Tratado de Filosofia Tomo II Psicologia [2]

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TRATADO DE FILOSOFIA.

1 .

..,

RÉGIS JOLIVET Professor de Filosofia Decano ela Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Lyon .

....

.

PLANO

DA

rfRA_TADO DE FILOSOFIA

OBRA

II

TRATADO DE FILOSOFIA

PSIC OLO GIA

Tomo I - Lógica e Cosmologia (em preparo) Tomo II - Psicologia Tomo III - Metafísica (próximo a sair) Tomo IV - Moral (em preparo)

Tradução de

GERARDO .DANTAS BARRETTO Professor de Psicologia da Faculdade de Filosofia de PetrópoHs Professor de Filosofia da Fuculclade Nacional de Filooofio

.,,

1963

Livraria

AGIR

é:dtlôra

RIO DE JANEIRO

Copyright de ARTES GRÁFI\JAS INDÚSTRIAS REUNIDAS S. A.

(AGIR)

íN.QICE GERAL

...,

INTRODUÇÃ O OBJETO E MÉTODO DA PSICOLOGIA

CAPÍTULO I. Título do original francês: Traité de Philosophie, II: I yon -

Psychologie. 5• édition.

Paris, Emmanuel Vitte.

Art. I. Art. II. Art. III. CAPÍTULO II.

Objeto da psicologia Método da psicologia Divisão da psicologia CONDIÇÕES FISIOLÓGICAS GERAIS DA VIDA PSICOLÓGICA

Art. Art.

I. II.

CAPÍTULO III.

Art. I. Art. II.

Livraria AGIR é:'dilôra

Rua Bráulio Gomes, 126 (ao lado da Blbl. Mun.) Te!. : 34-8300 Caixa Postal 6.040 São Paulo, S. P P

·. ~;:

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I. II. III. IV. V. VI.

65 66 72

0 HÁBITO

81

Noção Formação dos hábitos ............. ...... .

81 88

A VIDA SENSiVEL

PRIMEIRA PARTE. O CONHECIME NTO SENSíVEL

Art. Art. Art. Art. Art. Art.

15

31 62

O tecido nervoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O sistema nervoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

UVRO PRIMEIRO:

CAPÍTULO I.

15

103

CONDIÇÕES SENSORIAIS DA PERCEPÇÃO . . . . . . . . .

105

Noção da sensação ............. ......... . Fisiologia da sensação ............. ...... . Psicologia da sensação ............. ...... . As diversas sensações ............. ...... . Espaço, tempo, movimento ............. .. . Filosofia da sensação ............. ....... .

106 107

120 126 137

-148

ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL CAPÍTULO

II.

Art. I. Art. II. Art. III. Art. IV.

A PERCEPÇÃO ... . .. .. .... . .. . ..... .... .. .

153 Problemática da percepção .......... ... .. . 161 . .. . ...... . . . Leis da percepção .. . ... .. ... Exterioridade e localização dos objetos . . ... . , 165 169 Formas da percepção .. . ..... . ... ... . ... . . A IMAGINAÇÃO ... . ... . ....... . ......... .

187

Art. I. Natureza das imag·ens .............. . ... . Art. II. Fixação e conservação das imagens ....... . Art. III. Associação das idéias ....... . ..... . . . ... . Art. IV. Criação imaginativa .... . ...... . ......... . Art. V. · O sono e o sonho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

188 202 217

A MEMÓRIA .... . ............ . .......... .

262

I. Noção ............. ............. ..... ; . II. Fixação e conservação das lembranças .. . . . III. Evocação das lembranças .............. .. . IV. Reconheciment o e localização .......... . .. . V. Dismnésias. Amnésias. Hiperamnésias ... .

262

A VIDA AFETIVA .. . ..... .... .. .

281

CAPÍTULO

III.

CAPÍTULO IV. Art. Art. Art. Art. Art.

SEGUNDA PARTE.

265 271

274 278

0 INSTINTO ............ .. .... .. ......... .

286

Característicos do instinto ........ .. .. . .. . Psicologia do comportamento instintivo .... . Classificação dos instintos .... . .... . ..... .

287 300

As INCLINAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

308

Os instintos na espécie humana ........... . Tendências e inclinações especificamente humanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Art. III. Leis de variação das tendências . . . . . . . . . . . Art. IV. Redução das inclinações . . . . . . . . . . . . . . . . . .

308

CAPÍTULO

I.

Art. I . Art. II. Art. III. CAPÍTULO

II.

Art. I. Art. II.

-

"

CAPÍTULO III.

PRAZER E DOR ..... .... .. . . . ....... . . . . . . .

331

I. II.

Natureza do prazer e da dor .. . ...... . .... . Papel do prazer e da dor .. ... . .... ... . .. . .

331 336

CAPÍTULO IV.

EMOÇÕES, SENTlMh~TOS E PAIXÕES ... .. .... .

343

Art. I. Art. II. Art. III. Art. IV. Art. V.

Análise dos fenômenos emotivos .... .. ... . . Natureza dos estados emotivos . . . ..... ... . Função dos estados emotivos . . ..... .. ... . . A linguagem emocional . ........... . .... . . As paixões ... . . . .......... ... .. . . .. .... .

344 352 357 36!5 368

Art. Art.

230 245

281

INTRODUÇÃO

-~

152

292

313 320 323

9

UVRO SEGUNDO:

A VIDA INTELECTUA L

PRIMEIRA PARTE. O CONHECIMEN TO INTELECTUA L

37!)

A ATENÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

381

Definição e divisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Natureza da atenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

381 388

PENSAMENTO. NOÇÕES GERAIS ............ .

394

Noção de pensamento . . ... . . . ..... . . . ... . Natureza empírica do pensamento .. . ..... . O pensamento e a linguagem . . . . . . . . . . . . . .

394 397 416

A IDÉIA . . . • • . . . . . . . . . . • . . . . . . . • . . . . . . . . Art. I. Natureza psicológica da idéia . . . . . . . . . . . . . . Art. II. A abstração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Art. III. A intelecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

·l!J.34

CAPÍTULO Art. Art. CAPÍTULO Art. Art

I.

I. II. II.

I. II.

Art. III.

Ü

CAPÍTULO III.

CAPÍTULO IV. Art. I. Art. II. Art. III. Art. IV.

435 446 4-58

Ü JUÍZO

471

Divisão ............. ............. . ..... . Natureza do juízo ... . ............. .. ... . . O juízo de valor . . .............. ........ . Verdade e êrro ....... .. ........... . .... .

471 473

476

478

10

ÍNDICE GERAL

ÍNDICE GERAL

11

CRENÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • .

483

SEGUNDA PARTE. A ALMA HUMANA

633

I. II.

Natureza da crença . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Causas da crença . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

484 488

CAPÍTULO I.

NATUREZA DA ALMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

635

CAPÍTULO VI.

0 RACIOCÍNIO E A RAZÃO . . . . . . . . . . ~. . . . . . . .

495

Espiritualidade da alma . . . . . . . . . . . . . . . . . . Teorias' materialistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

635 640

Art. Art.

O raciocínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . A razão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

495 502

UNIÃO DA ALMA E DO CORPO . . . . . . . . . • . . . . . .

649

SEGUNDA PARTE. A ATIVIDADE VOLUNTARIA . . . . .

515

Art. I. Art. II.

O composto substancial . . . . . . . . . . . . . . . . . . Problema da "comunicação das substâncias"

649 651

A VONTADE . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . • . • • .

517

CAPÍTULO III.

ORIGEM E DESTINO DA ALMA . . . . . . . . . . . . . . .

661

Art. I. Os movimentos voluntários . . . . . . . . . . . . . . . Art. II. Teorias da vontade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Art. III. Natureza da vontade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Art. IV. Degradações da atividade voluntária ........·

517 528 538 542

Art. Art.

Origem da alma humana . . . . . . . . . . . . . . . . . O destino da alma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

661 673

ÍNDICE DOS NOMES PRÓPRIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

681

A LIBERDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

548

ÍNDICE ANALÍTICO DAS MATÉRIAS . . . . . . . • . . . . . . . • . . . . • . . .

687

Art. I. Noção da liberdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Art. II. Provas do livre arbítrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . Art. III. Natureza do livre arbítrio . . . . . . . . . . . . . . . . Art. IV. Argumentos deterministas . . . . . . . . . . . . . . . .

549 552 560 566

CAPÍTULO V.

Art. Art.

I. II.

CAPÍTULO I.

CAPÍTULO II.

A

I.JVRO TERCEIBO:

O SUJEITO PSIOOLóGICO

PRIMEIRA PARTE. O SUJEITO EMP!RICO............

579

0 EU E A PERSONALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

fi79

Art. I. . Art. II. Art. III.

Natureza do eu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Teorias da personalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . O caráter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

580 589 599

CAPÍTULO II.

A CONSCitNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

606

CAPÍTULO I.

Art. I. Art. II. Art. III.

Natureza da consciência . . . . . . . . . . . . . . . . . . 607 O subconsciente e o inconsciente . . . . . . . . . . . • 613 Estrutura do aparelho psíquico . . . . . . . . . . . . 626

/

Art. Art.

I. II.

CAPÍTULO II.

I. II.

INTRODUÇÃO As questões que se propõem no limiar da psicologia são as do objeto próprio· e do método desta ciência, - a das condições fisiológicas gerais da vida psicológica, - e, finalmente, a do hábito, que é a forma que podem assumir tôdas as nossas atividades psíquicas. 1



1 Os números impressos em grifo, no interior do texto, e precedidos do algarismcs romano I, reportam-se aos números marginais do volume anterior (Lógica e Co.;moloQia). Os números sem indicação do tomo aludem aos números marginais do presente volume.

CAPÍTULO

,

1

OBJETO E M1!:TODO DA PSICOLOGIA

SUMARIO Art.

I.

Art .

II.

Art. III.

1

2

OBJETO DA PSICOLOGIA. Psicologia experimental e psicologia racional. Definições. A pslcologta experimental . Psicol.ogia e ftlosofKL. Objeto da psicologia. Posição do

problema. Definição do psíquico. Mlt'I'ODO DA PSICOLOGIA. Princípios do método. Método subjetivo e método objetivo. Processos íntrospectivos . Notação dos fatos. Questionários e testes. Método de interrogação. Processos objetivos. Métodos comparativos . A psicologia animal. Métodos de laboratório. As leis psicológicas. Determinismo psicológico. As grandes leis funcionais. Valor d.a.s leis psicológicas. A hipótese. DIVISAO DA PSICOLOGIA.

O método de urna ciência depende da natureza do seu objeto formal (/, 162). Por isso, deve nosao estudo da psicologia começar pela determinaçã o precisa dêste objeto formal. Por sua vez, estas questões de objeto e de método subdividem- se em numerosos problemas, nos quais, como veremos, está implicada tôda a psicologia. Dai a particular importância da Introdução à psicologia. ART.

I. OBJETO DA PSICOLOGIA

Definir a psicologia é indicar-lhe o objeto próprio ou formal, o que não é tão fácil como à primeira vista se afigura. 2

Cf. A. BINET, IntT"oduction d la: P81/Chologie expérimentale, Paris; 1894.

EBBINGHAUS, P-récis de Psvchologie, trad. francesa, Paris, 1911. Th. 'RIBOT, La Pl1/Chologie (na coleção La méthode dana les sciences, Paris, 1909). W.

JAMES, P-récis de pS1Jchologie, trad. francesa, Paris, 1909. WUNDT, Gnmdriss der PSJ1chok>gie, Leipzig, 1905. Me DOUGALL, An Oufüne of P$11Chologv, Londres, 1923. J. DE LA V AISSD:RE, Eléments de PS11chologie expérimentale, Paris 193,. G. DUMAS, Nouveau Traité de PB11chologíe, Paris, l930, t. 1. R. RUYER, P11t1cho-Biologie, Paris, 1946. P . NAVILLE, La Psychologie science du comportement, Paris, 1942. P. GUILLAUME, Introductton d lo P811chologie, Paris, 1942. A GEMELLI, Int-roduzione atla PBM:Ologia, Milano, 11147.

OB.JET O E MÉTOD O DA PSICOL OGIA

PSICOL OGIA

psicoloCom efeito , apres entam -se-no s à consid eração d~as e traaI, r~c~o:1 e al iment exper ~n~e tiva;11 respec gias, cham adas comum çao defm1 numa -las msen ta-se de saber se é neces sano a à outra, e consig ná-las como duas partes , uma subor ~inad nte a um::i ivame exclus ar reserv há de uma ciênci a única ; ou se discus são Na ogia. psicol de nome o linas discip destas ou a outra io que própr objeto o ar precis a dêstes jlroble mas, que visam rar com esbar de emos haver ogia, psicol à lar assina m convé estud ar e nume rosas e difere ntes concepções, que terem os de critica r. § 1.

NAL PSICOLOGIA EXPERIMENTAL E PSICOLÓGIA RACIO

Definições 1. A psicologia como ciênci a da_, a~a. Etimo logica Podealma. da _ ci~c!a a é ~lma) é, (psych mente , a psicol ogia que se mos conse rvar sem incon vemen te esta defmi çao, desde s6 alma a que a reend comp se e e alidad deixe tôda a sua gener es _de_ s~a e~~çõ manü as divers pelas e nas cida conhe ser pode e prima ativid ade. A psicol ogia será, portan to, neces san~ t:~~e cos. psíqui enos fenôm dos ico empír estudo o nte, riame tidescri ou al iment exper estudo recebe u o nome de psicol ogia se o~ ntar-n pergu de e nidad oportu os terem te va. Mais adian º?~eto que semel hante estudo pode ser autôn omo, bem _co~o.hna positi ya. deve reclam ar para perma necer sempr e uma disc1p em vis2. Ciência e filosofia da alma. Desde já, e tendo Filoà geral ução ta os princí pios gerais expos tos na Introd ar afirm os podem vos, positi os métod sofia e no estudo dos esgof:ará não cos psíqui enos fenôm dos va positi a ciênci a que det~rr nmao objeto total da psicol ogia, do mesm o m?do que a coisas ~a d~s t~ cimen conhe e exaur não s física ção das leis ·própn o o r atmgi de preten natur eza e do mundo . A filoso fia . . R?sestam ~anif regem os ,que leis as e enos ser que os fenôm tirá consis _q~ ri~r _poste tar~fa uma g~a psicolo à pois, tará,

A. 2

s

natureem estabelecer, a partir da experiencia, a existencia e É o objeto · cos. psíqui enos fenôm dos iro prime pio princí za do própr io do que se chama a psicologia racional. se 3; Psicologia empírica e psicologia ~ien~ ica. 9uer racion al, a ogia psicol da ou al iment exper ogia psicol da trate es_senpsicologia é uma ciência (I, lf~), e por_ isso ~e distin gue roman cista, cialm ente da psicol ogia empin ca, psicol ogia do do ~und~ , homem do_ do drama turgo , do poeta, do moral ista, (ps1ologie psych Laien m chama es alemã os e etc., a que FREUD

17

é separa ção, cologi a dos profa nos). Todav ia, distin ção não fica não deicienti ogia psicol A idade. hostil , nem, muito menos que lhe xa ·de consu ltar largam ente o tesour o de observ ações domícertos m existe até e ica; empír qgia psicol propo rciona a ologie emnios, corno a caract erolog ia, aos quais a Laienpsych . tância impor l capita de buição presta uma contri

B.

Psico logia experimental

es como A noção de psicol ogia exper iment al não é tão simpl desde o á-la precis pois, re, Cump eria. parec à prime ira vista acêrca cos equívo e sões princí pio, a fim de evitar muita s confu discomo cos, psíqui enos fenôm dos a ciênci da psicol ogia como ente, finalm e, al, iment "ciplina autôn oma, como ciênci a exper como métod o objeti vo. ção, a 1. A ciência dos fenômenos psíquicos. Por defini dos ciênci a psicol ogia exper iment al não pode ser senão uma os fatos fenômenos psíqui cos, eis que só os fenôm enos, isto é, instru aos acessí veis direta ou indire tamen te aos sentid os e matér ia das mento s de observ ação e de medid a, consti tuem a ciênci as exper iment ais. enos a) O "sujei to" em psicologia. Ciênc ia dos fenôm , sem , tomar podem se Não o". não signif ica "ciênc ia sem sujeit tôdas fato, De ssões. expre duas estas s alente equiv mais, corno menos explías ciênci as positi vas refere m-se, de modo mais ou ra só reembo m, estuda que enos fenôm dos o sujeit cito, a úm 11; cer. estam manif o que tenha m dêste sujeit o os fenôm enos mais os mesm si a m basta se não cos psiqui enos to que os fenôm nea mporâ conte ogia psicol a do que os fenômenos fisicos. Tôda se que ista, ac-ion associ e enista fenom ncia reage contra a tendê mais as desde ica, psíiqu empen hava em explic ar tôda a vida ade raciohumil des forma s sensív eis até o mais alto da ativid psíqui cos. s átomo ou nal, por meras combi naçõe s de eleme ntos pção conce na que ldades dificu as mesm as Apres entam -se aqui orgân icas e mecan icista, que preten de elucid ar as realid ades ntos mateinorgâ nicas media nte a pura agluti nação de eleme pção é algo conce esta que 9) 212,96 (I, vimos Já s. simple riais intern a dos de realm ente ininte ligíve l: a unida de e a ordem pela finasenão ar-se explic podem não enais fenom exos compl o. sujeit lidade , isto é, por um o é e b) O sujeito empírico. Nada obstan te, êste sujeit

4

sujeito emser1 _sem'l)re, para a psicologia experimental, um corno a mente exata , pl,ada contem '])ÍM,co, cuja natur eza não é ", m a "coisa matér ia,suj eito das propr iedad es física s, ou també

18

OBJETO E MÉTOD O DA PSICOL OGIA

PSICOL OGIA

à sua sujeito dos fenôm enos químicos, perma necem , em ordem e dita, ament propri ia filosof À sábio. do visão da essênc ia, fora natucujo objeto é o própri o ser das coisas, compe te defini r a enos fenôm os m revela o como tal gico, psicoló reza do sujeito l. menta experi e as leis de que trata a psicolo gia 2. A psicologia experimental, ciência autônoma. Pode5 con-se admiti r que é legítim o ter a psicologia experi menta r na ta de ciência positiv a autôno ma. tomara) Ciência positiva. Mais acima notam os que, se gia, psicolo a geral, mais o sentid seu em ciência mos o têrmo , mesmo se-ia, Poder. experi menta l ou racion al, é uma ciência merece al racion gia psicolo a que ta, de-vis dizer, dêste pontoexpecom mais propri edade o título de ciência que a psicolo gia ar o · reserv se faz, se te riamen ordinà riment al. Mas, se, como conde mos havere as, positiv inas discipl as para ciência têrmo consirazão justa com é l menta vir em que a psicologia experi lecer derada como uma ciência , pois procur a, com efeito, estabe

seas leis gerais da atividade psíquica, para tanto procedendo oba ndo adapta l, menta experi método do ia.'! gundo as exigênc

é o servaç ão e a experi menta ção à nature za de seu objeto , que tal. fenôm eno psíquic o como eenb) Ciência autônoma. Freqüe nteme nte se há compr para to pretex de o servid tem que o mia, autono esta mal dido ca negá-l a, quand o é norma l e legítim a. Auton omia não signifi mia autono a e-se Admit ta. absolu ncia suficiê nte necessàriame minisdas ciência s físicas , embor a reconh ecendo que não nos seu têm Mas real. o todo de do adequa tram conhec imento preobjeto forma l própri o e seus própri os métodos, e é isto 13). cisame nte que lhes fundam enta a relativ a autqno mia (l, um tem que l, menta experi gia psicolo a com mesmo o Sucede positiobjeto bem definid o e empre ga os métod os das ciência,s aberta deixa , limites dêstes dentro ma autôno sendo vas. Mas, idade) a possib ilidade ( e até, em certo sentido , implic a a necess do acêrca ica, filosóf e ament propri gação, de ulterio r investi cas empíri leis cujas enos fenôm os m emana onde de mesmo ser a psicologia tratou de definir . 3. Sentido e alcance do t.êrmo «experimental». Mais 6 PQr adiant e devere mos ocupar -nos do métod o da psicologia. logia "psico são expres a que enquan to, convém somen te notar gica experi menta l" não signifi ca que tôda a investi gação psicoló rável, mensu do io deva limita r-se necess àriame nte ao domín há de isto é, .ao. que depend e do labora tório. "Expe rimen tal"

entender-se em sentido amplo, e aplica-se legitimamente a atudo 01,1. o que possa cair, não somente sob ·a observação extrem

.UI

. "objet iva", senão també m sob a observação intern a e reflexa ações

Neste sentido , são de todo em todo proced entes as observ exde de BERGSON: tudo o que é objeto de intuiçã o é matér ia mento instru um que mais periên cia. O labora tório não é, pois, ou meio, entre outros , pôsto a serviço da invest igação psicoló prio r-se arroga gica, e não poderi a, sem labora r em engano , ividad e. vilégio, e, muito menos, a exclus ,,

7

4. a)

A psicologia, ciência objetiva.

Tríplice sentido do térmo "objet ivo". o·s teórico s da

ocupapsicolo gia da reação e do compo rtamen to ( de que nos sos proces seus a ar reserv deram preten e) remos mais adiant porém , de investi gações o título de "métod o objetiv o". Há, em nisso um equívoco. O têrmo "objet ivo" pode entend er-se dados vários sentido s. Uma prime ira acepçã o reserv a-o para os que se obtém pela experiência e não puro racioc ínio ou pura ivo, inferên cia. Em outro sentido , objetivo opõe-se a subjet deque ao opõe se a como ·o que perten ce à experi ência extern gaempre o objetiv ente, Finalm a. intern ência pende da experi o se també m para design ar o que qualquer manei ra está fundad na funda se só que ao opõe se e o, no real intern o ou extern é o opiniã o' pessoa l, sentim entos ou hipóte ses individ uais, que domínio do "subje tivo". os 'b) À objetividade em psicologia experimental. Dão ios, solidár são os sentid três êstes que er entend behav iorista s a rtae que, a menos ,que se tomem como único objeto os compo neserá gia psicolo a l, anima do ou homem mento s extern os do tural. cessàr iamen te pura. ciência deduti va e discipl ina conjec Por Fácil é ver o que de abusiv o encerr am tais preten sões. no a, objetiv tão ser pode ecção introsp a efeito, uma parte, com rcom,po do gia primei ro e no terceir o sentido s, conw a psicolo um dar-se é ência consci de estado um tamento. Reflet ir sôbre s objeto de observ ação tão real como os reflexo s condic ionado um todo existe que entar acresc de um cão. Devemos, aliás, domínio que não pode, em psicolo gia, ser. captado senão pe1,c, ca introspecção, e é precis ament e o domín io da ativida de psíqui ob~havi pelo_s nizado_ _prec:o tiv9" '.'.obje propri ament e dita. Q só po.. ristas reduzi r-se-ia ao puro fisiológico, e tal ~oncepção atomis mo e ao. associa cionism o, isto é, à macondu zir ização da consci ência. iriecàn e· zâçao teriãli e) Objetividade da piscologia racional. Por outra paro te, a própri a psicolo gia racional é tão "objet iva" (no terceir seu atinjá só a embor l, menta experi gia sentid o) como a psicolo í• objeto (o ser mesmo do sujeito psicológico) por via do racioc

de~ia.

~o

.,

:J

20

....

PSICOLOGIA

OBJETO E MÉTODO DA PSICOLOGIA

H. BERGSON p ar ece ir ainda mais longe, visto que preconiza (cf. Les données i mméd ia t es de la conscience) a constitui çã o de uma meta.física positiva que pràticamen te se confundiria com a psicologia, eis que é principalm ente pela reflexão sôbre os dados imediatos da consciência que poderíamos penetrar até às fontes mesmas da vida e do deV'enir universal. 3

nio. O raciocínio, com efeito, apóia-se na experiênci a, e só pretende torná-la plenament e inteligível. Se se intentasse eliminar da ciência o raciocínio, nenhuma ciência seria possível. Um raciocínio é objetivo sempre que se arrima logicamen te ao3 fatos estabelecidos objetivame nte.

C.

b) Dificuldad es dêste ponto-de-vista. ~ste debate encerra algumá confusão. Se se tratasse apenas de assinalar que a psicologia acaba necessària mente por suscitar problemas filosóficos, e que por êsse motivo é urna espécie de introdução à metafísica , nada haveria que objetar. Mas, de um lado, para isso não seria necessário supor que se pudesse passar ao metafísico por simples continuida de a partir dos fenômenos psíquicos, pelo aprofunda mento da intuição. Já vimos (l, 12) a ilusão espacial que se embuça nestas fórmulas: o metafísico não se encontra debaixo do sensível. Por outro lado, se convimos em que a psicologia, entendida corno o quer LACHELIER, sob a forma de urna reflexão transcende ntal, visando a captar e definir os primeiros princípios do pensamen to e da ciência, implica essencialm ente uma orientação metafísica , dever-se á também observar que a psicologia fiJ,os6fica ou racional tem outra função mais imediatam ente própria ..:.o que esta orientação crítica, e consiste em definir a natureza, as faculdades e as propriedadef do sujeito psicológico, e que isto não leva a excluir a psicologià experimen tal, nem tampouco a esta subtrair a autonomia que parece pertencer-lhe. de direito. Reconhecendo que a psicologia experimen tal mais do que qualquer outra disciplina positiva, suscita numerosos problemas filosóficos, pode·se convir em considerá- la, dentro dos limites que ela mesma se impõe, como ciência autêntica, provida de objeto formal claramente definido, e suscetível de constituir- se por seus próprios meios.

Psicologia e filosofia

1. Psicologia científica. A noção de uma psicologia exper~mental, como ciência autônoma dos fenômenos psíquicos é relàtivame nte recente. Fazem-na datar, ordinàriam ente, de Cristiano WOLFF (Psychologia empiri.ca, 1732 · Psycholog·ia ratio-naNs, 1734). KANT retoma o têrrno psic~logia, que, com MAINE DE BIRAN, adquire definitivam ente direito de cidadania no conjunto das disciplinas filosóficas. Ao longo do século XIX, a psicologia tende cada vez mais a constituir- se em ciênc: a autônoma, distinta da filosofia propriame nte dita, e a acercar-se o mais possível das disciplinas experimen tais. Até mesmo tôda uma corrente de autôres, entre os quais se mencionam TAINE e WUNDT, chegou ao ponto de reduzir a psicologia à .fisiologia, inspirando -se numa doutrina materialis ta do homem e do mundo, que é de natureza puramente filosófica. Tal corrente, entretanto , não prevaleceu . Só poderia ter prevalecid o com êste resultado paradoxal, de constituir uma psicologia sem valor psicológico . Hoje, porém, parece que todos estão acordes em que a psicologia é uma disciplina positiva, que pode e deve constituir-se por seus próprios métodos, que são os das ciências experimentais, sem implicação filosófica imediata, segundo o plano dos fenômenos e de suas leis empíricas. 9 2. Concepção filosófica.. A falar verdade, o ponto-devista precedente , muito comum e, por assim dizer, unânime entre os psicólogos de profissão, é negado por alguns filósofos contempor âneos. a) A psicologia como reflexão transcendental. LACHELIER (cf. Psychologie et Métaphysi que) tentou mostrar que a psicologia, em sua própria essência, é filosófica. J u_!ga,, com efeito, ql_l~. ~~i~te l!m.a psj_c~!$"i_a çríJic3: e refl~xiva,. que é a verdadeira psicologia, a um tempo experimen tal e metafísica , e 9.!!_e consiste em dirigir a reflexão, não para objetos na cQ:n,stãl, isto é, corno Q ~pr.ó.prip sujeito· ciê_E~li;-µ13:~ atividade que se compreende a si mesma como operante, e desco~rind.Õ em suá própria ação as condições necessária s do pen-· · · ~mento. ·

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21

10

3. Psicologia aristotélica e tomista.. 11:ste ponto-de-v ista está contido nos próprios princípios de..ARJ.S.'I.ÓTEJ,ES..g Q~ .S.ANT.9 _intentaram sequer consi'I'OMÁS. Sem dúvida, os antigos derar a psicologia como ciência autônoma. Esta tentativa só teve lugar, efetivamen te, com o advento do saber positivo, a partir do século XVII. ARISTÓTELES e SANTO TOMÁS, porém, subminist raram os princípios que justificam a divisão da psicologia eni experimen tal e filosófica, notando -que, para c'he-

!1ª~

3 Cf. BERGSON, Matiere et Mémore, 14e. éd. (1919), pág. X, em que escreve que "a psicologia tem por objeto o estudo do espirita humano enquanto funciona utilmente para a prática'' , e que "a metafisica não é senão êsse memno espírito humano que se esforça para se libertar das con1 dições da ação útil e para se refazer como pura energia criadora".

PSICOLOGIA

22 .

gar a. definir a natureza da alma, é de mister começar pelo estudo. dos fenômenos psicológicos, considerados em si mesmos e em s_eus objetos, segundo o método das ciências espetaculativas. 4 Ademais, a noção do composto humano, própria desta8 doutrinas, só pode é fazê-los admitir a legitimidade ( e até a necessidade) dé levarem em conta, na descrição dos fatos psicológicos, seus antecedéntes ou concomitantes fisiológicos. Como o notara BINET, nenhuma filosofia dispõe de mais elementos que a de ARISTÓTELES e de SANTO TOMÁS para fundar e justificar uma psicologia experimental autônoma. § 2.

A. 11

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Já sabemos que a questão do objeto de uma ciência se subdivide em problema do objeto material e problema do objeto formal. Geralmente, a determinação do objeto material não envolve dificuldades. Estas aparecem somente quando se trata de precisar o aspecto sob 9 qual deve ser considerado o objeto material.

2. Objeto formal. O problema se complica no momento em que se trata de exprimir o aspecto sob o qual tão variados fenômenos pertencem à psicologia e lhe constituem o objeto formal próprio. O fato de defini-los todos juntos como "fatos psíquicos" não é senão uma solução aparente, visto que a questão está precisamente em saber o que é que significa exatamente a pal,avra "psíquico". Em tôrno, pois, dêste problema concentra-se a discussão relativa ao objeto formal da psicologia.

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4 Cf. C. Gentes, III, c. XLVI: "Quid sit anima inqmrimus ex actibus et ~bjectis, per principia sdentiarum speculativarum". Ver, também, De Verit~te, q. X, art. 8, ad. 5. M. BARBADO, Introductian à la Psychologie ~xpérimentale, trad. francesa, Paris, 1931, págs. 348-367. ·

23

Psiquismo e consciência

12

1. A consciência identificada ao consciente. DESCARTES definia a alma pelo pensamento (ou consciência), por,_issÕ mesmo, ,,r,,~c;l!:!_~La . :to.d.!LQ. nskológiçp .a~.. })()_Ils_çiepte. No mesmo sentido, .KtiJ.il"E, (Vorlesungen über Psychologie, 1922) ~b;;im.ª ,~.êJquico !1- tu~o o_ 9U1; ;PQde ~er alv.o. d: experiência objç!tiv,~.,_ BINET, por sua vez (L ame et le corps, pag. 274), parece ir ain'cta mais longe, ao ::iicologia não_p~si,3:__d~- 1!..~ ~~-_d~ _soci?l9g-ia:.

25

2. Discus são. Estas teorias depend em também muito mais de concepções a priori do que da observa ção dos fatos. Sem dúvida , a fim de justific ar seu ponto-d e-vista , COMTE insiste sôbre a insufic iência da introsp ecção para fundar a psicologia. Exami naremo s mais adiante esta questão . Reduzi r, porém, integra lm~nte o psíquico ao s?c_ial e o. individ ual ao orgânic o é uma atitude basead a no esp1r1to de s1Stema, no que êle tem de mais arbitrá rio. De fato, é assaz evident e, por um lado, que há tôda uma parte do psiquismo que é individ ual, uma vez que a ação encerra sempre alguma invençã o e alguma novida de; e, por outro lado, haveria que explicar primeiro como pôde a sociedade, ainda que fôsse de um ponto-de-vista simplesmente lógico, preceder ao exercício das funções mentai s. Sem estas, que sociedade human a houver a sido possíve l? A sociedade explica -se pelo homem e pelo seu psiquis mo próprio , e o social é também uma forma do psíquico, e não o inverso , como pretend em CoMTE e DuRKHEIM.

D. , Psiquismo e organismo 1. O behaviorismo. Já falamo s da psicologia da reação 15 compo rtamen to, e de sua concepção da objetiv idade (7). do e Esta corrent e psicológica encerra direções bem diverge ntes, uma vez que ao lado da concepção estritam ente fisiológica de WATSON está a concepção finalist a de TOLMAN (Purpo s·i11e Behavior ín Anima l and Man, New York, 1934). Se se considera o ponto-d e-vista de WATSON, o psiquismo não poderá passar senão ·p or um mito, resíduo da velha doutrin a ·da ainiã. ··vrda"íiiterío r ", à"''êonsciêí:icià nãopõàem sêr "ôl:ije"toà"à"e"ciênciaprôpriame nte dita. O domínfo" aa:·frifrõsp êcção é"6 da con:: fusão ·e-dÕ-vagõ·: - X-psico logia só se deu a ilusão de ser uma ciência graças a um conjun to de abstraç ões inconsi stentes , tais como o Sentim ento, a Sensação, a Invenção. a Associação, a Vontad e, etc., soluções verbais que equivalem exatiss imame nte ao "horro r ao vazio" dos antigos (cf. WATSON, Behavíorism, 1925) 11 ")J

Behavio r", "Eu qui~era" , escreve WATSO N ("Image and Affection in as imagens e mente completa ir "expung 1931), de julho Phil., of in Journ. processo s sensódemonst rar que o pensame nto se reduz n.:ituralr nente a laringe". no sede sua têm que res rio-moto 11

:;

PSICO LOGIA

26

ser senão uma Uma psicologia cient ífica não pode rá, pois, o o estÜdo da objet por dará se que , ência consi ..PSiçQlo.gia _sem ou anim al) em (hom íduo indiv mane ira como se comp orta um (Situaçãos têrmo dois s dêste ão relaç a É dada. numa situa ção únictis veis, medí e s Resp osta) , únicas realidades observávei o têrir defin rá bilita possi que ico, psíqu do formas científicas m. home oii al anim mo intermediário, que é o indivíduo, de uma maTodos os anim ais supe riore s comp ortam -se m de uma reage cias, nstân circu as neira deter mina da segun do Q_Qonto-detam. rimen expe que s essõe impr às ida form a defin nar defin itivavista do comp ortam ento perm itirá, pois, elimi -estudo -dos -Peioà. iênci consc da emas probl êis soI6v ment e os-·i:n expe riêna ssa expre se ue -:mfrltip}Õs -- reflexos--sêc·Úndários érn-q mina ção deter pela e s, riore supe ais cia espec ífica dos anim e assoção educa a das modificações dêstes refle xos medi ante els, itionn cond xes 1·éfle Les OV, ciações adqu irida s (cf. PAVL al form o objet um ter logia psico à vel possí Paris , 1927 ), será própr io. 6 topa com 2. Discussão. Esta concepção da psicologia 16 WATSON. deu lhe que al radic a form muit as dificu ldade s na ortam encomp do ista Pode-se, porém; admi tir que o ponto -de-v ta. rialis mate tação orien esta te amen ssàri to não impli ca nece fisiologia. Se, a) Legitimidade da psicofísica e da psico não de nesse, trata se stas, viori beha s certo como o afirm am apen as de mas a, iênci gar a reali dade do psiqu ismo e da consc ções obcondi suas em ente, iorm estud á-la de certo modo exter a isso. contr ar objet que ria have nada servá veis e medíveis, posto quan exata e Para cheg ar a ser uma ciênc ia tão comp leta o estud de o camp seu em r sível, deve a psicologia fazer entra condi suas ém tamb senão tais, como icos não só os fatos psíqu defipara ente ções orgânicas e fisiológicas, que serve m realm até na ativivêm nir. tôda uma parte do psiquismo, e que inter m. home dade intele ctual do e psicofisiob) Irredutibilidade do psíquico. Psico física te o direi to assis lhes não mas s, icada justif logia estão, pois, . Nada logia psico da de se terem por únicos métodos válidos sentido em ta espos ção-R Situa ma autoriza a inter preta r o esque ive, trad. france sa, pág. 13: Cf. BETC HERE W, La psycho togie object em geral, e não apena s de a siquic neurop vida da "A psicol ogia é a ciênci a reação é modif icada pela a que re Semp entes. suas manif estaçõ es consci sfquic o no sentid o próneurop t':no fenôm um temos experi ência indivi dual, Origin e et déve!o ppee, iorism Behav Le IN, prio da palavr a". Cf. TILQU 1942. on, réacti la de ment de !a psycho logie 6

OBJET O E MÉTODO

DA

PSICO LOGIA

27

indo a Situa ção exclusivamente orgânico e fisiológico, defin atuam sôbre o que riais senso antes excit de nto como O conju es nervo sas, reaçõ de nto conju o organ ismo , e a Resp osta como ulo. A estim um por das mina deter s ulare musc ulare s e gland ogia, fisiol da caso, _neste a, psicologia não mais se distin guiri o ifica espec que o tudo de e-ia sar-s teres isto é, no fund o desin atia , saber a ão, ficaç comp ortam ento e lhe confe re uma siggi ulo (Situ ação ) vidad e psíqu ica, que se inter cale entre o estímALL demo nstro u e as reaçõ es do sujei to (Res posta ). Me DOUG em refer ência a que o comp ortam ento anim al só é inteli gível expli car-s e adepode não tiva instin uta cond a : esta ativi dade (tend ência s, repre quad amen te senão em têrm os de psiqu ismo a do homem, que razão mais muito Com sentações, emoç ões). inter nos. 7 Como es depen de de tão nume rosos e complexos fatôr ologie, I, págiPsych de é Trait veau obse rva A. LALANDE (Nou irido ) pode adqu ou ado icion cond ( exo" "refl o na 415) , se o têrm OV, como PAVL de as como es aplic ar-se ~ expe riênc ias elem entar ade ativid da lexas comp e ment suma es defin ir por êle as funçõ ca impli xo refle de idéia A cogn itiva, estét ica ou volun tária ? nsame preci é que , ssoal impe de e lar algo de mecânico, de regu a. lógic psico vida da s te o que meno s convém às form as supe riore

fenôm eno às suas conSabem os que é um sofism a reduz ir um justa ment e obser va KoFFKA dições (1, 124). Aqui, esta redução, como res, 1936, pág. 27), impli ca , Lond (Principles of Gestalt Psychologypsiqu que nos faria volta r ao ismo do n ecula «mol pção conce uma. impõ e unive rsalm ente o atomi smo associacionista., quand o hoje se ponto -de-v ista «mol an.

ssão fenômec) O equívoco da neuropsicologia. A expre oco da douequív o e ment clara festa nos "neu ropsí quico s" mani íveis a suas redut ente ralm integ são icos psíqu trina . Se os fatos ? Expl ica ismo psiqu condições nervo sas, por que falar de neuro objet o da são que es reaçõ as guir distin BETCHEREW que é para queim auma : s psicologia, das reaçõ es puram ente fisiológica de dor, os (grit xos refle os dura provo ca diver sos moviment etc.) ado, queim bro mem o her recol de contr ação do rosto , ato (infla ticas somá e que são neuro psíqu icos, e reações pura ment priEm tível. discu bem é maçã o dos tecid os). Mas tudo isto ponto-de-vista bemeiro lugar , o critério de distinção, sob o verdadeiro círhaviorista, é totalmente arbitrário, e cons titui laremo s as experi ências de Mais adiant e, no estudo do hábito . assina quais claram ente se dedas s atravé , izagem aprend a sôbre E THOR NDIK a aprend izagem , isto é, a evoluç ão monst ra_ que é impos sível compr eende r interv irem as noçõe s psicol ógicas fazer sem sposta, ulo~re _estfT? da .reaça o intelig ência, etc. ência, consci ação, 1magm çao, percep de 7

01'.!J !!:TU 1'..

PSICOLOGIA .

28

tamento total, isto é, os fatôres sensoriais, nervosos, musculares, glandulares, - o temperamento e as tendências individuais, _ a inteligência e os hábitos, os movimentos afetivos e as crenças, etc. Todos êstes fatôres intervêm para compor a ação externa, e explicam por que os suje~tos respondem de maneiras tão variadas a idênticas estimulações. O comportamento é, pois, pràticamente, todo o sujeito, homem ou animal, isto é, a existência mesma.

culo vicioso: trata-se de definir o psiquismo pelos reflexos, e aqui se distinguem os reflexos segundo o psiquismo e a ausência de psiquismo! Ademais, a definição behaviorista tem grave inconveniente de excluir da psicologia todos os f enômenos, intelectuais ou a_.f etivos, que não se revelam por comportamentos singulares. 17

3. A psicologia existencial. última croMlogicamente, a Fenomenologia existencialista (l, 8) introduz na psicologia urn ponto-de-vista absolutamente nôvo, que consiste em substituir a consciência pela existência. Tôda a psicologia, até o presente, quer tenha sido empirista ou intelectualista, pretendeu ser uma ciência da consciência, O próprio behaviorismo, por sua. pretensão de fundar uma psicologia sem alma nem consciência, - o que carece de todo sentido, - conduzia paradoxalmente, pondo a consciência entre parênteses, a designá-la como o objeto único e próprio de uma autêntica psicologia. Ora, se, com efeito, não existe psicologia sem consciência, há que obsét:var, em primeiro lugar, que a consciência nunca pode vir a ser um objeto, por ser tôda ela subjetividade; em seguida, que a subjetividade não poderia ser reduzida à alma ou ao espírito, porque forma uma unidade concretamente com o corpo,· sujeit-0, como a consciência e com ela, e não objeto, do mundo; e, por fim, que é impossível insular êste sujeito do mundo no qual está. compreendido e com o qual se articula por tôdas as suas estruturas. O objeto .próprio da psicologia será, pois, não mais a consciência distinta e separada do corpo e do mundo, senão a existência, isto é, o estar-1w-miindo-através-de-um-corpo, porque meu corpo é sempre e necessàriamente o instrumento ao mesmo tempo de minha compreensão do mundo e de minha ação no mundo de minha experiência. " 4. O comportamento toiaI. As observações que precedem não pretendem excluir o ponto-de-vista do comportamento, mas apenas uma maneira assaz estreita de entendê-lo. O ponto-de-vista cartesiano, que reduz o psíóquico a um pensamento sem qualquer expressão somática, é insustentável, como insustentável é também a concepção que só admite o comportamento externo. Na realidade, é preciso considerar o comporCf. J. P. SARTRE, L'Etre et !e Néant, págs. 11-34. MERLEAU PONLa scienc• du comportement, Paris, 1942, págs. 251-305. Phénoménofogie. de la Perception, Paris, 1945, págs. 9-80. JEANSON, La phénoméno-

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logie, Paris, 1952, págs. 27-37, 93-106 .



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Não há por que imaginar que éste ponto-de-vista conduza a proceder por via de analogia, concluindo do comportamento exterior do_ s~jeito para fenômenos psíquic_?s ligados a um comportamento idêntico do observador. De fato, este processo não nos proporcionaria a certeza cien_tífica! eis que a inferência analógica, por carecer de meios de controle, so pode formular hipóteses mais ou menos plaus~':eis. Ademais, esta concepçã_o eq_uivaleria a imaginar que consc1encia é algo que se sobrepoe a açao, e como uma complicação desta, coisa. completamente errônea. A açdo prepara-se e elaborase primeir'!-m~te na consc!_ência; ela é a realização, no exterior, àe uma tende.,nc1!1: ou «intençao~ que se reve·la por êste meio. li: esta mesma consciencia tornada visível e sensível. Não se trata pois de ir do comportamento à consciência pela via do raciocínio' ana~ lógico, mas sim de considerar os atos do homem (ou do animal) co~o unidad~s orgânicas que têm cada uma um sentido, e que exprimem a unidade mais profunda ainda do psiquismo e de suas condi,ções. orgâ1,1icas. Sob êste ponto-d.e-vista, será certo dizer que não ha ps1colog1a possível que não seja do comportamento entendido ' • êste, aqui, no sentido, mais geral, de conduta.

E. 18

O psiquismo e a vida

1. .Concepção aristot.élica. Já expusemos, no estudo ge~l da vida (l: 490), a concepção que define o psiquismo pela v1d~. 0b~ervavam.os a~ mesmo tempo que º- têr_mg 12.i~ifi.S_m._Q__ _designa somente_ll. realidade_ ~e mi:ia alma ou p_rincípio vital, qualquer que seJa sua natureza: vegetal, sensível ou racio~!Jl, 4~6 ._~ate ~9_nto-~~:.:y!~~a__ã1-i_~tot~lic()_i~!.~.~~--Jl!~~iji~_s~~i mais obJebvo de todos. Poder-se-ia adotá-lo, com a condição · de_ ob_servar qu~, se,A absolutamente falando, é verdade que o psiqmsmo e a vida tem a mesma extensão, prevaleceu o uso de reservar o têrmo psiquismo para designar tudo o que concerne de qualquer maneira à vida cognitiva e afetiva (isto é, ao animal e ao homem). Se aceitarmos esta limitação, parece que ~emos uma definição suficientemente objetiva e precisa do obJeto próprio da psicologia. _Com efeito, por uma parte, não postulamos nada do pontode-vi_sta filosófico, nem afirmamos nada relativamente à verdade1~a natureza do psiquismo. Só dizemos que, se se tomam as coisas emplricamente, pertencem ao psiquismo todos os fe?iómenos de conhecimento e afetividade. Por outro lado, isto

30

OBJETO E MÉTODO DA PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

implica, até a evidência, a extensão do campo de investigações a tudo o que é condição imediata da atividade cognoscitiva e afetiva, a tudo o que exerce alguma influência sôbre a produção ou evolução destas atividades, isto é, que a psicologia deverá tomar em consideração os fenômenos biológicos e fisiológicos ligados ao psiquismo. Pela mesma razão, tornar-se-ão objeto de psicologia não só todos os fenômenos subconsdentes e todos o inconsciente psíquico, pelo ,qual s·e explica imensa parte da consciência, senão também, à guisa de meios de explicação do psiquismo humano e normal, ao mesmo tempo os fatos psicológicos, cognitivos e afetivos, do reino animal, e as diversas psicopatias da ordem humana.

ART.

PRINCÍPIOS DO MÉTODO

1. Método sintético. O estudo _que- pre~ede permi~e-nos abordar com maior segurança a questao do metodo da psicologia. Fàcilmente se compreend~, con: efeito (no que concerne _à psicologia positiva), que as discussoes provocadas neste dominio se devem em grande parte ao fato de se haver adotado um ponto-de-vista demasiado :streito ou _m_al inform~do por prejuízos filosóficos. Para nos, ª.? contra~10,_ em r~zao ,mesm? caráter sintético de nossa noçao do psiqmco, nao ha possibilidade de con.f erir valor exclusivo a nenhum processo especial. De fato todos os processos de observação e de experimentação (introspecção! estudo do co~portamento, m~todo f~. siológico ponto-de-vista da forma, metodos comparativos, psicanálise,' métodos de laboratório, etc.), todos êstes processos, cujo êrro é freqüentem,ente aspirar ao monopólio, podem e devem servir' alternativamente para formar a psicologia científica. Quando à .psicologia filosófica, seu método será o das discipHnas filosóficas (/, 9-13).

??

devem servir, em sua ordem e em seus Umities, para expllca.r os fenômenos que -manifestam a vida cognitiva e afetiva do sujeito humamo. O caráter sintético de nossa noção do psiquico é, assim, no

Convém aqui notar que seria um abuso intentar impedir a psicologia positiva de recorrer a uma hipótese de natureza filosófica. Cada, vez mais os psicólogos, especialmente KoFFKA (Prtncipl-es of GestxIJt th,eory, Harcout Braun, 1935, pág. 720), reputam necessário apresentar o conjunto da psicologia no quadro de uma concepção filosófica. Nenhuma razão haveria para proibir ao psicólogo explicar pelo raciocínio, fundado na experiência imediata, o jôgo das funções p.siquicas mediante hipóteses de aparência, ontológica e que tenham ao menos, sob seu ponto-de-vista, valor de simbolos, como são, em física, a energia, o éter, o calor, os elementos atômicos, a onda e o corpúsculo da Mecânica ondula.tória. A concepção de natureza filosófica admitida assim a título de hipótese valerá por sua aptidão para favorecer a sistematização completa, e harmoniosa de todos os dados positivos.

limiar da psicologia,, um sinal e uma garantia de objetividade.

2 . Natureza da definição inicial do psíquico. A objeção que aqui se poderia fazer é que definir o psiquismo pelo conjunto dos fenômenos cognitivos e afetivos é mera aparência de definição. Nem sempre sabemos o que é própria e essencialmente o psiquismo. · A esta objeção pode-se responder, em primeiro lugar, que definimos realissimamente o psiquismo referindo-o' à vida(/, 437). Sem dúvida, nem tudo o que é vida é psiquismo: a vida serve-se de mecanismos que são de outra ordem. Mas o psiquismo está ligado à vida; pelo menos, se se limitar o alcance do têrmo ao reino animal, êle está unido à vida sensível e intelectual, O psi-quismo aparece, assim, como uma forma superior da vida. Mas, por outra parte, convindo com tudo o que de incerto ainda existe nesta definição empírica do psi~ quismo, devemos observar que é bom que assim aconteça rio intróito da psicologia. Tôda ciência parte neces1;àriamente de uma definição provisória ou nominal de seu objeto (/, 55). A definição essencial vem no fim, e não no princípio, pois supõe a ciência terminada e resume-a. ·O êrro precisamente das fórmulas do psiquismo que discutimos está em propor no princípio da psicologia definições essenciais que prejulgam tôda ulterior investigação e l:'.e tornam, por isso, verdadeiras petições de princípio. ·

MÉTODO DA PSICOLOGIA

§ 1.

Segundo esta concepção, a psicologia admite a um tempo, no que tem de positivo, os diversos pontos-de-vista que expusemos sôbre a natureza do psíquico. Fazemos, com efeito, entrar no dominio do psíquico, por diversas razões, o consciente e o inconsciente, os fenômenos fisiológicos e todo o comportamento através do qual se exprimem as reações neuropsiquicas do sujeito, as analogias da psicologia animal, assim como o conjunto sumamente importante e extenso das influências sociais.· Todos êstes elementos poàem e

19

II.

;,H

2. Método indutivo. Pelo próprio fato de querer a psicologia ser experimental, deve necessàriamente recorrer ao método indutivo, que é o das ciências da natureza (/, 182), e que admite sucessivamente a observação, a experimentação e a determinação das funções e das leis psicológicas, a partir de hipóteses situadas a princípio no nível positivo, isto é, concebidas para explicar as condições de existência ou de coexistên eia dos fenômenos psíquicos. § 2. 21

0

MÉTODO SUBJETIVO

Distinguem-se, tanto para a observação como para a experimentação, um método reflexivo, chamado introspecção, e outro objetivo ou extrospecção. A questão do valor respectivo

"

32

OBJETO E MÉTODO DA PSICOLOGIA

PSICOLOGIA

b) A interpretação. ~liás, _mesm~ cercada de precau- s extremas a introspecçao muitas vezes parece-se com a ~ofe rmaça·o p~r ser inconscientemente dominada por idéias, · ze ~n'ad equa d a. N a . que a f azem tpa1:cia 1no sentimentos' e influên9ais ioria das vêzes afigura-se rea1men e 1mposs1ve1 separar os ~:dos imediatos da consciência, da interpretação que faz corpo • com ela. 0 É esta observação que conduz a duvidar da vantagem que em geral se atribui à intr~spec_ção, _de atingir diretamente s:u objeto. Atinge-o, com efe1~0, IJ:?ed1atame~te. Mas 8: q_uestao é saber como o atinge. Alem disso, havera que exprr:mir bem os dados imediatos da introspecção, e não deixarão de ser c~nsideráveis os perigos de interpretação, t~nto no que transmite seus dados como da parte de quem os registra. De resto, a vantagem de captá-los diretamente só tem interêsse autêntico para o próprio sujeito. c) Insuficiência dos meios de contrôle. A estas dificuldades o; partidários da introspecção costumam opor, por um lado, que os resultados da introspecção são mui~ ?bjetivos, -porquanto aquêle que se observa se desdobra em suJe1to observador e objeto observado; e, por outro lado, que tais resultados -podem ser controlados, completados e corrigidos de diferentes maneiras. Mas isto é supor resolvifl.a a dificuldade. A questão está, com efeito, em saber se, "objetivada" para o introspectante, conserva a introspecção êsse caráter para os demais. Ora, é bem claro que assim não é, uma vez que a objetividade implica, do ponto-de-vista científico, possibilidade de contrôle e de observação simultânea. Acresce que, se se recorre ao contrôle das introspecções alheias, poder-se-ão fazer as mesmas reservas sôbre estas auto-observações. Por fim, a transmissão dos resultados nunca poderá fazer-se senão mediante a linguagem, a qual só pode ser entendida em função de nossas próprias experiências. O que equivale a dizer que reconstruiremos a experiência alheia com ajuda da nossa, e que, por conseguinte, o contrôle será fictício.

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dêstes dois métodos deu ansa a debates que parecem bastante confusos. Vamos tentar precisar-lhes os diversos aspectos.

1. Definição da introspecção. Se nos restringirmos à etimologia, a introspecção consiste, para um sujeito, em dirigir a atenção ou o olhar para dentro, isto é, em tomar como objeto de observação ou estudo os fatos de sua vida interior. Esta definição ~, entretanto, imprecisa, por não indicar claramente que esta introspecção pode entender-se em dois sentidos diferentes. Num sentido, que é o da vida corrente, a introspecção, segundo a terminologia de TITCHENER, é uma simples inf armação, isto é, a expressão de um estado de consciência que compreende ao mesmo tempo os dados de consciência e as elaborações e interpretações que com ela formam um só todo. Quando digo, por exemplo, sinto cheiro de borracha queimada, proponho uma informação sôbr~ meu estado de espírito, mas não uma introspecção. Sucede o contrário ao tratar-se da introspecção existencial, que é a atenção reflexiva aos fatos da vida interior, enquanto me são apresentados numa experiência vivida atual. É claro que só desta introspecção existência! se há de ocupar a psicologia. E trata-se de saber se lhe ·podemos atribuir valor ciêntífico, e de lhe precisar a natureza. 22

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2. Argoment.os contra. a intros~. Contra a introspecção têm sido formulados numerosos argumentos, que podemos resumir do seguinte modo: a) Limites da introspecção. A introspecção está longe de ser sempre praticável. Certos fatos, como a ira, o mêdo e em geral as emoções violentas, não podem ser observados no momento em que se produzem. O mesmo sucede com os sonhos. Além disso, a atenção interior tende a modificar 'mais ou menos os fatos de consciência, comunicando-lhes uma espécie de fixidez que não é própria dêles: como observar um sonho sem interrompê-lo, uma distração sem suprimi-la? Outro tanto se há de dizer de todos os fatos de transição, de todos êsse estados vagos, instáveis, fluidos, sem contornos precisos, que não se podem captar sem antes imobilizará-los e solidificá-los, isto é, alterá-los. Finalmente, malogra-se a instrospecção ao pretender chegar ao inconsciente, ou mesmo ao subconsciente, isto é, a tudo o que subsiste como domínio da tendência e da virtualidade. Quanto à mem6ria, se é certo que em muitos casos podemos utilizá-la (lembramo-nos de quanto estávamos irados, dos sonhos, etc.), sobejamente sabemos também o que o recurso a esta faculdade encerra de perigo de êrro, de deformação, de elaboração inconsciente,

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3. Defesa da introspecção. A êste conjunto de argumentos não deixam de responder os partidários da introspecção com certas observações razoáveis, sublinhando ao mesmo tempo a necessidade da introspecção, a existência de um domínio privilegiado para esta forma de conhecimento, e a possibilidade de submetê-la a técnicas rigorosas. 9 Cf. A. MICHOTIE "Psychologie et Philosophie", in Revu.e néo-sco!astique de Phi!osophie, XXXIX (1936), pág. 211.

a) Necessidade da introspecção. Tem-se feito observar em primeiro lugar que, admitindo o bem fundado de tôdas as críticas dirigidas contra ela, deve-se confessar que a introspecção é o único meio que possuímos de dar um sentido ao comportamento. Não posso compreender o que me dizem quando me falam de dor, de côr, de prazer, de sentimento, de tendência,. de pensamento, etc., senão em referência à minha experiência ;pessoal. Só através dela é que se pode saber que o que se v~ ( ou se ouve) e o que se sente correspondem ao mesmo fenômeno_ Êste ·argumento parece-nos discutível. Reduz-se, com efeito. claramente a identificar consciência e introspecção, o que é um êrro manifesto, como se tôda consciência fôsse reflexão sôbre seus. próprios estados. Em realidade, o que se requer para se represem:tar o psiquismo alheio é, sem dúvida, ter experiência da dor, da alegria,.

do prazer, da; e1noção, etc. Mas justamente esta experiência não supõe a introspecção: ela é essencialmente algo vivido, e é por isso t.ambém que o comportamc-nto alheio, de ordinário, é compr-eendidoimedi.atamente, espontâneamente , diretamente, sem introspecção 1ui111reflexão. As lágrimas, por exemplo, revelam a dor, sem nenhuma

inferência: elas são, de certo modo, a própria dor, visível e sensível; o significado é imanente ao sl.nal e forma um com êle. Se, pois, é certo que o psíquico não significa alguma coisa senão pa.ra quem dêle tem alguma experiência, daí não se segue que êle só seja acessível por introspecção, nem que a psicologia cientifica tenha necessidade de ultrapassar o ponto-de-vista do comportamento, éompreendido segundo todo o seu sentido.

De fato, mostramos (15) que o próprio ponto-de-vista d comportamento absolutamente não pode r>rescindir da introspecção. A fórmula Situação-Respo sta longe está de revelarnos sempre sua significação. Fazendo abstração do fato de que entre o estímulo e a resposta se intercala todo um psiquismo que será preciso conhecer muito bem, existem numerosos. casos em que não é exigida a significação do comportamento pela estrutura objetiva. O gesto da esmola que vejo alguém fazer só me é revelado em seu verdadeiro sentido (ostentação? filantropia? compaixão? hábito?) por aquêle que o realiza. Como muito bem diz A. MICHOTTE (loc. cit., pág: 226), "o único instrumento registrador do aspecto principal da resposta é o próprio homem" .. Pode-se admitir, ademais, que neste caso não se trata de tomar o significado como se atestasse a existência de um fato de consciência de dada espécie ( o que dependeria das discutíveis formas da introspecção), mas somente como designando um fato suscetível de ser pôsto em relação com um comportamento objetivo, e de, como tal, ser submetido à medida, mediante recurso à avaliação subjetiva do sujeito. · A objeção de que os têrmos dor, côr, prazer, etc. não significam talvez as mesmas experiências para uns e para o·i1tros não é dlcisiva.

mpregados encobrem certamente experiências que e~-ie enças acidentais, que dependem dos psiquismos indivirroâ~r 1 cerr_am ue: podem ser importantes, mas correspondem aos mesmos . ·nci,as Não sabemos nem podemos saber se a dor de dilais, e q tipos de ~xr~rivídu~ é ou não exatamente semelhante à dor de que que fala ª mtemos experiência· mas sabemos perfeitamente que o ·• · d e prazer nem uma ' nós exper1enc1a não encerra nem uma d • mesmos termo «_ or~ côr Is.to basta para fundar uma ciência que, como p~rcep ç:3-o ·ae trat~rá do geral e fará abstração das diferenças indi(I 146) . · d · à ' 'd , c1enci tõda non datur scient·,a e m ivi uo.,. , viduals: tê

os ,

b) o domínio dos ?stados su?s~antivos. ~e existem fat~s ue escapam quase inteiramente a mtrospecçao e que c~11:stidomínio do que W. JAMES chamou estados transitivos qt da voz, . fl exoes . . uem O II?, preposiçoes, pelas conJunçoes, (expressados reque sentimentos antes e pensamento do melódico ráter ~~esentações), existem outros que, pelo ,que _tê:rp. de est~ve~, de · sólido e de definido, são realmente captáveis e observave1s, a saber: os "fatos substanti~os", ~m!!'g~ns, representaçõeQ.,.lerri,branças. É o que prova ate a evidenc~a o prog1:es_so_ do est~do da pcrcé'pção, graças aos métodos de mtrospecçao sIStematizados pela Escola da Forma. · c) Técnica introspectiva:. ~:riste~, com ef:,ito, ~1eios técnicos para dar um valor cientifico à mtrospecçao ate nos ,domínios em que os estados de consciência não têm a relativa estabilidade dos fatos de representação. :t!:stes meios consistem, geralmente, em substituir o ponto-de-vista da busca de . processos determinados ou de ?bjetos. psíqu~cos_, pelo P?nto-de-vista da determinação das leis da vida psiqmca mediante os métodos de concordância e de diferença (l, 198-199). :t!:stes métodos são os das ciências experimentais, em que os objetos s[w definidos por suas medidas e pelas leis que os regem. É por aí que a instrospecção adquire êste valor objetivo, isto é, controlável e medível (ao menos dentro de certos limites), que faz dela um instrumento científico. Mas isto significa igualmente que a introspecção entra, assim, como processo particular, no método objetivo, mais geral e mais seguro. 4. Natureza e alcance da introspecção. Segundo o existencialismo, o problema da introspecção deve ser a.presentado sôbre n