BioFao na agricultura
 9788593479076

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EDITORA BONECKER Editora Bonecker Ltda Rio de Janeiro 1a Edição Maio de 2017 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução deste livro com fins comerciais sem prévia autorização do autor e da Editora Bonecker. ISBN: 978-85-93479-07-6 Projeto Gráfico: Filipe Chagas e Michelle Blättler Fotografia: “Fractals” por Paul Albertella licenciado por CC BY 2.0 Capa: Filipe Chagas e Michelle Blättler Revisão: Clarissa Pena Brassica oleracea var. bothrytis L., couve flor romana, couve flor romanesco ou brócolis romanesco é uma variedade de origem italiana, cuja inflorescência tem a forma geomé- trica espiralada, não euclidiana, e tem sido utilizada como exemplo de forma fractal da natureza. O fractal é caracterizado por ter padrão geométrico repetitivo e aparece con- tinuamente na natureza, sendo um indicativo de que tudo está interligado. As unidades menores de todos os sistemas repetem o padrão da unidade maior. Esse é o padrão que une, tão procurado por todos os cientistas. A imagem inspira porque lembra a ação do BioFAO – tratando poucos o sistema é curado.

À humanidade do planeta Terra, por ter se submetido a tantos experimentos; por ter suportado suas consequências e por ter aguardado uma solução saudável e equilibrada.

Ao Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia, pela oportunidade de usar suas instalações, materiais e equi- pamentos, que permitiram a execução dos projetos, ora convertidos em capí- tulos deste livro. Aos alunos do mesmo Programa de PósGraduação, pelo entusiasmo e cuidado com que conduziram os experimentos, analisaram os resultados e os converteram nos trabalhos científicos integrantes deste livro. Ao Dr. João Paulo Ribeiro-Oliveira, pela colaboração especial em todas as etapas da construção deste livro. À Dra. Míria de Amorim, pela confiança que expressou desde nosso primeiro contato em 2009, em Recife, oferecendo-se para vir a Uberlândia nos instruir sobre os efeitos do BioFAO e a possibilidade de seu uso nas plantas e quem, sem medir esforços, nos atendeu pessoalmente ou por telefone, possibilitando que todos os experimentos fossem realizados. Ao Instituto BioFAO, pelas instruções, assistência técnica e doação do BioFAO testado, em especial a Suely Conceição Alves da Silva, uma das gestoras do Instituto, que também não mediu esforços para

nos atender. À Profa. Dra. Maria Cristina Sanches, pelo treinamento e instruções para uso dos equipamentos IRGA e Mini-PAM, que estão sob sua responsabilidade e que permitiram mensurar o proces-so de fotossíntese sem destruição das plantas. À Profa. Dra. Cristiane Be-tanho, membro do Centro de Incubação de Empreendimentos Populares Solidá-rios da Universidade Federal de Uberlândia e coordenadora do Projeto “Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica da Universidade Fede-ral de Uberlândia”, aprovado pelo CNPq, por ter permitido o acesso às man- dalas dos assentamentos de Uberlândia e por ter designado estagiários para o trabalho de campo. Ao senhor Donizete Fernandes de Pádua, pro- prietário de uma das mandalas do assentamento Tangará, onde um dos experimentos que estava vinculado ao projeto mencionado foi instalado. Aos órgãos de fomento à pesquisa e capacitação do Ensino Superior pelos recursos financeiros que permitiram a aquisição dos equipamentos IRGA, pelo Edital Pró-equipamentos 027/2010 – Capes/MEC, e Mini-PAM, pelo Edital Universal 01/2011 – APQ 02076-11 – Fapemig. A todos que, direta ou indiretamente,

permitiram que esses resultados pudessem se tornar pú- blicos e acessíveis à população.

Sumário 11 21 41 59 77 95 117 131 141

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191 223 Introdução BioFAO: um tratamento para o resgate do equilíbrio vital Metodologia dos fatores de auto-organização do biocampo (BioFAO): uma visão holoinformacional da saúde Agrohomeopatia BioFAO: uma ponte integrativa entre o vegetal e o humano Controle de pulgões em couve-manteiga com BioFAO Crescimento e estado nutricional de mudas de couve-manteiga infestadas com pulgões e submetidas à ação do BioFAO BioFAO no controle de pragas fitófagas do cafeeiro BioFAO no controle de pulgões da couve-manteiga: patogenesia explícita Entomofauna e respostas morfofisiológicas da couve- manteiga tratada com inseticida convencional, óleo de Nim e com BioFAO BioFAO em cultivo aberto do pimentão

BioFAO no funcionamento e metabolismo de hortaliças sob cultivo orgânico em assentamento rural Considerações finais

Introdução Marli A. Paulo Ribeiro-Oliveira2

Ranal1 João

A primeira edição do livro de Rachel Carson, intitulado Primavera silen- ciosa (Carson, 2010), saiu dois anos antes de seu falecimento, que ocorreu na primavera de 1964. A pressão que ela recebeu, no período em que lutou contra o câncer, foi muito grande. Essa bióloga marinha denunciou os efeitos deletérios dos pesticidas que estavam sendo utilizados nos Estados Unidos, desencadeando um debate nacional sobre o assunto. No Brasil, os pesticidas estão inseridos na categoria dos agrotóxicos, de acordo com a Lei n. 7.802 (Brasil, 1989), regulamen- tada pelo Decreto n. 4.074 (Brasil, 2002), e como tais serão tratados neste livro. Carson foi uma das primeiras pessoas a denunciar a presença de DDT no leite materno, mostrando que a cadeia estava completa, indo da grama ao leite humano. Apesar de ter sido duramente criticada, suas denúncias resultaram na proibição da produção dessa substância e na criação de um movimento popular que exigiu a proteção do ambiente por meio de leis estaduais e federais, que colo- caram limites para o uso dos agrotóxicos. Em dezembro de 2006, o jornal britâni- co The Guardian apresentou o nome da autora em primeiro lugar na lista das 100 pessoas que mais contribuíram para a defesa do ambiente em todos os tempos. A indústria química, naquela época de pós-guerra, era uma das principais beneficiárias da tecnologia que estava em

ascensão. Infelizmente, depois de 54 anos dessa publicação, a situação não amenizou. Ela se tornou abrangente na Terra, com poluição das águas superficiais e subterrâneas, do solo e do ar de to- dos os continentes, alcançando limites etéreos, com a poluição silenciosa gerada pelo eletromagnetismo oriundo da tecnologia envolvida nas telecomunicações, informática e demais equipamentos eletroeletrônicos (Balmori, 2009; 2014; Hom 1

Professora Titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 2 Pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência, Inovação e Tecnologia para a Amazônia do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza da Universidade Federal do Acre (CCBN – UFAC).

et al., 2011; Vermeeren et al., 2013; Hess e Coley, 2014; Morgan et al., 2014; Roda e Perry, 2014). A situação é alarmante. Desde as primeiras etapas da Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX) e Verde (final da década de 1940), a demanda por alimentos cresce junto com a população (vide estatísticas da Food and Agricultural Organi- zation – FAO, 2015), perpetuando o dilema – manter a produção em larga escala para sustentar a sociedade assim delineada, à custa de prejuízos para a saúde humana, ou redimensionar, diminuindo a margem de lucro e o desperdício? Até o final do século XVIII, a maioria da população europeia vivia no campo, produzindo o que consumia de forma artesanal, com controle de todo o processo produtivo. O século XIX foi caracterizado pelo entusiasmo com as inven- ções, com a expansão das indústrias e com a implantação de produtos químicos, processo que não foi mais interrompido (Mazoyer e Roudart, 2006). O estímulo geral ao consumismo e o distanciamento cada vez maior entre as classes sociais e entre os homens e o ambiente se estabeleceram como característica funcional do sistema planetário (Mazoyer e Roudart, 2006; Hazell e Wood, 2008). Com o advento da Revolução Verde, programa financiado pelo grupo Ro- ckfeller com o propósito de aumentar a produção agrícola para acabar com a fome no mundo, o mercado consumidor foi expandido, fortalecendo as vendas de pacotes de insumos agrícolas, em especial aos países em desenvolvimento (Nally e Taylor, 2015). A consequência imediata dessa avidez pelo poder financeiro e tecnológico foi a expansão da fronteira agropecuária, em detrimento das áreas com vegetação nativa, muitas vezes sem a avaliação do seu perfil produtivo. Em geral, grandes áreas foram abandonadas após poucos anos de uso (ver Sparovek et al., 2015).

Para atender a demanda do mercado consumidor e a corrida pelo rank mundial de países desenvolvidos, o Brasil passou a figurar entre os maiores con- sumidores mundiais de agrotóxicos (Carneiro et al., 2012; 2015), estimando-se que sejam consumidos 4,5 L de agrotóxico per capita por ano (IBGE, 2012). Apenas para ilustrar o cenário em que o Brasil se encontra, dentre as 18 culturas agrícolas pesquisadas nos 26 estados brasileiros pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, 2011), 63% das amostras estavam contaminadas por resíduos de agrotóxicos, algumas por apresentarem ingredientes ativos não au- torizados e outras por ultrapassarem os limites recomendados. Na couve, foram encontrados resíduos de nove ingredientes ativos não autorizados, perdendo apenas para o morango e o pimentão, que são considerados os vegetais mais contaminados. O mais recente relatório desse órgão demonstra que o número de alimentos com resíduos caiu para 42% (Anvisa, 2014); contudo, a ideia é chegar próximo de zero.

Considerando-se que o consumo de frutas, legumes e verduras é recomen- dado para a prevenção de doenças crônicas e que o Guia alimentar do Ministério da Saúde recomenda o consumo diário de três porções de frutas e três porções de legumes e verduras (Brasil, 2014), torna-se preocupante a quantidade de resíduos de agrotóxicos que pode ser ingerida diariamente. Entregar esses alimentos sem agro- tóxicos ao mercado consumidor passa a ser então uma questão de sobrevivência. Parece que a famosa Lei de Murphy, mal interpretada para manter sua coe- rência, continua a manter sua validade. A humanidade sempre tem dois importan- tes caminhos para resolver seus problemas e, em geral, escolhe o menos apropria- do. A escolha por ampliar a fronteira agrícola e a produção de agrotóxicos para garantir que o alimento fosse produzido em larga escala não foi a melhor opção e é preciso retroceder, recomeçando-se com a economia solidária e a produção familiar, incluindo pequenas hortas que podem se manter organicamente até que o sistema volte a funcionar de forma organizada. Alternativas chamadas susten- táveis, pois têm por princípio o uso dos recursos naturais sem perder de vista a sobrevivência das próximas gerações, surgiram, foram e continuam a ser testadas em diversas partes do mundo, obedecendo princípios agroecológicos e o manejo integrado (Stark e Banks, 2003; Desneux et al., 2007; Altieri, 2009; Altieri et al., 2012). Dessa forma, é necessário que iniciativas dessa natureza se ampliem e se tornem a base comum da sociedade planetária. Dentro dessa linha de raciocínio, muitos têm testado as respostas das plan- tas com o uso de medicamentos homeopáticos e os resultados são animadores (Santos e Pontes, 2013), sendo esse um dos objetivos deste livro. Em 2011, os primeiros experimentos com aplicação do BioFAO (fatores de auto-organização do biocampo) foram

realizados no município de Uberlândia. Os resultados obtidos até o ano de 2014 continuam restritos ao meio acadêmico e o objetivo deste livro é ampliar seus horizontes de divulgação, no sentido de esti- mular mais pessoas a experimentarem o produto para conferirem os resultados, até que a mudança de paradigma na agricultura aconteça. A localização geográfica do município de Uberlândia, sua vocação comer- cial, industrial, de agronegócios e sua produção de hortigranjeiros o tornam um dos principais polos atacadistas do País, com influência mais direta no Triângu- lo Mineiro e Alto Paranaíba. Do ponto de vista natural, a região de Uberlândia está inserida no Cerrado, na confluência de dois grandes biomas brasileiros que precisam ser conservados, a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica. As áreas de vegetação nativa ainda representam bem a vegetação do Cerrado, algumas de- las estando inseridas em unidades de proteção permanente, mas a expansão da fronteira agrícola continua. Por ser um município progressista, muitas iniciativas

acontecem, incluindo a produção de orgânicos, e esses produtores arrojados po- dem ser a base para a construção de um novo modelo agrícola, se a eles for apre- sentada uma alternativa que melhore a qualidade do seu produto. Esse princípio é fundamentado na ideia de que os lucros desse segmento de mercado podem ser compensados pela alta qualidade do produto final. Os trabalhos com o BioFAO em Uberlândia começaram dois anos depois do primeiro encontro entre Míria de Amorim e Marli Ranal, durante o I Simpósio de Saúde Quântica e Qualidade de Vida, realizado em Recife, no final de novembro de 2009 (Ranal, 2009; 2015). Na manhã do dia 27 de novembro de 2009, elas se encontraram no café da manhã e, depois de uns 15 minutos de conversa, combi- naram entrar em contato para que os experimentos com plantas em Uberlândia tivessem início. Os alunos de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Fe- deral de Uberlândia, sob a orientação de Marli Ranal, seriam os responsáveis pela condução de uma série de experimentos. Três experimentos foram realizados em 2011 para testar o controle de fi- tófagos – dois na couve-manteiga e um com a cultura do café. Os experimentos realizados com a couve-manteiga foram instalados em estufa e a cultura do café estava implantada em condições de campo convencional. Com base nos resultados obtidos, a equipe do Instituto BioFAO efetuou algumas modificações, reduzindo de três aplicações, com intervalo de duas horas entre elas, para duas aplicações, com intervalo de quatro dias entre elas, para minimizar a emissão de gás carbônico pelos tratores de pulverização em grandes áreas e a compactação do solo. Apenas um experimento foi realizado em 2012, com a nova formulação, tomando-se novamente a couve-manteiga como modelo para os testes.

Outra série de experimentos foi preparada em 2013 com a couve-manteiga e o pimentão, este último em cultivo aberto, em uma das fazendas da Universi- dade Federal de Uberlândia. Nessa série, foram testadas duas versões do BioFAO – uma delas com duas aplicações, em intervalo de três horas, e outra com uma única aplicação, em potência baixa. A recomendação desta última versão foi a de que, se houvesse necessidade, diante do aparecimento de algum sintoma, uma segunda aplicação poderia ocorrer, de preferência com intervalo de dez dias. Essa versão mostrouse a mais apropriada e foi testada em 2014, em área aberta, de cultivo orgânico. Desde 2009, algumas perguntas foram formuladas e orientaram a realiza- ção dos trabalhos: (1) O BioFAO forma um campo protetor ao redor das plantas?; (2) Qual o tamanho desse campo?; (3) O que acontece com os fitófagos/herbívo- ros?; (4) A visitação dos fitófagos/herbívoros acontece junto das plantas tratadas

com BioFAO ou o biocampo formado os impede de acessar as plantas?; (5) O que acontece com os fitófagos/herbívoros quando eles se aproximam e mesmo expe- rimentam a planta?; (6) Os fitófagos/herbívoros morrem ou são repelidos?; (7) Se são repelidos, o que acontece com a planta para repeli-los?; (8) As plantas aumen- tam a produção de substâncias de defesa?; (9) O que acontece com os inimigos naturais dos fitófagos/herbívoros e com os insetos polinizadores? Algumas res- postas interessantes foram obtidas e serão apresentadas nos próximos capítulos.

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BioFAO: um tratamento para o resgate do equilíbrio vital Míria de Amorim1

Este trabalho apresenta inicialmente uma compreensão do estado da arte do BioFAO na construção de toda a trajetória epistemológica por trinta anos, focando na visão de auto-organização de uma matriz biológica quântica, que se coloca como terreno de onde surgem todas as emanações da vida. Descreve a premissa fundamental dessa epistemologia, que se estabeleceu em investigar as possibilidades de mapeamento dessa dimensão quântica, ou biocampo, no sen- tido de pesquisar elementos específicos da natureza, na forma de ultradiluições, que pudessem estar intrinsecamente implicados na interface dessa teia da vida, e assim fazer uma leitura eletromagnética dessa matriz em sua perspectiva inata em relação aos domínios universais. Discute a visão de auto-organização na pers- pectiva de um realinhamento dos sistemas vivos a esse eixo holoinformacional universal, reabrindo memórias do que podemos entender como recuperação de padrões de saúde. Inclui uma abordagem sobre a visão sistêmica da saúde, da inter-relação entre campos dinâmicos, e a necessidade de um novo paradigma que encerre uma nova forma de o indivíduo se relacionar consigo mesmo e com a Terra. Descreve ainda toda a trajetória das pesquisas no âmbito humano, animal e na agricultura ao longo desses anos,

propondo a importância de se ampliarem pesquisas no enfoque sistêmico, incluindo a consciência de estarmos lidando sem- pre com a inter-relação de campos dinâmicos, no conceito de quem cuida da terra, de si mesmo e de Gaia.

O que levou ao BioFAO? Certamente causará estranheza o fato de uma médica, na modernidade, estar escrevendo sobre agricultura e meio ambiente, evocando talvez a ideia de 1 Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Toxico- logia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

uma inusitada globalização interdisciplinar que, no final de quase trinta anos de pesquisa, desembocou numa criação transdisciplinar, mesmo que essa não tenha sido a intenção inicial do meu objeto de estudo. Mas, na construção do estado da arte do BioFAO, encontrei-me inesperadamente nesse lugar de compromisso com os resultados obtidos e numa posição de responsabilidade em contribuir com essa complexidade crescente nas questões não só da saúde humana, mas também de saú- de ambiental. Hoje entendo que ambas são faces distintas de um mesmo processo. De certa forma, depois de tantos anos de pesquisa no âmbito da medicina, não nego que, muitas vezes, sinto certo desconforto em ter que lidar com tantas áreas distintas e, como médica, estar coordenando tratamentos em plantações de vinhas, alfaces e bananas, enquanto oriento veterinários para o tratamento de cães, gatos e cavalos, sem perder o foco inicial do trabalho, no corpo de médicos colaboradores trabalhando a parte clínica dessa terapêutica, mas sinto que esse constrangimento tem a ver menos com a experiência de vida e mais por uma construção da ciência, que separou a vida em especialidades. Porque, quando se chega à vida, tudo é transdiciplinar. Essa transdisciplinaridade, na realidade, foi surgindo ao longo dos anos de investigação, por conta do objeto de estudo escolhido para esse perfil epistemoló- gico, que foi permeando, por si só, distintos campos do conhecimento. Inicialmen- te, o foco apoiou-se numa dimensão existencial, tratada por Samuel Hahnemann, criador da homeopatia, como energia vital (Hahnemann, 1991) e que evoca a ideia de uma matriz vital que, em estado de equilíbrio, gera uma força organizacional inata dos seres vivos, denominada de via medicatrix naturae, responsável pela manutenção natural dessa homeostase interna, compatível com o que entendemos como saúde.

Com os anos de estudo, ampliou-se a visão da energia vital, até a compre- ensão de que se tratava, na realidade, de uma dimensão de unidade existencial e universal, descrita por Hipócrates como physis, cujo conceito compreendia a totalidade de tudo aquilo que é. Dela provinha tudo “o que era, o que é, e o que será” (Czeresnia, 2001). Tal campo, que Einstein certa vez chamou de “a única realidade”, tem sido estudado desde a Antiguidade, e hoje é descrito como “campo de ponto zero” (ver a história dessas descobertas em McTaggart, 2008), “mundo da ordem implícita ou dobrada” (Bohm, 2001), “universo participativo” (Capra, 1983) ou, ainda, “biocampo” (Rubik, 2002), tal como postulado pela biofísica. Essas diversas denominações se configuram como repertórios diferentes para a mesma dimensão quântica, sendo “biocampo” a terminologia escolhida como referência do contexto da metodologia BioFAO. O BioFAO atua no biocampo dos organismos

vivos, que se coloca como expressão holográfica do campo de ponto zero, estabe- lecendo o padrão vital de todos os seres vivos, desde bactérias até ecossistemas. Esse campo quântico que, segundo Bohn (2001), se situa além do tempo e do espaço, é de natureza autoorganizadora, dotado de propósito e se configura como um mundo de “totalidade ininterrupta”. Exatamente esse mecanismo uni- ficador inerente ao biocampo explica o porquê de a metodologia ter obtido res- postas em todas as diferentes espécies vivas que foram tratadas ao longo desses muitos anos, atravessando, assim, várias áreas do saber. Esse campo foi descrito por McTaggart (2008) como sendo “a força”, o único fator determinante de estarmos saudáveis ou doentes, e não os micróbios e os genes, como fomos levados a pensar. A autora conclui ainda que essa “força” precisa ser utilizada para que possamos ser curados e que a nossa única verdade fundamental é o nosso relacionamento com esse campo quântico. A epistemologia BioFAO apoiou-se em três vertentes principais, que en- globam, primeiramente, a evidência científica de que medicamentos homeopáti- cos correspondem a informações eletromagnéticas (Popp, 1994). Nesse sentido, trabalhos científicos, comprovam que as células são capazes de ler informação eletromagnética e isso viabiliza a compreensão de como se podem obter respostas significativas nos seres vivos por essa via de comunicação (MacClare, 1974). Uma segunda vertente valida a existência dessa dimensão quântica dentro da ciência, em função de trabalhos sobre essa matriz vital, ou biocampo (Rubik, 2002). Por fim, a terceira linha trata da metodologia propriamente dita, que traduz a construção do perfil epistemológico dos fatores de auto-organização do biocampo (BioFAO). Quando, no início da construção epistemológica, eu me perguntava sobre essa matriz vital e quântica, as

perguntas não cessavam em minha mente, no sentido de entender por que essa dimensão tão inteligente do biocampo, que Aris- tóteles inclusive denominou de “alma” (Martins e Martins, 2007), poderia perder, em algum momento, seu potencial de gerar auto-organização e permitir abertura para os processos mórbidos e degenerativos nos indivíduos. Eu buscava compreender a causa que levava uma pessoa a adoecer e ter esse sistema poderoso paralisado diante de um grande estresse ou grande trauma, trazendo um perfil de estagnação que se reflete não só no físico, como observado nas doenças agudas e crônicas, mas também com implicações sérias no mental dos indivíduos. Nessa fase, eu seguia a escola homeopática clássica unicista, que ensinava que o médico, em sua prática clínica, deveria colher todos os sintomas mentais e físicos do paciente e buscar um medicamento que pudesse, pela lei dos semelhan- tes, neutralizar todo esse padrão mórbido, que seria distinto para cada indivíduo

(Hahnemann, 1984). Isso exigiria do médico, para cada caso, uma arte capaz de encontrar esse simillimum, com potencial de neutralizar todo esse pacote de sin- tomas deletérios e, no limite, liberar o biocampo desse indivíduo do bloqueio, para a manifestação do seu potencial inato de manter seu próprio estado de equilíbrio dinâmico. Nesse foco de atuação, encontrar esse elemento por meio da homeopa- tia clássica ia se tornando cada vez mais difícil, diante da complexidade crescente a que estavam sendo expostos os indivíduos no contexto da atualidade. Isso porque hoje as doenças, numa perspectiva sistêmica, que abrange de igual forma o humano, o animal e o vegetal, apresentam-se como síndromes com- plexas, sintomas agregados, oriundos de intoxicações por agrotóxicos e outros agentes químicos, dioxina dos lençóis freáticos, excesso de medicamentos, vaci- nas, radiações de várias naturezas, supressões e estresse de toda ordem (Amorim, 2003). Trabalhar a partir da perspectiva do sintoma ou do controle e da análise da doença em si, vai se mostrando como algo que não dá mais conta, sobretudo porque estamos diante dessa enorme gama de fatores desestabilizantes que atuam como força de entropia (Prigogine, 1981), desagregando sistematicamente a potência desse biocampo em compensar naturalmente essas oscilações, impedindo seu realinhamento com os padrões compatíveis com a saúde (Amorim, 2009). Essa complexidade aponta para uma realidade urgente de se trabalhar essa “força” que está diretamente relacionada à própria saúde, trabalhar na base da questão, e não nos sintomas que emergem dessa base. Essa é a proposta que essa epistemologia oferece como saber, colocando-se como um estudo que viabilizou a possibilidade de fortalecer essa “força”, o biocampo, colocando-a como o sujeito dessa pesquisa.

Naquela fase inicial da construção epistemológica, apesar da proposta da homeopatia clássica de encontrar essas diferenças e analisá-las para encontrar o medicamento específico para cada indivíduo, eu olhava meus pacientes e me parecia que, para além dessas diferenças entre cada um de nós, havia um lugar e uma dimensão em que éramos iguais e, mais que iguais, éramos um só, ou seja, compartilhávamos de uma mesma estrutura. Eu sentia que havia um lugar, como dimensão, para além da complexida- de e da polaridade existencial, que sugeria uma unidade estrutural, um lugar do idêntico e do comum a tudo e a todos, que evocava a ideia de um centro emana- dor de toda a criatividade da vida. E era para esse lugar que eu gostaria de levar a minha prática médica. Se os medicamentos homeopáticos eram capazes de ler padrões mórbidos para neutralizá-los pela lei dos semelhantes (Vannier e Poirver, 1987), eu me per- guntava se não seriam capazes de ler um código que correspondesse a uma resso-

nância inata em relação a essa matriz, ou biocampo. Na sequência dessa constru- ção lógica, eu deduzia que, se medicamentos homeopáticos tinham a propriedade de ler e copiar padrões semelhantes à doença, seria coerente concluir sobre a pos- sibilidade de possuírem também a propriedade de copiar o padrão da saúde inata dessa dimensão quântica do biocampo. Aqui nasceu minha premissa fundamental. A primeira etapa de investigação foi voltada não só para o aprofundamento da concepção do biocampo, mas também para o estudo das antigas tradições e, de forma muito predominante, do universo alquímico, em busca das possíveis naturezas que poderiam ter um padrão de identidade com o biocampo e que por- tassem sua memória e informação. No final dos primeiros sete anos de pesquisa, os sete elementos que integram a metodologia BioFAO estavam estabelecidos, e os resultados foram sendo aperfeiçoados por meio das dinâmicas estudadas na medicina ayurvédica, do estudo dos cinco elementos da medicina chinesa e do Tao (Robert e Arnie, 2000). As antigas tradições estudavam pontos de vistas distintos dessa dimensão existencial, que representa a própria vida, com interpretações compatíveis com cada fase da humanidade, mas que traziam uma matriz que persiste, pois, para essa dimensão do biocampo, não há tempo ou espaço (Bohm, 2001). Ela simplesmente é e, para quem souber ler, ela se mostrará sempre a mesma, em sua eterna dança. Nesses primeiros anos, a física quântica ia orientando os possíveis cami- nhos para as configurações das dinâmicas estruturais do biocampo, ampliando a compreensão da importância dos fluxos, da ordem desses elementos, das frequên- cias representadas pelas potências dos medicamentos homeopáticos, assim como dos ritmos entre eles, observando ainda as ressonâncias e as

sincronicidades que criavam (Amorim, 2009). Na realidade, estava-se delineando, por meio de assina- turas eletromagnéticas dos medicamentos homeopáticos, um código de biorresso- nância compatível com as oscilações naturais do biocampo. A construção do estado da arte do BioFAO foi guiada pela realização de es- tudos teóricos, articulando-os com uma prática médica de trinta anos de atuação clínica (Amorim, 2000). Nessa construção, os resultados clínicos iam dando saltos significativos na direção do que eu entendia como saúde integral, buscando o re- alinhamento de todo o sistema endócrino dos indivíduos em uníssono e abrindo a ideia de elaboração de um código capaz de abrir os padrões de memória da saúde para cada biocampo adoecido. Nessa época, já contava com um expressivo grupo de médicos colaborado- res do trabalho, que seguiram nessa pesquisa ao longo de todos esses anos, siste- matizando cada fase e cada mudança dentro de uma metodologia de cartografia

médica. Era mesmo um mapeamento de dados, tanto da construção da dinâmica do biocampo, como dos resultados que íamos obtendo na clínica médica. A partir do ano 2000, trabalhamos o primeiro nível de complexidade da rede estratificada desse biocampo e observamos, nos resultados obtidos, que es- távamos contemplando os cinco elementos da medicina chinesa, que se traduz como um ponto de partida fundamental para a estruturação dessa dimensão de terreno biológico (Maciocia, 1996). Nesse nível de atuação, contemplam-se os meridianos de energia da medicina chinesa e demonstram-se, na prática, resultados que correspondem a um tratamento de acupuntura no indivíduo, agora utilizando as sete ultradiluições homeopáticas. Em 2003 conduzi um trabalho para um projeto de mestrado no IESC-UFRJ, na área de Produção Ambiente e Saúde, e, para tal, foi solicitado comprovação dos resultados por meio de pesquisa básica. Esses trabalhos foram desenvolvidos na Faculdade de Medicina de Marília, pela Profa. Dra. Haydée de Oliveira Moreira Rodrigues e sua equipe, da qual eu também faço parte, comprovando que animais envenenados na DL 50 com organofosforados e solventes saíam rapidamente do quadro de intoxicação com o BioFAO, além de pesquisas básicas complementares com intoxicação crônica por chumbo, doença de Chagas e tumor de Erlich (Mo- reira et al., 2004; 2005a; 2005b; 2006; 2007; 2008a; 2008b; 2008c; 2009a; 2009b; 2011). Vários trabalhos comprovaram a mesma efetividade no tratamento das intoxicações crônicas por agrotóxicos, organofosforados e solventes, assim como resultados observados em outras patologias clínicas, demonstrando que o foco da terapêutica visa ao equilíbrio do terreno biológico, o que explica resultados posi- tivos em patologias distintas (Amorim et al., 2005a; 2005b; 2006a; 2006b; 2007; Cruz, 2004; Gonzalez, 2006; 2008a; 2008b; Nazareth, 2008).

Nesses anos de mestrado, com eixo em saúde e ambiente, enquanto desen- volvia um projeto, monitorando a intoxicação de uma população por organofos- forados na Região Serrana do Rio de Janeiro, desenvolvi, em paralelo, um projeto na agricultura, numa propriedade que se situava no bairro de Conquista, em Nova Friburgo. O desenvolvimento desse projeto foi acompanhado e divulgado no filme Agrohomeopatia, com o apoio do Núcleo de Estudos da Saúde Coletiva da UFRJ (disponível no site www.institutobiofao.org.br). Nesse projeto, um agricultor, jovem e líder comunitário, disponibilizou uma área virgem de agrotóxico para o plantio e a observação dos canteiros experimentais com o BioFAO. Realizamos primeiramente a execução do projeto, utilizando inúmeros canteiros, usando dis- tintas potências medicamentosas do BioFAO, com observação do que as diferen- tes potências determinavam como resultados. O filme apresenta os resultados da colheita dos tomates, que se mostravam completamente diferentes dos tomates

orgânicos em geral, com um tamanho expressivo e sabor especial. O agricultor relata sobre o controle de pragas em sua propriedade e de como, muitas vezes em poucas horas, uma infestação desaparecia da plantação após o uso dos medica- mentos. Esses eram os primeiros dados que tínhamos, oriundos da aplicação do BioFAO nas plantas. Na época, convidei o Prof. Dr. Elson de Carvalho Viegas e a Profa. Dra. Maria Gorete Ferreira do Carmo, ambos da cadeira de Agronomia da Universidade Rural do Rio de Janeiro, para visitarem a propriedade e analisarem os resulta- dos. Na observação do local, ambos constataram que toda a biota na plantação permanecia em equilíbrio. Encontrava-se aqui e acolá um pulgão, mas eles não proliferavam e permaneciam em equilíbrio com todos os demais agentes naturais. Os Professores ficaram muito impressionados na época, pois haviam comentado, no caminho de ida, que se encontrassem o campo estéril, reprovariam o método. Entretanto, o que aconteceu foi o inverso. Estavam lá todos os microorganismos, as joaninhas, os besouros, mas todos em equilíbrio. Nessa propriedade do experimento, observou-se também que a cada plan- tio, a propriedade ia precisando de menos remédio, pois se evidenciava aos olhos do próprio agricultor um campo de proteção que deixava claro que não era mais necessário aplicar remédio com a mesma frequência utilizada no início de nossos trabalhos. Isso também é observado no contexto humano e animal. À medida que o biocampo do indivíduo vai sendo processado, mais estável vai se tornando, e isso se estabelece em todos os níveis, no macro de uma grande propriedade, ou no micro, representado pelo indivíduo. Lembro-me muito claramente de uma observação feita por esse agricultor, na época, quando relatou sobre o que havia acontecido com uma árvore frutífera de sua propriedade. Relatou que seus frutos, nêsperas amarelas,

há anos vinham sempre com doenças e que sua esposa costumava abrir cada um desses frutos com uma faca, para tentar aproveitar alguma parte saudável. Naquele ano, ele aplicou o BioFAO em uma lavoura de alface que foi estabelecida nos limites daquela árvo- re. Colheu as alfaces perfeitas e, depois de uns meses, quando a árvore deu frutos, para surpresa de sua esposa, todos estavam saudáveis. A árvore nem havia sido medicada diretamente. Apenas o fato de estar próxima gerou a condição de receber a influência da informação eletromagnética do medicamento homeopático. Isso traduz uma visão bastante importante de se compreender nesse contexto, a de que estamos lidando com uma qualidade de informação muito sutil, que atua num campo que acreditamos chegar de 6 a 10 metros (vide capítulos 5 e 6). Portanto, em experimentos com canteiros, esses devem estar bem isolados para não ocorrer vieses nos experimentos.

Nos anos seguintes, iniciamos experimentos no sul do Brasil, com agri- cultores de Caxias do Sul que trabalham com vinhas e sucos de uva orgânicos e que já operam com essa metodologia há alguns anos. O agricultor que primeiro se interessou pelo método, divulgando-o na região, confirma o fato de utilizar cada vez menos medicamentos e conseguir produzir, mesmo durante anos com intenso frio e em condições climáticas bem adversas. Outro polo de estudos se estabeleceu nos últimos dez anos em Portugal, na região do Douro e do Porto, também com vinhas, e os resultados têm sido muito significativos, com produção de vinhos orgânicos com o BioFAO. Em 2011 iniciaram-se os contatos para elaboração dos experimentos na Universidade Federal de Uberlândia, sob a orientação da Profa. Dra. Marli Ra- nal, em parceria com o Instituto BioFAO, com elaboração de projetos distintos, que descrevem os resultados comparativos entre várias dinâmicas da metodologia BioFAO passíveis de serem empregadas. A metodologia BioFAO, no âmbito humano, avançou de forma a estrutu- rar níveis de complexidades mais abrangentes, devido à complexidade inerente à consciência humana. Já no âmbito da agricultura, os experimentos, tal como serão apresentados neste livro, foram trabalhados com o composto BioFAO em doses trina, dupla e única, de sorte a observar a diferença de respostas nesses três níveis de complexidade mais básicas. Essas pesquisas favorecem estudos compa- rativos sobre a forma mais efetiva de ativar esse biocampo nos vegetais, no senti- do de fortalecer essa via medicatrix naturae, essa “força” que retoma sua potência máxima de atuação, de forma a promover auto-organização no reino vegetal. Para além dessas premissas básicas exigidas para a agricultura, os traba- lhos descritos neste livro se colocam como fundamentais para delimitar o grau de complexidade

em que se encontram os vegetais e as dinâmicas do método mais apropriadas para a agricultura, assim como definir as potências medicamentosas mais indicadas para determinadas culturas. Um dos intuitos deste trabalho seria estimular a execução de novos experimentos, para ampliar a arte de medicar cada vez com mais precisão, já que a potência medicamentosa do composto BioFAO é de suma relevância nos resultados. Tal como foi mapeada no contexto humano e veterinário por meio das pesquisas supracitadas, precisaríamos de pesquisas que mapeassem as melhores doses em situações de estresse, como grandes chuvas, ou em infestações por pragas de grande impacto, em regiões específicas. Penso que, depois de tantos anos, é chegada a hora de abrir em maior esca- la o conhecimento do estado da arte do BioFAO, passando o bastão para as dire- trizes de cada disciplina que essa unidade existencial contempla e, pela expertise

de cada área, poder contemplar o sonho de se viver num mundo alinhado a essa dinâmica holográfica universal. Olhar as questões do meio ambiente a partir do biocampo abre espaço para um novo paradigma em relação ao que podemos conceber como sustentabilidade. Nessa nova visão da realidade, as novas bases se apoiam agora em um cuidado constante em se manter um realinhamento às premissas essenciais desse campo quântico universal, criando um continuum entre a sustentabilidade do ambiente interno de cada indivíduo e o ambiente externo, abrindo espaço para uma auto-organização sistêmica, numa visão mais ampliada desse alinhamento com os domínios da própria vida (Amorim, 2009).

Pensando a saúde na agricultura Diante dos dados dramáticos de que somos testemunhas nos dias de hoje, sobre agricultores e populações expostas aos agrotóxicos, com dados estatísticos sobre intoxicações e mortes (Faria et al., 2007) que permanecem mascarados por diferentes interesses e outros vieses, somados ainda à realidade de uma terra enfraquecida, que não consegue mais se reciclar (Assunção et al., 2012), somos levados a uma sensação de caos que se reflete no psiquismo coletivo, com depressões em massa e distúrbios de comportamento de toda ordem (Levigard e Rozemberg, 2004). O Brasil figura, desde 2009, como o maior consumidor de agrotóxicos do Planeta, com estimativas de cerca de 720 mil toneladas de produtos comerciais formulados e vendidos, correspondendo a 330 mil toneladas de ingredientes ati- vos (Sindag, 2010). Essa realidade estabelece a gravidade dos problemas observa- dos na saúde coletiva e ambiental no que tange aos efeitos

acumulativos desses insumos residuais nos alimentos e no solo (Sinitox, 2010), que, por lixiviação, terminam afetando todo o ecossistema. Isso nos devolve a constatação de que tudo está realmente interligado. As estruturas da vida se inserem numa rede estratificada e uma, e pensar a sustenta- bilidade significa pensar a saúde nesse lugar estruturante, onde ela começa, pois o que acontece num ponto se reflete no todo, confirmando as teorias holográficas de que estamos inseridos num incrível jogo de espelhos (Talbot, 1991). Onde começa essencialmente essa saúde que desejamos viver e sentir à nossa volta é a pergunta que poderá trazer alguma reconexão para essas estrutu- ras caóticas que se impõem no mundo de hoje. O uso de agrotóxicos utiliza a mesma lógica alopática de matar o agente mórbido, sem levar em conta esse campo estruturante e vital (Amorim, 2009). Tal lógica vai, progressivamente, destruindo o campo vital dos vegetais, afetando o

solo e repassando esse desequilíbrio para o campo ambiental, pois esses são cam- pos contínuos de energia. Da mesma forma que assistimos ao avanço das doenças crônicas nos seres humanos, igualmente as lavouras enfrentam um esgotamento de recursos naturais de defesa e sustentabilidade que requer drogas cada vez mais pesadas e estratégias que escravizam os agricultores sob o jugo de empresas com objetivos escusos. Essa cultura com que fomos incutidos no último século, que ensinou a não respeitar os tempos e os ritmos da vida, cuja lógica se apoia ainda em matar todos os germes para sobreviver, destruindo tudo o que incomoda, desconsiderando os processos simbióticos essenciais para a manutenção da homeostase entre os siste- mas vivos, eliminando todos os sintomas, sem observação de causas possíveis, e suprimindo emoções e qualquer expressão nos indivíduos, está nos levando, como civilização, a um cenário dramático na saúde social, coletiva e ambiental. Nossa civilização está fixada num paradigma baseado em níveis de consci- ência que entendem que “um indivíduo só tem para si se tirar do outro”, usando, assim, a lógica asfixiante do capital, enquanto as respostas nos domínios do bio- campo se apoiam na premissa de que “é dando ao outro que se recebe”. O pensamento coletivo deve seguir adiante das questões e avançar para um novo paradigma; caso contrário, as reservas naturais tendem a se esgotar, como temos observado de forma sistemática. Por isso se justifica colocar para o agricultor que não adianta aplicar o BioFAO se ele ainda opera sua forma de pensamento na antiga lógica extrativista em relação à sua terra e ao seu Planeta. Temos que dar para receber; antes de tudo, dar amor à Terra, como gratidão pela vida; olhar esse grande sistema, re- presentado holograficamente pelas pequenas propriedades que, nos dias de hoje, infelizmente,

coloca-se como parte de um grande ser adoecido, que é a Terra. Esse Planeta é um ser vivo; é Gaia (Lovelock, 2006). Temos que dar nosso esforço para encontrar recursos sustentáveis e rea- prender com as antigas tradições a recuperar a capacidade de contemplar essa dimensão do biocampo, de forma a perceber o que ele indica como resposta cria- tiva para cada momento, por meio dessa terra que se tem para plantar, abrindo diálogo com cada pedaço de chão, com cada espaço deste Planeta Azul, dando de si mesmo para essa fonte essencial que essa posse de terra representa. Sempre existem vários caminhos em cada momento; o mais fácil, o mais vantajoso e o caminho correto, este último alinhado às dinâmicas da vida. Apa- rentemente, esse derradeiro pode aparentar ser o mais complexo, mas quando se investe nele essa energia de vida retribui, pois ela não foge à sua própria premissa do dar para receber.

Os caminhos de construção epistemológica do BioFAO ensinaram-me a contemplar essa dimensão do biocampo em cada fase do caminho, não a interpre- tando como eu gostaria que ela fosse, mas observando o que essa dimensão queria expressar como diálogo essencial. Seria, nesse contexto, observar o que o seu solo precisa, o que a plantação precisa, o que as pessoas que trabalham consigo na terra também precisam, sem se esquecer do que você precisa para ser você mesmo nesse contexto. Acompanhei, por exemplo, o trabalho de japoneses no Rio Grande do Sul, que colocam música clássica em suas lavouras, com excelentes resultados contra as pragas. Seus produtos são exportados para o mundo todo na forma de concen- trados fermentados de frutas e legumes orgânicos. Isso talvez não seja científico, mas é altamente sustentável, pelo tempo que vem sendo utilizado com sucesso. Essa experiência nos ensina sobre a criativida- de nesse diálogo. Ser criativo com sua terra e amá-la, recuperar suas nascentes, refazer as matas ciliares, e cuidar, mantendo a premissa desse diálogo contínuo, para descobrir, no fim, que existe um enorme prazer nesse fluxo do dar e do re- ceber, pois esse é exatamente o fluxo da própria vida. Chegando a esse ponto, o indivíduo é tomado pelo sentido de estar vivo neste Planeta, fazendo parte deste momento da história, encontrando um sentido fundamental, que é a fonte do nosso prazer de viver. Sem esse sentido existencial, nada do que se possa ter ou viver nos emociona ou nos toca. Cada agricultor carrega, no âmago de seu ser, seu próprio biocampo, esse fluxo inteligente e universal de forças que precisa apenas abrir o diálogo com o biocampo de sua terra, de sua lavoura, de suas flores e de sua gente. Era assim que os índios de civilizações antigas faziam,

preservando o meio ambiente e ob- servando cada ato, para o cuidado com as suas gerações futuras. Trabalhar com o BioFAO não significa tão somente aplicar o composto e nada mais; significa também observar a natureza, respondendo e dialogando sobre todos os detalhes que vamos precisar compor para dar conta de todas as rupturas que foram praticadas nos últimos cinquenta anos (Colborn et al., 2002). Somos responsáveis, todos nós, e ninguém estará fora dessa lista e dessa resultante. Todos nós estamos inseridos nesse processo que gerou essa posição de caos, que se avoluma em direção às gerações futuras. Esses trabalhos de cam- po com a agricultura me ensinaram que passamos para o vegetal a informação compatível com o biocampo e acontece uma ressonância, muitas vezes observada pelos próprios agricultores que, em muitos relatos, percebem a presença de um campo de energia na lavoura e se referem a um bem-estar quando entram numa área tratada com essa perspectiva de auto-organização sistêmica.

Como estamos trabalhando em um novo paradigma, que se propõe a ope- rar com uma informação biofísica (informação eletromagnética), e não bioquí- mica (pelo uso de drogas e substâncias químicas), precisamos compreender que estamos operando dentro de novas lógicas e que não podemos misturar uma lógica com a outra. Nessa lógica que integra a visão de um biocampo e da informação eletro- magnética, olhamos a doença e a saúde de forma distinta do antigo paradigma proposto pela bioquímica. Olhamos não para o agente agressor, mas para o nosso sujeito, que é o biocampo. E o foco está em manter o seu meio ambiente interno e externo, representado agora pela lavoura, fortalecido e alinhado holoinformacio- nalmente aos padrões universais. Esse alinhamento gera um campo que vai operar pelos atratores positivos, não se tornando um campo favorável para infestações. Nesse sentido, na perspectiva de que “os iguais atraem os iguais”, há um conceito mais ampliado em relação ao postulado de que “os semelhantes atraem os semelhantes”, tal como observado no âmbito da homeopatia clássica (Teixeira, 1998). Quando se opera diretamente no biocampo, busca-se a perspectiva do idên- tico, pois estamos trabalhando com ressonância. Se o campo eletromagnético do vegetal está em uma vibração correta para ele, isso o mantém estruturado em suas defesas imunológicas, fortalecendo o seu campo dinâmico e, nessas condições, um agente externo, como a mosca branca ou o pulgão, não conseguem interagir com esse campo mórfico (Sheldrake, 1985), pois não há atratores para isso; não há ressonância. No caso dos processos de auto-organização, deve-se ter uma atenção maior no início dos processos de autoregulação, pois o sistema que vem de uma etapa anterior de pragas sucessivas, ou de uso de agentes químicos prévios, está ener- geticamente doente e fragilizado e, inicialmente,

permanece protegido exclusi- vamente pela informação dos medicamentos homeopáticos, até que sua própria defesa comece a operar. Com a continuidade do tratamento, pelas produções se- guintes, essa informação de auto-organização começa a ser incorporada ao pró- prio sistema e, nesse ponto, o produtor começa a observar a necessidade diminuída de aplicar o BioFAO, ou seja, a propriedade vai se curando. Lembro-me do relato de um agricultor da Bahia, contando sua experi- ência com os besouros no seu coqueiral. Ele utilizou o BioFAO, aplicando-o em uma área de 1 cm2 no tronco de cada coqueiro, em dose única. Relatou que dois dias depois os besouros saíram em fila única de sua propriedade e passaram ao coqueiral da propriedade vizinha, também numa fila única, o que foi registrado pelos captadores de besouro. Atravessaram as duas propriedades dentro de uma linha exata e partiram, “ninguém sabe para onde”. Deixaram o coqueiral e se-

gue o grande mistério de como essa auto-organização vai acontecendo de forma mais ampla para o meio ambiente e de como essas populações poderiam se auto-regular espontaneamente, a partir apenas de uma informação compatível com as ordens naturais da vida. Certa vez, também, na lavoura da Região Serrana do Rio de Janeiro, che- guei pela manhã para aplicar o BioFAO, com o agricultor, e havia infestação maci- ça de mosca branca, e não se podia falar ou abrir a boca na lavoura, pois era uma nuvem de insetos. Aplicamos o BioFAO e, duas horas depois, quando retornamos após o almoço, não havia mais nenhuma mosca branca. Foi um grande impacto para ambos. Nenhum vestígio; nenhuma para contar. Também não estavam mor- tas e caídas pelo chão, como tem acontecido com as abelhas ao redor do mundo, pelo uso de agrotóxicos2. Tivemos a constatação de estarmos lidando com algo novo, com um campo vivo inserido em outro paradigma, que ainda desconhecemos em toda sua ampli- tude de respostas e que nos surpreende sempre, com sua inteligência e sua forma sempre criativa de encontrar a saída para cada questão que se apresenta. A questão do campo explica o porquê de se obterem melhores resultados plantando culturas mistas, em que os campos de plantas se entrecruzam, criando redes de sustentabilidade para a lavoura. Outro ponto que se insere nesse contexto e que vale a pena ressaltar é a questão da auto-organização como processo, o que não exime o agricultor de ter um olhar cuidadoso de sua lavoura em vigência do processo de autoorganização. Há uma tendência incutida pelo pensamento hegemônico que propõe uma aliena- ção em relação à compreensão dos processos necessários para que a autoorgani- zação se estabeleça, e a cura é pensada dentro de uma lógica imediatista. Contudo, se houve um processo que

cursou para o adoecimento, deve ocorrer, portanto, um caminho de volta, um processo para que a auto-organização se estabeleça. Bus- camos, com as pesquisas, facilitar e agilizar o processo de auto-organização com as potências medicamentosas mais compatíveis com a frequência dos vegetais, mas, de toda forma, existe um tempo para o processo. O indivíduo envenenou sua terra com agrotóxicos por vinte anos e quer que tudo esteja recuperado em uma semana. Isso é lógico? Assim também com a saúde humana. O indivíduo abusou de sua saúde, com adições importantes, alimentação inadequada, estresse excessivo e deseja es- tar perfeito em uma semana. A saúde é uma construção progressiva e estruturan- te, trazendo como dado significativo para esse paradigma o cuidado de se ter uma 2 Disponível em: . Acesso em: ago. 2016.

qualidade de atenção com o alinhamento do ser, em relação a essas ressonâncias, com os padrões universais de saúde. Esses estudos foram realizados por muitos anos, em torno de grupos de es- tudos e rodas de conversas, até que, em 2007, pensei em criar o Instituto BioFAO, na visão de possibilitar maior abrangência no campo da pesquisa, ensino e assis- tência, para todos que desejassem aprender sobre esse tema da auto-organização, em todas as suas vertentes e em todas as áreas do saber. Ele foi criado pensando-se em ampliar grupos de colaboradores, com inserções científicas na área médica, veterinária, agronômica e biológica, visando ampliar as pesquisas na área sócio-ambiental, de forma a definir critérios e parâmetros futuros sobre a extensão dessa forma de pensar a auto-regulação sistêmica. Finalizo este capítulo partilhando que esses recursos encontrados na forma dos fatores de auto-organização do biocampo (BioFAO) refletem o sonho de mui- tos que sonharam comigo, ao longo de muitos anos, uma possibilidade de con- tribuir com essa Inteligência inerente ao biocampo, abrindo espaços para que Ela possa se expressar em abundância e criatividade na existência de todos os seres.

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Metodologia dos fatores de autoorganização do biocampo (BioFAO): uma visão holoinformacional da saúde Míria de Amorim1 Haydée Maria Moreira2 Heloísa PachecoFerreira3

Este trabalho descreve o método terapêutico dos fatores de auto-organi- zação do biocampo (BioFAO), fundamentado na construção metodológica de um programa preestabelecido, que utiliza ultradiluições a partir de naturezas especí- ficas, na forma de medicamentos homeopáticos clássicos, como meio de informar sistemas vivos e promover o equilíbrio do terreno biológico. Tal abordagem abre para o contexto médico a possibilidade de uma intervenção direta nessa ma- triz biológica, trabalhando na mudança dos padrões de consciência, de forma a orientar adequadamente, e com propriedade, o processo de auto-organização. Respostas experimentais e clínicas eficazes foram obtidas no tratamento de diver- sas patologias de preocupação no âmbito da saúde coletiva, como intoxicações químicas, doenças infecciosas, alérgicas e distúrbios imunológicos, dentre outras, resultando em melhora nos padrões de saúde física e mental dos indivíduos. A partir desses resultados iniciais com humanos, o método terapêutico foi estendido a animais e a plantas, com respostas animadoras, em especial vislumbrando-se a

reorganização dos ecossistemas, com a possibilidade de recuperação da saúde de toda a cadeia alimentar.

Introdução O presente estudo teve seu berço teórico no paradigma científico homeopá- tico, elaborado por Samuel Hahnemann em 1796, que propõe um sistema médico cujos princípios básicos apontam como objeto da terapêutica o indivíduo doente, 1 Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Toxico- logia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 2 Bióloga, Professora Titular da Faculdade de Medicina de Marília (Famema). 3 Médica, Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

e não a doença, na perspectiva de que se passe a ver o homem como totalidade indissociável (Clover, 1993). Na observação clínica dos primeiros anos em tal especialidade médica, esbarrou-se na questão descrita por Novaes (1986), segundo o qual, na visão pa- radigmática da homeopatia, a causa das doenças estaria na interioridade do ser humano e esse interior teria que ser qualificado para se entender o processo mór- bido. Traduzindo-se essa afirmação para a prática, para se buscar uma abragência mais sistêmica do paciente, seria preciso qualificar esse “interior”. Descortina-se, assim, a questão que fundamenta as severas críticas recebidas pela homeopatia em toda a sua história. Tais críticas assentam-se na suposição ad hoc da sensibilidade individual, a qual, de acordo com Lourenço (1989), “torna a teoria praticamente inacessível à refutação, alegando sempre que os indivíduos relacionados não são sensíveis à substância”, o que não abre espaço para ser empiricamente contrastada. Tornava-se clara a necessidade de uma investigação de outras possibilidades de diálogo com esse “interior” ou essa dimensão de terreno biológico, hoje largamente estudada em vários segmentos científicos, de forma a criar novos enfoques teóricos e pontes metodológicas que permitissem transpor a questão da susceptibilidade individual. Diante da complexidade dos fatores ambientais, que progressivamente cau- sam impacto à saúde dos indivíduos, promovendo desordens sistêmicas cada vez mais complexas, levanta-se a discussão em torno da necessidade de uma terapêu- tica que atue diretamente nessa dimensão mais intrínseca do ser, não só utilizando uma informação bioquímica, tal como exerce a biomedicina, mas acessando uma qualidade de informação biofísica, que se traduz na proposta das terapêuticas que utilizam as ultradiluições (Amorim, 2003).

Na construção do método BioFAO (fatores de autoorganização do biocam- po), buscou-se uma compreensão dos fenômenos de regulação sistêmica, estudan- do-se a dinâmica do adoecer, e das possíveis dinâmicas para a autoorganização como um processo inerente aos sistemas vivos. Para tal investigação fenome- nológica e qualitativa, foi necessário estabelecer um estudo simultâneo em três vertentes distintas. Numa primeira instância, foram descritas as pesquisas científicas que com- provam que informações de natureza eletromagnética apresentam a propriedade de orientar sistemas vivos. Na segunda vertente, foi estabelecido o estudo dinâ- mico da matriz biológica, ou biocampo, e toda a sua esfera de complexidade, de- senvolvendo-se os referenciais teóricos que apoiam a possibilidade de existência de uma dimensão quântica nos seres vivos, como base de sua normatividade vital. A terceira vertente assentou-se no desenvolvimento do método dos fatores de

auto-organização do biocampo, aprimorado durante trinta anos de investigação clínica, com a participação de uma equipe interdisciplinar de médicos, de diversas especialidades, que contribuíram para a discussão dos múltiplos aspectos referen- tes à aplicação da terapêutica BioFAO. Mais recentemente, ampliou-se esse grupo com profissionais das áreas de veterinária e agricultura. Os estudos experimentais realizados nos últimos 11 anos contribuíram para a construção do método, norte- ando, com seus resultados, a elaboração da terapêutica. Ao longo deste livro, os resultados dos estudos experimentais feitos com plantas serão apresentados.

Referencial teórico Informação e as ultradiluições A ciência, nos últimos cinquenta anos, tem redesenhado seus modelos des- critivos, evidenciando que “forças invisíveis”, de espectro eletromagnético, têm grande impacto sobre o funcionamento da biologia. Segundo Lipton (2007), fre- quências e padrões específicos de radiação eletromagnética regulam o DNA, o RNA, a síntese de proteínas; controlam os genes, a divisão das células, sua dife- renciação, a morfogênese (processo pelo qual as células se agrupam, formando órgãos e tecidos), a secreção hormonal, o crescimento e as funções nervosas. Na mesma linha, anteriormente, MacClare (1974) havia comparado a efi- ciência entre os sinais de energia e os sinais químicos nos sistemas biológicos. O autor concluiu que os processos de sinalização energética, como as frequências eletromagnéticas, são centenas de vezes mais eficazes na transmissão de informa- ções ambientais do que os sinais químicos, como hormônios e neurotransmissores. Uma das principais vertentes dessa linha de pesquisa relaciona-se aos estudos da nova biologia, que descreve as proteínas integrais de membrana (PIMs) e, em especial, uma classe delas, as receptoras, que, segundo Lipton (2007), fun- cionam como verdadeiras antenas de captação de campos de energia vibracional, como luz, sons e frequências de rádio. Em seus estudos, Lipton concluiu que “o comportamento biológico pode ser controlado por forças invisíveis e isso serve de base científica para o desenvolvimento de medicamentos energéticos que não envolvam produtos bioquímicos”. Nas duas últimas décadas, cerca de duzentos anos após a criação por Hah- nemann do método de dinamização,

temos acompanhado a literatura que vem demonstrando a efetividade das propriedades físicas das ultradiluições, compro- vando que os princípios que regem a terapêutica homeopática não estão funda- mentados nas propriedades químicas das substâncias empregadas, mas sim nas

propriedades físicas das altas diluições, o que significa que cada medicamento homeopático corresponde a uma assinatura eletromagnética capaz de gerar infor- mação diretamente carreada para as membranas celulares da maioria das células, se não para todas (Boiron et al., 1981; Lechuga, 1991; Poitevin, 1992; Popp, 1994; Smith e Endler, 1994; Shulte, 1995). Corroborando com o processo, recente pesquisa de Montagnier e Lavallee (2009) demonstrou que algumas sequências de DNA bacteriano apresentam a ca- pacidade de induzir ondas eletromagnéticas em ultradiluições aquosas, jogando definitivamente por terra a velha polêmica da impossibilidade de veicular-se essa classe de informação através da água, tal como proposto pelas ultradiluições na forma de medicamentos homeopáticos. Desse modo, as pesquisas da nova biologia supracitadas, que demonstram os processos celulares capazes de traduzir tal qualidade de informação eletromagnética de forma local e não local, somadas às observações de Montagnier e La- vallee (2009), sugerem de forma bastante pertinente a possibilidade desse diálogo vivo entre os campos celulares e as informações carreadas pelas ultradiluições. Contextualizando esse tema, no âmbito da física, há inúmeros trabalhos que demonstram que a informação quântica deve se processar por meio de campos vibracionais e coerência quântica (Jibu e Yasue, 1995), processo que ocorre por meio dos microtúbulos (Hameroff, 1994; 2007; Hameroff e Penrose, 1996; 2003). Essas informações já haviam sido apresentadas nos estudos experimentais desenvolvidos por Pribram (1993) e outros pesquisadores, que observaram a exis- tência de uma dinâmica cerebral quântica própria das sinapses, dos microtúbulos neurais e da organização molecular do líquido cefalorraquidiano, que determina- ria, em última instância, a

formação de condensados de Bose-Einstein, eviden- ciando a ocorrência do efeito Frölich nesses sistemas (Jibu e Yasue, 1993). O efeito Frölich, por um elevado grau de alinhamento de moléculas biológicas, funciona como um estado altamente unificado e ordenado, tal como ocorre nos raios laser e nos supercondutores (Di Biase, 2009). Para que ocorra auto-organização, torna-se necessário uma mudança de padrão de consciência, e a consciência depende de coerência quântica, um estado altamente ordenado. Nesse sentido, os fatores de auto-organização do biocampo cumpririam o que fora descrito por Bejin (1974), ao afirmar que um sistema auto-organizador se nutre de ordem e de ruído e, sendo um sistema ciberneticamente aberto, tal como descrito por Ashby (1973), só pode ser modificado por fatores alheios a ele (Bejin, 1974). Segundo este último autor, existem apenas duas pos- sibilidades de modificação para um sistema autoorganizador. Uma dessas vias ocorre por meio de um programa preestabelecido que é injetado no sistema, o que,

segundo o autor, não caracteriza um ruído no sentido da teoria das comunicações. A segunda possibilidade se daria por meio de fatores aleatórios que não se confi- gurariam como um programa. Nesse contexto, a metodologia dos fatores de autoorganização do biocam- po (BioFAO) teve como pressuposto a elaboração de um programa de informação preestabelecido, tal como descrito por Bejin (1974), no intuito de criar um fluxo quântico holoinformacional (Di Biase, 2009), construído epistemologicamente pe- las assinaturas eletromagnéticas inerentes a elementos específicos da natureza, na forma de ultradiluições.

Biocampo ou holoinformacional

campo

quântico

Os primeiros passos na construção epistemológica do BioFAO foram guia- dos por uma visão essencialmente hipocrática, que evidenciou, no decorrer dos estudos, a perfeita identidade entre a matriz biológica descrita como a physis hipocrática e o campo quântico holoinformacional, descrito pela física quântica (Di Biase, 2009). Hoje, essa dimensão quântica descrita na Antiguidade como physis, é pos- tulada pelos biofísicos como “biocampo” (Rubik, 2002) e pelos físicos como “uni- verso participativo” (Capra, 1983) ou “mundo da ordem implícita ou dobrada”, tal como assinalado por Bohm (1998). O matemático Schempp (1998), criador da ressonância magnética, descreveu essa dimensão como “campo de ponto zero”, porque as flutuações no campo ainda são detectáveis em temperaturas de zero absoluto, o estado energético mais baixo possível. Segundo Di Biase (2009), na teoria holoinformacional, esse campo de me- mória-informação corresponde ao campo quântico-holográfico universal, em que matéria, vida e

consciência não são vistas como entidades separadas, mas como “uma unidade holística indivisível, um campo quântico holoinformacional inte- ligente, auto-organizador, que vem se desdobrando há bilhões de anos em uma infinita e dinâmica holoarquia cósmica”. Tal dimensão de unidade existencial foi descrita também por diferentes filósofos contemporâneos, entre eles Canguilhem (1978), em O normal e o pato- lógico. Nessa obra, Canguilhem afirma “que a vida não é indiferente às condições nas quais ela é possível, que a vida é polaridade e, por isso mesmo, posição in- consciente de valor. Em resumo, que a vida é, de fato, uma atividade normativa”. Bateson (1986), que considera inadequado lidar com os fenômenos da vida numa linguagem lógica, afirma que precisamos entender a linguagem da nature- za, o que torna coeso o tecido das coisas vivas, o padrão de organização comum

a todas as criaturas vivas. E pergunta: “Que padrão liga o caranguejo à lagosta, a orquídea à prímula, e todos os quatro a mim? E eu a você?”. Na mesma linha de pensamento, Morin (2002) também propõe pensarmos nessa dimensão como uma “identidade fundamental”, como uma “chave única” presente em todos os entes vivos, desde os microorganismos até os seres humanos.

Modelo holoinformacional da consciência Na construção do método BioFAO, buscou-se, com a utilização de ultradi- luições com medicamentos homeopáticos específicos, elaborar um código ou um padrão dinâmico, de forma a gerar um fluxo quântico informacional, passível de estabelecer um processo de autoorganização nessa dimensão do biocampo. Nossas observações clínicas ao longo dos anos demonstraram respostas coerentes com o que é descrito no modelo teórico holoinformacional da consciência pos- tulado por Di Biase (2009), que concebe “o universo como uma vasta e dinâmica rede holoinformacional inteligente de troca de informações, energia e matéria”. A teoria evidencia o conceito dinâmico de consciência, baseado em um “fluxo holoinformacional” (informação não local quântico-holográfica, além da informação local clássica newtoniana) que se estabelece como um fluxo auto-organizador quântico-informacional. “Tal fluxo autoorganizador teria a pro- priedade de interconectar a dinâmica quântica cerebral informacional holonômica com a natureza quântico-informacional holográfica do universo” (Di Biasi, 2009). Portanto, o ponto de partida para a elaboração do perfil epistemológico da metodologia BioFAO, como mencionado acima, fundamentou-se na construção de um

programa preestabelecido, por meio de ultradiluições, a partir de naturezas específicas, na forma de medicamentos homeopáticos clássicos, como meio de informar os sistemas vivos. Esse programa, ou código quântico holográfico, demonstra a propriedade de reabrir de forma ampla e direta a interconexão entre a dinâmica quântica cerebral informacional holonômica e a natureza quântico-informacional holográfica do universo, copiando um fluxo informacional idêntico ao previsto essencialmente para os padrões compatíveis com a saúde. Como resul- tante, o indivíduo, como um todo, insere-se em um processo de autoorganização e auto-regulação sistêmica que se desdobra em todos os níveis de sua existência.

Os centros consensuais de consciência Schulz (1998) relata a existência de centros dinâmicos no corpo, os quais denominou de “centros consensuais de consciência”, relacionando cada um a uma

determinada área do sistema endócrino. A autora descreve sintomas físicos e psí- quicos como resultantes de alterações dinâmicas desses centros consensuais de consciência, interligando cada centro dinâmico ao comando específico de cada glândula do corpo, o que estabelece, em última instância, segmentos específicos ao longo da coluna vertebral. Segundo Schulz, cada centro de consciência opera como uma central de informações que, em toda sua complexidade, estabelece uma rede estratificada, tal como prevista para os sistemas naturais. Tais centros dinâmicos compõem um campo de interações informacionais, com frequências e ressonâncias distintas, que evocam a ideia de uma fisiologia vital. No perfil epistemológico dos fatores de autoorganização do biocampo, evocou-se inicialmente a ideia de construção de um possível fluxo informacional ao longo do eixo vertebral, o que poderia ser obtido a partir da sequência na ad- ministração de cada medicamento específico. Para essa compreensão, era funda- mental obter-se uma visão que buscasse ampliar todas as inter-relações sistêmicas, pois, segundo Capra (1996), um modelo de medicina energética deveria integrar os conceitos de fluxo, flutuação, ordem, vibração, ritmo, ressonância e sincronicida- de, inteiramente compatíveis com a moderna concepção sistêmica da vida. Para a realização do projeto, tínhamos disponível um referencial das Leis de Cura da medicina pré-newtoniana, resgatadas pela homeopatia hahnemannia- na (Hahnemann, 1984), que traçavam as diretrizes previstas para a normatividade biológica, criando um respaldo seguro na condução das avaliações e das respostas esperadas para uma dinâmica de auto-organização. Isso tornou possível a realização de estudos comparativos, nos quais evi- denciou-se uma equivalência entre os dados colhidos das matérias médicas homeopáticas para sete medicamentos específicos (Lathoud,

1989; Vijnovsky, 2003) e os achados observados por Schulz (1998) para cada centro dinâmico correlato. O cruzamento desses dados possibilitou a escolha dos medicamentos homeopáti- cos idênticos a esse padrão de auto-organização, assim como a compreensão dos ritmos, fluxos e ordens precisos para a administração desses elementos, de forma a compor exatamente a dinâmica capaz de contemplar uma perfeita identidade com o biocampo.

Desenvolvimento do método BioFAO Trabalhou-se inicialmente na compilação de determinados medicamentos homeopáticos de natureza metálica e salina, mais comumente empregados e estudados no contexto da homeopatia clássica. Seguiu-se a elaboração de um estudo comparativo entre os sintomas descritos nas “matérias médicas homeopáticas”

(Lathoud, 1989; Vijnovsky, 2003) para alguns desses elementos e os sintomas publicados por Schulz (1998). Nessa primeira fase do trabalho, os sete medicamentos homeopáticos que compunham a dinâmica do biocampo, os quais foram denominados de fatores de autoorganização do biocampo (BioFAO), foram o Antimonium crudum (sulfeto de antimonium), Kali carbonicum (carbonato de potássio), Mercurius solubilis (nitrato de mercúrio), Sulphur (enxofre), Natrum muriaticum (cloreto de sódio), Aurum metallicum (ouro) e Ammonium muriaticum (cloreto de amônio). Definidos esses elementos e a partir dos referenciais teóricos expostos, trabalhou-se essa dinâmica, observandose a ordem, fluxo e ritmo entre os ele- mentos, criando-se uma estrutura dinâmica que foi finalizada com 25 doses dos sete elementos, que se alternavam, tocando os diferentes centros endócrinos, em sequência ascendente e descendente, determinando cinco voltas na coluna vertebral. Cada ciclo ascendente e descendente na coluna vertebral estaria contem- plando cada um dos cinco elementos da medicina chinesa (metal, ar, água, terra e fogo). A partir dessa dinâmica, os resultados obtidos na clínica e na pesquisa básica confirmaram uma resposta compatível com o esperado no equilíbrio desse sistema, que abrange todos os meridianos de energia da medicina chinesa (Ross, 2003; Unschuld, 2003). Alguns anos mais tarde, foi obtida uma técnica na preparação dos medi- camentos que permitiu utilizar essa dinâmica intrínseca das 25 doses, sintetizada num composto único, mantendo-se nesse processo o cumprimento de todas as normas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, 2003). Vale ressaltar que, essencialmente, o composto em dose única foi elaborado a par- tir dos sete medicamentos clássicos da homeopatia, mas a técnica empregada na elaboração desse composto permitiu manter

intrinsecamente o mesmo potencial dinâmico observado na utilização das 25 doses quando usadas isoladamente e sequencialmente. Essa técnica enquadra-se, em seus anos de estudo e aprimora- mento, na categoria de produção intelectual com patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI. A técnica empregada permitiu sintetizar a dinâmica e tornar viável essa metodologia para os vegetais, pois as 25 doses isoladas tornariam o método inviável para a aplicação na agricultura, e mesmo no contexto humano e veterinário. Para a elaboração desse método e da comprovação da efetividade do com- posto em dose única, contou-se com a pesquisa básica desenvolvida no labora- tório de Biologia da Faculdade de Medicina de Marília (São Paulo), nas áreas de toxicologia e infectologia. O estudo experimental com animais foi fundamental para se confirmar a eficácia da técnica de elaboração e uso do complexo ho-

meopático, descrito no trabalho de Moreira et al. (2008) Em todos os estudos realizados (a maioria apresentada em congressos e reuniões específicas; vide lista adicional de referências no final deste capítulo), foram usadas as escalas decimal, centesimal e cinquenta milesimal (Moreira et al., 2011). As pesquisas com animais seguiram as normas pescritas na Resolução CNS 196/96 e foram aprovadas pelo comitê de ética da Faculdade de Medicina de Marília (SP). No presente livro estão inclusos trabalhos em que foram utilizados os tra- tamentos com doses trinas (três doses medicamentosas distintas, aplicadas com intervalos de tempo precisos), doses duplas (duas doses medicamentosas distintas, aplicadas com intervalos de tempo precisos) e doses únicas, com o intuito de observar as respostas possíveis, empregando-se maiores níveis de complexidade, utilizando campos geométricos trinos e binários e efetuandose o estudo compa- rativo entre essas perspectivas e os tratamentos com doses únicas.

Conclusões Portanto, têm-se como pilares da terapêutica metodológica dos fatores de auto-organização do biocampo (BioFAO): 1. A auto-organização em toda a sua concepção sistêmica. 2. A utilização das ultradiluições de sete medicamentos homeopáti- cos clássicos que, obedecendo a dinâmica de ritmos, ordens e fluxos em sua preparação, estabelecem um sinergismo intrínseco que se traduz num código quântico holográfico. 3. A utilização desse código como um idêntico holográfico, que se coloca como resultante última dessa proposta terapêutica e integra em si a propriedade de estabelecer uma perfeita ressonância entre o biocampo individual (fluxo holoinformacional holonômico cerebral) e o fluxo holoinformacional mente-universo, de forma a deflagrar o processo de auto-organização, fundamental para a recuperação da saúde dentro de uma abordagem sistêmica. A ciência da homeopatia é orgânica, ecológica, holística e sistêmica (Capra, 1983) e as premissas desse perfil epistemológico, com ultradiluições homeopáticas no método BioFAO, se aplicam à agricultura, tal como ao contexto humano e ani- mal. Nesse caso, o vegetal, após receber a informação do código quântico holográ-

fico, estabelece, de igual forma, uma ressonância com o fluxo holoinformacional mente-universo, no sentido de integrar dinâmicas de auto-organização intrínsecas e sistêmicas. Essa perspectiva promove equilíbrio da unidade orgânica, contribuin- do para a harmonia das inter-relações dos sistemas vivos (Casali et al., 2006). Os resultados obtidos com a metodologia BioFAO demonstram que, numa visão sistêmica da saúde, contempla-se o equilíbrio do terreno biológico como eixo fundamental da resolução do que entendemos como doença, e que essas di- mensões operativas não estabelecem, nesse contexto, apenas uma receita técnica, mas inspiram um princípio fundamental, um paradigma. Sua aplicação na agricultura vai ao encontro do que foi proposto pela certificação dada pela Unesco/Fundação Banco do Brasil em 2004 para a home- opatia na agricultura, classificando-a como uma tecnologia social efetiva. Nesse contexto, a metodologia BioFAO utiliza medicamentos homeopáticos clássicos, com uma tecnologia simples, barata e acessível a todos os agricultores, passível de solucionar o problema do uso da terra na produção de alimentos saudáveis, livres de resíduos e de alto valor biológico (Andrade e Casali, 2011). Inclui-se no processo de utilização do BioFAO o respeito à biodiversidade e o abandono definitivo dos agrotóxicos, preservando a saúde ambiental e a au- tonomia dos agricultores. Dessa forma, coloca-se, tal como descrito por Cupertino (2008), como ferramenta para a agroecologia e o desenvolvimento rural sustentá- vel, por privilegiar a dinâmica dos processos vivos da natureza e as leis naturais de equilíbrio. Acrescenta-se a isso o fato de a metodologia BioFAO incorporar todas as multidimensões da sustentabilidade descritas por Caporal e Costabeber (2007), que se estabelecem como ecológica, ética, social, cultural, econômica e política.

A abrangência sistêmica da metodologia BioFAO também privilegia toda uma cadeia que se inicia na saúde ambiental, preservando o solo e as plantas dos agrotóxicos, passando pela recuperação da saúde do trabalhador intoxicado por agrotóxicos, com potencial de transformar todo o ciclo vicioso de adoecimento do indivíduo e do seu meio ambiente num ciclo virtuoso, que favorece a sustentabilidade dos sistemas vivos.

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MOREIRA, H. M. et al. Reversão de intoxicação experimental por praguicidas organofosforados em ratos com medicamentos home- opáticos. Brazilian Homeopathic Journal, v. 10, n. 1, 2008, pp. 1–7. . Survival of mice with erhlich ascitic tumour treated with ul- tra-dilutions. European Journal of Cancer, v. 47, s. 1, set. 2011, S100. MORIN, E. O método 2: a vida da vida. Trad. M. Lobo. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2002. NOVAES, R. L. O tempo e a ordem sobre a homeopatia (tese). Depar- tamento de Medicina Preventiva/Faculdade de Medicina/USP, 1986. POITEVIN, B. Las bases científicas da homeopatia. La Homeopatía de México, n. 60, s. 560, 1992, pp. 14–20. POPP, F. A. Some biophysical elements of homeophaty. In: ENDLER, P. C.; SCHULTE, J. (eds.). Ultra high dilution: physiology and physics. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1994, p. 177–85. PRIBRAM, K. H. (org.). Rethinking neural networks: quantum fields and biological data. First Appalachian Conference on Behavioral Neurodynamics. Hillsdale: Lawrence Erlbaum, 1993.

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Lista adicional de trabalhos apresentados em congressos e reuniões específicas

AMORIM, M. et al. Aplicação clínica da terapêutica homeopática em pacientes com neuropatias e alterações imunológicas decorrentes de quadros de intoxicação crônica por solventes. Anais do XIV Con- gresso Brasileiro de Toxicologia. Recife, 2005.

. Aplicação clínica da terapêutica homeopática em pacientes com neuropatias e alterações imunológicas decorrentes de quadros de intoxicação crônica por agrotóxicos. Anais do XIV Congresso Brasileiro de Toxicologia. Recife, 2005. . Acompanhamento do tratamento homeopático aplicado no período de um ano no ambulatório do HUCGF/UFRJ em pacientes com intoxicação crônica por agrotóxicos. Anais do XXVIII Congres- so Brasileiro de Homeopatia. Florianópolis, 2006.

. Acompanhamento do tratamento homeopático aplicado no ambulatório do HUCFF/UFRJ no período de um ano em pacientes com intoxicação crônica por solventes. Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Homeopatia. Florianópolis, 2006. . Tratamento homeopático com o método FAO: resultados significativos na doença de Alzheimer e doenças genéticas de cará- ter dominante. Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Homeopa- tia. Florianópolis, 2006. . Acompanhamento do tratamento homeopático em pacien- tes com intoxicação crônica por agrotóxicos. Anais do XV Congres- so Brasileiro de Toxicologia. Búzios, 2007. CRUZ, N. Regressão de cisto ósseo. Anais do IX SINAPIH – Simpósio Nacional de Pesquisa em Homeopatia. Rio de Janeiro, 2004. GONZALEZ, M. P. Práticas complementares: a perspectiva da aten- ção integral às pessoas vivendo com HIV/Aids. Anais do VI Congres- so Brasileiro de Prevenção das DST e AIDS. Belo Horizonte, 2006. . Terapêutica FAO em um caso de aids e meningite herpéti- ca. Anais do XXIX Congresso Brasileiro de Homeopatia. São Paulo, 2008.

. Homeopatia como adjuvante no tratamento de HIV/Aids. Anais do VI Congresso Médico Acadêmico da Faculdade de Medicina de Marília. São Paulo, 2008. MOREIRA, H. et al. Tratamento com medicamento homeopático no modelo de DL50 em ratos, objetivando a reversão dos efeitos tóxicos de praguicidas organofosforados. Anais do IX SINAPIH – Simpósio Nacional de Pesquisa em Homeopatia. Rio de Janeiro, 2004. . Treatment of the toxical effects of organophosphorus pes- ticides with homeopathic medication in the model of LD50 in rats. Annals of the British Homeopathic Congress. Londres, 2005.

. Comparação entre o tratamento feito com medicamento ho- meopático e sulfato de atropina no modelo de DL50 em ratos into- xicados por agrotóxicos organofosforados. Anais do XIV Congresso Brasileiro de Toxicologia. Recife, 2005. . Estudo sobre a atuação do campo eletromagnético do apa- relho celular na alteração da ação do medicamento homeopático. Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Homeopatia. Florianópolis, 2006. . O uso de medicamentos homeopáticos no tratamento dos efeitos tóxicos do organofosforado chlorpyrifos. Anais do XV Con- gresso Brasileiro de Toxicologia. Búzios, 2007. . Um ensaio experimental demonstrando os efeitos de ultra- diluições no tratamento homeopático para doença de chagas. Anais do IX SINAPIH – Simpósio Nacional de Pesquisa em Homeopatia. Rio de Janeiro, 2008. . Avaliação de possíveis agentes que interferem na ação do medicamento homeopático. Anais do XXIX Congresso Brasileiro de Homeopatia. São Paulo, 2008. . Tratamento experimental da doença de chagas com medi- camento homeopático utilizado no método FAO. Anais do XXI Con- gresso Brasileiro de Parasitologia e do III Encontro de Parasitologia do Mercosul. Foz do Iguaçu, 2009.

. Tratamento experimental da intoxicação por chumbo com medicamento homeopático utilizado no método FAO – fatores de autoorganização. Anais do XVI Congresso Brasileiro de Toxicolo- gia. Belo Horizonte, 2009. NAZARETH, M. Estudo de caso de epidermólise bolhosa em criança de 7 anos de idade tratada pelo método FAO. Anais do XXIX Con- gresso Brasileiro de Homeopatia. São Paulo, 2008.

Agrohomeopatia BioFAO: uma ponte integrativa entre o vegetal e o humano Marli A. Ranal1 Áurea Oliveira2 Quintiliano Siqueira Schroden Nomelini3 João Paulo Ribeiro-Oliveira4 Míria de Amorim5

Após a Revolução Industrial, o estresse e a depressão aumentaram e a agro- homeopatia BioFAO pode melhorar a situação. O Brasil é um dos três maiores pa- íses exportadores de grãos do mundo, mas também o maior consumidor mundial de agrotóxicos. Sabendo-se que o BioFAO organiza o biocampo dos seres vivos, a hipótese que se apresenta é a de que a simples manipulação do produto para aplicação em plantas possa melhorar a qualidade de vida do manipulador. Para testar essa hipótese, foi aplicado o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos (ISSL), antes e após o contato com o produto, em 24 pesquisadores voluntários da área agronômica que usaram BioFAO no cultivo do café, da couve-manteiga e do feijão. Houve redução no número de pessoas com estresse, independentemente da idade, mas dependentemente do sexo – mais favorável ao masculino, e isso pode ter sido consequência do contato das pessoas com o biocampo em formação ao redor das plantas, pelo uso da agrohomeopatia BioFAO.

Introdução O que o homem fez de sua vida após a Revolução Industrial? Foram dois séculos e alguns anos gerando ciência e tecnologia em prol do desenvolvimento econômico. A sociedade passou a ter mais conforto, as distâncias foram minimi1

Professora Titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU).

2

Professora Associada II do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia (IP – UFU).

3

Professor Adjunto da Faculdade de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia(FAMAT – UFU). 4 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU). 5 Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Toxico- logia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

zadas, a velocidade das ações e o acesso ao conhecimento foram acelerados, mas o que foi feito pela saúde em termos de bem-estar físico, emocional e mental? Na área da saúde, o avanço tecnológico de diagnósticos e tratamentos progrediu de forma acelerada, estimulado pelo aumento da população e, força- damente, pela modificação maciça dos hábitos. Apesar do uso de tecnologia de ponta, muitos diagnósticos não se mostraram conclusivos. O resultado disso foi uma sobrecarga dos consultórios médicos, que encaminharam seus pacientes a psicólogos e terapeutas. Esses profissionais detectaram a proliferação de doen- ças emocionais, genericamente denominadas de estresse e depressão. O provável agente motivador dessa epidemia foi decorrente do excesso de atividades diárias e a pergunta que se faz é se há alguma forma de remediar a situação. Graças à contribuição de agentes da saúde e de pesquisadores da área, é possível contar hoje com métodos, técnicas e medicamentos alternativos, muitos deles idealizados e divulgados quando não se conheciam tantos casos de doenças crônicas sem explicação. Embora ainda utilizados em pequena escala, por falta de conhecimento e aceitação, o terreno se abre face à ampla divulgação da física quântica, que tem derrubado muralhas entre o denso, manifestação física, e o sutil, este último inserido dentro do pejorativo termo “esotérico”, por ignorância. A homeopatia, idealizada por Hahnemann no século XIX, está inserida entre esses tratamentos alternativos, compatíveis com a complexidade e a natureza quântica dos seres humanos, cujas doenças físicas são originadas em seus corpos mais su- tis, de frequência mais alta, o que modifica a estrutura e o funcionamento de seu biocampo, gerando síndromes de transtornos físicos (Amorim, 2000). O campo de neutrinos em um corpo doente é desarmônico (Mattos, 2010) e, como

toroides, precisam de reparos para distribuir a energia de forma equilibrada. De acordo com os princípios da homeopatia, as informações físicas, quími- cas, biológicas e genéticas recebidas pelo organismo interferem no seu padrão de saúde e, dependendo do potencial mórbido da informação e da duração do agente estressor, isso pode gerar a doença (Hahnemann, 1967). Essa teoria é constante- mente atestada e o exemplo mais recente de sua confirmação foi publicado em dezembro de 2015, na Nature (Wu et al., 2016), pela equipe da Universidade de Stony Brook de Nova York. O estudo demonstra que entre 10 e 30% dos casos de câncer são resultados da forma como o corpo funciona naturalmente (atributos genéticos), sendo o restante oriundo de questões ambientais. Os fatores de auto-organização do biocampo – BioFAO foram idealizados a partir de medicamentos homeopáticos, largamente estudados por Hahnemann, com foco inicial em estudos alquímicos descritos desde a Antiguidade sobre ele- mentos específicos que atuam diretamente nos centros dinâmicos dos seres vivos

(Amorim, 2000). Essa abordagem representa uma das formas de tratar e organizar o biocampo de plantas e animais, incluindo o homem. Os trabalhos com o BioFAO começaram em 1989 e o medicamento chegou à área agronômica em um mo- mento oportuno, em que a conscientização sobre os malefícios dos agrotóxicos estava presente em grande número de produtores rurais e profissionais da área. Essas pessoas são as mais afetadas, pois manipulam os produtos químicos diaria- mente, em anos consecutivos, muitos deles desde a adolescência, até que a morte os acometa. A metodologia do BioFAO se fundamentou na construção de um programa preestabelecido, com a utilização de ultradiluições a partir de naturezas específi- cas, na forma de medicamentos homeopáticos clássicos, como meio de informar aos sistemas vivos a forma de efetuar a interconexão entre sua dinâmica quântica e a natureza quântico-informacional holográfica do universo, o que resulta em um processo de auto-organização e auto-regulação sistêmica (Amorim, 2000). O modelo que permitiu o desenvolvimento da metodologia do BioFAO foi constru- ído por Di Biase (2009), tendo como referencial teórico as ideias de David Bohm, Karl Pribran e Hiroomi Umezawa. Os principais centros energéticos do corpo hu- mano precisam estar com fluxo de energia equilibrado para evitar a sobrecarga de pontos que comandam o funcionamento de órgãos. Se a sobrecarga ocorre, a doença aparece como sinal de que há bloqueios que precisam ser corrigidos. Essa é a base do funcionamento do corpo humano, entendido e expresso dentro das várias terapêuticas orientais (Amorim, 2000; Chopra, 2004; Goswami, 2006). Por que inserir o BioFAO no âmbito da saúde do homem brasileiro? Porque o Brasil é um dos países que mais se destaca quanto à exportação de commodities, figurando constantemente entre os três maiores exportadores de grãos do mundo (FAO, 2015). É importante lembrar que a

manutenção desse status de grande ex- portador agrícola está associada aos controles preventivos e curativos de pestes, como insetos, patógenos e plantas daninhas, realizados por meio de agrotóxicos, nem sempre utilizados de maneira correta e dentro de limites de tolerância e segurança. Talvez por isso o Brasil, que é o maior consumidor mundial de agrotóxicos (McDougall, 2008; Carneiro et al., 2012; 2015), ainda apresente incremento de demanda por esses produtos. Estima-se que sejam consumidos 4,5 L de agrotóxico per capita por ano no Brasil (IBGE, 2012), o que significa que estamos nos enve- nenando diariamente, não em doses homeopáticas, mas em doses preocupantes. Além do consumo de agrotóxicos, a poluição silenciosa, como a gerada pelos inúmeros aparelhos emissores de eletromagnetismo (Balmori, 2009; 2014; Hom et al., 2011; Vermeeren et al., 2013; Hess e Coley, 2014; Morgan et al., 2014; Roda e Perry, 2014), e a aceleração das atividades atribuídas a cada pessoa pela

sociedade impõem um ritmo de ação que o organismo humano não está conse- guindo gerenciar. Daí terem surgido, ao longo dos últimos anos, métodos que mensuram o grau de estresse, o que pode permitir a ação de terapias diversas para a dissipação e o controle de estressores que alteram o metabolismo celular e do organismo como um todo. Segundo Selye (1984), o processo de estresse possui três fases, incluindo a de alerta, a de resistência e a de exaustão. A fase de alerta é basicamente constituída por reações bioquímicas do organismo, que reconhece o estressor e se prepara para a luta ou a fuga; a resistência se dá quando o estressor permanece presente por períodos prolongados, exigindo do organismo adaptação fisiológica, que representa sobrecarga ao sistema endócrino e imunológico. Por- tanto, o dano causado pelo estresse não desaparece, o corpo não tem chance de se recuperar e se mantém em estado de alerta. Por fim, a fase de exaustão é quando o estresse ultrapassa a possibilidade do organismo de conviver com ele e seu corpo já não consegue responder às demandas. As reações são nocivas e podem conduzir a doenças graves. Esse modelo trifásico foi alterado por Lipp (2000), ao acrescentar a fase de quase exaustão, caracterizada por um enfraquecimento do organismo ao não conseguir mais adaptar-se ou resistir ao estressor. Sabendo-se então que os fatores de auto-organização do biocampo, como o próprio nome diz, organizam o biocampo dos seres vivos e que uma causa para explicar as doenças da atualidade é o estresse, a hipótese que se apresenta neste trabalho é a de que a simples manipulação do produto para aplicação em plantas possa melhorar a qualidade de vida do manipulador. Para testar essa hipótese, foi aplicado o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos (ISSL) (Lipp, 2000) para avaliar a existência e o grau de estresse em pesquisadores, antes e após a mani- pulação do produto para uso em plantas.

Material e métodos Amostragem e instrumento de avaliação A amostra foi composta por 24 pesquisadores voluntários, incluindo mes- trandos, doutorandos e docentes, sendo 14 do gênero feminino e 10 do gêne- ro masculino, com idade variando entre 22 e 55 anos e média igual a 29,5 (DP = 9,44 anos). O ISSL visa identificar, de modo objetivo, a sintomatologia que a pessoa apresenta, avaliando a presença de estresse, o tipo de sintoma existente (somático ou psicológico) e a fase de estresse na qual a pessoa se encontra, com base em 37 itens de natureza somática e 19 de natureza psicológica (Lipp, 2000).

O instrumento foi submetido a procedimentos de validação e apresenta ín- dice de confiabilidade bastante satisfatório (Alpha de Cronbach igual a 0,91), o que torna seu uso recomendável e adequado (Pasquali, 1999; 2001).

Procedimento de coleta de dados Os participantes do estudo foram submetidos ao ISSL (Lipp, 2000) antes e após a aplicação da agrohomeopatia BioFAO nas plantas. A escolha do tipo de planta foi uma opção do participante. Assim, um repre- sentante do sexo masculino trabalhou com o cultivo do café (Coffea arabica L. cul- tivar Catuaí 144), oito com a couve-manteiga (Brassica oleracea var. acephala DC.) e um com o feijão (Phaseolus vulgaris L.); enquanto seis, cinco e três mulheres tra- balharam, respectivamente, com o cultivo do café, da couve-manteiga e do feijão. O BioFAO apresenta em sua composição sulfeto de antimônio (Antimonium crudum), carbonato de potássio (Kali carbonicum), nitrato de mercúrio (Mercurius solubilis), enxofre (Sulphur), cloreto de sódio (Natrum muriaticum), ouro (Aurum metallicum) e cloreto de amônio (Ammonium muriaticum), preparados em ultradi- luições (Amorim, 2000; Moreira et al., 2008). Foram utilizados dois tipos de tratamento nas plantas, o denominado Bio- FAO Sollarys, para plantas que têm a parte aérea mais desenvolvida do que a parte subterrânea, o que é o caso das couves; e o BioFAO Vitalys para plantas que têm o sistema radicular mais desenvolvido do que a parte aérea, como é o caso do feijão e do café. Potências mais baixas, próprias para sementes, foram utilizadas no feijão; potências intermediárias, próprias para mudas, foram

utilizadas na couve-manteiga; e as mais altas, próprias para plantas adultas e mais altas, foram utilizadas no café. A aplicação do BioFAO foi realizada no ato da semeadura do feijão; sete dias após o transplantio das mudas de couve-manteiga e, no caso do café, no dia em que os talhões de aplicação foram escolhidos, pois foi feita em plantas adultas e produtivas. Todas as aplicações foram feitas na concentração de 10 glóbulos L-1, com diluição dos glóbulos em água destilada. Para as três culturas foram feitas três aplicações, com intervalo de duas horas entre elas, cada uma utilizando potências homeopáticas distintas. Para o feijão foram utilizados 20 mL da solução nas potências de 46, 48 e 17 CH, diretamente nas linhas de semeadura (oito linhas de 40 cm de comprimento), cada uma delas com 25 sementes recobertas com areia lavada. Para a couve-manteiga foram utilizadas seringas descartáveis de 5 mL para aplicação de 1 mL planta-1 da solução, nas potências 17, 15 e 58 CH. Para o café, o medicamento foi borrifado em duas a seis folhas do terço médio da planta, nas potências de 66, 68 e 17 CH, em um dos tratamentos, e nas

potências de 76, 78 e 17 CH em outro tratamento. O experimento realizado no cafezal foi o único em que os manipuladores tiveram contato mais direto com os medicamentos, uma vez que precisaram entrar sob a copa das plantas para efetuar as aplicações. Todos os experimentos foram conduzidos no primeiro semestre de 2011. De- talhes de cada um deles estão apresentados nos capítulos específicos que se seguem. O preparo do BioFAO foi feito de acordo com as normas da Farmacopeia Homeopática Brasileira, oficializada pelo Decreto n. 78.841, de 25 de novembro de 1976, revisto e complementado em 1977 pelo Ministério da Saúde. A Resolução – RDC n. 151, de 17 de junho de 2003, aprova o Fascículo 1 da Parte II da segunda edição da Farmacopeia Homeopática Brasileira, elaborado pela Comissão Permanente de Revisão da Farmacopeia Brasileira – CPRFB, instituída pela Porta- ria n. 12, de 20 de janeiro de 2000 (Anvisa, 2003), com revisão recente na terceira edição (Brasil, 2011). Os critérios adotados no presente trabalho para a caracterização do estado de saúde dos manipuladores do BioFAO seguiram os conceitos adotados por Lipp (2000), segundo os quais a fase 1 é a de alerta, o que permite ao organismo se prepa- rar para a reação de luta ou fuga e os sintomas presentes referem-se ao preparo do corpo e da mente para a preservação da vida. Se houver continuidade dos eventos estressores, dá-se início à fase 2, que é a de resistência, onde o organismo busca adaptação, equilibrando-se internamente. As reações são opostas às da primeira fase e muitos sintomas desaparecem dando a sensação de desgaste e cansaço. A fase 3 é a de quase exaustão, com enfraquecimento da pessoa por falta de adaptação ou por resistência ao estressor. Há desgaste e outros sintomas, mas o organismo ainda consegue manter seu funcionamento de forma adequada. A fase 4 é a de

exaustão, quando a presença contínua do estressor faz com que o organismo gaste sua reserva de energia adaptativa, podendo surgir então doenças mais sérias. O organismo para de funcionar e a pessoa não consegue trabalhar ou concentrar-se. As instruções para responder ao questionário do ISSL foi coletiva e seguiu o procedimento recomendado no manual. O intervalo entre a primeira e a última apli- cação do ISSL foi de dois meses. Posteriormente, os questionários foram avaliados, obedecendo as regras estabelecidas no manual.

Análise dos dados Os dados foram analisados estatisticamente, utilizando-se os testes de Mann-Whitney, qui-quadrado e Wilcoxon a 0,05 de significância. A matriz de correlação de Spearman para sexo, idade, fase do estresse, predominância de sin-

tomas do estresse antes e depois do contato com o BioFAO aplicado em café, couve-manteiga e feijão foi construída para descrever a relação entre as variáveis. A análise fatorial foi utilizada para diminuir a dimensão de variáveis e agrupá-las em fatores. Para isso, foram utilizados autovalores que representam a variância explicada pelos componentes principais, na ordem do maior para o menor, em que componentes ou fatores com autovalores abaixo de 1 não contribuem para a explicação da variação total (Lattin et al., 2011). Além disso, na matriz de cargas dos componentes principais, foram consi- deradas cargas relativamente grandes as correlações ou cargas acima de 0,70, de acordo com o critério de Lattin et al. (2011). Todos os testes foram realizados pelo software Statistica, versão 9.0.

Resultados O teste de Wilcoxon para dados pareados (antes e depois da manipulação dos medicamentos) mostrou diferença entre as fases de estresse (estatística do teste = -2,32; P = 0,02). Como o teste de Wilcoxon é bilateral, não foi possível inferir em que fase do estresse houve decréscimo no número de pessoas afetadas. Utilizou-se então o teste de Mann-Whitney, que é unilateral, tendo-se como hi- pótese alternativa a presença de estresse maior antes da manipulação do BioFAO do que depois. O resultado do teste foi significativo (estatística do teste = 668,5; P = 0,03), aceitando-se então a hipótese alternativa. Isso significa que, na escala ordinal de 0 a 4, sendo 0 sem estresse e 4 fase de exaustão, antes do contato com o BioFAO o nível de estresse era maior do que depois do contato (Tabela 1). Tabela 1. Frequência das fases de estresse dos manipuladores do BioFAO antes e depois do contato com os medicamentos agrohomeopáticos aplicados em café, couve-manteiga e feijão Tratamento Antes Depois Sem estresse 8 (33,3) 15 (62,5) (0) Alerta (1) 1 (4,2) 0 (0) Resistência (2) 13 (54,1) 8 (33,3) Quase 1 (4,2) 0 (0) exaustão (3) Exaustão (4) 1 (4,2) 1 (4,2) TOTAL 24 (100) 24 (100) Fase

Dentro dos parênteses, frequências em percentagem.

Como para a predominância de sintomas de estresse não há possibilidade de se ter uma escala ordinal para se aplicar os mesmos testes estatísticos, optou-se pela realização do teste de qui-quadrado para independência (Tabela 2), em que a estatística foi igual a 4,27 e o p-valor de 0,12. Assim, o teste foi não significa- tivo, podendo-se concluir que a predominância de sintomas foi independente da manipulação do BioFAO. Tabela 2. Frequência para a predominância dos sintomas de estresse dos manipuladores do BioFAO antes e depois do contato com os medicamentos agrohomeopáticos aplicados em café, couve-manteiga e feijão Predominância

Tratamento Antes Depois 8 (33,3) 15 (62,5)

Sem estresse (0) Psicológico (1) 12 6 (25,0) (50,0) Físico (2) 4 (16,7) 3 (12,5) TOTAL 24 (100) 24 (100) Dentro dos parênteses, frequências em percentagem.

O teste de qui-quadrado foi significativo, quando se compararam as fases de estresse e a predominância de sintomas antes e depois da manipulação do Bio- FAO (Tabela 3), mostrando a dependência entre as variáveis fase e predominância (29,54 e p-valor < 0,001, estatística para os dados antes da manipulação, e 25,5 e p-valor < 0,001 para depois da manipulação). Após a manipulação, houve redução no número de pessoas com estresse, indicando diminuição de sintomas psicológicos e físicos e esse resultado não foi decorrente do acaso, mas dependente do BioFAO (Tabelas 2 e 3).

Tabela 3. Frequência das fases de estresse e predominância de sintomas de estresse dos manipu- ladores do BioFAO, antes e depois do contato com os medicamentos agrohomeopáticos aplicados em café, couvemanteiga e feijão Antes Depois Sem Psicológico Físico Sem Psicológico Físico estresse estresse Sem estresse 8 0 0 15 0 0 (0) Alerta (1) 0 0 1 0 0 0 Resistência 0 10 3 0 5 3 (2) Quase 0 1 0 0 0 0 exaustão (3) Exaustão (4) 0 1 0 0 1 0 TOTAL 8 12 4 15 6 3 Fase

Dentre os sintomas psicológicos que foram reduzidos, estão a sensibilidade emotiva excessiva, irritabilidade excessiva, dúvida quanto a si próprio, apatia, angústia, perda do senso de humor, entre outros. Destaca-se que os sintomas psi- cológicos, à medida que a pessoa evolui de uma fase para outra, são intensificados e isso não ocorre de forma homogênea para todos os sintomas. A fase de resistência também diminuiu 50% após a manipulação do medicamento. Os resultados foram confirmados pela correlação de Spearman (Tabela 4), em que correlações relativamente altas e significativas foram observadas para fase e predominância, antes e depois da manipulação. Tabela 4. Matriz de correlação de Spearman para sexo, idade, fase do estresse, predominância de sintomas do estresse dos manipuladores do BioFAO, antes e depois do contato com os medicamentos agrohomeopáticos aplicados em café, couve-manteiga e feijão Ante Depois s Idade Fase Pred. Fase Pred.

Sexo Sexo 1 Idade 0,25 1 Fase antes 0,01 -0,08 1 Pred. 0,08 -0,11 0,74 Antes Fase -0,48 -0,50 0,54 depois Pred. -0,43 -0,55 0,52 depois

1 0,44

1

0,46 0,96

1

Dentre as variáveis estudadas (sexo, idade, fase de estresse antes e depois, predominância de sintomas antes e depois da manipulação), houve forte corre- lação apenas entre as fases do estresse e a predominância de

sintomas antes da manipulação, com correlação de 0,74, e entre a fase do estresse e a predominância de sintomas depois da manipulação, com correlação de 0,96 (Tabela 4). Para esse estudo, os dois primeiros componentes principais explicaram, juntos, 72,51% da variação total, mas do terceiro componente em diante a expli- cação da variação total dos dados foi pequena e por isso eles foram desconside- rados (Tabela 5).

Tabela 5. Matriz de cargas dos componentes princi- pais para as variáveis estudadas (rotação Varimax) quanto ao estresse antes e depois do contato com o BioFAO aplicado em café, couve-manteiga e feijão Variáveis Sexo Fase depois Predominância depois Fase antes Predominância antes Autovalores (eigenvalue) % Variância explicada % Variância acumulada

Fator F1 F2 -0,7870 0,7989 0,7411 0,8774 0,9009 2,9774 1,3734 49,62

22,89

49,62

72,51

Autovalores para os fatores 3 a 6, respectivamente, 0,759; 0,4245; 0,3106 e 0,1550.

Essa análise fatorial com a técnica de componentes principais agrupou em dois fatores as variáveis estudadas, sendo o primeiro fator fortemente relacionado com as variáveis sexo, fase do estresse depois da manipulação do BioFAO e pre- dominância dos sintomas depois da manipulação. O segundo fator foi fortemente relacionado com as variáveis, fase do estresse e predominância dos sintomas, antes da manipulação (Tabela 5). A variável idade teve pouca influência sobre os fatores, confirmando assim os resultados já obtidos pela matriz de correlação de Spearman (Tabela 4). Logo, tem-se a distinção entre o nível de estresse dos mani-

puladores antes e depois do contato com os medicamentos, tanto para a fase do estresse quanto para a predominância dos sintomas. É importante ressaltar que, em relação às cargas para o primeiro fator (F1), a fase e a predominância foram positivas e para o sexo, foi negativa. Os valores positivos mostram que quando houve melhora da fase, também houve melhora na predominância dos sintomas, proporcionalmente, o que não ocorreu para o sexo, em que a melhora foi maior para o sexo masculino. Os resultados apresentados mostram que o estado de saúde dos manipu- ladores melhorou após o contato com os produtos, especialmente os do sexo masculino (Tabelas 6 e 7). Além disso, o biocampo formado ao redor das plantas que receberam os medicamentos propiciou a manutenção desse estado de saúde, uma vez que os manipuladores do BioFAO visitaram o local dos experimentos semanalmente para a avaliação das plantas.

Tabela 6. Frequência por sexo das fases de estresse antes e depois do contato com o BioFAO aplicado em café, couve-manteiga e feijão

Fase Sem estresse (0) Alerta (1) Resistência (2) Quase exaustão (3) Exaustão (4) TOTAL

Antes M 3 (30) 0 (0) 7 (70) 0 (0)

F 5 (36) 1 (7) 6 (43) 1 (7)

0 (0) 1 (7) 10 (100) 14 (100)

Sexo Depois M 9 (90) 0 (0) 1 (10) 0 (0) 0 (0) 10 (100)

F 6 (43) 0 (0) 7 (50) 0 (0) 1 (7) 14 (100)

Dentro dos parênteses, frequências em percentagem. Tabela 7. Frequência por sexo para a predominância dos sintomas de estresse antes e depois do contato com o BioFAO aplicados em café, couve-manteiga e feijão Sexo Antes Depois Predominância M F M Sem estresse (0) 3 (30) 5 (36) 9 (90) Psicológico (1) 5 (50) 7 (50) 0 (0) Físico (2) 2 (20) 2 (14) 1 (10) TOTAL 10 (100) 14 (100) 10 (100)

F 6 (43) 6 (43) 2 (14) 14 (100)

Dentro dos parênteses, frequências em percentagem.

Discussão A exposição de manipuladores ao biocampo formado durante a aplicação da agrohomeopatia BioFAO em plantas melhorou sua saúde física e psicológica, o que por si é um estímulo para seu uso na agricultura. Por outro lado, as plantas serão comercializadas com qualidade superior, livres dos agrotóxicos que tantos prejuízos trouxeram para a saúde humana, como abordado no dossiê da Carneiro et al. (2012). Os resultados desse trabalho demonstram que, independentemente da idade do manipulador, a condução de lavouras com o advento do BioFAO propiciará redução do estresse humano. Isso pode ser consequência direta da eliminação de agrotóxicos, que podem se acumular no organismo, aumentando as taxas oxida- tivas e os riscos de doenças deletérias, quando manipulados ou ingeridos indire-

tamente na forma de resíduos que permanecem nas plantas usadas na alimenta- ção. Pesquisas produzidas na Europa e no Brasil confirmam que os agrotóxicos, principalmente os altamente lipofílicos, com elevado valor de Kow, têm efeito acumulativo em diferentes níveis tróficos e a consequência disso é o aumento do risco de doenças altamente degenerativas, como o câncer e o Alzheimer (Pastor et al., 2003; Centeno et al., 2007; Peres et al., 2007). Como geram aumento de com- ponentes oxidativos, é fácil entender que sejam eles os responsáveis pelo estresse dos manipuladores ou consumidores das plantas. Outra explicação para a redução do estresse pode estar no próprio equilí- brio gerado pelo produto às plantas e, consequentemente, ao meio. Várias pes- quisas apresentaram indícios de que diferentes espécies vegetais possuem sofis- ticados processos de comunicação (Baldwin et al., 2006; Brenner et al., 2006; Trewavas, 2009). Esses estudos são estimulados por pesquisadores que aderiram à neurobiologia vegetal, um ramo da fisiologia vegetal que se utiliza de termos e processos da fisiologia animal para esclarecer antigas problemáticas dos vegetais (Brenner et al., 2006; Stahlberg, 2006). Embora esclarecedora, a neurobiologia ve- getal ainda não elucidou todos os processos envolvidos na comunicação vegetal e uma possibilidade para isso, que é utilizada pela fisiologia animal, é o estudo do biocampo. Apesar dos resultados do presente trabalho não possibilitarem afirmar so- bre o biocampo das plantas na comunicação vegetal, permitem afirmar que existe uma possível interação entre o biocampo vegetal e o animal. Isso porque o Bio- FAO, que estimula o equilíbrio ou reequilíbrio do biocampo vegetal ou animal, acarretou em redução do nível de estresse dos manipuladores do produto ao longo do experimento. Diante disso, quanto mais equilibrado o vegetal estiver, mais equilibrado estará o seu manipulador. Talvez

isso também seja uma regra para a pessoa que se alimenta do produto final, gerado dentro dessa cadeia. O alimento produzido por uma planta harmônica, com biocampo harmônico, seria mais fun- cional para a saúde do homem. Isso vai parcialmente ao encontro da teoria da trofobiose, de Francis Chaboussou, que afirma que uma planta bem nutrida é mais resistente às pestes e às adversidades do meio (Chaboussou, 1969). Mas quanto tempo dura o efeito do BioFAO? Qual seu raio de ação? Qual sua real função no metabolismo de plantas e animais? Essas são apenas algumas perguntas que ainda precisam ser contempladas nos próximos estudos, para ratificar o quão benéfica às plantas e ao homem é essa nova tecnologia. Entrando mais especificamente na questão do estresse, a resposta a ele é composta por elementos emocionais e somáticos. Do ponto de vista fisiológi- co, quando uma pessoa é exposta a um evento estressante, o cérebro, por meio

do hipotálamo, ativa o sistema nervoso simpático e a glândula pituitária, que aciona a descarga de adrenalina das glândulas suprarrenais. Esse conjunto afeta músculos, coração, pulmão, sistema digestório e endócrino. Aliados aos aspectos fisiológicos, como sudorese, taquicardia, hiperatividade e náuseas, há os de ordem emocional, como ansiedade, pânico, tensão, angústia, alienação, preocupação ex- cessiva, falta de concentração, depressão e tédio (Lipp, 1984). No cotidiano, o ser humano está sempre respondendo a demandas específi- cas, como mudanças súbitas de vida, perdas, sucessos excessivos ou inesperados, decisões, exigências internas e pressões no trabalho. De acordo com Araldi-Favas- sa et al. (2005), o estresse não implica obrigatoriamente desgaste emocional e físi- co, pois se trata de um processo natural de defesa do organismo; contudo, a forma de enfrentamento a estímulos tão variados pode provocar alterações psicológicas e biológicas negativas. Dentre as respostas psicológicas negativas encontram-se ansiedade, medo, angústia e insegurança. Do ponto de vista físico, os autores relacionam problemas no aparelho digestório, aumento da secreção de cloro na corrente sanguínea, insônia, depressão e diminuição do desejo sexual. Calais et al. (2003) investigaram os sintomas de estresse mais frequen- temente encontrados em adultos jovens (média de 18,1 anos), relacionando-os com o sexo e o ano escolar. Os resultados apontaram que as mulheres são mais estressadas e mais vulneráveis que homens a estressores. As explicações encon- tradas para a diferença entre os sexos variam entre o ponto de vista biológico, o desenvolvimento evolutivo da espécie, diferenças hormonais e vulnerabilidade em relação ao tipo de estressor. As autoras destacam que a sobrecarga de atividades que as mulheres

desempenham na sociedade e os novos papéis a elas atribuídos podem justificar esses resultados. Nessa mesma pesquisa, o nível maior de estresse foi encontrado em ves- tibulandos e o menor em estudantes do primeiro ano do Ensino Médio. Assim, parece existir uma correlação entre ano escolar e estresse. Em relação às fases do estresse, a maior incidência foi encontrada na fase de resistência e observou-se predominância de sintomas psicológicos. No entanto, para as mulheres, foi registrada sensibilidade emotiva exagerada, irritabilidade excessiva, sensação de desgaste físico e cansaço constante. Para os homens, a ideia fixa ou pensamento constante sobre um só assunto foi o sintoma mais frequente, seguido de sensação de desgaste físico constante e problemas com a memória. As autoras concluíram que o desgaste físico constante é o sintoma mais frequente na pessoa estressada. Dell’Aglio et al. (2004) mostraram que as mulheres tendem a perceber eventos estressores quando são de natureza interpessoal, problemas em seus relaciona- mentos e ligados à aparência.

No presente trabalho, a falta de detecção de diferença significativa pa- ra idade provavelmente está relacionada a atribuições similares que o sistema acadêmico confere a pesquisadores, tanto Professores como pósgraduandos. In- dependentemente de se tratar de um mestrando, doutorando ou de profissional formado, todos precisam cumprir prazos, maximizando o sucesso de suas ativi- dades e produzindo trabalhos que gerem impacto positivo à sociedade, com a produção de ciência e tecnologia aplicáveis e rentáveis. Pelas mesmas razões, a fase de resistência predominou com sintomas psicológicos. O excesso de ativida- des leva à quase exaustão, ansiedade, tensão, preocupação excessiva, que acabam por culminar em falta de concentração, como fuga, e problemas de memória, que prejudicam seriamente o rendimento e a qualidade do trabalho. Quanto às diferenças de sexo, os resultados desse trabalho confirmam os obtidos por Calais et al. (2003). As mulheres se mostraram mais vulneráveis a agentes estressores do que os homens e foram menos responsivas à mudança do biocampo, uma vez que a melhora dos sintomas após a manipulação do BioFAO ocorreu em menor escala do que o verificado para os homens.

Agradecimentos Os participantes desta pesquisa agradecem à Profa. Dra. Áurea Oliveira, por ter se colocado à disposição do grupo para as avaliações realizadas com o Inven- tário Lipp. O desejo de que essa avaliação fosse realizada foi coletivo. Raríssimas são as oportunidades em que os pesquisadores avaliam se os materiais, produtos e ambiente que utilizam em suas atividades de laboratório ou campo interferem em seu estado de saúde física ou emocional. As normas para os riscos da manipulação e prevenção de acidentes existem; porém, avaliações dos manipuladores antes e após a condução dos seus trabalhos não são realizadas. Dessa forma, este traba- lho representa uma novidade no âmbito da pesquisa, em especial porque todos os participantes desta avaliação são autores de um ou mais capítulos deste livro.

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Controle de pulgões em couve-manteiga com BioFAO Samira Ferreira1 Quintiliano Siqueira Schroden Nomelini2 Thaís Ribeiro da 1 Costa Carla Regina Amorim dos Anjos Queiroz3 Fernanda Cristina Juliatti1 Alírio Coromoto Daboin Maldonado1 João Paulo Ribeiro-Oliveira4 Marli A. Ranal5 Míria de Amorim6

Com o propósito de buscar alternativas para a produção de hortaliças sem agrotóxicos, este trabalho testou a eficácia do BioFAO (fatores de auto-organiza- ção do biocampo) no controle de pulgões em couve-manteiga. O experimento foi conduzido em delineamento de blocos casualizados, com duas repetições espaça- das em 14 metros, cada bloco com 13 bandejas espaçadas entre si em 1 metro. A aplicação dos medicamentos foi feita sete dias após o transplantio das mudas, utilizando-se 10 glóbulos L-1 do BioFAO nas potências 17, 15 e 58 CH, aplicadas com intervalo de duas horas entre si. Cada uma das 15 plantas de duas bandejas recebeu 1 mL de cada solução (controle positivo). Ninfas e adultos de pulgões de Brevicoryne brassicae (n = 50) foram inoculados em todas as bandejas do expe- rimento. Aos sete e aos quatorze dias da inoculação, o número médio de pulgões ajustou-se a uma função polinomial do segundo grau, tendo ponto mínimo a 5,1 metros de distância em relação à parcela que recebeu

BioFAO, com 2,56 pulgões por planta. O número médio de pulgões parasitados, encontrados nas folhas, ajus- tou-se à mesma função, tendo ponto mínimo a 4,6 metros de distância da parcela tratada, com média estimada de 1,7 pulgões parasitados por planta. A eficácia do BioFAO no controle de B. brassicae foi máxima aos 6 m de distância da parcela 1 Alunos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU). 2 Professor Adjunto da Faculdade de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia (FAMAT – UFU). 3 Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Campus Uberlândia (IFTM). 4 Pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU). 5 Professora Titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 6 Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Toxico- logia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

tratada, chegando a 89%. Os resultados obtidos mostram que o BioFAO é eficiente para o controle de pulgões em mudas de couve-manteiga, indicando seu potencial para a maximização da agricultura orgânica.

Introdução As hortaliças são essenciais para a manutenção e o ajustamento metabólico do organismo humano. Dentre elas, o gênero Brassica reúne as espécies economi- camente mais importantes, em função da produção de óleos, condimentos, folhas, talos e flores para a alimentação, ricos em fibras, vitaminas, minerais, carotenoi- des e fitoquímicos protetores da carcinogênese e antioxidantes (Yang-Xian et al., 2000; Cardoza e Stewart, 2004; Lefsrud et al., 2006; Nie et al., 2007; Harbaum et al., 2008). Dentre as 18 culturas agrícolas pesquisadas nos 26 estados brasileiros pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, 2011), a couve é a oitava no rank com resíduos de agrotóxicos, estando então dentro dos 63% das amostras contaminadas, algumas por apresentarem ingredientes ativos não autorizados e outras por ultrapassarem os limites recomendados. Na couve, foram encontrados resíduos de nove ingredientes ativos não autorizados, perdendo apenas para o morango e o pimentão. O cenário se agrava quando se constata que a couve foi selecionada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Horta- liças) e conferida com informações de mercado do Censo Agropecuário de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Companhia de Entre- postos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e das Centrais de Abastecimento (Ceasa) de Minas Gerais) e do Rio de Janeiro como uma das cinquenta espécies mais comercializadas no País (Gondim, 2010). Entregá-la sem agrotóxicos pode representar então um salto de qualidade para a saúde humana. Os afídeos são as principais pragas das brássicas, destacando-se Brevi- coryne brassicae L., Lipaphis pseudobrassicae Davis, especialistas em brássicas, e Myzus

persicae Sulzer, espécie generalista que se alimenta de plantas de diversas famílias (Blackman e Eastop, 2000; Cividanes, 2002; Cividanes e Souza, 2003). Esses insetos apresentam grande potencial reprodutivo, o que dificulta seu contro- le; exaurem as plantas pela sucção da seiva e ainda favorecem o desenvolvimento de fungos em seus excrementos, sendo também importantes vetores de viroses em plantas (Carver, 1988; Peña-Martínez, 1992; Blackman e Eastop, 2000). O método largamente utilizado nas áreas agrícolas para o controle de pragas e doenças tem sido o químico, que gera resistência aos produtos, provocando alte-

rações nas populações dos inimigos naturais, importantes para o controle biológi- co, além de contaminar o ambiente com impacto e riscos à saúde humana (Altieri, 2009). Isso tem estimulado pesquisadores na busca por alternativas, testando pro- dutos menos agressivos e formas de avaliação mais acuradas das populações en- volvidas, visando ao manejo integrado (Stark e Banks, 2003; Desneux et al., 2007). Assim, este trabalho testou a hipótese de que o BioFAO pode ser uma opção eficaz para o controle da população de pulgões em couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala DC.).

Material e métodos O experimento foi conduzido no período de maio a junho de 2011, em área experimental no município de Uberlândia (MG) (latitude 18º53’01” S e longitude 48º15’36” W), caracterizada pelo clima tropical úmido do tipo Aw (Köppen, 1948), com inverno seco de abril a setembro e verão chuvoso de outubro a março (Ranal, 2003). No mês de maio, a pluviosidade total registrada foi de 5,4 mm, sendo 1,6 mm no dia 4, quando o experimento foi instalado, e 3,8 mm no dia 6, com tem- peratura média de 21,5 °C. No mês de junho a pluviosidade total registrada foi de 18,6 mm, distribuídos nos dias 8 a 10, e a temperatura média foi de 19,8 °C. Am- bos os meses foram ensolarados, com 258,3 e 253,7 horas iluminadas em maio e junho, respectivamente (dados fornecidos pela Estação Meteorológica do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia). Mudas de couve-manteiga (Brassica oleracea var. acephala) foram adqui- ridas em viveiro comercial e transplantadas para bandejas de 210 mm x 350 mm x 78 mm (largura x comprimento x altura), com 15 células, cada uma com capacidade de 233 mL, sendo uma planta por célula, utilizando-se como substra- to o composto Germinar® e vermiculita na proporção de 1:1. O experimento foi protegido da ação do vento pela presença de quebra-ventos. A área útil conside- rada para a coleta de dados consistiu das três plantas centrais de cada bandeja. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com duas repetições espaçadas em 14 metros. Cada bloco (repetição) consistiu de 13 bande- jas, com espaçamento de 1 metro entre elas. As distâncias entre os blocos e entre a parcela que recebeu BioFAO (controle positivo) e a mais distante delas (controle negativo) foram escolhidas em função da informação fornecida pela equipe do Instituto BioFAO

(www.institutobiofao.org.br) de que o campo de ação do BioFAO equivale a aproximadamente 12 metros (Figura 1).

Figura 1. Croqui da área experimental. Blocos e bandejas contendo 15 mudas de couve-manteiga cada uma ( Brassica oleracea var. acephala ). As bandejas denominadas T1 e T2 se referem ao controle negativo, distan- tes em 16 metros daquelas que receberam BioFAO. As bandejas 15 e 28 receberam BioFAO (controle positivo).

A aplicação do BioFAO foi feita sete dias após o transplantio das mudas, utilizando-se o esquema Sollarys, pois a parte aérea da couve-manteiga é mais desenvolvida do que a parte subterrânea, na concentração de 10 glóbulos L-1, com diluição em água destilada. Essa denominação a plantas desse tipo foi atribuída pela equipe do Instituto BioFAO, que idealizou o método. Foram feitas três aplicações, com intervalo de duas horas entre elas, sendo a primeira às 7 e a última às 11 horas. Foram utilizadas seringas descartáveis de 5 mL para aplicação de 1 mL planta1 da solução, nas potências 17, 15 e 58 CH. O preparo foi feito de acordo com as normas da Farmacopeia homeopática brasileira, oficializada pelo Decreto n. 78.841, de 25 de novembro de 1976, revisto e complementado em 1977 pelo Ministério da Saúde. A Resolução – RDC n. 151, de 17 de junho de 2003, aprova o Fascículo 1 da Parte II da segunda edição da Farmacopeia homeopática brasi- leira, elaborado pela Comissão Permanente de Revisão da Farmacopeia Brasileira (CPRFB),

instituída pela Portaria n. 12, de 20 de janeiro de 2000 (Anvisa, 2003), com revisão recente na terceira edição (Brasil, 2011). A aplicação foi feita em todas as plantas das bandejas localizadas nas extremidades opostas dos blocos. Todas as plantas foram irrigadas diariamente, sendo uma irrigação realizada no período da manhã e outra no período da tarde. O BioFAO apresenta em sua composição sulfeto de antimônio (Antimonium cru- dum), carbonato de potássio (Kali carbonicum), nitrato de mercúrio (Mercurius solubilis), enxofre (Sulphur), cloreto de sódio (Natrum muriaticum), ouro (Aurum metallicum) e cloreto de amônio (Ammonium muriaticum), preparados em ultra- diluições (Moreira et al., 2008).

Ninfas e adultos de pulgões (Brevicoryne brassicae L.) foram coletados em condições naturais e multiplicados em condições de laboratório. As culturas foram feitas em placas de Petri (50 mm x 15 mm), sobre ágar a 1%. No centro da placa foi colocado um disco foliar (40 mm) de couve-manteiga, onde os afídeos foram mantidos por cinco dias em câmara climatizada tipo B.O.D., com fotoperíodo de 12 horas, a 24 °C. A inoculação das plantas foi feita sete dias após o transplantio das mudas, no final da tarde do mesmo dia em que o BioFAO foi aplicado, sendo colocado na célula central da bandeja um disco foliar contendo 50 pulgões de B. brassicae, entre ninfas e adultos. As contagens dos pulgões foram realizadas aos sete e quatorze dias após a inoculação. Além de quantificar as ninfas, adultos e múmias (pulgões parasitados) da espécie inoculada, também foram quantificados Bemisia tabaci Genn. (mosca-branca) e pulgões de Lipaphis pseudobrassicae Da- vis que apareceram espontaneamente. O número de pulgões de Brevicoryne brassicae e Lipaphis pseudobrassicae e o número de indivíduos da mosca-branca (Bemisia tabaci) foram quantificados em duas leituras, caracterizando um fatorial 14 x 2, com parcelas subdivididas no tempo. Para o número de pulgões parasitados o delineamento foi em blocos casualizados, com duas repetições, em que os tratamentos analisados foram as distâncias em metros. A eficácia do produto foi calculada utilizando-se o índice Abbott (1925), calculado em porcentagem sobre os dados originais, em que:

população do controle negativo E do controle positivo 100

população

população do controle negativo O cálculo foi feito tomando-se como ponto de referência a parcela que teo- ricamente teria a maior população de insetos, pois permaneceu a 16 m de distân- cia da que recebeu o tratamento com BioFAO. Os dados obtidos foram submetidos aos testes de normalidade dos resíduos (Kolmogorov-Smirnov com

correção de Lilliefors), de homogeneidade entre as variâncias (Bartlett) e de independência dos resíduos (Durbin-Watson), todos a 0,05 de significância. Quando essas pressupo- sições não foram atendidas, os dados foram transformados e novamente testados, sendo então submetidos ao teste F de Snedecor (ANOVA) e/ou à regressão, ambos a 0,05 de significância.

Resultados Independentemente das distâncias entre as parcelas não tratadas e a tra- tada com BioFAO, o número médio de insetos infestando as plantas ao longo do tempo não diferiu para os pulgões Brevicoryne brassicae e Lipaphis pseudobrassi- cae e também para a mosca-branca (Tabelas 1 a 3). Independentemente do tempo, porém, e considerandose apenas as distâncias em relação à parcela tratada com BioFAO, o número médio de pulgões de Brevicoryne brassicae ajustou-se a uma função polinomial do segundo grau, tendo ponto mínimo a 5,1 metros, com valor estimado pela função de 1,60, o que equivale a 2,56 pulgões por planta (Figura 2). Os resultados mostram que houve declínio no número de pulgões até essa distância e a partir daí a população aumentou. Para a infestação com pulgões de Lipaphis pseudobrassicae e mosca-branca, não houve diferença significativa entre as distâncias (Tabelas 2 e 3).

Tabela 1. Número médio de pulgões de Brevicoryne brassicae em plantas de couvemanteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) em função das distâncias de aplicação do BioFAO e do tempo trans- corrido. A distância zero representa a parcela que recebeu o BioFAO Distância (m) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 16 Médias CVDistância 62,96%

Tempo (dias após transplantio) 7 14 4,00 7,87 3,37 2,43 2,73 4,23 1,53 1,13 2,40 1,77 3,27 1,97 1,83 1,47 5,40 8,67 4,23 6,30 3,87 3,33 4,90 3,77 2,93 2,03 5,60 2,83 16,03 11,63 4,44 a 4,24 a = 54,19%; CVTempo =

Médias1

5,93 2,90 3,48 1,33 2,08 2,62 1,65 7,03 5,27 3,60 4,33 2,48 4,22 13,83

D = 0,12; χ2 = 20,27; DW = 2,50 Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste F a 0,05 de significância; CV : coeficiente de variação do experimento; D , χ2 e DW : es- tatísticas dos testes de Kolmogorov-Smirnov com correção de Lilliefors para normalidade, Barttlet para a homogeneidade das variâncias e Durbin-Watson para independência dos resíduos; valores em negrito indicam variâncias ho- mogêneas, resíduos

normalmente distribuídos e independentes; dados trans- formados em raiz quadrada para análise estatística; 1 estudo de regressão para a média.

Tabela 2. Número médio de pulgões de Lipaphis pseudobras- sicae em plantas de couvemanteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) em função das distâncias de aplicação do BioFAO e do tempo transcorrido. A distância zero representa a parcela que recebeu o BioFAO Distância Tempo (dias após transplantio) (m) 7 14 0 2,37 0,83 1 1,20 0,80 2 3,86 1,30 3 2,07 1,40 4 1,30 1,47 5 1,97 0,67 6 1,90 0,43 7 1,76 1,57 8 2,03 2,10 9 1,27 0,93 10 0,80 1,87 11 2,10 0,70 12 1,03 2,27 16 1,27 4,67 Médias 1,78 a 1,50 a CVDistância = 41,37%; CVTempo = 65,95% D = 0,07 ; 2,20

Médias

1,60 a 1,00 a 2,58 a 1,73 a 1,38 a 1,32 a 1,17 a 1,66 a 2,07 a 1,10 a 1,33 a 1,40 a 1,65 a 2,97 a

χ2 = 13,78 ; DW =

Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste F a 0,05 de significância; CV : coeficiente de variação do experimento; D , χ2 e DW : estatísticas dos testes de Kolmogorov-Smirnov com correção de Lilliefors para normalidade, Barttlet para a homogeneidade das variâncias e Durbin-Watson para independência dos resíduos; valores em

negrito indicam variâncias homogêneas, resíduos normalmente distribuídos e in- dependentes; dados transformados em logaritmo para análise estatística.

Tabela 3. Número médio de moscas-brancas ( Bemisia tabaci ) nas plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acepha- la ) em função das distâncias de aplicação do BioFAO e do tempo transcorrido. A distância zero representa a parcela que recebeu o BioFAO Distância Tempo (dias após transplantio) (m) 7 14 0 0,60 0,27 1 0,63 0,37 2 0,23 0,20 3 0,43 0,20 4 0,17 0,13 5 0,27 0,20 6 0,27 0,07 7 0,40 0,37 8 0,30 0,33 9 0,67 0,30 10 0,47 0,40 11 0,53 0,97 12 0,13 0,63 16 0,71 0,30 Médias 0,42 a 0,34 a CVDistância = 86,25%; CVTempo = 86,78%

Médias

0,43 a 0,50 a 0,22 a 0,32 a 0,15 a 0,23 a 0,17 a 0,38 a 0,32 a 0,48 a 0,43 a 0,75 a 0,38 a 0,51 a

D = 0,10; χ2 = 11,42; DW = 2,33

Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si pelo teste F a 0,05 de significância; CV : coeficiente de variação do experimento; D , χ 2 e DW : estatísticas dos testes de Kolmogorov-Smirnov com correção de Lilliefors para normalidade, Barttlet para a homogeneidade das variâncias e Durbin-Watson para independência dos resíduos; valores em

negrito indicam variâncias homogêneas, resíduos normalmente distribuídos e independentes; dados transformados em logaritmo mais 1 para análise estatística.

Figura 2. Número médio de pulgões de Brevicoryne brassicae em plantas de couve-man- teiga ( Brassica oleracea var acephala ) em função da distância entre as parcelas tratadas e as não tratadas com BioFAO. Transformação dos dados para raiz quadrada. Dados cole- tados aos sete e aos quatorze dias após a inoculação dos pulgões. Equação de regressão



0, 0158x2

0,1599x

2, 002

(R2 = 60,0%).

O número médio de pulgões parasitados encontrados em folhas da couve-manteiga ajustou-se a uma função polinomial do segundo grau, tendo ponto mínimo a 4,6 metros de distância em relação à parcela que recebeu BioFAO, com média estimada de 1,7 pulgões parasitados por planta (Figura 3). A partir dessa distância, observou-se aumento gradativo na

quantidade de pulgões parasitados. Os testes de Kolmogorov-Smirnov, com correção de Lilliefors (D = 0,12), Durbin-Watson (DW = 2,72) e Barttlet (χ2 = 20,59) para a modelagem do número de pulgões parasitados, foram não significativos a 0,05 de significância, ou seja, mostra- ram resíduos normalmente distribuídos e independentes e variâncias homogêneas.

Figura 3. Número médio de pulgões de Brevicoryne brassicae parasitados presen- tes nas plantas de couve-manteiga (Brassica oleracea var. acephala), em função da distância entre as parcelas tratadas e as não tratadas com BioFAO. Dados coleta- dos aos sete e aos quatorze dias após a inoculação dos pulgões. Equação da regressão yˆ 0, 0617x2 - 0, 5697 x 3, 0413 (R2 = 67,17%).

A eficácia do BioFAO no controle de Brevicoryne brassicae aos sete e quator- ze dias após a inoculação foi máxima a 3 metros de distância da parcela que rece- beu BioFAO (90%), tendo sido mantida próxima de 80% até 6 metros de distância (Tabela 4). Esses resultados estão coerentes com os obtidos na curva de regressão (figura 2). Vale ressaltar que a 11 metros de distância da parcela que recebeu Bio- FAO a eficácia foi de até 82%. Para Lipaphis pseudobrassicae a máxima eficácia aos quatorze dias após a

aplicação do BioFAO foi de 90,7% a 6 metros de distância, em relação à parcela que recebeu o produto (Tabela 4). A eficácia do BioFAO no contro- le de Bemisia tabaci, aos sete dias da aplicação, foi de 76,5% a 4 metros de distância em relação à parcela que recebeu o produto, mas alcançou o máximo (81,2%) a 12 metros de distância, com oscilações dentro desses 12 metros (Tabela 4).

Tabela 4. Eficácia (E%) do BioFAO no controle de Bre- vicoryne brassicae (Bb), Lipaphis pseudobrassicae (Lp) e Bemisia tabaci (Bt) em relação às parcelas localizadas a 16 metros da que recebeu o BioFAO. Dados coletados aos sete e aos quatorze dias para Bb; aos quatorze dias para Lp; e aos sete dias para Bt quando eles aparece- ram em todas as parcelas experimentais. A distância zero corresponde à parcela que recebeu BioFAO

Dias após o tratamento com BioFAO Distânci Bb Lp Bt a (m) 0

E 7 E 14 75,0 32,4

E 14 82,1

E7 15,4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

79,0 83,0 90,4 85,0 79,6 88,6 66,3 73,6 75,9 69,4 81,7 65,1

82,9 72,1 70,0 68,6 85,7 90,7 66,4 55,0 80,0 60,0 85,0 51,4

10,7 67,1 38,9 76,5 62,4 62,4 43,6 57,7 6,0 34,2 24,8 81,2

79,1 63,6 90,3 84,8 83,1 87,4 25,5 45,8 71,3 67,6 82,5 75,6

Discussão Os resultados obtidos mostram que o BioFAO manteve um biocampo pro- tetor entre 5 e 6 metros ao redor das plantas, fazendo diminuir o número médio dos pulgões mais específicos para a couve-manteiga (Brevicoryne brassicae) e o número médio de pulgões parasitados. Quanto à moscabranca, seria necessário repetir os testes, levando-se em consideração uma população prévia conhecida. Como essa praga possui grande perfil migrador, sugere-se que os testes levem em consideração a fase ninfal e de ovos. É importante destacar que as mudas apresen-

tavam altura aproximada entre 10 e 15 cm e seria interessante testar o tamanho desse biocampo para plantas maiores. A suposição é a de que quanto maior a planta, maior o biocampo, o que pode facilitar o manejo da cultura em condições de campo, no sentido de se estabelecerem quantas linhas devem receber o produ- to. Para a muda de couve-manteiga, por exemplo, a cada 5 metros, o produto pode ser aplicado, deixando-se as linhas dentro desse intervalo apenas com a proteção formada pelo biocampo. Isso economiza produto e mão de obra, além das plantas produzidas estarem livres de resíduos dos agrotóxicos. O BioFAO não foi seletivo, pois agiu indistintamente em insetos fitófagos, predadores e parasitoides. A partir de 4,6 metros, a população dos pulgões pa- rasitados aumentou gradativamente, ou seja, o produto passou a ter pouca ação sobre os insetos e então o controle biológico passou a atuar, com a presença de parasitoides que se desenvolveram sobre os pulgões. Os resultados obtidos mostraram que o uso do BioFAO pode ser uma al- ternativa para a agricultura sustentável. O uso de agrotóxicos tem sido o padrão de controle de pragas em diversas culturas implantadas no Brasil e em diversas partes do mundo, gerando os mais variados desequilíbrios ecológicos, desde a superpopulação de pragas, seleção de biótipos resistentes, poluição de solos e reservas aquíferas, até prejuízos à saúde animal e humana. Uma ampla abordagem desse assunto foi feita por Pimentel et al. (1992), com avaliação do custo/ benefício dessa situação, e nada foi feito para minimizar o uso desses produtos. Os autores mencionam o consumo mundial, no início da década de 1990, na ordem de 2,5 milhões de toneladas anuais a um custo de US$ 20 bilhões. Para os Estados Unidos, o consumo na mesma década foi de 500 mil toneladas de 600 diferentes tipos de substâncias usadas anualmente, ao custo de US$ 4.1 bilhões. Segundo o relatório da United States

Environmental Protection Agency – EPA (Grube et al., 2011), o consumo mundial de agrotóxicos totalizou mais de US$ 35.8 bilhões em 2006 e mais de US$ 39.4 bilhões em 2007, totalizando para os EUA US$ 11.8 bilhões em 2006 e US$ 12.5 bilhões em 2007, o que mostra o consumo crescente desses produtos. Segundo os princípios da agroecologia, a superação do problema do ata- que de pragas só será alcançada por meio de uma abordagem mais integrada dos sistemas de produção (Altieri, 2009) e, nesse sentido, o BioFAO pode estar inseri- do. Com a perspectiva de que a população mundial chegue a 9 bilhões em 2050, várias revisões sobre segurança alimentar, mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e manejo sustentável do solo estão sendo publicadas, no sentido de estimular a busca por alternativas que permitam a vida equilibrada na Terra, uma vez que o modelo agrícola dominante não parece ser mais adequado para o mo-

mento, pois está gerando níveis inadequados e inaceitáveis de danos ao ambiente (Tscharntke et al., 2012; Branca et al., 2013). Embora a expectativa do leitor neste momento seja comparar a produtivi- dade obtida no presente trabalho com a oriunda de tratamentos convencionais, isso não será realizado. Os tratamentos com agrotóxicos levam a efeitos ime- diatos, decorrentes do seu poder de extermínio de pragas e doenças, enquanto o tratamento com BioFAO apresenta efeito continuado porque restaura a saúde e a capacidade de defesa dos organismos vivos. Os resultados do presente trabalho mostram que o controle das pragas da couve-manteiga pode ser realizado com BioFAO e é importante lembrar que a ação desse medicamento, ao contrário dos produtos químicos convencionais, não está em função do alvo, mas do equilíbrio dos organismos vivos. Sabe-se que os insetos fitófagos localizam as plantas por meio da frequência por elas emitida (Prokopy e Owens, 1983; Whitney e Stanton, 2004; Rolshausen e Schaefer, 2007). Assim, quando a planta apresenta frequência suscetível, é facilmente predada. Es- sa suscetibilidade, normalmente, ocorre em função de estresses múltiplos. Quando o BioFAO é aplicado, a frequência do indivíduo é alterada e, a partir de então, ele se torna ajustado energeticamente, inibindo o ataque. Assim, esse produto medicamentoso demonstra potencial para a maximização da agricultura orgâ- nica. Com essa maximização, certamente, o consumo de alimentos com níveis reduzidos de agrotóxicos será viabilizado e, por consequência, o nível de pessoas com intoxicação alimentar crônica, que pode levar a diversas doenças, diminuirá.

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Crescimento e estado nutricional de mudas de couve-manteiga infestadas com pulgões e submetidas à ação do BioFAO Bruno Bernardes de Andrade1 Carlos Henrique Eiterer de Souza2 Fernando Oliveira Franco1 Gustavo Alves Santo1 Marcos Vieira de Faria1 Welldy Gonçalves Teixeira1 Quintiliano Siqueira Schroden Nomelini3 Carla Regina Amorim dos Anjos Queiroz4 Karla Couto1 Marli A. Ranal5 Míria de Amorim6 João Paulo Ribeiro-Oliveira7

No âmbito agrícola, as hortaliças chamam a atenção pelo volume de con- sumo mundial, preferencialmente in natura e, por isso, a produção satisfatória deveria ser feita com base em práticas agrícolas de baixo impacto à saúde humana. Porém, a agricultura convencional demanda elevada utilização de agrotóxicos para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas. O atual modelo agrícola tem sido tema de discussões e críticas, no que se refere à sustentabilidade dos agroecossis- temas e, nesse foco, o BioFAO (fatores de autoorganização do biocampo) pode entrar como alternativa para a reorganização dos sistemas agrícolas e da saúde humana. Nesse contexto, o presente trabalho teve por objetivo

avaliar o efeito do BioFAO, utilizado no controle da população de insetos em plantas de couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala DC.), no metabolismo das plantas. O experimento foi conduzido de maio a junho de 2011, em delineamento de blocos casualizados, com duas repetições espaçadas em 14 metros, cada bloco com 13 1 Alunos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU). 2 Professor do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM). 3 Professor Adjunto da Faculdade de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia (FAMAT – UFU). 4 Professora do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Campus Uberlândia (IFTM). 5 Professora Titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 6 Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Toxico- logia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 7 Pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU).

bandejas espaçadas entre si em 1 metro. A aplicação dos medicamentos foi feita se- te dias após o transplantio das mudas, utilizando-se 10 glóbulos L-1 do BioFAO nas potências 17, 15 e 58 CH, aplicadas com intervalo de duas horas entre si. Cada uma das 15 plantas de duas bandejas recebeu 1 mL de cada solução (controle positivo). Ninfas e adultos de pulgões de Brevicoryne brassicae (n = 50) foram inoculados em todas as bandejas do experimento. Os resultados obtidos mostraram que o BioFAO não altera a absorção de nutrientes de plantas de couve-manteiga na fase jovem. Além disso, o produto também parece não alterar os processos fotossintéticos, ex- pressos em termos de massa da matéria seca, mesmo quando em aclimatação e com uma população de pulgões instalada sobre as plantas. A população dos fitófagos foi controlada por seus inimigos naturais, permitindo que as plantas prosseguissem no seu ciclo sem danos para o desenvolvimento.

Introdução No âmbito agrícola, as hortaliças chamam a atenção pelo volume de consu- mo mundial, com aproximadamente 402 hortaliças habitante-1 ano-1 (PBH, 2015). Esse consumo ocorre preferencialmente in natura, na forma de saladas, e por isso a produção satisfatória deveria ser feita com base em práticas agrícolas de baixo impacto à saúde humana. A agricultura convencional, porém, demanda elevada utilização de agrotóxicos para o controle de pragas, doenças e plantas daninhas (Filgueira, 2008). Infelizmente, a maioria dos agrotóxicos é constituída de molé- culas não naturais (FAO, 2015), que podem afetar não só o seu alvo, mas outros organismos existentes na área, incluindo os consumidores (Fantke e Jolliet, 2016). As aplicações de diferentes produtos são diárias ou semanais e os produtores têm questionado a eficácia desse método de controle (Parsa et al., 2014; Barzman et al., 2015; Suckling et al., 2015). O atual modelo agrícola tem sido tema de discussões e críticas, no que se refere à sustentabilidade dos agroecossistemas (Scarano et al., 2012). Esse modelo, que prioriza o aumento da produção e do lucro, possui práticas que ignoram a dinâmica ecológica dos sistemas agrícolas, como o cultivo intensivo do solo e a monocultura, levando à insustentabilidade (Altieri et al., 2012). Paralelamente ao desenvolvimento da agricultura química, divulgada e estimulada pela Revolução Verde, outras formas de se fazer agricultura surgiram desde o início do século XX, mas elas só ficaram em evidência a partir da constatação dos problemas ambien- tais decorrentes do uso do pacote tecnológico químico (Mazoyer e Roudart, 2006; Hazell e Wood, 2008; Penteado, 2009).

Segundo relato feito por Machado et al. (2007), o Brasil foi apontado co- mo o maior consumidor de agrotóxicos da América Latina, utilizando 1,5 kg de ingredientes ativos por hectare cultivado; porém, o consumo médio anual subia para 10 kg por hectare quando a horticultura entrava nos cálculos. Isso colocou o Brasil como o terceiro maior consumidor mundial de agrotóxicos e também como o terceiro em mortalidade por câncer (Machado et al., 2007). O próprio dossiê da Abrasco traz esse alerta em praticamente todos os seus capítulos (Carneiro et al., 2015) e a atualização desses dados pode mostrar um cenário ainda mais nefasto. A contaminação do agricultor, do solo e dos recursos hídricos por agrotó- xicos é um dos malefícios mais conhecidos da agricultura convencional (Neves et al., 2000). O trabalhador rural pode ser exposto tanto durante a aplicação do agrotóxico, como pelo consumo de alimentos ou água contaminados. Da mesma forma, populações que moram próximas a áreas cultivadas com agrotóxicos podem consumir água ou alimentos contaminados, bem como inalar a substância que eventualmente esteja no ar (Veiga, 2007; Fernandes Neto e Sarcinelli, 2009). Uma alternativa utilizada para minimizar esses impactos seria o uso de práticas menos agressivas ao ambiente. O desenvolvimento de sistemas susten- táveis de produção, alternativos à utilização intensiva de agrotóxicos, insumos inorgânicos e práticas com baixa sustentabilidade, vem despertando cada vez mais o interesse no cenário agrícola mundial (Saminêz, 1999; Altieri, 2009; Altie- ri et al., 2012). Nesse aspecto, como prática alternativa em favor do aumento da sustentabilidade, pode ser utilizada a homeopatia. Várias pessoas em todo o mundo, principalmente na Europa e na Índia e, mais recentemente, no Brasil, iniciaram pesquisas para verificar os efeitos de pro- dutos homeopáticos no crescimento e desenvolvimento vegetal

(Betti et al., 2013; Orjales et al., 2014; Singhania e Singhania, 2014) e no controle de pragas e doen- ças (Toledo et al., 2011; Santos e Pontes, 2013). No Brasil, o uso da homeopatia em vegetais ainda é incipiente, mas está crescendo, ano após ano, e esse método de cultivo se diferencia do tradicional, pois respeita a planta, não contamina o solo e não deixa resíduos (Bonato, 2009; Estrêla e Caetano, 2013; Santos e Pontes, 2013). O uso da homeopatia tem seu amparo legal na Instrução Normativa n. 7, publicada no Diário Oficial da União em 19 de maio de 1999. Ela estabelece as normas de produção orgânica no Brasil e permite o uso dos preparados homeopáticos pelos agricultores (Brasil, 1999). Nesse contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a influência da aplicação do BioFAO, utilizado no controle da população de insetos em plantas de couvemanteiga (Brassica oleracea L. var. acephala DC.), no metabolismo das plantas.

A família Brassicaceae é composta por várias espécies de destaque dentro da olericultura brasileira (Filgueira, 2008). Dentre elas, a couve-manteiga destaca-se por sua importância econômica e pela facilidade de cultivo, sendo uma das hortali- ças mais consumidas no Brasil (Camargo, 1984; Albuquerque Neto e Albuquerque, 2008). Comparativamente a outras hortaliças folhosas, a couvemanteiga se des- taca por maior conteúdo de proteínas, carboidratos, fibras, cálcio, ferro, vitaminas A e C e niacina (Lorenz e Maynard, 1988; Franco, 2002; Souza e Resende, 2003).

Material e métodos O experimento foi conduzido no período de maio a junho de 2011, em uma área experimental localizada no bairro Umuarama (latitude 18º53’01” S e longitu- de 48º15’36” W), município de Uberlândia (MG), caracterizado pelo clima tropical úmido do tipo Aw (Köppen, 1948), com inverno seco de abril a setembro e verão chuvoso de outubro a março (Ranal, 2003). No mês de maio a pluviosidade total registrada foi de 5,4 mm, sendo 1,6 mm no dia 4, quando o experimento foi ins- talado, e 3,8 mm no dia 6, com temperatura média de 21,5 °C. No mês de junho, a pluviosidade total registrada foi de 18,6 mm, distribuídos nos dias 8 a 10, e a tempe- ratura média foi de 19,8 °C. Ambos os meses foram ensolarados, com 258,3 e 253,7 horas iluminadas em maio e junho, respectivamente (dados fornecidos pela Estação Climatológica do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia). Mudas de couve-manteiga (Brassica oleracea var. acephala) foram adqui- ridas em viveiro comercial e transplantadas para bandejas de 210 mm x 350 mm x 78 mm (largura x comprimento x altura), com 15 células, cada uma com capa- cidade de 233 mL, sendo uma planta por célula, utilizando-se como substrato o composto Germinar® e vermiculita na proporção de 1:1. A área útil considerada para a coleta de dados consistiu das três plantas centrais. O delineamento expe- rimental utilizado foi o de blocos casualizados, com duas repetições espaçadas em 14 metros. Cada bloco consistiu de 13 bandejas, com espaçamento de 1 metro entre elas. Duas bandejas foram utilizadas como controle negativo (sem BioFAO). O croqui do experimento foi apresentado no capítulo 5. As distâncias principais entre as parcelas obedeceram a informação fornecida pela equipe do Instituto BioFAO (www.institutobiofao.org.br) de que o campo

de ação do BioFAO equivale a aproximadamente 12 metros (vide figura 1 do capítulo 5). A aplicação do BioFAO foi feita sete dias após o transplantio das mudas, utilizando-se o esquema Sollarys na concentração de 10 glóbulos L-1, pois a parte aérea da couvemanteiga é mais desenvolvida do que a parte subterrânea, com di- luição dos glóbulos em água destilada. Essa denominação a plantas desse tipo foi

atribuída pela equipe do Instituto BioFAO, que idealizou o método. Foram feitas três aplicações, com intervalo de duas horas entre elas, sendo a primeira às 7 e a última às 11 horas. Foram utilizadas seringas descartáveis de 5 mL para aplicação de 1 mL planta-1 da solução, nas potências 17, 15 e 58 CH. O preparo foi feito de acordo com as normas da Farmacopeia homeopática brasileira, oficializada pelo Decreto n. 78.841, de 25 de novembro de 1976, revisto e complementado em 1977 pelo Ministério da Saúde. A Resolução – RDC n. 151, de 17 de junho de 2003, aprova o Fascículo 1 da Parte II da segunda edição da Farmacopeia homeopática brasileira, elaborado pela Comissão Permanente de Revisão da Farmacopeia Bra- sileira (CPRFB), instituída pela Portaria n. 12, de 20 de janeiro de 2000 (Anvisa, 2003), com revisão recente na terceira edição (Brasil, 2011). A aplicação foi feita em todas as plantas das duas bandejas localizadas nas extremidades opostas dos blocos (controle positivo). Todas as plantas foram irrigadas diariamente, sendo uma irrigação realizada no período da manhã e outra no período da tarde. O BioFAO apresenta em sua composição sulfeto de antimônio (Antimonium crudum), carbonato de potássio (Kali carbonicum), nitrato de mercúrio (Mercurius solubilis), enxofre (Sulphur), cloreto de sódio (Natrum muriaticum), ouro (Aurum metallicum) e cloreto de amônio (Ammonium muriaticum), prepara- dos em ultradiluições (Amorim, 2000; Moreira et al., 2008). Ninfas e adultos de pulgões (Brevicoryne brassicae. L.) foram coletados em condições naturais e multiplicados em condições de laboratório. As culturas foram feitas em placas de Petri (50 mm x 15 mm), sobre ágar a 1%. No centro da placa foi colocado um disco foliar (40 mm) de couvemanteiga, onde os afídeos foram mantidos por cinco dias em câmara climatizada tipo B.O.D., com fotoperíodo de 12 horas, a 24 °C. A inoculação das plantas foi feita sete dias após o

transplantio das mudas, no final da tarde do mesmo dia em que o BioFAO foi aplicado, sendo colocado na célula central da bandeja um disco foliar contendo 50 pulgões de B. brassicae, entre ninfas e adultos. A primeira avaliação das plantas quanto à área foliar (comprimento e lar- gura) de todas as folhas das plantas da área útil das parcelas experimentais foi fei- ta com o auxílio de um paquímetro digital, com precisão de duas casas decimais, sete dias após o transplantio das mudas. Essa avaliação foi repetida semanalmente até o término do experimento. Para essas variáveis, o delineamento foi em blo- cos casualizados, com duas repetições arranjadas em esquema fatorial 14 x 3 e parcelas subdivididas no tempo, em que a parcela foi a distância entre bandejas (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 e 16 metros) e a subparcela foi o tempo para as três avaliações. A parcela da distância zero recebeu os medicamentos (controle positivo) e a da distância de 16 metros foi o tratamento controle negativo.

Para quantificar as clorofilas a e b, o delineamento foi em blocos casualiza- dos (r = 2), em que os tratamentos foram as distâncias. As avaliações foram feitas aos quatorze e aos vinte e um dias após a instalação do experimento, utilizando-se o medidor portátil não destrutivo de clorofila SPAD-502 (Soil-Plant Analysis Development – 502), de acordo com os procedimentos sugeridos por Fontes e Araújo (2007). As avaliações foram feitas nas duas maiores folhas das plantas da área útil de cada parcela experimental. Também foram capturadas imagens digitais da cobertura foliar, sendo pos- teriormente avaliadas com o programa QUANT (Liberato, 2003; Vale et al., 2004). As avaliações também foram realizadas aos quatorze e aos vinte e um dias após o transplantio das mudas. Para a captura das imagens, foi utilizada uma câmera digital Olympus Tough – 10mp. As imagens foram inicialmente processadas para redução de tamanho e para padronizar a área a ser processada, sendo recortadas exatamente no tamanho das bandejas e posteriormente processadas pelo aplica- tivo QUANT. O número de cores das imagens foi reduzido para duas. As folhas foram transformadas em verde sólido e o substrato, em branco. A porcentagem da área verde foi considerada como a porcentagem relativa à área de cobertura foliar de cada parcela experimental. Ao final do experimento, vinte e um dias após o transplantio das mudas, procedeu-se ao corte da parte aérea de todas as plantas das parcelas, para determi- nação da massa da matéria seca, efetuando-se a secagem em estufa, com circula- ção forçada de ar a 60 ºC, até massa constante. Após a determinação da massa da matéria seca, as amostras foram moídas em moinho tipo Willey para realização da análise nutricional. As amostras foram submetidas ao ataque nitroperclórico para determinação dos teores de P, K, Ca, Mg,

Fe, Cu, Mg e Zn, seguindo a metodologia proposta por Silva (2009). Os estudos dos modelos de crescimento das plantas foram feitos a partir da análise de variância para aquelas variáveis que atenderam às pressuposições de normalidade, testada por Shapiro-Wilk, independência dos resíduos, testada por Durbin-Watson, e homogeneidade das variâncias, testada por Bartlett, todos a 0,01 de significância. Atendidas as pressuposições, as médias foram testadas pelo teste F de Snedecor, seguido de Tukey ou de Scott-Knott, a 0,005 de sig- nificância. Quando do contrário, foram realizadas transformações nas mesmas. Permanecendo sem normalidade ou homogeneidade, o estudo foi feito a partir de modelos lineares generalizados, com a análise de deviance, em que, para variáveis contínuas, adotou-se por critério de seleção dos modelos a distribuição normal com função de ligação logarítmica. Essa metodologia não depende da validação de pressuposições, como no caso de modelos lineares (McCulloch e Searle, 2000).

Resultados Independentemente do tempo, do comprimento e da largura das folhas, a produção de clorofilas, a porcentagem média de cobertura foliar e a massa da matéria seca da parte aérea das plantas não diferiram entre as parcelas não tratadas e a tratada com BioFAO (Tabelas 1 a 6). Por outro lado, foram detectadas diferenças significativas ao longo do tempo, independentemente das distâncias entre as parcelas, para todas as características avaliadas temporalmente (Tabelas 1 a 5), expressão do desenvolvimento das plantas. O melhor desempenho regis- trado entre sete e quatorze dias após o transplantio foi decorrente do aumento da área de substrato disponível para o crescimento das plantas (Tabelas 1 e 2). Ao final de vinte e um dias após o transplantio, as folhas estavam, em média, com 53,27 mm de comprimento por 41,60 mm de largura (Tabelas 1 e 2). Os teores de clorofilas a e b e a porcentagem de cobertura foliar aumentaram entre quatorze e vinte e um dias, tendo sido registrados 35,61 unidades SPAD de clorifla a e 13,81 unidades SPAD de clorofila b aos vinte e um dias após o transplantio (Tabelas 3 e 4). A área de substrato coberta pelas folhas foi de 76,6% aos vinte e um dias após o transplantio das mudas (Tabela 5). Os resultados obtidos mostram que a dinâ- mica da atividade metabólica das plantas foi mantida, mesmo com a presença de pulgões, uma vez que não foi detectada diferença significativa entre as plantas do controle positivo e negativo. A maioria das características nutricionais atendeu às pressuposições do modelo estudado, exceto P, Cu e Mn (Tabela 6). Exceto os teores de cobre, os demais nutrientes não diferiram entre os tratamentos, o que mostra que a capacidade das mudas para extrair nutrientes do substrato também não foi alterada com a presença de pulgões, controlada pela aplicação do BioFAO. Durante o período de

cultivo, não foram observados sintomas de deficiência ou toxicidade nutricional nas mudas.

Tabela 1. Comprimento médio (mm) das folhas de couve-man- teiga ( Brassica oleracea var. acephala ) em função das distân- cias de aplicação do BioFAO e do tempo transcorrido Distância Tempo (dias após (m) transplantio) 7 14 21 0 36,97 48,22 49,80 1 33,62 53,18 52,89 2 37,87 55,46 56,50 3 37,38 54,24 53,71 4 35,05 49,38 51,53 5 37,01 52,44 57,19 6 38,16 55,18 57,70 7 33,67 48,23 51,19 8 35,13 50,54 52,98 9 32,95 51,54 54,21 10 35,05 53,38 51,87 11 41,54 59,18 53,77 12 36,01 50,43 51,68 16 36,02 50,76 50,72 Médias 36,18 52,30 53,27 a b a CVDistância = 11,02%; CVTempo = 4,74%

Médias

45,00 a 46,57 a 49,94 a 48,45 a 45,32 a 48,88 a 50,35 a 44,37 a 46,22 a 46,24 a 46,77 a 51,50 a 46,04 a 45,83 a

W = 0,98; χ2 = 0,56; DW = 2,58 Médias seguidas por letras distintas para tempo diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de significância; CV: coeficiente de variação do experimento; W, χ2 e DW: estatística dos testes de Shapiro-Wilk para normalidade, Barttlet para a homogeneidade das variâncias e DurbinWatson para a independência dos resíduos; valores em negrito indicam variâncias

homogêneas, resíduos normalmente distribuídos e independentes.

Tabela 2. Largura média (mm) das folhas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) em função das distâncias de aplicação do BioFAO e do tempo transcorrido Distância Tempo (dias após (m) transplantio) 7 14 21 0 26,02 36,83 37,84 1 24,62 41,26 41,83 2 26,80 43,58 43,47 3 27,55 44,21 42,09 4 26,17 40,10 41,14 5 27,05 41,63 45,49 6 28,71 44,56 46,11 7 25,05 39,75 39,88 8 25,59 39,50 42,23 9 24,61 40,95 41,44 10 24,79 43,14 39,39 11 30,32 46,30 41,45 12 26,02 39,89 40,61 16 27,04 39,50 39,40 Médias 26,46 41,52 41,60 a b a CVDistância = 10,17%; CVTempo = 4,76%

Médias

33,56 a 35,91 a 37,95 a 37,95 a 35,81 a 38,06 a 39,79 a 34,90 a 35,77 a 35,67 a 35,78 a 39,36 a 35,51 a 35,31 a

W = 0,99; χ2 = 0,5; DW = 2,61 Médias seguidas por letras distintas para tempo diferem entre si pe- lo teste de Tukey a 0,05; CV : coeficiente de variação do experimento; W , χ2 e DW : estatística dos testes de Shapiro-Wilk para normalidade, Barttlet para a homogeneidade das variâncias e Durbin-Watson para a independência dos resíduos; valores em negrito indicam variâncias

homogêneas, resíduos distribuídos e independentes.

normalmente

Tabela 3. Teor médio de clorofila a (unidades SPAD) das plan- tas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) em função das distâncias de aplicação do BioFAO e do tempo transcorrido Distância Tempo (dias após transplantio) (m) 14 21 0 31,69 38,05 1 32,47 35,54 2 32,61 34,79 3 31,92 33,67 4 31,16 34,68 5 32,50 36,07 6 31,73 35,26 7 32,30 39,25 8 33,00 35,34 9 31,51 35,86 10 31,74 34,16 11 32,57 33,57 12 31,32 34,97 16 34,51 37,24 Médias 32,22 b 35,61 a CVDistância = 5,06%; CVTempo = 5,30%

Médias

34,87 a 34,00 a 33,70 a 32,80 a 32,92 a 34,28 a 33,49 a 35,77 a 34,17 a 33,68 a 32,95 a 33,07 a 33,14 a 35,88 a

W = 0,98; χ2 = 5,33; DW = 2,20 Médias seguidas por letras distintas para tempo diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de significância; CV : coeficiente de variação do experimento; W , χ2 e DW : estatística dos testes de Shapiro-Wilk para normalidade, Barttlet para a homogeneidade das variâncias e DurbinWatson para a independência dos resíduos; valores em negrito indicam variâncias

homogêneas, resíduos distribuídos e independentes.

normalmente

Tabela 4. Teor médio de clorofila b (unidades SPAD) das plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) em função das distâncias de aplicação do BioFAO e do tempo trans- corrido Distância Tempo (dias após transplantio) (m) 14 21 0 11,30 14,95 1 11,97 12,54 2 13,25 13,47 3 11,60 12,06 4 12,13 13,57 5 13,31 14,62 6 12,02 14,18 7 13,22 13,88 8 13,68 14,21 9 12,82 14,46 10 13,38 13,61 11 12,67 12,45 12 11,64 13,46 16 12,51 15,81 Médias 12,54 b 13,81 a CVDistância = 13,85%; CVTempo = 10,99%

Médias

13,12 a 12,26 a 13,36 a 11,83 a 12,85 a 13,96 a 13,10 a 13,55 a 13,94 a 13,64 a 13,49 a 12,56 a 12,55 a 14,16 a

W = 0,95; χ2 = 2,62; DW = 2,40 Médias seguidas por letras distintas para tempo diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de significância; CV : coeficiente de variação do experimento; W , χ2 e DW : estatística dos testes de Shapiro-Wilk para normalidade, Barttlet para a homogeneidade das variâncias e DurbinWatson para a independência dos resíduos; valores em negrito indicam variâncias

homogêneas, resíduos distribuídos e independentes.

normalmente

Tabela 5. Porcentagem média de cobertura foliar das plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) em função das distâncias de aplicação do BioFAO e do tempo transcorrido Distância Tempo (dias após transplantio) (m) 14 21 0 52,01 74,49 1 57,56 78,96 2 62,14 77,65 3 56,79 77,45 4 56,15 75,37 5 54,34 80,45 6 59,40 76,42 7 52,78 78,58 8 52,48 74,54 9 56,06 78,87 10 52,54 73,45 11 56,03 75,99 12 46,67 74,06 16 47,17 75,93 Médias 54,44 b 76,60 a CVDistância = 5,36%; CVTempo = 8,16%

Médias

63,25 a 68,26 a 69,90 a 67,12 a 65,76 a 67,39 a 67,91 a 65,68 a 63,51 a 67,46 a 62,99 a 66,01 a 60,36 a 61,55 a

W = 0,99; χ2 = 1,57; DW = 2,38 Médias seguidas por letras distintas para tempo diferem entre si pelo tes- te de Tukey a 0,05 de significância; CV : coeficiente de variação do expe- rimento; W , χ2 e DW : estatística dos testes de Shapiro-Wilk para norma- lidade, Barttlet para a homogeneidade das variâncias e Durbin-Watson para a independência dos resíduos; valores em negrito indicam variâncias homogêneas, resíduos normalmente distribuídos e independentes.

Tabela 6. Massa da matéria seca (MMS) e teor médio de macro e micronutrientes em plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) com vinte e um dias do transplantio, em função das distâncias de aplicação do BioFAO MMS Distânci a (m) 0

Teor de nutrientes P2

K

g

12,58 a 1 13,49 a 2 14,09 a 3 15,46 a 4 13,98 a 5 14,19 a 6 14,06 a 7 13,44 a 8 13,75 a 9 14,13 a 10 13,83 a 11 13,86 a 12 12,79 a 16 11,61 a CV (%) 10,72

Ca Mg

Zn

g kg-1 0,88 a 0,95 a 0,92 a 0,93 a 1,03 a 1,15 a 1,06 a 1,05 a 1,14 a 0,73 a 1,09 a 1,01 a 1,50 a 1,34 a -

12,75 a 13,00 a 11,00 a 13,75 a 11,25 a 11,25 a 13,00 a 13,00 a 11,75 a 10,00 a 12,25 a 11,75 a 10,75 a 11,50 a 16,17

Shapiro- 0,97 0,94 0,96 Wilk Bartlett 0,45 14,4 0,22 1

Cu1

Fe

Mn2

mg kg-1

1,23 1,06 14,87 0,00 b 341,24 205,62 a a a a a 1,15 1,01 12,76 0,00 b 281,94 220,23 a a a a a 1,14 0,99 14,95 0,00 b 295,46 228,05 a a a a a 1,25 1,19 13,92 0,00 b 255,56 171,95 a a a a a 0,96 0,97 16,61 0,00 b 311,04 233,05 a a a a a 1,05 1,01 18,70 0,31 b 290,05 240,18 a a a a a 1,18 1,05 23,99 0,36 b 332,15 261,81 a a a a a 1,07 0,98 15,42 0,00 b 315,40 224,29 a a a a a 1,31 1,01 23,34 0,00 b 226,44 200,22 a a a a a 0,98 0,84 22,36 0,00 b 278,79 185,73 a a a a a 1,14 0,96 18,46 0,00 b 376,65 242,32 a a a a a 1,03 0,92 20,06 1,04 b 285,80 219,63 a a a a a 1,09 0,97 33,51 0,52 b 299,44 177,99 a a a a a 1,06 1,07 57,20 3,74 a 262,57 196,93 a a a a a 10,2 10,90 47,66 200,46 19,27 3 0,95 0,97 0,95 0,91 0,97 0,93 0,99 4,60 1,59

0,34 4,81 16,86

Durbin- 2,89 Watson

3,13 2,54

2,87 3,31 2,55

2,80 2,96 3,10

Médias seguidas de mesmas letras não diferem entre si pelo teste F a 0,05 de significância; valores em negrito indicam normalidade dos resíduos, homogeneidade das variâncias e independência dos resíduos; 1transfor- mação ln(x+1) para análise estatística e letras distintas diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 0,05 de significância; 2Médias seguidas de mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Qui-quadrado de Wald a 0,05 de significância, estimado por modelos lineares generalizados com distribuição normal e função de ligação logarítmica; CV : coeficiente de variação do experimento, calculado com base nos dados originais.

Discussão Mudas de couve-manteiga na fase de roseta atingiram 46,02 gramas de massa da matéria seca da parte aérea aos dezoito dias após o transplantio (Aci- kgoz, 2011), valor superior ao encontrado no presente trabalho (entre 11,61 e 15,46 gramas); porém, como as condições edafoclimáticas de cultivo diferem en- tre os experimentos, esses valores são apenas indicativos de alguma limitação. O valor apresentado neste trabalho com BioFAO, entretanto, foi superior ao registrado para mudas da mesma variedade, com vinte e seis dias, cultivadas em casa de vegetação no Acre, com quase 100% de coprólito de minhoca em mistura com solo distrófico (valor máximo de 0,12 gramas) e com 10% em mistura com solo eutrófico (valor máximo de 0,22 gramas; Silva et al., 2007). Como as plantas estudadas em Uberlândia foram cultivadas em época de estiagem e com alta irradiância (vide climatograma em Ranal, 2003; Ranal et al., 2016), é possível que a diferença em massa das plantas seja decorrente da acli- matação. Essa hipótese é fortalecida pelo fato das plantas terem saído de viveiro, onde as condições de cultivo são ótimas. Deve-se levar em conta também que o cultivo foi feito em recipientes, e não diretamente no solo, o que daria vantagem às plantas em termos de ocupação de maior área pelo sistema radicular, maior absorção de nutrientes e maior investimento na parte aérea. É importante destacar que os teores de nutrientes em plantas jovens de couve-manteiga e na época de colheita do produto final, quando a planta é adul- ta, não diferem substancialmente (vide Acikgoz, 2011). Assim, comparações com a fase adulta de plantas dessa espécie também podem ser de grande valia. Nesse sentido, pode-se dizer que os teores de zinco, ferro e manganês atingiram, ou mesmo superaram, os valores de referência para plantas adultas de

couve-man- teiga (7,21 – 21,2 mg kg-1 para Zn; 22,4 – 55,2 mg kg-1 para Fe e 8,2 – 25,4 mg kg-1 para Mn) (Warman e Havard, 1997). Os demais micronutrientes, incluindo o cobre, apresentaram valores similares (Warman e Havard, 1997). Em se tratando de macronutrientes, os teores de fósforo, potássio e mag- nésio estão próximos do mínimo ideal para esses nutrientes em plantas de couve-manteiga adultas (1,79 g kg-1, 18 g kg-1 e 1,25 g kg-1) (Warman e Havard, 1997). O cálcio, contudo, com teores próximos entre 0,96 e 1,31 g kg-1, estava muito inferior aos 3,12 g kg-1 observados pelos autores referidos. No entanto, não houve manifestação de sintomas de deficiência de cálcio nas plantas em estudo.

É importante ressaltar que plantas com idade similar às estudadas no pre- sente trabalho podem ser compostas de 0,48% de P; 3,58% de K; 2,60% de Ca e 0,36% de Mg (Acikgoz, 2011), o que mostra que o potássio e o cálcio são nutrien- tes muito exigidos pela cultura nessa fase da vida. Diante do exposto, é possível afirmar que o BioFAO não altera a absorção de nutrientes de plantas de couvemanteiga na fase jovem. Além disso, o produto também parece não alterar os processos fotossintéticos, expressos em termos de massa da matéria seca, mesmo quando em aclimatação. Vale ainda destacar que essa cultivar absorve grandes quantidades de ferro (até 376,65 mg kg-1) e manganês (até 261,81 mg kg-1). Segundo a Food composi- tion table for use in East Asia, de 1972 (Opeña et al., 1988), Brassica campestris subsp. parachinensis era a mais rica em ferro, com 31 mg kg-1, dentre as nove brássicas conhecidas na época quanto ao seu valor nutricional, e a segunda mais rica em cálcio, com 1,09 g kg-1. Essa informação foi destacada por Mota et al. (2009) quando os autores trabalharam com essa mesma subespécie, uma sinoní- mia de Brassica chinensis var. parachinensis. Segundo Mota et al. (2009), a ane- mia por falta de ferro ainda incide sobre a população brasileira de baixa renda do Brasil, daí a importância das hortaliças ricas nesse nutriente estarem à mesa e, se forem sem agrotóxicos, os benefícios à saúde são ainda maiores. A ordem de extração de micronutrientes sugerida por Castellane et al. (1991) para hortaliças foi mantida para os que foram analisados no presente trabalho (Fe>Mn>Zn>Cu). Para os macronutrientes, dois deles (K>Ca) acompanha- ram a ordem de acumulação sugerida por outros autores (Furlani et al., 1978; Martinez e Clemente, 2011). Levando-se em conta o alto consumo mundial das brássicas, cultivar essas plantas, naturalmente grandes

extratoras de nutrientes do solo, livres de agrotó- xicos, pode ser uma alternativa altamente benéfica para a saúde humana.

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BioFAO no controle de pragas fitófagas do cafeeiro Jefferson Gitirana Neto1 Érika Sakata1 Atalita Francis Cardoso1 Andressa Fernandes do Nascimento1 Quintiliano Siqueira Schroden Nomelini2 Marli A. Ranal3 Míria de Amorim4 João Paulo Ribeiro-Oliveira5

O Brasil se destaca como o maior produtor e exportador mundial de café e como o segundo maior consumidor. A manutenção desse lugar se dá por meio de sistemas de cultivo robustos a diversas fontes estressoras, destacando-se as bióticas, em especial por se tratar de um monocultivo. As pragas são limitantes à produção e isso motivou o uso de agrotóxicos em larga escala durante muitos anos. O panorama tem se modificado gradativamente, em função das pressões sociais, sobretudo do mercado externo. O presente trabalho traz resultados anima- dores de controle do ácaro branco e vermelho, fitófagos do cafeeiro, com o uso do BioFAO (fatores de auto-organização do biocampo). O BioFAO Vitalys Vermelho, aplicado nas potências 76, 78 e 17 CH, pode controlar o ácaro branco de forma tão eficiente quanto os tratamentos químicos de ação imediata, como a combina- ção de cartape com fenpropathrin. O controle do ácaro vermelho com o mesmo medicamento também foi tão eficaz quanto o tratamento com triazophos e del- tametrina. Os resultados obtidos mostraram que o BioFAO é um

método de rees- truturação energética que, assim como outros métodos agroecológicos, tem ação inicial lenta, mas prolongada no tempo. Esse rearranjo energético e de sistema de cultivo tende ao equilíbrio, perdido em decorrência do monocultivo. É provável que as plantas tratadas com BioFAO sejam produtivas, com poucas aplicações ao longo dos anos, o que certamente reduz emissões de poluentes, bem como os 1 Alunos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU). 2 Professor Adjunto da Faculdade de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia (FAMAT – UFU). 3 Professora Titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 4 Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Toxicologia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 5 Pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU).

gastos de implantação e condução da lavoura para o produtor. Assim, o BioFAO pode ser um produto que maximiza os cultivos orgânicos de café.

Introdução A cafeicultura é uma atividade de grande relevância socioeconômica para o Brasil. Atualmente, o País se destaca como o maior produtor (Conab, 2015; Ovalle-Rivera et al., 2015) e exportador mundial e como o segundo maior consumidor de café (Conab, 2015). Os dados mais recentes sobre a cultura demonstram que, na safra 2014, 45,3 milhões de sacas foram colhidas e beneficiadas, sendo 32,3 milhões de café arábica e 13,0 milhões de conilon. A área total cultivada é de aproximadamente 2.256.500 hectares, com produção estimada para a safra de 2015 entre 44,11 e 46,61 milhões de sacas (60 kg), com destaque para o estado de Minas Gerais, maior produtor da commodity (Conab, 2015). O café está presente em 98,2% dos lares brasileiros, que apresentam, em média, 3,4 pessoas, das quais 2,8 bebem café (Abic, 2015). A manutenção desses números se dá por meio de sistemas de cultivo ro- bustos a diversas fontes estressoras, destacando-se as bióticas. Como é esperado de um monocultivo, o cafeeiro é atacado por diversas pragas que, se não forem controladas devidamente, ocasionam prejuízos limitantes à produção. Isso moti- vou o uso de agrotóxicos em larga escala durante anos, muitas vezes relacionados a calendários de aplicação. O panorama, contudo, foi gradativamente modificado frente às pressões sociais, sobretudo do mercado externo, e a constatação foi de que o mais lucrativo seria a utilização sistematizada dos agrotóxicos (Kogan, 1998; Panizzi, 2013; Ha, 2014). Por isso, o controle das pragas deve ser feito quando o nível populacional está prestes a atingir danos econômicos, dentro do chamado sistema de manejo de pragas (Gitirana Neto, 2012; Devault e Pascaline, 2014; Barzman et al., 2015). Os sistemas de manejo de pragas visam ao desenvolvimento de uma es- tratégia global de ação que lança mão de um elenco de táticas de controle, como

métodos químicos, biológicos e culturais, além do uso de variedades resistentes ou de metas de interferência nos processos fisiológicos e ecológicos dos insetos. Essas táticas são selecionadas e integradas em programas harmônicos que tiram a máxi- ma vantagem das características das plantas e dos fatores naturais de mortalidade (Barzman et al., 2015). Contudo, a ideia de que é possível reconsiderar uma forma alternativa e mais natural de controle de pragas para a cultura é animadora e pode ser observada na elevada procura de café orgânico, recentemente introduzido no mercado (Abic, 2015; Parvathi e Waibel, 2016). Nesse caminho, faz-se necessário

a introdução de meios que respaldem o sistema orgânico de modo similar ao con- vencional (Betti et al., 2013; Gliessman, 2015) e o BioFAO parece ser uma ótima alternativa. Assim, a hipótese deste trabalho é que o BioFAO tem capacidade de controle das pragas do cafeeiro. Para testar essa hipótese, observou-se o comportamento de ácaros fitófagos que, segundo Gaitán et al. (2015), são pragas de difícil controle. O ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus Banks), ácaro da rasgadura, ou ácaro tropical (Po- tafos, 1993; Abou-Awad et al., 2014), foi uma das espécies observadas. Trata-se de uma praga polífaga, que também ataca o algodão, o mamão, a batatinha e a seringueira (Gaitán et al., 2015), apresentando-se em coloração branco leitosa, com 0,15 a 0,20 mm de comprimento e de difícil visualização a olho nu. Vive na face abaxial das folhas mais novas, evitando a luz solar direta. Ataca viveiros e a planta no campo. Movimenta-se com bastante rapidez e seu pico populacional é no verão. As folhas atacadas ficam recurvadas e encrespadas pelo crescimento de- suniforme do limbo foliar, evoluindo para necroses, fendas e rasgaduras. Há tam- bém redução no tamanho e queda das folhas. O controle químico é a prática mais utilizada, sendo empregadas combinações de ingredientes ativos (i.a) com elevada eficácia ( 80%) aos três, sete, dez e quinze dias após a aplicação, destacando-se a combinação de spiromesifen com imidacloprid 144 (192 e 259,2 g de i.a. ha-1, respectivamente) e a do diafentiuron com spiromesifen (300 a 400 g de i.a. ha-1 e 120 a 144 g i.a. ha-1, respectivamente) (Bellettini et al., 1999). A outra espécie estudada foi o ácaro vermelho (Oligonychus ilicis McGre- gor), um dos principais fitófagos da cultura do café (Gaitán et al., 2015). Ele vive na face adaxial das folhas que, quando atacadas, apresentam-se recobertas por uma delicada teia, tecida pelos próprios ácaros, onde

aderem detritos, poeira e exúvias, provenientes do processo de ecdise após os estádios quiescentes, o que dá às folhas um aspecto de sujeira. Para se alimentar, os animais perfuram células da epiderme e do mesofilo e absorvem o conteúdo celular extravasado (Flechtmann, 1989; Gaitán et al., 2015). Como consequência, as folhas ficam opacas e bronze- adas, ocorrendo redução na área de fotossíntese. O ataque geralmente ocorre em reboleiras; porém, se as condições forem favoráveis ao ácaro e o controle não for feito no início da infestação, pode atingir toda a área. Períodos de seca, com estia- gem prolongada, são condições propícias à proliferação do ácaro, podendo causar desfolha e provocar atraso no desenvolvimento de plantas jovens (Reis e Souza, 1998; Reis, 2005). O método mais utilizado para manejo é o químico; porém, o uso de agrotóxicos para o controle de insetos e doenças fúngicas pode causar considerável aumento populacional do ácaro-vermelho, em função da destruição de seus inimigos naturais ou do estímulo à oviposição (Reis e Teodoro, 2000). Isso,

somado a todas as questões citadas, reforça a ideia de que o uso da homeopatia é desejável para áreas de cultivo de café. O uso do BioFAO no controle de pragas e na melhoria da qualidade dos produtos agrícolas é possível, de acordo com Amorim (2006), da mesma forma co- mo é observado no contexto humano e animal. De acordo com a autora, existem duas naturezas essenciais no mundo vegetal. Uma delas, denominada de mercu- rial, caracteriza plantas cuja parte aérea é maior do que a profundidade das raízes. As plantas apresentam-se então com pouco enraizamento, i.e., com raízes modes- tas em comparação à estrutura que se forma acima do solo, como é o caso dos tomateiros, dos coqueiros, mamoeiros e palmeiras. Nesse grupo, estão os vegetais cujas folhas melam no adoecimento. A segunda natureza, a sulfúrica (mais terra), está relacionada aos vegetais com raízes mais profundas, como as videiras, cujas raízes vão a metros de profundidade no solo. Em geral, essas plantas são mais re- sistentes, com folhas mais ásperas, podendo apresentar espinhos, secando no adoecimento. Essas duas naturezas, as mercuriais e as sulfúricas, são essencialmente opostas, e foram denominadas como Sollarys (mercuriais) e Vitalys (sulfúricas) para facilitar o uso pelos agricultores. Para as plantas mercuriais, as aplicações devem acontecer em escala ascendente de potências medicamentosas, começando com a dose menor e terminando com a maior, e para as sulfúricas o inverso. Com base no exposto, o objetivo deste trabalho foi testar se o tratamento utilizando BioFAO promove o controle de pragas (ácaro branco e o ácaro verme- lho) fitófagas em plantas de café arábica (Coffea arabica L. cv. Catuaí 144).

Material e métodos O experimento foi instalado na Fazenda Experimental da Empresa Agro- teste, no município de Monte Carmelo (MG), no ano agrícola de 2011. A lavoura utilizada foi constituída pela cultivar Catuaí 144, plantada em 2008, com espaça- mento de 3,6 m x 0,60 m. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições, incluindo a aplicação de BioFAO Vitalys vermelho (1); Vitalys laranja (2); triazophos + deltametrina (0,5 L ha-1) (3); cloridrato de cartape + fenpropathrin (1 kg + 0,2 L ha-1) (4) e o controle negativo (5). Cada parcela foi constituída por cinco plantas, totalizando 20 plantas para cada tratamento, sendo a área útil do experimento de 100 plantas. Experimentos prévios realizados pela equipe do Instituto BioFAO (www. institutobiofao.org.br) permitiram reconhecer o cafeeiro como sendo de natureza sulfúrica, pelo fato de as plantas dessa espécie terem o sistema radicular mais de-

senvolvido do que a parte aérea, e por isso foram testadas duas sequências de po- tências medicamentosas do BioFAO na dinâmica das plantas sulfúricas (Vitalys). O BioFAO apresenta em sua composição sulfeto de antimônio (Antimonium crudum), carbonato de potássio (Kali carbonicum), nitrato de mercúrio (Mercurius solubilis), enxofre (Sulphur), cloreto de sódio (Natrum muriaticum), ouro (Aurum metallicum) e cloreto de amônio (Ammonium muriaticum), preparados em ultra- diluições (Amorim, 2000; Moreira et al., 2008). O medicamento foi borrifado em três aplicações, com intervalo de duas ho- ras entre elas, em duas a seis folhas do terço médio de cada planta de café, nas po- tências de 66, 68 e 17 CH (Vitalys laranja) em um dos tratamentos e nas potências de 76, 78 e 17 CH (Vitalys vermelho) em outro tratamento, sendo 10 glóbulos L-1, com diluição em água destilada. Foram utilizadas bombas de aspersão manuais de 100 mL para aplicação das soluções. As diluições em escala centesimal (CH) foram preparadas na proporção de 1:99, de acordo com as normas da Farmacopeia homeopática brasileira, oficiali- zada pelo Decreto n. 78.841, de 25 de novembro de 1976, revisto e complementa- do em 1977 pelo Ministério da Saúde. A Resolução – RDC n. 151, de 17 de junho de 2003, aprova o Fascículo 1 da Parte II da segunda edição da Farmacopeia ho- meopática brasileira, elaborado pela Comissão Permanente de Revisão da Farma- copeia Brasileira (CPRFB), instituída pela Portaria n. 12, de 20 de janeiro de 2000 (Anvisa, 2003) e com revisão recente na terceira edição (Brasil, 2011). Durante a condução do experimento, foram efetuadas quatro coletas, sen- do uma no dia 27 de maio (antes da aplicação do BioFAO) e três após a aplicação (3, 10 e 17 de junho de 2011). Cada planta foi dividida, em relação à altura, em três partes iguais (terço inferior, médio e superior), das

quais foi coletada apro- ximadamente a mesma quantidade de folhas, sendo 25 de cada lado da linha de plantio, totalizando 50 folhas por planta. Elas foram acondicionadas em sacos de papel devidamente identificados, sendo levadas para o laboratório, onde foram avaliadas individualmente sob microscópio estereoscópico, com aumento de 10 a 40 vezes, para a contagem dos ácaros. Para a análise estatística, os foram transformados para raiz quadrada

x

dados das contagens

[

k

para k

0,5 ]

e as médias compara-

das pelo teste de Tukey (P < 0,05). A eficácia dos tratamentos, em por- centagem, foi calculada conforme Abbott (1925), usando a expressão

população do controle negativo E população do controle positivo 100 população do controle negativo

É importante ressaltar que os autores não tiveram a intenção de avaliar o efeito do tempo nas características em estudo. Por isso não se processou a análise dos dados como sendo uma parcela subdividida no tempo.

Resultados e discussão Antes da aplicação dos produtos as plantas de café apresentavam número similar de ácaros brancos por folha (Tabela 1). Após sete dias da aplicação, esse número foi maior para plantas tratadas com BioFAO Vitalys Laranja, indicando suscetibilidade da cultura a esse tipo de medicamento. Nesse momento, como era esperado, o número de pulgões foi menor em plantas tratadas com triazophos e deltametrina. Por outro lado, esse número foi similar ao encontrado para plantas tratadas com cloridrato de cartape e fenpropathrin e BioFAO Vitalys Vermelho. Isso também foi válido para o número de folhas com pulgões, mas a eficácia da combinação de triazophos com deltametrina foi muito superior aos demais trata- mentos, bem como a ineficácia do BioFAO Vitalys Laranja. Outro fato que chama a atenção quanto à eficácia foi a elevada similaridade quanto ao BioFAO Vitalys Vermelho e a combinação de cloridrato de cartape e fenpropathrin (Tabela 1). Esse resultado demonstra que o BioFAO Vitalys Vermelho pode controlar o ácaro branco de forma tão eficiente quanto os tratamentos químicos de ação imediata. A maior eficácia do BioFAO Vitalys Vermelho, nas maiores potências (76, 78 e 17 CH), em especial aos quatorze dias após a aplicação, ratifica a assertividade do tratamento para o controle dessa praga. Esses resultados indicam que a variação da potência medicamentosa se inclui como fator determinante para a resposta esperada. Da mesma forma, todas as plantas de café apresentaram número de ácaros vermelhos similar, antes da aplicação dos produtos (Tabela 2). Em qualquer data de avaliação após essa aplicação, plantas tratadas com BioFAO Vitalys Laranja tiveram maior número de ácaros. A eficácia do tratamento com triazophos e del- tametrina também foi maior aos sete dias após a aplicação (DAA), enquanto a do

BioFAO Vitalys Laranja foi a menor. O BioFAO Vitalys Vermelho foi mais eficiente do que essa combinação química, na contagem realizada aos 21 DAA (Tabela 2). Os ácaros vermelhos ocorreram em reboleiras, quando as plantas foram tratadas com BioFAO Vitalys Laranja (vide altos valores dos coeficientes de variação para número médio de ácaros por folha). Em geral, a densidade de ácaros (branco e vermelho) foi baixa para o café, de acordo com o critério estabelecido por Franco et al. (2008). Isso, provavelmen- te, está associado ao fato de a lavoura estar instalada em área experimental, que normalmente tem tratos mais elaborados do que cultivos comerciais. Apesar disso,

dois pontos chamam a atenção nesses resultados. O primeiro deles se refere ao fato de a eficácia do BioFAO Vitalys Vermelho (76, 78 e 17 CH) ter sido mantida ao longo das datas de análise, em contraposição à dos tratamentos químicos, e o segundo se refere ao fato de o BioFAO Vitalys Laranja (66, 68 e 17 CH) ter sido ineficiente para o controle de pragas fitófagas do cafeeiro. A maior eficácia do tratamento químico em um primeiro momento é facil- mente entendida, quando se pensa que esse é um método de controle imediato. Ao contrário, o BioFAO é um método de reestruturação energética que, assim como outros métodos agroecológicos (Holt-Giménez e Altieri, 2013; Gliessman, 2015), tem exteriorização de ação inicial lenta, mas prolongada no tempo. Esse rearranjo energético e de sistema de cultivo tende ao equilíbrio, perdido em decorrência do monocultivo. É provável que plantas tratadas com BioFAO sejam produtivas, com poucas aplicações ao longo dos anos, o que certamente reduz emissões de poluen- tes, bem como os gastos de implantação e condução da lavoura para o produtor. Assim, o BioFAO nas maiores potências (76, 78 e 17 CH) pode ser indicado como um dos produtos que poderá maximizar os cultivos orgânicos de café. Atualmen- te, poucos, mas lucrativos, cultivos de café orgânico são encontrados no Brasil e no mundo e um dos fatores mais limitantes para a maximização desse tipo de cultivo é a questão fitotécnica (Ricci et al., 2005; Moura et al., 2015; Souza et al., 2015). Talvez por isso o número de trabalhos seja tão pequeno, o que dificulta a comparação dos resultados. Os dois fatos aqui apresentados também convergem para um efeito anun- ciado pela homeopatia, de que existem compatibilidades energéticas que devem ser consideradas quando do receituário (Bellavite et al., 2013; Bonamin e Waisse, 2015), principalmente quando se trata do BioFAO

(Amorim, 2006). É provável que o BioFAO Vitalys Vermelho (76, 78 e 17 CH) seja energeticamente compatível com o cafeeiro, auxiliando-o a reestruturar o biocampo. Isso faz com que as plantas de café se tornem mais resistentes ao ataque de pragas, incluindo as fitófagas. Por ou- tro lado, o BioFAO Vitalys Laranja (66, 68 e 17 CH) certamente é incompatível com o cafeeiro, podendo inclusive ser um agente estressor às plantas. Isso pode explicar a baixa eficácia do tratamento no controle de ácaros e fundamentar a principal conclusão deste trabalho, de que o BioFAO Vitalys Vermelho, utilizado em doses mais altas (76, 78 e 17 CH) e aplicados nessa ordem específica, é um potencial tratamento de controle de pragas fitófagas do cafeeiro, podendo representar um divisor de águas para a maximização de cultivos orgânicos da espécie.

Tabela 1. Número médio de ácaros brancos ( Polytarsonemus latus ) presentes em folhas de Coffea arabica L. cv. Catuaí 144, antes da aplicação (AA), por folha (AF), eficácia dos tratamentos (%E) e número de folhas com ácaros (NF) aos sete, quatorze e vinte e um dias após a aplicação dos produtos. T+D: Triazophos + Deltametrina; CC+F: Cloridrato de cartape + Fenpropathrin; VV: BioFAO Vitalys Vermelho, nas potências de 76, 78 e 17 CH, aplicadas nessa ordem; VL: BioFAO Vitalys Laranja, nas potências de 66, 68 e 17 CH, aplicadas nessa ordem. CV : coeficiente de variação. D.M.S.: diferença mínima significativa

7 dias Tratament AA AF %E o T+D 2,60 0,60 85,85 a a CC+F 2,60 3,15 25,71 a ab VV 2,60 3,21 24,29 a ab VL 2,60 7,47 -76,18 a b Controle 2,60 4,24 a ab CV (%) 0,00 81,4

NF

AF

14 dias %E

NF

0,14 0,23 84,86 0,16 a a a 0,63 1,90 -25,00 0,43 ab ab a 0,45 0,42 72,37 0,19 ab a a 0,81 2,41 -58,55 0,48 b b a 0,59 1,52 0,28 ab ab a 44,1 63,4 56,8

21 dias AF %E NF 0,98 -18,07 0,29 a a 0,82 01,20 0,37 a a 0,72 13,25 0,31 a a 1,01 -21,69 0,33 a a 0,83 0,36 a a 81,3 56,28

D.M.S.

0 6,86

1 0 0,53 1,86

3 0,40

7 1,61

Médias na coluna seguidas por letras distintas diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05).

0,43

Tabela 2. Número médio de ácaros vermelhos ( Oligonychus ilicis ) presentes em folhas de Coffea arabica L. cv. Catuaí 144, antes da aplicação (AA), por folha (AF), eficácia dos tratamentos (%E) e número de folhas com ácaros (NF) aos sete, quatorze e vinte e um dias após a aplicação dos produtos. T+D: Triazophos + Deltametrina; CC+F: Cloridrato de cartape + Fenpropathrin; VV: BioFAO Vitalys Vermelho, nas potências de 76, 78 e 17 CH, aplicadas nessa ordem; VL: BioFAO Vitalys Laranja, nas potências de 66, 68 e 17 CH, aplicadas nessa ordem. CV : coeficiente de variação. D.M.S.: diferença mínima significativa

Tratament AA o T+D 1,96 a CC+F 1,96 a VV 1,96 a VL 1,96 a Controle 1,96 a

AF 0,07 a 0,19 a 0,21 a 8,97 a 0,57 a

7 dias %E

NF

89 0,02 a 66 0,03 a 63 0,05 a 14 0,67 b 0,14 a

AF 0,26 a 0,32 a 0,30 a 3,52 b 0,54 a

14 dias %E NF 51 0,12 a 40 0,17 a 44 0,16 a -55 0,80 b 0,24 a

21 dias AF %E NF 0,20 a 0,32 a 0,03 a 3,74 b 0,43 a

53 0,07 a 26 0,16 a 93 0,02 a 0 0,57 b 0,14 a

CV (%) D.M.S.

0,00 199,5 1 9,03

63,47

82,33

59,23

91,17

44,74

0,26

1,84

0,40

1,95

0,20

Médias na coluna seguidas por letras distintas diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P < 0,05).

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BioFAO no controle de pulgões da couvemanteiga: patogenesia explícita Risely Ferraz de Almeida1 Givago Coutinho1 Emmanuel Naves2 Laura Carvalho Camargo1 Marli A. Ranal3 Míria de Amorim4 João Paulo Ribeiro-Oliveira 5

Não é novidade que as brassicáceas estejam entre as principais olerícolas produzidas no mundo e que a couvemanteiga seja um alimento nutracêutico de elevada qualidade, em decorrência do pool de vitaminas, minerais e fibras. Isso é preocupante ao se pensar que, consumida in natura, a couve-manteiga é um dos alimentos com maior resquício de agrotóxicos no Brasil dentre os produtos agrícolas colhidos no País. Essa situação se deve principalmente à ocorrência de pulgões fitófagos com especificidade para a espécie, controlados com inseticidas. Contudo, alternativas para minimizar o uso desses inseticidas têm sido testadas, como a substituição ou sua associação com produtos homeopáticos, a fim de diminuir doses ou extinguir sua aplicação. Diante do exposto e baseado nos re- sultados apresentados no capítulo 5 deste livro, este trabalho teve como objetivo principal avaliar a eficiência do BioFAO (fatores de auto-organização do

biocam- po), em maior potência, no controle de pulgões da couve-manteiga. As mudas foram submetidas a quatro tratamentos, sendo dois com BioFAO (400 – 30 CH e 30 – 400 CH), um com deltrametrina 0,5 mL L-1 e o tratamento controle. Os resul- tados obtidos mostraram que durante vinte dias o biocampo ao redor das plantas tratadas com BioFAO foi estabelecido e elas foram se ajustando a ele. Outro fato que chamou a atenção foi a injúria mínima em plantas do controle negativo (sem 1 Alunos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU). 2 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal do Instituto de Biologia da Universidade Fe- deral de Uberlândia (INBIO – UFU). 3 Professora Titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 4 Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Toxico- logia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 5 Pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU).

tratamento), o que se torna mais interessante quando se pensa que a maior den- sidade de pulgões, em geral, foi encontrada nas plantas desse tratamento. Esses resultados permitem pensar na possibilidade de que os agrotóxicos comprometem a defesa natural das plantas e que a couvemanteiga, apesar de ser alvo tão in- tenso de aplicações desses produtos, ainda conserva a memória química para a produção de substâncias de defesa.

Introdução Além de moléculas químicas sintéticas e não sintéticas, a agricultura con- vencional também incorpora gases de efeito estufa (GEE) ao meio (Bhatia et al., 2004; Reay et al., 2012; Brassard et al., 2014). Talvez por isso a agropecuária seja considerada por alguns como inimiga planetária. O setor da agropecuária, principalmente a agricultura, é responsável pela emissão média de 20% de GEE para a atmosfera e tem um papel importante no aumento desses gases no decorrer dos anos (IPCC, 2007). Muitos desses gases es- tão associados ao tráfego de maquinários agrícolas (Tilman, 1999; Hazell e Wood, 2008), essencial para que os tratos culturais de implantação e condução da lavou- ra sejam realizados. Assim, qualquer incentivo de redução de tráfego agrícola é válido e deve ser incentivado. Pensando nisso, a equipe do Instituto BioFAO verificou a possibilidade de diminuir o número de aplicações do BioFAO para reduzir o trânsito dentro das la- vouras e o contato dos agricultores e técnicos com o biocampo em formação. Isso deu origem a uma nova formulação que levou a outra pergunta. A condensação energética da nova formulação do BioFAO seria capaz de reproduzir os resultados da composição original particionada? A partir desse questionamento, este capí- tulo foi elaborado com plantas de couve-manteiga, que já haviam sido testadas anteriormente com boa resposta. Não é novidade que as brássicas estejam entre as principais olerícolas pro- duzidas no mundo (Filgueira, 2008) e que a couve-manteiga seja um alimento nutracêutico de elevada qualidade, em decorrência do pool de vitaminas, minerais e fibras. Isso se torna mais preocupante ao pensar que, consumida in natura, a couve-manteiga é um dos alimentos com maior resquício de agrotóxicos no Bra- sil

(Anvisa, 2011). Essa situação se deve principalmente à ocorrência de pulgões fitófagos com especialidade para a espécie. Para a couve-manteiga, os ataques de pulgões são realizados pelas espécies Brevicoryne brassicae L., Myzus persicae Sulzer e Lipaphis pseudobrassicae Davis. Polífogas, essas pragas cosmopolitas atacam as folhas, as partes terminais de talos

e as inflorescências de várias espécies de brássicas, causando o encarquilhamento e o amarelecimento das plantas (Godoy e Cividanes, 2002). Além disso, os pulgões são transmissores de mais de 10 tipos de vírus fitopatogênicos, incluindo aqueles responsáveis pelo anel negro da couve-manteiga (Peña-Martinez, 1992). Para o controle dessas pragas, recomenda-se a utilização de substâncias com efeito in- seticida como fenitrotion, malation, acefato e metamidofos (Luz e Saboya, 2002). Ao longo do tempo, têm-se utilizado alternativas no controle de pragas que não agridam e não causem danos aos recursos naturais. Sampaio (2009) mencio- na que os parasitoides correspondem ao grupo de inimigos naturais com maior representatividade nas ordens Hymenoptera e Diptera, sendo muito utilizados em programas de controle biológico. Mais recentemente, têm sido incorporadas alternativas para minimizar o uso desses inseticidas, sendo realizados testes com produtos homeopáticos (Pinto, 2012). Diante do exposto e baseado nos resultados apresentados no capítulo 5 deste livro, este trabalho teve como objetivo principal avaliar a eficiência do Bio- FAO, em maior potência, no controle de pulgões da couve-manteiga.

Material e métodos O experimento foi realizado entre os meses de junho a julho de 2012, em uma das áreas experimentais do Campus Umuarama, Uberlândia (MG), com qua- tro tratamentos de 30 plantas cada um (Tabela 1). Tabela 1. Tratamentos aplicados em mudas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) para o controle de pulgões Tratament 1a Aplicação o T1 BioFAO – amarelo (400 CH) T2

BioFAO – azul (30 CH)

T3

Deltrametrina (0,5 mL L-1) (controle positivo) Controle negativo (sem produtos)

T4

2a Aplicação BioFAO – azul (30 CH) BioFAO – amarelo (400 CH) -

Mudas comerciais de couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala DC.) foram adquiridas de um viveiro comercial localizado no município de Uber- lândia (MG). O transplantio das mudas foi feito para recipientes com volume de 300 mL, preenchidos com substrato contendo vermiculita e casca de Pinus na pro- porção 1:1. A irrigação foi feita diariamente. Cada tratamento foi constituído por uma amostra de 30 plantas, agrupadas conforme o espaçamento convencional. As

quatro amostras de 30 plantas foram distribuídas em campo com distância de 10 metros entre si, para evitar a interferência entre os tratamentos. Três dias após o transplantio foi feita a primeira aplicação dos produtos (Tabela 1). O BioFAO foi utilizado na proporção de 1 glóbulo para cada 100 mL de água des- tilada. Cada planta recebeu 1 mL da solução, com auxílio de uma seringa. Da mesma forma, depois de quatro dias, foi feita a segunda aplicação do BioFAO (Tabela 1). O inseticida deltametrina 25 CE foi utilizado em uma única aplicação, na concentração de 0,5 mL L-1, pulverizado dois dias depois da primeira aplicação do BioFAO. Foram feitas avaliações periódicas a partir do terceiro dia de aplicação dos produtos quanto ao número de folhas totalmente desenvolvidas, número de folhas com injúrias e número de pulgões em diferentes estágios de desenvolvimento. Ao final do experimento, realizou-se a coleta de todas as plantas de cada tratamento para quantificar a massa da matéria seca da parte aérea, com secagem em estufa, com circulação forçada de ar a 70 ºC, até massa constante. Os dados obtidos foram analisados pelo teste t de Student a 0,05 de signi- ficância. Optou-se por não se utilizarem recursos como a MAMOVA de medidas repetidas, pois não era intuito entender como o produto agia com o passar do tempo. Além disso, ressalta-se o uso do erro padrão, em vez do desvio padrão, como medida de dispersão da média. Por se tratar de médias de amostra, o erro padrão foi adotado por demonstrar a variação da média, e não dos dados, como é o caso do desvio padrão, que é mais interessante para experimentos sob algum tipo de delineamento.

Resutados e discussão O número médio de folhas das mudas de couvemanteiga foi similar entre os tratamentos, apenas na primeira avaliação (Tabela 2). No oitavo, 14º e 18º dias após o transplantio (DAT), as mudas do controle negativo (sem tratamento) apre- sentaram o maior número de folhas em relação aos demais tratamentos. No 20º DAT, as mudas tratadas com BioFAO tiveram comportamento similar àquelas do controle negativo, sendo as do controle positivo (tratadas com inseticida) as que apresentaram menor número de folhas. Na última avaliação, aos 26 DAT, as mudas tratadas com BioFAO amarelo-azul e as do controle negativo apresentaram maior número de folhas que as demais. Esses resultados mostraram que durante os pri- meiros 20 DAT o biocampo foi estabelecido e as plantas foram se ajustando a ele.

Tabela 2. Número médio de folhas produzido por mudas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) após o transplantio (DAT), submetidas a diferentes tratamentos. BioFAO amarelo-azul, nas potências medicamentosas de 400 CH, seguida de 30 CH, e azul-amarelo, o contrário. Controle positivo: com inseticida. Controle negativo: sem tratamento

Tratamento 6º DAT 3,33 ± BioFAO amarelo- 0,10 a azul 3,13 ± BioFAO 0,12 a azulamarelo 3,57 ± Controle 0,12 a positivo 3,47 ± Controle 0,09 a negativo

8º DAT

14º DAT 18º DAT 20º DAT 26º DAT

4,40 ± 0,12 bc

4,50 ± 0,15 b

5,03 ± 0,14 b

5,40 ± 0,13 a

5,50 ± 0,13 a

4,37 ± 0,14 c

4,47 ± 0,12 b

5,20 ± 0,12 b

5,40 ± 0,16 a

5,33 ± 0,15 b

4,87 ± 0,13 b

4,80 ± 0,13 b

5,70 ± 0,17 ab

4,97 ± 0,13 b

5,23 ± 0,12 b

5,27 ± 0,15 a

5,23 ± 0,12 a

6,13 ± 0,17 a

5,70 ± 0,13 a

5,90 ± 0,15 a

Médias ± erro padrão seguidas por letras distintas na coluna diferem significativamente pelo teste t de Student a 0,05 de significância.

O número médio de folhas injuriadas foi similar entre os tratamentos ape- nas aos seis DAT (Tabela 3). No 14º DAT as plantas tratadas com BioFAO na com- binação amareloazul foram as mais injuriadas e isso prosseguiu até o final das avaliações, em geral, igualando-se às plantas tratadas quimicamente (controle po- sitivo). Isso justifica a necessidade de reaplicação dos agrotóxicos durante o curto ciclo das plantas. É importante informar que a combinação do BioFAO 400 CH seguida de 30 CH foi a mais prejudicial, pois foi aplicada na dinâmica sulfúrica, quando a couve é incluída na dinâmica mercurial. A combinação 30 CH seguida de 400 CH conseguiu manter as plantas como as dos

melhores tratamentos até o 14º DAT e, mesmo quando passaram a ser mais atingidas pelos insetos, permaneceram em melhor situação do que o BioFAO 400/30 CH. Portanto, esse experi- mento confirmou que a ordem ascendente e descendente das potências deve ser observada, de acordo com a natureza do vegetal. Nesse caso, o esquema amarelo-azul (400/30 CH) foi o mais prejudicial, por ser contrário à natureza da couve. Outro fato que chamou a atenção foi a injúria mínima em plantas do controle negativo, o que se torna mais interessante quando se pensa que a maior densidade de pulgões, em geral, foi encontrada nas plantas desse tratamento (Ta- bela 4). Esses resultados permitem pensar na possibilidade de que os agrotóxicos comprometem a defesa natural das plantas e que a couve-manteiga, apesar de ser alvo tão intenso de aplicações desses produtos, ainda conserva a memória quími- ca para a produção de substâncias de defesa.

Tabela 3. Número médio de folhas de mudas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var, acepha- la ) injuriadas após o transplantio (DAT), submetidas a diferentes tratamentos. BioFAO amarelo-azul, nas potências medicamentosas de 400 CH, seguida de 30 CH, e azulamarelo, o contrário. Controle positivo: com inseticida. Controle negativo: sem tratamento Tratamento 6º DAT 1,03 ± BioFAO amarelo- 0,17 a azul 0,60 ± BioFAO 0,16 a azulamarelo 0,47 ± Controle 0,18 a positivo 0,73 ± Controle 0,12 a negativo

8º DAT 14º DAT 18º DAT 20º DAT 26º DAT 1,13 ± 0,21 a

2,03 ± 0,22 c

4,00 ± 0,24 c

4,47 ± 0,23 c

4,67 ± 0,23 c

0,60 ± 0,16 a

0,40 ± 0,21 a

2,77 ± 0,28 b

2,90 ± 0,33 ab

3,50 ± 0,27 b

1,27 ± 0,28 b

1,30 ± 0,24 b

3,50 ± 0,41 bc

3,33 ± 0,31 b

4,10 ± 0,26 bc

0,73 ± 0,17 a

0,80 ± 0,25 a

1,97 ± 0,28 a

2,10 ± 0,33 a

2,47 ± 0,35 a

Médias ± erro padrão seguidas por letras maiúsculas distintas na coluna diferem significativamente pelo teste t de Student a 0,05 de significância.

Na primeira avaliação, as plantas do controle negativo (sem tratamento) abrigaram o maior número de pulgões, juntamente com as tratadas com BioFAO amarelo-azul. Nas três avaliações seguintes, os tratamentos se igualaram e as diferenças voltaram a aparecer nas duas últimas avaliações (Tabela 4). No 20º DAT as mudas tratadas com BioFAO azulamarelo parecem ter estado melhor protegidas, em função da menor média e erro padrão; no 26º DAT, porém, houve aumento dos pulgões, com maior variabilidade entre as plantas (vide alto valor do erro padrão).

Tabela 4. Densidade de pulgões encontrada em mudas de couvemanteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO, comparadas com o tratamento convencional (controle positivo) e com o controle negativo (sem tratamento), ao longo de vinte e seis dias após o transplantio. Bio- FAO amarelo-azul, nas potências medicamentosas de 400 CH, seguida de 30 CH, e azul-amarelo, o contrário Tratament o BioFAO amareloazul BioFAO azulamarelo Controle positivo Controle negativo

6º DAT

8º DAT 14º DAT 18º DAT 20º DAT 26º DAT

0,63 ± 0,39 ab

1,07 ± 0,64 a

0,70 ± 0,61 a

0,20 ± 0,14 a

0,37 ± 0,28 ab

0,00 ± 0,00 a

0,00 ± 0,00 a

0,50 ± 0,26 a

2,70 ± 1,97 a

0,10 ± 0,06 a

0,03 ± 0,03 a

4,17 ± 2,77 ab

0,30 ± 0,27 a

0,60 ± 0,40 a

0,33 ± 0,33 a

0,47 ± 0,30 a

2,33 ± 0,20 a

0,00 ± 0,00 a

2,43 ± 0,88 b

2,03 ± 0,75 a

1,48 ± 0,72 a

0,73 ± 0,32 a

1,67 ± 0,69 b

1,07 ± 0,50 b

Médias ± erro padrão seguidas por letras maiúsculas distintas na coluna diferem significativamente pelo teste t de Student a 0,05 de significância.

O BioFAO amarelo-azul (400/30 CH) e azul-amarelo (30/400 CH) foram aplicados com elevada potência energética para maximizar seu efeito protetor e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de gases relacionadas ao aquecimento global que são geradas com a passagem dos tratores de pulverização em grandes áreas. As plantas, porém, manifestaram patogenesia, com redução no número de folhas em relação às plantas do controle negativo, durante aproximadamente vinte dias. As plantas manifestaram agravação inicial, típica das patogenesias, para depois ter-se a melhora do quadro. Para a couvemanteiga, essas potências do BioFAO utilizadas

ultrapassaram o ponto ideal para a auto-organização esperada. Esse período de vinte dias pode ter sido utilizado pelas plantas para seu ajustamento ao biocampo formado, conforme mencionado no início, e com base nos dados apresentados na tabela 2; esse período de ajustamento, porém, trouxe efeitos negativos às plantas e isso poderia ser alvo de um estudo mais detalhado. Se durante esse período de estresse das plantas, causado por medicamentos aplicados em potência inadequada, outro estresse ambiental fosse a ele sobreposto, quantas plantas seriam capazes de sobreviver? Essa é uma pergunta que precisa estar à frente, quando da tomada de decisões sobre a potência a ser utilizada. As- sim, prova-se que homeopáticos são medicamentos com elevada complexidade de prescrição (Bellavite et al., 2013; Bonamin e Waisse, 2015), podendo afetar negati- vamente o alvo do tratamento, seja um animal ou uma planta, quando a potência

é empregada de forma inadequada. Essa teoria também respalda a hipótese de que plantas são ótimos modelos de estudo para a homeopatia (Jäger et al., 2015). Interessante é que o efeito prejudicial do BioFAO, quando aplicado em potência inadequada, parece ser temporário. Na última leitura, as plantas pareciam estar recuperadas, o que se sustenta na similaridade do número médio de folhas produzidas entre os tratamentos. É válido lembrar, entretanto, que o controle negativo, em geral, foi aquele que apresentou melhores resultados quanto a essa característica, reforçando a ideia de que o tratamento BioFAO de elevada potên- cia é tão prejudicial ao desenvolvimento de plantas de couvemanteiga quanto o tratamento químico. Outro fato que chamou a atenção foi a injúria mínima em plantas do con- trole negativo (sem tratamento), o que se torna mais interessante quando se pensa que a maior densidade de pulgões, em geral, foi encontrada nas plantas desse tratamento. Esses resultados permitem pensar na possibilidade de que os agrotó- xicos comprometem a defesa natural das plantas e que a couve-manteiga, apesar de ser alvo tão intenso de aplicações desses produtos, ainda conserva a memória química para a produção de substâncias de defesa. É importante salientar, ainda, que esses resultados puderam auxiliar o aprimoramento das potências do BioFAO para plantas e, por isso, também merecem destaque aqui.

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Entomofauna e respostas morfofisiológicas da couvemanteiga tratada com inseticida convencional, óleo de Nim e com BioFAO Ernane Miranda Lemes1 Monique Ferreira1 Carlos Sebastião Machado Júnior1 Nélio Tolentino1 Ana Paula de Oliveira2 Marli A. Ranal3 Míria de Amorim4

Apesar de eficiente, o controle químico de insetos nas áreas agrícolas apre- senta consideráveis riscos de contaminação ambiental, grande potencial para eli- minação indiscriminada de inimigos naturais dos insetos prejudiciais, seleção de populações resistentes de insetos e efeito tóxico ao homem. A agrohomeopatia surge dentro desse cenário como alternativa à produção de alimentos livres de agrotóxicos. Em função disso, este estudo teve por objetivo avaliar a entomo- fauna, as respostas fisiológicas e biométricas da couve-manteiga, cultivada sob a ação do BioFAO (fatores de auto-organização do biocampo), comparada com o uso do inseticida natural Nim e com um inseticida convencional. O BioFAO nas potências 11 CH e 12 CH, aqui convencionado como Sollarys Branco, aplicado

com intervalo de três horas, fez com que as plantas de couve-manteiga se manti- vessem com a temperatura foliar acima da temperatura registrada para as plantas dos demais tratamentos e acima da temperatura média do ambiente, indicando ser um sintoma de patogenesia exercido pelo medicamento. O número de insetos fitógafos (pulgões e lagartas) e o número de inimigos naturais dos insetos fitófagos (joaninhas e vespas parasitoides) foi maior nas plantas tratadas com BioFAO na potência 12 CH, aqui convencionado como BioFAO Branco, em relação aos demais tratamentos, caracterizando o controle biológico. Isso pode responder à primeira pergunta elaborada pelos primeiros usuários do BioFAO em plantas. O que acontece com os insetos quando o biocampo é formado? A hipótese que se 1 Alunos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU). 2 Pós-doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal do Instituto de Biologia da Univer- sidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 3 ProfessoraTitular do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 4 Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Toxicologia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

levanta é a de que as visitas continuadas dos insetos, tocando a planta, estimulam suas defesas naturais. Isso significa que os insetos têm um papel relevante para que as plantas permaneçam saudáveis, em função do aumento da imunidade. Como insetos de várias categorias fazem as visitas, fitófagos ou não, o equilíbrio entre as populações dos fitófagos e dos seus inimigos naturais se estabelece, sem a necessidade de agrotóxicos, que interrompem essas relações, deixando o ambiente estéril e dependente de mais aplicações para sua sobrevivência.

Introdução A produção brasileira de hortaliças no período de 2000 a 2011 cresceu 31%, enquanto a área de cultivo cresceu apenas 1,25%, ocupando em 2011 um total de aproximadamente 809 mil hectares (ABH, 2013). Em 2012, as 23 principais Cen- trais de Abastecimento do Brasil (Ceasa) comercializaram aproximadamente 522 mil toneladas de hortaliças do subgrupo folha, flor e haste, gerando uma receita aproximada de R$ 2 bilhões e, dentre essas, a comercialização da couve alcançou 8 mil toneladas (ABH, 2013), demonstrando a considerável importância dessa olerícola na alimentação e na renda brasileira. Brassica oleracea L. var. acephala DC. (couvemanteiga) é uma hortaliça típica da culinária brasileira e pode ser consumida in natura ou cozida. Seu culti- vo é considerado como de pouca exigência, tanto em relação aos tratos culturais, quanto à necessidade de adubação, apresentando seu melhor desenvolvimento em regiões com temperaturas mais amenas, entre 16 e 22 °C (Filgueira, 2000). Exis- tem, entretanto, muitas pragas que prejudicam seu desenvolvimento, causando consideráveis perdas na produção. Segundo Dixon (1998), apesar de os pulgões predominarem em regiões temperadas, eles possuem ampla distribuição mundial e estão entre as principais pragas das brássicas, destacando-se Brevicoryne bras- sicae L., Lipaphis pseudobrassicae Davis e Myzus persicae Sulzer (Blackman e Eastop, 2000; Gallo et al., 2002). Uma das formas comuns para o controle de insetos prejudiciais em olerí- colas é o químico, com inseticidas. No entanto, apesar de eficiente, essa forma de controle apresenta consideráveis riscos de contaminação ambiental, grande po- tencial para eliminação indiscriminada de inimigos naturais aos insetos prejudi- ciais, seleção de populações resistentes de insetos e efeito tóxico ao homem.

Essas características, e o uso indiscriminado dos inseticidas, têm regularmente resultado em sérios problemas de saúde pública (Narvaez Valdez, 1995; Koh e Jeyaratnam, 1996; Konradsen et al., 2003).

Analisando-se os 50 ingredientes ativos de agrotóxicos mais utilizados no Brasil, 22 são proibidos na União Europeia (Carneiro et al., 2012) e cerca de 20% da comercialização de ingredientes ativos de fungicidas no Brasil é destinada ao uso em hortaliças (Almeida et al., 2009). Essa é uma situação de insegurança alimentar, agravada à medida que esses agrotóxicos são encontrados em vários alimentos, como consequência de seu uso irregular e indiscriminado. Vale ressaltar que, no caso da couve, o que garante o aspecto visual apreciado pelo mercado consumidor, mal-acostumado a escolher pela aparência, é a aplicação semanal de agrotóxicos, dependendo da época e do local de cultivo (informação de agricultores). Com o aumento da consciência do consumidor e do produtor, tem-se ob- servado crescente interesse pelo desenvolvimento de alternativas para o controle de pragas, seja pelo uso de inimigos naturais ou de inseticidas de origem vegetal. As principais plantas das quais são obtidas substâncias com propriedades inse- ticidas pertencem aos gêneros Nicotiana tabacum L. (Solanaceae), produtora de nicotina e nornicotina; Derris spp., Lonchocarpus spp., Tephrosia spp. e Mundu- lea sp. (Leguminoseae), produtoras de rotenoides; Chrysanthemum cinerariifolium (Trevir.) Vis. (Asteraceae), produtora de piretrinas e Azadirachta indica A. Juss. (Meliaceae), produtora de azadiractina (Lagunes e Rodríguez, 1992). A azadiractina, principal substância tóxica presente na planta de Nim, é um tetra-nor-triterpeno (limonoide), solúvel em água e em álcool, sensível aos raios ultravioletas, sendo eliminada do ambiente em cerca de vinte dias (Martinez, 2002). Pode causar inibição da biossíntese de quitina em insetos; deformação em pupas e adultos; redução na longevidade de adultos; alteração na atratividade dos insetos por ferormônios, esterilização e inibição de

oviposição, o que afeta a reprodução dos insetos, fazendo com que eles produzam menor número de ovos ou ovos menos férteis; e mortalidade de formas imaturas e adultas (Koul et al., 1990; Mordue e Blackwell, 1993; Mordue e Nisbet, 2000; Martinez e Van Emden, 2001; Ciociola Jr. e Martinez, 2002). A agrohomeopatia surge dentro desse cenário, como alternativa à produção de alimentos livres de agrotóxicos, sendo definida como a aplicação da ciência homeopática na produção agrícola (Rossi et al., 2007). Resultados satisfatórios no controle de doenças de plantas foram observados com a aplicação de preparados homeopáticos como, por exemplo, no controle do oidio da macieira (Podosphaera leucotricha [Ellis & Everth] E. S. Salmon) (Rolim et al., 2001). Preparos homeopá- ticos à base de Natrum muriaticum (NaCl) e calcário de conchas foram capazes de diminuir a incidência de Trips tabaci L. e manter a produção em cultivo orgânico de cebola (Gonçalves et al., 2012). Vários outros trabalhos têm sido realizados, conforme pode ser visto no levantamento realizado por Carneiro (2011).

A energia vital, biocampo ou terreno biológico das plantas, pode ser reor- ganizada de acordo com os padrões universais de saúde, utilizando-se medica- mentos homeopáticos que tenham ressonância com elas, o que proporciona uma condição de imunidade às doenças e pragas. No âmbito homeopático, o BioFAO contém a energia dos sete elementos-chave da natureza, que são capazes de esta- belecer o potencial dinâmico organizado do organismo tratado (Amorim, 2003). Em função disso, este estudo teve por objetivo avaliar a entomofauna, as res- postas fisiológicas e biométricas da couve-manteiga, cultivada sob a ação do BioFAO, comparada com o uso do inseticida natural Nim e com um inseticida convencional.

Material e métodos Dois experimentos foram conduzidos em área aberta, localizada no municí- pio de Uberlândia (MG) (18°53’01’’ S, 48°15’42’’ W, 833 m altitude), ambos prote- gidos nas laterais por quebra-vento, e tiveram duração de vinte e seis (8 de junho a 4 de julho de 2013) e cinquenta e um dias (20 de agosto a 10 de outubro de 2013). O clima da região é classificado como tropical úmido, com verão chuvoso e inverno seco (Köppen, 1948). Segundo a classificação atualizada de Köppen-Geiger (Alvares et al., 2013), o clima regional é classificado como tropical de savana (Aw Megatérmico). O diagrama climatológico do período de 2010 a 2013 foi montado de acordo com Walter e Lieth, 1967 (Walter, 1979). A temperatura média e a umidade relativa do ar média durante o período experimental foram co- letadas pela estação climatológica Vantage Pro2 mod. 6152 (Hayward, CA. EUA), instalada junto dos experimentos. Mudas comerciais de couve-manteiga (Brassica oleracea var. acephala) com 30 dias, produzidas com adubação química, mas sem tratamento fitossanitário na parte aérea, foram cultivadas para a avaliação de insetos, respostas fotossintéti- cas e dados biométricos. O cultivo das plantas foi feito em potes de plástico com capacidade de 1,3 dm3, preenchidos com 1,1 dm3 de substrato orgânico (Golden-Mix MISTO, Amafibra). Cada pote recebeu uma das mudas e a irrigação foi feita diariamente, conforme a necessidade.

Primeiro experimento Após quatro dias do transplantio as mudas foram agrupadas em cinco tratamentos com 12 repetições, sendo o

controle, sem nenhum tratamento (1); tra- tamento químico com 0,017 L planta-1 de imidacloprido a 24 g L-1 (Cigaral. FMC) (2); tratamento com 0,017 L planta-1 de óleo de Nim a 1% (Neenmax Insetmax)

(3) ; tratamento com BioFAO Sollarys Branco, 10 glóbulos L-1 da potência 11 CH e a mesma quantidade da potência 12 CH, sendo aplicados 0,1 mL planta-1 em intervalo de três horas (4); e tratamento com BioFAO Branco, 10 glóbulos L-1 da potência 12 CH, sendo aplicados 0,1 mL planta-1 aos quatro dias do transplantio das mudas e a cada dez dias durante o período experimental (5), totalizando três aplicações. O croqui do experimento está apresentado na figura 1. Os tratamentos com BioFAO permaneceram a pelo menos 12 metros de distância em relação aos demais e entre si.

Figura 1. Croqui da distribuição das mudas de couvemanteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) em condições de campo, submetidas à ação do BioFAO (Branco e Sollarys Branco), do óleo de Nim, de agrotóxicos e o tratamento controle. Experimento realizado no período de 8 de junho a 4 de julho de 2013. EC: Estação Climatológica.

Segundo experimento A instalação do segundo experimento foi feita da mesma forma que o pri- meiro; porém, apenas com os tratamentos BioFAO (Branco e Sollarys Branco) e o controle (Figura 2).

Figura 2. Croqui da distribuição das mudas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala) em condições de campo, submetidas à ação do BioFAO (Branco e Sollarys Branco) e o tratamento controle. Experimento realizado no período de 20 de agosto a 10 de outubro de 2013. EC: Estação Climatológica.

O BioFAO foi idealizado pela equipe do Instituto BioFAO (www.instituto- biofao.org.br), liderada pela Dra. Míria de Amorim. O preparo das soluções foi fei- to de acordo com as normas da Farmacopeia homeopática brasileira, oficializada pelo Decreto n. 78.841, de 25 de novembro de 1976, revisto e complementado pelo Ministério da Saúde em 1977. A Resolução RDC n. 151, de 17 de junho de 2003,

aprovou o Fascículo 1 da Parte II da segunda edição da Farmacopeia homeopática brasileira, elaborado pela Comissão Permanente de Revisão da Farmacopeia Brasileira (CPRFB) e instituída pela Portaria n. 12, de 20 de janeiro de 2000 (Anvisa, 2003), com revisão recente na terceira edição (Brasil, 2011). A composição dos medicamentos é à base de sulfeto de antimônio (Anti- monium crudum), carbonato de potássio (Kali carbonicum), nitrato de mercúrio (Mercurius solubilis), enxofre (Sulphur), cloreto de sódio (Natrum muriaticum), ouro (Aurum metallicum) e cloreto de amônio (Ammonium muriaticum), prepara- dos em ultradiluições (Amorim, 2000; Moreira et al., 2008). Temperatura foliar A temperatura foliar (Tf) da face adaxial das duas folhas mais apicais com- pletamente desenvolvidas, por planta, foi avaliada por volta do meio-dia e a cada dois dias, utilizando-se um Infrared Thermometer (TD-955, ICEL Manaus). Ocorrência de insetos A ocorrência natural e a quantidade de insetos nas plantas foram verifi- cadas em intervalos de três a cinco dias e todas as folhas de cada planta foram analisadas por volta do meio-dia. Foram contados todos os insetos presentes, vivos ou mortos, e seus ovos. Os insetos foram agrupados como não benéficos (predadores da couve) e benéficos (predadores dos predadores da couve). Como a ocorrência natural de pulgões durante a realização do primeiro experimento estava baixa, dez dias após sua instalação

foram colocadas ao redor da área expe- rimental seis plantas artificialmente infestadas com 10 pulgões adultos de Myzus persicae (pulgão-verde) cada uma. Trocas gasosas foliares Ao final do primeiro experimento, vinte e seis dias após sua instalação, a taxa de assimilação de CO2 (A μmol m-2 s1), taxa de transpiração (E mmol m-2 s-1), condutância estomática (gs mol m-2 s-1) e a concentração intercelular de CO2 (Ci μmol mol-1) foram avaliadas com o sistema portátil de análise de gás IRGA (LCA-4, Analytical Development Co., Hoddesdon, Inglaterra) em quatro plantas aleatórias de cada tratamento. Três leituras consecutivas foram realizadas em fo- lhas completamente desenvolvidas de cada planta, entre as 9 e as 10 horas, sendo calculada a média entre elas como representativa da planta. A eficiência instantâ-

nea no uso da água (A/E μmol CO2 m-2 s-1/mmol H2O m-2 s-1), eficiência intrínseca no uso da água (A/gs μmol CO2 m-2 s1/mol H O m-2 s-1) e a eficiência instantânea de carboxilação 2 (A/Ci μmol CO2 m-2 s-1 Pa-1) foram calculadas a partir dos dados coletados diretamente nas plantas. Para o segundo experimento, vinte dias após sua instalação, foram avaliadas as mesmas características, com o mesmo equi- pamento, às 9, 11, 13, 15 e 17 horas. Ao final do experimento, cinquenta e um dias após sua instalação, duas avaliações foram feitas, uma às 10 horas e outra às 13h30, horário de maior insolação. Fluorescência da clorofila A fluorescência da clorofila a foi registrada utilizandose um medidor de fluorescência modulado (Mini-PAM, Heinz Walz, Effeltrich, Alemanha), sendo a fluorescência máxima (Fm) e a fluorescência inicial (F0) determinadas após trinta minutos de adaptação das folhas ao escuro, com o uso de presilhas apropriadas para esse fim, que cobrem 0,5 cm2 de tecido foliar. Esses dados foram utilizados para calcular os valores do rendimento quântico potencial do fotossistema II, obtido pela expressão Fv/Fm = (Fm-F0)/Fm (Ribeiro et al., 2005), e tiveram como objetivo analisar a provável ocorrência de fotoinibição das plantas. Foram consi- deradas fotoinibidas as plantas que apresentaram valores da razão Fv/Fm inferiores a 0,8 (Lüttge et al., 1998). A fluorescência em condições de steady state (F) e a máxima fluorescência da amostra adaptada à luz (Fm’) foram obtidas com o uso da câmara apropriada (Leaf-clip Holder 2030-B). A partir desses dados, o rendimento quântico efetivo (∆F/Fm’), conforme Genty et al. (1989), foi calculado. A taxa de transporte de elétrons (ETR, mol m-2 s-1) foi obtida pela expres- são ETR = {[(∆F/Fm’) 0,5] DFF} 0,84,

em que 0,5 é um fator de correção no qual se assume que a fotoquímica do fotossistema I equipara-se à do fotossistema II e DFF corresponde à densidade do fluxo de fótons fotossinteticamente ativos, sendo ado- tado o valor 0,84, considerando-se que apenas 84% da irradiância incidente será absorvida pela folha (White e Critchley, 1999). Também foi calculada a eficiência de extinção não fotoquímica (NPQ= [Fm-Fm’]/Fm). Para a obtenção dessas medidas, foram realizadas três avaliações ao longo do dia para o primeiro experimento (10h30, 13h30 e 16 horas) e cinco para o segundo (9, 11, 13, 15 e 17 horas), nos mesmos dias em que as avaliações das trocas gasosas foliares foram realizadas.

Concentração de clorofilas O Índice de Clorofila Falker (ICF) das clorofilas a e b foram avaliados com clorofilômetro (ClorofiLOG® CFL-1030, Falker Automação Agrícola) e a clorofila total (clorofila a + b) foi determinada. As leituras foram feitas no limbo de duas folhas completamente desenvolvidas de cada planta, entre 9h30 e 10 horas. O clo- rofilômetro utiliza dois emissores em comprimentos de onda próximos aos picos de cada tipo de clorofila ( λ = 635 e 660 nm) e um emissor no comprimento de onda do infravermelho próximo ( λ = 880 nm). Número de folhas, área foliar e massa da matéria seca Ao final do primeiro experimento, as folhas fotossinteticamente ativas e as senescentes de cada planta foram contadas. A área foliar por planta (cm2) foi calculada pela soma da área foliar das quatro folhas mais desenvolvidas e fo- tossinteticamente ativas de cada planta. A massa da matéria seca da parte aérea (todas as folhas e caule) de cada planta dos dois experimentos foi avaliada após 96 horas em estufa, a 70 °C. Avaliação visual Ao final do segundo experimento, foi feita a avaliação visual das plantas por cinco pessoas. As plantas receberam notas variando de 1 a 5, sendo 1 para a planta com melhor aspecto visual, sem danos causados por insetos predadores e com folhas mais vistosas, e 5 para a planta com aspecto mais prejudicado visual- mente, seja pelo ataque de predadores ou por estarem senescentes.

Análise estatística Os dados foram submetidos às pressuposições do modelo de análise de va- riância, sendo testados quanto à normalidade dos resíduos pelo teste de Kolmogo- rovSmirnov e quanto à homogeneidade das variâncias pelo teste de Levene, com o auxílio do programa IBM-SPSS® Statistics v.21. As comparações entre médias foram feitas pelo teste de Tukey a 0,05 de significância. Quando necessário, os dados foram transformados em raiz de x +1, sendo testados novamente quanto às pressuposições do modelo. Correlações de Pearson foram realizadas entre tempe- ratura foliar das plantas tratadas com BioFAO Sollarys Branco, número de folhas em senescência e condutância estomática.

Resultados e discussão Durante o período experimental não foi registrada pluviosidade. No pri- meiro experimento (junho-julho), as plantas tratadas com BioFAO Sollarys Branco permaneceram com a temperatura foliar acima da temperatura registrada para as plantas dos demais tratamentos e acima da temperatura média do ambiente, enquanto as plantas tratadas com óleo de Nim permaneceram com a menor temperatura (Figura 3A). No segundo experimento (agosto-outubro), as plantas tratadas com Bio- FAO Sollarys Branco também mantiveram a temperatura foliar bem acima da média, em relação aos demais tratamentos e à temperatura do ar (Figura 3B). Esse foi o primeiro sintoma de patogenesia vegetal causada pelo BioFAO Sollarys Branco, na potência 11 CH, seguida da potência 12 CH, que trouxe mais consequências negativas para as plantas, além da elevação térmica. Isso indica claramente que potências medicamentosas acima da frequência eletromagnética do campo vital da espécie vegetal causam sintomas negativos pelo fato de que as vibrações naturais daquela espécie não têm ressonância com a potência do medi- camento aplicado. Tem-se observado, por exemplo, que árvores de grande porte requerem potências mais altas que vegetais como hortaliças e leguminosas. Isso é confirmado quando se observam os resultados obtidos no experimento realizado com a cultura do café, que suportou potências medicamentosas superiores, com reflexos positivos, que não foram observados em culturas como a da couve.

Figura 3. Temperatura foliar, temperatura atmosférica e umidade relativa do ar durante a condução dos experimentos 1 (A) e 2 (B). Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05 de significância.

O número total de insetos registrado no primeiro período experimental foi maior nas plantas tratadas com BioFAO Branco (Figura 4) e no segundo período o maior número foi o das plantas tratadas com BioFAO Sollarys Branco (Figura 5). Figura 4. Flutuação populacional de insetos presentes em mudas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO, com óleo de Nim, com agrotóxicos convencionais e o tratamento controle. Experimento conduzido no período de 8 de junho a 4 de julho de 2013.

Figura 5. Flutuação populacional de insetos presentes em mudas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO (Branco e Sollarys Branco) e o tratamento controle. Experimento realizado no período de 20 de agosto a 10 de outubro de 2013.

O número de insetos fitógafos (pulgões e lagartas) foi maior nas plantas tratadas com BioFAO Branco, em relação aos demais tratamentos (Figura 6). Inte- ressante observar que, no mesmo tratamento, o número de inimigos naturais dos insetos fitófagos (joaninhas e vespas parasitoides) também foi maior, caracteri- zando o controle biológico. É importante observar esse comportamento dos insetos, aparentemente atraídos pelas plantas tratadas com BioFAO Branco, pois isso pode responder à primeira pergunta elaborada pelos primeiros usuários do BioFAO em plantas. O que acontece com os insetos quando o biocampo é formado? Eles morrem ou desparecem por serem afujentados de alguma forma? A hipótese que se levanta é a de que as visitas continuadas dos insetos, tocando a planta, estimulam suas defesas naturais. Isso significa que os insetos têm um papel relevante para que as plantas permaneçam saudáveis, em função do aumento da imunidade. Como insetos de várias categorias fazem as visitas, fitófagos ou não, o equilíbrio entre as populações dos fitófagos e dos seus inimigos naturais se estabelece, sem a ne- cessidade de agrotóxicos, que interrompem essas relações, deixando o ambiente estéril e dependente de mais aplicações para sua sobrevivência. É possível que tenha ocorrido uma interação semioquímica, que regulou a relação entre os insetos, quando as plantas foram tratadas com BioFAO Branco. Nessa interação, as plantas produzem compostos químicos voláteis, relacionados à defesa contra os fitófagos/herbívoros, e seus inimigos naturais podem usar esses compostos como uma forma de reconhecimento de uma planta injuriada. Assim, quando percebem determinado semioquímico, podem localizar a planta e nela encontrar o seu hospedeiro ou presa (Price, 1986; Vet e Dicke, 1992; Moraes et al., 1998; 2000; Hare, 2011). Os voláteis produzidos por plantas atacadas são

os mais importantes sinais químicos utilizados pelos inimigos naturais e podem garantir o sucesso do controle biológico dos fitófagos/herbívoros (Tumlinson et al., 1993; Liu et al., 2009; Allmann e Baldwin, 2010). Os inimigos naturais são atraídos por voláteis produzidos pela própria planta atacada; essa produção, porém, também pode ser estimulada mesmo quando a planta não é atacada (Wickremasinghe e Van Emden, 1992; Van Emden et al., 1996; 2002; Douloumpaka e Van Emden, 2003), visto que fatores externos também estimulam a produção dos voláteis pelas plantas (Gouinguené e Turlings, 2002). Assim, as plantas tratadas com o BioFAO Branco podem ter sido estimuladas a produzir mais desses voláteis atrativos aos inimigos naturais. Os voláteis produzidos pela planta são específicos para cada espécie de herbí- voro e os inimigos naturais os utilizam para localizar determinada espécie hospedei- ra. A produção dos semioquímicos sulcatol e sulcatone em plantas de trigo atacadas

pelo pulgão Sitobion avenae Fabricius é um exemplo dessa especificidade (Liu et al., 2009). O milho, por sua vez, produz tricosana, que atrai tanto o herbívoro He- licoverpa zea Boddie quanto seu parasitoide Trichogramma evanescens Westwood (Lewis et al., 1972). Ainda, compostos como sesquiterpenos ((E)- α -bergamotene, β - caryophyllene e (E)- β -farnesene) e o ácido jasmônico também são usados pelos inimigos naturais para localização da planta (Schmelz et al., 2003) Figura 6. Número de insetos fitófagos e número de inimigos naturais dos fitófagos presentes em mudas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO, com óleo de Nim, com agrotóxicos convencionais e o tratamento controle, vinte e seis dias após o transplantio. Experimento conduzido no período de 8 de junho a 4 de julho de 2013.

O número total de folhas produzidas pelas plantas não diferiu significa- tivamente entre os tratamentos; porém, o número de folhas em processo de se- nescência foi maior nas plantas tratadas com BioFAO Sollarys Branco (Figura 7). A quantidade superior de folhas senescentes no tratamento com BioFAO Sollarys Branco pode estar relacionada com a temperatura foliar, também superior nesse tratamento em ambos os experimentos (Figura 3). Como observado por Lim et al. (2007) e Woo et al. (2013) em suas revisões sobre a senescência e morte das folhas, a temperatura foliar é um dos principais fatores a influenciar esse proces- so. O questionamento que se faz, porém, é se a temperatura da planta foi elevada pelo fato das folhas estarem com os estômatos mais fechados, dificultando a

transpiração, que é a reguladora térmica do vegetal, ou por outra razão. Resulta- dos da correlação de Pearson entre número de folhas senis das plantas tratadas com BioFAO Sollarys Branco e a temperatura foliar (r = 0,214), bem como entre temperatura foliar e condutância estomática (r = -0,115), não foram significativas, indicando que outra razão deve estar envolvida na senescência das folhas. Isso significa que a elevação da temperatura foliar das plantas tratadas com BioFAO Sollarys Branco não está relacionada com o fechamento dos estômatos. Também não foi registrada diferença significativa entre os tratamentos quanto à condutân- cia estomática das plantas, por volta do meio-dia, quando as temperaturas foliares foram avaliadas (0,32 gs 0,53 mol m-2 s-1; F = 2,48; P = 0,0542). Em função desses resultados, a hipótese que se lança é que a elevação da temperatura foliar das plantas foi uma patogenesia que elas desenvolveram em resposta ao BioFAO Sollarys Branco. A aplicação de um esquema duplo de potências para hortaliças intensifica, além do necessário, o processo de cura e isso se manifestou como ele- vação da temperatura foliar. Isso se confirma pelo melhor resultado apresentado com a medicação em dose única, na potência 12 CH, que propiciou resultados mais positivos para o vegetal.

Figura 7. Número total de folhas e folhas senescentes de couvemanteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO, com óleo de Nim, com agrotóxicos convencionais e o tratamento controle, vinte e seis dias após o transplantio. Experimento conduzido no período de 8 de junho a 4 de julho de 2013. Letras distintas diferem tratamentos pelo teste de Tukey a 0,05 de significância. ns: não significativo. CV folhas totais = 28,26%, e CV folhas senis = 66,17%.

A massa da matéria seca da parte aérea das plantas e a área foliar não dife- riram significativamente entre os tratamentos do primeiro experimento, aos vinte e seis dias do transplantio (Figura 8).

Figura 8. Área foliar (cm2) e massa da matéria seca (g) da parte aérea das plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO, com óleo de Nim, com agrotóxicos convencionais e o tratamento controle, vinte e seis dias após o transplantio. Experimento conduzido no período de 8 de junho a 4 de julho de 2013.

O teor de clorofila total das plantas também não diferiu entre os tratamen- tos (Figura 9).

Figura 9. Clorofila total das plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO, com óleo de Nim, com agrotóxicos convencionais e o tratamento controle, vinte e seis dias após o transplantio. Experimento conduzido no período de 8 de junho a 4 de julho de 2013.

Para o segundo experimento (agosto a outubro de 2013), a massa da ma- téria seca da parte aérea das plantas de couve-

manteiga, cultivadas sob ação do BioFAO (Branco e Sollarys Branco), aos cinquenta e um dias após o transplantio, foi maior do que a das plantas do tratamento controle (Figura 10). Figura 10. Massa da matéria seca (g) da parte aérea das plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO (Branco e Sollarys Branco), cinquenta e um dias após o transplantio. Experimento conduzido no período de 20 de agosto a 10 de outubro de 2013.

Os resultados da avaliação visual das plantas do segundo experimento mostraram que as tratadas com BioFAO Sollarys Branco estavam mais prejudica- das, pelo ataque de predadores ou por estarem senescentes (Figura 11). Figura 11. Avaliação visual das plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO (Branco e Sollarys Branco), cinquenta e um dias após o transplantio. Experimento conduzido no período de 20 de agosto a 10 de outubro de 2013.

Quanto ao desempenho fotossintético, as plantas cultivadas no primeiro experimento não mostraram diferença significativa quanto à condutância esto- mática (gs) e eficiência no uso da água (A/E e A/gs); porém, as plantas do trata- mento controle e as tratadas com óleo de Nim tiveram maior eficiência de carbo- xilação (A/Ci) (Figura 12). As plantas tratadas com BioFAO Branco apresentaram a menor eficiência da RUBISCO na carboxilação (Figura 12). Isso se refletiu na taxa de assimilação de CO2, com maior desempenho para as plantas tratadas com óleo de Nim e as do controle. Da mesma forma que o

observado para A/Ci, as plantas tratadas com BioFAO Branco tiveram o menor desempenho. Apesar dessa menor eficiência na carboxilação, que resultou em menor taxa de assimilação de CO2, as plantas desse tratamento não mostraram diferença significativa em rela- ção aos demais tratamentos quanto ao número de folhas, massa da matéria seca da parte aérea e quanto à clorofila total (Figuras 7-9). Esses resultados sugerem que, de alguma forma, essas plantas tiveram maior eficiência do que as demais,

pois produziram o mesmo, com menor atividade da maior das enzimas ativas do processo fotossintético.

Figura 12. Desempenho fotossintético de plantas de couvemanteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO (Branco e Sollarys Branco), com óleo de Nim, com agrotóxicos convencionais e o tratamento controle, vinte e seis dias após o transplantio. Avaliações realizadas entre 9 e 10 horas. Experimento conduzido no período de 8 de junho a 4 de julho de 2013. A/E : eficiência instantânea no uso da água; A/gs : eficiência intrínseca no uso da água; A/Ci : eficiência instantânea de carboxilação.

O rendimento quântico potencial do fotossistema II (Fv/Fm) e o rendimento quântico efetivo (∆F/Fm’) das plantas cultivadas no primeiro experimento (junho-julho 2013) diferiram significativamente entre os tratamentos apenas às 16 horas (Figura 13 e 14), sendo as tratadas quimicamente as de menor rendimento quân- tico potencial do fotossistema II (Figura 13). As plantas do tratamento controle e

as tratadas com BioFAO Sollarys Branco tiveram o menor rendimento quântico efetivo (Figura 14). O melhor desempenho, nesse caso, foi registrado para as plan- tas tratadas com BioFAO Branco, o que mostra a maior capacidade de recuperação das plantas desse tratamento. Figura 13. Rendimento quântico potencial do fotossistema II de plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO (Branco e Sollarys Branco), com óleo de Nim, com agrotóxicos convencionais e o tratamento controle, vinte e seis dias após o transplantio. Avaliações realizadas entre 9 e 10 horas. Experimento conduzido no período de 8 de junho a 4 de julho de 2013.

Figura 14. Rendimento quântico efetivo de plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO (Branco e Sollarys Branco), com óleo de Nim, com agrotóxicos convencionais e o tratamento controle, vinte e seis dias após o transplantio. Avaliações realizadas entre 9 e 10 horas. Experimento conduzido no período de 8 de junho a 4 de julho de 2013.

O desempenho fotossintético das plantas cultivadas no segundo experi- mento não diferiu ao longo do dia entre os tratamentos, sendo verificada alguma discrepância entre eles apenas ao final do dia (Figura 15). O que se percebe, é que as plantas restringiram a abertura estomática e, consequentemente, a perda de água, em relação ao primeiro experimento, aumentando a eficiência intrínseca no uso da água (vide valores de gs, E e A/gs nas figuras 12 e 15). É importante lembrar que o segundo experimento foi realizado no final do período seco (se- tembro), quando a

temperatura se eleva e a umidade relativa do ar alcança seus valores mínimos.

Figura 15. Desempenho fotossintético de plantas de couvemanteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO (Branco e Sollarys Branco) e o tratamento controle, vinte dias após o transplantio. Avaliações realizadas entre 9 e 17 horas. Experimento conduzido no período de 20 de agosto a 10 de outubro de 2013. A : taxa de assimilação de CO2; E : taxa de transpiração; gs : codutância estomática; A/E : eficiência instantânea no uso da água; A/gs : eficiência intrínseca no uso da água; A/Ci : eficiência instantânea de carboxilação.

Ao final do experimento, cinquenta e um dias após sua instalação, mais uma mensuração foi realizada nos horários de pico, tanto da fotossíntese quanto da insolação (Figura 16); porém, diferenças não foram detectadas entre os trata-

mentos, exceto para a eficiência instantânea no uso da água, com destaque para as plantas do tratamento controle (A/E, Figura 16).

Figura 16. Desempenho fotossintético de plantas de couvemanteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO (Branco e Sollarys Branco) e o tratamento controle, cinquenta e um dias após o transplantio. Avaliações realizadas às 10 e às 13h30. Experimento conduzido no período de 20 de agosto a 10 de outubro de 2013. A : taxa de assimilação de CO2; E : taxa de transpiração; gs : codutância estomática; A/E : eficiência instantânea no uso da água; A/gs : eficiência intrínseca no uso da água; A/Ci : eficiência instantânea de carboxilação.

O rendimento quântico potencial do fotossistema II (Fv/Fm) das plantas cul- tivadas no segundo experimento (agosto a outubro de 2013) diferiu apenas às 15 horas, sendo as do tratamento controle as de menor rendimento. Quanto ao ren- dimento quântico efetivo (∆F/Fm’) das plantas,

não foram observadas diferenças entre os tratamentos (Figura 17).

Figura 17. Rendimento quântico potencial do fotossistema II ( Fv/Fm ) e rendimento quântico efetivo ( ∆F/Fm’ ) de plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO (Branco e Sollarys Branco) e o tratamento controle,

cinquenta e um dias após o transplantio. Avaliações realizadas entre 9 e 17 horas. Experimento conduzido no período de 20 de agosto a 10 de outubro de 2013.

Os resultados obtidos mostraram que as plantas cultivadas no primeiro ex- perimento não manifestaram fotoinibição, mantendo a razão Fv/Fm próxima de 0,8 (Figura 13), valor de referência sugerido por Lüttge et al. (1998). Valores mais bai- xos, exceto às 9 horas, foram observados para as plantas do segundo experimento (Figura 17), indicando fotoinibição ao longo do dia. É importante ressaltar que o período de execução do segundo experimento foi o auge da seca, em especial nes- se ano de 2013, com precipitação média abaixo da média dos quatro anos (Figura 18). No mês de agosto foram registrados 11,3 mm de chuva, em setembro 25,3 mm e em outubro 147,1 mm, concentrados nos dias 29 e 30 e com zero de precipitação nos 28 primeiros dias do mês. Como consequência disso, o rendimento quântico efetivo das plantas de todos os tratamentos, em todos os horários avaliados, foi maior no primeiro experimento do que no segundo.

Figura 18. Diagrama climatológico da Estação Meteorológica de Uberlândia, Minas Gerais, Brasil, instalada na Universidade Federal de Uberlândia, no período de 2010-2013.

Não foram observadas diferenças entre os tratamentos, às 10h30 e às 13h30, quanto às duas

características de fluorescência da clorofila (taxa relativa de transporte de elétrons – ETR – e eficiência de extinção não fotoquímica, ou eficiência na dissipação do excesso de energia na forma de calor – NPQ) (Figu- ra 19). Às 16 horas, no entanto, as plantas tratadas com BioFAO Branco foram iguais ou superiores às plantas dos demais tratamentos, demonstrando sua maior atividade no final do dia. Esse comportamento pode ter compensado a baixa eficiência da RUBISCO no processo de carboxilação (Figura 12), permitindo que as plantas pudessem se equiparar às dos demais tratamentos quanto ao número

de folhas, massa da matéria seca da parte aérea e quanto à área foliar (Figuras 7 e 8). Ao contrário, às 16 horas, as plantas tratadas com BioFAO Sollarys Branco tiveram menor desempenho do que as tratadas com BioFAO Branco, para as três características avaliadas. A ETR é uma estimativa da taxa de transporte de elétrons não cíclicos da fotossíntese entre os dois fotossistemas e aumenta com a intensidade luminosa até a saturação da capacidade de transporte de elétrons pelo FSII (Maxwell e Johnson, 2000). O NPQ é a eficiência na dissipação do excesso de energia por calor, relativo ao estado de uma planta adaptada ao escuro. O calor que a planta dissipa para se livrar do excesso de energia absorvida ao longo do dia provém da formação do gradiente de prótons entre o lúmen e o estroma dos cloroplastos (Maxwell e Johnson, 2000) e constitui uma estratégia da planta para evitar danos irreversíveis ao seu aparato fotossintético. Com base nesses conceitos, é possível inferir que as plantas tratadas com BioFAO Branco conseguiram se recuperar do estresse a que foram submetidas ao longo do dia, de forma mais eficiente do que as demais plantas tratadas de outra forma. Certamente a recuperação do estresse permitiu a essas plantas se equipararem às demais em número de folhas produzidas, área foliar e massa da matéria seca.

Figura 19. Desempenho fotossintético de plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) tratadas com BioFAO (Branco e Sollarys Branco), com óleo de Nim, com agrotóxicos convencionais e o tratamento controle, cinquenta e um dias após o transplantio. Experimento conduzido no período de 8 de junho a 4 de julho de 2013. ETR : taxa relativa de transporte de elétrons; NPQ : eficiência de extinção não fotoquímica.

Os resultados obtidos nos dois experimentos mostram que a temperatura foliar média foi superior para as plantas tratadas com BioFAO Sollarys Branco, o que provavelmente contribuiu para o aumento do número de folhas senescentes em relação às plantas do tratamento controle. Esses sintomas (aumento da tem- peratura e da senescência das folhas) podem ser considerados como patogenesias das plantas de couve-manteiga ao medicamento. É importante

destacar que a potência medicamentosa no tratamento homeopático é de vital importância para a obtenção de resultados positivos, pois isso significa encontrar a frequência ele- tromagnética do vegetal em questão. Por isso as hortaliças pedem potências mais

baixas, enquanto árvores de grande porte pedem potências mais elevadas. Esse experimento deixa muito claro que a escolha da potência medicamentosa é tão importante quanto a escolha dos medicamentos propriamente ditos e que, nesse caso, a utilização de um esquema duplo e de doses ascendentes foi considerado uma overdose para uma cultura como a da couve-manteiga. Quando se opera com a homeopatia, dois eixos devem ser observados; a ressonância com a natureza do medicamento em questão e a ressonância em relação à potência medicamentosa a ser empregada. A metodologia BioFAO traz em seu perfil epistemológico o mape- amento das naturezas na forma de medicamentos homeopáticos que estruturam o biocampo. Torna-se importante, no âmbito da agronomia, a observação científica do segundo eixo, relativo ao mapeamento das frequências eletromagnéticas de cada espécie vegetal. Essas respostas, obtidas com as distintas dinamizações dos medicamentos homeopáticos, permitem determinar com precisão a ressonância ideal para cada espécie tratada. Também foi verificado que a maior quantidade de insetos nas plantas tra- tadas com BioFAO Branco em relação à dos demais tratamentos do primeiro ex- perimento não foi prejudicial, pois a quantidade de fitófagos e dos seus inimigos naturais estava equilibrada e esse equilíbrio é a base para o controle biológico (Huffaker e Rabb, 1984; Price, 1984; Liss et al., 1986). Em um período maior de avaliação experimental, como foi para o segundo experimento (cinquenta e um dias), foi possível observar que as plantas tratadas com BioFAO (Sollarys Branco e Branco) apresentaram massa seca superior às plantas do tratamento controle. A existência de diferenças significativas, muitas vezes benéficas para as plantas tratadas com BioFAO, indica que

existe uma influência significativa do tratamento no desenvolvimento das plantas de couve-manteiga e em sua intera- ção com o ambiente. A utilização do BioFAO pode ser uma alternativa ao controle químico e uma solução para todos os problemas potenciais que o uso de agro- tóxicos traz para a sociedade humana. É preciso, no entanto, estudar o compor- tamento de outras espécies para o correto manejo da aplicação do BioFAO, que garanta os benefícios máximos, necessários para uma produção de qualidade e em quantidade, com o controle de fitoparasitas e de doenças. Sem dúvida nenhuma, a maior contribuição que este trabalho trouxe foi o indicativo de que as plantas aumentam suas defesas com o BioFAO e essa deve ser a hipótese a ser testada nos próximos experimentos.

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BioFAO em cultivo aberto do pimentão

Paulo Gonçalves Rabelo1 Laerte Ribeiro Martins Neto1 Ana Paula de Oliveira2 Marli A. Ranal3 Míria de Amorim4 Laíce Souza Rabelo5

Em 2008 o Brasil ultrapassou os Estados Unidos, assumindo o primeiro lugar no mercado mundial de agrotóxicos. Essa situação foi denunciada no Dossiê da Abrasco de 2015, em função da segurança alimentar e da saúde humana. Esse alto consumo resultou na contaminação de um terço dos alimentos que os brasi- leiros de 26 estados consomem diariamente. Nesse cenário intoxicado, destacase o pimentão, que ocupa o primeiro lugar, com 91,8% das amostras analisadas nes- ses 26 estados brasileiros avaliados, contaminadas com resíduos de agrotóxicos. Tendo em vista esse cenário, o objetivo deste trabalho foi avaliar as respostas fotossintéticas e produtivas da cultura do pimentão (Capsicum annuum L.), com a utilização do BioFAO (fatores de auto-organização do biocampo). O tratamento das plantas com BioFAO Branco (potência 12 CH) parece apresentar um efeito seletivo, isto é, houve redução no número de pragas agrícolas e aumento dos pre- dadores, em comparação com o tratamento controle. Esses resultados respondem à pergunta inicial dos trabalhos realizados com o BioFAO em plantas. Os insetos não morrem e não são afugentados pelo efeito do BioFAO, mas a relação natural

entre fitófagos/herbívoros e predadores parece ser restabelecida. Além disso, o uso do BioFAO pode favorecer a presença de polinizadores, como as abelhas, o que resultaria no aumento da produtividade e qualidade dos frutos. As flores do 1 Alunos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU). 2 Pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal do Instituto de Biologia da Univer- sidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 3 Professora Titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 4 Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Toxicologia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 5 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU).

pimentão oferecem recompensas florais para os seus visitantes como o néctar e o pólen. Apesar da autocompatibilidade das flores, nos cultivos em estufas e campos abertos a polinização por abelhas resulta em maior produtividade e qualidade dos frutos formados. As plantas tratadas com BioFAO Sollarys Branco (potência 11 CH seguida de 12 CH) apresentaram maior número de frutos formados, seguidas pelo BioFAO Branco (aplicação única da potência 12 CH) e pelo tratamento químico com DECIS®. Apesar de não terem sido avaliados quimicamente, os frutos pro- duzidos pelas plantas tratadas com BioFAO apresentaram-se muito perfumados, adocicados, crocantes e digestivos.

Introdução No período de 2002 a 2012 o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 93%; o mercado brasileiro, porém, bateu um recorde, com crescimento de 190% (Carneiro et al., 2015). Esses dados foram gerados pela Anvisa e pelo Observató- rio da Indústria dos Agrotóxicos da Universidade Federal do Paraná, tendo sido divulgados em 2012, durante o II Seminário sobre Mercado de Agrotóxicos e Regulação. Segundo esse levantamento, em 2008 o Brasil ultrapassou os Estados Unidos, assumindo o primeiro lugar no mercado mundial de agrotóxicos. Nas sa- fras referentes ao segundo semestre de 2010 e ao primeiro de 2011, o mercado nacional de venda de agrotóxicos movimentou 936 mil toneladas de produtos, sendo 833 mil toneladas produzidas no Brasil (Anvisa e UFPR, 2012). Esse é o cenário do Brasil, descortinado e denunciado pelo Dossiê da Abrasco (Carneiro et al., 2015), graças à coragem de pessoas preocupadas com a segurança alimentar e a saúde humana. Petersen (2015), coordenador executivo da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e membro da diretoria da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), resgata, no prefácio do referido dossiê, o grito da Primavera silenciosa, de Raquel Carson, lançado em 1962, clamando para um novo grito contra o silêncio; silêncio perante todas as ações contra a preservação da vida que têm sido pratica- das pela humanidade instalada na Terra, a favor do aumento dos lucros, sem olhar as perdas. O autor inicia o prefácio desse impactante relatório nacional com uma frase de Carson (2010): “A dúvida é se a civilização pode mesmo travar essa guerra contra a vida sem se destruir e sem perder o direito de se chamar de civilizada”. O tempo passa e os otimistas ligados à natureza têm esperança de que a si- tuação amenize; os dados, porém, continuam a ser alarmantes. O mesmo relatório da Abrasco

de 2015 mostra que o Brasil estava com 71 milhões de hectares de suas terras ocupadas com lavouras temporárias (soja, milho, cana e algodão) e perma- nentes (café, cítricos, demais frutas e eucalipto) em 2011, o que consumiu 853

milhões de litros de agrotóxicos, incluindo herbicidas, fungicidas e inseticidas. Isso representa, em média, 12 litros por hectare desses produtos e exposição mé- dia ambiental, ocupacional e alimentar de 4,5 litros de agrotóxicos por habitante (Carneiro et al., 2015). Parece que esse foi o patamar conquistado e mantido, in- felizmente. Segundo os resultados da análise de amostras coletadas em 2011 pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos da Anvisa e infor- mado no Dossiê da Abrasco de 2015, esse consumo resultou na contaminação de um terço dos alimentos que os brasileiros de 26 estados consomem diariamente. Nesse cenário intoxicado, destaca-se o pimentão, que ocupa o primeiro lugar, com 91,8% das amostras analisadas nesses vinte e seis estados brasileiros avaliados, contaminadas com resíduos de agrotóxicos (Carneiro et al., 2012). A área de pimentão cultivada anualmente no Brasil está em torno de 13 mil hecta- res, com produção próxima a 290 mil toneladas de frutos, tendo São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro como os principais estados produtores (Marouelli e Silva, 2012). O alto consumo se deve a características particulares dessa olerí- cola, dentre elas o seu valor nutricional, associado à presença de vitaminas A e C (Topuz e Ozdemir, 2007; Rinaldi et al., 2008), importantes para a manutenção da saúde humana devido às suas propriedades antioxidantes (Marín et al., 2004). Além disso, o sabor picante e o aroma característico estimulam o apetite daqueles que apreciam esses frutos. Tendo em vista esse cenário, o objetivo deste trabalho foi avaliar as res- postas fotossintéticas e produtivas da cultura do pimentão (Capsicum annuum L.), com a utilização do BioFAO. Este trabalho representou um passo à frente em relação aos realizados anteriormente, pois o plantio foi feito direto em canteiros, em área aberta. Mesmo que sendo

futuristas e otimistas, a proposta que se apre- senta é no sentido de estimular o uso do BioFAO para fazer despencar a posição do pimentão nesse recorde de contaminação e, com isso, abalar os alicerces de recordista em que o Brasil se encontra nesse mercado que tem acarretado consequências tão funestas à vida.

Material e métodos Mudas de pimentão com 30 dias foram adquiridas em viveiro comercial do município de Uberlândia (MG). O transplantio de 200 mudas foi feito para quatro canteiros, cada um com 1 x 10 m, no dia 18 de junho de 2013. Cada amostra de 50 plantas recebeu um dos quatro tratamentos, sendo o controle (apenas com adu- bação química), o tratamento químico convencional (DECIS®), o tratamento com BioFAO Sollarys Branco e o tratamento com BioFAO Branco.

O experimento foi instalado em uma das fazendas da Universidade Federal de Uberlândia, fornecedora de hortaliças, tubérculos, raízes e grãos utilizados para o preparo das refeições do hospital e do restaurante universitários, bem como da Escola de Educação Básica da UFU (ESEBA). A primeira pulverização das plantas com BioFAO Branco (10 glóbulos L-1 da potência 12 CH, sendo aplicados 0,1 mL planta-1) e com BioFAO Sollarys Branco (10 glóbulos L-1 da potência 11 CH e a mesma quantidade da potência 12 CH, sendo aplicados 0,1 mL planta-1 em intervalo de três horas) foi feita seis dias após o transplantio (24 de junho de 2013). As demais pulverizações com esses tratamentos foram feitas em intervalos de dez dias, totalizando seis aplicações durante o experimento. As mudas submetidas ao tratamento químico foram pulverizadas com DE- CIS®, sendo a primeira aplicação aos dezessete dias após o transplantio (5 de julho de 2013) e as demais, semanalmente, totalizando sete procedimentos. Durante o período experimental a capina foi feita manualmente. Os canteiros foram instala- dos com distância entre si de 12 metros. O BioFAO foi idealizado pela equipe do Instituto BioFAO (www.instituto- biofao.org.br), liderada pela Dra. Míria de Amorim. O preparo das soluções foi fei- to de acordo com as normas da Farmacopeia homeopática brasileira, oficializada pelo Decreto n. 78.841, de 25 de novembro de 1976, revisto e complementado pelo Ministério da Saúde em 1977. A Resolução RDC n. 151, de 17 de junho de 2003, aprovou o Fascículo 1 da Parte II da segunda dição da Farmacopeia homeopática brasileira, elaborado pela Comissão Permanente de Revisão da Farmacopeia Brasileira (CPRFB), instituída pela Portaria n. 12, de 20 de

janeiro de 2000 (Anvisa, 2003), com revisão recente na terceira edição (Brasil, 2011). A composição dos medicamentos é à base de sulfeto de antimônio (Anti- monium crudum), carbonato de potássio (Kali carbonicum), nitrato de mercúrio (Mercurius solubilis), enxofre (Sulphur), cloreto de sódio (Natrum muriaticum), ouro (Aurum metallicum) e cloreto de amônio (Ammonium muriaticum), prepara- dos em ultra-diluições (Amorim, 2000; Moreira et al., 2008). A temperatura foliar (Tf) da face adaxial de duas folhas completamente desenvolvidas, por planta, foi avaliada quarenta e oito dias após o transplantio (5 de agosto de 2013). As avaliações foram feitas a cada hora, das 6 às 16 horas, utilizando-se um Infrared Thermometer – TD-955, ICEL Manaus. Das 50 plantas submetidas a cada tratamento, 10 foram utilizadas para a avaliação da massa seca da parte aérea (g), aos dezoito dias após o transplantio das mudas (6 de julho de 2013). A avaliação do desempenho fotossintético das plantas foi realizada aos vinte e quatro dias após o transplantio (12 de julho de 2013). De 8h40 às 9h40 foram avaliadas com o IRGA (Infra Red Gas Analiser, mo-

delo LCpro-SD da ADC, Inglaterra) a temperatura foliar (°C), a taxa de assimilação de CO2 (A μmol m-2 s-1), a transpiração (E mmol m-2 s-1), a condutância estomática (gs mol m-2 s-1) e a concentração intercelular de CO2 (Ci μmol mol-1). A partir desses dados, foram calculadas a eficiência instantânea no uso da água (A/E μmol CO2 m-2 s-1/mmol H2O m-2 s-1), a eficiência intrínseca no uso da água (A/gs μmol CO2 m-2 s-1/mol m-2 s-1) e a eficiência instantânea de carboxilação (A/Ci μmol CO2 m-2 s-1 Pa-1). Também foi avaliado o índice de clorofila Falker – ICF das clorofilas a e b e clorofila total, utilizando-se o clorofilômetro ClorofiLOG® CFL-1030, Falker Automação Agrícola. A infestação das plantas por insetos foi avaliada aos dezenove e aos vinte e seis dias após o transplantio das mudas (7 de julho e 14 de julho de 2013) e as injúrias, apenas aos dezenove dias. Aos sessenta e três dias após o transplantio (20 de agosto de 2013), o número total de flores foi avaliado, considerando-se o número de flores abertas (aquelas que tinham potencial para atrair polinizadores, por apresentarem recompensas florais como pólen e néctar) e em senescência (aquelas que já não apresentavam tais recursos disponíveis para polinizadores). O número de frutos produzidos pelas plantas no ponto de consumo, a mas- sa fresca (g) e seu tamanho (cm) foram avaliados aos sessenta e três dias após o transplantio das mudas (20 de agosto de 2013). Os frutos foram colhidos a partir de 40 plantas. As médias da temperatura foliar, massa da matéria seca da parte aérea e clorofila total das plantas de pimentão dos tratamentos foram comparadas pela análise de variância (ANOVA), seguida do teste de Tukey a 0,05 de significância. Para a avaliação do número total de flores e do número de frutos produzidos, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis com ranks empatados (Tied ranks), a 0,05 de significância,

seguido de comparações múltiplas não paramétricas, quando necessário, realizadas pelo teste Tukey-Type. Todas as análises estatísticas foram realizadas de acordo com Zar (2010) e no programa SYSTAT 10.2© (2002).

Resultados e discussão A maior temperatura foliar foi registrada para as plantas tratadas quimica- mente e a menor, para as plantas do tratamento controle (Tabela 1). Aos dezoito dias do transplantio, as plantas estavam com massa da matéria fresca da parte aé- rea próxima de 2 gramas, exceto as plantas do tratamento controle, que estavam com massa inferior a 1 grama (Tabela 1). As plantas desse tratamento também apresentaram o menor teor de clorofila total, mostrando clorose. É importante in- formar que o canteiro em que as plantas do tratamento controle foram instaladas sofreu excesso de irrigação por uma falha técnica ocorrida em canteiros vizinhos.

Tabela 1. Temperatura foliar, massa da matéria seca da parte aérea (MMSPA) e clorofila total das plantas de pimentão ( Capsicum annuum ) com dezoito dias após o transplantio

Características avaliadas Temperatura foliar (°C) MMSPA (g) Clorofila total (ICF)

Tratamentos Químic BioFAO o Branco 26,8 a 26,03 b

BioFAO Sollarys Controle Branco 22,83 d 23,76 c

2,07 a 2,02 a 52,19 a 45,45 ab

1,78 a 47,22 a

0,9 b 36,05 b

Médias seguidas por letras diferentes na linha diferem entre si pelo teste de Tukey ( P < 0,05).

Quanto à atividade fotossintética, as plantas tratadas com BioFAO Solla- rys Branco tiveram maior abertura estomática, tanto quanto as plantas tratadas quimicamente, superando as plantas dos tratamentos com BioFAO Branco e as do controle (Figura 1). Apesar da alta abertura estomática, as plantas tratadas quimi- camente restringiram a transpiração e a taxa assimilatória líquida, resultando em maior concentração interna de CO2 (Figura 1) e baixa carboxilação pela RUBISCO (baixo A/Ci, Figura 2). Essas plantas tiveram ainda a menor eficiência intrínseca no uso da água (baixo A/gs, Figura 2). Em contrapartida, as plantas tratadas com BioFAO Sollarys Branco tive- ram a maior transpiração e a maior taxa assimilatória líquida, em comparação com as plantas dos demais tratamentos (Figura 1). Essa resposta foi decorrente da maior eficiência da RUBISCO no processo de carboxilação, expressa pela ra- zão A/Ci (Figura 2). Esses resultados mostram que as plantas desse tratamento se

apresentaram metabolicamente em melhores condições do que as dos demais tratamentos avaliados.

Figura 1. Condutância estomática ( gs ), taxa de transpiração ( E ), taxa de assimilação de CO2( A ) e concentração interna de CO2( Ci ) em plantas de pimentão ( Capsicum annuum ) cultivadas sob a ação do BioFAO (Branco e Sollarys Branco), com DECIS® e o tratamento controle, vinte e quatro dias após o transplantio. Experimento conduzido no período de junho a agosto de 2013, na Fazenda Experimental do Glória, Universidade Federal de Uberlândia (MG).

Figura 2. Eficiência instantânea de carboxilação ( A/Ci ), eficiência instantânea no uso da água ( A/E ) e eficiência instrínseca no uso da água ( A/gs ) em plantas de pimentão ( Capsicum annuum ) cultivadas sob a ação do BioFAO (Branco e Sollarys Branco), com DECIS® e o tratamento controle, vinte e quatro dias após o transplantio. Experimento conduzido no período de junho a agosto de 2013, na Fazenda Experimental do Glória, Universidade Federal de Uberlândia (MG).

A avaliação dos artrópodes presentes nos canteiros, feita aos dezenove (7 de julho de 2013) e vinte e um dias (9 de julho de 2013) após o transplantio, mos- trou a presença de onze diferentes grupos, sendo Aleyrodidae (n = 3), Aphididae (n = 53), Araneae (n = 5), Chrysopidae (n = 10), Cicadellidae (n = 6), Coleoptera (n = 5), Diptera (n = 3),

Hemiptera (n = 1), Heteroptera (n = 1), Hymenoptera (n = 1) e Thysanoptera (n = 2). Entre os grupos amostrados, apenas Araneae e Chrysopidae não apresentam potencial de prejuízos agrícolas, por serem preda- dores de pragas agrícolas. Vale ressaltar que todos os indivíduos amostrados no grupo Chrysopidae e quatorze Aphididae estavam no estágio de ovo. As plantas do tratamento controle apresentaram o maior número absoluto de indivíduos com potencial de prejuízos agrícolas (IPPA) e o menor número de predadores de pragas agrícolas (Figura 3). As plantas do tratamento com BioFAO

Sollarys Branco apresentaram o segundo maior número de IPPA, enquanto as plantas tratadas com BioFAO Branco apresentaram o maior número de predadores de pragas agrícolas.

Figura 3. Número de insetos com potencial de prejuízos agrícolas (IPPA) e artrópodes predadores (AP), avaliados aos dezenove (7 de julho de 2013) (IPPA-O1/AP-O1) e aos vinte e seis dias após o transplantio das mudas (14 de julho de 2013) (IPPA-O2/AP-O2), presentes nos canteiros de pimentão ( Capsicum annuum ) cultivado sob a ação do BioFAO (Branco e Sollarys Branco), com DECIS® e o tratamento controle.

Os resultados obtidos indicam que o tratamento químico apresenta um efeito negativo, tanto nos grupos considerados pragas agrícolas, quanto nos predadores que participam do controle biológico. Por outro lado, o tratamento com BioFAO Branco parece apresentar um efeito seletivo, isto é, houve redução no número de pragas agrícolas e aumento dos

predadores, em comparação com o tratamento con- trole. Esses resultados, além de estimularem a realização de trabalhos específicos para a determinação do efeito dos tratamentos agrohomeopáticos na população de artrópodes, respondem à pergunta inicial dos trabalhos realizados com o BioFAO em plantas. Os artrópodes não morrem e não são afugentados pelo efeito do BioFAO, mas a relação natural entre herbívoros e predadores parece ser restabelecida. Os tratamentos diferiram quanto ao número total de flores (abertas e senes- centes) entre si (H0,05;5;5;5 = 10,008; P = 0,018; Figura 4). As plantas submetidas aos tratamentos BioFAO Sollarys Branco e químico apresentaram o maior número de flores, seguidas pelas plantas tratadas com BioFAO Branco.

Figura 4: Número total de flores produzidas pelas plantas de pimentão ( Capsicum annuum ) cultivado sob a ação do BioFAO (Branco e Sollarys Branco), com DECIS® e o tratamento controle. Tratamentos marcados com letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey-Type a 0,05 de significância.

As flores do pimentão têm corola branca, cinco a sete estames e um estilete central (Cruz et al., 2005). Elas oferecem, como recompensas florais para os seus visitantes, néctar e pólen (Kwon e Saeed, 2003). A disponibilidade dessas recom- pensas é reduzida ao longo do tempo, sendo a oferta de pólen maior no período da manhã, no dia em que ocorre a antese, período em que o estigma está receptivo (Silva et al., 2005). Apesar da autocompatibilidade das flores, nos cultivos em es- tufas e campos abertos, a polinização por abelhas resulta em maior produtividade e qualidade dos frutos formados (Kwon e Saeed, 2003; Cruz et al., 2005; Faria Júnior et al., 2008). Nesse contexto, a semelhança no número de flores entre os tratamentos BioFAO Sollarys Branco e o químico

sugere que as práticas agrícolas tradicionais podem ser substituídas. A redução no uso de agrotóxicos, com substituição gra- dativa por BioFAO, pode favorecer a presença de polinizadores, como as abelhas, o que resultaria no aumento da produtividade e qualidade dos frutos. É conhecido que alguns compostos químicos usados na agricultura têm efeitos deletérios nas abelhas, dentre eles a redução do número de indivíduos nos ninhos e alterações na dinâmica de nidificação e armazenamento de produtos apícolas (pólen e mel) (Fakhimzadeh e Lodenius, 2000; Roman, 2009; Van der Steen et al., 2012).

A avaliação do número de frutos presentes nas plantas mostrou que os tra- tamentos diferem entre si (H0,05;5;5;5 = 12,846; P = 0,005; Figura 5). As plantas que foram tratadas com BioFAO Sollarys Branco apresentaram maior número de fru- tos formados, seguidas pelas tratadas com BioFAO Branco e o tratamento químico.

Figura 5: Número de frutos produzidos pelas plantas de pimentão ( Capsicum annuum ) cultivado sob a ação do BioFAO (Branco e Sollarys Branco), com DECIS® e o tratamento controle. Tratamentos marcados com letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey-Type a 0,05 de significância.

A avaliação das características dos frutos (massa – g, comprimento – mm e diâmetro – mm) foi realizada para todos os tratamentos (químico: n = 14; BioFAO Branco: n = 14; BioFAO Sollarys Branco: n = 6), exceto para o controle, que não apresentou frutos de acordo com os critérios de seleção, isto é, no dia da ava- liação havia apenas frutos em desenvolvimento. Os frutos não diferiram entre si quanto à massa (mediana/variância) (químico: 68,51/773,71; BioFAO

Branco: 115,44/264,28; BioFAO Sollarys Branco: 48,14/66,92), comprimento (mediana/va- riância) (químico: 66,23/ 320,26; BioFAO Branco: 109,22/114,93; BioFAO Sollarys Branco: 49,16/ 64,41) e diâmetro (mediana/variância) (químico: 65,41 /127,76; BioFAO Branco: 102,00/ 160,16; BioFAO Sollarys Branco: 48,56/ 21,00). Apesar de não terem sido avaliados quimicamente, os frutos produzidos pelas plantas tratadas com BioFAO apresentaram-se muito perfumados, adocica- dos, crocantes e digestivos.

Os resultados obtidos mostram que a formação de flores e frutos foi bem sucedida com o uso do BioFAO, o que indica que o uso de agrotóxicos pode ser substituído para essa cultura. De acordo com o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An- visa, 2011), o pimentão está entre os alimentos que apresentam concentrações de agrotóxicos acima do permitido por lei, assim como compostos não autorizados para a agricultura. Dessa forma, a redução na quantidade de agrotóxicos presentes nos frutos colabora para a melhoria da qualidade da alimentação humana, uma vez que a presença de agrotóxicos nos frutos, no ponto de consumo, representa um risco à saúde humana (Cabrera et al., 2014; Ismael et al., 2015). Devido às vantagens apresentadas pelo uso do BioFAO no que se refere à manutenção da produtividade e da qualidade do pimentão, essa técnica poderia ser utilizada como um modelo de tratos culturais. Esse modelo poderia ser utilizado, por exemplo, pelas universidades que possuem áreas de cultivo que fornecem alimentos para a comunidade. Essas áreas poderiam ser fontes de alimentos mais saudáveis para a população e poderiam fomentar outros produtores a adotarem tal prática.

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BioFAO no funcionamento e metabolismo de hortaliças sob cultivo orgânico em assentamento rural Marli A. Ranal1 Míria de Amorim2 Marília Marques3 Carlos Felipe Lima Saar4 Cristiane Betanho5 Érika Maria Marcondes Tassi6 Cassiano Oliveira da Silva7 João Paulo Ribeiro-Oliveira8

Os capítulos anteriores demonstraram o quão sutil é a proposta do Bio- FAO em termos energéticos, mas restaram algumas perguntas. A agrohomeopatia BioFAO seria capaz de sustentar a produção básica nos assentamentos, sem a necessidade do uso dos agrotóxicos convencionais em um agroambiente bem estabelecido? Se as plantas forem capazes de sobreviver sem a aplicação de agro- tóxicos, mantendo-se saudáveis, haveria aumento de alguma substância de de- fesa, estimulada pelo uso desses medicamentos homeopáticos? Essas perguntas foram a base deste capítulo e foram elucidadas usando como modelos biológicos a rúcula (Eruca sativa Mill.), a couvemanteiga (Brassica oleracea var. acephala DC.), o tomatecereja (Solanum lycopersicum var. cerasiforme Voss) e o pepino-caipira (Cucumis sativus L.), mantidos sob sistema de cultivo orgânico em um assentamento rural e tradadas com

BioFAO na potência 10 CH, em comparação ao processo habitual dos agricultores. Três importantes constatações foram ob- servadas – (1) O BioFAO aumenta a imunidade das plantas, mesmo em ambientes 1

Professora Titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 2 Médica homeopata, presidente do Instituto BioFAO e pesquisadora voluntária do Ambulatório de Toxicologia Clínica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 3 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU). 4 Bolsista DTI-C do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 5 Professora Adjunta da Faculdade de Gestão e Negócios e coordenadora do Núcleo de Estudos em Agroe- cologia e Produção Orgânica da Universidade Federal de Uberlândia (FAGEN – UFU). 6 Professora Adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (FAMED – UFU). 7 Engenheiro de alimentos e técnico graduado em Nutrição pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (FAMED – UFU). 8 Pós-doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Agronomia pelo Instituto de Agronomia da Univer- sidade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU).

bem estabelecidos quanto ao contexto agroecológico; (2) o BioFAO pode atuar sobre complexos tipicamente relacionados à melhoria do estresse em plantas, co- mo os antioxidantes e compostos fenólicos; (3) ainda que atuando sobre esses complexos, o BioFAO não reduz o potencial nutricional das espécies analisadas como fonte de alimento para o homem. Assim, este capítulo ratifica, em campo, o potencial do BioFAO em maximizar cultivos orgânicos, por alterar beneficamente o funcionamento e o metabolismo das plantas.

Introdução Na década de 1990, a incorporação de empresas brasileiras por organiza- ções transnacionais trouxe mudanças tecnológicas e técnicas significativas aos sistemas produtivos, tanto rurais quanto urbanos. Empresas brasileiras moderni- zadas fecharam milhões de postos de trabalho, enquanto no campo a mecaniza- ção do processo de produção e a dependência de insumos agrícolas redundaram na falência crescente e acelerada da pequena propriedade rural e da agricultu- ra familiar não tecnificada. Os ganhos de produtividade ficaram concentrados com os donos do capital, restando aos trabalhadores disputar os poucos postos de trabalho que escaparam à reestruturação, tanto empregos assalariados, como prestadores de serviços autônomos. No campo, a precarização do trabalho é efetivada na integração dos camponeses às cadeias agroindustriais sob domínio de redes transnacionais, o que, por um lado, traz dependência tecnológica (dada a obrigatoriedade de assumir o pacote tecnológico das redes) e, por outro, retira do trabalhador a possibilidade de dar preço à sua produção, alienando o trabalhador do conteúdo de seu trabalho. Esse cenário se desenvolveu aprofundando a degradação do ambiente, que já estava com o processo de degradação avançado, decorrente da expansão da fronteira agrícola e pecuária, e isso já estava fora das premissas do desenvolvi- mento sustentável. Sendo assim, evitar a degradação, recuperar ou restaurar o que sobrou e proteger fragmentos dos ecossistemas que ainda não haviam sido afeta- dos diretamente se tornaram ações urgentes. Com foco nessa situação, os sistemas agroecológicos de produção passaram a ser uma opção para otimizar a eficiência no uso dos recursos naturais. Considerando que grande parte da produção agríco- la nacional destinada à alimentação

humana pertence à categoria de agricultores familiares ou camponeses, torna-se essencial voltar o olhar para a situação da conservação desses ecossistemas. O estado de Minas Gerais possui um índice de degradação médio de 86% (Fernandes et al., 2005). Em adição, ressalta-se que, em mais de 40% dos mu-

nicípios mineiros, a degradação ambiental chegou a 100% e, para os demais, a degradação alcançou 70% do território. Na macrorregião do Triângulo Mineiro, em especial, a degradação é provocada pelo avanço do agronegócio nas culturas de café, soja, milho, cana-de-açúcar e também da pecuária (Chelotti e Rosolen, 2014). Considerando que somente no município de Uberlândia existem 14 assentamentos da Reforma Agrária que abrigam 815 famílias e uma infinidade de ini- ciativas dos trabalhadores rurais para sobreviver por meio de seu trabalho (Lagea, 2014) e que esses assentamentos estão localizados em áreas que foram degradadas pelos antigos proprietários, a agroecologia se torna ainda mais importante como alternativa para o reequilíbrio dos agroecossistemas. Mobilizados por essa situação, em 2014, o Núcleo de Estudos em Agroe- cologia e Produção Orgânica (NEA), vinculado ao Centro de Incubação de Em- preendimentos Populares Solidários da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Uberlândia, propôs um projeto que foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entre 2014 e 2016, e hoje encontra-se institucionalizado no âmbito do Centro de Incu- bação de Empreendimentos Populares Solidários da UFU (Cieps), a partir de uma concentração de esforços que envolveu os Ministérios da Educação, Ciência e Tecnologia, Agricultura, Desenvolvimento Social e Pesca. O objetivo principal do projeto está voltado para ancorar a transição agroecológica das comunidades do entorno de Uberlândia, principalmente nos assentamentos de Reforma Agrária. A demanda por produtos de base agroecológica e orgânicos tende a crescer, uma vez que, além do aumento da conscientização da população sobre os benefícios gera- dos pelo consumo desses produtos, o Governo Federal aponta com uma política pública de incentivo à produção orgânica.

Um exemplo recente foi o lançamento do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, que pretende incentivar a transição agroecológica e a produção orgânica por meio de ações e programas que possibilitem a melhoria da qualidade de vida da população. Por outro lado, o arcabouço de políticas públicas de aquisição de produtos da agricultura familiar, como o Programa de Aquisição de Alimentos, o Programa Nacional de Alimen- tação Escolar e o mais recente decreto que obriga órgãos públicos federais ao mesmo processo de compra, aumentou o leque de mercados para o escoamento da produção familiar, com um preço prêmio de 30% para produtos orgânicos certificados. Assim, unem-se a demanda por produtos e a demanda pelo processo de transição agroecológica por parte dos agricultores, que precisam de apoio para livrar suas plantações de venenos e adubos químicos. Nesse processo de transição agroecológica, enquanto os agroecossistemas ainda estão desequilibrados, o ataque de pragas, incluindo plantas daninhas, inse-

tos e patógenos, acaba sendo a grande preocupação dos camponeses, que viven- ciam o dilema entre usar agrotóxicos e salvar a produção, ou não usar e correr o risco de perder os cultivos para as pragas. Nesse momento, tornase essencial a utilização de recursos externos à propriedade para buscar remediar o ataque das tais pragas. Assim, as caldas domésticas e, ainda, as agrohomeopatias, são recursos essenciais para que os agricultores possam proteger suas plantações sem o uso de venenos, até que o ambiente entre em equilíbrio. Como a agrohomeopatia BioFAO vem sendo testada em Uberlândia desde 2011 e está dentro dessa linha de raciocínio conservacionista, algumas perguntas foram feitas para a estruturação deste trabalho. Estariam os agricultores desses assentamentos dispostos a testar medicamentos homeopáticos desconhecidos por eles? Para responder a essa questão, visitas foram feitas para esclarecimento dos efeitos já conhecidos sobre o BioFAO em plantas. O que facilitou o diálogo e a im- plantação dos experimentos foi a prática comum, entre os assentados de Uberlân- dia, do controle natural de pragas e doenças, incluindo bioterápicos (preparados com as secreções ou excreções de plantas ou animais e também com os órgãos da planta doente ou com os animais que constituem a praga) e fitoterápicos, em especial o Nim. Duas outras perguntas foram elaboradas – a primeira voltada para a questão humana de sustentação financeira familiar e a segunda voltada para o funcionamento das plantas e decorrente dos resultados obtidos anteriormente. A agrohomeopatia BioFAO seria capaz de sustentar a produção básica nos as- sentamentos, sem a necessidade do uso dos agrotóxicos convencionais? Se as plantas forem capazes de sobreviver sem a aplicação de agrotóxicos,

mantendo-se saudáveis, haveria aumento de alguma substância de defesa, estimulada pelo uso desses medicamentos homeopáticos? É preciso ressaltar que os trabalhos realiza- dos com a agrohomeopatia BioFAO, desde 2011, partiram de uma pergunta básica que foi sendo desdobrada à medida que os resultados começaram a ser obtidos, com acompanhamento feito dentro das premissas do método científico. O que acontece com os herbívoros; eles morrem ou se afastam? No trabalho realizado em 2013 com a couve-manteiga (vide capítulo 9 deste livro), ficou evidente que as plantas tratadas com BioFAO Branco atraem os insetos, tanto fitófagos quanto seus inimigos naturais, sem terem prejuízos em termos de aparência, número de folhas, massa da matéria seca da parte aérea, área foliar e teor de clorofila total. O que se abriu, a partir desses resultados, ficou muito evidente e a pergunta pode ser formulada claramente, relacionada com a defesa das plantas. O caráter especial deste trabalho, além da questão do desenvolvimento sustentável, foi o fato de esse ser o segundo experimento montado em condições

naturais e, desta vez, dentro dos princípios desejáveis para o uso da agrohomeo- patia BioFAO, ou seja, dentro de uma área em que o cultivo é totalmente orgâni- co. Toda a área cultivada nos assentamentos tem por base a produção orgânica, fundamental para que os efeitos do BioFAO sejam positivos, ou seja, interromper a aplicação de agrotóxicos é o primeiro passo para o início da desintoxicação das plantas e do ambiente.

Material e métodos

Dois canteiros de 0,90 x 10 m foram montados na área onde se encontra a mandala do assentamento Tangará (19°5’13,2” S e 48°32’31,7” W; figura 1), cada um recebendo mudas de rúcula (Eruca sativa Mill.), couve-manteiga (Brassica oleracea var. acephala DC.), tomate-cereja (Solanum lycopersicum var. cerasifor- me Voss) e pepino-caipira (Cucumis sativus L.). Eles foram preparados com o solo do cerrado, que recebeu a primeira produção de plantas cultivadas, ao lado da mandala onde já estavam instalados canteiros produtivos, construídos em círculos concêntricos, ao redor de um tanque de água com peixes. Figura 1. Localização da mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). Área com vegetação fragmentada.

Em cada canteiro foram aplicados 18 L de esterco de gado curtido por metro quadrado, incorporados sete dias antes do plantio das mudas, e 20 g por metro quadrado de

termofosfato magnesiano Yoorin® no dia do plantio. Apenas no can- teiro deixado como tratamento controle foram aplicados 2 L de urina de vaca dilu- ída na proporção de 200 mL de urina para 20 L de água, oito dias após o plantio.

Mudas comerciais foram utilizadas para o plantio, em espaçamentos con- vencionais de cada cultura. A irrigação foi feita diariamente por aspersão, con- forme a demanda das plantas, garantida por mangueiras próprias para esse fim, perfuradas a cada 40 cm e instaladas a 50 cm de altura em relação ao solo. Em cada orifício, pequenos aspersores preparados com cotonetes foram inseridos para a saí- da da água em jatos finos. A retirada das plantas invasoras foi feita manualmente. Os canteiros ficaram distantes uns dos outros em 12 metros para garantir que o biocampo formado pelo BioFAO não interferisse nas respostas das plantas do tratamento controle. Essa instrução tem por base os resultados dos trabalhos desenvolvidos pela equipe do Instituto BioFAO (www.institutobiofao.org.br) e foi adotada para o experimento todo. Nessa propriedade, os canteiros foram monta- dos de forma padronizada quanto ao declive do terreno, mantendose a vegetação nativa no entorno de cada um, com 1 metro de aceiro ao redor. O plantio foi realizado no dia 5 de março de 2014. Cinco dias após o plan- tio as mudas receberam a primeira aplicação do medicamento homeopático. A aplicação foi feita por volta de 9 horas, período em que as plantas estão com os estômatos abertos. A agrohomeopatia BioFAO foi aplicada na forma de um borrifo na face infe- rior de uma folha por planta, utilizando-se um pulverizador de compressão prévia 1,25 (bomba manual, comercialmente denominada patinho). Foram utilizados 12 glóbulos L-1 de água potável, na potência 10 CH. O BioFAO tem em sua composição sulfeto de antimônio (Antimonium crudum), carbonato de potássio (Kali carboni- cum), nitrato de mercúrio (Mercurius solubilis), enxofre (Sulphur), cloreto de sódio (Natrum muriaticum), ouro (Aurum metallicum) e

cloreto de amônio (Ammonium muriaticum), preparados em ultradiluições (Moreira et al., 2008). O preparo foi fei- to de acordo com as normas da Farmacopeia homeopática brasileira, oficializada pelo Decreto n. 78.841, de 25 de novembro de 1976, revisto e complementado em 1977 pelo Ministério da Saúde. A Resolução – RDC n. 151, de 17 de junho de 2003, aprova o Fascículo 1 da Parte II da segunda edição da Farmacopeia homeopática brasileira, elaborado pela Comissão Permanente de Revisão da Farmacopeia Brasileira (CPRFB), instituída pela Portaria n. 12, de 20 de janeiro de 2000 (Anvisa, 2003), com revisão recente na terceira edição (Brasil, 2011). A segunda aplicação da agrohomeopatia BioFAO foi feita no dia 14 de abril.

Avaliações realizadas Vinte e quatro dias após a primeira aplicação do BioFAO as plantas de rúcula foram avaliadas (3 de abril de 2014) quanto à atividade fotossintética. A

radiação fotossinteticamente ativa (densidade de fluxo de fótons fotossintéticos – DFFF μmol m-2 s-1), a temperatura da superfície da folha (°C), a taxa de transpi- ração (E mmol m-2 s-1), a condutância estomática (gs mol m-2 s-1), a concentração intercelular de CO2 (Ci μmol mol-1) e a taxa de assimilação de CO2 (A μmol m-2 s-1) foram avaliadas utilizando-se um analisador de trocas gasosas portátil (Infra-Red Gas Analyser – IRGA, modelo LCpro-SD da ADC, Inglaterra) acoplado a uma câ- mara foliar (6,25 cm2 de área) que mede a concentração de CO2 e de vapor de água por radiação infravermelha. O sistema de trocas gasosas do aparelho é aberto, de maneira que o fluxo de ar novo seja contínuo. A eficiência intrínseca no uso da água (A/gs μmol CO2 m-2 s-1/mol m-2 s-1), a eficiência instantânea no uso da água (A/E μmol CO2 m-2 s-1/mmol H2O m-2 s-1) e a eficiência instantânea de carboxilação (A/Ci μmol CO2 m-2 s-1 Pa-1) foram calculadas a partir dos valores de A, E e Ci. As mensurações foram realizadas por volta de 9, 11, 13, 15 e 17 horas. Os horários específicos estão apresentados em cada figura apresentada. As plantas de couve foram avaliadas no dia 16 de abril de 2014, aos trinta e sete dias após a primeira aplicação dos medicamentos e apenas às 15 horas, em função de o dia estar nublado e instável. No dia seguinte foram feitas três avalia- ções, às 9, 11 e 13 horas. A fluorescência da clorofila a foi mensurada utilizandose um medidor de fluorescência modulado (Mini-PAM, Heinz Walz, Effeltrich, Alemanha), sendo a fluorescência máxima (Fm) e a fluorescência inicial (F0) determinadas após trinta minutos de adaptação das folhas ao escuro com o uso de presilhas apropriadas para esse fim, que cobrem 0,5 cm2 de tecido foliar. Esses dados foram utilizados para calcular os valores do rendimento quântico potencial do fotossistema II (Fv/ Fm),

obtido pela expressão Fv/Fm = (Fm-F0)/Fm (Ribeiro et al., 2005) e que tem por objetivo analisar a ocorrência de fotoinibição das plantas. Foram consideradas fotoinibidas as plantas que apresentaram valores da razão Fv/Fm inferiores a 0,8 (Lüttge et al., 1998). A fluorescência em condições de steady state (F) e a máxima fluorescência da amostra adaptada à luz (Fm’) foram obtidas com uso da câmara apropriada (Leaf-clip Holder 2030-B). A partir desses dados, o rendimento quântico efetivo (∆F/Fm’) foi calculado como ∆F/Fm’ = Fm’-F/Fm’ (Genty et al., 1989). O mesmo aparelho foi utilizado para a obtenção dos valores da taxa de transporte de elétrons (ETR mol m-2 s-1), obtida pela expressão ETR = {[(∆F/Fm’) 0,5] DFF} 0,84, em que 0,5 é um fator de multiplicação no qual se assume que a fotoquímica do fotossistema I equipara-se à do fotossistema II (White e Critchley, 1999), DFF corresponde à densidade do fluxo de fótons fotossinteticamente ati- vos e 0,84 considera que apenas 84% da irradiância incidente será absorvida pela

folha (White e Critchley, 1999). No dia 17 de abril de 2014, as plantas de couve e tomate foram avaliadas quanto a essas características às 9, 11, 13, 15 e 17 horas. No ponto de consumo, folhas de rúcula e couve foram analisadas quanto a sua composição nutricional, sendo quantificados os compostos fenólicos, antioxi- dantes, proteínas e carotenoides. Todos os cálculos foram realizados tendo como ponto de referência a massa da matéria fresca (base úmida), que é o mesmo refe- rencial adotado pela Tabela de Composição de Alimentos (Taco) (Unicamp, 2011). O teor de fenólicos totais dos extratos metanólicos das folhas foi determinado pelo método espectrofotométrico, utilizando-se o reagente de Folin-Ciocal- teau (Swain e Hillis, 1959) e a curva padrão do ácido gálico (EAG). Os resultados foram expressos em mg de fenólicos totais em equivalente de ácido gálico (EAG) por 100 g de folha. A análise dos radicais livres foi feita a partir do radical estável 2,2-dife- nil-1-picril hidrazil (DPPH), que tem sido amplamente utilizado para avaliar a ca- pacidade de antioxidantes naturais de sequestrar radicais livres (BrandWilliams et al., 1995; Sanchez-Moreno et al., 1999). Para a quantificação das proteínas, foi utilizado o método semi-microKjel- dahl, descrito pela AOAC (1997). A partir da quantificação do nitrogênio, é feita a estimativa da quantidade de proteínas presentes nas amostras, aplicandose o fator de correção 6,25 aos cálculos. A extração dos carotenoides totais foi realizada a partir da matéria fresca, segundo o método validado (Sims e Gamon, 2002), que se baseia no coeficiente de absortividade molar dos pigmentos (clorofilas, antocianinas e carotenoides) em solução tamponada de acetona.

Avaliações visuais para detecção de plantas doentes ou com sinais de her- bivoria foram feitas aos quarenta e dois e quarenta e três dias do plantio das mudas e trinta e sete e trinta e oito dias da primeira aplicação dos medicamentos. Nos mesmos dias, também foram atribuídas notas aos canteiros, avaliados visu- almente por cinco pessoas, usando uma escala de zero a cinco, em que cinco foi a melhor nota.

Análise estatística dos dados As curvas do metabolismo fotossintético foram representadas graficamen- te, mas a única ferramenta estatística utilizada foi a inclusão da dispersão pon- tual dos valores observados, por meio do erro padrão, algo habitual para a área. Para a análise estatística dos dados de pontos estratégicos escolhidos na curva do metabolismo fotossintético, com base nos horários cruciais do processo, foram utilizados os testes de Shapiro-Wilk para a normalidade dos dados e o de Levene

para a homogeneidade de variâncias, ambos a 0,01 de significância. Atendidas essas pressuposições, o teste t de Student a 0,05 de significância foi aplicado aos dados. Por outro lado, a análise dos dados moleculares foi realizada por meio de modelo de medidas repetidas univariadas (MANOVA), com a pseudorrepetição (alíquota retirada da solução amostral) como fator dentro do efeito principal e os tratamentos (BioFAO e controle) como efeito principal. A esfericidade desses dados foi testada utilizando-se os critérios de Mauchly, o qual demonstrou que os testes F univariados, para os efeitos dentro do efeito principal, eram válidos.

Resultados Atividade fotossintética da rúcula As plantas dos dois tratamentos mostraram diferença quanto à densidade de fluxo de fótons fotossintéticos (DFFF) que chegou até as folhas, apenas no final da tarde. Apesar da semelhança dessa variável ao longo do dia entre as plantas dos dois tratamentos, as que foram submetidas à ação do BioFAO apresentaram temperatura foliar mais baixa às 11 horas, horário de alta irradiância (Figura 2).

Figura 2. Curso diário da densidade de fluxo de fótons fotossintéticos e da temperatura na superfície das folhas de rúcula ( Eruca sativa ) cultivada em sistema de cultivo orgânico e tratada com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão). Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). BioFAO: símbolos cheios e curva contínua. Controle: símbolos vazios e curva pontilhada. Barras verticais representam o erro padrão da amostra.

A condutância estomática (gs) das plantas dos dois tratamentos declinou ao longo do dia, mostrando que elas fecharam os estômatos à medida que a irra- diância e a temperatura foliar aumentaram (Figura 3). Apesar desse fechamento estomático, as plantas mostraram curvas de transpiração (E) com picos entre 11 e 15 horas, o que indica perda de água cuticular nos horários de maior irradiância e

temperatura. As plantas do tratamento controle perderam mais água do que as

tratadas com BioFAO, nos horários mais quentes do dia, coincidindo com as maio- res temperaturas foliares (Figura 2). O curso diário da taxa de assimilação de CO2 (A)

mostrou correspondência com as curvas de radiação

fotossinteticamente ativa, sendo o maior valor registrado para as plantas tratadas com BioFAO (entre 13 e 15 horas). A maior eficiência instantânea no uso da água (A/E) também foi registrada para plantas desse tratamento, pois elas perderam menos água por transpiração, com maior assimilação de CO2. As plantas desse tratamento também apresen- taram a maior eficiência de carboxilação pela RUBISCO (ribulose 1,5-bifosfato carboxilase oxigenase) entre 13 e 15 horas, o que lhes conferiu alta eficiência na assimilação do CO2. Figura 3. Taxa de assimilação de CO2 (A), taxa de transpiração (E), condutância estomática (gs), eficiência instantânea no uso da água (A/E), eficiência intrínseca no uso da água (A/gs) e eficiência instantânea de carboxilação (A/Ci) de plantas de rúcula ( Eruca sativa ) cultivadas em sistema de cultivo orgânico e tratadas com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão). Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). BioFAO: símbolos cheios e curva contínua. Controle: símbolos vazios e curva pontilhada. Barras verticais representam o erro padrão da amostra.

A partir dessas curvas de tendência geral do processo fotossintético, alguns pontos foram escolhidos para as comparações entre médias (Tabelas 1 e 2). De forma geral, quando houve diferença significativa entre os tratamentos, o melhor desempenho das plantas foi observado quando tratadas com BioFAO. Tabela 1. Taxa de assimilação de CO2( A ), condutância estomática ( gs ) e taxa de transpiração ( E) às 11 e às 13 horas de plantas de rúcula ( Eruca sativa ) cultivadas em sistema de cultivo orgânico e tratadas com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão). Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). Dados coletados no dia 3 de abril de 2014 Tratamento

A 11 A 13 µmol CO2 m-2 s-1

gs 11 gs 13 mol m-2 s-1

E 11 E 13 mmol m-2 s-1

BioFAO

13,83 ± 3,34 a 13,57 ± 1,84 a

1,95 ± 0,44 a 1,08 ± 0,17 a

8,53 ± 0,74 b 12,84 ± 0,44 a

Controle

19,74 ± 0,95 a 13,26 ± 0,75 b

1,33 ± 0,24 a 1,17 ± 0,11 a

9,50 ± 0,97 a 11,42 ± 0,32 a

Tabela 2. Eficiência instantânea no uso da água ( A/E ) e eficiência instantânea de carboxilação ( A/Ci ) às 11, 13 e 15 horas de plantas de rúcula ( Eruca sativa ) cultivadas em sistema de cultivo orgânico e tratadas com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão). Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). Dados coletados no dia 3 de abril de 2014 Tratamento A/E 11 A/E 13 A/E 15 µmol CO2 m-2 s-1/mmol H2O m-2 s-1 1,58 ± 2,14 ± 1,85 ± BioFAO Controle

0,30 a 1,05 ± 0,11 b

0,28 a 1,16 ± 0,06 b

0,15 a 1,35 ± 0,09 b

A/Ci 11 A/Ci 13 A/Ci 15 µmol CO2 m-2 s-1 Pa-1 0,05 ± 0,01 a 0,05 ± 0,01 a

0,08 ± 0,01 a 0,04 ± 0,00 b

0,06 ± 0,00 a 0,05 ± 0,00 a

Atividade fotossintética da couve-manteiga Da mesma forma que o observado para as plantas de rúcula, as de couve-manteiga também tiveram menor temperatura foliar sob a ação do BioFAO, com diferença em relação às plantas do tratamento controle ao final da tarde (Figura 4). A menor densidade de fluxo de fótons fotossintéticos e temperatura registrada na superfície das folhas às 11 horas (Figura 4) marca a presença de nuvens e as plantas responderam com declínio na taxa de transpiração, na taxa de assimilação de CO2, na eficiência instantânea de carboxilação e na eficiência intrínseca no uso da água (Figura 5). Nesse horário, as plantas tratadas com BioFAO responderam com aumento na condutância estomática, o que mostra sua sensibilidade quando da diminuição do estresse térmico e hídrico e lhes permite ter menor decréscimo na taxa de assimilação de CO2 em relação às plantas do tratamento controle. Apesar da alta variabilidade entre as plantas, inferida pelo erro padrão, o que dificultou

a separação entre os tratamentos, as plantas tratadas com BioFAO mostraram-se mais eficientes no uso instantâneo da água no início da manhã e final da tarde.

Figura 4. Curso diário da densidade de fluxo de fótons fotossintéticos e da temperatura na superfície das folhas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) cultivada em sistema de cultivo orgânico e tratada com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão). Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). BioFAO: símbolos cheios e curva contínua. Controle: símbolos vazios e curva pontilhada. Barras verticais representam o erro padrão da amostra.

Figura 5. Taxa de assimilação de CO2( A ), taxa de transpiração ( E ), condutância estomática ( gs ), eficiência instantânea no uso da água ( A/E ), eficiência intrínseca no uso da água ( A/gs ) e eficiência instantânea de carboxilação ( A/Ci ) de plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) cultivadas em sistema de cultivo orgânico e tratadas com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão). Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). BioFAO: símbolos cheios e curva contínua. Controle: símbolos vazios e curva pontilhada. Barras verticais representam o erro padrão da amostra.

A partir dessas curvas de tendência geral do processo fotossintético, alguns pontos foram escolhidos para as comparações entre médias. Não houve diferença significativa

para a taxa de assimilação de CO2, condutância estomática, taxa de transpiração (Tabela 3), eficiência instantânea no uso da água e na eficiência ins- tantânea de carboxilação entre os tratamentos (Tabela 4).

Tabela 3. Taxa de assimilação de CO2( A ), condutância estomática ( gs ) e taxa de transpiração às 11 e às 13 horas de plantas de couvemanteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) cultivadas em sistema de cultivo orgânico e tratadas com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão). Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). Dados coletados no dia 17 de abril de 2014 Tratamento A 11 A 13 gs 11 gs 13 µmol CO2 m-2 s- mol m-2 s-1

E 11 E 13 mmol m-2 s-1

1

BioFAO Controle

19,90 ± 3,52 a 15,14 ± 4,61a

18,49 ± 4,17 -

1,04 ± 0,08 a 0,96 ± 0,10 a

1,24 ± 0,09 -

5,11 ± 0,23 a 5,86 ± 0,52 a

5,70 ± 0,99 -

Tabela 4. Eficiência instantânea no uso da água ( A/E ) e eficiência instantânea de carboxilação ( A/Ci ) às 11 e às 13 horas de plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) cultivadas em sistema de cultivo orgânico e tratadas com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão). Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). Dados coletados no dia 17 de abril de 2014 Tratament A/E 11 A/E 13 A/Ci 11 A/Ci 13 o µmol CO2 m-2 s-1/mmol µmol CO2 m-2 s-1 H2O m-2 s-1 Pa-1 BioFAO Controle

3,86 ± 0,58 a 2,54 ± 0,62 a

3,38 ± 0,96 -

0,08 ± 0,02 a 0,06 ± 0,02 a

0,08 ± 0,02 -

Todas as plantas mostraram fotoinibição dinâmica, pois se recuperaram do estresse luminoso ao final do dia, alcançando valores da razão Fv/Fm próximos de 0,80 (Figura

6, Tabela 5). As plantas dos dois tratamentos tiveram comportamen- to similar para as variáveis analisadas, exceto em alguns horários. Às 11 horas da manhã, o rendimento quântico efetivo das plantas tratadas com BioFAO foi maior do que o das plantas do tratamento controle. A superioridade das plantas desse tratamento também foi observada às 13 horas, quanto à eficiência quântica potencial do fotossistema II, embora com menor fluorescência inicial em relação às plantas do tratamento controle. Esses resultados mostram a maior eficiência fotossintética das plantas tratadas com BioFAO, apesar de as plantas dos dois tratamentos terem apresentado muita semelhança na taxa de transporte de elé- trons, fonte de energia essencial para que a fotossíntese ocorra. Cada uma delas aproveitou de forma diferente o aporte energético que a elas chegou, com maior eficiência quando tratadas com BioFAO.

Figura 6. Densidade de fluxo de fótons fotossintéticos ( DFFF ), fluorescência inicial ( F0 ), fluorescência máxima ( Fm ), eficiência quântica potencial do fotossistema II (Fv/Fm), rendimento quântico efetivo ( ∆ F/Fm’ ) e taxa de transporte de elétrons ( ETR ) de plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) cultivadas em sistema de cultivo orgânico e tratadas com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão). Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). BioFAO: símbolos cheios e curva contínua. Controle: símbolos vazios e curva pontilhada. Barras verticais representam o erro padrão da amostra.

Tabela 5. Eficiência quântica potencial do fotossistema II ( Fv/Fm ) e taxa de transporte de elétrons ( ETR ) de plantas de couve-manteiga ( Brassica oleracea var. acephala ) cultivadas em sistema de cultivo orgâ- nico e tratadas com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão) às 11, 13 e 15 horas. Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). Dados coletados no dia 17 de abril de 2014 Tratamento Fv/Fm 11 Fv/Fm 13 Fv/Fm 15 ETR 11

ETR 13

ETR 15

µmol m-2 s1

BioFAO Controle

0,77 ± 0,00 a 0,77 ± 0,01 a

0,79 ± 0,01 a 0,71 ± 0,00 a

0,79 ± 0,01 a 0,81 ± 0,01 a

225,57 ± 38,94 a 254,37 ± 14,73 a

193,10 ± 18,40 a 244,30 ± 11,41 a

228,17 ± 21,06 a 25,17 ± 5,46 b

Atividade fotossintética do tomateiro As plantas avaliadas tiveram fotoinibição dinâmica, pois se recuperaram do estresse luminoso ao final do dia, alcançando valores da razão Fv/Fm próximos de 0,80 (Figura 7, Tabela 6). Apenas para a taxa de transporte de elétrons foi re- gistrada diferença entre os tratamentos às 15 horas (Figura 7, Tabela 6).

Figura 7. Densidade de fluxo de fótons fotossintéticos ( DFFF ), fluorescência inicial ( F0 ), fluorescência máxima ( Fm ), eficiência quântica potencial do fotossistema II ( Fv/ Fm ), rendimento quântico efetivo ( ∆ F/Fm’ ) e taxa de transporte de elétrons ( ETR ) de plantas de tomateiro ( Lycopersicum esculentum ) cultivadas em sistema de cultivo orgânico e tratadas com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão). Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). BioFAO: símbolos cheios e curva contínua. Controle: símbolos vazios e curva pontilhada. Barras verticais representam o erro padrão da amostra.

Tabela 6. Eficiência quântica potencial do fotossistema II ( Fv/Fm ) e taxa de transporte de elétrons ( ETR ) de tomateiros ( Lycopersicum esculentum ) cultivados em sistema de cultivo orgânico e trata- dos com BioFAO Branco e o controle (média ± erro padrão) às 11, 13 e 15 horas. Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG). Dados coletados no dia 17 de abril de 2014 Tratamento Fv/Fm 11 Fv/Fm 13 Fv/Fm 15 ETR 11

BioFAO Controle

0,80 ± 0,01 a 0,77 ± 0,03 a

0,76 ± 0,03 a 0,78 ± 0,01 a

0,79 ± 0,01 b 0,82 ± 0,00 a

126,80 ± 38,47 a 67,63 ± 3,86 a

ETR 13

ETR 15

µmol m-2 s-1 83,30 ± 12,21 a 58,67 ± 2,33 a

86,63 ± 15,47 a 14,43 ± 2,63 b

Composição nutricional das plantas de rúcula e de couvemanteiga O teor de proteínas das plantas de rúcula tratadas com BioFAO não diferiu das plantas do tratamento controle, mas estas apresentaram maior teor de com- postos fenólicos em relação às tratadas com BioFAO (Tabela 7). Para as plantas de couve-manteiga, o BioFAO aumentou o complexo antioxidante, sem modificar os teores de proteína, compostos fenólicos, ácido ascórbico, clorofilas (a e b) e β -caroteno (Tabela 8). Tabela 7. Teor de proteína e de compostos fenólicos produzidos por plantas de rúcula ( Eruca sativa ) cultivadas em sistema de cultivo orgânico e tratadas com BioFAO Branco e o controle. Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG) Componentes

BioFAO

Controle

nutricionais Proteína (g 100g-1)

1,40 (1,20; 1,59) a Compostos fenólicos (mg 196,56 (188,02; 205,10) b EAG 100 g-1)

1,31 (1,03; 1,58) a 237,09 (206,94; 267,25) a

Médias com intervalos de confiança (limite inferior; limite superior, ambos a α = 0,05), seguidas por letras iguais dentro de cada característica, são similares pelo teste de comparações múltiplas da correção de Bonferroni ( α = 0,05).

Tabela 8. Teor de proteína, de compostos associados à defesa de plantas (antioxidantes, compos- tos fenólicos e ácido ascórbico) e de pigmentos, produzidos por plantas de couve-manteiga ( Bras- sica oleracea var. acephala ) cultivadas em sistema de cultivo orgânico e tratadas com BioFAO Branco e o controle. Mandala do assentamento Tangará, Uberlândia (MG) Componentes nutricionais Proteína (g 100g-1)

BioFAO

Controle

3,13 (1,29; 4,96) 3,50 (1,66; 5,33) a a 80,64 (72,37; 66,20 (57,93; Antioxidantes (%) 88,91) a 74,47) b Compostos fenólicos (mg 361,55 (318,55; 390,42 (347,42; 404,55) a 433,41) a EAG 100 g-1) 9,66 (7,00; 12,04 (9,38; Ácido Ascórbico (mg -1 12,32) a 14,70) a 100g ) -1 0,30 (0,12; 0,47) 0,26 (0,09; 0,44) Clorofila a (mg 100g ) a a 0,20 (0,00; 0,55) 0,20 (0,00; 0,54) Clorofila b (mg 100g-1) a a 0,053 (0,001; β -caroteno (mg 100g-1) 0,07 (0,06; 0,13) a 0,12) a Médias com intervalos de confiança (limite inferior; limite superior, ambos a α = 0,05), seguidas por letras iguais dentro de cada característica, são similares pelo teste de comparações múltiplas da correção de Bonferroni ( α = 0,05).

Demais observações As plantas de rúcula não sofreram herbivoria nem foram acometidas por doenças durante o período experimental. As de couve tiveram pequenos sinais de herbivoria e se mantiveram saudáveis durante todo o período experimental. Uma planta de tomate apresentou as folhas

apicais murchas, similar aos sintomas do cancro bacteriano, em ambos os tratamentos. As de pepino tiveram alguns frutos com sinais de percevejo sugador e broca das cucurbitáceas e essas lagartas tam- bém foram encontradas na porção apical das plantas de ambos os tratamentos. Na avaliação visual realizada, a couve recebeu a média de 4,8 pontos quan- do tratada com BioFAO e 3,2 quando sem tratamento (controle). Os tomateiros receberam 4,5 pontos com BioFAO e 4,25 sem tratamento e as plantas de pepino, 4,75 com BioFAO e 4,0 sem tratamento. As plantas de rúcula haviam sido colhidas e não puderam ser avaliadas. A degustação do pepino e da rúcula foi feita em campo, sem atender ques- tionários validados, apenas como uma prova do produto. Os frutos do pepino de ambos os tratamentos foram bem apreciados pelo sabor adocicado e pela boa digestibilidade e as folhas da rúcula não se apresentaram com sabor tão picante quanto o conhecido para a cultura convencionalmente tratada com agrotóxicos. Na opinião dos provadores, a compra dos produtos seria apreciada.

O que chamou a atenção durante o período experimental foi o fato das plantas sem agrotóxicos, cultivadas na mandala em estudo, fossem folhas ou fru- tos, apresentarem-se mais firmes, crocantes, mais perfumadas e saborosas, além de sua maior durabilidade quando mantidas em baixa temperatura (geladeira do- méstica). Essas observações apontam para a necessidade de análises laboratoriais que possam expressar numericamente as vantagens das plantas cultivadas sem agrotóxicos em relação ao que está posto no mercado consumidor convencional.

Discussão O presente trabalho representa a finalização de um ciclo de experimentos que saiu das estufas experimentais e foi para o campo de cultivo orgânico. Uma das premissas para o uso do BioFAO é que as plantas estejam sob cultivo orgânico, pois somente dessa forma o biocampo pode ser restabelecido e a imunidade alcan- çada. Esta é a mesma premissa do uso do BioFAO em humanos (vide capítulos 2 e 3 deste livro). Nenhum outro medicamento dinamizado pode ser utilizado, pois todos contêm informações que, se sobrepostas, podem dar efeitos não esperados e de difícil explicação. No caso das plantas, quando as mudas são adquiridas em vi- veiros comerciais, o BioFAO primeiro as trata dos efeitos dos agrotóxicos, fazendo a desintoxicação, para depois organizar o seu biocampo. De forma geral, as plantas cultivadas na mandala do assentamento Tanga- rá, ao lado da qual o experimento foi instalado, estavam muito saudáveis com os tratos culturais adotados, livres de agrotóxicos. O biocampo do local encontrava-se bem organizado, com as relações solo-planta-animais harmônicas, e isso le- vou a pequenas diferenças, embora significativas, entre os tratamentos avaliados. Diferenças maiores teriam sido observadas se as plantas da mandala tivessem sido comparadas com cultivos comerciais; porém, isso geraria outras dificuldades de comparação, pois os canteiros estariam em condições muito diferentes para se separarem os efeitos diversos. Os resultados obtidos em campo confirmaram aqueles obtidos nos traba- lhos realizados em estufas, que serviram para escolher a melhor forma de apli- cação e a potência do medicamento. O BioFAO na potência 10 CH foi o melhor tratamento de todos os testados, pois atendeu as plantas de forma geral. Em casos de doenças mais graves e de difícil

controle, potências maiores podem ser utiliza- das; porém, a escolha deve estar baseada em resultados experimentais. Esse foi um dos principais resultados obtidos com a série experimental realizada. As plantas se reorganizam com a menor potência do BioFAO.

O segundo ponto importante foi a comprovação de que o BioFAO aumenta a imunidade das plantas e, com isso, se responde à primeira pergunta formulada pelos usuários. Os insetos e demais pragas e doenças não acometem as plantas em função de sua maior imunidade. Todos permanecem na área de cultivo, em con- vivência harmônica. Essa é a principal base para os agroecossistemas. Aumentar a imunidade com o mínimo de interferência, que resulta no mínimo de custos durante a produção, é a meta desejada e pode ser alcançada com o uso do BioFAO. Do ponto de vista social, os agricultores dos assentamentos se abriram com confiança ao uso de medicamentos homeopáticos, uma vez que já estavam utili- zando produtos naturais caseiros como alternativas para o cultivo orgânico. Ape- sar de o trabalho ter sido realizado em duas mandalas e apenas uma delas tenha fornecido resultados suficientes para atender os princípios do método científico, agricultores de várias outras estiveram presentes quando da primeira apresenta- ção desses resultados e alguns deles foram às áreas de cultivo para observação in loco, sentindo-se encorajados com o cultivo dessa forma. Os medicamentos homeopáticos permitiram que, pela primeira vez, o pro- prietário de uma das hortas do assentamento Tangará conseguisse produzir quase 10 caixas de pepinos a partir de 78 plantas. Os pés de tomate instalados nos can- teiros experimentais produziram até o mês de outubro. Dessa forma, a resposta para a segunda pergunta, feita no início dos trabalhos, é sim. Com homeopatia é possível manter uma produção básica saudável, sem a necessidade de outros defensivos. A resposta das plantas foi imediata e a produtividade foi além do esperado, mesmo que não tenha sido quantificada em termos de massa ou verba recolhida pelo produtor.

Quanto ao metabolismo das plantas, a redução da temperatura foliar foi um aspecto interessante, observado neste e nos experimentos anteriores (vide capítulos 9 e 10 deste livro). O BioFAO Branco reduziu a temperatura foliar das plantas de rúcula, da couve-manteiga e a do pimentão. Parece que o BioFAO ati- va um sistema de refrigeração interno que ameniza o estresse gerado pelas altas irradiâncias e temperatura externa, favorecendo o metabolismo. Isso favorece o uso intrínseco da água e do carbono, resultando em melhor resposta na taxa de assimilação de CO2, em função do melhor fluxo de elétrons, como resultado da preservação das proteínas associadas às antenas de pigmentos fotossinteticamente ativos e à atividade da maior das enzimas envolvidas no processo, a RUBISCO, que tem sua melhor performance até 25 °C (vide Lambers et al. (2008) para maio- res detalhes dessas relações). Parece que o BioFAO também pode atenuar o estresse foto-inibitório diá- rio, aumentando a quantidade de antioxidantes, como foi verificado para a cou-

ve-manteiga, e isso reduz a quantidade de espécies reativas de oxigênio (Bailly et al., 2008; Gill e Tuteja, 2010). Como a quantidade de carotenoides não foi alterada em relação ao controle, parece que a couve-manteiga não utiliza esse recurso para a dissipação do excesso de calor, que gera radicais livres, pois, se assim fosse, a quantidade desses pigmentos teria sido maior. Dessa forma, parece que a espécie se utiliza da rota dos antioxidantes como forma de proteção ao aparato fotossintético. No caso de espécies com sabor mais picante, como a rúcula, o BioFAO pode reduzir o sabor mais pronunciado de ardor, promovendo melhoria nas caracterís- ticas de fiavor para o público geral, por reduzir o teor de fenóis. Aqui vale ressaltar que outras espécies com sabor tipicamente picante, como as pimentas (gênero Capsicum), também contêm elevados teores de compostos fenólicos, incluindo a capsina, sendo esse um fator determinante para o fiavor desses alimentos, quando da comercialização (Miean et al., 2001; Materska e Perucka, 2005). Em termos ecofisiológicos, é possível que o BioFAO induza essa redução de compostos fenó- licos por não agredir a planta, como ocorre quando do tratamento químico (Da- niel et al., 1999; Rasmussen et al., 2012). Um fato que deve ser destacado é que, mesmo reduzindo o teor de compostos fenólicos, o BioFAO reduz a herbivoria, o que pode estar relacionado com um processo de antixenose. É importante lembrar que na literatura entomológica, há relatos de que a antixenose é positivamente correlata ao teor de fenóis do vegetal, por reduzir sua palatabilidade (Lattanzio, 2013) e/ou inibir a atividade enzimática celular do inseto-praga (War et al., 2012), levantando a hipótese de que a forma de antixenose incentivada pelo BioFAO é outra que não a relacionada à palatabilidade. Nesse sentido, a ideia de melhoria do

biocampo, discorrida nos capítulos anteriores, desponta como um processo de antixenose válido e muito instigante para trabalhos futuros. Validando-se essa teoria, será possível afirmar que o BioFAO permite à planta economia energética quanto aos processos de defesa bióticos, o que pode repercutir em investimen- to energético na prole (produção e manutenção de sementes) e/ou qualidade/ quantidade do produto a ser consumido, aumentando a produtividade no sentido fitotécnico do termo. O que há de interessante nesses resultados é o fato de o BioFAO atuar sobre complexos tipicamente relacionados à melhoria do estresse em plantas, como os antioxidantes e compostos fenólicos (Blokhina et al., 2003; Michalak, 2006; Her- nández et al., 2009; Gill e Tuteja, 2010), sem reduzir o potencial nutricional das espécies, analisadas como fonte de alimento para o homem. É importante ressaltar que os próximos trabalhos devam abordar análises bioquímicas e fisiológicas mais detalhadas, como a mensuração mais precisa do

balanço REDOX de células, por meio da quantificação de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, em adição à análise discriminatória dos componentes an- tioxidantes, incluindo a discriminação e quantificação dos agentes enzimáticos e não enzimáticos, bem como de compostos voláteis, como jasmonatos, ácido sali- cílico, etileno e brassinoesteroides, normalmente citados como compostos hormo- nais elicitadores e marcadores de interações bióticas e abióticas em situações de estresse vegetal (Bajguz e Hayat, 2009; Robert-Seilaniantz et al., 2011). Esse tipo de trabalho não foi realizado, devido a restrições orçamentárias, mas certamen- te propiciarão informações mais robustas sobre a fisiologia e o metabolismo de plantas submetidas à agrohomeopatia, especialmente ao BioFAO. Há de se atentar também para o fato de que o número de informações moleculares sobre a rúcula foi reduzido devido a restrições quanto ao acesso de maior número de plantas fornecidas pelos produtores para as análises. Todas elas dependem de uma quan- tidade mínima de material seco, o que exige maior montante de material fresco para o processamento completo. Outra constatação importante, agora do ponto de vista experimental, é que as características “ácido ascórbico” e “clorofila b” da couve-manteiga apresenta- ram interação entre a pseudorrepetição e o tratamento, por meio do modelo de medidas repetidas, indicando possível influência do método de análise sobre o resultado da característica. Como não é comum esse tipo de análise estatística em trabalhos de cunho bioquímico, mesmo diante de recomendações para trabalhos cujos métodos de estudo foram consagrados com pseudorrepetições (Schank e Koehnle, 2009; Lazic, 2010), não foi possível explicar os motivos experimentais dessa interação, mas esse resultado é importante para estimular metodologias que busquem a quantificação desses

componentes de modo mais robusto. Nesse caminho, aumentar o número de amostras analisadas, bem como evitar pseudor- repetições de análises coletadas a partir de apenas um único canteiro, como foi o caso, podem ser salutares. Cabe ressaltar também a restrita literatura científica sobre o curso diário do processo fotossintético das espécies alvo do estudo, o que limitou as compa- rações. A propósito, também é válido lembrar que esee trabalho não foi repetido em anos sucessivos, exigência fitotécnica para validar os resultados obtidos, pois a produtividade dos cultivos, característica muito afetada por aspectos climáticos, como os fenômenos El Niño e La Niña, não foi o foco da pesquisa. O objetivo foi verificar se o funcionamento e o metabolismo das plantas seria alterado com o BioFAO, positiva ou negativamente, e se seria possível localizar alguma substância que estivesse relacionada ao aumento da defesa das plantas.

Do ponto de vista nutricional humano, a rúcula é uma hortaliça folhosa muito apreciada por seu sabor levemente picante, sendo também fonte de vitami- na C, fibra e ferro (Tassi e Farfan, 2008). Segundo a Taco (Unicamp, 2011), que tem como ponto de referência a massa da matéria fresca (base úmida), a rúcula contém 1,8 g 100g-1 de proteína, podendo esse valor ser influenciado por vários fatores, incluindo solo, clima e forma de cultivo (Darolt, 2003), o que justifica os valores um pouco inferiores aos encontrados nas plantas do experimento desenvolvido. É importante lembrar que o solo do cerrado, base para a montagem dos canteiros, recebeu seu primeiro cultivo, apesar de adubado, conforme descrição contida em material e métodos deste capítulo. Em cultivos convencionais, o uso de adubos químicos em larga escala pode levar ao aumento na velocidade de crescimento e, com isso, em maior acúmulo de proteínas. Experimentos futuros na área poderão esclarecer se cultivos sucessivos, com rotação de culturas e adubação orgânica, estimularão o acúmulo de proteínas nas plantas. Estudos têm demonstrado que o efeito protetor exercido no corpo humano pelo consumo regular de frutas e verduras se deve à presença de componentes bioativos como a vitamina C, E e fitoquímicos com ação antioxidante, dentre os quais se destacam os compostos fenólicos, β -caroteno e outros carotenoides (Vison et al., 1998; Melo et al., 2006). Os compostos fenólicos são bioativos e sua eficácia como antioxidantes depende da estrutura química e de sua concentração no alimento. Por sua vez, o teor de fenólicos em hortaliças é amplamente influen- ciado por fatores genéticos, condições ambientais, sistema de produção, além do grau de maturação e variedade da planta (Melo et al., 2006; Naczk e Shahidi, 2006). Importante resultado foi obtido por Arbos et al. (2010),

demonstrando que o teor de compostos fenólicos da rúcula orgânica (126,84 ± 4,46 mg EAG 100 g-1) foi maior do que a cultivada convencionalmente, com agrotóxicos (90,78 ± 2,23 mg EAG 100 g-1). Esses são valores inferiores aos obtidos no presente trabalho. Sabendo-se do efeito protetor que essas substâncias apresentam, tanto para as plantas como para os herbívoros, incluindo o homem, a produção de frutas e verduras sob a ação do BioFAO apresenta duas vantagens especiais, uma delas associada ao aumento de substâncias protetoras e a outra, à eliminação dos agro- tóxicos que envenenam as plantas, seus consumidores, o solo, o ar e a água. É importante lembrar que os compostos fenólicos funcionam como seques- tradores de radicais livres, estruturas químicas com elétrons desemparelhados, sendo responsáveis pelo envelhecimento e por causar doenças como câncer, cata- rata, disfunções cerebrais, entre outras (Melo et al., 2006; Cerqueira et al., 2007; Sousa et al., 2007). Nos alimentos, os compostos fenólicos podem influenciar o valor nutricional e a qualidade sensorial, conferindo atributos como cor, amargor

e adstringência (Agbor-Egbe e Rickard, 1990; Kubota, 1995). Evidências experi- mentais têm mostrado que as frutas e hortaliças são consideradas como as prin- cipais fontes de substâncias químicas com alto potencial antioxidante (Cerqueira et al., 2007), daí a importância de cultivá-las organicamente, para evitar que um alimento de alta qualidade se torne um potencial risco à saúde humana, não por suas qualidades natas, mas pela adição de agrotóxicos. Com relação à couve-manteiga, o teor proteico médio foi um pouco supe- rior ao valor de 2,9 g 100g-1 de proteína, informado pela Taco (Unicamp, 2011). A couve acumulou mais antioxidantes quando tratada com BioFAO e o valor obtido, de 80,64%, foi próximo aos 85,42% encontrados em outras amostras de couve cultivadas convencionalmente (Melo et al., 2006). A produção de substân- cias antioxidantes nas plantas depende, conforme já mencionado, da forma de plantio, da época, do clima e da variedade da planta (Melo et al., 2006). A ação antioxidante pode ser influenciada pela localização ou sítio de ação da molécula na célula, pelo potencial de interação com carotenoides ou antioxidantes, como as vitaminas C e E, pela concentração do composto e pela pressão parcial de oxi- gênio em sistemas biológicos (Silva e Mercadante, 2002). Com relação ao ácido ascórbico, os valores da couvemanteiga estudada no presente trabalho estão dentro dos limites encontrados por Singh et al. (2007) quando analisaram 18 diferentes cultivares dessa olerícola (5,7 – 23,5 mg 100 g-1). Porém, limites tão grandes indicam que vários fatores podem interferir no acú- mulo dessa vitamina (Lee e Kader, 2000), incluindo a variedade, as condições climáticas, a forma de cultivo e o horário da colheita. Na alimentação humana, esse ácido é fundamental para a manutenção da saúde, pois, além de ser fundamental para algumas reações bioquímicas, age também como

antioxidante e melhora a biodisponibilidade do ferro (Pacheco et al., 2014), funcionando como preventivo de anemia, comum em populações de baixa renda (Monteiro et al., 2000). Quanto aos carotenoides, os valores encontrados neste trabalho estão den- tro das faixas aceitáveis para essa variedade (Singh et al., 2006). É importante lembrar que, entre os carotenoides presentes na natureza, o β -caroteno é o mais potente precursor de vitamina A encontrado em plantas (Tassi e Farfan, 2008). Após ser ingerido pelo organismo humano, ele se transforma em vitamina A, que é essencial para o desenvolvimento dos órgãos da visão, formação da pele e crescimento do corpo (Olson, 1994). Ele também possui a propriedade de agir como antioxidante, especificamente a capacidade de interagir com os radicais livres (Palozza e Krinsky, 1992). Na década de 1980 e início de 1990, numerosos estudos realizados em diferentes países mostraram uma forte associação inversa entre o consumo alimentar de β -caroteno, ou a sua concentração plasmática, ea

incidência de câncer, especificamente o câncer do pulmão (Ziegler, 1991; Block et al., 1992; Van Poppel e Goldbohm, 1995). O presente trabalho trouxe a importante informação de que o BioFAO es- timula o aumento das defesas das plantas, na forma de antioxidantes, o que garante o cultivo isento de agrotóxicos. Do ponto de vista ambiental e humano, isso pode ser o gatilho para a reorganização do complexo constituído pela Terra e todos que nela habitam, com a retomada das defesas naturais e do equilíbrio entre as espécies e seu ambiente. Por outro lado, plantas comestíveis com alto teor de substâncias de defesa representam um aporte destas ao corpo humano, cujas cé- lulas têm princípios similares de funcionamento e serão igualmente beneficiadas. Isso reforça a saúde e o equilíbrio para as plantas, para os herbívoros e carnívoros de todas as ordens da cadeia alimentar, que já contarão, caso esse sistema de cultivo seja adotado, com a eliminação dos agrotóxicos. Como foi destacado no capítulo 8 deste livro, os resultados obtidos permitem supor que os agrotóxicos comprometem a defesa natural das plantas e que elas, apesar de terem sido alvo tão intenso desses produtos, ainda conservam a memória química para a produção de substâncias de defesa.

Agradecimentos Ao senhor Donizete Fernandes de Pádua, proprietário da mandala onde este trabalho foi realizado, pela permissão concedida, pelo preparo dos canteiros, plantio e tratos culturais, até a coleta de dados, bem como aos seus familiares, que o ajudaram nessas tarefas. À Suely Conceição Alves da Silva, uma das gestoras do Instituto BioFAO, que veio pessoalmente trazer os medicamentos e repassar instruções durante a instalação do experimento. Ao CNPq, pelo auxílio financeiro ao projeto “Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica da Univer- sidade Federal de Uberlândia” e pela concessão de bolsa para o estagiário Carlos Felipe Lima Saar.

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Considerações finais João Paulo Ribeiro-Oliveira1 Marli A. Ranal2

Os dois pontos que conduziram a construção deste livro foram (1) o dese- quilíbrio cada vez maior entre homem e ambiente; e (2) o número ainda incipiente de ferramentas para maximização de sistemas de cultivo orgânico. Embora esses dois pontos aparentemente apresentem distinções suficientes para segregá-los em grupos, eles atuam conjuntamente quando da decisão do produtor em optar por implementar o sistema de cultivo orgânico. O início da agricultura orgânica foi extremamente difícil no País, visto a baixa produtividade dos cultivos, acompa- nhada da restritiva remuneração dos produtores. Os produtos orgânicos disputavam a prateleira com aqueles oriundos de cultivos convencionais, com maior produtividade e, por consequência, menor custo de produção, o que reduzia seu valor de mercado. Contudo, os constantes alarmes emitidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) sobre clima, ambiente e bem-estar humano, que se inicia- ram na década de 1970 e perduram, ecoaram no Eu Social, estimulando mudanças de paradigma nas diferentes sociedades ao redor do mundo. Isso alavancou a va- lorização do orgânico. O problema é que essa valorização e as precárias condições de tornar o alimento produzido em sistema orgânico competitivo fizeram dele artigo de luxo, degustado apenas pela fração priveligiada da população. Por isso, os resultados acerca do BioFAO na agricultura são tão interessantes e podem ser o gatilho para a melhoria de vida da população, sobretudo a rural.

A tênue relação de ódio e amor entre homem-ambiente tem se tornado cada vez mais evidente, o que é comprovado por reportagens recentes, divulgadas com maior frequência pela grande mídia. A reportagem do site UOL – Notícias, Ciência e Saúde mostra a estreita relação entre agrotóxicos, depressão e dívidas de 1 Pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia do Instituto de Agronomia da Universi- dade Federal de Uberlândia (ICIAG – UFU). 2

Professora Titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Uberlândia (INBIO – UFU).

produtores do sul do País, onde há predomínio da prática de cultivo familiar. Es- sas famílias, a fim de galgar elevada produtividade, atuam sob sistema de cultivo convencional, com abusivos usos de agrotóxicos, e isso vem inflando o número das estatísticas sobre suicídio no campo.3 É válido lembrar, contudo, que essa re- alidade também pode ser observada em outras regiões do País, o que nem sempre é documentado. Em busca de competitividade, os agricultores do “cordão-verde” paulista sucumbiram ao cultivo hidropônico, bem como ao cultivo convencional das hortaliças, folhosas ou não. Assim, demonstrar que um produto agro-homeo- pático pode angariar competitividade ao agricultor orgânico, familiar ou não, é de grande valia e justifica o entusiasmo em se utilizar em plantas um medicamento previamente desenvolvido para humanos. Os vários experimentos realizados com o BioFAO, cujos resultados estão apresentados neste livro, deixaram importantes pontos a serem considerados ou retomados para aprofundamento. O próprio Instituto BioFAO já está trabalhando para o aprimoramento da potência mais adequada para outras espécies, a partir dos relatos de agricultores que fazem parceria com o Instituto há muitos anos. Com o BioFAO, as visitas de insetos aumentam nas plantas e isso as esti- mula a produzirem suas próprias defesas. Isso mostra que a natureza é funcional, dinâmica e equilibrada. O aumento da defesa das plantas tocadas pelos insetos atrai os inimigos naturais desses insetos e essa é a base do controle biológico, tão saudável para o ambiente. Nessa interação inseto-planta, pode ter ocorrido a produção de compostos de defesa voláteis, que permitem

aos insetos que são inimigos naturais dos su- gadores e herbívoros localizarem a planta a longa distância e nela encontrar seu hospedeiro ou presa. Mesmo as plantas autocompatíveis, como o pimentão, acabam sendo be- neficiadas com as visitas dos insetos benéficos, como as abelhas, que são polini- zadoras efetivas e eficientes e isso pode aumentar a produtividade e a qualidade dos frutos formados. Os frutos produzidos foram maiores, mais saborosos e digestivos quando as plantas foram tratadas com BioFAO. Esses resultados permitem pensar na possibilidade de que os agrotóxicos comprometem a defesa natural das plantas e que elas, apesar de serem alvo tão intenso de aplicações desses produtos, ainda conservam a memória química para a produção de substâncias de defesa. Ainda é tempo, portanto, de fazermos algo para que as plantas resgatem seu estado natural de equilíbrio. 3 Disponível em: .

As plantas tratadas com BioFAO mantiveram o processo fotossintético com padrão similar ao das plantas não tratadas, com algumas vantagens, que incluem redução da temperatura foliar; reabertura estomática no final da tarde, quando a temperatura do ar e a irradiância diminuem; menor taxa de transpiração e maior eficiência no transporte de elétrons. Apesar do fechamento estomático, que di- ficulta a absorção do gás carbônico, a redução da temperatura foliar favorece a atividade da RUBISCO, o que permite maior acúmulo de massa para as plantas, auxiliado ainda pelo aumento na taxa de transporte de elétrons no final do dia. É possível inferir ainda que as plantas tratadas com BioFAO conseguiram se recuperar do estresse a que foram submetidas ao longo do dia de forma mais eficiente do que as plantas tratadas de outra forma. Certamente, a recuperação do estresse permitiu a essas plantas se equipararem às demais em número de folhas produzidas, área foliar e massa da matéria seca. A substituição dos agrotóxicos pelo BioFAO trará benefícios à saúde huma- na, em função da redução ou eliminação da ingestão dessas substâncias altamente tóxicas e mutagênicas. É importante destacar que a potência medicamentosa no tratamento home- opático é de vital importância para a obtenção de resultados positivos, pois isso significa encontrar a frequência eletromagnética do vegetal em questão. Por isso os experimentos aqui apresentados têm como uma de suas finalidades estimular outros pesquisadores a pesquisarem a potência medicamentosa para os demais vegetais utilizados na alimentação humana. Avaliar a produção de compostos que participam da defesa das plantas, em especial os voláteis, pode ser um importante passo que este livro oferece como perspectiva

futura para o estudo do BioFAO e sua relação com as plantas. A adoção imediata desse medicamento, tanto em lavouras quanto nas áreas naturais, pode ser a solução para informar a natureza de sua frequência original, que gera equilíbrio e saúde. Os experimentos aqui apresentados foram fundamentais para que a equipe do Instituto BioFAO tenha encontrado uma frequência medicamentosa que tem chance de ser adequada para a maioria dos vegetais, o chamado BioFAO Branco na potência 10 CH. O BioFAO aumenta a imunidade das plantas, mesmo em ambientes bem estabelecidos quanto ao contexto agroecológico, como as mandalas instaladas sob cultivos orgânicos em assentamentos. O BioFAO pode atuar sobre complexos tipicamente relacionados à melhoria do estresse em plantas, como os antioxidantes e compostos fenólicos. Ainda que atuando sobre complexos antioxidantes e compostos fenóli- cos, o BioFAO não reduz o potencial nutricional das espécies, analisadas como

fonte de alimento para o homem. A propósito, o BioFAO parece melhorar o fiavor do alimento. Diante do exposto, os resultados obtidos dão suporte para se dizer que o BioFAO é uma agrohomeopatia que pode ser adotada amplamente, com be- nefícios para o ambiente e os organismos que nele vivem e dele dependem. Ademais, o livro abre precedentes para mais estudos sobre o funcionamento e o metabolismo de plantas sob a ação de agrohomeopáticos, algo ainda muito res- trito na agroecologia e que é fundamental para o entendimento ecofisiológico de cultivos sob agricultura verde. Para maiores esclarecimentos sobre o termo biocampo, usado amplamen- te neste livro, recomenda-se acessar as publicações da Ph.D. em biofísica, Dra. Beverly Rubik. A base biofísica que comprova a hipótese da existência desse biocampo foi apresentada por Rubik (2002). A autora o considera um campo eletromagnético extremamente fraco, onde estão as bioinformações eletromag- néticas para a regulação homeodinâmica do organismo vivo. Segundo a autora, isso explica a ação das várias intervenções da medicina complementar e alter- nativa e as relações do organismo com o ambiente, com troca continuada de energia contendo informação em múltilpos níveis de organização, o que permite a autorregulação. Esse termo foi aprovado em 1994 pelo National Institute of Health, tendo sido subsequentemente aceito pela US National Library of Medici- ne como um campo bioeletromagnético e biofísico que participa da regulação da estrutura e da função celular e tem sido usado para diagnosticar doenças, com base em sua frequência informacional (Movaffaghi e Farsi, 2009).

Referências MOVAFFAGHI, Z.; FARSI M. Biofield therapies: biophysical basis and biological regulations? Complementary Therapies in Clinical Practice, v. 15, 2009, pp. 35–7. RUBIK, B. The biofield hypothesis: its biophysical basis and role in medicine. The Journal of Alternative and Complementary Medicine, v. 8, n. 6, 2002, pp. 703–17.

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