Off the Beaten Path

Quando a garotinha de Ward Johannsen, Ava, se transformou em um lobo, ela foi levada pelos federais e enviada para a mat

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Off the Beaten Path

Table of contents :
ÍNDICE......Page 6
CAPÍTULO 01......Page 8
CAPÍTULO 02......Page 16
CAPÍTULO 03......Page 25
CAPÍTULO 04......Page 33
CAPÍTULO 05......Page 40
CAPÍTULO 06......Page 47
CAPÍTULO 07......Page 58
CAPÍTULO 08......Page 67
CAPÍTULO 09......Page 74
CAPÍTULO 10......Page 86
CAPÍTULO 11......Page 96
CAPÍTULO 12......Page 105
CAPÍTULO 13......Page 115
CAPÍTULO 14......Page 124
CAPÍTULO 15......Page 134
CAPÍTULO 16......Page 145
CAPÍTULO 17......Page 160
CAPÍTULO 18......Page 175
CAPÍTULO 19......Page 191
CAPÍTULO 20......Page 199
CAPÍTULO 21......Page 208
CAPÍTULO 22......Page 218
EPÍLOGO......Page 222
Fim......Page 226

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OFF THE BEATEN PATH Cari Z.

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SINOPSE Quando a garotinha de Ward Johannsen, Ava, se transformou em um lobo, ela foi levada pelos federais e enviada para a matilha mais próxima, todos os laços entre pai e filha foram cortados. Ward quase se destruiu, mas encontrou a localização dela e então quase congelou até a morte nas montanhas do Colorado localizando sua nova matilha. E isso foi apenas o começo de sua luta. Henry Dormer é um lobo alfa e um soldado de elite das Black Ops que falhou em sua última missão. Ele volta para casa, esperando ter algum tempo para se recuperar e ajudar o mais novo membro da matilha a se enturmar, uma filhote chamado Ava, que não consegue voltar à sua forma humana. Em vez disso, ele conhece Ward, que se recusa a deixar sua filha sem brigar. Os dois homens são tão diferentes quanto noite e dia, mas seu respeito um pelo outro gera uma centelha de interesse mútuo que rapidamente se transforma em chamas. Eles podem encontrar algo especial juntos amor, paixão e até uma família - se puderem sobreviver a guardiões da matilha que preferem atirar primeiro e perguntar depois, politicagem violenta em relação aos lobos e agências do governo intrometidas que são tão capazes de matar seus soldados alfas, quanto levá-los para casa com segurança.

ÍNDICE ÍNDICE CAPÍTULO 01 CAPÍTULO 02 CAPÍTULO 03 CAPÍTULO 04 CAPÍTULO 05 CAPÍTULO 06 CAPÍTULO 07 CAPÍTULO 08 CAPÍTULO 09 CAPÍTULO 10 CAPÍTULO 11 CAPÍTULO 12 CAPÍTULO 13 CAPÍTULO 14 CAPÍTULO 15 CAPÍTULO 16 CAPÍTULO 17 CAPÍTULO 18 CAPÍTULO 19

CAPÍTULO 20 CAPÍTULO 21 CAPÍTULO 22 EPÍLOGO Fim

CAPÍTULO 01

Ward Você não conseguiria se aproximar de um lobo sem ser percebido. Não era possível. Todos concordavam com isso, desde as milhões de referências da cultura pop até as pessoas que realmente administravam missões com eles. Lobos tinham sentidos super desenvolvidos e eram incrivelmente protetores de seu território e sua matilha. Você pode prender um lobo, enganar um lobo, pode até negociar com um lobo - eu estava apostando nisso -, mas você não conseguiria pegar um de surpresa. Eles poderiam dizer onde você estava pisando quase antes de seu pé atingir o chão. Então, por que eu estava do lado de fora de uma cerca de arame no crepúsculo nevado, congelando lentamente até a morte enquanto esperava alguém perceber que eu estava lá? Eu estava contando em ser encontrado rapidamente; eu realmente não tinha trazido roupas para a neve. Minha culpa - Davis disse que eu precisava mais do que um suéter e uma jaqueta pro inverno da Califórnia do que para o inverno do Colorado, mas eu estava frenético demais para ouvi-lo. Se eu morresse agarrado a uma cerca no meio do nada, Davis poderia me trazer de volta à vida só para que ele pudesse me matar novamente por ser tão idiota. "Evite o guardião", ele disse, lábios finos se apertando enquanto me entregava o mapa. Um mapa físico real, não GPS - nada que eu pudesse programar no meu telefone. “Você não pode seguir pela estrada principal sem ser parado, então terá que caminhar até a outra parte da reserva. E queime esse mapa quando terminar. Estou falando sério, Ward. Se for encontrado por pessoas erradas, poderá causar um incidente de terrorismo doméstico.”

"Eu vou destruí-lo", prometi apressadamente, olhando para ele antes de colocá-lo no meu bolso. Naquele momento, minha filha Ava estava sumida por três meses. Pelo menos ela não estava mais desaparecida. Davis descobriu a matilha para a qual ela tinha sido enviada. Eu só tinha que encontrá-la, convencer o lobo mais próximo a fazer perguntas antes de atirar ou morder ou, o que mais me agradava, convencê-los a me deixar ficar. Bom, pelo menos eu consegui a primeira parte. “Vocês não têm câmeras?” Meus lábios estavam tão frios que mal conseguia articular as palavras, mas o ato de falar pareceu romper a camada de gelo que esfriou minha raiva desde que comecei a caminhar. Eu tinha percorrido onze quilômetros na neve depois de abandonar meu carro, o sol pálido do inverno fazendo pouco para me aquecer enquanto eu caminhava, esperando encontrar um sinal de que eu estava indo na direção certa. Encontrar a cerca parecia uma dádiva de Deus na época, mas eu já tinha a encontrado há mais de uma hora, esperando por qualquer coisa, mas até agora nada. Minha respiração ficou rouca e tive que parar e usar meu inalador duas vezes. Um pouco mais do que isso e eu estaria com problemas de verdade, então mantive minha respiração superficial e meu cachecol sobre minha boca. "Sério", continuei. “Que matilha de lobos não tem câmeras cobrindo todas as partes de seu território? Como vocês ainda não me viram? Se vocês não forem tão paranoicos como me fizeram acreditar, ficarei muito irritado.” E talvez morto também, mas esse era meu problema, não deles. Na verdade, não, eu também tornaria o problema deles. "Vou escalar esta cerca", anunciei à escuridão crescente à minha frente. “Eu vou escalar essa porra de cerca, e vou ficar todo enrolado no arame farpado no topo, e então vocês desejarão ter me encontrado enquanto eu ainda estava vivo, seus idiotas, porque vocês terão que ficar me desembaraçando por horas, porra!" Eu não acho que xinguei tanto desde o funeral do meu irmão. Ok, eu estava com raiva, mas também estava falando sério. Alguém já deveria ter me visto na câmera agora. Davis tinha sido muito claro sobre

isso. Talvez a câmera mais próxima não estivesse transmitindo - eu precisava mudar de posição então. Eu precisava escolher um caminho e seguir em frente, porque se não começasse a andar agora, talvez não fosse capaz de fazer isso depois. Direita ou esquerda? Em que direção a estrada que passava pelo guardião estava? Eu já tinha queimado o mapa, merda, merda…. Eu fui para a direita. Se eu pegasse a estrada, pelo menos o guardião provavelmente me manteria vivo se me encontrasse. Eu não seria capaz de ajudar minha filha se estivesse morto. Meus pés estavam perigosamente dormentes, e meu nariz já devia estar azul. O vento fez meus olhos lacrimejarem, e as lágrimas congelaram em minhas bochechas. Agarrei-me à cerca, usando-a para me orientar e para me dar apoio. "Eu vou te encontrar, bebê." Eu vou mesmo. "Eu vou te encontrar." Eu preciso te encontrar. Eu não ia me sentar e deixar o governo tirá-la de mim só porque ela se tornou um lobo. A mutação existia desde o início dos anos quarenta, quando um experimento para criar um supersoldado resultou em homens que, em vez de ter todos os sentidos aguçados dos lobos, na verdade se transformaram em lobos. Eles escaparam do confinamento em Pine Camp, no norte de Nova York, loucos de medo e adrenalina, e partiram para uma farra de mordidas. A maioria dos mordidos morreram depois de se transformarem em lobos. Porém, alguns deles conseguiram voltar a forma humana. O governo assumiu a responsabilidade por seu erro e dividiu os lobos sobreviventes em bandos. Hollywood os amava, os cientistas queriam estudá-los e os fanáticos queriam matá-los, mas, na maioria das vezes, lobos verdadeiros ficavam firmemente fora dos holofotes. A única exceção a essa regra foi quando alguém se transformou inesperadamente. Alguém como a minha Ava. A mordida não se manifestava licantropia para todos que eram mordidos. Algumas pessoas, uma pequena porcentagem das pessoas expostas à mutação, eram simplesmente imunes à mudança. No entanto,

eles poderiam carregar a mutação, e eles poderiam transmitir adiante. Com a Ava, o gene deve ter vindo de sua mãe. Os que tinham a mutação eram quase sempre incrivelmente saudáveis e eu estava longe de ser um modelo de vitalidade. Tanto que eu não costumava ser atraído por pessoas que podiam engravidar. De vez em quando, uma meia dúzia de vezes por ano, uma criança mudava. Normalmente, isso não acontecia até a puberdade, ou em algum outro momento de estresse extremo. Para minha filha, foi seu primeiro dia de pré-escola. "Papai, nãooo." Eu ainda podia ouvir a voz dela naquela manhã na minha cabeça. Eu estava atrasado, estressado com o início de um novo semestre e com o desafio de conseguir vestir a minha filha, alimentá-la, colocá-la em sua cadeirinha antes das oito da manhã. Ela estava carente, mais do que o habitual. "Eu quero ficar com você!" "Mas você é uma garota grande agora, querida. Garotas grandes vão para a escola. Você vai se divertir muito e fazer muitos novos amigos.” Eu recebi o telefonema sobre a transformação dela no almoço, logo depois de dispensar quarenta calouros da minha aula de Introdução a Física na faculdade comunitária onde eu dava aula. Eu não tinha reconhecido o número no começo - eu quase deixei tocar na caixa correio de voz. "Alô?" "Sr. Johannsen?” As palavras da mulher tinham sido quase enroladas para entender. Ela limpou a garganta. “Aqui é Maria Kostakis. Professora da Ava.” "Oh, céus." Eu suspirei e afundei na minha cadeira. "Ela está bem? Ela não está doente, está? Ela estava muito triste esta manhã, mas não estava com febre em casa." "Ela..." Nunca ninguém hesitou assim comigo. Isso fez meu coração bater mais forte no meu peito.

"Ela o quê?" Eu perguntei irritado. "O quê?" “Ela está mudando.” Essas palavras eram difíceis de falar, mas depois que as disse, Kostakis continuou cada vez mais rápido. “Na hora do lanche, ela me disse que suas mãos doíam e quando olhei para elas, eu vi - havia garras saindo pela ponta dos dedos e as palmas das mãos estavam mudando de cor. Levei-a ao consultório da enfermeira antes que as coisas piorassem, mas nossa escola não tem o tipo de instalações de contenção necessárias para lidar com uma transformação, então-" "Instalações de contenção?" “É procedimento padrão, senhor Johannsen. Se uma criança muda em um ambiente público, ela deve ser contida imediatamente para não infectar outras pessoas. A enfermeira chamou a polícia e, quando a equipe da SWAT chegou-" “Uma equipe da SWAT? Ela só tem quatro anos!” Eu sabia o básico sobre lidar com uma mudança inesperada - trabalhei na educação pública - mas uma equipe da SWAT parecia demais. “Um lobo de quatro anos. O perigo que ela colocou toda a nossa escola, eu apenas..." "Ela é uma criança, não uma bomba!" "Ela pode muito bem ser uma bomba!" Kostakis gritou comigo. Levou mais tempo do que eu gostaria até eu conseguir fazer ela falar o resto da cadeia de eventos. A SWAT havia chegado, conduziu minha filhinha para uma jaula e a levou para a instalação governamental mais próxima, equipada para lidar com lobos. Quando cheguei lá, Ava já havia sido transportada novamente. E desta vez"Não podemos dizer para onde ela foi, senhor Johannsen." "Pro inferno que você não pode." Eu nunca fiquei tão bravo em toda a minha vida. Nunca: nem quando eu estava internado no hospital por semanas a fio, nem quando Rick e Davis haviam se alistado, nem quando a mãe de Ava nos deixou. "Ela é minha filha. Eu sou o pai dela, seu tutor legal. Você não pode simplesmente tirar minha filha de mim."

O oficial do estado atrás do vidro à prova de balas havia assistido ao meu ultraje sem piscar um olho. “Na verdade, sob a Lei de Segurança em Isolamento de 1946, podemos. Sua filha é membro de uma espécie protegida, mas perigosa, e o melhor lugar para ela é em um bando em que ela receberá cuidados e supervisão adequados. Os lobos precisam viver em matilha para se manterem mental e emocionalmente estáveis.” "E como arrancá-la de tudo o que ela sempre soube a torna emocionalmente estável?" Eu exigi. “Ava é filha única - ela começar a escola hoje de manhã! Sou tudo o que ela conhece e ela precisa de mim. Precisamos ficar juntos." “Lobos se adaptam de maneira diferente à mudança que os humanos, e a Ava é bem jovem. Ela se sairá melhor em sua nova casa do que você está pensando. Independentemente disso, Sr. Johannsen, você não poderá vêla." Olhos frios me consideraram desapaixonadamente. "É melhor se você aceitar o pagamento do governo pela transição e esquecer que já teve um filho." "Não quero, obrigado." Eu levantei, tão furioso, eu mal tinha energia para ficar em pé. Minha respiração era tão superficiais que eu estava tonto, mas pro inferno que eu mostraria alguma fraqueza na frente de um burocrata sem alma. "Você vai receber uma visita do meu advogado em breve." “Se é assim que você quer que as coisas sigam. Você não vai chegar a lugar nenhum com isso." "Vai se fuder!" Eu sai de lá cheio de indignação, o suficiente para abafar meu medo. Eventualmente, porém, as mesas viraram, e o medo tomou conta da minha confiança quando eu soube que o oficial estava certo. Nenhum advogado aceitou o meu caso. A lei era rígida: os lobos não eram classificados como humanos. Eles eram uma subespécie perigosa e eram de propriedade do governo. Qualquer tentativa de localizar minha filha resultaria em minha prisão, que eu teria arriscado se pudesse chegar a algum lugar. No final, a única pessoa que me ajudou foi o Davis, e eu ainda não sabia

tudo o que ele precisou fazer para obter as informações que ele tinha conseguido. Eu perguntei, mas ele não queria compartilhar as suas fontes. Eu não me importei, desde que ele estivesse certo. Suas informações me trouxeram até aqui, Middle Of Nowhere, Colorado, onde ele disse que eu encontraria Ava. Deus, eu estava com tanto frio. E quando meus pés tinham parado de se mover? Eu olhei para eles através dos meus cílios congelados, desejando que eles continuassem, mas eles recusaram. Quão longe eu andei desde que encontrei a cerca? Havia outra câmera? Meu braço estava pesado como uma bigorna, e era tão difícil continuar segurando a cerca quando tudo que eu queria fazer era descansar. Só um pouquinho. Só... "Ei." Uma pressão tão leve, que mal senti, na minha mão me fez virar. Havia alguém do outro lado da cerca - uma pessoa de verdade. Alucinações podem ser capazes de falar, mas eu não as sentiria, certo? Ela estava praticamente escondida por uma jaqueta com capuz forrada de pele, mas eu podia ver a metade superior do rosto dela. Os olhos dela pareciam preocupados. "Por favor", eu resmunguei. O frio rasgou minha voz em pedaços. "Deixeme vê-la. Eu preciso ver meu bebê." "De quem você tá falando? Como você chegou aqui?" "Ava. Minha filha. Ela - eu sei que não deveria estar aqui; eles me disseram para simplesmente esquecê-la, mas ela é tudo o que tenho. Por favor. Farei qualquer coisa para vê-la." Qualquer coisa. Sua mão enluvada agarrou a minha com mais força. "Qual é o seu nome?" "Ward Johannsen." "Como você nos encontrou?" "Por favor." Eu estava com tanto frio, e minha mão estava tão pesada. Ela caiu da cerca, mesmo que ela estivesse tentando segurá-la. Meus joelhos caíram e ouvi a mulher gritar. "P-por favor". Inclinei minha cabeça contra os implacáveis elos de metal, as únicas coisas que estavam me impedindo

de cair na neve. Ela se ajoelhou do outro lado da cerca e olhou para mim. "Sr. Johannsen. Sr. Johannsen! Ward!" Eu pisquei para ela. "Merda." Ela desviou o olhar por um momento. "Henry vai me matar." Ela olhou para mim. "Foda-se. Voltarei aqui em dois minutos, Ward. Entendeu? Não se deite." Ela balançou a cerca para enfatizar. “Não se deite! Diga que me entende." "Eu..." “Se você se deitar, não poderá ver a Ava. Espero que você tenha prestado atenção. Ava precisa que você fique acordado!" Meu bebê precisava de mim. "Eu vou ficar acordado." "Ótimo." Ela se levantou. "Dois minutos, Ward. Eu já volto." Ouvi o ruído de seus passos desaparecendo no escuro e pressionei minha testa com força contra a cerca. Dois minutos. Eu conseguiria fazer aquilo. Contanto que eu não morra primeiro.

CAPÍTULO 02

Henry Quando cheguei à Academia da Força Aérea em Colorado Springs, eu já estava no céu por mais de doze horas. Doze horas foram suficientes para o cheiro do medo da minha unidade de resgate gradualmente diminuir e dar lugar a um suspiro aliviado e cheio de suor. Eis que não tinha matado ninguém. Ninguém que eles viram, pelo menos. Nenhum desses garotos tinha experiência em trabalhar com um lobos, e essa ignorância aparecia nos olhares furtivos e nas conversas sussurradas que eles claramente não sabiam que eu podia ouvir. Provavelmente, nenhum deles jamais quis trabalhar com um agente como eu - não eram curiosos ou ousados o suficiente para me fazer perguntas. Isso não me impediu de perguntar algumas coisas a eles, no início da missão de escolta deles. "O que aconteceu com o resto do meu esquadrão?" "Eles foram convocados antes que eles pudessem fazer um encontro com você, senhor." Pelo menos, o tenente conseguiu me olhar nos olhos enquanto repetia as coisas para mim. "Alguma vítima?" "Nenhuma que eu saiba." "Eu preciso de uma linha segura para verificar isso com o meu comandante." "Ele me informou pra você verificar suas mensagens pessoais, senhor." Mensagens pessoais. Os dados encriptados estavam sendo deixados na porra da minha caixa de entrada agora. Isso me mostrava o quanto o Coronel Hill estava chateado comigo. Eu tinha usado o telefone seguro no

cockpit do C-17, uma aeronave grande demais já que estava transportando apenas cinco homens, e fiz meu check-in com ele. “Você voltou sem o matilha, levou mais que o prazo aceitável, e quase alertou a sua presença nas linhas inimigas. Considere-se de castigo até entender melhor suas capacidades, major Dormer." Clique. "Puta merda." Não que eu não estivesse esperando isso, mas isso tornaria a vida mais complicada para mim e pra minha matilha. Mais complicações eram as últimas coisas que eu precisava agora, mas pelo menos minha primeira equipe estava bem. Minhas babás irritadinhas finalmente me deixaram em casa, e isso era tudo o que importava. Eu precisava de comida, descanso e a presença da minha matilha para devolver o chão aos meus pés. Eu precisava de tempo, apenas um pouco mais de tempo. As coisas ficariam bem. Tinham que ficar. Sair daquele avião foi um alívio. Dei meu relatório - o diretor de operações especiais do local estava acostumado a lidar comigo - e então peguei uma carona até o portão, onde minha irmã Samantha estava me esperando em seu familiar 4Runner vermelho. Não, apaga isso. Seu marido, Liam, foi quem saiu do carro quando me aproximei. A tensão que estava deixando meu corpo, voltando com tudo, apertando meus ombros. Liam pareceu notar, se levasse em consideração a ruga de preocupação em sua testa. "Henry." Sua voz era baixa e clara, apenas a mínima sugestão de um sotaque do Quebecois evidente em sua pronúncia do meu nome. "Bemvindo de volta." "É bom estar de volta." Ele estendeu a mão e eu a apertei, depois o puxei para um abraço, pressionando meu nariz contra a curva de seu pescoço. Os humanos devem ver dois homens adultos se abraçando em um estacionamento e achando aquilo estranho, mas para mim, essa saudação era tão tradicional quanto um aperto de mão. Liam fazia parte matilha - era novo na matilha - mas ele carregava o perfume da minha irmã em cada

centímetro de sua pele, e o cheiro dos meus lobos embaixo disso. Liam me cheirou, e eu posso dizer que ele não gostou do que havia acabado de cheirar. Eu não tinha tido a chance de me limpar e ainda me sentia banhado em sangue, poeira e morte. Não foi diferente da meia dúzia de outras missões, o preço que paguei como alfa da matilha La Garita, mas Liam cresceu com um teto sobre a cabeça. Senti seu desgosto e me afastei antes de causar mais desconforto. Foi o suficiente para ter o cheiro de casa na minha cabeça novamente. Logo a dor no meu coração diminuiria. Joguei minha mochila no banco de trás em silêncio. Liam me ofereceu as chaves, mas eu as recusei. "Estou cansado. Talvez eu deva cochilar um pouco no caminho pra casa." Era uma viagem de quatro horas de Colorado Springs, tempo de sobra para passar vergonha com meu novo cunhado. Deus, espero que eu consiga dormir. "É claro." Ele sentou no banco do motorista, ligou o carro e ligou o 1 aquecedor. O rádio estava na estação NPR . Óbviamente. Nenhum metal pesado ou hard rock para Liam. Tive sorte de não estarmos ouvindo jazz ou pop francês. "A Samantha queria vir." Ah ok, então nós vamos falar sobre isso. "E ela não veio porque?" “A filhote menor, a nova. Ava? Ela não está indo tão bem." Merda. "Qual é o diagnóstico do Tennyson?" Liam suspirou. “Ele não tem um. Ele não consegue encontrar nada de errado com ela. A transformação dela não está visivelmente fora de alinhamento, não afeta o coração ou os pulmões, mas ela está completamente apática." “Ele não tem um." Balancei a cabeça. "Ele deve odiar isso." "Ele odeia, bastante", Liam concordou. Tennyson foi outro dos recémchegados, transferido de uma matilha desmantelada na costa leste. Ele era um dos poucos lobos com treinamento médico para ambos os nossos lados: humano e animal, e depois do que aconteceu com sua última

matilha, ele se tornou irritadiço pra caralho. Eu deveria estar lá com ele. Eu deveria estar lá para facilitar o caminho para os dois. Minha última missão não poderia ter vindo na pior hora. Três recémchegados em menos de um mês: um que acabara de perder a matilha, um que estava se casando com um membro da minha matilha, e uma criança presa em sua forma loba que uivava sem parar, tão desanimada que ela se recusou a comer por quase uma semana. Eu era o alfa da matilha de La Garita. Era meu trabalho acolher novos membros, ajudá-los a se integrar e se tornarem parte de um novo todo. Era isso que a matilha era: lhe dava uma sensação de totalidade, uma âncora para uma alma que vivia em um corpo instável. Era uma família, ou era isso que aspirava ser. Tennyson estava se acostumando, sua guarda ainda estava alta, mas sua relutância em socializar diminuía. Liam e Sam voltaram da lua de mel ainda mais ridiculamente apaixonados do que quando partiram, o que tornou um pouco mais fácil para eu lidar com o fato de ter que compartilhar minha irmã agora. Até Ava tinha finalmente parado de chorar, disposta a pegar comida diretamente da minha mão. Ela era uma lobinha com força de vontade, completamente adorável, e eu tinha três casais diferentes competindo para recebê-la em suas casas quando ela voltasse para a forma humana. E então eu recebi a ligação. Quase um mês depois, aqui estava eu: voltando para casa sem o sucesso que saciaria meus superiores, enrijecido e esgotado por correr demais e não dormir o suficiente e com tão pouco contato com a minha matilha que era quase como se eu não fosse parte dela. Sam me perguntaria sobre isso. Eu sabia que ela suspeitava, mas ela estava feliz demais para pensar nisso antes. Desta vez, eu terei que aumentar a minha mentira para que ela a engolisse. "Eu vou vê-la quando voltarmos." Talvez passar a noite com Ava na minha outra forma a conforte um pouco. “Samantha está com ela todos os dias desde que você saiu. Ela está fazendo tudo o que pode." Aquilo era censura na voz dele? "Eu sei disso", eu disse com lentidão deliberada. "Eu não estou acusando minha irmã de nada."

“Havia muito o que lidar enquanto você estava fora. Algumas bem difíceis para um humano." Fazer de Sam o chefe da matilha enquanto eu estava fora não era novidade, mas Liam ainda não entendia a maneira como executávamos as coisas. Sam pode ser humana, a única humana lá, mas ninguém a dominava. Se ela tivesse nascido lobo, eu tinha certeza que ela teria acabado com o alfa, não eu. Dado o trabalho que faço para os militares, fiquei feliz por eu ter assumido a responsabilidade. "Sam sabe como lidar com as coisas quando estou fora." "Ela estaria em apuros se ocorresse uma briga." Eu podia sentir meu queixo começar a ranger. Era ali que minha transformação quase sempre começava, e a última coisa que eu precisava agora era descontar minha raiva no meu novo cunhado. "Teve alguma briga?" "Não, mas-" "Você não estaria lá para ajudá-la se uma briga tivesse começado entre os meus lobos?" "Claro que sim." Sua voz era suave agora. Ele sabia que tinha ultrapassado - eu podia sentir o cheiro da acidez fraca de seu pedido de desculpas - mas meu bom humor se foi. "Você nunca fez parte de uma matilha como a nossa antes, Liam." "Minha matilha era ..." "Sua última matilha era de lobos solitários que quase não interagiam, porque seu governo não sabia mais o que fazer com vocês." A grande maioria dos lobos eram americanos, mas o gene se espalhou para algumas outras nacionalidades. Havia infectados no Canadá o suficiente para formar uma matilha nas montanhas Laurentian, mas eles não haviam crescido juntos, não haviam passado a vida inteiro juntos. “A matilha La Garita é diferente. Minha mãe foi alfa antes de mim e o pai dela antes dela. Ele foi um dos primeiros soldados infectados com a mutação. Nossa matilha está firmemente estabelecida, e a maioria de

nossos membros faz parte dela a vida toda. Eles nos conhecem. Eles não colocariam a Sam em risco, mas se você acha que ela não possui algum plano B para sua própria proteção, não a conhece muito bem." Deixei minhas íris migrarem de azul para ouro. "Não desaponte minha irmã subestimando-a." Meu olhar alfa dizia: ou então... Se o Liam pudesse ter se encolhido mais profundamente em seu assento, ele estaria debaixo ele. "Eu não vou." "Fico feliz de ouvir isso." Levou mais esforço do que o habitual para fazer meus olhos voltarem ao normal. Passei muito tempo como lobo ultimamente. Eu precisava chegar em casa, ver minha irmã, me encontrar com o novo filhote e descansar. Deus, eu precisava descansar. Eu me senti tão cansado agora que estou de volta em um terreno amigável que mal consegui me segurar. Inclinei minha cabeça contra o vidro frio da janela e fechei os olhos. Eu não seria capaz de dormir com Liam no carro, não depois da nossa pequena briga, mas pelo menos eu poderia me poupar do trabalho de continuar conversando com ele. Aparentemente, eu estava mais cansado do que pensava, porque a próxima que lembro era estar sonhando que eu estava abaixado e tremendo, e de repente estava acordando num susto e estalando minhas presas de 1,5cm na direção do barulho. Liam havia puxado a mão que tinha colocado em meu ombro, com apreensão em seu rosto. Meu queixo estava distorcido, doendo de forma normal de quando acontecia uma mudança parcial. Forcei meus dentes de volta para a forma humana e me orientei. "Ah." Estava escuro agora, mas o 4Runner rugiu ao som dos buracos da estrada de terra, e acima das árvores eu pude distinguir a borda de montanhas familiares ao luar. Estávamos quase na casa do guardião. "Eu achei que você ia gostar de um momento para se recompor antes de falar com ele." "Obrigado." "Henry..." Eu pensei por um momento que ele não iria falar nada, mas Liam se recompôs e continuou. "Você está bem?"

Eu queria bater nele. Foda-se, eu realmente queria beliscá-lo, tirar um pouco de sangue e colocá-lo em seu lugar, mas Sam iria arrancar minha cabeça se eu fizesse isso. E ele era da família. Eu precisava fazer um esforço, mesmo que fosse mais difícil do que eu me lembrava. "Foi uma missão difícil." Eufemismo do ano. “Eu só preciso de um pouco de tempo para me recompor. Eu vou ficar bem." "Ok." Eu podia sentir a dúvida em sua voz, mas não tinha tempo para continuar o assunto - já estávamos parando na frente da casa do guardião. John Parnell estava nos esperando na estrada, fazendo uma careta como sempre. A casa dele estava bem iluminada e eu pude ver a silhueta de sua filha se movendo pela sala, provavelmente limpando os pratos depois de outro jantar na sala. As coisas tinham sido diferentes para a família desde que sua esposa Clara foi embora no ano passado, e não no bom sentido. John era nosso guardião há mais de duas décadas, mas isso não significava que ele gostasse de nós. Porém, ele fazia o seu trabalho. "Porra, é mais frio que o polo norte aqui", ele resmungou quando eu baixei a janela. Ele me passou uma pilha de papéis escritos à mão. Poderíamos ter transmitido todas essas informações digitalmente, mas o governo estava sendo cauteloso, e com razão, a respeito da rede de lobos sendo hackeadas. O isolamento das informações era uma parte necessária para manter a matilha segura. “Próximas datas de entrega, relatórios de incidentes e registro de manutenção. A câmera nove está com defeito." "Outra?" Eu fiz uma careta enquanto olhava para os papéis. "No mês passado, foram seis câmeras." “Elas não são construídas para resistir ao clima frio e infraestrutura está ficando velha. É melhor solicitar uma revisão do sistema.” Eu bufei. "Sim, acho que isso não vai acontecer tão cedo." Eu não receberia nenhum favor dos meus superiores até que eu lhes desse uma missão bem-sucedida. Eu já estava extrapolando as coisas, montando um grupo maior e recrutando novas pessoas. "Ah é?" John levantou uma sobrancelha grossa e cinza. "Está interessante no exterior?"

"Pode se dizer que sim." "Hum. Bem, não querendo dar mais trabalho a você, mas deve saber que viram um grande 'cachorro' branco logo depois de Monte Vista. Ninguém o pegou fazendo nada de errado ainda, mas o tempo vai piorar no próximo mês. Se está procurando comida..." Merda. "Eu entendo." Eu não conseguia pensar em "vira-latas" agora. Wilson conseguiu se manter firme nos últimos quinze anos; ele poderia se controlar por mais um inverno. Ele ficaria bem. "Espero que sim." Ele deu um tapa na lateral do caminhão. “Está fora do seu alcance por enquanto, pelo menos. Não deixe isso te afetar demais. Bem vindo de volta, Alfa Dormer." "Obrigado, John. Diga oi para as crianças por mim." "Eu direi." Ele não diria. Voltou para sua casa e eu fechei a janela. Nós estávamos quase lá. A sensação de perturbação que eu vinha sentindo desde que saí estava finalmente diminuindo. Minha casa estava me esperando. Minha matilha. Minha família. Ia ficar tudo bem. Quando chegamos à cerca, Liam abriu um programa em seu telefone e digitou um código. O portão se abriu para nós, fechando automaticamente quando chegava ao ápice. O complexo ficava um pouco menos de dois quilômetros adiante. Eu já podia ver as luzes através das árvores. A primeira cabana no final da estrada era nossa, em frente e um pouco afastada do resto de nossa pequena cidade. Era maior que a maioria das outras casas, uma lembrança de quando nossa família era mais numerosa. Troncos escuros e um telhado de telhas vermelhas davam quase uma aparência Bavária, e a luz da varanda brilhava intensamente. Eu pulei da caminhonete quase antes de Liam parar, indo em direção à porta da frente, correndo. Eu estava em casa, finalmente estava... Espere. Inspirei profundamente, cheirando o ar bem na frente da porta. Havia um cheiro aqui que eu não reconheci. Uma pessoa aqui que eu não reconheci. Invasor.

Bati a porta com tanta força que as dobradiças gemeram. Liam estava logo atrás de mim, e eu segui o cheiro do intruso até a sala, sentindo a transformação começar a puxar meu rosto novamente, fazendo as pontas dos meus dedos ficarem prontas pra explodir em garras que seriam... "Henry, pare!" Só Sam estava ali, bem na minha frente, cheirando normal. Um pouco estressada, mas saudável. Seus longos cabelos loiros estavam presos em um coque desgrenhado no topo da cabeça, e ela usava uma das minhas camisas da faculdade. Ela cheirava como nós. Ela cheirava a "lar". "Está tudo bem", disse ela, e eu queria derreter no chão, cair com o meu alívio. "Estou bem. Tá tudo bem." Ela sorriu para mim, ampla e feliz, e estendeu os braços. "Deus, eu estou tão feliz que você voltou." Eu a abracei, e estava quase perfeito. Quase perfeito. O cheiro do intruso ainda espreitava no ar, mais forte do que nunca agora, e mesmo que eu não quisesse nada além de relaxar, não consegui. Eu olhei por cima do ombro dela no sofá. Um homem estava sentado enrolado em uma bola no canto direito do sofá, embrulhado no que pareciam todos os cobertores da casa inteira. As mãos dele, segurando uma caneca morna de chocolate quente, pareciam dolorosamente vermelhas, e eu ouvi um ruído áspero no peito dele a cada respiração. Seu rosto magro espreitava por baixo dos cabelos finos cor de palha, mas sua expressão era descaradamente desafiadora. Ele também era... Totalmente humano. Não era um lobo- ele nem cheirava a um mensageiro. Não tinha lugar pra ele aqui, na minha casa. "Quem diabos é aquele?"

CAPÍTULO 03

Ward Lutar ou fugir. Dois imperativos biológicos destinados a salvar sua pele quando você estava se sentindo ameaçado. Eu tinha sido vítima de diversas brigas no passado - não fugia de problemas, encarava-os de frente. Meus amigos me chamavam de imprudente; eu me considerava determinado. A luta era um instinto familiar que eu poderia lidar. Eu nunca senti o desejo de fugir tão forte na minha vida, como agora. Parte disso foi o modo como aquela moça se comportou assim que ouviu a porta da frente abrir, seu rosto tinha uma estranha mistura de felicidade e apreensão quando ela se levantou de repente, me deixando sozinho no sofá. Parte disso foi o aviso de Davis ecoando no fundo da minha mente sobre o que fazer quando confrontado com um lobo, como se comportar ao enfrentar um alfa: não olhe nos olhos dele. Não se aproxime deles - espere que eles venham até você. E, merda, Ward, não grite com eles! A última coisa que alimentou meu desejo instintivo de fugir foi ver que o homem - lobo - que atravessou pela porta da sala, os dentes arreganhados como se estivesse pronto para arrancar a garganta de alguém, olhos brilhantes e ferozes e ardendo como estrelas. A visão dele parou minha respiração. Naquele momento, ele parecia maior que tudo que já vi, apesar de provavelmente não ser muito mais alto do que o normal. Ele era largo, porém, com peito estufado, cada centímetro exposto de pele bronzeada pelo sol, o resto dele escondido por fadigas bronzeadas e sujas. Seu maxilar era coberto de pelos ruivos, seu cabelo um tom próximo do marrom. Ele era... Cativante. Eu não conseguia parar de olhar. Quando seus olhos encontraram os meus, eu fiz uma careta para ele reunindo todas as minhas forças. Este foi o bastardo que roubou minha filha. Eu poderia estar tremendo por dentro, mas não havia como eu

recuar dele. Quando ele falou, sua voz era um rosnado estridente. "Quem diabos é aquele?" Ah, nem pensar. Ele não ia falar de mim como se eu nem estivesse aqui. Coloquei minha xícara de chocolate na mesa, joguei para o lado a maioria dos cobertores e me levantei. Ficar em pé foi mais difícil do que pensei, mas ei, pelo menos eu podia sentir meus pés agora. Sam falou antes que eu pudesse abrir minha boca. - Esse é o Ward Johannsen. Ele é o pai de Ava." Ela fez uma pausa. “Você se lembra de Ava? A filhote..." “Eu me lembro." Ainda rosnando. Nada bom. "O que ele está fazendo aqui? John não disse nada sobre-" Sam balançou a cabeça. “Ele não entrou pela estrada. Eu o encontrei no setor oito." Finalmente, ele falou comigo. "Você caminhou até aqui?" "Sim." Se eu tivesse soado um pouco mais rouco, poderia ter me passado por um pônei. "Pelo rio?" "Tem um rio lá?" Talvez fosse aquela extensão estranha sem as árvores. Eu bem que achei um pouco mais escorregadio do que o habitual. Ele fechou os olhos - ainda dourados - por um momento, parecendo menos um lobo e mais um soldado cansado do mundo. “Sim, tem a porra de rio de um lado do nosso território. Você tem sorte de não ter caído." "Certo. Sorte." eu zombei. "Sou sortudo mesmo." "Você é. Você sobreviveu pra chegar até aqui e vai viver o suficiente para partir. Parece bem sortudo para mim." "Não vou a lugar algum." "O caralho que você não vai."

O rosnado era mais pronunciado agora, ressonando em seu peito e através das cordas vocais que, obviamente, não eram mais inteiramente humanas. Meu coração estava pronto para explodir, mas eu não ia ser intimidado. "Eu não vou embora sem a minha filha." "Você não vai a lugar nenhum com ela." "Então parece que eu vou ficar aqui." A ideia me deixou um pouco enjoado, mas se aprender a viver com um bando de lobos fosse o que era necessário para ficar com Ava, então eu conseguiria. "Você não pode ficar aqui. Você tem idéia de quantas leis você quebrou ao pisar em nossa terra?" Ele se aproximou de mim, seu olhar mais frio do que o gelo em torno da casa. “Estou dentro do meu direito de lidar com invasores da maneira que achar melhor. O guardião nem sequer piscaria se eu entregasse seu cadáver para ele pela manhã." "Ok, chega disso." Sam se colocou entre nós dois, encontrando o olhar de seu irmão com um da mesma intensidade. “Não seja tão dramático. Você não vai matar ninguém, Henry." "O que você acha que eu tenho feito o mês passado inteiro, passeando?" Ele gesticulou para si mesmo. “Essas são as primeiras roupas que eu uso há semanas, Sam. Meu lobo não tem estado ocioso. A gente estava caçando." A boca de Sam se apertou com aquele lembrete sombrio, mas ela não hesitou. “Isso é trabalho. Aqui é o lar, e em casa agimos como as pessoas civilizadas que somos e conversamos sobre nossas diferenças sem derramamento de sangue.” "Ele não deveria estar aqui." "Pena, ele está aqui de qualquer maneira." "Ele não é da matilha, Sam!" Havia mais do que apenas raiva fazendo sua voz rouca. Havia desespero lá. Eu reconhecia bem. Isso quase me fez querer me acalmar um pouco, tentar ser um pouco mais apaziguador, um pouco mais gentil com uma

pessoa que obviamente tinha passado pelo pior. Quase. Eu não podia me dar ao luxo de recuar agora. Qualquer sinal de fraqueza, e esse cara - Henry - passaria por cima de mim. Ele em daria um pé na bunda e eu não poderia voltar. "Mas a Ava faz parte matilha", disse Sam gentilmente. Ela estendeu a mão e acariciou os braços do irmão. "E a Ava precisa de ajuda." Não era novidade para mim, não depois de passar uma hora interrogando Sam em sua própria sala de estar, mas o lembrete ainda me fez tremer. Ava não tinha mudado para a forma humana. Ela não estava se adaptando - porque não se sentia segura aqui, não o suficiente para relaxar em sua forma humana. Quanto mais tempo ela levasse para voltar, mais difícil seria a transição. Três meses não chegavam a ser o ponto de ruptura, Sam me assegurou disso, mas depois de mais três, Ava pode ser uma loba para sempre. E lobos que não podiam voltar a forma humano eram abatidos. Eu assisti, paralisado, o dourado finalmente desaparecer dos olhos do alfa. Eu não podia dizer a cor deles sob o peso de suas pálpebras, no entanto. Ele balançou em pé, um pouco, antes de balançar a cabeça e se soltar do aperto de Sam. "Devemos conversar", disse Sam. Seus dedos se contraíram como se quisessem que ele mudasse de opinião. “Eu mantive seu jantar quente no forno. Liam." Ela olhou para o homem silencioso parado na porta, seus olhos tão grandes quanto possível. "Você pode levar Ward para o quarto de hóspedes no andar de cima?" Ela se virou para mim e sorriu tranquilizadoramente. "Vamos à clínica ver a Ava de manhã." "Você jura?" Ela já me prometeu, mas eu queria que ela fizesse isso aqui, na presença de seu irmão. Eu queria que ele visse que eu tinha o apoio dela. "Eu juro." Henry se encolheu. Não foi um grande movimento, quase imperceptível, mas Sam imediatamente levou a mão para tocar nele. Ele recuou das mãos dela. "Certo. Vamos fazer isso antes que eu caia no sono." Ele se

virou e saiu sem olhar para mim. Sam deu um tapinha no meu ombro tranquilizadoramente. "Nós vamos logo depois do café da manhã amanhã, ok?" Seu tom era calmo, embora ela tivesse um vinco preocupado entre as sobrancelhas. "Ok." Concordei e ela seguiu o irmão para fora da sala. Liam, seu marido, eu assumi, encontrou meu olhar. "Ah. Posso, hum. Levar você para cima?" O pobre rapaz parecia pronto para dar um pulo para fora de sua pele. Talvez literalmente - como lobo, ele provavelmente poderia fugir de todo o drama muito mais facilmente do que como humano. "Claro", eu disse. Ele olhou ao redor da sala. "Você tem uma bolsa?" "Estou vestindo tudo o que trouxe comigo." Ele murmurou algo em francês, depois apontou para o corredor. "Por favor siga-me." Agora que me senti mais vivo, aproveitei o tempo para perceber o que estava ao meu redor enquanto subíamos as escadas. Toda a casa era feita de madeira: vigas grossas e pesadas polidas com perfeita suavidade por dentro. Elas eram pálidas, não escuras, e faziam a casa parecer clara, apesar de ter relativamente poucas janelas. O chão não tinha carpete, embora houvesse tapetes aqui e ali. O quarto ao qual fui levado parecia ter sido decorado em algum momento da década de 1940, com papel de parede floral lavanda e azul, um edredom acolchoado sobre a cama de casal e uma penteadeira antiga de madeira com um banquinho em frente a ele. Havia uma cômoda de aparência pesada contra uma parede e um baú ao pé da cama. "É do seu gosto?" Liam perguntou. "Sim." Sinceramente, não me importei, desde que eu pudesse deitar minha cabeça por algumas horas. Eu teria dormido feliz no sofá se isso significasse ver Ava mais cedo pela manhã.

“Vou pegar algumas roupas para você. As minhas vão ficar um pouco compridas, mas será melhor que as do Henry. "Você realmente não precisa se preocupar." "Por favor. É que…." Liam fez uma pausa, como se não tivesse muita certeza de como descrever o que queria dizer. “Nós podemos sentir seu cheiro. Mesmo em nossas formas humanas, nossos narizes possuem o olfato de nossos lobos." "Então, estou fedendo." Eu não fiquei surpreso. Apesar do frio, eu estava suando como um porco em algumas das partes mais difíceis da minha jornada. Ele balançou a cabeça. “Seu odor natural não é o problema. O medo que você sentiu é o cheiro mais acentuado. Esse cheiro tende a nos deixar nervosos." Pura merda. "Vocês podem sentir cheiro de medo?" “E outras emoções fortes, mas o medo é o mais simples. Um banho ajudaria." Aposto que sim. "Sem problemas." Eu não estava aqui para atormentar um bando de lobos apenas para convencê-los a me devolverem minha filha. Um banho provavelmente faria eu me sentir melhor também. "Ótimo." Ele pareceu aliviado. “O banheiro fica no final do corredor. Não tenha pressa." Em outras palavras, seja cuidadoso. "Pode deixar." Eu esperava um cubículo minúsculo e prático, não a enorme banheira que ficava sobre o piso aquecido. Eles poderiam ser lobos, mas definitivamente tinham um lado hedonista. Assim que vi a banheira, foi como apertar um botão no meu corpo. Minhas roupas pareciam rastejar pela minha pele, fazendo-me coçar como se estivesse tendo uma reação alérgica. Graças a Deus, entre a longa lista de coisas que eu era alérgico, pelo de cachorro não era uma delas, ou eu estaria com um problema sério quando alguém mudasse. Liguei o chuveiro, coloquei minhas roupas nos ladrilhos e subi na

banheira de grandes dimensões. Eu podia deitar na coisa e mal tocar os dedos dos pés na beirada, era enorme. Deitei na água morna, não quente já Sam tinha me avisado sobre não usar muito calor nos dedos das mãos e dos pés congelados, e fechei os olhos. A água estava incrivelmente relaxante, e eu exalei pesadamente, respirando um pouco mais fácil através dos meus pulmões machucados. Eu estava tão perto. Tão perto de ver meu bebê novamente. Apenas mais algumas horas. Ela pode não se lembrar de você. Esse tinha sido um dos avisos de Sam para mim. Ava era jovem demais para a mudança, ocasionalmente, como crianças pequenas, suas memórias eram afetadas, especialmente no caso de uma separação traumática. Era possível que Ava, de qualquer forma, não me reconhecesse. Eu queria imaginar que estava preparado para isso, mas realmente sabia que se eu fosse vê-la e ela não me conhecesse, isso rasgaria a porra do meu coração. Não importava, no entanto. Se isso acontecesse, eu teria que ficar por aqui até que ela se lembrasse de mim. Eu não deixaria que eles me mandassem embora. Sam estava do meu lado. Eu sabia. Ela me ajudaria com seu irmão. Embora, pela aparência dele, ele mesmo precisava de muita ajuda. Eu sabia que ele era militar; a maioria dos lobos alfa era, de acordo com Davis. Às vezes, os betas também eram chamados ou se uniam voluntariamente, mas o serviço dos alfas não era opcional. Eles recebiam as tarefas mais difíceis, as coisas que as pessoas normais não podiam fazer. Infiltração profunda, operações secretas, assassinatos... Os piores trabalhos foram para lobos. E, por mais que eu sentisse por Henry Dormer, ele estava claramente vindo de um trabalho muito ruim. Ter sua irmã do meu lado era bom, mas o único que tinha o poder de lutar para eu ficar aqui legalmente era o próprio alfa. Eu precisava facilitar a vida dele. Precisava trazê-lo pro meu lado, da maneira que eu pudesse. Tinha que haver algum tipo de trabalho que eu pudesse fazer aqui, de alguma maneira para melhorar a vida do grupo. Eu perguntaria sobre isso amanhã, depois de ver minha filha. Eu quase adormeci sob o chuveiro que era tão calmante. Por fim,

desliguei a água e fui para fora do banho, apenas ver que minhas roupas sumiram e um robe de pano felpudo de tamanho grande fora deixado em seu lugar. A ideia de que alguém estava no banheiro enquanto eu estava usando, não era agradável, mas não podia negar estar agradecido por não ter que colocar minhas roupas sujas de novo. Voltei para o quarto sem ver ninguém e encontrei um par de meias de lã, calças de flanela e uma camiseta de mangas compridas. Huh. Parecia que eu ficaria sem cuecas. As roupas eram largas, mas confortáveis. Eu tive energia suficiente para desligar a lâmpada de cabeceira e me arrastar para baixo da colcha antes que eu não pudesse mais manter meus olhos abertos. Sonhei que minha filha estava me chamando e acordei várias vezes com o som dos meus próprios suspiros. A manhã poderia chegar mais cedo.

CAPÍTULO 04

Henry Minha primeira noite em minha casa, passei sentado no chão do lado de fora do quarto de hóspedes. Não a noite toda. A primeira parte da noite foi gasta confrontando um louco, sem senso comum ou limites, e a parte seguinte consistiu em minha irmã e eu sussurrando na cozinha pedindo que eu a apoiasse. "Você tá louca? Você sabe que ninguém que não tenha sido liberado pela Homeland Security é permitido na reserva." A cozinha era pequena para eu entrar, mas eu estava muito nervoso para sentar na cadeira que Sam puxou para mim. "Ele estava morrendo de frio, literalmente morrendo, Henry." Sam parecia exasperada. "O que eu deveria fazer, deixá-lo no lado errado da cerca?" “Você poderia ter chamado John e deixá-lo cuidar disso. É o trabalho dele, porra." "John o teria entregue aos federais." "Isso é exatamente o que deve ser feito!" Minha irmã apontou um dedo para mim. "Sem chance. Ward não é um criminoso. Ele é um pai preocupado. Ele não merece ser guardado em uma penitenciária por se importar com seu filho.” "Ele deveria sim se isso envolve uma infiltração no que deveria ser um local secreto." Se nossa matilha não estivesse mais segura aqui, eu iria até o inferno para protegê-la. "E você tem certeza que ele é quem ele diz que é?" Sam revirou os olhos. “Não, porque eu sou um completa idiota. Claro que

verifiquei sua identidade. Ele é exatamente quem ele diz ser: Ward Johannsen, 31 anos, professor de física em uma faculdade comunitária em San Francisco. Ele nunca foi casado, e Ava é seu único filho." “Talvez ele seja." Apenas talvez. “Mas se isso for verdade, ele teve ajuda para encontrar este lugar. O homem deve ser interrogado, sem receber uma xícara de chocolate e um tapinha na cabeça." "Henry James Dormer." Sam parecia exatamente como nossa mãe naquele instante, tão afiada e cruel com presas saindo da boca. "Se você mais uma vez me sugerir que um civil - não, não apenas um civil, qualquer um - merece ser interrogado por arriscar suas vidas pelo bem de seu filho, você e eu teremos um sério problema." "Nós já temos um problema." Mesmo quando eu falei aquilo, senti minha vontade de lutar diminuir. Deus, eu estava tão cansado. "Ele está tomando banho enquanto falamos." "Henry." Sam levantou-se da mesa e veio até mim. Quando ela tentou pegar minhas mãos dessa vez, eu deixei. “As coisas vão melhorar de manhã. Você ainda está nervoso por causa da sua missão, mas está aqui agora, está em casa. Você pode relaxar, eu prometo." Ela sorriu seu meio sorriso peculiar, aquele que ela salvou apenas para a família. "Deixa comigo." Não posso deixar com você. Eu não disse isso, mas sabia que ela podia ver nos meus olhos - minha nova relutância em confiar nela, em compartilhar tudo com ela do jeito que costumava. Sam soltou minhas mãos e se virou, ocupando-se em puxar meu prato para fora do forno, enquanto eu tentava controlar a porra do meu rosto. Ela não disse nada, mas você não precisava ser um lobo para sentir a tensão recémdescoberta na sala. Droga. Não queria machucá-la, mas não consegui me conter. Nós sabíamos que as coisas mudariam depois que ela se casou com Liam; o casamento mudou tudo. O coração de Sam pertencia a ele agora. Ela insistiu que seu coração era grande o suficiente para nós dois, para toda matilha, mas era diferente. Éramos muito grudados por muito tempo, nós dois contra o mundo, lutando pelo controle da matilha depois que nossos pais morreram. Nós brigamos e vencemos. A matilha significava

lar, mas Sam sempre fora o centro da minha matilha pessoal, metade do meu coração. Quando ela foi para a faculdade no ano passado, parecia qualquer outra partida: dolorosa, mas temporária. Então ela voltou e trouxe Liam com ela. Liam, que era brilhante e novo, loiro angelical e tentadoramente diferente. Liam que era um lobo, mas que havia crescido no mundo humano. Liam que adorava minha irmã, mas cujo nervosismo ao meu redor me fez querer rosnar para ele. Eu nunca esperei que um dia eu iria me casar. De alguma forma, egoisticamente, pensei que Sam terminaria da mesma maneira. Eu tentei não ressentir ele. Liam era bom para minha irmã. Ele não se importava que ela fosse humana, enquanto sua humanidade era uma afronta contra o modelo tradicional americano de uma matilha, a nossa era bastante progressiva. Ele viu seu brilho e apreciava seu senso de humor. Ele entendeu as prioridades dela, o suficiente para que a idéia dos dois se mudarem para o Canadá nunca tivesse sido divulgada. Sam pertencia ao Colorado, na matilha La Garita, e Liam pertencia a ela. Ele era a outra metade agora. O resto da matilha teria que ser suficiente para mim. "Henry." Eu nem percebi ela se aproximando de mim. Eu estava tão perdido em meus próprios pensamentos. Isso foi perigoso. “Venha comer, ok? Leve o Ward para ver Ava de manhã. Se o fato de ele estar aqui puder fazer algum bem a ela, podemos usar isso a nosso favor. Vou fazer algumas ligações." Eu balancei a cabeça cansadamente, depois me sentei à mesa. A refeição era um prato feito para consolação: bolo de carne de bisonte, cogumelos salteados na manteiga e purê de batatas tão cheias de leite que poderiam muito bem ter saído direto da vaca. Sam até fez uma salada, normalmente não era uma das minhas comidas favoritas, mas legumes frescos eram algo que eu costumava desejar depois de uma missão. Normalmente eu teria inalado. Esta noite, tudo o que pude fazer para levar o garfo à boca, mas desisti de terminar meio prato. "É delicioso, mas vou cair de cara na mesa daqui a pouco", eu disse a Sam, que parecia serena, mas cheirava preocupada. “Vou colocar na

geladeira, como depois. Obrigado por cozinhar." "Não há de quê. É a sua vez amanhã à noite." "Como quiser." Eu sorri para ela, e mal doeu. Fiquei feliz em ver minha irmã depois de tanto tempo. Fiquei mesmo. Mas eu já sabia que não iria dormir esta noite - não com um estranho em minha casa. Isso não era motivo para ela ficar acordada, no entanto. “Liam está esperando por você. Você deveria ir lá com ele." Ela suspirou baixinho. "Certo." Ela se levantou com relutância, e quando passou por mim, inclinou-se e passou os braços em volta dos meus ombros, me abraçando com força. Fechei os olhos e deixei o cheiro dela me acalmar, o melhor que podia. Sam ainda estava em casa, era o que importava. Ela pode não ser mais o meu porto seguro, mas isso não foi culpa dela. Eu não deveria ter confiado tanto nela depois que nossos pais morreram. Eu não sabia como compartilhá-la, e ao invés de deixar meu lobo ir atrás de Liam como ele queria, eu o encorajei a empurrá-la para longe. "Eu te amo." "Eu também te amo." Eu olhei para ela quando ela se endireitou. "Durma bem." "Você também." Sam me cutucou gentilmente no peito. "Não tô blefando. Você não tem motivos para ficar acordado esta noite. Você precisa descansar.” "Sim, eu ouvi você." Eu ouvi, mas isso não significava que eu iria obedecer. Sam trouxe um estranho para dentro de casa e ela esperava que eu dormisse? Preferia cortar uma de minhas próprias mãos. De certa forma, porém, Sam estava certo. Ward era ridiculamente fácil de controlar. Ele nem tentou mascarar seus ruídos, como a maioria das pessoas na matilha. Ouvi todos os pisadas dele, quando ele procurou o sabão na pia, o suspiro cansado que escapou de seus lábios quando ele se deitou. Ouvi lá em cima por um tempo e, uma vez que ele estava dormindo, fui para o meu quarto. Um banho rápido me deixou rejuvenescido o suficiente para tentar meditar. Quando eu não conseguia

dormir, às vezes a meditação podia me aguentar por alguns dias, e isso não afetava minha audição. Eu me acomodei em uma posição de lótus no tapete do meu chão e respirei fundo algumas vezes, fechando os olhos e tentando me concentrar no movimento do ar dentro dos meus pulmões. "Nuh." Meus olhos se abriram. Eu estava de pé e no corredor em um segundo, parando do lado de fora da porta do quarto de hóspedes. Com quem ele estava falando? Ele tinha telefone? Ele estava entrando em contato com alguém que poderia-? "Mmmno." A voz de Ward ainda estava arrastada pelo sono. Oh. Ele estava sonhando. E pelo que parecia, ele não estava tendo um sonho agradável. "Mmm, não, não bebê não-" Um segundo depois ele engasgou, e ouvi as colchas rangerem quando ele de repente se sentou, uma tosse filtrando sua garganta enquanto ele tentava recuperar o fôlego. "Merda", ele sussurrou depois de um momento. "Que Merda." Eu esperei para ver o que ele faria. Ele era agoniado como eu? Ele precisaria ir buscar um copo de água? Eu poderia estar no corredor e fora da vista em alguns segundos silenciosos - ele nunca saberia que eu estava aqui agora, ouvindo as consequências de seus pesadelos. Em vez de se levantar, ele se afundou mais profundamente sob o cobertor - a colcha da tia-avó Molly, o som do arranhão farfalhante do tecido me dizia que era - e com um ranger determinado de dentes, acomodou-se para tentar dormir novamente. Fiquei na escuridão do corredor, completamente silencioso, esperando para ver se o sono duraria dessa vez. Cinco minutos. Dez. Sua respiração estava regular novamente, mesmo superficial, e eu me vi respirando junto com ele por algum motivo. Quinze minutos. Eu poderia sair, voltar para o meu quarto e continuar minha meditação. Ouvir à distância. Era a coisa mais segura a se fazer. A respiração de Ward ficou presa na garganta. Ele choramingou, e um momento depois ele acordou novamente. Algo como um soluço surgiu da

escuridão e, por algum motivo, ouvi-lo me fez querer choramingar de simpatia. Não foi um impulso saudável, mas não consegui reprimi-lo ou me obrigar a sair dali. Ele cheirava a miséria absoluta, algo que eu tinha muita. Eu deveria ter deixado ele então. Eu precisava sair e ir para a companhia fria e segura de meus próprios lençóis velhos. Em vez disso, ouvi Ward se ajeitar novamente, gradualmente adormecendo. Sentei-me silenciosamente contra a parede, meu ouvido afinado na fresta da porta e continuei respirando ao ritmo dele, disposto futilmente a desacelerar, a me afundar. Se ele estivesse no bando, ele teria sentido minha presença. Eu poderia ter confortado ele. É claro que ele não me sentiu, e não sentiamos nem amizade um pelo outro. Eu não saí, no entanto, obrigado pelo meu senso de dever a cuidar dele durante a noite. Ele não parecia o humano mais saudável. Não sabia qual o dano iria causar para nós se ele morresse de pneumonia na matilha, pelo menos não até sabermos como ele nos encontrou. Ward Johannsen acordou mais três vezes naquela noite, e eu estava lá a cada segundo. Quando ele xingou cansado e desistiu da causa perdida, eu já estava no andar de baixo fazendo um bule de café fresco. Estava começando a ficar claro, e geralmente Sam já estava acordada agora, mas apesar do quarto a prova de som deles, eu sabia que ela e Liam haviam passado uma noite entusiasmada e provavelmente precisavam dormir. Eu pensei em começar o café da manhã, mas no final decidi que só café era suficiente. Não estava com fome e, além disso, não queria parecer muito acolhedor. Para mim, dava na mesma. Ward entrou na cozinha vestindo um par de moletom de Liam e uma expressão sonolenta e frouxa. Isso mudou assim que ele me viu, a sonolência instantaneamente dando lugar à cautela que aguçou suas feições delicadas. Delicado, mas não jovem - mesmo que ele não pudesse ser muito mais alto que Sam, talvez com um metro e setenta na melhor das hipóteses, ele se sustentava com o tipo de confiança que só vinha com a idade. Sua pele estava pontilhada de sardas na ponta do nariz e na parte superior das orelhas, e o cabelo loiro era cortado nas laterais, comprido na parte superior, e provavelmente teria uma boa aparência se tivesse sido modelado. Como estava, ainda estava emaranhado de sono e

parcialmente obscureceu seus olhos escuros. Eu estendi uma xícara. "Café?" "Hm." Ele olhou para a xícara como se eu estivesse oferecendo a ele um escorpião vivo. "Onde está a Sam?" "Ainda dormindo." Eu balancei a caneca. "Não vou envenená-lo na ausência dela, mas quando terminar o meu café, vou para a clínica, então essa é sua única chance de tomar cafeína." Na verdade, eu não esperava que Ward aceitasse, mas ele exalou alto, depois cruzou a distância entre nós e pegou o copo da minha mão. Ele foi até o bule para enchê-la, e eu observei como ele se movia, um pouco desajeitado nos pés que pareciam doloridos, mas não muito danificados. Ótimo. "Sem café da manhã?" ele perguntou depois de um momento, sua voz quase calma. "Não abuse da sorte." Tive que admitir - ele tinha coragem. "Se você quer comer, pode esperar que Sam se levante ou faça algo, mas eu não vou esperar por você." "Claro." Ward se virou, encostou os quadris no balcão e bebeu o café quente e preto em um longo gole. Eu quase esperava que ele começasse a engasgar - eu o preparei forte - mas ele abaixou a xícara e suspirou com satisfação. "Pronto." Ele colocou na pia e se virou para me encarar. "Terminei. Só estou esperando você." Minha boca abriu para um pequeno sorriso, mas eu não deixaria transparecer. Então me ocupei bebendo meu próprio café, deixando minha caneca vazia na mesa e virando-me para a porta. Depois de um momento, Ward veio atrás de mim. Tennyson já estaria acordado. Eu veria o que ele tinha a dizer e descobriríamos se Ward poderia ter um lugar aqui. Eu não esperaria sentado.

CAPÍTULO 05

Ward Minhas botas emprestadas eram grandes demais para os meus pés. Mesmo com dois pares de meias e amarrando os cadarços o mais apertado que pude, meus dedos dos pés não alcançaram as pontas dos sapatos. Eu não disse nada sobre isso, mas Henry deve ter notado a maneira como eles me fizeram caminhar na neve da manhã. "Sam tem um par extra", disse ele. "Nós podemos pegá-los para você mais tarde." Eu estava preparado para engolir meu orgulho quando se tratava de insultar minha aparência, mas depois de alguns segundos esperando, ele não falou mais nada. Não houve comentários sobre meus pés serem femininos ou que pequenos pés provavelmente também significa outras coisas pequenas. Foi um pouco chocante, a falta de idiotice condescendente. "Hm. Obrigado." "Sim, bem, não é bom vestir nada que te impeça de correr." Mordi o lábio para não perguntar Por que eu precisaria correr? Não foi preciso pensar muito, oh, uma centena de razões pelas quais seria uma boa idéia poder se mover rapidamente em torno de um bando de lobos. Henry não parecia esperar que eu dissesse nada e voltou seu olhar estoico de volta para o prédio à nossa frente. Era outra cabana de madeira, apenas um andar. Uma luz brilhava acima da varanda da frente. "Essa é a clínica?" "É. Não fale quando chegarmos lá, ok?" Fiz uma careta. "Mas eu quero explicar—"

“As ações falarão mais alto que as palavras com Tennyson, e bons resultados o farão ficar do seu lado mais rápido do que qualquer coisa. Não fale nada até que tenhamos passado algum tempo com Ava." Ele parou de repente, virou-se e me olhou diretamente nos olhos. “Vai ter um vidro entre você e ela. Tem que ser assim, por razões de segurança. ” "Mas como ela saberá que eu estarei ali?" Até eu sabia que o sentido mais forte de um lobo era o olfato deles. Se Ava não estava respondendo e eu não conseguisse chegar perto dela, perto o suficiente para cheirar, que diferença eu faria? "Ela sentirá seu cheiro em mim." A respiração profunda de Henry não era muito óbvia, mas a pluma de vapor que ele exalava era. "Mas você terá que se aproximar para que o seu cheiro fique em mim." Ficar nele... Jesus Cristo, parecia que eu tinha acabado de cair em um filme porno ruim. Mas Henry parecia sério. "Então, você quer que eu te abrace?" O cara parecia que estava entrando na linha de fogo. "Sim." "Ok." Ele piscou. "Sério? Tão fácil assim?" "Bem, quero dizer, você poderia ter me perguntado enquanto estávamos quentes e não sob as temperaturas abaixo de zero brutais aqui fora-" “Nem está abaixo de zero. Não reclame." "- mas sim, claro, se for pela Ava", eu terminei. Eu cairia de joelhos e chuparia o pau desse cara naquele momento, se isso desse à minha filha uma chance melhor de dominar sua transformação. Definitivamente não seria uma dificuldade. "Ótimo." Com a permissão dada, Henry entrou no meu espaço pessoal e chegou tão perto que eu podia sentir o calor da respiração dele no meu rosto. Ainda assim, ele não estendeu a mão para me tocar. Eu acho que esse limite tinha que ser meu para derrubar, e quanto mais cedo melhor. Quase abaixo de zero ou não, estava frio pra caralho. Abri os braços, diminuí a distância entre nós e o envolvi no melhor abraço que pude dar

no calor do momento. Depois de um momento, Henry retribuiu o abraço, e uau. Era como mergulhar em um banho quente. Ele não deveria ter se sentido tão quente comigo, não com tantas camadas entre nós. Eu nem percebi que estava tremendo até parar de repente. Henry levantou a mão e gentilmente inclinou minha cabeça para o lado, depois se inclinou e pressionou o rosto no meu pescoço. Até a ponta do nariz estava quente, o único pedaço de pele que eu realmente podia sentir que não estava coberto de barba. Ele inalou uma vez, duas vezes. Isso era marcar com o cheiro, não era? Davis havia dito algo sobre isso... Eles são sensíveis ao toque, como os hippies. Abraços não são um grande problema - é assim que eles conseguem sentir os cheiros. Basicamente, o equivalente a dizer: ‘Ei, como você está, eu estou bem’. Isso não parecia remotamente uma saudação casual, mas eu mantive minha respiração nivelada, fechei os olhos e me inclinei no calor. Até que foi... Bom. Eu persegui o calor quando ele começou a se afastar. O ar parecia tão mais frio agora que meu corpo se lembrava do calor. Depois de alguns segundos, lembrei de mim mesmo e abri meus olhos. Henry olhou para mim, sua expressão incompreensível. Se ele estava esperando que eu mostrasse meu desconforto, ele tinha outra coisa por vir. "Bom o suficiente?" Eu perguntei. "Creio que sim." Ele se virou e começou a andar de novo, mais rapidamente desta vez. Eu me atrapalhei para me manter em minhas malditas botas, mas depois de mais cem metros, estávamos lá. Subi as escadas da varanda sem a bota cair dos meus pés e segui Henry até a porta da frente. Não estava trancado, e ele não se deu ao trabalho de bater, apenas entrou. Dentro da entrada havia uma sala de espera de paredes off-white, como você encontraria em qualquer outro consultório médico. Havia um balcão com uma tela de computador em branco, algumas cadeiras e uma mesinha de canto, até algumas revistas em uma cesta no chão. A porta do outro lado do balcão era enorme, provavelmente aço sólido e bem 2 fechada. Havia um PINpad ao lado dele. Henry inseriu um código,

tomando cuidado para não me deixar ver, e algo dentro da porta bateu. Ele a abriu e descemos por um corredor escuro em direção a uma sala iluminada com luz quente e suave. A sala estava cheia de prateleiras, cada uma delas cheia de equipamentos que pareciam se encaixar perfeitamente no ambiente - aparelho de pressão arterial, estetoscópio e uma cama estreita com faixas de couro nas proximidades. As tiras acolchoadas, a enorme jaula e a balança de estilo veterinário gritavam covil de assassino em série para mim, mas Henry nem se deu ao trabalho de olhar em volta, exceto para franzir a testa e dizer: "Estou surpreso que ele não esteja aqui." Surpresa era ruim. Não gosto de surpresas. "Isso significa que não podemos ver Ava?" “Não, eu ainda posso entrar. Eu só esperava que ele estivesse por perto." Ele cheirou o ar, depois balançou a cabeça e foi até a parede oposta. Mais uma porta se abriu, e então entramos em uma pequena ante-sala com, dentre todas as coisas, uma cadeira de balanço. Três paredes eram de aço, um era de vidro. E atrás do vidro…. Parecia um filhote de cachorro. Um bem pequeno, escuro e fofo, enrolado em um cobertor no canto mais distante da sala segura. Eu podia ver seu pequeno peito subir e descer a cada respiração. Será que... "Essa é a Ava?" Eu não tinha conseguido vê-la depois da transformação. Eu não sabia mais como ela era. O marrom rico do pelo do filhote me lembrava seus cabelos, no entanto. Seus olhos seriam os mesmos? Ela tinha olhos azuis, como sua mãe; tudo nela parecia ter saído direto de sua mãe, não de mim, exceto por seu corpo esguio. "É ela." Algo em Henry pareceu amolecer enquanto ele falava, as linhas de estresse em sua testa diminuindo. "Ela não parece muito diferente de quando eu saí." Isso provocou outra carranca. "Faz semanas." "O que você vai- espera, o que você está fazendo?" Porque o cara tinha acabado de tirar sua jaqueta, jogando-a descuidadamente no chão antes de começar a puxar a camisa. Perdi brevemente o fôlego para tentar me opor quando seu peito nu de repente encheu meu quadro de vista, mas o encontrei novamente quando ele procurou por suas calças. "Sério, que

diabos-" "Ela me conhece como lobo", explicou ele. “Essa é a melhor maneira de as crianças se conectarem à matilha, especialmente quando estão presas na forma shifter. Eles precisam estar com seu alfa. Uma vez que elas confiam neles, o lobo pode convencê-los a voltar atrás. Se eu fosse lá como humano, não significaria muito para ela." "Ela me conheceria? Se eu fosse lá?" Eu estava disposto a tentar qualquer coisa neste momento. Meu bebê, ela estava ali. Perto o suficiente para que eu pudesse vê-la respirar, mas não ouvi-la respirar. “Talvez, mas isso não vai acontecer. Não. Vai. Acontecer." ele falou sobre meus protestos. “Eu já te disse, é muito perigoso. Você pode não se importar com o que acontece com você, mas garanto que sua filha se importa. Especialmente se ela acabar se sentindo responsável por machucá-lo. Eu tenho o seu cheiro, isso deve chamar a atenção dela." "E se não chamar?" Eu perguntei, tentando desesperadamente manter meus olhos no rosto de Henry enquanto confrontava com sua nudez casual. "Daí vamos tentar outra coisa, talvez ver o que Tennyson tem a dizer. Mas enquanto isso?" Ele rolou o pescoço, as articulações estalando audivelmente. Espere, não, foi toda sua espinha estalando, curvando-se e puxando a cabeça para frente e para baixo. Seus olhos também pareciam diferentes e, quando ele falou novamente, sua voz era gutural. "Feche a porta atrás de mim." Quando Henry abriu a porta, suas mãos eram pouco mais que patas. Quando ele estava dentro da sala, já estava de quatro e eu estava tentando não ter um ataque de asma. Dei um tapinha no meu bolso apenas para me assegurar de que meu inalador estava lá, se eu precisasse, me forcei a tossir algumas vezes para limpar a garganta, depois fechei cuidadosamente a porta atrás do homem - o lobo - o lobo que acabara de mudar na minha frente como se não fosse nada. Ele fez parecer tão suave - meio desagradável, mas rápido e relativamente indolor. Ele era bonito, surpreendentemente grande, com um grosso pelo vermelho e olhos dourados. Eu não conseguia imaginá-lo levando meses para aprender a mudar depois de parecer tão fácil.

Eu parei de imaginar qualquer coisa quando ele caminhou até Ava, todo meu foco se estreitou na minha filha. Ele ficou ao lado dela e a esfregou no nariz. Ela não se moveu. Ele fez de novo, e de novo. Ava choramingou, mas ainda não se levantou. "Você precisa se levantar, bebê", eu murmurei, pressionando minha palma contra o vidro e me aproximando. Henry soprou, depois abriu a boca e fechou cuidadosamente a mandíbula ao redor do pescoço dela. Ele ergueu Ava em suas patas, ignorando os gemidos piedosos que estavam prestes a partir meu coração em dois. Ele a colocou de pé, depois assumiu uma postura esfinge na frente dela e bateu o rosto no dela. Ela nem olhou para ele, olhos para baixo, tremendo de pé como se fosse cair a qualquer segundo. Provavelmente foi a coisa mais triste que eu já vi na minha vida. Henry encostou nela novamente, lambeu o rosto por um momento e depois deitou a cabeça ao lado de seu corpinho. Era como se ele a estivesse convidando para usá-lo como uma almofada, e ela o fez, caindo no pescoço peludo de Henry com um pequeno uivo. Ela chorou assim por um momento, fungando entre cada som, quando de repente sua cabeça se levantou e suas pernas ficaram rígidas. Ela se levantou, virando-se para cheirar Henry adequadamente e, um momento depois, jogou a pequena cabeça para trás e uivou. Não era alto o suficiente para se qualificar como um uivo, mas era a maior energia que ela havia mostrado até agora que eu tinha visto. Eu assisti com expectativa quando Ava pulou em cima Henry, enfiando seu rosto em seu pêlo e lambendo, rastejando sobre seu rosto e cheirando cada parte dele como se ela estivesse desesperada por mais. Era meu cheiro que ela estava sentindo? Ou algo mais chamou sua atenção? Ela uivou novamente, tombando sobre o lado de Henry e seguindo o cheiro de suas pegadas de volta para a porta. Eu não pude evitar; Bati no vidro com as pontas dos dedos trêmulas. Ava acompanhou o som, olhou para onde eu estava parado por um momento e então Seu rabo balançou tanto que eu pensei que ela iria cair. Ela pulou contra o vidro enquanto eu me agachava, nossos rostos no mesmo nível. Ela pressionou o mais perto que pôde, seu nariz deixando uma mancha no

vidro, antes de lamber o mesmo local. Eu ri. Quase parecia que eu estava bem, e que meu coração não tinha quebrado dentro do meu peito. "Ei, querida", eu disse, sentindo-me estranhamente entupido. Merda, minha garganta estava se fechando afinal? Eu me atrapalhei com o meu inalador enquanto olhava para ela, completamente fascinado. Essa era minha garota, ainda minha garotinha, mesmo tendo quatro patas e muito mais cabelo agora. E ela me conhecia. Ela me conhecia e me queria, e eu não queria nada além de abrir aquela porta e subir na gaiola com ela, masOuvi um rosnado atrás de mim, tão feroz e furioso que poderia ter vindo de um cão do inferno. Comecei a me virar, apenas para ter uma mão com garras me virando pelo resto do caminho. Dentes horrivelmente longos em uma mandíbula distorcida estalaram menos de uma polegada na frente do meu rosto, e eu fiz o que qualquer pessoa racional faria diante de um pesadelo sobrenatural. Eu gritei alto o suficiente para ressuscitar os mortos e lutei de volta.

CAPÍTULO 06

Henry "Nem é tão engraçado." Sam levantou a cabeça da mesa de exame em que estava encostada, deu outra olhada em Tennyson e bufou rindo, depois enterrou a cabeça nos braços cruzados novamente. "Não, eu sei", ela ofegou. "Eu sei, me desculpe, T, apenas me dê um segundo." Carrancudo, Tennyson revirou os olhos, depois estremeceu. Ward não conseguiu causar nenhum dano real a Tennyson. Sem um AR15 ou de uma serra elétrica, nada que um único humano pudesse empunhar faria muito para danificar um lobo. Curamos tão rápido que simplesmente não era um problema. Ward, no entanto, teve sorte o suficiente - ou habilidoso o suficiente, mas eu estava contanto que era sorte no momento - para colocar o inalador entre ele e Tennyson e disparar uma borrifada de albuterol no rosto do lobo. Foi inesperado, e os produtos químicos irritaram os olhos de Tennyson e o fizeram espirrar. Ele cambaleou para trás, e foi aí que Ward pegou a cadeira de balanço e, com muito esforço, a derrubou na cabeça de Tennyson. Ward não era grande o suficiente para colocar muita força em seu golpe, mas ele tentou o seu melhor. Quando Tennyson estava se levantando e Ward estava levantando a cadeira novamente, eu me juntei a eles na ante-sala, mudando rapidamente para minha forma humana. "Pare!" Eu gritei quando fiquei entre eles. "Ele é amigo!" "Ele tentou me comer!" Ward ofegou. "Ele é um estranho!" Tennyson rosnou. Nada melhorou muito a partir daí. Sam e Liam chegaram alguns minutos

depois, o que me deu a chance de colocar algum espaço entre os antigos combatentes. Deixei o Ward na sala de observação com Liam para lhe fazer companhia, enquanto Sam e eu conversamos com Tennyson na clínica. Não era a reunião que eu esperava com ele. De todos os nossos recémchegados, Tennyson Castile veio com mais bagagem. Sua matilha original havia sido dissolvida à força depois que surgiram as alegações de abuso pelo alfa. Seus segundos em comando haviam o encoberto por meses, e não foi até que um dos membros humanos do bando foi morto que houve uma investigação formal. Todas as pessoas não indiciadas foram enviadas para outro bando, e as que foram consideradas culpadas, foram mortas. Foi brutal, mas dentro da lei. A Lei de Segurança no Isolamento forneceu enormes proteções para os lobos contra os humanos em geral, mas o preço dessas proteções foi alto. O devido processo não se aplicava a lobos. Se você era um assassino, pelo menos um assassino de pessoas ou coisas que a Agência de Assuntos de Shifter não sancionava, você tinha que ser morto. Lobos que não conseguiram terminar sua mudança, ou com doença mental grave, ou qualquer outra coisa que pudesse prejudicar as pessoas, eram eliminados pelo alfa ou pelo guardião. Os alfas poderiam governar seus lobos, mas os guardiões eram responsáveis por manter toda a manada fora dos holofotes, e às vezes isso significava um assassinato muito cuidadoso. Tennyson havia perdido tudo o que já conhecera, e eu não estava por perto para ajudá-lo a se adaptar. Ele precisava se apegar à matilha, precisava se relacionar conosco e recuperar seu senso de equilíbrio. Eu nunca tive que matar um membro da matilha antes e não queria começar agora. Ajudou que ele e Sam fossem amigos. Claro, Sam era amigo de todos. Ela podia se dar ao luxo de ser afável e acessível, enquanto eu tinha que ser mais durão. Eu queria ser melhor com Tennyson, mais aberto com ele, mas agora tínhamos Ward na mistura. Tennyson definitivamente não estava feliz com Ward. "Eu não posso acreditar que você o trouxe aqui."

Ele também não estava feliz comigo. Eu já tinha decidido fazer com que a presença de Ward parecesse deliberada da minha parte, e não o resultado de um vazamento de inteligência desconhecido e um sistema de câmera com defeito. Nenhuma dessas coisas inspiraria confiança. "Foi uma decisão de última hora", eu disse. "Com base no que Sam me contou sobre Ava, pensei que era vital que melhorássemos suas chances". "Você deveria ter me consultado sobre isso." Ele estendeu o olhar para Sam. "Eu sou o médico aqui, não sou?" "É claro", disse ela suavemente, mas ele não estava prestes a se acalmar. "E você concordou em adiar minhas opiniões médicas quando me aceitou nessa matilha, não é?" "Sim, dentro da razão." "Você não pode colocar advertências no meu-" "T", eu interrompi. “Vamos, diminua a velocidade e pense por um minuto. Qual seria sua reação se eu dissesse que estava pensando em trazer o pai de Ava aqui?" "Eu diria que você era louco e não estou convencido de que estou errado." Você e eu. “Mas você não pode negar que ela não estava melhorando. Ela está declinando desde que saí, não é?" "Sim", ele disse cautelosamente. "Mas você nem se deu ao trabalho de revitalizá-la antes de trazer o pai para cá." "Porque eu não tinha certeza de que seria o suficiente para ela", eu disse com total honestidade. "E eu quero dar a ela a melhor chance possível de sobrevivência." Sam franziu a testa, mas Tennyson assentiu. "Sim, eu sei disso..." Eu pressionei minha vantagem. “E ele já está afetando positivamente o bem-estar dela. Ela está em movimento. Ela está com fome." Eu senti a

onda de calor em seu pequeno corpo quando o metabolismo de Ava mudou repentinamente de um estado de torpor para atividade. Ela provavelmente estava morrendo de fome. “Suas chances estão melhorando. Olha, muitas coisas loucas tiveram que se unir para que isso acontecesse ”- o que era um eufemismo enorme- “mas aconteceu, e não vou me desculpar por isso.” Tennyson olhou para mim e eu encontrei seu olhar sem vacilar. "Só espero que você não crie disso um hábito, Alfa", disse ele depois de um momento. Eu entendi a reação dele. Seu ex-alfa forçou muitas consequências em sua matilha sem pensar duas vezes. Eu não era esse tipo de líder e nunca quis ser. "Não pretendo. Se eu tivesse tempo de informá-lo de antemão, eu teria." Honestidade pura, novamente, e algumas das linhas no rosto de Tennyson se suavizaram. Estendi a mão para ele e, uma vez que ele a pegou, puxei, gentilmente o suficiente para que ele pudesse se afastar, se quisesse. Ele avançou e nos abraçamos como a matilha que éramos. Eu o cheirei e encontrei traços de adrenalina e estresse, mas ambos estavam se dissipando agora. Ele cheirava como a clínica, estéril e quente, e um pouco como Ava. Não é bem como matilha, mas chegando lá. Ele inalou profundamente, e seus braços se apertaram ao redor da minha caixa torácica por um momento. Quando nos separamos, Tennyson franziu a testa para mim. "O que você tem feito? Você cheira exausto." Ele educadamente não mencionou o fedor da morte que provavelmente permaneceu. "Foi um período movimentado no exterior e não dormi muito ontem à noite." Agora Sam estava me encarando também. Ótimo. “Bem, durma um pouco e coma algo. E, pelo amor de Deus, tome um banho antes de voltar para lá com o filhote. Ela não precisa cheirar tudo isso. Além disso - ele estreitou os olhos levemente -, você precisará de suas forças para negociar um novo membro da matilha.” Ele tinha razão. Eu teria que fazê-lo parte da matilha agora, quer ele quisesse ou não. Eu tinha selado seu destino trazendo-o para ver Ava e obtendo resultados positivos. Droga.

Melhor pedir perdão do que pedir permissão neste momento. Eu teria muitas explicações para dar ao meu comandante, mas se as conexões de Sam com outras matilhas e dentro da agência pudessem nos ajudar, isso poderia diminuir um pouco as consequências. Só esperava que o coronel Hill não me mandasse em missão de novo antes que eu tivesse a chance de realmente solidificar o bando. "Vou verificar o filhote" disse Tennyson, afastando-se. "E traga comida para ela. Apenas hambúrguer, para começar. Algo fácil para ela mastigar." "Obrigado." Tennyson balançou a cabeça. “Não me agradeça por fazer o que devo fazer. Eu sou médico. É meu trabalho cuidar da saúde da minha matilha." “E eu sou o alfa, e meu trabalho é o mesmo. Isso não significa que não posso apreciá-lo por fazer isso." Por um momento, ele parecia confuso. Depois de um tempo, Tennyson assentiu e depois se dirigiu ao seu escritório. Eu me virei para Sam e suspirei. "Ward ainda está vivo, então poderia ser pior." "Você não deixaria nada acontecer com Ward." Era verdade? Eu estava enjaulado com Ava, nem mesmo considerei que Tennyson poderia cheirar alguém desconhecido e ficar nervoso, ou que Ward talvez não fosse capaz de se proteger. Ele havia se protegido, mas não deveria precisar. Fui treinado para pensar taticamente, e a situação pela qual mal passamos sem incidentes não foi o resultado de uma boa tomada de decisão da minha parte. Eu poderia ter feito melhor. Eu deveria ter feito melhor. Minha irmã não precisava suportar o peso das minhas dúvidas, no entanto. "Eu tenho que falar com Gerald antes que as coisas vão muito mais longe." Gerald Owens era um ancião de La Garita, o patriarca da única outra família de matilha fundadora. Ele era uma década mais velho que eu, marido e pai, e o carpinteiro residente da matilha. Eu estava meio convencido de que ele me desafiaria pela minha posição depois que minha mãe morreu quando Sam e eu tínhamos 21 anos, recém-saído da

faculdade. Porém, eu sucedi minha mãe sem reclamar, e Gerald e eu éramos amigos, se não melhores amigos, desde então. Ele era firmemente tradicionalista, e eu não sabia como ele reagiria ao trazer um humano para o bando. Não que isso importasse. Se ele não gostasse, ele poderia descontar em mim. uma parte de mim. A parte que tinha provado sangue e carne há menos de quarenta e oito horas atrás estava faminta por mais do mesmo. "Eu já convidei ele e Peggy", disse Sam. "Você pode conversar com eles no café da manhã." Ela arqueou uma sobrancelha para mim. “Você vai comer, nem que eu tenha que dar de colher pra você. Entendido?" "Pode deixar." "Ótimo." Eu olhei para Ward e Ava antes de voltar para casa. Ele ainda estava pressionado no vidro, assistindo avidamente enquanto Ava comia hambúrguer cru dos dedos de Tennyson. Aqueles dois pareciam ter se entendido. Eu não conseguia sentir nenhuma tensão entre eles, apesar da briga meia hora atrás. Liam assistiu da cadeira de balanço, em silêncio. Quando ele me viu, ele se levantou e veio até mim. "Acho que eles ficarão bem por enquanto", disse ele. "Parece", eu concordei. "Ela está comendo bem." “Bem melhor do que antes. Influência do pai, certamente." Creio eu. "Ward. Ward!" Foram necessárias algumas tentativas para chamar sua atenção. “Estamos voltando para casa para o café da manhã. Ava não é a única que está com fome." "Vá em frente, eu estou bem", disse ele instantaneamente, embora eu pudesse ouvir seu estômago roncar sob a mentira. Ou não é uma mentira, apenas... Não é toda a verdade. Eu não iria afastá-lo de sua filha ainda, no entanto. A sala inteira estava cheia de uma sensação de satisfação. Inferno, eu prefiro ficar e me aquecer por um tempo do que ir agora, mas eu tinha responsabilidades. Eu mandaria comida para cá. Gerald e Peggy estavam sentados na cozinha com Sam quando Liam e eu

chegamos, tomando café e conversando sobre a queda de suprimentos prevista para a próxima semana. Gerald era um homem largo, com cabelos castanhos claros e barba duas vezes mais espessa que a minha. Eu não conseguia me lembrar da última vez que vi seus lábios, o que era engraçado, pois o homem estava sempre falando. Peggy era pequena, com cabelos escuros e curtos, manchados de cinza aqui e ali e olhos claros e perceptivos. "Roman quer vir junto com a picape", dizia Gerald, "Sentir como lidar com esse tipo de coisa". "Isso faz sentido", disse Sam, jogando uma panqueca na chapa. "Ele vai precisar de mais exposição às interações sociais com outras pessoas antes de ir para a faculdade." Peggy ficou rígida, por pouco, enquanto Gerald ria e balançava a cabeça. “Ele já está aprendendo comigo. Vivendo em um lugar como este, sempre há trabalho a ser feito. ” "Eu pensei que ele estava interessado em engenharia elétrica." Sam era a professora do bando. Ela trabalhava com Roman desde os seis anos. “Ele está pronto para fazer seus testes este ano. Se ele obtiver boas notas, esses e seu GPA certamente serão suficientes para levá-lo a uma universidade local.” “Trabalho elétrico é uma coisa, mas engenharia? Isso é uma perda de tempo. Ele vai morar aqui, então deveria ter um emprego que o colocasse para trabalhar aqui. Quero dizer, olhe o Henry." Ele finalmente olhou para mim, apenas rápido o suficiente para impedir que seu atraso em me abordar fosse insolente. “Em que você se formou, arte? História?" "História da arte", eu disse enquanto me sentava ao lado dele. Peggy me deu um sorriso. Gerald continuou falando. “Algo sem utilidade real para sua matilha. Não que isso realmente importe, pra alguém como você. Você sempre entraria no exército." "É dever do alfa", eu disse. "Falando em meus deveres, temos um novo membro da matilha." Esperei que as exclamações diminuíssem antes de explicar a situação

com Ward, mais uma vez, fazendo parecer que a inclusão dele fora deliberada e não acidental. Foda-se, se eu estava escolhendo um lado, estava escolhendo de todo o coração. Ava era um filhote diferente com o pai aqui. "Oh", disse Peggy com um suspiro melancólico no final da minha explicação. “Eu esperava que pudéssemos levá-la depois que ela dominasse sua transformação. Ela é tão pequena." Peggy, lembrei-me, queria mais de um filhote, mas a reprodução de lobos era uma coisa preocupante. Eu tive dois irmãos morrendo no útero, vítimas de complicações na transformação pré-natal. Se uma criança não nasce em forma humana, suas chances de sobreviver eram quase nulas. "Você ainda poderá vê-la", prometi. "Eles são da matilha, eles não vão a lugar nenhum." "Henry." Gerald parecia magoado. “Você não pode continuar fazendo isso. Você deve se concentrar em obter permissão para trazer uma esposa pra cá, iniciar uma família própria. Não desperdiçar favores com alguns humanos, não depois que você já pegou as sobras de uma matilha degenerada e-" Nem tentei resistir à vontade de rosnar. "Meça suas palavras." Peggy olhou para baixo, mas Gerald encontrou meu olhar, mesmo que fosse apenas por alguns segundos de cada vez. “Você sabe que eu nunca falaria mal de Sam. Ela não pode ajudar por ter nascido humana, mas ela foi criada na matilha. Ela sabe como fazer parte da matilha. Um novo humano, sem reivindicar nosso mundo, exceto uma criança da qual ele não poderia cuidar-" "Ela foi tirada dele", Sam interrompeu. Ela nunca gostou de ser comentada como se nem estivesse na sala. "Ward não teve escolha na criação dela." "Porque ele não é um lobo", disse Gerald placidamente, como se ele tivesse acabado de provar seu argumento. “Nós não somos humanos, e não é bom fingir que somos. Não devemos mudar para acomodá-lo." "Ele é quem está mudando", eu disse. “Ele está se acomodando a nós,

vindo aqui e conversando conosco, em vez de levar o que sabe à estação de notícias mais próxima. Ele tem os melhores interesses dela no coração." Ou pelo menos, é melhor ele estar se acomodando depois de toda essa besteira. "Mas já é hora, Henry. Pode demorar anos até que você possa encontrar uma mulher para casar." "Eu não pretendo encontrar uma." Eu disse que era gay umas cem vezes. Gerald era a única pessoa que continuava falando em esposas. "E minhas decisões privadas não estão abertas à discussão." “Mas se os filhos do Sam e Liam forem humanos, quem será nosso próximo alfa? Sua família liderou este bando desde o seu início." Quando Gerald encontrou meus olhos dessa vez, os dele pareciam brilhar com decepção. "O que sua mãe diria se pudesse ver seu filho jogando fora seu status?" Eu estava de pé antes que eu percebesse, o punho bateu com tanta força no meio da mesa de madeira grossa que até rangeu. "Saia." Foi uma bruta violação de cortesia expulsá-los, mas eu já tive o suficiente. Mais uma palavra rude da boca dele e eu arranco seus lábios peludos. Peggy se levantou instantaneamente. "Estamos felizes por você estar em casa, Alfa", disse ela formalmente. Ela não veio me cheirar, e eu não a convidei para mais perto. “Você e sua família estão convidados para jantar em nossa casa ainda esta semana. Por favor, traga o Sr. Johannsen." "Obrigado, Peggy", disse Sam quando ficou claro que eu não ia responder. Não que eu não quisesse ser gentil, mas parecia que não podia, como se minha garganta estivesse cheia de fogo, e se eu abrisse minha boca novamente, respiraria chamas por todos os dois. Eles foram embora, mas Sam esperou que a porta da frente se fechasse para falar. "Jesus, sente-se!" Ela praticamente me empurrou até a cadeira abandonada de Peggy, trocando a caneca de café por uma nova. "Parece que você está prestes a sofrer um derrame." "Se isso significa que eu não preciso mais ouvir o Gerald sendo um idiota,

tudo bem", eu resmunguei. Liam colocou as travessas de panquecas e bacon sobre a mesa, e Sam rapidamente me serviu um pouco antes que eu pudesse recusar. "Coma." "Não estou com fome." Eu não estava mesmo. Meu estômago revirou com raiva reprimida e frustração. "Não me importo." Você não vai sair desta mesa até ter feito uma refeição de verdade." "Não preciso que outra pessoa me diga o que posso e o que não posso fazer hoje!" E gritei. Sam e eu nos entreolhamos por um longo momento. "Querido", disse ela finalmente, olhando para Liam. "Por favor, faça um prato para Ward e leve para ele? Não vamos demorar muito aqui." Ele assentiu e saiu em menos de um minuto, a comida escondida em segurança sob papel alumínio. A porta se fechou e eu me preparei para Sam começar a gritar. "Gerald é um idiota às vezes." Um pouco da minha justa indignação esvaziou. "Tá mais pra o tempo todo. Ele sabe que eu sou gay. Não entendo por que ele insiste em fingir que vou me casar e trazer uma esposa para casa algum dia." "Ele gosta de tradição. Ele gosta de fingir que as coisas são do jeito que eram antes de nossos pais morrerem. Mas ele não sabe melhor que você, ok? Você é o nosso alfa e sempre foi desde o momento em que se preparou para assumir esse bando, apesar de tudo que era horrível naquela época." Realmente tinha sido um caos terrível e total: nossos pais foram mortos em uma operação não sancionada, minha irmã e eu estávamos longe do bando quando as notícias foram entregues, o frenético mal-estar do nosso povo. A matilha quase se partiu antes que eu pudesse voltar. "Gerald nunca teria conseguido fazer o que você faz." "Sei disso." O resto da minha tensão diminuiu da minha garganta, e eu finalmente pude respirar com calma novamente. "Mas isso não o

impedirá de causar problemas." “O problema é para mais tarde. Por enquanto, coma. Por favor, coma alguma coisa." Eu olhei para a comida, panquecas de leite fresco com manteiga e bacon crocante, coisas que eu sonhava em ter durante o meu mês fora. "Sem problemas." Eu cortei um pedaço de panqueca e coloquei na boca. Tinha gosto de areia.

CAPÍTULO 07

Ward Eu não me mexo do meu lugar na frente do vidro por horas. Eu fiquei com Ava enquanto ela se alimentava, sua refeição era uma pilha de carne picada e crua que eu tinha certeza que não tinha vindo de um supermercado. Eu fiquei com Liam me empurrando a comida até que eu finalmente a engoli apenas para fazê-lo parar de me distrair. Eu não me mexi na série de testes que Tennyson decidiu realizar agora que Ava estava de pé e se movendo novamente. Estremeci com seu pequeno uivo quando ele tirou sangue, mas Tennyson estava imperturbável. "Nenhuma criança gosta de agulhas, sejam elas em forma de filhote ou humana", disse ele, calmamente segurando as patas da minha filha enquanto ela batia nele. Não sei o que Henry e Sam disseram a ele, mas ele deixou de ameaçar rasgar minha garganta para ser surpreendentemente tagarela em pouco tempo. "Esta é a primeira vez em muito tempo que ela tem energia para demonstrar algo que não gosta tão ativamente." Imaginei Ava deitada ao seu lado, imóvel como a sepultura, enquanto Tennyson a cutucava com uma agulha. Não deu certo. Ela era um furacão de criança, só ficava quieta quando finalmente caia de exaustão. Eu a assisti brincar, primeiro com Liam, depois com Tennyson, uma vez que ela o perdoou por ter vindo com uma seringa, e foi só depois que ela finalmente se enrolou em uma bola em um cobertor feito com a camisa que eu peguei emprestada - ideia de Tennyson, uma vez que carregava um pouco do meu cheiro - que eu percebi que minha bexiga estava prestes a estourar. Eu me levantei com um pequeno gemido. Como eu estava tão rígido? Tudo o que eu estava fazendo era sentar. "Banheiro?" Perguntei a Tennyson, que estava sentado na cadeira de balanço atrás de mim e

olhando para o tablet como se tivesse lhe ofendido. "Na frente, a primeira porta à direita", disse ele distraidamente. "Obrigado." "Mmm." Comparada à sala segura nos fundos, a frente da clínica estava fria. Terminei o mais rápido que pude, depois passei água quente nas minhas mãos até elas ficarem lavadas com o calor emprestado. Sequei-as e depois pressionei minhas mãos quentes no meu pescoço. Céus, isso foi gostoso. Eu nunca tinha retido tanto o calor do corpo, e minhas mãos e pés eram os piores. Parecia que eu poderia dizer com segurança neste momento que Ava iria se esquivar desse problema à medida que crescesse. Os lobos poderiam ter algo como má circulação? Que tipos de doenças os afetavam? Definitivamente era algo que eu precisava saber. Abri a porta do banheiro com um novo senso de propósito e quase esbarrei num adolescente em pé no escritório da frente. "Whoa - ei, desculpe por isso", eu disse, dando um passo para trás para colocar algum espaço entre nós. Ele tinha um livro, uma calculadora e um bloco de papel debaixo do braço, e estava vestido de jeans e um suéter pesado, mas sem jaqueta. Ele tinha que ser um lobo, caso contrário, ele estaria coberto da cabeça aos pés como eu. "Uau." Seus olhos castanhos se arregalaram quando ele olhou para mim. “Você realmente é o pai de Ava. Vocês cheiram muito parecido." "Quem te disse isso?" E quem era esse garoto? "Meus pais foram falar com o alfa esta manhã e disseram que ele trouxe você aqui para ajudá-la." Bem, essa era uma maneira de enquadrar as coisas. "Sim, é por isso que estou aqui." "Que legal." Nós nos encaramos por um momento embaraçoso. "Hum... Parece que ela está melhor."

"Sim, ela está." "Legal." "Sim." Jesus Cristo, quem era o adulto aqui? Era hora de ir além das palavras monossilábicas. "Eu me chamo Ward", eu disse, estendendo minha mão. "Ward Johannsen. Prazer em conhecer você." "Obrigado." Quando ele sorriu, o rosto do jovem passou de charmosamente infantil a devastador. Aquelas covinhas lhes daria muitas garotas algum dia. "Sou Roman Owens. Meus pais são Gerald e Peggy. Eles são de La Garita de longa data, como o alfa." "Bem, eu sou tão novo no grupo que ainda estou brilhando, mas estou aqui para ficar por um bom tempo." "Legal." Ele realmente parecia acreditar também, apertando os lábios enquanto olhava para mim como se estivesse segurando uma explosão de perguntas. "Tennyson está lá atrás", eu disse, mesmo que desnecessariamente para lobos. Liam havia saído há um tempo, tão silenciosamente quanto ele havia chegado. "Se você precisar falar com ele." "Ha, sim. Ele geralmente me ajuda com meu dever de cálculo aos domingos, se tiver tempo." "Legal." Eu liderei o caminho de volta pela porta aberta, e Roman me seguiu. "Cálculo Um ou Dois?" "Um, mas estou quase pronto para dois." "É mais fácil", confidenciei a ele. "Ou pelo menos eu pensava assim." "Ah é?" Ele se animou. "Você é professor de matemática?" "Física, na verdade, mas obviamente há muita matemática nisso." Entramos na sala dos fundos, onde Tennyson ainda estava franzindo a testa sobre o tablet. Sua expressão me deixou nervoso. Ele era o médico por aqui, certo? Por que ele estaria fazendo essa cara se tudo estava indo bem? "Ava está bem?" Tennyson suspirou. “A resposta para isso é um sim bem grande - basta

olhar para ela. Não seja um daqueles pais coruja, Sr. Johannsen. Eu odiaria ter que expulsá-lo da minha clínica, mas farei isso se você não puder se comportar." O inferno que ele faria, mas a última coisa que eu precisava agora era começar outra briga. "Não, claro que não. Você parece... Chateado." "Oh." Agora ele parecia surpreso. "Estou bem. Não tem nada a ver com Ava, prometo." Ele se virou para Roman. “Sinto muito, mas acho que não vou ter tempo para matemática hoje. Teremos que reagendar." Como todo adolescente, o corpo inteiro de Roman conseguiu irradiar decepção. “Tudo bem”, ele disse, mas claramente não estava tudo bem. "Talvez amanhã?" "Talvez, mas-" "Eu posso ajudar", eu disse. Dois pares de olhos esperançosos se voltaram para mim. "Se pudermos estudar aqui", continuei. "Tudo bem...", disse Tennyson. Ele olhou para mim como se não tivesse muita certeza do que pensar de mim, mas Roman já estava sentado no chão e abrindo seu livro. “Vou trabalhar no meu escritório, então. Volto em uma hora para verificar Ava." "Obrigado." Sentei-me ao lado de Roman e dei uma olhada no capítulo que ele abriu. “Limites já? Então você é bom com todas as notações e funções básicas?” "Acho que sim." "Legal." Minha mão ansiava por um apagador. Parecia uma eternidade desde que eu pensara no meu antigo emprego, além de uma curiosidade ocasional sobre como estavam as minhas aulas. Agora, porém, com meu coração acalmado pela primeira vez desde a mudança de Ava, percebi o quanto sentia falta de ensinar. "Então, você conhece a definição de limite?" Roman deu de ombros. "Não exatamente." "Ok, vamos começar por aí."

Matemática pura não era o meu ponto forte, mas Cálculo Um não exigia muita inteligência. Passei uma hora conversando com Roman sobre da definição básica de limites, o que eles poderiam nos dizer sobre funções e por que era importante. Trabalhamos juntos alguns problemas e, em seguida, ele fez mais alguns sozinho comigo apenas verificando seu trabalho. Foi satisfatório, usar minha cabeça para mais do que estrategiar e me preocupar. Eu estava quente, confortável, tinha minha filha por perto e alguém precisava de mim para alguma coisa. Eu estava bem perto de feliz, considerando todas as coisas. Então Henry teve que aparecer e estragar as coisas. Roman notou isso antes de mim, suas costas endurecendo de repente quando sua cabeça virou em direção à porta. Ele se levantou e um momento depois Henry entrou na sala. "Bem-vindo de volta, Alfa", Roman disse enquanto eu lutava para me levantar. Henry sorriu para ele, breve, mas sincero. "Obrigado, Roman. É bom estar em casa." Ele estendeu a mão e Roman a apertou, e eles se abraçaram por um longo momento. Eu sabia, sabia que era normal para lobos, mas ainda não pude deixar de olhar um pouco. Roman tinha dezessete anos, e ele já cinco centímetros mais alto que eu, mas ainda parecia anão nos braços de Henry. Eu não sabia se era a força da personalidade dele ou o quê, mas eu só podia imaginar o quão ridiculamente pequeno eu era quando nos abraçamos mais cedo. Ou talvez fosse a barba. Isso, era a barba. "Vocês dois estão ocupados?" ele perguntou quando o abraço terminou. "De fato, nós estam-" "Não, alfa", Roman disse rapidamente. Ele olhou para mim. “Acho que posso fazer o resto desta página sozinho. Talvez você possa conferir meu trabalho amanhã?" Ele arrastou os pés. "Se você ainda estiver aqui amanhã?" Oh, eu não ia a lugar algum. Abri minha boca para dizer exatamente isso, quando...

"Ele não vai a lugar nenhum." Bem. Isso foi uma mudança súbita. Eu olhei surpreso para Henry, mas ele não desviou o olhar de Roman. “Sinto que Ward também terá muito mais disponibilidade no futuro próximo. Sam vai falar com vocês sobre isso amanhã na aula." "Sim, Alfa." "Ward." Ele finalmente olhou na minha direção. Endireitei as costas e juro que quase vi um sorriso em seus lábios. "Temos um encontro com o guardião." "Oh." Minha frequência cardíaca acelerou tão rapidamente que os dois lobos estavam olhando para mim agora. "Ok", eu consegui falar. Henry colocou a mão no meu ombro. "Vai dar tudo certo", disse ele. E por alguma razão, eu acreditei nele. "Ele está esperando em casa." "Eu quero voltar depois que terminarmos." "O quanto antes, prometo." Partimos quando Roman guardou suas coisas e Tennyson trouxe outra refeição para Ava, o que parecia pedaços de algo carnudo em um caldo brilhante. Cheirava bem; eu tive que admitir. "É fígado", Henry disse uma vez que estávamos fora antes mesmo de eu respirar para perguntar. “Provavelmente alguns rins picados, um pouco de estômago também. Medula óssea para o caldo. Tem muitos nutrientes que um filhote em crescimento precisa.” Eu fiz o meu melhor para não torcer o nariz. "Delícia." “Ela acha que sim. Agora, preciso do nome da pessoa que lhe disse onde nos encontrar." A rápida mudança de assunto quase fez minha cabeça girar. "Eu.... Não." "Ward." Henry parecia frustrado. “Eu entendo por que você veio aqui. Você ama sua filha. Mas uma brecha como essa pode colocar em risco todo o meu bando, e eu preciso ser capaz de selá-lo. Eu já disse a John

que Sam e eu nos aproximamos de você quando percebemos o quão ruim Ava estava, mas isso não vai colar com meus superiores. Tê-lo aqui vai contra todo protocolo de segurança, e alguém tem que responder por ele. Prefiro que alguém não seja você." "Não é uma brecha", argumentei, suave mas fervente. "A pessoa que me ajudou não faria isso por mais ninguém, eu juro." "Você não sabe disso." “E você não os conhece! Essa pessoa entende o quão importante isso é, ok? Eles são…." Merda, como eu poderia explicar como Davis era raivosamente leal às pessoas com quem se importava? “Essa pessoa é a coisa mais próxima à uma matilha que um humano pode ter, eu acho. Sem chance dele trair minha confiança." Henry olhou para mim tão de perto que pensei que ele pudesse ver através de mim. "Você não será capaz de manter quem é em segredo para sempre", disse ele. "Não se você planeja ver essa pessoa novamente." Eu não tinha pensado nisso. Davis era um irmão para mim, minha única família além de Ava desde a morte de meu irmão Rick. O pensamento de nunca mais vê-lo novamente me fez tremer. Você pode resolver isso mais tarde. Uma coisa de cada vez. Respirei fundo. "Vamos conhecer o guardião." O guardião - John, se bem me lembro - estava sentado na sala de estar de Henry e Sam quando chegamos lá, bebendo uma caneca pesada que cheirava a chá. Sam estava com ele, mas não havia sinal de Liam. "- poderia ter trazido as crianças", Sam estava dizendo enquanto entramos. "Tenho mais alguns artigos universitários que achei que Genna poderia gostar e sinto falta de ver os gêmeos na escola todos os dias." "Está frio para eles saírem, e eles têm dever de casa para terminar", respondeu o homem. Ele tinha uma voz rouca e seu cabelo grisalho estava cortado perto da cabeça. Seu rosto enrugado parecia tão severo quanto ele parecia, e quando ele se concentrou em mim, era quase como olhar para Henry em modo alfa. "Então. Este é o seu clandestino."

Ele parecia puto. Felizmente, Henry falou antes que eu pudesse abrir minha boca. “Era uma emergência médica, e sua papelada ainda não havia chegado. Eu sei que você teria nos parado no portão, mas não podíamos esperar." “Sim, você já disse isso. Não tenho certeza se vou acreditar, mas ”- John deu de ombros -“ é seu funeral se eu não receber essa papelada até o final do mês.” "Dentro de um mês a partir do dia da chegada", Sam corrigiu. “Já é dia dezessete. Temos até meados de fevereiro para entregar a papelada dele para você." Estava na hora de interromper, antes de uma briga começar. "Eu sou Ward Johannsen." Eu dei um passo à frente e estendi minha mão pelo que parecia ser a décima vez naquele dia. “Prazer em conhecer você." Após um momento de pausa, o guardião se levantou e apertou minha mão. Ele apertou com força o suficiente para moer os ossos dos meus dedos juntos, e eu estremeci. Um rosnado baixo surgiu no ar, e John me soltou, sua expressão ficando um pouco surpresa quando ele e Sam olharam para Henry. "Huh." O guardião olhou para mim. "Você trabalha rápido, Sr. Johannsen." Abri a boca para pedir que ele explicasse, mas ele avançou. "Sou John Parnell, e se você tiver sorte, não nos veremos muito." "Uh... Ok?" "Sam, obrigado pelo chá. Henry." Ele olhou de volta para o alfa enquanto passava um lenço no pescoço. "Um mês. Então eu começo a pesquisar." "Eu entendo." Bem, isso foi bom, eu acho. Eu esperei ele sair para perguntar sobre isso, no entanto. Sam sorriu tranquilizadoramente e me deu um tapinha no ombro. "Vamos tomar um chá, e então Henry e eu podemos contar o que está acontecendo. Talvez tenhamos alguns biscoitos também. Gostam da ideia?"

Um chá com um lobo? Não seria a coisa mais estranha que eu tinha feito até hoje. "Isso parece ótimo."

CAPÍTULO 08

Henry Acho que nunca conheci uma pessoa tão ilógica como Ward antes, e, considerando meu comandante, isso dizia muito. Ele absolutamente se recusou a nos dar o nome de pessoa que lhe passou as informações, e nenhuma quantidade de persuasão poderia lhe fazer mudar de idéia. Sam falou primeiro. "Certo. Se você não pode compartilhá-lo conosco, não pode. Vamos ver o que mais podemos fazer para consertar isso." Esse era o código para encontrar outra pessoa para assumir a culpa. Tão confiante nas conexões de minha irmã quanto eu estava, - deixei toda a negociação entre matilhas para ela por um bom motivo - eu suspeitava que, desta vez, a única pessoa capaz de assumir a culpa por um humano desonesto no terreno da matilha seria eu. O pensamento deveria ter me enfurecido. Eu não estava aqui para ser o bobo alegre de ninguém. Eu era o alfa do bando de La Garita e tinha um dever. Esse dever incluía estar inteiro e presente para minha matilha, não assumir responsabilidade por um homem sem nenhum cuidado com as conseqüências de suas ações. Mas, por alguma razão, meu senso de justa indignação acabou me fazendo aceitar. Eu não tinha certeza se era devido a fadiga pessoal ou apenas algo sobre Ward, mas, de qualquer forma, fiquei agradecido por não ter mais nenhum conflito introduzido em minha alma naquele momento. Sentado à mesa com uma caneca de chá de jasmim e um prato de biscoitos de gengibre, com apenas Sam e Ward como companhia, foi pura mais calma que senti em semanas. "Sinto muito pelo problema." Eu poderia dizer que ele estava falando sério, mas enquanto seu cheiro carregava um vago aroma de culpa, não havia nada de arrependimento lá. Apreciei seu senso de comprometimento, pelo menos.

"Não se preocupe, deixe isso pra lá. Enquanto isso, precisamos encontrar algo para você fazer por aqui enquanto trabalhamos em uma solução permanente.” "O que quer dizer?" "Significa encontrar um emprego para você", eu disse. Ward levantou uma sobrancelha e eu sorri. "O que, você pensou que poderia apenas entrar aqui e vadiar pelo resto da vida?" "O resto da minha - não, quero dizer, é claro que não, mas -" Ele pegou um biscoito, mas não o comeu, virando-o repetidamente e olhando para ele como se se esforçasse o suficiente, ele poderia encontrar um escrita da sorte escrita nele. "Porque é disso que estamos falando", continuei, satisfeito por ter a vantagem pelo que parecia ser a primeira vez em muito tempo. “Até Ava ter idade suficiente para a faculdade, ela ficará aqui. Lobos não deixam seu território, exceto em casos de emergência ou ausências prescritas, como escola ou casamento.” Ward olhou com curiosidade. "Por que casamento é uma ausência prescrita?" "Muitos casamentos de lobos são arranjados", disse Sam. “É a maneira mais fácil de encontrar alguém como nós, e os lobos não podem se casar com humanos comuns. A agência não quer que o gene se espalhe para mais da população do que já tem.” "Isso é…." Ele piscou algumas vezes enquanto procurava a palavra. "Nojento e draconiano." Eu dei de ombros. "É o que é." "Mas como você pode simplesmente aceitar isso?" Ward exclamou. “Como você pode ficar bem com o fato de que toda a sua matilha está destinada a passar a vida inteira em quantas milhas de terra você tem aqui, sem chance de explorar o mundo ou escolher sua própria esposa ou, ou apenas recuar? Como você pode ficar bem com isso, sendo o alfa deles? O que isso significa, além você não estar nem aí pro resto da matilha?"

Senti minhas garras começarem a emergir e cerrei os punhos. Ward era tão estupidamente inocente. Ele não tinha a menor ideia de como era a vida para nós, mas por Deus, ele iria saber agora. “Você tem alguma ideia de como seria fácil nos matar? Alguma idéia de quantas pessoas querem nos matar? Há pessoas no poder, membros do Congresso dos Estados Unidos, que tentam, enquanto falamos, levar pessoas com o gene de lobo a serem declaradas perigos para a sociedade e caçadas ou esterilizadas à força. ” Ward abriu a boca, mas eu rolei direto sobre quaisquer protestos. “Existem outras pessoas que pensam que devemos ser usados como moeda de troca diplomática, outras ainda que pensam que devemos ser colocados em um programa de reprodução e nos fazerem almas vivas em prol da 'segurança nacional'. John não está aqui apenas para manter as pessoas fora do nosso território - ele está aqui para garantir que fiquemos nele. Nós nos mantemos em linha, sim, porque se não o fizermos? Tudo o que temos pode ser destruído com muito pouco trabalho para as pessoas que estão no comando. Então, não, eu não estou bem com as coisas, mas eu cumpro as regras, porque isso faz parte de como eu defendo minha matilha. Fui enviado para os piores lugares do mundo para que possamos-" Engoli minhas palavras antes de prosseguir. Uma coisa era defender o nosso modo de vida, outra era entrar em uma festa de piedade na frente de alguém que eu acabara de conhecer. A julgar pela expressão atordoada em seu rosto e a dor que eu vi na de Sam, eu já tinha falado demais. Ela respirou fundo e expirou. "Então, um trabalho." "Claro." Ward balançou a cabeça um pouco e, felizmente, voltou ao ponto principal em vez de perseguir o final da minha última frase, ou pior ainda, pedir desculpas. “Sim. Eu preciso de algo para fazer. Na verdade, eu estava pensando que talvez... Eu poderia ser um tutor?" Dado o quão incrivelmente desafiador quase tudo o que o sujeito disse era, a maneira como ele cambaleou um pouco agora era estranha. "Ajudei Roman a fazer sua lição de cálculo hoje. Eu sinto que eu poderia fazer isso facilmente.” Sam franziu a testa. “Eu não sabia que ele precisava de ajuda em seu

trabalho de cálculo. Ele está obtendo notas perfeitas em seus testes." “Bem, independentemente, fiquei feliz em fazê-lo. Então, o que você acha?" "Pessoalmente, acho o seu potencial seria perdido como apenas um tutor", disse Sam. "Prefiro tê-lo como mais um professor." Gargalhei. "Ela só quer alguém em quem possa empurrar o trabalho dela." Sam apontou um dedo para mim, mas manteve os olhos em Ward. “Não ouça uma palavra saindo da boca mentirosa do meu irmão. Eu faço o melhor trabalho possível com as crianças-" "Você é uma ótima professora." Ha, isso a fez corar. “Mas”, ela continuou, “minha formação é mais ciência branda que ciência bruta. Consigo ajudar em cálculo até certo ponto, e estou puxando meu cabelo por causa da física e da química. Eu realmente poderia usar sua ajuda, e as crianças adorariam ter outra pessoa por perto para misturar as coisas.” "Quantas crianças existem no bando?" "Sete, incluindo Ava." Os olhos de Ward se arregalaram. "Só isso? Quantas pessoas há na matilha, no total?" "Vinte e cinco. Vinte e seis, incluindo você." Ela sorriu. “Estamos na média, na verdade. Os bandos quase nunca ficam maiores que trinta pessoas. Quinze seriam considerados pequenos, quase pequenos demais para serem saudáveis." "Qual a faixa etária deles?" “Ava é a mais nova. Josie tem seis anos, Pippa e Louis ambos têm oito, Olivia tem onze, Terrence tem quatorze e você já conheceu Roman. Ele é o mais velho do grupo. O problema não é que tenho muitas crianças para cuidar”, disse ela. “É que todos eles estão em níveis muito diferentes e não há muitas lições que eu possa dar pra todos eles ao mesmo tempo.

Vou precisar da ajuda do Roman com mais frequência do que ideal, provavelmente." "Oh." Pelo menos Ward não parecia intimidado, batendo a borda do pedaço de biscoito no pires enquanto segurava o rosto com a outra mão. “Bem, eu adoraria ajudar. Não tenho licença para ensinar no Colorado, mas não acho que isso seja um grande problema aqui, não é?" "Nem um pouco" assegurou Sam. "Oh, pelo amor de Deus." Eu empurrei seu prato um pouco mais perto dele. “Coma essa coisa antes que ela se desfaça. Ou não." Eu realmente não me importava, mas era irritante pra caralho vê-lo brincar com a comida. “Apenas deixe aí, então. Mas beba o chá antes que esfrie," acrescentei, porque percebi que ele ainda estava sentindo os efeitos do clima. Ward revirou os olhos. "Obrigado, mamãe", ele resmungou, mas mergulhou o biscoito no chá morno e deu uma mordida. "Uau." Ele olhou para os restos em sua mão. "Isso é ótimo." Claro que era bom - era a receita da minha mãe. "Pegue outro. Você mal comeu hoje. Você não será capaz de ensinar nem uma criança, muito menos sete delas, se não comer." Ignorei firmemente o olhar curioso da minha irmã enquanto Ward pegava outro biscoito. Foi estranhamente gratificante vê-lo comer, e senti minha própria fome surgir pela primeira vez naquele dia. "Vou precisar de tempo para ver a Ava", disse Ward depois de engolir seu chá. Porra, ele quase parecia ser apenas um garoto, e aqui estava ele perseguindo sua filha. Sam sorriu. "Fazemos muitas pausas e a escola fica bem perto da clínica." “E eu vou... Merda, vou precisar de um lugar para... Ficar, eu acho? E tenho alguns negócios para concluir lá em casa - quero dizer, na Califórnia, que não é mais a minha casa. E um computador? Posso ter um?" "Você vai ficar aqui conosco", disse Sam facilmente. " É claro. Temos espaço e, como Henry é o alfa, é algo hospitaleiro a se fazer. Quanto aos

computadores, há alguns na escola. Eles são todos monitorados, então você não pode fazer nada que não queira ser rastreado, caso esteja pensando em entrar em contato com o seu informante.” Sam fez bem em avisá-lo. O queixo de Ward caiu. "O governo monitora seus computadores?" Sam assentiu. "Todas as nossas comunicações externas são monitoradas." Cara, como ela ficava puta com isso. Isso nunca mudou. "Outra razão pela qual temos que ter cuidado", eu disse. "Não sei por quanto tempo sua presença aqui passará despercebida, mas se as notícias não vierem de mim, meus superiores não ficarão felizes." Eles não ficariam felizes de qualquer maneira, mas eu não queria que eles soubessem por Gerald, pelo amor de Deus. "Eu vou cuidar disso amanhã." E isso ainda parecia cedo demais, como se eu estivesse carregando um fardo que mal tive a chance tirar dos meus ombros. "Obrigado." "Claro." "Não, obrigado mesmo." Ele estendeu a mão e, antes que eu pudesse me afastar, a mão de Ward estava em cima da minha. “Entendo que sou um grande inconveniente para você. Estou realmente começando a ver isso, e o fato de você não me expulsar e me deixar ver a Ava, mesmo que ela ainda seja um filhote, é..." Ele respirou fundo, estremecido, que eu podia sentir todo o caminho pelas pontas dos dedos. “É tudo que eu quero. Sou grato. Tá bem? Sou incrivelmente grato a vocês dois." "Está tudo bem." Eu não me sentia bem. Eu senti como se minha mão estivesse em chamas. Eu a puxei de debaixo da dele e empurrei minha cadeira para trás. "Está ficando tarde. Você quer ver Ava novamente antes que ela se deite?" "Sim!" Ele pulou e estava voltando para a porta da frente com suas botas ridículas antes que eu pudesse ficar de pé. Eu olhei para Sam. "Ficar com a gente, sério?" Eu murmurei, suave o suficiente para Ward não ouvir, mas definitivamente alto o suficiente para ela entender que eu não estava feliz.

"Faz sentido. Ele estará dando aula comigo, afinal. Isso facilitará a elaboração de planos de aula!" ela se defendeu. “Além disso, você não pode me dizer honestamente que ficaria confortável com ele dormindo na casa de outra pessoa. Ou pior ainda, sozinho." O pensamento era digno de fazer eu me encolher. "Acho que não. Eu apenas-" Rolei meus ombros, tentando aliviar um pouco da tensão neles. “Acho que ainda estou me acostumando com a ideia. Ainda não estou pensando em todos os detalhes. Liam está cuidando do carro de Ward?" "Henry." Sam olhou para mim atentamente, ignorando minha tentativa de mudar de assunto. “Vai dar tudo certo. Eu prometo, está bem? Eu estaria lutando contra isso se não achasse que conseguiríamos fazer funcionar. ” “Você não deveria ter que lutar. É pra isso que eu estou aqui." Parecia que lutar era tudo o que eu era bom nesses dias. "Somos uma equipe", ela insistiu. Você, eu e Liam. Sei que você ainda não acredita em mim, mas vai acreditar." Ela estava certa. Eu não acreditava nela. Eu poderia dizer que ela estava falando sério, e eu a amava por isso. "Obrigado, Sam." "Henry!" Ward chamou da porta. "Eu vou embora sem você, se você não se apressar!" "Estou indo!" Tomei o último gole de chá e me levantei. "O dever chama, eu acho", eu disse à minha irmã. Ela sorriu levemente. "Divirta-se." Eu não sabia se iria me divertir. Mas enquanto eu andava pela neve de volta para a clínica, ouvindo Ward falar um pouco sobre sua filha e, por baixo disso, a batida constante de seu coração, eu podia honestamente dizer que talvez fosse o melhor que eu havia sentido o dia todo. Eu aceitaria isso.

CAPÍTULO 09

Ward Eu tinha que dar crédito a Sam: ela era um modelo de eficiência quando se tratava de me acomodar. Em retrospecto, eu estava tão mal preparado quando cheguei aqui que ainda estava um pouco surpreso por ter encontrado o bando e muito menos ter sobrevivido e ser aceito nele. Eu tinha uma muda de roupas, sem produtos de higiene pessoal, sem objetos pessoais além do meu telefone e meu carro, os quais provavelmente estavam agora no fundo de um penhasco. Dois dias atrás, eu não tinha nada, mas não podia mais dizer isso. Sam implorou, barganhou ou roubou três conjuntos completos de roupas para mim, que eram próximas o meu tamanho, e eu mal percebi o comprimento extra nas mangas ou a maneira como tive que fazer um novo buraco no velho cinto de couro que acompanhava. "Oh, eu só perguntei por aí", ela disse quando expressei minha surpresa no jantar. “A matilha compartilha com a matilha. Não estamos exatamente perto de outra cidade aqui em cima, então todos dependemos um do outro para compartilhar o que precisamos. Vou pedir mais algumas para ser incluído no próximo envio." Bem, agora me senti culpado. Claro que ela percebeu. "Está tudo bem", ela me assegurou. “Está ótimo, até. Todas as mudas foram usados por lobos, então agora você cheira mais como matilha do que nunca. Isso facilitará sua integração, principalmente com as crianças.” Ela também me encontrou uma escova de dentes nova, um pente e um frasco meio cheio de xampu e condicionador 2 em 1. "Eu realmente agradeço." Ela bateu no meu quadril com o dela. "Eu sei." Sem a intimidade de Sam, o jantar poderia ter sido uma tarefa solene.

Liam estava quieto, o que parecia ser o padrão dele, mas ele não parecia desconfortável, estava mais empenhado em dar à esposa o olhar mais apaixonados que eu já vi. Honestamente, ele poderia ter usado uma placa piscando dizendo EU TE AMO com uma flecha apontando para ela e ainda seria menos óbvio. Era fofo. Eu nunca tinha visto um casal tão apaixonado um pelo outro antes. Já Henry era outro assunto. Ele ficou em silêncio, mas era um tipo sombrio de silêncio, forçado pela tensão em sua mandíbula que parecia manter a boca fechada. Ele comeu, cortando metodicamente o bife em pedaços e consumindo-o sem prazer ou aversão evidente. Ele falava quando Sam fazia uma pergunta, mas ele não iniciava nada. Sinceramente, ele me lembrou alguns dos meus alunos mais antigos da faculdade comunitária que haviam voltado da guerra, mas realmente não a deixaram para trás. Estar na mesma sala que ele, era como andar sobre casca de ovo, e eu desejei provavelmente, pela bilionésima vez poder falar com Davis sobre isso. Davis sabia mais sobre lobos do que qualquer um que eu já conheci, antes de vir aqui. Ele trabalhou com eles, trabalhou para eles - ele saberia o ângulo certo a seguir com um alfa intimidador. Mas Davis não era uma opção agora. Continue como você começou. Eu não trataria Henry com cuidado, mesmo que às vezes parecesse que ele precisava ser tratado assim. Ele tinha posto a sua bunda na reta para eu ficar aqui - eu percebi isso. O mínimo que eu podia fazer era não fugir do assunto como uma violeta encolhendo. "Eu preciso estar junto quando você falar com seu comandante?" Henry olhou para mim como se eu tivesse ganhado uma segunda cabeça. "Não." "Você tem certeza?" Eu pressionei. “Porque eu poderia ajudar a explicar as coisas. Eu ficaria feliz em-" "Confie em mim, não há nada que você possa dizer que o faça feliz." Henry largou os talheres e empurrou o prato para longe. “Se vamos continuar com a história que eu inventei sobre você estar aqui antes de eu voltar, então eu tecnicamente quebrei as regras enquanto estava em serviço. Eu não acho que você será capaz de apaziguar as consequências disso."

"Jesus Cristo, pregue-se um pouco mais forte nessa cruz", eu resmunguei. Todos os meus três colegas de mesa estavam me encarando agora, e apenas Sam parecia estar vagamente se divertindo. “Quero dizer... Você estava fora da missão quando voltou ao Colorado, certo? Você pode dizer que entrou em contato comigo então. Se ele perguntar, eu estava aqui de férias." "Você não estava." “Sim, mas ninguém sabe disso. Meu corpo docente basicamente pensa que estou no meio de um colapso nervoso. Eles não seriam capazes de dizer o contrario se o seu chefe decidisse conferir sua história. Você me ligou quando voltou, eu estava convenientemente no estado, nos conhecemos e bam. Pronto." Sam assentiu. "Adorei." "Claro que adorou", disse Henry, mas ele parecia um pouco mais tranquilo. "Se você tiver certeza disso, tudo bem." "Oh sim, use-me como quiser." Sam bufou uma risada, os olhos de Liam quase saltaram de sua cabeça, e Henry realmente abriu um sorriso. "Você vai se arrepender disso", Henry me prometeu. "Vamos ver", respondi. O quarto de hóspedes era oficialmente meu, pelo menos por enquanto, então coloquei minhas roupas novas nas gavetas, coloquei minha escova de dentes no banheiro ao lado do que eu achava que era a do Henry e fui para a cama com o coração mais leve do que antes. Dormi a noite toda e na manhã seguinte estava na hora da escola. Vesti as roupas mais formais à minha disposição: um suéter de cor creme e um par de jeans skinny pretos que provavelmente tinham vindo de Roman. Eu tinha botas melhores agora, o que era uma piedade, e duas camadas de meias, o que era uma necessidade. Arrumei meu cabelo o melhor que pude sem gel, escovei os dentes e desci as escadas para a cozinha. Desconcertantemente, mais uma vez eu estava sozinho com

Henry, que usava mais flanela do que um lenhador. Ficava bom para ele. "Eu estou atrasado? Onde está a Sam?" "Não está atrasado. Ela foi na frente até escola." Ele deu de ombros. "Ela gosta do tempo extra para se preparar." "Quanto tempo eu tenho no café da manhã?" "Tempo o suficiente. Como você gosta de comer os ovos?" Parei a meio caminho da cafeteira. "Oh, não, você não precisa cozinhar para mim." "Mas eu vou mesmo assim." Ele largou sua própria caneca e virou-se para o fogão, onde alguns ovos já estavam em uma colher descansando. "Mexidos, eu aposto." "Frito com a gema mole", eu falei de volta, porque foda-se ele; ele não lia mentes. Embora eu adorasse ovos mexidos. "Com torradas." "Ah, a torrada é sua responsabilidade." Eu olhei para ele. Ele olhou para mim, seus olhos quase brilhando. Ele estava brincando comigo? Eu não sabia dizer. "A manteiga e a geleia estão na geladeira", acrescentou. "Obrigado." Cortei dois pedaços para mim e outros dois para Henry já que estava fazendo pra mim. Eu torrei todos enquanto ele fritava os ovos, depois passava manteiga na torrada e as carregava com o que pareciam conservas de pêssego caseiras. Quando apresentei as fatias a Henry, ele levantou uma sobrancelha. "Elas parecem tão doces que podem servir como sobremesa." "Sorte sua, comer sobremesa no café da manhã", eu disse, comendo meus ovos. Eles estavam perfeitos. "Eu quero ver Ava antes da aula." "Então é melhor você comer rápido." O desejo de dar a esse cara o dedo do meio era quase perpétuo. Porém eu queria manter todos os meus dedos, então decidi pelo tipo de olhar que

costumava fazer meus alunos correrem e enfiei meu café da manhã goela abaixo. Não demorou muito para terminar, mas ele ainda terminou antes de mim. Foi a primeira vez que o vi comer com qualquer tipo de apreciação por sua comida. Ovos e torradas eram de seu gosto, não é? Cada um com sua mania. Hoje estava tão frio lá fora como ontem, mas eu estava um pouco melhor preparado para isso agora. Minha respiração era uma névoa de cristal diante dos meus olhos enquanto nos dirigíamos para a clínica, e eu deslizei pela metade do caminho. A mão de Henry agarrou meu cotovelo, mantendo-me em pé antes que eu pudesse inclinar mais de cinco graus. "Seja cuidadoso." "Eu sou." “Seja mais cuidadoso, então. A última coisa que você quer fazer é cair neste gelo." "Eu não tenho oitenta anos, não vou quebrar o quadril", eu disse, mas considerando todas as vezes que fraturei ossos na minha vida, bem... Melhor não tentar o destino. Ava estava acordada e comendo em seu próprio café da manhã de um jeito bagunçado quando entramos na clínica. Ela abandonou o prato assim que me viu, e eu me ajoelhei perto do vidro e pressionei minha palma contra a superfície, exatamente onde ela estava esfregando o rosto. "Hey querida." Deus, eu só queria ir até lá e abraçá-la. Eu sabia que era perigoso, e se alguém provavelmente morreria pela mutação de lobo, era eu. Isso não me impediu de querer ela. Ela era minha filha, e eu só a queria, para confortá-la, brincar com ela e fazê-la sentir-se segura e amada. Esse era o meu trabalho como pai dela, e eu tinha muito a compensar. "Esse é o segundo café da manhã", disse Tennyson de algum lugar atrás de mim. "Ela está comendo como uma campeã." "Ótimo."

“É muito encorajador. Ainda não houve mudanças na transformação dela, mas ela chegará lá." "Eu sei que ela vai." Minha filha poderia fazer qualquer coisa. Eu esperei sua explosão de exuberância desaparecer um pouco, e então ela pegou uma bola do outro lado da cela e a trouxe até a parede. “Own, Ava. Ainda não posso brincar com você." Ela choramingou e empurrou a bola para mais perto. "Não até você ser uma garotinha de novo, querida. Mude de volta para mim e podemos jogar o dia todo, ok?" Seu choramingo estava mais alto agora. Os olhos de cachorros pidão nunca foram uma descrição tão adequada. "Desculpe amor. Logo, eu prometo." Vi Henry bater na parte de cima do pulso na entrada da porta, não que ele estivesse usando um relógio, o idiota. “Eu tenho que ir agora, mas volto na hora do almoço, ok? Podemos comer juntos e vou ler uma história para você." Ava jogou a cabecinha peluda para trás e uivou. Suspirei. "E chegou a hora da birra." Pelo menos era familiar. Eu sorri para minha filha e acenei um pouco, e então me levantei e fui até Henry, embora meu coração parecesse que queria se despedaçar em dois. "Acho que é melhor deixá-la se desgastar quando está de birra", eu disse calmamente. "Voltarei um pouco mais tarde", Henry prometeu. "Ver se me ter por perto por um tempinho a ajuda de alguma maneira." Eu esperava sentir um pouco de inveja disso. Eu fui o único pai de Ava por um longo tempo, ela só tinha a mim para confiar Em vez disso, apenas senti alívio. "Obrigado." "Claro. Por aqui." Saímos da clínica por uma porta diferente e caminhamos em silêncio por mais algumas centenas de metros, até um edifício de madeira com algumas janelas altas e uma chaminé fumegante. "Essa é a escola", disse Henry a cerca de seis metros. "Divirta-se, professor."

"Você não vai entrar comigo?" Henry me deu um olhar que dizia: você tem cinco anos? “É melhor se eu não distrair as crianças. Voltarei mais tarde." Ele bateu gentilmente nas minhas costas, depois se virou e me deixou parado na neve. "Tudo bem", eu murmurei. "Que seja." Sete crianças, ou realmente apenas seis sem Ava. Sem problemas. Com isso eu poderia lidar. O interior da escola estava maravilhosamente quente, provavelmente por causa da fragilidade humana de Sam e minha. O chão era de madeira na entrada, mas com carpete mais longe, e um mar de cadeiras confortáveis, sofás e mesas artesanais robustas cobriam o chão entre a porta e a parte de trás da sala de aula. Computadores alinhados em uma parede, caixas de brinquedos e equipamentos estavam empilhados contra a outra, e no centro de tudo estava Sam, cercado por corpos pequenos e nem tão pequenos. "Ward! Venha aqui!" "Ele tem que pendurar a jaqueta primeiro", uma das meninas repreendeu Sam. "E tire as botas", acrescentou um garoto. "E então ele tem que nos cheirar, para que possamos cheirá-lo de volta!" "Ah-ah", Sam disse com um pequeno aperto de cabeça. “Ward é um humano como eu, lembra? Os humanos não precisam cheirar recémchegados como os lobos. ” A criança que sugeriu parecia arrasada. "Mas eu quero cheirá-lo!" "Então você pode perguntar a ele educadamente." Deixei minha jaqueta e botas na porta, mas mantive o cachecol enquanto caminhava para o grupo. Joguei um aceno para Roman, que o garoto retornou, parecendo um tanto quanto convencido. "Que injusto! Roman já deve ter cheirado ele!" "Josie, acalme-se, ou você não terá nenhuma hora peluda." Sam virou-se

para mim. “A hora peluda é quando as crianças praticam a mudança. É uma boa pausa das lições habituais." "É a minha coisa favorita", disse Josie sinceramente. "Sem farejamento inapropriado e você ainda pode ter uma hora peluda mais tarde." Sam sentou-se em uma cadeira confortável e apontou para mim. "Eu já disse às crianças que esperavamos por você, mas não contei muito sobre você, então por que você não conta um pouco sobre você, Sr. Johannsen?" "Claro." Não era exatamente como estar na frente de quarenta adultos, mas eu estava acostumado a falar em público neste momento. Eu sorri. “Sou Ward Johannsen, sou o pai de Ava. Eu era professor em uma faculdade comunitária na Califórnia, mas agora que estou aqui, serei um dos seus professores. Prazer em conhecer vocês." Algumas das mãos das crianças se levantaram. Apontei para um garoto de pele marrom quente e cabelos pretos. "Vá em frente... Louis, certo?" Ele pareceu impressionado. Era fofo que alguém estava. "Você vai se tornar um lobo?" "Não. Acho que não me sairia muito bem como lobo." "Geralmente é muito difícil para os adultos passarem na primeiro transformação", disse Sam gentilmente. "Quem é o próximo?" Mais mãos se levantaram. "Olivia? Vá em frente." "Os filhos do guardião voltarão para a escola agora que temos outro humano para ensinar?" ela exigiu. "Ele disse que queria que eles tivessem mais influências humanas, isso conta?" Eu não tinha ideia do que ela estava falando. Felizmente, Sam tinha. "Receio que ele ainda não tenha mudado de ideia, embora eu tenha perguntado ontem quando ele veio nos visitar." A expressão de Olivia ficou sombria. "Ele é tão estúpido." "Olivia." "Ele é! Bo e Riley eram nossos colegas de classe desde sempre, e é

estúpido para ele mudar de ideia só porque sua esposa foi embora!" “Olivia, chega de falar palavrão. Por que você não tem a sua hora peluda mais cedo?” "Mas é mais divertido quando todo mundo está junto!" "Agora, por favor." Olivia bufou, mas se levantou e seguiu para uma pequena seção com painéis no canto que eu não tinha notado antes. “E eu quero ver essas patas, senhorita! Uivar não é prova suficiente," Sam gritou. Bem. Okay então. Eu respondi mais algumas perguntas, deixei as crianças me cheirarem Josie estava tão interessada nisso, que eu não tinha coragem de dizer não - e então elas tiveram lições individuais nos computadores. "Muitas das aulas são on-line", Sam reiterou enquanto nos sentávamos lado a lado no sofá, vendo as crianças trabalharem. “Matemática básica, ciências e leitura. Faço ajuda individualizada para assuntos de interesse e aptidão especiais, e história e hora da leitura é para todos. ” "Até Roman e Terrence?" Sam sorriu. “Até eles. Você nunca é velho demais para os clássicos. Estamos lendo The Jungle Book agora." "Então eu vou ajudar com os interesses especiais." “E se você quiser trazer mais ciência para a sala de aula, fique à vontade. A última vez que tentei fazer um vulcão de vinagre e bicarbonato de sódio, deixei o quarto inteiro fedendo por dias. ” Josie olhou para mim e apertou o nariz com força entre dois dedos. Tão fedido, ela murmurou. "Estou vendo isso, mocinha," disse Sam. "Volte para sua lição!" "Eu não gosto de somar maçãs", ela insistiu. “É chato! Eu quero somar coelhos."

"Bem, talvez você possa fingir que são coelhos." "Ou imagine que as maçãs sejam corações de coelho", disse Louis. "Oh." Josie parecia perturbadoramente mais interessada na lição agora. "Certo!" "Ciência que posso fazer", eu disse. Eu vim com uns problemas que podiam ser feitos por crianças e ainda assim eram interessante para os mais adultos. "O que vem em seguida?" “Bem, o almoço é daqui a uma hora, e depois temos um recreio, e mais algumas horas de aulas à tarde. E crianças, ouçam." Cinco pares de olhos humanos e um par de olhos de lobo focados nela. "Tenho quase certeza em dizer que o Alfa Henry virá brincar com vocês no recreio!" Josie e Pippa gritaram de alegria e até Roman pareceu satisfeito. “Ele pode mostrar alguma mudança parcial de novo? Eu preciso melhorar nisso. ” "Talvez. Vamos ver. Primeiro, lições!" As crianças recém-motivadas se dedicaram a seus computadores, e eu me levantei para olhar por cima dos ombros e ver como elas estavam. Além de alguns problemas com frações, tudo parecia estar sob controle. Cinco minutos depois, Olivia apareceu de trás do biombo, humana novamente, ainda vestindo o suéter. “Consegui, acabei! Quão rápido eu fui?" "Vinte e sete minutos, bom trabalho!" Sam a parabenizou. "Foi um minuto e meio mais rápido que da última vez." "Vou chegar a vinte minutos até o final do ano." "Isso seria fantástico. Seus pais vão ficar tão orgulhosos." "É, eu sei." Eu ri com sua super confiança. O almoço foi chocolate quente e uma quantidade abundante de ensopado de carne servida com macarrão, presente da mãe de Terrence.

Aparentemente, as famílias se revezavam cozinhando para as crianças. Assim que as tigelas foram limpas, as crianças começaram a perguntar sobre o recreio. Mais especificamente, sobre Henry. "Puxa, ele está um pouco atrasado, não está?" Disse Sam. "Talvez o Sr. Ward deva lembrá-lo de que está na hora." Eu sorri ironicamente. "Certo, porque é eu que ele adoraria ver agora." "Isso, exatamente." Ela parecia séria. Engoli em seco. "Deixe-me pegar meu casaco." "Não esqueça suas botas também", Josie me lembrou. "Bem lembrado." Caminhando pela extensão coberta de neve entre a escola e a casa de Henry era muito menos assustadora à luz do sol, mas eu ainda estava tremendo quando cheguei lá. Abri a porta da frente e bati minhas botas no batente da porta antes de entrar. "Henry! É hora do recreio, e todo mundo está esperando por você!" Sem resposta. Talvez ele ainda estivesse na clínica? "Henry?" Estava fraco, mas consegui pegar o "Aqui fora!" Fui até os fundos da casa, esperando encontrá-lo com os braços cruzados, olhando para as montanhas cintilantes enquanto pegava um pouco de sol. Em vez disso, eu o encontrei cortando lenha. Ele cortou muita lenha, a julgar pela enorme pilha ao lado dele. Com um grande machado. E sem camisa. E ele parecia quente fazendo isso. Quero dizer, não, ele não parecia quente no sentido de sexy, embora agora que o pensamento tivesse entrado no meu cérebro, era tudo o que eu podia focar, porra, mas ele parecia quente de estar superaquecido também, suando e tudo mais. Seu corpo estava quase fumegando enquanto eu estava me segurando tão forte que eu estava praticamente estalando minhas próprias costas. Ele largou o machado e se endireitou. "Ei." "Hmuh." Eu tossi. “Quero dizer, ei. Está na hora do recreio. As crianças

estão esperando por você." "Desculpe, perdi noção do tempo." 3

"Mas a floresta não", observei. "Bom trabalho, Paul Bunyan ." "Ha-ha!" Ele limpou o rosto com a palma da mão, depois se aproximou de mim. Eu tentei bravamente não engolir minha língua. Fazia um tempo desde a última vez que fiquei com alguém, muito menos ficar com cara, mas eu não era cego. "Já volto", disse ele antes de entrar. "Mu-huh." Brilhante, Ward. Brilhante.

CAPÍTULO 10

Henry Não havia nada pior que o silêncio absoluto do seu oficial superior. Aprovação era fácil de aceitar, desaprovação por escrito poderia ser tratada, mas o silêncio intimidador depois de entregar seu relatório, foi brutal. Se eu aprendi alguma coisa crescendo como lobo, foi que a paciência resolveu muitos problemas. No mínimo isso não os tornava piores. Combinei silêncio com silêncio e, finalmente, o coronel Hill falou. "Você está cansado de sua posição no bando de La Garita, major Dormer?" "Não, senhor." Direto às ameaças. Sem imaginação, mas eficaz. Eu estava feliz por não estar sendo ameaçado pessoalmente. Eu só vi o coronel Hill duas vezes antes, e havia algo sobre o modo como ele cheirava que me fez querer rosnar. Muitas pessoas na agência não eram grandes fãs de lobos, apesar de reconhecerem nossa utilidade, mas o coronel Hill foi o único que encontrei que cheirava ativamente hostil. Ele continuou. “Porque me parece que você está. Primeiro uma missão fracassada, uma missão na qual você teve oportunidades para cumprir seu objetivo e optou por não fazê-lo, e agora fazendo contato com um civil e trazendo-o para o território da matilha sem permissão prévia?" "Considero que é uma questão de vida ou morte, senhor." "Essa não é sua decisão a fazer." "Era a vida de uma criança." "Ainda não é sua decisão, major." Seu rosto estava frio e calmo. “Acho que é possível que o governo dos EUA tenha dado permissões demais com o seu bando ultimamente. Estamos dando demais e não recebendo o

suficiente de volta. Você me entende, major?" Assenti. Era tudo o que eu podia dizer. "Senhor." "Por que você não completou sua missão, soldado?" "Senhor, meu relatório já-" "Você permitiu que seu alvo o comprometesse." A voz do coronel Hill era tão dura quanto o aço. "Não havia proibição sobre trazer a família dele conosco." "Não era prático, e você sabia disso." "Se os tivéssemos deixado para trás, eles teriam sido assassinados", protestei. "Eles acabaram mortos, major, apesar de suas boas intenções. Juntamente com um ativo valioso que vínhamos cultivando há anos.” Ele olhou para mim com os olhos cheios de desprezo. "Você pode ser alfa no seu bando, mas não se esqueça de quem está segurando sua coleira." Minhas mãos tremiam de raiva. Apertei-os com força e forcei os tremores a pararem. "Senhor." “Você pode ficar com o pai do lobo, desde que ele realmente consiga que a garota mude no próximo mês. Caso contrário, ele deve ser eliminado como qualquer outro problema da matilha. O filhote também. Você me entende, major?" Um mês não era muito tempo para a mudança de um filhote tão jovem quanto Ava, mas então, ela já estava aqui há três. Nenhum argumento que eu pudesse oferecer faria diferença agora. Inspirei devagar e depois disse: "Sim, senhor." “Vou pensar no que seu comportamento merece, mas é melhor você acreditar que terá que me recompensar por essa obediência. E o que eu quiser de você da próxima vez, é melhor eu conseguir." Eu me segurei apenas o tempo suficiente para a tela escurecer. No segundo que o rosto do coronel desapareceu, levantei-me e afundei

minhas garras na madeira da mesa tão fundo que eles deixaram rasgos. Senti meus pés se transformarem em patas, minha postura curvada quando minha espinha estalou mudando de forma. Eu queria mudar por completo, queria mudar, rasgar e destruir, queria uivar minha raiva para o céu, onde alguém que eu amava poderia realmente ouvi-la. Não. Não poderia. Precisava me concentrar, me concentrar em qualquer coisa que não fosse a fúria. Liam estava por perto, tinha o cheiro de Sam, cheiro de... De Ward. Seu cheiro atormentou meu nariz semi-mudado o suficiente para me convencer a sair do meu quarto e ir para o corredor. Abri a porta com uma mão ensanguentada, minha palma se curando cuidadosamente onde minhas garras a tinham perfurado. Cheirava... Ele não era como qualquer pessoa que eu já cheirei antes. Eu havia passado bastante tempo com humanos, tanto na faculdade quanto no exército, e conhecia a ampla gama de aromas que eles podiam oferecer. Eu podia sentir o cheiro de emoções, de refeições recentemente consumidas, de doenças - às vezes segredos sombrios e cheios de ódio. As mãos de nenhum ser humano devem cheirar a morte em qualquer lugar fora de um necrotério ou açougue, mas às vezes acontecia. Foi difícil não reagir a isso enquanto eu era um estudante. Eu tinha feito muitas ligações anônimas para a polícia, e às vezes eles ajudavam. Às vezes não. A questão era que eu conhecia vários cheiros. Eu conhecia seus sabores e suas nuances e podia categorizá-los de acordo. Ele, porém. Ward. Ele era diferente. Suor, mais doce que ácido. O aroma da minha comida e da de Sam, em suas roupas. Uma pitada de doença no cheiro medicinal que o seguia. Algo tão seco que quase parecia indicar fragilidade, e um cheiro estranho de ferro que me fazia imaginar determinação. Ele era um deleite para os 4 sentidos de um lobo - todos nós tínhamos sinestesia até certo ponto, um efeito colateral de nossas habilidades. Eu me senti mais calmo só de estar em seu quarto, cercado por sua mistura pessoal de aromas misturados com a familiaridade de minha própria casa. No momento em que voltei à forma humana, eu estava quase em transe. Eu também rasguei minhas meias e os cadarços das minhas botas e arranquei três botões na minha camisa, sem mencionar o dano causado às minhas mãos. As feridas estavam quase curadas agora, mas não era a

primeira vez nos últimos tempos que minhas emoções dominavam a minha transformação. Era uma tendência perturbadora. Eu não me sentia muito enérgico, mas claramente eu precisava queimar um pouco de energia de qualquer maneira. Hora de cortar um pouco de madeira. Troquei as botas, mas não me incomodei em colocar outra camisa. Eu não a usaria por muito tempo. Cortei toras com tanta rapidez que elas sempre jogavam lascas para todos os lados, e já era ruim o suficiente ter de tirá-las da barba e do cabelo, imagina tirá-las da flanela antes que eu pudesse jogá-las na máquina de lavar. Sair para o ar frio e fresco era como levar um tapa na cara pela realidade. É aqui que você está agora, meu corpo lembrou o resto de mim. Um lar. Não importa o que aconteça amanhã, por enquanto você está em casa. Casa, e no frio. Quanto mais rápido começasse a trabalhar, melhor. Havia uma pilha de toras ao lado do galpão, sobras do que eu havia retirado dos pinheiros mortos por besouros no início do ano. Peguei uma, coloquei-a na ponta e, em seguida, peguei o machado fora do galpão. Bam. Havia algo em lidar com uma ferramenta que também era uma arma que tendia a me deixar desconfiado nos dias de hoje, mas o machado era diferente. Era imenso e afiado, como meu pai já o guardará, mas eu só o usei para madeira. Não era uma arma, uma faca ou qualquer outra coisa que eu usaria para vários propósitos. Esse machado só cortará madeira há cinquenta anos. Era perfeito para a tarefa e não servia para mais nada. Bam. Dar essas pauladas era quase uma meditação e me aqueceu mais rápido do que eu poderia dizer "brr". Perdi a noção do tempo, caindo em um ritmo que complementava meu batimento cardíaco. Não ouvi a porta da frente abrir, mas ouvi Ward chamando meu nome. "Aqui atrás!" Eu esperava sua surpresa. Eu até esperava a piada sobre Paul Bunyan, porque não seria o primeira piada de lenhador que ele fizera e provavelmente não seria o última. Mas a maneira como seus batimentos cardíacos começaram a acelerar e sua língua parecia tropeçar em si mesma quando eu cheguei perto... Isso era novo. Ainda mais estranho foi

o jeito que me fez querer ficar mais reto, me aproximar dele e ver se o cheiro dele continha algum indício de excitação. E se tivesse... Bem. Eu não sabia o que faria, mas poderia me sentir um pouco melhor por ter absorvido os cheiros do quarto dele como uma esponja assustadora. Depois de vestir uma camiseta, voltei a me encontrar com Ward na frente da casa. "Desculpe novamente pelo atraso." "Oh, você sabe, está - tudo bem - e olhe, você não vai esfriar agora que não está girando um machado?" Ele estava preocupado? "Eu ficaria se eu fosse ficar nessa forma por muito tempo", eu disse. "Mas eu provavelmente não vou, não para o recreio." "Você vai se transformar em um lobo para o recreio?" Eu dei de ombros. “As crianças gostam de brincar quando eu sou um lobo. É menos intimidador do que quando estou na minha forma humana." "Ah, certo, porque as presas são sinal de que você é um coelho indefeso querendo um abraço." Eu sorri. "Você está com ciúmes do recreio?" Ward riu. “Ciúmes de um bando de crianças que vão correr atrás de um lobo na neve? Não, obrigado. Eu provavelmente teria um ataque de asma um minuto depois de começar." Ele tinha razão. "Às vezes, dou aulas de transformação no lugar de brincar", eu disse, contornando um pedaço de terra congelado. "Geralmente é responsabilidade dos pais garantir que seus filhos estejam mudando consistentemente, mas como alfa, eu também me envolvo." "Sim, Sam teve que mandar uma das garotas a ter uma hora peluda essa manhã." Ward abaixou a cabeça. "Eu não sabia que era algo que exigia tanto esforço." “O primeiro é instintivo, geralmente uma reação ao estresse. As próximas cem mudanças são atos de extrema vontade e concentração. Vai ajudar

Ava que você esteja aqui. Assim que ela recuperar suas forças, podemos começar a incentivar sua mudança mais ativamente.” Eu não ia mencionar a data limite, ainda não. Já que não havia mudado muita coisa. Teríamos um mês. O coronel Hill aprovaria a papelada de Ward e seria encaminhada a John, ou Ava não mudaria e a aprovação nunca chegaria. Não devíamos pensar nisso agora. “Roman disse algo sobre mudanças parciais. Foi isso que Tennyson fez na clínica?" "Ah." Tennyson havia mudado apenas parte do rosto e das mãos. Ele não poderia fazer mais do que aquilo, até onde eu sei. Eu podia, mas ainda não tinha certeza de que era um conjunto de habilidades que eu queria exibir para Ward. Ele era novo em tudo. Não seria bom assustá-lo com a realidade de um pesadelo que era uma mudança parcial. Mais tarde, quando ele se sentisse mais confortável, quando estivesse melhor preparado. “Algo assim, mas vou demonstrá-lo outra hora. Não vejo as crianças há um tempo, então imagino que provavelmente estarão bem selvagens e agitadas. É melhor deixá-los correr." A maneira como ele sorriu me fez pensar que sabia algo que eu não sabia. "Você provavelmente está certo." Selvagem era um eufemismo. Fui assediado pelas crianças assim que mostrei meu rosto e, pela primeira vez desde que me lembro, eu ri. "Me ajudem, eles vão me alcançar!" Eu olhei para Sam. "Eles enlouqueceram!" "Se eles enlouqueceram, é porque você desperdiçou muito tempo do recreio deles", ela me informou com elegância. "Hora peluda para você, Alfa, rápido!" "Hora peluda!" Josie gritou. "Vamos marcar seu tempo," disse Olivia. “A última vez foi vinte e dois segundos, eu lembro. Não é tão bom quanto o seu recorde, mas está próximo.” "Qual é o seu recorde?" Ward perguntou.

"Quinze segundos." "É o recorde da matilha", disse Roman, com o ar determinado de uma criança que faria o possível para vencê-lo. Muito bom. Alguém deveria. "Certo, espere aí." Deixei minhas botas na porta e depois fui para o bimbo dos fundos. Tirei minhas roupas e disse: "Pronto?" "Preparar! Um, dois, três- vai!" Eu estava mudando desde pequeno, quase tão cedo quanto Ava. Nem sempre foi fácil, mas com minha mãe como alfa e minha irmã incapaz de participar da mudança, eu me senti compelido a fazê-lo até que fosse tão fácil quanto respirar, para que eu pudesse protegê-la melhor. Sam nunca precisou da minha proteção física, mas especialmente quando éramos mais jovens, me fez sentir melhor para saber do que eu era capaz, apenas por precaução. Mudar era geralmente tão básico quanto respirar, o equivalente a um alongamento de corpo inteiro. Mas hoje não foi tão fácil. Talvez fosse porque eu estava um pouco cansado, ainda abalado pela missão e não me alimentando direito. Corri de volta à sala de aula, exatamente quando Olivia disse: "Vinte e nove". "Não há novo recorde", comentou Terrence. "Nem tudo é uma competição", disse Sam. “Tudo bem, vamos lá a trás, pessoal. Acho que pega-pega seria um jogo divertido hoje, hein?" As crianças saíram, deixando a porta aberta. O mundo era como um novo lugar para mim, cada perfume mais nítido, as cores que eu via, eram suaves e embasadas em comparação. Minha audição era praticamente a mesma, e ouvi a respiração aguda de Ward e ouvi seus pés se arrastarem um pouco para trás quando me aproximei dele e de Sam. "Está tudo bem", ela assegurou. “Henry fica totalmente consciente nessa forma. Ele pode entender tudo o que dizemos e não fará nada para machucar ninguém." "Não, claro que não", Ward concordou, mas ele parecia um pouco sem fôlego, com um leve ruído no fundo do peito. Ele estava assustado. É claro que estava. Ele não está acostumado a ver uma mudança. Ele não

viu a primeira transformação de Ava. Por que ele não deveria ter medo? Porque eu não queria que ele tivesse, foi a minha resposta insatisfatória para isso. Andei até ele, sentei-me nas minhas patas traseiras e olhei para cima. "Pelo vermelho", ele murmurou. "Como sua barba." “E ele ama que sua transformação mantenha essa cor. Ele é tão vaidoso" brincou Sam, mas eu mal a ouvi. Ward estendeu a mão em minha direção, muito hesitante. "Está tudo bem se eu... Tocar em você?" Pelo menos ele estava falando comigo diretamente, em vez de passar por Sam. Eu dei o meu melhor aceno de cabeça, e ele exalou pesadamente. "Tudo bem. Ótimo." Sua mão tremia, mas fez um progresso constante até que finalmente chegou ao topo da minha cabeça. Eu não era um cachorro. Eu não gostava de ser tratado como um cachorro, como algum tipo de animal de estimação manso que faria truques para dar um tapinha na cabeça ou um arranhão na barriga. Eu me cansei desse tipo de tratamento no meu trabalho. Mas, por alguma razão, com Ward, eu estava perfeitamente contente em me sentar e deixá-lo investigar a espessura do meu pêlo, os dedos passando pelas costas das minhas orelhas e pelo topo do meu focinho, mas nunca mergulhando em direção aos dentes. Ele tocou, e eu deixei, e parecia pacífico. "Ahem" A pequena tosse falsa de Sam levantou a cabeça de Ward e ele puxou a mão antes que eu estivesse pronto para deixá-lo ir. "O recreio está quase na metade." "Me desculpe! Desculpa." Ele colocou as mãos sob as axilas e não olhou para mim novamente, apenas saiu. Eu encarei a Sam. “Oh, vamos lá, ele vive conosco agora. Você pode satisfazer sua curiosidade mais tarde. As crianças sentiram sua falta, Henry." Justo. Pulei para a neve, cheirei o ar e corri atrás da criança mais próxima um momento depois.

"Aaaahh!" Pippa gritou e correu até seu irmão Terrence, que estava armado com bolas de neve. Eu me esquivei e o cerquei, forçando-o a correr, depois mudei de alvo quando cheguei a poucos metros dele. Eu não fazia isso para deixar as crianças acomodadas. Corremos por quase vinte minutos, eu me esquivando de suas munições até chegar perto o suficiente para encostar nelas, depois ia atrás de outra pessoa. No momento em que Josie estava ofegante, eu decidi que havíamos nos divertido o suficiente e terminamos o jogo marcando Roman. "Ha!" Disse Olivia. "Isso significa que você tem que ser o que pega no próximo jogo!" "Eu gosto de ser o que pega", disse Roman, perfeitamente satisfeito. Eu sabia que ele gostava de qualquer coisa que o deixasse trabalhar em sua transformação. Ele era um garoto forte, tornaria-se um homem forte. Ele tinha um futuro promissor pela frente, desde que eu pudesse mantê-lo junto comigo. Roman era a escolha óbvia para o próximo alfa, se algo acontecesse comigo. Não porque nenhum dos adultos estivesse interessado, mas porque ele ainda era jovem o suficiente para ser moldado. Ainda jovem o suficiente para ser útil ao exército. Eu não poderia deixar isso acontecer. O trabalho o destruiria. Seu pai não percebeu isso, mas eu percebi. "Ok, crianças." Sam bateu palmas. "Agradeçam ao Alfa Henry por ter vindo para o recreio e depois voltamos ao trabalho" Para mim, ela disse: "Você quer mudar lá dentro ou ficar assim por um tempo?" Ela me conhecia tão bem. Eu corri até ela e pressionei meu nariz contra seu pulso. “Ficar assim mais um tempo então. Você quer ficar conosco lá dentro ou aqui fora?" Parte de mim queria estar com ela e as crianças na escola. Uma parte maior queria se sentar ao lado de Ward e não se levantar, mas eu não tinha visitado o resto da minha matilha ainda, e seria mais fácil fazê-lo na forma de lobo. Não queria conversar, mas queria mostrar meu rosto.

Mesmo que como lobo. Minha pausa falou por mim. "Tudo bem", disse Sam. "Vou levar suas roupas para casa quando a aula terminar." Ela voltou para dentro, me deixando sozinho com Ward. "Então, eu tenho que-" Ele apontou para a porta. "Sim." Pelo menos ele não parecia mais ter medo. "Mas isso foi... Foi..." Seu sorriso repentino foi brilhante. “Foi legal pra caralho. Até mais." Ward voltou para a escola, onde Josie o informou: “Você disse uma palavra ruim! Você tem que fazer uma hora peluda agora!" Eu esperei para sair até que o vento levasse seu cheiro.

CAPÍTULO 11

Ward Era incrível a rapidez com que você poderia entrar em uma rotina. Se eu tivesse tido tempo para pensar sobre isso antes, eu teria dito que havia coisas que eu sentiria falta quando encontrasse Ava. Eu não tinha certeza qual forma esses desejos frustrados tomariam, mas eu tinha certeza de que eles estariam lá. Netflix. Mochaccinos. Um encontro embaraçoso, graças aos meus colegas de trabalho. Nada disso era algo que eu tinha no meio da floresta selvagem de La Garita, mas tinha ganho coisas em troca que nem sabia que poderia querer. Eu tinha um grupo pequeno, mas muito concentrado, de alunos que eram fáceis de se envolver, uma colega de trabalho fantástica que eu tinha certeza de que nunca tentaria me arrumar com alguém e com todo o café que eu pudesse querer, mesmo que não fosse expresso. Netflix tudo bem, isso eu meio que errei, mas aparentemente o governo realmente restringiu a mídia com a qual a matilha poderia ter contato. Nenhum deles, até onde eu podia dizer, jamais havia visto um episódio de Breaking Bad, e só ficava pior a partir daí. "Oh, bem, não ganhamos nada lutando contra isso", disse Sam durante o jantar uma noite, quando eu levantei a questão. "Mas pelo menos não há má influência para 'as crianças'." Ela revirou os olhos enquanto fazia as aspas no ar. "Nenhuma influência notável do uso de drogas, nem mesmo álcool", acrescentou Liam. "A maioria dos intoxicantes não funciona com lobos, mas também não quero incentivar que experimentem." "Sem sexo", Henry disse, e os três riram. "O quê? O que há de engraçado nisso?"

Sam sorriu na minha direção. “Não há um lobo aqui que nunca tenha ouvido pessoas fazendo sexo pelo menos uma vez, ou mais provavelmente dezenas de vezes. Gerald faz o possível para fazer os quartos a prova de som, mas a audição de lobos é aguda." "Não é preciso ficar envergonhado com isso", disse Liam. "Caso contrário, alguns casais ficariam constrangidos o tempo todo." "Ilona e Manuel", Sam concordou intencionalmente. "É incrível que Louis ainda não tenha um irmão." Ela se concentrou em mim novamente. "Quando eu estava crescendo, fiquei com inveja de ser o único que não tinha todas essas habilidades especiais, mas há momentos em que sei que tenho sorte, e essa é uma delas." "Solidariedade humana", eu disse e estendi meu punho. Ela bateu, e nós compartilhamos um sorriso. "Temos uma remessa chegando amanhã", disse Henry, redirecionando a conversa do jeito que só ele sabia fazer. Eu não me importei - Sam e eu tínhamos muito tempo para brincar um com o outro -, mas me perguntava se Henry sabia conversar sem parecer que eram interrogações militares. "Vou até John buscar ao meio-dia. Roman está indo junto. Alguém mais quer vir?" "Eu", Sam entrou na conversa imediatamente. “John é tão estúpido quando inspeciona as coisas - acabamos com duas seringas quebradas da última vez. Tennyson me encheu o saco por causa disso, e eu não vou levar xingão de novo." Fiz uma careta. "Inspeções?" "Para verificar se há contrabando", Henry disse simplesmente. "Ridículo", Liam murmurou em sua caneca de chá. "É assim que as coisas são feitas em nossa matilha." “Sua matilha está muito acostumada a uma única maneira de fazer as coisas. Seria bom considerar outras maneiras, em vez de ceder repetidamente aos velhos hábitos.” "Você tem algo que quer me dizer?" A voz de Henry era enganosamente

leve. "Vai em frente." "Oh meu Deus", Sam murmurou. "Vocês dois…" "Nem um pouco", disse Liam. “Como você diz, você sempre faz do seu jeito. Portanto, deve estar certo.” "Deve estar quando você não oferece nenhuma alternativa, sim." Liam se afastou da mesa. "Vou atualizar a lista de verificação do inventário", disse ele a Sam e se afastou sem dizer mais nada. Sam suspirou. Ela parecia cansada. “Você pode se esforçar um pouco mais para se dar bem com ele? Só tentar?" "Eu não comecei a briga." "Você certamente não ajudou a encerrá-la." “Seguir o seu marido quando ele está errado também não vai ajudar, Sam. Sou o alfa dele primeiro, e depois o cunhado." "Você poderia tentar ser seu amigo primeiro." "Certo. Porque eu sou um cara tão amigável." Foi a vez dele de se afastar da mesa. "Obrigado pelo jantar. Eu vou cozinhar amanhã." Ele saiu e um momento depois a porta dos fundos se abriu e fechou. "Uau." "Sim." Ela encolheu os ombros, rindo um pouco. “Fazer com que eles se coloquem um no lugar do outro tem sido um desafio. Liam e eu não participamos de um casamento arranjado - eu o conheci na escola, sem querer - e ele está acostumado a um sistema de autogovernança muito mais aberto do que o que temos aqui.” Assenti. "Essa é uma transição difícil." "E sim. Ele tenta, por mim. De verdade. Mas ele ainda está se acostumando a estar em um novo lugar, sob um novo alfa e com muito menos responsabilidades do que está acostumado. Ele é um engenheiro de computação. Ele está acostumado a ter muito mais acesso à tecnologia do que nós. Além disso, ele e eu nos casamos enquanto Henry estava

ausente, e isso não favoreceu o relacionamento deles." "Sinto muito." Ela balançou a cabeça. "Está tudo bem. Eles vão se adaptar. Porra, veja como você se saiu! Se você pode lidar com uma mudança como essa no espaço de uma semana, eles não têm desculpas.” "Estou feliz por estar ganhando em alguma coisa", eu disse. “Eu vou cuidar da louça. Você vai acalmar a fera selvagem." "De quem estamos falando?" ela brincou quando se levantou. "É só escolher." “Eu acho que vou fazer isso. Obrigado, Ward." Ela foi embora, e levanteime e carreguei a pesada louça de terracota para a pia e abri a água. Uma coisa que eu não precisava me preocupar aqui: sobras. Até Sam limpou o prato como se sua vida dependesse disso, e eu estava lentamente me acostumando com Henry empurrando a comida pro meu lado, me pressionando a comer um pouco mais. Até que era fofo, mas também desnecessário. Eu sabia quanto combustível eu precisava e não estava nem perto do que o metabolismo de um lobo parecia exigir. Mudar provavelmente era bem desgastante, em termos de gasto de energia. Eu me perguntava se seria possível representar o metabolismo de um lobo em comparação com o metabolismo de humano na sala de aula, na verdade... Algo com fogo, as crianças sempre adoram assistir as chamas. Talvez eu poderia... Uma mão veio por trás de mim e arrancou um prato recém-lavado da minha mão antes que eu pudesse colocá-lo na prateleira. "Eu vou secar", Henry ofereceu, se aproximando para ficar ao meu lado na pia. "Obrigado." Eu estava me acostumando com essa capacidade dos lobos de me emboscar sem fazer absolutamente nenhum barulho para avisar que eles estavam chegando. Era isso ou eu estava apenas cansado. Passei a maior parte da noite antes do jantar com Ava, conversando com ela, lendo uma história para ela, encorajando-a o melhor que pude para fazêla mudar. Ninguém disse nada, mas não precisava ser um gênio para saber que o prazo para a mudança dela estava atingindo um estágio

crítico. Ou ela começa a mostrar sinais de progresso ou Tennyson e Henry teriam que tomar medidas mais drásticas. Eu não queria saber quais eram aquelas. Henry tirou a louça de mim como se não pesasse nada, secou-a com o 5 pano de prato da Ma Maison que provavelmente veio com Liam e colocou-o de volta no armário à direita da pia, sem que parecesse necessário conversar. Era uma pena, pois tinha algo que queria falar. "Você sabe que está deixando sua irmã louca, certo?" "Ela pode lidar com algum mau humor entre eu e o marido dela." “Claro que ela pode. Ela é a pessoa mais foda que eu conheço. Mas isso não significa que ela precise." "Não é como se eu não estivesse disposto a ouvir Liam." Henry pegou uma caneca e a secou, começando de dentro e indo para fora, girando-a no sentido horário. "Ele apenas não contribuiu com nada útil pra termos uma conversa ainda." "Você não é exatamente uma pessoa fácil de agradar, se você entende o que quero dizer." "Não, não entendo." Ele parou e olhou para mim, os olhos começando a ficar dourados. "O que quer dizer?" "Oh, por favor", eu zombei. "Isto. Isso! Seus olhos e suas mãos - sim, eu notei as mãos, você e suas garras, não ache que não notei. E os dentes e a maneira como seu rosto fica um pouco mais enrugado. É óbvio que você está acostumado a usar a sua transformação para intimidar as pessoas, e eu entendo. É muito impressionante. As crianças estão maravilhadas por você poder mudar uma parte do corpo de cada vez." Roman estava mais do que surpreso - ele estava absolutamente determinado. “Mas isso não vai funcionar comigo. Quero que você saiba disso. Eu acho você muito impressionante sem mudar pra lobo, mas não vou fazer tudo o que você quiser só porque você pode se transformar em um lobo que provavelmente poderia me partir no meio com apenas uma mordida.” Enquanto eu falava, Henry parecia passar por uma série de sentimentos: desconforto, irritação, e vi diversão em seus olhos quando cheguei ao

final do meu discurso improvisado. "Vou manter isso em mente", disse ele finalmente. "E tenho certeza de que não poderia te partir ao meio com uma mordida só, Ward." "Ah é?" Eu não tinha certeza. "Por que você acha isso?" Henry colocou na pia o prato que estava segurando, estendeu o braço com uma mão e apoiou-o na minha cintura. Apenas uma mão, não as duas. Ele não estava me segurando, e eu poderia ter virado um centímetro para a esquerda e estar em total liberdade. Mas foi uma decisão premeditada, não importa o quão gentil, e eu nunca desisti de nada premeditado. Fiquei quieto, ciente de quão quente meu rosto corado estava, mas tentava não me importar conforme os dedos dele, fortes e macios, me seguravam. Não havia sinal de garra à vista. "Não bem no meio." Ele olhou da mão dele até o meu rosto. “Minhas mandíbulas são largas, mas não se esticam mais do que minhas mãos. Levaria pelo menos duas mordidas para passar de um lado até o outro do seu corpo." Eu bati no peito dele, e ele me soltou. "Isso é tão reconfortante, obrigado." "Você sempre teve uma boca tão suja, ou eu apenas trago o pior de você?" "Não disse nada sujo", protestei. "Está brincando? Você deveria me ouvir em uma reunião de equipe. Porém" - minhas novas circunstâncias pressionavam meu cérebro, lembrando-me de coisas que eu vinha evitando pensar - "acho que as reuniões da equipe serão apenas eu e Sam daqui em diante." "Estou feliz que você esteja trabalhando com ela." "Ela é a melhor", eu disse facilmente, porque era a verdade. "É, eu sei." Ele olhou para o balcão por um momento. "Venha conosco amanhã." Inclinei a cabeça. "Para pegar os suprimentos?" "Sim. Venha ver como é feito. E isso lhe fará passar um pouco mais de

tempo com John. Quero que ele se acostume a ver você trabalhar conosco." Isso, eu entendia. "Você quer tornar mais difícil para ele se livrar de mim." "Eu não vou deixar ele se livrar de você." "Oh, isso é novo", eu disse, mas a leve falta de ar na minha voz denunciou meu sarcasmo forçado. Ou, não sei, as batidas do meu coração me entregou, ou o jeito que eu cheirava ou alguma outra coisa que um lobo perceberia. "Não é tão novo." Ele se afastou do balcão. “Partimos às sete. Certifiquese de chegar a tempo." "Uhum." Droga, voz! Sempre me abandona nos piores momentos. Eu me mantive firme por tempo suficiente para Henry sair da sala, então apertei meus olhos e inclinei minha cabeça para trás em direção ao teto. Puta merda, por que meu libido adormecido tinha que acordar com Henry Dormer, dentre todas as pessoas? Lobo alfa, super rabugento, com um lado intimidador e às vezes presunçoso? Ter um filho de quatro anos não era propício para namorar. Ava foi o resultado de um relacionamento forçado que veio de uma noite de sexo casual, pelo menos até o nascimento do bebê. Gabriela não queria o compromisso de cuidar de um filho, mas estava disposta a me dar e entregar todos os direitos dos pais. Feito isso, ela foi embora, desapareceu completamente de nossas vidas. Eu não tinha me importado. Eu queria Ava assim descobri sobre a gravidez, e me apaixonei por ela desde o primeiro momento em que a segurei em meus braços. Ela e meu trabalho foram suficientes. Mais do que suficiente, eles estavam suprindo quase todas as minhas necessidades. Minhas necessidades mais privadas, eu poderia facilmente cuidar com a minha mão ou alguns brinquedos. Exceto que de repente, eu estava mais interessado com o toque de Henry do que com o meu. Ele não me tocou muito na semana passada, mas não se esquivou do contato pessoal ocasional aqui e ali. A maioria deles foi rápida: uma mão no meu braço para me ajudar a ficar de pé enquanto eu

tentava ir de um prédio para outro ou algo igualmente inocente. Mas teve esse único abraço, um em que eu não estava em uma boa posição para apreciar na época para pensar além de ter sido um excelente abraço apenas. E então houve os raros, mas incrivelmente memoráveis, pontos de contato como o de hoje à noite - uma mão que mede metade da minha cintura, tão quente mesmo que através da minha camisa - que fervia sob minha pele mesmo depois dele ter me soltado. Eu nunca havia sentido algo assim com outra pessoa, e não sabia se era apenas porque estava passando pelo maior período sem sexo da minha vida ou se era apenas Henry. Eu estava inclinado a dizer que era Henry, e dado que o sexo nunca foi um grande motivador para mim, isso era... Perturbador. Eu não podia me dar ao luxo de me envolver com Henry, não quando a situação já estava tão confusa. Eu não estava aqui por ele. Eu não precisava rastejar, implorar ou fazer qualquer tipo de acordo com ele para ficar com meu bebê. E a questão era que eu não estava sendo pressionado para fazer nenhuma dessas coisas. Após sua recusa inicial em me deixar ficar, ele optou rapidamente em me ter por perto. Eu creditei Sam e Ava com isso, mas não importava por que Henry estava me aturando, ele estava sendo bom nisso. Ele nunca me pressionava, e eu gostava disso. Aparentemente, eu também gostei da mão dele na minha cintura. Droga. Ele não ouviria se eu me masturbasse no meu quarto, ouviria? Um lobo descobriria que tipo de som seria aquele? Ele sentiria o cheiro? Merda, ele provavelmente sentiria o cheiro. Se a conversa do jantar de hoje tivesse sido precisa, ele não ia usar isso contra mim. Mas eu não sabia se estava confortável com isso. No banho, então. Não encontrei ninguém na escada, graças a Deus. Entrei no meu quarto e peguei as coisas para tomar banho, depois segui pelo corredor até o banheiro que eu compartilhava com Henry. Compartilhado com ele, porra, ele provavelmente sentiria o cheiro lá também, se a água estivesse correndo ou não. Mas eu era um adulto, caralho. E ele também, e se eu pudesse lidar com isso, ele também podia. Provavelmente não significaria nada para ele. Eu provavelmente estava fazendo tempestade

num copo d'água. O aquecedor de água quente da casa dos Dormer era enorme, o que eu realmente gostei. Eu mantive meus banhos breves nos últimos dias, mas eu estava acostumado a tomar um banho demorado à noite depois de colocar Ava para dormir. Eu queria levar mais tempo, e hoje eu levaria. Aparentemente, não muito mais tempo, no entanto, porque merda, me senti tão bem em me tocar que quase gozei no momento em que minha mão envolveu meu pau. Eu conhecia a sensação da minha própria mão, como era quando me acariciava, e estava diferente esta noite. Eu ainda tinha a mão de Henry em mente, seu calor, a largura da palma da mão. Deus, o quão incrível seria se ele estivesse segurando meu pau na mão? Se eu tivesse o calor do corpo dele pressionado contra o meu, seus longos braços envolvendo o meu corpo - seria tão fácil para ele me abraçar. Ele era muito maior do que eu - me segurar e me tocar, ainda que gentilmente, seria tão doce. Ele gostaria do meu corpo? Ele me masturbaria e se esfregaria em mim, me encurralaria contra a parte de trás da banheira e cairia de joelhos atrás e mim e usaria sua boca em mim— "Poooorrr-aaaaa!" Eu tentei manter minha voz baixa, mas era difícil quando eu estava ocupado tendo o melhor orgasmo da minha vida. E não foi nem minha culpa, não realmente. Deixei as evidências desaparecerem pelo ralo, depois fiquei ali e deixei a água bater contra mim até ficar tão mole que senti que poderia desmoronar. Consegui sair e me secar, escovei os dentes e voltei para o meu quarto sem encontrar ninguém. Ótimo. Mal me lembrei de acionar o alarme antes de adormecer.

CAPÍTULO 12

Henry No final, foi um grupo de cinco pessoas que encontrou o guardião nos portões: eu, Ward, Roman, Sam e Tennyson, que alegou que ele estava ficando louco sentado em sua clínica o dia todo. Ele cheirava um pouco agitado, mas não pelo motivo que estava reivindicando. Eu sabia que estava começando a se pesar nele que Ava ainda não havia começado a mudar. Ele estava otimista quando Ward chegou pela primeira vez, mas quanto mais ela passava sem nenhum sinal de mudança, mais ele desanimava. Tennyson era o único membro de La Garita que tinha vindo de um bando dissolvido e era incrivelmente sensível a qualquer ameaça, vinda de fora ou de dentro. Eu não conhecia todos os detalhes do que aconteceu com seu último bando, mas eu sabia que ele havia sofrido pelo papel que teve nele. Ele ainda estava com dor, e se se juntar a nós neste momento conturbado o aliviou de alguma forma sua dor, então eu fui a favor. John nos encontrou no portão com sua filha Genevieve ao volante de seu Jeep Wrangler. Eu levantei minhas sobrancelhas, e John teve a decência de parecer um pouco envergonhado. De todas as bobagens que eu ouvi, uma delas era sobre práticas de direção segura e como nossos filhos seriam ameaças na estrada… "Ela tem que ter algumas horas de prática, agora que ela tirou sua licença", ele resmungou quando apertamos as mãos. “A entrega será um pouco depois da trilha que vai para San Luis Peak. Está chegando de avião, então provavelmente teremos que usar o tanque de neve para buscá-lo no maldito pântano." "Sem problema" Apontei o polegar para o trailer que eu estava rebocando. “Eu tenho o mini carregado. Se precisarmos de mais do que

isso, então eles deveriam ter transportado as malditas coisas até aqui para começar. ” John bufou, mas ele parecia estar se divertindo. "Ei, os federais não estão se divertindo, a menos que estejam perdendo tempo brincando com seus queridinhos soldados." "Pai." Genna franziu o cenho para o pai. "Não seja rude." John sorriu para ela, sua expressão azeda finalmente suavizando. "Como Henry vai lembrar com quem ele está lidando se eu não for ocasionalmente idiota, querida?" Sua filha suspirou com o clima pesado. "Você é tão estranho." "Eu sei." Ele olhou para o meu 4Runner. "Tripulação completa." “As pessoas ficam nervosas no inverno. É bom oferecer uma mudança de cenário de vez em quando. ” "Ah, tá. Em vez dessas árvores cobertas de neves, vamos olhar para aquelas árvores cobertas de neve." Ele balançou a cabeça. "Tanto faz. Contanto que eles consigam acompanhar. Vejo você na trilha." "Te vejo lá." Fui na frente, fechando a janela para preservar o aquecimento do carro para Sam e Ward. "Então." Ward quebrou o silêncio depois de um momento. "Ele sempre foi um idiota, ou é só porque eu estou por perto?" Roman riu, depois puxou o casaco um pouco mais apertado. Ele estava com frio? Não poderia estar. Eu mal podia cheirá-lo sob o tecido pesado e a quantidade excessiva de desodorante que ele estava usando. "Ele costumava ser gentil", disse ele a Ward. “Tipo, ele deixava as crianças irem numa festinha que um de nós estava dando, tipo de aniversário ou algo assim. Mas agora ele se divorciou e não os deixa mais entrar em nosso território, e está cansado de ser o guardião, mas não vai desistir porque não sabe o que mais faria." Isso soou como uma avaliação surpreendentemente precisa do pensamento de John. Fiquei um pouco surpreso que Roman tivesse

percebido. Ele era um ótimo garoto, mas nem sempre era o melhor em perceber as coisas. Ele dominava ser um lobo, mas artes sutis como ler e interpretar aromas ainda eram difíceis para ele. "Ele parece uma chatice." "As vezes ele é", Sam concordou. “Mas ele é o guardião daqui desde que nossa mãe era alfa, e ele sempre se deu bem com ela. Acho que ele mantem o cargo aqui, em parte porque não tem certeza se confia em mais alguém para cuidar do nosso bando. Ele é um cara gentil, lá no fundo." "Bem no fundo." Eu diminuí a velocidade ao passar por cima de um redutor de gado congelado. "Bem no fundo, lá no fundão mesmo, tipo bem no—" "Já entendemos, Henry." "Eu não sei", pensei. "Acho que ainda me dói um pouco pelo jeito que o John trata o bando ultimamente." “Ele está infeliz, e isso sempre traz à tona as piores características de uma pessoa. Ele vai melhorar." "A Clara foi embora há mais de um ano, Sam. É muito tempo para se acostumar com a ausência de alguém." "E ela esteve com ele por vinte anos antes disso, então pare de ser cruel com John." "Por que ela não levou as crianças?" Ward perguntou do nada. “Quero dizer, quando a alternativa é deixá-los no meio do nada com o pai deles. Por que ela os deixou para trás?" "Levá-los nunca foi uma opção", disse Tennyson inesperadamente. “Os guardiões mantém a matilha em segurança, eles têm extrema responsabilidade por nossas ações e nossa segurança. Um guardião precisa jurar sigilo e geralmente é privado de algumas coisas durante seu trabalho. Se eles se aproximarem demais da matilha, serão considerados impróprios para permanecerem objetivos. Se estiverem muito distantes, não se importarão o suficiente para que mantenham os membros em

segurança. Um bom guardião sabe como negociar o que quer, em troca desse isolamento voluntário. Eles provavelmente deixaram John manter seus filhos com ele, porque ele estaria perdido sem eles, e sua funcionalidade é mais importante do que os desejos de sua ex-esposa." Ward suspirou. "Isso não é muito justo com os filhos dele." “Provavelmente não, mas quando completarem dezoito anos, podem sair. Claro, eles também juraram segredo. Se eles derem da localização do bando, é considerado traição. ” "Oh." Eu esperava, um pouco maldosamente, que Ward estivesse pensando em quem havia lhe dito como nos encontrar. Eu esperava que ele soubesse exatamente o risco que essa pessoa estava assumindo por ele e quão terrível seria se essa pessoa fosse revelada neste momento. Ward precisava se acostumar com o fato de que ele não falaria com ele novamente. Sacrifício. Cuidado. Perigo. Essa era a realidade de ser um lobo na América, e no silêncio da minha mente, eu pude reconhecer que Liam tinha razão quando disse que nem todos os modos antigos eram necessariamente bons. Chegamos à trilha em pouco menos de uma hora. Na verdade, havia alguns SUVs por lá, provavelmente alpinistas tentando subir no inverno de San Luis. Era um dos famosos picos de quatrocentos metros de altura do Colorado, e um conjunto de amantes ávidos do ar livre estabeleceu como objetivo escalar todos eles. Depois de escalar os cinquenta e três no verão, algumas dessas pessoas decidiram fazê-lo novamente na neve, lutando pela trilha invisível em raquetes de neve ou esquis de crosscountry. Mais poder para eles. Saí e me juntei a John na beira do estacionamento, logo depois das latrinas de tijolos. Ele levantou um par de binóculos e olhou para o norte através do vale. Um riacho corria pelo meio do vale, devia correr ao norte no verão, mas esperançosamente estava congelado o suficiente para conseguirmos atravessar com o veículo de neve.

"Deve ser a qualquer momento agora", disse ele. "Bom. Prefiro não encontrar nenhum alpinista." "Eh, eu não me preocupo com pessoas assim", disse John. “Eles não vão entrar no território da matilha e provavelmente nem pensariam em perguntar se vocês são lobos. São os caçadores em seus malditos veículos de quatro rodas que estão me dando trabalho ultimamente. Já trabalhei de guarda florestal, guarda de controle animal e um fazendeiro raivoso no último mês." "Você contou a Sam sobre os incidentes?" Ele resmungou afirmando. “Ela fez um pedido no mês passado para expandir o sistema de câmeras nos pontos de entrada mais fáceis que as pessoas costumam usar quando não pegam a estrada, e adicionar alguns detectores de movimento. Eu vou monitorá-los." "Seria bom. Embora ainda não tenhamos conseguido substitutos decentes para os da cerca, estou um pouco cético em obter mais. Liam está consertando a última quebrada esta manhã." "Você pode não estar se dando muito bem com o com seu cuidador, mas isso não significa que eu não estou." Eu inclinei meu rosto em direção a ele. "Meu cuidador?" "O que mais você chamaria Hill?" "Meu chefe. Meu comandante. Eu não preciso de um cuidador." John bufou. "Que diabos você pensa que eu sou, então?" "Um funcionário público", respondi. "E alguém que pode ser substituído, se o trabalho dele for tão oneroso para ele e sua família." John largou o binóculo e olhou para mim. “Seria muito menos oneroso se você fizesse seu trabalho lá fora, Alfa. Você não deveria ser bom em buscar coisas para o governo? Por que parece tão difícil para você ultimamente?" Eu escondi a minha raiva. Este não era o John que eu conhecia. "O que tá acontecendo?"

"Nada." "Não acredito nisso. Você é franco, mas nunca foi abertamente desrespeitoso antes e gostaria de saber o porquê." John apertou os lábios e soltou um suspiro. "Genna ainda não decidiu para qual faculdade quer ir." "E por que isso um problema?" "Porque ela tem opções", ele retrucou. "E boas. Ela é inteligente e recebeu bolsas de estudos para meia dúzia de escolas. Mas ela ainda não escolheu, e não quer me dizer porquê. Ela até falou em tirar um ano de folga. Algo está errado com ela, e ela não me diz o quê." Ele levantou os binóculos novamente, tentando terminar a conversa. Eu não o deixei, no entanto. "Pode ser porque ela está preocupada com você e os meninos", sugeri. "Talvez ela queira ficar mais um ano para sua própria paz de espírito, para ter certeza de que tudo ficará bem sem ela." “Ela é minha filha, não minha mãe. Ela não deveria se preocupar com isso." Eu dei de ombros. "Então talvez você precise se perguntar o que está acontecendo que a faria agir assim." John respirou fundo para responder, mas naquele momento um pequeno avião verde e branco apareceu sobre a borda das montanhas. O barulho de seu motor ricocheteou na neve e, quando ele voou mais baixo, a porta lateral do avião se abriu e caíram caixas, pára-quedas abrindo bem a tempo de a carga bater no chão suavemente. Havia cinco no total, espalhados por uma extensão de noventa metros. "Vamos." Eu mandei Sam dirigir o veículo da neve, e Ward e Genna foram com ela. O terreno era difícil para os seres humanos no verão - no inverno, era muito difícil para eles sequer pensarem em atravessar sem equipamento especializado. John ficou no terreno alto e manteve contato comigo via walkie-talkie, nos guiando para os lugares em que as caixas haviam

afundado no chão. Conseguimos os três primeiros com bastante facilidade, mas um deles havia acabado meio afundado no riacho, e Tennyson, Roman e eu trabalhamos juntos para puxá-lo para o alto do barranco, mesmo que os salgueiros mortos que se formavam na lama, já meio congelados, que preso às nossas pernas pareciam tentáculos enlameados. Tinha que pesar mais de duzentos quilos. Fizemos uma pausa antes de seguir para a última, que estava aninhada em um banco de neve bem no início do vale. Ward me entregou uma garrafa térmica de chá doce e quente, enquanto Sam ajudou Tennyson a amarrar o último caixote, e eu o peguei com gratidão. "Trabalho duro", ele comentou enquanto eu bebia. Meu metabolismo me manteve aquecido o suficiente para ignorar a maior parte do frio, mas mesmo assim foi difícil combater o frio da água quase congelante, agravada pelo vento que varria o topo de San Luis. "Com que frequência você faz isso?" "A cada dois meses. Tentamos ser o mais auto-sustentáveis possível. Temos um pomar, parte da matilha mantém vacas e galinhas, cultivamos nossos próprios vegetais e podemos preservar as coisas para o inverno. Mas algumas coisas simplesmente não conseguimos cultivar. Farinha. Açúcar. Baterias. Blu-rays que estão na lista de conteúdos aprovados.” Eu dei de ombros. "Então, transmitimos o que queremos, obtemos uma lista do que eles têm e, em seguida, John agenda uma entrega". “E isso funciona? Quero dizer, é o suficiente para manter vocês?" "Nós não somos uma matilha tão grande", expliquei gentilmente. “E nós compartilhamos tudo o que temos. De certa forma, é utópico." "De certa forma", ele concordou. Eu podia sentir o cheiro da dúvida nele e sabia que ele provavelmente estava pensando no que Liam havia dito na noite passada. "Não é perfeito." Eu sabia disso. Deus, eu já sabia disso. Ninguém sabia disso em primeira mão como eu, nem mesmo Sam, por tudo que ela passou e por tudo que eu confiei nela. "Mas é o que temos por enquanto." "Eu sei."

Eu devolvi a garrafa térmica, e ele começou a tampá-la. "Beba um pouco disso", eu disse a ele. "A última coisa que você precisa é pegar um resfriado e acabar ficando com pneumonia ou algo assim, porque não cuidamos bem de você." "Não é seu dever cuidar de mim." "Na verdade, é sim por agora", eu disse sinceramente. "Você é parte da matilha." Você já cheira como a matilha. Você pode cheirar como algo mais. Não pude contar a ele a última parte, mas era real para mim. Foi bom, uma distração, algo que parecia especial e só para mim. Não importava se eu nunca a compartilharia isso com alguém, desde que pudesse pensar nisso. Ward deu um meio sorriso, do tipo que subia seus lábios rachados e rosados no lado direito. "Eu acho que você tem razão." "Porra, é claro que tenho razão." Eu o observei beber com uma onda de satisfação e, depois de um momento, o quente e doce cheiro de excitação carregou o ar. Mas - não era a excitação de Ward. Espera. Olhei em volta e vi Genna e Roman um pouco mais longe, compartilhando uma garrafa térmica de cidra e sorrindo enquanto conversavam baixinho, muito baixo para eu ouvir. O cheiro, embora quase dominado por suas roupas e desodorante, era de Roman. Merda. Exatamente o que precisávamos, Roman se apaixonando pela filha do guardião. E pela aparência das coisas - pelo cheiro das coisas, merda - ela se sentia da mesma maneira. Acionou meu sensor de perigo, mesmo enquanto me enchia de simpatia. Eles não podiam evitar de quem eles gostavam - caralho, em circunstâncias como essa, onde dificilmente conheceriam alguém próximo de sua idade durante toda a vida, era quase inevitável que se apaixonassem. Queria saber se eles sabiam que era mútuo. Me perguntava se John sabia. Ou se ele pelo menos suspeitava. Isso pode ajudar a explicar sua recente animosidade. "Você vai pegar logo a última caixa, ou todos nós podemos esperar e congelar até a próxima hora?"

Eu peguei o walkie-talkie. "Vamos resolver isso em um minuto." Eu me virei para Sam e Tennyson. "Aquela caixa está segura?" "Está agora", disse Sam, passando a última camada de fita. "Vamos pegar a última, então." Levou quase uma hora para recuperá-la - o veículo de neve estava pesado com o restante dos suprimentos naquele momento, e o terreno era muito íngreme para chegar a menos de cem metros da caixa. Porém, ela era bastante leve, e depois que a tiramos da neve, jogamos em uma rede e agarrei as pontas livres com força e as joguei sobre meus ombros. “Eu puxo. Vocês dois empurram," eu instruí meus lobos, e eles se moveram para obedecer. Foi bom trabalhar em equipe, e eu pude esquecer o romance condenado e meu próprio coração triste e estúpido enquanto levávamos o caixote até o veículo de neve. Quando chegamos lá, eu estava respirando com dificuldade e tive que me livrar da minha jaqueta para evitar superaquecimento. Levou mais dez minutos para descobrir como achar espaço para a caixa. Quando terminamos, eu me virei contra o vento e fiquei parado por um longo momento, deixando o suor esfriar na minha testa e pescoço e amando a intensidade que sentia, o quão vivo eu estava naquele momento. Desejo... E lá estava o cheiro de excitação novamente, desta vez mais picante do que doce, de alguma forma familiar, mesmo que eu nunca tivesse sentido algo parecido antes. Abri os olhos e olhei, apesar de não precisar saber quem era. Ward estava alguns metros atrás, seus braços cruzados ao redor do peito em um gesto não convidativo, sua expressão um mistério, mas seu cheiro... Oh. Eu cheirava desejo nele, direcionado diretamente para mim, e isso me encheu com a mais incrível sensação de satisfação que eu conseguia lembrar. Eu não estava sozinho nisso. Mesmo se nunca falássemos sobre isso, eu não era o único. O walkie ganhou vida, quebrando o momento. Eu peguei para responder. "Sim, John?" "Você precisa voltar aqui", disse ele. Ele parecia sombrio. "Estamos com problemas."

Fiz uma careta. "Que tipo de problema?" “Acabei de receber uma ligação do escritório do xerife em Monte Vista. Houve uma série de assassinatos de animais nas últimas 24 horas, e eles têm uma descrição do animal responsável. Aparentemente, parece um lobo branco." Meu coração afundou. Ai, não. Wilson. "Eles estão com ele sob custódia?" "Ainda não. Mas os policiais estão à procura dele. Sabe o que isso significa." Eu respirei estremecendo. De repente, pareceu muito mais frio por aqui. "Eu sei." "Você vai ter que intervir, Henry." "Eu sei." Porra, eu sabia. "Voltaremos o mais breve possível." “Estarei esperando."

CAPÍTULO 13

Ward Eu ainda não tinha certeza do que tinha acontecido. Um momento atrás, eu estava olhando para Henry, que parecia a criatura de outro mundo que ele era, parado contra o vento com a cabeça para trás, cristais de gelo congelando sua barba e puro prazer em seu rosto. Ele ficou irresistível naquele instante, inacreditável e tão bonito que não pude deixar de lembrar como pensará nele na outra noite, o oposto do frio: calor úmido e pele quente pressionada contra a minha. Quando ele olhou para mim, seus olhos pálidos refletindo o gelo ao nosso redor, mas muito mais quente, eu fiquei paralisado, meu peito apertando de uma maneira que não tinha nada a ver com o frio. Eu queria estender a mão e tocá-lo. Graças a Deus o walkie-talkie me impediu de me fazer de idiota. Porém, pelo olhar ameaçador que pairava sobre o rosto de Henry, ele teria preferido qualquer coisa ao que estava acontecendo agora. Ele prendeu o walkie de volta ao cinto e partiu em um ritmo acelerado até o veículo de neve. "Devemos ir agora. A carga está segura?" "Sim", Sam confirmou, mas ela parecia tão confusa quanto eu. “Mas não estamos com pressa, estamos? Ainda temos horas de luz do dia e trouxe o almoço no carro." "Eu tenho que chegar a Monte Vista." "Oh." Uma das mãos de Sam subiu até a boca dela. "Ah, não. Não o Wilson." "É ele sim. Ele foi longe demais." “Oh Henry, você não pode. Ele é-" "Ele está perdido, Sam." Ele colocou as mãos nos ombros dela. "Ele se foi.

Caso contrário, ele não estaria fazendo isso. Eu tenho que acabar com isso." "Quem é Wilson?" Tennyson exigiu. "Ele é... Ele era um membro da matilha quando estávamos na faculdade", Sam engasgou. “Ele foi o último da nossa geração a conseguir se transformar, e ele... Ele nunca conseguiu voltar a ser humano. Mamãe o manteve conosco por mais de um ano, mas ele se aprofundou cada vez mais em seu lobo. Ele não conseguiu voltar. Mamãe deveria matá-lo, mas... Ela não conseguiu." A voz de Sam caiu para um sussurro. Eu mal podia ouvi-la pelo vento. "Ela o soltou." "Isso é ilegal", observou Tennyson, não desapaixonadamente, mas também não aprovava. "Se ela tivesse sido pega fazendo isso, poderia ter sido substituída como alfa." "Ela morreu menos de um ano depois, então é um pouco tarde para denunciá-la", Henry retrucou. Tennyson se encolheu. "Temos que carregar tudo isso de novo, e então John e eu vamos buscar o Wilson." "Você não pode fazer isso sem nenhuma ajuda além do guardião!" Sam protestou. "Eu vou com você, e T pode levar os suprimentos de volta para casa." "Não sou bom em dirigir na neve", disse Tennyson. Ele claramente também não gostava desse fato. "Eu vou junto." "Você e Roman precisam ficar com Sam e Genna, caso algo dê errado na estrada", argumentou Henry. “É preciso ter força de lobo para tirar o caminhão de um monte de neve, se houver um acidente. Eu ficarei bem com John." "Não vai!" "Eu irei com você", eu ofereci, mal sabendo para o que eu estava sendo voluntário, mas decidi que, independentemente do que estivesse acontecendo, Henry merecia ter mais apoio ao seu lado do que apenas

John Parnell. Eu estava esperando uma discussão. Eu meio que esperava que Henry me dissesse que eu não era da matilha, ou que estar lá não ajudaria em nada, mas ele olhou para mim agradecido. "Obrigado." "Eu-sim, claro." A meia hora seguinte foi um frenesi de movimento, tirando o veículo de neve do vale com todo o aquele peso e retornando ao trailer atrás do 4Runner, foi difícil. Todo mundo estava tenso, angustiado, e John também estava com pressa, fazendo as pessoas se moverem mais rápido. "Temos que fazer isso enquanto ainda está claro, pessoal!" Ele se virou para Henry. “Nós vamos pegar o jipe. Se partirmos agora, podemos chegar lá em menos de uma hora." "Certo. Ward vai junto." John bufou. "Se você quer ele por perto pra que veja isso, suponho que seja da sua conta." "Exatamente." Eles se entreolharam por um longo momento antes de John finalmente desviar os olhos. Sentei no banco de trás do jipe e respirei um pouco aliviado quando John aumentou o calor assim que ligou o motor. Eu estava tremendo, provavelmente por causa do frio, pensei, mas parte disso era adrenalina sem ter como gastá-la e nada com que reagir. Henry sentou-se no banco da frente ao lado de John, e pegamos a estrada antes mesmo de terminarem de prender a carga no 4runner. Não havia nada além de silêncio durante quase todo o percurso, e eu não iria quebrá-lo, não quando eu não tinha a menor idéia do que estava acontecendo aqui. Normalmente, eu ficava curioso, mas o clima era tão sombrio que eu já sabia o onde íamos chegar. Henry teria que fazer algo que ele claramente detestava, e John garantiria que ele fizesse certo. De vez em quando, John lançava pequenos olhares para Henry, como se não tivesse muita certeza do que pensar sobre o que estava vendo. Mas não parecia tão complicado pra mim. Henry estava rígido de raiva, de

desconforto e com o que eu aposto que era medo, mesmo sendo um lobo alfa, um soldado e qualquer uma das dezenas de outras coisas que deveriam significar que ele era invulnerável. "Eu posso fazer isso." Foi a única coisa que John ofereceu em todo o percurso, assim como vimos a placa de Monte Vista do lado direito da pista. "Não é sua responsabilidade." A voz de Henry era áspera. "Também não deveria ser sua." "Mas agora é." E foi só isso. John não continuou em direção ao centro da cidade, ele parou na beira da estrada, perto de um árido bosque de álamos que ia até a metade da encosta mais próxima. "O último cachorro foi morto a oitocentos metros daqui", disse ele ao desligar o motor. "Já está longe o suficiente para que possamos nos esconder, se você precisar mudar." Henry balançou a cabeça. "Não vou precisar de uma mudança completa para isso." John parecia levemente impressionado. "Nem sua mãe conseguia escolher o que queria mudar, especialmente sob pressão." "Minha mãe tinha outros pontos fortes." Henry saiu do jipe e eu me arrastei para segui-lo, enrolando meu cachecol com mais força no pescoço assim que eu estava do lado de fora. Na verdade, não era tão ruim aqui fora como era no pico de San Luis, mas eu estava acostumado a me sentir confortável agora. Um tremor balançou todo o meu corpo e, de repente, Henry se virou para mim, parando no meio do caminho. "Você não precisa estar aqui para isso", ele disse gentilmente. "Fique no carro. Fique quente. John pode testemunhar isso." Isso parecia absolutamente horrível. "Estou aqui para te apoiar. Não vou ficar no carro quando você precisar de mim." Por que eu disse isso, eu não sabia, mas era obviamente a coisa certa a dizer já que os olhos de Henry se suavizaram por um momento. “Ainda assim, você deve ficar mais para trás por enquanto. Não sei em

que humor ele estará quando chegar aqui." Henry estendeu a mão e apertou meu ombro, apenas uma vez, depois se virou e começou a ir em direção às árvores. John parou ao meu lado e nós o assistimos partir. "Você está armado?" John perguntou depois de um momento. "Não." “Você deve considerar carregar uma arma daqui em diante. Consiga um taser se não quiser uma arma de fogo.” "Eu realmente deveria ter medo do Henry?" Eu o alfinetei. John suspirou profundamente. "Deixe-me contar uma coisa sobre as pessoas com as quais você se envolveu", disse ele. “E eu estou chamando eles de pessoas, sim. Boas pessoas, a maioria delas, e algumas delas são ótimas. Henry é do tipo que é ótimo, ou ele seria se não fosse o alfa. A mãe dele…" John balançou a cabeça. “Ela ficou tão orgulhosa quando ele e a irmã foram para a faculdade. Sam seria advogada e Henry estudaria escultura e pintura. Ele sempre foi bom com as mãos e tinha um olho afiado. Ele poderia ter feito um nome para si como artista. Mas ele foi criado para ser responsável, e a coisa responsável a ser feita depois que seus pais morreram no exterior era voltar e ser o alfa. Serviço militar é necessário para todos os lobos alfa. Você sabe disso, certo?" Assenti. “Os pais dele não foram fáceis com ele enquanto estava crescendo, mas quando Henry voltou pela primeira vez após seis meses de treinamento intensivo, juro por Deus que nem o reconheci no portão. O rosto dele estava vazio. Sua faísca se foi. Eu acho que ele teria morrido há muito tempo se Sam não o puxasse de volta. Isso e o fato de que ele odeia o que faz, odeia tanto que ele não quer que mais ninguém em sua matilha tenha que fazer isso.” "O que ele tem que fazer?" Eu sussurrei. Pode não ter sido o meu direito de perguntar, mas eu tinha que saber. Ninguém na matilha de La Garita me diria. “Ele mata quem o chefe manda matar. Vai a lugares e recupera coisas, pessoas, que ninguém mais seria capaz. Ele muda, persegue e mata os

inimigos do estado, e às vezes outras pessoas também, os danos colaterais. E ele tem que fazer" A boca de John se apertou. "Todos nós temos coisas que precisamos fazer." Eu me senti enojado. "E isto aqui? Do que se trata tudo isso?" “Corrigir o que a mãe dele fez errado. O lobo branco pode não ser mais um membro formal da matilha, mas responderá ao chamada de seu alfa. Escute." Ficamos em silêncio por um longo momento, até que foi quebrado por um uivo alto e relulante. Eu mal conseguia distinguir a silhueta de Henry à frente, obscurecida pela forma das árvores. Ele uivou novamente, jogando a cabeça para trás com abandono, e todos os pêlos no meu corpo se arrepiaram. "Mal me lembro de Wilson" John murmurou. “Ele foi transferido de outra matilha, a última que eu sei que foi dissolvida antes da matilha de onde Tennyson veio. Ele teve problemas para se adaptar, se encaixar. La Garita era boa para ele, mas não foram suficientes. Quando ele finalmente se tornou lobo, ele não queria voltar. Ele nunca deveria ter sido solto." Os punhos de John se fecharam. "Nunca deveria ter durado tanto tempo." Senti minha garganta começar a apertar. "Isso acontece com todos os lobos que não mudam de volta?" "Todos. Ele ainda é contagioso, mesmo que não se lembre de ser humano. E se ele parar de atacar os cães de estimação das pessoas e ir para cima de seus filhos? E se as crianças se transformarem? E se eles simplesmente morrerem?" Meu Deus. “Esse é o verdadeiro perigo dos lobos. Não é que eles não possam ser boas pessoas. É que, se não são, se escorregarem, são piores do que deveriam ser. Arrume uma arma." ele me aconselhou, depois levantou a mão. "Lá. Olhe." Eu mal podia ouvir sua voz através do vento. "Olhar o que?" Eu sussurrei. “Na encosta, atrás da grande rocha. Lá está ele." Eu olhei para o lado da montanha até meus olhos arderem com a

necessidade de piscar, mas não foi até o lobo se mover que eu finalmente o vi. Ele era grande, maior que um cachorro comum, quase tão grande quanto Henry durante a mudança, e ele era branco puro. Bonito, mas ele não se movia com o mesmo ar divertido ou a mesma consciência que eu tinha visto em Henry ou nas crianças quando estavam na hora peluda. Ele galopou na neve como um animal, um animal bonito e perigoso, indo direto para o lado de Henry. Prendi a respiração quando eles finalmente se encontraram, Henry estendendo a mão para o lobo. Eu não conseguia ver se estava com as garras ou não, mas o lobo cheirou uma vez, duas vezes e depois... De repente, ele era como um filhote de cachorro. Ele pulou um pouco para trás, depois rolou várias vezes, disparando aqui e ali, na tentativa de convencer Henry a brincar com ele. Ele latiu, e foi um som alegre. Não pude ouvir o que Henry fez ou disse, mas o lobo se acalmou um pouco, aproximando-se cada vez mais, até estar perto o suficiente para Henry o envolver em seus braços. Parecia um abraço, e eu podia imaginar como era, mesmo como um lobo, ser atraído pelos braços de Henry. Eu ganhei um abraço do cara, e a lembrança ainda me fazia corar às vezes. Esse abraço não foi para confortar, para acolher, ou simplesmente para cheirar, no entanto. Esse abraço foi um adeus, e todos nós sabíamos disso. O lobo choramingou, mas lentamente, bem lentamente, caiu de lado. Henry se agachou sobre ele, acariciando seu grosso pêlo branco com uma mão, gentilmente. Eu não conseguia ouvir sua voz, mas podia ver seus lábios se movendo enquanto ele a acariciava. Ele ficou agachado por um longo tempo, até John começar a ficar nervoso e se mover. Ele se moveu como se fosse dar um passo à frente, e eu peguei seu braço e o segurei. "Não", eu disse. "Deixe-o fazer isso." E então ele parou. Acabou mais rápido do que eu podia imaginar, um golpe suave e rápido com a mão, um choramingo final e então... Nada. Nada além da disseminação gradual de sangue contra a neve e John relaxando lentamente sob o meu aperto.

"Vou pegar uma lona", John murmurou. "Não podemos enterrá-lo aqui." Ele se afastou de mim e voltou para o jipe, e eu... Eu só fiquei lá, entorpecido, como um idiota. Eu não queria subir aquela colina. Eu não queria ver o que sabia que veria, não queria olhar para um lobo morto e o alfa que o matou, não queria ver o que sabia que veria nos olhos de Henry. Mas eu vim aqui por ele. De que adiantava eu não seguir adiante? Apertando meus braços em volta de mim mesmo, segui as pegadas de Henry, era um pouco grande demais para que minhas pegadas ficassem bem em cima das dele, até chegar à linha de árvores. Henry estava a apenas um metro e meio de distância, as mãos ainda descansando no pêlo de Wilson. Mal eram mãos, as patas grandes com garras. O vermelho embaixo dos dois era tão vívido contra a neve que eu quase não conseguia acreditar que era real. Como isso pode ser real? "Henry." Ele olhou para mim, e sua expressão era plana, seus olhos dourados, sua mandíbula saliente e deformada, cheia de presas das quais eu não queria chegar perto. Ele estava mais perto de um monstro do que eu já tinha visto. Aquela visão me impulsionou para a frente, primeiro cheguei perto e depois me aproximei ainda mais. Eu não o toquei, mas fiquei perto o suficiente para ele ouvir meu coração e o jeito que eu estava respirando, rouco e alto. Qualquer coisa para distraí-lo. Henry fechou os olhos, a cabeça inclinada levemente em minha direção, mas não fez mais nada. Eu apenas fiquei lá, estupidamente, e tentei não olhar para a bela e lamentável criatura aos meus pés. Jesus Cristo. Isso... O pensamento das consequências passou pela minha cabeça, não apenas para Wilson, mas para Ava, meu bebê. Eu precisava... Eu precisava... Henry nunca teria que fazer esse tipo de escolha sobre minha filha. Eu não deixaria isso acontecer, não para nenhum deles. John se juntou a nós um momento depois, com uma lona de plástico azul nas mãos. Ele a abriu rapidamente. "Vamos lá, Henry", disse ele. “Arrume-o para que possamos voltar. Sam está esperando por você." Ele estava olhando estreitamente para o rosto semimudado de Henry, mas não deixou o que estava sentindo refletir em sua voz.

Henry não falou nada. Ele pegou o corpo de Wilson como um bebê, embalou-o contra o peito por um momento antes de colocá-lo na lona. Ele puxou as bordas em volta do pêlo, mas deixou a cabeça livre, ficou de pé e levantou mais de quarenta e cinco quilos de lobo nos braços como se não fosse nada, como se não tivesse levantado pesos enormes a manhã inteira, como se não estivesse com o coração partido. Eu olhei para ele e me senti absolutamente impotente, e eu odiava esse sentimento. Estendi a mão e a coloquei no cotovelo de Henry. Ele piscou e olhou para mim com olhos, de repente, azuis e John e eu respiramos um pouco mais fácil. "Vamos pra casa”.

CAPÍTULO 14

Henry Tudo cheirava como sangue. Manchava o ar, contaminando-o com a sujeira, mesmo através do plástico ao redor de Wilson. O sangue de lobo cheirava diferente do sangue humano, com o qual eu estava muito mais familiarizado, mas o ferro era o mesmo. Isso e o sabor que ficou preso no fundo da sua garganta, fazendo você se sentir como se estivesse prestes a vomitar. Eu odiava o cheiro, mas já estava acostumado. Eu mal conseguia escapar mesmo quando estava de folga - fazia sentido que eu estivesse cercado por isso agora. Só que era acompanhado pelo cheiro de ozônio da neve, combustão do carro e muito vagamente, erradamente, pelo cheiro de Ward. Eu não gostava de cheirar a ele e sangue ao mesmo tempo, e mesmo assim sabia que ele era uma das únicas coisas que me ajudavam a manter o tênue fio de controle que eu mantinha naquele momento. John tinha notado minha mudança parcial, eu tinha certeza disso, documentando quanto tempo fiquei assim. Eu deveria ter me transformado por completo para diminuir o impacto que suas observações teriam sobre mim, mas não pude. Parecia demais tirar minha armadura, e naquele momento eu precisava daquela barreira mais do que nunca. Wilson estava esfriando em meus braços. Eu sentei com ele no banco de trás do jipe, e Ward continuou se virando para nos olhar, me ver. Não olhei para ele, mas pude sentir a pressão de seu olhar como um aperto no ombro ou um breve emaranhado de nossos dedos. "Você quer que eu ligue para Sam?" ele perguntou finalmente. Ah sim. Foi uma boa ideia. Alguém deveria. Meu telefone... Estava no meu bolso. Eu teria que deixar Wilson pra pegar. Eu ainda não conseguia me

deixar fazer isso. "Use o meu." John entregou a Ward um iPhone, e eu ouvi distraidamente a voz preocupada da minha irmã pelo alto-falante, seu breve silêncio quando Ward contou o que eu tinha feito, suas perguntas sobre quando voltaríamos. Uma hora. Talvez menos. Então Wilson iria para o debaixo da terra. O túmulo provavelmente já estava sendo cavado. Foi uma remanescente de nossas primeiras experiências como lobos, a necessidade de enterrar um corpo rapidamente. Você não queria deixar os mortos por perto para que outras criaturas se alimentassem dele, nada que pudesse potencialmente permitir que a mutação se espalhasse. Lobos eram enterrados profundamente, ou queimados. Fechei os olhos e puxei Wilson um pouco mais para perto. Eu odiava me sentir assim por ele, como se tivesse me estripado. Eu não queria ser destruído pela morte de alguém desde quando eu ainda era adolescente. Minha mãe sentiu pena dele, um dos únicos sobreviventes de uma matilha desmantelada, ele era tão desajeitado e com tanta raiva de estar conosco. Eu não gostava dele naquela época, e o sentimento era mútuo. Quando ele não voltou do sua transformação e minha mãe o deixou ir, fiquei realmente satisfeito. Agora ele não era nosso problema. Eu não teria que lidar com ele e nem ela, sem mais ansiedade, sem mais argumentos. Ele estava apenas... Sumido. Foi bom. Só que, claro, não foi bom. Levei muito tempo para perceber até que ponto minha influência como alfa se estendia e que, mesmo que a pessoa que soltou Wilson estivesse morta, eu esperava assumir o cargo dela. Wilson era minha responsabilidade. Eu tinha que checá-lo, eu tinha que ter certeza de que ele não incomodaria os outros, ter certeza de que ele não causaria problemas para as pessoas nas planícies. Na verdade, eu gostava muito mais de Wilson como lobo. Nos conhecemos meia dúzia de vezes ao longo dos anos, mas foi o suficiente para reforçar nossas respectivas posições, o suficiente para me dar confiança nele. Eu não esperava que ele perdesse a cabeça e começasse a caçar animais de estimação das pessoas. Não foi tão ruim no inverno. Ele poderia ter vindo até nós. Ele poderia ter…

Não importava. Ele não tinha vindo até nós. E agora ele estava morto, e eu me senti trancado no meio do caminho entre lobo e homem, um alfa indomável e líder inteiramente falível. Não fui eleito, apenas colocado no lugar de uma tragédia. Não seria tão difícil se livrar de mim. Eu não poderia dar a eles a chance. Não devo dar a eles a chance, mas também não pude me fazer voltar ao normal. Parecia que eu tinha esquecido como. Wilson estava esfriando, quase igual à temperatura ambiente no carro agora. Parecia errado, e eu o segurei mais perto, mesmo sabendo que não faria nenhum bem. Uma das minhas garras perfurou a lona, mas não saiu sangue. Deixamos a maior parte do sangue dele na neve. Um arranhão rápido na jugular, o mesmo ponto em que matava um lobo tão rápido quanto um homem, e ele morreu em menos de dois minutos. Ele não tinha entendido o que estava acontecendo, ou por quê. Eu pedi sua obediência, ele a deu, e então... Eu o matei. Assassinei um membro do meu próprio bando, não importa o quão afastado. Não percebi quando o carro parou. Eu estava tão absorvido no meu próprio inferno. Ward precisou se ajeitar - eu podia ouvir seus dentes rangerem - e tocar meu joelho pra me tirar do meu devaneio. "Vamos, Henry", disse ele. "Hora de sair." Sair. Onde Sam estava, onde estava a matilha. Matilha. Isso não seria divertido. Eu sabia, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Desdobrei as pernas e saí do jipe calmamente, em vez de rasgar a capota com minhas garras do jeito que eu estava meio inclinado. Eu emergi, e os sons que me cumprimentavam eram inumeráveis: uma dúzia de batimentos cardíacos, todos os adultos, mas quase nenhuma das crianças. Sam sabia o que estava por vir e cuidou disso, presumi. Roman estava aqui e Genna - senti o cheiro azedo da antipatia de John, mas não prestei atenção. Sam e Liam estavam na frente do grupo, Gerald e Peggy não muito atrás. Todos, menos os humanos, podiam cheirar a morte. Ninguém

disse

nada,

mas

Tennyson

cuidadosamente,

avançou

lentamente. Ele estava com a cabeça inclinada para o lado, mas seus olhos estavam em mim. "Eu tenho um lugar pronto para ele", disse ele, e eu acreditei nele. Eu podia sentir o cheiro da terra congelada em suas roupas e unhas. "Deixe-me levá-lo, Alfa." Sim. Agora era a hora de desistir dele, só que eu não tinha certeza se podia. Tennyson deu outro passo, e eu rosnei, sem vontade, rouca no peito e dolorida nos lábios. Eu era o alfa, meu trabalho estava terminado, era hora de delegar, mas eu não podia… Eu simplesmente não conseguia me soltar dele. "Henry", disse Sam. Ela começou a dar um passo à frente, mas Liam agarrou seu braço e a segurou. O que, ele achava que eu era selvagem demais para ficar perto de minha própria irmã? Ele pensou que eu a machucaria? Senti meus olhos mudarem e sabia que era demais, sabia que não era necessário, mas os deixei ir mesmo assim. Senti os músculos das minhas costas e ombros se aglomerando, ampliando-me, fazendo-me parecer mais amplo, me dando um pouco de inclinação. Ouvi John xingar, vi-o seguir para a filha, enquanto ele puxava a arma e a apontava em mim. "Henry, por favor", Sam disse novamente, puxando contra o aperto de Liam, mas não adiantou. Ele tinha medo de mim e temia pela esposa. Ele não a deixou perto de mim, e ela não lutou com ele o suficiente para fugir. Ela também tinha medo de mim? Ou estava apenas tentando manter a paz novamente, manter o equilíbrio entre eu e o marido? Ela deveria ter ido embora. Ele deveria tê-la tirado de mim, deste bando. Estar aqui estava apenas prolongando sua miséria. O toque era tão suave que mal senti, mas eu conhecia o teor do batimento cardíaco ao meu lado, o cheiro de seu medo e determinação. Ward estava aqui, humano e vulnerável, e ele estava me tocando. Forcei minha cabeça a girar em meu pescoço muito grosso, meu rosto provavelmente tão hediondo como sempre deveria ser, e olhei para Ward. Ele engoliu em seco, mas olhou de volta para mim. "Está tudo bem", disse ele, e parecia uma promessa. “Você fez o que tinha que fazer. Você pode deixar Tennyson cuidar disso agora."

Eu... Não. Sim? Eu não queria deixar ir, mas sabia que precisava, e ter Ward lá para reforçar isso parecia fazer tudo ficar bem. Suspirei, depois estendi meu fardo para Tennyson, que não se mexia desde o meu rosnado. Ele se aproximou o suficiente para me libertar do corpo de Wilson e, assim que se foi, senti que poderia explodir com o vento gelado. Ward manteve a mão em mim, me aterrando com dedos finos, uma pressão suave e o som revelador de suas respirações apertadas e sibilantes. Não deveria ter me acalmado tanto. Tennyson virou-se e saiu. Eu podia ouvir John repreendendo sua filha, perguntando a ela por que ela entrara no complexo - o cheiro do desejo havia desaparecido dela e de Roman, deixando cautela e medo. Eu ignorei o guardião enquanto olhava para minha matilha, avaliando-os. Eles me avaliaram de volta e pude ver que alguns dele me olhavam com medo. "Mude de volta", disse Gerald abruptamente. "Pare com isso" Peggy murmurou, agarrando-o pela manga, mas o marido soltou-a e deu um passo à frente. “Mude para humano. Mude agora, Alfa!" Tentei. Tentei de verdade. Não pude. Meu corpo não queria, suas defesas muito altas e difíceis. Eu olhei para Gerald, que cheirava satisfeito, mesmo que ele parecesse nervoso. "Você está perdendo sua capacidade de mudar." Sam virou-se para ele. "Calado! Depois de tudo o que aconteceu com ele, tudo o que ele passou não apenas hoje, mas há meses antes, é de se esperar um pequeno problema! Você tem dificuldade na sua mudança quando é incomodado por algo tão mundano quanto um dia quente. Eu já vi isso, então afaste-se e mostre algum respeito ao seu alfa antes que eu te faça demonstrar!” Ela tinha uma mão no taser do cinto. "Ele não deveria precisar de você para protegê-lo, Sam!" "Ele não deveria precisar ser protegido de sua própria matilha, Gerald", ela retrucou. “E eu sou irmã dele primeiro, e a segunda em comando deste bando depois. Eu sempre protegerei meu irmão." Ela se virou para

mim - não, para Ward. “Acompanhe Henry até em casa. Eu estarei lá em breve." "Com certeza." Ele pegou minha mão - Deus, ele pegou minha mão com garras, minha mão hedionda - e me puxou na direção de nossa casa. Depois de um momento, eu fui com ele. Quando voltamos para casa, eu estava tropeçando na neve, meus pés semi-transformados desajeitados nas botas. Eu estava cansado e chateado, e tudo parecia demais. Ward me puxou para a escada, mas eu resisti. "Lá em baixo", eu chorei entre minhas presas. "Sala do pânico." Não era usado há décadas, provavelmente cheirava a poeira e decomposição agora e nada mais. Era onde eu deveria estar, até eu voltar ao normal. Ward parecia discordar. "Não. Você precisa de um banho." Balancei a cabeça. "Não agora." "Sim, agora. Parece que você se banhou num açougue, então só Deus sabe o quanto você cheira mal pra si mesmo. Você precisa de um banho quente, com sabão. Muito sabão" ele continuou, ainda me puxando para cima. Não teria sido difícil resistir a ele, mas não resisti. “Vai usar um frasco inteiro de xampu se você não se livrar de alguns pelos extras. Não que eu me importe." Cabelo extra... Ah. Mais do que meus músculos haviam se transformado. Chegamos ao final do corredor, bem em frente ao banheiro, e Ward olhou para mim e xingou. Ele estava olhando para o chão. “Estamos fazendo uma bagunça. Lembre-me de limpar isso mais tarde. Primeiro...” Ele puxou o cachecol com uma mão, largou o chapéu no chão e tirou a jaqueta. “Preciso tirar esse casaco antes que eu superaqueça. Se já está ruim agora, será um inferno quando ligarmos o chuveiro." Ele acenou com uma mão para mim quando começou a desamarrar os cadarços. Eu apenas o observei, estranhamente tranquilo com sua conversa enquanto ele cuidava de mim, sem expectativas de me fazer falar.

"Aguente firme." Ele tirou sua mão de mim para que ele pudesse tirar os dois braços do casaco sem realmente me soltar. Ele estava sendo cuidadoso, mas não de uma maneira que me irritasse, e eu me senti relaxar em sua presença quase sem permissão. "Ei, bom trabalho." O quê? Oh - eu estava voltando a forma humana. Parcialmente, pelo menos. Minhas mãos e rosto não haviam mudado, mas pelo menos agora eu poderia sair de minhas próprias botas semi-destruídas sem ter que fazer com que Ward desamarrasse os cadarços, e minha camisa não estava esticada ao ponto de ruptura. "Você parece melhor", disse ele em aprovação. "Vamos." Ele me levou ao banheiro e fechou a porta atrás de nós, depois ligou a água quente. “Você precisa se despir. Você consegue, ou devo..." Não havia desejo em sua voz ou cheiro agora, mas também não havia medo, e isso também era reconfortante. "Sabe de uma coisa, eu só vou... Ok." Ele respirou fundo e começou pela minha camisa. Não conseguia me lembrar da última que uma pessoa me despiu que não estava fazendo isso para curar uma ferida. Talvez na faculdade. Eu tive um namorado na faculdade, outro artista, um metalúrgico que enfrentava chamas e calor como se não fosse nada. Ele era magro como Ward e tão destemido, mas também guardava rancor. Quando eu disse a ele que tinha que ir embora e não podia explicar o suficiente para apaziguá-lo, ele me disse para não me preocupar em voltar para ele. Não voltei, mas lembrei-me da sensação de suas mãos no meu corpo, dedos calejados se movendo apreciativamente contra a minha pele. As mãos de Ward não eram nada assim. Ele não tinha calos e seus dedos eram finos e nodosos. Eles eram hábeis com meus botões, porém, cuidadosos, mesmo que essa camisa tivesse que ser queimada. Queimada... Merda. Eu levantei uma mão e a coloquei na de Ward, com cuidado. "O sangue..." Transmissão via sangue era realmente uma maneira bastante difícil de contrair o vírus. Estava mais presente em nossas glândulas salivares, o que tornava a mordida tão eficaz. Mas mesmo assim...

"Eu sei," ele respondeu. "Sam explicou tudo. Não tenho feridas abertas e você não tem sangue na frente da camisa, Henry, apenas nas mangas. Eu vou deixar você cuidar disso, deixe-me lidar com o resto. Tudo bem?" Bom o suficiente para mim. Entre nós, tiramos minhas roupas, até que eu estava nu e tremendo na luz amarela do banheiro, que estava cheia de vapor. "Pra dentro", disse Ward, e ele empurrou-me gentilmente até que eu entrei na banheira onde o chuveiro estava ligado. A água estava quente o suficiente para me fazer estremecer, mas Ward a ajustou e, um momento depois, tudo que eu queria fazer era me deitar e me entregar ao calor. Então eu fiz. "Henry!" O baque deve tê-lo alarmado, porque ele abriu a cortina do chuveiro e me encarou por um longo momento antes de exalar pesadamente. "Que merda. Você está bem?" "Cansado." Cansado de tudo. Eu não queria mais fazer isso. Eu pensei que meus olhos estivessem lacrimejando, mas não importava aqui dentro, com a água as enxaguando lindamente. Ninguém seria capaz de dizer. “Tudo bem, tudo bem. Apenas... Sente-se com cuidado na próxima vez que se cansar, ok?" Ele sorriu um pouco. "Como eu explicaria a Sam se você tivesse aberto a cabeça na banheira?" "Sam." Pobre Sam. Porra, eu realmente tinha destruído a vida dela. "Sim, Sam. Ela é feroz, cara." Ward parecia agradecido. "Você tem sorte de ter uma irmã assim." Ele parou de falar por um momento, procurando algo embaixo da pia, e eu senti falta do som de sua voz imediatamente. "Converse." Ward olhou atrás da cortina e levantou uma sobrancelha. "Tem certeza? Eu provavelmente poderia até você cansar, Henry." Soou bem para mim. "Por favor." "Bem... Eu nunca tive uma irmã, mas eu tinha um irmão. Rick. Sam me lembra um pouco dele, na verdade. Ele era um fuzileiro naval, e depois participou da escola de treinamento para oficiais e acabou indo para a

inteligência militar. Ele e o amigo dele, Davis. Davis é a única razão pela qual eu posso dizer que tive um amigo crescendo, porque Rick o compartilhou comigo. ” Ele manteve a conversa enquanto lavava meu cabelo, me contando como ele via seu irmão mais velho como um herói que cuidara de si quando seus pais estavam ocupados demais, como ele se perguntava porque alguém assim tinha morrer quando Ward, que se sentia inferior, sobrevivera a pneumonia, asma e inúmeras infecções até chegar à idade adulta. Ele me contou sobre Gabriela, que nunca quis ser mãe, e como, assim que pôs os olhos em Ava, ele sabia que a queria mais do que qualquer coisa. Ele me contou sobre sua filha e como ela era preciosa para ele. A última parte eu já sabia, mas era reconfortante ouvir de novo. Ward foi firme. Quando ele dava uma parte do seu coração a alguém, ele dava para sempre. Eventualmente, a água quente acabou, e Ward conseguiu me puxar para fora do chuveiro e me colocar dentro de um moletom antes que eu pudesse começar a tremer. Ele me levou em direção ao meu quarto, mas eu hesitei ao pensar em entrar em um quarto frio que cheirava a nada além de mim agora. Cercar-me com meu próprio cheiro seria como me envolver na miséria, e eu já estava infeliz o suficiente. "Ok." Ward nem sequer hesitou, apenas me levou pelo corredor até o quarto dele. O ar ainda estava um pouco mofado, o espaço antigo lentamente se enchendo de nova vida, mas principalmente cheirava a Ward. Até o tom medicinal era calmante à sua maneira. Ward puxou os cobertores e me levou para a cama, e eu obedeci porque não havia mais nada que eu preferisse fazer naquele momento. Deus, eu estava tão cansado. Eu estava tão cansado. "Durma." Ward passou os dedos pela curva do meu ombro, um toque que me trouxe à realidade antes de me cobrir com o edredom. "Vai ficar tudo bem." "Fique aqui." Era tudo o que eu queria. Ele sorriu para mim. Ele parecia tão diferente quando sorria, a magreza do rosto era escondida pela largura de seu sorriso. "Sem problemas."

Obrigado. Eu não tinha certeza se o agradeci ou não antes de adormecer. Não importava. Eu sabia que Ward sentiria isso.

CAPÍTULO 15

Ward Às vezes, especialmente quando ela estava estressada, Ava tinha pesadelos. Ela teve um na noite anterior ao seu primeiro dia na escola. Na verdade, entrou correndo no meu quarto às duas da manhã, chorando que algo a perseguia e ela não conseguia fugir. Eu a acalmei da melhor maneira que pude, sem perceber o quão estranhamente profético seu sonho tinha sido na época, e a deixei passar o resto da noite ao meu lado, mesmo que eu quase não tenha conseguido dormir graças à minha filha que não parava de se mexer. Fazia um tempo desde a última vez pra cuidei de alguém com um pesadelo, mas eu sabia o que era esperado de mim. A coisa mais importante? Estar lá. E eu estava determinado a fazer isso por Henry agora, mesmo que a dinâmica fosse um pouco diferente. A cama era um pouco pequena para dois homens crescidos, mas eu não era o cara maior e Henry estava enrolado em si mesmo como um inseto naquele momento, então fizemos com que funcionasse. Estávamos de conchinha e eu estava por trás, que era realmente estranho, e tornava mais fácil acariciar uma mão dele sempre que ele estremecia ou choramingava enquanto dormia. Pelo menos ele parecia humano novamente. Ele estava quase completamente humano no momento em que o puxei para fora do chuveiro, apenas seus olhos nebulosos ainda mostrando um leve tom amarelo. Seu rosto estava completamente humano e totalmente devastado. Eu já tinha visto aquele olhar antes em soldados, em Davis, quando ele veio à minha porta para me dizer pessoalmente que Rick não iria voltar para casa. Era o olhar de uma pessoa no limite, que não sabia como recuar e respirar. Davis tinha pelo menos eu, e eu tinha com quem compartilhar a dor. Quem Henry tinha? O esquadrão dele? O comandante? Sam? Havia vantagens para cada um, mas também

problemas. No momento em que senti o cheiro de café subindo as escadas, Henry tinha ido de um sono inquieto e superficial para algo tão profundo que ele nem se mexeu quando eu saí da cama. Eu não queria deixá-lo, mas não tinha comido desde o café da manhã de ontem e estava com fome. Decidi que poderia descer as escadas e comer antes de voltar para ver se ele estava pronto para se levantar. "Eu já volto", murmurei, dando um tapinha em seu lado coberto antes de descer as escadas. Café, torradas, talvez um ovo, se eu fosse rápido. Fui recebido com um verdadeiro banquete de café da manhã. Pratos cheios de linguiça, bacon, panquecas, waffles, frutas cortadas e ovos mexidos estavam colocados ao longo do balcão, embrulhados para mantê-los aquecidos. O cheiro de café era forte e a cozinha estava alguns graus mais quente que o resto da casa. Sam estava sentado à mesa, bebendo de uma caneca, enquanto Liam estava no fogão, fazendo mais panquecas. "Ward!" Seu rosto se iluminou quando ela me viu. "Aí está você! Fiquei imaginando se teria que arrancar vocês dois do seu quarto." Oh merda, ela sabia que Henry e eu havíamos dormido juntos. Bem, só dormimos mesmo. Tenho certeza que se ela sabia disso, ela também estava ciente de que nada havia acontecido além de eu ter dado algum conforto a ele. "Sim, eu apenas desci para pegar algo para comer antes de voltar para acordá-lo." “Por que não o deixamos dormir um pouco mais? Sente-se, deixe-me pegar um prato." "Eu pego", disse Liam calmamente. Ele me deu um prato cheio que estava empilhado com minhas coisas favoritas. Até o xarope havia sido feito com framboesas, ou mais provável geléia de framboesa, considerando a época do ano. "Obrigado."

Liam parecia um pouco incomodado quando ele assentiu. "É claro." Sam redirecionou minha atenção com um leve toque no meu pulso. "Como ele está?" Dei de ombros antes de me aconchegar. "Foi bem complicado ontem à noite, mas acho que ele está se saindo bem." "Você ficou com ele o tempo todo?" "Exceto por agora, sim." Um pouco de inquietação deslizou em meus pensamentos. “Por que, isso não é bom? Eu deveria tê-lo deixado sozinho?" "Não se depender de mim", disse Sam. "Estou surpreso que ele não tenha insistido em ir para o quarto do pânico." “Oh, ele tentou isso. Eu disse que não." Liam olhou para mim com os olhos arregalados. "Você disse..." "Não. Aham." "E ele deixou você falar isso?" "Ele estava chateado, mas isso não significa que ele não era racional", eu disse. Sam e Liam trocaram um olhar, e então Liam inclinou a cabeça sobre a chapa novamente. "Estou tão feliz que ele teve você." Sam parecia completamente sincera, nem um pouco chateada por eu estar pisando na ponta dos pés quando se tratava de cuidar de seu irmão. Eles eram tão sólidos, os dois. Devia ser difícil, deixar outras pessoas entrarem em seu mundo unido. Liam ainda estava trabalhando nisso, isso estava claro. "Bem." Corei enquanto ela ficava olhando para mim. "Não estou planejando ir a lugar algum, então..." "Ótimo." Ela mordeu suas próprias panquecas, engoliu e mudou de assunto. “Hoje não haverá escola, não com a distribuição de suprimentos para fazermos. Liam e eu vamos cuidar disso. Como você acha que vai passar o dia?"

"Com Ava." Eu nem precisava pensar nessa parte. A próxima parte, no entanto... “E com Henry, se ele vier comigo. Eu acho que é hora de focarmos em fazer a Ava mudar, e ele disse que sua presença provavelmente ajudaria nisso. ” "Pode", disse Liam. "Irá." "Sam..." Ele largou a espátula e virou-se para ela, com os olhos doloridos. “Não estou tentando ser difícil, você sabe que não estou. Eu quero o melhor para Henry e para Ava. Mas depois de tudo o que aconteceu ontem, seria melhor se ele passasse mais tempo com o resto do bando, ou talvez..." "Eu sei." Sua voz era gentil, mas implacável. "Eu sei o que você pensa. Sei do que a maior parte do bando está falando hoje e o que todos pensam que vai acontecer, e você está errado. Henry precisa de algo para cair de cabeça, e não será o bando num geral, não agora. E não pode ser eu. Eu sabia que seria esse o caso quando nos casássemos." Liam empalideceu e ela estendeu a mão para ele. “E eu não me arrependo disso. Não mesmo. Mas ele precisa de algo para se concentrar, e Ava precisa do apoio.” Ela olhou para mim e sorriu. “E os dois precisam de você! Então funciona lindamente.” Eu também achava isso, mas sabia que provavelmente eu era a minoria aqui. "O que o bando está dizendo sobre ele?" Eu perguntei cautelosamente antes de pegar um pedaço de bacon. “Oh, o que eles sempre dizem quando as coisas estão difíceis. Que é hora de sangue novo. Que nossa família é muito complacente em nossa liderança e que outra pessoa seria melhor em barganhar, proteger-nos ou ganhar favores.” O sorriso dela era positivamente cruel. “A realidade é que eles simplesmente não entendem a magnitude do que o alfa faz por eles. Eu pretendo mostrar para eles. E talvez..." "Sam." A voz de Liam era cautelosa. Sam suspirou. "E talvez mais um dia", ela terminou, do jeito que eu sabia que ela não iria originalmente. "Veremos." Ela estendeu uma jarra. "Mais café?"

"Não, obrigado." Eu precisava comer e ir. No final, levei um prato para Henry. Liam se ofereceu, mas ele parecia tão desconfortável com a perspectiva de encarar Henry de pijama quanto um adolescente encarando os pais depois de bater um carro. Que seja - ele e Henry teriam que resolver sua estranheza em algum momento, mas agora não era a hora. Eu estava ansioso para ver Ava, e se eu estivesse com fome esta manhã, Henry devia que estar morrendo de fome. A cama estava vazia quando voltei para o andar de cima, mas o quarto não estava. Henry estava parado junto à janela, os dedos arrastando sem rumo contra o fundo da cortina enquanto olhava para as montanhas. Ele ainda usava calça de moletom, mas sua metade superior estava completamente nua. Os músculos de suas costas eram intimidadoramente trabalhados e cobertos por cicatrizes desbotadas, algumas parecendo explosões de estrelas, outras longas e finas. Os lobos não deveriam se curar mais rápido que os humanos? Um efeito colateral da transformação foi o aumento da capacidade de se regenerar, ou assim eu pensava. As cicatrizes não diminuíram o fato de que ele era completamente, arrasador e deslumbrante. Minha vida teria sido muito mais fácil se elas diminuíssem esse fato. Eu limpei minha garganta. "Eu trouxe café da manhã." Henry se virou e olhou para mim. "Obrigado." Seus olhos estavam de volta ao seu azul normal. Eu respirei um pouco mais tranquilo quando fechei a porta atrás de mim. "Não há de quê." Entreguei-lhe o prato, e ele começou a comer, cortando uma panqueca ao meio, dobrando-a no garfo e colocando-o na boca. Se ele fosse Ava, eu teria dito algo. Mas como as coisas eram... Bem, não, eu ainda tinha que dizer alguma coisa. “Eu não vou tentar levar a comida embora. Você não precisa comer tão rápido." "Você quer ir ver Ava." Oh. Claro que ele ouvira a conversa lá embaixo. Audição de lobo. Como sou esquecido e idiota. "Sim, mas não há pressa."

“Não faz sentido adiar também. Quanto mais cedo começarmos a incentivar a sua transformação, mais cedo ela poderá deixar isso para trás.” "Você não estava tão preocupado com a transformação dela na última vez que a visitou." Ele parou por um segundo, o garfo posicionado sobre um pedaço de salsicha. “Chame isso de mudança de opinião. Não quero que o que aconteceu com Wilson aconteça com Ava." Merda. Merda. "Você não ousaria..." Eu precisava me sentar. Foda-se, eu ia cair. “Você não a machucaria. Diga-me que não a machucaria, Henry, você tem que me prometer..." "Ward, ei." O prato estava no chão e suas mãos estavam nos meus braços um segundo depois, me segurando. Eu tremia tanto que meus dentes estavam praticamente batendo. “Não, não, não vou. Não vou, prometo. Está bem? Eu prometo. Meu Deus, venha aqui." Ele me puxou para um abraço, e eu segurei o mais forte que pude. Não foi tão forte quanto eu gostaria, mas o aperto dele mais do que compensou. "Eu nunca faria isso com ela", ele me assegurou, enfiando meu rosto na dobra de seu pescoço. Eu o deixei, mesmo que fosse estúpido - eu não era criança. Eu não precisava desse tipo de conforto, mas aparentemente eu precisava, já que não conseguia parar de tremer. “Nem mesmo se todo o bando estivesse contra mim - e eles não estariam. Crianças são preciosas. Wilson era quase um adulto quando se transformou a primeira vez. Ele estava muito preparado para superar isso, e minha mãe não sabia como ajudá-lo. Ava é diferente. Vamos dar um jeito. Com certeza." Eu exalei pesadamente contra seu peito e assenti. "Claro." Minha voz estava tão fraca que eu mal podia me ouvir. "Sim. Antes que o tempo acabe. Presumo que haja um prazo, não é?" Tinha que ter - o ASA era uma organização militar em primeiro lugar, e eles valorizavam a eficiência. "Foda-se o seu prazo." Não era um sentimento lógico, já que nenhum de nós estava em posição

de dizer para a matilha ou os superiores de Henry se foderem, mas eu gostei. Deus, ele era quente. Era ainda mais evidente quando eu tinha minha bochecha pressionada contra sua pele nua. Eu queria ir mais fundo, me aproximar. Eu não poderia, no entanto. Agora não era a hora. "Ok." Mais uma respiração profunda, e então eu o empurrei para trás e para longe, apenas o suficiente para criar uma polegada de espaço entre nós. Henry se moveu com relutância e manteve as mãos nos meus braços, como se estivesse preocupado que eu ainda pudesse cair no chão em uma pilha. Eu não podia deixá-lo pensando que eu era fraco. "Melhor terminar seu café da manhã", eu aconselhei. "Liam esteve preparando a manhã toda." Henry deu um meio sorriso. "Duvido que ele estivesse dando uma de escravo por mim." "Eu acho que estava." Henry balançou a cabeça enquanto pegava o prato, mas eu persisti. “Não, sério. Sam é esposa dele, eu sei disso, e ele obviamente acha que ela é a melhor coisa desde, sei lá, o descobrimento da pólvora, mas ele sabe quem é o alfa e sabe o quanto você é importante para Sam e todos os outros aqui. Eu não acho que ele realmente entenda ainda, mas um dia ele vai." "E você entende?" "Nem tudo", confessei. "Há muitas coisas que eu não sei sobre a sociedade de lobos ou sobre os desafios que você enfrenta como matilha, mas eu sei algumas coisas." Principalmente pelo Davis, que, apesar de toda a sua chatisse, era um verdadeiro aliado dos bandos com quem ele se associava. Foi apenas o fato de eu ser praticamente parte da família que ele quebrou as regras para mim, e eu o amava ainda mais por isso. “Eu sei que sou um problema que você realmente não precisava, e aprecio muito poder ficar aqui. Eu acho que você é um bom alfa, e vou gritar isso na cara de quem precisar ouvir." O sorriso de Henry foi um pouco mais amplo desta vez. "Eu acredito em você." Ele raspou o último xarope com um pedaço de bacon e depois

lambeu os dedos. Um passo de cada vez. "Ah, pare com isso." "Hmm?" “Você não precisa nem tentar ser sexy, né? Simplesmente acontece. Chupar os dedos é maldade" Pronto, falei. Demonstrei minha atração, e ele podia pegar ou largar, eu não me importava. Talvez meio que me importava. "Talvez eu não esteja fazendo isso para ser malvado", disse ele. "Ah, não? Então pra que?" "Continue me olhando assim e você descobrirá." Sua voz era baixa, quase um grunhido, não era o tipo de coisa que deveria me fazer ir até ele como uma imã me puxando. Mas, honestamente, eu não conseguia me lembrar da última vez que quis alguém assim. Pena que tinhamos uma tonelada de outras coisas acontecendo agora, ou eu iria sugerir voltar para a cama. "Eu?" Eu precisava falar isso, mesmo que isso não refletisse bem em mim. "Quero dizer, eu sei que estou aqui, e não é como se você estivesse tropeçando com tantas opções, mas eu não sou exatamente..." Acenei em direção a ele. Eu era baixo, magro, doente com mais frequência do que nunca, e vim com uma bagagem bem grande. Não era como se estivéssemos negociando um relacionamento sério aqui ou algo assim, mas ainda assim, eu queria ser sincero. Eu não ia dormir com ninguém só porque era conveniente. Henry me olhou de cima a baixo, tão devagar e detalhadamente que eu quase podia sentir suas mãos percorrendo todos os lugares em que seu olhar me tocava. “Você não precisa ser algo que não é para eu querer descobrir tudo sobre você. Como você é quando eu tirar as suas roupas." Sua voz era hipnótica. “Como é sentir você debaixo das minhas mãos. Como você soa quando eu te coloco na minha boca e sinto você pressionando o fundo da minha garganta." Puta que pariu. “Ok, isso... Huh. Humm." Foda-se, agora eu estava duro. "Isso parece... Sabe de uma coisa, temos que ir à clínica, então vista

algumas roupas e falaremos sobre o resto mais tarde". Agora ele estava sorrindo, o bastardo. "Conversar sobre isso." "É. Conversar. Como adultos." Ele deu de ombros. “Se é isso mesmo que você quer." Ele fechou a distância entre nós novamente, levantou lentamente a mão livre e segurou a parte de trás da minha cabeça. "Fico feliz em conversar, mas não vai mudar o que quero." Ele se inclinou e pensei por um breve e brilhante momento que ele ia me beijar. E ele o fez, mas ele pressionou seus lábios na minha têmpora em vez da minha boca. Minha respiração parou na minha garganta. "Dê-me alguns minutos para me arrumar, e eu te encontro lá embaixo." "Uh-huh." Droga, por que eu ainda estava engasgando com as palavras perto desse cara? "Sim, tudo bem", eu disse na minha segunda tentativa. Partir era a única maneira de evitar a humilhação, e eu tinha a sensação de que ele estava rindo de mim enquanto descia as escadas, apesar de não ouvir nada. Eu não me importei muito. Eu meio que esperava que o resto da manhã passasse em um borrão enevoado pela luxúria, mas Henry poderia ser muito profissional quando queria. Quando ele se juntou a nós no andar de baixo, ele não indicou que havia algo diferente, apenas deu um beijou de bom dia em Sam agradeceu a Liam pela comida e me perguntou se eu estava pronto para ir. "Estou muito pronto." "Ótimo." Ele olhou para Sam. "Alguma coisa que eu deva saber sobre a matilha?" “Gerald ainda está agitando, mas o pessoal está dividido. Sei que Peggy não é a favor nenhum tipo de desafio, mas ele tende a não ouvi-la quando acha que está certo." "E Roman?" "Muito interessado em Genna para prestar atenção ao resto do mundo

agora." O sorrisinho de Sam desapareceu. "Isso vai causar problemas se não tomarmos cuidado." "Eu sei." “É mútuo? Quero dizer, ela parecia interessada, mas..." "Sim." Ugh, parecia intrusivo para os lobo sentir cheiro de excitação em menores de idade. Gah. Eu precisava de alvejante cerebral. "Ele é um garoto inteligente", ofereci. "Ele não fará nada louco, certo?" "Você subestima o quão loucos podemos ficar quando estamos interessados em alguém." "Aparentemente, nosso pai passou semanas se transformando de um homem para um lobo sob a janela do quarto de mamãe, cantando canções de amor e uivando refrões." Sam balançou a cabeça. "Deus, ele era tão embaraçoso." “Gerald e Peggy foram frutos de um casamento arranjado, mas quando ela se apaixonou, ela se apaixonou pra fazer. Você se lembra da farra na cozinha? Nós ficamos nadando em tortas e bolos por meses. Mamãe teve que fazer um pedido especial de farinha apenas para Peggy." "Ah, eu me lembro disso." Sam sorriu. “Ela fez bolo Napoleão uma noite. Eu juro que foi a melhor coisa do mundo. Faz muito tempo desde que ela assou alguma coisa." "Desde o aniversário de Roman." Isso parecia revelador. Mudei de assunto antes que pudéssemos começar a processar coisas desconfortáveis, como sentimentos. "E quanto a você?" Eu perguntei. "Você teve um ritual de acasalamento louco?" "Não louco..." "Não louco?" Sam riu alto. “Você programou todos os computadores da união dos estudantes para tocar 'La Vie en Rose' quando eu passei! O que significa que você invadiu as câmeras de segurança para descobrir quando eu estaria lá ou acessou a câmera em cada um daqueles

computadores horríveis e barulhentos e os hackeou um de cada vez." "Foi romântico!" Liam protestou. Sam foi ficar ao lado dele, pegando uma de suas mãos nas dela e inclinando-se até que se tocassem por completo. "Foi muito romântico", disse ela. Eles se beijaram e eu senti a necessidade de estar em outro lugar. Eu era muitas coisas, mas voyeur não era uma delas. "E agora..." Eu me virei para Henry. "Vamos sair daqui."

CAPÍTULO 16

Henry Eu tinha nascido em um bando de lobos. Não apenas isso, mas nascido para ser alfa. Havia fotos de minha irmã e eu como bebês sendo abraçados por um ou ambos os nossos pais em forma de lobo. Desde criança, eu via os adultos em minha vida se transformarem tantas vezes que já não era um mistério para mim. A mudança tinha sido fácil e vindo cedo, porque eu havia sido exposto a ela. Eu também tinha sido exposto a ver meus pais se transformarem, então, enquanto minha primeira transformação estava longe de ser simples, eu estava motivado a passar por isso e emergir triunfante. A situação de Ava era diferente da minha. Ela não tinha contato com lobos antes de vir aqui, e sua mudança foi precipitada pelo estresse, não pela tomada consciente de decisões. A dificuldade de provocar uma mudança nos mais jovens era que, uma vez que estavam confortáveis de certa forma, resistiam ativamente ao impulso de ser qualquer coisa. Os mais velhos você poderia argumentar, a menos que eles estivessem determinados a ignorá-lo, como Wilson. Ava era um pouco jovem para a lógica ter muito efeito nela, então eu esperava que pudéssemos chegar a algum lugar comigo sendo seu modelo comportamental e Ward encorajando-a. Ela queria agradá-lo - isso era óbvio pelo modo como o olhava assim que entrávamos na sala, como se a própria presença dele fosse um presente. Eu esperava que a ausência dele fosse tão motivadora quanto a presença dele. Se a presença do pai dela fosse a recompensa, a ausência dele seria o castigo. Se ela pudesse se concentrar, ele ficaria com ela. Se ela se distraísse, ele iria embora. Isso era mais fácil de fazer em teoria do que em prática. "Escute ela." Ward exclamou depois que eu lhe pedi para sair pela

terceira vez naquela tarde, seu rosto uma careta de miséria. "Ela ficará inconsolável se continuarmos com isso." Ava estava uivando muito, isso era verdade, mas não iria melhorar se ele cedesse. "Ela aprenderá a se controlar para mantê-lo por perto", expliquei, também pela terceira vez. “Ela precisa aprender a prestar atenção em coisas além de fome, felicidade ou querer brincar. Ela precisa mudar, Ward, e isso significa um pouco de desconforto por um curto período de tempo." "Ele tem razão." Graças a Deus, Tennyson estava do meu lado. “Toda criança tem dificuldade em aprender pela primeira vez. A maioria deles tem pais que podem mudar com eles, para mostrar como é feito. Ava não pode aprender isso com você, então o alfa é a escolha lógica como substituto.” "Mas ela não sente que precisa prestar atenção em mim, porque toda vez que eu venho aqui, eu venho com você." Ward parecia em conflito. "Eu não vou impedir você de ver sua filha", eu assegurei a ele. “Mas agora que ela está bem, passaremos mais tempo trabalhando na transformação dela sozinha, enquanto você estiver na escola. Quero que sua presença atue como um incentivo para a fazer mudar, não como um agravante." "Ok." Ward respirou fundo e assentiu. "Ok. Cinco minutos." "Cinco minutos." Ele se virou e saiu da sala, e os uivos de Ava aumentaram. Eu mudei de humano para lobo na frente dela, abrupto o suficiente para distraí-la de seus gritos por um momento. Eu a cutuquei, e ela rosnou e tentou me morder. Eu nunca conheci um filhote tão cheio de vida como ela. Ela era definitivamente a filha de seu pai. "Ela pode ser alfa algum dia, se ela manter esse nível de independência", comentou Tennyson do canto, onde ele estava nos observando e fazendo anotações. "A maioria dos filhotes entra na linha rapidamente quando são confrontados com autoridade, mas ela não."

O pensamento de Ava ter que trabalhar para manter uma matilha algum dia me deixou frio por dentro, muito parecido de como eu estava na noite passada. Eu me mexi e dei uma patada no nariz dela quando ela tentou me morder. "Não", eu disse com firmeza, e Ava sentou em seus quadris em surpresa e, possivelmente, um pouco de curiosidade. "Algumas birras não a tornam alfa." “Ainda não. Mas ela mostra futuro." "Vamos esperar que não." "Henry..." A repreensão em sua voz não foi nada gentil. “Você não pode protegê-la de tudo. Você não pode fazer isso por nenhum de nós, por mais que tente. A matilha deve compartilhar os encargos do alfa, somente para ficar de olho nele ou nela." "Foi isso que sua matilha fez?" Eu sabia que era cruel pressioná-lo, mas ele me surpreendeu ao responder quase imediatamente. “Tentamos, mas não o suficiente. Você sabe que eu tinha um companheiro humano, certo?" Eu assenti com cuidado. Tennyson suspirou. “Jonathan era um humano nascido de lobos, e ele cresceu com o bando. Além disso, ele era um soldado. Ele serviu com nosso alfa em algumas de suas missões, trabalhou como apoio em outras. Ele estava mais perto do nosso alfa do que eu já estive." Os olhos de Tennyson brilharam âmbar por um momento. “Mas ele não era páreo para ele quando o alfa finalmente perdeu a cabeça. Ele não pretendia surtar... Era quatro de julho, algumas das crianças decidiram acender fogos de artifício, e isso foi um gatilho pra ele. Jonathan estava lá parado, bebendo uma cerveja. Ele nem teve tempo de levantar as mãos." Eu podia imaginar o que tinha acontecido a seguir. Um lobo em fúria sempre foi uma coisa assustadora, mas um alfa que havia perdido o controle era algo unicamente aterrorizante. Assim como carregamos o peso da matilha, suas expectativas e demandas, também fomos reforçados por eles. Eu não sabia se era biológico, emocional ou

metafísico, mas me tornei um shifter visivelmente melhor depois de assumir como alfa, e meus reflexos ficaram mais nítidos. Seria necessário um indivíduo seriamente bem armado ou várias pessoas trabalhando juntas para me derrubar. "Como você o parou?" “O guardião o deteve, com cinco. Cinco balas de uma magnum 45 no meio do peito dele, mas não antes de Karl conseguir mordê-lo." Tennyson desviou o olhar. “Eu fiquei com ele quando a transformação tomou conta dele. Ele morreu gritando, bem no meio da transformação." "Sinto muito." "Sei que sente. E sei o quanto você é sério sobre o bem-estar de sua matilha, e é por isso que quero que saiba que carrego uma Glock carregada de balas de ponta oca o tempo todo." Ele levantou os olhos para os meus, e eles estavam infelizes, mas completamente sérios. Eu já sabia que ele carregava - eu cheirei o óleo da arma -, mas foi amigável da parte dele me dizer abertamente. "Bom. Você pode ensinar o Ward a usar uma arma." "Se ele quiser aprender." Eu cuidaria para que ele quisesse. Era uma habilidade que ele deveria ter - talvez ele já a tivesse, na verdade, se as histórias que ele me contou sobre seu irmão e amigo na noite passada eram verdadeiras. Na verdade... Um nome se firmou em minha cabeça, finalmente lembrei dele agora. “T, você já conheceu ou ouviu falar de um cara com o nome Davis? Humano, mas com experiência militar?" Ward não tinha dito nada sobre o homem associado aos lobos, mas, como ele era professor, fazia sentido que suas conexões chegassem a meios militares. "Nome ou sobrenome?" "Não sei." Tennyson apertou os lábios enquanto pensava. “Jonathan trabalhou com um cara chamado Carlisle algumas vezes, um fuzileiro naval da Califórnia

que falava árabe o suficiente para usá-lo como tradutor várias vezes. Seu primeiro nome era David ou Davis, mas agora que penso nisso, tenho certeza de que era Davis. Lembro-me de Jonathan me corrigindo." "Califórnia? Vocês têm certeza?" Esse era o estado de origem de Ward. "Sim. Já faz alguns anos, no entanto. Ele cumpriu missões por um tempo, mas você sabe que a maioria das pessoas nas equipes acaba apoiando ou trabalhando para as agências que nos monitoram.” Então ele ainda pode estar trabalhando dentro da Agência de Assuntos Shifters. Isso explicaria como Ward sabia onde nos encontrar. Falando no diabo, ele abriu a porta e entrou um momento depois, e Ava prontamente começou a uivar novamente. "Já faz cinco minutos?" "Não", Tennyson e eu dissemos juntos. Eventualmente, eu fui capaz de manter o foco de Ava por tempo suficiente para que ela fizesse pelo menos um esforço simbólico para me imitar, mesmo que isso significasse apenas levantar suas patas traseiras quando eu me levantei em minha forma humana. Toda vez que ela fazia isso, eu chamava Ward de volta à sala para recompensá-la. Foi um começo, pelo menos. "Eu tenho que ajudar na escola amanhã, mas quero continuar a ajudando", Ward falou enquanto Tennyson dava o jantar a Ava. “Você pode vir antes da aula e nos seus intervalos, como fez na semana passada. Ela não vai regredir" eu o tranquilizei. “Eu vou trabalhar com ela quando você não estiver aqui também. Ela vai conseguir." "Logo ela conseguirá mudar uma mão, ou apenas as pernas traseiras, e então estará andando por aí como um adorável pesadelo", acrescentou Tennyson. "Isso é... Horrível." “Isso é a transformação. É algo complicado quando você está aprendendo pela primeira vez e, para alguns de nós, nunca fica realmente fácil.” Ele deu de ombros. “Ainda levo mais de um minuto para fazer uma mudança completa, e não consigo isolar muito bem as partes do corpo, a menos

que eu esteja com muita adrenalina. Henry é o melhor em mudar que eu já vi. Até meu antigo alfa levou uns bons trinta segundos para ficar completamente peludo." "Certo, você tem um recorde pra bater." Ward sorriu para mim. "Roman está determinado a bater o recorde." "Eu sei." E seu pai estava determinado a fazê-lo ter sucesso, mas, por melhor que fosse Roman, ele ainda estava se desenvolvendo. Meu controle sobre minha posição estava seguro, por enquanto. Precisava estar. É claro, isso tudo pode mudar quando o coronel Hill finalmente se livrar de mim, mas a última coisa que eu precisava agora era pensar sobre isso. Eu precisava... Eu precisava... No começo, percebi que naquele momento não precisava de nada além do que eu já tinha. Eu estava com a matilha, estava fazendo algo para ajudar um dos meus e, o mais importante, estava com Ward. Havia algo sobre estar com ele, algo que ia além da atração física e o som de sua voz que me deixou contente. Feliz mesmo. Feliz com o potencial para mais. Eu já tinha visto filmes suficientes para saber que um sentimento de contentamento não era exatamente popular quando se tratava de romance. Onde estava a paixão ardente, onde estava o desejo desesperado? Era diferente para mim, pelo menos agora. Meu trabalho me deixou vazio, tão desesperado com as exigências da necessidade que nada além de situação de vida ou morte poderia despertar minhas emoções. Parecia anos desde que eu tive uma resposta emocional consistente e positiva a alguém. Até mesmo por Sam, mesmo que eu a amasse muito, as emoções haviam desaparecido por muito tempo. Eu queria que fosse assim, queria que ela terminasse o curso e conhecesse alguém e tivesse uma vida normal. Se isso significasse que eu ficaria em um lugar mais sombrio, esse era um preço que eu pagaria feliz. Mas agora… "Ei." A mão de Ward deu um breve toque no meu cotovelo, breve e rápido, mas meu corpo segurou a sensação daquilo como se fosse tudo o que mantinha meu coração batendo. Eu olhei para ele, o sorriso peculiar em seu rosto quando ele encontrou meu olhar, e senti como se uma janela tivesse sido aberta dentro de mim. "Pronto para ir para casa?"

Pronto para ir para casa e vê-lo na minha cama. Ou melhor ainda, na cama dele, onde tudo cheirava tão bem. Precisar estar perto dele era uma coisa, mas a pontada de desejo que me atingiu quando eu menos esperava, estava ficando cada vez mais forte. "Sim", eu disse, e minha voz saiu um pouco mais rouca do que eu pretendia, mas Ward não pareceu notar. Ou - respirei fundo - talvez ele tenha percebido. "Vamos pra casa." É claro que Ava escolheu exatamente esse momento para uivar, quebrando a tensão como apenas um filhote de lobo minúsculo com pulmões do tamanho de um balão. Ward deu um pulo e depois voltou sua atenção para Ava. "Você acha que ela nos entende?" "Não os detalhes, não na idade dela, mas ela provavelmente entende que não vamos ficar aqui por muito mais tempo." Ela uivou novamente e eu estremeci. "E claramente ela não gosta." "Eu vou ficar um pouco mais", Tennyson me prometeu - ou prometeu ao Ward, eu acho. “Vou ler para ela até que ela adormeça. Ela ficará bem." "Eu sei que ela vai." Ward disse aquilo como se não fosse nada, mas eu sabia que para Tennyson, era muito. Sua aceitação na matilha estava indo devagar, pessoas agradecidas por ter um médico, mas desconfiadas de um novo membro, especialmente um de uma matilha desfeita. E ele também não tinha companheiro agora. Eu me virei e o puxei para um abraço. Ele não esperava isso - ao contrário do que algumas pessoas pensavam, os lobos não precisavam cheirar antes de cada interação que tinham. Tennyson não ficou tenso, no entanto. Em vez disso, ele se inclinou para mim como se estivesse faminto por toque, o que pode ser quase verdadeiro. Eu teria que ficar de olho nele, garantir que ele conseguisse o que precisava. Já era hora de eu fazer algo para todo o bando - fazer um jantar lá em casa depois de uma caçada, talvez. John tinha uma licença de caça e geralmente estava disposto a nos acompanhar quando íamos para o território fora da cerca para pegar um cervo ou um alce. Na chance de

encontrarmos pessoas, poderíamos nos espalhar enquanto ele explicava o que estava fazendo no meio da floresta com uma carcaça de animal. Cheirar era natural para mim, mas não significava nada para Ward. No entanto, não parecia importante - ele aceitou a realidade das saudações e despedidas da matilha e foi o próximo a abraçar Tennyson, que parecia um pouco impressionado com toda a atenção. "Obrigada." Ele disse, calmo. "Por tudo que você está fazendo por ela." Tennyson não falou, apenas assentiu. Ele se virou antes de sairmos da sala, mas além de um pouco de desconforto, não senti nada além de prazer tímido dele. "Tudo bem eu ter feito isso?" Ward perguntou enquanto voltávamos para casa, a neve fazendo barulho sob nossas botas. "Eu acho que era exatamente o que ele precisava", eu disse. "Mesmo que ele não soubesse." "Bom. Eu quero..." Ele parou, depois deu de ombros. “Eu quero fazer as coisas direito. Quero fazer a diferença aqui, positiva, não apenas para Ava e as crianças.” "Você vai. Você está fazendo. Para mim, pelo menos." “Bem, isso é bom. Certamente vale a pena ficar do lado bom do alfa.” Ele piscou para mim, mas esse pensamento me fez desviar o olhar. "Henry." "Ward." Estávamos quase em casa. Eu podia sentir o cheiro da carne cozinhando na assadeira daqui. "Era uma brincadeira." "Eu sei." "Sabia mesmo?" ele perguntou duvidosamente. "Porque..." "Henry." Sam abriu a porta abruptamente e, pelo olhar em seu rosto, ela não estava feliz. “Coronel Hill está no telefone.”

Senti minha garganta apertar involuntariamente. Já? Eu não tinha voltado por duas semanas inteiras, como ele poderia me mandar lá fora de novo? Nós conversamos há pouco tempo, e ele me disse para estar pronto, mas... "Ele está impaciente." Ameaçador, em outras palavras. "Já vou lá." Meus pés pareciam pesados como gelo, mas eu os fiz me carregar pelas escadas e entrar na sala de estar, onde deixei meu telefone. Eu mal notei Ward ir para a cozinha com Sam enquanto eu olhava para o led da chamada por um momento. Eu me fortaleci e atendi. "Aqui é o Henry." "Major Dormer. Por que você não estava carregando seu telefone?" “Eu estava na clínica fazendo exercícios com a filhote. Não queria que caísse da minha roupa enquanto mudava de forma." "Mantenha ele com você o tempo todo, a menos que você esteja totalmente transformado, major." Sua voz era implacável. "E essas horas devem ser poucos e distantes entre si." "Senhor." Foi o mais perto de assentir algo que eu consegui. "Eu tenho uma nova tarefa para você." Eu apertei meus olhos com força. Merda. "Onde e quando?" “Ucrânia desta vez. Eu pensei que você apreciaria a mudança de cenário." Sem areia, mas mais pessoas para se esquivar. Trabalho secreto contra os russos, sem dúvida. Isso não era algo que eu estava bem equipado - eu tinha Árabe e Patcho decentes, mas meu russo era inexistente. "Alonso não está disponível para esta tarefa?" Ele era um lobo que eu conheci no campo algumas vezes, um colega alfa, mas com o mais nítido senso de humor que já encontrei. Sua equipe era dedicada a ele. "Sua mãe era russa, ele fala fluentemente -" "Você está questionando minha autoridade para colocar minhas tropas onde elas são necessárias, major?" "Não, senhor. Estou simplesmente questionando minha capacidade de

fazer o meu melhor trabalho em um ambiente em que tenho pouca experiência.” “Como se trata de segurança nacional, você terá que dar o seu melhor, independentemente. Você receberá um mês de treinamento intensivo em idiomas antes da implantação, e os contatos locais o ajudarão caso isso não seja suficiente.” Sua voz era calma, mas todas as minhas bandeiras vermelhas estavam subindo. Algo estava errado, muito errado. Havia estupidez, e então havia suicídio. Depender dos contatos locais, em um lugar onde eu não conhecia ninguém, onde a recompensa de lobos estava na casa dos milhões de dólares e onde já tínhamos um alfa que era especialista no campo? "Alonso está ferido?" "Major Dormer, não estou aqui para satisfazer sua curiosidade. Estou aqui para lhe dar ordens. Seu trabalho é obedecê-los e nada mais. Você me entendeu?" Fiquei tentado - extremamente tentado - a invocar a cláusula de soberania da matilha. Era à prova de falhas que um alfa poderia usar por extrema necessidade, se a presença deles fosse necessária para impedir que a matilha desmoronasse. Mas trazia uma investigação muito invasiva, no entanto. "Sim senhor, mas-" "Você sai para treinar em uma semana. Prepare sua matilha para uma ausência prolongada." Ele terminou a ligação e eu apenas olhei para o meu telefone. Mais uma semana. Nem mesmo perto da quantidade de tempo que eu deveria ficar com minha matilha, com Ava, para fazê-la mudar para que ela e Ward pudessem ficar aqui. Não sabia se conseguiria que ela mudasse em uma semana. Se eu não conseguisse, se não funcionasse... Eu precisava de um plano B para eles. Eu precisava de uma maneira de lidar com John, uma maneira de tirá-los da reserva sem afetar o resto da minha matilha. Eu precisaria conversar com Roman e seus pais antes de sair. Eu não queria que ele se tornasse alfa. Não era o futuro que ele imaginara para si mesmo, não o futuro perfeito que Gerald o fizera acreditar. Se eu

morresse em minha missão, porém, tinha certeza de que Sam não seria legalmente aceita como matilha alfa. A menos que ela estivesse explicitamente atuando como uma substituta até Roman ter a chance de ir à faculdade"Henry!" Eu me forcei a olhar para Sam, que estava na porta que dava para a cozinha. Ela cheirava a medo. Liam estava um pouco atrás dela, perturbado pela perturbação no cheiro de sua esposa, e Ward estava entre eles. Nossos olhos se encontraram e eu engoli em seco. "Sairei numa missão." "Não", disse Sam imediatamente. “Não, você não pode Você não pode sair em missão. Não faz tanto tempo desde a última! Isso vai contra todas as diretrizes..." “Ele está invocando a cláusula de segurança nacional. As diretrizes normais não se aplicam.” Não que o coronel Hill tivesse prestado muita atenção a elas de qualquer maneira. “Não faz nenhum mês, no entanto. É muito cedo," Ward disse, pegando a parte que eu sabia que se destacaria para ele. "E quanto a Ava?" “Vou resolver algo para ela. Para os dois." Eu forcei um sorriso. Ninguém sorriu de volta. "Vou garantir que vocês estejam à salvo, por precaução." "Precaução de quê?" "Caso você seja morto." A voz de Sam estava cheia de fúria mal contida. "Hill vai te matar." "Especialmente se você for enviado para a Ucrânia", acrescentou Liam. "Ucrânia, isso é ridículo!" Ela olhou entre mim e Liam como se um de nós estivesse mentindo. "Você nunca esteve lá antes - como vai operar secretamente lá?" "Presumo que estarei na minha forma lobo a maior parte do tempo." "Por quanto tempo? Por semanas ou meses? Henry, isso é tão perigoso."

"Eu sei." Eu sabia - sabia melhor do que a maioria. O maior risco de ficar preso na forma lobo era quando crianças, mas poderia acontecer com os adultos se eles estivessem confinados a uma forma por um período de tempo suficientemente longo. Eu tinha visto os efeitos posteriores durante uma missão de resgate, uma das minhas primeiras como alfa. Outro lobo foi pego e amarrado em sua forma com uma coleira de choque que a deixava inconsciente toda vez que ela tentava mudar. Ela foi constantemente abusada, seus sequestradores pegaram seu sangue e saliva e pressionaram seus poderes de regeneração ao último. No momento em que conseguimos tirar a coleira, ela estava tão psicologicamente danificada que não conseguira voltar a forma humana. Talvez se tivéssemos lhe dado mais tempo, talvez se ela tivesse recebido tratamento, a habilidade teria retornado a ela. Mas estávamos em solo inimigo, e nossas ordens eram claras: recupere se possível, elimine se necessário. Meu comandante optou por eliminá-la. A pior parte era que ela cheirava agradecida. "Henry." Os olhos de Sam estavam cheios de lágrimas. Não havia gratidão nesse cheiro, apenas raiva e frustração e medo profundo, o tipo de medo que a deixou desidratada em vez de suada, como se seu corpo não pudesse aguentar e se desligasse. Estendi meus braços para ela, e ela correu para frente e me agarrou com tanta força que eu realmente senti minhas costelas sendo dobradas. "Eu sei", eu disse novamente. "Sinto muito." Eu beijei o topo de sua cabeça e a mantive perto, deixei suas lágrimas penetrarem na minha camisa enquanto ela gritava sua fúria. Eu odiava ter que fazer isso. Eu odiava ter que ir, mas nunca passaria essa responsabilidade para outra pessoa. Se era ruim para mim, quanto pior seria para alguém como Roman, que era apenas criança? Ou Gerald, se ele fosse corajoso o suficiente, mas eu não achava que sobreviveria até ao treinamento exigido de um agente, muito menos as missões de verdade. Liam também estava fora de questão, era sensível demais para fazer o que tinha que ser feito às vezes. Talvez Tennyson— Não importava. Eu ainda estava vivo, por enquanto. Eu faria todo o possível para continuar assim. Eu beijei a cabeça de Sam novamente. "Qual é. O jantar está cheirando uma delícia - devemos ir comer."

"Mmhmm", Sam murmurou, mas não se afastou. Liam e Ward haviam desaparecido para a cozinha, e eu podia ouvir Liam servindo a carne enquanto Ward arrumava a mesa. "Eu odeio isso", disse Sam depois de um momento, finalmente se afastando. A raiva que ela sentiu não diminuiu, mas felizmente também não era dirigida a mim. "Eu odeio que eles possam fazer isso." "Eu também." "Eles não serão capazes de fazer isso pra sempre." Parecia uma promessa. Apreciei o pensamento, pelo menos. "Vamos comer." O jantar foi rápido e silencioso. Mal provei a comida e, quando fui começar a lavar os pratos, Sam me dispensou. "Deixa que eu faço", disse ela, tentando sorrir um pouco. "Eu preciso queimar um pouco de energia." "Se você tiver certeza." "Eu tenho." "Vou propor uma caçada para nós antes de partir", disse a ela, querendo deixar claro que não iria me esquivar de minhas responsabilidades só porque estava prestes a ser enviado em missão novamente. "Vou conversar com John sobre isso nos próximos dias. Podemos fazer no dia da lua cheia." "Tenho certeza que o bando vai gostar." Seu tom deixou claro que ela não queria mais conversar esta noite, pelo menos comigo, e eu estava cansado o suficiente para deixar isso acontecer. Fui para as escadas. Depois de um momento, Ward se juntou a mim. Eu poderia ter ido pelo corredor até meu próprio quarto silencioso, mas, em vez disso, parei do lado de fora da porta de Ward. Ele olhou diretamente para mim. "Entre", disse ele, e fiquei agradecido por ele ter feito a oferta em vez de esperar que eu perguntasse. Eu estava tendo problemas para pedir o que queria nos dias de hoje.

"Não posso prometer nada." Antes eu estava cheio de desejo, querendo nada mais do que ver Ward debaixo de mim na cama, seu peito pálido arfando enquanto eu deixava minha marca na pele de seu peito. Agora, porém... "Eu não preciso de promessas." Ward parecia firme. “Eu não me importo se tudo que você quer fazer é roubar minhas cobertas e se enrolar em uma bola. Eu gostaria da sua companhia independentemente." "Eu não roubo cobertas", eu murmurei. "Oh, você rouba sim." Ele passou por mim e foi direto para o radiador, aumentando a temperatura. “Você é um ladrão de cobertas, o que eu não entendo porque você é tipo, cinco graus mais quente que eu, mas rouba sim. É bom que você seja tão quente, ou eu teria passado a noite passada congelando minha bunda - literalmente." "Você não tem como provar." "Ah, não? Espere até acordarmos amanhã de manhã e você estará tão embrulhado em cobertores que mal poderá se mover. Você vai ver." Ele puxou o edredom e depois olhou para mim. "Banheiro primeiro ou carinhos na cama?" "Eu não entendo você", eu disse a ele honestamente. “Eu não entendo como você consegue ficar tão calmo quando tudo ao seu redor está tão fodido. Sei que não ajudei muito nisso, e sinto muito, mas Ward... Honestamente, como consegue? ” Ele deu de ombros. "Qual é a minha alternativa? Surtar? Eu já surtei o suficiente por tipo, uns dez anos. Não é que eu não me importo. Só que não consigo reunir energia para ficar animado com isso. Me dê um tempo," ele acrescentou. "Tenho certeza que quando Ava começar a namorar, vou encontrar algumas reservas escondidas." Eu amei que ele pensasse nisso, no futuro, na filha dele. Seu otimismo era contagiante. "Carinho", eu disse. Ele nem perdeu tempo. "Ok." Ele foi até a cama e subiu nela, ainda completamente vestido. "Vem aqui."

Eu obedeci, como se ele fosse o alfa em vez de mim, e deitei ao lado dele. Quando ele colocou minha cabeça em seu peito, eu não lutei. Eu pressionei meu ouvido em sua caixa torácica e ouvi o som de seu coração, firme e confiável, apesar do trabalho subjacente de seus pulmões. Era a canção de ninar que eu precisava.

CAPÍTULO 17

Ward Sam estava escondendo alguma coisa. Fiquei sinceramente surpreso ao notar a mudança com tudo o que estava acontecendo com o bando nesse momento. Eu não estava aqui por muito tempo, e tanto do meu tempo foi gasto com Ava e na escola com as outras crianças que eu não tinha muita compreensão quando se tratava dos outros lobos de La Garita. Eu não sabia dizer se era normal ou não para os pais começarem a aparecer na escola, tendo conversas silenciosas com Sam quando iam levar seus filhos. Talvez estivéssemos perto das provas. Talvez eles quisessem organizar aulas particulares ou algo assim. Não que nenhum dos filhotes precisasse, nem mesmo Roman. Como Tennyson disse, suas habilidades de cálculo eram excelentes. Ele não precisava da minha ajuda, mas ainda a procurava, anotando cuidadosamente todas as explicações ou atalhos que ofereci. Eu também não sabia dizer se era normal ou não começar a ter vários membros do bando para jantar todas as noites. Henry teve o cuidado de passar um tempo individual com cada um deles. Vinte e seis membros no total, menos Henry, Sam, Liam, eu e Ava - vinte e um restaram, e seis deles eram crianças. Não demorou muito até que Henry tinha passado um bom tempo com todos eles, até Gerald e Peggy. Gerald parecia impaciente, mas Peggy estava perfeitamente preparada para a refeição e Roman ajudara com a louça. Eu poderia dizer que algo estava errado com Sam, no entanto. Eu tinha trabalhado com ela tempo suficiente para aprender alguns de seu tiques nervosos, e depois de três dias a vendo se esquivar e geralmente apenas para manter as aparências na frente das crianças, eu estava pronto para começar a fazer perguntas. Também não comecei com fácil. "Se esse fosse o meu antigo campus, eu estaria denunciando você à

polícia por atividades suspeitas", informei-a depois que as crianças tinha ido embora. Eu deveria ir encontrar Henry para treinar com a Ava, mas isso duraria o suficiente para eu ter um bate papo com Sam. Além disso, como Henry e Tennyson continuavam me dizendo, eu era algo para Ava esperar ansiosamente. Não seria ruim chegar um pouco tarde. "O quê?" Ela levantou os olhos de seu celular. "Do que você está falando?" “As mensagens que você continua checando mesmo no meio da aula, do jeito que sua mente está vagando, como você não conseguiu passar mais de cinco minutos sozinha com seu irmão desde que ele recebeu as ordens. A propósito, não é culpa dele" acrescentei "então é muito ridículo da sua parte evitá-lo por isso." Ele não tinha dito isso, mas eu sabia que isso o incomodava. Ele não iria afastar sua irmã naquele momento, então era hora de fazer isso por ele. "Oh Ward, eu não estou ignorando ele-" "Você nos enganou totalmente, então." “Não é que eu não queira passar tempo com ele. É que eu não quero que ele vá embora" insistiu Sam. "Estou trabalhando em algo que pode possibilitar que ele fique!" Isso era... Eu me aproximei. "O quê?" Ela balançou a cabeça. “Ainda está em andamento, e não é de certeza. E você conhece Henry, se ele só pensar que eu estou fazendo algo perigoso, ele me diria para parar, mesmo se pudesse ajudá-lo." "Porque ele é um idiota altruísta." “Isso e porque ele é o alfa. E meu irmão. Então eu tenho que aproveitar essa chance, mas se eu passar mais do que alguns minutos junto com ele, ele saberá que algo está acontecendo. Eu sou uma merda quando o negócio é mentir para ele." Ela passou a mão pelos cabelos, parecendo cansada. “Então eu o machuco evitando-o, mas prometo que, se funcionar, eu compensarei isso. Vou explicar tudo." "E se não funcionar?" "Então muita gente vai pagar se meu irmão morrer por lá", disse ela, tão

feroz quanto qualquer lobo que eu já conheci. Eu olhei para ela, fiz o que pude para avaliar sua sinceridade e me decidi. "Tem mais alguma coisa que eu possa fazer pra ajudar?" Sam ficou aliviada. "Não agora. Apenas distraia Henry da melhor maneira possível. Eu estou - bem." Ela respirou fundo. “Estou trabalhando com alguns contatos em algo grande. Se der certo, podemos ser capazes de fazer muita coisa boa, e não apenas para Henry. Para todo alfa e todo matilha." "Nós?" Espere, não, essa não foi a parte que mais se destacou nessa pequena revelação. "Contatos? Como você está entrando em contato com alguém, quando todas as nossas comunicações estão sendo monitoradas?” "Há um truque nisso." Ela sorriu para mim. "Nós realmente temos que te agradecer por isso." Eu fiquei boquiaberto com ela. "Por quê? O que eu fiz?" "Não é o que você fez, é o que você trouxe." Ela se inclinou para perto. “Seu carro tinha seu próprio ponto de acesso móvel. Um que o guardião e o governo não sabem que temos acesso. Não é infalível, especialmente porque o coronel Hill sabe que você está aqui, mas Liam ainda não viu nada de errado." "Liam está ajudando você nisso?" "É claro." Ela pareceu surpresa. "Ele é um hacker. Isso é brincadeira de criança para ele." “Você se casou com um hacker? Sério?" Sam deu de ombros. “Bem, profissionalmente ele trabalhou para uma empresa de TI, desenvolvendo maneiras de impedir que as pessoas 6 invadissem sistemas, mas ele sempre foi um white hatter . Tem sido um pouco enlouquecedor para ele morar aqui com um acesso tão limitado a computadores. ” "Imagino."

"Mas vamos melhorar isso também." Ela disse mais para si mesma do que para mim, pensei, como um mantra. “Vamos melhorar. E você deveria ir ao seu encontro com Ava" ela me lembrou. "Não conte nada a Henry, ok?" "Espero que você não esteja superestimando minhas habilidades", eu a avisei. "Eu sei que não estou." Que bom que um de nós sabia disso. Obviamente porém, eu subestimei as habilidades dela. Eu me perguntava o que exatamente ela estava fazendo e se era melhor para mim ter uma negação plausível, mesmo que eles estivessem usando meu carro para invadir ou o que quer que fosse. Por outro lado, se Henry se fosse e Sam fosse expulsa da matilha, isso deixaria... Gerald como alfa, atuando como substituto até Roman crescer? Ou eles iriam direto para o garoto jovem e impressionável e tentariam transformá-lo em um assassino de coração frio? Eles teriam que começar muito mais cedo pra esse tipo de coisa funcionasse em alguém como Roman. Talvez com uma criança muito jovem. Mesmo uma tão jovem quanto Ava. Eu já sabia que o gênero não era uma barreira para ser um alfa, nem impediria que ela fosse enviada para o campo. Eu estremeci. Hora de passar um tempo com a minha filha. Fiquei feliz em ver Ava quando finalmente entrei pela última porta que dava para à sala da clínica, mas aparentemente à minha alegria não era nada comparado em como ela estava feliz em me ver. Henry estava na sala com ela, mas ela o deixou imediatamente, correu para a janela e colocou as mãos no vidroColocou as mãos. Suas mãos, oh meu Deus... "Ava!" Caí de joelhos e pressionei minhas mãos em frente às dela, cobrindo-as. Puta merda, suas minúsculas mãos cor de rosa, elas estavam ali, elas estavam... Presas às pernas peludas, não aos braços, mas eu não dava a mínima. Foi seu primeiro sinal de mudança. "Oh, graças a Deus", Henry murmurou de onde estava agachado, os

ombros caídos de alívio. "Ela começou." Mesmo enquanto eu observava, os dedos pálidos e grossos de Ava começaram a se retrair lentamente, ficando escuros e peludos. Dez segundos depois, suas patas estavam de volta e ela jogou a cabeça para trás e uivou seu descontentamento para todos ao alcance da voz. "Está tudo bem, bebê", eu a tranquilizei. "Você conseguiu! Você fez uma vez, para poder fazê-lo novamente. Em breve, você poderá mudar completamente." Eu seria capaz de abraçá-la novamente, beijar sua bochecha, embalá-la contra o meu peito... "Ward, respire." "Eu estou respirando." Exceto que minhas inspirações estavam ficando rasas e apertadas, como se eu estivesse tendo um ataque de asma. Ou um ataque de pânico. "Ward!" Ouvi Henry abrir e fechar a porta da jaula, senti ele ao meu lado, mas não podia vê-lo neste momento. Minha visão estava escurecendo e eu vendo estrelas, e eu me atrapalhei com o meu inalador, mesmo sabendo que provavelmente iria desmaiar. Eu não tinha um ataque de pânico há meses. Eu não estava... Eu não estava... "Ward." Senti uma mão pesada descansar contra o meu peito, sólida e firme. “Não use o inalador - apenas fará seu coração disparar mais rápido. Respire comigo. Um… Dois… Três." Eu respirei, respirando pouco, pelo menos três vezes mais rápido que ele, mas ajudou. "Um… Dois… Três. E expire. Um... Dois... Três... Expire." Mais dez ciclos e eu pude me aproximar da velocidade de suas respirações. Mais dez depois disso e eu estava realmente começando a me sentir calmo. "Pelo amor de Deus", eu disse com uma tosse assim que pude falar novamente. "Não acredito que tive um ataque de pânico por felicidade." Eu ri roucamente. “No pior momento de todos os tempos. Agora ela provavelmente não vai querer mudar nada, caso isso faça meus pulmões entrarem em uma convulsão estúpida novamente." "Eu não acho que você terá que se preocupar com isso", Henry me

prometeu. Sua voz era um estrondo baixo, quase um ronronar, bem na minha frente. Eu sabia que se eu abrisse meus olhos, ele estaria lá, tão perto de mim que estava quase tocando no meu peito. Ele estava tão quente. Eu senti o calor dele como um cobertor. Ele estava olhando diretamente para mim - eu sabia. Eu podia sentir seus olhos em mim, mesmo que não estivesse olhando para ele. Eu podia manter meus olhos fechados e deixar esse momento passar por nós, deixá-lo desaparecer e voltar a estranha e um pouco desconfortável tensão que estávamos mantendo desde Wilson. Eu poderia ignorar isso e facilitar minha vida. Abri os olhos. Henry estava ali, com o olhar tão azul e claro como um céu do Colorado, os lábios curvados em um leve sorriso secreto. "Olhe para trás", ele sussurrou. Eu girei minha cabeça até que eu pudesse ver Ava— Que estava ali, com suas belas mãos pressionadas contra o vidro novamente e seus olhos - oh meu Deus, seus olhos castanhos, não o âmbar pálido de seu lobo, mas seus olhos humanos - olhando para mim. A transformação sumiu novamente, mas desta vez, quando ri, consegui manter a respiração nivelada. Eu me virei e não me permiti pensar nisso, apenas me inclinei para frente e me afundei nos braços de Henry, empurrando meu rosto contra seu pescoço. "Ela vai ficar bem." "Ela vai." Ele apoiou os joelhos do lado de fora dos meus, quase como se eu estivesse segurando-o no meu colo além do apoio ser o contrário, mas ele não colocou nenhum peso em mim. Ele apenas me abraçou e passou as mãos largas e fortes pelas minhas costas. "E você também." "Sim." Eu queria dizer o mesmo, mas sabia que o futuro de Henry era terrivelmente incerto. Não havia como saber onde ele estaria dali uma semana; o treinamento de idiomas provavelmente aconteceria nos EUA, mas depois que ele chegasse à Ucrânia, aposto que não teríamos a chance de nos comunicar muito. Fazia sentido, então, dizer a ele o que eu estava pensando agora. Porém minha língua estava atada, meu rosto ainda estava vermelho do meu ataque de pânico e enterrado contra a pele quente e macia na base de sua garganta. Então, tá bom, eu não conseguia me expressar. Eu ainda poderia mostrar a ele o que eu queria. Eu

pressionei um beijo no topo do peito de Henry e esperei que ele me dissesse para parar. "Ward." Não foi um tipo de rosnado irritado ou ofendido, mais... Gutural. Não era que Henry já não tivesse manifestado interesse, mas as coisas poderiam mudar, especialmente sobre me querer. Eu por acaso olhei para ele. Seus olhos ainda estavam azuis, mas estavam fixos em mim. "Tenha certeza." “Certeza de que? De que eu quero te beijar?" Eu o beijei novamente, bem contra o pomo de adão e gostei do jeito que ele zumbia sob meus lábios. "Tenho certeza. Certeza de que quero fazer mais com você?" Eu beijei o canto do maxilar dele. "Tenho certeza. Certeza de que vai me ouvir se eu mudar de ideia?" Afastei-me e encontrei seu olhar. "Tenho certeza total." Chega de conversar, Henry aceitou meu sim e aquilo foi de beijos cautelosos até uma sessão de beijos pesados em um piscar de olhos. Sua boca inclinou sobre a minha, com fome, mesmo que não houvesse língua, nem dentes. Beijar era provavelmente mais seguro assim, e eu não estava sentindo falta quando ele deixou minha boca e foi em direção ao meu pescoço, aconchegando-se no espaço logo abaixo de meu maxilar antes de chupar e deixar uma contusão na minha pele. "Oh merda", eu gemi, depois me lembrei de onde estávamos. "Porra, espere, temos que parar." Henry se afastou imediatamente, seus olhos ficaram escuros e sua expressão um pouco sombria. "O que foi?" "É que- a Ava está aqui." "Oh." Agora ele parecia surpreso. "Ah, certo, desculpe… Vamos voltar para casa." Ele se levantou e me puxou com ele como se eu não pesasse nada. Bem, comparativamente, isso não estava muito longe da realidade. Ainda assim... "Eu não quero deixá-la sozinha", eu me preocupei, mesmo que meu corpo estivesse gritando muito alto, vá, vá, vá! "Tennyson deve voltar a qualquer minuto. Na verdade, ele provavelmente está esperando em algum lugar que não possamos vê-lo

para nos poupar da vergonha." Eu não tinha pensado nisso. "Ok. Apenas... Espere um pouco." Eu me virei para olhar para Ava, que agora estava com as patas contra o vidro novamente e estava me dando os olhos de cachorro mais lamentáveis de todos os tempos. "Baby, eu estou tão orgulhoso de você", eu disse. "Você é incrível. Em breve você mudará por completo, e então eu vou te abraçar com tanta força que seus pés nunca mais atingirão o chão." Ela fungou. Eu funguei. Merda, eu era tão fofinha. “Eu tenho que ir agora, Ava, mas volto amanhã, ok? Cedo. Podemos tomar café juntos." Previsivelmente, isso rendeu um uivo, e eu tive que me levantar e me afastar do vidro. "Ok, devemos ir agora." Henry colocou um braço em volta dos meus ombros e olhou para minha filha. "Eu vou cuidar dele", disse ele, e isso pelo menos fez o uivo de Ava se transformar em alguns choramingos desconsolados. Saímos e voltamos para a casa de Henry em completo silêncio. Estava vazio lá dentro - é claro, já que Sam e Liam provavelmente estavam fazendo seu projeto de hackers totalmente ilegal e, pelo cheiro das coisas, o jantar estava no fogão. "Você está com fome? Poderíamos-" "Leve-me para cima." Henry pareceu um pouco surpreso. O que? Como se minha filha ter empatado nossa foda fosse o suficiente para diminuir minha libido neste momento? Depois de literalmente dormir juntos por dias, mas só dormir e mais nada? Eu estava com fome, tudo bem. "Estou falando sério", eu disse, curvando-me para arrancar os nós dos meus cadarços. Deixei os sapatos na porta, junto com minha jaqueta pesada. “Eu quero estar lá em cima na cama com você em um minuto ou menos. Você pode sentir o quão honesto eu estou sendo? Você pode ouvir isso no meu maldito coração - uau!" Aparentemente, ele ouviu, porque ele se moveu e me pegou antes que eu pudesse respirar novamente. Ele me carregou pelas escadas, abriu a porta do nosso quarto

e só me colocou na cama para que ele pudesse ir e ligar o aquecedor no quente como eu preferia. Então ele estava no pé da cama, olhando para mim como se eu fosse um cervo saboroso e ele era o lobo que iria me caçar. "Por que você está rindo?" "Eu tenho assistido muito Animal Planet", eu disse em torno de uma risadinha quando me deitei e abri meus braços. "Oh meu Deus, venha me calar." Ele veio, me seguindo até a cama e cobrindo meu corpo com o dele. Passei meus braços em volta do pescoço dele e o beijei várias vezes, tremendo quando senti sua mão deslizar por baixo do meu suéter e gemi quando sua coxa pressionou entre as minhas pernas. Fiquei tão duro, meu corpo lembrando que não tinha feito isso ultimamente e, uau, realmente gostei. Aparentemente o corpo dele também gostou, se a enorme protuberância pressionando contra meu quadril era qualquer indicação. "Jesus Cristo", eu xinguei quando Henry voltou ao meu pescoço, esfregando o rosto para cima e para baixo e deixando minha pele sensível vermelha por causa da barba por fazer. "Porra, como vou sair em público amanhã?" "Marcado como se você fosse meu", Henry disse, tão cheio de satisfação presunçosa que eu tive que dar um tapinha na parte de trás da cabeça dele com a palma da mão. Ele apenas riu. "Isso é uma coisa boa." "Poderia ser melhor." "Eu concordo." Ele deslizou a mão para as minhas calças, abriu-as apenas o suficiente para alcançar minha cueca e rasgou a frente dela pela metade. "Puta merda." Eu teria reclamado - não era como se eu tivesse muitas boxers de reposição - exceto por aquilo ser ridiculamente sexy. Eu esquecia a força de Henry, às vezes. Ele era tão cuidadoso ao usá-la ao meu redor, mas naquele momento ficaria feliz se ele também quisesse arrancar toda a minha roupa. Então ele segurou o meu pau, sua palma

ainda mais quente que meu membro, e eu mordi meus lábios e arqueei meu pescoço em um esforço para manter meus gemidos baixos. "Não fique quieto." Ele me acariciou uma vez, com cuidado, depois com um aperto mais firme quando eu pressionei contra sua mão. "Quero te ouvir." "Bem, eu não... Quero que todos os outros... Ouçam", eu disse em torno de pequenos suspiros. “Ninguém mais está em casa. Não há ninguém para ouvir você além de mim. Me dê seus gemidos," Henry disse - exigiu, ordenou, eu não conseguia entender, mas fiz o que ele queria, me soltei na sua próxima caricia e ele sorriu. "Isso mesmo" Seus dedos deslizaram para pressionar contra minhas bolas, e o próximo barulho que fiz não foi um gemido. "Melhor ainda" "Vá se foder, você está muito..." Vestido? Coerente? "Demais." Lembreime de que tinha mãos e passei-as pelos cabelos dele, na nuca e nos ombros. Henry rosnou de prazer, e da próxima vez que olhou para cima, seus olhos eram dourados. Ele deve ter ouvido meu batimento cardíaco aumentar de rápido para "ai meu caralho que rápido", porque ele imediatamente colocou alguma distância entre nós, saindo do meu alcance. "Isso é demais?" Pelo amor de Deus. “Eu diria se fosse! Não tente interpretar o que estou sentindo sem me perguntar o que estou sentindo! Na verdade, eu estava estupidamente excitado antes de você sair de perto e parar de me tocar." Apertei o ar com as mãos o chamando, e ele voltou, mais rápido do que saiu, como se não pudesse suportar estar longe mais do que eu. Ele me tocou, eu toquei de volta, e de alguma forma conseguimos nos livrar de minhas roupas e da maioria das dele - suas botas foram um problema, antes que ele simplesmente mexesse os pés e chutasse o couro arruinado - até que não houvesse nada no meu corpo exceto a cama debaixo de mim e este homem em cima de mim. Homem, lobo, alfa idiota - não importava, porque ele estava aqui, e ele estava comigo, e se ele continuasse esfregando seu pau contra o meu assim, eu gozaria em menos de um minuto. Eu gemi e empurrei seus ombros.

"Devagar, ou isso vai acabar rápido demais." Henry passou uma das mãos pelo meu flanco até o quadril e me puxou mais contra ele. Eu apertei meus olhos com força enquanto estremecia. "Você não pode gozar duas vezes em uma noite?" "Não faço isso desde os dezenove anos." A resistência juvenil só podia combater doenças crônicas por certo tempo e, por um longo tempo, eu não estive tão bem quanto agora. Eu queria dizer que sim, que conseguiria gozar duas vezes, mas eu não tinha certeza, mesmo com um parceiro que me afetava tanto quanto Henry. "Hmm." Henry não parecia chateado. Ele se afastou e sorriu para mim. “Então terei que ver o que posso fazer para prolongar isso. Espere, eu preciso de uma camisinha." "Uau, isso é..." Ele se afastou e saiu da sala, deixando-me duro e um pouco apreensivo. Uma camisinha? Bom, isso foi rápido. Não que eu não gostasse de penetração, mas fazia anos, literalmente, desde que eu tinha fodido um homem ou sido fodido por um, e a perspectiva era um pouco intimidadora. Henry voltou, deu uma olhada no meu rosto e riu. “Não é o que você está pensando. Você não se lembra de nenhuma das palestras de saúde do Tennyson?" Ele se ajoelhou no final da cama e abriu a camisinha. Ele passou a mão na parte interna da minha coxa, dedos traçando um caminho quente direto para o meu pau. Ele agarrou com força ao redor da base, depois deslizou a camisinha em mim antes que eu pudesse fazer mais do que gemer. "O que... Oh, porra, seu filho da..." Minha voz sumiu quando ele se inclinou para pairar sobre meus quadris. Ele puxou minhas bolas com uma mão, para baixo e para longe do meu corpo, segurando qualquer chance de orgasmo, exatamente o tipo de negação que eu amava. Ninguém tinha descoberto tão rápido assim um dos meus fetiches - na verdade, nunca tão rápido. E então ficou melhor e pior, porque ele lambeu da base do meu pau até chegar à ponta, girou a língua em volta da cabeça, depois deslizou os lábios sobre mim e me engoliu. Eu não sabia que tipo de som estava fazendo. Alto. Alto era a única coisa

que eu conseguia pensar, mas nem meus ruídos podiam me distrair da boca escorregadia e superaquecida de Henry. Sua língua era ridícula de tão incrível, mais longa do que deveria ser, mas perfeita contra o meu pau. Ele me chupou tanto que eu pensei que iria desmaiar antes de gozar, mas eu não podia fazer isso, não podia. Não enquanto estava amando aquilo, e não quando ele adorava fazer isso por mim. Estava claro em cada movimento, cada pequeno suspiro e gemido que ele dava, a maneira como sua mão me masturbava rápido, mas não tão forte que doía. Eu estava me contorcendo agora, preso à beira do prazer e pronto para pular direto para a dor se não gozasse logo. "Henry, por favor... Eu preciso... Preciso..." Ele se afastou e acariciou meu quadril. "Eu sei." Ele soltou minhas bolas e me acariciou com força, uma vez, duas vezes - e eu gozei. Eu gozei mais forte do que eu jamais poderia lembrar antes, o tipo de orgasmo que fazia parecer que seus órgãos estavam machucados de tanto que você estava apertando-os. Eu gozei e mal tive a chance de me acalmar disso quando Henry estava em mim novamente, tirando a camisinha e esfregando seu pau no meu. Eu ofeguei, sensível demais para isso, mas desesperado demais para me importar. Ele esfregou contra mim, e eu coloquei meus braços sob os dele e o puxei o mais apertado que pude. "Sim", eu disse. Eu mal sabia porque que estava dizendo sim, mas eu queria. "Sim, faça isso, vamos lá, Henry..." "Ward." Foi um murmúrio, não um grito, mas senti um choque no coração. Ele gozou, esfregando brutalmente contra mim, e eu o peguei e o segurei, até que meus braços estavam dormentes e ele estava gasto. Eu não queria que ele se mexesse, mas deixá-lo ficar em cima de mim terminaria com falta de ar e um acesso de tosse se eu não tomasse cuidado. Essa era a última coisa que eu precisava depois do meu ridículo ataque de pânico. Henry se moveu logo antes de eu sugerir, deslizando para o lado e me puxando para perto novamente. Estávamos grudentos, e eu não vi o preservativo descartado, mas tinha que estar por aqui em algum lugar. Levantar e tomar banho seria o certo. Mas você não poderia ter me movido com um pé de cabra. O silêncio foi tranquilo, mas eu nunca fui muito para manter a boca fechada.

"Bem", eu disse finalmente. "Essa porra toda foi demais." "Mmm." Senti seus lábios se curvarem em um sorriso contra minha têmpora. "Eu gosto de pensar que sim." "Foi meio unilateral, no entanto". "Sim, concordo." Ele continuou antes que eu pudesse ficar irritado, ou pior, envergonhado. “Você não me fez trabalhar o suficiente. Da próxima vez vou levar o dobro do tempo. Se minha mandíbula não estiver doendo, sinto que não fiz o suficiente." Afastei-me um pouco para olhar para ele. "Você é um masoquista enrustido?" Ele deu de ombros. "Na verdade não. Eu não ligo para dor na cama. Já tenho muita no trabalho. Mas quero sentir que cuidei bem de você." "Você cuidou", eu garanti a ele. "Foi nota dez, eu gostaria de participar da montaria de novo." Um sorriso se espalhou pelo rosto de Henry. "Você gosta?" "Do que?" "Montar", ele sussurrou no meu ouvido, e oh, merda. Se eu pudesse ter ficado duro novamente, eu teria apenas pelo som de sua voz. “Eu, ah... acho que sim? Eu mal me lembro. Já faz…" Foi um pouco embaraçoso que eu tive que calcular a última vez que fiz sexo com alguém. “Um ano desde que eu estive em um encontro, e eu não fui para a cama com ninguém desde antes de Ava nascer. Meu último cara antes disso foi... Deus, em meus vinte e poucos anos? E ele não gostava de penetração, então eu não consegui nenhuma montada." "Quando foi a última vez que você conseguiu uma?" Esse era o tipo de tópico de conversa que poderia facilmente ter se transformado em um festival de besteiras hipermasculina e competitiva, o mais longe possível da conversa pós sexo possível. Não teria sido a primeira vez. Mas, com Henry, parecia mais uma pergunta honesta, não uma tentativa de me superar ou ofuscar a última pessoa que eu levara

para a cama. Não que ele não tivesse sido bem-sucedido. “Provavelmente na pós graduação. Eu tinha um namorado na época que era bastante aventureiro. Entrando, saindo, subindo, descendo, em um balanço no parque... Se cabíamos no lugar ou ficássemos na posição certa ou nos segurássemos por tempo suficiente, ele queria transar lá.” "Parece um pouco perigoso." "Sim, era. Quase fomos pegos algumas vezes. Eu tive que correr nu por um parque no meio de janeiro para me afastar de alguns policiais, o que... Sim, é a Califórnia, mas ainda fica frio lá à noite, sabe?" "Um-hmm." Ele se ajeitou um pouco mais perto. "O que mais você fez?" "Ah, bem... Eu pratiquei ioga com ele por cinco meses para que pudéssemos chegar à segunda metade do Kama Sutra, mas depois da faculdade ele se mudou para Nova York e eu fiquei onde estava.” Na época, eu me senti massivamente magoado por ele não querer ficar comigo, mas agora eu sabia que tinha sido o melhor. "E você? Quando foi a última vez que..." Como eu quero chamar isso? Uma ligação? Um encontro? "Teve um encontro marcado?" Ugh, isso parecia estéril. “Também na faculdade, mas na graduação. Ele era um artista, um metalúrgico. Nós compartilhávamos um apartamento estúdio.” Henry sorriu novamente. “Ele tinha as mãos mais fortes que eu já senti em um humano. Eu fiquei com um hematoma quando ele me segurou forte o suficiente, e as marcas ficaram em mim por um tempo. Eu gostei." "Definitivamente uma pitada de masoquismo em você", murmurei. "Talvez naquela época." Agora não, era como ele terminaria aquela frase. Não me pergunte, não me peça, porque eu faria. De alguma forma, eu sabia que ele faria, mesmo que ele não quisesse, por mim. Só por mim. Foi do jeito que ele me segurou, do jeito que ele virou para mim. Henry era o alfa do bando de La Garita, mas se curvava pelas pessoas com quem se importava. Por Sam. Por mim. Foi uma responsabilidade e tanto. Pelo menos essa parte da minha

resposta poderia ser fácil. "Não se preocupe", eu disse a ele, dando uma de atrevido. "Duvido que tenha força suficiente para machucá-lo, mesmo que eu queira." "Claro." Henry relaxou e senti uma pequena onda de vitória. "Com você, eu tenho que cuidar com cadeiradas na cabeça, eu sei." "Tennyson mereceu." "Não estou dizendo que ele não mereceu." "Ele me assustou pra caralho." "Tenho certeza que ele concorda." "Você está me apaziguando?" Eu dei a Henry meu olhar mais feroz. “Porque eu não preciso ser apaziguado, não quando estou certo. E estou tão certo, sou justo." “Mm, sim. Claro." Ele me beijou novamente, então, relutantemente, se afastou de mim. Estremeci, e não apenas porque havia perdido meu aquecedor de ambiente. "Vamos tomar banho para que Sam e Liam possam parar de se esconder no quarto deles." Parei no meio do caminho indo pegar minha meia, horrorizado. "Você só pode estar brincando." "Receio que não." "Eles estavam nos ouvindo?" "Não por mais de alguns segundos", disse Henry. Como se isso fosse para me acalmar. "Eu achei que você era um pouco exibicionista." “Não com sua irmã, não. Ou minha filha, que merda, o que vamos fazer quando Ava vier morar aqui? ” Henry sorriu mais do que a situação merecia. “Faça o quarto dela à prova de som o melhor que puder, eu acho. Agora vamos." Ele pegou minha mão e me colocou de pé. "Chuveiro, roupas, jantar." Chuveiro, roupas, jantar. Podia fazer isso.

CAPÍTULO 18

Henry Chamei John para uma reunião exatamente três dias antes de partir. O momento era apertado para iniciar uma caçada, mas eu não queria sair sem ter certeza de que Ava estava dominando sua transformação. Mesmo sem mim por perto, se ela tivesse Tennyson para ensiná-la e seu pai a encorajando, ela conseguiria, e os dois estariam seguros. Isso me colocou em um lugar bem zen, para ser sincero. Eu não estava indo a nenhum lugar bom, mas pelo menos estava deixando para trás uma matilha melhor e mais completa do a que tinha voltado. Pelo menos eu pensei nisso até me encontrar com John. "Entre, alfa", disse ele quando cheguei na varanda dele. Eu não conseguia ouvir nenhum outro batimento cardíaco em casa, o que significava que ele mandou as crianças sairem de casa. Isso era raro o suficiente para levantar minhas sobrancelhas enquanto eu tirava minhas botas cobertas de neve. "Onde está todo mundo?" "Saíram." John parecia sombrio. "Achei que essa conversa era melhor mantida entre nós dois." "Eu pensei que íamos conversar sobre montar uma caçada." "Nós conversaremos sobre isso também, mas isso precisa ser dito." Ele se sentou à mesa da sala de jantar, uma oval grande e pesada de carvalho que eu sabia que tinha sido um presente do bando quando ele assumiu o papel de guardião. Já estava marcada e arranhada em alguns lugares, como seu dono. Sentei-me em frente a ele e o olhei nos olhos. "O que está acontecendo, John?

"Encontrei um pedido para a Universidade do Colorado no quarto de Genna." A observação me pareceu completamente aleatória. "E o que tem isso?" “Bem, me pareceu estranho, especialmente considerando que ela já foi aceita em meia dúzia de faculdades. Todas eles estão fora do estado, no entanto." "Então, ela quer estar mais perto de casa." Eu dei de ombros. "Eu não achei que isso iria incomodá-lo." “Não incomodaria”, respondeu John, “se ela já não tivesse me dito, muitas vezes, que mal podia esperar para sair daqui. Ela me culpa por sua mãe sair, por colocar tantas responsabilidades familiares nela. O que eu entendo. Eu a incentivei a se atirar para as estrelas, a aproveitar todas as vantagens que meu trabalho nos dá para entrar em algumas das melhores universidades do país. Stanford. Yale. Berkeley. Ela foi aceita para todos eles. Harvard apenas a recusou porque obteve um B em Cálculo. É a única matéria que não é fácil para ela." Eu estava começando a ter um mau pressentimento. John continuou. “Decidi pesquisar um pouco o registro da Internet da matilha. Pensei que talvez a Sam tivesse se encontrado com Genna, convencido-a a se candidatar a algum lugar diferente." "Muito invasivo da sua parte." "É meu direito e minha responsabilidade, como seu guardião, estar ciente das ações de sua matilha e usar todos os meios à minha disposição para fazê-lo", replicou John. “Você quer que eu cite capítulo e verso aqui? Porque eu posso. Como as coisas estão, ficaria na merda por causa de destruição deliberada de propriedade do governo. A única razão pela qual não atribuo nenhuma culpa disso a você é porque você estava fora por tanto tempo." Eu estava perdido. "O que foi destruído? O que isso tem a ver com Genna?" "Bem, acontece que alguém do grupo está pesquisando sobre a UC, mas não é a Sam." A lâmina fina e infeliz de sua boca respondeu à minha

pergunta não dita. "Roman." "Sim. Coloquei uma câmera com um detector de movimento fora de minha casa há dois dias - uma pequena, que é transmitida diretamente para o meu computador. Peguei alguns cervos com ela, um grande e velho alce. E um lobo, carregando uma mochila na boca." Merda. "Roman veio aqui?" John assentiu. Ontem à noite, por volta das onze. Ele se transformou debaixo da janela dela, tirou as roupas da mochila e se vestiu. Ele desaparece nesse ponto. Suponho que ele subiu na casa e ela o deixou entrar em seu quarto." "Como ele sai da nossa..." A questão da câmera que John havia mencionado quando eu voltei surgiu em minha mente, me irritando com o quão óbvio aquilo era agora. "Ele desativa uma câmera e usa o ponto cego para sair." "É o que presumo." Bem, isso não foi bom. Por outro lado, havia coisas muito piores que poderiam acontecer ao bando do que Roman saindo de vez em quando para visitar sua namorada secreta. Jesus, eu esperava que eles estivessem usando proteção. "Você falou com ela sobre isso?" “Ainda não, mas falarei quando ela e os meninos voltarem. Farei o meu melhor para mantê-los separados, mas você..." Espera, espera, espera. “Por que você quer mantê-los separados? Fazendo com que eles contem à verdade, ok. Mas mantê-los separados? Isso parece excessivo." John balançou a cabeça. “O futuro de Genna não incluirá ter que lidar com lobos. Ela é esperta. Ela poderia fazer qualquer coisa com sua vida. A última coisa que quero é que ela seja algemada a um pequeno pedaço de terra isolada no meio das malditas montanhas."

"Não é como se eles estivessem se casando", lembrei a ele. “Eles são adolescentes e estão... Namorar seria uma palavra muito forte para isso. Sentindo as coisas, talvez." "Talvez literalmente", John retrucou. "Cinco meses atrás, Genna mal podia esperar para sair, e agora ela está pensando em ficar perto, apenas para um menino? E um garoto lobo? Não. Ela está apaixonada - é simples assim - e não vou deixá-la desperdiçar sua vida com alguém que talvez nem viva vinte anos.” Que. Porra. É essa? "Você quer explicar o que você quer dizer com isso?" Eu rosnei. “Monitoro suas comunicações, lembra? Sei que você está indo embora, Henry, e sei que as chances não são boas de você voltar." Os olhos de John estavam doloridos, mas sua voz era firme. “Eu sei que esse garoto é o próximo na fila a ser alfa neste momento, e também sei que ele não está pronto para isso. Este bando está indo para um momento difícil, e eu serei amaldiçoado se deixar minha filha se envolver em algo que só vai quebrar seu coração." Eu fiquei pasmo. Literalmente tão surpreso que não pude responder a John por um momento. Assim que ele baixou os olhos, encontrei minha voz. “Você está... Contando com a minha morte? Você já ajeitou tudo pro Roman ser o próximo alfa?" “Estou apenas lendo nas entrelinhas. E eu sei que não sou o único a fazêlo, então não pareça tão traído, filho. Sinto muito por isso, sinto, mas-" “Você sente muito? Sente mesmo?” Inclinei-me para a frente e coloquei as palmas das mãos sobre a mesa. “Pense sobre isso, guardião. A supervisão de nossa matilha é de sua responsabilidade e já dura quase duas décadas. Você costumava se importar. Você costumava batalhar por nós, lutar para conseguir mais suprimentos, melhores equipamentos, mais liberdade. Mas você parou de se importar com qualquer um de nós quando Clara foi embora, e acho que talvez agora você esteja apenas contando os dias até que a gente seja desbandado e possa seguir em frente com sua vida. Mas isso não vai acontecer." Ele olhou para mim e eu deixei meus olhos mudarem para dourados. Havia a menor sugestão no ar, quase detectável, de medo. Se era medo de mim ou medo de seu

destino, eu não sabia. “Não vou morrer por aí e não vou entregar a liderança da minha matilha. Eu voltarei, de novo e de novo. Você nunca se livrará de nós, John. Se Genna vai ou fica, só ela pode decidir, mas não importa o que você deseje que aconteça, você está preso comigo. Então, pense nisso." Recostei-me e deixei o lobo se acalmar novamente. "Eu quero uma caçada amanhã, antes de sair." A boca de John trabalhou silenciosamente por um momento. Quando ele finalmente falou, sua voz era áspera. "Tão em cima da hora." “Você tem uma licença para matar alce. Vamos usá-la." "Não está na época." "Não importa. Ninguém vai nos ver, e se houver problemas, você nos tirará dele. Faça seu trabalho, guardião." Afastei-me da mesa e fui para a porta. Antes que eu pudesse ir embora, John falou de novo. “Aquele garoto volta aqui sem minha permissão, eu atiro nele. Sem perguntas, sem parar para argumentar com ele. Entendeu? Faça seu trabalho, Alfa, e mantenha seus lobos sob controle." Eu saí sem outra palavra. Pro inferno, porém John não estava errado. Roman estava violando a lei federal saindo furtivamente da reserva, e John teria o direito de lidar com as coisas do seu jeito se pegasse Roman em sua casa, assim como qualquer pessoa no Colorado poderia atirar em um invasor. Roman se recuperaria de levar um tiro muito mais rápido que um humano, mas não era um processo indolor, e as complicações que podiam surgir eram às vezes horríveis, especialmente se ele perdesse o controle e mudasse. Ou John pode ter sorte - ou vingança - e matá-lo com o primeiro tiro, bem entre os olhos. Eu teria que falar com Roman. Eu teria minha chance depois que a aula terminasse, antes que ele se encontrasse com Ward e Ava na clínica. Vi o garoto sair da sala de aula e começar a ir para casa, e gritei: "Roman".

Roman deu um pulo. "Alfa!" Ele ficou surpreso, mas não cheirava a nervosismo. Por que ele deveria? Ele estava sendo tão esperto. Fiquei irracionalmente zangado com o garoto e lutei contra a emoção. Não seria bom perder a calma. "Precisamos conversar", eu disse. Pronto, havia um resquício de nervosismo. A última das crianças saiu da escola e eu entrei, Roman seguindo atrás de mim, incerto. Sam estava lá, endireitando o tapete em frente ao sofá, e Ward estava encaixotando o que parecia ser os restos de um experimento. "Henry!" Sam me chamou. "Como foram as coisas com John?" O cheiro de nervosismo tornou-se uma nuvem absoluta no ar. Balancei a cabeça. “Eu preciso desse espaço por um minuto. Não vamos demorar muito aqui." "Está tudo bem?" "Está tudo bem." Tentei tranquilizar Sam e Ward, mas sabia que não era muito convincente. Não importava. A única pessoa que eu precisava convencer de qualquer coisa agora era Roman. "Apenas nos dê um minuto." "Claro." Os dois saíram, Ward olhou várias para trás, e eu me virei para Roman. Ele ergueu os ombros e tentou parecer desafiador. "Você já sabe do que se trata, não sabe." Não era uma pergunta. Eu não toleraria que ele tentasse se fazer de bobo comigo. Felizmente para ele, ele não fez. “Eu não fiz nada para machucar Genna. Eu nunca faria isso com ela." "Mas você comprometeria o sistema de segurança da sua matilha, entraria furtivamente na casa dela sem o pai dela saber e mentiria para seus próprios pais sobre o que está fazendo?" "Eu não minto para eles!" "Eles sabem que você está vendo Genna?" "Não."

"Você acha que eles aprovariam?" Eu sabia que o pai dele não. Roman hesitou, e isso foi suficiente para me deixar saber que ele pensava o mesmo. "E você sabe que John não aprova." Roman empalideceu. "Ele sabe? Você contou a ele?" "Ele me disse", enfatizei. "E dizer que ele não está feliz com isso é um eufemismo." "Não importa o que ele pensa." Roman estava começando a respirar com mais força, e lutava para manter a voz nivelada. “Genna tem dezoito anos, ela é legalmente adulta. Ela não precisa ouvi-lo. Ela pode... Pode sair se quiser." “Você sabe que não é tão fácil. Não é para o filho de um guardião." "É fácil para ela!" Roman insistiu. “A mãe dela já se foi. Ela poderia ir e ficar com ela até a faculdade começar! Ela - ela não precisa estudar aqui, ela pode ir pra uma universidade na costa, e eu poderia encontrá-la lá no próximo ano! Eu-" "Ela será observada o tempo todo que estiver lá", eu disse, sem hesitar diante do crescente desespero de Roman. Ele precisava aceitar o que estava acontecendo aqui. “A mãe dela está sendo vigiada, mesmo que ela não saiba, mas Clara é uma pessoa inteligente, tenho certeza que ela sabe. Genna é uma deficiência para o governo tanto quanto um patrimônio, Roman. Ela será vigiada e monitorada para garantir a segurança de nossa matilha pelo resto de sua vida, ou enquanto o bando durar, o que ocorrer primeiro. Eu não estou dizendo que sou contra vocês dois juntos." Eu queria que isso ficasse claro. "Eu não acho que você deva se separar da pessoa que ama, mesmo que ela seja diferente de você." "Eu a amo", Roman disse miseravelmente. “Eu a amo tanto, e sei que meus pais vão achar estúpido porque casaram arranjados e querem que eu case com outro lobo, mas não consigo pensar em ninguém além de Genna. Eu só quero ficar com ela o tempo todo. Como você e Ward." Ele disse isso facilmente, como se a comparação fosse a primeira coisa que surgisse em sua cabeça. Isso me surpreendeu, mas tentei não deixar transparecer. Eu… Eu gostava de Ward. Eu o apreciava. Eu queria estar

com ele, mas... Eu o amava? Eu precisava me concentrar. “Você não pode se esgueirar novamente para encontrá-la. Não com o pai dela pronto para atirar primeiro e fazer perguntas depois." "Genna não o deixaria atirar em mim!" "Ela pode nem saber que ele está considerando isso, Roman. Essa não é a questão. O ponto é que você precisará pensar no futuro agora. Se você e Genna quiserem ficar juntos, não vou impedi-lo, mas não posso deixar você pôr em perigo a si mesmo ou ao bando. Chega de desativar as câmeras e sair furtivamente. Chega de arriscar o restante da matilha. Quando os dois estiverem na faculdade, você terá mais liberdade." Roman parecia arrasado. “Isso... Eu ainda tenho mais um ano do ensino médio! É mais de um ano que temos que nos separar! E por quê? Só porque o pai dela e o meu pai se recusam a se dar bem? Só porque você não está disposto a nos ajudar?" "Eu estou ajudando você, Roman." "Me dizendo para não fazer nada, que é tudo o que faz por nós, nada!" Ele desviou o olhar assim que disse e pude sentir sua repentina vergonha, mas a verdade era... Ele não estava completamente errado. Ultimamente, eu tinha ficado tanto tempo longe da minha matilha que os deixavam perdidos, incertos, se separando em vez de se unirem. “Se eu pudesse escolher estar aqui mais, eu estaria. Eu farei o meu melhor para ajudá-lo, mesmo que eu não esteja aqui, e você sabe que Sam e Liam também, mas você tem que me ouvir sobre isso, Roman. Chega de se esgueirar por aí. Entendido?" Ele mordeu o lábio e assentiu, ainda incapaz de encontrar meus olhos. Suspirei. "Venha aqui." Ele veio e eu peguei sua nuca e puxei-o para perto, cheirando-o. Ele estava inundado de confusão, raiva e tristeza, e ele choramingou um pouco no fundo da garganta quando eu o apertei confortavelmente. "Passe algum tempo mudado hoje à noite", eu disse. "Você vai se sentir mais lúcido." A forma lobo afastava as emoções mais complicadas. "Vejo você amanhã para a caçada. Meio-dia em ponto." Ele

balançou a cabeça novamente, e eu finalmente o soltei. Quando cheguei à clínica, não eram apenas Ward, Ava e Tennyson me esperando: Sam e Liam também estavam lá, e todo mundo cheirava curioso, até mesmo a pequena Ava. Ela tinha mãos humanas e um pé humano que se alternava entre garras e dedos dos pés, enquanto eu observava. Eu nunca tinha visto uma criança mudar tão rápido quanto ela. "O que foi aquilo?" Sam perguntou assim que entrei pela porta. "Podemos guardar as fofocas para mais tarde?" Eu perguntei quando tirei minha jaqueta e minhas botas. Eu já havia rasgado dois pares no mês passado. Eu não rasgaria outro par só porque não queria falar com eles sobre isso. "Hmm, deixe-me pensar - não." Ela sorriu, mas quando eu não sorri de volta, ele desapareceu. "Sério? O que aconteceu?" “O que aconteceu é que Roman e Genna estão apaixonados. Ele tem se esgueirado para se encontrar no quarto dela - e ajudá-la a estudar cálculo, aparentemente - e John acabou de descobrir e ameaçou atirar em Roman se ele entrar na propriedade dele novamente." Esse anúncio foi recebido com um silêncio retumbante, o que me fez sentir um pouco melhor sobre minha própria reação inicial a ele. Então as exclamações começaram, com todos tendo algo diferente a dizer. "As câmeras, é claro, a neve tem sido tão regular que eu não conseguia ver nenhuma impressão, mas..." “- o guardião não pode atirar nos lobos sob a alçada dele, não é permitido! Ele deveria nos ajudar, não-" “John pensa que é quem pra estar ameaçando uma criança assim? Aquele filho da puta, eu vou-" Ward apenas acenou com a cabeça e disse: "Roman querendo aprender faz muito mais sentido agora." "Certo. Ele estava aprendendo para ensinar."

"Ele é um garoto inteligente." "Não é inteligente o suficiente para não ser pego entrando furtivamente na casa do nosso guardião", eu resmunguei quando tirava minha camisa. "Henry!" Sam estalou. "O que vamos fazer com o John? Ele não pode simplesmente fazer ameaças como essa contra um membro do bando." "Ele mora fora do nosso território por uma razão", lembrei-a quando comecei a tirar minhas calças. “Se violarmos a lei em sua propriedade privada, ele tem o direito de responder de acordo com a lei, o que no Colorado significa que ele pode atirar em alguém que invadir sua casa. Genna pode argumentar de maneira diferente, mas a verdade é que Roman está entrando furtivamente na casa com a ajuda dela, e sem nenhuma aparente aprovação do pai." "Jesus Cristo." Sam cruzou os braços. "Gerald e Peggy sabem?" "Não. E eu disse a Roman que manteria assim, contanto que ele parasse com isso." Liam levantou uma sobrancelha interrogativa. “E você acha que ele fará isso? Parar de ver a garota, só porque você pediu a ele?" Eu dei de ombros. "Acho que é a maneira mais segura dele conseguir o que quer." “Não foi o que eu perguntei. Você acha que ele pode respeitar essas restrições à sua liberdade e ao seu coração?" De repente, me senti exausto. Liam tinha uma maneira de fazer perguntas que me faziam sentir que ele estava apenas esperando uma chance de me fazer duvidar de mim mesmo, e eu estava cansado disso. "Bem, daqui a dois dias, é melhor você esperar que sim", eu disse categoricamente. "Porque eu não estarei por perto para segurar o tranco se ele não conseguir." "Henry, vamos lá..." Estava cansado de discutir isso, dando voltas e voltas e chegando a lugar nenhum. Me transformei no meu lobo e entrei na sala com Ava trinta

segundos depois. "Isso não acabou!" Sam me avisou. "Você não pode escapar dessa conversa mudando, Henry. Nós vamos sair antes que você saia." Eu bufei e desviei o olhar dela. “Deus, não aja como um bebê. Você deu um péssimo exemplo para Ava." Virei as costas para Sam e, eventualmente, ela e Liam foram embora. Tennyson não disse nada, apenas voltou a rastrear as alterações de Ava e Ward saiu da sala para que pudéssemos iniciar nosso sistema de troca e recompensa. Era o que eu queria, continuar com as coisas sem mais perguntas e insultos. Então, por que isso me fez sentir desconfortável? Não importava. Eu tinha outras coisas para focar por enquanto. Eu tentaria entender melhor a situação de Roman depois da caçada de amanhã, antes de sair. Eu realmente não queria deixar que Sam tivesse que lidar com isso se algo desse errado, mas eu só podia aguentar até certo ponto, e eu atingi essa linha. Ou era o que pensava.

O dia seguinte amanheceu claro e amargamente frio, perfeito para uma caçada em forma de lobo. Tudo estava marcado para o meio dia. Sam havia deixado de lado seu aborrecimento comigo - havia muito que eu ainda não havia lhe dito, mas sabia que acabaria contando - e me ajudou a lidar com todos os preparativos de última hora. Tínhamos uma rota planejada, em algum lugar em que John poderia nos acompanhar ou pelo menos dar uma volta em seu quadriciclo, e era exatamente onde Liam avistara um rebanho de alces quando ele estava vigiando pela última vez. Eu conversei com minha matilha, e eles estavam ansiosos por isso. Uma caçada a coelhos dentro do complexo ocuparia as crianças jovens demais para nos seguir a caçada - os Robinsons os criavam para comer, e eram perfeitos para os pequenos praticarem. Deveria ter sido uma caçada perfeita. Essas eram as famosas últimas palavras.

Alguém bateu na porta da frente às oito da manhã com força suficiente para sacudir as dobradiças. Aquela porta era de carvalho maciço, então alguém estava dando duro. Ward e Sam pareciam assustados enquanto eu fungava cuidadosamente e então gemi. "Gerald está aqui." "E ele está com muita raiva", acrescentou Liam. "Por quê?" Levantei. "Vamos descobrir." Cheguei à porta antes que ela pudesse tocar uma terceira vez e a abri tão rápido que Gerald quase caiu dentro de casa. Ele olhou para mim, seus olhos amarelo-lobo. Ele nunca havia conseguido essa mudança parcial antes. Seu coração batia a um ritmo furioso, e a seis metros de neve atrás dele, eu podia ver os outros adultos da matilha de pé, embrulhados em suas roupas de inverno, alguns assustados, outros apreensivos. Peggy parecia mais feroz do que eu já a tinha visto antes. "Alfa! Eu te desafio!" Gerald gritou comigo. Suas costas estavam curvadas, enroladas, prontas para mudar. Não seria rápido, mas uma vez que sua cabeça e garganta fossem transformadas, eu não seria capaz de conversar com ele e, naquele momento, eu realmente queria saber o que ele estava gritando. Fiquei o mais calmo que pude e cruzei as mãos sobre o peito. "Bom dia para você também, Gerald." "Eu te desafio!" ele rosnou, ignorando minhas gentilezas. "Você responderá a mim, Henry Dormer, e responderá agora pelo que fez ao meu filho!" Do que diabos ele estava falando? "Eu não fiz nada com Roman." "Mentira! Ele voltou para casa ontem à noite, fedendo a você e a medo, mas não contou nada a mim ou à mãe dele sobre o porquê. Eu sei que você falou com ele sozinho ontem à noite e hoje ele se foi. Ele fugiu! Você o mandou embora!" Ele estava cuspindo a cada palavra, estava com tanta raiva. "Você queria destruir sua concorrência antes que ele fosse forte o suficiente para tirar o bando de você, e então você o ameaçou e o forçou

a sair!" "Você está errado." "Você é quem está errado." Suas mãos flexionaram como se quisessem estender a mão e me agarrar pela garganta. Ouvi Sam murmurar algo para Liam e Ward ao fundo, ouvi-a pegar Ward pela mão e puxá-lo para longe - bom. Por mais que eu o quisesse, não o queria aqui pra ver isso, ou para onde isso poderia estar indo. "Saia da sua toca e lute como um-" Ele balançou para mim então, e eu agarrei seu punho assim que ele estava perto o suficiente e empurrei-o com força o suficiente para girar Gerald no lugar. "Não faremos isso na minha varanda." Se eu tivesse as coisas do meu jeito, não faríamos nada, mas não tinha certeza se seria capaz de convencer Gerald a essa altura. Se Roman fugiu - se ele realmente se foi então eu precisava contar a verdade aos pais dele. “Você quer me derrubar? Pelo menos tente fazê-lo como um alfa, não como um pobre desgraçado que precisa colocar em risco outras pessoas para chamar minha atenção." O rosto de Gerald se contorceu com raiva, mas ele se afastou, longe o suficiente para eu sair de casa e fechar a porta atrás de mim. Eu ainda não estava completamente vestido, nem mesmo usando botas, o que foi uma sorte. Pisei no chão em frente à minha casa e o frio afundou nos meus pés descalços. Eu deixei a dor me centrar, usei para manter minha cabeça. A última coisa que eu precisava fazer naquele momento foi ceder ao impulso de rasgar a garganta idiota de Gerald. "Agora podemos-" "Eu não disse ao seu filho para sair." O bando olhava de um lado para o outro entre nós, e eu estava muito consciente de precisar fazer um bom argumento pelo bem deles, mesmo que Gerald estivesse além de ouvir agora. "Ele tem saindo furtivamente do complexo há meses." "Roman nunca deixaria de bom grado nosso território!" “E ainda assim deixou. Perdemos câmeras ao longo da cerca, em um lugar diferente todas as vezes, por quase meio ano. Ele os desabilitou

para poder sair sem ser visto." "Por que ele iria embora?" Isso veio de Peggy, e Gerald lançou-lhe um olhar venenoso, mas fiquei feliz em responder. "Ele está se encontrando alguém." "Quem?" Agora sim. "Genna Parnell." Peggy parecia atordoada. "A filha do guardião?" "Sim." Gerald balançou a cabeça. "Mais mentiras. Meu filho nunca consideraria estar com alguém que enfraquecesse a linhagem." "Pelo amor de Deus, Gerald." Eu deixei um pouco do meu desgosto vazar na minha voz. “Você fala sobre ser um lobo como se não fossemos o resultado de um maldito acidente. A linhagem da qual você tem tanto orgulho é o que nos mantém confinados aqui, impede seu filho de estar com a garota que ele ama, nos mantém vigiados, monitorados e usados repetidamente. Não quero que seu filho seja o alfa, isso é verdade, e você sabe por quê?" Gerald abriu a boca para falar, mas eu o interrompi. “Porque os alfas são transformados em assassinos. Somos os burro de carga das operações negras do exército. Somos nós quem eles mandam primeiro e buscam por último, se puderem se dar ao trabalho de nos buscar novamente. Minha última missão?" Eu deixei um pouco da minha raiva aparecer agora. “Fui enviado para recuperar um cientista no qual nosso pessoal estava interessado. Ele não iria embora sem sua filha, então a trouxemos. Fomos emboscados e ela foi morta. Tentei mantê-lo em movimento, mas ele cometeu suicídio alguns dias depois. Voltei e me disseram que eu tinha falhado, e agora estou sendo enviado para o campo novamente depois de amanhã como um castigo, não um reconhecimento do meu status." Deixei meu brilho dourado abranger todos os meus lobos. Gerald parecia cada vez mais frenético, mas todo mundo estava se tornando menos antecipador e mais sombrio. “Se eu morrer lá fora, quem aqui será o

próximo alfa? Você realmente quer que seja o Roman?" Eu olhei para Peggy. “Você quer que seu filho seja torturado repetidamente pelo seu próprio povo até que ele aprenda a não quebrar? Você quer que ele seja enviado a lugares que ele não tem interesse, com pouco ou nenhum apoio, tentando fazer o quase impossível? Você quer que ele tenha que fugir dos caçadores de recompensa que nos atingiram com dardos tranquilizadores, que nos venderiam ao governo mais próximo que deseja recriar o erro de nossos militares? É isso que você quer para o seu filho? Porque se for, então, por favor, trocarei de lugar com ele e ele pode ser o maldito alfa." Eu virei meu desprezo para Gerald. "Ou talvez você queira experimentar tudo isso primeiro." Ele não falou, apenas rugiu e se lançou contra mim, semi transformado. A raiva aumentou suas habilidades, mas eu reprimi meu impulso de mudar e o derrubei rapidamente. Uma vez que eu mudasse, uma vez que estivesse na minha forma de lobo, seria mais difícil ignorar meu impulso de machucar meu oponente, possivelmente até matá-lo. Eu não queria lidar com isso. Eu me arrastei para a esquerda, peguei Gerald pela nuca e o puxei para frente e para baixo enquanto ele se estendia, jogando-o de cara na neve. Ele estava de quatro um momento depois, chutando com o pé traseiro enquanto se virava para me encarar novamente. Uma de suas garras traseiras arranhou meu braço, deixando um fino arranhão. Ele sorriu, quase impossível de ver quando seu rosto ficou mais e mais tremoço, e atacou novamente, vindo cruelmente na minha direção. Apertei uma mão em torno de uma orelha e a torci com força, dobrando-o baixo o suficiente para prendê-lo em meu braço. Lutei com ele até o chão, movendo meus pés apenas o suficiente para me dar força para me manter em pé sobre a neve. Coloquei Gerald de lado e inclinei todo o meu peso nele, apertando com força o pescoço o suficiente para que seus rosnados duros se tornassem um gorgolejo sufocado. "Nem preciso usar as presas", eu assobiei em seu ouvido bom. “Eu poderia quebrar seu pescoço agora. Você nunca duraria como alfa e quem protegeria seu precioso e mentiroso filho?" "Perdoe-o."

Eu levantei meu olhar para Peggy, e o que ela viu lá foi suficiente para fazê-la empalidecer. Ela se manteve firme, no entanto. "Por favor, perdoe-o. Ele não vai desafiá-lo novamente." “Ele não respeitou a sua opinião no passado. Por que ele vai honrar sua promessa em nome dele agora?" "Porque, caso contrário, ele vai me perder", disse ela simplesmente. "E nosso filho. Vou voltar para a minha matilha original antes de sacrificar Roman à ambição do meu marido." Gerald de repente choramingou, e eu sabia que não era para mim. Eu olhei dele para sua esposa, o sangue trovejando nos meus ouvidos, o desejo de rasgar subindo forte em mim. Ouvi o batimento cardíaco de Liam, rápido e com medo, e a cautela de toda a minha matilha. Eu tinha que fazer o certo por eles. Eu deixei Gerald ir, e ele soltou um suspiro ao cair na neve. Eu me levantei lentamente, olhei para meus companheiros de matilha, abri minha boca e comecei quando o barulho agudo de um único tiro ecoou na encosta da montanha. O tiro veio da direção da casa de John. Não esperei, apenas me mudei e saí correndo.

CAPÍTULO 19

Ward Assim que Henry fechou a porta, Sam estava em movimento. "Temos de sair. Agora." Mal tive tempo de enfiar os pés nas botas antes de ela agarrar meu braço e me puxar para os fundos da casa, onde começamos a estacionar o 4Runner recentemente. Nem Liam nem Henry fizeram barulho enquanto seguíamos, então achei que estava tudo bem com eles, mas não queria ir embora, não quando as coisas pareciam tão ruins. Tive a sensação desconfortável de que Henry estava cercado, e mesmo que nem todos estivessem do lado de Gerald - como poderiam estar? -, você não precisava ser um lobo para saber que as pessoas estavam se sentindo nervosas. "E vamos para onde?" Eu perguntei. "A casa do guardião." Sam abriu o carro e ligou imediatamente. "Se chegarmos lá rápido, poderemos impedir Roman e Genna de fazerem algo realmente estúpido." Ela se afastou com um rugido, fazendo-nos saltar pela neve em direção ao portão da frente. Ela apertou o controle remoto no painel, e o portão se abriu, mal o suficiente para atravessá-lo em nossa velocidade vertiginosa. Eu teria reclamado, se não estivesse tão pasmo com o que ela acabou de dizer. “Você acha que ele foi à casa dela? Para a casa de John?" Havia estupidez, e então havia suicídio. "Depois que Henry disse a ele o que John faria se o pegasse lá?" "Acho que ele está desesperado o suficiente para tentar qualquer coisa agora." A mandíbula de Sam estava tensa, as mãos apertadas no volante. “Seus pais não vão ajudá-lo. Eles negam todo o seu potencial. Ele já foi pego mentindo para o alfa e não gostou do conselho de Henry. Então ele

está indo com a opção precipitada e esperando o melhor.” Ela balançou a cabeça. "Jesus Cristo. Os adolescentes deveriam ficar presos até que superem os piores hormônios. Isso tornaria a vida muito mais fácil.” "Parece meio ilegal." Eu podia ver a casa do guardião aparecendo rapidamente no lado esquerdo da estrada. "Espere até você lidar com um lobo adolescente hormonal", Sam me avisou. "Espero que Ava tenha mais senso do que Roman." Ela parou na frente da casa, que estava completamente escura. Saímos e olhei para ela. "Não parece que tem alguém em casa." “John levou seu snowmobile para um teste, para mexer nele. Ele sempre faz isso antes de uma caçada” disse Sam, distraída. “Ele provavelmente tem os meninos com ele. Aposto qualquer coisa que Genna encontrou um motivo para ficar para trás." "O jipe ainda está aqui." "Bom. Então não precisamos localizá-los." Sam marchou até a porta da frente e bateu nela. "Roman! Eu sei que você está aqui. Você tem que voltar conosco. Seu pai está prestes a entrar em uma briga que ele não pode vencer. Henry fará o possível para não machucá-lo, mas nada é certo se seu pai provocar uma mudança." Nós esperamos. Nada além de silêncio. "Roman! Genna! Vocês não podem fugir disso! Não vai resolver nada." "Pare." Eu toquei o braço dela. "Escuta." Lá estava, o leve rangido de... Uma árvore se movendo ao vento, talvez? Só que o tempo perfeitamente parado hoje. Provavelmente foi uma janela se abrindo. "Na parte de trás." Sam fez uma careta. "Você vai pela direita. Eu vou pela esquerda." Saímos da varanda e eu corri para o lado direito, sentindo os efeitos do ar frio da manhã em meus pulmões. Eu estava com meu equipamento, o lenço enrolado ao redor do pescoço e uma touca, mas ainda estava muito frio. Eu me perguntei se algum dia me acostumaria com isso. O outro lado da casa estava sombreado e visivelmente mais gelado que a varanda. Estremeci ao dobrar a segunda esquina e então-

Uma mão apertou minha boca quando braços fortes me puxaram para perto de um corpo desconhecido. Não, não totalmente desconhecido, apenas... Não um que deveria estar me segurando. Olhei nos olhos arregalados e assustados de Roman enquanto ele me segurava imóvel. "Não diga nada", ele sussurrou. "Apenas me dê as chaves, e Genna e eu iremos." Balancei a cabeça. "Apenas - apenas dê para mim, Ward!" Eu não tenho as chaves, tentei dizer, mas sua mão estava muito apertada. Eu mal conseguia respirar. Roman entendeu de qualquer maneira. "Sam tem elas?" Assenti. "Que Merda." Genna apareceu ao lado dele, sua expressão frenética. "Sam está vindo, temos que ir." “Ela tem as chaves! Temos que pegar dela." Genna empalideceu. Por que eles não podiam pegar o jipe? O que aconteceu entre Genna e o pai dela? Roman rosnou, depois me empurrou contra Genna. "Eu dou um jeito. Tente mantê-lo quieto." Eu teria rido se ela não tivesse assentido e puxado uma faca - uma grande faca, merda - do bolso. Ela olhou para mim com culpa, mas com determinação. "Por favor, não me faça usar isso." "Isso não é inteligente", murmurei. "Você deve saber isso. Até onde você acha que vocês dois chegarão antes que seu pai te pegue? Ou pior, um agente do governo os encontre? Você poderia ir para a prisão, Genna."

"Não." Ela sacudiu negativamente a cabeça. "Temos um plano. Nós ficaremos bem se conseguirmos pegar um carro." "Por que você não pode usar o jipe?" "Meu pai levou as chaves com ele, e eu não sei como fazer ligação direta." Ela olhou ansiosamente por mim em direção aonde Roman havia desaparecido. Não havia som do outro lado da casa. Nem Roman nem Sam. Ele a encontrou? Ele a machucou? Não achei que ele fosse machucála, não Sam, não a mulher que o ensinava desde criança, mas também não pensaria que Genna Parnell me manteria como refém. Eu precisava mantê-la falando. Sam era forte e muito melhor preparada do que eu - eu precisava ganhar tempo para ela. “Para onde você pode ir que o governo não pode seguir vocês? Roman é monitorado. A matilha inteiro é monitorada. Inferno, até sua família é-" "Não a minha mãe." Ela mordeu os lábios. “Ela fugiu. Eu também posso. Temos um plano." "Sua mãe não foi embora com um lobo." "Ela está no Canadá. Eles não a extrairão. Ela está segura lá. Ela disse que poderíamos morar com ela, poderíamos...” Um gemido baixo quebrou o silêncio do outro lado da casa, e Genna agarrou meu braço. "Vá!" Ela e eu tínhamos a mesma altura, mas ela segurava a faca como se soubesse o que estava fazendo. Eu não estava disposto a lutar com ela por isso, não quando minha maior chance era ficar parado. Eu me movi lentamente, certificando-me de não tropeçar no gelo duro. Não que eu precisasse tentar, realmente - era genuinamente difícil dar um passo sem verificar meu equilíbrio. Nós dobramos a esquina mais distante da casa, podia sentir a ponta da faca desconfortavelmente afiada, mesmo através das minhas roupas, e então Genna me puxou para uma parada abrupta. "Roman!" Roman estava deitado de frente na neve, ao lado da varanda da frente, as pontas de Taser de Sam ainda presas na lateral do pescoço. Enquanto eu assistia, ela ejetou o cartucho e inseriu um novo. "Isso é calibrado para derrubar um lobo", disse ela, e eu tremi. Eu nunca

tinha visto Sam tão fria antes. Ela estava mais parecida como seu irmão do que nunca agora, e eu entendi por que eles lideravam o bando. "Pode parar seu coração se eu usar em você, Genna. É um risco que estou disposta a correr se você não deixar Ward ir agora." Roman conseguiu pressionar os braços e balançar a cabeça. "Não...", ele forçou a sair. "Não faça isso. Ela é..." "Acha que estou mentindo? Você pensou que eu também não usaria isso contra você, Roman, e veja onde isso te levou." O olhar que Sam deu a ele não foi sem compaixão, mas havia dureza nele também. “Eu tenho que proteger minha matilha, e agora Ward é mais minha matilha do que você. Deixe-o ir, Genna." "Deixe Roman vir até mim, e eu deixarei!" "Você não está em boa posição para negociar, querida." Sam inclinou a cabeça. “Eu ouço motos de neve. Seu pai está voltando." A respiração de Genna estava ofegante, seu aperto no meu braço mais apertado do que nunca. "Deixe-o vir até mim e então correremos, mas você precisa nos dar uma chance!" Os olhos de Sam se estreitaram. "Eu não tenho que lhe dar nada." Ganhe tempo, ganhe tempo... Eu não podia imaginar que o guardião ficaria feliz em encontrar todos nós aqui, mas ele ficaria ainda menos feliz se encontrasse as consequências de um tiroteio. "Sim, está tudo bem. Vamos fazer isso." Ela ergueu uma sobrancelha para mim. "O pai dela ficará furioso." "Ele vai ficar furioso de qualquer maneira neste momento." Agora eu podia ouvir o motor distante da moto de neve. Roman ficou de pé cambaleando, sua expressão insegura. “Vamos trocar de lugar. Podemos conversar com John, tentar acalmá-lo." Eu estava falando tanto mentira que meus olhos provavelmente estavam castanhos, mas eu realmente não queria ser esfaqueado, e Genna estava começando a tremer. "Certo." Sam levantou um pouco o taser. "Você vem a mim e Roman vai a Genna. Agora."

A mão de Genna apertou brevemente, e então ela soltou meu braço. Respirei fundo quando a pressão da faca desapareceu de repente do meu lado. Andei devagar, e Roman combinou com o meu ritmo. Nós nos encontramos no meio, brevemente, e quando ele olhou para mim, seu rosto estava tão cheio de miséria que eu não pude deixar de tentar tocar nele. "Olha, você pode-" O mundo de repente se despedaçou em mil fragmentos dolorosos, ecoando nas árvores e através do meu corpo. Eu tropecei e caí de joelhos, e ouvi Genna gritar, Roman e Sam gritando e o som do motor ficando mais alto, mas tudo foi abafado sob a onda avassaladora de agonia que irradiava do meu ombro. Eu agarrei a ferida - uma ferida de bala enquanto me agachava. Puta merda. Eu fui baleado. Roman desceu ao meu lado, sua mão pressionada com força sobre a minha, seus olhos arregalados. Sam e John estavam no meio de uma discussão acalorada pelo que eu podia ouvir. "- abaixe isso John!" "Eu disse que atiraria nele se ele voltasse aqui!" "Você não atirou em Roman, você atirou em Ward! Um humano! Eu tinha tudo sob controle antes de você entrar aqui, armas em punho-" "Estou dentro do meu direito de defender a mim e à minha família em minha propriedade!" “Nós não estávamos na sua casa! Você não estava defendendo ninguém, muito menos Genna, que estava segurando uma faca em Ward pouco antes de você começar a atirar!" As coisas ficaram quietas por um momento. "Isso é verdade?" John finalmente disse. Genna choramingou. Era o som que eu queria fazer, mas mordi minha língua e apertei meus olhos, concentrando-me em manter meu sangue em meu corpo. "Papai..."

"Isso é verdade?" "Papai, eu estava... Nós estávamos-" John fez um barulho em algum lugar entre um gemido e um xingamento. Ouvi uma briga e Sam gritou, mas em vez de começar a atirar novamente, o rosnado de repente se tornou muito mais próximo e muito mais gutural. Abri os olhos e vi um enorme lobo vermelho entre mim e John, com uma postura mais vertical do que a de um lobo real. Com as presas à mostra, parecia maior do que nunca, e seu rosnado parecia vir direto de um filme de terror. Era Henry, e me senti aliviado naquele instante que quase perdi meu cuidadoso equilíbrio e caí de cara no chão. "Eu não quis atingir ele", disse John, parecendo nada como o guardião rude e capaz que ele era. Ele parecia... Quebrado. "Eu juro, Henry." "Vou ligar para o Tennyson", disse Sam. "Precisamos levá-lo para um hospital-" “Veja quanto sangue ele já perdeu. Não temos tempo!" Quanto sangue eu tinha perdido? Olhei para baixo onde nossas mãos ainda estavam resolutamente pressionadas contra mim. Meus dedos estavam brilhantes de sangue, e o ombro da minha jaqueta azul pálida estava tão ensopado que ficou roxo. "Oh uau", eu sussurrei. "Isso não é bom." O lobo acima de mim virou os olhos dourados na minha direção. Eu pisquei quando ele mudou parcialmente, de modo que suas pernas dianteiras voltaram a ser braços e sua cabeça se retraiu para algo mais humano que lobo. Ele empurrou Roman para longe de mim e tomou o seu lugar, me puxando em seus braços e pressionando com tanta força no buraco no meu ombro que eu gritei. "Sinto muito." Era quase reconhecível como palavras, mas eu podia sentir o estrondo de seu pedido de desculpas reverberar através de seu peito.

"Está bem." Tentei respirar fundo, calmamente, mas meus pulmões não estavam mais cooperando. Uma respiração se tornou um suspiro que se tornou uma tosse, e se eu já não tivesse sido tomado pela dor, a tosse definitivamente teria feito isso por mim. Eu não conseguia respirar fundo, não conseguia relaxar o suficiente para lidar com a dor. Estrelas flutuavam através da minha visão sombria, e eu percebi que ia desmaiar. Eu esperava que fosse desmaiar. "Henry..." Agarrei-o o mais forte que pude com a mão do meu braço machucado, mal era pressão suficiente para ele perceber. "Ava." De que outra forma eu poderia expressar a ele o quão importante ela era? Quão desesperadamente eu precisava dele para cuidar dela, para me prometer que faria? "Ela ficará bem. Eu vou ficar com ela." Bom o suficiente para mim. A escuridão me alcançou, e um segundo depois era tudo que eu sabia.

CAPÍTULO 20

Henry Se eu achava que entregar Wilson a Tennyson tinha sido difícil, não era nada comparado ao desejo quase esmagador de manter minhas mãos em Ward. Eu não podia ajudá-lo. Eu sabia disso, sabia na minha cabeça. Meu coração não tinha noção da lógica e insistia que a única maneira de salválo era mantê-lo seguro comigo. O fato de eu ter superado isso mais rápido desta vez foi inteiramente uma prova da maneira como eu podia ouvir o sangue de Ward fluir mais lentamente em suas veias, ele havia perdido muito sangue. Deixei Tennyson levá-lo, observei-o sair no carro de Liam tão rápido quanto ele chegará, e finalmente minha mente voltou a ficar lúcida. Quase todo o bando se juntará a nós: todos que vieram assistir a minha disputa por dominação com Gerald, e John, e seus filhos e sua filha de rosto pálido. E Roman, que se ajoelhou aos meus pés e não conseguiu encontrar meus olhos. Seja alfa. Eu precisava ser o alfa, precisava resolver essa situação o mais rápido possível, para poder voltar para Ward. Eu me virei para encarar as pessoas espalhadas pela paisagem como uma pintura renascentista ruim. Eu não me incomodei em mudar completamente de volta para minha forma humana. Eu podia falar assim, e não havia como negar a satisfação sombria que senti quando seus batimentos cardíacos aceleraram de medo. Todo mundo, exceto o de Sam. "Fale." Sam assumiu a liderança. “Roman e Genna estavam indo embora juntos, mas eles não conseguiram ligar o jipe dela. Eles queriam o nosso carro. Eu recusei. Acabamos em um impasse. Estávamos tentando resolver quando John nos viu e começou a atirar." "É meu direito-" Ele parou de falar quando eu virei meu olhar para ele.

"Ward foi atingido por acidente", Sam continuou. "Roman fez os primeiros socorros até você chegar." Essa foi uma descrição generosa, mas eu não podia culpá-la por querer lançar algo de bom para ele. Nada mais que ele tinha feito aqui tinha sido bom. Eu olhei em volta para todos os outros. "Algo a acrescentar?" "Não queríamos que ninguém se machucasse." A voz de Genna estava cheia de lágrimas. "Nós apenas queremos ficar juntos!" Ela começou a chorar, e John suspirou e colocou a arma no coldre. "Vem aqui." Ele abriu os braços, e ela foi até ele, ele a envolveu e acariciou a nuca dela. Ele não falou mais nada. Roman também não, tão imóvel na neve que quase parecia sem vida. Virei-me para Peggy, o único dos pais de Roman que chegou aqui. “Leveo para casa. Não o perca de vista. Isso não acabou." Peggy exalou pesadamente e assentiu. Voltei minha atenção para John. "Não vá a lugar nenhum." Eu tive que me forçar a dizer a próxima parte; era tão impensável. "Se Ward morrer, você terá que responder por isso." A única alternativa era culpar a filha, já que ela era tão culpada por provocar isso quanto Roman. Eu sabia que John não faria isso. "Eu estarei aqui." Seus filhos pareciam atordoados, inseguros de uma maneira que nunca haviam visto antes ao ver o pai na defensiva. Não tive tempo nem energia para tranquilizá-los. Eu olhei para Sam. "Leve-me até a clínica." "A porta está destrancada." Entramos no carro e deixamos a maior parte da minha matilha, ferida como estava, e nosso guardião esfarrapado para trás enquanto ela corria de volta para o nosso território. "Tennyson é bom no que faz", disse ela enquanto dirigia. Ela parecia estar tentando se convencer tanto quanto eu. "Ele é um médico de verdade, ele sabe o que está fazendo." "Ele não é cirurgião." “Ele era casado com um soldado das operações negras. Ele sabe como lidar com feridas. Ward ficará bem." Ela olhou para mim. "Você deve

colocar uma roupa antes de ir vê-lo." "Sam-." “Tennyson provavelmente ainda está operando, e alfa ou não, ele não vai deixar você entrar para ver Ward durante a operação. Você está coberto de sangue e completamente nu." Eu mudei de volta para minha forma humana neste momento, e a maior parte do meu braço e perna direitos estavam cobertos de sangue congelado. “Tome banho, troque de roupa e depois vá para a clínica. Você pode passar algum tempo com Ava se Tennyson ainda não tiver terminado." Ava. Certo. Ela foi a última coisa que Ward mencionou, a última coisa que ele conseguiu falar. Eu precisava cuidar de Ava. Eu era o alfa dela, afinal. E se as coisas corressem mal… Não iriam. Eu cuidaria dela independentemente. “Você terá que ligar para Hill, relatar o que aconteceu aqui. Ele vai querer uma investigação." Deus, apenas o pensamento de me envolver com o meu comandante naquele momento me fez querer ficar peludo novamente. "Eu sei." "Talvez você possa usar esse incidente para convencê-lo a adiar sua partida." "Não vou a lugar algum." Sam deve ter ouvido algo no teor da minha resposta que a fez parar, porque ela olhou para mim surpresa. "Você deveria partir para Springs amanhã." "Eu sei." Balancei a cabeça. “Isso não vai acontecer. Não vou deixar o Ward." "Hill não vai gostar." “Então ele terá que me encher o saco por insubordinação na minha cara, porque eu não vou embora. Minha matilha precisa de mim. Ward e Ava

precisam de mim. Estou fora há muito tempo." Sam assentiu lentamente. "Ok. Ok, nós podemos - eu posso fazer alguma coisa acontecer, podemos trabalhar com isso. ” Ela parou em frente à nossa casa e, mesmo com a pressa que que estava, ainda não queria que ela se preocupasse. Toquei as costas da mão dela. "Eu aguento." De alguma maneira. Ela sorriu. “Acho que é hora de compartilhar essa carga, Henry. Nós temos um dia. Deixa eu ver o que eu consigo aqui." Ela desligou o carro. "Vá se limpar." Eu contornei a bagunça de neve e sujeira deixadas da minha briga com Gerald, entrei na casa e subi as escadas para o banheiro quase em fuga. Tudo parecia nublado e entorpecido. Entrei na banheira, liguei o chuveiro e estremeci quando o spray quente me atingiu no rosto. O calor doeu depois de tanto frio, mas eu fiquei lá até meu corpo se adaptar. Eu me ensaboei rapidamente, tirando o pior da sujeira e fazendo um esforço superficial para lavar meu cabelo antes de decidir que estava bom o suficiente. Peguei o moletom no quarto de Ward - nosso quarto, cheirava a nós dois, e o cheiro me fez querer me enrolar na cama e uivar - e roubei um par de meias, depois desci as escadas para pegar minhas botas. Sam não estava em lugar nenhum. Ela devia estar trabalhando. Tentando me salvar de minhas próprias decisões. Eu sabia que não faria Hill feliz, mas eu realmente não me importava. Ele havia invocado a segurança nacional - bem, eu invocaria a saúde do bando e o potencial de um colapso total se eu fosse afastado agora, e então veríamos como ficaria as coisas. Como esperado, a porta da sala dos fundos da clínica estava fechada e trancada quando cheguei lá. Nem meu código a abriria. Eu podia sentir o cheiro do sangue de Ward lá dentro, mas também iodo e solução salina, e o próprio cheiro de Tennyson. Inclinei minha cabeça contra a porta por um momento, depois fui ver Ava. Ela se iluminou quando entrei na sala, trotando até a janela, sua língua

pendendo alegremente. Claro que sim, porque ela sabia o que deveria acontecer a seguir - seu pai iria aparecer em alguns minutos. Mas não desta vez. Entrei no recinto e me sentei, e Ava veio até mim e começou a cheirar. Quanto mais tempo passava, menos brincalhona ela se tornava, sua facilidade cedendo à incerteza. "Desculpe, garotinha." Minha voz era áspera. "Ele não está pronto para vir vê-lo ainda." Ela olhou para mim e choramingou. Eu senti vontade de fazer a mesma coisa. "Eu sei. Mas não há nada que possamos fazer." Ava rosnou, um rosnado minúsculo que geralmente sinalizava o prelúdio de uma tentativa de mudança. Foi bom para ela praticar, qualquer que fosse sua motivação, então me sentei e vi como seus pés e mãos começaram a mudar. Ela tinha chegado tão longe várias vezes agora. Meus olhos se arregalaram quando suas pernas dianteiras se tornaram braços, e suas pernas traseiras torceram e engrossaram nos membros de uma criança pequena, em vez de um filhote. Seu torso foi mais gradualmente, o pêlo escuro dando lugar lentamente à pele pálida e, quando a mudança se espalhou por sua cabeça, eu estava prendendo a respiração. Não foi fácil, isso estava claro. O focinho dava a ela um problema particular, os dentes resistiam à mudança e o queixo seguia o exemplo. Ava grunhiu, bateu o pé com força no chão e fechou os olhos com concentração. Cinco segundos depois, eu estava olhando para uma criança humana com cabelos castanhos emaranhados, grandes olhos azuis e uma expressão feroz. "Onde está o meu papai?" ela exigiu, e eu comecei a rir. Ela chutou minha canela. "Eu não estou - eu não estou rindo de você, Ava", eu prometi a ela. “Você acabou de me deixar muito feliz, só isso. Você vai deixar seu pai muito feliz também." Ela parecia um pouco apaziguada, mas persistiu. "Onde está o meu papai,

alfa?" "Ele está com o médico. Tennyson, você se lembra de Tennyson?" Ela franziu a testa. “Sim. Por quê?" "Seu pai sofreu um acidente." Os olhos de Ava se arregalaram e começaram a mudar de cor. Eu tive que evitar isso. “Ele vai ficar bem, prometo. Está tudo bem." Por favor, Deus, não faça de mim um mentiroso. "Tennyson virá nos buscar em breve, e podemos ir vê-lo juntos." "Oh." Sua voz grande e ousada era subitamente suave e pequena. “Você deveria tentar permanecer humana por enquanto. Isso vai animar seu pai quando ele te ver e ele pode te abraçar novamente." "Ok", disse Ava, aceitando facilmente isso. “Mas eu estou com frio. O pelo é quente." O argumento dela era importante. Eu abri meus braços. "Vamos encontrar algumas roupas para você, então." Quando voltamos da casa de Josie com uma pilha de roupas velhas - os pais dela ficaram surpresos, mas emocionados com as primeiras boas notícias da matilha em muito tempo - Tennyson havia aberto a porta da sala de operações. Ele ficou do lado de dentro, tenso, mas sorrindo, cheirando como se tivesse acabado de lavar as mãos. “Ward ainda está inconsciente, mas acho que ele ficará bem. A bala não atingiu nada grave e foi um calibre pequeno, graças a Deus." Considerando alguma das armas de mão que John tinha em seu arsenal pessoal, era realmente algo pelo qual agradecer. Eu quase podia admitir que ele não queria mesmo machucar Roman - um pequeno ferimento de bala de calibre baixo na maioria dos pontos curaria em questão de horas - mas isso ainda não o fazia subir no meu conceito. "Você conseguiu fechar e ferida?" “Tão bem quanto eu pude. Ele ainda deve ir a um hospital e obter uma segunda opinião."

"Sim, isso não vai acontecer ainda." Seria se eu pudesse conseguir isso, mas naquele momento seria difícil o suficiente para me manter aqui, muito menos levar Ward para outro lugar. Tennyson olhou para Ava, que estava segurando minha mão, e sorriu. “Olhe para você, garotinha inteligente. Você terminou sua transformação!" Ava corou e virou o rosto para minha perna enquanto ela assentia. Tímida? Ela? Essa era a primeira vez. Tennyson continuou. "Você quer ver seu pai?" Isso a livrou do seu pequeno caso de nervosismo. Ela assentiu com tanta força que pensei que ela cairia. "Sim!" "Muito bem. Você precisa ter cuidado e não tocar nas bandagens ou nos tubos. Ele pode parecer um pouco mal agora, mas está melhorando." Ele se afastou e fomos até a mesa de operações da sala que virou uma cama. Ward quase parecia uma criança, pequeno naquela cama, o rosto obscurecido por uma máscara de oxigênio, o braço picado com várias linhas intravenosas. O ombro esquerdo estava bem enfaixado e ele estava mais pálido do que o normal. Peguei Ava para ela conseguir ver, e ela imediatamente choramingou e agarrou meus ombros. "Papai..." "Ele vai ficar bem." Eu dei um tapinha nas costas dela e fiz o meu melhor para acreditar naquilo. Ia ficar tudo bem. Vendo-o então, eu sabia que ele tinha que ficar bem. Ele foi a principal razão pela qual eu estava acreditando nisso naquele momento. Mesmo ferido como estava, apenas olhando para ele acalmou uma dor dentro de mim que eu mal sabia que estava sentindo. Era como se um buraco no meu coração estivesse subitamente entupido, e eu suspirei de alívio. Era amor? Ou era apenas o meu desejo de não ficar sozinho subindo pelas minhas veias? Poderia ser também, mas o que quer que fosse, era real. Olhei para Ward e sabia que havia encontrado a pessoa com quem queria passar o resto da minha vida. Eu não confiava facilmente, mas confiava nele. Eu queria ele.

Ele era meu parceiro. Meu companheiro. Ele pode se opor a esse termo quando acordar, mas nós falaríamos sobre isso então. Enquanto isso, eu precisava ficar insubordinado. Ou... bem. Se já houve tempo para usar a cláusula de soberania da matilha, era agora. Hill pode não respeitá-lo, mas isso me daria base para uma batalha legal. "Eu tenho que relatar que não vou para a missão", disse a Tennyson. Os lábios dele se curvaram. "Ava pode ficar aqui?" "Sim!" Ava disse antes que Tennyson pudesse. "Bem aqui." Ela apontou para o lado não lesionado do corpo de seu pai. Hesitei. Ela virou seu grande olhar azul para mim e bateu os cílios. "Serei boazinha." "Você vai ser uma menina perigosa algum dia, isso sim." Olhei para Tennyson e ele assentiu. "Ela pode ficar. Eu estarei aqui também." "Obrigado." Eu coloquei Ava no chão, e ela se arrastou ao lado de Ward e se encolheu contra o braço dele. Agora que ela era humana, eu podia ver sinais de seu pai nela: na saliência do queixo e na curva delicada da boca. Ela puxou quem fosse sua mãe, mas a influência genética de seu pai ainda era visível. Quase doía deixar os dois, mas quanto mais cedo eu saísse, mais cedo voltaria. "Eu voltarei."

Ligar para Hill não era um problema. Ele atendeu no segundo toque, seu rosto enrugado ocupando toda a tela. "Fale, major." Ele pediu por isso. "Estou ligando para informar que não chegarei como planejado amanhã em Colorado Springs, senhor." Ele piscou, depois fez uma careta. “Já tivemos essa conversa. Você fará o que for solicitado ou sofrerá sérias conseqüências." “A saúde e o bem-estar da minha matilha estão em risco se eu for embora. Houve um incidente com o guardião e um desafio de liderança

nas últimas vinte e quatro horas.” Na verdade quatro horas, mas ele não precisava saber disso. “Eu gerenciei cada um deles, mas preciso permanecer aqui por enquanto. Estou invocando a soberania da matilha." “Parece-me que você está falhando como alfa. Invocar a soberania não vai curar uma ferida causada por sua existência, major." O coronel Hill balançou a cabeça. “Não, parece que a melhor coisa para a sua matilha agora é a distância do problema, que é você. Você vai relatar amanhã." "Eu não vou." O coronel apontou um dedo para a tela. "Você vai, ou mandarei uma unidade de recuperação para o seu território - que é sua graças ao consentimento do governo dos EUA - e você será removido fisicamente enquanto aguarda a corte marcial. Qualquer membro da matilha que tentar interferir será considerado infrator violento e será tratado de acordo. Tem certeza de que quer trazer isso para o seu pessoal?" "O problema é que não estou aqui tempo suficiente ultimamente", insisti. “A cláusula de soberania é para uso em emergências, e isso conta como uma. Vou enviar um relatório e a documentação adequada para o seu escritório dentro das próximas duas horas ”- e estaria contando com muitas outras pessoas nesses relatórios, incluindo o guardião, apenas para garantir - “mas estou não saindo daqui." "Então você será removido por mim pessoalmente." "Você pode tentar." Eu cortei a conexão antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, respirei fundo para acalmar meus nervos, depois peguei o formulário apropriado. Incrível que havia papelada para um potencial apocalipse em toda a matilha. O que quer que aconteça, nós daríamos um jeito, no entanto. Porque foi isso que eu quis dizer quando disse que não iria a lugar nenhum.

CAPÍTULO 21

Ward Acordei com o som da minha filha cantando enquanto simultaneamente tentava ficar quieta, o que era quase que impossível para ela. Ela sempre começava cada verso suavemente, mas no final começava a pular como um macaquinho. Era uma das suas músicas favoritas para dormir, porque eu a deixava pular na cama em um esforço para tirar o máximo de sua energia antes de nos prepararmos para uma história. Naquele momento, ela não estava pulando. Ela estava tão quieta quanto uma garota que mal passava da fase da sua infância e Espera. Espere, porra. Forcei-me a sair do meu estado preguiçoso e sonolento e abri os olhos. Virar a cabeça exigiu um pouco mais de esforço, mas quando o fiz, encontrei Ava sentada e me encarando com alegria. "Papai!" E com um volume completamente desenfreado. "Você acordou! Doutor T, papai levantou!" "Eu acordei apenas", eu disse, minha garganta tão seca que era difícil expressar as palavras. Senti uma queimação persistente no braço esquerdo que dizia claramente Não Se Mexa, mas consegui acenar com a mão direita. Ava se arrastou para frente e se acomodou alegremente debaixo do meu braço. Eu beijei o topo de sua cabeça e suspirei de alívio. "Bebê, quando você completou sua mudança?" "Quando o alfa veio e me pegou." Ela franziu a testa. "Ele cheirava como você, mas ruim." "Ruim?" Ela assentiu.

Eu não estava acordado o suficiente para entender o significado disso, então deixei assim. "Isso é uma pena. Mas ele cheira melhor agora?" "Sim." Ela assentiu decisivamente. Tennyson apareceu por cima do ombro dela e sorriu quando me viu. "Isso foi mais rápido do que eu pensava." "Quão rápido?" “Sua cirurgia terminou há menos de doze horas. É tarde", ele me disse. "Quase duas da manhã. Você tem que voltar a dormir." "Há quanto tempo a Ava está aqui?" “Desde que ela mudou. Henry a trouxe." Ah sim. Droga. "Como está Henry? E Roman? E quanto a Genna? O que aconteceu-" Tennyson levantou a mão. “Todos estão sem ferimentos. Henry ficou aqui a maior parte do dia até que Sam o arrastou pela orelha, mas ele voltará assim que pegar algumas horas de sono, tenho certeza. Ele estava muito preocupado com você." Eu não deveria ter sangue suficiente no meu corpo para produzir um rubor. Porém, eu corei, e os dois sorriram quando viram. Ava foi a única que riu de verdade. "Papai, ele gosta de você!" "Sim." Eu entendia isso agora. “Acho que tenho muita sorte. Você gosta dele?" "Ele compartilhou seu fígado comigo no jantar." Ela deu um tapinha na barriga. "Tava tão gostoso." Eu olhei para Tennyson. "Fígado de vaca", ele me assegurou. "Com cebolas. Henry não está consumindo pedaços de si mesmo. Isso seria loucura até para ele." "Não tenho certeza do que é loucura demais para ele neste momento", murmurei, mesmo quando meus olhos começaram a fechar. Eu não sabia se eram os analgésicos ou apenas o fato de ter sido baleado há pouco

tempo, mas estava exausto. Eu mantive meu braço em volta de Ava e sorri quando ela apenas se ajeitou. Ela se cansaria disso em breve, mas eu queria manter minhas mãos nela o máximo que pudesse. Fazia muito tempo desde que eu pudera abraçar ela. "Amanhã veremos alguma coisa muito louca", ouvi Tennyson dizer pouco antes de dormir.

Na próxima vez que acordei, minha mão boa não encontrou minha filha aconchegada ao meu lado. Mas sendo segurada por alguém maior que eu, e quente, tão quente. Um canudo encontrou meus lábios antes mesmo de tentar falar, e tomei um gole de água deliciosamente fria antes de abrir meus olhos. Henry sentou-se ao meu lado, olhando-me com tanta atenção que eu sabia que ele também estava me ouvindo. Provavelmente também me cheirando, o esquisito. "Ei." Que ótima vista ao acordar. "Onde está Ava?" “Almoçando com Sam e Liam. Ela está bem. Como você tá se sentindo?" "O que, não pode dizer pelo jeito que meus batimentos cardíacos soam?" Eu perguntei. Ele sorriu de leve. "Posso ter uma idéia, mas prefiro ouvi-lo de você." "Me sentindo meio bosta", eu admiti. “Mas não tão ruim quanto eu poderia me sentir, considerando tudo. Quão ruim foi?" Sua expressão ficou sombria. "Ruim o suficiente. A bala atravessou, mas você perdeu muito sangue. Tennyson cuidou bem de você, no entanto." Eu balancei a cabeça e fiquei satisfeito quando isso não fez minha cabeça doer. "Ele é um bom médico. Você não pode deixá-lo ir embora." "Oh, eu não deixarei." Hmm, isso soou levemente ameaçador. "Qual é o problema?" Henry balançou a cabeça. "Você tem que ser mais específico, receio." “O que... Ok, o que está acontecendo com o bando? Com Roman, Gerald e

toda a... Confusão de liderança? Henry levantou uma sobrancelha espessa. “Confusão? Você quer dizer a brutal luta pelo domínio que ocorreu praticamente na minha varanda?" Se eu tivesse energia para zombar, teria zombado. "Por favor. Mesmo se ele fosse vinte anos mais novo, Gerald ainda não seria páreo para você. Se ele ganhasse, seria porque você o deixou vencer. Coisa que você- você não o deixou vencer, né?" "Ah, não. Não, essa parte pelo menos correu bem. As coisas com Roman?" Henry deu de ombros. “Ainda não está resolvido. Muito do que acontece a seguir depende das medidas adotadas por John, que dependerão de você querer ou não apresentar queixa contra ele.” Eu pisquei. "Porque..." "Porque ele atirou em você." Henry apontou para o meu ombro. "Você não pode ter esquecido." "Não, claro que não, é só que..." Eu tentei limpar minha cabeça e me concentrar. "O que acontece se eu apresentar queixa?" “Você teria um bom argumento para agressão, pelo menos na superfície. Se ele tivesse que procurar um advogado de defesa, eles poderiam cavar, e isso poderia revelar algumas verdades desconfortáveis sobre como você realmente chegou aqui, se não tomarmos cuidado.” Certo, porque eu meio que forcei minha entrada no complexo. “Se John fosse condenado, perderia a custódia de seus filhos e seria jogado em uma penitenciária federal. Duvido que um dia ele sairia de lá. Nós teríamos um novo guardião." Bom, nem pensar. "Eu não vou apresentar queixa." “Ward... Você tem um bom caso. Ele não deveria ter atirado, muito menos de uma maneira que colocou você assim em perigo." "Não estou dizendo que não acho que ele seja imprudente e provavelmente precise de um bom psiquiatra para conversar sobre os problemas de confiança que ele tem" - e todos os outros problemas que surgiram durante a maior parte de sua vida isolados - "mas não vou

tomar uma decisão ruim contra ele. Não muito." "Você é muito mais gentil do que eu." Apontei um dedo da minha mão boa para ele. "Mentira. Você faria o mesmo se ele atirasse em você." "Eu já estaria curado se ele tivesse atirado em mim." "Eu não vou tirá-lo de seus filhos, Henry", eu disse calmamente. "Não assim. Isso traumatizaria todos eles pelo resto de suas vidas. O que vai acontecer com Genna?" Henry deu de ombros. “Se você não apresentar queixa, nada. Formalmente, pelo menos. Eu imagino que ela irá para a faculdade." "E quanto a ela e Roman?" “Se eles estão realmente determinados a ficar juntos, ela vai esperar por ele. Seus pais mudaram de idéia quando ele foi embora, o que é o mínimo que eles poderiam fazer neste momento.” Ele apertou os lábios. "Todo esse drama e violência e acabamos voltando ao ponto que sugeri em primeiro lugar." Eu sorri. "Sim, mas agora todo mundo concorda com você." "Se você levar um tiro é o preço por isso, que se dane, estou me tornando um tirano." "Sam nunca deixaria você se tornar um." Foi a vez dele de sorrir. "É, eu sei." Ele olhou para o relógio e seu sorriso se transformou em uma careta. "Preciso ir logo." Oh merda, eu tinha esquecido sobre a sua missão. "Vai... Embora? Já?" "Não, não vou sair do complexo." Fiz uma careta. "Mas suas ordens-" “Invoquei a cláusula de soberania. Eles terão que tentar me arrastar para fora daqui para me fazer ir embora. O que eles devem fazer, em cerca de meia hora." Ele pegou minha expressão chocada e continuou. "O que,

você pensou que eu te deixaria aqui assim?" "Você... Poderia." Eu não queria que ele quisesse, mas sobreviveria sem sua presença reconfortante. Eu sobreviveria sem vê-lo ensinar Ava ou vê-lo interagir com as outras crianças, sem compartilhar refeições e um quarto e uma cama com ele, sem tocá-lo ou sentir ele me tocar de volta, e vê-lo parecer tão emocionado com a experiência como eu. "Eu não vou." O calor em seus olhos era inconfundível, e eu me inclinei em direção a ele sem perceber que estava fazendo isso, finalmente estremecendo quando meu ombro danificado levantou do colchão. A dor me focou. "Merda, espere, eles estão vindo para fazer você ir?" "De acordo com as últimas cinco mensagens do coronel Hill, sim. Mas não se preocupe, não vou deixá-los ir atrás de você também." "Pro inferno com isso." Eu imediatamente coloquei minha mão boa na cama e comecei a me levantar. Henry praticamente pulou e ficou em pé, as mãos pairando sobre mim como se não soubessem onde tocar. “Você não pode se levantar. Você levou um tiro!" "Águas passadas. Faz 24 horas. Eu aguento." Eu não estava tonto e não parecia que estava prestes a cair de novo, mas a dor no meu ombro também não era insignificante. Cerrei os dentes e tentei balançar os pés debaixo do cobertor, depois parei quando percebi que tinha um cateter. “Chame o Tennyson. Preciso que ele me solte." "Ward." Henry resolveu colocar as mãos em meus quadris como se fosse um alvo, pressionando as duas mãos quentes firmemente contra as cristas da minha pélvis. Tentei não deixar transparecer como era bom. "Você precisa ficar na cama, pela sua saúde." “Eu preciso estar com você, pelo bem da nossa matilha. O coronel Hill precisa ver que você tem apoio", insisti. "E que tipo de apoio você seria se caísse na neve assim que ele chegasse?" Eu sabia que ele não queria ser cruel, mas não parecia assim no

momento. Eu fiquei em silêncio, e ele olhou para mim antes de suspirar profundamente. "Merda, me desculpe. Isso não foi... Só estou preocupado com você, Ward." "Posso falar o mesmo de você." Ele apontou para o meu ombro enfaixado. "Mas não estou me recuperando de um enorme trauma físico." "Não, apenas um emocional", eu respondi, e ele desviou o olhar primeiro. “Você está tentando me proteger, eu sei. Mas eu sou a razão pela qual Hill está vindo atrás de você agora. Não posso deixar você para lutar sozinho nessa batalha." Afastei as objeções que sabia que estavam por vir. “Eu sei que você tem Sam e Liam, e as coisas estão melhores com o bando agora, mas não são eles que tem cuidado de você ultimamente. Sou eu. E vou continuar fazendo isso, e isso significa não deixar você encarar alguém que está muito feliz em abusar de você sem ter nenhuma consequência, sem eu estar lá para apoiá-lo." Peguei uma de suas mãos nas minhas. "Eu quero fazer isso. Eu preciso." Henry olhou para mim como se estivesse tentando pegar minhas palavras do ar e dissecar o significado delas. "Por quê?" ele perguntou em voz baixa. "Porque somos parceiros. Não somos? Nós... Olha, nós gostamos um do outro, certo?" Deus, por que meu vocabulário teve que descer para o ensino médio bem quando eu tentava falar sério? “Talvez, talvez mais do que isso, para mim. Eu quero estar ao seu lado quando você enfrentar Hill, porque se ele te tirar, se ele tentar te tirar..." Oh merda, eu estava à beira de um ataque de pânico de novo? Respirei fundo e fiz o meu melhor para forçar a ansiedade de volta. "Você é meu", rosnei. "E ele não pode te tirar de mim sem brigar." Sabia que ameaças de um cara ferido e doente com um tubo de plástico no pau não eram muito eficazes, mas Henry sorriu como se eu tivesse entregado a lua a ele. "Você está ficando territorial comigo, Ward?" "Sim." Empinei meu queixo um pouco. "Você tem algum problema com isso?"

"Nenhum!" Para alguém que havia falado com seriedade há menos de um minuto, sua alegre reviravolta era um estonteante. “Que tal um acordo? Em vez de eu sair para encontrar Hill sozinho ou você vir comigo, ficaremos aqui. Juntos." "Você pode se agarrar à minha cama quando eles tentarem arrastá-lo para fora." "Ela tem rodas, Ward", Henry apontou com um sorriso. "Não seria difícil arrastar você comigo." "Bom", murmurei. "É isso que eu quero." Henry balançou a cabeça. "Você é louco, mas acho que os opostos se atraem." "Tanto faz. Você é dez vezes mais louco do que eu." "Louco por você, talvez." Pelo que me lembrava do resgate, ele realmente estava meio que insanamente protetor comigo. Pela transformação dele, ele estava mesmo super protetor. "O que você-" Houve uma batida na porta e, um momento depois, Sam entrou. "Desculpe interromper", disse ela, "mas as câmeras estão mostrando um veículo vindo pela estrada, Henry". Ele ficou tenso, mas não soltou minha mão. "Só um?" "Só conseguimos ver um. E é de Springs." “Ele pode ter agentes em posição em outras direções. Peça a Liam para ficar de olho no resto da cerca, mas direcione quem estiver no veículo para vir aqui.” A testa de Sam franziu. “Na clínica? Henry, o que-" “Ei, não é minha ideia. Ward está me obrigando." Eu revirei os olhos. “Seu bebê crescido. Sério, Ava tem mais maturidade que você."

"Não sei se é uma boa ideia deixar Hill te ver tão..." Sam procurou a palavra certa até Henry intervir. “Enfeitiçado? Obcecado? Apaixonado?" "Vulnerável", disse Sam, mas sua alegria superou sua preocupação por um momento. “Oh, apaixonado? De verdade?" Henry corou. Era a coisa mais fofa do mundo, um lobo crescido corando, e eu ia provocá-lo por isso mais tarde. Por enquanto, porém, tive piedade. "Ainda estamos trabalhando nos detalhes, mas queremos apresentar uma frente unida." "Faz todo sentido." Sam assentiu em aprovação. “Uma matilha é sempre mais saudável com um segundo alfa para ajudar a suportar o peso, e eu realmente não me encaixo nesse perfil atualmente. Fez bem. Eu vou deixar todo mundo saber. Eles ficarão emocionados! Ward, belisque suas bochechas" acrescentou ela quando se virou para sair. "Coloque um pouco de cor neles, para que Hill não pense que você está morrendo." Eu virei um olhar vazio para Henry, que parecia... Meio que atordoado. “Um alfa? Eu?" Balancei a cabeça. "Olhe para mim!" "Não, ela está certa sobre essa parte." "Mas eu sou humano!" "Sam é o meu segundo em comando desde que assumi o cargo", ressaltou. "Ela também é humana." "Mas não me sinto alfa." Ele inclinou a cabeça um pouco. "Como um alfa deve se sentir?" “Eu não sei... Poderoso? Sob controle? Mandão?" Henry sorriu. "Você manda em mim o tempo todo sem nenhum problema." "Isso é diferente." "Eu não vejo dif-" Henry enrijeceu e virou a cabeça em direção à porta. “Sam está voltando. Alguém está com ela."

Eu lutei contra o pânico novamente. "Coronel Hill, eu acho." "Não. Não reconheço os batimentos cardíacos deste homem. E Hill nunca viria tão para dentro no complexo sozinho - ele teria seus homens com ele para ajudá-lo a me intimidar. Ele disse que viria, no entanto. Isto é estranho." A mão de Henry se contraiu na minha, como se ele quisesse brotar garras e não fizesse isso por pura força de vontade. "Não sei quem está vindo. Não sei o que é isso." Apertei sua mão o mais forte que pude. "Então vamos descobrir juntos."

CAPÍTULO 22

Henry Eu não sabia o que esperar quando Sam e seu acompanhante entraram no quarto, mas não era um homem de pele escura vestindo blusa azul com uma folha de carvalho prateada em cada ombro. O batimento cardíaco da minha irmã estava completamente calmo, o que foi outro choque. A maior surpresa, no entanto? A maneira como Ward ofegou quando viu o homem, depois se endireitou e estendeu a mão para ele. "Davis!" "Ward! Droga, o que eu te disse sobre evitar guardiões?" O homem imediatamente se aproximou da cama e pegou a mão de Ward, indo contra a repreensão que acabara de dar. Não que Ward parecesse muito repreendido. Então ele sorriu amplamente. “Você me disse para não olhar o alfa nos olhos também. Diria que você estava cinquenta por cento certo. Mas que diabos você tá fazendo?" "Salvando você, seu porre", disse ele, depois olhou para mim pela primeira vez. "Ou melhor, salvando você, Major Dormer." "Eu apreciaria uma explicação", respondi, tentando manter o rosnado fora da minha voz, mas não foi fácil. Eu estava esperando uma briga, verbal, no mínimo, possivelmente física. Minha adrenalina ainda estava alta, mesmo que a ameaça fosse neutralizada. Além disso, ele ainda estava segurando a mão de Ward. Não era realmente o meu lugar deixar isso me irritar, mas fiquei de qualquer jeito. "Onde está o coronel Hill?" “Ele está atualmente sob investigação por supostas associações com grupos de ódio contra lobos. Ele foi removido do comando da Agência de Assuntos de Shifter enquanto aguarda seu julgamento." Fiquei sem palavras, mudo. Sam deu a volta na cama e colocou a mão no

meu ombro, apertando suavemente. "Como?" Eu consegui falar depois de um momento. “O servidor de email dele parece ter sido invadido. Cópias de sua correspondência foram enviadas a todos os generais do Pentágono, bem como a todos os demais oficiais que trabalham com a ASA.” Davis deu de ombros. “O vazamento de informações é lamentável e está sendo investigado por seus próprios méritos, mas é inaceitável permitir que alguém com a visão do coronel Hill ordene lobos no campo. Todo o departamento está passando por uma reorganização maciça.” Ward ainda estava sorrindo. "Eu creio que foi assim que você foi promovido, huh?" Davis bufou. “Os comandantes estava implorando para que a pessoa que tomasse esse lugar, não iria se assustar na primeira vez que um lobo mostrasse as presa para eles, e eu estava procurando uma maneira de fazer check-in e garantir que você ainda estivesse vivo. Dupla vitória. Ainda assim, o cargo é apenas como diretor provisório. Ainda não sou responsável pelo lugar, pirralho." "Você será." Eu tive que interromper. "Isso significa que minha missão na Ucrânia foi cancelada?" Davis assentiu. "Sim. Também estamos cuidando com muito cuidado de todos os nossos agentes ativos, para que possamos reavaliar como cada alfa está lidando com seus deveres e qual deve ser o próximo passo. Você está de licença por tempo indeterminado, major." Isso parecia bom demais para ser verdade. "Temos que justificar nosso status de protegidos." Sam e Ward franziram a testa, mas eu persisti. “Essa tem sido a linha do partido há décadas. Não me diga que mudou agora só porque Hill era um idiota." "Olha, não vejo o futuro melhor do que o que você vê", disse Davis. “Mas não estou mentindo sobre a reorganização que está acontecendo. Rochas estão sendo derrubadas. Almas - e contas de email - estão sendo revistadas. Muitas pessoas foram mantidas no escuro sobre certas

práticas permitidas e encorajadas pelo Coronel Hill que agora estão ficando loucas por isso. As coisas estão mudando e, da minha parte, farei o possível para garantir que todos os membros da ASA, sejam lobos ou humanos, recebam tudo o que precisam para fazer o melhor trabalho possível, em vez de lutar pelo básico.” Ele soou - cada parte dele, voz e coração - completamente sincero. “Eu estive lá fora. Eu já vi o que você faz, como trabalha." Ele ficou atento e me saudou. "Obrigado por seu serviço, Major Dormer." Eu não conseguia nem falar. Era muito, muito longe de tudo que eu estava esperando. Depois de um momento, saudei de volta e ele relaxou. Sam, percebendo meu estado, entrou em cena para mim. "Por que você e Ward não conversam por um tempo?" ela sugeriu a Davis, me pressionando para me levantar "Vou alimentar esse aqui e trazer de volta um almoço para vocês dois, e Ava provavelmente está pronta para ver o pai dela novamente." “Ava mudou? Que ótimo!" O rosto de Davis se abriu com um sorriso, e eu me senti melhor em deixar Ward sozinho com ele. Um pouco melhor. Eu me senti ainda melhor quando Ward me puxou para perto, colocou a mão na parte de trás do meu pescoço e me beijou. Ele ainda fedia a antiséptico e estresse, mas seus lábios eram as coisas mais suaves que eu já havia tocado, fechei os olhos e me inclinei para o abraço, ainda cuidadoso por causa de seu ombro. Quando nos separamos, ele parecia atordoado. Eu o beijei novamente por isso, rápido, mas gentilmente, depois me afastei. "Voltaremos em breve." Quando saímos, eu podia ouvir a cama estalar quando Davis estava sentando nela, o murmúrio baixo de suas vozes começando, mas eu me esforcei para não ouvir. Sam passou a mão em volta do meu braço quando saímos para o sol de inverno, e mesmo estando frio, eu me senti inundado de calor e luz. "Como você fez isso?" Eu perguntei baixinho quando começamos a ir para nossa casa. “Liam usou o carro de Ward como um uplink e invadiu a conta de Hill. Ele também invadiu os relatórios confidenciais de pós-missão para as últimas doze missões ativas e destacou os achados médicos, com a ajuda

de Tennyson.” Ela deu de ombros casualmente. "Tudo em poucos meses de trabalho." Espera um pouco. "Meses?" Ela me cutucou com o quadril. “Você não achou que minha lua de mel não passava de bebida e putaria, não é? Por que você acha que escolhi a Virgínia e não as Ilhas Virgens? Nós estávamos trabalhando o tempo todo." "Eu não queria pensar sobre isso", eu disse com perfeita honestidade. “Mas Sam... Isso é incrível. Obrigado." “Sem chance que eu ia perder você. Eu nunca vou te perder, Henry." Lá estava ela, toda a ferocidade e amor que eu via desde que voltei, mas não o sentia. Senti agora, porém, e dei um beijo agradecido no topo de sua cabeça enquanto caminhávamos. A casa estava quente, e eu podia ouvir Liam, Tennyson e Ava conversando na cozinha. Sam foi na minha frente, chamando o marido para tirar meu prato do forno enquanto ela passava. Inclinei-me para desamarrar minhas botas, grato por um momento para mim mesmo. Em um minuto, eu iria me juntar à minha família para almoçar. Eu conversaria com meu cunhado e agradeceria a Tennyson, brincaria com Ava e levaria comida para Ward e Davis. Eu teria que descobrir o que estava acontecendo entre Ward e eu. Eu teria que checar minha matilha, cada um deles, e conversar com Davis e John sobre o que aconteceria depois com ele e sua família. Eu teria que ver como Roman e Gerald estavam se saindo e agradecer a Peggy por sua ajuda. Uma longa lista de deveres, responsabilidades e privilégios se estendia à minha frente e, pela primeira vez em muito tempo, eles não me encheram de medo ou ansiedade. Eu tinha um futuro novamente e estava cheio de esperança.

EPÍLOGO

Ward A primavera tinha acabado de começar e as noites ainda eram desconfortavelmente frias, mas Henry gostava de dormir com a janela aberta, então me acostumei ao nosso quarto estar um pouco frio. Na verdade não importava. Eu ainda estava deliciosamente quente, encolhido contra Henry e debaixo de seu braço. Ele nem se importou quando eu empurrei meus pés gelados entre suas panturrilhas, apenas me puxou para mais perto com um suspiro silencioso. O céu estava começando a clarear. Raios cinzas estavam vindo atrás das árvores logo depois da nossa janela, e era um fim de semana, então nenhum de nós tinha qualquer motivo para se levantar ainda. Era perfeito. Virei meu rosto contra o peito de Henry e o beijei ali, e recebi um rosnado estridente de contentamento como meu prêmio. Eu adorava fazê-lo rosnar, era como fazer um gato ronronar. Eu fiz isso de novo e de novo, até que ele abriu os olhos e piscou para mim. "É melhor você parar com isso antes que comece algo que não vai gostar", ele sussurrou. "Talvez eu esteja tentando começar alguma coisa." Meu peito estava limpo, meu ombro não doía mais, eu dormia bem e estava com tesão. Além disso, Henry adorava sexo matinal, então… "Ah é?" "Não." Eu fiz uma careta - não era um beicinho, não importa o que Henry dissesse. "Por que não?" "Porque estamos prestes a ter companhia." "Oh meu Deus." Esta seria a terceira vez nesta semana que Ava invadia nosso quarto. Logo após sua primeira mudança, quando eu ainda estava

machucado, ela insistiu em dormir aqui - em uma cama separada, pelo menos - mas nós tínhamos trabalhado com ela o suficiente para que ela estivesse bem em ficar em seu próprio quarto à noite agora. As manhãs eram uma história totalmente diferente. O psiquiatra com quem consultamos disse que ela tinha medo de abandono, e que tempo e paciência eram as melhores curas. Isso era indubitavelmente verdade, mas eu ainda desejava que minha filha tivesse idade suficiente para lidar com uma porta trancada, merda. "Aí vem ela." Ouvi a maçaneta girar e o som de pezinhos entrando quase silenciosamente no quarto. Henry colocou o cobertor um pouco mais perto de mim, sentou-se e literalmente levantou Ava do chão quando ela pulou para a cama. Ele rosnou fingindo estar feroz, e ela riu até que eu pensei que seus pulmões iam ceder. "Você não deveria me pegar!" "E você não deveria pular no seu pai, então é uma coisa boa que eu peguei você." "É mais divertido quando você não me pega." "Ferir meus rins não é divertido, bebê." Eu me sentei e tirei o cabelo do meu rosto - eu precisaria de um corte em breve, estava ficando muito longo. "Papai!" O rosto de Ava se iluminou quando ela me viu, e Henry a passou para mim. Ela se aconchegou para um abraço, e parecia que meu coração estava iluminando por dentro. Eu beijei o topo de sua cabeça e suspirei de alívio. "Eu quero panquecas." E lá estava ela. "Ainda não é hora do café da manhã, Ava." "Mas eu estou com fome!" "Então você pode descer e pegar uma maçã ou pêra." Essas foram as frutas frescas mais fáceis de transportar no início da temporada. Eventualmente, teríamos pêssegos e damascos Western Slope, que, segundo Henry, eram incríveis, mas ainda não era época.

Ela colocou as mãos em ambos os lados do meu rosto. “Mas papai, só tenho fome de panquecas. Com gotinhas." Gotas de chocolate, naturalmente - Ava tinha alguns desejos curiosos, mas ainda não 7 estávamos no ponto em que ela queria batatas fritas de verdade misturadas em sua massa de panqueca. "Acho que estamos sem gotinhas, bebê." Ela franziu a testa. "Não." "Temo que sim." "Mas Papai!" Ela conseguiu envolver uma quantidade incrível de indignação em seu protesto. "Receberemos outra remessa em uma semana." Ava gemeu e caiu de volta na cama. "Não posso esperar uma semana por panquecas. Minha barriga vai morrer de fome!" "Bem, não podemos deixar isso acontecer." Henry se inclinou ao lado dela. "E que tal panquecas comuns-" Ele fez uma pausa para um breve gemido de descontentamento da minha pequena lhama dramática. "enrolada em salsichas?" Ava abriu os olhos. "Salsichas da tia Sam?" "Sim." "Ela fará para nós?" "Ela ainda está dormindo, mas se você comer um pedaço de fruta como lanche, em breve seu pai e eu estaremos prontos para acompanhá-la e tomar o café da manhã. Gosta da ideia?" "Sim, por favor!" Ela se inclinou e beijou primeiro a bochecha dele, depois a minha, depois rolou direto para trás da cama. Eu a alcancei, embora soubesse que ela iria cair de pé - sempre caia. Se eu não soubesse que ela era um lobo, eu juraria que ela era meio gata. "Seja rápido, papai!" Ela correu para a porta, sem lembrar de fechá-la, e agora era minha vez de cair na cama com um suspiro.

"Já era nosso sábado preguiçoso." Henry acariciou o meu peito, os dedos demorando contra a minha caixa torácica. “Você não teria tido um dia preguiçoso de qualquer maneira. Você precisa dizer a Gerald como deseja que as coisas sejam construídas para a apresentação da polia na segunda-feira." Eu sorri presunçosamente. "Fazer dele minha cobaia de demonstração científica foi a melhor coisa de todos os tempos." Isso me colocou em uma posição mais sólida na hierarquia da matilha e deu a Gerald uma maneira mais pequena de compensar o fato de que ele havia perdido um desafio, perdido o status e quase perdido a família de uma só vez. As coisas não eram perfeitas. A matilha ainda estava tentando descobrir como lidar com um alfa mais envolvido, e nosso relacionamento recebeu algumas caretas de alguns dos membros "tradicionais" da matilha, mas ninguém pediu para sair. Fazia seis meses e Henry havia sido enviado em uma única missão de duas semanas em terreno familiar. Davis, que agora estava permanentemente em Colorado Springs, nos visitava com frequência, às vezes para conversar comigo, mas com mais frequência para passar um tempo com Tennyson, que - eu não sabia o que estava acontecendo lá, mas gostava. Era um desafio, mas era a minha vida. Eu tinha minha filha, meu parceiro e uma matilha para cuidar. Eu ensinei, aprendi a cozinhar grandes quantidades de comida e agora tinha mais amigos do que nunca. Eu estava contente. Eu estava feliz. E eu ainda estava com tesão, e agora que Ava estava lá embaixo fazendo um lanche... Coloquei minha mão na de Henry e empurrei-a um pouco mais abaixo no abdômen. “Você quer tomar um banho? Isso economizará tempo." "Sim, com certeza vai." Ele se inclinou e me beijou, e eu passei meus braços em volta do pescoço dele e o abracei. "Claro que vai."

Fim

Notas

[←1] National Public Radio (Rádio Pública Nacional) é uma organização de comunicação social, sem fins lucrativos e de titularidade pública do governo dos Estados Unidos. A NPR produz e distribui programas de informação e culturais.

[←2] Pin Pad é um dispositivo eletrônico utilizado para entrada de senhas.

[←3] Paul Bunyan é um lendário lenhador gigantesco que aparece em alguns relatos tradicionais do folclore dos Estados Unidos.

[←4] é a relação de planos sensoriais diferentes: Por exemplo, o gosto com o cheiro, ou a visão com o tato. O termo é usado para descrever uma figura de linguagem e uma série de fenômenos provocados por uma condição neurológica.

[←5] Nome de uma loja que vende produtos para decoração de ambiente.

[←6] White Hatter são por assim dizer os hackers “bons”, muitos trabalham pro governo ou para empresas buscando falhas ou brechas nos sistemas a fim de melhorá-los.

[←7] Por que “chips” em inglês significa batata frita e ela fala “chocolate chips”.