Igreja e Estado no Brasil Holandês
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Frans Leonard Schalkwijk

Igreja e Estado noBrasil Holandês (16 3 0

a

16 5 4)

Frans Leonard Schalkmjk

Igreja e Estado no Brasil Holandês (1630 a 1654) 3a edição revista

P or ocasião do quarto centenário do nascim ento do C onde João M aurício de N assau - Siegen (1604*1679), governador do Brasil H olandês (1637*1644)

Igreja e Rstado no Brasi,

ndés (1630 a 1654) — C op y rig h t © 2004 F rans L e o n a rd Schalkwijk.

P rim eira edição em p o rtu g u ê s p ublicada em 1986 pela F u n d ação do P a trim ô n io H istó rico e A rtístico d e P e rn a m b u c o do G o v e rn o d o E sta d o de P ern am b u co (F U N D A R P E ; C oleção P ern am b u can a, II 25). S egunda edição em p o rtu g u ês p ublicada em 1989 pela S ociedade Religiosa E d iç õ es V ida N o v a, São Paulo, SP. F.dição em inglês publicada em 1998 pela editora B o e k en cen tru m , P o stb u s 29, 2700A A Z o e te rm e e r, H o la n d a (C oleção M IS S IO N 24). 3a edição em p o rtu g u ê s (revista) E d ito ra C u ltu ra C ristã - 2004 3.000 exem plares Formatação R issato Leitura de provas C laudete A gua de M elo e P atrícia Z agni Capa Idéia D o is D esign, co m ilustração do Palácio Friburgo, co n stru íd o pelo C o n d e de N assau em 1641-1642, n o ex trem o n o rte da C idade M aurícia (Recife novo). D esen h o de F rans Post.

P ublicação au to rizad a pelo C o n selh o E ditorial: C láudio M a rra (Presidente) A lex B arb o sa V ieira A n d ré L uís R am os M au ro F e rn a n d o M eister O táv io H e n riq u e de S ouza R icardo A greste S ebastião B u e n o O lin to Valdeci da Silva S antos

S c h a lk w ijk , F ra n s í.e o n a r d , 1928S29”i

Ig r e ja c H s ta d o n o B rasil H o l a n d ê s (1 6 3 0 a 1654) / F ra n s Í.e o n a rd S c h a lk w ijk . — S à o P a u lo : C u ltu r a C ris tã , 2 0 0 4 . p. ; 16 x 23 cm . is b n

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1. H is tó ria d a Ig r e ja - B rasil 2. H is tó ria d o B rasil - D o m ín io h o la n d ê s , 1 6 2 4 -1 6 5 4 3. h v a n g e liz a ç ã o 4. A ç ã o so cial e p o lític a I . T ítu lo . < i) D - 2 1 .e d . -



CDiTonn cuiTunn

crista

Rua Miguel Teles Jr., 394 - 01540-040 - Cambud - São Paulo - SP C. Postal 15.136 - 0 1 59 9 -9 70 - São Paulo - SP Ligue grátis: 0 8 00-141963 - fone (0 **1 1 ) 3207-7099 fax (0 **1 1 ) 3209-1255 - www.cep.org.br - [email protected]

Superintendente: H averaldo F erreira Vargas liditor: C láudio A n tô n io B atista M arra

2 "8 .1

A visão cristã da História é otimista: o esforço humano vem de Deus e vai para Deus; mas é realista: nenhum reino humano será isento de sombras e fraquezas. João Camilo de Oliveira Tôrres, H istória das Idéias Religiosas no Brasil. Nós, porém, segundo a Sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça! Segunda Epístola do Apóstolo Pedro 3.13. Maranata! Vem, Senhor Jesus! 1 Coríntios 16.22; Apocalipse 22.20.

AOS MEUS MESTRES

M eus queridos pais *Leonard Theodoor Schalkwijk e *FokjelinaTrijntje Schalkwijk-Bloemendaal

M eus queridos sogros *Gerrit Hanskamp e *Adriana Hanskamp-Rijsdijk

M inha tia querida *Eelkje Zijlstra-Bloemendaal

M inha querida esposa M argrietha Johanna Maria Schalkwijk-Hanskamp t t ] |a.ap yap iT r| òyaTiriTri

Nossos queridos filhas e filhos genros e noras, netos e netas, bisnetas.

M estres em Bíblia *Simon Wasserzug e *G. Wasserzug-Traeder

M estres em M issões *J.H. Bavinck e *J. Verkuyl

M estres em Servir *Nicanor Schumacher e * Heinz Neumann

M estre da Historiografia Pernambucana * José Antônio Gonsalves de Mello.

Ao M estre dos mestres por excelência o nosso querido SENHOR JESUS CRISTO. (* in mem oriam ; Provérbios 10.7a)

Sumário Prefácio Introdução

................................................................................................................ 13 ....................................................................................................... ........ 15

PRIM EIRA PARTE: BRASIL E H O L A N D A ............................................... ........ 21 C apítulo 1 B r a s i l .................................................................................................... 23 1.1 Brasil L u s o .................................................................................................... ........23 1.2 Brasil Ib é ric o ................................................................................................ ........26 C apítulo 2 H o l a n d a .............................................................................................. 29 2.1 Movimento Reform ista.......................................................................................30 2.1.1 Os Países B a i x o s ...............................................................................30 2.1.2 P e rs e g u iç ã o ................................................................................. ........32 2.2 Guerra dos Oitenta Anos ( 1 5 6 8 -1 6 4 8 )...........................................................34 2.2.1 G u e r r a .......................................................................................... ........35 2.2.2 P a z ................................................................................................ ....... 37 2.3 Igreja Cristã Reformada ........................................................................... ....... 39 2.3.1 Crescimento de uma Igreja N a c io n a l................................... ....... 39 2.3.2 Puritanismo H o land ês............................................................... ....... 42 2.4 Ética E c o n ô m i c a ......................................................................................... ....... 44 2.4.1 Capitalismo, Filho do C alvinism o?......................................... ....... 45 2.4.2 Capitalismo Refreado pelo C alv inism o ................................. ....... 46 2.5 Companhia das índias O c id e n ta is .................................................................. 50 2.5.1 O rg a n iz a ç ã o ....................................................................................... 51 2.5.2 Bahia (1624-1625)..................................................................... ....... 55 C apítulo 3 B ra sil H o la n d ê s ............................................................................... 59 3.1 Invasão e Resistência (1 6 3 0 -1 6 3 6 )................................................................ 59 3.2 Expansão e Resignação (1 6 3 7 -1 6 4 4 )............................................................ 64 3.2.1 João Maurício de N a ss a u -S ie g e n .......................................... .......65 3.2.2 Expansão G e o g rá fic a ............................................................... .......68 3.2.3 P o p u la ção ............................................................................................71 3.2.4 G ov e rn o ........................................................................................ .......75 3.2.5 C ultura.......................................................................................... .......77

8

3.3

Igreja e E stad o no Brasil H olan dês - 1630-1654

3.2.6 Econom ia.................................. 3.2.7 Religião..................................... Expulsão e Restauração (1645-1654) .

82 83 84

SEGUNDA PARTE: IGREJA E COLÔNIA

91

O rganização E c le s ia l............................................................. C apítulo 4 4.1 Igreja L o c a l .................................................................................................. Igreja da C o n q u i s t a ................................................................... 4.1.1 4.1.2 Consistórío................................................................................... Tem plo.......................................................................................... 4.1.3 4.1.4 C u lto .............................................................................................. 4.1.5 Trabalho........................................................................................ 4.2 Igreja N a c io n a l............................................................................................. 4.2.1 Atas de Concílios E clesiásticos.............................................. 4.2.2 Presbitério (ou c la s s e ).............................................................. Sínodo............................................................................................ 4.2.3 4.3 Igreja Internacional ..................................................................................... 4.3.1 Correspondência com os Países B a ix o s .............................. 4.3.2 Correspondência com a A f r i c a .............................................. 4.3.3 Correspondência com outros P a í s e s ....................................

93 93 93 96 100

104 109 110 111

116 122

124 124 128 129

C apítulo 5 Obreiros E c le sia is.................................................................... 5.1 P r e g a d o r e s .................................................................................................... 5.1.1 C a p e lã e s ....................................................................................... 5.1.2 P a s to r e s ........................................................................................ 5.2 P re s b íte ro s ........................................... 5.3 Diáconos ............................................... 5.4 P roponentes..........................................

131 131 132 137 148 153 153

C apítulo 6 Trabalho E c le sia l............. 6.1 Pobres e D iá c o n o s ............................. 6.1.1 Finanças D ia c o n a is ........... 6.1.2 Viúvas e Órfãos ................ 6.2 Doentes e Consoladores ................... 6.2.1 Função dos Consoladores . 6.2.2 Número dos Consoladores 6.2.3 Livros dos Consoladores .. 6.3 Alunos e P ro fe sso res......................... 6.3.1 Ensino Primário ................. 6.3.2 Ensinos Médio e S uperior.

159 159 160 162 164 165 169 173 176 176 179

Sumário

9

TERCEIRA PARTE: IGREJA E M IS S Ã O ......................................................

183

C apítulo 7 M issões D iv e r sa s ..................................................................... 7.1 Visão M issio nária........................................................................................ 7.1.1 Missão aos Ju d e u s ..................................................................... 7.1.2 Missão aos A frican o s............................................................... 7.1.3 Missão aos H o lan d e ses............................................................ 7.2 Missão aos Portugueses............................................................................ 7.2.1 A B íb lia ......................................................................................... 7.2.2 Catecismo de H e id e lb e rg ......................................................... 7.2.3 O Católico R e f o r m a d o ............................................................. 7.2.4 Outros Livros .............................................................................. 7.2.5 Resultado......................................................................................

185 185 186 187 187 188 191 192 195 199 200

C apítulo 8 M issões In d íg e n a s................................................................... 8.1 Brasilianos e T apuias.................................................................................. 8.1.1 Preparação dos T ra d u to r e s ..................................................... 8.1.2 População das A ld eias.............................................................. 8.2 Libertação dos í n d i o s ................................................................................. 8.2.1 Infra e Supraliberdade.............................................................. 8.2.2 Igreja Ajuda a L ibertação......................................................... 8.2.3 Motivação Dupla do Governo ................................................ 8.3 Pastores M issionários................................................................................. 8.3.1 Vincentius Joachimus S o le r..................................................... 8.3.2 David à D o re sla e r..................................................................... 8.3.3 Johannes E d u ard u s.................................................................... 8.3.4 Thomas K e m p ............................................................................ 8.3.5 Dionísio B isc are to ..................................................................... 8.3.6 Gilbertus de V a u ......................................................................... 8.3.7 Johannes A pricius...................................................................... 8.3.8 Outros P astores.......................................................................... 8.3.9 Dedicação e C o n fia n ç a ............................................................

207 207 207 209 211 211 213 214 216 216 218 219 220 221 222 222 223 226

C apítulo 9 M issão na P a z .......................................................................... 9.1 Preparação (1635-1638) ........................................................................... 9.1.1 E s tra té g ia ..................................................................................... 9.1.2 B atism os....................................................................................... 9.2 Implantação (1 6 3 8 -1 6 4 0 ).......................................................................... 9.2.1 Ministério de Pregação ............................................................ 9.2.2 Ministério de E d u c a ç ã o ............................................................ 9.2.3 Ministério de Literatura e D iac o n ia....................................... 9.2.4 Ministério Familiar e Governamental....................................

229 229 230 232 233 234 235 236 236

10

9.3

9.4

Igreja e E stad o no Brasil H o lan d ês - 1630-1654

Expansão (1640-1642) .....................................................................................238 9.3.1 Ministério de P reg ação............................................................. ......238 9.3.2 Ministério de E d u c a ç ã o ..................................................................240 9.3.3 Ministério de Literatura e D ia c o n ia .............................................241 9.3.4 Ministério Familiar e G overnam ental.................................... ......241 Hesitação (16 42-164 4)............................................................................... ......243

C apítulo 10 M issão na G u e r r a .........................................................................247 10.1 Missão Ameaçada ( 1 6 4 5 ) ......................................................................... ......247 10.1.1 Expansão e A ssem bléia............................................................ ......247 10.1.2 Revolta Lusa e Cartas T u p i s .................................................. ..... 249 10.2 Missão Continuada(1645-1654).............................................................. ......252 10.2.1 Pregação, Mensagem de E sp eran ça.................................... ..... 252 10.2.2 Diaconia, Mão de A m o r ................................................................ 254 10.2.3 Pedro Poti, “Pilar da Fé” ............................................................... 256 10.3 Missão Terminada (1 6 5 4 ).......................................................................... ..... 258 10.3.1 Missão de Antônio P ara u p ab a ................................................ ..... 259 10.3.2 Missão de Antônio V i e i r a ........................................................ ..... 261 10.3.3 Missão de João N h a n d u í ............................................................... 262 C apítulo 11 C atecism o T rilín g ü e.......................................................................265 11.1 Conflito sobre o C a te c is m o ............................................................................ 267 11.1.1 Catecismo Impresso na H o la n d a ........................................... ..... 267 11.1.2 Catecismo Recebido no Brasil ............................................... ..... 268 11.1.3 Catecismo Defendido na A l d e i a .................................................. 269 11.2 Motivos do C o n flito .......................................................................................... 271 11.2.1 Administração da I g r e j a ................................................................271 11.2.2 União da Ig r e ja ........................................................................... .....272 11.2.3 Missão da I g r e ja ......................................................................... .....273 11.3 Avaliação da Missão Indígena.................................................................. .....275 QUARTA PARTE: LIBERDADE R E L IG IO S A ........................................... .....279 C apítulo 12 L iberdade M oderada p a r a C ristãos R e fo r m a d o s ............ 281 12.1 Igreja do E s t a d o .......................................................................................... .....281 12.1.1 Igreja do Estado no Brasil P o rtu g u ê s ................................... .....282 12.1.2 Igreja do Estado nos Países B a i x o s ...........................................282 12.2 Igreja do Estado no Brasil H o la n d ê s ...................................................... .....284 12.2.1 Cooperação Eclésio-Estatal .........................................................285 12.2.2 Despesas Eclésio-Estatais....................................................... .....286 12.2.3 Obreiros E clésio-E statais......................................................... 288 12.2.4 Trabalho Eclésio-Estatal................................................................290

Sumário

12.2.5 12.2.6

Representação E clésio-Estatal............................................... Alvo Eclésio-Estatal..................................................................

291 298

C apítulo 13 R estrição M oderada p a ra J u d e u s .................................... 13.1 Liberdade Religiosa Variada .................................................................... 13.1.1 Judeus em Portugal e no Brasil P o rtu g u ês.......................... 13.1.2 Judeus na Holanda e no Brasil H o la n d ê s ............................ 13.2 Liberdade Religiosa Moderada ............................................................... 13.2.1 Liberdade de Consciência R eligiosa...................................... 13.2.2 Liberdade de Presença R e lig io s a .......................................... 13.2.3 Liberdade de Organização R elig io sa.................................... 13.2.4 Liberdade de Defensiva R eligio sa......................................... 13.2.5 Liberdade de Ofensiva R eligiosa............................................ 13.3 Liberdade Religiosa Protestada................................................................ 13.3.1 Protestos E co n ô m ico s.............................................................. 13.3.2 Protestos Religiosos .................................................................. 13.4 Liberdade Religiosa T olerad a................................................................... 13.4.1 Tolerância Reformada N a s s o v ia n a ....................................... 13.4.2 Tolerância Reformada H o la n d e s a ......................................... 13.4.3 Tolerância Romana F id a lg a .....................................................

301 301 302 303 306 306 . 307 308 309 311 313 313 314 316 316 318 320

C apítulo 14 R estrição M oderada p a ra C atólicos R o m a n o s ............ 14.1 Liberdade Religiosa V a r ia d a .................................................................... 14.1.1 Cristãos Reformados em Países R o m a n o s ......................... 14.1.2 Católicos Romanos em Países R eform ad os........................ 14.2 Liberdade Religiosa M o d e r a d a ................................................................ 14.2.1 Liberdade de Consciência R eligiosa...................................... 14.2.2 Liberdade de Presença R e lig io sa .......................................... 14.2.3 Liberdade de Organização R elig iosa.................................... 14.2.4 Liberdade de Defensiva R eligio sa......................................... 14.2.5 Liberdade de Ofensiva R eligio sa...........................................

323 324 324 326 328 328 334 338 341 345

C apítulo 15 Restrição M oderada p a ra C atólicos R om anos (cont.) 15.1 Liberdade Religiosa P rotestad a............................................................... 15.1.1 Protestos de Vários L a d o s ...................................................... 15.1.2 Protestos do Presbitério do B r a s i l ......................................... 15.2 Liberdade Religiosa T o lera d a................................................................... 15.2.1 Tolerância Reformada N a s s o v ia n a ....................................... 15.2.2 Tolerância Reformada H o la n d e s a ......................................... 15.2.3 Tolerância Romana F id a lg a .....................................................

357 357 357 358 363 363 376 380

C o n clu sã o

381

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Bibliografia....................................................................................................................... 385 I Manuscritos (fontes primárias não publicadas)........................................ 385 II Fontes (fontes primárias publicadas até 1700)............................... 392 III Literatura (literatura complementar depois de 1 7 0 0 ) ......................... 402 Apêndices 1. Lista de Pastores e P rop onentes........................................................ ...... 417 2. Lista de Consoladores e P ro fe ssores ................................................ ...... 418 3. Hino de Gratidão de João Maurício de N assau-S iegen................ ...... 420 4. Genealogia do Conde João Maurício de N assau-S iegen .............. ...... 421 índice R em issiv o...................................................................................................... ...... 423 Siglas, Glossário e A breviaturas........................................................................... ...... 445 Ilustrações, lista ....................................................................................................... ...... 448

Prefácio

Do prefácio da primeira edição (Recife, 1 9 8 6 ): U m a história da Igreja Reformada Holandesa no Nordeste brasileiro no século 17 - eis que um tema, ainda não tratado em profundidade em relação ao “tempo dos flamengos”, encontra na competência do Reverendo Dr. Frans Leonard Schalkwijk um historiador à altura do assunto. Esperávamos há muito por quem nos oferecesse uma visão segura daquela igreja, da sua organização, dos seus Ministros e dos encargos da natureza religiosa, educativa e assistencial nesta parte do país e naquele século; a espera foi proveitosa, pois deu-nos agora um livro que se juntará às melhores contribuições para a história da Igreja e para a do período da ocupação holandesa do Brasil. Natural de Amsterdã, há anos aqui radicado, o Autor é Ministro da Igreja Presbiteriana e Reitor do Seminário do Norte, com sede no Recife. Vimo-lo tra­ balhar por muitos meses na documentação holandesa recolhida na Holanda pelo insigne historiador José Hygino Duarte Pereira e guardada no Instituto Arqueoló­ gico Pernambucano. Pesquisa que ele ampliou consideravelmente em vários ar­ quivos dos Países Baixos não incluídos na pesquisa de José Hygino. Do ponto de vista heurístico, não seria possível realizar mais. Concluído o trabalho, apresentou-o à Universidade Mackenzie (São Paulo) e aí alcançou com distinção o título de Dou­ tor, por unanimidade da banca examinadora, da qual tivemos a honra de participar. O Autor, Pastor e Historiador de Igreja Reformada conquista com este livro, por sua competência, lugar privilegiado no campo dos estudos históricos do passa­ do comum brasileiro e holandês, para o qual vários dos seus compatriotas j á trou­ xeram contribuições fundamentais. Dr. Jo sé A ntônio G onsalves de M ello

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Igreja e E stado no Brasil H o lan d ê s - 1630-1654

Do prefácio da segunda edição (São Paulo, 1 9 8 9 ): (O autor) evita o tom apologético, apresentando um mundo de fatos e ima­ gens em espírito irônico. Embora leve em seu título “ Igreja e Estado”, a obra é essencialmente um estudo da igreja holandesa e de como ela procurou desempe­ nhar seu propósito e missão no Brasil. Tenho para mim que a obra do Rev. Frans Leonard Schalkwijk é uma gran­ de contribuição para compreendermos nossa própria história, mormente no que toca ao Nordeste brasileiro. São poucas as que trazem uma elucidação tão pro­ funda e valiosa como esta. Recomendo sua leitura. O desempenho daqueles per­ sonagens em missões nos animará a nos dedicarmos mais ao trabalho do Senhor. Dr. R ichard J. Sturz

Prefácio da terceira edição: Nesta terceira edição portuguesa foram feitas algumas correções e atualiza­ ções, mas sem encurtamento como aconteceu na edição em inglês ( The Reform ed Church in D utchBrazil, 1630-1654 [Boekencentrum, Zoetermeer, Holanda, 1998]). De sorte que o texto é basicamente o da tese escrita sob a direção do Dr. David Gueiros Vieira e do Dr. José Antônio Gonsalves de Mello, professores das Univer­ sidades Federais de Brasília e do Recife, respectivamente. A recente publicação da valiosa G uia de fo n te s p a ra a história do B rasil holandês ajudará muito em pesquisas futuras. Talvez por havermos passado anos de guerra na nossa juventude, chegamos no íntimo a pedir desculpas pela invasão batava, sentindo que esta também preju­ dicou muito o progresso do Evangelho naquela época no Nordeste, por ser extre­ mamente difícil ver alguma vantagem na Reforma, na pessoa de um invasor, por mais gentil que fosse. Agora, após os séculos haverem cicatrizado um pouco as feridas provocadas pelos acontecimentos, talvez seja possível compreender me­ lhor o que a Igreja Cristã Reformada queria dizer nesse período no Nordeste. Finalmente, um “ muito obrigado” a todos os amigos, irmãos e parentes no Brasil, onde tivemos o privilégio de servir por quase quarenta anos. “Muito obri­ gado mesmo, e desculpe alguma coisa!” M as acima de tudo, “Aleluia, glória ao S E N H O R !”

Apeldoorn, Renovação da Aliança, 12 de agosto de 2003, A.D. (chegada do primeiro missionário presbiteriano ao Brasil, 12 de agosto de 1859) F

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Introdução

O núm ero de ensaios sobre o tem po dos holandeses no Brasil e o volum e dos d ocum entos originais dessa época são imensos. G rande parte desses d o c u ­ m entos não havia sido utilizada até agora para um estudo sistem ático sobre a “Igreja do E s tad o ” no período de João M aurício de N assau. A m aior riqueza de m anu scritos relativos ao nosso assunto encontra-se em arquivos em A m s­ terdã e Haia, na Holanda. Os que estão guardados em M idd elb u rg e Utrecht são tam bém apreciáveis. O arquivo da cidade de Am sterdã (“G em eente-A rchief A m sterdam ” , indi­ cado neste estudo por GAA ) é o detentor das coleções mais importantes (B ibli­ ografia 1:1). Aqui se encontram, entre outros, o Arquivo do Conselho da Igreja Cristã R eform ada de Am sterdã (GA A -A K A ), o Arquivo da Diaconia dessa igreja (G A A -A D A ) e o Arquivo do Presbitério de Am sterdã (G A A -A C A ), to­ dos de suma importância. N este último se destacam as atas do Presbitério de Am sterdã (GA A -A C A 3-6), o livro de atas da comissão permanente presbiterial que cuidava dos assuntos ultram arinos (os chamados “deputati a d res indi­ ca s''’; G A A -A C A 33) e o livro de cartas e extratos presbiteriais desses d ep uta­ dos (G A A -A C A 39, 40 e 47), com mais uma pasta de missivas recebidas por eles (G A A -A C A 88.4). Encontra-se ainda nesse arquivo uma cópia do livro batismal da Igreja Cristã Reformada do Recife (GA A -A C A 52); mas não foi localizado até agora o livro de casamentos dessa igreja, nem o dicionário, a gramática e o C atecism o de H eidelberg na língua tupi, e outros volum es valio­ sos (Bibl. 1:14). Documentos referentes ao Brasil talvez possam ser encontra­ dos em outras partes do arquivo de Amsterdã, porque achamos alguns (de im­ portância secundária para o nosso assunto) encadernados na coleção de cartas das índias Orientais (G A A -A C A 54). Em Haia, encontra-se a segunda mina de documentos importantes para a história eclesiástica da época (Bibl. 1:2). Embora o Arquivo Geral do Reino (“Algemeen R ijks-A rch ief’, indicado neste estudo por ARA) não contenha cole­ ções estritamente eclesiais desse período, as cartas e atas da igreja, além de resoluções sobre ela, são inúmeras, especialmente no setor do Arquivo da C om ­ panhia das índias Ocidentais, responsável pela invasão dos holandeses no Brasil (“Oude West-Indische Com pagnie” , ARA-OWIC).

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No Brasil existem duas grandes coleções com transcrições de d ocum en­ tos desse Arquivo Geral em Haia. Em primeiro lugar, no Instituto Histórico e G eográfico Brasileiro no Rio de Janeiro encontra-se a “ Coleção C aetano” , que abrange inúmeras cópias de docum entos feitas no arquivo do governo central dos Países Baixos (“Arquivo dos Estados Gerais” ; ARA-AStG; Bibl. 1:2.4). Em segundo lugar, no Recife, a “Coleção José H igino” , no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (Bibl. 1:2.1.1, 5 e 6). N esta última cole­ ção, em especial, há m uitíssimos docum entos e referências eclesiais. Contém, entre outros, os volumes “Register van Uitgaande Brieven”, que registram as cópias de cartas enviadas ao Brasil pelos “ Senhores XIX”, os dezenove direto­ res da dita C om panhia (ARA-OW IC 8-10, ou simplesmente RUB). Outro gru­ po de volumes, “Brieven en Papieren uit Braziliè”, contém transcrições de “car­ tas e papéis” enviados do Brasil aos diretores na Holanda (A R A -O W IC 49-67, ou simplesmente BPB). E ainda os volumes denominados “Dagelijksche Notulen” (“N ótulas D iárias” ), com atas de reuniões do governo supremo no Recife, capi­ tal do Brasil holandês, copiadas dos maços das caixas no Arquivo em Haia (A R A -O W IC 68-76, ou simplesmente DN). A primeira vista, tínhamos a impressão de que o Rio de Janeiro e o Recife continham todos os documentos referentes à Igreja da época, preservados no Arquivo Geral de Haia. Mas a própria “Coleção José Higino” indica que nem tudo foi copiado, pois várias vezes se encontra a palavra “etc.” , que o copiador usou ao querer indicar que no original se seguia um trecho que considerava de menor importância. Por outro lado, uma verificação minuciosa da coleção OWIC em Haia demonstrou que documentos inteiros foram deixados de lado; talvez não fossem de primeiríssima importância, mas, por outro lado, talvez fossem interes­ santes não somente para a história eclesiástica, mas também para a história soci­ al, política e econômica. De repente, por exemplo, deparamo-nos com uma ata que desconhecíamos de uma reunião eclesiástica realizada em 4/9/1642, na Paraíba, guardada no maço da caixa OW IC 57, a qual poderia entrar na “Coleção José Higino” como BPB 1642/18a. E, ao pesquisarmos os documentos da caixa OWIC 58, apareceu-nos uma relação de tijolos usados em construções no Recife e em Maurícia, datada de 10/4/1643, que poderia ser enumerada no Recife como BPB 1643/17a. Ou, ainda, em OWIC 60, a interessante lista de livros no armazém recifense de 9/6/1645 (mencionada no artigo de Prof. Mello sobre Soler), que na “Coleção José Higino” teria o número 1645/ 16a. A lém das coleções mencionadas, há pelo menos mais cinco no Arquivo Geral de Haia que contêm docum entos interessantes para a história brasileira. E a coleção fragmentária de atas da Câm ara da Companhia em Am sterdã (ARAOW IC 14-17), os livros de resoluções da Câm ara de Zelândia (AR A-OW IC 20-27), as atas de reuniões dos participantes principais da Câm ara de Zelândia

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(“acionistas” ; A RA-O W IC 34-38) e ainda as coleções VW IS e “A anw insten ” (Bibl. 1:2.1.2-4; 2.2 e 3). Depois de Amsterdã e Haia, seguem em grau de importância para este estudo os arquivos de Middelburg e Utrecht. N a cidade de Middelburg (capital da província de Zelândia, localizada na ilha de Walcheren), encontra-se o Arquivo do Reino em Zelândia. Indubitavelmente, muitos registros valiosos se perderam du­ rante a Segunda Guerra Mundial, mas o arquivo do Presbitério de Walcheren preservou anotações interessantes, especialmente sobre o episódio da baía de Todos os Santos (1624-1625; Bibl. 1:9.1.73). Utrecht é uma província localizada no interior dos Países Baixos. Ela mostra­ va muito interesse pela Igrejas nas índias. O acervo no Arquivo do Reino em Utrecht contém a coleção mais completa das atas do Presbitério do Brasil, e por intermédio de J. A. Grothe e Dr. Pedro Souto-Maior chegou até nós em português (Bibl. 1:10.2.41). As outras atas localizadas até este momento se encontram em Haia. Os outros arquivos mencionados, embora de menor auxílio para o nosso estudo, forneceram importantes achados. Em primeiro lugar, mais cinco arquivos da província da Holanda Meridional: o Arquivo Central da Igreja R eformada nos Países Baixos e o Arquivo da Casa Real, ambos em Haia (Bibl. 1:3.3 e 3.2), o Arquivo da cidade de Delft e de Roterdã (Bibl. 1:4 e 6), e ainda a Biblioteca da Universidade na cidade de Leiden, onde se encontram algumas cartas do pastor espanhol Soler (Bibl. 1:7). Em seguida, na província da Holanda Setentrional, o Arquivo do Reino em Haarlem (Bibl. 1:8) possui certa relevância; não foi possível, entretanto, consultar o arquivo na velha catedral St. Bavo. O Arquivo Zeemanshoop em Amsterdã e o Arquivo da cidade de Enkhuizen nada continham de valioso para nós; o de Hoorn havia se perdido nas chamas, frustrando assim a procura do catecismo “brasiliano” na fonte. Mas, finalmente, a pesquisa nos arquivos mais nórdicos dos Países Baixos não foi infrutífera, e tanto na província de Frísia, quan­ to na de Groningen, havia referências de algum valor (Bibl. 1:11 e 12). Em geral, podemos afirmar que tanto os arquivos da Igreja Reformada de língua holandesa como os de língua francesa (a chamada “ igreja valã”, composta de refugiados do sul da “Bélgica” e huguenotes da França etc.) contêm anotações preciosas para a história da época (Bibl. 1:4.1 etc.). A busca de mais documentos, especialmente do catecismo trilíngüe (nos idiomas tupi, holandês e português), em arquivos no exterior da Holanda, como os de Londres, Kleve, Lisboa, Vaticano etc., não alcançou o resultado desejado. Mas isso não significa que não possam conter algo de grande valor, como prova a cópia da carta do pastor Soler na Bayerische Staatsbibliothek, em Muenchen, ou ainda o hino do conde João Maurício de Nassau em Herborn, na Alemanha. Finalmente, uma palavra sobre os livros e artigos escritos durante e após a época em apreço (Bibl. II e III) e a interpretação dos acontecimentos. Pesquisas mais recentes sempre podem trazer à luz fatos que pesquisadores anteriores não

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puderam mencionar, pela simples razão de não conhecê-los ainda, como ocorreu com Varnhagem, que não pôde consultar a coleção OWIC em Haia; mas Waetjen, posteriormente, teve acesso a esses valiosos documentos. Waetjen mesmo, toda­ via, por sua vez, afirma que não houve reuniões eclesiásticas entre 1641 e 1644; atualmente, porém, conhecemos atas de mais quatro dessas reuniões, e as atas de mais oito concílios que não foram localizadas ainda. O não mencionar dos fatos, em si, necessariamente não traz diferenças profundas entre os pesquisadores, mas as interpretações dos fatos (conhecidos ou não) trazem-nas. Waetjen, por exemplo, pensou que a não-descoberta de atas significasse que o conde de Nassau não havia mais permitido reuniões dessa natureza. N a realidade, sempre houve muitas diferenças na interpretação das ocor­ rências daquela época. Vemos isso nitidamente refletido no lema do conde de Nassau, “Q ua patet orbis” [tão vasto como o mundo], impresso no livro do autor holandês Barlaeus, H istória dos Feitos; por outro lado, o livro de Francisco de Brito Freyre, N ova Lusitânia, usou o mesmo lema, introduzindo, porém, uma negativa: “Qua non patet orbis” . Essa diferença na interpretação persiste até o dia de hoje, especialmente nas respostas dadas a perguntas sobre o grau de liber­ dade religiosa nesse tempo. Faremos uma tentativa não de simplesmente conciliar os pontos de vista divergentes, mas de delinear a situação regional nordestina no contexto mundial da época, sendo a contextualização uma das exigências impor­ tantes da hermenêutica geral. Ao escrevermos essa parte da história nordestina, tentamos, ainda, evitar certos extremos. A historiografia desse assunto não poderia ser confessionalista, procurando ocultar os erros das pessoas em enfoque; nem relativista, como se a ausência de qualquer norma garantisse a felicidade verdadeira. A historiografia eclesiástica não poderia ser espiritualista, como se as ora­ ções e as pregações fossem os únicos fatores relevantes; nem materialista, como se as situações econômicas fossem os únicos condicionadores da religião. Um a historiografia desta natureza não poderia ser opressionista, como se por este ângulo se captasse toda a verdade; nem exemplarista, como se tudo naqueles dias fosse digno de ser imitado. Procuramos, então, seguir o velho adágio, conhecido entre os historiadores holandeses, ditado que indica dois alvos básicos da historiografia: “Verdade e Cla­ reza” [“Waarheid en Klaarheid”]. Para fins de esclarecimento, apresentamos na primeira parte deste estudo (Caps. 1-3) anotações sucintas sobre a história do Brasil e da Holanda, e então sobre o Brasil holandês (1630-1654). Focalizamos as tensões que existiam nos setores mais variados, mesmo durante o governo brando de Maurício de Nassau (1637-1644), tensões que finalmente levariam à expulsão do invasor flamengo.

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A segunda parte (Caps. 4-6) descreve a “Igreja do Estado” no Brasil ocupa­ do, sua organização, seus obreiros e seu trabalho, tudo intimamente relacionado com o governo no Recife, em cooperação ou oposição. A terceira parte (Caps. 7-11) narra a missão evangelizadora dessa Igreja, especialmente o trabalho entre os indígenas, sendo isso de suprema importância, inclusive para a segurança do novel Estado holandês no Nordeste brasileiro. ' Finalmente, a quarta parte (Caps. 12-15) trata do assunto que talvez seja o mais delicado: a liberdade religiosa que esse Estado da N ova Flolanda concedeu em primeiro lugar à sua própria Igreja e, em seguida (fundamentada sobre o direi­ to constitucional da liberdade de consciência religiosa), aos dissidentes dentro dos seus limites, tanto aos judeus como aos católicos romanos. Antes, porém, da “Clareza”, a “Verdade” deve ser o alvo principal. Será que foi alcançada objetivamente? Reconhecemos que pessoa alguma pode ser real­ mente objetiva, por mais que o queira. Como poderia o historiador desligar-se realmente da sua bagagem existencial? Só há um que pode escrever de maneira absolutamente objetiva a história humana: Aquele que pode sondar todos os tem ­ pos e lugares, e que sonda até o mais íntimo do nosso coração (Salmo 139). E Ele sabe que o alvo desta pesquisa foi escrever de uma maneira clara a verdade sobre a “Igreja do Estado” no Brasil holandês, a Igreja Católica Apostólica Refor­ mada, ou seja, a “Igreja Cristã Reformada” .

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0 Brasil herdou o Cristianismo de Portugal. Aí, certamente, havia núcleos cris­ tãos desde o século 2o, pois o apóstolo Paulo j á queria alcançar a península Ibérica com o Evangelho.1 Por volta do ano 300 d.C., duas igrejas portuguesas, Évora e Faro, participaram do Sínodo de Elvira.2 No século 5o, o patriarcado de Bracara Augusta, atual Braga, ao norte do Porto, fora instrumento decisivo na evangelização da tribo germânica dos suevos, que haviam invadido o oeste da península em conj unto com os visigodos.3 Por volta de 1500, em Portugal, havia os arcebispados de Braga e Lisboa, e sete bispados, como, por exemplo, Porto, Coimbra e Évora.

1.1 - BRASIL LUSO Pensamentos reformistas eram conhecidos em Portugal desde o início do m ovi­ mento da Renascença. O movimento que procurava as raízes da cultura ocidental cristã ostentou representantes ilustres, como a própria rainha Leonor, esposa de dom João 11(1481-1495), que mandou imprimir uma tradução da Vida de Christo, originalmente escrita em latim por Ludolvo da Saxônia (Vita C hristi). Essa obra consistia no Evangelho de São Mateus, com interpolações nos lugares oportunos de passagens dos outros três evangelhos complementares. Dez anos depois, ela determinou que fosse impressa em português outra parte do N ovo Testamento, os Atos dos Apóstolos e as epístolas universais de S. Tiago, S. Pedro, S. João e S. Judas, na versão do latim pelo frei Bernardo de Brivega. Dona Leonor faleceu em 1525, mas ainda durante a sua vida saiu do prelo em português E vangelhos e E pístolas, sob a orientação de Gonçalo Garcia. Aparentemente, foi uma tentativa de popularizar a Bíblia em Portugal, intenção contrária à orientação da hierarquia católico-romana da época. Quase todos os exemplares dessas edições, inclusive os da segunda edição da Vida de C hristo, desapareceram.4 1 Bíblia: R om an os 15.24. 2 E lb o ra e O ssonoba em 306 A.D.: Jedin: Atlas 4. B. Ribeiro. ‘A Igreja na Península Hispânica antes de C o n sta ntino’. In F ides R eform ata (São Paulo: Sem. Presbiteriano JM C, 1996) 1/2: 71-8. Títulos em negrito: v. Bibliografia II (até 1700) e III (depois de 1700). Títulos em itálico não foram incluídos na bibliografia. J Jedin: Atlas 8. O patriarca de Bracara Augusta cra conhecido no Concilio de Calcedônia, 451 A.D. Braga, antiga capital do reino dos suevos. Atlas Vida Nova 80. 4 Ferreira: Bíblia 6-12.

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Outro representante desse movimento “às fontes” foi o humanista Damião de Góis, nascido em 1502. Tornou-se um grande erudito clássico, que contava entre seus amigos Erasmo de Roterdã, em cuja casa se hospedou por seis meses, e que havia, pioneiramente, impresso o texto grego do Novo Testamento em 1516, que foi utilizado por Martinho Lutero em sua tradução para o alemão em 1522. Outro amigo desse humanista português fora o cooperador de Lutero, Filipe Melanchton, o grande reformador do ensino público alemão e professor da Uni­ versidade de Wittenberg, que era visitado por Damião de Góis durante as exten­ sas viagens que este realizava. Casado com uma senhora holandesa, Góis era denominado o “fidalgo flamengo”, chegando a ser internacionalmente conhecido por sua sabedoria e erudição. Escreveu cerca de 14 obras, entre as quais ensaios sobre Marco Túlio Cícero, crônicas dos reis de Portugal e memórias dirigidas aos seus inquisidores. Trabalhou durante vários anos como guarda-mor do arquivo real da Torre do Tombo em Lisboa, até que foi preso pela Inquisição, na idade de 70 anos, sendo encarcerado incomunicavelmente. Durante a dura prisão de três anos contraiu escabiose, assemelhando-se a um leproso, e faleceu em 1574.3 O movimento que pretendia dar a Bíblia ao povo na língua vernácula havia sido tolhido desde 1233 pela decisão estabelecida no Concilio de Tarragona. Essa decisão tornou-se dispositivo vivo na época da reforma religiosa por meio da pu­ blicação da bula D om inici Gregis do papa Pio IV em 1564,6 em uma tentativa de sufocar a partir da origem o nascimento de igrejas cristãs reformadas. A tradução seguinte do N ovo Testamento em português seria feita na Indonésia pelo pastor português João Ferreira de Almeida, da Batávia, e publicada em 1681 na cidade de Amsterdã.7 A essa altura havia se instalado na Igreja Católica Romana o movimento que visava recuperar o terreno perdido para a Reforma Protestante, conhecido como a Contra-Reforma, liderada pela recém-organizada ordem dos jesuítas (1540), com a doutrina católico-romana canonizada no Concilio de Trento (1545-1563), e que dispunha como arma mortífera a Inquisição revigorada (1542). O rei de Por­ tugal, dom João III de Avis (1521-1557), promoveu a implantação da ordem dos jesuítas no seu país, de modo que por volta de 1580 j á havia sete colégios nessa ordem, inclusive na própria Bragança, e nas sedes episcopais de Braga, Lisboa, Porto e Évora.8Assim, desde o início, a consciência religiosa do recém-descoberto Brasil seria moldada sob o signo da Contra-Reforma católico-romana.

5 Hirsch: Góis. 6 Ferreira: Bíblia 15. 7 Swellengrebel: “ A lm eida” . Ia edição: Amsterdã, viúva de J. van Someren, 1681 (título completo na Bibliografia II: Bíblia, portuguesa). 2a ed.: Batávia, João de Vries, 1693. 3a ed.: Amsterdã, Joam Crellius, 1771. 1" ed. do Antigo Testamento: Trangambar, Oficina da Real M issão de Dinamarca. 1751. Obs.: A lm eida era pastor; o título ‘‘padre” foi usado nesse sentido. s Jedin: A tlas 78.

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A primeira tentativa de explorar o litoral e o pau-brasil foi feita em 1503 pelo “cristão-novo” Fernando de Noronha, que explorou inclusive a ilha que hoje é conhecida pelo seu nome. Fazia apenas sete anos que D. Manuel I (1495-1521) havia assinado um decreto que obrigava quase 20% da população lusa (190 mil judeus) a se batizar na Igreja Católica Romana (“cristãos-novos”) ou, caso não se submetessem, a abandonar o país em que parte deles morava muito antes de o cristianismo chegar. Será que esses “cristãos-novos” içaram velas de esperança quando zarparam para o oeste, procurando uma nova pátria longe da Inquisição?9 Ainda durante o reinado de dom Manuel I, uma feitoria foi estabelecida em 1516 em Pernambuco, dirigida depois por Manuel de Braga. Em 1534, por ordem de dom João III (1521-1557), a colonização efetiva começou no Nordeste, com a capitania hereditária sob a direção de Duarte Coelho, inicialmente no lugar dos “M arcos” , perto de Igaraçu, sendo depois transferida para Olinda. Eclesiasticamente, o Brasil estava sob a direção de dom Martinho de Portugal, primo do rei, arcebispo do Funchal na ilha da Madeira, e primaz das índias. Dom Martinho apercebeu-se da importância de Pernambuco e estabeleceu uma paróquia na vila de Olinda sob a orientação do padre Pedro Figueira, que era auxiliado por quatro capelães. A construção da primeira grande igreja teve início em 1535 e quinze anos depois se catequizavam algumas centenas de pessoas, entre as quais índios e africanos.10 Com a vinda ao Brasil de Tomé de Souza (1549-1553), o primeiro governador-geral, chegaram também os primeiros padres jesuítas, encabeçados por Manuel de Nóbrega, e que em breve seriam mais numerosos e teriam mais influência do que os das outras ordens." No começo do reinado de dom Sebastião de Portugal (1557-1578), o Brasil estava enfrentando a tentativa francesa de ocupar uma gleba do continente na região do Rio de Janeiro. Entre esses franceses havia vários cristãos reformados, os huguenotes, e com o apoio do almirante Coligny e do pastor francês João Calvino, de Genebra, organizou-se uma igreja cristã reformada na Guanabara. O primeiro culto reformado realizou-se a 10 de março de 1557. O líder da novel colônia, o vice-almirante de Villegaignon, expulsou, porém, os colonizadores huguenotes em janeiro de 1558, estrangulando três deles, após obrigá-los a decla­ rar sua fé no que depois seria conhecida como a “ Confissão Fluminense”, escrita por Jean du Bourdel. Um dos franceses chamado Jacques le Balleur havia esca­ pado. Foi preso dez anos mais tarde, sendo enforcado, após haver pregado duran­ te esse tempo entre os índios tam oios.i: 9 Wiznitzer: Judeus 4ss. C om o S. Wiesenthal: S egeln der H ojfnung (Velas de Esperança: Olten. 1972) sugere que essa foi a missão de Cristóvão Colombo. A tripulação devia estar a bordo às 23 h. pois a partir da meia-noite daquele dia (2/8/1492) nenhum ju d e u podia se encontrar em território espanhol. Grande parte dos j u d e u s em Portugal era fugitiva da Espanha. 1(1 Camargo: História 42-4. " Leite: História, passim . 12 I.éry: Viagem (1578). Crespin: Histoire (1570). 460v-5v. Rcverdin: Calvinistes. Lestringant: Expérience, sobre "G enève et 1'Amérique: le rêve du Refuge huguenot au temps des guerres de

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Os jesuítas se encarregaram especialmente da obra missionária entre os indígenas, reunindo-os em aldeias, geralmente sob a orientação de um padre e um frade, para o trabalho espiritual e material, respectivamente. Foi de grande impor­ tância para a proteção dos índios esse trabalho jesuíta, mas, de vez em quando, os padres recorriam à força, a exemplo do próprio Anchieta, depois da guerra de Piratininga de 1561, usando o argumento de Santo Agostinho contra os donatistas, “obrigando-os a entrar” .13 Os batismos se fizeram em massa, visando-se a uma cristianização posterior.

1.2 - BRASIL IBÉRICO Depois da morte de dom Sebastião e o curto reinado do inquisidor-geral, o cardeal dom Henrique (1578-1580), o duque de Alba, o terror da Holanda, cerca de dez anos antes, ajudara o rei Filipe II da Espanha a conquistar a Coroa portuguesa (como Filipe I de Portugal, 1580-1598). Dessa forma, esse domínio espanhol en­ volveu Portugal durante sessenta anos (1580-1640) na “Guerra dos Oitenta Anos”, que a Holanda travava contra a opressão espanhola (1568-1648). Até essa data os contatos dos holandeses com o Brasil haviam sido de natureza pacífica. Desde o começo da capitania de Pernambuco havia contribuições étnicas dos Países Baixos, a exemplo de Arnau de Holanda, possível descendente de Dirk I da Holanda, que veio com Duarte Coelho em 1535 e que casou depois com D. Brites M endes de Vasconcelos.14 Havia também no sul do Brasil interesses flamengos, como demonstra a presença de João Venista, casado com uma holandesa, e que trabalhou em 1553 em São Vicente, ao lado de Martin Afonso de Souza, como sócio proprietário (com Erasmo Schetz, banqueiro de Antuérpia) do “engenho do governador”, ou “ São Jorge dos Erasmos” .15 Posteriormente encontramos homens como Jan van der Beke e Everard Hulscher na região da baía de Todos os Santos.16 Por volta de 1600, porém, havia pequenas infiltrações neerlandesas, especialmente de valões refugiados no Amazonas, e de zelandeses nos fortes Orange e Nassau no rio Xingu, Religions, 1555-1600” (pp. 29-40), e ‘'L a F ra n c e Antarctique” (pp. 41-188). McGrath: “ Polemic” . Cartas dc J. Calvino com referências ao Brasil in Calvinus: Opera O m nia (Braunschweig, 1876ss) tX V I-X V H I, cartas 2 5 3 0 ,2 609 , 2612, 2613, 2814, 2 8 2 6 ,28 33, 2838, 2841, 2850 e 3229, esperan­ do fundar um refúgio americano para os franceses perseguidos, sessenta anos antes dos pais peregrinos ingleses, na América do Norte. Reis: Balleur, inclusive sobre a provável ajuda do padre José de Anchieta na execução mais rápida da sentença de Balleur. A tradução portuguesa da “Confissão F lum in ense” (ou “Confissão de G uanabara”), em 17 artigos, foi publicada por D o m in ­ gos Ribeiro: Origens 39-47. Schalkwijk: “C alv ino” . 13 Latourette: History III 102ss, “compelle eos intrare” . 14 Barreto: Colonizadores. Sobre Filipe II: L. Fernandez e F. de Retanna: E spana en el tiem po cie Filipe / /( M a d r i d , 1958). Arnau ou Arnao. Sobre D. Antônio de Avis, derrotado por Alva em 1580. cap. 13 n27. 15 Sluiter: H olandeses 187ss. 16 Idem 199.

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além de uma pequena colônia cerca de 150 km rio acima. Francisco de Caldeira fez uma tentativa infrutífera de expulsar os holandeses dessa região, mas somente Ben­ to Maciel Parente conseguiu liquidá-los em 1623.17 A essa altura já entramos no tempo da Companhia das índias Ocidentais, fundada em 1621, que patrocinou duas outras tentativas de colonização, uma no rio Amazonas em 1625 e outra no Oiapoque em 1627, na atual fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Ambas essas tentati­ vas, porém, foram abortivas.18 Por enquanto ainda não foram achados dados ecle­ siásticos sobre essas congregações reformadas amazonenses.19 Ameaça maior, porém, era representada pela presença francesa no Maranhão, a França Equinocial de La Ravardiere, onde também os huguenotes participaram ativamente naevangelização dos índios locais. Depois da expulsão destes em 1615, alguns dos huguenotes que permaneceram filiaram-se à Igreja Católica Romana, conforme testemunho de frei Antônio de Santa Maria Jaboatão.20 A mesma amiza­ de entre índios e franceses havia ocorrido quando em 1531 franceses da nau Pèlerine ocuparam a ilha de Itamaracá ao norte de Pernambuco; esse episódio foi ainda mais passageiro que o do Maranhão, mas apresentou o mesmo fenômeno: amizade entre índios e uma segunda onda de invasores que continha fortes elementos protestantes, juntos contra os colonizadores portugueses.21 O Nordeste brasileiro, especialmente a capitania de Pernambuco, continuou a se desenvolver. Aí moravam os descendentes dos conquistadores portugueses, a essa altura mais bem designados como colonos luso-brasileiros. Além destes, um igual número de escravos africanos labutava nas 66 plantações açucareiras, que se tornavam cada vez mais importantes à medida que o paladar europeu adocicava. A cidade de Olinda transformou-se em um centro de luxo e contraban­ do. Em 1630, cerca de 30 mil luso-brasileiros moravam nas capitanias do N ordes­ te, dominando cada vez mais uma população indígena já em forte declínio. Eclesiasticamente, o Brasil formava ainda uma única diocese sob a jurisdição do bispo da baía de Todos os Santos.22 Em 1614, Pernambuco foi organizado como uma prelazia separada, incluindo a Paraíba e o Maranhão. Mas, pouco tempo depois, desentendimentos com o bispo da Bahia surgiram e, no início do reinado de Filipe IV (sendo Filipe III de Portugal, 1621-1640), foram nomeados vigários gerais para a Paraíba e o Maranhão, sob a direta responsabilidade do bispo da Bahia,

17 Goslinga: Caribbean 77-82, 41 Os. 18 Naber: Atlas 151. E dmundson: "M annoas". 19 Inform ação de R. C. Hol do RAZ, de 9/2/1982. 211 Bruno: História II 54ss. Jaboatão: O rbe Seráfico I98ss. Cf. infra, cap. 8.2.1. 21 Jaboatão: Orb e Seráfico 151. 167. V. Rodrigues: Itamaracá 45ss. 22 D. P e d ro Fe rna n des S a rdinh a 1552-; D. Pedro Leitão 1559-; D. A n tônio B arretos 1597-: D. Constantino Barradas 1618-: D. Marcos Teixeira 1624-: D. Pedro da Silva Sampaio 1634-1649: D. Al varo Soares de Castro 1650-, mas não confirmado pelo papa Urbano. Em 1676, Olinda passou a ser diocese própria, sob a direção de D. Estevão B. dc Figueiredo.

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exaurindo propriamente o poder eclesiástico do prelado olindense.23 Essa cida­ de continuou a ser o centro econômico e cultural do Nordeste. Era uma cidade m uito religiosa, de cerca de dois mil habitantes, com quase um religioso para cada dez pessoas,24 porém em franco declínio moral. Um ano antes da invasão holandesa, o frei Antônio Rosado, dominicano, visitador do Santo Ofício, avisou em sua pregação: “ De Olinda a ‘O la n d a ’ não há aí mais que a m udança de um i em a, e esta vila de Olinda se há de mudar em Holanda e há de ser abrasada pelos holandeses antes de muitos dias; porque, pois, falta a ju stiç a da terra, há de acudir a do céu” .23 Olhando-se do outro lado do Atlântico, da Europa, não se notava tanto, porém a situação moral e religiosa, o declínio das tribos indígenas, o labor dos escravos africanos, a brasilianização da população crescente, mas muito mais as grandes caixas de açúcar delicioso, branco e mascavo, que lá chegavam, ao m ínim o de 35 mil caixas de 300 quilos cada uma delas por ano,26 ajudavam assim a Ibéria em seu poderio mundial, que procurava estrangular as sete m i­ núsculas províncias que constituíam a jovem República dos Países Baixos U n i­ dos. Sem dúvida, o Nordeste ibérico era uma presa apetitosa e, em breve, a profecia do inquisidor tomar-se-ia realidade.

21 Camargo: História 13 ls. 24 Verdonck: "M em orie " 42, cinco conventos (jesuíta, franciscano, beneditino e carmelita; o “ c o n ­ vento de freiras” , m encionado por Verdonck, não era nem convento, nem de freiras, m as sim “o Recolhim ento da Conceição” para mulheres leigas. Informação de J. A. Gonsalves de Mello) com cerca de 130 religiosos, além de sessenta padres que moravam na cidade e cerca de cem padres fora da cidade, quase um em cada engenho. 21 Camargo: História 146. Para pe. Francisco Ferreira, S. J., reitor do Colégio de Pernambuco, a invasão dos holandeses era castigo de Deus sobre a depredação e cscravização dos índios no sul do Brasil (Leite: História V 379). 2,1 Boxer: H olandese s 45. Em 1630 havia 137 engenhos de açúcar, com uma produção de setecentas mil arrobas, ou seja. dez milhões c quinhentos mil quilos por ano.

C a p ít u l o 2

HOLANDA

As primeiras notícias históricas da Holanda datam do início do calendário cristão, quando os romanos fizeram uma aliança com a tribo dos batavos1 no delta do rio Reno, na parte mais nórdica da província Gália (Bélgica).2 Com os romanos vie­ ram os primeiros cristãos para esses países baixos.3 No século 5o, as migrações das tribos germânicas modificaram profundamente o quadro étnico de toda a Eu­ ropa, inclusive da Holanda. Por volta de 500 A.D., o sul fazia parte do reinado dos francos, sob o domínio do rei Clóvis I, que aderiu ao cristianismo em 496 e fundou uma igreja em Utrecht. N o leste da Holanda, os saxônios ocupavam grandes áreas, tendo como seu principal missionário o inglês Bonifácio, que foi morto em 754 em Dokkum, pelos frísios. Esse povo, cuja língua era aparentada com o anglosaxão, morava no norte dos Países Baixos e era muito zeloso de sua liberdade. Por volta do ano 700, o grande missionário inglês Willibrord converteu muitos deles ao Cristianismo. Durante o reinado de Carlos Magno, coroado em 800 na cidade de Roma pelo papa Leão III como imperador do império alemão (englobando também a França, os Países Baixos, a Suíça, a Áustria, parte da Iugoslávia e da Itália), a Igreja Cristã no delta do rio Reno progrediu muito. Uma das pessoas de maior destaque nos Países Baixos era Dirk I da Holanda, que começou a ampliar as suas possessões ao redor da cidade de Dordt, a partir de 922. Várias províncias neerlandesas continuaram a reconhecer como seu chefe supremo o imperador alemão, sendo eleito para esse cargo, por volta de 1300, o conde Adolfo de Nassau. A partir de 1440, a casa de Habsburg alcançou essa dignidade. Seu representante

1Os holandeses do século 16 se autodenominavam, freqüentemente, batavos (não bátavos). Ampzing: Epigramm atum I. cham a o almirante H. Lonck (1630, cm P ernambuco) de "een d app er B ata vier" [um batavo corajoso]. Assim também no cap. 8 n39. 2 Para a história geral dos Países Baixos, ver Blok: Geschiedenis: Geyl: Geschiedenis; Houte: A lgem en e Geschiedenis: Algra: Dispereert niet. Em inglês, Vlekke: Evolution; Israel: Dutcli Republic. Sobre o contexto geral do século 17. Clark: Seventeenth Century. 1 Sobre a história eclesiástica geral da Holanda. Jong: K erkgeschiedenís. Sobre a Igreja Cristã R eform a d a na Holanda. Reitsma: Geschiedenis. Sobre a Igreja Católica R o m an a na Holanda. Rogier: G eschiedenis.

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mais ilustre foi o imperador Carlos V (1515-1556), que reuniu as possessões ale­ mãs e holandesas com as espanholas, tornando-se, assim, o mais poderoso poten­ tado depois de Carlos Magno. Foi durante o seu reinado que eclodiu o movimento da Reforma Protestante, em 1517.

2.1 - MOVIMENTO REFORMISTA Este movimento não veio de surpresa ou imprevisivelmente. Durante a Idade Média, quando a Igreja Cristã começava a mostrar sinais de decadência moral e espiritual, já haviam brotado vários movimentos reformistas, como, por exemplo, o de João Wycliffe na Inglaterra e o de João Huss na Boêmia. Nos Países Baixos, destacaram-se os “ irmãos da vida com um ”, liderados por Geert Groote. Estes tomaram os três votos monásticos de pobreza, celibato e obediência, mas não em caráter definitivo. Trabalhavam especialmente como professores, e vários m em ­ bros dessa congregação, como Tomas à Kempis (que certamente é o autor da famosa Im itação de Cristo, por volta de 1420), exerciam profunda influência na vida religiosa holandesa. Apesar de Erasmo de Roterdã não ser membro desse grupo, contribuiu muito para a Reforma Protestante, por meio de livros como Elogio da Loucura (1509) e da publicação do Novo Testamento em grego (1516), usado por Martinho Lutero na sua tradução deste para o alemão (1522). A divul­ gação da Bíblia na língua vernácula dos povos foi o centro do movimento em todos os países da Europa.4

2.1.1 - Os Países Baixos Em muitos países europeus, como França e Alemanha, a reforma religiosa influenciou profundamente velhas lutas políticas nacionais; mas nos Países Bai­ xos (onde o supremo governo estava em mãos estrangeiras), as múltiplas tensões convergiam finalmente em uma luta de libertação político-religiosa do domínio espanhol. E bom lembrar que os Países Baixos, nessa época, abrangiam um ter­

4 S o b re as v e rsões neerlandesas: Bruin: S ta tenvertaling. As versões m ais c o n h e c id a s eram 1) a "L ie sv e ld t- B y b e l” de 1542. sendo m uitos exem p lare s dessa edição q u e im a d o s nas f ogueiras da Inqu isição: 2) a " B i e s t k e n s -B y b e l ” de 1558; 3) e spe cialm ente a "D e u x A e s B y b c f ' de 1562. que era u m a t rad u ç ão d a versão alem ã por M a r tin h o Lutero. Levou esse seu n om e p itoresco p o r c au sa de u m a rim a sobre ba ralho com dados, c o lo c a d a por Lutero ao lado de N e c m i a s 3.5 " D e u x Aes não t ê m ” , os p obre s não têm nada pa ra dar. Era a B íblia m ais u tiliza d a até a p u b lic a ç ã o da N o v a T rad u ç ão em 1637 ( '‘S ta te n -v e r ta lin g ” , pelo S ín o d o N a c io n a l de Dordt). N a B a h ia e no N o rd e ste , as prim e iras B íb lia s h o lan d e sa s eram "D e u x A e s B y b e ls ” (decerto inclusive a “ B íblia S a c r a ”, a no ta da de 1614, v. Bibl. II), e dep ois de 1637 a trad uç ão nova. Cf. C hirg w in : Bible 29ss. A leitura da B íblia não a u to riza d a cra m otivo suficiente pa ra ser e n q u a ­ d ra d a na In q u isiçã o e sp a nho la ; cf. o q u a d ro c o n h e c id o de K. Oom s, " H e t V erb o d en B o e k " ( 1 8 7 6 . O L ivro P roib ido), re p re se n ta n d o de ce rto u m a cena do século 16 na H o la n d a: um s e n h o r idoso lendo u m a B íblia e n o rm e c om su a filha, v o lta n d o -se com um o lh a r de e sp a n to ao n otar que a p a r e n te m e n te há alguém a e spioná-los.

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ritório muito maior do que o atual. Eram constituídos por 17 províncias, en glo ­ bando Elolanda, Bélgica e Luxemburgo. N o sul, falava-se francês, denom inado “valão” ; no norte, frísio e holandês ou flamengo, com vários dialetos quase in­ com preensíveis entre si, entre o norte e o sul, em uma área de cerca de 640 por 240 quilômetros. O movimento da reforma da Igreja Cristã alcançou os Países Baixos por volta do ano 1520, atingindo especialmente o sul do País, onde a situação econô­ mica favoreceu a sua expansão. Elavia se desenvolvido uma indústria têxtil, a draperie rurale, que utilizava muitos operários. O norte da França contribuiu para essa mão-de-obra. Centros dessa região industrial, como Valenciennes, Armentierres, Lille e Doornick, constituíram-se também em centros da Igreja Cristã Reformada. Para refrear o movimento reformista, Carlos V aprovou a instalação da Inquisição, e em 1523 os primeiros mártires da Flolanda, dois m o n­ ges agostinianos, Hendrick Voes e Johannes Esch, da mesm a ordem do próprio M artinho Lutero, foram queimados em Bruxelas, capital neerlandesa. A ala anabatista também conquistou muitos adeptos, mas depois do fracasso apocalíptico de M unster em 1535, uma parte seguiu o ex-padre frísio de Witmarsum Menno Simonsz (constituindo assim o grupo dos “menonitas”), mas a maioria se tornou membro da Igreja Cristã Reformada.5 A Igreja Cristã Reformada não se considerava uma nova seita, mas sim a continuação da Igreja Cristã anteriormente existente nos Países Baixos desde o início da era cristã.6 Sua confissão básica era o mesmo credo apostólico trinitário, e seu livro de batismo não sofreu nenhuma interrupção.7 Em certas áreas básicas, entretanto, ela se sentia deformada; procurava, então, reformar-se. Reformava a sua doutrina e pregação conforme o ensino bíblico. Reformava o interior dos templos cristãos para um culto mais simples. Os ministros reformavam a própria vida oficializando seu casamento e registrando seus filhos. Reformou-se o calen­ dário litúrgico, que sofreu cortes importantes com a eliminação de inúmeros dias santos, preservando apenas o domingo e outros dias cristológicos (como Páscoa e Pentecostes), dando indiretamente um grande impulso à economia nacional. Os mendigos foram retirados das ruas e postos a trabalhar, ou, quando realmente impossibilitados, sustentados pela diaconia eclesiástica.8A própria posição social da

' Os m enonitas rejeitam o batismo de crianças, ju ram entos e serviço militar. A colô nia m enonita no Paraná lembra a sua origem frísia: Witmarsum. Sobre os menonitas: The M ennonite E ncyclopedia (Scottdale. PA.: 1955-1959). 6 Confissão Neerland esa art. 27. 7 C om o mostra o livro de batismo da Igreja Cristã Reform ada de Amsterdã, a partir do dia 26/5/1578, dia da "alteração” n a capital holandesa, quando pregou o ex-monge carmelita dom Petrus Dathenus (Evenhuis: Am sterdam 1 133). s Evenhuis: Amsterdam 1 125, mendigos não foram mais considerados pessoas que d a v am ao próxim o um a oportunid ade de realizar boas obras, mas preguiçosos que não queriam trabalhar.

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mulher melhorou,9 e os processos movidos contra supostas bruxas cessaram.10 Em todos os setores da vida sentiu-se o movimento de renovação da velha Igreja Cristã. E essa consciência de ser a continuação da Igreja Cristã estava bem patente desde o inicio11 até o fim da época em apreço,12 tanto entre cristãos germânicos, eslavos ou latinos, quanto franceses e portugueses. Não é de estranhar que, também no Brasil holandês, seu nome seria “Igreja Cristã Reformada” .1"

2 .1.2

-

Perseguição

A perseguição movida contra os cristãos reformados nos Países Baixos re­ crudesceu bastante durante o governo do filho do imperador, o rei Filipe II (15551598). O seu grande conselheiro era Granvelle, arcebispo de Malines (Mechelen) ao norte de Bruxelas, que depois foi elevado ao cardinalato. O seu secretário era o erudito Jean Taffin, que posteriormente aderiu à Reforma, e tornou-se pastor da corte e amigo íntimo do líder da resistência holandesa, o príncipe Guilherme de Orange-Nassau (1533-1584). Este, nascido em Dillenburg, no condado deN assau na Alemanha, herdara aos 11 anos grandes propriedades na Holanda, inclusive o

'' Knappert: Huwelijk, passim. Campbell: Puriteinen II 3 3 7s. lu Zwart: Heksen. Último processo na Ho land a em 1610. Amsterdã não queim ou mais nenhum a suposta bruxa (heks) depois da Reforma em 1578. (Evenhuis: Amsterdam II 122ss). 11 Pa ra o pensam ento de Lutero e Melanchton, Zwínglio c Bullinger, Buccr e Calvino, v. Strohl: Reforma. A Confissão Flum inense de 1558, de Jean du Bourdel c.s., enfatiza, nas citações, essa continuação eclesial (Ribeiro: Origens 39-47). O pastor Guy dc Brés c onfirm ou na sua carta ao rei Filipe II em 1561: "Confessam os a fé preservada pura e fielmente pela igreja mais antiga, até que (essa fé) foi estragada... por invenções e tradições conflitantes com a pureza do Evangelho" (in Brink: Pleidooien II 153-8). Inscrições em Amsterdã confirmam essa posição: no lado da frente do portão do coral no "templo velho", inscreveu-se o epigrama dc Cornelis Schellinger: “t Misbruyck in Godes Kerk allengskens ingebracht. is hier vveer afgedaen in 't jaer zeventich acht” [O abuso introduzido pouco a pouco na Igreja de Deus se desfez aqui, no ano setenta e oito]. N o verso, gravou-se: " M en m oet om Godes dienst en kcnnis rein te houwen. Op 's Woorts grond nu voortaen geen menschen instei bouwen" [para preservar limpos o culto e o conhecim ento de Deus, deve-se de agora em diante não edificar sobre o fundamento da Palavra nenhum a instituição hum ana]. Flvenhuis: Am sterdam I 133). 12 O fidalgo espanhol Fernando de Texeda publicou em 1633 um livro intitulado C arrascon. no estilo de O C atólico R eform ado, distribuído no Brasil ( infra cap. 7.2.3). O soldado português João Ferreira de A lm eida aderiu à Reforma em 1644 por meio dc um panfleto sobre a diferença entre a antiga doutrina dos apóstolos e a nova da Igreja R om ana (Swellengrebcl: "A lm eida" 180). O bispo refugiado da Unitas Fratrum moraviana, João Am os Comenius, chora em 1650 sobre a sua "mãe", que se t o m o u "vam pira" na violenta Contra-Reform a romana na sua terra natal (Broadbent: Pilgrim 135ss). E em 1677, no livro do capelão do conde João Maurício de Nassau surge a pergunta: Qual das religiões é a mais antiga e está mais perto da Igreja Apostólica?: a resposta inclui duas comparações: a) uma roupa preciosa c a m esma roupa depois de limpa: b) a Reforma cortou as hastes bravas da videira para que a verdadeira ganhasse força (Hundius: Trost 18: inclusive no título e pp. 22. 26 e 289). 11 N a "Constituição" para o futuro Brasil holandês, art. 9: "de Christelijckc G ereform eerde Kerck" (Regiment. 1629). Form ulação cuidadosa do Presbitério do Brasil sobre o comissário político: " m em bro da Igreja Cristã R eformada" (A CB 10/1641 s 2 a l ; c a p . 12.2.5).

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título de stadhouder de Holanda e Zelândia.14 Homem culto, gentil e amado, grande estadista, que por seu dom de ouvir mais que falar, naqueles dias perigo­ sos, ganhou a alcunha de “Taciturno” . Filipe II permaneceu até 1559 na capital holandesa, transferindo-se à Espanha nesse ano, para nunca mais regressar aos Países Baixos. Estava decidido a erradicar a Igreja Cristã Reformada dos seus domínios, declarando que preferia perder a coroa e a vida, a governar sobre hereges.15 No mesmo ano procedeu-se à nova organização eclesiástica romana, com a formação dos bispados de Utrecht, Malines e Cambrai (ou Kamerijk), facilitan­ do o controle espiritual dos súditos e a implantação da Inquisição espanhola nos Países Baixos. Começou uma série de “editais de sangue” (bloedplakkaten), que levou milhares à morte. Entretanto, um número muito maior que o das vítimas se refugiou na Inglaterra, onde se organizou, em Londres, o que se denominou de “Igreja-mãe” da Igreja Reformada holandesa, sob a orientação do pastor polonês Johannes à Lasco. Também na Alemanha foram organizadas várias igrejas de refugiados, como, por exemplo, em Emden, Wesel e no Palatinado, onde o rev. Petrus Dathenus traduziu para o holandês o Catecism o de H eidelberg, que havia sido recentemente publicado por dois professores dessa universidade (Zacharias Ursinus e Caspar Olevianus). Dathenus preparou ainda a famosa tradução dos 150 salmos metrificados baseando-se no saltério genebrino em francês, editado por Clement Marot e Theodore de Beza. Apesar das perseguições, o movimento da reforma da Igreja Cristã conti­ nuou a ganhar adesões, como ilustram também as chanteries, ou cantatas ao ar livre. Assim, em 1561 na cidade de Valenciennes, cerca de seiscentas pessoas cantaram salmos entre sete e dez horas da noite, em vários lugares da cidade, inclusive em frente às casas dos jesuítas, 16 o que provocou uma série de prisões. O pastor Guy de Brès escreveu uma carta de defesa aos magistrados. Lançou-a com um exemplar de sua recente Confession de Foy (Confissão de fé belga ou neerlandesa, 1561) sobre o muro do castelo de Doornick, para assim ser levado ao governador e ao rei. Se este jam ais leu a confissão de fé, não se sabe, mas ela chegou a ocupar um lugar de suma importância na Igreja Reformada holandesa, sendo adotada oficialmente no Sínodo secreto de Antuérpia em 1566 (com revi­ sões menores em seus 37 artigos), junto com o Catecism o de H eidelberg,17 Nesse mesmo ano de 1566, surgiram muitos outros protestos contra as per­ seguições, tanto da alta nobreza, quanto da baixa, e ainda dos comerciantes con­ 14 Pronúncia: Stat-audcr: palavras semelhantes (como S tadhalter ou stadholder) são adaptações regionais da palavra holandesa. N a capilal. Bruxelas, residia o governador-geral (la n d vo o g d ) das 17 províncias, um das quais era a Holanda, sob o com and o dc seu sta d -h o u d er. um tipo de governador estadual, ou interventor. O equivalente em português seria "politerono". de polisleron. guardador da cidadc. Brink: Pleidooien II 141. Idem II 144. l' Tradução recente: Confissão. Sobre o conteúdo do catecismo. Janse: Confesion. I Ialsema: Mártir.

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tra a extorsão fiscal espanhola. Em muitos lugares foram realizados cultos ao ar livre. Infelizmente a severa repressão causou uma reação violenta, e o populacho invadiu muitas igrejas católicas romanas, destruindo as imagens e provocando outra onda de prisões, inclusive de muitos que desaprovaram essa iconoclastia, conhecida como “tempestade das imagens” (beeldenstorm ). Mortos foram tam ­ bém os pastores de Valenciennes, Guy de Brès e Pérégrin de la Grange.18 Filipe II, então, enviou o fervoroso católico romano Ferdinand Alvarez, duque de A lba,19 para assumir o governo nos Países Baixos (1567-1573). Este instituiu um conse­ lho especial, que tinha a alcunha de “conselho de sangue” ( bloed-raad), por causa das muitas sentenças capitais decretadas: nos primeiros três meses ultra­ passou a casa de mil vítimas, inclusive da alta nobreza. O filho mais velho do príncipe de Orange, Filipe Guilhermino, que contava 11 anos e estudava na U ni­ versidade de Lovaina, foi seqüestrado por sugestão do Arcebispo Granvelle e levado preso à Espanha, para nunca mais rever o pai. O próprio príncipe de OrangeNassau foi intimado, mas não compareceu, sendo condenado ao desterro e à perda dos seus bens em benefício de Filipe II. Aparentemente, o duque de Alba trabalhava a contento do seu mandante, recebendo inclusive como prêmio uma espada de ouro do papa.

2 .2 - GUERRA DOS OITENTA ANOS (1 5 6 8 -1 6 4 8 ) Eclodiu, então, a revolta popular contra a opressão espanhola, conhecida como a “Guerra dos Oitenta Anos”20 (1568-1648). Sob a liderança dos seus legítimos representantes, as províncias neerlandesas desafiaram a Espanha, a maior potên­ cia militar do mundo, e conseguiram a vitória. Havia, inclusive, grupos de guerri­ lheiros, tanto na terra quanto no mar, apelidados geuzen (mendigos).21 Em 1572, capturaram a cidade portuária Brielle, mas a ajuda francesa prometida pelo velho almirante Gaspar de Coligny não apareceu, em virtude de haver sido este assas­ sinado na matança da noite de São Bartolomeu.22

la Guido de Brés declarou aos seus inquisidores: “ Esta doutrina, que ouvistes, é a m esm a ensinada pelos apóstolos e observada na Igreja A n tiga” (Jong: Kerkgeschiedenis 129; Brink: Pleidooien, II 141-66). 19 Sobre Alba, W. Kirchner: Alba (Goettingen, 1963). 20 Fruin: Geschriften. Duke: Reformation. Parker: Beeldenstorm. 21 A palavra pejorativa geuzen tornou-se palavra de honra. O idoso ex-padre Arend Dirkszoon de Vos com pôs, antes de scr estrangulado e queimado, aos 70 anos, um conhecido "canto de geu s” : "Slaet opten tromm ele van dirredom -deyne” , rufe o tambor... (Algra: Dispereert niet I 343). 22 H ugenottenkriege 166-217. Foram massacrados cerca de oito mil huguenotes (cristãos reform a­ dos franceses) da mais alta sociedade, reunidos em Paris por ocasião do enlace matrimonial do príncipe Henrique d c N a v a rra (o futuro Henrique IV da França) com Margareta de Valois, irmã do rei francês Carlos IX, sob a orientação da rainha-mãe Catarina de Mediei. O papa Gregório XIII mandou entoar o Te Deuni e cunhar um a m edalha m ostrando um anjo, tendo em um a mão a cruz erguida, e a outra abatendo os huguenotes. Sobre o exem plo de 1572 para a insurreição de 1645, infra cap. 3.3.

H olanda

2 .2.1

35 -

Guerra

Muitas cidades nos Países Baixos haviam se colocado abertamente ao lado da revolta, mas os espanhóis recapturaram rapidamente as províncias rebeldes. Dizimaram a população de Naarden, reunida na igreja local, e em Haarlem 300 soldados valãos foram amarrados de costas uns para os outros e lançados no rio Spaarne. Foi no ano de 1573 que o príncipe de Orange-Nassau escreveu aos seus súditos perseguidos, dizendo que havia feito uma aliança com o potentado dos potentados; foi também o ano em que a cidade de Alkmaar conseguiu resistir às tropas espanholas, e no ano seguinte Leiden foi libertada pelos geuzen, que se aproximaram da cidade em embarcações chatas, navegando sobre as terras que eles mesmos haviam previamente inundado. Em homenagem à sua resistência heróica, o príncipe fundou em Leiden a primeira universidade da Holanda (1575). Finalmente, também a cidade de Amsterdã aderiu à revolta (1578), unindo-se às províncias nórdicas, enquanto as províncias do sul se submeteram aos espanhóis. A aliança das províncias de Holanda, Zelândia, Utrecht, Frísia, Groningen e Gélria é conhecida como a União de Utrecht (1579), à qual também cidades como Gand e Antuérpia aderiram. N o artigo 13, garantiu-se a liberdade de consciência para todos. O primeiro assinante foi o conde Johan van Nassau, stadhouder de Gélria, o avô do futuro João Maurício de Nassau, o “Brasileiro” .23 A essa altura, a Holanda sofreu vários reveses. O governador católico-rornano de Groningen traiu a causa holandesa, perdendo-se o nordeste dos Países Baixos para a Espanha, e o príncipe Guilherme de Orange-Nassau foi morto a tiros, à traição (1584), por um dissimulado huguenote refugiado, atraído por alta recompensa financeira, elevação ao estado de nobreza e perdão dos pecados, conforme proposta do cardeal Granvelle ao rei Filipe II. Havia tombado o “ pai da pátria”, cujo nome se preservou no hino nacional holandês em forma de acróstico.24 No período de um ano, o governador-geral dos Países Baixos, o duque de Parma, subjugou uma a uma as cidades flamengas de Brugge, Gand, Bruxelas, Malines e finalmente Antuérpia (1585), provocando um verdadeiro êxodo dos

:j Sobre o artigo 13 da União de Utrecht, infra cap. 13.2. Groenveld: Unie: Jong: Lnie. E. Haitsma Mulier e W. Velcma. ed.: Vrijheid (Amsterdã, 1999; Begriffsgeschichte; história conceituai sobre 'lib erd ad e' na Holanda, dos séculos 15 a 20). 14 Quinze estrofes form ando o nom e “ W illem van Nassov", da autoria parcial do fidalgo zelandês Marnix van St. Aldegonde, da ilha dc Walcheren. A quinta estrofe lembra o avô-im perador Adolfo de Nassau ("... de tronco imperial..."). As estrofes 1 e 6 são as mais conhecidas. Estrofe 1: "G uilherm e dc N assau/ sou eu dc sangue ‘d u t c h ’./ Fiel à pátria/ ficarci até a m orte./ Um príncipe de O range/ sou, livre c intrépido./ O rei da Espanha/ sempre tenho honrado''. Estrofe 6: "M eu escudo e m inha confiança/ és Tu, ó Deus meu Senhor!/ E m Ti quero mc firmar./ nunca me deixes só!/ Que cu possa perm anecer piedoso/ Teu servo a todo instante./ Expulsar a tirania/ que me traspassa o coração". As últimas palavras do príncipe foram: "M on Dieu. mon Dieu. ayez pitié dc moi et de mon pauvre peuple". Foi enterrado no Templo Novo de Delft. Sobre sua importância para o Nordeste brasileiro, infra cap. 13.4.1 c 14.4.1. Schelvcn: Oranje.

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seus habitantes para as províncias nórdicas, especialmente para a Zelândia e sua capital, Middelburg, situada na ilha de Walcheren, e para a Holanda e sua capital, A m sterdã. Em seguida, as p ro v ín cia s m erid io n ais foram c o m p le ta m e n te recatolizadas.23 Entraram em declínio econômico, conquistando a sua indepen­ dência política somente em 1830, sob o nome de Bélgica. As províncias nórdicas, por outro lado, beneficiaram-se muito dessa imigra­ ção m aciça, tanto política quanto eco nôm ica e eclesiastic am en te.26 Com o stadhouder, o jovem príncipe Maurício de Orange-Nassau (não o “ Brasileiro") sucedeu seu pai aos 18 anos de idade (1585-1625), provando ser um exímio estra­ tegista militar. Os assuntos políticos estavam praticamente nas mãos de Johan van Oldenbarnevelt, “advogado” da província da Holanda, e assim, com uma enorme influência nos Estados Gerais, órgão supremo da jovem República.27 O ano de 1588 foi o de maior perigo. O rei Filipe II não queria se conformar com a perda virtual de sete das suas províncias. Era isso insuportável, em vista de estar no auge do seu poder, depois de haver conquistado a Coroa portuguesa em 1 580 com a ajuda do duque de Alba, inclusive estrangulando o comércio holandês nos portos portugueses.28 Ao mesmo tempo, desejava vingar a morte de sua pri­ ma Maria Stuart, rainha católica romana da Escócia, executada em 1587 pela rainha protestante Elizabeth Tudor da Inglaterra, por causa de uma tentativa de Maria Stuart de destronar Elizabeth em seu próprio benefício, com o apoio do papa Pio V.29 Com uma armada denominada “ invencível”, composta de 150 naus, dez mil marinheiros e o dobro de soldados, o almirante Medina Sidonia zarpou contra a Inglaterra e Holanda. Os ingleses atacaram os grandes vasos de guerra com barcos pequenos e velozes, enquanto os holandeses seguravam o conde de Parm a e seus 17 mil homens nos portos flamengos. A armada, gravem ente fustigada, escapou pelo estreito de Calais, e uma tempestade completou a sua derrota durante a viagem de volta pelo norte da Escócia; regressou ao porto de onde partira apenas um terço da maior frota que o mundo havia visto até então. A partir daí, começou o declínio do poder marítimo espanhol. E quando Filipe II ordenou que o conde de Parma se voltasse ainda contra a França, depois de Henrique de Navarra haver ascendido ao trono francês em 1589, os Países Bai­ II. Q. Janssen: De K erkhervorm ing te B rugge (Roterdã, 1856). Schelven: Immigratie. :7 R. J. Fruin: Tien Jaren uit den Tachtigjarigen Oorlog, 1588-1599 (Haag, 1899). l"m 1585. 1590. 1595 e 1599 (Abreu: Capítulos 109s), o grande m otivo da organização das C om panhias das índias na H olanda (Hoboken: "D utch WIC"). 29 A bula papal, R egnans in Excelsis. de 1570. N a introdução afirma: "A este único hom em (o papa). Ele (Deus) estabeleceu como chefe sobre todas as nações e todos os reinos para arrancar, destruir, dispersar, dispor, plantar e construir. (Par 3:) ... declaramos a predita Elisabete com o herege e protetora de hereges. e declaramos que os que a seguem nas matérias que m encionam os incorreram na se ntença do anátema, e que sejam cortados da unidade do corpo de Cristo. (Par. 5:) e os súditos... declaramos absolvidos para sempre de tal juram ento..." (Bettenson: Docum entos 276s). Schmidt: Katholische Reform 7. sobre deduções da posição papal.

H o lan d a

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xos, até então encurralados, começaram a consolidar a sua posição. Maurício de Orange-Nassau e seu primo stadhouder da Frísia reconquistaram o nordeste perdido e a baronia de Breda, antiga posse dos Nassau em Brabant. Finalmente, tanto a Holanda como a Espanha (onde Filipe III sucedera seu pai em 1598) precisavam de paz e celebraram a “Trégua dos Doze Anos” (1609-1621).

2 .2.2

-

Paz

Durante a trégua eclodiu na Alemanha a sangrenta “Guerra dos Trinta Anos” (1618-1648), criando outra onda de refugiados que se dirigiu à Holanda. A chega­ da de tantos imigrantes ocasionou nos Países Baixos um grande desenvolvimento em todos os setores da vida, de modo que a primeira metade do século 17 geral­ mente é denominada “Era Á urea” (G ouden Eeinv). A vinda dos huguenotes, flamengos e alemães estimulou as indústrias de tecidos, cerâmica, estaleiros etc.30 O comércio se expandiu para todos os lados. Os navios levavam peixe, sal, mer­ cadorias da própria Holanda, do sul da Europa e de outros continentes para o norte do continente, trazendo de lá trigo, madeira, ferro e outros produtos. U m dos mais fortes com erciantes dessa rota foi Lodew ijk de Geer, descendente de flamengos. Para combater a concorrência desenfreada, organizaram-se com pa­ nhias mercantis, como a Companhia do Norte para a pesca de baleias no Ártico. A mais importante, porém, foi a Companhia das índias Orientais,31 fundada em 1602, fruto do trabalho do estadista Johan van Oldenbarnevelt. U m a comissão de 17 membros, os “ Senhores XVII” (Heeren X V II), dirigia o trabalho das câmaras comerciais localizadas em várias cidades, das quais Amsterdã ocupava o primeiro lugar. A C om panhia expandiu-se em Ceilão, F orm osa e prin cipalm ente na Indonésia, onde o governador-geral Jan Pietersz Coen fundou a cidade da Batávia em 1619. Encontraram-se constantemente com os portugueses, que eram um em­ pecilho aos seus propósitos, guerreando-se de contínuo,32 enquanto outros holande­ ses tentavam contornar o monopólio da Companhia, dificultando o seu comércio. Assim, um destes, Izaak le Maire, conseguiu descobrir um caminho pelo sudoeste do Oceano Atlântico, através do ponto meridional da ilha do Fogo, dando seu nome ao estreito de La Maire, e o nome da cidade de Hoorn ao cabo que contor­ nou. Outra tentativa de encontrar uma rota alternativa às índias levou-os ao nor­ deste, encalhando-os nas águas congeladas do Pólo Norte. A expedição ao noro-

Retratos de atividades econômicas. Luiken: Bedryf. Klompmaker: Handel. Especulação de tuli­ pas em 1637. Israel: Primacy. Zumthor: Vida. 1 Dam: Beschryvinge. Boxer: John Company. Furber: Rival Empires. Capítulo 5 de Boxer: Portuguese Seaborne Empire. sobre a luta global entre lusos e holandeses, luta de sessenta anos entre Portugal e H olanda (ambos com cerca de um milhão e quinhentos mil habitantes) começando pela conquista de São Tomé em 1598 até a de Malabar em 1663. Guerra de comércio de especiarias na Asia. guerra do comércio escravagista na África e guerra de comércio açucareiro no Brasil. Resultou em u m a vitória holandesa na Asia. empate na África e vitória lusa no Brasil, (p. 112).

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este possibilitou a descoberta da Baía de Hudson no Canadá e do rio Hudson, onde se iniciaria a colônia de N ova Amsterdã (1614), posteriormente capturada pelos ingleses, que a rebatizaram como Nova York (1664).33 No Oceano Pacífico, Abel Tasnian descobriu a Nova Zelândia e a ilha da Tasmânia ao sul da Austrália. Com o aumento da população, o surto comercial e a paz provisória, a vida cultural teve condições de se desenvolver extraordinariamente. O ensino básico foi generalizado, e o número de analfabetos nos Países Baixos diminuiu. Não havia família evangélica que não lesse a Bíblia na língua vernácula e cantasse os Salmos de Davi.34 Muitos estudavam o Catecism o de H eidelberg com seus fi­ lhos.35 Nas cidades maiores existiam as "‘escolas latinas” e todas as províncias procuravam ter a sua própria universidade. Em 1640 existiam cinco universida­ des: Leiden na província da Holanda (fundada em 1575), F raneker na Frísia (1585), Groningen no nordeste (1614), Utrecht no centro do país (1636) e Harderw ijk na Gélria (1648). As universidades haviam sido fundadas prim aria­ mente para a formação de pastores, e a m aioria dos ministros que serviram posteriormente no Brasil holandês (1624-1625 e 1630-1654) havia recebido sua formação em uma dessas faculdades teológicas. Muitas cidades procuravam ter ainda uma “escola ilustre”, onde se administrava ensino em nível universitá­ rio, mas sem permissão de proceder aos exames reconhecidos. Isso acontecia em Middelburg, capital d a Z e lâ n d ia (1 6 1 1), Amsterdã (1630) e Dordt na Holanda (1636), Deventer na Gélria (1630), no sul, Den Bosch (1637) e Breda (1646) em Brabant. Todas essas escolas se localizavam em uma área de 200 por 160 qui­ lômetros da jo vem República.36 As belas artes floresceram. Rembrandt van Rijn, cristão reformado,37 pinta­ va em Amsterdã sua famosa “Ronda N oturna” . O grande pintor católico romano era Jan Steen, com seus quadros populares. As letras tinham como representante o “ príncipe dos poetas holandeses”, Joost van den Vondel, católico romano, e o pastor reformado Jacobus Revius, autor do famoso soneto “Não foram os judeus ° Sobre a Igreja Reformada nessa colônia americana: Jong: American. 34 Holl: Cultural significance 107-52. O maior almirante holandês do século 17, Michiel Adriaansz de Ruyter (1607-1676). lia à noite, em casa. vários capítulos da Bíblia, intercalados com cântico de salmos. (Evenhuis: Amsterdam II 56). Evenhuis: Am sterdam II 55s. Reitsma: G esch iedenis 331 s. Jedin: Atlas 80c. Gocters: Pietismus 9. "n irgends ist ja so vicl fuer die thcologische Wissenchaft getan worden" [em nenhum lugar se fez tanto pelos estudos teológi­ cos. citando A. Schweizer], Escolas ilustres tinham o ius docendi. as universidades tam bém o ius prom o ven d i, .Jansen: Kerkorde 82. O professorado em teologia era considerado o quarto ofício (pregador, presbítero e diácono) Kerkorde art. 18. H. Kuyper: Opleiding I. A escola ilustre de Roterdã era de 1681, além da época em apreço. O em baixador de Veneza na Holanda, Alvise Contarini (1626), afirmou: "I prcdicanti. molto piú ignoranti che in Inghilterra o Francia” . (citado in Riemersma: Factors 74 nl2). ’7 R e u n i n d o um c í r c u l o de a m i g o s de p i n t o r e s r e f o r m a d o s e trê s p a s t o r e s . E v e n h u i s : A m s t e r d a m II 293.

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que te crucificaram, Senhor Jesus, fui eu” .38 Havia grandes arquitetos, como o cristão reformado Pieter Post e o católico romano Jacob van Campen, sendo este o idealizador da casa de João Maurício de Nassau-Siegen em Haia. Na música, destacaram-se famosos organistas como Jan Sweelinck da Igreja Reformada de Amsterdã. N a área judiciária, Hugo Grotius ganhou renome internacional especi­ almente por causa da sua exposição sobre o uso livre dos mares, contestando a opinião ibérica que considerava todos os oceanos suas águas territoriais.39 Eram cientistas Simon Stevin, o engenheiro das fortificações, Jan Leegwater, o enge­ nheiro aquático que transformou vários lagos em terras férteis (polders), Christiaen Huygens, o inventor do relógio pêndulo, Antonie van Leeuwenhoek, o construtor do microscópio. Filósofos como o francês René Descartes e o judeu Baruch de Spinosa moravam, por esse tempo, na capital holandesa.

2 .3 - IGREJA CRISTÃ REFORMADA Voltando agora nossa atenção um pouco mais para a Igreja Cristã Reformada nos Países Baixos, havemos de reconhecer com o historiador Johan Huizinga, que sem ela não teria existido a fundação do Estado neerlandês, e sem ela, esse Esta­ do não haveria permanecido de pé.40 Foi a própria Igreja quem enfatizou a união nacional, resistindo à pressão dos governos provinciais na tendência de considerar os Países Baixos como sete repúblicas unidas em vez de uma república de sete províncias unidas.

2 .3.1

-

Crescimento de uma Igreja Nacional

A Igreja Cristã Reformada havia se beneficiado muito do influxo de refugi­ ados em número maior do que se imagina à primeira vista. Entre 1540 e 1630 mais de 200 mil pessoas migraram para as províncias nórdicas, entre elas três quartos de todos os refugiados das províncias meridionais, que foram novamente subjugadas pela Espanha. Por volta de 1622, às vezes mais da metade da população urbana era com posta de imigrantes. Am sterdã cresceu, durante um século, de 30 mil para 200 mil pessoas, alargando a sua área de construção por seis vezes;41 e mais de um terço dos seus habitantes era de imigrantes. A percentagem de

-’8 W. A. P. Smit: D e d ichter R evius (Amsterdã, 1928). Revius: Overijsselsche Sangen (1628). yi Hugo Grotius: De ju r e be/li et p a cis (1624) iniciou uma nov a era de direito internacional. Defendeu o m are h b e n im para todas as nações contra o m are clausum ibérico (Roure: '‘Domínio"). Barlaeus: História 4s, "... vedada por ordens régias a navegação dos nossos compatriotas para a E spa nh a e depois para o Oriente, começou ela a estender-se mais... N ã o obstou a tais em preendim entos nem a doação feita pelo papa Alexandre VI aos portugueses e aos espanhóis, pois é permitido a alguém ser liberal no seu e não no alheio..." João Ribeiro: História do Brasil 141. O s portugueses e espanhóis abriram o Oriente fechado pelos turcos, os holandeses e ingleses abriram o Ocidente fechado por estes. J" Huizinga: Nederlands beschaving. 41 H oboken: ‘‘Dutch W IC" 46ss.

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estrangeiros era em Haarlem 51%, em Middelburg 62% e em Leiden de até 67% .42 A maior parte da população não tinha problemas para entender a prega­ ção em língua holandesa; havia, porém, congregações especiais para os que fala­ vam alemão, inglês ou francês.43 As muitas igrejas francesas eram compostas de valões da “Bélgica” e huguenotes da França, além de outros evangélicos latinos, como espanhóis, portugueses e italianos. Eram conhecidas como “ igrejas valãs” ( Waalse kerken), com quase trinta congregações espalhadas pelo país.44 Essas igrejas de estrangeiros faziam parte integralmente da Igreja Reformada nos Paí­ ses Baixos, em nível local, presbiterial ou nacional.45 A Igreja Cristã Reformada era uma “Igreja do Estado” .46 Todos os que ocupavam algum cargo público deviam ser membros dela. A escola pública tinha, semelhantemente, feição cristã. O governo publicava leis que promoviam a guar­ da do domingo etc. Mas o governo, por outro lado, almejava controlar a Igreja. Enquanto se tratava a luta contra a Espanha, as igrejas haviam se reunido em “sínodos” no exterior, como em Wesel (1568) e Emden (1571). Mas com a vitória de Alkmaar em 1573, o sínodo provincial da Holanda se reuniu no mesmo ano naquela cidade, e o primeiro sínodo nacional em solo holandês se realizou na cidade de Dordt em 1578. Entretanto, à medida que o novo governo nacional se firmava, refreava a convocação de outros sínodos nacionais, embora se realizas­ sem anualmente os de nível provincial. O controle da Igreja pelo governo era assunto antigo, mas entrou em uma fase mais crítica durante a trégua de doze anos (1609-1621) nas lutas eclesiásti­ cas entre “arminianos” e “gomaristas” . Jacobus Arminius47 era pastor em Am s­ terdã. Já durante o exame eclesiástico, antes de sua ordenação, surgiram proble­ mas relacionados com suas idéias, levando o consistório a inquirir do candidato se ele considerava, então, que poderiam ser eliminados 9 dos 12 artigos do credo apostólico, para apaziguar eventuais heréticos. Apesar das dúvidas do consistório, Arminius foi ordenado pastor em 1587. Casou-se com a filha de um dos homens fortes de Amsterdã.48 Posteriormente, os curadores da Universidade de Leiden o

42 Briels: Immigratie. ’3 Carter: English. O leitor (voorlezer) se cham ava "forelazer". A igreja inglesa em Leiden, cujos m em bros se m udaram para a América do N orte em 1630, era uma congregação independente; os conhecid os ‘■pilgrim-fathcrs". 44 As atas do Sínodo Valão foram publicadas como Livre Synodal. em que há várias referências ao Brasil. A futura C om panh ia das Índias Ocidentais teria o apoio maciço desses latinos. 43 Cf. no Brasil, infra cap. 4 n84 e n85. 4I' Cf. no Brasil, infra cap. 12.1. 47 Jacobus A rm inius (1560-1609) estudou em G enebra etc.; pastor em A m sterdã (1588-): professor de teologia em Leiden (1603-1609). Resum o da questão arminiana em Walker: História II 134-7. 4K Elisabeth Reacl. Evenhuis: Amsterdam I 164. Knappert: Hcrvorm de Kerk 100. "O que havia de liberalismo nele. de certo chegou a crescer por causa do seu matrimônio, fator considerado de m enos importância pelos historiadores.

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nomearam professor de teologia, o que preocupou seriamente o consistório da igreja de Amsterdã. Arminius, porém, comprometeu-se a não ensinar nada con­ trário à confissão de fé na universidade, mas esperar o pronunciamento de um sínodo nacional. Finalmente os curadores da universidade o instalaram como pro­ fessor, apesar da resistência. Duas convicções preocupavam a igreja de Am ster­ dã: as idéias de Arminius sobre a predestinação (que parecia diminuir a soberania de Deus) e sobre a soberania do governo (que parecia ameaçar a liberdade da Igreja). Os seus partidários na Igreja eram especialmente os da aristocracia go­ vernamental. liderados por Oldenbarnevelt e seu auxiliar Hugo Grotius, denom i­ nados “arminianos” ou “ libertinos” . O líder da oposição a Arminius era o pastor Franciscus Gomarus, flamengo de Brugge,49 e seus seguidores eram cognominados “gomaristas” ou ortodoxos. O s a r m i n i a n o s s u b m e t e r a m s u a s o p i n i õ e s ao g o v e r n o em um a “rem onstrância” (pelo que foram denom inados “ rem onstrantes” ), à qual os g o m a ris ta s se o p u s e ra m em um a “ c o n t r a - r e m o n s t r â n c i a ” ( s e n d o en tão cognominados “contra-remonstrantes”). Considerados opositores do governo, fo­ ram multados e até exilados. Mas em que nível governamental deveria ser decidi­ da uma questão como essa? Oldenbarnevelt defendia o antigo princípio regional (neste caso, o governo da província da Holanda teria a última palavra), e iniciouse a organização de uma milícia regional. Finalmente, o príncipe de Nassau esco­ lheu o lado dos contra-remonstrantes e do princípio nacional. Dessa feita, a deci­ são final ficou a cargo do órgão máximo da jovem República, os “ Estados Ge­ rais”, que aboliram as milícias provinciais, prenderam o velho Oldenbarnevelt, que foi inclusive decapitado. Os Estados Gerais, finalmente, autorizavam a convoca­ ção de um sínodo nacional, que então condenou a doutrina arminiana. Quem não se conformava era multado e mesmo deportado.50 O sínodo se reuniu em Dordt (ou Dordrecht), a mais velha cidade da Holanda, em 1618 a 1619. N a realidade, a primeira parte desse concilio consistia em um sínodo internacional (possuindo inclusive representantes da Inglaterra, Alemanha, Nassau, Palatinado, Suíça e de outros países e províncias), onde foram elabora­ dos os C ânones de D ordt contra os arminianos. Depois prosseguiu como sínodo nacional. Foram , então, recon hecidos com o as três “ F ó rm u las da U n iã o ” (Formu/ieren van Enigheid) a Confissão Neerlandesa, o Catecismo de Heidelberg e os C ânones de Dordt. Funcionariam como acordo de comunhão eclesiástica e 49 F. Gom arus (1563-1641), antigo refugiado do Palatinado. pastor em um a igreja de refugiados em Frankfurt, professor de teologia em Leiden (1594), pastor em M iddelb urg ( 1 6 1 1-), professor de teologia em Saum ur (França. 1615-) e Groningen (1618-1641); revisor do Antigo Testamento da N o v a Tradução (1637). A supressão dos arminianos diminuiu na década seguinte. Em 1630 realizaram um a assembléia geral em Roterdã e em 1634 fundaram um Athenceum em Amsterdã. Clark: Seventeenth Century 312. falando sobre a E uropa em geral: "T he prevailing note o f the theological writings o f thc century is ferocity” .

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deveriam ser subscritas pelos obreiros da Igreja, usando-se geralmente para esse fim um “ livro de confissões” .51 Foram também preparados a ordem eclesial {kerkorde), contendo a conhecida estrutura reformada de igrejas locais dirigidas pelo Consistório (composto de pastor, presbíteros e diáconos), a “Classe” (ou Presbitério, como conjunto de igrejas locais representadas pelos seus pastores e presbíteros), o Sínodo Provincial (reunião dos representantes dos presbitérios) e, finalmente, como órgão supremo, uma Assem bléia Geral ou Sínodo Nacional (com posta de representantes dos sínodos provinciais).32 Posteriormente, a “ or­ dem de D ordt” sofreu modificações regionais, porque as autoridades civis pre­ tendiam preservar seu domínio sobre a Igreja, especialmente na nomeação de pastores, não permitindo mais a convocação de um sínodo nacional.3’ Tratou-se em Dordt tam bém do ensino de todos os níveis e decidiu-se fazer uma nova tradução da Bíblia, que finalmente foi publicada em 1637, baseada no hebraico e no grego, e que serviu inclusive para unificar a língua holandesa, m oldando a unidade de pensam entos.54

2 .3.2

-

Puritanismo Holandês

As igrejas não cuidavam somente da parte doutrinária, pois havia-se iniciado um movimento, o qual reconhecia que também a prática deveria ser mais moldada pela Bíblia, movimento conhecido como puritanismo holandês, zeloso no trabalho de catequese e na visitação pastoral.53 Era uma renovação do impulso da reforma ética, iniciada pela Reforma Protestante, uma aplicação da velha regra cristã que reconhece a Bíblia como norm a credendi et agendi, a norma para fé e compor­ tamento. Esse pensamento j á era muito claro nos escritos de Martinho Lutero e João Calvino.56 O pastor M artinho Bucer de Estrasburgo enfatizou esse aspec­ to quando era professor de teologia em Cambridge, por volta de 1550, universi­ dade que se tornou centro do puritanismo inglês, onde homens como William

" Cf. no Brasil, cap. 4 n l 7 9 . As decisões da se gunda parte do Sínodo dc Dordt foram publicadas em H. Kuyper: Postacta. As Três F órm ulas de União (ou Unidade) se publicavam como últim a parte de muitos saltérios. 52 Por exem plo, a igreja local de Am sterdã fazia parte da "Classe" (Presbitério) de Amsterdã; este. com as "Classes" de Haarlem, Alkmaar, Edam, Hoorn e Enkhuizen, formava o Sínodo da Holanda Setentrional que, por sua vez, reunia-se com o Sínodo da H olanda Meridional e os outros Sínodos Provinciais no Sínodo Nacional, como em 1618. 53 Reitsema: Geschiedenis 332s. Jansen: Kerkorde. ■J Roldanus: Geestesbloei 41. 55 Puritanism o holandês, nadere reform atie (reforma acurada ou reforma complementar), pietismo holandês ou precisianismo. O secretário particular (Willem Amesius) do presidente do Sínodo de Dordt (Johannes Bogerman) era um defensor desse puritanismo. W. Teellinck e Voetius eram grandes catequistas. Goeters: Pietismus 12. Brienen: Nadere reformatie. 56 Calvino: Institucion, livro 111, cap. 6-10 (pp. 522-56), que foi public ado separadam ente, pela prim e ira vez, em 1550, em francês e latim. In úm eras vezes reeditado (cf. Calvin: Booklet). Graaf: Ethiek.

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Amesius57 e William Perkins58 se tom aram grandes defensores desses pensa­ mentos. Assim influenciaram vários ministros da Igreja Reformada Neerlande­ sa,59 como, por exemplo, Willem Teellinck, de Middelburg, e Godefridus Udemans, de Zierikzee, ambos da província de Zelândia, região de mais contato com a Ingla­ terra.60 Por meio de pastores como Petrus Gribius, o genro de Teellinck, esse ideal seria defendido também no Brasil, quando Gribius trabalhou como pastor da Igreja Cristã Reformada do Recife.61 Ministros mais jovens tentaram concretizar esse ideal em suas igrejas. Entre eles o mais destacado foi o pastor Gisbertus Voetius, descendente de uma nobre família de holandeses, um dos representantes do Sínodo de Dordt, que serviu como capelão com o príncipe Frederico Henrique, no sítio da cidade de Den Bosch (1629), e que a partir de 1634 lecionou na escola ilustre (depois academia ou universidade) de Utrecht durante 42 anos, homem de grande interesse eclesiástico e secular pelo Brasil.62 A sua oração inaugural em Utrecht tinha como tema e título De P ietate cum Scientia C oniugenda, ou seja, “ Piedade a Ser Combinada com Ciência” .63 Não trabalhou somente em nível acadêmico, mas também escreveu livros para o povo cristão reformado, como, por exemplo, “Prática da Piedade” (Praxis Pietatis), uma tradução elaborada do livro do rev. Levvis Bayly, ministro anglicano de ala puritana, o qual alcançou pelo menos 59 edições em inglês e foi traduzido para o galês, francês, alemão, polonês, holandês e, ao que parece, mohawk.64 17 Sobre Amesius. K. Reuter: Amesius (1926). Amesius in M edulla (ca 1620): theologia est doctrina D eo viven d i (Goeters: Pietismus 69); cf. Cat. Heidelberg 1 "... pelo seu Santo Espírito, (Deus) tam b é m me garante a vida eterna e me faz querer estar pronto de todo o coração a viver para Ele daqui por diante” . ■# Sobre os livros de Perkins no Brasil, infra cap. 7.2.3 e 7.2.4. Sobre a influência inglesa na Holanda, Goeters: Pietismus 21-43. J. v.d. Haar: From A b b a d ie to Young (Venendaal, 1980), um a bibliografia de 2.788 (!) títulos de obras inglesas, em grande parte de autores puritanos, que foram traduzidos para o holandês nos séculos 17 e 18. Depois da Guerra dos Trinta Anos, essa ênfase far-se-ia sentir na Alemanha, em bora existisse antes (Johann Arndt. S ech s B ücher vom Wahren C hristenlhum , 1605). “ G oeters: P ie tism u s 27, o c alo r r e lig ioso e a v iv ac id ad e dos p u rita n o s têm sido n o tad o s freqüentem ente, de um a m aneira vivificante e orientadora,... a formação da vida pessoal e civil... ["die religioese W aerm e und L ebendig keít der Puritaner... die pu ritanischc G e sta ltun g des persoenlichen und buergerlichen Lebens’’]. Sobre Teellinck e Udemans no Brasil, infra cap. 7.2.4. Vergunst: Udemans. M Infra cap. 5 n98. “ Sobre a visão m issionária de Voetius, Andei: Zendingsleer; Jongcneel: "M issiology". “ A. de Groot: Voetius, na sua reedição anotada dessa preleção afirma: u(a este tem a) ele pe rm a n e ­ ceu fiel durante os anos, e de uma maneira tão impressionante, que a vida acadêm ica de Utrecht sentiu a influência disso durante meio século". Inclusive sobre o conde João M aurício de NassauSiegen e Dr. G. Piso (C arta de Piso ao conde de 26/11/1672; in K.HA inv. 4:1477). ',4 Schelven: Calvinisme II 243. C f também Stcenblok: Voetius (Meditatie over de Ware praktijk der Godzaligheid) 141-85, baseando-se em Tiago 2.12: "Falai assim, dizei assim". Walker: História II 191. Goeters: Pietismus 18, "ein N orm albuch des englischen Pietism us... bearbeitet". Em todo o trabalho, Voetius mostrou um grande conhecimento da Bíblia, dos Pais da Igreja Antiga, como S. Agostinho e também de autores como Bernardo de Claraval, Johannes Tauler e Tomas à Kempis.

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Igreja e E stad o no Brasil H o la n d ês - 1630-1654

Outro representante do puritanismo holandês foi André Rivet, o pastor da igreja valã em Haia, freqüentada pela corte de Orange-Nassau, professor de teo­ logia na Universidade de Leiden, que publicou um estudo prático sobre perguntas relacionadas à vida diária, baseando-se na exegese do Decálogo.63 Foi com esse ministro que Soler, pastor espanhol no Brasil, manteve correspondência.66 Os defensores do puritanismo usavam freqüentemente a palavra pietas, embora não no sentido de recolhimento ou fuga do presente mundo. Partindo de uma submissão a Deus, saíam para seu trabalho no seio da sociedade, procurando aplicar os princípios bíblicos, tanto nela quanto na igreja, na vida individual e cole­ tiva, renovando uma das melhores praxes da Igreja Cristã, tanto na Idade Média quanto no Mundo Antigo.67 Foi a partir desse ideal que a Igreja Cristã Reformada na Holanda travou a batalha para normalizar a confusão matrimonial reinante68 e advertiu sobre os perigos da crescente riqueza material que começava a se acu­ mular na Holanda, principalmente por causa da aplicação dos recursos financei­ ros trazidos pelos refugiados na indústria e no comércio.

2 .4 - ÉTICA ECONÔMICA Convém abrir um parêntese para tratar da tese do Dr. Max Weber, professor de politicologia na Universidade de Heidelberg, que no início do século passado publi­ cou dois artigos importantes na área de sociologia de religião sobre a ética protes­ tante e o espírito de capitalismo.69 Não pretendemos ter condições de entrar nes­ sa discussão centenária versando sobre essa tese. Apenas mencionaremos al­ guns aspectos do ensino da Igreja Cristã Reformada sobre ética econômica, no contexto do dia-a-dia, no tempo dos flamengos.

O Decálogo (as "dez palavras" ou dez m and am en tos na Bíblia: Êxodo 20) em duas tábuas. A primeira tábua versa sobre o amor do hom em para com Deus (I, o reconhecim ento do Senhor: II, o culto do Senhor; III, o nome do Senhor; e IV, o dia do Senhor); a segunda tábua versa sobre o amor do hom em para com o seu próximo (V, a autoridade do próximo; VI, a vida do próximo; VII. o matrimônio do próximo; VIII, a propriedade do próximo; IX. o nome do próximo; X. o resumo: em tu do servir ao Senhor). A. Rivet: "Praelectiones" in O pera Theologica I 1651, p. 1222ss, m enci­ onado in Goeters: Pietismus 54 n4. O Cat. de Heidelberg estuda o Decálogo em "D o m in g o ” 3444. Sobre Rivet, Opstal: Rivet. '''' Rivet(us) era professor em Leiden (1620-), pastor em Haia (1632-1641). predicante da corte e tutor do j o v e m Willem II de Orange-Nassau. Sobre Soler, infra cap. 8.3.1; Opstal, Rivet 97. 67 A. de Groot: Voetius 10,p ie ta s , godzciligheid. eusébeia, Goeters: Pietismus 6. " ... trabalhar para um reavi vamento do relacionamento religioso básico individual, e enfatizar as conseqüências éticas procedentes (desse re la cio n a m e n to );... exercício de piedade..." Southern: Igreja M edieval (ingl. 22) "the w hole o f hum an society subject to the will o f God". H.W. Simpson: "Pietas in thc Institute o f Calvin" in Walt: Reformational, p. 179ss. Boxer: H olandese s 14-6. Goslinga: Caribbean 149s. Straaten: Brazil 31-44.

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Igreja e Estado no Brasil H o lan d ês - 1630-1654

ção da cidade de Salvador, dos quais o nome do rev. Enoch Sterthenius seria o mais conhecido.126 Estavam conscientes de que a invasão da Bahia fazia parte da guerra contra a Espanha.127 Aparentemente o ataque à Bahia foi coroado de êxito, porque em maio de 1624 a capital do Brasil caiu em mãos flamengas, sendo o vice-almirante da frota invasora o famoso Piet Heyn.128 Mas a morte do piedoso comandante coronel Jan van Dordt,129 a vida dissoluta da força ocupacional, composta de mercenários de cinco nações diferentes, a matança dos monges beneditinos e a fraca coordena­ ção do movimento da frota eram indícios de queda rápida. A maior parte da frota deixou a Bahia, velejando, conforme a sua instrução, rumo ao Caribe, enquanto Piet Heyn (depois de uma viagem de ida e volta à África) atacou o porto de Vitória do Espírito Santo, onde foi repelido pelos habitantes, liderados por um monge franciscano que, de crucifixo em punho, bradava que os luteranos deviam ter certeza de que isso os derrotaria.1’0 Na Bahia, a população luso-brasileira havia se organizado sob a liderança do bispo Marcos Teixeira,131 e um ano após a invasão, os holandeses se renderam diante da força expedicionária da Espanha e de Portugal, sob as ordens do nobre dom Fradique de Toledo.132 Usselincx opinou que um dos motivos do fracasso da expedição foi o não haver levado consigo o príncipe dom Emanuel de Portugal, casado com a princesa Emília, filha do prínci­ pe Guilherme de Orange-Nassau e de Ana da Saxônia.133

I2f' R A /.-A C W 1, dc 18/12/1623. Sobre os pastores, v. cap. 4 n3; sobre Michaelis, cap. 4 n 3 10. 127 C onform e tradução da carta latina dc dom. Sterthenius ao auditor geral do exército espanhol, Gerônim o de Quijada; in Guzman: "C o m p ê n d io " 171-80. Escreve "Estartenius" e "Startes". A carta c o m eça assim: “ Aprctadas las províncias Unidas de Flandes con larga, grave y funesta guerra Del potentisimo rey de las Espanas. m uchas vezes entre si, deliberaron por que via y m a n e r a y con que m edios podrian defender si y a su libertad de tan po deroso enemigo...el m edio y cam ino com que podíam os desviar las armas de el rey de E spanha de sobre nuestro cuellos y cortar-le los nervios con que sustenta las guerras en Europa" (p. 171 ss). 128 Salvador: História 392-445. Laet: Verhael. Sobre Piet Heyn, Warnsinck: Adm iraals 13-54: M oonen: H olandeses 88s. 129 Dom . Enoch Sterthenius afirmou sobre Van Dordt: "U n ejemplo de singular piedad, enem igo dc toda la intem p eranciay los soldados le amaban como a su padre"; in Guzman: "C o m pê n dio " 179. Boer: Piet Heyn. Joan Vandort; in R U L -Cod. Voss C G Q 14. 1311 Camargo: História 135. 131 Salvador: História 398ss. Brito Freyre: Nova Lusitânia 65-151 (1675). 132 Cf. “ El Brasil restituído". Brito Freyre: Nova Lusitânia 136. Sterthenius escreveu na carta mencionada: “ Bien nos sucedió que caímos en las manos Del excelentisimo príncipe don Fradique de Toledo...: porque el há sido el primero de su família que durando nuestras guerras fué bene­ mérito de los holandeses" (terminando a sua carta com um a referência bíblica, Atos 26.29); in Guzman: "C om pê nd io" 179s. 133 Ligtenberg: Usselincx 138. As princesas de Portugal (filhas de Emanuel e Emília) aparecem nas atas do sínodo valão (GAR-A W S 41, de 4/1631 a 26). Cf. cap. 13 n27 c a ilustração "G enealogia de Nassau".

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Quando o reforço da frota holandesa chegou à Bahia, o comandante dela, Boudewyn Hendricksz, percebeu que havia chegado tarde demais e regressou ao norte. Para reabastecer, aportaram na baía da Traição no norte da Paraíba, baía linda de triste nome, lembrando o ano de 1501, quando uma expedição portuguesa foi massacrada pelos indígenas da tribo dos potiguaras. Aí os holandeses ficaram durante seis semanas, tratando bem os índios locais, que se tornaram seus ami­ gos.134 Quando estes, porém, notaram que os navios se preparavam para deixar o Brasil, procuraram embarcar também, temendo a vingança portuguesa. Apenas seis jovens conseguiram embarcar para a Holanda. Aí aprenderam a falar holan­ dês, foram alfabetizados, passearam nas ruas de Leiden, onde morava o diretor De Laet, e tornaram-se cristãos reformados.133 Um deles era o índio Pedro Poti, que posteriormente se tornaria importante no trabalho missionário da Igreja R e­ formada no Nordeste brasileiro.136 Enquanto isso, as viagens corsárias da Companhia continuavam. Em 1627, Piet Heyn solapou novamente a baía de Todos os Santos, apoderando-se de mais de 2 mil e 500 caixas de açúcar. Mas o ano de 1628 foi o melhor na difícil história da Companhia, porque pela primeira e última vez Piet Heyn capturou na baía de Matança, na ilha de Cuba, a frota de prata em viagem para a Espanha, e uma presa de guerra de 12 milhões de florins entrou nos portos holandeses.137Acionis­ tas e outros receberam sua parte, porém mesmo depois de tudo pago ainda sobra­ va uma fortuna (7 milhões de florins), e a Companhia começou a pensar qual o melhor modo de investi-la, chegando à conclusão de que um novo ataque ao Bra­ sil teria a preferência. Dessa vez não à capitania da Bahia, que se havia fortifica­ do bastante, mas a Pernambuco. A concretização desses planos levou ao período do “Brasil h o la n d ê s ” (1630-1654).

m M a u ro : Brésil 104.

Salvador: História 446-52. Brito Freyre: Nova Lusitânia 14 3 s. Laet: Verhael I 92. M oonen: H ola ndeses 98ss. I3'’ 'Poti/P oty'. nom e tupi para camarão (como Filipe Camarão, primo dc Pedro Poti). Para os nomes dos outros índios. Mello: Flamengos 232. Sobre a obra missionária, infra cap. 8-10. Informações deles sobre o litoral nordestino c se u s habitantes: in Gerritsz: “Jo um aux" 171-7. Sobre o cartógrafo Hessel Gerritsz. Moonen: Holandeses 72s. Recentemente, por gentileza do Direto r do Serviço de D ocum entação da Marinha, no Rio de Janeiro, com. M a x .(. Guedes, recebemos, para tradução, fotocópia da Descrição das Costas do Brasil. 1624-1637 (Beschrijvinge). N a págin a 9 há uma informação de que 8 índios chegaram a Amsterdã e 5 a Groningen: diferença no total (6 ou 13?) não esclarecida; cf. cap. 8 n7. L'7 O fato foi relatado, entre outros autores, pelo rev. Dionysius Spranckhuysen de Delft (capelão?) em um dos panfletos da época (Spranckhuysen: Triumphe. 1629). Boer: Piet Heyn 72-80. Boxer: Holandeses 43. Uma medalha comemorativa (com tetragrama. JH VH) liga a frota de prata (1628) a P ernam buco (1630): Jo rn a l do C om m ércio. Recife. 3/9/2000. Sobre Grol e Wesel na m edalha, v. Blok: Frederik.

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C a p ít u l o 3

BRASIL HOLANDÊS

O objetivo deste capítulo não é mais do que dar uma breve descrição geral do domínio holandês no Nordeste brasileiro, desde que existem muitos estudos va­ liosos sobre o assu nto.1 Anotamos somente o desenrolar dos fatos principais, como introdução necessária ao tem a deste estudo sobre a Igreja Cristã R efo r­ mada no Brasil. O período de 24 anos (1630-1654) que durou a ocupação, divide-se em três etapas claramente distintas. Em primeiro lugar, os anos da resistência portuguesa e o crescimento do poder neerlandês (1630-1636). O segundo período com preen­ de a resignação portuguesa e o florescimento da colônia holandesa (1637-1644). O último período é o da insurreição lusa, com o fenecimento do domínio flamengo (1645-1654). São períodos de aproximadamente sete, oito e nove anos, respecti­ vamente. O florescimento da colônia holandesa coincide com a presença do con ­ de João Maurício de Nassau-Siegen no Nordeste (1637-1644), e deveu-se, em grande parte, à sua pessoa.

3.1 - INVASÃO E RESISTÊNCIA (1 6 3 0 -1 6 3 6 ) 0 primeiro período,2 que compreende a resistência ibérica contra a invasão holandesa, com eçou meses antes da invasão propriamente dita. O governo em Madri soube por Bruxelas que as províncias neerlandesas rebeldes estavam equipando uma frota para atacar o Brasil. Encontrava-se por esse tempo, em Madri, Matias de Albuquerque, o antigo capitão-mor de Pernambuco (16201624) e o governador-geral do Brasil (1624-1627), homem muito ju s to .3 O rei Filipe IV da Espanha (Filipe III de Portugal, 1621-1640) nomeou-o governador e com andante supremo de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio Grande do 1 R odrigues: Bibliografia. B oxer: Holandeses, dando um a visão global da história geral; W aetjen: Dom ínio, sobre o aspecto econôm ico; M ello: Flamengos, para o lado social; e E. M ello: Olinda, sobre a guerra do açúcar. Cf. M eilink-R oelofsz: Dutch authors. Straaten: Brazil 45-72. : A s p rincipais fontes portuguesas, C oelho: M emórias (1631 até 1638) e B rito Freyre: Nova Lusitânia (1624 até 1638). O P rojeto R esgate de D ocum entação H istórica B arão do R io B ranco facilitará m uito o acesso a docum entos ultram arinos. Do lado holandês: De Laet: Verhael (1621 ate 1636) e A itzem a: Saken, além de inúm eros panfletos (v. R odrigues: Bibliografia). ’ Salvador: História (-1627). D utra: "M atias de A lbuquerque".

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Norte,4 deixando-lhe, apenas, quatro meses para preparar a defesa. Quando os holandeses atacaram, a 15 de fevereiro de 1630, Pernambuco sucumbiu, apesar da heróica resistência. Embora o almirante Hendrick Cornelisz5 não conseguisse entrar no porto do Recife, o coronel Diederick van Waerdenburch (acompanhado pelo seu capelão rev. Johannes Baers, flamengo de Gand)6 capturou a cidade de Olinda. Depois de quinze dias a resistência no Recife também havia cessado. “A dominação holandesa era um fato; não era, nunca seria um fato consum ado” .7 Os holandeses consideravam a invasão no continente da América do Sul como parte de uma guerra justa contra a Espanha,8 que a esse tempo submetia politicamente tanto Holanda como Portugal. Se não tivessem obtido vitória em Pernambuco, deveriam pelejar contra o Rio de Janeiro ou, em último caso, contra Salvador ou Buenos Aires.9 N a realidade fazia parte da “primeira guerra mundi­ al”, como Boxer denominou o confronto da Holanda com Filipe, o “rei do plane­ ta” .10 Tropas neerlandesas,11 incorporando franceses, ingleses, poloneses, ale­ mães e gentes de outras nações, chegaram “à boca do inferno” (como era interpre­ tado o nome Pernambuco), considerado o “ inferno espanhol” nos cânticos do pastor reformado de Haarlem.12 E o grande poeta e pastor Jacobus Revius, ao saber da queda de Olinda, escreveu algo como uma confissão auricular do rei da Espanha, mortalmente doente pela perda de Pernambuco.15 Um panfletário, descrevendo a invasão, relatou que houve muitos mortos no lado “espanhol” e que, finalmente, os

4 Os com andantes m ilitares lusos no N ordeste durante essa época eram : M atias de A lbuquerque (1629-1635). cham ado de volta; Luís dc R ojas y B orba (1635-1636), m orto na batalha de M ata R edonda; G iovanni V icenzo de San Felice, conde de B agnuolo, no N ordeste desde 1631, com an­ dante-chefe desde 1636: Fernão de M ascarenhas, conde da Torre; F rancisco B arreto de M enezes (1647-1654). 5 C apelão de bordo era dom . L am bertus Latonius. C arta convite de 19/6/1629; in G A A -A C A 18a:32: carta dos X IX ao I IRR de 15/2/1631: in A R A -O W IC 8 e RUB 163 1/1. “ W aerdenburch, fidalgo da G élria. com andante suprem o das tropas h o lan d esas (1 6 3 0-1633). presbítero ativo da Igreja C ristã R eform ada. E logiado por dom. Baers: Olinda (1630): Revius: "O W aerdenborch... B ew aer den borch" [O, G uarda-forte guarde o forte]; in Overijsselsche Sangen 320 (1634); A m pzing: Epigrammatum II (1630). Guia, xxxvii, n24. 7 A breu: Capítulo 115. s N a instrução do alm irante Lonck de 1/8/1629, "onze rechtvaardiee oo rlo e" [nossa su e rra justai; in A R A -O W IC 2. Idem. M oreau: Histoire 185 (1652; port. 80): "o s holandeses ao subjugá-los (os lusos) c o n sid e­ ravam -nos pertencentes ao rei da Castela". 10 B oxer: Dutch Seaborne Empire 108. 11 "M em o rie ” 349s (1633); "sijn gouden en silveren springhader" [a veia de ouro e p rata do rei da E spanha] 352 nl. 12 M oreau: Histoire 5 (1651); “ bouche d ’enfer", A m pzing: Epigrammatum IV (1630). "S paensche h e i” . Sobre A m pzing: M oonen: Holandeses 201. 13 Revius: Biechte 15 (panfleto, 1630), "M aer P ernam buco my ontroeret/ D e sleutel van het schoon Brasyl/... M ea gravíssim a culpa" [Pernam buco me com ove/ chave do belo B ra sil/m in h a gravíssim a culpa]. Sobre um a m edalha com em orativa, Jornal do C om m ércio (R ecife). 3/9/2000.

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“espanhóis” tiveram de bater em retirada.14 Durante os assaltos a Olinda, as trombetas neerlandesas tocavam incessantemente o hino nacional dajovem República, o qual, na primeira estrofe, menciona explicitamente o "rei da Espanha” .15 Essa luta contra a Espanha tinha implicações profundamente religiosas. Em­ bora a instrução do almirante Lonck estipulasse que todos os padres jesuítas e ou­ tros religiosos teriam de abandonar o país, reafirmava a “ liberdade de consciência, tanto para os cristãos como para os judeus, desde que prestassem juram ento de lealdade... assegurando-lhes que não se molestariam ou investigariam as suas cons­ ciências, mas que a religião reformada seria publicamente pregada nos templos” .16 Sobre essa prometida liberdade de consciência haveria muita discussão, durante os anos seguintes, assunto a ser estudado no capítulo sobre liberdade religiosa. Logo no início, os problemas religiosos brotariam no próprio exército neerlandês, quando alguns mercenários franceses católicos romanos se bandearam para o lado portugu ês.17 O capitão zelandês Joost Coeck dispunha entre seus subordinados de um tenente francês e um porta-bandeira polonês, ambos cató­ licos romanos. Coeck protestou, queixando-se de que isso era contra sua cons­ ciência, pelo que, finalmente, foi degredado, em vista de não querer obedecer aos superiores.18 Tam bém pelo lado português, a luta, desde seus prim órdios, seria político-religiosa, em que os m oradores defenderiam a sua herança m aterial e es­ p iritu a l.19 A quele era o lugar onde nasceram e onde adoravam os seus santos desde a infância. Seria uma luta religiosa que forjaria uma nação nascente, algo sem elhante à luta religiosa dos próprios holandeses contra o dom ínio es­ panhol em sua terra natal. Matias de Albuquerque havia se retirado para uma distância de cerca de seis quilômetros e organizou a resistência ao redor da fortificação do Arraial do Bom Jesus, auxiliado por índios e africanos. Como na invasão da Bahia em 1624, a Espanha enviou em 1631 uma armada para libertar Pernambuco, sob o com an­ do de dom Antônio de Oquendo, grande almirante de Biscaia. A batalha naval de

14 Veroveringh (panfleto. 1630). 1? O m éd ie o -p o e ta d e bordo. B aardt: Triton 14 (panfleto, 1630). Sobre B aardt, M oonen: H o la n d e ­ ses 25. Instrução para L onck de 1/8/1629: in A R A -O W IC 2. 17 C arta do conselheiro S. C arpentier aos X IX de 25/9/1630; in A R A -O W IC 49 e B P B 1630/17. Is Carta de Coeck ao conselheiro Serooskcrcke de 14/5/1631; in A R A -O W IC 49 e B PB 1631 /6 (ainda BPB 1631/11 e 12). Posteriorm ente. C oeck voltou ao Brasil, mas foi enviado às índias O cidentais (conform e carta do HRR aos X IX de 2/9/1634; in A R A -O W IC 50 e BPB 1634/16). Provavelm en­ te "Jost Kuck, leutenant". que participou da Santa C eia na Paraíba em 25/12/1635. era um dos dois filhos soldados desse capitão; in Stetten: ''J u r n a e r 12. M ueller: Olinda 51 (citando Barbosa: Capitania): "Q uando os holandeses aqui aportaram , não para a descoberta, mas para se apropriarem indevidam ente daquilo que já se havia descoberto e civilizado". Cf. a descrição viva de O linda por Verdonck: "M em orie" (1630); in M ello: Fontes 1 42.

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Abrolhos, porém, ficou sem vencedor. As tropas espanholas, sob o comando de Bagnuolo, desembarcaram em Barra Grande, com Duarte de Albuquerque C oe­ lho, o novo donatário de Pernambuco, irmão de Matias e autor das famosas M e­ mórias Diárias. N o mesmo ano, parte da ilha de Itamaracá foi ocupada pelos holandeses, construindo-se o forte Orange, sob a direção do capitão protestante Chrestofle Arciszewski, nobre polonês.20 Olinda era o centro da resistência dentro da região ocupada, mantendo freqüente contato com o Arraial, certam ente também por intermédio de neer­ landeses que moravam em Pernambuco antes da invasão, com o o brabantino Adriaen Verdonck, grande conhecedor da região.2' Por ser m uito difícil de d e ­ fender, Olinda foi incendiada pelos holandeses em novembro de 1631. U ltim a­ mente foi encontrado um grafite, durante a restauração do antigo templo jesuíta, não muito longe da Sé de Olinda. A difícil leitura indica, porém, que alguns flam engos consideravam o incêndio de Olinda um castigo divino.22 N o ano se­ guinte, o invasor foi muito beneficiado, quando Domingos Fernandes Calabar aderiu ao lado holandês, auxiliando os invasores nas incursões que finalmente levariam à capitulação do Arraial. Tornou-se grande amigo do coronel alemão Sigismund von Schoppe, fazendo-se membro da Igreja Cristã R eform ada.25 No ano seguinte, toda a ilha de Itamaracá e também o Rio Grande do N orte foram ocupados, sendo a fortaleza Reis M agos rebatizada como “ fort C eulen” , nome de um dos altos conselheiros do governo. A essa altura, uma aliança se havia celebrado entre holandeses e um grupo de ferozes índios tapuias, os tarairiu, no Rio Grande do Norte, comandados pelo seu chefe Nhanduí, o “ema pequena” . Posteriormente, o conde de Nassau daria o escudo dessa capitania com uma em a como emblema.24 Esses “aliados infernais” eram mais temidos que o diabo pelos portugueses, sabedores de que não davam quartel a ninguém.25 Os índios tupis, j á semicivilizados e cristianizados, dividiramse. A maior parte, liderada por Filipe Camarão,26 defendeu o lado português, em ­ 2" Sobre ele, Fischlovvitz: Arciszewski. 21 V erdonck: "M em o rie ” de 5/1630; in M ello: Fontes I 35-46. Sobre outros holandeses, antes da invasão. M ello: Fontes 1 33. V erdonck m orreu quinze m inutos antes de ser executado. C arta dos I-IRR aos X IX de 30/5/1631; in A R A -O W IC 49 e B PB 1631/8. 22 F otografia em poder de Dr, J. A. G. de M ello, leitura de M adam e Van B alen, com assinaturas com o Joores Pietersen: "... ist niet dyn eygen schult... ist niet... dat de sodom i... gepleegt en nae is gevolgt... daerom den grooten G od te rccht... [não é que é sua p rópria culpa... não é que a sodom ia... foi praticada e seguida... por isso o grande D eus justam ente...]. A inscrição parece lam entar a destruição de O linda. 23 Cf. "D o o p b o ek " R ecife, 20/9/1634; in G A A -A C A 52. Sobre os m otivos de C alabar, Schalkw ijk: "P o r que, C alabar?" Calabar, tam bém nom e da região sudeste da N igéria. 24 C ascudo: Geografia 64. 25 B oogaart: "Infernal A llies". H erckm ans: "P araíb a" (1639) 358ss. Laet: Verhael IV (-1636) 48ss. 2,1 M ello: Cam arão. C alado: Lucideno II (1648) 251, faz C am arão dizer: "D o s m ais B razilianos/eu e m eus cam aradas sós seguim os/ a fé livre de enganos/ e em corpo nos unim os/ e a L utero e C alvino

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bora vacilando ocasionalmente.27 Da mesma forma, o índio Pantaleão Correia, mesmo sob domínio holandês, permaneceu fiel à igreja romana.28 Dois quintos dos tupis nordestinos, entretanto, escolheram o lado neerlandês, sob a liderança do primo de Camarão, o índio Pedro Poti, cristão reformado, que regressara da Holanda pouco tempo depois da invasão.29 N a véspera do Natal de 1634, as fortalezas e a cidade de Filipéia da Paraíba se renderam, sob condições de capitulação relativamente favoráveis, conhecidas depois como o “ Pacto da Paraíba” , que garantia formalmente liberdade aos m ora­ dores portugueses, inclusive de religião.30 Os invasores procuravam uma aproxi­ mação com os moradores portugueses, e vários deles viajaram até a Holanda, com o apoio da Companhia, entre eles, o ex-padre jesuíta Manuel de M orais.31 Em 1635, Goiana de Itamaracá se rendeu, sob as mesmas condições da Paraíba, e finalmente em junho do mesmo ano, Matias de Albuquerque foi obrigado a entregar a fortaleza do Arraial do Bom Jesus.32 Agora, as quatro capitanias nor­ destinas estavam sob domínio neerlandês. Os moradores de Pernambuco presta­ ram o mesmo juram ento de lealdade que os paraibanos,33 isto é, os que perm ane­ ceram, porque sete mil pessoas, entre luso-brasileiros, índios e negros, acom pa­ nharam Matias de Albuquerque em sua retirada para a Bahia. Passando por Por­ to Calvo, no atual Estado de Alagoas, a pequena guarnição holandesa, comandada pelo major Alexander Picardt, foi forçada a capitular.34 Calabar caiu nas mãos de Matias e foi condenado imediatamente, sendo estrangulado, esquartejado e colo­ cado nas paliçadas o que sobrou. Matias seguiu para o sul, levando consigo cerca de trezentos prisioneiros holandeses, entre eles um capitão de nome Jan Mulder, que posteriormente solicitaria admissão nas fileiras ibéricas como oficial.35 Pou­ cos dias depois Von Schoppe chegou. Foi somente por causa da intervenção do padre Manuel Calado de Salvador, o eremita da congregação de São Paulo, que resistim os”. O tio de Cam arão, Jaguarari (aliás Sim âo Soares), preso no forte R eis M agos de 1628 a 1633, liberto pelos holandeses, bandeou-se logo para o lado luso; M edeiros: Aspectos 73. Lessa: Episódios 45ss. 27 C onflito entre C am arão e B agnuolo, D N 28/5/1638 e 8/6/1638. C arta do H RR aos X IX de 29 /6 / 1638; in A R A -O W IC 53 e B P B 1638/16. 28 C arta de S. C arpentier aos X IX de 25/9/1630; in A R A -O W IC 49 e B PB 1630/17. 29 Sobre Poti. infra cap. 8.1.2, 10.1.2 e 10.2.3. Cf. tam bém “ B eschrijvinge” 9 (cap. 2 n l3 6 ). J" Laet: Verhael IV 132-4. Infra cap. 14.2.1, sobre a interpretação dessas cláusulas. Boxer: Hola ndeses 380ss. ’2 Laet: Verhael IV 148s. O s rei igiosos podiam levar suas im agens. 33 Idem IV 148s. Irm ão de dom . Johannes P icard t da Igreja R eform ada de K oevorden, autor do livro D en P rediger [O Pregador], A lexander em barcou para o B rasil em 1629, e depois dc lutar em Porto C alvo se achava de licença na casa pastoral do seu irm ão (G roenhuis: Predikanten 36). Joossc (D Z O K 2/ 1999. p. 80): qual a influência da experiência brasileira do m ajor sobre a idéia d efen d id a pelo seu irmão pastor que d escendentes de C ão devem viver em servitude? R equerim ento de João M ulder de 6/1/1637; in A H U Lisboa, caixa Bahia, catálogo d o n a L u isa 720. M ello: Cartografia 29 n7.

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havia assistido Calabar em suas últimas horas, que a população de Porto Calvo não foi, por vingança, dizimada.36 Que os holandeses prestigiaram Calabar, pro­ vou-se posteriormente, quando sua viúva passou a receber para cada um dos seus três filhos menores o salário de um soldado, em um total de 24 florins mensais, que eqüivalia ao salário de um mestre-escola.37 A essa altura, a Espanha enviou uma outra armada, desembarcando dom Luiz de Rojas y Borba, veterano da guerra em Flandres, que retomou Porto Cal­ vo; pouco depois, porém, tombou na batalha de Mata Redonda. Como seu suces­ sor, foi indicado o conde de Bagnuolo. Pouco se podia fazer, mas organizaram grupos de guerrilha, que saquearam o interior das capitanias ocupadas, sob a orientação de Filipe Camarão, Henrique Dias e Francisco Rebelo, cognominado Rebelinho. Foi uma época extremamente difícil para a população lusa que havia ficado sob o domínio holandês, sendo acossada pelos dois lados.38 Muitas cruelda­ des foram perpetradas por ambas as partes.39 Era uma guerra de exaustão, e os líderes holandeses reconheceram que precisavam se organizar, se quisessem tirar algum proveito da conquista. O melhor caminho seria trazer muitos colonos, por­ que até então sempre tinham de segurar “o lobo pelas orelhas”, que morderia depois de solto.40 A situação na própria Igreja Cristã Reformada era igualmente crítica, por causa da falta de disciplina até mesmo entre os pastores.41 E, na administração civil, o pastor espanhol Soler considerava os encarregados “ratos políticos” que roíam a Companhia até o osso.42 Precisava-se de uma mão forte e sábia para dirigir o destino da área ocupada, e os Senhores XIX escolheram João Maurício de Nassau-Siegen, jovem conde alemão de 32 anos de idade.

3.2 - EXPANSÃO E RESIGNAÇÃO ( í 6 3 7 -1 6 4 4 ) Os anos entre 1630 e 1636 haviam sido, em geral, de resistência aberta contra a ocupação holandesa, mas nos oito anos seguintes, grande parte dos moradores luso-brasileiros conformar-se-ia, a certa altura, com o domínio neerlandês, en-

:i’ Calado: Lucideno I 46-54. :'7 DN 13/4/1636. :'s S em elhantem ente a certas regiões da A lem anha nessa época. Begrich: Kirchengcschich te S 24. "D ie Szenen aehneln denjenigen des D reiszigjaehrigen K.rieges" [as cenas se assem elham às da G uerra dos Trinta A nos]. y> José H igino P ereira: "R elatório"; in R IA P 30 (1886): 56-9. 411 R elatório de S. C arpentier aos X IX de 19/6/1636; in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/14, 41 C arta de dom. Soler à C âm ara da W IC de Z elândia de 28/4/1637; in A R A -O W IC 52 e BPB 1637/ 10. N e ssa ép o ca a Igreja estava “sur le bord du precipice", especialm ente pelos "ch icn s m uets et sans exercicc de discipline", situação confirm ada pelo relatório de dom . D apper na C lasse de Z ierikzee de 17/8/1639: in GZ 2: igualm ente A SZH 1636 a36; in G A R -A SZ H 1636. j: C arta de dom . Soler aos X IX de 15/3/1637: in A R A -O W IC 52 (podia ser BPB 1 6 3 7 /3 b )e d e 16/ 7/1636; in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/17: “ P oliliques raths... ils vous rongent ju q u ‘aux os.

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65

quanto o representante mais ilustre dos dominadores empunhava o leme governa­ mental da colônia, durante um período de relativo florescimento.43

3.2.1 - João Maurício de Nassau-Siegen Sobre Nassau muitas monografias foram produzidas.44 Nasceu em 1604, no castelo de Dillenburg, no condado de Nassau, ao lado direito do rio Reno, em um lar evangélico. Seus pais eram João “do M eio”43 e a sua segunda esposa M arga­ rida de Holstein. Seu avô paterno era João, “o Velho”, irmão do príncipe Guilher­ me de Orange-Nassau, o Taciturno.46 João Maurício recebeu uma excelente educação47 na academia nassoviana de Herborn, depois em Basiléia (e talvez em Genebra) e Kassel. A partir de 1620 estava na corte dos Orange-Nassau em Haia, servindo ao exército dos Estados Gerais, sempre sob os cuidados do príncipe Frederico Henrique de OrangeNassau,48 que depois da morte do seu irmão Maurício de Orange-Nassau em 1625, sucedeu-o como stadhouder na Holanda e na Zelândia (1625-1647). D u­ rante os meses de inverno, quando a guerra cessava, João Maurício se instalava em Haia, onde se encontravam eruditos e artistas. Foi por esse tempo que com e­ çou a construção da bela, porém dispendiosa, “Casa de Maurício”, a M auritshuis.49

43 Freyre: "N assau ” 237, N assau “reconciled B razilians to D utch rule in B razil” . 44 Fontes: além das inúm eras referências em docum entos contem porâneos, quatro títulos devem ser lem brados. “ Som m ier D isco u rs” (1638; provavelm ente d a m ão do conselheiro A driaen van der D ussen); as cartas nassovianas (N assau: C artas; em grande parte aos E stados G erais entre 1637 e 1646); o “ T estam ento P o lític o ” (de m aio 1644); e os relatórios para os E stados G erais do m esm o ano (N assau: R apport). D e outros autores tem os m uitos poem as, com o os do m aio r poeta h o lan ­ dês da época, Vondel (G root: “V ondel”), tam bém do seu capelão no B rasil (Plante: Mauritiados). O m onum ento histórico de G aspar B arlaeus (B arlaeus: História) e a obra do frei M anuel C alado (C alado: Lucideno; com batida por P ereira da C osta; in C osta: "N assau ”). Das biografias devem ser m encionadas D riesen (1849), Van B alen (1941), especialm ente B oum an (1947). N o lado brasileiro, N o g u e ira (1900, com batido por J. V eríssim o), Francisco A ugusto P ereira da C osta (Costa: "N assau ” 1908), L essa (Maurício, 1937, além do breve artigo in R IA P 28 (1927): 35 Iss) e G ouvêa (sobre a correspondência com os E stados G erais, Gouvêa: “N assau ”, de 1981) pintam um quadro positivo. J. Veríssim o (“N assau ” de 1900) e A m érico C astro (Nassau de 1943?) são m uito negativos. U ltim am ente foram publicados três livros valiosos, por ocasião do tricentenário da m orte de N assau (20/12/1679): os catálogos das exposições em K leve e na M auritshuis em H aia (Sow eit der Erdkreis reicht e Zo Wijd de Wereld Strekt), além dos ensaios na obra m o n u m en ­ tal A Hum anist Prince in Europe and Brazil (B oogaart: Prince). U m breve resum o da v id a do conde em B oxer: Holandeses 369ss, e M oonen, H olandeses 94ss. 4' Ou João VII. Sobre ele. M oonen: Holandeses 29s. C f Ilustrações: G enealogia de N assau. 46 O forte de C abedelo, na Paraíba, foi denom inado "forte M argarita" no tem po de N assau. Forte "P rins W illem " (príncipe G uilherm e) em A fogados, Recife, lem brou o prim eiro O range-N assau. 47 Sobre a educação de João M aurício, M out: "Y outh”. 45 Sobre ele, Blok: Frederik Hendrik; M oonen: Holandeses 65-72. N a "L ista dos Livros, 1645" (v. Bibliografia II), havia um livro sobre ele intitulado Wesel, referindo-se à ocupação dessa cidade em 1629. N o Recife, o forte Frederik H endrik é o atual forte de Cinco Pontas. U. P. dc Mello: Forte. 4' Leão: Mauritshuis.

O Conde João M aurício de N assau

Brasil H o la n d ê s

67

Quando, em 1636, a Companhia das índias Ocidentais o nomeou governa­ dor da Nova Holanda e comandante-geral do exército e da m arinha (secundado pelo Alto Conselho no Recife), garantindo-lhe um salário principesco, João M au­ rício não hesitou muito tempo. Era conforme seu lema: “Qua patet orbis” , tão vasto como o mundo.50 A construção da M auritshuis ficou nas mãos do arquiteto Jacob van Campen e do secretário do príncipe Frederico Henrique, o poeta Constantyn Huygens, aos quais João Maurício remeteria o dinheiro ganho no Bra­ sil, pelo que ficou conhecida como “C asa de A çúcar”, ou M aison de Sucre.5' O fato de haver escapado da morte, nesse mesmo ano, perto de Schenckenschans, deixou uma impressão indelével sobre sua vida.32 Seguiu para o Brasil acompa­ nhado, entre outros, pelo seu irmão João Ernesto e seu primo Carlos de Nassau, que foi morto em Porto Calvo em 1637. Seu irmão morreu em 1639, navegando à altura da baía de Todos os Santos.53 Acompanhou-o, também, o seu jovem cape­ lão e poeta da corte, rev. Franciscus Plante.54 Chegou ao Brasil a 23 de janeiro de 1637, depois de uma viagem tranqüila, da qual fez grata recordação no cântico de oração que escreveu quase trinta anos depois.55 Era assíduo freqüentador das reuniões da igreja,56 celebrando-se um 511 Frase de O vídio, “Tristia”, conform e H oetinck: "Maurits” 10. Brito Freyre: N ov a Lusitân ia, na estam pa “Q ua non patet o rb is” . H undius: Trost 24s, "Q ua patet coelem ” . Poelhekke: “ Q ua patet orbis". H um berto de C am pos no soneto "M aurício de N assau ” : "T u a conquista c om portava o m undo, m as nem o m undo com portou teu so n h o ...” ; in RIAP 87 (1915): 76. João M aurício falava o latim , m as às vezes encontrava dificuldades n a leitura, com o m ostra a carta do dr. Piso ao conde de 26/11/1672; in Pies: Piso 1 7 1 .0 interesse geográfico reflete-se tam bém no g rande A tlas M undi que N assau m andou confeccionar com 53 m apas (aberto: 170 x 222 cm; in Sow eit 316, C 48). 51 "T he M au ritsh u is as D om us C osm ographica I” , por Th. H. L unsingh Scheurleer; "Idem II” por R.J. van Pelt; in B oogaart, (org.): Prince 143-96. Terwen: "B u ild in g s” 56-86; T erw en: “ Johann M oritz” 129-31. 32 Lueck: "N assau ” 73; desse ano data tam bém a am izade com o futuro eleitor, o p ríncipe Frederico de B randenburg. 53 Calado: Lucideno 1 164ss. Sobre o enterro na Igreja do C orpo Santo no Recife, C alado afirm ou que oito fam iliares do príncipe o carregaram à tum ba. N o “ D o opboek” do R ecife em 18/12/1639 aparecc “H ans Jurich van N a sso u ” com o testem unha de batism o. ■4 Fr. Plante (1613-1690), nascido em B rugge, em Flandres. Exam e eclesial na C lasse de A m sterdã (G A A -A C A 4, de 7/7/1636). A ssinatura no livro de confissões (G A A -A C A 25:82). N o B rasil com N assau, (1637-1644). Publicação de Mauritiados em 1647; Epigram m ata Sacra sobre o Catecis-m o de H eidelberg em 1649). Pastor em Strien, Zevenbergen e B reda. Professor de hebraico na escola ilustre de B reda. onde dom. R ivet era curador; cap. 2 n66). B esselaar: "P la n te ” . Eekhout: "M au ritias” . N o Brasil, aparentem ente acom panhado por seu parente que servia no exército, DN 8/9/1642. Interesse em Kem pis não pela eucaristia, mas com o seguidor de Cristo (Im itatio Christi)-, in Pies: Piso 171. ” N assau: “ B aet-L ied" 10, "Im M eer, da untergehen/ D ie Schiff, ich bin erhalten/ D urch deiner G naden w alten" [No m ar, onde os navios naufragam , fui preservado p ela o bra d a T u a graça]. ' 6 B arlaeus: História 347, "um severo observante do culto religioso, m as sem ostentação” . Besselaar: “ Saengerin" 113. A kerlaecken: Cleefschen Pegasus (1654), p. G4b. "W aerom ickwel duyscnt w erven,/ in mvn selven heb geseydt,/ D ien Vorst sal wel syn bereydt,/ Om by G odt den H e er te K om en./ W ant hy lceft ghelyck de vrom en./ ... W ant hy w ordt altijdt g evonden,/ In den R aedt o f inde K erck,/ O f in eenich E del-w erck” [Cleve, 15/11/1653; "E u me disse mil vezes: 'E sse príncipe

68

Igreja e E stad o no Brasil H o lan d ês - 16 30-1654

culto de ação de graças por sua chegada ao Recife.57 De maneira geral, foi reco­ nhecido como um governador sábio, virtuoso e temente a Deus.58

3.2.2 - Expansão Geográfica A colônia não tardou em expandir-se geograficamente. N o período de um mês João Maurício reconquistou Porto Calvo, a capital das guerrilhas, tratando os oficiais portugueses humanamente, convidando-os à sua mesa.59 O comandante espanhol Bagnuolo fugiu para o sul e escapou com grandes perdas pelo largo rio São Francisco. Chegando àquele limite natural entre Bahia e Pernambuco, uns 130 quilômetros ao sul do Recife,60 Nassau construiu uma fortificação (Forte Maurício), devastou uma área ao sul do rio, ganhou amizade dos tapuias locais e regressou por um Pernambuco pacificado à capital, encantado com a beleza e a fertilidade do país, onde pastavam grandes rebanhos e onde frutas tropicais con­ vidavam futuros colonos, conforme escreveu à Holanda.61 Ainda no mesmo ano de 1637 expandiu o território para o norte, ocupando o Ceará, auxiliado pelos tapuias locais. N o ano seguinte Maurício atacou a baía de Todos os Santos sem sucesso. Pensara em tirar vantagem das divergências internas.62 A Espanha en­ viou uma terceira armada, sob o comando do conde da Torre. Mas depois de uma série de batalhas navais em janeiro de 1640, o conde da Torre deixou Pernambuco e desembarcou a força expedicionária de 1.200 soldados, perto do cabo de São Roque, no Rio Grande do Norte, comandados por Luís de Barbalho Bezerra. Este marchou pelo interior do Nordeste, de volta para a Bahia,63 em marcha com pará­ vel à dos dez mil gregos, descrita por Heródoto, não perdendo mais que trezentos deve estar preparado para chegar na p resença de D eus, o Senhor, porque ele vive com o os piedosos... po is sem pre pode ser achado, no conselho [do governo] ou na igreja, ou em algum trabalho n o b re ]’” . 57 C arta do H R R aos X IX de 28/3/1637; in A R A -O W IC 52 e BPB 1637/8. -™C arta de dom . S oler aos X IX de 15/3/1637; in A R A -O W IC 52 e B P B 1637/3; "general si sage. si verteux et si craignant D ieu” [cf. Prov. 28:2b], C arta do conselheiro S erooskercke à C âm ara de Z elân d ia de 21/3/1637, "zulk een g o d vruchtig en vroom overste” [com andante tão piedoso e crente]; in A R A -O W IC 52 e B PB 1637/7. 59 B rito Freyre: Nova Lusitânia 403. C osta: “N assau ” 61. ‘,0 Sobre o percurso R ecife-rio S. Francisco, um a viagem de noventa horas a cavalo: "Itin erá rio ” , Cascudo: Geografia 199-204 (K H A A 4 -1454, 1640; R IA P 31 (1886): 321 ss. Barlaeus: História 43, o forte "q u e lhe tem o nom e” . M C arta de N assau aos E stados G erais, Penedo 2/4/1637; in A R A -A StG 5754 (citado, B oxer: H o ­ landeses lOOs). Penedo, in B arlaeus: História m apa 16, C astnun Mciuritii, perto do O ppiduhtm O peneda. C arta de Serooskercke à C âm ara de Z elândia, 21/3/1637; in A R A -O W IC 52 e BPB 1637/7, "U m constrói sua casa, outro trabalha a lavoura, um terceiro conserta engenhos". De regresso às guarnições, N assau aboliu os salários que as esposas de oficiais do exército recebiam , conform e carta do H R R aos X IX de 2 8/3/1637 (in A R A -O W IC 52 e BPB 163 7/8) e de 15/1 /163 8 (in A R A -O W IC 53 e B PB 1638/1). 1,1 C am arão, su p ra cap. 3 n27. Sobre reforços para a frota, M auro: Brésil. o:' C arta de N assau de 2 4/2/1640 sobre a questão de não dar quartel a ninguém : in "D o cu m en to s”. R I A P 34 (1887): 40s, e BPB 1 6 4 1 /lO d e 12/4/1641.

MAPA DO BRASIL HOLANDÊS (LIMITES DE 1 641) Oceano Atlântico Camocim

Ft. Schoonenburh (Fortaleza)

F e rn a n d o de N oronha Q

Cabo São Roque

RIO GRANDE

Natal

Baía da Traição

Ft. Caulen (Reis Magos) \ Cunhaú

■ísl Ft. Margarita Frederickstad • j(Cabedelo) Maurícia .A J Goiana Massurepe >TOS •| _ _ PERNAMBUCO Itapecerica «íl® . ylgaraçu''™ ^0 Dlinda «1^ f 'Recife y a . Ft Cab0 gt St. Antônio dcteabo* o

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■ á O Q .* ^ . « ata da prim eira reunião do Presbitério do Brasil, em dezem bro de 1636

Organização e c le s ia l r e p r e s e n ta n te s denominados “Comissionados paraAssuntos Eclesiásticos” . 147 No Brasil, o presbitério nomeava seus “deputados” , e o governo, a partir de 1641, seu “comissário político” . Atas de vários desses órgãos foram localizadas, mas as mais importantes permanecem sendo as do Presbitério do Brasil.

Contatos entre governo e Igreja, nos P aíses Baixos e no B ra sil holandês Governo

Com issionados Hnlanda SenhoresXIX para assuntos !(da W IC ) I eclesiásticos r

i

O ceano Atlântico

Brasil

'A lto I Governo

: Com issário | político

Igreja 4 ! Deputados ad res indicas

6 !

Deputados ad res indicas

j

C lassis Am sterdã

!

C lassis ! W alcheren

O ceano Atlântico

Deputados__

I C lassis Brasil__

Das reuniões presbiteriais realizadas no Brasil, apenas nove de suas atas tinham sido publicadas há pouco;148 entretanto, o número dessas atas é superior a esse, bem como o número de reuniões realizadas.149 Podiam-se observar duas lacunas nas atas publicadas. A primeira lacuna referia-se aos anos 1642 e 1643. Pelo fato de não haver localizado essas atas, o historiador Waetjen alegou que Nassau havia proibido as reuniões eclesiásticas, concluindo que “desde então o clero protestante conser­ vou-se no maior retraimento” .150 Na realidade, reuniram-se entre outubro de 1641 e julho de 1644 pelo menos seis presbitérios e sínodos, ou talvez mesmo oito. A segunda lacuna nas atas publicadas encontrava-se entre os anos 1645 e 1648, aparentemente confirmada pela observação no fim das atas publicadas em holan­ 147 “G ecom m itecrdcn voor kerkelyke zaken.” Um deles era o conhecido ,ian de L aet (carta dos X IX à C lasse do B rasil de 28/1/1639; in A R A -O W IC 8 e RUB 1639/1). 14S Grothe: Acta; Souto-M aior: Atas. A parentem ente am bos, G rothe e Souto-M aior, publicaram dez atas, m as o docum ento VIII não é um a ata da C lasse, m as sim a ''apostila", ou seja, as decisões do governo reeiien se (H R R ) sobre as propostas presbiteriais. conform e D N 18/1/1641. u> Som ente existem cópias das alas das Classes que foram m andadas para a H olanda, porque o "L ivro da C lasse" do Brasil não foi localizado (m encionado in A CB 1/1646 a39 e G A A -A C A 33:315), perdendo-se assim tam bém os nom es dos obreiros no Brasil (ACB 1/1638 s6 a8). Tam bém os Classicale P rotocollen da Classe de Pernam buco e da Paraíba se perderam , além das atas dos deputados presbiteriais e sinodais (extratos in GA A -A CA 88.4:197-204); bibliografia I 14.1. 3 W aetjen: Domínio 362, idéia com batida com razão por N em e: Fórmulas 173-6. Vos: Amstels 313, achava que o m otivo fosse econôm ico.

Igreja e Estado no Brasil H olan dês - 1630-1654

dês.131 Porém, foram localizadas mais três atas (de 1646, 1647 e 1648) que se encaixam nesse intervalo e que já forani incluídas na nova tradução.132Além disso, realizaram-se algumas reuniões presbiteriais extraordinárias, como a no final de 1640, para o exame eclesial de um pastor a ser enviado à África,153 mas seus relatos não foram localizados como aconteceu com as atas das inúmeras reuniões dos consistórios das igrejas locais (exceto alguns trechos pequenos).134 A tabela serve para uma melhor visão das 23 reuniões de nível presbiterial e sinodal.133 R euniões presbiteriais e sinodais no B rasil h o landês * Presbitério (Classe, C/ass/s) de PE/PB

do Brasil 12/1636

(PE = Pernambuco)

03/1637

(PB = Paraiba)

Sínodo

R eferências

do Brasil

A C B =Acta Classis Brasil ACB 12/1636 I ACB 03/1637

01/1638

ACB 01/1638

10/1638

| ACB 10/1638156

03/1639 E 04/1640

ACB 03/1639

(E re u n iã o e x tra o rd in á ria )

! ACB ACB ACB i ACB ACB ACB

, 11/1640 127/1640 E 10/1641 097/1642 PE 09/1642 PB 11/1642 BR

(11/1642-»)

ACB 01/1643 PB163

017/1643 PB 02/1643 BR

ACB 02/1643 sín164

07/1644 BR

ACB 06/1644 PE 165 ACB 06/1644 PB166 ACB 07/1644 sín

01/1646 BR

ACB 02/1645 PE167 ACB 02/1645 PB 168 ACB 01/1646 sín169

067/1644 PE 06/1644 PB 02/1645 PE 027/1645 PB ( 0 1 / 1 6 4 6 * - )

ACB 01/1647

r 01/1647 05/1648 Total:

11

ACB 11/1642 sín161 ACB 01/1643 PE 162

01/1643 PE

í

04/1640 11/1640 12/1640157 10/1641158 09/1642 PE159 09/1642 PB 160

ACB 05/1648 8

4

23

151 G rothe (A r ch ief 322) observa: “A parentem ente não foram realizados m ais sínodos. Porém , na ala do S ínodo da H olanda do Sul achou-se um a anotação de um a carta dos deputados do Presbi­ tério do B rasil de 23/11/1649, dizendo que não houve um a reunião presbiterial por tanto tempo cm v irtude do núm ero reduzido de predicantes e à situação atual do p a ís'’. G rothe se referiu à reunião de 7/1644, o p resbitério à de 5/1648. S outo-M aior: Atas 155. Ií2 A CB 1/1646; 1/1647; 5/1648. Schalkwijk: “Atas". Cf. “Atas do Presbitério do Brasil". Bibliografia II. 153 A C B 12/1640? A C B 10/1641 s4 a6; c f .n l 57. IM A m ostra das atas do C onsistório do R ecife: in G A A -A C A 88,4:148-9. D a Paraíba, resum o in Stetten: " J u r n a e r . Sobre docum entos não localizados, veja Bibliografia I, 14.1 e 14.2. 155 N ão se realizaram as seguintes reuniões: a) Classe do Brasil de 3/1636, em bora s u g e r i d a p o r RUB 1636/2: contudo essa carta dos X IX à C lasse do Brasil não foi localizada in RU B. sendo não de

Organização eclesial "

115

[ 6 3 6 Tmas sim de 28/1/1639. b) Classe de P ernam buco de 1/1642. sugerida p o r DN 23/1/1642: este porém trata de ACB 10/1641. c) Classe de Pernam buco de 4 ou 5/1642; sugerida por D N 20/ 5/1642. que usa a expressão "Classe de P e rn a m b u c o ” . Usa-a entretanto de m o do proléptico: e m b o r a o desdobram ento do presbitério j á tivesse sido aprovado pelo HRR. tratou-se na reunião de 2 0 / 5 /1642 de gravam ina da Classe do Brasil de 10/1641. d) Sínodo de ju lho de 1645. sugerido pela praxe: a revolta, porém, não o permitiu e AC B 1/1646 a l 3 se refere às atas de AC B 7/1644. e) Sínodo de 5/9/1645, sugerido por DN 13/7/1645; não tendo ne n h u m a referência posterior entretanto, mas sim a protelação da reunião até 1/1646. M antem os na tabela em todos os casos a s i g l a " A C B ” (Ata da Classe do Brasil) porque a Igreja na Holanda nunca reconheceu a divisão em

duas classes, nem a organização de um sínodo. i-,f’ ACB 10/1638: A reunião foi m arcada para 4/11/1638 (DN 11/9/1638; in A R A -O W IC 68), mas começou mais cedo: 29/1 0/1 638 (ACB 10/1638 intr.). ij7a C B 127/1640: M encion ado in AC B 10/1641 s4 a 6. Calculam os que essa reunião extraordinária para exame e ordenação como pastor, de Meindert Hendricks, "consolador" no forte E lm ina de Guiné, realizou-se em d ezem bro de 1640. O term inus a cjiw. fim da Classe de 11/1640, po r não ter chegado ainda da África. O term inus a d q u e m : Carta de dom. Kesseler e Plante aos deputados adres indicas de Amsterdã, de 8/1/1641: Hendricks foi examinado, ordenado e m and ado de volta à Guiné (in G A A -A C A 3 3 :45). 158ACB 10/1641; A C B 7/1644 a l , re fe re-seaesta, e n ã o a o u t r a r e u n i ã o em 1641 (A C B 10/1641 sl). 159ACB 9/1642 PE: Certamente se reuniu porque tam bém na Paraíba houve "C lasse" (ACB 9/1642 PB), e o sínodo posterior (ACB 11/1642) não podia reunir legalmente sem convenção presbiterial anterior. Há ainda várias referências antes da reunião desse presbitério, como DN 11/7 e 4/8/1642; in A R A -O W IC 69. Q uando? Talvez (com o n a Paraíba) em 9/1642. Presentes? Sem dú v id a (to­ dos) os pastores na capitania de P ernam buco e alguns presbíteros. Assunto? Entre outros sobre a missão indígena (DN 11/7/1642), a nova ordem eclesial dos XIX (DN 4/8/1642) e, talvez, sobre dom. Leoninus (DN 12/5/1642). ACB 9/1642 PB; esta (não ACB 10/1641) é a primeira reunião da Classe da Paraíba; Ribeiro: O rigens 57s. 1111 ACB 11/1642: O "S ín odo " de 11/1642 levou o nom e de c o e tu sp ra ep a ra to rii (A C B 1644 a5) ou coetus generalis (DN 13/11/1642, convenção geral; cf. n253), porque formalmente não era um "Sínodo" ainda por falta de caráter claramente representativo (pela presença de quase t o d o s os obreiros) e pela falta de aprovação da Holanda; contudo foi considerada reunião em nível “ sinodal", conforme mostrado na num eração contínua dos artigos, diferentes das Classes que c o m eçam cada sessão com num eração nova. Quando? 12/11/1642 (G A A -A C A 33:114) até 24/11/1642, D N 25/ 11/1642. Presentes? Quase todos "os predicam os" ('‘to d o s”, na carta do H R R aos X IX de 2/4/ 1643; in A R A - O W I C 58 e B PB 1643/16; "quase todos os predicantes" n a carta geral do Consistório do Recife sobre dom. Vogel de 3/2/1645; in G A A -A C A 88.4:153). Assuntos? Uns artigos m encionados in A C B 7/1644; G A A -A C A 3 3 : 14s; DN 13 e 14/11/1642. Pelo m en o s 34 dos 90 (ou mais) artigos são conhecidos, em bo ra a ata não tenha sido localizada. 162ACB 1/1643 PE: Classe de Pernambuco. Quando? N o início de 1643. DN 23/1/1643 l e v a a c r e r que começou em 31/1/1643. Presentes? Pastores e presbíteros de PE. Presidente? Dom. Kesseler; secretá­ rio: dom. Plante (DN 2/2/1643). Assuntos? As viagens dos pastores visitantes até o rio São Francisco (GAA-ACA 88,4:157), dom. Vogel (GAA-ACA 88,4:154), dom. Doornick (DN 2/2/1643) etc. ACB 1/1643 PB: Classe da Paraíba. Quando? Realizou-se entre o Sínodo de 11/1642 e o de 21 1643, provavelmente ao m esmo tem po que a Classe de Pernam buco, 1/1643 (carta do H R R aos XIX de 2/4/1643; in A R A -O W IC 58 e BPB 1643/16). ACB 2/1643: O Sínodo de 2/1643 é a única reunião com esse nome, D N 2/2/1643: ACB a5, 6 e 7: GAA-ACA 33:116. Quando'? De 24/2/1643 (G A A -A C A 33:116) até 28/2/1643 (DN 2/3/1643). Joosse (Scoone dingen 460 n600) questiona a data dc 2/1643 e prefere 5/1643 (baseando-se na ACB 7/1644); entretanto, G A A -A C A 33:116 e DN 2/3/1643 confirmam a d ata de 2/1643 (e a data mencionada em AC B 7/1644 de certo é um dos muitos lapsos do copista dessa ata; cf. nota

Igreja e Estado no Brasil H olan dês - 1630-1654

O valor dessas atas é grande. José Higino o reconheceu desde o início, indicando-as como base para uma monografia sobre a Igreja Reformada do N or­ deste .170 Em geral foram escritas com muito cuidado, e as cópias têm chegado até nós com poucos erros .171 O estilo dessas atas é claro, com exceção das atas do Sínodo de 1644 que se referem continuamente às atas da reunião preparatória de novembro de 1642, que formaram a base de muitas deliberações em 1644, provocando ocasionalmente dificuldades excessivas .172 Além da clareza, com­ prova-se a veracidade das atas pela confrontação delas com cartas, atas gover­ namentais, literatura da época etc.

4 .2 .2 - P resbitério (ou Classe) Não sabemos quem sugeriu que as igrejas no Brasil se organizassem em presbitério. Se por um lado era um fato natural no contexto reformado, sempre foi refreado no contexto colonial. Será que a sugestão partiu dos Presbitérios de Amsterdã e Walcheren, conhecendo a situação eclesiástica relativamente precá­

171). Presentes? Os deputados de ambas as Classes (Carta do HRR aos XIX de 2/4/1643; in A R A -O W IC 58 e BPB 1643/16). Presidente: dom. Eduardus (DN 3/3/1643). Secretá-rio: dom. Plante (? DN 2 e 3/3/1643). Com issá rio político: conselheiro Hamel (DN 24 e 25/2/1643). A ssuntos? Entre outros (ACB 7/1644; G A A -A C A 33:116) sobre bonis m isericordiac, liberdade religiosa, dom. Biscareto, dom. D oornieketc. 11,5AC B 6/1644 PE: Deve ter sido realizada entre 2/1643 e 7/1644. Provavelm ente não muito antes do sínodo. então 6/1644 (DN 10/2/1644). A C B 6/1644 PB: A C B 7/1644 a33, visitadores. 11,7ACB 2/1645 PE: Realizou-se sem dúvida alguma. Quando? O ten n in u s a quo\ 9/2/1645 (DN 9/2/ 1645, deputados presbiteriais podem convocar a Classe de Pernambuco); o ten n in u s a d quem 22/ 2/1645 (G A A -A C A 88.4:142 atestado para dom. Vogel de 22/2/1645: “ este atestado foi exibido e aprovado na Classe"). Presentes? Dom. Ketel (presidente), dom. Velthusen (secretário; GAAA C A 88.4:159) etc. Mello in Dussen: R e la t ó r io 13; A CB 1/1646 a30. If,s A C B 2/1645 PB: pelos mesmos motivos que AC B 2/1645 PE, dom. Van der Poel e dom. Kemp trataram, com o deputados presbiteriais, de vários assuntos com o HRR (DN 23/2/1645, o terminas a d quem do Presbitério da PB). A C B 1/1646 a30. 169A C B 1/1646: O nom e (G em eyner Tsaem encom ste) e a num eração c ontínua (como do Sínodo de 7/16 44) su gerem que se trata de um ''s í n o d o ” . Form alm ente "d u a s Classes com pareceram ", m as na realid ade era a presença dos representantes das igrejas locais, e não das “ classes" som ente. Isso leva a própria reunião a pe d ir a volta do nível de ‘'classe", o que foi aprovado pelo governo (ACB 1/1646 a7 e 49), que igualmente considerou a reunião de 1/1646 um concilio “ sinod al" (DN 15/2/1646). 1711 R I A P 30 (1886): 21. 171 E m A C B 7/1644, há aiguns erros de numeração, provavelmente do copista. Em AC B 10/1641 s2 a2, o núm ero " 16 41" deve ser "1640". A inda em ACB 10/1641 s4 a2, a referência "A C B 11/1640 s 6 a3" deve ser “s 6 a4", e em AC B 10/1641 s4 a3, a re fe rê n cia''A C B 11/1640 s 6 a7" deve ser "s 6 a9". Os problem as com nomes próprios, como ''Boverson" e “ A nagras" em AC B 1/1638 s 6 a2 e 7/1644 a23, são claramente erros de c opista que preparava transcrições para o Sínodo de Utrecht (Bibliografia 1:10.2, RA U -A SU 41). 172 Ex.: ACB 7/1644 a 6.

Organização e c 'e s ' a '

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ria no Brasil ?173 Ou será que partiu do rev. Schagen no Recife ?174 Podemos ainda c o n j e c t u r a r sobre uma eventual indicação do rev. Soler, que estava há alguns m eses no Recife.m O fato é que o Consistório de Recifc, por meio do rev. Schagen, co n vidou as igrejas para esse passo muito importante na v id a eclesiástica do Bra­ sil holandês .176 Nesse sentido, o Brasil se colocava em uma situação melhor que a In d o n é sia ou qualquer outra c o lô n ia holandesa da é p o c a .177 Não resta dúvida de que no Brasil funcionava um presbitério autêntico, uma verdadeira ‘‘Classe” da Igreja Cristã R eformada .178 Talvez tivesse existido até ürrT“livro de confissões”, como nos presbitérios na Holanda, contendo as três amigas confissões de fé e as três “fórmulas da união ” .179 Todos os oficiais da Igreja Reformada tinham de firmar sua adesão a essas confissões com a assina­ tura nesse livro ,IS0 mas o mais provável é que os pastores e proponentes prom o­ vidos no Brasil tenham assinado uma fórmula no “ livro protocolo” do Presbitério do Brasil, livro esse não encontrado até agora .181 Todas as reuniões do Presbitério do Brasil se realizaram na cidade do Reci­ fe, duas vezes ao ano .182 O menor intervalo entre essas duas reuniões parece haver sido de cinco meses e o maior, de catorze .183 As reuniões geralmente dura­ vam vários dias, havendo duas sessões diárias, pela manhã e à tarde. Nem sem ­ pre todos os componentes que viajavam via marítima chegavam a tempo, por

173Evenhuis: A m sterdam

II 359, sugere que a atitude de Nassau ajudou, mas a Classe se form ou em 1636, antes da chegada dele. I7J ACB 12/1636 s3 a l. 175Primeira carta de dom. Soler 8/6/1636; in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/9. I7Í'A CB 12/1636 s3 a l , o consistório recifense defende dom. Schagen alegando que ele m ando u as convocações não por iniciativa própria, mas "por ordem do Conselho do Recife". 177Boetzelaer: O ost-Indiè. Somente em 1753 o Consistório de Batávia passou a ser considerado um pequeno presbitério; Wiclinga: W alcheren 72. Gensichcn: M issionsgeschichte, não percebeu o desenvolvimento eclesiástico no Brasil, em contraste com a Indonésia, Ceilâo e form osa. Knappert: "Handelskerken" 99. m enciona Am sterdã ter preferido que a convenção das igrejas na África do Sul, plantadas desde 1652, não tivesse o nome de "Assembléia de Classe", mas coetus ou convenlits. porque “ examinação, indicação e instalação de ministros é prerrogativa somente das Classes veneráveis da Pátria". 0 C oetus foi organizado na Am érica do Norte somente em 1738, m ais de um século depois do começo dessa colônia holandesa (1614), Jong: A m erican 188. 4ss. 178Não somente um coetus ou reunião de pastores. m Da Igreja Cristã em geral: o Credo A postólico, de ca. 150 A.D., a C onfissão de N icéia de 325 A.D. e a C onfissão de A ta násio de 333 A.D. As três “ Fórmulas da União" (ou "U nid ade") são as confissões da Igreja Reformada nos Países Baixos: o C atecism o de H eidelberg de 1563, a C o n fis­ são N eerlandesa de 1561 e os C ânones de D ordt de 1618/1619. Cf. cap. 12 n l 3 . 1811 Essa função das "Fórmulas da União" nota-se in AC B 1/1646 a39. O livro das confissões da Classe de Amsterdã; in G A A -A C A 25: da Classe de Walcheren; in R A Z -A C W 45. 181 ACB 1/1638 s 6 a 8. ACB 3/1637 s9 a 6. Sj A situação de guerra atrasou a classe várias vezes, ACB 11/1640 s 6 a l.

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Igreja e Estado no Brasil H olan dês - 1630-1654

causa de ventos contrários; e nem todos podiam comparecer assiduamente, ou por causa do serviço militar, ou porque moravam muito longe do Recife, como no Rio Grande do Norte ou no rio São Francisco .184 Nesse caso, recebiam cópia das atas, e os próprios pastores presentes faziam um traslado para cada consistório, antes de sair do Recife, tudo por conta da Companhia das índias Ocidentais .185 Como membros votantes, sentavam-se à mesa todos os pastores, com um presbitério de cada igreja local, seguindo assim a Ordem Eclesial de D ordt .186No caso em que uma igreja tivesse mais de um pastor local, como a do Recife e a da Paraíba, um deles deveria ficar com o rebanho .187 Todos os representantes deve­ riam trazer carta de apresentação devidamente assinada pelo conselho local ,188 embora reconhecessem que nem sempre era possível reunir o consistório normal­ mente antes do presbitério .189 A princípio, realizava-se às vezes um culto, onde pregava um dos pastores .190 Após a oração inicial ,191 procedia-se à verificação das cartas de apresentação e à constituição formal da reunião, com a eleição da nova “m esa” (composta de presidente, secretário e “assessor ” ),192 geralmente denominada “moderamen ” .193 Em seguida, procedia-se à leitura da ata anterior e dos assuntos a serem considerados .194 Anotavam-se, conforme a praxe, as deci­ sões, sem as deliberações anteriores, formando assim as “nótulas ” .193 As atas do Presbitério do Brasil são “extensas e extremamente valiosas para o entendimento da vida religiosa, moral e eclesiástica ” .196 Entretanto, o fato

184A C B 185A C B

1/1638 intr.; 10/1641 s 8 a5. 11/1640 s 6 a5 e 8. Todas as despesas da Classe corriam por conta da Companhia. DN 17/ 11/1640. A mesa, por exemplo, era servida pela C om panhia um dia antes e três dias depois da reunião da Classe de 10/1641, D N 2 (diz. "reunião sinodal", sic) e 14/10/1641. Muitas vezes a C o m panhia tentava diminuir as despesas, procurando uma contribuição das próprias igrejas (carta do H R R aos XIX de 2/4/1643; in A R A -O W IC 58 e B P B 1643/16), ou servindo a mesa somente para os de fora e sem reembolso de taxa de estada (DN 30/10/1645). Essa já foi tirada dos representantes do Recife anteriormente (DN 23/1/1643). A diminuição das de spesas seria um argum ento para o projeto de form ar um sínodo. 11,6 K erkorde art. 41 e 42. A igreja do Recife pensou que podia ter mais presbíteros representantes, AC B 3/1637 sl a3. 187A C B 10/1641 s5 a3,l. 188AC B 10/1641 intr. K erkorde art. 33. 189A C B 1/1638 s l a l. 1911 Conform e a Ordem de Dordt, diz Hamel: "Rapport". Mas Dordt não o prescreveu (Kerkorde art. 32), somente mencionando a oração inicial e a final. ACB 11/1640 intr; dom. Bachiler pregou sobre Heb. 2:14. 191 K erkorde art. 32. L iturgia 60, fórmula. 192 K erkorde art. 34. Dom. Kesseler foi presidente quatro vezes, e três vezes assessor. N e n h u m dos cargos era permanente, havendo eleição livre no início de cada novo concilio. 193N om e latino: direção, leme. M o d e ra ri: dominar, dirigir, moderar, temperar. AC B 1/1638 sl al e2. 194A C B 1/1638 sl a3 etc. 195 C onform e a O rdem de Dordt. K erkorde art. 34 Deviam constar nas atas as coisas notatu digna, assuntos dignos de serem anotados. N o tu la , diminutivo de nota, sinal, letra. 196 Knappert: ‘'H andelskerken" 99.

O rganização eclesial

n9

seguinte é igualmente claro: notas de consistórios e atas de presbitérios não apre­ sentam um quadro completo, porque é de sua natureza mencionar somente aque­

las pessoas ou assuntos que causaram problemas, omitindo o registro do trabalho na edificação das congregações ” .197 A s outras pessoas, aparenternente, trabalharam de modo normal, sem que anotasse algo contra si .198 Muitos assuntos desfilam diante de nós: "consoladores” e professores, judeus e cristãos, b rasilian o s e africanos, ingleses e portugueses, bêbados e prostitutas, hospitais e coveiros, todos em um palco extremamente movimentado e fascinante .199 N ão é de se estranhar que o presbitério pedisse cópias das atas sinodais da Holanda, co m eç an d o pelo Sínodo de Dordt, para ter um padrão de tratamento conveniente nesses assuntos .200 em penhado

Eram assuntos d a exclusiva competência do presbitério (e não dos consistórios) a o rg a n iz a ç ã o de novas igrejas ,201 a divisão do campo entre duas igrejas locais ,202 o exam e eclesial de '‘consoladores” e proponentes ao ministério .203 O assunto de o rd en a ção de novos pastores era um item delicado, porque a Igreja na Holanda c o n sid e ra v a que esse assunto não era da competência da igreja colonial.

O Presbitério de 1637 decidiu que apenas em casos de extrema necessidade alguém que residisse no Brasil poderia ser recebido ou ordenado ao ministério. A razão foi: “(obreiros) podem ser obtidos facilmente na Pátria (sic\), sem que, com isto, queiramos encurtar a liberdade deste presbitério ” .204 Freqüentemente, um mensageiro do presbitério era enviado ao governo para consultas sobre algum assunto que carecia de aprovação do Alto Conselho, como no caso da nomeação do rev. Doreslaer para o trabalho missionário entre os indígenas .205 Terminando a agenda, realizava-se uma fiscalização fraternal, a famosa censura m orum ,206 para verificar se algo havia acontecido que merecesse repreensão fraternal. O último artigo da ata do Presbitério de janeiro de 1638 bem poderia ser, em geral, o remate de outras reuniões também: “Tendo-se realizado a censura m orum nada foi achado que merecesse pena, pelo que o presidente encerrou esta convenção com uma oração, e os irmãos se separaram em boa paz e harmonia ” .207

197 Jong: K erkgeschiedenis 214. 198Cf. Evenhuis: A m sterdam I 144. 1,9Conforme a gravidade do problema,

podiam ser agrupados como gravaminci (problem as graves: latim gravis: pesado, importante, difícil, sério; ACB 7/1644 a 8), como q u estio n es (perguntas. ACB 1/1638 s5 a5) ou sim plesm ente sem essa indicação classificatória (ACB 1/1647 s9 a2). 2“ ACB 3/1637 s2 a 8. Reação positiva da Classe de Enkhuizen, com assinatura do p ra e se s p.t. Abraham à Dooreslaer; in G A A -A C A 379 (sic: índias Orientais!): 185. 21.1 ACB 3/1637 s3 a l2 . 21.2ACB 4/1640 s 8 a2. ACB 11/1640 s2 a l 6. 2,0ACB 3/1637 s3 alO. 2IMACB 3/1637 sl a4. ® ACB 1/1638 s l a l 6. " 'A C B 1/1638 s 6 a9. K erkorde art. 43. "E xam e de Costumes". ' ” ACB 1/1638 s 6 a9. L iturgia 61.

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Igreja e Estado no Brasil H o land ês - 1630-1654

Os “deputados presbiteriais” tiveram um lugar especial na vida eclesiástica, sendo nomeados novamente por cada “Classe” para cuidar dos assuntos eclesi­ ásticos no intervalo das reuniões .208 Não eram necessariamente idênticos à mesa diretora da última reunião, embora isso fosse possível, mas por serem, de maneira geral, esses deputados os mesmos “visitadores” das igrejas, deveriam ser dois “dos mais velhos, experimentados e prudentes ” .209 Normalmente dois pastores 210 do Recife .211 Isso reforçou muito a posição da Igreja-mãe, o que era quase indis­ pensável, porque o governo residia no Recife e muitos assuntos precisavam serlhe subm etidos .212 Os deputados mais conhecidos eram os pastores Kesseler, Soler e Bachiler .213 Essa com issão de deputados eclesiais era, via de regra, atarefadíssima, reunindo em si praticamente todas as funções representativas .214 Como “visitadores”, tinham a obrigação de visitar anualmente todas as igre­ jas locais, sondando de modo fraterno a vida espiritual e moral dos seus membros e oficiais .215 Às vezes, deparavam-se com situações difíceis, como a da igreja de Itamaracá em 1637. 216 Outras vezes precisavam resolver, com o conselho local, casos de disciplina ,217 ou ainda tinham a grata tarefa de inocentar o nome de um pastor que fosse caluniado .218 O presbitério considerava, em algumas ocasiões, que esses pastores conselheiros deveriam fazer, se possível, visitas mais freqüen­ tes, por ser benéfico para as igrejas .219 Além disso, achava que nessas viagens deveriam procurar os membros dispersos ,220 além de dar sugestões sobre o traba­ lho missionário 221 e ajudar ocasionalmente em assuntos diaconais .222 E, ainda, cuidar do arquivo do presbitério .223

2,IS "Classicale deputaten"; Rutgers: D e p u ta te n . 21,9 K erkorde art. 44 sobre "visitadores"; art. 34 sobre '‘m o d e r a m e r f ; art 49 sobre "deputados". ACB 10/1641 sl a l ; s 8 a 6; s9 a l , mostra que o presidente eleito não foi indicado para ser deputado, porém o assessor e o secretário sim. 21.1 C o m exeeçào de AC B 1/1636 s5 a5 e AC B 7/1644 a34, quando foram nom eados três deputados. 211 C om duas exceções quando foram apontados três deputados, sendo o terceiro nesse caso um pastor da Paraíba. Idem. 212 C om o DN 22/4/1643: os deputados Plante e Soler na reunião do Alto Conselho. 2I:’ Que serviram neste cargo durante cinco, quatro e três anos, respectivamente, A C B p assim . 214 Somente em 1644 foram nom eados "visitadores" eclesiais separados (A CB 7/1644 a37 e a34). Provavelm ente foi a última vez também, porque já em 1646 as duas funções se reuniram nas mãos dos deputados (ACB 1/1646 a64; 1/1647 s 9 a l 3 ) . 215 K erkorde art. 44. Hamel: "R appo rt" 152. 2" 'A C B 1/1638 s2 a 6. 217 C om o de dom. Schagen e dom. Osterdag, A C B 3/1637 s7 a2. 21S Testim onium sobre dom. Vogel; in G A A -A C A 88, 4:132. 219AC B 4/1640 s 6 a 2 q2. 22.1 AC B 1/1638 s 6 a l. 221 AC B 1/1638 sl al 5. 222 AC B 7/1644 s3 a5. 223 AC B 5/1648 s5 a l 2.

O rganização eclesial

12 ]

O contato com a Holanda passava, cm grande parte, por suas m ãos -""4 e quinhão de seu trabalho consistia ainda nas relações com o governo, que será estudado posteriormente .223 Queremos apenas destacar os pedidos de melho­ ra de sa lá rio s ,226 a admoestação ao governo para refrear pecados e escândalos públicos " 7e a liberdade religiosa dos dissidentes ,228que representam uma infinida­ de de detalhes da histói ia eclesiástica dentro dos documentos governamentais .229 g ra n d e

O assunto mais difícil para os deputados era o que concernia ao setor pesso­ al, em que muitas vezes eram forçados a tomar decisões provisórias, como indi­ car, com aprovação do governo, o local de trabalho dos “consoladores ” ,230profes­ sores e até de pastores que chegassem entre as reuniões dos presbitérios, vindos dos Países Baixos. As vezes examinavam candidatos, tendo poder de demiti-los após expirar o prazo de seus serviços .231 Escreviam, inclusive, cartas de reco­ mendações para os que partiam. O mais famoso desses “atestados” foi aquele concedido ao conde de Nassau na sua partida em 1644.232 Concediam licença para pregar ,233 determinavam às vezes quem iria ocupar uma igreja vaga 234 e davam permissão para que se gozassem férias na Holanda .235 Não é de estranhar que essas decisões, especialmente no setor pessoal, causassem algumas tensões ocasionais. Assim, no Presbitério de abril de 1640, o rev. Johannes Theodorus Polhemius denunciou que todos os quatro ministros recentemente chegados da Holanda haviam sido enviados ao sul de Pernambuco, enquanto ele era o único obreiro responsável por todo o trabalho na capitania de Itamaracá .236 O presbité­

224ACB

7/1644 s 12 a20. Carta do Consistório do Recife aos XIX de 2/8/1645 pedin do mais pastores, assinada tam bém pelos deputados do sínodo, dom. Bachiler e dom. Vogel; in A R A OWIC 60 e B PB 1645/55.

225Infra cap.

12.2.5. Contato este muito freqüente e muitas vezes sobre os mesmos assuntos; "d ez vezes". ACB 11/1640 s2 a9. 226ACB 10/1638 s3 a l. 227 Hamel: "R apport" 151. 228Infra Parte IV sobre a liberdade dos j u d e u s e católicos romanos. 2MEx.: ACB 10/1638; in DN 22/11 /1638; AC B 11 /1640; in D N 18/1 /1641; AC B 10/1641; in D N 31 / 10/1641 e 20/5/1642 etc.

2311ACB 9/1642

PB, p5, queixa de dom. Polhemius sobre troca de consolador pelos deputa dos sem conhecimento prévio do consistório da igreja local. 2jl Hamel: "R apport" 151. AC B 10/1638 s2 a 6, exam e dc Jan Michiels. 232ACB 10/1641 s 7 a 3 . Uma vez a Classe de Amsterdã pediu e ncarecidam ente para não dar um bom atestado se a realidade era diferente, exortando pa ra que se anexasse u m a cópia d o trecho d a ata com inclusão do motivo da dúvida; carta de 17/10/1639; in G A A -A C A 4:181. Atestado para o conde: A CB 10/1641 s 9 a l . J33ACB 1/1636 s2.

"’4ACB

3/1637 sl a7. Com o a ida de dom. Polhemius a Itamaracá (in ACB 1/1638 s5 a9). do consolador Jan Michiels ao forte Margarita da Paraíba (in AC B 10/1638 s3 a 12) ou de dom. Eeckholt a Santo Antônio do Cabo (in A C B 10/1641 s4 a2.) Como dom. Van der Poel por sete ou oito meses; in AC B 4/1640 s 8 a3. 236ACB 4/1640 s 6 q3.

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I g r e ja e Estado no Brasil H o l a n d ê s - 1630-1654

rio, então, traçou algumas normas para os deputados, mas na realidade não eram muito diferentes daquilo que fora decidido anteriormente :’ 57 no período entre a reunião de dois presbitérios, a colocação de obreiros era tarefa dos deputados que deveriam consultar o consistório, quando fosse possível .-38 O trabalho dos deputados ampliou-se à medida que as igrejas cresceram. Logo mais, porém, com a formação do sínodo, seria repartida a responsabilidade.

4 .2 .3 - Sínodo Com o aumento do número de igrejas e dos obreiros, surgiu a indagação se o "Presbitério do Brasil” não deveria ser desdobrado, conforme a praxe reforma­ da, agrupando, em seguida, os dois novos presbitérios em um sínodo .239 O conde de Nassau e seus conselheiros concordaram, pendente da aprovação dos Países Baixos. Medidas provisórias, todavia, poderiam ser tomadas.:4Ü O governo teceu as seguintes observações em suas “ Atas Diárias” : a organização de dois presbité­ rios de áreas menores ajudaria a tratar dos assuntos mais rapidamente, porque os pastores poderiam voltar mais cedo para suas respectivas igrejas. A formação do sínodo daria às igrejas a possibilidade de apelação a um concilio superior, propici­ ando um certo destaque a essas igrejas na reunião da C om panhia .241 Permitir-seia a correspondência com sínodos na pátria, o que possivelmente diminuiria as d espesas para a C o m p a n h ia .242 Pensou-se ainda em in co rpo rar as igrejas estabelecidas na Guiné e em Angola ao Concilio Brasileiro. Isso, porém, nunca ocorreu, à semelhança do plano nassoviano de um Império Holandês no Atlântico Sul, que nunca se concretizou, ficando as possessões africanas subordinadas dire­ tamente aos Países Baixos. Além dos motivos oficiais, havia um outro muito deli­ cado, mencionado pelo rev. Petrus Doornick, da Paraíba, em sua carta à Comis­ são Missionária do Presbitério de Walcheren, na Zelândia: a organização do sínodo evitaria a presença de um comissário político no presbitério, como era de costume na H olanda .243 E chamou a atenção para as enormes distâncias no Brasil, a ponto de algumas igrejas se situarem a 70 ou 80 milhas do Recife. O projeto previa a organização do Presbitério de Pernambuco, incluindo as igrejas de Itamaracá até o rio São Francisco, e o da Paraíba abrangendo as capi­ tanias de Paraíba e Rio Grande do Norte, incluindo três congregações indígenas e

227 Idem.

A C B 3/1637 s l aó. 2WN a reunião dc 1644 essa tarefa era considerada uma das mais importantes desses deputados. ACB 7/1644 a34. 229 K erkorde art. 47. 240A CB 10/1641 s9 a3. Carta do HRR aos XIX de 10/11/1641; in A R A -O W IC 56 e BPB 1641/24. 241 Decerto um a propaganda na H olanda para a Com panhia das índias Ocidentais, porque na área da C om pan hia das Índias Orientais nem era permitida a formação dc um presbitério. 242 DN 23/10/1641. Sobre essas despesas, cap. 12 n40. 2,2 Carta de dom. D oornick aos deputados a d res indicas da Classe dc Walcheren de 4/11/1641: m R A Z -A C W 73:40ss.

Organização eclesial

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Goiana -244 Os presbitérios se reuniriam duas ou três vezes ao ano, e o sínodo omente uma, com a representação de três ou quatro pastores e um ou dois resbíteros por presbitério .243 O s presbitérios se reuniriam antes do sínodo para deliberação dos assuntos preliminares. O Presbitério da Paraíba sugeriu que os r e p r e s e n t a n t e s ao sínodo tivessem voto livre somente em assuntos que não havi­ am sido tratados nos presbitérios; mas o do Recife opinava que no sínodo deveria existir liberum votum com pleto .246 As igrejas na Holanda não concordavam com o projeto. Os Presbitérios de Amsterdã e Walcheren eram unânimes no assunto, e decidiram ad m oestar o Pres­

bitério do Brasil .247 Em uma carta da “Classe” de Amsterdã à do Brasil, aquela insistiu em que a organização de um sínodo era de grande importância, sendo assunto de nível nacional, não podendo ser decidido assim sem mútuo consenti­ mento. A Holanda percebeu que devia haver mais motivos em jogo, porque afir­ mou que a decisão brasileira apareceu nas atas da “Classe” de outubro de 1641 imediatamente após o assunto da sessão do comissário político no presbitério .248 A p e s a r da desaprovação da Holanda, o Sínodo do Brasil funcionou durante quatro anos, e muitas vezes a contento ,249 reunindo-se quatro vezes: em novem ­ b r o de 1642, fevereiro de 1643, julho de 1644 e janeiro de 1646.250 N ão foi possí­ vel a reunião em meados de 1645 em virtude da insurreição luso-brasileira .251 Apenas a reunião de 1643 levou o nome de Sínodo .252 Em 1644 foi evitada essa designação por conta das objeções na Holanda .233 Quando o próprio Sínodo de 1646 pediu sua extinção, com a conseqüente junção dos dois presbitérios, solicitou ao mesmo tempo que o governo não ordenasse a presença de um comissário político na sua “fraca convenção”, pedido que aliás não foi respeitado pelo Alto

244E posteriormente Ceará e M aranhão; DN 23/10/1641. 245Idem; ACB 9/1642 PB. 24(1ACB 9/1642 PB. G ravam ina, propostas, deviam ser comunicadas

às igrejas antes da reunião do sinodo, ACB 7/1644 a 3 1. 247 Um representante de Walcheren esteve em A m sterdã para falar sobre esse assunto. Ata dos deputados a d res indicas de Am sterdã de 19/8/1642; in G A A -A C A 3 3 :80 e 89. A C B 1/1 646 a5 I . carta da Classe dc Walcheren de 16/11/1643. 248Carta da Classe de Amsterdã à Ciasse do Brasil de 21/10/1642; in G A A -A C A 39:114. a pare n ta n­ do ainda que “ um quer se colocar por cima do outro”, dc modo que uns '■almejam a sua própria re u n iã o '. ACB 10/1641 s2 a l . sobre o comissário político: e s5 a3 sobre o projeto do sínodo. 249ACB 9/1642 PB p3. Tabela, cap. 4.2.1. A numeração contínua dos artigos nas atas c tipicamente "sinodal". como mostram as atas contemporâneas dos sínodos da Holanda, tanto setentrional (G A A -A C A 100-3). como meridional (GAR-ANI1G 85-7). Formalmente somente as reuniões de 1643 e 1644 eram "sínodos", enquanto o de 1642 era um sínodo em formação" (reunião preparatória), e a de 1646 "sínodo em extinção" (ACB 1/1646 a7). 232ACB 1/1646 a49. ACB 7/1644. "gemeene t ’samenkomste". N a realidade havia distinção entre "S ín o d o " e "C o e tus generalis ' (convenção geral), o primeiro sendo a reunião dos representantes de am bas as Classes e o segundo, dc todos os componentes das Classes em nível sinodal.

Igreja e Estado no Brasil H o l a n d ê s - 1630-1 654

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C onselho .254 O Concilio expressou ainda sua esperança de voltar a funcionar como “ Sínodo” após a “colonização intensiva” com colonos da Holanda .2:0 Havemos de concluir que, de fato, o desdobramento do Presbitério do Brasil não foi uma decisão muito feliz. Embora o crescimento numérico apontasse nessa direção, poderiam ter esperado um pouco mais. A tentativa de evitar a presença do comissário político nas reuniões de nível presbiterial deve ter sido uma alavan­ ca propulsora forte. Foi, porém, uma certa resistência da Paraíba contra a lideran­ ça dominante do Recife que ajudou a se apressar a decisão .256 Como vimos anteriormente, a última reunião do Presbitério do Brasil reali­ zou-se em maio de 1648. A recusa das igrejas em aceitar 0 domínio político em seu Concilio foi a causa .257Assim, a organização eclesial voltou ao nível consistorial, embora os deputados do presbitério continuassem formalmente a existir .258 Com a capitulação dos holandeses em 1654, todo e qualquer vestígio do presbitério reformado desapareceu, porque não havia mais lugar para sua base, que era a presença de congregações cristãs reformadas.

4 .3 - IGREJA INTERNACIONAL Além da organização eclesiástica local e “nacional” , existiam os laços internacio­ nais. Os contatos com os Países Baixos eram da maior importância e, em segun­ do plano, os com a África. Esses contatos eram denominados “correspondência”, termo técnico utilizado.

4.3.1 - Correspondência com os Países Baixos O maior contato era com a base de onde partira a Igreja: os Países Baixos. Essa relação era mantida com o governo e a Igreja. Os Senhores XIX e as Câma­ ras da Companhia das índias Ocidentais tinham prazer em promover a sua igreja, queixando-se quando os pastores no Brasil atrasavam-se no envio de informa­ ções .259 Muitas vezes o “ malote” governamental transportava cartas e livros para a igreja .260 Quanto às igrejas na Holanda, é interessante notar que desde muito cedo havia correspondência entre a Igreja no Brasil e 0 sínodo valão da Holanda. Esse sínodo era composto de igrejas de fala francesa que, em seu país de refúgio ,’61 27^\CBl7T646 aT 2Í? ACB 1/1646 a49. "Voorgacnde geweldige populatie ofte bevolckinge deser plaetsen door de Mederlanders” . 25,1 Provavelm ente dom. D oornick da Paraíba liderava o projeto. N a sua carta de 4/11/1641 aos deputa dos ad res indicas de Walcheren os dois motivos de política eclesiástica são patentes (R A Z -A C W 73:40-3). cap. 12.2.5 sobre o comissário político. 25s A C B 5/1648 s5 a 6. 2W ACB 1/1638 s2 a l2:2 . A C B 1/1640 s7 al c 4. 2M Sup ra cap. 2.3.

257 Infra

Organização eclesial

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grande interesse na América Latina. Em 1633, o sínodo valão relatou que os deputados da igreja fiancesa de Middelburg, na Zelândia, mostraram c a r ­ tas re c e b id a s em nome dos que falam francês em Pernambuco” , a s s in a d a s por várias pessoas, solicitando um pastor que falasse sua l í n g u a materna, p o r ser co n sid eráv el o número de valãos e franceses .262 De imediato não se podia fazer muito- T i v e r a m conhecimento, mais tarde, de que havia m uitas reclamações sobre um ajudante eclesial obtido no Brasil, Daniel le Neveu, que nem ao menos fora chamado constitucionalmente .263 Em 1636, enviado por intermédio da igreja valã de Delft, o rev. Soler já trabalhava no Brasil. Sobre sua vinda, entretanto, não se en co n tra referência n o l i v r o sinodal. A s atas valãs registram ainda os nomes do rev. De Vau e do “consolador” Marcus de Four .264 A construção do templo fran­ cês em M a u r í c i a suscitou muito interesse na H olanda .265 n io s tra ra m

Entretanto, o contato mais importante era mantido com os Presbitérios de Amsterdã e de Walcheren da Igreja Cristã Reformada de língua holandesa. Não é para menos, pois a Câmara de Amsterdã possuía entre os Senhores XIX, oito representantes, e a de Walcheren, quatro. O esforço missionário do Consistório e do Presbitério de Amsterdã era realizado por meio da comissão missionária, os conhecidos deputados a d r e s indicas ou “transmarinos ” .266 Foram nomeados em 1621.267 Reuniam-se mensalmente, uma semana antes do presbitério .268 G eral­ mente eram designados quatro deputados, os quais permaneciam no cargo duran­ te dois anos. Entre os muitos nomes que surgem, destaca-se o do rev. Kesseler. tanto antes quanto depois da sua permanência no Brasil .269 Sendo bastante ocu­ pados, um dentre eles encarregava-se da verificação das atas do presbitério, ano­ tando o que deveriam fazer .270 A nomeação dos deputados ad res indicas do Presbitério de Walcheren ocorreu mesmo antes da nomeação dos de A m ster­ dã .-71 Eram muito mais independentes do seu presbitério do que estes últimos. Possivelmente, a primeira referência a assuntos eclesiásticos do Brasil encontrase nos documentos do Presbitério de Walcheren, datando do início de 1623, sobre

21.2 Livre Synodai 1633 a8. 83 Ibid 9/1635 a3. Neve, N evcu. N eveux ou Nepveux. 2WIbid 4/1640 a2; 8/1646 a 19. 21.3lbid 9/1641 a25; 4/1641 a l i . 2U' Usava-se também o nom e a d res exteras ou a d res m arítim as. Jong: A m erican 20. Sobre esses deputados, Boetzelaer: O ost-Indié, cap. ÍII.

2Í'7Originalmente pelo

consistório. depois plausivamente pela Classe. Boetzelaer: O ost-ln d ié. 2“ Idem. GA A-ACA 33:96 e 139.

2“ Ex.: GAA-ACA 4:29 e 5:1 15. em 1633ss e 1649ss. respectivamente. 27,1 GAA-ACA 33:197 de 27/4/1648. 271 Em 1620. A comissão zelandesa era c om posta d e seis pessoas que serviam por três anos,

d o is do "interior" e quatro das cidades da ilha de Walcheren. Boetzelaer: O ost-ln d ie. R A Z -A C W 1 dc 54/4/1639.

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Igreja e E stado no Brasil H o la n d ês - 1630-1 654

a necessidade de u t n pastor para o Brasil a ser conquistado .272 Uma indicação bibliográfica interessante desse empenho é que um dos três exemplares da prj, meira edição do livro sobre navegação de Dierick Ruyters ainda existentes, apre­ senta a seguinte anotação na folha de rosto: “Eu pertenço à Classe de Walcheren para os deputados das índias Ocidentais... 1625” .273 Havia, da mesma forma contatos entre Amsterdã e Walcheren .274 Com efeito, o Sínodo da Holanda Se­ tentrional reconheceu que o Presbitério de Walcheren dispunha de mais conhecimentos sobre os assuntos coloniais do que o de Amsterdã ,275 conseqüentemente a maior parte dos documentos sobre a Igreja Cristã Reformada no Brasil se~èncontra nos arquivos do Presbitério de Amsterdã e Walcheren.27^ Freqüentemente esses deputados ad res indicas mantiveram contato com os Senhores XIX ou com as câmaras locais, em busca do bem-estar das igrejas brasileiras .277 Sua correspondência com o Brasil foi de grande monta, apesar de a comunicação nem sempre ser fácil, demorando-se em geral cerca de dois meses para que uma carta da Holanda chegasse ao Brasil .278 Além das cartas, eram enviadas cópias das atas de sínodos holandeses ,279 Bíblias, saltérios, livros com mensagens bíblicas etc.28ü O mais importante era que a Holanda enviava obreiros, professores e “consoladores” , “proponentes” e “predicantes”, como os pastores Kesseler do Presbitério de Amsterdã, Gribius de Walcheren, Dapper de Zierikzee, Nicolaus Ketel de Amersfoort, Hermanius de Groningen etc. Impressionante foi a partici­ pação numérica de Amsterdã. Em 1623, 0 Consistório de Amsterdã alertou os

272 R A Z -A C W

1 de 18/1 e 22/12/1623, dom. Sterthenius. A Classe de Walcheren enviou também os primeiros pastores à Indonésia (M atthias van den Broecke e Zacharias Heyningius), depois de serem exam inados e achados ‘‘orthodoxi” , A CW de 14/12/1609, citado in Boetzelaer: Oost-Indiê 255 O conselheiro Haecxs registrou esse interesse dos pastores ilhéus q ua n do da sua partida para o Brasil reuniram-se "predicantes" de várias cidades de Walcheren; Haecxs: D a g b o e k 162. 273 Ruyters: Tocha. 274Correspondência, visitas, decisões, com unicados etc. G A A -A C A 4:302 de 4/4/1644. 275 Wiclinga: W alcheren 75s, "porque se corresponde não somente com Batávia, mas também com outras igrejas na Indonésia". Podem os acrescentar; como correspondia não som ente com Recife, mas também com a Paraíba; in R A Z -A C W 73:40 etc. N ão somente em Walcheren, mas também nas Classes das outras ilhas de Z elândia havia grande interesse em missões, a Classe de Zierikzee se reunindo extraordinariam ente para ouvir 0 relatório de dom. Dapper do Recife: in ACZ 2 na G asthuiskerk de Zierikzee. na Zelândia. 276 In GA A (para onde foi transferido o arquivo O W IC da Câm ara da Z elândia), RA Z e ARA. 277 C om o R A Z -A C W 1 de 22/12/1623. A R A -O W IC 3, atas dos XIX de 27/10/1648. GAA-ACA 5;108 de 27/10/1648. 27S Às vezes levava seis meses: de 10/1/1645 até 24/7/1645; in ACB 1/1646 a52. A carta do Sínodo da Holanda Meridional levou quase dezesseis meses, de 16/7/1644 até 3/11/1645: in ACB 5/1648 s2 a7. A missiva da Classe de Walcheren de 16/11/1643 chegou em 2/3/1645 c foi lida no Sínodo do Brasil de 1646; in AC B 1/1646 a 5 1 . 27‘’ De 1618 a 1638: in G A A -A C A 4:120 de 15/4/1638: A C A 39:56, 67; 1637-1641. G A A - A C A 33:74. 2X11 ACB 10/1638 s5 a4, 2. AC B 11/1640 s 2 a 3 . A C B 10/1641 s3 a 8 ; s 4 a l e 3.

Organização eclesial

127

hores XIX para que enviassem obreiros junto com a frota destinada às índias 'dentais (provaria ser Bahia !).281 Dos 54 pastores que atuaram no Brasil, pelo os quinze deles estavam na lista de pagamento da Câmara de Amsterdã, ou ■ 27°/°> além de inúmeros "consoladores” etc. Dos pastores ligados ao PresbiS/*a’ Amsterdã, cujas assinaturas constavam em uma folha do livro de confismais da metade ia trabalhar no exterior: um para Moscou, quatro para a I n d o n é s i a , um para Angola e um para o Brasil .282 Dado o fato de que todo trabalho missionário concentrava-se praticamente n essas duas “Classes” operosas, não é para menos que o restante da Igreja Re­ fo rm a d a na Holanda se sentisse afastado do esforço missionário. Outras “Clas-

ses” como o Presbitério de Enkhuizen (onde morava o rev. Abraham Doreslaer, o pai do missionário David entre os tupis) e o Presbitério de Zierikzee (onde estava o rev Dapper, antigo pastor tanto na Bahia como no Recife ),283 mas também outros sínodos inteiros, gostariam de participar mais da obra missionária. Estes foram liderados pelo Sínodo de Utrecht, e a esse empenho devemos cópias de nove atas do Presbitério do Brasil .284 O sínodo de que Amsterdã participava de­ fendia firmemente que a correspondência mantida com o Brasil e outras colônias deveria estar nas mãos dos consistórios, presbitérios e sínodos, onde se localiza­ vam as câmaras das companhias, que eram, então, basicamente A m sterdã e Walcheren .285 O Presbitério de Amsterdã levaria “docemente a Classe do Brasil” a deixar a correspondência com outros sínodos .286 Embora o Brasil insistisse du­ rante algum tempo nessa correspondência mais am pla ,287 após a redução do nú­ mero das igrejas a partir de 1645, percebeu que a antiga praxe de correspondên­ cia restrita era muito melhor para ele ,288chegando a solicitar que esta fosse mantida apenas com Amsterdã e W alcheren .289 Esses problemas referentes ao endereço da correspondência constituíam assuntos pacíficos, comparados com a tentativa 2íi E fundar um seminário para sempre ter pessoas aptas para as colônias; Vos: A m ste ls 302s. 282In GAA-ACA 25. Doze nomes entre 1/1642 e 12/1645. O pastor para Angola era dom. Bouduinus; para o Brasil, dom. Offringa. 283Enkhuizen e Amsterdã eram "Classes" do "S ín odo" da Holanda Setentrional (G A A -A C A 33:163): Zierikzee e Walcheren eram "Classes" do " S ín odo " de Z elândia (ACZ de 27/7 e 6/10/1639). 284RAU-ASU 41. G A A -A C A 4 de 5/10/1637. Utrccht pagava as despesas das cópias feitas pelo Sínodo da Holanda Setentrional, R A U -A C U 346. Fazia parle do problem a de correspondência, de 1624 até 1650; Boetzelaer: O o s t-I n d iê cap. II.

•8 ASNH

1642 a34; in G A A -A C A 101. Pastores de Classes ou Sínodos onde não havia Câmaras, deviam se dirigir à Classe ou Consistório onde havia Câmara da Com panhia, fodos os S ínodos e Classes podiam, inclusive, dirigir-sc diretamente à Com panhia; Sínodo de Utrecht 1645 a37: in ARU-ACU 347.

Cartada Classe de Amsterdã â Classe do Brasil, s. d.: in G A A -A C A 39: 124s. "X oetelvck". GA AACA 4 dc 7/11/1644 “ 7ACB 7/1644 a l4 . ^ C a r t a d a Classe do Brasil à Classe de Amsterdã, mencionada in GA A -A CA 5:49. A C B 3/1637 s9 a4. ASNH 1649 a32. Carta do Brasil de 2/6/1648: in G A A -A C A 102. O Sínodo de Utrecht c o nfor­ mou-se somente em 1650.

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Igreja e Estado no Brasil H olan dês - 1 6 3 0 - 1654

da Companhia de isolar as igrejas do Brasil de sua base na Holanda, planejando impedir a correspondência direta com a pátria. Mas as igrejas do Brasil e da Holanda resistiram energicamente a esse encurralamento, conseguindo manter aberto o canal .290 Até o último momento da colônia, o Brasil recebeu bastante atenção das igrejas na Holanda, fato este refletido mesmo nas atas do Sínodo da Holanda Setentrional, que insistiu em 1653 que o governo holandês socorresse o Recife.29' No ano seguinte, a notícia da expulsão das igrejas do Brasil era debatida nesse Sínodo, resolvendo-se que os deputados ficariam vigilantes .292 Em 1655, o Sínodo ressentia-se de que não podia fazer nada mais pelo Brasil, anotando, entretanto, na mesma ata, que 0 “consolador” português João Ferreira de Almeida fora pro­ movido a proponente na cidade de B atávia .293 Até 1658, pouco depois que o exregedor de índios no Brasil holandês submeteu a sua segunda “remonstrância” aos Estados Gerais da Holanda, o Sínodo recomendou “Vigília pelo trabalho brasiliano” aos deputados sinodais .294 As últimas notícias nessas atas sinodais datam de 1657, quando os deputados relatam que não havia ainda se apresentado uma oportunidade para promover o ministério da Igreja no Brasil. O mesmo Sínodo anotou que o rev. Henricus Hermanius, antigo ministro no Brasil, havia confiado os registros dos casamentos e batismos da igreja reformada recifense ao Presbi­ tério de A m sterdã .295

4.3.2 - Correspondência com a África Em 1637, os holandeses capturaram o forte português da Mina, na Guiné, importante entreposto de escravos. Posteriormente, vários “consoladores” servi­ ram nesse local, aparentemente esquecidos, ou melhor dizendo, não conscientizados o suficiente das lágrimas africanas que desembocavam nesse porto escravagista. O mais conhecido dos “consoladores” dessa época foi Meindert Hendricks de M onnikkendam, ao norte de Am sterdã .296 Quando a Guiné necessitou de um pas­ tor, a Com panhia demandou que a igreja de Amsterdã enviasse uma carta a Meindert simplesmente lhe comunicando que havia sido promovido ao pastorado. O Presbitério de Amsterdã discordou, insistindo, a princípio, em que ele deveria vir à pátria para exercer essa função. Posteriormente assentiu, porém que fosse

G A A -A C A 33:115 de 3 1/7/1643 sobre AC B 11/1642 a90; Carta da Classe de A m sterdã à Classe do Brasil de 4/12/1646; in G A A -A C A 39:148. 291 A S N H 1653 a44; in G A A -A C A 102. 292A S N H 1654 a38; in G A A -A C A 102. :v3 A S N H 1655 a37 e 25; in G A A -A C A 102. 294 Sobre Paraupaba, AS N H 1656 a54: in G A A -A C A 102. :‘;í ASNII 1657 a35: in G A A -A C A 102. Somente 0 registro batismal foi localizado até hoje; in GAAA C A 52. Sobre dom. Hermanius, Moonen: H olandeses 87. Pastor na Paraíba (1645-1650) e 110 Reeile (1650-1654). Pretendia ficar no Brasil e casou-se (110 Recife? R A G -A SG 2. de 1652 a49). Desde 1639, G A A -A C A 39:68. M eindert ou Meinardus.

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ao Brasil para ser exam inado e ordenado .-37 Isso aconteceu em uma reunião

extraordinária do Presbitério do Brasil, realizada indubitavelmente no último mês j e 1640, sendo Meindert examinado e ordenado .-98 Trabalhou em seguida quatro anos como pastor da Mina, regressando à Holanda via Recife em fins de 1644.299 Serviu como pastor no Recife durante quase todo o ano em que eclodiu a guerra d a liberdade dos portugueses, seguindo sua viagem após o término do sínodo re c ife n s e em princípios de 1646.j0° Desde que os pastores ordenados das colôni­ as não eram automaticamente recebidos como tais nas igrejas da Holanda, o pastor Hendricks havia de submeter-se a várias provas. Foi admitido com base no artigo oito da ordem eclesial de Dordt, que permitia a admissão de pessoas com “dons singulares ’'.301 Outra possessão holandesa na África era Angola, de 1641 a 1648. A igreja refo rm ad a aí implantada foi da mesma fo rm a ajudada pelo Brasil. O proponente F red ericu s Viteus chegou ao Recife em 1639.

302 Foi enviado a Angola, tudo

indica com a frota invasora, e ordenado pelo rev. Ketel, que viajou a África para isso, comissionado pelo presbitério .303 Viteus, entretanto, faleceu cinco semanas após a sua ordenação, durante uma epidem ia .304 E Amsterdã, sendo a responsá­ vel por Angola, enviou um substituto. Quanto ao obreiro da ilha africana de São Tomé, ele estava aí por conta da Câmara de Zelândia .305

4.3.3 - Correspondência com outros Países Não temos indícios de que houvesse contatos com a novel igreja reformada na África do S u l .306 Não é para menos, pois só foi fundada em 1652, quando o período do Brasil holandês estava se findando. As igrejas localizadas em áreas da Companhia das índias Orientais, Ceilão, Indonésia e Formosa eram bem distan­

GAA-ACA 4 de 19/3/1640. Tam bém carta da Classe de Amsterdã a Hendricks de 1/5/1640; in GAA-ACA 39:72s. 2,8Supra cap. 4 n 157. Ordenação com imposição de mãos. lw O nome dele não consta em Ratelband: D agregisters, que começam com 1/12/1645. W“ DN 18/5/1645 in A R A -O W IC 70. AC B 1/1646 intr., a57 e 65. 3111 Kerkorde art. 8. G A A -A C A 4:378 de 7/5/1646. A ata da Classe dc lidam de 22/6/16 46 fala sobre 5 'h anos de serviço na C om panhia in R A N H -A C E 4. A S N H 1646 alO; in G A A -A C A 101. J"2Viteus com eçou como proponente na ilha de Curaçao em 1635, G A A -A C A 18a:34; G A A -A C A 33:14. Chegou em 5/12/1639 ao Brasil com dom. Vogcl e 99 "hom ens livres" de Am sterdã. Carta do H R R aos X IX de 2/3/1640; in A R A -O W IC 55 e BPB 1640/6. 3,15ACB 10/1641 s 8 a 3 , s 9 a 4 ; s l 0 a 2 . 3IMCarta do governo holandês em Loanda ao HR R dc 17/9/1641: in A R A -O W'IC 56 (podia ser BPB 1641/20 a). Idem de 7/1642 in A R A -O W IC 57 (podia ser BPB 1642/1 a). Carta de dom. Kctel em Angola à Classe dc Amersfoort de 15/9/1642; in RA U -A SU 3. Ordenação 23/3/1642; morte em 1/ 5/1642. Atas dos XIX de 1 c 4/10/1647; in A R A -O W IC 3:8, 14. 15. Há inúmeras referências à igreja na África, nas íontes manuscritas, especialmente entre 1637 e 1648, valendo um estudo separado. “ Sobre África do Sul, B ie w in g a e V . d. Bergh; in D Z O K 1994/2 e 1995/1.

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Igreja e Estado no Brasil H olan dês - 1 6 3 0 - 1 6 5 4

tes, embora vários obreiros aí tenham trabalhado, após deixar o Brasil, a exemplo do rev. Hermanius, que havia levado parte do arquivo eclesial do Recife à H o la n d a .307 Um dos filhos de colonos holandeses, natural do Brasil, rev. Bartolom eus Heinen, trabalhou depois como "consolador” e pastor em Batávia, tanto na igreja holandesa quanto na portuguesa, isso até falecer .-’08A contribui­ ção do Brasil holandês ao arquipélago indonésio não foi ainda pesquisada siste­ m aticamente. Entretanto, séculos depois, o Brasil receberia um presente de volta; a tradução da Bíblia por João Ferreira de Almeida, pastor da igreja portu­ guesa de Batávia. Voltando, finalmente, as nossas atenções às outras Américas, sabemos que o contato fora amiúde do Recife em direção aos C aribes .’09A América do Norte abrigou durante cinqüenta anos a colônia “N ovaN eerlândia” (1614-1664), outra fundação da Companhia das índias Ocidentais, que depois passou a ser proprie­ dade da Coroa inglesa sob o nome de Nova York. Dois pastores chamados para o ministério no Brasil trabalhariam na nova igreja reformada: Jonas Michaelis, envi­ ado à Bahia ,310 e Theodorus Polhemius, expulso de Itamaracá em 1654, encon­ trando seu terceiro refúgio religioso na América do N o rte .311

■ V:7À S N H 1657 a3 5 . .................. VIK Heinen nasceu na Paraíba em 1638: assinou o a/buni siiidiosoruin de Leiden em 1660 como "Pariba-Brasilia nus” . aos 22 anos. Vos: A insteis. ''A parentemente desesperado sobre sua Pátria Brasileira, não podendo a Com panh ia salvá-la". G. Boone: Heinen sempre tinha muito interesse missionário. Predicante em Ceilào (1664) e Batávia (1676) (também da igreja reformada portu­ guesa). faleceu em 1686. Bruyn: Biographisch (um dicionário biográfico sobre predicantes nas Índias Orientais). No momento, não temos dados específicos na área eclesiástica sobre esse contato. 31,1 Moonen: H olandeses 105. Jong: A m erican 7ss. Eekhof: M ichaêlius 4 3 ss. Ele embarcou para o Brasil, mas. quando soube da queda da Bahia, serviu como pastor em Guine (1625-1628). Polhemius: pastor no Palatinado (Alemanha). Holanda. Palalinado. Holanda. Brasil holandês (cap. 5 n 101). Am érica do Norte. "Este homem santo de Deus faleceu no ano 1676 na idade de 78 anos." Jong: A m erican 29-32. 240 n24. Material para uma monografia ou um romance histórico.

C a p ít u l o 5

OBREIROS ECLESIAIS

Após estudarmos as igrejas cristãs reformadas locais e sua mútua cooperação, focalizaremos nossa atenção nos obreiros eclesiais. Havia obreiros oficiais e aju­ dantes, aqueles os pregadores, presbíteros e diáconos, estes os “ proponentes”, “consoladores” e professores, como auxiliares .1

5.1 - PREGADORES Mais de cinqüenta pastores trabalharam no Brasil holandês .2 Vários nomes foram usados para designá-los, como pastor, pregador, predicante, ministro da Palavra Divina ou, ainda, “ dominee” . O nome mais usado era “ predicante” , pregador, referindo-se ao trabalho principal desses obreiros eclesiásticos .3 Os próprios pas­ tores estavam cientes dessa incumbência de pregar, escrevendo freqüentemente, após seus nomes, a indicação “V.D.M.” , Verbi D ivini M inister, ou seja, ministro ou servo da Palavra Divina, como fez o rev. Soler ao assinar o livro de confis­ sões de Am sterdã .4O primeiro pastor do Recife, o rev. Johannes Baers, o prim ei­ ro pastor da Paraíba, o rev. Stetten, e o pastor refugiado das perseguições na Alemanha do Sul, rev. Polhemius, e ainda muitos outros, semelhantemente o fize­ ram.3 O termo “pastor” se usava mais no nordeste dos Países Baixos ,6 como indicação de sua tarefa pastoral. Na conversação diária, usava-se geralmente a ' Kerkorde art. 3. Jansen: K erkorde 15. casos, há tanta informação histórica nos documentos, que possibilitaria interessantes biografias.

2Em vários

■ ’ Predicante é um termo transliterado do latim: João Batista pra ed ica n te. Bíblia: Marcos 1.4. O termo pregador, prediker, prediger, era mais usado na província de Groningen pela influência alemã; ex.: RAG -ACW e 3 de 28/6/1641 a2. ''D om inee", "dom ." , v. cap. 4 n4. 1 Infra cap. 8. 3 . 1 . Sobre Baers, Moonen: H olandeses 35. Baers; in R A U -A C U 165. Stetten: "J urnael" 1. Polhemius: no livro de confissões de Amsterdã, assinatura de “ V.D. Mr. Ad Brasilienses". 5/12/1635: in GA AACA 25:75. Eeckholt in R A G -A C G 10/6/1639. O pastor puritano inglês William Perkins. de grande influência na Holanda e também no Brasil holandês, escrevia em todos os se us livros "thou art a Minister o f the Word, mind thy business". Baarsel: Engeland 59 n4. ' ' RAG-AKG I de 7/3/1638 a9.

igreja e E stado no Brasil H o l a n d ê s - I 63O-I 654

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palavra “dom inee”, senhor, como expressão de respeito .7No Brasil holandês tan­ to na língua holandesa como na portuguesa, a palavra “predicante”, pregador, era usada freqüentemente.s Embora todos fossem pregadores, 0 campo de trabalho os distinguiu uns dos outros. O pastor Andrae menciona cinco categorias: pastores da cidade e do cam­ po, no exército e na frota, e ainda entre os índios .9N a Holanda, a diferença entre o pastor da cidade e do “ interior” era mínima porque ambos haviam tido a mesma educação, e mesmo grandes teólogos trabalharam em vilas minúsculas. Por outro lado, os capelães da armada tornavam-se pastores do exército ao chegarem ao Brasil. Será então suficiente distinguir no Brasil holandês apenas três grupos de predicantes: os que trabalhavam no ministério militar, 110 congregacional e entre os indígenas, ou seja, capelães, pastores e missionários .10

5.1.1 - Capelães O trabalho dos pregadores enviados ao Nordeste brasileiro sempre começa­ va com um ministério em alto-mar, durante a travessia. Em 1623, quando se pre­ parava a invasão da Bahia, 0 Consistório de Amsterdã enviou representantes aos Senhores XIX para solicitar providências espirituais nos navios que estavam sen­ do preparados para a conquista .11 Finalmente, três pastores e vários consoladores seguiram para Salvador a bordo das naus .12 Isso também sucedeu na invasão de Pernambuco. Os quatro primeiros pastores foram inicialmente capelães de bordo. E quando em 1641 o governo recifense preparava uma expedição naval, que posteriormente provou ser destinada à conquista do Maranhão, requisitou ao Pres­ bitério do Brasil um capelão de bordo, sendo indicado o pastor Velthusen .13 Mui­ tas vezes, entretanto, a Companhia não providenciava capelães navais, e esse

7Cap.

4 n4. N a Inglaterra usado tam bém como título para eruditos, especialmente pastores. Nos Bstados Unidos a palavra "d o m in ie ” , de soletração escocesa, restringe-se a pastores de igrejas de descendência holandesa. Jong: A m erican 238 n l4 . s Dom. Jacob op den A kkcr public ou em 1703 os P salm os, como "m inistro pregador d ’o S. E uangelh o" em Batávia. O tapuia preso no Recife, no fim do século 17, era conhecido como "João pregador''. Infra cap. 11.3.3. 9Andrae: " D i e n e r ' 41 ss. 111 O pastor Andrae escreveu do ponto de vista da guerra alemã (1618-1648), talvez semelhante à guerra n ordestina da época, diferente p orém da Holanda na sua era áurea. Vários dos pastores da cidade do Recife trabalharam tam bém no interior, como Ketel, Stetten, Doreslaer etc., embora a direção geralmente fosse do interior para as cidades, como os pastores O ngena e Offringa. 11 Ata do Consistório de Am sterdã de 27/7/1623 (in GAA-AK.A 5:126, 131. 136): pede-se um predicante, três consoladores e livros para quatro navios. Joosse: "Vaart” . 12 Sup ra cap. 2.5. 13ACB 10/1641 s4 a4. Dom. Velthusen estudou em Leiden e Utrecht. Era filho de dom. V e l t h u s e n de Gorichem (Album : Leiden G A A -A C A 39:50 e 4:163). Pastor em Sirinhaém (ACB 10/1641 intr.) e M a ranhão (DN 3 1/10/1641). Depois, novamente em Sirinhaém, até a expulsão dos h o la n d e s e s por A ndré Vidal em 1645 e, finalmente, pastor no Recife (A C B 1/1646 intr). Regressou à H o la n d a em 2/1646. Pastor na Classe de Gouda, na igreja de O uderkerk in 1647 (G A R -A S Z H 1647 a67)-

Obreir°s ec*es‘a'S

1-’J

serviço não era procurado por ser muito difícil e pen o so .14 A carta-convite ndereçada ao rev. Lambertus Latonius, enviado a Pernambuco, foi preservada; é in t e r e s s a n te porque é um reflexo de como esses pastores começaram seu m inistério brasileiro na frota, servindo depois no exército, para finalmente se tor­ narem pastores de colonos .15 M uitíssim os pastores trabalhavam como capelães do exército, a exemplo do reV Martini, o primeiro a tombar em solo pernam bucano .16 Nomes conhecidos com o os dos pastores Plante, Kemp, Polhemius e especialmente Stetten figuram

e^re os capelães. Mas amiúde os oficiais manifestavam seu descontentamento pela falta de assistência espiritual, como o coronel Cornelius van der Brande, que escreveu aos Estados Gerais da Holanda nestes termos: “Vivemos aqui como anim ais e morremos como porcos ” .17 Designar capelães para certos destaca­

mentos era difícil. Atenção era dada a preferências pessoais, mas critérios objeti­

vos eram decisivos. Um “consolador” inglês foi destacado para Santo Antônio do Cabo, onde havia muitos ingleses,ls e o proponente inglês Thomas Kemp foi envi­ ado aos seus conterrâneos em Sirinhaém .19 Onde havia fortalezas, o pregador deveria alojar-se dentro de seus muros, como fez o rev. Samuel Folckerius no forte Margarita ou Cabedelo na Paraíba .20 O seu sucessor, o rev. Cornelis van der Poel, foi uma exceção, vivendo na cidade da Paraíba (ou Frederickstadt) com a aprovação do presbitério. Ele e o seu colega Doreslaer trabalhavam alternadamente nesse forte .21 O pastor Polhemius, entretanto, não teve escolha, e foi obrigado a morar dentro do forte Reis Magos (ou Ceulen ).22 Os pastores locais tinham a obrigação de deixar suas igrejas para servi­ rem como capelães militares durante três meses, cada um por seu turno. Assim o rev. Polhemius deveria ser sucedido por Schagen, que seria sucedido por Doreslaer .23 N assau, entretanto, substituiu esse sistem a por dois postos de capelania perm anentes .24

14Alting:

"V loot". Pedido do Alm irante Lichthart: "não temos consoladores nos navios". Porto Calvo, 19/3/1635 (A RA -A StG 5757 e Coleção Caetano 26:1). N a C om panh ia das índias O rien­ tais, a situação não era m elhor (R A Z -A C W 4 de 4/12/1653). b Assinatura de dom. Latonius no livro de confissões de Amsterdã, 5/5/1628(7): in G A A -A C A 25:54. Carta-chamada in GA A-ACA 18a:32 dc 19/6/1629. Voltou à Holanda em 1631, apesar do esforço de segurá-lo no Brasil (carta dos XIX ao HR R de 15/2/1631; in A RA -O W IC 8 e R U B 1631/1). !í' Laet: Verhael II 143.

17Carta de Brande aos Estados Gerais de 23/4/1648;

in ARA -AStG 5760 e Coleção Caetano 4:10. p. 45: "wy leven hier ais beesten ende sterven ais de vcrckens... dat gelt soude ali te qualick besteedt syn geweest” . Citado in Hoboken: W itte 92. 18ACB 11/1640 s4 a l . "'ACB 12/1636 s2 a l. 2,1 1656/1657, AC B 3/1637. 2‘ ACB 2'A C B ACB 24ACB

3/1637 s 9 a l . 1/1647 s 6 a2, 3; s 8 a l 6. 12/1636 s3 a3; o que não ocorreu, porém, ACB 3/1637 sl a7. 3/1637 sl a7.

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Provavelmente foi o rev. Jodocus à Stetten quem trabalhou mais tempo como capelão. Expulso da sua igreja militar no cabo Santo Agostinho ,23 voltou ao sul de Pernambuco em 1647, sendo destacado para a recém-capturada fortaleza Maurí­ cio no rio São Francisco, por um curto espaço de alguns m eses .26 Regressando em um barco ao Recife, foi aprisionado pelos portugueses e conduzido à Bahia. Várias tentativas foram feitas para trocá-lo por prisioneiros portugueses, mas não obtiveram sucesso. A última notícia que se tem do assunto é que os presos haviam sido transportados a Portugal em 165 1.27 Dois capelães que chegaram com as “novas tropas” antes da batalha dos Guararapes foram Theodorus Brassicanus 28 e Wilhelmus Cammius, havendo este último causado mais problemas que qual­ quer outro, pela sua vida ímpia e palavras audaciosas. Quando partiu um ano depois, os colegas se lembraram de como “choraram com lágrimas” sua passa­ gem pelo Recife e recusaram-lhe uma carta de transferência sem observações referentes à sua conduta .29 Quando em 1647 não apareceram voluntários para a capelania militar, o Presbitério do Brasil indicou o rev. Johannes Offringa proviso­ riamente para esse cargo .30 O salário dos capelães militares provinha de fundos diversos daqueles com que se pagava o salário dos pastores locais .31 Seu transporte também era assunto

25Extrato da resolução do H R R de 22/10/1646 sobre o salário de dom. Stetten; in G A A -A C A 54 (sic! 54 contendo cartas das índias Orientais): 86. Relatório pastoral in Schalkwijk: "Stetten". 26 1 1/1646 até 4/1647, A C B 1/1647 intr. 27 DN 3/4/1647; 5/10/1647; 4/6/1650; 2/3/1651. Moreau: H istoire 143, Astotte. Astctte. Rodrigues in Nieuhof: V iagem 70 n67, nom eia-o como "singular personalidade” . José Higino falou no seu relatório sobre "enérgico e ativo missionário” ; in R IA P 30 (1886): 20. Predicante em Guiné, 1630 (Joosse: S coone dingen 453). Certam ente era um dos primeiros pastores no Brasil, havendo notícias iniciais dele em 1632 (in A R A -O W IC 2 1 : 126s). Serviu na Paraíba, Pontal, forte Maurício etc. Treze das suas cartas foram preservadas, e ainda inúmeras referências, bem poden do servir como material para um a monografia. Conform e o convencionado em 1633, deve ter recebido um tratam ento idêntico concedido aos sacerdotes católicos romanos (in Laet: Verhael III 155: confor­ me dr. Mello, o texto espanhol sc encontra cm Simancas 9A, m aço 1.073, datado de 19/5/1633). Moreau: H istoire 147 (História 68s), relata o seguinte: Os dois franciscanos presos pelos holan­ deses na ilha de Itaperica, enviados ao Recife, contaram que queimariam "A stette” e que ele jamais tornaria a pregar, pelo que sua mulher... não conhecia mais repouso. O governo recifense mandou dizer a Bahia que tratariam os dois franciscanos exatamente como dom. Stetten. Este, então, ganhou mais liberdade dentro da cidade de Salvador. Havia possibilidade de trocar o pastor por um dos padres, mas estes só queriam sair juntos, pelo que a troca não se efetuou. H R R aos XIX, 30/6/1650. 2S A C B 5/1648 intr 29A C B 5/1648 s4 alO. DN 20/9/1648. G A A -A C A 88:161-204. E m 1650, C am m ius foi chamado pela igreja de Overschie, perto de Delft. G A R -A C S 5 de 16/5/1650 suscitando dúvidas porém. G A A -A C A 5:190 de 3/10/1650. A C B 1/1647 s7 a 14; A C B 5/1648 s3 a5; s2 a 6. Offringa: estudante de Leiden; enviado cm 1640 ao Brasil pela Câmara de A m sterdã (Album : Leiden; G A A -A C A 33:35; DN 22/12/1640). Serviu à igreja de Goiânia; mudou-se em 1641 para o forte Orange na ilha de Itamaracá e, finalmente, foi pa stor no Recife. A partir de 1648 com dom. Ongena. Falcccu em 8/1651 (B PB 1651/15). Andrae: "D ie n er” 44, "unbeliebter Lager-und Festungsdienst” . 21 AC B 3/1637 s2 a l; AC B 4/1640 s 6 q 1.

O breiros ecle siais

[35

militar, do que os pastores congregacionais aparentemente se aproveitaram, após tra b a lh a r algum tempo como capelães, porque estipulou-se que “ os predicantes não m a is poderão ter cavalos a pretexto de serviço no a c am p am en to .32 No mais, as condições do capelão não devem ter sido muito diversas das dos pasto­ res de igrejas locais. Havia diferença entre os salários pagos pelas diversas câ m aras. Am sterdã pagava m elhor do que Zelândia. ’3 Morar na Paraíba era m e lh o r do que morar no Recife, onde o custo de vida era mais a lto .34 Sendo os predicantes considerados no nível de capitães do exército, a C om panhia du ra n ­ te algum tempo pagou seus salários dos proventos dos soldados e marinheiros, causando grande aborrecim ento tanto entre os pastores como entre os prejudi­ cados. Mudou, porém, o sistema em vista da oposição generalizada, inclusive das igrejas na H o land a .35

Além do salário, os predicantes tinham direito a moradia livre, como os ou­ tros funcionários da Companhia. O ano de 1642 foi um período agitado nesse sentido, porque a Companhia decidira abolir esse direito concedido a seus funcio­ nários graduados, recompensando os casados com um aumento salarial de 25% .30 Foi um alvoroço geral, levando os funcionários da justiça a paralisar 0 seu traba­ lho. Também os pastores pertenciam ao grupo prejudicado, e receberam do go­ verno a comunicação oficial sobre a medida. Responderam por escrito, solicitan­ do que fosse mantido o direito concedido, citando a Bíblia como apoio. Lem bra­ ram ainda que os aluguéis eram tão altos, que consumiriam quase todo o salário ,37 de modo que se sentiram forçados a solicitar repatriação no ano seguinte, em caso da m anutenção da m edida .38 Inclusive uma deputação de presbíteros e diáconos pleiteou a causa dos ministros, advertindo que os aluguéis eram mais altos que seus salários; também o Sínodo de 1642 tratou do assu nto .39 Embora houvesse venda de casas da Com panhia no R ecife ,40 o assunto de m oradia livre

32ACB 3/1637

sl a 8: ACB 1/1638 s 1 a5. Recife ao rio São Francisco, noventa horas a cavalo; v. cap.

3 n60.

,3 Carta de dom.

C o ninck à Zelândia de 14/4/1642; in A R A -O W IC 57 (podia ser B P B 1642 /5a). DN 6/8/1641 e 19/6/1648. Sobre salários pastorais da m esm a época na Indonésia. Algra: Batavia 176. N a Am éric a do Norte, os produtos eram quatro vezes mais caros do que na Holanda. Jong: Am erican 27.

J5DN 23/2/1638.

ADRI de 5/3/1640; in G A A -A C A 33. "groot knorren" (ronco grande). G A A -A C A 4:242 de 7/10/1641. Carta dos XIX à Classe do Brasil de '?/1641; in A R A -O W IC 8 e RUB 1641/8. 3,1 Carta dos XIX ao H R R de 18/4/1642; in A R A -O W IC 9 c RUB 1642/1.

Em 1641, 0 presbítero Jacob Alrichs pagava 120 florins por mês de aluguel por u m a sa le ta d e dois quartos. Carta do HR R aos XIX de 21/12/1641: in A R A -O W IC 56 e BPB 1641/27; Mello: Flamengos 95. O salário básico do pastor era 100 florins em 1647. infra nota 47. '* DN 20/8/1642. Carta dos predicantes do Recife e Maurícia de 21/8/1642; in A R A - O W IC 57 e BPB 1642/18. citando 1 Corintios 9 (. 14 etc.) e Siraque 29. DN 2/9/1642. AC B 11/1642 a41: in G A A -A C A 33:115. J" DN 22/8. 25/8 e 15/9/1642.

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permaneceu como estava. O governo não pretendia executar a ordem da C om ­ panhia sem ter diretrizes que contornassem as “ inconveniências” que seriam criadas .41 E depois, não se ouviu mais nada sobre o assunto. Além de m oradia livre, os funcionários graduados tinham outros em olum entos salariais. Aos predicantes se dava um escravo .42 As despesas de viagem também eram por conta da C o m p anhia .43 Amiúde os contratados pela Companhia manifestavam descontentamento pelo fato de os salários combinados na Holanda não serem suficientes no Brasil. Isso também foi notado pelos predicantes .44 Em 1640, não podendo dar uma m e­ lhora salarial, os Senhores XIX decidiram “para consolação daqueles que têm filhos” , acrescentar-lhes seis florins por mês por filho, ou quase 15% do “ saláriomesa ” .45 Ainda assim, o constante aumento do custo de vida, especialmente no Recife, roía o poder aquisitivo salarial, de modo que alguns predicantes recebiam muito pouco, “de sorte que perecem com suas famílias em pobreza ” .46A C om pa­ nhia tomou algumas medidas ,47 mas o problema continuou, em especial pelas fa­ mílias numerosas como a do rev. Ongena do Recife, com seus seis filhos .48 A situação das famílias dos pastores piorava ainda mais quando o cabeça falecia ou era preso, como no caso do rev. Stetten, encarcerado pelos portugue­ ses. Apesar de muita atenção dada a viúvas e órfãos pastorais na Holanda ,49 a situação da família Stetten ficou muito difícil quando o governo resolveu que sua mulher não mais receberia salário, tendo em vista que Stetten, estando preso, era inútil para a Com panhia .50 Somente por causa de muito insistência do presbitério o salário foi restabelecido, mais por “compaixão”, sendo definitivamente suspenso

41 Carta do

H R R aos XIX dc 2/4/1643; in A R A -O W IC 58 e BPB 1643/16. Waetjen: D om ínio 390s. 4: DN 11/9/1638. E x tratodo s livros "d os negros domésticos” da WIC, 24/9/1642: i n A R A -O W IC 57 (podia ser BPB 1642/26a): Conde de Nassau. 35 escravos, conselheiro Walbeeck. 4. dom. Kesseler, 3. e outros predicantes, 1. Carta dos XIX ao H R R de 21/5/1643; in A RA -O W IC 9 e RUB 1643/2. 43 Carta do H R R aos XIX de 13/2/1645; in A R A -O W IC 60 c BPB 1645/6. 44Carta de dom. Dapper aos XIX de 20/3/1638; in A R A -O W IC 53 e BPB 1638/8. 4Í Carta dos X IX ao H R R de 1/7/1640; i n A R A - O W I C 8 c RUB 1640/4, confirmado in RU B 1640/' 6; DN 23/11/1 640, f 6 acima do "K o stgeld” de f 42 (florins; BPB 1641/2). 46G A A -A C A 4:321 de 5/9/1644 "in armoede vcrgingen’". Hamel: "R a p port’' 145 "doleren seer o ver haer cleyn costgelt, dat sy met haere familie ha er daer op niet connen erneren" [queixam-se sobre o pequeno "salário-mesa" com o qual não podem sustentar suas famílias]. Hamel sugere, então, um a melhora. 47N a lista salarial de 28/8/1647 consta o salário de oito predicantes, todos (nas quatro capitanias) recebendo: salário básico f(florin) 100, acréscimo (salário-mesa) f 48, empréstimo f 48, total f 196. A b o n o para e sposa f 12 e por filho f 6. (somente dom. Gribius recebia um pouco mais). In ARAO W IC 63 e B P B 1647/20. ADRI Am sterdã dc 26/2/1646 in G A A -A C A 33:149. 4X Carta dos predicantes do Recife à Classe de Am sterdã de 2/7/1648; in G A A -A C A 5:1 OOs; e in G A A -A C A 54 (sic):90. " D o o p b o ek " Recife: seis filhos de dom. Ongena, a última a três semanas antes da rendição: 3/1/1654. " C om o in G A A -A C A 23:164-6. decisões dos Sínodos da Holanda Setentrional entre 1575 e 1651. DN' 18/5/1647. Extrato in G A A -A C A 88:208.

eclesiais

137

em 1650, ficando a família por conta da diaconia, mesmo após o regresso à Holanda, e isso até o falecimento de D. Sara .51 Para os pastores idosos contratados no Brasil, a situação financeira era igualmente difícil, como observou o velho rev. Dionísio Biscareto, que havendo regressado à Holanda em 1648, visitava constantemente os concílios em busca de sustento, uma vez que a Companhia não dava .52 No decorrer no tempo, as igrejas de destacamento militar se transformavam em igrej as de colonos, e os capelães eram pastores de igrejas coloniais .33

5.1.2 - Pastores a) Total. Estabelecer o total de pastores que trabalhou no Brasil holandês é difícil .54Mas o que impressiona, em primeiro lugar, é a heterogeneidade do corpo ministerial, com elementos vindo de várias nações. Além de cerca de quarenta pregadores dos Países Baixos, encontramos pelo menos sete que, por sobrenome ou cartas, revelam ser da Alemanha,” cerca de quatro deveriam ser de proce­ dência inglesa, embora, talvez radicados na Holanda ;56havia no mínimo dois fran­ c e se s 57 e até dois espanhóis ,38constituindo juntos um pouco mais de um quarto da força pastoral. Ao todo somamos até agora 54 pastores e “pastores auxiliares” (chamados “proponentes”), que na realidade não constituem uma soma relevante em relação à população de holandeses .39 O quadro dos obreiros pastorais m elho­ ra, entretanto, se incluirmos os 90 “consoladores” (na realidade evangelistas), elevando o total à casa dos 140.60 Os pastores começaram a chegar desde o início do tempo dos flam engos .61 Quatro pastores chegaram com a invasão ou logo depois dela. Eram Johannes

51 DN 12/7/1647: 24/6/1650. Sínodo da 1lolanda Setentrional de 1665 a 6; in G A A -A C A 103. 52 Dom. Biscareto chegou a ser incorporado à lista de pessoas pobres recom endadas pelo sínodo (GA R-ASZH 1654 a45 c 52), e recebia 300 florins anualmente dos Estados Gerais (G A A -A C A 6:28 dc 4/9/1656). falecendo em 1658 (G A A -A C A 102; A S N H 1658 a3). A últim a notícia sobre a sua viúva c de 1662 (in G A A -A C A 103, A S N H 1662 a 8). í3 Ajudando por sua vez na capelania militar, A C B 4/1640 s 6 q l . -4Não existe para a região da WIC um dicionário biográfico como se fez para a Indonésia, Bruvn: B iograp hisch. ” Pelo menos dom. Kesseler, Pistorius, Polhemius, Schagen, Sterthenius, Stetten e Hermanius. Andrae: "D iener" 38, alemães numerosos. -1' Domini Bachiler, Eduardus, Gribius (Gribb) e Kemp. -1 Domini Le N eveu e De Vau. '8Domini Soler e Biscareto. ^ Sobre os proponentes, infra cap. 5.4. Andrae: "D ie ner" 46, a WIC cumpriu seu dever go v e rn a ­ mental negligentemente ("Landesherrlichen Pflicht"). Mello: "Soler" 240. Essa opinião se abran­ dou um pouco por acharm os mais uns catorze nomes complementares não m encionado s nas atas publicadas por Grothe (Acta). “ Sobre os "consoladores’', infra cap. 6.2. Waetjen, e seguindo-o Neme, sustenta que somente em 1633 vieram os dois primeiros pastores: Waetjen: D om ínio 345, Neme: F órm ulas 160. Waetjen se corrigiu parcialmente cm um a n ota de rodapé acrescentada n a últim a hora ( p \ 5 \ n l 7 4 a ) , não incluída por Neme.

138

Igreja e E stado no Brasil H o lan d ês - 1630-1654

Baers, Wilhelmus Pistorius, Lambertus Latonius e Jacobus Martini. E quatro me­ ses após a invasão, os Senhores XIX notificaram o Recife de que estavam à procura de um pastor de fala francesa e dc outro que pudesse pregar em espa­ nhol .62 Além disso, as atas da Câmara de Zelândia indicam como havia desde cedo interesse em se achar inclusive um pastor inglês .63 Podemos crer que no início, com homens do calibre de Jan de Laet na direção da Companhia, era verdade que “nada lhes interessava de coração como a religião ” .64 Em geral, a despeito de negligências ocasionais, apresenta-se um quadro cronológico mais interessante que se supõe a princípio, especialmente na época nassoviana (1637-1644), como mostra a tabela da distribuição dos pastores e proponentes no Brasil holandês. A tabela indica, além dos totais ,65 o tempo e o lugar: as capitanias do Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, e na Paraíba os fortes norte e sul, a capital e as aldeias dos índios. Depois, na capitania de Itamaracá, a vila de Goiana e a ilha de Itamaracá. Salientamos que entre estas últimas duas igrejas se achava a linha divisória entre o Presbitério da Paraíba (PrPB) e de Pernambuco (PrPE ).66 Em Pernambuco, assinalamos os ministros no Recife velho entre os holandeses, e na nova cidade de Maurícia, os pastores entre os franceses e ingleses. N o sul de Pernambuco, as igrejas em Santo Antônio do Cabo (atual Cabo), Cabo de Santo Agostinho (atual Suape) e Sirinhaém. Depois, no atual Estado de Alagoas, então ainda sul de Pernambuco, as igrejas em Porto Calvo, Alagoas do Sul e no forte Maurício (atual Penedo) e Sergipe. Finalmente Bahia com o número total dos pastores designados para essa cidade em 1624 e 1625. Deve ter havido alguns pastores a mais, sugeridos pelo ponto de interrogação (?), sobre os quais não temos dados precisos .67

62Carta dos X IX ao H R R de 17/6/1630; in A R A -O W IC 8 e RU B 1630/6 (RUB 1631/6 e 1632/1). “ Atas da Câm ara de Z elândia de 25/8/1633; in A R A -O W IC 21. w Carta dos X IX ao H R R de 30/5/1631: in A R A -O W IC 2 e na Coleção Higino s.n. ',5V ários docum entos da época confirm am esses totais numéricos. 1 6 3 1 :3. como na Carta do H R R aos X IX de 6/11/1631; in A R A -O W IC 49 e B PB 1631/42. 1635:6, com o in Carpentier: "R a p p o rt” de 2/7/1635; in ARA -A StG 5757. 1638:9, como in Nassau: "D iscours” 281. Bots: " S o l e r ’ 176 (4/1639; 8). 1641:20, pois chegaram oito predicantes a mais, por pedido de Nassau, mas um deles faleceu, dom. Lantman, explicando o acréscim o de 13 para 20 entre 1640 a 1641. N ã o eram propriamente "m issionários” (Costa: "N assau" 79; Ribeiro: O rigens 56). Bots: “ Soler” 176 (4/1641: 19). 1645:13, co m o dom. Plante aos X IX de 18/7/1644; in A R A -O W IC 59 e B PB 1644/16. 1646:12, com o na carta do H R R aos XIX de 27/2/1646; in A R A -O W IC 61 e BPB 1646/2. 1650:6, co m o na carta da Classe do Brasil à d e Amsterdã(?) de 23/11/1649; in G A A -A C A 88:191. “ Entre 1642 e 1646; su p ra cap. 4.2.3. 1,7N ã o foram incluídos: a) Jacob Alrichs, por ser presbítero e nào pastor (assim Cláudio Brandão; in Barlaeus: H istória 379 n 138); b) Davillus, por ser o mesmo que Doreslaer(cap. 8 n 8); c) Hartman, por ser o m esm o que O sterdag (cap. 5 n 2 2 1); d) Loos, sugerido po r Pereira da Costa, por ter sido c onsolador (cap. 6 n l 12); e) Morais, cap. 15 n 145; f) Regius, por ser o m esmo que C onin ck (cap. 5 n l 2 0 ) ; g) Abraham van den Velde, pastor de Schoonhoven, aparentemente de visita ao Brasil no tem po do batism o do seu neto; in “ D o opb oe k” , Recife: 3/3/1649. Foram incluídos os pastores,

Obreiros eclesiais

139

Ao todo, foram contados 54 ministros, incluindo os 9 “proponentes” (pastores auxiliares), todos os quais (a exceção de um)6S se tornaram pastores depois de algum tempo de tirocínio .69 D istribuição dos pastores e propon entes no B ra sil holandês 1R94-1654:

‘2 4 -2 5 3 0 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 4 3 44 4 5 4 6 47 48 4 9 50 51 52 53 54 1

M aranhão

1 1 1

Ceará

1

Rjo G de. do N o rte P a raíba fo rte s

1

2

2

1 2

F re d e ric k s ta d

?

2

1

1

PrPB

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2

1

1

B rasilia nos G oiana

1

1 1

1

1

1

2 2

1

1 1

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1

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1

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2

1

1

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1 1

1

1

1

1

1

1

2

2

3

P e rna m bu co Igaraçu R ecife: h o la n d ê s

4

3

M aurícia: fra n c ê s

3

3?

4 1

2

in g lê s

2

3

2

1 1

1

1

1

1 1 1 1

(St A n t. do) C a b o

1

C abo S .A g o s tin h o

1

1

S irinhaém

1

1

1

1

(AL) P o rto C a lv o

1

1

1

1

1

1

5

3

1

1

1

3

3

2

3

1

1 1

3

1 1

1

A la g o a s do Sul 1 1

Forte M a u rício

?

1

Sergipe Bahia

7 (6)

Totais

7 (6)

4

3

3 3? 2? 6?

9?

9

9

10 13 20 21

18 15

13 12 11 9

7

6

6

5

5

6

Como observamos, a totalidade anual de pastores variava muito, a partir de três nos primeiros anos até 21 em 1642, baixando gradativamente até 5 nos últi­ mos anos. A tabela nos mostra também que sempre havia vagas pastorais no Brasil. No melhor ano, 1642, notamos ainda quatro vagas pelo menos, além de certos lugares que nunca tiveram pastor local, como Iguaçu. As igrejas mais pri­ vilegiadas eram as de Recife e Paraíba, a primeira chegando a ter sete pastores em 1642. As menos favorecidas eram as igrejas mais distantes, como a de Rio Grande do Norte e a do forte Maurício no rio São Francisco. O próprio presbitério reconheceu que havia holandeses “que nunca podiam ouvir a Palavra de Deus, nem receber os sacramentos, porque os lugares onde se achavam situados eram muito distantes uns dos outros ” .70Devíamos ressaltar, entretanto, além das visitas a) Michaelis de viagem interrompida para B ahia (efetivamente, a Bahia tin ha seis, e não sete pastores; cap. 4 n3 e n310); b) Hendricks vindo da Guiné (cap. 4 n l9 6 ) ; c) Clavius indo à Indonésia (cap. 5 n l 0 3 ) , mas servindo provisoriamente à igreja recifense. “ NãoMichiels, cap. 5 n209; simApricius, Biscareto, Folckerius, Hendricks, Kemp, Neveu, Osterdag e Viteus. " Ribeiro: O r ig e n s 58, calculou corretamente, que conforme as atas traduzidas, devia haver cerca de quarenta pastores. Cf. cap. 5 n59. ACB 10/1638 s4 a l , acrescentando que o país estava cheio de padres.

140

Igreja e Estado no Brasil H o l a n d ê s - 1630-1654

de pastores conselheiros, a presença de vários “consoladores” nessas “vagas”, de sorte que não estavam de todos desprovidos de assistência espiritual. E infun­ dado afirmar que a Holanda não se preocupou com esse problem a ,71 mas estava convencida de que era melhor deixar vagas no Brasil do que enviar pessoas im­ próprias para o trabalho .72 Às vezes bons candidatos não podiam vir ao Brasil por motivos ju s to s .73A Igreja solicitou à Companhia e até mesmo ao conde Maurício de Nassau, quando da sua vinda ao Brasil, que não aceitassem pastores por reco­ mendação particular; e isso, sem dúvida, para que pudessem examinar os candi­ datos quanto a sua vida e doutrina .74 Durante algum tempo (assim lembrou o presbítero Jakob Velthusen no Sínodo de Leiden de 1639), a Companhia manteve vários estudantes de teologia para igrejas das índias Ocidentais, com vistas ao Brasil, mas desde que, geralmente, após o curso não se mostravam aptos ou dispostos para assumir um cargo dessa natureza, era melhor que as próprias igre­ jas procurassem seus candidatos .73

b) Educação. Isso levanta a questão sobre a educação dos ministros que serviram ao Brasil. Tudo indica que cerca de 85% deles tiveram grande parte de sua formação em uma das cinco faculdades teológicas, ou em uma das seis “es­ colas ilustres” da Holanda nessa época .76 Alguns receberam sua educação em Leiden, como Ongena e Offringa, tendo entre seus professores homens conheci­ dos, a exemplo de Rivetus e o antigo reitor do Sem inarium Indicum , Walaeus .77 Parece que somente 1 dos 16 obreiros formados por esse seminário chegou ao Brasil, o rev. Conradus Cleve .78 Outros se formaram na Universidade da Frísia, onde lecionava o ex-presidente do Sínodo de Dordt, rev. Bogerman, e o inglês puritano rev. Amesius. Hermanius estudou nessa universidade. Outros, como Plante e Vogel, na Universidade de Groningen com o rev. Gomarus, o grande adversário

71 AC B

5/1648 s3 a2 e 3. 7: A S Z H 1636 a36: in G A R -A N H G 85. G A A -A C A 4 de 29/3/1638. 73 C o m o dom. Reinhard Kebel, que adoeceu, depois de preparar-se, inclusive, com ajuda financeira da W IC (in G A A -A C A 4:291 dc 13/4/1643). A inda dom. Pieter de Luyck (in R A Z -A C W 74:446 1632) ou dom. Herman Noldius, que não conseguiu convencer sua esposa (in G A A -A C A 33:193 dc 27/1/1648). 74A S Z H 1636 a36; in G A R -N H G 85, Andrae: "D ie ner" 39 ‘'nicht unw ürdigen Seelenhirten nach Brasilien sondern charakter- und glaubensfeste Streitertadelsfreicn Lebensw andel". Exem plo de ministro enviado pela C om pan hia foi o problemático Dc Vau, infra cap. 8.3.6. A Classe de Am sterdã resolveu informar-se sobre ele; in G A A -A C A 4 de 1/10/1640. 75A S Z H 1639 a l 4 ; in G A R -A N H G 85, “alumnen". Tam bém A S N H a23 e 24; in G A A -A C A 101. 7f’ Por volta do ano 1650: Universidades: Leiden, Franeker, Groningen, Utrecht e Hardervvyk. ''Esc olas Ilustres": Middelburg, Deventer, Am sterdã, Dordrecht, Den Bosch e Breda. Os propo ­ nentes não foram incluídos nesse número, embora possam ter freqüentado durante algum tempo. Sobre os dois tipos de escolas de nível superior, v. cap. 2 n36. 77 Rivetus: in A C B 10/1641 s3 a 6. Wallaeus: in G A A -A C A 88, 4:197. 7S Correção (da ed. anterior): não 0 dos 10. mas 1 dos 16 a lu m n i; Joosse; Scoone dingen 452. 574. 575. Sobre o "Sem inarium Indicum", Grothe: Sem inarie. Andrae: "D iener" 39. Sobre Sterthenius (Filho), cap. 4 n95.

O b r e i ro s eclesiais

141

de Arminius .79 Alguns dos mais jovens devem ter estudado na nova faculdade teológica de Utrecht, onde lecionava o professor e pastor Gilbertus Voetius, o líder conhecido do puritanismo holandês .80 O Presbitério de Amsterdã recomendou ocasionalmente esse seminário a futuros pastores destinados ao Brasil .81 Velthusen de Sirinhaém era aluno de Leiden e de Utrecht .82 Embora houvesse poucos alu­ nos de Utrecht no Brasil, a idéia de que toda a vida particular e pública deveria ser moldada conforme o Decálogo era presente em homens como Kesseler, Doreslaer, Gribius 83 e Bachiler .84 Deduz-se que o rev. Doornick da Paraíba deve ter sido da mesma escola por suas expressões, queixando-se de que havia “tão pouco temor de Deus" no Brasil e que se precisava de “reforma e moderação ” .85 A influência puritana j á era patente nos pregadores da baía de Todos os Santos, sendo um dos mais destacados entre eles o rev. Jacobus Dapper, que posteriormente trabalhou no Recife .86 A meditação do professor Voetius sobre a verdadeira “prática da piedade” deve ter influenciado muitos pastores no Nordeste :87 na vida diária, deve79 Album: Groningen, dá os nomes de dom. Wachtelo, Eeckholt, Plante e Vogelius. muitos estudantes de Z elândia em Utrecht. Não houve, com o passar do tempo, província alguma em que os "Voetianos" não constituíssem um grupo forte. '"A prática da piedade era seu lema. reform a d a vida em todos os seus relacionamentos, conform e a vontade de D e u s c do princípio de ser filho de Deus conscientemente” ["'Die práxispietatis war ihre Losung. Reformation des Lebens in allen seinen Beziehungen nach Gottes Willen und aus dem Prinzip bewuszter G otteskindschaff'|. Goeters: Pietism us 19s. 81 Como ao candidato Kebclius. que não chegou a ir ao Brasil, por causa de doença; in GA A -A CA 33:81. 1.2 GA A -A CA 4:163. 83Gribius era genro do grande pastor W illem Teellinck. que influenciou Voetius profundam ente. 84Bachiler: AC B 10/1641 s9 a5. Predicante "godzalig en vroom ” (pio e devoto). Sobre ele. Moonen: H olandeses 26. Barlaeus: H istória 135, por engano Rathelario. 83Carta de dom. Doornick à Classe de Walcheren de 4/11/1641; in R A Z -A C W 73:40-3. Sobre ele, Moonen: H olandeses 61. 86Na Bahia holandesa, livros como de Perkins; cap. 4 n 1 15. Dom. Jacobus Dapper, zelandês, viajou muito como pregador. Esteve com a frota da W IC na ilha de Porto Rico (atestado in R A Z -A C W 73:20 de 29/12/1621). Depois de servir a um a igreja rural na Classe da ilha de Zuid, Beveland era um dos pastores d a Igreja Reform ada na baía de Todos os Santos em 1625 (R A Z -A C W 7 3 :1 4 de 14/11/1624). E m 1628 casa com Antoinette de Wale, parente de Walaeus (Joosse: Scoone dingen 457). C om o pastor de Haemstede na Classe de Zierikzee, foi convidado pela Classe de Walcheren a ir ao Recife. A C Z de 8/11/1636 in GZ 2: "in zyn eerste weggaan naar het West Indien” [na sua primeira ida às índias Ocidentais], não deixando ne nhu m a dúvida sobre a identificação da pessoa. Pastor fiel e amado no Recife (1637-1639) (carta do Conselheiro Gysselingh de 20/3/1 637; in A R A -O W IC 52 e BPB 1637/6); levantou dúvidas sobre se era permitido a um cristão negociar escravos (G Z -A C Z 2 de 18/9/1637). De volta à Zelândia, continuou seu pastorado, sem pre com interesse pela missão (A R A -O W IC 24 de 6/2/1640; G Z -A C Z 2 de 11/3/1643). Outros pastores de nom e D apper se destacaram pela sua visão m issionária como Jan Cornelis Dapper, destinado a Curaçao (G A A -A C A 2/242 de 18/11/1641), A braham Dapper à Indonésia ( R A Z - A C W 4 de 27/3/1653). Será que o geógrafo Olfert D ap per (Moonen: H olan deses 57) era parente dessa família ‘'D a p p e r ' (quer dizer corajoso)? 87Steenblok: Voetius. Sermão sobre Tiago 2:12, “ Falai assim, fazei assim" (com aviso contra farisaísmo). Seguiu a orientação de Calvino de que a Bíblia não foi dada para fazer de nós oradores habilidosos, mas para reformar nossa vida; Calvino sobre 2 Timóteo 3.6; in Doumergue: C alvin 63.

8.1 Havia

142

l g r e j a e E stado no Brasil H o l a n d ê s - 1630-1654

se “andar com Deus”, com o Deus da “Aliança da G raça” revelado em Jesus Cristo. N a realidade, isso representava também o próprio pensamento do conde de N a ssa u .88 Domingos Ribeiro tem razão ao afirmar que a Igreja Reformada no Nordeste era de linha puritana .89 Havia vários livros teológicos no Brasil, nas bibliotecas dos predicantes .90 Quem perdia sua biblioteca por causa da constante guerrilha sentia muito a sua falta, a exemplo do pastor Stetten, que relatou à Câmara de Zelândia que em Porto Calvo os portugueses destruíram todos os seus livros ,91 solicitando em se­ guida que lhe fossem enviados bons comentários sobre o Antigo e o Novo Testa­ mento, uma Ordem Eclesiástica de Zelândia e as atas do Sínodo de D ordt .92 A Companhia possuía, da mesma forma, uma pequena biblioteca teológica, compos­ ta pelos livros devolvidos pelo rev. De Vau, que era usada pelos pastores que haviam perdido seu acervo durante a insurreição luso-brasileira .93 Livros teológi­ cos eram usados ainda no próprio Brasil no preparo dos proponentes para o minis­ tério, como no caso do inglês Kemp e do espanhol Biscareto .94

c) P osição. Ao tom arm os conhecim ento de que a posição social dos predicantes nos Países Baixos da época 95 era da parte superior da classe média, que eram considerados líderes na sociedade, que tinham fortes laços de parentes­ co nas outras camadas, com uma educação superior e respeitada, vestidos de bata preta com colarinho branco à semelhança do pessoal da ju stiç a ,96 embora com remuneração precária, surge a questão sobre o que poderia tê-los trazido ao Brasil. Decerto não o motivo financeiro, porque no Brasil a situação parece ter

ss Hundius: Trost 4, nas palavras do seu capelão: "U m a tal fé sem exercício da piedade seria um a fé m orta” [“ ein solger glaub, ohne ü b ung der Gottseligkeit ein todter glaub seyn w ürde ”]. m Ribeiro: O rigens 58, “ andar com o Deus da Aliança” . 911 C o m o havia na biblioteca de dom. M egapolensis na Am érica do N orte obras sobre história, filosofia, clássicos, teologia etc. (in Jong: A m erican 26), que como dom. Soler no seu Cort V erhael demonstrava interesse etnológico (Megapolensis: M ohaw ks). 91 Decerto tam bém a sua concordância bíblica, que ganhara antes da sua partida para o Brasil (atas da Câm ara de Z elândia de 7/10/1632; in A R A - O W IC 2). 92 Carta de dom. Stetten à Câmara de Zelândia de 12/12/1635; in A R A -O W IC 50 e B PB 1635/23; ainda BPB 1636/18. 93 De Vau os havia recebido em Am sterdã para seus estudos no Brasil; DN 3/3/1643, AC B 1/1646 a59. O G overno lançava o valor d os livros nas suas contas até a devolução, DN 15/2/1646. 94 Sobre os proponentes, cap. 5.4. N o s documentos, não achamos referência ao ofício de “ doutor” (professor e m teologia, K erkorde art. 3). 95S u p ra cap. 2.3. Posição essa refletida no Brasil; cf. carta do com. Waerdenburch aos XIX de 12/4/ 1632, “algum desrespeito aos senhores conselheiros ou predicantes” ; in A R A -O W IC 49 e BPB 1632/16. Ou na despedida de Nassau, em que os predicantes entraram depois do Conselho da Justiça, esc abinos e comissários. D N 6/5/1644. 96Esse traje simples diminuía ainda mais a aparência sacerdotal aos olhos da população lusa, Andrae: "D iener” 37. Somente dom. Schagen não respeitava a simplicidade no vestir. R A Z -A C W 73 de 19/ 8/1637. Cf. Calado: L ucideno I 146. crítica semelhante.

O breiros e c l e s ia i s

14 j

sido mais difícil ainda do que na própria Holanda .97Alguns vieram motivados pela falta de obreiros, a exemplo do rev. Gribius .98 Outros, para ajudar na situação precária em que as igrejas se encontravam por volta de 1636, com o o rev. Kesseler, que trabalhou no Recife de 1637 a 1643.99 O ex-monge agostiniano espanhol rev. Soler chegou com o objetivo específico de pastorear conterrâneos da sua segunda pátria adotiva, trabalhando então na igreja francesa, de 1636 até j644.100 Do mesmo modo como a perseguição na Espanha havia levado o rev. Soler à França, assim que ela traria pastores como Polhemius ao Brasil, que fora expulso do Palatinado por duas vezes .101 Ou talvez como expressão de amizade, a exemplo do rev. Offringa, amigo do rev. Ongena, que era mais idoso .102 Ocasi­ onalmente chegavam ao Brasil por coincidência, como no caso do rev. Jacobus Clavius, que estava de viagem para a Indonésia e ficou no Recife por motivo de

c o n h e c i d a

^ H ím b õ r a ocasionalm ente poss a ter acontecido, como dom. Lam bcrtus Alberti de O u d w o ld e que ganhava pouco. Não consta que chegou ao Brasil (G A G -A N H G II de 2 9/6/1 642 a l ). 1J* Dom. Petrus Gribius era pastor em Den Bosch (1633-), Bruinisse (1638-). M idd elb urg d a igreja reformada inglesa (1642-), interrompendo esse pastorado para servir dois anos no Brasil. “The pastor was desirous to goe to braseel for a ty m e ” ; in R A Z -A E G 1 de 7/5/1646. Viagem ao Brasil com o conselheiro Haecxs (D agboek 163), ajuda na m edida do possível a igreja in g le sa d o Recife (ACB 1/1647 s9 a 6 e 12); regresso 7/1648 (B PB 1648/8). Freqüentemente nas atas da Classe do Brasil (Rodrigues in Nieuhof: Viagem 70 n 167). Pastor da igreja alemã em Amsterdã, de 1652 até sua morte em 1666 (G A A -D T B 1068/233). O seu filho, dom. Petrus Gribius de Delft, era considerado u m dos maiores pregadores da sua época, Bie: B iographisch s.v. 99Fredericus Kesseler (não Vesseler; in Barlaeus: H istória 135). Pastor em Stolburg perto de Cleve, na Alemanha. Depois em Amsterdã, na igreja reformada alemã (cf. cap. 4 n85) de 1626 até sua morte em 1650. Serviu no Brasil por insistência do grande Consistório de Am sterdã (G A A -A C A 4 de 20/10/1636), com instrução especial da Classe de Am sterdã (A C B 3/1637 sl a l) . P rim us inter p a re s (Vos: A m stels) no Recife. Retrato no H isto risc h -to p o g ra fisc h e a tla s v a n het G e m e en te a rc h ie f van A m sterd a m , 826505. ...Vita in Mello: "S oler” 247ss. Pastor em N orm ândia, na França, 1613?-, onde possiv elm ente se encontrou com o médico Willem Piso durante seus estudos em Caen (Pereira: P iso 50). Primeira viagem ao Brasil (Joosse: Scoone dingen 455; cf. cap. 5 n l 9 9 c ) ? Aceito pela W IC (A R A -O W IC 14, ficando u m a dúvida sobre qual Câmara). Depois do Brasil foi pastor da igreja valã de Delft. onde o futuro burgomestre era seu pensionista (Bleyswijck: Delft). Faleceu depois de 1661 (GAD-AWG 1 de 2/10/1661). "Versoeckt uvt een Christelijcke ijver te gaen voor predicant nae West-Indien om syne natie..." [Pede, por zelo cristão, ir como predicante às índ ias O cidentais à sua nação]; in G A A -A C A 4:68 de 7/1/1636. Infra cap. 8.3.1. 1111 Johannes T heodo rus Polhemius. G A A -A C A 4 de 3/12/1635. Pastor no Brasil em Cabo Sto. Agostinho (1635-), Itamaracá (1637-), Goiânia ( 1 6 4 1-), Rio Grande do Norte (1646-) e Itamaracá (1649-54), depois na Am érica do Norte, Long Island, até a sua morte em 1676. Cap. 4 n 3 1 1. 102 Juntos na Classe de Am sterdã, ju n to s apresentados à Companhia, ju n to s exam inados, juntos ordenados e assinaram ju n to s o livro de confissões de Amsterdã, chegaram no m esmo ano ao Brasil, em 1640. Ongena ministrou no forte M aurício (1640-), Santo Antônio do Cabo (1 642-) e no Recife (1645-1654), servindo entre 1648 e 1651 junto com Offringa como pastor no Recife. G A A -A C A 25:101 e 102:4. Offringa faleceu no Recife em 1651. O ng ena teve de regressar à Holanda depois da rendição. Serviu em seguida como pastor na Indonésia, onde deve ter falecido (A S N H 1655 a l , e A S N H 1658 a4; in G A A -A C A 102).

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Igreja e E stado no Brasil H o lan d ês - 1630-1654

enjôo marítim o .103 Não é impossível, mas até provável, que algum pastor haja chegado ao Brasil fugindo de problemas pessoais e eclesiásticos na Holanda .104 Desde o início, as igrejas-mãe enviavam seus obreiros com uma clara des­ crição de sua tarefa, a chamada “ instrução ” ,105 em harmonia com a decisão do Sínodo da Holanda Setentrional de 1628, recomendando o exemplo de Amsterdã e Enkhuizen .106 Várias dessas “ instruções” foram preservadas. De interesse especial são as aprovadas pelo Presbitério de Am sterdã 107 e anotadas no livro de correspondência dos deputados a d res indicas de Amsterdã, preservado no ar­ quivo dessa cidade .108 Após a descrição da chamada, indica-se como tarefa dos predicantes “a pregação da Palavra Santa de Deus; anunciar às pessoas em nome de Deus, a conversão ao Senhor e a reconciliação com Ele pela fé em Cristo Jesus ... administrar os sacramentos... (fazer) orações... e governar a Igreja junto com os presbíteros e diáconos na boa disciplina, tudo conforme a Palavra de D e u s ...” .109 Posteriormente, os futuros predicantes assinariam o livro de confis­ sões 110 e seriam ordenados com imposição de mãos com a fórmula da liturgia da Igreja Reformada, como está bem explícito na descrição da chamada do rev. Rabirius Eeckholt .111 Somente a partir de 1646 os pastores advindos da Holanda foram “ instalados” oficialmente em suas igrejas locais, no Brasil, a não ser que se tratasse de mero “empréstimo” por algum tempo determ inado .112

1,,:' RA Z-ACW 4 de 18/12/1653. Um outro, Servatius Clavius. serviu como pastor em Batávia, de 1667 a 1691. Algra: B atavia 149. 1114 U m colega de dom. 1. Abbama, de Gouda. sugeriu que este losse usado no Brasil, diminuindo assim a inquietação na igreja goudense. A Classe de Amsterdã resolveu, entretanto, “ rebater esse assunto polid am en te” ("deze saecke belcefdelijck a f teslaen” ); in G A A -A C A 39:38 de 30/12/ 1637. Knappert: "H andelskcrken” I 2. 1115A "instrução” in A R A -V W IS 378 deve datar depois de 1674, por ser dada pelos "S enho res X" da no va WIC (1675-1791). A S N H 1628 a 5 1; in G A A -A C A 100. 1117 G A A -A C A 4 de 9/6 e 7/7/1636, "int bouc voorsz bij syne E. gebo uckeert”. (A notados por D. Pctri no livro referido). 1(18G A A -A C A 39, contendo nas primeiras folhas as formas das instruções ou "c artas-cham ada" de predicantes, proponentes, consoladores, professores, inclusive para os vasos de guerra e para o predicante na feitoria de Esm irna na Turquia, p. 1-17. Foram publicadas in Grothe: A rch ief VI: 340-6, e Boetzelaer: O ost-In diê 289-92. lm G A A -A C A 39, p. 3. A forma dos proponente s (infra n205) é mais elaborada sobre a pregação, mas não m enciona os sacramentos e o governo da Igreja. Idem 5, A instrução dada pela WIC. 11/ 3/1650; in G A A -A C A 88, 4:170-5 em 21 artigos. 110 Os nom es dos pastores que serviram no Brasil se encontram especialmente nos livros de confis­ sões da Classe de A m sterdã ( G A A -A C A 25 com 12 nomes ou 2 2 % do total) e de Walcheren ( R A Z -A C W 45). Os que foram ordenados no Brasil se inscreveram decerto no "livro p rotocolo”, até agora não encontrado (ACB 1/1638 s 6 a 8). 111 Na ata da Classe de Groningen de 10/6/1639 (in RAG -ACG 1:122s) Eeckholt (ou Eechout, parents do pintor Albert Fxkhout?). Pastoreou a igreja no forte Maurício (1639-1640), depois a igreja de Santo Antônio do Cabo, falecendo aí em 1642. Liturgia 75ss. Joosse: Scoone dingen 410. A CB 1/1646 a34; 1/1647 s 4 a l .

O breiros eclcsiais

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d) Lugar e Tempo. A não ser em casos especiais , 113 o lugar de trabalho era determinado não antes, mas após a chegada ao Brasil e, muitas vezes, pelos “deputados” do presbitério em cooperação com o governo. Ocasionalmente eram transferidos depois de algum tempo, podendo ser uma simples troca de lugar entre dois obreiros .114 As vezes, uma transferência tinha o ar de “ vamos tentar em outro lugar” , como quando o presbitério enviou o rev. Osterdag para o novo forte Maurício no su l .115 Em geral, pastores que trabalhavam em lugares re m o ­ tos como no rio Grande do N orte e no rio São Francisco tinham prioridade nessas tran sferên cias . " 6 O tempo de serviço a princípio era curto. O pastor Leoninus (pai) foi contra­ tado por um ano .117 Esse período tendia a ser ampliado, como no caso do rev. Schagen, contratado por dois anos .118 Por volta de 1639, o prazo contratual era de três anos, mas foi alongado para quatro ,119 embora o rev. Samuel Coninck traba­ lhasse apenas dois ano s .1:0 Completando-se o tempo estipulado, os deputados dariam ao obreiro uma carta de testemunho em nome do presbitério; mas caso fosse possível, o obreiro deveria solicitar isso em tempo ao próprio presbitério .121 Freqüentemente as igrejas convenciam os predicantes a permanecer mais tempo no Brasil em razão do muito serviço que havia a realizar .122 Dessa forma, o tempo de serviço de vários pastores no Brasil se prolongou. O rev. Soler ficou durante três períodos, ou seja, nove anos; Bachiler, treze anos, enquanto outros deram indícios muito claros de que não pensavam em voltar e que teriam trabalhado até falecer, se a prisão ou a capitulação (em 1654) não houvesse interrompido seu ministério, como ocorreu com os pastores Offringa e Kemp, ambos falecidos no Brasil; ou ainda, o pastor Stetten, preso em 1647, e os pastores Ongena e Polhemius, este expulso depois de um ministério que durou cerca de vinte an o s .123 Ao todo 12, ou seja, mais de um quinto dos ministros deve ter falecido durante seu ministé­

113 Como dom. Kesseler para o Recife e dom. Soler para os franceses. 114ACB 10/1641 s 8 a4. 115ACB 10/1638 s3 a l i ; 3/1639 sl a l. ACB 11/1640 s 6 a 4 ; 10/1641 s 8 a5. U m a troca tríplice proposta in D N 26/4/1639. 117Carta de HRR aos XIX de 9/4/1632; in A R A -O W IC 49 e BPB 1632/11. " s GAA-ACA 4 de 31/10/1633. m Carta do H R R aos XIX de 15/6/1639; in A R A -O W IC 54 e BPB 1639/17. Carta dos XIX ao H R R de 24/10/1639; in A R A -O W IC 8 e RU B 1639/7. 1211 Dom. Samuel (de) Coninck, d enom inado Rcgius (carta de dom. D oornick à Classe de Walcheren de 4/11/1641; in R A Z -A C W 73:40-2). Pastor na Classe de Beveland Sul (A R A -O W IC 24 de 9/ 8/1640, condições), no Recife (1640-1642), morando algum tempo no andar superior da farmácia (DN 25/8/1642). Gostou do Brasil ("ar saudável); carta de 14/4/1642; in A R A -O W IC 57 (podia ser BPB 1642/5a). 121 ACB 10/1641 s7 a3. 122Como dom. Ongena, ACB 1/1646 a62; AC B 5/1648 intr. 3 Soler (1636-1644); Bachiler (1634-1647); Offringa (1640-1651); K em p (16337-1654); Stetten (16327-1647/5 1): Ongena (1640-1654); Polhemius (1635-1654).

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Igreja e Estado no Brasil H o la n d ês - 1 6 3 0 - 1 6 5 4

rio brasileiro: um na Bahia ,124 seis no R e c i f e , u m em Santo Antônio do C abo ,126 talvez um na ilha de Itamaracá ,127 e um no Ceará ,128 enquanto nos parece que dois foram sepultados em alto-mar antes de começarem seu ministério efetivo; um deles, o rev. Antoni Claesz, sucumbiu durante uma epidemia a bordo .129 A partir de 1642, o número de predicantes começou a declinar: havia expira­ do o prazo de muitos e, por outro lado, a Companhia não enviava substitutos suficientes, e houve três falecimentos .130 Não foi confirmado pelos documentos que oito predicantes regressaram com N assau .131 Também não se confirmou que os ministros expulsos de suas igrejas pelos insurretos trataram de embarcar para a pátria, como Waetjen afirmou, apontando para a reunião do Sínodo em 1646.132 Entretanto, a ata desse sínodo anota que em 1645 somente dois pastores regres­ saram, e não por causa da revolta. Rev. Nicolaus Ketel, um dos pastores do Recife (não um dos expulsos), deve ter viajado em princípios de maio, quase um mês antes do início da revolta .133 O outro, o rev. Johannes Haselbeeck, de Cabedelo, ia voltar no início de 1645, atrasando sua viagem por alguns meses a pedido do governo .134 O mesmo Sínodo de 1646 estava ciente de que mais dois voltariam logo, mas entre eles não havia nenhum dos expulsos. Um deles era o rev. Hendricks que, vindo da África, estava somente de passagem pelo Recife, seguindo rumo a sua pátria. O outro era o pastor Velthusen, também ministro na capital, cujo prazo expirara havia tem po .135

124 Dom . N e an de r (1624). 125 Sup ra cap. 4 n62s. Dom.

Martini (1630), Cleve (1633), Lantman (1639-1640). Ritsma (1643), Cralingius (1644-1645) e Offringa (1640-1651), geralmente após curtíssimo ministério. 126Dom. Eeckholt (1639-1642). 127 Dom. Cornelius, desaparecido em 1634. I2S Dom . Kem p (16337-1654?). 129Provavelm ente dom. W isman na viagem à Bahia em 1624, e confirmado dom. Claesz vindo ao Recife cm 1639 (Carta de Arciszewski aos XIX de 7/4/1639; in A R A -O W IC 54 e B PB 1639/8. Faleceu tam bém o irmão de Arciszewski). 130Dom. Eeckholt em 1642, Ritsma em 1643 c Cralingius em 1645. 131 Neme: F órm ulas 175. O único que voltou com Nassau foi seu capelão Plante e dom. Soler um mês antes; G A A -A C A 88:156. 132 Waetjen: D om ínio 364, "O s ratos abandonavam o navio, que ia subm ergin do” . 133A C B 1/1646 a65. A viagem durava cerca de dois meses e Ketel compareceu à Classe de Amsterdã em 3/7/1645 (G A A -A C A 39:137 e 4:348). Ketel era ex-aluno da U niversidade dc Leiden 1616?, pastor na Classe de Amersfoort (R A U -A C U 377; G A A -A C A 4:206). N o Recife (1640-1644), interrompido pela viagem a Angola (carta de Ketel de 15/9/1642; in R AU -ASU 3; DN 17/3/1644). Pastor em M oordrecht (1646? G A R -A SZ H , 1646 a60), não pod end o aceitar outro convite de Am sterdã para as Américas ( G A A -A C A 39:141). 134Dom. Johannes Haselbeeck, pastor em Tolbert (Groningen; Joosse: Scoone dingen 411, Oldebert), cham ado p o r H o o m para ir ao Brasil por três anos (R A G -A C W 3 de 28/6/1641). Pastor no forte Margarita (Cabedelo; AC B 1/1646 a 56); algum tem po no Recife (G A A -A C A 88, p. 148). Volta 6/1645 (D N 15/2 e 27/4/1645; carta do H R R aos X IX de 27/6/1645; in A R A -O W IC 60 e BPB 1645/24) à sua igreja de Tolbert (Winter: Stad en Lande 226). 135 1640-1646; A C B 1/1646 a57 e 65.

O breiros eclesiais

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Por outro lado, a mesma ata ainda nos dá os nomes dos quatro predicantes que realmente foram expulsos das suas igrejas pelos revoltosos ,136 e nenhum de­ les tratou de “embarcar para a pátria” . O primeiro foi o rev. Stetten, de Cabo Santo Agostinho (ou Puntael), que estava no Brasil desde 1632, saindo do N or­ deste em 1647, apenas por causa de sua prisão .137 O segundo foi o pastor espa­ nhol, missionário entre os índios, o velho Biscareto, que regressou somente em 1648 por motivo de doença .138 O terceiro foi o pastor de Santo Antônio do Cabo, o rev. Ongena, que em seguida serviu à igreja do Recife até a expulsão final, nove anos d ep o is .139 O quarto era o rev. Polhemius, que depois de sua expulsão de Goiana trabalhou no Rio Grande e em Itamaracá até 1654.140 Seria m elhor dizer que os pastores regressaram com as ovelhas, porque no ano seguinte à insurreição eram 12 ao todo, e no início do ano da expulsão final eram 6 , e n ­ quanto a população recifense em 1646 era estimada em oito mil, e no fim em cerca de quatro m il .141 e) Avaliação. Finalmente, algo sobre a avaliação do corpo ministerial. O historiador Knappert dá uma descrição adequada dos pastores da era das com pa­ nhias comerciais holandesas :142 “Das centenas de predicantes das igrejas com er­ ciais, a maioria era, como é natural, comum e medíocre, com virtudes e pecados pequenos. Uma certa porcentagem é ruim, e seria fácil dar uma crônica escanda­ losa do seu comportamento. Estes causaram muito prejuízo, tanto à causa do cristianismo como ao nome holandês, antes que morressem em seus pecados, ou, depois de gastar-se em bebidas e imoralidades, fossem devolvidos à pátria como lastro com os navios. Mas não poucos apresentam um estado de serviço que nos causa admiração. Em regiões longínquas e estranhas, de solidão opressora, debai­ xo de um céu abrasador, completamente ignorantes de higiene tropical, subordina­ dos a subcomissário ou sargento, em um ambiente onde do cristianismo somente havia sobrado o nome e a doutrina, eles defenderam o elemento espiritual e pre­ servaram suas congregações tão perto de uma vida honrosa, quanto seria possível naqueles círculos. Mais ainda, impelidos por zelo missionário e sede de conheci­ mento, eles aprenderam as línguas dos povos e praticaram seus mores e costu­ mes; até alguns (mas estes se encontravam na vanguarda de seu tempo) tenta­ ram penetrar na sua vida espiritual e religião” .

136ACB 1/1646 intr. 137Supra cap. 5 n26. 138Infra cap. 8.3. 5. 135Supra cap. 5 n l 02. 1411 Supra cap. 5 n l O l . 141 Journael 1647, 199; Mello: "G ente” 13. Cf. tabela em cap. 5.1.2. 142 Knappert: "H andclskerk en” II 100.

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Igreja e Estado no Brasil H o l a n d ê s - 1 6 3 0 -1654

Essa descrição se aplica também ao Brasil. O lado negativo estava presen­ te. Os constantes apelos desde o inicio ,143 tanto por particulares 144 como oficiais demonstram isso. O Presbitério em 1637 solicitou que se mandassem “ homens doutos, piedosos, experimentados e pacíficos ” ,143 e o capelão do conde resumiu de volta à pátria: “(ministros) não somente de estudos suficientes e erudição, mas principalmente que (lá na Holanda) tenham sido de bom nome e vida, podendo viver em paz com suas igrejas, para que naqueles países distantes por falta de supervisão permanente e necessária não se aumente a sua irregularidade ” .146 Especialmente 0 Presbitério de 1637, sob a direção de Kesseler, melhorou o qua­ dro, “fazendo reforma”, preparando a volta de quatro obreiros à Holanda .147 Não foi para “assegurar 0 necessário respeito”, nem para “estabelecer um exemplo ”,148 mas por pura necessidade que essas medidas foram tomadas. Era uma fase da vida religiosa paralela e outros setores da sociedade. O apelo para que fossem enviados pastores experimentados refletia-se nos pedidos para que a Companhia enviasse juristas preparados ;149 o problema moral ainda se refletiu na situação do Brasil colonial em geral .150 M as o aspecto positivo está mais patente, todavia, e apesar da situação extremamente difícil, a maior parte dos pastores estava “consciente da sua voca­ ção e posição”, de sorte que o conde de Nassau pôde relatar que estava contente com os predicantes .131 Entre eles se destacaram capelães, pastores e finalmente (5.1.3) missionários, cujo ministério será estudado posteriormente.

5.2 - PRESBÍTEROS Os três ofícios reconhecidos na Igreja Reformada são pastor, presbítero e diácono. Focalizaremos neste parágrafo o ofício de presbítero .152 O nome “presbítero” é a tradução correta da palavra ouderling (ancião) nos docum entos da ép oca .153 Sua tarefa era pastorear a igreja jun to com os

143 Carta de

dom. Pistorius aos X IX de 4 / 1 1 /1 6 3 1; in A R A -O W IC 49 e BPB 1631/41, "pastores de grande m oderação e cuidado". Carta dos XIX ao H R R de 15/2/163 1: in A R A -O W IC 8 e RUB 1631/1, "v id a m odesta c piedosa'’. 144Dom. Soler na Classe de Am sterdã de 5/9/1644: in G A A -A C A 4:321, "p essoas pacíficas”. 145 AC B 3/1637 s9 a3. 146 Relatório de dom. Plante para os XIX de 18/7/1644; in A R A -O W IC 59 e B P B 1644/16. 147AC B 3/1637 passim . Carta de dom. Soler à Câmara de Z elândia de 28/4/1637; in A RA -O W IC 52 e BPB 1637/10. Carta de dom. Dapper à Câmara de Zelândia de 30/5/1637; in A R A -O W IC 52 e BPB 1637/14, "beginselen der reformatie” [inícios da Reforma], Informação em Amsterdã: 110 Brasil começaram "fazer reforma"; in G A A -A C A 39:30 de 6/7/1637. Andrae: "D ien er" 48s. lis Waetjen: D om ínio 349. 'v: Nassau: ‘‘Discours" 280. 150Calado: Lueidenol 152. Carta de padre Nóbrega de 1549; in Calmon: Brasília 23. Andrae: "Diener" 38. m Goor: "P red ikante n” 658. Nassau: "Relatório ” 1644. 152 Martins: Presbítero; Ginkel: O uderling. 1,5 A palavra "presbítero" é a transliteração em português do substantivo grego presbyteros, ancião, referindo-se no Novo Testamento aos líderes das igrejas cristãs locais. Atos 14.23, Filipenses 1.1

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edicantes .154 Essa tarefa pastoral era feita especialmente nas visitas pastorais de casa em casa, de preferência antes da celebração da Santa C eia .155 Em A m s­ terdã o consistório havia dividido a cidade em 20 “distritos pastorais”, e o rev. K e s s e le r (antes de vir ao Brasil) estava na supervisão de um deles, sendo respon­ sável pelo bom desempenho da visitação domiciliar executada pelos predicantes e resbíteros, pelo menos uma vez ao ano, com multa de dois e meio florins em caso de n e g l i g ê n c i a .156 Após sua chegada ao Recife com Nassau, em 1637, trazendo instrução especial, o rev. Kesseler convenceu o consistório da Igreja Reformada a implantar ou revigorar o mesmo sistema antigo na capital nordestina, sistema que havia sido negligenciado durante o tempo de Schagen, sendo um dos motivos da exoneração deste último a negligência do trabalho de visitação dos membros da Igreja antes da Santa C eia .157 Doze anos após, o mesmo sistema ainda estava e m vigor, porque o capelão rev. Cammius visitou, junto com o pastor (responsável pelo distrito de Maurícia) e os presbíteros, os fiéis antes da Santa C eia .158 Nos documentos existentes, a maioria em nível presbiterial, não há muitas aos presbíteros que mais se destacaram no nível das igrejas locais. Se tivéssemos, por exemplo, atas de consistórios locais, o quadro poderia ser muito mais completo, como acabamos de ver no caso dos presbíteros que visitavam os fiéis antes da Santa Ceia, informação esta baseada em uma carta consisto rial .159 Sem dúvida, os primeiros presbíteros foram eleitos no R ecife ,160 e um dos pri­ meiros a fazer visitas como presbítero antes da Santa Ceia foi o próprio c o m an ­ dante da tropa invasora, o coronel W aerdenburch .161 Mas é difícil estabelecer o total de presbíteros no Brasil holandês. De repente aparecem nomes desconhe­ cidos .162 Se nossa estimativa de doze igrejas reformadas organizadas está co r­ r e fe r ê n c ia s

etc. K erkorde art. 22, 23 e 27. Em holandês, a palavra ouderling (de "oud/old", velho, idoso; um ■'alder-man" espiritual) tornou-se nom e técnico para o oficial eclesial. em contraste com seu oposto jongeling. jovem. A tradução "zelador" (Nieuhof: Viagem 71 e 72) ou "d eão" não é própria (Waetjen: D om ínio 347, do alemão correto "A elteste”). 154 Ribeiro: O rigens 58, usa a expressão "pre sbítero regente", tradução parafrástica correta do holandês ouderling, porque a ordem eclesial reform ada distingue entre “presbíteros regentes e docentes", anciãos governantes e predicantes, como dois aspectos do trabalho pastoral. Jansen: Kerkorde 170: Atos 20.17, 28; 1 Timóteo 5.17. 153Evenhuis: A m sterdam I 147. “ GAA-AKA 376 de 30/6/1633. Dom. Kesseler: distrito 7 do "Novo L ad o” de Amsterdã. b? Carta do Consistório do Recife à Classe de Walcheren de 19/8/1637; in R A Z -A C W 73:24ss. 158Decisão do Consistório do Recife de 17/3/1649; in G A A -A C A 88, 4:164 "m et die predicant en ouderlingen... op Ant° Vaez... de Huyssoeckinge te doen" [fazer visitas aos lares n a ilha de Ant. Vaez com aquele pastor e presbíteros]. Tam bém em 1647, Hamel: "R ap port" 140. 139Carta do Consistório do Recife à Classe de Walcheren de 19/8/1637; in R A Z -A C W 73:24ss. Carpentier: "Rapport". 1,11 Carta de dom. Pistorius aos X IX de 4/11/1631; in A R A -O W IC 49 e BPB 1631/41, "G o uvern eur in die selfs ais ouderling... sich tot een loflick exempel laet gebruicken" [o governador q ue até deixa-se usar como presbítero, sendo um exem plo louvável], Como do presbítero François de Sweerts; in DN 17/10/1642. Parente de Isaac Sweers? (Moonen: H o l a n d e s e s 144).

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reta ,163 0 que permite um número reduzido de dois presbíteros por consistório,16'* avaliando o tempo de vida de cada igreja em dez anos em média, lembrando ainda que os presbíteros serviam durante um mínimo de dois anos consecutivos, chega­ mos a calcular a existência de cerca de cento e vinte presbíteros durante o temp 0 holandês .165 Somente cerca de quarenta e sete nomes são conhecidos, e pouco destes compareceram às reuniões do presbitério; e se compareceram mais, so­ mente o nome do representante oficial foi registrado .166 Por causa das grandes distâncias e das reuniões demoradas, apenas poucos presbíteros podiam compa­ recer. Os representantes do Recife sempre estavam presentes, seguidos pelos da Paraíba e de Itamaracá. As outras igrejas, entretanto, raramente enviaram um representante, enquanto Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará e M aranhão nunca tiveram um presbítero em reuniões do presbitério. Isso, por um lado, aumentava ainda mais a importância do Recife e, por outro, a dos ministros quase sempre presentes .167 No Presbitério de janeiro de 1638 havia três pastores e um presbítero do Recife, e a mesma representação da Paraíba, enquanto Itamaracá se fez presente por intermédio de um pastor e um presbítero. Se os dois capelães do exército houvessem estado presentes tam­ b ém 168 a relação entre pastores e presbíteros teria sido de 9:3. E essa reunião não era um caso à parte, porque no Presbitério de abril de 1640 a relação era de 9:2 e em 1647 foi de 7:1 .169Assim, o cômputo geral tendia a um domínio da igreja por pastores, acentuado pelo fato de que raramente os presbíteros eram nomeados para comissões presbiteriais; só o eram, praticamente, apenas em caso de requi­ sitar aumento salarial para os pastores .170 E mesmo essa nomeação fosse talvez quase impossível tendo em vista que todo o trabalho presbiterial concentra-se no atarefado cargo de “deputado”, o que exigia quase uma pessoa de tempo integral remunerado. Além disso, o ofício de presbítero era sem remuneração financeira, um motivo prático, porque serviam por curto prazo .171 Os pre sb ítero s geralm en te trab a lh av am por dois anos, p o d en d o ser reeleitos ;172 no Brasil holandês, talvez alguns não hajam concluído seu tempo de serviço por causa de transferências, como oficiais de exército ou funcionários da

163 S u p ra cap. 4.1.2. 164 K erkorde art. 38. Jansen: K erkorde 176, trê sfa ciu n t collegium [três fazem um colégio]; ex.: dois presbíteros e um diácono, ou um pastor, um presbítero e um diácono. 16' A igreja d a Bahia existiu dura nte 1 ano; a do Recife, 24 anos. A fórmula seria: (12 igrejas x 2 presbíteros x 10 anos): dois anos de serviço = 120 presbíteros. 166AC B 3/1637 sl a3. ' " A C B 10/1641 s5 a3. 168A C B 1/1638 intr. 169A C B 4/1 640 intr., s3 a l ; 1/1647 intr. Ginkel: O uderling 205ss. 170P o r exemplo: A C B 3/1637 s7 a5. 171 Jansen: K erkorde 112. Sobre o cargo de " de pu ta do ”, cf. cap. 4.2.2. 172 Hamel: "R a p p o rt” 141; Ginkel: O ud erling 241 ss; ACB 3/1637 s3 a9. K erkorde art. 27.

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C o m p a n h ia . 173 O problema maior era a falta de candidatos apropriados ,174 o que

deve ter sido de maior gravidade nas congregações longínquas e pequenas. A falta de candidatos por um lado 175 e a tentativa de se formar um consistório local p0r outro, sem dúvida, levaram ocasionalmente a escolhas errôneas. Felizmente o presbitério adiava eventualmente a eleição, lembrando as igrejas em 1637 que um presbítero não somente deveria ser um membro da Igreja Reformada, mas tam ­ bém “de boa e honesta reputação quanto ao seu comércio e com portamento ” .'76 Indubitavelmente grande parte dos problemas na igreja do Rio Grande do Norte estava ligada a essa escolha forçada em uma época em que h a v i a falta de pesso­ as capacitadas .177 A igreja precisava ser educada na eleição de presbíteros, esco­ lhendo-os prioritariamente por motivos espirituais e não somente sociais .178 Não é para menos que na Igreja Reformada se observava ocasionalmente um dia de oração antes da eleição, com leitura das qualificações bíblicas para o presbiterato .179 Após a eleição e aprovação pela igreja seguia-se a ordenação .180 Nas atas publicadas reconhecemos os nomes de 25 presbíteros .181 Verifi­ cando o que sabemos sobre eles por outros documentos, cerca dc quinze nomes se tornam pessoas reais. Quatro deles serviram como oficiais do exército, entre eles o major inglês John Goodlad (cujo nome de guerra era Bon Garçon), presbítero na igreja da Paraíba nos seus primeiros anos, ao lado do pastor inglês Bachiler .182 Outros seis ocuparam lugar destacado de escabino; outros dois dentre eles foram comerciantes no Recife: Samuel Halters, com casa(s) na cidade de M aurícia (que serviu por mais de um período como presbítero da igreja da capital ),183 e Hans van der Goes, que assinou com esse e outros o documento manifestando seu descon­

173Nesse caso, podiam servir depois de nova eleição. ACB 3/1637 s3 174“Weynich stoffe” [pouco material humano], A C B 3/1637 s4 a l ;

a9. 1/1638 s2 a5. Problem a nas igrejas de Itamara cá e C a bo Sto. Agostinho, dificuldade freqüente até na H olanda; Ginkel: O uderling 2 13 ss. I7- Como no Cabo Sto. Agostinho, Sirinhaém, Porto Calvo e rio São Francisco cm 1640 e no Rio Grande do N orte em 1644 (ACB 4/1640 s4 a2; 7/1644 a23). 176ACB 3/1637 s3 a9, ” ook belangende haren handel en wandel van een goet ende eerlijckgerucht" . Eles tinham de aprender as lições do livro de dom. Udem ans: Roer (O leme espiritual do navio mercante). Boxer: H olandeses 418. 177ACB 5/1648 sl a7. 178 Ginkel: O ud erling 236ss. 175As vezes com jejum , Idem 248. 1 Timóteo 3.1-7 etc. L iturgia 78ss. Dom. Willem Teellinck de Middelburg até propôs um exame dos futuros presbíteros, Engelbert: T eellinck 148. A ordem era: eleição, aprovação pela Igreja e ordenação (Jansen: K erkorde 97), praxe seguida no Brasil (Hamel: ''R a ppo rt” 139, “ nae de ordre van Dordregt” , segundo a ordem de Dordt). 1811 Kerkorde art. 23. L iturgia 78-81. 181 Identificando Jacob Altrichs (ACB 3/1637) com Jacob Atrichs (ACB 7/1644). Presente na primeira reunião do Consistório da Paraíb a como “trib. militum Johan G o e d t la d f ' (in Stetten: "Jurnaei” 5) e na Classe de 3/1637 como "M aior Gou dlad ” (in A C B 3/1637 intr.). Carpentier: ''R a p p o rt” . Mello: Flam engos 134, c o m pan hia de 150 a 180 hom ens. Waetjen: Dom ínio 134: G oodlad carta aos XIX de 24/8/1 636 (?). 183ACB 10/1638 intr. e DN 2/9/1642, “ouderling” . Mello: Flam engos 102.

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tentamento com relação aos escabinos portugueses e à alegada ameaça repre­ sentada pelo comércio dos ju d e u s .184 Outros dois eram membros do Alto Conse­ lho, sendo um deles Willem Schotte, autor do ‘‘Inventário” dos engenhos de açú­ car de 1636, e ainda de outra descrição econômica do Nordeste, aparecendo co m o p re s b íte ro do R ecife som en te um a v e z ; 185 o o u tro era P au lu s van Serooskercke, que, com Schotte, foi representante na primeira reunião do presbi­ tério, grande entusiasta do Brasil (“Que país!”), constrangido a regressar à Zelândia por causa de dissabores na família .186 Um outro era o já conhecido Jacob Alrichs ,187 sem dúvida um esteio da igreja recifense, que pela sua capacidade e responsabi­ lidade percorreu quase todos os postos como funcionário da Com panhia .188Final­ mente, os últimos seis presbíteros conhecidos eram donos de engenhos de açúcar, entre eles Roeland Carpentier, dono do engenho Formoso em Sirinhaém, presente ao Sínodo de 1644.189 Quando da revolta, aceitou a proteção portuguesa, mudan­ do-se posteriormente para o distrito de Pirajá na Bahia .190 Alguns desses presbíteros eram abertamente anticatólico-romanos, a exem­ plo do conselheiro Willem Schotte, que descreveu os jesuítas em uma carta à Câmara da Companhia na Zelândia como “gafanhotos infernais perniciosos ” .191 Outros eram menos veementes, como o escabino Jan Wijnants, casado com a filha de Luciano Brandão, senhor de engenho em Goiana, presbítero da igreja de Itam a racá .192 O presbítero Gaspar van der Ley talvez fosse mais “ católico erasmiano” que reformado propriamente .193 Era capitão de cavalaria, dono de engenho e escabino em Santo Antônio do Cabo, sendo casado com D. Maria de Melo. Aderiu ao lado luso quando da insurreição portuguesa, filiando-se à Igreja Católica R om ana .194

I,4 Mello:

F lam engos 138, 186. Representante do sínodo; in DN 24/2//1643. Presbítero do Recife: in A C B 10/1641 intr. Carta do Consistório do Recife aos XIX de 2/8/1645; in A R A - O W IC 60 e B P B 1645/55. 185A C B 12/1636 intr. Mello: F lam engos 89 e 237. 186A C B 1/1636 intr. Carta de Serooskercke à Câm ara de Z elândia de 25/7/1636; i n A R A -O W IC 51 e BPB 1636/23, ” Wat een land” . Carta dc dom. Soler â Câmara de Zelândia de 16/7/1636; inARAOW IC 51 e BPB 1636/17, " h o m m e de bien, mais faible” . 187 Provavelm ente o ouderling mais antigo no ofício: ACB 3/1637, intr. 7/1644 intr.; 5/1648 intr. 188 Cap. 12.2.3. 189A C B 7/1644 intr. 1911 Nieuhof: V iagem 182s e Journael 1647:175 afirmam que Roeland Carpentier foi executado sum ariam ente meses depois, acusado de alta traição (cf. Boxer: H olan deses 238). Dr. Mello apontou (23/1 2/1 982) para o fato de que Roeland Carpentier e Daniel de Haen, casados ambos com mulheres portuguesas, receberam licença do governador-geral do Brasil (Bahia, 29/3/1650) para residir no distrito de Pirajá, na Bahia, (in Arquivo Público da Bahia, Alvarás 1650-1681, fl. 2). Trata-se, provavelmente, da m esm a pessoa e não de um Roeland Carpentier Filho. Se for assim, a informação de N i e u h o f e do "Journael” devem ser consideradas p ropaganda antiportuguesa. 191 Carta de 19/2/1636; in A R A -O W I C 51 e BPB 1636/2. "Pernicieus helsch sprinckhaenen” . 192 Mello: Flam engos 167. DN 27/3/1635. A C B 3/1639 intr. II,3 Jong: K erkgeschied en is 109. 194A C B 10/1641 intr. Mello: F lam engos 163ss.

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Sem dúvida, se tivéssem os mais dados sobre os presbíteros, seria possível jntar um quadro bem mais vivo do trabalho d esses co-pastores, 195 notando, por exempio, com o alguns deles serviram em diversos lugares e em vários ofício s, inclusive de diácono, assunto a ser estudado em seguida.

5 3 _ DIÁCONOS 0 terceiro ofício reconhecido na Igreja Cristã Reformada é o do diácono. O seu nome é uma transliteração direta do grego diakonos (servo, ministro), sendo assimilado tanto ao português como ao holandês, de modo que a tradução dessa palavra nos do cu m en to s não trouxe problem as, à sem elh a n ça da palavra “presbítero ” .196 Seu trabalho na Igreja Reformada não era somente auxiliar no culto, mas prestar assistência social aos necessitados, órfãos e orfanatos, doentes e hospitais, alunos e escolas .197 Existem poucas referências ao trabalho diaconal nas atas dos concílios, não porque este fosse considerado de menor importância, mas por ser tão extenso que os diáconos se reuniam separadamente, possuindo sua própria administração e livros de atas, embora sempre sob os cuidados e a responsabilidade final do consistório. O trabalho diaconal será estudado no capítu­ lo seguinte .198 Além dos três encargos oficiais na Igreja Reformada (pregador, presbítero e diácono), havia ainda três tipos de obreiros auxiliares: os “proponentes” , os “consoladores” e os professores. O presbítero e o diácono não eram assalariados, ao passo que os outros o eram. O “consolador” e o professor serão estudados no próximo capítulo, por serem originalmente ajudantes diaconais, enquanto os “ pro­ ponentes” eram mais “pastores auxiliares”, cabendo um parágrafo sobre eles logo após os pastores e presbíteros.

5.4 - PROPONENTES Tudo indica que ao todo nove “proponentes” trabalharam no Brasil, oito dos quais chegaram a ser consagrados posteriormente ao pastorado .199 O “proponente” era considerado como “candidato ao ministério” ao passar por um extenso exame eclesiástico, doutrinário e prático, havendo recebido permissão para “propor” ou fazer “proposições”, que eram sermões experimentais; podia ser considerado “ li­

19' 1 Pedro 5.1-4. Citado na carta da Classe do Brasil à de Amsterdã (?) de 23/11/1649: in G A A -A C A 88:193. I% Filipenses 1. 1:1 Timóteo 3.8ss. Em Waetjen: Dom ínio 392. a palavra "deâo " é utilizada por engano. 1,7 Kerkorde art. 24-7 e 54: Liturgia 62 c 78ss. 198Cap. 6.

199Cf. cap.

5 n 68. N ão incluímos: a) o proponente desconhecido que realizou o primeiro culto no Rio Grande (cap. 4 n7). supondo-se por hora scr Kem p ou Van der Poel (cap. 8 n87: cap. 5 n208); b) pastor Bachiler que não era proponente no Brasil (Rodrigues in Nieuhof: V iagem 70 n l 6 7 ) : c) o ex-monge usado como proponente em Pernam buco (1634/1635). mas que aparente m ente não

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cenciado ” .200 No Brasil sempre eram designados para trabalhar em uma igreja local por algum tempo. De fato, era um tipo de pastor auxiliar, a exemplo de Thomas Kemp, que serviu em Sirinhaém como “proponente na língua inglesa”, no exército .201 A posição eclesial de um proponente era um pouco ambivalente. Ele era chamado dom inus ,202 mas não era contado como ministro propriamente. Desde que o mesmo título era também usado para os mestres-escola, não era tão decisi­ vo. Era-lhe permitido assistir às reuniões do presbitério como ouvinte, mas não podia votar, e devia ausentar-se quando se tratasse de assuntos pessoais .203 Não era permitido que batizasse, mas podia oficiar um casamento na ausência de um pastor .204 A sua “carta de instrução” assemelhava-se mais à dos “consoladores” que à dos pastores. Entretanto, podia pregar seus sermões (“ proposições ”).205 Seu salário também se situava entre esses dois tipos de obreiros ,206 de modo que um professor ou “consolador” tinha interesse em ser admitido entre os proponen­ tes, e o proponente ao ministério .207 Geralmente, depois de alguns anos, os proponentes eram ordenados ao ministé­ rio pastoral, como Cornelis van der Poel, provavelmente o primeiro proponente no Brasil, o qual, regressando à Holanda, após “propor” durante dois ou três anos no Nordeste na língua inglesa e na holandesa, foi examinado e ordenado pelo Presbitério de Amsterdã. Voltou ao Brasil e pastoreou as igrejas do Recife (1635-1637) e da Paraíba (1637-1646), com pequenos intervalos no Rio Grande do Norte e Maranhão .208 havia abdicado dc seu romanismo. conformc informação da Classe valã de Roterdã à Câmara de A m sterdã (Notulen K am er Amsterdam (19/4/1635) [A RA -O W IC 14], in Joosse. Scoonc dingen 455 n544). Esse ex-monge dificilmente pode ser Soler que já pastoreou na França (cap. 5 nlOO). mas provavelmente se identifica com o ex-jesuíta Manuel dc Morais, que veio à Holanda em 1636. Fncaixa-se na apressada política eclesiástica de Schagen (1634-1635) (cap. 5 n 2 13-6) e na vida aventureira do oportunista Morais (cap. 1 4 n l 6 1 , n 157: cap. 15 n 145). 2,111 K e r k o r d e art. 20. N ã o eram "o rd e n ad o s’', mas geralmente assinavam o livro de confissões, e usava-se às vezes um formulário próprio para sua licenciatura; Jansen: K e r k o r d e 240s. 21.1 A C B 12/1636 intr. s2; s5 a7. 21.2 AC B 3/1637 s9 a l. 2,,? AC B 3/1637 s7 a3. 2(14 A C B 11/1640 s3 a 6. O matrimônio não é considerado sacramento na Igreja Reformada. Os proponente s do Sínodo da Frísia eram denom inados "c andidato s" e podiam administrar sacra­ mentos, perdendo esse direito em caso de servirem em outra província dos Países Baixos, tendo de submeter-sc ainda a outro exame. Por enquanto não encontram os um "candidato " frísio no Brasil: havia lrísios. porém, entre os outros grupos de obreiros. 2"5 In G A A -A C A 39:5. 2"'' DN 23/2/1638: 40 florins, mais mesa. 207A CB 10/1641 s3 a l ; 11/1640 s2 a l 8: 11/1642 a26 e 46: 7/1644 a2. z"x Van der Poel veio ao Brasil em 1633(?) como consolador (G A A -A C A 18a:34). Em 1634 propo­ nente (em Itamaracá: cap. 4 116). Exame perem ptório em Am sterdã (G A A -A C A 4 dc 2/10 1634): "ge co m e n voor proponent \vt Brasilien". Pastor no Rccife (1635-1637). ACB 12/1636 intr.: 3/1637 intr. e s9 a l. Paraíba (1637-1646). Carta de dom. D oornick à Câmara de Zelândia de 1/3/1642; in A R A -O W IC 57 c BPB 1642/8. DN 4/12/1645. AC B 1/1646 intr. e a57. Depois foi pastor na Holanda, falecendo em 1651 (? GAR-ASZI1 1651 a39). H om em modesto, mas de ministério fiel. sua v ida valeria uma monografia.

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Essa ordenação não era automática, entretanto; dependia de “vagas” para o ministério e especialmente da aptidão, do preparo e do comportamento piedoso. Sem dúvida, Jan Michiels de Walcheren deve ter sido um moço piedoso e aplica­ do sabendo ler e escrever muito bem, quando foi enviado como “consolador” ao Brasil, com a sugestão de que fosse promovido a proponente. Mas provavelmente não era muito qualificado .209 Depois de muita insistência de seu presbitério de orjgenl) finalmente foi admitido .210 Serviu como proponente-capelão durante dois anos .211 Apesar da insistência para que fosse promovido ao ministério, o Presbité­ rio do Brasil opinou que deveria ter mais paciência, o que levou o proponente a pedir sua carta de transferência e regressar à Zelândia .212 O presbitério agia no assunto da promoção de proponentes com muita cau­ tela, decerto recordando-se de como a precipitação nesse assunto j á havia causa­ do muitos problemas no Brasil, tão carente de pastores. N ão havia muito tempo que três pastores, ex-proponentes, haviam regressado à Holanda. Todos os três haviam sido promovidos pelo rev. Schagen ,213 que havia chegado ao Brasil em meados de 1634. Sentindo a grande falta de pastores no Nordeste, alguns meses depois, submeteu dois moços a um exame eclesial, ordenando-os ainda antes do fim do mesmo ano ao pastorado .214 Eram Daniel le Neveu e Johannes Osterdag, este para pastorear a igreja francesa no Recife, aquele como capelão do exérci­ to .215 Três meses depois o rev. Schagen promoveu ao pastorado outro proponen­ te, chamado Samuel Folckerius .216 Moço calmo, Le Neveu havia trabalhado a contento como “consolador” entre os franceses ,217 servindo à igreja valã como

21,9Dom. J . Michaelis era outra pessoa, su p ra 4 n 3 10. Ata da Câmara de Z elândia de

18 e 22/11 /1635; in A R A -O W IC 22. Carta interessante de caligrafia bonita de Michiels à Classe de W alcheren de 18/5/1636; in R A Z -A C W 73:22. 2111ACB 3/1637 s 8 a5; 1/1638 s2 a l 2 , 3; 10/1638 s 2 a 6 . 211 ACB 10/1638 s3 a 12; s 6 a2. N a lista de mineiros (m in e u rs) de 3/17/1639; in "D o cu m en to s Vários” no Instituto Histórico P ernam bucano (7). DN 23/2/1638; 26/4/1639. no forte Cabedelo da Paraíba. 212ACB 4/1640 s7 a3; s 8 a l ; 11/1640 s2 a l4 . DN 22/10/1640. A R A -O W IC 24 de 3/12/1640; será que é o "brasileiro” Jan Michiels, que assina como diácono uma carta do Consistório da Igreja de Serooskerke, na ilha de Walcheren, em 1654 (in R A Z -A C W 24)? 213Dom. Daniel Schagen, pastor de Lopik em Utrecht, depois Recife (1634-1637), de volta a L opik até sua morte 1649. H om em aparentemente trabalhador, mas difícil para "igrejas tenras" (GA AACA 4 de 8/6/1637, "tere kerken” ). Possuía canaviais no engenho S. Tomé (DN 21 e 22/1/1636. Mello in Dussen: R elatório 22 e 48). M an dad o de volta à H olanda por insistência da Classe do Brasil (ACB 3/1 637 s7 a2; 1/1638 s2 al 1; carta do Consistório do Recife à Classe de Walcheren 19/8/1637; in R A Z -A C W 73). 214Exame peremptório. Carta de H R R aos XIX de 2/9/1634; inA R A -O W IC 50 e BPB 1634/16. Carta latina de Neveu e Osterdag (van Appelen) aos Senhores de Lopik (?). s.d.: in R A U -A C U 257. ' b Idem. Atestado para Osterdag dc 16/5/1636; in A R A -O W IC 51 e B PB 1636/7. Jlf,DN 22/9/1635: desde 1/3/1635. AC B 12/1636 s3 a2. ~17Carta do H R R aos X IX de 2/9/1634; in A R A - O W I C 50 e B PB 1634/16. P rom oç ão apoiada pelos XIX na carta dos XIX ao H R R de 16/12/1634; in A R A -O W IC 8 e R U B 1634/5. Prom oção não apoiada pela classe de Amsterdã; in G A A -A C A 4 de 25/10/1635. L ivre Synodal 9/1635 a3.

156

Igreja e Estado no Brasil H olandês - 1630-1654

pastor até pouco tempo antes da chegada do rev. Soler .2'8Folckerius, a princípi0; ministrou no Recife e então no forte Cabedelo na Paraíba ,219 mas não parece ter sido muito apto para o ministério, o que, além do fato de não ter sido instalado constitucionalmente, levou-o a pedir demissão em 16 3 7 .220O terceiro proponente ordenado pelo rev. Schagen era Johannes Osterdag .221 Trabalhou como capelão no exército ,222 mas foi suspenso durante três meses por motivo de mau comporta­ mento. Depois de uma melhora temporária, continuou na capelania,22’ sendo trans­ ferido a título de experiência, com péssimo resultado, inclusive de emissão de ■‘cheques sem fundos”, o que levou à sua deposição pelo presbitério em 1639.224 Diante desses problemas ocorridos com proponentes, não é de se estranhar que o presbitério tivesse o máximo de cuidado: era melhor impedir um homem que fazer sofrer a Igreja, ainda mais sabendo-se que a Igreja-mãe na pátria estava preocupada com esse assunto de ordenação rápida de proponentes .223 Mas o abuso não impede o uso (abusus non tollit iisum). N a ordem eclesial havia a possibilidade de examinar e após devido treinamento ordenar para predicantes pessoas com “dons singulares: piedade, humildade, moralidade, bom siso e discri­ ção, além de dons de eloqüência ” .226 O “consolador” Hendricks, que em 1640

218 DN

7/1/1636. Carpenticr: "R a p p o rt” . Saiário 60 florins: in carta dos XIX ao Consistório do Recife de 9/11/1635: in A R A -O W IC 8 e RUB 1635/7. 217 DN 22/9/1636. Carpentier: "Rapport" . A C B 12/1636 s3 a2. 2211 Parece que por sugestão da Classe. Carta de dom. Soler à Câm ara de Zelândia de 1637; in ARAO W IC 52 e BPB 1637/35: "vitieux et incapables” (Volgeri et Osterdak). ACB 3/1637 s 6 a3; 1/1638 s2 al 0. De 1639 até 1664 ministro cm Feerwert, na Holanda. 221 Provavelm ente Osterdag era um Jonker, descendente dc proprietários rurais (c ountry squire). pelo nom e Jo hannes Hartmann Osterdag C. van Appellen, assinatura da carta latina, s.d.: in R A U -A C U 257. Atestado de 16/5/1636; in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/7. 222 Carta do general Arciszewski aos XIX. Sirinhaém, 13/6/1636 (in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/ 13), após batalha de M ata R edo nda em 1/1636, onde tombou o comandante luso dom Luís de Rojas y Borgia (Boxer: H olan deses 88): depois de armar as redes (para) os mui feridos... todos de joelhos... oração pelo predicante Osterdag; voltaram para Paripuera. 223 Carta de dom. D app er aos XIX de 27/7/1638; in A R A -O W IC 53. podia ser BPB 1638/19a: ACB 1637 s7 a l. 224AC B 1/1638 s5 a7; 10/1638 s3 al 1: 3/1639 "classe extraordinária” ; 4/1640 s3 a3; 1/1642 a80 (in G A A -A C A 33:115); 1/1646 s5 a3. DN 26/3/1639; in G A A -A C A 4:179. Tentou sua sorte depois na Indonésia, com carta de apresentação por dom. Schagen (in carta do Consistório de Batávia de 1641). Con hecia latim, grego e português: (in Dam: O ost IV 83). 225Tanto no Oriente como no Ocidente. Ata da Classe de Am sterdã de 1/9/1636; in G A A -A C A 4:80, e 39:23. Consideravam que dom. Schagen fora "longe demais" na ordenação de dom. Hartman (Osterdag) e N e v e u . G A A -A C A 4:66 de 25/10/1635. 22,1 K erkorde art. 8; por causa desse artigo, tais pessoas loram apelidadas de "octavistas” ou ainda de " idiota s” , no sentido grego-coinê de "indouto" (1 Coríntios 14.16, não pejorativo), como os deputa dos a d res indicas de A m sterdã anotaram que ambas as Com panhias decidiram não empre­ gar mais "idiotas" para predicantes, "m as somente em caso de falta de predicantes doutos ou em outra ocasião singular" ["geen idioten tot predicanten... ten waere bij gebreck van geleerde pre dic ante n olte bij andere sonderlinge gelegentheydt" ]; in G A A -A C A 33:80. Groenhuis: Predikanten 37 n 161, refutando Boxer: D u tchSeaborneE m pire("Z eevarendN ederland” 198).

O breiros eclesiais

157

veio de Guiné da África para ser ordenado no Recife, é um bom exemplo de obreiro com “dons singulares ”,227 além do outro predicante da África, o proponente Viteus de A n gola, ordenado em 1642 pelo rev. Ketel, por ordem específica do Presbitério do Brasil .228 Em si, então, a ordenação de proponentes no Brasil era possível, mas s o m e n t e depois de exames com resultados positivos e preparação adequada, sob a orientação do próprio presbitério ,229 com treinamento longo e estudos de grego, como comprova a presença de três Novos Testamentos nessa língua, além de gra­ máticas gregas, no armazém da Companhia (indicação interessante da obrigação dos predicantes de poder ler ao menos essa parte da Bíblia na língua original ),230 e de comentários bíblicos trazidos por De Vau para seus estudos no Brasil .231 A Holanda n ã o tinha um conceito elevado dos pastores “made in Brazil ” .232 É verdade que todos os que foram ordenados ao pastorado sem a aprovação do Presbitério do Brasil tiveram sua carreira interrompida, quer por falta de apti­ dão, a exemplo de Folckerius e Le Neveu (este em menor grau), quer por proble­ mas morais, no caso de Osterdag. Por outro lado, os que foram aprovados pelo Presbitério do Brasil, como Hendricks e Viteus a serviço da África, ou Biscareto, Apricius e Kemp, missionários entre os indígenas no Brasil, todos cumpriram o seu ministério pastoral, conforme os “dons singulares” recebidos. Estes três últi­ mos proponentes somente foram aprovados ao ministério após um abalizado tirocínio, acompanhado de perto pelo presbitério. Johannes Apricius foi aprovado após servir durante três anos como mestre-escola e proponente em uma aldeia; Dionísio Biscareto, depois de cinco anos na mesma ocupação; Thomas Kemp, após oito anos de serviço em vários lugares e cargos .233 O trabalho desses três obreiros será estudado posteriormente no capítulo sobre a obra missionária, e o ministério dos outros obreiros auxiliares, consoladores e professores no capítulo sobre o trabalho diaconal da Igreja Cristã Reformada do Brasil.

Decerto a palavra estava começando a ter um ar negativo, porque desapareceu das atas na segunda metade do século 17 (Knappert: H ervorm de K erk 159ss). 227Supra cap. 4 n296-300. 228Supra cap. 4 n302-4. ™ Como na Holanda, onde havia escolas de treinamento presbiteriais nos primeiros tem pos como em Dordt. a exem plo de Londres, Z urique etc. (Tukker: D ordrecht 141 s). Lm Ccilâo existia um seminário, que os proponentes da H olanda deviam ajudar, conforme obse rvação à margem na carta de instrução; in G A A -A C A 39:5. O sínodo zelandês cm Tolen (1638). propôs a organização de "escolas ilustres" para que "dos próprios indianos sejam formados vagarosa mente predicantes hábeis a fim de pregar a Palavra de Deus à sua própria nação; Wielenga: W alcheren 73. RAZ ACBe 174: A S Z 1638 cap. 5 art. 1. 2j" "Lista de livros de 1645". Preço do N.T. grego f.2.8.-. ou f . 2 , 4 0 ; provavelmente da 2a edição de Llsevir de 1633. onde a expressão textus receptus. De Vau era decerto um proponente que não tin ha term inado seus estudos na pátria. Foi enviado (como pastor) ao Brasil não pela Igreja, mas sim pela Com panhia: su p ra cap. 8.3.6. “ ASNH 1645 a20; in G A A -A C A 101. Sobre Kemp; infra 8.3.4: sobre Biscareto 8.3.5; sobre Apricius 8.3.7.

C a p ít u l o

6

TRABALHO ECLESIAL

Vários aspectos do trabalho eclesial j á foram mencionados, como a pregação e o

pastorado. Neste capítulo, focalizaremos a assistência aos necessitados, órfãos e viúvas, o cuidado pelos enfermos e a responsabilidade pelo ensino, reservando para o próximo capítulo a assistência referente ao setor indígena .1 Todo esse ministério de cunho social estava sob a responsabilidade dos “diáconos” da Igre­ ja ,2 embora em graus diferentes, e a assistência aos necessitados se encontrava sob seus cuidados imediatos. Para o grupo de doentes havia (além de cirurgiões, enfermeiros etc.) '‘consoladores de enfermos”; os alunos tinham seus professo­ res. Assim surgem três setores do trabalho diaconal: os pobres e seus diáconos, os doentes e seus “consoladores”, os alunos e seus professores.

6.1 - POBRES E DIÁCONOS O diácono ocupava um lugar de grande realce na vida da Igreja Cristã R eforma­ da5no Brasil holandês. Sem dúvida, os primeiros diáconos foram eleitos na igreja do Recife, sempre em número igual ou maior do que o de presbíteros. Geralmente havia cerca de seis diáconos na igreja do Recife, alguns com nomes conhecidos, a exemplo do francês Jean Arragon, o representante do conde de Nassau cham a­ do Frederick Vuirberg, ou o comissário Izaak Rasiere .4 Diáconos eram eleitos logo no início da organização de uma Igreja Cristã Reformada. N a verdade, sem

1 Infra cap.

10.2.2. A ajuda diaconal para os indígenas era encaminhada pelos pastores que tra b a lh a ­ vam entre eles. DN 18/1/1641 s5 a5. AC B 10/1641 s3 a l 8. ! Supra cap. 5: K erkorde art. 25. 26. 40. Biesterveld: D iaconaat. Ex.: as atas das reuniões diaconais de Amsterdã foram preserv adas a partir de 1632 (G A A -A D A 1 etc.). Em 1636. o movim ento era de 200 mil. c em 1645 de 250 mil florins. Evenhuis: A m sterdam II 76. ■*Em 1635 havia quatro diáconos (Carpentier: "Rapport"). Em 1637 havia quatro presbíteros e seis diáconos (carta do Consistório do Recife aos XIX de 19/8/1637; in R A Z -A C W 73; ARA-OW 1C 52 e BPB 1637/24). N o s outros anos. esse número de seis parece ter permanecido ("Nieuhof: V iagem 71). Sobre Arragon. cap. 4 n90. Vuirberg. cap. 12 n60. Izaak Rasiere veio como funcionário da Companhia; senhor de engenho (Mello: F lam engos 153); serviu tam bém como presbítero (ACB 10/1638 intr.). Mooncn; H olandeses 125.

Igreja e Estado no Brasil H olan dês - 1630-1 654

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diáconos a organização nem ao menos era considerada completa ,3 como indica 0 caso ocorrido na Paraíba, onde, sob a direção do pastor Jocodus à Stetten já na segunda reunião do consistório, tratou-se da eleição de um diácono, o comandante Willem Cornelissen; e mais tarde, na quinta reunião, da eleição do segundo diácono Menso France .6A exemplo dos presbíteros, torna-se difícil estabelecer 0 total de diáconos durante a época holandesa, mas estimamos que para ambos, os totais sejam iguais; ou seja, cerca de 120 , porque eles geralmente trabalhavam por um período de dois anos, à semelhança dos presbíteros .7 Ao todo encontramos até agora os nomes de 16 desses diáconos. O trabalho diaconal era vasto, e em uma cidade como o Recife parece ter havido sempre dois dos seis diáconos de plantão executando esse trabalho parale­ lamente às suas ocupações diárias, motivo prático para que não trabalhassem mais do que dois anos consecutivos .8 Reuniam-se freqüentemente ,9 e essas reu­ niões eram consideradas tão importantes, que a liturgia da Igreja Reformada in­ cluía muitas vezes, além da fórmula de ordenação de diáconos, uma oração para antes de suas reuniões .10

6.1.1 - Finanças Diaconais A diaconia recebia muito dinheiro, mas este nem sempre era suficiente para suprir as necessidades de seu vasto trabalho. Dominicalmente, faziam-se coletas no espaço dos cultos públicos nas igrejas, durante a pregação." As vezes, realiza­ vam-se coletas gerais de casa em casa .12 Nas entradas das igrejas e de outros edifícios públicos havia ainda caixas de coleta (ou bacias) para o trabalho diaconal .13 A diaconia recebia dádivas inclusive de portugueses, como no caso de Jorge Ho­ mem Pinto .14 Além disso, legados eram destinados ao sustento dos pobres. A Com panhia ocasionalmente se considerava prejudicada com isso, mas o conde de Nassau sustentava que era o melhor procedimento, tendo em vista que a diaconia arcava com muitas despesas, das quais a própria Companhia deveria participar .15 Mas posteriormente decidiu que os notários deveriam anotar especificamente qual a parte dos legados que era destinada aos pobres e templos 110 Brasil .16 ' K erkorde art. 37 e 40. ” Stetten "Jurnael" 2/1 e 8/3/1636. M enso France era senhor de engenho (Mello: F lam engos 161) c serviu tam bém como presbítero da Paraíba (ACB 3/1639 intr.; 4/1640 s3 a l) . 71lamel: ''Rapport" 141. K erkorde art. 27. Cf. fórmula (12 x 2 x 10): 2 = 120 diáconos (cap. 5 n 165). x Nieuhof: V iagem 71 v K erkorde art. 40. 10 L iturgia 78-81. 11 Carpcntier: "Rapport". Em 1647. 1/4 dessa coleta era destinado ao hospital, Hamel: "R apport" 142. 12 DN 6/5/1643. L’ Ibid. Stetten: "J urnael" 18. 14 B rasilsch e G elt-Sack (Bolsa 150). 15 Carta dc N assau aos XIX de 5/5/1637: in A R A -O W IC 52 e B PB 1637/12. 1,1 Carta dos XIX ao H RR dc 15/4/1645; in ARA -OW IC 9 e RUB 1645/1. DN 10/5/1647. Schiltkamp: N otariaat 64. plakkaat de 16/11/1645.

T ra b a lh o

eclesial

161

C ontribuições involuntárias eram igualmente encaminhadas aos diáconos, como a de um tal Abraham de Roeff, que pagou uma multa de 150 florins, dos quais 25 foram destinados aos pobres .17 Entretanto, esses meios não eram sufici­ entes, e às vezes se lançava um imposto adicional, como aconteceu em 1642, quando um quarto de 1 % de cada 100 florins da compra de casas era destinado aos pobres.IS Também por essa época empregou-se em seu benefício o pedágio arrecadado no primeiro domingo em que a ponte nova que ligava a ilha ao conti­ nente foi aberta .19 Parte das despesas, especialmente para os hospitais, veio da bona m isericordiae, os bens eclesiásticos que haviam pertencido aos portugue­ ses e que reverteram ao governo, como, por exemplo, casas em Olinda, currais, escravos, canaviais etc .20 Os diáconos insistiram junto ao governo que houvesse uma boa administração sob a responsabilidade da diaconia .21 Aparentemente isso não se concretizou, embora a diaconia houvesse finalmente conseguido uma lista detalhada dessas propriedades destinadas ao uso caritativo .22 Mas tudo isso ainda não era o bastante, e os diáconos insistentemente pleiteavam uma ajuda perm a­ nente do governo em prol do hospital .23

A Holanda reconheceu a grande necessidade diaconal no Brasil e ajudou, com freqüência, a melhorar essa situação. Várias vezes foram embarcadas no Recife caixas de açúcar com o letreiro “ pobres”, a exemplo das três caixas totalizando 72 Zi arrobas, que foram embarcadas um dia antes da revolta portu­ guesa .24 A diaconia de Middelburg, havendo recebido a encomenda, vendeu as caixas e comprou material para os hospitais do Brasil, solicitando à Companhia que o enviasse ao Brasil gratuitamente. Esse pedido foi deferido pela Câmara, com a condição de que o material fosse claramente especificado pela diaconia .25 Freqüentemente, tanto a Igreja quanto o governo no Brasil holandês (que já em 1644 havia adiantado 60 mil florins à diaconia )26 solicitavam contribuições para o trabalho diaconal .27 Várias contribuições para esse fim vieram de grandes comerciantes como Lodewyk de Geer, de Amsterdã, antigo refugiado de Antuér­ pia, do qual se diz que era dizimista e que não fazia seguro de seus navios, entre­ gando o prêmio à diaconia em caso de uma viagem bem-sucedida .28 A prestação ,7~DN 4/57! 636” '* DN 15/9/1642; 15/12/1644. 19DN 26/2/1644.

20DN 8 e 21/7/1637. ACB 1/1646 a 16. 21 DN 4/6/1643. 22ACB 7/1644 a5; 1/1646 a l 6; 1/1647 s 2 a l . 25ACB 1/1647 s 8 a5. ■4Fatura de açúcar no navio "W alchere n" com

destino a M iddelburg dc 12/6/1645 com letreiro armen" (pobres): in A R A -O W IC 26 (podia ser BPB 1645/17a). 1 arroba = 15 kg. ° Atas da Câmara de Z elândia de 7/1646: in A R A -O W IC 26: 15 1v. 2,1 DN 15/12/1644. 27DN 20/6/1641; 8/8/1650. Carta do HR R aos XIX de 5/12/1651: in ARA -OW IC 66 c BPB 1651/22. ‘8Evenhuis: A m s t e r d a m II 79s.

Igreja e E stado n o Brasil H o lan d ê s - 1630-1 654

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de contas era feita periodicamente. N a Paraíba, durante algum tempo, fazia-se a cada cinco meses ,29 mas de maneira geral, de ano em ano. Após ser anunciada publicamente, essa prestação de contas se realizava a portas abertas na igreja.3» Ocasionalmente surgiam problemas. Um deles foi o desentendimento entre a diaconia da Paraíba e a do Recife em 1647, quando a Paraíba se ressentiu pelo fato de o Recife mandar até trinta doentes à Paraíba sem sustento financeiro, e ainda usar o dinheiro destinado aos pobres da Paraíba .31 Esse assunto foi resolvi­ do pacificamente. Mais difícil era quando 0 dinheiro destinado aos pobres necessitados ficava por muito tempo em mãos de intermediários, obrigando a diaconia a gastar para poder recebê-lo .32 Em alguns casos houve até roubo da “caixa dos pobres”, perpe­ trado em certa ocasião por Pieter van Haerlem de Itamaracá em 1636.33 Mas 0 pior era que aparentemente pessoas do governo usavam os bens eclesiásticos sob sua administração para benefício próprio, pagando um aluguel baixo, a exemplo do con­ selheiro Van Walbeeck, que desembolsava apenas 250 florins anualmente por uma gleba de terra sob seus cuidados, que ficava bem perto de Maurícia .34

6 .1 .2 - Viúvas e Ó rfãos Um grupo especial entre os necessitados era composto pelas viúvas e ór­ fãos. Viúvas eram pobres, quase por definição .33 Especialmente depois do início da insurreição e das batalhas de Guararapes, o número de viúvas aumentou rapi­ damente. Perderam em pouco tempo quase tudo .36 Muitas delas eram alemãs. Quando procuravam comida para seus filhos fora da cidade eram feitas prisionei­ ras .37 Praticamente todas elas queriam regressar aos Países Baixos, mas quase sempre não conseguiam pagar a viagem, ou precisavam pagar à Companhia algu­ ma dívida contraída pelo falecido m arido .38 Stetten: '‘Jurnael" 18. Esse costume holandês foi seguido sem dúvida no Brasil; G A A -A D A 1 de 13 e 20/1/1633. GAAAK.A 7 de 10/1/1636 etc. As diaconias na H olanda recebiam prestação de contas do movimento diaconal que passava pelas Câmaras das Companhias, como in ARA-Aanw. 1905-xxxvi, resoluções da Câmara de Zelândia de 4/12/1651. 51 A C B 1/1647 s 8 a5 e 6. 52 DN 9/10/1642. legado de 950 florins para Paraíba. 55AC B 1/ 1 6 3 8 s 2 a 7 : 10/ 1638 s 2 a 4 : 1 1 / 1640 sl a l. A carta quase ilegível de dom. Stetten de 17/11/ 1636 se refere decerto a ele p. 2 L4 " d i e f L 9 "Pietter": in A R A -O W IC 51 (podia ser BPB 1636/ 33a). Caso matrimonial do então barqueiro Pieter van Haerlem: in AC B 1/1646 a48. ■’4A C B 1/1646 a 16. 0 Cf. Bíblia: Dcuteronôm io 10.18. :'6Carta do H R R aos XIX de 20/4/1649: i n A R A - O W IC 65 e BPB 1649/6. ’7Carta de dom. Ongena de 4/5/1650: in G A A -A C A 88.4: 185-7. •’* Pieter Solijn (ACB 10/1641) havia com prado grande parte da ilha de Itamaracá. dois engenhos, currais etc. (Relatório do conselheiro Van Gogh ao HR R de 1648 sobre Itamaracá: in ARA-OWIC 64 e B PB 1648/13) e deixou uma dívida dc 40 mil florins à C om panhia (Carta do HRR aos XIX de 25/5/1651: in A R A -O W IC 66 e BPB 1651/9).

Trabalho eclesial

163

O número de órfãos era ainda bem maior, isso j á durante a época de Nassau, que se interessou muito por eles .j9 O problema agravou-se porque muitas pessoas pobres se mudaram para o Brasil holandês, onde vinham a falecer. O pastor j>jicolaus Ketel junto com dois diáconos demonstraram ao governo que não era possível colocar todos os órfãos em famílias pagando-se uma pequena remunera­ ção; e, nesse caso, os conselheiros solicitaram que a Igreja fizesse uma sugestão por escrito .40 O presbitério aparentemente reiterou o pedido de organizar um or­ fanato .41 Mas um ano depois, outro pastor e dois diáconos apresentaram o mesmo pedido ao governo, enfatizando que os órfãos colocados em famílias nem sempre recebiam um bom exemplo. Então o governo cogitou em usar o convento de Maurícia para esse fim .42 O número de órfãos aumentou assustadoramente de­ pois do começo da revolta. O presbitério preocupou-se muito com esse assunto, porque os órfãos estavam morando no hospital do Recife por falta de um orfana­ to; e por causa do muito trabalho para com os necessitados, não conseguia cuidar adequadamente dos órfãos. O problema era realmente sério. Até os curadores de órfãos (w eesm eesters) da cidade de Maurícia 43 denunciaram que haviam perdido o controle da situação. O governo nomeou então “pais e mães tutores” para os órfãos e exigiu dos zeladores dos templos e cemitérios que apresentassem sem a­ nalmente listas das pessoas falecidas .44

Muitos desses órfãos devem ter alcançado a Holanda depois da capitula­ ção. Nós encontramos alguns deles no livro da diaconia de Amsterdã, em que se vê o reflexo de suas lágrimas de órfãos nas anotações secas sobre transferências de lar em lar, até que entrassem 110 orfanato da capital holandesa .45 Durante muito tempo, após a expulsão dos holandeses do Brasil, os diáconos e os predicantes cooperaram na assistência social aos antigos “flamengo-brasileiros”, como o haviam feito na época do Brasil holandês. Essa cooperação era prevista na “ordem eclesial” da Igreja Cristã Reformada 46 e, em muitos casos, cabia aos pastores a iniciativa na organização do trabalho diaconal. Era conhecida

39Barlaeus: H istória 3 2 1. 411 DN 16/8/1641. J'A C B 10/1641 s5 g 6; 20/5/1642. 42DN 10 e 11/7/1642. 4j Havia w eesm eesters (curadores de órfãos; ''juizes dos orphanos’'; in DN 2 4/9/1637) em cada jurisdição (dois portugueses e um holândes), como na cidade dcAmsterdã, implantado por Nassau. Nassau: "D iscours" 280s. DN 24/9/1637; DN 18/3/1641 ordem para Maurícia; DN 2 2/4/1638 para Igaraçu; DN 20/6/1641 para Paraíba; DN 13/8/1638 para 0 Rio Grande do Norte: DN 7/10/ 1642. para Santo Antônio do Cabo e Porto Calvo; DN 17/10/1642 para Sirinhaém. 44ACB 1/1646 a38. Schmidt: W eezenverpleging. DN 15/2/1646. "buitenvaders en b uitenm oeders" (pais e mães externos). DN 20/4/1646. Como as irmãzinhas Ana e Cornélia Kruyt. esta seguindo como filha adotiva com a família Van der Ley para a Costa Brava da América (Guyana), a diaconia anotando como última entrada as despesas com seu pequeno enxoval: nove florins e dez stuivers: in G A A-AD A 86: 175 (também 147 e 148). Jf’ K e r k o r d e art. 40.

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I g r e ja e Estado no Brasil H o l a n d ê s - 1 6 3 0 - 1654

sua preocupação por essa obra, e os necessitados sabiam que podiam contar com seu apoio .47 O autor de um panfleto da época, em uma obra sobre o Brasil, fez 0 pastor interlocutor do seu panfleto dizer: “ Sempre orarei a Deus que ele execute bem a causa das viúvas, e queira ser um pai para os órfãos, e libertar os pobres oprimidos da violência dos tiranos ” .48 Na verdade, havia muita cooperação entre os dois braços da Igreja, a pregação e a assistência social. Não é surpresa que existisse o costume entre os diáconos de carregar o esquife de seu falecido pastor à sepultura, de modo que homens como o diácono Jean Arragon, da igreja france­ sa, certamente fora um dos portadores do ataúde no sepultamento do pastor Jacobus Carlingius em inícios de 1645.49

6 .2 - DOENTES E CONSOLADORES Havia muitos doentes no Brasil holandês. A guerra, as epidemias, a falta de ver­ duras e frutas frescas durante os anos de sítio assolaram a colônia. Escorbuto, disenteria, malária, influenza, varíola, doenças venéreas e outros tipos de enfermi­ dades atacavam continuamente a população. A grande epidemia variólica de 1641 a 1642, que grassou pelo Brasil, dizimou os habitantes, especialmente indígenas e negros .50 Conhecemos por nome muitos dos que adoeceram, como, por exemplo, o próprio conde de Nassau, gravemente enfermo ao fim do seu primeiro ano no Brasil. O proponente inglês Thomas Kemp, o velho pastor espanhol Dionísio Biscareto e o jovem pastor lingüista Johannes Eduardus voltaram à Europa por causa de enferm idades .31 O cuidado pelos doentes era um trabalho de cooperação entre o governo, a sociedade, na forma de sete “curadores” (três holandeses e quatro portugueses ),52 e a Igreja. Os limites da tarefa de cada parte nem sempre eram muito claros. Sem dúvida, a construção dos hospitais ficava por conta da Companhia, inclusive os salários dos médicos contratados ,33 do diretor, do cozinheiro e de outros ajudantes do hospital .34Mas o próprio governo considerava os diáconos supervisores do hos-

47A viúva Raquel à Stetten apelou a dom.

Kesseler na sua carta de 9/5/1650 (in G A A -A C A 88.4:212, G A A -A C A 3 3 :2 3 7 sd e 5/7/1650). Dom. Gribius ajudou na obtenção de pagamento para a viúva de dom. K em p (in G A A -A C A 6:13 de 1/5/1656). Dom. Ketel. outro ex-pastor do Recife, cra a pessoa responsável pelo recebimento de ofertas para igrejas e pessoas necessitadas (in GARA S Z 1 1 1654 a45). 4S B rasyls S chu yt P raetjen 19; cf. Provérbios 29:7. 4,) Evenhuis: A m sterdam 11 73. Dom. Cralingius faleceu em 9/1/1645; Jean Arragon era diácono no início de 1645; in BPB 1645/6 e GA A-ACA , 88,4:146. íü Carta do H R R aos XIX de 21/1/1642; in A R A -O W IC 57 e B PB 1642/4. Carta de Gedeon Morris à Câm ara de Zelândia. Maranhão. 7/4/1642: in A R A -O W IC 57 e BPB 1642/9. sl A C B 1/1638 sl a4: Kemp regressou posteriormente, G A A -A C A 102: A S N H 1649 a35. DN 31/8/1638. gasthuis-vaders ('"pais do hospital") ou buitenvaders ("pais externos", em con­ traste com 0 binnenvader ou "pai interno", 0 diretor efetivo). Os quatros portugueses foram eleitos da irmandade de misericórdia. 3 Mello: F lam engos 149. 54Lista de salários. Recife, 28/8/1647; in A R A -O W IC 63 e BPB 1647/20.

T ra b a lh o eclesial

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i t a l 55 e em cas0 va§as importantes, a Igreja alertava o governo e tinha influ­ ência na nomeação de pessoas-chave, como, por e x e m p lo , na nom eação do “c o n so lad o r” Eduard Ooms para “pai interno” e diretor administrativo do hospital

durante alguns anos .56 Semelhantemente, o consistório eclesiástico da p a ra íb a mostrou seu desvelo pelo hospital local .57 Além do cuidado geral e espe­ cialm ente no setor das nomeações, os diáconos sabiam que eram responsáveis por parte da manutenção do hospital, e sempre uma parte de sua receita era destinada aos doentes,3S recebendo também ofertas da Holanda, como, por exemplo, caixas de p a n o s usados para os feridos .59 Os diáconos foram ajudados por várias senhoras hábeis e piedosas no cuidado pelos doentes. E cooperavam também com a “mãe in te r n a ” , a enfermeira-chefe .60 r e c i f e n s e

6.2.1 - Função dos Consoladores Para os doentes trabalhavam (além dos médicos, “pais e mães internos” e enfermeiros) os “consoladores de enfermos” . Seu trabalho não se restringia ape­ nas aos hospitais, pois os encontramos também nos navios, nas fortalezas, nos acampamentos, entre os pobres e órfãos, ajudando a fazer testamentos e assistin­ do os condenados em suas últimas horas de v id a .61 Cuidavam de igrejas sem pastor local, trabalhavam entre os índios, consolando, mas também catequizando ou trabalhando como mestres-escola .62 De fato, originalmente na Holanda do sécu­ lo 16, sua tarefa era consolar os enfermos, embora os sãos precisassem também de consolação, além da admoestação ou, em geral, de alguém que lesse a Bíblia para eles. Assim, o nome de “consolador” tinha como sinônimo a palavra “admoestador” ou “leitor” (vermcmer ou voorlezer). O nome mais usado, porém, era o de “consolador de enferm os” ou simplesmente “consolador” (ziekentrooster ou vertrooster). Era um obreiro pastoral “leigo”, cuja função seria denominada atual­ mente “evangelista ” .63 A tradução “consolador” é a melhor, coincidindo também com o equivalente “consolateur”, que era usado nas igrejas francesas da época .64 " Carpentier: " R a p p o r f . DN 1/2/1636. Calvino pensa va até em dois tipos de diáconos: para os pobres e para os doentes, .lansen: K erkorde 114. 56DN 9/6/1649. 57ACB 3/1637 s3 a 8. ■’8Um quarto da coleta dominical em 1647: Hamel: ''R a p p o rf ' 142; DN 6/5/1643. w ARA-OWIC 26 de 15/1/1646. 1,0Carpentier: ''R a p p o rt’': "binnenhuisvader ende moeder": a tradução é de P. C. U. Cavalcante (in Waetjen: D om ínio 392). Durante algum tempo, depois de 1582. em A m sterdã eram consideradas como "diaconisas", fazendo parte da mesa diaconal, mas não do consistório. Kscolhiam-se espe­ cialmente viúvas de pastores. Evenhuis: A m sterdam I 143. 61 Algra: B atavia 220. “ Como o Carel Carels no Recife. ACB 1/1638 s4 a3: 5/1648 s5 al 5. ° A tradução da palavra ziekentrooster ou krcm kenbezoeker não coincide exatam ente com ''e n fer­ meiro". em bora tenham ajudado nesse setor (M ello in Dussen: R elatório 105). Mello: F ontes 1 195 " c o n s o l a d o r dc e n fe r m o s" . N a I n d o n é s ia a d e s ig n a ç ã o de " a d m o e s t a d o r ' ’ se usava freqüentemente. Evenhuis: A m sterdam II 3 1 9ss. 4 Livre Synodal etc.

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A posição social dos consoladores se constituía em uma dificuldade. Eram considerados de “melhor qualidade” que os mestres-escola, mas seu trabalho era muito mais penoso .63 Estavam conscientes de sua posição, e quando em 1647 foram obrigados a servir de guarda nos muros do Recife sitiado, por serem em­ pregados da Companhia, consideraram essa tarefa incompatível com seu ofício. E com isso o governo teve de concordar .66 Nos navios seu trabalho era ainda mais difícil .67 Embora se posicionassem entre comissário da Companhia e sargento ,68 os capitães com freqüência não aceitavam críticas do admoestador oficial .69 O historiador Knappert descreve apropriadamente a situação difícil desses homens: “recrutados entre sapateiros e carregadores de turfa, padeiros, barbeiros, tecelões e lavradores; raramente apoi­ ados por seus superiores, maltratados por seus inferiores, eles eram pessoas po­ bres e torturadas, não educados e mal preparados para sua tarefa ” .70 A posição eclesiástica do consolador, ou evangelista, também era difícil de definir. Era chamado “dom inee”, e de fato era um tipo de pastor leigo ,71 mas não era considerado ministro propriamente. Após uma investigação de sua vida e dou­ trina, seu exame consistia basicamente em uma prova de que era capaz de ler corretamente a Bíblia em voz alta e cantar sem erros os 150 salmos de Davi metrificados .72 Esse exame era tarefa da comissão missionária do presbitério, para não tomar muito tempo da reunião presbiterial .75 Depois de ser aprovado, era apresentado pela Igreja à Companhia. A Igreja insistiu nesse procedimento para que as Câmaras da Com panhia não enviassem consoladores ao Brasil sem que fossem examinados e aprovados anteriormente por ela .74

^ AC B 4/1640 s 6 g2. "van hoger qualiteyt", 10/1638 s4 a 6 q l. “ AC B 1/1647 sl a2. DN 19/2/1647. 1:1 Alíing: “Vloot"’ 51. 68C om o no forte de Nassau na Guiné, Ratelband: D agregister 47. m A C B 10/1638 s 6 a2. 7,1 Knappert: "H andelskerken5' II 104, Bruyn: O ost-Indié 336s, pesquisou a história social de 102 consoladores na Indonésia, achando 18 alfaiates, 14 mcstrcs-escola, 9 ex-pastores, 7 operários, 5 sapateiros, 5 soldados, 2 ex-padres etc.; in Jong: A m erican. 237. 2 e 4. 71 N a lista dos funcionários do forte de N a ssau na G uiné cm 1645, "do m ine" deve ser interpretado como consolador por causa do salário mensal: 30 florins; Ratelband: D agregisters 357. Algra: B atavia 23. Jong: A m erican 11. ’2 R A Z -A C W 65, A D RI de 13 e 27/11/1623, "preuves" do candidato c onsolador François de Blonde, destinado à cidade de Salvador. Carla dos XIX ao H R R de 16/12/1634: in ARA -OW IC 8 e RUB 1634/5. Algra: B atavia 20. cantar "voysen'’ (vozes, melodias). Às vezes treinam ento com um pa stor na visitação dos doentes. 73 G A A -A C A 4 de 12/4 e 3/5/1638. 74Assim em Amsterdã, G A A -A K A 5 de 28/9/1623. O Consistório de Roterdã teve um desentendi­ m ento com a Câm ara local sobre esse assunto: "encom endando (a disputa) ao tem po" para evitar distanciamento, insistiu que o cam inho era da Igreja à Câmara, como acontecia em A m sterdã e em M iddelburg: in G A R -A K R 4, de 3 e 13/3/1651.

Trabalho eclesial

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Era dever dos consoladores assinar a confissão da Igreja Cristã Reformada, conforme decisão sinodal .73 Em seguida, preparava-se a carta de instrução para ele Em primeiro lugar, ele devia consolar os doentes com a leitura da Bíblia. Além disso, em tempos determinados, Ier publicamente trechos da Bíblia ou de um livro de meditações aprovado, além de fazer as orações públicas matutinas, vesperti­ nas antes e depois das refeições .76 E finalmente admoestar contra transgressões do D e c á lo g o , além de ornar sua função com uma vida exemplar .77 A Companhia das índias Ocidentais acrescentou em sua instrução oficial que a admoestação deveria ser feita '‘com discrição e em particular, e não na presença do povo co­ mum” .78 Embora não estivesse previsto na instrução, os consoladores poderiam emitir cartas de transferência dos m em bros da Igreja com a aprovação do c o n s is tó r io local .79Em geral lhes era vedado executar qualquer ação que fosse da exclusiva competência dos presbíteros docentes .80 Podiam ler meditações, mas não pregar oficialmente, sem a aprovação no exame de proponente .81 Não lhes era permitido celebrar casamentos, e os que eram realizados por c o n so lad o res, deveriam ser oficializados diante do m agistrado .82 E por não serem predicantes oficiais, não podiam batizar. Pela falta de pastores locais, isso aconte­ cia, entretanto, de vez em quando. Aliás a própria igreja da Holanda já previra esse problema.8’ De modo que, quando enviou o consolador Dirk Janssen a uma ilha isolada, Fernando de Noronha, concedeu-lhe especificamente essa permis­ são, mas como urna exceção e por motivo de necessidade .84 Entretanto, dificulda­ des podem ter sugerido quando um determinado consolador era transferido para

75ASNH

1630 a 26; in G A A -A C A 100. N o livro de atas do Consistório de Roterdã, há uma fórmula confessional assinada por vários c onsoladores (in GAR-AK.R 1). "O exame da pureza (d outriná­ ria) pertence ao Consistório"; in G A R -A K R 4, de 3/3/1651. 76Cf. Liturgia 57-9. 77 Carta de instrução aprovada pela Classe de Am sterdã; in G A A -A C A 39:7; Boetzelaer: O ostIndié 292. Decálogo: dez m andam entos (Êxodo 20). "O rn ar a doutrina de D eus" (Tito 2.10: cosmética). 78In GA A -A CA 88.4:170-5. art. 2 "vooral apart. ende niet in prescntie vant gem ene volck sullen doen. om hacrluider ampt ende personen in geen cleynachtinge te brcngen". Em tudo. 21 artigos. ™ACB 3/1637 s3 a5. K erkorde art. 64. 8,1 Na carta de instrução; in G A A -A C A 39:7. ACB 11/1640 s4 a 6. 82ACB 7/1644 a20. “J A Classe de Walcheren decidiu em 2/11/1620. que consoladores em caso de necessidade podiam batizar (como os levitas ajudavam os sacerdotes, 2 Crônicas 29.34) e deviam ser cham ados "presbíteros" (o u d e rlin g e n ) nesse caso, para que houvesse ordem e respeito. Mas diante da forte oposição dc Amsterdã, decidiram não pôr isso em prática, porque não seria bom para as igrejas nas índias se as igrejas nos Países Baixos se contradissessem nesse ponto na prática, em bo ra adm itis­ sem não entender que estaria errado (Wielenga: W alcheren 61-72). Deericx Jansz. instrução de 12/8/1632; in G A A-ACA 18a:35. como artigo 5: batismo e casamento, não administração da Santa Ceia. Ele batizou aí em 1632. entre outros, a filhinha F.lunam da escrava francisca e do capitão Day de Olinda, registrada na ata do primeiro consistório da Paraíba 1/11/1635: in Schalkwijk: "Stetten: Jurnael" 5. Evenhuis: A m sterdam II 3 19s.

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outra região, a exemplo do próprio Dirk Janssen, enviado à Paraíba, onde serviu como consolador no forte Santo Antônio, ao lado do piedoso capitão inglês John Goodlad, por saber pregar também em inglês .85 Posteriormente recebeu permis. são do Consistório da Paraíba para buscar sua família na Holanda. O pedido f0j indeferido no Recife, sendo então designado para servir no exército. Ele não acei­ tou, por medo de morrer logo, ocasionando assim a sua dem issão .86 O problema dos batismos realizados pelos consoladores persistiu durante todo o tempo da Igreja Reformada no Brasil. Em 1640, 0 presbitério decidiu cen­ surar os transgressores ,87 mas seis anos depois esse assunto ainda se constituía em um problema. O presbitério perguntou-se 0 que deveria ser feito com as pes­ soas batizadas por um consolador de enfermos.8S Sem dúvida o problema maior era a não-oficialização da função de consolador, o que poderia ter sido contornado aceitando-se a sugestão do Presbitério de Walcheren, que consistia em consagrar em casos específicos, esses consoladores como presbíteros, dando-lhes assim uma posição oficial na Igreja .89 Embora o trabalho do consolador de enfermos nascesse no setor diaconal, não há indícios de que se cogitasse em sua ordenação para diácono, porque era mais um pastor leigo ou evangelista do que propriam ente um diácono (ou “diaconisa”, cuidando da enfermagem dos doentes ),90 e não é surpresa que os consoladores, às vezes, sem querer, entrassem em assuntos que propriamente eram da competência do consistório .91 Por não serem considerados presbíteros, apesar de terem a maior parte da responsabilidade pelo trabalho pastoral nos lugares distantes, também não lhes era permitido representar suas igrejas em reuniões dos presbitérios, embora pudessem comparecer no caso de serem cha­ m ados .92 Certamente a não-oficialização da posição de certos consoladores pre­ judicou o trabalho da Igreja Cristã Reformada durante os anos de sua permanên­ cia em solo brasileiro, por suas dimensões continentais. Essa possibilidade de oficialização, em si, entretanto, não era de todo excluída. Em alguns poucos casos um consolador chegou a ser promovido a proponente e finalmente a pastor, como ocorreu com o inglês Thomas Kemp, o missionário entre os indígenas, e Meindert Hendricks, da Guiné, na África .93 Mas isso era um acontecimento raro. Provavel­ mente o presbitério se surpreendeu com o pedido do consolador Cornei is Andriessen de Igaraçu de ser transferido por causa de “sua família numerosa”, ou então ser s' Stetten: "J urnael" 6 e 12. Janssen participou da primeira Santa Ceia na Paraíba. 86Stetten: "J u rn ae r' 9. Esse consolador não deve ser confundido com seu hom ônim o de Lochem, que aceitou servir c omo professor nas aldeias indígenas: G A A -A C A 39:97 em 1641. 87A C B 4/1640 s2 a5. 88A C B 7/1644 a20: 1/1646 a27. 89Classe de Walcheren de 2/11/1620; in Wielcnga: W alcheren 61 s. 90 Ribeiro: O rigens 58. 1,1 Relatório de dom. Vogel na Classe de Amsterdã 2/9/1647; in G A A -A C A 5:42 e 39:163. 92ACB pa ssim . Ginkel: O ud erling 263. "por que não o instalaram como presbítero?" 93 Injra cap. 8.3.4 e 4.3.2.

•jYabalh0

eclesial

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considerado um candidato ao ministério. O presbitério resolveu tentar uma trans­ fe rê n c ia , recusando terminantemente sua admissão “às proposições ” .94 A situação financeira dos consoladores era precária. Antes de 1640 recebi­ am até menos que um mestre-escola .95 Embora trabalhassem muitas vezes como professores, possuíam a faixa salarial acima de um soldado porta-bandeira, mas abaixo de sargento .96 Queixavam-se continuamente de sua baixa renda, e o pres­ bitério pleiteava diante do governo sua causa,” sugerindo que, pelo menos no caso dos que acumulavam o cargo de professor, o salário fosse aumentado, por­ que não haviam sido contratados na Holanda para exercer essa função, como era o caso de Lambert Jansz, consolador e professor na fortaleza Ceulen (ou Reis Magos) no Rio Grande do N orte,9S que recebia do governo uma pequena gratifi­ cação semanal .99

A situação dos consoladores deve ter-se tornado ainda mais amarga ao des­ cobrirem em 1640 que seus salários, à semelhança dos oficiais e pastores, eram tirados dos parcos vencimentos de suas próprias ovelhas, fato atestado pelos co n so ladores Steven Hendricks, que servira na cidade da Paraíba, após regressar a A m ste rd ã ,100 e Gerrit Cornelis, que serviu durante 28 meses na frota brasilei­ ra .101 O sistema foi posteriormente mudado pela C om panhia .102 De fato, esses co n so ladores também precisavam ser consolados .103

6 .2 .2 - N ú m e ro dos Consoladores Como no caso dos p resbíteros e diácon os, estab e lece r o n úm ero de consoladores é tarefa extremamente difícil. Nas atas de doze anos encontramos

94ACB

10/1641 s3 a l , "syn lastige familie’’. Andriessen tin ha sido aprovado co m o c onsolador em 1640 (in G A A -A C A 33:27 de 13 c 14/2/1640). Serviu, depois de Igaraçu, no forte Príncipe Guilherme em Afogados. Recife (in DN 11/3/1643). 95ASNH 1648 a42 e 4 3 ; in G A A -A C A 101. %Na África, o consolador recebia 36 florins mensais no máximo: Ratelband: D a g r e g i s t e r s 355ss. 97ACB 4/1640 s 6 g2. 98ACB 5/1648 s4 a l. 99DN 5/6/1648: 2 florins semanais extras. Lamberts partiu para a H olanda em 1650; na lista de 25 passageiros no navio “De P elik aan” , 20/3/1650; in A R A -O W IC 66 (podia ser B PB 1650/6a). O salário dos consoladores e leitores em 1647 era de 52 florins mensais; na lista de soldados de 28/ 8/1647; in A R A -O W IC 63 (podia ser BPB 1647/20). Era composto assim: " g agie" (soldo), f. 30; "‘toevoeging” (acréscimo; por tempo dc serviço ou inflação?), f. 16; "leen in geld” (empréstimo em dinheiro), f. 6: (empréstimo na conta?) f. 6. Então o salário-base era somente f. 30, conferindo com o que sabemos da C o m panhia das índias Orientais. N ã o existe um estudo separado sobre os salários na W IC (informação de dr. W. J. van Hoboken, Amsterdã. 18/10/1982). Asaert: M a r i t i e m e G e s c h i e d e n i s II 140-2. 111,1 GAA-ACA 4:165 de 5/9/1639: G A A -A C A 33:28 A D R I de 5/3/1640 “G root knorren van de boots gezellen" [ronco alto dos marinheiros], Ele procurou servir na Indonésia posteriormente. 1 GAA-ACA 3 de 5 e 26/3/1640. "pro rato” . 102 o Suprci, cap. 5 n 35. 0 B íblia:

2 Coríntios

1.3,4.

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os nomes de cerca de vinte deles, mas há freqüentes indicações de que havia muito mais, como no caso da petição, feita pelo presbitério, em fins de 1640, de 12 “apostilas” ou livros de sermões, para servir aos “ leitores”, em lugares onde não houvesse predicantes.104 A palavra “ leitor” (voorlezer) indica tarefa básica do “consolador” : seu objetivo era consolar e admoestar (em geral orientar) não com suas próprias palavras, mas basicamente com leituras bíblicas. Alguns desses “ leitores” trabalhavam por causa de sua aptidão como professores, função a ser estudada posteriormente.105 M as praticamente todos os “ leitores” eram conside­ rados “ consoladores” . Esquadrinhando os documentos, tanto eclesiais como civis e militares, deparamo-nos com 90 consoladores no m ínim o.106 Um dos primeiros a servir na baía de Todos os Santos foi um francês cham ado François B londe.107 Em Pernambuco, igualmente, houve consoladores desde o início, o que foi ates­ tado por uma carta do Alto Conselho aos Senhores XIX, datada de 1631, em que aquele relata que no forte Frederico Henrique (o atual forte das Cinco Pontas no Recife), “ um dos consoladores mais capazes adm oesta o povo ao arrependim ento e à obrigação devida à leitura das orações, da Escritura Sagra­ da e ao cântico de salmos, como também era feito desde o início pelos ingleses na cidade” (de O lin da).108 Entre esses 90 consoladores havia homens de capacidade e responsabilida­ de diversas. Havia consoladores que causavam tristeza geral. N o Rio Grande do Norte, o consolador Frederick Alken não desempenhou seu trabalho apropriada­ m ente, e foi despachad o para a H o la n d a .109 O co n so lad o r francês Daniel Belhombre foi mandado embora em 1638 por causa da sua língua impertinente,110 reaparecendo oito anos depois como consolador na igreja francesa, onde não agüentou permanecer por muito tempo por falta de melhor salário.111 O mais censurado foi provavelmente Jan Luyberts Loos. José Higino, em seu famoso relatório de 1886 104 DN 23/11/1640. C arta do H R R aos X IX dc 10/1/1641; in A R A -O W IC 56 e B PB 1641/2. 11,5 Cap. 6.3.1. A ndrae "D iener" 37, distingue os "leitores'’ como grupo separado; preferim os considerálos consoladores ou professores. 106 L ista p relim inar no A pêndice. 11,7 P osteriorm ente serviu com o com issário da C om panhia no sul de Pernam buco; cidadão casado no R ecife (onde faleceu sua prim eira esposa), m udando-se depois para Itam aracá. C arta dos d eputa­ dos da C lasse de W alcheren a dom . S terthenius de 3 0 /11/1624; in R A Z -A W C 65. M ello: F la m e n g o s 182 n l 11, 185 n 127. C arta de B londe aos XIX de 12/5/1635; in A R A -O W IC 50 e B P B 1635/2. "D o o p b o ek ", R ecife, 20/9/1637, 3/7/1639 e 27/10/1641. DN 4/2/1649. 108 C arta do H R R aos X IX de 6/11/1631; in A R A -O W IC 49 e BPB 1631/42. 1119 A lken havia chegado com o soldado. D epois da sua confissão de fé, trabalhou durante três anos com o co n so lad o r no R ecife e no Rio G rande, causando problem as. A C lasse, porém , não m enci­ onou isso abertam ente na carta de transferência para A m sterdã, causando indagações posteriores (G A A -A C A 4 de 6/9 e 7/11/1639. G A A -A C A 39:57, carta da C lasse de A m sterdã à do Brasil de 17/10/1639. A C B 1/1638 s6 a5, 10/1638 s4 a3, 4/1640 s2 a4). D ep o is foi para Ind o n ésia (GA AA C A 33:18). ""A C B 10/1638 s3 a4; s4 a5; s6 a4. 111 A C B 1/1646 alO ; 1/1647 s7 a8. D N 15/2/1646; 19/2/1647. ACB 5/1648 s5 a l5 .

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sobre as suas pesquisas no Arquivo Real de Haia, disse sobre ele: “Deste padre demissionário ou demitido pode-se dizer que tinha mais vocação para torturar os corpos do que para curar almas”, " 2 pois era apontado como exercendo a função de carrasco. O historiador luterano Andrae opinou que Loos era um pregador leigo dos primeiros anos.'13Nisso tem razão, porque Loos não era pastor, mas sim consolador de enfermos, e um exemplo dos problemas que podiam surgir se obreiros não fos­ sem nomeados pela Igreja, e sim por particulares. Porque Loos não era consolador enviado pela igreja de Amsterdã ou de Walcheren."4 Uma carta do pastor Stetten à Câmara da Companhia de Zelândia nos for­ nece a solução do problema. Informa que chegou com o navio “N. v. Dort” uma pessoa que, durante a viagem, havia sido nomeada consolador pelo capitão e que anteriormente havia sido ajudante do delegado da polícia (diefleyer), encarrega­ do de prender e levar malfeitores para serem executados,"3 e que havendo che­ gado à Paraíba, tornou-se carrasco por moto próprio, causando grande escândalo para a Igreja R efo rm ada."6 Provavelmente Loos nunca serviu de consolador na Paraíba, ou talvez apenas por algumas semanas, porque essa cidade rendeu-se na véspera do Natal de 1634 e o despacho governamental do Recife data de um mês depois, referindo-se a Loos como “ex-dominee” na Paraíba."7 Essa impressão é confirmada pela carta do rev. Stetten que diz: “Loos, havendo chegado aqui, tor­ nou-se carrasco” . Era do conhecimento geral que ele havia trabalhado como consolador durante algumas semanas no navio: daí o choque causado por sua abrupta mudança de profissão, e muito mais porque não se sabia que era uma simples continuação de sua antiga profissão, da qual fora bruscamente tirado pelo capitão do navio durante as semanas da travessia pelo oceano, provavelmente pelo simples motivo de que Loos sabia ler bem, podendo servir então como “ leitor” . Várias vezes a Igreja, tanto no Brasil quanto na Holanda, precisava alertar os res­ ponsáveis a que não aceitassem como consoladores pessoas incapazes ou de vida não exemplar, que ao fim das contas “causam mais irritação que edificação” .118 112 R IA P 30 (1886): 30, sugerindo que Loos era um ex-pastor. A ssim tam bém A lfredo de C arvalho: ‘'M in a s” 776s (in R IA P 64 [1904]: 776s) e P ereira da C osta (in A n ais 111 5), baseando-se em um despacho do governo holandês lançado em 26 de janeiro de 1635, onde Loos, cham ado “ d o m in e '’, foi nom eado carrasco na Paraíba. O despacho de 26/1/1635 não se encontra n os D N , porque tanto no A rquivo R eal de H aia com o no Instituto H istórico do Recife os DN som ente com eçam com 27/3/1635. N ão foi possível ainda localizar a fonte da inform ação cuja citação se preservou no R IA P 3 0 (1 8 8 6 ): 30 n 1. 113 A ndrae: "D ie n er” 48. 114 O nom e de L oos não aparece na lista de consoladores; in G A A -A C A 18a:34, nem nas atas da C lasse ou dos d eputados de W alcheren; in R A Z -A C W 1 e 73. Dr. J. H. van H oboken na sua carta de 27/4/1980. 116 C arta de dom . Stetten à C âm ara de Z elândia de 9/8/1635; in A R A -O W IC 50 e BPB 1635/13. 117 R IA P 30 (1886): 30, “ gew eesen dom ine” . N ão sabem os com certeza quem de fato foi o prim eiro consolador na Paraíba, talvez Jan L odew i jks, que foi repatriado em 1638 (in A C B 10/1638 s5 a2), m as regressou para o trabalho h ospitalar no Recife em 1640 (in A C B 11/1640 s4 a l). 118 C arta de dom . P istoríus aos XIX de 4/11/1631; in A R A -O W IC 49 e BPB 1631/41. G A A -A C A 33:195 de 9/3/1648.

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Tudo isso não significa que todos os consoladores que foram nomeados sem vocação eclesiástica não fizeram um bom trabalho. Aart Bloemendal, que fora da mesma forma nomeado durante a travessia,119 e Abraham Casper, que chegou como cabo do exército, mas que durante a viagem marítima fora usado conio consolador,120 serviram bem, sendo aprovados posteriormente pela Igreja. M uitos co nso lad ores se destacaram por serem obreiros fiéis. Daniel Winckelaer, talvez alemão por ter como nome também Winckle, enviado pela Câm ara de Groningen, trabalhou provavelmente durante doze anos; chegou a servir no exército e era o único obreiro leigo na ilha de Itamaracá durante os últimos anos.121 Também Dirck Watsen que aparentemente era inglês, homem de bom conhecimento e comportamento piedoso, serviu durante vários períodos no Brasil.122 Dentre os mais conhecidos, o consolador Eduard Ooms parece ter sido um de maior destaque. Ooms veio ao Brasil no fim de 1639 e trabalhou inicial­ mente na ilha de Itamaracá.123 Transferido para o R ecife,12'' serviu também como “pai interno” no hospital recifense. Quando o governo procurou diminuir as des­ pesas do hospital, a administração foi transferida para um médico contratado.125 Embora o número de consoladores no Brasil holandês pareça ter sido relati­ vamente grande, sempre havia vagas.126 O Presbitério do Brasil, com freqüência, solicitava aos Senhores XIX providências no sentido de fornecer mais consoladores, como em 1636, quando queria que a Companhia enviasse um deles em cada navio que viesse ao Brasil.127 Não era um pedido fácil de ser atendido, se lembrarmos que nesse ano 35 navios atravessaram o Atlântico, 15 vindos de Amsterdã, 8 da Zelândia, 4 de Roterdã, 6 de Hoorn e 2 de Groningen.128 O trabalho da comissão missionária era interminável, porque a vontade de trabalhar para a Companhia das índias Ocidentais era pequena, por causa do baixo salário; e o Presbitério de Amsterdã lamentou que a incapacidade daqueles que se apresentavam fosse tão grande.129 Entretanto, logo depois conseguiram enviar sete deles ao Brasil, e en­ tre outros o conhecido Eduard O o m s.130 Realmente a comissão missionária trabaÜ A A -.U A 4:271 de 6 /10/1642. 1:0 G A A -A C A 33:38 de 4/9/1640. V oltou depois com o consolador, G A A -A C A 33:42 e 146. 121 G A A -A C A 4:240 dc 7/10/1641. W inler: Stad en Lande 226. A C B 1648 s5 a l e 15. GA A-ACA 88.4: 185s. W inckelacr, W ijn k claero u W inckle. 122 G A A -A C A 33:96, 39:1 15; estava tam bém com o consolador na Indonésia. 123 G A A -A C A 33:18 C arta de A m sterdã à C lasse do Brasil dc 25/1/1640; in G A A -A C A 39:68. ACB 10/1641 s3 a2. 124 A ntes de 9/1647. "D oopboek". R ecife. 8/9/1647; 28/2/1649. 125 D N 9/6/1649; 15/7/1651. 126 C om o m ostra, por exem plo, a lista salarial de 28/8/1647 (in A R A -O W IC 63 e BPB 1647/20). onde não constam consoladores para sete fortificações ao redor do Recife. 127 A C B 10/1638 s4 a2. 128 W aetjen: D om ínio 523. I2‘J C arta de A m sterdã à C lasse do Brasil de 17/10/1639; in G A A -A C A 39:57. I2'11 C arta de A m sterdã à C lasse do B rasil de 25/1/1640; in G A A -A C A 39:68.

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lhou bastante, porque durante quatro meses de 1644 examinou no mínimo 25 can­ didatos, dos quais 10 foram anotados com observações e 9 sem observações. Entretanto, somente 6 estariam prontos para zarpar imediatamente, porém ape­ nas 3 foram finalmente aceitos pela C om panhia.131 O Presbitério do Brasil era também muito cuidadoso em não aceitar qualquer candidato, preferindo antes deixar vagas abertas (que mal preenchidas) e esperar que aparecessem pessoas a p r o p r i a d a s . 1 3 2 Mas as vagas continuaram, especialmente entre grupos minoritários, como, por exemplo, os franceses, assistidos durante algum tempo pelo consolador François Blonde, e os ingleses, servidos por Samsom C alva.133 Talvez os indíge­ nas dispusessem de melhor assistência;134 escravos, entretanto, foram os mais prejudicados pelas restrições econômicas da Companhia, apesar de decisões do presbitério sobre esse setor de trabalho.135 Uma medida que minorou as dificulda­ des foi a do governo de dilatar o prazo de serviço de três para quatro anos em 163 9.136 Por outro lado, o presbitério insistiu com os consoladores para que ficas­ sem até o fim do período contratado,137 e tentou convencer os bons entre eles a ficarem por mais alguns anos no Brasil.138

6 .2 .3 - Livros dos Consoladores Ainda há algo a dizer sobre o material de trabalho para os consoladores. Desde o início da fundação das companhias mercantis na Holanda, as igrejas enviavam consoladores com os navios mercantes, suprindo-os com os livros ne­ cessários ao exercício de sua tarefa.139 Quando a Companhia das índias O ciden­ tais se preparou para as incursões no Atlântico, a Igreja já possuía uma vasta experiência de vinte anos na escolha de livros apropriados; e no arquivo do Presbitério de Walcheren se encontra uma lista de 12 títulos dos livros que seguiram com os consoladores para a baía de Todos os Santos.140 Esses mesmos títulos bási­ cos eram também necessários em Pernambuco: Bíblias, saltérios e “apostilhas’'.141 Com o aumento das conquistas durante a época nassoviana, aumentou a necessida­ de de consoladores e livros. O governo permitiu que os pastores visitassem os

131 De 5 até 9/1644; in A R A -A C A 33:136. ADR1 de 8/9/1644. b2 ACB 4 /1 6 4 0 s8 a7; 7/1644 a27. em caso do p edido do O ffringa para Igaraçu, “ zoo h aest alsscr sto f is". Stetten: " J u r n a e r 6; 1635 no lorte Sul da Paraíba. 134 Cap. 9.2.3. 135 ACB 7/1644 a l5 . 1311Carta dos X IX ao HRR de 24/10/1639; in A R A -O W IC 8 e RUB 1639/7. 137ACB 10/1638 s3 a4: 11/1640 s2 a l5 . bs Com o o fez com os pastores, cf. A CB 4/1640 s2 a7. 1,9 Como a C lasse de W alcheren de 15/12/1603; W ielenga: W alcheren 55. 1411 M em orie Van de B oecken, 1624; in R A Z -A C W 73:15. A ta do C onsistório de A m sterdã de 21/9/1623; in GAA-AK.A 5:136, sem lista. 141 Instrução para o conselheiro S. C arpentier, art. 24. de 20/2/1636; in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/3. "A postilhas": livros com m ensagens bíblicas.

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na v io s no p orto e re tira s s e m os livros que fo ssem n e c e s s á rio s p ara os consoladores, sob a condição, porém, de que as naus não ficassem de todo desprovidas desses livros; a se ainda faltassem, que os solicitassem à pátria .I42 A parentem ente o resultado foi muito parco, pois o governo solicitou que se provessem melhor os navios de livros, e o Presbitério do Brasil encomendou aos Senhores XIX sete títulos necessários aos leitores e consoladores nas cidades e fortalezas.14’ Finalmente a Com panhia manteve um pequeno estoque de livros no armazém recifense.144 O livro mais importante em posse dos consoladores era a própria Bíblia, na nova tradução que foi editada a partir de 1637,145 seguida de perto pela Consola­ ção de Enferm os (Ziekentroost). Esse pequeno livro tem ocupado um lugar muito importante na vida do crente reformado neerlandês, geralmente sendo incluído em cada edição da Bíblia junto com os salmos metrificados,146 a exemplo do Catecismo de Genebra, que em 1559 incluiu um capítulo sobre “como se há de visitar os enfermos” .147 O autor da C onsolação holandesa era o pastor Cornelis van Hille, ou Hillenius.148 Hille nasceu em 1540, na atual Bélgica. Escolhendo desde cedo o lado da Reforma Religiosa, foi intimado a comparecer diante do Tribunal da Inquisição em Bruxelas. Certamente j á havia se refugiado a esta altura em Norwich, na Inglaterra, onde se tornou membro do consistório da igreja e foi ordenado pastor em 1575, após a preparação exigida, sendo eleito como predicante da igreja holandesa de refugiados em Yarmouth. Serviu depois como pastor na Zelândia e Gand, até a expulsão dos cristãos reformados em 1584 (ano do assassínio do príncipe Guilherme de Orange-Nassau), terminando sua vida como “predicante” 149 de Roterdã em 1598. Nos dias da perseguição (1567), Hille escreveu sua C onsolação, opúsculo que ocuparia lugar de destaque durante qua­ trocentos anos na Igreja Reformada, sendo publicado pela primeira vez em Leiden no ano de 1572. E um resumo do ensino bíblico sobre o assunto, contendo inúme­ ras referências. Esse livro chegou ao Brasil já em 1624,150 e estava à venda em 1645 por 18 soidos, ou 90 centavos.151 142 D N 23/2/1638. 143 C arta do H R R aos X IX de 15/6/1639; in A R A -O W IC 54 e B PB 1639/17. C arta da C lasse do B rasil aos X IX de 4/3/1638; in A R A -O W IC 53 e BPB 1638/2. 144 L ista de livros de 1645. I4? Cap. 2.3. 146 L iturgia 91 -9. T ítulo com pleto: D en S ieken Troost/ Twelk is een onderw ysinge inden gheloove, ende den w ech der salicheyt; om ghew illich lich te sterven [C onsolação de enferm os; que é uma instrução na fé e o cam inho da salvação, para m orrer de boa vontade], 147 E m bora não incluída na edição A urora: B uenos A ires, 1962. 148 H illenius: Z iekentroost. 149 Aa: B iografisch s.v. IMI M em orie Van de B oecken, 1624; in R A Z -A C W 73:15. 1M L ista de livros de 1645. N ão foi incluído no saltério português na Indonésia em bora tenham sido p ublicadas as orações pelos enferm os; A kker: Psalm os 692 (1703). H avia ainda o utros 'Mivri-

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Os livros de consolação eram usados principalmente no trabalho pessoal, enquanto nas reuniões oficiais da igreja, pela manhã, o consolador lia mensagens dos livros de prédicas, chamados “apostilhas”, a exemplo do famoso Livro de Casa (H uysboeck), do reformador suíço Heinrich Bullinger,152 ou As Apostilhas, do a le m ã o rev. Abraham Schulte (ou Schultetus). Tinha estudado em Wittenberg e tornou-se pregador da corte e professor de Teologia da U niversidade de H eid elberg. Após a batalha de 1620, no início da Guerra dos Trintas Anos, trabalhou em Emden até a sua morte. Essa conhecida apostilha, publicada em 1611, foi colo­ cada pela Igreja Católica Romana no Index dos livros proibidos. Muitas edições saíram do prelo também em holandês.153 Nos cultos à tarde, usava-se, geralmente, para a explicação do Catecismo de Heidelberg, O Livro Tesouro (Schatboeck), do pastor Festus Hommius.154 E os livros do pastor francês Jean Taffin, como, por ex em p lo , Sobre o Arrependim ento da Vida ( Van de boetveer-digheit des Leevens), e do inglês William Perkins, sobre os Casos de C onsciência (G evallen der Coscientie), e o famoso Católico Reformado (G hereform eert C atholijck) estavam no repertório dos consoladores.155 Menos freqüente era o opúsculo do pastor belga Franciscus Lansbergen, também expulso pelos espanhóis do sul dos Países Baixos, cujo títu lo era M editação Cristã sobre a M orte p a ra Conversão da Vida (Christelijcke O verdenckinge des doots tot beteringhe des leve n s).'56 Para o cântico, o consolador dispunha de saltérios contendo os 150 salmos de Davi (CL Psalmen) metrificados e com notas,157 e no fim do mesmo hinário ele achava as orações para guiá-lo na sua tarefa de intercessor público, além da consolação de doentes j á mencionada.158 Para aprender a orar a Deus existiam muitos opúsculos nos primeiros séculos da Reforma, seguindo muito de perto as orações da Bíblia. Vários pastores haviam sentido essa necessidade nas igrejas e haviam publicado livros desse tipo, seguindo o exemplo de Martinho Lutero e João Calvino. Um dos livros de orações usado na baía de Todos os Santos era o de Johannes Habermann, um pastor da Boêmia, que durante algum tempo fora pro­ fessor na Universidade de Wittenberg. Seu Livrinho de Oração (B et-B uechlein) foi lançado em 1567 e teve ampla aceitação. Continha orações para várias pesso­ as e ocasiões diversas, usando abundantemente citações bíblicas.139 nhos de consolação", com o o dc G uilelm us G napheus, mas com certeza foi o de H ille que se usava m ais nas com panhias. Interessante é observar que o trabalho feito pelo capelão do conde de N assau publicado em 1677 tem por título C onsolação cristã; H undius: Trost. 152 Supra cap. 4 n l 12-4. 153 U sada tam bém na A m érica do N orte, E venhuis: A m sterdam II 350. 1,4 Supra cap. 4 n l2 0 . 155 Supra cap. 4 n 115 e 116. 136 Lista de livros de 1624; in R A Z -A C W 73. E xpulso de G ent em 1584. depois pastor em Roterdã. Existe dúvida sobre a autoria. Bie: B iograp hisch V 559ss. 137 L ista de livros de 1624 (in R A Z -A C W 73:15) especifica que um a parte dos saltérios era com notas m usicais ["een deel m et no ten ”], para que o consolador se lem brasse da m elodia. bs L iturgia 57-9. A kker: P salm os 691ss. 139 H aberm ann: B et-B uech lein. A lthaus: G eb etsliteratur 119ss. W ielenga: W alcheren 55 "além das (orações) que lhes serão dadas por escrito", citando a C lasse de W alcheren de 15/12/1603.

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Além dos livros para o serviço imediato, os consoladores trouxeram em seus baús outros volumes para estudo próprio, como, por exemplo, as Institutas, em holandês, de João Calvino, o reformador de G enebra,160 ou ainda outros compên­ dios de teologia cristã reformada, com perguntas e respostas, como o livro do pastor Guillaume du Buc, francês, da Universidade Lausanne na Suíça.161 Na verdade, a Igreja forneceu livros apropriados aos seus colaboradores. No Brasil, entretanto, a tarefa era árdua e as condições, adversas. Parece que foi e s c rita v is a n d o aos c o n s o la d o r e s a o ra ç ã o final da C o n so la ç ã o C ristã (C hristlicher Trost), da autoria do capelão Joliannes Hundius para o conde de Nassau, livro de sua estimação particular, em que roga a Deus que “os pregado­ res suportem com paciência, até sua salvação, tanto temporal quanto eterna” .162

6 .3 - ALUNOS E PROFESSORES Outra tarefa dos diáconos em cooperação com o governo era o ensino, que visava á educação de ambos os sexos,165 em todos os níveis pedagógicos, tanto primário quanto médio e superior. A lista dos livros guardados no armazém recifense de­ monstra essa preocupação com o ensino em todos os níveis.

6.3.1 - Ensino Primário Para a escola primária havia à disposição, em primeiro lugar, as “cartas de A B C ” e caligrafias.164Além desse material de alfabetização, havia opúsculos religi­ osos, contendo especialmente a oração dominical, o credo apostólico, o decálogo; e ainda existia um catecismo.165 Para os menores, havia um pequeno catecismo cha­ mado Breve Resum o (Cort Begryp). Embora houvesse mais desses livretes no mercado,166 o mais usado era o Breve Resum o, do Pastor Herman Faukelius. Como a Consolação de Enfermos, este Breve Resumo ocupou um lugar de destaque na vida da Igreja Reformada, sendo publicado quase sempre no fim dos saltérios.167 Composto de 74 perguntas e respostas, fornece um resumo do C atecism o de H eidelberg em linguagem simples e concisa. Faukelius era natural de Bruges, ao sul dos Países Baixos. Trabalhou como pastor em uma igreja de refugiados em

16,1 T alvez a edição de 1617 por H. Laurensz, A m sterdã. L ista de livros de 1624: in RAZ-ACW 73:15. 161 L ista de livros de 1624; in R A Z -A C W 73:15. Bucanus: Institutie. A prim eira edição foi de 1602. T radução em holandês e inglês. H undius: Trost 294. A notação bibliotecária no final: "D as B üchlein ist also dem Fürsten besondcrs w crtvoll gew esen" (livro de estim ação do conde de N assau). A CB 1/1646 a 45, "kinderen utrusq sexus". 1,4 L ista de livros de 1645: 680 A B boekjes a 3 stuivers f. 102.-.-; 89 schryf-boekjes in 4o. a 15 stuivers f. 66.15.-. 165 K napperl: "H andelskerken" II 106-10. I('’ C alvino: C ort B egrip. A ldegonde: B egryp etc. Faukelius: C ort Begryp. 167 L iturgie 84-91.

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C ologna e depois na igreja de Middelburg, capital da Zelândia. Publicou uma tradu­

ção do Novo Testamento e foi indicado como um dos tradutores oficiais da nova tradução da Bíblia pelo Sínodo Nacional de Dordt. O Breve Resumo foi publicado em 1608. em Middelburg, e oficialmente aprovado pelo Sínodo de Dordt em 1618.1ÒS Havia também o “ grande” Catecism o de Heidelberg, que sempre aparece como o “Catecismo”, quando mencionado na lista dos livros.169 Conforme o cos­ tume holandês, as crianças deveriam recitar o catecismo antes dos cultos dom ini­ cais à tarde. Ocasionalmente os pastores eram admoestados a que cuidassem desse programa. Nem sempre era fácil, porém, porque as crianças menores não conseguiam acompanhar com sua memória o desenvolvimento do catecismo, e as maiores ficavam envergonhadas de recitá-lo. E a isso nem sempre eram obriga­ das pelos pais. O Presbitério de 1646 reconheceu o problema lembrando que neste país a juventude amadurecia mais cedo que na Holanda.170 O presbitério opinou que os órfãos deveriam dar um bom exemplo e um ano depois observou que o ensino catequético havia m elhorado.171 Ainda havia outros materiais didáti­ cos, por exemplo, histórias sobre o rei Davi, Tobias e, provavelmente, edições dos Salmos e Provérbios em letras grandes, além dos salmos metrificados.172 E final­ mente, para a form ação geral, estava à disposição no arm azém o fam oso Almanaque, de Enkhuizen, publicado anualmente a partir de 1595, contendo in­ formações valiosas sobre cidades, países, feiras, marés, histórias etc.173 Durante a administração de Nassau, a rede primária expandiu-se bastante. O presbitério partiu do princípio de que escolas deveriam funcionar em todos os luga­ res onde havia crianças, especialmente no Recife, onde se precisava também de um professor que ensinasse em português. Nas aldeias indígenas, o ensino deveria ser ministrado em tupi e holandês.174 Um ano depois da chegada de Nassau, havia escolas primárias funcionando em quase todos os lugares da conquista; apesar dis­ so, ainda era necessário alertar os pais a que enviassem seus filhos à escola.175 Aa: B iografisch II s.v. Faukelius: C ort B egryp. A tradução em português é do pastor G uido W aldcmar O liveira. B reve C atecism o. N a lista de livros de 1624; in R A Z -A C W 73:15. P edido em 1638; in A R A -O W IC 53 e B PB 1638/2. Em estoque em 1645: 2951 “ vraeg b o ek jes" a 9 stuivers f. 1180.8.-. refere-se provavelm ente ao catecism o tupi. cap. 11 n 4 1 . m Cap. 2.3. N a lista dos livros de 1645: 61 “deutsch catecism o'', a 8 stuivers f. 24.8.-. Lessa: M aurício 354, sugere que o conde m andou p ublicar m aterial didático, m as parece que m andou buscar livros escolares já existentes na H olanda (carta do C onsistório do R ecife aos deputados de Walcheren de 19/8/1637; in R A Z -A C W 73:28). 17,1ACB 11/1640 s6 a6; 7/1644 a l 1; 1/1646 a 2 1. 171 ACB 1/1647 s2 a4; 5/1648 sl a5. 172Lista de livros de 1645: 65 "Van davit en Tobyas" a 3 stuivers é f. 9.15.-. Jong: A m erican 44. Será que na lista de livros de 1645 “ Psalm os" (201 a 12 stuivers 6 f. 120.12.-.) se referem a essa edição escolar e os "P salm b o ek en " (60 a 12 stuivers é f. 36 .-.-). ao saltério? J Na lista de livros de 1645: 105 “A lm anacque" (sem dú v id a o de E nkhuizen) de oito anos a 12 stuivers é f. 63.-.-. 4ACB 3/1637 s2 a4 e 6; sobre o ensino dos índios, infra cap. 9.2.3. 175ACB 1/1638 sl a 12; 10/1638 sl a4; 11/1640 s3 a3.

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Estabelecer o número de mestres-escola no Brasil holandês é ainda mais difícil que estabelecer o dos consoladores. Novamente, um dos problemas que surgem diz respeito ao uso do termo “ leitor” (voorlezer), agora não usado para indicar “consolador”, mas “professor”. 176 Lemos, por exemplo, nas atas do pres. bitério, menciona sobre um “consolador” de nome Carel Carels, atuante no Reci­ fe, que também era “ leitor” e havia solicitado uma melhora de salário por causa do seu trabalho como “professor” .177 Na mesma reunião se estudou a possibilida­ de de colocar dois “ leitores” nas aldeias “a fim de ensinarem as crianças e os adultos a ler e escrever, e instruí-los nos elementos da religião cristã”, 178 e após alguns meses, dois “professores” estavam trabalhando nas aldeias.179 Essa tran­ sição de “ leitor” para “professor” não constituiu surpresa: aquele que sabe ler bem em voz alta, facilmente servirá de alfabetizador, embora as tarefas fossem distintas. Desde que uma parte do exame dos “consoladores” consistia na verifi­ cação de sua capacidade de ler corretamente, a Companhia procurava, na falta de “professores”, como medida de economia, usar os “consoladores” como “pro­ fessores” nas escolas primárias. Assim, Johannes Engelaer trabalhou no Recife como “consolador”, “ leitor” e “professor”, e 0 consolador Lambert Jansz cuidou da juventude no forte Ceulen, no Rio Grande do Norte, com muito proveito.180 Anotamos, a partir dos documentos, nove nomes de “ professores” e mais oito dos que também eram “consoladores” . Entretanto, deve ter havido muito mais. Eram, em sua maioria, obreiros quase anônimos, a exemplo de Artur Leek, aceito em 1642 pela Companhia, e que faleceu aparentemente no Brasil, sete anos depois,181 obreiros de diversos dons e de nações distintas, holandeses, ingleses, franceses, alemães e pelo menos quatro índios, os quais serão estudados posteriormente.182 O setor menos desenvolvido foi o do ensino aos escravos. Embora se cogitasse em ministrar-lhes no mínimo ensino primário desde o início da administra­ ção nassoviana, isso só teve início por volta de 1645. Posteriormente, providen­ ciou-se um professor exclusivo para eles, que falava sua língua.183 Mas esse trabalho não se expandiu o suficiente, provavelmente por causa da guerra, e as­ sim o Presbitério de 1648 solicitou ajuda na Holanda para esse setor do ensino, indagando a si mesmo se o revés militar sofrido pelos holandeses não podia ser uma conseqüência da negligência de dar instrução cristã aos escravos.184 E em que 176 N a liturgia católica antiga o p reletor era 2o grau das ordens m enores eclesiásticas; na Igreja R eform ada era um cargo sem i-eclesiástico. 177 A CB 1/1638 s4 a3. 178 A C B 1/1638 s l a l5 , “ v o o rlesers” ; cf. 3/1637 s2 a6 “ schoolm eesters'’. 179 A C B 4/1640 s4 a3, “ schoolm eesters” . 18(1 A CB 1/1646 a45; 1/1647 s8 a l 1; 5/1648 s l a7, s 4 a l . 181 G A A -A C A 33:71 e 214. 182 M elch io r Francisco, B ento C osta, Á lvaro Jacó e especialm ente João G onsalves, infra cap. 9.3.2. 183 ACB 3/1 6 3 7 s2 a6; G A A -A C A 101, A S N H 1645 a20. 18J A CB 1/1647 s9 a4; 5/1648 s3 alO . G A A -A C A 102, A SN H 1649 a32, G A A -A C A 5:101, Carta do C onsistório do R ecife de 25 /6 /1 6 4 8 , item 4.

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língua seria esse ensino? Às vezes, as escolas já se assemelhavam a uma verdadeira torre de Babel, quando, por exemplo, na aldeia de Itapecerica, um professor espanhol ensinava as línguas portuguesa e holandesa a crianças indígenas de fala tupi.185 A posição dos professores era um pouco mais cômoda que a dos consoladores. Socialmente eram considerados um pouco abaixo dos consoladores, mas ao fim das contas, recebiam idêntico salário.186 O seu trabalho era de grande interesse para o governo, e todos estavam registrados como funcionários pagos pela C om ­ panhia- Para sustentar a extensa rede de ensino, o governo usava os bens eclesi­ ásticos que eram complementados com impostos ocasionais. M esm o assim era difícil saldar as obrigações, e o presbitério se via na contingência de interceder pelos seus professores.187 Na realidade, os professores usufruíam de uma peque­ n a vantagem: cada aluno, inclusive filhos de funcionários da Companhia, devia pagar-lhes um pouco. Mesmo assim, alguns precisavam solicitar aumento de sa­ lário por causa da carestia geral.188 Eclesiasticamente, a situação dos professores também era m elhor do que a dos consoladores, porque era bem mais definida: eram realmente professores, obreiros (semi) eclesiásticos, que assinavam o livro de confissões, cuja tarefa era considerada quase um ofício especial, e que podiam contar com o apoio do consistório local, estando igualmente sujeitos às suas exortações .189 A carta de instrução do professor refletia claramente a sua incumbência: ensinar a ler e es­ crever, lecionar matemática, além de ministrar ensinos referentes aos fundamen­ tos da religião cristã, orações e disciplina. E deveriam ser um bom exemplo. A instrução não sentiu a necessidade de definir o que lhes era proibido, como no caso da instrução para os consoladores .190

6 .3 .2 - Ensinos M é d io e S uperior Além do ensino primário, houve um projeto de escola secundária, uma “ Es­ cola Latina”, tanto no Recife como na Paraíba. Nesta cidade, o rev. Doornick iniciou em 1642, em sua própria residência, o ensino a um grupo de cinco a seis crianças. N otando o interesse dos portugueses, esperava que isso fosse o início de algo maior.191 Entretanto, seu regresso inesperado para Holanda em 1643 en­ cerrou esse início de trabalho.192 A escola latina do Recife era, na realidade, um projeto oficial do governo no início da administração do conde de Nassau. Este ‘*í Ã C íT n 7 Í 6 4 ( rs 4 a l; s2 lü 8 ^ '“ ACB 4/1640 só g2; 11/1640 s 2 a l 0 . 187 Cf. DN 27/11/1640. 188ACB 7/1644 a l5 . DN 27/9/1644. A C B 1/1647 s7 a7, W aetjen: D om ínio 310. 5 Knappert: "H an d elsk erk en ” II 106-10. K erkorde art. 92. Holl: C ultural S ign ifican ce 111. Stetten: “ Jurnael” 9. Carta de instrução in G A A -A C A 39:9. 191 Carta de dom . D oornick à C âm ara de Z elândia de 1/3/1642; in A R A -O W IC 57 e B PB 1642/8. 192ACB 7/1744 a35.

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aparentem ente havia indicado como possível candidato para dirigir esse projet 0 um estudante de teologia do condado de Nassau, Batholomeus Colius, que, p0r haver viajado bastante, inclusive pela Itália e Inglaterra, conhecia muitas lín_ g u a s .193 A Com panhia lhe concedeu cerca de mais de oito meses de preparo na Universidade de Utrecht, com um abono de 50 florins m ensais .194 Mas parece que ele era um eterno estudante, e só depois de várias adm oestações é qUe seguiu para o B rasil .193 O Alto Conselho no Recife indicou um lugar apropriado para o funciona­ mento dessa escola, fazendo pública propaganda em latim, holandês e português aos que desejassem ter aulas de latim, grego e artes liberais, “sem ofensas de religião "'.196 Foi uma tentativa de contornar o problema da educação dos filhos dos portugueses, que procuravam enviar seus filhos à Espanha ou Roma, após a expulsão dos jesu ítas .197 A escola, entretanto, não chegou a funcionar. Nem ho­ landeses nem portugueses apareceram, estes por causa da resistência oferecida pelo clero rom ano .198 Os livros no armazém recifense em 1645 eram testemunhas silenciosas da malograda tentativa: gramáticas latinas e gregas, com livros de Terêncio, Cícero, fábulas de Esopo, entre outros .199 E é provável que o próprio professor Colius não fosse a pessoa mais indicada para essa tarefa .200 O sonho educacional do conde de Nassau, das igrejas e provavelmente da própria Companhia, visava, inclusive, à fundação de uma universidade (uma “Aca­ dem ia”) no Brasil. Na Holanda toda província, praticamente, dispunha da sua própria universidade .201 O Presbitério de Walcheren, desconhecendo ainda o fra­ casso da escola latina no Recife, propôs, em uma reunião em Amsterdã, a organi­ zação de uma “ academia” no Brasil para instruir a mocidade em filosofia e teolo­ gia, com o objetivo de preparar e formar in loco consoladores e pastores que desde a infância houvessem aprendido a falar a língua (subentendido: holandês, português e tupi ).202 Pierre Moreau, o secretário francês do conselheiro Michiel 193 A D RI de 1/8/1639701 G A A -A C A 33:13. 194 G A A -A C A 33:28 e 33. 195 G A A -A C A 4:216 e 39:81: 33:67. 19,> C arla do I IRR aos X IX de 24/9/1642: in A R A -O W IC 57 e B PB 1642/26. C arta dos X IX ao HRR de 21/5/1643; in A R A -O W IC 9 e R U B 1643/2. 197 C arta dos X IX ao H R R de 18/4/1642; in A R A -O W IC 9 e R U B 1642/1. I9“ H am el: ‘•R apport" 147. C arta do H R R aos XIX de 10/5/1644; in A R A -O W IC 59 e BPB 1644/8. P roblem a de educação portuguesa tam bém na carta dos X IX ao HRR de 22/12/1640; in ARAO W IC 8 e RUB 1640/6. 199 112 gram áticas latinas. 21 sintaxes latinas, 106 R udim ento. 25 D estinationes ei civil. 8 Tcrentius, 5 Cícero, 5 F abula E sophi, 6 E pístola S e le cta , 5 C otloquia L uduvives, 4 gram áticas gregas e 3 N ovos T estam entos gregos. O s últim os foram usados, sem dúvida, no preparo dos proponen­ tes. su p ra cap. 5.4. W aetjen: D om ínio 389, engano quanto ao bom êxito da escola. 21111 Vos: A m stels, "d e luiaard” (0 preguiçoso). D epois seria recom endado para a C om panhia das índias O rientais, m as não podia com parecer (G A A -A C A 4, 7/11/1639). 201 S u p ra cap. 2.3. 2,12 A D R I de 30/3/1643: in G A A -A C A 33:107.

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Gogh, que permaneceu no Brasil durante os dois primeiros anos da revolta rtu gu esa, conhecia esse sonho de ensino superior .203 Provavelmente, foi com

^sse projeto em mente que Nassau convidara o inteligentíssimo jo vem professor ética e física na Universidade de Leiden, Johannes B anningius ,204 para trabalharno Brasil. Chegando ao Recife em 1638, Banningius enlouqueceu depois jep o u co tempo, falecendo em 1642. Legou como lembrança de sua perm anên­ cia no Brasil as E pigram m ata A m ericana, que canta sobre a “paz m auriciana” na “feliz Brasília ” .205 Quando os holandeses foram expulsos do Brasil, o trabalho diaconal da Igreja Cristã Reformada na Holanda necessitou intensificar-se para poder ajudar os destituídos e órfãos que aí chegaram, depois dos longos anos de sítio. Já em 1643, a Diaconia do R ecife devia à de Amsterdã mil florin s.206 Esta recebia ocasional­

mente doações e legações para o trabalho no Brasil .207 Embora o estojo da Santa Ceia do Recife entrasse na caixa dos pobres de Amsterdã em 1655, como parte de pagamento das dívidas, suas despesas com os órfãos eram muito m aiores .208 Em geral, havemos de reconhecer que a diaconia no Brasil holandês traba­ lhava mais no setor curativo que preventivo, embora não tenha se esquecido des­ se aspecto, como bem ilustra seu pedido em favor dos soldados casados que voltassem o quanto antes de Angola para o Brasil, a fim de cuidar de suas espo­ sas.209 Caso houvessem dado ouvidos à inquirição de alerta do pastor recifense Jacobus Dapper, no início do governo de Nassau, sobre se era lícito a um cristão negociar ou possuir escravos, talvez pudessem ter ajudado não somente individu­ al, mas também estruturalmente, e assim teriam dado mais atenção aos mais pobres de todos, que eram os escravos .210 O próprio conde, entretanto, pensava que era impossível fazer algo no Brasil sem ajuda de escravos, e que se alguém se sentisse com a consciência culpada (referindo-se na carta a pessoas como o rev. Dapper), seria somente por causa de escrúpulos desnecessários,2" assumindo

2113 Moreau: H istoire 203. C osta: A nais III 189. 2114 Johannes B odeeherus B anningius. M oonen: H olandeses 37, B enningh; preferim os B anning como publicado na E pigram m ata. B anning veio com o m agistrado. M ello: “ B an n in g h ” . 2lb Banningius: E pigram m ata XI, felix Brasília... Paxque regit vestras M auriciana plagas [feliz Brasília... e a paz m auriciana rege vossas plagasj. Besselaar: "F pigram m ata". 2“ “R enteboek" diaconie A m sterdã. G A A -A D A 64:44; 65:31. J’7 Como em 1645 os bens deixados por L aurensz Pietersen. G A A -A D A 65:32. 2118 GAA-ADA 65:32. 2iijDN 10/7/1642, não na C oleção H igino no Recife, som ente in A R A -O W IC 69. K erkorde art. 25. Bíblia: Levítico 25.35. Voetius: "é m elhor evitar um a q u e d a por m eio de algum a ajuda, do que sustentar o caído ou erguê-lo da queda"; in Jansen: K erkorde 116. ‘"'ACB 1/1638 s4 a5. A ta da C lasse de Z ierikzee de 18/9/1637; in GZ 74. Flecknoe: Traveis (1654) 79s: para prevenir que o escravo não fosse esm agado pelo m oinho, o próxim o sernpre tin h a um a íoice pronta para cortar-lhe o braço, se ficasse preso! Nassau: "D iseours" 292, refletindo um a área subdesenvolvida da consciência individual e coletiva da época, ct. o panfleto Trouhertighe O nd errichtinghe ("Instrução fiel", 1643). 9s.

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Igreja e Estado no Brasil H olandês - 1630-1 654

dessa forma uma posição decerto em conformidade com o pensamento da sua época, mas contrária ao pensamento do pai intelectual da Companhia, o belga Usselincx, e do pai espiritual da Igreja Reformada, o francês João Calvino .212 A pergunta do corajoso Dapper, entretanto, não ficou sem ressonância. Sua carta foi examinada em seu Presbitério de origem, Zierikzee, em uma das ilhas da província de Zelândia, e o seu colega Godofridus Udemans incluiu o assunto em seu livro que saiu do prelo no ano seguinte, cujo título era O Lem e Espiritual do N avio M ercante, obra importante pela sua orientação prática para a época Udemans sugeriu que um escravo convertido deveria ser solto após sete anos de serviço, contados a partir do dia da conversão, porque “desde aquele tempo se tornou nosso irmão ” .213 Se houvessem seguido ao menos essa orientação, teria sido mais justo; mas, a exemplo dos dias atuais, exercitar misericórdia era mais fácil que fazer justiça. Sem dúvida, porém, o trabalho diaconal ocupava um lugar de honra na Igreja Cristã Reformada no Brasil holandês .214 E interessante observar que provavel­ mente a última missiva eclesiástica do Recife holandês a ser tratada pela comis­ são missionária do Presbitério de Amsterdã é uma carta da viúva Raquel à Stetten, solicitando auxílio para sua família, auxílio que foi concedido durante uma década depois de sua volta à Holanda, até sua m orte .215 E a última referência ao Brasil é uma anotação diaconal nas atas do Sínodo da Holanda Setentrional de 1667, sobre o falecimento da viúva do pastor espanhol Dionísio Biscareto, antigo missionário entre os indígenas no B rasil .216 O trabalho missionário entre os indígenas será estudado em seguida.

212 U sselincx: supra cap. 2.5. B iéler: C alvin 170-4, "contraire à to u t ordre de nature,... 1’ ordre de D ieu renversé". 213 U dem ans: R oer 183 X IIII, citando a Bíblia: D euteronôm io 15.12-4, "Van dien tijd t is hij onsen B roeder ghew orden” . U dem ans pastor em H aem stede, Z ierikzee, Haia, no Sínodo de Dordt, Den B osch e U trecht. E screveu m uito. O G eestelijck Roer (L em e espiritual) em 1638 (1655, 3a ed; 1682, trad. alem ã), com posto de seis "liv ro s” sobre a u tilidade do com ércio, o ofício de comerci­ ante e de navegador m ercante, 0 tráfego com as índias e os turcos, c sobre a guerra marítima. Pro cu rav a dar um a ética prática, sustentando com o A m esius “ theologia est do ctrin a D eo viven­ do" (V ergunst: U dem ans 8). Um dos líderes do puritanism o holandês. 214 E venhuis: A m sterdam II 73s. C onform e 0 sonho do reform ador João C alvino. Holl: Cultural S ign ifican ce 99s, 182 n47, 186 n57. 2,5 A D R I de 24/2/1653; in G A A -A C A 33:308. A S N H 1665 a6; in G A A -A C A 103. 216 A SN H 1667 a4; in G A A -A C A 103.

terceira / arte

IGREJA E MISSÃO

^ C a p ít u l o 7

MISSÕES DIVERSAS

/V Igreja Cristã Reformada no Brasil deu muita atenção ao trabalho missionário. Alguns historiadores têm afirmado que ela descuidou dessa obra ,1 mas a maior

parte dos estudiosos da época reconhece que ela teve visão missionária.

7.1 - VISÃO MISSIONÁRIA Essa visão brotara com o alargamento do horizonte geográfico dos holandeses. Assim como o trabalho m issionário da Ibéria, que começou com as grandes des­

cobertas por volta de 1500, essa visão raiou nos Países Baixos quando sua frota começou a zarpar pelos oceanos, à procura das fontes de riqueza espanhola, que possibilitaram aos Habsburgos esmagar a liberdade nacional e religiosa nas suas províncias nórdicas. O pastor Petrus Plancius, o pai da missão holandesa, flamengo de nascença, ensinou no púlpito da Igreja Velha de Amsterdã, aos marinheiros, a arte de navegação, incentivando as igrejas ao trabalho missionário .2 Já no ano de 1598, vinte anos depois de a cidade escolher o lado da Reforma Protestante, o assunto “missão” foi tratado no Consistório de Amsterdã, que assumira, assim, a liderança missionária nas Províncias U nidas .3 Quando as igrejas reuniram-se em sínodo nacional em 1618, trataram da “propagação do Evangelho nas índias e em outras regiões”, especialmente “onde nossos países têm comércio” , apresentando esse assunto aos Estados Gerais .4Muitos teólogos insistiam nessa responsabilida­ de, como o pastor Willem Teellinck, que publicou em 1624, ano da tom ada da cidade de S alvador, um p a n fle to intitulado G ra tid ã o de D a v id (D a v id s Danckbaerheydt), anexando uma carta a “todos os que desejam a felicidade da Companhia das índias Ocidentais”, para enfatizar que a porta se havia aberto para o trabalho missionário com a captura de Salvador .5 O jurista Hugo Grotius 1 Knappert: "H andelskerken" 131. 2 Evenhuis: A m sterdam II 316ss. I 176 b.e dois retratos. K euning: P lancius. Joosse: Scoone dingen. estudo valioso sobre m otivos e atividades m issionários reform ados da H olanda, na p rim ei­ ra parte do século 17. J Evenhuis: A m sterdam 11311. 4 Kuyper: P ostacta 267. Teellinck: D avids 26a.

Igreja e E stado no Brasil H o lan d ês - 1630-1654

186

escreveu um manual de evangelização para os marinheiros e comerciantes da Holanda, para suas viagens ultramarinas, intitulado Prova da Verdadeira Reli­ gião (Bewijs vau den waren G odsdienst ),6 e o rev. Udemans publicou O Leme E sp iritual do N avio M ercante ( 7 G eeslelijck R oer van 7 C oopm ans Schip) apontando para o mesmo alvo .7 Isso não significa que a visão missionária tenha se concretizado o bastante, em toda a igreja da Holanda, mas o clima estava presen­ te ,8 inclusive nas igrejas ultramarinas. Poucos documentos eclesiásticos do primeiro tempo do Brasil holandês so­ breviveram, todavia em uma carta do Consistório do Recife de 1635, preservada no livro de atas do Presbitério de Amsterdã, essa visão é muito clara. E um apelo para ajudar no trabalho entre portugueses e “brasilianos’', com pedidos específi­ c o s .9 As atas do Presbitério do Brasil de 1637 dizem: ''Visto convir que os predicantes se interessem pela conversão dos brasilianos, portugueses e negros, que não pode ser esperada sem os meios apropriados, apresentam-se agora os seguintes meios ...” .10 Embora os judeus não fossem citados nessa ata, a prega­ ção entre eles deve ser mencionada em primeiro lugar, e em seguida, o trabalho entre outros grupos étnicos, os "africanos”, os “holandeses”, os “portugueses” e os “brasilianos” , como eram denominados os índios. A evangelização entre os portugueses e os brasilianos será estudada mais detalhadamente.

7.1.1 - Missão aos Judeus Sem dúvida, o fruto mais importante do espírito missionário diante dos judeus foi a liberdade de religião para eles, assunto a ser estudado posterior­ mente." Barlaeus, descrevendo a época nassoviana no Brasil (1637-1644) e re­ ferindo-se aos judeus, salienta que é necessário “persuadi-los à fé em Jesus Cris­ to, filho de Maria, como Messias prometido, e havia muito nascido ” .12 Não há indícios de que o diálogo com Israel se tenha desenvolvido, apesar dos freqüentes contatos nos negócios diários. Há um parágrafo interessante no primeiro relatório pastoral preservado, o do rev. Jodocus à Stetten, da Paraíba, sobre uma moça de nome Judite Lion. Seus pais, Simon Lion e Filipina da Fonseca, aproveitaram a liberdade religiosa para desistir da conflitante situação de “cristãos-novos”, e decla­ raram-se ju d eu s abertamente, adotando os nomes de Abraão e Sara. Mas sua filha Judite, '‘por zelo e impulso do Espírito Santo”, converteu-se à religião cris­ tã, insistindo muito, dando testemunho na reunião do Conselho da Igreja Refor6 G rotius: G odsdienst. 7 U dem ans: Roer. s G ensichen: M issio n sg esch ic h te T 11. '' G A A -A C A 4 de 25/10/1635. Cf. tam bém a carta de 19/8/1633, veja cap. 7 n29. 111A CB 3/1637 s2 a6. 11 Infra cap. 13. i: B arlaeus: H istória 53. dando a entender, conform e a opinião geral da época, que a esperança da restauração de Jerusalém terrestre devia ser desarraigada.

^fissões d iv e r sa s

187

j^ada da Paraíba, na sua terceira reunião, realizada a 26 de jan eiro de 1636, de fnodo a suscitar a admiração do consistório. Ela foi aceita, adotando o nom e de Christina. N ão consta no relatório detalhado do pastor Stetten que ela tenha sido batizada, prova maior de que era uma família marrana, batizada na Igreja Católica R o m an a .13

7.1.2 -

Missão aos A frica n o s

A atenção missionária voltou-se, em segundo lugar, para os africanos. E m ­ bora muito pouco se tenha feito por esse grupo, em comparação com a missão entre os índios, muitos, desde o início até o fim da ocupação holandesa, foram recebidos na Igreja Cristã Reformada. Parece que os primeiros africanos foram “recebidos” pelo pastor Johannes Baers, no início da ocupação holandesa, porque diz em seu panfleto Olinda, de 1630, que no culto na igreja da Sé de Olinda “muitos pretos e pretas... escutavam humildemente, e eram também (assim se dizia) batizados ” .14Mas o rev. Baers não os havia batizado ,15 e sim queria enfatizar que esses africanos já podiam ser considerados quase como membros da Igreja Reformada, uma vez que havia testemunhas que afirmaram serem pessoas já batizadas e que assistiam tão piedosamente ao culto. Não temos certeza de q uan­ do o primeiro africano foi batizado, mas o rev. Stetten tinha a impressão de que fora o primeiro a realizar o batismo de um africano na igreja reform ada .16 D uran­ te a época do conde de Nassau foi o pastor espanhol Soler que se dedicou mais à evangelização dos escravos, pregando-lhes j á no início do seu ministério (16361644).17 A última criança negra a ser batizada no Igreja Cristã Reformada decer­ to foi o pequeno Antônio Congo, filho dos membros professos Manuel Congo e Maria Mattane, tendo como testemunhas Anthony Angola e Maria Criole, um dia antes da capitulação da Taborda, em janeiro de 1654.18

7.1.3 -

Missão aos Holandeses

Um outro grupo cuja evangelização foi estudada em capítulos anteriores, era formado pelos invasores. Grande parte deles j á teria recebido o batismo na 13 Stetten: " J u r n a e r 7: inA R A -V W IS 1408. A R A -O W IC 51 e B P B 1636/33. "F ilep in a de V onseca". Dussen: R elatório 108 e n242 sobre a conversão de cristãos-novos ao judaísm o. 14Baers: Olinda (port) 47; no original 33: "vele swarten cnde sw artinnen inde Kerke ghecom cn, die stil ende devootich saten ende neerstich toehoorden, die w elck oock (soom cn seyde) ghedoopt w aren". b Moreira: "H o lan d eses” 166. "B aers... batizou... m uitos naturais de cor negra". 16 Stetten: "Ju rn ael" 15. 17Carta de dom. Soler à C âm ara de Z elândia de 8/6/1636; in A R A -O W IC 51 e B PB 1636/9. Soler: Verhael 6. casando e batizando. Doopboek", Recife. 25/1/1654; in G A A -A C A 52 (cap. 3 n222). N o livro de batism os do Recife ocorrem entre 1634 e 1654 cerca de seiscentas referências a africanos, ou seja, m ais de 7% (com o Congo. Angola, Negro. N.N. etc.). O casal mais conhecido provavelmente era Francisco e Catharina(°). que trabalhou na casa do conde ("D oopboek". 1 1/1/1643); ele. sendo preso durante a insurreição, escapou, depois, novam ente para o lado holandês; Journael 1647 (D iário 169), 2/1/1646.

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Igreja e Estado no Brasil H olan d ês - 1 6 3 0 - 165^

Europa, vin do de países p rotestantes, com o os Países Baixos, Alemanha Escandinávia, Inglaterra e Escócia, ou de países católicos romanos, como os fran. ceses. Mas nos países protestantes havia pessoas não batizadas, em parte porqUe aí a liberdade religiosa era maior e, em parte, pela presença de grupos batistas Eram casos isolados, porém. Provavelmente, 0 soldado enfermo batizado pel0 rev. Baers na igreja da Sé, em Olinda, durante um culto nos primeiros dias de ocupação, seja um exemplo deles .19 O rev. Stetten relata o caso de outro soldado Lodewick Willemsen, “alem ão” de Wesel, servindo na Paraíba, sob o comando do capitão Stalpaerd, que “deu provas suficientes de que não tinha sido batizado”.2» Existiam também na Holanda grupos de menonitas. Eram grupos de anabatistas pacíficos, depois de uma época de agitação revolucionária e apocalíptica. Nos Países Baixos, o líder pacificador tinha sido o ex-padre Menno Simons, de Witmarsum, da Frísia .21 O grupo rejeitava o batismo infantil. Um de seus mem­ bros seguiu como soldado para o Brasil. Aqui chegou a fazer profissão de fé e foi batizado na igreja do Recife, em 1634, sendo anotado no livro de batismo “ Herman Jelissen Menist, de 26 anos ” .22 Indubitavelmente houve mais batismos de adultos. Pastor Stetten escreveu em seu “Jurnael” da igreja da Paraíba, que realizou batis­ mos em todas as igrejas, mas que nesse relatório ele só indicava o modo de agir, e que cada pessoa era registrada, ao ser batizada, nos livros das igrejas locais .23

7 .2 - MISSÃO AOS PORTUGUESES O trabalho entre os portugueses, em seguida, merece atenção especial. Todos o consideravam necessário, em bora o presbitério admitisse que não se dava tanta atenção a esse setor como deveria ser .24 Quanto à religiosidade dos portugueses, na opinião dos holandeses, alguns os consideravam “uma gente s e m f é ’Vde acor­ do com a opinião do piloto Dierick Ruyters, que dizia terem comportamento “ateísta” não em palavras, mas na vida diária .25 A maioria, porém, teria a mes­ ma opinião expressada em uma carta do Presbitério de Pernambuco aos Senhores XIX, de 1638, em que se diz que “os portugueses são mais inclinados ao judaís­ mo que à verdadeira religião cristã. Em bora tenham páter-nóster pendurados ao pescoço, são inclinados para Deus, em seus corações ” .26 Barlaeus considera os 19 Baers: O lind a (port) 47; dificilm ente um m ercenário português, cf. cap. 7 n86-8. 2" Stetten: "Ju rn ae l’' p8, art. 3. 21 T am bém nom e de c o lô n ia m en o n ita no Paraná. 22 "D o o p b o ek ", Recife. 23/7/1634. A o todo. o D o o pboek anota oito adultos batizados entre 1633 e 1638. 25 Stetten: “.lurnael'' 16. 24 A C B 11/1640 s4 a3. 25 R uyters: Toortse 5. "een G od t-lo o s v o lck ” . N a tradução, Tocha 27. ''g e n te sem fé", mas 0 significado seria m ais "povo ím pio", com o na Bíblia: Salm o 1. 26 C arta da C lasse do B rasil aos X IX de 4 /3 /1 6 3 8 (in A R A -O W IC 53 e BPB 1638/2). "... ende wel de paternosters dagelix aen den halse dragen. ende doch G ode gesindzijn in haere herten” ; pessoas religiosas, m as de d outrinas erradas.

M is S õ e s

d iv e rsa s

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^ugueses como cristãos, mas chama-os, conforme costume da época, “papistas”, P°resCe n ta n d o que '‘convinha mostrar-lhes as épocas dos erros nascidos na Igreja, bolindo-se a convicção de reconhecerem a autoridade, e esta infalível, de um só hefe supremo na terra ” .27 Até na poesia se percebe com clareza que o alvo da ínissão reformada era purificar de acréscimos não bíblicos a religião cristã romana .28 O pregador mais constante entre os portugueses foi o pastor espanhol Vincentius Joachimus Soler. O Consistório do Recife solicitou alguém que pregas­ se em português, em 1633, “porque, pelo que podemos perceber, alguns portugueseS entre nós, podem ser levados à fé ” .29 Logo após sua chegada, o rev. Soler iniciou cultos em francês e ainda reuniu uns quinhentos africanos e brasilianos, que haviam recebido ordem de assistir ao culto em espanhol .30 Em quase todos os anos, acham-se referências de que ele estava pregando em francês, espanhol e português .31 Em sua carta, publicada em 1639, Soler observa que os portugueses estavam começando a dar atenção e que já não mais criavam problemas para ouvir a pregação .32 Além do trabalho regular entre os brasilianos na aldeia de N assau, Soler continuou seu trabalho em francês e português no Recife, am plian­ do-o com pregações em português em Olinda. Quando o presbitério deliberou, em novembro de 1640, que se deveria dar a mesma atenção à pregação entre os portugueses como se dava aos brasilianos, Soler prontificou-se a aceitar mais esse desafio .33 Os documentos que atestam essa atividade mostram que, muitas vezes, a palavra “espanhol” deve ser interpretada como “português” nos docum entos ho­ landeses da época. O conselheiro Dussen diz que Soler pregava em ''português” no Recife, em Olinda e na aldeia de N a ssau .34 Mas os D agelykse N otulen , as atas diárias do governo, registram que havia poucos visitantes no culto “espa­ nhol”, no Recife .33 Pode admitir-se o conhecimento de castelhano entre os portu­ gueses, tanto mais quanto tinham estado sob a Coroa dos Filipes. Parece que Soler

27 Barlaeus: H istória 54. 28 Revius: Biechte 4, "w cch houten Jacob” (lora, Tiago de m adeira). Am pzing: E pigram m atum I. 3. :'J Carta do H R R aos X IX . Recife. 19/8/1633: in A R A -O W IC 50 e BPB 1633/5. J" Carla de dom . S o ler à C âm ara da Z elân d ia, R ecife. 8/6 /1 6 3 6 , “ qu"on don n cn t ord re que 500... gallerie au bas du tem ple...". D ecerto no Recife velho. Igreja do C orpo Santo: in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/9. Cf. d epois da restau ração p ortuguesa: A ndrade: M em ória (1 6 8 0 ? ) 146. " o b r i­ gando os (tap u ias) a ‘asestirem nas m iso is E lle u a u n d o -o s’ ora por bem ou por m al q u a n d o for necessário...". 31 Ex.: C arta do IIR R aos X IX , Recife. 25/8/1637: in A R A -O W IC 52 e BPB 1637/28. '2 Soler: Verhael 7. 33 ACB 11/1640 s4 a3. ~’4 Dussen: R elatório 105. " DN 18/5/1639 (com cavalo e um escravo para cuidar do anim al). Barlaeus: H istória 137 ''nenhum só papista que deseje ouvi-lo". "E spanhol": paralelo à palavra "duy tsch " nos docum entos, que não se refere à língua alem ã oficial, a "deutsch". m as sim a "dutch". o dialeto alem ão baixo, falado parcialm ente tam bém na H olanda.

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Igreja e E stado no Brasil H o land ês - 1630-1 654

manteve esse duplo ministério em francês e português, durante os oito anos qUe serviu no Brasil .36 E tudo indica que continuou servindo aos seus conterrâneos depois de regressar à Holanda, pois as atas da igreja valã de Delft, onde Soler serviu então, registram em 1653 que o espanhol dom Antônio D ’Oquendo, nativo de Biscaia, “abjurou as heresias e superstições da Igreja Romana, e declarou que vive. ria e morreria na profissão da doutrina da Igreja Reformada, crendo nela totalmen­ te, conforme as Santas Escrituras, como sendo a única regra de verdade ” .37 Não somente Soler pregava em português; outros pastores devem ter tam­ bém se esforçado para alcançar os portugueses com o Evangelho. Francisco de Brito Freyre, governador de Pernambuco restaurado, de 1661 a 1664, afirma que os pastores faziam prédicas constantes e realizavam casamentos de “moradores católicos com estrangeiros hereges ” ,38 citando os nomes Fredericus Kesseler, P. J. Lantman, Franciscus Plante, Vicentius Soler e David à Doreslaer .39 Escritores posteriores afirmam que os '‘heréticos mandaram pregar por todas as partes as torpes doutrinas das suas seitas ” ,40não perdendo ocasião de chamar os portugue­ ses para sua crença .41 De fato, os obreiros da Igreja Cristã Reformada, tanto pastores como licenciados e consoladores ,42 tentaram alcançar os “moradores” luso-brasileiros com a mensagem da Bíblia. O trabalho da pregação foi complementado pelo ministério da literatura. Todos os escritores portugueses da época referem-se aos livros protestantes. Duarte de Albuquerque Coelho, em suas M em órias Diárias, fala da gravíssima dor que sentiu ao ver que em tão pouco tempo outros ensinos estavam sendo semeados por “meio de livros que se espalhavam” 43 Frei Manuel Calado e Brito Freyre referem-se também às publicações reformadas .44 Que livros seriam esses? 36 A ta do consistório da igreja valã de Delft, H olanda, 23/4/1645; inG A D -A W G 1. Seu m inistério em O lin d a d urou um ano (1639/1640); DN 12/10/1643. 37 GA D -A W G 1 de 23/3/1653; teria ele algum grau de parentesco c o m o alm irante da arm ada ibérica, dom . A ntônio D ’O quendo, o “ navegador biscainho com excelente passado no m ar", que tentou expulsar os holandeses em 163 1? B oxer: H olan deses 66. 38 B rito Freyre: N ova L usitânia 380 § 722. 39 D e onde B rito Freyre obteria esses nom es? Estariam ainda guardados na m em ória do povo p ernam bucano, depois de seis anos da expulsão dos holandeses? C ertam ente não, pois quatro deles já haviam retornado à H olanda, há m ais de dezessete anos, e L antm an trabalhou som ente um pouco m ais de um ano no Recife, antes de falecer em 1640. A fonte usada p or Freyre nesse ponto deve ter sido B arlaeus (B arlaeus: R erum ), utilizando os prim eiros quatro nom es enum erados por este. e m ais 0 m issionário entre os índios. E m bora não seja um a lista exata dos pastores que pregavam em português, talvez seja m ais um a confirm ação de que os obreiros, especialm ente os m ais jo v en s, esforçavam -se para cum prir a decisão do presbitério, que todos deviam pregar aos portugueses, na m edida do possível. A C B 11/1640 s4 a3. 411 C outo: D esagravos 132. 41 Gam a: M em órias t2 p42. usando a palavra "luterana" em um sentido am plo, para protestantes. 42 T odos esses eram geralm ente denom inados ‘'do m in ee” . pastor. 43 C oelho: M em órias 299. 44 Calado: L ucideno I 68; B rito Freyre: N ova L usitânia 380.

M is S õ e s

d iv e rsas

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Arquivo Real de Haia, encontra-se uma interessante lista das obras ex isten tes a z é m da Companhia, no dia 9 de junho de 1645, quatro dias antes da eclosão da guerra da Restauração. Essa lista de 29 títulos contém, pelo menos, seis livros indubitavelmente eram usados no trabalho de evangelização em português.42’ a r m

7,2.1 - A Bíblia Em primeiro lugar devemos mencionar a Bíblia. N a época, a Bíblia não dia ser lida em língua vernácula em países católicos romanos, a não ser com ermissão especial. A Igreja Cristã Reformada, porém, teve sua principal raiz no estudo da Bíblia nas línguas originais, seguindo o grande adágio humanístico “jld fo n te s ’ de volta às fontes da civilização cristã. O estudo profundo da Bíblia no hebraico e no grego foi seguido por uma avalanche de traduções do Antigo e do Novo Testamentos nas línguas populares, e por uma rápida divulga­ ção em larga escala entre as massas. Com a chegada de um grupo de represen­ tantes desse movimento ao Brasil, iniciou-se a distribuição da Bíblia na língua do país, tanto no período baiano como no nordestino (1624-1625 e 1630-1654). Nas listas preservadas, a Bíblia sempre aparece em primeiro lugar de im portância .46 Assim, em uma memória de livros enviados com os consoladores às índias O ci­ dentais em 1624, aparece a Bíblia ou o Novo Testamento em espanhol .47 Sendo praxe usar-se uma lista fixa 48 na preparação do “baú” do consolador que ia zar­ par, seja para a América do Norte, Brasil, Ceilão, Formosa, Indonésia etc., temos certeza de que a Bíblia apareceu também como primeiro livro importado no N o r­ deste. Em 1636, o pastor Stetten, escrevendo de Itamaracá aos Senhores XIX, solicitou uma Bíblia que fosse escrita realmente em português, impressa em Lisboa, porque “as Bíblias em castelhano aqui não servem” 49 No mesmo ano, o governo escreveu na instrução do conselheiro Carpentier, artigo 26, que se precisava trazer Bíblias e Novos Testamentos, junto com saltérios, catecismos e algo que versasse sobre “ umas controvérsias”, em português .50 O presbitério também, em uma carta de 1638, pediu Bíblias em primeiro lugar .51 Não sabemos exatamente que edição foi enviada ao Brasil. Caso se tratasse de Bíblias espanholas de fato, provavelmente seriam exemplares da tradução de Cassiodoro de Reina, revista por Cipriano de Valera.-2 Pouco antes da revolta portuguesa, achavam-se no depósito da C om pa­ "Lista de livros de 1645". A lista foi citada tam bém pelo dr. M ello: "S o ler" 249. N o total, foram contados 7.615 livros, no valor de f. 4080.16.-. leia-se: 4.080 florins (guldens). 16 soidos (stuivers) c nenhum centavo (cent). Cf. cap. 3 n l6 3 . “ A "lista de livros de 1645'’ seguiu o critério de total de exem plares de cada título existente no armazém recifense. 47 In RA Z-A CW 73:15. 4*Algra: B atavia 22: Jong: A m erican 14. " C a rta de 16/7/1636: in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/18. ■'“ InA R A -O W IC 51 e BPB 1636/3. ^ Carta aos X IX . Recife. 4/3/1638: inA R A -O W IC 53 e BPB 1638/2. " Talvez da edição de 1622. im pressa por A ubry c Schleich (B ibliografia II: Bíblia, espanhola).

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Igreja e Estado no Brasil H o lan d ês - 1630-] 55^

nhia, no Recife, 19 Bíblias a 260 soidos cada uma delas, ou 13 florins, e 84 Novos Testamentos espanhóis a 16 soidos cada um deles, ou 80 centavos .53 Se essas Bíblias do depósito eram realmente em português, devem ter sido exemplares da tradução de partes do Novo Testamento editadas por dona Leonor de Portugal ou por Gonçalo Garcia, exemplares tão raros que nos levam a concluir que 0 estoque no Recife era mesmo em castelhano .5'1

7.2.2 - Catecismo de Heidelberg O segundo livro em importância para os católicos reformados foi o Catecis­ mo de Heidelberg, então introduzido 110 Brasil. Durante os poucos meses de permanência na Bahia, a igreja j á havia cogitado da tradução desse catecismo para o português .53 A repentina expulsão dos invasores atrasou o projeto sem dúvida, mas durante a ocupação do Nordeste o catecismo surgiu novamente. Na reunião do Presbitério do Brasil, de março de 1637, decidiu-se que devia ser composto um “Breve R esum o da Religião Cristã, com algum as Orações em E spanhol”, como primeiro meio a ser usado na evangelização dos portugue­ ses e negros .56 O pastor Soler foi incumbido de preparar esse Breve Resumo em espanhol .37 Surge aqui novamente a questão do significado da palavra “espa­ nhol ” .38 Provavelmente, usou-se esta palavra no sentido amplo de língua ibéri­ c a .59 Indubitavelmente o uso amplo da palavra “espanhol” causou alguns proble­ mas para a missão reformada no Brasil. Stetten refere-se a isso, insistindo que não só 0 catecismo deveria ser traduzido “em bom português” , como também outros bons livros. “ Eu falo de português, não de castelhano, como os senhores fizeram traduzir os outros, os quais estão todos aqui, sem proveito .”60 Soler logo comunicou ao presbitério que já havia preparado um pequeno livro conforme o necessário .61 O manuscrito foi encaminhado imediatamente pelo presbitério à Holanda, para ser impresso. Já na reunião do Presbitério de Amster­ dã, de julho de 1637, o assunto foi apreciado. O presbitério achou mais convenien­ te usar o C atecism o de H eidelberg e a Confissão N eerlandesa em espanhol, “para maior união das Igrejas no Brasil e na Pátria” . Aliás, algumas centenas de exemplares desse Catecismo de Heidelberg já haviam sido impressos na Holanda, e os deputados a d res ultram arinas pediram aos Senhores XIX que os compras-

Sobre B íblias castelhanas: Fernandez: B íblias. G onzález: C a sid io ro . M Ferreira: B íblia 7-16. R aros: a) p ublicados entre 1495 e 1554; b) Inquisição. ” C onsistório de A m sterdã de 12/6/1625: in G A A -A K A 5:270. '"A C B 1637 s2 a6. "een cort begrijp der C hristclycke R eligie m et eenige gebeden in Spaens". " R odrigues: B ibliografia 232. núm ero 436: erro gráfico: "3 1 " deve ser "3/3/1637". S u p ra cap. 7 n34 c 35. A ssim tam bém G oor: "P red ik an tcn " 655. “ C arta de 16/7/1636 aos X IX : in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/18. M A C B 3/1637 s2 a7. M ello: "S o ler" 250.

CATECHISMO o inftrucion

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Pregmtà í. V eestuunicoconfuelo anil enia vida co* mo en la muerre? Refpucjlà• Que yo con cuerpo y alm a, anfí en Ia vida como ^► nla muerte, no foy mio propio,fino de mi fiel Salva­ dor Iefu Chrifto a, el qual,fatisfaziendo enteramente con íu preciofa fangre por todos mis pecados b , me libró de todo el poder dei Diablo fc, v de tal fuerte me guarda J que lin la voluntad de miradre céleftial unfolopelo de mi cabeça no puede caerc: antes es necertario que todas las cofas iirvan a mi falvacion ^ Por lo qual tambien por fu Efpiritu fanéto me aífe-» gura de la vida eterna g , y me haze prompto y aparejado de bivir de aqui adelante fegun fufani

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Folha de rosto do livro de C arrascon (1633) sobre O Católico Reformado.

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fontes 76 que um tal de Fernando de Texeda, B.D. da Universidade de Salamanca na Espanha, monge, foi incorporado na Universidade de Oxford em 1623. Nesse mesmo ano, esse Texeda fez com que “ la liturgia inglesa hable espanhol”, tradu­ zindo o Livro de Orações C omuns da Igreja Anglicana para sua língua materna por ordem do saudoso rei Tiago, que lhe deu uma prebenda na catedral de Hereford Depois do falecimento do rei Tiago I, em 1625, ele acabou o seu relacionamento com a corte inglesa, “antes que ela acabasse” consigo. Retirou-se para o lugar da “ sua dignidade” (a catedral de Hereford, perto do país de Gales), onde tinha tem­ po para continuar seus estudos, dos quais tanto gostava, com o fito de converter seus irmãos. Utilizou, entre outros, O Católico R eform ado de Perkins .77 Escre­ veu um Carrascon em latim e um Carrascon menor em espanhol, como parte de um livro extenso. Em 1631, provavelmente, Texeda seguiu para a Holanda, essa “terra feliz pela liberdade que nela há de se poder dizer verdades” , onde, em 1633, foi impresso o pequeno Carrascon em espanhol, usando esse pseudônimo para proteger-se. Nele havia muitos erros de grafia, tendo sido impresso por pessoas que não falavam o espanhol, mas flamengo, que 0 próprio Texeda não entendia. Entretanto o objetivo era claro: foi um testemunho erudito de mais um católico reformado, que tinha de usar um pseudônimo para proteger-se da Inquisição. Não sabemos onde o nobre Fernando de Texeda faleceu, mas é provável que não tenha regressado à Inglaterra .78 Voltando-se ao Brasil, torna-se claro então que Calado se referira ao peque­ no C arrascon espanhol, que não era assim tão pequeno, pois, apesar de ser um livrinho de 16 por 9,5 centímetros, é tão grosso quanto um saltério e tem 305 páginas. Porém, o título mencionado por Calado, O Católico Reform ado, não aparece no exemplar de Haia e em nenhuma outra referência, de sorte que 0 enigma permanece. Como observamos anteriormente, a lista dos livros no Recife inclui O Cató­ lico Reform ado sem mencionar o autor .79 Mas 0 escrivão anotou o título em ordem latina, C atholique R eform ados. Aparentemente o livro à venda em 1645, era O Católico Reform ado de Perkins, na tradução espanhola. Essa impressão se fortalece pelo fato de que, no mesmo ano, encontram-se sete diferentes obras de Perkins na fortaleza de Elmina, em Guiné, na África, todas enviadas do mesmo lugar de onde vinha a maior parte dos livros para o Brasil, Amsterdã e Middelburg .80 7h C orrespondência, cf. nota 78. 77 C arrascon cita Perkins sobre a E scritura, p. 134. 7S C orresp o n d ên cia com l he C athedral H ereford, Inglaterra, 7 e 13/7/1981, com extratos de D. B. W oodfield. Surreptitious P rin tin g in E n g la n d 1530-1640 (N ova York: B ibliographical Society of A m erica. 1973), p. 47. Até agora não se sabe 0 significado do pseudônim o do autor e da cidade onde o volum e foi im presso, nem da anotação na folha de rosto "D e las C ortes, y M edrano, em C intruenigo". A segunda edição é de 1847, corrigida. Cf. ainda. Lentiep: E spana 260ss. 7,J L ista de livros de 1 6 4 5 , 11o 4; 203 exem plares. s0 R atelband: D agregisters 369.

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Resta porém, a dúvida sobre o título do Carrascon mencionado por Calado. Será existiu mesmo uma edição de Carrascon com esse nome? N ão é muito pro­ vável Talvez Calado, que escreveu seu livro em Portugal em 1647, não podendo mais verificar a exatidão de certos detalhes in loco, mas conhecendo tam bém o livro de Perkins, tenha atribuído o título famoso e muito apropriado ao livro de C a r r a s c o n , tomando-o emprestado de Perkins .81 Aliás, a idéia de O Católico Reformado era muito divulgada. Vários autores da época seguiram o exemplo de perkins. João Ferreira de Almeida, o soldado português que se converteu na Indonésia por meio de um folheto, traduziu-o mais tarde, quando já era pregador re fo rm a d o , dando-lhe o título Differencia d ’a Christantade... entre a verdadeira e antiga doctrina de Deus... na Sancta Igreja Christãa, C atólica A postolica Reformada; e a nova... na Igreja Rom ana,8: Mas bem poderia, decerto, ter colo­ cado seu título O Católico Reformado, como fez Calado com o livro de Texeda.

7 .2 .4 - O u tro s Livros Além da Bíblia, do Catecismo de H eidelberg e de O Católico Reformado de havia outros livros que eram utilizados na evangelização. A lista de 1645 revelanos que havia 201 exemplares dos Psalmos a 12 soidos, ou 60 centavos cada um deles. Podíamos imaginar que fossem hinários flamengos, mas desde que se encon­ travam também 60 “Psalmboeken” em holandês, a 12 soidos, pode-se pensar que aqueles são hinários com alguns ‘‘salmos de David” em português ou espanhol.s:' O governo recifense pediu que a Holanda mandasse tam bém livros em português sobre algumas "‘controvérsias ’’.84 Conseqüentem ente, vários livros apologéticos encontravam-se depois à venda no Recife. Um deles era uma publica­ ção de M artinho Lutero, intitulada Dos tratados do papa, pelo preço de 30 soidos .85 Provavelmente, mais algum livro deve ter sido utilizado pelos obreiros no trabalho de evangelização entre os portugueses, de modo indireto, por não

1,1 Um fenôm eno que ocorre, às vezes, no livro dc C alado: m enciona 1631. c não 1630 com o ano de invasão; 1643, e não 1644 com o ano de p artida de N assau; com o presidente do sínodo: 1644 Codde, e não C ralingius; in Calado: L ucideno 111, 279, 281 s. 82 Almeida: D ifferencia. O m anuscrito se encontra no arquivo da cidade de A m sterdã. G A A -A C A 93; foi publicado provavelm ente na B atávia. cm 1669, pela prim eira vez. É significativa essa insistência de que um protestante é um "católico reform ado"; ela não sc restringe ao século 16 c 17 como revela o nom e de um jo rn al recifense de 1873, O Verdadeiro C atólico, cujo re d ato r era Ciríaco A ntônio dos Santos e Silva: D. G. Vieira: O Protestantism o, a M açonaria e a O uestão R eligiosa no B rasil (B rasília. 1980). p. 340s. 10 Não foi possível esclarecer este assunto até o m om ento; não pode ter sido a edição de dom . Jacob op den Akker, pastor reform ado na B atávia (Jakarta), Indonésia, publicado aí cm 1703. Talvez fosse um saltério provisório com poucos núm eros, como o Libro de Alabanzas (Rijswijk: Fundacion Editorial de L iteratura R eform ada. 1967) com 19 salm os m etrificados. w A RA -OW IC 51 e BPB 1636/3: cf. B arlaeus: H istória 54. "épocas dos erros nascidos na Igreja". ' O livro de L utero foi publicado sob o título W ider das Baptstum . F stá na lista de livros com o Dos Tratados des paps, contendo um ataque à cúria corruta dessa época.

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haver sido traduzido em um idioma ibérico. Mas o livro de maior importância era o supramencionado C arrascon , escrito diretamente em espanhol pelo eru­ dito fidalgo Fernando de Texeda, cristão católico reformado, filho de Castela, exilado por sua fé.

7 .2 .5 - Resultado Surge, finalmente, a pergunta sobre o resultado da evangelização reformada entre os portugueses. Eduardo Moreira menciona que o rev. Johannes Baers, que acompanhou a frota invasora, batizou um soldado enfermo, e pergunta se aquele soldado seria 0 primeiro português a receber o batismo no rito evangélico .86Nada indica, entretanto, que esse soldado fosse um português; dificilmente um portugu­ ês lutaria, como mercenário, ao lado dos holandeses, em um Brasil tão português, diferentemente do que sucedeu na longínqua Ásia, com 0 soldado João Ferreira de A lm eida .87 O militar batizado em Olinda era provavelmente um jovem merce­ nário do norte da Europa .88 Embora não se vissem resultados com freqüência, de maneira geral, houve certas épocas em que os portugueses se aproximaram mais da Igreja Cristã Re­ formada. Em 1636, tanto na Paraíba como em Pernambuco, houve uma certa abertura. Carpentier deveria procurar na Holanda pregadores que aprendessem 0 português, com o propósito de pregar “aos portugueses dispostos a ouvir, dos quais já existem alguns ” .89E na Paraíba, o pastor Stetten relata que a sua mulher já havia apresentado várias crianças portuguesas ao batismo .90 Duas testemunhas de uma certa aproximação entre portugueses e a Igreja Reformada aparecem no ano de 1639. Margarida de Savoia, que governava 0 Portugal dessa época, escreveu ao Cabido da Sé de M iranda sobre o catolicismoromano no Brasil ocupado, sobre o “risco em que está de se perder 011 corromper a religião cristã da santa fé naquelas partes plantada... faltando agora a mesma fé aos índios e a alguns moradores daquele estado, que se diz estarem j á metidos com os inimigos, dando ocasião a que outros os imitem, e todos fiquem expostos a que, oprimidos e induzidos pelos inimigos, e levados de respeitos e interesses par­ ticulares, deixem (0 que Deus não permita) a santa fé e se apartem da pureza da religião cristã” . Solicita, ainda, ao cabido, ajuda na organização da esquadra para libertar o Brasil .91 86 Baers: O linda 47. M oreira: "H o lan d eses" 166. 87 S w ellengrebel: "A lm eid a'' 180. M as havia um ou outro m ercenário português, com o João Lopes; M ello: R e n d iç ã o 27a. sx Baers: O lin d a (port) 47: cf. cap. 7 n l9 . a'’ Instrução para S. C arpentier. art. 26, Recife, 20/2/1636 (in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/3), "de w illige portugesen daar ai enige zyn, G ocdes W oord te verkondigen". "" C arta de dom . Stetten ao HRR. Tam arica. 1?/11/1636 (in A R A -O W IC 51; podia scr BPB 1636/ 33a). m anuscrito com letra m uito mal preservada: "K inder"? vl Savoia: "C artas" (17/6/1639). A d uquesa de M antua governava Portugal de 1635 a 1640.

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Mo mesmo ano foi publicada uma carta do rev. Soler como o panfleto Cort Yerhael (“Breve História”), em que se declara que os portugueses começaram a aceitar a Palavra, pois que, em vez de se negarem até mesmo a falar consigo, corno a princípio, tornaram-se mais comunicativos e não colocaram objeções em ouvir a pregação. Soler diz ainda que orava para que Deus “queira santificar” os p reg ad o res holandeses com seu Espírito, para que possa levá-los a um “conheci­ mento salvador ” .92 Por volta de 1641, novamente aparecem sinais de um contato maior, e os Senhores XIX externam em uma carta ao governo recifense sua aiegria no fato de que a “conversão dos portugueses mostra mais aparência que antes ”-93 E logo mais, o rev. Kesseler comunicou à comissão missionária de Ams­ terdã que “os de Mariacom se dispõem muito a aprender e deixam os padres ” .94A frase parece indicar maior abertura entre os portugueses do Rio Grande do Norte, onde Van der Poel trabalhava, pouco antes de ser transferido para o forte Cabedelo; não é impossível, porém, que o nome “Mariacon” indique uma aldeia indígena. Em geral, porém, somente uma ou outra pessoa, como Ana Paes, que se casou com o capitão Tourlon da guarda nassoviana, filiou-se à Igreja R eforma­ da.95A esperança de se verem multidões de portugueses como membros da Igre­ ja Cristã Reformada, na realidade, não se cumpriu nessa época. O conselheiro Van der Dussen afirmou, em seu relatório de 1639, que nem um só português comparecia às pregações ou procurava o pregador para uma entrevista particu­ lar.96Sabemos do próprio Soler que houve mais abertura do que Dussen sugeriu, mas de fato poucos se congregaram. Frei Rafael de Jesus, no C astrioto L usita­ no, afirmou: “N ão houve português que, pelo discurso de 24 anos, prevaricasse na fé assim divina como humana” . Entretanto, sabendo que a realidade era um pou­ co diferente, acrescentou a frase obscura: “ ... e se algum houve, primeiro foi descarte da nação que membro da infidelidade ” .97 Por que tão poucos portugueses se filiaram á Igreja Reformada? Vários fatores contribuíram para isso, tanto do lado português quanto do holandês. Para os portugueses, a Igreja Reformada era uma Igreja “herética” . Em qualquer frase sobre os holandeses da época, o adjetivo estereotípico era “herege ” .98 Talvez a simplicidade do culto e dos paramentos da Igreja Reformada tenham influído nes­

n Soler: Verhael 7s. ‘G Carta dos XIX ao H RR de ?/?/1641; in A R A -O W IC 8 e RU B 1641/8. J4 Carta de 16/2/1642; in G A A -A C A 33:79. na ata da reunião de 21/7/1642. 95Antônio A cauã, na sua novela histórica ( Uma A ventura no Tempo de Nassau. Porto A legre, 1951). afirma na p. 144. que A na Paes “ batizou-se na seita calvinista". Isso só p oderia ser dito ein um sentido am plo de "filiar-se a", porque nenhum a pessoa batizada na Igreja C atólica R om ana ia scr rebatizada na Igreja C ristã R eform ada. % Dussen: R elatório 108. 97 Raphael de Jesus. C astrioto 175. Por exem plo, cm C alado (L ucideno) etc.; com o acontece ainda hoje nos relatos históricos dos Pequenos guias turísticos no A lto da Sé em O linda.

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se sentido tam b ém ." Gilberto Freyre argumenta que “os pré-brasileiros foram motivados por um misticismo católico religioso, como por interesse econômico”.10» O fato decisivo do lado portugucs foi, sem dúvida, a atuação dos muitos religiosos da Igreja Católica Romana entre eles, combatendo energicamente a Igreja Cristã Reformada. O conselheiro Adriaen van der Dussen escreveu em seu relatório que os padres “diziam que nossa doutrina é uma doutrina herética e maldita, da qual não poderiam ouvir falar sem incorrer em pecado de heresia e coisas que tais”, sugerindo, então, que a mocidade fosse instruída nas escolas. O que também não era possível, pois os portugueses não mandavam seus filhos às escolas. Estes, pelo contrário, eram ensinados pelos padres em suas casas .101 Durante o ano de 1641, o pastor Soler enfatizou especialmente à pregação em português, conforme decisão do presbitério de novembro de 1640.102 Entretanto na reunião do Presbitério em outubro, relata que não houve resultado, pois os portugueses temiam a excomunhão e, por isso, não podiam ser dissuadidos do rom anism o .103 O presbitério, sabendo que os padres usavam tanto as penas espi­ rituais quanto as materiais (como chicotadas em Sirinhaém e prisão na Paraíba) para manter seu rebanho unido, concluiu que não poderia haver esperança de conversão durante a permanência dos padres .104 O rev. Doornick relatou também esses procedimentos à Câmara da Zelândia, por esse tempo. O trabalho até então não produzira resultados por causa da autoridade dos padres, especialmente do superior. Eles excomungavam quando algo estava errado, prejudicando os bens espirituais e materiais. A excomunhão deveria, então, ser restrita aos bens espiri­ tuais. Também excomungavam quando alguém queria casar-se na Igreja Refor­ mada, e um excomungado não podia casar-se legalmente, conforme a lei da igreja rom ana (trazendo assim conseqüências na divisão da herança ).103 Os pastores Plante e Soler do Recife, com Doreslaer e Doornick da Paraíba, prepararam, então, uma “remonstrância” sobre esse assunto para o governo .106 Liberdade de religião era uma concessão para os católicos romanos, mas colocar empecilhos na pregação da Igreja Reformada não poderia ser permitido .107 Ao mesmo tempo, todos os pastores foram seriamente admoestados a se esforçarem em aprender a língua portuguesa, para a evangelização .108Na reunião do Presbi­ B arlaeus: H is tó ria 137. ''a n te s querem um a religião esplendorosa que um a m enos brilhante e vistosa". A ndrae: "D iener" 36. falta de tonsura. lmi Freyre: "N assau " 244. 101 D ussen: R e la tó rio 108. 1112 A C B 11/1640 s4 a3. 111:1 A C B 10/1641 s3 a !3 , "van de paaperyen niet a f te brengen syn” . 11,4 A C B 10/1641 s6 a4. 105 C arta de dom . D oornick à C âm ara de Z elândia, Paraíba. 24/8/1641; in A R A -O W IC 56 e BPB 1641/20. 1,K’ A C B 10/1641 s6 a4. 1,17 A CB 10/1641 s7 a l. "mA CB 10/1641 s5 a5.

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tério de 1644, outras queixas foram apresentadas ;109 os sacerdotes excom unga­ vam pessoas que prestavam a mínima atenção aos pastores 110 etc. O conselhei­ ro Hamel relata o mesmo fato, três anos depois, informando que os padres que rmaneceram entre os portugueses “ assustaram ” o povo para “ não ouvir a Palavra de D e u s” .1" Outra causa de tão parco resultado era o pouco empenho pelo trabalho nesse setor, e o próprio presbitério reconhecia a sua negligência nesse ponto ,112 oriunda da barreira lingüística e do muito trabalho pastoral a fazer entre tantos so ld a d o s e desordeiros. O grande problema dos pregadores holandeses, entretan­ to não era a língua, mas a nacionalidade. Pertenciam, quisessem ou não, às hostes invasoras, e por mais gentis e educados que fossem, falando holandês, alemão, inglês, francês, ou mesmo espanhol, sempre representavam para os portugueses, em primeiro lugar, o governo odiado. A religião cristã reformada era para eles sempre a religião dos invasores. O conde de Nassau, escrevendo em 1638, afirma que os portugueses, apegados ao “rosário”, tinham ódio aos flamengos não so­ mente por causa da religião, mas principalmente porque foram vencidos, e so­ mente obedeciam em virtude do medo, à exceção de uns poucos, que mostraram estar inclinados a eles de coração .113 E Hamel enfatizou isso também, em 1647, dizendo que apesar do trabalho do rev. Soler, com seu conhecimento da língua e dos costumes portugueses, os moradores não queriam seguir a religião reformada por terem sido vencidos pelos holandeses, que muito os incomodaram durante a guerra; além disso, às vezes, em especial no interior, os holandeses tinham uma vida ímpia, favorecendo o sentimento de aversão contra a sua religião e seus costumes .114 Sem dúvida, o fato de que a fé reformada fora a religião dos invasores, ameaçando desarraigar as tradições e o modo de vida de um século, tudo isso contribuiu para a consolidação da religião católico-portuguesa entre o povo, a tal ponto que se podia falar de uma “guerra santa” , a “guerra da liberdade divina”, uma verdadeira luta nacional-religiosa .115 Situação paralela podia ser notada na Holanda, onde a luta contra a Espanha fortaleceu a Igreja Cristã R eform ada .116 Por um lado, então, os holandeses involuntariamente dificultaram o cresci­ mento da Igreja Cristã Reformada entre os portugueses, simplesmente por terem vindo como invasores, exercendo o papel de conquistadores; por outro lado, w; Infra cap. 14 e 15. sobre a liberdade religiosa dos católicos rom anos. ""A CB 7/1644 s6 a4. 111 Hamel: "R a p p o rt” 147. 112 ACB 11/1640 s4 a3. 113 Nassau: "D isco u rs” 285. IU Hamel: "R a p p o rt” 145s. 15 Calado: L u c id e n o I 292ss. M ello: V ie ira 1 161 ss. B runo: H istó ria II 58. “A lém de inspirado no ódio ao invasor, ao estrangeiro e ainda por cim a h e r e g e - do ponto de v ista dos católicos de então''. 'Tam bém na Indonésia onde em certas regiões de Sum atra, o islam e foi um fator pred o m in an te na luta popular contra os portugueses e. em seguida, contra os flam engos.

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involuntariamente, ajudaram a preservação da Igreja Católica Romana, pelo sim. pies fato de concederem liberdade religiosa, o que será estudado posteriormente Entretanto, alguns fatos relacionados com o resultado da evangelização reforma­ da devem ser mencionados. A liberdade religiosa incluía a religião judaica. O Presbitério de janeiro de 1638 ressaltou que os católicos romanos consideravam os reformados semijudeus, não podendo entender como era possível que um cris­ tão concedesse tanta liberdade àqueles que mataram o nosso Senhor .117 O pastor Jacobus Dapper aponta, em carta enviada aos Senhores XIX, que em virtude da grande liberdade concedida aos judeus “nos foi tom ada toda esperança de levar alguns portugueses à Igreja Reformada ” .118 O historiador Van Goor acrescenta a isso o fato de que a atitude muito tolerante de Nassau (e da Companhia em geral) "possibilitou a existência desimpedida de pessoas de diferentes opiniões .119 Essa tolerância moderada era indispensável para a coexistência relativamente pacífica dos dois grupos; caso contrário, uma revolução teria eclodido até mesmo antes. Todavia, isso não modifica o resultado prático de que essa liberdade fortaleceu a Igreja Católica Romana, até o ponto em que a aceitação da fé reformada podia ser ameaçada por medidas dos padres. F in a lm e n te , uma p a la v ra sobre a língua p o rtu g u e s a com o fator de evangelização. Embora o governo cogitasse freqüentemente em refrear a língua portuguesa, para que também a “religião portuguesa” fosse esquecida ,120 os pas­ tores no Brasil pregaram propositadamente em português entre os luso-brasileiros, e também entre os índios e negros .121 Certamente sabiam que uma outra língua materna, no caso o português, não constituía uma barreira à formação de uma vigorosa Igreja Reformada, como estava acontecendo ao mesmo tempo nas índias Orientais. A Companhia das índias Orientais estava consolidando seu do­ mínio flamengo sobre as antigas possessões de Portugal no arquipélago da Indonésia, inserindo-se na herança missionária romana no século 16. Grandes igrejas refor­ madas estavam brotando na ilha das Molucas e na M inahassa .122 O que é mais relevante é o fato de que, em uma situação quase paralela à do Brasil, com um grupo de luso-indonésios na região de Jacarta, nasceu, depois da fundação do forte Batávia em 1619, uma Igreja Cristã Reformada de fala portuguesa .123 Sem dúvida, o governo tentou refrear o uso do português nessa igreja étnica, mas os pastores insistiram na necessidade da sua continuação para o bem dos

117 ACB 1/1638 s4 a4. ll!í D c 20/3/1638; in A R A -O W IC 53 e BPB 1638/8. 119 G oor: "P rcd ik an te n " 656, "m aakte een ongehinderd bestaan van andersdenkenden m ogelijk". 1211 C arta dos X IX ao H R R de 22/12/1640: in A R A -O W IC 8 e R U B 1640/6. C arta do H R R aos XIX de 31/5/1641; in A R A -O W IC 5 6 e B P B 1641/10. H am el: "R a p p o rt" 150. 121 G A A -A C A 5: 108 de 30/10/1648. 122 B oissevain: Z endin g I. K rueger: Indonesien 39-69. I2j Algra: B atavia 124-45. M ueller: O linda 46. com para Recife com Batávia.

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jnardykers, ou “Cidadãos Livres” , como eram chamados os luso-indonésios .1-4A igreja cresceu muito e chegou a ter cerca de quatro mil membros, pelo fim do século 17, ocupando um dos mais belos templos da Indonésia .125 O seu mais famoso pastor era João Ferreira de Almeida (1628-1691), portu­ guês nato, convertido por meio de um livreto semelhante a O C atólico R eform a­ do. Com eçou seu trabalho na igreja como “consolador de enferm os” e passou a ser“proponente” em Batávia, no ano de expulsão dos holandeses do Brasil (1654). T rad u ziu o N ovo Testamento e grande parte do Antigo para o português, a partir das línguas originais .1-6Foi essa Bíblia em português que as Sociedades Bíblicas in tr o d u z ira m mais tarde no Brasil, um século e meio após a expulsão dos holande­ ses. A diferença crucial entre a Batávia e o Recife, com e sem congregação reformada de fala portuguesa ao lado da holandesa, francesa e inglesa, provavel­ mente está na grande liberdade religiosa 127 que havia no Brasil holandês, onde os religiosos podiam exercer suas funções em relativa paz e onde os pastores podi­ am somente pedir ao governo que restringisse o exercício aberto das manifesta­ ções da Igreja Católica Romana, e no mais, pregar e distribuir literatura sobre O Católico R eform ado, e orar como rev. Soler, o pai da missão evangélica no Bra­ sil: “Deus, na Sua Bondade, queira santificar-nos pelo Seu Espírito de uma m anei­ ra tal que possamos servir (aos portugueses) como exemplos de piedade, para levá-los ao conhecimento real e salvador (do Senhor )” .128

124Algra: B atavia 131 s. M erdeka (na língua indonesiana) = livre. I2‘ "Portuguese buitenkerk", inaugurado em 1695: Idem 141. K rueger: Indonesien 48. Sobre a população de B atávia ca. 1680, Furber: Rival 302ss. u ASNH 1655 a25: in G A A -A C A 102. P asto r em 1656. S w ellengrrebel: ''A lm eid a ". B ibl. II: Bíblia, port. LJ infra Parte IV deste estudo. Soler: Verhael 8 "...ou para fazê-los indesculpáveis diante do tribunal da su a ju stiç a ". lem brando a carta do reform ador João C alvino ao cardeal Sadoleto (Calv ino: Sadoleto 54s).

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C a p ít u l o

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MISSÕES INDÍGENAS

A maior parte da atividade missionária da Igreja Reformada estava voltada para ^ j n d i g e nas»como comprovam inúmeros documentos.

8.Í - BRASILIANOS E TAPUIAS Os índios foram reconhecidos pelos holandeses como os primeiros moradores do Brasjl. O piloto Dierick Ruyters usava o nome de “americanos” , como Hugo Grotius e Johannes De Laet, na discussão sobre a origem dos índios .1 Em geral, todavia, o nome “brasilianos” era empregado para indicar as tribos da fala tupi, como tupinambás, tabajaras, potiguares etc. O nome “tapuia” era reservado para os cariris não subjugados .2 N o presente estudo seguiremos esse costume, reservando onome “portugueses” para os luso-brasileiros, como se fazia no século \1 ?

8.1.1 - Preparação dos Tradutores O primeiro contato entre os índios do Brasil e a Companhia das índias O ci­ dentais ocorreu por ocasião da invasão e do curto domínio em Salvador, na Bahia (1624-1625). Entretanto, não há registro de que se tenha pregado o Evangelho a eles. Por outro lado, a perda da Bahia foi, para os holandeses, um preparo direto para o futuro trabalho missionário entre os indígenas no Nordeste. Quando a frota holandesa, sob o comando do almirante Boudewijn Hendricks, chegou, era tarde demais, havendo j á a cidade sido reconquistada pelos portugueses e espanhóis em uma “guerra santa”, e posteriorm ente navegou para o norte, em busca de um lugar onde pudesse reabastecer antes de zarpar para as ilhas C aribes. 1Ruyters: Toortse 15, 29s, d istinguindo-os entre "co itad o s’' e "lev a n tad o s” . O nom e " in d ia n o s'' sc usava na H olanda especialm ente para os h abitantes da Indonésia, G rothe: "S em in arie" 24. ‘ “Brasilianen", assim nos docum entos; N ieuhof: V iagem 242 n344. "B rasileiro s", na tradução portuguesa dos docum entos, sem pre são índios. E xistem tantas referências ã p opulação autóctone, que seria um desafio escrever este capítulo da sua história acidentada, incluindo os docum entos holandeses. H ulck: Staponjers 8, "(o s tapuias) são batizados quando têm 6 ou 7 anos de idade", Jiao tratando, porém , do batism o cristão, m as dos ritos tribais de iniciação. Schalkw ijk: "T apuias"; in R IA P 58 (1993): 305-27. Portugysen” e outras grafias.

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Aportaram na baía da Traição, cerca de cinco milhas ao norte da Paraíba^ Os “brasilianos” locais, da tribo potiguar, escolheram logo o lado dos holandeses como libertadores, e as ordens para os bandos flamengos incursores eram claras, no sentido de não incomodar os amigos indígenas. Quando, porém, depois de algu­ mas semanas, perceberam que a permanência da frota era passageira, muitos quiseram embarcar, mas apenas seis moços o conseguiram, seguindo com os navios para a Holanda, enquanto os outros procuravam esconder-se da vingança dos portugueses .4 Os seis potiguares permaneceram durante cerca de cinco anos nos Países Baixos, conhecendo várias cidades, entre outras a de Leiden. Apren­ deram a ler e a escrever, sendo instruídos na religião cristã reformada, tudo por conta da C om panhia das índias O cidentais .5 Esse contato, entretanto, traria resultados mais duradouros. Um dos indígenas era Gaspar Paraupaba, do Cea­ rá, de cerca de cinqüenta an o s .6 Outro era o jovem Pedro Poti, da baía da T raição .7Após terem aprendido m elhor o holandês, foram procurados por pilo­ tos flamengos, desejosos de obter informações sobre a costa brasileira. Kilian de R esenlaer anotou detalhadam ente essas inform ações .8 Os índios também informaram que seus conterrâneos eram cristãos e sabiam orar, tendo em sua língua apenas a oração dominical .9A Companhia dirigiu-se ao príncipe de OrangeNassau, em 1628, dizendo que colocara no Brasil (Salvador) pregadores doutos e piedosos, e que mantinha alguns dessa “ nação estranha”, educando-os para depois serem pastores, com o intuito de implantar a religião reform ada no Bi_asil, “ fazendo-a palatável ” .10 A C o m panhia tinha planos definidos para os seis moços. O almirante Hendrick Lonck recebeu, em sua “ instrução com plem entar” sobre a conquista da Paraíba, ordem para utilizar os brasilianos mencionados." Alguns deles chega­ 4 Laet: Verhael I 9 1ss. Perm anência da frota de 20/6 até 1/8/1625. Souto-M aior: "ín d io s" 625. R esenlaer (ou R enselaer) era um dos diretores da C âm ara da C om panhia em A m sterdã. 5 N ão foram os prim eiros índios a chegar à E uropa: por exem plo, na F rança no século 16: in R IIIG B t. LV1, 171 ss. 6 "O velho G aspar", DN 12/10/1645. pai do futuro regedor dos índios. M edeiros: A spectos 74. 7 Para os nom es dos outros quatro: M ello: Flam engos 37. G erritsz "Journaux” 171, anota: "A ndreus F rancisco, dc Siara. agé de 32 ans, A ntony G uiraw assauay, A ntony Francisco e Lauys Caspar, tous de la baie Traição”. Laet: Verhael diz: Marzial, Takou, A rarova. Matauwe; in S outo-M aior "ín d i­ o s" 63s, que não sincroniza G erritsz e Laet. Cf. cap. 2 n l3 6 ; problem a sem solução por enquanto. s G erritsz: "Journaux"; in ABN X X IX . 1907, 171-7, 20/3/1628. Seria interessante com parar o relatório de G erritsz (Resenlaer) com as infonnaçõcs no "R elatório dos Brasilianos"; in "Beschrijvinge van de C usten van B rasil", 9ss (v. cap. 2 n l3 6 ). Idem 176, “ ces... T iguars sont dês C hrétiens et savant prier; ils ont 1‘O raison dom inicalc dans Ieur langue, et les outres ne 1’ont pas” . 111 R equ este 11 s. Evenhuis: A m sterdam I 305s, afirm a que a C om p an h ia colocou para estudar alguns índios, para serem "predikant", pastores, mas o texto do "req u esto " não é tão específico em bora tenha sido, sem dúvida, o sonho de vários "p articip an tes" da C om panhia; pelo menos " o b re iro s indígenas". "V reem de natien... sm ak ely ck te m aeeken", m isturando com ércio e religião. 11 De 18/8/1629; in A R A -O W IC 2.

IVlissões in d íg en a s

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ram ao Recife seis meses depois da invasão .12 No ano seguinte, os Senhores XIX c0inunicaram ao governo no Recife que havendo enviado dois “ brasilianos” (que tinham sido ensinados, com muitas despesas, a ler e a escrever, dos quais um progredira relativamente bem), tinham, entretanto, a impressão de que Recife não 0s estava utilizando suficientemente .13 Até esse momento, os parentes da baía da Traição preservavam uma atitude neutra, enquanto os índios do Rio Grande do Norte se mostraram inclinados a ajudar os holandeses .14 Pouco a pouco os índios Ueiuados foram ocupando um lugar mais importante corno tradutores, em um contato essencial com as aldeias .13

8 .1 .2 - População das Aldeias O estabelecimento de aldeias havia sido iniciado pelos padres missionários, e os holandeses seguiram “ o sistema de aldeiamentos, aliás, tão vantajosamente antecipado pela Igreja Católica ” .16 Essas aldeias aparecem nas pinturas da épo­ ca, sendo a de Zacharias Wagner a mais conhecida: seis casas compridas, cober­ tas de palha, e no meio delas uma pequena capela com um campanário em fren­ te .17 As casas compridas abrigavam cerca de quarenta a cinqüenta pessoas, cada família pequena morando 110 seu próprio lugar.is Por enquanto, não se tem uma lista completa das tribos indígenas que tiveram contato com os holandeses, mas devem ter sido mais numerosas do que pensamos .19Nomes como potiguar, caeté, cariri, tapuia e outros aparecem nos documentos flamengos, além de uma grande variedade de nomes de aldeias locais, cuja grafia diverge muito em quase todas as referências .20Além disso, muitas dessas aldeias serviram como residências pro­ visórias, sen do ab an don adas com m uita f a c ilid a d e .21 O censo de W illem Donckers, que fornece uma visão global, foi registrado pelo conselheiro Adriaen van der Dussen em 1639.22 Havia 21 aldeias, cada uma delas com um capitão 12 Carta do H RR aos X IX de 23/9/1630; in A R A -O W IC 49. BPB 1630/16. com o navio "D e B ruynvis" procedente de A m sterdã: chegada em 4/8/1630. 13Carta de 30/5/1631; in A R A -O W IC 2; 0 m esm o apelo foi feito no dia 31/10/1631. lem brando com o esses índios se apresentaram para irem ao Ceará, pedindo um navio, o que tinha sido recusado por Recife: in A R A -O W IC 8 e R U B 1631/6. 14 Carta dc Pedro Poti, sem data: in A R A -O W IC 49 e BPB 1631/66. 15 Carta do H R R aos XIX de 5/1/1632; in A R A -O W IC 49 e BPB 1632/1. "onse brasiliense tolleken" [nossos intérpretes brasilianos], u‘ Ribeiro: O rigens 56. 17 In Zo W ijd n° 134, in Boogaart: P rince 264. 18 Dussen: R elatório 87; H am el: ''R a p p o rt" 29 etc. 15Parece que foram pacificados em P ernam buco pelos holandeses os G uarã-anuns ("cães-n eg ro s") c os C aruaru (nom e de peixe). ■" Mello: F lam engos 255 n51. 21 DN 14/1/1638, um a aldeia abandonada porque os habitantes tinham m uitos p roblem as com "britjo s'', b ich o s de pé (tunga)? R uyters: Tocha 38. Cf. Staden: V iagens 192, descrição de tunguíase; Staden, luterano, 2 vezes no Brasil, livro publicado em M arburg. em 1557. 22 Mello: F lam engos 253-56: Dussen: R elatório 90s.

21 0

I g r e ja e E stad o no Brasil H o l a n d ê s - 1630-1654

holandês ou indígena, que em alguns casos dirigiram mais de uma aldeia. No total, foram registrados 1.923 homens guerreiros. P opulação indígena no B ra sil holandês Ano

Capitania ; Rio Grande Paraíba Itam aracá

1635 Pop.

Sold.

6

1.500 1.500

-

800

5 7

880

5

6

1645

1639

Aid.

Aid.

Pop. -

Sold.

Aid.

Pop.

223

4

-

-

620

6

-

-

-

843 237

5

-

-

-

-

-

15

3.583

1.383

P ernam buco

3 3

2.500 2.400

770

4

-

Total

18

7.900

2.450

21

6.000? 1.923

Sold. -

A id . = a ld e ia ; P o p. = p o p u la ç ã o d a s a ld e ia s ; S o ld . = s o ld a d o s (g u e rre iro s ).

O contato mais intenso no Recife foi o efetuado pelo rev. Soler com a aldeia de Nassau, com seus 50 soldados, perto do atual templo católico-romano das Graças. O pastor Doreslaer cuidava de sete aldeias na Paraíba, incluindo a de M assurepe, onde Pedro Poti era capitão (198 hom ens). O pastor Johannes Eduardus, que trabalhava na região de Goiana, no interior da capitania de Itamaracá, tinha cinco aldeias sob seus cuidados, incluindo a de Itapecerica (332 homens), onde também ensinavam o professor espanhol Dionísio Biscareto e, posterior­ mente, o rev. Thomas Kemp. Realizou-se nessa aldeia a grande assembléia dos índios em março de 1645. Os números do censo variam nos docum entos .23 Mas se compararmos os dados do padre jesuíta Manuel de Morais 24 em 1635, o relató­ rio do comandante Willern Donckers 23 em 1639 e os dados disponíveis em 1645, observa-se, com tristeza, o decréscimo no total dos índios litorâneos. Esse declínio já vinha de longo tempo. Cerca de cem anos antes, o total de guerreiros foi esti­ mado em cem m il .26 Depois da expulsão dos holandeses, o número diminuiria ainda mais rapidamente, por causa das expedições punitivas dos portugueses. Durante o período holandês, o declínio foi causado principalmente pela guerra incessante, além das epidemias que dizimavam as populações. Em sua maioria, as tribos já tinham sido batizadas, e os missionários da Igreja Cristã Reformada trabalharam no fundamento j á lançado pelos padres ca­ tólicos romanos. Os holandeses reconheceram que a maior parte dos brasileiros era “cristã por profissão ” .27 Barlaeus anota em sua H istória que os índios eram 22 Laet: Verhael IV 129ss. M ello; Flam engos 255 n51. Cf. cap. 10 n l4 . 24 D ussen: R elatório 90s; M ello: F lam engos 255 n51. 2Í M ello: F lam engos 255 n51; D N 11/4/1645. 26 Schot: "R elaes", no R io G rande, antes 32 aldeias com 200 a 250 guerreiros cad a um a delas, agora (1639) 5 aldeias com cerca de 400 soldados no total. H am el: ‘‘R a p p o rf' 25, em 1600, no Rio G rande, 100 mil “ flecheiros", agora (1647), 300; ódio contra os portugueses. 27 R elatório do conselh eiro S. C arpentier aos E stados G erais de 2/7/1635; in C oleção C aetano 26:5 (faltando in A R A -A StG 5757).

jylissões in díg en as

211

“rnuito remissos em matéria de religião” . Eles tinham aprendido com os católicos aS orações cristãs, como a oração dominical, e o símbolo dos apóstolos, ignorando tudo o m ais .28 Van der Dussen acrescenta que sabiam somente os nom es de Deus, Jesus Cristo e “N ossa Senhora”, recitando, entretanto, o pai-nosso e o credo em sua própria língua, e geralmente não podiam dar a razão de sua fé e o fundamento da sua salvação .29 N ieuhof menciona Tupã e noções do dilúvio, mas refere que o conhecimento era tão tíbio que logo o perdiam n a jd a d e avançada .30 O que estava bem desenvolvido eram as danças contínuas, na m esma melodia, e o lado mais simbólico, pois pintavam os corpos 31 com figuras do diabo, cruzes e evocações latinas .32 Entre essas tribos começaria o trabalho flamengo, querendo trazer-lhes liberdade política e espiritual.

8.2 - LIBERTAÇÃO DOS ÍNDIOS De fato, desde o início da invasão holandesa no Brasil, tornou-se claro que o tratamento conferido aos índios seria caracterizado por muita liberdade, tanto para os tupis amansados quanto para os tapuias selvagens.

8.2.1 - Infra e Supraliberdade A liberdade dos “brasilianos” seria um dos capítulos fundamentais da “Cons­ tituição” do Brasil holandês. Os “regulamentos” de 1 6 2 9 ,1636e 1645 não deixam dúvidas sobre isso .33 Formalmente, talvez, tenha razão M árioN em e ao dizer: “No que se refere à proteção dispensada pelo Estado aos povos indígenas, pode-se dizer que a situação no Brasil holandês em nada era melhor do que a do Brasil ' português ” .34 N o entanto, a realidade prática seria muito diferente, e na verdade tinha de sê-lo. Os povos ibéricos iniciaram sua aventura ultramarina por volta do ano de 1500; os povos do Norte da Europa, somente um século depois. Os portu­ gueses chegaram ao Brasil como a primeira onda de invasores europeus massa­ crando os índios. A segunda onda trouxe os holandeses, que precisavam dos índi­ os perseguidos como parceiros na conquista da sua fatia do “pão de açúcar” . Em certos lugares, onde os holandeses chegaram como a prim eira onda de conquistadores, podiam ser gentis, com prando terra dos indígenas, como nos mostra o contrato da compra da ilha de Manhattan em 1632, guardado no Arqui-

28 B arlaeus: H istória 133. 29 Dussen: R elatório 89. J" Nieuhof: V iagem 315. Jl Soler: Verhael 5. 12 M oreau: H istoire; in E. M ello: O linda 187s; DN 20/9/1644. ,3 Ex.: R egim ento 1629 art. 10: "S erá respeitada a liberdade d os espanhóis, portugueses e n aturais da terra"; inA R A -O W IC 2, tradução in R IA P 31 (1886): 292. Instruções de 1636: "O s brasilianos e naturais do país deverão ser deixados em liberdade e de m odo algum escravizados"; in R IA P M (1885): 28. M ello. Flam engos 241 n21. j4 Neme: F órm ulas 178ss.

212

Igreja e E stado no Brasil H olan dês - 1630-1654

vo Real de Haia .35 Mas em outros lugares, como na “Costa Brava” de Suriname, o tratamento era diferente. Van der Linde diz: “No século 17. índios e negros em Suriname não tinham aprendido ainda a arte de escrever. Os arquivos, sem exce­ ção, mostram os manuscritos de fazendeiros europeus, mercadores, oficiais do go­ verno, soldados e pastores. É difícil ouvir o outro lado do processo colonizador a partir das fontes originais. Deve-se dar atenção aos índios e negros, e ouvir como se fosse uma voz afogada, quando eles se valem da expressão indireta de revolta e ação de guerrilha ” .36 Assim seria a atitude dos franceses em Caiena também. Por outro lado, no Brasil os franceses na Guanabara e no Maranhão e os holandeses no Nordeste, ambos chegaram em segundo plano, e a política mestra seria a libertaç ão dos índios. Os p o rtu g u ese s co n s titu íra m a c a m a d a da “ infracolonização”, e os franceses e holandeses, da “ supracolonização” . Infeliz­ mente não temos exemplo de uma “ supracolonização” portuguesa, mas se a ti­ véssemos, veríamos com certeza que os portugueses se comportariam também como “supracolonizadores” . Nessa situação, aplica-se o dito de Van Goor sobre o príncipe de Nassau e os índios: “ Embora não fosse possível expressar, foi inteira­ mente com preendido ” .37 Era a opinião geral na Holanda que a libertação dos índios se fazia necessá­ ria. A própria Holanda estava se libertando da opressão espanhola, e isso também deveria acontecer com os “brasilianos” . Isso foi motivo de grande júbilòT^ as musas inspiraram os poetas da época. O médico de bordo Petrus Baardt cantou, depois da queda de Olinda: “ ... da escravidão liberto o índio ...” .38 Talvez a poesia mais clara nesse sentido seja a do pastor de Haarlem, o rev. Samuel Ampzing. Um dos seus epigramas (que não eram necessariamente satíricos para a época) seria uma Locução P oética ao Indiano O cidental sobre a Tirania Espanhola e o C om eço da A tu a l Vingança de Deus. Deus está vendo a vossa injustiça e infelicidade E faz-vos estar aberta uma porta da liberdade. O Batavo, o Pão da Vida vos fornecerá E a violência mortífera espanhola castigará... Assim Marrano das vossas plagas expulsaremos nós, E vossa área e país novamente adquirireis vós .39 :'5 Souto-M aior: "A ssem bléia" 61 (A R A -O W IC 41). Linde: Suikerheren 7. ?7 G oor: "P red ik an ten " 654. Cf. B oxer: H olan deses 190s, inclusive sobre o C aribe e o Amazonas. :'a B aardt: Triton 16. A m pzing: E pigram m atum VI, "G od siet U\v ongeluck en o n g e lijk nu aen / En doet U eene deur d er V rijheyd open staen ./ De B atav ier sal U het b ro o d des Ievens schaffen/ En 't Spaensche m oo rd -g ew eld b edw ingen ende straffen./... D us vvillen wij M araen uyt uw e palen dry v en !/ Dus raekt gij w ed ero n aen uw g ebied en land". M oreau: "C e riche présen t de la liberte q u ’on leur re d ô n o it", d e n o m in a n d o os indígenas "n a tu re ls et legitim es seig n eu rs" do B rasil (H is to ire 12, 186, port. 25. 81). A palavra "m ara e n " (m arrano) se usava na Ibéria para os cristâo s-n o v o s, na H olanda, para os ibéricos.

jyjissões in d íg en a s

213

8 .2 .2 - Igreja ajuda a Libertação Como esse alvo se concretizou na realidade ?40A lei era clara, mas convinha aplicá-la. Os Senhores XIX insistiram em que fossem postos em liberdade plena oS “brasilianos” que tinham sido escravizados pelos portugueses em 1625, depois dapartida da esquadra holandesa .41 Todavia, a concretização dessa meta dem o­ va Quem melhor podia sentir a situação real eram os pastores, e freqüentemente, 3 & 0u como concilio eclesiástico ou mesmo pessoalmente, dirigiram-se ao governo " ra p a ra sanar irregularidades ou melhorar a lei. Um caso interessante foi a “ lei do \ ventre livre” para os índios, originada de uma consulta dos pastores Kemp e Van der Poel. As atas diárias do governo no Recife registraram, no início de 1645, ainda antes da revolta e antes da grande assembléia dos índios, que esses dois p asto res denunciaram vários casos no Rio Grande. Havia alguns brasilianos casa­ dos com escravas negras e, também, escravos negros casados com mulheres brasilianas. Será que nesse caso a parte escrava não devia ser considerada livre? O governo decidira: a parte escrava não se libertava pelo matrimônio, mas sim podia ser alforriada; e os filhos desse tipo de casamento seriam considerados livres, reiterando que brasilianos, sem exceção, eram livres ,42 inclusive tapuias .43

É

A semi-escravidão também foi combatida. Por várias vezes o Presbitério do Brasil insistia com o governo para que índio nenhum fosse “detido” em casa de alguém, até que este respondeu finalmente que essa ordem clara já estava sendo praticada diariamente .44A semi-escravidão podia manifestar-se, entretanto, tam ­ bém sob a forma de trabalhos forçados. Novamente, deu-se um caso no Rio Grande, e os pastores Doreslaer e Kemp dirigiram-se pessoalmente ao governo no Recife, para denunciar que nessa capitania jovens, tanto rapazes como moças, ,e adultos não casados (tanto homens quanto mulheres) eram forçados a trabalhar. Então Nassau e seus conselheiros determinaram que isso era categoricamente , proibido. Os brasilianos deviam ter tempo para manter suas roças, e ninguém podia ser forçado a servir contra sua vontade, a não ser por decisão dos escabinos .45

411 Mello: F lam engos 241 ss; N em e: Fórm ulas 178ss. D arem os uns exem plos dos DN. ÍLCarta dos X IX ao H R R de 1/8/1635; in A R A -O W IC 8 e RU B 1635/4. 42 DN 23/2/1645. 40 DN 6/3/1645. em bora fossem "m arcad o s” (com ferro quente?). 44ACB 11/1640 s2 a3. Faltam algum as palavras in G rothe: A cta 283 e, conseqüentem ente, in SoutoMaior: Atas 13Os, que podem ser com pletadas pela cópia in A R A -O W IC 55 (p o d ia ser BPB 1640/19a). D espacho favorável de N assau cs, DN 18/1/1641. Grothe: Acta 294, e M ello: Flam engos 241 n21. Para “ contentam ento dos predicantes e dos brasilianos resolve-se p u b lic a r o seguinte edital...” ; in DN 13/2/1641. N a reunião seguinte de C lasse, solicita-se do governo a exccução do edital em anado; in A CB 10/1641 s3 a3. Os m agistrados reforçam , então, ao com m andante Listri, a ordem que nenhum dos m oradores pode ser detido, o que ao seu dever está sendo praticado. DN 20/5/1642 s3 a3. 45 DN 11/7/1642.

21 4

Igreja e Estado no Brasil H olan dês - 1630-1 654

A semi-escravidão manifestou-se, também, sob a forma de subpagamentos Os capitães das aldeias, em especial, abusavam do seu poder nesse ponto .46Quem queria empregar índios, tinha de pagar adiantado ao capitão o salário de uns cinco obreiros, entretanto somente uns três ou quatro apareciam saindo antes de termi­ nar o serviço. O governo legislou que capitães que abusavam do seu poder, devi­ am ser castigados .47 Seria melhor até mesmo contornar os capitães e usar os pastores como mediadores, à semelhança do que fez o governador Herckmans com o pastor Van der Poel .48 Sem dúvida alguma, havia escravos entre os portugueses .49Até os holande­ ses, durante o curto período em que estiveram no Maranhão, usaram índios como escravos, resgatados da fome antropófaga .50 O regedor dos índios no Rio Grande do Norte, porém, levou ao Recife uma lista de brasilianos do Maranhão e de tapuias que foram mantidos como escravos; o governo decidiu que o conselheiro De Linge fosse até Rio Grande para perguntar aos índios se queriam ir às aldeias ou ficar com seus mestres, conforme sua livre escolha. No primeiro caso, estudar-se-ia um meio para indenizar os “moradores” que perderam seus escravos indígenas .51 Decerto, não é exagero concluir que a realidade da “supracolonjzação” forçou os holandeses a cumprir realmente o que a lei e a Igreja defendiam no Brasil, tanto português como flamengo.

8 .2 .3 - M o tiva ção Dupla do G overno Quanto ao governo, não há dúvida de que, em si, procurava a evangelização dos índios, para tê-los também como melhores súditos e soldados .52 Em uma carta do conde de Nassau e seus conselheiros aos Senhores XIX, em 1641, registrasse a esperança que tinham de ganhar toda a nação indígena do seu paganismo, e “assim eles nos ajudarão a manter esta conquista dos espanhóis e seus ataques ” .53

46 Interessante é observar que 0 contrato do conselheiro O lferdi para a colonização de Sergipe diz especificam ente que os índios devem ser rem unerados devidam ente; Freire: S e rg ip e 105. ARAO W IC 57 e BPB 1642/7, art. 28. 47 D N 6/11/1638. 4S C arta de Elias H erckm ans aos XIX . Paraíba, 8/9/1640; inA R A -O W IC 55 e BPB 1640/14. A Câmara de escabinos da Paraíba, na Assem bléia Geral, dirigiu-se ao governo nos seguintes termos: “ Permitase que os índios possam servir, para auxiliarem os brancos, sem se pedir licença aos m inistros...". O governo respondeu que decidiria depois (1/9/1640, item 8; in R IA P 31 (1886): 229. 49 C om o m ostra 0 relatório de C arpentier aos E stados G erais dos P aíses B aixos, 2/7/1635; in ARAA StG 5757 e C aetano 26:5. 511 M ello: F la m e n g o s 242s. 51 D N 3/7/1645. A lista dos escravos, decerto com seus donos, não foi localizada "...stellen d e haer in hare vrve keure...” [colocando-os na sua livre escolha], 52 Instrução para 0 conselheiro S. C arpentier, art. 27, R ecife, 20/2/1636; in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/3. ' 3 De 10/1/1641; in A R A -O W IC 56 e B PB 1641/2. N ovam ente aparece aqui tam bém 0 motivo duplo: a luta contra a E spanha e a divulgação do E vangelho.

MisSões in d íg en a s

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Esta bifocal idade foi um fenômeno comum aos governos, tanto no campo tólico-romano quanto no reformado. O manto da Ordem de Cristo, tão cobiça­ do pelos restauradores de Pernambuco, lembra-nos disso. Ou para citar um exem ­ plo relacionado com a missão católico-romana entre os índios, dez anos depois da eXpulsão dos flamengos, o conde de Óbidos em uma carta ao padre Jacobo Cocleo, missionário no Ceará, expressou sua esperança “ de ver esses índios livres, e o principal (um tal de Simão) reduzir à obediência da Igreja e Serviço Del R ei ...” .54 Não resta nenhuma dúvida de que tanto o governo holandês quanto o portu­ guês tinham esse duplo objetivo .53 Não resta dúvida também de que oportunistas nos dois lados, como Van der Dussen e Gaspar Dias Ferreira, somente se servi­ ram da religião para obterem por intermédio dela seus alvos de poder próprio. Mas com certeza, a maioria, inclusive dos ilustres, era sincera na sua convicção, como o coronel Waerdenburch, de um lado, e Matias de Albuquerque, do outro. Focalizando o lado holandês, destacam-se em primeiro lugar dois docum en­ tos dentre as muitas pronúncias oficiais do lado da Companhia. Em um pedido dos participantes principais da Câmara de Amsterdã, dirigido ao jovem príncipe s t a d h o u d e r Frederico Henrique de Orange-Nassau, em 1628, aqueles afirmaram que desde o início da Companhia das índias Ocidentais seu principal alvo tinha sido a honra de Deus e a divulgação da verdadeira religião reformada, também em ou­ tros países ;56 e quem poderia duvidar da sinceridade de homens como Johannes de Laet? A Câmara de Zelândia pronunciou-se igualmente nesse sentido: “ ... a propagação do Santo Evangelho é um dos alvos principais dos bons participantes desta com panhia ...” .57 Não somente na Holanda, mas também no Brasil, os homens da Com panhia tinham esse alvo em mente. Quando o governo no Recife, em 1636, enviou seu representante, o conselheiro Servatius Carpentier aos Senhores XIX na Holanda, incluiu-se nas instruções o artigo 2 1 , sobre “o mais importante, a saber, a prom o­ ção da verdadeira religião ” .58E um ano depois, Gedeon Morris pleiteou a captura do Maranhão na sua Breve D edução (Corte D eductie), “porque por este meio não somente seria exterminada a mais terrível idolatria, ateisteria e fornicação,... mas, também, seriam convertidos muitos pagãos cegos ” .59 w D ocum entos: BN IX: 151s, C arta de Salvador, 28/2/1664. D. Vasco M ascarenhas. ” Mais claros no im plorar o auxílio de D eus, com o os portugueses em 1630: "D eos (aos lusos) dá ■■.notável ânim o; o m esmo S enhor lho acrescente, e o tire aos inim igos, pois o sam de sua Fé C athólica"; in R elaçam 1630. Os holandeses, em 1647, orando que D eus os guarde “p a ra a propagação da santa e divina verdade” ; in Journael 1647, na trad. D iário 1647: 225. * Requesten 11; cf. .1. P. Coen, fundador de Batávia, "het p rincipaclste wit..." o alvo principal: in Algra: B atavia 1. 57 C onsiderações sobre o com ércio entre Portugal e a C om panhia de 14/5/1641, no livro de resoluções de Z elândia; in A R A -O W IC 24. “ De 20/2/1636; in A R A -O W IC 51 e B PB 1636/3. 1Na C oleção H igino no Recife in "R elações D iversas": "C orte D eductie-'. RIH G B 58:249.

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Não somente oficiais, mas outros interessados igualmente viram isso como o alvo supremo. No panfleto Ensino F iel (Trou-hertighe Onderrichtinge) de 1643 o autor expressa o desejo de que a Companhia seja “um instrumento abençoado' para a conversão dos gentios e derrubada de nossos inimigos ...” .60 O conhecido Barlaeus não difere da opinião geral de que a missão entre os índios prova que os holandeses não foram somente ao Brasil por causa do lucro, “mas muito pelo con­ trário, pelo amor da felicidade eterna de tantos homens que erravam nas trevas”.6iy Sem dúvida, dois focos da história são a religião e a política, mas entre esses aspectos da vida existe uma escala de outros fatores, como o lingüístico, o social, o econômico, o estético, o jurídico, o ético .62 Imaginando uma pirâmide, a política formaria a base, como concentração do poder, enquanto a função religiosa 65 seria o topo. Entre os invasores, conforme seus dons naturais, havia vários interesses. Um filósofo como Herckmans representaria o aspecto lingüístico, um artista como Frans Post, o lado estético, o coronel Arciszewski talvez representasse o puro concentrado do poder histórico e um homem como Soler, o alvo religioso. Mas todos eles se estariam revolvendo em suas órbitas diárias, por um curso elíptico ao redor desses dois pólos importantes no nosso tempo e espaço, que são a política e a religião. Pensando nos índios, isso significaria libertação mesmo: não somente libertação espiritual para adoçar a realidade cruel da escravidão diária, mas inclu­ sive a libertação política, com todos os direitos humanos da época. M as se alguém tivesse sugerido uma libertação política sem a libertação religiosa, toda a ala cristã reformada o teria taxado de herético, e os da ala cristã romana teriam aplaudido pelos menos uma vez, porque a vida ainda era homogênea. Os missionários pro­ curavam servir ao homem integral.

8 .3 - PASTORES MISSIONÁRIOS Muitos foram os obreiros que trabalharam na obra missionária: “consoladores” e pas­ tores, “proponentes” e professores. Focalizaremos, agora, os pastores missionários.

8.3.1 - V incentius Joachimus Soler Entre os missionários que serviram entre os índios, o pastor espanhol Vincentius Joachim us Soler deve ser mencionado em primeiro lugar. Esse autor de várias cartas interessantes já foi mencionado como pastor da igreja francesa no R ecife .64 M esm o que nunca tenha chegado a ser um missionário de tempo T rou-hertigh e 2 e 17. O panfleto O ogen -salve de 1644 lem bra os notáveis serviços que a C om panhia prestou à Igreja de D eus com a "p ropagação do S anto E vangelho entre os pagãos cegos", p.3. M B arlaeus: H istória 325 e 53. r’2 K alsbeek: C on tours, p a ssim ; K alsbeek é um dos representantes da filosofia cosm onôm ica. “ O u função "p ística ”, do grego pistis, fé. M Cf. supra cap. 4 n76. B ots: Soler. N asceu em Valência, E spanha (1585?), frade dom inicano ou a gostiniano, deixou a batina, fugiu para França. Em 1617, recebeu um "S a tisfe c it" da A cadem ia

Cort ende fonderlingh

VERHAEL Vaneenen Bnef van Moníieur SOLER, Bedienaer des H. Euangelij iode Ghereforraeerde Kerckc van Br^siuen .

Inde 'Welckc hy aen eemgbe fyne Vrienden% daer byaenfibrijft, verhaelt verfcheyden fingidariteytm van ’t Landt.

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Voor B o u d e v v vN dc P r e y s , Boeckvercooperwoncnde op de hocck vta de

áide Faetn* Anno í

Carta do reverendo Vicente Soler, espanhol de Valência, impressa em Amsterdã, em 1639. Lô, na N orm ândia; em 1619, casa com M arie G ueroult; em I632(?), pastor “nas ilhas". O governo francês expulsou os pastores estrangeiros, esp. de N orm ândia (1634); Soler d eixou a F rança (1635?) e foi para a Flolanda; cham ada para R ecife; ao Brasil com esposa e filh a M argarida, deixando seu filho João sob os cuidados do rev. Rivet. C artas de Soler em L eiden, R U L -B PL 302: f-215 (16/7/1636). f.252 (13/3/1637), f.254 (6/3/1639). f.255 (2/4/1639), f.257 (12/2/1640), f.259 (16/9/1640). f.261 (6/4/1641), f.262 (15/2/1642), f.263 (12/4/1642), f.264 (20/3/1642), f.265 (5/6/ 1643); publ. in B ulletin de / ' H istoire du P rotestantism e fra n ç a is (org. Bots e L eroy). Soler: V e r h a e l. 1639. Cap. 3 n l5 9 . Teensm a: “Soler".

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I g r e ja e E stado no Brasil H o l a n d ê s - 1630-1654

integral, por causa da carga pastoral diária com os muitos franceses no Recife, ele, durante todo o tempo em que serviu no Brasil (1636-1644), foi o grande incentivador do trabalho missionário, servindo ativamente nesse campo, pregando e escrevendo. Durante o estudo do esforço missionário da Igreja Cristã Reforma­ da, encontrar-nos-emos freqüentemente com esse simpático obreiro, e desde já poderíamos dizer que não seria demais lhe dar o epíteto de “Pai da missão evan­ gélica entre os índios” ou “Apóstolo dos brasilianos” . Será que já estava incluindo os indígenas nas suas orações, quando assinou o livro de confissões dos pastores do Presbitério de Amsterdã no dia 24 de janeiro de 1636, acrescentando “V.D. apud Brasilienses Mr.”, ou seja, “Verbi Divini apud Brasilienses M inister” , servo da Palavra Divina para com os brasilianos ?63

8 .3 .2 - David à Doreslaer Soler alegrou-se 66 quando o presbitério e o governo no Recife nomearam como primeiro missionário de tempo integral entre os brasilianos o rev. David à Doreslaer .67 David nasceu na cidade portuária de Enkhuizen, no Norte da Holanda, urna das cinco “Câmaras” da Companhia das índias Ocidentais. Seu pai era o conhecido rev. Abraham à Doreslaer (f. 1655). Seu irmão mais velho era pastor na mesma cidade e seu irmão mais novo serviu como pastor na cidade de Delft, na época em que o rev. Soler cuidava aí da igreja francesa, depois de voltar do Brasil .68 David foi chamado pelo Presbitério de Enkhuizen para o ministério do Brasil ,69 onde serviu na igreja da Paraíba durante alguns meses e foi nomeado missionário na aldeia de Maurícia, na Paraíba ,70 interrompendo sua missão para ser capelão, junto com o rev. Plante, na expedição de Nassau contra Salvador em 1638.71 Em julho de 1641, David casou-se com a filha mais velha do rev. Petrus Doornick, pastor da Paraíba .72 David teve muito êxito em seu trabalho, estenden1,5 G A A -A C A 25. assinatura 76: V incentius Joachim us Soler. H ispano Valcntinus. De volta à Holanda em 1644. com o pastor da igreja valã de D elft, parece ter m antido a m esm a visão m issionária; influenciando as igrejas valãs: "...o sínodo valão ocupou-se especialm ente com a m issão nas colônias am ericanas (da H olanda) desde 1646, dando m uita ênfase às qualificações para a obra m issionária dos pastores a serem enviados às colônias, providenciando, inclusive, literatura apro­ priada. traçando princípios m issionários sãos, contribuindo ainda com m eios próprios para o salário dos pregadores". A ndrae: "D iener" 40. citando W arneck: A b risz 47s. Soler: Verhael 3. Pronúncia: D oreslèr. A p reposição “ a” (ou “ van") significa "d e ” . Em vista de a ortografia não ser m uito fixa na época, adotam os a m ais sim ples das m uitas diferentes encontradas. A ssinou o livro de confissões da C lasse de Edam com o "D avid à D ooreslaer. predikant (ot O ostluiysen": in R A N H -A C E 190. “ Veeris. A lph abeth 60; L exicon 4. s.v. w A SN H 1637 a29; in G A A -A C A 101. 70 A CB 1/1638 sl a l6 . D ussen: R elatório 89s. 71 C arta de H R R aos X IX de 23/5/1638; in A R A -O W IC 53 e B PB 1638/13. 72 7/7/1641, C arta de D oornick ao conde de N assau, Paraíba. 24/8/1641: in A R A -O W IC 56 e BPB 1641/20.

M issões in d ig en as

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j o o campo missionário até Goiana, e escreveu um catecismo em três línguas: tupi, português e holandês .73 Voltou com seu sogro para a Holanda, em abril de 1643,74 apresentando-se ao Sínodo da Holanda Setentrional no mesmo ano ,75 ser­ vindo depois 76 como pastor em vários lugares, finalmente na famosa cidade de Udemans e Teellinck, Zierikzee, em uma das ilhas de Zelândia (1654), onde faleceu em 1671.77 Andrae descreve em um valioso artigo a capacidade do pastor David, chamando-o “o pai da missão calvinista na América do Sul”, e continua: “Um ho­ mem que durante muitos anos dedicaria toda sua vontade de entregar-se, sua ale­ gria de trabalhar,... sua grande capacidade educativa aos peles vermelhas...” .7S Talvez seja melhor considerar o pastor espanhol, rev. Vincente Soler, como o “pai da missão evangélica na América do Sul” , e seu jovem colega holandês, dominee David Doreslaer, como Timóteo, o filho espiritual de Paulo.

8 .3 .3 - Johannes Eduardus O terceiro missionário foi o rev. Johannes Eduardus (John Edwards decerto descendente inglês ).79 Depois de estudar em Leiden ,80esse jovem de M iddelburg seguiu como pastor enviado pelo Presbitério de Walcheren ao Brasil,sl chegando ao Recife em janeiro de 1639.82 Em 1640 começou seu trabalho como pastor missionário no campo goiano. Moço dotado e dedicado, teve, entretanto, problemas de saúde 83 e, infelizmente,

73 Infra cap. 11. 74 Carta do H R R aos X IX , de 2/4/1643; in A R A -O W IC 58 e B PB 1643/16. 75 ASNH 1643 a2; in G A A -A C A 101. 7,1 R A N H -A C E 190. R A N H -A C E 4 de 10/10/1644. 77 Veeris: A lph abeth 60. O osthuizen 1644. H alteren 1649, Tolen 1650. Z ierikzee 1654. C artas dc D oreslaer com o secretário da C lasse de Schouw en, com seu selo (danificado) pessoal: escudo com quatro estrelas nos cantos, arco e flecha no m eio ladeados pelas letras D. D. (in R A Z -A C Z B 32: 20/4/1655 e 27/8/1663). 7a Andrae: "R o th au t” 116. A ndrae, com razão, rejeita a inform ação do grande m issiólogo alem ão W arneck (A b risz 47), de que havia no N ordeste dois m issionários n essa época, D oriflarius e Davilus. W'arneck baseou-sc em D. Th. C hristlieb: "G ra f Johann M oritz" (in A llgem eine M issions Z eitschrift 1880, p. 564ss; G utersloh: B ertelsm ann), que usou a edição latina de B arlaeus: Rerum 127 ("D av iliu s”) e 130 ("D orislarius” ). O contexto dessas duas referências m ostra, porém , que se trata de um a única pessoa, o que vem confirm ado na iradução holandesa, 163 ("D o resla") e 172 (“ D o reslaer': cap. 5 n67). N ão é im possível que leitores da tradução portuguesa cheguem à m esm a conclusão de W arneck, baseando-se cm Barlaeus: H istória 133 ("D avillo") c 135 ("D orislacr"). Andrae acrescenta: "(D oreslaer) estava destinado a ser o m aior pregador entre os índios, não som ente da época holandesa, m as de toda a Igreja Protestante no Brasil em geral, deccrto, até ao dia de hoje", p anegírico cm dem asia. M as, sem dúvida, foi um servo sábio e fiel. 79 M uitas grafias “ holandesadas"' e latinizadas. 811Album: L eiden, 29/11/1629 (R U L -A S 8). 81 GA A -A CA 4: 179 de 17/10/1639. 82 Carta do H R R aos X IX de 13/1/1639; in A R A -O W IC 54 c B PB 1639/1. 83 ACB 9/1642; in A R A -O W IC 57 (podia ser BPB 1642/18a).

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não pôde ficar mais nas aldeias de Itapecerica, regressando à sua pátria em 1643,84 onde três anos depois preparou a tradução das cartas que seu amigo cristão reformado Pedro Poti trocava com o católico romano Felipe Camarão, do tupi para o holandês .85

8 .3 .4 Thomas Kem p O quarto obreiro entre os indígenas foi o rev. Thomas Kemp, inglês, cuja longa folha de serviços pede uma biografia posterior. Kemp veio ao Brasil como soldado da Companhia, talvez já em 1630,86 e em 1633 o governo pensava em usá-lo como “consolador ’".87 Em 1635 já servia como consolador para os ingle­ ses .88 Depois de um curto intervalo na Europa, estava de volta ao Brasil não como soldado ou empregado da Companhia, mas como “homem livre” (vrym an), e em 1638 foi contratado pela Igreja e pelo governo como professor para as aldeias na Paraíba .89 Assim, foi ele o segundo professor evangélico entre os índios .90 Em 1641 foi promovido a “proponente” (pastor auxiliar ),91 e j á no ano seguinte foi consagrado pastor .92 Depois de visitar com o rev. Van der Poel os índios no Rio Grande do Norte em 1644,93 ajudou muito a orientá-los, quando eclodiu a guerra da Restauração em 1645.94 Kemp continuou servindo fielmente entre os brasilianos na Paraíba, encaixando-se no rol de pagamentos da Câmara de A m sterdã .93 A partir de 1649, Kemp mudou-se para o Ceará, como primeiro missionário evangé­ lico nesse campo, sendo freqüentemente mencionado nas cartas e no diário do governador Beck .96 No ano seguinte, casou-se com uma viúva que tinha dois filhos 97 e continuou servindo na terra de Iracema, inclusive aos soldados da Com­ 1,4 C arta do H R R aos XIX de 2/4/1643; in A R A -O W IC 58 e BPB 1643/16. s5 M ello: C a m a rã o 62 n61. Sobre as "cartas tupis", v. cap. 10.1.2. s(l C arvalho: "Intérprete". 87 C arta do H R R aos X IX de 19/8/1633: in A R A -O W IC 50 e B PB 1633/5. Será que foi ele o "p ro p o n e n te " que dirigiu o prim eiro culto no forte R eis M agos no Rio G rande do N orte, em dezem bro de 1633? C arta do H RR aos X IX de 20/12/1633; in A R A -O W IC 50 e BPB 1633/7. T am bém B PB 1633/5: ACB 1/1638 sl a4 e 10/1638 s3 a l; DN 1/11/1638, K em p "proponent". DN 23/7/1636. S9 A C B 1/1638 sl a4; A CB 10/1638 s3 a l; DN 1/11/1638. 911 A ndrae: "R o th au t" 118. prim eiro. 91 A C B 11/1640 s2 a l7 ; DN 13/2/1641. 1,2 A C B 10/1641 s3 a9, s9 a2 - a tradução deve ser: "a confirm ação deve ser feita na sua aldeia pelo rev. D oreslaer"; Souto-M aior; A ta s 146. 93 DN 16/9 e 18/10/1644. 94 DN 8/7/1645. 95 A ta dos X IX de 1 e 4/10/1647; in A R A -O W IC 3. 96 Ex.: DN 16/3/1649; cartas do governador B eck ao HRR. Seara. 4/5/1649 (in A R A -O W IC 65 e BPB 1649/8a) e 20/9/1649 (in A R A -O W IC 65 e BPB 1649/17); lista de m ilicianos para o C eará de 29/ 8/1649 (in A R A -O W IC 66 podia ser BPB 1650/3a) etc. Sobre a fé de B eck na ressurreição para a vida eterna, carta de Beck aos Estados Gerais (m encionando a m orte do m ajor G arstm an), Barbados, 8/10/1654; in A R A -A StG 5765 e C oleção C aetano 6:16. p. 76s. 97 DN 19/11/1650.

f i s s õ e s in d íg e n as

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panhia ,98 provavelmente até 1653, pelo m enos .99 Parece que tombou no campo missionário, antes talvez da fuga de Beck com sua tropa, o qual, tendo notícia da q u eda do Recife, foi à ilha de Barbados .100Ainda em 1656, o Presbitério de A m s­ terdã defendia os direitos de sua viúva na Câm ara local, pois Kemp falecera a “serviço da Companhia ” .101

8.3.5 - Dionísio Biscareto O quinto missionário entre os índios foi o espanhol rev. Dionísio Biscareto .102 Veio de Amsterdã para o Brasil como um dos professores para os índios, antes do fim de 1637.103 Começou como mestre em Itapecerica, a maior aldeia entre as que haviam na região de Goiana ,104 e depois serviu na mesma área como pastorauxiliar. Sendo aprovado no exame eclesiástico, foi ordenado pastor missionário, sucedendo o rev. Eduardus .103 Os ataques dos restauradores expulsaram o velho e honesto pastor espanhol junto com suas ovelhas .106 Em seguida, ministrou no ensino de escravos recifenses .107 Por causa de sua idade e saúde, ficou difícil trabalhar normalmente ,108 até que finalmente voltou de sua terceira pátria para a segunda, cuja sede era a C â­ mara e o Presbitério de A m sterdã .109 Na Holanda, apresentou-se em muitas reu­ niões de presbitérios e sínodos, por causa de seu problema perene: escassez de pecúnia para sua família numerosa. Faleceu provavelmente em 1658, e a partir desse momento, as reuniões dos presbitérios, especialmente de Amsterdã e do Sínodo Holandês, preocuparam-se com o sustento anual de sua viúva até o faleci­ mento dela em 1667.110 ^ " C ã rtã d õ H R R aos’ XIX de 20/6/165 1: in ^ R /V Õ W IC 66 e BPB 165T7Tã ™C arta do IIR R aos X IX dc 17/1/1653: in A R A -O W IC 67 c BPB 1653/1. I,111 C arvalho: "M in as" 782. 1111 G A A -A C A 6: 13 de 1/5/1656. Q uem seria o "T hom as Q uem pe; inglês de nação", que se e n co n ­ trava em Lisboa, de viagem ao Brasil em 1655'? In A H U cód. 92:263. 46:95v. 2 7 5:303v: M ello: "F inta" 10. 1112 Das grafias diversas, com o B iscarrcto. B iscarreta. B iscaretto etc., adotam os a m ais sim ples: Biscareto. 1113 DN 9/1/1638. N o livro de batism os da Igreja R eform ada do Recife ("D oopboek"), consta que no dia 24/1 2 /1 6 3 7 foi batizada um a m enina, Beatris. sendo o pai D ionisius B iscaretto, "p red ik an t onder de B rasilianen” |p reg ad o r aos brasilianos] e a mãe. a holandesa A nna Janss. sendo um a das testem unhas dom . Soler: in G A A -A C A 52. 1114Carta do H R R aos XIX . Recife. 29/6/1638: in A R A -O W IC 53 e BPB 1638/16. N assau: "S om m ier D iscours" 291. II,5 ACB 7/1644 s2 a2 e s4 a7. A S N H 1645 a20 e 1648 a42-3: in G A A -A C A 101. Por engano. Joosse opina que B iscareto era e perm aneceu professor (Scoone dingen 472 n683). N ieuhof: V iagem 316. 1,17 ACB 1646 intro.; DN 24/11/1646. “ ASZH 1650 a50; ACB 1647 s8 alO e s9 al 1: ACB 1648 intro. 1119 H am cl: "R ap p o rt" 148. DN 10/9/1647. A tas dos X IX de 1 e 4/10/1647; in A R A -O W IC 3 : 14s. "" Ex.: DN 5/6/1641. N a C lasse de A m sterdã de 6/9/1649: in G A A -A C A 5:134. N o Sínodo da H olanda Setentrional dc 1653 a45; in G A A -A C A 102. N a C lasse de U trecht onde o Prof. dom .

Igreja e E stad o no Brasil H olandês - 1630-1654

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8 .3 .6 - G ilbertus de Vau O sexto missionário foi o problemático francês rev. Gilbertus de Vau, que serviu primeiramente na igreja valã no Recife, ao lado do rev. Soler, entre 1640 e 1642.'" Depois de problemas aí, mudou-se para a aldeia de São Miguel, perto do Recife. Enquanto estava nesta última, criou novos problemas para o rev. Soler e também para a própria aldeia .112 Depois de muita confusão, o próprio “sínodo” resolveu demiti-lo .113 Depois de criar mais confusão na cidade de Olinda , " 4 foi embarcado de volta à Holanda em meados de 1643, ficando o conde de Nassau e seus conselheiros a se perguntarem “ se ele tinha o seu juízo completo ” .115

8 .3 .7 - Johannes A p riciu s O sétimo pastor missionário foi o holandês rev. Johannes Apricius (Jan Aprijs ).116 Chegou como soldado de Groningen " 7 e serviu como professor entre os índios no campo missionário de Kemp, na Paraíba, desde 1644. O Presbitério da Paraíba foi autorizado a examiná-lo para o pastorado, conforme artigo 8 da Ordem Eclesial de Dordt que versava sobre o candidato ao ministério com dons singulares .118 Apricius passou com seus alunos pela tempestade da revolta de 1645, e quando as igrejas se reuniram novamente em janeiro de 1646, Apricius foi aprovado no exame preparatório e admitido como “proponente” , ou pastor auxi­ liar . " 9 Passado um ano, ele pôde com eçar a se preparar para o exame “ pe­ rem ptório” ou definitivo ,120 realizado diante dos deputados do presbitério oito meses depois. Após a ordenação, iniciou seu trabalho como pastor-capelão en­ tre os índios no Ponto das Baleias, na Paraíba ,121 sendo designado administrativa­ mente à Câmara de Mosa, que abrangia Roterdã, Delft e Dordt .122 Durante os G isbertus V oetius de 8/11/1654; inR A U -A C U 3 etc. Procurou corrigir o p ortuguês d a exposição do C atecism o de H eid elb erg , escrito por dom . R ogerius na Indonésia, G A A -A C A 5:414 de 27/ 12/1655. Sobre a viúva de B iscareto: G A A -A C A 6:107 de 5/8/1658; até A S N H 1667 a4. '" A C B 10/1641 s8 a l ; esse artigo falta em Souto-M aior: A ta s 145. n: DN 15/8/1641; A CB 9/1642; inA R A -O W IC 57 (podia ser B PB 1642/18a) na aldeia de O bu; DN 2/8/1642. 113 A C B 11/1642 a47 do C oetus P raeparatorii no Recife, 12/11/1642. A ata da reunião não foi preservada, m as a referência a esse artigo encontra-se in G A A -A C A 33:115. 114 DN 2 e 3/6/1643. 115 C arta do H R R aos X IX de 2/4/1643; in A R A -O W IC 58 e BPB 1643/16. 116 Johannes A pricius ou Jan A prijs, holandês; ou seria um a adaptação de nom e inglês, John Price (Joosse: "V aart” 36)? Cf. infra cap. 11 sobre o jovem inglês c onhecedor profundo do tupi. 117 C arta do H R R aos X IX de 19/9/1651; in A R A -O W IC 66 e BPB 1651/18. 118 A C B 7/1644 a4: a C lasse da P araíb a podia exam iná-lo conform e artigo 8 da "O rdem do Dordt" (candidatos com "d o n s singulares"). " ‘'A C B 1/1646 a l e 15; DN 15/2/1646. 120 A C B 1/1647 s9 a l. 1:1 A C B 1/1647 s8 alO; ACB 5/1648 s2 a3. Joosse (S coone d in g en 472) duvida da ordenação de A pricius (cf. cap. 8 n l0 5 ). A ta dos X IX de 4/10/1647; in A R A -O W IC 3:14-5.

jylissões in d íge nas

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anos do declínio holandês continuou servindo fielmente à Paraíba, tanto aos índios quanto aos europeus .123 Por ocasião da notícia da queda do Recife em janeiro de 1654, embarcou com os outros para as ilhas no Caribe, em uma viagem de cerca de duas sem anas ,124 onde serviu durante algum tempo à Igreja Anglicana na ilha de São Cristóvão, sem usar as cerimônias. Voltou posteriormente para a Holanda, onde se apresentou ao P resb itério de A m sterd ã em 1657, entre g an d o um Dicionarium Brasílico Belgicum , prometendo trazer ainda uma gramática tupi e um C atecism o de H eidelberg, decerto em tupi tam bém .125 Além de ser um jo­ vem muito talentoso, conhecedor da língua indígena, era muito benquisto e estima­ do pelos brasilianos, fato atestado por todos os que o conheciam, a exemplo do conselheiro Hamel, do general Schoppe, do próprio governo e do presbitério .126

8 .3 .8 - O u tro s Pastores Além dos missionários de tempo integral, havia vários pastores que dedica­ ram parte de seu tempo ao trabalho indígena. Em primeiro lugar o rev. Soler, homem de grande visão missionária, mencionado anteriormente .127 O presbitério admoestava os “ Ministros da Palavra de Deus” a aprender o português, para que pudessem trabalhar entre os portugueses e os índios ,128 e várias vezes designou pastores de igrejas holandesas para darem parte do seu trabalho entre os brasilianos, como o rev. Cornelius Leoninus Filho, que devia atender os índios do Rio Grande na medida do possível .'29 Parece que o rev. Daniel Schagen foi o primeiro a se interessar pela missão entre os índios. Em uma carta, o governo escreveu aos Senhores XIX que Schagen fez bons “ serviços na conversão dos brasilianos ”,130 e o conselheiro Serooskercke mencionou no mesmo dia aos Senhores XIX que Schagen “fez bons serviços”, fazendo alguém traduzir umas orações do holandês para a língua brasiliana .131 Poucas semanas depois, o mesmo Serooskercke comunicou à C om panhia em

123 Carta d o I I R R aos XIX de 17/1/1653; in A R A -O W IC 67 e BPB 1653/1. 124 G oslinga: C a rib b e a n 212. Joosse: " V a a r f 36. A pricius (Price) serviu em 1677 com o p asto r e governador de “ W iapoco" [O iapoque. entre B rasil e CaienaJ. 125 G A A -A C A 6:59 de 2/7/1657. 126 Ham el: "R ap p o rt" 148. C arta do general S choppe ao HRR. P onta de Baleias, 22/7/1647; inA R A OW IC 63 e BPB 1647/14. A CB 1/1647 s7 a5 e s8 a l 5, onde o "com issário p o lítico" se refere aos acontecim entos relatados p o rN ie u h o f: V iagem 245; DN 3 e 11/5/1646; DN 19/1/1647. 127 S upra cap. 8.3.1. 1211ACB 11/1640 s4 a3. N a publicação das atas in G rothe: A cta 287 e na tradução de Souto-M aior: F asto s 133, existem três lacunas, em vistas de estarem apagadas as palavras na transcrição em Utrecht: in R A U -A SU 41. A cópia preservada in A R A -O W IC 55 (podia ser BPB 1640/19a) as fornece: a) w ort geantw oort nodich te zyn dat ja: b) sal m ct zyn; c) gevoeghlyckx. ACB 11/1640 s 6 a 3 . 1311 C arta do H R R aos XIX de 11/6/1636; in A R A -O W IC 51 e B PB 1636/12. 151 Carta de Serooskercke aos X IX . Recife. 11/6/1636: in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/11.

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M iddelburg, que Schagen começou a preparar um breve catecism o para os brasilianos .132 Qual teria sido o papel real do rev. Schagen nessa altura da mis­ são? Por um lado sabemos que quando o rev. Schagen chegou ao Brasil, por volta de 1634, j á tinha causado vários problem as 133 e que andava de cumplicidade com os políticos .134 Por outro lado, havia chegado nesses dias um homem com grande visão missionária, o rev. Soler. Este escreveu sua primeira carta do Recife no dia 8/6/163 6135 e preparou muito cedo um breve resumo da religião cristã junto com algumas ora çõ es .136 M as Schagen tratou-o como um su bordinado .137 Tudo indi­ ca que a informação dos '‘políticos” somente queria dar a honra a Schagen, m elhorando sua "im agem ”, que deteriorava rapidamente. Provavelmente, em­ bora de maneira involuntária, Schagen haja mais prejudicado do que ajudado a obra missionária. O rev. Kesseler, cujo ministério no Brasil (1637-1643) coincidiu com aépoca Nassoviana, talvez não tenha trabalhado diretamente na pregação, mas deu seu apoio integral, como experimentado líder natural nessa época, porque durante seu ministério em Amsterdã (1626-1636 e 1644-1654) serviu durante anos como membro da Comissão Missionária do Presbitério de Am sterdã ,138 de modo que o grande historiador da igreja de Amsterdã, Evenhuis, pôde denominá-lo “o homem da m issão ’’.139 E o poema escrito abaixo do seu retrato pintado lembra que “sua luz subiu no cair do dia para o amparo do índio ” .140 O Rio Grande do Norte sempre sentira falta de missionários, e conseqüente­ mente os pastores locais precisavam ajudar na obra indígena. Sabemos do rev. Cornelis van der Poel que ele se apresentou para ajudar os índios no Rio Grande do N o rte 141 e visitou as aldeias .142 Da mesma forma, o rev. Polhemius apresen­ tou-se para ajudar nas aldeias perto da ilha de Itamaracá ,143 e no ano de 1646 trabalhou inclusive entre os índios no norte .144 Pastor Leoninus cuidou da mesma região alguns anos antes, por determinação presbiterial ,145 e o rev. Johannes 132 C arta de Serooskercke à C âm ara de Zelândia. Recife, 25/7/1636; in ARA -O W IC 51 e BPB 1636/25. 133 C arta do C onsistório do Recife à Classe de W alcheren. Recife. 19/8/1637; in R A Z -A C W 73:24-30. 134 C arta de dom . Soler à C âm ara dc Zelândia. Recife. 7/12/1637: in A R A -O W IC 52 e BPB 1637/35. 135 C arta de dom . Soler à Câm ara de Z elândia, Recife. 8/6/1636; in A R A -O W IC 51 e BPB 1636/9. 136 A C B 3/1637 s2 a6. "een cort begrijp der C hristelijcke R eligie m et eenige gcbeden in Spaens... bij hcm alrede soo een bocckjen ontw orpen te sijn". 137 C arta do C onsistório do Recife aos deputados a d res indicas (a com issão m issionária do presbi­ tério) dc W alcheren de 19/8/1637; in R A Z -A C W 73:26. I3!i G A A -A C A 33 e 39 passim . atas e cartas dos deputados a d res indicas. I3‘' Evenhuis: A m ste rd a m I 274; Cf. G A A -A C A 5 de 3/10/1650. 140 G A A . H istorisch-topografische A tlas van het G em eente-A rchief van A m sterdam : "... dit ligt is opgeresen/ Tot hcul der Indiaan b ij’t dalen van den dag". 141 A CB 10/1641 s7 a7; problem a de num eração em Souto-M aior: A ta s 145. DN 31/10/1641. 142 C arta do H R R aos X IX . R ecife. 13/2/1645; in A R A -O W IC 60 e BPB 1645/6. 143 DN 2/6/1638. 141 A CB 1646 a54. 143 A CB 11/1640 s6 a3.

R everendo Frederico Kesseler, p a sto r no R ecife entre 1637 e 1643.

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Haselbeeck, como praticamente todos os pastores da Paraíba, auxiliou o trabalho indígena para o norte.146 Por causa da escassez no extremo sul, os pastores das igrejas holandesas apoiaram na medida do possível o trabalho entre os brasilianos, e homens como Jocodus à Stetten, Caspar Velthusen e Petrus Ongena devem ter pregado aos índios, mesmo mediante intérpretes. Entretanto, com a expulsão dos holandeses do sul por André Vidal em 1645, o trabalho cessou definitivamente.147 Não resta a menor dúvida quanto à visão missionária de mais outros pastores: o rev. Nicolaus Ketel se apresentou para o trabalho em L uanda,148 o rev. Jacobus Dapper que veio ao Brasil duas vezes para servir, tanto na Bahia quanto em Pernam buco,149 e o rev. Petrus Gribius, o genro do líder missionário Teellinck na Zelândia.150 O rev. Samuel Bachiler era a favor da obra missionária entre os índios, mas parece que tinha um problema prático em relação a aprender a falar outras línguas.151

8 .3 .9 - Dedicação e Confiança Tentando avaliar o esforço missionário dos pastores em geral,152 devemos lembrar que não contando os enviados à Bahia (1624-1625), havia ao todo 47 ministros no Nordeste, durante os anos da ocupação holandesa. Dentre eles, 6 eram missionários de tempo integral (Doreslaer, Eduardus, Kemp, Biscareto, De Vau e Apricius). Temos certeza de que mais 6 dedicaram parte de seu tempo à pregação entre os indígenas (Soler, Van der Poel, Polhemius, Leoninus, Haselbeeck e Stetten). Podemos supor que mais 2 ajudaram ocasionalmente (Velthusen e Ongena). E finalmente, conhecemos de perto a visão para o trabalho de mais 5 desses pastores (Kesseler, Dapper, Ketel, Gribius e Bachiler). Juntando os 6 obreiros de tempo integral com os 13 de tempo parcial (dando a estes juntos um valor de 2 missionários de tempo integral), chegamos à conclu­ são de que 8 pastores, ou seja, 17% do total dedicavam toda a sua atividade ao trabalho missionário. Até o começo missionário efetivo de 1638 é difícil de avaliar o esforço, mas de 1638 até a eclosão da revolta a porcentagem era quase de 15%. Da revolta até o fim em 1654, a porcentagem era na média de 30%, com um

14Í'D N 25/7 /1 6 4 4 e 16/1/1645. 147 Cap. 10.3. 14S A C B 10/1641 s8 a3. 149 B ahia. 1625: Recife, 1637 a 1639. 1,0 N o B rasil. 1646 a 1648. 151 C arta de dom . Petrus D oornick à C âm ara de Z elândia. Paraíba, 1/3/1642; in A R A -O W IC 57 e B PB 1642/8. Em geral, o m inistério pastoral incluía realm ente um m inistério m issionário, Joosse: Scoone dingen 473. I>: In c lu in d o os " c o n so la d o re s" e os p ro fe sso re s entre os índ io s, o e sfo rço to ta l foi bem maior, m as a tu a lm e n te não é p o ssív e l e x p ressá-lo em n ú m ero s ex ato s, por ser m u ito in certo o total d e sse s g rupos.

f i s s õ e s in d íg e n a s

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cume nos difíceis anos de 1652 e 1653 de 40%. De fato, não há motivo para Waetjen dizer que temos poucas informações sobre a ação missionária entre os índios no N ordeste.153 Ao contrário, existe tanto material que se poderiam fazer biografias interessantes sobre os mais importantes, como Soler e Doreslaer, Kemp e Apricius, Biscareto e Eduardus. Finalmente, há o aspecto da confiança que os índios depositavam nos pasto­ res. Owen Chadwick, escrevendo sobre a Reforma, e enfocando a missão da Igreja Católica Romana entre os índios, diz que estes confiavam nos religiosos como em nenhum outro entre os colonos. E se governo justo e evangelismo certo tinham de ser alcançados, não havia outra alternativa a não ser aceitar os padres como líderes político-religiosos.154 Tivemos a oportunidade de assinalar com o os documentos nos revelam esse laço de confiança, existente também entre os índi­ os e seus pastores da Igreja Cristã Reformada, não somente os de tempo integral, como o rev. Apricius, que reconduziu um grupo de 40 índios que haviam se afas­ tado dos holandeses na ilha de Itamaracá,135 mas também os ministros que so­ mente podiam dedicar uma parcela de sua atividade pastoral a eles, como Soler e Van der P oel.156 Interessante é observar que o governo tendia a envolver cada vez mais os pastores na administração pública, porque conheciam melhor os índi­ os, chegando a perdir-lhes auxílio na formulação de regulamentos.157 Em bora os próprios missionários devam ter receado um envolvimento mais direto das suas ovelhas com o governo secular, às vezes até pediam que tivessem a supervisão direta sobre uma aldeia, como Leoninus sobre a aldeia Apwapa, a três quilôm e­ tros do forte Ceulen ou Reis Magos, perto de N a ta l.158 O paralelo entre as duas missões é importante e dificilmente poderia ser de outro modo, pois procediam ambas de uma mesma raiz: a Igreja Cristã.

b3 W aetjen: Domínio 357, decerto por não ter usado os "D agelijkse N otulen". A ndrae: "R o th a u t" 103; A ndrae m enciona ainda (p. 126) M ichiels, m as não o incluím os por não chegar a ser pastor no Brasil. De dom . Vogel não sc acharam indicações m ais claras, por enquanto. Q uanto a W aetjen. lem bram os a observação dc José H onório R odrigues: "A irrestrita irritação pelos d ocum entos e livros luso-brasileiros é fato indiscutível, que m uito prejudica e invalida algum as conclusões" (Guia. xxxiv). 134 C hadw ick: Reformation 332. lisDN 3 e 11/11/1646; N ieuhof: Viagem 245. A CB 1/1647 s8 a l 5. bí’ Carta de E. H erckm ans aos X IX , Paraíba. 8/9/1640: in ARA-OW 4C 55 e BPB 1640/14. I>7ACB 7/1644 a 13. DN 20/9/1644, "O rdonnantie v o o rd e B rasilianen" em 19 artigos. ,Í8DN 14/5/1642.

C a p ít u l o 9

MISSÃO NA PAZ

Desde o início do contato com os brasilianos, tanto a Companhia quanto a Igreja Cristã Reformada reconheceram que os indígenas deveriam ser alcançados pelo Evangelho de Cristo.1 Existem poucos documentos eclesiais dos primeiros anos da colônia holandesa que possam comprová-lo, mas provavelmente os pastores, conscientes do alvo primeiro da Igreja e da Companhia, tentaram pregar aos índi­ os na medida do possível. Uma prova interessante do trabalho missionário indivi­ dual de um dos pastores, é o rev. Jodocus à Stetten. Em uma carta escrita durante a campanha militar contra Porto Calvo, quando não haviam decorrido ainda nem três semanas depois da execução de Domingos Fernandes Calabar pelos portu­ gueses, o pastor Stetten escreveu à Câmara de Zelândia informando que batizara o primeiro pagão naqueles dias, não especificando, porém, se era índio ou africa­ no, e acrescentou que reconhecia a necessidade de aprender bem a língua do país.2 Um ano depois, o mesmo Stetten relatou que sua esposa apresentou diver­ sos brasilianos ao batismo.3 Não apenas obreiros individuais começaram seu trabalho missionário, mas também a Igreja como uma organização. Para facilitar a visão global do desenvol­ vimento desse trabalho, distinguiremos vários períodos. Em primeiro lugar, vêm os anos de trabalho missionário em uma situação de relativa paz, durante a época nassoviana( 1637-1644), seguidos por anos muito turbulentos por causa da guerra incessante (1645-1654). Estudaremos, primeiramente, o trabalho da “missão na paz”. Iniciou-se com alguns anos de preparação (1638-1640); depois de dois anos de expansão (1640-1642), surgiu um tempo de hesitação (1642-1644) que levaria, porém, não ao abandono do trabalho, mas a uma continuação da obra missionária, caracterizada por intensa perseverança.

9.1 - PREPARAÇÃO ( 1 6 3 5 -1 6 3 8 ) 0 fato mais marcante do período de preparação foi que a Igreja, em conjunto com o governo, começou a investigar seriamente qual o melhor m étodo de al­ c a n çar os índios. 1Supra cap. 7.1 sobre m otivação. " "De ecrste heyden alhier gedoopt". carta de Stetten à C âm ara de Z elândia. 9/8/1635: in A RA OW IC 50 e BPB 1635/13. C alabar foi m orto em 22/7/1635. ’ Carta ao HRR, Itam aracá. ? /l 1/1636: in A R A -O W IC 51. po d ia ser BPB 1636/33a.

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9.1.1 - Estratégia O Consistório da Igreja Cristã Reformada do Recife levou o assunto ao Presbitério de Amsterdã. A primeira referência conhecida sobre esse assunto encontra-se nas atas da reunião do Presbitério de Amsterdã, de 25 de outubro de 1635, em que foi lida uma carta em latim e holandês, procedente do consistório em “Fernam buque” . Nessa importante missiva, 0 Recife solicitava sete ou oito “pro­ ponentes” licenciados, bem-educados e aptos para 0 pastorado, a fim de aprende­ rem a língua brasiliana para o futuro ensino religioso; Amsterdã aquiesceu. Aiétri dos pastores, Pernambuco requisitava professores, de preferência com esposa e filhos, para colocá-los nas aldeias, tendo como objetivo o ensino da juventude indígena; ainda sugeria que fossem levados à Holanda 20 ou 30 jovens brasilianos, com o fim de aprenderem holandês e serem educados na religião reformada. Quan­ to a isso, o Presbitério de Amsterdã decidiu primeiro consultar a Companhia.4 Os Senhores XIX já haviam recebido carta de igual teor do governo no Recife, com um pedido mais específico de enviar à Holanda 25 jovens brasilianos, e trazer daí 25 órfãos com o mesmo objetivo. Caso isso não fosse possível, então, pelo menos, 12 de cada grupo. “Deus engrandeceu o cristianismo por 12 apósto­ los somente, de modo que Ele bem pode reformar o Brasil com 24 jovens.”5 Os Senhores XIX responderam com uma carta ao governo recifense, recomendando que se prestasse uma ajuda ao consistório local, no ensino dos brasilianos, procu­ rando professores hábeis, desejosos de aprender a língua tupi, a quem pagassem um salário sacado dos bens eclesiásticos.6 Três meses depois, os Senhores XIX escreveram diretamente aoxonsistório da igreja no Recife, mostrando-se muito interessados no bom ensino dos índios, querendo afastar deles “o fermento do papado” ; por outro lado, não apoiaram muito a idéia de se levar à Holanda jovens brasilianos, porque a experiência de­ monstrava, com Pedro Poti e seus colegas, que estes esqueciam parcialmente sua língua materna.7 Um ponto alto nesse período preparatório foi a instrução do go­ verno no Recife ao seu mensageiro Carpentier, quando da sua ida à Holanda. No longo artigo 25 dessa instrução do dia 20 de fevereiro de 1636, reapareceram dois assuntos básicos; são necessários proponentes para a pregação e professores para o ensino.8 Embora a linha mestra da Igreja e da Companhia ficasse clara, difícil era atinar com o método prático adequado para o trabalho missionário. Foi duro

4 G A A -A C A 4 de 25/10/1635; de dom . Schagen? 5 C arta do H R R aos X IX , Recife. 167/7/1635; in A R A -O W IC 50 e B PB 1 6 3 5 /1 1 .-R efo rm ar": levar à reform a da Igreja e da vida; cf. "O C atólico R eform ado", cap. 7.2.3. 6 D e 1/8/1635; in A R A -O W IC 8 e R U B 1635/4. N a R eform a P rotestante, os "b en s eclesiásticos reverteram ao governo secular, incum bido de pagar as despesas eclesiais. 7 C arta de 9/11/1635; in A R A -O W IC 8 e RUB 1635/7. 8 A R A -O W IC 51 e BPB 1636/3.

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evangelizar e civilizar nômades e seminômades mediante um padrão cultural que lhes era estranho. As aldeias sempre continuaram como unidades agropecuárias artificiais, muitas vezes governadas por europeus. Acertar com um método me­ lhor era extremamente difícil, e o mais satisfatório, provavelmente, nunca foi en­ contrado, apesar de ensaios sinceros. __^ Inicialmente, cogitou-se em colocar a semeadura em uma estufa: consistia em colocar os filhos dos índios em um internato, dirigido por uma família holande­ sa de numerosa prole. Aos pais índios seria permitido visitar os filhos duas ou quatro vezes por mês, para levar-lhes farinha, frutas e roupas. Somente as línguas tupi e holandesa seriam usadas, enquanto a portuguesa proibida.9 Esse sistema, porém, foi abandonado, pois além da resistência dos pais, as crianças, ao voltarem às cabanas, tornavam-se tão selvagens quanto antes de entrar no internato. No ano seguinte (1637), sugeriu-se outro método: uma estufa, não para cri­ anças, mas para adultos. Alguns adultos viriam ao Recife “para que fossem ins­ truídos dentro da Igreja na religião cristã”, pelo pastor Soler, o qual prometeu, com gosto, organizar seu trabalho para esse fim .10 Os magistrados, entretanto, não favoreceram esse plano, dando preferência ao primeiro, e pediram ao Presbitério do Brasil que considerasse outros meios mais apropriados.11 Nesse meio-tempo, o presbitério j á havia procurado novos caminhos, inclu­ sive o de semear no canteiro, ao ar livre. Em 1637, os pastores Soler, no Recife, e Doreslaer, na Paraíba, mantiveram muitos contatos pessoais com os índios. Os da Paraíba solicitaram que viessem a receber então o seu próprio pastor.12 Queriam pregação e ensino diretamente nas aldeias, para as famílias inteiras. Escola dom i­ nical para a família total. Professores holandeses e brasilianos deveriam ser colo­ cados nas aldeias.13 - ' r\ Assim, a idéia forçada de uma estufa foi abandonada por algum tempo. Mas ainda se empregava o método dos canteiros artificiais das aldeias, e somente se podiam alcançar os verdadeiros nômades se e quando estes ficassem algumas semanas nas vilas. Tanto o método da estufa quanto o do canteiro, por mais abrangentes que fossem, eram inadequados para nômades e seminômades. Para estes, um método-nômade seria necessário: o missionário teria de viajar com a tribo, como Willem Donckers, primeiro chefe-geral dos brasilianos,14 ou mesmo apenas fornecer-lhes trechos bíblicos em sua própria língua. Não havia, porém, flexibilidade bastante para se viajar com a tribo; casar-se na tribo às vezes foi considerado inoportuno, especialmente pelos magistrados; e a tradução iniciada '' Idem; art. 27 da instrução de Carpentier. M ello, Flamengos 249. '"A C B 3/1637 s2 a7. "A C B 1/1638 sl a 14. 12 ACB 1/1638 sl a l5 . Soler: Verhael. 13 ACB 3/1637 s2 a6. 14 M ello: Flamengos 244.

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por Soler encontrava alguns obstáculos na Holanda.15 Por enquanto, p re g a r.^ ensinar nas próprias aldeias era o melhor método.

9 .1 .2 - Batismos Os contatos com os índios, durante esses anos iniciais, devem ter sido bem freqüentes. N a reunião do Presbitério de março de 1637 j á havia perguntas sobre o batismo de filhos de brasilianos e de africanos. Foi decidido que o batismo infan­ til deveria ser solicitado com antecedência16 e que os filhos não deveriam ser batizados se os pais não houvessem recebido o sacramento, ou antes, de os pais terem sido instruídos na religião cristã reformada.17 As perguntas no presbitério versavam também sobre filhos cujos pais já houvessem sido batizados. Quem os batizaria? Soler, Doreslaer ou algum outro pastor? Lembremos, por exemplo, que o pastor Stetten escreveu de Porto Calvo dizendo que batizara o primeiro pagão.IS Barlaeus diz que Doreslaer “arrancouos” do paganismo com o santo batismo da Igreja Reforina.da.19 E Soler, em sua carta publicada, relatou que sempre batizava muitos índios que adotavam nomes cristãos, em vez de nomes de pássaros e peixes, como de costume.20 Além dessas anotações isoladas, não achamos referências a batismos de índios adultos nas atas ou no livro de batismos do Recife. Tem-se a impressão de que a maior parte já havia sido batizada. E não é de estranhar quando lembramos da praxe batismal da Igreja Católica Romana. Durante essa mesma época, por exemplo, em poucos meses, os capuchinhos no Maranhão batizaram milhares de índios. Portanto, quando os refor­ mados iniciaram o seu trabalho no Nordeste, muitíssimos batismos já haviam sido realizados, durante mais de cem anos, por jesuítas, franciscanos e carmelitas. A Igreja Cristã Reformada reconheceu o batismo da Igreja Católica Roma­ na, apesar de certas dúvidas que surgiram entre ministros evangélicos que entra­ ram na herança missionária romana. O pastor francês, rev. Descamps, que traba­ lhou durante três anos (1656-1659) na ilha de São Martin no Caribe, interrogou as suas igrejas valãs na Holanda sobre se alguém “ pode rebatizar mouros e outros bárbaros que dizem que receberam o batismo de padres espanhóis” . O sínodo respondeu: “ ... não é lícito rebatizá-los a não ser que exista evidência clara de que não receberam o sacramento de alguma forma” .21 Obstáculo ao batismo seria uma evidência clara de que este já houvesse sido ministrado ou também uma

'-In fr a cap. 11. "'A C B 3/1637 s8 a4. 17 A C B 3/1637 s8 a3. ls A R A -O W IC 50 e BPB 1635/13. carta de Stetten à C âm ara de Z elândia, 9/8/1635. ''' B arlaeus: História 133, Soler: Verhael 5. Com razão A ndrac (“R o th a u f 114) supõe que dom . Soler procurava pregar aos índios m uito cedo. Livre Synodal 9/1656 a l9 . Sobre Curaçao. ver G A A -A C A 33:425.

jylissão na p az

recusa em professar fé em Cristo por pessoas j á batizadas. Então, somente filhos (je pais batizados, e que “confessam Jesus Cristo”, deveriam ser admitidos ao batismo.22 Normalmente essa confissão de fé viria antes do batismo em caso de a d u lto s.23 Todavia, no caso de um batismo apressado, como era o católico-roman0; uma pública reafirmação de fé era necessária. Posteriormente, as igrejas da Holanda confirmaram seu apoio integral a essa posição.24 A s crianças brasilianas çujos.batismos foram registrados no livro de batismo da Igreja Reformada de Recife, sem dúvida, tinham pais professos dessa Igreja.25

9.2 - IMPLANTAÇÃO (1 6 3 8 -1 6 4 0 ) A reunião do Presbitério de março de 1637 foi basicamente de purificação do corpo ministerial. A de janeiro de 1638 se tornou principalmente uma convenção missionária, embora ambos os aspectos estivessem evidentes nos dois encontros.

'.M3J

No início desse segundo período o trabalho da Igreja, em geral, estava se alargando, e conseqüentemente, o presbitério e o governo requisitaram à Holanda ^ mais ministros. Estes, sem dúvida, iriam trabalhar, em primeiro lugar, entre os holandeses; sem esquecer, porém, o trabalho missionário,26 que ocupava um lugar de destaque nas deliberações. Os deputados do presbitério propuseram, depois de frejeitar como impraticável a idéia do internato, adotar o método direto.27 O plano | foi colocar um pastor nas aldeias dos índios para “pregar a Palavra de Deus, administrar os sacramentos e exercer disciplina eclesiástica”, citando assim as ~~“três marcas da verdadeira Igreja”, conforme confissão da Igreja Cristã Refor­ mada.28 Além disso, dois professores29 hábeis na língua “espanhola” deveriam m orar nas vilas dos índios para ensinar velhos e jovens a ler e a escrever, como também dar instrução sobre os fundamentos da religião cristã.30 O presbitério concordou com essa proposta, com base na experiência favo­ rável ocorrida na Paraíba, onde os brasilianos que tinham recebido assistência pastoral durante algum tempo desejavam o seu próprio missionário, o que pleitea­ ram explicitamente nessa reunião. O presbitério, então, pediu ao pastor David à

22 ACB 3/1637 s8 a3. 23 Liturgia e ordem da Igreja C ristã Reform ada. 24 ACB 10/1638 s5 a4, 3. G A A -A C A 39 de 8/6/1637 e de 2/11/1637. A SN H 1637 a23. 23 "D oopboek” 28/1 /1 6 4 6 ,2 6 /6 /1 6 4 7 . 8/9/1649 etc.: in G A A -A C A 52. N o Brasil não surgiu, aparen­ tem ente, a questão se crianças de pais pagãos podiam ser " a b en ç o a d as” , com o form a interm ed iá­ ria, antes do batism o, com o ocorreu na Indonésia; A SN H 1629 a35. 26 ACB 1/1638 s6 a2, mais seis pastores. F lachsm eyer (Weltmission 167) e R ibeiro (O rigens 56) dão a im pressão de que era som ente para o trabalho m issionário. DN 22/11/1638. pedido ren o v a­ do, A C B 10/1638 s4 a l (m ais três vagas). 27 ACB 1/1638 a l a l 5. Confissão Neerlandesa art. 29. “ As atas usam aqui a palavra voorleser (leitor) no sentido de professor. A CB 1/1638 sl a l5 . ACB 1/1638 sl a l 5.

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Doreslaer, que conhecia bem a língua portuguesa, para que aceitasse essa cha­ mada, assegurando-lhe que os colegas o assistiriam em seu serviço com conselho, ajuda e oração. Ele ficaria normalmente integrado como membro do Consistório da Paraíba e do Presbitério do Brasil.31 O pastor David, “convencido em seu coração da necessidade e importância do caso, aceitou a chamada no temor do Senhor” .32 O presbitério decidiu ir adiante imediatamente com a concretização dos planos, querendo que o primeiro missionário seguisse para as aldeias o quanto antes,33 sem ao menos esperar a chegada de um pastor substituto. O rev. Van der Poel cuidaria do trabalho entre os holandeses na Paraíba, na medida do possível. E claro que o presbitério reconheceu a grande importância da obra missionária. Durante a mesma reunião, que durou três dias, falou-se com o governo, o qual apoiou o plano integralmente.34 E então, o primeiro pastor missionário seguiupara as aldeias, e vários serviços missionários começaram a desenvolver-se para aju­ dar na formação de congregações, como a pregação, a educação, a produção de literatura, a ajuda às famílias, o ministério diaconal e a assistência.govemamentaL

9.2.1 - M in is té rio de Pregação Aparentemente o trabalho do pastor David foi recebido com muita satisfa­ ção, porque j á no início de março de 1638 os deputados do Presbitério do Brasil informaram aos Senhores XIX que eles tinham “boa esperança” na conversão dos “ moradores naturais desses países” e que nunca os sinais da conversão ti­ nham sido maiores.33 Nassau comunicou no Breve D iscurso cjiiaxis^próprios índi­ os enxotaram os padres, não querendo mais admiti-los.36 Três aldeias perto de Itamaracá também requisitaram seu próprio pregador, como as aldeias da Paraíba haviam feito com o pastor Doreslaer.37 Na reunião seguinte do presbitério, no mesmo ano, o pastor David apresentou seu primeiro relatório, informando que os índios estavam freqüentando diariamente os cultos de oração, cântico e pregação, e estavam atendendo às admoestações, mas era cedo demais para a celebração da Santa Ceia, pois havia problemas de embriaguez.38

31 Idem. 32 A C B 1/1638 s l a l6 . N a tradução faltam as palavras “ in de vrees des H eeren" [no tem or do S enhor]; in Souto-M aior: Atas 102. 33 A CB 1/1638 s5 a l 0. A ndrae, “ R o th au t” 114, disse que 1/2/1638 pode ser considerado com o o dia do com eço oficial da m issão evangélica entre os índios da A m érica do Sul. N ão tem os certeza, porém , de quando D oreslaer iniciou seu trabalho. A ndrae se baseia na tradução de P edro SoutoM aior, concluindo que o dia 1 depois da reunião da C lasse de jan e iro deve ser o prim eiro de fevereiro. M as o original diz “m et den eersten” , que quer dizer "qu an to antes". 34 A C B 1/1638 s5 alO. C arta de 4/3/1638; in A R A -O W IC 53 e BPB 1638/2, "naturele ingesetenen". 36 N assau: ' ‘Som m ier D iscours" 291. 37 D N 2/6/1638. ’a P or acaso havia m ais festas com o no 10/1/1638 no Rio G rande do N orte, onde 2.500 brasilianos participaram da festa do vinho de caju? In A R A -O W IC 53 e BPB 1638/10.

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N a realidade, surgia aqui, na missão reformada, o problema da separação dos sacramentos: será que um adulto j á batizado poderia participar da comunhão na Santa Ceia, ou deveria esperar durante alguns anos? Esse problema surgiu na Idade Média, mas acentuou-se durante o século 16, especialmente nas Américas, quando milhões de índios foram batizados. Em 1539, a segunda junta apostólica da Igreja Católica Romana do México decidiu que os índios só poderiam participar da comunhão depois de serem instruídos na fé.39 No Brasil, os jesuítas consenti­ ram que alguns índios selecionados das aldeias participassem da comunhão da Páscoa pela primeira vez em 1573.40 N a Igreja Cristã Reformada, a praxe, sem dúvida, corria paralela à seguida no batismo dos adultos: a) somente batizar quan­ do podiam ser admitidos também à Santa Ceia; b) pedir aos já batizados pelos padres que fizessem uma pública profissão de fé individual, antes de admiti-los à mesa de comunhão.41

9 .2 .2 - M in is té rio de Educação Além do ministério de pregação, com eçou o da educação. O primeiro pro­ fessor entre os índios foi o espanhol Dionísio Biscareto, que chegou enviado por Amsterdã. Ele trabalhou a partir da metade de 1638 nas aldeias de Goiana.42 Para as outras aldeias foi mais difícil achar um professor. Tinha de ser alguém que pelo menos falasse o português, porque “os jovens entre os índios entendem o português, mas seus pais não conhecem nenhuma outra 1íngua além da própria”.43 Várias tentativas falharam. Um tal de João Tacke queria trabalhar, mas não era a pessoa mais apropriada, além de ter chegado ao Brasil sem ordens eclesiásticas.44 Finalmente encontraram um grande professor, o inglês Thomas Kemp, o antigo proponente em Sirinhaém, que tinha voltado ao Brasil depois de uma época de

39 Enklaar: Sacram enten 31. Esse livro escrito por um m issiólogo holandês trata detalhadam ente do assunto da separação dos sacram entos no cam po m issionário, especialm ente n a Indonésia. 411 Chadw ick: Reform ation 330. O m esm o problem a foi tratado no T erceiro C on cilio de G oa, em 1585, estipulando que som ente os que tinham declaração por escrito do seu confessor poderiam participar da com unhão. N a s fam osas ilhas das M olucas, n a Indonésia, o padre R ebelo se queixa, em 1593, de que som ente há cristãos de nom e. D epois d a conquista da Indonésia pelos holandeses a m esm a situação espiritual continuou, m as “ eles trocaram agora o padre pelo predicante, a m issa pelo serm ão e o crucifixo pela B íblia” . Voetius, o fam oso professor de teologia de U trecht, alertava os m issionários cristãos reform ados para não seguirem o exem plo dos padres católicos rom anos nesse ponto; e o C onsistório de B atávia, o R ecife indonésio, decidiu em 1648 que indígenas adultos só poderiam ser batizados quando pudessem ser adm itidos tam bém à Santa C eia. Esse problem a causou o debate sobre a separação dos sacram entos de 1721 a 1736, Enklaar: Sacramenten 27ss, 38s, 46 etc. 41 ACB 4/1640 s4 a3; 11/1640 s3 a2; 3/1637 s8 a3. 42 Sobre B iscareto, v. cap. 8.3.5. DN 9/1/1638. Será que foram as m esm as aldeias de Itam aracá que pediram um pastor? In D N 2/6/1638. 43 Soler: Verhael 3 e 4. 44 ACB 1/1638 s4 a2. S outo-M aior: Fastos 104, “ sem instrução religiosa’", m as o texto holandês ("so n d er kerckelycke instructie”) se refere à carta eclesiástica, descrevendo a tarefa a cum prir.

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enfermidade.43 Embora não trouxesse nenhum documento como Tacke, foi aceito alegremente, pelo seu testemunho anterior, começando a trabalhar nas aldeias do pastor Doreslaer.46 As escolas se desenvolveram bem, e no Presbitério de abril de 1640 Doreslaer relatou que as crianças haviam progredido razoavelmente no seu conhecimento, e que os dois professores, Kemp e Biscareto, estavam fazendo um bom trabalho.47 Um dos problemas, porém, era a língua. Por causa de uma observação da Holanda dos Senhores XIX, sobre esse assunto, o presbitério cogitou sobre a possibilidade de o ensino ser dado em holandês. Foi decidido que “se deve procurar dois mes­ tres de escola que tenham família e enviá-los a morar nas aldeias, para ensinar os filhos dos índios a ler, escrever”, a fim de que “os brasilianinhos, no decorrer do tempo, por meio da sua conversação com os filhos dos mestres de escola, possam aprender a língua” . O governo apoiou a idéia.48 Mas provavelmente, os poucos holandesinhos teriam aprendido o tupi antes dos brasilianinhos, o flamengo.

9 .2 .3 - M in is té rio de L iteratura e Diaconia Sobre o ministério de literatura falaremos depois, lembrando somente que foi nessa época que os pastores Soler e Doreslaer foram encarregados de escre­ ver um catecismo breve.49 Quanto ao ministério diaconal, não achamos indícios nesse período.

9 .2 .4 - M in is té rio Fam iliar e G overnam ental O serviço em prol da família começou igualmente. O problema era que muitos brasilianos casados viviam separados de suas esposas, ou por causa da guerra, ou de “ moto próprio” . Não podiam casar-se novamente, embora alguns quisessem fazê-lo. O presbitério então considerou: “Não podendo (os brasilianos) ficar sem a comunhão matrimonial, pergunta-se de que maneira e por que meio podem ser assistidos na sua necessidade” .30 O concilio era de opinião que a parte que havia abandonado o seu cônjuge deveria ser citada dentro de um período determinado, por um edital público, pelo juiz temporal. Além disso, depois desse período, a parte abandonada deveria ser considerada e declarada livre da parte abandonante. Esse assunto deveria ser submetido ao magistrado para aprova­ ção.51 Foi uma tentativa para se encontrar alguma solução legal à situação matri­ monial confusa reinante. De fato, foi o primeiro projeto de reconciliação ou divór­ cio legal na América do Sul, reconhecendo a dureza dos corações.52 Ao mesmo 4Í DN 1/11/1638; sobre K.emp, cap. 8.3.4. 46 A CB 10/1638 s3 a l. 47 A C B 4/1640 s4 a3. 48 A C B 4/1640 s7 a l, 3. 49 A C B 10/1638 s l a6. 511A C B 10/1638 s5 a l, 3. 51 DN 22/11/1638. " A C B 10/1638 s5 a l , 3.

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tempo, foi dada uma solução incidental para um caso difícil em Ipojuca, porque “0S brasilianos não são ‘sabedores’ ainda” , mas o novo casamento só poderia ser efetuado depois de admoestação pública e não se devia tornar precedente.53 Além desses ministérios, desenvolveu-se ainda o serviço governamental que nem sempre poderia ser denominado “ministério” , embora fosse essa a intenção. Quanto ao governo, Nassau convocou os capitães dos índios no mês de julho de 1639, por causa da ameaça de uma nova eclosão da guerra: os portugueses havi­ am atravessado o rio São Francisco pelo sul, penetrando na área holandesa, e a armada estava sendo preparada em Lisboa. Nassau lembrou aos índios como tinham sido libertos da escravidão portuguesa, e estes declararam, conforme tes■temunho do conde em uma carta aos Senhores XIX, que “queriam viver e morrer conosco e que eles eram nossos irmãos” .34 Pantaleão Correia, porém, foi banido, ■fera capitão da aldeia de Itapecerica, muito contrário aos holandeses, e “papista intransigente” . Tudo indica que esse cacique foi morto na viagem para a Holanda, porque Nassau acrescentara que ele deveria ser levado à Guiné ou América do Norte, “ no caso em que, por qualquer circunstância, a ordem que demos a seu respeito não seja executada a caminho” .53 Por causa do contato mais intenso com a população indígena, descobriu-se também que ainda havia índios escravos, e os capitães das aldeias os tiraram dos lares portugueses.56 O governo no Recife estipulou, porém, que deviam ser registrados antes de serem tirados, para verificação do título “ju s to ” de escravi­ dão, e se não, haviam de libertá-los.37 A maior parte desses escravos ainda era do tempo da baía da Traição, em 1625, e todos deviam ser libertados.58 Também a semi-escravidão de índios era proibida, sendo os moradores de Alagoas lembra­ dos de que “brasilianos” podiam trabalhar nas fazendas, mas somente se o quises­ sem e sempre com remuneração.59 O governo também ajudou a colocar ordem najytuação dos índios nas aldeias. A pedido do presbitério foi preparada uma instru­ ção para os capitães, em que, entre outros assuntos, tratava-se do matrimônio.60 ^ ACB in 10/1638 s5 a l, 4; "S ulx sal toegelaten vvorden, also de brasilianen noch niet al te w etich en syir'. S outo-M aior traduz: “N ão serem ainda m uito legais”, com o se fosse “ w ettich", m as o sentido é “ não sabem ainda” (“ w etich” ). 54 DN 9/10/1640, tam bém sobre a fidelidade dos brasilianos que insultam os portugueses. 35 Carta do H RR aos X IX dc 5/8/1639: in A R A -O W IC 54 e BPB 1639/21. M ello: Vieira I 104s. M ello: "M in istro ” 3 15. Cf. o veredicto do C onselho U ltram arino de Portugal sobre João "P re g a ­ dor” em 1692 (Cap. 10.3.3), além do fim provável dc Pedro Poti (cap. 10.2.3) Sn N ederlctndgedurende de 17o eeitw (Kampen. 1969). Gans: Memorboek etc.

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amsterdamense escolheu o lado da Reforma e da revolta contra a Espanhal e a partir disso, pelo fim do século 16, começaram a aparecer os primeiros judeus portugueses. Por volta de 1610 havia uma centena de famílias israelitas ,21 q ue se reuniam em uma sinagoga escondida, com permissão do governo e sob a orienta­ ção do rabino Uri Ha-Levi .22Não havia anti-semitismo, propriamente, na Holanda -23 os ju d eu s simplesmente constituíram sua própria comunidade, com seus prógrios juizes. Decidiu-se em 1619 que em nenhum lugar da Holanda judeus deveriam ser obrigados a usar algum sinal específico, como uma estrela amarela 011 um chapéu vermelho. Eles poderiam matar gado conforme suas próprias leis cerimoniais e depois ter sua própria escola e cemitério; 0 governo pretendia não notar os “exer­ cícios judaicos ” .24No ano da segunda visitação do Santo Ofício a Pernambuco, já havia três sinagogas, embora disfarçadas, em A m sterdã .25 Mas até mesmo aí os judeus precisavam cuidar-se dos terríveis tentáculos da Inquisição de Lisboa, que tinha seus espiões também em Amsterdã. Em 1617, alguém delatou ao Santo Ofício em Lisboa os nomes de 119 marranos, judeus portugueses batizados na Igreja Católica Romana, que se haviam tornado membros da sinagoga aberta­ mente. Quase todos os judeus portugueses tinham um nome duplo para protegêlos da Inquisição ibérica, mas de vez em quando alguém era preso em viagem comercial à Espanha ou a Portugal .26 Como havia sangue judeu na mais alta sociedade ibérica, assim também na família de N a ssau .27 Mas a atitude diante dessa herança israelita era bem dife­ rente. No ano em que 0 rei de Portugal e sua esposa assistiram de uma janela do paço em Lisboa ao teatro do Auto da fé, em que três homens e três mulheres morreram por causa de sua fé judaica,2S 0 príncipe Frederico Henrique de OrangeNassau, stadhouder da Holanda, junto com esposa e filhos, visitou oficialmente a sinagoga ampliada dos judeus portugueses no Houtgracht, atualmente Waterlooplein, em Amsterdã. Durante a Guerra dos Trinta Anos e depois, judeus poloneses e alemães começaram também a fugir, especialmente da Contra-Reforma da Igre­

:l Dillen: '-Vreemdelingen" 7. Jong: Kerkgeschieden is 177. 22 Evenhuis: Amsterdam II 167ss. 22 Gelder: Vrijheid 149. 24 Jong: Kerkgeschieden is 176ss. 2Í Em 1618. Dillen: "V reem delin gen” 8. 26 Idem 7. 15. 34s. 27 a) Judeus n a C asa de N assau: Conde Henrique III (+ 1538, irmão de Guilherme, o Rico 1 1559) era casado com M encia de M endoza (cristã-nova); Emília (+ 1629). filha de Guilherm e de OrangeNassau. era casada com D. E m anuel de P ortugal (cristão-novo). b) Ju d eu s na Casa de Avis: D. Emanuel (+ 1 6 3 8 ; casado com Emília de Nassau) era filho do prior de Crato, D. Antônio (+ 1595; e de sua amante A na B a rb o sa , cristã-nova). e neto de D. Luis ( t 1555. e de sua amante Yolanda G om e:, cristã-nova) e bisneto de João II (+1495, Bijbel & Wetenschap 6/1999 (Amersfoon). 5ss. Kamp: E m anuel. Cf. Ilustrações: Genealogia de Nassau. 2XGazeta de Lisboa de abril 1642, p. 15; um a deles foi queimada, Mécia do Quintal, cristã-nova de Santarém (informação do A rquivo Nacional da Torre do Tombo, de 6/5/1982).

R estrição m o d e ra d a para ju d e u s

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ja Católica Romana na Polônia, procurando Amsterdã como refúgio secreto. Não é de se estranhar que na gíria holandesa essa cidade seja denominada “ M okum ” , palavra derivada diretamente do hebraico ha-M akoom , “o lugar por excelência’'. F i n a l me n te , foi nos anos 70 que os isr aelit as c o n s t r u í r a m uma grande sinagoga nova, que não precisava mais ter aparência de casa, podendo exercer livremente "asua religião .29 A maior atividade da comunidade judaica era o comércio, mantido também com Portugal e Brasil. Já se pensou que os judeus tiveram uma participação Enorme na fundação da Companhia das índias Ocidentais, mas Waetjen e Dillen provaram que ela de fato foi diminuta: do capital inicial de três milhões de florins, somente f. 36 mil vinham dos judeus portugueses, ou seja, 1,2%. E não nos deve causar espanto, pois por volta de 1630 havia entre os 1.500 ricos de Amsterdã somente 21 israelitas, ou seja, 1.4%.30 Na Holanda, a situação incômoda dos cristãos-novos na Bahia era conheci­ da. como o pastor Willem Teellinck escreveu em um dos seus panfletos: “Judeus que o são em seus corações, ali são muitos naqueles países, apesar de serem forçados a confessar algo diferente com a boca, por medo da Inquisição ” .-'’ 1 E o piloto Dierick Ruyters afirmou que a maioria dos portugueses de rio de la Plata até o Amazonas era de judeus, que preferiram ver duas bandeiras de Orange a um inquisidor ” .32 Também na Ibéria era conhecido esse medo dos cristãos-novos pela Inquisição, de sorte que concluíram que estes tinham ajudado os holandeses na invasão da Bahia em 1624. A peça teatral de Lope de Vega, El Brasil restituído, de 1625, é prova dessa opinião generalizada .33N a realidade, esta participação foi insig­ nificante, e muitos cristãos-novos combateram firmemente os invasores holandeses ao lado dos portugueses .34 Embora várias pessoas fossem enforcadas depois da expulsão dos batavos, por causa da colaboração com o inimigo, apenas uma delas era um cristão-novo.3° A opinião de Boxer de que a captura da Bahia não podia ser atribuída á miserável cumplicidade interna israelita foi confirmada .36

29 Jong: Kerkgeschiedenis 204s, 222. Gans: M em orboek 41: a primeira publicação (1626) da imprensa hebraica do rabino Menasseh ben Israel foi um pequeno livro de oração (corrigido por 1. Aboab!) term inando assim: "Israel m orava seguro (Dt 33.28)". M. B. Israel: G ratulação ( A m s­ terdã, 5 4 0 2 = 1642). Waetjen: Judentum 32ss. (cf. 8ss a m esm a observação sobre a C o m p an hia das índia s Orientais). Dillen: "Vreemdelingen'" 16s. Jl Teellinck: D a v i d s 50. P o r c o e r ç ã o e ram c ristã o s, e então, c r is tã o s f i n g id o s ; S iq u e ira : In qu isição 249. Ruyters: Toortse 136. "meestendeel jo d e n zyn, en liever twee Oraeinge vlagghen saghen. dan eenen inquisidor". (A cor de laranja da bandeira flam enga se refere à casa de "O range-N assau"). 0 Vega: “ Brasil"’. Mello: Flamengos 269s. j4 Novinskv: Bahia 80. Diogo Lopes Ulhoa. D om ingos Alvares de Serpa ete. ” Ideni 123. citando Witznitzer; Dillen: "V reem delin gen” 18, cinco marranos executados. Idem 128, citando Boxer. refutando Barroso.

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Ig reja e E stad o no B rasil H o lan d ês - 1630-1654

Sob o domínio holandês na Bahia, a situação oficial era de liberdade religiosa m oderada para os judeus. Depois da expulsão dos holandeses da Bahia, a preocu­ pação com Israel permaneceu na Holanda. No panfleto do presbítero Ewout Teellinck, irmão do pastor Willem, tesoureiro da província de Zelândia, essa preo­ cupação é patente. O panfleto tem o nome de Segundo Atalaia e fala sobre a "Igreja ju daica” como “nossa mãe”, lembrando que a Igreja cristã nasceu do judaísm o .37 No mesmo ano apareceu outro panfleto intitulado Trombeta da guer­ ra, insistindo em que a guerra contra a Espanha e o poder católico-romano devi­ am continuar, porque a Holanda permitia a liberdade de consciência para todos .38 Sobre os judeus no Brasil holandês entre 1630 e 1654, existe uma extensa bibliografia .39Nosso objetivo será apenas dar um enfoque sobre a liberdade reli­ giosa dos israelitas. Depois da invasão holandesa em Pernambuco, vários judeus começaram a migrar dos Países Baixos para o Brasil. Nem todos tinham~uma opinião muito favorável sobre esses imigrantes, como Willem Usselincx, o pai intelectual da Com panhia das índias O cidentais .40 Entretanto, o governo holan­ dês os favorecia abertamente, sabendo que esses súditos, em bora pertencentes a uma outra “ nação”, não queriam voltar ao ju go espanhol com sua inevitável Inquisição. Mas o Brasil holandês seria como um refúgio secreto para Israel com o o Brasil português era, até certa altura, um esconderijo provisório para os cristãos-novos sefárdicos.

13.2 - LIBERDADE RELIGIOSA MODERADA Os judeus começaram a imigrar para o Brasil holandês cientes dos seus direitos fundamentais, concedidos pelos Estados Gerais, o mais alto governo das Provínci­ as Unidas nos Países Baixos.

13.2.1 - Liberdade de Consciência Religiosa O regimento para as conquistas no Brasil, adotado oficialmente no dia 13 de outubro de 1629, alguns meses antes da invasão, regulamentava no artigo 10 que “ será respeitada a liberdade dos espanhóis, portugueses e naturais da terra, quer sejam católicos romanos, quer judeus, não podendo ser molestados ou sujeitos a indagações em suas consciências ou em suas casas particulares, e ninguém se atreverá a inquietá-los, perturbá-los ou causar-lhes estorvo, sob penas arbitrárias ou conforme as circunstâncias, exemplar e rigoroso castigo ” .41

37 E. Teellinck: Wachter, p. E. "o nse Moeder, de Jootsche K ercke” ; (in "O segundo Atalaia”. O primeiro e o terceiro "A talaia” foram publicados no mesmo ano, sobre acontecimentos na Holanda). :s Basu yne 19, item 15. Bloom: "S tu dy" (dc 1934); Wiznitzer: Judeus (dc 1960); Novinsky: Bahia (de 1972); Me!lo: Judaica (de 1976); Mello: "G ente” (de 1979). 40 Ligtenberg: Usselincx 48 n l. 41 In Groot Placcaetboeck, 13/10/1629; tradução in RIA P 31 (1886): 292.

ftestrição m o d e ra d a p ara ju d e u s

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A base desse “shalom” para os judeus seria a liberdade de suas consciências. Ressoam nessa formulação as expressões usadas no documento mais sagrado da jovem República das Províncias Unidas, quando ainda nos primeiros anos da sua sangrenta luta político-religiosa contra o opressor espanhol. Em 1579, a célebre “União de Utrecht” definiu no artigo 13 que “cada um em particular poderá ficar livre em sua religião, e ninguém poderá ser alcançado ou investigado por causa de religião ” '42 A União de Utrecht serviria depois como exemplo para outros povos, em sua justa procura por uma coexistência pacífica de vários credos. Essas palavras foram ditas por pessoas que conheciam de muito perto as sondagens dolorosas da Inquisição, que não se contentava em conhecer sintomas, mas procurava penetrar as consciências .45 Afirmar que essas expressões são meras concessões por conveniência, subestima em muito o verdadeiro sentido das palavras que procuram declarar direitos fundamentais dos hom ens ,44 inclusi­ ve dos “ homens de nação” . Durante a ocupação holandesa, a situação dos judeus seria, tanto legalmente como na prática (de iure et d e fa c to ), fundamentalmente diferente em Pernambuco e na Bahia, baseando-se em direitos constitucionais diametralmente opostos nesse ponto. Para que se possa, atualmente, sondar o grau de liberdade para judeus como existia no dia-a-dia daquela época, tentaremos focalizar quatro aspectos baseados no direito fundamental da liberdade de consci­ ência religiosa: a simples presença dos dissidentes religiosos, a organização reco­ nhecida do seu grupo, a possibilidade da sua defesa e até da sua ofensiva religiosa.

13 .2.2 - Liberdade de Presença Religiosa O número de j u d e u s professos começou a aumentar rapidamente no N or-\ deste brasileiro, tanto por imigração como por reconversão. Geralmente eram poucos a imigrarem de vez, mas no fim de 1638 chegou um grupo composto de cerca de duzentos colonos agrícolas. N o entanto, havendo falecido seu líder, a maioria ficou na capital ,45 entrando no com ércio .46 Vários documentos atestam esse crescimento visível da população israelita na Jerusalém brasileira. O rev. Soler, em sua carta impressa, relata que dos portugueses “a maior parte são j u ­ deus ou cristãos-novos, isto é, irmãs e irmãos dos primeiros; os outros são papistas ” .47 Auguste de Quelen exagera ao dizer em 1640 que já existem duas 42 "Dat een yeder particulicr in syn religie vry sal mogen blyven ende dat men nyemant ter cause vande religie sal m ogen achter haelen ofte ondcrsoecken". 21/1/1579, Groenveld: Unie 35. Sobre a União de Utrecht, v. cap. 2.2. Siqueira: In q u is iç ã o 201; " p e n e t r a ç ã o do S a n to O fíc io e sua c a p a c i d a d e de c o a g ir as consciências’", 214. 44 Para um a historiografia equilibrada carece pelo menos de empatia; u m a forte antipatia leva facil­ mente a distorções abertas, como em N e m e (Fórm ulas 158s) etc. 45 Carta do H R R aos XIX, Recife, 23/5/1638: in A RA -OW 1C 53 ou B PB 1638/13. Sobre o líder Manuel de Crastro, v. Mello: "G ente" 145s. 4,1 Wiznitzer: Judeus 70. 47 Soler: Verhael 7.

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vezes mais judeus que cristãos.4S Uma estimativa mais objetiva alerta sobre o mes­ mo fenômeno de proporções populacionais, pois Nassau e seus conselheiros, escre­ vendo aos Senhores XIX em 1641, relataram que a maior parte dos imigrantes era de judeus e que em breve eles ultrapassariam o número de cristãos .49 E frei Calado lembra, alguns anos depois, como o Recife estava realmente cheio de judeus .50 Estima-se que o total de judeus no Recife chegou a ser de 1.450, um número consi­ derável, poisem 1655 havia em Amsterdã, depois da volta dos refugiados do Brasil, 1.800 ju d eu s .51 No Recife, concentravam-se na rua dos Judeus (Jodensíraat).s: M as não havia “ gente de nação” somente no Recife. Eles se espalhara®, principalmente como comerciantes, por toda a colônia. Diante de seus inquisidores, o jovem Isaac de Castro lembra como visitava famílias ju daicas não somente no Recife, Maurícia, Igaraçu e Paraíba, 33 mas também em Porto Calvo e no rio São F rancisco .34

1 3 .2 .3 - Liberdade de Organização Religiosa O crescimento numérico e a grande margem de liberdade religiosa dos ju­ deus levaram à organização de uma congregação com sua própria sinagoga no Recife, “ Rocha de Israel” (Zur Israel), sob a orientação de seus anciãos .55 Os representantes do Consistório do Recife, os pastores Schagen e Van "der Poel, protestaram contra essa construção ,56 e o conselheiro Serooskercke transmitiu o fato aos Senhores X IX .57 Pouco depois seria fundada uma sinagoga na cidade da Paraíba, com seu próprio rabino .58Por causa dos problemas nesse lugar, os escabinos locais decidiram em 1644 que a sinagoga não deveria funcionar no centro, mas em uma casa n a periferia da cidade .59 A sinagoga no Recife com certeza ficou pequena demais e, em 1641, construiu-se um belo prédio no mercado ,60 ou pelo

48 Quelen: K ort Verhael 24. Sobre m édicos judeus. Herson: M edicina, cap. 5. 49 Carta do H R R aos XIX, Recife, 10/1/1641; in A R A -O W IC 56 e BPB 1641/2. Mello: Flamengos 300 n94. O rabino Isaac Aboab da Fonseca chegou com imigrantes em 1641. Calado: Lucideno I 357. ?l Wiznitzer: Judeus 115; Mello: Judaica 302. 52 Mello: Judaica 292s. 53 Os representantes da Paraíba na Assembléia Geral de 1640 pediram que os ju d e u s fossem banidos de lá; R IA P 31 (1886): 228. í4 Mello: Judaica 340. ” IdeiTL 2 93ss. Cf. Bíblia: Isaías 30.29, Salm o 18.2. A tu a lm e n te o C e n tr o de D o c u m e n t a ç ã o e P e sq u isa H istó rica J u d a ica ( R u a d o B o m Jesus, 197 - Recife). A ba cia de purific ação litúrgica foi localizada. 56 D N 23/7/1636. 57 Carta de Se rooskercke aos X IX de 25/7/1636; in A R A -O W IC 51 ou B PB 1636/25. ís D N 28/9/1638. í9 Decisão dos esc abinos de P araíb a de 24/10/1644; in DN 27/10 e 12/11/1644. 60 AC B 11/1640 s5 a8, 10/1641 s6 a l; confirmado pela carta do H R R aos XIX de 10/1/1641; in ARAO W IC 56 ou BPB 164 1/2 . Mello: Judaica 267 n49.

Restrição m o d e ra d a para ju d e u s

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menos na melhor parte do Recife .61 Durante doze anos o grande rabino Isaac Aboab da Fonseca dirigiu a comunidade como primeiro rabino no Novo M u nd o .62 Õorn 0 crescimento da população na ilha Antônio Vaz, na novel cidade de Maurícia, Organizou-se uma segunda comunidade, “Escudo de Abraão” (M agen A braham )/" Dr. Mello mostrou, a partir de depoimentos de cristãos-velhos na Inquisição de Lisboa, que havia em Penedo, na margem do rio São Francisco, à sombra da fo rtaleza Maurício (M auriísfort), uma outra sinagoga sob a orientação do rabino Samuel Israel .64

1 3 . 2 .4 - Liberdade de Defensiva Religiosa A liberdade religiosa para os judeus no Brasil holandês é comprovada pela liberdade de presença e organização religiosa, demonstrada respectivamente pelo Crescimento numérico de judeus professos e pela existência de quatro sinagogas, fyíãis ainda, porém, pela liberdade missionária, tanto passiva como ativa: aos ju ­ deus era permitido dizer “não” àqueles que queriam sua conversão, e por outro lado, tinham até certa liberdade de fazer prosélitos. Focalizaremos primeiramente a liberdade de defensiva religiosa. Os dois grupos cristãos procuravam ganhar judeus para sua fé no Messias, pois este era o ponto central .65 Já estudamos o esforço da Igreja Cristã Reformada, verificando que o resultado foi diminuto, só conhecendo, atualmente, um único caso de conversão, o d ajovem Judite Lion, na Paraíba, pelo pastor Stetten .66O número reduzido é uma prova indireta da exten­ são na qual a Igreja Reformada se impunha como “ Igreja do Estado” . Sobre a Igreja Católica temos mais informações, e quase todos os casos são conversões instantâneas causadas pelo medo da violência física e psíquica da missão romana. Não conhecemos dados específicos, mas talvez o número de cristãos-novos no Brasil holandês fosse relativamente maior do que no Brasil

61 Carta de dom. Doornick aos deputados a d res indicas da Classe de Walcheren. Paraíba. 4 / 1 1/1641 (a dom. Teellinck em Middelburg); in R A Z -A C W 73:40. Esse prédio passou a ser propriedade dc João Fernandes Vieira em 1654. Mello: Vieira 152; atualmente a casa de sobrado na rua Bom Jesus. 154, atestado do Inventário dos prédios de 1654, núm ero 10 (e p. 186ss). “ Moonen: Holandese s 17. Mello: Judaica e Wiznitzer: Judeus passim (1642-1654). “ Bíblia: Gênesis 15.1; Salmo 18.2. Wiznitzer: Judeus I 17; Mello: Judaica 243. Carta de Nassau aos Estados Gerais de 24/9/1642; in ARA -A StG 5756. Tam bém comunicação dos deputados ad res indicas de Walcheren na reunião dos m esm os deputa dos da Classe de Amsterdã, de que os judeus construíram uma sinagoga em Mauritsstad; in A R A - A C A 3 3 : 107, ata DRI Am sterdã 30/3/ 1643. Calado: Lucideno II 247, "suas asnogas patentes” . Sobre o problem a da subordinação de Magen A bra/iam a Zur Israel, v. Mello: Judaica 355ss. Aboab (1605-1693) fugiu da Inquisição com seus pais de Portugal para Amsterdã. Brasil 1641-; N o v a A m sterdã 1654-. Rabino em A m s ­ terdã; ajuda na construção da nova sinagoga (1675). w Mello: Judaica 244. ,0 Barlaeus: História 54; Calado: Lucideno II 1 13. “ Cf. cap. 7.1.1.

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Ig reja e E stad o no B rasil H o la n d ê s - 1630-1 654

português, embora na Bahia houvesse mais em termos absolutos .67 Quem se re­ tiraria com Matias de Albuquerque não seriam, em primeiro lugar, os cristãosnovos, que tinham de temer mais um governo português que holandês, afora as visitas do “ Santo Ofício” . Escrevendo em 1647, frei Manuel Calado nos informa duas vezes que conseguiu sete cõliversões"de judeus à Igreja Católica.Iiuuu!ii;i\; que estava catequizando outros .68 Talvez os laços de parentesco com cristãosnovos tenham facilitado o passo. Lembremos, como o pastor Soler já disse, que os judeus (em Pernambuco) eram irmãs e irmãos dos cristãos-novos, ou de boa parte da população portuguesa que ficou no Nordeste durante a época holandesa .65 Pro­ curemos conhecer melhor os sete conversos mencionados por Calado, dos quais pelo menos cinco em território recentemente reconquistado pelos portugueses. O primeiro, Miguel Francez, permanece um caso desconhecido, inclusive no tempo. O segundo caso ocorreu em 1642. Moisés e Aaron Navarro, ambos cida­ dãos de destaque na sinagoga do Recife ,70 comunicaram-se com 0 príncipe de Nassau e seus conselheiros sobre um moço judeu de 15 anos que tinha contraído uma dívida. João Fernandes Vieira prontificou-se a pagá-la caso ele se deixasse batizar por um padre católico, tornando-se cristão. Os irmãos Navarro procura­ ram evitar essa transação. Depois de contato com os predicantes, 0 governo comunicou que seria melhor que ele fosse batizado a continuar judeu. Não sabe­ mos se de fato a transação foi realizada, ou se os próprios judeus se prontificaram a pagar a dívida. Não é impossível que frei Calado estivesse envolvido no assunto, pois morava em Maurícia nesse tem po .71 Depois do início da chamada “guerra da liberdade divina” em junho de 1645, dois judeus da vila de Una se batizaram na Igreja Católica Romana, quando André Vidal conquistou a praça de Sirinhaém no início de agosto de 1645.72 O caso em que temos certeza de que frei Calado estava envolvido ocorreu também em agos­ to de 1645. Um barco vinha da ilha de Itamaracá ao Recife com três judeus; um deles era israelita de nascença e os outros dois, marranos. Tinham sido batizados na infância na igreja rom ana ,73 mas haviam fugido de Lisboa para a Holanda, onde foram circuncidados, reconvertendo-se ao judaísmo. Foram presos em Pau Amarelo, uma praia pouco ao norte de Olinda, pelos insurretos. O judeu de nas­ cença disse que se queria batizar e foi entregue a dois padres jesuítas para instru-

‘,7 Novinsky: Bahia 135. “ Calado: Lucideno I 392 e II 114. m Soler: Verhael 7. Carta do H R R aos XIX, Recife, 13/2/1645; in A R A -O W IC 60 e BPB 1645/6: m uitos entre os m oradores portugueses. 70 Sobre eles. Mello: "G ente" 38 e 160. 71 DN 20/9/1642. 72 Nieuhof: Viagem 182, 6/8/1645. Claar Vertooch 25. "R elatório” de H. de Moucheron, 15 e 20/ 8/1645; in A R A -O W IC 60 e BPB 1645/59. Isaac Franco e Isaac Navarro; sobre eles, Mello: "G ente" 98 e 102. 7:’ De n om e M oisés M endes c Isaac Russon, Mello: "G ente" 159 e 104.

g estriçã o m o d e ra d a p ara ju d e u s

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ção, fugindo para o Recife logo depois de se ver livre, “onde retomou seu judaísm0”.74 Os outros dois foram condenados à forca; Calado, junto com outros pa­ dres, conseguiu reconvertê-los à igreja romana, mas depois eles foram enforca­ dos .75 No dia seguinte, o governo no Recife protestou vigorosamente contra esse procedimento, afirmando em uma carta a André Vidal que esse modo de tratar judeus, como já havia acontecido com outros, era bárbaro e que esses judeus não eram em nada inferiores aos outros súditos holandeses .76 O último caso registrado no Valoroso Lucideno, ocorreu em 1646 quando André Vidal capturou um tal de Chacão em Goiana. Ele era cristão-novo, que havia a braçado o ju d a ís m o no Recife, mas por causa do medo da insurreição luso-

brasileira, voltaria ao romanismo. Capturado, foi enviado preso ao tribunal da Inquisição.77 Por enquanto não tem sido possível sondar qual o grau de defesa religiosa concedida a outros conversos ao romanismo ,78 mas não resta dúvida: tanto de iure como de facto, foi nulo.

13.2.5 - Liberdade de O fensiva Religiosa Além da liberdade de defesa religiosa, os judeus gozavam da liberdade de ofensiva religiosa durante o domínio flamengo, podendo fazer propaganda e rece-x ber conversos , 79 O missionário judeu mais conhecido dessa época foi Isaac de Castro. Esse jovem judeu francês, com o apelido de José de Lis, ou Tartas (sendo ele dessa cidade huguenote em Gasconha, 70 km a nordeste de Biarritz, no sudo­ este da França ).80 Tartas veio ao Recife em 1641, com a idade de 16 anos, e, depois de três anos, seguiu para a Bahia. Wiznitzer pensa que ele veio ao Brasil com a missão específica de ajudar os judeus, com seu grande conhecimento da lei mosaica. O seu trabalho entre os ju d eu s céticos da B ah ia 81 foi curto. Aí, o próprio romaníssimo governador Antônio Teles da Silva (1642-1646) m andou espioná-lo, soltando-o logo depois, por curto espaço de tempo, com o fim de, observando-o, obter mais informações. Outras denúncias chegaram da parte de 74 Jacob Rosei, Mello: "Gente" 120. Moreau: Histoire 80 (port. 47). 7’ Calado: Lucideno II 112ss. 7‘ Carta do H R R a A ndré Vidal, Recife, 31/8/1645: in A R A -O W IC 60 e BPB 1645/61. Waetjen: Domínio 373, " R a z ã o ” em vez de '"Rosei". Não se entende por que a carta de protesto en viada a Vidal data de 3 1/8/1645 ("... ophangt ais op gisteren eenen Moses M endes ende Isaque Russon ") e o depoim ento do fugitivo Jacob RoseL que ocorreu no m esmo dia da sua chegada ao Recife, DN 19/12/1645. O m esmo problem a em Mello: "G ente" 105 (Isaac Russon 31/8/1 645) c 120 (Jacob Rosei 19/12/1645). 77 Calado: Lu cideno II 292. Sobre os judeus convertidos pelo vigário-geral Gaspar Ferreira, não tem os informações precisas. Ele escreve em 1/9/1648, que estava "batizando e... a converter muitos jud eu s a nossa (fé) catholica": in Lisboa AHU. cx B ahia 2 9 2 :1 3 0 7 . Decerto conversões depois de 13/6/1645! ” Wiznitzer: Judeus 18. Mello: "G ente" 95s. Tartas era um a das "praças de segurança" concedida aos huguenotes no édito de Nantes, em 1598. 1Novinsky: Bahia 143; Mello: Judaica 337-41.

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Igreja e E stado no B rasil H o lan d ês - 1630-1654

frei Manuel C alado .82 Caindo nas mãos do bispo Pedro da Silva Sampaio ,83 0 jovem Isaac foi acusado de ser judeu, porque alguém o tinha visto na sinagoga do Recife. Tartas alegou que de fato era judeu, mas que havia sido influenciado p0r um católico romano e que voltara à Bahia para ser instruído. Com certeza sabia que somente cristãos-novos que deixaram a igreja romana eram perseguidos e que os outros tinham a obrigação de se converter imediatamente para escapar da mesma perseguição. Isaac foi encaminhado aos porões da Inquisição lisboeta em 1645. O seu processo foi demorado e terrível. Uma das suas afirmações foi de que a Holanda era tão rica por recolher judeus perseguidos, recebendo por isso a bênção de D eus .84 Foi queimado em dezembro de 1647 como herege impenitente, aos 22 anos de idade. A notícia de sua morte na fogueira abalou a comunidade judaica recifense .83 Essa não foi a única tentativa de reconverter os cristãos-novos da baía de Todos os Santos ao judaísm o ,86porém a maior atividade missionária judaica ocor­ reu no Brasil holandês, especialmente no Recife. Vários cristãos-novos abando­ naram a incômoda dupla personalidade que cada marrano trazia^ a de imijudaísmo em potencial por baixo de uma fachada rom ana .87 A ousadia de tirar a “más­ cara de cristãos-novos ”88 foi demonstrada por várias pessoas .89 O presbitério alertou o governo para o fato de que os judeus estavam tentando converter cris­ tão s .90 Em 1645, anciãos da sinagoga foram intimados a comparecer diante do governo para prestar contas dessa atividade missionária. Eles afirmaram que sa­ biam quais as leis vigentes na Holanda (que proibiam judaizar cristãos), mas expli­ caram que as atuais circunstâncias eram bem diferentes: na verdade, várias pes­ soas aderiram ao judaísmo, mas “nenhuma havia sido circuncidada, a não ser alguns da nação portuguesa que haviam sido antigos adeptos do judaísmo, e que agora, com a liberdade sob o nosso governo, fizeram pública profissão desse fato”.91 O governo, em seguida, informou aos Senhores XIX que nunca haviam tido notí-

Novinsky: Bahia 134s. s3 Idem 73. "O D uro" era D. Pedro da Silva (depois "c onde de S. Lourenço") que foi govcrnador-geral cm 1635 (informação dedr. Mello). H4 Bíblia: Gênesis 12.3. Mello: Judaica 339. 115 Wiznitzer: Judeus 97-104. Se a vítima declarasse no último m om ento que se convertia ao catoli­ cismo. ela. para d iminuir a pena, cra estrangulada e somente depois queimada. Durante cerca de duzentos anos, Portugal, conheceu 25 mil julgamentos da Inquisição, ou seja. 125 casos por ano, sendo um julg a m en to a cada três dias. Perto de mil pessoas foram condenadas à morte, ou seja. cinco por ano. A maioria optou pelo estrangulamento. Entre os p oucos que agüentaram ser quei­ m ados vivos, estava Isaac de Castro. s6 Novinsky: Bahia 135s. S1 Idem 143. Capítulo 5 de N ovinsky traz o nome apropriado " O H om em Dividido", p. 141-62. m Waetjen: Domínio 372. 89 C o m o Baltazar da Fonseca empreiteiro da ponte: Mello: "G en te" 41. Wl DN 20/12/1640: tam bém DN 11/12/1642. 1,1 DN 3/2/1645.

R estrição m o d e ra d a p ara ju d e u s

cia de que algum holandês ou alguém de outra nação houvesse sido circuncidado p0r eles ,92 mas que “somente portugueses descendentes de judeus, que se fingiram cristãos sob o governo espanhol, fizeram-se circuncidar depois de declarar publicamente que eram da religião judaica, como os muitos que aqui existem entre oS moradores portugueses, conhecidos por cristãos-novos, ou descendentes de judeus que eram publicamente conhecidos como cristãos fingidos” .9’ Calado con­ firmou que muitos agiram da mesma forma, citando inclusive vários nom es .94

f 3.3 - LIBERDADE RELIGIOSA PROTESTADA À medida que o número de judeus aumentava, cresciam as tensões religiosas e 'econômicas. N o setor econômico, os judeus começaram a empurrar os cristãosvelhos e os holandeses para a periferia. Na mascateação ,95 no comércio de es­ cravos ,96 como corretores ,97 mas especialmente como cobradores de im postos .08

13.3.1 - Protestos Econôm icos Surgiram vários protestos contra o domínio econômico judeu. A Câmara de Olinda desejava cortar o problema pela raiz, proibindo a imigração dos ju d e u s .09 Os representantes da Paraíba pediram o seu banim ento .100 Gama afirmou em suas M em órias que os holandeses, menos liberais que suasjeis, pretendiam que a tolerância da Holanda não se estendesse até o Bras if 101 Na realidade, a situação no Brasil holandês era mais favorável aos ju d eu s que na própria Holanda, tanto em termos econômicos quanto religiosos, causan3 õ 3 s^ ejZ £ i^ ã a..cQ m u n x d e católicos e protestantes contra eles .102 Em 1641,

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,2 Provavelm ente o Conselho não se lem brou de Francisco de Faria, " e rislã o -ve lh o" (católico romano), que se fez ju d eu pa ra casar-se com um a m o ça judia . Mello: F lam engos 274s; Mello: "Gente" 79. ',3 Carla do HRR aos XIX. Recife. 13/2/1645: in A R A -O W IC 60:47 e*BPB 1645/6. Cf. tam bém Mello: Flamengos 306 n l0 7 . ,JJ Calado: Lucideno 1 15s. citado por Mello in Dussen: Relatório 108 n242. * Mello: Flamengos 306s e Mello: Judaica 253-6. víl Mello: Flamengos 307ss e Mello: Judaica 245-53. 1,7 Mello: Flamengos 309s e Mello: Judaica 259-61. Mello: Flamengos 307 e 1 1 1. Km 1638. havia 1 1 cobradores de impostos no Brasil holandês, e 3 deles eram j u d e u s (27%). Km 1645. 12 dos 17 cobradore s eram judeus (70%). Wiznitzer: Judeus 60ss. Mello: Judaica 287ss. ” Costa: Anais III 73. ''coerente com a guerra surda que os católicos de Pernambuco moviam contra os israelitas estabelecidos entre nós... a Câmara Municipal de Olinda, nesta data (5/12/1637). dirige uma representação ao governo da Holanda contra a continuação da vinda de judeus ... dizendo... essa gente c tão odiosa... não merecem nenlnima amizade:... pelo menos m andem que não tenham mais larauezas das que têm em I lolanda". “ Cap. 13 n53. "'LS a m a : Mem órias t2 p. 80.. Mello: Flamengos 296.

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Ig r e ja e E s t a d o n o B ra sil H o l a n d ê s - 1630-1654

portugueses romanos e holandeses reformados entregaram ao governo um docu mento intitulado “O bjeções dos cristãos com uns” (G ravam ina der gemeene christenen), com 66 assinaturas, inclusive a do presbítero Samuel Halters. Todos eles se sentiram ameaçados em seus negócios. O documento continha sugestões absurdas, como a de exigir dos judeus o uso de chapéus vermelhos ou símbolos para que pudessem ser distinguidos. Continha também um protesto contra a imi­ gração ampla de judeus vindos da Polônia, Espanha, Itália, Turquia e Algéria 103 Uma década depois, a Câmara de Maurícia pediu que os judeus tivessemjipenas os mesmos privilégios que gozavam em Am sterdã .104

1 3 .3 .2 - Protestos Religiosos Interessa-nos no momento, porém, o lado religioso. Indubitavelmente o Consistório da Igreja Reformada do Recife chamou a atenção do governo para os problemas religiosos envolvidos com o aumento do número de judeus antes de 1636. Entretanto, visto que o livro de atas do consistório não foi localizado até o presente momento, dependemos dos relatos das reuniões presbiteriais. O primeiro ciclo de protestos ocorreu em 1638. O presbitério de janeiro abordou o assunto dos cultos judaicos praticados abertamente. Sublinhou que es­ sas atividades se opunham ao progresso da verdade, causando irritação não só aos fiéis, mas também aos portugueses. Estes estavam tendo a impressão de que os cristãos reformados eram “meio-judeus” .lto Não podiam com preender por que os holandeses refreavam a Igreja Católica Romana ao mesmo tempo em que concediam tanta liberdade religiosa ao judeus. Consideravam necessaíToqueessá liberdade fosse restringida .106As próprias igrejas valãs da Holanda alertaram os ídirigentes da Zelândia sobre “os perigos” dos judeus no Brasil.10' O governo no Recife escreveu aos Senhores XIX dizendo que os judeus tinham liberdade sufici­ ente, tanto de consciência quanto em suas casas, desde que não causassem es­ cândalo público. Entretanto, essa grande liberdade os tornava teimosos, e por causa dos “predicantes e papistas” era necessário diminuir suas reuniões públi­ cas, o que se fez com grande discrição, de modo que os judeus “não tinham motivo para queixas ” .108 In ARA-OW IC 56 c BPB 1641/28; DN 26/6/1641; Waetjen: Domínio 366ss: Wiznitzer: Judeus 72. 1(14 Carta de 3/8/1652. In A R A -O W IC 67 e BPB 1652/16. ,llí Também porque ambos (judeus e cristãos reformados) rejeitavam as imagens, a confissão aos padres etc.: Novinsky: Bahia 159. 1(16 ACB 1/1638 s4 a4. Mello: "Toleration" 151 s. 11,7 AC B 10/1638 s6 a3. I,1S Carta do HR R aos XIX. Recife. 15/1/1638: in A R A -O W IC 53 e BPB 1638/1. DN 1 5/1/1638. Boxer: H olandese s 172, diz que '"o ódio, a zombaria e o menosprezo aos j u d e u s (eram) o único ponto em que predicantes e frades estavam de acordo". D evem os nos lembrar dos limites dessa inimizade de cada grupo, para poder avaliar o seu grau. como o ilustre historiador m esmo indica, quando se refere ao “malévolo anti-semitismo" do padre Manuel Calado, citando o caso dos dois infelizes ju d e u s (catequizados e mortos em Pau Amarelo, em 30/8/1645).

R estrição m o d e ra d a p a ra ju d e u s

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Mas a situação não mudou muito, pois o presbitério escreveu à direção da C o m p a n h ia das índias Ocidentais que tanto judeus como portugueses tinham uma

liberdade tal que “ não se pode achar em nenhum lugar da Pátria exemplos como esses” .109 Parece que a agressividade dos judeus desenvolveu-se em especial na

paraíba. Um a ju d ia blasfemou terrivelmente contra o Senhor e contra o batismo, j^as acabou por atender aos pastores locais e foi à igreja .110 Outros judeus agre­ diram o escolteto na Paraíba que os havia indagado, de modo talvez agressivo, sobre sua pretendida liberdade.'" Um segundo surto de reações contra a liberdade dos judeus ocorreu no início da década de 40, coincidindo, como em 1638, com um considerável aumento' deTmigrantes israelitas. O presbitério protestou contra várias atividades, inclusive a construção da nova sinagoga etc .112 Um caso trágico foi o do pequeno enteado (vo o rzoon tjen ) . " 3 Em abril de 1640, um casal de judeus compareceu diante do presbitério. O marido era filho de um ju d eu francês e tinha sido batizado com o católico romano, quando pequeno, havendo sido, porém, instruído secretamente pelo pai na lei de Moisés, circuncidando-se posteriormente na Holanda. A espo ­ sa era filha de outro judeu francês e pertencera à Igreja R eform ada quando jovem, havendo-se casado com um jovem francês reformado não jud eu. Desse primeiro casam ento nasceu o menino, falecendo o pai depois disso. Ela, então, casou-se pela segunda vez com seu marido atual na Igreja Católica R om ana de LaRochelle. Daí o casal seguiu para Amsterdã, onde ela abraçou abertam ente o judaísmo. Seu filho, então com 10 anos de idade, queria ser circuncidado. Mesmo não sendo o padrasto muito favorável a isso, o fato consum ou-se c a to r­ ze meses depois do casamento. Vieram então ao Brasil. A família do primeiro marido na França, entretanto, não gostou do assunto, e quis educar o menino como o falecido pai havia planejado, o que procuraram realizar, e isso provavel­ mente por meio do tio do menino, o rev. Rivet ,114 influente pastor da igreja valã de Haia e tutor da criança. O Presbitério de Pernambuco foi envolvido, e toda a história foi contada na reunião de abril de 1640. O presbitério resolveu pedir ao governo que mandasse a família para a Holanda e o menino para os parentes do falecido pai, para ser educado na religião cristã .1’5 Em novembro do mesmo ano ^Carta"dê~4/3/1638; in A R A - O W Í C T ^ õ u BPB 1638/2. "" ACB 3/1637 sl alO; 1/1638 sl a7; 10/1638 sl a2. 111ACB 10/1638 s2 a8; DN 22/11/1638. Souto-Maior: Atas 112, "tem à disposição o escollcto". Fm holandês: "H are handen aen den schout hebben geleyt" [colocaram suas mãos no escolteto]. no sentido de pancadas. Sobre esse escolteto. Jan Marechal, há o péssimo testemunho, dado por dom. Doornick na sua carta à Câmara de Zelândia. Paraíba. 1/3/1642: "exemplar van godloosheid" [exemplo de impiedade], deixa engavetados processos durante anos etc.; in A R A -O W IC 57 e BPB 1642/8. 11!ACB 10/1641 s 3 a 2 0 c s 6 a l . D N 20/5/1642. AC B 11/1642 a l6 : in G A A -A C A 33:115. 113ACB 4/1640 s5 a7, voorzoontjen, filho de um casam ento anterior, ante nalu. 114 Sobre Rivet (Rivetus), cap. 2 n65. 113 ACB 4/1640 s5 a7. Souto-Maior: Atas 126.

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Ig reja e E stad o no B rasil H o lan d ês - 1630-1654

o menino foi encaminhado ao seu tio em Haia, permanecendo a mãe e o padrasto judeu no Recife ." 6

1 3.4 - LIBERDADE RELIGIOSA TOLERADA A liberdade dos judeus era um fato, bem como os protestos das duas alas da Igreja Cristã. Qual seria a atitude do governo reformado?

13.4.1 - Tolerância Reformada Nassoviana Durante a ocorrência dos problemas de 1638, o governo chegou a fechar temporariamente a sinagoga, comunicando aos judeus que deveriam celebrar suas cerimônias reservadamente e dentro de suas casas, conforme as determinações em vigor na Holanda, fora de Am sterdã .117 Nassau reconheceu em seu Somniièr D iscours de 1638 que os judeus que chegaram da Holanda comportaram-se com demasiada ousadia, contradizendo e caluniando a religião reformada .118 Eles acha­ ram que deveriam ter mais liberdade que os católicos romanos, pois tínhamos muita certeza sobre sua fidelidade. Sabemos que, havendo feito profissão pubTíca do judaísm o, de forma alguma eles desejavam ficar sob o jugo espanhol, antes de •tudo fariam para manter e defender este Estado .119 Por isso, decidiu-se ..que og judeus deveriam celebrar seus cultos de maneira mais moderada dentro..das suas casas, e também festas ruidosas, como sim hat tora e purim , desapareceram das ruas por algum tem po .120 Após a ocorrência de alguns problemas ,121 iniciou-se uma segunda época de atritos, durante os anos de 1641 e 1642. Em 1641, um judeu que havia blasfemado foi condenado a pagar quatro mil florins, importância destinada posteriormente à construção do templo francês .122No ano seguinte, o corretor judeu Daniel Gabilho fugiu, deixando atrás de si enormes dívidas. Depois de capturado, blasfemou, sendo por isso torturado. Quando Amsterdã tomou conhecimento do fato, os ju­ deus daí falaram sobre a “Inquisição calvinista” . Os Senhores XIX intervieram. Escreveram ao governo no Recife sobre sua preocupação, determinando que a blasfêmia deveria ser castigada conforme as leis na Holanda e que esse assunto não deveria ser tratado por subalternos ou escabinos, mas diretamente pela ins-

U U 11/1640 s2 a8. AW S 9 / 1 6 4 1. DN 18/1/1 64 L AC B 10/1641 s3 a6. 117 DN 15/1/1638. C a n a d o HR R aos XIX, Recife. 15/1/1638: in A R A -O W IC 53 ou BPB 1638/1. Il!< Decerto se referindo também ao grupo de Manuel de Crasto; cf. cap. 13 n45. " IJ Nassau: “ Som m ier Discours" 284. i:" Wiznitzer: Judeus 64s. 1:1 AC B 4/1640 sl a l . DN 20/12/1640. ):: DN 3 1/1/1641. Carta do HR R aos XIX de 21/12/1641; multa destinada aos pobres: in ARAO W IC 56 e BPB 1641 /27. DN 20/5/1642: XIX m andam não evitar castigo com multa: DN 29/7/ 1642: multa, quatro mil florins; apostila: podia ser "usufruída" por Nassau, mas doou-a para com eçar a construção da igreja francesa. Extrato do DN 29/7/1642: in K H A - A 4 - 1454:142 (não DN 29/7/1641; in Mello: Judaica 308 n29).

R estrição m o d e ra d a p ara ju d e u s

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tância maior, o Conselho da Justiça .123 A pressão sobre os judeus diminuiu: havia interesse da Holanda em colonizar as terras brasileiras com pessoas que lhe fos­ sem leajsJ ; 4 Elaborou-se ainda nos Países Baixos um regulamento par a n ç j i i H e n s que continha.sete pontos: 1) N ão edificarão novas sinagogas. 2) A nenhum judeu será permitido casar com cristã ou ter concubina cristã. 3) Não poderão converter cristãos ao mosaísmo, nem chamá-los da liberdade evangélica para os encargos da Lei velha, nem da luz para as sombras. 4) Nenhum judeu poderá ultrajar o sacrossanto nome de Cristo. 5) N o recenseamento dos corretores, não excederão a terça parte do res­ pectivo número.

6) Comerciando, não fraudem ninguém. 7) Os filhos nascidos de judeu e de cristão, morrendo os pais, serão entre­ gues para serem educados aos parentes cristãos. Os que não os tiverem, serão educados em orfanatos, se forem pobres, ou ficarão sob os cuida­ dos do Conselho Secreto, se forem ricos .125 Restrições, .mas na realidade, a liberdade religiosa para os judeus era maior no Brasil que em Amsterdã, onde, por exemplo, somente na década de 1670 a sinagoga deixou de ser um lugar secreto. As autoridades no Brasil de forma algu­ ma queriam proceder mais rigorosamente do que subentendia a ordem dos Se­ nhores X IX .126 Com razão o pastor Plante, capelão de Nassau, relatou, quando de volta aos Países Baixos, que havia tanta liberdade para os judeus “que ultrapassa­ va toda a crença ” .127 O^pastor Soler, após regressar para a Holanda, afirmou que essa liberdade era tão grande que se não achava assim em nenhum lugar .'28 Quando os judeus souberam que o conde estava planejando voltar à Europa, entregaram-lhe um documento, implorando que permanecesse, oferencendo-lhe três mil florins a cada primeiro dia de janeiro, durante o tempo que ficasse .12,1 E quando Nassau afinal partiu, a 11 de maio de 1644, várias famílias israelitas saí­ ram do Brasil. 1:3 Como in DN 14/2/1642. Carta dos XIX ao HRR, dc 14/6/1642; i n A R A -O W IC 9 ou RUB 1642/ 3. Mello: Flamengos 305. Waetjen: Domínio 369. m enciona ainda um caso de lapidação, mas Mello provou que isso se baseia no engano de tradução. Mello: Judaica 285. 1:4 Wiznitzer: Judeus 73. 75. 79. Barlaeus: História 327. Mello: Judaica 277. o conflito religioso mascarava o conflito real. de natureza econômica. K este continuava sem solução. Cf. cap. 12 n85 re pressão dos XIX sobre outros grupos. 1:'’ DN 18/1/1641: apostila do governo sobre ACB 11/1640 s5 a8. Grothe: Acta 295. as palavras que laltam, "inne niet strafler” . podem ser completadas dos DN 18/1/1641. L? Relatório dc dom. Plante aos XIX dc 18/7/1644: in A R A -O W IC 59 e BPB 1644/16. Relatório de dom. Soler aos deputados a d res indicas dc Amsterdã, de 5/9/1644: in AC A 4 : 3 2 1. I2'J Wiznitzer: Judeus 195. de 1/4/1642.

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Ig reja e E stad o no B rasil H o la n d ê s -

1630-1654

1 3 .4 .2 - Tolerância Reform ada Holandesa Após a partida de Nassau, tanto o presbitério como o Estado começaram a adotar uma posição mais severa, mais aproximada da observada na Holanda em geral ,130 M as quando se iniciou a insurreição portuguesa, a 13 de junho de 1645 0 perigo geral fez com que os dois grupos, judeus e cristãos reformados, aproximas­ sem -se .131 O governador da Bahia, Antônio Telles da Silva, escreveu uma carta ameaçadora ao governo recifense, após a eclosão das hostilidades, acusando os judeus de provocar conflitos entre holandeses e portugueses, mediante falsas acu­ sações, considerando os judeus “os mais pérfidos e irredutíveis inimigos dacristandade ” .132 Certamente o “tempo da graça” acabara havia muito para esse alto “familiar” e ativo colaborador da Inquisição .133 Q uando a insurreição eclodiu e o sul de Pernambuco foi libertado das mãos dos holandeses, em meados de 1645, a situação dos israelitas voltou ao nível em que estava dez anos antes, quando 0 judeu Manuel de Crastro, “a primeira vítima judia no Brasil holandês, foi enforcado em um cajueiro em Porto Calvo ” .134Ainda em junho, três judeus foram mortos pelos portugueses em Ipojuca .135 Em Pau Amarelo, outros dois foram capturados, condenados, catequizados, batizados e enforcados em um mesmo dia, 30 de agosto de 1645, provocando uma carta cheia de ira do governo no Recife a André Vidal, perguntando se os judeus eram inferi­ ores a outras pessoas .136 Os que não conseguiram fugir para o Recife foram m ortos imediatamen­ te, ou enviados à Bahia, onde entraram na “ grande inquirição ” .137 Entre eles havia oito ju d e u s de Am sterdã, presos em Penedo, no rio São Francisco, em setembro de 1645, Posteriormente, o coronel Haus relatou aos Senhores XIX que havia alguns judeus presos fora da Bahia, em uma fortaleza, incomunicá­ veis, quando ele era prisioneiro de guerra em Salvador, entre outubro de 1645 e janeiro de 1646.138 Os am sterdam enses foram enviados posteriorm ente a Lis­ 13(1 DN 13/5/1644. Dussen: Relatório 81 n l 9 8 . ACB 7/1644 s5 a9. Insistiram na execução dos editais protestando contra o trabalho no domingo. DN 1/5 e 5/2/1645. Revigoração da multa para os judeus, livrando-se assim do serviço de guarda civil nos dias de sábado; D N 13/5/1644, Mello; Judaica 325s. 131 DN 15/9/1645. na oração vespertina, pre sença não obrigatória para os j u d e u s por não poderem orar com cabeça descoberta? DN 5/1/1654, oração de quarta-feira também pelos judeus. 132 C a rta de Telles da Silva ao H R R . Bahia, 19/7/1 645 ; in N ic u h o f ; Viagem 144. Waeljen: D o m í n i o 372. 133 Siqueira; Inquisição 207, 178. 134 Calado: Lucideno I 47. Wiznitzer: Judeus 52. em 22/7/1635. Broeck: Journael. M oreau: Histoire. Mello: Judaica 319. Costa: Anais III 74. N ã o tiveram a m esm a sorte que os dois em Sirinhaém. dois meses depois: receberam batism o imediato: v. cap. 13 n72. I3ACB 1/1646 s5 a42, "G odt vertoornt synde op de toelatinge vergrimmet een die afgoden dinaers ... noch vicaru noch paepsche predickcrs... inde te platte Ianden. noch conventen. colegien noch schoolen sells ge ene de minsle openbare byeencompste in de k e rck e n ... getolereert". Jong: Unie 160 "o céu só seria abrandado, se os fieis tivessem exterminado qualq uer m otivo de ira (divina). Neste m odo de pensar não há lugar para um a c o r d o '. .lá haviam se pronunciado nesse sentido: A S N H 1646 a23 (carta da Igreja do Brasil de 2/8/1645); in G A A -A C A 101. 1 11Parecer de Gaspar Dias Ferreira (sem lugar, sem data); perdão universal: incluindo a restituição de "todos os bens eclesiásticos... com livre e franca permissão do exercício dc sua religião e governo eclesiástico": in RIAP 31(1886): 346. 171 ACB 1/1647 s9 a3. 173 Rem onstrância da Classe dc A msterdã aos XIX de 207/6/1646: não dá para cercar o "papisnio" ("het pausdom is niet te bepalcn"). acrescentando que pela licença dada foi fechada a porta para a conversão; o que uma mão construiu, a outra desfe?; in G A A -A C A 39:141 s. l7-; Carla do HRR aos XIX de 4/12/1646; in A R A -O W IC 62 e BPB 1646/20.

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Igreja e Estado no Brasil H o la n d ês - 1630-1654

15 .2 .3 - Tolerância Romana Fidalga Q u a n d o o Recife caiu nas m ãos do fidalgo F rancisco B a rre to ,174 foram in­ cluídos nas cláusulas de rendição alguns artigos sobre a religião. O artigo 2 estipu­ lava: “T am b ém serão c o m p reend id as neste a cordo todas as nações de qualquer q ualidade ou religião que sejam, que a todos perdoa, posto que hajam sido rebel­ des à C o ro a de Portugal...” .175 N ão foi perm itido o exercício do culto reform ado du ran te os três m eses da p e rm a n ê n c ia ,176 em bora, decerto, h ou ve sse pequenas reun iõ es em casas particulares, com o em Sirinhaém , depois da cap tu ra por André V id a l.177 N ã o se podia usar mais os tem plos, porque estes haviam sido n ovam ente preparado s (ou pela prim eira vez) para o culto católico-rom ano, desenterran do os c orpos dos cristãos re fo rm a d o s.178 Q u a n to àqueles que qu eriam p e rm a n e c er no N o rdeste, o artigo 6 das cláu­ sulas de ren dição rezava: “ ... e no tocante à religião, viverão em confo rm id ade qu e vivem tod os os estrangeiros em Portugal, a tu a lm e n te ” .179 V ário s p e rm a n e c e ­ ram no B ra sil.180 Será que, então, hou ve posteriorm ente, p equ en os núcleos da Igreja C ristã R e fo rm ad a no Brasil restaurad o? Dr. M ello opina que não, pois essa c laúsu la deve ter en co ntrad o resistência em P o rtu g a l.181 N ão era possível a per­ m a n ê n c ia e m uito m enos a organização de súditos cristãos refo rm ad os no Brasil colonial. A eles não se aplicavam as bonitas palavras sobre liberdade de religião, proferidas pelas câm aras de escab in os de M au rícia e P a ra íb a .182 Necessário é distinguir o de iure et defacto , bem como os fatos e sua interpretação.

174 Aitzema: Saken III, 1116 "seer beleeft bejegcnt... met vryheydt van religie..." [tratando muito educado com liberdade de religião]. Sobre frei Fabian d eN an tes, OFM. que conseguiu que a vida dos soldados de fortim anexo ao forte Amélia fosse poupada. DN 22/1/1654. 17- DN 24 e 26/1/1654, Mello: Rendição 26s. 176 Cort Verhael, par. 67. 177 Nieuhof: Viagem 181. capitulação de Sirinhaém em 6/8/1645. art. IV: "G ozarão tam bém os holandeses dos mesmos privilégios e poderão praticar sua própria religião contanto que não preguem em público e que respeitem devidamente os lugares sagrados". Relatório do comandante M oucheron. Recife. 15 e 20/8/1645: in A R A -O W IC 60 e BPB 1645/59. I7!< Cort Verhael, par. 82, "de papen al onsc dode lichamen, die in de kercke waren begraven. wcder op doen graven. ende vvel schandelyck voor de kerckdeuren doen settcn daerop laten weten wie sodanighe Licham en aengingen dat ze die van stonden aen vandaer souden halen ende begraven buyten de Poort op de strand, ofte by gcbreecke van dien datse deselvc Licham en in het water souden doen smyten" (Os corpos mortos colocados fora da igreja para serem enterrados nova­ mente pelos interessados). Este tinha sido o receio dos holandeses quando os portugueses pedi­ ram o templo decaído de São Pedro, em Olinda, DN 23 e 27/6/1644. Aconteceu também na ilha de São Tomé. em novembro de 1642; in Winter: Stad en Lande 228 e n44, referindo-se ao arquivo notarial de A m sterdã 1289. volume 8. notário II. SchaelT. 8/2/1644. t a m b é m a igreja da Sé na cidade de Salvador foi assim "desviolada" em 1625; Salvador: História 444. 17lJ DN 24 e 26/1/1654. Mello: Rendição 43s. lso Mello: Rendição 44. m Idem. Is: C f cap. 14 n l3 4 -7 .

Conclusão

R efletind o sobre a invasão h ola n d e sa no N o rd e s te (1630), havem os de c on cluir que, a p e sa r de fazer parte da luta global da H o la n d a co ntra a E spanha, n un ca dev eria ter a con tecid o nesta á rea da A m é ric a do Sul. O m un do a inda era jo v e m e amplo. Por que atacar po voaçõ es po rtu gu esas amigas, de raízes j á p ro fu n d as? A C o m p a n h ia dev eria ter acatado a prop osta de U sselincx de fun dar colônias ag rí­ colas na “ C osta B rava” da Guiana, ou na região de La Plata, mas se m pre e m uma região entre o Império Português e o Espanhol. Então, o sonho de C alv in o de fu ndar um a nova G enebra, um refúgio secreto para cristãos re fo rm a d os latinos po d e ria ser concretizado. Entretanto, depois da partida do conde de N a ssa u , os flam eng os foram expulsos pelo choq ue étnico, e conôm ico, cultural e, sobretudo, religioso. N a Europa, as tribulações financeiras entre as várias câmaras, a posiçãochave da cidade de Amsterdã, a libertação de Portugal do ju g o castelhano e a eclosão da primeira guerra anglo-holandesa selaram o destino da colônia neerlande­ sa; e com ela, a Igreja Cristã Reform ada desapareceu do Brasil colonial (1654). O s d o c u m en to s eclesiásticos mais c o nh ecido s do “te m p o dos fla m e n g o s ” são as atas do Presbitério da Igreja C ristã R eform ada. M uitos outros d o c u m e n to s foram e n co ntrados, com o o livro de batism o da igreja do Recife, a c o r r e s p o n d ê n ­ cia entre a Igreja no Brasil e a Holanda, inúm eras referências nas atas diárias do governo no Recife e a sua c o rrespon dência com as câm aras da C o m p a n h ia das índias O cid en tais e os Estados G erais neerlandeses. Esses achado s posteriores som ente sublin haram a exatidão das atas, co m p le m en ta n d o -as e e xplicando-as, c o n firm a n d o seu conteúdo. A Igreja C ristã R eform ada havia sido um a igreja transp lantada, com o toda igreja colonial em seus primórdios. M as após lançar raízes em solo brasileiro, com eçou a florescer e a dar frutos. Foi implantada um a igreja de militares. D epois de pouco tem po tomou o aspecto de um a igreja colonial, com posta de funcionários da C o m p a n h ia , de ex-soldados que preferiram p e rm a n e c er no Brasil, de pessoas refugiadas ou atraídas pela aventura ou com ércio, além de um a n ova g e ração de “ flam e n g o -b ra sileiro s” . N ã o de m orou para que essa igreja colonial se tra n sfo r­ masse em um a igreja missionária, trabalh and o esp ecialm ente entre os indígenas. A igreja local mais ativa era a do Recife, seguida pela da Paraíba. De m a ­ neira geral, alguns tem plos católico ro m anos eram usados para os cultos, depois de serem reform ados; a ex ceção mais co n h e c id a era a do novo tem plo francês

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Igreja e E stad o no Brasil H o land ês - 1630-1654

em M aurícia. C o m o au m ento das igrejas locais (cujo nú m ero cheg ou a 12 igrejas org anizadas e 10 congregações), organizou-se em 1636 um a “ C la ssis” , o “ Presbi­ tério do B ra sil” , cujas reuniões deram origem às c o nhecidas atas (1636-1648). Por pou c o tem p o (164 2-16 46 ) existiram até dois presbitérios, o de P e rn a m b u c o e o da Paraíba, reunind o-se anualm ente no “ Sínodo do B ra sil” . As igrejas de A m s ­ terdã e W alcheren auxiliaram m uito as igrejas-fílha no Brasil, mas, por outro lado, tem iam a sua independência; nunca admitiram o nom e “ Sínodo”, nem tinham muita von tade de re c onh e c er os pastores ord enado s no Ultramar, proibindo aind a a pu­ blicação de um catecism o feito no Brasil. A s igrejas foram servidas por m ais de c inq üenta pastores (“ pre dica n te s” ) du ran te esse tem po, sendo o m a io r índice, o de 21 obreiros, em 1642. Eram, em sua m aio r parte, h om e ns íntegros, apesar de alguns não resistirem às pressões e tentações, de m odo que cerca de dez por cento deles causaram prob lem as para a Igreja. M uito s deles serviram fielmente por longos anos, com o o alem ão refugiado Po lh em ius, até qu ase d uas décadas, e vários deles pretend iam ficar no Brasil. Os “ p ro p o n e n te s ” eram preg adores-auxiliares, e três deles, depois de vários anos de serviço, tornaram -se bons pastores-m issionários. Os presbíteros, além de servi­ rem na parte adm inistrativa, eram , na realidade, pastores de bairro, visitando e a d m o esta n d o as suas ovelhas p eriodicam ente. A ad m oe sta ç ã o da Igreja, em sua pregação, voltava-se em prim eiro lugar contra si própria, re prov a ndo obreiros indisciplinados, o que resultou em grande benefício para as igrejas locais. N a disciplin a eclesiástica, um a distinção clara se fazia entre os m e m b ro s da Igreja Cristã R e fo rm a d a (censu rad os por ad m o estação, im ped im ento dos sacram entos ou e x c o m u n h ã o ) e os que não eram m em bros. Estes últim os e ram a lcan çado s por meio de editais, que focalizavam as respectivas áreas do D ecálog o, publicados pelo governo, às vezes a pedido da Igreja. A lém dos pastores e presbíteros, havia os diáconos. Estes, com a responsa­ bilidade pelos pobres, alunos e doentes, tinham um a tarefa ex traordinariam ente grande. N ã o é de se e stranhar que a Igreja nom easse a jud an tes de te m p o integral, os “ c o n so la d o re s de e n fe rm o s” (que serviam ta m b é m com o auxiliares dos pasto­ res, c o m o os atuais evangelistas) e os m estres-escola, ao todo m ais de cem pes­ soas conhecidas. A diaco nia se viu fo rçada a dar m uita atenção à “ dia c o n ia cura­ tiva” (distribuição de alimentos, sustento de órfãos, m anutenção de hospitais etc.), e m b o ra não se e sq uecesse da “ diaconia p rev e ntiv a ” . Isso é claram ente percebido na luta do presbitério contra a d im inu ição das tribos indígenas, sua c am p a n h a na prom o ç ã o de m atrim ônios legais, sua luta pela libertação dos índios da escravatu­ ra lusa, sua o po sição contra a separação de casais escravos, ou ainda projetando a p rim eira lei de divórcio legal nas A m éricas. O prob lem a da escravidão africana foi ta m b é m ab o rd a d o no presbitério, mas, infelizmente, a voz da consciência foi abafada. E m b o ra a escrav id ão h olan desa no Brasil fosse m enos cruel do que a po rtuguesa, p e rm anece a nódoa de que os holandeses, nem pelos m otivos morais ou e c o n ô m ico s, sugeridos por U sselincx, souberam remover.

C o n c lu s ã o

Talvez o aspecto mais interessante seja o da m issão entre os indígenas, cujo idealista foi Soler, o pastor espanhol refugiado. D epois de algum as experiências, o trabalho com e ç o u em 1638 nas aldeias da Paraíba, com professores e o pastorm issio nário David ã Doreslaer. E não apenas ele, pois durante os dezesseis an os de trabalh o m issionário, quase vinte e cinco por cento do co rpo m inisterial esteve eng ajado . Sem dúvida, a estratégia m issionária era abrangente: pregação, e d u c a ­ ção, a ssistência diacona! e familiar, a p reparação de um catecism o em tupi e até um projeto de tradução da Bíblia na língua indígena. O trabalho passou pelo seu grande teste durante a insurreição portugu esa em 1645, q uando, então, o esforço m issionário duplicou: antes da revolta, quase quinze por cento dos pastores e p ro ­ ponentes estavam envolvidos nessa obra, e depois, um a m éd ia de trinta por cento. H ouve ta m b é m um aum ento do núm ero de evangelistas (“c o n so la d o re s’'), inclusi­ ve de índios, continuando, assim, a indigenização do trabalho missionário, visando à futura o rd e n aç ã o de pastores índios. A ex p u lsã o dos holandeses fez com q u e a igreja indígena se refugiasse no interior, onde, durante mais de meio século, resis­ tiu às pressões lusas. F inalm ente, a área mais difícil da ocupação, tanto na situação da é p o c a co m o atualm ente, em sua interpretação, é a da liberdade religiosa. O g ov e rn o no Brasil holandês criou um am biente único no m undo ocidental do século 17. E m b o ­ ra a Igreja C ristã R eform ada possa ser d e n o m in a d a “ Igreja do E sta d o ” , não o era no sentido amplo, porque o governo lhe concedia som ente u m a liberdade m o d e ra ­ da, controlando-a por meio do “com issário político” . Por outro lado, os dissidentes co n h e c ia m um espaço físico e espiritual inexistente em outros países. Isso tr a n s ­ form ou o N o rd e ste em um verdad eiro paraíso de ju d e u s, que che g ara m a ter quatro sinagogas, e. no Recife, um em cada sete habitantes era ju d e u . Para os católicos rom an os, a situação era mais difícil, por haverem gozado da a bso lu ta liberdade anteriorm ente, com e xclusão de q ualq uer dissidente antes da invasão ho landesa. N a realidade, porém , a situação sob o dom ínio flam engo era de um a restrição m o derad a, que perm itia a sua p resença con fessada em um e stad o dirig i­ do por cristãos reformados. Permitia-se, tam b ém , a organização cató lico-rom ana. que podia, inclusive, defender-se contra o influxo de pensam en to s alheios à sua doutrina, e até m esm o chegou a um a ofensiva religiosa em muitos setores da vida, desde o m atrim ô nio até a representação no nível go vernam ental. N e c e s sá rio é. então, distinguir o de iure et de facto, e entre os fatos e a sua interpretação. De iure h avia liberdade m o derada para os reform ados, e restrição m oderada para os dissidentes. Porém, de facto havia tanta liberdade qu e no Brasil holandês, e s p e c i­ alm ente na é p o c a nassoviana, reinava um a liberdade m o derada p ara todas as religiões, uma situação ímpar no m undo ocidental daquele tempo. D urante a é p o ca holandesa, a situação político-religiosa ten dia à form ação de um a teoc rac ia cristã reform ada, que incluía um grande grau de liberdade reli­ giosa, tan to de consciência, com o de exercício de culto para os nã o-reform ados. D epois da ex pu lsão dos holandeses, restabeleceu-se uma teocracia católico-ro-

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m ana. que não perm itia liberdade religiosa e que se sentia o brig ad a a tirar a vida d aq ueles que não estavam dispostos a aceitar seu pensam ento. A ssim , terminaria, te m p o ra ria m en te, o enclave do renascim ento no N ord este, e com isso o enclave da Igreja C ristã Reform ada. O N orde ste se fecharia p ro viso riam ente ao cristia­ nism o reform ado, co m o a H o land a se fecharia e m o c io n a lm e n te ao catolicism o rom ano, por cau sa de sua luta político-religiosa contra a Espanha. E os “ flamengobrasileiro s” , da Igreja C ristã R eform ada, m orreriam longe de sua terra natal; por enquanto, não havia lugar para eles em um Brasil de d im e nsõ e s continentais.

Bibliografia

A bibliografia tem três partes: 1. Manuscritos (fontes primárias não publicadas): II. Fontes (fontes primárias publicadas, esp. panfletos, até 1700 A.D.): 111. Literatura (literatura complementar [depois de 1700 A.D.]).

I. MANUSCRITOS

1. Arquivo da Cidade de Amsterdã (GAA = Gemeente-Archief Amsterdã: numeração antiga) 1.1. An/uivo da Igreja Reformada de Amsterdã (AKA = Archief Kerkenraad Amsterdam: PA 376) - Atas do Conselho da Igreja Reformada de Amsterdã. 162 1-1627 GAA-AKA 5 - Idem. 1627-1633 GAA-AKA 6 - Idem. 1633-1644 GAA-AKA 7 149 - Livro-caixa do Conselho. 1638-1683 GAA-AKA GAA-AKA 244 - Documentos eclesiásticos. 1635-1639 GAA-AKA 736 - Divisão de Visitação (pastoral) de Amsterdã GAA-AKA 881 - Quadro com selos de cera 1.2. Arquivo da GAA-ADA GAA-ADA GAA-ADA GAA-ADA

Diaeonia de Am sterdã (ADA = Archief Diaconie Amsterdam: PA 377) Diuc i 1 Atas da Diaeonia. 1632-1649 64 Livro-caixa (renteboek). 1628-1634 65 Idem. 1645-1661 86 Livro dos órfãos (w eesboek). 1645-1650

1.3 Arquivo do Presbitério de Amsterdã (ACA = Archief Classis Amsterdam: PA 379) GAA-ACA 3 - Atas do Presbitério de Amsterdã. 1620-1631 GAA-ACA 4 - I d e m . 1631-1646 GAA-ACA 5 - I d e m . 1646-1656 GAA-ACA 6 - Idem. 1656-1670 GAA-ACA 18a (19) - Livro de Cópias (copieboek). 1589-1635 (19 = n° novo) GAA-ACA 23 - Registro dc documentos notativos dos sínodos 'particulares' GAA-ACA 25 (35) - Livro de Confissões com assinaturas dos pastores. 1621-1815 GAA-ACA 33 (157) - A t a s dos deputados das causas transmarinas. 1639-1663 (ADRI) GAA-ACA 39 (163) - Li\ro de cartas, deputados transmarinos (ad res indicas). 1628-1647 GAA-ACA 40 (164) - Idem. 1648-1655 GAA-ACA 47 (165) - I d e m . 1655ss GAA-ACA 52 (211) - Livro batismal do Recife. 1633-1654 ('D oopboek'. cópia?) GAA-ACA 53 (174) - Registro dc matérias eclesiásticas das índias Orientais e Ocidentais GAA-ACA 54 (185) - Cartas das índias Orientais I. 1630-1655 (+ algumas Ocidentais!) GAA-ACA 88 - Documentos vários do exterior ('Varia Buitenland’) GAA-ACA 8 8 .4 (2 1 2 ) - Documentos do Brasil. 1637-1652 GAA-ACA 90 - Extratos do registro resol. dos listados Gerais c do Almirantado GAA-ACA 93 (194) - João Ferreira A. d'Almeida. Dijjei-encia da Chrislandade (1650) GAA-ACA 100 (82) - Atas do Sínodo da I lolanda Setentrional. 1618-1636 ('ASNI F)

Igreja e Estado no Brasil H o land ês - 1630-1654

386 GAA-ACA GAA-ACA GAA-ACA GAA-ACA

101 (83 ) 102 (84) 103 (85) 238 (149)

- Idem. 1637-1648 - Idem, 1649-1659 - I d e m . 1660ss - Lista-inventário de documentos recomprados

2. Arquivo Geral do Reino em Dcn Haag (ARA = Algemeen Rijks-Archicf; Haia, "s-Gravenhage)

2 4 . Arquivo da (antiga) Companhia das índias Ocidentais, 1621-1674 (WIC) (OWIC [Oude West Indische Compagnie]): ARA # 1.05.01.01; agora Nationaal Archief)

2.1.1. Senhores XIX ("Ileeren XIX". diretores-gerais da Companhia das índias Ocidentais) ARA-OWIC 2 - A t a s secretas dos Senhores XIX, 1629-1645 ARA-OWIC 3 - A t a s dos Senhores XIX. 1647-1648 ARA-OWIC 8 - Livro de cópias das cartas mandadas pelos Senhores XIX. 1629-1642 ARA-OWIC 9 - I d e m . 1642-1647 ARA-OWIC 10 - I d e m . 1646-1657 ( R l B) I■sla valiosa coleção de cópias de cartas ("Copieboek Uitgaande Brieven” ) mandadas pelos Senhores XIX ao Brasil foi transcrita cm 1885 e 1886; as transcrições se encontram no Instituto Histórico Pernambucano no Recife como "Rcgister Uitgaande Brieven" (RUB). na "Coleção Higino".

2.1.2. Câmara de Amsterdã (fragmentos) ARA-OWIC 14 - Atas da Câmara dc Amsterdã. 1635-1636 ARA-OWIC 17 - I d e m . 1646-1674 ARA-OWIC 17A - Cartas à Câmara de Amsterdã, 1626-1677

2.1.3. Câmara de Zelândia ARA-OW IC 20 - Alas da Câmara de Zelândia. 1626-1629 ARA-OWIC 21 - Idem. 1629-1633 ARA-OWIC 22 - Idem, 1634-1636 ARA-OWIC 23 - Idem. 1637-1639 ARA-OWIC 24 - Idem, 1640-1641 ARA-OWIC 25 - Idem. 1642-1644 ARA-OWIC' 26 - Idem. 1644-1646 (1647-1657 faltam; ver porém item 2.3; Aamvinst 1905. XXXVI: 1650-1652) ARA-OWIC 27 - Idem 1658-1663 . 1.4. Reuniões dos participantes principais da Câmara de Zelândia ARA-OWIC 34

- A t a s das reuniões dos participantes principais. 1623-1640

ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC

- I d e m . 1641-1643 - Idem. 1643-1645 - Idem. 1645-1657 - Idem. 1657-1674 - Relatórios sobre Brasil (Herckmans. Van Ceulcn. G. Morris etc.)

35 36 37 38 46

2.1.5. Cartas e Papéis do Brasil (BPB) As transcrições desta valiosa coleção dc Cartas e Papéis do Brasil ("Brie\en en Papieren uit Bra/.ilie". citado como "B P B ") fazem parte da "Coleção Higino" no Instituto Histórico Pernambucano (índice na RIAP 30 118861: 138-165J: G uia 247-278). Embora tenham sido omitidos alguns documentos e trechos, a coleção se torna mais importante pelo estado precário cm que se encontra o maço ARA-OWIC 6 1.

Bibliografia ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC ARA-OWIC

387 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67

-

Cartas Idem, Idem, Idem, Idem. Idem, Idem, Idem. Idem. Idem, Idem. Idem, Idem, Idem, Idem, Idem. Idem, Idem. Idem,

e Papéis do 1633- 1635 1636 1637 1638 1639 1640 1641 1642 1643 1644- 1645 1645 1645-■1646 1646 1647 1648 1649 1650-■1651 1652-■1654

2.1.6. Atas diárias do Alto Conselho do Brasil holandês (DN) "Dagelijks Notulen". A maior parte dessas "Atas diárias" foram copiadas e as transcrições se encontram na "Coleção Higino" 110 Instituto Histórico Pernambucano. ARA-OWIC 68 - Atas diárias, 27 mar. 1635 - 5 jan. 1641 ARA-OWIC 69 - Idem, 1 jan. 1641 - 12 mar. 1643 ARA-OWIC 70 - Idem, 13 mar. 1643 - 8 set. 1645 ARA-OWIC 7 1 - Idem, 8 set. 1645 - 22 ag. 1647 ARA-OWIC 72 - Idem, 23 ag. 1647 - 3 dez. 1648 ARA-OWIC 73 - Idem, 2 dez. 1648 - 6 dez. 1649 ARA-OWIC 74 - Idem, 7 dez. 1649 - 1 5 fev. 1651 ARA-OWIC 75 - I d e m , 16 fev. 1651 - 25 jan. 1654 (omissões) ARA-OWIC 76 - Atas secretas, 1642-1651 2.2. I '[VIS (c o le ç ã o " V erspreide W e st-In d isch e S t u k k e n ”, d o c u m e n to s d is p e rs a d o s das índias O c id en tais); ARA # 1.05.06 ARA-VW'IS-1408 - J. á Stetten, "Jurnael der Kercken in Paraíba" (diário das igrejas na Paraíba. 1635-1636)

2.3. Aam vinst (a coleção "Aamvinsten". ou aquisições, é organizada por ano; ARA # 1.11.01.01) ARA-Aanw. 1905 XXXVI (cod. 992) - Resoluções da Câmara de Zelândia, 1650-1652 (v. 2.1.3) ARA-Aanw. 1882 A VI 8 (cod. 255) -A m o ld u s Buchelius (um dos XIX). 'Libro de Prolessoribus' (veja cap. 3 n 159; neste livro em manuscrito encontra-se um trecho de uma carta do rev. Soler escrita do Recife no dia 9/5/1 637, até agora desconhecida).

2.4. Arquivo dos Estados Gerais (AStG = Archief Statcn Gencraal: ARA # 1.01.03 c 1.01.04) Muitos desses documentos do governo central dos Países Baixos ("liassen") foram transcritos entre 1851 c 1854 (por J. A. Zwaan). As cópias formam a famosa "Coleção Caetano" 110 Instituto Histórico Brasileiro 110 Rio de Janeiro, que se toma mais importante em virtude do fato de que vários documentos transcritos não se encontram mais no Arquivo dos listados Gerais. Toda a coleção é praticamente composta de cartas oficiais do Brasil aos Estados Gerais (ex.: as cartas nassovianas. 1637-1644) e. em geral, \ersa sobre assuntos administrativos e militares, mas há referências eclesiásticas.

388

Igreja e E stado no Brasil H o lan d ê s - 1630-1654 ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG ARA-AStG

4846 5751 5752 5753 5754 5755 5756 5757 5758 5759 5760 5761 5762 5763 5764 5765

-

Resoluções, 1652-I663 Cartas e papéis, 1623-1627 Idem, 1628- 1630 Idem. 1631- 1634 Idem, 1635- 1637 Idem, 1638- 1640 Idem. 1641- 1642 Idem, 1643- 1644 Idem, 1645-■1646 Idem. 1647 Idem. 1648 Idem. 1649 Idem, 1650 Idem, 1651- 1652 Idem. 1653 Idem, 1654- 1655

2.5. Arquivo dos Estados da Holanda (ARA # 3.01.04) (AStH = Archief Staten van Holland; este nome indica o governo da província maior ocidental dos Países Baixos, a da Holanda própria) ARA-AStH 1358 - Companhia das índias Ocidentais. 1624-1640 2.6. Arquivo da Igreja Reformada da Holanda (transferido para ARA # 2.19.064) (ANHK = Archief Nederlands Hervormde Kerk: arq. Sínodo da Holanda Meridional) (O S A = Oud Synodaal Archief, arquivo sinodal antigo) OSA 35 - 111-27 - (ARA cod. 1324) - Sín. Overijssel ao da Holanda do Sul (sobre as índias Orientais e Ocidentais) OSA 67 -1-1 - (ARA cod. 1362) - A t a s do Presbitério ( ' Classis') do Brasil. 4/1640 (documento encadernado com papéis de Batávia!) OSA 67 - I-2d - (ARA cod. 389) - Atas do Coetus. 's-Gravenhage. Maio de 1642 3. Outros Arquivos na Cidade de Den Haag(Haia. 's-Gravenhage) 3.1. Biblioteca Real (KB = Koninklijke Bibliotheek) KB 76 A 16 - Hendrick Hamel, Pieter Bas e Adriaen van Bullestrate. "Rapport" (1647) 3.2. Arquivo da Casa R eal (KHA = Koninklíjk Huis-Archief) K H A A 4 - 1454 - Brasiliana KHA A4 - 1477 - Correspondência com dom. Rivet. entre outros 4. Arquivo da Cidade de Delft (GAD = Gcmeente-Archief Delft. a cidade dos Orangc-Nassau) 4 . 1. Arquivo da Igreja Reform ada Valã de Delft (AWG = Archief Waalse Gemecnte) GAD-AWG I - Atas do Conselho 4.2. Arquivo da Igreja Rejormada Holandesa de Delft (NHG= Nederlands Hervormde Gemeente) GAD-NHG 5 - Atas do Conselho. 1619-1645 GAD-NHG 6 - Idem. 1645-1668 4.3. Biblioteca dos M anuscritos (MSS = Manuscritos: Handschriftenbibliothcek) GAD-MSS 24 - Leescedulle Margr. v. d. Burg. 1663 4.4. Arquivo I elho de Delft (O A D = Oud Archief Delft) G.AD-OA1) 408. dl. 2 - Lopend Memoriaal Burgcmeestcren (burgomestres)

389

Bibliografia 5. Arquivo da Cidade de Dordrecht (GADo = Gemeente-Archief Dordrecht, Dordt ou Dort) GADo-NÍIG 13 - Atas do Conselho da Igreja Reformada de Dordt, 1634-1644 6. Arquivo da Cidade de Roterdã (GAR = Gemeente-Archief Roterdã) 6.1. Arquivo da Igreja Reformada Holandesa de Roterdã GAR-NHG 1 - Atas do Conselho, 1639-1643 GAR-NHG

2

- Idem, 1644-1647

GAR-NHG GAR-NHG GAR-NHG GAR-NHG

3 4 42 85

- Idem, 1647-1649 - Idem, 1650-1657 - Registro das decisões do Conselho - A t a s do Sínodo da Holanda Meridional (= ASZII). 1630-1639

GAR-NHG GAR-NHG

86 87

- Idem. 1640-1649 - Idem. 1650-1659

6.2. Arquivo do Presbitério de Schieland (ACS = Archief Classis Schieland) GAR-ACS 5 - A t a s do Presbitério Schieland. 1630-1656 6.3. Arquivo da Igreja Reformada la lã de Roterdã (AWG = Archief Waalse Gcmcentc) GAR-AWG 41 - Atas do sínodo valão. 1563-1644 GAR-AWG

42

- Idem. 1645-1672

7. Arquivo da Universidade de Leiden (RUL = Rijks-Univcrsiteit Leiden) RUL-BPL 302 - Cartas de dom. Soler a dom. Rivet (cap. 8 n64) RUL-ASF 7 . 8 . 9 . 10 - A lb u m Studiosorum (da Universidade de Leiden) RUL-Cod. Voss - Diálogos das Grandezas do Brasil 8. Arquivo do Reino na Província de Noord Holland (RANH= Rijks-Archief N. 11., Ilaarlem) 8.1. Arquivo do Presbitério de Edam (ACL = Archief Classis Ldam) RANH-ACL 4 - A t a s do Presbitério dc Ldam. 1628-1652 RANH-ACL 5 - I d e m , 1652-1674 RANH-ACL 70 - Plakkaten (editais). 1662-1761 RANH-ACL 190 - Livro de confissões do presbitério com assinaturas 9. Arquivo do Reino na Província de Zelândia (RAZ = Rijks-Archief Zelândia. Middelburg) 9.1. Arquivo do Presbitério de Walcheren (ACW = Archief Classis Walcheren) (o arquivo do Sínodo de Zelândia se perdeu em 1940. cm um incêndio durante a 2a guerra mundial) RAZ-ACW 1 - A t a s do Presbitério de Walcheren. 1602-1623 RAZ-ACW 2 - Idem, 1623-1639 RAZ-ACW 3 - Idem. 1639-1653 RAZ-ACW' 4 - Idem, 1653-1663 RAZ-ACW' 23 - Documentos relacionados às atas do Pr. de Wa Icheren. 1620-1639 RAZ-ACW 24 - Idem. 1640-1659 (os chamados "relatieven") RAZ-ACW'' 38 - Documentos recebidos dos listados Gerais e do Conselho do Estado RAZ-ACW' 42 - Registro de resoluções dos F.stados de Zelândia . 1577-1752 RAZ-ACW 45 - Livro de confissões com assinaturas. 1620-181 5 RAZ-ACW 65 - A t a s dos deputados das Índias Orientais. 1620- 1688 RAZ-ACW 73 - Atas dos deputados das índias Ocidentais. 1623 -1641 RAZ-ACW' 74 - Documentos Groede. 1632

390

Igreja e Estado no Brasil H o la n d ê s - 1630-16 54

9.2. Arquivo da Igreja Reformada Inglesa de Middelburg (AEG = Arcliief Engelse Gemeente) RAZ-AEG I - Atas do Conselho, 1624-1664 9.3. Arquivo do Presbitério de B eveland (ACBe = Archief Classis Beveland) RAZ-ACBe 174a - Atas do Sínodo de Zelândia (Tholen, 1638) RAZ-ACBe 32 - Cartas de Doreslaer (20/4/1655; 27/8/1663) 9.4. Arquivo da G asthuiskerk em Zierikzee (= GZ; "igreja do hospital" em Zierikzee; nb. não no RAZ) GZ-ACZ 2 - Atas do Presbitério de Zierikzee, 1636-1662 10. Arquivo do Reino na Província de Utrecht (RAU = Rijks-Archief Utrecht) 10.1. Arquivo do Presbitério de Utrecht (numeração nova; ACU = Archief Classis Utrecht) RAU-ACU 2 - A t a s do Presbitério de Utrecht, 1630-1643 RAU-ACU 3 - Idem, 1644-1660 RAU-ACU 37 - Correpondência Vreeswijk (sobre dom. Baers) RAU-ACU 165 - Livro de confissões com assinaturas RAU-ACU 257 - Correspondência Lopik (sobre dom. Schagen) RAU-ACU 346 - A t a s do Sínodo Provincial de Utrecht, 1619-1640 RAU-ACU 347 - Idem, 1641-1663 RAU-ACU 370 - índice geral do Presbitério de Utrecht. 1619-1679 RAU-ACU 377 - A t a s do Presbitério de Amersfoort, 1619-1650 RAU-ACU 383 - A t a s do Presbitério de Rhenen-Wijk. 1619-1650 10.2. A rquivo do Sín o d o P ro vin cia l de U trecht (ASU = A rc h ie f Synode Utrecht; Provinciaal Kerkbestuur) RAU-ASU 3 - Documentos do Sínodo de Utrecht, 1596-1816 RAU-ASU 41 - A t a s do Presbitério do Brasil, 1636-1644 (ACB = Acta Classis Brasil; base para Grothe, A rchief II 215-322) 11. Arquivo do Reino na Província de Friesland (RAF = Rijks-Archief in Friesland) 11.1. Arquivo do Presbitério de Franeker (ACF = Archief Classis Franeker) RAF-ACF 16 - c a r t a s de Nassau sobre dom. Nappius (pós-brasílica) 1 1.2 Arquivos Familiares RAF-FVC 479 -C a r ta s de Nassau (pós-brasílica) 12. Arquivo do Reino na Província de Groningen (RAG = Rijks-Archief Groningen) 12.1. Arquivo do Sínodo de Groningen (ASG = Ar. Synode Groningen; APK = Ar, Provinciaal Kerkbestuur) RAG-APK/ASG 2 - A t a s do Sínodo de Groningen. 1642, 1643, 1645 e 1654. RAG-APK/ASG 3 - A t a s dos deputados do Sínodo de Groningen. I. 1637-1682 12.2, Arquivo do Presbitério de Groningen (ACG = Archief Classis Groningen) RAG-ACG 1 - Atas do Presbitério de Groningen, 1597-1654 12.3, Arquivo do Presbitério de Westerkwartier (ACWe = Archief Classis Westerkwartier) RAG-ACWe 3 - Atas do Presbitério de Westerkwartier. 1621-1646 13. Arquivos fora dos Países Baixos

Bibliografia

391

13.1. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa ( - AHU) AHU Cód. 256 e 265 - Documentos sobre "João Pregador" etc. 13.2. fíritisli Museum, Londres Egerton MSS e hMC 23. Cowper 13.3. Providence, RI, EUA John Carter Brown I.ibrary. Cód. DU-1 (ver Bibliografia II, Beschrijvinge). 14. Documentos não localizados 14.1. Em X ível de Presbitério 14.1.1. O livro dc atas do Presbitério do Brasil ("classicale boek" mencionado nas atas dos deputados transmarinos de Amsterdã de 8/3/1655; GAA-ACA 33:315), o do Presbitério de Pernambuco c o do Presbitério de Paraíba ("classicale protocol". onde estão também os nomes dos ministros e dos consoladores: ACB 1/1638 s6 a8). 14.1.2.Livro das atas dos deputados do Presbitério do Brasil (extratos em GAA-ACA 88,4:197-204). 14.1.3.Atas de muitas reuniões, como do Coetus Gencralis de 1 1/1642 (mencionado em BPB 1643/16). 14.1.4.Muitas cartas mencionadas ou subentendidas como pela letra "N " da lista dc papéis de 29/1 1/1649 ("pacote dc cartas do Presbitério do Brasil ao Presbitério dc Walcheren"; in ARA-OWIC 65: BPB 16449/22a). 14.1.5.Atas dos deputados transmarinos de Amsterdã antes de 1639 (cf. GAA-ACA 33). 14.1.6 O breve catecismo trilíngüe (em tupi. holandês e português: por dom. David à Doreslaer) menci­ onado freqüentemente (ex.: GAA-ACA 101: ASNII 1641 a57): v. cap. 11 deste estudo. 14.2. Em X ivel de Igreja Locai 14.2.1.Livro de atas do Conselho do Recife (mencionado na carta do Conselho do R. aos deputados transmarinos dc Walcheren. 19/8/1637). 14.2.2.Livro de atas do Conselho da Paraíba (mencionado em DN 1/4/1642). 14.2.3.Livros de atas de outras igrejas (ref. na carta do dom. Stetten. 10/9/1640: BPB 1640/15). 14.2.4.Livros e/ou contas da diaconia dc várias igrejas locais, como Paraíba (mencionados no "Jurnael" por dom. Stetten: ARA-VWIS 1408). 14.2.5.Livro de casamentos da igreja do Recife (ref. nas atas do Sín. da Holanda do Norte. 1657 a35). 14.2.6.Os livros de outras igrejas organizadas, embora não mencionados, devem ter existido. 14.2.7.Os selos eclesiástricos das igrejas (v. cap. 4 n41). 14.3. Em X ivel Pastoral

392

Igreja e E stado no Brasil H olandês - 1630-1654

14.3,1.0 relatório dos dom. Van der Poel c dom. Kemp sobre Rio Grande (DN 18/10/1644). 14.3.2.A "Korte Onderwijzing" por dom. Soler (ref. em GAA-ACA 4: 4/8/1637; "Breve Instrução"). 14.3.3. Os livros entregues por dom. Apricius ao Presbitério de Amsterdã: o Dictionario Brositico Belgicum. uma gramática "brasiliana" (tupi), e o Catecismo de Heidelberg. na língua tupi (ref. em GAA-ACA 6:59). 14.4. Em X ivel Geral 14.4.1 .Partes das "Dagelijkse Notulen" (atas diárias do Governo no Recife). 14.4.2."Missive Boek" (livro de missivas) do Governo no Recife (ref. em GAA-ACA 88.4:130). 14.4.3.Livros de atas das câmaras municipais, colégios de justiça, órgãos das finanças etc. (ref em RUB 1642/1 etc.); também o "Inventarisboek" (livro do inventário; em DN 30/1/ 1636). 14.4.4.Listas de passageiros para Brasil, "livro do navio", "livro da guarnição" etc. da Câmara de Zelândia (BPB 1640/8a). 14.4.5.A segunda parte do relatório de Matias Beck sobre o Ceará (4/5-22/7/1649: v. Beck: Journael).

II. F O N T E S (Fontes primárias publicadas, inclusive panfletos, até 1700 A.D.) (Para facilitar a identificação de alguns manuscritos citados freqüentemente, estes foram incluídos nesta parte da bibliografia sempre indicados pela sigla MS [manuscrito] e acom panhados da referen­ cia do aquivo. Fx.: Lista dc livros de 1645. MS i n A R A - O W IC 60) Acta: ver Atas. Aitzema. L. v. S aken van Staet en O orlogh. 1 vols. 's-G ravenhage: Veely. Tongerloo & Doll, 16691672. (Assuntos de estado e guerra) Akerlaecken, M. M. Den C leejschen Pegasus... ais o o c k d e n L o ffv a n P rince lohan M aurits Prince van N assau... Nieumegen: Van Hervelt, 1654. (Louvor para M aurício de Nassau). Akker. Jacobus op den: v. Psalmos. A lbutn Studiosorum A cadentiae F ranekerensis (1585-1811; 1816-1844). S. J. Fokkem a Andrae et Th. .1. M ever (org.) Franeker: Wever. 1968. A lhum S tudiosorum A cadeiniae G roninganae. I lislorisch Genootschap tc Groningen. Groningen: Wolters. 1915. A lhum Studiosorum A cadeiniae í.ugduno B atavae. M D L X X V -M D C C C L X X V . Magae Comitum: Nijhoff. MDC.CCLXXV. (Universidade de Leiden). A lhum S tudiosorum A cadeiniae R heno-T raiectinae. M D C X X X V I - M D C C C L X X X V L Ultraiecti: Beyers et Van Boekhoven. M D C C C L X X X V I. (Universidade de Utrecht). A ld e g o n d e . M. v. S. C ort B eg rijp in h o u d en d e de v o o rn a e m ste H o o ft-S ty ck e n der C h riste ly c k e r R e lig ie g e s te ld I ra g e -e n d e A n tw o o rd isc h e r IVijse... Ley den: A l e x a n d e r s z . 1599. (C a te cism o ). A lm eida. .1. F. A. A. (rev.). D ifferen cia D 'a C h n sta n d a d e em que c ia ra e su m a ria m e n te se com prenhende a grande e notoria disconlorm idade que ha entre a verdadeira e antiga doctrina de Deus que per todo o m undo se ensina na Sancta Igreja Christàa. Católica Aposttolica Refomrm ada: e entre a nova doctrina dos homes que com um m ente o dia de hoje se ensina e m antem na Igreja R om ana. MS in G A A -A C A 93 (2:l cd. N o v a Batavia: Van den Lede. 1684).

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Apêndices

1. PASTORES E ‘PROPONENTES’ (CANDIDATOS AO M INISTÉRIO) NO BRASIL HOLANDÊS 1.1 Salvador da Bahia, 1624-1625 (7 nomes) Artopaeus. Valentinus - 1624-1625 Dapper. Jacobus - 1625 (Michaelis. J o n a s - 1625) Neander. Johannes - 1624t Pick, Jan Cornclis - 1624 Sterthenius. Enoch - 1624-1625 Wisman. Hermanus - 1624+

1.2 Nordeste, 1630-1654 (Pernambuco etc.: 47 nomes) Apricius. Johannes - 1646-1654 (prop>past) Bachiler. Samuel - 1634-1647 Baers, Johannes - 1630 Biscareto. Dionisio — 1642-1648 (prop>past) Brassicanus. Theodorus - 1647-1648 Cammius. Wilhelmus - 1647-1648 Claesz. Antoni - (16391') Clavius. Jacobus - 1653-1654 Cleve. Conradus - 1633 + Coninck. Samuel ( R c g iu s )- 1640-1642 Cralingius. Jacobus - 1644-1645 Dapper. Jacobus - 1637-1639 (e 1625) Doornick. Petrus - 1640-1643 Dorcslaer (Dooreslaer). David à - 1635-1643 Fduardus. Johannes - 1639-1643 Leckholt. Rabirius - 1639-1642+ Folckerius. Samuel - 1635-1637 (prop>past) Gribius, Petrus - 1646-1648 Haselbceck. Johannes - 1641-1645 Ilendricks. Meindert - 1645-1646 (prop>past) Ilermanius. Hcnricus - 1645-1654 Kemp. Thomas - 1635-1636. 1641-1654+ (prop>past) Kesselcr. Fredericus - 1637-1643 Ketel. Nicolaus - 1640-1645 Lantman. Pieter Jansz - 1639-1640+ Latonius (Latomus). I.ambertus - 1630-1631

418

Igreja e Estado no Brasil H o land ês - 1630-1654 Leoninus (sr), Cornelius - 1631-1632 Leoninas (jr), Cornelius - 1640-1644. (1647-1652?) Martini. Jacobus - 1630+ Michiels. Jan - 1638-1640 (prop.) Neveu. Daniel lc - 1634-1636? (prop>past) Offringa. Johannes - 1640-1651 + Ongena. Petrus - 1640-1654 Osterdag. Johannes (Hartmann) - 1634-1639 (prop>past) Pistorius. Wilhelmus - 1630-1633 Plante. Franciscus - 1637-1644 Poel. Cornelis van der - 1635?-1646 Polhemius. Johannes Theodorus - 1635-1654 Ritsma. Lambertus -1643+ Schagen. Daniel - 1634-1637 Soler. Vincentius Joachimus - 1636-1644 Stetten, Jodocus à - 1632-1647 Vau. Gilbertus de (le) - 1640-1642 Velthusen, C a s p a r - 1640-1646 Viteus (Vitteus). Fredericus - 1639-1641 (prop>past:+ in Angola) Vogel (Vogellius). Nicolaus - 1639-1647 Wachtelo, Christianus - 1630-1635

1.3 Não incluídos: como pastores, v. cap. 5 n67; Cocts(?). Cornelius (?1633s). como proponentes, v. cap. 5 nl99.

2. CONSOLADORES, PROFESSORES (E LEITORES) NO BRASIL HOLANDÊS (Lista Provisória)1 2.1 Salvador da Bahia, 1624-1625 (4 nomes) Blonde. François - 1624 Everts. Barend - 1624 Hautain, Noach - 1625 Outcrman, Cornelis - 1625 2.2 Nordeste, 1630-1654 (Pernambuco etc.; 105 nomes) Blocmendal, Aart Jansz - 1642 Adams. Eaurens - 1646-1647 Blonde. François - 1637 Aertsz. Cornelis - 1642-1644 Bois. Joost de - 1636 (Albrcchtsen. L; Aelbrechts. Eowys) Bradsham. Robert - 1640-1644 Alkcn. Frederick - 1636-1639 Brunt. Jan Jansz - 1640 Allart. Daniel - 1650 Bruyn. Peter de - 1641 Andriessen. Cornelis - 1640ss Backcr. Jan dc - 1647 Calva. Samson - 1635 (Backer. Pamvels) Carelsz. Carel - 1636 Barton. Jacob - 1647 Caspersz. Abraham - 1635-1645 Beeck. Cornelis - 1640-1642 Christiaensz. Christiaen - 1634ss Belhombre. Daniel Hesta - 1647 Claessen. Jacob - 1644 Coemeles. Geoffrov - 1639 Bernaerts. Jan. Bitter. Gerrit dc Colius. Bartholonieus - 1642-1644

Alguns dos 90 consoladores. Os nomes de mais ou menos 20 professores são desconhecidos.

A p ên d ices (Consuelo. Jan, or Gonsalves?) Cornelisz, Gerrit - 1638-1640 Cornelisz, Stoffel - 1641-1649 Costa, Bento da - 1650 Croes. Jan Gerritsz - 1635 Croysingel? - 1644 Danens. Jacob - 1645-1647 Duisentpont. Abraham - 1646 Eduartsz, Evert - 1640 Engelaer. Johannes - 1640-1650 Engelaer, Samuel - 1650 (Engman, Johannes) Four, Marcus de - 1636-1654 Francen, Clement - 1644-1650 Francisco. Melchior - 1642 (Franss, Pieter) Fredcricksz, M a rt in u s - 1648 Gerritsz, Christiaen - 1634-1639 Gonsalves. João - 1642-1651 Hamel, Jeremias - 1638-1641 Hendricks, Steven - 1635-1638 Heins. Richard - 1639 Hulsebosch, Simon - 1640-1645 Huppelen. Fra n c iscu s- 1646 Jacó, Álvaro - 1650-1651 Jacobsen, Cornelis - 1640-1643 Jansen. Izaak - 1633-1636 Janssen, Dirk - 1630-1635 Janssen, Dirk - 1641 Janssen. Gerrit - 1645 Janssen, Jan - 1640-1643 Jansz. Hendrick - 1641-1644 Jansz, Herman - 1638 Jansz, Jan - 1639-1641 Jansz, Lambert - 1648-1650 Karelse, Karel - 1640 Kien. Antony - 1645-1647 Leck. Artur - 1642-1648 Lodewijcksz. Jan - 1638 Loos. Jan Luiberts - 1633 Lusoth, Gerrit - 1631

419 Maarschalck, Boudevvijn- 1639 Mackei, Jacob - 1640 (Macque, Jacob - 1645) Martens, Adriaen - 1650 Ooms, Eduard - 1639-1650 Oosterzee, P. - 1646 Pieters, Cornelis - 1639 Pietersen, Matthijs - 1641 Poel. Cornelis W. van der - 1633ss Pool, Dirck Jansz - 1647 Possenier, Guillelm us- 1648 Ratscher Rever, Hans Melchior - 1636-1640 Rodermond, Herman Gurgy - 1647 Rooy, Jan de - 1630 Rutteauw, Abraham - 1643 Scholius. Petrus - 1630 Secoeth, Hendrik - 1630 Smeet, Jan Jansz - 1642 Smith, Adam - 1635-1638 Straten, Hendrick? Swan, Jan Cornelisz - 1648-1649 Tacke, Jan - 1635-1648 Thomas? - 1647 Tijmansz, Pieter - 1630 Vriendt, Johannes de - 1643 Watsen, Dirck Jans - 1642 Werneri, Petrus - 1644 Willems, Cornelis - 1630 Willems, Pieter - 1642 Winckelaer (Wijnkelaer,Winckle), Daniel - 16391650 Mais 7 nomes sem identificação. (Joosse, Scoone Dingen, 451 n518 and n520, menciona ainda Aelbrechts, L o w i j s - 1634 Duys, Jan - 1640 Jasperse, Jacob - 1634 Laren, Bernard van Messe, Jan van - 1640

Igreja e Estado no Brasil H o lan d ês - 1 6 3 0 - 1 6 5 4

4 20 3. J

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a u r íc io de

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ração2

(m elo d ia usável: L aud es D om ine; H inário Evangélico 237 ou Novo Cântico 301)

Sou Príncipe real. Ao trono celestial Coloco o cetro meu. Profunda gratidão Transborda o coração: Sou servo, filho Teu!

Ich trag die Fürsten-Kron, (17) Zvvar Deiner Gnaden-Lohn, Doch w erf sie Dir zu Ftissen. Inbrünstig Dich zu ktissen, Dasz ich ein Knecht genennet, Für Dein Kind werd erkennet.

Do Oleiro divinal Sou imagem filial; Glória ao meu Criador! Soberba se quebrou, Tua graça me coroou; Glória ao meu Salvador!

Erkennet euren Schõpfer (2) Und eures Leibes Tõpfer Sagt: Dank sey Dir, o Elerre Preisz sey deines Namens Ehre. Auch nach d ein ’m Bild formiret. Mit Gnaden grosz gezieret. (3,20)

Consciência, à confissão Dos erros multidão; Sou grande pecador. Levanta, adoração: Ganhei pleno perdão Por Seu maior amor!

Jetzt plaget mein Gewissen Dasz ich mich nicht beflissen, Zu sehn der Sünden Menge Und deiner Liebe Lãnge. Fürwahr mein ist die Schuld Dann deine Gnad und Huld.

(18)

Teu sangue remidor, (Que preço, que valor) Sim, resgatou o réu. Então, por onde eu for, Tu és meu Fiador Até chegar ao céu!

O Jesu Gottes Sohn, Für deines Vaters Thron Dein Blut stets für mich bate, Und mich krãftig vertrette. Befiehl Ihm deine Wege Dasz Er dein allzeit pflege.

(31)

Em vindo a escuridão, Da morte a solidão, Consolador, ó vem. Ruindo a construção. Entrego o coração Nas Tuas mãos, Amém.

Wann Finsternis entsteht, (32) Des Lebens Licht ausgeht: Gott heilger Geist mein Herze Erleucht mit Trostes Kerze. Bricht dann meins Leibs-Gebãude: Falir aus mein Seel mit Freude. (30)

(19)

(27)

O "Mino de Gratidão. Contrição c Oração", em 33 estrofes, foi com posto pelo príncipe João Maurício de N assau-Siegen (Governador do Brasil holandês de 1637-1644), depois do seu quase afogam ento na Frísia. cm 1665. A adaptação em português resume e lem entos das estrofes 2-3. 1720 e 27-32 (F.L.S). Johann Moritz zu Nassau-Siegen. 'Dank-, Busz- und Baet-I.ied' (Franeker. 6 Feb. 1665). In H eidelberger Kuiechisnms fu e r die K urpjhekischan Schulen (Frankfurt: Broemer. 1806. 18-23). Cf. cap. 3 n 136: 9 n l 35.

421

A pêndices 4. G

e n e a l o g ia do

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a ssau- S iegen

CASA DE

CASA DE

CASA DE

AVIS

N A S SA U

H O L S T E IN

Jo ã o II f 1495

I I

I I

Heinrich III c. Mencia de M endoza"

W ilhelm von Nassau Guilherm e, “o Rico” 1 1559 c. Juliana von Stolberg 1 1580

(J.III) Luís c. Yolanda G om ez"1 W illem I van Orange-Nassau Guilherme, "o Taciturno” t 1584 S ta d h o u d e r da Holanda etc.

I

Johann VI von Nassau Joã o, “o V e lh o " f 1606 S ta d h o u d e r de Gélria

c. Loise de Coligny

c Anna von Sachsen

Johann von S ch le sw ig Holstein f 1622

I I

I D. Manuel | de Portugal0" t 1638

Rei da Dinamarca t 1559

I CASA DE O RAN G E-N A S SA U

Antônio f 1595, c. Ana Barbosa"

C hristia n III

c. Emilia

M aurits

Fr. Hendrik

t 1629

t 1625

t 1647 CASA DE NASSAU-SIEGEN

c. M agdalena von W aldeck

Johann VII v. N assau-Siegen Jo ã o "do M e io ” t 1623

10 filhos (2h., 8m)

c. M argaretha von Holstein t 1658

I I

CASA DE BRAGANÇA

Johann VIII v. Nassau-Siegen João, “o M oço” t 1638 c. Ernestine de Ligne

João IV 1640-1656

c.

= consorte

c .n .= cristã/ão-nova/o (cap. 13 n27)

Joh ann M o ritz v. N assau-S iegen JO ÂO MAURÍCIO DE NASSAU-SIEGEN, “O B ra s ile iro ” 1604-1679

índice remissivo (nomes e assuntos mais importantes)

Alto C o n s e lh o . 67, 9 8 n 3 3 , 106n 1 10, 119. 12 0 n 2 12, 124. 152, 170, 180. 285. 285n20. 289. 292. 332. 3 3 8 n l 0 5 . 339. 34 0. 343. 343n 140, 346. 350, 351, 352. 357. 360n23. 371. 372. 375. 377. 387 Açudes. 80 Álvares, padre Pedro. 339 Adam Laurens, 418 Amazonas, 26, 27. 212n37, 305 Ad res in d ic a s. 15. 99. 10 1n 5 1. 111, 113. América do Norte, 26. 40n43, 74n97, 7 6 n 115. 115n 157. 3 17n 128, 323n5. 341nl29. 358n9. 1 17n 177, 130, 130n311, 135n34, 142n90. 361 n3 1. 385, 122. 123n247. 124n256. 125. 143n 101, 175n 153, 191. 237. 275n69, 281, 126, 144, 156n226, 224n 137. n 138. 268. 321, 325. 362n43. 406. 410 2 6 9 n 3 1. 270. 284. 294. 309n61, n63 Amersfoort. 126, 129n304. 146n 133. 304n27. Aertsz, Cornelis, 418 327n36. 390 Afogados. 65n46, 86n200. 169n94 Amesius. pastor William. 42n55. 43. 43n57. 140. África do Sul, 52, 1 17n 177. 129. 129n306. 323n6 18 2 n 2 13 Africanos. 187 Ampzing. pastor Samuel. 212 Aitzema. L. van. 378 Amsterdã, 13. 15. 16. 17. 24, 32nn 10,11, 35. 36. Akker. pastor Jacobus op den. 108. 399 37, 38. 39. 40, 40n47, 41, 41n50, 42n52. 46. 48. 48n85, 51. 54, 54nl 19. 57nl36, 72. 87n210. Albrechtsen. 418 88. 95nl 1. 98nn34.37. 103nn84.85. 106. 107. Alagoas. 63. 73. 85nl92. 95. 95nl5. 96. 97. 138. 107n 116. 108n 128, 109. 109n 131, 111, 116. 139. 150. 196, 237. 339. 402. 405 117n 177, 123. I23n247. 163n43. 199n82. 381. Alba. duque dc. 26. 34. 36. 378 385. 429. 430: v. Presbitério de Amsterdã Alqucrque. Matias de. 59. 59n3. 60n4. 61. 63. Ana da Saxônia. 56 215. 310. 330n53. 352n208. 406 Anagras, 95n 15. 1 16n 171 Aldegonde, Senhor de Sint. 35n24. 176n 166. 194. Anchieta. padre. 26. 26n 12 274 Andessa, índia. 256 Aldeias (v. também nomes próprios). 209 Andrade, v. Carrilho Alemães. 37. 46. 60. 71. 7 1n 68. 72. 103n84. Andrae. pastor llelmut. 132. 171. 219, 241. 256. 137n55. 178. 304. 323. 411 275. 276 Alforria. 73 Andricsscn. Cornelis. 168 Algéria. 314 Angelo, padre. 358. 368. 368n80 Aliados infernais. 62 Angola, país. 70. 72. 78n 131. 87. 105nl04. 122. Alken. Frederick. 170 127. 127n282. 129. 129n304. 146. 133. 181. Alkmaar. 35. 40. 42n52. 255. 397 18 7 n l 8, 264. 377nl42. 418 Allart. Daniel, 418 Angola. Anthony. 187 Almanaque. 177. 402 Anselmo, frei. 324n7 Almeida, pastor João Ferreira de. 24. 32nl2. 200. Antônio. índio. 256 205. 128. 130. 195n66. 199 Antônio Vaz. ilha. 78. 95. 102. 107nl 19. 287n4l. Alnchs. Jacob. 135n37. 138n67. 152. 289 309 -A -

Abrolhos. 62 Açores. 51 Açu. 89. 259. 259n90. 264nl26

Igreja e Estado no Brasil H o lan d ês - 1630-1654

4 24 Antuérpia, 26, 33, 35, 161 Apricius. pastor Johannes. 157. 222, 2 2 2 n l l 6 Araripe, 368

Balleur, Jacques lê, 25, 2 6nl2 Bannigius. Johannes Bodecherus. 181n204. 181 Barassar, David. 319n 141

Aramuru, 243n 112

Baratta. J. do C., 276. 276n79, 323n2, 335n90. 34 0n 118, 344n 148, 3 4 9 n l 9 3 . 3 5 8 n l l . 3 7 8 n 162

Araújo. João de, 225n22

Arciszewski. Chrestofle, 62. 100, 216 Barbadinhos. 335. 3 4 8 n l 83. 362n39. 374n 126 Armada Ibérica. 36. 190n37. 285 Barbados, 220n96. 221. 320 Armcntierrcs, 31 Barlaeus. pastor Gaspar. 65n44, 18. 39n39. 49n97. Arminianismo. 40. 41. 41n50. 49. 51. 271. 272. 54. 6 7 n 56. 6 8 n n 6 0 , 6 1 . 7 6 n m l 0 9 , 114 . 283. 292n83. 294. 294n93. 323 78n 134, 80n 147. 102. 102nn66. 75. 77. Aminius. pastor Jacobus. 40. 40n47. 41. 141. 13 8n 67, 14 1n 84, 143n99. 163n39. 186. 292n83 186nl2. 188. 189nn27. 35. 190n39. 199n84. Arquivo: Amsterdã, 15. 199n82. 385: Arquivo 202n99. 210. 211n28. 216. 216 n 6 1. 219n78. Geral do Reino, 15. 386: Companhia das índias 232, 232n 19. 255. 255 n64 , 27 0n3 8, 292. Ocidentais, 15.386: Estados Gerais da Holanda, 2 9 2 n 8 4 . 2 9 3 n 8 5 , 3 0 9 n 6 5 , 3 16 n 12 5. 15. 386: Haia, 15. 16. 110. 171. 1 7 ln 112, 332nn61, 64, 361n32. 366n63. 368n81, 369. 191. 212. 249n 18. 376nl41: Middelburg. 15. 3 6 9 n 9 3 . 37 1, 3 7 1 n n l 0 7 . 108. 3 7 2 n 1 16. 17. 389: Utrecht. 15. 17. 110. 376nl41. 390: 373nl 18. 375, 375n)33 Outros, 7. 8. 386ss Baro, Roelox. 74, 86n205. 263 Arragon. Jean. 104n90. 159. 164. 164n49 Barra Grande, 62 Arraial do Bom Jesus. 61. 63. 331 Artopaeus. pastor Valentinus. 94n3 Asher. G. M.. 50 Askzenazim. 72 Assembléia Geral. 41n50, 42, 76, 77. 77nl 17. 2 1 4n48, 247. 248. 257n75. 308n53. 342. 342n 131. 343. 344. 349nl93. 350, 350nl98, 351, 35 In203. 360. 360n23. 362n39. 367. 367n75, 369, 375 Assembléia Geral dos índios, 77. 247, 248 Atas Diárias, v. nótulas diárias Ailântico. 28. 37. 52. 53. 55. 72. 87. 88. 122. 172. 173. 303 Augsburg. Paz de. 326 - B -

Baardt. Petrus. 61 n 15, 212. 212n38 Bachilcr. Abigail. 346nl70 Bachiler. pastor Samuel. 102. 1 18n 19 0. 120, 12 1n 2 2 4. 141 n84. 145. 145n 123. 151, 239. 368, 417 Backer. Jan de. 418 Backer. Pauwels. 418 Baers. pastor Johannes. 60, 94.

103. 103n 85. 137 n56 . 141, 153nl99, 226.

Barreto de Menezes. Francisco, 2 6 n l 4 . 60n4. 73n89, 8 4n l86, 87. 88. 89n228, 257. 363. 380 Barton, Jacob. 418 Bas. Pieter. 388 Basiléia, 65 Batávia. 24. 24n7, 37. 99n41. 108. 117n i 77. 12 6 n 2 7 5 . 128. 130, 13 0 n 3 0 8. 1 3 2n8. 1 4 4 n 103. 1 5 6 n 2 2 4 . 1 9 9 n n 8 2 . 83, 204. 2 0 4 n l 2 3 , 205. 2 0 5 n 125. 2 1 5n56, 235n40. 295nl04, 298 Batavos. 29. 305 Batedor dc cães. 105 Batismo. 31nn5, 7. 67n53, 7 9 n l 3 8 , 99, 100. 10911131, 138n67. 167n84. 187. 188. 200. 207n2, 229. 232. 233, 233n25. 235. 266. 315. 318n 135. 345. 364n60; fórmula. 266: africa­ nos, 187. 232: índios. 232: livro de. 31. 3 ln7. 99. 188. 233. 252n40. 381: menores. 100 Batistas, v. menonitas Bavinck. com.. 76

Bagnuolo. conde de. 60n4. 62. 63n27. 64. 68 Baía da Guanabara. 25. 74. 195n70. 212 Baía da Traição. 57. 208. 209. 237. 251. 258n88. 259

Bayly, Lewis. 43 Beatriz Dias Fernandes. 303 Beaumont. Simon dc. 297 Beck. Matias. 392 Beeck. Cornclis. 418 Bcem. Caspar. 74 Begrich. Martin. 111. 275 Beke, Jan van der. 26

Baía da Todos os Santos. 17. 26, 27. 55. 57. 67. 68. 71. 141. 141 n 86. 170. 173. 175. 195. 312

Belgas (Bélgica). 17. 29. 31. 36. 40. 50nl01. 51. 54. 174. 259n95

104. 131, 187.

200

425

índ ice rem issivo Belhombre, Daniel. 103, 170 Bellavia, Antônio, 344 Beneditinos. 56. 335, 337. 3 3 7n 103. 342n 136. 352, 353. 357, 369. 377nl42 Be ns e c l e s i á s t i c o s ou e s p i r i t u a i s , v. b o n a misericordae Bernaerts, Jan, 418 Bcza. pastor Theodore de. 33, 46. 107 Bezerra. Luís Barbalho. 68 Bíblia. 23. 24, 30. 30n4. 38. 38n34. 42. 43n64. 4 4 n 6 5 , 50, 8 8 n 2 2 0 . 100. 1 0 0 n n 4 9 .5 0 . 101 n52. 103 n84. 106, 110nl36. 130, 131n3, 135, 141 n87. 157, 162n35. 165, 166, 167. 169n 103, 174, 175. 177. 181n209. 182n213. 188n25, 190, 191, 191n52. 192n54. 195, 196, 199. 205, 205nl26, 235n40, 257n77. 259n95. 261 n 101. 265, 265n4, 271n45. 288n47, 298. 2 9 9 n 125, 301, 3 0 1 n 2 , 3 0 8 n 5 5 , 3 0 9 n 6 3 , 3 12 n 84 , 3 2 3 n 2 , 341, 3 4 2 n l 30. 3 6 3 n 4 8 , 373n 1 19, 383; espanhola, 191n52; holande­ sa. 30n4, 42, 174; portuguesa, 14, 24n7, (v. Novo Testamento): púlpito, 100: tupi, 265 Biblioteca pastoral, 142 Barbalho, v. Bezerra Biblioteca Real de Haia, 196. 275n73, 388 Biscaia. 61, 190. 259 Biscareto, Beatriz, 221 n 103 Biscareto, pastor Dionísio. 137, 157, 164, 182. 210, 221, 235, 247, 256 Bispo da Bahia, 27. 3 0 3 n l 3 , 332, 338. 339. 3 3 9 n l 09, 340. 340nl20, 350, 350nl98, 351, 352. 353n220, 358, 368, 368n80, 369n91. 374, 378 Bitter, Gerrit de, 418 Bloemendal. Aart J., 172, 418 Blonde. François, 166n72, 170, 173 Boa Vista, 78 Boca do Inferno, 60 Bogcrman, pastor Johannes, 42n55, 140 Boêmia. 30, 175 Bois. Joost de, 418 Bombeiros, 78 nl26 Bona Misericordae, 161 Bonifácio, 29 Botada, bênção de. 359nl9 Bourdel, Jean du, 25, 32nl 1 Boverson, 9 5nn l5, 116n 171 B o xe r. C. R., 2 8 n 2 6 , 3 7 n n 3 1 , 3 2 . 5 1n 106, 5 2 n n l 1 1 ,1 1 2 . 54n, 118, 5 5 n n l 2 3 . 125. 5 7 n 137. 59n 1. 60, 6 0 n l 0 . 63n31. 65n44. 681161. 71n69. 72n79, 74n96. 74n98, 75nl03, 76nl 14, 77nnl 16. 118, 122, 78nl31. 83nl76,

84n 186. 85n 197, 87n211. 88n217, 98n33. 151 n 176, 152n 190, 156nn222. 226. 190n37. 21 2 n37 , 2 4 3 n 1 10, 2 5 1n 3 2. 261 n 104. 26 2 nl09 , 268n22. 2 9 7 n 1 13. I 9 8 n l2 4 . 305. 305n36, 3 1 4 nl08 . 334n82. 3 4 5 nn l57. 161. 3 5 3 n n 2 16. 217, 3 5 9 n l 6 , 362n35, 367n74. 3 6 8 n 8 2 , 371 n 107, 3 7 4 n n l 2 1 , 122, 126. 375nn 130,134 BFB (Brieven em Papieren uit Brasil), 386 Bradsham. Robert, 418 Braga (Bracara Augusta), 23, 23n3 Braga, Manuel de. 25 Bragança, Catarina de. 89 Bragança, v. João II de Portugal Brandão, Luciano. 152 Brande, Cornelius van der, 133 Brasil holandês. 16. 18. 19, 32. 32 n l3 . 38. 57. 78. 79. 82, 82n 157, 84. 87. 95. 9 5 n l4 . 96. 98n33, 110, 1 13, 114, 1 17. 128, 129. 130. 130n3 11. 131. 13 In5. 132, 137, 138. 139. 149, 150, 159, 161, 163. 164. 172, 178. 181, 182, 186, 205, 210, 211. 258. 271, 284. 301. 306, 309, 312, 313. 313n98, 318. 323, 323nl. 328, 332, 334, 334n76, 335. 337. 342. 347. 358n 185, 363. 366, 369, 374. 375. 383. 387: ibérico, 26ss, 302; português. 211, 282. 306, 325, 334, 23ss Brasilse Directie, 5 4 n l l3 , 87n210 Brassicanus, pastor Theodorus, 134 Brazõcs, 76nl07 Breda, 37s Bremen, van, 96 Brés, pastor Guy de, 32nl I, 33. 34 Brielle, 34, 95n 1 1 Brivega, frei Bernardo de, 23 Bruges, 35, 36n25, 41. 67n54, 176 Brunt, Jan Jansz, 418 Bruyn, Peter, 418 Bruxas, 32 Bruxelas, 31, 32, 33nl4, 35, 59, 174, 324 Buc, pastor Guilhaume du, 176 Bucer, pastor Martinho, 42 Buenos Aires. 60. 93. 174n 147 Bula papal, 24, 36n29 Bullestrate, Adriaen van, 295. 388 Bullinger, Heinrich, 106, 10611112, 175 Burgh. Dirck Codde van der, 19 9 n 8 1, 248n4. 294. 296. 2 96nl05 -C Cabedelo, v. forte Cabedelo Cabido. 200. 394nl92

426

Igreja e Estado no Brasil H o l a n d ê s - 1630-1654

Cabo Boa Esperança. 55. 99n41 Cabo Santo Agostinho, 86, 95. 96, 97, 97n28, 134. 138. 139. 143 n 101, 147, 15 lnnl 74,175. 257. 257n82 Cabo São Roque, 68 Cabo. v. Santo Antônio do Cabo Cadena. 3 3 9n 117 Caeté. 209 Caiena. 212. 223nl24. 320. 320nl60 Cajueiro. 80. 318 Calabar. Domingos Fernandes. 62, 62n23. 63, 64, 99. 100n45. 229. 229n2. 256. 413 Calados, padre Miguel. 63. 65n44. 67n53, 83n 177, 85, 8 5n 195. 190, 195, 196. 198. 199. 199n81, 201n98, 250. 252. 257. 277, 308, 310, 31 1. 312, 313, 3 1 4n 108, 333, 335, 339, 340. 340nl22, 345, 345nl59. 350nl98, 358, 362. 3 6 2 n 4 1, 374, 398, 400 Caldeira. Francisco de, 27 Calva, Samson, 173. 418 Calvino, pastor João, 25, 26nl2, 32n 11, 42n56, 46. 4 6 n 7 6 , 47. 50, 51. 63n26 , 1 0 6 n l 0 9 , 10 7 n 1 2 8, 14 1n 87, 16 5 n 5 5, 1 75. 176. 176n 166. 182. 18 2 n 2 14. 195, 2 05nl28, 250, 283. 345nl59. 354n223. 381, 394 Câm ara da Com panhia das índias Ocidentais. v. Companhia das índias Ocidentais Câmara (Municipal), 75ss, 351, 369, 392 Camarão, Diogo Pinheiro, 250, 250nl8 Camarão, Filipe, 57n 136, 62n26, 63 Cambrai (Kamerijk), 33 Cambridge, v. Universidade Cammius. pastor Wilhelmus, 104, 134n29, 417 Campen. Jacob van. 39. 67 Canais. 78. 273 Cânones de Dordt. 41, 117n 179, 272 Cânticos, v. Salmos, Saltério, Música Capelão. 32nl2. 43, 48, 57nl37. 60, 60nn5, 44. 67, 104, 107, 107n 116, 110, 132, 134, 135, 14 2 n 88, 14 6n 1 3 1, 148, 149, 155, 156, 175n 15 1, 176, 218, 222. 270, 289 , 317, 328n42. 360n23, 361n26, 362, 364. 364n60, 368, 373, 375 Capitalismo, 7, 44n69. 45nn70.71, 46. 49, 50, 50n99. 404 Capitulação de Taborda. 88, 89. 258, 320 C a p u ch in h o s, 232, 3 4 0 n l 2 6 , 350, 352, 353. 362n39. 369, 374, 379 Carapeba, Domingos Fernandes, 77. 248, 256 Cardosa, Bárbara, 99 Cardoso, Antonio. 85, 411 Carelsz, Carel, 418

Caribes, 130. 207 Caríris, 207 Carlos II da Inglaterra, 89 Carlos V, imperador. 30, 31. 45. 354 Carmelitas, 232, 335, 337 Carpentier, Roeland, 152. 152nl90 Carpentier, Servatius. 61 n 17, 63n28. 64n40. 98n38, 100, 138n65, 149n 160. 15 1n 18 2. 1 5 6n 2 18, 15 6 n 2 19. 159n4, I 6O11U . 165nn55,60, 173n 141, 191. 200. 200n89. 210n27, 214n49, 214n52, 215. 230, 231n9. 285, 285n 19. 334, 334n81. 335n89, 338nl04. 352nn204. 207. 363n49 Carrascon, 32, 195, 196, 196n74. 196n75. 197. 198, 198n77, 199, 200 Carrilho de Andrade. Pedro. 8 2 n l5 7 . 189n30. 263n 1 16, 264. 2 6 4n l26, 354n223 Carta de alforria, 73 Carta convite transferência, 60n5 Cartas portuguesas. 351. 352: nassovianas, 353: tupis, 249nl8 Casa Forte, 249nl8, 251n30, 252, 254 Casamento, 15. 31, 49n93, 73n89. 74, 74nn97.98, 85, 89, 128, 154, 167, 167n84, 190, 213, 237, 315, 3 15n 1 13, 327, 345. 3 4 5 n l 5 8 , 346. 346n 1 70, 347, 3 4 7 n 171, 3 47n 1 80, 348. 348nn 183,185, 359. 372, 391 Casa Pastoral, 63n34, 238n64, 287 Cascudo, Luis da Câmara. 54n 116.62n24, 68n60. 78n 128, 84nl86, 101n57, 246, 246nl38, 258, 258n85, 262nI13, 362n40, 405 Caspersz, Abraham, 119n200, 172, 309 Castro, Isaac de, 308, 311, 312n85, 321 Catecismo, Breve, 109n 131, 177n 168, 224, 265. 359, 35 9 n l9 Catecismo de Heidelberg, 15, 33, 38, 41, 47, 50. 67n54, 100, 107, 1 17 nl79, 175, 176, 177. 192. 193, 194, 195, 195n66, 199, 2 2 2 n l l 0 . 223, 257, 257n83, 261n 101, 264, 265n4, 266. 269, 270, 272, 275. 359, 364n60, 392 Catecismo Trilíngüe, 391 Catecúmenos, 108n 131. 238, 266, 274 Católico reformado, 9, 3 2 n l2 , 107. 175. 192. 195, 196, 197, 198, 199. 199n82. 200. 205. 230n5, 251 n33. 349 Católico romano, 11, 19, 34, 35n38, 39. 61. 83. 85, 85nl97, 101, 121n228, 134n27, 188, 191. 196. 200. 202, 203nl09, 204. 210. 215, 220. 233, 235n40. 259n90, 2 6 4 n l2 6 , 276. 283. 284, 296, 296n 105, 301. 302, 306, 3 1 2. 3 13n92, 315, 316, 323, 324. 325, 326 Ceará,

68,

73n86. 74,

86,

95, 96. 97. 123n244.

427

ín d ic e rem issivo 138, 146, 150. 2 08, 2 0 9 n l 3 , 21 5, 220, 220n96, 242, 245, 253n44, 254nn55,58, 259, 289, 334, 392 Ceilão, 37, 117 n l 77, 129, 130n308, 157n229. 191, 262. 354n223 Censura Morum. 119. 298, 298n 119 Cesaropapismo, 296nl05 Chacào, 311 C h a d w ic k , Owejn, 105n 106. 227, 2 2 7 n l 5 4 , 235n40 Chapéu, 105, 105n 106, 304. 314 Chile. 70 Christiaensz Chr., 95nl0. 418 Christina Lion, 186. 187 Cícero. 24. 180, 180n 199 Cientistas, 39, 79 Claessen. Jacob, 418 Claesz. pastor Antoni, 146, 146n 129, 417 Clã indígena, 74 Classe do presbitério, 8. 42, 42n52, 110. 111, 111n 141, 116 Clavius, 102n70. 139n67. 143. 144nl03, 417 Cleve, pastor Conradus, 67. 94n6, 102. 140. 143n99. 146n 125, 397 Cloppenburgh, pastor Johannes, 48. 48n85. 394, 395 Cocleo, padre Jacobo, 215 Codde, D. v. Burgh Codde, P.. 19 9 n 8 1. 294. 296, 296nl05 Coeck. Joost, 61. 61 n 18 Coelho, padre Domingo. 352n208 Coelho. Duarte dc Albuquerque, 25. 26, 59n2, 62, 190. 190n43 Cocmeles, Geoffroy. 418 Coerção, 263. 305n31, 341. 362. 362n37 Coetus praeparatorii, 1 15n 161, 222n 113 Coimbra. 23, 398. 406, 410, 41 1, 412 Coleção Caetano (Rio de Janeiro), 16, 70n68, 133n 14, 133n 17. 210n27. 214n49. 220n96. 2 4 9 n 17. 2 5 4 n 5 8, 3 4 2 n l 3 0 , 3 5 2 n 2 1 0 . 3 5 3 n 21 3, 3 53 n2 16, 3 5 4 n 2 2 6 , 3 5 5 n 2 2 7 , 3 66116 1. 371 n 109. 3 7 2 n 1 1 1, 3 7 6 n 136, 376n 137. 388 Coleção José Higino (Recife), 16. 55nl22. 64n39. 7 0 n 6 6 . 7 7 n 11 7, 8 8 n 2 2 0 . 116. 134n27, 138n64. 170. 181n209, 215n59, 275. 275n71. 2 8 4 n 1 3. 2 9 2 n 80. 3 3 0 n 5 2 . 3 4 2 n 13 1, 350n 198. 386 Coligny. Gaspar de. 25. 34 Colius. Bartholomeus, 80, 180, 418 Colombo. Cristovâo, 25n9, 99n41 Comandantes lusos, 60n4

Comenius, João Amos, 32nl2 Comércio livre. 82, 82nl5 9 Cometa. 88, 220, 399 Comissário político, 32n l3, 113, 116n 164, 122, 123n248. 124, 124n257. 223nl26, 248, 271. 283, 284, 292, 293n87. 294. 294n88, 295. 295nl00, 296, 297, 298, 383. 431 Companhia das índias Ocidentais, 15, 27, 40n44, 48, 4 81190, 50, 5 0 n n l 0 0 . 101. 52, 54n 1 16. 61 n 18, 67, 80n 150, 83. 86, 88. 89. 104, 111. 118, 12 2 n 2 4 1, 124, 126, 127, 130, 140, H I 1186, 143nl 00, 167, 172, 173, 185, 191, 207, 208, 215, 2 18, 252, 261 , 267, 271. 272n46, 284, 305, 306, 315. 335n87, 366, 381, 385, 386, 387, 388, 389. 393. 398, 399. 400, 401, 403, 408, 411, 414, 416, 430 C om panhia das índias Orientais, 15, 37, 48. 48n90, 50, 106, 119n200, 12 2 n 2 4 1. 129. 130n308. 13 3n 14, 134n25, 169n99, 180n200, 195n66, 204, 272n46, 273n 60, 274, 298. 305n30, 385, 388, 389, 395, 399, 404. 405 Companhia do Brasil, 87, 88 Companhia do Norte. 37 Concilio: Latrão, 346; Tarragona, 26; Trento. 24. 348; v. também Sínodo Conde: v. Nassau; v. Forre Condenados à morte, 335n90. 344, 358 Confissão auricular, 60 Confissão inquisitorial v. Inquisição Confissão de Westminster, 326, 326n29, 360n23, 395 Confissão fluminense, 25, 26n 12. 32nl 1, 195n70, 395 Confissão neerlandesa, 31n6, 41. 101, 117n 179, 192, 194, 194n62, 233n28, 272, 282, 283. 326, 326n27, 359, 360n23, 395. 415 Congo, país, 72, 1871118 Congo, Antonio, 187 Congo, Manoel. 187 Congregação eclesiástica, 30, 40n43. 63, 96, 102. 107. 205, 308. 323 C o n in c k , p a s t o r S a m u e l, 8 0 n l 4 6 . 13 5 n 33. 138n67. 145, 145n 120, 269. 338nl05. 3 7 8 n l 54, 398, 417 Conselho da igreja local, v. consistório Conselho político, v. governo Consistório. 40, 41. 42. 48n90, 49n94. 94n8, 96. 97. 98, 9 8 n n 3 3 . 3 4 . 3 7 . 3 8 . 9 9 n 4 1 . 103. 103n85, 104. 104n92. 106. 108. IO811131. 110. 111. 114. 1 14 1115 4, 1 15 n 161. 1 17. 117n 176. 118, 119, 121, 122, 125, 125n267. 12 7 n 2 8 5 , 132, 1 3 2 111 1, 14 3n99. 149.

42 8

Igreja e E stad o no Brasil H o land ês - 1630-16 54

149n 157. n 158, n 159, 150. 151, ]5 1n 182, I 5 2n 184, 153, 155n n 212.213, 1 5 6 n n 2 18, 224. 159n4, 160. 165. 165n60, 166n74, 167, 167nn75,84. 168. 173n 140. 174. 177n 169, 178n 184. 179. 185. 186. 187, 189, 190n36. 192n55, 224nn 133.137, 230. 234. 235n40. 256n71. 286n28. 288n45, 290, 290n58, 292, 293nn84,87. 294. 294n93, 295, 295nnl00,104, 308. 314, 321, 323n6, 329, 329nn47.48. 347, 361. 361 mi26,31, 367. 372nl 15. 431 Consolador. 80n 150, 87n216. 94n4, 95. 95nl0, 102. 103, 106n 113. 1 15 n 15 7, 1 19, 121. 121 mi230.234. 125. 126. 127, 128, 130, 131. 132. 13 2n 1 1, 133, 133nl4. 136, 137. 137n60. 138n67. 140. 144n 108. 153. 154, 154n208. 155, 156. 157. 159, 164. 165. 165n63, 166. 16 6 n 7 0 , 71, 72. 167, 1 6 7 n n 7 5 .8 3 . 168, 1 68n 86. 169, 16 9 n n 9 4 , 9 6 .9 9 , 170. 170nn 105,109, 171, 17 1nn 114,1 17, 172, 1 72 n 1 2 0 . 1 2 2 ,1 2 6 , 173, 174, 175, 17 5 n l5 1 ,157. 176, 178, 179, 180. 190, 191, 195. 205, 216. 220. 2 2 6 n l 5 2 , 245, 253, 2 5 3 n51. 254, 256. 257, 257n83. 264. 287, 287n39, 288, 289, 290, 341. 376, 382. 383, 391, 418, 4 1 8n 1 Consuelo. Jan, 419 Constantinopla. 348 Constituição do Brasil holandês, 79, 211, 366 Constituição da Igreja Cristã Reformada, 289 Contra-Reforma, 24, 31 n 12, 304, 335n88 Convento, 28n24, 78, 78nI29, 101. 102, 102n71, 163. 244, 244n 121, 282. 286n26, 327, 330, 331 n57, 335, 335n92, 336, 337, 337nn96,98. 349, 352, 358, 359, 362, 374, 375, 379 Cornelissen, Willem, 160. 259n90, 290, 290n222. 405 Cornelis(z), Gerrit, 169 Cornelisz, Hendrick, 60 Cornelisz. Sotffel, 426 Cornelius, pastor, 94, 94n6, 101, 101 n62, 104n88, 133, 146n 12 7 Correia. Pantaleão, 63, 237 Correspondência eclesial com: África, 128; Caribe, 130; Holanda, 124; outros países. 129 Correspondência missionária, 273 Costa. Bento da, 178n 182, 253, 419 Costa Brava, 51, 163n45, 212, 381 Costa, F. A. Pereira da, 65n44, 138n67, 171 n 112. J O J . J>OÍ

Coutinho, F. S., 86nn206, 207 Coveiros, v. enterro Cralingius, pastor Jacobus, 102, 146n 125, 164n49. 19 9 n 8 1, 417

Crasto, Manuel Mendes de, 72. 307n45. 316n 118. 318 Criole, Maria, 187 Cristãos-novos, 25. 72, 186, 187nl3. 212n39. 302, 305, 307. 309, 310. 312. 313. 319. 320. 362, 408, 412 Croes, Jan Gerritsz, 419 Croes, João Batista, 348 Croysingel. 419 Cruz. frei João da, 368 Cuba, 57 Culto: 104ss; especial. 94. 109; idiomas 101. 102. 103. 189, 335; silêncio 105 Cultura. 23. 28, 83nl72, 302. 393. 394. 396. 400. 403. 407, 410. 411. 412. 413 Cunha, Moisés da, 357n3 Cunhaú, 86. 86n202, 251, 263. 334, 378, 413 Curaçao, 99, 129n302, 141n86, 232n21, 320 -DDagelikse Notulen, v. nótulas diárias Danens, Jacob, 419 Dapper, pastor Jacobus, 64n41, 80nl54. 82nl63, 94n3, 102, 106. 126, 126n275, 127, 136n44. 141, 141n86, 148n 147, 156n223. 181, 182. 204. 226, 417 Dathenus, pastor Petrus, 31n7, 33, 108, 395 Davilius, 219n78 Decálogo, 44. 44n65, 141, 167. 167n77, 176. 248, 359. 359nl8, 364n60. 382 Defensiva religiosa, 11, 309, 341 Delft, 17, 35, 54. 57, 98n37, 102, 125, 134n29, 143n98. 143n 100, 190, 218, 218n65, 222, 289n56, 388, 394, 399, 401, 409, 410, 430 Den Bosch, 38, 43, 140n76, 143n98, 182n213 Deputados ad res indicas, 99n41, 101 n 5 1, 111. 115n 157, 122n243, I23n247, 124n256, 125. 126, 144, 156n226, 224nl37, 224n 138, 268, 269n3 1, 270, 284, 294, 309n61, 3 09n63. 317n 128, 323n5, 341n l29, 358n9, 361n31 Deputados presbiteriais, 110, 111, 1 13n 149. 116nn 167,168, 120, 266, 272n47, 284 Descamps, pastor, 232 Descartes, René, 39 Desenterro de corpos, 380nl78 Diaconia, 15, 31, 50. 50n99, 106. 109, 137, 160. 161. 162. 162n30. 163. 163n45. 181, 236. 241, 254. 254n59, 283, 288. 290. 382, 385. 391. 403 Diácono, 38n36, 84nl83. 98n35, 148, 150nl64, 153, 15 5 n 2 12, 159. 160, 164. 164n49, 168, 255, 289, 290, 379nl68, 431

ín d ice rem issivo Dias. Branca, 303 Dias. Henrique. 64. 85. 378. 4 1 1 Diefleyer, 171 Dillen. J. G van. 303n20. 304n2I. 304n25. 305. 305n30. 305n35. 406 Dillenburg. 32, 65 Dinheiro holandês, 82nl63 Direitos humanos, 216 Dirk 1 da Holanda. 26, 29 Disciplina eclesiástica. 48, 64, 10 1n52. 120. 144, 179, 233, 283. 289n55. 293n87, 339, 341. 360n23. 364, 382 Discipulado, v. missão Divórcio. 236. 241, 242n97, 382 Dízimo. 282 DN. v nótulas diárias Doentes, 153. 159, 162, 164, 165. 16 5 n 5 5. 166n72, 167. 168. 169, 286n26, 290, 338, 382, 431 Dolvares. frei João. 335n87 Dominee (dom), 94, 94n4, 131, 131 n3, 132. 166. 171. 190n42, 219, 431 Dominga, 74, 74n96 Dominicanos, 302 Donckers. Willem, 74, 209, 210, 231 Dooreslaer. v. Doreslaer D o o r n ic k , p a s t o r P e trus, 31, 33, 1 15 n 162, 1 16n 164, 122, 122n243, I 2 4 n 2 5 6 , 141, 14 ln85, 145n 120, 154n208, 179, 179nl91. 202, 202nl05 , 218, 218n72, 226nl51 , 294, 2 9 4 n 9 0 , 295, 3 0 9 n 6 I , 3 15 n 1 1 1, 323 n3, 341 n 129, 360n22. 361n29, 368, 417 Dordt., 29. 30n4, 38, 40, 41, 42, 42n51, 42n55, 43, 54, 97, 97n30, 98n37, 106, 109, 111, 111 n 145, 117n 179. 118, 118nl90, 119, 129, 140, 142, 15 1n 179, 157n229, 177, 182n213. 2 22. 2 2 2 ii 1 18, 2 6 6, 2 7 1 n 4 5 , 2 7 2. 282, 283n 11. 289. 293, 297nl 12, 388 Dordt, Jan van, 56, 56nl29 Doreslaer, pastor Abraham à, 95, 119, 127, 132n 10, 133, 138n67, 141, 190. I94n64, 202, 210, 213. 218, 219, 219n77, 219n78, 220n92. 226. 227. 231, 232, 234, 234n33, 236, 237n60, 238, 238n60, 238n64, 239, 241, 243, 244, 2 52 . 26 1n 101, 2 6 5 . 266, 2 6 6 n l 2 , 267. 269n 32, 270, 271, 271 n45. 274, 275n73. 289n50, 291. 361n29, 383. 390. 391, 394. 395. 396, 413, 417 Doriflarius, 219n78, 427 Dormido. M. M.. 320nl59 Duisentpont, Abraham. 419 Dussen, Adriaen van der, 65n44, 75n 105, 101 n57.

429 10 4 n 9 4 , 187n 13, 202nl01, 2 1 1n29. 313n94, 396, 398

11 6n 1 67, 15 5 n 2 1 3 , 165 n 6 3 . 189, 189n34, 201, 20 1n96, 202' 209. 2 09nl8, 209n22, 210n24. 211. 215. 2 I 8 n 70, 2 3 7 n 5 8 . 2 3 9 n 7 6 . 3 18n 130, 338. 338n 106. 368n83.

-EEeckhout. Albert. 79, 144n 111. 415, 427 Eclésio-cstadual, 282. 291 Ecologia, 79, 80 Economia. 31, 45. 49. 50. 82. 82nl57, 178. 328. 401. 411 Edam, 42n52, 129n301. 218n67. 255. 255n62. 328n41, 389 Edital, 79. 82n 162. 105. 2 1 3 n 4 4 . 236, 242. 2 85 n 2 3 Edito dc Nantes. 262. 327 Eduardus. pastor Johannes. 95. 116n 164, 137n56. 164. 210, 219. 221. 226. 227. 238. 239. 240. 241. 243. 244. 24 8nl3. 251 n30. 252, 252n38. 265, 417 Eduartsz, Evert, 419 E eckholt, pa stor R abirius, 12 1n 234, 1 3 1 n 5. 141 n79. 144. 14 4 n 1 11. 146n 126. 146nl30. 417 Elvas, padre Francisco Nunes d ’, 368 Elvira, 23 Emanuel de Portugal, dom., 56. 304n27, 409, 421 Embriaguez, 75, 234, 288, 400 Emden, 33, 40, 175 Emília de Portugal, 56 Enchentes, 80, 82, 244 Engelaer, Johannes. 178, 253, 419 Engelaer, Samuel, 252, 253n44, 419 Engenhos de açúcar, 28n26, 68n61, 71, 72n81. 82, 82n 158, 89, 152, 162n38. 286n26, 353. 378 Engman. Johannes, 419 E n k h u iz e n , 17, 4 2 n 5 2 , 54, U 9 n 2 0 0 , 127. I27n283, 144, 177, I77nl73. 218, 267, 271, 271n45, 275, 275n73. 328n41. 395, 404. 415 Ensino, v. escola Enterro. 67n53, 104n93 Epigrama, 32n 11, 212, 392, 399 Era áurea da Holanda, 37, 132n 10 Erasmo de Rotterdã, 24, 30 Escabinos, 76, 77. 142n95, 152, 213. 214n48. 257n75, 308. 308n59. 316. 337. 3 3 7 n l 0 2 . 343, 343 n 139, 346. 3 4 8 n l 8 5 , 350, 351. 351 n202, 367, 378. 380 Escandinavos, 51, 71, 188, 323

430

Igreja e E stad o no Brasil H o lan d ês - 1630-1654

Escoceses. 71 Escola (primária, latina, ilustre). 38. 38n36, 43. 67n54. 80. 140. 157n229, 177. 178. 179. 180, 241n90 Escolteto, 76. 76 nl09, 77. 292, 295nl00 , 315, 315n i 11. 328. 348n 185, 368, 371 Escrav idão permitida?, 51, 52, 85, 202, 213. 214. 216. 237, 242, 382

Faro, 23, 428 Farol. 78, 428 Faukelius, pastor Herman. 176, 176n 166. 177n 168, 395. 396. 397 Fernandes, Diogo, 303 Fernando de Noronha, 25. 86, 96. 97, 167 Ferreira, padre Gaspar, 339, 339nl 10, 355, 374 Ferreira, Escabino Gaspar Dias. 77, 215, 248. Escravos. 27. 28, 72. 72n81. 73. 73n86. 74n97. 311 n78. 334n82. 339, 339nl 10. 350. 350nl98. 80. 82. 83, 85n 192, 128. 136n42, 141 n 86. 355, 374, 377n 143, 379nl70, 396. 428 161. 173. 178. 181, 187, 213, 214, 214n51. Figueira, padre Pedro, 25 221, 2 3 7 . 2 43, 2 91, 301 . 301 n 1, 313. Figueiredo, padre Simão. 339 321 n 161, 334n74; batismo. 187. 187n 18; en­ Filipe II (1 de Portugal), 32. 32n 11. 33, 34, 35. 36 sino, 178. 220. 291; índios, 237. 242, 382: Filipe 111 (11 de Portugal), 37. 59 liberdade religiosa, 334n76; libertos, 73, 85; Filipe IV (111 de Portugal). 27. 339 missão entre, 173, 187ss, número, 72; trata­ Filipéia, 63; v. Paraíba mento, 72n81 Filosofia cosmonômica. 216n62 Esopo. Fábulas de, 180 Finanças eclesiais, 286ss Espanha passim. 25n 11, 32n9, 49n94. 120n213. Flamengo, tempo de, 13. 44, 50n 101. 137. 353. 148n 147, 168n92, 216n62, 224nl38, 282n4, 376, 381, 397, 411, 413 283n8, 309n62, 326n23, 3 4 4n l52, 366n65, Flamengo-brasileiros, 75, 88, 89n229, 163. 381 3 7 3 n 120 Florins, v. dinheiro Espanhóis, mercenários, 56, 71 Folckerius, pastor Samuel, 133, 139n68, 155. 156, Espanhol, pastor, v. Soler e Biscareto 157. 417 Essequibo, 320 Fonseca, Baltazar da, 312n89 Estados Gerais dos Países Baixos Fonseca, Filipina da, 186 Ética econômica Fonseca, rabino Isaac Aboab da. 308n49. 309.319 Etnografia. 80, 427 Formigas, 80 Evangelista. 165: v. consolador Formosa. 37, 117, 129, 191 262. 274, 274n68 Evangelização, v. missão Fórmula da União, 41, 4 2 n 5 1,117, 117n 179, 180. Evenhuis, R. B„ 31n7, 31n8, 3 2 n n l 0 , l l , 38n34. 272, 273, 284 38n35, 38n37, 40n48, 46n77, 48nn84,88,90, Fórmula litúrgica, 144 4 9 n n 9 3 ,9 4 , 51 n 102, 9 8 n n 3 4 ,3 7 . 103n85. Forte: Cabedelo, 65n46, 86, 95. 97. 133, 146. 10 5 n n n 9 9 , 1 0 1 ,1 0 5, 10 6 n n n l 10,1 1 1,1 14, 146n 134. 155n 21 1, 156. 20 1. 252, 255: 108nnn 1 2 3 .1 2 6 ,1 2 7 , 1 0 9 n l 3 3 , 1 17n 173, Ceulen, 62, 86, 96, 133, 169, 178, 227: 119 nl98 ,1 49n l55, 159n3, 161n28, 164n28. ReisMagos. 62. 86; Cinco Pontas, 65n48, 170, 16 4 n 4 9 , 16 5 n n 6 0 ,6 3 , 167n84, 1 7 5 n l 5 3 . 96, 133, 169. 220n87, 227; Elmina, 115n 157. 18 2 n 2 14, 185nn2.3. 208nl0. 224. 224nl39, 198; Príncipe Guilherme, 65n46, 169n94: 274n66, 275n69, 282n4, 2 8 3 n U . 2 9 0 n 6 1, Margarita. 65n46. 86, 95. 97. 121 n234. 133. 293n87, 294n93, 2 9 6 n l 0 5 . 298. 2 9 8 n l2 3 . 146n 134. 250n22. 276n80, 334n78; M aurí­ 304n22, 321nl62, 327nn34,36 345nl56, 406 cio. 68, 95. 96. 97. 134n27. 138, 139, 143. Everts, Barend 415, 418 144n 111, 145; N a s s a u , 26. 166n n 68.7 1; Évora. 23, 24 Orange, 26, 62, 86. 94. 101. 134n30: Reis Europeus não portugueses, 71 Magos. 63n26. 94, 96. 133. 169. 220n87. 227: Exator da fazenda 76, 427 Santo Antônio, 97; Schoonenburch. 86. 96: Excomunhão 202, 350nl98. 360, 382 Wilhem, 65n46, 256 Expansão geográfica. 68 Four. Marcus de, 125, 253 Expulsão dos holandeses, v. Restauração França. 17, 27. 29. 30, 31, 34n22. 36. 40. 4In49. 88. -FFaiência, 48 Faria. F. de. 362n39. 374nl26. 406. 428

98n33, 103n84. 143. 143n 100. 154nl99. 208n4. 216n64. 217n64, 261. 262. 311. 315. 323, 327. 335. 340. 350. 353. 369. 374. 376. 379 France, Menso. 160. 160n6

ín d ice rem issivo Francen, Clcment, 419 Franceses. 25. 26nl2, 27, 32, 34n22, 46, 60, 6F 71. 7 1 1168. 74, 78. 85n 197. 100. 102, 103. 103n82, 105. I05nl06. 125, 138. 145n 113, 155. 173, 178. 188. 212. 218. 240. 287, 341. 352. 353. 354. 362. 374. 379. 406: v. Templo francês Francez, Miguel. 310 Franciscanos. 78, 134n27, 232. 335, 338. 350, 352. 369 Francisco e Catharina. 187n 18 Francisco. Melchior (dc). 178n 182. 253 Franco. Isaac. 3 10n72 Franeker. 38, 48n48. 71n68, 140n76, 390, 392. 402n2, 420 Franklin. Benjaniin. 250n99 Franss, Pieter, 419 Frcderickstadt, 133. 361n29; v. Paraíba Frederieksz, Martinus, 419 F reire, F r a n c is c o de Brito, 72n81 , 214 n46 , 332n62, 362n37 Freitas, padre José Pinto de, 320. 339n 1 10 Freyre. Gilberto, 202, 245, 276 Friburgo, 78, 365 Frísia. 17. 31n5, 35, 37, 38, 54, 71n68, 140, 154. 188, 271. 420n2. 429. 430 -G Gabilho, Daniel, 316 Gama. J. B. F.. 84nl82. 100n45, 190n41, 276, 2 7 6 n 8 1 , 313, 3 1 3 n 101, 333. 333nn68.71. 345n 159, 407 Gand (Gent), 35, 60. 174 Garcia. Gonçalo, 23, 192 Garrido, padre, 339. 368, 378 Garstman, Joris, 73 Geer, Lodewijk de, 37 Gelder, H. A. Fnno van, 49n98, 283n8. 304n23, 326. 326n30. 327nn38.39. 344 nl46 Gélria. 35. 38, 60n6, 272n46 Genebra, 25, 40n47, 46n76. 51, 65, 107. 174, 176. 196, 261. 381. 395. 403, 410 Gênova. 45 Gente de nação. 302. 308 Gerritsz, Christiaen, 208nn7,8. 396. 419 Geuzen. 34, 34n21. 35 Gobelins, 71n68 Goes. Hans van der, 151. 359n 17. 361 n32 Gogh. Michiel van, 297 Goiana, 63. 95, 96, 97, 97n27, 101, 1 1 1, 123, 138, 139. 147. 152, 210. 219, 221, 235, 238.

431

2 39, 240, 2 43 , 248, 2 8 7 n 4 3 , 3 1 1, 337, 343n 139, 378 Gois. Damiâo, 24, 408 Gomarus. pastor Franciscus, 41 Gonsalves, João, 178n 182, 241. 252. 253, 254n55 Goodlad, John, 151. 168. G oo r, J. van. 10 5 n 102, 14 8 n 15 1. 192n59. 19 4 n 64, 2 04. 2 0 4 n 1 19. 2 12, 2 12n 37. 261n 104, 266n8 Gouveia, Fernando da Cruz, 353 Governo do Brasil holandês, 75ss: nome75nl05; v. Regimento Gráfica. 80s. 267. 267nl7. 399 Grafite, 62 Grange, Pérégrin de la, 34 Granvelle. cardeal. 35. 107n 116 G r a v a m i n a . 1 1 5 n 1 5 5. 1 1 9 n 1 9 9. 1 2 3 n 2 4 6. 2 9 6 n l0 7 . 314: gravame 292n82. 3 4 5 n l5 4 . 3 7 2 n l 14, 431 Gregos. 49n97. 68. 180nl 99 Gribius, pastor Petrus, 43, 102, 106. 126, 136n47. 137n56, 141. 141 n83, 143, 143n98, 164n47. 226, 417 Groningen, 17, 35, 38, 41n49, 49n98. 54. 54nl 15. 57n 136, 79n 141, 99n42, 126, 13 1n 3. 140. 14 0 n 7 6, 141 n79, 144n 111. 146n 134, 172. 222, 272, 272n54, 327n35, 390. 392 Groote, Geert, 30 Grotius, Hugo. 39, 3 9n39, 41, 49, 185. 186n6. 207, 292n83 Guararapes, 87. 134, 162, 252, 256. 257n81, 401, 408 Guerra da Restauração, 191, 220, 248, 249. 254. 258, 263 Guerra dos Bárbaros, 261 Guerra dos oitenta anos, 7, 26, 34. Guerra dos trinta anos, 37, 43n59. 64n38. 175, 254n59. 257n81. 304. 324. 325, 327 Guerrilhas, 68. 82 Guianas, 51. 276 Guiné, 52, 72, 87n211,94n3, 115nl57, 122. 128. 13 0 n 3 10, 134n27, 139n67, 157, 166nn68.71. 168. 198, 237 - H -

Haarlem. 17, 35, 40, 42n52. 60. 75nl02, 78nl27. 88n224, 212. 288. 389, 402. 404. 408. 412. 414, 430 Habermam. pastor Johannes. 175. 175n 159. 396 Hábito de Cristo. 354. 378 Habsburg . 29, 185, 327 Haecxs, Hendrik, 84n84, 8 8 n n 2 19.220. 126n272. 143n98, 277n86, 290, 290n59. 396

43 2

Igreja e E stado no Brasil H o lan d ês - 1630-16 54

Haen, Daniel de. 152n 190 Haerlem, Pieter van. 162. 162n33, 392, Haia. 15. 16, 17. 18, 39, 44. 44n66. 52nl 12, 65. 65n44. 79nl39. 80. 86, 110. 171. 171 n 112. 18 2 n 2 13, 191. 196, 198, 212. 248. 249nl8, 2 5 7 n 8 2 . 2 5 9 n 9 5 . 2 7 0 n 3 6 . 272, 27 2 n 4 6 . 275n73, 315. 316, 366n61, 371. 3 7 In 109, 375. 376n 141, 386, 388, 416

Hoboken, W. J. van, 36, 39n41. 54, 104n95. 169n99 Holanda, 13ss;mapa Holanda, Amau de, 26 Holandeses: casam entos. 74ss: m issã o entre, 185ss; número, 71, 72, 73

Halters. Samuel. 151.314

Hommius, pastor Festus, 107, 107n 120, 175 Hondius. Ilendrik. 257, 257n82

Hamel. Hendrick, 71n75. 97n28, 98nn34,36, 100. 100n47. 103n82, 107nl21. 108nl28. 109nl32, 116n 164, 118n 190. 120n215. 121 nn227,231, 136n46, 149n 158, 150nl72. 151nl79, 160nn7,ll. 165n 58. 1 80n 198, 2 0 3, 2 0 3 n n l 1 1,114. 204n 120. 2 0 9 n l 8. 210n26, 2 2 1 n l 0 9 , 223, 223n 128. 248n6. 249n 16, 253. 253n42, 257n75. 291n68. 295, 297. 297nl 12, 388, 396 Harckma, com., 86n200 Harderwijk, 38. 48n85 Hartmann. v. Osterdag Haselbeeck, pastor Johannes, 146, 146n 134, 226, 417 Hautain, Noach, 418 Heeren XIX, v. Senhores XIX Hcidclberg, v. Catecismo e Universidade Hcinen, pastor Bartholomeus. 89. 89n229, 130. 130n308 Ileins. Richard, 419 Hendricks. pastor Meindert. 115n 157, 128. 129. 129n297. 139nn67,68, 146, 156, 157, 168 Hendricks. Steven, 169 Hendricksz, Boudewijn, 57, 207 Henrique IV da França, 34n22 llenriques. David, 3 19n 141 Herborn. 17. 65 Herckmans, Elias. 62n25. 80nl53, 214. 214n48, 216, 227nl56. 337n96. 386. 396 H erm anius, pastor H enricus, 102, 126, 128, 128n295, 130. 137n55, 140, 417 Heródoto, 68 Heyn, Piet, 56, 5 6 n l2 8 , 5 6 n l 2 9 , 57, 57 n l3 7 . 404 Higino. José H. Duarte Pereira. 16, 5 5 n 122. 64n39, 70n66, 77nl 17, 88n220, 116, 134n27. 138n64, 170, I81n209. 215n59, 275. 275n71, 2 8 4 n l 3, 2 9 2 n 80, 3 3 0 n 5 2 , 3 4 2 n 13 1, 3 5 0 n l 98, 386, 387. 395. 400, 405. 408, 411. 412 Hille, Cornelis van, 174 Hino nacional holandês', 35 Historiografia. 6. 18. 307n44; v. De jure et de íacto

Holstein. Margarida von 65, 421 Homens livres. 71. 72. 105n 106. 129n302

Hooghstraten, Dirk van. Hoom. 17, 37. 42n52, 54, 77nl23. 146nl34. 172 Hoornaert. padre E., 262. 262nl30, 408 Hospital. 16 On 11, 161, 163. 164. 164n52, 165. 165n 171, 172. 290. 390 HRR. 75nl05 Iluguenotes, 17, 25, 27, 34n22. 37, 40. 259, 259n92, 261, 262, 31 ln80. 327, 341 Huizinga, Johan, 39 Hulscher. Fverard. 26 Hulsebosch, Simon, 419 Humanistas portugueses, 24 Hundius. pastor Johannes, 32nl2, 67n50. 142n88. 1 7 5 n 1 5 1. 176 176n 162. 3 2 8 n 4 2 . 364. 364n60, 366nn65.72, 3 7 3 n l2 0 Hungria, 323 Huppelen, Franciscus, 419 Huss, 30 Huygens, Christiaen, 39 Huygens, Constantijn, 67 - 1-

Ibéria, 28, 46, 185, 212n39, 281, 282, 301, 302. 305, 367 Iconoclastia, 34. 100n48, 333 Idiotas. 156n226 Igaraçu, 25, 76. 95, 96, 97. 163n43. 168, 169n94. 173n 132. 244. 244nl21, 308. 319. 333, 334. 337, 337n97. 339. 342, 344. 3 44nl48. 347. 349n 193, 362n39, 367, 369. 378 Igreja: Anglicana, 15, 198, 223. 281; Católica Romana, 24, 25, 27. 29n3, 76. 152, 175, 187. 201, 202, 204, 205. 227, 232. 235, 251 n29. 262, 286. 302, 304. 310, 310, 314, 315. 324. 328. 338, 340. 341, 342. 345, 348, 348n 185. 349. 351, 355. 357, 360, 361. 363, 368, 374. 377: Cristã Reformada, 15. 29n3, 31n7, 44. 125, 181, 283, 298, 358. 363 (na Holanda); Luterana, 323 Igreja Cristã Reformada 14, 15, 19. 25. 29n3. 3 1. 31n7, 32. 32n 13, 33, 39, 40. 43. 44, 49. 50. 52. 59. 60n6. 62, 64. 84nl83. 89, 89. 89n230.

ín d ice rem issivo

433

96. 97, 100. 104. 1 10, 117. 126, 153, 157, regedores, 77. 248, 249, 255n64; regulamen­ 159, 163, 167. 168. 182. 185, 187. 190, 191, to, v. governo; religião. 210: remonstrâncias. 200. 201. 201n95. 202. 203. 204, 210, 218, 2 6 ls; sacramentos, 234. 235. 238; soldados. 227. 229. 230. 232, 233. 233n23. 235. 238. 210. 243: tradutores. 207s: tribos, 28. 209: último pregador, 264 247. 265. 277. 282. 283, 284, 287. 289, 309, 323. 3 3 ln57. 341. 345. 347. 355. 359. 360. Indonésia. 24. 37. 84 n l 86. 9 3 n 1, 108. 117. 361. 362. 366. 368, 380, 381, 382, 383. 384; 117 n 17 7. 126nn272.275. 127. 129. 135n34. a le m ã . 14 3n9 8: f r a n c e s a , 101. 103, 13 7 n 5 4. 139n67, 141n86. 143. 143n 102. 104nn90.94, 125. 143, 155, 164, 170, 216, 15 6 n 2 2 4. 16 5 n 6 3, 166 n70 . 169n 100. 218. 240, 288, 316n 122: holandesa: passim; 170n 109, 172n 122, 174n 151. 191, 194n66. inglesa. 40n43. 104, 104nn92,94, 143n98. 199. 199n 83, 10 3 n l 16, 204. 205, 2 0 7 n l . 239: portuguesa , 130 222nl 10, 233n25. 235nn39.40. 253n51. 274. 295n 104. 298 Igreja do Estado: no Brasil holandês. 19. 284; no Indulgência, 45n72 Brasil português, 282; na Holanda, 281 ss; vári­ os graus. 281: v. governo: v. comissário político Inferno espanhol. 60 Igreja, v. Templo; v, localidades várias como Ams­ terdã. 125: Recife. 147: da conquista. 13, 93, 94, 110: de moanga. 262; indígena v. índios; internacional. 124ss: local, 93ss: messiânica. 301: militar. 110. 134; nacional. 39. 1 lOss: organizada. 97: pré-messiânica. 301: transplan­ tada . 93. 381: vala, v. igreja francesa Ilha, v. nomes próprios; Ilha do Fogo, 37; Ilhas Flamengas. 51 Im agens. 14. 34. 63n32, 100. 100n49. 196, 3 14 n 1 05, 33 1. 333, 3 3 3 n 6 9 . 34 1. 354. 3 5 9 n l8 Impostos, 82, 179, 313. 313n98. 328 Índias Ocidentas, passim Índias Orientais, v. Indonésia Indígena, v. índio Índios, v. também Aldeias. Nhanduí, Tabajaras, Tapuias, Tupi (inclusive Cartas tupis), etc.; alfa­ betizados, 261. 262; assembléia, 77, 210, 213. 247ss; batismo de, 74, 232; brasilianos, 207: caligrafia, 262n 105; calvisnistas, 262; casa­ mentos. 236s, 242s; confiança nos pastores. 227: congregações, 95. 96, 97; consolador, 165, 254: diaconia, 236. 254; diretor de, 74: divór­ cio. 242; escolas. 177. 179, 236s. 263; escra­ vos, 73. 73n86, 214, 237, 242, 243. 301 n 1. 382; fidelidade, 219, 2 49 nl7. 251n30, 254; governo. 77s. 21 ls, 227. 247, 248: guerra dos bárbaros, 89n228, 261; internato, 231, 248; lei do ventre livre, 213; liberdade religiosa, 301; libertação. 21 1ss. 259. 382; literatura, 236, 241, 265: mártir. 256; massacre. 86; método missionário, 230ss; ministério governamental, 2 3 6 s s , 24 1s s ; m is s ã o h o l ís ti c a . 216: nassovianos, 84; nos Países Baixos, 208, 259: número, 72s, 209s. 241; pregação, 103. 229ss, 234s. 238s. 252: professores. 235, 240s. 247. 248; recatolização. 262s; refugiados, 259:

Inflação, 82. 169n99. 286 Inglaterra. 30, 33. 36, 41. 43. 88, 89, 98n33. 103n84. 13 2 n 7, 174, 180, 188, 196, 198. 198n78, 262. 281. 283, 292. 292n83. 338. 360n23. 376 Ingleses. 2 6nl2 . 36, 38. 39n39. 46, 60. 70n66. 71, 85n197, 89n230, 100. 102. 119, 133. 138. 170. 173. 178, 195. 220 Inquisição, 24. 25. 30n4. 31. 33. 85, 88. 88n218. 105. 174, 192n54, 198. 282. 302, 302n3.4,9, 303. 303nl 1,13.16,19. 304. 305. 3 0 5 n 3 1. 306. 307n43, 309, 309n63, 311,312, 312n85, 316. 318, 318n 133, 319, 319nl39, 320. 320nl55. 321, 3 2 5 n 2 1,22, 3 4 l n l 2 7 . 376, v. Judeus c Liberdade Religiosa Insurreição, 34. 59, 76. 84. 110. 123, 142, 147. 152, 162, 187, 247, 291. 31 1, 318. 320. 330. 335, 339nl 17, 344, 353. 354. 355, 377. 383 Internatos, v. índios; v. Órfãos Inventário, 103n83, 152, 309n61, 386, 392 Ipojuca, 76, 95, 97, 237, 244n 121, 318. 337, 338, 339, 342nl32, 349 Irlanda, 85nl97, 327, 337 Israel, 29n2, 37n30, 186, 305n29. 306, 308, 309. 309n63, 319, 320, 329, 363 Israel, rabino Samuel, 309 Itália. 29, 45. 47. 180. 314. 327 Italianos, 40, 46. 71 Itamaracá, 27, 27n21, 59. 62. 63, 73n86, 76. 76 n l0 7 , 77, 8 3 n l7 7 , 86, 94-97, 101. 120. 121, 12 1n 2 3 4, 122, 130. 134 n 3 0 , 138, 14 3 n 101, 146, 147. 150. 15 1n 174. 152, 154n208, 162, 162n38, 170n 107, 172. 191. 210, 224, 227. 229n3, 234. 235n42, 239. 162. 162n38, 170n 107, 172. 191. 210, 224. 227. 229n3, 234, 235n42, 239. 248, 251. 254. 254n58. 256. 261. 310, 337. 342. 343nl39. 368, 369, 379nl68

434

Igreja e E stado no Brasil H olan dês - 1630-1654

Itapecerica, aldeia, 95, 97, 179, 210, 220, 221, 237, 239, 240, 248 Ius circa/in sacra, 283, 364

Junius, pastor Robertus, 274, 394

Ius emigrandi. 326, 334 lus patronatus. 283

Justiça, 76

Juramento de lealdade, 63. 353 Juros, 47, 48. 82, 82nl62. 292. 292n80

-K -J Jaboatão. frei Antônio de S. Maria, 27 Jacó, Álvaro. 178nl82, 253 Jacobsen, Cornelis, 60, 419 .lacobsen. Iíendrik, 287n38 Jaguaribe, 76. 259. 342nl32 Jamaica. 99n41. 320 Jansenistas. 327 Jan. soldado, 74 Jansen, Isaac, 419 Janss, Ana, 221nl03 Janssen, Dirk, 167, 168, 168n85, 419 Janssen, Gerrit, 419 Janssen. Jan, 419 Jansz, Hendrick, 419 Jansz. Herman, 419 Jansz, Jan. 419 Jansz, Lambert, 169, 178, 419 Jansz. Pieter, 80 Jardim Botânico, 80 Jardins de Nassau, 79nl35 Jelissen, Herman, 188 Jesuítas. 24. 25, 26, 33, 61, 103, 152, 180, 232, 235, 245n 136. 246, 262, 286, 303. 310, 325. 328n41. 330, 335, 337, 352, 352n208, 353, 357nl, 358, 358n4, 363, 366, 367 Jesus, frei Rafael de, v. Rafael, João II de Portugal, 23; III, 24; IV, 70, 85, 245, 302, 355, 374, 374nl28 João, Conde de Nassau - Siegen; o Velho (VI), do Meio (VII). o Moço (VIII), 65, 324, 325 João, frei, 335n87, 358, 368, 368n80 João Pregador. 89. 132n8, 237n55, 264, 390 Judeus, v. Cristãos Novos. Inquisição, Sinagoga; judeus ajudem invasão no Brasil?, 305; defesa religiosa , 3 1 1 , 344; direitos humanos, 216; em Portugal, 25n9, 302; engenhos de açúcar, 28n26, 72n81, 82. 89. 152; enteado, 315; fi­ delidade de. 316; fuga do Brasil, 85, 320s; liber­ dade religiosa. 301, 306, 308, 309. 314, 317; marranos. v. Cristãos Novos; missão católica romana, 309, 310; missão cristã reformada, 247; na Holanda, 303, 303n20; no Brasil ho­ landês. 309s; no Brasil ibérico, 55. 302; núme­ ro, 71 s. 307, 313, 314; ofensiva religiosa. 307. 311; organização, 308: protesto contra, 314; regulamento, 317; tolerância. 313: tortura. 316

Karelse, Karel, 419 Kassel, 65 Kemp, pastor Thomas, 74, 94. 95. 96. 116n 168. 133. 137n56. 139n68. 142, 145. 14 5 n 12 3. 146n 128, 153n 199, 154. 157. 157n233, 164. 16 4 n n 4 7 , 5 1. 168, 210, 213. 220, 220n87. 221, 222, 226, 227, 235, 236, 236n45, 238, 240, 241. 244, 245, 247, 248, 252. 254. 254n55, 255, 263. 265, 286. 289 Kempis, Tomas à. 30. 43n64, 67n54, 79n 138 Kerkeraad, 98n33, v. consistório Kerkmeesters. v. mesários Kesseler, pastor Frcdericus. 8 0 nl54 . 102. 106. 1 15nn 1 5 7 ,16 2. 1 18n92, 120, 125, 126. 136n42, 137n55, 141, 143, 143n99, 145nl 13, 148, 149, 149n 156, 164n47, 190, 201. 224, 225, 226, 2 6 6 n l2 , 268, 269, 269n32, 273. 274. 295n 104, 340nl25 , 361nn26,29, 417 Ketel, pastor Nicolaus, 8 0 n l5 4 , 116n 167, 126. 129, 129n304, 132n 10, 146n l33, 157. 163. I64n47, 226, 240, 2 6 6 n l2 . 2 8 9 n 5 1, 3 6 ln26. 417 Kien, Antony. 419 Kint, Jacob, 74 Kleve, 17, 65n44, 70n68, 103n80, 255, 275n73. 328n42, 364. 373, 414 Knappert, L., 32n9, 40n48, 44n68, 93n l, 96n23. 105n 106, 117n 177, 118n 196. 144n 104, 147. 14 7 n 142, 157n226, 166, 166n70, 176n 165. 179n 189, 18 5 n l , 282n4, 345nl56. 346nnl68. 170, 347nl80, 348nn 183.184.185, 409 Kruyt, A e C., 163n45 - L -

Labes, Theofílo, 247 Laet, Johannes de, 5 On 101, 54. 55, 5 5 n 1 2 1. 56n 128, 57, 5 7 n 13 5, 5 9 n2 , 6 2 n 2 5. 63nn30,32, 94n5. 113nl47. 133nl6. 134n27. 138, 149n 161, 207, 208nn4.7. 210n23, 215. 265, 275 La Fontaine, 78, 78nl32, 239n76 Lansbergen, pastor Franciscus, 175, 397 Lantm an, pa stor Pieter Jansz, 102, 13 8n 65. 146n 125, 190, 190n39, 417 Laroclie, Jacques. 379nl68 Lasco, Johannes à, 33

ín d ice rem issiv o Latonius, pastor Lambertus, 60n5, 133, 133n 15, 138, 417 Leegwater. Jan, 39 Leek, Artur, 178. 419 Leeuwenhoek. Antonie van. 39 Leiden. 17. 35. 38. 40. 40nn43,47, 41n49, 44, 4 4 n 6 6 . 57, 70n68, 7 5 n l 0 2 , 76, 8 9n2 29, 95nl 1. 104n95. 107nl20, 130n308. 132nl3, 134n30, 140. 140n76, 141, 146n 133, 174, 181, 208. 2 1 7n64, 219, 219n80. 265, 383, 3 7 7 n 145 Leitor: consolador, 165; lista. 418s; profesor, 178 Le Maire, Isaac, 37. 54 Leoninus, pastor Cornelius (filho), 101n62, 223, 234. 294n93 Leoninus, pastor Cornelius (pai), 94n6, 98n38, 101, 101n62. 115n 159 Leonor de Portugal, 192 Levi. rabino Uri Ha, 304 Ley, Gaspar van der. 73, 86. 86n 199, 152 Liberdade de consciência. 19. 25, 61, 284, 306, 307. 326, 328. 329. 33 1, 332, 333, 341, 358nl 1. 359, 359nI6, 361, 364, 367, 369n91, 372, 378; v. Liberdade religiosa Liberdade, infra e supra. 211 Liberdade religiosa constitucional: liberdade de consciência e liberdade de culto?, 284, 306, 328. 341 Liberdade religiosa p/católicos romanos: assem­ bléia geral, 342, 343, 344, 350, 360, 367, 369; avaliação, 333s; defensiva, 341; de jure et de lacto, 328; desobediência civil, 343; em Bahia. 328: em Holanda. 19; em Maranhão, 331, 339; em Paraíb a, 331, 332s; em Sergipe, 331; Nassoviana, 316s; ofensiva, 345; protestos. 357: remonstrância latina, 350; variada , 324 Liberdade religiosa p/cristãos reformados: Holanda, 283: Países católicos romanos, 326; Siegen, 325 Liberdade religiosa p/judeus: defensiva, 309; ofen­ siva, 311; organização, 308; presença, 307; protestada, 313: tolerada, 316: variada, 301 Licenciado, v. proponente Lichthart, Jan Cornelisz, 100, 133nl 4 Ligne, Ernestine Yolanda de, 324 Lillc. 31 Limoeiro. 264 Linde, J. M. van der. 109. 109n 135. 212. 212n36. 275, 276n76 Linge. Paulo de. 214, 252 Língua portuguesa. 204 Linho. 254, 255, 255n64

43 5 Lion, Judite da Fonseca. 108n 131, 186, 309 Lion, Simon, 186 Lisboa, 17, 23, 24, 63n35, 86. 8 6 n l 9 8 , 191, 221 n 101, 237, 245nl36 , 264, 286n27, 304, 304n28, 309, 310. 311n78, 319, 3 3 9 n l0 9 . 340, 355n230, 390 Lis, José de, v. Castro, Isaac de Listri, Johannes, 77, 101 n55, 213n44, 239, 245. 249, 252, 256 Literatura posterior a 1700. 402 Liturgia, 104, 105, 105n 106. 106nl08, 107n 119. 108n 127, 1 09n nl31,133, 118n 191, 119n207. 144, 144n 1 11, 151 n 179. 151nl80, 153nl97. 160, 1 6 0nl0 . 167n76. 1 7 4 nl46 , 175nl 58. 178n 176, 194n66, 198, 233n23, 271, 272, 397 Livro: batismo, 31, 31n7, 74, 99, 99n41, 187n 18. 188, 221nl0 3, 232, 233, 252n40, 381, 396: consolação, 173s; didático, 84: espanhol, 196; lista, 16, 7 5 n l 0 2 , 8 0 n l 5 0 , 107nnl 15.122. 157n230, 17 4nn 144,151, 1 7 5 n n l5 6 , 157. 160, 161, 164. 177nn 168,1 7 2 .1 7 3 , 191nn45,46, 195, 195n67, 198n79, 199n85. 270n41, 392; orações, 198; teológico, 142s Lodewijks, Jan, 171 n 117 Lombárdia, 47 Lonck, Hendrick, 29 n l, 60n8, 61, 6 1 n l6 , 104, 208, 330n52 L oos, Jan L u y b e rts, 13 8n6 7. 170, 171, 171 n n 112,1 14, 196n25, Lopes, João, 71n75, 200n87 Ló sóbrio, 75nl02, 288 Luanda, 70, 226, 240, 243, 289n51 Ludolvo de Saxônia, 23 Luis XIV da França. 71 n68 Luso-brasileiros, 27, 63, 64, 71n70, 75, 76, 87, 88, 89n229, 204, 207. 258, 334, 334n76, 343, 351, 353, 354, 361, 378; v. População Lusoth. Gerrit, 419 Luterano, 52, 56, 103n84, 171. 209n21, 262. 275 276, 323, 323n2, 324. 325. 327, 334n73 I.utero, ver. Dr. Martinho - M Maarschalck, Boudewijn, 419 Maastricht, 331, 331n57, 344nl46 Maceió, 95 Maciel, Bento, 27 Mackei, Jacob, 419 Maetsuyckcr, Jan, 298 Magen Abraham. 309, 309n63 Maiereba. 95

Malines (Mechelen). 32, 33, 35

43 6

Igreja e E stado no Brasil H o la n d ê s - 1630-1654

Mandioca. 80. 82. 334. Manhattan. 21 1. 321. 362n43

M ic h ie ls . p r o p o n e n te Ja n . 12 1n n23 1.234. 139n68, 155. 155nn209,212. 2 2 7n l53. 418

Manuel I de Portugal. 25, 302

Middelburg, 15, 17, 36. 38. 40. 41n49, 43. 54. 54n 113. 10 4 n 9 5 . 125. 140 n76 . 143n98. 151 nl 79. 161. 161 n24. 166n74. 177. 198. 219. 224. 273, 309n6l. 357. 389

Manuscritos da época. 385: não localizados. 391 Macque. Jacob. 419

M a ran h ã o . 27. 70. 85. 8 5 n 197. 95. 96. 97. Missa. 100n50. 196. 235n40. 326. 334. 335. 1 0 6 n l l 0 . 123n244. 132. 132n 13. 138.150. 335n90. 338. 346. 349. 372n 115. 374 154. 164n50. 212. 214. 215. 232. 242. 331. 3 3 2 n 6 1. 339. 400 Missão Cristã Reformada: Africanos 187. 187n 118. 189: Brasilianos, v. Missão indígena; Holande­ Marechal. Jan. 295nl00. 315n 111. 368 ses, 185: Judeus, 186: Portugueses. 188ss: vi­ Maria Farinha. 319 são. 185s Markgraf. Georg. 78. 78nl31. 79. 79nnl37. 138. Missão indígena (v. índios), 265: avaliação. 275: 79n 141. 275. 275n74. 399. 405 cooperação na Holanda, 272; dedicação. 226: Marot. Clement. 33. 114 expansão, 238, 247; hesitação. 243; método. Marranos. v. Cristãos novos; v. Judeus 230, 243, 274: motivos, 214: na restauração. Martens. Adriaen. 419 247; períodos. 229; porcentagem pastoral. Martinho de Portugal. Dom . 25 226s; término. 258ss; visão. 224s. 229 M artin i. pastor Jacobus. 94, 102, 133, 138, Moderamen. 118, 120n209 14 6 n 125. 418 Moedas, v. Dinheiro Mártires. 31, 195n70. 344, 396 Massachusetts. 281 Massurepe: aldeia 95. 210, 238; engenho 335, 337n 103, 342n 136, 352. 369

Molucas. ilha das. 204, 235n40 Monnikkendam. 128

Mateus, frei M. de S. Francisco. 324n7, 379n 167 Mattane, Maria, 187 Maurícia (nova cidade), 78, 138

Montanus, pastor Arnoldus, 46. 46n75. 398

Maurícia, aldeia, 95, 218, 238 Maurício, v. Nassau-Siegen Mauritshuis, 65, 65nn44,49 67, 67n51, 410, 416 Mauritsstad. v. Maurícia Medeiros, Tarcísio. 63n26, 208n6, 259nn93,94, 262. 262n 111. 323n2. Megapolensis, pastor Johannes, 142n90, 275. 362n43 Melanchton, Filipe, 24, 32n 11 Mello, José Antônio Gonsalves de, 6, 13, 14, 16, 2 8 n 2 4 , 5 On 101, 5 7 n l 3 6 , 6 2 n 2 2 , 73n86, 152n 190, 103n83, 309, 334n76, 380 Melo, Filipe Bandeira de, 87 Melo. Maria de, 73, 152 Memórias Diárias, 62. 190, 345 Mendes. Moses, 31 ln76 Mendonça, padre Fleitor Furtado. 303 Menezes, v. Barreto Menonita (menista), 31, 31n5, 188, 18 8 n 2 1 Mercenários, 56, 61. 71, 71n75. 103n84, 188n 19. 200, 200n87. 352 Mesários, 104, 287

Monopólio, 37. 45n72, 48, 55, 82 Morais, Manuel de. 63, 85, 154n 199, 210, 345. 377 Moral, v. ética Moreau, Pierre. 180, 265, 297n 113 Moreira, Eduardo, 200 Moreno, Arão. 3 19n 140 Morris, Gedeon. 70n66, 164n50, 215, 242. 386. 398. Morris, Johannes, 255 Moscou, 127 Moucheron, de, 54, 310n72 Movimento Reformista na Holanda, 30 Mulder, Jan, 63 Multas, 41, 78nl24. 98, 102, 105. 105nl04, 149, 161, 291, 316n 122, 318nl30, 332 Munster, 31, 87, 89n226, 327. 408 Muribeca, 76, 337, 342nl32. 378 Música, 39. 107, 108nl24, 3 49nl90 - NNaarden, 35 Naber. L H onoré, 27nl8 , 277. 277n86. 293n84. 372nl 16, 393, 396,397. 400. 412

Messias, 186, 301n2, 309

N a ntes, frei C o lo m b in o , 3 3 5 n 8 5 , 3 4 8 n l 8 3 . 349nl92. 374. 398

M ichaelis, pastor Jonas. 5 6 n l 2 6 , 94n3, 130. 139n67. 155n209, 417

Nantes, frei Fabian de, 3 80nl74 Nassau. aldeia. 103. 189. 210. 239. 240, 244

43 7

ín d ice rem issivo Nassau; Adolfo de 2 9 , 35n24; Carlos 67; Frederico Henrique de Orange, 65, 70n68. 78nl27, 215. 304; Guilherme (I) de Orange, 32, 35, 48, 56. 65. 174, 326. 421; Guilherme II de Orange, 87; Hans Jurig, 67n53; João Frnesto, 67; Maurício de Orange, 36, 37, 65, 80nl50; João. 65. 325 Nassau-Siegen, Conde João Maurício de ("o Brasi­ leiro"), 17. 32nl2. 43n63, 59, 66. 100, 363. 366n66; condado. 32, 53. 65, 71n68, 78nl34, 180, 324, 325, 364; construtor. 103n80; cor­ te. 32. 44, 4 4 n 6 6 . 65. 67, 80, 80n 154. 107n 116, 175. 364. 364n56; fontes, 65n44; governo, 70, 79, 85, 181; hino, 17, 245, 420; genealogia ilus.; política indígena, 245; oração de Maurício de Nassau, 420; testamento políti­ co, 65n44, 83, 83nnl69,175, 372; volta para Holanda e depois, 70n68 Nassy. David, 320nl60 Natal, v. Rio Grande (do Norte) Navarro, Aaron, Isaac e Moisés, 310. 3I0n72 Neander. pastor Johannes, 94. 94n3, 146n 124, 417 Neerlandês, v. Holandês Negreiros, André de, v. Vidal Negros, v. Africanos. Escravos, Palmares Nehemias. Samuel, 319n 140 N e m e , M á rio , 9 8 n 3 8 , 111, 1 1 1nn 1 3 9 ,1 4 0 , 113n 150, 13 7 n 6 1, 146n 131, 211, 21 ln34. 2 1 3n40, 284 n 13, 3 0 7n4 4 , 32 8 n 4 4 , 329, 329n50, 3 3 ln56, 332n65, 335n90, 344nl50. 363, 363n46, 366n66, 3 7 5 n l 30, 412 Neveu. pastor Daniel le, 125, 125n263, 137n57, 139n68, 155, 155n214, 156n225, 15 7 ,4 1 8 New Foundland, 55 New York, v. Nova Amsterdã Nhandui, 62, 84nl83, 239, 247, 253, 262. 263. 264 Niagoay, v. aldeia, 249 N ie u h o f , 5 In 105, 7 0n 6 6 , 8 4 n l 86, 8 5 n l 9 7 . 9 5n l 1. 97n28, 98n34, 106nl07, 1 0 7nl2 1, 10 8 n 128, 10 9n 132, 1 11 n 140, 134n27, 143n98 149n 153, 152nl90, 153nl99. 159n4, 160n 8, 2 0 7 n 2 , 211 2 1 1 n 3 0 , 221 n 106, 2 2 3 n 126, 2 2 7 n l 5 5 , 2 4 8 n 6 , 2 5 1 n n 2 7 , 3 0 252 n36 , 25 4n58, 2 6 3 n n l 16,1 17, 292n80. 3 10 n 7 2, 3 1 8 n 13 2, 3 2 0 n 15 1, 3 3 3 n 6 9 . 3 3 4 n 7 6 , 3 3 7 n 9 8 , 3 77nn 1 47 ,15 1, 378, 37 8 n l5 7 . 380nl77 Nóbrega, padre Manuel de, 25 Nótulas (atas da Igreja), 118, 293n87 Nótulas Diárias (do governo), 16, 284 Nova Amsterdã (New York), 38, 74n97. 89n230, 291n 7 1, 309n63, 321

Nova Genebra, 51, 381 Nova Guiné, 55 Nova Holanda, 19. 51. 67, 335. 339 Nova Inglaterra, 281 Nova Zelândia, 38 Novinsky, Anita. 302, 302nn3.4.5 .9. 3 0 3 n l0 . 305n34. 306n39, 3 10 n 6 7, 31 1n 8 1. 3 12 n n 8 2 . 8 6 .8 7 . 3 14n 105. 3 18 n 1 3 7. 3 2 l n l 63, 412 Novo Testamento, 23, 24, 142. 148n 153. 177. 191, 192. 205, 394; grego. 30. 157 -

O

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Óbidos, Conde de, 215 Obreiros eclesiais oficiais e auxiliares. 13 1 Oceano: Atlântico 37, 113; Pacífico. 38 Octavistas, 156n226 O f f r i n g a , p a s t o r J o h a n n e s , 102, 1 27n 282 . 132n 10, 134, 134n30, 140. 143, 143n 102. 145, 145n 123, 146nl25, 173nl32, 239, 286. 418 Oiapoque, 27, 223nl24 Oldebamevelt, Johan van, 36, 37 Olferdi, Nono, 332 Olinda, 25, 27, 27n22, 28, 59nl. 60, 60n6. 61, 61 n 19, 6 2 n 2 2 , 7 0 n 6 7 , 7 3 n 8 6 , 7 7 n 1 16. 82nn 158,161,166, 85nl92, 88n221, 89n227, 94, 95, 100, 101, 101 n56, 103, 104, 105n97. 108n 124, 161, 167n84, 170, 187, 187n 14. 188, 188n 19, 189, 190n36, 200, 200nn86,88. 201n98, 204nl23, 21 ln32, 212, 222, 250n20, 2 8 5 n 2 1, 303, 310, 313, 313n99, 319. 330. 3 3 0 n 5 3 , 3 3 4 n 7 4 , 3 3 5 , 336, 337, 339, 342n 132, 343, 3 4 4 n n l4 9 ,151. 351n202, 352. 352n204, 353, 354n225, 361, 369, 369n91, 374nl25, 375, 375nl35, 378, 379, 380nl78, 392, 393 Ongena, pastor Petrus, 76, 102, 132n 10, 134n30. 136, 13 6 n 4 8 , 140, 143, 1 4 3 n l 0 2 , 145, 1 4 5 n n l 2 2 , 1 2 3 , 147, 162n37, 2 26 , 254 . 256n72, 368, 418 Ooms, Eduard, 30n4, 165, 172, 289n56, 290 Oosterdagh, v. Osterdag Oosterland, Zelândia, 252, 252n38 Oosterzee, 419 Oquendo, Antônio d', 61, 190, 190n37 Oração: dias, 256; livros, 175 Orange-Nassau, v. Nassau Ordem de Cristo. 215. 282, 334n82. 354 Ordem eclesial de Dordt, 97, 111. 118, 129, 222, 282 Ordem eclesial dos XIX, 115n 159

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Igreja e Estado no Brasil H o lan d ês - 1 63 0-1654

Órfãos, 87, 109. 136, 153, 159, 162, 163, 164. 177, 181. 230. 255, 286n26. 291. 291n70, 350. 376; indígenas, 256; juizes de. 163n43

Paraíba, 16, 27, 57, 59, 6 1nl8, 62n25, 63, 65n46. 7 3 n n 86 .87 , 76, 7 6 n l 0 7 , 82. 83n 177, 86, 86n204. 89, 89n229, 94, 94n8, 95. 96, 97. 97, 97n27, 98. 98n35, 9 9 nn 4l,44, I05n98. Organização eclesiástica. 33. 124, 350, 376 1 0 8 n l3 l. I09 nl32 , HO. I l 3 n l 4 9 , H 4 n ! 5 4 . Órgãos. 105 115nn159, 160,163. 118. 120n211, 121n234, Ortiz, Dominguez, 302 122, 123, 124, 124n256, 126n275. 128n295. Osnabrueck, 254, 255 130n308, 131. 133. 134n27. 135, 138. 139. Osterdag, pastor .lohannes (Hartmann), 120n217, 141, 150, 151, 151 nl 82, 154, 1 54n 208 , 138n67, 139n68, 145, 155, 155n214, 156. 15 5 n 21 1, 156, 160, 160n6, 162, 162n32. 15 6 n n 2 2 1 ,222,225, 157, 2 6 6 n l 2 , 286n28. 164n43, 165. 167n84, 168, 168n85, 169, 171. 289n53, 418 171 nn 112.117, 173nl33, 179. 186, 187, 188. Outerman. Cornelis, 418 200, 202, 202nl05, 108, 210, 214n48. 218. 2 1 8 n 72 , 220, 2 22, 2 2 2 n 11 8, 2 2 3 , 226. -P 22 6n 151, 2 27n 156, 23 1, 233, 234, 238, 238n64, 239. 239n67, 244n 121, 247, 248. Pacto da Paraíba, 63, 331. 332. 343. 359. 376 249, 250nn 18,22. 252, 253, 255. 257n75. 269. Padres, 25. 26. 28n24. 61, 103. 134n27, 139n70, 290, 290nn57.65, 294, 295, 295n96, 296, 308. 166n70, 201, 202, 203, 204, 209, 210, 227. 3 0 8 n n 5 3 , 5 9 , 3 0 9 , 3 0 9 n 6 1 , 313, 315. 2 32 , 2 3 4 . 2 3 5 , 2 3 5 n 4 0 , 257, 2 6 1 , 262, 315n 1 1 1, 323,324n6, 331, 332, 334n78. 337. 262nl05, 2 6 3 n l l6 , 276, 310, 311, 314nl05, 337nn96,103, 339, 3 3 9 n l l0 , 341nl2 9, 342, 330, 331. 334, 338, 339, 342, 343, 343nl39, 343, 343nl44, 344nl49, 346. 346nl70, 349, 345, 346, 346nnI68,169, 347. 347nl71, 349. 3 4 9 n l 91, 352, 359. 360n22, 361n29. 369, 3 4 9 n l 92, 350. 353. 358, 358n4, 360, 368, 369n91, 375, 375nl35, 378, 380, 381, 382. 369. 370, 375. 377nnl42,143; passim; escas­ 383, 387, 391 sez, 349; novos. 342, 343 Padroado: real, 282, 283, 284, 285, 298; republi­ cano, 283, 284, 296, 298 Padroeiro, 83, 101n57 Paes, Ana e filhos, 73, 104n88, 201, 201n95 Pai interno, 164n52, 165, 172, 291 Países Baixos. 13, 16, 17, 26, 28, 29, 29n2, 30, 31. 32. 33, 34, 35, 37, 38, 39, 40, 46. 51, 53. 54, 88, 104, 106n 111, 107n 1 16, 108, 113, 1 17 n l 79, 121, 122, 124, 131, 137, 142, 154n204, 162, 167n83, 175, 176. 185, 188, 208, 214n49, 245nl36, 252n38, 259. 261n98, 272. 281 n 1, 282, 293n87, 303, 306, 317, 326, 327, 327n39. 330, 331, 358, 360n23, 387, 388, 390 Palácio. 78 Palatinado, 33. 41, 41n49, 108n 128, 13 0 n 3 11, 143. 3 2 5 n l 9 Palmares (dos Negros). 73, 89 Palmares dos índios, 259 Panfletos da época, 57nl37. 258 Pantaleão, v. Correia Papa, 45, 4 5n 7 2 , 199, 282. 326, 327, 328, 328n42. 339, 340. 342, 350, 354n223. 357n2. 360n23; Leão III, 29; Pio IV, 24; Pio V, 36; Urbano VIII. 27n22 Papel forte, 87n208 P a p istas. 189, 307, 314, 328, 32 8n4 1, 329. 331n58. 332n64. 350, 358. 370, 375nl33

Paraíba-brasiliano, 89, 89n229 Paraupaba. Antônio, 77, 77n 121. 128n294. 248. 249, 2 49nl8, 250, 251. 257. 257n80. 257n82. 259, 259n94, 259n95. 260, 261n98, 262, 414 Paraupaba, Gaspar, 208 Parente, Bento Maciel, 27 Parma, Duque de, 35 Páscoa, 31, 105, 106, 108, 235 Pastores: aposentados, 137; avaliação, 147ss: casa, 135; colocação, 121; cooperação com diáconos, 163; cooperação com presbíteros. 149; de Amsterdã. 127; disciplina, 64, 120, 289, 382; doentes, 164; dominocrasia, 150: do Recife, lOls; educação, 140s; entre portu­ gueses, 189; espanhóis, 137, 147, 164, 182, 187, 189, 1 9 4 ,2 1 6 ,2 1 9 , 221, 383; falecidos. 102, 145: falta de disciplina, 64; franceses. 125, 222; ingleses, 219: licenciados, 154 ss: lista, 417s; lugar de serviço, 145; missionári­ os, 2 1 6s; motivo de vinda. 142s; na Bahia. 94; nacionalidade, 137; número, 137; orde­ nação, 119; posição social, 142, 166, 407: pregadores, 13 lss; salário, 135: tabela de, 139: tarefa, 144; tem po de serviço. 145, 150. 169n99: tipos, 132: vagas, 140: visão mundi­ al, 46. 185; volta para Holanda. 146 Pau-brasil, 25, 51, 79. 82 Paz (1661 AD). 89s, 104 Pèlerine, 27

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ín d ice rem issivo Penedo, 68n61. 85nl91. 95. 138. 309, 318, 326, 413 Pcnsilvânia. 99n41. 281. 2 8 Inl Pentecostes. 31. 108 Pereira. Domingos. 362n38 Pereira, Ruy dos Santos. 79n 138, 83nn 170,171. 89n229, 143nl 00. 285 Perkins William, 195 P e r n a m b u c o , 25. 26. 27. 28n 2 5 , 2 9 n l , 57, 57n 137. 59. 60. 60nl3. 61. 62. 63. 68, 73n86, 76n 107. 77, 8 0 nl47 , 82n 158, 85. 8 5 n l9 6 , 86. 87n208. 89. 95, 97. 109. 110. 113nl49. 114. 115nnl 55.159,162.163, 1 16nl67. 121, 122. 125. 132, 133. 134. 138. 139. 153nl99, 170. 170n 107, 173, 188. 190, 200. 209nl9. 210, 215, 226. 230, 238n64, 239. 273n59, 285. 286n27, 296, 302, 303. 304. 306. 307. 31 0, 3 13 n 9 9 . 315, 318. 320, 330, 333, 337n 103, 339, 339n 109, 340, 344, 345nl59, 3 4 8 n l 83, 349n 192, 355, 362. 3 7 4 n l 2 6 , 375n 129, 382 Persyn, Pieter, 74, 252 Pia baptismal, 74, 100, 101 Picardt, Alcxander, 63, 63n34 Pick. pastor Jan C'.. 94n3 Piemont. 327 Pieters, Cornelis, 419 Pietersen, Joores, 62n22, 80n22 Pictersen, Matthijs, 419 Pinto, Jorge Homem. 160 Pintores, 38n37, 79, 79nl3 9 Pirajá, 152. 152nl90 Piso, Guilherme, 43n63, 67n50. 79, 79nn318,141 Pistorius, pastor Wilhelmus, 101, 101n61, 137n55, 138. 148n 143. 149n 161 Placar, v. edital Planeius, pastor Petrus, 46, 48. 54. 185, 185n2, 259n90, 273. 399 Plantação de igrejas, 93nl

234, 239, 240. 247, 248, 266. 274, 289n52. 308, 391 Polhemius, pastor Johannes Theodorus, 96n20. 108nl28, 121. 121n230, 130. 130n311, 131. 133. 137n55. 143, 143nl01, 145. 145nl23, 147. 224, 226, 263, 266. 325. 362n43, 382. 418 Polícia, v. Escolteto Poloneses, 46, 60, 71, 72, 304 Polônia, 305, 314 Pontes, 78 Ponto das Baleias, 222 Pool, Dirck Jansz, 253, 253n51, 419 População, 25. 21, 28, 35. 38. 39. 40, 56, 64, 71. 73, 75, 83, 100, 137. 142n96, 147. 164. 2 0 5 n l2 5 , 207n2, 210, 237, 267. 302, 303. 307. 309. 310, 320, 334, 334n76. 341. 343. 349nl92, 351, 369; v. Luso brasileiros Porto (Portugal), 23, 24, 36, 55 Porto Calvo (Povoaçon de), 63. 63n34, 64. 68. 76, 95, 95n nl 1,16, 96, 97. 97n28, H)0n45. 13 3 n 14, 139, 142, 151 n 17 5. 163n43. 195, 229, 232, 244, 287, 308, 318. 342, 343nl39. 362n38 Porto Real. 327 Portugal, 23, 24. 25. 25n9, 26, 37n32, 51, 55, 56, 56n 133, 59, 60, 70, 72, 83, 85, 86, 87, 88. 89, 89n227, 104, 134. 192, 199, 200, 200n91, 204, 2 1 5n57, 237n55, 2 4 5 n l3 6 , 248, 258, 262, 263, 282, 285, 302 nl 11. 304, 304n27, 305. 309n63, 312n85, 319, 3 19n 139, 320, 321, 325, 331, 332, 334n82, 353, 354, 355. 371 n 107, 374, 380, 381 Portugueses, missão entre, 188 Português ou espanhol?, 189, 192 Possenicr, Guillelmus, 419 Post, Frans, 79, 103, 216 Post, Pieter. 39, 78nl27, 103 Potiguares. 207. 208, 242 Poti, Pedro, 10, 57, 57nl36, 63, 77. 85nl91. 87. 95, 208, 209nl4, 210, 220, 230. 237n55, 238. 249. 249n 18, 250. 2 5 0 n l 8 , 251, 252, 256. 257, 257n75, 261

Plante, pa stor Franciscus, 65n44, 67. 67n44, 79n 138, 80n 154, 97. 97n27, 102, 115nnl57,162, 116n 164. 120n212. 133, 138, Povoaçon, 9 5nl6 ; v. Porto Calvo 138n65, 140, 141n79. 146nl31. 148nl46, 190, Práxis Pietatis, 43, 141 n80 202, 218. 317. 3 1 7 n l 27, 360n23. 361 n26. Predicante, 44n66, 94n4, 98n34, 99n42, 101, 362n44, 375, 375nl32 114nl 51. 115 n 151, 126, 126n272, 130n308. Pobres. 30n4, 45n72. 47. 137n52, 159. 160, 161, 131. 131 n3, 132, 132n 11, 134n27. 135. 135n38. 161 n24, 162, 163, 164, 165, 165n55, 166. 136, 136nii42,47.48. 138n65, 141 n84. 142. 181. 254n59, 258. 286n26. 290, 316n 122. 142n95, 143 n 100, 144, 144n 108. 145, 146. 317. 352n204. 382 147, 148, 149, 149nl54, 156. 156nn222.226. Poel. p a sto r Cornelis van der, 9 4 nn6 ,7, 96, 157, 157n229. 163, 167, 170, 174. 186, 195. 1 16 n 16 8, 1 21 n 2 3 5, 133, 15 3 n 19 9, 154. 213n44. 235n40, 241n90, 248n7, 264, 310. 154n208, 201. 213, 214, 220, 224, 226, 227. 314, 314nl08. 344. 345. 382

4 40

Igreja e E stado no Brasil H o lan d ês - 1630-1654

Pregação, 28, 31, 40. 93. 95, 100n49, 101, 103n84, 105, 105nl06. 106, 107, 109, 144, 14 4 n 109 Pregadores. 80. 102, 131. 132, 137, 141, 143n98, 176. 200. 201. 203. 208. 218n65. 245, 379. 382 Presbitério (ou Classe) do Brasil, 17, 17nl3. 75n 102. 98. 110, 112, 113, 114nn 151,152. 117. 118. 122. 123, 124. 127. 129, 132, 134, 155. 157. 172. 173, 174, 186, 1 9 2 ,2 1 3 .2 3 1 . 234. 254, 268, 269. 270, 273n55, 276, 284. 291. 293n86, 297, 298, 346, 358. 370. 382. 390; atas, 125; missionário, 233; organização, 122: purificação, 233; reuniões, 117, 150. 154,244. 269; tabela, 1 14, 115n 155; termina­ ção, 224; tradução, 194n62, 292n84 Presbitério na Holanda, 117, 192, 255; Amsterdã, 15, 42n52, 54. 111, 116n23, 125, 126. 127, 128, 141, 144, 256, 265n4, 266, 267, 268, 270, 271.274, 275; Walcheren, 17, 54,55, 111, 116. 122, 122n243, 123, 125, 126, 168, 173. 180, 195, 219, 224nl37: outros, 126s, 254 Presbitério Paraíba, 123, 138. 222. 247, 295 Presbitério Pernanbuco, 138. 188

Puntael, 147 Puritanismo holandês, 42, 42n55. 44, 49. 141. 18 2 n 2 13

- QQua patet orbis, 364n57, 412 Quelen, Auguste de, 307 Quilombo. 72, 73 -R Rabi, Jacob, 86 Rafael de Jesus, frei, 201, 353, 369, 378 Rasiere, Izaak, 159, 159n4 Ratos políticos, 64 Ratscher, com.. 419 Rausch, Cristóvão, 303, 303nl4 Ravardière, La, 27 Rebelo, Francisco. 64 Recife, passim Reforma da paróquia, 376 Reformados, cristãos, passim Refugiados, 17, 26. 33, 37, 39, 41n49, 44, 50. 72. 174, 176, 249, 255n65, 259. 261, 308

Presbítero, 38n36, 42, 60n6, 96, 97. 99, 105, 108. 115nnl59,162,186, 123, 131, 135, 135n37, 138n67, 140. 144. 148, 148nnl52,153, 149. 14 9 n 1 54, 1 4 9 nn 1 5 8 .1 6 1 ,1 6 2 , 150, 150nnl64,165, 151. 151 n 179, 152, 152nl 84. 153. 159, 159n4. 160. 160n6, 167, 167n83, 168.169,254, 286,289, 289n56,290, 290n57, 292n84, 296n l05, 306, 314, 332, 338nl05. 379nl6 8, 382, 407; eleição, 97, 150; nome. 149n 153; número, 150; profissão secular, 151; tarefa, 148s; tempo de serviço, 150 Primeiro: consolador indígena, 254; culto, 25, 94. 104. 153n 199, 220n87; igreja reformada, 98; missionário entre os índios, 234; professor in­ dígena, 241; relatório pastoral, 94, 186 Procissão, 343, 354. 359

R e g im e n to , ( c o n s t it u i ç ã o ) , 7 2 n 8 1 , 21 1n 33, 238n60, 284, 2 8 4 n l6 , 306, 330, 331. 332. 334n79, 335, 339nl 13, 345, 346, 363, 372. 400 Regius, v. Coninck

Proclamas. 346 Professores: indígenas. 220, 241, 253; lista. 418s; número, 178; salários, 178s; tarefa, 179: posi­ ção eclesiástica, 179 Profissão de fé, 109nl31, 188. 235, 238 Proponente (licenciado), 153s; ordenação, 154; posição, 154; lista, 417s; missionários, 157; número, 137, 139, 153

Resistência. 32. 35, 41, 45n72, 48n85. 59. 60. 61, 62, 64, 83, 85, 88n221. 124, 180. 231. 295, 333, 343, 344. 361n32, 380

Protestos, 33, 82, 313, 314, 316, 337, 342, 343, 344. 355. 357, 358. 361. 362. 363. 370. 370n95 Províncias Unidas, v. Países Baixos Punta Arava, 55

Rei do planeta, 60 Reina, Cassiodoro, 191 Reis, Álvaro, 26nl2 Relógio, 39, 101, 106n 110 Remonstrância, 41, 128, 202, 255n61, 258, 259. 261, 272n46, 319, 328n43, 344r.l49, 350. 360, 369, 3 7 9 n l 7 2 ; indígena, 259: latina. 3 4 9 n 186, 350n l98, 351n201. 361n30 Resenlaer, Kilian de. 208 Resignação. 59, 247

R e s t a u r a ç ã o , 62, 84, 8 4 n l 8 6 , 85, 8 5 n l 9 6 . 88n221, 186n 12, 189n30, 191, 220, 248, 249. 254, 258, 263, 289, 302, 349nl92, 353, 362. 402, 406; exemplos, 377s; fontes, 8 4 n l8 6 : judeus, 317s; líderes, 85; motivo, 377s Revius, pastor Jacobus, 60 Reyer, Hans Melchior. 419 Ribeiro, Domingos, 26nl2, 111. 142. 276, 395 Ribello, Manuel. 377 Richshoffer, Ambrosius, 71n74

ín d ice rem issivo

441

Riebceck, Jan van, 52

Santa Maria, frei Pedro Manuel de, 352

Rijn. Rembrandt van, 38

Santo Amaro, 76, 334. 342nl32. 34 6nl6 9

Rio de Janeiro. 15. 16, 25. 51, 57nl36, 60, 387 Rio Grande (do Norte), 59. 62, 68. 73. 73n86, 86, 89. 94, 95, 96. 97, 101. 101n62, 118, 122. 138. 139. 143n 101, 145, 150. 151, 151nl75. 154. 163n43, 169, 170, 178, 201, 209, 214, 220, 220n87, 224. 239. 247, 248n4. 249. 254. 259. 262, 264, 264nl28, 294n93, 334

Santo Antônio (lisboeta), 83nl77. 375

Rios. limpeza de, 79

São Jorge dos Erasmos. 26

R i ts m a . p a s t o r L a m b e rt u s . 102. 14 6 n 2 1 5 . 14 6 n 130 Rivet. pastor André. 44. 412

São Lourenço. 76. 334. 342nl32

Riviére. pastor La. 102 Rodermond. Herman Gurgy. 419 Rodrigues. José Carlos, 276. 276n83 Rodrigues, José Honório, 59nnl.2. 134n27, 433 Roeff. Abraham de. 161 Rooy. Jan de. 419 Rom a. 29, 45 n72 , 180, 196, 282. 324. 335. 335n85. 340. 349, 349nl92, 350n 198, 360. 362. 374, 405 Rosado, frei Antônio, 28 Rosei. Jacob, 31 lnn74,76 Rotterdara, 5 4 i\U 4 Rubicon. 76 RUB (Register Uitgaande Brieven). 386 Russon, Isaque. 310n73. 31 ln76 Rutteauw. Abraham. 419 Ruyter, Michiel A. de. 38n34 Ruyters. Dierick, 80 nl46, 126. 126n273, 188, 188n25. 207. 207nl. 209n21, 303, 303nl5, 305. 305n32, 400 - SSacramento. João Duarte do. 263 Sacramentos. 101. 101 n52. 103, 106. 139. 144. 144n 109. 154n204, 233, 235nn39,40, 335n90. 349nl92. 360n23. 364n60. 382, 406; separa­ ção, 235. 235n40, 281, 348nl85, 382. 406 Salário de obreiros eclesiais. 134s, 286 Salmos, 33, 38. 38n34. 105, 106. 107. 108nl24. 166. 170, 174, 175, 177. 199. 199n83. 298nl 18. 392; em português. 199 Saltério. 33. 4 2 n 5 1. 107. 108, 126. 173. 174n 151. 1 75, 17 5 n 15 7, 176. 17 7 n 17 2. 191, 198. 199n83. 263, 395 Salvador, v Baía de Todos os Santos Salvador dc Sá. 75nl03. 87n21 I Santa Ceia. 47. 61 n 18. 73n87. 101. 104. 106. 108. 108n307: estojo. 109. 181: fórmula. 266: índios. 234. 238

Santo Antônio do Cabo. 76, 95, 96, 97nn27.28. 121 ii234. 133, 138. 139. 143nl02, 144n 111. 146, 147. 152. 163n43. 337, 368. 378 Santo Ofício, v. Inquisição São Bartolomeu, noite de, 34. 85. 327, 377 São Cristóvão. 223

São Martin (Caribe), 232 São Miguel, aldeia, 101, 222, 239. 239n77, 240 São Tomé. ilha, 380nl78 Savoia, Margarida de. 200 Schade, Max, 70n66 Schagen, pastor Daniel. 101. 155n213. 223 Schenckenschans, 67 Schepenen, v. Escabinos Schetz, Erasmo, 26 Schilt, Hendrik, 368 Scholius, Petrus, 419 Schoppe, cidadezinha, 337 Schoppe. Sigismund von, 62. 63. 87. 100. 223. 223n 126. 395 Schotte, Willem, 152, 357 Schout, v. Escolteto Schulte, Abraham, 175 Schulten. C. M., 84, 84nl84. 268n22, 414 Sebastião de Portugal, 25 Secas, 80, 82, 163 Secoeth, Hendrik. 419 Sefardim, 72 Selo eclesiástico, 98 Seminário indígena. 2 4 1n90 Scminarium Indicum. 75nl02, 104n95. 140n78.408 Senhores XVII, 37, 298 Senhores XIX. 16. 64. 7 5nl()6 . 9 9 n 4 1 , 102. 107n 116, 111. 113. 124, 125. 126, 127, 132. 136, 138, 170, 172. 174. 188. 191. 192. 194. 201. 204. 209, 213. 214. 215. 223. 230. 234. 236. 237. 241. 242. 243. 244. 249, 252. 268. 268n27. 271. passim, v. Governo; v. Compa­ nhia das índias Ocidentais Sergipe. 70. 7 2 n 8 1. 95. 97. 138. 139. 214n46. 287. 332. 332n62. 35 9nl4. 362n37 Sermão da Montanha. 48n85 Sermões. 46. 80. 106. 153. 154. 170. 353. 394 Serooskercke. Paulus van. 152 Serra de Ibiapaba. 259. 261 Sicília. Vésperas de. 85nl97

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Sidonia, Mediria, 36 Siegen, v. Nassau Silva. Antônio Telles da. 85, 318. 318n 132, 377 Silveira, Duarte Gomes da, 343 Simão, índio. 215 Simon, Lorentz, 71n74, 86nl98. 257. 257n81 Simonsz, pastor Menno, 31, 188 Sinagoga, 77nl23. 304, 305. 308, 309. 309n63. 310. 312. 315. 316. 317. 337n92, 362, 383 Sínodo do Brasil. 99, 110. 123. 126n278, 270. 296. 382; avaliação, 115n 155, 123; organiza­ ção. 123: reuniões. 114: tabela, 114 Sínodo na Holanda: nacional de Dordt. 30n4, 106. 109. 177. 271n45: provinciais. 42. 42n52. 111 n 145, 267. 272, 272n46, 273

Souza, Tomé de, 25, 282 Spinoza, Baruch, 39 Stadhouder, 33, 35, 36, 37. 65. 70n68. 71n68. 80nl50, 87, 304. 326, 364n56 Stalpaerd. cap., 188 Steen, Jan, 38 Sterthenius, pastor Enoch, 56. 56nl29, 94. 94n3. 104 Stetten. pastor Jodocus á, 61 n 18. 73n87. 94, 94n8. 96, 98n35. 108nl31. 1 0 9 nl32. 114nl54. 131. 131 n5, 132n 10, 133. 134. 134nn25,27. 136. 137n55, 142, 142n92, 145. 145n l23, 147. 15 1n 1 82. 160. 1 6 0 n n 6 ,1 3 . 1 6 2 n n 2 9 .3 3 . 16 7 n 8 4 . 1 6 8 n n 8 5 .8 6 . 171, 171 n 1 16. 17 3 n 13 3. 179n 189, 186, 187. 187nn 13.16. 188. 18 8 n n 2 0 , 2 3 . 191, 192. 194, 200. 200n90, 226, 229, 229n2, 232. 232nl8, 263. 276. 276n80, 286. 289n53, 290. 290n58, 309. 324n7, 334, 334n78. 346nl70. 349, 349n 191. 362n42. 368, 378, 387, 391 Stetten, Raquel à (não Sara). 164n47. 182.290n64 Stevin. Simon, 39 Straten, Hendrick. 419 Suape. 95, 138 Sudaneses, 72 Suécia. 52. 103n84, 325

Sinos. 105n98. 349, 3 49nl90 Sirinhaém, 76, 86, 94. 95, 96, 97, 97nn27,28. 132n 13. 133, 138. 141, 151nl75. 152. 154, I 5 6 n 2 22 . 163n 43, 202 , 23 5. 2 3 9 , 251. 251 n30, 252. 254. 259. 259n90, 263, 310, 318nl35. 334. 337, 342. 343, 343nl44, 347. 368, 377. 378, 380, 380nI77 Smeet, Jan J.. 419 Smith. Adam, 419 Soldados, v. Mercenários Soler. Johan. 86 Soler, pastor Vincentius Joachimus, 16, 17. 44, Suevos. 23. 23n3, 245nl36 44n66. 64. 64nn41,42, 68n58, 70n64. 72n81. Suíça, 29. 41. 176 78. 80n 154, 82nn 158.159. 8 6n 2 0 4 , 102. Supremo Conselho, v. Governo 102n76. 103, 103n85, 106. 117. 1 17n 175. Suriname. 99n4i. 109, 212. 320. 320nn 160.161. 120n212. 125. 131. 137n59. 138n65. 142n90. 410 14 3 n 100. 145. 14 5 n 12 3. 146nl31. Swan. Jan Cornelísz. 419 14 8 n n 144,147, 15 2 n 18 6. 154n 1 99, 156. Sweelinck, Jan. 39. 108 156n220. 187. 187n 17, 189. 189nn30. 32. Sweers. Isaac, 76. 149n 162 190. 191n45, 192n61. 194. 201, 201 n92, 202. 2 0 3 . 205. 2 0 5 n 128. 210. 21 í n 3 i , 216. 216n64, 217, 218n66. 219. 2 2 l n l 0 3 . 222. -T 223. 224, 2 24nn 134,135, 226, 227, 23 1. Tabajaras, 207. 259. 261 2 3 1n12, 232. 232n20, 235n43. 236, 237, 239. Tabela: pastores, 139: população indígena. 210: 239n77, 240. 244. 263, 2 6 3 n l I 5 , 265. 266. reuniões presbiteriais e sinodais. 1 14 266n8. 268n22. 271. 274. 275n73. 294n93. Tabocas. 85 307. 307n47. 310. 310n69. 317. 3 17n 128. Taborda. v. capitulação 33 8n 105. 3 39, 3 4 0 n l 2 0 . 3 47. 3 6 0 n 2 3 . Tabuleiro dos Negros. 85nl92 361 nii26.29. 3 62 n41. 364n56. 372. 383. 387 Taciturno. 33. 65. 107, 326. 364. 364n56, 421 Solijn. Pieter. 162n38 Tacke. Jan. 235. 236. 519 Souterus. pastor Daniel. 288 Taffin. pastor Jean. 32. 48, 107. 107n 116. 175 Souto-Maior. Pedro. 17. 7 7 n l 2 0 . 9 5 nn 15,16. Tamandaré. 96 103n 84. 1 1 3 n 148. 1 14n 15 1, 2 0 8n n4.7. Taparica. 256 212n35. 213n44. 220n92. 222n 111. 223nl28. Tapuias. 62. 68. 72. 84n 183. 86. 86n205. 189n30. 2 2 4n 141. 2 3 4 n n 3 2 .3 3 . 2 3 5 n 4 4 . 237n53. 307. 307n2. 211. 213. 214. 242. 247. 252. 2 4 0 n 7 8 . 2 4 3 n 111. 2 4 8 n l 3 . 2 4 9 n n l 4 . 1 8 . 253. 263, 263nl 16. 264. 264nl28 , 276n80. 250nnl8.21.25, 251nn28.30. 252n38. 259n95. 334. 393 276. 276n78. 3 1 5 n n ll 1.115. 341 n 130. 347. Tarairiu. 62 347nl77. 370nl03

ín d ic e re m issivo

443

Tartas, v. Castro, Isaac de Teellinck, Fvvout, 306, 329 T eellinck. p a sto r Willem , 43, 141, 141 n 8 3, 15In 179, 185. 305, 329, 406 Teixeira, bispo Marcos, 56 Teixeira, padre (vis.) Marcos, 303 Telles, v. Silva Templo: capela em forte. 101; Corpo Santo Reci­ fe, 101n57; francês, 78nl34, 102; inglês. 101; manutenção, 287; N. S. da Ajuda, BA, 353; novo, 101, 103; recatolizado, 380; reforma­ do, 10 3 n 80, 349, 362; S a nto A n tô n io , Maurícia, 78; Sé, Olinda, 187 Templum Gallicum, v. Templo francês Teocracia, 383 Teólilo, 329 Terêncio, 180 Terremotos, 88n219, 405 Texcda, Fernando de, v. Carrascon Thomas?, 419 Tiago 1 da Inglaterra (James), 198: II, 338 Timóteo. 219, 328n42, 329, 364n60, 373 Tijmansz, Pieter, 419 Tiros, barulho dos, 105n 104 Toledo, Dom Fradique de, 56, 56nl32, 196 Tolerância religiosa, 316ss, 363ss Tolner, Karei, 375 Torre, 78. 101, 104, 104n94, 179, 349 Torre. Conde da, 60n4, 68, 342, 369 forre do Tombo, 24, 304n28 Tourlon. Charles, 73, 201 J'régua de doze anos. 40 Trcnto, v. Concilio Tupã, 211 Tupi: cartas, 220n85, 249. 249nl8, 251n30, 265, 352n205, 413; dicionário, 275, 345n 161; gra­ mática, 223, 275; tribo, 207 Tupinambá, 207 Turquia, 144n 108, 314 - U -

Ubú, 368, 408 Udem ans. pastor Godefridus. 43. 43n60. 48, 48n89. 107n 117, 15 1n 176. 182, 18 2 n 2 13, 186. 186n7. 219. 358, 358n7, 401 União dc Utrecht. 35. 35n23. 307, 307n42, 326, 407 Universidade. 13. 14. 33. 34, 35, 38. 38n36, 41,42: Amsterdã. 363: Cambridge. 44; Franeker, 38, 48n85. 71 n68, 140. 140n76. 390; Groningen. 17. 35, 38: Heidelberg, 44. 175: Lausanne. 176: Leiden, 4 0 ,4 4 . 70n68. 89n229, 146nl33, 181,

265, 377nl45, 389; Oxford, 198; Recife, 14; Salamanca, 198; Utrecht, 38, 140n76, 141, 180, 392; Wittenberg , 24, 45n72 Usselincx, Willem. 51, 306, 410 Utrecht, 15, 17, 29, 33, 35, 38. 43, 43n63, 48. 51, 110, 1 16n 171, 127, 127nn284,285,289. 13 2 n l 3. 141, 141n80, 1 5 5n2 13, 18 2 n 2 13. 2 2 In 1 10, 223n 128, 235n40. 272n46, 273. 273n57, 294n93, 3 4 9 n l9 0 , 3 7 0 n l0 3 . 3 76n 141, 390 Uytenbogaert, pastor Johannes, 292n83, 294 -VValão(Sínodo), 40n44, 5 6 n l 33, 124, 125.218n65. 389, v. Igreja francesa Valdenses, 327 Vaienciennes, 31, 33, 34 Valera, Cípriano de, 191, 394 Valerius, cânticos, 108n 124 Valeroso Lucideno, v. Calado Várzea, 76, 82, 3 1 9 n l 4 0, 334, 337, 3 4 2n l32, 347, 378 Vasa, Gustavo Adolfo de, 52 Vasconcelos, Brites Mendes, 26 Vau, pastor Gilbertus de, 14, 103. 222, 240 V. D. M., 131 Velde, pastor Abraham van den, 138n67 Veere, 54 Velthusen, pastor Caspar, 95, 96. 116n 167, 132. 132n13. 146, 226, 248, 343nl44, 418 Velthusen, Jacob, 140 Veneza, 38n36, 45 Venezuela, 55 Venista, Joao, 26 Verdonck, Adriaen, 62, 401 Viana, 55 Vidal de Negreiros, André, 85, 96 Vieira, David Gueiros, 14, 199n82 Vieira, João Fernandes, 72n81, 83. 85, 249. 259nn91,92, 309n61, 310, 333n69, 354, 377. 378. 400 Vieira, padre Antônio, 10, 52. 83, 87, 87n208, 88. I03n84, 203nl 15, 259, 261. 2 6 l n n I 0 I . I 0 2 . 262, 262nnl05.106.108, 264nl28, 302, 339, 353, 353n217 Vigário geral, 296, 31 ln78, 320, 324n7, 334, 338. 339, 340. 342. 346, 348, 348nl83, 350n 198. 355. 360. 374. 377nl43 Vila Velha, 337 Villegaignon, 25 Virgínia, 76nl 15. 281

Igreja e E stado no Brasil H o land ês - 16 30-1654

44 4

Visão m issionária, 43n62, 141 n 86, 185. 186, 218n65, 223, 224, 226, 273 Visitação do Santo Ofício, v. Inquisição Visitação pastoral, 42, 385 Visitadores presbiteriais, 120, 120n209 Viteus, pastor Fredericus, 129 Vitória do Espírito Santo, 56 Viúvas. 48. 87, 136. 159, 162, 164. 165n60, 255 Vlissingen, 54, 400. 402 Voetius. pastor Gisbertus, 43. 48, 222n 110, 402, 407 Vogel. pastor Nicolaus, 95. 95n 11 Vondel. Joost van den, 38 Voorzoontje. 315, 315n 113 Vosmeer. padre Sasbout. 327

Wijnantes, Jan, 152 Willems, Cornelis. 419 Willems, Pieter, 419 Willemsen, Lodewick, 188 Willibrord, 29, 245nl36 Winckelaer. (Wynkelaer) Daniel. 172, 172n 121. 419 Wisman. pastor Hermanus. 94n3. 146n 129, 417 With, Gisbert de. 73 With, Jan de, 88 With, Witte de, 87 Witmarsum. 31. 31n5, 188 Wittenberg. 25 1n29, 397

Vriendt, Johannes de. 419 Vrolijck. 258 Vuirberg. Frederick, 84 nl83. 159, 159n4, 255, 290

Wiznitzer. Arnold. 25n9, 84nn 181,183. 302n8, 3 0 3 nn 12,1 8, 3 0 6 n 3 9 , 3 0 7 n 4 6 , 3 0 8 n 5 1. 309nn62,63, 311, 311n79. 312n85, 313n98. 314n 103. 316n 120. 317nn 124,129, 318nl34. 3 2 0 n n l 53.158, 3 2 1n l64, 416 Wycliffe, João. 30

- W Wachtelo. pastor Christianus. 7 5 n l0 2 . 99n42, 102. 141 n79, 418

Xenofonte brasileiro. 369 Xingu, 26

-X -

Waerdenburch, Diederick van, 60, 60n6, 75nl05. 101 nó 1. 142n95, 149. 215, 285n21, 290, -Z 290n57, 330 Zeeuwse Directie. 259 Waetjen. Hermann, 18. 5 5n 123, 5 9 n l, 71n69. Zelador de templo. 100n46, 104nn92.93. 105. 7 2 n 80. 7 5 n 105, 8 2 n n 1 5 7 . 1 5 9 .1 6 0 . 1 6 4 , 163. 287n38 98n38, 111. 111 n 139. 113. 113nl50, 136n41. Zelândia. 16. 33, 35.35n24, 36. 38, 43. 54, 64n41. 13 7n61. 146, 146n 132, 148n 148. 149nl 53. 65, 6 8 n n 5 8 ,6 1 , 8 2 n n l 58.1 63. 9 4 n 8. 1 5 1 n 1 8 2. 15 3 n 1 96, 165n60. 1 72n 128. 9 5 nn I 5.1 6, 122, 125, 12 6 n n 2 7 5 . 2 7 6 . 179n 188. 180nl99. 227. 227, 153. 286n28, 127n283, 129, 135. 135n33. 138. 138n63. 2 9 6 n 15. 305. 3 0 5 n 3 0 . 31 1n 76, 3 12n 88. 141nn80,86, 142. 142nn91.92. 148nl47. 152. 3 14n 103, 3 17n 123, 3 18n 132, 3 19n 142, 15 2n 186, 154n208. 155. 155n209. 156n220. 339nn 108,113, 343nl38, 346nl63, 347nl78, 161n25. 162n30. 164n50. 171. 171nl 16. 172. 366n69. 379n 166, 415 174. 177, 179n 191, 182. 18 7nl7, 189n30. Wagner. Zacharias. 79, 209 195. 202. 202n l05. 215, 215n57, 219. 224. Walaeus, pastor Antonius. 140 2 2 4 n n l 3 2 . 1 34.1 35, 2 26 . 2 2 6 n 1 5 1. 229. 229n2. 232n 18. 241n90, 242. 252. 257n81. Walbeeck, Johannes van, 136n42, 162. 402 273, 286n29. 288. 288n47. 294. 294n91. 295. Walcheren, ilha, 17. 35n24. 36. 54. 55, 87n2 10. 306. 314, 315n 11 1, 327. 328. 328n41. 329, 104n95. 11 1. 116, 155n2 12: v. Presbitério de 346. 361nn29,31, 386, 387. 389, 390. 392 Walcheren Zierikzee, 43, 64n41, 104n95. 126, 126n275. Waterlooplein, 304 127. 12 7 íi2 8 3, 141 n86 , 18 2 n 2 1 0. 182. Watsen, Dirck J.. 172, 419 182 n213, 219. 219n77. 252n38. 390 W eber. M ax, 44. 4 4 n 6 9 , 45. 45n 7 0 . 49nn95.96.98, 50. 50n99. 412, 416 Wedda. Albert. 86. 86n200. 378, 379nl68 Werneri. Petrus. 419 Wesel. 33. 40. 65n48. 188. 377n 166 Whitehead. Peter. 79nl37. 275. 275n74. 416

Zoológico, 78 Zurique. 106, 157n229 Zur Israel. 308, 309n63 Zwínglio. IJlrich. 32, 106

Siglas, Glossário e Abreviaturas

1

S ig la s ( o s

números referem-se à Bibliografia I, M anuscritos)

(acta = atas; classis = presbitério)

ABN

- A n a i s d a B ibliote ca N a cio n a l, Rio de Janeiro

ACA

- A rq u iv o C lassis A m ste rd ã (A rq u iv o do P resb itério de A m sterd ã; 1.3)

A CB ACBe A CE A CF ACG A CS ACU

- A c t a Classis Brasil (Atas do Presbitério do Brasil; 10.2.41 etc.) - A r q u i v o C lassis B e v e la n d (P re sb ité rio na P ro v ín cia de Z e lând ia; 9.3) - A r q u i v o C lassis E d am (P re sb itério na P ro v ín cia da H o la n d a do N o rte; 8.1) - A r q u i v o C lassis F ra n e k e r (P resbité rio na P ro víncia da Frísia: 11.1) - A r q u i v o C lassis G ron in g e n (P resb itério na P ro víncia de G ro n in g en ; 12.2) - A r q u i v o C lassis S chieland (P re sb itério na P ro vín cia da H o la n d a d o Sul: 6 .2) - A r q u i v o C lassis U trech t (P resb itério na P ro víncia de U trecht; 10.1)

ACW

- A r q u i v o C lassis W alcheren (P resbité rio da Ilha de W alcheren, Z elân dia; 9.1)

ACWe ACZ ADA ADRI AEG AHU AKA ANHK ARA AS

- A r q u i v o Classis W esterkw artier (Presbitério n a Prov ín cia de G ro nin gen ; 12.3) - A c t a C lassis Z ierik zee (P resb itério na P ro v ín cia de Z elân dia; 9.4) - A r q u i v o D iac o n ia A m s te rd ã (D ia c o n ia da C id a d e de A m sterdã; 1.2) - A m ste rd ã D eputati a d Res Indicas (A tas da C o m issão M issio n ária do Presbitério de A m sterdã; cf. 1.3.33) - A r q u i v o E ngelse G e m een te (Igreja R e fo rm a d a Inglesa; cf. 9.2) - A r q u i v o H istórico U ltramarino, L isboa (13.1) - A rqu ivo K erk en raad A m ste rd ã (C o n se lh o E clesiástico L ocal de A.; 1.1) - A r q u i v o N ed e rla n d s H erv orm de K erk (Igreja R e fo rm ad a N a cio n al; 3.3) - A l g e m e e n R ijk s-A rc h ie f (A rq uiv o G eral N a c io n a l "d o R e in o ” , H aia; 2) - A l b u m S tud io so ru m (L ivro de M atrícu la de U n iv ersid a d e )

ASG ASNH ASU ASZH AStG A S tH AWG AWS BN BPB CA

- A r q u i v o S yn od e G ro n in g en (S ín o d o da Prov íncia de G ro n in g en ; 12.1) - A c t a Synode N oo rd Holland (Sínodo d a Província da H olanda do Norte; 1.3.100) - A r q u i v o S y no de U trecht (S ín o d o da P ro víncia de U trecht: 10.2) - A c t a S yn od e Zuid H o lland (S ín o d o da P ro vín cia da H o la n d a do Sul; 6.1.85) - A r q u i v o Staten General (Estados Gerais. Governo Central dos Países Baixos; 2.4) - A r q u i v o Staten van Holland ('‘Estados” , Governo da Província da H olanda; 2.5) - A r q u i v o W aalse G e m e e n te (C o n se lh o de Igreja Valã L o cal; cf. 6.3) - A r q u i v o W aalse S y no de (S ín o d o da Igreja R e fo rm a d a Valã; cf. Livre Sinodal) - Biblioteca N acional, Rio de Janeiro - Brieven en Papieren uit Brasilie (C oleção ; C artas e Papéis do Brasil; 2.1.5) - Classis A m ste rd ã (P resb itério da R eg ião de A m sterd ã)

Ig r e ja e E stad o no Brasil H o l a n d ê s - 1 63 0-1 6 5 4

44 6 CB CW DN

- C lassis B rasil (P resb itério do Brasil H o lan d ê s) - Classis W alch eren (P resbité rio d a Ilha de W alc heren, Z elâ n d ia ) - D ag elijk sch e N o tu le n (C o le çã o das “N ó tu la s D iárias” do G o v e rn o C entral do Brasil H o land ês no Recife; 2.1.6) - D eputati a d Res Indicas (C o m issã o M issio n ária de Presbitério) - D o c u m e n ta tie b la d v o o r de G e s c h ie d e n is van de N e d e rla n d s e Z e n d in g en O v e rz e e se K erk en ( D o c u m e n ta ç ã o sobre Igrejas e M issõ e s U ltra m arin as)

DRI D ZO K GAA

- G e m e e n te A r c h ie f A m ste rd a m (A rq uiv o d a C id a d e de A m sterd ã ; 1)

GAD GADo

- G e m e e n te A r c h ie f Delft (A rq u iv o d a C id a d e de Delft; 4) - G e m e e n t e A r c h ie f D o rd re c h t (A rq uiv o d a C id a d e de D o rd rech t; 5)

G AR GZ HRR KHA NHG OAD O W IC R AF

- G e m e e n te A r c h ie f R otte rd am (A rq u iv o d a C id a d e de R oterdã; 6) - G a sth uisk erk Z ierikzee (A rqu iv o na Igreja do H ospital, Z ierikzee; 9.4) - H oge Raad Recife (G o v e rn o Central d o Brasil H o lan d ês; cap. 3 n l 0 5 ) - K o nink lijk Huis A rc h ie f (A rqu ivo d a C asa Real, H aia; 3.2) - N e d e r l a n d s H erv o rm d e G em een te (Igreja R e fo rm a d a Local; cf. 6.1) - O u d A r c h ie f D elft (A rqu ivo Velho da C id a d e de D elft; 4.4) - O u d e W est Indische C o m p a g n ie (a W IC antiga; 2.1) - R ijk s-A rc h ie f Friesland (A rq uiv o G eral d a P rov ín cia d a Frísia,

RAG R AN H

L eeuw arden ; 11) - R ijk s-A rc h ie f G ron ing en (A rq uiv o Geral da P ro v ín c ia de G ro n in g en ; 12) - R ijk s-A rc h ie f N o o r d H olland (Arq. Geral da H o la n d a do N o rte,

RAU RAZ RIAP RIC RIHGB RIHGRGN

-

RIP RUB RUL VWIS WIC XIX

-

2. G

l o s s á r io

a, art a rro b a c a p ita n ia cla s sis c o n s is tó r io consolador

Haarlem; 8) R ijk s-A rc h ie f U trecht (Arq. G eral d a P ro v ín c ia de Utrecht, U trecht; 10) R ijk s -A rc h ie f Z e e la n d (Arq. G eral da Província de Zelândia, M id delb urg, 9) R ev ista do Inst. A rq u eo ló g ic o , H istó rico e G e o g rá fic o P e rn a m b u c a n o R ev ista d o Instituto do C e ará R ev ista do Instituto H istórico Brasileiro, Rio de Jan eiro R evista do Instituto H istórico e G eo g ráfico do R io G ra n d e do N o rte R ev ista d o Instituto H istórico e G e o g ráfico P araib an o R egister U itg aan d e B riev en (C oleçã o; C artas d a W IC p a ra o Brasil; 2.1 .1) Rijks-U niversiteit Leiden (U n iv e rsid ad e do R eino, Leiden; 7) V erspreide W est-Indische S tukken (C oleção ; D o c u m e n to s d a W IC ; 2.2) West Indische C o m p a g n ie ( C o m p a n h ia das ín d ias O cid enta is) H e eren X IX (“ S enh ores X I X ” ; os D e z e n o v e D ire to res da W IC ; 2.1.1)

e

A

b r e v ia t u r a s

- A r t i g o (nas atas eclesiásticas. P or e xem plo: A C B 12/1 636 s3 a4) - Q u in ze quilos - D ivisão adm in istrativ a no Brasil colonial (província ) - P resbitério; c o n v e n ç ão de co nselh os de igrejas locais (pl. classes) - C o n se lh o de igreja local (p asto r + p resbíteros; às v ezes + d iáco n o s ) - E vangelista, assistente pastoral (inicialm ente p a ra a v isitação de d o e n te s )

Siglas, Glossário e Abreviaturas

44 7

diácono

- Diaken, oficial eclesiástico local, consagrado para a assistência social da

depulati a d

- C o m issã o m ission ária do presbitério

igreja r e s in d ic a s

d e p u tad o dom. florin g

- R ep resen tan te de p resb itério ou sínodo - A b r e v i a t u r a de dom inee, predicante, pastor, m inistro, re v e re n d o - (florijn, g uld en) m o e d a h o lan d es a principal (c o n tém 100 centa vo s) - G ravam en (nas atas ecle siásticas)

g ra vam en g u ld e n

- P ro b le m a su bm etid o ao p resb itério ou síno do (nas atas eclesiásticas) - Florin (va len do 20 soldos/stuivers ou 100 c enta vo s)

in k e rk e n ra a d

- (lat.) em (nas notas de ro d a p é , ap o n ta n d o p ara fonte) - C onsistório, con se lh o de igreja local

m s (m ss) n

- M an uscrito(s) - N o t a de ro d a p é ( po r ex em p lo, pág ina 325 n43)

n o tu le n o u d e rlin g

- N ótulas, atas de reunião oficial eclesiástica ou g o v e rn a m e n ta l (acta) - Presbítero (não p resbitério) - F req ü en tem en te na m e s m a fonte - Edital (cf. placa) - Pastor, p re g a d o r co n sa g rad o , “ presb ítero d o c e n te ” , pred ican te - C o nv en ção de representantes de conselhos eclesiásticos locais (classis) - Oficial eclesiástico local, c o n sa g ra d o p ara sup ervisão pastoral (“ presbítero re g e n te ” )

p a s s im

p la k k a a t p re d ic a m presbitério p re s b íte r o

p ro p o n e n t q re s, ss s s.d. s.e. sessio sic

s.l. sínodo soldo

sta d h o u d e r stu iv e r s. v. syn o d e

v. z ie k e n ir o o s le r

- C an d id a to p a ra o m inistério, pastor auxiliar, licenciado - O uestio (nas atas eclesiásticas), p ro b le m a levantado - A respeito de - Seguinte(s); nas notas, depois de número de página (4s = 4 e 5; 4ss = 4 etc.) - Sessio (nas atas ecle siásticas; s5 a3 = sessio 5, artigo 3) - S e m data - S e m editora - 1) Sessão, reunião de p resbitério ou sínodo 2) Presença de comissário político no conselho eclesiástico (cap. 12 n 116) - Assim, ch a m a n d o atenção p a ra e n g a n o óbvio na n u m e ra ç ã o etc. - S e m lugar -

C o n v e n ç ã o de classes/presb itérios (em nível p rovincial ou nacional) Stuiver, v alen d o cinco ce n ta v o s de um florin/gulden G o v e rn a d o r provincial nos Países B aixos ( stad-houder ; city-h u ld er ) Soldo, v alend o cinco c en ta vo s de um florin Sub roce (veja o verbete relativo) - S ínodo - Vide (veja-se) - C o n so la d o r de enferm os, evangelista, auxiliar pastoral

Igreja e Estado no Brasil Holandês Uma história da Igreja Evangélica na época do Conde João Maurício de Nassau, seu membro mais ilustre • o Brasil holandês (1630-1654) • a organização da Igreja Cristã Reformada • sua posição como Igreja do Estado • seus obreiros e seu ministério • o trabalho missionário entre os indígenas • liberdade religiosa. Eis que um tema, ainda não tratado em profundidade em relação ao "tempo dos flamengos", encontra na competência do Rev. Dr. Frans Leonard Schalkwijk um historiador à altura. Dr. José Antônio Gonsalves de Mello (professor da Universidade Federal de Pernambuco) Desde logo reconheço tratar-se de um a grande contribuição aos estudos sobre os holandeses no Brasil. Dr. José Honório Rodrigues (da Academia Brasileira de Letras) Relatos inéditos revelam a im portante influência da Holanda e da Igreja Refor­ m ada na História do Brasil. Um relato m a g istral... Dr. Russell Shedd (professor, autor e editor) Um trabalho de nível profissional m uito marcante. Dr. Johannes Verkuyl (Free University of Amsterdam)

Frans Leonard Schalkwijk nasceu em Amsterdã (1928), serviu como ministro da Palavra de Deus n a Holanda, depois no Brasil por quase quatro décadas. Primeiramente como pastor da Igreja Evangélica Reformada em São Paulo, em seguida como missionário no Estado do Paraná, e depois como professor e reitor do Seminário Presbiteriano do Norte no Recife. É membro do Instituto Histórico de Pernambuco, publicou um a gram ática grega do Novo Testamento, Coinê (agora em sua 9a edição) e atualm ente, residindo na Holanda, continua como professor visitante e conferencista no Brasil e outros países. "Pastor Francisco Leonardo" e sua esposa Dona M argarida têm oito filhos, 28 netos (dos quais 14 brasileiros) e duas bisnetas.

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História da Igreja/Evangelização/Ação social e política

ISBN 85-86886-60-2

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