A primeira entrevista em psicanálise
 9788535214420, 8535214429

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de Maud Mannoni é um documento-testemunho, acessível a muitos. com que o leitor coopere na primeira medida tomada por uma pessoa que vem se consultar, podendo o objeto da consulta ser ela mesma ou um ser

1

/_

livro

Ele faz

querido, e motivada por

do

graças à arte

modo novo

um

pedido de auxílio ao

autor, se sentirá mais

dinâmico de pensar

e

Compreenderá o que

as

o que faz a sua especificidade é

a

se diz, falando

quem

a

se

médico, pelo educador, por alguém que conhece

entanto, a única

do termo,

falar

psicanalista,

que

dirigiam, enviadas pelo seu as dificuldades

em

que estão

a

com qualquer indivíduo do psicanalista, uma escuta no sentido

como

forma de escutar

com

faz

do

em um

desregramentos.

um

ajudá-las diretamente; essas pessoas, na presença de

começam

psicanalista,

e seus

que o discurso

novo aos seus próprios ouvidos.

O

falariam

delas se modifique, adquira

nem

não dá razão

psicanalista

um

e,

no

pleno

uma

mas

a

maneira de escutar

verdade que os obriga a aprofundar

relação a essa

abordagem que

com nenhuma de

uma

eles,

portadora de

a sua

um

a retira;

sem

em

sentido de apelo a

própria atitude fundamental

fazem, e que não mostra a

outra abordagem

médicos. Efetivamehte, e a cura

ali

é

relação aos psicólogos, educadores

Respondem, ao

nível

manifestado, do sintoma: angústia dos pais, perturbação escolar

da criança, por

um

qu

emprego de

do fenômeno

ou

caractefial

dispositivos de socorro específicos,

zando medidas terapêuticas ou corretivas destinadas •

em

menor semelhança

pela sua técnica, são orientados para a descoberta

deficiência instrumental.

••

,

a reeducar. " \

precom

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:.

prefácio , de Françòise^DôJto. v-,,,,;;..: V.:

iMi ELSEVIER

CAMPUS

r.

.'

"

sentido

emitir juízo, escuta. As palavras empregadas pelos consultores são as suas pala vras habituais,

ro

leitor

sua receptividade, a sua “escuta”. Ele verá

pessoas que vieram, sabendo apenas

mas que não pode

Cada

ou menos envolvido, iniciado

condutas humanas

quer dizer quando

se

psicanalista.

A primeira entrevista

em psicanálise

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U Sc

Maud Mannoni

A primeira entrevista

em psicanálise Um

clássico

da psicanálise

Segunda Edição

Tradução:

Roberto Cortes de Lacerda

Preencha a ficha

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deste

final

9a

livro

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CAMPUS

Do

original

Le Premier Rendez-vous Avec

Copyright

©

©

le

Psychanalyste

1979 by Denoêl Gonlhier

1980, 2004, Elsevier Editora Uda.

Todos os

direitos reservados e protegidos pela

Nenhuma

lei



9.610, de 19/02/1998.

da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quois forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quoisquer outros. parte deste

livro,

sem autorização

prévio por escrito

Cop/desque: Rodrigo Carvalho Alva Editoração Eletrônico: DTPhoenix Editorial

Revisão Gráfico: Edna Cavalcanti / Ligia Paixão Elsevier Editora Ltda.

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ISBN 13: 978-85-352-1442-0 ’ ISBN 10: 85-352-1442-9 zelo e técnica forom empregados no edição desta obra. No entanto, ocorrer erros de digitação, impressão ou duvido conceituai. Em qualquer dos hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente,

Nota: Muito

podem

para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão. Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoc^ ou bens, originados do uso desta publicação.

CIP-Brasil.

Cotologoção-no-fonte.

Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

M246p

Mannoni, Maud, 1923-

A

primeira entrevista

psicanálise /

Lacerda. Nova ed. o reimpressão.

—9

em

psicanálise:

um

Maud Mannoni; tradução de

— Rio de Janeiro:

clássico

da

Roberto Cortes de

Elsevier,

Tradução de: Le premier rendez-vous avec

2004.

le

psychanalyste

Incluí bibliografia

ISBN: 85-352-1442-9 1.

Psicanálise infantil. 2. Entrevista

3. Psicolerapeuta e paciente.

04-1016

I.

em

psicanálise.

Título.

CDD-618. 928917. CDU -615.851.1-053.2

Prefácio

IV

yiaud Mannoni

V

I

I

um

e Colette

Audry concederam-me

prefácio para este livro.

da autora

O

leitor

que

a

honra de escrever

já tenha lido a

L enfant arriéré et sa mère ( A criança retardada

e

sua

obra anterior

mãe )

1

— não

desapontado. Este prefácio talvez possa parecer' árduo è com uma linguagem demasiado especializada aos leitores de Maud Mannoni, que tem o talento de escrever de maneira clara e fácil Penso que ele terá, porém, ficará

interes-

para alguns desses leitores, na medida

se

profilaxia

do

O

mental para os distúrbios afetivos

em que proponho e sociais,

questões de

questão do

meu

agra-

na qual a Psicanálise de crianças nos solicita que pensemos todos os dias. leitor que se sinta aborrecido com o meu estilo deve passar de imediato ao e

texto de

então,

Maud Mannoni

menos

e depois voltar

ingrato. Foi

ao

meu

discurso,

minha intenção sublinhar

que lhe parecerá,

desenvolver as ques-

e

tões essenciais expostas e ilustradas pelo livro:



A A



As

relações dinâmicas inconscientes pais-filhos. Patogenia



O

complexo de Édipo



especialidade da psicanálise. especificidade

do

psicanalista, a sua escuta.

ou saúde mental.

e a sua resolução. Patogenia. Profilaxia

dos seus

distúrbios. •

1.

A sociedade

Maud Mannoni

(a escola), o seu

papeledúcacional patogênico ouprofilático.



Venfant arriéré et sa mère. Editions du Seuil, maio dc!964, in - - -> ; coleção dirigida por Jacques Lacan.' 1

“Champ

r

-

r.-.

Freudien”, •:>—

8

prefacio

A PRIMEIRA ENTREVISTA EM PSICANÁLISE

;

1.

com

ESPECIFICIDADE DA PSICANÁLISE

O livro

que o

testemunho de forma

leitor

uma

tem nas mãos

simplesmente apaixonante. Contém o

longa experiência de consultas psicanalíticas.

viva, permite-nos compulsar,

mentação

é

o que

clínica e explica

e

em

é a contribuição específica

docu-

da Psicanálise nas

ponto bastante importante despara apresentar, pois, desde o começo deste século, em conseqüência da um núexiste coberta da Psicologia experimental, genética, inter-relacionai, crescente de pessoas cuja atividade profissional está dedicada à psicanáe, por fim, à orientação, à readaptação, a conselhos de todas as espécies

A

à psicoterapia.

formação dessas pessoas

métodos empregados têm cassos e êxitos.

por assim

é

nenhuma

apresentam

a sua justificação experimental e

A psicotécnica está hoje de tal

dizer,

extremamente polimorfa,

forma difundida que não

Aplicam-se testes aos recrutas, aos

fra-

que

mecânicos quando o objeto

em

causa são os automóveis.

de toda essa máquina estabelecida

com

em

instituições,

O

assim

como

dizer tudo a

quem tudo

escuta, o analisando re-

aos fundamentos organizadores de sua efetividade de

e

real e

do seu

a

corpo, ciladas do desejo.



^

menino ou me-ç-

humano

:

está

insaciável desejo de

comunicação pelos pobres meios de suas necessidades, mediante

os

amor em encontros

A capacidade de se encontrar revela-se

a ele,

no corpo.

A

violentas,

mimetizam

específica

da condição humana organiza-s.e como linguagem. Essa linguagem,

portadora de sentido,

os contatos memorizados

.apresen.ta-.nos

revestida de dores e alegrias

homem” (sob

forma dos

a

que se soubesse

— sua

seres

“Homem”

de

um

seu corpo, por

um

— do seu encontro com

ou de outro

e

femininos) que

cego, paralítico, doente, Isso é

com

num

si

lugar do

nada menos do que

restauração da sua pessoa original liberta da sua espera ilusória,

com

fez

sexo. Esse saber, esse ver a

contratempo do seu encontro.

efeitos-choques e contrachoques

“o

,

humanos masculinos

um

função simbólica

sujeito cuja existência original está

história para ele

mesmo,* pode torná-lo surdo, mudo,

Em

todo caso, a maioria das pes-^

muitos médicos, acredita que o psicanalista vai

fazer isto

ou

como com um medicamento por uma

espécie de

as suas palavras

método de

um mo-

associado e por ela se sentiu

ou

íU ,

Wiocy-f

a

desses

o outro, a que visa a Psicanálise terapêu-

j

em suma,

com

dificado. Pelo

ele lhe foi

V,

psicanalista

aconselhar, aquilo, vai influenciar, vai moralizar, vai estimular, agir

maneira pela qual

trem, no efeito à distância das sonoridades vocais do outro, que, carinhosas ou

fissional,

soas,

de pesquisa da verdade individual

vista simbólico,

podêlazer dois~~

s üscetiTêiT^

marca ças

^

doras. Em con t rapart ida, a criança que não r Tolve T e ü éce muit o do minada pela ambiência emocional do seu Velacionamemo com a' mãe ou com o pai. Com os seus raros companheiros, o sujeito repete situa-

com

da nos-

é consciente-

Vdtemos

para a relação

situação emocional trinitária para tran sportá-la

situações

,

vida social aparente,

no

em

à situação trinitária pai-mão-filho e seu papel determinante na evolução psicológica. Cada ser humano é marcado pela relação real que tem com 0 pai e a mãe, do a priori simbólico que herda no instante do seu nascimento antes mesmo de ter aberto os olhos. Dessa maneira, tal criança é esperada como devendo eliminar os sentimentos de inferioridade de seu pai, que permaneceu como o menininho inconformado de não ter nascido num corpo de menina, produtor de algo que vive nela, como ele viveu em sua mãe. a filha é esperada como devendo ajudar sua mãe a reencontrar a situação geminada de dependência para com a própria mãe, da qual se libertou com muitas dificuldades, e a eliminar a sensação de abandono que experimenta

e pelo

nascimento dos irmãos), aguçavam a sua curiosidade. Ela é muito mais sensível às condições sociais que a sua filiação lhe proporciona, mais ocupada em observar os seus pais na sua

pais

brigas

homossexual, idêntico ao ciúme edipiano ainda

todos, o interdito do incesto entre irmãos está nocionalesaparecido para muitas crianças, e eu deparei com vários casos em que, aos 12 anos, o mesmo ocorria com o interdito do incesto da criança com os genitores. As causas sociais desse fato mereciam ser estudadas. Os danos dessa ausência de lei editada são consideráveis, pois a intuição do perigo psicogemco do interdito em nossas cidades é varrida por perigos reais de io encia ou de chantagem oriundos do pai provocador perverso, investido de todo poder pela criança, e pelo meio circundante amedrontado ou ingênuo que condena a não-submissão cega ao pai abusivo perverso. Confirmano a universalidade no inconsciente do complexo de castração, a clínica mostra, cada vez que existe ignorância consciente do interdito do incesto, graves distúrbios afetivos e mentais em todos os membros da família. Mais uma vez, nao se trata de hereditariedade fatal, visto que a psicoterapia psicanalítica, melhor ainda, uma psicanálise, permite ao sujeito, finalmente, explicitar e resolver o seu Édipo.

mesmcTé

todas as crianças ao redor desse período crítico. A criança, cunstancias são favoráveis, passa a desinteressar-se de

estilo

mente conhecido de

Ç?® consciem?*&'

-

.

.

»,

S

e a

anamnese, no momento da entrevista

fixar certa estrutura familiar, a entrevista

preensão de

uma

diálogo qiiç

j^aj-

com os pais, permite ao paciente com a criança enriquece a com-

situação e revela-se, na maior parte do tempo, decisiva no

depois estabelecer-se

rnm

a

farmlia.

1

O

exame da criança

adquire para os *pais valor de‘ testemunho. São textos, dirão alguns, neles

poderemos ler, como num rádio, o quadro das deficiências, a causa do mal. “A avaliação da aptidão”, tendo em vista o melhor rendimento possível, é

uma

idéia

segredo de

Em

que agrada ao público, convencido de que o psicólogo detém o

uma

orientação bem-sucedida.

inglês, a palavra “teste” significa “prova”, e é

do exame que

a criança situa a entrevista

com

exatamente sob o signo

No

o psicólogo.

decorrer dos

últimos 50 anos, o esforço dos pesquisadores concentrou-se nas possibilidades diversas de avaliação das aptidões mentais; a inteligência não é apenas

avaliada quantitativamente, apreciar

com

mas analisada qualitativamente. Procura-se

precisão as possibilidades de atenção, de memória, do indiví-

duo. Provas de lateralidade são, por outro lado, postas a funcionar para

compreender

a organização

no espaço da

criança, provas motrizes são utili-

zadas para avaliar.o seu .desenvolvimento -motor. lidades múltiplas de “avaliações” tanto

1.

Na

no plano

Em síntese, existem possibi-

intelectual

como no pedagó-

qualidade de não-médica, dirijo sempre o dossiê da primeira consulta (entrevista

exame da

criança) a

um

psicanalista médico, a

um

psiquiatra

ou

a

um

com

os pais,

pediatra. São cies que, de

alguma forma, sancionam o que posso apurar como perspectivas. Esse trabalho de equipe mostrase muito valioso, dá aos pais e à criança o tempo para se preparar, depois de um questionamento às vezes

penoso.

*

-

98

;

A PRIMEIRA ENTREVISTA EM PSICANÁLISE OS TESTES

A isso,

gico.

uma gama não menos mesmo a “moralidade” do

veio acrescentar-se

para avaliar o caráter, até

considerável de testes

Em

indivíduo.

y

v *i à escola? que não vai para casa?” Eles tiveram de lhe dizer isso, não?”

suma,

procura-se cada vez mais entender a sua personalidade, que, de resto, não se

em

hesita

avaliar

com

o auxílio de critérios estatísticos.

A

^

criança, verdadei-

^m exame desse

reconhecidos. É ob.v4trvqu^ r diferente

Não

conforme

seja efetuado

minha intenção

é

O

primordial.

que

por

um

um

psicólogo ou por

dimensão psicanalítica, que somente o pode introduzir por ocasião do estabelecimento de um balan-

psicanalista

ço psicológico.

farei intervir é a

Com efeito, ele

não pode deixar de

ser

imediatamente sensível

soal. Quer o queira, quer não, ele, de certa maneira, ocupa, na qualidade de '^BXaminador,^Mdugaí 3&o^ faS£â§ífia parental. Pedem-nos que nôrtieerúeè essa criança, que. a façamos sair de uma penumbra, para com ela fazermos o quê? ,

Orientáda,

tratá-la, decerto.

so. Trata-se

sobretudo, ao nomeá-la de dissolver, na

t

palavra do psicólogo, o "seu vefédicto,'

não

está claro.

“Você vai

dizer o que acha que devo fazer.”

em

to,

mental,

me

como uma

fazer.”

a

o examinador queira

ou não,

é

testemu nha das suas exigências pessoais. É justamente nessa

~

r

X

criança deve aer ajudada a se reconhecer

evitemos declarar o que significante

do Outro

e

ela

deve ser

(pois, desse

não pode mais

e,

Na minha

modo,

significar-se).

em

mais do que perpetuar certa história familiar

ela

toma

Não

corremos o risco de lhe designar

o lugar do

distorções intelectuais, escolares

sempre impulsiona,

um lugar, o vazio

caracteriais.

que

ela é

convidada a

é

O

exame da mais anódina

imediatamente ressonâncias familiares.

vem me ver?” “Você vai me dizer quem sou eu.” “Por que você vem? Que deseja?”

“Quem ..

pois,

ou

você que



“Nada, levam-me,

é

tudo”

A

t

.

.

'

"

7,'

'

" ...

.

fazer?

identificação

Encaminhá-lo para

uma com um

prio pai.

;

um distúr-

A queda escolar é abandonar os estudos...

Matemática.

uma

nulidade”, diz

as Letras,

em

um

dia.

“Tive

um

um

avô

tanto.”

flinção de ser inapto para a

psicanálise, aqui, para ajudar o sujeito a sair de pai cujo valor nunca foi reconhecido

uma

pelo seu F pró-

Era uma vez avô engenheiro... Desde então, tudo parou, cada ricou preso na atitude que a neurose ~ lhe conferiu.

um

Enquanto Robert permanece no Jugar designado pele *pai,.não -pode deixar de fracassar. Com o seu fracasso, ele desempenha o conflito de outra geraçao. Se meu pai me tivesse tratado de outro modo, eu não seria ‘complexado como sou” diz o pai de Robert, que, sem saber, utiliza o seu filho mais velho em reivindicações estéreis. 6 o fracasso que Robert deve significar;... '

.

em

ninguém mais conseguiu chegar a

Foi escolhida

.

-----