Dicionário Ilustrado de Marinharia

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DICI0NARI0 ILUSTRADO DE MARINHARIA • • • .

ANTÓNIO MARQUES

ESPARTEIRO

0 1, TENENTE DE MARINHA

DICIONÁRIO ILUSTRADO DE

MARINHARIA PREFÁCIO

Dr. J.

DO

SR. PROF.

Leite de Vasconcelos

--

1 936



SOCIEDADE

ASTÓRIA,

A R T E S

GRÁFICAS

LTD.

REGUEIRÃO 008 ANJOS, 8S-LISBOA

Ao distinto oficial de marinha Capitão-Tenente

ANTÓNIO M. R. D� CARVALHO LIMA

Homenagem da máxi�a consideração e estima. O AUTOR

RESERVADOS OS DIREITOS

/

PREFÁCIO Não constitue novidade para ninguém que a certas pro­ fissões corresponde um modo próprio de linguagem, so­ bretudo no que respeita ao léxico, ora para qu_e os protis­ sionais se entendam secretamente entre. si, sem que os estranhos os percebam, ora por motivos muito superiores a êstes, e derivados da natureza técnica da prorissão e do seu contínuo aperfeiçoamento. À segunda classe pertence o vocabulário náutico : e era natural que, sendo os Portugueses povo da beira do oceano, .e navegador,· possuissem também um. De facto o possuem, muito típico, muito rico, e até poderiamas acres­ centar, tão vigoroso como os marinheiros que o empregam. Do vocabulário a que me retiro, considerado um dos seus aspectos, a Marinharia, se ocupa no presente volum�, com grande e louvável diligência, o S.ºr Márques Espar­ teiro, que já nos Anais do Club Militar Naval, I9jI e I933, havia inserido breves ensaios do assunto. Deu-me êle a honra de me pedir que lhe prefaciasse o livro. Por mais que eu lhe mostrasse que me faltava competência especial para tantô, e que, sob o pêso da minha idade, e absorvido, como ando, na publicaçã9 de várias obras, não dispunha de tem­ po para, sem prejuízo das mesmas, escrever, pouco que fôsse: o S. or Tenente insistiu sempre, e tive de- anuir ao convite. Não estranhem, pois, os leitores a magreza do prefácio.

X

O rápido exame a que submeti o Dicionário de Marinha­ ria leva-me a assinalar os seguintes pontos.

Em primeiro lugar encontramos nêle vocábulos e expres­ sões da língua comum, em sentido usual, ainda que no nosso caso aplicados à vida· naval, isto é, particularizados, por exemplo : aprestas, balde, câmara, emendar, pano, patrão. Aqui pertence aludir às metáforas. Se às línguas faltasse a faculdade, que têm, de traduzir tropologicamente o pen­ samento, e precisassem de espelhar cada idéa numa só palavra ou frase, não haveria memória capaz de reter tama­ nha abundância de léxico! Já se vê que as metáforas e outras translações acodem espontâneas ao espírito, quando se fala, sem que êste as busque de propósito, com o in­ dicado intuito; a observação do valôr prático veio depois. Exemplos de metáforas que se lêem no Dicionário do S. or Esparteiro: alfôrge, arfar,· arvoredo-(mastreação do navio), por influência de árvore, já em latim arbor « mastro je nau»; à sombra; baioneta,· bàtizar ou baptizar o navio (a que já aludi por alto nos meus Opúsculos, III, 6I9) ,· beifar; bigo­ des,· bôca; bochecha -do navz·o ,· braço dado; cabeça,· ·cabeleira,· cachimbo,· cachola,· conserva; corda de mau tempo (na língua comum corda de chuva, série de gôtas, de aparência de cor­ da); corôas ,· correr,· fôrro ,· navegar de borboleta,· fardim; pal­ matória,· trincheira,· unha.

Entre as metáforas aparecem amiude nomes de ani­ mais, como é corrente no falar comum; somente na lín­ gua náutica o tertium comparationis pode diferir: ador­ mecer o navio ... reputa-se êste uma pessoa -ou um animal, que estava em movimento, e a pouco e pouco se queda (cfr. adormecer o pião), bico de papagaío,focznho • prôa, gato, lagarto, macaco, ôlho de boi, orelhas de mula, rabo de raposa.

X[

.l-\ propósito de figura de prôa, (· geralmente bustos ou escu­

dos == carranca da prôa, tomo a liberdade de lembrar o que escrevi nos meus Opúsculos, 1 V, 6I9-622, onde me referi a entidades sobrenaturajs (deuses, santos, etc.) e a emblemas mágicos que, no conceito dos crédulos, defen­ dem as embarcações. Seria valioso que alguem formasse um album das figuras desta espécie que se usam ou têm usado em Portugal. A especialização adquire por vezes tal grau, que a lin­ guagem marítima chega a parecer calão! Sem embargo, há nela calão verdadeiro, devido, em regra, exclusivamente aos marujos: linguagem marufal, linguagem da abita, calão .de bórdo, que n_?s vai deter uns momentos. Asilante == o que vive a bordo; barbantes == pessoal do convés; bifes da Terra Nova == bacalhau; bifes de Setubal == sardinha; cabo das iscas== cabo do rancho ; caneta == vas­ soura; cavalo branco == frio intenso; cornada = vasilha com vinho; dar corda ao relógio = içar ci'nzas ; dar um sôco ao comissario== fazer um vale para dinheiro; dar um tiro ao z"lnediato = pedir licença extraordinária; deputado pela prôa == aquele que procma captar as bôas graças da marinha·gem; ensaio de manta = sova aplicc1.da a bórdo por vários ( que envolvem o respectivo individuo em uma manta, para ·êle não conhecer os agressores); fado corrido== toque de unir; gigante = mar; guarda-joias =impedido; lavar roupa == falar mal dos ausentes; liào=mar; músico = cabo aluno ·(também músico em calão escolar); música de parra=vinho; piollzo = marujo; roda de proa = cara; sopeira == impedido (cfr. guarda-joias); talha-casacas = tubarão. Há em tudo isto muita graça e imaginação. O calão .maru;al fica paralelo às Gírias militares portuguesas do 1)

XII

S.or Tenente do Exército Afonso do Paço, publicadas em r 926. Algumas reflexões que eu reüni • no· prefácio aplicam-se sem dúvida no calão marítimo. Advirta-se que a espécie de linguagem de que falámos possue muito ca­ rácter licencioso, que o S.ºr Esparteiro já assmalou de modo geral na introdução. _Sendo verdaçie que, se da linguagem quotidiana se especializaram, como vimos, certos vocábulos na linguagem naval, acontece, ao invês, que não poucas vezes aquela toma esta por modêlo em grande número de modos de dizer. O próprio S. or Esparteiro mencionou nos citados Ana-is, I9JI, pp. 8I-82: à (cunha, «cheio:;>; perder as estri­ beiras, :t. atrapalhar-se, cunha e estribeira são termos náuti- cos, que se explicam também no Dicionário da l/,farinharia), º . e bem assim ji car a ver navios no Alto de Santa Catarina, « ficar logrado». A influência do mar e da navegação no léxico e fraseado navais é muito extensa. De apontamentos que tenho colhido extraío ao acaso :

ir a reboque; a todo o pano; dar a volta ao mundo; empan­ deirar ou tornar pando (Dicíonário p. 7I),· encalhar,· enver­ gadura,· ir a pique,· emproar-se; levar água no bico (dizer alguma cousa com sentido oculto) : vid. no Didonário : bico== prôa. Para des­ pedirmos alguém com violência, bradamós: navegue! Juntei • exemplos na edição que -fiz da Farsa do alfaiate, Lis­

boa, 1924, p. 42, e antes de mim o S.ºr Ferreira Soares _ havia falado na Lusa IV, IJ-I4 e 65-67, da influência do mar na linguagem naval. É evidente que predominam no livro d9 S.' r Esparteiro têrmos de todo náuticos: abita (já citado), braçalotes, con­ vés, enxárcia, mastaréus ... Nem va\e a pena demorar-nos.

XIII

com êles. Infelizmente muitíssimos são estrangeirismos, e em parte internacionais. Bem se compreende porquê. NOTAS VÁRIAS - Uma palavra serve de base, com freqüência, a muitas expressões: vid., por exemplo, no Dicionário s.vv.: cabo, ferro, nó, pau, pinha, ponto, vela, pelas razões dadas acima a propósito das metáforas. Cada pala­ vra vem seguida do seu determinante, ou de um epíteto : costura de mão, coxim de rêde, mar cheio. Algumas expres­ sões formam-se com verbos, s. v. dar, ou de outros modos (compostos, etc.). Ilhóses em abre-ilhóses é forma popular, por ilhós. Pas­ sou à linguagem culta, como javalises, por ;avali. - Em à flor de água, a par de ao lume de água, .é preferível a segunda expressão, como clássica. Os Franceses é que dizem à fleur d'eau, à fleur de terre. Mais desastrado é ainda o escrever-se para aí: aflorar, afloramento. - Em de leva arriba entra a palavra arcaica e popular arriba, ou riba (cimo). - Modismo sintático, lembrado na introdução: chega ali, nzarujos,. com o singular pelo plural, por se considerar marujas como cq lectivo, isto é, marinhagem.

* Pessoas competentes dirão se o Dz'cionário de Marinha­ ria do S. "r Tenente Esparteiro traz informações novas, se

se diferença consid�ravelmente dos dicionários náuticos que já existiam em português, se todas as explicações dos vocábulos saíram exactas. Por mim, atenta a minha incom­ petência técnica, que comecei por tornar patente, apenas estou no caso de declarar que o julgo muito útil, que além do seu mérito prático·, promove considerações de carácter

·xrv geral, como algumas poucas que apontei, e que as deze­ nas de gravuras intercaladas no texto esclarecem ou com,.. pletam as definições. Pelo que apresento ao autor compri­ mentos e prolfaças. Campolide, 29 de Março de 1936.

J.

LEITE DE

V ASCONCELLOS

INTRODUÇÃO A falta dum moderno Dicionário de Marinharia e o amor votado por nós a esta matéria, foram a origem do presente trabalho. O dicionário português • de marinha mais recente é o de António Gregório de Freitas, intitulado Novo Dicionário da Marinha de Guerra e Mercante, publicado em Lisboa em I 855. Os dicionaristas, nacionais e estrangeiros, consultados pouco ou nada dizem de interessante da artística e formosa arte de marinheiro. Os próprios tratadistas de Apa,relho e Manobra, antigos e modernos, na maioria, quási se limitam a breves notícias sôbre o assunto. A falta de fontes securas coloca em sérios embaraços quem pretender estudar a Arte de marinheiro. A tradição, guardada e transmitida de geração em ge­ ração pelos nossos hábeis .,marinheiros e oficiais de mari­ nheiros, foi � principal fonte aonde nos foi dado beber os conhecimentos que agora apresentamos. Por Marinharia entende-se modernamente o estudo do aparelho dos navios, sua manobra e a arte de marinheiro�

XVI

A terminologia usada por ela tem íntimo parentesco com várias outras ciências, como sejam, Construção Naval, Meteorologia Náutica, Arquitectura Naval e Navegação, tornando assim muito dificil a destrinça das palavras que pertencem a cada uma delas. Além disso, hâ vocábulos empregados indiferentemente em marinharia e em algumas dás ciências mencionadas. Resolvemos, em face do exposto, incluir além dos vocábulos propriamente de marinharia, alguns outros, poucos, que com ela têm maior 'parentesco. Outra dificuldade a vencer foi a escolha de alguns têr­ mos antigos que se devessem ressuscitar, dada a falta que ·estão fazendo na marinha moderna. Estamos, efectivamente, convencidos que o seu desconhecimento tem sido a mais forte causa da vinda para a nossa língua de termos técnicos estrangeiros. Impunha-se, pois, a sua inclusão no nosso trabalho.· Deixemos para outrem o estudo e recolha de têrmos arcaicos. Os nossos dicionaristas, erradamente quanto a nós,. registaram como têrmos de marinha, vários de Artelharia, Astronomia, Oceanogratia, Geografia Marítima, além de alguns vocábulos de linguagem comum. Procurámos fugir a esta miscelânea, registando apenas os vocábulos e frases de acôrdo com a doutrina que temos exposto. Reputamos de tôda a conveniência registar o calão marujal, que pefa sua íntima ligação com a Marinharia, por vezes substitue o têrmo técnico. O calão marujal ou linguaJ;em da habita está cheio de vocábulos e frases obscenas que deveriam ficar apontados, _ pois que, não só os dicionários técnicos os incluem, como

também há operações . em Marinharia que só são conheci­ das pelo têrmo obsceno de calão. A linguagem de bórdo usa muitas frases gramatical­ mente erradas que entendemos oportuno ·indicar·. Por -exemplo: - Meter barras ao cabrestante, - Caír ao mar -e m lugar de : - Meter barras no cabresrante ..::._ Caír no mar. Em tôdas as marinhas é uso corrente individualizar o plural. Por exemplo: - Chêga ali, marujos, - Faz caso, marinheiros, A brevidade de várias manobras e o laconismo p.róprio -do homem do mar, requerem também frases lacónicas. Como: Sim em vez de andar assim. Algo mais se poderia dizer . sôbre o pitoresco de tal linguagem. Nem o tentamos sequer, visto a nossa maior preocupa­ ção ter sido a de procurar inserir apenas o significado mais corrente dos vocábulos, sem contudo esquecer que alguns são típicos exemplares da originalíssima forma do falar de bordo. Que os eruditos dêstes assuntos o tentem com mais probabilidades de bom êxito: a nós resta-nos o consôlo -de, publicando êste livro, termos iniciado um ramo de estudos, por assim dizer, inexplarado. Queremos deixar aqui exarado o nosso pro_fundo reco­ nhecimento ao artista distinto e nosso amigo, segundo-te-

XVIII

nente engenheiro maqmmsta naval Manuel Augusto da Silva, autor da bela colecção de dE'senhos inserta neste livro. Ao nosso amigo e camarada tenente- Tomáz Augusto Centeno, incansável nos trabalhos editoriais e revisão dêste trabalho, os nossos melhores agradecimentos e o nosso grande reconhecimento. Os nossos agradecimentos aos oficiais, mestres, con­ tra-mestres e marinhagem da Armada que nos auxiliaram nesta tarefa. E, principalmente, o preito da nossa homenagem e sincera admiração pela sua altíssima cultura ao sábio Prof. Sr. Dr. José Leite de Vasconcelos, que tanto valorisou êste livro com o seu erudito e oportuno , Prefácio)) .

A. M. E.

D IC I O NÁR I O

I LU STRADO

DE

MARINHARIA A ABADERNA - Melhor badema. ABADERNAR - Apertar com ba­

derna. Passar uma baderna.

ABAFAR - Executar a manobra de ferrar o pano sem · preceito. ABAlNHAR - Fazer baínha. Co­ ser com ponto de baínha. Imprópria­ mente embai'nhar. Bafahar. ABALAüSTRADO - Diz-se de tudo o que tem guarnição de balaús­ tres. ABALAüSTRAMENTO - Acto ou efeito de aba!aüstrar. ABALAüSTRAR - Prover de ba­

laústres.

ABALDEAR - O mesmo que bal­ dear. Lavar o convés do navio com água. Grafia desusada. ABALROA - O mesmo que balroa. ABALROAÇÃO - Encontro ou choque de dois ou mais navios. É pro­ veniente ou de fôrça maior ou de im­ previdência. Há regras estabelecidas internacionalmente para evitar os abal­ roamentos. ABALROADA - Choque por abal­ roação; abordagem. ABALROADO - Navio ferido pe­ lo encontro com outro ou outros. ABALROAMENTO - O estado proveniente do acto de • abalroação ou abalroada.

ABALROAR - Chocar um navio com outro ou outros. Atracar com balroas. ABANDEIRADO·- Enfeitado com bandeiras. É a forma oral do adjec­ tivo; a forma escrita é embandeirado. ABANDEIRAR - O mesmo que embandeirar. Mais própriamente em­ bandeirar, segundo Vieira. ABANDONAR O NAVIO - Sair do navio devido a naufrágio, inave­ gabilidade, arresto, perda, deteriora­ ção, varação para factura ou em caso de prêsa. ABANDôNO - Acto de sair do navio, por efeito de encalhe, água aberta, fogo, etc. ABANOS - Em calão : orelhas grandes. Guarda-lamas. ABARBADO - Posição do navio com a terra ou baixo perigosamente perto por sotavento ou sotamar, quer por efeito do vento, quer por efeito do mar. É têrmo da marinha de vela. ABARBAR - Aproximar, tocar. Êste verbo está pouco em uso. A' BARRA - A entrada da barra, começando a encher as marcas. ABARRACAR - Passar os amar­ rilhos do tôldo num vergueiro mais baixo j unto �s _trincheiras ou amuradas, ou num cabo volante. O tôldo fica assim disposto em forma de barraca, abri­ gando da . chuva · a tôida e o convés.

ABA

ABARROTADO - Navio com muita carga, cheio. Carregado até aos embornais ou até às esco.tilhas. ABARROTAR - Carregar ao má­ ximo, encher até às escotilhas. ates­ tar. Segundo João de Barros é verbo intransitivo. ABATER - Descair ou desviar-se para sotavento, sotacorrente ou sota­ mar do rum0 por efeito de vento, cor­ rente, mar, etc. Rolar, cair ou descair. Amansar. ABATIMENTO - Acto ou efeito de abater. Ângulo da quilha com a es­ teira do navio. O desvio do navio do seu verdadeiro rumo por efeito do que abate. O mesmo que caída a sotaven­ to ou sotamar. ABATOCADURAS - Conjunto de fusis, batoques e contra-batoques que

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ABI ta de um semi-círculo de metal gra­ duado no limbo. E usado à pôpa, , meio. ABERTA - Interrupção momentâ­ nea da chuva, mar, vento, etc. Oca­ sião favorável. São inúmeras as lo­ cuções em que entra êste adjectivo: bôca aberta, embarcação sem convés corrido; água aberta, embarcação fa­ zendo água devido ao seu mau es­ tado, etc. ABERTO - Orientação do pano do navio para receber o vento entre a alheta e a roda.

ABERTONA - V. curvas de aber­ tona. ABICADO - Preso com beque.

Varado. Posição do mastaréu que se abicou. ABICAR - Chegar com · o beq�. Encalhar a embarcação com preceito, na praia, quer de proa, quer de pôpa. Também se emprega, embora muito pouco, com a significação de ancorar. Colocar o mastaréu em condições de ser acunhado e vestido.

a

ABITA - Em calão : notícias vin­ das de marujas, informações da proa. Maruja. Melhor habita.

Abatocaduras

seguram a mesa das enxárcias reais e os brandais contra o costado do na­ vio. Batocaduras, segundo Cândido de Figueiredo.

ABATóMETRO-Instrumento para calcular o abatimento do navio. Cons-

ABITA - Coluna de ferro ou ma­ deira colocada verticalmente no castelo e firme� mente ligada ao navio, destinada a receber as v o 1 t a s de capelo da amarra. Algumas têm tra� vessões para não deixar facilmente desencapelar as voltas da amarra. Melhor

Hahi ta habita. ABITADO - Preso ou enrolado à habita. Melhor habitado. ABITAR - Segurar na habita, ca� bos, amarras, etc. Melhor habitar.

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ABI ABITAR A AMARRA - Lançar as voltas de capelo na habita. . ABOÇADO

meio de cabo.

- Seguro,

ABOCADUR.A - Foz

mo antigo.

fixo

por

do rio. Têr­

ABOÇADUR.A - Nó empregado para emendar dois cabos. Pode ser com

ABO A BOLINA - Navegar com vento afastado o máximo 6 quartas da proa. A bolina pode ser por BB ou por EB, e, em qualquer dos casos, cerrada ou aberta. ABOLINADO - Mareado à ABOLINAR. - Navegar à Melhor bolinar. ABONANÇAR.-Serenar ou

bolina. bolina.

abran­ dar o vento e o mar, isto é, deminuir de intensidade. O mesmo que cair, ce­ der e acalmar.

A BORDA

navio.

- Atracado, j unto ao

ABORDADA - Abordagem. ABORDADO - Assaltado. ABORDADOR. - O que fêz a abor-

dagem.

ABORDAGEM - Acto ou efeito de abordar. O mesmo que abordada. Operação de assaltar um navio, esca­ lando o seu bordo.

,\ hoçad uras

botões em cruz, com nós de escotas, etc. Acto ou efeito de aboçar.

ABOCAR - Embocar, começar a entrar em barra, canal ou estreito. ABOÇAR - Emendar dois cabos com nó de abôço. Prender com boças. Passar as boças à amarra, a uma em­ barcação, etc.

ABôÇO (Nó de}-V. nó de abôço. ABôÇO DE Nó TORTO - Nó

de abôço.

ABó/ADO

- Amarrado bóia. Levado na corrente.

ABóIAR.

a

uma

- Deitar por água abai­ xo, surdir, flutuar, marcar um sítio com bóia.

ABORDAGEM (Coxim de) - V. coxim de abordagem. ABORDAR - Abalroai: para assal­ tar. Tocar com o bordo. Ir a bordo. Atracar.

ABOR.DA VEL-Acessível para um desembarque. Fácil de abordar.

ABOR.R.ASCADO

desabrido. tempo.

Refere-se

- Tempestuoso, ao estado do

A BORDO - Dentro do navio. ABORDO - Capacidade de

abordado.

ser

ABOTOADURA - Grupo de bo­ tões que se tomam no aparelho. Por exemplo, os botões de um archote. Act0 ou efeito de 'abotoar.

ABü

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ABOTOAR - Ligar um cabo a outro por meio de botões. Fazer um botão. Passar um botão. ABRAÇADEIRA - E s p é c i e de amantilhos usados nas gáveas e joa­ netes partidos, um por cada bordo.

ABRAÇAR - Passar em volta, cin­

gir.

ABRANDAR - Brandear. Amainar o tempo. Acalmar, abonançar, deminuir, perder a fôrça.

ABRE-ILHOSES - Passador re­ dondo de ferro com que se abrem os buracos para as ilhoses. O mesmo que vazador.

ABRIGAR - Defender o navio dos

elementos utilizando costas, cabos, por­ tos, etc.

ABRIGAR-SE - Pôr-se

de costas, ilhas, etc.

ao abrigo

ABRIGO

- Lugar que resguarda o navio do mau tempo.

·ABRIR - Afastar as duas peças de poleame de um teque, talha ou estra­ lheira, manobrando. Afastar a proa da embarcação do costado do navio, dum cais, etc. Deminuir o nevoeiro. Aliviar o tempo. Arrombar o navio por efeito do tempo. Aumentar distâncias ou es­ paços. ABRIR ÃGUA - Meter água por fenda ou rombo.

ABRIR AS VELAS -

Marear as

velas. Pouco em, uso. ABRIR MARES-Navegá-los pela primeira vez. ABRIR-SE - Desconj untar-se, que­ brar-se o casco de modo a permitir a entrada de água.

ABROQUELAR - Bracear as vêr­ gas do navio por sotavento. Têrmo

antigo.

ACL ACAÇAPAR UM MASTARSU Arrear o mastaréu até que a garganta fique sôbre a pêga respectiva. Usa-se mais acachapar. ACACHAPAR OS MASTARSUS

- Em calão : humildar-se, submeter-se.

ACACHAPAR UM MASTARSU

- Acaçapar.

A' CACE/A - Navio arrastando s ferros pelo fundo devido ao tempo ou a estarem mal unhados. Navio à garra. AÇAFRÃO - O

mesmo que

safrãÓ.

ACALMAR - Mais que abonançar.

AÇALMAR - Prover de mantimentos. Daqui a palavra açalmo, com o significado de provisão. Têrmo an­ tigo.

ACALMIA - Deminuição passa­ geira na fôrça do vento ou na agita­ ção do mar. Recalmão. ACAPELAR - Melhor encapelar. A' CARLINGA - Meter o mastro

na carlinga. (!l!/No,1,killl

(O,f!l'lrl da l'Ôj:tt

Aeastelamen t o s

ACASTELAMENTOS - O b r a s mortas acima do convés superior. Su­ perstruturas. A CAVALO NO VENTO

trinca.

- À

ACHO POUCO ! - Exclamação irónica soltada por quem é maguado com qualquer coisa que lhe cai em cima. Têrmo de calão. ACLARAR

claro.

- Desembaraçar, pôr

...

5

ACL ACLARAR-SE - Falando da terra • ou do horizonte - descarregar-se, lim­ par-se de nuvens, neblina, etc. ACLAREAR O DIA - Amanhecer. ACOCHADO - O cochado.

mesmo

ACOCHAR - O m e s m o cochar. Acamar, torcer.

que que

ACOCHAR-SE - Esconder-se. O mesmo que cochar-se. ACOMETER - Demandar {a ter­

ra, o pôrto, etc. ) .

ACONCHEGAR - Aproximar mais as filaças ou o cordão de qualquer tra• balho de marinharia. O mesmo que conchegar.

ACOR.DOADO - Provido ou guar­ necido de massame. Têrmo caído em desuso. ACORDOAR - Guarnecer de mas­

same. Têrmo caído em desuso.

ACOSTAR - Encostar. Naufra­ gar. Vir à costa. ACOSTAR-SE - Navegar junto à costa. Aproximar-se da costa.

ADE leme, para fazer arribar conveniente­ mente o navio, livrando-o dum golpe de mar ou para evitar um perigo. Têr­ mo pouco em uso. À CUNHA - Navio completamente aparelhado já com os mastaréus no seu lugar. À CUNHA (Deitar um mastaréu} Acunhar um mastaréu. ACUNHADO - C a l ç a d o

cunha.

com

ACUNHA REMOS ! - Voz do pa­ trão de uma embarcação de remos para os remadores se servirem dos remos como varas com o fim de safarem a embarcação de um sítio muito baixo, mantendo-a normal à vaga, quando abicada, etc. ACUNHAR - Apertar com cunhas. ACUNHAR. UM MASTARÉU ­

Operação de colocar um mastaréu no seu lugar agüentado pela respectiva cunha:. Deitar um mastaréu à cunha.

ACUNHAR UM REMO - Servir­

-se de um remo como vara.

pelo

A CUSAR. A VOZ - Repetir as vo­ zes do Comando. O homem do leme deve repeti-las sempre em voz alta.

ACOSSAR - Perseguir, fustigar, dar caça. Diz-se navio acossado pelo tempo, quando o navio foge ao ímpeto ou é batido pela intensidade do t�mpo.

ACUTELADO - Parte dos panos de uma vela com a forma triangular. Nas velas redondas e nos latinos qua­ dnangulare,s fica do lado da amura e nos cutelos do lado da testa de dentro.

ACUDIR À MANOBRA - Correr em aj uda para a execução de qualquer manobra.

ADELGAÇAR O NEVOEIRO Deminuir, permitir melhor visão.

ACOSSADO - Perseguido tempo, pelo inimigo, etc.

ACUDIR. AO LEME - Dar pelo leme. Obedecer ao leme. Tomar conta do govêrno ou mais própriamente do

ADERNADO - Adornado. ADERNAR - Adornar. Corrupção

de aquerenar.

ADI A DIQUE - O mesmo que dique. Grafia desusada. A DOIS VENTOS - Velejar, par­ te do pano recebendo o vento por um bordo e a outra parte, pelo outro. Na­ vegar de tesoura, em cruz, de borbo­ leta. ADORMECER - O afocinhar ou inclinar do navio, com alguma perma­ ti.ência na mesma posição, resultando daí o perigo de se submergir ou voltar. ADORMECIDO - Navio inclina­ do ou afocinhado de que pode resultar o perigo de se voltar ou submergir, de­ vido ao tempo. ADORNADO - Inclinado, tomba­ do, aquerenado. O mesmo que ader­ nado.

ADORNAR - Tombar, inclinar. Adernar, segundo Cândido de Figuei­ redo.

ADRIÇA - Cabo destinado a içar velas, vêrgas, bandeiras, roupa, etc. Hã uma em cada vela de proa, duas nos latinos quadrangulares de arriar {do pique e da bôca ) , etc. Driça. Clas­ sificam-'se conforme o seu emprêgo. Assim hã as adriças : da roupa, das macas, dos sinais, da flâmula, da ban­ deira, do embandeiramento, etc. ADRIÇAR - Endireitar. Suspen­ der com adriça. Endireitar-se o navio que estava ou ia adornado. ADRIÇAR TOLDOS - Içar mais os toldos pelas tralhas, depois de se ter desfeito os amarrilhos, a-fim-de en­ xugar e arejar o navio. ADUCHA - Cada uma das vol­ tas dum pandeiro de cabo. Cada uma

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AFO das partes do cobro duma amarra ou virador. Cada uma das voltas duma vela ferrada e desenvergada.

C abo a d uchado em pandeiro

ADUCHAR - Colhêr um cabo em voltas circulares sobrepostas sucessi­ vamente. Colhêr a amarra em aduchas. Colhêr em aduchas. Diz-se também du­ ma vela ferrada, desenvergada e colhi­ da a preceito. ADUCHAS (Colher em)-Aduchar. A' FALA - Perto e ao alcance 30

porta-voz.

AFALCASSAR - Falcassar. Pas­ ser uma falcassa. Grafia antiga. À FEIÇÃO - Favorável. AFERRAR ou FERRAR - Anco­

rar. Lançar ferro. Chegar. Ferrar o pano. Abordar.

AFERRAR-SE - Segurar-se bem com balroas para dificultar a separa­ ção dos dois navios. AFILAR - Filar. Grafia antiga. A' FLOR DE AGUA - À superfí­

cie dela, à tona de água. Ao 1 ume de água.

AFOCINHAR - Mergulhar um na­ vio de proa com o balanço de pôpa à proa ou por efeito de muita carga a vante. AFOGAR O REMO - Mergulhar demasiado o remo na água quando se

AFO rema. Em calão: faltar à licença, ser castigado. Diz-se o remo afogado até ao punho quando o castigo é grande.

AFOGAR-SE -Não

flutuar facilidade o navio, na vaga.

com

AFORRAR - Pôr fôrro. O mesmo que forrar. AFUNDAR - Ir a pique, ou ir-se ao fundo.

À GALGA (Ferro)-V. ferro à galga. A GARNEL -A granel. Grafia de­

susada.

À GARRA - V. à caceia. AGARRAR FUNDO -Achar

fun­ do prumando. Unhar bem o ferro no fundo.

AGARRUCHADO -Melhor agar­ runchado. AGARRUCHAR- V. agarrunchar. AGARRUNCHADO - Ligado ou

provido de garrunchos. Agarruchado.

AGARRUNCHAR- Meter

os gat­ runchos nos seus lugares. Agarruchar.

AGASALHADO -Mercadoria que antigamente era permitido, ao pessoal dos navios de guerra, embarcar para comércio. E também o espaço desti­ nado àquela mercadoria. A GILA VENTO - O mesmo que a julavento. A sotavento. ÁGUA (Calar) - V. calar água. ÁGUA (Demandar)-V. demandar água. Á G U A ABERTA (Embarcação com) -Em calão: embarcação condu­ zindo mulheres.

ÁGUA ABERTA (Navio com) -

Navio que faz mais água do que o normal.

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AGU ÁGUA ABERTA COM A BARRA

-À entrada da barra (Navio).

ÁGUA ABAIXO -A favor da cor­ rente e à vontade dela.

ÁGUA ACIMA - Contra a cor­ rente. O mesmo que água arriba.

ÁGUA ARRIBA - O mesmo que água acima. AGUACEIRO - Fenómeno meteo­

rológico constituído por chuva de gôta grande acompanhada, em geral, por vento forte, de duração variável. O mar embravece à sua passagem., É mais pesado do que a rajada e refrega de vento. Há as seguintes espécies de aguaceiros: arqueados, baixos, brancos, de chuva, de chuva e vento, e secos ou de vento.

AGUADA - Água doce que se leva nos tanques dos navios. Provisão de água para o navio. Lugar onde se faz essa provisão.

AGUAGEM - Corrente de água. A água revolta que o navio deixa pela pôpa. Nesta última acepção usa-se mais a palavra esteira.

ÁGUA NO BICO

proa.

AGUANTAR agüentar.

_:::_ Corrente pela

- O

mesmo

que

AGUAS-C o r r e n t e s do mar. Assim se diz que as águas correm a leste para significar que há corrente naquela direcção.

ÁGUAS DO NAVIO-Águas que ficam no prolongamento indefinido da quilha, na direcção da pôpa. AGUÇAR DE Lô - O mesmo que: AGUÇAR-SE - Tendência do na­

vio em ir para a orça. Navio ardente, vivo. Aguçar de ló.

AGU

AJU

8

AGüENTAR - Resistir o navio à fôrça do vento, não adornando dema­ siado com dado pano. Segurar, não deixar recorrer, suportar, ter mão. Não poder largar uma vela por causa do mau tempo. Assim se diz que tal navio não agüenta os joanetes com tal tempo. O mesmo ou melhor de que aguantar:.

AGULHA DE MAREAR

lha.

- Agu­

AGüENTAR-SE - ManteMe fir­ me, pessoa ou coisa. Assim se diz: agüentar o vento, o mar, a corrente, etc. Agüentar-se sob vela, sob vapor, sob remos. AGüENTAR A GUINADA-Pôr

o leme para o bordo oposto àquele para onde o navio guina, de modo a contrariar a guinada. O LEME -Ter mão nêle, fazer fôrça, para não desandar a roda para o lado de sota­ vento ou sota-mar.

AGüENTAR

AGüENTAR O SOCA!RO Não deixar recorrer o cabo que se está alando. AGULHA - Instrumento .com­ prido com ponta, três faces e fun­ dó, para coser pano. Há agulhas para lona, brim e para palombar. V. falcassa e embotijar: de agulha. AGULHA - Instrumento que,

lha colocada dentro de uma bitácula portátil e usada nas embarcações miúdas.

PALOMBAR

AGULHÃO - Melhor agulha de bordo por onde se regula a agulha do govêrno. Agulha padrão. AGULHA PADRÃO -Agulhão.

Agu-

- Agu­

AGULHA DE GOVÊR­ NO -Agulha por onde o

homem do leme governa o navio a um rumo dado.

AGULHA DE

Agulha, mais grossa do que as de coser, com que se dá o ponto. de pa­ lomba.

AGULHEIROS-Aberturas

a lha cada momento, indica aproximada- citar mente a direcção do norte magnético. Compõe-se de bitácula, mor:teir:o, agulha própriamente dita, r:osa e cúpula ou capacete. Agulha de marear.

AGULHA DE ESCALER

Agulha do marear

Agu}hll.

de escalar

res ou elípticas abertas no con­ vés para a en­ trada do carvão nos respectivos paióis. São fe­ chados com tam­ pas de ferro.

AHUSTAR­

circula­

Agulheiro

O mesmo que aüstar:.

AHUSTE - O mesmo que aúste. A INGLÊSA - V. costur:a, falcassa, colher cabo, etc., à inglêsa.

AJUDAS - Forra, como refôrço, nos punhos das testas das velas e lu­ gares em que o vento exerce· maior

.-

!

--·--

AJU

9

-pressão. Reforços ao mastro rendido, feitos com barras de ferro ou madeira.

AJULAR - Sotaventear.

absoleto.

Têrmo

A TULAVENTO - O mesmo que . a gíl;;vento. A sotavento. ALA E LARGA - Cabo, com pi­ nhas de espaço a espaço, enrolado na saia do cabrestante, para suspender o ferro e meter a amarra dentro. O cabo de ala e larga foi usado até ser in­ ventada a gola do ·cabrestante. Giro curvilíneo que o patrão é obrigado a fazer com a sua embarcação para a atracar. Ale�larga. ALAGADO - Diz�se do navio,

costa, etc., de que se avistam apenas as partes altas por estar além do hori­ zonte. Mergulhado, metido debaixo de . água.

ALA MAR- Para a parte do mar,

ao mar.

ALANTA - Estralheira engatada no calcês do mastro da barcaça de querena, na manobra de querenar, e num arganéu do costado do navio, gornindo o tirador num cabrestante da barcaça. Cada uma das peças do apa� relho da alanta, quando não é estra­ lheira, tem superiormente três rodas, duas e uma. A LARGAR- Prestes a partir. O contrário de chegar. ALARGAR. - Mudar. de direcção, o vento, afastando�se da proa; fazer-se mais largo. Tornar�� mais favorável o vento. O contrári? de escassear. ALAR - Puxar. Há as seguintes maneiras de alar: à lupa, de leva arri­ .ba e de mão em mão. ALAR

À .aos puxões.

LUPA - Alar um cabo

ALC ALAR DE LEVA ARRIBA - Alar um cabo caminhando sem parar. ALAR DE MÃO EM MÃO Alar um cabo seguidamente sem mu­ dar de lugar, pegando�lhe alternada­ mente com cada uma das mãos . ALASTRAR - Melhor, lastrar. Distribuir convenientemente o lastro do navio ou provê�lo com lastro no caso de o navio não o possuir. À. LATINA- Com pano latino. ALBóI - V. escotilha de albói. ALÇA - Rôsca de cabo, de ferro

ou fio de aço (ou de ferro), abraçan­ do o poleame pela goivadura, servin­ do para melhor emprêgo dêste. Há di­ versas espécies de alças: de cosedura, de encapelar, de garganta, de rabicho, dobrada e singela .

ALCÁÇOVA ou ALCÃCEVA Castelo dó navio. Têrmo absoleto.

ALÇA DE COSEDURA - Alça singela com dois chicotes livres desi­ guais destinada a ser fixada onde con­ vier. ALÇA DOBRADA - Alça singela

com cabo dobrado.

ALÇA DE ENCAPELAR. - Alça singela com anel de cabo fora da caixa para encapelar onde for necessário. ALÇA DE GARGANTA - Mão­ zinha feita folgadamente. no chicote su­ perior do estai, quando singelo, para servir de encapeladura. ALÇA DE RABICHO - Alça sin­ gela tendo em lugar do sapatilho um comprido rabicho para fixar o poleame onde convier. ALÇA DO PAP AMOSCAS - Alça na curva do beque onde atesa o estai grande

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Alças dobradas

Alça de garganta

Alça de cosedur"-•

Alça de rabicho

Alça do papa­ -moscas

Alça de encapelar

Alça singela

ALÇ

ALM

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ALÇA SINGELA-Alça de cabo formada por uma rosca na qual �e mete o poleame e o sapatilha. Entre o poleame e o sapatilha é passado um botão redondo esganado. Em lugar da rosca pode ser feita uma costura re­ donda quando a alça é muito grande.

ALFAIATE - Em calão: tubarão. O mesmo que talha-casacas.

deira ou chapa de ferro que remata an­ teriormente as balizas ou a borda falsa, correndo a ambos os bordos, de pôpa a proa. Ta!abardão. ALCATROADO - Cabo com al­ catrão posto a preceito. ALCATROAR- Untar com alca­ trão.

ALHETA - Canto da borda que resulta do encontro do painel da pôpa com cada um dos bordos. Direcção en­ tre a pôpa e o través.

ALCAIXA - O mesmo que alcaxa. ALCATRATE - Prancha de ma­

ALCATROEIROS - Em calão:

pessoal da especialidade de manobra. ALCACHINAR - Dobrar-se para vante remando.

ALCACHOFRA (Pinha de)-V. pinha de alcaxofra.

ALCAXA - Intervalo ou interva­ los, nos navios de madeira, entre ver­ dugos e cintas, pela parte de fora. Em geral eram pintados de branco. Tam­ bém se escreve alcaicha, segundo Cân­ dido de Figueiredo. Antigamente alguns navios tinham mais de uma alcaixa. Em calão: tartaruga. Cada um dos vi­ vos brancos ,dos colarinhos de alcaxa das praças.

ALCEAME - Conjunto de alças. ALCEAR - Prover com alça. ALDROPES - Gualdropes. Têrmo

absoleto.

ALEFRIZ - Ranhura ou entalhe triangular aberto na roda de proa, quilha, gio grande, contra-cadaste, etc., para enxovar taboado. ALE-LARGA - O mesmo que ala e larga.

ALFORGES - Saliências laterais do painel da pôpa nas antigas pôpas de carro. Em navios antigos de ma­ deira, de certa categoria, aproveita­ vam-se os alforges para nele,s ser co­ locada a casa de banho e retrete do comandante.

ALIJAR- Lançar ao mar carga, artelhar.ia, etc. Descarregar o navio.

ALIJO - Pequena barcaça ou em­ barcação para onde, do navio, se des­ carrega tôda ou parte da carga.

ALIVIAR- Fazer leve, descarre­

gar.

ALIVIAR O LEME - Deminuir a quantidade de leme que estiver a um ou outro bordo. ALIVIAR UM CABO - Brandear. ALMADIA - Embarcação miúda

de uma só peça inteiriça usada na Ín­ dia e na costa de África.

ALMEIDA - Fôrro exterior, nas antigas pôpas do carro, por baixo do painel até à altura do tôpo do ca� daste.

ALMIRANTE-A maior gradua­ ção na marinha de guerra portuguesa.

ALMIRANTE! - Resposta que dá o patrão de uma embarcação que con-­ duz oficial general da Armada à pre­ gunta da sentinela: - ó da embaroa­ ção!

ALMIRANTE DE GALÃO EM BICO - Em calão: sargento da Ar­ mada.

ALM ALMOFADA - Peça de madeira bolE;ada na aresta exterior e forrada de sola, colocada sôbre vaus de pôpa a proa, para resguardar as encapela­ duras das arestas dos vaus.

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AMA AMAINAR- Arriar bandeiras, ve­ las, etc. Êste têrmo já não se usa com êste significado, mas sim na acepção de abrandar, deminuir o vento, o mar, etc.

A Ló -De bolina. Pouco em uso. ALOJAMENTO- Em geral, todo

.A,..MANSAR - Deminuir de fôrça. abrandar, abater; diz-se do temporal, do vento ou do mar.

ALQUEBRAMENTO - Acto de alquebrar. Estado do navio alquebrado.

AMANTES -Cabos de grossa bi­ tola, em geral de enxárda branca, na face inferior da pega para espigar e abicar os mastaréus de gávea e para os arriar. No extremo livre vão provi­ dos de aparelhos de fôrça para içar ou arriar objectos para mastreação.

o espaço do navio destinado a habita­ ção dos seus tripulantes.

ALQUEBRADO - Navio em que os extremos do casco abaixam em rela­ ção à parte média. ALQUEBRAR- Render, aluir. ALTA - V. gávea e joanete alto. ALTEROSO -Navio alto de bor-

da. Assim se diz alteroso de pôpa ou de proa conforme a borda é alta à pôpa ou à proa. Mar de ondas altas.

ALTIBORDO -Alto bordo. ALTO BORDO - Navio antigo,

como a nau de linha, com mais de uma bataria coberta. O mesmo que al­ tibordo. Navio grande.

ALUAMENTO - Flexa da curva formada pela esteira de algumas velas, de punho a punho, ou do punho da escota ao da amura, ou, mais vulgar­ mente, a própria curva. ALUFADA- Rajada. LUPA (Alar) -V. alar à lupa. ALVAÇUZ - Pequeno paiol na

À

põpa ou na proa do navio. Pequenos compartimentos à pôpa e à proa das embarcações miúdas.

ALVORAR- O mesmo que arvo­ rar. Grafia desusada.

A MACAU -Em calão: fora do

preceito, ao contrário do que deve ser.

AMANTE DO GURUPES-Es­ tralheira de refôrço ao gurupés, quan­ do o navio vira de querena.

AMANTES DE BOLINA-Cabos

fixos nas testas das velas redondas e no sapatilha da pôpa, tendo no seio um moitão para a bolina. Os sôbres não têm amantes.

AMANTILHAR - Guarnecer as vêrgas de amantilhos. Manobrar os amantilhos de modo a endireitar as vêrgas. Içar o pau de surriola de mo­ do a ficar vertical.

AMANTILHOS -Cabos que enca­ pelam com alça nos laises das vêrgas para as sustentar horizontalmente ou para lhes dar movimento no sentido vertical. Tomam os nomes das vêrgas a que pertencem. Cada vêrga tem dois. Também há amantilhos no pau de sur­ riola, na retranca, nos paus de car­ ga, etc.

AMARADO -Ao largo, afastado da costa, pelo mar dentro. O mesmo que emmarado.

AMARAR-SE - Fazer-se ao mar largo, afastar....se da costa. Engolfar-se, ir pelo mar dentro. Emmarar-se.

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AMA

AMARINHADO - Guarnecido de marinheiros. Mareado. AMARINHAR - Prover

nheiros, marear.

AMARINHAR-SE -

ao mar.

de mari­

AcostumaMe

AMAR_INHEIRADO-Provido com o necessário para a mareação. Acostu­ mado ao serviço do mar. AMARINHEIRAR

- Prover com o necessário para a mareação.

A' MARIOLA (Reboque)

que de braço dado.

- Rebo­

AMARRA - Corrente

entre dida cada fuzis

de ferro que, nós, consta de 1 20 braças, divi­ em 8 quarteladas de 1 5 braças uma. É constituída por elos ou reforçados ou não por estais, e

1\YI A

AMARRAÇÃO - Conjunto de fer­ ros, âncoras e amarras que seguram o navio no ancoradouro. Acto ou efeito de amarrar. Sítio onde os navios dão fundo. Nalguns portos substituem as âncoras por gatas ou poitas, nas amar­ rações fixas. AMARRAÇÃO FIXA - Amarra­ ção com bóia para amarrar os navios.

AMARRA DE TRAVÉS - Amarra pela qual o navio não porta.

AMARRADO - Navio seguro com dois ferros fundeados em diferentes di­ recções da proa. Há amarrações espe­ ciais como : Amarrado à bóia - Navio seguro à bóia por meio de amarra.

N H v i o amarrado com pro i zes ou espríngues

Amarra em aduch as

destina-se a prender o ferro ao navio. Os navios grandes usam três, duas para os ferros da leva e uma para o . ferro da roça, além, de uma amarreta. Os navios pequenos usam- apenas duas e uma amarreta. AMARRA (Boça da) - V. boça da

amarra. AMARRA (Mentir sôbre a) - Fal­

tar à verdade propositadamente. Têrmo de calão.

Amarrado à terra - Navio seguro à terra por meio de cabos dados pela pôpa e pela proa. Pode ter também um ferro fundeado para o mar. Amarrado com regeira - Navio fun­ deado, tendo fixo em um ponto da amarra, fora do escóvem ou no anete da âncora, o chicote dum ;irador, indo o outro por fora, prolongado pelo costado, entrar por uma buzina de ré e dar volta a um cabeço. Outras ve­ zes usa-se um ancorote fundeado pelo través. A r�geira emprega-se quando se pretende sair da linha do vento ou da corrente, quer para oferecer costado à terra, quer para outro fim. Amarrado com tingideira - Navio com um ancorote fundeado pela pôpa na direcção da quilha, além da âncora ou âncoras fundeadas pela proa.

AMA Amarrado de pôpa e proa - Navio