato de poderem escolher mal, apesar de seu senso de realidade, está relacionado a um conflito interno consigo mesmos que muitos ISeSJs enfrentam consciente ou inconscientemente: seu senso de obrigação e sua forte disciplina fazem com que se sintam atraídos por pessoas muito descontraídas e ligadas aos prazeres dos sentidos. Pessoas que, por assim dizer, desfrutam da vida de um modo que os próprios ISeSJs não se permitem. Por isso, podem acabar se relacionado com pessoas que gozam da vida de modo irresponsável, pessoas que eles amam com devoção, mas que podem levá-los ao desespero. ISeSJs são também companheiros muito fiéis e comprometidos na qualidade de amigos. Cultivam poucas amizades, as quais, entretanto, são muito estáveis. Também aqui os ISeSJs correm o perigo de se permitirem ser usados. Têm muita dificuldade de negar um favor aos outros. Quando, porém, a disponibilidade de se relacionar de modo atencioso e leal é recíproca, as amizades duram a vida toda. Parentalidade Para a maioria dos ISeSJs família e filhos são um objetivo de vida importante. Como pais são muito cuidadosos, amorosos e pacientes. Fazem qualquer sacrifício pelos seus filhos. ISeSJs são caseiros, dão valor a um lar confortável, aconchegante e organizado. Assim como todos os SeJs, tendem a ser mais conservadores e desejam, antes de mais nada, transformar seus filhos em cidadãos responsáveis. Transmitem normas e regras claras de convivência social.

Seu estilo de educação é igualmente determinado por regras claras. Mas sua bondade nem sempre faz com que sejam consequentes. Como os ISeSJs são um pouco assustados, também desejam poupar seus filhos o máximo possível de todo tipo de perigo. Tendem a protegê-los de tal maneira que a autoconfiança e a autonomia destes se torna frágil. Para pais ISeSJs é sempre um desafio desprender-se de seus filhos e assistir como eles precisam passar pelas suas próprias, e em parte dolorosas, experiências. ISeSJs permanecem pais de corpo e alma por toda vida. Mesmo adultos, seus filhos podem ter certeza do apoio de seus pais ISeSJs quando necessitarem de ajuda. Problemas e possibilidades de desenvolvimento Estabilidade e comprometimento são os pontos mais fortes dos ISeSJs. Porém, quando têm um perfil muito marcante, tornam-se rígidos, teimosos e francamente limitados. Nesse caso, se atêm de forma muito conservadora a suas experiências e convicções e se fecham para reflexões alternativas. Conselhos bem-intencionados e sensatos são descartados. ISeSJs acabam seguindo de modo obsessivo suas rotinas e seus rituais preestabelecidos e teimam em não se abrir para o novo. ISeSJs são extremamente esmerados e minuciosos em tudo que fazem. Sua busca pela perfeição raramente lhes permite ficar em paz e sentirem-se satisfeitos consigo. Em consequência, catastrofismo e pessimismo são frequentes, pois não esperam um resultado satisfatório de antemão. De seu ponto de vista, há sempre algo a ser feito ou melhorado. A seu anseio de perfeição, soma-se seu senso de responsabilidade exagerado, de modo que alguns ISeSJs jamais conseguem se desligar de suas obrigações e relaxar. Seu pessimismo protege ISeSJs (inconscientemente) de possíveis decepções. Por contarem com o pior e terem uma

expectativa relativamente pequena, nada mais de fato os choca. Entretanto, assim se privam da expectativa e da tensão excitante frequentemente ligada a novas experiências. Não raro seu pessimismo resulta em um círculo vicioso: se fossem mais confiantes em relação ao êxito de suas ações, se julgariam mais capazes e muitas vezes poderiam ir longe. Mas por contarem de antemão com o fracasso, consideram sua previsão confirmada assim que surgem os primeiros obstáculos e desistem rapidamente. Muitos ISeSJs assumem uma responsabilidade muito pesada e da qual raramente conseguem se livrar. Para levar uma vida um pouco mais descontraída e leve, deveriam cultivar mais seu fator Pe, o que significa viver um pouco mais o dia a dia e usufruir do momento com menos preocupação. Deveriam fortalecer sua “confiança em Deus” – de qualquer modo muitas coisas acontecem de forma diferente do que planejamos e, não raro, de modo, inclusive, melhor! ISeSJs relutam em lidar cosigo mesmos da mesma forma cuidadosa e gentil com que lidam com os outros: Muitas vezes falta-lhes o faro e o ímpeto de satisfazerem suas próprias necessidades de modo tão atencioso e imediato como atendem às necessidades das pessoas de sua convivência. Caso levassem seus próprios desejos um pouco mais a sério, não correriam tanto perigo de se exaurir completamente e teriam mais prazer na vida. Manual de instruções pessoal • Por favor, respeite minha esfera privada! Necessito de tempo para me recolher. Quando consigo me entregar sozinho e sem culpa a meus interesses, me abasteço de energia. Em seguida estarei mais presente e contente em sua companhia.

• Por favor, tenha paciência comigo quando conversamos! Às vezes, preciso tomar um longo impulso interno para me comunicar. Você tornará as coisas mais fáceis para mim se me ouvir de modo paciente e elogioso. Faça algumas perguntas cuidadosas, mas, por favor, não me pressione e não tente me submeter a um interrogatório, desse modo me fecho rapidamente. • Por favor, não fique inseguro se, de vez em quando, falo pouco ou não fala nada. Encontro-me com frequência tão introspectivo que simplesmente não consigo pensar em nada que poderia contar a você. Nessas horas fico mais agradecido quando você fala sobre si mesmo e quando posso compartilhar suas experiências. • Por favor, não espere que acompanhe você a todos os eventos e festas. Muitas vezes o encontro com outras pessoas é demais para mim e sinto mais cansaço do que prazer. Por gentileza, aceite que nesses casos prefiro ficar em casa. Não vejo problema em você sair sozinho. • Por favor, não me critique de modo muito brusco! Primeiro me escute até o fim e, ao menos, tente me compreender. Quando me sinto valorizado, consigo aceitar sua crítica de forma muito melhor. • Por favor, não desorganize tudo! Necessito de minha ordem externa assim como de minha rotina. Quando sei o que me espera, me sinto tranquilo e seguro. • Por favor, não rompa com as minhas tradições! Sou um “homem de família” e adoro festas familiares em todas as ocasiões. Lembre-se das datas importantes, sobretudo quando estas têm a ver com nosso relacionamento. Desse modo, você demonstra o quanto gosta de mim. • Por favor, cumpra suas promessas! Contar com você é extremamente importante para mim. Caso os seus planos mudem, por gentileza, me avise com antecedência e explique o porquê. Necessito de tempo para me adaptar a mudanças.

• Por favor, aprecie tudo o que faço por você e pelo nosso relacionamento! Muitas coisas para mim são óbvias e realmente me engajo com prazer. Mesmo assim, me faz bem quando você me elogia.

ESeSJ: os gestores do social

ESeSJs chamam atenção por seu modo de ser afetivo, atencioso e solícito. Estão sempre dispostos a ouvir as preocupações e os problemas das pessoas de sua convivência e raramente dizem não quando sua ajuda é solicitada. São sociáveis e aventureiros. Os outros apreciam sua companhia, pois proporcionam um ambiente agradável com seu modo de ser gentil e participativo. ESeSJs são marcadamente pessoas que decidem orientadas pelo sentimento (S). Quando precisam tomar uma decisão, é muito importante para eles refletir sobre as consequências dessa decisão para as pessoas de seu convívio. Desejam, se possível, não aborrecer ou magoar ninguém. Para ESeSJs, relacionamentos são o centro de sua vida. Sentem-se melhor em companhia e quase sempre preferem um encontro agradável a estarem sozinhos. Não os cansa nem um pouco estar entre pessoas. Pelo contrário, a melhor forma de relaxarem e recarregarem sua força é com uma conversa estimulante. Por darem tanto valor aos relacionamentos, empenham-se muito por um convívio harmonioso. Têm uma profunda necessidade de se dedicar aos outros e prestar ajuda. Delimitar seu espaço e impor seus próprios interesses é muito mais difícil para eles. ESeSJs enxergam as pessoas de sua convivência de forma benevolente: percebem os pontos fortes e aceitam os pontos fracos. Fazem parte de suas maiores habilidades a compreensão e a competência social. ESeSJs são leais e solícitos. Podemos confiar que assumem o que prometem. Em razão de sua percepção sensorial (Se), ESeSJs têm um olhar apurado para as necessidades práticas e apuros das

pessoas de seu convívio. Ajudam à medida que se empenham ativamente e dão conselhos concretos. São pragmáticos e orientados para a ação. Antes de refletirem ou discorrerem longamente sobre as diversas possibilidades, apenas fazem o que precisa ser feito. Na maioria das vezes têm uma noção muito clara a respeito do que precisa ser feito. Mesmo que ESeSJs sejam muito compreensivos, não são exatamente as pessoas mais pacientes. Seu J os impulsiona para a ação: desejam mudanças e soluções rápidas. Como pessoas que percebem orientadas pela sensação, lançam mão de experiências em que obtiveram êxito, que sabem que dão resultado, quando confrontados com problemas. Seu J faz com que procedam de modo objetivo e organizado, movidos pela necessidade interna de concluir as coisas. Podemos confiar 100% nos ESeSJs: Aquilo que assumem, levam até o fim. Só depois de concluírem seu trabalho, se entregam com a consciência tranquila ao lazer. ESeSJs abrigam um grande armazém interno composto por diversas informações acerca das necessidades e preferências das pessoas de seu convívio. Sabem como agradar os outros e, na maior parte das vezes, têm uma ideia muita acertada sobre como presenteá-los. ESeSJs gostam muito de receber. Amam estar rodeados por amigos (E) e têm prazer em agradar seus hóspedes. Fazem-no com gosto e intensidade (S). É uma grande alegria para eles quando seus hóspedes se sentem bem. Trabalho ESeSJs priorizam atividades em que têm muito contato com as pessoas. São encontrados em grande número nas profissões ligadas à prestação de serviço, no âmbito social, às atividades ligadas à enfermagem e ao serviço escolar. Sua profissão constitui sua vocação. Têm prazer de cuidar dos outros e de ajudar. Quando sentem que seu empenho

dá frutos, trabalham mais engajados, em geral muito além do que é exigido. ESeSJs são muito organizados. Adoram atividades claras e estruturadas e preferem fazer uma coisa depois da outra. Gostam de variedade, mas, por favor, uma coisa após a outra e não tudo ao mesmo tempo. Tornam-se rapidamente inquietos quando são interrompidos ou quando há outros projetos à sua espera antes de terem concluído o último. Não têm nada contra procedimentos rotineiros, contanto que tenham liberdade suficiente para aprimorá-los. ESeSJs trabalham de forma minuciosa, comprometida e eficiente. Têm capacidade para a organização, em especial quando se trata de coordenar grupos. Quando encarregamos ESeSJ de uma tarefa, podemos confiar que esta seja feita de modo cuidadoso e no prazo. ESeSJs tendem a ser perfeccionistas. Por causa de seu Se podem se perder em detalhes e, às vezes, negligenciam o essencial. ESeSJ necessitam de um clima de trabalho harmonioso para serem eficientes. Apesar de também fazerem seu trabalho quando o clima na empresa está tenso, isso lhes exige mais energia. A melhor forma de motivar ESeSJs é pelo elogio e pelo reconhecimento, pois assim dão o melhor de si. ESeSJs reagem de modo sensível a elogios e críticas. São magoados com muita facilidade, pois tomam as queixas pessoalmente. Isso está associado ao fato de ESeSJs desejarem criar, estabelecer um bom trabalho e uma boa relação. Quando seu trabalho é criticado, automaticamente se sentem rejeitados. ESeSJs trabalham de preferência, e de forma mais eficiente, em equipe. Como extrovertidos, têm as melhores ideias na troca com os outros. ESeSJs com frequência representam as “centrais de notícias sociais” em sua empresa. Se alguém sabe das novidades profissionais e particulares dos outros funcionários, é o ESeSJ. Não por interrogar os outros com curiosidade, mas por muitas

pessoas se abrirem com ele. ESeSJs são considerados a “alma” da empresa e os colegas estimam sua natureza compreensiva e empática. ESeSJs precisam tomar cuidado para não negligenciarem o seu trabalho priorizando seu engajamento social. Distraem-se facilmente do trabalho com um bate-papo e nessas horas mal percebem o tempo passar. Quando ESeSJs alcançam um posto de liderança, promovem um bom clima de trabalho. Sendo assim, seu estilo de liderança se orienta mais pelas relações de trabalho do que pelas tarefas. A situação se torna crítica quando, mesmo assim, vez ou outra, há um clima de discórdia na equipe e se exige que o ESeSJ faça valer sua autoridade. ESeSJs hesitam em impor ordens contra a vontade de seus funcionários e de atrair a ira deles. Contudo, a maioria dos ESeSJs aprendeu (com muito esforço) a se impor, apesar disso não ser fácil para eles. Da mesma forma, ESeSJs caem sempre de novo na armadilha de assumir um excesso de trabalho, pois se sentem culpados quando delegam trabalhos ingratos a seus funcionários. Amor e amizade Em razão de seu modo de ser aberto e simpático, ESeSJs fazem amizades com facilidade e têm um amplo círculo de amigos. Têm uma vida social plena, cheia de compromissos sociais e falam bastante no telefone. Estão sempre atualizados sobre o que acontece na vida de seus amigos. Quando são requisitados, estão disponíveis. ESeSJs são amigos fortemente engajados e leais. Assim como todos os SJs, assumem muita responsabilidade por suas relações. Normalmente são eles que promovem encontros e oferecem ajuda. Isso lhes transmite um sentimento de segurança, pois desse modo se tornam praticamente “merecedores” da amizade.

Constituir uma família é um objetivo de vida importante para muitos ESeSJs. Por isso, buscam um relacionamento duradouro e estável. Amor para eles significa afeto, cuidado mútuo e compromisso. São fiéis a seu parceiro e estão dispostos a lutar pelo seu relacionamento. Quando se apaixonam, expressam seus sentimentos de forma muito diversificada. Empregam sua capacidade de sentir claramente os desejos e necessidades do parceiro para fazer pequenas surpresas para ele. Dado seu modo benevolente de ressaltar os pontos fortes de seu parceiro, conseguem de fato extrair o que há de melhor nele. ESeSJs têm o dom de transformar o lar que compartilham em um oásis de aconchego e acolhimento. Porém, como são extrovertidos, raramente se recolhem a dois em seu doce lar, mas mantêm abertas as portas de sua casa na qual hóspedes circulam com frequência. Mesmo quando há muito movimento, raramente testemunhamos o caos na casa do ESeSJ. Por conta de seu modo de ser pragmático e objetivo (J), jamais perde o controle da situação e domina a organização de seu lar. Ser abandonado é especialmente humilhante para ESeSJs, pois sua vida gravita em torno do relacionamento, pelo qual são dispostos a fazer (quase) tudo. Por isso, experimentam o abandono do parceiro como fracasso pessoal. O modo de ser cuidadoso e benevolente dos ESeSJs pode, nesse caso, converter-se no oposto: usam seu amplo conhecimento sobre os pontos fortes e, sobretudo, fracos de seu parceiro para atingi-lo em seus pontos mais sensíveis. Essa sede de vingança, entretanto, raramente dura por um longo tempo, pois os ESeSJs têm, por causa de seu grande círculo de amigos, uma ampla e estável rede social que os distrai e auxilia na elaboração da separação. Inversamente, ESeSJs têm grandes dificuldades de abandonar seu parceiro. Permanecem por um longo tempo nos relacionamentos que não lhes fazem bem, tanto por

temerem a solidão quanto por tolerarem sempre de novo as fraquezas de seu parceiro. Parentalidade ESeSJs são pais de corpo e alma e se realizam nos cuidados com a família e na criação de um lar aconchegante e acolhedor. Manifestam acentuado afeto e cordialidade em relação a seus filhos, para os quais transmitir valores sociais e tolerância é de grande importância. Estimulam amizades e contatos sociais e se preocupam quando seus filhos desejam ficar sozinhos, pois essa necessidade introvertida não lhes é nada familiar. ESeSJs são tradicionais e tendem a uma atitude mais conservadora. Em seu estilo de educação isso se manifesta, com frequência, ao imaginarem claramente como seus filhos devem se desenvolver. Desde que esteja de acordo com os desejos e talentos deles, experimentarão um estímulo amplo e consistente. Entretanto, ESeSJs precisam ficar atentos para não limitarem demasiadamente o desenvolvimento de seus filhos com suas próprias ideias, mas reservam suficientemente espaço para o desenvolvimento de seus interesses e talentos infantis. Apesar de suas convicções, pais ESeSJ muitas vezes têm dificuldade em ser consequentes e se opor à vontade de seus filhos. Assim como em todas as outras relações, desejam, se possível, evitar brigas e decepções. No que diz respeito a seu estilo de educação, isso faz com que, às vezes, desistam mais rapidamente do que gostariam. Problemas e possibilidades de desenvolvimento O ponto mais forte dos ESeSJs, isto é, seu modo de ser compreensivo e solícito com os outros pode também se tornar seu ponto mais fraco. ESeSJs correm o perigo de se voltarem exageradamente para as necessidades dos outros

e colocarem a si mesmos em segundo plano. Em algum momento perdem a noção de suas próprias necessidades, pois não as levam suficientemente a sério. A curto ou médio prazos acabam se sentindo esgotados e exauridos, o que não é de estranhar, pois em nome do relacionamento acabam sempre ultrapassando seus limites físicos e emocionais. Muitos ESeSJs se adaptam fortemente às expectativas do outro, pois, do contrário, temem pôr o relacionamento em risco. Porém, a ideia de que conflitos ou, até mesmo, brigas podem destruir o relacionamento é o engano de muitos ESeSJs. Se este for realmente o caso, é preciso questionar o quão estável e válido é o relacionamento que querem preservar. Mesmo assim, muitos ESeSJs preferem evitar desentendimentos e confrontos. Engolem seu aborrecimento e perdem a chance de falar sobre os conflitos logo que surgem, num momento onde ainda seria possível chegar a um acordo. No fim, a situação se complica de tal forma que, de fato, acarreta brigas e ofensas mútuas. Isso, por sua vez, nutre a convicção dos ESeSJs de que é melhor não abordar abertamente os problemas. Por temerem conflitos, ESeSJs raramente experimentam o quão construtivo um confronto pode ser para uma relação. ESeSJs são, em geral, muito antenados para as necessidades dos outros! Precisam tomar um pouco de cuidado para não sufocar ou tutelar os outros com seu cuidado e apoio bem-intencionados. ESeSJs acreditam saber rapidamente do que o outro necessita e partem para o ato de modo resoluto e pragmático (E + Se + J). Desse modo, volta e meia, ignoram que por vezes sua ajuda não é tão bem--vinda assim. Pode ser um grande alívio para os ESeSJs tomarem consciência de que não são responsáveis pela felicidade ou pelo infortúnio das pessoas de seu convívio. Podem oferecer sua ajuda, mas não cabe a eles decidir se os outros desejam aceitá-la.

Às vezes ESeSJs se decepcionam quando precisam constatar que não recebem tanto apoio dos outros como eles mesmos estão dispostos a dar. Devemos, entretanto, deixar claro que o próprio ESeSJ se torna um obstáculo para isso, pois não se sente à vontade em pedir ajuda, muito menos exigi-la. Acredita que as pessoas de seu convívio devem intuir quando a ajuda é requisitada. Os outros, porém, na maior parte das vezes, não têm a capacidade clarividente do ESeSJ de farejar a necessidade de ajuda. Muitas vezes ficam ofendidos e não compreendem por que razão o ESeSJ se retira decepcionado. Na realidade teriam ajudado o ESeSJ com prazer! Por que ele não disse nada? Seria benéfico para os ESeSJs lidar de modo tão atencioso, gentil e respeitoso consigo mesmo como fazem com as pessoas de seu convívio. Com frequência relutam em ser “egoístas” e se colocar acima das necessidades dos outros. Mas não é disso que se trata, e sim, de encontrar o equilíbrio adequado e de não avaliar, de antemão, as próprias necessidades como menos importantes do que as das pessoas de seu convívio. O ponto mais frágil dos ESeSJs é seu P (decisão orientada pelo pensamento) pouco desenvolvido. Em tudo que fazem e decidem se deixam conduzir fortemente pelos seus sentimentos. Por se empenharem de forma intensa, se magoam com facilidade. Faria bem a muitos ESeSJs se recuassem um passo no estilo P e analisassem a situação a distância. Deveriam, às vezes, aconselhar-se diretamente com pessoas que têm um P em seu perfil. A consideração racional da pessoa do tipo P poderia protegê-los de um empenho social exagerado e poupá-los de uma ou outra frustração. Manual de instruções pessoal • Por favor, preste atenção no que digo! Seja atencioso e empático quando conto algo para você. Não me critique

imediatamente, mas me deixe terminar de falar e tente me compreender. Não diminua meus sentimentos reduzindo-os a um mero exagero, eles são reais! • Por favor, diga que gosta de mim! Para mim nosso relacionamento é tão importante que não me canso de ouvir isso. • Por favor, não fale apenas de assuntos objetivos comigo! Interessa-me muito mais como você está e se sente. Desejo saber o máximo possível de sua vida pessoal. • Por favor, valorize o que faço pelo nosso relacionamento! Sempre me esforço para chegar a um acordo satisfatório para nós dois e para isso estou disposto a abrir mão de uma ou outra coisa. Por gentileza, não destrua isso à medida que insiste obstinadamente no seu ponto de vista. • Reconheça que crio um lar aconchegante e acolhedor para nós dois. Não me importo de cuidar dele, mas seria bom se você notasse o que faço e, ocasionalmente, me ajudasse um pouco. • Por favor, respeite minha necessidade de ordem e visibilidade e não desorganize tudo! • Por favor, saia comigo para encontros sociais! Sou uma pessoa muito sociável e necessito de variedade e da troca com os outros. Prefiro que você vá comigo, porém, também compreendo quando isso se torna demais para você. Mas, por gentileza, nessas horas não espere de mim que eu também fique em casa, deixe-me partir com a consciência tranquila. • Por favor, seja pontual e se comprometa! Ou, ao menos, me avise a tempo quando, porventura, vai se atrasar ou mudou de planos. Necessito de tempo para me adaptar ao novo e me aborreço quando sou constantemente forçado a desistir de meus planos.

• Quando me critica, por favor, faça-o com cuidado. Não esqueça que minha intenção, na maior parte das vezes, é boa.

ISePJ: os gestores da precisão

O ISePJ é a confiabilidade em pessoa. Quando assume uma tarefa a realiza impecavelmente e no prazo. ISePJs fazem de tudo para cumprir suas promessas e esperam a mesma coisas dos outros. Falta de confiança é um problema para eles. São sérios, conscienciosos e tradicionais. Para ele vale o lema: “Cada um tem o que merece” (obtido pelo trabalho). Nas relações sociais, ISePJs tendem a ser mais reservados, preferem ouvir a falar. Mas, quando se manifestam, o que dizem tem consistência. ISePJs priorizam a percepção sensorial (Se). Em geral, têm memória brilhante para fatos. ISePJs podem se tornar dicionários ambulantes em relação aos assuntos que os interessam. O que não retêm na memória, arquivam de outra forma e, em caso de necessidade, sabem exatamente onde procurar. ISePJs são muito estruturados e organizados. Sua casa, assim como seu local de trabalho, raramente estarão desarrumados. Tudo tem seu lugar, está sob controle, limpo e em ordem. ISePJs confiam em suas experiências e procuram alternativas apenas quando o que costuma ser eficiente fracassa. São pragmáticos e têm os pés no chão. Não buscam a solução mais original, mas a que faz mais sentido. Enxergam o que precisa ser resolvido e colocam a mão na massa. Confiam apenas em fatos palpáveis. Teorias especulativas e abstratas são suspeitas para eles. No trato com outras pessoas, ISePJs tendem a ser muito reservados. Os outros podem ter a impressão de que são distantes, ou até hostis, apesar de isso raramente ser sua intenção. A razão para isso é que, além de enxergarem o

meio que os circunda com base em sua retração introvertida (I), colocam entre si e as coisas, ou seja, pessoas, uma distância crítica (P). No trato social são educados e às vezes, um pouco formais. Assim como todos os tipos SeJ, são muito responsáveis. Não começam nada de forma impensada, mas analisam primeiro as experiências que já tiveram e os possíveis riscos. Quando, em seguida, partem para a ação, são muito minuciosos. Avaliam criticamente o seu sucesso e nem os mínimos detalhes lhes escapam. Para ISePJs planejamento significa segurança. Sentem-se melhor quando sabem o que se espera deles e com o que terão de lidar. Sua necessidade de ordem e de resolver as coisas vale tanto para assuntos pequenos como para as questões maiores da vida. ISePJs consideram a rotina a forma mais efetiva e cômoda para realizar obrigações cotidianas. Enquanto não houver motivo, certamente não modificarão seus procedimentos. ISePJs planejam igualmente desde cedo o decorrer de sua vida. Dirigem-se com precisão a seus objetivos profissionais e pessoais. Previnem-se de diversas formas para se garantir contra possíveis imprevistos futuros. Lidam de modo econômico com seu dinheiro e o investem da forma menos arriscada e mais duradoura possível. Quando conhecemos os ISePJs um pouco melhor, percebemos que por trás de seu semblante sério e distante se ocultam charme e graça. Como os ISePJs consideram o mundo a partir de uma distância relativamente grande e são excelentes observadores, percebem o que escapa aos outros. Resumem suas observações a partir de um humor seco, por vezes até mesmo negro. Depois de realizarem todas as suas obrigações, ISePJs podem saborear e aproveitar intensamente a vida.

Trabalho ISePJs têm uma elevada consciência profissional. Desejam fazer o que se propõem de forma eficaz e completa, independentemente de quanto tempo e esforço investem. Mas, devido ao fato de serem muito organizados, seu trabalho é eficiente não apenas em termos de conteúdo, mas também de tempo. Muitos ISePJs se encaminham desde cedo objetivamente para suas metas profissionais e constroem uma carreira um tanto linear. Jamais pensariam em interromper sua formação e iniciar algo completamente novo. Almejam um trabalho prático e sobretudo seguro. Sentem-se menos atraídos pelo trabalho independente, pois este se opõe à sua necessidade existencial de segurança. Em nome da certeza e do planejamento, ISePJs estão dispostos a aceitar certo desprazer. O trabalho não precisa dar prazer, mas ser produtivo e fazer sentido. Quando necessário, suportam também tarefas ingratas. Realistas e sensatos como são (Se + P), acreditam que isso faz também parte. Normalmente ISePJs não têm problemas em aceitar autoridade e se enquadrar em uma hierarquia. Na verdade até preferem quando os limites de responsabilidade se encontram claramente definidos, pois isso oferece estrutura e transparência. ISePJs são capazes de avaliar suas capacidades de modo realista e não prometem mais do que podem cumprir. Trabalham de preferência, e com maior eficiência, sozinhos. O confronto com os outros rouba a energia que gostariam de investir no trabalho. Não anseiam por postos de liderança, mas, muitas vezes, se encontram nestes por serem leais e competentes. Mantêm uma atitude voltada para as tarefas: a relação interpessoal é secundária e não faz parte do trabalho. Lideram sem muito alarde, servindo de modelo para os outros. Esperam que seus colaboradores trabalhem de modo tão cuidadoso e responsável quanto

eles. Entretanto, ISePJs não gostam de delegar tarefas, pois duvidam que o outro esteja à altura de seu elevado padrão de exigência. Dificilmente estão satisfeitos e, em caso de dúvida, preferem assumir as coisas. Como ISePJs são também autoexigentes, raramente elogiam seus funcionários. Não deveriam perder de vista que o elogio e a confiança são motivadores. ISePJs gostam de trabalhar em profissões práticas em que podem produzir resultados visíveis e mensuráveis. De seu ponto de vista, o pensamento abstrato é especulativo e isso os faz recuar. Da mesma forma evitam trabalhos que exigem excesso de espontaneidade interpessoal. Com frequência os encontramos em postos administrativos, escritórios ou laboratórios, atividades que exigem talento organizacional e sensibilidade para os detalhes. Muitos ISePJs têm um dom para a matemática, compreendem com facilidade dados numéricos complexos. Têm muita aptidão para todas as profissões em que podem lidar com números, seja como peritos de contabilidade, bancários, consultores de investimentos ou contadores. Amor e amizade ISePJs demoram muito tempo para estabelecer amizades. Conhecê-los profundamente pode demorar e, não raro, alguém quebra a cabeça para encontrar um modo de se aproximar deles. Na maior parte das vezes, ISePJs têm poucas, porém longas e estáveis amizades. Raramente aumentam esse círculo fixo, pois não têm muita necessidade de troca pessoal. Com seus amigos gostam de discutir interesses em comum; raramente conversam sobre assuntos particulares. Para ISePJs amor significa estabilidade, segurança e fidelidade. Como em todos os âmbitos de sua vida, no relacionamento também podemos confiar 100% neles, pois desejam uma relação duradoura na qual experimentem

tanta confiança quanto estão dispostos a dar. Por isso, são bastante críticos na escolha de seu parceiro. Um ISePJ leva um contrato de casamento tão a sério quanto um contrato de negócios. ISePJs assumem a responsabilidade por seu parceiro e sua família de modo fiel e comprometido. São muito ligados a seu parceiro. Por normalmente cultivarem poucos contatos, com frequência vivem seus relacionamentos de modo bastante exclusivo e próximo. Permanecem bastante tempo na relação, mesmo quando esta não os faz necessariamente feliz. Porém, preferem a segurança do relacionamento existente a se expor à imprevisibilidade de um novo. A perspectiva incerta de eventualmente serem mais felizes com outro parceiro pouco os atrai. ISePJs são pessoas de poucas palavras, mas demonstram afeto pelo parceiro. As maiores provas de amor são, de seu ponto de vista, as condições estáveis e materialmente seguras que proporcionam com seu trabalho. A acusação de serem distantes e indiferentes os magoa muito, pois, desse modo, julgam desvalorizados todo o seu esforço e sua proximidade. Porém, pode de fato acontecer de negligenciarem um pouco o aspecto amoroso em razão de tanto senso de responsabilidade. Parentalidade Para os ISePJs tradicionalistas, família e filhos muitas vezes constituem um importante objetivo de vida. Levam a família muito a sério como responsabilidade por toda a vida. Querem oferecer a seus filhos um ambiente familiar estável e acolhedor. Regras claras e resultados pedagógicos tão claros quanto constituem a diretriz máxima da educação para ISePJs. Seus filhos devem aprender a assumir responsabilidades desde cedo para que tenham êxito na vida. Faz parte disso, por exemplo, assumir pequenas

obrigações domésticas a partir do momento em que têm maturidade para isso. ISePJs levam sua responsabilidade como pais a sério. Por isso, às vezes lhes falta leveza para mergulhar nas fantasias de seus filhos e brincar de modo descontraído com eles. Procuram, o máximo possível, fazer tudo de modo acertado em termos pedagógicos, mas é justamente isso que pode se tornar um problema. A responsabilidade que carregam pode recair sobre seus filhos, os quais sentem as exigências de seus pais e acabam sendo submetidos à pressão excessiva. Problemas e possibilidades de desenvolvimento ISePJs são comprometidos, responsáveis e rigorosos. Nada lhes escapa facilmente e percebem os menores erros que passam despercebidos pelos outros. Quando desejamos que algo seja resolvido de forma impecável e pontual é melhor confiarmos a tarefa a um ISePJ. Mas esses pontos fortes também podem ser uma desvantagem. Na maior parte das vezes, ISePJs sabem exatamente o que querem e qual o caminho mais seguro para tanto. Suas convicções se baseiam nas experiências pelas quais passaram e nas quais confiam. Hesitam muito em experimentar novos caminhos e diante do desconhecido assumem uma atitude de desconfiança. Não notam as diversas alternativas, pois seu olhar se fixa em modos de agir antigos. Tendem a se prender a detalhes, assim podem perder de vista o que é essencial e seu esforço se torna ineficiente. Deveriam ficar atentos para considerar sempre o todo. ISePJs têm convicção na eficácia de determinados pontos de vista e são suficientemente independentes no reconhecimento dos outros para defender suas concepções. Por isso, são estáveis e previsíveis, por um lado, mas, por outro, muitas vezes deixam escapar novas experiências só

por estas ainda não terem provado sua eficácia. Não raro, ISePJs se encontram aquém das tendências mais recentes. Seguem estas apenas quando há provas suficientes baseadas em experiências – a essa altura a tendência de outrora já se encontra quase ultrapassada. ISePJs deveriam ter mais coragem de se abrir para o novo: em última instância podem sempre confiar em sua razão prática e em sua capacidade de recuperar o domínio sobre as coisas, caso algo saia do controle. ISePJs desejam saber o que os espera, costumam planejar e se preparar, se possível, para qualquer eventualidade. Falta-lhes a leveza do tipo Pe, assim como a convicção de que, de toda forma, algumas coisas ocorrem de modo diferente do planejado. ISePJs sentem, com razão, muito orgulho ao concluir um projeto com êxito. No entanto, o preço disso é uma constante pressão da qual raramente conseguem se livrar. Voltam a sua atenção para a imperfeição, para o que não funciona. Nesse sentido, desvalorizam tudo que já conquistaram e realizaram, o que gera uma frequente insatisfação, mesmo que, objetivamente, pudessem estar muito satisfeitos consigo mesmos. ISePJs não raro se sentem pouco à vontade na relação interpessoal, sobretudo quando não conhecem bem o outro. Além disso, às vezes lhes falta tato suficiente de modo que, sem querer, entram em conflito. Pode acontecer de um ISePJ manter-se calado a noite inteira e, de repente, soltar uma crítica rude. As pessoas à sua volta não ficam só surpresas, como se sentem igualmente afrontados. Seria útil se os ISePJs adotassem um pouco da civilidade dos tipos S. Sua crítica, por exemplo, seria melhor recebida caso expressassem antes algumas palavras de reconhecimento, pois esta muitas vezes é justa, mas é a forma com a fazem é um pouco inadequada.

Manual de instruções pessoal • Por favor, permita que eu tenha tempo para mim! Necessito de paz e recolhimento para meu equilíbrio interior. Depois de me reabastecer de força, estarei mais disponível para você. • Quando conversamos, por favor, dê-me tempo para refletir! Preciso primeiro organizar meus pensamentos e só depois consigo expressá-los. Quando se trata de um “assunto delicado”, muitas vezes é melhor que eu o reconsidere após uma noite bem dormida. • Por favor, não espere que acompanhe você a todos os encontros! A convivência com os outros às vezes me cansa e preciso de ânimo para isso. Quando não é esse o caso, é melhor ficar em casa. Por gentileza, entenda isso! • Por favor, seja paciente comigo quando se trata de sentimentos! Tenho dificuldade em definir o que de fato me move e, na maior parte das vezes, preciso tomar um longo impulso, o que só posso fazer quando não me sinto pressionado. • Por favor, não reaja de modo excessivamente emotivo! Tente manter-se objetivo para que eu possa compreender você. Explosões de sentimentos e “cenas” me perturbam. • Por favor, não leve para o lado pessoal quando critico você! Quando chamo sua atenção para erros não quero magoar, mas ajudar você. • Por favor, diga-me quando você se aborrece comigo ou fica magoado! Não posso adivinhar o que acontece com você. Só posso mudar algo quando você fala comigo. • Por favor, respeite a minha ordem e as minhas rotinas! Não é por acaso que resolvo as coisas de certa forma, mas porque ela se mostrou eficiente. As estruturas fixas e familiares me dão segurança e tenho dificuldade de me desprender delas. Por isso, não exija um excesso de espontaneidade de mim.

• Por favor, comprometa-se! Cumpra suas promessas ou, ao menos, avise-me a tempo quando algo muda. E, por gentileza, explique-me por que deseja mudar de planos. • Por favor, valorize a estabilidade e a segurança que disponibilizo para nossa vida e o quão responsável, comprometido e duro trabalho para isso. • Por favor, não jogue nosso dinheiro pela janela! A segurança financeira é importante para mim.

ESePJ: os gestores do planejamento

ESePJs são companheiros aventureiros, falantes e divertidos. O divertimento, porém, para eles vem só depois do trabalho. São bastante responsáveis e disciplinados, e cumprem fielmente o que combinam ou planejam. Ficam muito felizes quando seu plano dá certo e quando podem concluir um projeto com êxito. ESePJs são fãs de listas de tarefas que cumprem de modo estruturado e da forma mais eficiente possível. ESePJs não têm problemas de se decidir e comprometer. Tomam suas decisões de modo racional, na medida em que analisam as situações de um ponto de vista crítico, pesando todos os prós e contras de forma cuidadosa e objetiva (P). Como todos os tipos P, a lógica, a racionalidade e a efetividade fazem parte de seus princípios mais importantes, assim como a lealdade e justiça. Mantêm sempre uma distância crítica, por isso conseguem perceber rapidamente os erros, mesmo quando se entusiasmam por algo. Extrovertidos como são, raramente ocultam sua crítica. Infelizmente isso os predispõe a cometer gafes. Entretanto, aceitam receber as mesmas críticas que formulam. Normalmente, a convivência é simples: sabe-se onde se pisa e não é preciso fazer grandes rodeios. A percepção sensorial (Se) é típica de ESePJs. Seu olhar se assemelha a um raio X a partir do qual analisam o funcionamento das coisas ou como um determinado problema foi solucionado outrora. Armazenam esses dados em sua excelente memória para dados. Confiam em suas experiências e lançam mão destas quando são confrontados com algum problema.

ESePJs são organizadores e realizadores natos: observam cuidadosamente o mundo ao seu redor e analisam a necessidade de ação (Se). Depois de concluírem sua análise, tomam uma decisão estratégica, esboçam um plano de ação e vão em frente! Sabem como aproveitar plenamente os recursos existentes e organizar não apenas a si próprios, mas todos os outros participantes. ESePJs ficam inquietos quando uma decisão é adiada demasiadamente. Assim como a maior parte dos tipos J, têm forte necessidade de concluir o que iniciam. E o fazem da forma mais eficiente possível. ESePJs odeiam deixar as coisas pela metade, a indecisão, o caos, a falta de metas e de planejamento. Não gostam de deixar as coisas ao acaso, mas planejam e organizam para estarem preparados para todo tipo de eventualidade. Consideram um mistério como é possível alcançar um bom resultado sem grandes planejamentos e na base do improviso. Improvisam só em caso de necessidade. Um de seus valores mais estimados é o comprometimento. ESePJs são bem organizados tanto nas coisas grandes como nas pequenas. A rotina não os assusta, mas representa um método eficiente de fazer trabalhos necessários. A maior parte deles tem, desde cedo, um plano de vida e uma ideia relativamente clara de seu percurso profissional e particular. Previnem-se, inclusive no sentido financeiro. ESePJs são econômicos, investem seu dinheiro de modo “sensato”, preferem aplicá-lo a longo prazo e raramente o gastam com lazeres que não oferecem nada de consistente. Como ESePJs são tão bem organizados, têm grande vantagem: depois de um trabalho realizado, conseguem facilmente se entregar ao lazer, pois não se ocupam com pensamentos a respeito de tarefas pendentes. Trabalho e lazer se encontram claramente separados um do outro seguindo o lema: “Primeiro o trabalho, depois o lazer”. A

perspectiva do lazer alegra os ESePJs, que se sentem motivados a concluírem seu trabalho com a maior rapidez e eficiência possível, pois não são apenas de natureza muito disciplinada, mas também aventureira e sociável, e gostam de se divertir. Na maior parte das vezes, ESePJs têm bom humor e criam uma atmosfera alegre em festas e encontros, para os quais raramente lhes falta convite. Trabalho ESePJs priorizam trabalhos que exigem atividade e que levam a um resultado mensurável. Quando se pede ação e talento organizacional, estão no lugar certo. Gostam de se ocupar com detalhes e fatos, os investigam e administram com precisão. Dada sua predileção por tomadas de decisão, ESePJs gostam de trabalhar em profissões ligadas ao direito. Além disso, os encontramos em cargos administrativos, em seguradoras, no departamento pessoal ou na área de management. ESePJs exercem com frequência atividades artesanais, pois é onde obtêm os resultados mais visíveis de seu trabalho. Por serem, assim como todos os SeJs, tradicionais, gostam de estar a serviço de instituições conservadoras. São bastante leais a sua empresa; para abrirem mão de sua lealdade, precisam se sentir muito explorados e injustiçados. ESePJs seguem uma agenda bastante elaborada, porque não gostam de perder tempo. Essa agenda é muito eficiente, a não ser que haja algum imprevisto, pois o reverso desse talento organizacional é a falta de flexibilidade. ESePJs odeiam todo tipo de mudança súbita e imprevista que frequentemente acaba com toda a sua estratégia. Conseguem aceitar mudanças apenas quando anunciadas a tempo e quando sua finalidade se encontra muito bem fundamentada. Caso contrário, ESePJs insistem obstinadamente em sua maneira de agir.

ESePJs gostam de trabalhar em equipe; por serem extrovertidos preferem estar entre pessoas. Apesar de priorizarem um clima de trabalho harmonioso, podem, em caso de dúvida, abrir mão deste, pois para eles o trabalho está claramente em primeiro lugar. Por serem competentes, comprometidos e terem uma forte capacidade de se impor, muitos ESePJs ocupam cargos de liderança. Em seu trabalho orientam-se pelas tarefas, isto é, para eles a coisa em si está em primeiro plano. Apenas num segundo momento ocupam-se das questões interpessoais de seus funcionários. Por ESePJs terem ideias muito claras a respeito de como algo deve ser feito, têm pouca paciência para ouvir pontos de vista opostos. Apesar de estarem abertos a críticas e sugestões de melhora, não gostam de longos debates, pois normalmente os consideram ineficientes. Exigem de seus funcionários a mesma disciplina e rigor que exigem de si próprios. Sua maior satisfação é concluir um projeto de modo eficiente e no prazo (o ideal é que seja um pouco antes). Não deveriam se esquecer, nesse caso, de elogiar seus funcionários. Como ESePJs são muito rígidos consigo mesmos, os elogios, por vezes, são um pouco escassos. Amor e amizade ESePJs são extrovertidos, isto é, se aproximam com prazer e abertamente das pessoas. Como amigos são igualmente confiáveis e 100% leais. Na maior parte das vezes têm um círculo de amigos e conhecidos amplo, caracterizado por tipos muito diversos. ESePJs são bastante aventureiros, têm muitas ideias e gostam de assumir o planejamento. ESePJs são capazes de se apaixonar rápida e intensamente. Acabam, inclusive, abrindo passional e espontaneamente mão de um ou outro plano. Isso, entretanto, não dura muito tempo: quando a primeira paixão cessa e o cotidiano retorna, voltam a considerar a

questão de modo mais sóbrio. Assim como a maior parte dos tipos Se, os ESePJs também têm uma ideia realista de relacionamento e sabem que precisam lidar com altos e baixos. Por isso, uma crise não os tira com facilidade do eixo. Têm a convicção de que problemas fazem parte da relação e, no fim, tudo acaba dando certo. Essa relativa despreocupação tem vantagens e desvantagens: a vantagem é que não se entregam demasiadamente à crise; a desvantagem consiste no fato de subestimarem os problemas e, portanto, não se empenham suficientemente para resolvê-los. Os parceiros dos ESePJs interpretam seu modo de ser despreocupado facilmente como indiferença e não no sentido como o que de fato é: uma confiança fundamental na estabilidade do relacionamento. Para ESePJs amor significa segurança, comprometimento e fidelidade, valores fundamentais para se entregarem a um relacionamento. O que lhes interessa é a estabilidade e a longevidade. Normalmente são tudo, menos voláteis – ao menos após sua fase juvenil de tempestade e ímpeto2. Estão dispostos a se comprometer e cumprem suas promessas. Assim como todos os SeJs, são tradicionais. Casamento e família são valores muito importantes para eles. Apesar de serem muito comunicativos, por vezes têm dificuldade de falar sobre seus sentimentos mais íntimos e pôr sua profunda afeição em palavras. Preferem deixar os atos falarem por si sós – na forma de pequenas surpresas e do apoio, quando necessário, que generosamente oferecem a seu parceiro. Parentalidade ESePJs levam muito a sério sua responsabilidade como pais e desejam transmitir a seus filhos o que é importante para eles: honestidade, persistência, lealdade e confiabilidade. ESePJs educam seus filhos de modo consequente e de acordo com regras claras. Não poupam

elogios nem gratificações, apesar de acreditarem que estes precisam ser merecidos. Inversamente são também consequentes com proibições e punições. Apenas quando há boas razões, aceitam exceções. Podem brincar de modo muito descontraído com seus filhos e passeiam bastante com eles. Os filhos raramente sentem tédio com seus pais ESePJs. A clareza e a coerência da educação dos ESePJs transmitem a seus filhos uma orientação segura. Mas não se deve ultrapassar uma certa medida para que os filhos tenham espaço suficiente para o seu desenvolvimento pessoal. ESePJs têm também objetivos claros em mente para seus filhos, objetivos, entretanto, que nem sempre estão de acordo com os talentos e desejos deles. Mesmo assim, ESePJs têm dificuldade de se desligar de suas próprias ideias. Este conflito vem à tona quando os filhos chegam ao momento em que desejam trilhar seus próprios caminhos. A maior parte dos pais ESePJs sente dificuldade de deixá-los partirem e aceitar sua crescente autonomia. Problemas e possibilidades de desenvolvimento O que é difícil para alguns tipos, às vezes é demasiadamente fácil para os ESePJs – trata-se da tomada de decisões. Estes tendem a ter o problema inverso: não sabem não tomar decisões, pois ficam nervosos quando as coisas estão em suspenso. Querem saber o que os aguarda, querem planejar, assegurar-se. Isso faz com que, por vezes, tomem decisões precoces, antes de ter acesso a todas as informações importantes. Seria benéfico para eles se desenvolvessem mais seu Pe, a atitude da percepção diante do mundo: um pouco mais de serenidade e disponibilidade para deixar as coisas acontecerem os pouparia de muitas decisões precipitadas. ESePJs são tipos estáveis e altamente comprometidos, o que constitui seu ponto forte. O contrário, entretanto, é que

podem ser muito conservadores e obstinados. Enquanto tipos SeJ confiam no que se provou eficaz e, num primeiro momento, desconfiam do que é novo. Desse modo, perdem a oportunidade de aprimoramentos úteis e lucrativos ou apenas o prazer de experimentar algo novo. Agarram-se obstinadamente às suas ideias. Sendo assim, se fecham para sugestões alternativas, mesmo quando estas não são apenas mais originais, mas também mais sensatas. Têm dificuldades de se desviar de seus planos originais, mesmo quando o sucesso esperado não ocorre. Por saberem exatamente como algo deveria ser, ESePJs às vezes não enxergam as condições reais, mesmo quando estas se opõem claramente às suas ideias. Volta e meia são extremamente teimosos e reconhecem tardiamente que seu plano tão elaborado excepcionalmente não dá certo. ESePJs podem – sem querer – passar uma imagem um tanto arrogante e pedante. Na maior parte das vezes, estão muito convencidos de sua opinião e a representam de modo veemente (E + P + J). Como com frequência acreditam saber o que é melhor, gostam de tutelar os outros. Aceitam apenas com dificuldade quando os outros não desejam receber seu conselho bem-intencionado e, de seu ponto de vista, tão sensato. Nesses casos as discussões com ESePJs são pouco agradáveis. Aferram-se de forma rígida à sua convicção e não estão dispostos a considerar uma reflexão diferente da sua. Seu senso de responsabilidade quase doentio às vezes não permite que sintam suas próprias necessidades e faz com que ignorem as das pessoas de seu convívio. Em parte ESePJs colocam suas necessidades em segundo plano, em parte nem sequer as registram. ESePJs conseguem trabalhar até cair e reprimir sua exaustão, apesar de nesses casos muitas vezes ficarem irritados e impacientes consigo mesmos e também com os outros. Basta um acontecimento

irrelevante para que explodam; para que isso não aconteça devem fazer pausas em sua agenda. Seria benéfico para muitos ESePJs se cultivassem um pouco seu Pe. Poderiam assim conceder a flexibilidade necessária a seus planos cuidadosamente elaborados. Para eles isso seria vantajoso poder abordar tudo de modo um pouco mais descontraído, pois a constante pressão de tomar decisões e realizar tarefas estaria menos presente. Sendo assim, possibilidades novas e excitantes, que normalmente nem perceberiam em razão de sua absoluta retidão, poderiam entrar em cena. No âmbito interpessoal um pouco mais de S (decisão orientada pelo sentimento) lhes faria bem para apresentarem seus conselhos, por vezes muito eficientes, e suas convicções de forma mais suave e com mais tato de modo que esses sejam escutados. Manual de instruções pessoal • Por favor, saia comigo! Adoro me socializar e programações diversas. Caso você não esteja com ânimo, dê-me a liberdade para sair, encontrar sozinho com as pessoas. Quando fico muito enfurnado, torno-me desagradável. • Por favor, de vez em quando também apresente ideias ou sugestões para nos divertirmos. • Quando fala de seus sentimentos, por favor, tente não exagerar! Permaneça, mesmo assim, um pouco objetivo para que eu possa entender o que move você. • Por favor, caso deseje me convencer, argumente de modo lógico e objetivo! Não compreendo argumentos puramente emocionais. • Por favor, diga-me quando algo aborrece você! Não posso adivinhar o que acontece em seu interior e me sinto melhor quando posso confiar na sua franqueza.

• Por favor, respeite minha ordem e rotina! Fico nervoso quando desorganizam as minhas coisas. • Por favor, tente concluir o que começa e não deixe tudo pela metade. Caos e coisas não concluídas me irritam! • Por favor, cumpra suas promessas e seja pontual! Aborreço-me quando preciso descartar meus planos e minhas intenções. Desejo confiar em você da mesma forma que você pode confiar em mim! • Por favor, não me venha constantemente com ideias novas quando algo já funciona bem! Não preciso experimentar tudo só por ser algo novo. • Sou uma pessoa conservadora. Por favor, respeite isso – principalmente as tradições que se referem a nosso relacionamento. • Peça meu conselho quando planeja algo e me inclua em suas decisões! É este o meu ponto forte! • Por favor, não gaste de modo leviano nosso dinheiro! Respeite minha tendência de ser econômico e preferir gastar dinheiro com coisas mais sensatas. • Por favor, valorize a responsabilidade que assumo pelo nosso relacionamento e a segurança e a estabilidade que proporciona!

ISeSPe: os gestores da tolerância

ISeSPes são pessoas simpáticas, modestas e adeptas dos prazeres da vida. São muito presentes, de seu modo discreto e gentil, mesmo não se colocando no centro das atenções. Os outros estimam sua companhia não só por serem amáveis, mas porque, com frequência, tornam especiais situações cotidianas com sua forma sutil de gozar os prazeres da vida. ISeSPes tomam decisões orientados pelo sentimento (S) e têm um elaborado sistema interno de valores. Orientam-se e avaliam tudo o que acontece ao seu redor a partir deste. Ao mesmo tempo, seu próprio comportamento e suas decisões se baseiam neste. ISeSPes buscam viver sempre em sintonia com seus valores internos, os quais se direcionam prioritariamente para o âmbito interpessoal. Empenham-se para uma convivência harmoniosa, atenciosa, respeitosa e tolerante. Com frequência, seu respeito e apreço não se dirigem apenas a outros seres humanos, mas a todos os seres vivos e à natureza em geral. Mesmo que os ISeSPes vivam de acordo com suas convicções internas, em geral são por demais introvertidos para propagá-las – ao menos enquanto não são solicitados para tal. Pode acontecer de alguém acreditar conhecer bem um ISeSPe e, em seguida, se surpreender muito quando revelam seus valores profundamente enraizados. Valores que se ocultam por trás de seu comportamento superficialmente gentil. Estes aparecem o mais tardar quando ISeSPes se sentem feridos em suas convicções e/ou entram em conflito com estas. Os outros então se surpreendem com quão veemente e persuasivos essas

pessoas, em geral tão discretos e reservados, de súbito se manifestam, por exemplo, quando se trata de chamar atenção para uma injustiça. Porém, enquanto seu sistema interno de valores não dá sinal de alarme, ISeSPes são tolerantes e seguem o lema: “Viva e deixe viver!” A tolerância e o apreço fazem parte dos fundamentos de suas profundas convicções internas; além disso, encaram o mundo de forma aberta (Pe) e, desse modo, não sentem muita necessidade de moldar os outros conforme suas concepções. ISeSPes percebem de modo sensorial (Se): colecionam sempre impressões sensoriais e percebem detalhes com facilidade. Por conta de sua avaliação orientada pelo sentimento (S), têm um bom olhar e ouvido para as necessidades das pessoas de seu convívio, esforçando-se constantemente para contribuir para o atendimento delas. No que fazem, ISeSPes são muito pragmáticos, com frequência têm talentos artesanais e são criativos de forma natural e pouco complicada. Na maior parte das vezes, resolvem problemas com eficiência e de modo prático: têm um olhar aguçado para as dificuldades e exigências de uma situação (Se) e simplesmente fazem o que lhes parece mais óbvio – até porque quase não se sentem obrigados a seguir convenções. Por outro lado, tendem bem menos a se ocupar com a teoria. A maioria dos ISeSPes não se sente muito atraída por esta. Além disso, têm muita dificuldade para adquirir conhecimento teórico. Isso, entretanto, não permite tirar conclusões a respeito de sua inteligência, mas, quando muito, se refere a seu talento que se encontra mais ligado ao âmbito prático. ISeSPes são muito devotos aos prazeres dos sentidos e tendem a se entregar a devaneios. Não obstante, vivem no aqui e agora e lidam com o que acontece – ou não acontece – no momento presente. O planejamento a longo prazo e a persistência, por sua vez, não fazem parte de seus pontos

fortes. Em parte eles mesmos se irritam (ou, ao menos, as pessoas de seu convívio do tipo J) quando, apesar de iniciarem muitas coisas promissoras, não concluem quase nenhuma. Por outro lado, é justamente sua postura laissezfaire, despreocupada e devota às alegrias da vida, que atrai os outros: ISeSPes transmitem certa leveza e alegria de viver pela confiança que depositam no desenrolar das coisas. Por cultivarem suas convicções internas, quase não dão valor a uma imagem externa representativa. A competição lhes é estranha. Desse modo, geram pouco estresse não apenas para si, mas também para as pessoas de seu convívio. Por isso, nos sentimos bem e descontraídos em sua companhia. Trabalho ISeSPes procuram uma profissão que, em termos de conteúdo, está de acordo com suas profundas convicções internas ou, ao menos, não se oponha a estas. Priorizam trabalhos práticos (Se), uma atividade exclusivamente teórica ou conceitual os agrada menos. Preferem trabalhar por conta própria e se sentem constrangidos e limitados em sua espontaneidade, por instruções e atividades demasiadamente rígidas. Por isso, trabalham com prazer e êxito sozinhos, isto é, de modo autônomo. Devido à sua introversão, são relativamente independentes do grupo social em seu trabalho. Porém, devido à sua sociabilidade, ISeSPes funcionam bem em equipe, contanto que tenham liberdade suficiente. ISeSPes são funcionários muito leais e engajados, em especial quando conseguem se identificar com os valores de sua empresa. São muito estimados como colegas em razão de sua natureza gentil e receptiva e de seu modo de ser pouco ambicioso e competitivo.

ISeSPes praticamente não fazem questão de alcançar um posto de liderança. Devido à sua filosofia de vida e trabalho, a convivência de igual para igual e pouco hierárquica lhes é muito mais familiar do que a necessidade de exercer poder e controle. Seu estilo de liderança é claramente não diretivo. De acordo com seus valores sociais (S) motivam os outros por meio do elogio e do incentivo em vez de pela autoridade e pela crítica. Por serem abertos e tolerantes (S + Pe) concedem a seus funcionários muitas possibilidades de desenvolvimento individual, de modo que cada um, desde que motivado, possa desenvolver seu potencial pessoal maximamente. ISeSPes esbarram em limites quando, porventura, são forçados a apresentar por conta própria uma estrutura e organização do trabalho claras (Pe) ou quando precisam intervir de forma decisiva (S). Amor e amizade Devido à sua natureza introvertida, ISeSPes não se apaixonam nem com frequência, nem de modo súbito. Mas quando a chama do amor se acende neles, desabrocham por inteiro nesse sentimento de paixão. Vivem plenamente o momento de felicidade apaixonada e quase não se preocupam com eventuais obstáculos ou dificuldades futuras (Se + Pe). Amor para eles significa entrega, fidelidade, lealdade, solicitude, respeito mútuo e tolerância. ISeSPes também vivem seu marcante sistema interno de valores (S), até mesmo de modo muito intenso em seus relacionamentos amorosos: Dessa forma não são muito fiéis a si mesmos, mas a seu parceiro. Por darem muita importância ao amor, ao relacionamento e à dedicação mútua, ISeSPes se prontificam rapidamente a investir fortemente no relacionamento e colocar as próprias necessidades em segundo plano. Por isso, acabam se tornando muito frágeis e vulneráveis. Devido a essa tendência, alguns também desenvolvem certo temor de se

comprometer. Como têm medo de se perderem, tentam evitar relacionamentos amorosos intensos. Por causa de sua introversão, ISeSPes muitas vezes são “homens de poucas palavras (amorosas)”, demonstrando seu afeto mais por seu comportamento solícito, afetuoso e atencioso. Também gostam de surpreender seu parceiro com pequenos ou grandes – com frequência altamente criativos – mimos. Do mesmo modo, ISeSPes são amigos fiéis e comprometidos, ao menos no plano emocional (quando se trata de encontros marcados, seu Pe pode atrapalhar os planos de alguém). Como no caso dos relacionamentos, são praticamente impelidos a seguir na amizade seu sistema de valores fortemente internalizado. Normalmente cultivam um círculo de amizades pequeno (I), mas muito íntimo e estável. Como ISeSPes também objetivam transpor seus fortes valores interpessoais para seu comportamento, correm o perigo de assumir um excesso de responsabilidade em seus relacionamentos. Desejam uma convivência harmoniosa, respeitosa e tolerante. Quando não têm êxito nesse sentido, duvidam de suas próprias capacidades e experimentam a briga e a desarmonia com fracasso pessoal ou, em parte, como culpa sua. Por desejarem evitar isso a qualquer preço, ISeSPes tendem a ter um certo medo de conflitos e preferem colocar suas necessidades em segundo plano a arriscar uma desavença. No entanto, com essa atitude sem querer sobrecarregam mais o relacionamento, mais do que uma conversa franca, pois a irritação acumulada, não expressa, pode levá-los a se retirarem do relacionamento. Parentalidade ISeSPes são pais muito condescendentes que dão bastante espaço aos filhos para que estes possam se desenvolver livremente. São tolerantes e têm um olhar apreciativo em relação ao outro. Por convicção, rejeitam

métodos autoritários de educação. Em vez disso, investem na compreensão e na explicação. Pais ISeSPe são muito amorosos e sensíveis em relação às necessidades de seus filhos. A atitude educacional condescendente e pouco controladora de pais ISeSPe é vantajosa porque permite a seus filhos experimentarem e desenvolverem livremente todos os seus talentos e inclinações. Em parte, porém, falta aos filhos a estrutura externa necessária, de modo que não há um estímulo constante e, assim, um talento especial permanece latente ou qualidades menos desenvolvidas não são incentivadas. Pode ocorrer de os filhos se sentirem negligenciados e malcompreendidos por seus pais ISeSPe, pois recebem pouco apoio em relação a seu desejo de estrutura externa. Problemas e possibilidades de desenvolvimento O ponto mais forte dos ISeSPes, isto é, seu modo de ser tolerante e condescendente, é também seu ponto mais fraco: por estarem, em princípio, abertos a quase tudo e serem muito bondosos e solícitos, tendem a ser envolvidos por impostores, permitindo que sejam usados. A decisão racional e crítica (P) é a função menos desenvolvida dos ISeSPes e, sendo assim, precisa de atenção e exercício especial. Representa uma compensação importante e muito necessária para a decisão – baseada no sentimento (S) – valorativa e empática, mas também acrítica que, no caso dos ISeSPes, pode se tornar excessivamente dominante. Um olhar crítico cria uma distância interna e não é só uma compensação necessária, mas também um mecanismo de proteção que pode poupar ISeSPes de decepções pessoais. Consigo mesmos, porém, ISeSPes muitas vezes são demasiadamente rígidos e críticos, em especial quando se trata da constante exigência de transpor seus elevados

ideais para seu comportamento. Muitos ISeSPes perdem de vista que seu objetivo, apesar de ser altamente desejável, em última instância jamais será conquistado por inteiro. Com frequência colocam seus próprios desejos e necessidades em segundo plano com o intuito de manter um relacionamento amoroso ou amigável o mais harmonioso e isento de conflitos possível. Dessa forma prejudicam tanto a si mesmos quanto o relacionamento, pois, desse modo, os conflitos não são resolvidos; mas apenas varridos para baixo do tapete. Seria muito produtivo se percebessem que sua esquiva diante de conflitos de longo prazo só prejudica o relacionamento, em vez de beneficiá-lo. Essa compreensão poderia encorajá-los a ter conversas francas com mais frequência, fazendo valer seus próprios desejos. A experiência resultante poderia ser uma reação mais positiva do parceiro do que esperavam. Há outro ponto forte dos ISeSPes que também tem vantagens e desvantagens. Trata-se do talento de apreciar o momento. Devido a seu Pe, muitos ISeSPes têm pouca garra para sustentar objetivos a longo prazo e perseguir seus planos de forma consequente. Optam por um caminho com o mínimo possível de obstáculos e são pouco ambiciosos e persistentes. Dessa forma, obtêm, quase por acaso, vários pequenos prazeres e vantagens, mas assumem pouco seu destino no que tange à realização de seus desejos maiores. Nesse sentido, seria proveitoso para alguns ISeSPes incluir um pouco mais de J, isto é, planejamento e estrutura em sua vida. Eis aqui um conselho bem-intencionado: elaborar listas de tarefas e escolher prioridades! Manual de instruções pessoal • Por favor, aceite, ou melhor, compartilhe meus valores sociais e convicções internas. Eles são muito, muito importantes para mim!

• Por favor, seja cuidadoso quando faz suas críticas! Suporto mal desavenças, pois logo me sinto responsável por estas e tenho a sensação de que fracassei. Você torna as coisas mais fáceis para mim quando, além de sua crítica, ainda me diz o lhe agrada em mim. • Por favor, não me imponha um excesso de regras, planos e estruturas! Prefiro decidir espontaneamente, e sempre de novo, como irei resolver algo. Dessa forma é bem mais prazeroso. • Por favor, não espere que eu faça planejamentos com muita antecedência! É muito melhor usufruir em conjunto do momento e da forma como este se dá. O amanhã virá sem precisarmos planejar e nos precaver constantemente. • Por favor, seja tolerante se, às vezes, sou um pouco caótico e desorganizado! • Por favor, dê-me tempo para mim mesmo! Às vezes me faz bem eu simplesmente me entregar às minhas reflexões ou ficar mexendo um pouco nas minhas coisas. Em seguida, estarei de novo integralmente à sua disposição. • Por favor, não espere que eu acompanhe você a todos os eventos sociais. Quando estiver disposto, irei com prazer. No entanto, quando estiver exaurido, prefiro ficar em casa. Por gentileza, aceite! Não tenho nada contra você ir sozinho nessas ocasiões. • Por favor, não seja impaciente comigo quando tenho dificuldade de expor meus pensamentos e sentimentos! Às vezes só preciso de um impulso maior e fico muito grato se, mesmo assim, você me escutar.

ESeSPe: os gestores do prazer

ESeSPes são afetuosos, espontâneos e se entusiasmam com facilidade. Vivem no aqui e agora e seguem seus impulsos espontâneos. Conseguem contagiar os outros e transformar cada momento em uma experiência especial e única. Emanam otimismo e alegria de viver. Jamais perdem o chão e, na maior parte das vezes, não sabem exatamente por quê. Os “sensores” (Se) dos ESeSPes estão permanentemente dispostos para a recepção externa: veem, ouvem, cheiram, experimentam e sentem nitidamente o que ocorre ao seu redor. Devido à sua natureza extrovertida, necessitam de muito estímulo, obtido principalmente do convívio com as pessoas (S), mas também das diversas sensações que seu meio oferece. Empenham-se pessoalmente de modo muito ativo para criar sempre momentos social e sensorialmente estimulantes, como uma boa refeição entre amigos. Por dividirem com prazer suas ricas experiências com os outros, são companhias muito desejadas: podemos ter certeza de que raramente nos sentiremos entediados com um ESeSPe. ESeSPes são pragmáticos e realistas. Elaborações teóricas pouco lhes dizem. O que conta para eles é a utilidade prática de uma coisa ou ideia. Solucionam problemas de modo muito voltado para a ação: Averiguam a situação em relação a todas as condições favoráveis e desfavoráveis e, em seguida, partem para a ação. Precisam agir e experimentar soluções; pensar longamente a respeito de se e como a solução funcionará, não os leva em diante. ESeSPes desejam usufruir a vida plenamente. Nesse sentido, se aproximam de forma muito aberta, curiosa e

sem preconceitos de tudo que é novo. Desejam viver livres, espontaneamente e sem muitas formalidades, se possível sem obrigações externas que limitem sua necessidade de variedade. Não gostam de se impor restrições. Alguns ESeSPes tendem a ofuscar as consequências de suas ações. É o que ocorre quando sua percepção intuitiva (In) é pouco desenvolvida, a qual é parcial ou totalmente reprimida pela experiência dominantemente sensorial voltada para o momento. A maior parte dos ESeSPes se ocupa do que é e não com o que poderia ser. Isso faz com que adiem muitas coisas até o último momento e, em seguida, se sintam sob pressão, pois não conseguem abrir mão de uma experiência atual, ou seja, abreviar esta em prol de um objetivo a longo prazo. Porém, devido ao fato de sempre conseguirem organizar tudo de algum modo, há pouca razão para mudar de atitude. ESeSPes decidem baseados no sentimento e percebem todo orientados pelos sentidos (Se). Por isso, sua atenção se volta prioritariamente para as pessoas. São excelentes observadores. Como praticamente nada lhes escapa, podem perceber mais rapidamente do que a pessoa em questão o que lhe falta e do que necessita. Esse ótimo dom de observação pode ser confundido com uma intuição altamente desenvolvida – como é o caso dos InSs (os quais percebem orientados pela intuição e decidem orientados pelo sentimento) que, devido à sua percepção intuitiva, se destacam pelo bom conhecimento humano. Quando podem ajudar, ESeSPes o fazem com prazer e generosidade, colocando-se à disposição sobretudo a partir de um apoio prático e de conselhos concretos (Se). ESeSPes aceitam a vida tal como está se dá e seus amigos da forma como são. Sentem pouca necessidade de mudar ou moldar os outros. Desse modo, são flexíveis, tolerantes e adaptáveis, conseguindo estabelecer uma boa

relação com quase todas as pessoas, independentemente de idade e posição social. Concedem aos outros a mesma liberdade de que necessitam para viver. Não se ofendem rapidamente quando planos são mudados a curto prazo ou se alguém cancela um compromisso em cima da hora. Pelo contrário, isto até lhes convêm, pois, sendo assim, têm a liberdade de, da próxima vez, também desmarcarem um compromisso em cima da hora com essa pessoa. De qualquer forma, preferem isso a se comprometer (Pe). ESeSPes tanto se sentem atraídos por pessoas quanto as atraem. Entediam-se facilmente quando estão sós. Sentem dificuldade de não dividir suas experiências com os outros. É um prazer estar em sua companhia, pois ESeSPes nos contagiam com sua leveza e vivacidade. Segundo sua concepção, a vida existe para ser vivida e não para ser levada (demasiadamente) a sério. Dada sua flexibilidade e capacidade de adaptação, são de fato mestres em extrair algo positivo mesmo de situações muito complicadas. Quando não têm êxito nesse sentido, ao menos tiveram uma experiência nova – é assim que pensam. Sua sede de experiências impele os ESeSPes para a ação. Sentem dificuldade de não fazer nada. Para eles fazer nada é mais estressante do que relaxante, pois temem perder alguma coisa. Na maior parte das vezes, ESeSPes têm muitos hobbies. Praticamente nunca se sentem entediados, porque sempre há algo que podem vivenciar ou experienciar. Trabalho ESeSPes têm uma tendência claramente prática: Não se identificam muito com teorias. Quando podem vivenciar ou experienciar algo, aprendem com facilidade (Se). Interessam-se por teorias apenas quando podem deduzir uma utilidade prática destas. Por se orientarem fortemente pelo momento, são pouco ambiciosos. Na maior parte das vezes não faz sentido para eles abrir mão de um prazer em

razão de um objetivo abstrato, como a carreira profissional. Poucos ESeSPes se sentem atraídos por uma carreira universitária ou científica. Além de esta ser demasiadamente teórica em termos de conteúdo, falta-lhes, na maior parte das vezes, a disciplina necessária para estudar de modo consequente e autônomo. ESeSPes gostam de trabalhar em um ambiente profissional vivo, voltado para a ação e harmonioso. Uma boa convivência entre os colegas é tão, ou mais, importante para eles como o conteúdo de seu trabalho. Priorizam profissões em que têm bastante contato com pessoas. Isso não sacia apenas sua necessidade extrovertida de contatos sociais, mas também promete uma grande variedade. Sentem-se especialmente bem em profissões ligadas à prestação de serviços, nas quais as demandas concretas do cliente são o mais importante. Dado seu modo de ser simpático, sua capacidade de se entusiasmar e seu poder de convicção faz os ESeSPes terem sucesso no setor de vendas. Por outro lado, trabalhos que precisam ser feitos individualmente ou com pouco contato social os repelem. Em trabalhos nessas condições, perdem sua força e não resistem durante muito tempo. Devido às suas capacidades sociais desenvolvidas, ESeSPes trabalham bem em equipe. São benquistos por seus colegas e superiores, pois, na maior parte das vezes, são bem-humorados, promovendo um clima de trabalho agradável. Há, no entanto, o perigo de ESeSPes impedirem a si próprios e aos outros de trabalhar por causa de sua sociabilidade. ESeSPes têm o máximo de êxito em trabalhos que exigem ações rápidas e viva atenção. São excelentes gestores de crise, situação em que seu raciocínio prático e sua disponibilidade para a ação se desenvolvem plenamente. O manager que fala simultaneamente em duas linhas telefônicas enquanto passa instruções para seus

funcionários e parece se sentir perfeitamente bem com isso corresponde a esse tipo. Apesar de, na maior parte das vezes, serem pouco ambiciosos, ESeSPes podem, mesmo assim, alcançar êxito máximo, quando uma atividade os prende. Nesse caso, podem se tornar excessivamente ativos. A tendência para o excesso dos ESeSPes pode vir à tona em todo tipo de ação, seja na profissão, no esporte, em hobbies ligados a trabalhos manuais, seja quando tocam um instrumento. Não se trata aqui de alcançar um determinado objetivo externo, como uma promoção no trabalho. Ao invés disso, ESeSPes criam em nome da criação, pois a própria atividade exerce poder sobre eles. O êxito resultante é apenas um efeito colateral, não o motivo de sua ação. Quando ESeSPes alcançam um posto de liderança, seguem um estilo de gerência baseado na parceria que concede a seus funcionários bastante liberdade de decisão. São capazes de motivar seus subordinados, pois são sensíveis às necessidades destes. Além disso, devido a seu jeito simpático de ser, baseado na parceria, promovem um bom trabalho em conjunto e também obtêm o comprometimento de cada funcionário para a realização de seu trabalho. No todo, a liderança dos ESeSPes tende a se voltar mais para as relações do que para as tarefas. Isso significa que primeiro geram um clima de trabalho positivo e harmonioso, algo que consideram condição para um trabalho em conjunto efetivo. Na qualidade de subordinados, ESeSPes às vezes dificultam sua própria vida, pois não estão muito dispostos a reconhecer autoridade e a se submeter. Isso está relacionado à sua necessidade de liberdade e autonomia, assim como à sua falta de disposição de reprimir impulsos espontâneos, sobretudo quando isso não lhes parece realmente proveitoso. Muitos ESeSPes trabalham com prazer e eficiência como autônomos, algo que se deve tanto

ao fato de, nesse caso, serem seus próprios chefes, tendo assim toda a liberdade que desejam, quanto ao fato de, em razão da pressão externa de sobreviverem economicamente, conseguirem se disciplinar o suficiente para o trabalho. Amor e amizade Para ESeSPes amigos são imprescindíveis. Na maior parte das vezes, cultivam um amplo círculo de amigos e conhecidos que se destaca por pessoas muito distintas. A escolha de seus amigos revela igualmente a forte necessidade dos ESeSPes por variedade e variação. ESeSPes são amigos fiéis e leais com os quais podemos contar em caso de necessidade. Porém, quando não há tanta urgência assim, por exemplo, no caso de comparecer (pontualmente) a um encontro marcado, ESeSPes se comprometem menos. Com frequência mudam seus planos de uma hora para outra. Mas não devemos compreender isso no sentido de não se importarem com a pessoa ou a amizade. É normal para ESeSPes seguirem espontaneamente suas vontades. Inversamente concedem o mesmo direito a seus amigos. ESeSPes gostam de se apaixonar. Apaixonam-se rápida e intensamente. Mergulham em seus sentimentos de paixão e os saboreiam a cada dia e hora. Para eles amor significa “desfrutar” da companhia do outro. São muito criativos e inundam seu parceiro com declarações de amor e mimos. São muito inventivos, criam a cada instante novos e únicos momentos a dois. Igualmente no amor, ESeSPes são pessoas que gozam da vida e que desejam tornar a relação mágica e dar a ela um quê extra. O contrário disso, porém, muitas vezes significa que estão pouco dispostos a suportar os momentos desagradáveis. No que se refere à duração de seus relacionamentos, não lutam por esta. Sua capacidade de adaptação os seduz facilmente a deixarem de se sentir

responsáveis e a se voltarem para algo mais agradável em vez de enfrentar os conflitos. Quando, entretanto, acreditam ter encontrado a pessoa certa, são companheiros de vida muito confiáveis que ficam ao lado do parceiro para o que der e vier. Mesmo quando um relacionamento acaba, costumam tratar seu parceiro com muito respeito. Normalmente isso não é difícil para eles, pois conseguem se consolar rapidamente no que diz respeito à separação. Em última instância, seu grande círculo de amizade contribui para isso, pois oferece uma rede social consistente e promete distração. Parentalidade ESeSPes são pais amorosos, afetuosos, que apoiam seus filhos. Como às vezes eles próprios desejam ser crianças novamente, são muito empáticos com as necessidades infantis. Tornam a vida de seus filhos alegre e diversificada: ao lado de pais ESeSPes não existe tédio. Filhos de pais ESeSPes crescem no meio de diversas impressões e experiências. Dessa forma aprendem a ser abertos perante o mundo, tolerantes e flexíveis. O lado menos favorável, entretanto, é que ESeSPes tendem também a ser um pouco desorganizados como pais. Planejam, com a melhor das intenções, belos programas que, por fim, acabam dando errado ou causam estresse, pois tudo é organizado em cima da hora. Os filhos, compreensivelmente, acabam se decepcionando ou aborrecendo. Quando isso ocorre com mais frequência, passam a duvidar se, de fato, podem confiar em seus pais. Além disso, pais ESeSPes tendem a certa inconsequência e condescendência, pois se deixam guiar bastante por seus impulsos espontâneos e não pensam muito a longo prazo. A maioria dos pais ESeSPes, entretanto, tem consciência dessas falhas e, por isso, se esforça para que seus filhos não sofram por causa disso.

Problemas e possibilidades de desenvolvimento ESeSPes são mestres do momento: São espontâneos, flexíveis e gozam dos prazeres da vida. Mas essa sua vontade de viver pode, igualmente, tornar-se um fardo. O inverso de seu prazer é justamente a falta de disponibilidade de se disciplinarem e persistirem quando as coisas exigem esforço, tornando-se frustrantes ou simplesmente entediantes. ESeSPes não veem sentido em se mortificar só para talvez alcançar um objetivo distante. A percepção intuitiva, voltada para o futuro e potencialidades, é sua função menos desenvolvida. O que, porventura, pode ser não lhes diz muito, principalmente quando não lhes dá prazer no aqui e agora. Para isso vivem demasiadamente no presente. Planos e objetivos a longo prazo esmaecem facilmente perante a alegria do momento atual. A consequência disso é que ESeSPes podem ser muito instáveis, inconstantes e inconsequentes. Começam muitas coisas, pois estas lhes dão prazer no momento, mas terminam poucas quando há a exigência de uma disciplina exaustiva. Não faria nada mal à maioria dos ESeSPes se treinassem um pouco sua tolerância em relação à frustração e adiassem a satisfação de suas necessidades. Deveriam se forçar com mais frequência a refletir sobre as consequências de suas ações a longo prazo. Seriam mais capazes de se motivar a superar obstáculos momentâneos caso objetivos futuros fossem um pouco mais palpáveis para eles. Há mais duas outras armadilhas no perfil dos ESeSPes, que, às vezes, fazem com que tenham dificuldade de se disciplinar e continuar. Por um lado, é sua extroversão fortemente desenvolvida: ESeSPes adoram distrações sociais. Com frequência estas são mais importantes para eles (e bem mais agradáveis) do que se ocupar com trabalhos maçantes (porém necessários). A consequência disso é que, muitas vezes, o trabalho é deixado de lado, se

acumula e, por fim, causa uma relutância cada vez maior. Quando já não é mais possível adiá-lo, ESeSPes acabam sofrendo enorme pressão e, devido à frustração ou à falta de tempo, resolvem o trabalho deixado de lado com pouca qualidade. Além disso, ESeSPes são equipados com um fator Pe mais ou menos desenvolvido, isto é, mantêm sua percepção sempre pronta para receber, para não perderem por nada alguma coisa. Desse modo são extremamente atentos e ligados, porém também se deixam distrair com facilidade. Têm dificuldade de se decidir, pois, dessa forma, precisam se comprometer com uma coisa e, forçosamente, irão perder outra. ESeSPes se sentem frequentemente irrequietos e estressados, pois a sua ânsia de viver acaba por pressioná-los. Os outros se sentem de forma semelhante quando desejam acompanhar o entusiasmo de um ESeSPe. Mesmo que relutem, muitos ESeSPes poderiam viver com mais tranquilidade (e justamente por isso com mais prazer) caso conseguissem dar mais espaço para o J em sua vida e se abrir para planejamentos, cronogramas e compromissos obrigatórios. Talvez a concepção de que a vida pode ser desfrutada mesmo quando, vez ou outra, é mais tranquila, pudesse ser igualmente. ESeSPes são muito ligados às pessoas de seu convívio. Quase sempre são generosos, às vezes chegam a ser esbanjadores em relação ao que investem em termos de tempo, emoção e apoio material no relacionamento. Nesse sentido, porém, correm o risco de se deixarem ser explorados. O seu S os faz buscar harmonia e pode levá-los a ofuscar aspectos críticos do relacionamento e, por causa disso, acabam se decepcionando mais uma vez. Da mesma forma, porém, pode acontecer de atropelarem os outros (sem querer): por serem extrovertidos, ESeSPes tendem a reagir de modo muito impulsivo. Assim sendo, agem ou dizem algo mais rapidamente do que refletem. Em seguida,

quando tudo se acalmou um pouco e quando pensam sobre seu comportamento, se arrependem. Como dão valor à convivência harmoniosa, fazem questão de se desculpar e desfazer eventuais mal-entendidos ou aborrecimentos. Na maioria das vezes, ninguém consegue de fato ficar magoado muito tempo com eles, porque também são muito amáveis. Seus diversos contatos sociais e amizades podem constituir outro problema, no sentido de quase não terem tempo de se dedicar com intensidade a pessoas isoladas. Dessa forma, pode surgir facilmente um desequilíbrio quando a relação parece ser mais importante para o amigo do que para o ESeSPe. Não raro, o amigo fica ofendido porque o ESeSPe quase nunca tem tempo suficiente para um encontro. Manual de instruções pessoal • Deixe-me viver e desfrutar a vida! Por favor, não limite demasiadamente minha liberdade e meus interesses diversificados! Encoraje-me a seguir meus interesses ou, melhor ainda, participe! • Se, de vez em quando, tenho uma ideia “louca”, não seja muito pessimista e crítico. Mesmo quando não deseja participar, por favor, não estrague minha alegria! • Dê valor à diversidade que trago para nossa vida. • Surpreenda-me também! Adoro espontaneidade, diversidade e suspense. • Procure também ser um pouco espontâneo e, de vez em quando, simplesmente desista dos seus planos! • Acompanhe meu modo de ser aventureiro! Quando não deseja ou pode participar de minhas numerosas atividades sociais, não faça com que eu me sinta culpado, e por favor me deixe partir.

• Por favor, não me torture com longas discussões teóricas ou abstratas. O que me interessa é para que algo serve e como funciona. • Por favor, escute-me e compartilhe minhas reflexões e sentimentos. Preciso me comunicar e minha melhor forma de pensar é em voz alta. Por gentileza, não se irrite. • Fale também de seus sentimentos comigo. Quero saber o que acontece em seu interior. • Não me leve a mal, se, de vez em quando, sou um pouco caótico e desorganizado. Se precisar, você pode contar comigo. Confie em mim! • Por favor, não me imponha estruturas muito rígidas e obrigações excessivamente fixas. Não me sinto bem quando preciso me decidir cedo demais ou por um longo período. • Por favor, me leve a sério. Mesmo sendo brincalhão, há alguns momentos para mim que são sérios e nos quais não consigo rir.

ISePPe: os gestores de liberdade

ISePPes são pessoas racionais, nada os derruba facilmente. Têm uma marcante necessidade de liberdade – seu valor preferido se chama independência. Gostam de seguir suas vontades espontâneas, por isso dão prioridade a atividades que desafiam a sua capacidade lógico-prática. Todo o resto resolvem com o menor esforço possível. Assim como todos SePes, não são teóricos, são “fazedores”. Têm profunda aversão a hierarquias, leis e regras uma vez que não conseguem internamente concordar com estas. ISePPes precisam seguir suas próprias ideias, reagem de modo quase alérgico diante de instruções desnecessárias; sua oposição a estas não é ativa, eles simplesmente as ignoram. O modo racional de tomar decisões é característico para ISePPes (P). Internalizaram um sistema elaborado de princípios lógicos que é constantemente ampliado por novos fatores. Os princípios lógicos e seu conhecimento factual constituem o fundamento de suas decisões e ações. Quando estão diante de um problema, dão internamente um passo atrás e analisam a situação racionalmente. A decisão que tomam em seguida se baseia em uma análise serena dos ganhos e perdas esperados. Para os outros, o mundo lógico dos ISePPes é pouco compreensível, pois mal falam sobre este. Por outro lado, são capazes de perder as estribeiras quando seus princípios são feridos. Liberdade e justiça fazem parte de seus valores fundamentais, pelos quais estão igualmente dispostos a lutar. Sua reação intensa muitas vezes surpreende os outros, pois, em várias ocasiões, ISePPes quase nunca se abrem emocionalmente.

ISePPes são mestres em resolver problemas objetivos, sobretudo técnicos. Já na relação interpessoal, podem parecer um pouco rudes, pois carecem de sensores para as vibrações puramente emocionais e, de seu ponto de vista, ilógicas das pessoas de seu convívio. Com frequência se surpreendem quando os outros, de repente, se sentem pessoalmente ofendidos em razão de sua crítica objetiva. Enquanto, porém, a coisa não se torna excessivamente emocional, quer dizer, “irracional” na sua concepção, eles são sociáveis e gentis. Além disso, a percepção sensorial é característica para ISePPes. Buscam (de forma inconsciente) constantemente novos fatos no ambiente que os rodeia e, em seguida, os inserem em seu sistema lógico. Percebem de modo muito crítico e detectam rapidamente contradições, mesmo quando estas estão ocultas nos pequenos detalhes. Nos âmbitos que são de seu interesse, ISePPes podem se tornar especialistas de destaque e uma enciclopédia. O que os ajuda nesse sentido, é sua percepção aguçada de detalhes e sua capacidade de armazenar todos os fatos reunidos de forma lógica e coerente em sua memória (Se + P). Mesmo quando podem ser um pouco caóticos externamente (Pe), sua estrutura interna – sua lógica e seu conhecimento dos fatos – se encontra extremamente bem organizada. ISePPes são pessoas pragmáticas que aceitam a vida tal como esta se apresenta. Não gostam de se comprometer; preferem se decidir espontaneamente, pois assim podem manter em aberto todas as alternativas possíveis por um período maior. Seu modo de ser introvertido faz com que pareçam ser mais calmos externamente do que se sentem internamente. Sua disponibilidade impulsiva para a ação os leva mais ao ato do que a longas conversas. São pessoas que gozam a vida sempre quando possível, cedem às suas vontades espontâneas e fazem o que desejam. Nesse

sentido, gostam inclusive de correr riscos, um pouco de adrenalina é bem-vinda. Uma disciplina férrea para alcançar objetivos longínquos não é exatamente seu ponto forte. Sua percepção sensorial (Se) voltada para fora ligada à sua atitude igualmente perceptiva diante do mundo (Pe) faz com que busquem experiências sempre novas, às vezes radicais. Em razão de sua capacidade de viver plenamente o momento, emanam energia e vivacidade. Trabalho ISePPes terão maior sucesso em profissões técnicas e artesanais, ao passo que âmbito social os atrai bem menos (IP). Gostam de manusear ferramentas, seja como cirurgiões ou carpinteiros. Sua razão objetivo-prática os faz priorizar trabalhos a serviço de uma utilidade concreta ou exigem soluções lógicas de problemas. Por causa de sua percepção sensorial não recuam diante de trabalhos voltados para detalhes e frequentemente são inventores apaixonados. Quando necessário, pensam durante horas ou dias uma solução até que o problema esteja resolvido. Problemas representam desafios pelos quais ISePPes são gratos, pois trazem diversidade para seu cotidiano profissional. O excesso de rotina os entedia. São bons gestores de crises, pois mantêm a cabeça fria mesmo quando as coisas se tornam difíceis. Em tudo que fazem se orientam pela utilidade prática. Não é provável que se dediquem a alguma coisa simplesmente pelo conhecimento teórico, pois, quando ISePPes aprendem algo, querem saber para que serve. São pessoas de ação e do momento. Um resultado distante, desconectado do que de fato fazem, pouco os motiva. ISePPes apreciam condições de trabalho em que podem tomar decisões da forma mais espontânea possível e livre de imposições externas. Sentem-se sufocados por

hierarquias rígidas. O que lhes causa impressão é a competência e não o status. Por isso, autoridades não lhes inspiram respeito. Quando ISePPes se encontram em uma posição de liderança, seu estilo de condução é libertário. Fazem com que seus funcionários recebam as informações necessárias, porém não dão instruções a respeito de como o trabalho deve ser feito. Eles próprios sabem que diversos caminhos levam ao fim. Além disso, lhes convêm quando só precisam organizar o mínimo possível. Seus colaboradores, entretanto, gozam dessa liberdade só enquanto o resultado é satisfatório. Quando estão insatisfeitos com o empenho de seus subordinados, não temem o confronto. Dizem abertamente o que os incomoda e o que esperam. ISePPes gostam de assumir postos de liderança. Não recuam diante da responsabilidade e apreciam muito o direito de tomar decisões, assim como o ganho financeiro. Amor e amizade ISePPes cultivam um pequeno e seleto círculo de amigos, o qual, no entanto, é constante. Muitas vezes se sentem ligados a seus amigos por hobbies e interesses comuns. Mas sentem-se menos inclinados a conversar longamente sobre relacionamentos e questões emocionais. Para eles a amizade se dá por experiências compartilhadas. Externamente a demonstram com pequenos mimos com os quais surpreendem seus amigos. O mesmo se aplica às relações amorosas: ISePPes só falam sobre sentimentos quando não há como evitar. Em sua opinião, experiências compartilhadas falam por si só e não devem ser “esvaziadas por palavras”. Ficam incomodados quando seu parceiro lhes confessa seu amor. Seu repertório comportamental simplesmente carece da reação adequada para esse caso. Quando estão apaixonados, ISePPes são muito atenciosos no que se refere

às preferências e aos desejos de seu parceiro. Gostam de surpreendê-lo com pequenos mimos carinhosos. Demonstram seu afeto desse modo, em vez de expressá-lo em palavras. ISePPes apreciam muito a liberdade. Também em seus relacionamentos amorosos. Quando têm pouco tempo para si mesmos, sentem-se rapidamente sufocados. Nessa hora se retiram em silêncio até se recuperarem internamente e sua necessidade de proximidade despertar de novo. De sua parte são tolerantes e compreensíveis quando o seu parceiro necessita de liberdade pessoal. ISePPes amam com o coração e a cabeça. Mesmo quando estão intensamente apaixonados, mantêm-se realistas. Analisam se seu parceiro combina com eles e não ofuscam a parte problemática do relacionamento. Por isso, têm os pés no chão para terminarem uma relação quando as desvantagens predominam. Não têm problemas em preservar sua independência. O problema maior consiste no fato de temerem a dependência. Só se abrem lentamente para um relacionamento e, de início, mantêm uma porta aberta pela qual podem escapar para a liberdade em caso de necessidade. Parentalidade ISePPes impõem poucas regras e coerções externas a seus filhos. São tolerantes e permissivos enquanto seus filhos respeitam determinados limites. Sua atitude, entretanto, é de forma alguma indiferente, mas condescendente. Não têm em mente uma meta preestabelecida a respeito do desenvolvimento de seus filhos. Também na educação são alheios a planos de longo prazo (Pe), reagem de modo espontâneo e flexível diante das exigências de cada situação. Seu único desejo é que seus filhos sejam felizes e vivam uma vida que tenha

sentido. O caminho que seus filhos escolherão, entregam aos interesses e habilidades deles. Nesse sentido, a grande vantagem de seus filhos consiste no fato de poderem experimentar e se desenvolver livremente. Mas há o risco de ISePPes oferecerem pouca orientação e estímulos direcionados a seus filhos. Às vezes estes se sentem sobrecarregados pelo excesso de liberdade – podem tomar suas decisões de forma autônoma, mas de modo um pouco solitário. ISePPes são bons conselheiros para seus filhos quando se trata de solucionar um problema prático ou transmitir conhecimento (SeP). Com os problemas emocionais de seus filhos, entretanto, nem sempre têm empatia suficiente, de modo que estes às vezes se sentem pouco compreendidos pelos seus pais ISePPes racionais. Problemas e possibilidades de desenvolvimento ISePPes amam sua liberdade. A grande oportunidade para sua independência consiste em serem extremamente adaptáveis. Sua independência, porém, se torna um problema quando não conseguem se comprometer de forma alguma, seja profissional ou pessoalmente. Nos relacionamentos amorosos é bastante desestabilizador e ofensivo para seu parceiro quando o ISePPe ama mais sua liberdade do que seu comprometimento. Nesse caso, pode facilmente se dar um círculo vicioso: Quanto mais os ISePPes se sentem pressionados a se comprometer, mais se retiram e refugiam em sua independência, o que, por sua vez, aumenta a pressão externa. Também em termos profissionais, ISePPes podem perder algumas oportunidades caso não consigam se comprometer. Sua preocupação de, porventura, se decidir de forma errada pode, em casos extremos, levá-los a não tomar nenhuma decisão mais clara. Sua carreira se beneficiaria também de um pouco mais de comprometimento.

ISePPes são pessoas racionais, consideram o mundo que os rodeia de modo sóbrio e crítico. Apesar de manifestarem apenas uma pequena parcela de suas reclamações, quando o fazem muitas vezes vão direto ao ponto. Não fazem muitos rodeios, dizem de modo curto e grosso o que os incomoda. O que está em jogo para eles é a questão em si e sua intenção é construtiva. Porém, tiram conclusão errada de que todas as outras pessoas conseguem assumir uma distância tão objetiva quanto eles. Em seguida se surpreendem quando os outros se sentem pessoalmente ofendidos com sua crítica objetiva. Nesse caso, seria aconselhável treinarem um pouco seu S (avaliação orientada pelo sentimento) e incluírem um pouco mais de sensibilidade em seu pensamento. Caso expressassem sua crítica com mais tato, esta certamente seria mais ouvida. Manual de instruções pessoal • Por favor, dê-me tempo e espaço suficiente! Necessito de minha independência, caso contrário, desenvolvo impulsos de fuga. • Aprecio quando você se interessa por mim e por minhas reflexões, mas, por favor, não me pressione a contar em pouco tempo um excesso de coisas sobre mim. Por vezes, simplesmente me faz bem poder estar comigo mesmo. Pode ter certeza que desejo sua participação em tudo que me importa. Mas simplesmente é de minha natureza precisar de um pouco de tempo para tal – isso não tem nada a ver com você. • Por favor, aceite quando às vezes fico em silêncio e mergulhado em meus pensamentos. Isso não significa que naquele instante sua presença não me agrada. • Tenho dificuldade de falar sobre sentimentos! No caso de assuntos emocionais, por favor, tenha um pouco de paciência comigo.

• Por favor, não me torture com discussões teóricas. Interessa-me muito mais para que algo serve e como pode ser aplicado na prática. • Por favor, não me controle! Não tente me impor um cronograma rígido ou, pior, um plano de vida. • Sou um inventor! Quando algo desperta meu interesse, não consigo parar antes que isso funcione. Por favor, dême tempo para realizá-lo. • Por favor, fala-me de suas necessidades com clareza e exatidão! Não sou bom em adivinhar o que se passa em seu interior. Só quando conversa abertamente comigo posso considerar você! • Por favor, não reaja de modo muito sensível diante de minha crítica! Com certeza não desejo ferir você, pelo contrário, quero dar apoio, mesmo quando formulo minha crítica de modo muito duro. • Por favor, reconheça que com meu entusiasmo e minha capacidade de aproveitar o momento, também proporciono bastante movimentação em nosso relacionamento.

ESePPe: os gestores de crise

ESePPes desejam ter tudo que a vida oferece: cada minuto deve ser vivido, é válido passar por (quase) todo tipo de experiência. Têm sede de aventura, são devotos aos prazeres dos sentidos e dispostos a correrem riscos. Em parte se colocam de modo bastante consciente em situações perigosas ou extremas, pois nesses momentos sentem de forma especialmente nítida a vida pulsar. Não há nada pior para um ESePPe do que ficar parado e em silêncio. ESePPes são pessoas com uma percepção extrema. Sua percepção sensorial (Se) está constantemente aberta a receber estímulos e eles registram com muita rapidez e nitidez o que ocorre à usa volta. Muitas vezes têm uma extensa memória sobre detalhes e fatos. As pequenas mudanças em seu entorno raramente escapam à sua observação. Depositam todas as informações relevantes em sua memória. Esse tesouro de experiências praticamente constitui sua ferramenta da qual fazem uso quando são confrontados com um novo problema. Porém, não devemos entender isso no sentido de ESePPes vigiarem seu meio ambiente ou averiguarem cada detalhe de forma desconfiada. Pelo contrário, o ESePPe se deleita com a variedade infinita das impressões sensoriais e é impelido por um certo medo de, porventura, perder alguma coisa (Pe). ESePPes são mestres do momento: saboreiam cada instante com tudo que este possa oferecer. Na maior parte das vezes, ESePPes refletem sobre as consequências a longo prazo de suas ações só quando são confrontados com

estas. De seu ponto de vista, é pura perda de tempo quebrar a cabeça sobre estas antes, pois assim se perde o momento atual. Sabem viver bem, gostam, com frequência, de boa comida, de um bom vinho, de tudo que alegra seus sentidos. ESePPes sempre se encontram onde está acontecendo alguma coisa. Sentem-se atraídos por pessoas (E) e também as atraem, pois podem ser extremamente divertidos: exalam graça, charme e alegria de viver e logo que chegam a uma festa, esta começa a ficar animada. Quando estão entre pessoas, ESePPes estão com a corda toda. Não temem ser o centro das atenções e podem sem dúvida, vez ou outra, assumir o papel daquele que entretém todo mundo. Os outros se deleitam com a companhia do ESePPe, pois com ele certamente jamais haverá tédio. ESePPes são anfitriões bons e generosos que não deixam faltar nada. ESePPes desejam viver de modo espontâneo, flexível e independente; necessitam de sua liberdade assim como precisam do ar para respirar. Preferem fazer e deixar de fazer o que querem, quando querem e como querem. Regras e normas os sufocam e não raro têm conflitos com autoridades, pois, de vez em quando, desrespeitam (no mínimo) uma delas. ESePPes mantêm uma distância crítica em tudo que fazem (P). Sua análise não se dá apenas de forma muito detalhada (Se), mas também racional: examinam todos os dados relevantes de uma situação e não perdem tempo se aborrecendo com o que poderia ser diferente ou melhor. Em seguida fazem o que precisa ser feito naquele momento e que promete o maior êxito. Não é de sua natureza ficar refletindo ou especulando por um longo tempo. Desejam agir e experimentar se e como a coisa funciona. Caso dê errado, a estratégia pode muito bem ser modificada. Exatamente com esse cálculo frio, ESePPes se colocam sempre de novo em situações extremas e se deleitam com

a expectativa a respeito de se sua tática dará certo ou não. Isso pode ocorrer em âmbitos da vida muito diversos. Alguns ESePPes praticam esportes radicais, outros fazem manobras profissionais que sempre os colocam à beira do abismo e se arriscam a ganhar ou perder tudo. Caso de fato percam tudo, isso não é uma catástrofe: ESePPes sempre se levantam de novo e raramente se deixam desanimar. Não lamentam o passado, e se voltam para novos desafios. Trabalho Normalmente ESePPes não planejam sua carreira de forma muito detalhada. Agarram com frequência a oportunidade que se oferece no momento certo. Os critérios mais importantes que seu trabalho precisa atender são: diversidade, desafio e prazer! Quando sabem exatamente o que os espera cotidianamente e podem ter certeza que tudo se dará sem maiores obstáculos, ESePPes se entediam em pouco tempo. O que aos outros transmite a agradável sensação de segurança e controle, torna-se rapidamente enfadonho para os ESePPes. O trabalho que ESePPes mais gostam é o do bombeiro, tanto no sentido literal quanto no figurado: obtêm pleno êxito quando trabalham sob pressão e são forçados a reagir de forma espontânea, prática e com a maior efetividade possível. Em razão de seu perfil tipológico são perfeitamente equipados para isso: São capazes de captar situações com muita rapidez e nitidez, calcular de cabeça fria a necessidade de agir e transpô-la de forma pragmática, objetiva e racional para a realidade (Se + P). Além disso, são suficientemente flexíveis e espontâneos para readaptar e reotimizar sua estratégia (Pe). Quando, nesse tipo de situação, ainda têm a liberdade de trabalhar com outras pessoas – o ideal seria que fossem pessoas com a mesma mentalidade – podemos ter certeza de que ESePPes irão extrair o melhor de cada situação, por mais complicada que

seja. Na maioria das vezes têm boa autoestima e confiam em seu bom-senso e em sua habilidade prática quando confrontados com um problema. ESePPes certamente não necessitam diariamente de intensas sensações, mas não têm nada contra empreendimentos arriscados e um pouco de adrenalina. Encontramos ESePPes em todas as profissões práticas nas quais se produz um resultado visível. Amiúde têm habilidades artesanais e técnicas, em que seu dom da observação os beneficia. Muitos ESePPes percorreram uma carreira bastante diversificada, composta por várias atividades diferentes, e, por fim, acabam se tornando autônomos de modo que são seu chefe e têm um máximo de independência. Evitam profissões que exigem prioritariamente um pensamento teórico e abstrato e dão pouco espaço para a atividade prática. Como chefes ESePPes são pragmáticos e tolerantes. Concedem a seus funcionários a maior liberdade de ação possível, pois sabem que diversos caminhos levam ao objetivo. A condição prévia, porém, é que o trabalho seja feito de modo satisfatório. Transmitem seus objetivos e instruções de modo claro e inequívoco, não se expõem a longas negociações sobre os prós e contras das várias possibilidades. Em caso de dúvida é mais útil experimentar do que discutir durante horas. Desejam que as tarefas sejam feitas de modo mais eficiente e pragmático possível. Quando são confrontados com uma situação de crise, esperam que suas instruções sejam seguidas de imediato e sem objeções. Quando não é este o caso, podem ficar muito aborrecidos. Amor e amizade ESePPes podem se apaixonar rapidamente e com frequência. Conquistar o parceiro é um desafio que assumem sempre de novo com prazer e grande

originalidade. Apesar de toda paixão, ESePPes permanecem, mesmo assim, um pouco racionais e refletem se há suficientemente coisas em comum para um relacionamento a longo prazo. Para um ESePPe o amor e o relacionamento funcionam só na presença de uma mescla adequada de liberdade e afeição. O ESePPe necessita de sua independência e da liberdade de fazer o que deseja em menor ou maior grau. Irrita-se quando precisa se justificar e explicar. Por outro lado, espera de seu parceiro proteção e apoio mesmo se um de seus projetos, por acaso, dê errado. Para o ESePPe relacionamento significa amizade. ESePPes desejam um parceiro que fique a seu lado para o que der e vier; que ama, assim como eles, a excitação, e esteja disposto a participar de suas aventuras. Com seu parceiro querem conversar, rir, gozar a vida e simplesmente se divertir. O mesmo vale para seus amigos. Na maior parte das vezes, o círculo de amizades dos ESePPes é bastante amplo, amigos realmente íntimos, mas têm poucos. ESePPes se julgam – com razão – muito estáveis e, quando necessário, comprometidos. Não podemos confiar neles quando se trata de estar pontualmente, na hora marcada, no ponto de encontro certo. Em caso de urgência, porém, ESePPes estão disponíveis. A mesma coisa esperam de seu parceiro e amigos. ESePPes se cansam quando precisam pesar cada palavra que dizem, com medo de assustar o outro. Esperam que seu relacionamento, assim como suas amizades, apoie também brigas e confrontos. Em parte, inclusive, provocam a briga para trazer novamente um pouco de excitação e tensão para o relacionamento. Eles próprios não guardam muito ressentimento e estão dispostos a se reconciliar rapidamente. ESePPes não são mestres das grandes palavras quando se trata de demonstrar seu afeto. Nesse caso, também se

sentem mais inclinados a agir: surpreendem seu parceiro com atenção e presentes e podem ser bastante generosos. Parentalidade Com frequência, parceria e filhos são muito importantes para ESePPes, pois é na intimidade familiar que recarregam suas baterias. Empenham-se para que seus filhos jamais sintam tédio, pois sempre inventam alguma coisa divertida para ser vivida. Têm prazer em brincar de forma descontraída com seus filhos. As expectativas que têm em relação a seus filhos são, na maior parte das vezes, muito realistas. Raramente exigem que seus filhos desenvolvam algum talento especial ou que façam uma carreira de muito sucesso. Sua exigência é que seus filhos dediquem sua vida a fazer algo que tenha sentido, seja prático e os faça feliz. A vantagem é que seus filhos não são pressionados, mas usufruem de bastante liberdade para se desenvolver. Entretanto, podem perder a oportunidade de apoiá-los o suficiente com seus talentos e de estimulá-los de forma consequente de modo que estes, na ausência de qualquer ajuda, sentem-se um pouco sobrecarregados pela variedade de possibilidades existentes. Problemas e possibilidades de desenvolvimento ESePPes vivem o momento atual. Desejam absorvê-lo com todos os seus sentidos e saboreá-lo até a última gota. Nesse sentido, pode acontecer de se entregarem de tal forma à experiência sensorial do momento, que seu mecanismo de avaliação e decisão (quer dizer, o seu P) é ofuscado totalmente e eles fazem aquilo que têm vontade. Em princípio, não há nada de dramático nisso e, em parte, trata-se igualmente de um dom dos ESePPes. Mas pode acontecer de, desse modo, transgredirem tanto os limites dos outros quanto os seus e, em seguida, se arrependam.

Normalmente ESePPes têm êxito em manter sua decisão racional ativa, algo que deveriam considerar igualmente em situações desse tipo. ESePPes atingem o máximo de sucesso quando estão sob pressão. Por isso, colocam-se sempre de novo em situações extremas. Isso desafia seu talento de improvisação e, em seguida, se orgulham de ter dado conta da situação. Quanto mais excitante a situação, mais “ligados” estão. Nessa hora não percebem que os outros, que estão no mesmo barco, na maior parte das vezes não têm nervos tão resistentes e desejam mais segurança e planejamento prévio. Às vezes ESePPes têm dificuldades de avaliar suas próprias capacidades de modo realista e tendem a se julgar mais capazes do que realmente são. Devido ao fato de sua avaliação ter sido correta diversas vezes, assumem riscos cada vez maiores que, por fim, não são mais capazes de controlar. Para eles um fracasso pessoal não costuma ser uma grande catástrofe, mas muitas vezes outras pessoas são atingidas e não conseguem se refazer com tanta facilidade. Desse modo, o ESePPe adquire a fama de não ser confiável, apesar de ter dado o melhor que podia. Nesse caso poderia ser útil incluir outras pessoas em suas reflexões e, principalmente, levar a sério a avaliação delas. Provavelmente isso não agrada muitos ESePPes, mas lhes assegura um sucesso estável. Deve ser algo levado em consideração sobretudo quando muitas pessoas são atingidas pelo desfecho de um projeto. Por gostarem tanto de fortes emoções e não desejarem perder nada, ESePPes são incansáveis. Fazem o máximo possível de coisas ao mesmo tempo e, assim, por vezes praticamente só correm de uma coisa para a outra – assim como um bombeiro, no intuito de apagar o foco maior do incêndio. Para mais do que isso não sobra tempo. Nesse sentido não percebem que seu real objetivo, o de viver e saborear cada momento, fica inteiramente pelo caminho.

Indica-se nesse caso avaliar se poderia valer a pena planejar e organizar um pouco mais (J). Desse modo, a vida teria um aspecto mais rotineiro (e entediante), entretanto seria mais descontraída e prazerosa. ESePPes são abertos e diretos de modo revigorante, algo que pode ser muito divertido, mas só quando não somos diretamente atingidos. Na maior parte das vezes, ESePPes não refletem quando algo os incomoda, e resolvem a situação à medida que se queixam e expõem sua crítica. O fato de ferirem os outros não lhes vem à mente no primeiro momento, pois eles próprios são bastante resistentes. Por vezes, entretanto, não apenas os outros, mas eles próprios se beneficiariam, se mantivessem um pouco sua língua solta e fizessem sua crítica com mais tato. Manual de instruções pessoal • Por favor, conceda-me minha liberdade! Necessito de certa independência, de tempo e ócio para, de vez em quando, fazer o que quero. Permito, com prazer, que você participe, mas eu mesmo quero decidir quando e em que medida. Confie em mim! • Por favor, não me imponha muitos prazos e obrigações! E, por gentileza, não espere que eu me comprometa com muita antecedência! Quanto mais você me pressiona, mais rebelde me torno. • Não se incomode com meu caos, o que importa é que eu tenha o controle. Deixe também, ocasionalmente, “passar algo”. • Seja espontâneo! Por favor, usufrua comigo do momento! Deixe, de vez em quando, algo inacabado e participe de alguma das minhas ideias loucas. Ou, melhor, surpreenda-me com algo espontâneo. • Por favor, evite dizer, de imediato, não para qualquer ideia nova que eu tenha. Primeiro ouça até o fim do que

se trata ou experimente a ideia comigo. Considere que há sempre caminhos diferentes para se alcançar o objetivo. • Saia comigo e socialize-se! Necessito dessas atividades sociais assim como do ar para respirar e prefiro que você esteja junto! Quando você não tem vontade, não se aborreça se eu for sozinho. • Estime a magia, a excitação e o divertimento que trago para nossa vida. • Não evite confrontos! Seja aberto e direto quando algo incomoda você. Eu não me desestabilizo com tanta facilidade e, além disso, não cultivo ressentimentos. • Fale-me a seu respeito! Quero saber o que acontece em sua vida e desejo participar!

  1 A sigla seguida por um s minúsculo indica o plural. Não confundir com o S maiúsculo que simboliza o tipo que decide orientado pelo sentimento [N.T.]. 2 Movimento literário romântico alemão [N.T.].

E agora, o que muda?

  Agora vocês leram seu manual de instruções e, possivelmente, também o de seu parceiro, dos membros da família ou amigos. Esperamos que vocês tenham reconhecido muitos aspectos seus na descrição dos tipos, talvez obtendo também algum conhecimento novo a respeito de si. Nós, as autoras, fizemos a experiência de descobrir facetas nossas que já intuíamos, mas que se tornaram de fato conscientes apenas depois da leitura da descrição dos tipos. Percebemos esse efeito – nós o chamamos de “efeito holofote” – bem como de várias outras pessoas que leram seu perfil de personalidade pela primeira vez. Afinal de contas, é totalmente normal que não tenhamos de fato consciência dos diversos padrões que determinam e guiam parte de nossa personalidade. Na verdade, a maior parte das vezes as coisas ocorrem de modo automático, isto é, inconsciente, pois, por parecerem tão familiares para nós, acabamos tomando-as como óbvias. O autoconhecimento em si não é tão valioso apenas para sabermos mais sobre quem somos, mas para descobrirmos mais sobre quem não somos. As qualidades, os padrões de comportamento e de pensamento que nos diferenciam dos outros são aqueles que exigem aceitação, tolerância e compreensão. Os padrões de personalidade que tornam as pessoas diferentes umas das outras e, desse modo, também as separam, são aqueles que necessitam de pontes de comunicação para promover a compreensão e, assim, também uma ligação. Quando comparamos os perfis tipológicos de dois tipos opostos, por exemplo, o de um EInSPe e o de um ISePJ, fica evidente quão diferentes são os mundos em que vivem duas pessoas com esses perfis – quantas coisas separam uma da outra. Agora, imaginem vocês que essas duas pessoas têm uma relação, seja amorosa ou profissional. Pessoas do tipo ISePJ são realistas e abordam uma situação de forma prática e racional.

EInSPes são idealistas e abordam uma situação de modo entusiasmado e emocional. O que um deve pensar do outro? O ISePJ provavelmente considera o EInSPe barulhento e invasivo (dada sua extroversão, E), excitado e sem os pés no chão (pois percebe orientado pela intuição, In), emotivo e irracional (pois decide orientado pelo sentimento, S), desorganizado e caótico (pois é um tipo percepção, Pe). O EInSPe, por sua vez, provavelmente considera o ISePJ frio e fechado (em razão de sua introversão, I), excessivamente meticuloso e mesquinho (pois percebe orientado pela sensação, Se), desumano e duro (pois decide orientado pela pensamento, P), rígido e determinante (pois é um tipo julgamento, J). É de se supor que esses dois tipos, por serem tão opostos, se descreveriam mutuamente como os seus “antitipos”. De fato, tipos com perfis muito diferentes raramente se tornam amigos. E raramente se escolhem como parceiros, apesar de, no caso da escolha do parceiro amoroso valer, mais do que nas amizades, o princípio de que os opostos se atraem. Na maior parte das vezes, escolhemos nossos amigos de acordo com o que temos em comum ou em semelhanças. Também podemos dizer que na escolha de seus amigos o ser humano é mais inteligente do que na escolha de seus parceiros. Pois todas as pesquisas psicológicas no que diz respeito se a convivência de “igual para igual” ou aquela entre pessoas “opostas” é melhor, apontam que os “iguais” passam por bem menos dificuldades. Estudos revelaram que a maior parte dos relacionamentos felizes se dá entre duas pessoas que têm uma ou mais letras em comum em seu perfil. Quando pessoas com perfis muito diferentes lidam voluntariamente umas com as outras (p. ex., na relação amorosa) ou involuntariamente (no local de trabalho), exige-se muita tolerância e compreensão em relação à diferença do outro. Há aqui um mérito especial da teoria dos tipos: ela é capaz

de construir as pontes necessárias para criar um entendimento entre pessoas que, na verdade, são muito diferentes. Naturalmente isso não vale apenas para pessoas com perfis muito diversos, mas também para as que só se diferenciam em uma dimensão das outras. Assim sendo, a diferença em uma dimensão só já pode levar a muitos conflitos, como necessidades muito distintas de contato de pessoas extrovertidas e introvertidas (E e I), ou as necessidades muito diferentes de planejamento e ordem de tipos julgamento e tipos percepção (J e Pe). O primeiro passo para a compreensão e a tolerância é o reconhecimento de que essas diferenças de fato existem e que não as escolhemos, mas as recebemos. Não se deve, entretanto, abusar delas no sentido de usá-las como justificativa e desculpa cômoda para assumir uma postura rígida seguindo o lema “Eu sou assim – não há nada que possa ser feito a respeito!” A teoria dos tipos não nos exime da responsabilidade por nossas ações pessoais. Assim como todos temos nossas tendências e predisposições, temos também o livre-arbítrio para elaborá-las e aprimorá-las. Entretanto, devido ao fato de, no caso das quatro dimensões da teoria dos tipos, tratar-se de padrões de comportamento positivos, não se trata de modificá-las por inteiro, nem de convertê-las em seu oposto, mas de ampliar o próprio repertório comportamental à medida que nos exercitamos nas capacidades que não recebemos no nascimento. Podemos explicá-lo de modo especialmente ilustrativo a partir da dimensão J-Pe: quando a preferência pela estrutura e ordem não é inata, isso não significa que ela não pode aprendê-la; talvez não exatamente uma preferência pela ordem, mas a ordem por si só, mesmo que esta não seja uma inclinação dela. Juliana é um tipo julgamento (J) que tem uma preferência pela ordem e pela estrutura. Divide uma sala de escritório com Penélope que, como tipo percepção, tem bem menos

necessidade de ordem. Antigamente isso levava com frequência a confrontos entre as duas que, afora esse problema, se entendem muito bem. Juliana se aborrecia especialmente com o fato de Penélope não colocar os fichários de volta no lugar e sempre se via obrigada a procurá-los. Encarava a falta de ordem de Penélope como desrespeitosa. Penélope sabia que Juliana estava com razão, mas considerava bastante autoritária a forma como esta se queixava e isso a aborrecia. Por isso, às vezes deixava os fichários fora do lugar de propósito. Na maior parte das vezes, entretanto, ela simplesmente esquecia de colocá-los de volta no armário. Eles acabavam ficando em sua mesa de trabalho ou no peitoril da janela. Em razão de um seminário oferecido pela empresa, ambas conheceram a teoria dos tipos e puderem se classificar como J e Pe. As duas aprenderam a compreender melhor e, desse modo, aceitar mais seus modos de ser diferentes. Daí em diante, Juliana não leva para o lado pessoal o fato de Penélope se esquecer ocasionalmente de pôr os fichários em seu lugar e, assim, não se aborrece mais tanto. Penélope entendeu que para Juliana a ordem realmente é importante e que não se trata de uma vontade de controlá-la. Por isso, é mais capaz de respeitar seus desejos. Desde então, se esforça bem mais para colocar os fichários no lugar. A teoria dos tipos, portanto, convida-nos a fazer no mínimo duas coisas: primeiro a compreender melhor nossos próprios padrões de comportamento e os das pessoas de nossa convivência e, segundo, a aprimorar de modo objetivo nossos próprios padrões comportamentais. Há, entretanto, ainda uma terceira grande utilidade que a teoria dos tipos oferece, isto é, uma comunicação mais efetiva. Todos nós aprendemos a regra de ouro: “Não faça aos outros aquilo que não gostaria que fizessem com você!” Isto é: trate os outros assim como gostaria de ser tratado. Essa filosofia prática, contudo, se baseia em um erro, isto é, que

uma comunicação eficaz funciona de forma egocêntrica. Uma pessoa que se comunica de modo egocêntrico se comporta sempre da mesma maneira e espera que todos se adaptem a ela. Mas a experiência nos revela que isso não pode funcionar. Com uma criança de quatro anos, falamos de modo diferente do que com o nosso chefe. Com um estrangeiro que não domina o alemão, falamos automaticamente mais devagar e tentamos usar palavras simples. Entre colegas de profissão, usamos um jargão profissional para elucidar uma causa, mas a um leigo procuramos transmitir a mesma causa com outras palavras. De modo correspondente, a teoria dos tipos pode nos ensinar que se desejamos ser compreendidos, precisamos nos comunicar de formas diferentes com um extrovertido (E) e um introvertido (I), com alguém que percebe orientado pela sensação (Se) e alguém que percebe orientado pela intuição (In), com uma pessoa que decide orientada pelo pensamento (P) e aquela que decide orientada pelo sentimento (S) e com um tipo julgamento (J) e um tipo percepção (Pe). A teoria dos tipos nos oferece regras concretas a respeito da melhor forma de comunicação com cada tipo quando desejamos que este nos compreenda. Michael, um EInSPe, quer convencer sua chefa, a Sra. Janete, uma ISePJ, de uma nova estratégia de mercado. Tem certeza de que seu conceito poderia aumentar consideravelmente o volume de negócios. Preparou-se bem para a conversa. Quando entra na sala de Sra. Janete, ela levanta a cabeça, esboça um sorriso e com um gesto pede para que ele se sente. Com uma breve frase, a Sra. Janete solicita que Michael lhe explique seu novo conceito. Michael conhece o jeito reservado de sua chefe, por isso preparou, de antemão, uma pequena anedota para descontrair o clima. Com seu modo descontraído e charmoso, narra uma experiência breve, e um tanto engraçada, pela qual passou recentemente com um de seus clientes. Tem certeza de

que, assim como todos os seus colegas, ela irá rir. Para seu desconforto, no caso da Sra. Janete percebe apenas um leve sorriso e um olhar que parece esperar por algo. Michael dá uma tossida e vai ao ponto. Começa de trás para frente, ou seja, primeiro apresenta sua “grande visão” e, em seguida, fala sobre as possibilidades futuras – fruto desse procedimento. Resume suas ideias básicas apresentando analogias e comparações em outros âmbitos. Explica-lhe sua visão. Enquanto fala, Sra. Janete faz anotações. Depois de ele terminar, a Sra. Janete olha para suas anotações e há uma pausa. Em seguida, ela questiona Michael de forma objetiva a respeito de suas afirmações e quer saber em que fatos se baseiam suas avaliações. Solicita números, estatísticas e resultados. Michael se atrapalha, deu importância à ideia e à estrutura geral, mas ainda não se ocupou diretamente com o que considera “detalhes”. Michael começa a suar; no caso de muitas perguntas da Sra. Janete precisa jogar a toalha. Quando, por fim, deixa a sala dela, se sente bastante abalado e está convicto: “Desperdicei esta oportunidade!” O que deu errado? Michael se comunicou de forma egocêntrica, não se adaptou ao modo de ser da Sra. Janete. Não se preocupou em ter empatia com ela, em considerar a situação da perspectiva, do ponto de vista dela. Caso o tivesse feito, em que sentido agiria de modo diferente? Consideraria o fato de a Sra. Janete, que é introvertida (I), alguém que decide orientado pelo pensamento (P) e um tipo julgamento (J), gostar de chegar logo ao ponto, ao objetivo da questão. Para isso não precisa necessariamente de uma atmosfera interpessoal harmoniosa e acolhedora. Ao contrário, prefere distância quando se trata de negócios. Por isso, reagiu de forma muito reservada diante da tentativa de estabelecer contato – na forma da pequena anedota – de Michael. À medida que não deu atenção a esta, indicou a ele: “O senhor me convence com argumentos objetivos e

não com o seu charme pessoal”. Como alguém que percebe orientado pela sensação (Se), se interessa por fatos claros e experiências concretas. Sem essa base, ideias novas não têm valor para ela. Seu senso de realidade se dirige para dados palpáveis e considera uma visão sem esse fundamento sólido um castelo no ar. Na qualidade de alguém que percebe orientado pela sensação (Se), pensa antes de tudo no passo a passo, de A para C via B. Por isso, o maior erro de Michael foi começar com o Z, isto é, de trás para frente, à medida que antecipou o clímax e descreveu sua “grande visão” para ela. Teria sido muito mais sensato se ele tivesse deduzido passo a passo as consequências lógicas com base em fatos concretos. Assim teria apresentado uma conclusão lógica no lugar de uma visão. Isso teria saciado a necessidade de racionalidade e análises lógicas da Sra. Janete. Do modo como ele apresentou, na concepção dela a visão de Michael não tem fundamento. Agora consideraremos a situação do lado oposto: O que a Sra. Janete poderia ter valorizado no modo de Michael de apresentar sua ideia? Primeiro, ao invés de ter a sensação de Michael estar sendo invasivo ou tentando manipulá-la com seu charme, ela poderia ter valorizado o fato de que, como pessoa extrovertida (E) e alguém que decide orientado pelo sentimento (S), ele procura estabelecer uma relação amigável e se aproxima dela de forma afetiva. Além disso, poderia ter apreciado sua inspiração e criatividade que permitem que, enquanto alguém que percebe orientado pela intuição (In) e é um tipo percepção (Pe), desenvolve uma visão desse tipo. O entusiasmo de Michael e a forma como ele investe na empresa poderiam também ter sido avaliados de forma positiva pela Sra. Janete. Caso ela tivesse adotado uma postura interna de mais apreço, poderia ter se aberto para a ideia dele. Então, possivelmente, teria percebido que esta é de fato boa. Poderia ter encarregado Michael da tarefa de pesquisar

mais fatos para tornar a coisa toda mais segura e embasá-la de modo mais sólido. Com um pouco mais de sensibilidade para suas diferenças – e uma aceitação consequentemente maior – a Sra. Janete e Michael poderiam ter se completado e aproximado de forma muito eficaz. Isso não teria sido proveitoso apenas para a questão em si, mas também para sua relação.

Como nos entender melhor com os outros

  Sejamos sinceros: preferimos estar com pessoas que são parecidas conosco. Desejamos inconscientemente que todos sejam iguais a nós. Apesar de a maioria pretender não apenas aceitar, mas, também, desejar a diferença, a realidade dos fatos evidencia o contrário. Semelhança gera simpatia, o desconhecido em excesso nos assusta. Tendemos a nos sentir mais atraídos por pessoas desconhecidas que têm algo de familiar, do que quando elas nos parecem totalmente estranhas. Quando encontramos um desconhecido, começamos de imediato e inconscientemente a rastreá-lo para identificar semelhanças e diferenças. A aparência, o status social e o nível cultural são avaliados – quanto mais semelhanças encontramos, maior a possibilidade de nos sentirmos atraídos pelo outro. Naturalmente a personalidade e a concepção de mundo de uma pessoa também são determinantes para a simpatia e a antipatia. Às vezes podemos e precisamos lidar com pessoas que “funcionam” de um modo totalmente diverso do nosso; mas esses contatos são, na maior parte das vezes, muito cansativos. Simplesmente nos entendemos melhor com o outro quando ele enxerga o mundo através de nossos olhos. Em relação à teoria dos tipos isso significa que quanto mais letras duas pessoas têm em comum – isto é, quanto mais modalidades compartilham – mais fácil a comunicação, maior o entendimento. Pessoas extrovertidas têm padrões de linguagem diferentes de pessoas introvertidas. Os que percebem orientados pela intuição falam de forma diferente daqueles que percebem sensorialmente. Da mesma forma, pessoas que decidem orientadas pelo sentimento diferem das que decidem orientadas pelo pensamento, e tipos julgamento de tipos percepção, em relação a seus hábitos de fala. No

capítulo anterior descrevemos que problemas e malentendidos podem ocorrer quando nos comunicamos de forma egocêntrica. A seguir desejamos nos aprofundar mais nos padrões de linguagem das dimensões isoladas e oferecer a vocês dicas e estímulos concretos sobre como falar com quem quando desejamos nos fazer entender e qual a melhor forma de compreender o outro para de fato compreendê-lo.

A forma como pessoas extrovertidas e introvertidas falam Para pessoas extrovertidas, a comunicação é algo leve, fácil e óbvio. Elas falam e permitem que o outro participe de suas reflexões e de seus sentimentos. O extrovertido não tem dificuldades nisso, verbaliza suas reflexões enquanto pensa. Para a pessoa introvertida isso não é algo familiar, ela tece suas reflexões internamente e apresenta o resultado, mas não o percurso de suas reflexões. Por isso, às vezes demora mais e não se pronuncia tão espontaneamente como um extrovertido. A pessoa introvertida não gosta de falar enquanto pensa, pois não gosta de se colocar antes de ter certeza. Se compararmos a questão com a pintura, poderíamos dizer que o extrovertido fornece primeiro o esboço e depois a imagem pronta, ao passo que o introvertido apresenta só o resultado final, isto é, a imagem, e guarda o esboço consigo. Devido ao fato de para os extrovertidos a comunicação ser algo fácil e óbvio, partem do pressuposto que é assim para todos. Se um extrovertido, por acaso, responde de forma mais lenta ou hesitante, a razão para isso consiste no fato de não saber a resposta ou, então, desconfiar da situação e, por isso, preferir ter cautela. A maioria das pessoas parte de si próprio quando tira conclusões sobre os outros, processo que o jargão psicológico chama de projeção.

Correspondentemente, o extrovertido parte do pressuposto de que quando uma pessoa responde de forma hesitante, introduzindo pausas para reflexão, ela ou é um pouco “tapada” ou, então, não é aberta. Naturalmente os introvertidos também “projetam”: como o introvertido normalmente pensa antes de falar, pode com facilidade chegar à conclusão errônea de que os extrovertidos são superficiais. Devido ao fato de ser normal para o extrovertido falar sobre questões pessoais mesmo quando conhece o outro há pouco tempo, o introvertido o julga incapaz de manter distância e um fofoqueiro e, possivelmente, acredita que este não sabe manter segredo sobre as questões pessoais dos outros. A tendência básica deve estar clara: o extrovertido desconfia do introvertido, pois este fala pouco. E o introvertido desconfia do extrovertido, pois este fala muito. Elke (extrovertida) conhece Ina (introvertida) no trabalho. As duas frequentemente saem para almoçar. Elke, que tem facilidade de conversar sobre diversos assuntos, fala sobre a empresa, os colegas e também sobre questões particulares. Na maior parte do tempo, Ina a ouve de forma atenta e interessada, mas toma bem menos a iniciativa de falar do que Elke. Quando Elke lhe faz uma pergunta pessoal, ela procura se esquivar. Elke percebe cada vez mais que na verdade é ela que fala na maior parte do tempo e que Ina já sabe muito sobre ela. Por isso, ultimamente tem se segurado conscientemente para que Ina seja quase forçada a tomar a palavra. Por isso, ocorrem alguns silêncios constrangedores. Depois de terem almoçado algumas vezes juntas, ambas decidem desfazer o contato. Elke tem a sensação de que Ina não é aberta e não põe “as cartas na mesa”. Ina, por sua vez, tem a sensação de que Elke quer interrogá-la e se aproximar muito rapidamente. Isto é: Elke desconfia de Ina por esta ser tão

reservada e Ina desconfia de Elke por esta ser tão pouco reservada. Elke e Ina são um bom exemplo de como mal-entendidos e interpretações errôneas podem se dar porque duas pessoas têm tendências opostas. Aliás, fazer ou não perguntas pessoais é uma razão frequente para desentendimentos entre extrovertidos e introvertidos: o extrovertido gosta de fazer perguntas pessoais e, o que é muito importante, também gosta quando lhe fazem perguntas. Uma pergunta pessoal para ele significa que alguém se interessa por sua vida. Por outro lado, fica inseguro quando não lhe fazem perguntas pessoais, pois conclui que há desinteresse. O introvertido, por sua vez, muitas vezes cultiva a convicção interna: “Se o outro quer falar de si mesmo, o fará por conta própria!” e, por isso, não pergunta. Por não desejar ser perguntado sobre questões pessoais enquanto não conhece melhor o outro, evita perguntas desconfortáveis à medida que ele próprio não pergunta nada. No intuito de prevenir potenciais mal-entendidos entre extrovertidos e introvertidos, elaboramos um pequeno manual de instruções para ambos os tipos.

Pequeno manual de instruções para lidar com extrovertidos • O extrovertido não é, de maneira nenhuma, superficial só porque gosta de falar muito. Mas, caso mesmo assim seja superficial, isso não se deve ao fato de ser extrovertido. Diga-se ao introvertido: não é verdade que apenas – e muito menos que todas – as águas paradas são profundas! • Deem tempo e liberdade ao extrovertido para pensar em voz alta. Mesmo que só ele fale, no fim será grato

pela conversa agradável, pois o extrovertido fica contente quando tem a oportunidade de refletir em voz alta. • Extrovertidos não são nem dominantes, nem egocêntricos. Caso não tomem a palavra por conta própria, por favor, assumam a responsabilidade e não culpem o extrovertido. Muitas vezes os extrovertidos que têm uma grande necessidade de falar, agradecem quando podem contar com a possibilidade de o outro os interromper e exigir tomar a palavra, pois assim não precisam quebrar a cabeça se, de novo, estão falando demais – algo que de fato é um temor autocrítico de muitos extrovertidos. • Mesmo se um extrovertido começa rapidamente a falar sobre questões pessoais, ele é tão capaz quanto o introvertido de guardar o que é confidencial. Quando um extrovertido faz uma pergunta pessoal, não pensem que ele é incapaz de manter distância ou que deseja interrogar vocês. O extrovertido adora ter contato com pessoas e quer encontrar rapidamente uma base pessoal. Se vocês não querem responder à pergunta, então lhe digam apenas que apreciam seu modo de ser aberto, mas que precisam de mais tempo para falar sobre assuntos particulares. Ele não os levará a mal. • Façam perguntas pessoais ao extrovertido, assim ele terá a sensação de que se interessam pela sua vida. • Muitos extrovertidos são narradores divertidos e bons. Por isso, pode acontecer de um introvertido se sentir um pouco sem brilho e sem graça na companhia de um extrovertido. Não matutem sobre sua autoimagem, mas apenas desfrutem da conversa.

Pequeno manual de instruções para lidar com introvertidos

• O modo de ser hesitante e reflexivo dos introvertidos não é sinal de falta de abertura ou inabilidade social (e naturalmente também não é falta de inteligência). Concedam tempo e liberdade ao introvertido para que ele possa formular suas respostas em seu ritmo. Apesar de, por vezes, necessitar de um pouco mais de tempo para comunicar as suas opiniões, estas, na maior parte das vezes, são consistentes. • Se alguém introvertido precisa conhecer uma pessoa por mais tempo para falar sobre assuntos particulares, isso não acontece por duvidar dela ou por simplesmente não ser aberto. É seu modo de ser, ele necessita de mais tempo, além disso, não tem uma necessidade tão forte de troca íntima. Não se aborreçam por causa disso. Apreciem o fato de ele ser um ouvinte bom e atento quando falam sobre si mesmos. • Os introvertidos necessitam estar sozinhos para recarregarem suas baterias. Não interpretem esse fato como rejeição pessoal ou falta de interesse por sua pessoa (isso vale principalmente quando temos um parceiro introvertido). • É natural para o introvertido não verbalizar em voz alta muitas coisas que passam pela sua cabeça. Por isso, simplesmente lhe perguntem, assim ele saberá que se interessam pela sua opinião e bem provavelmente responderá. No início da amizade, porém, vocês deveriam dosar com cuidado perguntas pessoais. A proposta: “Caso isso soe demasiadamente pessoal para você, não precisa responder”, é bem-vinda no caso do introvertido, pois assim ele não se sente pressionado de compensar a abertura do extrovertido da mesma maneira. Deve-se enfatizar que introvertidos não gostam de fazer segredo, mas só precisam de um pouco mais de tempo para se abrirem.

De fato, o introvertido pode falar com prazer e bastante sobre seus hobbies e interesses, caso lhe perguntem! Quando vocês conhecerem um introvertido, falem sobre isso, assim a conversa fluirá!

A forma como pessoas que percebem orientadas pela intuição e pessoas que percebem orientadas pela sensação falam Todas as segundas-feiras quando Ingo (que percebe orientado pela intuição) chega à empresa, ele tem o mesmo problema: deseja perguntar a Selma (que percebe orientada pela sensação), sua colega simpática com quem divide uma sala, por educação e interesse sobre como foi seu fim de semana. Mas, quando arrisca essa pergunta, pode ter certeza que terá de escutar um longo discurso. Selma não chega ao ponto. Ao invés de dizer: “Fomos a um concerto dos Rolling Stones. Foi o máximo. Mick Jagger ainda está em plena forma!”, ela começa com A: “Estávamos presos no congestionamento na autoestrada e temíamos não chegar a tempo…” e continua contando quais foram os seus lugares, que pessoas estavam presentes, quais as músicas tocadas e, após longas e torturantes descrições de detalhes, encerra com: “Eram duas da madrugada quando chegamos em casa”. Isso enlouquece Ingo. Se Selma lhe pergunta como foi seu fim de semana, normalmente resume – formidavelmente, na sua opinião – em poucas frases. Selma então muitas vezes diz: “Conte mais!” Devemos nos lembrar: quem percebe orientado pela intuição (nesse caso, Ingo) quer chegar ao ponto, interessase pela coisa como um todo, pelo fio condutor, pela “moral da história”, para ele importa o essencial. Aquele que percebe orientado pela sensação (nesse caso, Selma) quer saber das minúcias, tem um forte senso de realidade, por

isso se interessa muito por detalhes, pois estes são o lastro da experiência concreta. Aquele que percebe orientado pela intuição acredita – partindo de si – que entediará o outro com descrições demasiadamente detalhadas e, por isso, se esforça para ser breve. Aquele que percebe orientado pela sensação pensa que o outro se diverte – assim como ele – quando um acontecimento lhe é apresentado em todos os detalhes e narra de A a Z. (Caso vocês agora estejam um pouco confusos, pois acima os introvertidos eram os mais reservados em suas narrações e os extrovertidos muito falantes, esclarecemos: uma pessoa extrovertida que percebe orientada pela intuição gosta de falar bastante, mas não se alonga em descrições detalhadas, à medida que reproduz suas impressões, ideias, compreensões e reflexões essenciais. A pessoa introvertida que percebe orientada pela sensação, por sua vez, pode falar de modo muito pormenorizado sobre experiências e vivências concretas.) Para aqueles que percebem intuitivamente tudo se encontra relacionado, detalhes que não podem ser inseridos em um contexto mais amplo, não os interessam, eles mal os percebem. Quando alguma coisa não tem significado para eles, podem passar cem vezes por esta sem ao menos se dar conta de sua existência. Alguém que percebe orientado pela sensação não consegue entender isso, considera real aquilo que existe. Suponhamos que uma pessoa que percebe orientada pela sensação e outra que percebe orientada pela intuição fazem o mesmo caminho para o trabalho: este dura no máximo cinco minutos a pé e passa por sete lojas. Um dia uma dessas lojas se encontra vazia. Mesmo aquele que percebe orientado pela intuição notará isso, mas pergunte-lhe o que havia naquela loja! Ele só saberá dar a resposta correta caso tenha sido uma loja cujos artigos o interessam (i. é, havia uma relação pessoal) ou, então, se percebeu a loja em um contexto mais amplo,

por exemplo, em relação à economia de mercado: “Que coisa estranha, como pode existir um armarinho aqui quando, logo ao lado, tem um supermercado?” Em outras circunstâncias, ficará nos devendo a resposta. Aquele que percebe orientado pela sensação sabe a resposta em qualquer caso, ele percebe o que é. Os que percebem orientados pela intuição focam em compreensões e no potencial de uma pessoa ou coisa. Interessam-se pelo novo, pelo conceito, pela teoria, pela visão. Os que percebem orientados pela sensação focam em fatos, exemplos de caso, relatos de experiências e possibilidades de aplicação prática. Os que percebem sensorialmente são, por assim dizer, os realistas e os que percebem pela intuição, os visionários. Qual a melhor forma de se aproximar daqueles que percebem orientados pela intuição e pela sensação e o que deve ser evitado na relação com estes, vocês descobrirão nos manuais de instruções a seguir.

Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que percebem orientadas pela intuição • Quando desejam que aquele que percebe orientado pela intuição considere alguma coisa, antecipem o clímax ou, nas palavras preferidas daqueles que percebem orientados pela intuição “Vão ao ponto!” Ele deseja ouvir primeiro o que é essencial, ter um resumo em linhas gerais. Detalhes não o interessam. • Se desejam torturar de verdade aquele que percebe orientado pela intuição, então, por favor, façam o oposto: Primeiro descrevam de modo pormenorizado todos os princípios básicos de sua ideia. Não economizem detalhes, contem até as últimas minúcias e expliquem tudo com exemplos de experiências concretas. E então,

por favor, só bem no fim, revelem a ideia em si! Dependendo de sua educação, ele os deixará, com os olhos embaçados de tanto tédio, falar até o fim, mas os interromperá várias vezes com o pedido de “chegar ao ponto” ou terão um ataque de raiva. • Quando desejam tocar uma pessoa que percebe orientada pela intuição, precisam falar a língua dela. Conquistam sua atenção com formulações, como: “Tive uma ideia…, “Poderíamos fazê-lo igualmente de outra forma…”, “Há novas possibilidades…”, “Tive clareza de alguns padrões…”, “A ideia básica é…”, “A estratégia seria…” Empreguem palavras como potencial de desenvolvimento, chances futuras, inovador, incomum, original, conceito, inspiração, pela primeira vez, global ou criativo. Tenham clareza de que, na verdade, quem percebe orientado pela intuição é um teórico, ama pensar sobre contextos mais amplos e estabelecer novas conexões ideativas. • Serão ouvidos por ele à medida que ilustrem ideias com comparações plásticas e metáforas. Aquele que percebe orientado pela intuição se compraz com a linguagem, estima formulações incomuns e originais, jogos de palavras e o duplo sentido. Naturalmente isso não é tão simples assim. Porém, caso queiram convencer quem percebe orientado pela intuição, é necessário que compreendam seu padrão básico e adaptem seu próprio padrão de linguagem a este. Assim a possibilidade de sua questão ser recebida por ele, aumenta consideravelmente. A seguir um exemplo de nossa própria experiência: Nossa secretária, a Sra. P (que percebe orientada pela sensação) deseja convencer Steffi de providenciar uma nova impressora, pois a velha está lenta e defeituosa e toma bem mais tempo do que necessário para imprimir textos. Diversas vezes a Sra. P pediu a Steffi para

analisarem juntas os catálogos das impressoras encomendadas por ela para este fim, para escolherem um modelo adequado. Steffi (claramente uma pessoa que percebe orientada pela intuição) odeia se ocupar de questões rotineiras e detalhes como descrições de impressoras e comparações de preços (já que a velha impressora ainda funciona). Por isso, pediu repetidas vezes que a Sra. P. aguardasse um pouco mais, até uma nova oportunidade. Essa oportunidade, entretanto, nunca “se deu”. Por fim, a Sra. P perdeu a paciência e, familiarizada com a teoria dos tipos, refletiu sobre como poderia, por assim dizer, vencer Steffi com “suas próprias armas” e motivá-la para a compra de uma nova impressora. Por isso, numa manhã entrou no escritório de Steffi e disse: “Tem uma impressora XY que facilitaria bastante nosso trabalho”. “É mesmo?”, Steffi levantou os olhos com interesse. “Imprime três vezes mais rápido e de ambos os lados.” (Chegou imediatamente ao ponto essencial.) “Podemos assim reduzir a quantidade de papel e fichários pela metade, o que economiza espaço e dinheiro.” (A utilidade futura é apresentada em duas frases.) “Além disso”, diz a Sra. P, “a nova impressora pouparia os meus nervos e eu poderia trabalhar com mais ânimo e eficiência. Se permitir, cuido da compra e da instalação, então a Sra. não vai precisar se aborrecer com esses detalhes”. “Obrigada, Sra. P.! Providencie a impressora!” A Sra. P. entrou em sintonia com o nível de percepção de Steffi e, dessa forma, conseguiu convencê-la sem esforços. O estilo de narração de alguém que percebe orientado pela intuição amiúde dá saltos, pois este pensa em forma de associações. Isso irrita quem percebe orientado pela sensação, que prefere refletir de forma “mais ordenada”. Naturalmente deve-se fazer perguntas esclarecedoras quando não é possível seguir as associações (às vezes muito voluntariosas) daquele que percebe orientado pela

intuição. Mas evitem fazer o que seria um excesso de reticências na visão daquele que percebe orientado pela intuição. Por exemplo, quando uma pessoa que percebe orientada pela intuição conta: “Quando aconteceu tal coisa, estávamos tomando um café no terraço”, por favor, não a interrompam à medida que a corrigem: “Não, estávamos no jardim bebendo limonada” (mesmo que estejam inteiramente certos). Aquele que percebe orientado pela intuição os julgará um pouco “limitados” já que esse tipo de detalhe não tem o menor valor para ele.

Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que percebem orientadas pela sensação • Primeiro, a regra básica para lidar com todos aqueles que percebem orientados pela sensação: a uma pergunta concreta, deem uma resposta concreta! Aquele que percebe orientado pela sensação abomina a falta de exatidão e precisão. Diferentemente daquele que percebe orientado pela intuição, que gosta de brincar com a linguagem e fazer malabarismos com as palavras, aquele que percebe orientado pela sensação considera a linguagem uma ferramenta por meio da qual se troca informações com um máximo de precisão. • Quando desejam conseguir algo com alguém que percebe orientado pela sensação, transponham-se para o mundo deste: sua percepção é determinada pelos seus sentidos, gosta do que é palpável e plástico, quer dizer, de tudo que está relacionado à experiência e à vivência. Relatem de modo concreto e compreensível, atenham-se com tranquilidade aos detalhes, isso não entendia aquele que percebe orientado pela sensação, ao contrário: desse modo se forma uma imagem plástica para ele. • Aquele que percebe orientado pela sensação se cansa rapidamente quando se trata de teorias e conceitos que

não mostrem utilidade prática. Ele se interessa por coisas que apresentam uma relação com a prática, que são aplicáveis, realistas e realizáveis. Sobre estas gosta de falar. • Considerem o fato de que aquele que percebe orientado pela sensação tem os pés no chão quando desejam convencê-lo de algo: Diferentemente de quem percebe orientado pela intuição, ele desconfia do novo, pois este ainda não foi submetido à comprovação. Palavras como visão, inspiração e intuição, que soam agradáveis e familiares para quem percebe orientado pela intuição, são palavras que irritam a pessoa que percebe orientada pela sensação. Para ele visão significa ilusão; a inspiração tem um quê da falta de confiabilidade de um engano dos sentidos e a intuição deve ser remetida à alucinação. É preferível que falem de experiência, pois essa é confiável, de fatos, pois esses são palpáveis e de observações, pois essas podem ser compreendidas. A pessoa que percebe orientada pela sensação gosta das palavras confiável, comprovado, reconhecido, objetivo, de acordo com a experiência, rotineiro, consagrado, tradicional, metódico e – a palavra imbatível – pragmático! • Conforme dissemos acima, para aqueles que percebem orientados pela sensação a linguagem é uma ferramenta. Acreditam que as pessoas deveriam dizer o que acham e achar o que dizem. Usem frases claras. Quando desejam explanar algo a uma pessoa que percebe orientada pela sensação ou convencê-la de algo, façam isso à medida que apresentam passo a passo os fatos e os dados nos quais se baseiam suas reflexões. Pessoas que percebem orientadas pela sensação gostam quando um tema é discutido de uma sequência ordenada do início ao fim. Em contrapartida, se irritam quando alguém salta de ideia para outra, começa um assunto e não o discute ate o fim e com temas abordados que ficam pela metade.

A forma como pessoas que decidem orientadas pelo sentimento e pessoas que decidem orientadas pelo pensamento falam Há muitos autores que afirmam que as diferenças da percepção (orientada pela intuição ou sensação) seriam a razão mais frequente para conflitos, pois o nosso sentimento e pensamento dependem de nossa percepção. Em nossa opinião, porém, as diferenças entre aqueles que decidem orientados pelo sentimento e aqueles que decidem orientados pelo pensamento são especialmente capazes de provocar mal-entendidos, ofensas e conflitos. Acrescenta-se, no caso dessa dimensão, a agravante de ser a única que se distribui de acordo com o gênero, pois 65% das mulheres decidem orientadas pelo sentimento e 65% dos homens, orientados pelo pensamento. Dessa forma, a “guerra entre os sexos” se dá principalmente nessa dimensão. Na maior parte das vezes, os que decidem orientados pelo sentimento emanam gentileza e afeto. São aqueles tipos dos quais se diz com frequência que são agradáveis e simpáticos. Aqueles que decidem orientados pelo pensamento, por sua vez, parecem ser mais distantes e objetivos. Lembremo-nos: os que decidem orientados pelo sentimento avaliam com base em seus valores pessoais e necessitam de uma convivência harmoniosa para se sentirem bem. Os que decidem orientados pelo pensamento colocam a questão em primeiro plano, seu pensamento se orienta pela solução e está a serviço da finalidade. Naturalmente não têm nada contra harmonia e valores interpessoais, mas, em caso de dúvida, preferem focar o aspecto objetivo. Esses posicionamentos básicos diferentes acarretam estilos muito distintos de comportamento e comunicação, que rapidamente podem levar a confrontos. Como aqueles que decidem orientados pelo sentimento necessitam tanto de harmonia, providenciam, na maior

parte das vezes, ativamente uma atmosfera gentil e afetiva. Gostam de elogiar e ressaltam o que há de positivo. Quando vocês ouvirem alguém exclamar em um encontro: “Como você está bonita!”, provavelmente se trata de alguém que decide orientado pelo sentimento. Pessoas que decidem orientadas pelo sentimento dão muito mais valor à opinião dos outros do que as que decidem orientadas pelo pensamento. Por isso, têm mais experiência de sentir e satisfazer as necessidades das pessoas de seu convívio. São solícitas, dão ouvidos aos problemas dos outros e demonstram interesse e compreensão. Pessoas que decidem orientadas pelo pensamento são, por natureza, impessoais. Naturalmente também gostam de ajudar e escutam os outros quando precisam delas, mas a conversa pessoal e emotiva não lhes é algo familiar. Aquele que decide orientado pelo pensamento se sente melhor quando se precisa de seu conselho prático e de sua ação focada na solução. Sente-se mais inclinado a ajudar um amigo na declaração do imposto de renda, aconselhá-lo na hora das compras ou lhe dar algumas boas dicas sobre como se proteger de uma gripe do que a conversar horas sobre o relacionamento. Devido ao fato de aqueles que decidem orientados pelo pensamento não dependerem tanto de uma convivência harmoniosa, são econômicos com elogios e lisonjarias. É mais provável que verbalizem uma sugestão de melhoria do que um elogio. Muitas vezes isso fere aquele que decide orientado pelo sentimento, pois este não se sente reconhecido e acha que aquele que decide orientado pelo pensamento põe defeito em tudo. Quando pessoas que decidem orientadas pelo pensamento ocupam postos de liderança, normalmente não têm a necessidade interna de elogiar seus funcionários, pois pensam: “a ausência de crítica já é elogio suficiente!” Porém, é opinião corrente que elogiar motiva. Por isso, a maior parte dos chefes que

decidem orientados pelo pensamento “sensatamente” se habituaram a elogiar. Pessoas que decidem orientadas pelo sentimento vivem mais de acordo com seus sentimentos. Gostam de experiências emocionais e as buscam. Choram com facilidade no caso de filmes tristes e em casamentos; às vezes basta uma música melancólica no rádio. As que decidem orientadas pelo pensamento preferem manter certa distância interna, um excesso de proximidade e de sentimento é incômodo e embaraçoso para elas. Como as pessoas que decidem orientadas pelo sentimento se entregam com mais intensidade a seus sentimentos, têm mais altos e baixos emocionais. As que decidem orientadas pelo pensamento são emocionalmente mais estáveis e equilibradas, mas menos passionais. A pessoa que decide orientada pelo sentimento gosta de falar sobre seus sentimentos (sobretudo quando é extrovertida) e, com frequência, faz mais avaliações emocionais. Exceto no caso de temas realmente pessoais, a pessoa que decide orientada pelo pensamento mantém uma distância objetiva. A maneira diferenciada de lidar com emoções também se reflete na linguagem: Sandra, uma pessoa que decide orientada pelo sentimento e Patrick, que decide orientado pelo pensamento, leram o mesmo romance policial. A avaliação de Patrick é: a história é muito artificial e pouco convincente. Os personagens centrais foram caracterizados de modo muito unilateral segundo um esquema de bem e mal e são pouco críveis. A história toda está cheia de erros lógicos e contradições psicológicas. A avaliação de Sandra: a leitura foi pura perda de tempo. Realmente me aborreci com a caracterização simplista dos personagens. A história poderia ter me envolvido caso fosse apenas mais verossímil. Achei especialmente grave as diversas cenas de violência,

puro sensacionalismo. Bem, não posso recomendar esse livro a ninguém. Vocês perceberam: Sandra faz uma avaliação pessoal em cada frase, ao passo que Patrick não se afasta do âmbito objetivo em nenhum momento. Pessoas que decidem orientadas pelo sentimento, na maior parte das vezes, se esquivam de conflitos, não desejam ferir ninguém. Quando criticam alguém, o fazem com diplomacia e tato. Por serem pessoalmente sensíveis, tentam também preservar o outro. Aquele que decide orientado pelo pensamento, que tende a ser mais resistente, não hesita em expressar sua crítica diretamente e se surpreende quando alguém que decide orientado pelo sentimento reage de modo sensível. Pessoas que decidem orientadas pelo sentimento e pelo pensamento se aproximam com base em direções opostas dos outros: Aquele que decide orientado pelo sentimento, procura primeiro aquilo que o une ao outro, o que tem em comum com este e busca a aceitação. Só depois de ser criada essa base harmoniosa do relacionamento, ele vai atrás das diferenças. Aquele que decide orientado pelo pensamento, por sua vez, busca primeiro o que o diferencia dos outros, em que sentido temos concepções diferentes? Apenas em um segundo momento, procura por concordância e pelo que há em comum. Os conflitos de relacionamento entre os que decidem orientados pelo sentimento e os que decidem orientados pelo pensamento se dão exatamente nesse sentido: a mulher, frequentemente alguém que decide orientado pelo sentimento, sente-se malcompreendida pelo marido, com frequência alguém que decide orientado pelo pensamento. Deseja falar sobre seus sentimentos e relações interpessoais e, de preferência, profundamente. O aborrecimento surge rapidamente quando o parceiro não compreende o problema. Este, por exemplo, não entende

por que razão sua mulher está “sentida” só porque teve um conflito com uma grande amiga. A mulher faz várias tentativas de convencê-lo de que sua amiga de fato se “comportou de modo ofensivo”. O homem se sente sobrecarregado com esses “assuntos femininos” e, por isso, busca rapidamente uma solução para o problema. “Então deixa de se encontrar com ela!” Para a mulher essa sugestão é inteiramente inaceitável: naturalmente quer se encontrar de novo com sua amiga, é disso que se trata! Deseja encontrar um caminho para novamente fazer as pazes com esta e, de forma alguma, quer deixar de ter contato! Essas sugestões de solução masculinas irritam a maior parte das mulheres. A mulher deseja que o marido a escute (e, de preferência, por longo tempo!), a compreenda (de verdade!) e que seja empático (sinceramente!); a solução, ela mesma pode achar. Devido ao fato de a razão mais objetiva do homem, que decide orientado pelo pensamento, ser sobrecarregada, por fim a mulher telefona para uma amiga e – o que é típico – esta a entende de imediato! Fala por duas horas com sua amiga – e o homem não consegue entender: “Como é possível falar sobre tal disparate durante duas horas?” Depois do telefonema, pergunta à mulher: “E então, qual é o resultado?”, e a mulher responde com um sorriso irônico: “2 a 3!” Por fim abordaremos brevemente os 35% de mulheres que decidem orientadas pelo pensamento e os 35% de homens que decidem orientados pelo sentimento. A tendência para a decisão orientada pelo pensamento das mulheres encontra-se permeada por efeitos de socialização e predisposição biológica. Desse modo, há no cérebro feminino, em contraposição ao cérebro masculino, mais ligações neurológicas entre a área esquerda e a direita do cérebro. Essas ligações fazem com que mulheres tenham naturalmente mais condições de expressar emoções e incluí-las em seu raciocínio. Isso tem um efeito, por assim

dizer, atenuante sobre o estilo puramente marcado pela decisão orientada pelo pensamento. No caso de mulheres que decidem orientadas pelo pensamento, o modo de raciocínio “masculino” se mescla ao modo de raciocínio “feminino”. O inverso vale para homens que decidem orientados pelo sentimento. Dessa forma, esses “tipos mistos” têm um espectro amplo à sua disposição. O modo como mal-entendidos e ofensas entre pessoas do tipo sentimento e pensamento podem ser evitados poderá ser depreendido do manual de instruções a seguir.

Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que decidem orientadas pelo sentimento • Conscientizem-se de que aquele que decide orientado pelo sentimento necessita especialmente de duas coisas: reconhecimento e harmonia. Uma apresentação objetiva e profissional gera mal-estar nele. Perceberá vocês como “secos” e reflete se fez algo de errado ou se não gostam dele. Na melhor das hipóteses, terá a impressão de serem ríspidos, na pior, de serem antipáticos. Mas, na verdade, é muito fácil ter acesso a alguém que decide orientado pelo sentimento: simplesmente sejam um pouco mais afetuosos do que o habitual. De início terão de fazê-lo de modo consciente: tentem sorrir e elogiar com mais frequência, perguntem-lhe como está se sentindo, chamem-no pelo nome. Vocês se surpreenderão em relação às reações positivas que obterão com essas pequenas mudanças de comportamento e as assimilarão rapidamente. • Para aquele que decide orientado pelo sentimento, sentimentos realmente importam, tanto os seus como os dos outros. Não julguem suas reflexões “melosas” e “insensatas”. Procurem enxergar as coisas de seu ponto de vista e se colocar no lugar dele. A empatia não faz

parte dos pontos fortes de vocês – não apenas aquele que decide orientado pelo sentimento, mas também terão um ganho caso se exercitem nesse sentido. • Por favor, respeitem que as reflexões daquele que decide orientado pelo sentimento não são menos racionais do que as suas. Aquele que decide orientado pelo sentimento apenas tende a considerar muito mais cuidadosamente o âmbito relacional entre duas pessoas do que seria necessário na opinião de vocês. Uma consideração profunda do âmbito relacional pode, dependendo do problema, no entanto, ser o caminho real para se solucionar uma questão. Por falar em solução de problema: muitas vezes, pessoas que decidem orientadas pelo sentimento se sentem freadas e malcompreendidas em suas reflexões, caso as confrontem imediatamente como sugestões de soluções “racionais”. Contenham-se em relação às sugestões de soluções; aquele que decide orientado pelo sentimento não espera recebê-las (o que provavelmente faz parte dos mal-entendidos mais frequentes entre homens e mulheres). Aquele que decide orientado pelo sentimento deseja que entendam o problema, espera que o ouçam e acompanhem internamente. Apenas depois de gerar essa base de compreensão, vocês devem – como segundo passo – formular a sua visão do problema e oferecer possíveis soluções. • Quando criticarem alguém que decide orientado pelo sentimento, considerem que ele é mais sensível e que considerará sua crítica de modo pessoal. Por favor, reflitam antes a respeito de como formular a crítica para que esta seja aceitável para aquele que decide orientado pelo sentimento. Quando ferem aquele que decide orientado pelo sentimento com métodos pouco delicados, este deixa de ser receptivo diante de suas palavras. Quando, por exemplo, precisarem avaliar o trabalho de

alguém que decide orientado pelo sentimento, primeiro elogiem o que gostam e só depois façam sugestões de melhoria. Caso contrário, pode acontecer de aquele que decide orientado pelo sentimento “se fechar” e rejeitar sua crítica como injusta e, desse modo, injustificada. • Inversamente, encorajem aquele que decide orientado pelo sentimento a dizer com mais frequência e abertamente o que pensa. Como ele tende a evitar conflitos, às vezes não tem coragem de formular sua opinião de forma clara e direta.

Pequeno manual de instruções para lidar com pessoas que decidem orientadas pelo pensamento • Aquele que decide orientado pelo pensamento se deixa guiar mais pela cabeça e considera as coisas com certa distância interna. E é assim também o tratamento que dispensa aos outros: educado e gentil, mas não muito caloroso. Tenham consciência de que esse é o estilo próprio daquele que decide orientado pelo pensamento e que não se deve levar isso de forma pessoal. Aceitem sua natureza e seus limites pessoais. Por favor, não desejem “conquistá-lo” à medida que se esforçam a ser especialmente charmosos e afetuosos. No caso de alguém que decide orientado pelo pensamento isso pode desencadear mecanismos de defesa, ele necessita de certa distância: um excesso de proximidade pessoal e sentimentos manifestos são embaraçosos para ele (principalmente quando, além disso, ainda é introvertido). Pode acontecer de ele considerar vocês também como pessoas que não sabem manter distância e que são invasivas ou achar que desejam manipulá-lo com seu charme. • Aquele que decide orientado pelo pensamento, na maior parte das vezes verbaliza críticas de modo direto e

imediato. Não depende tanto de harmonia como vocês. Por isso, “não faz rodeios”. Expressa mais facilmente uma sugestão de melhora do que um elogio. Sua intenção não é ruim, ao contrário, esta é sua forma de ajudar. À medida que dá uma sugestão de melhoria ou verbaliza crítica, indica para vocês que leva seu trabalho a sério e se confronta com este de modo construtivo. • Muitos entre aqueles que decidem orientados pelo pensamento têm dificuldade de expressar elogio, pois acreditam ser supérfluo verbalizar coisas que parecem ser óbvias. Para aquele que decide orientado pelo pensamento isso seria tão banal como a constatação: “Steffi Graf joga bem tênis”. Também não quer dar a impressão de que deseja agradar o outro com um elogio. Inversamente tem dificuldade de aceitar palavras pessoais de reconhecimento, tende a ficar embaraçado. Levem sua crítica a sério, mas mantenham-se serenos. • Usufruam do ponto forte daquele que decide orientado pelo pensamento de considerar as coisas a distância. Concedam-se, vez ou outra, um distanciamento de sua vida sentimental e sigam as reflexões sóbrias daquele que decide orientado pelo pensamento. Pode ser um tanto construtivo considerar o problema segundo a visão deste. • Não se aferrem à exigência de que a pessoa que decide orientada pelo pensamento precisa compreender seus sentimentos até a última instância. Muitas vezes isso desencadeia jogos de poder nos quais cada um procura fazer valer seu ponto de vista. • Quando desejam conseguir algo daquele que decide orientado pelo pensamento mantenham-se objetivos. Coloquem a questão em si em primeiro plano e não as relações interpessoais ou valores pessoais. As palavras que soam agradáveis para ele são: objetivo, lógico, racional, confronto crítico e análise objetiva. Convencerão aquele que decide orientado pelo pensamento pela lógica

e não por avaliações subjetivas e entusiasmo pessoal. Apelem para sua razão e não para seu sentimento. Argumentem à medida que se referem a princípios lógicos, critérios objetivos, categorias e análises críticas. As palavras que o afastam são: valores individuais (ele deseja justiça), aprimoramento das relações (isso não tem nada a ver com a questão), sentimento subjetivo (ele se interessa pela necessidade objetiva), convivência harmoniosa (ele não tem nada contra, mas o aspecto objetivo é mais importante). • Aquele que decide orientado pelo pensamento também mantém a cabeça fria na hora de estresse – façam a mesma coisa: cenas emotivas e explosões de sentimentos o perturbam. • Quando desejam criticar aquele que decide orientado pelo pensamento, digam clara e diretamente o que pensam. Insinuações e apelos ocultos são ignorados por não serem tão sensíveis quanto vocês. Aliás, esse lado pouco sensível daqueles que decidem orientados pelo pensamento faz parte de suas qualidades mais simpáticas: não são as pessoas mais empáticas; por outro lado, é difícil magoá-los, raramente estão de mal humor e são bastante resistentes.

A forma como tipos julgamento e tipos percepção falam Os tipos julgamento adoram concluir as coisas, “resolvêlas”. Desejam decisões rápidas e claras, as quais também serão postas em prática. Tipos percepção tendem mais a ter medo de perder alguma coisa do que de não concluí-la. Mantêm suas decisões em aberto o maior tempo possível, pois não gostam de se comprometer. Tipos percepção estão sempre abertos, são muito curiosos por natureza e desejam conhecer o máximo possível. Tipos percepção não gostam

que os prendam, isso se opõe à sua necessidade de liberdade. Planos a longo prazo lhes são incômodos. Os tipos julgamento, por sua vez, gostam de planos, pois estes lhes dão a segurança de ter tudo sob controle. Têm uma necessidade existencial de estrutura e ordem; o tipo percepção, ao contrário, tem a necessidade existencial de flexibilidade e abertura. As diferentes concepções básicas dos tipos julgamento e tipos percepção se fazem perceptíveis também na comunicação. Tipos julgamento gostam de avaliar e o fazem rapidamente. Isso está relacionado a seu anseio interno de concluir as coisas. Para concluir algo, entretanto, precisamos primeiro de uma resolução, de uma decisão. Porém, para tomar uma decisão é preciso formar antes uma opinião clara. E os tipos julgamento a têm! Com frequência se apresentam de modo muito determinado. Quando um tipo julgamento verbaliza sua opinião – algo que gosta de fazer (sobretudo quando é extrovertido) – o faz, na maior parte das vezes, com um ponto de exclamação no fim da frase. Para ele a questão é “inteiramente clara!”, “definitiva!”, “isenta de dúvida!”, “totalmente certa!”, “evidente!”, “ostensiva!”, “mais do que óbvia!”, “inabalável!” e “inconfundível!” A determinação com que apresenta sua opinião às vezes pode parecer rígida ou até arrogante. Mas na verdade não é a intenção do tipo julgamento ser tão absoluto como de início parece. Há aqui um frequente mal-entendido: como o tipo julgamento prefere formar uma opinião clara, ele a formula de modo exato. Mas isso não significa que se agarra obstinadamente à sua opinião quando percebe que está errado. Apesar do tipo julgamento, num primeiro momento, estar convencido do que diz, está aberto para argumentos e outros pontos de vista. O fato de se comprometer com um ponto de vista, faz parte do seu modo de ser e isso se manifesta também na sua forma de falar.

Os tipos percepção, por sua vez, sempre abertos para novas impressões, não gostam de se comprometer, não no que diz respeito à sua opinião. Isso, porém, não deve conduzir à impressão errônea de que os tipos percepção não têm opinião própria ou que são volúveis. Naturalmente os tipos percepção têm uma opinião clara em relação a muitos temas. Mas, de acordo com seu posicionamento básico, em princípio estão abertos para novas informações que podem modificar seu ponto de vista. Identificam-se mais do que o tipo julgamento com a ideia de que as coisas também podem ser diferentes. Essa abertura também se manifesta no seu modo de falar: é mais provável que no fim de suas frases haja mais pontos de interrogação do que pontos de exclamação ou então reticências. Suas declarações com frequência são formuladas de forma vaga: “Poderíamos pensar sobre a questão desse ou daquele modo…”, “Talvez…”, “Possivelmente…”, “Até onde sei…”, “Provavelmente…”, “Podemos supor…”, “De certo modo…” são expressões mais correntes para o tipo percepção do que para o tipo julgamento. Em princípio, o tipo percepção está mais disposto a mudar sua posição. É mais aberto para objeções e interjeições e mais flexível para voltar seu olhar para algo novo. Por falar em olhares: devido ao fato de o tipo percepção ter ajustado sua percepção para a “recepção constante”, às vezes pode parecer um pouco distraído durante uma conversa. Algo típico dele: enquanto fala ou escuta, seu olhar perpassa o ambiente para captar o máximo possível de informações. E de preferência em lugares onde há muito para ver, como restaurantes, barzinhos ou outros espaços públicos. Esse hábito pode irritar e aborrecer bastante um tipo julgamento, o qual foca mais seu olhar no outro e no tema da conversa e espera que o outro faça a mesma coisa. A tendência dos tipos julgamento de se concentrarem em um tema se deve à sua inclinação por concluir as coisas. Desejam também encerrar um assunto e não se desviar constantemente deste. O tipo

julgamento não suporta quando o interrompem durante uma conversa – em especial quando o assunto é importante para ele. Uma falha de conduta frequentemente observada entre tipos percepção é o costume de fazer perguntas que se afastam do tema. A seguir um exemplo típico: Perseu (um tipo percepção) pergunta a Jéssica (um tipo julgamento) sobre seu novo caso amoroso (um tema importante para Jéssica). Ela começa a relatar: “Está indo muito bem. Ontem à noite ele me ligou para me convidar para o jantar. Infelizmente eu já tinha um compromisso com meu irmão e não queria desmarcar em cima da hora…” Nesse momento Perseu a interrompe e pergunta: “Como está seu irmão?” Jéssica se aborrece: “Deixe-me contar primeiro. Mais tarde digo para você como ele está!” Algo típico do tipo percepção! Naturalmente Perseu está interessado na história de Jéssica, mas surge um novo tema (o irmão dela) e este é abordado de imediato. Trata-se da “percepção grande-angular” dos tipos percepção que registram quase tudo e se interessam por quase tudo. Interromper com perguntas é uma especialidade deles – por duas razões: primeiro, desejam saciar sua curiosidade. Segundo (é isso que estressa tanto o tipo julgamento) querem saber de tudo em pouco tempo. Por isso, a atenção dos tipos percepção muitas vezes dá saltos (em especial quando, além de tudo, ainda são pessoas que percebem orientadas pela intuição) ao passo que os tipos julgamento preferem se deter ao assunto (sobretudo quando, além de tudo, são pessoas que percebem orientadas pela sensação). Quando fazemos uma pergunta a um tipo julgamento, ele imediatamente assume um posicionamento (em especial quando é extrovertido). Raramente faz perguntas no intuito de obter mais informações. Em contrapartida, é uma peculiaridade típica dos tipos percepção fazer perguntas esclarecedoras: “Em que sentido você está dizendo isso?”, “A que se refere a sua pergunta?” Além disso, gostam de

responder perguntas com outras perguntas: “Que horas são?” Resposta: “Você está como pressa?” “O que você pensa sobre alimentos biológicos?” Resposta: “Você quer mudar a sua alimentação?” “Você vai festejar seu aniversário este ano?” Resposta: “Por que razão está perguntando?” “Você tem de sempre responder perguntas com outras perguntas?” Resposta: “Que mal há nisso?” Para que tipos julgamento e tipos percepção possam conviver numa boa, por favor, considerem o manual de instruções a seguir.

Pequeno manual de instruções para lidar com tipos julgamento • Regra básica número 1: Sejam pontuais! O tipo julgamento estará no local na hora combinada e odeia esperar. • O tipo julgamento quer saber que direção seguir – necessita de um plano e tem um plano. Forma-se nele uma tensão interna incômoda quando as coisas permanecem suspensas e quando não se toma nenhuma decisão. Caso queiram tratá-lo bem, poupem-no disso. Não o deixem na dúvida por muito tempo, mas comprometam-se. • Um tipo julgamento, em especial quando é extrovertido, pode se apresentar de modo muito determinado. Na maioria das vezes tem uma ideia muito clara a respeito do que é certo e do que é errado. Não se deixem assustar ou, mesmo, intimidar por sua determinação. Confrontemno, ele está mais aberto para outros pontos de vista e argumentos do que aparenta num primeiro momento. Além disso, sabe lidar bem melhor com um posicionamento claro – mesmo quando vocês não compartilham dos mesmos pontos de vista – do que com

um “blá-blá-blá inconsistente”. O que o tipo julgamento não suporta são as eternas objeções que sabotam qualquer decisão com suas ponderações constantes. • O tipo julgamento gosta de resolver as coisas, inclusive na conversa. Quando se trata de assuntos que o interessam ou ocupam pessoalmente, não desviem do tema. Evitem a sua mania de desviar sua atenção para assuntos secundários ou para o meio circundante. Quando se trata de uma questão particular importante do tipo julgamento, ele não se sente suficientemente levado a sério. No caso de discussões objetivas interessantes e/ou necessárias, considerará o comportamento de vocês improdutivo.

Pequeno manual de instruções para lidar com tipos percepção • Tipos percepção gostam de manter decisões em aberto, pois necessitam de mais informações do que vocês para se comprometerem. Evitem prender um tipo percepção rapidamente. Isso tende a gerar mais teimosia do que consentimento. Deem-lhe tanto tempo quanto for possível. Tentem controlar sua impaciência e assumir uma atitude mais serena: “Devagar se vai longe”. Decisões apressadas nem sempre são as melhores, um ou outro problema pode plenamente se resolver com um pouco de espera. • Um tipo percepção necessita sempre de diversas possibilidades ou alternativas. Quando precisam negociar com ele, seja particular ou profissionalmente, procurem dar-lhe possibilidades de escolha. Assim ele não se sente tão pressionado em uma direção e vocês se pouparão de disputas de poder desnecessárias. Dessa forma poderão, inclusive, encurtar o tempo do processo de decisão, pois assim o tipo percepção não terá a sensação de ele próprio

ter de iniciar primeiro uma busca por alternativas. Aceitem que ele fará muitas perguntas em relação às suas sugestões. Por favor, considerem: sua necessidade de impulsionar as coisas e focar nestas pode levar a um olhar estreito. Abram-se para a perspectiva grandeangular do tipo percepção, isso pode ser bastante proveitoso. • Tipos Pe têm uma natureza curiosa, criativa e um pouco brincalhona. Tentem, vez ou outra, simplesmente relaxar. Quando o tipo percepção desviar sua atenção, não tomem isso como algo pessoal, mas avisem-no gentilmente, assim ele voltará ao assunto.

Considerações finais

Nós, as autoras, somos um tipo ISeSJ (Melanie) e EInSJ (Steffi). Não, naturalmente é o inverso: somos Melanie (ISeSJ) e Steffi (EInSJ). O perfil de personalidade revela algumas coisas, mas nem tudo sobre nós. Instrumentalizanos com uma boa orientação a respeito de onde se encontram nossos pontos fortes e fracos e como podemos avaliar melhor as pessoas de nossa convivência. Devido ao fato de termos nos dedicado intensamente à teoria dos tipos, naturalmente nos movemos como “peixes na água” neste conceito. Por isso, atualmente temos muita facilidade de diferenciar as dimensões e reconhecer rapidamente os tipos isolados. Depois de terem lido “só” o livro, provavelmente vocês ainda não se sintam muito seguros. Entretanto, desejamos encorajá-los a não esquecerem tudo de novo, mas a integrar a teoria dos tipos em sua vida. Vale a pena! Passamos sempre de novo pela experiência muito útil de avaliar outras pessoas adequadamente segundo a teoria dos tipos. Isso conduz a muita compreensão e tolerância, sobretudo quando lidamos com pessoas que “funcionam” de um modo diferente do nosso. Nosso olhar se modifica quando sabemos – na qualidade de tipos julgamento – que lidamos com um tipo percepção que precisa resolver sempre tudo na última hora e, por isso, novamente se atrasou 15 minutos. Ou quando, como extrovertidos, tomamos consciência de que o introvertido necessita se recolher um pouco e não concebemos isso como falta de amor. Ou quando compreendemos que o nosso colega de trabalho não é um obsessivo, mas um SeJ (tradicional) que gosta de analisar as coisas

minuciosamente e não pretende nos aborrecer com sua crítica, mas proteger-nos de erros. Além disso, a teoria dos tipos pode nos auxiliar a tomar consciência dos “pontos fracos” que praticamente vieram à luz com ela. Por exemplo, desde que Steffi sabe que é claramente alguém que percebe orientado pela intuição, toma bem mais cuidado para desenvolver seu senso de realidade e sua percepção de detalhes para não cair em armadilhas em razão de um excesso de entusiasmo pouco crítico. Enquanto ISeSJ, Melanie, por sua vez, se esforça de modo constante para dissolver um pouco seu senso de responsabilidade ferrenho à medida que permite objetivamente que as capacidades do tipo percepção façam parte de sua vida. Aliás, a ideia deste livro se deve a um pequeno conflito entre nós na dimensão extroversão/introversão sem que, no primeiro momento, tivéssemos consciência disso. Assim sendo, Steffi achava que Melanie resistia muito a falar sobre questões pessoais, ao passo que ela, Steffi, sempre falava abertamente de si. Falamos sobre isso tomando uma taça de vinho e rapidamente descobrimos que Melanie é introvertida e Steffi, extrovertida, e, desse modo, Melanie de forma alguma desconfia de Steffi, mas simplesmente precisa de um pouco mais de tempo para falar sobre questões pessoais. Na segunda taça nos perguntamos se havia algum livro científico-popular sobre extroversão e introversão que esclarecesse os numerosos mal-entendidos que podem surgir entre extrovertidos e introvertidos. Na terceira taça tomamos a decisão de que nós escreveríamos sobre extrovertidos e introvertidos. Pesquisamos sobre o tema extroversão e introversão e, por fim, nos deparamos com a teoria dos tipos. Primeiro consideramos o conceito muito interessante e ficamos admiradas com a quantidade de publicações sobre isso existentes em língua inglesa, principalmente nos Estados

Unidos, no Canadá e na Austrália. Em seguida, nos dedicamos mais intensamente ao conceito, e mal pudemos acreditar como ele é praticamente desconhecido. Entretanto, não queremos deixar de mencionar que uma das poucas áreas em que a teoria dos tipos é aplicada com êxito é na Administração. Psicólogos do trabalho e de empresas fazem uso dela para a seleção de pessoal e para melhorar a comunicação no local de trabalho. Sabe-se que o clima organizacional nem sempre é dos mais agradáveis, sendo assim, os psicólogos e as empresas desde sempre lutam para encontrar métodos eficazes. Naturalmente ainda há muito a dizer, em especial no que se refere às diversas possibilidades de aplicação da teoria dos tipos. Entre outras coisas, esta se aplica ao aconselhamento de casais e ao âmbito escolar, pois contribui com muitos assuntos dignos de estudo para a conduta de aprendizagem de crianças e adultos. Optamos, entretanto, em nos conter para não sobrecarregar o leitor com um excesso de informações. Agora queremos nos despedir de vocês. Esperamos que tenham ampliado seu conhecimento e tenham se deleitado com a leitura! Steffi Stahl e Melanie Alt

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