Entendendo Freud: Um guia ilustrado [1ª ed.]

Saiba tudo sobre o pai da psicanálise de forma divertida! Freud revolucionou o modo como pensamos a respeito do ser huma

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Entendendo Freud: Um guia ilustrado [1ª ed.]

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  • Título original: Introducing Freud: A Graphic Guide to the father of psychoanalysis

Table of contents :
SUMÁRIO
PEQUENO GLOSSÁRIO
OUTRAS LEITURAS
OS AUTORES
ÍNDICE REMISSIVO

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Text copyright © by Richard Appignanesi Illustrations copyright © by Oscar Zarate Todos os direitos reservados. Tradução para a língua portuguesa: copyright © 2012, Texto Editores Ltda. Título original: Introducing Freud Diretor editorial: Pascoal Soto Editor: Pedro Almeida Editor assistente: André Fonseca Preparação: Marília Chaves Revisão: Ana Carolina Nitto Capa e diagramação: Osmane Garcia Filho Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Appignanesi, Richard/Zarate, Oscar Entendendo Freud / Richard Appignanesi/Oscar Zarate; tradução Carlos Szlak -- São Paulo: Leya, 2012. Título original : Introducing Freud: A Graphic Guide to the father of psychoanalysis ISBN 978-85-8178-001-6 1. Desenvolvimento pessoal 2. Biografia 3. Guia ilustrado. 2012 Todos os direitos desta edição reservados à TEXTO EDITORES LTDA. [Uma editora do Grupo Leya] Rua Desembargador Paulo Passaláqua, 86 01248-010 – São Paulo – sp – Brasil

www.leya.com.br Twitter: @EditoraLeya

SUMÁRIO PEQUENO GLOSSÁRIO OUTRAS LEITURAS OS AUTORES ÍNDICE REMISSIVO

6 de maio de 1856: Sigmund Freud nasce em Freiburg, na Morávia, que fica atualmente na República Tcheca, mas que, na época, fazia parte do Império Austro-Húngaro. Seus antepassados eram judeus.

1860: a família de Freud se muda definitivamente para Viena, a antiga capital do império Habsburgo. Os heróis da infância escolhidos por Freud, o antimonarquista Oliver Cromwell e o general cartaginês Aníbal. revelam sua profunda antipatia com relação à Viena imperial.

Na década de 1890, Viena era famosa pelo Danúbio Azul, pela vivacidade, pela sensualidade, pelas valsas e pelos cafés... mas possuía um lado sombrio! POBREZA O Império Austro-Húngaro enfrentava sérias dificuldades econômicas. Os desempregados se apinhavam nos cortiços e pensões.

RACISMO Karl Lueger, prefeito de Viena, tornou o antissemitismo uma política da moda.

PROSTITUIÇÃO, DOENÇAS, HIPOCRISIA SEXUAL

O lado mais luminoso: O desenvolvimento social era a esperança radiante da social-democracia: a marca austríaca do marxismo parlamentar.

1873: Freud inicia os estudos de medicina na Universidade de Viena e se forma em 1881; três anos a mais do que o normal. Os interesses específicos de Freud são histologia e neurofisiologia: os estudos científicos dos tecidos orgânicos e do sistema nervoso. Ele queria ser um cientista e não um médico.

O mecanicismo propôs que a vida deveria ser investigada e entendida por meio dos métodos experimentais da química e da física. 1876-1881: Freud realiza importante trabalho pioneiro sobre células nervosas.

O sistema nervoso de animais inferiores e superiores é constituído da mesma matéria básica. Isso significa que a mente humana e a das rãs diferem apenas em grau de complexidade? A resposta do mecanicismo é, sim! 1882: Freud estava feliz realizando trabalhos científicos no laboratório da universidade de Brücke. No entanto, Brücke lhe deu um conselho paternal:

Há algo mais: planos de casamento. Freud conhece e se apaixona por Martha Bernays (1861-1951).

1882-1885: Freud tem de encarar outro longo período de formação em clínica médica, no Hospital Geral de Viena, antes de começar as atividades em seu consultório particular. Primeiro, atuou como assistente de Hermann Nothnagel (1841-1905), professor de clínica médica.

1883: Freud passa cinco meses trabalhando na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert (1833-1892), o maior anatomista cerebral e neuropatologista da época.

Meynert influenciou Freud para se tornar neuropatologia (doenças do sistema nervoso).

um

especialista

em

1884-1887: Freud estudou os efeitos da cocaína, começando em si mesmo. Ele até a prescreveu para Martha!

O amigo íntimo de Freud, o talentoso fisiologista Ernst von Marxow (1846-1891), sofria de um tumor doloroso na mão.

Em 1885, Freud auxiliou seus colegas, Carl Koller e Leopold Koenigstein, em uma operação bem-sucedida no olho de Jacob Freud. A cocaína foi aplicada como anestésico local.

Carl Koller reivindica para si a descoberta dos poderes anestésicos da cocaína.

Por quê? Por volta de 1886, inúmeros casos de dependência com relação à cocaína foram relatados. E Fleischl-Marxow se tornou um dependente desesperado.

1885-1886: DEZENOVE SEMANAS COM CHARCOT Freud recebeu uma pequena bolsa para estudar em Paris com Jean Martin Charcot (1825-1893), o neurologista mundialmente famoso e diretor do asilo de Salpêtrière.

Mas o que é exatamente a histeria? 1. A palavra grega hystera significa útero. 2. Acreditava-se que somente as mulheres sofriam de sintomas histéricos: paralisia, convulsões, sonambulismo, alucinações, perda da fala, das sensações ou da memória. 3. Antigamente, as histéricas eram perseguidas como bruxas.

Os especialistas tinham duas visões radicalmente distintas: 1. Ou a histeria é uma “irritação” dos órgãos sexuais femininos, tratada mediante pressão e aplicação de gelo sobre os ovários e ataques cirúrgicos sobre o clitóris. 2. Ou a histeria é imaginária, um mero fingimento das mulheres.

Charcot rejeita o diagnóstico tradicional

A histeria desconcertava os médicos, pois, aparentemente, os sintomas não eram causados por qualquer problema físico. Por exemplo...

Mas a autêntica paralisia causada, por exemplo, por um derrame não é tão precisa como essa. Ela “lança uma sombra” sobre a face, ou sobre a perna, etc.

Charcot demonstrou uma semelhança surpreendente entre a histeria e o hipnotismo. A sugestão hipnótica pode ser utilizada para induzir sintomas histéricos, como a paralisia.

A histeria pode se desenvolver somente onde há uma degeneração hereditária do cérebro. Charcot era um bom mecanicista: as explicações tinham de ser estritamente físicas.

Charcot impediu Freud de formular perguntas de caráter psicológico. Sim, a visão de Charcot de que a histeria não estava ligada aos órgãos sexuais femininos foi um avanço. Mas isso impossibilitou que Freud perguntasse se algumas desordens mentais poderiam ter uma origem sexual.

Abril de 1886: Freud inicia a carreira médica em seu consultório como neuropatologista e trata seus primeiros pacientes com histeria.

15 de outubro de 1886: Freud lê seu ensaio sobre histeria masculina diante da Sociedade Médica de Viena.

Freud ainda era um mecanicista convicto. Afasias, seu primeiro livro científico, abordou a questão dos danos cerebrais que afetam a capacidade de linguagem; o seguinte foi Paralisia cerebral infantil (1891-1893).

Uma nova teoria de hipnotismo, desenvolvida em Nancy, na França, desafiou as ideias de Charcot.

Outra pessoa em Viena fez experiências com o hipnotismo: Josef Breuer (1842-1925), velho amigo de Freud e médico respeitado. Em 1882, Breuer relatou a Freud um caso interessante de histeria.

O CASO DE ANNA O. Uma mulher inteligente de 21 anos. Uma educação rígida a deixou sexualmente imatura. Em julho de 1880, o pai de Anna adoeceu gravemente...

1. Cada um dos sintomas desapareceu quando retrocedido à primeira manifestação. 2. Os sintomas foram eliminados na recordação dos eventos desagradáveis esquecidos. 3. Um sintoma emergia com mais força ao ser comentado.

O nome verdadeiro de Anna era Bertha Pappenheim (1859-1936). Ela se recuperou e se tornou uma importante assistente social e feminista.

Freud teve de convencer o muito relutante Breuer a escrever um livro com ele: Estudos sobre a histeria (1895). Algumas ideias e termos básicos Freud e Breuer concluíram que: “Os histéricos sofrem principalmente de reminiscências”.

Isso significa que: 1. Os histéricos sofrem de memórias dolorosas e desagradáveis de natureza traumática (trauma, palavra grega para ferida). 2. As memórias traumáticas são patogênicas, isto é, capazes de produzir doenças. Essa foi uma ideia antimecanicista revolucionária, no conceito de que um agente psíquico (estritamente mental) influencia diretamente os processos físicos do corpo. 3. Em geral, as memórias traumáticas não se desgastam, permanecendo uma força ativa e inconsciente, que motiva o comportamento. (O que não pode ser lembrado não pode ser deixado para trás. 4. O banimento das memórias dolorosas e emocionalmente carregadas da consciência requer um mecanismo ativo de repressão, que funcione em um nível inconsciente da vida mental. 5. Uma vez que negativas, as memórias inconscientes não podem ser expressas normalmente; sua energia ou seu afeto emocional é obstruído, isto é, estrangulado. 6. O afeto estrangulado é convertido em sintomas físicos de histeria pelo estímulo inconsciente. 7. Os sintomas estimulados pelo inconsciente desaparecerão se ocorrer a ab-reação. A ab-reação é o processo de liberar uma emoção reprimida a respeito de um evento previamente esquecido. O desafio da terapia é conseguir que o paciente libere a experiência traumática original, que causou o sintoma. 8. A terapia será difícil porque todos os sintomas são superdeterminados, causados por diversos eventos psicológicos e característicos desses. 1896: o método catártico de Breuer parece funcionar. Mas Freud não fica satisfeito. Se a histeria é uma defesa contra uma ideia desagradável, e se os sintomas são símbolos para o que fica inconsciente...

A primeira teoria de Freud a respeito de uma causa sexual perturbou Breuer e provocou uma ruptura entre eles.

1892-96: A TÉCNICA DA PRESSÃO Pela primeira vez, Freud utiliza um divã. Ele pressiona sua mão sobre a testa do paciente e faz perguntas.

O SIGNIFICADO FICOU MAIS PROFUNDO...

A TEORIA DA SEDUÇÃO Freud, depois de repetidas experiências com pacientes, propôs a teoria da sedução. 1. As memórias reprimidas quase sempre revelaram sedução ou assédio sexual por um pai ou adulto.

2. Esse evento traumático na infância funciona de modo retardado. A memória reprimida torna-se uma ideia patogênica, que pode causar sintomas histéricos após a puberdade.

1896: FREUD CRIA O TERMO PSICANÁLISE.

A TÉCNICA DA “PRESSÃO” TAMBÉM NÃO RESISTIU.

A TÉCNICA DA ASSOCIAÇÃO LIVRE Os pacientes devem se sentir livres, sem censura ou insistência...

UM IMPORTANTE AVANÇO HUMANO

1. Charcot deu um primeiro passo para um tratamento mais humano da neurose. 2. No entanto, a hipnose e mesmo a técnica da pressão ainda eram arbitrárias e autoritárias. 3. A técnica da associação livre para trazer de volta eventos traumáticos era completamente nova e revolucionária. A pista para os sintomas neuróticos está escondida no inconsciente do paciente. Ele não sabe o que está reprimido no inconsciente. No entanto, somente o paciente pode conduzir o terapeuta à sua descoberta e alívio. Tanto o paciente quanto o médico devem procurar. 4. Contudo, a paciente resistirá e será menos capaz de cooperar quando emerge o material desagradável. Então, a experiência clínica do médico torna-se importante. 5. A paciência que segue a perambulação cega do neurótico deve ser justificada, pois a resistência é só uma tentativa de adiar a emergência do material reprimido. Independentemente dos rodeios, todas as rotas devem ser conectadas com isso. A única pessoa disposta a escutar Freud era Wilhelm Fliess (1858-1928), especialista otorrino berlinense. Entre 1893 e 1902, eles se encontraram com frequência e trocaram muitas cartas.

POR FORA, FREUD PARECIA ESTAR NO CONTROLE COMPLETO. SUA ÚNICA AMBIÇÃO ERA A CIÊNCIA.

NO ENTANTO, ELE SEMPRE TINHA TEMPO PARA SEUS FILHOS.

AOS QUARENTA ANOS, FREUD TINHA SEIS FILHOS, UMA MULHER, OS PAIS E AS IRMÃS PARA SUSTENTAR...

SEUS DIVERTIMENTOS ERAM POUCOS: JOGAR CARTAS NO SÁBADO À NOITE, CAMINHAR PELO CAMPO, PROCURAR COGUMELOS E COLECIONAR ANTIGUIDADES.

23 de outubro de 1896: o pai de Freud morre. No período de crise e de autoanálise, Freud começa a escrever A interpretação dos sonhos.

Um dos próprios sonhos de Freud de A interpretação dos sonhos (1900):

Freud está em uma estação de trem, acompanhado por um cavalheiro idoso. “Lembro-me de um plano para ficar disfarçado. Mas aparentemente isso já aconteceu!” O idoso parece cego; talvez de um olho. Freud passa para ele um urinol de vidro. “Então, sou seu enfermeiro!”. E, nesse momento, a atitude e o pênis do idoso aparecem de forma clara. Então, Freud acorda sentindo vontade de urinar. Como Freud interpreta seu sonho? Lembro-me de um evento embaraçoso no quarto dos meus pais quando eu

tinha sete ou oito anos...

Que golpe terrível para minha ambição! De fato, urinar involuntariamente e o traço de personalidade da ambição estão relacionados em alguns casos de neurose. Na infância, essa ofensa contra minha ambição forneceu material para um sonho na vida adulta. Como se eu quisesse dizer: “Viu, dei para alguma coisa!” O velho cego é meu pai. A cegueira refere-se à cirurgia de olho dele e à minha descoberta da cocaína. Esse é um desejo cumprido. Outro é o hostil de colocar meu pai em uma posição indefesa, como fiquei na infância, para

envergonhá-lo. O disfarce se refere às minhas descobertas sobre a histeria, das quais sinto orgulho. Outra lembrança infantil: em 1860, em uma viagem de trem de Leipzig, vi minha mãe nua.

Alguns anos depois, tive um sonho angustiante... Minha mãe, com uma expressão estranhamente pacífica, adormecida, era

carregada para o quarto por algumas pessoas com cabeças de pássaros e deitada sobre a cama. Acordei gritando e corri em busca dos meus pais.

INTERPRETAÇÃO DE FREUD Eu tinha visto esses deuses com cabeças de pássaros em uma escultura funerária egípcia na Bíblia de Philippson. E um menino chamado Phillip me revelou a gíria para sexo: Vögeln; a expressão popular alemã para sexo também significa pássaros. A aparência pacífica de minha mãe eu atribuo às lembranças de meu avô em seu leito de morte. Minha angústia com relação à morte disfarça um desejo direcionado contra meu pai.

Esse sonho contém um desejo típico infantil: um desejo de morte com relação ao pai e um desejo sexual com relação à mãe. Essa ideia parece repugnante? Considere os mitos e as lendas das culturas antigas. Saturno devorou seu filho por causa do medo de que ele pudesse destronálo como rei dos deuses. Zeus castrou seu pai, Saturno, e tomou seu lugar.

E pense: por que existe um Quinto Mandamento?

UM NEURÓTICO OBSESSIVO

E SEU DESEJO REALMENTE REMETE À INFÂNCIA!

A HISTÓRIA DE ÉDIPO O REI LAIO DE TEBAS E A RAINHA JOCASTA SÃO ADVERTIDOS POR UM PROFETA...

A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DOS SONHOS

O livro A interpretação dos sonhos de Freud apresenta duas descobertas revolucionárias:

1. A solução do significado dos sonhos – que geralmente “todos eles representam a satisfação dos desejos”. 2. O funcionamento dos sonhos fornece evidência sistemática do inconsciente.

Primeiro, vamos ver como funcionam os sonhos. Os sonhos ocorrem durante o sono, isto é, quando a parte consciente da personalidade está mais relaxada e desprevenida. Sonhar é perfeitamente normal. Em geral, as satisfações dos desejos são sexuais (mas nem sempre). Embora os sonhos expressem desejos, isso não significa que você sonhará com algo que você deseja! Muitas vezes, o desejo está tão bem escondido, disfarçado ou distorcido que você não consegue perceber que um desejo sexual apareceu no seu sonho. CONSIDEREMOS UM EXEMPLO SIMPLES.

O CONTEÚDO LATENTE DO SONHO ESTÁ SUBITAMENTE CLARO. O ESTRANHO EM SEU SONHO E O PENTE...

Assim, mesmo nesse exemplo simples, vemos que: 1. Os sonhos são somente uma expressão parcial ou censurada de um desejo. 2. O conteúdo latente do sonho (que possui o desejo sexual inconsciente) só tem permissão para aparecer se disfarçado como conteúdo manifesto. O conteúdo manifesto aparece como uma mensagem codificada; peças de um quebra-cabeça misturadas ou censuradas.

O sonho manifesto é forçado a expressar a ideia latente usando símbolos: todos os tipos de objetos que, em geral, não têm nenhum significado sexual.

Essas imagens disfarçadas de ideias latentes tornaram-se geralmente conhecidas como símbolos freudianos.

Qualquer objeto que sugere penetração, tais como espadas, revólveres, guarda-chuvas, cobras, etc., pode simbolizar o pênis. Objetos sugerindo recipientes, tais como caixas, bolsas, cavernas, etc., podem representar a vagina. No entanto, Freud adverte que a interpretação nunca é tão simples. Freud afirmou que os sonhos funcionam como um modelo em miniatura da neurose. Mas, se sonhar é normal, por que o sonho deve dar uma pista do comportamento neurótico?

Retrocedamos alguns dos passos que primeiro deram a Freud a evidência das ideias inconscientes. Vimos como o conteúdo manifesto de um sonho expressa indiretamente o desejo sexual latente por meio de símbolos. Essa “substituição” do desejo por um objeto manifesto foi denominada por Freud como deslocamento. O deslocamento também acontece na neurose. A energia emocional da ideia patogênica (geração de doença) é deslocada para sintomas. E isso ocorre inconscientemente.

Isso nos leva à segunda descoberta de Freud, que revolucionou nossa visão da mente humana.

O INCONSCIENTE

Freud não estava interessado somente na mente doentia, como se supõe frequentemente. O que ele nos deu foi uma teoria geral da mente. As neuroses não são simples anormalidades doentias, mas outro tipo de funcionamento mental.

No entanto, as neuroses permitem vislumbres das profundidades ocultas da mente, que não estão normalmente abertas à inspeção.

Freud divide a mente em duas partes: 1. 1. O pré-consciente, que contém todas as ideias e memórias capazes de se tornarem conscientes. 2. 2. O inconsciente, constituído de desejos, impulsos ou vontades de natureza geralmente sexual, mas ocasionalmente de natureza destrutiva. Esses desejos inconscientes retiram sua energia dos instintos físicos básicos. Freud também deu outro nome a esse impulso primário de satisfação do desejo...

O PRINCÍPIO DO PRAZER

O Princípio do Prazer pode facilmente entrar em conflito com as atividades conscientes da mente, que estão preocupadas em evitar o perigo, adaptandose à realidade e ao comportamento civilizado.

A pré-consciência funciona de um modo “pensante” mais controlado, disciplinado. Leva em conta as demandas da realidade e tolera o adiamento da satisfação. A pré-consciência é dominada pelo processo secundário ou aquilo que Freud também chamou de...

O PRINCÍPIO DA REALIDADE Certa vez, Freud afirmou que a forma mais civilizada do Princípio da Realidade é... a Ciência. O que acontece quando a mente é dominada pelo processo primário de satisfação do desejo ou Princípio do Prazer? Consideremos um exemplo não sexual: um homem faminto e sem comida perdido em uma floresta. Se a ideia primária de comida se apoderar dele, ele não será capaz de pensar em modos de obter comida.

No entanto, se o processo secundário, ou Princípio da Realidade, se apoderar dele, ele poderá se esquecer da comida o tempo suficiente para pensar em como obtê-la.

As ideias primárias de satisfação do desejo, que dominam o inconsciente, são impulsivas, desorganizadas e não obedecem nenhuma lógica. Dessa maneira, de acordo com Freud, todo pensamento humano é, por um lado, um conflito e, por outro, um compromisso entre os sistemas pré-consciente e inconsciente.

O livro de Freud A psicopatologia da vida cotidiana (1901) descreve outros exemplos típicos de esquecimento. Parapraxia é o termo oficial para o famoso “ato falho freudiano”. Refere-se a lapsos verbais e de escrita, falhas de memória, que ocorrem na vida normal. Os erros são simbólicos de atitudes e desejos inconscientes. Não há erros na mente!

Em 1905, Freud publicou Três ensaios sobre a teoria da sexualidade.

O simples prazer do sexo não é tão simples. Qual é a visão convencional do sexo?

E o que dizer de... 1. Pessoas que só se sentem atraídas por pessoas do próprio sexo ou por seus próprios órgãos genitais? 2. Pessoas que são conhecidas como pervertidas, que desprezam o uso normal do sexo? Esses fatos são conhecidos, mas não admitidos como normais.

Freud subverteu a visão convencional do sexo e da perversão: 1. Os objetivos do prazer e da procriação não coincidem completamente. 2. “Sexual” e “genital” são dois conceitos muito diferentes. 3. O prazer sexual pode ser obtido de qualquer parte ou zona do corpo. 4. A sexualidade inclui anseios não relacionados à atividade genital. Os usos normais da boca, do toque, etc. nas preliminares são os instintos componentes da sexualidade.

No entanto, se esses instintos não são “perversos” em si, o que, de fato, define a perversão?

AS PESSOAS NORMAIS SATISFAZEM PARCIALMENTE ESSES ANSEIOS NAS SUAS VIDAS SEXUAIS E NOS SEUS SONHOS. MAS O QUE DIZER DOS NEURÓTICOS?

Essa resistência neurótica aos anseios perversos desejados é o que levou Freud de volta à sexualidade infantil.

VOLTANDO À INFÂNCIA Todos nascem com um desejo sexual básico, ou energia pulsional, denominado libido (do latim desejo). O desejo sexual possui traços tanto mentais como físicos. Entre esses traços, incluem-se: 1. Uma fonte orgânica interna de excitação.

2. Uma quantidade ou pressão de excitação. 3. Um objetivo: alcançar uma sensação de prazer, removendo a pressão. 4. Um objeto: a coisa ou a pessoa requerida na realidade para satisfazer o objetivo.

A HISTÓRIA SEXUAL DO INDIVÍDUO COMEÇA NO NASCIMENTO

O que significa que o bebê obtém prazer sexual a partir do estímulo de qualquer parte do seu corpo.

Adquirir objetivos e objetos específicos requer experiência: um processo complexo de aprendizagem, que pode tomar um mau caminho. Os órgãos específicos da satisfação sexual estão baseados nas zonas erógenas.

AS FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL PRIMEIRA ZONA: A FASE ORAL

Essa fase oral também pode ser entendida num sentido histórico mais amplo. Ela volta a aparecer na fantasia do adulto, na mitologia e na história da cultura. Por exemplo, a perda do objeto de amor oral nos recorda de uma famosa perda mitológica. A QUEDA DO PARAÍSO.

Mas também há um desejo cultural antigo de recuperar o Paraíso. Essa pintura de Bruegel (1567) nos mostra a Utopia, o paraíso terrestre do prazer oral perfeito.

SEGUNDA ZONA: A FASE ANAL

Essas ideias anais de dádiva, habilidade, criação, censura e ordem restritiva voltam a nos lembrar de outro grande mito cultural. PROMETEU: O CRIADOR DA CIVILIZAÇÃO HUMANA.

Prometeu, o Titã: 1. Criou os primeiros seres humanos a partir do barro (uma substância parecida com as fezes). 2. Deu aos seres humanos o primeiro grande presente, o fogo, e lhes ensinou as primeiras habilidades. 3. Foi punido pelos deuses, que o acorrentaram numa rocha e mandaram uma águia dilacerar suas vísceras.

TERCEIRA ZONA: A FASE FÁLICA AOS TRÊS OU QUATRO ANOS, AS CRIANÇAS DESCOBREM A COISA PELA QUAL PODEM SER CRIATIVAS. A MASTURBAÇÃO, A ESTIMULAÇÃO DA ZONA GENITAL, CHEGA NATURALMENTE, MAS...

Observação: O conceito fálico não é exclusivamente masculino. Nessa fase, aplicase a ambos os sexos.

Meninos e meninas de três ou quatro anos acreditam que podem dar um filho à mãe ou gerar um analmente. A curiosidade, a angústia e a confusão a respeito das diferenças da anatomia sexual começam nessa época. E, aos cinco ou seis anos, a criança entra na fase do COMPLEXO DE ÉDIPO, como o caso a seguir demonstra.

O CASO DO PEQUENO HANS (1909) HANS, DE CINCO ANOS, TINHA UMA FOBIA DE CAVALOS.

HANS COMEÇOU A SE INTERESSAR POR SEU PÊNIS... E PELO DO SEU PAI.

A MASTURBAÇÃO ERA TIPICAMENTE DESESTIMULADA.

E o que dizer das meninas? A fase edipiana delas é igual à dos meninos? Inicialmente, tanto meninos quanto meninas assumem que possuem algum tipo de poder fálico, e a mãe é o seu objeto de amor incestuoso. Mas desejar a mamãe suscita medos do papai! Isso, no caso de Hans, leva os meninos à angústia de castração.

Mas o que a menina descobre? Que ela já é castrada... A descoberta da menina de que nem ela nem sua mãe possuem um pênis é real. Não é como a fantasia do menino sobre o medo de ser castrado. A menina pode sentir hostilidade e acusar a mãe por trazê-la ao mundo nessa forma.

Assim, enquanto os meninos desenvolvem a angústia de castração, as meninas desenvolvem a inveja do pênis, como Freud denominou.

O desenvolvimento sexual da menina diverge em relação ao do menino, segue um caminho mais complexo. Quando a menina descobre que ela tem a mesma forma da sua mãe, sua repressão relacionada aos desejos de incesto não precisa depender do medo de castração (como acontece com os meninos), e a relação com seu pai pode agora parecer livre...

O enigma edipiano confronta os dois sexos no caminho da sexualidade adulta.

O caminho para uma sexualidade feminina madura e saudável significa: 1. Aceitar a ideia de união com um homem. 2. Deixar o pai para trás após a emancipação adolescente. 3. Chegar a um acordo com a mãe. A questão do desenvolvimento sexual não é simples. Freud sempre teve consciência da natureza bilateral dos dois sexos; em outras palavras, a BISSEXUALIDADE. 1. Para Freud, nos seres humanos, a masculinidade ou a feminilidade pura não existe num sentido psicológico ou biológico. 2. Todas as pessoas apresentam traços de caráter masculinos e femininos.

NENHUMA FÊMEA REAL É PURAMENTE FEMININA...

Freud tinha consciência de que os hábitos sociais compelem as mulheres a papeis passivos, que, supõe-se, são realmente femininos.

Freud continuou desenvolvendo sua teoria da sexualidade feminina. Eis como ele concluiu uma palestra a respeito da feminilidade em 1933: “O que tenho dito acerca da feminilidade nem sempre parece amistoso. É incompleto. Se você quiser saber mais, olhe para sua própria experiência de vida...”

Na psicologia, há muito tempo, as mulheres repensaram e desenvolveram as teorias de Freud: Lou Andreas-Salomé, Anna Freud, Marie Bonaparte, Helene Deutsch, Karen Horney, Melanie Klein, Clara Thompson, Juliet Mitchell e muitas outras.

4. PERÍODO DE LATÊNCIA

Desde os seis anos, aproximadamente, até a puberdade, o impulso sexual aparentemente desaparece. Esconde-se. A amnésia infantil toma lugar, de modo tão completo que as pessoas podem, posteriormente, negar suas primeiras experiências sexuais. O período infantil da sexualidade termina com a repressão do Complexo de Édipo. As ideias e os impulsos associados com as fases oral, anal e fálica são empurrados para o inconsciente (isto é, são reprimidos) e negam expressão. Mas os impulsos ainda estão ali; numa forma latente, conforme a estrutura adquirida pela libido. As memórias sexualmente organizadas das três fases influenciarão as associações futuras.

A sexualidade volta na adolescência, incluindo o problema da capacidade física para o sexo!

Seria um quadro sombrio do desenvolvimento humano...

Nos animais, o instinto sexual é pré-adaptado à realidade. É biologicamente fixo.

“Somente nos seres humanos a vida sexual ocorre em duas ondas: na infância e na puberdade. Algo que é desconhecido, exceto nos seres humanos, e, é claro, tem uma influência importante na hominização.”

O CONHECIMENTO É SAÚDE? Somos normais (psicologicamente saudáveis) quando nossa busca por conhecimento não tem inibições.

Os neuróticos são ignorantes de quê? Algo os impede de conhecer o que está causando seu sofrimento. Ou, como Freud diria, eles são vítimas de inibições inconscientes. A inibição significa simplesmente uma restrição com relação a conhecer a origem do problema determinante do padrão rígido de comportamento do neurótico.

Freud volta à infância para rastrear a origem dos problemas neuróticos. Algo pode tomar um mau caminho no processo de aprendizagem; no modo pelo qual a estrutura do instinto sexual humano é adquirida. Eis o que acontece: 1. Fixação (o desenvolvimento interrompido) da libido pode ocorrer em uma fase específica da infância (oral, anal, edipiana). 2. Regressão (um retorno) a esse nível fixado preliminar pode ocorrer, produzindo diversas formas de neuroses adultas. Os neuróticos estão literalmente em um dilema, em um aperto. A fixação anal, por exemplo, surge em todos os tipos de comportamento inibido.

O pão-duro, conscientemente, preocupa-se com a guarda do seu dinheiro. No entanto, inconscientemente, ele está se retendo ao valor simbólico

associado às fezes da fase anal infantil. As ideias obsessivas são aquelas que persistem apesar da incompatibilidade com a parte consciente da personalidade.

Para o fetichista, um sapato, um casaco de pele ou uma parte do corpo ocupa o lugar da relação humana de forma geral.

Outra forma de maturidade incompleta do objetivo ou objeto sexual é a inversão (a orientação da libido a um objeto semelhante a si mesmo), conhecida geralmente como homossexualidade.

Frequentemente, o desenvolvimento sexual pode se desencaminhar. Isso levou Freud a uma nova ideia revolucionária.

A sexualidade normal é somente um modo de terminar. Ela é adquirida a partir de diversos componentes, que podem se dividir e se fixar. A teoria da sexualidade freudiana o tornou mundialmente famoso... pelos motivos errados!

A hostilidade é compreensível. Freud impôs o terceiro golpe revolucionário ao orgulho humano.

A TERCEIRA REVOLUÇÃO DE FREUD: A PSICOLOGIA DO INCONSCIENTE Os filósofos sempre equipararam a mente com a consciência. Contudo, Freud afirmou outra coisa. Só uma pequena parte do que é mental é

consciente. O resto é inconsciente, constituído de ideias inadmissíveis e involuntárias que condicionam o comportamento.

O HOMEM DOS RATOS (1907-1909) Observações sobre um caso de neurose obsessiva

UM JOVEM NOTÁVEL DE 29 ANOS ME PROCUROU...

NO ÚLTIMO VERÃO, UM OFICIAL ME FALOU A RESPEITO DE UMA TORTURA CHINESA... UM POTE É PREENCHIDO COM RATOS E AMARRADO DE CABEÇA PARA BAIXO SOBRE AS NÁDEGAS DA VÍTIMA. OS RATOS, ENTÃO, SAEM DO POTE E PENETRAM NO ÂNUS...

A IDEIA ME HORRORIZOU E ME FASCINOU!

O paciente tinha perdido seus óculos alguns dias antes de escutar a história da tortura. Ele escrevera para Viena pedindo novos óculos e que um oficial de um povoado próximo o pegasse. Mas, então, ele escutou a “história dos ratos”...

Para evitar esse perigo, o Homem dos Ratos tinha de cumprir um conjunto de instruções estranhas e autoimpostas, tão complicadas que ficaram

impossíveis de cumprir. E mesmo Freud se envolveu na elaboração de mapas e tabelas de horários!

FINALMENTE, FREUD RETROCEDEU ESSA BUSCA NEURÓTICA A UMA CENA DA INFÂNCIA DE CURIOSIDADE SEXUAL.

A excitação sexual ficou ligada com a punição e a hostilidade com relação ao seu pai.

Essa fixação infantil é exposta por um dos rituais do Homem dos Ratos, desenvolvido enquanto ele estudava para uma prova. Ele ficava acordado todas as noites, indo deitar entre meia-noite e uma da manhã.

FREUD APRENDEU OUTRA COISA... POR NATUREZA, SOU ATEU... MAS DESENVOLVI UMA CRENÇA NA VIDA APÓS A MORTE QUANDO MEU PAI MORREU!

Ele adotou uma nova crença para proteger uma do passado; ou seja, seu pai continuaria interferindo mesmo depois de morrer.

Suas queixas a respeito de anseios genitais sugerem uma fixação na fase anal. A fase, de fato, que é fiscalizada pelos pais! A maioria dos casos de neurose obsessiva pode remontar a fixações anais, que, muitas vezes, estão relacionadas com anseios sádicos. Eis por que a história dos ratos o deixa obcecado.

Lentamente, Freud começou a reconstituir o significado oculto das ideais inconscientes do Homem dos Ratos. Por exemplo...

Então, naquele momento, ele se sentiu obrigado a retornar e recolocar a pedra exatamente onde estava.

As intenções do Homem dos Ratos são invertidas. A punição que ele teme dos outros é, na realidade, o que ele teme para si mesmo. O comportamento normal atua na realidade e no presente. No entanto, as ações do Homem dos Ratos não fazem sentido no presente real, aqui e agora, pois sua angústia sexual refere-se ao passado. Suas ações fazem sentido somente enquanto necessidade de repetir algo do passado. O neurótico repete, em vez de lembrar. A ANÁLISE DO HOMEM DOS RATOS DUROU ONZE MESES. SUA NEUROSE FOI COMPLETAMENTE ELUCIDADA – ATÉ SUA MORTE NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL.

O MOVIMENTO PSICANALÍTICO Freud atraiu psicanalistas discípulos e pioneiros entre 1902 e 1908. Os primeiros psicanalistas constituíram a Sociedade Psicanalítica de Viena.

O primeiro Congresso Internacional ocorreu em Salzburgo, em abril de 1908. Convidado para uma palestra nos Estados Unidos por Stanley Hall, reitor da Universidade Clark, Freud, juntamente com Jung e Ferenczi, embarcou em agosto de 1909. A bordo do George Washington, Freud viu o camareiro do seu camarote lendo...

FREUD NÃO GOSTOU DOS ESTADOS UNIDOS.

Em 1910, Freud obteve reconhecimento internacional. No entanto, naquele momento, ele enfrentava conflitos internos no próprio movimento psicanalítico. As controvérsias levaram a rupturas entre Freud e seus primeiros seguidores: Adler, Stekel, Jung, Rank, etc.

AFIRMA-SE, ÀS VEZES, QUE ESSES ROMPIMENTOS ERAM CAUSADOS PELA PERSONALIDADE TIRÂNICA E DOGMÁTICA DE FREUD. NO ENTANTO, COMO O PRÓPRIO FREUD REVELOU A ERNEST JONES, SEU BIÓGRAFO...

Consideremos resumidamente o rompimento mais famoso de todos: entre Freud e Jung.

Carl Jung (1875-1961) era psiquiatra no hospital psiquiátrico de Burghölzli, em Zurique.

Ele foi o primeiro a testar os métodos psicanalíticos de Freud em doenças psicóticas mais graves do que neuroses. Jung foi o primeiro a adotar o famoso termo complexo e também criou testes de associação de palavras para uso em diagnósticos.

Era importante para Freud que Jung fosse um psiquiatra estabelecido, nem vienense, nem judeu. Freud disse ao seu colega, Karl Abraham...

Mas mesmo no início da amizade, Jung reconheceu seus sentimentos confusos com relação a Freud.

“Ainda que isso realmente não me incomode, ainda sinto que é repugnante e ridículo, por causa de sua inegável insinuação erótica. Essa sensação abominável vem do fato de que, quando menino, fui vítima de um ataque sexual por um homem que cultuava.” De uma carta de Jung para Freud, 28 de outubro de 1907.

A resposta de Freud foi que uma paixão religiosa poderia acabar mal... Em rebelião. “Farei o que estiver ao meu alcance para lhe mostrar que sou inadequado para ser um objeto de culto.” Freud para Jung, 15 de novembro de 1907. Essa questão de ser como pai e filho causaria problemas. Em setembro de 1912, Jung viajou sozinho para Nova York para uma palestra na

Universidade Fordham. Ele acreditava que estava defendendo Freud. Mas suas críticas a respeito das ideias básicas de Freud se intensificaram muito.

Jung atacou a raiz da descoberta de Freud: as origens sexuais e infantis dos transtornos neuróticos. Freud considerou a independência de Jung como uma resistência ao inconsciente e um desejo de destruir o pai. Em novembro de 1912, no encontro seguinte de Freud e Jung, em uma reunião no Park Hotel, em Munique, o clima estava tenso. Mas após uma conversa de duas horas...

A PEQUENA VITÓRIA DE FREUD NÃO SOLUCIONOU A TENSÃO... POIS, NO ALMOÇO...

JUNG CARREGOU FREUD PARA O QUARTO...

E QUANDO FREUD VOLTOU A SI...

O que Freud quis dizer? Ele já tinha desmaiado antes? Sim, anteriormente, em 1909, após convencer o abstêmio Jung a celebrar a viagem deles para os Estados Unidos com um copo de vinho. E, anos antes (como ele revelou a Ernest Jones), ele teve sintomas similares no mesmo quarto do Park Hotel.

E FREUD ANALISOU ISSO COMO...

As relações entre Freud e Jung pioraram. Em sua carta de 18 de dezembro de 1912, Jung culpou Freud por causar as divisões do movimento.

Na primavera de 1913, Freud concluiu um novo livro, Totem e tabu, que, ele compreendeu, precipitaria o rompimento com Jung. Jung queria reduzir a importância das fantasias de incesto. No seu livro, Freud amplia a importância do Complexo de Édipo, remontando-o ao começo da sociedade humana.

TOTEMISMO E INCESTO O totem é o espírito ou antepassado de um clã tribal, em geral simbolizado por um animal que não se pode ferir ou matar. O totemismo está ligado com a exogamia: um sistema de parentesco que proíbe relações sexuais entre os membros do mesmo clã-totem. Assim, o incesto era proscrito.

A sociedade só pode se estabelecer se as relações entre as diferentes famílias são instituídas mediante leis sexuais.

Mas, uma vez por ano, o animal-antepassado totêmico é morto e comido. O ritual de luto é sucedido por um regozijo selvagem. O que significa esse assassinato ritual anual do antepassado totêmico? O totemismo pode implicar outro mito mais profundo. O MITO PRIMAL. Darwin sugere que, inicialmente, macacos semelhantes ao homem viviam em pequenos bandos, incluindo um patriarca poderoso e suas fêmeas.

Freud sugere que a rivalidade pelas fêmeas fez com que os jovens machos matassem e comessem o pai.

A culpa resultante desse crime edipiano original é responsável pelas leis totêmicas tribais contra o assassinato e o incesto. A repressão no inconsciente contra esse crime edipiano primitivo está no início de toda cultura, religião e arte humana.

FREUD TINHA CERTEZA DE QUE SUA TEORIA DA SEXUALIDADE ESTAVA CORRETA. MAS ISSO NÃO SIGNIFICAVA QUE ELE NÃO TINHA DÚVIDAS.

Freud percebeu que precisava de algo melhor para explicar a fonte do conflito e da repressão. Não era apenas um problema teórico, mas também prático, para permitir o tratamento dos seus pacientes com sucesso.

PROBLEMAS DA TERAPIA O sucesso da terapia depende da superação das forças que atuam contra ela. Quão fundo vão essas forças? E quais são elas? Os sintomas expressos por um neurótico podem remontar a desejos ou impulsos reprimidos, inconscientes.

Mas o que o terapeuta faz a respeito disso? Como o paciente pode adquirir consciência do inconsciente?

Então, como a análise pode tornar consciente algo que está inconsciente? Freud usou algo que sabia desde 1895. Ele tinha identificado dois obstáculos que podiam se interpor entre o paciente e o médico. 1) O paciente começa a resistir à terapia. Ou 2) Como no tratamento de Anna O. por Breuer...

O Homem dos Ratos reconheceu seu medo de que Freud pudesse puni-lo por causa dos seus insultos.

Assim, mesmo a transferência hostil pode ser importante. Por quê? Porque recria uma neurose em miniatura no presente. Freud afirmou: “O neurótico repete, em vez de se lembrar”. Ele repete porque algo inconsciente, reprimido no passado, impõe uma resistência à lembrança. No entanto, ao repetir, sentindo hostilidade com relação a Freud no presente, isso pode agora ser interpretado e transformado em lembrança real. Só depois que o material inconsciente é revelado (revivido como uma segunda neurose durante a análise), ele pode ser solucionado. Isso é o que Freud denominou neurose de transferência, que pode ser curada.

Contudo, suponhamos que não transferência. Esses casos são mais sérios.

ocorra

Desde que haja alguma relação erótica (mesmo na fantasia), o problema é tratável. Mas e se uma relação de transferência de amor ou ódio não puder ser estabelecida? Isso significa que o paciente renunciou a toda ligação erótica com pessoas ou coisas. Se o paciente não puder ser alcançado, a doença não será tratável pelo método psicanalítico da transferência. Os casos não tratáveis, ou psicóticos, Freud denominou narcisistas. O que ele quis dizer com isso?

O MITO DE NARCISO É outro antigo mito grego a respeito de um rapaz de grande beleza, que se enamorou por sua própria imagem. Frustrado porque não pode possuir a si mesmo, ele se dissipou e se transformou em uma flor, o narciso.

NARCISISMO NORMAL O narcisismo é uma etapa normal da infância. Ao construir seu ego (o Eu), a criança procura por seu eu-espelho.

Em geral, a libido narcisista infantil é transferida para objetos, isto é, para pessoas. HÁ ALGUM AMOR POR SI MESMO EM TODO AMOR ADULTO NORMAL.

E o amor por si mesmo idealizado? Isso também é normal? Sim. Freud denominou isso ideal do ego. O ideal do ego é um substituto para o narcisismo perdido da infância, quando eu era o meu próprio ideal.

Um ego forte é uma proteção contra o adoecimento. No entanto, devemos começar a amar, a fim de não adoecer. Acabamos adoecendo se, por causa

da frustração, não formos capazes de amar.

NARCISISMO ANORMAL Mas é o que acontece se a libido é retirada do mundo e direcionada de volta para o eu?

E essa regressão ao narcisismo infantil pode causar doenças psicóticas graves. Ocorrem delírios paranoicos: a sensação de estar sendo vigiado e de escutar vozes, depressão extrema, hipocondria, esquizofrenia, megalomania, etc. são estados psicóticos narcisistas.

A transferência como uma segunda neurose representada é impossível, pois o paciente não pode ser abordado por meio de ligações eróticas externas. Porém, um novo problema. O narcisismo parece negar a existência dos instintos não sexuais. Mesmo os instintos do ego podem ser incluídos entre os instintos da libido.

ENQUANTO ISSO, UM IMENSO CONFLITO SOCIAL IRROMPIA.

1914 – A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL – 1918 FREUD APOIOU A ALIANÇA AUSTRO-ALEMÃ, PARA A QUAL SEUS FILHOS ESTAVAM LUTANDO.

Porém, esse apoio desvaneceu após os primeiros anos da guerra.

“Nossa civilização foi desfigurada por uma hipocrisia gigantesca. Poderemos algum dia falar de novo que somos civilizados?”

Em 1919-1920, a derrota austro-alemã resultou em uma inflação galopante. Freud perdeu todas as suas economias. E ele mal tinha pacientes para se sustentar. Apesar da adversidade, do desânimo e da angústia mórbida, Freud continuou trabalhando na ideia do narcisismo.

LUTO E MELANCOLIA (1915) A melancolia (como exposta na gravura de Dürer, de 1514) é um nome antigo para a depressão psicótica.

QUAL É A ORIGEM EXAGERADAS?

DA

CULPA

E

DA

AUTOACUSAÇÃO

Lamentar a perda de um ente querido é normal. Mas, na depressão psicótica, a dor do paciente oculta sentimentos inconscientes de ódio. Como esses sentimentos não podem ser admitidos, o objeto de amor perdido passa a se identificar com o próprio ego do paciente. O que acontece então?

O ódio inconsciente, em vez de ser direcionado ao objeto de amor perdido, é dirigido de forma errada contra o próprio eu do paciente. A culpa e a autoacusação depressivas se baseiam na regressão anormal ao narcisismo infantil. Eis um exemplo. Uma jovem de dezenove anos é internada em uma clínica psiquiátrica.

NO HOSPITAL, ELA TENTOU O SUICÍDIO E, REPETIDAMENTE, MUTILOU UM ÚNICO LUGAR NO SEU BRAÇO ESQUERDO (COM LÂMINA DE BARBEAR, TESOURA, UNHAS).

E TERRIVELMENTE MUTILADA... SÓ UMA MARCA DE NASCENÇA EM SEU BRAÇO ESQUERDO A IDENTIFICOU!

“DEPOIS DA MORTE DA MINHA MÃE, EU A DEFENDI DIANTE DA FAMÍLIA.”

ENTÃO, SEM NENHUM MOTIVO APARENTE, ELA TROCOU SUAS ANTIGAS AMIZADES POR NOVAS, MAS PÉSSIMAS.

ELA MUDOU RADICALMENTE E SE TRANSFORMOU EM SUA MÃE. ESSA PARTE ASSUMIDA DE SI MESMA ERA O ALVO DA HOSTILIDADE REPRIMIDA. AO AGIR MAL, ELA FOI CAPAZ DE ACUSAR SUA MÃE DE MODO INDIRETO.

ESSA NOVA IDENTIDADE POUPOU-A DE TER DE EXPRESSAR SEUS PRÓPRIOS SENTIMENTOS NEGATIVOS. Essa identificação extrema é denominada introjeção. O objeto de amor perdido é literalmente encarnado ou devorado pelo ego. O paciente regride a um estágio específico de narcisismo infantil. Isso ocorre quando a fase oral começa a se transformar gradativamente na fase anal. Nesse período, morder e excretar são dominantes, e a criança alterna entre o amor e o ódio.

CONTUDO, A CURA SE TORNOU POSSÍVEL QUANDO ELA DESPEDAÇOU TODAS AS VIDRAÇAS DE UMA PORTA.

ELA SE LEMBROU E, FINALMENTE, COMEÇOU A RECONHECER UM ÓDIO CONSCIENTE COM RELAÇÃO À SUA MÃE. RUMO AO “INSTINTO DE MORTE” (1915-1919) Freud continuou sua busca por uma teoria satisfatória do conflito pulsional. Desde 1895, Freud tinha assumido que o comportamento humano se

baseava em duas tendências opostas: o princípio do prazer e o princípio da realidade. Esses princípios da atividade psíquica eram estabelecidos no sistema nervoso. 1. O princípio do prazer é primário no sentido de estimular o organismo para a gratificação imediata, impulsiva e que satisfaz os desejos. Está ligado ao inconsciente. 2. O princípio da realidade permite que o organismo tolere adiamentos da gratificação. Esse processo secundário exercita o pensamento. Permite certa separação dos impulsos sexuais e um redirecionamento da energia para o pensamento, o trabalho e a diversão. O famoso mecanismo da sublimação depende do princípio da realidade. A sublimação não é – como se supõe popularmente – uma repressão dos impulsos sexuais, mas um redirecionamento da energia libidinal para uma adaptação necessária à realidade. Nesse momento, Freud reconheceu que os princípios do prazer e da realidade não são realmente antagônicos, pois os dois visam à descarga da tensão. O prazer é o resultado psíquico da descarga de uma quantidade de excitação, estímulo ou tensão que surge no organismo. O princípio da realidade é apenas um processo adiado, modificado de alcançar o mesmo objetivo: o prazer. TODO COMPORTAMENTO ESTÁ A SERVIÇO DA REDUÇÃO DA TENSÃO. MAS ESPERE UM INSTANTE... SE O AUMENTO DA TENSÃO É DESAGRADÁVEL...

E O ALÍVIO DA EXCITAÇÃO É AGRADÁVEL...

E O COMPORTAMENTO QUE CONTRADIZ ISSO? E COMPORTAMENTO DE FERIR A SI MESMO, COMO MASOQUISMO?

O O

E O QUE DIZER DAS NEUROSES DE GUERRA?

PORÉM, A COISA CURIOSA FOI QUE OS SONHOS DO PACIENTE REPETIAM O TRAUMA ASSUSTADOR.

A TENSÃO DESAGRADÁVEL SE MANTÉM CONSTANTE POR MEIO DA REPETIÇÃO. E EIS OUTRO EXEMPLO DE REPETIÇÃO QUE FREUD OBSERVOU.

ELE ESTAVA REPETINDO O SUMIÇO E A VOLTA DA SUA MÃE.

NO ENTANTO, A PERGUNTA QUE FREUD FORMULOU NAQUELE MOMENTO FOI: COMO A REPETIÇÃO DE UMA EXPERIÊNCIA DESAGRADÁVEL SE ENCAIXA NO PRINCÍPIO DO PRAZER?

Freud chamou essa tendência enigmática de reviver situações desagradáveis ou traumáticas de compulsão à repetição. 1. Uma surpresa desagradável sempre precede a necessidade de repetir. 2. Normalmente é a angústia que nos prepara para esperar o perigo. 3. Às vezes, a psique sofre um choque ou susto para a qual não está preparada. Nesses casos, não é a angústia que produz uma neurose traumática. Na realidade, a angústia é que, em geral, protege-nos contra o susto ou a neurose do susto.

4. Assim, esse é o segredo da compulsão à repetição. Cria uma angústia retrospectiva na psique. Em outras palavras, a memória dolorosa é revivida frequentemente, até uma defesa suficiente ter sido construída após o evento. Isso está descrito em Além do princípio do prazer (1920), de Freud. Mas ele vai mais longe.

ESSA EVIDÊNCIA LEVOU FREUD A PROPOR OUTRO INSTINTO: O DE MORTE!

O INSTINTO DE MORTE OU TÂNATOS (na mitologia grega, é a personificação da morte)

O organismo se defende contra todas as ameaças de morte que não são apropriadas para ele. Paradoxalmente, o instinto de morte pode servir para prolongar a vida.

O INSTINTO DE VIDA OU EROS (deus grego do amor) A vida de cada um se move rumo à morte natural. No entanto, a sobrevivência da espécie não depende do indivíduo. O instinto de vida sexual, que rege as células reprodutivas, garante a sobrevivência biológica.

1. O objetivo da atividade mental é reduzir as tensões provocadas pela excitação pulsional ou externa. 2. O sistema nervoso de um organismo é regulado pelo princípio da constância, isto é, uma tendência conservativa para a estabilidade. 3. Assim, um instinto é o impulso inerente em toda vida orgânica para restaurar o estado mais primitivo das coisas. Mas quão longe vai essa tendência conservativa? 4. Visto que toda matéria viva é constituída de matéria inorgânica, não viva, então talvez haja um instinto além do princípio do prazer que almeje retornar ao estado de inércia orgânica. 5. A compulsão à repetição é um princípio regressivo pulsional, que visa voltar a uma condição totalmente desprovida de toda energia: a morte.

O OBJETIVO DE TODA VIDA É A MORTE. OS ANOS DE SOFRIMENTO 1920: Sophie, a filha querida de Freud, morre aos 26 anos.

1923: O neto favorito de Freud (filho de Sophie) morre aos 4 anos e 6 meses.

Naquele mesmo mês, abril de 1923, Freud foi operado de câncer do maxilar e do palato. A primeira de 33 cirurgias! Todo o maxilar superior e o palato do lado direito foram removidos. Durante os dezesseis seguintes anos de vida, Freud frequentemente sofreu de uma dor angustiante. Sua fala e sua audição foram afetadas e ficou difícil comer. Uma prótese (um tipo de dentadura imensa) teve de ser projetada para separar a boca da cavidade nasal.

Anna, a filha de Freud, foi sua enfermeira até a morte do pai.

Realmente, Freud não obteve uma resposta satisfatória para uma antiga pergunta que o preocupava há muito tempo: qual é a origem da repressão?

Onde encontramos um instinto não sexual capaz de reprimir um instinto sexual, que pode causar um conflito neurótico? Vamos voltar um pouco. Até aquele momento, Freud tinha assumido que a neurose deve surgir de conflitos sem solução entre a (auto)percepção consciente e os desejos inconscientes reprimidos. No entanto, ele não conseguia explicar de que modo a repressão ocorria preventivamente. Ele também assumira que os instintos autopreservativos do ego eram limitados à fome, sede e reprodução sexual. Contudo, a fome e a sede não são suficientes para preservar o eu; e a reprodução é típica de todas as espécies e não é especificamente individual. Estamos num impasse! Mas executemos um salto de imaginação... Suponhamos – para simplificar – que o principal problema do ego seja preservar o sentido da sua própria segurança, responsabilidade e respeitabilidade. Freud percebeu que esse esforço contínuo do ego de preservar sua integridade era a base da repressão, banindo da consciência os conteúdos inconscientes que não podiam ser admitidos. Isso significa que a repressão era apenas um dispositivo na defesa mais geral do eu. Se a repressão pressupor algo que reprime, então deve ser o próprio ego ou um aspecto dividido do ego, que é responsável pela ação defensiva da repressão. Portanto, a repressão tem origem no ego. A repressão é defensiva do ego. Defende contra o quê? Contra falhas no desenvolvimento de um ego maduro. A angústia é o sinal humano próprio da fraqueza do ego. E, é claro, um ego forte ou fraco dependerá da história de toda a personalidade, desde a infância. Fica claro que a personalidade humana possui diversas características dinâmicas com funções internas e estruturais específicas. Em 1923, Freud sugeriu um novo modelo dinâmico da mente.

O EGO, O ID E O SUPEREGO

O ID O id (palavra em latim para isso) é a base primitiva, inconsciente da psique dominada por impulsos primários. A psique de um recém-nascido é basicamente id. Mas o contato com o mundo externo modifica parte do id.

A percepção dessa diferença é o que começa a diferenciar o ego. O desenvolvimento do ego é marcado pela estrutura pulsional da libido (boca, ânus, órgãos genitais). Em outras palavras, a autoconsciência e a atividade corporal se desenvolvem juntas.

O EGO

Freud dá ao ego diversas funções importantes. 1. O ego é o guia da realidade. Pode se adaptar ou mudar. 2. As percepções conscientes pertencem ao ego. Esse é um aspecto do ego voltado para a realidade externa. 3. Mas o ego também atua como uma entidade inibitória. Esse é outro aspecto do ego que é voltado para o interior e funciona inconscientemente. Por exemplo, a repressão do ego em relação ao id é inconsciente. Essa é uma das funções de defesa do ego. Essas funções são todas inconscientes. Eis um exemplo do mecanismo de defesa do ego.

UM HOMEM GRATIFICA DE MODO SEGURO UM IMPULSO EDIPIANO, CASANDO-SE COM UMA MULHER QUE PARECE SUA MÃE.

O SUPEREGO O superego não é só consciência. É o herdeiro do Complexo de Édipo. Eis como ele funciona. A CRIANÇA SENTE CONTRA SEUS PAIS PROFUNDA HOSTILIDADE, QUE NÃO CONSEGUE EXPRESSAR...

ASSIM, A CRIANÇA PROJETA SUA AGRESSÃO SOBRE ELES...

O QUE PARECE REFLETIR DE VOLTA COM RIGOR EXAGERADO... A CRIANÇA CRESCE, MAS SEMPRE MANTÉM...

À medida que os impulsos edipianos são reprimidos e desaparecem, seus lugares são ocupados pelo superego. O superego é autoridade parental introjetada. É o resultado de um esforço defensivo, que proíbe a expressão dos desejos edipianos. Freud virou de cabeça para baixo a visão de moralidade e consciência. Não é nossa ideia moral estrita que impede o comportamento agressivo. Ao contrário, temos uma ideia moral porque abdicamos da agressão.

O que acontece com a religião? Freud discutiu isso em O futuro de uma ilusão (1928).

Freud era um inimigo de todas as religiões. Ele não tinha esperança na consciência baseada na parte reprimida da personalidade. Ele tinha fé na razão e na análise científica. A Primeira Guerra Mundial pareceu uma prova terrível da luta entre os instintos de vida e de morte dentro da civilização. Em O mal-estar da civilização (1930), Freud perguntou qual é o valor da civilização.

Os homens podem procurar o prazer instintivamente. No entanto, eles, na realidade, despendem mais esforço para evitar a dor. A realidade oferece muito mais oportunidades para vivenciar a dor do que o prazer. Assim, a maioria das pessoas sacrificará o prazer se a civilização puder, em troca, proporcionar menos sofrimento.

O trabalho que torna a civilização possível é suprido por uma maioria oprimida de pessoas que partilham muito pouco da sua riqueza. Nesse sentido, Freud concordava com Marx. Freud formulava outra pergunta para si: como as pessoas se identificam como membros de um grupo ou da sociedade? A fixação libidinal a um objeto pode ocorrer em escala massiva. Os indivíduos colocam o mesmo e único objeto no lugar do superego. Eles se identificam mutuamente no seu ego.

No entanto, suponhamos que o superego seja entregue a um líder. Isso produz um tipo muito perigoso de massa se apaixonando. Que é o que aconteceu na Alemanha, na década de 1930.

Em Berlim, em maio de 1933, os nazistas queimaram livros de Freud e de muitos outros grandes pensadores modernos.

Freud estava enganado. Os nazistas também o teriam envenenado com gás e incinerado em um dos seus campos de extermínio; como, de fato, aconteceu com milhões de outros judeus, incluindo as próprias irmãs de Freud. Março de 1938: os nazistas ocupam a Áustria. Os homens da SA nazista invadem a casa de Freud em busca de objetos de valor. O olhar de Antigo Testamento de Freud os afugentou.

Junho de 1938: Freud e sua família emigram para Londres, na Inglaterra.

Freud continuou trabalhando, apesar do agravamento do câncer, até sua morte, em 23 de setembro de 1939.

PEQUENO GLOSSÁRIO Baseado no muito útil A Critical Dictionary of Psychoanalysis, de Charles Rycroft. AB-REAÇÃO: processo de liberar a emoção reprimida, revivendo, na imaginação, a experiência original. AFETO: sentimento ou emoção ligado a ideias, grupo de ideias ou objetos. AGRESSÃO: nos últimos textos de Freud, um derivado do instinto de morte, em contraposição à libido, ao sexo ou ao instinto de vida (Eros). As opiniões diferem se a agressão é um impulso pulsional básico ou se fornece energia ao ego para superar obstáculos de modo a satisfazer impulsos de autoafirmação. CATEXIA: acumulação ou quantidade de energia mental ligada a alguma ideia, memória ou objeto. COMPLEXO DE CASTRAÇÃO: a rivalidade edipiana com os pais provoca a angústia de castração nos homens. As meninas e as mulheres não podem sofrer dessa angústia masculina. Mas elas também podem se sentir castradas; desejam provar que possuem um substituto adequado (simbólico) do pênis; ou sentem angústia em relação a qualquer outro órgão, objeto ou atividade que é equivalente ao pênis para elas. Para Freud, a origem desse complexo se relaciona à inveja do pênis, muito criticada pelas feministas. COMPLEXO: grupo de ideias (e, frequentemente, memórias de experiências reais ou imaginárias) associado com emoções poderosas, que ficou sepultado pelo processo de repressão na parte inconsciente da mente e exerce um efeito dinâmico sobre o comportamento. Ocasionalmente, pode emergir de modo parcial ou total na mente consciente, embora seja a tarefa da repressão impedir isso. Freud identificou apenas dois complexos: o de Édipo e o de castração.

COMPLEXO DE ÉDIPO: emerge durante a fase de desenvolvimento do ego, entre os três e cinco anos de idade, e pode, posteriormente, ser responsável por grande parte da culpa inconsciente. As pessoas fixadas em nível edipiano mostram-no de diversos modos; por exemplo, escolhendo parceiros sexuais que parecem com os pais. CULPA: especificamente a culpa neurótica; isto é, experiências de se sentir culpado, que não podem ser explicadas por violações reais dos valores conscientes do paciente. Resultado dos conflitos entre o superego e os desejos agressivos e sexuais infantis. Expressões de sensação agressiva retiradas de si mesmo por meio da condenação moral do superego. As defesas para amenizar a angústia também podem reduzir a culpa. DEFESA: negativamente, sua função é proteger o ego que pode ter sido ameaçado pelas angústias do (a) id, superego ou mundo exterior, (b) má consciência ou ameaças do superego, (c) perigos reais. Positivamente, os mecanismos de defesa são usados pelo ego para canalizar ou controlar as forças que podem levar à neurose. A defesa atua como um compromisso entre o desejo e a realidade. O ego modifica os anseios do id da satisfação imediata e permite satisfação disfarçada. O ponto de qualquer compromisso de defesa é manter os conflitos que ele soluciona fora da consciência ciente. DESLOCAMENTO: passagem do afeto de uma imagem mental para outra, a qual ele não pertence realmente, como nos sonhos. EGO, ID, SUPEREGO: conceitos estruturais; lugares (topografia) dentro do aparelho psíquico; mas não realmente localizado no cérebro. A psique (aparelho mental) começa como id caótico (tudo se apresenta no nascimento), fora do que um ego estruturado desenvolve. A infância avança através das fases da libido (oral, anal, fálica, edipiana), em que as fontes do id e formas de prazer sexual mudam. Em paralelo a essas fases, o ego desenvolve funções permitindo que o indivíduo controle os impulsos, atue independentemente das figuras parentais e domine o ambiente. Parte do ego desenvolve as atividades autocríticas do superego, que dependem da introjeção das figuras parentais. A severidade do superego deriva, em parte, da violência dos próprios sentimentos inconscientes do sujeito na tenra infância. As energias do superego também podem derivar do id: a tendência de autoataque do superego fornece uma saída para os impulsos agressivos

do sujeito. O superego contém tanto o passado infantil como o nível superior das funções autorreflexivas do ego FIXAÇÃO: a incapacidade de progredir adequadamente através dos estágios do desenvolvimento libidinal pode causar a fixação: ligação aos objetos apropriados a aqueles estágios da tenra infância. As pessoas com fixação sofrem desperdícios frustrantes de energia por causa do seu investimento exagerado nos objetos do passado. HISTERIA: doença antigamente considerada (a) física, na origem, ou (b) como na qual a evidência física da doença estava ausente. Desde Charcot, e, em especial, a psicanálise, vista como forma neurótica de comportamento, em que os sintomas físicos (por exemplo, convulsões, paralisias, distúrbios de visão e audição, etc.) derivam do mau funcionamento psicológico. A histeria foi diagnosticada como puramente feminina ou doença uterina. Freud rejeitou isso, mas manteve a ideia de que era de alguma forma conectada com a sexualidade. As duas formas reconhecidas de histeria são: (a) histeria de conversão, uma forma de psiconeurose, em que os sintomas surgem como doenças físicas, do mesmo modo que o caso de Anna O., e (b) histeria de angústia, atualmente conhecida por fobia, como no caso do Pequeno Hans. O sintoma de fobia é angústia neurótica extrema vivenciada em certas situações (por exemplo, claustrofobia, angústia em espaços fechados) ou quando diante de certos animais (por exemplo, aranhas, cobras ou cavalos, como no caso de Hans) Uma pessoa com caráter fóbico tem o hábito de lidar com situações que tendem a causar angústia ou conflito (a) ao evitá-la rigidamente ou (b) ao buscar e obter prazer em atividades que são perigosas e, em geral, geram angústia nos outros. IMPULSO: na neurologia, refere-se à onda de carga elétrica que atravessa a fibra nervosa. Freud também descreveu os movimentos da energia psíquica dessa forma: impulsos pulsionais viajam do id ao longo dos canais para o ego, onde são (a) descarregados em ação, (b) inibidos, (c) direcionados para mecanismos de defesa ou (d) sublimados. INCONSCIENTE: existem processos mentais dos quais o sujeito está alheio? Os processos mentais inconscientes são, por definição, autocontraditórios? Essas são perguntas/críticas fundamentais da psicanálise. Freud responde assumindo dois tipos de processos

inconscientes: aqueles que podem se tornar conscientes com facilidade; e aqueles sujeitos à repressão. Algumas coisas podem ser recordadas facilmente; outras, como as fantasias, desejos e memórias dolorosas existem, mas só podem se tornar conscientes após a eliminação das resistências específicas. Sobre a evidência desta última, Freud baseia sua hipótese de um inconsciente dinâmico. INIBIÇÃO: Um processo é inibido se desativado pela operação de algum outro processo. Assim, o medo pode inibir o desejo sexual, etc. Em geral, as entidades inibidoras são o ego ou o superego; o processo inibidor é, em geral, um impulso pulsional. A inibição pode ser considerada um sintoma. INSTINTO: impulso biológico inato para a ação; possui (a) uma fonte biológica e (b) uma fonte de energia; (c) seu objetivo é a satisfação, que (d) procura em objetos. A incapacidade de encontrar satisfação ou objetos causa frustração e aumenta a tensão pulsional vivenciada como dor. Essa dor (de acordo com o Princípio do Prazer) deve procurar alívio e leva à ativação dos mecanismos de defesa para reduzir a tensão. A angústia é a maneira de o ego reagir à tensão pulsional que estimula suas defesas. Freud sustentou que um instinto pode passar por quatro mudanças: (a) repressão, (b) sublimação, (c) volta contra o eu (usando o eu como objeto pulsional), (d) reversão (em seu oposto; por exemplo, substituindo um papel ativo por um passivo). INSTINTO DE MORTE OU TÂNATOS: diferente do desejo agressivo de matar os outros; em vez disso, é o impulso autodestrutivo inato do indivíduo. Freud distinguiu dois tipos de instintos. O sexual (Eros), que eternamente tenta e obtém a renovação da vida. Outro que busca conduzir o que está vivo para a morte. Não respaldado por nenhum princípio biológico conhecido. INTROJEÇÃO: processo em que a relação com um objeto (fora dali) é substituída por uma com um objeto mental imaginado (dentro daqui). O superego é formado pela introjeção das figuras parentais/de autoridade. A introjeção é tanto uma defesa (contra a angústia causada pela separação), como um desenvolvimento normal (ajuda o sujeito a se tornar autônomo).

LIBIDO: desejo sexual; impulso vital ou energia. Forma abstrata de energia mental fluindo em processos psíquicos, estruturas e objetos. A fonte sugerida da libido é o corpo ou o id; existe relacionada a zonas erógenas específicas ou estruturas psíquicas sujeitas à libidinização. Freud primeiro considerou a libido como energia ligada a instintos sexuais específicos. Depois, a libido narcisista foi considerada como investida no ego; isto é, a libido originalmente ligada a objetos parentais, por causa da frustração, tornou-se ligada ao ego. A autoestima e a autoconsciência crescem, enquanto a ligação com os pais diminui. O ego, assim, torna-se seu próprio objeto. NEUROSE: originalmente, a doença dos nervos; depois, descrição das doenças resultantes de transtornos funcionais do sistema nervoso desacompanhadas de mudanças estruturais. Como Freud descobriu, a neurose é um transtorno da personalidade e não uma doença do sistema nervoso; um fenômeno conflitante envolvendo a frustração de algum impulso pulsional fundamental. Há diversos tipos de neurose: devido a causas passadas; hábitos sexuais presentes; choque; sintomas enquanto traços de caráter; psicossomática. Exemplo: neurose obsessiva. As obsessões são ideias ou grupos de ideias que, de modo persistente, intrometem-se involuntariamente na consciência do paciente, apesar do reconhecimento de sua anormalidade. Os principais sintomas são pensamentos obsessivos e os comportamentos rituais compulsivos. Esses pensamentos diferem dos normais, pois o paciente vivencia-os como bizarros, obscenos, premeditados, repetitivos; e os comportamentos também são repetitivos, estereotipados, vinculados. A neurose obsessiva centralizase na regressão à fase anal-sádica e na ambivalência em relação aos pais introjetados. PSICOSE: utilizada tanto pela psiquiatria como pela psicanálise para descrever doenças mentais que podem levar à perda total da realidade e do controle sobre o comportamento; em contraposição à neurose, em que a sanidade do paciente nunca é posta em dúvida. A psiquiatria faz uma distinção entre a psicose orgânica (devido à doença orgânica demonstrável) e a psicose funcional (sem origem orgânica aparente). As três psicoses funcionais reconhecidas por ambos os ramos são: esquizofrenia, psicose maníaco-depressiva e paranoia. A psicanálise considera a psicose um

transtorno narcisista inacessível ao tratamento, pois a transferência não pode ser formada. PSIQUE: originalmente, a alma; psicologicamente, a mente, aparelho mental. Em geral, em contraposição à soma, isto é, o corpo ou fatos físicos gerais. PSIQUIATRIA: ramo da medicina que trata das doenças mentais. À diferença da psicanálise (a teoria e o tratamento terapêutico das neuroses), a psiquiatria (a) trata de doenças de origem física conhecida; por exemplo, senilidade, deficiência mental etc.; (b) emprega técnicas diferentes, como eletrochoque, terapia e remédios; e (c) tende a considerar a doença mental como resultante de fatores físicos, conhecidos ou desconhecidos. A psicologia é definida como a ciência da mente ou, atualmente, a ciência do comportamento, e possui diversos ramos de especialização: experimental, social, animal, industrial, etc. A psicanálise pode ser considerada como um ramo da psicologia. REGRESSÃO: como resultado da fixação, a reversão a canais expressivos de desenvolvimento libidinal e de ego pertencentes aos estágios infantis. Também um processo defensivo que procura evitar a ansiedade mediante um retorno a padrões anteriores de comportamento: não é uma defesa viável, já que a regressão força o indivíduo a vivenciar novamente a ansiedade apropriada ao estágio regredido. A associação livre pode ser considerada uma forma terapêutica controlada de regressão, útil na solução da neurose. REPRESSÃO: mecanismo de defesa pelo qual o impulso ou ideia inaceitável é tornado inconsciente. O processo mental resultante dos conflitos entre os Princípios do Prazer e da Realidade. Impulsos, memórias e emoções dolorosas originários desses conflitos, e a impulsão para o inconsciente ainda permanece ativa, influenciando indiretamente a experiência e o comportamento, e produzindo sintomas neuróticos e também determinando sonhos (normais). O desenvolvimento do ego depende da repressão. RESISTÊNCIA: oposição à interpretação analítica durante o processo psicanalítico de trazer à consciência os padrões inconscientes.

SEXUALIDADE: Freud subverteu as ideias tradicionais a respeito do sexo afirmando que (a) o comportamento sexual adulto possui origens infantis (oral, erotismo anal e instintos componentes), que contribuem para o desenvolvimento do instinto sexual adulto e da personalidade como um todo; que (b) os impulsos sexuais infantil e adulto influenciam o comportamento não sexual enquanto filtrados através da simbolização e sublimação. SIMBOLIZAÇÃO: “somente o que é reprimido é simbolizado; somente o que é reprimido precisa ser simbolizado”, Ernest Jones (1916); e o desenvolvimento do ego depende da sublimação. SINTOMA: efeito de um compromisso entre o desejo reprimido e a entidade repressora (ego, superego). Na neurose, a formação do sintoma compartilha as características do trabalho onírico normal. SUBLIMAÇÃO: o desenvolvimento psíquico pelo qual as energias pulsionais são descarregadas em formas não pulsionais de comportamento. Deslocamento dessa energia para aquelas de menor interesse pulsional; emoção sem sexualização ou sem agressificação; liberação da atividade a partir de demandas de tensão pulsional. Pode talvez ser entendida negativamente; por exemplo, um paciente, que antes do seu colapso neurótico, possuía uma mente curiosa (ávida) e que se voltou à comilança (regressão oral); ou um paciente que tinha curiosidade intelectual e que se voltou ao voyeurismo. Esses exemplos sugerem que os instintos disponíveis para a sublimação sejam os instintos componentes pré-genitais. A sublimação depende do inconsciente. TRABALHO ONÍRICO: (a) a função dos sonhos é preservar o sono representando os desejos como satisfeitos; caso contrário, o sonhador acordaria. (b) O conteúdo manifesto dos sonhos começa de diversas experiências sensoriais recebidas durante o sono, mais as preocupações do dia anterior e a vida passada recente. (c) Os desejos latentes reprimidos do inconsciente se ligam a esse conteúdo. Para se esquivar da censura e impedir o adormecido de acordar, esses desejos latentes modificam ou disfarçam seu conteúdo. Essa modificação acontecendo no inconsciente é o trabalho onírico.

TRANSFERÊNCIA: deslocamento para o analista dos sentimentos e das ideias que resultam das figuras ou dos objetos introjetados na vida passada do paciente. O distanciamento do analista (recusa de fingir que concorda ou corresponder às expectativas do paciente) cria uma neurose nova ou segunda neurose, que é possível interpretar como o comportamento do paciente como se o analista fosse o pai, a mãe, o irmão, etc. Essa é a neurose de transferência fundamental, em que o conflito é superado e os padrões inconscientes tornam-se conscientes para o paciente.

OUTRAS LEITURAS LIVROS DE FREUD A melhor introdução a Freud é o próprio Freud. Mas duas advertências: não comece com Esboço de psicanálise: não é uma obra elementar como sugere o título. Segundo, os textos de Freud são resumos do seu trabalho como se encontravam até a data da publicação. Ele continuou revisando sua obra e nunca realmente apresentou um sistema completo, final. Aqui estão alguns livros básicos, que podem ajudar os iniciantes a começar a leitura de Freud por si mesmos. Os estudos de caso de Freud a respeito de Dora, do pequeno Hans, da histeria, etc. são recomendados porque combinam boa narrativa com técnica analítica. Essas obras estão disponíveis em séries baratas da Freud Pelican Library e da Penguin Books, ou o leitor pode consultar a coleção em 24 volumes da coleção Obras completas (Companhia das Letras). A compreensão dos estudos de caso deve preparar o leitor para tentar A interpretação dos sonhos e A psicopatologia da vida cotidiana (edição portuguesa). Ou, o leitor pode preferir A General Introduction to Psychoanalysis (Novas conferências introdutórias à psicanálise) (28 conferências para leigos, 1915-1917) e New Introductory Lectures on Psychoanalysis (1932-36) (Novas lições introdutórias à psicanálise), ambas da Penguin Books. LIVROS SOBRE FREUD A biografia de Ernest Jones, A vida e a obra de Sigmund Freud, ainda é a obra clássica. Possui suas tendenciosidades, mas tem a vantagem de ser escrita por um autor que conheceu Freud e esteve pessoalmente envolvido na criação da psicanálise. É uma leitura emocionante e apresenta todos os principais fundadores da psicanálise. As ideias de Freud, de Richard Wollheim, é uma introdução clássica, que enfatiza a importância da teoria freudiana da mente, mas talvez seja um

pouco difícil para o iniciante. Psicologia e teoria Freudiana, de Paul Kline, invalida a pretensão de Freud da psicanálise como ciência de um ponto de vista experimental. LEITURAS ADICIONAIS Outro clássico da década de 1960, Eros e Civilização, da editora LTC, de Herbert Marcuse, combina marxismo liberal e teoria freudiana, investigando a política, a sociedade e a cultura. As críticas feministas a Freud foram muitas vezes hostis, em particular nos Estados Unidos. A obra Psicanálise da sexualidade feminina, editora Campus, de Juliet Mitchell, deve ser consultada para uma avaliação das leituras feministas incorretas de Freud pelas ex-gurus da política sexual, como Friedan, Millett e outras. A interpretação de Mitchell é equilibrada, positiva e radicalmente feminista. Um livro importante, mas de leitura difícil.

OS AUTORES RICHARD APPIGNANESI nasceu em Montreal, no Canadá, em 1940, e chegou ao Reino Unido em 1967, para concluir seu doutorado em História da Arte, na Universidade de Sussex. Ele foi membro fundador da Writers & Readers Publishing Cooperative e é o primeiro editor da série Introducing, para a qual também escreveu os guias Post-modernism (1995) e Lenin (1994). Appignanesi é autor da trilogia de ficção, Italia Perversa: Stalin’s Orphans, The Mosque e Destroying America. Atualmente, é pesquisador assistente no King’s College, em Londres. OSCAR ZARATE nasceu em Buenos Aires, em 1942, e foi diretor de arte de diversas agências de publicidade argentinas até 1970. Ele se fixou em Londres, em 1971, tornando-se ilustrador freelance. Ele ilustrou os guias introdutórios Mind & Brain (1998), Melanie Klein (1997), Quantum Theory (1996), Stephen Hawking (1995), Machiavelli (1995), Mafia (1994) e Lenin (1994), desta série. Ele também criou muitos romances em quadrinhos aclamados, incluindo A Small Killing, que recebeu o prêmio Will Eisner de melhor romance em quadrinhos de 1994.

ÍNDICE REMISSIVO Ab-reação, 34 A interpretação dos sonhos, 47, 60 A psicopatologia da vida cotidiana, 70 Abuso infantil ver teoria da sedução Afasias, 23 Agressão, 151, 160 Além do princípio do prazer, 149 Alucinações, 27-8 Angústia de castração, 86 Associação livre, 41 Áustria, problemas econômicos, 8 Autodestrutividade, 151 Bebês e sexualidade, 75-7 Bernays, Martha, 13 Bissexualidade, 89 Breuer, Josef, 25-36, 44 Brücke, Ernst, 11-12 Charcot, Jean Martin, 17, 33 Civilização possibilita, 162 Civilização possível, 161 Cocaína, efeitos da, 15-16 Compulsão à repetição, 149-50 Conflito pulsional, 134, 144

Conteúdo latente dos sonhos, 61, 63-5 Conteúdo manifesto dos sonhos, 61, 64 Crianças ver bebês e sexualidade Dependência, cocaína, 16 Depressão ver melancolia Doença mental, 133 Doença ver doença mental Édipo, 56-8 Complexo, 59, 81-8, 92, 157, 158-9 Ego, 131, 157 Eletroterapia, 22 Estudos médicos (Freud), 11-22 Exogamia, 120 Fase anal, sexualidade, 79 Fase fálica, sexualidade, 81-6 Fase oral, sexualidade, 77-8 Feminilidade, 91 Fetichismo, 97 Fliess, Wilhelm, 42-4 Freud Casamento, 13 Doença, 152-3 Emigração, 167 Estudos de neuropatologia, 14 Infância, 4-7 Morte, 168 Morte do pai, 47 Neurose, 46

Rompimento com os seguidores, 113 Freudiano Ato falho, 70 Símbolos, 65 Guerra ver Primeira Guerra Mundial Hidrofobia, 229 Hipnotismo, 20, 24, 30-3 Freud abandona, 37 Histeria, 17-23 Termos, 34 Hitler, Adolf, 9 Homem dos Ratos, 102-10, 128-9 Homossexualidade, 98, 119 Id, 156 Ideal do ego, 132 Identidade de grupo, 163 Incesto, 119-22 Inibição, 95 Instinto de vida, 151-2 Instintos não sexuais, 124, 134, 154 Introjeção, 142 Inveja do pênis, 87 Jung, Carl, 114 Critica Freud, 115-16, 119 Livros destruídos, 165

Mãe, 5, 140-3 Marx, Karl, 10, 162 Masoquismo, 145 Mecanicismo, 11 Melancolia, 137-8 Exemplo, 139-43 Mente inconsciente, 67-8, 101 Tornando-se consciente, 125-6 Mente pré-consciente, 68 Mente ver mente inconsciente Método catártico, 32, 33, 35 Mito primal, 122 Morte Angústia mórbida, 44 Instinto de, 144 Movimento psicanalítico, 111 Narcisismo, 130-4 Nariz, teoria de Fliess, 43 Nazistas, 165-6 Neuropatologia, especialização de Freud em, 14 Neurose de guerra, 145-6 Neurose de transferência, 127-9, 130, 133 Neurose ver neurose de transferência; ver também em Freud Neuróticos, 75, 95-7 O futuro de uma ilusão, 160 Obsessão, 53-5, 96 Exemplo, 102-10, 128-9 Pai, 4

Obsessão, 105-10 Pappenheim, Bertha, 33 Paralisia cerebral infantil, 23 Parapraxia ver ato falho freudiano Perversão ver em sexual Primeira Guerra Mundial, 135-6 Princípio da realidade, 68, 144 Princípio do prazer, 68-9, 144 Psicanálise, 40 Exemplo ver melancolia; Homem dos Ratos Racismo, 9 Regressão, 96 Narcisismo, 133 Religião, 160 Repressão, 124-5, 154 Das memórias, 34-5, 38-9, 41 Da sexualidade, 92, 134 Resistência na terapia, 127 Satisfação do desejo, 69 Sexual Base da doença, 36 Desejos e sonhos, 60, 65-6 Perversão, 73-5 Sensações, transferência, 127 Sexualidade Conflitos neuróticos, 123 Fase anal, 79 Fase fálica, 81-6

Fase oral, 77-8 Feminina, 90-1 Infância, 75-7 Instintos não sexuais, 124 O que é normal?, 72-3 Período de latência, 92 Ver também bissexualidade Sexualidade feminina, 90-1 Sexualidade infantil, 75, 77 Símbolos ver Símbolos freudianos Sistema nervoso, 12 Social-democracia, 10 Sociedade Psicanalítica de Viena, 111 Sonhos Análise, 60-6 Freud, 48-51 Sublimação, 144 Superego, 158-9 Tânatos ver instinto de morte Técnica da pressão, 37 Teoria da sedução, 39 Terapia Problemas da, 125-6 Ver também psicanálise Totem e tabu, 119 Totemismo, 120-2 Transferência hostil, 127-9 Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, 71

Urinar involuntariamente, 49

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