Horro Metafísico 8530801059

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Horro Metafísico
 8530801059

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HORROR -- METAFISICO LESZEK KOLAKOWSI(I

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HORROR METAFÍSICO Horror MetafÍsico é uma obra ímpâr que busca delinear os contornos do Absoluto: objeto recorrente da pesquisa filosófica que é, parddoxalmente, o mais indeÍinlvel.

Ao mêsmo tempo em que Leszek Kolakowski

assevera que

considerada por muitos Íilósofos como

fútil, vã tem um Íundamento cultural universa,, ele tenta mostrar qlle em suas formas mais radicais, como a neo-platônica e a do cogito, o Absoluto resulta em nada. parece, pois, que há uma esta busca

inevitabilidade lógicâ e histórica nesse processo.

O âutor porém não se contenta com essa tendência à desintegraÉo imposta ao Absoluto, partindo do princÍpio de que esse resultado não exclui a constante indagação de sua legitimidade. Ele não oÍerece nesta obra solúções a tão complexa questão, mas sim propõe uma experiência.

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rI rI PAPIRUS

EDITORA

I z@

Leszek Kolakowska exerceu a fu* ção de profersor de História da Filc §ofiâ na Universidadê de Varsóviaaté 1968, quãndo foiêxpulso pelo qoverno poloíÉt ôcusâdo de corromper

politicamêntê 03 êitudântêr. Atualmentê, é membro do

R...{d|

S.nbr

do All Soul! Coll.s. (Ox-

ford) e proÍesror ná Univêrsidade de Chicago.

Com um ÍaciocÍnio sagaz, o autor nos iÍduz a quêrrionamentos e à pêrplsxidade frento a âlgunr poíula' dos da ÍilosoÍia: "Por bêm mâis de

cem anos, uma qrâÍds parte da Iilc sofia acâdêmicâ tem se dedicado a explicâr que a Íilorofia é impo$Ívê|,

inútilou smbas âr cohas Consêqüentemente, a ÍilGoIia prova que segurà meme e Íelizínêrne podê iobreviver à sua própria mort3, mantaÍdcie oar} pada êm provâr que dê Íato morrêu".

HORROR METÃFISICO

Titülo orisióal em inglêsrMetaphlsi.al horot

O Basil Blackwell,

1983

D. P. Couri.ho Cáíro

Iradrcáo.

^glaia Capo: Francn Rodricuês Foro.a/posrr,ior C ô o r de n aç ã ô : B

So,uçÔes

A*es ôráiicas

eat i z M ar chesini

Cord64rer RosâÍa Monteiro ,RevSAo. Vera Luciana

Resina Matia

Morandio

S(o SUMÁR10

Dados de CaralôgaÇão na PublicaçãÔ iCIP) lnternacional icânara BÍasilena do Livro, SP, Brasil)

Kôlakovski. Leszet.

1927_

Hoíor nelafisico /

Leszek tolakosski ; lnduÇAo Asláiã D. Pêroso C. Cástro. -' Câmpinas, SP : Papirus, 1990'

l

Absolülo iFilosôfia) 2. Filosoíiâ

l.

Melafisica

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110

-l11.6 -r90

Sobre Fíló'oíos '7 Sobrc Filosofia 1 Sobre o AutoÍnartítio da Filosoíia Sua

Autodeüisdo

Seu Autodesejo. lss?ers

90-0094

I

13

(l)

15

Sua Sobretívência Sobre Aquilo que é Real 18 11

Índices oara catáloBo sntemático:

l. Absoluto: Filosofia lll.ó 2. Filosofia modeúà ocidenlal l9o 3. Metalisica : Filosoliâ 110

ISBN

85-308-0105-9

DIRETTOS RESERVADOS PARA

A LíNGUA PORTUGUÊSA:

O M. R, Cor.acchia & Cia. Llda.

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F,crPru./

EDrroRA

Fone: (0192) 31 1534 e 32 7268 cx. Postal ?16 _ cEP Il 001 _ cÀmpinas sP - Brasil

.ioibidaareo'odu,àotora oupâ,('rlporquâquermeiÔJe'npieráo enlordaro''nri!d ;.,-i,1" -"d,r,cd.. en Inlud DoIJrú4a ou qúd'qle orr'.

",

'droma

(l)

21 Sonhos Cartesisnos, Reciclando o Cogito Álibi. A Prago do TêmPo 33 O Absoluto (1) 36 O Absoluto (2) 39 Ctnot Dei Pessoas Divinas e Ndo-Pessoas. Deus é Bom? Damtiscio e Dois Ti?os de Yozio 49 O Yazio Diino no Ctístianismo 55 Sobre Tbdss os Linguagens Possívek (1) 58 Reciclando o Coeito (2) 62 Sobre Husserl 66 Sobrc Merlea -PontY 68 '12 O Ego como um Qrasi-Absoluto

Sobre o Descattesionizaçdo '15 Sobre Spinoza 79 Sobrc Jaspets (2) 8l Leibniz e Todos os Mundos Possíveis 84 Sobte Ctioçdo, Divíno e Humana 88

AltebEgo l0l

Sobre Tbdqs as Linguqgens Possíveis Lendo o Mundo ll9 índice Onomástico 121

(2)

104

SOBRE FILÓSOFOS

Um filósofo moderno que nunca experimentou

a sensação de ser um charlatão é tão superficial que sua obra provavelmente não merece ser lida.

Durante séculos a filosofia afirmou sua legitimidade perguntando e respondendo questões que herdou do legado socrático e pré-socrático, ou seja, como distinguir o real do irreal, o verdadeiro do falso, o bem do mal. Há um homem com o qual todos os filósofos europeus se identificam, mesmo descartando suas idéias inteiramente. Ele é Sócrates um filósofo incapaz de se identificar com esta figura -arquetípica não-pertencente a esta civilização.

SOBRE FILOSOFIA

Num dado momento, porém, os filósofos têm que encarar e lutar contra um fato simples, doloroso e inegável:

entre as questões que sustentaram a vida da filosofia européia foi resolvida por dois milênios e meio, nenhuma permanecem ou controversas todas elas satisfatoriamente; ou invalidadas por decreto dos filósofos. Scr um nominalista ou antinominalista hoje é culturalmente e intelectualúente tão possivcl quanto no século XÍli acreditar ou não acreditar que alguém po\\a narrar lenómenos na e\.ência ó lào admissível quanto o foi na Grécia Antiga; e o mesmo é pensar que a distinção entre o bem e o mal é uma convenção incerta ou que está embutida na ordem das coisas. Você pode ainda ser uma pessoa rcspeitável acreditando ou recusando-se a acrcditar em Deus; ncnhum padrào em nossa civilização lhe impede de pensar que a linguagem refletc a realidade ou que ela a cria; e você não é excluido da boa sociedade sc aceita ou não questiona o conceito semântico da verdade. Qualquer coisa importante dentro da lilosofia



qualquer coisa que torne a lilosofia está sujeita às mesmas opÇões que persistem desde o momento não-identificável quando o pensamento independcnte, não atentando para o lcgado mitológico como fonte de autoridade, surgiu cm nossa civilização. O vocabulário e as formas de expressão mudaram, com certeza, e muitas mutações ocorreram - graças ao número de grandes mentes que apaÍeceram ocasionalmente em todo século ainda que a semente que mantém a filosofia viva sej a imutável.

e isto significa: -importante na vida

consiste em negar que

a

situação previamente descrita

Drevalece em qualquer caso. Algumas questões são declaradas

sem sentido e sendo assim podem ser consideradas como não-questões; aquelas que possuem significado são solúveis, àssim como os problemas científicos, e na verdade muitas pessoas não estão preparadas têm sido resolvidas - se algumas para aceitar a soluÇão, somente mostram sua inaptidão intelectual. Filósofos analíticos altamente resistentes a mudanÇas e fenomenologistas do velho estilo que filosofam clarame[te dentro da estrutura desta estratégia são agora, cmbora numeroso\. esnécie. em exlinçáo.

A segunda estratégia abrange uma variedade de saidas relativistas. o significado das questõcs filosóficas, como todas as outras, é definido ou pelas regras de um jogo lingüístico ou por uma estrutura histórica, uma civilização específica dentro da qual elas loram ditas, ou ainda pelas considerações sobre sua utilidade. Não existem padrões obrigatórios de racionalidade, e por esta razão nào existe algo conhecido como validade tout-court. Uma verdade filosófica, uma solução do problema pode de fato ser válida mas, se isto se verifica, é válida em relação a um jogo, a uma cultura ou a um objetivo coletivo ou individual. Nós simplesmente não podemos ir além, não temos ferramentas para forçar a porta que nos leva para além da linguagem, além de um conjunto de normas culturais ilcertas ou além de imposições práticas que influenciam nosso processo de pensamento.

SOBRE O AUTOMARTÍRIO DA FILOSOT'IA

Várias estratégias têm sido elaboradas a fim de lidar com este estado aparente de autoderrota da filosofia. A estratégia menos confiável porém a mais bem sucedida, ao menos em termos de autoconfiança por parte do filósofo, 8

Existem duas interpretações básicas desta abordagem relativista: anarquistalatitudinária e restritiva. Na primeiÍa, qualquer coisa é válida desde que seja admissível ou boa (lingüisticamente, culturalmente, praticamente); a diferença entre acreditar e não acreditar no demônio é semelhante à diferença entre um vegetariano e um carnívoro, ou entre ordens sociais monogâmicas e poligâmicas.

Alsumas culturas, ou alguns jogos podem proibir pre(crevem normas .r,r imoorã crença no demônio' algumas da cultura a de dieia e outras nâo o fazem' Se a linguagem vegetarianas Irri., tati.na" ieva em conta dietas tanto escolha qualquer estarei certo em ""àil"'"aã-r.t"iàri"nas. ela me sirva bem, e o mesmo se aplica a ;;;;;;;d;;;; impõe a ;;;;ãi;;, nao no demônio. se uma sociedade *;nogamia, e sobrevive' a monosamia é ;;J;;;;";; caso ;;;;"i;-; o;. conseqüãncia verdadeira: em qualquer apÍeoam não religiosas crencas cientificas, filosóficas e outro tipo de verdade. Regras vêm primeiro' a rearoaoe na ã.r".a'"'ã.r"t. Deus não eiiste na Albânia' mas existe era Êeisú; o ptincipio ae Heisenberg é válido hoje mas não na antiga Atenas.

Droblema com esta ampla inlerpretação -do lilosolos' relarivismo é que embora possa sarisfazer alguns

O

quando confronlada com 05 coslumes ponro de "mpoUt".;aa ,i"ri"it i"ri*"a"t (embora perecíveis' sob seuDe acordo cientistas ;i;ü;à;;;r;;i; h,*àna. inctuindo os tentou" me ;;;;;ã;;;;;;:quando eu dieo "o demónio relativismo Um tentou me .r"rã"ãir.i or. o demônio conjunto um conta ii.ãiii"i.ã. niiiori"o ou utilitário leva em dizer "o demônio me â"il;;;;b as quais é permitido ;"t quando dig-o isto quero dizer precisamente ;;;;;i', :'e'rat*i,ià" de acoido com as regras sob as quais eu ."", "a soma,de Ji* aiIt, á..onio me tenlou" (ou dizer ir«" at*"iàt" a. qualquer tÍiângulo é igual a dois ângulos tenho que obedecer à. *r"rstl. rm outras palavras' quando digo algo' que ""r.ã" ordena ter em mente ;".;;;;;.;. que naoa não-estou dizendo que aquilo é o caso' mas as resras-me dão o direito de dizê-lo: Isto ;;;;";;Jp"." afirmaimos que todos nós deveriamos falar elaborada' "ãri.lu"i rã-".i" ri. tlp. a" metalinguagem' Emborabem nào veio porém estranha' or.r".icaó pode parecer sem a fato ".iàtal t"turirit.o ámplo poderia evitar passado' "ãÃo'uÁ no. pr""ón""itot ncionali§tas do r"rp"it, ã"

iàina-te

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que a prescíiÇào pode Assumir, em fa\oÍ do argumenro'. é sem dú\ida discordante -à".ãiu. urii.ua" as "onsistentemente ll'""]i"'".' i"-i.^ntes da fala' A questào é: Porquedas ra\or unuludut própria regra que a"'n admile se não .-I.1. I"r,,i,;or.r Se certamente sera làTã" iir",;rià"a. de regras seja relativa'quanto as regras arbitrário. e §e é tào relaÍiva ea que a opo§ta' nào possui mais. força que posição "pri."'à o caio" não está em melhor li,lli"'u^1'.',a^

:#;'Til;ffii.''a'*' it' ';'ilÀ; i''"iàitã

E deveria ser observado é verdade que nada é ó caso", nào sào ditas numa metallnguagem'

::,]il?iãtaááJã,i.

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"ãã" "nâo ã .u'o"'"to"

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o único A soluçào wittgensteiniana é provavelmente e"consistente para resolver o dilema' aurinrto -oL"^i,,"ar.s" eslou falando ""oniü,ar n" auto-inlerpretaçâo Quando

e

do conhecimento,emito sons sem sentrdo ou falsa Conludo' "itãi"t'*iaãa. não â"io Olr., qrutquer coira rerdadeira qualquer poder cognitivo' minhas palavras' sem carregar a no' iã1"1 iãi"peur ico- à m^edida que nos ajudam partlcular em !:.,'^.-^c 'lê nrôhlema\ i oSoIlcos, incluindo e o paradoxo :"#:';iIà;#;;í;;i'iàuai ao conhecimento que ele acarreta E islo parece se Íeduzir ;,';,;:;i.;;; âborrecer com filosofia X tii'.'"i,üi," p;ailà' pute de "se realmenle lhe aconteceu' L! ã infortunio ae ,er um filósofo trabalho mais respeitável e :.,i;;"";;ü;;;; procurasse um um padre' um encanador ou ::'ii;ii;r;;'.#; ã"i"i*"i'u' as pelsoas ,* .,rrlr.n de circo: nestas áreas de atividade s"m fa,"' pe'gunta' epistemolósicaq ll':.í*dJ; witrsenstein aparentemente

iii'"",

à-,ilil ;::.l::;i;."ô-troprio ;;;;i;;;;;;.;"''"qó.:-t':i::Í::t',,1[Tl;i,1í.à'i#i Í paÍa ser exortaÇào (embora.

Justo' freqüenlemenle ou dito por repetido sâr iro'náo ,utaa" por "à,ii'iet'."riãt iritelectuais têm sido moldados suas palavras.

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à medida O relativismo restritivo é menos consistente o caráter ou cultura ou da tineuasem

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11

pragmático da "verdade" mas isso invalida a príori a curiosidade metafisica, ou seja, torna ilicitas todas as questões sobre o que é ou não é "real". E ainda. se somos compatíveis com nosso relativismo, não há necessidade de distinção entre questões metafísicas e empiricas e nenhuma razão porque a questão sobre a veracidade do grande teorema de Fermat devesse ser legitimada em contrastc com a questão sobre como o corpo de Jesus Cristo está presente na Eucaristia. A única legitimidade concebível está relacionada com padrões estabelecidos deuma cultura ou de uma linguagem e a validade de uma questão de Fermat ou a - o teorema Eucaristia é definida por regras de um jogo particular, mesmo quetais regras dêem voz a uma sensibilidade particular de uma civilização, ou tenham sido estabelecidas arbitrariamente. Não podemos invalidar permanentemente um grupo de questões a menos que implicitamente se recorra a padrões permanentes de racionalidade.

rrrn jogo de linguagem ou de uma civilização, torna a comunicaçâo posterior impraticável e deixa o relativismo r)unl estado de paralisia auto-imposta. O relativismo mais iurplacável consente que a validadeda regra da não-contÍadição I ique intacta, admitindo assim sub-repticiamente, algumas ctcrnas (ou pelo menos não-históricas e não-confinadas a um jogo lingüistico) normas de racionalidade. O relativismo uri!eÍsal geralmenle pouna a malemática Lambém. mais lii(il seguir os a\anÇos na história das ciências empiricas e humanas do que responder à simples questão: Como Galileu

f

c

Newton conseguiram bagunçar

a física de Aristóteles

considerando que as conclusóes de Euclides ainda sào válidas?

SUA AUTODERRISÃO

Sabemos que desde os antigos céticos até hoje qualquer

epistemologia, ou seja, qualquer tentativa de construirmos cdtérios universais de validade para o conhecimento, leva-nos a uma infinita regressão ou a um círculo vicioso ou ainda a um invencivel paradoxo de auto-referência (invencivel, a menos que seja falsamente explicado pela conversão a uma regressão infinita). O lado mais controvertido desta velha perspectiva consiste em que uma vez estabelecido, torna-se presa de seu próprio veredito, o que significa que um cético é inconsistente pelo simples fato de pregar a doutrina cética. Outrossim, o Covem) Wittgenstein parece estar legitimado.

Além do mais, a doutrina relativista, além de ser incapaz de achar meios consistentes de auto-expressão é inconsistente à medida que implicitamente admite - comoO invariavelmente acontece o princípio da consistência. relativismo universal geralmente poupa a lógica; o que não é surpreendente, visto que proclamar que a regra da não-contradição é válida somente dentro dos limites de t2

Por bem mais de cem anos, uma grande parte da filosofia acadêmica tem se dedicado a explicar que a filosofia ó impossível, inútil ou ambas as coisas. Conseqüentemente a filosofia pÍova que seguramente e felizmente pode sobreviver a sua própria morte mantendo-se ocupada em provar que de lato morreu. Hume provou isto. O mesmo foi feito por Hegel, porém sobre bases totalmente diferentes. O mesmo fizeram os adeptos do cientificismo, positivismo, pragmatismo, historicismo; igualmentealgunsdos pensadores existencialistas e alguns místicos e teólogos. Existe uma imensa variedade de trilhas filosóficas desconectadas que convergem para um ponto da antifilosofia. o adeus da filosolia é interminável, assim como o "bye-bye" na famosa seqüência do filme de Laurel e Hardy. O que era antes o ser e não ser, bem e mal, o centro da reflexão filosófica parece estar reprimido e reduzido, exceto cu e o universo histórico, a quase que uma na causa de questionamento esquina escura na academia, da mesma forma que Deus l3

está nos departamentos da Divindade ou como estava a sexualidade nas conversas vitorianas. SEU ÀUTODESEJO. JASPERS

Porém, o que é reprimido, banido de um discurso aceitável e declarado vergonhoso, não é eliminado quando é uma parte irremovível de cultura. Sobrevive. ou temporariamente em silêncio no submundo da civilização, ou procura achar saídas através de expressões distorcidas. Costumes vitorianos não conseguiram abolir o sexo e Deus não foi enterrado para semprenacabeça das pessoas, debaixo das pilhas de livros devotados à teologia sàbre a morte de

Deus

e

temas correlatos. Excomunhão não mata A sensibilidade a inquietaçôes tradicionais da filosolia não se esgotou; sobrevive subcutaneamente, necessariamente.

como antes. pronta para revelar sua presença como resulLado de pequenos acidentes.

O fato de que a sensibilidade sobrevive não implica que ela seja constituída de ,,problemas,, a serem resolvidos por um gênio que aparecerá um dia com um,,método,, confiável. Se a palavra ,,problema,, sugere que uma técnica de.soluÇào é em principio possivel e pode ser achada, as vicissitudes hi5lóricas da filosofia dificilmenre lalham em levantar dúvidas sobre esta esperança; talvez não existam "problemas" neste sentido, somente preocupações, e desde que as preocupações sejam reais, é tazoâyel perguntarmos: De onde elas vêm? Como explicamos sua presença? A mesma história que justifica a forte dúvida iobre iua possível

conversão em "problemas" provoca também àúridas igualmenre fortes (obre