O Homem Federal

Table of contents :
Prefácio:
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV

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“Dedico este livro a todos os meus amigos e familiares que me ajudaram durante o caminho para o esclarecimento o qual percorri até o fim: um homem federal."

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José Eugênio Soares (Jô Soares) O HOMEM FEDERAL

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Sumário Prefácio:.....................................................................................................................................................5 Capítulo I....................................................................................................................................................6 Capítulo II..................................................................................................................................................8 Capítulo III.................................................................................................................................................9 Capítulo IV...............................................................................................................................................11

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Prefácio: Não foi fácil decidir entre publicar esse livro ou manter tal conhecimento aqui registrado para um seleto grupo de pessoas. Penso que um livro deve ser feito somente por uma razão digna, um livro não deve ser publicado somente por capricho; o livro tem um papel transformador e crítico perante uma sociedade, melhor dizendo. Um livro deve transformar à sociedade à medida que transforma a mentalidade presente na mesma. Um livro menor transforma um indivíduo ou grupo, um livro maior pode transformar até mesmo uma sociedade, mas um livro federal tem a possibilidade de mudar a humanidade em si. Sem modéstias, o que pretendo com esse livro é transformar a humanidade; mas, caso isso não seja possível, ele transformará de tal forma à vida de indivíduos específicos que, garanto, a leitura não será em vão. Os conhecimentos adquiridos nesse livro já eram conhecidos por muitas pessoas do passado: no tempo devido isso será explanado. Mas devo primeiro falar sobre como eu consegui informações suficientes ao ponto de tornar-me um homem federal, pois não se nasce um homem federal, essa condição é conquistada com muito esforço, estudo e informação. Como toda história tem início e fim, devo lembrar isso pelo começo, assim ficando mais fácil, esse livro tem grandes partes que são feitas em base com relatos que são autobiográficos, mas não é uma autobiografia, todas as informações aqui apresentadas servem para ajudar o homem que almeja à transcendência a transformar-se a si mesmo no homem federal, embora o livro não siga uma linearidade específica, eu pretendo começar a história do começo, mesmo que a história jamais tenha um fim. Delonguei-me o bastante, então vamos para a história em si.

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Capítulo I Imagine uma criança em uma família comum, exceto por algo que a criança até então não entendia. Por que sua família parecia estar mais feliz que as outras? Sua mãe sorria muito mais em comparação com as mães dos amigos de escola, suas notas eram ótimas por ele ter tido muito acesso à educação, seu pai sempre lhe ensinava com maestria os assuntos da escola. Ele reconhecia em seu pai um herói por saber tudo o que mesmo a professora teria dificuldade em ensinar. Porém, por vezes ele estranhava por que sua mãe sempre convidada para o jantar umas mulheres que ele considerava um pouco diferentes, ele não sabia por que também depois do jantar seu pai ia ao quarto com as mulheres enquanto sua mãe o distrair com muitas brincadeiras. Algumas horas depois, precisamente às onze e meia, seu pai saia do quarto junto com a mulher, sua mãe lhe dava um beijo e a criança então era convidada a dormir. Por vezes a mulher ficava em casa para dormir até o outro dia, por vezes a mulher insistia que precisaria ir embora, pois outros lares precisavam de sua ajuda. Quase sempre com um discurso em tom de: “Tu o sabes, federal, que outros homens federais necessitam de engolir gotas de sabedoria, força e masculinidade, a jornada que enfrentamos não é mera frivolidade. Somos semeadoras das virtudes que movem os eleitos da sociedade que podem consumir o elixir da felicidade. portanto por hoje não poderei ficar. Preciso atender hoje a duas famílias. Uma delas, particularmente, está com o casamento quase desfeito por falta de energia, da semente de alegria”. .:. Com o tempo, a criança percebe que as mulheres que ele considerava estranhas tinham na verdade uma grande participação na alegria familiar. Por vezes o pai entrava com as mulheres para o quarto para seções de energização que duravam horas, por vezes uma mulher pedia que o pai e a mãe comparecessem à sessão. Algumas outras vezes, apenas a mãe e as mulheres entravam para o quarto, enquanto o pai cuidava da criança. A decisão sobre quem poderia entrar ou não no quarto pertencia às mulheres convidadas, seu pai sempre obedecia ao que elas diziam, segundo ele mesmo dissera outrora: “Filho, essas mulheres tem sabedoria e prática além do comum, um dia eu te ensinarei a base disso e você as estudará. Cada corpo é um universo, cada um universo são tantas descobertas que uma criança não entenderia, agora mesmo, uma dessas mulheres está ensinando algo para sua mãe, por isso sua mãe está gritando e podemos ouvir mesmo que o quarto seja vedado contra sons. Nosso quarto teve que ser vedado contra sons para que nossas sessões não sejam atrapalhadas por barulhos externos, pois eu considero completamente necessário a concentração absoluta na revitalização da própria alma dos homens do futuro”. Nem sempre apenas uma mulher iria para a casa da criança, muitas vezes duas mulheres estranhas, três e até mesmo cinco delas apareceram na casa certa vez. Meu pai parecia radiante no dia seguinte a este fato. Ao observar o pai no dia seguinte, o garoto percebia que o pai parecia refletir a luz do Sol no domingo de manhã. O pai estava com um cheiro estranho: ao perguntar, o pai respondeu que estava com o cheiro da felicidade impregnado em todo o seu corpo e que, portanto, não poderia tomar banho.

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“Filho, se alguém lhe pedir um dia que se lave a felicidade de seu corpo, não aceite. A felicidade que está impregnada em cada poro seu permanecerá até que você decida tirá-la, só você deve controlar a felicidade que a ti pertence” disse o pai em resposta ao cheiro estranho e ao estranho aspecto de sua pele naquele domingo. Sua mãe sorriu e a criança percebeu algo que não tinha reparado, aquela mulher amava muito aquele homem, mas, além disso, ela o respeitava, ela tinha orgulho muito grande por ter aquele homem como o chefe da casa. Nesse momento a mulher tira mais um copo com um líquido estranho da geladeira e dá ao pai da criança. “Eu guardei tudo o que caiu de ontem em copos, assim seu dia será perfeito”. Ela sorri e coloca um pouco de líquido na boca e beija o pai da criança, passando o líquido entre ambos e um pouco dele descendo pela boca de ambos. O pai do garoto então diz que a mãe do garoto é uma mulher federal e esclarecida, “não fosse por toda a noite anterior, eu lhe faria mais um filho agora”. Por vezes o pai viajava na companhia dessas mulheres e voltava dias depois, a mãe do garoto o recebia sempre com muito orgulho no rosto.

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Capítulo II Estes foram os eventos que se sucederam ao longo de minha infância. O garoto (isto é, eu) cresceu num lar amoroso e feliz. Como diz o Eclesiastes, o leite derramado no lar é o que melhor alimenta a criança. Só pude entender a sabedoria desta sentença tardiamente: ao sair do lar, o diabo vendeu-me pus como se fosse o leite domiciliar, e logo adoeci moralmente. Como exatamente isso ocorreu? José Carlos e eu tínhamos 12 anos. O pai de José Carlos, Sr. Antônio, era um homem de algumas posses na área rural de Campinas e frequentemente fechava negócios com meu pai, representante comercial de um mercado na área urbana da cidade. Os negócios entre os dois fez com que uma amizade florescesse, e logo ambos estavam compartilhando dos mesmos interesses. Aquelas mulheres boas passaram a frequentar a casa do Sr. Antônio, que de imediato se tornou um homem mais ativo, forte e melhor em seu trabalho. Tão logo a família começou a enriquecer, decidiu-se mandar o filho, Zé Carlos, estudar fora do país. Meus pais pensaram ser esta uma boa ideia e me matricularam no mesmo colégio que o Zé, o tradicionalíssimo Coeur DeLa Mère Chrétienne, na Suíça, que era um os colégios mais prestigiados do momento. Apesar de ser um internato cristão conservador, confesso que tal experiência foi muito gratificante em certos aspectos. O ensino, de alto padrão, me colocou à frente dos estudantes brasileiros de mesma idade, o que permitiu um rápido ingresso no curso superior. Mas não o ensino superior que importa agora. Este trabalho de memórias exige a escavação do período doce, mas conturbado, que foi a vida na Suíça. Naquele ano, ingressaram no internato mais dois estudantes brasileiros, o outro mexicano, o Miguel, que em breve serão devidamente apresentados. Lembro-me de que na primeira noite nos foi servido um verdadeiro banquete: o prato inicial era um Velouté à la Champenoise, sopa cuja cremosidade eu só sentiria na boca outra vez depois de transcender minha condição de homem comum; seguiu-se uma salada Niçoise de atum, com dois ovos de codorna bem duros; o prato principal fora um Filet Au Poivre, com bastante creme de leite por cima e, por fim, o chá de camomila, acompanhado de um biscoito Maria. Eu realmente não esperava que os monges nos fossem tratar com tanta amabilidade e cuidado. Fui para meu dormitório feliz como nunca. Mas então os meses se passaram. Eu chorava constantemente por conta do meu francês sofrível. O rigor dos professores era altíssimo; eu mal conseguia entender o que diziam, como eu poderia entender a matéria? O pior veio em seguida: o inverno europeu. Certa noite, não suportando o frio, e em meio a inúmeros gemidos e lágrimas, Zé Carlos me chamou para partilhar o leito dele. Isso não poderia estar certo, pensei: era abominação, como diziam os monges. O frio era tanto e tão insuportável, que não pude evitar: deitei-me com Zé Carlos. Não irei negar: o calor de seu corpo me aliviou naquela noite terrível. Senti seus braços quentes me envolvendo, e deixei, afinal, no meu pensamento, eu já havia cometido um pecado. Minha inocência não entendia que o coito deveria consumar-se para o pecado existir: eu nem sabia o que era isso, sabia apenas que “deitar-se” com outro homem era um erro. Assim sendo, aceitei despreocupadamente as investidas de Zé Carlos. Quando seu pênis roçou em minhas nádegas, nada afirmei e nada pensei. Apenas depois de dez anos pude descobrir o quão homossexual fora meu ato. O Diabo derramava seu leite em mim.

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Capítulo III Eu ainda era muito jovem na época, tinha me mudado para a Suíça com pouca idade e experiência de vida. Por volta dos meus 14 anos, vivia uma rotina muito diferente dos meus amigos no Brasil daquela época. O estilo de vida europeu abria-se diante da minha juventude inconsequente e curiosa, e eu, passava os dias a explorar tudo que o destino colocava no meu caminho, como um menino numa loja de brinquedos. Fui para lá pouco depois da queda de Hitler e da derrota da Alemanha nazista. A Europa florescia novamente, a guerra tornarase uma realidade distante e o futuro parecia promissor. Haviam festas todas as noites, mesmo com a neve, mesmo depois de uma longa segunda-feira de trabalho e estudos. Mas para mim, o que realmente importava não eram as festas, as quais eu nem poderia participar devido a rigidez imposta à mim, mas sim a história e a vasta cultura da região. Apesar disso, mesmo após 2 anos da minha mudança para a Europa, ainda não havia me acostumado completamente com o frio congelante e com os dias que mais pareciam noites. Eu lembrava com saudades e um aperto no peito dos meus dias quentes e aconchegantes da minha cidade natal, a cidade do Rio de Janeiro. O frio no entanto, não era a única coisa que me tirava o sono e que me causava uma leve sensação de peso nas costas. Havia algo mais. Era demasiadamente jovem para perceber os sinais sutis que a vida já começava a me mandar. Apenas um garoto no início da sua puberdade, com muitas dúvidas e inseguranças. Era muito cedo, mas no fundo, já sabia que aquela sensação não era algo comum, não parecia que meus amigos passavam pela mesma coisa. Ah, os meus amigos, bem lembrado, vou falar um pouco mais sobre eles. A maioria fazia parte de um grupo de sul-americanos, como eu, que foram mandados para a Europa em busca de melhores condições de ensino e experiência de vida. Todos meninos. Outros tempos aqueles, meninos para um lado, e meninas para o outro. Me lembro de um dia, pouco após o termino do ano letivo, quando Zé Carlos e eu andávamos pelas ruas escuras de Zurique em busca de algum lugar para tomarmos uma bebida quente e jogarmos conversa fora. O caminho do nosso alojamento até o centro da cidade não era longo, porém um tanto quanto cansativo devido ao enorme peso dos casacos, cachecóis e toda a sorte de acessórios para nos proteger do frio implacável. Quando nos aproximávamos de um pub, perto de algumas casas abandonadas e escuras, percebemos uma figura em meio à escuridão e entulhos das residências mal cuidadas. Aproximando-se com cautela, percebi que havia fogo e uma espécie de cama improvisada onde estava deitado um homem na faixa dos 30 anos. - Joe, vamos sair daqui, o pub é logo ali na frente e o frio está de matar! – Disse Zé Carlos para mim. Eu, porém, estava curioso com a cena a minha frente, não era comum ver mendigos ou pedintes naquela cidade. Após contemplar a cena por alguns instantes e não perceber nenhum movimento do homem deitado, decidi me afastar e seguir rumo ao pub, porém, quando fiz o movimento para me virar, escuto um chamado: era o homem.

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Chamei Zé Carlos e nos aproximamos daquela estranha figura, que logo começou a falar. A princípio o homem pediu por um pouco de comida, disse que estava com muita fome e que não comia nada há dias. Eu não estava muito inclinado a ajudar, queria ouvir a história daquele homem primeiro, então pedi para que ele contasse quem era e o motivo de estar ali. Depois de alguns minutos falando, descobrimos que o homem deitado ali era um ex soldado que havia lutado na Guerra, e que perdera tudo em festas regadas a raparigas e bebidas. Ele então continuou, e percebendo nossa pouca idade, decidiu dar alguns conselhos sobre a vida, e principalmente sobre mulheres. Os primeiros conselhos me pareceram estranhos e desconexos, a impressão que eu tive era de que o homem não falava de mulheres, mas sim de algum ser diferente, com características diferentes das mulheres que eu conhecia. Devido ao seu forte sotaque alemão, sim, ele era um ex soldado alemão que lutou pela SS e fugiu ao fim dos combates, não pude entender direito o que ele queria dizer quando se referia as mulheres, parecia uma palavra diferente, uma palavra que só fui conhecer e entender depois de muitos anos, já de volta ao Brasil: neomulheres. Ele continuou, e tudo pra mim ficou confuso, oras, eu tinha apenas 15 anos. Decidi que deveria parar de dar ouvidos às baboseiras daquele louco e me levantei em retirada. Antes disso porém, joguei algumas moedas que não precisaria usar para o homem. Comecei a andar junto com Zé Carlos, mas o homem continuava falando. A última coisa que pude entender me deixou com uma pulga enorme atrás da orelha: “meu jovem, a curva mais bonita de uma mulher, é o pinto!” A princípio assumi que aquilo tudo era fruto da loucura causada nele pela guerra. Entretanto aquela frase ficou martelando na minha mente por muito tempo, junto com a sensação estranha que eu já sentia desde o início do meu amadurecimento.

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Capítulo IV Àquele tempo, eu era estudante do segundo ano do curso de Direito na tradicional Universidade do Brasil. A ficção nos legou caricaturas e espantalhos do que realmente é o operador das leis: comumente tido como um sujeito sisudo, moralista e apático, o jurista dos contos em nada se parece com aquilo que vi e vivi em meus anos de estudo. Ter saído de São Paulo em direção Rio constituía até aquele momento um dos feitos mais significativos da minha vida juvenil. Ali, junto a meus pares, desenvolvi o gosto pela boemia, pela vida noturna, pelo álcool e pelo tabaco. Porém, o que julgava eu ser a mais importante descoberta, os calores do leito, mal poderiam resistir ao que depois de uma distinta noite de farra se sucedeu. É verdade que para um inexperiente jovem de vinte anos não há maior delícia que sentir o aroma cítrico do perfume de uma mulher enquanto esta o aperta fortemente contra seus seios firmes; os lábios úmidos de uma jovem fortalecem seu corpo e enrijece seus músculos. A estes prazeres, no entanto, renunciei, embora com relutância, após a fatídica noite. Heitor e os outros haviam me chamado para a festa de despedida dos formandos, a qual ocorreria uma noite antes do meu exame de Direito Constitucional III. Neguei três vezes minha presença, mas Heitor disse: “será a noite do século”. Cedi. O exame poderia esperar, e, embora eu necessitasse muito dessa aprovação, já que meus pais estivessem perdendo o orgulho que tinham de mim julgando tolas e mesquinhas as namoradas eu que arranjava, pensei que ir para o mundo poderia revigorar minha autoestima e um pouco de minhas forças. A verdade é que os desejos carnais enfraquecem o homem: como escrito sabiamente no Exôdo, o sexo deve ser realizado apenas no matrimônio, para que não dispersemos nossas energias. Mesmo não conseguindo seguir à risca os mandamentos da lei de Deus, esforçava-me para manter uma vida correta. Mal sabia eu que logo encontraria a correção na curva mais bela de uma mulher: o t-grelo. Quando a festa começou, senti uma atmosfera diferente da que presenciara em festas anteriores: aqui, uma energia positiva que inspirava renovação preenchia o ambiente. Devo confessar que festas jamais me agradaram. Talvez mediante ao exemplos que tive em minhas infância, sempre preferi receber companhias no aconchego do lar, e mais, no aconchego do meu quarto. Maurício e Heitor me trouxeram bebida e cigarros; embora eu tivesse em mãos o mais fino tabaco da Virgínia, cortado em tiras e conservado com açúcares do Caribe e extrato de menta egípcia, minha atenção se voltava para as mulheres ali presentes. Não todas, é verdade, mas uma delas encheu meu peito com uma doçura fraternal, e fez-me rememorar dos tempos de garoto. Aquela mulher, cujo nome conheço apenas o profissional, assemelhava-se às que meu pai contratava para cuidar dele nas noites de convalescência. Aquela mulher, senti imediatamente, orgulharia meus pais, tiraria um peso das minhas costas e me tornaria um homem transcendente. Tentei de todos os modos estabelecer contato além do visual com aquela mulher distinta. Ela era inacessível, porém. Todos a cercavam e desejavam obter suas graças. Doçura sem par, eu me via preso entre a alegria de descobrir sua tristeza e o tormento de não pode alcançála.

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Bebi mais que de costume e adormeci no chão, abaixo das majestosas arcadas da faculdade de direito. Minha sensação inicial a respeito daquela noite não poderia estar mais enganada. Como passasse da meia-noite tive de ir a pé, pelas vielas pouco iluminadas, num tempo, entretanto, em que a Cidade Maravilhosa era ainda segura. Foi aí que minha noite virou de pernas para o ar. Ao me aproximar da Rua do Ouvidor, senti um aroma aprazível, muitíssimo semelhante àquele notado em meu pai após as noites de revigoração. Tal aroma me atraiu a um beco escuro, onde pude ver algo que me perturbou durante muitos dias: Heitor e Milena, a musa da festa, praticando despreocupada e freneticamente as delícias do coito. Mas algo eu não espera. Milena não era uma mulher como as outras. Ela era uma síntese entre os dois tipos básicos de seres humanos. Era algo que transcendia infinitamente o meu entendimento limitado do que é um ser humano. De fato, reconheço hoje que era ela uma mulher superior, a mulher dos novos tempos: uma Neomulher. No momento descontrolei-me e parti para a lida com Heitor. Não aceitava que seu pênis encostasse minha amada, ou pior, que o pênis dela o encostasse. Mas, entre um soco e um chute, desferi uma pergunta letal: “Heitor, você é mesmo homossexual?”. Com muito mais sabedoria do que eu poderia imaginar, ele me respondeu: "O homem que fode apenas mulheres com buceta é mesquinho e ordinário; o que fode neomulheres é transcendente, o macho alfa da espécie, o homem do futuro". Pediu-me para que o tratasse não como homossexual, mas como um homem distinto: um homem federal.

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Obra conforme Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Produção editorial: carochinha editorial Projeto gráfico: Naiara Raggiotti Bagagem de informações: Aline Inforsato, Diego Rodrigues, Naiara Raggiotti e Fernando Mello Ilustrações: Kerem Freitas Revisão: Bruna Lasevicius e Juliana Amato Capa: Fernando Mello Conversão em epub: {kolekto} Direitos de publicação: © 2002 Editora Melhoramentos Ltda. 1.ª edição digital, março de 2012 ISBN: 9788260255552 (digital) ISBN: 8260255553 (impresso) Atendimento ao consumidor: Caixa Postal 11541 – CEP 05049-970 São Paulo – SP – Brasil Tel.: (11) 3874-0880 www.editoramelhoramentos.com.br [email protected]

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