Elementos de retórica literária [2 ed.]

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Heinrich Lausberg

I J.-------i

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1

1

ELEMENTOS DE RETÓRICA LITERÁRIA

[ 1

I.• Btlifllo.

FUNDAÇÃO C!ALOUSTE GULBENKIAN

!

BLBMENTOS

DB

RETÓRICA LITBRÃRIA

�oqas311

Lausberg. Hainrich

lib 82.08 LAU

Estudou nu Univer­

Nasceu em 1912.

aidada de Bonn e Tübisen, tendo feito,

nesta

1937,

última, o aeu com uma tese

doutoramento, em 01

dialectol

FratU6silCMs

Etymo/o­

sobre

da Lucania do Sul. DO

1937 e 1939,

�sdus

Colaborou, entre

W6rurbudi e de 1939

a

1942 no

Tltuallrw Li'lf6'UIU Latituu. Entre 1946 e

1949, ensinou como profcuor enraordi­ n.irio de Filoloai• Romlnica, na Univer­

aidade de

Bonn. a

profcuor catedritico

da mesma disciplina em Münstcr, desde

1949. Obra mala

lmportua.1

Sadluuminu, 1939. Spradia!isunsc/uVt

Di4 MtmdarUN

Rl1lrtarrisdu

(4 vola.), 1956-1963.

HatldllwJi tkr Liurarisdint

�1960. � tkr Litnarisdint RMtonA, 1963.

º"' l(yrrrnus ÚUJA dldeis --na.,

1966 .

R. M. Rosado Fernandes Nuceu em 1934.

Licenciou-se em Filo­

losia Cúaica, em 1956, na Faculdade de A1 desempenhou

Letru de LisboL

fUDÇ6ea

u

de uaistcnte e ae doutorou em

1962. cootinuando nu auu funQÕel docen­

ca m ser nomado

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ac:malmentc a outrU actividadea. Alán

de

ririol

aniaoe em

pMiu, publicou: o r- das Graços

reviatu

na

e enciclo­

Poui4 Clásma

(Tae de Doutoramento), 1962.

Art• Poúüa, de Horicio

(imroduçlo, traduçlo e comend.rio), 1965.

El f (Pl ELEHEHTOS OE RETORICA LITERARIA

1967 2 Ed.

ELEMENTOS DE RETÓRICA LITERÁRIA

HEINRICH LAUSBERG

ELEMENTOS ,

DE RETORJCA '

LITERARIA

Tr:aduç2o, prcf:ício R.

e

M. ROSADO

2.•

adicamcntos de FERNANDES

tdiçiio

ic::.11.:::- ••,.... .. ... -..:::li

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN 1 LISBOA

Tradução do original 2lcnüo intitul2do:

ELEMENTE DER LITERARISCHEN RHETORIK HEJNRICH LAUSBERG MAX HUJIBER VERLAG MUnchcn 3., dutchgcschcnc Aufbgc, 1967

A 111e11 Mestre e Amigo Prof Fra11cisco Rebelo Gonçalves, recordando o 11111ito q11e apre11di 11a s11a cor111i11ê11cin, dedico n parte port11g11esa deste livro.

R. M. ROSADO FERNANDES

Rcsavados todos os direitos

de

harmooa i

com a

E os Duo libri de Recorjca scilicet Tulij 3, me11cio11ados 11u111 inventário de Santa Cruz de Coimbra. De11e111 estes correspo11der, seg1mdo nos parece, aos dois livros que co11stit11em o tratado ciceronia110 do De inventione, e datam, conforme A11tó11io Cruz p;es11me, dos princfpios do século XIII, fins do século XII. Por se11 lado, encontra-se, entre os ma1111scritos alcobace11ses, um códice do século XV, copiado em gótico, da Rhetorica ad Herennium 4, falsamente atribuída a Cícero e posterior­ mente considerada como obra de Comifício 5• Este texto, bem co11hecido 11a Idade-Média, constituía o que se chamava a Retórica Nova e contrapunha-se ao De invcntione, 011 Retórica Velha 6• Ambos os textos era111 frequentemente utilizados durante a época medieval e foram mes1110 traduzidos por eruditos italianos e fra11ceses 7. O te.Yto da Retórica a Herénio apresenta-se, no códice alcobacense, profi1sa111e11te co111entado em lati111. ]ulgamns que o estudo das �losas deste códice poderia ser de extrema utilidade para a a11aliaçãc1 do 1rível escolar alcobacense e para o conhecimento da sua proveniência. Nas livrarias de a111bos os mosteiros, encontramos além destas obras, os escritos de S. Isidoro 8, wja Retórica, era certame11te bem conhecida dos 1 Vid. A. Moreira de S:i, O Illfa11U D. Ht11riq11t e a U11ivmidadt, Lisboa, 1960, p. 13 e scgs.; id., ed. de D. Pedro de Meneses, Orarão Proftrida 110 Estudo Gtral dt Ll.sboa (md. de M. Pinto de Meneses), Lisboa, 1964, p. 47 e panim. 2 E. R. Curriw, ob. cit., pp. 47 e segs .. 52, 55, etc.; Sandys, ob. tit .. I, pp. 471-479. 3 A. Cru:r., ob. cit., pp. 193, 205. •

C&d. Altob.

CCCLXXX l l l ,

285

começa no fi. 298.

um cb 2.•

metade do séc.. xv.

5 Vid. Oxford Classical Dictio11 ary, 1950, s. v. Rhetorita ad Htrt1111i11m. 6

Vid. Joseph Piei, Li�ro

tfo.1 O.freios de Marco Tullio

Ciceram,

o qual tomou tm li11guagem o

Ifa11/t D. Pttfro, Coimbra, 1948, p. X, n. 3; Mcncndcz Pcbyo, Hí.stóri.i dt las ldtas Esrlcti as m E.rpaiia, 1, p. 469, n. 2.

7 No séc. xm Fr. Guidotto da Bologm traduziu a RLtórica a Htr�11io. Por sua vez, cerca de 1265, Druncrto Lacini traduziu o livro 1 do De i1111e11tio11e e cm 1282, Jun de Harenc, cm Acre, trashdou p2r.1 francês. as duas retóricas; cf., Piei, ob. tit., ibid. 8 A retóricn csú compreendida no livro 1, 1-21. Quanto 20 códice de Santa Cru:r. de Coimbra, vid. A. Cruz, ob. cit., 1, pp. 183-184; tma--sc do códice 17 d� Santa Cruz.-Dibl. Públ. Mun. do Porto 21. Quanto a Alcobaça, tr.lt:i-se do códice, cm letra fr.mcesa do século xm, cód. alcob. CC!){ 446

(cf. f1111t11tário, 16).

17

16

clérigos que ali aprendimn. Ao lado destes códices, aparece111, be111 entendido, outros em que se reproduzem obras pura111ente gramaticais, mas que servia111, de certo modo, de iniciação nos que se dedicavam à aprendizage111 dos princfpios retóricos. Nos doí( 111osteiros lia-se Prisciano 1, wjos trabalhos gra111aticais, lançavam, não raro, algu11111 luz sobre os problemas das figuras e dos trapos na composição latina. Também é de incl111r entre estas obras, que serviam comCl que à propedêutica da retórica, o Grecismus de Eberhard de Bét/11111e (t 1212) 2• Parece, à primeira vista, que este tratado gramatical, ciljo nome provém do facto de ter 11m capítulo dedicado às palavras latinas de origem grega, não tem qualquer ligação com a retórica. Muito embora seja 11111 repositório gramatical, nele podemos encontrar certa matéria retórica, tal como a teoria dos tropos e figurns, que ajudava os estudantes a for111are111 o seu estilo, unindo a correcção gramatical com a beleza estilística. A popularidade deste autor era tão grande, que, entre os códices alcobacenses, se encontram três exemplares, bastante 111a1111seados, da sua obra. Acresce a frio o fado de existir ig11a/111e11te a seu lado 11m comentário m1óni1110 e muito pormeuorizado, ciljo estudo poderia abrir certos horizo11tes q11anto ao ensino alcobaceuse, en1 especial, e medievo, em geral, além de que traria importante contributo para o conhecimento do próprio

Grecismus 3• Ainda podemos considerar como elemento sewndário para a aprendizagem da retórica, mas mesmo assim importante, o próprio dicionário de Pápias 4,

que figura tanto na biblioteca de Santa Cruz, como na de Alcobaça, e era funda­ mental para o( estudantes de lati11idade. Neste léxico depara-se-nos, efecti11ame11te, a explicação de alg11111as .figuras de retórica (vid. p. ex., s. v. anti­

phrasis).

Parece, por consequência, que o livro de Cícero do mosteiro de Santa Cruz, e mesmo o códice tardio da Retórica a Hcrénio do 111osteiro de Alco­ baça, assim como a existência, e111 ambos os mosteiros, das Etymologiae de S. Isidoro, para não falar já nos outros ma1111ais citados, deve111 levar-nos a

c11carar, co111 certa precaução, a hipótese emitida por António José Saraiva 1, de q11e a data tardia do códice alcobace11se e o silêncio feito pelo cronista do mosteiro a respeito de obras de retórica, seriam provas para a ausência de estudos retóricos 11a preparação pré-universitária. Haveria, portanto, estudos grama­ ticais e dialécticos, 111as não retóricos. Julgamos ser esta qfirmação demasiado arriscada. Só a existê11cia da obra de S. Isidoro, ciljo capítulo de retórica é muito completo, podia permitir o e11si110 desta discipli11a. Nele estavam i11cluídos exemplos breves mas fi111da111entais para a compree11siio dos ornatos de estilo, e, nas suas linhas básicas, estava delineada a teoria da eloquência. Deste modo, o e11sino da retórica, ainda que rudimentar, podia ser levado a cabo, mesmo q11e 11ão existissem, como de facto 11iio existem, os textos clássicos de Virgílio, Cícero, etc. Estes eram substi­ tuídos pelos exemplos espalhados pela obra de S. Isidoro, o que 11ão 11os deve admirar, pois sabemos que o conhecimento dos textos antigos 11a Idade-Média só rara111ente era feito e111 primeira mão. Consolida ainda esta nossa hipótese o fado de ter existido em Sa11ta Cruz u111 códice do século XIII do De inven­ tionc ciceroniano. Não ficam, entretanto, por aqui os argu111entos que militam em favor do que assevera111os. Não pode111os esquecer as artes pracdicandi e os sem1011ários que do Port11gnl medievo até nós cliegaram 2. Os clérigos-estudantes dos mosteiros e11contravnm 11esses elementos bibliogrtflicos ampla 111atéria para formularem os seus ser111ões, tal como 11os mostra Joaquim de Carrlflll10: cO sermão medieval foi uma co111posição que obedeceu a regras e preceitos, dista11te da prédica simples das primeiras gerações cristãs e das rajadas eloquentes do século XVII e dos que se llie seg11ira111» 3• Na verdade, existem 11as /Íll rarias eclesiásticas da Idade-Média as mais célebres Artes pracdicandi: a de Alão de Li/a 4,

1

A. J. S:1raiva,

pré-univcnitírio cm 1

/u obras de Prisciaoo, copiadas no século XV, encontram� nos

Quanto ao mosteiro de Saot2 Cruz, vid. A. Cntz., 2

3

Cód. alcob.

C6d. alcob.

CCCXCVI

COI

c6d. alcob. 51 e 78""

{s:lo três exempbro)

48/49/50 CCCXCIX

204

ob. til., p. 206.

CD

.

Quanto à importância e signifiado de Ebcrhard de lJ.lthuoc,

basta transcrever as palavras de M . Manitius, Gcsd1.

dtr lal. Lil. du Milltlalltrs, Munique, 1931, UJ,

pp. 748-751: •Er bcginat mir dm Figurcn, Schcmata und Tropco, Barb3rismus und Soloccismus une! gcht zu dca rhctorischcn �

a.

Schmuckformca

Ubcro.

C6d. 8 de Sant:i Cruz - Dibl. Públ. Mun. do Porto, 30, vid. A. Cruz., ob. til., p. 183,

56. Cód. alcob.

CCCXCll-CCCXCIV

-------

424-426.

Hi1tória da Cultura tm Portugal, 1, pp. 90-91: cNio hi indicio de cm Portugal

se ter csrudado o coajuoto das sete ancs liberais. Nos raros textos que aos fic:iram 2cerc:i do ensino

Portugal s6

encontramos refcrênáas 2 duas disciplinas do tdvio ... : a gr.amá­

tic:i e a lógica ou dialfrtio. Sio =as disciplinas mencionadas por Fr. M4auel da Espcnnç:i como

constituindo o curso fundado em Alcobaça cm 1269. O cruiao da colcgiada de Guinur.lcs apcn.u

iodub a gram4úca•. A gramática era uaivcnalmcatc cnsiruda. A este úcto contrapõe A. J. Saraiva a p. 92 •o momo não se pode dizer a respeito da retórica, que não é mencionada pelo já ciiado

cronisu da ordem (de Alcobaça), da qwl ru bibliotca não enconrramos veságios anteriormente

ao século xv. Desta época é a conhecida Rlldorica ad Hcrt1111i11m

•••

mas

a data tardi2 do códice inuti­

liza-o como docum ento do rosino pré-uniiversit:írio na abadia de Alcobaça. Devemos conjugar

esta completa ausência de tr.ltados de retórica com a

falta

qu:tSC total dos clássicos latices que ser­

viam de moddo aos estudantes medievais de rct6ricat.

2

Vid. Joaquim de Carvalho, •Gil Vicente e a Arte de Prcgaro, extr. dos a.°' 124 e 127 do

Ocidmtr (Agosto e Novembro de 19-18), Li1boa. Interessam sobrcrudo as pp. 15-16. 3 Ibidem, p. 15. • Summa de arte p1acdicatoria (séc. xn) é o titulo da obra, que é mencionado, conforme diz Joaquim de Carvalho,

art. ât., p. 15, n. 11, ao invcndrio de S. Clemente feito por S. João da Póvoa ob. cit., p. 125 e segs.

cm 1474. Vid. Curtius,

2

'

18

19

a de João de Gales 1 , a de João de la Rochelle 2 e assi111 também alguns sermo­ nários, repertórios de textos, colectâneas de exemplos 3 • Todos estes eleme11tos servia111 para afinar a técnica oratória dos pregadores e 11ão era111 111ais que o veículo que levava da apre11dizage111 teórica dos preceitos para a sua aplicação prática, co111 o fi111 de co11ve11cer e se possível converter os ouvintes às verdades etemas do cristia11ismo. Vemos agora que as escolas 111011ásticas disp1111ha111 de 111eios suficie11tes para e11sinar u111a das disciplinas mais importantes do triviwn, a qual, �10 e11ta11to, 11iio é me11cio11ada pelo cronista de Alcobaça, tal como 11ota, e 111111to bem, At1tó11io José Saraiva. Esta 0111issiio pode explicar-se talvez, pelo facto de 11iio figurar a retórica, co1110 discipli11a à parte, 111as tão-só como complemento importante do e11Sino da gramática. Veremos q11e 11a U11iversidad� medieval _ e q11e, o mestre de retórica ta111bé111 ammula as funções de mestre de gra111at1ca além disso, a retórica 11iio é citada, em determinada época, como disdplina com existéticia independente. Ejectivame11te, 110 século XV, e co111 maior precisão, em 1432, enco11tra-se a retórica i11cluída 11os programas de estudos da U11iversidade de Lsi boa. Assim també111 a encontramos em 1504, para desaparecer, conforme vemos pelos Estatutos Manuelinos, em 1508 4• De qualquer modo, tão grande era a sua i111portâ11cia 11aformação dos espíritos letrados da época, que o Infante D. Henrique instituiu, por testamento, uma verba para ma11ter 11a U11iversidade de Lisboa {1431) uma cadeira de Retórica s, e D. Pedro de Meneses, t111111a oração profe­ rida "º Estudo Geral de Lisboa, chama à Retórica - e isto no dealbar do século XVI -, «virgem formosíssima, dig11íssi111a e elegantíssi11w, que ifaz imortais os home11s dig11os de imortalidade» 6• 1 Dr artt pratdicandi, nu. da Aadcmia das Ciências de Lisboa, 5,22-3. Vid. Joaquim de Cuvalho, art. ór., p. 15, o. 12. 2 Cf. Th.-M. Clurbnd, Artts Pratdco11 i di. Coutrib11tion à l'/1istoirt de lo Rl1ltorq11t i ou Moym Age, Paris-Otuwa, 1936, pp. 62-64. Dt artt pratdicot1 dl, Biblioteca Nacional de Lisboa, c6d. 130, fu. 180-185 ;

cxx

talvl'z seja também de atribuir ao mesmo autor o ccld. olcob. - (dos fim do séc. xm), 5

cm que hi um Proctsms atribuldo a João de Rupclla, que Joaquim de Carvalho identifia, com cenas reservas, com a Fom10 pratdico11 di ou Ars conficitndi smnonts do mesmo autor (art. cit., P· 15, n. 13). l Vid. Joaquim de Carvalho, ort. cit., pp. 15-16, o. 14-20. C( a Bibliografia, PP· 33-35. 4 Cf. A. Moreira de Sá, na introdução a O. Pedro de Meneses, OrOfão Pro/trida 110 Estudo Geral dt Lisboa, Lisboa, 1964, p. 47. s A. Moreira de Sá, O Infolllt D. Ht11riq11t t a U11iversidodt, Lisboa, 1960, p. 64 e scgs (cm 1400 e 1418 não figura a rct6rica entre as wscipUnas ensinadas, p. 66); A.]. Saraiva, ob. cit., p. 405; Marccllo Cal'taoo, Uf6ts dt Hist6rio do Dirrito Port11g11b, Coimbra, 1962, PP· 141 e scgs 6 A. Morcin de Sá, ob. cit., na o. 4 , pp. 46 e 97: •Quarum prima se mihi oCfc:rt ilia vc:luti formosissima, deccotissinu, clcgaotissima qwcdam uirgo, qwc rhctorica cst. ... Hacc noo solum homioes immortalitatc: dignos immortales facit, scd illorum sivc io rcbus bcllicis gesta sive in republica oprimas actioncs co pacto mcmoriac tradit, ut nulla unqwm actas sit ges tarum rcrum memoriam dl'lcrura, quanquam ultra bcncdiCl'ndi pcritiam, singulares circa bcncvivendi modum pracccptioncs in ca non dcsint>. .

.

Este interesse pela retórica já se fizera sentir algu11s decénios antes das palavras de D. Pedro de Meneses. De fac/o, t1os fins da Idade-Média inte­ ressaram-se os letrados pelo texto de Cfcero, promove11do algumas traduções. É assim que surge, por exemplo, a tradução do De Officiis, feita pelo Infa11te D. Pedro 1, e foi igua/111et1te por it1iciativa da Jamflia real, devido especialmeute a D. Duarte, que o Bispo de Burgos, D. Af onso de Cartageua, traduziu para castelhano a obra cicero11iat1a do De invenrione, cujo prólogo, escrito pelo tradutor, é documeuto fimdameutal para o co11hecimet1to das ideias literárias daquele e assim també111 para a coucepçiio da retórica como meio de criação literária 2• D. D11arte mostra, por s11a vez, co11hecer a Poética de Aristóteles 3 , e Vasco Fema11des de L11ce11a 4 refere-se 1111111 discurso, chamado da Obediência, ao Tratado do Orador, pois cita, uas cortes de Évora de 1481, a Retórica de Cícero. O mesmo Iufante D. Pedro, trad11tor do De Officüs, cita, por seu lado, o Liber Declamationwn de Sé11eca-o-Retor 5• Tudo si to uos indica a i11.ft11ê11cia i11directa da retórica na me11talidade medieval, fac/o que se e11co11tra repetidas vezes nos contextos aparentemente 111ais alheios a tal discipli11a. É este o caso que se observa 110 Boosco Ddey­ toso 6, obra do século XV, em q11e vemos aparecer como perso11agens a D. Cfcero e a D. Q11i11tiliano. Vem a propósito relatar 11111 caso parecido, que se 11os depara "ª Poética q11e precede o Cancioneiro da Biblioteca Nacional; colectâ11ea feita 110 séc11lo XVI, mas sobre um origi11al do século XIV1• Diz o se11 autor, ao deji11ir o gé11ero poético das ca11tigas de escámio: cCa11tigas d'escameo son aq11elas que os trobadoresfazem q11ere11do dizer mal d'alg11em eu elas; e dizeu-lho por palavras cubertas, q11e hajat1 dous e11te11dimentos pera lhe lo 11011 e11te11derem ligeirame11te; e estas palavras chamam os clerigos «eq11i vocatio»». Este termo está 11Jtidat11ente ligado à retórica, 011de se est11da1"'m os verba aequivoca, que, 11este co11texto, ser­ vem à dissimulatio retórica, 11a medida em que encobrem a ironia propositada ª· 1 Vid. p. 15, n. 6. 2 Vid. Picl, Livro dos Officios, pp. Xll-XIII; M. Mco.éndcz Pdayo, ob. cir., 1, pp. 469,

n. 2, 489-494 (onde se publica o pr6logo). Esu obra cocontra-5e m:musaita no Escuri3J. Cf. igualmcmc

A. Cruz 3

ob. cit., 1, p. 205. Vid. Corrêa de Oliveira e Saa\•l'dra Mach:ido,

Tt.\1os Mtditt•ois Port11g11rses,

Coimbra,

1964,

p. 691. •

ld., ibid. A. d:1 Cosu Pimpl!o, Hist. do Llr. Mtditvol, Coimbra, 1947, 1, p. 423. 6 Cf. Mirio M.1rtins, Estudos dt Littrat11ro Mtdirval, Dnga, 1956, p. 135 e possim. 7 Vid. A. J. Saraiva & Óscar lopcs, HiJt. do Lit. Port., Porto, 4.• cd., s. d., p. 42; Catido11tiro da Biblioteca 1111tygo Colotci-Br1111cutti, edição de Elz:i P 3xcco Machado e J� Pedro Machado, Lisboa, s. d. O pas.so que transcrevemos vem 3 pp. 15-16 (vol. l). Mais ainda e na mesma Po/Jico, encon­ tramos referência ao cocofdon (vol. I, 29), que também é termo rct6rico, correspondente aos vitia do estilo, devido 30 dcsagndávd efeito fonético (coc6Joto). 8 Vid. § 428 dos Elt111e11tos dt Rd6rico Lit"ário, de H. L:iusbcrg. Sobre a.s influências da retórica sobre as Polticas mcwevais, vid. E. Faral, Lts Arts Poltiq11ts d11 XJI• tt d11 Xlll• siMt, Paris,' 1924, sobretudo, pp. 48-103. 5

21

20

Cremos ser a época medieval basta11te rica e111 sugestões respeita11tes aos estudos retóricos, mas só 11111 estudo mais pormworizado 11os poderia assegurar q11a11to a esta convicção. Estamos certos, 110 e11ta11to, de que o estudo ate11to dos 111a11uscritos medievais, que dizem respeito à gramática e à retórica, assim co1110 o estudo das respectivas glosas, traria, por certo, importante co11trib11to para o co11hecime11to do e11si110 medieval neste domínio significativo q11e é o do domínio da palavra com a finalidade da criação literária. Já 110 fi11alizar da Idade-Média (q11e em Portugal se arrasta um pouco mais do que 11os grandes centros da Europa) e sobre­ SÉCULO XVI tudo com o movimento renascentista, ·vai conhecer a retórica novo incre111ento. Nova força lhe é i11s11fiada pelo ensino dos h11ma11istas q11e, de agora em dia11te, se inspiram directa111e11te dos bo11s textos clássicos, quer de Ho111ero e De111Óste11es, quer de Virgílio e de Cícero. Orientam assim o seu estudo pelo contacto directo com a antiguidade e co111 os teorizadores greco­ -latitlos da retórica, tais con10 Arist6teles e Pse11do-Lo11gino ou Cícero e Sé11eca-o-Retor, para não falarmos de muitos outros retores gregos e romanos. Por 11m lado, os textos literários, resultado prático de um co11hecimento escolar tra11sfor111ado em arte por meio do talento i11dividual, per111itia111 aos liu111anistas for111are111 o estilo, mel/1orá-lo, poli-lo ; por outro, o co11heci111c11to dos retores a11tigos, facilitava111 u111a teorização mais oric11tada, porque mais próxima das fontes, o q11e é fàcilmente co111pree11sível, se nos dermos conta de q11e eram esses mesmos retores q11e tinha111 a11xiliado a eloquê11cia antiga a chegar às alturas a que efectiva111e11te chegou. Preleccio11a-se activa111e11te sobre retórica, 11esta época de novidade e de 111ovi111e11tos intelect11ais, e Portugal 11ão f11gi11 a esse processo. É a retórica e11Sinada, nas nossas escolas, por professores nacionais e estrangeiros, e ve111os 111es1110 que os 11ossos liu111anistas foram, como q11e em regime de interc�mbio verdadeiramente europeu, leccionar ta111bé111 nas pri11cipais 1111i versidades euro­ peias, desde a Espa11ha à Fla11dres, desde a Fra11ça à Itália, o que constituía o objecto dos seus estudos. Era este objecto, muitas vezes a própria retórica, ligada freque11temcnte ao e11sino ge11érico das H1111u111idades. Chegaram até 1wssos dias várias notícias e dowmentos do labor i11telectual e bibliográfico dos l111111a11istas portugueses sobre a matéria de que 11os ocupamos. Segtmdo a hipótese, a 11osso ver, ainda por comprovar, de Barbosa Machado 1 , teria Aires Barbosa 2 composto u111 111a1111al de retórica, que, ai11da 111a1111scrito, 1

Vid. Barbosa Machado, Bibliotua Lwita11a, 2.• cd., Lisboa, 1930-35, s. v. Ayres Barbosa: da qual faz menção cm hum epigrama escrito a Jorge de Miranda no fim da A11tl111oria

cRJ1etorira

foi. 34•. 2

Sobre Aires Barbosa, cf. a diss. de Walter de Sousa Medeiros, Aires Barbosa. Escorço Lisboa, 1953 (diss. dactil. da Faculdade de Lclras de Lisboa). Não se faz, nesta obr.i, qualquer refcrénàa à hipótese do humanista ter escrito uma Rl!l6rica; Francisco Ferrcir.i Neves, Vida e Testa111t11to do Hu111a11ista Airts Barbosa, Aveiro. 1948, sep. do vol. XJV do Arquivo do Distrito de Aveiro. biobibliográjico, srguido do ttxto e vasão da A11ti111oría,

se perdeu. Não julgamos, co11t11do, que o epigrama 1 citado pelo referido autor seja prova suficiente para tal asserção : Rlietoricae e11 ego wm scripsissem exordia ce11tu111 Nil dedit auctori ling11a diserta suo. O facto de ter escrito rhetoricae . . . cxordia ccntum não 11os leva a admitir que de 11111 ma1111al se tratasse. Podia bem ser que o poeta se referisse 1)nica111e11te a exercfcios retóricos com fins didácticos. Outros h11ma11istas, 110 e11ta11fo, ficaram 11a tradição como autores de retó­ ricas de certa 110111eada. É este o caso de Fernando Soares Homem 2 e de Fr. Diogo Estella, 11avarro de origem, mas nascido em Portugal 3, que nos deixaram retóricas eclesiásticas, tendo-se perdido, todavia, o 111a1111scrito da retórica elaborada pelo primeiro autor. Dados concretos também existem quanto à produção literária de 11111 dos mais notáveis h11111anistas port11g11eses, Aquiles Estaço 4, que nos deixou uma obra rica em emdição e especializada em co11hccime11tos poético­ -retóricos. Basta lembrarmos os se11s diversos comentários q11e muito o 11ota­ bilizaram. Ocupou-se da Poética de Aristóteles, do De oprimo g·enere oratorwn de Cfcero e muito especialmente da Arte Poética de Horácio, cujo commtário é de impressionante riq11eza, pois q11e o autor 11ão hesita em entrar nos mais diversos domfoios ligados ao culto das litterac humaniores, afiora11do com grande frequência os problemas de retórica, discplina, i que, 110 fim de contas, bem próximo se encontrava da poética, como técnica q11e era da palavra e da co11strução li11g11fstica do pe11sa111e11to. Ainda se ocupou, ig11al111ente, dos Topica e das Particiones oratoriae, do mesmo Cícero 5• Lugar de grm1de predomi11n11cia também oa1po11 o nosso h11111a11ista Tomé Correia, que, tal como Aquiles Estaço, e11si11011 sobreh1do 110 estrangeiro. Do seu labor científico, resf,1111 alg11mas obras de certa originalidade e i11dicadoras de grande profundidade de co11lieci111entos. Deixo11-nos, como trabalho principal 11m tratado sobre a eloquência, q11e publicou, q11a11do ensinava em Bolo11/ia, O epigrama é dedicado Ad Mira11da111 Gcorgi11111 e vem, efcctivamcnte, oo fol. 34 da (BNL, Rcs. 488 P.). 2 Vid. Barbosa Machado, Bibl. Lts., s. v.; António Salgado Júnior, no artigo �tóricas, do Diào11ário das Literaturas por!ug11esa, Galega e Brasileira, dir. por J. do Prado Coelho, Porto, s. d., p. 688. 3 Vid. Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v.; Fr. Manuel do Cenáculo, Mt1116rias Húr6ricas do Minütbio do Piílpito, Lisboa, 1776, l, p. 310; P. SagUez Azcona, Fray Diego dt Este/la, Modo de predicar y Mod11s condo11a11di, Est11dio doctrínal y ediào11 critica, 2 tomos, Madrid, 1951. • Vid. B:ubosa Machado, Bibl. Lm., s. v.; José Gomes Branco, U11 U111a11ista Portogbcsc i11 Italia - Aq11illl!S Estaço, cm Rclazio11i Storic/1e fra l,Italia e il Portoga/lo, Roma, 1940, pp. 135-148; cA propósito da Primeir.i Obr.i de Achilles Statius LusicanuS>, H111na11itas, li (1948-1949). pp. 81-92; •Os Discursos cm Latim do Humanista Aquiles Estaç, E11pl1Tosy11c, 1 (1957), pp. 3-23; A. Morcir.I de S:í, cM:inuscritos e obr.is impressas de Aquiles Estaço>, Arquivo de Bibliografia Port11g11esa. Ili, (1 957), pp. 167-178. 5 Vid. Bibliografia de Obras Ret6ricas, p. 36, s. v. Do mesmo assunto se ocupou Fr. André da Veiga, de quem fala com grande entusiasmo Fr. Manuel do Cerulculo. ob. dr., 11, pp. 44-45, 61. 1

Antimoria

23

22

e do mesmo modo chegaram até 11ós os seus estudos sobre poética, que muito interessam para o melhor conhecimento das teorias literárias da sua época 1 • Apesar da qualidade científica e literária destes autores, os ma1111ais e livros teóricos por eles publicados niio siio mais do que fases episódicas do estudo d,1 retórica feito por portugueses. Efectivameute, só depois de meados do século XVI, é que vem impor-se ao 11111ndo escolar de então a retórica de um jesuíta, o P. Cipriano Soares, espanhol de origem, 111o1s cuja vida decorreu 11a sua maior parte em Porlitgal. Tendo c11si11ado 110 colégio de S. Antão em Lisboa, e 11as u11iversidades de Coimbra e Évora 2, co11segui11 impor o seu trabalho a todo o e11Sit10 da época, tal como já conseguira o seu confrade P. Manuel Álvares, que publicou a mais célebre gramática do seu tempo, que conheceu i111'tmeras edições e foi levada para todo o 1111111do cristiio 011 por cristianizar, pelos professores da Companhia de Jesus. Assim também acon­ teceu, em 1110/des mais modestos, ao manual de retórica do P. Soares, que domi11ará todo o e11si110 da retórica em Portugal, praticamente até à reforma pombali11a, muito embor!' já a11tes desta se fizessem sentir outras i1ifl.11ê11cias, tal como mostrará Vemey 3. Do mesmo modo que as retóricas de autores portugueses foram impressas 110 estra11geiro, geralmente 11as cidades em que esses nossos professores e l111ma11istas c11si11avam, assim também acontecia com os l111111a11istas cstra11geiros que, porventura, interessavam, pelas suas obras, ao e11si110 das escolas portuguesas. Vemos que 110 século XVI foram i111pressas em Portugal as retóricas de Fr. Luís de Grrt11gal. In.ft11ê11cia decisiva também virá a ter, sobret11do nos autores do séwlo q11e se segue, a obra do conceptista Manuel Tesauro 1, tal como i11dica A. Salgado ]ií11ior. De resto, depara-se-11os 11a bibliografia da época o mesmo pa11orama de sempre: bibliografia escolar sobre retórica, e11tre a q11al podemos assi11alar m11itos 111a1111scritos prove11ie11tes de Lisboa, de Coi111bra e de É11ora 8, resultado das aulas q11e se mi11istrava111 11os respectivos colégios e 1111iversidades.

1619, 1630, 1670, etc. Utilizámos a cd.içio de 1723 (vid. Bibliografia, p. 39).

Cf. especialmente os diálogos UI, VUI, IX. A. Salgado júnior, art. cit., p. 688 : �Parece que a primciri obr.i cm que possamos di.slinguir alguma preocupação de levar um ou outro ponto da Rct6cic:i

1

2

Vid. pp.

19-21.

J

Vid. PP· 66-72. Vid. p. 68.

5

Art. cit., p. 688.



6

a uma aplicação fori do 5mbito escolar (sem que por s i so deixe de ter car:lcter did:lctico) teria sido

7

a Corte 11a Aldtiao.

s

Vid. p.

67.

Vid. Bibliografia, pp.

Vid. 11.

39 e 40.

5.

Vid. Bibliografia, pp. 37-40.

27

26 as possibilidades de co11lieci111e11to directo dos textos a11tigos, visto terem sido traduzidas nesta mesma época. A11tes, porém, de vermos realizado este 111ovÍ111ento de aproximação dos tratadistas a11tigos, s11rge 11m 111ovime11to q11e enco11frara o se1J germe 110 século a11terior, 11as obras dos a11tores conceptistas. De facto, e111 co11ti1111ação do impulso já i11iciado por Pomey, J11glaris e sobretudo Ma1111el Tesauro, i11iciaram-se, 11a Academia dos A11Ó11imos, c11rsos de caráder retórico, professados por Fra11cisco Leitão Ferreira e Lo11re11ço Botelho Soto-Maior 1• Esses cursos foram depois publicados e11tre 1 718 e 1 721 e co11stit11em u111 docu111e11to precioso para a atestação do movi111e11to conceptista 11a nossa formação literária. No e11t.111to, este wovi111e11to 11ão e11co11tro11 o eco q11e desejava ter e, por isso, vemos que, 11os meados do séc11lo, voltam a/g1111S autores a co11siderare111 como fimdame11tal o retomo aos textos clássicos, tal como acima já demos a e11te11der. Esta reacção tem o seu mais ilustre represe11ta11te em L11ís Arztónio Verney 2, q11e demonstra extraordinário bom-se11so ao ma11ter-se n11111a li11ha i11ter111édia, e111 que te11ta combinar a tradição clássica a11tig a de Cícero e Q11i11tiliano, com as teorias das modernas correntes retóricas frm1cesns, representadas neste caso pela obra célebre de Lm11y, cryos preceitos Vemey aceita e até copia 3• Podemos ver, 11ns notas bibliográficas que mais adiante aprese11taremos, a i11.fl11ê11cia de autores franceses e11tre nós, como atestam as trad11ções que deles se fizera111 4• Foi, 11a realidade, a publicação do Verdadeiro Método de Estudar, em 1 746 5, q11e veio trazer a orientação 111ais segura aos est11dos da retórica em Portugal e mesmo à s11a aplicação prática.. O seu autor, Oratoriano e, porta11to, com uma formação difere11te da dos Jes11ítas, faz uma crítica ao ensino co11temporâ11eo da retórica e ataca, sem piedade, a eloq11ê11cia, sobretudo sagrada, da sua época. Critica principalmente, e parece-nos com razão, o mau-gosto e a falta de propriedade (o decorum ou 7tpe7tov retóricos) dos seus co11te111porâneos. O seu juízo crítico a.flora todos os problemas atinentes à retórica 1

2

5

Vid. Bibliogr'!fia, pp. 43 e 3.

C( :i ed. citad:i na p. 54. Julgamos extremamente lúcido o jufao que Vemey aprcsent:i

sobre o que pensa da Retórica. Parec��nos que, 11111/atis 11111ta11âís, as suas paJavras ainda hoje poderiam

ser escritas

e seguidas ; vol. TI, pp . 62-64- •Já disse ao prindpio que, sendo a Rctóric:i arte de persuadir,

tinha lugar cm todo o discurso que

seja proferido

com este fim.

Do que se segue que a Rcrório

tem tanta extensão, quanta qualquer língua; o que muitos não entendem, ainda dos que lêcm as Retóricas.

Parece paradoxo a muitos destes enfarinhados nos estudos dizer-ie que numa carta,

que é cscrit.a com estilo simples, numa poesia, na lugar a Retório.

Históra i

e

num discurso f.imiliar, etc.,

deve t er

E s i to provém de entenderem que a Retórica consiste em figuras mui desusadas,

tropas mui estudados, etc., e assim parece-lhe que não se cas:i uma coisa com outr:i ... Não há

llngua neste mundo tão fecunda de palavras, que possa exprimir todas as ideias do entendimento ...

Daqui nasceu a necessidade de servir-se de algum modo de exprimir que, ainda que não diga tudo,

exàte diversas ideias no entendimento, e poupe o rrabalho de proferir muitas paJavraso. 3

Vid. as abundantes notas que A. SaJgado Júnior dcdio à influência de Lamy sobre Vcrney.



Vid. Bibliografia, pp. 41-55.

Vid. vol. TI, p. 62 e segs. Qu:into a Lamy, àt:unos a ed. na bibliografia, p. 50. s

ao estilo, e11tra11do 11a diswssão de aspectos 11111ito i11ti111a111e11te ligados a téwica da palavra e da pers11asão: por 11m lado, owpa-se dos trapos, da elecrio vcrborum, da diferença e11tre tropa e figura, do color rhctoricus, etc. 1 ; por outro, owpa-se da estrutura da obra e dos meios que a tomam vrílida do po11to de vista literário 2• Tudo isto ve111 aco111pa11/iado de crítica ao ensino e de sugestões para o 111elliorar substa11cialme11te. Cre111os poder res11111ir a atitude de Verney defi11i11do-a co1110 tentativa de aproximação q11a11to aos ideais e1tro­ peus literário-retóricos, e esforço por introduzir 11111 método 111ais seguro, por­ que 111ais eq11ilibrado, 110 est11do dos modelos e dos mestres. Esta mesma atit11de aberta aos ideais europeus é reprcse11tada por outros pedagogos, co1110 José Nu11es Ribeiro Sm1cl1es, q11c, em 1 760 3, também prccr>11iza o ensino da retórica, em 11ovos 1110/des, 110 eusi110 pré-1111iversitário; Vila lobos de Vasco11celos, que também afi r111a a necessidade do estud

qual

c:;x. É

posslvelrncntc de Guy d'Evreux ou

de Mcsnil o. f. m. (t cerca 1300), autor, segundo parece, da obra que encerra CXXN o ms. do Cód. alcob., ---zo- ·

Tractatiu de diversis materiis praedicnbilib11s, ordi11atis i11 septe111 partes sea111d11111 septem dona Spirit11s Sa11cti, BNL, Cód. alcob., CCLV �·



Contem apenas o tratado

•.

SÉCULO XVI IlARBOSA, Aires - Rl1et1>rica ?

Vid. lutrod11ção, p. 2 1 .

CORREIA, Tomé - De

eloq11e11tia libri q11i11q11e. Pri11111s agit de Rl1etorica, eloq11e11tia et orntio11c i11 co1111111111i. Seamdus de ratio11e i1111e11ie11di. Terti11s de Dispositione. Q11art11l de dig11itate ct differe11tin eloc11tio11is. Q11iut11s de memoria, et pro111111tiatio11e. Dononiae apud Alexandrum Benatiwn, 1591. Segundo Barbosa Machado, Biblioteca Lusitana, s. v., este livro foi dedicado ao Senado de Bolonha, quando o A. ditava Retórica, na Universidade.

De loto eo Poematis genere, q11od Epigramma vulgo diciwr, et de iis, q11ae ad i/111d perti11e11t, libel/11s. Venetiis, apud Franciscum Zilettum, 1 569. Obra dedicada a D. Sebastião, rei de Portugal (BNL).

De elegia, ad a111plissi11111111 Cardi11ale111 Scipio11e111 Go11zag,1 fibel/11s.

Bononiae,

apud Alexandrum Bcnatium, 1590 (BNL).

[11 libmm de Arte Poetica Horatii ('Xpla11atio11es. Vcnetiis, apud Franciscum de Franciscis, 1587.

De a11tiq11itate dig11itateq11e poesis et Poetanim differe11tia. Saiu no Glob11s Ca1101111111, et arca11om111 li11g11ae sa11ctae, ac divi11ae script11rae, de Fr. Luís de S. Francisco, publicado cm Roma, 1686 (BNL). Foi publicado moderna­ mente o estudo de T. Correia por Mariana Amélia Machado Santos, que faz preceder o texto latino de um estudo preliminar: •A Teoria Poética de Tomé Correia•, Miscelanea de Estudos a ]oaq11i111 de Cnrvallto, Figueira da Foz, 1961, pp. 754-768 (texto latino pp. 763-768).

CD

Sl ;

Tratados Gramaticais de Priscia110 Cesarie11se : De comlr11cti1111e, De barbarismo, Os códices estão valorizados por

inúmeras glosas, cujo estudo interessaria, talvez, fazer.

o

c�. cm que figura um Process11s atribuído a João de Rupella,

S11111111n G11yoti11n, BNL, Cód. nlcob.,

PÁPIAS - Papiae vorab11lari11111 lati1111111 trib11s partib11s distrib11t11111, saiptum a11110 1 500, per Fr. Alplto11s11m do Lo11riçal, Mo11acl111111 Cistercie11se111 . . . BNL, Cód. alcob., CCCXCll-CCCXCIV ; BPMP, ms. 30 (Cód. 8 de Santa Cruz). -124-426

78.

Cód.

parece ser a cópia do ms. de João de la Rochcllc, conhecido também por

S. Clemente das Peuluts e do Mosteiro de N. Sr.ª de Matozi111tos, dos séo1los XIV e XV, por Fr. João da Póvoa e outros . . . Porto, 1940, p. 72, cit. apud Joaquim de Carvalho, Os Sermões de Gil Vicente (vid. adiante, p. 59), p. 15, n. 11. A obra de Alão de Lila foi publicada na Patrologia Latina de Migne, vol. CCX, com o título, S11111111n de arte praedicntoria.

CD!

=

Forma praedica11di e Ars co11ficie11di sw11011es. Cf. Joaquim de Carvalho, Os Sermões de Gil Vicente (vid. adiante, p. 59), cf. p. XX linha 7.

LILA, Alão de - De arte praedica11di. Referida no inventário de S. Clemente, feito por Fr. João da Póvoa cm 1474: huum tractado magistri alani de arte praedi­ candi. Vid. Magalhães Basto, Memórias Soltas e I11ve11tários do oratório de

De aae11tib11s, BNL, Cód. alcob.,

De arte praedica11di, DNL, cód. 130, fls. 180-185

1De dono timoriSt (fls. 1-42 v.)

5,22-3.

Lati11a (lustit11tio11es gra111111aticae}, BNL, Cód. nlc1>b.,

-

Esta

S. lsIOORO DI! Sev1L HA - Origi11es ou Etymologiae, BPMP, ms. 21 (Cód. 17 de CCIX Sauta Cruz) ; BNL, Cód. nlcob., . 446

PRISClANO - Gramáticn

C��

Rhetorica ad Here1111i11111 (vid. 111trod11ção, p. 1 5) - intitula-se no códice Arte retórica

1

Quanto aos códices alcobacciucs, consult:ir sobretudo A. F. de Auldc e Melo. Tttvr11ttlrio

dos Cddim Alcobact'l1srs. Lisboa, Dibliorcc:i Nacional, 19�1932.

36

37

COUTO, Estevão do (S. J.) - Epitome Rhetorices, ms. Cf. Barbosa Machado, Bibl. Lus., s. v.; Sommcrvogcl, Il, 1588. EsTAÇO, Aquiles - (vid. Introdução, p. 21, n. 4) Acl1illis Statii Lusitaui sylvulae duae. Quib11s adi1111cta s1111t, Praefactio i11 Topica Cicero11is, & Oratio Quolubetica eiusdem. lovanii, Excudebat lacobus Batius, 1547 (Bibl. Royale de Bclgique, Bruxelas). M. T. Cic. ad Trebati11111 Iurillomult11111 Topica. 111 eade111 Bart/1. Latomi e11arratio11e�. Ph. Mela11chtlio11is, & Ch. Hege11dorp/1i11i lCholia. Am. Goveo11i Co111111e11tarius. Quibus additum est Acl1illis Statii l.usita11i ad aliomm co111111e111a­ tio11es epidoma, Parisiis, apud Thomam Richardum, 1 549.

Acl1illis Statii Lusita11i Castigatio11es ac Expla11atio11es i11 Topica M. Tu/li Cin.•­ ro11is, Lovanii, apud Scrvatíum Sasscnium, 1 552. Appe11dimlne explm1atio1111111 Aclrillis Statii Lusita11i i11 libros Ires M. T11//i Cicero11is De optimo ge11ere oratomm, Topira, De fato, atq11e Obser11atio11es aliamm, Antuer­ piae, apud Martinwn Nutiwn, 1553. Co111111e11tarii iu libras Ires Af. T111/i Ciccro11is de opti1110 ge11ere oraton1111, Parisiis, apud Vascosanum, 1551, e Lovanii, apud Servatium Sasseruum, 1 552. Acllillis Statii L11sito11i, i11 Q. Horatii Flacci poeticam co111111e11torii, Anruerpiae,

apud Marrinum Nutium, 1 553 (BPE).

Co111111c11tarii i11 Aristotelis Poeticam ? Segundo a hipótese de .Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v. EsTELLA, Fr. Diego (nascido em Porrugal, embora oriundo de Navarra ; vid. Iutro­ dução, p. 21) - De ratio11e co11cio111111di, sive Rl1etorica ecclesiastica, Salmanticae, apud Joan. Baptistam a Terra Nova, 1 576; Venctiis, 1596; Coloniac, apud Amoldum Myllium, 1586; Lugduni, 1 592. P. Sagücz Azcona, Fray Diego de Estella, Modo de wedicor y Mod11s co11cio111111di, Est11dio doctri11al y edicio11 critica, 2 tomos, Madrid, 195 1 . Gouvllli\, António dc- vid. s. v. Esuço, Aquiles ; M. T. Cic. ad Trebatium I11risco11-

s11/t11111 Topica.

Ju

GRAN ADA, Fr. Luís de

eade111 Bart/1. Lato111i e11arrationes . . . A111. Go11ea11i Co111111e11tori11s.

Ecclesias1icoe Rl1etoricae sive de ratio11e co11cio11a11di libri sex, "'"" pri11111111 i11 /11ce111 editi. Olysipone, exc. Antonius Riberius, exp. Ioannis Hispani Bibliopolae, 1576 ( 1575) . Nova cd. cm Lisboa, 1762. -

HO.M.EM, Fernando Soares - Rlretorica Ecclesiastica para Pregadores, ms. Diz Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v. que econservava cm seu poder esta obra Jeronymo Soarc.s, Prior de Ourem, filho do autor, do qual faz memória o P. D. Ant. Caetano de Sousa, Hist. Ge11. da Casa Real PiJrt11gal, Vl, 6, cap. 18, p. 306•. IAClilA, Iozé (ou Joseph Zaclüa}, (viveu no séc.

) - Clavis Tl1al11111dica co111plede11s

xv1

formulas, loca dialectica, et rhetorica priscoru111 Hebraeom111 cum i11terpretafio11e lati1111, Lcidac, 1634. LISBOA, Fr. Nazário de Ars Rlietoricae Clllll glossa, ms. Segundo Barbosa Machado, Bibl. Lus., s. v., co11Scrvava-se na Livraria de Alcobaça. -

P!NflEtRO, D. Antón;o - Co111111e11farii et a1111ofatio11es i11 Mar-Lati11n para 11so dos curiosos de poesia, recitada 110 Academia L11Sita111>-Lati11n, 4, ms., cit. por Barbosa Machado, Bibl. Lus., s. v.

MENESES,

Bento Rodrigo Pereira de Sotomaior e - CtJ111pc11dio r/1etorico, ou Arte completa de rlretorica com metlrodo fncil, para toda a pessoa curiosa, sem freq11e111nr ns nulas, saber n arte da eloq11c11cin. Toda comp. das 111ais sabias doutri11as dos mellrorcs autores, q11e escre11erão desta i111portn11tc scieucin de fnlnr bem . . . Lisboa,

Ferreira, 1794. MESQ UITA E QUADROS, José Caetano de - Instruções de rl1etorica e eloquendn nos se111inaristas do semi11ario do Patricarcado, Lisboa, na Regia Offic. Typ.,

dndns 1795.

Apomamentos sobre o estudo da retórica, por José Caetano de i\fesquita, Professor de Retórica 110 Colégio dos Nobres, ms., BGUC., 143, fls. 13. lutrodução no estudo da retórica,

nu., DNL., Rcs. F. G.

6359.

Fr. João Gualbeno de - Trad11cção e n11n/yse da oração que M. T11//io Cicero compoz n favor de M. Marcel/o, por Fr. João Gunlberto de Mira11dn. Traz

MmANDA,

CXXVII

João da - Retliorica sagrada e e111111gelica, 011 Eloque11cin do pu/pitc> . . . Ajuntã-se 2 appe11dices muito 111eis no orador ecclesiastico . . . Lisboa, Bulhões, 1 788.

a, uma dedicatória portugueza ao Sr. Cenáculo, ms., BPE., Cod. 1_1 1 autógrafo. MONTEIRO, P. Manocl - Ac11s111ic>nes e/ excusaticmes Virgilin11ne, ms., cit. por Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v. Preceitos prnticos para o exercício da eloq11encia, ms., cit. por Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v. NOGUEIRA, Ricardo Raimundo - A Poetica de Aristotcles. Trnd. do greRO e111 port11g11ez, Lisboa, Regia Off. Typ., 1 779.

Escrita

Novas Obscrvarões sobre os diferentes .\1etl10dos de Pregar e111 Frnnccs no 0110 de

Vicente - Q11i11ctilinnc> Da ]11sti111ição do Orador, trad1izido e i//ustrado co111 0 e:1.·p/icação dns pal1111ras gregas, e algumas 11otns pt>r Vice11te Lisbo11e11se.

LISBONENSE'

Lisboa. Na Regia officina Typogra.6ca,

17n.

MADRE DE Dnus,

da rlictoricn portuguezn. a li11goo lnti11n, Porto, ignora que pessoa de para o uso de todo o genero

MAGALHÃES'

António Teixeira de - Co111pendio

Guimarães,

1 7 2.

Ribeiro

J\'fDCCLVIJ Trad11zidns c111 port11gues por F. P. D. S. A.

de lnacio Nogueira Xisto,

1765.

Lisboa. Na oficina

52

53

ÜUVEIJL.\, Custódio José de - Dionysio Longi110, Tratado do Sublime Traduzido da lfng11a grega em portugues, Lisboa. N a Regia Off. Typograpb.ia, 1771 ; outra ed., 1804. OLIVEIRA, Henrique Henriques de Brico e Manilin, ms., BNL, F. G. 3 1 56.

- A11nlyse dn Ornçiio de Cícero Prt> lege

Rl1etorica, Ars r/1etorica compendiaria,

ms., BNL, Res. F. G. 1 13.

SÁ, Joaquim José da Costa e - Dissertação

sobre os e.Yercícios da eloq11t'llcia 011 pura lati11idade e verdadeira imitação de Cicero, adornada de notas . . . , Lisboa. Na Off. Simão Thaddeo, 1791.

BNL, F. G.

SANCHES, José Nunes Ribeiro - Cartas sobre " Educação da Mocidade, Colónia, 1 760;

- Ele111eutos dn i11 vença111 e lomçn111 Retorica 011 Pri11cipios dn Eloquencia escritos, e ilustrados co111 breves Notns. Lisboa. Na Off. Patriarcal

SANTANA, Manuel de - Conversações familiares sobre a eloque11cia do p11lpito. 011de,

OUVITRA, P. Timotheo S. J. 7661.

- Ars Rhetorica in epiro111e contrncta,

lll5. ,

PEREIRA, P. António

de Francisco Luiz Ameno, 1 759.

Ele111e11tos

de Rl1etoricn pnrn uso dns Escolns dn Congregnçiio do Oratório, Bibl. Lus., s. v.

ms.,

cir. por Barbosa Mad1ado,

Mechnnica das pnlavrns e111 ordem à har111tmin do discurso eloquente, tn11to em prosa, co1110 em verso. Lisboa, Regia Of( Tip., 1787. Exame critico sobre qunl seja o uso prudente das paln1m1s de que se serviram os 11ossos bons esaiptores dos sewlos XV e XVI, e deixnra111 esquecer os que se seg11ira111 até ao prese11te. Inserto no tomo TV das Memorias de Literatura Portugueza da

PEREIRA, António das Neves -

Academ.ia Real das Sciencias de pág. 339 até 446, e continuado no tomo V de pág. 152 até 252.

E11snio sobre a philologia port11g11eza por meio cio exame e compnraçiio da lomçào e estilo dos nossos mais insig11es poetas q11e florescera111 110 sewlo XVI . . . no tomo V das Memórias de Literatura Pom1gueza da Academia Real das Sciencias de págs. 1 a 1 5 1 .

PERElll A , Bento Rodrigo - Compe11dio Rl1etorico, Lisboa, 1 794. PEREIRA, Mariano José - Vid. VISITAÇÃO, Fr. António da. Pnu;s, Sebastião

- De Eloq11c11tia Orntoria,

Espelho da Eloquencia,

ms.,

cit. por Custódio Jesam Barata .

p. 139.

PORTEUA, Machias Rodrigues - Cartapacio de Syllaba e figuras conforme a ordem

dos mais Cartapacios de Grammatica ordenado para melhor comodo dos E.st11dantes desta Fawldade 11os pateos da Co111pa11f1ia de Jesus, Lisboa, por Antonio Pedroso Galrão, 1738 (BPE).

PROENÇA, Martinho de Mendonça de Pina e de - Apo11tamentos para n Eáucaçiio

de /111111 me11i110 11obre,

Lisboa. Na Off. de Joseph António da Silva, 1784. Nova edição, Joaquim Ferreira Gomes, Marti11ho de ;'1e11donça e a sua obra Peda­ gógica, com n ed. crft. dos Apontamento, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1964.

QUINTlllANO - Morei Fabii Q11i11tilia11i Instit11tio1111111 Oratoriantm Libri duodecim Ad 11s11m scholan1111 . . . N1111c demw ]ussu Regis Fidelissimi ]oseplii I insta11ratis Bo11an1111 Arti11111

St11diis, Ad L11sitn11orum adolesce11ti11m bo11111n i11 /11cem editi,

Olyssipone, Apud Michaclem Rodriguczium, 1 759-1 760, 2 vols.; outra ed., 1760. Vid. BARBOSA, Jerónimo Soares FoNSECA, P. José da LISBONENSE, Vicente NEPOMUCENO, João V ASCONCE.llOS, João Rosado de Vilalobos e

nova ed. em Coimbra, Imprensa da Universidade, 1922.

seg1111do as doutrinas dos santos padres e melhores mestres, se instrue em os pri11cipais preceitos da oratoria diristã qualquer e(C/esiastico, que prete11der ser perfeito ministro da palavra. Por /111111 religioso da P. de S. M. da A. Dadas à luz por /111111 amigo do a11thor. Lisboa, Manescal da Costa, 1762. SANTO ANTÓNIO, Sebastião de - Ensaios de Eloque11cia sobre diversos asm111ptos

interessa11tes,

Lisboa, Na Regia Of.ficina Typografica, 1791.

E11saio de Rhetorica co11for111e o methodo e Doutrina de Q11i11tilia110 e ns Reflexões dos ÂJ1thores mais Celebres q11e trataram desta matcria. Lisboa, Na Of.ficina Luisiana, 1779.

Rhetorica em Portuguez (incompleto; autógrafo}, (2-20-5-14).

ms. Bibl. de Mafra, R-1-Ql-18

SANTOS, José Veríssimo dos - Historia Critica da Composiçiio Oratoria, Do11de se

dá em compe11dio as regras, que nesta parte da Rl1etorica deixarão escriptas Aristo­ teles, Cícero, Q11i11tilia110, Balleux: Com /111111a dissertação dos pri11cipios gerais do Numero, applicados à Li11gua Portuguesa, Coimbra, Na Real officiaa da Universidade, 1773.

Biblioteca secreta de pregadores, fundada e erigida 110 breviario e missal roma110 ... pelo M. R. P. Fr. Paulino de S. Joseph ... traduzida da /i11gua italia11a, 11a 11ossn port11g11eza por Fr. Mn11oel de S. Joa111 Baptisra . . . Lisboa,

SÃo Josn, Paulino de -

Mancscal da Costa, 1727. SÃO MIGUEL, Jacinto de - Arte

de prégar, 011 verdadeiro modo de prégar seg1111do o espirito do Eva11gelho. Trad. de fra11cez em portug11ez, 1 . • ed., Lisboa, na Oflic.

da Mus., 1739; nova ed., corr., em. e augm. de bum discurso preliminar sobre a eloquencia, Lisboa, Off. Rollandiana, 1777 (Goerrcs). SÃO PEDRO, Fr. Manuel de BGUC, 892.

Caderno da retorica de Fr. i\la11uel de S. Pedro,

SILVA, José da Cruz - .AJ1alyse

rhetorica da oração de Cicero a fovor do poeta Are/tias,

por . . . estudante de rhetorica, ms., BPE, Cod.

CX 1-1 1

ms.,

a.

SorOMAYOR, Lourenço Botelho - Systemn R/1etorico, rausas da cloquc11cia dictadas

e dedicadas à Academia dos .AJ1011y111os de Lisboa, por um a11ó11imo seu Academico,

Lisboa, por Mathlas Pereira da Sylva e João Antunes Pedrozo, 1719. Outras obras inédiras de que há notícia (\rid. Barbosa Machado, Bibl. Lus., s. v.).

Orador de Repe11te Tratado do E.stilo Académico Tratado do Estilo Epistolar.

55

54

SOUSA, António L11s., s. v.

Correa - Arte de Rhetorica,

ms.

Vid. Barbosa Machado, Bibl.

Demetrius: Syuopse do Tratado da efoo1ção de De111etrio S11spe11sio, por Fr. José da Encarnação Guedes ou Sebastião Guedes de Albuquerque, vid. Inocêncio, Vll, 217. O livro em quest.1o é :

SusPENSTUS,

Eloq11e11tiae Prael11dia se11 Co111pe11di11111 eor11111 q11ib11s i11sti111i & c.-.:erci sole11t, q11i litteris /111111a11ioribus da11t operam, & Rhetoricae illitia11t11r; ex Aristotele, T11/lio, Q11i11tilia110, aliisq11e probatis attthoribus collect11111, Venetiis, apud Antonium

Bartoli,

1733.

TAVARES, P. Manoel - Breve Rl1ctorices compe11di11111. Cir. por Barbosa Machado, Bibl. L11s., s. v. Teatro /iteraria 011 origem crítica das letras. o qual se dá litmtn idea clara do priucipio das Scieucias. Offerecido tl curiosa mocidade, por seu A. F. J. D. S. L., M. B.,

Londres, Na Off. de Joam Johnson,

1767,

BNL, Res.

3894

P.

André Gonçalves - S11adae Temp/11m, id est, de arte dice11di, ms. cit. Barbosa Machado, Bili/. L11s., s. v.

TEYXBIRA,

por

Theses de rethorica defeudidas em Goa, presidi11do o professor de rhetorica Vidori110 Pereira,

ms., BPE, Cod.

ex

2_20

14.

n.º

e

Costa,

ms.,

BPE,

Cod.

para a impressão, dada em Lisboa a Rivara, [), 14. Tratado de Fig11ras e Metrificação,

IUS.,

�� 11

n.º

18.

Traz a licença

de Agosto de

BPE, Cod.

e�.

1 775.

13 fls.

original

Vid. Cunha

Cit. por Luls da

Silveira, Ma1111scritos de Filologia Latiua da Biblioteca P1íblica e Arq11ivo Distrital de Évora, �vora, 1941, pp. 23-27. VALLADARES, Manocl Pacheco de Sampayo - Arte de Rltetorica, q11e e11si11a a /aliar, escrever e orar com lmma Rltetorica partimlar para 11so dos Pregadores, Lisboa,

por Francisco Luiz Ameno,

Luís António - Verdadeiro Método de Estudar, ed. António Salgado Júnior, Col. Clássicos Sá da Costa, Lisboa, 1949-1952, 5 vols. O Vol. II trata da Retórica. A 1 . • ed. é de 1 746.

VER.NEY,

P. António - Atribuem-se-lhe falsamente as seguintes obras (vid. Sommer­ vogel, VIII, 669,22) :

VmrRA,

Rethorica Sagrada 011 Arte de Pregar, 11ova111e11te descoberta entre outros frag111e111os littcrarios do Grande P. A. Vieira da Compa11hia de ]es11s ... dada à /11z pam utili­ dade e tyroci11io dos Pregadores por Guilherme José de Carvalho Bandeira, Lisboa. Na Officina de Luiz José Correa de Lemos, 1745. Há uma tradução

espanhola (Goerres).

Voz Sagrada, política, retórica e métrica 1748, BNL, Res. 1273 P. Vozes Saudosas de eloq11ê11cia, 1736, BNL, V AR. 2231.

Fr. António da - Regras de Rhetorica e Poetica, por Fr. Antonio da Visitação e Mariano José Pereira, Lisboa, Off. Lino da Silva Godinho, 1787 {BNL).

VISITAÇÃO,

VrraRBO,

Theses de ret/1orica e poetica dcfeudidas em Vimma, presidiudo o professor C11eta1111 I111wce11cio de Gouveia

Vaoso, P. Joseph {S. J.) - Ge11iale R/1etorices Topiari11111 i11 elegantes Areolas tripar­ tit11111 et 011111ige11is Eloquentiae ftoset11is co11ci1111atu111, Ulissipone, apud haeredes Antonii Pedrozo Galeão, 1744 {BNL).

1750,

BAC, Esc.



7 3

.

VASCONCl!LOS, João Rosado de Vilalobos e - Arte rhetorica para o 11zo da mocidade luzita11a. Escripta com juizo critico . . . por ... , Évora, da Silva e Azevedo, 1773. Os tres livros das Iustit11ições rhetoricas de Q11i11tilia110, acco111odadas aos qt1e se applica111 ao estudo da eloq11e11cia, por Pedro José da Fonseca, e traduzidos da

língua latina para portuguesa por ... , Coimbra, Imprensa da Universidade, 1782; Reimpresso, Coimbra, 1794. O Perfeito Pedagogo, Lisboa, Tipografia Rollandiana, 1782. Para o segundo exame p11blico de Rltetorica e de Poetica, presidindo . . . , Professor Regio de Rhetorica e de Poetica na cidade de Evora { . . . ), Na Sala Publica dos Accos da Cidade de Evora, Lisboa, 1775; fd., para o 1.0 Exame {Lisboa, 1776); Id., para o 2.0 Exame; Td para o Exame público (...), Lisboa, 1780. .•

II.

Fr. Jorge de Santa Rosa - Zodíaco soberano, Salamanca, {retórica sagrada) ; BNL, Rei. 6047/48 P.

2

vols.: I.

1726;

1734

WACENSIDL, Joh. Christ. - Ele111e11ta artis Rhetoriwe ad 11511111 Tyro1111111, decerpta ex operibus . . . Jolt. Cliristopliori Wage11seilii', Lisboa, Francisco Luiz Ameno, 1758, XAVIER,

2. •

BAC, Est.

759

T

º

Francisco - Rudi111e11ta litteraria, 1 . • parte - L11cidiores lati11itatis form11/ae; parte - Relação das fábulas poéticas, 1759, BNL, 6394v. SÉCULO

XIX

ALBUQUERQUE,

Luís da Silva Mouzinho - Idcas sobre o Estabeleci111e11to da I11sfrt1cçào Publica dedicadas à Nação Portuguesa e offerecidas a seus represe11ta11tes, Paris, A. Bolée,

ALORNA,

1823.

Marquesa de - Vid. POPE.

D'ANNuNCI.ATA, D. João - Metliodo de e11si11ar cloq11ê11cia que seg11e D. João d'A.11111111ciada, Co11ego Regra11te de Sa1110 Agosti11/10, e Prof. 11as Reaes Escolas de S. Vice11te de Fora em Lisboa, Lisboa, Typografia de Bulhões, 1 826.

BASTOS, Aristides P. F. de - Ele111e11tos de poetica para 11so das escholas. Coimbra, lmpr. Literária, 1867. Jacob - Curso pratico de redacção e de estylo. Redigido sob um plano inteiramente novo e acompanhado de numerosos exercícios em prosa e verso, para uso dos que frequentam o 1 .0 e 2. 0 anno de portuguez. Porto, Lopes,

BENSABAT,

1887.

56

57

BuCHI.ER, Johann Reformata poeseos i11stitutio, ex R. P. Iacob Po11ta11i libris co11ci1111ata. Opera M. Joanes Bachleri. Editio novissim.a prioribus correctior, exactior. Olisipone, ex Typographia Regia, 1865. Vid. séc. xv1, s. v. PONTANUS, J. -

CARNEIRO, Bemardo ). de S. - Poelica para uso das Escliolas, Coimbra, Livraria deJ. Augusto Ordel, 1843. Outras edições: 1848, 1851, 1855, 1859, 1 863, 1873. O Me11tor da Mocidade 011 Cartas sobre Educação, CARNEIRO, Manuel Borges Lisboa, Imprensa Nacional, 1844. -

CA.RVAI..HO, Francisco Freire de - Lições elememares d'Eloqueucia 11acio11al, offere­ cidas tÍ mocidade de ambos os /1e111isp/1erios. Rio de Janeiro, 1834. 2. • ed. Lisboa, Typographia Rollandiana, 1840. Outras edições : 1844, 1856. Lições ele111e11tnres de poetica 11acional. Seguidas de um breve c11snio scJbre a crítica littcrnrin. Para uso da mocidade de ambos os liemisplierios, que fala o idioma port11g11ez. Servindo de continuação às Lições elementares de eloq11e11cin 11ncionnl.

Lisboa, Tip. Rollandiana, 1840, 2.• ed. 1851.

CASTRO, Francisco Coefüo de - Prnecepta oratorin vnriis ex nuctoribus, mnxime e Q11i11tilin110 dccerptn, cit. apud J. Vicente de Moura, Mo11. Li11g. Lat., p. 421 , vid. s. v. Reguine praedicn11di i11 /uce111 editne 11 presbytero . . . prope ci11itnte111 Porwcnlensem orto, anuo 1814. Olisipone, Typographia Regia, 1817.

Couro, António Maria do - Regras da Oratoria da Cadeirn, npplicadns a /111111rirae li/Jer, exe111plis il/11strnt11s de tropis et fig11ris, F. G. 3 1 55. Rlretc>ricn, seu via nd el11q11e11tin111, F. G. 3146. BGUC (Os elementos que apresentamos fornm am:\vclmente fornecidos pelo Sr. Dr. Jorge Peixoto). Bre11e Rlretorices rm11peudiu111, n.0 75.

64

Compêndio de Retórica, n.º 1081. Ele111e11tos de Retórica, n.º 1663. E11si110 da Retórica, n.º' 1340, 1343, 1344. Fascimlu.s eloq1m11ine variis varie ftorib11s ... , n.º 1523. Figuras de Retórica, n.º 345. MENDONÇA, Manuel Pedro de, Brer1es Noções de Retórica, 11.n 243, As. 1-13. Noções de Retórica (em latim), n.º 407. Praefati1111mla ad Rlrctorices lopinri11111, n.0 338, As. 492. Quid sit rhetorica, n.º 1554. Retórica em Portugal, n.0 1329. Rhetorica, n.º 35. Rl1etorica eu co111pe11diu111 111iSSt1, n.º 337, As. 73. S11111a de Retórica, n.º 890. Tratado de Retórica, n.0 1210. Tratado de Retórica (cm latim). n.º 34-t.

PREFÁCIO La cog11izio11e de/la vecchia Poetica e de/la vecchia Retorica e sempre i11dispe11sabile a i11te11dere il moderno movimento estetico e letterario.

Augusto Rostagni, Arte Poetica di Orazio, Turim, 1936, p. VI.

PRINCIPAIS OBRAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS INOCÊNCIO, Francisco da Silva & ARANHA, Brito Dicionário Bibliográfico Português, Lisboa, Imprensa Nacional, 1924 e scgs. . MACHADO Diogo Barbosa Biblioteca Lusitana, 2.• cd., Lisboa, 1930-35. RrvARA, J�aquim Heliodoro da Cunha Catálogo dos M111111scritos da Biblioteca P1íblica Ebore11se, Lisboa, 1850-1871. SoMMERVOGRL, c. Bibliotlzrq11c de ln Co111pag11ie de jés11s, Bruxelles/Paris, 1896. -

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-

R. M. Rosado Fernandes

A presente obra é o resultado da prática do ensino nas Univer­ sidades de Bona (1946-1949) e de Münster (1949 até 1970) durante o curso de introdução à ciência literária com fimdamento linguístico. A matéria foi limitada dentro das noções geralmente conhecidas: trata-se do correspondente retórico da «gramática escolar». Noções e termos são, por conseguinte, tradicionais: assim como a gramática escolar fala de «acusativo, adjectivo, aposição», assim também fala a retórica escolar de «anáfora, anástrofe, alegoria.. A terminologia não dá nem um conhecimento da essência de uma coisa nem, tão-pouco, um modelo microscópico de avaliação para as aplicações concretas da mesma. A terminologia, porém, ajuda a reco­ nhecer fenómenos análogos, quando estes fenómenos são considerados tradicionaLuente, num círculo cultural, como fenómenos análogos : também aquele que não conhece a essência da maçã e não se aper­ cebe da função aplicada de cada maçã (quer seja ela destinada para consumo, quer para a fabricação de cidra), reconhece, todavia, com rela­ tiva certeza, as maçãs como maçãs, devido ao facto do seu conhecimento do mundo ter sido cwthado pelo vocabulá.rio do seu círculo cultural. Desta mesma maneira também a terminologia da retórica só poderá oferecer uma classificação ordenante e não wn conhecimento da essência nem uma interpretação funciona1. O presente manual elementar de retórica literária atribui-se, deste modo, a tarefa de uma primeira orien­ tação sobre o que existe de tradicionais portadores, de carácter ideológico e linguístico, de fw1ções. Se os portadores de funções forem identifi­ cados nwn texto, impõe-se então a tarefa da sua interpretação relacionada li

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com o seu contexto e situação, i. é, a tarefa da identificação da rcspectiva função aplicada dos portadores de funções. O domínio das possibilidades fw1cionais dos portadores de fw1ções é um campo da liberdade do sujeito falante, muito embora não o seja da sua completa arbitrariedade. Daqui resulta para a retórica literária a tarefa de uma tipologia funcional dos portadores de funções. Esta tarefa mal foi considerada até agora: o nosso manual elementar teve, desta maneira, de se limitar (§ 46,2) a sugestões casuais (p. ex. à tipologia ÍWlcional da gradatio no § 257). A presente segunda edição deste manual elementar, que apareceu pela primeira vez cm 1949, foi alargada com a introdução de exemplos ingleses e alemães. Teve, no entanto, de desistir-se de reproduzir os termos franceses, ingleses, italiànos e espanhóis (e suas definições}, devido a exigências de espaço 1 • Por isso, vemos, p. ex., o lat. 111etaphora usado igualmente para fr. 111étaphore, ingl. metaphor, it. csp. metáfora, al. Metapher. Apenas quando circunstâncias especiais o exigem (p. ex. no caso de «ênfase»: §§ 209-210}, também foram aduzidos os termos das línguas modernas (e suas definições}. - O texto foi melhorado nalguns passos desta terceira edição. Encontra-se informação pormenorizada sobre retórica no Ha11db11c/1 der literariscl1e11 Rl1etorik (Mwuque, Verlag Max Hueber, 1960). A ponte para a interpretação literária das obras é estabelecida pelo C..'ristência hwnana em geral. 16. Podem distinguir-se três géneros de discursos de uso repetido (p. ex., no Antigo Testamento ainda se apresentam bastante aparentados): 1) Leis, como normas da lei sacra] (litúrgicas) ou da lei profana ; 2) Fórmulas para a fL"ação legal de actos da lei sacra! (litúrgicos) e da lei profana. Estas fórmulas desenvolvem-se e tomam a forma de discursos estercotjpados, com o fim de evocação repetível de actos da consciência colectiva, que contam, como relevantes, do ponto de vista social. Estes discursos estereotipados correspondem na sua raiz, ao que, nas sociedades com ordem social menos estrita, se conhece como «lite­ ratura.. e «poesia». 1 7. Do uso repetido resulta a necessidade de se conservarem os discursos pela escrita ou então na memória de uma classe de funcionários disso mesmo incumbidos. Desta conservação nasce uma «tradição de discursos de uso reperidm, que, no tocante à literatura e à poesia, aparece como «tradição literária.. (cf. § 106). À tradição pertence, ao lado da conservação, o fenómeno da «Variação• que já se realiza nas variações possíveis da articulação da mesma redacção, por meio de diferentes oradores, e que pode reves­ tir-se de vários graus de intensidade (p. ex., na modernização de uma redacção para uma sociedade lliterada). 18. A intenção de modificar a situação (§§ 3 ; 14) encontra-se convencionalizada, como típica, no discurso de uso repetido, pois que também as situações, que devem ser alteradas pelos discursos de uso repetido, contam como situações típicas. G

82 1 9. Os limites entre discurso de uso único (§ 1 1} mxàv yévoç, ge1111s de111onstrativ11111 ), com as funções de louvor e de censura, tem como caso paradigmático o discurso festivo, em honra de uma pessoa que deve ser celebrada (e, portanto, louvada), pronunciado por um orador, para isso mesmo contratado. - C( agora V. Buchheit, Untersuchungen zur Theorie des Genos Epideiktikon von Gorgias bis Aristoteles, Mwúquc, 1960. 23. Os géneros judicial (§ 22,1) e deliberativo (§ 22,2) visam (§ 3) uma a1teração da situação (§§ 3-5), que vai realizar-se de maneira pragmá­ tica (i. é, no decorrer, exterior e socialmente relevante, dos aconteci­ mentos), pois que a possibilidade de uma a1teração da situação (que tem de ser levada a cabo peJo árbitro da situação, por conseguinte, pelo juiz ou pela assembleia do povo [§ 22, 1-2]) é dada pelo estado do acto proces­ suaJ (§ 7). A possibilidade, da situação se a1tcrar, aparece, no plano do pensamento, como questão referente à situação (res d11bia = q11aestio), p. ex., como a questão «Se Tício cfcctuou o roubo de que é acusado• (§ 22, 1) ou como a questão «Se a presente assembleia do povo deve declarar a guerra ao rei Filipe da Macedónia» (§ 22,2). C( ainda §§ 25; 31. 24. O género cpidíctico (§ 22,3), por seu lado, considera a intenção de alterar a situação (intenção essa fw1damentalmente necessária como função do discurso : § 3), como dada na própria intenção do orador, que pretende confirmar wna situação pressuposta como constante (res certa) atribuindo-lhe um valor (louvando ou censurando). Da constância pressuposta na situação resulta a possibilidade do uso repetido do discurso epidíctico (§ 14). A alternativa partidária, entre louvor e censura, realiza-se muito mais raramente num acto processual (§ 7), do que as alternativas entre acusação e defesa (§ 22, 1), ou entre o aconselhar e o desaconselhar (§ 22,2). Uma reunião festiva, que manda louvar uma personagem por um orador, espe­ cia]mcntc contratado para essa festa, evitará a entrada de um scgw1do ora­ dor que, porventura, viesse censurar essa mesma personagem. Assin1, a alter­ nativa entre louvor e censura não se realiza dentro de um acto processua1, mas, quando muito, num isolamento jocoso de acções processuais sérias. 25. Na retórica escolar elementar, o maior interesse incidiu sobre o género judicial (§ 22, 1), visto guc o domínio dos assuntos jurídicos -

no processo penal, como domínio socialmente mais precário dos actos processuais (§ 7) e dos discursos (§ 3), pode constituir, para o fenómeno sociaJ mais comum das acções processuais e dos discursos, o caso para­ digmático, que põe e>.'tremamente em relevo todos os fenómenos que surgem : quem estiver exercitado, no discurso judicial, poderá tam­ bém, pelo discurso, dominar situações não judiciais. 26. A retórica escolar, para os mais avançados, cultivou especial­ mente o género epidíctico (§ 22,3), que mais se aproxima da poesia (§ 1 6,3), na medida em que a festividade pode ser concebida como situação normal do discurso festivo, como sintação que se repete (§ 24) e na medida cm que a confirmação da situação, pelo discurso cpidíctico (§ 24), caracte­ rizada pelo tom festivo e elevado, encontra o seu género análogo na função da poesia (§ 16,3), que se caracteriza pelo tom elevado e genera­ lizante. A isto acresce que a exercitação escolar da retórica (§ 470) até faz que os géneros judicial e deliberativo (§ 22,1-2) se assemelhem ao género cpidíctico e à Literatura (§ 1 6,3), visto que, na e.�ercitação, não se depara qualquer situação séria (§ 23) do ponto de vista pragmático e que, por outro lado, a repetição dos exercícios e a sua genera1ização («lugar comwm, § 83), assim como a conservação e a repetida declamação escolar de discursos históricos de uso único (Demóstcncs e Cícero), considerados, como modelares (como testemwl.hos do domínio típico de situações hwnanas), implicam um «uso repetido• (§§ 1 4 ;24). 27. A influência mais ou menos forte da retórica escolar, sobre a literatura e a poesia (cm grego, claramente constatável desde Euópides, cm latim, pelo menos desde Ovídio e, nas literaturas modernas, desde o seu início) (§ 16,3), passa, deste modo, pelo género cpidíctico (§ 26) e pela exercitação (§ 470), processo durante o quaJ o género judiciaJ (§ 25) contribuiu com a compreensão de muitos objectos literários, como fenómenos análogos a assuntos jurídicos. II) Os preceitos técnicos (§§

28-45)

A retórica escolar regulamentou (§ 21) a produção dos discursos partidários (oratio, ÀÓyoç), especialmente para o caso paradigmático (§ 25) do género judicial (§ 22, 1), por meio de preceitos (praecepta, reg11/ae), que se dividem numa teoria da matéria (§§ 29-38) e numa teoria da elaboração (§§ 39-45). 28.

«Artet {ttxVYJ, ars) é a faculdade possuída por wn indivíduo e compro­ vada na prática (8óv�µtç, Jawltas; Ü:Lç, firma facilitas, habit11s), com o fim de levar a cabo, com sucesso e repetidas vezes, empresas importantes do ponto de vista social (ou que são, pelo menos, assim consideradas por convenção). Essas empresas, que podem ser repetidas sem restrição,

87

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visam, ao serem realizadas, a perfeição (àpz-ój , virtus) e neste caso, todavia, nem pertencem aos processos determinados pela natureza (cpú-..o:xla). - No que diz respeito aos vícios e à licença cf. §§ 94-95. A retórica (§ 2 ; p·r,-:-opLx·� -.é-1.vl), ars rhetorica) é dcfmida por ars be11e dice11di (§ 92,2), designando beue a virtus específica do discurso parti­ dário, constituída pelo sucesso da persuasão (§ 6). Esta virt11s geral do discurso partidário realiza-se, de um modo específico, cm cada fase da elaboração (§ 39) e em cada pane (§ 43) do discurso. A virt11s geral do discurso pode, neste caso, ser até identificada como apt11111 (§ 48), que visa o sucesso da persuasão. A) A teoria da matéria (§§ 29-38) 29. A matéria (materia, ÚÃ"IJ), que, na sua qualidade de tarefa imposta visando a elaboração (§§ 39; 470,2), também se chama «tema> (the111n, Oéµ.a), é fornecida ao advogado, no processo penal (§ 22,1), pelo partido que ele representa (§ 6). O orador deve ser capaz de compreender (i11tellectio) todas as maté­ rias. Esta potencialidade universal do orador é wna das causas que deram azo à entrada da retórica na literatura (§ 27). 30. Como a alteração da situação (§ 3) depende do árbitro da situação (do juiz: § 23) (§ 5), o orador deve conhecer (i11tellectio) a questão da situação (§§ 31-33), a qual se põe a partir do estado do acto processual, assim como o grau de credibilidade do ponto de vista partidário (§§ 34-38) que o orador representa na questão da situação.

A situação complexa (§ 4) contém, portanto, a questão básica da situação, para a configuração do discurso, a qual é concretizada (§ 31) no stat11s (fr. état de la questio11, ingl. tlze state ofthe case, tport. estado da questão]).

1) A questão da situação (§§ 31-33) 31. A questão da situação (§ 8,1) resulta para o juiz (§ 30) do estado do acto processual (§§ 7 ; 30). No caso paradigmático do processo penal (§§ 22, 1 ; 28) distinguem-se quatro classes de questões da situação (stat11s, co11stit11tio, su111111a q11aestio; lôo�ov axTiµex, ge1111s d11bi11111), porque o próprio partido e o partido contrário disfrutam de uma credibilidade quase igual (p. ex., nos officia de acusação e de defesa de um réu, cuja culpa, na opinião do juiz, não está nem provada nem refutada: «questão cm aberto•). 36. Um grau elevado de credibilidade (§ 34; tvôo�o·J cr_iijµex,

pertence ao partido que representa uma opinião partidá­ ria que, de antemão, está de acordo com a opinião do juiz (p. ex., no officium de acusação contra um réu, cuja culpa já está provada).

ge1111s lio11est11111)

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37. Graus fracos de credibilidade (§ 34) têm: 1) A defesa de uma opinião partidária, que mão coincidet com a opinião do juiz (mxp&.8o�ov az.Yjf.14), processo no qual se pode distinguir o que fere o sentido da verdade por parte do juiz {ge1111s admirable, p. ex., na defesa de uma tese intelectualmente absurda ou, com toda a evidência, enganadora), do que fere o seu sentido ético (ge1111s t11rpe, p. ex., na defesa de um réu, com toda a evidência, culpado ou de uma tese, com toda a evidência, contrária à moral). Uma variante especial do absurdo que se verifica na materia aparece no dilema (§ 22,2). - O paradoxo intelec­ tual aparece não só como materia, mas também como fenómeno de pensamento que o orador estranhamento (§ 84) e, portanto, como de pensamento ou de figura como encontra na i1wc11tio (§ 40) ou palavra (§§ 239; 263). Os fenómenos paradoxais da elaboração estão compreendidos no awt11111 dice11di gemis (§ 166,6; cf. também § 89,2). Deste género fazem parte, p. ex. : a ironia (§§ 232 até 243; 426-430), a ênfase (§§ 208-210; 419), a lítotes (§ 21 1), a hipérbole (§§ 212; 421), certas perífrases (§§ 1 86 ; 420), o oximoro (§ 389), o zeugma scm�ntica­ mcnte complicado (§ 325), o quiasma (§ 392) e fenómenos afins do ordo artificia/is (§ 53, 2a). 2) Opiniões partidárias, que representam assuntos sem impor­ tância (de reduzido interesse para a sociedade) (&8o�ov ax,Yj µo:, ge1111s h11111ile ). 3) Opiniões partidárias, cuja credibilidade apenas pode ser provada por meio de raciocínios científicos, os quais ultrapassam as capacidades intelectuais do juiz (8uaito:po:xol..oú0Y)'70V yévoç, ge1111s obsc11r11111) 38. A representação de graus fracos de credibilidade (§ 37) é muito difícil para o orador e é, por isso mesmo, muito apropriada para servir de matéria de exercitação (§ 470). Quem aprendeu a defender bem, na exercitação, uma coisa inacreditável, será capaz de, com facilidade, aplicar na prática, numa «questão real• (§ 35), todos os meios de persuasão. As exercitações escolares, porém, conduziram igualmente à trans­ ferência artística, para a realidade, de graus de fraca credibilidade e de tal maneira que as causas injustas podiam vencer as causas justas. Foi contra esta transferência do ge1111s t11rpe (§ 37, 1) para a realidade social, que Platão teve de lutar. - Esta transferência para a literatura tem, no tocante ao ge1111s ad111irabile 11el t11rpe (§ 37,1) wn efeito lúdico (Lessing, Lob der Faulheit) 1 ou provocatório; no que respeita no ge1111s h11111ile produz, p. ex., na novela picaresca, um certo realismo social e no que W1l

.

'

Vid. o verd3dciro •dogio d3 loucurn•, fci10 por F. PcssoJ, M=gcm, 111, As Quinas,

s.• PP· 12-13: Louco, sim louco, porque quiz gra11dtzn I Qual a Sortt a uilo dá.. I Mi11/10 lo11t11ra, outros q11t mt a tomrm / Com o q11r 11rlla ia. / Srm n fo11mrn q11t l P /1p111r111 / Mais q11t brsta sadia, / Carlalfrr odiar/o que proOCmmv) e tem dois graus de intensidade: 1) A comunicação (dar a conhecer) , p. ex., na propositio e na 11arratio. (§ 43,2). 2) A prova (com função de probare), p. ex., na arg11me11tatio (§ 43,2).

A sequência da comwúcação e da prova apresenta ambos os tipos de sequência da s11biecrio ratio11is e do e11thy111ema (§ 372) concludente. O centro do domínio c m que se aplica o docere, reside no ge1111s s11btile (§ 466). Os poetas praticam o dom.."to não permitir, de maneira alguma, a sua compreensão, tal com.o acontece, cm casos extremos, por causa de estar redigido numa língua estrangeira, ou, no tocante à prommtiatio (§ 45), devido ao orador falar muito baixo. Mas este género de obscuritas aparece também fora destes casos extremos e também em. textos escritüs. 2) Há uma obswritas indecisa quanto à direcção, caso o tc.', oppdative 1101111, appdali11t; it. no111t con11mt, nomt apptlla!ivo, apptllati110; esp. 11ombre común, nombre aptla/ivo,

aptlativo, 110111brt gt11bico ; (port. apdati110 edcsignativo do nome ou o próprio nome: aplicável a qual­

quer componente de

uma

espécie ou classe e que também se chama substa11ti110 ou 11omt: mesa, rio,

m111]1.11 .

monte, homc:m sio iubstanúvos ou rromts apdativos ou co

2) Apelativos (§ 138} são considerados apelativo-unívocos (§ 138} para coisas individuais ou pessoas individuais da classe que o apelativo designa. A indicação da coisa individual ou pessoa individual, que é visada pela designação da classe, faz-se pelo contexto («Situação•) linguís­ tico e extra-linguístico, sobretudo por meio de sinais (§ 150} actualizantcs e individualizantes, como o artigo, um pronome demonstrativo ou um advérbio («esta maçã aqui»). - Os apelativos devem, além disso, satisfazer à p11ritas, que põe, como condição, os verba propria (§ 1 1 1}. 3) A substituição (i11111111tntio : § 169,2) de um nome próprio unívoco (alínea 1), ou de um apelativo unívoco (alínea 2), por meio de uma outra designação, pode ser realizada por um sinónimo (§ 170} ou por um tropo (§ 174}. O tropo :fica afectado por uma equivocidade (§ 145), que é permitid a pela licença : n) A substituição de um nome próprio unívoco («Homero.} por um apelativo («O poeta.) é uma antonomásia (§ 204) . b) A substituição de um apelativo, que serve para designar a classe ou um indivíduo dessa classe (ca maçã», caquela maçã, ali.), por meio de um apelativo, que designa o género («o fruta., «aquele fruto, ali•), é uma sinédoque (§ 194}. 141. Na prática das línguas pressupõe-se, filosoficamente, um crealismo• (1) dos universais (classe, género, etc.), ao passo que o nomi­ nalismo (2) e o conceptualismo (3) limitam a realidade dos universais numa medida que não pode ser acompanhada por um conhecedor médio da língua: 1} O crealismo• atribui à comunidade dos indivíduos (§ 138), que é expressa pela unívocidade dos apelativos, uma realidade (qualquer que seja a sua descrição}. 2} O cnominalismo• compreende os apelativos, que, na opinião dos realistas, são unívocos (§ 138), só como 110111i11a propria equívocos (§ 136) : para um nominalista extremo, uma maçã tem tanto cm comum com outra maçã, como dois portadores quaisquer do nome Pedro (§ 126) têm, mas só neste nome, alguma coisa em comum, sendo de acrescentar que, p. ex., também um cão poderia ser portador do nome de Pedro. - Cf. § 152. 3) É medianeiro entre o realismo e o nominalismo o cconceptua­ lismo•, que atribui aos universais pelo menos uma realidade conceptual, que, como tal, está limitada à função predicativa (§ 139). 2) As relações não unívocas (§§ 142-159} 142. Para a determinação das relações não unívocas (§ 134) pode partir-se do princípio de que a relação apelativo-unívoca é definida pelo facto de dois (ou mais) corpos de palavra (§ 138) concordarem tanto na

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132

forma do próprio corpo de palavra, como também no conteúdo con­ ceptual, que é comum a diversas coisas individuais. Daqui resultam, portanto, para a relação de dois corpos de palavra e dos conteúdos con­ ceptuais, que com eles estão relacionados, as seguintes possibilidades: 1) Na relação unívoca (§ 138), concordam dois (ou mais) corpos de palavra tanto na forma dos corpos de palavra, como nos conteúdos conceptuais que estes corpos de palavra exprimem: Rhet. min. p. 591,12 ilia a11te111, q11ae et 110111i11e et defi11itio11e (conteúdo conceptual) co11sentiimt,

1111 ivoca dici111t11r. 2) Na relação equívoca (§ 145), concordam dois (ou mais) corpos

a) Se a substituição se fizer dentro do quadro convencional, o resul­ tado é um tropo (p. c..-x . , a substituição de «herói» por «leão•, de cvalente» por «cobarde»; §§ 174-236). b) Se a substituição se fizer fou do quadro convencional, então haverá urna obswritas viciosa (p. ex., na substituição de «herói» por «porta de armário» ou por tpoup:u), embora haja, com certeza, poetas, que tentam enveredar por caminhos não trilhados (§§ 176, 1 ; 385,3). 144. Nos parágrafos seguintes (§§ 145-159), serão tratadas as três relações não unívocas (§ 142,2-4), observando-se cada uma separa­ damente.

de palavra na forma dos corpos de palavra, mas não nos conteúdos conceptuais, que estes corpos de palavra exprimem : Rhet. mio p. 591, 20, aeq11i11oca s1111t dieta, q11od, q11am11is defi11itio11ib11s (conteúdos conceptuais) .

diste11t, aeq110 ta111e11 11ocab11lo 11011c11pe11h1r. 3) Na relação multívoca (§ 153), concordam dois (ou mais) corpos de palavra nos conteúdos conceptuais que estes corpos de palavra exprimem, mas não na forma dos corpos de palavra: Rhet. nún. p. 591,9, illa vero, q11ae defi11itio11e (conteúdo conceptual) co11gn11111t, 110111i11ib11s separa11t11r, 11111/tivoca 110111i11a11t11r, ui stmt «gladius-, «ensis». Cf. Plat. Prot. p. 329 c-d. 4) Na relação diversívoca (§ 157), não concordam os dois (ou mais) corpos de palavra nem na forma dos corpos de palavra, nem tão­ -pouco no conteúdo conceptual, que esses corpos de palavra exprimem: Rhet. mio. p. 591, 16 ilia 11ero, q11ae 11eq11e 110111i11e i1111g1111t11r 11eq11e defi11itio11e (conteúdo conceptual) co11se11ti1111t, l111i11s111odi s11111 q11ae 011111ino a se discrepe11t: .

haec 11oca11h1r diversivoca, 111 est «ig11is, aer, aq11a, terra»; his e11i111 11eq11e eade111 110111i11a s1111t 11eq11e ide111 ter111i11i (definições). Cf. Plat. Prot. p. 329 c-d. 143. Para a perspiwitas (§ 134), deve fazer-se a experiência por meio da substituição (i11111111tatio : § 169,2) : 1) Quanto à relação unívoca (§ 142,1), tem a substituição, como resultado, a identidade do corpo de palavra e do significado da palavra, de maneira que a perspiwitas fica mantida da melhor maneira (§ 134) : a palavra •maçã» pode se.r substituída pela palavra «maçã», sem dar origem a um mal-entendido. 2) Quanto à relação multívoca (§ 142,3), a perspirnitas também não corre perigo (§ 154), se bem que se possa recear um desvio, dentro de outros campos: a palavra «cavalo» pode ser substitwda, sem grande mal-entendido, pela palavra «roei.nu. 3) Quanto à relação eqwvoca (§ 142,2), resulta, no caso de uma substituição (possível para o ouvinte), um a obsrnritas, indecisa no tocante à direcção (§ 132,2). 4) Quanto à relação d.iversívoca (§ 142,4), resultam, no caso de substituição, dois tipos de obswritas (§ 132,1) sem direcção (ou indecisos quanto à direcção):

a) Relação eqwvoca (§§ 145-152) 145. Uma relação eqwvoca (§ 142,2) consiste, p. ex., entre as pala­ vras francesas vers cvermes» e vers cversoS»: as duas palavras são (na ter­ minologia latina) «eqwvocaS», ou (na terminologia grega) «homónimas» (aequivocum, homonymum, óµwvuµov) 1 Cf. ainda § 143,3. 146. A univocidade (§ 142,1), que corresponde à situação, é uma condição do discurso (§ 134), que, por sua vez, corresponde à fwição que a língua tem de se fazer compreender. A equivocidade (homonímia), pelo contrário, põe em perigo a perspie11itas do discurso e não corresponde, por consequência, à função que a língua tem de se fazer compreender. Assim, a equivocidade é interpretada como um fenómeno caótico do acaso (Ar. eth. Nic. 1,6,12 p. 1096 b &r.o "t"Ú)'..YJi;), referente ao sistema lingwstico em questão. Para o pensamento histórico, este acaso é um fenómeno da história linguística concreta : a equivocidade deriva-se de urna mudança do conteúdo (§ 147) e de uma mudança do corpo de palavra (§ 148). A paronomásia (§ 277) é uma equivocidade parcial. 147. O conteúdo de palavra (o significado de palavra) altera-se (§ 146) por meio dos tropos (§ 174), que trazem consigo uma equi­ vocidade do corpo de palavra. Esta. equivocidade aparece nos seguintes casos: 1) Entre o conteúdo do 11erb11m propri11111 e o conteúdo do tropo (Jat.Jerrum «ferro como meta!./«espadat [como tropo poético: § 174; 197]; -

-

Exemplos par.a homonimia trópica (S 147): Ot'.Iycç cabras; ondaso; m11.sm/us •pequeno múscul0t; fr. ptlolo11 movclo; pclotJ0t; ingl. ""'"� trato ; carne musculosa.o; (port. palmo superfície inferior da mão; ramo de palmeirv.J Exemplos pu-a a homonimia originada pela coincid�ncia d e diversos corpos d e p a l a v r a (§ 148): cixT7j 1promont6rio, trig0t; moros11J «teimoso (de mos); duradoiro (de moro)>, cat/11111 •cinzel ; cém; fr. '1ollt 1molho (p. ex., de rabanetes) ; bota ; es�cie de barril•, pà� «tirar o pêlo (de poil), descascar (de pta11)•; ingl. l>ottlt •garrafa; molho (p. c:x. de palh3)>; (port. canto •canção> (de ca11tar). dngulo de: uru3 = ou de uma mesa> (prove­ raro;

1

niente de origc:m controversa)].

135

134 fr. la111e climina de fac:»/«onda que se estreita à maneira da limina de

wna fac:» [como tropo habitualizado: §§ 178; 228). 2) Entre vários conteúdos trópicos do mesmo corpo de palavra («gémeos, como dois irmãos, ou como músculo da perruu, «Gémeos, como signo astral.). 148. A transformação dos corpos de palavra (§ 146) pode conduzir à igualdade fonética (frequentemente também gráfica) de dois (ou vários) corpos de palavra genetica e semânticamente diferentes. A transformação pode consistir: 1) na alteração da composição fonética dos corpos de pala.Yra («Lautwandel» RSpr, §129): fr. vers •versos/vermes» (§ 145); [le se11] eles chênes les chênes» (Bally, p. 392); - 2) no aumento do conteúdo do corpo de palavra por meio de empréstimo (fr. ca11011 «cânone/canhão») e de criação recente (fr. dépister «retrouver la piste» [ constnúdo por imitação de déco11 vrir)/cdé courner de la piste» [construído segundo o modelo de déro11ter)). 149. A equivocidade (§§ 147-148) de ambas as classes constitui um erro (§ 95) contra a perspimitas (§ 132), podendo, no entanto (como todos os erros), em consequência de uma licença (§ 94), encontrar apli­ cação como recurso aróstico assim como pode encontrar «cura» na língua de todos os dias (§ 178; necessitas) por meio da situação do discurso (§ 150). Como recurso artístico utiliza-se: 1) A equivocidade, condicionada pelo conteúdo de palavra (§ 147), a fim de obter estranhamento estético (omat11s : § 164) ou estranhamento determinado pela táctica do discurso (dissimulatio: § 430,2), e ocasio­ nada também por necessidade (11ccessitas: § 177). 2) A equivocidade, condicionada pelo corpo de palavra (§ 148), a fim de obter o gracejo (ridic11l11111: § 69) 1 e o estranhamento que serve à táctica do discurso (dissi11mlatio : § 430,2). 150. A equivocidade necessita, quando é empregada como recurso artístico, a fim de obter estranhamento estético, ou quando é empregada por necessidade (§ 149,1), de uma certa atenuação (re111edi11111: § 90), que garanta a perspicuitas. Esta atenuação é um sinal (§ 180), que serve para distinguir o conteúdo de palavra, que se pretendeu, do conteúdo de palavra que nã.o se pretendeu, mas que, no entanto, se evocou por 1

C( Bally p. T/6 § 453 (calonbour •jogo de p:Uavraso). Exemplos : Mol. Fcmmcs sav. 2,6,491

... rt-Stt1S par loi; JC 1,1,14 a mmder ofbad solts (esolaso, que tem som igu:a.1

Vt 11 xt11 lo11tt ta vit olfmsa la grammairt [grãm�]? / Q11i parlt d'o lftt rsa gra11d-111�rt ni graml-Frt /

•Crammairti> est prist à co11t

ao de so111s calrmst); 3, 1,207-208 (lrart .veado>, /1earl •coração>) ; (port. ca/m1bo11r corresponde, de certa maneira, ao trocadilho, no qu:il, todavia, n3o � ncccssirio que as p:Uavns tenham um som

absolutamente igual, p. c.x., Vicir.a, IV, 421 As 111ag11t1a atraem o fe"o t os magnates o ouro. Como calm1bo11r, podemos comidcrar CMtilho, Sabichonas, Tll,2, p. '106: fi-/o (um soneto) a 111110 tra11ra preta, fusc intcrprec;ida por D. Andrcza da scgwnte maneira: 11111 calemburftliz: ji/011 a tra11ça preta,

...

assim como q11m1 diz: ptgo11-llrt por ali (fi-lo do v. fazer e filou do v. filar c:igarnn)].

- Cf. § 166,6.

intermédio da palavra equívoca (Quint. 8,2,13: disti11g11ere). Há dois sinais que servem para essa diferenciação (§ 180) : 1) O sinal mais geral é a situação do discurso (§ 4), que é dada pelo discurso e juntamente com o discurso, tal como a situação dentro do discurso (o contexto). A situação do discurso e o contexto decidem, p. ex., no caso do fr., se [le �e11) (§ 148) significa ccadeiaS» ou «car­ valhos.. 2) Quando o sinal mais geral (alínea l) não é considerado suficiente, então o sujeito falante reforçará expressamente o contexto (alínea 1), por meio de acrescentamentos, que têm o valor de um sinal : comentará (Quint. 8,2,13: interpretari), glosando (§ 284), o corpo de pa1avra equívoco [le s.,e11], por meio de um sinónimo (§ 170) ou de um tropo (§ 174; les chê11es, ces bea11x arbres [sinédoque, § 194]). [No exemplo, tirado de Castilho (§ 149,2, n.1), vemos que o autor reforça o corpo de palavra equívoco por meio de um sinónimo: filou . . . pegou-lhe (N. T.)]. 151. Quando o sinal mais geral (§ 150,1) não é considerado sufi­ ciente e, por outro lado, o comentário glosante (§ 150,2) é considerado complicado em demasia (p. devido à necessidade de empregar fre­ quentemente o conteúdo de palavra, ao qual teria sempre de acres­ centar-se uma interpretação), então evita-se a palavra equívoca (Quint. 8,2, 13: vitare) , que é substituída por uma outra palavra que não corre o perigo da equivocidade, ou que, pelo menos, o corre em menor grau (i11111111tatio : § 1 69,2). A outra palavra pode ser : 1) Um sinónimo (§ 170) ; 2) Um tropo, especialmente quando a equivocidade é condicionada pelo corpo de palavra (§ 148), de modo que, por conseguinte, uma classe de equivocidade (§ 147,2) seja curada por outra classe de equivo­ cidade (§ 147,1). Foi este o caminho seguido, p. ex., pelo dialecto gascão, que substituiu a palavra *gat «galo• ( < gallus) por uma metáfora social 11ig11ier «alcaide ( < vicarius), porque gat ( < cattu) já significava «gato-.. - Cf. §§ 178,2 b; 179. 152. São equívocos (§ 136) os nomes próprios, que são comuns a vários portadores, sem que esses portadores, no entanto, tenham algo mais de comum senão o nome. A equivocidade, todavia, cura-se frequen­ temente por meio da situação ou por meio do contexto (§ 150) : o nome Pedro, que é comum a muitos portadores, só se refere, p. ex., numa famí­ lia determinada e devido à situação, apenas ao membro, que, na família, tem esse nome. - Cf. § 141,2. e.'X".,

b) Relação multívoca (§§ 153-156)

153. Uma relação multívoca (§§ 142,3 ; 143,2) existe, p. ex., entre as palavras lat. gladi11s «espada. e e11sis «espada.: ambas as palavras são

1 36

137

«Slllonimast (sy11011y11111111 (Scrv. Verg. Aen. 2,128); auvwvuµov). [Ar. rhet. 3,27 p. 1405 a), 7toÀuwwµov 1 (cf. Plot. Prot. p. 329 c-d) . 154. A concordância de;- significado (§ 143,2) de palavras sinónimas nunca é, todavia, completo, mas é sim uma ftmção da exigência de exactidão, que se determina entre o sujeito falante e o ouvinte (ap/11111 : § 464), exigência essa que também é um fenómeno da situação (§ 4) (�horizonte de cspectativa» Errvart1111gsl1orizo11t) . A diferença de significado, que inclui também a que existe entre sinónimos, chama-se differe11tia (7tcxptxllor.fÍI) e aparece cm dois donúnios: 1) A diferença de significado pode referir-se ao conteúdo con­ ceptual. Por isso, existe, p. ex., 'entre as palavras «bcnsit e •propriedade», uma diferença de significado (cf. também § 171). Na linguagem jurídica, a exigência de exactidão é grande (cf. o status .fi11irio11is: § 31,3) e em har­ monia com a situação (§ 4), de maneira que se tem de pôr cm relevo a diferença de significado entre as duas palavras: «bens» e «propriedade» não podem ser empregadas como sinónimos, mas têm de distinguir-se rigorosamente (i. é, têm de opor-se), de tal modo que sejam francamente contrários (cantónimoS») e, portanto, tenham de ser incluídas no domínio diversívoco (§ 157). Por seu lado, na linguagem quotidiana, sem implica­ ções com o direito, é pequena a exigência de cxacridão, de tal forma que cbens• e «propriedade» podem ser empregados como sinónimos. - Quanto à substituição sinoním.ica partidária, cf. §§ 75, 1 ; 172. 2) Mesmo quando não devia existir uma diferença de significado no conteúdo conceptual, é possível uma diferença cm relação à co11s11ct1�do linguística (§§ 104-106). Esta diferença pode ser usada como estranha­ mento (§ 84) e pode usar-se como função dos ge11era elowtio11is (§ 465). Por esse motivo, o lar. e11sis pertence a um ge1111s elowtio11is mais elevado (poético) , do que a palavra corrente gladius (§ 1 53) . - Cf. § 171. 155. Se uma palavra unívoca for substituída por um sinónimo (§§ 143,2; 151,1), nessa altura, esse sinónimo vai contra a perspic11itas (§ 134), desde o momento que o seu conteúdo conceptual não corresponda às exigências de exactidão pedidas pela situação (§ 154,1). O sinónimo vai contra o ap/11111 (§ 464), quando não corresponder (§ 154,2) ao ge1111s dicendi (§ 465), pretendido pelo orador ou esperado pelo ouvinte. 156. Quanto ao emprego dos sinónimos cf. §§ 170-173; 282-285;

343; 352.

1

Exemplos : fr. péri/

glad f /1appy, lo

f da11gcr, fimeste f fatal,

mor/ / tripas;

ingl. sl!l'pcm f s11akc,

s/1ip

f

vessel,

kill f to s/ay / to sla11ghtl!I'; ir.fimeslo ffala/e, ca11dido f bia11co, diswrmc f par/are ffa11cl/arr, 11cmmt110 f ttemulir; ai. Pfcrd f Ross / Ga11/; (port. brmico f a/1•0 f c811dido f 11f1m1, mortt f falcdmrnto, frmuto f fatal].

e) Relação diversívoca (§§ 157-159)

157. Uma relação diversívoca (§§ 142,4; 143,4) é possível cm várias classes de diversidade. 1) A diversidade mais restrita consiste na oposição dos géneros (p. ex., ig11is, aer, aq11a, terra : § 142,4), que pertencem a uma classe comum (p. ex., cle111e11ta ). A oposição entre duas classes opostas de um género é expressa por meio de duas palavras de significação oposta («belo•/«Íeiot; «rico•/«pobre»; «tudo•/madai1). Essas paJavras são designadas, na moderna terminologia como •antónimos• (fr. a11to11y111e «mor gui a un seus opposé à celui d'un autre» ; ingl. a11to11y111; esp. [rorc. a11tó11i111v «vocábulo de significação oposta à de outro•]). 2) As classes de diversidade mais simples podem desprender-se de roda e qualquer comunidade («poupa, armário, filologia.) e até da comwudade de classe vocabular («poupa, frcquc11temcntc, dezassete, louvan). 158. A substituição, como tropo (§ 143, 4 a) é possível (§ 175) para os géneros de diversidade (§ 157) mais rescritos e para os mais !atos. 159. A relação divcrsívoca emprega-se nas figuras da acumulação (§§ 293-316; 345), processo pelo qual o alargamento das classes de diver­ sidade (§ 1 57,2) provoca a complicação semântica do zeugma (§ 325). - Cf. também § 173,2. .B)

fo

verbis co11i1111ctis (§§ 160-161)

160. Nos verba co11i111rcta (§ 130,2) atinge-se a perspic11itas, 110 momento cm que a perspicuitas, já dada nos verba si11g11/a (§ 1 34), é expressa de tal modo, por meio da realização de frases e grupos de frases, que o con­ teúdo (res) da intenção de comunicar (vo/1111tas) , por parte do sujeito falante, é entendido (§ 47,1) pelo ouvinte, como pane ftmcional da intenção total do discurso (� 6). 161. A obscuritas (§ 132), como erro contra a perspicuitas (§ 95) e como licença (§ 94), aparece, no tocante aos verba co11i1111cta, cm duas variantes : 1) A obsc11ritas sem direcção (§ 132,1) surge especialmente, por meio da 111ixt11ra verbor11111 (§ 334), que é considerada, na prosa, como erro, mas que, na poesia, é utilizada como um meio para obter o estra­ nhamento. 2) A obscuritas, indecisa quanto à direcção (§ 132,2), pode surgir por causa da colocação dos vocábulos (ordo; § 329) ou por causa de complicações idiomáticas especiais. Uma destas complicações aparece 110 lat. acwsativ11111 cr1111 i11.fi11itivo, pois que esta construção não dei.'l:a

138

139

reconhecer a diferença entre sujeito e complemento objecto do infini­ tivo. - Como licença (§ 94), é esta classe de obsc11ritas utilizada a favor da táctica do discurso (§ 430,2) (com a finalidade da dissi11111latio), nas sentenças oraculares (Enn. Cic. div. 2,56,6 aio te, Aeacida, Romauos vi11cere posse)

1.

ill) Ornatus (§§ 162-463) 162. Uma perspic11itas (§ 130) suficiente é necessana para cada expressão linguística (a não ser que se queira desistir de toda e qualquer perspicuitas, devido a especiais intenções de provocar o estranhamento com finalidade artística : § 84). Em contrapartida, é o omatus (cult11s atq11e ornat11s, oratio omata, exomatio, dignitas; xÓafLoc;, Y..a-raaxw·�) um luxo do discurso : ele tem, como finalidade, a beleza da expressão lin­ guística. O omat11s corresponde (aptm11; § 464) à necessidade, que todo o homem (tanto sujeito falante, como ouvinte) sente, de que haja beleza nas expressões humanas da vida e na apresentação do próprio homem em geral. Deste modo, o omat11s, com a sua intenção criadora, atinge o donÚJÚo das artes elevadas (§§ 28 ; 73,2; 93). No donúnio das artes elevadas, tem o artista a intenção de obter, com as suas realizações artísticas, a formação mllm.ética» (reconstruinte, generalizante, que eleva depois de ter evidenciado) de conteúdos, que adaram a existência, e das mais altas aspirações da natureza humana. Como artes elevadas podem ser considerados os diversos graus magistrais de perfeição em certas artes que criam obras (escultura, pintura, poesia, composição musical) e nas outras artes que reproduzem obras (recitação, representação teatral, interpretação musical, dança). 163. A necessidade de beleza do omat11s (§ 162), tanto se refere aos pensamentos {res; § 40), como à formulação linguística (verba ; § 91). Existe, portanto, um omatus de pensamento (1) e um omatus de palavra (2) : 1) O omatus de pensamento (sente11tiarut11 exomatio) é uma função do aptum (§ 48) relativo ao pensamento e pertence propriamente, como fenómeno rc1acionado com os pensamentos {res) , à i11ventio (§ 40) e à dispositio (§ 46). Contudo, dele se trata tradicionalmente na elocutio, sob a rubrica cfi.guras de pensamento• (§ 363). 2) O omatlls de palavra (verbor11111 exornatio) diz respeito aos fenó­ menos dos verba si11g11la (§§ 168-236) e, dentro dos fenómenos dos verba coui1mcta, às figuras de palavra (§§ 239-362) e à composítio (§§ 448-463) . ' A expressão latina apresenta-se ambígua, porque existem dois acusacivos cm posiçio con­ tígua, rt (Atatida), Ro111a11os, e seguidos dos infinitivos vÍJJCat, posse. Deste modo a tradução pode ser: ecligo que tu podes vencer os Romanos> ou cdigo que os Romanos te podem vcncen. Os resul­ tados , do, como é evidente, o mais antagónicos posslvd

(N. T.).

164. Na intenção, com que se procura o efeito, e nesse mesmo efeito, é o omatus um estranhamento (§ 84) com as funções do delectare e do movere (§§ 69-70). Os graus mais elevados de estranhamento são considerados como a11dacior omat11s (§§ 90; 212; 231). 1 65. Como todas as virt11tes (§ 95), está o omat11s colocado entre o vití11111 da insuficiência (oratio í11omata) e o vítium da demasia (mala aJfcctatio, xcxx6C·l)À0\1). Cf § 166,4. 166. Distinguem-se várias qualidades de omat11s (cf Hadb. § 540), que podem ser consideradas, como variantes dos genera clowtio11is f§ 465), em relação ao omat11s, p. ex. : 1) O «ornato vigorosoi> (rob11r; sern10 robustus, fi>rtis, valid11s, S1llid11s; omat11s virilis, Jortis, sa11ct11s; 11ervos11m dice11di ge1111S; Êvtpyc:�oc) corresponde, pouco mais ou menos, a uma variante do gem1s sublime (§ 468). O vigor realiza-se pela aplicação dos meios do omat11S com efeito forte (que servem especialmente para reproduzir) e pela co111posítio (§§ 369; 432 ; 442; 457-463) mais dura. Evita-se a mala a!Jectatío (§ 165) preciosa. 2) O «ornato ma.is suave» quer transmitir uma experiência não fatigante do Belo e corresponde, pouco mais ou menos, a uma variante do getms medi11111 (§ 467). É designado como grafia (xcíp�) ou s11a11itas

{í11c1111dítas, d11lcit11do, d11lcedo; y),uxÚT"l)ç). 3) A elega11tia aparece em duas variantes : a) A elega11tia simples é considerada, como concedida juntamente com as virtudes da p11ritas (§ 103) e da perspiet1itas (§ 130), correspondendo, portanto, ao ge1111s subtile (§ 466), e é atribuída, p. e.x., ao estilo de César. b) A exwlta elega11tia (Quint. 6,3,20) possui uma certa medida de grafia (srtpra,2) e, portanto, pertence ao ge1111s 111edi11111 (§ 467). e) Quando se toma em especial atenção uma composirio (§§ 448-463) agradável, sobretudo no domínio fonético (§§ 457-463), chama-se também à eleg�cia co11cinnítas (co11ci1111it11do, sermo co11ci111111s) . C( co11cim1íty «studied elegance of style», co11ci1111011s ccaracterized by studied elegance of styb; it. concinnità «armonia semplice ed elegante dello stile»; esp. conci110 «(lenguaje) armonioso, numeroso, elegante,., co11cinídad; (port. co11ci11idade (palavra que, muito embora não esteja atestada, se pode

adaptar a partir do latin1 (N. T.)]. - No uso linguístico alemão a «Konzinnitãt» refere-se, as mais das vezes, especialmente ao fenómeno do paralelismo (§ 337) 1• 4) O nitor (nitíd11111 ge1111s) 2 «distinção elegante» está próximo da gratia e da elegautia (supra, 2,3,b) e consiste especialmente em evitar A noção relacionada com o paralelismo simétrico da frase aparece nitidamente na inter­ (N. T.). z O fr. 11etlttl 1clareza• (com o adj. 11e! •clar0t) é uma designação da pmpiwit4S (§ 130), pois que o adj. 11tr perdeu, do ponto de vista histórico-linguístíco, 2 significaç:ro de cbriU1:inco e agora 1

pretll\10 pon. de illcontirmlt4S como cdisscmctria»

141

140

o vulgar (§ 464,2) . - O 11itor exagerado pela 111ala affectatio (§ 165) dá, como resultado, o preciosismo ( va11itas) 1• 5) O lzilare (laet11111) dicc11di gc1111s (fr. sty lr e11jo11é) caracteriza-se pela 11rba11itas e Jestivitas espirituosas (§ 69) . E uma variante do ge1111s 111edi11111 (§ 467) e pode combinar-se com o ge1111s ac11t11111 (infra, 6). 6) O ac11111111 dice11di ge1111s serve-se de meios, que, do ponto de vista intelectual, provocam o estranhamento (§ 84), sendo, portanto, paradoxais (§ 37,1 ) , no que diz respeito aos pensamentos (csubtilezas de pensamento•) e à língua (•subtilezas de linguagem») 2• O ouvinte é convidado a fazer o seu próprio raciocínio: ele tem de lançar uma ponte entre o paradoxo e o significado pretendido. Se o ouvinte conseguir levar a cabo esta tarefa, alegra-se então quanto à sua ÍH.teligência e toma-se, deste modo, «cúmplice de pensamentos• do autor. - Cf. § 37, 1 ; 419. 7) O copios11111 dice11di ge1111s pode pertencer ao ge1111s medi11111 (§ 467) ou ao ge1111s grande (§ 468) e consiste na preferência por meios de expressão «alongantes» (§§ 59; 72) , como a perífrase (§§ 186; 420) , as .figuras da adiectio (§§ 240; 364) , o isocolo (§ 336) e a construção dos períodos (§ 452) . 8) O acc11rat11111 dice11di ge1111s consiste na observação estrita dos praecepta, correspondendo, portanto, pouco mais ou menos ao ge1111s s11btile (§ 466) : frequentemente evita o omat11s cm geral e, de qualquer maneira, a mala a!Jectatio (§ 165) . 9) A poesia caracteriza-se pelo estranhamento que lhe é peculiar (§ 84) e o qual corresponde, em grande parte, ao omat11s. Como quali­ dade de estilo, atribui-se (§§ 102; 106,2; 107,2 a; 115; 120) ao omat11s de diversos géneros poéticos (como drama, epos e também géneros líricos) a maiestas (dig11itas; ae:µ,16-r'1)c;). 1 O) Especialmente em relação ao estranhamento intelectual (obsw­ ritas : § 132) distingue-se, na Idade-Média (Faral p. 89) , entre o omat11s facilis, menos exigente, e o omat11s d!{ficilis, ma.is exigente. 167. O omat11s (§ 162) deve a sua designação às preparações ador­ nadas de um banquete, no qual o próprio discurso é concebido como iguaria a consumir. A este domínio pertence também a designação

1 do omat11s como co11dime11t11111 (co11dita oratio, co11dit11s serr110) • - De outros domínios da imagem tiraram-se para o omat11s os termos habituais de cflores. do discurso (verbomm se11te11tiam111q11e flores) 2 e •luzes• do discurso (l11111i11a oratio11is) 3• - Também. color (Cic. Brut. 87,298; de or. 3,25,100) se emprega como designação de omat11s.

apenas significa •puro, daroo. Entre o fr. trtllttl e o bt. 11itor não C.'liste qualquer rdação contínua, quanto à qualidade do estilo.

d'omcruentso; ingl. jlou1ers comamcnu of spccch•, Jlowertd cabounding in flowcn of spcech; flori; it. .ftort cvcnustà, elcganza dei parbre., fiori rtllorici (pottici) aicercatczza dei discono (dclla poesia)•; csp. dtdr {tcliar) jlow •requebrar-; (port. •ornamento poético do discuno:jlom de n:tó­ ric;u] . - Cf. também o gnrus jloridurn (§ 467). 3 Fr. lmniht du discours •nom piuorcsquc dono!! par lcs ancieru rbéteun aux figures et au.'I omemcnts du scylcio; ingl. lig/1ts •graces ofstylco; (port. luzes tem o mesmo significado, como podemos verificar cm certos tfrulos: Luzts da poesia dtso1bt11as 110 Orinrtt de Apollo 11os i1!ff11xos das Musas

1 Fr. prlciositl caffcctation dans Ie bngageo; ingl. prtciosity caffcctation of rctinemcnt or dis­ dinctiou csp. n i thc wc of languagoo; it. preziosità oriccrcatCZZ2, dcgat122 peregrina affctatv; csp.

er-] . - Cf. § 133. 2 Fr. poi11tt otrait subtil, rcchcrché; jcu de mow, ji11tssc •qwlité de cc qui cst fin, c'cst.à-dirc de cc qui a Ic nractcre d'une élcgante dclicatcsso, aign •(p. ex. épigramme) qui piquco: ingl. slrarp •acute or pcnctr.1ting in intcllect or pcrception•; it. a] . 111tli11drt ; (port. prtciosismo ocx:agcrada ddicadeza e subtilaa no falar e escrev

- Cf. SS 167, n. 1 ; 274; 286.292.

A) ln verbis singulis (§§ 168-236) 168. O omat11s i11 11erbis si11g11lis posit11s (§ 163,2) tem, como base, o verb1m1 propri11111 (§ 111 ) et 1mivomm (§ 138) , que s:itisfaz as exigências da p1uitas e da perspicuitas. O omat11s, como estranhamento (§ 164) permite uma licença (§ 94) , que justifica o seu desvio da p11ritns (do 11erb11111 pro­ pri11111) e da perspiwitas (do 11erb11111 1111ivow111) . Nos parágrafos seguintes (§§ 169-236) , o raciocínio e o material paradigmático referem-se predominantemente aos nomes (principalmente substantivos), muito embora os fenómenos em si não estejam ligados ao donúnio nominal. 169. O desvio quanto à p11ritas e quanto à perspiwitas (§ 168) diz respeito ao seguinte : 1) Na poesia, às partes do corpo de palavra (§§ 1 1 8-1 24). 2) Na poesia e na prosa, ao corpo de palavra como um todo. O verb11111 propri11111 et 1111ivow111 (§ 168) pode ser substituído (i11111111tntio : § 62) : a) Por um corpo de palavra, que, de antemão, tem um conteúdo semântico igual ao da palavra substituída (§§ 153-1 56) ; portanto, mediante um sinónimo (§§ 170-173) . b) Por um corpo de palavra, que não tem, de antemão, significado igual ao da palavra substituída (§§ 153-156) ; portanco, mediante um trapo (§§ 174-236) . 1 Como ccondimcntoo designa.se sobretudo o oma111s de pensamento que é cowtituldo pelo gracejo (§ 166,6): ltport ti ftsti11itate condita oratio. - Cf. também sal •intdcctual acutcncss, wit, ciÃc;>; fr. sd cce qu'il y a de fin, de vif, de piquant da.m Ies discoun, d3Jl.! un ouvragc d'esprit»; ingl. salt opoignancy of cxprcssion; pungcnt wit»; it. S41t; csp. [port. sal •graça, finu:n de espírito; malícia espirituosa; o que hi de picante ou de ntencional i numa palavra ou fraso] . 2 Fr. jltur oomemcnt, embcllisscment, parurc d'un style flcuri•, sryle Jlturi «Stylc rcmpli

divididas tin trts lnzts tsm1dais. Luz primeira, da medida t co11sa111í11âa da Potsia. l.J1z segu11da, do omato da potsia t fig11ras

qut ntlla cabtin.

l.J1z ltrctira, do tspfrito da potsia t trrtcçam do co11cty10, por M:inocl

da Fonseca Borralho, Lisboa Oriental, na Oflicina de Fdippc de Sowa Villda, 1724] .

3 14

142 1) sy11011yma (§§ 170-173) 170. A possibilidade de substituição (i11111111tatio) de um verb11111 propri11111 e/ 1111ivoet1111 (§ 1 68) por um sinónimo (§ 169,2 a) depende do seguinte: 1 ) No tocante ao 11erb11111 propri11111 (§ 1 1 1 ) , da expectativa de estra­ nhamento (§ 88) por parte do ouvinte. 2) No tocante ao verb11111 1111ivocr1111 (§ 138) , da expectativa de estra­ nhamento (§ 88) e da ex;gênda de exactidão (§ 154) por parte do ouvinte. 171 . O desvio sino1úmico do verb11m propri11111 (§ 170, 1 ) dá, como resultado, estrangeirismos, dialectismos, palavras arcaicas e neologismos (§§ 1 1 2,1 ; 1 1 3-1 16; 154,2) . O desvio sinonínúco do verb11111 1111ivow111 (§ 170,2) dá, como resul­ tado, inexactidões dentro do conteúdo de palavra (§ 154,1) , as quais ou correspondem a uma e.xigência pressuposta, branda quanto à exac­ tidão (§ 154) , ou então são empregadas pelo sujeito falante, na tácrica Os sinó­ do discurso, como amplificação partidária (§§ 75,1 ; 154,1 ). nimos pouco exactos, quanto ao conteúdo de palavra, estão próximos do trapo da sinédoque (§ 192) . 172. Como motivos para a substituição sinonínúca do verb11111 propri11111 et 1111ivoC11111 (§ 170) , aparecem os seguintes casos: 1) Intenção de provocar estranhamento (§ 170, 1) . 2) O apt11111 (§ 48) respeitante à sitl1ação (§ 4) , que se concretiza no seguinte : a) No que diz respeito aos matizes dos conteúdos de palavra, como abrandamento ou como intenção partidária (§ 172 ) . b) No que diz respeito aos corpos de palavra, como adaptação ao ritmo do discurso (compositio : § 457) , o qual, por meio dessa adaptação, se torna estranho (§ 171 ) ou é polido, por meio da eufonia (vocalitas, •

de um sinónimo contradiz a natureza de um nome próprio e é, portanto, uma impropriedade. 2) No emprego de um sinónimo •seminticamentet incorrecto, como substituição de uma palavra que, proprie, pode ter dua.s significações, mas cuja significação, empregada no contexto, é expressa exactamente pelo sinónimo da significação, que, nesse mesmo contexto, se não pre­ tende. Como e.xemplo, apresenta-se tradicionalmente o emprego do adjectivo 6o6ç no passo da Od. 15, 299 (Quint. 8,6,37) 1• Como possibi­ lidade de erro (§ 95) censura-se, hoje em dia, a metalepse aos Robots que traduzem. Estes, p. ex., reproduzem a frase «Natur und Geisb («Natureza e espírito», Faust 11 1,4897) por «Landschaft und Gespenstll («paisagem e fantasma»). - Esta metalepsis leva, portanto, para o domínio diversívoco (§ 157) e é um fenómeno caótico da técnica de tradução. Uma metalepse, que desce gradualmente, encontra-se em Faust 1, 1,1224-1237 para Ioh. 1,1 : cWort, Sinn (vis), Kraft, Tat» (•palavra [verboJ, sentido, força, acto•). 2 Como erro é a metalepse característica de muitos decalques (§ 166, n.) : «l-.ta-:Lx� > acwsativ11s.

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Eucpwvla).

173. Um emprego trópico (§ 175,3) dos sinónimos reside na metalepsis (tranmmptio, µe-.áÃ"IJ�Lç; [port. metalepse]), que consiste na impro­ prietas contextual do sinónimo empregado, o qual, fora do contexto, pode ser absolutamente, como verb11111 propri11111, sinónin10 (§§ 153-156) da palavra substituída. Esta improprie/as contextual aparece : 1) No emprego de um sinónimo por um 110111eu propri11111 (§ 136) , quando se designa o centauro Xdpwv com a palavra ''Haawv 1 que, fora deste contexto, é paJavra absolutamente sinónima (Quint. 8,6,37) : o uso � imprópria a substituição de X dpCl>v, nome próprio referido a um Centawo, por "Haaw1, 1 comparativo de xax6c;, porque zdpCl>v só é sinónimo de ljaaC1>v, quando empregado como com­ mau (N. T.). pamivo de x«x6; =

2) tropi (§§ 174-236) 174. O trop11s (-rp67toc; ; fport. tropoJ) é a «Volta» (-.pbre:crt}«L) da seta semintica indicativa de um corpo de palavra, o qual, de UDl conteúdo primitivo, passa para um outro conteúdo. A função principal dos tropos é o estranhamento (§ 164) que funcionalmente convém ao omat11s. Na frase «Aquiles é um leão», com o conteúdo frásico «Aquiles é um guerreiro fero:z», o corpo de palavra «leão» foi desviado do seu con­ teúdo primitivo («animal feroz, com estas ou aquelas características») e aplicado com um novo conteúdo («guerreiro feron). Mais corrente é a concepção de idêntico processo, como i11111111tatio (§ 62) : o corpo de palavra «leão• substitui o corpo de palavra «guerreiro feroZ>. 175. A substituição (imm11tatio : §§ 169,2b; 174) de um verb11111 propri11m et 1111ivow111 (§ 168) , coordenado com um conteúdo a eÀ-primir, por meio de um corpo de palavra (§ 169, 2 b) que, de antemão, não era 1 Vid. Alncis-Hcntze, Homus Odyssu, Alllta11g 3, Ctsa11g 1�18, Llpsia, 1895, p. 78. Trat2-se das �aot 0()(l(, que os antigos identificavam com as Eq11llladu. /u palavras ô�úç e Oo6c; são sinónimas, quando significam •r:lpido.. Neste caso, po�m. trata-se do sentido •pontcagudo, escarpado• que se encontra imicamcntc cm btúi; e não cm 606�,. Houve, pois. confwlo com o primeiro sentido. Daí 3 metalc:psc (N. T.). 2 As palavns indk:idzs servem para traduzir a frase de S. Joio, 1, 1 : lo prforipio trai Vl'rbwn (N. T.).

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seu smonuno, tira-se dos donúnios semânticos repartidos pelos loci (§ 41). Distinguem-se dois domínios semânticos mais importantes: 1) O corpo de paJavra (§ 1 74), empregado tropicamente, pode tirar-se de um domínio semântico, que está directamente aparentado («homem») com o da paJavra que se vai substituir («guerreiro»). Tropos desta espécie chamam-se «tropos de alteração de limite» (§§ 1 84-225). 2) O corpo de palavra (§ 174) . empregado tropicamentc, pode tirar-se de um domínio semântico, que não está directamente aparen­ tado («leão»; § 174) com o da palavra que vai subsácuir-se («guerreiro»). Tropos desta cspé.:ie chamam-se «tropos de_ salto» 1 (§§ 226-236). 3) Enquanto os tropos acima compendiados (§ 175,1-2) conhecem, no contexto, uma ponte semântica, que se deixa concretizar como frase enunciativa (§ 183,1), é a metalepse (§ 173) um tropo, que procura o seu estranhamento, fora do contexto, na ocasional sinonímia de um corpo de palavra. 1 76. Quanto à relação com a co11s11et11do (§ 104) é ela diferente, segundo o caso de cada um dos tropos concretos: 1) Há tropos, que hic et 11t111c se inventam no discurso {p. ex., num poema, por um poeta), pelo facto da substituição, descrita no § 175, ser empregada, pela primeira vez, para um conteúdo pretendido de palavra, devido à substituição do corpo de palavra habitual, por meio de um determinado corpo trópico de palavra. Neste caso, ainda pode distinguir-se entre duas modificações de «priJ.1iaridade»: " ) A pri.inaridade pode existir realmente segundo a consciência geral. b) A primaridade pode corresponder a uma opinião (errada) do sujeito falante, ou a uma opinião (errada) do ouvinte, enquanto, 1ia reali­ dade histórica, esse tropo, empregado pelo sujeito falante, já é, há muito usual. e) Decisiva para o grau de estranhamento (§ 84) correspondente à primaridade é a opinião (mesmo que historicamente errada) dos ouvintes, pois que são estes que decidem sobre a co11s11et11do. 2) Há tropos que se tomaram parte habitual da cc111s11et11do e que até correspondem ao npt11111 (§ 464) dos inúmeros ge11ern eloc11tio11is (§ 465), tendo mesmo chegado à co11s11et11do oral da linguagem familiar, que possui não apenas verbn proprin (§ 1 1 1 ), mas também im'nneros tropos, que servem (Wartburg, Ein( pp. 144-146) para a substituição dos verba proprin, a fim. de obter variação, ou para a satisfação de especiais neces­ sidades (p. ex., afectivas) de expressão (§§ 86; 88). 1 77. O grau de habitualização (§ 176,2) de w.n tropo pode ser extremamente grande num ge1111s elowtio11is (§ 465) ou na co11s11et11do 1

Com tropos dt salto pretende traduzir-se a expressão ntroduzicb i pelo /\.: Sprrmglroptu (N. T.).

de wna conumidade linguística cm geral : a substituição toma-se, cada vez mais uma necessidade (11ece.ssitns). Podem distinguir-se diversas formas desta necessidade: 1) Uma certa necessidade apresenta o npt11111 (§ 464) social, que bane certos 11erbn proprin do uso («tabw)) 1 substituindo-os por tropas («Onde é que posso lavar as mãos ?») 2• 2) Surge uma necessidade mais rigorosa, quando existe uma coisa, que, não possuindo designação, também não encontra na cons11et11do um corpo de palavra (verb11111 propri11111) que lhe corresponda. Neste caso dispõem-se das seguintes possibilidades de designação : n) De um estrangeirismo ou de um neologismo (§§ 1 1 3-1 1 5) . b} De um tropo (§ 178). 178. Um tropo (§ 1 77,2b), que não coexiste com um verb11111 prc>­ pri11111 que sirva para designar uma coisa, que de designação precisa, tropo esse que, pelo contrário, ocupa, na co11s11et11do, o lugar de um 11erb11111 pro­ prium, chama-se catnchresis (nb11sio; Y.tX"t"tX;(f>Y)Gtç; [port. cntncrese, nb11são ])3. Uma catacrese de tal género é, p. e.,., a designação de «pernas» para as extre­ midades da mesa. A palavra «perna» tem, portanto, duas sigrúficações (que para aqui interessam) : como verb11111 propri11111, significa a «extremidade de um ser vivo», como catacrese, a «C}.. °trernidadc de uma mesa». A co11s11et11do, contém pois, para o corpo de palavra «perna» uma duplici­ dade semântica (i. é., uma equivocidade que respectivamentc se esclarece com a situação: § 147), que se encontra entre verb11111 propri11111 e tropo. A necessidade (necessitas; § 1 77), que leva à catacrese, é um fenó­ meno da pobreza (i11opia) do sistema linguístico, que é falho de um corpo de palavra para uma coisa que necessita de designação. A i11opin pode ter duas causas: 1) A i11opia pode ser originária, i. é, apareceu ao mesmo tempo que a necessidade de designação, o que, p. ex., se pode dizer a respeito do caso da «perna de mesai1. 1 Fr. tabo11 •cspecc d'interdiction prononcéc sur un lieu, un objct ou une pcrsonnc par les prctrcs ou Jes chcú cn Polynésiet, ingl. taboo cprohibition or interdiction generally of the use or practicc of anything>. it. csp. [port. 1ab11 crcstrição ou proibiçio da prátic:i de cercos actos, por motivos mais ou menos misteriosos, em lig:tçào com a moral, com as superstições, ctc.•J. - Por ciw:i do rabu podem ser normalmente tiradas palavras do vocabulá.rio vivo, ou seja, •inutilizadaS> (§ 137,1). 2 /\ substituição de uma palavra proibidn por rabu chama-se •cufcmismoo (§ 430,2); Aen. 3,57 a11ri sacra James; lob 5,5 be11tdixeri11t; fr. mailrt des /1a111a oc11vres •bourrcaUt; fport. Hcrc., Lendas e Narrativas, H, p. 134, cão ti11/ioso tdcm6ni0t ]. 3 Exemplos: yl.waatX ; [port. Lus., II, 37,1-2 C11111 delgado ce11dal as partes cobre / De quem vergonha é natural reparo; gado mais asqueroso (porcos) empre­ gado por A. Vieira, segundo Bluteau e Vemey no V. M. E., I, p. 104 (ed. Sá da Costa)]. 191. O ciceronianismo novilatino emprega a perífrase para evitar termos (p. ex., termos do latim cristão), que não estão atestados em Cícero. No preciosismo poético (§ 188) e social também se evitam expressões correntes (como ccadeir:u, «espelho•, «queijo»; §§ 188; 189, 2-3) consideradas como verba humilia (§ 464) e substituídas por perífrases. - Fundamentalmente a perifrase serve para exprimir o carácter compósito (encoberto pelo vocabulário convencional) da realidade concreta. É a partir disto que a «perífrase da indeterminabilidade» (lat. nescio quid; fr. je 11e sais q11oi: § 77, 3) deseja apontar especialmente para o facto de não serem suficientes (§ 178: inopia) os meios linguísticos para a reprodução dos matizes da realidade. .

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II') sy11ecdoche (§§ 192-201) 192. A synecdoclre (conceptio, intellectio; auvexaox.� ; (port. si11édoque]) consiste numa alteração (§ 184) da designação da coisa que se pretende referir, no plano do conteúdo conceptual (§ 185), processo no qual o limite do conteúdo conceptual pode ser ultrapassado por essa designação com origem nos tropas (locus a maiore ad 111i1111s: § 185,lb) ou pode não ser alcançado por essa mesma designação (lows a 111i11ore ad mai11s: § 185, 1 b) : há, portanto, uma sinédoque de maior alcance (§ 193) e uma sinédoque de menor alcance (§ 198).

O plano do conteúdo conceptual encerra vários limites, que podem ser afectados pela sinédoque: os limites entre género e espécie (§§ 194; 199), entre parte e todo (§§ 195; 200), entre matéria fabricada e matéria prima (§ 197). - A sy11ecdoche per 1111111eros (§§ 196; 201) também pode ser enten­ dida como schema per 1111111eros de valor gramatical (§ 129,2). - A relação de símbolos pode ser interpretada como metonímia ou como siné­ doque (§ 224). 193. Na sinédoque de longo alcance (§ 192) c.xprime-se, com fundamento no locus a maiore ad 111il111s (§§ 41 ; 185, 1b ), o mais restrito pelo mais lato, isto é, a espécie pelo género (§ 194), a parte pelo todo (§ 195), o singular pelo plural (§ 196), a matéria fabricada pela matéria prima (§ 197). 194. A espécie é expressa pelo género (§ 193; ge1111s pro spede) : 6vri-ro( «homens• (Od. 19, 593), �po-ro( (Od. 1,66), mor/ales (Sall. Cat. 1,5), fr. mortels (Bér. 1,4,261), ingl. mortal.s, al. Sterbliche, it. 111ortali, esp. 111ortales, [port. mortais (Lus. I,65,8 Por subir os mortais da terra ao cé11 )] ; 7tcXCJ1) � x-r(crn; «todos os homens> (Marc. 16,15), 0111nis creatura (cf. Greg. M. in evang. hom. 29), fr. toute la créatio11, ingl. every creat11re, al. alie Kreatur, [port. toda a criatura] ; q11admpes «equuS» (Quint. 8,6,20). Esta espécie de sinédoque pode ser entendida como perífrase (§ 188) incompleta. Os limites são pouco rútidos. Esta espécie de sinédoque é muito especialmente empregada para evitar, num mesmo contexto, a repetição de uma palavra que designa a espécie ( variatio : § 86), processo no qual o artigo defuúdo intervém como sinal de reconhecimento para relembrar a forma que ficou para trás (§ 180) : Act. 28, 3-4 �XLOV« . . . xa.e��EV tjç X,ELpoç . CXÚTOÜ wç ae: -



dôov ol �iXp�cxpoL :v.pc:µcíµ.c;vo•1 "'º &ijplov lx tjç x_c:Lpoc; cxú-roü, X'TÀ. (vipera . . . , bestia111; fr. 1111e vípere . . . , la bête ; ingl. a viper . . . , the beast; al. eine Natter. . . , das Tier; [port. 11111a víbora . . . , a bicha)]; Inf. 1,32-42 1111a lonza. . ., q11elle Jiera alia gaietta pelle (caso em que a frase posta em aposição

faz parecer a sinédoque semelhante à perífrase: § 188). Esta designação, que alarga os limites semânticos, sai da situação (§§ 4; 180), na qual a atenção do leitor delimita a possibilidade de oposição: cmortah está oposto aos «irnortaiS» (os deuses) (Od. 1,66-67), mas na situação referida significa apenas «homerru, visto que não se pensa em animais (também mortais) ; «anima]• (na trad. port. bicha) opõe-se aos chomens• (Act. 28,4) e significa na situação acima referida apenas wíbor:u, visto que se não pensa noutros animais. Na linguística histórica é a catacrese (§ 179,1) desta sinédoque conhe­ cida como «restrição de sentido» (fr. sevrer «tirar a criança do peito da mãe» < separare «separar»). O fundamento da restrição catacrérica assenta na ligação ao meio social, a qual relaciona o corpo de palavra, empre­ gado para outros conteúdos de palavra, para um domínio mais restrito

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do ponto de vista social. Deste modo, o fr. are. sevrer «Separar», foi substituído, no uso geral, pelo latinismo da moda (§ 1 16) séparer, enquanto a acção de desmamar crianças, que pertence ao donúnio familiar, ficou longe da moda latinizante. 195. A parte é expressa pelo todo (§ 1 93; to/11111 pro parte) nos seguintes casos: 1) Para provocar o estranhamento poético. (§ 84) : li. 12,137 �óac; o:úor.c; •escudos feitos de peles de vaca secas (literalmente, de vacas secas)»; Aen. 10, 785 trib11s ... intex/11111 ta11ris op11s «escudo feito com três peles de touro (literalmente, de três touros)»; Acn. 6,311 11bi frigid11s a111111s tra11s po11t11111f11gat (Isid. orig. 1,37, 13 non e11i111 tot11s a111111sfrigid11s est, scdpars mmi, id est liie111s) ; [Lus. II, 40,1-2 Este povo q11e é 111e11, por q11e111 derra1110 / As lágri111as (povo representa nesta situação apenas os marinheiros de Vasco da Gama e não o povo português)]. 2) Por motivo da economia da expressão, a qual é condicionada pela situação e pelo contexto: Rhet. Hcr. 4,33,44 111 si q11is ei q11i vestit11111 ... s11111pt11os11111 ostc11tct, dicat: «ostentas 111ilii divitíaS»; Cic. de or. 3,42, 168 11t c11111 1111 ... ar111ato milite co111ple11t.; [Lus. 1 ,8,6 jugo e vit11pério / Do torpe Ismaelita cavaleiro (por cavaleiros)]. III') a11to110111asia (§§ 202-207)

202. A a11to11omasia (pro11omi11atio; !XVTovoµ.cxa(cx ; [port. a11to11omásia]) é uma variante (§ 185, lc), aplicada aos nomes próprios (§ 136), da perí­ frase (§ 186) e da sinédoque (§ 192). 203. Na terminologia da retórica antiga designa-se por a11to11omásia apenas a substituição de um nome próprio por uma perífrase ou por um apelativo («tropo que está cm vez de um nome»). O facto, porém, de que a substituição de um nome próprio por um apelativo (§ 206) é um fenómeno (species pro i11di11id110) análogo à sinédoque gem1s pro specie (§ 194) levou, nos tempos modernos, G. ]. Vossius a transpor a reversibilidade possível na sinédoque (species pro ge11ere : § 199) anàlo­ gamcnte para a antonomásia (individ1111m pro specie), conservando-lhe, contudo, o termo de a11to11omásia. 204. A antonomásia propriamente dita (§ 203) consiste na substituição de um nome próprio por uma perífrase (§ 205) ou por wn apelativo (§ 206). 205. O nome próprio (§ 204) é substituído por uma perífrase (§ 186) que, de modo geral, aparece como aposição ao nome próprio, com fins de embelezamento (§§ 183,2; 282). O motivo principal da substituição é o estranhamento (§ 164) : 1) O estranhamento pode ser mais motivado pela intenção poética (§ 89) ou pelo tabu (§ 177,1): II. 1,9 Arrroüc; xcxl Âtoc; u[6c; •Apolo•; Aen. 1,65 div11111 pater atq11e lio111i1111m rex •Júpitcn; Mattb. 26,48 q11i tradidit

c11111 •Judas-; Phedre 1, 1, 14 /a mer q11e vit tomber lcare «o mar vizinho a Samos•; PL 1,4 011e greater Ma11 (cCristo•) ; 1,36 the motlier of ma11ki11d («Eva») ; 1 ,444 tlrat uxorio11s Ki11g, wlrose lreart ... fel/ the Jdols Joul («Salomão•) ; ln( 4, 131 il maestro di color che sa11110 ( cAristótclest) ; Petrarca, son. 114 il bcl paese cl1'Appe1111i11 parte, il mar circonda e l'Alpe («a Itália») ; Goethe, Venetian. Epigr. 43 die 11ept1111iscl1e Stadt ( eVeneza>) ; [ Lus. 1,65,1-2 A lei tenho d'aquele a cujo império / obedece o 11isíbil e o i1111isíbil; Vl,75,3-4 a gt'llte chama / Aquele que a salvar o 1111111do veio (•Cristo•) ]. - O lugar preferido para a aplicação da antonomásia é o proénúo (exordi11m: § 43,1) de poesias descritivas, onde o tropo da perífrase serve ao protagonista (Od. 1,1 ; Aen 1,1 ; [Lus. 1 , 1 ]) . 2) O estranhamento pode ser mais motivado pela variação condi­ cionada pelo contexto (cf. § 194) : Od. 1, 27-28 Z·'l''º:; M µzy&.potaw . . . / . . . ncx-:-1jp !Xv8wv -rc: 6ewv ..e («ZcUS») ; Aen. 1 , 58 1 Ae11ea11 compellat Achates: / Nate dea . . . ; Du Bellay, Regr. 31 comme Ulyssc . . . / 011 co111111e cest11y-là q11i co11quit la toiso11 («Jasão•: para evitar a sequência de dois nomes próprios e para observar a lei dos membros crescentes [§ 53]) ; [ Lus. 1, 37,3-4, 38,1-2 (Marte) se pós diante / de J1ípiter... e disse assi: «Ü Padre, a wjo império / T11do aquilo obedece q11e criaste]. 3) A própria perífrase tem todas as liberdades da perífrase não científica (§ 188), podendo, por conseguinte, também revestir-se de particularidades metorúm.icas (§ 223) : Androm. 1, 1, 16 111a triste amitié «cu, triste amigo tew; [Garret, F. L. de S., 3,6, p. 126 111e11 a111or «meu amado»]. 206. O nome próprio (§ 204) é substituído por .wn apelativo (§ 138) que corresponde à sinédoque (como grau de redução da perífrase : § 194) e que, de modo geral, intervém como epíteto cmbdczador (§§ 183; 310,2) do nome próprio. Esta antonomásia aplica-se : 1) Mais com intenção poética de provocar o estranhamento : Ku6Épetcx «Afrodite> (Od. 8,288; 18,193), Cytlrerea (Aen. 1,257), fr. Cythérée, [port. Citereia (Lus. 1,34, 1 Estas causas moviam Citereia )]; Tydides «Diomedes> (Aen. 1,97). - Também aparece como emprego proernial (§ 205,1) : Bér. 1,1,6 la reine. 2) Mais com a intenção de variar o contexto (cf. § 19�): Aen. 1,663 his... adfat11r Amarem: Nate. . . ; Rol. 3988 l'empere... Caries ... li emperere . . . , li reis; Bér. 1,3,63 Béré11ice . . . , La rei11e; [Lus. ll,36,4-6 Com quem Amor bri11cava e 11ào se via / ... I 011de o Minino as almas acendia]. 3) Mais como cn.igma dissimulador (§ 428) : JC 1,3,72-78 a n1an I most like this dreadjid 11ight... 11 'Tis Caesar tirai yo11 111ea11; 4,3,40 a mad111a11 («CassiUS») ; [Garrett, F. L. de S., 3,5, p. 118 Romeiro, q11e111 és t11 ? - Ninguém, Telmo; ninguém, se 11e111 jtf tu me conheces !]

156

157

207. A antonomásia Vossiânica (§ 203) consiste na substituição de um apelativo (§ 1 38) por um nome próprio (§ 136), portanto, na inversão da amonomásia descrita no § 206. O nome próprio é, neste caso, uma pessoa ou coisa, que na história ou na mitologia era um exemplo excepcionaJ (tipo, exe111plrt111 : § 404) da qualidade que se desig­ nar com o apelativo que é substitwdo («alusão» : § 404) : 'Acppol>h-IJ «beleza>>, Tɵ'lt"I) «liudo vale», lat. Te111pe, ingl. Te111pe «any delightful ruraJ spot», [port. Te111pe •lugar gracioso e ameno»] ; fr. ce je1111e Mars (Cid 4,2, 1 1 58 «este jovem guerreiro», ingl. Mars «great warrioD>, [port. Marte «guerreiro, chefe de exército, cabo de guerra] ; fr. V11lcain «ÍOr­ gerom, ingl. V11lcm1 «a blacksmith»; Préc. rid. 9 1111 A111ilcar «amant gai et spirituel� «Segundo uma personagem da C/é/ie de Scudéry) ; Tart. 1,5,349 1111 Catclll, [port. 11111 Catão «virtuoso cm extremo, austero» (Ramalho, As Farpas, IX, p. 139 e segs. a respeito de Alexandre Herculano) ]; MSt 1, 1 ,84 diese Helena 3,4,2374 ci11e listigc Ar111ida 4,3,2710 der Atlas

designa uma característica

10,1 ,25 Demosthenes, . . . Ho111erus s11111mi. . . s1111t, lw111i11es ta111e11 ( ut.ão sem defeitoS») ; Mol., Mis. 1 , 1 ,69 ]e 11e11:x· q11e /' o/l soit homme («leal») ; ingl. ma11 «m prcgnant sense : an adult male eminencly cndowed with manly qualitie�; aJ. ei11 Mm111 «zuverlassig, aufrecht» ; it. 1101110 ledo, sem ela ficar triste; Bocage, Sone­ tos, 366,4 11ariz alto 110 meio e 11iio pequeno]. -

-

213. Há que distinguir a hipérbole pura (§ 214) da hipérbole combi­ nada com outros tropos (§ 215). 214. A hipérbole pura (§ 213) é um sobrepujamento gradual do verb11m propri1m1 et 1mivoc11m (§ 168) para além da credibilidade (§ 212). Esta hipérbole é, por conseguinte, uma continuação dos sinónimos partidàriamente amplificantes, continuação que ultrapassa os limites da credibilidade (§§ 75, 1 ; 154, 1 : 172). É especialmente aplicada a cate­ gorias espaciais: Aen. 1, 103 fi11ct11sque ad sidera tollit; 1 , 162 ge111i11iq11e 111i11a11t11r / i11 cael11m scopuli; Rhet. Her. 4,33,44 q11odsi co11cordia111 reti11e­ bim11s i11 civitate, imperii 111ag11it11di11e solis atq11e occasu 111etie111ur; [ Lus. II, 91,5 A grita· se aleva11ta ao céu da ge11te; VT, 76, 1-4 Agora sobre as 1111ve11s os s11bia111 / as 011das de Neptuno Jiirib1111do, / agora a 11er parece q11e desciam / às fntimas e11trat1has do profi111do]. Quanto ao tropo de pensamento, vid. § 421. 215. A hipérbole (§ 213) combinada com outros tropos das cm sentidos diferentes (E.;

a

definição do dicionário de Morau csd crr.1da)].

de uma correctio (§ 384) QC 4,3,41-42 M11st I e11d11re ali tltis ? / I Ali tliis ! ay, 111ore ), constatação essa que tem significado concordante com o conteúdo das palavras pronunciadas por quem falou anteriormente; [Garrett, F. L. de S., 2,14, p. 96 (Jorge) No seio da vossa família ... // (Romeiro) A 111i11ha fa111ília . . . Já 11iio tenho fa111ília ]. Também a substi­ tuição (Hml. 3,4,11-12) amplificante e d.ivcrsívoca (§ 157,1) é uma disso­ lução desta figura. Uma volatilização desta mesma figura aparece quando a igualdade se limita a simples partículas de ligação: Bér. 1,4,177-178 II 111'e11 vie11drn lui-111ê111e ass11rer e11 ce lic11. // Et je vic11s do11c vo11s dire 1111 élemcl adie11.

ll') Figuras da acumulação (§§ 293-316) 293. A acumulação (§ 240) consiste na adiectio de n1cmbros de frase, que não são entendidos como repetição (§ 241) de membros de frase já empregados. O acrescentamento acumulante pode pertencer, neste caso, a um membro de frase já empregado numa relação si.ntáctica de coordenação (§§ 294-307) ou numa relação sintácrica de subordi­ nação (§§ 308-316). - A acwnulação é propriamente uma figura de pensamento (§ 363). A') Acumulação coordenante (§§ 29-l-307) 294. A acumulação coordenante (§ 293) chama-se pl11ri11111 ren1111 co/lgeries (coacervatio; auvo:Spotaµ.6ç; [port. co11glrie ]) 1• Consiste ela na diérese (�to:(peatç) de um conceito (colcctivo ; § 297) (expresso ou não expresso), supcrordcnado segundo os conceitos. 295. A acumulação coordenante aparece nos tipos de agrupa­ mento (§ 240) de contacto (§§ 298-305) e de distância (§§ 306-307). As observações feitas quanto à sinonímia, nos §§ 238 e 284, no que diz respeito à sequência amplificante (em corpos de palavra, plenitude acústica, conteúdo de palavra), à construção assindética ou sindética, à frequente construção trimembre, à aliteração e à habitualização fraseológica, têm análoga validade no que respeita a acumulação. A acumulação, rutida­ mcnte amplificante do ponto de vista semântico, chama-se, nos tempos modernos, «clíma>.."t (§ 258). 1

Fr.

1ut1111111/atio11, conglrie, sy11at/1ror$111c digurc par laqucllc ou accumule

plusieurs tcrmcs dont la signi6c:ition cst corrélari,•e, plwicurs adjcctifi vcrbes ou plu.•icun propositioru complémcntaircs

(§ 369)•.

dans

une

phrasc

(§§ 313,2; 31 4,2), plusicun

188

189

296. A acumulação coordenante aparece, como eu11merntio (§ 298) ou como distrib11tio (§ 306), regularmente cm dois lugares do disêurso : 1) A partitio (ôuxlpe:crn;) é uma enumeração destinada à introdução de pontos a tratar, e isto antes de uma 11arratio complicada ou antes da arg11111e11tatio (§ 43,2). 2) A recapit11latio (cí.vcí.xe:cpa.J..a.lcucru;, cháµv"l)crLç ( ananmcsc ] é uma parte da peroratio (§ 43,3). Na poesia pode realizar-se como •esquema somatório• (§§ 298,1; 456,2b) 1. 3) Como figura (§ 363) pode aparecer a acumulação indiferente­ mente em cada lugar. 297. Enquanto os membros da sino!Úm.ia (§ 282) são, entre si, multivocos (§ 153) e, portanto, só representam verba diferentes para a mesma res, os membros da acumulação, por sua parte, estão, entre si, numa relação diversívoca (§ 157) : cada verb11111 de per si representa respecti­ vamcnte, portanto, uma res diferente. Os limites entre sinonímia e acumulação são, contudo, pouco nítidos (§ 283,2). Os membros diversívocos são a pormenorização (distrib11tio, ÔL«lpe:cru; ; (port. diérese]) abstracta de um conceito superordenado : os membros são indivíduos dentro de uma espécie comum (Phedre 5,1,1404: § 300) ou espécies dentro de um género comum (Polyeucte 5,3,1667; § 300) . A espécie comum ou o género comum podem aparecer, neste caso, suplemcntarmentc, como membro (somante) da acumulação (§§ 300-301). A comunidade da espécie ou do género pode ser perturbada (§ 303) por fenómenos caóticas (§ 157,2). - Cf. § 346. A mistura da acumulação com a sinonímia (§ 282) chama-se ÔLIXÀÀtXyYJ [port. diálage] e consiste no facto de que, pelo menos um membro de uma acumulação coordenante, se dissolve numa sinonímia : Quint, 9,3,49 (§ 328,2c) q11aero ab i11i111icis, si11t11e hacc iuvestigata, comperta, patejácta (=três membros da acumulação), s11blata, delata, exstincta (=sinonímia trimcmbrc, como quarto membro da acumulação) ; Sch., Tauchcr 6a (§ 267,2c) Und es ivallet 1111d siedet (=sinonímia bimembre, como primeiro membro da acumulação) 1111d bra11set 1111d ziscl1t (=sinoninúa bimembre, como segundo membro da acumulação) ; [Vieira, XIV, 104 Q11ando os bens 11olta111 as costas, quando fogem, q11ando se vão, q11ando nos deixam (=sinonímia quadrimcmbre, como primeiro membro da acumulação), q11011do finalmente passarem e se perderam (=sinonímia bimembre, como segundo membro da acumulação)].

orador cvoc:i matenas

( 1) Na a11a11111tst o

que não faziam prõpriammtc parte do dis­

repcncc de um facto que llic parece imporuntc. Vieira, vm, 215 Agora mt lrmbr11 1111111 11011fotl rirn111st811cia da liist6ria dt Mafiua, q11n11do /1n1•ia dt partir 11 armada rontra os Acl1t11s. [N. T.]. curso.

Finge cnt3o lembrar-se de

..

-1 ) '

e1111111eratio (§§ 298-305)

298. A e111m1eratio (ÊmµLpLcrµ6ç; ( port. e1111111eraçào]) é a acumulação coordenante no tipo de agrupamento de contacto (§§ 240; 295). Os limites, quanto ao tipo de agrupamento a distância (distrib11tio : § 306) são fenomenológica e cerminolõgicamentc pouco rútidos. São as seguintes as circunstâncias especiais para o uso desta figura: 1) O esquema somatório (Curtius, Eur. Lit., p. 293) é uma recapi­ t11/atio (§ 296,2), que abrange, pela enumeração dos objectos tratados, os pensamentos que anteriormente foram largamente tratados. Tiberian. Anth. 809,20 ales, m1111is, aHra, lucus, .ftos et umbra; Jodelle, sonnct «Commc un qui s'cst perdU» 7 voye, ro11te et lu111iere; JC 1,3,63-68; (Camões, Sonetos, 124 (p. 530) de ouro, rosas, mbis, 11eve e luz pura; 65 (p. 290) ]. 2) O esquema da relação (§ 335) acaba, devido à tra11s111utatio (§ 61), na acumulação de palavras simples coordenadas. 299. Se o conceito colectivo for expresso (§ 297), então pode este ser posposto (§ 300) ou anteposto (§ 301). 300. A posposição (§ 299) do conceito colectivo corresponde semânticamente à lei dos membros crescentes (§ 53, 1) ;Cic. Phil. 2,25,63 istis faucibus, istis lateribus, ista gladiatoria toti11s corporis fir111itate; Po1yeucte 5,3, 1667 La prostit11tio11, /'adultere, I' inceste, le vol, /'assassinai, et tout ce qu '011 déteste; Phedrc 4,2, 1 133 q11e la ferre, le ciel, q11e to11te la 11at11re; 5, 1, 1404 et la cl1aste Diane, et /'a11g11ste ]1111011, et to11s les die11x enfi11; Bér. 1,5,303-306; Femm. sav. 2,1 ,330 j'app11ierai, presserai, ferai to11t ce q11'il faut; JC 2,1,189 to sports, to 111ildness, a11d 11111eh co111pa11y (onde o resumo colectivo é indicado por 11111cl1); [ Lus. II,34,3-4 que as estrelas e o cé11 e o ar vizi11ho / e tudo q11anto a via, 11a111ora11a; 1,3; Pessoa, PC, p. 262 Em vós, ó coisas grandes, banais, 1íteis, imíteis, / Ó coisas todas modemas; Garrett, Catão 3,7, p. 85 Mi11ha espada, 111e11 braço, os 111e11s soldados, / Tudo está pronto]. 301. A anteposição (§ 299) da noção colectiva contradiz semân­ ticamente a lei dos membros crescentes (53,1), cuja manutenção é obtida, na medida cm que se põe em relevo o último membro da acumulação. O acto de pôr em relevo, realiza-se das seguintes maneiras (anàlogamcnte § 283) : 1) Pela extensão e plenitude acústica do corpo de palavra, a qual também pode ser obtida pelo alongamento, por meio de grupos de palavras (§ 306), dos últimos membros, e pela introdução, nos últimos membros, de elementos marginais sinclcticos: Aen. 4,558 omnia Merwrio si111ilis; voce111q11e coloremq11e / et cri11es .ftavos et 111e111bra decora i11ve11ta. Se a enumeração continuar cm membros numerosos, pode nesse caso, suceder-lhe, depois de membros previamente alongados, wna abreviação dos membros. Esta provoca, de modo impaciente, o estra-

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nhamento (§ 84), quando o enquadramento simáctico, que fecha a enume­ ração, traz uma amplificação do ponto de vista semmtico (Baj. 1,1,157-1 62). - C( ainda § 240,3. 2) Pela intensidade semântica do conteúdo de palavra, valendo o estranhamento (§ 84), como variedade característica da acumu­ lação (mas não da sinonímia : § 283), estranhamento esse devido ao zeugma semfu1ticamente complicado (§ 325) : Androm. 2,2,575 To11t nous traliit: la voix, /e silence, les yeux; Brit, 2,2,460 Q11i donc ! qui vous arréte / Seig11eur ? // To11f: Ocfavie, Agrippi11e, B11rrh11s, / Sé11eque, Romc entiere, et trois a11s de 11ert11s (com amplificação do conceito colectivo posposto [§ 300] Rome entiere); JC 4,3,278 Art tlzo11 a11y thi11g ? / Arf tlio11 some god, some a11gel, or some devi/ ?; [Pessoa, PC, p. 261 Tudo o q11e passa, tudo o que pára 1h 111ontras ! / Co111ercia11te5, vadios, escrocs exagera­ da111e11te bem vestidos; / membros evide11tes de clubes aristocráticos; / esq11álidas fig11ras dâbias; chefes de Ja111flia vagamente felizes]. - A este tipo pertencem também as «Sentenças numera.is» (Curtius, Eur. Lit., pp. 499-502 : Zahlenspriic/1c), cujos membros ora são palavras simples, ora grupos de palavras mais extensos, cujo último membro é, do ponto de vista semântico, o mais importante (p. ex., devido à indicação do sentido grave dos si111ilia [§ 400] apresentados nos membros precedentes); Prov. 30, 18-18 Iria s1111t difjicilia 111ihi, et qi�art11111 pe11it11s ignoro : via111 aq11ilae in caelo, viam colubri super petra111, 11ia111 11avis i11 medio 111ari, et viam viri i11 adolesce11tia. Cf. § 391,3. 302. Se não se considerar o conceito colectivo (§ 297), então é preservada a lei dos membros crescentes (§ 53, 1), pelo facto de se pôr em relevo o último membro da enumeração (§ 301 ,1-2) : 1) Por meio da extensão e plenitude acústica do corpo de palavra (com as variantes indicadas no § 301,1) : Ov. met. 1 5,871 opus cxegi q11od 11cc Iovis ira 11cc ig11is / 11ec potcrit fermm nec cdax abolere 11etustas; Androm. 4,3, 1 153 111es sem1e11ts, mes parj11res, / ma f11ite, mo11 reto11r, 111es respects, mes i1y11res, / 111011 désespoir, mcs ye11x de pleurs to1Uo11rs 11oyés; Polyeucte 3,5,995 sa11s regret, sal/S 1111m1111re, et sa11s éto1111e111e11t; Bér. 1 ,4,231 des fla111mes, de la Jàim, des f11reurs i11testi11es (com aliteração: § 458) ; 1,4,202 111es ple11rs et mes soupirs (cf Cid 2,3,460 de ple11rs et de so11pirs); JC 2, 1, 129 srvear priests and corvards m1d 111c11 ca11telo11s, / old feeble carrio11s a11d s11ch s11Jferi11g so11/s / that 1velco111e tvrongs; 2, 1 , 197 offa11tas11, of drea111s, a11d cere111011ies; 4,3,202 f11/I of rest, defe11ce, a11d 11i111ble11ess; PL 1,237 ste11cli m1d smoake; (Pessoa, PC, p. 305 111e11 coração banco de jardim pzíb/ico, lwspc­ daria, estalagem, calabo11ço 111í111cro q11alq11cr co isa / . . . me11 coração c/11be, sala, plateia, capacho, g11ichet, porta/ó, / po11te, ca11cela, excursão, marcha, 11iage111, leilão, feira, arraial]. - Cf. ainda § 240,3. 2) Por meio da intensidade semiutica do conteúdo de palavra (com as variantes indicadas no § 301,2) : Cic. Cat. 1,3,8 q11od 11011 ego -

11on modo ·a 11dia111 sed etiaw videa111 pla11eque se11tia111; Suet. Iul. 37 ve11i, vidi, vici (§ 409,2) ; JC 1 , 1,43 lza11e you climb'd 11p to umlls a11d battle111e11ts, / to torvers a11d 1vi11dorvs, yca, to chim11ey-tops; 2,1 ,252; 3,1,126-1 27; 3,2,212 rve'll hear him, 111e ' li follorv hi111, 111e' li die with hi111; RJ 4,5,55 bcg11iled, divorced, wro11ged, spited, slai11 ; 4,5,59 despised, distressed, lwted, martyr'd, kill'd; 5,3,184 that trembles, sighs and 1vecps; MSt 1, 1,41 zu hoffe11 1111d zu 111age11; 5,9,3834 verschmiiht, / verrate11; (Pessoa, PC, p. 338 Não durmo, jazo, cadáver acordado, se11ti11do ; p. 344 A sensação de arrepio, o medo do 11ovo, a 11á11sea ]. 303. A plenitude do todo pode ser expressa pelo conteúdo caótico (§§ 53,2b) ; 157,2) da enumeração : Quint. 9,3,48 11111/ier, tyra1111i saeva cmdelitas, patris amor, ira praeceps, temeritatis de111e11tia. A este tipo pertence também a complicação semiutica do zeugma (§§ 301,2; 302,2). 304. Se a pormenorização (§ 297) se limitar a dois (§ 51, 1) membros antitéticos (§ 389), temos então \­ sitio / arg11111e11tatio» (§ 43,2) : Aen. 1 ,421-422 (swna), 423-436 (pormenor) ; 6,176-177 (suma : i11ssa Sibyllne ... festi11a11t), 178-182 (pormenor) ; Bér. 1 ,3,98 {suma: Et po11rq11oi do11c partir ?), 99-124 (pormenor) ; 1 ,4,209-210 (swiu : ]e 111e s11is t11 ci11q a11s ... et vais e11cor me taire plus lo11gte111ps), 2 1 1 -258 (pormenor) ; [Lus. LII,17, 1-2 (suma: Eis aqui se descobre a 11obre Espa11ha, co1110 cabeça nli de Europa toda, 2-8) , 18-19 (pormenor)] . - Cf. também §§ 372-376. 2) O esquema tpormenor / suma» (cf. anàlogamcnte o § 300) cem o seu modelo na sequência «nrg11111e11tatio / recapit11latio» (§ 43,2-3). Encon­ tra-se, p. ex., na sequência «ratio / co11c/11sio• (§ 372) e no cpifonema (§ 399). 3) O esquema cswi'l.a / pormenor / suma» tem o seu modelo na sequêncja •propositio / arg11111e11tatio / recapit11latio• (§ 43,2-3) : loh.

1 5,20-21 . 4) O

esquema •apenas pormenor para a expressão da suma» é uma ênfase de pensamento (§ 419). 5) Uma realização sintáctica especial dos esquemas «suma / porme­ nor» e «apenas pormenor» (§ 368, 1 ,4) é o esquema de aditamento (§ 378). 6) O esquema «sumas sem pormenor» corresponde à perwrsio (§ 409).

218

219

1')

Acumulação pormenorizante :

evide11tia�. hcppixaLç; [port. cvidê11ci) Complemento de objecto, atributo adjectivo : Rhet. Her. 4,15,21 liabet asse11tatio iuc1111da principia, eadem exit11s ni11arissimos affert; [ A Castro, 1 , p. 204 Triste uão pode estar, q11em vês alegre]. bJ Se a duas palavras de uma frase, sintàcticamcnte desiguais, for atribuído (c( § 314,4) um atributo (adjectivo ou substantivo), surge então o isocolo mínimo, que pode ser construído quiàsticamente (§ 362,2: Caes. Gall. 6,16,3; Cic. rep. 6,24,26). - Por meio da transmutatio (§ 61) dos membros interiores do quiasmo, surge depois a sy11cl1ysis quiástica (§ 334) af b� bT a� (Hor. ars 465 Empedocles arde11tem frigidus Aet11am i11siluit). 2) No «quiasmo com plicado», o qual se chama co11111111tatio {per111u­ tatio, �'mµ&'t'cx�o)..� ; [port. ni1timetábole ]), os membros que, entre si, semânticamente se correspondem, trocam reciprocamente as duas funções sintácticas. A correspondência semântica realiza-se, neste caso, as mais das vezes, como igualdade semântica (§ 99,2), que é expressa, ora por meio de um corpo de palavra igual (§ 99,1), ora por meio de substi­ tuição sin01únúca ou trópica (§ 169,2). No tocante à sucessão linear, devem distinguir-se duas variantes: aJ O cquiasmo semântico» apresenta o entrecruzamento de membros semânticamente correspondentes, mas paralelismo das funções que sintàcticamente se correspondem. Esta figura tem, por conseguinte, a forma Ax BY / Bx AY (ego t11 s11111, 111 es ego). - Neste caso, aparecem, dentro de cada wn dos grupos de palavras, p. ex., os seguintes pares de funções sintácticas: ex) Sujeito, predicado (e relações análogas) : Plat., de republ. 5, P· 473 c êàv µ� � ot cptMaocpot �OCatc; 129, 3; ..-igência de). - esquema : scl1e111a. - estado da questão, do acto processual 30; 31. - estética : poesia. - estilo : sti/11s. - estranha­ mento 37, 1; 47,2; 64; 73,2; 84-90; 93; 106,2; 1 15; 120; 133; 149; 150; 154,2; 161,1; 162; 164; 166,6,9; 168; 170; 172; 174; 175,3; 176,1 c; 188; 189; 190,1; 195,1; 205; 206,1 ; 212; 231; 276; 277; 301 ; 323-326; 334; 371,2; 379; 419; 420. - ethos 37,1 ; 43,2 b; 68; 69; 467. - etymo­ logia 278; 291, 1 a; 379. - etymologica fig11ra 276, 1 ; 281. - euphe­ mismus 177,1; 430,2 b; - euphonia 172,2 b. - evidência (de uma qua­ lidade jurídica 31,4. - De um erro 33,2. - Como signo da incredibi­ lidade 37,1; 232. - Evidência da superfluidade, como signo 208; 445,2). - evidentia chipotipose• 347,1 ; 369; 441. - evocação 16,3; 1 50; 212. - exadversio 211. - exaequatum 336. - exaggeratio 71 ; 80; 282. - excidit milii pae11e 440. - exclamatio 298,1; 429,1 ; 444; 445,2; 446. - exculta elega11tia 166,3 b. - excursus : digressio. - excusare 108. - exemplum 7 ; 83; 207; 326,2 e; 400; 404-406; 419; 441. - exercitatio 470. - exigência de precisão 154; 155; 170,2; 171; cf. espera (horizonte de). - exordium 43, 1 ; 54,2; 69; 205,1; 41 1,2. - explica­ tivum 328,2 a. - expolitio '83; 365; 369; 397; 398; 409; 441; 470,2 a. exsuscitatio 444. - exquisitio 271; 387,3; 433; 442,1; 445,3. - ex tempore 470,2 b. - extenuatio 409. - fahella, Jab11/a 425. - Jacere 31. -facilis omat11s 166,10. facilitas 28. - Jactum 43,2. - facultas 28; 95,2. - falta: viti11111. - fantasia : plia11tasia. fastidium 47,1; 85; 377. - festivitas 69; 166,5; 167 n. - figura («maneira artística de expressão• 46,2; 47,2; 63; 100; 126,2; 237; 238-447; 470,1 ; cf. gramatical [figura]; retórica [figura]; em sentido mais restrito: «maneira florida de falar• 418-419. - «Tipo•; 424) . -figuratus d11ct11s 66,2. -figure-foi [fr.] 369. -finesse [&.] 166,6 n. -fingere (jicta verba 1 14). - finis 51,2; 56,2. - finitio «definição» 31,4 b; 142; 154,1; 187; 188; 199; 379; 381; 423,2. - .finitum (fi11ita q11aestio) 82; 83; 262,3; 393; 398; 400; 402; 404. - florida (maneira de falar) 418. - jloridum gem1s 167 n.; 467. - fios 167. - fonética 166,3; 172,2 b; 448; 457-463. - forma 2. -fortis ser1110 166,1. - gasto de palavras 13; 137,1 ; 177,1. - geminatio 243; 244-249; 260; 274. - gmfiralis q11aestio 82,2. - género : ge1111s. - genus («conceptualmente: maneira• 139,2; 141; 194; 199; 203. - «Género gramaticah 129,1. - «Género aristotélico do discurso» 22-27; 393; cf. deliberati1111111, epidíctico, i11diciale. - «Maneira da a111plificatio• 76. - •Grau de credibilidade» 35-38). - geografia 442,3; cf. 11bi. - gestos 45; 209. - glosar : i11terpretatio. - gnome: se11tc11tia. sis

- epitheton

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- gracejo: ridiw/11111. - gradatio 46,2; 77,4; 243; 255; 256-258; 274. - gradual (hipérbole) 214; 421,1. - gramatical (figura) [•afastamento, concecido por licença, da regra gramatical• 108; 120; 126,2; 1 27-129; 317, 1 ; 318; 327,1. - «Aproveitamento retórico de possibilidades de expressão gramaticalmente regulares• 315; 317,2; 319; 327,2; 416-428,1; -144-44 7]. - grammatica 92,1. - grande ge1111s 166,7; 468. -grandilo­ quum ge1111s 468. - gratia 166,2,3 b, 4; 467. - grave ge1111s 466. - babi­ tualização 176,2; 177; 17 ,2 c; 284; 295; 318; 324; 423; .+30,2 b; 447; 458,2. - habitus 28. - hendiadyoin 305. - hilare 1 66,5. historicum praese11s 129,4; 369. homoeoprophoron 457; 458. - homoeoptototi 359; 361. - homoeoteleuton 359-361 . - homonymum: acq11i11ow111. - hones­ tum ge1111s 36. - humile, lir1111ilitas 37,2; 38; 133; 190,2; 191; 208; 437; 464,2; 465; 466. - hypallage: cf. adiecti1m111. - hyperbaton 61; 329; 331-333; 334; 377,2; 414. - hyperbole 37,1; 89,2; 95,2; 185,2b; 209; 212-215; 235; 283,2; 326,2 b; 385,1 c; 418; 421. - hypothesis 82,1. - hypoty­ posis 369. - lrypsos 73,2. - hysteron proteron 330; 412; 413. - idio­ mática 1 03; 11 2; 1 13. - idolopeia 433. - idonea vitae 67. - illu­ sio 232. - illustratio 369. imagem (campos de) 230; 231; 423. - imitatio (múmesis artística da realidade• 162; 369; 432; 433. - «Imita­ ção literária» 470, la). - immo 384,4. - immutatio «substituição» (geral 58; 62. - De sons 124; 277. - De formas gramaticajs 127-129; 444 até 447. - De paJavras 99; 1 10; 140,3; 143; 151; 169,2; 1 70-236; 239; 367; 381; 384; 392, 1 A 2. - De pensamentos 367; 41 6-447). ímpar si111ile 41. - imperatoria brevitas 408. - implicado (o) 208 n.; 317 n. - impossibile 189,3 b. - imprecatio, imprecari 443. - improprium, i111proprietas 1 1 7; 173. - improvisação 470,2 b. - imprudentia 108. - impulso 43,3 b; 67; 68; 70. - imum 56,2. - incisum 453,2. inclusio 261. - incohaerentia 423. - incohare 54, 1. - inconexio 328. - inconsequentia 423. - inconvenientia 129. - incrementum 75,1; 76; 77. - indirecto (discurso) 409,2. - inductio 41. - infinitum (infinita q11aestio) 81; 82; 83; 262,3; 385,1 b; 393; -

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-

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400; 40 1 ; 404; 419; 441. - informação 2,4; 52,2 b; 430,2. - inge­ nium 40. - initium 51,2; 56,2. - inopia 178. - inspectio 69. - ins­ trumentum (do discurso 15; 40. - Como lows, no domí1úo factual 41). - insuficiência 95, 1 ; 131; 132; 165. - intelecto do público (como

objecto do docere 40; 43,2 b; 65; 67-70; 71; 88; 130. - Como vítima de demasiada exigência, que provoca estranhamento 37,1,3; 89; 166,6; 388,3; 41 1). - intellectio («compreensão do assunto• 29; 30. - «Sinédo­ guc» 192). - intenção: 110/1111/as. - intendere q11aestio11em 31,1. - inter­ clusio 414. - interesse na situação 2,1 (infra); 6; c( atte11t11s. inter­ iectio («parte frásica intercalada e curta• 249. - í!Últerjcição» 2�7; 249,1 b; 262,2). - interpositio 414. - interpretatio (figura de estilo referente ao comentário de uma sucessão vocabular [343; 367] ou de -

285

284 wna palavra isolada [1 16; 150,2; 151; 183,2; 187; 284; 367]. - «Inter­ pretação, pelo público, de um texto dado» 33; 424). - interrogação (figuras de) e( i11ferrogatio, q11aestio : irónica (interrogação) 428,1; 445,1 ; retórica (interrogação) 2,3; 398,1 ; 445,2; interrogação (pergunta) - res­ posta (sistem_a de) 432,3; 433. - interrogatio, i11ferrogaf11111 444-45 4. interruptio 411. - inventio 37,1; 39; 40-43; 91; 130, 1 ; 163,1; 238; 363. - inversio 330; 423. - iotacismus 458. - ironia 37,1; 66,2 a; 89,2; 180; 211; 215,2; 227; 232-234; 235; 291,1; 422; 426-430; 432,1; 437; 445,1. - irreal (comparação) 421,3. - isocolon 166,7; 329; 336-362; 369; 387,1; 388. - iteratio 244. - iucunditas 166,2. - iudex. público. - iudiciale ge1111s 22, 1 ; 23; 25 até 28; 42,1; 73,1 n.; 82; 83; 393; 394; 429, 1. - iudü:ium 46,2; 49; 95,2; 99. - iut·e 31. -}eu de mots [fr.] 274 n. -}eu parti [fr.] 370. - jogo Uocoso) 24; 88; 334; 419; 340,1; 432,3. - jogo de palavras : palavras Uogo de). -juge­ ment [fr.] 46,2. - Laconica brevitas 408. - laetum 166,5. - lambda­ cismus 458. - latinismo 1 16; 194. - Latinitas 103. - lectio 108; 470,1 a. - legales status 33. - lepus 167 n. - levis i1111111Jtatio 277. - lex: cf. co11trnri11s, pote11tior. - lexü:on 99. - libera orntio 438. - lü:entia 94 I· 95·' 107' 2 a·> 108·' 11 5·' 1 17·' 1 18·' 126 ' 2·' 133·> 140J 3·'

149; 161; 168; 436; 437; 458; 464. - lgatio i 324. - linear (totalidade 56,2; 57; 58. - Sintaxe linear 377; 451; 455; I I A). - litera­ tura (cf. poesia) 2,4; 16,3; 17; 26; 27; 29; 38; 45; 46,2; 66,2; 66,3; 83; 106; 107,2; 108; 120-124; i 33; 363; 379; 404. - litotes 37,1; 180; 185,2 a; 21 1 ; 235; 428,2; 430,2 b. - locus (lugar no espaço (41 11bi; 83,2; 369) ou numa totalidade (56,2]. - Auxílio da memória, topos 40; 41; 470,1 b; cf. co111m1111is). - longe duct11111 231. - lugar comum : co1111111111is loc11s. - lumen 167. - maiestas 102; 106,2; 107,2 a; 1 1 5; 166,9. - maior prnemissa 370,2; 398. - maius 185,1,2; 192; 193; 198; 385,1. - mala affectatio : cf. affectatio. - mal-entendido 66,2; 132,2; 209; 234; 430; cf. aeq11ivocum, metalepsis, obswr11111. - malus a11i11111s 31,4 b. - man.ifestus sermo 130,2. - martelante (efeito) 267; 328; 456, II B; 468,2. - materia («matéria prima oposta a matéria fabricada» 197. - «Assunto a tratar no discurso» 28-40; 55; 69; 75,2; 89; 130; 363; 434441; 465). - mecanização (cf. habitualização) 2,2 (supra). - medio­ cre ge1111S 465; 467. - medium (geral 51,2; 56,2. - Medi11111 ge1111s elo­ wtio11is 69; 166,2,3 b, 5,7; 467). - membrum 453, 1. - memoria 17; 39; 40; 45; 46,2; 47,4; 52,2 c; 99; 100; 454,2 c. - mereri 31,4 b. - metabasis 54,2; 431. - metabole 86. - metalepsis («espécie de metonínúa» 218,2 b. - «Sinónimo estranho ao conte.xto» 1 16 n.; 1 73; 175,3; 235). - metaphora 189,2,3; 209; 215,1; 219,2 n.; 225; 227; 228-231 ; 235; 326; 401; 423. - metaplasmus 108; 1 18; 120-124; 126,2. - metathesis 61. - meteorológicos (fenómenos) 442,3. - metus 70. - mimesis, mimema 69; 162; 430,2 a; 432. - minor praemissn 370,2. linear

- minus 41; 78; 185,1,2; 192; 193; 198; 385,1 b. - minutio 73,1 - mira­ cu/um 28. - mites affectm 69. - mitológicos (acontecimentos) 189,1; 207; 218,1 b; 219,1 a; 225,2; 404; 423; 425 n. - mixtura verborr1111 161,1; 315,3; 329; 334-335. - mixtus d11ctus 66,3. - moderatum ge1111s 467. - modus (como locus [quomodo] 41. - «Modo gramatical» 129,5. - Mod11s fractatio11is 365; 470,2 a). - monere 67. - monólogo 289; 370; 432. - mos 69. - movere 70; 89; 164; 468. - multiiugum 267. - multi­ vocum 142,3; 143,2; 153-156; cf. sy11011y11111111. - mutatio (i11111111tntio) ser111011is 417. - mytacismus 458. - narratio 43,2; 47; 52,2; 54,2; 67,1; 130,1; 296, 1; 347; 368, 1; 399; 409,2; 441. - natura (como oposto à arte 28. - como motivo de desculpa 31,4 b). - natura/is ordo 47, 1 ; 53, 1. - necessitas (como desculpa do autor de wn delito 31,4 b. - Como motivo de desculpa do sujeito falante, quando de qualquer falta à norma linguística 11 5,3; 1 1 6; 149,1; 150; 1 77; 178; 190,2). - neologismo 107,2; 113,4; 1 14; 115,3; 116; 171; 177,2 a. - nervo­ mm 166,1. - netteté [fr.] 166,4 n. - nexum 322,2. - nitidum gen11s, 11itor 166,4. - nó 52,2 b. - noeud [fr.] 52,2 b. - nome próprio (110111e11 propri11111) 136; 140; 141; 152; 1 73; 202-207. - nomen: cf. co1111111111e, propri11111. - nuance [fr.): dif fere11tia. - numeral (sen­ tença) 301,2. - numerus (gramatical 129,2; 192. - «Ritmo» 457; 459).

obliquum (sintáccico 444; 447. - Semântico 66,2 c). - obrigações (conflito de): cf. potentior. - obscenum 190,2; 419; 464,1. - obscurum (quanto à matéria 37,3; 38; 89, 1. - Quanto ao modo de expressão nos pensamentos e na língua 89,1; 132; 143; 161 ; 166,10; 187; 234; 284; 334; 407; 419; 420; 423). - obsecratio 443. - obtestatio 443. - obticentia 411. - oculi 369. - ceconomia 46. - offi&ium 22; 35; 36. - onomasiologia 378,2; 380. - onomatopoeia 458, 1. - opinio 34; 43,2 a; 464. - oposição 51,1; 130,1; 154,1; 194; 386. - oraculum 161,2. - oratio («discurso como obra» 28. - .Maneira de falar, estilo» 449).

-

432-433. - ordo 46,2; 47; 161,2; 329; 362; 412-415. - originalidade 40; 83. - ornans epitheton 310,2; 311. - ornatus 69, 73,2; 102; 107,2 a; 1 15; 149, 1 ; 162-463 ; 465; 467; 468; 470,2 a. - ouvinte : publicum. - oxymoron 37,1; 389. - paene excidit mil1i 440. - paeon 460-462. - palavra (conteúdo de) 99,2; 1 1 1 ; 1 12; 142; 146-150; 1 69,2; 174; 176,1; 274; 276; 282,2; 286-292. - palavra (corpos de) 37,1; 47,2; 99, 1 ; 111; 112; 1 1 5; 118-124; 145 n.; 146-149; 151,2; 169; 174; 175,3; 176,1; 178,2; 199; 274; 275-285; 379; 392, I A 2. - palavra (figuras de) 89; 126,2; 127; 163,2; 166,7; 238; 239-362. - palauas Uogo de) 274; 276; 277. - palillogia 244. - parabola 423,2. - parado­ xum (ad111irable) 37, 1 ; 38; 53,2 a; 66,2 a; 83, 1; 89,2; 166,6; 187; 1 89,3 b; 233 n.; 277; 291; 388,3; 407; 408; 421; 423; 468,2 - paragoge 59,1; 122,3. - paralelismo 53,3; 259; 260; 264-273; 307; 322,2 b; 337; 340; 343; 367,1; 387,1; 392, I A 2 a. - paraplzrasis 470,2 a - parare 43, 1. - orator

287

286 - parentllesis 249,1 c; 331; 384,6; 412; 414; 444; 452; 454,4. - parison 336. - paromoeosú 357. - paronomasia (aimomi//atío) 261; 265; 277279; 280; 291, 1 a; 357; 384, 1 ; 458. - pars (pars pro foto 200; totum pro parte 195. - Partes oratio11is 128; 129). - participação 225,1 ; 423. - par­ ticula 453,2. - partido, parcialidade 1 ; 6; 8,2; 9; 13; 20-45; 46; 47,3; 64; 65 até 83; 88; 133; 149,2 n.; 172,2 a; 188; 212; 214; 232; 234; 291 , 1 ; 310,3; 326, 1 ; 379, 1 ; 381. - partido contrário 6; 22; 35; 42,2; 43,2 b; 77, 1; 21 5,2; 232; 326,1 a; 426; 429; 433; 442. - partitio 43,2; 296. patllos 43,2 b; 68; 70; 212; 442-443; 468; cf. movere. -pendens oraria 452. - pensamento : res. - pensamento (cúmplice de) 166,6. - pensa­ mento (figura de) 37,1 ; 42,2; 89; 163, 1 ; 1 66,7; 1 82; 238; 240; 256; 317,2; 319; 363-44 7. - pensamento (subtileza de) 166,6. - pensa­ mento (tropo) 182; 4 1 7-430. - per 443. - percontatio 384,4; 433. - percursio 347,2; 407; 409; 410. - pe1·egrinum vcrb11111 1 1 3,2. - perigo (a respeito da situação em geral 7; 25. - Respeitante a

pensamentos e palavras 31,3; 154,1; 419. - Como categoria de con­ teúdo do zeugma 326,1 b). - periodus 1 66,7; 240; 254,1 ; 336; 370,3; 392, II; 414; 449; 452-456; 459,2; 468 , 1 . - pert"plzrasis 37,1 ; 1 66,7; 185; 18Cr1 91; 194; 202-206; 2 1 1 ; 235; 284,2; 379; 385, 1 a; 420; 428,2; 430,2 b. - permissio 429,2. - permixta apcrtis allcgoria 423,2. - per­ mutatio («ironia» 232. - «Quiasma complicado» 392, 1 A 2). - perora­ tio 43,3; 70; 296,2. - perpet�a oratio 377; 449; 451; 459,2 a. - persona (como assumo a tratar 22,3; 24; 31,4 b. - Como lows 4 1 ; 42,1 . - Quanto ao «estilo pessoal» dos autores e das personagens apresentadas na scn11oci11atio cf. 97,1 ; 99; 100; 432. - Perso11ae fictio : personificação). - personifica­ ção 31,4 b; 257, 1 ; 425. - persuadir 43,2 b; 67; 68. - persuasio 6; 28; 34; 38; 40; 43,2 b; 46, 1 ; 57,2; 64; 65; 67-70; 1 30; 430; 459,1; 464. - per­ versio 358. - pes 459,1 ; 460. - plzantasia 369; 442,2 b. - placere 69. - .planus C11TS11s 462. - pluralis (na sinédoque 196; 201. - Como base da regressio 391,3). - poesia 2,4; 16,3; 17; 26; 27; 40; 69; 70; 73,2; 88; 93; 102; 106; 107,2; 108; 1 1 5; 120; 122; 133; 143,4 b; 149,1; 1 50; 1 6 1 , 1 ,9; 162; 169,1,2; 176,1; 1 89-1 91; 195,1 ; 205,1 ; 206,1; 212; 240; 261-263; 266; 310,3; 3 1 1 ; 330; 385,3; 414; 430,2 a; 452; 454,2 b; 459,1 ; 465-468. - poetarum licet1tia 1 07,2; 108. -pointe (fr.] 149,2 n.; 1 66,6; 274. - polar (expressão) 304; 386. - polyptoton 250; 254, 1 ; 256; 261; 265; 276, l ; 280; 357. - polysigma 458. - polysyndeton 240,2; 267; 455-456. - ponere n//te ornlos 369. - pormenorização «diérese• 43,2 a; 294 até 297; 304; 306; 346; 365; 368; 369; 385 , 1 ; 402; 409. - poste­ rius 335; 374,2; 376; 412. - potentio1· /ex 31,4; 33,4; 93; 102. - prae­ cedens correctio 90, 1. - praeceptum 28; 92; 166,8. - praecipere 67. - praegnans 210. - praemissa 257, n.; 370,2; 371; 386: 398. - praemu­ nitio 419. - praeoccursio 376,2; 392, II; 412. - praeparatio 419. - praesens :

cf. historiw111.

- praestructio 4 1 9. - praeteritio 407;

(ingl.)

210. 410; 440. - préciosité (fr.) 133; 1 66,2; 1 9 1 . - pregnancy - primus cf. paeo11. - probabile : crível (tornar). - probare 43,2 b;

52,2 a; 67,2; 89,2; 466. - probatio 43,2 b. - processual (acto) 7-9; 13; 1 9,2; 22; 24; 25; 433. - prodesse 31,4 b; 67. - prodgium i 28. - prolepsis 316. - prolepticon sche111a 441. - pronominatio 202. - pronuntiatio 39; 45; 52,2 c; 89; 132,1; 180; 209; 234; 242,1; 446; 470,2 b. - propositio 43,2,3 a; 52,2 a; 67; 368, 1,3; 370,1 ; 371 ; 372,1. - propositum 82,2. - proprium (11ome11 : cf. nome próprio. - Ver­

bu111

62; 1 1 1 ; 1 17; 140,2; 147, 1 ; 168; 1 69,2; 1 70-173; 1 75-178; 1 82; 183; 1 85-187; 208; 209; 214; 226; 228; 284; 385). - prosa 1 6 1 , 1 ; 1 69,2; 459. -prosapodosis 4 1 5 -prosopopoeia 425. -prosthesis, pro­ thesis 59, 1 ; 122,1. - protasis (no drama 52,2 b. - Na frase 377; 451; 452; 453,1 ; 454). - prothesis : prosthes s. i - protlzysteron 413. - pro­ vocação 38; 66,2 a; 1 66,6; 407; 429. - público 2,4; 34; 65; 87; 90; 1 66,6; 1 70; 383; 433; 435; 442-443; 464. - pudor 66,2 b. - puer se11ex 83,1. - pun (ingl.) 274 n. - purgatio 31,4 b. - purismo 1 07,2. - puritas, p11ms ser1110 92, 1 ; 1 02; 103-129; 1 66,3 a; 168; 169; 466. - quaestio 8,1; 23; 31; 82; 393; cf. questão; interrogação. - qualitas 31,4; 32. - quando 41. - questão (questão da situação 8,1 ; 23; 30-33 ; 35. - Questão técnica do loc11s 40; 41 ). - quiasmo 37, 1 ; 53,3; 6 1 ; 254,1 ; 262,1; 307; 322,2 b; 337; 340,2; 376,2; 387, 1; 390; 391 , 1,4; (41; 1 8�,1 a), q11ib11s auxiliis (41; 217; 234). - quomodo 4 1 ; 223. - ratio 43,2; 368; 3 70-376; cf. s11biectio. - ratiocinatio 76, 79. - real (questão) 35; 38. - recapi­ tulatio 43,3 a; 296,2; 298,1; 368,2. - recte loqui 92,1; 93; 103. - redacção 470,2. - redditio 261-263; 274. - reditus ad rc111 54,2. reduplicatio 243; 250-255; 274. - reflexão 432,3. - reflexw 292. - refutatio 43,2 b ; 52,2 a; 381; 386. - regio 1 1 3,3. - regressio 391. 2-4. - regula 28. - relação (esquema de) 298,2; 335; 376; 392, 1 B. - relatia (como stat11s 31,4 b. - «Anáfora-. 265). - relevância (da situa­ ção 2,1 infra; 22, 1 ; 23; 31 ,4; 33; cf. bagatela. - Da realização artís­ tica 1 6,3; 20; 28). - remedium 31,4 b; 66,2; 90; 1 50; 152; 1 80; 377; 407; 438; 464. - remotio 3 1 ,4 b. - repetição 240; 241-292; 293; 351 ; 365; 366-367; 377; 458. - repetitio («repetição especialmente de um grupo de palavras» 244; �·anáfora» 265. - «Commoratio» 258; 367) . 392; 456 H; 468,2. - quis (41 ; 42),

quid

(como lows 4 1 ; 185,1 a. - «matéria a tratar» 23, 24; 29. - «Pen­ samento encontrado pelo orador a fim de levar a cabo a matéria a tratar» 40). - responsio 433. - retardante (momento) 52,2 b. - reti­ centia «