Vocabulário técnico e científico da filosofia
 8533601786

Table of contents :
NOTA À PRIMEIRA EDIÇÃO BRASILEIRA
INTRODUÇÃO
PREFÁCIO
NOTA SOBRE OS RADICAIS INTERNACIONAIS
ABREVIATURAS
A
B
D
E
F
G
J
K
L
Μ
N
o
P
o
Q
R
s

Citation preview

VOCABULÁRIO TÉCN ICO E CRÍTICO DA FILOSOFIA

André Lalande

Martins Fontes São Paulo — 1993

Titulo original: V O C A B U L A IR E T E C H N I Q U E C o p yright © P re s s e s C o p yrig h t © L iv r a r ia M a r tin s p ara a

E T C R IT IQ U E D E L A P H IL O S O P H IE U n iv e r s ita ir e s d e F r a n c e , 1926 F o n te s E d i t o r a L t d a . , S ã o P a u l o , 1990, p re s e n te e d iç ã o

1? edição brasileira: a b r il d e 1993 Tradução: F á tim a S á C o r r e ia , M a r ia E m ília V. A g u ia r , J o s é E d u a r d o T o r r e s e M a r ia G o r e te d e S o u z a R evisão da tradução: R o b e r to L e a l F e r r e ir a Preparação d o original: M a u r íc io B a lth a z a r L e a l

Revisão tipográfica: S ilv a n a C o b u c c i L e ite , L a ila D a w a , T e r e z a C e c ília d e O . R a m o s , M a r ia C e c ília K.. C a lie n d o e L u ís C a r lo s B o rg e s

P rodução gráfica: G e r a ld o A lv e s C om posição: A n to n io C ru z e R e n a to C . C a r b o n e

Capa — P rojeto: A le x a n d r e M a r tin s F o n te s

D ados Internacionais de Catalogação na Publicação (C IP) (C âm ara Brasileira do L ivro , SP, Brasil) Lalande, A ndré, 1867-1963. V ocabulário técnico e crítico da filosofia / A ndré Lalande ; [tradução Fátim a Sá C o rre ia ... et al.J. — São Pauio : M artins Fontes, 1993. ISBN 85-336-0178-6 1. Filosofia - D icionários 1. T ítulo. 93-0707

___________________________ CDD-103 índices para catálogo sistem ático: 1. Filosofia - D icionários

103

T odos o s direitos para o Brasil reservados à L IV R A R IA M A R T IN S F O N T E S E D IT O R A L T D A . R u a C o n s e lh e ir o R a m a lh o , 3 3 0 /3 4 0 — T e l.: 239 -3 6 7 7 0 1 3 2 5 -0 0 0 — S ã o P a u l o — S P — B ra s il

NOTA À PRIMEIRA EDIÇÃO BRASILEIRA

O s c o m e n t á r i o s d o s m e m b r o s e c o r r e s p o n d e n te s d a S o c ie d a d e F r a n c e s a d e F il o s o f i a s o b r e o s v e r b e te s d o Vocabulário f o r a m c o lo c a d o s a o p é d a s p á g in a s ; p a r a r e f e r ê n c ia a eles f o i u s a d a a d e s ig n a ç ã o “ o b s e r v a ç õ e s ” .

INTRODUÇÃO À D É C IM A E D IÇ Ã O

Poder-se-ia pensar que, ao f i m de m eio século, o V o c a b u lá r io f ilo s ó f ic o de A n d ré L a la n d e e da Sociedade Francesa de F ilosofia teria perdido a sua audiên­ cia. N ão é isso que acontece e as edições esgotam -se cada vez m ais rapidam ente, n u m a época em q ue todavia as revistas filo só fic a s decaem p o r fa lta de público. A n te s de m ais nada, isto tem a ver com o fa to d e as definições e os exem plos terem sido durante m uito tem po m aduram ente debatidos p o r filó so fo s conscientes e resolvidos a trabalhar m etódica e p a cientem ente em co m u m , em preendim ento único ao qual A n d r é L alande e os seus am igos consagraram m u ito tem p o das suas vidas. Tem a ver, depois, com o f a to de term os nas notas e nas discussões apenas um notável m odelo dessa análise da linguagem, exercício que não se p e n ­ sava então que fo sse um dia para alguns o essencial da filo so fia . À volta de cada term o, os m atizes, as oposições de sentidos evocam os das doutrinas, dos p r o ­ blemas, das experiências, e essa discussão co n stitu i u m prim eiro exam e clínico do p en sa m en to filo só fic o .

/· '

Isso significa que o V o c a b u lá r io poderia ser indefinidam ente reim presso sem alterações? É claro q u e não, e cada nova edição com portava retificações e so ­ bretudo com plem entos. É assim que fig u ra va já , no f i m da obra, u m S u p le m e n ­ t o contendo term os no vo s ou acepções novas d e term os antigos e um A p ê n d ic e constituído p o r com entários suplem entares, com pletando aqueles q u e se encon­ travam nas notas d o antigo V o c a b u lá r io . C ontudo, é necessário sem dúvida en ­ carar o fa to de u m dia ser preciso refundi-lo m ais com pletam ente. Conviria, p o r um lado, retificar certos artigos, p o r exem p lo de lógica, de psicologia, etc., que correspondem a noções cujo co n teúdo se diferenciou, transform ou, renovou, e acrescentar no vo s — p o r outro lado, introduzir, n u m a certa m edida, os ter­ m o s da linguagem filo só fic a contem porânea, assim co m o certos term os de ori­ gem escolástica que passam hoje p o r vezes da teologia para a filosofia. Acrescentese que nas notas e nas discussões se suprim iria de bom grado aquilo que se refere

*

V IH

IN T R O D U Ç Ã O

à obra de filó s o fo s m enores o u q u e se refere a u m c o n texto caduco, a referên­ cias f ora de uso, p rin cip a lm en te q u ando se trata d e filo s o fía ligada às ciências o u às técnicas. D e que serve rem eter p a ra obras q u e m o sã o n em dissertações originais, n em exposições atu a lm en te válidas? F o i isso q u e se ten to u fa z e r já , em p eq u en a s doses, nesta n o v a edição, m as a tarefa é m en o s sim ples d o q u e se p o d eria supor. C om efeito, se é difícil redu­ z ir o V o c a b u lá r io ao da filo s o fia “clássica”, ta m b ém o é integrar a í o co n ju n to d e term os técnicos aparentados co m a filo s o fia atual, n a variedade e p o r vezes na am bigüidade da s suas acepções. U m Vocabulário tornar-se-ia então u m tra­ tado d e filo s o fia p o r ordem alfabética, com as escolhas m ais o u m en o s legíti­ m a s q u e isso im põe. O q u e se p o d e fa z e r é indicar p ro lo n g a m en to s atuais das noções clássicas, dar definições fu n d a m e n ta is, e p a ra o restante rem eter ao s Vo­ cabulários especiais, com o j á existem para a psicologia, a psiquiatria, etc., e breve, esperem o-lo, p a ra a lógica fo rm a l. E fetiva m en te, existem d o is tipos d e leitores p a ra obras deste gênero. Uns, a p ro p ó sito d e um a doutrina ou d e u m pro b lem a , pro cu ra m situá-los n o con­ ju n to d o p en sa m en to filo s ó fic o e captar-lhes os diversos aspectos, através da análise da linguagem . São estes, e m particular, estudantes a q u em se p e d e que reflitam sobre u m a idéia o u um a questão. Os outros são pessoas que têm nas m ãos u m a obra filo só fic a , clássica o u contem porânea, e não com preendem certas palavras o u certas expressões. N ã o p o d em o s remetê-los a um dicionário da linguagem contem porânea, que não exis­ te, segundo creio, nem aos dicionários de teologia, p o r exem plo, dem asiado gran­ des e que não se têm fa c ilm e n te à m ão. Os prim eiros procuram sobretudo a parte estável d o V o c a b u lá r io , aquela sobre a q u a l os nossos antecessores conseguiram quase pôr-se de acordo, e que consti­ tuiria u m “B o m u so ”, um a “N o r m a ” da linguagem filo só fic a que p erm ite o acordo entre o s espíritos. Os segundos, p elo contrário, estão atentos àquilo que existe d e variável e de sem pre renovado, incodificado e até incodificável na sig­ nificação das palavras. G ostaríam os sem d ú vida de seguir os rastros da evolução d o s sentidos ou d o aparecim ento d e expressões em torno das quais se cristaliza p o u c o a p o u c o u m pen sa m en to que, retrospectivam ente, parecerá ter preexistid o e p rocurado a su a fó rm u la , ao passo que, na realidade, f o i a fó r m u la q u e se enraizou n o sentido e g erm inou e suscitou u m m o d o d e pensar, categorias n o v a s . N atural­ m ente, a m a io r pa rte da s expressões novas p ro d u zem apenas m adeira m o rta e

IN T R O D U Ç Ã O

IX

inútil, m as co m o saber antecipadam ente se um a m udança de vocabulário reno­ vará verdadeira e utilm ente os nossos conceitos? D e resto, a extensão d o s conceitos não ê hom ogênea e não acontece n o m es­ m o plano, de m o d o q ue não é su ficiente ju sta p o r sen tid o s. N a lógica, p o r exem ­ p lo , não é fá c il situar, um as em relação às outras, as noções q u e dim anam quer do cálculo fo rm a l, quer do p en sa m en to natural e intuitivo: p o r exem plo, as de silogism o, de dem onstração, etc. E xistem co n texto s diferentes e todavia solidá­ rios, m ais ainda, reconhecem os o equívoco do contexto "clássico”. N o que diz respeito à linguagem filo só fic a contem porânea, o em baraço não é m enor, tendo cada autor a sua term inologia, o u o seu jargão, que aliás nem sem pre são perfeita m en te coerentes. E m m u ito s casos, não existe utilização co­ m u m dos term os. Ora, não se p o d e fa z e r razoavelm ente o Vocabulário d e al­ guns dos escritores m ais conhecidos hoje, não sabendo nós a té que p o n to eles se im porão. F requentem ente, perante a am bigüidade do s textos, m esm o os es­ pecialistas tendem , quando consultados, a não se com prom eter com um a d e fi­ nição fra n ca , que suporia aliás o conhecim ento de u m co n texto geral, e a p r o ­ p o r sim plesm ente um a ou várias fra se s em que o term o fig u ra . M a s é ju sta m e n ­ te para o s com preender que se pretendia um a definição! Deste p o n to de vista, o D ic io n á r io d a lin g u a g e m f ilo s ó fic a de Foulquié e SaintJean trouxe um excelente com p lem en to ao de A n d r é Lalande, e as citações q ue reúne esclarecem fre q u en tem en te pela sua aproxim ação. O m esm o ocorre com o que se refere aos term os de origem escolástica que utilizam p o r vezes autores não teólogos, e p o r vezes em sen tid o s não tradicionais. Q uanto às supressões, o p ro b lem a é delicado. E xceto em raros casos, e no geral tardíam ente, to d o s os com entários ou notas têm o seu interesse e co m p e­ tência, e é m u ito difícil, p o r outro lado, separar as observações m ais célebres, com o as de Lachelier, de Bergson, de B londel, etc., das outras com as quais se articulam e são o eco, m esm o q u a n d o estas são assinadas p o r n o m es que ju sta o u injustam ente fo r a m algo esquecidos. F inalm ente, o co n ju n to destas discus­ sões, num grupo de pensadores que no conjunto é de u m valor excepcional, cons­ titu i um a espécie de testem unho histórico, de im agem de um a sociedade de espí­ ritos que não é fá cil, nem talvez desejável, cortar o u m utilar. A coisa seria m ais fá c il e m ais ju stifica d a para certas intervenções m ais recentes, m as coloca um p eq u en o p roblem a de suscetibilidades individuais e sobretudo, em m uitos ca­ sos, esses com entários, acom panhados de referências evidentem ente episódicas, são instrutivos e sugestivos, m esm o se tornam u m p o u co m ais p esado e desequi­ librado o co n ju n to da obra.

X

IN T R O D U Ç Ã O

É p o r isso q u e esta nova edição se contenta co m p eq u en a s supressões, arran­ jo s , precisões de porm en o r. O S u p le m e n to e o A p ê n d ic e fo r a m reunidos e enri­ quecidos co m u m certo n ú m ero de term o s n o vo s1, anunciados p o r um a remissão para o corpo da obra, na qual serão ulteriormente integrados. N o novo suplemento assim constituído, eliminaram-se certos comentários inúteis ou caducos, corrigiu-se um certo número de artigos. Talvez estes aperfeiçoamentos progressivos sejam pre­ feríveis à renovação completa de um a obra que já demonstrou o seu valor e possui um a significação histórica e com o que orgânica. Problemas menores surgiram. Dever-se-ia, p o r exemplo, mencionar para os no­ vos termos a tradução em Id o , num a época em que a língua artificial internacional não conquistou m uitos f é i s ; dever-se-ia inversamente suprim ir a indicação corres­ pondente ali onde j á estava dada? Tratava-se simultaneamente de um a questão de oportunidade objetiva e de fidelidade ao pensam ento do s iniciadores. Lim itam o-nos a deixar fe ito aquilo que estava fe ito . Resta-nos agradecer calorosamente a Roger Martin, professor da Sorbonne, e a J. Largeaut, pesquisador do C N RS, a quem é devida a maior parte dos melhoramen­ tos feito s ao texto. A ssim se encontra algo rejuvenescida a obra à qual se devotou o nosso velho mestre A ndré Latande, que não poderiamos separar da admirável equipe que, em torno dele e de Xavier Léon, nos deu o exemplo de um esforço comum, paciente e desinteressado, com vista à dupla exatidão da linguagem e do pensamento.

 E Çé

P ë 2

«E 2

M e m b ro d o In s titu to , P ro fe sso r n a S o rb o n n e

1. E isa lista: Anam nese, antepredicativo, apofático, catégorial, cogita tiva, conatural, construtividade, contuição, dóxico, dulia, ek-stase, elícito, emptria, em si-para si, englobantes, ente-existente, entilativo, epoché, estimativa, estocástico, existencial, extríncesismo, feedback, form alizar, fu n cio ­ nalismo, futurível, gnosia, hormê, hylê, idiologia, idoneísmo, informação, insight, isom orfismo, kerigma, latría, monismo, material, narcisismo, noema, pattern, performativo, poligénese, praxia, pra­ xis, pré-reflexivo, processo, projetivo, simetría, stress, tipología, tuliorísmo, válido (num segundo sentido).

PREFÁCIO À S E D IÇ Õ E S P R E C E D E N T E S

O

Vocabulário d a S o c ie d a d e F r a n c e s a d e F il o s o f i a é u m c u r io s o e x e m p lo d a ­

q u ilo a q u e se p o d e c h a m a r a h e te r o g o n ia d o s f in s . O o b j e t i v o o r ig in a l d e s te t r a b a l h o e s ta v a m u i t o e s tr ita m e n te d e t e r m i n a d o , c o m o se p o d e v e r p e lo a r tig o “ A lin g u a g e m f ilo s ó f ic a e a u n id a d e d a f i l o s o f i a ” , n a R evu e d e m étaphysique

et d e m orale d e s e te m b r o d e 1 8 9 8 , p e la s “ P r o p o s iç õ e s s o b r e o u s o d e c e r to s t e r ­ m o s f il o s ó f i c o s ” (Bulletin de la Société , s e s s ã o d e 23 d e m a io d e 1901) e p e la d is c u s s ã o n a s e s s ã o d e 29 d e m a io d e 1 9 0 2 . T r a t a v a - s e d e p ô r o s f iló s o f o s d e a c o r d o — t a n t o q u a n t o p o s s ív e l — a c e r c a d a q u i l o q u e e n te n d i a m p e la s p a la v r a s q u e u tiliz a v a m , p e lo m e n o s o s f iló s o f o s d e p r o f is s ã o : p r im e ir a m e n te , p o r q u e t o ­ d o v e r d a d e ir o a c o r d o — q u e r d iz e r , a q u e le q u e n ã o é o e f e ito d e u m a s u g e s tã o , d e u m a m a q u i n a ç ã o o u d e u m c o n s t r a n g i m e n t o a u t o r i t á r i o — é m e lh o r e m si d o q u e a s d is c o r d â n c ia s o u o s e q u ív o c o s ; d e p o is , p o r q u e a s s u a s c o n tr a d iç õ e s , te m a t r a d i c i o n a l d e b r in c a d e ir a s , s ã o e m g r a n d e p a r t e v e r b a is e f r e q ü e n te m e n te p o d e m s e r r e s o lv id a s d e s d e q u e n o s e m p e n h e m o s n is s o . E r a e s s a a o p i n i ã o d e D e s c a r te s : “ S i d e v e r b o r u m s ig n if ic a tio n e in te r P h ilo s o p h o s s e m p e r c o n v e n ir e t” , d iz ia , “ f e r e o m n e s i llo r u m c o n tr o v e r s ia e t o l l e n t u r . ” 1 “ O m a is d a s v e z e s é s o ­ b r e a s p a l a v r a s q u e o s f il ó s o f o s d i s p u t a m ” , e s c r e v ia n a s u a e s te ir a G a s s e n d i, “ q u a n t o a o f u n d o d a s c o is a s , h á , p e lo c o n t r á r i o , u m a g r a n d e h a r m o n i a e n t r e a s te s e s m a is i m p o r t a n t e s e m a is c é le b r e s .” 12 “ S in to - m e t e n t a d o a c r e r ” , d iz ia L o c k e , r e s u m id o p o r L e ib n iz , “ q u e , s e e x a m in á s s e m o s a f u n d o a s im p e r f e iç õ e s d a lin g u a g e m , a m a i o r p a r t e d a s d is p u ta s c a ir ia m p o r si m e s m a s e q u e o c a m i­ n h o d o c o n h e c im e n to , e ta lv e z o d a p a z , f ic a r ia m a is a b e r t o p a r a o s h o m e n s .” “ C r e io a t é ” , a c r e s c e n ta v a T e ó f il o , “ q u e is s o p o d e r i a s e r a lc a n ç a d o s e a p a r t i r d e s te m o m e n t o n a s d is c u s s õ e s p o r e s c r ito o s h o m e n s q u is e s s e m c o n c o r d a r s o -

1. “ Sc sem pre se pusessem de a c o rd a , o s F iló so fo s e n tre si, a c e rc a d o s e n tid o d a s p a la v ra s, q u ase to d a s as suas c o n tro v é rsia s se d e s v a n e c e ria m .” Regulae, X II, 5. 2. C a rta a G o liu s, 1630.

P R E F Á C IO

X II

b r e c e r ta s r e g r a s , e a s e x e c u ta s s e m c o m c u i d a d o . ” 1 S e r ia f á c il m u l t i p l i c a r o s te s t e m u n h o s d e s t a e x p e r iê n c ia e m e s m o n o s n o s s o s d ia s te m o s d is s o m u ito s e x e m p lo s 1 2. M a s a n a t u r e z a h u m a n a t a m b é m é f e i t a d e u m a c e r t a im p a c iê n c ia r e la tiv a à o r d e m e à s im ilitu d e — im p a c iê n c ia m u i t o le g ítim a , c o r a j o s a a t é , q u a n d o se t r a t a d e n o s d e f e n d e r m o s c o n t r a u m c o n f o r m i s m o i m p o s t o , o u c o n t r a a a c e ita ­ ç ã o p a s s iv a d o q u e s e r e p e te s e m c r ític a — ; d e s a s t r o s a q u a n d o s e t r a t a d e u m g o s to p e la c o n t r a d i ç ã o e d e a m o r - p r ó p r i o , m e s m o a t é d e i m p e r i a l i s m o . 4‘O e s ­ t a d o d a m o r a l i d a d e c i e n t íf ic a ” , e s c r e v ia R e n o u v ie r , “ n ã o m e p a r e c e s u f ic ie n te ­ m e n te a v a n ç a d o e n tr e o s f il ó s o f o s p a r a q u e eles p o s s a m u tilm e n te d e lib e r a r e m c o m u m , a f i m d e f ix a r a n o m e n c l a t u r a m a is p r ó p r i a d e m o d o a im p e d ir q u e o s s e u s d e b a te s d e s c a m b e m e d e m o d o a t o r n a r a s s u a s d o u t r i n a s m u t u a m e n t e c o ­ m u n ic á v e is ... O s te r m o s m a is i m p o r t a n t e s s ã o d e d o m ín io p ú b lic o e c a d a u m r e iv in d ic a o s e u b e n e f íc io c o m o d ir e ito d e lh e d a r o se u ‘v e r d a d e i r o ’ s e n ti d o , q u e o u t r o s e s t i m a r ã o f a l s o . . . N in g u é m e s t á d is p o s to a f a z e r o s s a c r if íc io s e x ig i­ d o s p e la im p a r c i a l i d a d e d a li n g u a g e m .” N ó s f iz e m o s a lg u n s p r o g r e s s o s . R e u n i­ m o s C o n g r e s s o s d e F il o s o f i a c o n s id e r a d o s ir r e a liz á v e is : m a s n ã o p o d e r e m o s d i­ z e r q u e e s t a “ m o r a l i d a d e ” t e n h a n it i d a m e n t e d e s p e r t a d o . É t ã o t e n t a d o r a t r i ­ b u i r à s p a l a v r a s , c o m t e n a c id a d e , o s e n tid o q u e lh e s a t r i b u í m o s p r im e ir a m e n te p o r a lg u m e n g a n o a c id e n ta l, o u m e s m o q u e n o s te n h a m o s c o m p r a z id o e m lh e s c o n f e r ir p o r a u to r id a d e , s o b p r e te x to d e q u e “ s o m o s e fe tiv a m e n te liv re s d e a d o ta r a s d e f in iç õ e s q u e q u i s e r m o s ! ” . P o d e m o s m e s m o p e r g u n t a r - n o s se a e x is tê n c ia d e u m e s f o r ç o c o m u m p a r a f i x a r e a d o t a r u m u s o b e m d e f in id o d o s t e r m o s n ã o e s ti m u la r á c e r to s e s p ír ito s e n ã o e x c it a r á n e le s o g o s to d e lh e s d a r m a lic io s a m e n te u m o u t r o s e n ti d o , d e d e f e n d ê - lo e a t é d e d iv u lg á - lo , O e x c e le n te ló g ic o C h . L . D o d g s o n (m a is c o n h e ­ c id o s o b o p s e u d ô n im o d e L e w is C a r r o l l , e c o m o a u t o r d e A lic e n o País das

M aravilhas ) im a g in a n u m a d a s s u a s o b r a s u m a c o n v e r s a e n tr e a s u a h e r o ín a e o ira s c ív e l H u m p t y D u m p ty ; “ Q u a n d o u tiliz o u m a p a l a v r a ” , d iz o g n o m o n u m t o m m u ito a ltiv o , “ e la s ig n if ic a p r e c is a m e n te a q u ilo q u e eu q u e r o q u e e la s ig n i­ f iq u e . N a d a m a is , n a d a m e n o s . ” “ O p r o b l e m a ” , r e s p o n d e A lic e , “ e s tá e m s a ­ b e r se é p o s s ív e l f a z e r q u e u m a p a l a v r a s ig n if iq u e m o n te s d e c o is a s d i f e r e n t e s .” “ O p r o b l e m a ” , r e p lic a H u m p t y D u m p ty , “ e s t á e m s a b e r q u e m é q u e m a n d a . P o n t o f in a l, é t u d o . ” 3 A d le r c a p to u m u ito p ro v a v e lm e n te u m a v is ã o m u ito m a is p e n e t r a n t e d o s c o m p le x o s h u m a n o s d o q u e F r e u d . R e c o r d o - m e q u e u m c ie n tis ta d e g r a n d e m é r ito , e m u ito p a r is ie n s e , m e d iz ia h á u n s q u a r e n t a a n o s : “ E u , q u a n d o v e jo e m a lg u m lu g a r P roibida a entrada,

1. Ensaio e N ovos ensaios, I I I , IX , 19. 2. V er c o n sta ta ç õ e s s e m e lh a n te s em BE 2 3 E Â E à , Hylas e Filonous, D iálogo II; em D’A Â E Oζ E 2 I , Discurso preliminar, § 50; ST7 Ãú E Ç7 τ Z E 2 , K ritik der kantischen Philosophic, O rise b ach , 659; RosM i N i , “ L e tte ra su lla lin g u a filo s ó fic a ” , em Introduzione alia filo so fia , 404; etc. 3. Through the Looking Glass, C o llin ’s C lassics, 246.

P R E F Á C IO

X III

é p r e c is a m e n te p o r a li q u e e n t r o , ” É v e r d a d e q u e s e t r a t a d e p e q u e n a s c o is a s d a v id a ; e le t i n h a o c u id a d o d e n ã o a p l i c a r e s t a m á x im a à c iê n c ia q u e p r o f e s s a v a e n a q u a l e r a u m m e s tr e : u m d o s s e u s e s tu d a n te s s e r ia m u ito m a l r e c e b id o se d is s e s s e “ p e s o ” e m v e z d e “ d e n s i d a d e ” o u “ f o r ç a ” e m v e z d e “ e n e r g ia ” . O s f il ó s o f o s c o m a m e s m a f e iç ã o d e e s p ír ito s ã o f r e q ü e n te m e n te m e n o s p r u d e n te s : e n ã o e m p r o v e ito d a s u a b o a r e p u t a ç ã o n o c ír c u lo d o s t r a b a l h a d o r e s in te le c tu a is . M a s , q u a n d o s e p e n s a d e u m a m a n e i r a o r ig i n a l, s e r á ta m b é m n e c e s s á r io f a ­ z e r p a r a si u m a lin g u a g e m ? N a d a m a is c o n te s tá v e l. “ E n t r e m u ito s d e n ó s ” , d i ­ z ia W . J a m e s , “ a o r ig i n a lid a d e é t ã o p r o f í c u a q u e j á n in g u é m n o s p o d e c o m ­ p r e e n d e r . V e r a s c o is a s d e u m m o d o t e r r iv e lm e n te p a r t i c u l a r n ã o é u m a g r a n d e r a r i d a d e . O q u e é r a r o é q u e a e s ta v is ã o in d iv id u a l s e s o m e u m a g r a n d e lu c id e z d e e s p ír ito e u m a p o s s e e x c e p c io n a l d e to d o s o s m e io s c lá s s ic o s d e e x p r im ir o p e n s a m e n t o . O s r e c u r s o s d e B e r g s o n e m m a t é r i a d e e r u d iç ã o s ã o n o tá v e is e , e m m a t é r i a d e e x p r e s s ã o , s im p le s m e n te m a r a v i l h o s o s . ” 1 Q u a n d o se d iz d e u m e s p í r i t o q u e e le é o r ig i n a l, e n te n d e m o s , c o n f o r m e o s c a s o s , d u a s c o is a s t o t a l m e n t e d if e r e n te s : u m a é u m a q u a l i d a d e p r ó x i m a d o g ê ­ n i o ; a o u t r a , u m d e f e ito d e e s p ír ito q u e t o c a a s r a ia s d a to lic e . P e l a p r i m e i r a in v e n ta m - s e f o r m a s d e a r t e o u d e a ç ã o n o v a s , p e r c e b e m o s e m p r im e ir o lu g a r a s v e r d a d e s a i n d a d e s c o n h e c id a s , m a s q u e e n c o n t r a r ã o m a is c e d o o u m a is t a r d e u m e c o , s e m in te r e s s e in d iv id u a l e s e m v io lê n c ia , a tr a v é s d e v á r ia s g e r a ç õ e s , o u m e s m o q u e p e r m a n e c e r ã o a d q u i r i d a s e n q u a n t o h o u v e r h e r a n ç a s o c ia l. F o i d e s ­ se t i p o a o r ig i n a lid a d e d e S ó c r a te s a o d e s c o b r ir a a n á lis e d o s c o n c e ito s m o r a is ; d e N e w to n a o f o r m u l a r a le i d a g r a v ita ç ã o ; d e W a g n e r a m p l i a n d o a s r e g r a s d a h a r m o n i a . P e l a s e g u n d a , d if e r e n c ia m o - n o s d a m e s m a f o r m a d a m a s s a n o m e io d a q u a l v iv e m o s ; m a s p o r d iv e r g ê n c ia s s e m v a lo r , o u m e s m o d e v a l o r n e g a tiv o . S in g u l a r iz a m o - n o s , f a z e m o - n o s n o t a r , m a s n ã o tr a z e m o s n a d a a o d e s e n v o lv i­ m e n to d o s c o n h e c im e n to s , d a r iq u e z a e s té tic a o u d a p e r s o n a lid a d e h u m a n a . F r e ­ q ü e n te m e n te a t é é e m s e u d e t r i m e n t o q u e n o s t o m a m o s v e d e te s . D e s te tip o d e o r ig i n a lid a d e é m a is d ifíc il c i t a r g r a n d e s e x e m p lo s : p o r q u e e m g e r a l d e s a p a r e c e s e m d e ix a r r a s t r o . P r e c is a m o s p e n s a r e m in d iv íd u o s q u e n ó s m e s m o s c o n h e c e ­ m o s . P o d e m o s , c o n t u d o , r e c o r d a r u m E r ó s t a t o , u m C a líg u la ; p o d e r ía m o s j u n ­ t a r a í a o r ig i n a lid a d e d o s c o n q u i s t a d o r e s g lo r io s o s o u a d o s c r im in o s o s c é le b re s ; n a l i t e r a t u r a , o s o b s c u r is ta s d a d e c a d ê n c ia l a t i n a , o u o g o n g o r is m o ; e m m o r a l, a d o u t r i n a d e G ó r g ia s , o u a d o s I r m ã o s d o L iv r e - E s p ír ito . E le v a r - s e a c im a d a

razão constituída, ta l c o m o e la e x is te n o m e io e n a é p o c a e m q u e v iv e m o s , m o d if ic á -la e m n o m e e n o s e n tid o d a razão constituinte ; o u , p e lo c o n tr á r io , d e sc e r a b a ix o d a s n o r m a s a c ^ u ir id a s , a f a s ta r - s e p o r p e rv e rs ã o o u p o r e s n o b is m o , é ig u a l­ m e n te d if e r e n c ia r - s e . M a s u n s s e p a r a m - s e c o m o l u m in á r ia s p a r a a b r i r c a m in h o ; o s o u t r o s p e r d e m - s e o u v o lta m p a r a tr á s .

1. A Pluralistic Universe, 226-227.

X IV

P R E F Á C IO

U m a e o u t r a f o r m a d e a lte r i d a d e p o d e m e n c o n tr a r - s e n a f o r m a ç ã o e u t iliz a ­ ç ã o d a lin g u a g e m f ilo s ó f ic a . S o lid ific á - la , a u m e n t a r o s e u v a lo r in te r m e n ta l e r a , p o is , o o b j e t o p r im itiv o d a p r e s e n te o b r a . M a s lo g o se lh e e n x e r to u u m a f u n ç ã o e m q u e d e in íc io n ã o p e n ­ s a m o s e q u e p o u c o a p o u c o fo i t o m a n d o lu g a r p r im o r d ia l. O e s tu d o c rític o d a lin ­ g u a g e m f ilo s ó f ic a p r o v o u s e r m u i t o ú til a o s e s tu d a n te s , a o s jo v e n s p r o f e s s o r e s , a o s le ito re s d iv e r s o s q u e se p r e o c u p a m c o m q u e s tõ e s d e s te te o r . M u ita s v ezes, h a ­ v ia d if ic u ld a d e e m d e s c o b r ir o s e n tid o e x a to d o s te r m o s tr a d ic io n a is , a s s u a s v a r ie ­ d a d e s , o u e r r a v a - s e a o c r e r c o m p re e n d ê -lo s * O Vocabulário c o m e ç a d o te n d o e m v is ta o t e m a s e r v iu s o b r e tu d o à v e r s ã o . D o m e s m o m o d o , d e s d e a p u b lic a ç ã o d o s p r im e ir o s fa s c íc u lo s , o s le ito re s f o r a m r e c la m a n d o e x p lic ita ç õ e s c a d a v e z m a is p o r ­ m e n o r iz a d a s , f r e q ü e n te m e n te in f o r m a ç õ e s h is tó r ic a s , b ib lio g r á f ic a s , e n c ic lo p é d i­ c a s , q u e o s in ic ia d o r e s d e s te t r a b a l h o n ã o tin h a m tid o a in te n ç ã o d e in tr o d u z ir . P o r q u e se q u is é s s e m o s f a z e r , a s s im c o m o J . M . B τ

 á ç

«Ç

, “ u m D ic io n á r io p a r a

o s f il ó s o f o s ” h a v e r ia n e c e s s id a d e d e a í i n s e r ir , c o m o e le , tá b u a s a n a tô m ic a s q u e r e p r e s e n ta s s e m o s ó r g ã o s d o s s e n tid o s , a b io g r a f ia d o s f iló s o f o s c o n h e c id o s , u m r e s u m o d a s u a d o u tr i n a , a c r e s c e n ta r - lh e u m a e x p o s iç ã o d a s h ip ó te s e s s o b r e a c o n s ­ titu iç ã o d o á t o m o , o u d a s c rític a s m o d e r n a s d o t r a n s f o r m is m o . T a lv e z te n h a m o s s e g u id o e m d e m a s ia e s te im p u ls o , e s o b r e tu d o d e u m a m a n e i r a d e s ig u a l, c o n s o a n ­ te o s m e m b r o s o u o s c o r r e s p o n d e n te s d a s o c ie d a d e n o s r e m e tia m e s ta o u a q u e la in f o r m a ç ã o e n o s c o m p r o m e tia m a p u b lic á - la s . D e v ía m o s a té , e c a d a v e z m a is , u ltr a p a s s a r esse s o b je tiv o s , a o m e s m o te m p o p a r a e v ita r g r a n d e s d is p a r id a d e s e p a r a e v ita r q u e e s ta o u a q u e la in d ic a ç ã o d o c u m e n t á r i a n o s f o s s e r e c la m a d a n a s p r o v a s . M a s r e c e b e m o s t a n t a s v ezes a g r a d e c im e n to s p o r isso d a p a r t e d e n o s s o s le ito re s q u e se d o p o n to d e v is ta e s té tic o s o f r e m o s u m p o u c o d e f a l t a d e e q u ilíb r io n ã o n o s p o d e m o s a r r e p e n d e r d e o h a v e r a c e ito . F o t ig u a lm e n te p o r in s is tê n c ia d e v á r io s m e m b r o s d a S o c ie d a d e q u e i n d i c a ­ m o s s u m a r ia m e n te , a o l a d o d e c a d a te r m o f r a n c ê s , o s e q u iv a le n te s e s tr a n g e ir o s c o r r e s p o n d e n te s — m a is o u m e n o s a p r o x i m a t i v a m e n t e — à s s u a s d iv e r s a s a c e p ­ ç õ e s . C o m o s u b lin h a m o s d e s d e o i n íc io , a i n d ic a ç ã o d e s s e s e q u iv a le n te s n ã o p o ­ d i a s e r c o m p le ta ; e c e r to s c r ític o s q u e a p o n t a r a m s e v e r a m e n te e s s a s in c o m p le tu d e s , s e m t e r e m c o n t a a s n o s s a s r e s e r v a s , f iz e r a m - n o s l a m e n t a r n ã o te r r e c u s a d o r a d ic a lm e n te e n t r a r n e s s e c a m i n h o e n ã o te r m o s f i c a d o , c o m o o a n u n ­ c ia v a a n o s s a a d v e r tê n c ia in ic ia l, q u e r n o s te r m o s p e d id o s a u m a l í n g u a e s t r a n ­ g e ir a , q u e r n o s te r m o s j á in t e r n a c i o n a i s , q u e r n a q u e le s c u ja e q u iv a lê n c ia e s t á u n iv e r s a lm e n te e s ta b e le c id a p e lo u s o d a s tr a d u ç õ e s e d o e n s in o , c o m o M in d p a ­ r a E s p í r i t o o u V ern u n ft p a r a R a z ã o . M a s q u e m é q u e lê a s A d vertên cia s ? É b e m e v id e n te q u e n ã o p o d e r ía m o s a s p i r a r a f a z e r , s o z in h o s , u m v o c a b u l á r i o f r a n c o ita lia n o - a n g lo - a le m ã o . A p e n a s p u d e m o s e s b o ç a r u m t r a b a l h o i n te r n a c i o n a l d e c r itic a s e m â n tic a p a r a o q u a l j á c o n v id a m o s o s f iló s o f o s d o s o u t r o s p a ís e s 1. A

I. C o n g resso In te rn a c io n a l d e 1900, C om ptes rendus du Congrès , I. 277.

P R E F A C IO

XV

m e s m a r a z ã o n o s le v o u a d e c id ir m o - n o s a s u p r im ir o s ín d ic e s d e te r m o s e s t r a n ­ g e ir o s q u e o e d ito r t i n h a a c r e s c e n ta d o n a s e g u n d a e d iç ã o e q u e d e r a m lu g a r a m a l- e n te n d id o s , n ã o o b s ta n t e a s p r e c a u ç õ e s e r e s e r v a s , d e m o d o q u e n o s p a r e ­ c e u p r e f e r ív e l c o r t a r o m a l p e la r a iz . N ã o p r e te n d e m o s , c o m e s ta o b r a , d a r definições construtivas , c o m o a s d e u m s is te m a h ip o té tic o - d e d u tiv o , m a s definições sem ânticas, p r ó p r i a s p a r a e s ­ c la r e c e r o s e n ti d o , o u o s d if e r e n te s s e n tid o s d e u m te r m o e a f a s t a r t a n t o q u a n t o p o s s ív e l o s e r r o s , a s c o n f u s õ e s o u o s s o f is m a s . T a n t o n e s te c o m o e m o u tr o s c a ­ so s n ã o p o d e m o s p a r t i r d o n a d a ; q u a n d o a ta l se p r e te n d e , a c a b a m o s a p e n a s p o r n ã o te r c o n s c iê n c ia d a q u ilo q u e se p a r te . A f ilo s o f ia sem p r e s s u p o s to s é u m a d a s f o r m a s d a q u ilo a q u e S c h o p e n h a u e r c h a m a v a , e n ã o sem r a z ã o , o c h a r l a t a ­ n is m o f ilo s ó f ic o . P o r m a is f o r t e r a z ã o o o b je tiv o d e u m t r a b a l h o d e s te g ê n e r o n ã o é c r ia r ex nihilo o s e n tid o d a s p a la v r a s , n e m s e q u e r c o n s ti tu ir d e c is o r ia m e n ­ te u m j o g o d e te r m o s d o s q u a is u m c e r to n ú m e r o s e r ia m a d o t a d o s c o m o in d e f i­ n ív e is e o s o u t r o s c o n s tr u íd o s a p a r t i r d e s te s . N ã o d e v e m o s , p o is , t r a t a r e s s a s d e f in iç õ e s c o m o se fo s s e m p r in c íp io s f o r m a is s o b r e o s q u a is te r ía m o s o d ir e ito d e r a c io c in a r m a te m a ti c a m e n te , m a s c o m o e x p lic a ç õ e s e m q u e se p o d e m e n c o n ­ t r a r r e p e tiç õ e s d e p a la v r a s q u a n d o e s ta s n ã o f a z e m c o r r e r o r is c o d e d e ix a r o e s p ir ito n a in d e te r m in a ç ã o . R espice fin e m , g o s ta v a L e ib n iz d e d iz e r : o fim , a q u i, n ã o é o d e m a n e i r a n e n h u m a c o n s ti tu ir u m a a x io m á tic a , m a s o d e f a z e r c o n h e ­ c e r r e a lid a d e s lin g ü ís tic a s e p r e v e n ir m a l- e n te n d id o s . U m a o u t r a ilu s ã o m a n if e s t o u - s e n o d e c u r s o d a s d is c u s s õ e s q u e p r e p a r a r a m a c o n s ti tu iç ã o d e s te Vocabulário. E s t á lig a d a , t a m b é m , a o d e s c o n h e c im e n to d a s e m â n tic a : p o r q u e a s v e r d a d e s d e s ta o r d e m e s tã o a i n d a lo n g e d e s e r i n c o r p o r a ­ d a s , c o m o a s d a fís ic a e le m e n ta r , à m e n ta lid a d e c o r r e n te d o s f iló s o f o s . É a c re n ç a n a t u r a l d e q u e e x is te u m a c o r r e s p o n d ê n c ia r e g u la r e n tr e a s p a la v r a s e as c o is a s , e p r in c ip a lm e n te d e q u e c a d a p a l a v r a , se p o s s u i v á r ia s a c e p ç õ e s , s e m p r e p o s s u i p e lo m e n o s u m s e n tid o c e n t r a l , g e n é r ic o , d e q u e o s o u tr o s s e r ia m a p e n a s a p lic a ­ ç õ e s p a r t i c u l a r e s , u m s e n tid o p r iv ile g ia d o , q u e a c r ític a f il o s ó f ic a d e v e e n c o n ­ t r a r . E n c o n t r a m o s a í u m a c o n f i a n ç a n a s a b e d o r ia d a lin g u a g e m q u e f a z le m ­ b r a r a d o C rátilo — s e o C rátifo n ã o f o r u m r o s á r i o d e g r a c e jo s ir ô n ic o s , à m a ­ n e ir a d a s p a r ó d ia s d o B anquete. V e re m o s e m m u ita s d a s “ O b s e r v a ç õ e s ” a p r o ­ c u r a d e s s a u n id a d e s e c r e ta q u e j u s t i f i c a r i a p a r a a r a z ã o o s m a is d iv e rs o s e m p r e ­ g o s d e u m a m e s m a p a l a v r a 1. É c e r to q u e a u n iv o c id a d e é u m id e a l p a r a o q u a l te n d e a lin g u a g e m e s p o n ta ­ n e a m e n te , a in d a q u e d e u m a m a n e i r a m u ito ir r e g u la r ; e e x is te u m a g r a n d e t e n ­ ta ç ã o , em t o d a s a s m a té r ia s , d e a f i r m a r c o m o u m f a t o a q u ilo c u j o v a lo r n o r -

1. V er a$ observações so b re A m or, Lei , Natureza, Obrigação, Signo, Universalidade , etc.; A ug u ste C o m te , a p e sa r d a p ro fu n d id a d e d o seu e sp írito , fez m ais de u m a vez a ap o lo g ia dos “ a d m irá ­ veis eq u ív o c o s” , d a s “ felizes a m b ig ü id a d e s” q u e c e rto s te rm o s a p re se n ta m (Catecismo positivista, 2? co n v e rsa; Polít. posit., I, 108, etc.).

XVI

P R E F Á C IO

m a íiv o s e n tim o s f o r te m e n te : “ T o d o s o s h o m e n s nascem liv r e s , e ig u a is e m d i­ r e i t o s . ” M a s in f e liz m e n te e s ta m o s lo n g e d is s o , t a n t o e m lin g ü ís tic a c o m o e m p o lític a ; e a te n d ê n c ia , p o r m a is re a l q u e s e ja , é c o n t r a r i a d a p o r m u ito s a c id e n ­ te s . B a s ta a b r i r o E nsaio de sem ântica d e B r é a l, o u a Linguagem d e V e n d ry e s p a r a s a b e r q u e a s p a l a v r a s m u d a m d e s e n ti d o a t r a v é s d e d e s v io s m u i t o d iv e r s if i­ c a d o s ; m u ita s v e z e s , é v e r d a d e , p o r e s p e c if ic a ç ã o , m a s a lg u m a s v e z e s ta m b é m p o r a p r o x im a ç õ e s s u c e s s iv a s , o u p o r ir r a d i a ç ã o à v o l t a d e v á r io s c e n tr o s s u c e s ­ s iv o s ; a lg u m a s v e z e s a té , d e v id o a d e s c u id o s c a u s a d o s p e la s u a L a u tb iid , o u à s u a s e m e lh a n ç a c o m u m a p a l a v r a s e m e lh a n te . S e r ia a b s u r d o p r o c u r a r q u a l é o “ v e r d a d e i r o ” s e n ti d o d e cesto {panier ): p r i m e i r o , c a b a z p a r a p ã o ; d e p o is , q u a l ­ q u e r r e c ip ie n te d e v im e ; d e p o is , u te n s ílio a n á l o g o , m e s m o q u e e m f io d e f e r r o ; d e p o is , s u p o r t e d e b a r b a d e b a le ia p a r a a s s a ia s {panier ); e m a is t a r d e s im p le s o r n a m e n t o d e te c id o s s o b r e e s ta s , s e m f a l a r d a c a ix a d e m a d e i r a s u s p e n s a s o b a s c a m i n h o n e te s {panier ) . E q u a l é o “ s e n ti d o f o r t e ” d e bureau, p a n o d e b u r e l, m e s a p a r a e s c r e v e r , u n id a d e a d m i n i s t r a t i v a , p e s s o a l q u e o o c u p a , e s ta d o - m a io r d e u m a s o c ie d a d e ? P o r m a is la m e n tá v e l q u e s e ja , p a s s a - s e o m e s m o c o m o s te r m o s f ilo s ó f ic o s : e le s s ã o ta m b é m f r e q ü e n te m e n te d e s lo c a d o s a o a c a s o d e a c id e n te s h is tó r ic o s , a i n d a q u e m a is s u tis . O b jetivo é t o m a d o c o r r e n te m e n te , n o s n o s s o s d ia s , p a r a d e s ig n a r p r e c is a m e n te o in v e r s o d a q u i l o q u e r e p r e s e n ta v a p a r a D e s c a r te s ; e o s e u u s o m a is r e c o m e n d á v e l d if e r e s im u lta n e a m e n te d e u m e d e o u t r o . A n o m a lia t o m o u , p o r c o n tr a - s e n s o , o v a lo r d e c a r a c te r ís tic a o u d e f a t o a n o rm a l : n ã o s e ­ r í a m o s m a is c o m p r e e n d id o s se lh e a tr ib u ís s e m o s o s e u s e n ti d o e tim o ló g ic o 1. O

f i m , lim ite , c e s s a ç ã o o u m o r t e , e s tá m u i t o lo n g e d o f i m e n q u a n t o m e ta : s a b e ­ m o s p o r q u ê , m a s a t r a n s f o r m a ç ã o n ã o é p o r is s o m e n o s c a p c io s a . A s id é ia s d e w íf y ç ü o - c o n je c tu r a e indução- p a s s a g e m p a r a u m n ív e l s u p e r io r d e g e n e r a li­ d a d e u n e m - s e o u s e p a r a m - s e c o n f o r m e a s c ir c u n s tâ n c ia s e m p r o v e ito d o s m a l ­ e n te n d i d o s e d a s d is c u s s õ e s in ú te is . E é p o r is s o q u e é in ú til p r o c u r a r c o m o D e s ­ c a r te s u m a d e f in iç ã o d ita g e r a l d o a m o r , q u e p o s s a j u s t i f i c a r a o m e s m o te m p o a e x p r e s s ã o o am or à hum anidade e a e x p r e s s ã o fa z e r am or. O s s e n tid o s d e u m a p a l a v r a n ã o s ã o o s v a lo r e s d e u m a v a r iá v e l i n d e te r m in a ­ d a d a q u a l p o d e r ía m o s d is p o r à n o s s a v o n ta d e . É u m a r e a lid a d e q u e , p o r n ã o s e r m a te r ia l n o s e n ti d o p r e c is o d o t e r m o , n ã o p o s s u i p o r isso m e n o s a c o n s is tê n ­ c ia , p o r v e ze s m u i t o d u r a , q u e c e r to s f a to s s o c ia is a p r e s e n ta m . A s p a la v r a s s ã o c o is a s e c o is a s m u i t o a tiv a s ; e s tã o “ e m n ó s s e m n ó s ” : p o s s u e m u m a e x is tê n c ia e u m a n a tu r e z a q u e n ã o d e p e n d e d a n o s s a v o n t a d e , p r o p r ie d a d e s o c u lta s a té d a ­ q u e le s q u e a s p r o n u n c i a m o u a s c o m p r e e n d e m . P e n s e - s e n u m h a lo d e e v o c a ­

í . E , p o r sin g u la r p a ra d o x o , a p a la v ra etimologia q u e ria d izer, “ etim o lo g ic a m e n te ” , n ã o sen iid o o rig in a l, m as v e rd a d e iro se n tid o , sen tid o a u tê n tic o .

P R E F Á C IO

XVII

ç õ e s , o r a in te n s a s , o r a d if ic ilm e n te c o n s c ie n te s , q u e a h i s tó r ia d e c a d a p a l a v r a , m e s m o d e s c o n h e c id a , f a z v i b r a r f r e q ü e n te m e n te e m t o r n o d e la . E x is te m p a l a ­ v r a s n o b r e s , c o m o idealismo; in g ê n u a s , c o m o progresso; d is tin ta s , c o m o dialé­

tica; im p o n e n te s , c o m o mediação; f o r a d e m o d a , c o m o virtude. A o g o v e r n o d e a lg u n s , d iz ia j á A r is tó te le s , c h a m a m o s aristocracia q u a n d o se p e n s a q u e a q u e ­ le s u tiliz a m o p o d e r p a r a o b e m p ú b lic o ; oligarquia q u a n d o s ã o a c u s a d o s d e o u s a r a p e n a s e m s e u p r o v e ito . E s t a c o n o t a ç ã o m u d a s e m d ú v id a d e u m a é p o c a p a r a a o u t r a : te s t e m u n h a - o o tít u l o e n g r a ç a d o e j u s t i f i c a d o d e E r n e s t S e illiè re ,

D a D eusa N atureza à D eusa Vida. M a s , e n q u a n t o p e r m a n e c e r , n a d a d e m a is c ô m o d o p a r a b a t a l h a r e p a r a d a r o a r d e te r o s e n s o c o m u m d o s e u l a d o . A s s im , p r o c u r a c a d a u m a p o d e r a r - s e d a s p a la v r a s c o m o v e n te s , o u s im p á tic a s , o u e m m o d a , d a q u e la s q u e p o s s u e m u m r e f le x o d e p r o f u n d e z a o u a u t o r i d a d e . E s f o r ç a r - s e p o r c o n d u z ir o s s u b e n te n d id o s d e s te g ê n e r o à p le n a c o n s c iê n c ia é a ú n ic a c a ta r s e q u e p o d e c o m b a t e r a r e s is tê n c ia q u e e le s o p õ e m à v e r d a d e . S ó c a ím o s c o m p le ta m e n te n o v e r b a lis m o q u a n d o p e n s a m o s n ã o n o s o c u p a r m o s d a s p a la v r a s e m o v e r m o - n o s a p e n a s im a te r ia lm e n te n o p e n s a m e n to p u r o . O ú n ic o m e io d e n ã o s e r s u a v ítim a é a s t o m a r m o s sem f a ls a d e lic a d e z a c o m o o b je to im e ­ d i a t o d a s u a in v e s tig a ç ã o e d a s u a c r ític a . M a s é p r e c is o n ã o e s q u e c e r q u e , se e s ta p r e c a u ç ã o é f u n d a m e n t a l , n ã o é a ú n ic a a s e r t o m a d a . U m a o u t r a v e r d a d e p o s t a a c l a r o p e la lin g ü ís tic a é q u e a lin g u a g e m n ã o se c o m p õ e d e p a l a v r a s , m a s d e f r a s e s . A s in ta x e f il o s ó f ic a e x ig i­ r i a , p o is , n ã o m e n o s v ig ilâ n c ia d o q u e o v o c a b u lá r io : m a s e s ta c r ític a , a t é h o je , f o i p r a t i c a d a a p e n a s d e f o r m a m u i t o a c id e n ta l. P o r e x e m p lo , u m d o s p e c a d o s u s u a is d o s f i l ó s o f o s é o p s e u d o - r a c io c ín io c u ja p a r ó d i a p o d e m o s e n c o n t r a r n o s o r ite d e C y r a n o , c la r a m e n te c ô m i c o 1: “ P o r a í s e v ê . . . D a í r e s u l t a q u e . . . S o ­ m o s a s s im c o n d u z id o s a a d m i t i r . . . ” c o n d u z e m - n o s s u a v e m e n te a p r e te n s a s c o n s e q ü ê n c ia s q u e n ã o se a p o i a m e m n e n h u m a n e c e s s id a d e . G r a n d e s e s p ír ito s n ã o e s c a p a r a m d e t a l s o r te . P o r v e z e s d e i a o s e s t u d a n t e s , c o m o e x e r c íc io d e ló g ic a , p e g a r u m a p r o p o s i ç ã o d o q u a r t o o u q u i n t o liv r o d a É tica e r e c o n s t i t u i r , s e g u in ­ d o a s r e f e r ê n c ia s d o p r ó p r i o E s p in o s a , a c a d e ia d e d e m o n s t r a ç õ e s q u e p r e te n s a ­ m e n te lig a r ia e s s a p r o p o s i ç ã o a o s a x io m a s , d e f in iç õ e s e p o s t u l a d o s in ic ia is . A q u e le s q u e o t e n t a r a m f a z e r e n c o n t r a r a m t a n t a s r u p t u r a s , t a n t a s in d e te r m in a ç õ e s , t a n t o s “ p e q u e n o s s a l t o s ” e a t é g r a n d e s q u e s e d iv e r tir a m o u s e d e c e p c io ­ n a r a m . O E nsaio d e H a m e li n s a lt a f r e q ü e n te m e n te p a r a u m a e q u iv a lê n c ia c la r a m e n te a r b i t r á r i a p e lo s r e g is tr o s : “ O q u e s e r ia , s e n ã o . . . ? ” o u “ O q u e is to q u e r d iz e r , s e n ã o . . . ? ” E , n o f u n d o , n ã o s e r á o m e s m o t r o p o q u e s e e n c o n tr a n a b r i l h a n t e e c é le b r e f ó r m u l a ; “ E is p r o d ig io s o s f a r d o s . N ã o s e r á d e m a is a t é p a r a D eu s c a rre g á -lo s ? ”

1. “ P a ris é a m a is b e la c id a d e d o m u n d o ; a m in h a r u a è a m ais b e la ru a d e P a ris ; a m in h a c a sa m a is b ela d a ru a ; o m eu q u a r to é o m ais b e lo q u a r to d a c a sa ; eu so u o h o m e m m a is belo d o m eu q u a r to : lo g o , so u o m a is b elo h o m em d o m u n d o .”

éa

XVI11

P R E F Á C IO

S o r r im o s h o j e e m d ia d o s m o v im e n to s d e e lo q ü è n c ia q u e V ic to r C o u s in f a ­ z ia p a s s a r p o r ra z õ e s ; m a s t o d a s a s é p o c a s p o s s u e m a s u a r e t ó r i c a f ilo s ó f ic a , q u e , p o r s e r d if e r e n te , n ã o é p o r is s o m a is d e m o n s t r a t i v a : p e n s e -s e n a p r o l i f e r a ­ ç ã o , e n tr e o s c o n t e m p o r â n e o s , d a s f o r m a s d e lin g u a g e m , c a te g ó r ic a s o u d e p r e ­ c ia tiv a s , q u e p a s s a m m u ita s v e ze s p o r a r g u m e n to s . U m o u t r o a r tif í c io d e e s tilo c o n s is te e m e n v o lv e r n u m a f r a s e q u e s o a b e m u m a c o n t r a d i ç ã o im p líc ita . E s ta m o s e n t ã o à v o n t a d e p a r a e x tr a ir d e la e m s e g u i­ d a a s c o n s e q u ê n c ia s m a is v a r ia d a s e m a is in te r e s s a n te s , u m a s v e r d a d e ir a s , o u ­ tr a s fa ls a s , d a d o q u e o c o n tr a d itó r io im p lic a q u a lq u e r c o is a . S e m ir m o s tâ o lo n g e , in f e liz m e n te n a d a é t ã o c o m u m e m f il o s o f i a q u a n t o a s f r a s e s e m b r u lh a d a s o u v a g a s , p e r a n t e a s q u a is o le ito r u m p o u c o c r ític o s e p e r g u n ta c o m p e r p le x id a d e : “ O q u e is to q u e r d iz e r e x a ta m e n te ? ” E la s tê m d u a s g r a n d e s v a n ta g e n s : u m a é a d e f a z e r p a s s a r p o r p la u s ív e l, se n ã o a o lh a r m o s d e m u ito p e r t o , u m a id é ia q u e m a is a d i a n t e s e r á u t i liz a d a , m a s c u jo c a r á t e r a r b i t r á r i o o u f a ls a g e n e r a lid a ­ d e s a l t a r i a a o s o lh o s s e m a n é v o a d is c r e ta q u e lh e e s b a te o s c o n t o r n o s . O s e g u n ­ d o b e n e f íc io d o o b s c u r o o u d o in s ó lito c o n s is te e m o f e r e c e r a e s p ír ito s d iv e rs o s o c a s iã o p a r a a í p r o j e t a r d if e r e n te s p e n s a m e n to s : a s s im t o d o s f i c a r ã o s a tis f e ito s c o m a q u ilo q u e a li c o lo c a m e a g r a d e c id o s a o a u t o r p o r e s ta r d e sse m o d o d e a c o r d o c o m e les. O p e q u e n o e s f o r ç o q u e s u s c ita e s s a p r o j e ç ã o d á u m a g r a d á v e l s e n ti­ m e n to d e p r o f u n d i d a d e , a s s im c o m o u m a g r a ç a e m lín g u a e s tr a n g e ir a , q u a n d o a c o m p r e e n d e m o s , n o s p a r e c e b e m m a is s a b o r o s a . L e o n a r d o d a V in c i r e c o m e n ­ d a v a a o s jo v e n s q u e o lh a s s e m a u m a c e r ta d is tâ n c ia u m v e lh o m u r o e m r u ín a s , n o q u a l a o f im d e a lg u m te m p o p e r c e b e r ia m p a is a g e n s , m u ltid õ e s , o u s a d o s m o ­ v im e n to s , e s b o ç o s v ig o r o s o s e im p r e v is to s . P a u l S ig n a c , se b e m m e r e c o r d o , t i ­ n h a f o t o g r a f a d o u m f u n d o d e p a n e la in c r u s t a d o d e s u je i r a , e f a z ia a d m ir a r a o s s e u s a m ig o s tu d o a q u ilo q u e a li se p o d i a v e r c o m u m p o u c o d e im a g in a ç ã o . M a s e s te n ã o é o l u g a r p a r a t e n t a r f a z e r u m in v e n tá r io d e s ta s im p e r íc ia s o u p e ríc ia s d a lin g u a g e m , q u e u ltr a p a s s a m a s im p le s a m b ig u id a d e d o s te rm o s . T r a ta se a p e n a s d e a s s in a la r o s e u l u g a r . O s S o fism a s d e A r is tó te le s , o s E nsaios e os

N o v o s ensaios , a s Lógicas d e P o r t - R o y a l , d e J . S . M ill, d e H . A . A ik in s r e v e la r a m - s e b o n s m o d e lo s ; m a s h á a i n d a m u i t o q u e f a z e r n e s te t e r r e n o , e n ã o s e t r a t a d e t r a b a l h o e s té r il. É le v a n d o a té o f u n d o a c r ític a d a lin g u a g e m , e s o b t o d a s a s s u a s f o r m a s , q u e s e p o d e v e r d a d e ir a m e n te s a b e r o q u e p e n s a m o s , liv r a r m o - n o s d a q u ilo q u e n ã o p o s s u i q u a lq u e r s ig n if ic a ç ã o r e a liz á v e l, c o m p r e e n ­ d e r a q u ilo q u e le m o s s e m c o lo c a r id é ia s p r e c o n c e b id a s n o lu g a r d a q u e la s q u e o a u t o r q u e r ia e x p r e s s a r , e a s s im r e d u z ir a p a r t e d a q u i l o q u e s e m p r e p e r m a n e c e in c e r to n e s te a t o , t ã o i m e d ia to n a a p a r ê n c i a , t ã o c o m p le x o e t ã o d if íc il d e f a t o : a tr a n s m is s ã o d e u m a id é ia d e u m c é r e b r o a o u t r o . E to d a v i a é e s s a a c o n d iç ã o n e c e s s á r ia d e u m a c o m u n id a d e m e n ta l s e m a q u a l n ã o h á v e r d a d e . M a s e ssa c o m u n id a d e , q u e , p a r a s e r r e a l, e x ig e n o ç õ e s b e m c la r a s e e x p r e s ­ sõ e s p r e c is a s , s e r á p o s s ív e l? C o l o c a r a m - n o e m d ú v i d a . U m c e r to g r a u d e in d e c i­ s ã o e d e o b s c u r id a d e p a s s a , e n tr e m u ita g e n te , p o r s e r u m c lim a a s s a z f a v o r á v e l

P R E F Á C IO

X IX

a o p e n s a m e n to . R e c o r d e m o s , d iz -s e , a q u ilo q u e t ã o ju s ta m e n te e sc re v e u É d o u a r d L e R o y : “ A in v e n ç ã o re a liz a -s e n o n e b u lo s o , n o o b s c u r o , n o in in te lig ív e l, q u a s e n o c o n t r a d i t ó r i o ... É n e s s a s re g iõ e s d e c r e p ú s c u lo e d e s o n h o q u e a c e r te z a n a s c e .., U m m a lf a d a d o c u id a d o d e r ig o r e d e p r e c is ã o e s te riliz a m a is s e g u r a m e n te d o q u e q u a lq u e r f a l t a d e m é t o d o .” 1 N a d a d e m a is e x a to . M a s t r a ta - s e d e u m g ro s s e ir o s o f is m a — e o p r ó p r io a u t o r o d e n u n c io u — le v a r p a r a a o b r a c o n c lu id a , p a r a o liv r o , p a r a a v e r if ic a ç ã o d a s id é ia s a tr a v é s d a s u a c o m p a r a ç ã o , a q u ilo q u e é v e r­ d a d e a p e n a s p a r a o p e n s a m e n to n a s c e n te e p a r a a in v e n ç ã o . O s o s s o s f o r a m p rim e ir a m e n te te c id o s q u a s e a m o r f o s , d e p o is c a r tila g e n s flex ív eis: m a s o c o r p o p e r m a n e c e r ia n u m e s ta d o d e in f a n tilis m o p a to ló g ic o se o e s q u e le to n ã o a d q u iris s e d e s d e lo g o a rig id e z n e c e s s á ria p a r a a a ç ã o . F a z e r a a p o lo g ia d o v a g o , d o in c e r to , d o e q u ív o c o , c o r r e s p o n d e a r a c io c in a r a dicto secundum q u id a d dictum simplici-

ter. É c e r to q u e a s o b s c u r id a d e s s ã o fe c u n d a s , m a s p e lo t r a b a l h o q u e p r o v o c a m p a r a a s d is sip a r; a s c o n tra d iç õ e s s ã o ex celen tes p a r a serem d is tin g u id a s, m a s é p o r q u e i r r i t a m u m e s p ír ito a tiv o e s u s c ita m o e s f o r ç o q u e a s u ltr a p a s s a r á . F o r a d e ss e m o ­ m e n to d ia lé tic o , n e n h u m b e n e f íc io . S ã o c o n d iç õ e s d e p a s s a g e m e n ã o v a lo re s e m $i. I n s ta la r - s e a í c o m c o m p la c ê n c ia é a c e n d e r o f o g o e n a d a a í c o lo c a r p a r a a q u e c e r. M u ito s f iló s o f o s , o u p r e te n s a m e n te t a i s , tê m p e n d o r p a r a t a l , q u e r p o r i n t e ­ r e s s e , q u e r p o r g o s to . U n s d is s im u la m a c a d u c id a d e o u a in s ig n if ic â n c ia d a q u ilo q u e p e r c e b e m s o b u m a o b s c u r id a d e v e r b a l q u e lh e s d á a ilu s ã o d e p r o f u n d i d a ­ d e ; e o s s e u s le ito r e s p a r t i l h a m - n a , se n ã o e s tiv e r e m p r e v e n id o s c o n t r a e s te e f e i­ to d e ó p tic a ; é m u i t o r a r o o o u s a r g r i t a r : o re i e s tá n u ! O u t r o s , m a is a r t i s t a s , g o s ta m d a s lu m in o s id a d e s c r e p u s c u la r e s p o r q u e e s ta s s e p r e s t a m à im a g in a ç ã o : t r a n s f o r m a m , c o m o d iz ia K a n t , o p e n s a m e n to n u m j o g o , e a f i l o s o f i a e m f ílo d o x ia . M a s o o b s tá c u lo n ú m e r o u m à p r o c u r a d a lu z é m u ito p r o v a v e lm e n te a v o n ta d e d e p o tê n c i a , o d e s e jo d e e x ib ir a s s u a s v ir t u o s id a d e s , o u d e c o n s t r u i r u m a b r ig o c o n t r a a s o b je ç õ e s d e m a s ia d o e v id e n te s . A v e r d a d e é u m lim ite , u m a n o r m a s u p e r io r a o s in d iv íd u o s ; e a m a i o r i a d e le s a lim e n ta u m a s e c r e ta a n im o s i­ d a d e c o n t r a o s e u p o d e r . T o c a m o s a q u i n u m d o s f a t o s m a is p r im itiv o s , m e s m o n a o r d e m in te le c tu a l e m o r a l: a l u t a d o outro c o n t r a o m esm o, o f a ls o id e a l d e d o m i n a ç ã o , in d iv id u a l o u c o le tiv a , c o n t r a a c o m u n id a d e e s p ir itu a l e a p a z . E s t a a n t i f i l o s o f i a c o m b a t iv a e b io m ó r f ic a a v a s s a lo u a E u r o p a e m n o m e d o p r e te n s o d ir e ito d e c a d a E s ta d o p e r m a n e c e r s o b e r a n o e o c u p a r t o d o o s e u e s p a ç o v ita l. E o s h o m e n s a p r a tic a m p o u c o m e n o s d o q u e o s g o v e rn o s . E la e s tá s e m p r e p r o n ta p a r a m in a r s u tilm e n te o u p a r a a t a c a r p e la f o r ç a o p r o g r a m a d a r a z ã o , q u e r d i­ z e r , o liv r e a c o r d o p a r a a v id a , e o liv re a c o r d o n o p e n s a m e n to . T r a b a l h a r , p e lo c o n t r á r i o , p a r a m a n te r e s te liv r e a c o r d o fo i o o b j e t o p r im e ir o d e s te tr a b a l h o ; e , n ã o o b s t a n t e a s s u a s u tiliz a ç õ e s a c e s s ó r ia s , p a r e c e - n o s d e f a t o q u e e s te p e r ­ m a n e c e a in d a s e n d o o s e u p r in c ip a l in te r e s s e .

A Çá 2 é



Âτ

Çá E

1. “ A lógica d a in v e n ç ã o ” , Revue de métaphysique et de m o rd e . C f. O pensamento intuitivo, II: “ In v e n ção e v e rific a ç ã o ” .

NOTA SOBRE OS RADICAIS INTERNACIONAIS

O s r a d ic a is in te r n a c io n a is in d ic a d o s n o f im d o s a r tig o s n ã o s ã o p a la v r a s c o m ­ p le ta s ; d e s tin a m - s e a re c e b e r as te r m in a ç õ e s c o n v e n c io n a is q u e , n u m a lín g u a a r t i ­ fic ia l, a s s in a la m o s u b s ta n tiv o ( s in g u la r o u p lu r a l) , o a d je tiv o , o v e rb o n o s seu s d ife re n te s m o d o s e te m p o s , e tc ., a s s im c o m o o s p r e f ix o s o u s u fix o s q u e p e rm ite m a d e riv a ç ã o . P o r e x e m p lo , K oncept... d a r á K oncepto (c o n c e ito ); Koncepta (c o n ­ c e p tu a l, n o s e n tid o d e : q u e é u m c o n c e ito ); Konceptala (c o n c e p tu a l, n o s e n tid o d e : re la tiv o a o s c o n c e ito s ); Konceptigar (c o n c e p tu a liz a r , t r a n s f o r m a r e m c o n c e i­ to ) ; e a s s im p o r d ia n te . D e v e r-s e -á , p o is , q u a n d o o r a d ic a l in te r n a c io n a l n â o é in ­ d ic a d o n o f im d o a r tig o , v e r e m p r im e ir o lu g a r se n ã o se p o d e d e d u z i- lo im e d ia ta ­ m e n te d a r a iz d a d a n u m a r tig o p r ó x im o . O m a is d a s v ezes, p e lo c o n tr á r io , esses s u fix o s tiv e r a m d e s e r e x p re s s a m e n te m e n c io n a d o s , n a f o r m a ç ã o d o ra d ic a l, p a r a c o rre s p o n d e r à p a la v r a fra n c e s a , o u p a ­ r a d is tin g u ir o s seu s d iv e rs o s s e n tid o s ; p o r e x e m p lo : n o sk o , c o n h e c im e n to {ato d e c o n h e c e r); noskato, c o n h e c im e n to (c o is a c o n h e c id a ; at, su fix o d o p a rtic ip io p a s s a ­ d o p a ssiv o ); nedetermineso, in d e te rm in a ç ã o (c a ra c te rís tic a d a q u ilo q u e n â o é d e te r ­ m in a d o ); maldeterminism o , in d e te rm in is m o (d o u tr in a c o n tr á r ia a o d e te rm in is m o ). U m j o g o d e p r e f ix o s e s u f ix o s d e s te t ip o , q u a n d o s ã o b e m e s c o lh id o s e e m ­ p r e g a d o s p r o p r i a m e n t e , d á a u m a lín g u a a r tif i c ia l m u i t a s u tile z a e p r e c is ã o . E is a q u i, p a r a o u s o f il o s ó f i c o , o s m a is in te r e s s a n te s d e n tr e e les, n o s is te m a Id o , q u e a té h o je r e a liz o u o m é to d o d e d e r iv a ç ã o m a is p e r f e ito : P re fix o s: mal-, c o n trá rio ; mi-, p ela m e ta d e ; mis-, d ificilm en te ; ne-, n e g aç ã o p u r a e sim p le s, sem o p o s iç ã o d e c o n tr a r ie d a d e ; pre-, a n te s ; re-, re p e tiç ã o ; sen-, p riv a ç ã o . S u f ix o s : -aj, c o is a f e ita d e ; -al, r e la tiv o a ; -ar, c o le ç ã o , r e u n iã o ( p o r e x e m ­ p lo , vortaro, v o c a b u lá r io ) ; - ebl , q u e p o d e s e r . . . ( p o r e x e m p lo , q u e p o d e s e r v is ­ t o , c o m p r e e n d id o , d e s e ja d o , e tc .) ; -end, q u e se d e v e ... ( p a r tic ip io la tin o e m dus)\

-es, s e r , e s ta d o d a q u ilo q u e é is to o u a q u ilo (s e rv e p a r a f o r m a r te r m o s a b s t r a ­ to s : vereso, v e r d a d e , n o s e n tid o : c a r a c te r ís tic a d a q u ilo q u e é v e r d a d e ir o ) ; -esk, c o m e ç a r ; -ig, t o r n a r ; -ij, t o r n a r - s e ; -//, m e io , in s tr u m e n to p a r a . . . ; -;v , q u e p o d e ; oz, c o n t a n t o q u e ; -ur, p r o d u z i d o p o r ; e tc . ( S e g u n d o a Franca G uidlibreto d e C ÃZ I Z 2 τ I e LE τ Z , P a r i s , C h a ix , 1 9 0 8 .)

ABREVIATURAS

G . G r e g o . — L . L a tim . — D . ( D e u ts c h ) A le m ã o . — E . ( E n g lis h ) I n ­ g lê s. — F . ( F r a n ç a is ) F r a n c ê s . — I. ( I ta lia n o ) I ta lia n o .

R a d . m f .: R a d ic a l i n te r n a c i o n a l. V o, s u b V o (verbo, sub verbo): r e m is s ã o a u m a r tig o d e u m d ic io ­ n á r io o u v o c a b u lá r io . I n . A p . (in o u apud, e m ): te x to c ita d o n u m o u t r o te x to , o u p u b lic a d o n u m a o b r a c o le tiv a . P p : P r o p o s iç ã o . — R : R e la ç ã o . P r , P p r : P r in c í p io , p r o p o s iç ã o p r im e ir a . S , P : S u je ito e p r e d ic a d o ( n u m a p r o p o s iç ã o r e p r e s e n ta d a e s q u e m a ­ tic a m e n te ) .

O a s te r is c o * in d ic a q u e se p o d e r e p o r t a r a u m a r tig o d o p r e s e n te Vocabulá­

rio. A le tr a (S ) r e m e te a o S u p le m e n to . O s t ítu lo s d e a r tig o s e n tr e a s p a s in d ic a m q u e r u m n e o lo g is m o , q u e r u m t e r ­ m o e s p e c ia l n a lin g u a g e m d e u m a u t o r o u d e u m a e s c o la .

Carta de N ... (se m o u t r a r e f e r ê n c ia ) : c a r ta e s c rita p o r N . . . e m r e s p o s ta a o e n v io d a s p r o v a s d o Vocabulário o u p o r o c a s iã o d a p u b lic a ç ã o d e u m d o s f a s ­ c íc u lo s . A b r e v ia m o s u m c e r to n ú m e r o d e p a la v r a s m u ito u s u a is (L ó

;

. p a r a L ó g ic a ,

P s i c . p a r a P s ic o lo g ia , e tc .) , a s s im c o m o títu lo s d e o b r a s m u ito c o n h e c id a s e f á ­ ceis d e c o n s u lt a r . A lg u m a s r e f e r ê n c ia s f o r a m r e d u z id a s a o n o m e d o a u t o r ; s ã o e la s : A Tτ á , p a r a D ictionnaire de l ’A cadém ie française (1 8 7 8 ); B τ Â á ç « Ç , p a r a D ictionary o f P hilosophy a n d P sychology o r g a n iz a d o p o r J . M . B a ld w in ; B ûÇ« U , p a r a o seu In d ex A ristotelicus ; D τ 2 O . e H τ U ., p a r a o D ictionnaire de la langue française d e D a r m e s te te r , H a tz f e ld e T h o m a s (c o m a c o la b o r a ç ã o d e S u d re ); D T τ Oζ 2 , p a r a Dictionnaire usuel des sciences médicales s o b a d ire ç ã o I

I

E

7

E

d e D e c h a m b r e e L e r e b o u lle t ( a r tig o s d e f ilo s o f ia p o r V ic to r E g g e r); ElSLER,

XXIV

A B R E V IA T U R A S

p a r a o s e u W örterbuch der philosophischen B eg riffe u n d Ausdrücke-, F 2 τ

ÇT3

,

p a r a o D ictionnaire des sciences p h ilo so p h iq u es p u b lic a d o s o b a s u a d ir e ç ã o ;

G Ãζ Â Ã , p a r a o seu Vocabulaire p h ilo so p h iq u e ; G ÃTÂ Ç« Z è , p a r a o se u L e x i­ cón philosophicum ; L « 2 é , p a r a o seu Dictionnaire de la langue française ; M Â Â « Ç , p a r a o s e u W örterbuch der K ritischen Philosophie; M Z 2 2 τ à , p a r a A N ew English D ictionary on H istorical Principies ( O x f o r d ) ; R « T , p a r a o D iction­ naire de p hysiologie p u b lic a d o s o b a s u a d ir e ç ã o ; R τ ÇUÃÂ « , p a r a o s e u D izionario di scienze filo so fich e . I

E

I I

E

7 E I

A s c ita ç õ e s d e D e s c a r te s , s e g u id a s d a in d ic a ç ã o “ A d . e T a n . ” , r e m e te m à g r a n d e e d iç ã o d a s Obras de Descartes p o r A d a m e T a n n e r y . M a s d iv e r s a s d a s s u a s o b ra s s ã o c ita d a s d ir e ta m e n te p o r p a r te s o u c a p ítu lo s e p a r á g r a f o s . P o r e x e m ­ p lo , M é t., IV , 7 = D iscurso do m é to d o , 4? p a r t e , § 7 .

L

, G e r h . ( = e d iç ã o G e r h a r d t, Philosophische Schriften ); G e r h . M a th , ( e d iç ã o G e r h a r d t , M athem atische Schriften). A s le tr a s A e B d e p o is d a s c ita ç õ e s d e Kτ Ç , K rit. der reinen Vern. ( C r ític a E

« ζ Ç« U

I

d a r a z ã o p u r a ) , d e s ig n a m r e s p e c tiv a m e n te a p r im e ir a e a s e g u n d a e d iç ã o . A i n ­ d ic a ç ã o d a s p á g in a s d e s ta s e d iç õ e s é r e p r o d u z id a n a d e K e h rb a c h (in -1 6 , R e c la m ), p a r a a q u a l f o r a m f e ita s ta m b é m a lg u m a s r e m is s õ e s .

A 1 . A 1? S ím b o lo d a p ro p o s iç ã o uni­ versal afirmativa’* e m L ó g ica, se g u n d o os

n a Id a d e M é d ia ábaco (Liber A baci, d e L Ã Çτ 2 á Z è P « è τ ÇZ è , d ito F « ζ Ã Çτ T T « ,

v e rso s m n e m ó n ic o s clássico s:

1202) .

Asserit A , negat E, verum generalitcr am bo; Asserit I, negat O , sed particulariter am bo.

2? S ím b o lo d a p ro p o s iç ã o m o d a l n a q u a l o m o d o * e o d ic tu m * s a o a firm a d o s u m d o o u tr o . 2 . A . . . o u A n ... G . ó p riv a tiv o . P r e ­ fix o u tiliz a d o m u ito liv rem en te n a lin g u a­ g em filo só fic a c o n te m p o râ n e a p a r a f o r ­ m a r te rm o s c o m o s e n tid o e s tr ito d e p r i­ v a ç ã o , n ã o de c o n tra rie d a d e . V er A m o ­ ral, Anestético, etc. A = A F ó r m u la u tiliz a d a fre q ü e n te m e n te p a ra e x p rim ir o principio da iden­ tidade. V er Identidade. C RÍTIC A

E

B . N a L ó g ic a (ábaco d e J E âÃÇè ), q u a d r o co m d u p la e n tr a d a q u e re p re s e n ­ t a as c o m b in a ç õ e s d e n te rm o s sim p les a, b , c , . . . e d a s su a s n e g aç õ e s* , e m n ú m e ro d e 2 ". E s te q u a d r o serv e p a r a e x tra ir as c o n s e q ü ê n c ia s ló g icas d a s p re m issa s d a ­ d a s se g u in d o o m é to d o d e J E âÃÇè (Pure Logic , p . 80). C . N a M e to d o lo g ia , q u a d r o d e c u r­ v a s q u e serv e p a r a o “ c á lc u lo g r á f ic o ” , q u e r d iz e r, p a r a a d e te r m in a ç ã o d e c e r­ ta s g ra n d e z a s a tra v é s d o c ru z a m e n to d es­ ses tra ç a d o s . Rad. int.: A b a k . A B A L 1 E D A D E V e r Aseidade.

Se e sta f ó r m u la f o r e n te n d id a n o sen ­ tid o d o s ló g ico s n ã o d ev e ser to m a d a c o ­ m o p rim itiv a: c o m e fe ito , ela d ed u z-se d a f ó r m u la a D a e d a d e fin iç ã o d o sig n o = (n o s e n tid o ló g ico ):

A B D U Ç Ã O G . ’AirccyíiJYij. A 2 « è I ó I E Â E è d á e ste n o m e a u m si­ lo g ism o e m q u e a p re m is sa m a io r é c e r ta e a m e n o r é a p e n a s p ro v á v e l: a c o n c lu ­ s ã o te m a p e n a s u m a p ro b a b ilid a d e ig u a l à d a m e n o r (Prim, anal., I I , 25; 69 a 20 ( a - b . D : a D b. b D a. (D f) e ss. V er Apagógico). [a D b. b D a: D a = b. (D f) P E « 2 TE c h a m a abdução a to d o o r a ­ cio cín io em q u e a co n clu são é so m en te ve­ S e f o r e n te n d id a n o se n tid o m aís a m p io ro ssím il. d e v e ser e sc rita : A s A . V er Indução e Raciocínio . Á B A C O G . "A Ô afc L . Abacus. Rad. int.: A b d u k t. A. N a A ritm é tic a , q u a d r o q u e serve A B E R R A Ç Ã O D . Abirrung; E . p a r a e fe tu a r as ad içõ es e s u b tra ç õ e s (an á­ Aberration; F . Aberration; I. Aberraziolo g o a u m a p a re lh o d e calcu lar). T a m b é m a a r te d o c á lc u lo n u m é ric o se c h a m a v a ne. (A s p a la v r a s in g le sa e ita lia n a s ã o d e

S o b re A b e rra ç ã o — I m p o r ta d is tin g u ir, n o s e n tid o A , aberração e desvio. A p a ­ la v ra aberração deve ser e sp e c ialm en te re se rv a d a p a ra as a n o m a lia s q u e , co m o u sem ra z ã o , p a re c e m ev itáv eis e, p o r c o n se g u in te , s o b re tu d o p a r a as a n o m a lia s d as f u n ­ çõ es in te le c tu a is. C f. e s ta fra s e de P 2 ÃZ á 7 ÃÇ : “ A p r o c u r a d o a b s o lu to é a c a r a c te ­ r í s t i c a d o g ê n i o h u m a n o ; é a e la q u e ele d ev e a s su as aberrações e a s su as o b ra s p r im a s .” Justice, D écim o E s tu d o ; c a p . I I I , 23. (L. Boisse)

ABNEGAÇÃO s e n tid o a m p lo e a p lic a m -se a q u a s e to d a d e s o rd e m m e n ta l.) A . S e n tid o té cn ico : a n o m a lia d e u m a f u n ç ã o e sp e c ial q u e a im p e d e d e a tin g ir o se u fim n o rm a l: a b e r r a ç ã o d a v is ã o , d e u m in s tin to . B . S e n tid o v u lg a r: p e r tu r b a ç ã o m e n ­ ta l c a r a c te riz a d a p o r u m e rro , u m a b s u r ­ d o , u m e sq u e c im e n to g ra v e m a s p a ssa g ei­ r o n u m a m a té ria b e m c o n h e c id a d o s u je ito . C RÍTIC A

D eve-se e v ita r o sen tid o B to d a s as ve­ zes em q u e ele se p o d e p re s ta r à c o n fu sã o . Rad. int.: A . D e v iac ; B . A b e ra c .

2 A B N E G A Ç Ã O D . Entsagung ; E. A b ­ negation (ra ro ); Self-denial; n o sen tid o B, Self-sacrifice ; F . Abnégation ; I. Abne-

gazione. A . R e n ú n c ia d o h o m e m a t u d o o q u e h á d e e g o ísta, e m e sm o d e in d iv id u a l, n o s seus d e se jo s. B . N u m s e n tid o m e n o s f o r te , s a c rif í­ c io v o lu n tá rio e m p ro v e ito d e o u tre m d e u m a te n d ê n c ia n a tu r a l. N um sentido ab­ soluto , s a c rifíc io v o lu n tá rio d e si m e sm o a o s o u tr o s . C f . A ltruísm o . E s ta d o d e e sp írito q u e co n siste n a d is­ p o s iç ã o p a r a este s a c rifíc io . Rad. int.: A b n e g .

S o b re A b n e g a ç ã o — P e la s u a o rig e m h is tó ric a , p e lo se u s e n tid o té c n ic o , e ste te r ­ m o , q u e p e rte n c e s o b re tu d o à lin g u a g e m d a m o ra l a s c é tic a e c ris tã , re la c io n a -s e c o m o E v a n g e lh o ( M a t., X V I, 2 4 ; L u c ., I X , 2 3 , e tc .). “ Si q u is v u lt v e n ire p o s t m e , a b n e g e t se m e tip s u m e t to lla t c ru c e m s u a m q u o tid ie .” E le im p lic a p rim itiv a m e n te a nega­ ção do egoísmo q u e se f a z c e n tr o d e t u d o , a n e g a ç ã o , p o r c o n s e q ü ê n c ia , d e u m a n e­ g a ç ã o e d e u m o b s tá c u lo à v id a s u p e r io r d o e s p ír ito e à u n iã o d iv in a . É e n fra q u e c e r o u m e sm o d e s n a tu r a r a sig n ific a ç ã o d a p a la v r a fa z ê -la d e s ig n a r u m sim p les d e sin te ­ resse so cia l o u u m a ltru ís m o p r a tic a n te : e s ta r e n ú n c ia em fa v o r d o s o u tr o s v em d e a lg o m a is p r o f u n d o e v isa m a is a lto : e x p rim e a lib e rta ç ã o d a a lm a a tra v é s d e u m a c a r id a d e u n iv e rs a l. T al é o s e n tid o tra d ic io n a l a ssim c o m o o d e fin e o a v iso c o lo c a d o n o in ício d a s In s titu iç õ e s de T h a u lè re (T a u le r), tra d u z id a s p e lo s re lig io so s d a o rd e m d o s Irm ã o s P re g a d o re s (D o m in ica n o s) d o F a u b o u rg S a in t-G e rm a in (3? e d içã o , 1681). “ A a b n e g a ç ã o de si m e sm o n ã o é m a is d o q u e e sq u e c im e n to g e ra l de tu d o o q u e a m a m o s n a v id a p a s s a d a ..., p o rq u e o n o sso p ro g re s s o em D e u s a p e n a s c h eg a à su a p e rfe iç ã o a tra v é s d a r u ín a d o n o s so v e lh o h o m e m .” L « ζ Ç« U e sc re v ia a M o re ll em 2 4 d e n o v e m b ro d e 1696: “ C o m p re i as o b ra s d e S a n ta T e re s a e a v id a d e  n g e lo d e F o lig n o , o n d e e n c o n tr o c o isa s a d m irá v e is re c o n h e c e n d o c a d a v ez m a is q u e a v er­ d a d e ir a te o lo g ia e re lig iã o d ev e e n c o n tr a r -s e n o n o s s o c o ra ç ã o a tra v é s d e u m a p u r a abnegação d e n ó s m e sm o s a b a n d o n a n d o - n o s à m is e ric ó rd ia d iv in a ” (Bτ 2 Z U« , Leibniz, B lo u d , 1909, p . 337). A p a la v r a a b n e g a ç ã o é u tiliz a d a d iv e rsa s vezes p o r L e ib n iz n e ste m e sm o s e n tid o re s u m id o n e ste te x to c u rio s o e e n érg ico : “ A n e g a ç ã o d e si m es­ m o é o ó d io d o p ró p r io n ã o -s e r e m n ó s e o a m o r d a f o n te d o n o sso ser p e sso a l, q u e r d iz e r, de D e u s ” (ibid., p . 375). N e g a r o eu odioso é p r e p a r a r o a d v e n to d o eu me­ E

lhor. (Maurice Blondel) A a b n e g a ç ã o é u m a v a rie d a d e , u m a esp écie de s a c rifíc io . É u m s a c rifíc io q u e im ­ p lic a a n te r io r m e n te u m a esp écie d e r e n ú n c ia intelectual. H á u m ju íz o d e s e p a ra ç ã o , u m ju íz o a tra v é s d o q u a l d e c la ra m o s q u e ta l te n d ê n c ia o u p a ix ã o , ta l in te re sse d e ­ vem d e s a p a re c e r d o n o s s o h o riz o n te , se e n c o n tr a m negados (negaré)y c o lo c a d o s lo n ­ ge d e n ó s (ab). E n tã o , a a m p u ta ç ã o n ã o é d o lo r o s a . O a fe tiv o é r e d u z id o a o m ín im o . N u m s e n tid o , a a b n e g a ç ã o p o u p a -n o s a p e n a d o s a c rifíc io . O s a c rifíc io é u m a a b n e ­ g a ç ã o q u e c o m e ç a p elo c o ra ç ã o ; a a b n e g a ç ã o é u m s a c rifíc io q u e a in te lig ê n c ia in a u ­ g u ra , c o n su m a e e sg o ta . A a b n e g a ç ã o é a fo r m a in te le c tu a l d o s a c rifíc io . (L . Boisse)

A B SO L U T O

3

A B -R E A Ç Ã O D . Abreagieren. T e rm o d e o rig e m fr e u d ia n a : re a ç ã o a tra v é s d a q u a l o o rg a n is m o se d e sfa z d e u m a im p re s sã o o u d e u m a e x citaç ão q u e n a au sê n c ia d este d e riv a tiv o p o d e ria c a u ­ s a r p e rtu rb a ç õ e s d u ra d o u ra s . D iz-se a lg u m as vezes, em te rm o s m ais g e ra is, de to d a re a ç ã o de d e fe sa . A B S O L U T ID A D E D . A bsoiutheit ; E . Absoluteness; F . Absoluité; I. A bso­

lutist. C a ra c te rís tic a d a q u ilo q ue é a b s o lu ­ to : “ E s p in o s a p re te n d e p e n s a r a a b so lu tid ad e de D eus, faz en d o dele a p ró p ria n e­ c essid a d e .” H τ OE Â « Ç , Descartes, p . 303. A B S O L U T IS M O D . Absolutismus;

E . Absolutismo F . Absolutisme; I. Asso-

lutismo. A . R eg im e de p o d e r a b s o lu to . B . E s p irito de in tra n s ig ê n c ia , a u s e n ­ c ia d e re s e rv a o u de c a m b ia n te s n a s o p i­ n iõ e s. D a p a rte d e u m a a u to rid a d e , e sp i­ rito o p o s to a to d o o lib eralism o . C . (p a rtic u la rm e n te em inglés). M e ta ­ física d o A b s o lu to . D iz-se s o b re tu d o d a filo so fía de B ra d ley . Rad. i n t A b s o lu tis m o . A B S O L U T O D o L . A bsolutas , p e r­ fe ito , a c a b a d o , m a s c u jo s e n tid o m o d e r­ n o so fre u a in flu ê n c ia d o ra d ic a l solvere . V er c ritic a m ais a d ia n te . D . Absoluto E. Absolute; F . Absolu; l.A sso lu to . O p õ ese em q u ase to d o s o s sen tid o s a relativo*.

P a re c e -n o s d u v id o s o q u e a p a la v r a te n h a re a lm e n te este a c e n to in te le c tu a lis ta .

Negare te m , a liá s , em la tim u m se n tid o m u ito m ais a tiv o e a fe tiv o m e n o s e s tr e ita ­ m e n te lógico q u e negar. Q u e r d izer ta m b é m recusar. “ N eg are o p e m p a tria s” . (A. L .) N ã o so m e n te negare n a o te m u m s e n tid o p u ra m e n te in te le c tu a l c o m o n ã o v ejo q u e , de fa to , e isto é o m ais im p o r ta n te , o u s o ju s tif iq u e a re s triç ã o d a p a la v r a à q u i­ lo q u e d e p e n d e d a in te lig ê n cia. D ir-se -á m u ito b em q u e u m a v e lh a d o m é s tic a tr a to u o s seu s p a trõ e s c o m u m a p e rfe ita a b n e g a ç ã o ; e m q u e s e ria a in te lig ê n c ia q u e “ in a u ­ g u r a r ia ” esse s ac rifíc io ? O s e n tid o im p lic a d o n e s ta p a la v r a é o d e u m g ra u de d e sin ­ te re sse o u d e u m a e x p re ssã o d e d e sin te re sse q u e u ltr a p a s s a m o sim p les “ e sq u e c im e n ­ t o ” d e si. ( G . Belot) S o b re A b s o lu tis m o — U tiliz a ç ã o a n g lo -a m e ric a n a d e ste te rm o (s e n tid o C ) p o s ta e m relev o p o r Em m . Leroux. S o b re A b s o lu to — O § E fo i d iv id id o em d o is (a tu a lm e n te E e F ) e o fin a l d a c ritic a fo i m o d if ic a d o c o rre la tiv a m e n te p a r a te r em c o n ta a s o b se rv a ç õ e s seg u in tes d e Maurice Blondel e d e Em m anuél Leroux. D ev e-se te r o c u id a d o d e n ã o id e n tific a r o absoluto n o s e n tid o o n to ló g ic o e es­ sen c ia lm e n te e s p iritu a l c o m a c o n c e p ç ã o m a te ria lis ta e in trin se c a m e n te in in telig ív el d e u m a re a lid a d e em si e p o r si, c o m o , p o r e x em p lo , a m a té ria ú n ic a d o s a lq u im is ­ ta s . N o se n tid o f o r te d a p a la v r a , o a b s o lu to é , c o m o o in d ic a a e tim o lo g ia , a q u ilo q u e n ã o d e riv a d e n e n h u m a c o n d iç ã o , a q u ilo d e q u e tu d o d e p e n d e e q u e n ã o d e p e n ­ d e d e n a d a , o c o m p le to em si, a q u ilo e s ó a q u ilo q u e p o d e d iz e r: “ S o u a q u ilo q u e s o u ” , o u c o m o o d e fin iu S e c ré ta n : “ S o u a q u ilo q u e q u e r o .” N ã o fo i a E s c o la E c lé ti­ c a q u e v a lo riz o u e sta c a ra c te rís tic a d e s o b e r a n a aÒTÚQxeta. {Maurice Blondel) D iz e r q u e se c o n s id e ra a n a tu r e z a re a l o u absoluta d e u m a c o is a independentemente d e tu d o o q u e n e la p o s sa h a v e r d e p a rc ia l, d e sim b ó lic o o u d e e rrô n e o n o c o ­ n h e c im e n to q u e d e la te m o s n ã o é d e m a n e ira n e n h u m a a f ir m a r q u e e ssa c o isa c o n s ti­ tu i um A bsoluto , u m a re a lid a d e e x iste n te e m si e p o r si. P o r q u e n â o se c o n c e b e r i a a natureza absoluta d e u m ser d e p e n d e n te , c o n tin g e n te , re la tiv o ? {Emm. Leroux )

4

A BSO LU TO 1. LÓ G ICA E PSICO LO G IA

A . “ (T e rm o ) a b s o lu to ” , n o s g r a m á ­ tic o s , p o r o p o s iç ã o a o s “ te r m o s re la ti­ v o s ” , d e sig n a a q u e le s q u e e x p rim e m n o ­ çõ es c o n s id e ra d a s c o m o in d e p e n d e n te s , n o se n tid o d e q u e elas n ã o s ã o p o s ta s im ­ p lic a n d o u m a re la ç ã o c o m u m o u tr o te r­ m o . H om em é u m te rm o a b s o lu to , pai u m te rm o re la tiv o . (L ã I I 2 É) B . In d e p e n d e n te d e q u a lq u e r re fe rê n ­ c ia o u d e q u a is q u e r p a r â m e tr o s a r b itr á ­ r io s . “ M o v im e n to a b s o lu to ; p o s iç ã o a b ­ s o lu ta ; te m p e r a tu r a a b s o lu ta .” C . Q u e n ã o c o m p o r ta n e n h u m a re s­ tr iç ã o n em re s e rv a e n q u a n to é d e sig n a d o p o r ta l n o m e o u re c eb e ta l q u a lific a ç ã o . “ N ecessid ad e a b s o lu ta ; o p e ra ç ã o a b so lu ­ ta m e n te e x a ta ; á lc o o l a b s o lu t o .” K a n t, d e p o is d e te r in d ic a d o u m o u ­ tr o s e n tid o d a p a la v r a (v er a d ia n te F ), acrescen ta: “ D ag eg en w frd es a u c h bisw ei­ le n g e b ra u c h t u m a n z u z e ig e n d ass e tw as in a lle r B ez ie h u n g (u n e in g e s c h rä n k t) g ü l­ tig ist, z. B. d ie a b s o lu te H e r r s c h a f t.” 1 1. “ P or outro lado, é tam bém usado algumas ve­ zes para indicar que algum a coisa é válida sob todos os pontos de vista (sem restrições), por exemplo: o po­ der absoluto.’’

Crit. da razão pura , A . 324; B. 381: “ V o n d e n tra n s e . I d e e n .” E le p re v in e u m p o u ­ co m a is a d ia n te q u e é e ste s e g u n d o s e n ti­ d o q u e a d o ta . ( T o d a a p a ss a g e m é u m a a n á lise d a s d iv e rs a s a c e p ç õ es d e ab­ soluto.) A este s e n tid o lig a m -se as ex p ressõ es: “ P o d e r a b s o lu to , m o n a r q u ia a b s o lu ta , o rd e m a b s o lu ta ” , e tc .; e p o r e x te n s ã o “ c a r á te r a b s o lu to ” , q u e r d iz e r, q u e n ã o s u p o r ta n e n h u m a re s triç ã o e n ã o f a z n e ­ n h u m a c o n c e s sã o . “ S e n tid o a b s o lu to ” , o s e n tid o m a is fo r te d e u m te rm o . D. S in ô n im o d e a príori* s e g u n d o L « I I 2 é : “ E m te rm o s d e m e ta fís ic a ” (p ro v a v e lm e n te n o s e n tid o d o séc u lo X V III), “ q u e n ã o é re la tiv o , q u e n ã o tem n a d a d e c o n tin g e n te . A s id é ia s a b s o lu ta s s ã o a q u e la s q u e seg u n d o a m e ta física n ã o d e riv a m d a e x p e r iê n c ia .” S u b V°. E s te s e n tid o p a re c e s e r u m a in te rp re ­ ta ç ã o p a rc ia lm e n te in e x a ta d o u s o d e s ta p a la v r a p o r C o u s in , q u e fr e q ü e n te m e n te c h a m a o s p rin c íp io s ra c io n a is d e verda­ des absolutas n o s e n tid o E ; p . e x .: “ A s v e rd a d e s a b s o lu ta s p re s s u p õ e m u m S er a b s o lu to c o m o elas o n d e tê m o seu ú lti-

É q u e s tã o d e s a b e r se o absoluto n ã o é m a is d o q u e o o p o s to d e re la tiv o , a s a b e r, o seu c o r r e la to . E , p o r c o n s e q ü ê n c ia , s a b e r se é le g ítim o p e n sa r à p a r te o a b s o lu to o u a c r e d ita r fa z ê -lo (o q u e a c o n te c e q u a n d o se u tiliz a o te rm o s u b s ta n tiv a m e n te ). E m to d o c a s o , a p a ss a g e m d o re la tiv o a o a b s o lu to n ã o p o d e ria te r lu g a r se n ã o n u m m e sm o d o m ín io q u e se d ev e s e m p re d e fin ir. N u m a e x p re ssã o c o m o “ O A b s o lu ­ to o u o V a lo r ” , é p e la m a is a r b itr á r ia d a s p o s tu la ç õ e s q u e se id e n tific a o a b s o lu to d a re a lid a d e c o m o a b s o lu to d o v a lo r. N ã o sei se o a b s o lu to é o in f in ito , m a s p a re c e -m e q u e é o T o d o . O c o n ju n to c o n s ­ titu íd o p elo C r ia d o r e a c r ia tu r a p a re c e -m e m e re c e r o n o m e d e a b s o lu to a o m e n o s ta n to q u a n to o C r ia d o r s o z in h o , e c o m m a is f o r te r a z ã o se este e s p e ra q u a lq u e r c o isa d a s c ria tu ra s . (Marsaf) O s e n tid o d a d o a e s ta p a la v r a p o r J .- J . GÃZ 2 á fo i re a lç a d o p o r Brunschvicg. J .- J . G o u rd id e n tific a n d o o A b s o lu to c o m o In c o o rd e n á v e l o p õ e o A b s o lu to a o I n f i­ n ito c o m o o d ife re n te a o sim ila r {Philosophie de la religión, p . 248). I m p o r ta c o n tu ­ d o n o ta r q u e o s e n tid o v e rd a d e iro d a p a la v r a em m e ta fís ic a é o s e n tid o in d ic a d o n a le tra E , e q u e n esse s e n tid o a n o ç ã o d e A b s o lu to é id ê n tic a à n o ç ã o d e I n f in ito ta l c o m o a e n te n d e m o s m o d e rn o s . {Ch. fVemer) T a lv e z e s ta p a la v r a te n h a s o frid o se m p re d e u m a c e r ta a m b ig u id a d e : n o seu se n ­ tid o lite ra l e e tim o ló g ic o “ s e p a ra d o d e . . . , sem c o n e x õ e s , in d e p e n d e n te ” (d e o n d e p o r e x em p lo “ a b la tiv o a b s o lu to ” ), c o m o n o seu s e n tid o m e ta fó ric o “ fin ito , c o m -

A BSO LU TO

5 m o f u n d a m e n to .” Le vrai, le beau, le bien, lição IV , p . 70. 2. METAFÍSICA A p a la v r a é a q u í u tiliz a d a s u b s ta n ti­ v a m e n te n a m a io r p a rte d o s caso s: “ O A b s o lu to .” D . DasAbsolute; E . T keA b solute; F . L ’Absolu'y I. L ’A ssoluto . E . “ A q u ilo q u e ta n to n o p e n s a m e n ­ to c o m o n a re a lid a d e n ã o d e p e n d e d e n e ­ n h u m a o u tr a c o is a e tr a z e m si m e sm o a s u a ra z ã o d e s e r .” F 2 τ ÇT 3 , s u b V o. P o ­ d e m o s lig ar a este sen tid o (se b em q u e n ã o s e ja e x a ta m e n te o m e sm o ) a q u e le q u e J .J . G ÃZ 2 á d e u a e s ta p a la v r a p rin c ip a l­ m e n te em Les trois dialectiques e n a Phiiosophie de la religión : o n ã o -c o o rd e n a d o , o q u e e stá f o r a d e t o d a re la ç ã o . P o d e m o s a p ro x im a r d ele ta m b é m , se b e m q u e de a in d a m a is lo n g e , a u tiliz a ­ ç ã o q u e fo i fe ita n a a lq u im ia p a r a d esig ­ n a r a m a té ria ú n ic a . Bτ Â Uτ T : A procu­

m en te d a re p resen tação q u e dele possam o s te r. V er L « τ 2 á , La Science p o sitive et la m éta p h ysiq u e, esp ecialm en te liv ro II e se­ g u in tes (o n d e , aliás, e sta a cep ção e stá es­ tre ita m e n te co m b in a d a c o m a precedente). P o d e -s e lig ar este s e n tid o à q u e le q u e K a n t in d ic a p a r a o a d je tiv o : “ D as W o r t A bsolut w ird je tz t ö f te r g e b ra u c h t u m b lo ss an zu zeig en d a ss etw as v o n ein er S a ­ c h e a n sich selbst b e tr a c h te t u n d a ls o in ­ n e rlic h g e lte .” 1 Krit. der reinen Vern ., A . 324; B . 381 (v er m a is a tr á s C ). M as n ó s n ã o a c r e d ita m o s q u e n e le se e n c o n ­ tr e m e sm o a títu lo d e in d ic a ç ã o o s e n ti­ d o c o rre s p o n d e n te d o s u b s ta n tiv o . G. “ A q u ilo q u e e s tá f o r a de to d a a re la ç ã o e n q u a n to Finito, p e rfe ito , a c a b a ­ d o , to ta l. C o rre s p o n d e p o is a o t ò b\o v e a o t ò réX eto f d e A ristó teles. N esta a c e p ­ ç ã o , e é a ú n ic a d e q u e m e s irv o , o A b s o ­ lu to é d ia m e tra lm e n te o p o s to , c o n tr a d i­ tó r io m e sm o , em re la ç ã o a o in f in ito .”

ra do absoluto. F . P o r c o n s e q u ê n c ia , n u m se n tid o 1. “ A palavra absoluto è hoje mais frequentemen­ m a is f r a c o , e d o p o n to d e v ista d a te o ria te usada para indicar apenas que aquilo que se diz d o c o n h e c im e n to : a c o isa em si, o ser ta l de u m a coisa é válido enquanto a considerarm os em c o m o existe em si m e sm o , in d e p e n d e n te - I si m esma e, p o r conseqüência, interiorm ente.”

p ie t o ” , c o m o o te c id o r e tir a d o d o te a r . N a lin g u a g e m p o lític a in g le s a a e x p re ss ã o “ M o n a r q u ia a b s o lu ta ” v is o u s o b r e tu d o p rim itiv a m e n te a in d e p e n d ê n c ia em fa c e d e to d a s u s e ra n ia o u a u to r id a d e e x te r io r, p o r e x e m p lo , e m re la ç ã o a o P a p a ; m a s em s e g u id a n ã o é d u v id o s o q u e e la se t e n h a a p lic a d o id é ia d e u m g o v e rn o c o m p le ta m e n ­ te m o n á rq u ic o . H a m ilto n c ritic o u o A b s o lu to d e S ch ellin g e d e H eg el c o m o se fo sse a co isa em si d e K a n t, in c o g n o sc ív e l n a m e d id a e m q u e e la e stá “ f o r a d e to d a a r e la ç ã o ” c o m as n o s s a s fa c u ld a d e s d e c o n h e c e r. M a s p a r a eles a p a la v r a s ig n ific a d e p re fe rê n c ia aquilo sem o qual o$ te rm o s d a re la ç ã o s u je ito -o b je to d e sa p a re c e m . N ic o la u d e C u s a fo i ta lv e z o p rim e iro q u e fe z s iste m a tic a m e n te a u tiliz a ç ã o de Absoluto p a ra d esig n ar o o b je to ú ltim o d a esp ecu lação filo só fica. E ste te rm o to m o u -se u s u a l n este s e n tid o em m u ito s e sc rito re s in g leses c o n te m p o râ n e o s , ta is c o m o B ra d ley e o fa le c id o B o s a n q u e t, e d e p o is fo i fr e q ü e n te m e n te o b je to d a s c rític a s d o s e sc rito re s p e rte n c e n te s à esc o la p ra g m a tis ta c o m o W . Ja m e s e F . C . S. S chiller. (C . C. J. Webb ) N a F ra n ç a e s ta p a la v ra fo i in tro d u z id a n o u so filo só fico c o rre n te p o r V ic to r C o u $in, em 1817. E le a d e v ia ta lv e z a M a in e d e B ira n , q u e a h a v ia u tiliz a d o p o r v o lta d e 1812. V er P a u l J τ ÇE I , Victor Cousin et son oeuvre, p p . 70-71 e 107. (V. Egger ) S o b re “ B elo a b s o lu to ” — N ã o é essa u m a e x p re ss ã o v a g a p a r a u m a id éia q u im é ­ rica? ( /. Lachelier) Sem d ú v id a, m a s ela fo i freq ü e n te m en te u tiliz a d a n a E sc o la E clética e m esm o n o s lite ra to s q u e lh e e ra m c o n te m p o râ n e o s . E n c o n tra m o -la a in d a n o s n o s ­ sos d ia s. (A. L .)

A B SO L U T O



, Discussions sur R eid , p . 14. D e fin iç ã o d is c u tid a p o r J . S . M « Â Â , E xam ., c a p . IV . O« Â I ÃÇ

H . P o r u m a m is tu ra d o s d o is s e n tid o s p re c e d e n te s o s E c lé tic o s u tiliz a ra m Belo absoluto p a r a d e sig n a r a id é ia d o B elo e n ­ q u a n to existente em si in d ep en d e n te m e n te d e to d a a re a lização p a rtic u la r. “ R eco n h e­ c em o s trê s fo r m a s p rin c ip a is d a id é ia d o B elo : o B elo a b s o lu to ... q u e a p e n a s ex is­ te e m D e u s , e t c .” C h . Bé Çτ 2 á em F 2 τ ÇT3 , VÃ Belo. U tiliz o u -se a lg u m a s vezes c o m o s e n tid o a n á lo g o Bem abso­ luto e Verdade absoluta. V e r a d ia n te Crí­ tica e c f . Metafísica-, p rin c ip a lm e n te D e E .

3. U T IL IZA ÇÕ ES DIVERSAS

I. “ [V alo r] a b s o lu t o .” N as m a te m á ­ tic a s o v a lo r a b s o lu to de u m n ú m e ro re a l n é o v a lo r a ritm é tic o d e V ^ 2· P a r a u m n ú m e ro n e g a tiv o - x , é x, p o is ( - x ) 2 = ( + x )2 = x 2. O v a lo r a b s o lu to (o u m ódu­ lo , co m o se d izia a n tig a m e n te ) de u m n ú ­ m e ro im a g in á rio v u lg a r x+ iy é: V *2 +y2· F in a lm e n te o v a lo r a b s o lu to de u m n ú ­ m e ro co m p lex o co m n e lem en to s (x (, x 2, ... x„) é V xf + ã T| + . ..+ * * . O v a lo r a b s o ­ lu to de u m a q u a n tid a d e q u a lq u e r X in d ic a -se , p o r IX I o u p o r m o d X ( n o ta ­ ç ã o de C τ Z T7 à ). J . “ O a b s o lu to d a q u e s tã o ” , D E è ­ Tτ 2 I E è . O p rin c íp io e v id en te o u já d e ­ m o n s tr a d o d e o n d e se p o d e d e d u z ir a s o ­ lu ç ã o de u m a q u e s tã o ; a n o ç ã o sim p les o u m esm o s o m e n te mais simples à q u a l u m a o u tr a se lig a . “ T o d o o se g re d o d o m é to d o c o n siste em p r o c u r a r em tu d o co m c u id a d o o q u e h á de m ais a b s o lu to ... E n tr e o s c o rp o s m e n su rá v e is , o a b s o lu to é a e x te n s ã o ; m a s n a e x te n s ã o é o c o m ­ p rim e n to , e tc .” Regulae, V I. K . O “ eu a b s o lu to ” , em F « T7 I E , é o eu e n q u a n to a to o rig in á rio d o p e n sa m e n ­ to , p rin c íp io de to d a a a tiv id a d e , de t o ­ d o o c o n h e c im e n to e d e to d a a re a lid a d e p a r a além d as ex istên cias in d iv id u a is o u e m p íric a s. E le é a ç ã o p u r a , n ã o e x istê n ­

6

cia a tiv a , s a b e r p u r o , n ã o s u je ito q u e c o ­ n h e ce n e m o b je to c o n h e c id o ; p o s iç ã o in ­ fin ita d e si p o r si, n ã o su b stâ n c ia . Grundlage der gesammten Wissenschaft, 9 ss. N u m sen tid o d e riv a d o e relativ o a o h o ­ m em : a a ç ã o e m o p o s iç ã o às te n d ê n c ia s in d iv id u a liz a n te s . V er X τ â « E 2 L é ÃÇ , La philosophie de Fichte , liv ro I I I , c a p . II. L . “ O e sp irito a b s o lu to ” d e H E ; E Â (Absoluter Geist) re p re s e n ta , d e p o is d o e s p írito s u b je tiv o e d o e s p írito o b je tiv o , o m o m e n to s u p re m o d o d e se n v o lv im e n ­ to d a id é ia : ele é a c o n sc iê n c ia , d o r a v a n ­ te a d e q u a d a , lib e rta d a s n ecessid ad es n a ­ tu ra is e d a s c o n d iç õ e s d e re a liz a ç ã o e x te ­ r io r , d e t o d o o c o n te ú d o c o n c r e to d o es­ p ír ito . M as ele re a liz a -se a si m e sm o em trê s g ra u s : s o b a f o r m a d o id e a l e sté tic o (a a rte ); so b a f o r m a d a v e rd a d e re v e la ­ d a p o r s e n tim e n to ( a re lig iã o ); s o b a f o r ­ m a d a v e rd a d e e x p re ssa n a s u a essê n cia a b s o lu ta (o c o n h e c im e n to ra c io n a l p u ­ ro ). V er Encykiopaedie, terceira p a rte , se­ ç ã o 3.

C R ÍT IC A

A b so lu to vem de absolvere nestes dois sen tid o s m u ito d istin to s: d e slig ar, d esem ­ b a ra ç a r, lib e rta r, p o r u m la d o , e, p o r o u ­ tr o , c o n c lu ir, to r n a r p e rfe ito . Absolutus tem sem p re este ú ltim o sen tid o m as o p ri­ m eiro foi re fo rç a d o , n o s filó so fo s m o d e r­ n o s , p e la re c o rd a ç ã o d e solvere. A u tiliz a ç ã o m e ta fís ic a d e s ta p a la v ra a o fa la r-s e de D eus o u d o s seu s a tr ib u to s é m u ito a n tig a e p a re c e p r o v ir d o f a to de q u e e la a p re se n ta v a a n tig a m e n te u m a sig­ n if i c a ç ã o e s s e n c ia lm e n te la u d a t iv a : “ Q u in ta -F e ira a b s o lu ta , T e rr a a b s o lu ta ” = Q u in ta - F e ir a S a n ta , T e r r a S a n ta . J ë Çâ «   E : “ D eu s é u m n o m e a b s o lu to ( s a g ra d o ) .” V elh a g ra m á tic a fra n c e sa ci­ ta d a p o r Darmesteler et Hatzfeld. “ D eus e st a b s o lu tu s .” N « Tàτ Z á E C Z è τ , D o c ta Ignor., I I , 9. G ÃT E Ç« Z è : “ In te rd u m id em est a c n u d u m , p u ru m , sine u lla cond itio n e : u t cu m a b s o lu tu m D ei d e c re tu m a liq u o d d ico ; in te rd u m id em est q u o d de-

ABSTRA ÇÃ O

7

p e n d e n s a b a l i o .” C o n s e rv o u c la r a m e n ­ te este c a r á te r la u d a tiv o e tra d ic io n a l n a s o b r a s d a esco la eclética e p o r c o n se q ü ê n cia J . S. M « Â Â e stá c o r r e to q u a n d o n o ta q u e n o d e b a te e n tre H τ O« Â I ÃÇ e C ÃZ è « Ç a p a la v r a é a p e n a s u m p s e u d ô n im o c ô ­ m o d o d o n o m e de D eu s. V er Filosofia de H am ilton, c a p . IV . P a re c e u à S o c ie d ad e d e F ilo so fia , d e ­ pois d a d iscu ssão n a sessão d e 29 d e m a io de 1902, q u e o eq u ív o co d esta p a la v ra n ã o p o d e ria ser in te ira m e n te d e sfeito e q u e se­ ria p re fe rív e l u tiliz á -la n u m d o s trê s se n ­ tid o s seg u in tes: S o b r e tu d o q u a n d o ela é to m a d a c o ­ m o a d je tiv o o u c o m o a d v é rb io : a q u ilo q u e n ã o c o m p o r ta n e n h u m a re s triç ã o n em reserv a e n q u a n to tal e d e sig n a d o p o r ta l n o m e . É o s e n tid o C . S o b r e tu d o q u a n d o e la é to m a d a c o ­ m o s u b s ta n tiv o : 1? O Ser q u e n ã o d e p e n d e de n e n h u m o u tr o . É o s e n tid o E . 2? O S er e n q u a n to tem u m a n a tu re z a p r ó p r ia e in d e p e n d e n te d o c o n h e c im e n ­ to q u e d ele se te m . É o s e n tid o F . N o ta r-s e - á q u e as sig n ific a ç õ e s E e F s ã o a q u e la s às q u a is j á K a n t re d u z ia o s d iv e rso s s e n tid o s d a p a la v r a . V er o s te x ­ to s c ita d o s m a is a trá s . Rad. in t.: C . A b s o lu t (a ); E . A b s o lu t (o ); F . E n s i. 1 . A B S O R Ç Ã O (em P s i c . ; a n tig o e p o u c o u s a d o ) D . Vertiefung; E . A bsorp tion; F . A bsorption ; I. Assorbim ento. E s ta d o d e e s p írito a b s o r v id o ( = m e r­ g u lh a d o n u m p e n s a m e n to o u n u m a p e r­ c ep ç ã o a p o n to d e n ã o p e rc e b e r m a is n a ­ d a ). O p o sto p o r H 2 ζ τ 2 à re fle x ã o , n a m e d id a em q u e a p rim e ira in d ic a q u e o su jeito se p erd e m o m e n ta n e a m e n te n o o b ­ je to e a seg u n d a q ue ele v o lta a si e o co m ­ p re e n d e . Rad. int.: A b s o r b . E

a U ab = a

a (a U b) ~ a

Q u e r d iz er: u m te rm o absorve to d o t e r ­ m o a d ic io n a l d e q u e é fa to r; u m fa to r ab­ sorve to d a s o m a d e q u e é u m te rm o . A B S T IN Ê N C IA D . Enthaitung ; E . Abstinence; F . Abstinence ; I. Astinenza. ÉTICA. R en ú n c ia v o lu n tá ria à s a tisfa ­ ç ã o d e u m a n e c e ssid a d e o u de u m d e s e ­ j o . P e rte n c e a o s v o c a b u lá rio s e sto ic o (Abstine et sus tine) e c ris tã o ( = a b ste n ç ão d e c o m e r c a rn e ). É u tiliz a d o n o s n o sso s d ia s n u m s e n tid o m u ito e sp ecial re la tiv o à p r o p a g a n d a a n tia lc o ó lic a : o abstêmio é a q u e le q u e re n u n c ia a b s o lu ta m e n te ao u so d o á lc o o l, p o r o p o s iç ã o a o tem ­

perante. Rad. int.: A b s te n . A B S T R A Ç Ã O (G . A íp a íç ecris; L . Abstractio ) D . Abstraction; E . Abstraction ; F . Abstraction; I. Astrazione. A. A ç ã o d o e sp írito q u e c o n s id e ra s e ­ p a ra d a m e n te u m e le m e n to (q u a lid a d e o u re la ç ã o ) d e u m a re p re se n ta ç ã o o u d e u m a n o ç ã o c o lo c a n d o e sp e c ialm en te a a ten ç ã o s o b re ele e n e g lig e n c ia n d o o s o u tr o s . B . R e s u lta d o d e s ta a ç ã o . V er A b s­

tracto. C . N a o p e ra ç ã o a c im a m e n c io n a d a (A ) d iz-se q u e se fa z abstração d o s ele­ m e n to s q u e s ã o n e g lig e n c ia d o s. “ F a z e r a b s tr a ç ã o d e . . . ” c o rre s p o n d e assim a d e ­ s ig n a r o c o n tr á r io d o q u e d e sig n a m o s “ a b s tr a ir ” o u " c o n s id e r a r p o r a b s tr a ­ ção” .

N OTA S

I

2 . A B S O R Ç Ã O (L ei d a ) P r o p r ie d a ­ d e d a a d iç ã o e d a m u ltip lic a ç ã o ló g ic a s, q u e se e x p rim e p e la s d u a s fó r m u la s c o r­ re la tiv a s:

A a b s tr a ç ã o is o la p o r in te rm é d io d o p e n s a m e n to a q u ilo q u e n ã o p o d e ser iso ­ la d o n a re p re se n ta ç ã o . A d issecção de um ó rg ã o o u m e sm o a re p re s e n ta ç ã o in te le c ­ tu a l d e u m ó rg ã o is o la d o não é u m a a b s ­ tr a ç ã o . A a b s tr a ç ã o d ife re d a análise p e lo f a ­ t o d e e sta ú ltim a c o n s id e ra r ig u a lm e n te to d o s o s e lem en to s d e u m a re p re se n ta ç ã o a n a lis a d a .

ABSTRACCIONISM O

8

O s e n tid o C , se b e m q u e m u ito n o r ­ m a l (p o is d e riv a le g ítim a m e n te d a e x p re s­ s ã o la tin a abstrahere aliquid ab aliquo), d á fr e q ü e n te m e n te lu g a r a c o n tra -s e n s o s p o r p a r te d o s in ic ia n te s e m filo s o fía o u d o s a u to d id a ta s . É n e c e s sá rio c h a m a r a a te n ç ã o p a r a a v ir a d a q u e a í se p r o d u z . Definição p o r abstração, v e r Definição. Rad. i n t A . A b s tr a k t; B . A b s tr a k tu r . (O s e n tid o C é u m id io tis m o q u e n ã o d e v e ser c o n s e rv a d o e m L . I.) A B S T R A C C IO N IS M O

E.

A bstrac­

tionism. A . A b u s o d a s a b s tra ç õ e s . B . E s p e c ia lm e n te e m W . J τ OE è (q u e p a re c e te r c r ia d o e sta p a la v r a ) , te n d ê n c ia

p a r a to m a r as a b s tr a ç õ e s c o m o e q u iv a ­ le n te s d a s re a lid a d e s c o n c r e ta s , d e q u e elas c o n s e rv a m s o m e n te u m c e r to a s p e c ­ t o . V e r The M eaning o f Truth ■ , c a p . X III. Rad. int.: A b s tra k te m e s . A B S T R A T A S (C iê n c ia s ) A . N o u s o c o r r e n te a s ciên c ia s q u e u s a m a s a b s tr a ç õ e s m a is e le v a d a s (M e ta ­ físic a , L ó g ic a , M a te m á tic a s , F ísic a g e ra l, e tc .) . B . E m A Z ; Z è I E C ÃOI E as c iên c ia s p ro p ria m e n te d itas fo r m a n d o a *'‘série en- 1

1. O Sentido de "Verdade".

S o b re A b s tra c io n is m o — E x p r e s s ã o d e W . J a m e s (s e n tid o B) le m b ra d a p o r E m m .

Leroux. S o b re C iê n c ia s a b s tr a ta s — T à ¿upatQéofus e m A ris tó te le s d e s ig n a m u ito p r e ­ c isa m e n te o s o b je to s d a s m a te m á tic a s : v e r e m p a r tic u la r M etafísica, X I , 3; 1061 29. P o d e -s e c o n se rv a r este se n tid o . M a s as g e n e ra lid a d e s d a h is tó ria n a tu r a l n ã o s ã o ta m ­ b é m elas a b s tr a ç õ e s ? S im , m a s a v id a e a o rg a n iz a ç ã o a p e n a s s ã o c o m p le ta s e p o d e m ser c o m p le ta m e n te e s tu d a d a s n o c o n c r e to e n o in d iv id u a l; p e lo c o n tr á r io , a s fo r m a s g e o m é tric a s s ã o c o m p le ta s em si m e sm a s , f o r a d o s c o rp o s o n d e e la s se p o d e m re a li­ z a r. O g e ó m e tra n ã o a p r e n d e r ia n a d a d e n o v o s o b re a p irâ m id e e s tu d a n d o a s P i r â ­ m id e s d o E g ito . P o d e r- s e -ia ta lv e z ta m b é m d iz e r q u e a ló g ica é u m a c iê n c ia a b s tr a ta (o u d o a b s tr a to ) , n o s e n tid o d e q u e o e s tu d o d o silo g ism o se p o d e fa z e r f o r a d e to d a m a té ria d e te r m in a d a . (7. Lacheiier) Isso n ã o é te m p o rá rio e v a riá v e l em c a d a c iên c ia c o n fo rm e o e s ta d o d e c a d a q u e s ­ tã o ? A rq u im e d e s d e m o n s tr a o seu p rin c íp io a tra v é s d e u m m é to d o p u r a m e n te g e o ­ m é tric o ; e , r e c ip ro c a m e n te , G a lile u m e d in d o a tra v é s d a e x p e riê n c ia a su p e rfíc ie d e u m a c iclo id e d á o e x e m p lo d e u m a in v e stig a ç ã o físic a s o b re u m o b je to c o n c r e to , o q u e lev a a e s te n d e r o d o m ín io d o s c o n h e c im e n to s g e o m é tric o s . (A. L .) M. Marsal d e se ja ria v er c o n se rv a d a esta e x p re ssão p a ra d esig n ar a q u ilo q u e C o u rn o t c h a m a série teórica', e ciências concretas p a r a a q u ilo q u e c h a m o u série histórica e cosmológica. “ Sem d ú v id a ” , escrev e ele, “ C o u r n o t p r o je to u lu z s o b re e s ta q u e s ­ t ã o , m a s p r o lo n g a n d o a a n á lis e d e C o m te . A s e tiq u e ta s de C o u r n o t s ã o m a is s a tis f a ­ tó ria s ? N ã o . A p a la v r a ‘série h is tó r ic a ’ é já b a s ta n te a m b íg u a , p o is n a série te ó ric a v e m o s in te rv ir o te m p o , p o s siv e lm e n te m e sm o u m s e n tid o d e v e cç ã o n o te m p o . A p a la v r a ‘série c o sm o ló g ic a ’ d i 2 a in d a m e n o s s o b re a q u ilo q u e q u e r d izer; e isso tr a n s ­ p a re c e n o e n s in a m e n to , p o r p o u c o q u e já te n h a m o s fe ito a p e lo à d is tin ç ã o e sta b e le ­ c id a p o r A m p è re e n tre a s c iên c ia s c o sm o ló g ic a s e n o o ló g ic a s . O r a , h á c iên cias n o o ló g ic a s, n o s e n tid o d e A m p è re , q u e s ã o c o sm o ló g ic a s n o s e n tid o d e C o u r n o t: a e tn o ­ g r a f ia , a Völkerpsychologie, etc. P o r fim , teórica o p õ e -s e a p e n a s à prática o u à téc­ nica. A m in e ra lo g ia é tã o ‘teórica* q u a n to a q u ím ic a . T a m b é m a classificação d e C o u r ­ n o t m e p a re c e c o n c o r d a r n o ta v e lm e n te c o m a s e tiq u e ta s d e C o m te q u e s ã o n ã o ex ce­ le n te s, m a s n a m in h a o p in iã o as m e lh o re s p o s s ív e is .”

9

A BSTRA TO

c iclo p éd ica” : (M a tem á tic a s, A stro n o m ia , c o n fu s ã o . P r o p o s to n u m a o b r a p o lê m i­ fís ic a , Q u ím ic a , B io lo g ia , S o c io lo g ia ) e ca o n d e o p rin c ip a l o b je tiv o de S p e n c e r q u e “ têm p o r o b je to a d e sc o b e rta d as leis e ra v isiv e lm en te o d e m a r c a r a s u a in d e ­ q u e re g e m a s d iv e rsa s classes d e fe n ô m e ­ p e n d ê n c ia em re la ç ã o a C o m te , a p ó ia -s e n o s c o n sid e ra n d o to d o s o s caso s q u e p o s ­ s o b re o a rg u m e n to s e g u in te , q u e ele o p õ e sa m o s c o n c e b e r” . E la s o p õ e m -se às c iên ­ à lig ação necessária estab elecid a p o r C o m ­ te e n tre o a b s tr a to e o g eral: “ T o d o s os cias “ c o n c r e ta s , p a r tic u la r e s , d e sc riti­ v a s ” , q u e c o n s is te m “ n a a p lic a ç ã o d e s­ p á s s a ro s e o s m a m ífe ro s tê m o s a n g u e q u e n te ; eis u m a verdade geral, m as con­ ta s leis à h is tó ria e fe tiv a d o s d ife re n te s se­ re s e x iste n te s ” . Cours , 2? liç ã o . creta, p o is c a d a p á s s a r o n o s o fe re c e u m C. E m S ú E ÇTE 2 a L ó g ic a e a s M a te tip ­ o p e rfe ito d a s u a esp é c ie e n q u a n to r a ­ ç a c o m s a n g u e q u e n te .” O r a , este r a c io ­ m á tic a s , d e fin id a s p e la c a r a c te rís tic a c o ­ c ín io é in e x a to , p o is se p o d e ria d iz e r d a m u m d e t r a t a r “ d a s fo r m a s s o b as q u a is m esm a m a n e ira : “ T o d o s o s h ex ág o n o s re ­ os fe n ô m e n o s n o s a p a r e c e m ” , e m o p o s i­ g u lares tê m u m la d o ig u a l a o ra io ; eis u m a ç ã o à s c iên c ia s “ a b s tr a ta s - c o n c r e ta s ” (M e c â n ic a , fís ic a , Q u ím ic a ), q u e tr a ta m v e rd a d e g e ra l m a s c o n c r e ta , p o is c a d a h e ­ “ d o s fe n ô m e n o s e s tu d a d o s n o s seu s ele­ x á g o n o n o s o fe re c e u m tip o o p e rfe ito d a m e n to s ” , e à s c iên c ia s “ c o n c r e ta s ” , A s ­ s u a esp é c ie e n q u a n to te n d o o la d o ig u a l a o r a i o .” D a q u i se s e g u iria q u e a g e o m e ­ tro n o m ia , G e o lo g ia, B iolo gia, p sico lo g ia, S o c io lo g ia ), q u e tr a ta m “ d o s p ró p rio s fe ­ tr ia é ta m b é m u m a ciên cia c o n c re ta , o q u e é c o n tr á r io à d is tin ç ã o q u e q u e re m o s e s ­ n ô m e n o s e s tu d a d o s n o se u c o n ju n to ” . Classificação das Ciências, c a p . I. S ã o , ta b e le c e r e n e g a d o p e lo p r ó p r io a u to r . D eve-se p o is reco n h ecer q u e to d a lei é a b s ­ s e g u n d o e s ta o b r a , as trê s g ra n d e s d iv i­ tr a t a e n q u a n to g e ra l e q u e a p e n a s as apli­ sõ es d a c la s s ific a ç ã o d as c iên c ia s e c a d a cações em to d a s as ciên cias sã o co isa c o n ­ u m a receb e su b d iv isõ e s im p o r ta n te s . c re ta , c o m o o a d m ite A u g u s te C o m te n a (Ibid, Q u a d ro s I, II e I I I). p a ssa g e m a ta c a d a p o r S p e n c e r. CRÍTICA D ev em -se e v ita r to d a s e sta s e x p re s­ sões, ex ceto p a ra u tiliz a ç ã o h is tó ric a . P r i­ m e iro , p o rq u e esta m e sm a h is tó ria as to r ­ n a e q u ív o c a s. E m se g u id a , n a q u ilo q u e co n ce rn e a o se n tid o A , p o rq u e ele p e rte n ­ ce à lin g u ag em p o p u la r e p o rq u e a s u a ex ­ te n sã o é m u ito v a g a. N a q u ilo q u e c o n c e r­ n e a o s e n tid o B (A u g u s te C o m te ), p o r ­ q u e a distin ção foi re to m a d a e m e lh o r ela­ b o r a d a p o r C o u r n o t so b o n o m e d e série teórica e série cosmológica e histórica d as c iên cias. P o r fim , n a q u ilo q u e c o n c e rn e a o se n tid o C , p o r q u e re p o u s a s o b re u m a

A B S T R A T A S (F u n çõ es) E m M a t. V er E ÇÃZ â « E 2 , Logique, c a p . X X IX , O b se rv a ç õ e s §§ I a 4.

Concreto e c f. R

A B S T R A T IV O (M é to d o ) E m físic a: a q u e le q u e c o n siste em re s u m ir n u m a f ó r ­ m u la m a te m á tic a a lei d o s fe n ô m e n o s se n ­ síveis d ire ta m e n te o b s e rv a d o s (sem p r o ­ c u ra r ex p licá-lo s a tra v és d a s e stru tu ra s o u d o s p ro c e ss o s n ã o a p a re n te s ) e a tir a r d a í a s c o n se q u ê n c ia s a tra v é s d o c á lc u lo . V er a s O b se rv a ç õ e s s o b re hipotético. A B S T R A T O L . A bstractus ; D . A b s­ trakt; E . A bstract ; F . Abstrait; I. A$t r a tto .

S o b re A b s tr a to — J. Lachelier é ig u a lm e n te de o p in iã o d e q u e a p a la v r a a b s tr a ta se deve a p lic a r a p e n a s às noções, m a s o b s e rv a q u e m u ita s vezes se e n s in a o c o n trá rio . Brunschvicg p e rg u n ta se u m a re p re s e n ta ç ã o n ã o p o d e ria seT d a d a b a s ta n te p a r ­ c ia lm e n te p a ra c o rre s p o n d e r a u m a b s tr a to ? A c re d ita m o s q u e a u tiliz a ç ã o in d ic a d a m ais a trá s é m a is c o rre ta . (Louis Couturat — A . L .)

A B ST R U SO

LO

D iz-se d e to d a a n o ç ã o d e q u a lid a d e o u d e re la ç ã o q u e se c o n s id e ra d e m a n e i­ ra m ais o u m e n o s geral fo ra d a s re p re se n ­ ta ç õ e s em q u e e la é d a d a . P o r o p o s iç ã o , a re p re se n ta ç ã o c o m p le ta ta l q u a l ela é o u p o d e ser d a d a d iz-se concreta. C f. m ais a trá s Abstração, N o ta s .

CRÍTICA E n c o n tra m o s a in d a a cid e n ta lm e n te n a lin g u a g e m filo só fic a d u a s o u tr a s u tiliz a ­ çõ es d a p a la v r a abstrato q u e te n d e m c a ­ d a vez m a is a c a ir em d e s u s o , m a s q u e é n ecessário a ssin a la r d ev id o a o s eq u ív o co s q u e elas p o d e m c ria r a lg u m a s vezes: 1? N a E sco lástica, ch am av a-se abstra­ ta a n o ç ã o d e u m a q u a lid a d e c o n c e b id a in d e p e n d e n te m e n te d o s s u je ito s q u e a p o s su e m e concreta a n o ç ã o (g eral) d es­ ses su je ito s eles m e sm o s: a ssim , homem e ra u m a id éia c o n c re ta , humanidade u m a id é ia a b s tr a ta . O s g ra m á tic o s dizem a in ­ d a n este sen tid o u m termo concreto e um termo abstrato. J. S. M « Â Â a d o to u este u so d a p a la v r a n a s u a Lógica , c a p . II , § 4 , a p lic a n d o -a às e x p re ssõ es “ n o m e c o n ­ c r e to ” e “ n o m e a b s tr a to ” ; m a s ele n o ta m e sm o q u e p r o c u r a r e s ta u r a r com isso u m a n tig o u so q u a s e a b o lid o . P o d e -s e li­ g a r ta m b é m a isso a d is tin ç ã o fe ita p o r ST7 Ãú E Ç7 τ Z E 2 e n tre o s abstracta, c o n ­ ceitos q u e a p e n a s se re la cio n a m co m a ex­ p e riê n c ia p o r in te rm é d io de o u tro s c o n ­ c eito s (re la ç ã o , v irtu d e , c o m e ç o ); e os concreta , c o n c e ito s q u e se re la c io n a m d i­ re ta m e n te (h o m e m , p e d ra , c a v a lo ). Die Weit, I, § 9. P ersiste c o n tu d o alg o d essa u tiliz a çã o q u a n d o se e m p re g a m a s p a la v ra s abstra­ to e concreto n o c o m p a r a tiv o , d iz e n d o , p o r e x e m p lo , q u e a id é ia de “ r e la ç ã o ” é mais abstrata d o q u e a d e “ c o m p ri­ m e n to ” . 2? P a r a H E ; E Â , Ã abstrato é a q u ilo q u e a p a re c e fo r a d a s su as relaçõ es v e rd a ­ d e ira s com o r e s to , o u a q u ilo q u e é u m a u n id a d e e x clu siv a d e d ife re n ç a s ; o con­ creto é a q u ilo q u e e stá p le n a m e n te d e ter-

m ín a d o a tra v é s d e to d a s as su as relaçõ es, é a u n id a d e q u e c o m p re e n d e as d ife re n ­ ç as. N e ste s e n tid o a q u ilo q u e h á d e m ais c o n c r e to é o e sp irito ; p e lo c o n tr á r io , s ã o a b s tra ç õ e s o p a rtic u la r ( = o sin g u la r) e n ­ q u a n to e s tá iso la d o d o u n iv e rsa l pela p e r­ cep ç ã o sensível e o u n iv ersal e n q u a n to es­ tá is o la d o d o p a rtic u la r p ela re fle x ã o d o e n te n d im e n to . (Geschichte der Phitosophie, W e rk e , X I I I , p . 3 7 .) C f. Universal

concreto. Rad. int.: A b s tr a k tit. A B S T R U S O (L . Abstrusas, e sc o n d i­ d o , de abstrudo ) D . A b stru s ; E . Abstruse; F . Abstrus; I. A struso. A f a s ta d o d o c u rso v u lg a r d o p e n s a ­ m e n to , em p a rtic u la r d o fu n c io n a m e n to n a tu ra l d a im a g in a ç ã o , e, p o r c o n se q u ê n ­ c ia , d ifícil d e c o m p re e n d e r. “ E v en th e m o s t a b s tr u s e id e a s, h o w re m o te so ev er th e y m a y seem fro m sen se a r fro m an y o p e r a tio n o f o u r o w n m i n d . . . ” 1 L ÃT3 E , Essay, I I , § 8. “ P la tã o d e m o n s tro u -o n u m d iá lo g o e m q u e in tr o d u z S ó c ra te s c o n d u z in d o u m a c ria n ç a a v e rd a d e s a b s ­ tru s a s a tr a v é s d e sim p le s in te rro g a ç õ e s sem n a d a lh e e n s in a r .” L E « ζ Ç« U , N o v o s ensaios, I, § 5. C RÍTIC A

E s ta p a la v ra a p re se n ta fre q u e n te m e n ­ te um c a m b ia n te p e jo ra tiv o : falsa p ro f u n ­ d id a d e , c o m p lic a ç ã o in ú til, c o n fu s ã o , m a s isso é a p e n a s u m a c o n o ta ç ã o a c id e n ­ ta l. E n c o n tra m o -la ( s o b r e tu d o , é v e rd a ­ d e, n a lin g u a g e m clássica) u tiliz a d a n o b o m s e n tid o , c o m o v em o s n o te x to de L e ib n iz c ita d o m ais a trá s . E s ta p a la v r a é u tiliz a d a a lg u m a s ve­ zes p o r e rro c o m o s in ô n im o o u c o m o s u ­ p e rla tiv o d e a b s tr a to : a c o n fu s ã o veio p ro v a v e lm e n te d a s im ilitu d e d a s fo rm a s e d o f a to d e q u e o a b s tr a to é fr e q u e n te ­ m e n te a b s tr u s o . Rad. int.: A b stru z . 1· “ Mesmo as idéias mais abstrusas, por mais afastadas que possam parecer das sensações ou de qualquer operação do nosso e sp írito ...”

II

A B S U R D O D A . Absurd, Abgesch­ mackt, Ungereimt; B . Widersinnig ; E . A bsurd ; n o s e n tid o B, Nonsensical; F . A bsurde ; I. Assurdo. A . P r o p r ia m e n te , a q u ilo q u e v io la a s re g ra s d a L ó g ic a . U m a id é ia a b s u r d a é u m a id é ia c u jo s e le m e n to s sã o in c o m p a ­ tív eis. U m ju íz o a b s u r d o é u m ju íz o q u e c o n té m o u im p lic a u m a in c o n se q ü ê n c ia . U m ra c io c ín io a b s u r d o é u m ra c io c ín io f o r m a lm e n te falso*. O a b s u r d o , n e s te s e n tid o , é p o is m a is g e ra l q u e o contraditório * e m e n o s g e ra l q u e o falso*. E s trita m e n te f a la n d o , o ab­ surdo deve ser d istin g u id o d o n ã o -s e n tid o (D . Unsinn, sinnlos ), p o is o a b s u r d o te m u m s e n tid o , e é fa ls o , e n q u a n to q u e o n ã o -s e n tid o n ã o é p ro p ria m e n te n e m v er­ d a d e ir o n em fa ls o . B . N u m s e n tid o m a is g e ra l e m a is v a ­ g o , n a lin g u a g e m fa m ilia r, d iz-se d a q u i­ lo q u e é ju lg a d o n ã o ra z o á v e l, seja q u a n ­ d o se fa la d as id é ia s, seja q u a n d o se fa la d a s p esso a s.

A B SU R D O

C RÍTIC A

“ N o s e n tid o c o rre n te , absurdo d esig ­ n a tu d o a q u ilo q u e é c o n tr á r io a o sen so c o m u m o u m e sm o a o s n o sso s h á b ito s de e s p írito ; m a s e m filo s o fia é a co n se lh á v e l e n te n d e r p o r isso so m e n te a q u ilo q u e é c o n trá rio à razão; p o d e n d o p rin c íp io s d a ra z ã o , aliás, ser d e fin id o s d e u m a m a n eira m a is o u m e n o s a m p la .” N o ta d e J . L τ T7 E Â « E 2 e F . R τ Z 7 p a r a a p rim e ira e d i­ ç ã o d a p re s e n te o b ra . Raciocínio p o r absurdo , a q u e le q u e p r o v a a v e rd a d e o u a fa ls id a d e d e u m a p ro p o s iç ã o p e la fa ls id a d e d e u m a c o n se q ü ê n c ia . H á p o is d u a s espécies q u e é p re ­ c iso d is tin g u ir: 1? prova p o r absurdo (L .

Probatio per absurdum, p er incommod u m ; p . e x . e m B τ T Ã Ç , De dignit., V , § 3): racio cín io q u e p ro v a a v erd ad e d e u m a p ro p o siç ão p ela ev id en te falsid ad e d e u m a d a s c o n se q u ê n cia s re su lta n te s d a s u a c o n ­ tr a d itó r ia ; 2? redução ao absurdo (G .

cnrotytjyri m r ò c c ò vvó it o v , A RISTÓ T ELE S; L . Reductio ad absurdum): ra cio cín io q u e le v a a re je ita r u m a a s s e rç ã o fa z e n d o v er

S o b re A b s u r d o — L. Boisse é de o p in iã o : 1? q u e seria m ais c o r r e to n ã o u tiliz a r e sta p a la v r a q u a n d o se fa la d a s p esso a s; 2? q u e se a v a n ç a d e m a s ia d o q u a n d o se a f i r ­ m a q u e o n ã o -s e n tid o n ã o é p ro p r ia m e n te n e m v e rd a d e iro n em fa ls o : “ É u m a g r a n ­ de q u e s tã o ” , d iz ele, “ a d e s a b e r se se d e v e a d m itir u m estado de indiferença ta n to n a v id a in te le c tu a l c o m o n a v id a a fe tiv a .” “ O a b s u r d o te m u m s e n tid o e é fa ls o , e n q u a n to q u e o n ã o -s e n tid o n ã o é p r o p r ia ­ m e n te n em v e rd a d e iro n em f a ls o .” É sem d ú v id a isto q u e se d ev e d iz e r, m as isto re s p o n d e rá b e m à u tiliz a ç ã o ? Q u a n d o M a u ric e B lo n d el escreve: “ O m a te ria lism o é u m n ã o - s e n tid o ” (m ais a d ia n te , o b s e rv a ç õ e s s o b re Matéria) n ã o q u e r d iz e r q u e ele tem u m s e n tid o , q u e p o ré m é fa lso ? P o r o u tr o la d o , a lite r a tu r a se m ifilo s ó fic a d e ­ sen v o lv e fre q ü e n te m e n te este te m a : “ O m u n d o é a b s u r d o .” Is to n ã o q u e r d izer q u e ele n ã o tem u m se n tid o o u m e sm o ta lv e z , m a is e sp e c ia lm e n te , q u e ele é d e s titu íd o d e fin a lid a d e p r ó p r ia (o q u e n ã o s e ria u m a g ra n d e d e s c o b e rta , m as m a n ife s ta ria d e p re fe rê n c ia a re a ç ã o d e u m a a lm a d e s ilu d id a , c o m o p o d e ria tê-lo sid o u m a d m ir a d o r d a s h a rm o n ia s d a n a tu re z a , d e p o is d o te r r e m o to d e L isb o a )? (M . Marsaf) D iv ersas c a u s a s te n d e m p a r a fa z e r c o n f u n d ir n a lin g u a g e m c o rre n te estas d u a s ex p ressõ es: a u tiliz a ç ã o d o n ã o -s e n tid o p o r h ip é rb o le c o m o n o e x em p lo c ita d o a trá s ; a u tiliz a ç ã o in g le sa d a p a la v r a nonsense p a r a u m a in c o n g ru ê n c ia d ita q u e r p o r to lice q u e r p o r b rin c a d e ira ; p o r fim , a o p o s iç ã o d e absurdo e de razoável q u e c o n d u z à u tiliz a ç ã o d a p rim e ira d essas p a la v ra s p a ra tu d o o q u e a ra z ã o n ã o p o d e ra tific a r; e, p o r fim , a c o n o ta ç ã o p e jo r a tiv a m u ito e n é rg ic a d e s ta p a la v r a q u e a c a b a em c erto s caso s p o r c o n s titu ir-lh e q u a se to d o o c o n te ú d o . {A. L .)

A B U L IA q u e ela c o n d u z ir ía a u m a c o n se q u ê n c ia c o n h e c id a c o m o fa ls a o u c o n tr á r ia à p r ó ­ p ria h ip ó te se , V er Vτ « Â τ I « , “ S o b re u m a classe n o tá v e l de ra c io c ín io s p o r re d u ç ã o a o a b s u r d o ’’, Revue de métaphysique, se­ te m b ro de 1904. C f. Apagógico. S o b re a p ro v a p o r a b s u r d o n a s m a te ­ m á tic a s , ver D Ã2 ÃÂ Â E , “ O v a lo r d as c o n c lu sõ e s p o r a b s u r d o ” , Rev. philos., set. 1918. R a d , in t. : A b s u r d . A B U L IA (d o G . A 0ov\íct). D . A bulie, Willenslosigkeit; E . Aboulia\ F . Aboulie; I. Abulia. C o n ju n to de fe n ô m e n o s p sicológicos a n o rm a is, “ co n sistindo n u m a alteração de to d o s os fenôm enos q ue d ependem da v o n ­ ta d e , as reso lu çõ es, os a to s v o lu n tá rio s, os e sfo rço s de a te n ç ã o . H á ta m b é m abulias de decisão* e abulias de execução*’, e d is­ tinguem -se ain d a en tre estas últim as a abu­ lia motriz (cf. Apraxia)·, a abulia intelec­ tual (c h a m a d a p o r G Z ; E aprosexia, in c a ­ p a c id a d e de ap lic aç ão ), a q u e la q u e se m a ­ nifesta pela p e rtu rb a ç ão o u im po ssibilid ade d a a te n ç ã o ; a abulia de resistência, a q u e la q u e consiste n u m exagero pato ló gico d o es­

12

p írito de c o n tra d iç ã o n o s a to s . C h am a-se abulia sistematizada a q u e la q u e se re la cio ­ n a so m e n te c o m u m a c e rta c a te g o ria de ato s. (S egundo P ie rre J τ ÇE I , ap . R « T7 E I , s u b Vo.) A C A D E M IA D . Akademie\ E . Academ y; F . Académie; 1. Accademia. A . Antiga Academia - E sco la de P la ­ tã o , E sp e u sip o e X e n ó cra te s. B. Média e Nova Academia - E scola de A rc esila u , de C a rn é a d e s e d o s seus su ces­ so res. S in ô n im o de p ro b a b ilism o * .

NOTA A e x p ressão Nova Academia é m u ito u su al. Média Academia e Antiga Acade­ mia são m ais ra ra s . Q u a n d o se fa la d a E s­ co la de P la tã o , diz-se em g eral a Acade­ mia sem q u a lific a tiv o . “ A A c a d e m ia ” ( = os ja rd in s de A cad e m o s) e ra o lu g a r d o seu en sin o . Rad. int.: A k a d e m i. A Ç Ã O D . Tal Handlung', q u a n d o se q u e r in sistir so b re a característica causal da a ç ã o e s o b re o e fe ito p ro d u z id o : Wirkung; E . Action, Aclivity; F . A ction ; í.

Azione.

S o b re A b u lia — A ç õ es c u jo c o n te ú d o p e rm a n e c e o m e sm o p o d e m s e r e x e c u ta d a s em d iv e rso s g ra u s d e p e rfe iç ã o p s ic o ló g ic a c o m u m a te n s ã o p s ic o ló g ic a m a is o u m e ­ n o s e le v a d a . F u i le v a d o a d is tin g u ir g ro s s e ira m e n te n o v e g ra u s p rin c ip a is q u e p o d e ­ m o s d e sig n a r d a seg u in te m a n e ira : 1? A to s re fle x o s; 2 f A to s su sp e n siv o s; 3? A to s so ciais; 4? A to s in te le c tu a is ; 5? A to s a ss e rtiv o s; 6? A to s re fle tid o s ; 7 Í A to s e rg u é tic o s o u r a c io n a is ; 8? A to s e x p e rim e n ta is ; 9? A to s p ro g re s s iv o s . (C f. A te n s ã o p sic o ló g ic a , o s seu s g r a u s , a s su a s o sc ila ç õ e s, The British Journal o f Psychology , M ed ic a i se c tio n , o u tu b r o d e 1920, ja n e ir o e ju lh o de 1921.) E m c a d a g r a u a p re s e n ta m -s e p e rtu rb a ç õ e s d a a ç ã o q u e p e rd e o g ra u s u p e r io r e q u e c a i, às vezes c o m e x a g e ro , n o g ra u in fe rio r. A p a la v r a abulia , q u a n d o e m p re g a d a d e m a n e ir a p re c is a , n ã o d e sig n a a s u p re ss ã o d e u m a a ç ã o d e u m g ra u q u a lq u e r ; d e sig n a e x a ta m e n te a s u p re s s ã o d a a ç ã o re fle tid a , a im p o s s ib ilid a d e d e d a r a o a to a f o r m a d e u m a d e c is ã o , q u e r d iz e r , d e u m a v o n ta d e o u d e u m a c re n ç a s u sp e n sa s d e p o is d e d e lib e ra ç ã o . O m a is d a s vezes h á ao m e sm o te m p o u m a q u e d a n o g ra u in fe rio r , e x ag e ro d a a ç ã o a s s e ra tiv a q u e d e sig n a m o s p elo n o m e d e im p u ls o o u s u g e s tã o . ( Pierre Janet ) S o b re A ç ã o — E ste a rtig o fo i r e fe ito n a 4? e d iç ã o . O s e n tid o A e sta v a d e fin id o n a re d a ç ã o p rim itiv a : “ M udança de u m ser c o n s id e ­ r a d a co m o p ro d u z id a p o r este m e sm o s e r, e tc .” Maurice Biondel e Ch. Werner e sc re ­ v eram -m e d iz en d o q u e “ m u d a n ç a ” lh es p a re c ia im p ró p rio s en d o u m p e n sa m e n to c o n ­ te m p la tiv o o u u m a v o n ta d e im u tá v e l ta m b é m fo rm a s d e a ç ã o . M . B l o n d e l , sem

13 A . O p e ra ç ã o d e u m ser c o n s id e ra d a c o m o p r o d u z id a p o r e ste p r ó p r io ser e n ã o p o r u m a c a u s a e x te rio r. “ É b a s ta n te d ifíc il d is tin g u ir a s aç õ e s d e D e u s d a q u e ­ las d a s c ria tu ra s, d a d o q u e h á o s q u e a cre ­ d ita m q u e D eu s fa z tu d o , e tc .” L E « ζ Ç« U , Discurso de metafísica , c a p . V I. M ais e sp e c ia lm e n te e x e c u ç ã o d e u rn a v o liç ã o . A lg u m a c o isa q u e e s tá e m si, e q u e n a d a , n e m m esm o a q u ilo q u e ele p r ó p r io é a n te s d o ú ltim o m o m e n to q u e p re c e d e a a ç ã o , p r e d e te r m in a .” R E ÇÃZ â « 2 , Science de la morale , I , 2. E

B . P o r c o n se q ü é n c ia , in flu e n c ia e x er­ c id a s o b re u m o u tr o s e r. “ T u d o a q u ilo q u e se fa z o u a c o n te c e d e n o v o é g eralm e n te c h a m a d o p elo s filó s o fo s u m a p ai­ xão em re la ç ã o a o o b je to a o q u a l isso a c o n te c e e u m a ação em re la ç ã o à q u ilo q u e fa z co m q u e is so a c o n te ç a ; d e m a n e i­ r a q u e a in d a q u e o a g e n te e o p a c ie n te se­ ja m m u ita s vezes m u ito d ife re n te s a a çã o e a p a ix ã o n ã o d e ix am d e ser se m p re u m a

AÇÃO m e sm a co isa q ue tem estes d o is n o m es d e­ v id o a o s d iv e rso s s u je ito s a o s q u a is n o s p o d e m o s r e p o r t a r .” D E è Tτ 2 I E è , Pai­ xões da alma, 1 * p a r te , a r t. 1. C f. Tran­

sitiva (ação). N o sen tid o físico (m u ito fre q u e n te n as ciên cias): “ A a ç ã o d o s á c id o s; a s açõ es le n ta s (em g e o lo g ia ); a a ç ã o d a lu z s o b re o s o rg a n is m o s .” C . E m M e c â n ic a , s e n tid o té c n ic o : p r o d u to d e u m a e n e rg ia p o r u m te m p o . S o b re a d ife re n ç a en tre a ação d ita “ m au p e r tu is ia n a ” e a a ç ã o d ita “ h a m ilto n ia n a ” , assim co m o so b re o princípio da me­ nor ação, v e r m a is a d ia n te o a r tig o e n o S u p le m e n to a s o b serv açõ es de R en é B E 2 I 7 E

 ÃI

.

D . ( O p o s ta à inação.) A tiv id a d e , t r a ­ b a lh o , e sfo rç o . “ N ã o se re q u e r m ais a çã o p a r a o m o v im e n to d o q u e p a r a o r e p o u ­ s o .” D E è Tτ 2 I E è , Princípios , II , 2 6 . E m p a rtic u la r, e sfo rço m o ra l: “ A c er­ te z a é u m a re g iã o p r o f u n d a o n d e o p e n -

f o r m u la r u m a d e fin iç ã o p r o p r ia m e n te d ita , d a v a d e ação a a n á lise q u e é re p ro d u z id a m a is a d ia n te ; C h . W E 2 ÇE 2 p ro p u n h a : “ D e s e n v o lv im e n to d a p o tê n c ia q u e p e rte n c e a u m ser p e la s u a n a tu r e z a .” A q u e s tã o fo i s u m a r ia m e n te e x a m in a d a m a s n ã o r e s o l­ v id a n a sessã o d e 3 d e m a io d e 1923. D e s c a rto u -s e a d e fin iç ã o : “ D e se n v o lv im e n to d a p o tê n c i a ...” a ssim c o m o a fó r m u la (p r o p o s ta p o r u m d o s m e m b ro s d a S o c ie d a ­ d e ): “ O q u e n u m se r é c o n s id e ra d o c o m o p r o d u z id o p o r este m e s m o s e r, e tc .” N e ­ n h u m te x to fo i a p r o v a d o d e c o m u m a c o r d o ; d e c id iu -se m a n te r , à f a lta d e m e lh o r, a re d a ç ã o p rim itiv a te n d o -m e eu c o m p r o m e tid o a p r o c u r a r a in d a a lg u m te rm o q u e e sc a p asse , se p o s sív e l, à o b je ç ã o in d ic a d a . A c re d ite i p o d e r a d o ta r fin a lm e n te a p a la ­ v ra “ o p e r a ç ã o ” , u tiliz a d a , a liá s , p o r M . BÂ ÃÇá E Â n a n o ta s e g u in te e q u e m e p a r e ­ c eu s u fic ie n te m e n te g e ra l p a r a d a r s a tis fa ç ã o a o s e s c rú p u lo s in d ic a d o s . C f. “Opus quod operatur Deus a principio usque ad fin e m , s u m m a ria n e m p e n a tu r a e l e x . . . ” B τ TÃÇ , D e dignitate et augm. scient., liv ro I I I , c a p . IV , c ita n d o o Eclesiastes, I I I , 11. (A . L .) A p a la v r a ação, m a is c o n c r e ta d o q u e ato, e x p rim e a q u ilo q u e é a o m esm o te m p o p rin c íp io , m e io e fim d e u m a o p e r a ç ã o q u e p o d e p e rm a n e c e r im a n e n te a si m e sm a. P a r a a c o m p re e n d e r e h ie ra rq u iz a r -lh e as d iv e rsa s a c e p ç õ e s seria b o m u tiliz a r a d is ­ tin ç ã o tra d ic io n a l e n tre x o u ív , irgárreir e ôewQãv. 1 ? A a ç ã o p o d e c o n s is tir em m o ­ d e la r u m a m a té ria e x te rio r a o a g e n te , em e n c a r n a r u m a id é ia , e m fa z e r c o o p e r a r p a ­ ra u m a c ria ç ã o a rtific ia l d iv e rsa s p o tê n c ia s físicas o u id e ais. 2? A a ç ã o p o d e c o n sis tir em d a r f o r m a a o p r ó p r io a g e n te , em e sc u lp ir o s seu s m e m b ro s e o s seus h á b ito s , em fa z e r v iv er a in te n ç ã o m o r a l n o o rg a n is m o , em e sp iritu a liz a r a ssim a p r ó p r ia v id a a n im a l e a tra v é s d e la a v id a so cia l. 3? A a ç ã o p o d e c o n s is tir em re a liz a r o p e n sa -

14

AÇÃO s a rn e n to a p e n a s $e m a n té m p e la a ç ã o . M a s q u a l a ç ã o ? H á a p e n a s u m a : a q u e la q u e c o m b a te a n a tu r e z a a ssim a c ria , q u e m o d e la o e u c o n tr a r ia n d o - o . O m a l é o e g o ísm o q u e n o fu n d o é c o v a r d ia : a c o ­ v a rd ia te m d u a s faces: p r o c u r a d o p r a ­ zer e fu g a d o e sfo rç o . A g ir é c o m b a tê -la .” J . L τ ; ÇE τ Z , “ F r a g m e n ts ” , Revue de m étaph ., 1898, p . 169.

te se in te r n a d e p r e fe rê n c ia a r e p re s e n ta ­ ç ã o o b je tiv a ” . Carta d e M a u ric e B Â ÃÇ áE Â a L a la n d e s o b re o a r tig o A ção n a p r im e ir a e d iç ã o d o Vocabulário (S ). C f. a o b r a d o m e sm o a u to r in titu la d a

L'action. CRÍTICA

A p a la v r a ação re c e b e o seu c a r á te r E. (n a m e d id a em q u e se d is tin g u efilo só fic o d o te rm o a g ir ( agere , e m p u r ­ ação d a in te lig ê n c ia o u d o p e n s a m e n to ): ra r) q u e se lig a , p o r u m la d o , a o s e n ti­ a e s p o n ta n e id a d e d o s se re s v iv o s e p a r ti­ m e n to in te rio r d o e s f o rç o e d a v o n ta d e c u larm en te d o h o m e m c o n ce b id a q u e r c o ­ e, p o r o u tr o , a o s m o v im e n to s e x te rio re s m o u m a o rd e m d e fa c u ld a d e s q u e d ife re q u e s ã o a s u a m a n ife s ta ç ã o o u q u e p r i­ ra d ic a lm e n te d a re p re s e n ta ç ã o e o p o s ta m itiv a m e n te s u g e rira m a o s o b s e rv a d o re s a e s ta (v er m a is a d ia n te a d iv is ã o d e a n tr o p o m o r f is ta s a id é ia d e u m a re la ç ã o R E í á , c ita d a n o a r tig o ativo) q u e r c o m o a n á lo g a : a a ç ã o d a á g u a so b re o fo g o , p o r s e n d o “ a q u ilo q u e e n v o lv e a in te lig ê n c ia e x e m p lo , se n d o c o n c e b id a c o m o u m a lu ­ p re c e d e n d o -a e p re p a ra n d o - a , seg u in d o -a ta e u m e s fo rç o . M ais a in d a , c o m o o n o ­ e u ltr a p a s s a n d o - a ; em c o n s e q ü ê n c ía , to u J o s ia h R Ãà TE (Bτ Â á ç « Ç , VÃ Actia q u ilo q u e n o p ró p r io p e n s a m e n to é s ín ­ vity), a te o r ia d e A ris tó te le s q u e fa z de

m e n to n a q u ilo q u e ele te m d e m a is u n iv e rs a l, d e e te r n o : a c o n te m p la ç ã o n o s e n tid o f o r te e té c n ic o é a a ç ã o p o r ex ce lê n cia . N o p rim e iro s e n tid o a ação p a re c e o p o r-s e à idéia; ela lu ta p a r a d o m in a r u m a m a té r ia m a is o u m e n o s re b e ld e , m a s d ev e fin a l­ m e n te a p r o v e ita r d e s ta lu ta e e n riq u e c e r-s e a tra v é s d a c o la b o r a ç ã o d o s seu s m e io s de e x p re ss ã o . N o s e g u n d o s e n tid o a ação p a re c e o p o r- s e à intenção q u e e la se a rris c a a tr a d u z ir im p e rfe ita m e n te e d e te r io r a r , m a s q u e , p e lo c o n tr á r io , e la d e v e p re c is a r, fe c u n d a r, fin a liz a r. N o te rc e iro c a s o a ação contemplativa p a re c e o p o r- s e às d ilig ê n ­ cias e à agitação discursiva da meditação o u d a p r á tic a , m a s n a re a lid a d e e la e x p rim e a u n id a d e p e r f e ita e n tre o ser e o c o n h e c im e n to q u e p r e p a r a o s c o n flito s p r o v is ó rio s e s u b a lte rn o s de to d a s a s p o tê n c ia s e x te rio re s, in te rio r e s , s u p e rio re s p o r fim re c o n c i­ lia d a s , h ie ra rq u iz a d a s , a tu a liz a d a s . N ã o se d e v e, p o is , c o n c lu ir d e ste s c o n flito s tr a n ­ s itó rio s u m a h e te ro g e n e id a d e ra d ic a l e fin a l e n tre p e n s a m e n to e a ç ã o . E s ta p re te n s a o p o s iç ã o , q u e n e ste s ú ltim o s a n o s fo i m u ita s vezes d e f e n d id a , im p lic a ria u m d u p lo e rro : p a r a q u e e la fo sse re a l s e ria p re c iso q u e o p e n s a m e n to se lim ita s se a se r u m s iste m a de re p re s e n ta ç õ e s , d e re la ç õ e s , d e a b s tr a ç õ e s n o c io n a is s e p a ra d a s d a v id a e s u b s titu in d o -s e a e la; o r a , isso é fa ls o ; e s e ria p re c iso q u e a a ç ã o fo s se u m im p u ls o d e p o tê n c ia irre m e d ia v e lm e n te o b s c u r o q u e a c o n sc iê n c ia n ã o fo sse c a p a z d e a c la r a r , re c u p e ra r, c o n q u is ta r e a p e r fe iç o a r; o r a , is to é ig u a lm e n te fa ls o . A a ç ã o d e v e c o n s ti­ tu ir a sín tese e n tre a e s p o n ta n e id a d e e a re fle x ã o , a re a lid a d e e o c o n h e c im e n to , a p e s s o a m o ra l e a o rd e m u n iv e rs a l, a v id a in te r io r d o e s p ír ito e a s fo n te s s u p e rio re s o n d e ela se a lim e n ta . J o u b e r t d isse: “ P e n s a r em D e u s é u m a a ç ã o .” S. J o ã o d a C ru z tin h a d ito m a is p r o f u n d a m e n te : “ A a ç ã o q u e e n v o lv e e c o m p le ta to d a s as o u tra s é p e n sa r v e rd a d e ir a m e n te e m D e u s .” (Maurice Blondel) N o s e n tid o m oral “ a ç ã o ” s ig n ific a d e c is ã o , d ilig ê n c ia , in te rv e n ç ã o e fic a z , p o r in ic ia tiv a p r ó p r ia , d e u m a a tiv id a d e v o lu n tá r ia q u e n ã o é d e te r m in a d a n e m p e la su a n a tu r e z a n e m p o r n a d a e x te r io r a e la; d e m a n e ira q u e se a a ç ã o a ssim e n te n d id a n ã o

15 D eus “ o a to p u r o ” , ao m esm o te m p o q u e o S er s u p re m o , c a u s o u u m a fo rte a s s o ­ c ia ç ã o de id é ia s e m esm o fre q ü e n te m e n te u m a c o n fu s ã o e n tre este te rm o e o de realidade. E n c o n tra -se o seu indicio n a cé­ leb re fó r m u la : O que nâo age não é, q u e p o d e sig n ific a r q u e a re a lid a d e d e p e n d e d a a ç ã o A (d a ex istên c ia de u m a n a tu r e ­ za p r ó p r ia , o q u e é q u a se u m a ta u to lo ­ g ia); o u d a a ç ã o B (e x e rc id a s o b re o s o u ­ tro s); o u d a a ç ã o n o sen tid o ético D , q u e r d iz e r, d o e s fo rç o . P o d e -s e d iz e r o m es­ m o d a c o n c lu s ã o d e F a u s to : “ N o p rin c í­ p io e ra a a ç ã o , A m A n fa n g wardie Tat" q u e ele su b stitu i a das Wort (o v erb o ), der Sinn (o p e n s a m e n to ) e n a q u a l ele a b s o r ­ ve die K raft (a fo rç a ). E la p o d e d e sig n a r q u e r o c a r á te r e te rn o e p rim itiv o d o d e­ v ir em o p o s iç ã o à id é ia de u m a c a u s a tra n s c e n d e n te ; q u e r a a n te r io rid a d e d o n ã o -in te le c tu a l s o b re o in te le c tu a l; q u e r a in d a a c re n ç a a n im is ta de q u e o m u n d o

AÇÃO in te iro re p o u s a s o b re u m e sfo rç o a n á lo ­ g o a o d e se jo de q u e n ó s te m o s c o n sc iê n ­ c ia . (O m ais p ro v á v e l é aliás q u e estas id éias d ife re n te s , c o n ciliáv eis o u n ã o , te ­ n h a m s id o a o m e sm o te m p o p e rc e b id a s p e lo a u to r e q u e d a s u a p r ó p r ia m u ltip li­ c id a d e , c o n fu s a m e n te s e n tid a , re s u lte a im p re ssã o de p ro f u n d id a d e q u e d á este v e rso .) Rad. int .: A . A g; B . In flu ; C . A k cio n ; D . L a b o r; E . A k c io n . A ç ã o (P rin c íp io d a m e n o r) — P r o p o ­ sição de m e c â n ic a q u e se p o d e e n u n c ia r so b u m a fo r m a g eral (f ix a d a d e p o is d o séc. X V II d e d iv e rsas m a n e ira s em F erm a t, M a u p e r tu is , E u le r , H a m ilto n ) d iz en d o -se q u e a a ç ã o n o se n tid o C é c o n s ta n te m e n te u m m ín im o (o u u m m á ­ x im o); o u a in d a , e de u m a fo rm a m ais ge­ r a l, q u e a s u a v a ria ç ã o é n u la , q u e p o s ­ sui u m v a lo r e s ta c io n á rio (d e o n d e o n o -

é se m p re c ria ç ã o d e ser é, n o e n ta n to , s e m p re c ria ç ã o d e a c o n te c im e n to , de fe n ô m e ­ n o , lo g o se m p re u m c o m eç o d e q u e a v o n ta d e q u e o p r o d u z é re s p o n sá v e l. N o s e n ti­ d o físico c o m o q u a n d o se fa la d a a ç ã o d o s á c id o s , d a a ç ã o d o fo g o , d a a ç ã o d a m a s ­ sa, e tc ., a p a la v r a a ç ã o sig n ific a , p e lo c o n tr á r io , a lg u m a c o isa q u e re s u lta d a p r ó p r ia n a tu re z a d o a g e n te , q u a lq u e r q u e seja ele, c o n c e b id o c o m o d e te r m in a d o a p ro d u z ila em v irtu d e d a s p ro p r ie d a d e s q u e o c o n s titu e m e d e q u e e m n e n h u m g ra u se p o d e im a g in á -lo re sp o n sá v e l. E ra assim q u e o u tr o r a se d is tin g u ia m os actus humani o u a çõ e s q u e o h o m e m re a liz a s a b e n d o -a s e q u e re n d o -a s e os actu hominis o u açõ es q u e o h o m e m p r o d u z , se n ã o sem o sa b e r, p elo m e n o s sem o q u e re r, a tra v é s d o q u e ele é n a tu ra lm e n te . (L. Laberthonnière ) O sen tid o C fo i a c re s c e n ta d o p o r p r o p o s ta d e R enéBerthelot, Brunschvicg, Louis

Weber. S o b re o s e n tid o E — A m a io r p a rte d a s vezes q u a n d o se d istin g u e a a ç ã o d a in te ­ lig ên cia é p a r a d is trib u ir lo u v o re s a u m a o u a o u tr a , p a r a as c la s s ific a r e as h ie r a r ­ q u iz a r. O ra em n o m e d a a ç ã o se e n d e re ç a m m a ld iç õ e s a o p e n s a m e n to p u ro e se vive n a q u ilo q u e J . S t. B lack ie c h a m a “a loucura da e x te r io r id a d e o r a se d e c la ra q u e o p e n s a m e n to é s u p e rio r a tu d o e q u e a a ç ã o é a p e n a s u m a im a g e m e n fra q u e c id a d ele. É p r o p r ia m e n te e n tã o a im p o tê n c ia d e c o n te m p la r , àaOevtia deuçíar, a a ç ã o to rn a -s e u m a g ra n d e p o b re z a . “ Oh fraqueza de agir...!” Q u a n d o e sta m o s s eg u ro s d a s n o ssa s id é ia s, p a r a q u e serv em os f a to s q u e a s c o n firm e m ? C f . a c éle b re s e n te n ç a d e V illiers em A x el: “ V iv e r... os c ria d o s f a r ã o isso p o r n ó s .” (Louis Boisse) C f. d o m e sm o a u to r : Le Fétichisme de 1’action (A ction m or ale > 15 d e n o v . d e 1902). S o b re a Critica — D o a d á g io : “ A q u ilo q u e n ã o age n ã o é ” , p o d e -se a in d a a p r o ­ x im a r a fó rm u la : “ U m ser é o n d e a g e ” , f ó r m u la q u e se e n c o n tr a n o s E sc o lá stic o s e de q u e já os E stó ic o s fa z ia m u so . (R. Berthelot)

ACASO m e de " P r in c íp io d a a ç ã o e s ta c io n a r ia ” , de q u e h o je em d ía se faz a lg u m a s vezes u so ). E sta p ro p o s iç ã o fo i c o n sid e ra d a o ra c o m o p o s s u id o r a d e u m v a lo r m e ta fís i­ c o , o ra c o m o s en d o u m a v e rd a d e q u e d e ­ riv a u n ic a m e n te d a cien cia p o s itiv a , q u e r c o m o o p rin c ip io fu n d a m e n ta l d a m e c á ­ n ic a , o r a c o m o u m te o re m a d e m o n s tr á ­ vel a p a r tir d as leis g erais d o m o v im e n to . S o b re a h is to ria d e ste p rin c ip io e s o ­ b re a u tiliz a ç ã o q u e dele é fe ita p elo s fí­ sicos c o n te m p o rá n e o s v e r o Suplem ento n o fim d e ste liv ro .

16

r a c io n a l, as p re rro g a tiv a s in trín s e c a s d a re lig iã o p a ra a a u d iê n c ia de to d o s os es­ p ír i to s .” Carta d e M a u ric e B Â ÃÇá E Â a L a la n d e a c e rc a d a p ro v a d e ste a rtig o (2? ed ição ). V er m ais a d ia n te Intelectualismo , Pragmatismo, e La signißcation du präg · matisme, de P τ 2 Ãá « , n o Bulletin d a S o ­ c ie d a d e de F ilo s o fia , ju lh o de 1908, co m u m a c a r ta d e M. BÂ ÃÇá E Â . B. N u m s e n tid o d ife re n te e m ais a m ­ p lo d iz-se d o p ra g m a tis m o , d o h u m a n is ­ m o , d o in s tru m e n ta lis m o e d e to d a s as d o u tr in a s q u e d e fe n d e m a p rim a z ia d a a ç ã o em re la ç ã o à r e p re s e n ta ç ã o .

F ilo s o fia d a a ç ã o A C A S O (G . Tvxtj, avrófiarov) D. Z u ­ D o u tr in a filo s ó fic a d e M a u ric e e x p o s ta p rin c ip a lm e n te n a su a fall, Zufälligkeit; E . Chance, Hazard o b r a L ’action (1893). “ E la lig a-se a estes (m a is r a r o ) ; F . Hasard ; I. Caso, Azzard o is p ro b le m a s e n e ste e s p irito : 1? E s tu ­ do, Fortuito (ra ro s ). d o d a s re la ç õ e s e n tre o p e n s a m e n to e a E s ta p a la v r a serve p a r a tra d u z ir t vxt j a ç ã o , de m o d o a c o n stitu ir u rn a crítica d a e avTÓjiaTov e m A 2 « è I ó I E Â E è , q u e o p õ e v id a e u rn a c ie n c ia d a p r á tic a c o m a in ­ estes te rm o s a ^vern e o s a p ro x im a d e te n ç ã o de a r b itr a r o d ife re n d o e n tre o in ­ acidente * ( I ò ou/ißeßTjxos). A natureza, te le ctu a lism o e o p ra g m a tis m o a tra v é s d e s e g u n d o ele, é o q u e a g e e m v irtu d e d e u m a ‘filo s o fia d a a ç ã o ’ q u e en v o lv e u m a u m a f in a lid a d e * , m a s: 1? c a d a a ç ã o e x e­ ‘filo s o fia d a id é ia ’ em lu g a r de a ex clu ir c u ta d a c o m v ista a u m fim p ro d u z a c e s­ so ria m en te efeito s q u e n ã o sã o c o m p re en ­ o u a ela se lim ita r. 2? E s tu d o d a s relaçõ es d a ciên cia c o m a c re n ç a e d a filo s o fia d id o s n o seu fim (co m o o ru íd o d e u m vei­ m a is a u tô n o m a c o m a re lig iã o m a is p o ­ c u lo , e fe ito ace ssó rio e n ã o p re te n d id o d o s itiv a , d e m o d o a e v ita r ta n to o r a c io n a ­ seu m o v im e n to ); 2? as a ç õ e s d e ste tip o lism o q u a n to o fid e ís m o , e co m a in te n ­ p o d em te r e n tre si a p ro x im a çõ e s q u e ta m ­ ç ã o d e e n c o n tr a r , a tra v é s d e u m ex am e b ém n ã o s ã o c o m p re e n d id a s n a fin a lid a A.

B Â ÃÇá

E

Â

S o b re o P r in c ip io d a m e n o r a ç ã o — N o v a re d a ç ã o d e v id a a René Berthelot . E le q u is ju n ta r - lh e u m c o m e n tá rio h is tó ric o d e m a s ia d o e x te n s o p a r a s e r a q u i in s e rid o m a s q u e se e n c o n tr a r á n o Suplem ento, n o fim d a p re s e n te o b r a . S o b re A c a so — A rtig o c o rrig id o seg u n d o as o b serv aç õ es d e J . L a c h elier, F. R a u h , E . G o b lo t, F . M e n tré , L . B ru n sc h v ic g . História — A r i s t ó t e l e s d e fin iu o a c a s o , a c a u s a a c id e n ta l d e e fe ito s e x c e p c io ­ n a is o u acessó rio s q u e rev estem a a p a rê n c ia d a fin a lid a d e (V er Física, 197a5, 12, 22). E s ta d e fin iç ã o é c o m p le x a , c o n té m a d e C o u r n o t, m a s c o m a id é ia d e fin a lid a d e a m a is . P a r a ele, o a c a s o é u m e n c o n tr o a c id e n ta l q u e se a sse m e lh a a u m e n c o n tr o in te n c io n a l (o c re d o r q u e e n c o n tr a p o r a c a s o o seu d e v e d o r , o trip é q u e c a i, p o r a c a ­ s o , s o b re os seu s trê s p é s). U m e x e m p lo d e A le x a n d re d e A f r o d ís ia e sc la re ce p e rfe i­ ta m e n te a d is tin ç ã o fe ita p o r A ris tó te le s e n tre τ ύ χ η e α υ τ ό μ α τ ο ν : u m c a v a lo fu g itiv o e n c o n tr a o se u d o n o p o r a c a s o ; h á α υ τ ό μ α τ ο ν p a r a o c a v a lo e τ ύ χ η p a r a o d o n o .

(F. Mentré)

17

ACASO

d e d essas a ç õ e s . O c o n ju n to d esses e fe i­ to s a c e ssó rio s c o n s titu i a τ ν χ η e α υ τ ό μ α ­ τ ο ν . (V er M « Â 7 τ Z á , “ O a c a s o em A ris ­ tó te le s e e m C o u r n o t” , Revue de métaphysique, n o v e m b ro , 1902, e Étudessur

la pensée sdentifique chez les grecs et les modernes, c ap . IV .) A s d u a s p a la v ra s são n o m a is d a s vezes a s s o c ia d a s p o r A 2 « è ­ ó Â è : “ T à "γ ι ν ό μ ε ν α φ ύ σ α -πά ν τ α

I

I E

E

•γ ί ν ε τ α ι η « e i ώ 6 ι η ώ ί ε π ί τ ο π ο λ ύ . τ α δ ε πα ρ ά τ ο orei x a l ώ ϊ eVt τ ο χ ο λ ύ , α τ ό τ ο ν α υ τ ο μ ά τ ο υ x a t α π ό τ ύ χ η ί .” Π β ρ ί χ ε ν έ σ ε ω * χ α ϊ φ θ ο ρ ά ί , II , 6, 33b7. M a s , n u m s e n tid o m a is re s trito , a τ ύ χ η é a p e ­ n as u m a p a rte d e α υ τ ό μ α τ ο ν (Física , II, 6, 19 7 a37): e la c o n siste n a q u ilo q u e , a c o n te c e n d o p o r aca so a seres d o ta d o s d e v o n ta d e (q u e r d iz er, a tra v é s de u m efei­ to p u ra m e n te a c id e n ta l e n ã o p rev isto das su as voliçõ es, o u a in d a p o r u m a c a u sa ex­ te rio r q u e n a d a tem de in te n c io n a l) , é c o n tu d o ta l q u e n ã o se p o d e ria d e se já -lo o u tem ê-lo , q u e rê -lo o u q u e re r im p ed i-lo : “ ’Ό σ α ά τ ο τ α ν τ ο μ ά τ ο υ "γ ί ν ε τ α ι τ ώ ν τ ρ ο α ι ρ ε τ ώ ν , roTs ε χ ο υ α ι π ρ ο α ί ρ ε σ ι ν .” Ibid. 197*>21. V er Β ο ν ι τ ζ , ν ο τ ύ χ η . Sentido primitivo: “ J o g o d e A z a r A hasard) é o n o m e p r ó p r io d e u m a esp é ­ cie d e jo g o d e d a d o s ” (Dτ 2 O ., H τ I U . e T 7 ÃOτ S, VÃ , 1227 A ) , a la r g a d o m a is

ta r d e a to d o s os jo g o s o n d e n ã o in te rv é m a h a b ilid a d e d o jo g a d o r , m a s o n d e o g a ­ n h o e a p e r d a s ã o d e te r m in a d o s p o r u m c o n ju n to d e c a u sa s m u ito p e q u e n a s o u m u ito c o m p le x a s p a r a q u e o re s u lta d o p o s s a ser p re v is to . D a í d u a s m a n e ira s d e d e fin ir e ssa p a ­ la v ra , c o n s o a n te se p re te n d e v eicu lar a p e ­ n a s a id é ia q u e te m o s d o a c a s o , o u in d i­ c a r te o ric a m e n te q u a is a s c irc u n stâ n c ia s o b je tiv a s q u e fo rn ec em a esta id éia a o c a ­ s iã o d e se a p lic a r: 1? Definição subjetiva : A. C a ra c te rís tic a d e u m a co n te c im e n ­ to o u de u m c o n c u rso d e a c o n te c im e n to s q u e n ã o a p re s e n ta o g ê n e ro de d e te rm i­ n a ç ã o q u e n o s p a re c e ria n o rm a l d a d a a s u a n a tu re z a ; p o r e x e m p lo , c a r a c te rís ti­ c a d e u m a c o n te c im e n to q u e to c a a n o s ­ s a p e ss o a , o s n o sso s b e n s, os n o sso s in ­ teresses, m a s q u e n ã o p o d e m o s p re v e r e q u e n ã o q u is e m o s; d e m a n e ira q u e n ã o n o s p o d e m o s o u to r g a r o m é rito n em m e ­ recer u m a c en su ra , m esm o se alg u m as d as n o s s a s açõ e s v o lu n tá ria s e stiv e re m e n tre as c a u s a s q u e c o n c o r re r a m m a te ria lm e n ­ te p a r a o e fe ito p r o d u z id o . “ A in d a q u e o s h o m e n s se g a b e m d a s su a s g ra n d e s açõ e s e sta s sã o fre q u e n te m e n te a p e n a s

AvTÓfiaTOi è u m a p a la v r a d a lín g u a g re g a c o r r e n te , q u e se e n c o n tr a j á e m H o m e ­ r o . Q u e r d iz e r, seg u n d o a s u a e tim o lo g ia , “ a q u ilo q u e se m o v e p o r si m e s m o ” , e s ­ p o n tâ n e o . E m certas p assag en s d e A ristó te le s, en co n tra-se a in d a este sen tid o : a yeveois avTÓpaTos é a g e ra ç ã o e s p o n tâ n e a . C o m o é q u e , m e sm o a n te s d a s u a é p o c a , j á tin h a p a s s a d o p a r a o d e acaso (T u c id id e s , X e n o fo n te )? P r o v a v e lm e n te p o r a n títe se à q u ilo q u e é d e te r m in a d o p o r u m a c a u s a e x te r n a , e , p o r c o n s e g u in te , p rev isív el. Se assim f o r , b a s ta ria a p r o x im a r e sta n o ç ã o d a id é ia s e g u n d o a q u a l a ú n ic a c o isa v e rd a d e ir a ­ m e n te f o r tu ita é a q u e d im a n a d e u m c o m e ç o a b s o lu to , de u m liv re -a rb ítrio (m a s, b em e n te n d id o , sem a tr ib u ir e s ta in te r p r e ta ç ã o ao p r ó p r io A ris tó te le s). (A. L .) N o Essai, C o u r n o t s u b lin h a a d e fin iç ã o d e J e a n de Lτ P  τ TE I I E ( Traité des je u x de hasard, H a ia , 1714) q u e é a a n te p a s s a d a d a s u a . E le d e fin ia o a c a s o co m o “ o c o n c u rs o d e d o is o u trê s a c o n te c im e n to s c o n tin g e n te s , p o s s u in d o c a d a u m deles as su a s c a u s a s, de f o r m a q u e o seu c o n c u rs o n ã o p o s su i n e n h u m a q u e se c o n h e ç a ” . C ita d o n o Essai, to m o I, p . 56, n o ta 1. (F. M entré ) A d e fin iç ã o d a d a p o r P ë ÇTτ 2 é fo i a n te r io rm e n te f o r m u la d a p o r R E Çá Ç em L ‘avenir de la science: “ O a c a s o ” , d iz ele, “ é a q u ilo q u e n ã o te m c a u s a m o ra l p r o ­ p o rc io n a d a a o e f e ito .” (p . 24) E le c ita c o m o ex em p lo o a c a s o d a m o rte de G u sta v o

IS

A C A SO e fe ito s d o a c a s o e n â o de u m g ra n d e d e ­

rio s o a c id e n te , p o r o u c o n tr a a ra z ã o in ­

s íg n io ,” (L τ

, Máxima

d ife re n te m e n te , c o n s o a n te o s e n c o n tro s

57) ” 0 q u e c o n s titu i a c a s o a o s o lh o s d o s h o m e n s é d e síg n io a o s o lh o s de D e u s .” (BÃè è Z E I , Política , V , I I I , 1) V er Fatum. “ A ju ris p ru d ê n c ia a d m ite n e ste s e n tid o

a tô m ic o s , fo rtu ito s p o r d e fin iç ã o , e n ­ q u a n to q u e o liv re -a rb ítrio h u m a n o exi­ g e, a n te p o ssib ilid ad e s in d e te rm in a d a s , a d e lib e ra ç ã o d a ra z ã o , q u e ex clu i o aca­

o caso fo rtu ito , q u e s u p rim e , salv o c o n ­ v e n ç ã o c o n tr á r ia , a re s p o n s a b ilid a d e d o d e v e d o r .” ( Código civil, a r t. 1148, 1302)

so .” R ÇÃZ â « 2 , Histoire et solution des problèmes métaphysiques, X I I , p . 101.

R ÃT

7 E

E ÃZ Tτ

Z Âá

2? Definições objetivas : B. A q u ilo q u e é a o m e sm o te m p o te ria lm e n te in d e te r m in a d o e m o r a lm e n ­ te n ã o d e lib e ra d o . “ E p ic u ro [pelo c lin a m e n ]... n ã o fazia m a is d o q u e in tr o d u z ir n o s a to s v o lu n tá ­

E

E

F ra n c k d efin e-o d a m esm a fo rm a: “ A q u i­ lo q u e n ã o p a re c e ser o re s u lta d o n e m d e u m a n e c e ssid a d e in e re n te à n a tu re z a d as m ac­ o isa s , n e m d e u m p la n o c o n c e b id o p e la in te lig ê n c ia .” Dictionnaire, 682 B. H á , p o r o u tr o la d o , ra z õ es p a r a d u v id a r, a c re s c e n ta , d e q u e este c o n c e ito c o rre s ­ p o n d a a a lg o d e e x iste n te .

A d o lf o , m o r to em L u tze n p o r u m a b a la d e c a n h ã o , e a c re s c e n ta : “ A d ire ç ã o d e u m a b a la v a ria n d o a lg u n s c e n tím e tro s n ã o é u m f a to p r o p o r c io n a l às im e n sas c o n se q ü ê n cias q u e d a í r e s u lta r ã o .” S e g u n d o e sta d e fin iç ã o , o a c a s o seria s in ô n im o d e c a u s a in s ig n ific a n te q u e p r o d u z e fe ito s in c alcu lá v e is. E x e m p lo : o c o m p rim e n to d o n a riz de C le ó p a tr a e o g rã o de a re ia de C ro m w e ll (em P a s c a l). P o u c o f a lto u p a r a N a p o leão n ã o te r p a r tid o p a r a a T u r q u ia , o q u e a lte r a r ia o c u rs o d a R e v o lu ç ã o e os d e s ti­ n o s d a E u r o p a . P o u c o fa lto u p a r a q u e D a rw in n ã o v ia ja sse a b o r d o d o Beagle , o q u e te ria a lte r a d o c o n sid e ra v e lm e n te o d e stin o d a b io lo g ia ! T ra ta -s e de u m a d as c a ­ ra c te rístic a s d o a c a s o h u m a n o e h is tó ric o , m as u m a c a ra c te rís tic a derivada . O fa to o b je tiv o c o n siste n a c o in c id ê n c ia d a s séries; o re s to é in te rp re ta ç ã o su b je tiv a e f in a ­ lista . ( /d .) A id é ia de R e n á n p a re c e -m e m u ito d ife re n te d a d e P o in c a ré . P a r a o p rim e iro , tr a ta - s e de importância moral, p a r a o seg u n d o tr a ta - s e de grandeza física d o s f e n ô ­ m e n o s c o n s id e ra d o s , n o s e n tid o de q u e o físico c o n s id e ra o m ilésim o de m ilím e tro c o m o n eg lig en ciáv el c o m p a r a d o a o q u ilô m e tro ; e é p re c is a m e n te d a í q u e e x tra í a su a ju s tific a ç ã o d a lei d o s g ra n d e s n ú m e ro s . P o d e -s e d iz e r , e e u p ró p r io j á o fiz n a Críti­ ca, q u e se se p re te n d e c o n s e rv a r n a p a la v r a acaso o s e u s e n tid o u s u a l so m o s n ecessa­ ria m e n te c o n d u z id o s d a id é ia p u ra m e n te m a te m á tic a à id é ia d e ju íz o a p re c ia tiv o ; m a s isso p a re c e -m e u m a m o d ific a ç ã o d a te o r ia e n ã o o seu p o n to d e p a r tid a . P o r o u tr o la d o , te ria d ific u ld a d e em c o n c o r d a r q u e se D a rw in n ã o tiv esse fe ito a v ia g em a b o r d o d o Beagle isso te ria a lte r a d o c o n sid e ra v e lm e n te o d e s tin o d a b io lo ­ g ia ; m a s tr a ta - s e d e u m a q u e stã o q u e d iz re s p e ito a o p a p e l d o a c a s o n o p ro g re s so d a ciên cia e n ã o d a d e fin iç ã o d o te r m o . (A. L .) A o p re te n d e r c o rrig ir a d e fin iç ã o d e C o u r n o t, P . SÃZ 2 ã τ Z (tese so b re a Inven­ ção) e n c o n tr o u e sta fó rm u la : “ O a c a s o é o e n c o n tr o d e u m a c a u s a lid a d e e x te rn a e de u m a fin a lid a d e in te r n a .” E s ta d e fin iç ã o a p ro x im a -s e d a de A ris tó te le s, m a s n ã o é tã o c o m p re e n s iv a : é a p e n a s u m c a s o p a rtic u la r. P o d e a c o n te c e r o e n c o n tr o d e d u a s fin a lid a d e s; e d e p o is as d iv e rsas fin a lid a d e s n ã o d ev em ser c o lo c a d a s n o m esm o p la ­ n o . (F. Mentré)

ACASO

19

C.

“ C a r a c te rís tic a d e u m a c o n te c i­ n íç ao g e ra l: “ O a c a so é o c o n c u rso d e fa ­

m e n to o c o rrid o p e la c o m b in a ç ã o o u e n ­

to s ra c io n a lm e n te in d e p e n d e n te s u n s d o s

c o n tro de fe n ô m e n o s q u e p erte n ce m a sé­

o u tr o s ” {Traitéde l ’enchaînement, § 52;

ries in d e p e n d e n te s n a o rd e m d a c a u s a li­

Matérialisme, vitalisme, rationalisme, p .

d a d e ” (C ÃZ

313), d e fin iç ã o o n d e é p re c iso e n te n d e r

* Théoríe des chances et des probabilités, c a p . II; e Essai sur les fondem ents de nos connaissances, c a p .

a p a la v r a fa to s n o s e n tid o m ais g eral. “ It is in c o rre c t to say th a t a n y p h e n o m e n o n

III). E le c o m p le ta em o u tro lu g a r esta d e ­

is produced by chance, b u t w e m a y say

fin iç ã o o b s e rv a n d o q u e a m e sm a esp écie

th a t tw o o r m o re p h e n o m e n o n a re con­

de c o n c u rso p o d e te r lu g a r n ã o só n a o r ­

joined by chance... m e a n in g th a t th e y a re

d e m de c a u s a lid a d e , m as ta m b é m n a o r ­

in n o w ay re la te d th ro u g h c a u sa tio n ; th a t

d e m ra c io n a l o u ló g ic a (p . ex. a série d o s

th e y a re n e ith e r c au se a n d e ffe c t, n o r e f­

d ecim ais d o n ú m e ro ir). D o n d e e sta d e fi-

fects o f cau ses b e tw e e n w h ich th e re su b -

2 ÇÃI

S o b re a Crítica — Extrato da discussão na sessão de 4 de ju lh o de 1907: J. Lachelier: “ V ejo a p e n a s d o is s e n tid o s p o ssív eis d a p a la v r a acaso: 1? a a u s ê n ­ cia de q u a lq u e r ra z ã o d e te rm in a n te ; 2? a a u sê n c ia de d e term in a çã o teleoló gica. Q u a n d o se diz q u e o a c a s o ‘n ã o e x iste ’, to m a -s e , v u lg a rm e n te , a p a la v r a n o p rim e iro s e n tid o ; p re te n d e -se d iz e r q u e tu d o é d e te r m in a d o , p e lo m e n o s m e c a n ic a m e n te (a m e n o s q u e , c o m o B o ssu e t, n ã o se s o b r e p o n h a à o r d e m n a tu r a l u m a esp écie d e te le o lo g ía d iv in a ; n ã o e x istiria e n tã o a c a s o , m e sm o n o s e g u n d o s e n tid o ). N o p e n s a r d e to d a a g e n te existe u m a c a s o ; e q u a n d o se d iz q u e u m a c o isa a c o n te c e p o r a c a s o e n ten d e -se p o r isso q u e e ssa c o isa a c o n te c e sem d ú v id a e m v irtu d e d e u m a n e ce ssid a d e m e c â n ic a ( p a r a f a la r co m v e rd a d e , n ã o se a f ir m a ta l n e m se n e g a , n ã o se p e n s a d e f a to n e ste g ê n e ro de c a u s a lid a d e ); m a s , e m to d o c a s o , a sse g u ra -se q u e a c o n te c e f o r a d e q u a l­ q u e r o rd e m te le o ló g ic a , q u e r d iz e r, f o r a n ã o só d e q u a lq u e r d e síg n io h u m a n o o u d i­ v in o , m as ta m b é m d e q u a lq u e r o rd e m e stá v e l (d e q u a lq u e r f o r m a d e re s to q u e se e x p liq u e e s ta o r d e m ; m a s vê-se a í s e m p re , m a is o u m e n o s c o n sc ie n te m e n te , o e fe ito d e u m a esp écie d e te le o lo g ía d a n a tu r e z a ) . É n e c e s sá rio a c re s c e n ta r q u e a q u ilo q u e e s c a p a a e s ta o rd e m só se c h a m a acaso p o r o p o s iç ã o o u p e lo m e n o s p o r c o n tra s te c o m e s ta m e sm a o rd e m . A ss im , a m a r c h a re g u la r d e u m p la n e ta n a s u a ó rb ita n ã o n o s p a re c e f o r tu ita ; as p e rtu rb a ç õ e s p ro d u z id a s p e la a tr a ç ã o m ú tu a d o s p la n e ta s ta m ­ b é m n o s n ã o p a re c e m f o r tu ita s , m a s u m a p e r tu r b a ç ã o p r o d u z id a p e la p a ssa g e m de u m c o m e ta p a re c e -n o s f o r tu ita , p o r q u e o s c o m e ta s e os seus m o v im e n to s n ã o f o r ­ m a m p a r a n ó s u m c o n ju n to o rg a n iz a d o . S e h o u v e sse a p e n a s u m só c o r p o , a n d a n d o n o e sp a ç o e m lin h a r e ta , em v irtu d e d e u m im p u ls o re c e b id o , n ã o d iría m o s q u e o a n d a m e n to d o c o rp o e r a f o r tu ito , p o r q u e ele n ã o se oporia, n o n o sso p e n s a m e n to , a q u a lq u e r c o n ju n to o rg a n iz a d o d e m o v im e n to s .” L. Brunschvicg a c e ito u e sta s o b s e r v a ç õ e s 1.

1. C, R a n zo li dividiria de um a m aneira análoga os sentidos da palavra acaso. “ Este term o ” , escreve-nos ele, “ só tem sentido preciso num contexto determ inado e segundo a ordem de idéias em que, de saída, nos colocarmos. Dai três utilizações fundam entais: A. Do ponto de vista da causalidade ou da necessidade, o que é espontâneo, indeterm inado; B. Do ponto de vista da finalidade, aquilo que é m ecânico, inconsciente; C. Do ponto de vista da previsibilidade, aquilo que é im previsto, imprevisível, inesperado; e isso quer, 1?, devido à complexidade das causas e dos efeitos; quer, 2?, devido ao encontro de séries independentes de acontecim entos.” Ver a sua obra // caso net pensiero e nelio vila, M ilão, 1913.

A CASO sists a n y la w o f c o ex iste n ce ; n o r ev en e ffects o f th e s a m e o rig in a l c o llo c a tio n o f p rim e v a l c a u s e s .” ' J . S. M « Â Â , Lógica , liv ro I I I , c a p . X V II, § 2. “ O a c a s o é u m a in te rfe rê n c ia , a lg u ­ m a s vezes s in g u la r, n o rm a lm e n te im p r e ­ visível d e v id o à c o m p lex id ad e d o s seus fa ­ to r e s ... e m to d o c a s o n ã o in te n c io n a l e re la tiv a m e n te c o n tin g e n te (a in d a q u e n e ­ c e s s á ria e m s i, n u m d a d o m o m e n to e em I.

I . “ É inexalo dizer que um fenóm eno, qualquer que ele seja, é p ro d u zid o p elo acaso·, m as lem os o direito de d h e r que dois ou vários fenômenos são reu­ n id o s p e lo acaso; enrendendo p o r isso que aqueles não se encontram ligados de qualquer modo pela cau­ salidade; que não constituem nem causa nem efeito um do o u tro , nem são efeitos d a m esm a causa, nem efeitos de causas ligadas entre si por um a lei de coe­ xistência, nem efeitos de um a mesma colocação ori­ ginal das causas prim itivas.”

20

d a d a s c irc u n s tâ n c ia s ) e n tre d u a s o u v á ­ ria s séries c a u s a is re c ip ro c a m e n te e r e la ­ tiv a m e n te in d e p e n d e n te s .” M τ Â á « á « E 2 , “ O a c a s o ” , Revuephilosophique, ju n h o

de 1897, p. 585. D. C a ra c te rís tic a d o s a c o n te c im e n to s n o s q u a is se v e rific a a lei dos grandes números , q u e r d iz e r, ta is “ q u e s e n d o esses a c o n te c im e n to s sep a ra d o s e m classes e es­ s a s classes e m c a te g o ria s , a re la ç ã o e n tre o n ú m e ro to ta l d e aco n tecim en to s d a clas­ se e o n ú m e ro to ta l de a c o n te c im e n to s d e u m a d a s c a te g o ria s te n d e irre g u la rm e n te p a ra u m lim ite d e te rm in a d o q u a n d o o n ú ­ m e ro d e a c o n te c im e n to s c o n s id e ra d o s se to r n a c a d a vez m a io r ” . (D E M ÃÇI E è è Z è , “ A p ro p ó s ito d o a c a s o ” , R evuedu mois, m a rç o d e 1907). O m e s m o a u to r p r o p ô s a o C o n g re sso d e F ilo s o fia d e G e n é v e (1904) a s e g u in te

F. Rauh: “ A id éia d e a c a s o o p õ e -se c o m e fe ito à d e normalidade, e n te n d id a n u m s e n tid o m u ito a m p lo , e c o n c o r d o c o m tu d o a q u ilo q u e fo i d ito p o r L a c h e lie r a e ste re s p e ito . M a s é n e c e ssá rio q u e se f a ç a m a lg u m a s re s e rv a s . E m p rim e ir o lu g a r , n ã o é e x a to q u e e s ta id éia d e n o rm a lid a d e s e ja n e c e ssa ria m e n te u m a c o n s id e ra ç ã o o u u m a p re fe rê n c ia s u b je tiv a s , c o m o o p o d e r ia m fa z e r c re r a lg u n s e x e m p lo s a d ia n ta d o s , o u a in d a essa e x p re ss ã o d e lástima lógica q u e se e n c o n tr a n a s c o n c lu s õ e s d e s te a rtig o . P a r a m u ito s filó s o fo s a n o r m a é c o n c e b id a c o m o o b je tiv a e p o r c o n s e q u ê n c ia o a c a ­ s o p a rtic ip a d e s ta c a r a c te r ís tic a .” J. Lachelier. “ M e sm o se a n o r m a f o r c o n c e b id a c o m o o b je tiv a é a p e n a s o n o sso p e n s a m e n to q u e considera is to o u a q u ilo e q u e , p o r c o n se q u ê n c ia , fa z d isso u m a c a ­ s o , r e fe rin d o -o à n o r m a q u e isso te r ia d e te r s e g u id o . S ó ex iste a c a s o em re la ç ã o a classes, e s o m o s n ó s q u e m c o n s titu ím o s a s c la s s e s .” F. R auh : “ P o r o u tr o la d o , é p re c iso n o ta r q u e , s u b je tiv a o u o b je tiv a , a normali­ dade n ã o se d e fin e s e m p re p e la re p e tiç ã o . A ssim , u m jo g a d o r n ã o a c r e d ita r á te r g a ­ n h o p o r acaso se a c r e d ita r q u e 'teve sorte*. A ‘s o r te ’ é a q u i u m a esp écie d e in flu ê n c ia e , p o r c o n se q iiê n c ia , d e n o r m a q u e s u p rim e o a c a s o . In v e rs a m e n te , u m a seq iiên cia d e a to s in c o e re n te s , a in d a q u e c o n s titu a u m a re p e tiç ã o , n ã o se rá p o r isso m e n o s c o n ­ s id e r a d a c o m o u m a seq iiên c ia de f a to s d e a c a s o , A n o rm a lid a d e é a q u i d e o rd e m d ife re n te : c o n s is te n a c a r a c te rís tic a d e a d a p ta ç ã o p r ó p r ia d a in te lig ê n c ia . E m re s u ­ m o , ex iste n o r m a q u a n d o h á u m a n o ç ã o d e fin id a , s e ja p o r re p e tiç õ e s , se ja p o r u m a m é d ia , s e ja p o r u m a in te n ç ã o , s e ja p o r u m a d ire ç ã o , s e ja p o r u m a característica in ­ trín s e c a ; n u m a p a la v r a , d e q u a lq u e r m a n e ir a .” A. Lalande: “ É p o r is so q u e citei n a Crítica o e x e m p lo d e A m é ric o V e sp ú c io . A n o r m a é a í q u a lq u e r c o isa c o m o u m a ju s tiç a id e a l, c o n tr a a q u a l o s f a to s te ria m p e c a d o .” J. Lachelier : “ S e ja , m a s c a b e , se se a la r g a r m u ito a id é ia d a n o r m a , d is tin g u ir

21

A C A SO

fó rm u la , in titu la d a Extensão da definição de acaso: “ U m a c o n te c im e n to é d ito p r o ­ c ed e r d o a c a s o q u a n d o n â o e x iste q u a l­ q u e r lig a ç ã o e n tr e a n a tu r e z a d a s u a c a ­ te g o r ia e a c a u s a d e te r m in a n te d e s s a c a ­ te g o r ia .” (C . R . do Congresso , p . 692)

p o r tâ n c ia , p o r q u e e n v o lv e to d a a m in h a a p o s ta .” (H . P ë ÇTτ 2 é , “ O a c a s o ” , Revue du mois, m a rç o d e 1907) A lei d o s g ra n d e s n ú m e ro s d ev e ser c o n s id e ra d a , n e ste c a s o , c o m o u m a p ro p r ie d a d e d e r i­ v a d a r e s u lta n te d essas d u a s c o n d iç õ e s e d e u m p o s tu la d o s e g u n d o o q u a l a p r o ­ E. C a ra c te rís tic a d e u m a c o n te c im e nb­ a b ilid a d e d a s c a u s a s v a ria ria s e g u n d o u m a f u n ç ã o c o n tín u a (d e u m a f o r m a to r ig o r o s a m e n te d e te r m in a d o , m a s ta l q u a lq u e r ). q u e u m a d ife re n ç a e x tre m a m e n te p e q u e ­ n a n a s su a s c a u s a s te r ia p r o d u z id o u m a d ife re n ç a c o n sid e rá v e l n o e fe ito . P o r e x e m p lo , o a tr a s o d e u m s e g u n d o q u e te ­ ria e v ita d o u m a c id e n te ; u m a u m e n to d e u m m ilé sim o n o im p u ls o d a d o à b o la d a r o le ta , a u m e n to q u e te r ia fe ito s a ir u m n ú m e ro em vez de u m o u tr o . “ A d ife re n ­ ç a n a c a u s a é im p e rc e p tív e l, e a d ife re n ­ ç a n o e fe ito é, p a r a m im , d a m a io r ím -

C RÍTIC A

A d e fin iç ã o d e C o u r n o t e d e J . S. M ill s u p õ e séries c a u s a is , in d iv id u a is e is o lá ­ v eis, o q u e n u n c a é v e rd a d e iro te o r ic a ­ m e n te e q u e ta m b é m n ã o o é se q u e r p r a ­ tic a m e n te n a m a io r p a r te d o s caso s: p o r e x e m p lo , to d o s o s m o v im e n to s d o c ilin ­ d r o e d a b o la , n o jo g o d a ro le ta , têm

e n tre verdadeiras e falsas n o rm a s : u m a s o b je tiv a s , o u tr a s m a is o u m e n o s a rtific ia is o u im a g in á ria s . É esse o c a s o d a m a io r p a r te d as m é d ia s .” G. Sorel: “ P r in c ip a lm e n te a s m é d ia s e sta tís tic a s d a v id a s o c ia l: a id é ia s e g u n d o a q u a l são necessários ta n to s m o rto s p o r a n o p a r a u m a d e te r m in a d a p o p u la ç ã o só c o rre s p o n d e à n o s s a m a n e ira d e p e n s a r as c o is a s .” F. Rauh: “ E n q u a n to n o r m a , n ã o se p o d e c o n tu d o d iz e r q u e seja falsa, é a p e n a s s u b je tiv a . M a s c o n v ie m o s d e sd e o in íc io d a d is c u s s ã o q u e h a v ia n o r m a s s u b je tiv a s e n o rm a s o b je tiv a s .” “ Q u e a s e q u ê n c ia to ta lm e n te m e c â n ic a d a s c a u s a s q u e d e tê m a ro le ta n u m d e te r­ m in a d o n ú m e ro m e f a ç a g a n h a r , e p o r c o n s e q ü ê n c ia o p e re c o m o o f a r ia u m g ê n io b o m q u e c u id a s s e d o s m e u s in te re ss e s, q u e a f o r ç a to ta lm e n te m e c â n ic a d o v e n to a r r a n q u e u m a te lh a d o te lh a d o e a la n c e à m in h a c a b e ç a , q u e r d iz e r, a j a c o m o o f a r ia u m g ê n io m a u q u e c o n sp ira s s e c o n tr a a m in h a p e s s o a , n e ste s d o is caso s e n c o n ­ tr o u m m e c a n is m o o n d e o p ro c u r e i, o n d e d e v e ria te r e n c o n tr a d o , p a re c e , u m a in te n ­ ç ã o : é o q u e q u e r o d iz e r a o fa la r d e acaso. E d e u m m u n d o a n á r q u ic o , o n d e o s fe n ô ­ m e n o s se su ced essem a o s a b o r d o s seus c a p r ic h o s , e u d iria a in d a q u e se t r a t a d o re i­ n o d o acaso, e n te n d e n d o p o r isso q u e e n c o n tr o d ia n te d e m im v o n ta d e s , o u m e lh o r, d e c re to s , q u a n d o e sp e ra v a u m m e c a n is m o . A ssim se e x p lic a a s in g u la r a g ita ç ã o d o e s p ír ito q u a n d o te n ta d e fin ir o a c a s o ... O sc ila , in c a p a z d e se f ix a r , e n tr e a id é ia de u m a a u sê n c ia d e c a u s a e fic ie n te e a d e u m a a u s ê n c ia d e c a u s a f in a l... O p ro b le m a p e rm a n e c e in s o lú v e l, c o m e fe ito , e n q u a n to n ó s to m a r m o s a id é ia d e a c a s o p o r u m a p u r a id é ia , sem m is tu r a d e a fe c ç ã o . M a s , n a re a lid a d e , o a c a s o a p e n a s o b je tiv a o e s ta d o de a lm a d a q u e le q u e te r ia esperado u m a d as d u a s esp écies de o rd e m e e n c o n ­ tr a a o u t r a . ” (H . B erg so n , L*evolution créatrice, 254-2 55) O c o n ce ito d t fortuito só p o d e ser c o m p re e n d id o fo r a d a s u a re la ç ã o co m o c o n ­ c eito d e necessário, e este p o r s u a vez só o p o d e ser n a s su as re la çõ e s c o m os c o n c e i­ to s de p o ssív el, de im p o ssív el, d e v ero ssím il e d e c ertez a .

A C A SO c o m o c a u s a c o m u m o m o v im e n to d o croupier q u e as la n ç a , e a s u a v o n ta d e de jo g a r o la n ce . E , to d a v ia , ex iste o a c a s o . “ N a h ip ó te se d o d e te rm in is m o ” , diz RENOUviER, “ n ã o é d e m o d o a lg u m ló g ico a d m itir, co m o fa z C o u rn o t, fa to s a cid e n ­ tais o u d e a c a s o q u e ele d e fin e n ã o c o m o casos de in d e te rm in ism o p a rc ial, m as pelo e n c o n tro de efeito s d e cau sas m u tu a m e n te in d e p e n d e n te s . N ã o se t r a ta , a in d a h ip o ­ te tic a m e n te , d e c a u sa s in d e p e n d e n te s d o te m p o ; seria n e ce ssá rio , p a ra q u e h o u v e s­ se c au sas c u jo s e n co n tro s n ã o fo ssem p re­ d e te rm in a d o s c o m o elas p ró p ria s , q u e so ­ breviessem a lg u m a s d elas n o e x terio r d a s séries sem c o m eç o n em fim c u jo s te rm o s fo sse m to d o s e fe ito s e a o m e sm o te m p o

22

c a u s a s .” ( Histoire et solution d esproblèmes métaphysiques, X X I I I , p . 170) P o r o u tr o la d o , p a r a se fa la r de a c a s o , é p r e ­ ciso n ã o só q u e h a ja e n c o n tr o d e séries in d e p e n d e n te s , m a s ta m b é m q u e o a c o n ­ te c im e n to p ro d u z id o p o r este e n c o n tr o a p re se n te s u fic ie n te in te re sse p a r a p o d e r ser c o n s id e ra d o c o m o o o b je tiv o possív el d e u m a série d e c a u s a s fin a is . (C f. PlÉR O N , “ E n s a io s o b re o a c a s o ” , n a Revue de métaphysique, 1902.) A d efin ição de D e M o n t e s s u s é igualm ente contestável: 1? enquanto só considera a lei dos grandes núm eros ex­ clui do acaso todos os fenôm enos que não se repetem , o que equivale a restringir ar­ bitrariam ente o sentido da palavra; é um

T e n h o p o r c lássicas as d e fin iç õ e s de E è ú « ÇÃ è τ , Ética , I, X X X III E sc ó lio , p r in ­ c ip a lm e n te : “ A t res a liq u a n u lla alia de c a u s a c o n tin g e n s d ic itu r n isi re sp e c tu d e fe ctu s n o s tra e c o g n itio n is . R es e n im , e tc .” {F. Tònnies) A p a la v r a acaso n ã o m e p a re c e p o d e r ser d e fin id a , e m n e n h u m s e n tid o , in d e p e n ­ d e n te m e n te d a id é ia de fin a lid a d e . N o d o m ín io p u ra m e n te físic o , se se n ã o fiz e r in ­ te rv ir n e n h u m a re la ç ã o co m os seres v iv o s, o acaso n ã o te m q u a lq u e r lu g a r. S ó se p o d e tr a ta r aí de necessidade (c a u sa lid a d e ) o u d e contingência. A ss im , n ã o c re io q u e se p o ssa c h a m a r acaso à im p o s sib ilid a d e d e p re v e r. N ã o p o sso p re v e r se a m a n h ã c h o ­ v e rá , m a s n ã o d ig o q u e o te m p o d e p e n d e d o a c a s o ; isso n ã o te ria s e n tid o . É u m a c a ­ so se o b o m te m p o c o in c id ir co m a lg u m a c o n te c im e n to p a r a o q u a l o te m p o b o m é d e se já v e l; é a in d a u m a c a s o se c h o v e r ju s ta m e n te n u m d ia em q u e o te m p o b o m s e ria c o n v e n ie n te . N o s jo g o s d e a z a r , tra ta -s e e fe tiv a m e n te d e f a to s im p o ssív eis d e p re v e r, m a s q u e sã o favoráveis ou desfavoráveis. A c a s o s ig n ific a exclusão da finali­ dade. O r a , se se c o n s id e ra r e x c lu siv a m e n te o s f a to s físic o s, a fin a lid a d e n ã o te m d e ser e x c lu íd a , n a m e d id a em q u e n ã o tev e o c a s iã o d e aí se in tr o d u z ir . Se o aca so n ã o p o d e ser d e fin id o “ fis ic a m e n te ” d a í n ã o re s u lta q u e o d ev a ser “ p s ic o lo g ic a m e n te ” , p o rq u e p o d e h a v e r aí finalidade sem inteligência, p o r ex em p lo n a o rg a n iz a ç ã o d o s v eg etais. N o tr a n s f o r m is m o d a rw in ia n o , a seleção e x p lica a fix a ­ ç ã o de u m a c a ra c te rís tic a a c id e n ta l. E s ta fix a ç ã o re s u lta d a q u ilo q u e e ssa c a r a c te rís ­ tic a p o ssu i de v a n ta jo s o e c o n s titu i u m p ro g re s so ; n ã o é d e v id a a o a c a s o ; é u m caso d e fin a lid a d e , m a s a p rim e ira a p a r iç ã o d a c a r a c te rís tic a só se e x p lica p e la seleção . E n tr e as c a ra c te rís tic a s a c id e n ta is só se d á o n o m e de a c a s o à q u e la s q u e calham ser (n?xou(7[) v a n ta jo s a s e ta m b é m à q u e la s q u e calham ser d e s v a n ta jo s a s . A s o u tr a s são p u ro s acidentes. Só se d á o nome de a c a s o ao s a c id e n te s em relação a o s q u a is nos p o d e m o s p e r g u n ta r se são fa v o rá v e is o u d e sfa v o rá v e is; e, q u a n d o se o p ta pelo a c a ­ so , é p o rq u e se exclu i u m a fin a lid a d e q u e se p o d e ria s u p o r. A n e g a ç ã o d a c a u s a lid a d e é a contingência e n ã o o acaso . A n e g a ç ã o d a fin a lid a d e é o acidental. T a lv e z se p o s s a c h a m a r a c a s o a tu d o a q u i­ lo q u e é a c id e n ta l. M a s, n u m s e n tid o m a is esp e c ial, o a c a s o é o acidente que é fa-

A C A SO

23

a c a s o q u e o m e rc ú rio se ja o ú n ic o m e ta l líq u id o à te m p e r a tu r a m é d ia em q u e vi­ v em o s; 2? e n q u a n to fa z in te rv ir a in d e ­ p e n d ê n c ia d a c a u s a e d a c a te g o ria n ã o te m e m c o n ta o f a to d e q u e , f a la n d o e s­ c ritam en te, a c a u s a (o u m e lh o r, o c o n ju n ­ to d a s c a u sa s) d e te r m in a sempre a c a te ­ g o ria : c a d a sistem a de im p u lso s d e fin id o s d a b o la e d o c ilin d ro , se p u d e sse m ser n o ­ ta d o s , n ã o c o m u m a rig o ro s a p re c isã o , m a s co m u m a a p ro x im a ç ã o m a io r d o q u e a q u e la d e q u e d is p o m o s , im p lic a ria n e ­ c e s s a ria m e n te o n ú m e ro s o rte a d o . N o ta r-s e -á , p o r o u tr o la d o , q u e a d e ­ fin içã o de H . P ë ÇTτ 2 é n ã o é ex clu siv a­ m en te o b je tiv a . É p reciso , co m efeito , p a ­ ra q u e h a ja a c a s o , q u e a p e q u e n e z d a s d i­

feren ças cau sais seja ta l q u e essas d ife re n ­ ças nos s e ja m imperceptíveis, e, p o r o u ­ tr o la d o , q u e a d ife re n ç a n o s e fe ito s seja importante. A p rim e ira d e sta s c a ra c te rís ­ tic a s d e p e n d e d a s u tile z a d o s n o sso s s e n ­ tid o s , e a seg u n d a d ep en d e d o s n o sso s ju í­ zo s de a p re c ia ç ã o : é u m a c a s o q u e o n o ­ v o c o n tin e n te te n h a re c e b id o o n o m e de A m é ric o V e sp ú c io e n ã o o d e C ris tó v ã o C o lo m b o ; c o n sid e ra -se e rro a p e n a s d ev i­ d o à p e q u e n e z o u à c o m p le x id a d e d a s c a u s a s q u e d e te r m in a ra m esse e fe ito ? N ã o , p o is se a A m é ric a se c h a m a s se C o ­ lô m b ia , as c a u s a s d isso n ã o te ria m sid o nem m en o s m ín im as, n e m m en o s co m p le­ xas, e c o n tu d o n ã o a trib u iría m o s esse fa to a o a c a s o , p o r q u e n o s p a re c e ria natural

vorável ou desfavorável a qualquer fim sem que esse fim valha para qualquer coisa na sua produção. A lei d o s g ra n d e s n ú m e ro s , c o m o j á fo i re fe rid o , n ã o se a p lic a a to d o s os fa to s d e a c a s o . A c re s c e n to q u e to d o s o s fa to s a o s q u a is se a p lic a n ã o s ã o f a to s d e a c a so . A ssim , o n ú m e ro a n u a l d o s c a s a m e n to s é m u ito v a riá v el n u m a p e q u e n a c o m u n id a ­ d e , m e n o s n u m a g ra n d e c id a d e , m e n o s a in d a n u m d e p a r ta m e n to , q u a se c o n s ta n te n u m g ra n d e p a ís. D ir-se -á e n tã o q u e a s p e ss o a s se c a s a m p o r a c a s o ? A lei d o s g r a n ­ d e s n ú m e ro s a p lic a -se a to d o s o s f a to s q u e c o m p o r ta m a lg o de a c id e n ta l; e x p rim e u m a p ro p r ie d a d e d a s m é d ia s. (E. Gobloi) É p re c is o c o n s e rv a r a id é ia q u e C o u r n o t t ã o b e m p ô s em fo c o : a d o e n c o n tro d e séries in d e p e n d e n te s ; to d o s o s c aso s d e a c a s o a c o n tê m ; j á a n te r io rm e n te o m o s ­ tre i, a p ro p ó s ito d o a c a s o n a s d e s c o b e rta s e in v e n çõ e s (Revue de philosophie, a b ril e ju n h o , 1904). E s tá de a c o r d o c o m o e m p re g o u s u a l d a p a la v r a a c a s o . E x em p lo s: L τ F ÃÇI τ « ÇE , f a la n d o d e d u a s c a b r a s , d iz q u e elas D e ix a ra m , u m a e o u tr a , os seus p ra d o s :

Uma para a outra se dirigiram p o r algum bom acaso. X . d e M τ « è I 2 E escrev eu à V ** d e M a rc e llu s em 30 de a b ril d e 1846: “ A s n o ssas c a r ­ ta s c ru z a ra m -s e e a p ra z -m e v er u m p o u c o de s im p a tia n e ste a c a s o .” N « E I Uè T7 E en ­ v io u a W a g n e r, em m a io de 1878, Humano, demasiado humano: “ P o r u m p asse d o esp írito m ira c u lo s o d o a c a s o ” , d iz ele, “ receb i n e ste m esm o m o m e n to u m b elo ex em ­ p la r d o lib re to d e Parsifal c o m u m a d e d ic a tó r ia d e W a g n e r .” O s ex em p lo s d a d o s p o r A ris tó te le s (o c o v eiro q u e d e sc o b re u m te s o u r o , o a d v o g a d o q u e vai a o fó ru m e e n c o n tr a o se u d e v e d o r) e n tr a m n a d e fin iç ã o d e C o u r n o t o u p elo m e n o s a p re s e n ­ ta m a c a ra c te rís tic a a s s in a la d a p o r C o u r n o t (c o m alg o a m a is). É p re c iso , c o m e fe ito , a c r e s c e n ta r a e s ta d e fin iç ã o : a s im u la ç ã o d a fin a lid a d e , E ste p o n to fo i e sta b e lec id o n ã o só p o r P íé 2 ÃÇ , m a s ta m b é m p o r G . T τ 2 á E , q ue d e ­ fin iu o aca so c o m o “ o in v o lu n tá rio s im u la n d o o v o lu n tá r io ” , e p o r B 2 ; è Ã Ç , p a r a q u e m o aca so é “ u m m e c a n is m o q u e a ss u m e a a p a rê n c ia de u m a in te n ç ã o ” . E m E

24

A CASO q u e o c o n tin e n te tiv esse o n o m e d o p r i­ m e iro e u ro p e u q u e o d e s c o b riu . N esse s e n tid o , o a c a s o s u p õ e a in te rv e n ç ã o de u m ju íz o d e v a lo r q u e d e c la re o q u e é r a ­ z o á v e l, in te re s s a n te , b e lo , ú til, e q ü ita tiv o , e tc . E n c o n tr a r e m o s a este re s p e ito o c rité rio d e fin a lid a d e a s s in a la d o n o a r ti­ go de P«é 2

ÃÇ

.

Q u a n d o se t r a t a d e jo g o s d e a z a r, es­ se m e sm o c a r á te r apreciativo é e v id e n te , p o r q u e a id é ia e sse n cia l é a q u i a d e ga­

nho o u d e sucesso. Q u a n d o se t r a t a d e f a to s físic o s q u e se re p e te m u m g ra n d e n ú m e ro d e vezes c o m u m a v a ria n te c o n s titu in d o o a c a s o , o c rité rio p a re c e n ã o m a is se a p lic a r. C a ­ b e to d a v ia e x a m in a r-se se é e fe tiv a m e n te

a ssim e se a c re n ç a s u b e n te n d id a d e q u e o s f a to s devem seguir leis n ã o seria a q u i­ lo q u e d e te r m in a n e ste c a so a a p lic a ç ã o d o te r m o acaso. O e m p re g o u s u a l d e sta p a la v r a v is a , c o m e f e ito , a ir r e g u la r id a ­ de c o m a q u a l as séries te n d e m p a ra a m é ­ d ia : “ a p a r te d o a c a s o d im in u i” à m e d i­ d a q u e se c o n s id e ra u m m a io r n ú m e ro de re p e tiç õ e s . A id é ia n o r m a tiv a q u e ju s ti­ fic a ria a q u i a e x p re ss ã o acaso s e ria a d e u m ritm o c o n s id e ra d o m a is o u m e n o s co n scien tem en te c o m o normal , p o r ex em ­ p lo a a lte rn â n c ia re g u la r d e d u a s h ip ó te ­ ses ig u a lm e n te p ro v á v e is, ritm o id eal q u e se c o n s ta ta , c o m u m a esp é c ie d e tris te z a ló g ic a , q u e a e x p e riê n c ia se d e sv ia irre­ gularmente. V er as o b s e rv a ç õ e s . Rad. int.: H a z a r d .

s u m a , é p re c iso re g re s s a r à v e lh a d e fin iç ã o d e A ris tó te le s q u e o c á lc u lo d a s p r o b a b i­ lid a d e s p e rm itiu p re c is a r. A d ific u ld a d e q u e se e x p e rim e n ta a o d e f in ir e sta fu g a z n o ç ã o a d v é m d o f a to de se o sc ila r e n tre o p o n to d e v is ta s u b je tiv o e o p o n to d e v ista o b je tiv o . U n s, c o m o C o u r n o t, a c e n tu a m o la d o o b je tiv o , o u tr o s , c o m o P ié r o n , T a r d e , o la d o s u b je tiv o . A ris tó te le s u n e o s d o is p o n to s d e v ista . É p re c iso s u b lin h a r q u e P ë ÇTτ 2 é n ã o p r o p õ e u m a d e fin iç ã o ú n ic a d o a c a s o , m a s trê s d e fin iç õ e s , e s ta n d o as d u a s p rim e ira s a s s o c ia d a s . A 3? c a te g o ria d e a c a s o s c o m p re e n d e ria , s e g u n d o ele, o s a c o n te c im e n to s f o r tu ito s n o s e n tid o d e C o u r n o t, e te n ta re d u z ir e s ta classe às d u a s p rim e ira s (e fe ito s c o n sid e rá v e is a p a r tir d e c a u sa s a) m u ito p e q u e n a s e b ) m u ito c o m p le x a s; m a s n ã o c o n se g u e o p e r a r c o m p le ta m e n te e s ta re d u ç ã o e serv e-se d e fó r m u la s d u b ita tiv a s ( ‘‘n em s e m p r e ...” “ a m a io r p a r te d a s v ezes” ). P a re c e d e f a to q u e a id é ia de e n c o n tr o é in e re n te à n o ç ã o d e fo r tu ito sem q u e se p o s sa d izer q u e a c a ra c te riz a to ta lm e n te . P a r a o p ró p r io P ë ÇTτ 2 é o ti­ p o d e a c a s o é o n a s c im e n to de u m g ra n d e h o m e m , q u e r d iz e r, o e n c o n tr o a c id e n ta l de d o is g a m e ta s e x ce p c io n a is c u ja fu s ã o p ro d u z in c alcu lá v e is re s u lta d o s . T o r n a m o s a c a ir na d e fin iç ã o de A ris tó te le s . C o u r n o t tev e o m é rito d e lh e e sc la re ce r u m a fa ce q u e o filó s o fo tin h a d e ix a d o o b s c u r a . O p o n to d e lic a d o q u e ju s ta m e n te a ss in a la is é q u e a s séries n u n c a s ã o completa­ mente independentes. Is to é v e rd a d e te o ric a m e n te ; p ra tic a m e n te , n ã o . (T e o ric a m e n ­ te o c á lc u lo d a s p r o b a b ilid a d e s s u p õ e q u e os a c o n te c im e n to s o u sortes seja m ig u a l­ m e n te p ro v á v e is; os c aso s em q u e e sta s c o n d içõ e s se e n c o n tr a m re a liz a d a s são ex ces­ siv am ente ra ro s , senão n u lo s. M as com a a ju d a dos p o s tu la d o s e d as ab straçõ es pode-se a p lic a r o c á lc u lo a c aso s d e s ig u a lm e n te p ro v á v e is. O m esm o a c o n te c e a q u i.) T e o r i­ c a m e n te tu d o se p re n d e a tu d o n o u n iv e rs o . M as, em re la ç ã o a o c o n ju n to , os seres v iv os c o n s titu e m to d o s is o la d o s , siste m a s fe c h a d o s , e sp e c ia lm e n te o h o m e m . É p o r isso q u e o a c a s o in te rv é m n o d o m ín io d a v id a , e p a rtic u la rm e n te n a v id a p sico ló g ica d o h o m e m e n a h is tó ria . (F . M entré)

25

A C A T A L E P S IA PlRRO).

A C ID E N T E ( ’À x a r c A t t f í a ,

te , o q u e a c o n te c e ra ra m e n te . Rad. int .: A . A c id e n ta l; B .' A c id e n t.

A . H is to ric a m e n te , e s ta d o q u e re s u l­ ta d o p rin c íp io c ético de q u e n ã o h á c ri­ té r io d a v e rd a d e .

A C ID E N T E (G . Σ ν μ β β β η χ ό ϊ ), N o s e n tid o A : L . Accidens; D . Akzidens; E . Accident\ F . Accident; I. Accidente. C f . Essência, Substância.

B . D is p o siç ã o d a q u e le q u e re n u n c ia p o r p rin c íp io a p r o c u ra r a so lu ç ã o de u m p ro b le m a . D a m e sm a fo r m a em Bτ TÃÇ , d ú v id a d e fin itiv a o p o s ta à d ú v id a m e tó ­ d ic a : “ N o s v e ro n o n a c a ta le p s ia m , sed e u c a ta le p s ia m m e d ita m u r .” Nov. Org., I, 126. C f. Efético. A C ID E N T A L D . Accidentiel, zufallig; E . Accidentai; F . Accidentel; I. A c-

cidentate. A . A q u ilo q u e p e rte n c e a o a c id e n te , n ã o à essên cia, “ D e fin iç ã o a c id e n ta l” , v e r Definição. B . Q u e aco n tece d e u m a m a n e ira c o n ­ tin g e n te o u f o r tu ita ; o p o s to a necessário. P o r c o n s e q ü ê n c ía , n a lin g u a g e m c o rre n ­

A . S e n tid o té c n ic o m a is u s u a l: a q u i­ lo q u e p o d e aco n tecer o u d esap arecer sem d e s tru iç ã o d o s u je ito : “ " O ytperat xa l híTCoyivt.TOu xuiplv r^ í τ ο ύ υ π ο χ α μ ί ν ο υ φ θ ο ρ ά s .” P Ã2 E « 2 « Ã , ísagoge, V , 4 a 24. E le d iv id e o s a c id e n te s e m sep a rá v eis (p . ex. p a r a o h o m e m o d o rm ir) e in s e p a rá ­ veis (p . ex. p a r a o e tío p e , o ser n e g ro : c a ­ ra c te r ís tic a c o n s ta n te m a s q u e se p o d e c o n c e b e r c o m o v in d o a d e s a p a re c e r sem q u e o su jeito a o q u a l ela se ap lica seja d es­ tru íd o ).

Sofism a do acidente, v e r Falácia. B . T u d o a q u ilo q u e a c o n te c e (accidit) d e m a n e ira c o n tin g e n te * o u f o r tu ita * ;

Jean de La Harpe p e n s a , p e lo c o n tr á r io , q u e as o b je ç õ e s fe ita s a C o u r n o t n a Crí­ tica n ã o são c o n c lu d e n te s, p o is n ã o a tin g e m o fu n d o d o se u p e n s a m e n to : l f C o u r ­ n o t n ã o d e fe n d e c o m o M ili q u e o te c id o d a s c a u sa s “ é fe ito d e fio s s e p a ra d o s ” , m a s p e n s a q u e as séries c au sa is s ã o d e p re fe rê n c ia c o m p a rá v e is “ a feixes d e r a io s lu m in o ­ sos q u e se p e n e tr a m , se e s p a lh a m e se c o n c e n tra m sem o fe re c e r em n e n h u m a p a rte in te rs tíc io s o u s o lu çõ e s d e c o n tin u id a d e n o seu te c id o ” (Essai, § 2 9 ); 2? n ã o exige u m a in d e p e n d ê n c ia o rig in a l d e ssa s séries c a u s a is: “ O la n ce q u e o croupier f a z ... c o r­ re s p o n d e e fe tiv a m e n te à q u ilo q u e C o u r n o t d iz n a s Considérations (I, p . 2 ) re la tiv a ­ m e n te à “ s u sp e n sã o c o m u m d e to d o s os e n c a d e a m e n to s a u m m e s m o a n el p rim o r­ d ia l, p a r a além d o s lim ites, o u m e sm o a q u é m d o s lim ites q u e a s n o ssa s o b serv aç õ es p o d e m a tin g ir ” . “ B a s ta q u e o la n ce fe ito , as re a ç õ e s d a b o la e d o c ilin d ro d ifira m o su fic ie n te p a r a q u e a b o la c a ia em c asas d ife re n te s u m a s d a s o u tr a s , p a r a u m g r a n ­ d e n ú m e ro d e la n c e s , p ro p o rc io n a l m e n te à s u a p r o b a b ilid a d e .” De Vordre et du hasard: le réalisme critique d ’A . A . Cournot, p . 232. Se é este o p e n s a m e n to de fu n d o d e C o u r n o t (o q u e é m u ito p la u sív e l, d a d o s o s h á b ito s d o seu e s p írito ), a d e fin iç ã o p r o f u n d a de a c a s o n ã o seria p a r a ele a in d e p e n ­ d ê n c ia d as c a u s a s, q u e é a p e n a s o a sp e c to p rá tic o e e x o té ric o d e s ta n o ç ã o , m as a c o n fo rm id a d e c o m a lei d o s g ra n d e s n ú m e ro s , m a n ife s ta n d o a a u sê n c ia d e razão, n o s e n tid o em q u e ele c o s tu m a o p o r o “ r a c io n a l” a o “ ló g ic o ” . V er J , d e L τ H τ 2 ­ , “ N o ta s s o b re o p rin c íp io d e c a u s a lid a d e ” , Revue ú E , ibid., p . 233; A . L τ Â τ Çá E philosophique, s e te m b ro , 1890. S o b re A c id e n te — EvfáJfdnxõs é e n te n d id o p o r A ris tó te le s n u m s e n tid o m u ito a m p lo : é ap licáv el a to d o s o s a tr ib u to s . (E . Bréhier)

ACME

26

e sp e c ialm en te n a lin g u a g e m c o rre n te a q u ilo q u e a c o n te c e de m a n e ira d e s a ­ g ra d á v e l.

t

*

NOTA

... A 2 « è ó Â è d iv id ia o s e n tid o d e σ ν μ β φ η χ ό ϊ d e u m m o d o u m p o u c o d ife ­ r e n te d a q u e le q u e P Ã2 E « 2 « Ã fo r m u lo u I

I E

E

(a c red itan d o sem d ú v id a q u e ap en as o co ­ m e n ta v a) e q u e fo i a d o ta d o p o r to d a a ló ­ gica e sc o lá stica e clássica. D istin g u e “ b a a δ πά ρ χ ε ι μ ε ν τ ιν ι χ ο α α λ η θ έ ς ε ί π ε ί ν , ο υ μ ε ν τ ο ι e(· α ν ά γ κ η ς ο υ τ ε π ι τ ο ι τ ο λ ι ί ( p o r e x em p lo ο f a to d e u m m ú sic o se r b ra n c o ); ο σ α υ π ά ρ χ ε ι ε χ ά ο τ ω χ α θ ’ α υ τ ό μ ή ε ν τ η ο υ σ ί α ο ν τ α (p o r ex em p lo ο f a to d e o s â n g u lo s d e u m triâ n g u lo v a ­ le re m d o is r e to s ) . M eta f . , IV , 30; 1025a14 e 31. E le in clu iria assim n este se­ g u n d o sen tid o to d a a c o m p re e n sã o im p lí­ c ita , q u e a d e fin iç ã o d e P o r f ir io ex clu i, p o is u m triâ n g u lo e u c lid ia n o n ã o p o d e d e ix a r d e te r os seus â n g u lo s ig uais a d o is re to s sem d e ix a r de ser triâ n g u lo . Por acidente, G . Κ α τ ά σ υ μ β ε β η χ ό * (A2 « è I ó I E Â E è ): a q u ilo q u e faz u m ser o u o q u e lh e a c o n te c e n ã o em v irtu d e d a s u a essên cia ou d o s a trib u to s q u e o d e fin e m m a s in d e p e n d e n te m e n te d estes. O m ú s i­ co c o n s tr ó i p o r a c id e n te , p o rq u e n ã o o fa z e n q u a n to m ú sic o : a c o n te c e (σ υ μ β α ί ν ε ι ) q u e o h o m e m q u e c o n stró i é a o m es­ m o te m p o m ú sic o . M etaf., IV , 7 : 1017a 11- 12. D a í d e riv a o s e n tid o esp ecial de Con­ versão p o r acidente. V er Conversão. Rad. int.: A c id e n t.

A C M E G . Ά χ μ ή , p o n ta , m á x im o , o p o n to m a is fa v o rá v e l. A . É p o c a n a q u a l u m filó s o fo , u m a

d o u tr in a , u m a in s titu iç ã o tê m o seu m ais a lto g ra u d e in flu ê n c ia o u d e a tiv id a d e . B. M á x im o de d e se n v o lv im e n to . “ O exercício d a a te n ç ã o n o q u a l vim o s co m o o acme d a c o n s c iê n c ia ...” M . P 2 τ á « ÇE è , Traité de psychologie générale, I, 54. A C O M O D A Ç Ã O D . Accomodation ; E . Accomodation', F . Accom m ation; I.

Accom odam ento. Á . P s ic . P rim e ira m u d a n ç a d e u m a fu n ç ã o o u d e u m ó rg ã o q u e tem p o r re ­ s u lta d o p ô -lo s de a c o rd o co m to d o o u p a r te d o seu a m b ie n te ; m u d a n ç a c u ja fi­ x a ç ã o (e p a rtic u la rm e n te a fix a ç ã o h e re ­ d itá r ia ) c o n s titu iria a adaptação*. S e n ti­ d o n o v o p r o p o s to p o r J . M . Bτ Â á ç « Ç ,

Diet, o f Phil., Vo e q u e n o s p a re ce ría ú til a d o ta r . B. o lh o .

R e g u la ç ã o d o s is te m a ó p tic o d o

R ad. in t.: A k o m o d . A C O M O D A T IC IO (S en ü d o ) S en tid o s im b ó lic o d a d o ta rd ía m e n te e a c id e n ta im e n te a u m te x to q u e n ã o fo i fe ito com v ista a essa a p lic a ç ã o . D iz-se p a r tic u la r ­ m e n te d o s v ersícu lo s d a B íb lia. C f.

Alegoria. A C O N T E C IM E N T O D . Ere ignis: E . E vent; F . Événem ent ; I. Avvenim ento, Evento. A . O q u e a d v é m n u m a d a ta e n u m lu ­ g a r d e te rm in a d o s q u a n d o se fa z p re s e n te u m a c e r ta u n id a d e e se d istin g u e d o c u r­ so u n ifo r m e d o s fe n ô m e n o s d a m esm a n a tu re z a . B . P o r ab rev iação : aco n tecim en to im ­ p o r ta n te o u q u e c a u s a sen sa ç ã o . V er a s o b se rv a ç õ e s s o b re Fato.

S o b re A cm e — D ió g e n es L a é rc io , a ssim c o m o c e rto s d o x ó g r a f o s , fix a v a u n if o r ­ m e m e n te n o s q u a r e n ta a n o s o acme d o s filó so fo s e é g e ra lm e n te a ú n ic a d a ta q u e ele n o s d á . “ Ή ρ ά χ λ β ι τ ο ί ... η χ μ α ζ ε χ α τ ά τ η ν ε ν ά τ η ν χ α ΐ έ ξ η χ ο σ τ η ν * Ο λ υ μ π ι ά ­ δ α .” (CA. Serrus)

27

A C R O M A T O P S IA

NOTA

matic, F . Acroamatique; 1. Acroamático.

[E m fran cês] E s ta p a la v r a tin h a a n ti­ g a m e n te o s e n tid o la tin o d e eventus: re ­ s u lta d o , e fe ito , re s u lta d o fin a l. M as a p e ­ n as o c o n se rv o u e m r a ia s e x p re ssõ e s, c o ­ m o : “ O a c o n te c im e n to p ro v o u - o b e m .” É a in d a u m p o u c o a c a d ê m ic o . Rad. int .: E v e n t.

T e rm o a p lic a d o p rim itiv a m e n te p a r a c e rta s o b ra s d e A 2 « è I ó I E Â E è ; sin ô n im o d e esotérico* n o sen tid o A , O põe-se ig u a l­ m e n te a exotérico (p . ex . R E ÇÃZ â « E 2 , Philos, one., II, 39, e B ÃZ I 2 ÃZ 7 , Études d'histoire de la philosophic, 103, o n d e ele c a ra c te riz a o a c r o a m á tic o c o m o se n d o o e n sin o d o a p o d ític o , d a d é n c ia ; o e x o té ­ ric o , o d o d ia lé tic o , d o v ero ssím il). P o r co n seg u in te, acroamático é e n te n ­ d id o a lg u m a s vezes n o s e n tid o d e e s o té ­ ric o B. D iz -se ta m b é m , m a is r a r a m e n te ,

A C O N T R A R IO (R a c io c ín io ) aq u e le q u e c o n c lu i d e u m a o p o s iç ã o n a s h ip ó te ­ ses u m a o p o s iç ã o n a s c o n se q ü ê n c ia s. E x ­ p re s s ã o d e o rig e m ju r íd ic a ; v er A pari. C RÍTIC A

E ste ra cio cín io p o d e ser v álid o em cer­ to s c a so s c o n fo rm e a m a té r ia à q u a l se a p lic a , m a s n ã o é u m a r e g ra g e ra l d a d o q u e u m a c o n se q u ê n c ia v e rd a d e ir a p o d e r e s u lta r d e u m p rin c íp io f a ls o , e d u a s h i­ p ó te se s c o n tr á r ia s p o d e m te r a m b a s c o n ­ seq ü ê n c ia s c o m u n s . A C O S M IS M O D . Akosm ism us; E . Acosm ism ; F . Acosmisnte; I. Acosmism o. (D o G . èt p riv a tiv o e xoV por.) T e rm o a p lic a d o p o r H e g e l , a o siste­ m a de E s p i n o s a (p o r o p o s iç ã o a a te ís ­ m o ) p o rq u e ele fa z e n tr a r o m u n d o em D e u s em vez d e n e g a r a s u a ex istên c ia (Encyclopaedie, § 50). A C R O A M Á T IC O (d o G . CXXQQCifia, lição o ra l). D . Akroamatisch', E . Acroa-

acroático. Rad. int.: A k r o a m a tic . A C R O M A T O P S IA O u m a is r a r a ­ m e n te , acromasia. D . Achromatopsie, Achromasie ; E . Achromatopsia, Achromasia; F . Achromatopsie, Achromasie; 1. Acromatopsia, Acromasia. A a c ro m a to p s ia to ta l o u cegueira cro­ mática (D . Farbenblindheit; E . Colour­ blindness; F . Cécité chromatique; I. Ce­ d ía per le colori) é a in c a p a c id a d e d e d is­ tin g u ir as c o re s co m c o n se rv a ç ã o d a se n ­ sa ç ã o lu m in o s a (p e rc e p ç ã o d o b r a n c o e d o n eg ro ). A a cro m ato p sia p arcial o u discromatopsia (daltonismo n o sen tid o a m ­ p lo ) é a in c a p a c id a d e d e p e rc e b e r u m a c o r p a r tic u la r o u d e a d is tin g u ir de u m a o u tr a : A n e r itr o c r o m a to p s ia , a n e ritro p -

S o b re A c ro a m á tic o — B arth élem y S a in t-H ila ire , n o s verb etes Aristóteles e Acroa­ mático (n o Dicionário d e F r a n c k ), q u a n to a e sta q u e s tã o , re m e te a B Z Â , Commentatio de libris aristotelicis acroamaticis et exoteric is, to m o I d e s u a e d iç ã o d e A ris ­ tó te le s (A. L .). 7

E

S o b re A c ro m a to p s ia — A rtig o c o m p le ta d o s e g u n d o a s in d ic a ç õ e s de Piéron q u e a c re s c e n ta o seg u in te: “ A a c r o m a to p s ia to ta l é ta m b é m c h a m a d a v isã o monocromá­ tica p elo s a u to re s fiéis à te o r ia d e Y o u n g -H e lm h o ltz s o b re a c o n s titu iç ã o d a s e n sa ­ ç ã o lu m in o s a a tra v é s de trê s p ro c e sso s c ro m á tic o s d e q u e d o is fa lta ria m n e ste c aso . P a r a o s m e sm o s a u to re s a a c r o m a to p s ia p a rc ia l e q u iv a le a u m a v isão d ic ro m á tic a (e n q u a n to q u e a v isã o n o r m a l é tric ro m á tic a ) co m tr ê s v a rie d a d e s c o n fo rm e o p r o ­ cesso cromático ausente: protanopia, c e g u e ira p a r a o v e rm e lh o ( Rotblindheit; Redblindness); deuteranopia, c e g u e ira p a r a o v e rd e ; tritanopia, c e g u e ira p a r a o a zu l.

28

A C U ID A D E sia, a u sê n c ia d a p e rc e p ç ã o d o v e rm e lh o , etc.

Rad. int.: A k ro m a to p s . A C U ID A D E (S en so ria l) D . Scharfe'., E . Acuteness: F . Acuité; I. Acuteza. C a p a c id a d e p a r a os s e n tid o s: 1? de p erceb er as excitações m ais o u m en o s f r a ­ cas; 2? de d istin g u ir d u a s p ercep çõ es m ais o u m e n o s p ró x im a s em d is tâ n c ia o u em q u a lid a d e . Rad. int.: A k u te s. A D A P T A Ç Ã O D . Anpassung; E . Adaptation; F . Adaptation; I. A dat-

tamento. A . E s ta d o d a q u ilo q u e e stá em h a r ­ m o n ia c o m o seu m eio o u m ais g e ra lm e n ­ te co m o q u e age s o b re ele. B . M o d ific a ç ã o de u m a fu n ç ã o o u de u m ó rg ã o q ue te m co m o re su lta d o colo cálos de a c o rd o c o m to d o o u p a r te d o seu a m b ie n te , se ja in te rn o , se ja e x te rn o .

NOTA e Ll o y d Mo r g a n p ro p õ e m re s trin g ir a p a la v r a às a d a p ta ­ J. M , B a

l d w in

ções adquiridas e fixadas particularm en­ te através da hereditariedade e designar as primeiras variações individuais com a palavra acomodação* (Dict. o f Philos. and Psych., sub Vo). T a r d e aplica-a pe­ lo contrário ao estado dos elem entos, or­ gânicos ou não, que são coordenados em con ju n to ou subordinados ao seu m eio. Les b i s sociales, cap. III. Rad. i n t A . A d a p ta d ; B . A d a p tu r . “ A D A P T A D O ” C f. Agregado. A D E Q U A D O (d o L . Adaequatus). D . Adàquat; E . Adequai; F . Adéquat; I.

Adequato. A . D iz-se d e u m a id é ia q u e re p re se n ­ ta p e rfe ita e c o m p le ta m e n te o seu o b je ­ to , de u m a e n u n c ia ç ã o q u e n ã o d ife re em n a d a d a q u ilo q u e e stá d e s tin a d a a e n u n ­ c iar. B . P a r a E s p i n o s a u m a id é ia é a d e ­ q u a d a q u a n d o possu i to d a s as q u a lid a d es o u d e n o m in a ç õ e s in trín se c a s d a id éia v e rd a d e ira * . Ética, II, D ef. 4. C . Para L e i b n i z um conhecim ento adequado é um conhecim ento distinto cujos elem entos são eles m esm os distintos,

A a c r o m a to p s ia lim ita d a à s m e ta d e s h o m ó lo g a s d a s d u a s re tin a s ([hemiacromatopsia) é a fo r m a m a is lig e ira d a hemianopsia (c u jo s g ra u s m ais a c e n tu a d o s são a hem ia s te re o p s ia , p e rd a d a v isão d as fo r m a s , e a h e m ia fo to p s ia , p e rd a d a p r ó p r ia sen si­ b ilid a d e .” Acromatopsia é um termo bárbaro. Seria preferível dizer anestesia às cores, in­ sensibilidade às cores ou, m elhor ainda, cegueira das cores (sic: tradução de H o l g r e n

,

Farbenbiindheit, Colourblindness). (V. Egger)

S o b re A d e q u a d o — A d e fin iç ã o d e E s p in o s a , m u ito e n ig m á tic a se se c o n s id e ra r este te x to is o la d a m e n te , te ria n e ce ssid a d e de ser e sc la re c id a c o m a a ju d a de o u tra s p a rte s d a É tic a . A c o n c e p ç ã o f u n d a m e n ta l p a re c e -m e ser m ais o u m e n o s a seg u in te: u m a id éia é a d e q u a d a n u m e sp írito q u a n d o e la aí se e n c o n tr a a c o m p a n h a d a de to d a s a q u e la s q u e são p recisas p a r a lh e d a r p le n a m e n te ra z ã o . (E . Leroux) É d ifícil e x p ri­ m ir p o r p o u c a s p a la v ra s o se n tid o e o a lca n c e d e u m a fó r m u la e sp in o s is ta sem n o s p re s ta rm o s à c o n tro v é rs ia ; assim p re fe rim o s , a q u i c o m o em o u tr a s p a ssa g e n s, re m e ­ te r p u r a e s im p le sm e n te a o te x to ; seria d e m a s ia d o lo n g o u n ir to d a s as p a ssag en s n e ­ c essárias p a ra as c o m e n ta r; lim ita m o -n o s p o is a in s e rir a o b s e rv a ç ã o de L e ro u x q u e n o s p a re c e m u ito a p r o p r ia d a p a ra o r ie n ta r o e s p írito n a in v e stig aç ã o d e ste c o m e n tá ­ rio . {A. L.)

29

A D M IR A Ç Ã O

q u e r d iz e r, u m a n o ç ã o q u e é in te ira m e n ­ te a n a lis a d a em n o ç õ e s sim p le s d e m o d o q u e d e la se c o n h e c e a priori a p o ssib ili­ d a d e . Discurso de m eta/., c a p . X X IV . Rad. in í.: A d o k u a t.

m ita d o ( p o r e x e m p lo , q u e ta l re g im e é b o m p a r a ta l te m p e ra m e n to ) p a r a a a s ­ s e rç ã o g e ra l c o rre s p o n d e n te (q u e esse re ­ g im e é b o m e m si n ã o im p o r ta n d o p a r a q u e m ).

A D H o m in e m (A rg u m e n to ) D iz-se de u m a rg u m e n to q u e é v á lid o a p e n a s c o n ­ tr a o a d v e r s á rio q u e se c o m b a te , q u e r es­ se a rg u m e n to se fu n d e s o b re u m e rro , u m a in co n seq u ên cia o u u m a co n cessão d o a d v e r s á rio , q u e r ele vise a este o u à q u e le p o r m e n o r p a r tic u la r d a in d iv id u a lid a d e o u d a d o u tr in a d a q u e le .

A D I g n o r a n tia m (R e c u rso ) à ig n o ­ râ n c ia . T êm este n o m e d ife re n te s m a n e ira s d e ra c io c in a r, g e ra lm e n te so fistic as:

A D IÇ Ã O L Ó G IC A D . Logische addition\ E . Logical addition ; F . A ddition iogique; I. A ddizione lógica . O p e ra ç ã o ló g ic a ap licáv el a o s co n ce i­ to s (o q u e é a s u a u tiliz a çã o m ais c o m u m ) e às p ro p o siç õ es. É re p re s e n ta d a q u e r p o r + q u e r d e p re fe rê n c ia p o r U . A . A som a lógica de d o is (o u m ais) co n ce ito s (o u , m a is e x a ta m e n te , d as suas e x ten sõ e s) é o c o n ju n to d o s in d iv íd u o s q u e fa z e m p a r te d a e x te n s ã o d e u m q u a l­ q u e r d e n tre eles. E x e m p lo s : o s in g leses e o s fra n c e se s; o s e u ro p e u s e o s ru s s o s . B . A som a lógica d e d u a s (o u m a is) p ro p o s iç õ e s é a p ro p o s iç ã o q u e a f ir m a q u e u m a (p elo m e n o s) d e sta s p ro p o siç õ e s é v e rd a d e ira . V er Disjunção. Rad. int.: A d ic io n (o ) lo g ik a l(a ). “ A D IC T O S e c u n d u m Q u id a d D ictum S im p lic ite r” (literalm ente: d o que é dito relativam ente a algum a coisa, ao que é dito sem restrição); fórm ula clássica que traduz A r i s t ó t e l e s : " κ α τ ά τ ο τ η κ α ί ά τ τ λ ώ *” . D os sofismas, 168bl l . S o fism a q u e c o n siste em p a s s a r d e u m a a sserção v e rd a d e ira n u m d o m ín io li-

A . A p ro v e ita r-s e de o in te rlo c u to r ig ­ n o r a r u m fa to q u e se o p o ria a o a rg u m e n ­ to in v o c a d o . C f. Sub-repção. B . “ E x ig ir q u e o a d v e r s á rio a d m ita a p ro v a o u in d iq u e u m a m e lh o r .” L e i b n i z , N ov. ens ., IV , X V II, 20 (re s u m in ­ d o L o c k e , Essay, m e sm o p a rá g ra f o ). E le d is tin g u e aí d u a s f o r m a s : u m a p a r a a q u a l c o n se rv a o n o m e d e ad ignoraritiam , e q u e c o n sis te e m im p o r a o a d v e r­ sá rio o onus* probandi ; a o u tr a q u e ele c h a m a ad vertiginem (rec u rso à vertig em ) m a s q u e é p ro v a v e lm e n te a q u ilo a q u e L o c k e v isav a ; “ é o q u e o c o r r e ” , d iz ele, “ q u a n d o se ra c io c in a d e s te m o d o : se es­ t a p r o v a n ã o é a c e ita n ã o te m o s n e n h u m m e io d e c h e g a r à c e rte z a s o b re o p o n to q u e e sta m o s tr a ta n d o ; o q u e se c o n sid e ­ ra u m a b s u r d o ” . V e r n a s e q u ê n c ia d o te x to a d iscu ssão d o s c a so s o n d e estes a rg u m e n to s p o d e m ser v á lid o s . A D J u d ic iu m (R e c u rso ) ao ju ízo é oposto por L o c k e aos diversos argumen­ tos ad hominem, ad ignorantiam, ad verecundiam. Essay, IV , X V II, 22. A D M IR A Ç Ã O (L . Admirado). P a r a a lé m d o seu s e n tid o u s u a l e sta p a la v r a a p re s e n ta em D e s c a r t e s o s e n tid o e ti­ m o ló g ic o d e e s p a n to . E le c o n sid e ra -a co -

S o b re A d iç ã o ló g ic a — A re d a ç ã o d o § B fo i m o d if ic a d a de a c o r d o co m a p r o ­ p o s ta de Th. de Laguna. A u tiliz a ç ã o d e s ta e x p re ssã o d ev e-se a o fa to d e q u e a o p e ra ç ã o ló g ica de q u e se tr a ta a p re s e n te to d a s a s p ro p r ie d a d e s fo rm a is d a a d iç ã o a ritm é tic a , s a lv o a q u e la q u e ex clu i o p rin c íp io d e ta u to lo g ia : τ 7 Ã 7 τ . . , - « ; a + a + a . . . - a . ( R . Berthelot)

30

A D M IT IR m o e s ta n d o n a o rig e m de to d a s as p a i­ x õ es. ( Tratado das paixões, seg u n d a p a r ­ te , a rt. 53.) A D M I T IR D . Zuiassen, zugeben; annehmen ( s o b re tu d o n o s s e n tid o s C e D ); E . A .t o adm ií; to assume (ver Assunção, o b serv açõ es); F . Admettre-, I. Ammettere.

c e r ta te se , a o m e n o s p o r e n q u a n to ; o u se q u e r le m b ra r q u e a q u e le de q u e se fa la n ã o fez m ais d o q u e su b screv er u m a id éia c o rre n te sem a c ritic a r; o u a in d a se a n u n ­ cia p e la u tiliz a ç ã o d e ste te rm o q u e se te m o b jeçõ es c o n tra o q u e u m o u tro “ a d ­ m ite ” .

B . A c e ita r a títu lo de in s tru m e n to in ­ te le c tu a l, d e re g ra o u d e c o n v e n ç ã o e s ta ­ A. R e c o n h e c e r o u to m a r p o r v e rd a ­ b e lecid a. “ U m a c lassificação a d m itid a ” ; d e iro . “ A d m ito - o .” “ A d m ite -se q u e . . . ” “ A d m itir as e lisõ es” (n a v e rsific a ç ã o ); “ U m a o p in iã o a d m itid a .” “ D escartes a d ­ “ os aco rd es d isso n a n te s” (n a co m p o sição m ite q u e o e s p írito é m a is fá c il d e c o n h e ­ m u sic a l), e tc . cer q u e o c o r p o .” C . R ec e b er a títu lo de p rin c íp io p r o ­ A p a la v ra , n este s en tid o , im p lica q u a ­ vável o u a p ro x im a d o , c u ja u tiliz a ç ã o é se sem p re u m a reserv a; o u se p re te n d e in ­ m ais o u m en o s c o m p le tam e n te ju stific a d a d ic a r q u e n o s lim itam o s a n ã o n e g ar u m a 1? Faiando dos hom ens :

S o b re A d m ir a ç ã o — A rtig o c o m p le ta d o d e a c o rd o c o m u m a n o ta de Louis Prat q u e insiste so b re o c a rá te r primitivo d a a d m ira ç ã o em D escartes: “ Q u a m p rim u m n o b is o c c u rit a liq u id in s o litu m o b je c tu m , et q u o n o v u m esse ju d ic a m u s , a u t v a ld e d iffe re n s a b eo q u o d a n te a n o v e ra m u s , vel s u p p o n e b a m u s esse d e b e r e , id e ffic it u t illu d a d m ire m u r et e o p e rc e lla m u r. E t q u ia h o c c o n tin g e re p o te s t a n te q u a m u llo m o d o c o g n o sc a m u s n u m illu d o b je c tu m sit n o b is c o n v e n ie n s n e c n e , A d m ir a tio m ih i, v id et u r esse prim a omnium p a s s i o n u m D e s c a r t e s , Paixões da alma, 2? p a rte ; in ício d o a rtig o L I II. O te r m o admiração c o m p o r ta trê s u tiliz a ç õ e s filo s ó fic a s : 1 ? E m A ris tó te le s o u E s p in o s a , o v u lg a r a d m ir a q u e a s c o isa s s e ja m c o m o s ã o ; o s á b io a d m ir a r ia q u e elas fo sse m d e o u tr a m a n e ira : o c o n h e c im e n to d a n e c e s sid a d e in e re n te à o rd e m to ta l su ­ p rim e , p o is , a a d m ira ç ã o o u tr a n s f o r m a - a n u m a im p a ssív e l c o n te m p la ç ã o in te le c ­ tu a l. 2? E m D e s c a rte s , a a d m ir a ç ã o é a p a ix ã o f u n d a m e n ta l d o filó s o fo ( Tratado das paixões, 1 1 ,5 3 ); c o n s is tin d o em p rim e iro lu g a r n u m a s u rp re s a q u e p ro v o c a a in ­ v e stig ação e p e rm a n e c e n a a lm a d a filo so fia , p o rq u e é s e m p re p reciso p o d e r e s p a n ta r­ se, e la so b re v iv e à p r ó p r ia d e s c o b e rta e to rn a -s e u m s e n tim e n to d e a le g ria e sté tic a e m e ta fís ic a , c o m o o in d ic a o fin a l d a 3? M e d ita ç ã o , o n d e D e sc a rte s se d e té m d ia n te d e D eu s p a r a “ c o n sid e ra r, a d m ira r e a d o r a r a in c o m p a rá v e l b eleza d e ssa im e n sa lu z ” . 3? O llé -L a p ru n e v iu n a a d m ir a ç ã o o im p u ls o m o ra l d a filo s o fia , a a lm a d a e d u c a ­ ç ã o , o v iá tic o d a v id a e s p ir itu a l, a re c o m p e n s a fin a l de u m a m o r d a v e rd a d e , c o m o e la f o r a d e le o seu c o m e ç o e a s u a a tr a ç ã o : o p a p e l q u e o u tr o s a tr ib u e m à c u rio s id a ­ d e , à in q u ie ta ç ã o , ele f a z c o m q u e s e ja d e s e m p e n h a d o p o r este s e n tim e n to d e a le g ria c o n fia n te q u e d e s a b ro c h a o s e r n a p o s se se m p re acrescív el d e u m a re a lid a d e in f in ita ­ m e n te ric a e b o a . V er o seu d is c u rs o s o b re Adm iração · . (Maurice Blondel) S o b re A d m itir — A rtig o o m itid o n a p rim e ira ed iç ã o e a c resce n ta d o p a ra d a r c o n ta d a s d is tin ç õ e s a n á lo g a s e sta b e le c id a s p o r De Laguna a p r o p ó s ito d a s p a la v ra s in g le ­ sas A ssum ption e to assume. V er Assunção, o b s e rv a ç õ e s . 1 1. Publicado em B Â ÃÇá ib id ., p. 44.

E

Â

, Léon Ollé-Laprune, l'achèvem ent et l ’avenir d e son oeuvre , pp. 280-296. Cf.

A D V E N T ÍC IO

31 p e la s p re v isõ es o u a p lic a ç õ e s q u e to r n a p o ssív eis. “ A d m itir e m o s q u e a a ç ã o d o s c o rp o s m u ito a f a s ta d o s é in s e n s ív e l.” “ P o d e -s e a d m itir p a r a a re la ç ã o d a c ir­ c u n fe rê n c ia c o m o d iâ m e tro o v a lo r 3 ,1 4 1 6 .” D . T o m a r c o m o p o n to d e p a r tid a de u m ra c io c ín io u m a p ro p o s iç ã o ( /e m * ) sem n o s in q u ie ta rm o s e m s a b e r se ela é v e rd a d e ir a o u fa ls a , p ro v á v e l o u im p r o ­ v á v el, m a s so m e n te c o m a fin a lid a d e d e e sta b e le c e r q u a is s ã o as su as c o n s e q u ê n ­ c ia s . “ A d m ita m o s q u e o n ú m e ro d a s es­ tre la s s e ja i n f i n i t o ...”

2? Faiando de coisas: E . C o m p o r ta r ; e s ta r a p to a re c eb e r p e la s u a n a tu re z a . “ E s te te x to a d m ite m ú ltip la s in te r p r e ta ç õ e s .” “ U m a re g ra q u e n ã o a d m ite ex ceçõ es.” V er Assunção e Hipótese. Rad. i n t A . A g n o sk ; B . (C onsent; C . G r a n t; D . P o s tu l; E . A d m is .

q u e n o ev o lu cio n ism o , n o sen tid o la to , os caracteres específicos, e p rin cip alm en te os p rin c íp io s ra c io n a is , s ã o “ in a to s n o in ­ d iv íd u o , m a s a d q u ir id o s p e la e sp é c ie ” . B. O p o s to a infuso n a lin g u a g e m d o s m ís tic o s: a q u ilo q u e p o d e s e r o b tid o p e ­ lo e sfo rç o p e sso a l, p e lo h á b ito m e to d ic a ­ m e n te fo r m a d o , e n q u a n to q u e a c o n te m ­ p la ç ã o “ in f u s a ” é o e fe ito d ire to d e u m a “ a ç ã o de presença ” e d e u m a in ic ia tiv a d a c a u s a d iv in a q u e n e n h u m a in d ú s tria h u m a n a p o d e s u b s titu ir. Rad. int.: A q u irit. 2. A D Q U IR ID O ( s u b s t.) D . Erwor­ bene Kenntnisse; E . Acquirem ents (p lu ­ ra l); F . Acuis; I. Acquistato, A cquisto. C o n ju n to d e c o n h e c im e n to s a d q u ir i­ d o s p o r u m in d iv íd u o , e m p a r tic u la r p o r u m a lu n o . E s te te r m o é s o b r e tu d o u tili­ z a d o e m p e d a g o g ia . Rad. int.: A q u ir it. “Aquisição d o c o n h e c im e n to ” , v er

A D Q U IR ID O (a d j.) D . ErworbenElaboração. ; E . Acquired ; F . Acquis', I. Acquisito. A D V E N T ÍC IO L . Adventitius. A. Q u e n ã o é p rim itiv o : c a r á te r a d ­ Cogitationes adventitiae, id éias a d ­ q u irid o (q u e u m in d iv íd u o o u u m a e s p é ­ v e n tíc ia s , D e s c a r t e s . A q u e la s q u e n o s cie n ã o p o ssu ía n o in ício ); p ercep çõ es a d ­ s ã o fo rn e c id a s p elo s s e n tid o s . O pÕ em -se q u irid as (q u e n ã o são d a d a s im e d ia tam en ­ à s id é ia s inatas e às id é ia s factícias, q u e r te a tra v é s d e u m s e n tid o m a s re s u lta m d e d iz e r, c o n s tr u íd a s . Terceira meditação, u m a e d u c a ç ã o e d e u m ra c io c ín io in c o n s­ § 8ciente). O p õ e-se n e sta ex p ressão a p ercep ­ A D V e rec u n d ia m (R e cu rso ) a o resp ei­ çõ es naturais. to o u ta lv e z m ais exatam ente à in tim id a ­ NOTA ç ã o . “ É o q u e ocorre” , d iz L e i b n i z (re ­ s u m in d o L o c k e , Essay, IV , X V II, 19), N a e x p re ss ã o “ H e re d ita r ie d a d e d o s “ q u a n d o se cita a o p in iã o d a q u e le s q u e c a ra c te re s a d q u ir id o s ” e n ten d e m -se sem ­ a d q u irira m a a u to rid a d e d e v id o a o seu s a ­ p re c a ra c te re s a d q u irid o s pelo indivíduo b e r , p o s iç ã o , p o d e r o u d e o u tr o m o d o ; d e p o is d o seu n a s c im e n to (em o p o s iç ã o p o is q u a n d o a lg u é m n ã o se re n d e p r o n ta ­ à te o r ia d a rw in ia n a d a s e le ç ã o q u e o p e ra m e n te a ela so m o s lev ad o s a cen su rá-lo co ­ s o b re 'a s v a ria ç õ e s a c id e n ta is ). M a s a ex ­ m o v a id o so e m e s m o a ta c h á -lo d e in s o ­ p re s sã o “ c a ra c te re s a d q u irid o s ” n ã o te m lê n c ia .” (Novosensaios, ibid.) D iz-se em a p e n a s e s ta sig n ific a ç ã o . D iz-se c o rre n te p a r tic u la r d o a p e lo a u m a o p in iã o u n im e n te , ta n to e m in glês c o m o e m fra n c ê s , 1.

S o b re A d q u ir id o — A rtig o c o m p le ta d o s e g u n d o in d ic a ç õ e s d e Berthod (o b s e rv a ­ ç ã o so b re a ex p ressão “ h e re d itaried a d e d o s caracteres a d q u irid o s ” ; d e Maurice Blondel [se n tid o B] e de G. Beaulavon [Adquirido, substantivo]).

A E S T O F IS IO L O G IA

versalm ente adm itida ou considerada co­ m o tal. A D V e rtíg in e m V er A d ignorantiam. A E S T O F IS IO L O G IA E . Aesthophysiology (S p e n c e r , Princ. o f psychol., I, cap. 6): estudo das relações entre a fisio ­ logia e a p sicologia da sensação. A F A S IA (G . 'h.¡paoic¿). D . Aphasie', E . Aphasia·, F . Aphasie; I. Afasia. A . N o s cético s d a A n tig u id a d e , s u s ­ p e n s ã o de to d a a s s e rç ã o d o g m á tic a . V er Se

xt o

Em p í r

ic o

,

Hipóteses pirrónicas,

liv ro I, c a p . X X : “ r ie g i átpaoías.” B. P s i c o l . P e r d a to ta l o u p a rc ia l d a s fu n ç õ e s d a lin g u a g e m , sem le sã o d o s ó r ­ g ã o s n em p a ra lis ia . E s ta p a la v ra a p lic a ­ se em in g lês, c o m o o b s e rv a m J a s t r o w e B a l d w i n (D ict. o fP h il., V o), d e m a n e i­ ra m ais g eral: seja à lin g u ag em fa la d a , se­ j a à lin g u a g e m e s c rita , se ja a o f a to de as c o m p re e n d e r, s e ja a o fa to de a s u tiliz a r. O u so fran cês p a re c e re strito à p a la v ra fa ­ la d a e o u v id a . (R e i c h e t , V o) U m a s u b ­ d iv is ã o u n iv e rs a lm e n te a d m itid a é a d e: 1? a afasia motriz (motorische Aphasie,

m otor aphasia, aphasie motrice, afasia motrice), ta m b é m c h a m a d a afemia p o r B r o c a ; e 2? a afasia sensorial (sensorische Aphasie, sensory aphasia, aphasie sensorielle, afasia sensoriale) a lg u m a s ve­ zes c h a m a d a afasia de Wernicke. CRÍTIC A

É preferível reservar para a primeira o nom e de afasia e designar a segunda com o term o de surdez verbal·, para a lin­ guagem escrita, utilizar os term os corres­ pondentes agrafía e cegueira verbal. A

32

-.vantagem destas quatro denom inações é a d e serem retiradas d o s fatos observa­ d o s e de não im plicarem nenhum a h ip ó ­ tese co m o acontece nas expressões com o “ afasia cortical, subcortical, afasia de condutibilidade (W e r n i c k e ) ” , e tc., que repousam sobre a consideração de esque­ m as explicativos im aginários. Rad. int.: A fa zi. A F E C Ç Ã O /A F E I Ç Ã O (L . Affectas, A ffectio ). D . A ffek tio n , Gefuhl. (S o b re o u s o a le m ã o d a p a la v r a A ffe k t, ver W u n d t , Physiol. Psychol., I I , 404); E . A ffectio n (A ffe c t é p r o p o s to p e lo s c o n ­ te m p o râ n e o s n u m o u tr o s e n tid o , o d e m ó b il* p ro v e n ie n te d a se n sib ilid a d e ; B a l d w i n , M a c k e n z i e , S t o u t n o Dict. o f Philos, and Psych., s u b V°); F. A ffe c ­ tio n ; I. A ffec to , A ffezione. A . T o d o m o v im e n to d a sen sib ilid ad e, n o s e n tid o B, q u e c o n siste n u m a m u d a n ­ ça d e e sta d o p ro v o c a d a p o r u m a cau sa ex­ te rio r. E ste m o v im e n to p re s s u p õ e a ex is­ tê n c ia d e u m a tendência, m a s n ã o se c o n ­ fu n d e c o m ela: “ A c o n sc iê n c ia d e c a d a a f e c ç ã o ... e n v o lv e a c o n sc iê n c ia d e u m a te n d ê n c ia q u e a p ro d u z . A te n d ê n c ia a p e ­ n a s n o s é d a d a a tra v é s d a a fe c ç ã o , e t c .” L a c h e l i e r , Psychologie et métaphysi­ que , n a s e q ü ê n c ia d o Fondem ent de l ’in­ duction, p . 137.

B . E sp e cia lm e n te , o p ra z e r e a d o r en ­ q u a n to o p o s to s , c o m o m e n o s c o m p le x o s p s ic o ló g ic a e fis io ló g ic a m e n te , às e m o ­ ç õ e s p r o p r ia m e n te d ita s d e c ó le ra , d e re ­ c e io , d e e s p e ra n ç a , etc. C . I n c lin a ç ã o e letiv a* , m e n o s in te n ­ s a e m a is re g u la r d o q u e a paixão B e c a ­ ra c te riz a d a p ela au sên cia o u p o u c a im p o r-

S o b re A f a s ia — P a r a P ie rr e M a r i e a e x p re s s ã o “ a f a s ia d e B r o c a ” deve ser re ­ s e rv a d a p a r a a a fa s ia to ta l, q u e u n e a a f a s ia m o tr iz (q u e ele p r ó p r io c h a m a anartria) e a a fa s ia d e W e rn ic k e o u a f a s ia v e rd a d e ir a (n ã o te n d o s u rd e z v e rb a l e x istên c ia c lín i­ c a d is tin ta ). E n tr e as v a rie d a d e s d e a fa s ia p o d e m -s e a s s in a la r a afasia de entoação (B rissa u d ), o u p e r d a d a “ c a n ç ã o d a lin g u a g e m ” ; a afasia óptica o u in c a p a c id a d e d e n o m e a r os o b je to s a p e n a s s e g u n d o a s u a p e rc e p ç ã o v isu al; a afasia tátil o u in c a ­ p a c id a d e de n o m e a r os o b je to s a p e n a s s e g u n d o a s u a p e rc e p ç ã o tá til. ( H . Piéron)

33

AFETA R

tâ n c ia d o s fa to re s fisio ló g ic o s. O m e sm o c a m b ia n te n o in glês affection.

n açõ es* a tra tiv a s o u re p u ls iv a s p a r a c o m o s n o sso s sem elh an tes. M a i n e d e B i r a n : D. C o n ju n to d e e s ta d o s e d e te n d ê n “­ A a fe c ç à o é o q u e re s ta d e u m a s e n s a ­ ç ã o c o m p le ta q u a n d o d e la se s e p a ra a in ­ cias a fe tiv a s. “ A n o s sa e x istên c ia m o ra l d iv id u a lid a d e p e sso a l o u o eu e c o m ele a p e n a s c o m p o rta u m a v e rd a d e ira u n id a ­ to d a fo r m a d e te m p o o u d e e s p a ç o ” , o u de n o m o m e n to em q u e a a fe iç ã o d o m i­ a in d a , “ q u a n d o a id éia d e sen sação se e n ­ ne a o m e sm o te m p o a e sp e c u la ç ã o e a c o n tr a r e d u z id a à sim p les s e n sa ç ã o sem a ç ã o .” A . C ÃOI E , Discours préliminai­ id éia de q u a lq u e r e s p é c ie .” Essai sur les re. (P o l. p o s ., I, 15.) fondem ents de la psychologie , Œ uvres CRÍTICA inédites , I I , 11. P ie r r e J a n e t c o n s e rv a o se n tid o d e M a in e d e B ira n [Automatisme A s p a la v ra s iratty, perturbationes anipsychologique, p . 41). m i (a u c to re C ic e ro n e ), affectus, affectioÉ p o is n e c e s sá rio e sp e c ia liz a r e p re c i­ nes, passiones s ã o d a d a s c o m o s in ô n im o s s a r este te rm o se q u is e rm o s fa z e r dele p o r S to . A g o s t i n h o , De dvita te Dei, u m a u tiliz a ç ã o filo só fic a . P r o p o m o s re s­ I X , 4 . A ffec tio u tiliz a -se s e g u n d o G o trin g i-lo a o c o n ju n to d e to d o s o s s e n ti­ CLENius p a r a d e s ig n a r, q u e r u m a d is p o ­ m e n to s e s tá tic o s q u e c o n sis te m n u m es­ siç ã o , q u e r u m e s ta d o , q u e r u m a m u d a n ­ ta d o e n ã o n u m a te n d ê n c ia . A s a fe cç õ es ç a d e u m s e r, q u e r a s u a c a u s a s e ja in te r­ c o m p re e n d e rã o e n tã o o p ra z e r, a d o r e n a o u e x te rn a . Lex. p h ii ., 7 8 b. R e c o n h e ­ a s e m o ç õ e s p r o p r ia m e n te d ita s . ce p a r a affectus d o is se n tid o s: 1? Tráflos, i p ra z e r e d o r accidens ; 2? a s te n d ê n c ia s d e d e se jo e d e a fe cç õ es I em oções a v e rsã o e n q u a n to e sp o n tâ n e a s e n ã o p r o ­ S e n tim e n to s . . . te n d e n c ia s i in c lin a ç õ e s v o c a d a s p o r u m a s e n sa ç ã o a tu a l. Ibid., I. aIfeptiv aixaõses 80a. o p rim e iro d estes s e n tid o s q u e e n ­ volv e to d a s as m o d ific a ç õ e s de u m ser, m e sm o in te le c tu a is , p e rsistiu a té o sécu ­ lo X V III. V er u m te x to d e B u f f o n c ita ­ d o em L ittré , s u b Vo. E s p i n o s a e n te n d ia affectio co m a m e sm a g e n e ra lid a d e e res­ trin g ia c o m o se seg u e o s e n tid o d e affec­ tu s : “ E m e n d o p o r p a ix õ e s (affectus ) as a fe c ç õ e s (affecüones ) d o c o rp o q u e a u ­ m e n ta m e d im in u e m a su a p o tê n c ia d e a g ir, e t c .“ Ética, I I I , d e f. 3. P a r a D e s c a r t e s a a fe iç ã o (C ) é c a ­ ra c te r iz a d a p e lo f a to de q u e n ela se e sti­ m a o o b je to d o seu a m o r m e n o s q u e a si m e sm o . O p õ e -se à a m iz a d e o n d e a e sti­ m a é ig u a l; e à d e v o ç ã o o n d e ela é s u p e ­ r io r . Paixões da alma, I I I , a r t. 83. E sse s e n tid o está in te ira m e n te esq u e c id o h o je . E m R E í á a s a fe iç õ e s s ã o to d a s a s in cli­

Rad. int .: A fe k t. A F E M IA V er Afasia. A F E R E N T E V er Eferente . A F E T A R (L . Afficere, Affectare). D . Affizieren; E . A ffect; F . A ffecter, 1. Commuovere. A . E x e rc e r u m a ação n o s e n tid o B. A p e n a s se u tiliz a q u a n d o o o b je to d e ssa a ç ã o é u m ser v iv o . V er A fetivo . “ A lu z a f e ta a r e t i n a .” B . E m p a rtic u la r exercer u m a ação so ­ b re a sen sib ilid a d e * e m a is e sp e c ia lm e n ­ te a in d a p ro d u z ir u m e s ta d o de triste z a . c r ít ic a

D eve-se e v ita r em p s ic o lo g ia este ú l­ tim o s e n tid o , q u e é u m a fo n te d e e q u í-

S o b re A f e ta r — To affect em inglês p od e ser usado m esm o quando o ob jeto da a ç ã o n ã o é um ser v iv o . (77i. de Laguna ) Ch. Werner Tecorda que K a n t se serv e da p a la v r a afficiren para d e sig n a r a a ç ã o que o o b je to ex erce s o b re a s e n s ib ilid a d e [Estética transe ., § 1).

A F E T IV ID A D E

34

v o c o s. E s ta p a la v ra a p re s e n ta o u tro s se n ­ tid o s n ã o filo só fic o s m a s sem a m b ig ü idade. Rad. int.: A . In flu ; B . A fe k t. (No sen­ tido de entristecer, A flik t.) A F E T IV ID A D E D . A ffektivitat, Gefu h i; E . A ffectivity, feeting; F . A ffe c ti­ vité', I. A ffetivitá . A . C a r a c te r ís tic a a fe tiv o s.

dos

fe n ô m e n o s

B . C o n ju n to d o s fe n ô m e n o s a fe tiv o s. V er Sensibilidade, B.

A F E T IV O D . G efuhis...; E . A ffe c ti­ ve; F . A ffec tif; 1. A ffetivo . D esig n a a c ara c te rístic a g e n érica d o p ra z e r* , d a d o r* e d a s em o çõ es* q u e s ã o ch am a d a s freq ü en tem en te co m o n o m e co ­ m u m d e ‘‘e sta d o s a fe tiv o s ” . A ex p ressão “ te n d ên c ia s a fe tiv a s ” é ta m b é m a p lic a d a p a ra a s in clin açõ es* e p a r a a s p aix õ es* . A fetivo d ife re d e Passivo p o r c o n te r a m a is: 1? a id é ia d e q u e se t r a t a d e u m fe n ô m e n o d e s e n s ib ilid a d e n o s e n tid o B; 2? a ex istên cia d e u m a re a ç ã o d a p a rte d o ser q u e s e n te , q u e e x p re ssa a tra v é s d e u m c e r to e s ta d o in d iv id u a l a m o d ific a ç ã o r e ­

s o b r e A fe tiv id a d e — V e r a h is tó r ia d e s ta p a la v r a e a c rític a d o seu s e n tid o p o r M a u ric e P r a d in e s , Revue de synthèse, o u tu b r o d e 1935. S o b re A fe tiv o — A r tig o c o m p le ta d o s e g u n d o a s in d ic a ç õ e s d e v id a s a F r . A bauzit e Louis Weber. P e n s o q u e , a p e s a r d a s o b je ç õ e s le v a n ta d a s c o n tr a a e x istê n c ia d a m e m ó ria a f e ti­ v a , e la é tã o c o n s ta n te q u a n to a m e m ó ria in te le c tu a l e ig u a lm e n te d is s e m in a d a . E la n ã o se a ju s ta a o d u a lis m o b e rg s o n ia n o d a m e m ó ria p u r a e d a m e m ó ria m o tr iz , m a s isso é, n a m in h a o p in iã o , o q u e d e m o n s tr a m e lh o r a fra g ilid a d e d a c o n c e p ç ã o b e rg s o n ia n a s o b re a re c o rd a ç ã o . N o c a r á te r a fe tiv o d e c e rto s e s ta d o s q u e a p a r e c e m c o m a c a r a c te rís tic a d e u m p a s s a d o r e e n c o n tr a d o , re c o n h e c id o e m a is o u m e n o s lo c a liz a d o n o te m p o , n ã o h á n e m p ra z e r n e m d o r. H á ta lv e z emoção a in d a q u e o te rm o a lte re a q u i a q u ilo q u e p re te n d e d e sig n a r: p o is, q u a n d o se f a la d e e m o ç ã o , p e n sa -s e s e m p re m a is o u m e n o s n a s e m o çõ es m a c iç a s e g a s ta s , n a s e m o ç õ e s -c h o q u e , e n q u a n to q u e n ã o h á n a d a d e p a re c id o n a s re c o rd a ç õ e s a fe tiv a s . P ié r o n , p a r tic u la r m e n te n a Revue philosophique d e 1902, d e sc re v eu c e rto s c a s o s d e s te g ê n e ro c o m u m a p re c isã o n o tá v e l e c o m ex ­ p re ssõ e s fe lizes. E m s u m a , a c a r a c te rís tic a a fe tiv a d e u m e s ta d o d e c o n sc iê n c ia se ria , n o f u n d o , u m a c o n sc iê n c ia c en e stésic a q u e a p a re c e a in te rv a lo s , e m c e rto s m o m e n ­ to s de re p o u s o d a a te n ç ã o e de p a s s iv id a d e re c e p tiv a , n o c o n ta to c o m p e rc e p ç õ e s e x te rn a s , a c id e n ta is . E ssa co n sc iê n c ia d a c e n e ste sia — d e u m a c en e stesia r e e n c o n tr a ­ d a n o s caso s em q u e se tr a t a de u m fe n ô m e n o d e m e m ó ria — é emoção a p e n a s d e v i­ d o a u m m e c a n is m o in d ir e to . E e la n ã o e s tá n e c e s sa ria m e n te tin g id a d e p r a z e r o u d e s o frim e n to . I s to seria p r ó p r io d o e s ta d o a fe tiv o m a is g e ra l o u , se se q u is e r, m a is e le m e n ta r. (Louis Weber) A in te r p r e ta ç ã o d a c a r a c te rís tic a a fe tiv a c o m o s e n d o u m c o n ju n to d e sen saçõ es c e n e stésic as, o u (n o c a s o d a m e m ó ria ) im a g e n s d e a n tig a s sen sa çõ e s c en estésicas, é u m a h ip ó te s e c e rta m e n te m u ito p la u sív e l, m a s n ã o u m f a to s u fic ie n te m e n te in c o n ­ te stá v e l p a r a q u e a p o s s a m o s fa z e r e n tr a r n a d e fin iç ã o d o p ró p r io te rm o . T a lv e z a p ró p r ia n o ç ã o d o a fe tiv o s e ja , p sic o lo g ic a m e n te , u m a d essas id eias sim p les q u e a a n á ­ lise n ã o p o d e d e c o m p o r. É p o r isso q u e n o s lim ita m o s a u m a d e fin iç ã o p o r e x te n s ã o , n a q u a l a liá s a p a la v r a e m o ç ã o d ev e ser e n te n d id a n o s e n tid o m a is a m p lo . (A. L .) C f. L o u is W e b e r , “ S o b re a m e m ó ria a f e tiv a ” , Rev. de m étaph., n o v e m b ro de 1914.

35

A F IR M A Ç Ã O

ceb id a de fo r a . C h a m a -s e “ to m a f e tiv o ” o u “ e le m e n to a f e tiv o ” d e u m a se n sa ç ã o a p a r te d e sen sib ilid ad e q u e n e la está c o n ­ tid a , e n q u a n to se o p õ e a o seu a sp e c to re ­ p re s e n ta tiv o ; “ m e m ó ria a f e tiv a ” a re v i­ v escên cia n a q u a lid a d e d e sim p les r e c o r­ d a ç õ e s , d e s e n tim e n to s e x p e rim e n ta d o s a n te r io rm e n te . (M a s a e x istê n c ia d e u m a m e m ó ria a fe tiv a p r o p r ia m e n te d ita é d is ­ cu tív e l.) C f. Memória e o b serv aç õ es m ais a d ia n te .

CRITICA E xcelente te rm o filo só fico ; te v e o u tro r a o se n tid o d e a fe tu o s o m a s d e s e m b a ra ­ ç o u -se dele c o m p le ta m e n te n o s d ia s d e h o je . Rad. i n t A fek tiv. A F I N I D A D E (L . A f f mitas). D . Ver wandtschaft, A ffin ita t; E . A ffin ity; F . A ffin ité ; I. A ffin ita . A . A lia n ç a (a n á lo g a à s a lia n ç a s d e fa ­ m ília, sen tid o p ró p rio de afinidade n o s ju ­ risc o n su lto s). B . S em e lh a n ça , lig ação o u a tra ç ã o re ­ s u lta n te d e u m a se m e lh a n ç a .

C. A tr a ç ã o a n á lo g a à a tra ç ã o m o le ­ c u la r q u e p ro d u z as c o m b in a ç õ e s q u ím i­ cas e q u e fo i c h a m a d a d e affm itas p o r A Â ζ E 2 I Ã Ã G 2 τ Çá E . A p a la v r a n o s e n ­ tid o q u ím ic o to r n o u - s e s o b re tu d o p o p u ­ la r c o m BÃE 2 7 τ τ â E (S). c r ít ic a

T e rm o v a g o q u e te m a p e n a s d u a s u ti­ liz a çõ e s m a is o u m e n o s d e fin id a s : 1? a s

Afinidades efetivas ( Wahlverwandtschaf ten), títu lo d e u m r o m a n c e d e G Ã : E I 7 E

e ra p rim itiv a m en te u m a ex p ressão d e q u í­ m ic a d e a u to r ia d e B e rg m a n n e q u e d e ­ s ig n a v a a s a fin id a d e s q u e d e s tro e m u m c o m p o s to e m p ro v e ito d e n o v a s c o m b i­ n açõ es; 2? a Afinidade natural das idéias, p ro p r ie d a d e q u e tê m os fe n ô m e n o s p s í­ q u ic o s d e se a tra íre m u n s a o s o u tr o s n o c a m p o d a c o n sc iê n c ia , p o r a s s o c ia ç ã o ’1' d a s id é ia s (co m o u sem s e m e lh a n ç a ). Rad. int.: A fin . A F IR M A Ç Ã O D . A . Behauptung ; B . Bejahung ; E . Affirm ation', F . A ffirm ation ; I. Afferm azione.

S o b re A fin id a d e — C o n s u lta r É tie n n e G ÃE E 2 Ãà Sτ « Ç -H « Â τ « 2 , Etudes p ro ­ gressives d ’un naturaliste, p a r tic u la r m e n te o ú ltim o e s tu d o : “ L ei u n iv e rs a l (a tr a ç ã o E

I

E

de si p a r a si) o u ch av e a p lic á v e l à in te r p r e ta ç ã o d e to d o s o s fe n ô m e n o s d e filo s o fia n a tu r a l” , n o q u a l c h a m a afrontamento a o q u e n o m e a m o s v u lg a rm e n te a fin id a d e . V er em p a rtic u la r a n o ta d a p á g in a 159 o n d e ele e x p lic a c o m o f o r m o u e s ta p a la v ra . (Louis Boisse) C f. m a is a d ia n te A tração , o b s e rv a ç õ e s . “ P a r a B a rc h u s e n , o s c o rp o s q u e tê m afinidade e n tr e si a ss e m e lh a m -se , s ã o p r i­ m o s , o q u e n ã o q u e r d iz e r q u e se a m e m ; p a r a B o e rh a a v e , p e lo c o n tr á r io , a afinidade ex erce-se e n tre c o rp o s e n tr e o s q u a is n ã o se a s s in a la n e n h u m a re la ç ã o d e s im ilitu d e , m a s q u e se a m a m , se u n e m e c e le b ra m as su as n ú p c ia s c o m m a is o u m e n o s b a ru lh o o u b r il h o .” J . B. D Z Oτ è , L e ç o n s s u r la philosophic chimique, 3 9 8 . (T e x to c o m u n i­ c a d o p o r M . Marsal ) S o b r e A f ir m a ç ã o — P o d e -s e re s e rv a r afirmação n o s e n tid o B m a s p o d e r-s e -á re ­ s e rv a r n o m e s m o s e n tid o afirmar"! D iz-se: “ A fir m o q u e n ã o . ” E se é a ssim a d is tin ­ ç ã o to rn a -s e p r e c á r ia . (G. Beaulavorí) E la é n e c e s sá ria s o b re tu d o q u a n d o afirmação é to m a d a n o s e n tid o e m q u e a p a la v r a d e sig n a , n ã o o a to d e a f ir m a r , m a s a c o isa a f ir m a d a (Afírm alo e n ã o A firm o). N o c a so d o v e rb o , e d o s u b s ta n tiv o c o m s e n tid o v e rb a l, é fá c il le g itim a r a u tiliz a ç ã o d eles se se o b s e r v a r q u e q u a n d o se d iz: “ A fir m o q u e n ã o '\ o o b je to d a a f ir m a ç ã o é u m a lexis to m a d a e m b lo c o , c o n te n d o e m si m e s­ m a a n e g a ç ã o , q u e p e rm a n e c e a ssim e x te r io r a o a to d e a f ir m a r . (A. L.)

36

A F IR M A T IV O A . N a lin g u a g e m c o rre n te , a to p e lo q u a i se p e n sa o u se e n u n c ia u m ju íz o c o ­ m o v e rd a d e iro (q u e r este ju íz o e ste ja n a su a fo rm a a firm a tiv a ou n eg ativ a). O p õ ese à in te rro g a ç ã o o u à d ú v id a . N e ste se n ­ tid o , to d a n e g a ç ã o firm e é ta m b é m u m a a firm a ç ã o .

B. L ó ; . E m o p o siç ã o a negação* d e­ sig n a a c a ra c te rís tic a de u m a p ro p o s iç ã o n a q u a l a c ó p u la (n o s e n tid o g e ra l, q u e r d iz e r, a re la ç ã o c o n s id e ra d a e n tre os te r ­ m o s) é sim p lesm en te co lo c a d a co m o exis­ te n te , c o n s is tin d o a n e g a ç ã o em a firm a r (n o se n tid o A ) a a u sê n c ia d e ssa re la çã o (p o r p riv a ç ã o o u p o r ex clu sã o ). CRÍTICA

P a r a o sen tid o A , co n v ém dizer asser­ ção e re se rv a r afirmação p a r a o se n tid o B , c o n fo rm e a o b s e rv a ç ã o fe ita p o r G o BLOT n o seu Vocabulaire e a p ro v a d a na sessão d a S o c ie d ad e de F ilo so fia de 29 de m a io de 1902. Rad. int.: A . A sse rt; B , A fir m . A F IR M A T IV O D . Bejahend ; affir­ mai iv\ E . Affirmative·, n o s e n tid o C , p o ­ sitive ; F . A ffir m a tif ; I. A fferm ativo.

p ro p o s iç ã o p r á tic a q u e f o r m u la um p re ­ c eito g e ra l e fu n d a m e n ta l (A forism os de H ipó

c r a t e s ).

Rad. int.: A fo ris m . A F O R T IO R I (R acio cín io ) L . (su b en ­ te n d id o : causa). A . R a c io c ín io q u e c o n c lu i de u m a p ro p o s iç ã o u m a o u tr a p ro p o s iç ã o de ta l m a n e ira q u e h á em f a v o r d a s e g u n d a as m esm as ra z õ e s q u e em f a v o r d a p rim e i­ r a , e a in d a m ais u m a o u o u tr a s ra z õ e s (u m a o b je ç ã o o u u m a d ific u ld a d e a m e ­ n o s p o d e n d o p a s s a r p o r u m a ra z ã o a m a is). “ A m a v a -te in c o n s ta n te ; q u e te ria fe ito fie l? ” Andrôm aca, a to IV , c. 5. B . R a c io c ín io q u e c o n clu i de u m a q u a n tid a d e o u tr a q u a n tid a d e d a m e sm a n a tu re z a , m a io r o u m e n o r, e d e ta l m o ­ d o q u e a p rim e ira n ã o p o ssa ser a tin g id a o u u ltr a p a s s a d a sem q u e a s e g u n d a o se­ ja ta m b é m . “ A q u ilo q u e a c a b a m o s de d i­ zer s u b s is tirá a fo rtio ri se o e rro d e p r e ­ c isã o d a lu n e ta , em lu g a r d e ser d a m e s­ m a o rd e m d e g ra n d e z a q u e o d a s le itu ­ ra s , fo r n o ta v e lm e n te m a is f r a c o .” C o LARDEAU, A pproxim ations dans les me­ sures physiques, p . 279.

A. B . Q u e c o n s titu i u m a a firm a ç ã o NOTA q u e r s e ja n o s e n tid o A q u e r n o s e n tid o E s ta s e g u n d a f o r m a d e ra c io c ín io B. Q u a n d o se t r a t a d e u m ju íz o o u de a p lic a -se ig u a lm e n te , m e sm o n a o rd e m u m a p ro p o s iç ã o , e n te n d e -se e sta p a la v ra m o r a l, a tu d o o q u e é c o n s id e ra d o su sce­ s e m p re n o s e n tid o B. tív el d e g ra u s ; p o r e x em p lo n o ra c io c ín io C . Q u a n d o se fa la de p e ss o a s: q u e m d o P r o M ílo n e : “ Se se te m o d ire ito de é d a d o a a firm a r co m d ecisão ; q u e m a fir­ m a ta r o la d r ã o , co m m a is ra z ã o o a ssa s­ m a co m f o r ç a (n u m c a s o d a d o ). s in o .” O a rg u m e n to p a re c e , a liá s , s o b as Rad. int.: A . A s e rta l, A fir m a i; B . su as d u a s fo r m a s , s e r d e o rig e m ju ríd ic a A se rte m . e lig ar-se à re g ra : “ N o n d e b e t, cui p lu s licet, q u o d m in u s est n o n lic e re.” U l p i a · A F O R IS M O (G . ’Aipog itrio s, d e fin i­ n o em Digesto (E d . M o m m se n , liv ro 50, ç ã o ). D . Aphorismus; E . Aphorism ; F . títu lo X V II, n? 21. C f . 26 e 110). Aphorisme·, I. A forism o. P r o p o s iç ã o c o n c is a q u e e n c e rra m u i­ to s se n tid o s e m p o u c a s p a la v ra s . É , q u e r u m a p ro p o s iç ã o d o g m á tic a q u e re su m e u m a te o r ia o u u m a série d e o b s e rv a ç õ e s

N ovum Organum, aphorismi de interpretatione naturae et regno homi nis, cf. P r e f á c io , n o in íc io ), q u e r u m a (B a

c o n

,

“ A F R O N T A M E N T O ” V er A finida­

de, o b s e rv a ç õ e s . A G E N T E D . Der o u Das Wirkende ; E . Agent; F . Agent; I. Agente. T r a n s c riç ã o d o L . esco l. Agens, a q u i­ lo q u e ag e o u a q u e le q u e a g e. T o d o ser,

37

A G N Ó S T IC O

e n q u a n to se c o n sid e ra n u m s e n tid o q u a l­ q u e r , q u e ex erce u m a ação* p a r tic u la r ­ m e n te n o s e n tid o B . (O o b je to d e s ta a ç ã o é o paciente.) “Intelecto agente ” (L . esco l. Intellectus agens). “ A o p in iã o m a is c o m u m é a d o s p e rip a té tic o s , q u e p re te n d e m q u e o s o b je to s d e f o r a e m ite m esp ecies q u e se lh es a s s e m e lh a m ... E s ta s e sp é c ie s ... to r n a m -s e in telig ív eis a tra v é s d o intelecto agente , o u a tiv o , e sã o p r ó p r ia s p a r a se­ re m re c e b id a s n o intelecto paciente . . . ” M a l e b r a n c h e , Recherche de la vérité , I I I , c a p . 2 . V er A tivo (in tele c to ). A G N O S IA D . Agnosie; E . A gnosia ; F . Agnosie ; I. Agnosia. In c a p a c id a d e d e re c o n h e c e r os o b je ­ to s o u os sím b o lo s u su a is (a m n é s ia p e r ­ c e p tiv a ) sem p e r tu r b a ç ã o d a s sen sa çõ e s e m g e ra l. D istin g u em -se u m a agnosia visual (ce­ g u e ira p síq u ica to ta l, o u p a rc ia l, d e q u e a cegueira v erb al é u m caso p a rtic u la r); u m a agnosia tátil (ag n o sia d as fo rm a s táteis o u astereognosia, d ev id a a u m a p e rtu rb a ç ã o d a sensibilidade relativ a so b re tu d o à a n e s ­ tesia); p o r f ím , u rn a agnosia auditiva (sur­ dez p síquica, to ta l o u p arcial, de q u e a s u r­ d ez v erb al é u m caso p a rtic u la r).

NOTA

Agnosia é d a d a c o m o sin ô n im o a le ­ m ã o de agnosticismus n o D ic io n á rio d e

l d w i n , m a s s e g u n d o E i s l e r , s u b V o, a p lic a -se à d o u tr in a d e S ó c ra te s: “ S ó sei q u e n a d a s e i.” Rad. int.: A g n o si.

Ba

A G N O S T IC IS M O (d o G . " A y m o ­ t o s , in c o g n o sc ív e l). D . Agnosticismus, Agnosie (? v er e sta p a la v r a ) ; E . A gnosti­ cism; F . Agnosticisme; I. Agnosticism o ,

Agnosteismo. T erm o c ria d o p o r H u x l e y em 1869. D esig n a a tu a lm e n te q u e r o h á b ito d e espi­ rito q u e co n siste e m c o n sid e ra r to d a a m e ­ tafísica* (o n to ló g ica) c o m o fú til (B a l d ­ w i n , su b Vo), q u e r o c o n ju n to d as d o u tr i­ n a s filo só ficas, aliás m u ito d iferentes e n ­ tre si e m o u tro s asp ecto s, q u e a d m ite m a existência d e u m a o rd e m d e re a lid ad e in ­ cognoscível p o r n a tu re z a (p a rticu larm en te o Positivism o* d e A u g u ste C o m t e ; o E v o ­ lu cio n ism o * d e H . S p e n c e r ; o R elativis­ m o* d e H a m i l t o n ; alg u m as vezes tam b ém , c o m reserv as, o C riticism o * d e K a n t ). R ad . int.: A g n o s tik is m . A G N Ó S T I C O (s u b s t. e a d j.) D . A gnostiker, agnostisch; E . Agnostic; F . Agnostique; I. Agnóstico. Q u a n d o se f a la d e p e ss o a s: q u e p r o ­ fe ssa o a g n o stic is m o * ; o u (a d je tiv a m e n ­ te) q u a n d o se fa la d e d o u trin a s : q u e co n s­ titu i u m a fo r m a de a g n o stic is m o . V er m a is a trá s . Rad. int.: A g n o stik .

S o b re A g n o sia — A rtig o a c re s c e n ta d o p o r Henri Piéron; a n o ta q u e vem ju n t a fig u ra v a p rim itiv a m e n te n o fin a l d o a r tig o agnosticismo. E ste te rm o escreve-se ta m b é m a lg u m a s vezes Agnoscia ( Agnoscie ). F o i c ria d o p o r F 2 E Z á em 1891. A a g n o sia c o m p re e n d e em p a rte o q u e se c h a m a d e assimbolia (FlNk e l n b u r g , 1870). T o d a e sta te rm in o lo g ia n ã o e stá a in d a f ix a d a . (.Ed. Claparède.) S o b re A g n o stic ism o — H u x le y c o n to u c o m h u m o r e n ã o sem ir o n ia c o m o c rio u e m 1869 a p a la v r a Agnostic p a r a p o d e r ta m b é m ele v aler-se de u m n o m e d e d o u tr in a n o m eio d o s seus h o n ra d o s c o n fra d e s d a Metaphysical Society q u e tin h a m to d o s q u a ­ lifica tiv o s em -ista. V er Agnosticismo (1889) em H u x l e y , Collected Essays, to m o V , p . 239. C f . ta m b é m A r m s t r o n g , Agnosticism and Theism in the X I X Century. D e f a to , o s te rm o s agnóstico e agnosticismo se rv ira m m u ita s vezes d e fó r m u la c ô ­ m oda n o s casos o u nos países o n d e a declaração d e u m a confissão re lig io s a determi­ n a d a era o b r ig a tó r ia o u p e lo m e n o s u s u a l em c e rta s c irc u n s tâ n c ia s . (A. L.)

A G O N ÍS T IC O A G O N ÍS T IC O (G . òtytíviOTtxàs, q u e se re fe re à lu ta ; a lg u m a s vezes q u e g o s ta d a lu ta e d a c o n te s ta ç ã o [¿Qtanxôt], P Â τ I ã Ã , M énon, 75 C ). D . Agonistisch; E . Agonistic; F . Agonistique ; I. A g o ­

nístico. A . R e la tiv o à lu ta , p a rtic u la rm e n te à lu ta p e la v id a . B . Q u a n d o se fa la d a s d o u tr in a s o u d as disposições d e esp írito : fa v o rá v el à lu ­ ta ; q u e re c o m e n d a a lu ta e n e la vê o in s­ tr u m e n to d o p ro g re s s o . Rad. int.: L u k ta l, — em . AGRADÁVEL E DESAGRADÁ­ V E L V er Prazer, D or e cf. Sensação. A G R A F IA D . Agraphie ; E . A gra­ phie; F . Agraphie ; I. Agrafía. P e r d a d a c a p a c id a d e d e e sc re v e r. V er

Afasia. Rad. int.: A g ra fí. A G R E G A D O (d o L . aggrego). D . Agrégat ; E . Aggregate, aggregation; F . Agrégat ; I. Aggregato. C o n ju n to d e e le m e n to s ju s ta p o s to s e re u n id o s p o r u m a c e rta c o e sã o . “ O c o m ­ p o s to é a p e n a s u m a m o n to a d o o u aggregatum d o s s im p le s .’* (L E « ζ Ç« U , Monadologia, § 2) A u tiliz a ç ã o d a p a la v r a e m so ­ c io lo g ia é r e tir a d a d a b io lo g ia o n d e se o p õ e m p o r e x e m p lo a s S a lp a s a g re g a d a s a o s m e sm o s a n im a is v iv e n d o n o e s ta d o d e in d e p e n d ê n c ia in d iv id u a l. CRÍTICA É c ô m o d o c o n se rv a r n a p a la v ra a g re ­ g a d o o s e n tid o m u ito g e ra l q u e re c e b e u s u b d iv id in d o a ssim co m o se seg u e a s d i­ fe re n te s classes d e a g re g a d o s : 1? Agregado p ro p r ia m e n te d ito o u

m ecânico, cuja unidade não supõe nem

38 d e p e n d ê n c ia f u n c io n a l, n e m d ife re n c ia ­ ç ã o , n e m s o lid a rie d a d e m o ra l; 2? colônia q u e s u p õ e u m a d e p e n d ê n c ia fu n c io n a l sem d ife re n c ia ç ã o ap re ciá v e l; 3? o rg a n is ­ m o q u e su p õ e u m a in terd ep en d ên cia* d o s e le m e n to s c o m d ife re n c ia ç ã o ; 4? associa­ ção * q u e , sem e x c lu ir o u a d m itir n eces­ s a r ia m e n te a c a ra c te rís tic a d e c o lô n ia o u d e o rg a n is m o , s u p õ e q u e o v ín c u lo p r in ­ c ip a l d a a g re g a ç ã o s e ja d e n a tu r e z a p si­ c o ló g ic a (re p re s e n ta ç ã o e v o liç ã o ). G . T a r d e p r o p õ e p a r a estes trê s ú ltim o s c a ­ sos o te rm o adaptai, m ais a d e q u a d o . (Les lois sociales , p . 116.) Rad. int.: A g re g a j. A G U E U S I A V e r a s o b se rv a ç õ e s s o ­ b re Anestesia. A L E G O R IA ( G . 1AWtfyoQÍct). D . A l­ légorie; E . Allegory; F . Allégorie; I. A l­

legaría. A . S im b o lis m o c o n c r e to p re s e n te em to d o o c o n ju n to d e u m a n a r r a ç ã o , d e u m q u a d r o , e tc ., d e ta l f o r m a q u e to d o s os e lem en to s d o s im b o liz a n te c o rre sp o n d a m s is te m a tic a m e n te , u m a u m , a o s e le m e n ­ to s d o s im b o liz a d o . B . A p r ó p r ia o b r a q u e é c o m p o s ta se­ g u n d o e ste p ro c e ss o . C . E m p a r tic u la r , a p e lid a -s e sentido alegórico d a E s c r itu r a a q u e le d o s q u a tr o s e n tid o s q u e e x p rim e o s d o g m a s re lig io ­ so s e s o b re tu d o a c o rre sp o n d ê n c ia d o A n ­ tig o e d o N o v o T e s ta m e n to . O s trê s o u ­ tr o s sã o o s e n tid o lite ra l, o s e n tid o m o ­ r a l o u tro p o ló g lc o (H Z ; Ã á E S. V í I Ã2 ) e o sen tid o an ag ó g ico * : “ L itte ra g esta d o c e t, q u id c re d a s A lle g o ria , M o ra lis q u id a g a s , q u o te n d a s A n a g o g ia .” (A Z ζ E 2 , Sym bolism e religieux, I I , c a p . I I I , p . 50) Rad. int.: A le g o r.

S o b re A le g o ria — A re d a ç ã o fo i lig e ira m e n te r e to c a d a c o n fo rm e u m a p r o p o s ta d e Th. de Laguna. H á u m a d ife re n ç a im p o r ta n te n a u tiliz a ç ã o a tu a l g e ra l d a s p a la v r a s alegorui e símbolo d o p o n to d e v is ta e s té tic o . Alegoria te m u m s e n tid o q u a s e s e m p re p e jo ra -

39 A L E G R I A D . Freude ; E . Joy; F . Joie; I. Gioia. U m d o s e sta d o s fu n d a m e n ta is d a sen ­ sib ilid a d e , d e la n ã o se p o d e d a r, p a r a fa ­ la r c o m p ro p rie d a d e , u m a d e fin iç ão . N ã o d e v e ser c o n f u n d id a c o m o p ra z e r o u o b e m -e s ta r; a p re s e n ta s e m p re u m c a r á te r to ta l, q u e r d iz e r, q u e se e ste n d e a to d o s o s c o n te ú d o s d a c o n sc iê n c ia (e m e sm o sem d ú v id a a o s e s ta d o s in c o n sc ie n te s).

A L E G R IA “ A a leg ria in te rio r n ã o é, c o m o a p a ix ã o , u m f a to p sic o ló g ic o is o la d o q u e o c u p a ­ r ia p rim e ira m e n te u m a c e r ta p a r te d a a l­ m a e g a n h a r ia e sp a ç o p o u c o a p o u c o . N o seu nível m a is b a ix o , a ssem elh a-se a u m a o rie n ta ç ã o d o s n o sso s e s ta d o s de c o n s ­ c iên c ia p a r a o fu tu r o . D e p o is, c o m o se esta a tra ç ã o dim in u ísse o seu peso, as n o s ­ sas id é ia s e sen sa çõ e s su ce d e m -se c o m m a is ra p id e z ; o s n o sso s m o v im e n to s j á

tiv o : a ss in a la m -se a ‘‘frie z a ” , a p o b r e z a , a in sip id e z d a s a le g o ria s . É q u e o s e lem en ­ to s q u e fo r m a m a a le g o ria não têm interesse próprio, e m u ita s vezes n e m m e sm o q u a lq u e r s ig n ific a ç ã o , f o r a d o p a p e l q u e lh es é in te n c io n a lm e n te a tr ib u íd o . E la s s ã o n e c e s sa ria m e n te a rtific ia is e q u a s e s e m p re c o m p lic a d a s . P e lo c o n tr á r io , o sím b o lo p o d e s e r v iv o , e v o c a d o r, p o r q u e n e le a im a g e m te m u m in te re sse p r ó p r io , e la v ale p o r si p r ó p r ia a o m e sm o te m p o q u e p o r a q u ilo q u e su g ere; a lg o d o s s e n tim e n to s q u e d e s p e rta o sím b o lo e n riq u e c e , p o is , a id é ia s im b o liz a d a . P o r e x e m p lo , fa la r-s e -á d e a le g o ria s a p r o p ó s ito d o b r a s ã o , d o Romance da Rosa o u d a “ C a r te d u T e n d r e ” , d a Melancolia d e A lb e rt D ü r e r o u d a A poteose de Henri­ que I V d e R u b e n s , e d e s ím b o lo s a p r o p ó s ito d o Fausto, d o M oisés d e V ig n y , d o Sátiro de V . H u g o , d a c e n a d o P o b r e n o D. João, d e to d a a o b r a d e W a g n e r. (G .

Beaulavon) “ A o b s e rv a ç ã o d e B e a u la v o n s o b re alegoria t sím bolo é p e rtin e n te m a s in c o m ­ p le ta . E stes te rm o s o p õ e m -s e n ã o so m e n te c o m o o p o b r e se o p õ e a o ric o , o fr io a o c a lo r e o m o r to a o v iv o , m a s a in d a c o m o o c la ro a o c o n f u s o , o u n ív o c o a o e q u ív o c o , o tr a n s p a r e n te a o tu r v o . I s to fic a ria c la r o a tra v é s d a c o m p a r a ç ã o d o c lassic ism o , d a é p o c a d a s lu zes c o m o ro m a n tis m o ( s o b r e tu d o a le m ã o ). P a re c e q u e h á n a e s tr u tu r a m e n ta l fra n c e s a u m a r e p u g n â n c ia g e ra l e m a c e ita r o s ím b o lo . D aí o a c e n to p e jo r a ti­ v o d o s e p íte to s a tr á s r e f e r id o s ... D a í a re a ç ã o d o s c rític o s c o m o S a rc e y d ia n te d e c e rta s o b r a s e s tra n g e ira s . D a í p o r fim o in su ce sso d a s te se s d e F r e u d s o b re o s im b o ­ lism o d o s o n h o .” 0Carta de M . Marsal a A . Lalande) S o b re A le g ria — Gaudium r e p re s e n ta q u a lq u e r c o is a d e m a is im e d ia to e d e m ais p r o f u n d o d o q u e laetitia. D iz-se d e p ra z e re s físic o s: veneris gaudia. O s e n tid o c o n se rv o u -se n a s filie de jo ie , m e re triz e s , e “ o s filh o s que se concebem no prazer (en jo ie ) ” (M o l i è r e ). (J. Lachelier) N ã o sei se a c a ra c te rís tic a d e totalidade é a m a rc a m a is c a r a c te rís tic a d a a le g ria : c re io q u e é p re c iso ir m a is a d ia n te , o sim p les p ra z e r é m a is fr a g m e n tá rio , p o rq u e p a re c e p ro v ir m e n o s d e n ó s , é u m e s ta d o d a n o s sa c o n sc iê n c ia , m a s q u e está nela, e m a rc a n as açõ e s q u e s o fre u m m o m e n to de a d a p ta ç ã o f o r tu ito . A a le g ria é to ta l, p o rq u e é s e n tid a c o m o v e rd a d e ir a m e n te in te rio r: e stá em n ó s p o r n ó s; m a rc a u m a a d a p ta ç ã o d o n o sso e s ta d o às su as c o n d iç õ e s , m a s u m a a d a p ta ç ã o q u e se faz p a r a to d o o n o s s o ser. D a í a v e rd a d e p e lo m e n o s p a rc ia l d a d e fin iç ã o q u e d is tin g u e a a le ­ g ria d o sim p les p ra z e r p e la idéia, q u e r d iz e r, a plena consciência q u e a e la se a c re s­ c e n ta . A c ria n ç a é s e m p re m a is alegre q u e o a d u lto , p o r q u e a s u a c o n sc iê n c ia m a is sim p le s e m a is m ó v e l id e n tific a -s e m a is fa c ilm e n te c o m a im p re s s ã o p re s e n te ; m a s a s u a a le g ria , s u b je tiv a m e n te m u ito s e d u to r a p e la f r e s c u r a d e s e n tim e n to s q u e d e n o ­ t a , é fre q u e n te m e n te in s ig n ific a n te n o s seus o b je to s . {Bernes)

A L E G R IA

40

n ã o n o s c u s ta m o m e sm o e s f o r ç o .” (H á CRÍTICA q u e fa z e r a q u i u m a re s e rv a n o q u e c o n ­ F o r a m d a d a s d iv e rs a s d e fin iç õ e s d e cern e à a leg ria e x tá tic a .) “ F in a lm e n te , n a a le g ria , m a s to d a s le v a n ta m sérias o b je ­ e x tre m a a leg ria, as n o ssa s p e rc ep ç õ es e as çõ es. A m a is c éle b re é a d e E s p i n o s a : n o ssa s re c o rd a ç õ e s a d q u ire m u m a q u a li­ “ L a e titia e s t h o m in is tr a n s itio a m in o re d a d e in d e fin ív e l, c o m p a rá v e l a u m c a lo r a d m a jo re m p e r f e c tio n e m .” Ética , I I I , o u a u m a lu 2, e tâ o n o v a q u e em certo s d e fin iç õ e s , II. C f. ibid. p ro p . X I, e sc ó ­ m o m e n to s , r e to r n a n d o s o b re n ó s p r ó ­ lio . M as é evid ente q u e , v e rd a d eira o u fa l­ p rio s , e x p e rim e n ta m o s c o m o q u e u m es­ s a , e sta p ro p o s iç ã o e n u n c ia em to d o c a ­ p a n to de s e r .” H . B e r g s o n , Essaisur les so u m a c a ra c te rís tic a in te ira m e n te e s tr a ­ donnés immédiates de la consdence, p . 8. n h a à c o m p re e n s ã o u s u a l d a p a la v ra alegria ; e o p r ó p r io E s p in o s a p a re c e fa z er S o b re o s fe n ô m e n o s m e c â n ic o s, fís i­ a p e lo a e sta id é ia q u a n d o a c re s c e n ta q u e cos, q u ím ico s, fisiológicos e psíq u ico s q ue a a leg ria n ã o é a p ró p r ia p e rfe iç ã o , m as c a ra c te riz a m a a leg ria ver G . D u m a s , La a p a ssa g e m a e ssa p e rfe iç ã o , p o r q u e se o tristesse et lajoie. E le d istin g u e aí d o is ti­ h o m e m n a scesse co m a p e rfe iç ã o à q u a l p o s: “ E x iste m a leg rias c a lm a s , n â o m u i­ a sc e n d e , p o s su i-la -ia sem e x p e rim e n ta r to ric a s em im a g e n s e em id é ia s, em q u e a le g ria . ( C o n tr a D e s c a r t e s : “ A a le g ria a excitação m e n ta l p arece fa lta r, e q u e são [pelo m e n o s a q u e é u m a p a ix ã o ] c o n s ti­ c a ra c te riz a d a s s o b re tu d o p o r u m s e n ti­ tu i u m a a g ra d á v e l e m o ç ã o d a a lm a n a m e n to de b e m -e sta r e d e fo r ç a , p e la co n s­ q u a l co n siste a satisfa ç ão q u e ela tem com c iên c ia de u m m a io r p o d e r físico e m e n ­ o b em q u e a s im p re s sõ e s d o c é re b ro lh e t a l . . . E x iste m , p o r o u tr o la d o , aleg rias re p re s e n ta m c o m o s e n d o s e u ... [E ex iste e x u b e ra n te s c a r a c te riz a d a s p o r u m a suu m a o u tr a a leg ria] p u ra m e n te in te le c tu a l p e ra tiv id a d e m e n ta l e p o r u m s e n tim e n ­ q u e c h eg a à a lm a p ela sim p les a çã o d a a l­ to esp ecial de p r a z e r q u e a c o m p a n h a e s ­ m a e q u e se p b d e d iz er q u e c o n s titu i u m a ta a tiv id a d e ; e ste s e n tim e n to de p ra z e r , a g ra d á v e l e m o ç ã o e x c ita d a em si m e sm a n ã o é ex clu siv o d o s e n tim e n to de bem n a q u al c o n siste a satisfa ç ã o q u e tem c o m e sta r; a m a io r p a rte d as vezes lh e é a c re s ­ o b e m q u e o seu e n te n d im e n to lhe r e p r e ­ c e n ta d o c o m o a d o r m o ra l à d e p re s s ã o ... sen ta c o m o s e n d o seu. ” A s paixões da al­ E ssas a leg rias, to d o s as c o n h e c e m , são as ma, II, 9 1 .) m a is fre q ü e n te s ; p ro d u z e m -s e em g e ra l P a r a L o c k e “ a a le g ria é u m p ra z e r d e p o is d as b o a s n o tíc ia s e d o s a c o n te c i­ q u e a a lm a ressen te q u a n d o c o n sid e ra c o ­ m e n to s fe liz e s .” C a p . I I I , 118-119. M as m o c e r ta a p o sse d e um bem p re s e n te o u d ev e-se s u b lin h a r, p a r a p re c isa r o s e n ti­ f u tu r o ; e e n tra m o s n a p o sse de u m b em d o d e sta d iv isã o , q u e estas d eterm in a çõ e s q u a n d o ele está d e ta l fo rm a em no sso p o ­ se acrescentam à a le g ria e n ã o sã o su as d e r q u e o p o d e m o s g o z a r s e m p re q u e constituintes , p o r q u e p o d e h a v e r b e m q u e ir a m o s ” . A o q u e L e i b n i z re s p o n d e : e s ta r , f o r ç a , c o n sc iê n c ia d e u m g ra n d e “ F a lta m n a s lín g u a s p a la v r a s s u fic ie n te ­ p o d e r físico e m e n ta l, e tc ., sem a a leg ria m e n te p r ó p r ia s p a r a d is tin g u ir n o ç õ es vi­ p r o p r ia m e n te d ita , e m e sm o co m tr is te ­ z in h a s . T a lv e z a p a la v r a la tin a gaudium za (p . ex. o Moisés de A . d e V i g n y ); e, c o n s titu a u m a m e lh o r a p ro x im a ç ã o a e s­ p o r o u tr o la d o , p o d e h a v e r aí su p e ra tiv ita d e fin iç ão de aleg ria d o q u e laetitia, q u e d a d e m e n ta l, e m e sm o c e rta s fo rm a s de ta m b é m se tr a d u z p o r a le g ria ; m a s esta p ra z e r a crescen tad as a e sta a tiv id a d e, sem p a re c e -m e sig n ific a r u m e s ta d o em q u e o q u e p o r isso h a ja a le g ria : p o r e x e m p lo , p ra z e r p re d o m in a em n ó s, p o rq u e , d u ra n ­ n a n e ce ssid a d e d e fa z e r fa c e a u m a d if i­ te a m a is p r o f u n d a tris te z a e n o s m ais c u ld a d e im p re v is ta , o u n u m a c ó le ra p e la a g u d o s d e sg o sto s, se p o d e te r a lg u m p r a ­ q u a l n o s d e ix em o s lev ar de b o m g ra d o . zer c o m o o b e b e r o u o u v ir m ú sic a,

41

m a s o d e s p ra z e r p re d o m in a ; e, d a m e s­ m a m a n e ira , em m e io à d o r m a is a g u d a , o esp írito p o d e e sta r aleg re, e ra isso o q u e a c o n te c ia a o s m á r tir e s .” N ovos ensaios, liv ro I I , c a p . X X , § 6. M a s e s ta in te r p r e ­ ta ç ã o d e gaudium é a r b itr á r ia , E s p i n o s a d e fin ia -o d e u m m o d o c o m p le ta m e n te d i­ fe re n te : “ G a u d iu m e s t L a e titia , c o n c o m i­ ta n te id e a re i p r a e te r ita e , q u a e p r a e te r sp em e v e n it.” Ê t., I I I , A ffe c t, d e f ., X V I. A d e iaetitia n ã o o é m e n o s, e é d e d u v i­ d a r q u e u m a e o u t r a tr a d u z a m c o r r e ta ­ m e n te o s e n tid o d a s p a la v ra s la tin a s . “ G a u d e re d e c e t, la e te ri n o n d e c e t” , d i­ z ia C í c e r o p a r a re s u m ir a d o u tr in a es­ to ic a q u e p ro íb e a o sáb io m a n ife sta r a sua a le g ria p o r g e sto s e x te rio re s ( Tusculanas, V I, 31); e n u m a o u t r a p a s s a g e m : “ C u m r a tio n e a n im u s m o v e tu r p la c id e a c c o n s ­ t a n t e s tu n e illu d gaudium d ic itu r, c u m a u te m in a n ite r e e ffu s e a n im u s e x s u lta t, tu m illa laetitia g estien s vel n im ia dici p o te s t i.” {Ibid. IV , 6) A d is tin ç ã o é , p o r ­ ta n to , c o m p le ta m e n te d ife re n te . F in a lm e n te , a f ó r m u la p r o p o s ta p o r L e ib n iz é ig u a lm e n te m u ito d isc u tív e l. P o r u m la d o s e ría n e c e s sá rio e n te n d e r p ra z e r n u m s e n tid o d e ta l m a n e ira a m p lo q u e d e s ig n a ria to d o s o s fe n ô m e n o s a f e ­ tiv o s q u e a v o n ta d e n ã o p r o c u r a e s p o n ­ ta n e a m e n te d e s v ia r; e , p o r o u tr o la d o , m e sm o s e n d o a ssim e n te n d id o , re s u lta ria q u e a a le g ria n ã o s e ria o r e s u lta d o d a a s ­ so cia ç ã o e n tre fe n ô m e n o s elem en tares a n ­ te rio rm e n te d a d o s , m a s , p e lo c o n tr á r io , u m e s ta d o d e c o n ju n to , q u e p o d e te r p o r c a u s a ta l a c o n te c im e n to d e te r m in a d o , m a s q u e se c a ra c te riz a s o b re tu d o p e la su a re a ç ã o s o b re o siste m a to ta l d o s fa to s p sí­ q u ic o s e p e la to n a lid a d e q u e lh e c o m u ­ n ic a . C f . Felicidade e Dor. Rad. int.: J o y . A L E X A N D R IN IS M O D . Alexandrinismus\ E . Alexandrmism; F . Alexandri­ nism e; I. Aliessandrinismo.

ÁLGEBRA séc u lo III a n te s d e Je s u s C ris to até a o sé­ c u lo III d a n o s s a e ra ; e sp e c ia lm e n te , em filo s o fia , o c o n ju n to d o s n e o p la tô n ic o s p r o p r ia m e n te d ito s (A m o n iu s S a c ca s, P lo tin o , P o r f ir io , e tc .) e d o s a le x a n d ri­ n o s c ris tã o s (C le m e n te d e A le x a n d ria , O ríg e n e s, e tc .) B. C a r a c te rís tic a d e p e n s a m e n to e de estilo d e q u e o s escrito res e p a rtic u la rm e n ­ te o s p o e ta s g re g o s d e A le x a n d r ia d e ra m o e x e m p lo : s u tile z a e o b s c u r id a d e , m a is o g o s to p e la s a le g o ria s e p e la s a lu sõ e s e ru d ita s . Rad. in t.’ A le x a n d rin is m . A L E X IA D . Alexie; E . Alexia·, F . A lexie ; I. Alessia. V e r Cegueira* verbal. “ ALFABETO DOS PEN SA M EN ­ T O S H U M A N O S ” E x p r e s s ã o u tiliz a d a p o r L e i b n i z {Historia et commendatio linguae charactericae, G e rh ., V II, 185; De organo, In é d ito s , ed . C o u tu r a t, 4 3 0 , e tc .) e p o r C o n d i l l a c (m a s d o p o n to d e vis­ t a e m p íric o ) p a r a d e s ig n a r o s e le m e n to s sim p le s d e q u e s ã o f o r m a d a s , s e g u n d o eles, to d a s as id é ia s. A origem desta expressão parece ser o título Abecedarium naturae, dado por B a c o n a um a das suas obras; ele desig­ na as “ form as” * elem entares que, segun­ d o ele, pelas suas com binações “ à m anei­ ra das letras do alfab eto” , constituem to ­ das as propriedades das coisas e, intelec­ tualm ente, todas as verdades. {De dignitate , I I I , IV , I I . ) Á L G E B R A (d o árabe: Al-djebr, re­ paração, que se aplicava provavelm ente ao restabelecim ento das equações através de adições e subtrações com pensatórias). D . E . I. Algebra; F . Algèbre. A . A rte d e tr a ta r os p ro b le m a s de A rit­ m ética re p re se n ta n d o o s n ú m e ro s (d esco ­ n hecid os) atrav és de letras. C iência d o s n ú ­ m e ro s in d e te rm in a d o s (L e i b n i z ).

A. C iv iliz a ç ã o g re g a d e A le x a n d ria B. M é to d o g eral d e re p re s e n ta ç ã o d as (filo s o fia , a r te , le tra s , ciên cias) d esd e o re la çõ e s e fu n ç õ e s* m a te m á tic a s e ló g i-

Á L G E B R A D A L Ó G IC A cas p o r m eio d e sím b o lo s. V er Algoritm o . C . C ie n cia d a s p ro p r ie d a d e s d o s p o lin ó m io s* e d a s form as * alg éb ricas; a r­ te d e re so lv e r a s e q u a ç õ e s a lg é b ric a s. D . C iê n c ia d a o rd e m (PoiNSOT). E s ­ ta d e fin iç ã o fo i lo u v a d a p o r C o u r n o t p e la su a p ro f u n d id a d e n u m c a p ítu lo o n ­ de ele re c o lh e u m a série d e d e fin iç õ e s de á lg e b ra ( Correspondance , c a p . IV ), m a s ele p ró p rio a d o ta fin a lm e n te o se n tid o C.

CRÍTICA O sentido A seria m elhor designado p or A ritm ética universal ( N e w t o n , o l z ); o sentido B por Simbólica ou

St

Característica ( L e i b n i z ) , Logística* quando se trata de lógica; o sentido D ( Tática de S y l v e s t r e , Sintática de C o u r n o t ), por Combinatoria*. Á L G E B R A D A L Ó G IC A D . Algebra der Logik-, E . Lógica! algebra ; F . Alge­ bre de la logique ; I . Algebra della lógica. T ítulo da obra de S c h r o e d e r , Vorlesungen uber die Algebra der Logik (1890-

42

1896) e d a d e L. C o u t u r a t , L ’algébre de ¡a logique (resu m in d o os sistem as d e Boole e de S ch ro e d e r), coleção S cien tia (1905). U rn a d a s fo r m a s d a Logística*. Rad. in t .: A lg e b r. A L G E D Ô N IC O (d o G . aX yos, d o r , e r)Ôovr), p ra z e r). R elativ o à d o r e a o p ra z e r. “ M ais im e d ia ta m e n te a in d a q u e à a fe tiv id a d e p s íq u ic a a lg e d ô n ic a a p e r­ c e p ç ã o a p a re c e lig a d a a o s e n tim e n to .” a d i n e s , Traité de psychologie genéra­ le, P r e f á c io , IX .

Pr

Á L G IC O , A L G E D Ô N IC O (d o G . aX y o s, ctXyTjÔúv, d o r física). R elativ o à d o r ou q u e te m a c a ra c te rís­ tica d e u m a d o r. P o r vezes, que so fre dores. A L G O R ÍT M IC A (L ó g ica ) D . Algo rithmische L o g ik ; E . Algorithm ic Logic ; F . Logique algorithmique ; I. Lógica al­ gorítmica. S istem a d e n o ta çõ e s e de reg ras de cál­ c u lo , a n á lo g a s às d a á lg e b r a , q u e p e r m i­ te q u e r s o m e n te re p re s e n ta r as o p e ra ç õ e s

S o b re Á lg e b ra d a ló g ic a — A e x p re ss ã o fo i c r ia d a p e lo m a te m á tic o in glês B o o LE. A su a r a z ã o d e ser e stá n a u tiliz a ç ã o d o s s ím b o lo s lite ra is e d o s sig n o s o p e r a to ­ rio s d a á lg e b ra v u lg a r p a r a tr a d u z ir as te o ria s d a ló g ic a fo rm a l c lássica , q u e B o o le e sp e ra v a a ssim a la r g a r . A s su a s Laws o f Thought (1854) c o n tê m , to d a c o n s titu íd a , a á lg e b ra d a ló g ic a tra d ic io n a l, a p r e s e n ta d a c o m o u m “ c á lc u lo d a s c la sse s” , q u e r d iz e r, c o lo c a n d o -n o s n o p o n to d e v ista d a e x te n s ã o ló g ic a d o s c o n c e ito s . R eco n h e ce se, em seg u id a , q u e as m e sm as fó rm u la s p o d e ria m ser c o n sid e ra d a s c o m o c o n stitu in d o u m c álc u lo d a s p ro p o s iç õ e s . A “ lo g ís tic a ” n o s e n tid o d e B e r tra n d R u ssel e de C o u ­ tu r a t n a sc e u d e d u a s p re o c u p a ç õ e s d is tin ta s : 1? a p lic a r o s m é to d o s d a á lg e b ra à s re ­ laçõ es ló g icas q u e a ló g ic a f o r m a l tra d ic io n a l n ã o e s tu d a v a , in v e n ta n d o p e la n ecessi­ d a d e n o v o s sig n o s o p e ra tó rio s ; 2 ? e s ta b e le c e r q u e a ló g ic a a lg o rítm ic a assim e n te n ­ d id a e g e n e ra liz a d a c o n té m to d o s o s p rin c íp io s d a s c iên c ia s m a te m á tic a s . (R en éBerthelot ) BÃÃÂ E a la r g o u o c a m p o d a ló g ic a tr a d ic io n a l se b e m q u e d e la a c e ite os p rin c í­ p io s , s o b r e tu d o , c o m o fo i d ito a tr á s , n o q u e se re fe re à s relaçõ es d e e x te n s ã o . M as sai d o q u a d r o d e s ta ló g ic a q u a n d o re d u z o ra c io c ín io a o s m é to d o s d e d e se n v o lv i­ m e n to , d e e lim in a ç ã o e de re d u ç ã o (Law s o f Thought , c a p . V -V I1 I). E ele m e sm o in d ic a n o c a p . X V d a m e sm a o b r a q u e a s u a L ó g ica é m a is a m p la q u e a d e A r is tó te ­ les e q u e o ra c io c ín io n ã o se re d u z a o silo g ism o . P o r fim , to d a a s e g u n d a m e ta d e d a o b r a (c a p . X V I e seg u in tes) é u m a p a ss a g e m d a ló g ic a p a r a a te o r ia d a s p r o b a b ili­ d a d e s p o r m e io d a su a á lg e b ra : s e n d o a p r o b a b ilid a d e d e u m a p ro p o s iç ã o in te rm e ­ d iá r ia e n tre os v a lo re s 0 e 1, o s ú n ic o s q u e a L ó g ic a clássica c o n s id e ra . (A. L.)

43

A L IE N A Ç Ã O

d a ló g ica c lássica de m a n e ira m ais c o n ­ d e n s a d a e m a is rig o r o s a , q u e r a la r g á - la e d e fin ir o p e ra ç õ e s n o v a s , p . ex. as q u e co n cern em às fu n çõ es ló gicas, à lógica d a s re la ç õ e s, etc. V er Logística. A L G O R IT M O (E n c o n tra -se ta m b é m a lg u m a s vezes a fo rm a Aigorismo m ais p ró x im a d a etim o lo g ia: A l K o rism i o u A l K w arizm i, n o m e d o a u to r de u m a Á lg e ­ b r a q u e in tr o d u z iu n a E u r o p a d o sécu lo IX a n u m e ra ç ã o d e c im a l.) D e o n d e , n a o rig e m , este siste m a de n u m e ra ç ã o ; d e ­ p o is , em c o n s e q ü ê n c ia , c o n ju n to d a s re ­ g ra s d o c á lc u lo d o s n ú m e ro s e sc rito s n o s iste m a d e cim al (as “ q u a tr o re g r a s ” ); e, p o r fim , p o r e x te n s ã o , re g ra s d as o p e ra ­ çõ es sim p les em to d a a esp écie de c á lc u ­ lo. D . Algorithmus ; E. Algorithm ; F . Algorithme\ I. Algoritm o.

N a a tu a lid a d e , c o n ju n to d e sím b o lo s e d e p ro c e d im e n to s d e c á lc u lo . E x .: al­ goritmo de Euclides ( p a r a e n c o n tr a r o m a io r d iv is o r c o m u m d e d o is n ú m e ro s ); algoritmo infinitesimal (em o p o s iç ã o a o m étodo in fin ite s im a l c o n c e b id o in abs­ tract o c o m o u m m o d o d e ra c io c ín io q u e se e n c o n tra q u e r nos indivisíveis, q u e r nas fluxões, q u e r n o s diferenciais). Rad. in t .: A lg o ritm . A L IE N A Ç Ã O D . A . Verausserung ; B . Irrsinn’, E . Allienation\ F . Aliénation ; I. Alienazione. A. N o se n tid o ju r íd ic o e p rim itiv o : v e n d a o u cessão de u m b em a o u tr a p e sso a . P o r m e tá fo ra : e sta d o d a q u ele q u e p e r­ te n c e a o u tr o . “ O p e rs o n a lis m o é u m e s ­ fo r ç o c o n tín u o p a r a p r o c u r a r as z o n a s o n d e u m a v itó r ia d e c isiv a s o b re to d a s as

S o b re A lg o ritm o — A rtig o m o d if ic a d o se g u n d o d iv e rsa s o b s e rv a ç õ e s , em e sp e ­ cial de Paul Tannery. S o b re A lie n a ç ã o — E tim o ló g ic a m e n te , a p a la v r a im p lic a a p e n a s u m a d e fin iç ã o m e ta fís ic a e v e rb a l: alienatus , a q u e le q u e n ã o se p e rte n c e . P a r a se fa z e r u m a id éia p sic o ló g ic a d a a lie n a ç ã o m e n ta l é p re c iso n ã o a d is tin g u ir d a s a ú d e m e n ta l, a tra v é s d e c a ra c te rís tic a s a r b itr a r ia m e n te e sc o lh id a s, m a s , p e lo c o n tr á r io , a p ro x im á -la d ela se g u n d o o p rin c íp io de C la u d e B 2 Çτ 2 á , s e g u n d o o q u a l o p a to ló g ic o é a p e n a s o ex ag e ro d o n o rm a l. Se, p o r ta n to , com F . P a u lh a n , se d is tin g u e e n tre o s n o rm a is , e s e g u n d o a o rd e m d e a ss o c ia ç ã o e d a s te n d ê n c ia s , os tip o s s is te m á tic o s , h e s ita n te s , d e s e q u ilib ra d o s , in ­ c o e re n te s , e tc ., p o d e r-s e -á e n c o n tr a r estes m e sm o s tip o s e n tr e os a lie n a d o s c o m e x a ­ g e ro a m a is ... A s q u a lid a d e s ig u a lm e n te fo r m a is , m a s s e c u n d á ria s , ta is c o m o riq u e ­ z a o u p o b re z a m e n ta l, le n tid ã o o u ra p id e z d a s a ss o c ia ç õ e s, p o d e r ã o n a m e sm a f o r ­ m a , d e v id o a o seu e x a g e ro , d e te r m in a r s u b g ru p o s o u c a r a c te riz a r m e lh o r os g ru p o s j á e sta b e le c id o s. P o r fim , d o p o n to d e v is ta b io ló g ic o e s o c ia l, s e ria a in d a u m e rro c a ra c te riz a r a a lie n a ç ã o m e n ta l d iz e n d o q u e o h o m e m s ã o e s tá a d a p ta d o ao seu m e io , e n q u a n to q u e o a lie n a d o n ã o o e stá . Sem d ú v id a , se p o d e c o n s id e ra r a s a ú d e c o m o a c o n c o r ­ d â n c ia d o s n o sso s ju íz o s , ra c io c ín io s , id é ia s , im a g e n s, e tc ., co m os fe n ô m e n o s d o m u n d o m a te ria l e so c ia l, m a s n o p r ó p r io n o rm a l e s ta c o n c o r d â n c ia n u n c a é p e rfe ita e a a d a p ta ç ã o c o m p le ta n ã o ex iste. C o n v é m , p o is , a q u i c o m o a tr á s , fa la r so m e n te d e e x ag e ro e, co m e sta re s triç ã o , p o d e -s e d iz e r q u e o s a lie n a d o s se a f a s ta m d a a d a p ­ ta ç ã o q u e r d e v id o a excesso d e s iste m a (p e rs e g u id o s o u c iu m e n to s ), q u e r d e v id o a d e fe ito d e c o e rê n c ia (m a n ía c o s e x c ita d o s), q u e r d e v id o à h e sita ç ã o d o s e lem en to s p sí­ q u ic o s (d u b ita tiv o s ), q u e r d e v id o a in é rc ia (d é b e is o u d e m a s ia d o e q u ilib ra d o s ). ( G . E

D u m a s)

A LM A

44

fo r m a s d e o p re s s ã o e d e a lie n a ç ã o , e c o ­ n ô m ic a , s o c ia l o u id e o ló g ic a , p o d e d e ­ s e m b o c a r n u m a v e rd a d e ir a lib e rta ç ã o d o h o m e m .” E m m a n u e l M ÃZ Ç« E 2 , Esprit , ja n e ir o d e 1946, p . 13.

ψ υ χ ή ôè τ ο ύ τ ο ω α ί σ θ α ν ό μ έ θ α xaI δ ί α ν ο ο ύ μ ί θ α A 2 «è ó Â è , Π ^ρ ί ψ υ χ ή ί ,

s u a a tiv id a d e . “ 'Η

ζ ώ μ ε »χ α

ί

I I E E π ρ ώ τ ω ϊ .” 4 14a 12. E s ta re a lid a d e p o d e ser, a liá s , c o n c e b id a , q u e r c o m o m a te r ia l: Ή ψ υ χ ή σ ώ μ α Χ ί π τ ο μ ί ρ « . E P I C U R O , em B. O te r m o m a is g e ra l p a r a d e sig n a r D « Ã; . L τ E 2 T . X, 33: “ D ei f la tu n a ta m , a s p e rtu rb a ç õ e s p r o f u n d a s d o e sp irito : im m o r ta le m , c o r p o r a le m , e f f ig ia ta m ” ; “ A lie n a ç ã o m e n ta l.” O s lim ite s d o q u e T E 2 I Z Â « τ ÇÃ , D e A n im a , 8, e tc .; cf. se d e sig n a d e ste m o d o e s tã o b a s ta n te m al m a is a d ia n te , R E ÇÃZ â « E 2 , o b s e rv a ç õ e s ; fix a d o s e c e rto s a lie n ista s c o n te m p o r á ­ q u e r c o m o im a te ria l: “ A a lm a é d e u m a n e o s e v ita m fa z e r u so d ele. n a tu r e z a q u e n ã o tem n e n h u m a re la ç ã o “Alienado n ã o é u m te rm o d a lin g u a ­ c o m a ex ten são n e m c o m a s d im en sõ es o u g em m é d ic a , n em m e sm o d a lin g u a g e m o u tr a s p r o p r ie d a d e s d a m a té r ia de q u e o c ie n tífic a ; é u m te r m o d a lin g u a g e m p o ­ c o r p o é c o m p o s to .” D E è Tτ 2 I E è , Pai­ xões da alma, I, a r t. 30, e tc . p u la r , o u m e lh o r, d a lin g u a g e m d a p o lí­ S o b re o s e n tid o a m p lo e o s e n tid o es­ cia: u m a lie n a d o é u m in d iv id u o q u e é p e ­ tre ito d a p a la v r a alma (1 ? q u a lq u e r m ó ­ rig o s o p a r a o s o u tr o s o u p a r a si m e sm o n a d a ; 2? só a s m ó n a d a s q u e tê m p e rc e p ­ sem ser le g a lm e n te re s p o n sá v e l p e lo p e ­ çõ es d is tin ta s e a c o m p a n h a d a s d e m e m ó ­ rig o q u e c r ia ... O p e rig o c ria d o p o r u m ria ), v er L E « ζ Ç« U , M onadologia, § 19. d o e n te d e p e n d e m u ito m a is d a s c irc u n s ­ B. P r in c íp io d e in s p ira ç ã o m o ra l. ta n c ia s so ciais n a s q u a is ele viv e d o q u e “ T e r a lm a ” , e x p re ss ã o d e A ÇT« Â Â ÃÇ , d a n a tu re z a d a s s u a s p e rtu rb a ç õ e s p s ic o ­ lo u v a d a p o r M me d e S ta é l, q u e a c re s c e n ­ ló g ic a s .” P ie rre J τ Ç , Les médications ta : “ É e ste s o p ro d iv in o q u e f a z to d o o psychologiques, I, 112. h o m e m : a m a n d o - s e a p re n d e -s e m a is s o ­ b re o s m is té rio s d a a lm a d o q u e a tra v é s A L M A (G . ^ivxq\ L . Anim a). D . Seed a m e ta fís ic a m a is s u til.” D e 1’AUemag le ; E . Soul ; F . Â m e; I. A nim a. ne, 3? p a r te , c a p . II. A. O p rin c ip io d a v id a , d o p e n sa m e n ­ to e d o s d o is a o m e sm o te m p o e n q u a n to C R ÍT IC A c o n s id e ra d o c o m o u m a re a lid a d e d is tin ­ E s ta p a la v ra im p lica sem p re u m a d u a ­ ta d o c o rp o a tra v é s d o q u a l m a n ife s ta a lid a d e de n a tu r e z a e de fin s, u m a o p o siE I

S o b re A lm a — Prat a c re s c e n ta ao s te x to s c ita d o s n o § A : “ Z e n â o d e C ic io , A n tip a te r n o s seu s liv ro s Da alma e P o s id ô n io c h a m a m a lm a a u m e s p ír ito d o ta d o de c a lo r q u e n o s d á a re s p ira ç ã o e o m o v im e n to .” D « ó ; E ÇE è L τ é 2 T« Ã , tr a d . a n ô n im a (A m s ­ te r d ã , S c h n e id e r, 1761), to m o II, p. 172. (V id a d e Z e n ã o .) V an B iè m a r e c o rd a o se­ g u in te te x to d e L E « ζ Ç« U : “ C o n tu d o , p a r a v o lta r à s f o r m a s o r d in á r ia s o u a lm a s m a te ­ ria is , e s ta d u r a ç ã o q u e é p re c is o a trib u ir -lh e s e m lu g a r d a q u e la q u e fo i a tr ib u íd a a o s á to m o s p o d e ria fa z e r-n o s p e n s a r q u e elas v ã o d e c o r p o e m c o r p o , o q u e s e ria m e ­ te m p s ic o s e ” ; e a d o u tr in a q u e ele lh e o p õ e s o b re “ a c o n s e rv a ç ã o n ã o s ó d a a lm a , m a s ta m b é m a in d a d o p ró p r io a n im a l e d a s u a m á q u in a o r g â n ic a m e sm o q u e a d e stru iç ã o d a s p a rte s g ro sse ira s o te n h a re d u z id o a u m a p e q u e n e z q u e esc a p e a o s n o s so s sen tid o s tanto quanto a q u e la q u e ele tin h a a n te s d e n a s c e r ” . N ovo sistema da natureza e da comunicação das substâncias , § 6 e 7 . V er to d a a p a s s a g e m e c f . Teodiceia, 397. E n c o n tra -s e ta m b é m e m R E ÇÃZ â « E 2 u m a c o n c e p ç ã o h ip o té tic a d a a lm a e n q u a n ­ to “ c o m p o s to s u til, p e n e tr a n te , im p e rc e p tív e l p a r a o s ó rg ã o s o u in s tr u m e n to s a in d a m a is g ro s s e iro s ” , m a s c o n tu d o m a te ria l e c a p a z d e p a lin g ê n e se * . V er Psychologie ralionelle, c a p . X X IV ; e d . A r m a n d C o lin , I I , 290.

ALM A

45

ç â o , p e lo m e n o s p ro v is o ria , c o m a id é ia d o c o rp o q u e r d o p o n to d e v is ta m e ta fís i­ c o , q u e r d o p o n to d e v is ta e m p íric o , q u e r d o p o n to de vista m o ra l, “ q u e r m e sm o d o p o n to de v is ta e s té tic o , p o r e x e m p lo , q u a n d o se d iz q u e é p re c iso te r a lm a p a r a te r g o s to ” . ( C a r ta d e M a u ric e B lo n d e l) D istin g u e -se d a p a la v r a espirito *: 1 ? p o r c o m e r a id é ia d e u m a s u b s tâ n c ia in d iv i­ d u a l; 2? p o r ser m a is c o m p re e n s iv a , a p lic a n d o -s e s o b r e tu d o a p a la v r a espiri­ to às o p e ra ç õ e s in te le c tu a is . O p õ e -se ig u a lm e n te a o eu n a q u e s tã o d e s a b e r se a n o s s a a lm a “ é m a io r q u e o n o sso e u ” , q u e r d iz er, se a n o s s a e x istên c ia p s íq u ic a é m a is rica d e c o n te ú d o d o q u e a q u ilo d e q u e te m o s c o n sc iê n c ia . E x iste m e sm o , n o m a is d a s v ezes, e n ­ tre os m o d e rn o s , u m se n tid o re lig io so em co n seq u ên cia de u m a asso ciação m u ito ge­ r a l: 1? e n tre a id é ia d e a lm a e a id é ia d e im o r ta lid a d e ; 2 o e n tre a id é ia d e a lm a e a id éia de D e u s, c o n s id e ra d o c o m o a o r i­ g em e o v ín cu lo d a s alm as seg u n d o o C ris ­ tia n is m o (D è T τ 2 è , M τ Â ζ 2 τ ÇT , L « ζ Ç« U , B 2 3 Â à , e tc .). Rad. int.: A n im . E

E

E

I E

E

E

7 E

C f . P Â τ I ÂO, Tim eu , 34 B s e g ., o n d e e la é s im p le s m e n te c h a m a d a 4 fo x y . L .

A n im a mündig F Â Z á á ; P rincipium hylarchicum, H e n r i M Ã2 ; D . Weltsee­ le, Weltgeist; E . Soul o f the world ; F . Â m e du m onde ; I. A n im a dei m undo. E

A lm a q u e fa z em re la ç ã o a o m u n d o in te iro o p a p e l d e p rin c íp io de u n id a d e e d e m o v im e n to d e fin id o m a is a tr á s . E la é d e fin id a p o r ST7 E Â Â « Ç; : “ W a s d ie C o n tin u ita t d e r a n o rg a n is c h e n u n d d e r o r g a ­ nischen W elt u n te rh a lt, u n d die g an ze N a ­ t u r zu e in e m a llg e m e in e n O rg a n ism u s v e r k n ü p f t.” 1 lieber die Weltseelle, Säm ­ tliche Werke, I , A b th .1 1 ,5 6 9 . O ra se c o n ­ sid era q u e ela o c u p a o lu g a r de D eus*; o ra q u e ela s e ja u m in te rm e d iá rio e n tre D eu s e o s seres visív eis. A lm a p e n s a n te — ôtayoT ín xrj

A 2 « è ó Â è , f i e p t ^vxrjs, 4 3 1 * 1 4 ; votjTtxii tyvxr), ibid. 429*28. A a lm a o u a I

I E

E

p a r te d a a lm a q u e é o p rin c íp io d o p e n ­ s a m e n to . C f . A tiv o * (in te le c to ). S o b r e a

E

A lm a d o m u n d o — 'H rÕv t t civt òs A 2 « è I ó I E Â E è , f ic e i 407*3.

1. “ Aquilo que sustenta a continuidade d o m u n ­ do orgânico e inorgânico e u n e to d a a natureza num organism o universal.’’

M a is d o q u e a p a la v r a e s p ír ito , a p a la v r a alma e v o c a o s e n tim e n to d o q u e é vital , q u e n te , c o rd ia l. M a s a p a la v r a espírito n ã o ex clu i estes h a r m ô n ic o s (e a e tim o lo g ia r e c o rd a - o b e m ); a p e n a s p õ e d e p re fe rê n c ia o a c e n to s o b re o q u e é in d e p e n d e n te d a s c o n d iç õ e s m a te ria is o u a n im a is , s o b re o q u e p a r tic ip a d o u n iv e rs a l, d o e te r n o ; fa la rse -á d e “ p u r o e s p ir ito ” d e p re fe rê n c ia a “ p u r a a lm a ” . ( Maurice Blondel) A u tiliz a ç ã o d a p a la v r a é fr e q ü e n te m e n te p o é tic a e v a g a : “ U m m u n d o sem a l­ m a . ” “ O b je to s in a n im a d o s , te n d e s p o is u m a a l m a ? ...” ( L a m a rtin e ). B erg so n fa la d e u m “ s u p le m e n to d e a lm a ” , o q u e s u rp re e n d e d a p a r te d o a u to r d o s Dados im e­ diatos. (Aí. Marsal) A id éia d e imortalidade fo i a s s in a la d a n a C rític a a c im a p o r p r o p o s ta de G . B eau la v o n , q u e n o ta q u e é n isso q u e , c o m u m e n te , a p a la v r a a lm a fa z p e n s a r de im e d ia to n a s n o ssa s s o c ie d a d e s c ris tã s . P o d e r-s e -ia a c re s c e n ta r q u e e la e v o c a ta m b é m , a in d a q u e p a ra n ó s se c u n d a ria m en te , a d o u trin a d a transmigração das alm as (ver m ais a trá s). T o d a s e sta s id é ia s m e p a re c e m lig a r-se à d e p rin c íp io individual e separável q u e te n ­ tei p ô r em re le v o n o te x to d e ste a rtig o . (A. L .) S o b re A lm a d o m u n d o — O d e u s d o s E s tó ic o s lig a a “ a lm a d o m u n d o ” p la tô n i­ ca às d o u tr in a s p o s te rio re s . T o r n a - s e a T e rc e ira H ip ó s ta s e d e P lo tin o e é e ssa a o r i­ g em d o s e n tid o d e s ta p a la v r a e m S ch ellin g . (R . Berthelot )

46

A L O G IC O d iv isã o g e ra l d as fu n ç õ e s d a a lm a o u d a s a lm a s ver ibid., 413M 2, 414a32. A lm a sen sitiv a — aia6r}Tixf¡ ipuxrj, I ó I E ÂE è , n e e i fa x ijs , 415a l , etc. A a lm a o u a p a r te d a a lm a q u e é o p rin c i­ p io d e se n sa ç ã o e d a se n s ib ilid a d e , m e s­ m o n o s seres q u e n ã o p o s su e m ra z ã o .

A2

«è

A lm a v e g e ta tiv a — 0p« II Tixr¡ \pvxij, , ríe e l ^ u x ijs, 4 1 5 a2 3 , etc. A a lm a o u a p a r te d a a lm a q u e p r o d u z a n u tr iç ã o , o c re sc im e n to , a r e p ro d u ç ã o e o d e c lín io d o s seres vivos m e sm o n ã o d o ta d o s de sen sação * e d e sen sib ilid ad e* . Ar

is t ó t e l e s

A lm a sensív el — A nim a sensibilis o u TÃÇ . O è e s p írito s a n i­ m a is , c o m p re e n d id o s m a is o u m e n o s c o ­ m o em D e sc a rte s. É u m a s u b s tâ n c ia p u ­ ra m e n te m a te ria l ta n q u a m a u r a c o m ­ p ó s ita ex fla m m a et a e r e ” . Historia vi· tae et m ortis , e d . E llis, II, 2 1 3 -2 1 5 . V er as o b se rv a ç õ e s.

Spiritus vita lis, Bτ

“ A L Ó G IC O ” D . Alogisch (SCHOPE­ NHAUER, H a

r t ma nn

).

O p o s to a lógico * n ã o c o m o c o n trá rio d a q u e le n u m m e sm o g ê n e ro , m a s c o m o e s tr a n h o às d e te rm in a ç õ e s q u e o c o n s ti­ tu e m . C f. A m o ra l . S p i r diz neste sentido ilógico, que ele o p õ e a antilógico. “ A realidade... é iló ­ gica m as não a n tiló g ica .” Nouvelles esquisses, p. 20. E s ta p a la v r a fo i p r o p o s ta n a p rim e i­ ra re d a ç ã o d o p re s e n te Vocabulário p a r a re p re s e n ta r tu d o o q u e , n o h o m e m , e s tá além d a s fu n çõ es in te le ctu a is. M as le v an ­ to u viv as o b je ç õ e s . V er e m p a rtic u la r, n o a p ê n d ic e , a c a r ta d e M a u ric e B l o n d e l re la tiv a à id é ia d e ação.

ALTERAÇÃO (G. ’AXXÃú ÃT3 ). D. Alteraiion, Aenderung; E . Alteration (sem c o n o ta ç ã o p e jo r a tiv a ) ; F . Altération ; I . Alterazione. I

A. E m A ris tó te le s m u d a n ç a n a c a te ­ g o r ia d e q u a lid a d e * : o f a to d e v ir a ser o u to r n a r o u tr o . E s te s e n tid o e n c o n tra -se a in d a n a lin ­ g u a g em té c n ic a d a te o ria d o c o n h ec im e n ­ to o u d a d ia lé tic a : “ A a lte r a ç ã o é u m a

S o b re A lm a sensív el e e s p írito s a n im a is — “ A n im a s iq u id e m sen sib ilis siv e b ru to ru m p la n e s u b s ta n tia c o rp o re a c e n s e n d a e st, a c a lo re a tte n u a ta et f a c ta in v isib ilis: a u r a , in q u a m , ex n a tu r a fla m m e a et a e r e a c o n f la ta ... c o rp o re o b d u c ta a tq u e in a n im a lib u s p e rfe c tis in c a p ite p ra e c ip u e lo c a ta ; in n erv is p e rc u rre n s , et sa n g u in e sp iritu o s o a r te r ia r u m re fe c ta et r e p a r a ta , q u e m a d m o d u m B e rn a rd in u s T elesiu s et discip u lu s e ju s A u g u s tin u s D o n iu s a liq u a ex p a r te n o n o m n in o in u tilite r , a s s e r u e r u n t... E st a u te m h aec a n im a in b ru tis a n im a p rin c ip a lis , c u jo s c o rp u s b r u to r u m o rg a n u m ; in h o m in e a u te m o rg a n u m ta n tu m et ip sa a n im a e r a tio n a lis , et s p iritu s p o tiu s q u a m animae a p p e lla tio n e , in d ig ita ri p o s s it.” F . B a c o n , De dignitate , liv ro IV , c a p . II I, § 4. S o b re “ A ló g ic o ” — Ú til p a r a d e sig n a r o q u e a in d a n ã o p o d e ser in tro d u z id o a t r a ­ vés d a re fle x ã o n o s q u a d ro s d a nossa ló g ic a , e sta p a la v r a n ã o p o d e ria te r u m v a lo r d e fin itiv o e estáv el, p o is n a re a lid a d e n a d a n a n a tu r e z a o u n o e s p írito é e s tr a n h o às d e te rm in a ç õ e s q u e fazem d o re a l e d o p e n s a d o u m Solidum quid . A ló g ica n ã o ces­ so u d e se a la r g a r e de se a g iliz a r p a ra i n t e g r a r a q u ilo q u e n o p rin c íp io h a v ia e x clu í­ d o , o f a to , o a c id e n ta l, o e x c e p c io n a l, o p a to ló g ic o : h á u m a ló g ica d o s e n tim e n to , d a p a ix ã o , d a v id a , d a a ç ã o , u m a ló g ica d a d e s o rd e m ; n ã o q u e ela ju s tifiq u e tu d o a o c o m p re e n d e r tu d o ; m u ito p elo c o n tr á r io , ela re s s a lta as re p e rc u s s õ e s d is ta n te s de u m a ju s tiç a im a n e n te , d e u m a n o r m a c o ex te n siv a ta n to à o rd e m c o m o às a b e rra ç õ e s a p a r e n te s e p ro v is ó ria s . E x iste o ilógico , n o s e n tid o d e q u e os c o n tr á r io s sã o d o m e s ­ m o g ê n ero ; n ã o h á n o fu n d o n a d a d e alógico. (Maurice Blondel)

47

A L T E R N A T IV A

n o ç ã o o rig in a] ta l c o m o a d e q u a lid a ­ d e .. . ” H τ O Â « Ç , Essai, c a p . I I I , § 2 , A : “ C o m o c o n s titu ir u m a n o ç ã o in telig ív el e m ais o u m e n o s c o m p le ta d a a lte ra ç ã o em g e r a l.”

A L T E R N A T IV A D . E . F . Alternati­ ve; I. Alternativa. V er Disjuntivo.

Rad. int.: A . (ação de tornar-se ou­ tro): A ltre s k ; (ação de tornar outro): A l-

B . M ais e sp e c ia lm e n te (m as m a is o r ­ d in a ria m e n te), sistem a d e p ro p o siçõ es em q u e s ó u m a é v e rd a d e ir a . (D is ju n ç ã o ex­ c lu siv a .)

E

A . S iste m a d e d u a s o u m ais p r o p o ­ siçõ es e m q u e u m a p elo m e n o s é v e rd a ­ B. N a lin g u a g e m m o d e rn a p a ssa g emd e ira . É , p o is , a som a lógica d e d u a s o u m ais P p (q u e n ã o são n ecessariam en te ex­ a u m e sta d o d ife re n te o u a n o r m a l c o n si­ c lu siv as u m a d a o u tra ). E s ta a c e p ç ã o é d e r a d o c o m o in fe rio r. “ A a lte ra ç ã o d as ra ra . c o re s d e u m q u a d r o .”

trig . B . K o ru p te s k , K o ru p tig . A L T E R I D A D E (G . ¿ r e p o r ^ ) . D . Andersheit, Anderssein', E . Otherness, A lterity (ra ro ); F . Altérité: I. Alterita. A . C a r a c te rís tic a d o q u e é o u tro * . O p õ e -se a id e n tid a d e . B . E sp ecialm en te em R E ÇÃZ â « E 2 , ca­ ra c te rístic a d o q u e é o u tr o q u e n ã o eu . (E ste se n tid o lh e é p r ó p r io .) V er as o b ­ serv açõ es.

R e n o u v i e r c h a m a princípio da alter­ nativa à q u ilo q u e v u lg a rm e n te se c h a m a p rin c íp io d o te rc e iro e x clu íd o . Logique,

2? e d ., I , 249-2 52. P o r c o n s e q u ê n c ia , n a o rd e m p r á tic a , p o s sib ilid a d e o u n e c e ssid a d e d e e sc o lh e r e n tre v á ria s d ecisõ es a to m a r . C . C a d a u m a d a s p ro p o siç õ e s o u d as decisões q u e fa zem p a rte d e u m a a lte r n a ­ tiv a n o s e n tid o A o u n o se n tid o B.

NOTA

CRÍTICA

A n o ç ã o de alteridade é, d o p o n to de v is ta ló g ico , u m a re la ç ã o sim é tric a e in ­ tra n s itiv a , q u e fo i re p re s e n ta d a p o r O ’ (S c h r o e d e r ) o u p o r I’ (C o u t u r a t , Les principes de la logigue , § IV n a E n c ic lo ­ p e d ia R u g e ). E la é a ssim d e fin id a c o m o n e g aç ã o p u ra e sim ples d a id e n ­ tid a d e ,

S eria d esejáv el a d o ta r n o m es d ife re n ­ tes p a r a o s sistem as de p ro p o s iç õ e s e p a ­ r a c a d a u m a d e la s, p o r ex em p lo , n o p r i­ m e iro c aso , alternativa', n o seg u n d o alter­ nante (p o d e n d o ter e sta s e g u n d a p a la v ra u m sen tid o re la tiv o : “ m é o a lte rn a n te de n ” s ig n ific a ria : m e n são o s a lte rn a n te s de u m a m e sm a a lte rn a tiv a ).

Rad, int.: A ltre s.

Rad. int.: A . A ltern ativ ; B . A lte rn a n t.

S o b re A lle rid a d e — O s e n tid o em q u e R en o u v ie r to m a e sta p a la v ra fo i-n o s a ssi­ n a la d o p o r Louis Prat, q u e n o s re m e te p a r a o te x to se g u in te : ‘‘Da relação como ca­ tegoria. O s u je ito : o m e u p e n s a m e n to p r ó p r io . O o b je to : u m g o lp e v in d o de fo ra . O o b je to é o o u tro : u m a s e n s a ç ã o , u m a tr a ç ã o , u m e m p u r r ã o , u m a fric ç ã o , u m a d o r. N a d a de lo c a liz a ç ã o ; a id éia de e sp a ç o n ã o in te rv é m a in d a ; h á a p e n a s u m a o p o ­ sição e n tre o eu e o n ã o - e u .” “ Ip s e id a d e , a lte rid a d e e sín tese: p e rc e p ç ã o . O q u e , d o p o n to de v ista d o eu m e sm o , c o rre s p o n d e a o s te rm o s d a re la ç ã o em g e ra l: D istin ç ã o , Id e n tid a d e , D e te r m in a ç ã o .” R E ÇÃZ â « E 2 , Derniers entretiens, p p . 9 e 10 (c ó p ia de u m a n o ta re d ig id a p o r ele). S e ria n e c e ssá rio , p a re c e , p a r a a c o rre s p o n d ê n c ia d o s te rm o s , re sta b e le c e r a o r ­ d em seg u in te: I d e n t i d a d e , D i s t i n ç ã o , D e t e r m i n a ç ã o . M a s é ig u alm en te a s s i m q u e e le s são e n u m e ra d o s n a Logigue, c a p . X X V I I . (A. L.)

ALTO A L T O V er a s o b s e rv a ç õ e s . A L T R U IS M O D . Altruism us; E. A l ­ truism·, F . Altruisme', I. Altruism o.

T erm o criado por A . C o m t e em o p o ­ sição a egoísmo*, adatado por S p e n c e r e tornado corrente na linguagem filosófica. A . P s i c . S e n tim e n to de a m o r* p a r a c o m o u tr o : q u e r se ja a q u e le q u e re s u lta in s tin tiv a m e n te d o s la ço s q u e ex istem e n ­ tr e o s seres de u m a m e sm a e sp é c ie, q u e r a q u e le q u e re s u lta d a re fle x ã o e d a a b n e ­ g a ç ã o in d iv id u a l. C o m p re e n d e seg u n d o o Quadro d o Catecismo positivista a d e ­ d ic a ç ã o , a v e n e ra ç ã o , a b o n d a d e .

48 s e m e lh a n te s e n q u a n to ta l c o m o o b je tiv o d a c o n d u ta m o ra l. C f . as fó r m u la s de C o m te : “ V iv er p a r a o u tr e m — O A m o r c o m o p rin c íp io , a O rd e m c o m o b a se , o P ro g re s s o c o m o o b je tiv o , e tc .” CRÍTICA

D is tin g u im o s de m o d o n ítid o o s d o is c a m b ia n te s d o sen tid o A , n ã o a p e n a s p o r­ q u e n o p o n to d e v ista p sico ló g ico eles c o r­ resp o n d em a d u a s a titu d e s d ife re n te s, m as p o rq u e B a l d w i n (Dictionary, su b V o) n o ta q u e a p a la v r a altruísmo só d e v e ser u tiliz a d a q u a n d o se tr a t a d e u m a d is p o s i­ ç ã o c o n sc ie n te e n ã o de u m in s tin to o u d e h á b ito s criad o s pela in terd ep en d ên cia* o r ­ g â n ic a . N o ta r-s e - á q u e , n o Discurso pre­ liminar, C o m te u tiliz a m u ita s vezes a b n e ­ g a ç ã o como sinônimo de altruísmo.

B . É t i c a . D o u trin a m o ra l, o p o s ta a o h e d o n is m o , a o e g o ísm o * e n u m a c e rta m e d id a a o u tilita ris m o * (n a m e d id a e m q u e este n ã o re q u e r, em p rin c íp io , n e n h u ­ S o b re a d istin ç ã o e n tre altruísmo e ca­ m a o u tr a in s tâ n c ia m o ra l além d a p r o c u ­ ridade v e r m a is a d ia n te a n o ta d e M . ra , p o r p a rte d o a g e n te , d o seu v e rd a d e i­ B . Â Ã Çá Â ro interesse): te o ria d o b e m q u e co lo ca n o p o n to de p a r tid a o in te re sse d o s n o sso s I Rad. int.: A ltru is m . E

S o b re A lto — R. Eucken a s s in a lo u -n o s o u so fre q ü e n te q u e se fe z n a filo so fia e n a lite r a tu r a ale m ã s d o q u a lita tiv o alto (hoch, höher): Höher e r a u m a p a la v r a c a r a a S c h le ie rm a c h e r n a s u a ju v e n tu d e e d a e sc o la r o m â n tic a . P e lo c o n tr á r io , K a n t p r o ­ te s to u c o n tr a u m p re te n s o “höher Idealismus” q u e se lh e a tr ib u ía . “ H o h e T ü r m e , u n d d ie ih n e n ä h n ü c h n e n m e ta p h y s ic h g ro sse n M ä n n e r, u m w elch e b e id e g e m e in i­ g lich viel W in d ist, s in d n ic h t f ü r m ic h . M e in P la tz ist d a s f r u c h tb a r e B a th o s d e r E r f a h r u n g .” 1 ( H a rte n s te in , IV , 121.) A e x p re ssã o “höhere K ritik” fo i ig u a lm e n te e m p re g a d a . H e in r id , n a Teologische Realencyclopädie, fa z n o ta r q u e “höhere Kri­ tik ” e ra a d iv isa d e I. G . E ic h h o rn (T 1827). E m fra n c ê s , haut (a lto ) fo i a lg u m a s vezes e m p re g a d o n este s e n tid o p o r a lg u n s a u to r e s , n o m e a d a m e n te p o r R a v a i s s o n , q u e u s a a té fr e q ü e n te m e n te a p a la v r a : “ A alta (h a u te ) filo s o fia , d iz ele, d a ta d a é p o c a ... e m q u e se re c o n h e c e u q u e , p a r a ex p li­ c a r o ser e a u n id a d e , n ã o b a s ta a m a té r ia .” L a P h ilo s o p h ie en France au X I X siéde, l f e d ., p . 1. “ E s te re s u lta d o g e ra l, d e sd e s e m p re e n tre v is to p e la alta (h a u te ) filo so ­ f i a . . . ” Ibid., 232. “ A alta (h a u te ) d o u tr in a q u e e n sin a q u e a m a té r ia é a p e n a s o ú lti­ m o g ra u e c o m o q u e a s o m b r a d a e x is tê n c ia ...” Ib id ., 26S, etc. M a s este u s o é e x c e p c io n a l, n ã o se t r a t a d e u m te r m o filo s ó fic o ; a höher c o rre s ­ p o n d e o te rm o superior, este m u ito u s a d o filo s o fic a m e n te , m a s n ã o p o s s u in d o s e n ti­ d o té c n ic o p re c iso . (A. L .) S o b re A ltru ís m o — “ A d o to d e b o m g ra d o e sta p a la v r a (altruísta, a d j.) q u e d ev e­ m o s a C o m te . R e c e n te m e n te u m c rític o q u e c o n d e n a v a e s ta p a la v r a p o r ser d e f o r ­ m a ç ã o n o v a (as newfangled) p e rg u n ta v a p o r q u e n ã o n o s c o n te n tá v a m o s c o m as 1. “ As alcas corres e os grandes m etafísicos que se lhes assemelham têm de ord inário m uito vento ao seu redor. Esse não é o meu negócio: meu terreno é a pro fundid ade fértil d a experiência.”

49

A L U C IN A Ç Ã O D . Hallucination ; E . Hallucination', F . Hallucination ; I. A ¡lu­ cí nazione. P e rc e p ç ã o p o r u m in d iv íd u o d e sp e r­ to o u , m u ito m ais ra ra m e n te , p o r u m g ru ­ p o d e in d iv íd u o s , d e u m o b je to sensív el q u e n ã o está re a lm e n te p re sen te o u d e u m fe n ô m e n o q u e re a lm e n te n ã o aco n te c eu . Alucinações hipnagógicas, a q u e la s q u e p re c e d e m im e d ia ta m e n te o so n o . Alucinação negativa, fe n ô m e n o q u e c o n siste em n ã o p e rc e b e r u m o b je to p re ­ sen te, e em p reen ch er atrav és d e u m a im a ­ g em in d ife re n te a p a rte d a re p re s e n ta ç ã o to ta l q ue esse o b je to deveria n o rm a lm e n te o c u p a r. D eve-se su b lin h a r q u e alucinação negativa n ã o é, p a r a fa la r co m p ro p r ie ­ d a d e , u m a a lu c in a ç ã o n o s e n tid o v u lg a r, m as a n te s u m fe n ô m e n o in v e rs o . C o n tu ­ d o , h á q u a lq u e r co isa d e v e rd a d e ir a m e n ­ te a lu c in a tó r io n a p e rc e p ç ã o d e u m o b je ­

A L U C IN A Ç A O to , de u m a p o ltr o n a , p o r e x em p lo , q u e d e v eria n o rm a lm e n te e s ta r o c u lto p e la p e sso a q u e e stá s e n ta d a .

CRÍTICA 1. B r i e r r e d e B o i s m o n t (.Des hallu­ cinations, p . 16) d is tin g u e e n tre a lu c in a ­

ção e ilu sã o e fa z re m o n ta r esta d is tin ç ã o a A r n o l d , Observations on Nature,

Kinds, Causes and Preservation o f Insanity *, L o n d re s , 1806. E le c ita as d is­ tin ç õ e s a n á lo g a s fe ita s p o r C r i c h t o n , Es q u i r o l , Lé l u t , Le u r e t , P a r c h a p p e ; e a d o ta p a r a si p r ó p r io a seg u in te fó rm u la : “ D e fin im o s a a lu c in a ç ã o c o m o a p e rc e p ç ã o d o s sig nos sensíveis d a id éia; e a ilu s ã o , a a p re c ia ç ã o fa ls a d as s e n s a ­ ções in te r n a s .” (Ibid., p . 18) E sta d is tin ­ ç ã o é r e to m a d a d e u m a fo r m a m ais p re- .l l . O bservações sobre a natureza, o s gêneros e a pro fd a x ia d a alienação m ental.

e x p ressõ es b o n d o s o ( benevolent ) e b e n fa z e jo ibeneficient). H á p a r a isso u m a ra z ã o su fic ie n te . A ltruísm o e altruísta, a p re s e n ta n d o a o e s p írito , p e la su a fo r m a a ssim co ­ m o p e la s u a s ig n ific a ç ã o , a s a n títe se s d e eg o ísm o e de e g o ísta , c o m u n ic a m a id é ia d e sta o p o s iç ã o m u ito ra p id a m e n te e c o m g ra n d e c la re z a , o q u e n ã o a c o n te c e co m b e n e v o lê n c ia , b e n e fic ê n c ia e os seu s d e riv a d o s , p e la ra z ã o de n ã o im p lic a re m d ire ta ­ m e n te a a n títe se . E s ta s u p e rio rid a d e n a fo rç a ex p re ssiv a d a p a la v r a fa c ilita a c o m u ­ n ic a ç ã o d as id é ia s m o r a is .” H . S p e n c e r , Princípios de psicologia, 8? p a rte ; n o ta a o títu lo d o c a p . V III: “ A ltru is tic s e n tim e n ts .” T ra d u ç ã o R ib o t e E s p in a s , II , 638. O s c a p ítu lo s p re c ed e n te s são in titu la d o s : “ E g o istic s e n tim e n ts ” , “ E g o -a ltru istic se n ­ tim e n ts .” D ife re n te s m o d ific a ç õ e s f o r a m in tr o d u z id a s n a sessão de 3 de m a io de 1923 n a re d a ç ã o p ro v is ó ria d e ste a rtig o fe ita c o m v is ta à s e g u n d a e d ição : 1? N o § A d izia-se p rim itiv a m e n te : ” ... a q u ilo q u e re s u lta in s tin tiv a m e n te d a so­ lidariedade d o s seres de u m a m e sm a e s p é c ie .” Beaulavon o b se rv o u q u e este te rm o e ra d e m a s ia d o esp ecial e im p lic a v a u m a h ip ó te s e a in d a d iscu tív el s o b re a o rig e m d o se n tim e n to a ltru ís ta in stin tiv o . 2? N o § B as p a la v ra s : “ o u ao in d iv id u a lis m o ” fo r a m a c re s c e n ta d a s p o r p r o p o s ­ ta de Berthod, Gilson e Van Bièma. A u g u ste C o m te , c o m o se o b s e rv o u , e sta v a p r e o ­ c u p a d o em e n c o n tr a r re m é d io p a r a o in d iv id u a lis m o d o sécu lo X V III . P o d e r-se -ia q u a se d iz er, a c re s c e n to u B erthod , q u e a su a id éia d e altruísmo se o p õ e s o b re tu d o à Declaração dos direitos do homem. S ab e-se, a liá s, co m q u e in sistê n c ia c ritic o u esta id éia de d ire ito . M as p a re c e u p re fe rív e l c o n s e rv a r e sta n o ta a p e n a s n as o b serv aç õ es q u e a ex p licam . 3? N o m e sm o p a r á g r a f o , a lg u m a s lin h a s de e x p lic a ç ã o fo r a m a c re s c e n ta d a s p o r p ro p o s ta de Gilson e Van Bièma p a r a f a z e r c o m p r e e n d e r e m q u e s e n t i d o o a l t r u í s m o p o d e ser o p o s to a o u tilita r is m o , p o is n ã o é d u v id o s o q u e M ili é m u ito a ltru ís ta n a

A L U C IN A Ç Ã O cisa e m e n o s o b s c u ra p o r J a m e s S u l l y , q u e a e n u n c ia assim : “ U m a ilu sã o deve s e m p re te r p o r p o m o d e p a r tid a a lg u m a im p re s sã o re a l, e n q u a n to q u e u m a a lu c i­ n a ç ã o n ã o te m u m a b a se d e ste g ê n e ro . A ssim , h á ilusão q u a n d o u m h o m e m , to ­ m a d o d e te r r o r , to m a p o r u m f a n ta s m a u m tr o n c o d e á rv o re ilu m in a d o p e la lu z d a lu a . H á alucinação q u a n d o u m a p e s ­ s o a q u e te n h a im a g in a ç ã o se re p re s e n ta tã o v iv am en te a face d e u m am ig o au sen te q u e d u r a n te u m in s ta n te e la c rê re a lm e n ­ te v er esse a m ig o . A ilu s ã o é , p o is , u m d e slo c a m e n to parcial d e u m fa to e x te rio r a tra v é s d e u m a fic ç ão d a im a g in a ç ã o , e n ­ q u a n to q u e a a lu c in a ç ã o é u m d e slo c a ­ m e n to t o t a l . ’ ’ L es illusions des sens et de i’esprit, B ib lio . scien t. in te r n a t., ed . fra n ­ c e s a ., p p . 8-9. E s ta d is tin ç ã o n ã o p o d e ser a ce ita s o b e sta fo rm a : é m u ito r a r o , c o m e fe ito , q u e

50 n a d a d e re a l se v e n h a a c re s c e n ta r à a lu ­ c in aç ã o , e q u a se sem p re a p erso n ag e m o u o o b je to fic tíc io a p a re c e em re la ç ã o co m o b je to s re a is q u e são n o rm a lm e n te p e r ­ c e b id o s . (V er a b a ix o o s fa to s c ita d o s n a s o b s e rv a ç õ e s , e a q u e le s q u e s ã o re fe rid o s p o r T a i n e , n o a p ê n d ic e d e A inteligên­ cia.) M a s , a o a f a s ta r o c rité rio d o e rro p a rc ia l o u to ta l, a d is tin ç ã o p re c isa d o s d o is fe n ô m e n o s p o d e s e r m a n tid a d a se­ g u in te m a n e ira . E x iste m n a p e rc e p ç ã o n o rm a l d e u m o b je to d o is f a to re s a c o n ­ s id e ra r: 1? a s e n s a ç ã o p r o p r ia m e n te d i­ ta ; 2? a in te rp re ta ç ã o d e s ta sen sa çã o a tr a ­ vés d o c o n c u rs o d e re c o rd a ç õ e s , d e im a ­ g e n s, d e a ss o c ia ç õ e s, d e ra c io c ín io s q u e tr a n s f o r m a m a s e n s a ç ã o b r u ta n u m o b ­ je t o d is tin ta m e n te re c o n h e c id o . Se h o u ­ v er a lte ra ç ã o d a q u ilo q u e d ev e s e r n o r ­ m a lm e n te a sen sa çã o , d ire m o s q u e h á alu­ cinação; se h o u v e r a p e n a s a lte ra ç ã o d a -

s u a m o ra l p r á tic a , a in d a q u e o seu a ltr u ís m o s e ja d e riv a d o ; e é is so a liá s a q u e a re d a ç ã o p rim itiv a v isav a c o m as p a la v ra s : “ em c e rta m e d id a ” . M a s p a re c e u n e c e ssá ­ rio ser-se m a is e x p líc ito . {A. L .) Altruísm o n o s e n tid o de A u g u s te C o m te o p õ e -se p o r u m la d o a egoísmo, m as p o r o u tr o o p õ e -se ta m b é m a caridade . A o c o n tr á r io d a s d o u tr in a s q u e (c o m o a de L a R o c h e fo u c a u ld ) re d u z e m to d o s o s m o to r e s d a v id a a fe tiv a a o a m o r - p r õ p r io , o a ltru ís m o c o n s id e ra q u e ex iste u m m o v im e n to c e n tr ífu g o tã o n a tu r a l e e s p o n tâ n e o q u a n to a te n d ê n c ia c e n tr íp e ta . S o b re e ste f u n d a m e n to de n a tu re z a fa z r e p o u s a r a o rd e m so cial e m o ra l, c o m p le ta n d o , o rg a n iz a n d o a e s p o n ta n e id a d e d o in s tin to a t r a ­ vés d a re fle x ã o e d a ciên cia q u e a tra v é s d a O rd e m e d o P ro g re s s o e le v a m a h u m a n i­ d a d e a té a o C u lto re lig io so d o g ra n d e S er h u m a n o . M as p re c isa m e n te p o r q u e este a ltru ís m o te m a s u a fo n te n a n a tu re z a e o seu te rm o d e d e se n v o lv im e n to n a so c ie d a ­ de d ife re ra d ic a lm e n te d a c a rid a d e q u e n ã o se lim ita à s su g estõ es d a n a tu re z a e à o rg a n iz a ç ã o p o s itiv is ta d o s b en s so cia is; e la u ltr a p a s s a a o rd e m lim ita d a d e sta s o li­ d a rie d a d e a o m e sm o te m p o e s p o n tâ n e a e ra c io n a l, p a r a o lh a r o s o u tr o s h o m e n s per oculosD ei, p a r a ju s tif ic a r o d o m in f in ito d e si, p a r a e rig ir D eu s n o h o m e m em lu g a r d e e rig ir a h u m a n id a d e em D e u s. N a te n ta tiv a d e s u b m e te r a o seu u so te rm o s , s e n ti­ m e n to s , id é ia s de o rig e m c ris tã c o m o a d e a b n e g a ç ã o , C o m te d e s n a tu ro u - a s e c o m o q u e as d e c a p ito u . ( Maurice Blondel ) S o b re A lu c in a ç ã o — U m a p a r te d a c ritic a p rim itiv a fo i s u p rim id a e s u b s titu íd a l f p o r indicações históricas mais completas; 2? p o r p ro p o s iç õ e s q u e te n d e m a p re c i­ s a r o s e n tid o d a p a la v r a s e g u n d o as o b s e rv a ç õ e s c o m u n ic a d a s p o r Goblot, Delbos,

Couturat, Rauh, Pecaut, Boisse, Ranzoli. M u ito s a lie n is ta s c o n te m p o râ n e o s p e n sa m q u e a a lu c in a ç ã o n itid a m e n te c a ra c te ­ riz a d a , ta l c o m o e r a a d m itid a p o r E s q u iro l, L é lu t, B rierre d e B o ism o n t, M ich éa, Bailla rg e r, e tc ., é u m fe n ô m e n o r a r o — d iz em m e sm o a lg u n s , d u v id o s o — e q u e a m a io r p a r te d o s caso s d ev e e ssa n itid e z a o tr a b a lh o re tro s p e c tiv o d a m e m ó ria o u a u m a

SI

A L U C IN A Ç Ã O

q u ilo q u e n o rm a lm e n te d e v e s e r a in te r ­ p re ta ç ã o p e rc e p tiv a d a sen sa ç ã o , d ire m o s q u e h á ilusão.

q u e elas a p re se n te m , p sico lo g icam en te, as m e sm a s c a ra c te rís tic a s q u e e sta s.

Alucinações psíquicas, alucinações psicossensoriais, ver o Suplemento n o fim

2. N ã o se c h a m a m v u lg a rm e n te àsd a p re s e n te o b r a . Rad. int .: H a lu c in . im a g e n s d o s s o n h o s alucinações, a in d a

e x p re ss ã o v e rb a l q u e p re c isa b e m , p a r a o a u d ito r , a im p re s s ã o re a lm e n te e x p e rim e n ­ t a d a p e lo s u je ito 1. “ O q u e , p e lo c o n tr á r io , im p r e s s io n a , n a m a io r ia d o s a lu c in a d o s , é a d is tin ç ã o q u e eles p r ó p r io s fa z e m , e m a is fr e q ü e n te m e n te s o b a in flu ê n c ia d a s n o ssa s p e r g u n ­ ta s , e n tr e a s su a s a lu c in a ç õ e s e a s su a s p e rc e p ç õ e s re a is . A s a lu c in a ç õ e s d a v isão n ã o s ã o v e rd a d e ira m e n te c o m p le ta s , q u e r d iz e r, sem e lh a n te s à s p e rc e p ç õ e s n o rm a is , c o m a m e sm a n itid e z d e c o n to r n o s e d e c o re s, o s m e sm o s re le v o s, q u e n o s c a so s d a s g r a n ­ d e s in to x ic a ç õ e s , e m q u e a liá s se fa z em a c o m p a n h a r d a o b n u b ila ç ã o d a c o n sc iê n ­ c i a . " N o s o u tr o s caso s " o s d o e n te s tê m m u ito fr e q ü e n te m e n te u m a te n d ê n c ia es­ p o n tâ n e a p a r a fa z e r u m a c rític a , e a c a b a m o s p o r v e r " (n o q u e se re fe re à s a lu c in a ­ çõ es v isu ais) " q u e n a p sic o se a lu c in a tó r ia c rô n ic a eles n ã o se e n g a n a m ; re c u sa m -se a v e r a í p e rc e p ç õ e s v isu a is, e c o m o d e lira m e x p lic a m tu d o n a tu r a lm e n te em fu n ç ã o d o se u d e lírio , c o m o u m a m a q u in a ç ã o d o s seu s in im ig o s , to d o esse c o n ju n to im p r e ­ c iso d e im a g e n s " . G . D u m a s , Traité depsychologie , to m o I I , p . 893: " A s a lu c in a ­ ç õ e s e m g e r a l ." C e rto s c a s o s , c o n tu d o , p a re c e m e fe tiv a m e n te c o n s titu ir v e rd a d e ir a s a lu c in a ç õ e s n o s e n tid o c lássico . U m f a to c u rio s o é q u e o s e x e m p lo s q u e se seg u e m s ã o re la tiv o s a su je ito s q u e n u n c a fo r a m a lie n a d o s . " O s e n h o r M a rillie r c o n to u -m e q u e te v e u m a a lu c in a ç ã o r e p e tid a to d o s o s d ia s , à m e sm a h o r a , d u r a n te b a s ta n te te m p o . S e n ta d o à m e sa d e tr a b a lh o , ele via , s e n ta d a n u m a p o ltr o n a , u m a p e ss o a q u e o o b s e rv a v a fix a m e n te . O r a , a p o ltr o n a e sta v a v a z ia . A fa ls a p e rc e p ç ã o e ra tã o p re c is a , tã o re a l c o m o as p e rc e p ç õ e s c irc u n s ta n te s , A m ã o q u e r e p o u s a v a s o b re o b r a ç o d a p o ltr o n a e ra tã o n ítid a , t ã o d e fin id a em to d o s o s p o rm e n o re s c o m o a p r ó p r ia p o ltr o n a ; a c a ­ b e ç a d e sta c a v a -s e d e u m a g r a v u r a p e n d u r a d a n a p a re d e e e sc o n d ia -lh e u m a p a rte . E is a q u i a a lu c in a ç ã o t i p o . " (E x tra to de u m a n o ta d e E dm ond G oblot ) O u v i p o r d u a s v ezes a lu c in a ç õ e s serem d e sc rita s p o r p e sso a s q u e j á as tin h a m e x p e rim e n ta d o ; estav am tã o ca ra c te riz a d a s p o r essa m is tu ra ín tim a de elem en to s reais, p e rc e b id o s n o r m a lm e n te , c o m o p o r e le m e n to s a lu c in a tó r io s . 1? A s e n h o ra M ., c u ja id a d e u ltr a p a s s a v a os s e sse n ta a n o s , c o n to u -m e q u e d u r a n te u m c e r to p e río d o d a s u a v id a v ia to d o s o s d ia s , à m e sm a h o r a , e n tr a r n a sa la o n d e e la se e n c o n tr a v a u m h o ­ m em v e stid o c o m o u m o p e rá rio q u e se a p ro x im a v a , a e m p u rra v a c o m a m ã o c o m o q u e p a r a a a f a s ta r d o seu c a m in h o , e sa ía em s eg u id a . E la d a v a o s m e sm o s p o r m e n o ­ res q u e o s e n h o r M a rillie r s o b re as a p a r ê n c ia s ig u a is d e re a lid a d e a p re s e n ta d a s p e la p e rs o n a g e m im a g in á ria , o s o b je to s d ia n te d o s q u a is p a s s a v a , etc. 2? O m e u c a m a r a ­ d a d a E sc o la N o rm a l P . B . ( m o r to d e m e n in g ite n o a n o seg u in te , c o m v in te e d o is a n o s) v iu u m d o s seus p a is n u m a a lé ía d o ja r d im , a p ro x im o u -s e p a r a lh e fa la r, e a im ag em d e s a p a re c e u n o m o m e n to em q u e ele a ia to c a r . E le fa z ia as m e sm as o b s e r­ v açõ es s o b re a re la ç ã o e n tre a im a g e m e a s á rv o re s v iz in h a s. (A. L .)

. Resumo das conversas com G eorges D um as.

A M A B IM U 5 A M A B IM U S T e rm o m n e m o té c n ic o d e L ó g i c a q u e e n u n c ia a e q u iv a lê n c ia d a s q u a tr o m o d a is A . A . I. U ., c o lo c a ­ d as n a o rd e m seg u in te: Possível, Contin­ gente, Impossível, Necessário. A , m a rc a a a firm a ç ã o d o m o d o * e a d o d ictu m * (p. ex .: é p o ssív el q u e S se ja P ); I, a n e g a ç ã o d o m o d o e a a firm a ç ã o d o d ic tu m ; U , a n e g a ç ã o d o m o d o e a d o d ic tu m . E , q u e se e n c o n tr a n a s trê s o u tr a s p a la v ra s m n em o té c n ica s sim ilares (Purpurea*, IItace*, Edentuii*), a s s in a la a a f ir m a ç ã o d o m o ­ d o e a n e g a ç ã o d o d ic tu m . V er a s o b s e r­ v açõ es s o b re Modalidade. A M A U R O S E V er as o b s e rv a ç õ e s s o ­ b re Anestesia. A M B IG U ID A D E D . Zweideutigkeit ; E . A m b ig u ity ; F . A m biguité ; I. A m -

biguità. D u p lo s e n tid o de u m a p a la v r a o u d e u m a e x p re ss ã o q u e r se ja p o r e la m esm a q u e r se ja s e g u n d o o seu lu g a r e a s u a c o ­ n e x ã o . C f. A nfibolia, Equívoco. Rad. int.: A m b ig u e , — a j. A M B IV A L Ê N C IA V er Suplemento. A M B L I O P I A V er a s o b s e rv a ç õ e s s o ­ b re Anestesia.

52

A M I Z A D E D . Freundscha/t·, E. Friendship', F . Am itié; I. Am icizia. In c lin a ç ã o eletiv a* re c íp ro c a e n tre d u a s p e sso a s m o ra is ; o p õ e -se a o a m o r B d ev id o à au sên cia d a característica sexual; a o a m o r C d e v id o à c a ra c te rís tic a d e r e ­ c ip ro c id a d e . C RÍT IC A

A m iz a d e te m u m s e n tid o m a is p r e c i­ so q u e a m ig o (d iz-se q u e se é a m ig o d a s a rte s , d o p r a z e r e n ã o q u e se tem a m iz a ­ de p o r estes o b je to s ). A im p o r tâ n c ia fi­ lo s ó fic a d e ste te rm o v em s o b re tu d o d o p a p e l c o n c e d id o à ç>c\ia p elo s filó so fo s g reg o s (P i t á g o r a s , P l a t ã o , A r i s t ó t e ­ l e s , E p ic u ris ta s e E s tó ic o s ). A r i s t ó t e l e s re c o n h e c e trê s esp écies de a m iz a d e q u e se su b d iv id e m elas m esm as em n u m e ­ ro so s c a m b ia n te s : a q u e te m p o r o b je to o p ra z e r; a q u e te m p o r o b je to o in te re s ­ se; a q u e te m p o r o b je to o b em m o ra l. S ó a te rc e ira é p e rfe ita : TeXtta 6' t Õ)V àyotduv iptkía x a i xoiQ' òtQtrqv 6fiout>v. É tica a N icôm aco, V I I I , 8 , 1 156b7 . A s fo r m a s in fe rio re s n ã o d ev em to d a v ia ser e x c lu íd a s d o n o m e d e a m iz a ­ d e . Ética a E udem o , V II, 2 , 1236a. O s e stó ic o s v ã o m a is lo n g e e a té re c u sa m o

“ É p re c iso te r e m c o n ta , n a d e fin iç ã o d e s ta p a la v r a , o f a to d e c e rta s a lu c in a ç õ e s se re fe rire m n ã o a o b je to s p r o p r ia m e n te d ito s , m as a e s ta d o s in te rio re s : a lu c in a ç õ e s m u s c u la re s (C 2 τ OE 2 , Die Hallucinationem im M uskelsinn, F r e ib u r g , 1889): a lu c i­ n a ç õ e s c en e stésic as (te r u m c o rp o d e v id ro , e s ta r m o r to , e n c o n tr a r -s e n u m c o rp o q u e n ã o o seu , e t c .) .” (C. Ranzolí) S o b re A m iz a d e — G. Beaulavon p õ e em d ú v id a q u e a a m iz a d e se ja m a is n e c e ssa ­ ria m e n te re c íp ro c a d o q u e o a m o r . “ F a la -s e , d iz ele, de uma amizade não partilhada, o c a s o é f r e q u e n te em p a r tic u la r n as c r ia n ç a s .” P a re c e -m e q u e e s ta e x p re ssã o é u m p o u c o f o r ç a d a e q u e n este caso se fa la ria de p re fe rê n c ia de “ a f e iç ã o ” o u “ s im p a tia ” n ã o p a r tilh a d a . E m to d o c a s o , e s ta u tiliz a ç ã o d a p a la v r a p e rte n c e ria à lin g u a g e m f a ­ m ilia r: n a lin g u a g e m filo s ó fic a re té m s e m p re q u a lq u e r c o isa d a u tiliz a ç ã o a ris to té lic a e e sto ic a ; p o r e x e m p lo , n e sta p a ssa g em d e R E ÇÃZ â« E 2 e P 2 τ I : “ A a m iz a d e real dig­ na deste nome d á -n o s , n o n o sso p ró p r io se x o , o c o m p a n h e iro d e v id a c u jo c a r á te r se a d a p ta a o n o s s o , este ser h a rm ô n ic o d o n o s s o s e r, sem lh e ser s e m e lh a n te o u m e s­ m o c o n tr a s ta n te , c o m o q u a l a p e n a s te m o s re la ç õ e s h a b itu a is em p é d e re c ip ro c id a ­ d e . ” La nouvelie monadologie , p . 193. C f. R ÃZ è è E τ Z , Émile, IV : “ O a p e g o p o d e d is p e n s a r a re c ip ro c id a d e ; a a m iz a d e n u n c a .” (E d . G a rn ie r, p . 2 5 4 .) (A . L .) V er

Afecçõo */A feição.

AMOR

53

n o m e d e a m iz a d e a tu d o o q u e n ã o fo r o a p e g o d o s s a b io s em ra z ã o d a id e n ti­ d a d e d a s u a s a b e d o ria . (D iá lo g o s de



, II, 22). Rad. int.: A m ik (es).

« TI

E I

Ã

A M N E S IA (do G . ex, ¡xvrjcns). D . A m nesie; E . Amnesia; F . Amnésie; I. Amnesia. P e rd a o u e n fra q u e c im e n to d a m e m o ­ ria coexistindo com u m estad o n o rm al das o u tra s fu n ç õ e s in te le c tu a is. Am nésia ge­ rai\ a q u e la q ue a tin g e to d a s a s c ate g o ria s de re c o rd a ç õ e s; amnésia parcial (R i b o t , Maladies de la mémoire ) o u sistematiza­

da (P . J a n e t , Autom atism epsychologique), a q u e la q u e a tin g e u m a c a te g o ria p a rtic u la r de re c o rd a ç õ e s (p o r ex em p lo u m a d as classes de sen sa ç õ e s, o s n o m e s p ró p r io s , as d a ta s e m e sm o u m a le tra de­ te rm in a d a ). P ro p o m o s o te rm o amnésia sistemática , de q u e o m esm o a u to r se ser­ ve q u a n d o fa la d a a n a ste sia * . Rad. int.: A m n e zi.

A M O R (L . A m or). D . Liebe; E . Love; F . Am our; I. Am ore. A . N o m e c o m u m a to d a s as te n d ê n ­ c ia s a tra tiv a s s o b re tu d o q u a n d o elas n ã o tê m p o r o b je to exclusivo a s a tis fa ç ã o de u m a n e ce ssid a d e m a te ria l: tais c o m o as in clin açõ es d o m ésticas (a m o r d o s p ais p e ­ lo s filh o s); a s in c lin a çõ e s c o rp o ra tiv a s* ( p a trio tis m o ; e sp írito d e g ru p o ); as in c li­ n açõ es in d iv id u ais* (a m o r a o jo g o , a m o r a o lu x o , a m o r d a p ro fissã o ). Se a te n d ê n ­ c ia é p u ra m e n te m a te ria l, u tiliz a -se em fra n c ê s o v e rb o aimer , m a s ra ra m e n te o s u b s ta n tiv o am our : d iz-se on aime boire , m as n ã o se d iz on a l ’amour de

Válcool. B . D iz-se d a in c lin a ç ã o sex u al s o b to ­ d a s a s s u a s fo rm a s e em to d o s os seu s g ra u s . Q u a n d o a p a la v r a se u tiliz a s o z i­ n h a é em g e ra l n e s ta a c e p ç ã o . C . T e n d ê n c ia e sse n cia lm e n te oposta a o egoísmo: I? s e ja p o r q u e ele te n h a p o r o b je to o b em d e u m a o u tr a p e sso a m o -

S o b re A m n é sia — D istin g u e m -se a in d a s e g u n d o a re p a rtiç ã o n o te m p o d a s r e c o r­ d a ç õ e s a b o lid a s: A s amnésias lacunares, re la tiv a s a p e río d o s d e te m p o d e lim ita d o s ; as amnésias retrógradas (e n g e n d ra d a s q u a se s e m p re p o r tra u m a tis m o s ) re la tiv a s a u m p e río d o m ais o u m e n o s lo n g o q u e p re c e d e d e im e d ia to o a c o n te c im e n to c a u s a l; as amnésias anterógradas o u contínuas (am nésias d e fix ação ), relativas a u m p e río d o m ais o u m enos p ro lo n g a d o n o c u rs o d o q u a l n ã o se p r o d u z a q u isiç ã o d e re c o rd a ç õ e s; as amnésias anterorretrogadas, q u e c o m b in a m a s d u a s ú ltim a s fo rm a s . F in a lm e n te , a d istin ção d a s am n ésias d e evocação e d e conservação, o p o stas ig u al­ m e n te às a m n é sia s d e fixação, d iz re s p e ito a o s m e ca n ism o s g e ra d o re s d a a m n é sia (d e s tru iç ã o d a s p ró p r ia s re c o rd a ç õ e s o u in c a p a c id a d e d e u tiliz a r as re c o rd a ç õ e s r e a l­ m e n te c o n se rv a d a s). {H. Piéron) S in ô n im o fran c ês: e sq u e c im e n to ( oubli ). ( K Egger) P a re c e -n o s q u e as d u a s p a la ­ v ra s n ã o sã o e q u iv a le n te s: o e sq u e c im e n to é n o rm a l; a a m n é s ia , p a to ló g ic a . (Louis Couturat — A . L.) A e x p re ssã o “amnésia periódica ” (P ie r re J a n e t , e tc .) seria u tilm e n te s u b s titu í­ d a p o r amnésia dos períodos. “Am nésia contínua ” , d o s m esm o s a u to re s , é e q u ív o ­ c a. D ev er-se-ia d iz e r: e s q u e c im e n to p ro p o r c io n a l (à mesure). (V. Egger) S o b re A m o r — E s ta p a la v r a , n o s e n tid o B, n ã o deve dizer-se d a in c lin a ç ã o s e ­ x u al a n ã o ser q u e e la se ja e le tiv a . (G. Dumas ) S em d ú v id a , tra ta -s e v e rd a d e ira m e n te d o q u e se deve d iz er: ver a Crítica m ais a trá s . M a s , d e f a to , e sta re s triç ã o n ã o é o b ­ s e rv a d a : “ R ed u zi o a m o r a u m a fu n ç ã o e e sta fu n ç ã o a u m m ín im o .” T τ « Ç , Thomas Graindorge, 307. Os ex em p lo s são n u m e ro s o s . (A. L.) E

54

AM OR ral: a m o r a o s d e sg ra ç a d o s, a m o r a o p r ó ­ xim o; 2? seja p o rq u e ten h a p o r o b jeto u m a idéia em fa ce d a q u a l se fa z m ais o u m e­ n o s co m p le ta a b n e g a ç ã o d o in teresse p ró ­ p rio e até d a p ró p ria individ ualidade: a m o r à ciência, à a rte , à ju s tiç a . “ O v e rd a d e iro a m o r tem sem p re p o r b a se a re n ú n c ia a o b em in d iv id u a l.” T o l s t o i , Da vida, 177. Se estes o b je to s d e a m o r são c o n sid e ra d o s re u n id o s e fo r m a n d o o s a trib u to s de u m a p e sso a m o ra l: a m o r de D eu s. C R ÍT IC A

V ê-se p ela a n á lis e p re c e d e n te q u e a p a la v r a a p re s e n ta s e n tid o s m u ito d iv e r­ s o s , p o d e n d o a lg u n s d eles ir até a u m a v e rd a d e ira o p o s iç ã o . A s fó r m u la s lite rá ­ ria s q u e re p o u sam so b re o jo g o d e sta o p o ­ siçã o s ã o in u m e rá v e is: “ Se a c re d ita m o s a m a r a n o s sa a m a n te p o r a m o r d e la es­ ta m o s b e m e n g a n a d o s .” L a R o c h e f o u c a u l d , M ax . 374. “ N o v e n ta e n o v e c e n ­ té sim o s d o m a l e n tre o s h o m e n s p ro v ê m

desses fa ls o s s e n tim e n to s q u e eles c h a ­ m a m d e a m o r e q u e n ã o se a sse m elh a m m a is a o a m o r d o q u e a v id a d o a n im a l à v id a d o h o m e m .” T àè I ë , Da vida, p . 170, t r a d . f r a n c ., e to d o s o s c a p ítu lo s d o X X II a o X X IV . O m e sm o se a p lic a a o s ra c io c ín io s d o ro m a n tis m o s o b re o v a lo r m o ra l d o a m o r q u e re p o u s a m s o ­ b re a m is tu ra d o s d o is s e n tim e n to s e m B. O s e sc o lá stic o s d is tin g u e m c o m ju s ti­ ça am or beneficientiae (C ) e amor concupiscentiae ( = e g o ís ta , A o u B ). N u m se n tid o p ró x im o o p õ e -s e p o r vezes a m o r c a p ta tiv o e a m o r o b la tiv o . É v e rd a d e q u e D E S C A R T E S p r o te s to u c o n tr a e sta d is tin ­ ç ã o , re d u z in d o u m e o u tr o à fó rm u la : “ U m a e m o ç ã o d a a lm a c a u s a d a p e lo m o ­ v im e n to d o s e sp írito s q u e a in c ita a j u n ­ tar-se v o lu n ta ria m e n te a o s o b je to s q u e lhe p a re c e m s e r c o n v e n ie n te s. ( J u n ta r - s e v o lu n ta ria m e n te = ‘im a g in a r u m to d o d o q u a l se é a p e n a s u m a p a rte e d e q u e a c o i­ sa a m a d a é o u tr a ’.)” Paixões da alma, II ,

O a m o r n o s e n tid o C é m e n o s u m a n tie g o ism o d o q u e u m su p ra -e g o ísm o : é a te n d ê n c ia fu n d a m e n ta l d o se r e m d ire ç ã o a o b e m , d e in íc io in d e te rm in a d a m e n te , m a s p o r fim este b em u n iv e rs a l n ã o ex clu i o m e u p r ó p r io b em q u e n e le e stá c o m p re e n d i­ d o : “ A m o r b e m o r d e n a d o c o m e ç a p o r si m e s m o .” S em d ú v id a a fim d e im p e d ir a m o n s tru o s a d e s p r o p o rç ã o d o a m o r-p r ó p rio , q u e u s a a in c lin a ç ã o in fin ita p a ra o b e m e m f a v o r d o eu fin ito e in sa c iá v e l, im p o r ta a b s o lu ta m e n te a b a f a r , o d ia r e ste e g o c e n ­ tris m o . M as a in s tâ n c ia p r o f u n d a n ã o p e rsiste m e n o s n o m ais ín tim o d e c a d a ser q u e te m c o m o q u e s u p e r a r trê s e ta p a s : 1 ? am or complacentiae et concupiscentiae , in g ê­ n u a d e d ic a ç ã o d a c ria n ç a q u e re la c io n a sem re fle x ã o tu d o c o n sig o m e sm a ; 2? amor benevolentiae et benefícentiae, g e n e ro sid a d e q u e p õ e a p e sso a n o se u lu g a r e a su ­ b o rd in a a o s o u tr o s ; 3? am or unionis, e s q u e c im e n to e d á d iv a d e s i, m o r te a m o ro s a d e u m a v id a q u e , s e g u n d o a s p a la v ra s d e S to . A g o s tin h o , est plus ubi amat quam ubi anim at , m a s q u e se e n c o n tr a ta n to m a is p e rfe ita m e n te q u a n to m a is p e r d id a e s tá n a q u ilo q u e a m a . H á p o is a sc e n s ã o , m a s n ã o r u p tu r a , n em o p o s iç ã o a b s o lu ta n a s d iv e rsa s fa ses e n o s d iv e rso s s e n tid o s d o a m o r . (Maurice Blondet) P a re c e q u e h á a lg u m e q u ív o c o e m d iz e r q u e o b e m u n iv e rsa l n ã o é ex clu siv o d o meu b e m próprio e a fó r m u la “ c a r id a d e b em o r d e n a d a c o m e ç a p o r si m e s m a ” , d e ­ p o is de te r se rv id o p a r a exprimir a idéia que Blondel recorda m a is a tr á s e q u e n o s fo i a s s in a la d a ta m b é m p o r R. Daude, é h o je q u a se q u e a p e n a s u tiliz a d a n u m s e n tid o irô n ic o . N ã o s ó p a re c e c e rto q u e h á caso s em q u e a a b n e g a ç ã o e o sa c rifíc io sã o reais e n e ce ssá rio s p a r a o b e m u n iv e rs a l, m a s m e sm o , e m tese g e ra l, é d e s u p o r q u e o ser o u o b em d o h o m e m e s tá v e rd a d e ira m e n te n o seu eu n o q u e ele p o d e a p e lid a r seu e d e le a p r o p r ia r - s e , o q u e está lo n g e d e p o d e r ser tid o p o r e v id e n te . E o q u e o m ís-

55 7 9-81. M as a a ss im ila ç ã o é e v id e n te m e n ­ te in e x a ta n a m e d id a em q u e as c o isa s o u o s seres d e s e ja d o s são c o n c e b id o s c o m o u m meio em v ista d o fim q u e n o s s o m o s , e n ã o c o m o o u tr o s m e m b ro s d e u m todo d o q u a l fa z e m o s p a r te d a m e sm a f o r m a q u e eles, o u m e sm o s u b o r d in a n d o - n o s a eles: o q u e é o a m o r n o sen tid o C . E le v o l­ t a a liá s à o p o s iç ã o d o s d o is s e n tim e n to s a tra v é s d e u m ro d e io : “ A in d a q u e as p a i­ x õ es q u e u m am b icio so p o ssa te r p ela g ló ­ r ia , o b ê b a d o p e lo v in h o , u m b r u to p o r u m a m u lh e r q u e ele q u e r v io la r, u m h o ­ m em de h o n r a p elo seu a m ig o o u p ela su a a m a n te e u m b o m pai p elo s seus filh o s se­ ja m d ife re n te s e n tre si, to d a v ia , p e lo fa ­ to de p a rtic ip a re m d o a m o r sã o sem elh an ­ t e s . ” Ibid., 82. M as a c re s c e n ta q u e u m p a i em re la ç ã o a o s seus filh o s “ r e p re s e n ­ ta n d o -s e q u e eles e ele fa z em u m to d o de que ele não é a melhor parte, p re fe re f r e ­ q u e n te m e n te o s in teresses d eles a o s seu s” e q u e “ a a fe iç ã o q u e as p e ss o a s d e h o n r a tê m p elo s seu s a m ig o s é desta natureza se b em q u e ela r a ra m e n te s e ja tã o p e rfe ita ” ; o q u e re s ta b e le c e a o p o s iç ã o . É , p o is , im p o s sív e l re d u z ir à u n id a d e

AMOR o s s e n tid o s d a p a la v r a a m o r . S e ria d e s e ­ já v e l, d e v id o à p re v e n ç ã o m o ra l f a v o r á ­ vel q u e a e la a n d a lig a d a , re s e rv á -la a o s e n tid o C ( = a q u e le q u e tr a n s p o r ta p a r a f o r a d o in d iv íd u o q u e a m a a fin a lid a d e d o seu s e n tim e n to e d a s u a a ç ã o ). C f. a b e m c o n h e c id a d e fin iç ã o d e L e i b n i z : “ A m a re e st g a u d e r e fe lic ita te a lte r iu s .” A p a la v r a desejo, q u e lh e é n itid a m e n te o p o s ta em c e rto s c aso s p e la lin g u a g e m c o rre n te , p o d e ria ser a p lic a d a em geral ao o u tr o s e n tid o ( - t e n d ê n c i a p a r a a p o sse o u fr u iç ã o c o m o u sem c o n s id e ra ç ã o d a fin a lid a d e p r ó p r ia d o q u e é d e s e ja d o ; o q u e H e l v é c i o re s u m ia n o a fo ris m o : “ A m a r é te r n e ce ssid a d e ” ). M as, p o r o u ­ tr o la d o , a p a la v ra amor p e rte n ce tã o fo rte m e n te à lin g u ag em c o rre n te , co m a m u l­ tip lic id a d e d o s seu s s e n tid o s , q u e n ã o se­ ría m o s c a p a z e s d e fa z e r a d o ta r u m a es­ p e cia liz a çã o d e ste te rm o . L im ita m o -n o s , p o is , a a s s in a la r n e le a a m b ig u id a d e e a re c la m a r e m to d o s os caso s e q u ív o c o s a u tiliz a ç ã o d e e x p re ss õ e s q u e p e r m ita m e v ita r o s o fis m a . C f. as o b s e rv a ç õ e s s o ­ b re Caridade. Rad. i n t A m .

tic o e n c o n tr a q u a n d o se p e rd e n o q u e a m a n ã o é ta lv e z este eu q u e ele tin h a a b a n d o ­ n a d o . (A. L .) Ch. Werner r e c o rd a “ a n o ç ã o p la tô n ic a d o a m o r c o m o o e n tu s ia s m o a tra v é s d o q u a l a a lm a , sen sív el à a tr a ç ã o d a B eleza p e r f e ita , te n d e p a r a a im o r ta lid a d e ” . S o b re a Crítica — P o d e r- s e -á d iz e r q u e o a m o r à c iê n c ia , à ju s tiç a , a D eu s se ja am or bene/icientiael (J . Lachelier) E s te te r m o e sc o lá stic o é, co m e fe ito , u m p o u c o e s tre ito d e m a is . C o n tu d o , se se a m a a c iê n c ia “ p e la c iê n c ia ” e n ã o p o r u m a esp écie de e g o ísm o in te le c tu a l q u e se c o m p r a z em e x e rc e r as s u a s fa c u ld a d e s , p a re c e c o r r e to q u e o o b je tiv o d a a ç ã o s e ja o bem da ciência em si m e s m a , q u e r d iz e r, o seu p r o g r e s ­ so . E a m e sm a c o isa p a r a a q u e le q u e a m a D eu s servindo-o, n ã o se rv in d o -s e dele p a r a a su a p r ó p r ia s a lv a ç ã o . (A. L .) N ã o v e jo n a d a a r e p r o v a r n a te se de D e s c a rte s . E la re s e rv a a q u e s tã o d e s a b e r se o c e n tro d e g ra v id a d e d o s iste m a f o r m a d o p o r n ó s e o o b je to a m a d o e stá em n ó s o u n esse o b je to . ( J . Lachelier ) M a s e la n ã o fa z p a s s a r d e s ta f o r m a o essen cial p a ra s e g u n d o p la n o , a o c o lo c a r, p e lo c o n tr á r io , n o p rim e iro p la n o u m a u n id a d e fa c tíc ia ?

(A. L .) “ A m o r- verdadeiro ’’ p a ra d e sig n a r o a m o r n o sen tid o C seria aceitáv el: en co n tra-se já em C a tu lo amatam vere (L X X V I); c o n tu d o desinteressado, u tiliz a d o p o r L e ib n iz . s e rá , ta lv e z, m ais c la r o . ( J . Lachelier)

A M O K IN T E L E C T U A L D E D EU S

sa

A m o r in te le ctu a l de D e u s — (E s p i n o ) S e n d o o a m o r d e fin id o c o m o “ u m a

a le g ria a c o m p a n h a d a d a id é ia de u m a c a u s a e x te r io r “ (Ética, 111» d e f. 6 ), o a m o r in te le c tu a l d e D e u s é o a m o r d e D eu s c a u sa d o p elo c o n h e c im e n to a d e q u a ­ d o d a s c o isa s, q u e n o s fa z e x p e rim e n ta r u m a a le g ria u n id a à id é ia de D e u s c o m o c a u s a d a n o ssa alegria. Ética, V, p ro p . 32, C o r o lá r io . C f. A dequado. A m o r ( P u r o ) — “ O a m o r só a D eu s, c o n s id e ra d o em si m e sm o e sem q u a lq u e r m is tu ra de m o tiv o in te re s s a d o , n e m de m e d o , n em de e s p e ra n ç a , é o p u r o a m o r o u a p e rfe ita c a r id a d e .“ F e n e l o n , M á­ xim a dos santos, c a p . I ( D id o t, II, 6).

56

O p õ e -se a o a m o r d e in te re ss e , a o a m o r de e sp e ra n ç a e m e sm o a o a m o r de p r e f e ­ rê n c ia , q u e c o n siste em a m a r a D eu s m ais d o q u e a si m e s m o , m a s q u e c o n té m a in ­ d a u m r e to r n o s o b re a v a n ta g e m desse e s ta d o . A M O R A L (d o p re fix o G . p riv a tiv o èt e de m o ra i). D . Amoralisch; E . Amoral·, F . Amoral·, I. Amorale. N e o lo g is m o d e v id o p ro v a v e lm e n te , n a F r a n ç a , a G u y a u (v er as o b serv aç õ es), m a s q u e se e s p a lh o u r a p id a m e n te d e sd e e n tã o , s o b r e tu d o n o s ú ltim o s a n o s . N ã o su scetível de q u a lific a ç ã o n o r m a ­ tiv a* d o p o n to d e v ista d o b e m e d o m a l; e s tr a n h o à c a te g o ria d e m o ra lid a d e .

S o b re A m o ra l — A rtig o c o m p le ta d o s e g u n d o as in d ic a ç õ e s fo r n e c id a s p o r Nabert, q u e n o s c o m u n ic a os te x to s seg u in tes: “ A u s ê n c ia d e fim , amoralidade c o m p le ­ ta d a n a tu re z a , n e u tra lid a d e d o m e c a n is m o in f i n ito ...” G Z à τ Z , Esquisse d'une meraie sans obligation ni sanction, 1? e d . (1855), p . 102. “ A s leis d a n a tu r e z a ... sã o im o rais o u , se se q u iser, a-morais p re c isa m e n te p o rq u e s ã o n e c e s sá ria s.” Ibid., p . 144. O Dicionário d e M u r r a y c ita um ex em p lo de amoral em 1882 (S t e v e n s o n ), m a s n o ta - o c o m o u m te rm o o c a s io n a l (a nonce-word ). N ã o o e n c o n tr a m o s n e m n o D i­ c io n á rio d e B a l d w i n (1901) n e m n a p rim e ir a e d iç ã o d o d e E isle r (1 8 9 9 ). F ig u r a n a te rc e ir a (1910). E ste te rm o te m o d e fe ito d e s e r h íb r id o . (J. Lachelier) Se d ig o : a m o ra l d is tin g u e o m o r a l d o a m o r a l, h á a í c o is a p io r d o q u e u m a a m b ig ü id a d e . O a p riv a tiv o , e em g e ra l o h e le n ísm o lin g u ís tic o , é u m p ro c e d im e n to p r e ­ g u iç o so , fe c u n d o em c a c o fo n ia s o u em e q u ív o c o s . (V. Egger) A re d a ç ã o d a Crítica é n o v a : fo i fe ita d e p o is d a d is c u s s ã o q u e o c o r r e u n a sessã o de 3 de m a io d e 1923. O te x to p rim itiv o d o a rtig o c o n tin h a u m m e m b ro d e fra s e o b sc u ro so b re a u tiliz a çã o d e sta p a la v ra “ p o r e u fe m ism o ” ; d e u lu g a r a m a l-e n te n d id o s q u e e s p e ra m o s e v ita r a tra v é s d e sta s e x p lic a ç õ e s m a is d e s e n v o lv id a s. Brunschvicg e Leroux, em p a r tic u la r , in s is tira m p a r a q u e se m a n tiv e ss e o s e n tid o filo s ó fic o n a s u a p u r e z a . “ O im o ra l" , d iz B2 Z Çè T7 â « T; , “ v a i c o n tr a a m o r a l, c o m u m a c o n sc iê n c ia m a is o u m e n o s c la ra d o q u e fa z ; o amoral n ã o te m s e q u e r c o n sc iê n c ia d a e x p e riê n c ia d e ju íz o s m o r a is .” “ U m ser am oral ” , e sc re v e L E 2 ÃZ 7 , “ n ã o é s im p le sm e n te a q u e ­ le q u e in frin g e a s re g ra s m o ra is , m a s a q u e le q u e n ã o p re s ta n e n h u m a im p o r tâ n c ia a e s ta in f r a ç ã o , a q u e le q u e c o n te s ta o u ig n o r a o v a lo r d o im p e ra tiv o é tic o . N o am o­ ral n ã o e x istirá e ste c o n flito e n tr e a c o n sc iê n c ia e a c o n d u ta q u e a n o ç ã o d e im o r a li­ d a d e p a re c e c o m p o r t a r .“ N a d a d e m a is j u s to n o q u e se re fe re a o amoral , m as ta lv e z s e ja , in v e rs a m e n te , lim ita r d e m a n e ira d e m a s ia d o e s tr e ita o s e n tid o d a p a la v r a im o­ ral: a o la d o de u m imoralismo te ó r ic o d e u m N ie tz s c h e , q u e te m p le n a c o n sc iê n c ia d o q u e é a m o ra l e q u e re a g e c o n tr a e la , e x iste u m a imoralidade p r á tic a q u e a f r a q u e ­ za o u a p e rv e rs ã o d a c o n sc iê n c ia e x p lic a m sem a s u p r im ir . A liá s, as p a la v ra s imoral e imoralidade a p lic a m -se fa c ilm e n te a o s p r ó p r io s a to s , à c o n d u ta in d e p e n d e n te m e n ­ te de tu d o o q u e se p o ssa s ab e r so b re a co n sciên cia o u a in co n sciên cia d o ag en te. (A. L.)

57

A M O R -P R Ó P R IO C f . Imoral.

CRÍTICA O su ce sso d e s te te r m o , a p rin c íp io Fi­ lo s ó fic o , fo i tã o g e ra l q u e e n tr o u n a lin ­ g u ag em c o rre n te d o s m eio s c u lto s. É m es­ m o u tiliz a d o a lg u m a s v ezes n a c o n v e rs a ­ ç ã o c o m o u m a esp é c ie d e e u fe m ism o p a ­ r a f a la r d o s c a ra c te re s q u e m e re c ia m ser c h a m a d o s p ro p ria m e n te im o ra is , m a s d o s q u a is se q u e r fa z e r e n te n d e r q u e tê m ta l­ vez q u a lq u e r d e s c u lp a n a s u a in d if e re n ­ ç a n a tu r a l à s id é ia s d o b e m e d o m a l o u n o d e s e n v o lv im e n to in c o m p le to d a s u a c o n sc iê n c ia m o r a l. E s te s e n tid o f r o u x o e u m p o u c o e q u ív o c o n ã o d e v e s e r a d m iti­ d o n a lin g u a g e m filo s ó fic a c o r r e ta . V er as o b s e rv a ç õ e s . Rad. i n t N e -e tik a l; no sentido pejo­ rativo: s e n -e tik .

fato e n ã o ju ízos de valor nega por isso m esm o a m oral é propriam ente o amoralism o.” F o u i l l é , observações sobre o artigo Imoralismo, m ais adiante, B. A u s ê n c ia d e m o ra lid a d e (n u m in ­ d iv íd u o ). Rad. int.: A . A m o ra lis m ; B , Sen e ttk e s. A M O R -P R Ó P R IO D . Eigenliebe (n o s d o is s e n tid o s ); E . Self-love (n o s e n tid o A ); B . S em e q u iv a le n te e x a to . (V er as o b ­ s e rv a ç õ e s); F . A m our-propre ; I. A m o r

proprio. A . A m o r d e si m e s m o , e g o ísm o n o s e n tid o B ( a n tiq u a d o ) . “ O a m o r d a p á ­ tr i a é u m v e rd a d e ir o a m o r - p r ó p r io .” S a i n t -E v r e m o n d , I I , 399.

B , O r d in a r ia m e n te : s e n tim e n to c o m ­ p le x o d e o r g u lh o p e s s o a l, c o n f in a n d o , p o r u m la d o , c o m o d e s e jo d e b e m a g ir A M O R A L I S M O S em e q u iv a le n te s n a q u ilo q u e p o d e ser a p re c ia d o p e lo s o u ­ n o u tr a s lín g u a s , a lé m d o F . Am oralism e tr o s e , p o r o u tr o la d o , c o m u m a s u sc e ti­ (?). b ilid a d e v o lta d a p a r a esta a p re c ia ç ã o . “ O A. D o u trin a seg u n d o a q u a l n ã o existea m o r - p r ó p r io d o s a u to r e s p r o f is s io ­ m o r a l a n ã o ser a títu lo d e c re n ç a , sem n a i s . . . ” D u c l o s , Considerations sur les f u n d a m e n to o b je tiv o e u n iv e rs a l. “ A moeurs, c a p . X II. Rad. int.: P r o p r - a m . d o u tr in a q u e a p e n a s a d m itin d o ju íz o s d e

S o b re A m o ra lis m o — A s e d iç õ e s p re c e d e n te s c o n tin h a m n e ste a rtig o u m a c ita ­ ç ã o d e F o n s e g riv e c h a m a n d o de “ a m o r a lis m o ” a d o u tr in a d e T a in e s e g u n d o a q u a l “ o v íc io e a v irtu d e sã o p r o d u to s c o m o o a ç ú c a r e o v itr io lo ” . J u lg a m o s p re fe rív e l s u p rim i-la d e v id o à o b s e r v a ç ã o s e g u in te , q u e tin h a s id o a liá s p u b lic a d a a o m e sm o te m p o p a r a c o lo c a r as c o isa s n o lu g a r: “ O te x to d e F o n s e g riv e r e p o u s a s o b re u m a in te r p r e ta ç ã o fa ls a d a f ó r m u la d e T a in e . O p ró p r io T a in e e x p lic o u -se c o m n itid e z s o b re e ste p o n to n u m a c a r ta q u e a s u a Correspondência r e p r o d u z , Correspondance, t. I I I , p p . 2 1 4-215: ‘D iz e r q u e o v íc io e a v irtu d e s ã o p r o d u to s c o m o o v itrio lo e o a ç ú c a r n ã o q u e r d iz e r q u e eles s e ja m p r o d u to s q u ím ic o s ... s ã o p r o d u to s m o ra is q u e o s e le m e n to s m o ra is c ria m a tra v é s d a s u a a s s o c ia ç ã o ... U m a vez fe ita a a n á lise , n ã o se c h e g a à in d if e re n ç a , n ã o se d e s c u lp a u m c e le ra d o p o r q u e se e x p lic o u a s u a p e rv e r­ s i d a d e ...’ . ” N a s u a Filosofia da arte, T a in e d e fe n d e , de m a n e ira m a is g e ra l a in d a q u e n o e s tu d o d a n a tu r e z a , q u e o p o n to d e v is ta m o r a l é t ã o le g ítim o q u a n to o d a c iên c ia e q u e , d e ste p o n to d e v is ta , se d e v em c la s s ific a r as c a ra c te rís tic a s d o s seres n u m a o rd e m d ife re n te d a s u a o r d e m d e im p o r tâ n c ia c ie n tífic a . C f . t . I I , p . 328 e p p . 364-365. (R. Berthelot) S o b r e A m o r - p r ó p r io — E m in g lês n ã o e x iste u m a p a la v r a q u e c o r r e s p o n d a ex ata m e n te a o s e n tid o B , conceit, self-conceit a s s in a la m s o b r e tu d o o c o n te n ta m e n to d e si m e sm o e a p ro x im a m -s e m a is d e vaidade d o q u e d e amor-próprio. E m c e rto s c aso s

A M P L IF IC A N T E (In d u çã o ) A M P L IF IC A N T E (In d u çã o ) A q u e ­ la q u e e ste n d e a f ó r m u la g e ra l e x tra íd a d e u m c e rto n ú m e ro d e fa to s p a ra f a ­ to s a in d a d e sc o n h e cid o s o u fu tu ro s . C h a ­

58 m a -se ta m b é m indução baconiam e é o p o s ta à indução aristotélica o u , m ais g e ra lm e n te , à indução completa, q u e n ã o u ltr a p a s s a o g ra u d e g e n e ra lid a d e q u e

d e v er-se -ia u tiliz a r seif-respecí, pride, vanity e ta m b é m p a r a u m c e rto a sp e c to d e s ta id é ia sensitiveness. S e rv im o -n o s f r e q u e n te m e n te em in glês d o te rm o fra n c ê s , (Th. de

Laguna) E. Leroux o b serv o u q u e se e n c o n tra em J e a n -J a c q u e s R o u sseau u m a d istin ç ão m u ito p re c is a e n tre amor-próprio e am or de si: o s e g u n d o é “ u m s e n tim e n to n a tu r a l q u e lev a to d o a n im a l a v e la r p e la s u a p r ó p r ia c o n s e rv a ç ã o e, d irig id a n o h o m e m p e la r a ­ z ã o e m o d if ic a d a p e la p ie d a d e , p r o d u z a h u m a n id a d e e a v irtu d e . O a m o r - p r ó p r io é a p e n a s u m s e n tim e n to r e la tiv o , a rtific ia l e n a s c id o n a s o c ie d a d e q u e leva c a d a in d i­ v íd u o a fa z e r m a is c aso d e si d o q u e d o s o u tr o s , q u e in s p ira a o s h o m e n s to d o s os m a ­ les q u e eles se fa z e m m u tu a m e n te e é a v e r d a d e ir a fo n te d a h o n r a ” , Discurso sobre a desigualdade, n o ta 0, N o c o r p o d o Discurso, 1? p a r te , ele u tiliz a amor-próprio n o s e n tid o de e g o ísm o re f le tid o , f u n d a d o em ra z õ e s . H õ f f d in g (Rousseau und sein Philosophie, p . 107) re m e te -n o s , n o â m b ito d e s ta d is tin ç ã o , p a r a V a u v e n a r g u e s , iníroduction à ¡a connaissance de l ’esprit humain, q u e tin h a a p a r e c id o o ito a n o s a n te s (em 1746). E is a p a ss a g e m de V a u v e n a rg u e s : o f a to de se m o r r e r p e la g ló r ia “ ju s tif ic a a d is tin ç ã o q u e a lg u n s e sc rito re s s a b ia m e n te fiz e ra m e n tre o amor-próprio e o am or de nós m esm os... C o m o a m o r d e n ó s m e s­ m o s , d izem eles, p o d e m o s p r o c u r a r f o r a d e n ó s a n o s s a fe lic id a d e ; p o d e -s e a m a r a si m e sm o f o r a de si m a is d o q u e a s u a p r ó p r ia e x iste n c ia (sic ); n ã o s o m o s d e m a n e ira n e n h u m a p a r a n ó s m e sm o s o n o s so ú n ic o o b je to . O a m o r - p r ó p r io , p e lo c o n tr á r io , s u b o r d in a tu d o às su as c o m o d id a d e s e a o seu b e m -e s ta r: ele é p a r a si m e sm o o seu ú n ic o o b je to e o seu ú n ic o f im ... O a m o r - p r ó p r io q u e r q u e as c o isa s se d é em a n o s e fa z -se c e n tr o d e tu d o . N a d a c a r a c te r iz a , p o is , tã o b e m o a m o r - p r ó p r io c o m o a c o m ­ p la c ê n c ia q u e te m o s em n ó s m e sm o s e a s c o isa s d e q u e n o s a p r o p r ia m o s ” . Introduction à la connaissance de Vesprit humain, liv ro I I , c a p . X X IV . H õ f f d in g p e n s a q u e V a u v e n a rg u e s se in s p iro u ta lv e z n e s ta p a s s a g e m d e S h a fte s b u ry , o u “ d o s C a r te s ia ­ n o s ” . M as n a I n tr o d u ç ã o d e R o u s t a n à s u a e d iç ã o d o Tratado acerca do am or de Deus, d e M a l e b r a n c h e , e n c o n tr a - s e a in d ic a ç ã o s e g u in te : “ M a le b ra n c h e lo u v o u o te ó lo g o p r o te s ta n te A b b a d ie ... p o r te r d is tin g u id o amor-próprio e am or de nós mes­ m os, s e n d o o p rim e ir o a fo n te d e to d o s o s n o s s o s d e s r e g ra m e n to s e, o s e g u n d o , p e lo c o n tr a r io , n a tu r a l e le g ítim o , e p rin c ip io d e to d o s o s n o s so s e s fo rç o s p a r a c u m p rir o d e v e r .” Introd., p . 52. A p a s s a g e m d e M a le b ra n c h e e n c o n tr a - s e n o m e s m o v o lu m e , p p . 132 s s., n a Primeira carta ao R . P. L am y. E s ta d is tin ç ã o lo n g a m e n te d e se n v o lv i­ d a p o r ele e s tá e m e s tr e ita re la ç ã o c o m a q u e s tã o d o puro amor. (A. L .) L . Boisse c o m u n ic o u -n o s ta m b é m o te x to seg u in te: “ Q u a n d o o céleb re La Rochefoucauld d iz q u e o a m o r-p r ó p rio é o p rin c ip io de to d a s as n o ssa s a ç õ e s, q u a n ta g e n te a ig n o ra n c ia d o v e rd a d e iro se n tid o d a e x p re ssã o amor-próprio n ã o in c ita rá c o n tr a este ilu stre a u to r? E n te n d e -se a m o r-p r ó p rio c o m o o rg u lh o e v a id a d e e assim se im a g in a q u e L a R o c h e fo u c a u ld c o lo c a v a n o vício a fo n te d e to d a s a s v irtu d e s. E r a , c o n tu d o , fácil d e p e rc e b e r q u e o a m o r-p r ó p rio o u a m o r d e si e ra a p e n a s u m s e n tim e n to g ra v a d o em n ó s p e la n a tu re z a , q u e e ste s e n tim e n to se tr a n s f o r m a v a em c a d a h o m e m em vicio ou e m v irtu d e , d e a c o rd o c o m os g o sto s e a s p aix õ es q u e o a n im a m , e q u e o a m o r-p r ó p rio d ife re n te m e n te m o d ific a d o p ro d u z ia ig u a lm e n te o o rg u lh o e a m o d é s tia .” H e l v é c i o , Do espirito, Discursos, c a p . IV : “ D o a b u so d a s p a la v ra s ” . E d . L av ig n e, 1843, p p . 20-21.

59

A N A G O G IC O

p e rte n c e à s o m a d o s d a d o s . V er Indu­

ção. R ad . int.: A m p lig a n t. A M P L O S (D ev eres) D . fVeite Pflichten (d u v id o s o ); E . Loose duties; F . Lar­ ges devoirs. (V er a s o b s e rv a ç õ e s .) C h a m a -s e a ssim a o s d ev eres c u jo c u m p rim e n to n ã o c o m p o r ta u m a d e te r­ m in a d a m e d id a , o u c u jo c a m p o d e a p li­ c a ç ã o fic a e n tre g u e à n o s s a liv re e sc o lh a , ta is c o m o a b o n d a d e o u o d e v o ta m e n to . O p õ e m -s e a o s deveres estritos (o s d a j u s ­ tiç a ), d o s q u a is se p o d e d iz e r e x a ta m e n te a q u ilo q u e p re sc re v e m o u p ro íb e m e c o m re la ç ã o a q u e p e ss o a s d e v em ser c u m ­ p rid o s .

CRÍTICA E s te te rm o d e u f r e q ü e n te m e n te lu g a r a c rític a s (p o d e rá ex istir a lg u m a o b rig a ­ ç ã o q u e s e ja a o m e sm o te m p o in d e te rm i­ n a d a n o seu quantum ?) e a c o n fu s õ e s (amplo s e n d o to m a d o n o s e n tid o d e f a ­

cultativo). N ã o m e p a re c e ser o p o r tu n o p r o p o r u m ra d ic a l in te rn a c io n a l p a ra e sta ex p re s­ s ã o , q u e seria p re fe rív e l q u e fo s se s u b s ti­ tu íd a p o r u m a f o r m a m a is p re c isa . A M U S IA D . A m u sia ; E . A m usia ; F . A m u sie ; I. Am usia.

T e rm o q u e r e p re s e n ta o q u e p a r a a lin g u ag em m u sical c o rre sp o n d e à a fa s ia 4'. A musías m otrizes , in c a p a c id a d e d e c a n ta r , d e a s s o b ia r , d e to c a r u m in s tr u ­ m e n to (n e ste c a so d iz-se a lg u m a s vezes amusia instrumental). C o rre s p o n d e m à a g ra fía * . A musías senso riais: s u rd e z m u sic a l, c e g u e ira m u s ic a l (p e rd a d o p o d e r d e r e ­ c o n h e c e r, d e c o m p re e n d e r as can çõ es o u ­ v id a s o u d e ler a m ú s ic a e sc rita ). Rad. int.: A m u si. A N A G Ó G IC O G . 'A v a y u y tx ó s . A . S e n tid o a n a g ó g ic o (D . Erhebende Erklärung ; E . Anagogic Interpretation ; F. Sens anagogique ; I. Senso anagogico). A q u e le d o s q u a tr o s e n tid o s d a s E s c r itu ­ ra s q u e é c o n s id e ra d o o m a is p r o f u n d o e c o n sis te n u m s ím b o lo d a s c o isa s q u e c o n s titu e m o m u n d o d iv in o . “ A n a g o g ic u s sen su s d ic itu r q u i a v isib ilib u s te n d it a d in v isib ilia, u t lux p rim o d ie f a c ta ... n a tu r a m an g elicam s ig n ific a i.” H u g o d e S. V í t o r e m A u b e r , Symbolisme religieux, I I , 53. V er Alegoria. B . U tiliz a d o p o r L e i b n i z c o m o a d je ­ tiv o d a p a la v r a I n d u ç ã o (’A í/avo^T j): “ Tentamen anagogicum , E n s a io a n a g ó ­ g ico n a p r o c u r a d a s c a u s a s .” M as, a liá s , seg u n d o a s u a u tiliz a ç ã o , ele liga este sen-

S o b re D ev eres a m p lo s — Weite Pffichten n ã o é u s u a l e m a le m ã o . (F . Tõnnies) A e x p re ss ã o doveri larghi n ã o é u s a d a n a lin g u a g e m filo s ó fic a ita lia n a ; n a lin g u a g e m c o r r e n te , a e x p re s s ã o o p o s ta , doveri streiti, é f r e q ü e n te p a r a d e s ig n a r o s d ev eres em re la ç ã o a o s q u a is o in d iv íd u o n ã o p o d e a b s o lu ta m e n te s u b tra ir-s e . A d is tin ç ã o e n tre d e v e re s negativos, o u de ju s tiç a , e o s d e v e re s positivos, o u d e b o n d a d e , é, p elo c o n ­ t r á r io , d e u so té c n ic o . P a re c e -m e e q u iv a le r à q u e la d o s d e v e re s e s tr ito s e a m p lo s , m a s c o m m ais p re c is ã o . (C . Ranzoli) E x iste m m u ito p o u c a s o b rig a ç õ e s r ig o r o s a m e n te d e te r m in a d a s , m e sm o q u a n to a o quod: fo r a d o s d ev eres negativos (n ã o r o u b a r , n ã o m e n tir) q u a s e n ã o ex istem b o a s a ç õ e s a p r a tic a r e em re la ç ã o à s q u a is e s ta m o s m a is o u m e n o s o b rig a d o s s e g u n d o as c irc u n s tâ n c ia s . (J. LacheUer) A d is tin ç ã o e n tre o s d e v eres d e ju s tiç a e d e c a r id a d e p a re c e -m e b a s ta r a m p la m e n ­ te . (F . M entré ) P a re c e m e sm o s u p e r io r à q u e la e n tre o s d e v eres p o sitiv o s e n e g a tiv o s: p o r q u e r e p a r a r o m a l q u e se fez, p o r e x e m p lo , é u m d e v e r d e ju s tiç a , e s tr ito , e, c o n ­ tu d o , n ã o c o n s is te n u m a sim p le s a b s te n ç ã o . (A. L .) S o b re A m u sia — A rtig o a c resce n ta d o seg u n d o as in d icaçõ es fo rn ec id a s p o r Piéron.

A N A L G E S IA tid o a o p re c e d e n te : " O q u e c o n d u z à s u ­ p r e m a c a u s a ” , d iz ele n o p rin c íp io , “ é c h a m a d o a n a g ó g ic o q u e r n o s filó s o fo s , q u e r n o s te ó lo g o s ...” Ibid., ed . G e rh a rd t, V III , 270. A N A L G E S IA (G . à , aX-yos). D . Analgesie, Anatgie; E . Analgesia, A nal­ gia; F . Analgesie, Analgie; I. Analgesia, Analgia. In s e n s ib ilid a d e p a r tic u la r o u to ta l à d o r , c o e x iste n te co m a c o n s e rv a ç ã o d as o u tr a s o u d e a lg u m a s d a s o u tr a s s e n s a ­ ç õ es. V er Anestesia. Algestesia é u tiliz a d a p o r a lg u n s a u ­ to re s p a r a d e s ig n a r a s e n s ib ilid a d e à d o r (RlCHET, I, 4 7 9 , e tc .). Rad. int.: A n a lg e s ia . A N Á L IS E (G . ’A m X ixJis = 1? re s o lu ­ ç ã o , s o lu ç ã o re g re ssiv a ; 2? d e c o m p o s i­ ç ã o ). D . Analyse; E . Analysis; F . A naly­ se; I. Analisi. O p õ e -se a S ín tese* . 1? S en tid o s q u e se lig am à id éia d e de­

composição; A . D e c o m p o s iç ã o de u m to d o n as su as p a rte s, q u e r m a te ria lm e n te : “ A a n á ­ lise q u ím ic a ” ; q u e r id e a lm e n te : “ A d e f i­ n iç ã o é a a n á lise de u m c o n c e ito .” B . P o r c o n se q ü ê n cia , to d o m é to d o o u e s tu d o q u e c o m p o r ta u m e x a m e d is c u r­ siv o , m e sm o se ele d e se m b o c a n o seu to ­

60

d o n u m a s ín te se n o s e n tid o C . “ A a n á li­ se d e u m te x to ” — e ste s e n tid o , q u e e n ­ v o lv e d e c o m p o s iç ã o e re c o m p o s iç ã o , é o d e C o n d i l l a c , p a r a q u e m a a n á lise o u m é to d o a n a lític o c o n siste “ em o b s e r v a r n u m a o rd e m su ce ssiv a as q u a lid a d e s d e u m o b je to c o m o fim d e lh es d a r n o e sp í­ rito a o rd e m sim u ltâ n e a n a q u a l elas exis­ te m ” . Lógica, 1? p a r te , c a p . II, § 6. “ E s ­ t a a n á lise (a d o p e n s a m e n to ) n ã o se fa z d e m a n e ira d ife re n te d a d o s o b je to s ex ­ te rio re s . D e c o m p õ e -s e d a m e sm a f o r m a ; r e tra ç a m - s e a s p a rte s d o seu p e n s a m e n to n u m a o rd e m su ce ssiv a p a r a as re s ta b e le ­ c e r n u m a o rd e m s im u ltâ n e a ; faz-se e s ta c o m p o siç ã o e e sta d e c o m p o s iç ã o d e a c o r­ d o co m a s re la ç õ e s q u e ex istem e n tre as c o is a s .” Ib id ., § 7 . C. M a is e s p e c ia lm e n te , p a r a T a i n e , m a s n u m s e n tid o p r ó x im o , “ a n a lis a r é tr a d u z ir e tr a d u z ir é p e rc e b e r s o b os sig ­ n o s f a to s d is tin to s ... P a r a s a b e r o q u e é u m a natureza to m a -s e u m a n im a l, u m a p la n ta , u m m in e ra l c u ja s p ro p rie d a d e s se n o te m e v e r-s e -á q u e a p a la v r a natureza a p a re c e n o m o m e n to em q u e se te n h a fei­ to a s o m a d o s f a to s im p o r ta n te s e d is tin ­ tiv o s ... T a n to n a s c iên c ia s m o ra is c o m o n a s ciên c ia s fís ic a s , o p ro g re s s o c o n siste n a u tiliz a ç ã o d a a n á lise e to d o o e sfo rç o d a a n á lise é o d e m u ltip lic a r o s fa to s q u e u m n o m e d e s ig n a ” . Filósofos clássicos, c a p . X I I I . C o m p o r ta d u a s e ta p a s : “ tra -

S o b re A n á lise — P a re c e -n o s ú til p a r a m a io r c la re z a p ô r a q u i in extenso a p a s s a ­ gem d e D u h a m e l de q u e o te x to c ita d o n o § D é a c o n c lu s ã o : “ Q u a n d o se tiv e r q u e e n c o n tr a r a d e m o n s tr a ç ã o d e u m a p r o p o s iç ã o e n u n c ia d a , p ro c u ra r-s e -á p rim e iro s a ­ b e r se e la se p o d e d e d u z ir c o m o c o n s e q ü ê n c ia n e c e s s á ria d e p ro p o s iç õ e s a c e ita s, caso e m q u e e la p r ó p r ia d e v e rá ser a c e ita e s e rá p o r c o n s e q ü ê n c ia d e m o n s tr a d a . Se n ã o se p e rc e b e r d e q u a is p ro p o s iç õ e s c o n h e c id a s ela p o d e r ia ser d e d u z id a , p ro c u ra r-s e -á s a b e r d e q u a l p r o p o s iç ã o n ã o a c e ita e la o p o d e r ia s e r e , e n tã o , a q u e s tã o se rá r e d u z i­ d a a d e m o n s tr a r a v e rd a d e d e s ta ú ltim a . Se e s ta se p o d e d e d u z ir d e p ro p o s iç õ e s a c e i­ ta s , s e rá re c o n h e c id a c o m o v e rd a d e ir a e, p o r c o n s e q ü ê n c ia , s e rá p r o p o s ta ; c a so c o n ­ tr á r io , p r o c u ra r-s e -á d e q u a l p ro p o s iç ã o a in d a n ã o a c e ita e la p o d e r á ser d e d u z id a , e a q u e s tã o se rá r e d u z id a a d e m o n s tr a r a v e rd a d e d e s ta ú ltim a . C o n tin u a r-s e - á a ssim a té q u e se c h e g u e a u m a p r o p o s iç ã o r e c o n h e c id a com o v e rd a d e ir a e, e n tã o , a v e rd a ­ d e d e s ta p ro p o s iç ã o s e rá d e m o n s tr a d a . “ V ê-se p o is q u e este m é to d o , q u e se c h a m a análise, c o n sis te em e sta b e le c e r u m a c a d e ia d e p ro p o s iç õ e s , e t c .”

A N Á L IS E

61

d u ç ã o e x a ta , tr a d u ç ã o c o m p le ta ” (q u e é u m lim ite d o q u a l a p e n a s n o s p o d e m o s a p ro x im a r g ra d u a lm e n te ). (I b i d s u b f in e )

2? S e n tid o s q u e se lig am à id éia de re­ solução: D . ‘‘A a n álise c o n siste em estab elecer u m a cad eia de p ro p o siçõ es c o m e ç a n d o n a q u e q u e re m o s d e m o n stra r e a c a b a n d o n u ­ m a p ro p o s iç ã o c o n h e c id a , p ro p o s iç õ e s ta is q u e p a rtin d o d a p rim e ir a 1 c a d a u m a delas seja u m a c o n seq ü ên cia n ecessária d a q u e lh e su ced e; de o n d e re s u lta q u e a p r i­ m e ira é u m a c o n se q u ê n c ia d a ú ltim a e, p o r c o n se g u in te , v e rd a d e ira c o m o e l a .” D u h a m e l , D es m é th o d e s d a n s les Scien­ ces d e r a is o n n e m e n t , I, 4 1 . À a n á lise a ssim e n te n d id a o p õ e -se a sín tese* n o s s e n tid o s A e B. E m re la ç ã o à o rd e m d o e n c a d e a m e n to d a s p r o p o s i­ çõ es, d a p re m issa à c o n s e q ü ê n c ia , a s ín ­ te se c h a m a -s e p r o g r e s s ã o e a a n á lise, r e ­ g ressã o . A an álise n este se n tid o é c h a m a d a p o r Vié t

e

porística*.

E . M é to d o d e d e m o n s tra ç ã o q u e c o n ­ siste em s u p o r re s o lv id o o p r o b le m a . É

I. Q uer dizer, d a que se pretende dem onstrar.

o que V «è

c h a m a a n á lise zetética * , o u porístico-zetética (v e r P . T a n n e r y , A p ên d ice 11 às Notions de mathematiques d e J . T a n n e ry ) e é p ro v a v e lm e n te a q u ilo q u e D e sc artes v isa q u a n d o fa la d a “ A n á ­ lise d o s a n tig o s ” , d is tin g u in d o -a d a “ Á l­ g e b ra d o s m o d e r n o s ” . M étodo , II, 6. C f. D u h a m e l , D e s m é th o d e s d a n s tes Sciences d e r a is o n n e m e n t , I, c a p . V , X e X I, o n d e ele o p õ e a a n á lise d o s a n t i ­ g o s, d e fin id a e ss e n c ia lm e n te p o r e sta c a ­ ra c te rístic a , à a n álise n o sen tid o D ta l c o ­ m o ele p ró p r io a e x p õ e. I E

F . N o s e n tid o g e ra l, sin ô n im o d e Á l­ g e b ra , n a m e d id a em q u e o m é to d o a lg é ­ b ric o c o n siste em s u p o r o p ro b le m a re ­ s o lv id o p a ra d e d u z ir d a í a s c o n d içõ e s d a s o lu ç ã o , q u e r d iz e r, r e m o n ta r d a c o n s e ­ q ü ên cia p ro c u ra d a (d esco n h ecid a) p a ra as su as p re m is sa s (c o n h e c id a s). E s te s e n tid o c o rre n te n o sécu lo X V II h o je e stá c a íd o e m d e su s o . G . E s p e c ia lm e n te , h o je em d ia , o c á l­ c u lo in fin itesim al p o r o p o s iç ã o à Á lg eb ra e le m e n ta r. É u m a a b re v ia tu r a d a lo cu ção “ A n á lise in fin ite s im a l” o u “Análise do infinitam ente pequeno ” ( L ’ H o s p i t a l , 1965), q u e s ig n ific a v a e m v irtu d e d e F . “ Á lg e b ra in fin ite s im a l” . Rad. int.: A . A n a liz ; D . A n a litik .

K a n t to m a a s p a la v ra s análise e analítico em d o is se n tid o s: 10 n o s e n tid o ló g ico d e d e c o m p o s iç ã o d o s c o n c e ito s , c a so e m q u e elas se o p õ e m a síntese e a sintético; 2? n o s e n tid o ra c io n a l e m q u e elas d e sig n a m a p r o c u r a d a s c o n d iç õ e s a priori d a ex ­

p e riê n c ia : a a n á lis e d o c o n h e c im e n to , a “ a n a lític a tra n s c e n d e n ta l” . N e ste s e n tid o , c o m o K a n t p r o c u r a e sta s c o n d iç õ e s a tra v é s d e u m m é to d o re g re ssiv o , a a n á lise k a n ­ tia n a a p ro x im a -s e d o m é to d o d e P a p p u s . A u tiliz a ç ã o d e K a n t d a s p a la v r a s análise o u analítica , n e ste c a s o , e x p lica-se p e lo f a to d e ele p re te n d e r a p lic a r a o c o n h e c im e n ­ to d o re a l a s p r ó p r ia s f o r m a s d a ló g ic a . (F. Rauh) S o b re o s d ife re n te s se n tid o s d a s p a la v r a s análise e síntese n o s g e ô m e tra s a n tig o s , v er P a u l T a n n e r y , A p ê n d ic e II às N otions de m athem atiques d e J u le s T a n n e r y . A í ele d is tin g u e : a a n á lis e -o p e ra ç ã o ( - d e c o m p o s i ç ã o ) a a n á lis e -m é to d o V er tam b ém P ie rre B Ã Z

I

2 ÃZ 7

p o rís tic a z e té tic a

, L ’idealscientifique des mathématiciens, p p . 123 ss.

A N A L ÍT IC A A n álise reflex iv a — V er Reflexivo. 1. A N A L ÍT IC A (O ) (su b st.) D . Analy­ tik-, E . Analytic ; F . Analytique; I. A na­ lítica.

A . Q u a n d o se fala d e A r i s t ó t e l e s , si­ n ó n im o d e ló g ica fo rm a i. O s Primeiros Analíticos e o s Segundos Analíticos (’A m X u T ix á w Q Ó T eQ a , v o r e Q o i) sã o o s li­ v ro s q u e c o n stitu e m a te rc e ira p a r te d o

Organon. B . P a r a K a n t a a n a lític a é o e s tu d o d a s fo rm a s d o e n te n d im e n to e, p o r co n seq ü ên cia, a analítica transcendental é a ciên­ c ia d a s fo r m a s a priori d o e n te n d im e n to p u ro . (V er Dialética e Transcendental.) E la co n siste em a n a lis a r a fa c u ld a d e d e c o n h e ­ cer p a r a d e sc o b rir o s c o n ce ito s e os p r in ­ cip io s a priori sem os q u a is o c o n h e c im e n ­ to (a ex p eriên cia) n ã o s e ria p o ssív el. 2 . A N A L ÍT IC O (a d j .) D . Analytisch; E . Analytic; F . Analytique. I. Analítico. S e n tid o g e ra l: q u e p ro c e d e p o r a n álise o u q u e c o n stitu i u m a an álise . E sp ecialm en te: LÓG. K a n t c h a m a a n a lític o a u m j u í ­ zo (a trib u tiv o ) n o q u a l o p re d ic a d o está c o n tid o n o su jeito : “ E n tw e d e r d as P ra d ic a t B g e h ö re t d em S u b je k t A als etw as w as in diesem B eg riffe A v e rstec k te r W eise en ­ th a lte n ist; o d e r B liegt g an z ausser d em Be­ g r if f A , o b es zw ar m it dem selb en in V erk ­ n ü p fu n g steh t. Im ersten F all n en n e ich d a s U rth e il a n a ly tis c h , im a n d e r n s y n te ­ tis c h .” 1 K a n t , K rit. d e r re in e n V e rn ., In t r o d ., § IV . P a r a a c rític a d e s ta d istin ç ã o v er P a u l T a n n e r Y, Sur la distinction des jugem ents analytiques et synthétiques , B ull, d a so c. d e filo s ., sessão d e m a rç o d e 1903. “ M é to d o a n a lític o ” é u tiliz a d o p o r H AM ELIN p a r a d e sig n a r o c o n ju n to de

1. “ O u o predicado B pertence ao sujeito A com o algo que está já contido de um a m aneira escondida no conceito; ou B está, de fato, fora do conceito A , ainda que se encontre, contudo, em ligação com ele. N o pri­ meiro caso, chamo-lhe juízo analítico, no outro, sinté­ tico.”

62

p ro ced im en to s lógicos q u e “ é o u parece ser em q u a s e to d a p a rte seg u id o p elo p e n s a ­ m en to c o m u m ” ; ju ízo , in d u ç ão , silogism o. E le o o p õ e ao “ m é to d o sin tético ” q u e p ro ­ g rid e a tra v é s d e tese, a n títe se e sín tese. Es

sai sur les élements principaux de la repre sentation, 1 , 1, A : “ O m é to d o a n a lític o .” V er Síntese e Sintético , tex to e observações. M τ . Geometria analítica. G e o m e tria I

q u e tra d u z as figuras e as p ro p ried ad es geo­ m é tric a s p o r m e io d a a n á lise F , q u e r d izer d a Á lg e b ra , e x p rim in d o c a d a p o n to de u m a fíg u ra pelas suas c o o rd e n ad a s41. O p õ ese à g eo m etria “ sin tética” q u e racio cin a so­ b re as p ró p r ia s fig u ra s v a len d o -se d a in ­ tu iç ã o . Método analítico, sin ô n im o d e análise* n o se n tid o D . P s i c o l . U m espírito é analítico se con­ sidera as coisas nos seus elem entos; é sin­ tético se as considera n o seu conjunto. Língua analítica, a q u e te n d e a se p a ­ r a r a id éia p rin c ip a l d a s su as relaçõ es ex­ p re s s a n d o c a d a u m a d elas a tra v é s d e u m a p a la v ra d is tin ta e a o rd e n a r as p a lav ras se­ g u n d o u m a o rd e m ló g ica e p re d e te rm in a ­ d a . A lín g u a sin té tic a , p elo c o n trá rio , é aq u ela q u e ten d e a re u n ir v árias idéias n u m só te rm o c o m p o sto e a c o n stru ir a frase de ta l m a n e ira q u e ela fo rm a u m a espécie de q u a d r o , inteligív el a p e n a s p o r u m a to in ­ divisível d o e sp írito . Rad. int.: Subst.: A n a litik ; adj.: A n a liz a n t; no sentido mat.: A n a litik ; (carac­ terística): A n alizem . A N A L O G IA (G . àvakoyía). D . Analogie; E . Analogy; F . Analogie; I. A na­ logia. A . S e n tid o p rim itiv o e p ró p r io : id e n ti­ d a d e d a re la ç ã o q u e u n e d o is a d o is o s te r­ m o s d e d o is o u m ais p a re s. E sp e cia lm e n ­ te , e p o r ex celên cia, p ro p o r ç ã o m a te m á ti­ c a (c h a m a d a hvcíkoyLa. e m E u c l i d e s ). A r i s t ó t e l e s an alisa este sen tid o c o m p re ­ cisão n a Ética a Nicômaco , V , 6; 113a30 ss. B . M esm o s e n tid o , m as e n te n d id o in concreto: o q u e a p re se n ta u m a a n alo g ia

A N A L O G IA

63 n o s e n tid o A : siste m a d e te rm o s q u e têm e n tre si a m e sm a re la ç ã o . C f. Correspon­

dencia. C . R e la ç ã o d e d o is ó rg ã o s q u e sã o a n álo g o s* n o se n tid o d a d o a e s ta p a la v ra p o r G e o ffro y S a in t-H ila ire . D . R e la ç ã o d e d o is ó rg ã o s a n á lo ­ g os* n o s e n tid o d a d o a e s ta p a la v ra p o r CüVIER. E . S en tid o c o rre n te e v ago: sem e lh a n ­ ça m a is ou m e n o s d is ta n te , p a r tic u la r ­ m en te en tre coisas q ue n ã o se assem elh am n o seu asp ecto geral e n ã o p o d e m ser s u b ­ s u m id a s so b u m m e sm o c o n c e ito . NOTAS

1. Ά μ α . . . , em analogia a ss in a la q u a ­ se c e rta m e n te a id éia de re p e tiç ã o (L . re ...) co m o em α ν ά μ ν η σ ή , reminiscência ; α ν α β ί ω σ ή , re s s u rre iç ã o , re to r n o à v id a ; ά ν ά λ η -ψ ,π re to rn o de fo rç a s , c o n v a ­ lescen ça. 2. U m a re lação te rn á ria , o u m esm o de o rd e m m ais e le v a d a , p o d e ria fa z e r n a s ­ cer u m a a n a lo g ia m ais c o m p le x a d o q u e a sim ples p ro p o rç ã o : p . ex. e n tre “ P e d r o c o m p ra u m c a v a lo a P a u lo ” e “ J o ã o c o m p ra u m a c a s a a J o a q u im ” . M a s n ã o crem o s q u e se te n h a m c o n sid e ra d o a s p r o ­ p rie d a d e s d e sta s a n alo g ias c o m m ú ltip lo s te rm o s a n ã o ser n o s en saio s d e lógica das

relações. 3. A analogia de atribuição d is tin g u i­ d a p o r S. T ÃOá è d e A I Z « ÇÃ d a analo­ gia de proporção (a q u e la q u e é d e fin id a n o s e n tid o A ) c o n siste n u m a u tiliz a ç ã o d o s te rm o s q u e n ã o s e ria n e m a u tiliz a ­ ç ão u n ív o ca* nem a u tiliz a ç ã o eq u ív o ca* : H om em , a p lic a d o a S ó c ra te s e a P la tã o ,

é u n ív o c o ; causa, n o s e n tid o ju d ic iá rio e n o se n tid o físic o , é e q u ív o c o ; risonho a p lic a d o a u m ro s to e a u m ja r d im é a n á ­ lo g o . T o d o s o s n o m e s d e a tr ib u to s a p li­ c a d o s a D e u s d e v em s e r e n te n d id o s n o s e n tid o a n a ló g ic o . E s ta a c e p ç ã o n ã o se e n c o n tra o u é m u ito ra ra n a filo so fia clás­ s ic a , m a s ela to r n o u - s e fre q u e n te n a s o b r a s n e o to m is ta s c o n te m p o râ n e a s . Rad. int.: A n a lo g (e s), a n a lo g (a j-). R a c io c ín io p o r a n a lo g ia A . R a c io c ín io f u n d a d o so b re a a n a ­ lo g ia n o s e n tid o A . E m p a r tic u la r , d e te r ­ m in a ç ã o de u m te rm o p elo c o n h e c im e n ­ to d o s d o is te rm o s de u m d o s p a re s e de u m d o s te rm o s d o se g u n d o . B . T o d o racio cín io q u e conclu i em v ir­ tu d e de u m a se m e lh a n ç a e n tre os o b je to s so b re os q u ais se ra c io c in a . CRÍTtCA E sta e x p re ss ã o , a f o r a o se n tid o A , d e q u e o c á lc u lo d a “ q u a r ta p r o p o r c io n a l” é o tip o , re p re s e n ta u m a id éia m u ito v a ­ g a , q u e se to rn o u a in d a m ais c o n fu s a co m a te n ta tiv a d e to r n á - la p re c isa em d iv e r­ so s s e n tid o s . É a ssim q u e , p a r a K τ ÇI (Logik , § 84), a indução c o n siste em es­ te n d e r a to d o s os seres de u m a m esm a es­ p écie a s o b se rv a ç õ e s fe ita s s o b re a lg u n s d e n tre eles, o raciocínio po r analogia em c o n c lu ir d a s s em e lh a n ç a s b e m e sta b e lec i­ d a s e n tre d u a s esp écies as s e m e lh a n ç a s a in d a n ã o o b s e rv a d a s ; p a r a C ÃZ 2 ÇÃI (Essai, § 46, 49), a indução é a p e n a s u m a sim p les e x tra p o la ç ã o , a a ç ã o d o e sp írito q u e c o n tin u a e s p o n ta n e a m e n te u m m o ­ v im e n to a n te r io r; o ra c io c ín io p o r a n a ­ lo g ia , p elo c o n tr á r io , eleva-se p e la o b ser-

S o b re A n a lo g ia — “ H á m a is a n a lo g ia o u re la ç ã o e n tre as co res e os sons d o q u e e n tre as c o isas c o rp o ra is e D e u s .” D E è Tτ 2 I E è , Resp. às 2 objeç., IX , 107, C f. 108-109. T alv ez se d e v a e n te n d e r e s ta p a ssa g em n o s e n tid o de a n a lo g ia de a tr ib u i­ ç ã o . (E . Gilson) “ A s a n a lo g ia s fu n d a m e n ta m -s e m e n o s em se m e lh a n ça s n o c io n a is (similitudines) d o q u e n u m a e stim u la ç ã o in te rio r , n u m a s o lic ita ç ã o a s s im ila d o ra ( intendo ad assim ilationem )." M. BÂ ÃÇá E Â , L'Ê tre et les êtres, p p . 225-2 26. (/. Benrubi )

64

ANÁLOGO v ação d a s relaçõ es à razão das coisas; p a ­ r a E . Rτ ζ « E 2 (Logique , c a p . X IV ): “ 1? a a n a lo g ia ( = o ra c io c ín io p o r a n a lo g ia ) é p ro p r ia m e n te u m a d e d u ç ã o fe ita s o b re u m a in d u ç ã o p ré v ia ; 2? a a n a lo g ia é sem ­ p re h ip o té tic a e n q u a n to q u e a in d u ç ã o te o ric a m e n te , se n ã o sem p re n a ap lic aç ão , é c e r ta ” ; fin a lm e n te , p a r a H τ OE Â « Ç , q u e to m a s o b re e ste p o n to o c a m in h o c o n tr á ­ r io d e C ÃZ 2 ÇÃI e se a p r o x im a d e J . S. M « Â Â (Logic, I I I , X X ), o ra c io c ín io p o r a n a lo g ia é a indução de assimilação, a q u e la q u e a s s e n ta s o b re a s s e m e lh a n ç a s e x terio re s d e q u e n ã o se c o n h e c e a ra z ã o . (Do raciocínio p o r analogia. A n n é e p h ilo s ., 1902.) P a re c e , p o is, im p o ssív el d a r a e sta ex ­ p re s s ã o u m s e n tid o p re c is o f o r a d a a c e p ­ ç ã o A . M a s c o m o a in d e te r m i n a ç ã o d o u s o , m e sm o té c n ic o , p a re c e a tu a lm e n te in s u p e rá v e l re c o m e n d a -s e a o m e n o s n ã o fa z e r d e la , c o m o a c o n te c e m u ita s v ezes, u m a esp é c ie d e f in id a d o g ê n e ro ra c io c í­ n io , c o o rd e n a d a à indução* e à dedução*. V er D Ã2 ÃÂ Â E , L e raisonnement para analogie, s o b r e tu d o c a p . III. *‘A n a lo g ia s d a e x p e riê n c ia ” D . Anatogien der Erfakrung (Kτ Ç , K ritik der reinen Vern., T r a n s e . A n a ly t., liv ro I I I , I

c a p . II , 3? se ç ã o ). P rin c íp io s a priori d o e n te n d im e n to p u r o , re la tiv o s à c a te g o ria d e relação*, q u e tê m c o m o f ó r m u la g e­ ra l: “ T o d o s o s fe n ô m e n o s , d o p o n to d e v is ta d a s u a e x istê n c ia , e s tã o s u b m e tid o s a priori a re g ra s q u e d e te rm in a m a s u a re­ la ç ã o re c íp ro c a n o s e io d o te m p o .” (A . 176); o u : “ A e x p e riê n c ia a p e n a s é p o s s í­ vel p e la re p re se n ta ç ã o d e u m a lig ação n e­ c e s s á ria e n tr e as p e rc e p ç õ e s .” (B . 218) E sta s a n a lo g ia s sã o trê s : a p e rm a n ê n ­ c ia d a s u b s tâ n c ia ; a e x is tê n c ia d e leis fi­ x a s d e s u c e ssã o n a n a tu r e z a (o u , n a 2? e d iç ã o , o p rin c íp io d e c a u s a lid a d e ); o p rin c íp io d e re a ç ã o re c íp ro c a u n iv e rsa l e n tr e to d a s a s s u b s tâ n c ia s e m c a d a m o ­ m e n to d o te m p o . A N Á L O G O D . A nalog , gleichartig ; E . Analogous; F. Analogie', I. Análogo. A. Q u a lific a tiv o d e u m te rm o q u e es­ t á e m re la ç ã o a u m o u tr o n a m e sm a r e la ­ ç ã o q u e u m te rc e iro em re la ç ã o a u m q u a r to ; p o d e n d o e s ta re la ç ã o ser q u e r u m a re la ç ã o d e g ra n d e z a m a te m á tic a (o q u e p a re c e se r o s e n tid o p rim itiv o d a p a ­ la v ra ), q u e r u m a re la ç ã o d e s itu a ç ã o , d e d u r a ç ã o , d e fin a lid a d e , e tc . “ A re d e

S o b re A n á lo g o — A n te s de c o n sis tir n u m a metáfora, c o m o n o e x e m p lo e sc o lh i­ d o , a a n a lo g ia c o n siste n u m a sim ilitu d e re a l d e r e la ç ã o , d e fu n ç õ e s o u d e fin a lid a d e , q u e r c o m o u m a q u a r ta p ro p o r c io n a l a e n c o n tr a r , q u e r c o m o u m a c o n tin u id a d e filo g e n é tic a , c o m o a d a a s a e d a b a r b a ta n a , q u e r c o m o u m a a ss im ila ç ã o p o ssív el d e u m a o rd e m in fe rio r a u m a o rd e m s u p e r io r ( “ as v irtu d e s h u m a n a s s ã o a n á lo g a s à s p e rfe i­ çõ es d iv in a s ” , c o m o d isse L e ib n iz , q u e c o n c e b ia as c o isa s e s p iritu a is non ex analogia universi, sed ex analogia nostri): a ss im , sem q u e h a ja s e m e lh a n ç a sen sív el o u fig u r á v el, o a n á lo g o e x p rim e o r a u m a re la ç ã o ló g ic a , o r a u m a d e p e n d ê n c ia h is tó ric a o u u m a c o n e x ã o b io ló g ic a , o r a u m a c o n v e rg ê n c ia e u m a u n id a d e d e p la n o e n tre o rd e n s em a p a r ê n c ia in c o m e n s u rá v e is . (Maurice Blondel ) E s ta p a la v r a d e sig n a e m E . G e o f f r o y S a in t-H ila ire b e m m a is d o q u e u m a carac­ terística·, d e s ig n a to d a u m a te o r ia q u e ele e x p õ e e m v á ria s o b r a s e, p a rtic u la rm e n te , n o s P r in c íp io s d e f il o s o f i a z o o ló g ic a . E ste liv ro c o m e ç a c o m u m d is c u rs o p re lim in a r c o n s a g ra d o à te o ria d o s a n á lo g o s . M a is a d ia n te G e o f f r o y d e sc re v e q u e e sta te o r ia “ n ã o é a p e n a s u m a sim ples a m p lific a ç ã o (d a d o u trin a a risto té lic a ), e la re co n h ece p r in ­ c íp io s p r ó p r io s , e la te m u m o b je tiv o p re c iso , ela se to r n a u m in s tr u m e n to d e d e s c o ­ b e r ta s ” , e tc ... P r. d e p h ilo s o p h ie z o o lo g iq u e , c h e z P ic h ó n e D id ie r e c h ez R o u s s e a u , P a ris , 1830, p . 9 7 . (L. Boisse )

A N A R Q U IS M O

65 te le g ráfica é a n á lo g a a o siste m a n e rv o s o ” (q u e r d izer: e stá p a r a u m p a ís c o m o o sis­ tem a n erv o so p a ra u m o rg an ism o ). D iz-se, n o m esm o se n tid o , correspondente. B . Q u a lific a tiv o de d o is g ru p o s c u jo s te rm o s se c o rre sp o n d e m u m a u m . C . E sp ecialm en te, n o sen tid o a d o ta d o p o r G e o f f r o y S a i n t - H i l a i r e , c ara c te ­ rística de d o is ó rg ão s q u e em d o is seres d i­ ferentes tê m o lugar e as m esm as conexões, e m b o ra p o ssam te r fu nções d iferentes (co ­ m o o b ra ç o d o h o m e m e a a sa d o p á s s a ­ ro ). D iz-se, d e p re fe rê n c ia , n este s en tid o , homólogo * . D . N o sentido adotado por C u v i e r e pela m aior parte d o s biólogos d o século X IX : característica dos órgãos que têm a mesma função (quer eles tenham ou não a mesma característica anatôm ica). E . Q u a lific a tiv o d e d o is te rm o s e n tre os q u ais existe u m a sem elh an ça m ais o u m e n o s d is ta n te , p a rtic u la rm e n te n o s seus efeito s o u n a im p ressão q u e eles p r o d u ­ zem . “ R azões a n á lo g a s ” . C f. Analogia.

NOTA

Análogo d izia-se a n tig a m e n te d e tu d o o que está d e a c o r d o , d a q u ilo q u e está em harm onia. “ E is p o r q u e as n o ssa s o b ra s nos a g ra d a m s o b eran a m e n te, in d ep en d en tem ente d o a m o r-p ró p rio : é p o rq u e elas se lig am a to d a s a s n o ssa s o u tra s id éias e são-lhes a n á lo g a s .” M o n t e s q u i e u , Ca­ hiers (e x tra to s e d ita d o s p o r B e rn a rd G ra sse t, p . 37). E n c o n tra m -s e freq ü e n te m e n te n o fim d o sécu lo X V III ex p ressõ es c o m o : “ U m d iscu rso a n á lo g o à s c irc u n s­ tâ n c ia s .”

M as a p a la v ra e ra a in d a c o n sid e ra d a p o r FÂ τ Z ζ 2 c o m o e ru d ita e ra ra : ver A educação sentimental (1869), ed . L em erre , I, 220. Rad. int .: A n a lo g . E

I

A N A M N E S E V er Suplemento. A N A R Q U IA D . Anarchismus; E . A . Anarchy; B . Anarchism ; F . Anarchie; I.

Anarchia. A . D e so rd e m (e p ro p ria m e n te d e so r­ d e m p o r a u sên cia d e a u to rid a d e o rg a n iz a ­ d o ra ): “ A d o u trin a m e ta físic a a c e rc a d a p re te n s a lib e rd a d e m o r a l1 deve ser h is to ­ ric a m e n te e n c a ra d a c o m o u m re s u lta d o p a ssa g eiro d a a n a r q u ia m o d e r n a .” A . COMTE, Catecismo positivista , ed . P éc a u lt, p . 137. B . D o u trin a po lítica (c o m p o rta n d o v a­ rie d a d es n o tá v eis) e c u jo p o n to c o m u m co n siste e m re je ita r to d a o rg a n iz a ç ã o d o E s ta d o q u e se im p o n h a a c im a d o in ­ d iv íd u o . CRÍTIC A

E screve-se a lg u m a s vezes, n o sen tid o B , an-arquia e u tilizo u -se ta m b é m anar­ quismo. E s ta f o r m a serv iria m e lh o r, p o is e v ita ria a c o n fu s ã o e n tre o s d o is sen tid o s, q u e n ã o é r a r a (S ). Rad. int.: A n a rk i. A N A R Q U IS M O S in ô n im o d e anar­ quia n o s e n tid o B. V e r, n o ro d a p é , as o b ­ servações.

1. Quer dizer, n o pensamento de Coime, o livrearbítrio no sentido C (liberdade de indeterminaçâo).

S o b re A n a rq u is m o — A p a la v ra a n a r q u ia foi u tiliz a d a p e la p rim e ira vez, n o s e n ti­ d o B, p o r P r o u d h o n ; fo i re to m a d a p o r B a k u n i n e , q u e in d ic a essa filiaç ã o . (/?. Bertfielot — A . Berthod] O tex to p rim itiv o : “ D e so rd e m , au sên cia d e a u to rid a d e o u d e o rg a n iz a ç ã o ” foi su b s­ titu íd o p elo te x to a tu a l p a r a c o n sid e ra r u m a c rític a d e Af. Marsal: “ E s ta d e fin iç ão p a ­ receria im p lic a r” , d iz ele, “ q u e o exercício d a a u to rid a d e é a c o n d iç ã o n ecessária e su ficien te d a o rd e m ; o ra , a d e so rd e m p o d e t e r o u tra s c a u s a s além d a a u s ê n c i a d e a u to ­ rid a d e , e a o rd e m p o d e em c e rto s c a so s e sta b e lec e r-se e s p o n ta n e a m e n te .

A N E S T E S IA A N A R T R IA V er Afasia. A N E R IT R O P S IA V er Daltonismo , o b serv açõ es e cf. Acromatopsia. A N E S T E S IA (d o G . òtpcaoú-qaía, in ­ sen sib ilid ad e). D . Anaesthesie ; E . Anaes­ thesia; F . Anesthésie; I. Anestesia. S u p ressã o (p a rc ia l o u to ta l) d a fa c u l­ d a d e d e e x p erim en tar sensações co n scien ­ tes. E s ta p a lav ra n ã o se d iz c o m u m en te d a v isão , d a a u d iç ã o , d o p a la d a r e d o o lfa ­ to , m a s ap lic a-se e sp e c ialm en te a to d a s

66

a s sen saçõ es re u n id a s a n tig a m e n te s o b o n o m e d e to q u e (c o n ta to , p re ssã o , te m p e ­ ra tu ra ) e m esm o à d o r. V er Analgesia. Anestesias sistemáticas (P ie rre J τ n e t ): aq u elas q u e n ã o a ssen tam so b re to ­ d a s as term in ações de u m m esm o n erv o o u to d a s as fu n çõ es d e u m m esm o se n tid o , m a s so b re u m g ru p o d e sen saçõ es re u n i­ d a s p o r u m a c aracterística p sicológica co ­ m u m ( p o r ex em p lo , os o b je to s seg u rad o s p o r u m a c e rta p e sso a , e tc .). Rad. int .: A n estezi.

U m a d as teses d a d o u tr in a a n a r q u is ta é m e sm o q u e a a n a r q u ia , ta l c o m o é d e fin id a n o s e n tid o A , n ã o ex iste e q u e a d e s o rd e m q u a n d o se p ro d u z n ã o é n u n c a o e fe ito de u m a a u sê n c ia d e a u to r id a d e ; e a té , n o m a is d a s v ezes, e la é o e fe ito d e s ta , c u ja s p re te n sõ e s c ria m o u fa z e m c re sc e r a d e s o rd e m , s o b r e tu d o q u a n d o é c o e r c itiv a .” Marsal faz ta m b é m n o ta r q u e n o s e n tid o A se re ú n e em g eral a d e sc riç ã o d e u m e s ta d o d e f a to e u m a a p re c ia ç ã o d e sfa v o rá v e l. A s d u a s id éias p o d e m d isso c ia r-se . É assim q u e L E S e n n e escrev e: “ O id e a l d a c o n sc iê n c ia m o ra l é s e n tid o c o m o u m a c o m u n id a d e c u ja h a r m o n ia a c o n te c e ria anárquicamente, q u e r d iz e r, n o lim ite , sem lei n em m o ra l, d a re c ip ro c id a d e d o a m o r e n tre to d o s o s h o m e n s em n o m e d o a m o r de D e u s .” Traité de morale générale, p . 365. M as e s ta u tiliz a ç ã o q u e n ã o se a p r o ­ p ria , sem d ú v id a , a o p r ó p r io s u b s ta n tiv o a n a r q u ia p e rm a n e c e e x c e p c io n a l, c o m o o m o s tra , a liá s , o f a to de a p a la v r a ser a c o m p a n h a d a p e la s u a d e fin iç ã o . {A. L .) E n c o n tra -s e em P r o u d h o n um a análise m u ito p re c is a d o s d ife re n te s se n tid o s de

anarquia. S eg u n d o o e stu d o d e E ltz b a c h e r a s d o u trin a s a n a rq u is ta s n ã o tê m e m c o m u m a p e ­ n as a negação do Estado n u m fu tu r o p ró x im o d o s p o v o s civ ilizad o s. ‘‘E s ta n eg ação sig nifica p a r a G o d w in , P r o u d h o n , S tirn e r e T u c k e r q u e eles re je ita m o E s ta d o sem res­ triç õ e s; p a r a T o ls to i, q u e o re je ita n ã o d e u m a m a n e ira a b s o lu ta , m a s so m en te p a ra o fu tu r o p ró x im o d o s p o v o s civ ilizad o s; p a r a B a k u n in e K ro p o tk in fin a lm e n te sig n ifica q u e eles p rev eem n u m fu tu r o p ró x im o q u e a e v o lu çã o fa rá d e sa p a re c e r o E s ta d o .” E l t z b a c h e r , L 'anarchisme, tr a d . O tto K a rm in , G ia rd e B rière, 1912, p . 388. E m re ­ la çã o à p ro p rie d a d e , as d o u trin a s a n a rq u is ta s sã o o u adoministas (G o d w in , P r o u d h o n , S tirn e r, T o lsto i) o u doministas (T u ck e r, in d iv id u a lista ; B a k u n in , co letiv ista; K ro p o t­ k in , c o m u n ista). S e g u n d o as su as id éias s o b re a re a liz a ç ã o d a a n a r q u ia , as d o u trin a s a n a rq u is ta s são ou reformistas (G o d w in , P r o u d h o n ) o u revolucionárias. E s ta s ú ltim a s p o d e m su b d iv id ir-se em d o u trin a s re n ite n te s (T u c k e r, T o lsto i) e in su rre c io n ais (S tirn er, B ak u n in , K ro p o tk in ). D a m e sm a fo r m a , seg u n d o a s u a relação c o m o d ire ito , a fa m í­ lia, a relig ião , as d o u trin a s a n a rq u is ta s n ã o têm n a d a em c o m u m . (O . Karmin) U m o u tr o tra ç o c o m u m d a s d o u tr in a s a n a r q u is ta s é o seu o tim is m o d o p o n to d e v ista d a o rg a n iz a ç ã o e s p o n tâ n e a d a p r o d u ç ã o e d o tr a b a lh o : o s a n a r q u is ta s a c r e ­ d ita m , c o m o F o u r ie r , q u e tu d o se f a r á p o r a tr a ç ã o , sem c o a ç ã o , d e sd e q u e u m a o r ­ g a n iz a ç ã o a rtific ia l e v ic io sa n ã o lh e fa ç a o b s tá c u lo . ( C h. Andler) S o b re A n e ste sia — N o q u e c o n c e rn e à se n sib ilid a d e v isu a l, o s te rm o s técn ico s u tiliz a d o s s ã o amaurose (c e g u eira to ta l) , ambliopsia (c e g u eira in c o m p le ta ), acroma­ topsia (v er e s ta p a la v r a m a is a trá s ) . P a r a a s e n s ib ilid a d e a u d itiv a , a p e rd a d as s e n s a ­ çõ es to n a is (a ltu ra d o s so n s) é d e s ig n a d a p e la e x p re ss ã o surdez tonal. A a n este sia g u s ta tiv a é c h a m a d a agueusia e a a n e ste sia o lfa tiv a anos mia. (H. Piéron)

67

A N G Ú S T IA

“ A N E S T É T IC O ” T e rm o in tr o d u z i­ d o p o r L a l o p a ra d e sig n a r, em o p o siç ã o a o se n tim e n to estético* p ro p ria m e n te d i­ to , o s e n tim e n to d o q u e v u lg a rm e n te se c h a m a “ a b e lez a d a n a tu r e z a ” e n q u a n to o h o m e m n ã o in te rv é m n e la ; “ to d a a v i­ d a p r o f u n d a e im a te ria l q u e se e n c o n tr a p o r to d a p a r te se se s o u b e r v ê-la a tra v é s d a in tu iç ã o p esso al, dizem os m ísticos; to ­ d a s as a p a rê n c ia s m e sm o , e, ta lv e z , s o ­ b re tu d o , a s m ais m a te ria is, d izem o s re a ­ l i s t a s ...” C h . L a l o , Introduction à l ‘esthétique, 2? p a r te , c a p . II: “ A b eleza a n e s té tic a d a n a tu r e z a .”

P o r c o n c e ito s de re fle x ã o e n te n d e ele os c o n c e ito s p o r m e io d o s q u a is o e n te n d i­ m e n to c o m p a r a as re p re se n ta ç õ e s (id e n ­ tid a d e e d iv e rs id a d e , a c o r d o e o p o s iç ã o , in te rn o e e x te rn o , m a té ria e fo rm a). A a n ­ fib o lo g ía re su lta d e q u e o s p re d ic a d o s p u ­ ra m e n te in telectu ais d e te rm in a d o s p o r es­ tes c o n c e ito s sã o a p lic a d o s a o s fe n ô m e ­ n o s sensíveis, q u e r seja p a ra os c o m p re en ­ d e r, q u e r p a ra os u ltr a p a s s a r, sem c u id a r d a s c o n d iç õ e s p r ó p r ia s d a s en sib ilid a d e . D a í em K a n t to d a u m a c rític a d a m o n a d o lo g ia le ib n iz ia n a , q u e ele c o n sid e ra b a ­ sea d a n e sta a n fib o lia .

A N F IB O L IA o u , iló g ic a m e n te , A n ­ fib o lo g ía (G . ’Anipt-PoXict). D . Am phibolie\ E . Am phibol\a\ A m phibology ; F. A m phibolic ; I. Anfibología. D u p lo s e n tid o de u m a lo c u ç ã o o u de u m a frase. Vei Ambiguidade. P r o p o m o s u tiliz a r de p re fe rê n c ia ambigüidade p a r a a s p a la v ra s o u os te rm o s , anfibolia p a r a as frases o u as p ro p o s iç õ e s , e equívoco n o sen tid o g e ra l. Rad. int.: A m fib o l, — es, d u sen sess.

A N G Ú S T IA D . Angst; E . A nguish ; F . Angoisse', I. Angoscia.

A n fib o lia tra n s c e n d e n ta l — O u d o s c o n c e ito s de re fle x ã o (K τ Ç , Crítica da razão pura). A p ê n d ic e g e ra l à A n a lític a tra n sce n d e n tal: ‘‘V on d er A m p h ib o lie d er R e fle x io n sb e g riffe d u rc h d ie V erw ech slu n g des e m p iris c h e n V e rs ta n d e s g e b ra u c h s m it d em tra n s c e n d e n ta le n .” 1 I

1. “ Da anfibolia aos conceitos de reflexão pela confusão d o uso empírico do entendim ento com o seu uso transcen den tal.”

A , P r o p r ia m e n te , c o n ju n to d e fe n ô ­ m e n o s a fe tiv o s d o m in a d o s p o r u m a se n ­ sa ç ã o in te r n a d e o p re s s ã o e de e s tr e ita ­ m e n to (angústia) q u e a c o m p a n h a d e o r ­ d in á rio o receio de u m s o frim e n to o u de u m in f o r tú n io g rav es e im in e n te s, c o n tr a o s q u a is n o s sen tim o s im p o te n te s p a r a n o s d e fe n d e rm o s . A neurose de angústia é c a r a c te riz a ­ d a p ela fre q ü ê n c ia o u a c o n s tâ n c ia d e u m sen tim e n to de a n g ú stia no sen tid o A . V er P ie rre J a n e t , Obsessions et psychasthé­ nies (1 903), 1, 554, 558; De l ’angoisse à l ’extase (1 9 2 6 ), 11, 302, 379. B . D iz-se fre q ü e n te m e n te , d esd e a l­ g u n s a n o s , d a in q u ie ta ç ã o * m e ta fís ic a e m o ra l. “ O s filó so fo s c o n te m p o rá n e o s , d e p o is d e se te re m d u r a n te a lg u m te m p o c o m p ra z id o n a in q u ie ta ç ã o , serv em -se h o je d a p a la v r a ‘a n g ú s tia ’ p a ra d e sig n a r

S o b re A n fib o lia — A p ro p o s iç ã o a c im a e stá c o n fo rm e à u tiliz a ç ã o d e A ristó te le s q u e o p õ e ct/jis ο υ σ ί α I I IÃè E . S e n d o d a d o q u e to d a a m u d a n ç a r i r a ί /λ η μ .” M e ta /., Θ , 6 ; 1 0 4 8 b8. p o d e ser: (a) possível; (b) e n q u a n to se está re a liz a n d o ; (c) fin a liz a d a , a e x p re ssão em ti7E vtQ ytia p r o s y n o n y m o c o n ju n g itu r c u m iis n o m in ib u s q u a e fo rm a m s ig n ifi­ ato a p lic a-se p rim e iro a o m o m e n to b p o r c a n t, eíòos, μ ο ρ φ ή , \ó y o $ , t ò τ ι ή v t l va i, o p o s iç ã o : p o r u m la d o , a o m o m e n to a ο υ σ ί α , δ τ τ β ρ τ t . ” M etaf., H , 2; 1042 ss. q u e a e x p re ssão em potência d e sig n a ; p o r B o n i t z , Index, su b V o. A p a la v r a ato o u tr o , a o m o m e n to c , q u e r d iz e r, a o ser n e ste s e n tid o n ã o in d ic a n e m u m m o v i­ re a liz a d o e d u rá v e l q u e re s u lta d e ssa m u ­ m e n to n e m u m a p a s s a g e m , m a s, p elo d a n ç a . A ristó te le s d esig n a freq ü e n te m e n c o n tr á r io , u m a re a lid a d e d a d a . te (m as n e m sem p re) o m o m e n to b p o r E s ta o p o s iç ã o d e s a p a re c e n as e x p re s­ ív é ç y u a e o m o m e n to c p o r IvTtKtxeia. sõ es in actu, em ato; isso c ria fr e q u e n te ­ V er Metafísica 0 , 8; 1050*22: “ ’E ^ e m e n te u m e q u ív o c o . yeta Xéyerai xocrà ró egyov xai avv-

g a n iz a d o , é a primeira e n te lé q u ia d o c o r p o , s e n d o o s e g u n d o g r a u d o a to o p r ó p r io e x ercíc io d a s e n s a ç ã o o u d o p e n s a m e n to . (De anima, I I , 1; 412*27) P o r o u tr o la d o , q u a n d o se tr a ta d a a tiv id a d e q u e te n d e p a r a u m fim e x te rio r, a f o r m a é p re c isa m e n te este fim e id e n tific a -s e , e m c e rto s e n tid o , c o m a p r ó p r ia a ti­ v id a d e : a c a s a , q u e é o o b je tiv o p a r a o q u a l te n d e a c o n s tr u ç ã o , c o n té m e m si a c o n s ­ tr u ç ã o . (M et ., I X , 8; 1050a 28-3 4) Q u a n to à a tiv id a d e q u e é e la p r ó p r ia o se u fim n ã o d e ix a d e se r e la ta m b é m id ê n tic a ¿ f o r m a , d a d o q u e o in te lig e n te se c o n f u n d e c o m o in teligív el, e o p e n sa m e n to p e rfe ito é p e n s a m e n to d o p e n s a m e n to . ( Ch . Werner) E s ta s ú ltim a s n o ta s de W e r n e r p a re c e m re s ta b e le c e r a u n id a d e e n tre a to , e x ercí­ cio d a a tiv id a d e , e ato, fo r m a . A d is tin ç ã o c a p ita l p a re c e -m e ser a q u i a q u e la e n tre o re a l e o p o ssív el e o s seu s d iv e rso s m o m e n to s : u m a p o s s ib ilid a d e in d e te rm in a d a , q u a n d o se d e te r m in a , to r n a - s e n u m ato d o g ra u m a is b a ix o , m a s e s ta esp écie de p o ­ tência atual te r m in a p o r fim n u m a r e a lid a d e q u e é o ato d o m a is a lto g ra u . O m o ­ m e n to in te rm e d iá rio é a q u e le n o q u a l a d e te r m in a ç ã o se fa z a tra v é s d a a p lic a ç ã o d e ta l f o r m a a ta l m a té ria . E le f a z a p a r e c e r u m a n a tu r e z a que possui ta is q u a lid a d e s , u m v iv e n te que possui ta is fu n ç õ e s, u m a g e n te que possui ta is a p tid õ e s : é o m o m e n to a q u e A ristó te le s c h a m a d e eÇts (habitus). É u m ato a o q u a l a in d a fa lta m a n ife s ta rse a tra v é s d o s e fe ito s o u d e e x erce r-se a tra v é s d a e s p e c u la ç ã o o u d a a ç ã o ; a c o isa o u o a g e n te re a liz a m e n tã o a p e rfe iç ã o d a s u a fo r m a . E x e m p lo s: h á n o a r u m a p o s s i­ b ilid a d e in d e te rm in a d a de fo g o ; se ela se re a liz a r n u m a “ n a tu r e z a ” d e te rm in a d a te n d o ta is q u a lid a d e s é o f o g o , m a s e s ta n a tu r e z a só é v e rd a d e ir a m e n te e la m e sm a q u a n d o o fo g o e stiv e r n o seu lu g a r p r ó p r io ; a a lm a p õ e o c o r p o o rg a n iz a d o q u e te m a v id a e m p o tê n c ia e m estado de viver (e la é o ato primeiro o u a enteléquia primeira), m a s

105

ATO

3. “ A to p u r o . ” 1? evtQ ytia i¡ xot$'b re tu d o d o n e u tro actum , c u jo tip o es­ aíiTtjV, e s ta d o d o D eus de A 2 « è I ó I E Â E è sen c ia l é o se n tid o C : 1? M o v im e n to v o lu n tá rio de u m ser; CMetafísica , A, 7 ; 1072 a -b ) c u ja n a tu r e ­ m u d a n ç a e n q u a n to c o n s id e ra d a em re la ­ za n a d a c o n té m em p o tê n c ia e c u jo p e n ­ ç ã o a u m in d iv id u o q u e a p ro d u z (p o d en s a m e n to é o p e n s a m e n to d o seu p e n sa ­ d o ser este in d iv íd u o u m a p e sso a m o ra l, m e n to . (.Ibid ., 1074a34.) 2? A ctu s purus , Ba co n , N ovum or- d e o n d e o s e n tid o B). 2? R e s u lta d o d a a ç ã o , c o isa p re s e n ­ ganum , I I , 2 e 17. P ro c e s s o c u ja p o te n ­ te , a d q u ir id a , “ a tu a l” , d e o n d e se p o d e cia d e tra n s fo rm a ç ã o é re a liz a d a c o m p le ­ p a rtir c o m o de u m d a d o , q u e r seja n a te o ­ ta m e n te em c a d a m o m e n to d o te m p o ; esria q u e r n a p rá tic a . s e n c ia lm e n te , p o r c o n s e q u ê n c ia , e ta lv e z É d e n o ta r q u e estes sen tid o s c o rre s ­ e x c lu siv a m e n te , o m o v im e n to m e c â n ic o : p o n d e m c o m b a s ta n te e x a tid ã o às d u a s “ A c tu s siv e m o tu s .” (Ibid., 1, 54.) g ra n d e s d iv isõ es q u e A 2 « è I ó I E Â E è e s ta ­ CRÍTICA belece n o s sen tid o s d e z v i ñ e t a (ver a trá s V ê-se p o r a q u ilo q u e p re c e d e de q u e F ) e q u e se a p lic a m ig u a lm e n te a o s d o is fo n te s m ú ltip la s d e riv a a u tiliz a ç ã o q u e s e n tid o s d e Ôvvatus, s e g u n d o BÃÇ« I U , fa z e m o s h o je d a p a la v ra a to . P o d e -s e d i­ Index , s u b V°, 2 0 6 a). N ã o se deve e sq u e ­ zer, c o n tu d o , q u e e sta p a la v r a a p re s e n ta cer c o n tu d o q u e estes d o is sen tid o s tê m a p e n a s n a lin g u a g e m c o n te m p o râ n e a fr e q iie n te m e n te re a g id o u m s o b re o o u ­ d u as g ran d es classes de sig n ificação : u m a tr o e p ro d u z id o c o n ce p ç õ es in te rm e d iá ­ q u e se liga a o la tim actus e c u jo tip o es­ rias o u c o m p ó sitas q u e n ã o co rresp o n d em sen cial é o s e n tid o A ; a o u tr a d e riv a s o ­ a n a d a d e s ó lid o .

o p ró p r io ex ercício d a s fu n ç õ e s d a v id a é u m a to m a is e le v a d o ; h á n o ser a n im a d o u m a p o tê n c ia sen sitiv a in d e te rm in a d a q u e o c a ra c te riz a ; ela d e te rm in a -se p o r ex em ­ p lo em fu n ç ã o v is u a l (oi^ts), a q u a l p o r s u a v e z se ex erce e d á lu g a r a u m a v isão de f a to ( o g tm s ) ; h á n o fe rro u m a p o tê n c ia in d e te rm in a d a d e c o r ta r ; ela é d e te rm in a ­ d a n a fig u ra d o m a c h a d o , m a s a p e rfe iç ã o d o a to d o m a c h a d o é o in s ta n te em q u e ele c o rta ; h á n o h o m e m u m a p o tê n c ia in d e te rm in a d a d e a p re n d e r ta l c iê n c ia o u ta l té c n ic a ; e sta p o tê n c ia d e te rm in a -se a tra v é s d e u m a in s tru ç ã o a p r o p r ia d a e d e u m s a ­ b e r o u u m a c a p a c id a d e , m a s ta l a p tid ã o só é p le n a m e n te a tu a l q u a n d o se ex erce. E is p o r q u e o m o v im e n to é um ato , m a s u m ato imperfeito, o ato d a q u ilo q u e e s tá em p o tê n c ia e n q u a n to p re c isa m e n te isso e s tá em p o tê n c ia ; e m re s u m o , u m a “ re a li­ d a d e ite r a tiv a ” , a re a lid a d e da passagem à re a lid a d e d a f o r m a a c a b a d a . (L . Robin) E m Kτ ÇI , em F « T7 I E , as p a la v ra s Tat e s o b r e tu d o Tathandlung s ã o u tiliz a d as n o s e n tid o B e im p lic a m s e m p re a id é ia d e lib e rd a d e . (Xavier Léon — F. Rauh ) O se n tid o C n ã o é e s tr a n h o à filo so fia ? (M. Bernès) É b a s ta n te p ró x im o d o de eVreXe'xetoí, e in flu i p o r a ss o c ia ç ã o s o b re as o u tra s u tilizaçõ es filo só fic a s d a p a la v ra . N esse a sp e c to su g ere n ã o so m e n te a id éia d e u m a a ç ã o A , m as ta m b é m de u m a a çã o q ue p ro d u z um re s u lta d o , q u e c ria u m real: “ P re fe rir o s a to s às p a la v ra s, e tc .” (A . L .) S o b re A to e A tiv id a d e — “ P o d e -se p e r g u n ta r o p o rq u ê de se u tiliz a r a p a la v ra

ato q u e p a re c e d e sig n a r se m p re u m a o p e ra ç ã o p a rtic u la r e lim ita d a , d e p re fe rê n c ia à p a la v r a atividade q ue d esig n a a p o tê n c ia m e sm a d e o n d e d e riv a m to d o s os a to s. H á a í u m a q u á d ru p la ra z ã o , q u e s e rá c o m p re e n d id a m u ito ra p id a m e n te p o r to d o s aq u eles q u e te n h a m a p re e n d id o a sig n ific a ç ã o d a n o s sa a n á lise : é q u e a p a la v r a ativi­ dade é a b s tr a ta , e n q u a n to q u e a p a la v r a alo é c o n c r e ta (ele é a essên cia d a a tiv id a d e

A T Ô M IC O P a r a os d ife re n te s c a m b ia n te s de A to n o p rim e iro s e n tid o , c f. Açâo. Rad. ¿ni.: A . B . (A ç ã o ): A g ; C . A k t; D . A g ; E . A k tu a l. A T Ô M IC O D . A tom istisch ; E . A tomic\ F . Atom ique; I. A tóm ico. R elativ o ao s á to m o s , q u e tem a c a ra c ­ te rís tic a d e u m á to m o o u q u e é fo r m a d o d e á to m o s . “ P e s o a tô m ic o ,” “ A e s tru ­ t u r a a tô m ic a d a e le tric id a d e .” V er a s c ita ç õ e s de W . J a m e s n o Su­ plem ento. (O b se rv a ç õ e s s o b re A to m is­

106

W Z 2 U , Histoire des doctrines chimiques, p . 40. C f . P 2 2 « Ç , Les atomes I

E

(1913). A n o ta ç ã o a tô m ic a é a n o ta ç ã o q u e s u b s titu i a n o ta ç ã o p o r e q u iv a le n te s d e W ÃÂ Â τ è I ÃÇ , c o m v ista a p ô -la d e a c o r ­ d o co m a h ip ó te s e d e A â Ã; 2 τ á Ã . C f.

Molecular.

B. P o r a n a lo g ia , te o ria q u e a d m ite (v irtu a lm e n te ) “ á to m o s p s íq u ic o s ” . V er Á to m o , D . N u m s e n tid o a in d a m a is m e ta fó ric o , c h a m o u -s e “ te o ria a tô m ic a d a S o c ie d a ­ mo* psicológico.) d e ” à q u e a ju lg a c o m p o sta de in d iv íd u o s, T e o ria a tô m ic a — D . Atomenlehre, ú n ic a c o isa re a l, em o p o s iç ã o à te o ria A to m istik ; E . A tom ic theory; F . Théo“ o r g â n ic a ” , o u “ o r g a n ic is ta ” , q u e d á rie atomique ; 1. Teoria atómica. m ais re a lid a d e a o to d o . E sta s ex p ressõ es, A. C h a m a -s e a ssim , n a Q u ím ic a , à h i­de c a r á te r s o b re tu d o p o lê m ic o , n ã o sã o fa v o rá v e is à p re c isã o d o p e n s a m e n to . p ó te se d e fin id a p o r Dτ Â I ÃÇ . “ E le su p ô s q u e os c o rp o s e ra m fo r m a d o s p o r p e q u e ­ A T O M IS M O D . Atom istik', E . A to ­ n as p a rtíc u la s in d iv isív eis a q u e c h a m o u m ism ; F . Atom ism e; I. A tom ism o. á to m o s . A e s ta n o ç ã o a n tig a e v a g a ele A . D o u tr in a d o s filó so fo s q u e s u s te n ­ d e u u m s e n tid o p re c iso a o a d m itir , p o r ta m q u e a m a té ria é f o r m a d a p o r áto­ u m la d o , q u e p a r a c a d a esp ecie d e m a té m os *, n o s e n tid o A , c u ja s p ro p r ie d a d e s r ía os á to m o s p o ssu e m u m p e so in v a r iá ­ e n g e n d ra m p o r c o m p o s iç ã o to d o s o s fe ­ vel e, p o r o u tr o la d o , q u e a c o m b in a ç ã o n ô m e n o s d o s c o rp o s sen sív eis. e n tre d iv e rsa s esp écies d e m a té ria re s u l­ B . T e o r ia c o rp u s c u la r d a m a té ria t a n ã o d a p e n e tr a ç ã o d a s u a s u b s ta n c ia , (B Ã à Â , D τ Â Ã Ç , e tc .) C f. J τ ; ÇÃ Z 7 , m a s d a ju s ta p o s iç ã o d o s seu s á to m o s .” E

I

q u e é ela p r ó p r ia a p e n a s o n o m e g e n é ric o d o s a to s p a rtic u la re s ); a p a la v r a atividade e x p rim e a p e n a s u m a p o s s ib ilid a d e , e n q u a n to q u e a p a la v r a ato e x p rim e u m a c a b a ­ m e n to ; a atividade te ria n e c e s sid a d e d e u m a b a lo e x te rio r a e la p a r a se ex erce r e n ­ q u a n to q u e o ato é g e ra d o r d e si m e s m o ; a atividade a p e la p a r a o seu c o n tr á r io , q u e é a p a s s iv id a d e , m as o ato n ã o tem c o n tr á r io , d e ta l m o d o q u e o s a to s n ã o d ife re m u n s d o s o u tr o s e n q u a n to a to s , m a s ju s ta m e n te p e la m is tu ra d e a tiv id a d e e d e p a ssiv i­ d a d e à q u a l eles se p o d e m r e d u z ir .” L . L τ â Â Â , D e 1’acte , liv ro I, c a p . I, p . 13. S o b re as p a la v ra s A to, Ação, Atividade, Agente, v e r o e s tu d o d e R . B o u v ie r n a Revue de synthèse, to m o X I I I (1 937), p p . 191-197. E

E

S o b re A tô m ic o — A to m á -la à le tra , a s e g u n d a p a r te d a fra s e d e W u rtz c ita d a n o te x to s e ria in e x a ta . H á u m a esp é c ie d e c o n fu s ã o r e s u lta n te sem d ú v id a de u m a re d a ç ã o d e m a s ia d o r á p id a : a q u ilo a q u e W u rtz q u e r o p o r a te o ria d e D a lto n n ã o é so m e n te o a to m is m o a n tig o (o n d e j á se a d m itia q u e o s c o m p o s to s re s u lta m d a ju s ­ ta p o s iç ã o d o s seu s á to m o s ), m a s a te o ria to ta lm e n te d ife re n te d o s mistos, o n d e se a d m itia u m a c o m b in a ç ã o m a is ín tim a d o q u e a sim p les a d iç ã o . ( R . Berthelot) V er ta m b é m n o Suplemento as o b s e rv a ç õ e s de Rene' Berthelot s o b re a u tiliz a ç ã o d a s e x p re ssõ es “átom os p s íq u ic o s ” (n o s e n tid o D ) e “ a to m is m o p sic o ló g ic o ” .

A TO M ÍST ICO

HI7

Histoire de Ia chimie, 1? p a rte , cap. I, II: “ A to m ism o ” . C h am a-se, p o r ex ten são , atomismo matemático o u pitagórico à d o u trin a q ue co m p õ e a m ateria de p o n to s in extensos considerados com o centros de fo rça (p o n ­ to s d e B oscovich); atomismo metafísico, o m o n ad ism o * de LE « ζ Ç« U ; atomismo psicológico, a d o u trin a segundo a q ual to ­ dos os fen ó m en o s p síq uicos se re d u z i­ ria m , em ú ltim a análise, às co m b in açõ es de elem en to s sim ples o u m esm o a a g re ­ g ad o s de um elem en to ú n ico e in d e fin i­ d a m en te rep etid o (p o r ex em p lo , n a te o ­ ria d o s choques n erv o so s de Sú E ÇTE 2 ). V er m ais a d ian te Átom o, D . C f. as o b ­ servações so b re esta p a la v ra e o A p é n d i­ ce no fim deste Iivro. CRÍTICA A expressão atomismo matemático ou pitagórico (diz-se a in d a alg u m as vezes atomismo dinâmico ) tem o d u p lo d e fe i­ to de desviar m u ito a p a lav ra d o seu sen ­ tid o original e ain d a de estar em d e sa c o r­ d o com o fa to h istó rico de que a d o u tr i­ na em questão foi precisam ente o p o sta ao ato m ism o restrito, no sentido B. Atomis­ mo metafísico , fala n d o de L eib n iz, tem tam bém grandes inconvenientes, pelo m e­ nos no en sin o d a filo so fia: em b o ra ele m esm o, com seu espírito de ecletism o, te­

n h a d ito das suas M ó n ad as q u e elas eram os “ v e rd ad eiro s á to m o s d a n a tu re z a ” {Monadologie, th . 3), e sta a p ro x im a çã o freq ü e n te m en te p e rtu rb a m u ito o s espí­ rito s que a in d a n ã o co n h ecem bem a su a d o u trin a e sugere-lhes associações de idéias m u ito e n g a n a d o ra s. Rad. int .: A to m ism . A T O M ÍS T IC A D . Atomistik; E . A . Atom istic theory; B. Molecular physics; F. Atomistique", I. Atomística (?). A . S in ô n im o de a to m ism o , so b re tu ­ do n o se n tid o B. (A p a la v ra alem ã A to ­ mistik parece ter geralm ente este sentido.) B. Física dos áto m o s. “ Se atribuirm os à m a té ria a e s tru tu ra in fin itam en te g ra ­ nulo sa q u e os resu ltad o s o b tid o s em A to ­ m ística su g erem ... verem os m odificarem se m u ito sin g u larm en te as p o ssib ilid ades de um a aplicação rig o ro sa d a co n tin u id a­ de m a te m á tic a à re a lid a d e .” J . P 2 2 « Ç , Les atomes, p re fá cio , p . X II. Rad. int.: B. A t o m i s t i k . E

A T O M ÍS T IC O D . Atomistisch; E. A . B. Atomistic; B. Atomistical; F . Atomis­ tique; 1. Atomístico. A . S in ô n im o de a tô m ico * . B. Q u e p ro fessa o ato m ism o * .

Rad. int.: A to m a l, ato m ism .

S obre A to m ístico — V er no fim deste livro os ap ên d ices já m en cio n ad o s a trá s .

René Berthelot co m u n ica-n o s ad em ais (a p ro p ó sito da p a la v ra “ atômica ” u tilizad a p a ra desig nar um a filosofia social) um tex to inglês re tira d o d o Times Literary Sup­ plement de 16 de ag o sto de 1923, p. 539. 0 a rtig o é a n ô n im o , seg u n d o o uso inglês. “ T h e in d u strial re v o lu tio n h ad been bu t o ne asp ect o f th e atomic p h ilo so p h y th a t by th e beginning o f the n in eteen th cen tu ry had p erv ad ed alm o st th e w hole o f English life ... T h e econom ics o f co m p etitio n a n d laisser-faire, th e eth ics o f p riv a te pleasu re a n d p ain , th e psycholo gy o f ‘a sso c ia tio n s’ reducin g even th e m in d to a co llo catio n o f disconnected id eas, w ere all p a rts o f a d rift to w ard s d isin te g ra tio n ... T he first h alf o f th e new cen tu ry saw m any e ffo rts to su b stitu te c o rp o ra te an d o rg an ic fo r in d iv i­ d u alist s ta n d a rd s .” 1 “ O in teresse d e sta p assag em ” , acrescen ta R ené B 2 E

I 7 E

1. “ A revolução industrial foi apenas um dos aspectos desta filosofia ‘atômica' que, no inicio do Stic. XIX, se tinha estendido à quase totalidade da vida inglesa... A economia política da concorrência e do la ts s e r f t i i r p , a moral do prazer e da dor individuais, a psicologia da associação, que reduz o próprio espirito a uma justaposição de idéias independentes, tudo fazia parte de um movimento geral no sentido da desintegração.. A primeira mciudc do século seguinte assistiu a numerosos esforços para substituir às formas de ideal indivi­ dualistas formas dc ideal corporativas e orgânicas.”

1 08

A TOM O

Á T O M O

aTo/ xos,

(G .

in d iv isív e l;

Individuum corpus, L U C R EC IO ). Atom \ F . Atóme; I . Atom o. A .

S e n tid o

, Eú

Oó T2 « I Ã

(L

p r im itiv o

, LZ T2

« TZ 2 Ã

E

E

L,

reações

sã o

to d o s q u a li­

ta tiv a m e n te id ê n tic o s (n a m e d id a d o s n o s ­

D . e E.

C« ú Ã, D ): e l e m e n ­

Z

q u ím ic a s e q u e

sos

m e io s d e o b se r v a ç ã o )

m o

co rp o

sim p le s.

para

D iz -se

u m

m es­

v u lg a r m e n te

E

T« Ã

n este

se n tid o ,

“ á to m o

q u ím ic o ” .

V er

Teoria atômica.

to s d e m a té r ia a b s o lu ta m e n te in d iv is ív e is E sta c a r a c te r ístic a d e in d iv is ib ilid a d e e d e u rn a p e q u e n e z tal q u e n ã o p o d e m p e r c e b id o s se p a r a d a m e n te . g u n d o

D e m ó c r ito ,

ser

e d e im u ta b ilid a d e r e la tiv a s n ã o e x c lu i e v i­

E le s s ã o , se ­

etern os,

d en tem en te

in v a r iá v e is,

siç ã o

la s s u a s f o r m a s , a s su a s p o s iç õ e s e o s se u s “ N ã o

p od em

e x istir

a p o ss ib ilid a d e d e

a n á lise u lte r io r , n e m

h o m o g ê n e o s e n tr e si, a p e n a s d ife r in d o p e ­

m o v im e n to s.

n em

tos

casos.

V er

C .

D

v is ív e is .” B .

E

è Tτ

S e n tid o

2

P o r e x te n s ã o , a p a la v r a

m od ern o:

te r ia is q u e se c o n s e r v a m

l.OT,

e le m e n to s

term o

a p lic a ç õ e s d e u m

p sic o ló g ic a .

u tiliz a ç ã o

d o

e

E sta

testem u n h a

h e g e lia n ism o ),

a le m ã

d os

ta n to

co m eço s

d o

L. Brunschvicg é

p ela séc.

A ,

o n d e

o

v a lo r

S ob re Á to m o

b e



α τ ο μ ο ι ο ΰ σ ίο α ,

μ ά ,

se

term o

n ão

e x e r c id a

1, 7 7 2 ,

é rara n o s sob re

lin g u a g e m ,

átomos de

e le s

c o m o

filó s o fo s

in g le se s c o n te m p o r â ­

(p r in c ip a lm e n te

p e la s

id é ia s, d a

p or

in te r m é d io

F ilo s o fia

r o m â n tic a

Atomística

(s u b s t.) p a r a a físi­

B , o n d e e s ta p a la v r a p e r d e u o s e n tid o o r ig in a l d e e le m e n ­

Á to m o

d a

Atom ismo

p a la v r a

é

a m e ta físic a d o s á to m o s (n o

foi

se n ti­

m a n tid o ).

a p a r e c e q u a s e s e m p r e n o p lu r a l n o s te x to s a n tig o s : ά

e n c o n tr a m -se p r im e ir o n o s fr a g m e n to s d e D e m ó c r ito ; n ã o

n o ta

m es­

te o r ia so c ia l e u m a teo ria

X I X .”

o rig in a !

esta e x p r e ssã o

des grees,

g r a n d e n ú m e r o d e e x e m p la r e s

se m e lh a n te s: c h a m a m -s e a ssim

p r in c íp io c o m u m , u m a

in d iv is ív e l e a b s o lu t o ), d e s ig n a n d o

d o

tid o s n u m

d e o p in iã o q u e c o n v ir ia reservar

ca d o s á to m o s (n o se n tid o to

d o

a in flu ê n c ia

a cer­

‘f ilo s o f ia a t ô m ic a ’ u tiliz a d o p a r a d e s ig n a r , a o

m o tem p o , co m o

n eo s

de a n o s,

fin ito s, d e s c o n tín u o s , in d iv isív e is e r e p e ­

m a ­

se m a lte r a ç ã o n a s

“ é o d e n o s m ostrar o

d ezen a

to s e le m e n to s físic o s c o n s id e r a d o s c o m o

, Princípios, II, 20.

è

átomo

da

p o r su a n a tu reza in d i­ I E

cer­

Molécula.

a p lic a d a , h á u m a m a te r ia q u e s e ja m

a de u m a d eco m p o

físic a q u e se r e a liz a d e fa to e m

á to ­

m o s , q u e r d iz e r , p a r te s d o s c o r p o s o u

u m a

u tiliz a d a 1 (tra d .

a n te r io r m e n te

fr .,

“ O s n o s s o s á t o m o s a tu a is e r a m

II,

p or

L e u c ip o .

Z

V er

E

.

«I

E

2

τ ο ­

se sa ­

, Philos.

289).

ch a m a d o s p or A v o g ra d o , o

seu

v e r d a d e ir o

p a i,

‘m o lé c u la s e le m e n ta r e s ’, e a s n o s s a s m o lé c u la s , ‘m o lé c u la s c o n s titu in te s ’ p a r a o s c o r p o s s im p le s e ‘m o lé c u la s in te g r a n te s ’ p a r a o s c o r p o s c o m p o s t o s . D u m a s u tiliz a v a in d ife ­ ren tem en te as ex p ressõ es

moléculas, átomos e partículas, p e r m

estes term o s n u m a m e sm a o

frase p o r m o tiv o d e e u fo n ía ... A

á to m o e a m o lé c u la , se b em

d e fin itiv a m e n te

L

C

q u e n itid a m e n te fo r m u la d a p o r A v o g r a d o , a p e n a s foi

c o m p r e e n d id a

,

u ta n d o freq u en tem en te

d istin ç ã o a b so lu ta en tre

e

a d o ta d a

p e lo s

q u ím ic o s

c in q u e n ta

a n o s

m a is

tar­

Molécules, atom eset notations chimiques, e m “ Les classiques de la Science” . V e r A v o g r a d o , Essai d ’une maniere de determiner les masses relatives des molécules élémentaires des corps ( 1 8 1 1 ) , r e p r o d u z i d o n o m e s m o d e .”

E

7

τ

I E

 «E 2

P r e fá c io

a

v o lu m e . N o s c ie n tista s m o d e r n o s a id é ia d e in d iv is ib ilid a d e d e s a p a r e c e fr e q ü e n te m e n te d e m o d o c o m p le to n o se n tid o p u lo

B: o s q u ím ic o s d o in íc io d o sé c u lo X I X

d e “ m e io - á t o m o ” , p o r e x e m p lo , J .-B .

la physique et de la chimie,

p.

5 47.

D u m a s, cita d o em

{A. L.)



fa la m E

E

E

2

sem

escrú ­

, Histoire de

foi

109

A T R IB U IÇ Ã O

eletricidade a o s e l é t r o n s ; átomos de ener­ gia o u átomos de ação ( n o s e n t i d o C d a p a l a v r a a ç ã o * ) a o s quanta * d e P l a n c k ; e t c . “ O s quanta a p a r e c e m - n o s c o m o á t o ­ m o s d e e n e r g i a . ” H , P Ã « ÇT τ 2 é , Dernières pensées ( 1 9 1 3 ) , p . 1 8 2 . A p a l a v r a

lei

ções

D .

e v ita r

os

e

qual se

p rod u z

este

r e p u lsõ e s

m o v i­

“ A s atra­

e lé tr ic a s.”

B . T e n d ê n c ia in te rn a , c o n sid e r a d a c o ­

to

im p o r ta n te

por

is o la d a m e n te , e n ã o d e v e sê -lo , se

q u ise r m o s

a

a tr a ç ã o u n iv e r sa l.”

m o ca u sa d a a tra çã o o b se r v á v e l. “ É m u i­

“ á t o m o ” , n e ste se n tid o , n ã o é n u n c a u ti­ liz a d a

segu n d o

m en to . “ A

atra çã o

sab er

se é p o r im p u lso o u

que o s co rp o s

c e le ste s a g e m

u n s so b r e o s o u tr o s , se é a lg u m a m a té r ia

e q u ív o c o s.

su til e in v isív e l q u e o s im p e le , o u se e ste s

F i n a l m e n t e , p o r a n a l o g i a , c h a m a c­ o r p o s s ã o d o t a d o s d e u m a q u a l i d a d e e s ­

átomos psíquicos

ra m -se

aos

e le m e n to s

c o n d id a e o c u lta p e la q u a l e le s se a tr a e m

q u a lita tiv o s in d iv is ív e is d e n a tu r e z a m e n ­

m u tu a m en te.

ta l,

d o s: o s q u e s ã o p e lo im p u ls o c h a m a m -se

p e lo

a gru p am en to

d o s

q u a is

se r ia m

O s

fo r m a d o s, se g u n d o certa s e sc o la s, o s e s­

impulsionistas,

tad os

ção

p síq u ic o s

L

u tiliz a m

o c k e

esta

,

nem

M ili,

exp ressão,

co m o

a con tece

tic o s

c o n tr á r io s

n em

que

foi

n o

p a r tid á r io s d a

« TÃÂ

.

E

P or

m etá fo ra ,

m en to esp o n tâ n eo d o

ag en te em

a um

d o

à

m a n e ir a

de

ver

ser o u

a u m

fim

“ a tra em ” .

“ A

atra çã o

m a te r ia l, e

eu

q u e n en h u m

a

da

físic o

im p u lso

q u e

c o n siste

si m e s m o s

sem

x im a m

d o o u tr o . F o r ç a m e c â n ic a c o n ­

S ob re A tra çã o

por si"

in ic ia l,

a exp ressão

a n te s d e m im

F ÃZ



os fen ô m en o s d a

H ila ir e

Rad. int . : em

S ó

p la n e tá r io :

çã o

d e).

V er

S a in t-H ila ir e

estu d o :

(A n a lo g ia d e) V er

C r ític a .

p ro p õ e ch am ar

no

seu



atração de si

e sp ír ito d e s tin a d a a su b stitu ir t o ­

a a tr a ç ã o d ir ig e o

afinidade e

m u n d o e G eo ffro y

G e o f f r o y S a in t-

esten d e a to d o o

sis­

tin h a im a g in a d o p a r a a e x p lic a ç ã o d o m u n ­ O

n a tu r a lis ta , d iz e le , c h e g a

v e lm e n te a e sta s c o n c e p ç õ e s o u s a d a s to d a s a s v e z e s e m

ú ltim o

p r o p o si­

m o lé c u la d irig e-se se m p r e p a r a o u tr a m o lé c u la d a

“ Natura semper sibi consona."

a o p a p el su b a lte r n o d e

(J u íz o o u

Atributiva.

2. A T R IB U IÇ Ã O

Analogia,

n a tu r a l. E la e stá

te m a d o s seres o s p r in c íp io s q u e N e w to n d o

A tra k t.

1. A T R IB U IÇ Ã O

v ir tu d e d a q u ilo q u e o u tr o s c h a m a r a m

afrontamento.

, Lettre au , Fourier, p .

2 ; «Ç

u m a e sp é c ie d e c h a v e a p lic á v e l à in te r p r e ta ç ã o d e to d o s

d a s a s e x p lic a ç õ e s v ita lis ta s . T o d a m esm a ord em , em

BÃ Z

2 «E 2

73).

da

É tie n n e G e o ffr o y

filo so fia

(em

d e

tin h a

se a p r o ­

n u m é r ic a

u m a lei u n iv e r s a l o u

g ló r ia .”

atração amorosa

h o m em

Grand-Juge

D .

F en ô m en o

d a

“ N e w t o n ... d e t e r m in o u a s le is d a a t r a ç ã o a este a rtig o

q u e d o is o u m a is c o r p o s , a b a n d o n a d o s a

co m o

d ir e ç ã o

q u a l se d iz q u e

d e le s.

Anziehung, Attraktion; E . Attraction·, F . Attraction·, I . Attrazione. A T R A Ç Ã O

um

a rra sta ­

c r ia d a ,

a b o r d a d o a te o r ia .”

sid e r a d a

atra­

fr e q u e n te m e n te , p o r c r í­

Atomismo, B , e a d i ç ã o Suplemento. Rad. int.\ A t o m .

A .

d iv id i­

ch a m a m -se

C. P è

T a in e

o C f.

e os

estã o

alracionistas." E Z Â 2 , Lettre à une princesse d ’AHemagne, L I V .

c o m p le x o s.

N OTA SOBRE O S E N T ID O D N em

filó so fo s

q u e n ão se

in e v ita ­

r e d u z e le p r ó p r io

"descritor". V e r Études progressives d ’un naturaliste ( 1 8 3 5 ) ,

“ L ei u n iv e r sa l (a tr a ç ã o

d e si p o r s i) o u

c h a v e a p lic á v e l à

in te r p r e ta ­

Notions synthétiques, histori­ ques et physiologiques de philosophie naturelle ( 1 8 3 8 ) , n o t . p p , 4 , 2 5 , 3 0 , e tc . ( Louis Boisse) ç ã o d e to d o s o s fe n ô m e n o s d e filo s o fia n a tu r a l” ; e c f.

u n

A T R IB U T IV A

A T R I B U T I V A ( P r o p o s i ç ã o ) D . At tri­ bu tiver (Satz); E . Attributive (proposi­ tion); F . Attributive (proposition); I . A t ­ tribut iva (proposizione). P r o p o siç ã o q u a lid a d e ran to

à

d e

q u e a fir m a

u m

su je ito ,

p r o p o siç ã o

ou

n ega

por

g e r a lm e n te q u e estes m o d o s o u

d era n d o



u m a

co m o

c o m o

su b stâ n c ia ,

2

I E

tu m

o p o siç ã o

c o n c e b id a

(c o m p r e e n d e n d o a có p u la * ) q u a n to à p r o ­

D ef.

4.

D iz -se

fo r m a d a p o r d o is te r m o s u n id o s

A T R IB U T O

LÃ; .

A . ca

de

to d a ou

Predicado,

a tr ib u to d e

B , e

um a

m a tiv a n ã o é d e n e n h u m seg u n d o to d a p or

si

a

su a

m esm a ,

N o

p r o p o siç ã o

d o

q u e

a

d o

to ).

butos dialéticos p a r a u n iv e r sa is” : o rença,

o

n esse se n tid o , d e sig n a r o s

g ên ero , a

p r ó p r io

e

o

n ão

cap .

filo s ó fic a : sig n o

M

C . u m a

E I

τ

.

E

d e

atri­

tual; A .

S o b re A tr ib u to

dialéticos o s p é c ie s “

de



lin g u a g e m

d e

ram

um

é m a ­ “ O

h o ­

p r e d ic a d o . M a s esta

b em

e sta b e le c id a .

Aktuell ( WirkUch

D .

Q u e

I.

d e sig ­

Ac-

Atiuale.

está

A

em

q u e

a to ,

n o s

q u e está p or

e n e r g ia *

em

v ir tu a l*

atu al

c o n siste

n u m a

o u

se n tid o s p o ten ­ ou

p o ­

c in é tic a

força

en e r g ia p o te n c ia l c o n siste n u m

p en so

v iv a ;

é a

esta d o n o

tív el (e n e r g ia q u ím ic a , e n e r g ia c o m id a n o siste m a d e d o is c o r p o s im o b iliz a d o s q u e

m a is

a lg u m a s v ezes so b

d e A r istó te le s o u ,

q u estõ es

q u e

e le

n a scer o s c in c o

u n iv e r sa is d e

o

n o m e

de

atributos

m a is e x a ta m e n te , a s q u a tr o

d istin g u e

nos

híXTtov 6è Ti oQos , rí lòiov, rí yevos, f í ovtißtßrjxos.”

p r o v a v e lm e n te

su je i­

h o m em

a tr ib u to ; e m

e q u e se d e sig n a

a q u e la

D e $ ig n a m -se ta m b é m

o u

está

“ O

se n tid o d o

q u a l n ã o d isc e r n im o s m o v im e n t o p e r c e p ­

“ q u a tr o u n iv e r sa is”

p r o p o siç õ e s

em :

o p o siç ã o a o

te n c ia l* .

c o isa .

“ Q u a n d o

n u m

é a fir m a d o

A tr ib u t.

Actuel;

F .

e E , em

C a r a c te r ístic a e sse n c ia l d e

su b stâ n c ia * .

o

“ cin c o

a c id e n te .

u m a

n ã o

A T U A L

p r o p r ie d a d e ca r a c te r ístic a o u

d istin tiv o

atributos

n a s o b r e tu d o a id é ia d e r e a lid a d e ); E .

e sp é c ie , a d ife ­

p r o p r ia m e n te à

I,

d istin g u ir

m o d ern o s que

mamífero é pensa é

Rad. int.:

s e n t id o m a is r e str ito , m a s q u e

p erten ce

essen-

, Ética,

d os

p r e c iso

p en sa” ,

d istin ç ã o

fo r,

(o

P or e x e m p lo

m em

c ia B . N u m

A , é

ló g ic o s

m ífe r o ” ,

a fir ­

X V II. D isse -se o u tr o r a ,

se n tid o

p e lo s

su je i­

II,

p a r tic u la r m e n te

m a is a m p io

m o d o a fir m a d o

e x t e n s ã o , se e la

m a io r

te

um

Predicação,

Logique de Port-Royal,

t o .”

d e

eju sd em

« ÇÃè τ

atributo ( o q u e e s t á l i g a d o a o s u j e i t o p e ­ l a c ó p u l a é, n o s e n t i d o c l á s s i c o d e i m p l i ­ c a ç ã o ) d o predicado, e n t e n d i d o g e r a l m e n -

c a r a c te r ísti­

n egad a

Eè ú

CRÍTICA

Attribut; E . Attribu­ Attributo.

a fir m a d a

su je ito . V er “ O

I.

D iz -se

en q u a n to

A .

D .

Attribut ;

F.

“ P er a ttrib u -

de Deus*.

relação*. S i n ô n i m o d e proposi­ ção de inerência*, n o s e n t i d o B (L τ T7 E LIER). C f . Inerência, Predicação. Rad. int . : A t r i b u t i v . por u m a

te;

I, 5 6 .

p e r c ip it, ta n q u a m c o n s titu e n s .”

p o siç ã o

d esta

atributos.” DE è ­

in te llig o id , q u o d in te lle c tu s d e s u b s ­

tia m

su je ito * e n u m

d ep e n d ê n c ia s

, Principios,

è

ta n c ia

d e­

as

c h a m o -lh e s

p r e d ic a d o *

com p osta n u m

q u a lid a ­

d e s e stã o n a su b stâ n c ia , a p e n a s o s c o n s i­

Tópicos,

1 0 1 b3 8

ss.

I,

E le s

P o r fír io , m a is c o n h e c id o s, e

cap .

es­ IV :

fiz e r a m q u e tiv e ­

y evos, eiòos, ÒLan é re la tiv a à y ¿veoís, (iriarijvr) a ov (B ÃÇ« I U , Index arist., 7 5 9 a , 21 ss.). {L. Robin) E m g e ra l, q u a n d o ê ru m jtn j é e m p re g ad o p o r A ristó teles sem q u a lific a çã o , é o p o sto a vov s, e n q u a n to se a p lic a s o b re tu d o à q u ilo q u e é o b je to de d e m o n s tra ç ã o ( á ir d ô a £is) e de ra c io c ín io d isc u rsiv o : v er Segundos Analíticos, II, 3. (C . C . J. Webb ) 2? Sobre o sentido atual. O s s e n tid o s A , B , C têm s o b r e tu d o u m c a r á te r s u b je ti­ v o (a in d a q u e h a ja ta m b é m n as a rte s , p a rtic u la rm e n te n a m ú s ic a , u m e le m e n to de c iê n c ia o b je tiv a , q u e é o o b je to d a c iê n c ia s u b je tiv a d o a r tis ta ); estes s e n tid o s c o rre s-

157

d u v id o so n ã o d ev e ser c h a m a d o c iê n c ia .” D e s c a r t e s , Respostas às 2? obj., 1? p a rte . Ciência, n a lin g u ag em te o ló g ic a , é o te r m o m a is u s u a l p a r a d e sig n a r o c o ­ n h ecim en to q u e D eus tem d o m u n d o . V er Ciência média e c f. Presciência. W o l f f d e fin e a ciên cia ‘‘h a b itu m ass e rta d e m o n s tr a n d i, h o c est e p rin c ip iis c e rtis e t im m o tis p e r le g itim a m co n seq u e n tia m in f e r e n d i” {Lógica, D isc u rso p re lim in a r, I I , § 30). E sta d e fin iç ã o , m u i­ ta s vezes c ita d a , r e p ro d u z u m a f ó r m u la c o r r e n te n a e sc o lá stic a (v er G o c l e m u s , s u b V o, 1010 A ; E u s t á q u i o d e S . P a u ­ l o , Sum m a p h il. , I , 231-233, c ita d o em G i l s o n , Index scol.-caríesiana , su b Vo) e q u e se lig a à p a ss a g e m d a Ética a Nicômaco q u e c ita m o s m ais a cim a. M a s , co m K a n t , o q u e G o c len iu s c h a m a v a scientia improprie dieta c o m e ç a a o c u p a r o p r i­ m e iro lu g a r. Sem d ú v id a , K a n t c o n sid e ­ r a c o m o ciência p ro p ria m e n te d ita (eigen·

C IÊ N C IA

tliche Wissenschaft) a q u ilo q u e é o b je to d e u m a c e rte z a a p o d ític a ; p o ré m , ele d e­ fin e a c iê n c ia e m g e ra l c o m o s e n d o q u a l­ q u e r d o u tr in a q u e fo rm e u m siste m a , q u e r d iz e r, q u a lq u e r c o n ju n to d e c o n h e ­ c im e n to o r d e n a d o seg u n d o p rin c íp io s

(Met. Anfangsgründe der Naturwiss., P r e f á c io , § 2 e § 3). E s ta ú ltim a d e fin i­ ç ã o é h o je clássica. S p e n c e r , c o n sa g ra n ­ d o e sta a c e p ç ã o , o p ô s n u m a fó rm u la c é ­ le b re o c o n h e c im e n to v u lg a r, a c iê n c ia e a filo so fia : o p rim e iro é o c o n h e c im e n to (knowledge) n ã o u n ific a d o ; a s e g u n d a , o c o n h e c im e n to p a rc ia lm e n te u n ific a d o ; a ú ltim a , o c o n h e c im e n to to ta lm e n te u n i­ fic a d o {Primeiros princípios , 2 f p a r te , c ap . I, § 37). S ab em o s q u e v ário s dos n o s ­ s o s c o n te m p o râ n e o s v ã o a in d a m ais lo n ­ ge e n ã o v êem n a c iê n c ia s e n ã o u m siste ­ m a d e n o ta ç õ e s q u e p e rm ite c la s s ific a r e p re v e r o s fe n ô m e n o s. Rad. int.: A . B . C . S á v ; D . E . S cien c.

p o n d e m à Scientia; o s se n tid o s D e E sã o m a is o b je tiv o s , e c o rre s p o n d e m à Doctri­ na. (J. Lachelier ) N o sen tid o re s trito e m ais m o d e rn o , o c o n h e c im e n to cien tífico p a re ce c o m p o rta r estas c arac te rístic as essenciais: 1?, esp ecificação (in d e p e n d en te m e n te d e q u a lq u e r c o n ­ sid eraç ã o o n to ló g ic a ) p elo sim p les elem en to fo rm a l , q u e r d iz er, p o r u m p o n to de v ista, p o r u m m é to d o , d a matéria d e ta l o u ta l ciência: p o rq u e as ciências d ife re m , n ã o p ela d iv ersid ad e de o b je to s , m as pela fo rm a d e o s e n c a ra r, so b u m a sp e c to d e te rm in a d o , a lg u m a co isa d o p ro b le m a to ta l: h e tero g en e id a d e e so lid a rie d a d e crescen tes; 2 ?, o r g a ­ n ização siste m á tic a d a s id éias o u d o s fa to s c u jo ser cien tífico é c o n stitu íd o pelas su as relaçõ es seriad as, a p a r tir d e sím b o lo s in iciais e n a m e d id a em q u e essa lin g u ag em o r g a ­ n iz a d a e p ro g ressiv a se a d a p ta a o s fe n ô m e n o s, os tra d u z e p e rm ite p rev ê-lo s e m an ejálos; 3?, rig o r d a p ro v a ta l q u e , e n q u a n to o c o n h ec im e n to v u lg ar e p rá tic o te n d e a a d m i­ tir co m o v e rd a d e iro o q u e n ã o é re c o n h e c id o c o m o fa ls o , “ o C ie n tista é alg uém q u e d u v id a ” , q ue p õ e d e q u a re n te n a tu d o o q u e n ã o é d e m o n stra d o v erd ad eiro . {M. Blondel) N a d e fin iç ã o d e c iên c ia , n o s e n tid o D , n ã o seria n e c e s sá rio in c lu ir a id é ia de c a u ­ sa o u de lei? C a b e ta lv e z fa z e r u m a d is tin ç ã o : n o s e n tid o e s tr ito , a p a la v r a ciência im p lic a , c o m e fe ito , o c o n h e c im e n to d e leis g e ra is ap licáv eis à q u ilo q u e é o seu o b je ­ to , e, p o r c o n se q u ê n c ia , d a lig a ç ã o c a u sa l e n tre os f a to s ; p o ré m , a d m ite -s e g e ra l­ m e n te q u e ex istem ta m b é m “ ciên c ia s r e c o n s tr u tiv a s ” , ta is c o m o a h is tó ria o u a g e o ­ lo g ia , n as q u a is u m p ro c e d im e n to m e tó d ic o e o b je tiv a m e n te v á lid o le v a à d e te rm i­ n a ç ã o d e fa to s s in g u la re s. E s ta q u e s tã o fo i fre q ü e n te m e n te d e b a tid a s o b e sta fo rm a : “ S e rá a h is tó ria u m a c iê n c ia ? ” C f. ta m b é m n o Ensaio d e C o u r n o t o c a p ítu lo X X s o b re “ Vhistoire e t la S cience ” e n o c a p ítu lo X X II a s u a d iv isã o d a s ciên cias em trê s séries p a r a l e l a s : te ó ric a (c iê n cia s p ro p r ia m e n te d ita s ); c o sm o ló g ic a e h istó ric a ; té c n ic a o u p r á tic a . {D. Parodi — A . L.)

C IÊ N C IA C iê n cia s a p lic a d a s E s tu d o s q u e têm p o r o b je to a p lic a r leis a u m fim p rá tic o (leis q u e p e rte n c e m , em g e ra l, a d iv ersas o rd e n s de c o n h e c im e n to te ó ric o ), p o r ex em p lo , a te ra p ê u tic a , a “ eletricid ad e in ­ d u s tr ia l’’, a “ e c o n o m ia r u r a l ” . C iê n cia s h u m a n a s E x p re s s ã o recen te, m a s q u e se d ifu n d e c a d a vez m a is , p a ra d e sig n a r o q u e e ra a n te s u s u a l c h a m a r “ c iên cias m o r a is ” (e n te n d e n d o -se moral n o s e n tid o E ). E sta e x p re ss ã o a c e n tu a m a is as c a ra c te rís tic a s e x te rio rm e n te o b ­ serv áv eis d o c o m p o rta m e n to d o s h o ­

158

m e n s, q u e r in d iv id u a lm e n te , q u e r c o le ti­ v a m e n te . D eve n o ta r-se q u e as “ ciências h u m a ­ n a s ” n ã o são to d a s as q u e se re fe re m ao h o m e m ; p o r e x e m p lo , a a n a to m ia o u a fisio lo g ia d o h o m e m n ã o se d esig n am p o r esse n o m e: são as ciências d a q u ilo q u e ca­ ra c te riz a o h o m e m , p o r o p o s iç ã o a o res­ to d a n a tu re z a . V er Natureza , G . C iê n c ia m é d ia L . es co l. Scientia me­

dia. N a d o u tr in a m o lin is ta , q u e a d m ite o in d e te rm in is m o d a s açõ e s h u m a n a s , co -

Sobre a oposição das “Letras” e das “C i ê n c i a s A o p o s iç ã o d a s L e tra s e d as C iên cias é, n o fu n d o , a d a s u b je tiv id a d e h u m a n a e d a o b je tiv id a d e d a n a tu re z a . O e stu d o e x clu siv o , ou m e sm o p r e d o m in a n te , d a s c iên c ia s d a n a tu r e z a , e p a r tic u la r ­ m e n te d a s m a te m á tic a s , p o d e ria lev ar a v er a p e n a s em to d a p a r te e sp a c ia lid a d e , ex ­ te rio rid a d e re c íp ro c a , m e c a n is m o ; o e sp írito d e sta s c iên c ia s é e m p iris ta e m a te ria lis ­ ta . P e lo c o n tr á r io , é o h o m e m m o ra l e in te r io r q u e se tr a t a de f o r m a r , se q u is e rm o s q u e o filó s o fo c o m p re e n d a q u a l o v e rd a d e ir o fu n d o d a s c o isa s , o e s p ír ito e a lib e r d a ­ d e. A filo so fia é e sse n c ia lm e n te a c iên c ia d o s u je ito e só se in te re s s a , n o o b je to , p o r a q u ilo q u e n e le se e n c o n tr a d o s u je ito . P a r a a e d u c a ç ã o d o f iló s o f o , o e s tu d o q u e deve ser le v ad o m ais lo n g e, e s o b re tu d o a q u e le d e q u e d ev e s o b re tu d o a lc a n ç a r e re ­ te r o e sp írito , é p o r ta n to o e s tu d o d a s L e tra s . (7. Lachelier) A d istin ç ão e n tre as “ L e tra s ” e as “ C iê n cia s” é c o n s a g ra d a p e la o rg a n iz a ç ã o a tu a l d as U n iv e rs id a d e s fra n c e s a s , m a s n ã o é, c o m o se disse a lg u m a s v ezes, p a r tic u la r à F r a n ç a . F o i a A c a d e m ia de B erlim q u e p r o p ô s e fez a d o ta r , n a Associação interna­ cional das Academias, a d iv isão em d u a s seções, lite rá ria e cien tífica (D τ 2 ζ ÃZ 7 , Éloges académiques etdiscours, p . 328; cf. ibid., 320; E s ta tu to s d a A ss o c ia ç ã o , a r t. 5). (A. L.) S o b re C iên cias ap licad as — A A c ad e m ia d as C iências co m p reen d e, d esd e 1918,um a seç ã o q u e te m p o r títu lo : “ A p lic a ç õ e s d a ciên cia à in d ú s tr ia ” ; m a s ela c o n tin h a já seçõ es d e “ G e o g ra f ia e n a v e g a ç ã o ” , de “ M e d ic in a e c iru rg ia ” , q u e re le v am em p a r ­ te d as ciên cias a p lic a d a s , e u m a se ç ã o d e “ E c o n o m ia r u r a l ” , q u e a p re s e n ta esse c a ­ r á te r d e m a n e ira m ais n ítid a . René Daude a ssin a la q u e E d . G Ãζ Â ÃI to m o u a ex p re ssão Ciências aplicadas n u m s e n tid o b a s ta n te d ife re n te . N o seu Ensaio sobre a classificação das ciências (1898), ele o p õ e as “ ciên cias te ó ric a s p u r a s ” às “ ciên cias te ó ric a s a p lic a d a s (ou c o n c re ta s )” , e s u b d iv id e estas ú ltim a s em ciên cias “ e sp e c ia is” (q u e r d iz e r, re fe re n te s à c la s s ific a ­ ç ã o em esp écies d o s o b je to s d o seu e stu d o ); “ d e s c ritiv a s ” (d is trib u iç ã o n o e sp a ç o ); “ h is tó ric a ” (tra n s fo rm a ç õ e s n o t e m p o ) : p o r e x e m p l o , n o caso d a física: 1 ? a Q u ím i­ ca e a m in e ra lo g ia ; 2? a A s tr o n o m ia e a g e o g ra fia física; 3? a C o s m o g o n ia e a g e o lo ­ g ia. A q u ilo q u e c h a m a m o s g e ra lm e n te ciên cias a p lic a d a s fig u ra à p a rte n o m e sm o q u a d r o so b o n o m e d e a rte s m e c â n ic a s, o u ciên cias p rá tic a s . N o seu Sistema das ciên­ cias (1922), ele c o n se rv o u a m e sm a d iv is ã o , m a s d e ix a n d o de e n g lo b a r as ciên cias a p lic a d a s n a s ciên cias te ó ric as e re s e rv a n d o este n o m e p a ra as ciên cias “ p u ra s , a b s ­ tra ta s o u g e r a is ” .

C IE N C IA

159

n h e c im e n to q u e D eu s tem d o q u e a c o n ­ te c e rá se o s h o m e n s , n a s u a p le n a lib e r­ d a d e, ag irem de ta l o u ta l m a n e ira , “ [M olina] c o n sid e ra q u e h á trê s o b je to s d a ciên cia d iv in a , o s p o ssív e is, o s a c o n te c i­ m e n to s a tu a is e os a c o n te c im e n to s c o n ­ d ic io n a is q u e a c o n te c e ria m em co n seq ü ên cia d e u m a certa c o n d iç ã o , se ela fo s­ se c o n v e rtid a em a to . A c iên c ia d as p o s ­ sib ilid a d es é o q u e se c h a m a a ciência da simples inteligência ; a d o s a c o n te c im e n ­ to s q u e se d ã o a tu a lm e n te n o a n d a m e n to d o u n iv erso é c h a m a d a a ciência de visão . E , u m a vez q u e h á u m a esp écie de m eio e n tre o sim p les p o ssív e l e o a c o n te c im e n ­ to p u r o e a b s o lu to , a s a b e r, o a c o n te c i­ m e n to co n d icio n al, p o d er-se-ia dizer ta m ­ b é m , s e g u n d o M o lin a , q u e h á u m a ciên­ cia média e n tre a d a v isão e a d a in te li­ g ê n c ia .” L « ζ Ç« U , Teodiceia , I, 40. C f. BO SSU ET , Tratado do livre-arbítrio , c ap . V I: “ S eg u n d o m eio p a ra fazer c o n c o rd a r a n o s sa lib e rd a d e c o m a c e rte z a d o s d e ­ E

c re to s d e D eu s: a ciên cia m éd ia o u c o n ­ d ic io n a d a . F ra q u e z a d e sta o p in iã o .” V er

Premoção. C iên cias m o rais D . M o ralw issen sch afte n , G e iste sw isse n sc h a fte n ; E . Moral phyiosophy, moral Sciences; F . Sciences morales; I. Scienze morale. (A e x p re ss ã o , em fra n c ê s , n ã o se e m ­ p re g a n o s in g u la r.) C iê n cia s q u e têm p o r o b je to o e s p ír i­ to h u m a n o e as re la çõ e s so ciais. E ste te rm o re p re se n ta u m g ru p o de es­ tu d o s c u ja u n id a d e in trín se c a é m u ito d is­ cu tív el. A te n ta tiv a m a is s iste m á tic a p a r a re u n i-la s so b u m ú n ic o p rin c íp io fo i a d e A Oú è RE, n o seu Ensaio sobre a filosofia das ciências, o n d e to d o s os c o n h e c im e n ­ to s h u m a n o s s ã o re p a rtid o s e m d u a s sé­ ries p a ra le la s c u ja s ru b ric a s sã o re s p e c ti­ v a m e n te M unduseM ens. C f. Noológico. C iê n c ia n o r m a tiv a V er Norm ativo.

S o b re C iê n c ia n o r m a tiv a — A e x p re ss ã o “ C iê n c ia n o r m a tiv a ” é c o n tr a d itó r ia n o s seus te rm o s . T o d a s as a sse rçõ e s c ie n tífic a s e s tã o n o in d ic a tiv o . {H. Poincaré) A s ciên c ia s n ã o sã o n em té c n ic a s n em te le o lo g ía s; elas n ã o c o m p o rta m ju íz o s d e v a ­ lo r. (F . Mentré) S ó h á c o n tr a d iç ã o se se e n te n d e r p o r c iê n c ia n o r m a tiv a u m siste m a n o q u a l as p re m issa s s e ja m e x c lu siv a m e n te c o n s ta tiv a s e c u ja s c o n c lu sõ e s s e ja m n o rm a tiv a s . T e m o s ra z ã o a o d e n u n c ia r u m a c o n s tr u ç ã o d este g ê n e ro c o m o iló g ic a , e a q u ele s q u e c rê em p o d e r “ f u n d a r ” a l ó g i c a , a e sté tic a o u a m o ra l s o b re “ f a to s ” sã o se g u ra m e n ­ te v ítim a s d e u m a ilu s ã o . M a s se e n te n d e rm o s c iê n c ia n o s e n tid o q u e a d e fin im o s a c im a , n o § D , n a d a im p e d e q u e e x ista m c e rta s c iên c ia s q u e te n h a m p o r o b je to d e ­ te rm in a r a s re la ç õ e s ló g ic a s o u p sico ló g ica s q u e lig u em p ro p o s iç õ e s n o rm a tiv a s e n ­ tre si, d a s q u a is u m a s se ria m a$ p re m is sa s e o u tra s as c o n s e q u ê n c ia s , q u e c o n s ta te m e v id ên c ia s n o rm a tiv a s o u c o lo q u e m p o s tu la d o s n o rm a tiv o s , ta l c o m o se c o n s ta ta m e v id ên c ia s g e o m é tric a s e físicas, e se p o s tu la m p rin c íp io s n e sta s m e sm a s ciên c ia s. A h o m o g e n e id a d e e n c o n tr a - s e e n tã o e sta b e le c id a (v er “ S u r u n e fa u sse ex ig en ce d e la ra iso n en m a tiè re d e Sciences m o ra le s ” , n a Revue de métaphysique d e ja n e iro de 1907). N ã o só ex iste u m a c iê n c ia p o ssív el d o s ju íz o s d e v a lo r q u e r d o p o n to d e v ista e m p íri­ c o , q u e r d o p o n to d e v ista ló g ic o , m a s lo n g e d e n ã o c o m p o rta re m a s c iên c ia s “ te le o ­ lo g ía n em ju íz o s d e v a lo r ” p o d e -se d iz e r, s o b a lg u n s a s p e c to s , q u e n em to d a ciên cia é u m siste m a fin a lis ta e é c o m p o s ta p o r ju íz o s d e v a lo r: p o r q u e a ciên cia n ã o é u m a sim p le s re c e p ç ã o p a ssiv a d a re a lid a d e , e la só se c o n s titu i a tra v é s d a e x istên cia de um o b je tiv o p a r a o q u a l te n d e , se n d o os seu s c rité rio s c ie n tífic o s d e te rm in a d o s p o r esse o b j e t i v o ; o o b j e t i v o , q u e r d iz e r, o q u e é válido p a r a t o d o s , n ã o é o q u e é a tu a lm e n te a d m itid o p o r to d o s ; c o m p o r ta u m a esp écie de o b rig a ç ã o sui generis. A o p o si-

C IE N T IF IC IS M O

160

C iê n c ia o c u lta V er Oculto. C iê n c ia p o s itiv a V er Positivo. C IE N T I F I C I S M O e C I E N T I F I C I S T A N eo lo g ism o s e m p reg ad o s (em p rim ei­ ro lu g a r n u m se n tid o p e jo ra tiv o ) p a ra d e­ s ig n a r q u e r: 1?, a id é ia d e q u e a c iên cia (n o s e n tid o D ) fa z c o n h e c e r as c o isa s tais c o m o elas s ã o , re so lv e to d o s o s p ro b le ­ m a s reais e é su ficien te p a r a sa tisfa z e r to ­ das as necessid ad es leg ítim as d a in telig en ­ cia h u m a n a ; 2? (m e n o s ra d ic a lm e n te ), a id é ia de q u e o e s p irito e o s m é to d o s cien ­ tífic o s d ev em e ste n d e r-se a to d o s os d o ­ m in io s d a v id a in te le c tu a l e m o ra l, sem ex ce ç ão . E s ta p a la v r a fo i em s e g u id a a ce ita n u m s e n tid o m a is o u m e n o s e x te n s o , p o r a lg u n s d a q u e le s q u e c o n c e d e m a m a io r a u to r id a d e à c iê n c ia . “ A ú n ic a e tiq u e ta em ista q u e m e p arece co n v ir a o m eu te m ­ p e r a m e n to , e n c o n tre i-a a g o ra m e sm o ao fa z e r-v o s a m in h a p ro f is s ã o de fé: é a de

cientificista. ’1 L D τ Ç T , Contre la métaphysique, c a p . I I I: “ P r a g m a tis m e et E

I

E

scie n tism e ” , p . 51. “ [A ciência] n ã o c o n ­ s e r v í n e n h u m tra ç o da s u a o rig em h u m a ­ n a ; e ela te m , p o r c o n s e q ü ê n c ia , a p e s a r d o q u e p o s s a p e n s a r a m a io r p a r te d o s n o sso s c o n te m p o râ n e o s , u m v a lo r a b s o ­ lu to . A liá s, é só a ciên cia q u e tem esse v a­ lo r, e é p o r isso q u e eu m e p ro c la m o cien ­ tif ic is ta .” Ibid., p . 68. P o r é m , ele a c re s c e n ta e m n o ta , a o re e d ita r o a rtig o , p u b lic a d o n a Grande re­ vive de 25 de d e z e m b ro de 1911: “ P a ­ rece q u e a p a la v r a cientificismo já existe e fo i e m p re g a d a em ace p ç õ es m u ito d i­ v e rsas. E n c o n tro m esm o a m e u re s p e ito , n o Mercare de France (16 de a g o sto d e

1911, p . 826), e sta a p re c ia ç ã o q u e m e d e ­ s o la : ‘L e D a n te c e stá a m il lég u as d o homaisismo cientificista. O e x em p lo d e ste v e rd a d e ir o c ie n tis ta m o s tr a q u e o cienti­ ficism o e o espírito científico são d u a s c o i­ sas d if e r e n te s .’ D e c id id a m e n te , as p a la ­ v ra s em ista sã o d e m a s ia d o p e rig o sa s; m ais vale re n u n c ia r a e la s .” Ibid., p. 51. T a m b é m se d iz em fran cês scienàsme, m as e ste te r m o n ã o se to r n o u c o rre n te .

Wissenschaftlich ; E . Scientific, scientifical; F . Seientifique·, I. Seien tífico. C IE N T ÍF IC O D .

A . P r o p r ia m e n te , q u e serve p a ra c o n s tr u ir a ciên cia. G e ra lm e n te e n u m s e n tid o m a is a m p lo : q u e d iz re s p e ito à c iê n c ia o u q u e p e rte n c e à ciên c ia . “ M é ­ to d o c ie n tífic o . C o n h e c im e n to s c ie n tífi­ c o s .” B . P o r c o n s e g u in te , c o m u m a in te n ­ ç ã o la u d a tiv a , d iz-se d e um m é to d o se­ g u r o , n o q u a l se p o d e c o n fia r; d e u m a v e rd a d e q u e se ju lg a s o lid a m e n te e s ta b e ­ lecida, a tra v és d e p ro v a s válid as. E ste se n ­ tid o é u m p o u c o a b u s iv o , m a s m u ito f r e ­ q u e n te n a lin g u a g e m c o n te m p o râ n e a : unscientific (a n tic ie n tífic o ) é u m te rm o m u ito u s u a l e m in glês p a r a d e sig n a r o c a ­ r á te r o p o s to . T a l c o m o unwissenschaf­ tlich em a le m ã o . C . N u m s e n tid o e sp e c ial (p o r o p o s i­ ç ã o a filo s ó f ico, literário, moral, social , e tc .): q u e d iz re s p e ito à s m a te m á tic a s o u às ciên cias e x p e rim e n ta is d a n a tu re z a . Espírito cientifico, diz-se a m a io r p a r­ te d as vezes, n u m s e n tid o g eral e f a v o r á ­ v el, d o e s p írito d e o r d e m , de c la re z a , d a n e c e ssid a d e d e v e rific a ç ã o p re c isa e c o n ­ tr o la d a ; d iz-se ta m b é m , p o r v ezes, m as

ç ã o d o v e rd a d e iro e d o fa ls o a p r e s e n ta u m c a r á te r n o r m a tiv o , ta l c o m o o d o bem e d o m a l, d o b e lo e d o fe io : o c o n s t a t i v o é m ais u m c a s o p a r tic u la r d o n o rm a tiv o d o q u e u m a c a te g o ria c o n tr a d ito r ia m e n te o p o s ta . (A. L.) S o b re C ie n tific ism o e C ie n tific ista — A rtig o a c re s c e n ta d o a p e d id o d e v ário s m e m ­ b ro s d a Société. A p a la v ra é ig u a lm e n te to m a d a n u m s e n tid o fa v o rá v el n a p a ssa g em seg u in te (A bel R E à , La philosophie moderne, p. 80; F la m m a rio n , 1919) e aí ta m b é m se vê q u e .

161

C IN IS M O

m a is r a ra m e n te , n u m s e n tid o re s trito e p e jo ra tiv o , d o e sp írito de g e o m e tria e n ­ q u a n to exclu i o e s p írito d e f in u r a , o u de in te re sse e x clu siv o a tr ib u íd o às q u e stõ e s d e p o r m e n o r , às e x p e riê n c ia s d e la b o r a ­ tó rio , em o p o siç ã o às p ersp ectiv as d e c o n ­ ju n to e à re fle x ã o s o b re a u tilid a d e re s ­ p e c tiv a d a s d ife re n te s esp écies de in v e sti­ g a ç ã o . E ste ú ltim o u s o d ev e ser e v ita d o . Rad. iní.: S cien cal. “ C I F R A ” V er Suplemento. C IN E M Á T IC A D . Kinematik; E . Ki­ nematics', F . Cinématique; I. Cinemática. T e rm o c ria d o p o r A m p è r e (Essaisur la philosophie des sciences, 1834). P a r te d a M ec â n ica : ciên cia d o d e slo ­ c a m e n to , q u e r d izer, d o m o v im e n to , a b s ­ tr a ç ã o fe ita d as fo rç a s q u e s u p o s ta m e n te o p ro d u z e m . N ela e stu d a m -se as po sições sucessiv as d o s c o rp o s m ó v eis n as su as re ­ la çõ e s de d e p e n d ê n c ia e de s im u lta n e id a ­ d e. A p a rte p r á tic a d e sta ciên cia é a te o ­ ria d o s a p a r e lh o s m e c â n ic o s d o p o n to de v ista d a tra n s fo rm a ç ã o d o s m o v im e n to s. C f. Dinâmica. S in ô n im o a n tig o : F o ro n o m ia (L e ib n iz , K a n t). C IN É S IC O (ra ro ) O m e sm o sen tid o q u e anestésico. C IN E S T É S IC O D . Kinaesthetisch; E . Kinaesthetic ; F . Kinesthésique; I . Cines-

tetico.

R elativo à sen sação de m o v im e n to das p a rte s d o c o rp o (sem to c a r n a q u e stã o de s a b e r se e sta se n sa ç ã o d e p e n d e d a in e rv ação * o u d a s ex citaçõ es em re to rn o p r o ­ v e n ie n te s d a m a s s a m u s c u la r, d as a r tic u ­ la ç õ e s , d a p ele, e tc .): “ Im a g e n s a n e s t é ­ sica s; s e n tid o a n e s té s ic o .” NOTA

N ã o é u s u a l, em fra n c ê s , a p lic a r e sta p a la v r a à s sen sa ç õ e s p ro p o r c io n a d a s p e ­ lo d e slo c a m e n to d o c o rp o n o seu to d o o u pelo s o b je to s p e rc e b id o s q u e se d eslo cam em re la ç ã o a o c o rp o . S ó se d iz d as s e n sa ­ ções “ in te r n a s ” q u e c o rre s p o n d e m a o m o v im en to dos m ú scu lo s e a o esfo rço exi­ g id o p o r ele (p eso , re s istê n c ia , e tc .). E ste sen tid o é , a liá s, o de B τ è í τ Ç , q u e crio u a p a la v ra {The Brain as an Organ o f M ind, 1880). M as p a re c e , s e g u n d o a d e fin iç ã o d a ­ d a p o r B τ Â á ç « Ç (Dict., 600 A ), q u e a s u a u tiliz a ç ã o é m a is a m p la em in g lês. D iz-se ta m b é m , m a s m ais r a ra m e n te , I

Cinésico. Rad. int.: K in estesial. C I N É T I C A (E n e rg ia ) V er Energia. C IN IS M O D . Zynísm us ; E. Cynism, cynicism; F . Cynisme; l . Cinismo. A. H i s t ó r i a . A d o u tr in a d a E sc o la d e A n tís te n e s , o u E sc o la C ín ic a , assim c h a m a d a d e v id o ao g in á sio o n d e ele m i­ n is tra v a o seu e n sin o (O Cynosarge ) e a o

n e ssa é p o c a , a p a la v r a a in d a e ra n o v a : “ A s c o n c lu sõ e s d e s te liv ro s e r ã o r a c io n a lis ­ ta s , in te le c tu a lis ta s . M ais p re c is a m e n te , elas s e rã o eientifiástas p a r a a p ro v e ita r , de c e rto s a d v e rs á rio s , um b a r b a r is m o e x p re ssiv o . P e n s o , co m e fe ito , q u e o ra c io n a lis ­ m o e o in te le c tu a lis m o , p e lo f a to de serem a ju s tific a ç ã o a b s o lu ta d a ciên c ia , d ev em a p o ia r-s e s o b re e la , e n ã o a d ev em u ltr a p a s s a r. D evem ser, eles ta m b é m , rig o r o s a ­ m e n te cientificistas." {I. Benrubi) O cien tificism o n ã o a ceita c o m o c o n h e c im e n to v álid o sen ã o as aq u isiçõ es das c iên ­ cias p o sitiv a s e, p o r c o n s e q u ê n c ia , n ã o re c o n h e c e à ra z ã o o u tr o p a p e l se n ã o aq u ele q u e e la d e se m p e n h a n a c o n s titu iç ã o d as ciên c ia s. O p o sitiv ism o seria u m c ie n tific is­ m o , O c ie n tific ism o c o n s titu i, em s u m a , u m a tese m e ta fís ic a . (£ . Van Biêma) S o b re C in ism o — Ê p r o v á v e l q ue a E s c o l a d e A Ç í è Ç è t e n h a sid o c h a m a d a cí­ nica, m en o s d ev id o ao C y n o sa rg e d o q u e em re c o rd a ç ã o de Aio-yíVrçsó x v w , e deI

I E

E

C ÍR C U L O

K.2

fa to de q u e eie se q u a lific a v a deàTrXox v w ( D ió c . L τ é 2 T« Ã , V I , 1 3 ) . A 2 « è I ó ­ (Meta/., V III, 3, 1043b, 24) desig ­ I E ÂE è n a a in d a e sta esco la a p e n a s p e lo n o m e de A tmoBtveioi. P a re c e , c o n tu d o , q u e c e d o o te rm o cín ico lh e fo i a p lic a d o e v isav a o g ê n e ro de v id a d estes filó so fo s . D ió genes c h a m a v a a si m esm o e e ra c o rre n te m e n te c h a m a d o de A.ioyèv-qs ò xva>v.

d a u m a p e rm ite u m a co isa co m a c o n d i­ ç ã o de q u e a o u tr a n ã o se lh e o p o n h a ),

B. M ais g e ra lm e n te : re la ç ã o d e d u a s c o n d iç õ e s tais q u e a v a lid a d e d e u m a d e ­ p e n d e d a v a lid a d e d a o u tr a ( p o r ex em p lo n o c a so d e d u a s a u to r id a d e s em q u e c a ­

“ C IV IL (E sta d o )” E s ta d o de so cie d a ­ d e o p o s to a o e s ta d o d e n a tu re z a e re s u l­ ta n te d o c o n tr a to s o c ia l e m J . - J . R o u s ­ s e a u , S a in t- J u s t, e tc .

C írc u lo v icio so L . Circulus vitiosus, circulus logicus; D . id. ou Zirkel: Zirkelbeweis; Zirkeldefinitiorr, E . Circle ; F. Cercle vicieux ; I. Circolo vizioso.

E r ro de ló g ica q u e c o n siste em d e fi­ n ir o u em d e m o n s tr a r u m a c o isa A p o r in te rm é d io d e u m a c o isa B , q u e apenas {D« ó ; . L τ é 2 T« Ã , â « , 60, 61.) p o d e se r d e fin id a o u d e m o n s tra d a a t r a ­ vés B. É I « Tτ . D esp rezo pelas co n v en çõ es d a c o isa A . sociais, pela o p in iã o pública e m esm o pela C R ÍT IC A m o ra l c o m u m e n te a d m itid a , seja n o s D iz-se fre q u e n te m e n te , p o r a b re v ia ­ a to s , se ja n a e x p re ssã o d as o p in iõ e s . E s ­ ç ã o , circulo em vez de circulo vicioso: m as ta a c e p ç ã o do te rm o re s u lta d o fa to de os n e m to d a re c ip ro c id a d e ló g ica é v icio sa. filó so fo s cín icos e stab elecerem u m a o p o ­ H á c aso s em q u e B p o d e ser d e fin id o o u siçã o ra d ic a l e n tre a lei o u a c o n v e n ç ã o d e m o n s tra d o q u e r p o r A , q u e r in d e p e n ­ (vòixos) e a n a tu re z a (^ucus)» a q u a l eles d e n te m e n te d e A . N e ste c a s o , h á u m cír­ p re te n d ia m v o lta r, e c o n fo rm a re m a su a culo, m as n ã o é vicioso-, tais círculo s a p re ­ c o n d u ta p rá tic a a este p rin c íp io . O te r ­ se n ta m -se fre q ü e n te m e n te em to d a s as m o tem , n este s en tid o , u m a a cep ção q u a ­ ciências d e d u tiv a s, p o r ex em p lo , to d a s as se se m p re p e jo ra tiv a . vezes em q u e u m te o re m a e su a re c íp ro ­ c a s ã o v e rd a d e iro s , e p o d e m ser d e d u z i­ C ÍR C U L O D . Zirkel ; E . Grele; F . d o s u m d o o u tr o . Cercle ; I. Circolo. N o c a s o d e d u a s a u to riz a ç õ e s , h a v e ­ E m L ó ; « Tτ A . R e la ç ã o d e d o is te r ­ ria c írc u lo v ic io so se c a d a u m a exig isse m o s em q u e c a d a u m se p o d e d e fin ir p e­ q u e a o u tr a fo sse p re v ia m e n te d a d a , sem c o n d iç õ e s n e m re se rv a . lo o u tr o , o u de d u a s p ro p o s iç õ e s em q u e Rad. int.: C irk l. c a d a u m a p o d e d e d u z ir-s e d a o u tra .

p o is d ele; p o is O r a t e s , d is c íp u lo e su c e s so r “ d o c ã o ” ( D i ó g . L a é r c i o , V I, 85), e ra c h a m a d o ò x v v i x ó s p elo p o e ta c ô m ic o M e n a n d r o , seu c o n te m p o râ n e o (D i ó g . L a é r c i o , IV , 9 3 ). C f. a lista I, 15: ’Apnaflcptjs, o& Ato-yeVijió x v u r , o v K q ó t t j s ó ©7jj3cuos, e tc ., o n d e se vê q u e este e p íte to serv ia p a r a o d is tin g u ir d o s o u tr o s D ió g en e s. E le é c o n s ta n te m e n te d e sig n a d o assim em DlóGENES e , n a m in h a o p in iã o , n o seu p r o tó tip o S o t i o n (séc. II a .C .) . (V. Egger) É p re c iso p r e s ta r a te n ç ã o a o fa to d e q u e Cynic , s u b s t., o a d je tiv o cynical e as p a la v ra s cynism, cynicism d e sig n a m fr e q ü e n te m e n te em in g lês u m a c o isa to ta lm e n te d ife re n te d a q u ilo q u e e n te n d e m o s p e la s p a la v ra s c o rre s p o n d e n te s . O d ic io n á rio de M Z 2 2 τ à d e fin e Cynic , s u b s t.: “ U m a p e sso a d is p o s ta a rid ic u la riz a r o s o u tr o s o u a a p a n h á -lo s e m fa lta ; q u a lq u e r u m q u e m o s tre u m a te n d ê n c ia p a r a d e s c o n fia r d a s in c e rid a d e o u d o v a lo r d o s m o tiv o s e d a s açõ es d o s h o m e n s , e q u e te m o h á b ito d e o e x p rim ir a tra v é s d e z o m b a r ia s e d e s a r c a s m o s .” Cépíico s e ria fre q ü e n te m e n te a tra d u ç ã o e x a ta , e cínico d a r ia lu g a r a u m g rav e c o n tra -s e n s o .

CIVILIZAÇÃO

163

C ivil (L ib e rd a d e ) V er o b se rv a ç õ e s a seg u ir e Suplemento.

lizações so b re p o sta s u m as às o u tra s n u m a m esm a á re a g e o g rá fic a , e tais q ue os m o ­ n u m e n to s o u as in stitu içõ es da m ais an tig a C IV IL IZ A Ç Ã O D . Kultur, Civilisa­ sobrevivem na m ais recente. Línguas de ci­ tion·, E. Civilization; F. Civilisation; I. Ci- vilização (D . Kultursprachen), aq u elas qu e vilitá. S o b re a h is tó r ia d e s ta p a la v r a ver possu em u m a lite ra tu ra e são utilizadas c o ­ L uden F ζ â 2 , Civilização, evolução de m o m eio d e ex p ressão d e id éias p o líticas, uma palavra e de um grupo de idéias, n o h istó ric a s o u cien tificas. V er s o b re o c o n ­ fa s c íc u lo II d a s Publications du Centre ju n to d o sen tid o A , M . M τ Z è è , A s civili­ International de Synthèse (1930); e cf. zações, elementos e form as, n a co letân e a m a is a d ia n te Cultura . C f . H . M τ 2 2 Ã Z , d o Centre de Synthèse c ita d a m ais a trá s. “ C u ltu r a , c iv iliz a ç ã o , d e c a d ê n c ia “ , Re­ B. A civ ilização (o p o s ta a o e sta d o sel­ vue de synthèse , d e z e m b ro d e 1938. vag em o u à b a rb á rie ) é o c o n ju n to d a s c a ­ A, Uma c iv iliz aç ã o é u m c o n ju n tora c te rís tic a s c o m u n s às civ ilizaçõ es (n o c o m p le x o d e fe n ô m e n o s so ciais, de n a tu ­ se n tid o A ) ju lg a d a s m a is e le v a d a s, q u e r d iz e r, p ra tic a m e n te a d a E u r o p a e d o s re z a tra n s m is sív e l, a p re s e n ta n d o u m c a ­ p aíses q u e a a d o ta r a m n o s seus tra ç o s es­ rá te r relig io so , m o ra l, e stético , técn ico o u sen ciais. “ Se u m ta l e s p írito (o e sp irito c ie n tífic o , e c o m u n s a to d a s a s p a rte s d e d e p o d e r in d iv id u a l) v iesse a re in a r e n tre u m a v a sta so c ie d a d e , o u a v á ria s so cie ­ n ó s s e ria o fim d e to d a c iv iliz aç ã o , d e t o ­ d a d e s em re la ç ã o . “ A civ iliz aç ã o c h in e ­ d a te n d ê n c ia p a r a a r a z ã o . . . ” R Ç τ Ç , sa , a civ ilização m e d ite r r â n ic a .” Á rea de civilização (D . Kulturkreis), Dialogues philosophiques , p . 65. A p a ­ la v ra n e ste s e n tid o a p re s e n ta u m a c a r a c ­ su p e rfíc ie g e o g rá fic a n a q u a l se e ste n d e te rís tic a n itid a m e n te a p re c ia tiv a . O s p o ­ u m a civ ilização . Camadas de civilização vos “ civ ilizad o s” o p õ em -se a o s p o v o s sel­ (D. Kulturschichten) diz-se p rim itiv a m en ­ v ag en s o u b á r b a r o s m e n o s p o r ta l o u ta l te d as c a m a d a s m a te ria is so b re p o sta s q u e tr a ç o d e fin id o d o q u e p e la s u p e rio rid a d e m o stra m nas escavações a rq u e o ló g ica s os d a s u a c iên cia e d a su a té c n ic a , assim c o ­ re s to s de civ ilizaçõ es su cessiv as; d e p o is, m o p elo c a r á te r ra c io n a l d a su a o rg a n ide u m m o d o m ais g e ra l, é a p lic a d a a civi­ E

E

E

S o b re C iv il (L ib e rd a d e ) — A lg u n s c o rre s p o n d e n te s p e d ira m -n o s p a r a m e n c io n a r e d e fin ir e sta e x p re ssã o a tu a lm e n te em d e su so : H. Capitant e C. Davy, q u e c o n su lte i s o b re este p o n to , e stiv e ra m d e a c o r d o em re s p o n d e r q u e ela j á n ã o se e n c o n tra n o s ju ris c o n s u lto s c o n te m p o râ n e o s . J á o a r tig o Liberdade, d e É m ile S a isse t, n o Diction­ naire des sciences philosophiques d e F r a n c k (1843; 2? e d iç ã o , 1875) se lim ita a d is­ tin g u ir e n tre a “ lib e rd a d e m o r a l” e “ lib e rd a d e p o lític a ” . V er n o Suplem ento a h is ­ to r ia d este te rm o . S o b re C iv iliz a ç ã o — O s e n tid o B é a p re c ia tiv o , é a m b íg u o ; a a p re c ia ç ã o p o d e re fe rir se a u m e s ta d o d e c o isa s j á re a liz a d a s , o u e n u n c ia r u m id e a l ta lv e z lo n g ín q u o . O títu lo d o p rim e iro liv ro d e G . D u h a m e l, p u b lic a d o d u r a n te a g u e rra de 1914-18, jo g a v a co m este d u p lo s e n tid o , c o m o m a is ta r d e m u ita s s á tira s s o b re a c o lo n iz a ç ã o . A a p re c ia ç ã o fa v o rá v e l d a n o s sa c iv iliz aç ã o o c id e n ta l é ta lv e z a p e n a s fa v o rá v e l p o r idolon tribus. E m F o u rie r, a c o n o ta ç ã o d e civilização é p e jo ra tiv a ; ele en v o lv e n u m m e sm o d e sp re z o a b a rb á rie e a c iv iliz a ç ã o . A civ ilização é o q u a r to lim b o p re c e d id o p o r 1) a s e lv a g e ria ; 2) o p a tr ia r c a d o ; 3) a b a r b á r ie ; e se rá se g u id a , co m a a ju d a de F o u rie r e d e D e u s, p elo q u in to lim b o , o g a ra n tis m o . (M. Marsal ) E m a le m ã o , a p a la v r a civilização q u a n d o é o p o s ta à cultura d e sig n a o p ro g re sso e x te rio r e m a te ria l. ( £ . Bréhier)

C LA z a ç ã o so cia l. V er n a c o le tâ n e a já c ita d a , NiCEFORO, A civilização , o problema dos valores; L o u is W E ζ E 2 , Civilização e

técnica. A ssim e n te n d id a , civilização im plica ta m b é m , n u m a m e d id a b a s ta n te a m p la , a id é ia d e q u e a h u m a n id a d e te n d e a to rn a r- s e m a is u n a e m a is s e m e lh a n te n a s suas d iferen tes p a rte s. “ A h istó ria m o stra n o s a c iv iliz a ç ã o a la rg a n d o -s e p o u c o a p o u c o a to d o s o s p a íse s e a to d o s os p o ­ v o s .” G . M ÃÇÃá , Histoire; De la méthode dans les Sciences, 1 * e d ., I, 355.

164

e p o lític o o n d e , v u lg a rm e n te , existe a end o g a m ia (cf. D Z 2 3 7 E « O , A nn. Sociolog., I, 9 e 31; P Ãç E 2 , S o c io lo g y , em Année Soc., IV , 125). O clã c a ra c te riz a se, a lém d isso , q u e r d o p o n to d e v ista re ­ lig io so p e la u n id a d e d o T o te m (clãs a u s ­ t r a l i a n o s , p e le s - v e r m e lh a s , s e g u n d o

DZ 2

3

7 E

«O

, ibid.; F 2 τ

UE 2

, Totemism),

q u e r, d o p o n to d e v ista ju r íd ic o , p ela s o ­ lid a rie d a d e q u e u n e o s m e m b ro s p a ra a v in g a n ç a d o s a n g u e e q u e a p ro íb e e n tre eles (o H ajj á r a b e s e g u n d o R o b e r ts o n SO« I 7 e P 2 Ã3 è T7 , Ueber die Blutrache C. (m a is r a r o ) A ç ã o d e c iv iliz ar, debei den vorislamischen Araben), q u e r d o p o n to d e v is ta m ilita r p e la s u a c o n s titu i­ p ro d u z ir o u de a u m e n ta r a civ ilização n o s e n tid o B. A ç ã o d e se c iv iliz ar. ç ã o em u n id a d e g u e rre ira o u , fin a lm e n ­ te , d o p o n to d e v ista e co n ô m ic o , p ela p ro ­ NOTA p rie d a d e c o m u m (Z a d ru g a serv ia, T o w n C la ss ific a m o s os s e n tid o s n a o rd e m sh ip e sc o c ês, s e g u n d o L τ â E Â E à E , La e m q u e s e ria m ais fácil d e fin i-lo s u n s p e ­ propriété et ses fo rm es primitives, c a p . lo s o u tr o s , m a s h is to ric a m e n te os s e n ti­ X V I, X X IX ss.). d o s B e C sã o os m ais a n tig o s ; a m b o s p a ­ C L A R O L . Clarus; D . Klar; E . Clear; re c em d a ta r d a s e g u n d a m e ta d e d o séc. F . Clair; I. Chiaro. V e r D istinto . X V III; o se n tid o A d o s ú ltim o s a n o s d o A . P a r a DESCARTES, c o n h e c im e n to séc. X IX . “ q u e e stá p re s e n te e m a n ife s to n u m es­ Rad. int.: A . C ivilizado; B. C ivilizep írito a te n to ” , d e ta l m a n e ira q u e n ã o h á so; C . C iv ilizig o , civ ilizijo . o c a s iã o p a r a p ô r em d ú v id a a su a re a li­ C L Ã D . Sippe; E . Clan ; F. Clan; 1. d a d e e v a lo r (Princípios , I, 45). Clan. B. P a r a L E « ζ Ç« U , id é ia tal q u e é s u fi­ T e rm o c éltico r e tira d o d o siste m a fa ­ cien te p a r a fa z e r re c o n h e c e r o seu o b je ­ m ilia r d a I r la n d a , de G ales e d a E scó cia to e fazê-lo d is tin g u ir d e q u a lq u e r o u tr o e a d o ta d o pelo s so ció lo g o s p a ra d esig n a r {Cerh. Phil. Schriften, IV , p . 422). de u m a m a n e ira g eral o a g ru p a m e n to s o ­ É a q u ilo a q u e D E è Tτ 2 I E è c h a m a v a cial d ito “ p r im itiv o ” . E ste a g ru p a m e n to Distinto *. d e fin e -se e ss e n c ia lm e n te p e la in te rd iç ã o Rad. int.: K lar. d o c a s a m e n to n o in te r io r d o g ru p o (ex o ­ C L A S S E D . Klasse; E. Class; F. Clas­ g a m ia ). O clã é, p o is , m e n o s e x ten so q u e a trib o , q u e é u m a g ru p a m e n to te rrito ria l se; I. Classe.

S o b re C la sse — “ T o d a a h is tó ria d a s o c ie d a d e h u m a n a a té h o je é a h is tó ria de lu ta s d e classes (Klassenkàm pfen ) ... N a s é p o c a s d a h is tó ria q u e p re c e d e ra m a n o s s a , v em o s q u a se q u e p o r to d a p a r te a s o c ie d a d e o fe re c e r to d a u m a o rg a n iz a ç ã o c o m p le ­ x a d e classes d is tin ta s , e e n c o n tr a m o s u m a h ie ra rq u ia d e n íveis so cia is m ú ltip lo s ... A n o ssa é p o c a , a é p o c a d a b u rg u e s ia , te m p e lo m e n o s u m a c a r a c te rís tic a p a rtic u la r: sim p lific o u o s a n ta g o n is m o s de classe. C a d a vez m a is a so cie d a d e n o seu to d o se p a r ­ tilh a em d o is g ra n d e s c a m p o s in im ig o s , em d u a s g ra n d e s classes d ire ta m e n te o p o s ­ tas: a b u rg u e s ia e o p r o le ta r ia d o .” M τ 2 7 e E Ç; E Â è , M anifesto comunista (1872). T e x to c o m u n ic a d o p o r M. Marsal.

165

“ C L IN A M E N ”

A . L ó ; « T τ . C o n ju n to d e o b je to s d e ­ fin id o p e lo f a to d e esses o b je to s p o s s u í­ re m to d o s , e só eles, u rn a o u v a ria s c a ­ ra c te rís tic a s c o m u n s . R e p re s e n ta -se n a L ó g ic a s im b ó lic a p e la a b r e v ia tu r a Cls. (P

E

τ

ÇÃ

,

Formulário de lógica matemá­

tica, § 2). T e rm o g e ra l q u e d esig n a a id éia s e g u n d o a q u a l o género e a especie s ã o o s caso s p a rtic u la re s (S ). B. M Ãá ÃÂ Ã; íτ . E s p e c ia lm e n te , c h a m a -s e classe e m b io lo g ia à d iv is ã o in ­ te rm e d ia ria e n tre as ramificações e as or­ dens (classes d o s mamíferos, pássaros, peixes, e tc .). C . SÃT« ÃÂ Ã; í τ . U m a classe é u m c o n ju n to d e in d iv id u o s c o lo c a d o s n u m m e sm o nív el so cial p e la lei o u p e la o p i­ n iã o p ú b lic a (c f. Casta), E s ta p a la v r a a p re s e n ta a tu a lm e n te u m a te n d ê n c ia p a ­ ra se a p lic ar s o b re tu d o , em ra z ã o d o a p a g a m e n to g ra d u a l d as d is tin ç õ e s so cia is q u e n ã o a s e c o n ô m ic a s , à d is tin ç ã o d o s c id a d ã o s c o n f o r m e o nív el d o s seu s r e n ­ d im e n to s e c o n f o r m e a d ife re n te m a n e i­ r a de eles os o b te re m : c u ltiv a d o re s , o p e ­ rá rio s, e m p re g ad o s, in d u stria is, p eq u en o s c o m e rc ia n te s , g ra n d e s n e g o c ia n te s , p r o ­ fissõ es lib e ra is , p r o p r ie tá r io s , c a p ita lis ­ ta s , etc. F in a lm e n te , o s e n tid o d e s ta p a la v r a fo i a in d a m a is e sp e c ia liz a d o p e la te o r ia c o m u n ista * , seg u n d o a q u a l a s classes s o ­ ciais e sta ria m e m v ia s d e se re d u z ire m a a p en a s d u as: p ro le ta ria d o e b u rg u e sia (ver o te x to c ita d o n a s o b s e rv a ç õ e s ). É s o b re ­ tu d o a e sta ú ltim a a c e p ç ã o q u e se H gam , a tu a lm e n te , as e x p re ssõ e s “ lu ta d e c la s ­ s e s ” , “ p a r tid o d e c lasse ” , “ c o n sc iê n c ia d e c la sse ” , etc. E

I

CRÍTICA E m ra z ã o d a s tr a n s f o r m a ç õ e s d e s e n ­ tid o s q u e a c a b a m d e ser r e fe rid o s , a u ti­ liz a ç ã o d e sta p a la v r a em m a té r ia so cial p re s ta -se fa c ilm e n te a o s o fis m a q u a n d o a a c e p ç ã o n ã o é e x p re s s a m e n te e sp e c i­ fic a d a .

Rad. int.:

K la s,

C L A S S IF IC A Ç Ã O D . Klassification; E . Classification; F . Classification; I.

Classißcazione. A . R e p a rtiç ã o d e u m c o n ju n to d e o b ­ je to s n u m certo n ú m e ro d e c o n ju n to s p a r ­ ciais c o o rd e n a d o s e s u b o rd in a d o s . B . M a n e ira d e o rd e n a r e n tre si o s c o n ­ ceitos, seg u n d o c ertas relaçõ es q u e se q u e ­ re m p ô r em e v id ê n c ia : re la ç ã o d o g ê n e ro co m a espécie; re la çã o d o to d o com a p a r ­ te ; re la ç õ e s d e g e n e a lo g ia , d e h ie ra rq u ia , etc. (D u r a n d d e G r o s , Aperçus de taxi­

nom ie générale). C h am a-se classificação artificial aq u ela q u e d e p e n d e d e c a ra c te rístic a s a r b itr a r ia ­ m e n te e sc o lh id a s, e q u e tem a p en a s co m o o b je tiv o p e rm itir e n c o n tr a r ra p id a m e n te c a d a o b je to p elo lu g ar q u e ele o c u p a , o u re c ip ro c a m e n te ; classificação natural, a q u e la q u e te m c o m o o b je tiv o a p ro x im a r o s o b je to s q u e têm m ais sem elh anças n a tu ­ rais e p re p a ra r assim a d e s c o b e rta d a s leis. C L A U S T R O F O B IA D . Klaustropho­

bie; F . Claustrophobie , etc. P e rtu r b a ç ã o m e n ta l q u e co n siste n u m re c e io d o lo r o s o , c h a m a d o angústia, a c o m p a n h a d o fr e q u e n te m e n te d e fe n ô ­ m e n o s im p u lsiv o s, q u e se m an ifesta q u a n ­ d o o s u je ito se e n c o n tr a fe c h a d o , m e sm o q u a n d o a o a b rig o d e to d o s os p e rig o s o u d e q u a lq u e r in c o n v e n ie n te . C L E P T O M A N I A D . Kleptomanie; F . Cleptomanie, etc. Im p u ls o m ó r b id o p a r a o r o u b o sem q u a lq u e r in te re sse n a a p ro p ria ç ã o d o o b ­ je to r o u b a d o . “ C L I N A M E N ” T r a d u ç ã o la tin a d o g re g o èxvX t Unterschied; E . D if­ ference; F . Difference; I. Differenza. A . R elaç ão de a lte rid a d e * (¿rcp o rijs) e n tre c o isas q u e sã o id ê n tic a s so b u m o u ­ t r o a s p e c to . (“ Δ ι α φ ο ρ ά λ έ γ ί τ α ι h a ’

έ τ ε ρ ά earι τ α α υ τ ό τ ι ο ν τ α * μ η μ ό ν ο ν α ρ ι θ μ ώ ά λ λ ’ η ε ι δ ε ι , η y á v ti η α ν α λ ο γ ί α . A 2 « è ó Â è . M etaf., IV , 9, 1018a. D e o n d e a d is tin ç ã o esc o lá stica e n tre as c o i­ sas n u m ericam en te d iferen tes (numero dif­ ferentia ), q u e r d iz e r, q u e n ã o d ife re m em n e n h u m a c a ra c te rístic a in trín se c a, m a s a p en a s p e lo fa to d e serem m u ito s; e as c o i­ sa s esp e c ífic am e n te d ife re n te s (specie d if­ ferentia), q u e r d iz e r, q u e d ife re m p e la su a p ró p r ia essên cia o u p ela su a d e fin iç ão . B . Característica q u e d istin g u e u m a es­ p écie d as o u tra s espécies d e u m m esm o g ê­ n e ro . “ Έ χ γ ά ρ τ ο υ yevovs κ α ι τ ώ ν δ ι α φ ο ρ ώ ν τ α ε ί δ η .” A R IS TÓ TE LE S, MetaI

I E

E

S o b re D ib a tis , d ira tis — Dibatis p a re ce te r sid o c ria d o pelo s a u to re s d a Lógica de P Ã2

I

-R Ãà

C f. H τ

O« Â

τ

 I

ÃÇ

(3 a p a rte , c a p . V III) a o tra n s p o re m as d u a s p rim eiras sílab as d e Dabitis. , Logic., I, 240. (L. Couturat — J. Lachelier)

S o b re D ife re n ç a , Crítica 2 — A d is tin ç ã o e n tre d ife re n ç a numero e d ife re n ç a specie n ã o é a p e n a s p ro v is ó ria . Se d ig o duas maçãs n ã o é p o rq u e elas seja m d ife re n te s, m a s ainda que sejam d ife re n te s. A a lte rid a d e q u a lita tiv a o u in trín se c a é u m o b s tá c u lo p a ra a n u m e ra ç ã o . A tin g e-se o ideal n as m a te m á tic a s: d o is p o n to s , d u a s re ta s. (V. Egger)

IJIF L R E N C IA Ç A O

física, I X , 7 , ]0 5 7 b. O s e sc o lá stic o s d i­ z e m , n e s te s e n tid o , D ifferentia specifica ( B o e c i o ) ; d ô o x o iò s é, c o m e fe ito , u tili­ z a d o p o r A r i s t ó t e l e s c o m e s ta s ig n ifi­ c a ç ã o , e m b o r a r a r a m e n te ( Tópicos , IV , 6, I4 3 b 8; Éti. M c . , X , 3 1174b 5). C f .

Distinção.

258

th e c irc u m sta n c e in w h ic h a lo n e th e tw o in s ta n c e s d iff e r is th e e ffe c t, o r th e cau se, o r a n in d is p e n s a b le p a r t o f th e c a u s e o f th e p h e n o m e n o n ”1(liv ro III, cap . V III, § 2). C f. Concordância, Variações, etc.

D iferenças perceptíveis (M étodo das menores) D . M ethode der enbenmerkii-

C. N o s m o d e r n o s , to d a característi­ chen Unterschiede o u der Minimalàndeca q u e d is tin g u e u m c o n c e ito d e u m o u ­ rungen ; E . M ethod o f ieast noticeable dif­ t r o o u u m a c o isa de o u tr a . ference o u o fju s t perceptible différence; C R ÍT IC A F . M ethode des plus petites différences perceptibles ; 1. M etodo delle differenze 1. V ê-se p e lo q u e p re c e d e q u e a p a la ­ (o u variazioni ) minime. v ra te m d o is s e n tid o s f u n d a m e n ta is , d e ­ U m d o s q u a tr o m é to d o s fu n d a m e n ­ s ig n a n d o u m u m a re la ç ã o e n tre o b je to s ta is d a p sico físíca* . C o n siste em fa z e r v a ­ d e p e n s a m e n to d ife re n te s , o o u tr o a o u ria r u m a e x c ita ç ã o E a p a r tir d e Eo e em a s características q u e c o n s titu e m e s ta d i­ n o ta r o s c re sc im e n to s m ín im o s n e c e ssá ­ feren ça. E stes d o is sen tid o s d ev em ser d is­ rio s p a r a q u e o s u je ito re c o n h e ç a u m a d i­ tin g u id o s p e la f o r m a d a s fra se s: 1?, d i­ fe re n ç a e n tre a s e x c ita ç õ e s Eo E i , E i, feren ça entre...; 2°, d ife re n ç a própria a... E 2..., E r E n + i. A d m itin d o e n tã o q u e as o u característica de...] d ife re n ç a in trín s e ­ p a ssa g e n s su cessiv as d a s e n s a ç ã o Si à c a , q u a n d o é o c a s o . E m lín g u a in te r n a ­ s e n sa ç ã o S 2, d a s e n s a ç ã o S 2 à se n s a ç ã o c io n a l, o s d o is s e n tid o s d e v em ser d is tin ­ S3, e tc ., c o n s titu e m p o r d e fin iç ã o “ c re s­ g u id o s p e lo s seu s s u fix o s : 1? es; 2? aj. c im e n to s ig u a is d a s e n s a ç ã o ” , p r o c u r a 2. É ú til c o n s e rv a r a d is tin ç ã o e n tre se q u e f u n ç ã o m a te m á tic a p o d e re p re se n ­ a d ife re n ç a numero e specie, m a s a títu lo ta r o s c re sc im e n to s E i — Eo, E 2 — E |. . . p ro v is ó rio , e so b a c o n d iç ã o d e e x a m in a r q u e s ã o fo rn ecid o s p e la ex p eriên cia. Feche sta tese d e L « ζ Ç « U d e q u e d o is seres n e r p e n s a v a q u e e ste s c re sc im e n to s e ra m re a is n ã o p o d e m d if e r ir n u m e ric a m e n te p r o p o r c io n a is a E , d a í, in v e rte n d o a f ó r ­ sem d if e r ir ta m b é m in tr in s e c a m e n te m u la , seg u n d o q u e a sen sa çã o v ariasse c o ­ (Princípio dos indiscerníveis). E le o b s e r ­ m o o lo g a r itm o d a e x c ita ç ã o . V e r Psicov a a e ste re s p e ito e co m r a z ã o q u e a ex ­ física (lei). p re s s ã o diferença específica é d e m a s ia d o Rad. int .: D ife r. A . D ife re s; B . D ife e s tr e ita p a r a este s e g u n d o s e n tid o , p o is a d ife re n ç a d o s in d iv íd u o s d a m e sm a e sp é ­ r a j. cie é q u a lita tiv a e in tr ín s e c a , n ã o se p o ­ D I F E R E N C I A Ç Ã O D . Differenzied e n d o , to d a v ia , f a la r d e específica (N o ­ rung; E . D ifférentiation ; F . Différencia­ vos ensaios, c a p . I). P ro p o m o s , p o is, n e s­ tion; I. D ifferenziam ento. te s e n tid o , o u s o d o s te r m o s o p o s to s nwN ã o c o n f u n d ir c o m a o p e r a ç ã o m a ­ mérica e intrínseca. C f . Distinção. te m á tic a c h a m a d a em fra n c ê s différentia­ ‘‘D ife re n ç a (M étodo de)” E . M ethod tion, c o m t . o f difference; F . M éthode de différence. J . S. M « Â Â c h a m a a s s i m a o s e g u n d o d o s m é to d o s d e in d u ç ã o q u e fo rm u la n o 1. “ Se um caso em que o fenômeno acontece e um caso em que ele não acontece possuem todas as s e u System o f Logic: “ I f a n i n s t a n c e i n circunstâncias em comum, exceto uma, não se encon­ w h ic h th e p h e n o m e n o n o c c u rs , a n d a n trando esta senão no primeiro caso: a circunstância in s ta n c e in w h ic h it d o e s n o t o c c u r , h a v e única pela qual os dois casos diferem é o efeito, ou e v e r y c ir c u m s t a n c e in c o m m o n , s a v e o n e , a causa, ou uma parte indispensável da causa do fe­ nômeno.” t h a t o n e o c c u r r in g o n ly in th e f o r m e n E

259

D IG N ID A D E H U M A N A

A . “ P assag em d o h o m o g ên eo ao h e­ te r o g ê n e o .” S ú ÇT 2 , Primeiros princí­ pios, c ap . X V . T ra n s fo rm a ç ã o d e elem en ­ to s sem e lh a n te s e m e le m e n to s d ife re n te s, o u d e e le m e n to s m e n o s d ife re n te s e m ele­ m e n to s m a is d ife re n te s . E m p a r tic u la r , divisão* do trabalho e n tr e c é lu la s, ó r ­ g ã o s , in d iv íd u o s , g ru p o s s o c ia is. A d ife ­ re n c ia ç ã o p o d e a p o ia r -s e s o b re as e s tr u ­ tu r a s ( diferenciação morfológica) o u s o ­ b re as fu n ç õ e s (d if funcional). B . R e s u lta d o d e s ta o p e ra ç ã o . N e ste s e n tid o , d iz -se p o r vezes Diferenciação E

E

adquirida. R ad. int.: A . D ife re n c ig ; B . D ife re n c a j. D I F E R E N C I A R D . Differenzieren; E . To differentiate ; F . Différencier, I.

Differenziare. T o r n a r d ife re n te a q u ilo q u e e ra sem e­ lh a n te ; p r o d u z ir o u a u m e n ta r a d iv e rs i­ d a d e e n tre as p a rte s d e u m m e s m o to d o . “ P o r m a is lo n g e q u e se r e m o n te e m d i­ re ç ã o às o rig e n s (d a v id a ), s e m p re a e n ­ c o n tr a m o s j á m u ito d if e r e n c ia d a , lo g o m u ito a n tig a .” E d . L E R Ãà , L ’éxigence idealista et le fa it de Involution, 92. C R ÍT IC A

1. Diferenciar e q u iv a le a distinguir* a p e n a s n o c a s o e m q u e e s ta p a la v r a q u e r d iz e r to r n a r d is tin to o q u e a n te s e r a in d i­ v is o o u in d is c e rn ív e l. É d e m a u e stilo u tiliz á -lo , c o m o se fa z a lg u m a s vezes re ­ b u s c a d a m e n te , a o fa la r-s e d e d ife re n ç a s e stá tic a s, p re e x iste n te s. “ D ife re n c ia r-se ” q u e r d iz e r tornar-se d ife re n te e n ã o d ife ­ r ir p o r ta l o u ta l c a ra c te rís tic a .

2 . D e v id o à c o n f u s ã o c o rre n te e n tre a id é ia s p e n c e ria n a d e “ e v o lu ç ã o * ” e a d e p ro g r e s s o “ d if e r e n c ia d o ” é to m a d o ta m b é m , a lg u m a s v ezes, p o r s u p e r io r , m a is p e r f e ito , n o c a so d e n ã o h a v e r n e s­ te a p e r f e iç o a m e n to n e n h u m c re sc im e n to d e e s p e c ia liz a ç ã o . É ig u a lm e n te u m fa l­ so s e n tid o a e v ita r. Rad. int.: D ife re n c i. “ D I F L U E N T E (I m a g in a ç ã o ) ” T h . d e s ig n o u a ssim , e m o p o s iç ã o à s o u tr a s f o r m a s d e im a g in a ç ã o c r ia d o r a , e p a r tic u la r m e n te à im a g in a ç ã o p lá s tic a , a q u e u tiliz a im a g e n s d e c o n to r n o s v a g o s, in d e c is o s , m ó v e is, q u e c o n siste m n a m a io r p a r te d o s caso s e m “ a b s tra to s e m o ­ c io n a is ” e o s a ss o c ia m d e u m a m a n e ira s o b r e tu d o s u b je tiv a e a fe tiv a . E la p o d e e n c o n tr a r - s e e m to d a s a s fo r m a s d e a r te , m a s d o m in a s o b r e tu d o n a m ú s ic a . (A imaginação criadora, 3? p a r te , c a p . I I .) Rad. int.: D if lu a n t.

R«ζ

ÃI

D I G N I D A D E H U M A N A (P rin c íp io d a ) D . Würde e m e lh o r Menschenwürde ; E . D ignity ; F . Dignité] 1. Dignità. D esig n a-se c o m este n o m e o p rin c íp io m o r a l q u e e n u n c ia q u e a p e ss o a h u m a n a n ã o d ev e n u n c a ser t r a t a d a a p e n a s c o m o u m m e io , m a s c o m o u m fim e m si m e s­ m a ; o u s e ja , q u e o h o m e m n ã o d ev e j a ­ m a is se r u tiliz a d o c o m o m e io sem se le ­ v a r e m c o n ta q u e ele é, a o m e sm o te m ­ p o , u m fim em si (K τ Ç , Fund. da metaf. dos costumes, 2a se ç ã o ). Rad. int.: D ig n e s. I

S o b re D ife re n c ia r — Diferenciado fo i m e sm o to m a d o p o r a p e r f e iç o a d o a o fa la rse d o q u e é , p e lo c o n tr á r io , s u p e r io r e n q u a n to m enos e sp e c ia liz a d o . V er p o r e x e m ­ p lo o te x to c ita d o p o r L é â à -B 2 Z Â (q u e n ã o p a re c e c h o c a d o c o m isso ) e m Les fo n ctions mentales chez les sociètes inférieures , p . 228: “ N a s lín g u a s ín d ia s n ã o s a b e r ía ­ m o s e n c o n tr a r u m a p a la v r a tã o diferenciada q u a n to ‘c o lo c a r ’ : e n c o n tr a m o s u m a sé ­ rie d e p a la v r a s c o m v e rb o s o u a d v é r b io s indiferenciados q u e sig n ific a m c o lo c a r d e u m a c e r ta m a n e ir a , p . e x . eu c o lo c o s o b r e ..., e u c o lo c o a o lo n g o d e . . . , e tc .” P o W E L L , The Evoluí ion o f Language , E . B. R e p o r ts , I, p . X X I. H á ali u m c u rio s o e x e m p lo d a s u g e s tã o c a u s a d a p o r este p re c o n c e ito d e q u e to d o p ro g re s s o é “ p a s s a ­ g em d o h o m o g ê n e o a o h e te r o g ê n e o ” . (A. L .) 7

260

D IL E M A D IL E M A G . At\n]nfia; D . Dilemma :; E . D ilem m a ; F . Dilem me ; I. Dilemma. A . R a c io c in io d e q u e u m a p re m is sa c o n té m u m a a lte rn a tiv a c o m d o is te rm o s , e c u ja s o u tr a s p re m is s a s m o s tr a m q u e o s d o is caso s d a a lte rn a tiv a im p lic a m a m es­ m a c o n s e q ü ê n c ia . A a lte r n a tiv a p o d e ser c a te g ó ric a o u h ip o té tic a . N o p rim e iro c a ­ s o , o d ile m a te m a fo r m a : A o u B é v e rd a d e ir a ; S e A é v e r d a d e ir a , K é v e rd a d e ira ; S e B é v e r d a d e ir a , K é v e rd a d e ira ; L o g o , K é v e rd a d e ir a . N o s e g u n d o c a s o , a p r im e ir a p re m is ­ sa e a c o n c lu s ã o s ã o h ip o té tic a s e to m a m re s p e c tiv a m e n te a s fo r m a s se g u in te s: Se A é v e rd a d e ir a , B o u C é v e rd a d e ir a ; Se B é v e rd a d e ir a , K é v e rd a d e ira ; Se C é v e rd a d e ir a , K é v e rd a d e ira ; L o g o , se A é v e rd a d e ir a , K é v e rd a d e ira . M ais g e ra lm e n te , c h a m a -s e d ile m a a to d o ra c io c ín io d o m e sm o tip o em q u e a a lte r n a tiv a c o m p re e n d e m a is de d o is c a ­ s o s. (N . B. A a lte r n a tiv a n ã o é n e c e ssa ­ r ia m e n te d is ju n tiv a * , n o s e n tid o B .) B . S is te m a d e d u a s p ro p o s iç õ e s c o n ­ tr a d itó r ia s , e n tr e a s q u a is se é c o lo c a d o n a o b rig a ç ã o d e e sc o lh e r. C . E m R ÇÃ Z â « 2 : “ O te rm o dilema , p o r u m a e x te n s ã o d o s e n tid o h a b itu a l d a p a la v r a q u e a e tim o lo g ia p e rm ite , é a p li­ c áv e l à o p o s iç ã o m ú tu a e n tre d u a s teses filo só fic a s tais q u e a a c e ita ç ã o o u o r e p ú ­ d io d e u m a , c o m o s seu s c o ro lá rio s , lev a à n e g a ç ã o o u à a f ir m a ç ã o d a o u t r a sem q u e n e n h u m a d a s d u a s p o s s a s e r r e f u ta ­ d a c o m a a ju d a d o s p rin c íp io s p ro f e s s a ­ d o s p elo s d o is p a rtid o s q u e as s u s te n ta m .” Les dilemm es de la m étaphysique , p . 11: “ D e fin iç ã o d o d ile m a m e ta f ís ic o .” Rad. int.: D ile m . E

E

D IM A R 1 S (o u D im a tis ) M o d o d a q u a r ta fig u ra q u e se re d u z a Darii pela tra n s p o s iç ã o d a s p re m issa s e a c o n v e rsã o s im p le s d a c o n c lu s ã o : A lg u m P é M . T o d o M é S. L o g o , a lg u m S é P .

D IM E N S Ã O D . D im ension ; E . Di­ m ension; F . D im ension ; I. Dimensione. A . N a A r itm é tic a g e ra l, n ú m e ro re a l q u e é u m d o s e le m e n to s c o n s titu in te s d e u m n ú m e r o c o m p le x o (d e n u n id a d e s o u d im e n sõ e s). B . N a G e o m e tr ia , g ra n d e z a re a l q u e , q u e r s o z in h a , q u e r c o m o u tr a s , d e te r m i­ n a a p o s iç ã o d e u m p o n to (s o b re u m a li­ n h a , s o b re u m a s u p e rfíc ie , n u m e s p a ç o ). P o r c o n s e g u in te , d iz -se q u e u m e sp a ç o te m n d im e n s õ e s , q u a n d o s ã o p re c isa s n d im e n s õ e s p a r a d e te r m in a r c a d a u m d o s seu s p o n to s . C . N a G e o m e tr ia e n a F ísic a , g r a n d e ­ z a real* q u e q u e r s o z in h a , q u e r c o m o u ­ tr a s , d e te r m in a a g r a n d e z a d e u m a fig u ­ r a m e n su rá v e l (c o m p rim e n to , á r e a , v o lu ­ m e, e tc .). E x .: “ A s d im e n sõ es d e u m c o r­ p o .” D . N a M e c â n ic a e n a F ís ic a , esp écie d e g ra n d e z a d e q u e d e p e n d e a m e d id a de u m a o u tr a g ra n d e z a c o m a in d ic a ç ã o d a re la çã o alg éb rica q u e u n e e sta s d u a s g ra n ­ d e z a s . P o r e x e m p lo , u m a v e lo c id a d e é a re la ç ã o (o q u o c ie n te ) e n tr e u m c o m p ri­ m e n to e u m te m p o . E sc re v e-se sim b o lic a m e n te : V =

. É o q u e se c h a m a

u m a fó rm u la de dimensões. C R ÍT IC A

O s e n tid o p rim itiv o é o s e n tid o C , de o n d e fo r a m d e riv a d o s o s se n tid o s B e A , p o r u m la d o , e D , p o r o u tr o . Rad. intr. D im e n s. D I N Â M I C A D . D ynam ik; E . Dyna­ mics', F . Dynamique', I. Dina mica. A . P a r t e d a M e c â n ic a q u e t r a t a d o m o v im e n to físico e real c o m to d a s as suas p ro p r ie d a d e s , p a r tic u la rm e n te a força vi­ va e ( p a r a as d o u tr in a s q u e u tiliz a m este c o n c e ito ) as forças n a s u a re la ç ã o c o m os c o r p o s e m m o v im e n to . É u s u a l d iv id ir a M e c â n ic a e m trê s p a r te s : a estática, te o ria d o e q u ilíb rio em re p o u s o ; a cinemática*, te o r ia d o s m o v i­ m e n to s , a b s tra ç ã o fe ita d a s cau sa s q u e os p r o d u z e m ; e a dinâmica.

D IN A M IS M O

261 B . M e ta fo ric a m e n te : 1? E m H 2 ζ τ 2 a estática d o s e s ta d o s de c o n s c iê n ­ cia (as su as relaçõ es com o e sta d o de eq u i­ líb rio ) o p õ e-se à dinâmica d o s e s ta d o s de c o n sc iê n c ia (as su as re la ç õ e s c o m o e s ta ­ d o de tra n s fo rm a ç ã o e de m o v im en to ); 2o E m A u g u ste C ÃO e S ú ÇT 2 a estáti­ ca sociai (eq u ilíb rio d as so cied ad es) o p õ e se à dinâmica sociai (p ro g re sso d a s so cie­ d a d e s ), etc. Rad. int .: D y n a m ik . E

I

I E

E

E

D I N Â M I C O D . D ynam isch; E . Dynamic; F . D ynam ique ; I. Dinâmico. A . E m o p o s iç ã o a e s tá tic o : o q u e im ­ p lic a

u m a

tr a n sfo r m a ç ã o

F r e q u e n te

em

A u g u ste

o u

u m

d e v ir .

fo r ç a e p re s s u p õ e u m a fin a lid a d e (o q u e re s ta p r o v a r ) , é, em to d o c a s o , c o n tr á r io a o m é to d o c o n f u n d ir a priori estas d u a s id éias so b u m ú n ic o te rm o . E s ta p r u d ê n ­ cia é ta n to m a is n e c e s sá ria q u a n to a p r ó ­ p ria n o ç ã o d t força e stá s u je ita a c a u ç ã o e d á lu g ar a g ran d es d ificu ld ad es n o s p rin ­ c íp io s d a m e c â n ic a . Dinâmica fo i u tiliz a d a em c e rto s c a ­ sos d e m a n e ira ju s ta e feliz, é s e d u to ra p e­ lo seu a s p e c to c ie n tífic o , m a s n ã o d e ix a d e s e r (s o b r e tu d o c o m o a d je tiv o ) c o m o u m a d a s p eças d e falso d in h e iro m ais c o r­ re n te s n a lin g u a g e m filo s ó fic a d o s e s tu ­ d a n te s e d o s e sc rito re s m e io -filó s o fo s . Rad. int.: D ïn a m ik .

C O M TE.

B . E m o p o s iç ã o a m ecân ico : o q u e im ­ p lic a n ã o s ó m o v im e n to s n e c e s s a ria m e n ­ te lig ad o s seg u n d o leis, m a s ta m b é m u m a f o r ç a a tiv a (n o s e n tid o D d a p a la v r a ação*) e u m a fin a lid a d e . C f. Dinamismo.

D IN A M IS M O D . D ynam ism us ; E . D ynam ism ; F . D yn a m ism e ; I. D i­

namismo. O p õ e -s e a M ecanismo*. A . D e s ig n a m -s e a s s im o s lo s ó f ic o s q u e a d m ite m

CRÍTIC A

c o is a s a

O h á b ito de o p o r m e ta fo ric a m e n te es­ tático a dinâmico sem te rm o in te rm e d iá ­ rio p ro v é m d o fa to de a p a la v r a cinemá­ tica* ser re c e n te e a p e n a s te r sid o in tr o ­ d u z id a n a c iên c ia p o r A Oú è 2 (1 8 3 4 ). M as é de la m e n ta r , p o is le v a a n e g lig e n ­ c ia r o p o n to d e v is ta d a sim p les transfor­ mação q u e se c o lo c a e n tre a id é ia d e r e ­ p o u s o e a de fo r ç a o u de fin a lid a d e , q u e e v o ca a p a la v r a dinâmica n a s u a o p o s i­ ç ã o a mecânica. O ra , m esm o q u e seja v e r­ d a d e q u e to d a a m u d a n ç a re s u lta d e u m a E

e x is tê n c ia d e

s is te m a s f i­

n o s p r in c íp io s d a s “ fo r ç a s”

ir r e d u tí­

v e is à m a s s a e a o m o v im e n t o . É a s s im a

d o u tr in a

dinam ism o

fís ic a em

d e

L

e i b n i z

o p o s iç ã o

a o

é

q u e

ch a m a d a

m e c a n is m o

c a r te s ia n o .

B . A p lica-se ig u a lm e n te este te rm o à s d o u tr in a s q u e c o lo c a m o m o v im e n to o u o d e v ir c o m o p rim itiv o e q u e c o n sid e ra m a m a té ria c o m o d e fin id a p o r c ertas c a r a c ­ te rís tic a s d o m o v im e n to ( L o rd K Â â « Ç ) o u a coisa c o m o u m a e ta p a d o progresso (v e r B e r g s o n , Os dados imediatos da E

consciencia).

S o b re D in â m ic o — A d e fin iç ã o d e ste te r m o fo i m o d if ic a d a e a m p lia d a p a r a re s ­ p o n d e r às o b s e rv a ç õ e s fe ita s n a sessã o de 16 d e ju n h o p o r Le Roy. E le o b s e rv o u q u e , a p e s a r d a e tim o lo g ia , n ã o se p o d ia d e fin ir a tu a lm e n te a D in â m ic a p e la a p lic a ç ã o d a s forças a o s c o rp o s em m o v im e n to , v isto q u e v á ria s d o u tr in a s , e m p a r tic u la r a m e c â ­ n ic a d e H 2 U , n ã o u tiliz a m a n o ç ã o d e fo r ç a e tê m , c o n tu d o , u m a D in â m ic a . E o m e sm o se p o d e d i 2e r p a r a o a r tig o D inam ism o, a o q u a l fo i a c re s c e n ta d o o p a r á g r a f o B. L « ζ Ç« U fa la d a p a la v r a Dinâmica n o s e n tid o d e C iê n c ia d a s fo r ç a s c o m o se ele a tiv esse c ria d o : “ D ic am ín te rim n o tio n e m v iriu m seu v irtu tis (q u a m G e rm a n i voc a n t K raft , G a lli la force) c u i e g o e x p lic a n d a e p e c u lia re m Dynamices sc ie n tia m destin a v i, p lu rim u m lu cis a f f e r r e a d v e ra m n o tio n e m s u b s ta n tia e in te llig e n d a m .” De primae phiiosophiae emendatione, § 2 (E d . J a n e t, I, 633). E

E

I

D IN A M 0 G Ê N 1 C 0 C R ÍT IC A

A id é ia d o d in a m is m o e s tá e s tr e ita ­ m e n te lig a d a a to d a s a q u e la s q u e se o p õ e m ig u a lm e n te a o m e c a n is m o , e p a r ­ tic u la rm e n te à d e fin a lid a d e . C o m o to d o s o s n o m e s d e d o u trin a , es­ te te r m o p re s ta - s e fa c ilm e n te a o v a g o e a o e q u ív o c o . Rad. in t .: D in a m is m . D IN A M O G Ê N IC O D . Dynamogenetisch\ E . Dynamogenic; F . Dynamogene, dynamogénique; I. Dinamogenico. D iz-se d a s s e n s a ç õ e s, s e n tim e n to s o u id é ia s q u e a u m e n ta m o tonus v ita l, e es­ p e c ia lm e n te o p o d e r m o to r (p o r ex em p lo a m ú s ic a p a r a a m a io r p a r te d o s in d iv í­ d u o s ). O p õ e -s e a inibitório*. U tiliz a -se c o m o s u b s ta n tiv o c o rre s ­ p o n d e n te dinamogênese e dinamogenia. A fo r m a m a is b re v e p a re c e -n o s m e lh o r n o s d o is c a so s. C R ÍT IC A W . J a m e s e J . M . B a l d w i n a p lic a m d e u m a m a n e ir a g e ra l a p a la v r a dynamogenesis a e ste “ p r in c íp io ” d e q u e “ to d a m u d a n ç a n as co n d içõ es de estim u laç ã o d o s is te m a n e rv o s o é s e g u id a p o r u m a m u ­ d a n ç a c o rre s p o n d e n te d a te n s ã o m u s c u ­ la r e d o m o v im e n to ” . D ynam ogeny d e ­ s ig n a , e n tã o , a a p lic a ç ã o n u m caso p a r ­ tic u la r d o p rin c íp io de dynamogenests. O s m e sm o s a u to re s c h a m a m , e n fim , dyna­ mogenic a o fe n ô m e n o n e rv o s o a fe re n te q u e c a u s a a dinamogenia e dynamogenetic a o fe n ô m e n o m o to r q u e c o n stitu i o seu e fe ito . V er B a ld w in , s u b Vo, I, 302.

262 E s ta u tiliz a ç ã o d a s p a la v r a s n ã o n o s p a re c e feliz. É c o n tr á r ia à s u a e tim o lo ­ g ia , q u e d e sig n a n itid a m e n te u m aum en­ to d e f o r ç a e n ã o u m a v a r ia ç ã o q u a lq u e r d e e q u ilíb rio . M a is a in d a , a g e n e r a lid a ­ d e d o “ p r in c ip io ” e m q u e s tã o é n e g a d a p o r a lg u n s, p a rtic u la rm e n te p o r S t u m p f . P o r fim , a p a r te m a is in c o n te s tá v e l d o s fe n ô m e n o s a o s q u a is e la se a p lic a ria é já d e s ig n a d a d e m a n e ira c la r a e m u ito u s u a l p e lo s te r m o s d e f o r ç a ideomotriz* e idéia-força * , P r o p o m o s , p o is , re s e rv a r dinamogênico p a r a o p rim e iro s e n tid o a tr á s d e f i­ n id o , q u e é m u ito ú til e m u ito p re c is o . Rad. intr. D in a m o g e n . D I P L O P I A D . Doppelsehen ; E . D i­

plopia;

F .

Diplopie;

I.

Diplopia.

F a to d e p e rc e b e r u m a d u p la im a g e m v isu al d e u m o b je to q u e é n o r m a lm e n te p e rc e b id o c o m o u m a im a g e m ú n ic a . D i­ p lo p ia m onocular , p e rc e p ç ã o d e u m a im a g e m d u p la a tra v é s d e u m ú n ic o o lh o . D ip lo p ia binocular (a m a is e s tu d a d a , c o ­ n m ín e n te c h a m a d a diplopia, sem a d je ti­ v o ), p e rc e p ç ã o s e p a ra d a e s im u ltâ n e a das d u a s im a g e n s re la tiv a s a o s d o is o lh o s , im a g e n s q u e se fu n d e m n o rm a lm e n te . Rad. int.: D ip lo p i. 1. D I R E I T O (U m ), o s d ire ito s D . Recht; E . R ig h t ; F . Droit; I. Diritto. E s ta p a la v r a a p re s e n ta d ife re n te s sen ­ tid o s c o n f o r m e a f o r m a d a s ex p re ssõ es em q u e é u tiliz a d a . P o d e m -s e c o n g re g a r em d u a s id é ia s fu n d a m e n ta is : A . U m d ire ito , o u a in d a “ O q u e é d e

S o b re D ip lo p ia — C a d a u m d o s d o is o lh o s p o d e d a r q u e r u m a im a g e m s im p le s, q u e r u m a im a g e m d u p la , e a s im a g e n s d o s d o is o lh o s p o d e m fu n d ir -s e o u n ã o . P o ­ d e m , p o is , a c re s c e n ta r-s e o s q u a tr o c a so s seg u in tes: A . M onopia p a r a c a d a o lh o e m onopia p a r a o s d o is . B . M onopia p a ra c a d a o lh o , diplopia p a r a o s d o is. C . M onopia p a r a u m o lh o , diplopia p a r a o o u tr o ; o q u e p r o d u z ir á n a v isã o b in o ­ c u la r diplopia o u triplopia . D . Diplopia d o s d o is o lh o s , o q u e p r o d u z ir á n a v isã o b in o c u la r diplopia, triplo­ pia o u tetraplopia. (Paul Tannery) O c a s o B é a q u ilo q u e v u lg a rm e n te se c h a m a diplopia. (A. L .)

D IR E IT O

2(>3

d ir e ito ” , é a q u ilo q u e e stá c o n fo rm e a u m a re g ra p re c is a e, p o r c o n s e q u ê n c ia , é le g ítim o ex ig ir. D iz-se, em g e ra l, n e ste se n tid o : ler direito a, ter direitos sobre. 1? E xigív el p o r q u e a s leis o u re g u la ­ m e n to s o p re s c re v e m , o u p o r q u e isso re ­ s u lta d o s c o n tra to s e sta b e lec id o s em c o n ­ fo r m id a d e co m essas leis. E x .: “ O d ire i­ to de r e s p o s ta ” e m e sm o , p o r d e riv a ç ã o , “ o s d ire ito s d a a lf â n d e g a ” . 2? E xigív el p o rq u e isso é c o n fo rm e à o p in iã o p ú b lic a em m a té ria m o ra l. E x .: “ T o d o s os c id a d ã o s tê m d ire ito de c o n ­ c o rre r p e s s o a lm e n te o u a tra v é s d o s seus re p re s e n ta n te s p a r a a f o r m a ç ã o d a L e i.” Declaração dos direitos do hom em , 1789, a r t, V I. B . U m d ire ito é a q u ilo q u e é p e rm iti­ d o . D iz-se, em g e ra l, n este s e n tid o , te r o

direito de. 1? P e rm itid o p e las leis e sc rita s o u p e ­ las re g ra s q u e c o n c e rn e m ao s a to s c o n s i­ d e ra d o s se ja em v irtu d e d e u m a d e c la ra ­ ç ã o e x p re ssa , s e ja em v irtu d e d o p rin c í­ p io s e g u n d o o q u a l o q u e n ã o é p ro ib id o é p e rm itid o . E x .: “ O d ir e ito d e te s ta r; o d ire ito de r o ç a r (n o x a d r e z ) .” 2? P e rm itid o m o ra lm e n te , sen d o o a to em q u e s tã o b o m o u m o ra lm e n te in d if e ­ re n te . E x .: “ A liv re c o m u n ic a ç ã o d o s p e n s a m e n to s e d a s o p in iõ e s é u m d o s d i­ re ito s m ais p re c io so s d o h o m e m .” Decla­ ração d e 1789, a r t. X I. CRÍTIC A

D ire ito é u m a m e tá f o r a g e o m é tric a q u e se e n c o n tr a em g re g o (hçdós), em la ­ tim e n a s lín g u a s d e riv a d a s d o la tim , n as lín g u a s g e rm â n ic a s e m esm o n a s lín g u a s s e m ític a s (RE Çá Ç , Langues sémitiques, p. 23). O c o n tr á r io é t o r t o , to r c e r e, d a m e sm a f o r m a , falso, falsear. O s e n tid o f u n d a m e n ta l p a re c e , p o is, ser o de c o n fo rm id a d e a u m a re g ra (n o ­ ta r a id e n tid a d e de raiz e n tre rectum e re­ gula). “ E s ta r n o seu d ir e ito ” é n ã o e s ta r em d e s a c o rd o c o m a re g ra , “ e sta r e m r e ­ g r a ” . O d ire ito , d e s te p o n to d e v is ta , é, p o is , d e m a n e ira g e ra l, a q u ilo q u e d ev e

ser o u a q u ilo q u e legitim a m e n te p o d e ser, p o r o p o s iç ã o a o q u e n ã o d ev e ser. O a d ­ je tiv o in g lês right c o n se rv a este sen tid o em to d a a s u a e x te n s ã o (lin h a re ta , a çã o ju s ta , p e n sa m e n to v e rd a d e iro , b o n s p r in ­ cíp io s a rtístic o s; the right man in the right place', e tc .) . C f. em a le m ã o Recht, gerecht, richtig, etc. E m fra n c ê s , este s e n ­ tid o é m a is r a r o ; e n c o n tr a - s e , c o n tu d o , em a lg u m a s e x p re ssõ es j á fe ita s: as ciên­ cias de direito o u n o rm a tiv a s (ló g ica, é ti­ c a , e sté tic a ) o p õ e m -s e às ciências de fa to o u c o n stativ as (física, p sico lo g ia, etc.). D e o n d e as fó rm u la s : “ de d ire ito e de f a to , d e d ire ito s e n ã o de f a to , e t c .” n as q u a is de direito p o d e to rn a r-se q u ase e x a ta m e n ­ te sin ô n im o de logicamente o u moratmente. É p re c iso , c o n tu d o , n o ta r q u e estas d i­ fe re n te s e x p re ssõ es re c e b e m a in flu ê n c ia d e u m a d is tin ç ã o p ró x im a , m a s d ife re n ­ te : quid juris, quid fa cti q u e se a p lic am à d isc u s s ã o de u m a s s u n to ju ríd ic o , à questão de direito e à questão de fa to (p . ex. as d u a s p a r te s d o Pro Milone). V er m a is a d ia n te Direito-2: o Direito. P o r o u tr o la d o , a id é ia d o d ire ito re d u z -se à d e u m b em p o r o u tr a v ia . O s d ire ito s são a q u ilo q u e a lei p e rm ite . O ra , a co n tece v u lg arm en te q u e a lei está em d e­ s a c o rd o e m a lg u n s p o n to s c o m a o p in iã o m o ra l q u e lh e é c o n te m p o r â n e a : e n u n c ia p ro ib iç õ e s o u sa n c io n a d e sig u ald ad es q u e a m o ra l j á n ã o a d m ite . D e o n d e a re iv in ­ d ic a ç ã o d a s liberdades o u d o s direitos na­ turais, q u e r d iz er, dos p o d e re s d e a g ir, o u d e n ã o ser c o n stra n g id o , q u e d ev eriam ser legais e n ã o o s ã o a in d a . P o r ex em p lo , n a F ra n ç a n o s fin s d o see. X V III: “ E stes d i­ re ito s sã o a lib e rd a d e , a p ro p r ie d a d e , a s e g u ra n ç a , a resistên cia à o p r e s s ã o .” De­ claração dos direitos , 1789, a r t. II . “ A ig u a ld a d e , a lib e rd a d e , a s e g u ra n ç a , a p r o p r ie d a d e .” Declaração, 1793, a rt. II. A p a la v ra re to m a assim u m a sig n ificação p o s itiv a . Q u a n d o u m a “ tir a n ia ” in ju s ta p ro ib iu p o r lo n g o tem p o o s a to s o u as g a ­ r a n tia s q u e a o p in iã o m o ra l ju lg a legí- I. I. “ O homem certo no lugar ce rto .”

D IR E IT O tim o s, estas lib e rd a d es, m e sm o in d ife re n ­ tes em si (n e m b e m , n e m m a l), re a d q u i­ re m , p o r o p o s iç ã o , u m a lto v a lo r m o r a l, e o direito de os u s u f r u ir a p a re c e c o m o u m bem. O q u e n ã o é a p e n a s u m a ilu s ã o e u m a a s s o c ia ç ã o d e id é ia s, m a s ta m b é m u m f a to re a l: s e n d o o a c o r d o e n tre a lei e a m o ra l u m b em p o s itiv o . Rad. int.: Y u r (o o b je to d o d ire ito de q u e se f a la m a rc a s u fic ie n te m e n te se se tr a ta d e u m a p e rm is s ã o o u d e u m a e x i­ g ê n cia ). 2 . D I R E I T O (O ) D . R echt ; E . Right, iaw; F . Droit; I. D iritto . A . O D ireito , em o p o s iç ã o a o Fato, é e m to d a o rd e m d e co isas o le g ítim o , em o p o s iç ã o a o re a l, n a m e d id a em q u e este p o d e ser ile g ítim o . (N ã o c o n f u n d ir e sta d is tin ç ã o co m a q u e la e n tre a questão de direito e a questão de fa to \ ver a tr á s

Direito-1, crítica.)

264 B . O d ire ito é o c o n ju n to d o s Direi­ tos-], A e B , q u e reg em as re la ç õ e s d o s h o m e n s e n tr e si. 1? Direito positivo, a q u e le q u e re s u l­ ta d a s leis e sc rita s o u d o s c o stu m e s p a s ­ s a d o s co m fo rç a d e lei. E x .: “ D ire ito c i­ vil; D ire ito r o m a n o . C iê n c ia d o D ire ito e, p o r a b re v ia ç ã o , o Direito ” 2? Direito natural, a q u e le q u e é c o n ­ s id e ra d o c o m o re s u lta n te d a n a tu re z a d o s h o m e n s e d a s su as re la ç õ e s , in d e p e n d e n ­ te m e n te d e to d a c o n v e n ç ã o o u leg islação . 3? Direito das gentes (Jus gentium) d e s ig n o u , d e in íc io , em R o m a , o d ire ito f u n d a d o s o b re a e q u id a d e * e a p lic á v e l a o s e stra n g e iro s q u e n ã o e sta v a m s u b m e ­ tid o s a o d ire ito r o m a n o . P o r c o n s e g u in ­ te , c o n fu n d ia -s e co m o d ire ito n a tu r a l. “ Q u o d v e ro n a tu ra lis r a tio in te r o m n e s h o m in e s c o n s titu it, id a p u d o m n e s p o -

S o b re D ire ito (2) — K a n t d e fin e a p a la v r a direito (Recht): A . E n q u a n to a d je ti­ vo e n o s e n tid o a m p lo “ Recht o d e r Unrecht (re c tu m a u t m in u s re c tu m ) ü b e r h a u p t ist ein e T h a t, so fe rn sie p fh 'ch tm ässig o d e r p flic h tw id rig ist (licitum aut ilficitum)” 1. M etaphysik der Sitten, Einleitung, IV . B . (s u b s ta n tiv a m e n te ): “ D a s R e c h t ist d e r I n ­ b e g r if f d e r B e d in g u n g e n , u n te r d e n e n d ie W illk ü r d es E in e n m it d e r W illk ü r d es A n ­ d e rn n a ch ein em a llg e m ein e n G esetze d e r F re ih e it z u sa m m e n v e re in ig t w e rd e n k a n n .“ 1 2 Ib id ., Einleitung in die Rechtslehre, § B. E n c o n tra -s e u m a c o le tâ n e a de u m g ra n d e n ú m e ro de d e fin iç õ e s c lássicas d o d i­ re ito e u m a d isc u s s ã o d e sta s f ó r m u la s em L é âà -U Â Â Oτ ÇÇ , La definition du droit, 1917. S o b re as a m b ig ü id a d e s d a p a la v r a in g le sa Right e d a s e x p re ssõ es q u e d e la se o r i­ g in a m , p a rtic u la rm e n te to have a right to do a thing (te r o d ire ito a fa z e r u m a c o isa — a m b ig ü id a d e s q ue se e n c o n tr a m ta m b é m em fra n c ê s — , v er J . S. M « Â Â , Logic, liv ro V , c a p . V II, § 1. N o s e n tid o A , “ o q u e é d e d ir e ito “ ’ é sem d ú v id a le g ítim o , q u e r d iz er, p e rm iti­ d o , m a s ta lv e z , a lé m d is so , u m c e r to c o n v ite p a r a u s a r a p e rm is sã o q u e re s u lta d a p re c is ã o d a r e g ra e d o s seus m o tiv o s im p líc ito s . (V. Egger) F. TÖnnies te r ia s id o d e o p in iã o d e c o n s e rv a r direito natural c u jo s e n tid o lh e p a ­ re ce s u fic ie n te m e n te fix a d o p e lo u s o . E m lu g a r d e Direito natural, n a s d u a s a p lic a ç õ e s d e s te te rm o (d e s ig n a d o n o te x to d o Vocabulário so b os n ú m e ro s 2 e 3), s e ria p re fe rív e l d iz e r Direito ideal o u Direito

humano. ( L . Couturat) 1. “ Um ato é recht ou unreeht ( = tem-se o direito, não se tem o d ireito de com eter um ata), consoante ele é conform e ou contrário ao dever.” M etafísica dos costum es, Intro d. 2. " O Direito é o conjunto das condições sob as quais a vontade individual se pode unir e associar à vontade individual de outrem conform e uma lei universal da liberdade.” Introdução à Teoria do Direito.

D1SAM IS

265

p u lo s p era eq u e c u sto d itu r, v o c a tu rq u e ju s g e n tiu m .” Institutes, livro l, títu lo 11, § 1. E sta ex p ressão to m o u , nos m o d e rn o s , u m se n tid o d ife re n te d esd e P u f f e n d o r f , D e ju re naturae et gentium , 1672: d e sig n a o c o n ju n to d o s d ire ito s q u e reg em a s re la ­ çõ es d o s E s ta d o s e n tre si o u d o s in d iv í­ d u o s p e rte n c e n te s a E s ta d o s d ife re n te s (p o rq u e estes d ireito s estão p rim itiv a m e n ­ te d e s p ro v id o s d e q u a lq u e r le g islaç ã o e s ­ c rita ). C R ÍT IC A

E lim in a m o s n e ste a rtig o e n o p re c e ­ d e n te to d a s a s d e fin iç õ e s q u e p re te n d e m d a r n ã o o s e n tid o d a p a la v r a , m a s a ex­ p lic a ç ã o d a n a tu r e z a d o direito e a s u a o rig em m e ta física , p o r exem plo a fó rm u la de K τ Ç , q u e d e fin e o d ire ito p e la s c o n ­ d iç õ es n e ce ssá ria s a o a c o r d o d a s v o n ta ­ d es s e g u n d o u m a lei de lib e rd a d e . A e s ta c o n c e p ç ã o o p õ e -se a c o n c e p ç ã o d a lib e r­ d a d e c o m o re s u lta n te , p e lo c o n tr á r io , d a re la ç ã o d o s d ireito s: “ A lib e rd a d e é o p o ­ d e r q u e p e rte n c e a o h o m e m d e fa z e r tu ­ d o o q u e n ã o p r e ju d ic a o d ire ito d o s o u ­ t r o s .*’ Declaração dos direitos , 1793, a r t. V I. S ã o d u a s te o ria s e x p lic a tiv a s o u ju s ­ tific a tiv a s q u e n ã o te m o s q u e d is c u tir a q u i. O m e sm o a c o n te c e c o m o s siste m a s q u e d e fin ira m o d ire ito n a tu r a l p e la f o r ­ ç a , e n te n d e n d o p o r isso q u e n a a u s ê n c ia de u m a leg islação p o sitiv a n ã o existe nem b em n e m m al e , p o r c o n s e q u ê n c ia , tu d o o q u e é possív el é p e rm itid o . “ P e r ju s n a ­ tu r a e in te llig o ip sa s n a tu r a e le g e s ... h o c e st ip s a m n a tu r a e p o te n tia m .” E s p i n o ­ I

s a

,

Tractatus poliíicus,

II,

4.

E s ta m a n e ira de fa la r, q u e se p re s ta a m u ita s c o n fu s õ e s e so fis m a s (ver J . - J . R ÃZ è è τ Z , Contrato social, I, 3), r e p o u ­ sa s o b re o tr ip lo s e n tid o d a p a la v r a natureza*: 1? , o u n iv e rso sem e x ceção ; 2?, a o rd e m norm al , p o r o p o s iç ã o a o s d esv io s e m o n s tru o s id a d e s ; 3 ? , a v id a es­ pontânea e in c o n sc ie n te , p o r o p o s iç ã o a tu d o q u e é a rtific ia l, re fle tid o e q u e rid o . P o r isso , a e x p re ss ã o “ d ire ito n a tu ­

r a l ” n o s p a re c e c a p c io s a e a e v ita r. P o d e ser s u b s titu íd a , c o n fo rm e o se n tid o , q u e r p elo te rm o lei (b io ló g ic a , p sico ló g ica , s o ­ c ia l), q u e r p e la e x p re ssã o direito moral (q u e r d iz e r, r e s u lta n te d a o p in iã o m o ra l e n ã o d a le g islaç ã o ). Rad. int.: Y u r ( Ciência do direito: y u rs-sc ie n c o ). D IR I G I D O D . A . GerichteV, B . Geleitet; E . Directed ; F . Dirigé\ I. D ireito, A . Q u e p o s s u i u m a d ire ç ã o d e fin id a . “ U m se g m e n to d ir ig id o .” B . G o v e rn a d o p o r u m se r d o ta d o de p re v id ê n c ia e de v o n ta d e (m e sm o se e sta v o n ta d e n ã o se ex erce c o n s ta n te m e n te e m d ire ç ã o a o m e sm o o b je tiv o o u n o m esm o s e n tid o ). NOTA

N o s e n tid o p re c is o e té c n ic o , d is tin g u e m -s e a direção e o sentido (v er Sentido, 3 ): u m m o v im e n to d irig id o se­ g u n d o o m e rid ia n o p o d e te r d o is sen tid o s c o n tr á r io s : s u l-n o rte o u n o rte -s u l. M as a p a la v r a dirigido é u tiliz a d a m u ito freq ü e n te m e n te p a r a in d ic a r o m o v im e n to o u a c o n d u ta o rie n ta d o s n u m se n tid o d e ­ te rm in a d o . Rad. int.: A . D ire c io n a t; B . D ire k t. D I S . „ T r a n s c riç ã o d o p re fix o g reg o Ô vs... q u e a s s in a la d if ic u ld a d e , d e fe ito , e n o rm a lm e n te os d o is a o m e sm o te m p o . U tiliz a -se, c o m ra d ic a is g re g o s, p a ra f o r ­ m a r te rm o s n o v o s . P . e x .: disartria, d if i­ c u ld a d e e d e fe ito d a a r tic u la ç ã o (d a fa la a rtic u la d a ); discromatopsia, n o m e g e n é ­ rico d e to d a s as a n o m a lia s d a v isão q u e c o n sistem n u m d isce rn im e n to n u lo o u in ­ c o m p le to d a s d ife re n te s c o re s (ver Acromatopsia, Daltonismo), e tc .

E

D IS A M IS M o d o d a te rc e ira fig u ra q u e se re d u z a Darii p ela tra n s p o siç ã o d a s p re m issa s e c o n v e rsã o sim p les d a m a io r e d a c o n c lu s ã o : A lg u m M é P . T o d o M é S. L o g o , a lg u m S é P .

266

D IS C R E T IV A

E m K a n t , discursivo o p õ e -se a intui­ tivo, c o m o o c o n h e c im e n to d o g e ra l a o c o n h e c im e n to d o p a r tic u la r (L o g ik , § 1). Rad. int.: D is k u rs ,

D IS C R E T IV A ( P o r t - R o y a l , I I , 9 ) . C h a m a -s e p ro p o s iç ã o discretiva a u m a p ro p o s iç ã o c o m p o sta * c u ja s d ife re n ­ tes p a r te s s ã o a f ir m a d a s a o m e sm o te m ­ p o , m a s a o m e sm o te m p o o p o s ta s e n tre si p e lo e s p írito (n o m e a d a m e n te q u a n d o u m a é a f ir m a tiv a e a o u t r a n e g a tiv a ). E x e m p lo : O c rim e e n v e rg o n h a , e n ã o o c a d a fa ls o .

D IS C U R S O L . Discursus; D . (sem e q u iv a le n te g e ra l); B . Rede; E. Discour­ se; B . Speech; F . Discours; I. Discorso. A . O p e ra ç ã o in te le c tu a l q u e se e fe tu a a tra v é s de u m a su cessão d e o p e ra ç õ e s ele­ m e n ta re s p a rc ia is e su cessiv as. “ D is c u r­ su s e st tra n s itu s c o g ita n tis a s e n te n tia a d s e n te n tia m o rd in e q u a d a m , sive c o n se q u e n tia r u m , sive a lio u t in m e th o d o .”

D IS C R E T O D . D iskret ; E . Discrete; F . Discret; I. Discreto. D e sc o n tín u o * n o s e n tid o A . D IS C R IC IO N Á R IO (P o d e r) V er A r ­

bitrário.

L

e i b n i z

,

Opuscules et fragm ents inédits,

E d . C o u tu r a t, 495. C f . Discursivo e In­

D IS C R IM IN A Ç Ã O D . Unterschei­ dung; E . Discrimination; F . Discrimina­ tion; I. Discriminazione.

tuição. B . E s p e c ia lm e n te , e x p re ss ã o e d e s e n ­ v o lv im e n to d o p e n s a m e n to a tra v é s d e u m a s u c e s sã o d e p a la v r a s o u d e p r o p o s i­ çõ es q u e se e n c a d e ia m .

A to d e d is tin g u ir u m d o o u tr o d o is o b je to s d e p e n s a m e n to concretos, q u e r p s ic o ló g ic o s , q u e r sen sív eis. C f. Dis­

U n iv e rs o d o d is c u r s o , v er Universo.

tinção. Rad. int.: D ic e rn .

Rad. int.; A . D is k u rs ; B . P a r o la d .

D IS C U R S IV O D . Discursiv; E . Dis­ cursive; F . D iscursif ; I. Discursivo.

D IS J U N Ç Ã O D . Disjunktion ; E . Dis­ junction; F . Disjonction; I. Disgiunzione.

U m a o p e ra ç ã o de p e n s a m e n to é d ita

A . C a r a c te rís tic a d o s ju íz o s d is ju n ti­ v o s * , q u e r n o s e n tid o A , q u e r n o s e n tid o B . D iz-se a lg u m a s vezes n o s e g u n d o d e s ­ tes casos: disjunção completa, o u m e lh o r,

discursiva q u a n d o a tin g e o o b je tiv o p a r a o q u a l te n d e a tra v é s d e u m a série d e o p e ­ ra ç õ e s p a rc ia is in te rm e d iá ria s ( p o r ex em ­ p lo , e s o b r e tu d o , o ra c io c ín io ). Discursi­ vo o p õ e -se a intuitivo. O c o n ju n to d a s o p e ra ç õ e s d e sta n a ­ tu r e z a c o n s titu i o pensam ento discursivo o u , a lg u m a s v ezes, a faculdade discursi­ va (s o b re tu d o u su al e m 1„ facoltà discorsiva ). C o n s e q u e n te m e n te , e sta s e x p re s ­ sõ es to m a m -s e c o m o s in ô n im o d e enten­

exclusiva. B . J u íz o d is ju n tiv o , q u e r n o s e n tid o A , q u e r n o s e n tid o B, Rad. int.: A . D is ju n k te s ; B . a j. D I S J U N T I V O D . D isjunktiv; E . Dis­ junctive; F . Disjonctif; I. Disgiuntivo. V er Conjuntivo. A . D iz-se g e ra lm e n te d e u m ju íz o q u e

dim ento.

S o b re D is c rim in a ç ã o — T e rm o de o rig e m in g le s a , m a s q u e a c r e d ita m o s te r s u f i­ c ie n te m e n te e n tr a d o n a lin g u a g e m filo s ó fic a f r a n c e s a . (L. C. — A . L.) D is c u rsiv o —

S o b re

la r é m u it o m a is a n t ig a lá s tic a .

K

a

n

t

n ã o

fe z

A d o

a p r o x im a ç ã o q u e K

m a is d o

a

n

q u e

t

. É

e n tr e d is c u r s iv o

e g e r a l, in tu itiv o

j á m u ito u s u a l e m

s e g u ir

u m

v e lh o

u so

W

o

l

f f

c lá s s ic o .

e p a r tic u ­

e r e m o n ta à e s c o ­

(R. Eucken )

S o b re D is ju n tiv o — P a r a h a v e r u m v e rd a d e iro ju íz o disjuntivo n ã o é s u fic ie n te q u e o s te rm o s d a alte rn a tiv a se ex clu am re c ip ro c a m e n te , m a s é n ecessário a in d a q u e n ã o

267

“ D IS P O N ÍV E L ”

a f ir m a u m a a lte rn a tiv a * . E s t a a lte r n a ti­ v a p o d e e x is tir, e m p a r tic u la r , e n tre v á ­ rio s ju íz o s d o m e s m o s u je ito e m c u jo c a ­ so se r e d u z (g ra m a tic a lm e n te ) à a lte r n a ­ tiv a d o s p re d ic a d o s * , n o s e n tid o A . B . D iz-se ta m b é m , m a is e sp e c ialm en ­ te , d e u m ju íz o q u e a f ir m a u m a a lte r n a ­ tiv a ex clu siv a, q u e r d iz e r, em q u e u m d o s m e m b ro s é n e c e s s a ria m e n te v e r d a d e ir o e em q u e to d o s os m e m b ro s se ex clu em m u ­ tu a m e n te (n ã o p o d e m c o e x is tir d o is a d o is ). A d is ju n tiv a é d ita , e n tã o , ex­

clusiva. C . D iz -se d e u m ra c io c ín io e m q u e u m a d a s p re m is sa s é d is ju n tiv a . E m p a r ­ tic u la r, c h a m a m -s e silogismos disjuntivos a o s ra c io c ín io s d o s d o is tip o s seg u in tes:

M odus tollendo-ponens: O u A é v e rd a d e ir o , o u B é v e rd a d e ir o ; O ra A n ã o é v e rd a d e ir o ; L o g o B é v e rd a d e ir o ;

M odus ponendotollens: O u A é v e rd a d e ir o , o u B é v e rd a d e iro ; O r a A é v e rd a d e ir o ; L o g o B n ã o é v e rd a d e ir o . E s ta seg u n d a f o r m a exig e q u e a m a io r s e ja ex clu siv a. U m a o u tr a f o r m a d e ra c io c ín io d is­ ju n tiv o n o s e n tid o C é o dilema * , o n d e se m o s tr a q u e o s d o is te rm o s d e u m a a l­ te r n a tiv a le v a m a u m a m e s m a c o n s e ­ q u ê n c ia . Rad. int.: D is ju n k tiv . D ÍS P A R L . Disparatus ; D . Disparai; E . Disparate ; F . Disparate; l. Disparato.

T e rm o re la tiv o : A . E m B o É c to te r ­ m o s d ís p a re s s ã o te rm o s d iv e rso s n ã o c o n tr á r io s : “ d is p a r a ta ... q u a e ta n tu m a se d iv e rsa s u n t, n u lla c o n tr a r ie ta te p u g n a n t i a . . . ” (E m P 2 τ Ç Â , I, 686.) B . E m L « ζ Ç« U d iz -se d e d o is c o n c e i­ to s d o s q u a is n e n h u m c o n té m o o u tr o , q u e r d iz e r, q u e n ã o e s tá n a re la ç ã o d e g ê­ n e r o a e sp écie. L « ζ Ç« U , Inédits , E d . C o u tu r a t, p . 5 3 , “ Si n e u te r te rm in o r u m in a lte ro c o n tin e tu r , a p p e lla n tu r Disparata*\ e m a is a d ia n te : in d is p a r a tis , se u q u o r u m n e u tr u m e s t g e n u s vel spec ie s .” C . C h a m a m - s e m a is g e ra lm e n te dis­ pares d o is c o n c e ito s q u e n ã o e s tã o n e m n a re la ç ã o d e g ê n e ro a esp écie n em n a re ­ la ç ã o d e u m a esp écie a u m a o u tr a e sp é ­ cie d e u m m e s m o g ê n e ro . K i r c h n e r , s u b v°, a c re s c e n ta a lé m d is s o a c o n d iç ã o d e q u e o s d o is c o n c e i­ to s s e ja m c o n s id e ra d o s c a ra c te rís tic a s d e u m m e s m o s u je ito . M a s e s ta ú ltim a c o n ­ d iç ã o n ã o p a re c e c o n f o r m e a o u s o ; e o s e g u n d o e x e m p lo q u e ele d á n o m e sm o a r tig o a s s e n ta s o b re te r m o s q u e n ã o a p re e n c h e m . I

E

E

c

r

í t

i c

a

S e rá c o r r e to c o n s e rv a r n o s e n tid o C .

Rad. int.: D is p a r a t. “ D IS P O N ÍV E L ” T e rm o recen tem en ­ te in tro d u z id o n a lin g u ag em filo só fica p a ­ r a in d ic a r o e s ta d o d e e s p ír ito n o q u a l o s s e n tim e n to s , a a ç ã o o u o ju íz o n ã o e s tã o

h a ja o u tr a p o s s ib ilid a d e a lé m d a q u e la e x p re s s a n a d is ju n ç ã o ; n o u tr o s te rm o s , q u e a d iv isã o d a e x te n s ã o s e ja c o m p le ta . À f a lta d o q u e n ã o h á u m ju íz o d is ju n tiv o , m a s u m ju íz o sim p le sm e n te partitivo. (C. Ranzoli) S o b re D ís p a r — H a v e r á trê s s e n tid o s re a lm e n te d ife re n te s ? L e i b n i z , e m p a r ti­ c u la r , q u is fa z e r o u t r a c o is a q u e n ã o d e fin ir c o m u m a p re c isã o n o v a e e s c la re c e d o ra (p e la d is tin ç ã o d o s c a so s e m q u e o g ê n e r o é m a is o u m e n o s p ró x im o ) o s e n tid o d e u m te rm o e s c o lá s tic o ? (7. Lachelier ) T a lv e z , m a s a d e fin iç ã o d e L e ib n iz é m u ito m a is r ig o r o s a d o q u e a d o s e sc o lá sti­ c o s e s o b r e tu d o a d m ite e n tre d ís p a r e s a r e la ç ã o d e c o n tr a r ie d a d e q u e a q u e la ex clu i. D e o n d e a n e c e s s i d a d e d a f ó r m u l a C q u e p r e c i s a a in d a m a is o s e n tid o f u n d a m e n ta l

(L. C. — A . L .)

268

D JS S IM E T R IA re s trin g id o s p o r n e n h u m c o m p ro m is s o a n te r io r , “ Sê d isp o n ív e l co m to d o o teu fe rv o r p a r a to d a s a s c o is a s ... Sê d is p o n í­ v el: re c u sa o te u c o ra ç ã o à fix id e z , n ã o te p re n d a s a n a d a n e m a n in g u é m , n em a ti m e sm o . Sê in fiel e s e m p re a p a ix o n a ­ d o . D e s e m b a ra ç a -te d o p a s s a d o . Q u e as tu a s p a ix õ e s s e ja m e x cessiv as, m a s n u n ­ c a e x c lu s iv a s .” C L . E è I E â E (re s u m in ­ d o A n d ré G « á E ), Études philosophiques sur (’expression littéraire (1939), p. 31. D IS S ÏM E T R IA V er Simetria e (S)

Anti-simetria. D IS S O C IA Ç Ã O D . Dissoziation ; E . Dissociation ; F , Dissociation; I. Dissociazione. A . V á rio s p sicó lo g o s m o d e rn o s c h a ­ m a m assim à o p e r a ç ã o d o e sp írito q u e is o la o s e le m e n to s q u e lh e fo r a m d a d o s p rim itiv a m e n te co m o u m to d o . " W h a t is a ss o c ia te d n o w w ith o n e th in g a n d n o w w ith a n o th e r, ten d s to be d isso ciated fro m e ith e r a n d to g ro w in to an o b je c t o f a b s ­ tr a c t c o n te m p la tio n b y th e m in d . O n e m ig h t call th is th e law o f d is so c ia tio n by v a ry in g c o n c o m ita n ts .” 1 W . J τ O è , Principles o f Psychol., I, 506. E

]. “ A quilo que se associa ora a um a coisa ora a o utra tende a dissociar-se de um a e d a outra e tornar-se um objeto de contem plação abstrata para o espírito. Poder-se-ia cham ar a isso lei da dissocia­ ção pela variação dos concom itantes.”

B . N o s e n tid o c o n c r e to , s e p a ra ç ã o efetiv a d e e le m e n to s q u e e stav am u n id o s . E sp e cia lm e n te , e m q u ím ic a c h a m a -se dis­ sociação a u m a d e c o m p o s iç ã o lim ita d a , q u e r d iz e r, q u e c o n d u z a u m e s ta d o de e q u ilíb rio q u e é o lim ite c o n h e c id o d e ssa re a ç ã o e d a re a ç ã o in v e rs a . Rad. i n t A , D isso c ía d ; B . D isso ciig . D IS S O L U Ç Ã O D. A uflösung ; E . Dissolution; F. Dissolution; I. Dissoluzione. A . D e c o m p o s iç ã o de u m a g re g a d o e, e sp e c ia lm e n te , reg resso a o e s ta d o in d e ­ p e n d e n te d e e le m e n to s in d iv id u a is a g r u ­ p a d o s n u m o rg a n is m o . B. S e g u n d o o u s o d e H . S p e n c e r a d is s o lu ç ã o

é

c o n s titu i a

evolução

a u to r

p ro g resso

p e lo

o

p ro cesso

in v e r s o

à

in d e p e n d ê n c ia

g a d o s,

m a s

d a

d o s

ta m b é m

q u e

(c a r a c te r iz a d a n e s te d ife r e n c ia ç ã o

d a in te g r a ç ã o ). É , p o is , n ã o so

d o

o



o

e le m e n to s reg resso

à

a g re­ se m e ­

lh a n ç a d o s e le m e n to s d ife r e n c ia d o s .

meiros princípios ,

ca p .

e

reg res­

Pri­

X X III.

C R ÍT IC A

E s ta p a la v r a a p r e s e n ta o m ais d a s ve­ zes u m s e n tid o p e jo r a tiv o (r u ín a , d e c a ­ d ê n c ia , c o rru p ç ã o ) : 1° , d e v id o a q u e o ex em p lo m a is fo rte d e d is so lu ç ã o n o se n ­ tid o A é a d is so lu ç ã o q u e se seg u e à m o r ­ te ; 2? , d e v id o a o u so q u e se fa z e m f r a n ­ cês, in g lês e p o rtu g u ê s d o a d je tiv o dis-

S o b re D is so c ia ç ã o — H a v e ria in te re ss e em d is tin g u ir n itid a m e n te a dissociação d a abstração: W . J a m e s in c lu i a “ lei de d is s o c ia ç ã o ” n o Process o f abstraction. D ev er-se-ia d is tin g u ir a abstração, o p e r a ç ã o ló g ic a p e la q u a l o e s p írito c o n s id e ra o a tr ib u to o p o n d o - o a o s u je ito , d a dissociação, a n á lise p sico ló g ic a o p e r a d a em v ir­ tu d e d a fu n ç ã o d is c rim in a tiv a p r ó p r ia à a te n ç ã o . É , a liá s , e sta sim p lific a ç ã o d o re a l p e la a te n ç ã o q u e to r n a p o ssív el a a s s o c ia ç ã o e a ssim n o s d a m o s c o n ta d o e stre ito elo q u e u n e o s d o is p ro c e sso s: d is so c ia ç ã o -a s so c ia ç ã o . {Th. Ruyssen) S o b re D is so lu ç ã o — O te rm o é in fe liz e a rre p e n d o - m e d e o te r u tiliz a d o n a e ste i­ r a de S ú Ç T 2 p a r a d e s ig n a r o p ro c e s s o c o n tr á r io à e v o lu ç ã o ta l c o m o ele a e n te n ­ d e . E ste u s o d e u , e d á , o rig e m a n u m e ro s o s m a l-e n te n d id o s d e q u e fre q u e n te m e n te c o n sta te i o s g rav es in c o n v e n ie n te s . S e n d o d a d o q u e a e v o lu çã o * n o s e n tid o sp en cer ia n o é s o b re tu d o c a r a c te riz a d a p e la d ife re n c ia ç ã o , o m e lh o r te rm o a o p o r à q u e la p a re c e -m e ser assimilação* o u p a r a c o rre s p o n d e r à “ e v o lu ç ã o ” e n q u a n to c a r a c te r i­ z a d a a o m e sm o te m p o p e ia d ife re n c ia ç ã o e p e la in te g ra ç ã o , involuçâo. V er A s ilu­ E

E

sões evolucionistas. (A. L.)

269

D IS T IN G U IR

soluto í Dissolute, dissolu): d e b o c h a d o , c o n trá rio a o s b o n s c o stu m e s; 3 ? , d e v id o à associação m u ito geral q u e existe en tre evo­ lução e progresso. C o n tu d o , a p a la v ra fo i ta m b é m e n te n d id a n u m se n tid o fa v o rá v el co n sid erando-se q u e a m a io r p a rte dos p ro ­ g r e s s o s m o r a i s se r e a l i z a m p e la assim ilação * d o s in d iv íd u o s e p e lo a b r a n ­ d a m e n to o u m esm o p e la d e stru içã o d a s es­ tr u tu r a s sociais ríg id as q u e te n d e m a tra n s fo rm á -lo s em ó rg ã o s in v a ria v elm en ­ te d ife re n c iad o s* . A . L τ Â τ Çá , Ladissolution opposée à l ’évolution , c ap . I. Rad. int.: A . D isso lv ; B . D is so lv a d . E

D IS T A N C I A D . A bstand ; E . Distance ; F . Distance ; I. Distanza. V e r Espaço , Extensão , Inatismo. Rad. int.: D is ta n c . D IS T E L E O L O G IA D . Dysteleologie; E . Dysteleologia; F . Dystéléologie ; I. Dis-

teleologia. A . H a e c k e l d e sig n o u c o m e s ta p a la ­ v ra (Generelle Morphologie, 1866; cf. Die Welträtsel [O s enigmas do mundo], c a p . X IV , p . 106) a c iê n c ia d o s f a to s b io ló g i­ co s q u e c o n tra d iz e m a c o n c e p ç ã o d e u m a fin alid ad e in telig en te na fo rm a ç ã o d o s o r ­ g a n ism o s: in d iv íd u o s a b o r ta d o s , a tr o f ia ­ d o s , m o n s tr u o s o s , etc. B . D iz-se o b je tiv a m e n te , e n u m s e n ­ tid o m u ito a m p lo , d e tu d o a q u ilo q u e c o n s titu i u m a im p e rfe iç ã o d a fin a lid a d e n a tu ra l: te ra to lo g ía , in stin to s n o civ o s, ó r ­ g ã o s in ú te is , etc. D IS T IN Ç Ã O D . Unterscheidung, n o s e n tid o A , Unterschied, n o s e n tid o B, Verschiedenheit, n o sen tid o C ; E . Distinction; F . Distinction; I. Distinzione. A . A to d e d is tin g u ir, q u e r d iz e r, de re c o n h e c e r c o m o o u tr o . E s p e c ia lm e n te , a to d e s e p a ra r, n u m a a sse rçã o q u e se d is­

c u te , a q u ilo q u e se a d m ite d o q u e n ã o se a d m ite . V e r Distinguo. B . C arac te rístic a q u e d istin g u e u m o b ­ j e t o d e p e n s a m e n to , q u e r d iz e r, q u e p e r ­ m ite re c o n h e c ê -lo c o m o o u tr o . E s p e c ia l­ m e n te , n o s e n tid o la u d a tiv o : o q u e c o lo ­ c a o h o m e m a c im a d o c o m u m (s u p e rio ­ r id a d e d e in te lig ê n c ia o u d e e d u c a ç ã o , tí­ tu lo h o n o r íf ic o , e tc .) . C . P r o p r ie d a d e q u e tê m d o is o u m a is o b je to s d e p e n sa m e n to d e serem d istin to s. N OTA S

1. A d is tin ç ã o é d ita numérica (nume­ ro) se co n siste a p en a s n a rep etição d e u m a a p re se n ta ç ã o , ju lg a d a id ê n tic a q u a n to a o seu c o n te ú d o ; é d ita específica (specie), o u m e lh o r, intrínseca, n o c a so c o n trá rio . C f . Diferença. 2. Distinção real, a q u e la q u e existe e n ­ tr e d o is seres q u e p o d e m se r e fe tiv a m e n ­ te s e p a ra d o s , o u p e lo m e n o s q u e se p o d e c o n c e b e r c o m o p o d e n d o ser e fe tiv a m e n ­ te s e p a ra d o s p o r u m a p o tê n c ia s u p e rio r a n o ssa; distinção form al, a q u e la q u e a p e ­ n a s p o d e s e r fe ita em p e n s a m e n to , c o m o a a b s tr a ç ã o . V e r A 2 Çτ Z Â á , Quartas ob­ jeções contra Descartes, se ç ã o I. 3. Distinção, e m L ó G ., a p lic a -se , em p rin c íp io , a o s in d iv íd u o s; diferença, às es­ p écies; diversidade, a o s g ê n e ro s. M a s o u s o c o rre n te , m e sm o n a s o b ra s filo s ó fi­ cas, p a ss a p o r c im a d e sta s especificaçõ es, ta n to m a is q u e a r e g ra f r a n c e s a d e e stilo , q u e d e s a p ro v a a re p e tiç ã o d e u m m e sm o te rm o , c o n d u z fr e q ü e n te m e n te a s u b s ti­ tu ir u m p e lo o u tro . Rad. int.: A . D istin g (Boirac); B . D istin g a j; C . D istin g e s. D IS T IN G U IR D . A . B . Auszeichen C . Unterscheiden; D . Erkennen ; E . To distinguish, to discrimínate; F . D istin­ guen 1. Distinguere.

S o b re D is tâ n c ia — T e rm o o m itid o n a p rim e ira re d a ç ã o d e ste tr a b a lh o . F o i p o s to n o seu lu g a r a lfa b é tic o d e v id o às o b s e rv a ç õ e s d e Ranzoli, q u e fez n o ta r c o m ju s tiç a q u e a percepção de distância é u m d o s p ro b le m a s im p o r ta n te s d a te o r ia d a v is ã o . E la fo i o c a m p o de b a ta lh a d a s te o ria s Empiristas e Inatistas q u e s e rã o d e fin id a s n o d e v id o lu g a r. (A. L .)

“ D IS T IN G U O 0 (E tim o ló g ic a m e n te , p in ta r d e c o r d i­ fe re n te ; o p o r a tra v é s d e tin ta s d iv e rs a s .) A . E sta b e le c e r o u m a r c a r u m a d ife ­ r e n ç a ; to r n a r d istin to * n o s e n tid o A . “ D escartes d istin g u iu as in c ó g n ita s p elas le tra s x, y, z . ” B . C o n s titu ir a c a ra c te rís tic a d is tin ti­ va de u rn a c o isa o u de u m o b je to d e p e n ­ s a m e n to , o q u e p e rm ite re c o n h e c ê -lo s. Q u a n d o se tr a ta d e u m a p e s s o a o u d o s seus a to s , e sta p a la v r a te m q u a s e se m p re u m a c e n to la u d a tiv o ; d e o n d e o s e n tid o d e “ d is tin g u id o ” to m a d o d e m o d o a b ­ s o lu to . C . R e c o n h e c e r u m a c o isa co m o d is­ tin ta de o u tr a . D . P e rc e b e r o u p e n sa r de u m a m a n e i­ r a d is tin ta * n o s e n tid o C. Rad. int.: A . B. D istin g ; C . D . D ic e rn . “ D IS T IN G U O ” N a discu ssão (p rim i­ tiv a m e n te , n a d iscu ssão esco lástica), f ó r ­ m u la q ue serv e p a ra re s p o n d e r a u m a o b ­ je ç ã o a tra v és de u m a d istin ç ão * . E m c o n ­ seq u ên cia, su b sta n tiv a m e n te, e m u itas ve­ zes c o m u m c a m b ia n te p e jo ra tiv o , a p r ó ­ p r ia d is tin ç ã o . D IS T IN T O D . Verschieden, deuUich', E . Distinct; F . Distinct; I. Distinto. O te r­ m o o p o sto é confundido p a ra A e B, con­ fu so p a r a C e D . 1 ? E n q u a n to te rm o r e la tiv o , re la tiv o a v á rio s o b je to s c o m p a r a d o s e n tre si. A . N o sentido subjetivo : d is tin g u id o , q u e é tid o c o m o outro p o r u m d a d o e sp í­ r ito . E x .: “ P a r a B a c o n , a filo so fia n ã o é d is tin ta d a c iê n c ia ."

270

B . N o sentido objetivo', d ife re n te , q u e deve ser tid o c o m o o u tr o . E x .: “ C o n f u n ­ d es d o is p ro b le m a s d is tin to s ." 2? E n q u a n to te rm o a b s o lu to q u e se a p lic a a u m ú n ic o o b je to . C . Extrínsecamente , e p o r u m a e lip ­ se: distinto , n o sen tid o A , de todas as ou­ tras coisas, d istin g u id o p elo e sp írito e c o ­ lo c a d o p o r e le c o m o u n ív o c o . A p e n a s se d iz n este se n tid o d o p ró p r io c o n h e c im e n ­ to o u d e u m o b je to d e c o n h e c im e n to e n ­ q u a n to id é ia . E s p e cia lm e n te , em D è Tτ 2 è , o c ri­ té r io d a v e rd a d e e s tá n o c o n h e c im e n to claro e distinto·. “ C h a m o [co n h ecim en to ] d is tin to à q u e le q u e é tã o p reciso e d if e ­ re n te de to d o s o s o u tr o s q u e a p e n a s c o n ­ té m em si a q u ilo q u e a p a r e c e m a n if e s ta ­ m en te àq u ele q u e o c o n sid e ra c o m o se d e ­ v e . " 1 Princípios, I, 45. U m a id éia p o d e ser clara* sem ser d is­ tin ta , p . ex. a d e u m a d o r ; m a s n ã o re c i­ p ro c a m e n te (D è T τ 2 è , Princípios, I, 46). E s ta a firm a ç ã o de D è T τ 2 è é re ­ p ro d u z id a p o r P Ã 2 -R Ã à τ Â , m as c o m re se rv a s (L o g ., p rim e ir a p a r te , c a p . IX ). D . Intrínsecamente, a q u ilo d e q u e o e s p írito vê n itid a m e n te to d o s o s e le m e n ­ to s c o n s titu tiv o s . P a r a L « ζ Ç« U , o c o n h e c im e n to d is tin ­ to é a q u e le q u e n ã o só é s u fic ie n te p a ra fa z e r re c o n h e c e r o seu o b je to , m a s n o q u a l se p o d e m e x p lic a r “ as m a rc a s q u e dele se t e m " . Disc. d e M e ta f., § X X IV . E

E

I E

I E

E

I E

I

E

1. A palavra preciso é to m ad a aqui no seu sen­ tido am igo: Cf. P o r t -Ro y a l , Lógica, cap. 5, “ O n­ de se fala da m aneira de conhecer por abstração ou precisão" .

S o b re D is tin to — Verschieden u tíliz a -se n o s se n tid o s A e B , Deutlich n o s e n tid o C . Unterschieden, co m o a d je tiv o , n ã o é r a r o n o s a u to re s c lássic o s, p a r tic u la rm e n te n o s e n tid o A (s u b je tiv o ). ( F Tonnies ) Distinto d iz-se p ro p r ia m e n te d a v is ã o e d a s im a g e n s v is u a is, m a s d iz-se m e ta f o r i­ c a m e n te d a v is ã o d o e s p ír ito e d a s c o isa s q u e o e s p írito vê co m p e r f e ita n itid e z ; e fo i este s e n tid o m e ta fó ric o q u e m e p a re c e q u e se t o r n o u , e m D è T τ 2 è e L « ζ Ç« U , o s e n tid o filo só fic o (m ais d o q u e o s e n tid o d e distinguido, d e não-confundido, se b e m q u e a n itid e z d e u m a im a g e m v is u a l d e p e n d a d e e la n ã o se c o n f u n d ir c o m o u tra s e de q u e os seu s tra ç o s n ã o se c o n fu n d a m e n tr e si). ( / . Lachelier) E

I E

E

271

D IS T R IB U T IV O

U m a id é ia p o d e ser clara se f o r s u fi­ c ie n te p a r a fa z e r re c o n h e c e r o seu o b je ­ to , m a s , to d a v ia , c o n f u s a se n ã o f o r r e ­ c o n h e c id a p o r “ u m n ã o sei q u ê ” . Ibid. C f . Adequado. Rad. int.: D is tin g (Boirac ); A . C . D . D is tin g a t; B . D is tin g in d .

p rim e iro c a s o dispersão e o s e g u n d o dis­

D IS T R A Ç Ã O D . Zerstreutheil ; E . D istraction ; F . D istraction ; I. Dis-

m o s to m a d o s u n iv e rs a lm e n te . G Ã T Â Ç« Z è , s. Vo: “ D is trib u í est accip i u n iv e r­ s a li té s ” V e r a d ia n te Distributivo e E x­ tensão, o b s .

trazione. A . D iv isão d o p e n s a m e n to e n tr e v á ­ rio s o b je to s d iv e rs o s, d e ta l m a n e ira q u e n ã o e s tá a te n to a n e n h u m d eles. B . A u sê n c ia d e p e rcep ção d e u m a sen ­ s a ç ã o q u e d e v e ria se r n o rm a lm e n te p e r­ c e b id a , o u f a lta d e a d a p ta ç ã o à s c irc u n s ­ tâ n c ia s p re s e n te s , d e v id o a o f a to d e a a te n ç ã o e s ta r c o n c e n tr a d a n u m p o n to p a rtic u la r (em g e ra l, n u m p e n sa m e n to in ­ te rio r) . E s ta p a la v r a a p lic a -se n o s d o is s e n ti­ d o s q u e r a u m a d is p o s iç ã o g e ra l d o esp i­ r ito , q u e r a u m e s ta d o m o m e n tâ n e o ; e , além d isso , n o se n tid o B , u tiliz a -se ig u a l­ m e n te d e m a n e ir a c o n c re ta : a to o u o m is ­ s ã o c a u s a d o p e la d is tr a ç ã o . C RÍTIC A

O s d o is s e n tid o s d a p a la v r a s ã o m e ­ n o s d ife re n te s d o q u e p a re c e m a p rin c í­ p io , se n d o o tr a ç o c o m u m q u e os re ú n e a d e s a te n ç ã o a c e rto s fe n ô m e n o s . C o n ­ tu d o , seria b o m c h a m a r d e p re fe rê n c ia o

tração. Rad. int.: A . D is p e rs; B . D is tr a k t. D IS T R IB U ÍD O L . Distribuais; D . Verteilt; E . Distributed; F . Distribué; I. Distributo. L ó ; . D iz ia-se a m ig a m e n te d o s te r ­ E

1. D IS T R IB U T IV A (L e í, o u , m a is e x a ta m e n te , p r o p r ie d a d e ) D . Distributionsgesetz; E . Distributive law; F . L o i (o u propriété) distributive; I. Legge (o u

propriété) distributiva. U m a o p e ra ç ã o o u re la ç ã o R t é distri­ butiva em re la ç ã o a u m a o u tr a o p e ra ç ã o o u re la ç ã o R 2 q u a n d o se te m se m p re . (ü R2 b) R 2 T = (a R i b) R 2 (Zd*! c). P o r e x e m p lo , a a d iç ã o e a m u ltip lic a ­ ç ã o ló g icas sã o d is trib u tiv a s u m a e m re ­ la ç ã o à o u tr a ; a m u ltip lic a ç ã o a ritm é tic a é d is trib u tiv a em re la ç ã o à a d iç ã o a ritm é ­ tic a , m a s n ã o e sta e m re la ç ã o à q u e la . Rad. int.: D is tr ib u tiv . 2 . D IS T R IB U T IV A (J u stiç a ) V er Co­

mutativa. D IS T R IB U T IV O L . Distributivus; D . Distributiv; E . Distributive; F . Distribu­ tif; I. Distributivo.

S o b re D is tra ç ã o — Distrahi , ser e m p u r r a d o em d iv e rso s s e n tid o s ; é n e ste s e n tid o e tim o ló g ic o q u e L « ζ Ç« U se d iz ia distractissimus em ra z ã o d a s su as n u m e ro s a s o c u ­ p a ç õ e s . A d is tin ç ã o A e B é m u ito ju s ta : te m o s d u a s p a la v r a s p a r a A , distração, dis­ persão, e n e n h u m a p a r a B , a m e n o s q u e se d ig a estar absorvido, concentrar-se, m a s n ã o s ã o s u b s ta n tiv o s . N a re a lid a d e c re io q u e distração se o p õ e n o s e n tid o c o m u m a presença de espírito. E s ta é u m e s ta d o in te r m e d iá r io e n tre a d is s ip a ç ã o e a c o n c e n ­ tr a ç ã o ; s e n d o distração p e jo r a tiv a , c o n f u n d e os d o is ex cesso s, isso e q u iv a le a d iz e r q u e este te rm o é de o rig em fa m ilia r, p ed ag ó g ica e social. É c h a m a d a distraída a c rian ça o u o a d u lto q u e , e s p e rto d e m a is o u d e m a s ia d o re fle tid o , n ã o p r e s ta a te n ç ã o n o q u e deveria s e g u n d o o p o n to d e v ista p rá tic o d o s e d u c a d o re s o u d o b o m sen so v u lg a r. (V. Egger) E

S o b re D is tr ib u íd o , D is trib u tiv o — Distributed d iz -se sem p re em in g lês d a s p r o ­ p o siç õ e s u n iv e rs a is ; undistributed a p lic a -se q u e r à s p a rtic u la re s q u e r à s in d iv isa s.

272

D IV E R SO D iz-se d e u m te r m o g e ra l q u e d e sig n a in d iv id u a lm e n te e à v o n ta d e c a d a u m dos o b je to s d a s u a e x te n s ã o (R e la ç ã o D ) . O pÕ e-se a coletivo* o u a indiviso'* (R ela­ ção S ) . D IV E R S O G . 'Έ τ 6 ρ ο ί ; L . Diversus; D . Verschieden ; E . Divers ; F . Divers ; I.

Diverso. A . A s p a la v r a s diversas, diverso f o ­ r a m fre q u e n te m e n te u tiliz a d a s p a r a t r a ­ d u z ir o te rm o a ris to té lic o è re ç o r. N e ste s e n tid o , é d iv e rso tu d o o q u e , s e n d o re a l, n ã o é id ê n tic o . “ Π α ν γ ά ρ ή ’ tregov rj Tauro, o 7t civ ή ο ν .” M etaf. IX , 3. 1054b. E s ta d iv e rs id a d e a d m ite v á rio s g ra u s (ibid., IV , 10, 1018b) e n tre os q u ais A ris tó te le s d is tin g u e %πρ α τ ώ yévei e έ τ £ ρ α τ ώ tíõ a . D o m e sm o m o d o , L « ζ Ç« U d e fin e sem p re diversa c o m o a n e g aç ã o d o eadem. B . N a lin g u ag em m o d e rn a as p a la v ra s diverso e diversidade im p lic a m s e m p re q u e o s te rm o s o u o s o b je to s tê m u m a d i­ fe re n ç a in tr ín s e c a e q u a lita tiv a (o p o s ta à sim p les m u ltip lic id a d e n u m é ric a ). E

C RÍTIC A

E s te ú ltim o u s o , em r a z ã o d o princi­ pio dos indiscerníveis, a p e n a s d ife re d o de L « ζ Ç« U n a q u ilo q u e c o n c e rn e a o s se­ res a b s tr a to s (c f. Diferença). P a r a e v ita r q u a lq u e r e q u ív o c o , seria b o m u tiliz a r n o s e n tid o g e ra l A , outro * e alteridade*, n o s e n tid o q u a lita tiv o B , diverso e diver­ E

sidade. Rad. int.: A , A ltr .; B . D iv ers. D IV ID ID O

(S e n tid o ) V er Sentido

composto. D IV IN D A D E D . Göttlichkeit n o sen­ tid o A , G ottheit n o s e n tid o B ; E . Godhead, Divinity, D eity ; F . Divinité; I. Di-

vinità. A . N o s e n tid o a b s tr a to , c a ra c te rís ti­ ca

do

q u e é d iv in o .

B . N o s e n tid o c o n c re to : Uma D ivin­ dade, A Divindade , s in ô n im o s d e D eu s q u e r n o s e n tid o p a g ã o , q u e r n o se n tid o c ris tã o .

C. E s p e c ia lm e n te : d is tin g u iu -s e a lg u ­ m a s vezes a Divindade o u essên cia d iv i­ n a e Deus, e n q u a n to ser p e sso a l ( p o r e x e m p lo em E T 3 τ 2 ). P o d e -s e a p ro x i­ m a r d e ste u s o a seg u in te p a ssa g e m de L « ζ Ç« U : “ A ss im , D e u s só é a u n id a d e p rim itiv a ... d e q u e to d a s as m ó n a d a s c ria ­ d a s o u d e riv a tiv a s s ã o p ro d u ç õ e s ; e n a s ­ cem , p o r a s s im d iz er, a tra v é s de F u lg u ­ ra ç õ e s c o n tín u a s d a D iv in d a d e .” Monadologia, 47. Rad. int.: A . D ees; B . C . D e a j. 7

I

E

D IV IS Ã O G . ó i a i p e m s ; L . Divisio; D . Einteilung; E . D ivision ; F . Division; 1. Divisione. L ó ; . O p e r a ç ã o p e la q u a l se d i­ v id e a e x te n s ã o d e u m c o n c e ito (d ito gênero ) e m v á ria s classes q u e s ã o a s ex ­ te n sõ e s re s p e c tiv a s d e o u tr o s c o n c e ito s (c h a m a d o s espécies). V er o te x to d e H τ ­ c ita d o m ais a trá s , v°, Definição, O« Â ÃÇ e to d a a 25? liç ã o d a s u a Lógica ( I I , 2 2 , S . ) . C f. Classificação e Participação. I

D iv is ã o d o tr a b a lh o D . Arbeitsteilung; E . Division o f labour, F . Division du travail·, I. Divisione del lavoro. A . P r im itiv a m e n te (A d a m S O « , Riqueza das nações , I , 1), o rg a n iz a ç ã o e c o n ô m ic a q u e c o n sis te n o f a to d e o tr a b a lh o to ta l a e f e tu a r s e r r e p a r tid o e n ­ tr e os c o o p e r a d o re s de ta l m o d o q u e c a ­ d a u m re a lize s e m p re u m m e sm o g ê n e ro d e tr a b a lh o , p a r a o q u a l a d q u ire a ssim u m a h a b ilid a d e e u m a fa c ilid a d e p a r ti­ c u lares. B . P o r a n a lo g ia , c h a m o u -s e divisão do trabalho psicológico à e sp e c ia liz a ç ã o d a s fu n ç õ e s e n tre os d ife re n te s ó rg ã o s de u m c o rp o viv o. Rad. int.: L a b o rd iv id . I

7

D IV IS IB IL ID A D E D . Teilbarkeif, E . Divisibility; F . Divisibilité; I. Divisibilità. P r o p r ie d a d e q u e te m u m to d o d e ser d e c o m p o n ív e l, q u e r m a te ria lm e n te , q u er id e a lm e n te , n u m c e rto n ú m e ro de p a rte s. Rad. int.: D iv id e b le s.

DOGMATISMO

273

D O G M A G . hóyixct; D . D ogm a ; E . Dogma; F, Dogme; I. Dogma. A . O p in iã o filo só fic a a d m itid a n u m a esco la (cf. Ôo«etJ'> ô d £ a ). A in d a u tiliz a ­ d o n e ste s e n tid o em B a c o n : “ G ilb e rtu s , q u i P h ilo la i d o g m a ta r e p o s s u it...” De dignitate, I I I , 4. B. D o u trin a re c o n h e c id a e e sta b e lec i­ d a p e la a u to r id a d e d e u m a Ig re ja (g e ra l­ m e n te d e u m a d a s Ig reja s cristãs) e à q u al o s m e m b ro s d e ssa Ig re ja s ã o o b rig a d o s a a d e rir. E ste sen tid o é u s u a l desd e o s p ri­ m e iro s séc u lo s d o c ris tia n is m o . C . S e n tid o p a rtic u la r a K a n t : “ Ich th e ile alle a p o d ik tis c h e n S a tz e ... in Dog­ mata u n d M athemata ein . E in d ire c t sy n th e tisc h e r S a tz au s B eg riffe n ist ein D o g m a , d ag eg e n ein d e rg le ich e n S a tz d u rc h C o n s tr u c tio n d e r B eg riffe ist ein M a th e m a .” 1 Razão pura, M e to d ., I, 1. A . 7 3 6 , B. 746. C f. Dogmatismo*. Rad. int.: D o g m . 1. “ Divido todas as proposições apodíticas em D o g m a ta t M athem ata. Um D ogm a é um a p ro p o si­ ção diretam ente sintética p o r conceitos; um M ath e­ m a é uma proposição sintética por construção de con­ ceitos.” (Q uer dizer, pela intu ição que pode ser da­ da a p r io r i como correspondente aos conceitos.) Ibid. A . 713, B. 741.

D O G M Á T IC O (a d j. e s u b s t.) Q u e a p re s e n ta a c a ra c te rís tic a d o d o g m a tis ­ m o * n o s d iv e rso s se n tid o s d e s ta p a la v r a . S o b a fo r m a d e s u b s ta n tiv o u tiliza-se freq ü e n te m e n te n o p lu ra l: “ O s D o g m á ti­ c o s .” N a lin g u a g e m e sc o la r c h a m a -s e freq ü e n te m e n te “ filo so fia d o g m á tic a ” a tu ­ d o o q u e n o e n s in o n ã o é h is tó ria d a filo ­ s o fia : é u m u so im p r ó p r io d a p a la v r a , a e v ita r. D O G M A T IS M O D . Dogm atism us ; E . Dogmatism; F . Dogm atism e ; I. Dog­

matismo. A . P rim itiv a m e n te , to d a filo so fia q u e a firm a c ertas v erd ad es e se o p õ e assim ao c ep ticism o . àóypctra e ôoyncenxCti sâo u tiliz a d o s n este s e n tid o p o r D i ó g e n e s L a é r c i o , 7 4 . “ D o g m a tid s u n t qu i verita te s u n iv ersales d e fe n d u n t, seu qu i a ffirm a n t vel n e g a n t in u n iv e rs a li.” W o l f f , Psic. rac., § 40. B . S e c u n d a ria m e n te , e d e p o is de K a n t , a p a la v ra é e n te n d id a fre q ü e n te m e n te n u m sen tid o p e jo ra tiv o . E la n ã o se o p õ e e n tã o a o c ep ticism o , m as à crítica, B* e a o criticismo*. “ D e r D o g m a tism u s d e r M e ta p h y s ik , d . i, d a s V o ru rth e il, in

S o b re D o g m a — A sig n ific a ç ã o p rim itiv a d a p a la v r a g re g a òóypa p a re c e te r sid o a de d e cisã o p o lític a d e u m s o b e r a n o o u d e u m a a ss e m b lé ia . C f . S a b a t i e r , Esquis­ se d ’une philosophie de la religion, p . 2 7 4 (1898). A s ig n ific a ç ã o d e “ o p in iã o filo só ­ f ic a ” s e ria , p o r ta n to , d e riv a d a , e p ro v a v e lm e n te d e v id a ao f a to d e a s esco las filo ­ s ó fic a s a n tig a s te re m m u ita s v ezes u m c a r á te r d e s e ita re lig io s a d a n d o à s s u a s d o u tr i­ n a s , p e r a n te seu s a d e p to s , a m e sm a a u to r id a d e im p e ra tiv a q u e p o s su ía u m d e c re to p o lític o p a ra o s c id a d ã o s d e u m E s ta d o . V e r, e m p a r tic u la r , S ê n e c a , Epístola, 95 e C í c e r o , Acadêm icos IV , 9. (C . Ranzoli ) S o b re Dogm atism o — U tiliz a -s e fre q u e n te m e n te a e x p re ss ã o dogm atism o nega­ tivo p a r a d e s ig n a r o c e p tic is m o , em o p o s iç ã o a o dogmatismo positivo, d e fin id o em A . E s ta s ex p re ssõ es p a re c e m ú te is d e c o n se rv a r n a s u a o p o s iç ã o : 1?, p o r q u e elas m a r ­ c a m b e m os d o is a sp e c to s c o n tr á r io s d e u m a mesma d is p o siç ã o d e e s p írito , q u e é tã o d o g m á tic o a o n e g a r a c iên c ia q u a n to a o a f ir m á - la ; 2 ? , p o r q u e elas se o p õ e m a m ­ b a s a o c ritic is m o , n a m e d id a em q u e ele re p re s e n ta u m a a titu d e in te rm e d iá ria e n tre a a f ir m a ç ã o a b s o lu ta e a n e g a ç ã o a b s o lu ta d o v a lo r o b je tiv o d o n o s s o c o n h e c im e n ­ to . (C. Ranzoli ) M a s o v e rd a d e iro c e p tic is m o n ã o é p re c isa m e n te a q u e le q u e é efético, e q u e d u v id a d a s u a p ró p r ia d ú v id a ? N e ste s e n tid o o dogmatismo negativo p o d e ­ ria ser o p o s to a o p r ó p r io c e p tic is m o . {A. L.)

D O G M A T IS T A ih r o h n e K ritik d e r re in e n V e r n u n f t f o r t ­ z u k o m m e n .” 1 K τ Ç , Razão pura , p re fá ­ c io à s e g u n d a e d iç ã o , B . 30. E le o p õ e , a este r e s p e ito , o procedimento dogmático a o dogmatismo: “ D ie K ritik ist n ic h t d e m dogmatischen Verfahren d e r V e rn u n ft in ih re m re in e n E r k e n n tn is , a ls W isse n s­ c h a f t, e n tg e g e n g e s e tz t... s o n d e rn d em Dogmatism, d . i. d e r A n m a s s u n g , m it ei­ n e r re in e n E rk e n n tn is a u s B eg riffe n (d er p h ilo so p h isc h e n ), n a ch P rin c ip ie n , so w ie sie die V e rn u n ft lä n g st im G e b ra u c h e h a t, o h n e E rk u n d ig u n g d e r A rt u n d d es R ech ­ te s, w o d u rc h sie d a z u g e la n g e t is t, a lle in f o r tz u k o m m e n .” I.2 Ibid., B. 35. C . D eu-se o n o m e de dogmatismo moI

274

rai à filo so fia q u e ex plica e leg itim a a c e r­ te z a p e la “ a ç ã o ” (n o s e n tid o E ). D. M o d o d o e s p ír ito q u e c o n siste em a f ir m a r a s s u a s d o u tr in a s c o m a u to r id a ­ d e e sem a d m itir q u e elas p o ssa m te r q u a l­ q u e r c o is a d e im p e rfe ito o u d e e rrô n e o . Rad. int,: D o g m a tis m . D O G M A T IS T A , c o m o D o g m á tic o (o p o s to a C ép tico ). “ D e ten h o -m e n o ú n i­ c o fo r te d o s d o g m a tis ta s q u e é, a o fa la r d e b o a fé e s in c e ra m e n te , n ã o se p o d e r d u v id a r d o s p rin c íp io s n a tu r a is .” P a s ­ c a l , Pensées , p e q u e n a e d . B ru n sch v ic g , n? 434, p . 530. E s ta fo r m a to m o u -s e ra ra .

D O L O R IS M O T e rm o c ria d o p o r P a u l SÃZ áτ à c o m u m a c e n to p e jo ra tiv o , n u m a r tig o d o Temps s o b re A posse do I. “ O dogm atism o da m etafísica, quer dizer, o m undo d e G e o rg e s D u h a m e l (6 de m a r ­ preconceito de avançar sem um a crítica d a razão p u ­ ç o de 1919): “ E le e n tr a em c h e io n a q u ilo r a ...” 2. “ A crítica não se opõe ao processo dogm ático a q u e c h a m a re i d o lo ris m o , q u e r d iz e r, a te o ria d a u tilid a d e , d a n e ce ssid a d e , d a ex ­ d a razão no conhecim ento p u ro en quanto ciência..., m as ao Dogm atism o, quer dizer, à pretensão de p ro ­ c elê n c ia d a d o r . ” ceder com a ajuda de um conhecim ento puro extraí­ do de simples conceitos (o conhecim ento filosófico), apoiando-se sobre princípios tais que a razão os u ti­ liza há m uito tem po, sem investigar de que m an eira e com que direito chegou ela à sua afirm ação.”

C f. no P refácio d a prim eira edição: " D e r a t te, w urm stichige D o g m a tism ” , o velho e apodrecido dogm atism o.

O dogmatismo moral o p õ e -s e a o dogmatismo intelectual B , d e q u e p re te n d e m o s ­ tr a r o c a r á te r ile g ítim o e ilu s ó r io , a ssim c o m o a o c ritic is m o . E le c o n sis te n e s ta s trê s teses lig a d a s: 1? T o d o s o s n o s s o s c o n h e c im e n to s e s p o n tâ n e o s s ã o e x p re ss ã o s o lid á ­ r ia d o q u e d e s e ja m o s , d o q u e fa z e m o s , d o q u e s o m o s j á n a n o s s a a d a p ta ç ã o à re a li­ d a d e e m q u e e sta m o s m e rg u lh a d o s . 2® O s c o n h e c im e n to s p ro c e d e n te s d e s ta assim iliç ã o n a tu r a l serv em p a r a p r o p o r à n o s s a a tiv id a d e m o ra l p r o b le m a s q u e , c o n fo rm e a s o lu ç ã o v o lu n ta ria m e n te e s c o lh id a , d e te rm in a m n o v o s e s ta d o s , u m a n o v a a titu d e in te le c tu a l. 3? O v a lo r m e ta fís ic o o u r e a lis ta d o n o s s o c o n h e c im e n to e s tá , p o is , lig a ­ d o à m a n e ira n o r m a l, m o ra l c o m o n o s c o m p o r ta m o s e m re la ç ã o a o s seres q u e , lo n g e d e s u b o r d in a r a o n o s s o e g o ís m o , tr a ta m o s c o m o fin s e m si, o u m e io s m o ra is . E s p e ­ c u la tiv a m e n te , o d o g m a tis m o m o ra l é a e x p lic a ç ã o d a c e rte z a p e la a ç ã o ; p a r a c o n h e ­ cer o ser e p a r a a c r e d ita r n ele é p re c iso c o o p e r a r e m d a r-s e o ser a si m e sm o . P r a tic a ­ m e n te , é o p ô r em a ç ã o o m é to d o c rític o e o m é to d o a sc é tic o p a r a se d e s p o ja r de to d a re la tiv id a d e n a m a n e ira d e ser e n a m a n e ira d e p e n s a r . D istin g u e -se n itid a m e n te d o c e p tic is m o , s e g u n d o o q u a l e s ta m o s in v e n c iv e lm e n te m e rg u lh a d o s n o re la tiv o e d o d o g m a tis m o ilu s ó rio s e g u n d o o q u a l é s u fic ie n te p e n s a r e te r id é ia s p a r a e s ta r n o a b s o lu to . C f. L a b e r t h o n n i è r e , “ L e d o g m a tis m e m o r a l” , p . 7 6 , em Essais de p h /losophie religieuse. (M . Blondel) S o b re D o lo ris m o — A d e fin iç ã o q u e se e n c o n tr a e n tre a sp a s fo i re v ista e p a rc ia l­ m e n te re fe ita p o r Julien Teppe.

DOR

275

A p a la v r a Foi r e to m a d a n u m s e n tid o fa v o rá v e l p o r J u lie n T ú ú , q u e m u ito c o n tr ib u iu p a r a a to r n a r u s u a l; ele d e ­ fin e -a : “ D o u trin a q u e a trib u i u m a lto v a ­ lo r m o ra l, e stético e s o b re tu d o in te le ctu a l à d o r — p rin c ip a lm e n te à d o r fís ic a , n ã o só p o rq u e ela to r n a o h o m e m sensível ao s so frim e n to s d o s o u tro s, m as ta m b é m p o r­ q u e ela su sp en d e o s im p u lso s d a v id a a n i­ m a l e p e rm ite a ssim a o e s p irito a d q u ir ir u m a h e g e m o n ia p a r tic u la r m e n te eficaz p a r a a c ria ç ã o a r tís tic a e lite r á r ia .’* V er Apologia do anormal , manifesto do do­ lor ismo (1935); Ditadura da dor ou ex­ plicações sobre o dolorismo (1936). J . T e p p e re s sa lta ta m b é m o p a p e l d a d o e n ­ ç a e a u tilid a d e e s p iritu a l d a in ib iç ã o q u e e la p ro d u z . O a d je tiv o dolorista e stá ig u a lm e n te em u so : e n c o n tra -s e n o títu lo d a Revue doloriste , f u n d a d a em 1936 p e lo m e sm o a u to r . E

E

D O M IN A D O R A ou D O M IN A N T E (C a rá te r ) V er Subordinado . D O M Í N IO D . Bereich, Gebiet (a lg u ­ m a s vezes Umfang ); E . Domain; F . Domaine ; I. D om inio. P a rte d o U n iv erso * d o d iscu rso à q u al se a p lic a m u m a id é ia , u m a re la ç ã o , u m a fu n ç ã o , u m a fa c u ld a d e . E sp e cia lm e n te : 1? A o fa la r-s e d e u m a relação * ló g ica b in á ria aRb c h am a -se do­ mínio d e s ta re la ç ã o a o c o n ju n to d o s te r ­

m o s a n te c e d e n te s a lt a2, a3... e domínio converso o u co-domínio a o c o n ju n to d o s te rm o s c o n s e q ü e n te s b x, b2, by .. C f. Campo. 2? E m P è « TÃÂ ., c h a m a -s e “ d o m ín io d a v o n ta d e ” a o c o n ju n to d a s açõ es q u e d e p e n d e m d e la . V er P τ Z Â τ Ç , A vonta­ de, c a p . V III: “ O d o m ín io d a v o n ta d e ” , e IX : “ A e x te n s ã o d o d o m ín io d a v o n ta ­ de” . 7

D O R D . Schm erz ; E . Pain; F . Douleur\ I. Dolore. V er m ais a d ia n te os e q u i­ v a le n te s m a is p re c iso s. U m d o s tip o s f u n d a m e n ta is de afecç ã o * . Im p o ssív el d e d e f in ir , s en d o o seu c o n c e ito o d e u m e s ta d o p síq u ic o sui generis d e q u e a p e n a s se p o d e m in v e stig a r as c o n d iç õ e s m e n ta is o u fisio ló g ic a s. A . A p a la v r a tem u m s e n tid o re s trito e p reciso n o q u a l se d is tin g u e n itid a m e n ­ te n ã o só de d e s g o s to , tris te z a , e tc ., m a s ta m b é m de s e n s a ç ã o p e n o s a o u d e s a g ra ­ d á v e l. E x .: a d o r d e u m g o lp e , d e u m a q u e im a d u r a , d e u m a n e v ra lg ia , etc. B . A lé m d e sse , h á u m s e n tid o a m p lo q u e c o n té m to d a s as v a rie d a d e s e n u m e ­ r a d a s a c im a . C RITIC A

E s ta n d o p o u c o d e se n v o lv id a a p s ic o ­ lo g ia d a s e n s ib ilid a d e a fe tiv a , p e rm a n e ­ ce u m a g ra n d e in d e c isã o n a u tiliz a ç ã o d a p a la v r a . É d e n o ta r q u e n ã o só a d o r n ã o p o d e ser definida c o m o “ o c o n tr á r io d o

S o b re D o r — S em p r e te n d e r d e fin ir a d o r p o d e r-s e -ia d a r d e la u m a id é ia b a s ta n te p re c isa d iz e n d o q u e e la é o s e n tim e n to d e u m a lesão (p o is q u a n d o se tr a ta d e u m a d o r m o ra l, a p e r d a d a s p e sso a s o u d as c o isa s q u e e s tã o e s tr e ita m e n te lig a d a s a n ó s é d e f a to u m a esp écie de le sã o ). E m c o n tr a p a r tid a , n ã o c re io q u e se p o s sa e ste n d e r o n o m e d e d o r a o s e s ta d o s q u e c o rre s p o n d e m a u m in c ô m o d o , a u m sim p les m e lin ­ d re de o rd e m físic a o u m o ra l. A in d a m e n o s à q u e le s q u e , c o m o o desgosto o u a tris­ teza, p re s s u p õ e m a in te rv e n ç ã o d a re fle x ã o . (J . Lachelier) C h a m o dor à sen sa ç ã o p e n o s a , m a is o u m e n o s lo c a liz a d a ; tristeza a o s e n tim e n to p a ss iv o p e n o s o , e cre io ser v e ro ssím il q u e a tris te z a é a imagem d a d o r . P e n s o q u e d iz er dor p o r tristeza é u m a b u s o e q u e a d is tin ç ã o a tra v é s d a s p r ó p r ia s p a la v ra s é im p o r ta n te . E m lu g a r de o agradável e o desagradável s e ria m e lh o r d iz e r mal-estar e bemestar. ( V. Egger)

276

D O U T R IN A p r a z e r ” , m a s ta m b é m q u e é m e sm o d u ­ v id o s o q u e s e ja le g ítim o c o n s id e rá -la as­ sim : a o p o s iç ã o a n tité tic a d e ste s d o is te r ­ m o s é ju lg a d a s u p e rfic ia l p o r m u ito s p s i­ c ó lo g o s c o n te m p o râ n e o s . J. M . B τ Â á ç « Ç , P . M Z Çè 2 ζ 2 T h . F Â Ã Z 2 ÇÃ à , G . V « Â Â τ e stã o de a c o r ­ d o em p ro p o r a sin o n im ia seg u in te (B ald ­ w in , I I , 678), à q u a l a c re s c e n ta m o s a in ­ d ic a ç ã o d e ra d ic a is in te rn a c io n a is c o rre s­ p o n d e n te s : I E

E

1. S e n tid o g eral (a tr á s , B) D. E. F. 1. P .:

: U n lu s t — L u st. : P a in — P le a s u r e . : D o u le u r — P la is ir. : D o lo re — P ia c e re . D o r — P ra z e r. Rad. int.\ D o lo r (Boirac) — P le z u r 2. S e n tid o p r ó p r io (a trá s , A )

;

e q u e se p o d e c h a m a r ta m b é m m é to d o d e in v e n çã o ; o o u tr o , p a ra fazer co m q u e se­ j a e n te n d id o p e lo s o u tr o s q u a n d o é e n ­ c o n tr a d o , q u e se c h a m a s ín te s e ... e q u e se p o d e ta m b é m c h a m a r método de dou­ trina . ” Lógica d e P o r t - R o y a l , 4 ? p a r ­ , te , c a p . II. B. O q u e e n sin a ; e , p o r g e n eraliz a çã o , o q u e se a f ir m a ser v e rd a d e ir o em m a té ­ ria te o ló g ic a , filo só fic a o u c ie n tífic a , im ­ p lic a n d o este te rm o sem p re a id éia de um c o rp o de v erd a d es o rg a n iz a d a s , so lid árias e m e sm o o m ais d a s vezes lig a d a s à a ç ã o , n ã o d e u m a a ss e rç ã o is o la d a o u de p u ra te o ria . “ C iê n c ia e d o u tr in a têm fin s d i­ fe re n te s: u m a c o n s ta ta e e x p lic a , a o u tr a ju lg a e p re sc re v e ... A d o u tr in a tem neces­ sid ad e d e lin h as sim ples e de in ten çõ es d e­ lib erad as b em m a r c a d a s ...” G . P iro u , Les

doctrines économiques en France depuis

D. : S c h m e rz e m p fin d u n g — L u ste m¡870. V er ta m b é m a o p o siçã o en tre “ d o u ­ tr in a a r tís tic a ” e “ siste m a e s té tic o ” em p fin d u n g . E. : S en satio n o f p a in — Sens, o f p leH a ­ istoirede ¡‘esthétique française, p o r T . su re . M . M u s to x id i, p p . 2-7 e cf. Dogma, Teoria. F. : S e n s a tio n de d o le u r — S en s, de p la isir. C . E sp e c ia lm e n te , n a m e to d o lo g ia d o d ire ito : 1?, a e x p re ssã o a doutrina d e sig ­ I.: S e n sa z io n e d i d o lo re — S en s, di n a o c o n ju n to d o e n s in o d o d ir e ito , em p ia c e re . o p o s iç ã o , p o r u m la d o , a o te x to d a lei e, P .: S e n s a ç ã o de d o r — S en s, de p o r o u tr o , à ju r is p r u d ê n c ia ; 2 o , c h a m a p ra z e r. se doutrina à tese s u s te n ta d a p o r u m j u ­ Rad. in t. : D o lo rs e n to — P le z u rs e n to . ris ta d e re n o m e s o b re u m p o n to c o n tr o ­ 3. E s ta d o d e sa g ra d á v e l o u a g ra d á v e l. verso; p o r ex em p lo : “ A d o u trin a d e B lonD . : M issfa lle n — W o h lg e fa lle n . d e a u ” (s e g u n d o a q u a l em c a so d e in s u ­ E . : U n p le a s a n tn e s s — P le a s a n tn e s s . fic iê n cia d a lei n ã o se d ev e fa z e r a p e lo à F . : P e in e — A g ré m e n t. e q ü id a d e , m a s in d e fe rir a d e m a n d a ). I .: D is p ia c e re — (S e n tim e n to d i) p ia ce re . NOTA P .: D e s a g ra d o — A g ra d o . D o s e n tid o A se d e riv o u , em o u tr a d i­ Rad. int.: D e s a g ra b l — A g ra b l. re ç ã o , o u s o a n tig o d e doutrina p o r in s­ P a re c e -n o s , to d a v ia , q u e as p a la v r a s tru ç ã o a d q u ir id a , c o n h e c im e n to s p o ssu í­ Desagrado e agrado, n o s e n tid o 3, e stã o d o s. M a s e sta a c e p ç ã o e s tá h o je in te ir a ­ d e m a s ia d o a f a s ta d a s d o seu u s o v u lg a r e m e n te em d e su so . c o rre m o risco de c ria r c o n fu s õ e s . S e ria Rad. int.: D o k trin . m ais claro u tilizar su b sta n tiv a m e n te as ex­ p re ssõ e s o agradável e o desagradável. D O U T R IN A D . Lehre\ E . Doctrine', F . Doctrine ; I. Dottrina. A . S e n tid o p rim itiv o : e n sin o . “ H á d u a s esp écies d e m é to d o s ; u m p a r a d e s­ c o b rir a v e rd a d e , q u e se c h a m a análise...

D Ó X IC O V er Suplem ento. O u p ra tico lo g ia Discurso de metafísica, §

D O X O L O G IA (L

e

i b n

i z

,

X X V II); m a n e ira de fa la r q u e se a p lic a à a p a r ê n c ia , à o p in iã o o u à p rá tic a .

277

D U A L IS M O

D O X O M E T R IA D . D oxom etrie ; E . D oxom etry; F . D oxom étríe ; I. Doxometria. E tim o ló g ic a m e n te , m e d id a d a s o p i­ n iõ e s (ôoífat). M é to d o d e d e te rm in a ç ã o d a s o p in iõ e s p ú b lic a s p o r m e io d e s o n d a g e n s e sta tís ti­ cas e m q u e o “ I n s titu to G a llu p ” se e sp e ­ cializo u . “ O p in iõ e s ” ’ é e n te n d id o a q u í n o s e n tid o m ais a m p lo : é q u a s e s in ô n im o d e “ c a ra c te rís tic a s ” n o s e n tid o em q u e as es­ ta tís tic a s u tiliz a m este te rm o (p o r exem ­ p lo a p e rc en ta g e m d o s eleito res favoráveis a ta l c a n d id a tu ra , a d o s in d iv id u o s q u e h a ­ b itu a lm e n te fu m a m o u m e s m o d a q u e le s c u ja re n d a é s u p e r io r a u rn a c e rta s o m a ). D U A L ID A D E D . Dualitàt ; E . Duality\ F . Dualité ; I. Dualitá. C a r a c te rís tic a d o q u e é d u p lo o u d o q u e c o n té m d o is e le m e n to s . E sp ecialm en te em L ó ; ., c h am a -se lei de dualidade. 1?, o p rin c íp io d e c o n tra d i­ ç ão so b a fo rm a em q u e ele e n u n c ia q u e n e n h u m su jeito p o d e ser a o m e sm o te m p o a e nao-a (B o o l e , Laws o f Thoughl, cap. III, § 16. E le re p re se n to u -a s im b o lic am en ­ te p o r (x) x (1 - x) = 0 o u x - x 2 = 0, s en d o esta fó rm u la ela p ró p ria ju s tific a d a p o r x 2 = x, o u seja, p elo fato de a m u lti­ p licação lógica de u rn a característica o u de u m a p ro p o siç ã o p o r si m esm a eq u iv aler à a firm a ç ã o p u ra e sim ples dessa caracterís­ tica o u dessa p ro p o siç ão );

2 ? , o p rin c ip io s e g u n d o o q u a l p a r a a s p ro p o s iç õ e s p rim á ria s , q u e r d iz e r, q u e a p e n a s c o n tê m u m a só c ó p u la , se p o d e s e m p re p a s s a r d e u m a f ó r m u la re la tiv a à m u ltip lic a ç ã o p a r a u m a fó r m u la re la tiv a à a d iç ã o , e re c ip ro c a m e n te , p e rm u ta n d o o s sig n o s + e x , 0 e 1 e m u d a n d o o s e n ti­ d o d a im p lic a ç ã o (C o u t u r a t , A álgebra da lógica, § 14); 3 ? , o f a to d e a m a io r p a rte d a s f ó r ­ m u la s lo g ístic as serem su scetív eis d e d u a s in te rp re ta ç õ e s , d ita s “ in te rp re ta ç ã o c o n ­ c e p tu a l” e “ in te r p r e ta ç ã o p r e p o s ic io ­ n a l” , c o n fo rm e se c o n s id e re m o s te rm o s q u e c o n tê m c o m o re p re se n ta tiv o s d e c las­ ses o u d e p ro p o s iç õ e s (ibid.). Rad. int.: D u a le s. D U A L IS M O D . Dualismus; E . Dualism ; F . Dualisme, I. Dualismo. A . D u a lid a d e , re la ç ã o d e te rm o s q u e se c o rre s p o n d e m u m a u m . “ T a is s ã o o s trê s d u a lis m o s c u ja s u c e ssã o n e ce ssá ria c o n s titu i... a te o r ia f u n d a m e n ta l d a e v o ­ lu ç ã o h u m a n a .” A u g . C o m t e , Polit. posií ., t. I I I , 6 7 . (T ra ta -s e d a lig a ç ã o e n tre as c a ra c te rís tic a s d o p e n s a m e n to e a s d a a ç ã o n o s três p e río d o s d a v id a social: te o ­ ló g ico e m ilita r ; m e ta fís ic o e fe u d a l; p o ­ sitivo e in d u stria l. Ibid., p. 63.) C o m u m a id é ia m ais a c e n tu a d a de o p o s iç ã o : “ O d u a lis m o ló g ic o ” títu lo d o c a p . I de G o BLOT, Essai sur la classification des Scien­ ces. T ra ta -s e d a “ o p o s iç ã o ra d ic a l” q u e

S o b re D u a lid a d e — O s e g u n d o s e n tid o d a q u ilo q u e se c h a m a em L ó g ica lei de dualidade é f o r m u la d o p o r H ilb e r t de u m a m a n e ira m a is fa c ilm e n te c o m p re e n sív e l: “ Q u a n d o u m a e x p re ss ã o c o n té m a p e n a s c o n ju n ç õ e s e d is ju n ç õ e s , a firm a ç õ e s e n e ­ g a ç õ e s, o b té m -s e a u to m a tic a m e n te u m a e x p re ssã o c o n tr a d itó r ia d a p re c e d e n te s u b s titu in d o -s e as c o n ju n ç õ e s p o r d is ju n ç õ e s , a s a firm a ç õ e s p o r n e g aç õ e s e in v e rs a ­ m e n te .” {Ch. Serrus) S o b re D u a lism o — E s ta p a la v ra a p a re c e p rim e iro em T h o m a s H y d e , Historia religionis veterum Persarum (1700), p o r ex em p lo c a p . IX , p. 164. E le serve-se d ela p a ra d e sig n a r a d o u tr in a relig io sa q u e a d m ite a o la d o d o p rin c íp io d o b e m u m p rin c íp io d o m a l q u e lh e é c o e te rn o . É a ssim q u e a e n te n d e m ta m b é m B τ à Â ( c f . Dicionário, Vo Z o r o a s tro ) e L « ζ Ç « U n a Teodicéia. W Ã Â E E d e slo c o u essa e x p re ssão p a ra a re la ç ã o e n tre a a lm a e o c o rp o , e o p ô s a este re s p e ito o m onism o a o dualismo. ( R. Eucken ) A s m e sm a s o b s e rv a ç õ e s fo r a m c o m u n ic a d a s p o r C . W e b b . C f . E Z T 3 Ç , Geisti­ ge Strömungen der Gegenwart, 3? e d . (1 9 0 4 ), p p . 167 s$. E

E

E

D L IL IA

p a re c e m a p r e s e n ta r as c iên c ia s de ra c io ­ c ín io e a s c iên c ia s de o b s e r v a ç ã o , e q u e se p o d e a p r o x im a r d o s “ o u tr o s d u a lis ­ m o s: a ra z ã o e a e x p e riê n c ia , o id e a l e o re a l, o p o ssív el e o ser, o d ire ito e o f a to , o e sp írito e a m a té r ia .” Ibid., p . 22. C f.

Realismo. B . D o u tr in a q u e , n u m d o m ín io d e te r­ m in a d o , n u m a d a d a q u e s tã o , q u a lq u e r q u e s e ja e la , a d m ite d o is p rin c íp io s essen­ c ialm en te irred u tív eis (ex .: D u a lism o m o ­ ra l d a n a tu r e z a e d a g ra ç a , d a p a ix ã o e d a lib e rd a d e , d u a lis m o p s ic o ló g ic o d a v o n ta d e e d o e n te n d im e n to , e tc .) C . M ais e sp e c ia lm e n te , M E I τ E .: A d o u tr in a q u e a d m ite d o is p rin c íp io s p r i­ m e iro s irre d u tív e is d a s c o isa s ( p o r ex em ­ p lo a Id é ia o u o B em e a M a té ria em P Â τ I ã Ã , A h u r a - M a z d a e A n g ra -M a in iu n a D o u tr in a d o A v e s ta , e tc .). Rad. int.\ D u a lism . D U L IA V er Suplemento. D U R A Ç Ã O D . Dauer, E . D uration ; F . Durée ; I. Durata. A . P a r te f in ita d o T e m p o c o n s id e ra ­

278 d o n o seu c o n ju n to . E x .: “ A d u ra ç ã o de u m ra c io c ín io ; u m a d u r a ç ã o d e 30 s e g u n ­ d o s .” (A p a la v ra tempo utiliza-se ta m b é m n e s te s e n tid o a in d a q u e m e n o s c o r r e ta ­ m e n te : E x .: “ T e m p o de r e a ç ã o .” ) B. BE 2 ; è ÃÇ o p õ e ig u a lm e n te a dura ção a o tem po , s en d o a p rim e ira a p ró p r ia c a r a c te rís tic a d a s u c e ssã o ta l c o m o e la é im e d ia ta m e n te s e n tid a n a v id a d o e s p íri­ to , “ d u ra ç ã o p u ra , d u ra ç ã o c o n c re ta , d u ­ ra ç ã o re a lm e n te v iv id a ” ; o s e g u n d o , a id é ia m a te m á tic a q u e fa z e m o s d e la p a ra ra c io c in a r e c o m u n ic a r co m o s n o sso s se­ m e lh a n te s , tr a d u z in d o - a e m im a g e n s es­ p a c ia is . Donées immed. de la conscience, 74 e s. Rad. in t .: D u r, a d . D Ú V ID A D . Zweifel·, E . D oubt\ F . D oute ; I. Dubbio.

A . E s ta d o d e e sp írito q u e se c o lo c a a q u e stã o de sab e r se u m a e n u n cia ç ão é v er­ d a d e ir a o u fa ls a , e q u e n ã o re s p o n d e a e la a tu a lm e n te (s e ja p o r q u e n ã o c o n sig a , s e ja p o r q u e n ã o q u e ira e x a m in a r o pró e o contra ; s e ja p o rq u e a d ia a re s p o s ta , s e ja p o r q u e re n u n c ia a ela). S o b re as di-

S o b re D u ra ç ã o — “ O te m p o , q u e d is tin g u im o s d a d u ra ç ã o , to m a d a em g e ra l, e q u e d iz em o s s e r o n ú m e ro d o m o v im e n to , é a p e n a s u m a c e r ta m a n e ira d e p e n s a r e sta duração.” D es c a r t es , Princípios da filós., 1 ,5 7 . O te m p o é a m e d id a d a d u ra ç ã o “a in ­ d a q u e a q u ilo q u e c h a m a m o s a ssim n ã o se ja n a d a fo ra d a v e rd a d e ira d u r a ç ã o d a s c o i­ sas além d e u m a m a n e ira d e p e n s a r”. C f. Es pin o s a , Cog. M elaph ., 1 ,4: De duratione et tempore e Carta a Louis Meyer, X I I (o lim X X IX ). (L. Brunschvicg) L E « ζ Ç« U o p õ e o te m p o à d u r a ç ã o c o m o o e s p a ç o à e x te n s ã o : a d u r a ç ã o é a o r ­ d e m d e s u c e ssã o e n tre p e rc e p ç õ e s re a is , c o m o a m a s s a e x te rn a é ens per aggregationem, sed ex unitatibus infinitis. O te m p o é, p e lo c o n tr á r io , u m continuum quoddam, sed ideale, n o q u a l p o d e m ser to m a d a s fractiones pro arbit rio. A g ên ese d a n o ç ã o d e d u r a ç ã o e a d a n o ç ã o d e te m p o s ã o in v e rs a s : “ In a c tu a lib u s sim p lic ia s u n t a n te r io r a a g g re g a tis ; in id e a lib u s to tu m est p riu s p a r t e . ” E d . G e r h a r d t, I I , p . 379. (M . Blondel) S o b re D ú v id a — P o d e r- s e -ia d e fin ir d e u m a m a n e ir a m ais g e ra l: E s ta d o d o e s p í­ r ito q u e , s o lic ita d o p e lo s d a d o s (se n sa çõ e s o u p ro p o s iç õ e s ) o u p elas p o s sib ilid a d e s d e a ç ã o n ã o c o n c o r d a n te s , o sc ila e n tre eles sem c h e g a r a fix a r a s u a a te n ç ã o so b re u m d eles d e m a n e ira d e fin id a . (Th. Ruyssen ) E s ta d e fin iç ã o é in te re s s a n te p o r q u e ela m o s tr a a d ú v id a s o b u m a f o r m a m u ito c o n c r e ta . M as e la p a re c e -m e te r o in c o n v e n ie n te : 1 ?, d e r e p re s e n ta r o e sp irito c o m o p assiv o em face d e a lte rn a tiv a s q u e lh e v êm de fo r a ; 2 o , de im p lic a r u m a te o ria p a r ti­ c u la r so b re a re d u ç ã o d a v o n ta d e à a te n ç ã o . (A. L .)

D Ú V ID A

279 fe re n te s v a rie d a d e s d a d ú v id a filo só fic a , c f. H Z OE , Inquiry Cone. H um an Un­ derstanding, c a p . X I I . B . Dúvida metódica, o p e ra ç ã o f u n d a ­ m e n ta l d o m é to d o filo só fic o s e g u n d o D E è Tτ 2 I E è : “ P e n se i q u e s e ria p re c iso q u e re je ita s s e c o m o a b s o lu ta m e n te falso tu d o a q u ilo em q u e p o d e ria im a g in a r a m e n o r d ú v id a , a fim d e v er se m e r e s ta ­ ría d e p o is d isso q u a lq u e r c o isa em m eu p o d e r q u e fo sse in te ira m e n te in d u b itá ­ v e l.” Discurso do método, IV , I. C f. Pri­ meira meditação: “ D as c o isa s q u e se p o ­ d e m p ô r em d ú v id a .” CRÍTICA A p a la v ra dúvida, e s o b r e tu d o a p a ­ la v ra duvidoso, n o seu uso v u lg ar tem fre­ q u e n te m e n te o s e n tid o “ h ip e r b ó lic o ” e n e g a tiv o q u e ela receb e n a d ú v id a c a r te ­ sia n a . A ssim se lh e s u b s titu i de b o m g r a ­

d o a e x p re ssã o m a is p re c isa : “ S u sp e n d e r o ju í z o .” É d e se já v e l q u e a p a la v r a c o n ­ serv e n o u s o filo só fic o o seu s e n tid o p r ó ­ p rio A , e é n e ste s e n tid o q u e d e fin im o s o ra d ic a l a seg u ir. Rad. int.: D u b . D Ú V ID A (M a n ia d a ) D . Zweifelsucht; E. D oubting mania; F . Folie du doute ; I. Follia dei dubbio. P e rtu rb a ç ã o m en tal cara c te riz a d a pela d ific u ld a d e , o u m e sm o a im p o s s ib ilid a ­ d e , d e c h e g a r a a sserçõ es* o u a d ecisões* firm es n o s caso s em q u e n o rm a lm e n te es­ ta s fu n ç õ e s d o ju íz o e d a v o n ta d e se f a ­ zem sem re sistê n c ia. A plica-se este n o m e à ru m in aç ão a n o r ­ m a l d e p ro b le m a s m e ta fís ic o s , à p ro c u ra in d e fin id a d o p o r q u ê n as co isas in s ig n ifi­ c a n te s , a o re ceio d o s a cid e n te s ou d o s m i­ c ró b io s , à d o e n ç a d o e s c rú p u lo , etc.

S o b re D ú v id a (M a n ia d a ) — E x iste m d u a s fo rm a s p sic o lo g ic a m e n te b em d is tin ­ ta s d a s ín d ro m e : 1? O s u je ito é in c a p a z d e a f ir m a r ; é u m a f o r m a d e a b u lia ; 2? O s u je ito te m a a g ita ç ã o m e n ta l q u e se a p re s e n ta c o m o u m a d e riv a ç ã o em lu g a r d a a f ir ­ m a ç ã o a u s e n te , e q u e d e te r m in a to d a s a s m a n ia s m e n ta is d e o s c ila ç ã o , d a p r o c u r a d o a lém , d a re p a r a ç ã o ; c h e g a m e sm o a lg u m a s vezes às o b sessõ e s p a rtic u la re s . C f. Obsessions et psychasthénie, c a p . II e I I I . ( P. Janet)

E E E m Ló ;

: 1? S ím b o lo d a propo­ sição universal negativa. V er A . 2? S ím b o lo d a p ro p o s iç ã o m o d a l em q u e o m o d o * é a f ir m a d o e em q u e o dictum é n e g a d o . « Tτ

E C C E ID A D E o u H A E C C E ID A D E G . TÓôe « , A 2 « è I ó I E Â E è ; L. esco l. Ecceitas e Haecceitas; D . Diesheit, W ÃÂ E E ; E. This-ness, Bτ Â á ç « Ç ; F . Eccéité o u Haeccéité; I. Ecceità, R τ ÇUÃÂ « . T e rm o c ria d o p o r D Z Çè STÃI . O q u e fa 2 c o m q u e u m in d iv íd u o s e ja ele m e s­ m o e se d is tin g a de q u a lq u e r o u tr o . “ B a r­ b a n Haecceitas d ic u n t a b Haec p ro d iffe re n tia in d iv id u a n te ... S co tu s Ecceitatem a p p e lla v it e a m e s s e n tia m q u a e est in d iv id u o ru m p ró p r ia , cu ju s m é rito Ecce ipsum d e ó m n ib u s d íci p o te s t . ” G ÃTÂ E Ç« Z è , VÃ Haecceitas , 6 2 6 a. E le in d ic a a in d a c o m o s in ô n im o Ipseitas. Rad. in t .: Ip ses.

E C L E T I S M O D . Eklektizismus; E. Edecticism ; F . Éclectisme; 1, Eclettismo. E ste te rm o d e s ig n a q u e r u m m é to d o , q u e r u m a e sc o la . 1? E n q u a n to m é to d o : A . R e u n iã o d e teses c o n ciliáv e is r e ti­ r a d a s d e d ife re n te s s iste m a s d e filo s o fia e q u e s ã o ju s ta p o s ta s , n e g lig e n c ia n d o -s e p u r a e s im p le sm e n te a s p a rte s n ã o c o n c i­ liáveis d esses sistem as. B . C o n c ilia ç ã o a tra v é s d a d e s c o b e rta d e u m p o n to de v ista s u p e r io r d e teses f i­ lo s ó fic a s , a p r e s e n ta d a s d e in ício c o m o o p o sta s p elo s a u to re s q u e as su ste n ta v am . “ O e cle tism o c r ia d o r ... (a q u e le ) d o s h o ­ m e n s d e g ê n io , d e P la tã o , d e A ris tó te le s , d e L e ib n iz ... c o n sis te em re c o lh e r to d a s a s g ra n d e s id éias s u sc ita d a s p e lo p ro g r e s ­ so d o s te m p o s e em fu n d i-la s p a r a a s u n ir n o c a d in h o d e u m a id é ia n o v a . " E m Sτ « è è E I , a u la d e a b e r tu r a d o c u rs o d e fi-

S o b re E c c eid a d e — Ipseitas é o m ais feliz d estes trê s te rm o s. É p re c iso , a liá s, a c re s­ c e n ta r q u e n e s te s e n tid o d iz e m o s u s u a lm e n te individualidade. (V. Egger) É n e c e ssá ­ r io to d a v ia n o ta r q u e individualidade se e n te n d e ta m b é m fr e q u e n te m e n te n u m s e n ti­ d o m e n o s re s tr ito q u e a differentia individuaos ; c o m isso e n te n d e -s e , e n tã o , o c o n ­ j u n t o d e to d a s a s p r o p r ie d a d e s ú n ic a s o u n ã o q u e c a r a c te riz a m u m in d iv íd u o ; e m e s­ m o , p o r a b u s o , a p lic a -se a o p r ó p r io in d iv íd u o c o n c r e to . (A. L .) S o b r e E c le tis m o — A rtig o in te ira m e n te m o d if ic a d o e m ra z ã o d e d iv e rs a s o b s e r ­ v a ç õ e s, e p rin c ip a lm e n te e m v irtu d e d a s c rític a s e d o s d o c u m e n to s c o m u n ic a d o s p o r

V. Egger. 1? S o b re a o rig e m d a p a la v r a e c le tis m o . “ ’E *X e*rix rç c¿pe>i)2- t e - zi)2 n a q u a l c é a v e lo c id a d e d a lu z , í o in te r ­ v a lo d e te m p o m e d id o n o s d o is siste m a s de re fe rê n c ia s d ife re n te s , x, y, z, a s c o o r ­ d e n a d a s de e sp a ç o n o s d o is siste m a s: a in ­ d a q u e t, x, y, z, to m a d o s à p a r te , s e ja m d ife re n te s n o s d o is siste m a s, S2 te m o m e sm o v a lo r em to d o s o s c aso s. O e sp a ç o -te m p o p o d e ser c o n s id e ra ­ d o , p o r c o n se q u ê n c ia , co m o u m m eio * de q u a tro d im en sõ es, d a m esm a m a n e ira q u e só o esp a ç o é c o m u m e n te c o n s id e ra d o c o ­ m o u m m eio de trê s d im e n sõ e s e o te m p o c o m o u m m eio de u m a só d im e n s ã o . E S P E C IA L D . Spezial..., speziell, be­ sonder, eigenartig ; E . Special; F. Special·, 1. Speciale. A , Q u e diz re sp eito à espécie* (ló gica) em o p o siçã o ao gênero*. “ C o n sid e ra ç õ e s especiais p a ra os seres v iv o s” (relativ am en ­ te a o c o n ju n to d o m é to d o ex p erim en tal). C l. B 2 Çτ 2 á , Int. ao estudo da medie, experim., V p a rte , c a p . 11. B. (A b so lu ta m e n te ). L im ita d o , re s tri­ to . “ C ie n tista s e n c e rra d o s nos seu s e s tu ­ d o s p ro fissio n a is, p a cie n te s, e sp e c ia is ...” C ÃZ 2 ÇÃI , Traite de Tenchainement, V, 2, § 548. P o r c o n s e q u ê n c ia , a lg u m a s vezes, d i­ fe re n te d o u so c o m u m o u d a m a io ria d o s c a so s. E

CRÍT5CA

H á n a lin g u a g e m c o rre n te u m a c o n ­ fu são freq ü e n te e n tre singular*, especial* e particular*. A q u ilo q u e é u m c a r á te r singular o u especial é, e fe tiv a m e n te , p a r ­ tic u la r em relação ao gênero , p o rq u e n ã o co n v ém a o g ê n e ro n o seu to d o . M as n ã o é p a r tic u la r em re la ç ã o a o in d iv íd u o o u à e sp é c ie, v isto q u e p o d e ser a firm a d o “ u m v e rs a lm e n te ” d a q u e le o u d e sta . V er e sta s p a la v r a s , a ssim c o m o a C ritic a e as o b s e rv a ç õ e s s o b re Geral. Rad. int.\ S p ecal. E S P É C I E G . E fô o s; L . Species ; D . A r t ; E . Species; F. Espèce; 1. Specie. A. L ó ; « Tτ . U m a classe* A , e n q u a n ­

to é co n sid e ra d a com o u m a p a rte d a ex­ ten são de u m a o u tra classe, B. B é, e n ­ tã o , o g ên ero de que A é a espécie. B . B « Ã Â Ã ; í τ . U m a espécie é um g r u ­ p o de in d iv íd u o s q u e a p re se n ta m u m tip o c o m u m , h e re d itá rio , bem d e fin id o e g eral ta l q u e n o e sta d o a tu a l d a s coisas n ã o se p o d e m istu rá -lo p o r c ru z a m e n to , de m a ­ n eira d u rá v e l, co m o tip o de o u tra espécie. CRÍTICA

É im possível d a r u m a d e fin iç ã o rig o ­ ro sa d a espécie, s o b re tu d o n o q u e c o n c e r­ ne a o s vegetais; e as d ificu ld ad es q u e se en ­ c o n tra ra m ao te n ta r fazê-lo lev aram p re ­ cisam en te a fazer cair em d escréd ito a co n ­ cep ç ã o d a fix idez d as espécies e d a su a se­ p a ra ç ã o rad ical. Rad. in t.: S pec (Boirac). E S P É C IE S (ra ro n o sin g u lar). G . E í‘ôtoXa; L. Species, simulacro, L Z T2 E T« Ã ; species intentionales, E scol. D . Species; E .

S o b re E sp é cie — D ev e-se, to d a v ia , n o ta r q u e e n q u a n to o s gêneros , ordens, clas­ ses, e tc ., p o r u m la d o , e p o r o u tr o a s variedades, são a g ru p a m e n to s a r b itr á r io s , a p e ­ n a s ú teis p a r a a c o n c e p ç ã o c la ra e a d e sig n a ç ã o d o s seres, a esp é c ie b io ló g ic a tem u m fu n d a m e n to n a re a lid a d e . D iscu tir se u m a g ru p a m e n to é, n u m a d a d a é p o c a , u m a esp écie o u u m a v a rie d a d e é d is c u tir u m p o n to d e f a to . (E. Goblot) S o b re E sp é cie s — D iz-se ta m b é m “ p a g a r em esp écie, esp écies s o n a n te s ” . A lém d is so , em fra n c ê s , a lin g u a g e m ju r íd ic a e m p re s to u à lin g u a g e m c o rre n te e à lin g u a ­ gem filo só fic a a e x p re ssã o : “ é u m c a s o d e e s p é c i e ” (c’est un cas d ’espèce), q u e se liga a o m e sm o s e n tid o d o la tim species, c o m o n o to u C Ã Z 2 Ç Ã : “ P a r a e sta r d e aco rI

324

E S P E C IF IC A Ç Ã O E . Species; F . Espèce$\ I. Specie. Sentido geral: o b je to im e d ia to d o c o ­ n h ecim en to sensível, c o n sid e ra d o co m o u m a realid ad e in te rm e d iá ria en tre o c o n h e ­ c im e n to e a re a lid a d e c o n h e c id a . “ A o p i­ n iã o m ais c o m u m é a d o s perip atético s, q u e p re te n d em q u e o s o b je to s d o e x te rio r en ­ viam espécies q u e se lhes assem elh am e q u e essas espécies sã o tra n s p o rta d a s p elo s sen ­ tid o s ex terio res a té o s e n tid o c o m u m ; eles c h a m a m a essas espécies impressas, p o r ­ q u e o s o b je to s as im p rim em n o s sen tid o s ex terio res. S e n d o m a te ria is e sensíveis es­ sas espécies impressas, elas se to rn a m in­ teligíveis a tra v és d o in telecto a g e n te e p o ­ dem ser recebidas n o in telecto paciente. E s­ sas espécies, assim e sp iritu a liz a d a s, sã o c h a m a d a s espécies expressas, p o rq u e elas são expressas das im pressas; e é atrav és d e­ las q u e o in te le cto p a cie n te co n h ece to d a s as co isas m a te ria is .” M τ Â ζ 2 τ ÇT , Recherchedela verité, livro III, 2.a p arte, cap . I I . V er E « è Â 2 , V° Species. E ste te rm o a p e n a s p e rm a n ec e u u su al n a ex p re ssão “ S o b as espécies d e . . . ” u tili­ z a d a p elo s teó lo g o s p a r a c a ra c te riz a r a tra n s u b s ta n c ia ç ã o , e q u e é to m a d a alg u ­ E

E

7 E

m a s vezes c o m o m e tá fo ra n a lin g u ag em c o rre n te . E S P E C IF IC A Ç Ã O D . Spezifikaüotr, E . Spécification', F . Spécification', 1. Spe-

cificazione. A . O p e ra ç ã o p e la q u a l se d istin g u em as espécies d e u m m e sm o g ê n ero . “ A es­ p e cifica ç ão e a c o m p o siç ã o sã o u m a só e m esm a co isa: esp ecificar é p ô r u m elem en ­ to , o p o r-lh e u m a d eterm in a çã o q u e lh e fa l­ ta e, p e la sín tese desse elem en to e dessa d e ­ te rm in a ç ã o , fo rm a r o c o m p o s to .” H τ O E

Essai sur les éléments principaux de la représentation , c a p . IV , p . 170. E le c h a ­ m a lei de especificação {ibid ., 165 ss.) à ne­

L iN ,

cessidade q u e , seg u n d o ele, se im põe ao es­ p írito q u a n d o este p e n s a u m a q u a lid a d e , d e a c o n c e b e r c o m o u m g ê n e ro q u e exige u m a d ife re n ç a esp ecífica. K a n t c h a m a lei de e sp e c ific a ç ã o (Gesetz der Spécification) a o p re c e ito ló g ico :

Entium varietates non temere esse minuendas; ta l p re c e ito a s s e n ta , d iz ele, n a lei tr a n s c e n d e n ta l de e sp e c ific a ç ã o o u p rin cíp io d e esp ecificação , seg u n d o o q u a l o e n te n d im e n to , p o r m a is lo n g e q u e vá n a d iv isã o ló g ic a , c o n c e b e a in d a a p o ssi­ b ilid a d e d e su b d iv isõ es, e assim p o r d ia n -

d o c o m a e tim o lo g ia s e ria p re c iso c h a m a r gênero à q u ilo q u e o s n a tu r a lis ta s c h a m a m espécie, e espécies às in d iv id u a lid a d e s d e q u e em g e ra l eles n ã o se o c u p a m . S e ria p re ­ c is o , c o m o a in d a se fa z n o tr ib u n a l p o r u m re s to d e tr a d iç ã o e s c o lá stic a , c h a m a r d e espécies o s c a so s in d iv id u a is e p a rtic u la re s ; s e ria p re c is o , c o m o o fa z e m o s filó so fo s e o s m o ra lis ta s , q u a lific a r d e gênero hum ano o q u e o s n a tu r a lis ta s c h a m a m a espécie hum ana . ” Traité de 1’enchainem ent..., liv ro I, c a p . V , § 47. (P. Marsal) S o b re E s p e c ific a ç ã o — K a n t o p õ e a lei d e e sp e c ific a ç ã o à lei d e homogeneidade (o u a n te s , d e p a rc im ô n ia ): entia praeter necessitatem non multiplicando. E le d is tin ­ g u e p a ra c a d a u m a d elas o a sp e c to “ ló g ico ” , isto é, n o rm a tiv o , e o fu n d a m e n to “ tra n s ­ c e n d e n ta l” , q u e c o n sis te , p a r a a lei d e e sp e c ific a ç ã o , n a im p o s s ib ilid a d e d e a tin g ir o re a l d a in tu iç ã o a tra v é s d e u m n ú m e ro fin ito d e e sp e c ific aç õ e s re la tiv a s a u m c o n ­ c e ito d a d o . E isler (sub V») c h a m a “ lei de e sp ecificação ” a e sta seg u n d a fo rm a d o p rin c íp io , a q u e l a q u e a f i r m a q u e to d o co n ceito é a in d a suscetível de u m a div isão em co n ceito s inferiores; e cita, nesse sentido, u m a fó rm u la p o u co m ais o u m enos idêntica de F2 E è : “ Je d e r w irklich gegebene B eg riff e n th à lt noch A rte n u m e r s ic h .” 1 Syst. der Logik, p . 105. {A. L.)

t. “ T o d o conceito efetivam ente dado contém ainda espécies sob s i.”

325

E S P E C IO S O

te , a té o in fin ito . Krit. der reinen Vern., D o u so re g u la d o r d as id éias d a ra z ã o p u ­ ra , A 656; B 684. B . N o s e n tid o c o rre n te d a p a la v r a