James, Dewey, Veblen [Volume 40, 1ª Edição]

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Portuguese Pages [460] Year 1974

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James, Dewey, Veblen [Volume 40, 1ª Edição]

Table of contents :
Capa
Sumário
William James
Pragmatismo
O significado da verdade
Princípios de psicologia
Ensaios em empirismo radical
John Dewey
Experiência e natureza
Lógica - A teoria da investigação
A arte como experiência
Thortein Veblen
A Alemanha imperial e a revolução industrial
A teoria da classe ociosa
Índice

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c,uir mais individualidades separadas das relações que as unem do que estas relações podem possuir individualidades separadas das sensações que elas ligam. A distinção essencial entre as duas, então, parece ser que, considerando que a sensação relacionai é uma porção de consciência indivisível, a sensação, comumente assi n chamada, é uma porção de consciência que admite divisão imaginária em partes iguais, que são relacionadas entre si em termos de seqüência ou coexistência. Uma sensação própria é ou constituída de partes igu ais, que ocupam o tempo, ou constituída de partes iguais, que ocupam espaço, ou ambos. Em qualquer caso, uma sensação própria é um agregado de partes iguais relacionadas, enquanto uma sensação relacionai é inc ecomponível. E este é exatamente o con­ traste entre as duas, que deve resultar, se, como inferimos, as sensações são compostas de unidades de sensa­ ções, ou de choques.” 6 Paulhan (Revue Philosophique, XX, 455-6), após falar das vag is imagens mentais de objetos e de emo­ ções, diz: “Encontramos outros estados ainda mais vagos, nos quai:. a atenção raramente descansa, a não ser em pessoas que por natureza ou profissão se consagram à observação interna. É até mesmo difícil nomeá-los precisamente, pois eles são pouco conhecidos e não estão classificsdos; mas podemos citar como um exem­ plo deles aquela impressão peculiar que sentimos quando, muito preocupados com um certo objeto, estamos, contudo, engajados em, e temos nossa atenção quase que completamente absorvida em questões bastante desligadas com isso. Não pensamos, então, exatamente no objeto de nossa preocupação; não o represen­ tamos de uma maneira clara; e, todavia, nossa mente não é o que el i seria sem essa preocupação. Seu objeto, ausente à consciência, é contudo representado ali por uma impressão peculiar inconfundível, que freqüentemente persiste por muito tempo e é uma sensação forte, apesar de tilO obscura para nossa inteligência “Um sinal mental dessa espécie é a disposição deixada em nossa mente cm direção a um indivíduo por incidentes dolorosos um momento atrás experienciados e agora talvez esquecidos. O sinal permanece, mas não é enten­ dido; seu significado definido está perdido.”

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expectativa, apesar de que nenhum objeto definido está diante dela em qualquer dos três casos. Omitindo diferentes atitudes corporais reais e omitindo as imagens reverberativas das três palavras, que são obviamente diversas, provavelmente nin­ guém negará a existência de uma afecção consciente residual, de um sentido de direção, do qual uma impressão está por surgir, embora nenhuma impressão posi­ tiva ainda se encontre ali. Entrementes, não temos nomes para as psicoses em questão além dos nomes escuta, olha e espera. Suponhamos que estamos tentando lembrar um nome esquecido. O estado de nossa consciência é peculiar. Existe uma loucura nela; mas não é uma loucura simples. É uma loucura intensamente ativa. Uma espécie de espectro do nome está nela, acenando-nos numa dada direção, excitando-nos, em determinados momentos, com o sentido de nossa proximidade e então nos deixando submergir sem o termo desejado. Se nomes errados nos são propostos, esta lacuna, singular­ mente definida, atua imediatamente de forma a negá-los. Eles não se ajustam a seu molde. E a lacuna de uma palavra não sente como a lacuna de outra, total­ mente vazias de conteúdo como ambas poderiam parecer necessariamente ser quando descritas como intervalos. Quando inutilmente tento lembrar o nome de Spalding, minha consciência está muito afastada do que é quando inutilmente tento lembrar o nome de Bowles. Aqui algumas pessoas engenhosas dirão: “Como podem duas consciências ser diferentes, quando os termos que deveríam fazê-las diferentes não existem? Tudo o que existe, na medida em que o esforço para lembrar é vão, é o próprio esforço vazio. Como pode este diferir nos dois casos? Nós o estamos fazendo parecer diferir, preenchendo-o prematuramente com os nomes diferentes, apesar de que estes, por hipóteses, ainda não aparece­ ram. Adiramos aos dois esforços, tais como são, sem nomeá-los a partir de fatos ainda não existentes, e seremos incapazes de designar qualquer ponto no qual eles difiram”. Designar o suficiente verdadeiramente. Somente podemos designar a diferença, tomando emprestado os nomes dos objetos que ainda não estão na mente. O que significa dizer que nosso vocabulário psicológico é totalmente ina­ dequado para nomear as diferenças que existem, mesmo diferenças tão acentua­ das como estas. Mas o anonimato é compatível com a existência. Existem inúme­ ras consciências de vazio, nenhuma das quais, tomada em si mesma, tem um nome, mas todas são vazios de consciência e assim o mesmo estado. Mas a sensa­ ção de uma ausência é toto coelo diferente da ausência de uma sensação. É uma sensação intensa. O ritmo de uma palavra perdida pode existir sem um som para fechá-lo; ou o sentido evanescente de algo, que é a vogal ou consoante inicial, pode zombar de nós adequadamente, sem crescer de modo mais distinto. Qual­ quer um deve conhecer o torturante efeito do ritmo vazio de um verso esquecido, dançando incansavelmente em nossa mente, lutando para ser preenchido com palavras. Novamente, qual é a estranha diferença entre uma experiência provada pela primeira vez e a mesma experiência reconhecida como familiar, como tendo sido usufruída antes, apesar de não podermos nomeá-la ou dizer onde e quando? Um acorde, um perfume, um sabor, algumas vezes, trazem essa sensação inarticulada de sua familiaridade tão profundamente em nossa consciência que nós ficamos completamente agitados pelo seu misterioso poder emocional. Mas, poderosa e

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característica como é esta psicose — provavelmente devida ao excitamento submaximal de associações cerebrais de ampla extensão associativa —, o único nome que temos para todos os seus matizes é “senso de familiaridade”. Quando lemos frases como “nada mais”, “ou um ou outro”, “a é b, mas”, “embora seja, entretanto”, “é um meio excluído”, “não existe nenhum tertium quid”e uma série de outros esqueletos verbais de relações lógicas, é verdade que não existe nada em nossas mentes além do que nossas próprias palavras, assim que elas passam? Qual é, então, o significado das palavras, que pensamos enten­ der, quando lemos? O que faz aquele significado diferente numa frase do que ele é em outra? “Quem?”, “Quando?”, “Onde?”. A diferença de significado sentido dessas interrogativas não é nada além do que sua diferença de som? E não é (assim como a diferença de som em si) conhecida e entendida em uma afecção da consciência co-relativa a ela, apesar de tão impalpável ao exame direto? Não é o mesmo verdadeiro para as negações, tais como “nenhum”, “nunca”, “não ainda”? A verdade é que as amplas sucessões de discurso humano não são nada além de sinais de direção no pensamento, de qual direção nós, contudo, temos um sen­ tido agudamente discriminativo, não obstante nenhuma imagem sensorial defi­ nida desempenhe qualquer papel nele. As imagens sensoriais são fatos psíquicos estáveis; podemos mantê-las quietas e observá-las, tanto quanto queiramos. Estas imagens vazias do movimento lógico, ao contrário, são transições psíquicas, por assim dizer, sempre em vôo e que não podem ser vislumbradas a não ser no vôo. Sua função é conduzir de um conjunto de imagens a outro. À medida que elas passam, sentimos tanto as imagens crescentes e decrescentes de um modo total­ mente peculiar e de um modo bastante diferente do modo de sua presença com­ pleta. Se tentamos nos ater firmemente ao sentimento de direção, a presença com­ pleta aparece e o sentimento de direção perde-se. O esquema verbal não escrito do movimento lógico nos dá o sentido veloz do movimento, à medida que o lemos, assim como o faz uma sentença racional, despertando imaginações defini­ das através de suas palavras. Qual é aquele primeiro relance instantâneo do significado de alguém, que temos quando, em termos vulgares, dizemos que o “entendemos”? Certamente uma afecção totalmente específica em nossa mente. E o leitor nunca se perguntou que espécie de fato mental é sua intenção em dizer uma coisa antes de que a tenha dito? É uma intenção inteiramente definida, distinta de todas as outras intenções, um estado absolutamente distinto de consciência, portanto; e, ainda assim, quan­ to dele consiste de imagens sensoriais definidas, seja de palavras ou de coisas? Dificilmente ele consiste em alguma coisa! Demore-se, e as palavras e coisas virão à mente; a intenção antecipadora, a adivinhação não mais existe. Mas à me­ dida que as palavras, que a substituem, chegam, ela as acolhe sucessivamente e as chama corretas, se elas concordam com ela, as rejeita e as chama erradas, se elas não concordam. Ela tem, portanto, uma natureza, em si própria, da mais positiva espécie e, ainda assim, o que podemos dizer sobre ela sem usar palavras que per­ tençam aos fatos mentais posteriores que a substituem? A intenção de dizer-as-

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sim-assim é o único nome que ela pode receber. Podemos admitir que uma boa terça parte de nossa vida psíquica consiste nessas visões, perspectivas rápidas e premonitórias de esquemas de pensamentos ainda não articulados. Como acon­ tece que um homem, lendo pela primeira vez algo em voz alta, é capaz imediata­ mente de enfatizar todas as suas palavras corretamente, a menos que, desde exa­ tamente a primeira, ele tenha um senso pelo menos da forma da sentença ainda por vir, senso esse que está fundido com sua consciência da palavra presente e modifica a ênfase da palavra em sua mente de modo a fazê-lo dar-lhe a entonação apropriada, à medida que ele a pronuncia? A ênfase dessa espécie é quase total­ mente uma questão de construção gramatical. Se lemos “não mais”, esperamos presentemente chegar a um “do que”; se lemos “contudo” no início de uma sen­ tença é um “ainda”, um “entretanto” é um “apesar disso”, que esperamos. Um substantivo, em certa posição, requer um verbo num certo modo verbal e número; em outra posição, ele espera por um pronome relativo. Adjetivos pedem substan­ tivos, verbos pedem advérbios, etc., etc. E esse pressentimento do esquema gra­ matical vindouro, combinado com cada palavra sucessivamente pronunciada, é tão praticamente preciso que um leitor incapaz de entender quatro idéias do livro que está lendo em voz alta pode, entretanto, lê-lo com a expressão mais delicada­ mente modulada de inteligência. Alguns interpretarão estes fatos chamando-os casos, em que certas imagens, através de leis de associação, despertam outras tão rapidamente que pensamos mais tarde que sentíamos as próprias tendências das imagens nascentes se levan­ tarem, antes que elas estivessem realmente ali. Para esta escola, os únicos mate­ riais possíveis da consciência são as imagens de uma natureza perfeitamente defi­ nida. As tendências existem, mas elas são fatos para o psicólogo exterior, antes do que para o sujeito da observação. A tendência é, portanto, um zero psíquico; somente seus resultados são sentidos. Ora, o que sustento, e acumulo exemplos para mostrar, é que as “tendên­ cias” não são somente descrições de fora, mas estão entre os objetos do fluxo, que é assim consciente delas de dentro, e devem ser descritas como, em grande medi­ da, constituídas de sensações de tendência, freqüentemente tão vagas que somos absolutamente incapazes de nomeá-las. É, em poucas palavras, o reestabelecimento do vago em seu lugar apropriado em nossa vida mental que estou tão ansioso de colocar em evidência. Galton e o professor Huxley deram, como vere­ mos no capítulo XVIII, um passo adiante na destruição da ridícula teoria de Hume e Berkeley de que não podemos ter imagens, a não ser de coisas perfeita­ mente definidas. Outro passo é dado na superação da igualmente ridícula noção de que, enquanto as qualidades simples objetivas são reveladas ao nosso conheci­ mento em sensações subjetivas, as relações não o são. Mas essas reformas não estão nem pela metade completas e não são radicais. O que deve ser admitido é que as imagens da psicologia tradicional formam apenas a menor parte de nossas mentes do modo como estas realmente vivem. A psicologia tradicional fala como alguém que deveria dizer que um rio não consiste de nada além do que a quanti­ dade de água contida em baldes, colheres, potes e barris e outras formas molda­

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das de água. Mesmo se os potes e as quantidades de água contida neles estives­ sem realmente no fluxo, ainda assim, entre eles a água livre continuaria a fluir. É exatamente essa água livre da consciência que os psicólogos resolutamente esque­ cem. Toda imagem definida na mente é embebidi e tingida na água livre que flui em torno dela. Com ela flui o sentido de suas relações, próximas e remotas, o eco moribundo de onde ela veio até nós, o sentido de aurora para onde ela é conduzi­ da. A significação, o valor da imagem está total mente contido nessa auréola ou penumbra que envolve ou escolta a imagem — ou melhor, que é fundida em uma com ela e que se tornou osso de seu osso e carne de sua carne; deixando-a, é ver­ dade, uma imagem da mesma coisa de que ela era antes, mas fazendo-a uma ima­ gem daquela coisa, novamente tomada e recentemente entendida. Qual é aquele esquema vago da “forma” de uma ópera, peça de teatro ou livro, que permanece em nossa mente e sobre o qual prosseguimos o julgamento, quando a coisa real é feita? Qual é nossa noção de um sistema científico ou filo­ sófico? Grandes pensadores têm vastos relances premonitórios de esquemas de relação entre termos, que dificilmente mesmo com imagens mentais entram na mente, tão rápido é o processo total. Todos nós temos essa consciência perma­ nente de para onde nosso pensamento está indo. É uma sensação como outra qualquer, uma sensação de quais pensamentos s^rão os próximos a surgir, antes que tenham surgido. Este campo de visão da consciência varia muito em exten­ são, dependendo largamente do grau de descanso ou fadiga mental. Quando muito descansadas, nossas mentes carregam um horizonte imenso com elas. A imagem presente lança sua perspectiva longe, diante de si, irradiando antecipada­ mente as regiões em que se fundam os pensamentos ainda não nascidos. Sob con­ dições normais, a auréola de relações sentidas é muito mais circunscrita, e, em estados de extrema fadiga cerebral, o horizonte é estreitado quase à palavra que passa — a maquinaria associativa, entretanto, p 'ovê o aparecimento da próxima palavra, em seqüência ordenada, até que, por fim, o pensador cansado é condu­ zido a alguma espécie de conclusão. Em certos momentos, ele pode se encontrar duvidando se seus pensamentos não chegaram a uma parada total; mas o vago sentido de uma plus ultra o faz sempre lutar em direção a uma mais definida expressão do que pode ser; enquanto a lentidão de sua elocução mostra quão difí­ cil, sob tais condições, deve ser o labor do pensamento. A consciência de que nosso pensamento definido chegou a uma parada é uma coisa inteiramente diferente da consciência de que nosso pensamento é defínitivamente completado. A expressão deste último estado de mente é a infle­ xão descendente, que revela que a sentença acabou, e silêncio. A expressão do Mozart descreve assim sua maneira de compor: Primeiro, porções e fragmentos da peça surgem e gradual­ mente se unem em sua mente; então, com a alma aquecida para o trabalho, a coisa cresce mais e mais, “e a alargo mais amplamente e mais claramente e, por fim, ela fic