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de Maud Mannoni é um documento-testemunho, acessível a muitos. com que o leitor coopere na primeira medida tomada por uma pessoa que vem se consultar, podendo o objeto da consulta ser ela mesma ou um ser
1
/_
livro
Ele faz
querido, e motivada por
do
graças à arte
modo novo
um
pedido de auxílio ao
autor, se sentirá mais
dinâmico de pensar
e
Compreenderá o que
as
o que faz a sua especificidade é
a
se diz, falando
quem
a
se
médico, pelo educador, por alguém que conhece
entanto, a única
do termo,
falar
psicanalista,
que
dirigiam, enviadas pelo seu as dificuldades
em
que estão
a
com qualquer indivíduo do psicanalista, uma escuta no sentido
como
forma de escutar
com
faz
do
em um
desregramentos.
um
ajudá-las diretamente; essas pessoas, na presença de
começam
psicanalista,
e seus
que o discurso
novo aos seus próprios ouvidos.
O
falariam
delas se modifique, adquira
nem
não dá razão
psicanalista
um
e,
no
pleno
uma
mas
a
maneira de escutar
verdade que os obriga a aprofundar
relação a essa
abordagem que
com nenhuma de
uma
eles,
portadora de
a sua
um
a retira;
sem
em
sentido de apelo a
própria atitude fundamental
fazem, e que não mostra a
outra abordagem
médicos. Efetivamehte, e a cura
ali
é
relação aos psicólogos, educadores
Respondem, ao
nível
manifestado, do sintoma: angústia dos pais, perturbação escolar
da criança, por
um
qu
emprego de
do fenômeno
ou
caractefial
dispositivos de socorro específicos,
zando medidas terapêuticas ou corretivas destinadas •
em
menor semelhança
pela sua técnica, são orientados para a descoberta
deficiência instrumental.
••
,
a reeducar. " \
precom
:;
:.
prefácio , de Françòise^DôJto. v-,,,,;;..: V.:
iMi ELSEVIER
CAMPUS
r.
.'
"
sentido
emitir juízo, escuta. As palavras empregadas pelos consultores são as suas pala vras habituais,
ro
leitor
sua receptividade, a sua “escuta”. Ele verá
pessoas que vieram, sabendo apenas
mas que não pode
Cada
ou menos envolvido, iniciado
condutas humanas
quer dizer quando
se
psicanalista.
A primeira entrevista
em psicanálise
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SO.‘/0!t
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U Sc
Maud Mannoni
A primeira entrevista
em psicanálise Um
clássico
da psicanálise
Segunda Edição
Tradução:
Roberto Cortes de Lacerda
Preencha a ficha
de cadastro no
deste
final
9a
livro
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srte
www.elsevier.com.br ELSEVIER
CAMPUS
Do
original
Le Premier Rendez-vous Avec
Copyright
©
©
le
Psychanalyste
1979 by Denoêl Gonlhier
1980, 2004, Elsevier Editora Uda.
Todos os
direitos reservados e protegidos pela
Nenhuma
lei
n°
9.610, de 19/02/1998.
da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quois forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quoisquer outros. parte deste
livro,
sem autorização
prévio por escrito
Cop/desque: Rodrigo Carvalho Alva Editoração Eletrônico: DTPhoenix Editorial
Revisão Gráfico: Edna Cavalcanti / Ligia Paixão Elsevier Editora Ltda.
Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro, 111 — 16° andar 20050-006 - Centro - Rio de Janeiro - RJ -
Brasil
Rua Quintana, 753 — 8 o andar 04569-01 1 - Brooklin - São Poulo - SP Serviço de Atendimento
ao Cliente
0800-0265340 [email protected]
ISBN 13: 978-85-352-1442-0 ’ ISBN 10: 85-352-1442-9 zelo e técnica forom empregados no edição desta obra. No entanto, ocorrer erros de digitação, impressão ou duvido conceituai. Em qualquer dos hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente,
Nota: Muito
podem
para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão. Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoc^ ou bens, originados do uso desta publicação.
CIP-Brasil.
Cotologoção-no-fonte.
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
M246p
Mannoni, Maud, 1923-
A
primeira entrevista
psicanálise /
Lacerda. Nova ed. o reimpressão.
—9
em
psicanálise:
um
Maud Mannoni; tradução de
— Rio de Janeiro:
clássico
da
Roberto Cortes de
Elsevier,
Tradução de: Le premier rendez-vous avec
2004.
le
psychanalyste
Incluí bibliografia
ISBN: 85-352-1442-9 1.
Psicanálise infantil. 2. Entrevista
3. Psicolerapeuta e paciente.
04-1016
I.
em
psicanálise.
Título.
CDD-618. 928917. CDU -615.851.1-053.2
Prefácio
IV
yiaud Mannoni
V
I
I
um
e Colette
Audry concederam-me
prefácio para este livro.
da autora
O
leitor
que
a
honra de escrever
já tenha lido a
L enfant arriéré et sa mère ( A criança retardada
e
sua
obra anterior
mãe )
1
— não
desapontado. Este prefácio talvez possa parecer' árduo è com uma linguagem demasiado especializada aos leitores de Maud Mannoni, que tem o talento de escrever de maneira clara e fácil Penso que ele terá, porém, ficará
interes-
para alguns desses leitores, na medida
se
profilaxia
do
O
mental para os distúrbios afetivos
em que proponho e sociais,
questões de
questão do
meu
agra-
na qual a Psicanálise de crianças nos solicita que pensemos todos os dias. leitor que se sinta aborrecido com o meu estilo deve passar de imediato ao e
texto de
então,
Maud Mannoni
menos
e depois voltar
ingrato. Foi
ao
meu
discurso,
minha intenção sublinhar
que lhe parecerá,
desenvolver as ques-
e
tões essenciais expostas e ilustradas pelo livro:
•
A A
•
As
relações dinâmicas inconscientes pais-filhos. Patogenia
•
O
complexo de Édipo
•
especialidade da psicanálise. especificidade
do
psicanalista, a sua escuta.
ou saúde mental.
e a sua resolução. Patogenia. Profilaxia
dos seus
distúrbios. •
1.
A sociedade
Maud Mannoni
(a escola), o seu
papeledúcacional patogênico ouprofilático.
—
Venfant arriéré et sa mère. Editions du Seuil, maio dc!964, in - - -> ; coleção dirigida por Jacques Lacan.' 1
“Champ
r
-
r.-.
Freudien”, •:>—
8
prefacio
A PRIMEIRA ENTREVISTA EM PSICANÁLISE
;
1.
com
ESPECIFICIDADE DA PSICANÁLISE
O livro
que o
testemunho de forma
leitor
uma
tem nas mãos
simplesmente apaixonante. Contém o
longa experiência de consultas psicanalíticas.
viva, permite-nos compulsar,
mentação
é
o que
clínica e explica
e
em
é a contribuição específica
docu-
da Psicanálise nas
ponto bastante importante despara apresentar, pois, desde o começo deste século, em conseqüência da um núexiste coberta da Psicologia experimental, genética, inter-relacionai, crescente de pessoas cuja atividade profissional está dedicada à psicanáe, por fim, à orientação, à readaptação, a conselhos de todas as espécies
A
à psicoterapia.
formação dessas pessoas
métodos empregados têm cassos e êxitos.
por assim
é
nenhuma
apresentam
a sua justificação experimental e
A psicotécnica está hoje de tal
dizer,
extremamente polimorfa,
forma difundida que não
Aplicam-se testes aos recrutas, aos
fra-
que
mecânicos quando o objeto
em
causa são os automóveis.
de toda essa máquina estabelecida
com
em
instituições,
O
assim
como
dizer tudo a
quem tudo
escuta, o analisando re-
aos fundamentos organizadores de sua efetividade de
e
real e
do seu
a
corpo, ciladas do desejo.
„
^
menino ou me-ç-
humano
:
está
insaciável desejo de
comunicação pelos pobres meios de suas necessidades, mediante
os
amor em encontros
A capacidade de se encontrar revela-se
a ele,
no corpo.
A
violentas,
mimetizam
específica
da condição humana organiza-s.e como linguagem. Essa linguagem,
portadora de sentido,
os contatos memorizados
.apresen.ta-.nos
revestida de dores e alegrias
homem” (sob
forma dos
a
que se soubesse
— sua
seres
“Homem”
de
um
seu corpo, por
um
— do seu encontro com
ou de outro
e
femininos) que
cego, paralítico, doente, Isso é
com
num
si
lugar do
nada menos do que
restauração da sua pessoa original liberta da sua espera ilusória,
com
fez
sexo. Esse saber, esse ver a
contratempo do seu encontro.
efeitos-choques e contrachoques
“o
,
humanos masculinos
um
função simbólica
sujeito cuja existência original está
história para ele
mesmo,* pode torná-lo surdo, mudo,
Em
todo caso, a maioria das pes-^
muitos médicos, acredita que o psicanalista vai
fazer isto
ou
como com um medicamento por uma
espécie de
as suas palavras
método de
um mo-
associado e por ela se sentiu
ou
íU ,
Wiocy-f
a
desses
o outro, a que visa a Psicanálise terapêu-
j
em suma,
com
dificado. Pelo
ele lhe foi
V,
psicanalista
aconselhar, aquilo, vai influenciar, vai moralizar, vai estimular, agir
maneira pela qual
trem, no efeito à distância das sonoridades vocais do outro, que, carinhosas ou
fissional,
soas,
de pesquisa da verdade individual
vista simbólico,
podêlazer dois~~
s üscetiTêiT^
marca ças
^
doras. Em con t rapart ida, a criança que não r Tolve T e ü éce muit o do minada pela ambiência emocional do seu Velacionamemo com a' mãe ou com o pai. Com os seus raros companheiros, o sujeito repete situa-
com
da nos-
é consciente-
Vdtemos
para a relação
situação emocional trinitária para tran sportá-la
situações
,
vida social aparente,
no
em
à situação trinitária pai-mão-filho e seu papel determinante na evolução psicológica. Cada ser humano é marcado pela relação real que tem com 0 pai e a mãe, do a priori simbólico que herda no instante do seu nascimento antes mesmo de ter aberto os olhos. Dessa maneira, tal criança é esperada como devendo eliminar os sentimentos de inferioridade de seu pai, que permaneceu como o menininho inconformado de não ter nascido num corpo de menina, produtor de algo que vive nela, como ele viveu em sua mãe. a filha é esperada como devendo ajudar sua mãe a reencontrar a situação geminada de dependência para com a própria mãe, da qual se libertou com muitas dificuldades, e a eliminar a sensação de abandono que experimenta
e pelo
nascimento dos irmãos), aguçavam a sua curiosidade. Ela é muito mais sensível às condições sociais que a sua filiação lhe proporciona, mais ocupada em observar os seus pais na sua
pais
brigas
homossexual, idêntico ao ciúme edipiano ainda
todos, o interdito do incesto entre irmãos está nocionalesaparecido para muitas crianças, e eu deparei com vários casos em que, aos 12 anos, o mesmo ocorria com o interdito do incesto da criança com os genitores. As causas sociais desse fato mereciam ser estudadas. Os danos dessa ausência de lei editada são consideráveis, pois a intuição do perigo psicogemco do interdito em nossas cidades é varrida por perigos reais de io encia ou de chantagem oriundos do pai provocador perverso, investido de todo poder pela criança, e pelo meio circundante amedrontado ou ingênuo que condena a não-submissão cega ao pai abusivo perverso. Confirmano a universalidade no inconsciente do complexo de castração, a clínica mostra, cada vez que existe ignorância consciente do interdito do incesto, graves distúrbios afetivos e mentais em todos os membros da família. Mais uma vez, nao se trata de hereditariedade fatal, visto que a psicoterapia psicanalítica, melhor ainda, uma psicanálise, permite ao sujeito, finalmente, explicitar e resolver o seu Édipo.
mesmcTé
todas as crianças ao redor desse período crítico. A criança, cunstancias são favoráveis, passa a desinteressar-se de
estilo
mente conhecido de
Ç?® consciem?*&'
-
.
.
»,
S
e a
anamnese, no momento da entrevista
fixar certa estrutura familiar, a entrevista
preensão de
uma
diálogo qiiç
j^aj-
com os pais, permite ao paciente com a criança enriquece a com-
situação e revela-se, na maior parte do tempo, decisiva no
depois estabelecer-se
rnm
a
farmlia.
1
O
exame da criança
adquire para os *pais valor de‘ testemunho. São textos, dirão alguns, neles
poderemos ler, como num rádio, o quadro das deficiências, a causa do mal. “A avaliação da aptidão”, tendo em vista o melhor rendimento possível, é
uma
idéia
segredo de
Em
que agrada ao público, convencido de que o psicólogo detém o
uma
orientação bem-sucedida.
inglês, a palavra “teste” significa “prova”, e é
do exame que
a criança situa a entrevista
com
exatamente sob o signo
No
o psicólogo.
decorrer dos
últimos 50 anos, o esforço dos pesquisadores concentrou-se nas possibilidades diversas de avaliação das aptidões mentais; a inteligência não é apenas
avaliada quantitativamente, apreciar
com
mas analisada qualitativamente. Procura-se
precisão as possibilidades de atenção, de memória, do indiví-
duo. Provas de lateralidade são, por outro lado, postas a funcionar para
compreender
a organização
no espaço da
criança, provas motrizes são utili-
zadas para avaliar.o seu .desenvolvimento -motor. lidades múltiplas de “avaliações” tanto
1.
Na
no plano
Em síntese, existem possibi-
intelectual
como no pedagó-
qualidade de não-médica, dirijo sempre o dossiê da primeira consulta (entrevista
exame da
criança) a
um
psicanalista médico, a
um
psiquiatra
ou
a
um
com
os pais,
pediatra. São cies que, de
alguma forma, sancionam o que posso apurar como perspectivas. Esse trabalho de equipe mostrase muito valioso, dá aos pais e à criança o tempo para se preparar, depois de um questionamento às vezes
penoso.
*
-
98
;
A PRIMEIRA ENTREVISTA EM PSICANÁLISE OS TESTES
A isso,
gico.
uma gama não menos mesmo a “moralidade” do
veio acrescentar-se
para avaliar o caráter, até
considerável de testes
Em
indivíduo.
y
v *i à escola? que não vai para casa?” Eles tiveram de lhe dizer isso, não?”
suma,
procura-se cada vez mais entender a sua personalidade, que, de resto, não se
em
hesita
avaliar
com
o auxílio de critérios estatísticos.
A
^
criança, verdadei-
^m exame desse
reconhecidos. É ob.v4trvqu^ r diferente
Não
conforme
seja efetuado
minha intenção
é
O
primordial.
que
por
um
um
psicólogo ou por
dimensão psicanalítica, que somente o pode introduzir por ocasião do estabelecimento de um balan-
psicanalista
ço psicológico.
farei intervir é a
Com efeito, ele
não pode deixar de
ser
imediatamente sensível
soal. Quer o queira, quer não, ele, de certa maneira, ocupa, na qualidade de '^BXaminador,^Mdugaí 3&o^ faS£â§ífia parental. Pedem-nos que nôrtieerúeè essa criança, que. a façamos sair de uma penumbra, para com ela fazermos o quê? ,
Orientáda,
tratá-la, decerto.
so. Trata-se
sobretudo, ao nomeá-la de dissolver, na
t
palavra do psicólogo, o "seu vefédicto,'
não
está claro.
“Você vai
dizer o que acha que devo fazer.”
em
to,
mental,
me
como uma
fazer.”
a
o examinador queira
ou não,
é
testemu nha das suas exigências pessoais. É justamente nessa
~
r
X
criança deve aer ajudada a se reconhecer
evitemos declarar o que significante
do Outro
e
ela
deve ser
(pois, desse
não pode mais
e,
Na minha
modo,
significar-se).
em
mais do que perpetuar certa história familiar
ela
toma
Não
corremos o risco de lhe designar
o lugar do
distorções intelectuais, escolares
sempre impulsiona,
um lugar, o vazio
caracteriais.
que
ela é
convidada a
é
O
exame da mais anódina
imediatamente ressonâncias familiares.
vem me ver?” “Você vai me dizer quem sou eu.” “Por que você vem? Que deseja?”
“Quem ..
pois,
ou
você que
’
“Nada, levam-me,
é
tudo”
A
t
.
.
'
"
7,'
'
" ...
.
fazer?
identificação
Encaminhá-lo para
uma com um
prio pai.
;
um distúr-
A queda escolar é abandonar os estudos...
Matemática.
uma
nulidade”, diz
as Letras,
em
um
dia.
“Tive
um
um
avô
tanto.”
flinção de ser inapto para a
psicanálise, aqui, para ajudar o sujeito a sair de pai cujo valor nunca foi reconhecido
uma
pelo seu F pró-
Era uma vez avô engenheiro... Desde então, tudo parou, cada ricou preso na atitude que a neurose ~ lhe conferiu.
um
Enquanto Robert permanece no Jugar designado pele *pai,.não -pode deixar de fracassar. Com o seu fracasso, ele desempenha o conflito de outra geraçao. Se meu pai me tivesse tratado de outro modo, eu não seria ‘complexado como sou” diz o pai de Robert, que, sem saber, utiliza o seu filho mais velho em reivindicações estéreis. 6 o fracasso que Robert deve significar;... '
.
em
ninguém mais conseguiu chegar a
Foi escolhida
.
-----
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