Antitratado de Cenografia, Variações sobre o mesmo Tema

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ANTITRATADO DE CENOGRAFIA variações sobre omesmo tema

Gianni Ratto

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Administração Regionaldo SENAC no Estado de São Paulo Presidente doCOllSelhoRegiOlUlI:Abram Szaiman Diretor doDepartamento Regional: LuizFranciscode Assis Salgado Editora SENAC SãoPaulo Conselho Editorial: Luiz Franciscode Assis Salgado ClairtonMartins Décio ZaniratoJunior DarcioSayad Maia A. P. Quartim deMoraes Gerência A, PQuartim de Moraes Coordenação Editorial:Antonio Roberto Berre/li PreparaçãodeTerto:LuizCarlos Cardoso Re~>isão

deTexto: J. Monteiro LuiZ3 Elena Luchini

Capa SidneyItto Fotoda Orelha:Rachei Guedes ProjetoGráfico eEditoraçãoEletrrmica: Lalo Senso - Editora de Textos ImpressãoeAcabamelllo: Cromosele Gr.ífica e Editora Ltda.

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tditora SE:\:4C Sào Plllilo

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©Gianni Ratlo, Im

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SUMARIO

Nota do editor 7

Antitratado de cenografia 19

Alguns adendos, algumas dicas 131

Algumas informações básicas 145

Índice onomástico 151

Bibliografia 181

Índice de imagens 187

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NOTA DO EDITOR

Antitratado de cenografia: variações sobre omesmo tema, de autoria de Gianni Ratto, é uma síntese dos conhecimentos de quem viveu a cenografia na prática da encenação teatral. Profissional que sempre se pautou pela criatividade, Gianni Ratto considera que o teatro precisa mais de bons profissionais do que de "gênios" ou "revolucionários", pois, se o aparecimento de um esplêndido subversivo éfundamental, apresença de excelentes artesãos é indispensável. Isso não significa que devem ser eliminadas as pesquisas que criam as bases para grandes descobertas. Foi com esse propósito que oautor organizou este seu exercício crítico eautocrítico, oantitratado - um texto que veio de sua experiência individual mas que dialoga com as formas de conhecimento da área, produzidas ou veiculadas por outros autores. Sua tese primordial éadefesa do espaço cênico como uma atmosfera que atua no espetáculo de maneira sensorialmente dramática, colocando-se contra odecorativismo gratuito que leva ao pomposo. Em seu horizonte, figura sempre a busca de uma cenografia adequada à correta interpretação do texto edo espetáculo que ointermedia. Éjustamente nesse sentido da formação de profissionais críticos - desvinculados de um saber livresco - que se situam as estratégias educacionais do SENAC-SP, na área de Comunicação eArtes.

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Este livro édedicadoàpresença de TomásSantaRosa

e FlávioImpério

Agradecimentos A.PQuartim deMoraes,

queaceitou minhaproposta comaelegânciade um neceras Arie/a Goldmann,

companheira de trabalho, competente,atenta, brilhante egenerosa. Valler Maria,

ratode biblioteca,afetuosa ededicada. E Si/vana Garcia,

amiga polimórficaefiel. AnnaElena Salvi,

pelaamizade eos preciosos livrosque me deu, Marie Teresa \1mgas, presença viva eindispensável noTeatro Brasileiro,

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Luciano eNino) sem os quais não teria conseguido fazer minha primeira maquete quando tinha dezesseis anos.

"Nãose entra impune para oteatro." TADEUSZKANTOR

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FLÁVIO IMPÉRIO UM HOMEM DE TEATRO Éinevitável,observando panoramicamenteaobra de Flávio,pensar nosgrandes artíficesda Renascença: homens-artistas-artesãosquedominavam um lequedeatividades complexascujadimensão eraaresultante deum esplêndido instintocriadoraliado aumaintuitivaposturacrítica. Achoque só me encontrei comele uma única vez, e de relance, emseu próprio atelier, onde estavamalgumas colaboradoras e, dessa única vez, tenho uma lembrança confusa na qual a imagem mais clara é a do próprio espaço dominado por elementos, materiais eobjetos:mudaevivíssima linguagem de trabalho. Masnãomelembro de seurosto,nem de suavoz, nem deseujeitodeser. Etodavia oconheçocomo secomeletivesse convivido longamente,poissuaobraéeloqüenteeseu trânsito nos meandros da arquitetura, da pintura e do teatro fala mais alto do que um imprevisto ou plausível eventual diálogo. Lendo hoje suas entrevistas lamento nãoter tido um contato maior comele, pois suas idéias,sua visàodoteatro,sua filosofiade trabalhotêm muitoavercomoquepenso ecomoque estou tentandoesempre tentei realizar.

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dos limites de meus conhecimentos mas, de qualquer forma, os ponho à disposiçãode quem vai ler este pequeno Alltítratado. Doque o teatro precisa, parece-me,émaisdebonsprofissionaisemenosde"gênios"e"revolucionários", poisse O

TENHO PLENA CONSCIÊNCIA

aparecimento deum esplêndido subversivo éfundamental,apresençadeexcelentes artesãos éindispensável. Istonãosignifica quedevamser eliminadas as pesquisasque podem levar adescobertasimprevisíveis. Acho que o trabalho do homem de teatro - seja diretor, cenógrafo, figurinista, iluminador,sonoplasta,etc. - tem afinidadecom odos alquimistasquedeixavam decantar por longotempo infusões, óleosecompostos para que se transformassem em filtros mágicos:essa éatarefado teatro,decantar as idéias para que,quandopropostas, transformem quem as recebe. Este livro,oprópriotítulo denuncia, não pretendesertécnico;sua ambiçào éade introduzirnomundomágicoetraiçoeiro dacenografia e,conseqüentemente,doespetáculo quemneletenhareal interesse, Éimportantequeeste binômionuncasejadissociado,caso contráriocair:amos noequívocodo"decorativo", do"bonito",do"impressionante". Continuo defendendooconceito doespaço cênico considerado como uma atmosfera que atua no espetáculo de forma sensorialmente dramática. Ataco violentamente () decorativismogratuito,tudooque procuraagradar, opleonástico,oadjetivado, opomposo. enfimtudo o que se sobrepõe pretensiosamente à correta interpretação do texto e do espetáculo queointermedia.

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Prefácios sào inúteis. Inúteis como os textos introdutivos dos programas que pretendem informar oespectador: se oespetáculo nào consegue se explicar, nào será certamente oprograma (no caso oprefácio) que resolverá as dúvidas de quem assiste (ou lê). Éprovável que você, lendo estas considerações etudo que continuarei escrevendo,

pense que já ouviu estas opiniões eaté as identifique com opensamento de outros autores. Isso éinevitável porque ninguém nasce sábio nem erudito. Tudo oque sabemos, tanto eu como vocês, éoresultado de leituras muitas vezes esquecidas mas que permanecem como um capital cultural em nosso pensamento, aparecendo de forma

inesperada como algo criado por nós. Portanto...

oTEXTO QUE SEGUE, traduçào livre do original de Giorgio Vasari 05111574), biógrafo de artistas plásticos earquitetos do século XVI, ilustra com clareza documental uma obra atribuída aFilippo Brunelleschi 0377-1448) para a Rapresentazione dell'Annullziata: [.,,] havia portanto o Brunelleschi arrumado as coisas de tal maneira que se via, no alto, um céu repleto de figuras vivas em movimento, e uma infinidade de lumes que, quase num instante, apareciam edesapareciam. Doze crianças, vestidas de anjos, com asas douradas ecabeleiras de ouro, seguravam-se pelas màos e, agitando os braços, davam asensaçào de estar dançando, Acima de suas cabeças, havia três grinaldas de luzes, situadas dentro de pequenas lamparinas que, vistas do chào, pareciam estrelas, eas prateleiras que as sustentavam, cobertas por tufos de algodào, davam ailusào de nuvens. Mais outras oito crianças, situadas numa plataforma menor. desciam no meio das primeiras, sem impedir sua visibilidade, lentamente, por meio de um pequeno guindaste Sempre do alto e no mesmo eixo, movida por engenhos mecànicos, descia uma estrutura em forma de amêndoa, luminosa, colocada no centro das duas outras armações, Nesta 'amêndoa': um mocinho de uns quinze anos, vestido de anjo, seguro na cintura por meio de um aro de ferro fixado no chão para evitar que caísse, podia ajoelhar-se por ser este ferro articulado. E quando a

Reconstrução plástica da Rappresentazione dellAllIllIllziata. atribuída a Brunelleschi.

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"amêndoa"pousava sobre um patamar de quatro degraus,oditoferro destravava-se per

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mitindo ao anjosair edirigir-se à Virgem, saudando-a e levando a Ela oAnúncio. Em seguida,oanjo voltavaàsua "amêndoa", que acendia novamente suasluzeseiniciava sua

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subidaenquanto, cantando,voltavam asubir os oitomeninosdaplataforma intermediária eosquinzeanjosdourados rodavam dando ao conjuntoasensaçào exata de um paraíso;

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tantomais que alémdessesanjos todos havia também um Deus Pai, rodeadode outros

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anjos, parecidoscomos outros,também amarrados na cintura,de tal maneira queorcu. os meninos, Deus Pai ea"amêndoa", com seus inúmeros lumes esuavíssimas músicas, representavam oParaíso de verdade. Acrescente-seatudoissoque,parapoder aquelen "li abrir-se efechar-se,Filippohavia mandadoexecutar duasgrandesportasque,se abrindo, puxavam cordalhasqueprovocavam ruídosde trovoadase,quandofechadas,abrigavam materiaisnecessários à representaçào.

Esta descriçãoéextremamenteesclarecedora no que diz respeito às preocupações queestão ligadas a um determinado tipo de exigência, tanto do ponto de vista artístico como do técnico. Brunelleschi, grande arquiteto, autor de uma das mais belas cúpulas projetadaseconstruídas,frente aoproblemade construiro"engenho"para umarepresentaçàosacra nãose limitou aexecutar uma encomendamas,procurando solucionarproblemasque para simesmohavia imposto,teve intuiçõesesplêndidas ecapacidade para realizá-Ias. Esse problema do comportamento é um assunto que vai voltar várias vezes sob aspectosdiferenciados mas sempre com a mesma finalidade. Não sei se Brunelleschi era católico praticanteou se era iconoclasta ou atésacrílego; oque me interessa éque na hora derealizar um projetoque implicava valores místicosedramáticoseleatuou imbuídoda tarefaquelhetinha sido confiada. V()C~: SE DEL! em·iTA da

signifiGl\'àocenográfica de um estádioquando vaiassistir aum jogo defutebol torcendopor um dosdois times? Observe bem os doislados:elessãoaparentemente iguais embora antagônicos etêm apossibilidade deassumir alternadamenteovalor que você dáaeles. Quandovocê se senta para participar do jogo, um dosdoisgols é o território inimigo contrapostoao outro. Oespaço no qual os dois times contendemé o territóriodramáticodeumaguerrashakespeariana.Estou fazendoestaconsideraçãoporque gostariaquevocêsedesse conta decomo um lugar,que não é necessariamenteoedifício 'i

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teatral,podeassumir- eassume - todosos valores dramaticamentepotenciaisquecontém eprovoca. CENOGAAFIA É o ESPAÇO

eleito para que neleaconteçao drama ao qual queremos assistir.

Portanto,falandode cenografia,poderemosentendertantooque está contido numespaço quantoopróprioespaço. A CENOGAAFIAFAZ PARTE doinstrumental do espetáculo. Ela devefugir dopersonalismo,do

individualismo,do"cheguei".Eu achoqueoespetáculo éconduzidopor umatemática (do diretor-intérpreteoudodiretor-autor ou dequem quer que seja ocriador)que informa todo gênero de posturainterpretativa, exigindo que esta temática-base sejacorretamente interpretada. Hoje nós obedecemos a uma dramaturgia polivalente: os temasoferecidos, mas principalmente olequedosautores escolhidos - quevaidesde os clássicos maisantigosaté osmaiscontemporâneos -,provocam umapequenatempestadedetentativas,propostase imposições para oespetáculo. Então, comoquese defronta o cenógrafo - sempre sem esquecer queoespetáculoéaresultante deumasériedecolaboraçõesconvergentes - que se vê sacudido no meiodetantasmarésantagônicas? Obedecer às imposiçõescronológicas que aparentemente são exigidas pela data dotexto escolhido? Interpretar segundo uma ótica atualtemascomtrêsmil anos devida,aplicaraesses temasavisão somatória de todas as teoriasatuais decantadasnumúnicopontode vista,tentar se colocarnoespírito de um tempo passado para recriar, modernizando-o, um modelo de vida que não foi o nosso, preocupar-seespecificamente comoladotécnicodo espetáculo em funçãodasáreasdisponíveis,buscarespaçosmaisdo queformas,acor ou suaausência,servir-sedastecnologias as mais arrojadas(admitindo que possam ser conseguidas aqui) ouoptardefinitivamente por uma pobreza franciscanaafim de valorizarapalavra paraqueela ressoe numclima cristalino que nãoaperturbe? ÉFÁCILTERAANGÚSTIA docriadorsemsê-lo.Istofaz partede um processo de auto-estima

egocêntrico. Ocenógrafo,antes demaisnada,deveterconsciência de seupapel que,em primeiro lugar,éode um colaboradorquepõeàdisposição doespetáculo suacriatividade,

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suacultura esua personalidade. Issonãofaz deleum simplesgregário nem orelegaaum papel de segundo plano; colaborarsignifica daro melhor desi parauma causa que tem milharesde anos devida ebatalhas. Oanônimo miniaturistaquepacientemente iluminava os antigos manuscritoseincunábulos não tinha,como hoje os autores dascapas doslivros, onome gravado numadaspáginasde rosto,masisso nãofaziacomqueele fosse menos cuidadoso nem menos criativo. Esse prazer secreto só compartilhado como sentido da obra, essa angústia generosa que estimulava seu permanente aperfeiçoamento é o lastro mágicosobreoqual deveríamos construir nossoedifício profissional. Aobra dearte, averdadeira obradearte, nàoprecisadenome nem deassinatura, nem nós temos de nos preocupar com que ela o tenha. Aobra de arte muda-se para o anonimato graças ao tempoquedestrói amatéria humanaque aproduziu,salvaguardando todavia oresultadovivo deum labor premeditado,sim,masbasicamente conduzido por um caminho queopróprioartistacriador desconhece. As grandes obras eternas nãotêm nome: "anônimodoséculo XI","pinturadaescolaromana","músicadaCorte", "danças populares irlandesas","violinodaescolade Cremona",eassimpor diante:quandoo nome existe,a tendência éesquecê-lo. Quemconstruiuos monumentosdruidas?Quemcalculouas pirâmides?Quem inventou o teatro?Quem esculpiu os blocos da ilha de Páscoa?As corporações medievais preocupavam-se comonome deseus artesàos? Claro,no momentofugazdurante oqual a obra estava sendo realizadaenahoradopagamento.Mas,depois,aconstruçào demorava tantoque os nomesdequem nela tinha trabalhadocaíamnoesquecimento:mas,lembrá-los eraimportante? Aobrasemprefoimais importante que seuobreiro eohomem maisdoque oindivíduo.Quantas pessoasmorreram naabertura docanaldeSuez ounaconstruçào da ponte Rio-Nill.'rói? Equem se lembradelas?Equemquer se lembrar delas?A históriada humanidade não é a de seus homens, mas a das obras que eles deixaram, perenes e indestrutíveis. AHistóriadaArte nàoprecisadenomes, precisa deobras. Anos atrás. viajando pelo estado de Pernambuco, subindo uma ladeira poeirenta e íngremeem buscadevasosantropomorfos, produçào de artesãos locais,uma manchapreta, semi-escondida entre pedrase pequenostufosde capimraquítico,chamouminha atençào: soltei-a comapontadosapato eviquesetratava deumapequenacabeça modelada embarro

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preto,evidentemente cozida;suas características eramas deumaescultura micênica:osorriso quaseoriental,oscabelostratadoscomo cordões,aforma do crânio,etc.Não compreiovaso antropomorfo pois,naqueleperíodo,osartesão nãoestavamproduzindo,mas,emcompensação,ganheiaobra anônimade um artista cujonomenão me interessava, masquecertamente tinhaatravessado os séculos eoespaço comaclaraintençãode me emocionar, e conseguiu.Conservoaté hoje,enãoquero perdê-Ia,essa obradearte. ANTEs DE QUALQUER OUTRA ARGUMENTAÇÃO, fiqueclaro:acenografiapodesernecessária mas

nãoéindispensável;elementoacessório,liga-se auma realidadeaparentetentandotransformála emalgo que, ilusoriamente,pretendenosfazeracreditar numaverdade absoluta (concretaouabstrata queseja). Verdade transitória,diga-sedepassagem,poisomomentodramático ao qualassistimos está totalmentedissociadodenossaconcretude física,afetando "somente"oonírico de nossasensibilidade. Simplicidade éolemaao qual devemosnosater; umaadjetivação decorativapode nos levarmelancolicamente aorgasmos deprancheta,masoprojeto assim concebido revelarásua inconsistênciadramática.Por quê?Porqueumacenografia somente é"bela" quando deixa de sergratuitamente bonita,assimilada como deverá ser pelo espetáculo,lembrada como um dosdetalhes interpretativos dotexto, amalgamada nocontexto de um projeto geral emconstante evolução. Cenografia evolutiva? Quese transformadentro desua estrutura tridimensional para modificar um espaço quepareciadefinidoeestávelnamedidaem queoespetáculo processa seus ritmos edesenvolve seusdesenhosdramatúrgicos? Por que não? Oator, com sua movimentação,nãodefineealtera dimensionamentoseenergias espaciais? Oespectador tem uma capacidadede intuição que lhe permiteir além da visualidade proposta pelo espetáculo queestá sendo apresentado. Ocomportamento desse espectador éequivalente ao de um leitorque,seguindo as descrições literáriasde um romance ou de um conto,imagina e"vê"oque está sendo narradocomo seoslugareseos espaços nos quais os "heróis"estão agindo estivessemà sua frente, Lembro-meque, quando criança, lendo romances de aventuras dos piratas, imagenscriavam-se na minha mente, lúcidas e claras como aquelasque,maisàfrente,encontrava nasingênuasilustraçõesdolivro.Penso I

l que aproposta visual do espetáculodeveria sugerir enãoimpor, abrindo espaço para d criatividadedequem está assistindo. "Ver", portanto, é fundamental. Ver para intuir. Intuir para deduzir. Deduzir pard descobrir. Descobrir para interpretar. Interpretar para traduzir. E traduzir, emtermos de cenografia,significa apanharolápisouocarvão, acaneta ou opincel ecomeçararabiscar semse preocupar emdesenhar bem, semse comprazer se, por acaso, o rabisco ficar "bonito". Traduzir para interpretar, portanto. CHARLESDULLIN

[...j Euanoto muitominuciosamentetudoque poderáme servirparadesvendarosentido

dapeça, a atmosfera, aquela de cada cena em particular, o ritmo, as luzes, os sons, os momentos dramáticos a seremevidenciados, etc., etc. Uma vez no palco, eu trabalho "sobreovivo", eu malhosobre ferro incandescente,seassim posso dizer.' HÁ UM PROCESSO MENTAL especificamente conectado comoato criativo,

ummomentomágico

quepertence à intuição, momento a partir doqual aidéia da obra é vislumbrada numa imagem confusa e semforma mas que, todavia, revela-se potencialmente pronta: é esse momento que tentaremoscaptarparapoder acompanharaevolução de umaidéiaquese formalizou nodesenho final. Éapartirdessaidentificaçãoquenossoprojetopoderá começaratomar forma. Partindodo pressupostoda necessidade de umacenografia específica, tentaremos captar todos os aspectos que,pela leituradotexto, pensamospossam caracterizá-Ia. Voutranscrever aqui arubricarelacionada aocenário pedido por Bernard Shaw para apeça Cândida: [...] Ao nível da rua, o salão olha para o parque através de uma grande janela [...] O Reverendo james Mavor MoreI! está sentado numa sólida cadeira giratória de t'nC()sto

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EmA. C. Gervais, PropossI/r la lIliseen sene(Paris: Les Éditions Françaises Nouvelles, 1943), p. 66.

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1 curvo na extremidade de uma longa mesa que está colocada perpendicularmente à janela, permitindo regozijar-se com avista do parque olhando por cimado ombro esquerdo. Na outra extremidade dessa mesa, e prolongando-a, está situada uma mesinha cuja largura corresponde à metadeda outra esobreaqual está pousadaumamáquina de escrever. A datilógrafa está sentada frente à máquina com as costas viradas para a janela. Sobre a maior das duas mesasacumulam-se brochuras, jornais,cartas, classificadores, uma agenda, um peso para papel,etc. Umacadeira para os visitantesestá situada no meio,virada para o pastor. Ao alcance de sua mão está uma bandeja para cartas e uma fotografia emoldurada.Atrásdele, estantes de livros. Umolho perspicazpode avaliar aciência do casuísta e ateologia do pastor pela presença dos Ensaios teológicos' de Maurice e uma coleção completa dos poemas de Browning. Apolítica do reformador é revelada por

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Progresso epobreza,encadernado em amarelo,de HenryGeorge,pelosEnsaios dosfabianos, Umsonho de John Ball,Ocapital de Marx emais uma meiadúzia dasprincipaisobras do socialismo. Nasuafrente,dooutro ladodasala, pertoda máquina deescrever,encontrase uma porta.Mais afastada,frente à lareira,uma étagerecom livros está colocada em cima de um pequenoaparador, perto dosofá. Nalareira, um fogovivaz. Oambienteémuito confortávelcomsualareira de madeira envernizada,suasestantescuidadosamente esculpidas, comseuspequenosespelhos incrustados nospainéis, com seu relógio de viagem forradode couro - oinevitável presentede núpcias.Aoladodalareiraestão uma confortável poltrona eum recipiente de folha laqueada em preto ecom flores pintadas, para o carvão. Dooutro ladohá umapequena cadeiraparacriança.Acima da lareira,pendurada na parede,uma grande ebela reproduçãoda Assunçãode Ticiano.Em seu conjunto esse aposentorevela umaboa donade casa láonde elaédona da situação, menos, claro, na grandemesaemdesordem,onde reinaomarido.Dopontodevistadecorativo,omobiliário denuncia oestilopropagandeado pelo habilidoso fabricante do bairro. Todavia, na sala nada háqueseja inútil ou pretensioso. Astapeçariase apintura dos painéissãode cores sombrias,evidenciando agrandejanela ensolarada e,noladodefora,oparque[...]2

Estáevidenteapreocupação doautor em fornecer todas as indicações necessárias para criarcom exatidão um ambiente que reflita apsicologiade seus moradores,um clima detranqüila metodicidade que poderá, ou não, vir aser perturbado. Está evidente apreocu-

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Bernard Shaw,"Cândida",em Piecesplaisantes (Paris:ÉditionsMontaigne, 1933), p.145.

pação de reconstruir realisticamente um espaço dramático capaz de conter a"verdade" dos conflitos apresentados; está claro oconceito da "quarta parede"que coloca oespectador na posição de um vayeur. Bernard Shaw está atuando como autor-diretor e sua posição é corretíssima. Éindiscutível avisão crítica esocial do autor. Se montássemos hoje Cândida, qual seria nosso comportamento? Aceitaríamos as indicações do autor ou recriaríamos criticamente um ambiente já criticamente proposto por ele? Mas, e este é um ponto importante, nos interessaria hoje desengavetar um texto tão evidentemente ligado ao ano de sua apresentação (l897)? De qualquer maneira, nunca deveremos considerar importante uma rubrica somente pelo fato de ter sido escrita pelo próprio autor: ela poderá apenas nos ajudar aentender oclima ambiental dentro do qual a situação dramática irá se desenvolver. Mas oque vale para nos guiar será ainterpretação em profundidade - errada ou não - que daremos ao texto propriamente dito, à visão que r

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teremos de uma ação que determinará atopografia ealinguagem estética de nosso cenário. Shakespeare,assim como os grandesautores dos séculos passados eseguintes aele, não se preocupou em colocar rubricas detalhadas como as que encontraremos mais tarde nos séculos X1X e XX. Hoje aimpressão que temos éade que oautor contemporâneo não tem suficienteconfiança em seu texto,pois as informações cenográficas que ele coloca na abertura de suas peças são tão detalhadas quanto oestudo psicológico das personagens. A verdade éuma, me parece: quanto mais uma personagem for elaborada psicologicamente, mais necessita de justificativas e o espaço requerido para contê-Ias deve estar repleto de explicações esclarecedoras: enfim, como se o ambiente exigido fosse responsável pela credibilidade do que nele vai acontecer. Voltando a Shakespeare, assim como a Calderón de la Barca, Moliere, Corneille, Racine. etc, aanálise psicológica é sintetizadanos termos de uma visão dramatúrgica que não precisa de detalhes: as personagens são grandes, até gigantescas; qualquer acessório em lugar de colaborar poderia prejudicá-Ias;elas precisariam de cenários, pelo menos no sentidoque apartir do séculoXIX se deu aesta palavra?Claro que não,eisto édemonstrado pelas dezenas de edições do Hallllet (só para citar um texto básico) que conseguiram deturpar,através das imagens propostas,as significações mais profundas que otexto coloca. Por isso nunca encontramos, anão ser em revisões posteriores eapócrifas, indicações

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sumárias deambientes:Sicília,campo debatalha, paláciodorei, cemitério,I1íria,etc. Qual será então acenografia derivadadesta lacônicaindicação?Mais umavezocenário só pode surgirdevalores que estão contidos notextoe nãodevalores extrínsecos, Estas considerações não pretendem destruir a importância dos espaços propostos por autores como Ibsen,Strindberg,Tchecov, Pirandello,O'Neill ouTennesseeWilliams,O quenos textosclássicosanteriormente citadosvemdecerta maneiraembutidonaspróprias palavras, nas obras dos autores contemporâneos, a partir praticamente do fim doséculo XIX, adescrição dos cenários obedeceaexigênciasrealmente dramatúrgicasque nãodevemser ignoradas, embora aobediência passivaàs indicações fornecidasnem sempre se constitua num bomcaminho para umespetáculo devalores reais, Ocampo da criatividade não é limitado nemo será pelas rubricas, Como no caso de Bernard Shaw, poderemos traduzir visualmenteoque ele detalhacomtantapaixãocom adescobertadevaloresmais essenciais econseqüentementemenosadjetivados, Éinteressante compararalgunscenários de diversosautores projetados paraobras shakespearianas paraconstatarcomo os mesmostemas tiveraminterpretaçõesantagônicas ousimilares,sem que aobrainicial fosseperturbada,

Svcboda, cenário para HiI/IIle/, 1960.

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Está evidente a influência benéfica de Gordon Craig; o equilíbrio entre as linhas

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horizontais dos degraus e as verticais dos elementos móveis define commuita clareza o aspecto racional dapersonagem principal.

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Éinteressante ver aevoluçãocríti-

ca(não nosentido de progresso mas no sentidoda racionalidade) relacionadaao próprio texto, que leva o projetista a estruturar um edifício articulado emníveis e planos - sempre, todavia. obedecendo ao que otextotemdeprovocativo , emtermos filosóficos. Srobo{b, cenário para Halll!et, 1965.

Ébastante interessante (interessan-

te negativamente)constatarcomonoauge dasrevoluçõesde AppiaedeCraig o ieatro lírico estivesse impermeável aqualquer influência renovadora. Verdi tinha intuições dramatúrgicas de primeira ordem quenão enm compreendidas (como aliás nãotinha sidocompreendido oespíritoshakespeariano) peloscolaboradorescenográficos dogrande compositor. É bom observar que, ao lado de uma cuidadosa execução acadêmica, está uma total ausência decriatividade. Parravicini, cenário para o11 ato de Fa!s!aJ!, 1913.

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Estáevidente aquitambém ainfluênciadeGordonCraig; masoprojetistaquisdar, dopontodevista dele,umadinâmicamaior às estruturas geométricas,saindo da frontalidade epropondoumaangulação decaráterperspéctico:emplenodetrimentodeuma sobriedade indispensável. Oskar Strnad, cenirics para Hamlet (atos ! e I1I), 1922.

Craig, além deum grandehomem de teatro, era um esplêndido gravurista. Elenão precisa recorrer apequenossubterfúgiosou utilizar linguagensbombásticas:sua sobriedade,sua sensibilidade de ator ediretor olevam asintetizar empoucaslinhase num grande dimensionamentotodoo pensamentoshakespeariano. Craig, estudopara R~ Lear, 1908.

Essa cenografiaresume,de certa maneira,uma conceituaçãodo espaçoteatral que

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nunca maisencontrará,anão sernosprojetosartístico-tecnológicos deSvoboda,umaequivalentepureza eprofundidadeconceitual. Adolph Appia,espaçorítmico para uma obra deSchiller, 1910.

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Comparando este cenário com os anteriores, éfácil perceber como apreocupação de artistas absolutos emrelaçãoao espaço se identificanumjogodevolumes ede planos onde atridimensionalidadenãoémaisfictícia(como nacenografiaoperística) masconcreta,aceitando todo tipo demovimento edecomposiçãodepersonagens,recebendoeaceitandoaluz como elemento quecomplementa dramaticamenteaconcepção doespetáculo.

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2. Urdimenlo situado na linha-basedasduas águasdoteto; 3. Cic\orama oucúpula. Rígido ouOexível: 4. Fundodopalco; 5 Depósitos e oficinas: 6. Conjunto dopalco com as ponteselevadoras; 7. Porão do palcocomas guias para os elevadores; 8. Fosso daorquestra; 9. Platéia; 10. Pisodopalcoarticuladoempomeselevadoras.

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APERSPECDVA ÉUMA ARMA de doisgumes: de uma parte,ela rompe oslimites geométricos do

palco, avançando generosamente para oinfinito, ampliando osespaços, criando ilusões e cumplicidades visuais;de outra,justamente por suas característicasilusórias,leva oprojetista asecomprazer do que ele pode conseguir nesse mundofeito de enganoserepleto de armadilhas. Eérealmente oquese poderia chamar de reaçãoem cadeiaoprocesso criativo baseado exclusivamente na técnica perspéctica. Omalabarismo ao qual oprojetista élevado tem as mesmas característicasde uma alta acrobacia, na qual basta um piscar de olhos parasecair em parafuso ou se elevar para os cumes mais altos ou para os horizontes mais longínquos. A perspectiva, descoberta renascentista, técnica que rompeu a barreira filosófica herdadados bizantinos,abriu, éocasode dizer,os limites deumalinguagem plana,ortogonal. Oespaço destruiu asuperfície eliminando seus dois lados e penetrando numa terceira dimensão até entãoreservada às hierarquias místicas: ela conseguiu transferir para oquadro,aparede,acúpula,opalcoe- com amaior exatidão- oque oolhovê quando uma rua, uma praça, uma arquitetura ou uma paisagem se defronta com seu espectador. O caminho paraorealismo estava aberto com todasassuas conseqüênciasnefastas.Oséculo XIX foi oregistro fiel do naufrágiode uma descoberta genial que alterou alinguagem visual

doteatro a pontodese sobrepor àprópria dramaturgia. Oséculo X\~I , ochamadoSéculode Ouro,foi,talvez,operíodo de maior criatividade dacenografia teatral. Oinga1111 o(atécnicaque cria espaços ilusórioscommalabarismos queacenografia humanista nào permitia)contém em seupróprio nome apossibilidade de uma deterioraçãoestéticaque os séculos posteriores se encarregariam de evidenciar inconscientemente. Efoi justamente osentido de alto risco (basta um erro de cálculopara destruir todo um jogo de grandes ilusões) que acabou levando ° processo cenográfico,

enriquecido (ouempobrecido) pela aquisição de uma linguagem pictóricaacadêmica ao desastre operístico de1800.MasnoséculoÀ'VII os cenógrafos eramgeniais eseus projetos, ao mesmotempoqueutilizavam corretamente todasas regrasqueaperspectiva oferecia, tinham uma grafiaquelevava aesqueceratécnicaem benefícioda linguagem plástica. Seus projetos,desenhosecroquis tinham,emantêm até hoje,ovalor deumaobra deartequeo temponãoesmorece.

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pictórica e arquitetônica para a conquista de processos muito mais complicados, pela constatação de ter que multiplicar emvários planos o que estava desenhadona bidimensional folhade papel: se cadasetor dodesenho inicial fosse transferido nopalco,para sua execução, namedidaexata indicadapelocroqui, oresultado seria inevitavelmente desastroso. Aintuição de que opontodevista do espectador obedecea um ângulofixo, que se abre progressivamente na medida em que oque for visto está mais longe,levou os projetistas eexecutores de cenários aampliar seusdesenhos, para amedida real dopalco,não mais na proporcional quadrangulação,mas segundo oponto de vista do

ACENOGRAFIA

LEVOU a perspectiva

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FerdinandoGalli, ditoBibiena, Debaixopara cima.

AngeloMicheleColonna(1600-1687), Perspectivadeum pátio.

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espectador que, olhando,realiza instintiva eilusoriamente uma inversão dimensional. Quer dizer que,pararealizar corretamente oprocesso perspéctico,namedida emqueos planosdo desenhose aproximamdo horizonte,suasdimensões reais deverãoaumentar proporcionalmenteparadepoisseremilusoriamentereconduzidas às proporçõescorretas propostaspelo inganno. Isso, evidentemente, implicaprocessos dos quaisumasuperfície não precisa,sendo suficiente paraela autilização deum ou maishorizontesede umoumaispontosdefuga. Os desenhosseguintes explicamoprocesso correto paratransferirparaopalco(em TRÊS dimensões) oque está

desenhadoemDUASno croqui:

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Processo detransferênciadodesenhobidimensional paraatridimensionalidade dopalco: ADesenhoem duas dimensões; B Oponto de vista do espectador determina a planta baixa sugeridapelodesenho; C Com omesmoponto devista,identificam-seas medidas verticais relacionadas coma planta baixa.

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Mastambém no projeto cenográfico oartista age de ma diferente do arquiteto ou do pintor,porque para conseguir seus ':efeitos"terá que utilizar vários horizontes emúltiplospontos de fuga,No caso de um conjunto arquitetônico éfácil imaginar a complexidade do desenho perspéctico eatransferência ---, para amaquete ou para opalco dasmedidas executivas. Os dois gumes estão aqui. De uma parte,oaspecto mágico e ilusionista que serve para "enganar"oespectador; Je outra, o fascínio que este pode determinar no projetista que, por suavez, fica envolvido num processo que cada vez mais o afasta da descoberta, ou intuição dos valores que um cenário deve conter: os de uma interpretação correta da proposta dramatúrgica.

·tn ", . Estudo perspécticopara umacena constru ída.

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APERSPECTIVAémenoscomplexa do que parece:identificada pela observação inteligente de um grande artista (FilippoBrunelleschi) e por elecodificadaemregras simples e claras, fundamenta-sena constataçãodeque avisão humana altera enganosamenteasmedidasdo queenxerga, fazendo com queelas diminuam progressivamente para um ou maispontos convergentes numalinhachamadahorizonte que se situainevitavelmente àaltura de nossos olhos. Para um mesmo ponto convergem todas as linhas paralelas de um mesmo plano: esse ponto, chamado de fuga, poderá ser comum aos lados esquerdo edireito, se nossa visão for centralizada segundoum único eixo, ou então conforme nossa posição;as fugas poderãoser duas,omesmoacontecendo aos planos terra(olugar onde estamospisando) e o que está acima de nossas cabeças (quando, por exemplo, estivermos situados num espaçofechado erigorosamentegeométrico). Essa lei vale para aperspectiva destinadaao desenho arquitetônicobidimensional ou paraapinturatambém bidimensional. Nocaso específicodoprojetocenográfico,agrafia bidimensional do croqui obedece a outros critérios, subordinados estes às exigências darealizaçãotridimensional eàilusãoque pretendemoscnar. Você já observou o feixe de luz que sai da objetiva de uma máquinade projeçào cinematográfica? Ele atravessaofotogramadofilme, lançando suas imagens e ampliando-as noespaçodasalaaté encontrar umasuperfície plana que as intercepte(a tela),Adistânciaentre aprojeçãoeatela determinaa dimensão da imagem: na medida emque a tela está

próximaouse afasta da projeção. capturamos imagens maioresoumenores, EseI experimentalmente, colocarmosváriastelastransparentes, paralelasentre sieem distâncias variadas,obteremosuma sériede imagensque só variam entre sipela dimensão.

r Essa observação parececontrariaraconstataçãoanterior,masnaverdade constillli· se no princípio que norteia o processo de ampliação para a terceira dimensão de um desenhoou croquique,obviamente,foi estruturado em dois: isto porque,usando oprocesso de quadriculação,inevitavelmentelevaríamosparaopalcoas dimensõesilusóriasdeum pontodevista fotográfico, Paraconseguirqueoespectadorsejaenganado peloqueestá vendo no palco,deve-remos fornecer-lhemedidas artificiais afim dequeseuprópriopontode vista(queobedece instintivamente às leis naturais da ótica) reconduza o que ele está vendo a dimensões tranqüilizantes. Portanto,se imaginarmos que ofeixede luz quesaide uma máquinade projeçãocorrespondeaoângulode visão de quemestásentadonaplatéia,poderemos criar tantos planos paralelos quantos forem necessários para tridimensionar nosso croqui bidimensional e,sobre cada plano,identificar as dimensõesmodificadasdapartedodesenhoquenosinteressa. APERSPECfIVA nãoé um bichode sete cabeças. Nós esbarramos constantemente comela quandopasseamos tranqüilamente numa ruacomprida tendoao ladoedifíciosaltos e da mesmaaltura dosque estão bem longede nossavistaeobservamos que, na medidaemqueessesedifícios se afastam denós,também mudamdetamanho. Essa mudança, uma ilusão ótica, chama-se perspectiva, Se ainda não se deu . - --_.~

conta dissoobserve commaisatenção. Amesmacoisa acontecequando você sobe na cobertura deum desses edifícios; olhandopara baixovocêconstataráque, olhandopara a rua, dessa

vez as dimensõesdosprédiosvão se estreitando progressivamente: outra ilusão óL:a pela qualduasmedidasiguaisedistanciadasmudam aparentemente, Suba agora num morro eolhepara omar- ouum lagoouum rio- eobserve quena sua ti-ente está asuperfície inteiradolago oudo rio e, nocaso domar, você poderá se deparar no fimdessasuperfície comuma linhaqueosepara do céu: essa linhachama-sehorizonte.Desçaagora àbeira domar eobservequeessa superfície derepenteestreitou-see, dependendoda posiçãonaqual você está, poderáatésereduziraumaúnicalinha:essa linhaéohorizonte. Oquesigni-

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fica isso? Alinha do horizonte acompanhará sempre aposição de seus olhos atravessando-os justamente como uma reta horizontal. Coloque-se agora no centro da parede de seu quarto eobserve oque os olhos estão vendo sem que você operceba, Ocomportamento da visão é

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omesmo que ela teve quando você estava na rua ou num morro ou na beira do mar. Dessa vez alinha do horizonte não évisível, mas éidentificável; se você está tentando desenhar oseu quarto, descobrirá que as paredes paralelas

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delimitadas pelo chão epelo teto correm inevitavelmente para um único ponto, chamado de fuga; trace agora em seu desenho uma linha paralela ao chão interceptando esse ponto: essa linha éohorizonte, Se oseu quarto não tiver paredes paralelas entre si, tendo todavia a linha superior eainferior que as delimitam paralelas entre si, teremos dessa vez dois pontos de fuga, Paredes de igual dimensão eparalelas entre si correm sempre para um

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único horizonte econseqüentemente para um único ponto de fuga; pegue um livro de capa dura ecoloque-o perpendicular a uma superfície horizontal: poderá observar que todas as folhas, que são retangulares, correm idealmente para um único ponto de fuga eum único horizonte. Pegue agora mais dois livros, colocando-os sobre essa superfície em posições diferentes, mas verticais e/ou paralelas entre si: poderá observar que todos os livros captam um único horizonte com diferentes pontos de fuga. Se você estava de pé olhando seus livros, tente agora sentar no chão olhando a superfície da mesa sobre aqual eles estão pousados: anteriormente, essa superfície apresentava-se em toda asua largura; agora, você pode constatar que aquela superfície, dependendo da sua posição, reduziu-se aquase uma linha, Mas as "fugas" permanecem as mesmas: pela mudança do seu ponto de vista, alinha do horizonte (não esqueça que ela acompanha permanentemente seus olhos/sua visão) determina agora de forma ilusória uma queda maior para aborda superior que está próxima de você em relação à borda inferior. Coloque-se agora idealmente no interior e no centro de uma esfera: o horizonte permanecerá omesmo, pois éconduzido pelos seus olhos, mas dessa vez você não conseguirá identificar os pontos de fuga, pois nenhuma reta paralela com outra évisível. Saia da

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esfera, coloque-a num engradado de forma LÚbiGl eaolhe de uma certa distância: suaforma modifj· car-se-á pela fuga dos perímetros dos seis lados que correm para se encontrar num único ponto, numa única linha de horizonte. dotado de bons recursos, você poderá encontrar, além dasestruturas básicas: NUM PALCO

- sistema detrilhos para movimeritáção de carrosno sentidodos eixos horizontaiseverticais para mudançasrápidas de cenários; - palcosgiratórios,também para mudanças rápidas; - pontese1evadoras(podemsubir acima do nível dopalcoou descer em seu porão, trazendo ou levandopessoasoumateriais); - no fundo de um desses palcos vocêpoderáencontrar um ciclorama(rígidoou pneumático) cuja função é a de receber iluminação e projeçõesfixaseem movimento; - os cicloramas rígidospodem ser suspensosatésete metros acima do piso do palco para permitir otrânsito do material cenográfico; - oscicloramas pneumáticos(assimchamadospor terem um sistema de sucção que os estica,formandouma superfíciecôncava totalmentelisa),quandonão usados, podem ser

recolhidos nunadaslateraisdopalcopor meiodetrilhosecabos, em volta detamboresde degradação: tamboresoucilindros que reúnem, emvolta de um único eixo, roldanas de diâmetrosprogressivamente menoresquepermitem - envolvendo-os ouliberando-os- que os cabos por eles acionados tenham velocidadesdiferenciadas. Anos atrás um engenheiro chamado Fortuny patenteou uma cúpula cuja forma correspondiaaproximadamente aosetor côncavo de uma esfera, Quandoaberta (sua esru-

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tura sanfonada era metálica ecomplementada por trilhos,rodas ecabos) ocupava praticamente um terço do palco obstaculando manobras de urdimento ede bastidores. Mas,uma vez iluminada,oresultado era extraordinário, pois asensação era ade estarmos "realmente" envolvidos pela atmosfera de um céu com todas as suas variações luminosas: otriunfo do verismo em termos de engenharia mecânica! Depois de alguns anos acúpula virou sucata, tendo revelado sua pouca praticidade no uso diário.

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ALGUMAS INFORMAÇOES BASICAS

Aestrutura correta de um palco italiano bem equipado oferece possibilidades cenotécnicas demovimentaçãomultidirecional (decima parabaixo,de baixoparacima,do fundoparaafrente evice-versa, dadireitaeda esquerdaparaocentro edocentro paraas laterais). Opisociopalcoédivididoproporcionalmente em corredores de1,00a 1,20mde profundidade, tendoumcomprimento quecorrespondesempre àdistância máximaentre os bastidores dosladosdireitoeesquerdo. Esses corredores têm onome de pontes e, se forem maquinados, poderão subir e descer comoelevadores (mecânicosouhidráulicos). Aspontes,também,são divididasproporcionalmenteem placascommedidas variáveis,quepermitem oempregoparcial daprópriaponte;essasplacaschamam-se quarteladas. Todaamovimentaçãodoscenários nopalcoérealizadapor meiodeconjuntosde cordas,cabosecordalhas(chamados manobras)que - atuando sobreroldanas, moitõese carretilhas- acionamseqüências de varas que carregammaterial cenográfico num movimentodesubida oudescida. As varas são tubularesmetálicosqueatravessamopalcoemtodaasua largura,indo alémda aberturamáximadosbastidores,esão movimentadaspor jogosdecordas oucabos de aço (5 ou até mais), as manobras. Num teatro bem equipado, as manobras são contrapesadas para permitir umaação rápida eleve. As manobras contrapesadas deslizam em trilhos protegidos por grades, situadas renteàs paredes lateraisdopalco.

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Os carros,também,são movimentados por meio de cabos que atuam por baixo do piso do palco, fazendo-os deslizar sobre trilhos embutidos. Os palcosgiratórios- em certos teatros háaté três - atuam, evidentemente, sobre trilhos cirClllares emvoltadeseu próprio eixo. Asvaras tantopodem sustentarelementosde cenáriospintados ou construídoscomo aparelhagem de luz oudesom:tudo depende da solidezdo urdimentoedacorretaregulagem dos contrapesos. Omaterial elétrico (oupesado) é preso em varas com grampos de segurança; os telões eas bambolinas-'elementos suspensos, pintadosounão,de pano oude madeira, cujafunção éadecomplementar uma cenografia ou de esconder oquenãoqueremosque sejavisto- sãoamarradoscomos cadarços duplospreviamente costurados neles. Independentemente do fato de confiar ou não nos realizadores de seu projeto, fiscalizesistematicamenteaexecução do trabalho:às vezes ainterpretação errada de um detalhe podelevar aresultadosdesastrosos. Vocêteráquesaberquaissãoos materiaisque quer usar para um melhor rendimentode seuprojeto.Você tem àdisposição umalarga escolha,queabrange desde os laminados de madeira,toda agama da produção de plásticos foscos etransparentes,alumínioseferro, tecidos,panos,tapetes ecortinados,fibras de vidro,isopor,etc, que lhe permitirá selecionar oquemaiscorresponde às suas exigências. Se oseucenário for construído em madeira compensadaéaconselhavel forrá-lo para o,bterumasuperfície lisaaptaareceber apintura. Oforro (dealgodãozinho) deverásucessivamente ser preparado para a pintura, aplicando-se nele, com rolo, uma base de tinta branca. Nos ateliersespecializados,para manter os panos flexíveis depois dapintura artística,abase é preparadacombrancode zincoeumacola leve etransparente.Emconformidade comocroquiaserreproduzido,abase poderáter umatonalidadepróxima à daobra original. Não escolha tecidoscaros paraseus cenários:sedapura,veludos, cetim, gorgorão, etc. perdem nopalco sua preciosidade: tecidosmais baratosede características parecidas têm um rendimentovisual muitosuperior.

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Não use mármoresnem madeiras nobres para oseu cenário, pois, assimcomo as jóiaseos metaispreciosos,perderiam qualquer significação. VLADIMIR MAIAKOVSKI

oteatro é umalentedeaumento enãoum espelhofiel. ofiló, O tule,agaze, as redes eoutros tecidossintéticos transparentes podem ser usadosparadeterminados efeitos:a) ficandona frentede fontesluminosas,desaparecem, permitindoavisão do que está atrás; b) se iluminados pelafrente, escondem oque está colocado atrás, aceitando imagens projetadase permitindoinclusivemudanças, invisíveis aopúblico,de cenários, pois aluz filtrada permiteotrabalhodosmaquinistas. Na horadearmar ouentrainelar presteatençào: os sarrafosl devem serfixados nos perímetros externos como lado estreito aderente ao material (o ladolargo, sendo mais elástico, nãooferece a rigidez necessária); atendênciageneralizadaé pregar os sarrafos pelolado largo, prendendo-os depois comduas travessas horizontais situadas nos dois terçosaproximativos da altura do painel. Estáerrado.Dependendoda largura dopainel,ele poderáter sua armaçàoreforçada com sarrafos emdiagonal,sendotodos travadospor ripas horizontais. Anos atrás, os teatrosdealuguel ofereciamumaquantidadegenérica de praticáveis (plataformas de madeira moduladas) às companhias itinerantes que por aí transitassem. Essespraticáveistinham emgeral uma superfíciede1,00 mx2,00ou de 1,00mx1,00com altura de0,20,0,40,0,60 e1,00m.Issopernlitia,juntando comescadas também moduladas, que as companhias viajassemsomente comos «cenários" de pano pintado que seriam entrainelados nashorasanteriores ao espetáculo,oque representavaumaeconomia considerável nocusto dotrasporte.Por sua vez,omaterial doteatro, limavezdesmolltado, era guardado nos depósitosdoedifício. I

Armar ou entrainelar: estruturar, deixando-osrígidos, os materiais (pano, madeira ou outros) docenário. Sarrafos:tirasdemadeira(emgeral depinho) com medidas variáveis entre 4,00 e6,00 meumagrossura de4a5emx2a2,5 em.

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Desmontado? Hoje quase ninguém constrói praticáveis desmontáveis: tudo, emgeral, é rígido e

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pesadoe, evidentemente, irrecuperável. Um praticáveldesmontável éconstituídode uma pranchade madeirareforçadaque éencaixada numa estrutura dequatro oumaisarmações demadeiraconectadas entre si por dobradiças. Se precisar mandarcosturar um telãomuitogrande- digamosde10metrosde altura por 20 de comprimento, por exemplo -, certifique-se dacompetência dacostureira para evitarque os panos fiquemfranzidos. Quando necessitar de cenários pintados (telões, bambolinas, rompimentos, etc.), fiscalize otrabalho do pintor,exigindo oesquadramento do pano para evitarquena hora da montagem tudo fique torto.Veja como fazer: A.

Modo corretode armare juntar trainéis: A·A - Em ganchos alternados nos doispainéiscorreumacordinhaque, puxada parabaixo- edepoisamarrada- permite uma perfeita junçãoentre os doiselementos; B- Ganchos; C- Escora de madeiradura. Dependendoda altura dopainel, pode ser telescópica.

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r Exija também que o pano seja preparado para a pintura com uma base brano e elástica(podesertinta PVC diluída)que permitirádobrar ostecidossemque fiquem marcados. Muitospalcos são deficientes, tecnicamente falando; precisando de urdimento para suspenderalgum material,vocêpoderá cravar num tetode concreto(é uma situaçãomuito comum)sarrafos com roldanaseorganizar manobrasde quatro cordas.Essas cordaspermitirão que as varas, eoque nelas estiver pendurado, fiquem perfeitamente horizontais. Não tenha medo de perguntar;olhe,observe etome nota. Hoje,aqui,infelizmente, J grandearte cenotécnica está desaparecendo,substituída,por incompetência, pela carpintaria dasfeirascomerciaisou pela marcenaria dasnovelas. Se você éum cenógrafode verdade,estou certo de que encontraráos caminhos que fizeram dacenotécnica um grandeartesanato criadO/: Enquanto conversava comvocês, meu jovem amigo diretor teatral aproximou-se e, comum sorriso sarcástico, interrompeu-me: - Perguntar,como dizem, nãoofende: estas poucas informações acima são tudoo que tem que serapreendido sobre técnica de palco? - Claro que não! Apreocupaçãode todo este bate-papo foi provocar reflexões e perguntas... Maisuma vez, repito: oteatro,seulabor,éum estado dealma;como num campode trigoa foice é oinstrumento da colheita, noteatro ogrande instrumentoé a criatividade interpretativa.Por isso você acabou de ler um Anti/ratado. A!guéni, quando começou, não tinha livro nenhum e foi tentando, descobrindo e construindo. Numaépoca, como aque estamos vivendo (nomar revoltode informaçõesc deacontecimentos que,por serem tantos,passam ater amesma - ouaté menos- importância da cotaçào dodólar), parece-me necessárioredescobrir oprazer de navegar. Oshorizontesestãoabertos: ésóquerer chegarlá.

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INDICE üNüMASTICO

AGATARCO DE SAMOS Cenógrafo grego contemporâneo de Sófocles eÉsquilo. Parece que ele definiu por escrito as leis da perspectiva. ALBERTI, Leon Battista (1404-1472) Arquiteto, humanista e homem universal do século Y:V. Teórico do Renascimento arquitetônico, fornece uma base racional para a nova concepção do edifício. Além de arquiteto, foi retratista, poeta, dramaturgo, antiquário, filósofo e inventor de uma câmera escura e de um aparelho para pesquisar ofundo do mar. Resumindo, um homem enciclopédico. Foi-lhe confiada areforma total da Basilica Vaticana, construída nos tempos de Constantino, mas aobra não foi adiante. Os dese,

nhos de seus projetos foram aproveitados cinqüenta anos mais tarde como base da obra de Bramante. Número, medida e matemática constituem para ele achave da beleza: ocírculo e oquadrado se aproximam desse ideal. Dele é, entre outras obras, a fachada da igreja de Santa Maria Novella. Autor de um tratado sobre pintura eperspectiva. ALUO, René 0924-1995) Francês, artista plástico ecenógrafo. Colaborador de Luchino Visconti e Erwin Piscator, Identificase com a proposta do Berliner Ensemble. Antinaturalista, elimina a função descritiva do cenário. Durante dez anos trabalha com Roger Planchon. Segundo ele, o palco à italiana é aquele que oferece omaior número de recursos para acriação de um teatro de acordo com adramaturgia eo mundo moderno. Apartir dos anos 60 dedica-se a uma intensa atividade cinematográfica, Seu último filme, Transit, data de 1991.

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ALOl, Roberto Arquitetoitaliano,pesquisador,autor dolivro Archiletlureper lospeltacolo (958). Livro de consulta indispensável,poisreúne um estudodetalhadocom quase mil ilustraçõestécnicasedocumentárias sobre os teatros domundo inteiro. ALVESDE LIMA, M ariângela

Brasileira,uma dasmaisimportantes,sériasecompetentescríticas teatraispara quem acrítica deve serprovocante, estimulando oleitor aum raciocíniofundamentadona cultura,no conhecimentoe na sensibilidade. ANTOINE,André 0857-1943) Diretor teatral francêscontemporâneo de Émile Zola. Suasdireções eliminam acenografia como elemento de criação interpretativa. Ele transfere para opalco a realidade concreta das ruas, das casas,doshomens.Overismo socialde Zolaconduz oscritériosestéticosde Antoine,cujosespetáculospretendemalcançar umrealismoqueoprópriopalcodesmente.Suapolêmica,correta em relação ao academicismo reinante, provocará, juntamente comoutros - embora, suponho, não tenha sido sua intenção - a rcaçào de todos os movimentos do começo doséculo (dadaísmo, surrealismo,cubismo,etc.)quese defrontam com uma sociedade apodrecida. ApPIA, Adolph

0862-1928)

Suíço deorigem italiana. Diretor,cenógrafoeteórico de teatro. Seusprojetos cenográficos carregadosde poesia interpretam em profundidade as temáticasque adramaturgia eolirismoda música propõem. Sua cenografia,antinaturalista por excelência, apodera-sedaluz,orquestrando-a em seu espaço tridimensional. ARAP, Fauzi (1938) Brasileiro,diretor,autoreator. Nostrêscampos onde eleatua,seutrabalhoésempre de primeirissima qualidade,marcando,comsuapresença, umaposturacrítica e polêmica. ARCIMBOLIJL

Giuseppe 0527-1593)

Pintor italiano, maneirista, famoso por suas cabeças fantásticas compostas comflores, verduras, objetos eaté paisagens. Éconsiderado um precursor pelossurrealistas. ARISTÓTELES

(384a,C. - 322 a.c.)

filósofogrego. Omaior gênioespeculativo da história dopensamentogrego.Ahistória dafilosofia grega édominada por AristótelesePlatão,doqual é aluno. Éomestre indiscutíveldopensamento crítico esistemático, que é ofundamentodaciência.

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ARTAUD, Antonin

0896-1948)

Francês, um dos maioresteóricos revolucionários do teatro contemporâneo. Atéhoje ele continua na vanguardacom suasidéiasextremamentelúcidaserenovadoras.Muitosconsideraram erroneamente que sua visão incandescente derivavade uma loucura potencial. Seu livro, Oteatro eseu

duplo, é obra fundamental que deve ser lida por todos que querem se aproximar da arte do espetáculo pelassendas dacriatividade. BABLET, Denis Francês,teórico,historiador ecrítico de teatro. Entre outras obras, destaca-se aediçãodo livro Les

révolutíonsscéniques du XXemesiec/e, que coordenacriticamenteahistória dacenografia contemporânea apartir docomeço doséculo XIX;sistematizando oprocessoevolutivodasvárias revoluções estéticasque agitaram oprocessocriativo dacenografia contemporânea, seulivro constitui-se em obra instigantee imprescindível. BAKST, Leon 0866-1924) Artistaplástico russo, figurinista ecenógrafo. Retratistafamoso, fundacomDiaghilev ogrupoMir [skoustva(Omundoda arte).Atm nosBalletsRussoscomo cenógrafoefigurinista;suacriatividade, que nãose filiaanenhum dosmovimentosdevanguarda domomento,éprovocatória paraaarte européia.Avisão estéticadeleliga-sediretamente àartepopular,transformando-a numa vibração colorística que somenteaum artista deseuporte poderia ser permitida. Depoisde separar-se de Diaghilev,suaatividade nocampoda dançaestáligada aIdaRubinstein, com quem,entre outras coisas, realizará OmartíriodeSàoSebastião, commúsicasdeClaudeDebussysobreum textode Gabriele D'Annunzio. BALLA,Giacomo 0871-1958) Italiano, pintor, escultor, cenógrafo, decorador e poeta. ComMarinetti e outros colegas, assina vários manifestos ligadosaomovimento futurista. Co-autor dofilme Vita futurista (916), assinao

Manifestodel/acínematogr{ifia .(Iltllrista. Em 1917, realiza noTeatro Costanzi de Roma, para os BalletsRussosde Diaghilev,acenograía luminoso-cinéticaparaFell d'artiji'ce,deIgor Stravinski.A visualidade deseutrabalhoteatral liga-seprofundamenteaumconceitodeintegraçãototalentreo figurinoeocenário. BARRAULT, ]ean-Louis 0910-1994)

Diretor, ator e mímicofrancês. Aluno de Dullin e de Etienne Decroux. Casa-se comMadeleine Renaud em 1940 e em1946 funda comela sua própria companhia. Suas inúmeras montagens

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correspondem sempreaum profundo rigor interpretativo.Asua criação de Baptiste nofilme Les

elifants du pamdis éantológica. BARSACQ,André 0909-1973) Francês, cenógrafo e diretor. Em 1925 conhece Charles Oullin que abre paraele ocaminho do teatro. Em 1929casa-se com aneta de Leon Bakst. Em 1934ingressanomundodaóperadesenhando cenários efigurinospara Perséfone, cujolibreto édeAndréGideeamúsica de Stravinski; na mesma época desenha cenárioe figurinos para o ballet Semíramis coreografado por Fokine. É assistentede JacquesCopeau. Funda em 1936, juntamentecom Jean Oasté eMaurice Jacquemont, oThéâtredeQuatre Saisons. Em 1940, com ofalecimentode CharlesOullin,assumeadireçãodo Théâtre de !'Atelier onde, durante trinta anos, encenará textos de Jean Anouilh, Marcel Aymé, Felicien Marceau, Oostoievski, Tourguénev, Gogol, Tchekhov. Em 1958 fundao Nouveau Cartel, comjean-louis Barrault,Jean Paul Grenier,Jean MercureeRaymond Rouleau. BENOlS, Alexander 0870-1960) Pintor ecenógraforusso. Seuscenáriosparaos balletsdeOiaghilevficaram famosos pelaelegância da concepção edesuasestruturações colorísticas. BÉRARD,.Christian 0902-1949) Pintor ecenógrafo francêsdealtasensibilidade, criador decenáriospictóricosparaespetáculos de dança e dramáticos. Seu bom gosto e sensibilidade teatral o unem inevitavelmente às maiores figurasdoteatro francês:LouisJouvet,Jean-LouisBarrault,etc. BOCClONI, Umberto 0882-1916) Pintor futurista, escultor, escritor,teórico ecrítico de arteitaliano, Em 1909 elaboracom Marinetti vários manifestos. Em 1911, emParis, conhece GuillaumeApollinairee Picasso. Em 1912lançao

Manifestotecnico dellaseu/tura futurista. Ocubismo ointeressa epor ele será influenciado.Numa manifestaçãoafavorda intErVençãonaguerrade 1914é presoe, nacadeia, escreve omanifesto Síntesefuturísta della guena, juntamente comMarinetti eoutrosfuturistas. Em 1915 subscreve o

manifesto L'orgoglio edepoiso Manifesto flaurista ai pittari meridiana/e. Sua pinturaeescultura estão ligadasaumavisão dinâmica do movimento. É, semdúvida,um dosmais fortesrepresentantesdofuturismo. BOLL,André (l896-?) Francês,cenógrafo, teórico,estudioso ecrítico teatral.

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BRAGAGliA, Anton Giulio (1890-1%0)

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Diretor, escritor, historiador de teatro, teórico. Sem dúvida umadas figuras mais importantes do

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teatro italiano,senão, talvez, amaior. Sua atividade,de um dinamismo incontestável,renovadora de

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conceitosecritérios,realizou-se através dafundação de teatros,de exposiçõesde caráter internaci-

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onal, por meio de uma linha programática dedicada aos contemporâneos e aos modernos e

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reatualizandoos clássicos.Autor de livrosfundamentais, ele mesmocenógrafo ediretor de espetá-

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culos líricos, criou, além de todo ouniversoqueenvolveu seus espetáculos, atores ealunos que continuaram suaobra.Depoisda Segunda Guerra Mundial,oteatro italiano,no seu afã de destruir oque tinha sido importante no derrotadoperíodo fascista, tentou condená-lo, acusando-o de ter compactuado com Mussolini. Isso éverdade,massabendo-se ler nas entrelinhas da história,.é.fácil perceber que sua adesão ao partido fascista foi umajogada diplomática emaliciosa para conseguir apoio para seuprogramade teatro. BRAQuE, Georges 0882-1963) Francês, pintor ecenógrafo. Depoisde uma primeira formação artesanal, viaja para Paris ondeé seduzido pelofauvismo eapintura deCézanne. Nomesmoano de 1907conhece Picasso. Esse encontro édeterminante para onascimento docubismo, noqual eleexerce papel preponderante. Em 1924estréia noteatro, realizandoocenário para Lesfâcheux, adaptação do texto de Moliere. Leonide Nlassine confia-lhe os cenários para dois de seus ballets. Com o desaparecimento de Christian Bérard,Louis Jouvet encomenda-lhe arealizaçãodoscenáriospara Tartuffe. Esse cenário não será realizado, pois Jouvet foi dirigir espetáculos nocéu. BRECHT, Bertolt 0898-1956) Poeta, dramaturgo, diretor, ator e teórico alemão. Personalidade controvertida, sua influência no teatro contemporâneoéindiscutivel. Em 1923, écontratato comodramaturgo eassistente deMax Reinhardt pelo Deutsches Theaterde Berlim. Em 1927,com Erwin Piscator,vive aexperiência do

'tenro político"einicia com Kurt Weill eHanns Eisler umacolaboração que durará muitos anos. Em 15'28, estréia a Ópera dostrêsvinténs comcenários de CasparNeher emúsicadeKurt Weill. Sua produçãoérica esolicita acolaboração de compositores como Hindemith.Suaidentificaçãocomo marxismoolevaaproduzirsuas Peças didáticas(Lebrstücke))textos decaráter educativo emum ato,alguns dos quaisserão musicadospor KurtWeill,Hindemith eHannsEisler. "L..l Brecht renova aconcepção daartedo ator,inspiradopeloscomedianteschineses. Ele definiu océlebre'efeito V' eo'distanciamento', istosignifica queinterdita aoatoraidentificaçãototal comsuapersonagem, atribuindoao teatro atarefa deinterpretar ahistória,comunicando-apor meiode'distanciamentos' condizentes. Suas direções integram profundamente o trabalho dos atores, dos cenógrafos, dos

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figurinistas,doscoreógrafos edosmúsicos l...] Cada elementodo espetáculo contribui para uma mesmafinalidade: desmistificar aobra teatral, construir ogesto social do nossotempo.O'teatro épico' de Brecht renovaaescritura dramática"(Odette Aslan, L'art du tbéâtre). Autor de mais de trinta tenos, dosquaisváriosforam apresentados aqui noBrasil: Aópera dostrês vinténs, Galileu

Galilei, Aboa alma de Se-Tchouan, Ocírculo de giz caucasiano, Osenbor Puntilla eseu criado Matti,Mãecoragem,Sallta Joana dos açougues,Grandeza edecadência da cidadede Mahagonny, entreoutros.Brecht expôsosprincípiosde sua obra dramática no textodidático Pequeno organon

para oteatro. BROOK, Peter (1925) Inglêsde personalidadeinquieta, carregada de perguntas. Suainterpretaçãodosautores, clássicos ounão,estásemprefundamentada na preocupação de interpenetrar opúblicocomoespetáculo. Os textos de Shakespeare são os que se contituem nos êxitos de seu início de carreira: Titus

Andronicus e Rei Leal'. Esteúltimoabre caminho para o"espaçovazio", paraumteatro no qualo elementocentraléoator. Antonin Artaud,com seu"teatro dacrueldade",oleva à montagem de

Marat-SadedePeter Weiss,queseráfilmadoem 1966. Grotowskioirfluencia também nabusca de uma linguagem cênica fundamentadanaimprovisação,notreinovocalecorporaldoator. Noinício de 1970funda oC!RT(CentreInternationaldeRecherchesThéâtrales).Realizanumerosasturnês, principalmente naÁfrica, onde apresenta espetáculos paratribosque nunca tinham tidoligação algumacomoteatro. Oespaço que escolhe para trabalhar,baseadonodespojamentototal,faz com que as características dolugar lhe permitam utilizá-losegundováriasconvenções deespaço,desde asala italianaaté aelisabetana.Pesquisador incansável,assimila ritos etradições africanas eorientais.Nessesentido, LesMababharata éseuespetáculo maisambicioso.Sua posturapolimórfica não permiteclassificá-lo numa categoria qualquer, pois, como opróprioteatro, ele é polivalente,surpreendendoacada instante. Co-diretor daRoyal ShakespeareTheatre em Stratford-on-Avon,recebe aLégion d'honneur em 1987. BRUNELI.ESCH!

ou BRlINELLESCO, Filippo C377-1446)

Arquiteto, escultor,engenheiro ecenotécnico italiano. Éconsiderado opai do Renascimentoitaliano.Como arquiteto,sua obra maior,acúpula da catedralde Florença,Santa MariadeiFiore,além desua beleza,representa umaconquistadaengenharia,comseus 42 mdediâmetro,completada por uma elegante lanterna emforma de oratório. Constrói uma complexa máquina para a

Rappresentazionedell'A ll11!lI1ziata na igreja de Santa Maria dei Fiare. Sua codificação da lei da perspectivarevolucionadefinitivamenteasconcepções cenográficas elevaráoespetáculo a resul tantesmágicasvigorantes até osdias dehoje,

CALVO,Aldo0906-1990) Arquitetoteatral, cenógrafo efigurinista. Duranteanosdominou acena européia,principalmentea italiana e a alemã, tanto no campooperístico como no dramático, comuma criatividade e uma sensibilidade pictórica personalíssimas. Projetou inúmeros teatros em vários países do mundo, colaborando também comNiemeyer;aqui no Brasil, alémdeatuar noTBCe naVera Cruzcomo cenógrafo teatral e cinematográfico, desenhou e realizou muitos palcos, sempre abastecendo-os comamaismodernatecnologia. Seusdesenhostécnicos eram deuma perfeiçãoabsoluta. CAMBELLOrn, Duilio 0870-?) Arquiteto e cenógrafo italiano. Suas cenografias concebidas para a tragédia grega, realizadas em Siracusa, constituem-se num exemplo de interpretação correta que, ignorando um historicismo barato, criaespaçosevolumes cuja dramaticidadese identifica deformaindiscutívelcomostemas easpersonagensdosgrandesautoreshelênicos. CAMPOS, Geir 0924-1999) Poetabrasileiro,autor do livro Glossário dI! termostécnicos doespl!táClllo (Rio deJaneiro:Ediouro). C.-\RRÁ, Carla 0881-1966)

Italiano, pintor,poetaeescritor. Participaintensa eprofundamentedo movimento futurista,lançandoumasérie de manifestosdegrande importância teórico-estética. Nos últimosanos, atuadentro domovimentochamado "Novecentista". CASORA11, Felice Pintor italiano. Cenógrafo convidadopelodiretor técnicodoTeatro Scala, NicolaBenois, que defendiapolemicamenteacenografia pictórica, Seuscenáriostinhamumcunhoaltamente decorativo eumavisão compositivacomcaracterísticas ilustrativas. CASSANDRE,Adolphe Mauron 0901·1968) Pintor e cenógrafofrancês.Seus cenários traduzem umaatmosferararefeita,formalizada num desenhoarquitetônicoidentificávelcomalinguagem doséculo XVI. CEH VANTE'i (] 5er?-1616) SupérRuoédizerque foioautor de uma das maioresobras da culturahumana:Dom Quixote dela Mancba. Sua bibliografia reúne um leque literáriovastíssimo na qual se inserem obras teatrais, quasetodas curtasporserementremezes,cujacaracterísticaé acríticairônicaaumasociedadeque eleretratasem receiodeincomodá-Ia,

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CHAGALL, Marc(1887-1985) Francêsde origemrussa,pintor,cenógrafo efigurinista.Origináriodeumafamíliajudia,estuda na Escola Imperial de Belas-ArtesdeSãoPetersburgo.Seutalentoolevaem 1908 à Escola Zvanseva deLeon Bakst,que haviaintroduzido oArt NouveaunaRússia.Bolsistaem Paris,liga-se com Max Jacob,Appollinaire eprincipalmente BlaiseCendrars.Deixauma obra de primeiro planona ilustração enasartes doespetáculo.Realiza seus primeiroscenários efigurinos emMoscou,noTeatro de ArteJudeuKarmeni. Em Nova York realizaráasua verdadeiracarreira de cenógrafo:cenários e figurinos para osballetsAleko (poemadePúchkin,músicadeTchaikovski) eOpássaro defogo,de Stravinski. Não se limita a desenhar croquis mas desenha e pinta pessoalmente seus cenários e telões. CIMABUE

(1272-1302) Pintor italiano. Iniciador da renovação pictórica na Itália, introduzindo uma visão naturalista na rígidaconceituação bizantina. LorenzoGhiberti contemporâneo de Brunelleschioconsideramestre deGiotto.

COLlN,Paul (1892-1985) Francês,pintor,cenógrafo, criador de cartazes.Sua carreirade cenógrafo ecartazistainicia-se em 1925. Éautor de várias centenasde maquetes paraos teatrosparisienses emais de 1.500cartazes, queotornampopular. Depoisde1940dedica-se exclusivamente à pintura. COLTELLACCI, Giulio (1916-1983) Pintor e cenógrafo italiano. Especializa-se em cenografia naescola de Roma. Assistente deAldo Calvo, debuta no teatro em 1945 sob a direçào de Guido Salvini. Atua emtrês espetáculos no PiccoloTeatro deMilão.Nosanos 50,juntamentecom Luigi Salvini,cria grandes espaços eestruturas espetaculares para representações ao ar livre. Participa várias vezes de espetáculos para o MaggioMusicaleFiorentino erealiza amontagem visualdo BailoE.'tcelsíor, conseguindofundir o sabordo passadocom as tendênoas estéticas domomento. CRAIG, Gordon (1872-1966) Ator, diretor, cenógrafo e teórico inglês. Durante 17 anos trabalha comHenryIrvingcomo ator shakespeariano.Apartir de1900 dedica-se,depoisdeestudoseleituras, à direçào.Em todososseus projetosde encenaçào, Craigconcebeedesenhacenáriosvolumétricos edepuradospara os quais a luzéfundamental. Escreve textosteóricosemuitos artigos sobreteatro.Apartir de 1908seinstala na Itália, fundando uma escola de teatro em Florença. Em 1912, convidado por Stanislavski, monta

Hamlet em Moscou.Sua obraesuasidéias difundem-se por toda aEuropa.Juntamente comArria influencia toda avanguardateatral européia eacenografiacontemporânea. D'AMICü, Silvio Importantíssimo historiógrafo do teatro universal italiano. Funda em Roma uma das mais importantesescolas de teatro da Europa. Seusestudoseanálises constituem-seem textosque primam pela beleza literária,pela exatidão das informações epor uma visão crítica que ocoloca acima de todos os seuscontemporâneos. Suaobra maisimportante é Storia dei teatro drammatico. D'ARC,SANfA JOANA,ADONZELA DEORLÉANS(1412-1431) Heroína celebrada por vários' autores dramáticoselíricos.Filha de camponeses,de temperamento místico, em momentos de êxtase ouve as vozes de SãoMiguel eSanta Catarina, que a incitam a salvar aFrança invadidapelosingleses.Consegueconvencer orei Carlos \~I adar-lhe uma pequena armada com a qual libera Orléans do assédio dos ingleses, vencendo-os depois em Patay e conseguindo fazer consagrarCarlosVII em Reims.Tenta conquistarParis,mastem que abandonar seuprojeto por ordem do própriorei. Traídaem Compiegne,acaba prisioneira dos bourguignons que avendem aos ingleses. Estes últimosafazem julgar por um tribunal eclesiástico. Declarada heregeerelapsa,équeimada vivanaPraçadoVieux-Marché,emRouen,em 1431. DALí, Salvador(1904-1989) Pintor, cenógrafo eescritor espanhol. Estudante da Escola de Belas-Artes de Madri,éexpulso par indisciplina.Alia-seaFederico García Lorca eBunuel. Em Pariséintroduzidonogrupodossurrealistas pelo amigo juan Miró. Apartir de 1929 desenvolve seu método "paranóico-crítico", criando uma cosmologia fantástica, dedupla leitura,onde ooníricose aliaauma alta categoria técnica.De 1939 a1944desenha cenáriosde ballet eem1948-49 colaboraemtrêsdireçõesde espetáculoaolado de LuchinoVisconti,Peter Brook,Escobar ePerez dela Ossa. Realiza cenáriosparaaobra deFederico GarciaLorca,entre eles os de Mariana Pineda. Como cenógrafo, atua tanto nocampodoballet como noteatro dramático, deixandouma obracoerentecomsuavisãopictórica. Homem controvertido,artista aclamado e recusado,transitanuma vida feitadeespaçosalucinantes ecriativos. DAMIANI, Luciano(1923) Italiano,cenógrafo.Trabalhaem Bolonha noTeatro LaSoffitta. Em 1952entra no PiccoloTeatro, onde, comasaída de Gianni Ratto, permanece atéofim dos anos setenta. Em 1981 inaugura um espaço teatral "foradas convenções"efundaoTeatro deiDocumenti,eem1988se associa como diretor Luca Ronconi e o regente Giuseppe Sinopoli. Opontode partida de seus cenários é a recusa damáquinateatral tradicional.

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DA VINCI, Leonardo 0452-1519) Italiano, pintor, engenheiro, anatomista, inventor, urbanista, arquiteto, gênio universal. Esse Homem foi tão grande etantas são as obras dele em todos os setores da sabedoria humana, que um simples verbete não consegue fazer jus ao que foi. Um dos aspectos mais fantásticos de sua genialidade foi ter intuído apossibilidade de vencer agravidade através de máquinas voadoras epesquisar o fundo do mar por meio de naves submarinas. Seus estudos de anatomia, cujos desenhos ocupam o Código Atlântico, são admiráveis pela precisão da pesquisa. Poeta eescritor, foi criador de espetá-

culos de corte, inventando para eles processos técnicos ligados tanto à estrutura cenotécnica como àutilização da luz, obtendo, dos recursos limitados do tempo, resultados absolutamente imprevisíveis e geniais, DE CHIRlCO, Giorgio 0888-1978) Italiano, nascido na Grécia. Pintor, cenógrafo e figurinista, Depois de um período simbolista, na França, ao lado do irmão Alberto Savinio, alia-se, por influência de Apollinaire, aos cubistas. Após um curto período volta para aItália, onde funda a "pintura metafísica", transita pelo movimento Dadá de Zurique efreqüenta os surrealistas, Mas apintura metafísica é uma das tônicas marcantes de sua obra, com sua sensibilidade enostalgia de um passado que não volta, expressas em suas praças congeladas, em suas figuras anti-realistas imobilizadas na abstração de mundos que não mais existem, Como cenógrafo e figurinista atua principalmente em ópera, mantendo coerência entre sua visão simbólica da imagem e, às vezes, como na peça La Giara, de Pirandello, com o realismo do autor edo tema. DE MAITEIS, Maria 0898-1988) Pintora, cenógrafa e figurinista italiana. Atividade inicial com grupos experimentais. Assistente do cenógrafo Gino Carlo Sensani, Profissionalmente, atua no cinema e no teatro, colaborando com Luchino Visconti, Giorgio Strehler, Roman Iolanski Orazio Costa, Artista sensível, prima pela identificação dos valores dramáIícos. DEI'ElI0.

fortunato (1892-1%0) Italiano, pintor, escultor, cenógrafo, decorador earquiteto, Em 1917 colabora com os Ballets Russos ele Diaghilev eem 1918 põe em cena os Balli plastici, elaborados juntamente com o poeta suíço Gilbert Clave\. Decora restaurantes e cassinos; estuda soluções cênicas e figurinos para o Rm,)I Theater efigurinos para oballet American Sketch. Atua com os futuristas, participando de exposi-

ções e assnmdo manifestos,

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DERAIN, André 0880-1954)

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Francês, pintor e cenógrafo. Amigo de Matisse e Vlaminck, de Guillaume Apollinaire, Picassoe Braque. Fauvista inicialmente, passapor umasérie deexperiênciaspictóricas.Seutrabalhoé feito de rupturaseperíodosde atividades ecléticas. Em1919Serge Diaghilevencomenda-lhe cenários paraos Ballets Russos.Seu primeiro cenário Laboutiquefalltastique para Leonide Massine é um sucesso queolevaacolaborarcomGeorge Balanchine,eseutrabalhooconduz paraumalonga carreiradecenógrafo de ballet. DOM

QUIXOTE Personagem eterna,criadaporCervantes.Visionáriomaravilhoso, persegue,indiferenteaqualquer tipo de sugestão oualerta, seus ideais, cuja tônica básica.é a defesados fracos. Ser liricamente divorciadodomundonoqualvive,pela leiturados antigoslivrosdecavalaria,cria para si mesmo, enlevado peloqueleu, ideaisqueolevarãoàmorte,Pessoalmente,vejo-ocomo aimagemde todo ser humano autêntico que persegue uma perfeição ideal, não conseguindo alcançá-Ia e sendo portanto marginalizado.

DUlLIN,Charles 0889-1949) Ator eformador deatores. Participada fundaçãodo Teatro Vieux-Colombier, eem 1923abre seu próprio teatro-atelier. Grande mestre, frisa a exigência do trabalho de conjunto e a técnica do trabalhocorporal doator. ÉSQUlLO

(525-456 a. C) Dramaturgogrego. Foram-lhe atribuídasentre 70 e90 tragédiasdas quais só nos chegaramsete: Os

persas, Prometeuacorrentado, Sete contra TelJas, Assuplicmltes, Agamenoll, As coéfoms e As eumênides. EmR,AlexandraAlexandrovna 0884-1949\ Pintora,cenógrafa efigurinista russa, Artista devanguarda,atua aoladode Iarov FINJ, Léonor

(1908))

Pintora, ilustradora, cenógrafa e figurinista argentina, Sua linguagem estética pode se identificar comomovimentosurrealista. Umcrítico de arteadefinepÔH{!filelíta, poisachaque asuapintura evoca asimagens dospré-rafaelitasingleses.Sua técniGI competente lhepermiterevelarum mundo de formasepersonagens fantásticas. Para oteatro realizou mais devinte cerários.

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FIUME, Salvatore Cenógrafo italiano. Seus projetos para óperas trazem umavisãopetrificada de paisagens que tem um sentidoprofundamente dramático,identilicável com obras doséculoXVIII. Fo, Dario ( 926) Italiano,ator,autor, pintor,figurinista, cenógrafo e diretor. Uma das figurasmaiscontrovertidas no panorama do teatro contemporâneo por ser um autor cáusticocujo instrumental baseia-se fundamentalmente num profundoconhecimento da Commedia dell'Arte. O prêmio Nobel que lhe foi atribuído em 1997 criou uma celeuma no meio intelectual que, surpreso, chegou a apelidá-lo pejorativamente de giullare*, sem perceber que esse substantivo tem uma significação altamente positiva.Teórico também,escreveu um livro quefoi recentemente traduzidonoBrasil,cujotítulo é

MamUlI mínimo do ator (SãoPaulo:Editora SENAC São Paulo, 1998), informativo,doponto de vista técnico,eformativo, do pontode vista ético. Sua obra mais famosa, da qual ele éointérprete,é

Misterobu.ffo. FRIGERIO, Ezio ( 930) Arquiteto e cenógrafo italiano, ainda vivo, de altíssima categoria. Em1954 assume o papel de cenógrafo estável no PiccoloTeatro deMilão, onde iniciará umaautêntica carreira internacional. Seu trabalhofundamenta-se sobre uma visão critica docenáriopintado,direcionandosua criatividade na utilização do espaço, através de elementos móveis que podem se deslocar segundo a ação dramática,criandoclimasecomposições dramáticas. GARCíA,Victor 0934-1982) Diretor argentino.Estuda medicinaem Tucumán edepoisem Buenos Aires,onde descobre oteatro atravésda pintura,daescultura eda arquitetura,fundandosua.companhia,oMimoTeatro,depois de ter freqüentado cursos dedança emímica. No RiodeJaneiro inicia-se nadança moderna.Em Paris freqüenta a Universidade doThéâtre des Nations, onde monta Opequeno retábulo de Don

Cristóbal, de García Lorca. Aviolência e a iconoclastia sío características das suas direções. O Cemitério dealltomóueis. Ct Arrabal,apresentadotambémnoBrasil, o leva à fama internacional. Aqui, também realizará Obalcão, de Jean Genet. GERVt\\S, A.C. Teóricofrancês.

*Jogral, menestrel. Bobo,bufão, fanfarrão, histrião,

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Grana DI BONDONE 0266-1377) Pintor italiano. Considerado por Ghiberti como aluno de Cimabue que, por acaso,teria descoberto omenino pastor desenhando com grande perfeição uma ovelha.Foi elemento decisivo no proces«I deevolução da pintura italiana. Donode grande maestria, aliada auma aguda sensibilidadedramática, cuja tônica éasingeleza,tornou-se um mestre atemporal. Como todos os grandes, diga-se de passagem. GONCHAROV.~,

Natalia (1883-1%2)

Escultora, arquiteta, cenógrafa e figurinista russa. Sua obra no teatro, principalmente no baIleI, explodepela violência de suas cores, facilmente identificáveis nas 1r~dições populares. Na Rússia, participa com Larionov de movimentos de vanguarda que antecipam oabstracionismo.Seus cenários destroem aperspectiva, que ésubstituída pela bidimensionalidade. GRASSI, PaoJo ( 919)

Teatrólogo italiano. Uma das personalidades mais importantes do teatro europeu. Overdadeiro responsável pela fundaçãodo PiccoloTeatro de Milão, hoje Teatro d'Europa, cujos recentes cinqüenta anos atestam sua pujança. GRlS, Juan

0887-1927)

Pintor espanhol,teórico docubismo.Juntamente com Picasso, Braque eMaria Blanchard éomais ortodoxo representante domovimento cubista.Para oballet de Oiaghilev projeta cenários efigurinos em 1922, mas o teatro, com sua efervescência, não se identifica comsua sensibilidade introspectiva. GROPIUS, W alter

(1883-1969)

Arquiteto alemão.Pertence ao triunvirato da arquitetura contemporânea,com Le Corbusier eMies van der Rohe. Formou gerações de arquitetos sem ter título oficial. Aarte de Gropius surge do processo industrializado emecânico da história contemporânea,eafunção socialde alcance coletivo0característica específica desuaarquitetura.Seus projetos constituem-se sempre num marco importante,sendo que umdeseus aspectoséoempregodovidro edoaço.Em 1923, constrói o teatro municipal delena eelaboraoprojeto do teatro total, baseado nas idéiasdesenvolvidasem Bauhaus, por ele dirigida: o critério é que a mudança doespetáculo poderia mudar também () aspecto do interior do edifício.Sua posição esquerdista faz com que teorize arespeito dasmoradias dos menos abastadosedeumacertamassificação da arquitetura urbana.

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GLTIUSO, Renato 0912-1987) Pintor italiano.Polêmico,político,suaobra reflete constantemente umapostura claramentedenunciadora oucritica.Atravessavárias fasesondesemprese impõepelaforçapictórica.Suas últimas obras sofremde umainfluênciaexpressionista, caracterizadas também por justaposição dediferentes perspectivas. HINDEMITH, Paul 0895-1963) Compositor maisinfluente namúsica alemã, da décadade20 atéadécada de50, Umdosaspectos mais significativos de sua atividade foi ter aderido ao movimento "Nova Objetividade" que se realizade formamaisfortena poesiaenoteatro deBertolt Brecht. Desse movimento participaram Kurt Weill,HannsEislerePaulDessau.Hindemith, umrevolucionáriodamúsica,estréiaemBadenBaden um texto deBrecht: Lebrstúck (peçadidática).Amúsica agora éinseridanuma visãocríticosocial, afastando-se de qualquer intelectualismo. Entre várias obras escritas por ele destacam-se

Neues l'Ol/1 Tage(Notícias dodia), DasMarienlebell (Avida deMaria),comtextodeRainerIvlaria Rilke,eMatbisderMaler. Paraevitaraperseguição nazistavaiparaos EstadosUnidos, onde ensina na UniversidadedeYale. Em 1951 énomeadoprofessor da Universidade deZurique,atividade da qual vai se afastandoaos poucospara se dedicaràcomposição até ofimdesua vida. HOFM AN,Vlastislav 0884-?) Pintor ecenógrafotcheco. Inicialmenteinfluenciadopelocubismo,maistardedirige seusinteresses para orealismo. IM PÉRIO, Flávio 0935-1985) Éum renascentista dos dias de hoje. Arquiteto, pintor, gravurista e cenógrafo excelso: o artista artesão queem suaobrarealizaaperfeitafusào entreatécnicacacriatividadeartística.

]ARRY,Alfred 0873-1907) Dramaturgoeescritorfrancês.Sua personagem maisconhecida é Ubu,cuja característicabásicaé o panagiuelismo ditatorial }arryé sem dúvida uma peça importanteno movimento de renovação do teatro contemporâneo. JOUVET,

Louis 0887-1951) Ator, diretor ecenógrafo, Em1911integraoelenco de Os irmâos Karamazoude Dostoievski, no Teatro das Artes,dirigidopor Rouché. Em 1913fazparte da companhiade Copeau. Participada organizaçào arquitetônicadoteatro Vieux-Colombier. Em1922 deixaacompanhia deCapeaueé contratado como diretor doTeatro Champs-Élisées. Em 1923trabalhaao lado de PitoHf. Em 1924

cria sua própria companhia e em 1934 assume a direção do Théâtre de L'Athénée. Durante a Segunda Guerra Mundial interrompe sua atividade na França e realiza uma turnê pela América Latina.Como ator,atua tanto no teatro como nocinema. Éresponsável pelatraduçãoemfac-símile da obra deNícolaSabbatini: Pratica perfabbrícare sceneemacchinediteatro. MNTOR, Tadeusz

0915-1990)

Diretor, pintor, cenógrafo e autor polonês. Apartir de 1955sua arte pictórica reflete tendências diferenciadas(arte informal,Mínimal Art,ArtePovera)ecriaum grupode artistaseatoresao qual dará onomede Cricot 2,tocirc,ocirco, anagramado.Sua obra teatral está profundamente ligada à sua atividadede pintor. Paraquem assistiu aum de seus espetáculos eacompanhou suaatividade deartistaplástico, está evidentealigação íntimaentreas duas atividades, querefletem umavisão crítica de um mundo do qual ele não pode compartilhar. Oespetáculo para ele, contrariando Grotowski,éuma obrade arte. Suaarteéestritamenteindividual,diriaegocêntrica, espiritualmente falando.Artistaúnico,embora tenhatidouma influênciamuitogrande noteatro contemporâneo,o seu teatro é irrepetível. Tem muitaafinidade comDuchamp. KUMT, Gustav (1862-1918)

Pintor austríaco (Viena). Decertoomaior expoente domodernismovienense. Todaasua obra,de rara preciosidade,éresultante simultânea dabeleza,da sensualidade edomistériodocorpofemininoedaassimilação daslinguagenspictórico-decorativas gregas, egípcias e bizantinas. Aevoluçàode suaarteolevapara oexpressionismo,doqual éconsiderado mestre, KOKOSCHKA, Oskar (1886-1980)

Pintor ecenógrafo inglês de origemaustríaca. Omodernismonàooatrai e liga-se muito mais à psicanálise freudiana. Nunca conseguiu se adequar à cultura dos diferentes países pelos quais transitou:Suécia, Israel, Fran\'a, Holanda. Alemanha, Itália,Turquia,etc. Sua pinturaatormentada, um auto-retrato influenciado pelas máscaras polinésias e obras de caráter erótico provocamo escânc.:i1o da burguesia vienense. Ofato de ser controvertido e recusado, principalmente pelas pOSiÇC1êSdeextremismo da direitadominante,fazcom que,depoisdeter sidorecusado ereproposto para() ensino na Escola de ArteseOfícios,imponhaatotal renovação doprocedimento acadêmico. Sua obra, pela recusaconstanteaostotalitarismoseaossofrimentos que impõem aosdominados, refleteadorele umahumanidadeperseguida.Depois da Segunda Guerra Mundial,oartista alcança um êxitodefinitivo, realçado por sua atividade literária, daqual resultaum livro decontos, L\ PAIISSE(Monsieurde)

Velha cançào popularda qual sobrou somente umaestrofe ele quatro versos:

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Monsieur de La Palisse morreu, Morreu nafrente dePavia; Quinzeminutosantes demorrer, Ainda estavavivo. La Palissade:verdadede uma evidênciacrassa comoaquelaqueestá contida nacanção acima.

LAURENCIN,Marie 0885-1956) Pintora, cenógrafa e ilustradora francesa. Embora sua pintura não esteja ligada ao movimento cubista, não deixou de participar do mesmo.Atua notadamente no conjuntodos Ballets Russos, especificamente criando cenários para Lesbiches dePoulene. No campo .d~ ilustração, cria desenhos paraobrasde AndréGide, Lewis Carrol,etc. LÉGER, Fernand 0881-1955) Pintor, figurinista,cenógrafo. Uma das características de seutrabalho noteatro éaintegraçãodo figurinocomocenário, comose oprimeiro fosse conseqüênciainevitável do segundo. Acivilizaçào urbana, a"época mecânica", o levam acriar, entre outros, cenários para os Ballets Suecos, realizandoem 1924,em colaboração, ofilme Ballet mecânico. Em suasobras plásticas destaca-se La grandeparade,obra monumental quetem como temaocirco. Durante oúltimoperíodode sua

vida,entre outrascoisas,realiza cenários paraBolívar,óperade DariusMilhaud,quese constituina primeiratentativaderenovação doteatro lírico naFrançapós-guerra. LUGNE-POE, Aurélien (1869-1940) Francês,diretor de teatro.Depoisdeter colaboradocom Antoine, participacom PaulFort da vida doThéâtre d'Art emais tarde funda, comoescritor Camille Mauclaire comopintor Vuillard, o Théâtre d'Oeuvre,quedirige de1893 a1930.Personalidade de vastos interesses,valorizou tanto os autores nacionais como os estrangeiros. Seu teatro de visão cosmopolita introduziu na França atores eautoresitalianos.Oautor mais importante reveladopor ele foiMaurice Maeterlinckque, embora tivessesidoapresentado peloThéâtreLibredeAntoine,nasmãosdeLugne-Poe,intérprete sutil do lirismo do poeta, ieve um êxitoque, independentemente da crítica sarcástica de Sarcey, venceu, ingressando nonovoséculo. LURÇAT,Jean (1892-1966) Pintor, ilustrador, escritor e mestre tapeceiro. Aúltima qualificação é a mais importante emsua atividade, pois ocupoupraticamente amaior parte desua vida,nacriação deum atelierquecobre todos os aspectos de tal atividade (desde atecelagem até a tintura), criandoinclusive inúmeros

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discípulosetrabalhandoparaAubussoneGobelins.Sua posturadevida representaumadasmais belasimagens do artista-artesão. Luum, Emanuele Vivo ainda.Cenógrafo italiano,sensível artista plástico;seus cenários refletem emprofundidadesua culturajudaicade agudasensibilidadecrítica, aliadaauma claranoçãodosvalorespictóricos. MACCARI, M ino(1898-1989)

Italiano,ilustrador, desenhista,caricaturista ecenógrafo.Suasgravuras, deum humorismo cortante, lembram,deum jeito latino,os desenhosde GeorgesGrosz;écrítico impiedoso dosnovos-ricos,da retórica,daarte oficialdoregimefascista. Iudo'sioreflete-setambém noscenários queprojetou. MANTEGNA, Andrea

(1431-1506)

Pintor renascentistaitaliano, Influenciadopor Frei Filippo Lippie Donatello. Autor deumavasta obra na decoração decapelasena criação deafrescoseretratos,recebe ainfluênciada perspectiva que olevaaprojetoscomo odapinturadotetodoPalácioDucal de Mântua,onde coloca figuras olhando para ochão sobum céuaberto.Obra extremamente interessantenessesentidoéafigura doCristo deitado comos pésem primeiro planoeumaconseqüente visãoperspéctica-dramática dopróprio corpo. MARCHI,

Virgílio (1895-1960) Italiano,arquiteto ecenógrafo. Em 1920publicao Manifesto dell'archítetturG flltllrista-dinamica-

statod'animodramatica. ReformaparaAnton Giulio Bragagliaos espaços doPalazzoTittoni,que virá aser oTeatro degli Indipendenti.Para Bragaglia projetacenários. Em 1925-27dirige eprojeta cenários paraLuigi Pirandello.Em1929,numaexposição pessoal,apresenta projetosdearquitetura e cenotécnica futurista. Sua atividade emteatro continua e em 1931lança a sua Proposta per

I'atrezzattllra tecnica dei teatro. Em 1934 apresenta uma comunicação: Lo scenotecnico nella gerarcbia dei valori deipalcoscenico. Em 1935dá inícioaumaatividade decenografia cinematográficíl Ensinacenotécnica naAcademia de ArteDramáticade RomaenoCentro Sperimentaledi Scenografia, emRoma.Atua emóperascomofigurinistaecenógrafo.Em 1946 publica fntroduzione alia scenoteCllica (teatrale eGÍnematografi'ca). MARlNE1TI,

FilippoTommaso (1876-1944) Escritor, poeta, teatrólogo,teórico.Fundadordo revolucionáriomovimentofuturista,autor deinúmerosmanifestos, entre osquaisse destacam: Manifesto dei dramaturghifiJturísti,Manifesto dei

piftorifuturisfí,La cinematografia filturista, fI teatro dellas01presa, Lafotografia filturista,Mani-

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festafuturista dell'arcfJitettllra aerea, Manifesto dell'aeromusica, lipoema lIon unumo dei tecnicismi, etc, todos eles redigidos com acolaboração dos integrantes mais notáveis do movimento por ele criado, Combatido, ridicularizado por uma co~a de reacionários, sua visão estética teve influência positiva erica, seja no campo da literatura, da arquitetura edas artes plásticas como na proposta de novos conceitos cenográficos, MATI55E, Henri 0869-1954) Francês, pintor, desenhista, gravurista e ilustrador. Estuda com Gustave Moreau. Artista independente, iniciador do movimento fauvista. Sua obra se define por uma estilização cada vez mais forte que reduz aforma alinhas essenciais. Característica de sua obra são os ritmos de linhas eexplosões de cor que contribuem para oequilíbrio que caracteriza sua arte. Embora nunca tenha tido contato com oteatro, sua obra, pelo sentido musical de suas organizações, é elemento de reflexão para todos os que querem se aproximar do espetáculo, especialmente omusical. MELLO, Bruno Italiano, contemporâneo. Professor de cenografia na Academia de Belas-Artes de Florença. Autor do 7/'atato di scenotecnica (Milão: Górlrh Editore), cuja leitura econsulta são indispensáveis para oconhecimento eaprendizado da maquinaria do "teatro all'inliana" MEYERHOLD, Vsevolod 0874-1940) Diretor eator russo, Depois de um período no Teatro de Arte de Moscou em 1905, quando trabalha com Stanislavski, separa-se dele assumindo uma postura contrária ao naturalismo, propondo um teatro fundamentado sobre exigências rítmicas que desembocam no construtivismo. Teórico da biomecânica, condena as teorias de Stanislavski em benefício do virtuosismo, da arte alusiva e musical. Em 1923 inaugura seu Teatro Meyerhold em Moscou. Em 1939 épreso pelo regime vigente, morrendo na cadeia, MIELZJNER, )oe (1901-1976) Americano, Autor de mais (',: 500 cenários (teatro dramático, comédia musical, halletJ, projetista de vários teatros e de plano,', de iluminação. Seus cenários para Ammgem da vida e ttm bonde

challlado desejo sào verdadeiras obras-primas de linguagem visual, evidenciando-se pela síntese e pela poesia, MILLER. Arthur (1915) Dramaturgo americano, Seus textos, de rica profundidade psicológica, propiciam apossibilidade de uma cenografia sensível, poética e anti-realista.

MNOUCHKlNE, Ariane (1939) Diretora francesa, fundadora em 1959 da ATEP (Association Théâtral des Étudiants de Paris). Em

1964 aATEP se tranforma no Théâtre du Soleil, adquirindo um estilo próprio ligado às formasd() teatro popular. 1789,oconsagradoespetáculo doThéâtre du Soleil,criadoem 1970 noPaláciodos Esportes de Milãoinaugurará aCartoucheriedeVincennes.Seuteatro é uma criaçãocoletiva de estreitarelaçãocom opúblico.Inevitável éreconhecer, em seutrabalho,umarevisitada influência de Artaud eStrehler. MOHOLY-NAGY, Laszlo (1895-1946) Pintor,cenógrafo ehomem decinemahúngaro, Oespaçocênico ealuz representam paraele uma preocupação constante que desemboca emsoluções brilhantes. Atua na Bauhaus, no teatro de Piscator,enoNew-Bauhaus, em Chicago. NEHER, Caspar (1897-1962) Cenógrafoalemão. Em 1923 realiza seu primeiro cenário paraNa selva das cidades, e, depois,para

Baal emuitosoutros textosdeBrecht. Opróprioautor odefinecomo "0 maior construtor cênicode nossotempo"elheatribui ainvençãoele uma bipartiçãodoespaço cênico queconsiste emestruturar umloca!,umpátio,um lugardetrabalho àmeiaaltura,eapintar ouprojetar atrás dessaestrutura um ambiente maior (que podesersintetizado num material documentário, num quadro ounum tapete).Maisgenericamente, Brecht sublinha nele ocontrastedinâmico entre aautenticidade dos pequenos acessórios fornecidos aos comediantes, verdadeiros objetos de museu, e a arquitetura dos espaços internos ou externos, nos quais a cenografia se satisfaz de alusões, de evocações artísticas epoéticasdeumacabanaoudeuma região.Enfim,eletem como grande méritoevidenciar as marcas doshomensque identificamos lugaresevocados. Dessaforma, ocenógrafo nãoé somente um grandepintor "mastambém eacima de tudoum narrador engenhoso".' NIGHTINGALE, Florence (1820-1910) FilantropainglesanascidaemFlorença. Na guerra daCriméia organizaos serviços deenfermagem paraosferidos. Seuexemploabre ocaminhoparaaorganizaçãoda Cruz Vermelha.SuadediGI\';10 aumavocaçãoécomparável à de quem ama realmente oTeatro. OU\1ER, lauence

0907-1989)

Inglês,ator ediretor de teatro ede cinemadefama internacional, célebre por suas interpretaçôes, tantonoteatro como nocinema,de Henrique \~ Hamlet eRicardo/lI. No filmeHenrique F, formula

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GiovanniLista, La uêne modeme(Paris: Ed. ActesSuei, 1997), p. 697.

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erealizabrilhantemente aidéia deuma históriaque saidasiluminurasde Les tresrichesheuresdll

dl/CdeBen}' paraassumir, numaseqüência que transformaaimagememrealidade,ahistóriada própriapeça shakespeariana. Em Hamlet estrutura todoomovimentodramáticonuma arquitetura única que, se analisada em profundidade, nos reconduz ao próprioteatro elisabetano; uma arquiteturafeitadeespessas paredes,arcos eescadas em espiral quelevam ao infinito domar edocéu: oespaço ideal (pelomenosumdos tantos) aptoareceber agrande dúvida.Comoator ediretor atuou emteatro ao lado desua mulher VívíenLeígh edeJohn Gielgud,entre outros.Também como ator atuou em Hollywood em muito filmes, entre os quais valea pena citar Omorro dosventos

l/ivantes. PillADlO,Andrea(Andreadi Peuo)0508-1580) Arquitetoitaliano.Sua formaçãose completacomoestudo dos monumentosantigosem Roma edo estilodeBramante.Dono deumasólidaformação clássica,sua produção arquitetônica monumental o fará célebre no mundo inteiro. Sua cultura humanista o leva a projetar ofamosoTeatro OlímpicoemVicenza,até hojeperfeitamenteconservado. Comesseesplêndido edifício,antitético em relaçãoaosconceitosarquitetônicosdaépoca, reconstrói aestruturade um teatro gregonum espaçofechado,aplicando,alémdosarcos da skené, osprincípiosdaperspectivaconstruída que realiza a visão de cinco ruas nãotransitáveis. Os palacetes que ocupama regiãocircundante a Vicenza sãoobras cuja beleza éoclaro resultadode umaintegraçãoarquitetura-paisagem. Também éautor de I qllattroIibri dell'architettllrCl quedeterminou no século XVIII um importante movimento naEuropa enaAmérica. PICABlA, Francis 0879-1953) Pintor francês, novelista, poetae homem de cinema. MareeI Duchamp o define como"o maior representante da liberdade artísticado nossotempo". Atravessa o impressionismo, passa para o figurativismo abstrato e, com Picasso e Braque, dá inícioao movimento docubismo. Em1918 conhece Apollinaire e,depoisda mortedo poeta,escreve artigos polêmicos eensaios precursores do dadaísmo. Em cinemafi ima Emr'aae comRené Ciair. Nos últimos anos desuavida,depois de

umapassagem pelofigurativo.sua arte torna-se abstrata. PICASSO,Pablo0881-1973) Pintor ecenógrafoespanhol. Seutrabalho como cenógrafo tem início em 1917comofamoso ballet

Parade, ondeaestética da colagemé transferida paraos planosdramáticos, coreográficos emusicais: esculturasmáveisdestroem,por seutamanho,aescala humanaeoequilíbrio entre oespaço cênicoeocorpo dosbailarinos.Em 1920,aliaseutrabalhoaos BalletsRussos.Todaasuaatividade

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comoteatro épermeada deumsentidoexperimentaleprovocatório.Também escreveduaspequenaspeçasdevanguarda (horrendas) deinspiração dadaístaesurrealista. PISCATOR,Envin 0893-1966) Diretoralemão, aluno deMaxReinhardt. Brecht recebe sua influênciaecomele realiza Obravo

soldado Schweik. Em 1927 abre o Piscator Bühne(Palco-Piscator) noTeatro Nollendorfplatz de Berlim.Em 1933, fugindodonazismo, viajapara aUnião Soviética, FrançaeEstadosUnidos onde atuacomo diretor do Dramatic Workshop of the New School ofSocial Research. Em 1951, volta esporadicamentepara aAlemanhaonde continuaatuando comodiretor. PlTOEFF,Georges 0884-1939) Deorigemrussa. Apartir de 1922faz de Parisasuasede detrabalho.Diretor,cenógrafo,figurinista, ator. Sua importância reside na escolha de um repertóriocontemporâneo, que realiza com uma grande simplicidade derecursos. PUNCHE,Gustave 0808-1857) Literatoecrítico francês.Articulista ecrítico enremmeme severo. PRAMPOLlNl, Enrico 0884-1956) Italiano, pintor, escultor, críticode arte, cenógrafo. Participadomovimentodadaístae de toda a vanguarda européia (de Stijl, Bauhaus e La Section d'Or). Em 1924, publica ['atmosfera scenica

futurista.Em 1927, ao ladodeMariaRicotti,organiza em ParisoTeatro da Pantomima Futurista.Em

1936 publicaseulivro Scenotecnica. Sua presençanocampoda renovaçãovisualdoespetáculo, tantoteatral como cinematográfico,éfundamental. REINKING,\\'. Cenógrafo alemão. RICCI, Corrado

Filhodeum importantecenógrafo do séculoXIX. autor dolivro La scenografiaitalialla. que unea um eudno estudosobrea históriadacenografia uma coletânea de reproduções fotográficas de cenários italianos que vai de 1400até 1929. ROSA, Noel

Somenteparalembrar,um dosmaioresmúsicos popularesbrasileiros.FlávioImpério fez cenárioe figurinosde Opoeta da vila eseus amores, peça de PlínioMarcossobre ocompositor.

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ROUAULT, Georges 0871-1958) Pintor francês. Faz aprendizagem num atelier de vidraçaria artística, trabalhando na restauraçãodos grandes vitrais de Chartres. Moreau será seu mestre.Suapinturaéaltamente dramática eligada ao NovoTestamento. Profundamente cristão, denuncia as injustiçasperpetradas contra os pobres. Sua pintura étrágica eretrata tanto osubmundocomo magistradoseburgueses,edisso tudo surgea figura de um Cristo arlequim como imagem redentora. SABBATINI, Nicola 0574-1654) Famoso e importantíssimocenógrafo ecenotécnico de 1600. Autor de um livro chamado Pratica

perfabbrícare sceneemaccbine di teatro. Homem de genialidade única, previu asoluçãode todo e qualquer problematécnico que pudesse se apresentar na montagem de espetáculos, incluindo nissouma intuição técnica sobreouso da luz,cuja funçãodramática não lhe passou despercebida. SANTA ROSA,Tomás 0909-1956) Brasileiro, artistaplástico ecenógrafode rara sensibilidade. Seu principal trabalho nocampodo teatro ocupa um espaçoimportante na história doteatro brasileiro: Vestidodenoiva, de Nelson Rodrigues,comadireção deZiembinski,que,de um dia para ooutro revolucionou,derrubando-a, a conceituação cenográfica (se assimse pode chamar algo quase inexistente) que dominava os palcos nacionais. S.wr'EUA 0888-1916) Italiano,arquiteto.Embora nãotenha sido cenógrafo nemtenhaparticipadodeprojetosde arquitetura teatral, todavia nào pode ser esquecido;participou ativamente do movimento futurista esua propostaarquitetônica foi fundamental pela transformaçào dramáticada própriapaisagem urbana. Seus projetos arrojados foram tão importantes quanto os revolucionários cenários propostos por seus companheirosde movimento, que renovaram audaciosamente avisualidadedoespetáculo, alterando basicamente os conceitos acadêmicos que ainda dominavam os palcos, tanto italianos quanto estrangeiros.Infelizmente morreu com28 anos. SAo fRA\ mCO DE A~sls 0182-1 226)

AbandonaAssis, sua cidade nataL aos 25 anos, para ir a Gubbio curarleprosos. Quando volta a Assisparticipa da edificaç30dasigrejasdeSãoDamnno,deSanPietro emMerulloedeSanta Maria dcg\i Angeli. Énesse perícdo que começam seus anos de solidão e de oração, quando mendiga para os pobresecom eles compartilhaopão.Em 1209, na pequenaigrejadaPorciúncu!a,tem uma revelação:de ermitào passa aapóstolo, reunindo em voltade sium grupo de adeptos, com os quais

estabeleceumaprimeira regra,extraídadoEvangelho,que receberáaaprovaçãodoPapaInocêncio lll SantaClara se unirá aessa confraria,quepratica simultaneamente aunidade, aforça, amiseri-

córdia,ajustiça, aação eacontemplação.OPapaOnório III reconhece eaprova aordem franciscana. Osúltimosanosde suavidaforam dedicados àsolidão e àoraçào. Em 1224recebeu doCristo os estigmasnasmãosenospésque guardaráaté amorte. Em 1228foicanonizado por GregórioIX. Todaasua obra éum anseiode reconciliaçãocomDeus. SA\1NIO, Alberto (1891-1952) Andrea Alberto de Chirico, dito Alberto Savinio.Escritor, compositor, pintor ecenógrafoitaliano. Estuda músicaem Atenas,cem Parisconhece GuillaumeAppollinaire;escrevemúsicapara ballets elírica.Colaboracom seuirmão,GiorgiodeChirico,naelaboraçãoda pintura metafísica,atraindo aatençàodeAndréBreton eJean Cocteau.Sua linguagemteatral é formadapor umvocabulário quemanipulaestilosecaminhosfantásticos. SERLIO, Sehastiano 0475-1554) Italiano,arquiteto, tratadista.Autor,entre outros, dequatro livrossobrearquitetura,sendo oIeo11 sobre geometriaeperspectiva. SEVERINI, Gino (1S83-I966) Italiano,pintor,escultor,escritoreteórico. Atua nocampo da cenografia, levandoparaoteatro sua experiência futurista edeartistaplástico, onde predomina osentidodo decorativo eda composiçào. SHA\X', George Bernard 0856-1950) Escritor e autor dramático irlandês. Polêmico, retrataironicamente e com um profundosenso de humor a sociedade inglesacoma qual convive eque paga para assistirseuteatro que a critica educadamente. Autor degrande sucesso, váriasde suas peçasforam transportadaspara ocinema ouforam adaptadascomgrandeêxitopara musicais como,porexemplo, Pigll1aliào, com onome de J~J' I'{lir lil(~I '. SI(;NORELI.I, Ivlari:1090S-1992J

Italiana, marionetista e cenógrafa. Em 19}i expõe emRoma a maquee futurista de umteatro plllricêllico, dotadode um disposiíivo para cenáriossimultâneos, comespaçoscinéticoseefeitos

de luzcolorida,que prevêumnovo repertóriodramático. Aleitura dos textosdeGordcn Craiga leva a se dedicarao teatro de marionetes, criando sua própria companlJia chamada l.opera dei burattini.Seutrabalhoéreconhecido pelaseriedadeepelosenso demodernidade que oinforma,

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conseguindo acolaboração de diretores como LinaWertmüller e de compositores como Roman Vlad e Enio Morriconne. SIRONI, Mario 0885-1961) Italiano, pintor, escultor,decorador, cenógrafo, ilustrador, escritor ecrítico.Participaativamente semabandonar sua riquíssima atuação de artista plástico, na qual se sente a presença do expressionismo - como cenógrafo de espetáculos líricos, influenciandocomseutrabalhomuitos artistas italianos. SÓFOClES (entre 496 e494 a.C.-406 a.c.) Autor principiante doqual sedesconhecem obras importantes. Dizem que nasceu naGrécia, mas sua tentativa dese inscrever na Sbat foi frustrada,pois foi julgadoperigoso para aserenidade do regimeditatorial,quemandou procurá-lo noRiodeJaneiro,onde uma grande atriz,GlauceRocha, hoje infelizmentedesaparecida,estava apresentando Antígona com adireçãodeAbujamra. Deixando delado as brincadeiras,éevidente sua importânciaquandose pensa que háquase três milênios de distância sua postura duramente crítica e poética continua viva e contundente. No decorrer de sua carreira escreveu 123peças, obtendo 24 vezes o primeiro prêmionosconcursos trágicos.Tomaparte ativana vidapolíticade seu país eosucesso de Antígona fazcomque seja designado como um dosdezestrategistas doano.Com quase 90 anosescreveu oÉdipo em Colona, umade suas maisbelas obras. Podeserconsiderado discípulo de Homero. SONREl, Pierre Arquiteto francês,autordo Traitédescénographie (Paris: Ed.üdette Lieutier). Essetextotambémé material de consultaobrigatória pelasuaqualidade epela exatidão das informações. STANISLAVSKI, Constantin(1863-1938) Diretor, ator e teórico russo, Seu trabalho realistasobre a obra de Tolstói e Dostoievski torna-o célebre a partir de 1890. Em1898, juntamente com Vladimir Nemirovitch-Dantchenko, funda o Teatro de Arte de Moscou, centro de pesquisa naturalista. Sua colaboraçãocomTchecov é funda-

mentai na história doteatro russo, Teórico e pedagogo, escreveuvários livros baseados em sua experiência,definindoumtipode representação ligado à verdade da vida. STREHlER, Giorgio 0921-1997) Italianode origemalemã, leva paraoteatro a racionalidade e avisão românticade uma cultura cujos parâmetros são identificáveis em sua dupla identidade filosófica. Criador, juntamente com Paolo Grassi,do Piccolo Teatro de Milão.No plano político-cultural orienta seu trabalho emdireção

aum "teatro de arte para todos".Embora,principalmente depois de sua volta (durante um período abandonou o Piccolo para realizar trabalhos comgrupos experimentais como a Cooperativa de Teatro eAzione), pareça-me que seutrabalhoesuaposturaintelectual olevaramparaum teatro que poderíamos chamar de elitista,pois suasqualidadesestão ligadasaum conceito de perfeição, defidelidade histórica e, semdúvida, auma dimensão poética indiscutível. Sua busca cultural o orientaparaareleituradosclássicos,adivulgaçãodosautoresque noperíodofascistatinham sido proibidospela censura eapesquisa sobre atradição realista epopular italiana, realizandoespetáculos com textos de Verga, Bertolazzi e, principalmente,Carlo Goldoni. Um dosmaiores sucessos do Piccolo foi amontagem de Arlecchinoseroitore di due padroni, interpretadopeloinesquecível einsuperável MarceloMoretti.Os autoresitalianostambém foram valorizados por seutrabalho,que osapresentouaumaplatéiaem geral poucoreceptiva.Direta ouindiretamente seusmestresforam Jean Vilar, Jacques Copeau, Max Reinhardt e Bertolt Brecht. Seu trabalho influenciou grandes diretores como Ariane Mnouchkine, Patrice Chéreau, Peter Hall, Llouis Pasqual, Roger Planchon, PeterStein, etc. Donode umatécnicade palco segura, seus planosde luz acompanhamaação dramáticacomumasensibilidade dignadainterpretaçãodeum ator. Sua visão doespetáculo está ligada, edela não sairá,auma impostação decaráterclaramente estético. Abeleza do espetáculo, sua criatividade,muitasvezes,sobrepujamsua interpretação(insatisfatória sempre),poiseventualmenteparticipacomo ator. Infelizmente,grande mestre comofoi,nãonosdeixou continuadores de sua obra, oquegerou, depoisdeseudesaparecimento,um período quaseinsuperável de interregno. SVOBODA,Joseph (920) Cenógrafotcheco.Svoboda, como FlávioImpério,maisdoqueum cenógrafo éuma personalidade comparável, no planodascompetências múltiplas, a Leon Battista Alberti e Bruneleschi. Avisão grandiosa que tem doespetáculooliga inevitavelmente aosgrandesBibienas, mestres em magias cênicas, em milagres egrandiosidades.SeSvobodativessevivido noSéculo deOuro (século XVII) teriaseidentificadonomeiode uma comunidadeincandescente.Oteatro deSvoboda,cujaambição vaialémdaprópriacenografia,por eleconsiderarque sua contribuição édetal formaintegrada àdi.eçàodo espetáculo,constitui-seem verdade numa co-direçãotãoimpositiva que é impossível dssooí-la como um complemento decorativo.Profundo conhecedor de toda atecnologiacontem-

porânea,desdeaótica até ainformática,seuespetáculo Almltemamágica éamáximaexpressão desua competência e sensibilidade, pois une numaúnicaciranda atores, bailarinose, principalmente, amagia de umalanterna que de lanterna guardasomente alembrança. Almltema mágica é um exemplo do que uma alta tecnologia empregada comconhecimento e

grandes recursospodeconseguir. Mas se asua obra se limitasseaisso,nósfalaríamos dealgode certa maneira limitado, pois realizou, nodecorrer de sua vida, e realizará, espero, nos próximosanos,

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dezenas de espetáculos nos quais ao alto nível de competência une-se uma profunda sensibilidade,

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visando traduzir da forma mais sensível ocerne dramático de um texto ou de uma obra musical. Éautor da obra Os segredos do espaço teatral. TAlROV,

Alexandre 0885-1950) Russo, diretor eteórico teatral. Rejeita Stanislavski por seu naturalismo eMeyerhold por seu teatro

de estilo que, com seu formalismo levado aextremas conseqüências, mata otrabalho do ator. E considera-se aserviço do Ator, cuja tarefa éade alcançar uma "síntese entre aemoção eaforma que aela édada por sua imaginação criadora". Odiretor não interpreta, mas atua como animador aserviço dos atores, de seus corpos harmoniosos bem treinados para seus virtuosismos mímicos, acrobáticos ecoreográficos. Escreveu História eteoria do teatro "Kammemy" de Moscou, fundado por ele. TCHEKHOV,

Anton Pavlovitch (1860-1904) Dramaturgo eescritor russo. Seus textos, que ele mesmo define como "cômicos", tocam afundo a

sociedade russa da qual ele pressente um fim próximo. Suas personagens, utilizadas com uma extrema sabedoria dramatúrgica, constituem-se sempre em fragmentos da história dentro da qual vivem, compondo um mosaico de extrema sensibilidade e premonição. TIZIANO,

Vecellio 0487-1576) Pintor italiano. Ainda jovem colabora com Giorgione num afresco em Veneza. Pintor de extraordinário vigor tanto no que diz respeito à composição quanto ao emprego das cores. Inicialmente aluno de Giovanni Bellini, a influência de Giorgione foi tão grande que "ao observar oestilo de Giorgione, Tiziano [...]oimitou tão bem que em pouco tempo suas obras eram confundidas com as dele. Michelangelo elogiou sua maneira vigorosa de pintar, mas achou sua obra deficiente no desenho? Foi pintor de potentados, nobres e eclesiásticos. Sua grande sensibilidade pictórica o coloca na história como um antecessor de futuras revoluçàes estéticas.

TOFANO.

Sergio 0886-1973)

Italiano, autor, ator, diretor. cenógrafo e cartunista. Uma das figuras mais importantes do teatro italiano, pois, independentemente de sua simplicidade de comportamento, foi um dos homens que mais contribuiu em todos os setores do teatro (dramaturgia. cenografia. direção, crítica, etc) para a

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Giorgio Vasari, Le vite dei pilÍ cclebri pittori, seultori earchitetti, vol 11 (La Spezia: Fratelli Melita Editori. 1991), p. 32.

r' evolução do espetáculo. Homem de longa experiência, suas interpretações permanecem no tempo como um exemplo de sobriedade esensibilidade. Criador de uma brilhante história em quadrinhos, transforma sua personagem principal, Bonaventura, em figura dramática de sofisticado desenho. É autor da obra Il teatro all'antica italiana, que retrata e registra toda uma postura relacionada ao espetáculo eque consegue ser uma aula positiva até hoje. VARGAS,

Maria Teresa (929) Uma das presenças mais marcantes do teatro brasileiro. Pesquisadora, mantém viva amemória dos atores, dos acontecimentos; enfim, de todos os que atuam na arte do espetáculo eda dramaturgia, com uma seriedade, uma serenidade euma competência dignas do maior respeito.

VASARI,

Giorgio 0511-1574) Pintor, arquiteto eescritor italiano. Pintor menor, se comparado aseus contemporâneos, deve sua fama à obra Le vite dei piú ce/ebri pittari, seu/tari earchitetti, obra de consulta obrigatória para a compreensão da arte italiana.

VERONE5I,

L. 09ÜS-?)

Pintor, designer ecenógrafo italiano. Autodidata, freqüenta omeio da pintura abstrata eencontrase com Fernand Léger. Quando volta para a Itália em 1934, se une aos componentes da revista

Campo Grafico, iniciando pesquisas nesse setor. Isso oleva acontatar um grupo de refugiados da Bauhaus nos Estados Unidos. Durante aguerra, se une aos grupos da Resistência. Em 1949, alia-se ao Movimento de Arte Concreta. Durante toda sua vida realizará também pesquisas sobre fotopintura esua solarização. Seus cenários para teatro evidenciam um estilo extremamente depurado, compondo com elementos geométricos e cromáticos uma cena ritmada com a mesma forma de suas composições pictóricas. VITRÚVIO,

Marcus Pollio (viveu nos tempos de Augusto - séc. I a.C) Arquiteto romano, ensina em Roma. No campo da técnica inventa máquinas de guerra, constrói aquedutos emuitos monumentos. Suas obras não sobreviveram. mas dele nos chegou otratado Os

dez liuros de arquitetura, fundamental para quem se interessa pelo tema. WAKEWITCH,

George

Cenógrafo italiano de vasta atividade internacional. Sua proposta éade uma cenografia decorativodramática revelada, entre outras obras, na ópera Ocônsul, de Giancarlo Menotti. Excelente desenhista, atecnologia do teatro faz parte de sua agenda profissional.

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Tennessee 0914-1983)

W!WAMS,

Escritoreautor teatral americano.Sua dramaturgiafundamenta-sena sociedade sulista americana e suadeterioração sistemática. Suas personagens refletem ummundo paraoqual não hásalvação.

Assim como a floresta e os pântanos estão presentes, ameaçadores, o mundo que retrata não consegue se subtrair nem se redimir de sua autodestruição. Todavia, a posiçãodoautor não é desprovidade piedade, pois as personagens que apresenta, pela carga humanacomaqual são desenhadas, nãonospermitem julgá-Ias negativamente. ZEFFIRELLI,

Franco (924) Cenógrafoediretor italiano.Trabalhou durante algum tempoao lado de LuchinoVisconti como cenógrafo efigurinista. Atuou nocampo daópera líricaparadesembarcar de formaquase definitiva nocinema.Algumasde suas obras alcançaramsucesso internacional.

ZEUS

odeus dosdeusesnamitologia grega. Inicialmentefoi odeusdosfenômenos atmosféricos.Quem dáaele umapersonalidademaisdefinidasãoHomero eHesíodo.Filho deCronos edeRhea,Zeus foi salvo da gulodice infanticida de seupai.Conquistadorinveterado,se casará comvárias deusas eteráinúmerasaventuras commortaisque irão parirsemideuses.Zeusera considerado oapaziguador,oordenador,osábio,ojusto. Atua tantonoscéus como nassociedadesterrestres.Será considerado "paidosdeuses"e"paidos homens". Aáguia, oraioeavitória são os atributosaeledados. ZOLA, Émile

0840-1902)

Escritor naturalista,depois deabandonaroromantismo.Considera-se alunode Balzac,Stendhal e Flaubert;passaporumasérie deexperiências quenãolhedão osucesso queesperava.Oromance que o faz deslanchar é L'assolllllloir, protótipo, obra-prima do Romal! Noir. Oêxito desse livro supera Os miseráveis, deVictorHugo. Em seguida,publicaumasérie deromancesonde amultidão operária éapersonagemprincipal,notadamente Germinai. Aviolência realista,comaqual retrata as verdades que constata através de uma observação aguda, consegue muitas vezes suscitar a reação de gregosetroianos. Várias desuas obrasforam adaptadas paraoteatro: nJérese Raqllin, Sana, levelltre deParis, Labête !JulIlaille, L'assommoir e Gerlllillal. Sua consciência olevará a

defender, de forma violenta e definitiva, uma personagemque ficou na história, marcada pela injustiça:ocapitãoHenryDreyfuss, Seu violentoataque,j'acclIse, movimentará aopinião públicae finalmente levará à liberdadeomilitar acusadodetraição,

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ZUFFI, Piero

(919) Pintor, cenógrafo e figurinista italiano. Depois de uma atividade pictórica, trabalha no Piccolo

Teatro ao lado de Strehler, projetando cenários e figurinos para duas obras de Shakespeare. Em 1954,projeta ocenário para Alceste de Gluck. Colabora com Luchino Visconti,Herbert Graf,Margherita

I "

Vallman, Herbert von Karajan. Sua conceituação cenográfica se aproxima cada vez mais da estrutura fixa que pode se transformar,com efeitos rápidos eessenciais,incluindo aeliminação do pano de boca, de acordo com as exigências da direção.

J 79

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