As Raizes de uma Fe Autentica

A maioria dos escritos de nossos dias centraliza a evangelização no homem. O objetivo deste livro é mostrar que a Bíblia

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As Raizes de uma Fe Autentica

Table of contents :
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William Guthrie
Ao leitor *
índice
Estar seguro sobre nossa salvação
Modos como as pessoas são trazidas a Cristo
Evidência que uma pessoa é cristã
Mais evidência que uma pessoa é cristã
Diferença entre uma fé autêntica e uma falsa
Lidando com dúvidas sobre nossa fé
O que significa vir a Cristo *
A importância de vir a Cristo com sinceridade *
Problemas que impedem as pessoas de vir a Cristo *
Mais problemas dificultando que alguns venham a Cristo - e a conclusão disso tudo *

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As Raízes de uma Fé Autêntica Uma versão resumida, reescrita para os leitores de hoje, do clássico The Christian’s Great Interest (O grande interesse do cristão), por William Guthrie (1620-1665). (A obra completa em inglês está publicada pela Banner of Truth Trust). Preparado por Roger Devenish Raiz: ...a substância essencial e natureza de algo a base de algo... (Dicionário Conciso Oxford, edição 1990). William Guthrie Ao leitor * índice Estar seguro sobre nossa salvação Modos como as pessoas são trazidas a Cristo Evidência que uma pessoa é cristã Mais evidência que uma pessoa é cristã Diferença entre uma fé autêntica e uma falsa Lidando com dúvidas sobre nossa fé O que significa vir a Cristo * A importância de vir a Cristo com sinceridade * Problemas que impedem as pessoas de vir a Cristo * Mais problemas dificultando que alguns venham a Cristo - e a conclusão disso tudo *

William Guthrie PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS Caixa Postal 1287 01059-970-São Paulo, SP Título Original: The Roots of True Faith Editora: Grace Publications Trust, London Primeira edição em inglês: 1992 Tradução do inglês: Mareia Serra Ribeiro Viana Revisão: Antonio Poccinelli Capa: Ailton Oliveira Lopes Primeira edição em português: 1994 Impressão:

Imprensa da Fé “Creio que o autor foi um dos maiores teólogos que já escreveu; sempre o tenho comigo. Escrevi muitos livretos mas há mais teologia neste livro que em todos os meus.” -John Owen, 1616-1683 “Ainda acho que é a melhor composição que já li relacionada com um assunto em que estamos todos interessados, e sobre o qual minha fervorosa oração é que todos nos encontremos do lado correto da questão.” -Thomas Chalmers, 1780-1847

Ao leitor * Nestes dias, a maior parte das pessoas toma bem claro por seu comportamento que não deseja escolher a Cristo e as bênçãos eternas que estão nEle. Tentei mostrar-lhe, portanto, qual é o grande interesse do cristão; pense sobre isso seriamente! Pode ser surpreendente ver algo escrito por minha pena; de fato, eu surpreendi a mim mesmo ao escrever! Mas tive que fazê-lo, pois notas toscas de alguns dos meus sermões foram publicadas, insatisfatoriamente editadas e reunidas de modo confuso. Isso me levou a tentar este trabalho. Escrevi propositalmente com simplicidade e de modo sucinto, pois sei que as pessoas para quem escrevo não têm muito dinheiro para comprar livros, nem muito tempo para lê-los. Você poderá fazer críticas das idéias que encontrar aqui. Não tenho intenção de ofender a ninguém. Só espero escrever algo que possa ajudá-lo, e talvez incentivar outros mais capacitados que eu a escrever mais detalhadamente. Seu servo no trabalho do evangelho, William Guthrie, 1658 O original de Guthrie foi reescrito para os leitores de hoje.

índice Ao leitor Parte I: Quem é cristão? 10. Mais problemas impedindo alguns de vir a Cristo, e a conclusão disso tudo

Parte I Quem é cristão?

Estar seguro sobre nossa salvação O que toma alguém um cristão? Talvez você já se tenha perguntado isso, até sobre você mesmo. “Será que sou cristão? Posso estar seguro de que o Senhor Jesus Cristo me salvou dos meus pecados? Amo realmente a Deus?” Podemos facilmente achar que sabemos as respostas a essas questões, todavia devemos ter cuidado. O próprio Senhor Jesus Cristo nos alerta sobre a possibilidade de estarmos enganados. Pensem no que Ele disse, como lemos em Mateus, capítulo 7, versículos 22 e 23. Ali Jesus diz que muitos Lhe dirão que profetizaram em Seu nome, ou expulsaram demônios, ou operaram maravilhas. Contudo, Jesus lhes dirá: “Nunca vos conheci”. Segue-se que devemos ter certeza que Jesus nos aceitou. Temos que saber se somos cristãos autênticos. Neste livro quero ajudá-los a fazer isso. Deixem-me salientar primeiramente, que nós podemos saber com certeza que Jesus Cristo nos salvou do pecado, e nos fez Seu povo. E mais facil ter essa certeza do que alguns pensam. Sem sombra de dúvida, Deus nos diz na Bíblia que podemos descobrir se pertencemos a Jesus Cristo. Diz Ele: “Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé” (2 Cor. 13 :5). Em acréscimo o apóstolo Paulo nos diz que tem certeza que nada pode separá-lo do amor de Deus (Rom. 8:38-39). Assim,podemos ter certeza do amor de Deus por nós. Davi, no Velho Testamento, também tinha certeza disso. Vejam o que ele diz no Salmo 27, versículo 1: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei?” Se você não tem certeza, amigo, que Deus é seu Salvador, pense da seguinte forma: todos os que recebem a Jesus Cristo são chamados de filhos de Deus; “a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (João 1:12). Você já recebeu a Cristo do modo que a Bíblia fala de como recebê-10? Acredita que Cristo morreu no lugar dos pecadores, carregando sobre Si mesmo a ira de Deus contra seus pecados, em vez deles? Sabe que é um pecador? Já deixou todo pecado para trás? Já se voltou para Jesus Cristo como seu rei para governá-lo, como seu pastor para orar por você, e como seu profeta para ensiná-lo? Você está descansando em Jesus Cristo e dependendo somente dEle para levá-lo a Deus? Você quer agradecê-10 e agradá-10 de todo o seu coração e todo o seu ser? Bem - o que mais pode significar receber a Cristo? Se

você recebeu a Cristo desse modo, a Bíblia lhe assegura que pertence a Deus você é um de Seus filhos. Quero dizer como é importante saber que Deus nos salvou. A nossa própria vida depende disso. Mas Jesus nos alerta que a porta que leva à vida é estreita e o caminho apertado, e somente alguns os encontram (Mat. 7:14). Por conseguinte, é importante estar certo de que estamos no caminho para a vida. Se queremos estar certos, devemos deixar que a Bíblia nos ensine. A Bíblia é a regra que deve nos guiar. Se a Bíblia deixa claro que você pertence a Deus então aceite isso alegremente. Por outro lado, se a Bíblia mostra claramente que você não é um verdadeiro cristão - não tente se esconder da verdade. Não há outro guia para a verdade, senão a Bíblia, na medida em que o Espírito Santo nos ajuda a entendê-la. Concluindo, é possível saber que somos cristãos autênticos. Podemos estar certos que pertencemos a Deus, e é da maior importância que saibamos se estamos salvos por Jesus Cristo ou não. Como é possível, então, que tantas pessoas estejam inseguras sobre estas coisas? Talvez você mesmo não esteja de fato seguro. “Acaso sou um cristão?” - você pode muitas vezes perguntar. “Penso que talvez eu seja, mas não tenho certeza.” Bem, muitos são inseguros desse modo. Por quê? Deixem-me sugerir algumas respostas. Primeiro, as pessoas não sabem sobre Deus e como Ele dirige as coisas. Não se apercebem que Deus não tinha que mandar Jesus Cristo ao mundo. Não havia nada em nós que O obrigasse a fazer isso. Deus mandou Jesus ao mundo porque nos amava, não porque nós merecêssemos. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (João 3:16). Não havia razão para que Deus nos amasse; de fato, uma das primeiras coisas que um cristão autêntico aprende é que não há nele nenhum bem. O pecado afeta tudo nele. É por isso que para o cristão verdadeiro Jesus Cristo é tão importante. Somente Ele é bom, somente Ele pode nos fazer bem. Somente Ele pode perdoar os nossos pecados e levar-nos a conhecer a Deus. Assim, o verdadeiro cristão vive agora para agradar ao Senhor Jesus, e tomar-se como Ele em seu caráter. Esse é o modo como Deus faz as coisas. Se não conhecemos Seu modo de agir, jamais poderemos estar certos de sermos cristãos. A esperança do cristão está totalmente em Deus; somente Deus pode salvar os pecadores.

Entretanto, alguns ficam incertos a respeito de serem cristãos ou não em decorrência de não saberem que Deus lida com as pessoas de várias formas. Esquecem que as pessoas vêm a Cristo de modos diferentes - algumas com maior presteza que outras. Zaqueu veio a Jesus Cristo imediatamente, quando Jesus o chamou (você pode ler sobre isso no início de Lucas, capítulo 19). Paulo teve que esperar por três dias (como lemos em Atos, capítulo 9). A experiência de uma pessoa chegar a ter fé em Jesus é diferente da outra. Não existe um padrão que, em si mesmo, faça de você um cristão. Do mesmo modo, não há dois cristãos que sejam igualmente consagrados. Alguns vivem vidas boas; outras cometem erros trágicos e às vezes fazem coisas erradas. Alguns desfrutam as bênçãos de Deus e parecem ser amigos dEle de um modo especial. Outros gozam menos dessa proximidade de Deus. Mesmo assim, todos são verdadeiros crentes. Em segundo lugar, podemos estar inseguros sobre sermos cristãos ou não, por não sermos honestos com Deus. Se estamos nos apegando a algum pecado, mesmo sabendo que é errado, e se não pedimos o perdão de Deus e Sua ajuda para lutar contra o mal, então não é de admirar estarmos inseguros sobre pertencermos ou não a Deus. Se estamos nos recusando a fazer o que Deus diz ser certo, ficaremos confusos a respeito de amarmos a Deus ou não. Em terceiro lugar, se de fato não queremos saber se somos cristãos verdadeiros ou não, não é de surpreender que estejamos confusos sobre tudo isso. Precisamos fazer algum esforço para ver se já nascemos de novo. “Examinai-vos a vós mesmos”, diz Paulo (2 Cor. 13:5). Precisamos nos esforçar muito nisso, diz Pedro: “.. .procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição” (2 Ped. 1:10). Se tomamos todo o nosso tempo com os nossos próprios interesses, e não tentamos sequer resolver este problema importante, não é de admirar que ainda estejamos confusos. Em quarto lugar, alguns procuram pelos sinais errados de serem cristãos. Então, por não verem esses sinais em si mesmos, ficam em dúvida se pertencem a Deus ou não. Por exemplo: alguns pensam que um cristão verdadeiro nunca peca. Então, visto que eles mesmos pecam, pensam que não são cristãos. Todavia a Bíblia mostra que os cristãos às vezes pecam (Rom. 7:14-25). Do mesmo modo,

outros pensam que os verdadeiros cristãos sempre recebem respostas diretas às suas orações. Mas esse não é um sinal do verdadeiro crente. Vejam o que o salmista diz em Salmo 13:1: “Até quando te esquecerás de mim, Senhor? - para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?” Outros ainda esperam uma sensação especial do Espírito Santo, dizendo-lhes que pertencem a Deus, como Romanos, capítulo 8, versículo 16, declara: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. Entretanto esquecem que crer em Jesus Cristo vem primeiro, e somente então o Espírito Santo nos assegura de pertencermos a Deus; “tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo” (Ef. 1:13). Se procurarmos por tais sinais de sermos cristãos, cujos sinais realmente não são sinais, ficaremos confusos sobre pertencermos ou não a Deus. Espero que vocês consigam perceber como é importante que saibamos que estamos de bem com Deus, e que podemos ter certeza sobre isso. Espero que vocês possam perceber, também, por quê as pessoas estão confusas quanto a serem cristãs. Elas esquecem que a salvação é dom de Deus, e não algo que mereçam. Esquecem que Deus lida com as pessoas de muitas formas; sem demora para algumas, mais vagarosamente para com outras. Também elas esquecem que cristãos verdadeiros diferem em consagração; elas procuram sinais de ser cristão, sinais que não são verdadeiros em relação a todas as pessoas cristãs. Permitam-me mencionar mais alguns erros que são cometidos quanto a ser cristão? Primeiro, uma pessoa pode pertencer a Deus, porém sem sabê-lo. O apóstolo João diz: “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna” (1 João 5:13). Isso sugere que algumas pessoas não sabiam que tinham a vida de Deus nelas. Em segundo lugar, nem todos tem a mesma certeza quanto a pertencerem a Cristo. Talvez certa pessoa possa sentir-se em condições de dizer somente: “Eu creio, Senhor! Ajuda a minha incredulidade” (Mar. 9:24). Paulo, entretanto, podia dizer que nada “poderá nos separar do amor de Deus” (Rom. 8:38-39). Do mesmo modo, a confiança dos cristãos pode mudar; não tem sempre a mesma forca.

Terceiro, cristãos autênticos não podem responder a todos os argumentos contra sua fé, embora sempre saberão que crêem em Cristo: “. . .eu sei em quem tenho crido” (2 Tim. 1:12). Há também uma confiança falsa em Cristo. Parábolas como a das virgens prudentes e loucas, no início do capítulo 25 de Mateus, nos ensinam que muitos podem parecer verdadeiros cristãos, sem ter fé real e pessoal em Jesus Cristo. Espero que vocês possam perceber que precisamos ter certeza de sermos cristãos genuínos - e que possamos ter certeza disso.

Modos como as pessoas são trazidas a Cristo Neste capítulo quero falar sobre modos diferentes pelos quais as pessoas são chamadas a ter fé em Jesus Cristo. As pessoas não são chamadas a Jesus do mesmo modo. Precisamos lembrar-nos disso; não podemos esperar que nossa experiência de vir a Cristo seja a mesma de outras pessoas. Por exemplo: alguns são chamados por Deus muito cedo em suas vidas. Timóteo parece ter sido esse tipo de pessoa: vemos que desde sua infância Timóteo conhecia as Escrituras (2 Tim. 3:25). João Batista desde seu nascimento foi cheio do Espírito Santo (Luc. 1:15). Deus chamou a Timóteo e João Batista para serem Seus servos, bem cedo em suas vidas. Isso pode ocorrer com algumas pessoas hoje; existem aquelas a quem Deus salva desde a infância, Deus livra-as de muitas pecados, e o cristianismo parece quase natural a elas. Não precisam ser obrigadas a orar, ou escutar ao ensinamento cristão, ou à vontade de Deus. Já amam a essas coisas e estão interessadas nelas. Pessoas que vêm a Cristo na sua juventude podem não saber exatamente quando se tomaram crentes, mas sabem quando Deus fala com elas de modo especial, e sabem quando Deus pede delas maior obediência a Ele. Essas pessoas podem ter certeza que Deus as chamou a crer nEle desde sua mocidade. Para outras pessoas, a fé vem súbita e rapidamente. Descobrem que Deus as ama e está chamando-as para Si. Foi o que ocorreu com Zaqueu; Cristo simplesmente o chamou e, imediatamente ele largou tudo o mais para segui-10 (Lucas, capítulo 19). Notem, entretanto, que Zaqueu já desejava ver a Cristo - estava até disposto a parecer ridículo, subindo numa árvore para ver Jesus. Lembrem-se, também que Jesus falou a seu coração; o que Jesus disse tomou conta de Zaqueu tão profundamente que ele se alegrou em confiar em seu Salvador. Ao mesmo tempo, Zaqueu mudou ao vir a Jesus: ele fora mesquinho, porém agora se importava com os pobres e com as pessoas a quem tinha enganado. Zaqueu sabia que tinha errado; todas essas coisas assinalaram que Jesus o tinha salvo, embora ele tenha vindo muito silenciosamente a Cristo. Zaqueu nos mostra que as pessoas não estão preocupadas com seus pecados, ou a santidade de Deus ou Seus mandamentos, antes de virem a Cristo. Algumas delas se precupam com essas coisas. Passam muito tempo descobrindo como são culpadas aos olhos de Deus, antes de serem convertidas, no entanto não tem que

ser assim em todos os casos, como Zaqueu nos mostra. Há aqueles que vêm a Cristo quando estão próximos da morte. O ladrão na cruz, sobre quem lemos em Lucas, capítulo 23, versículos 40 a 43, foi assim. Embora tenha vindo a Cristo quando estava morrendo, veio verdadeiramente. Não há dúvida que Deus o salvou. Esse ladrão foi diferente do outro: ele lhe disse que Jesus não havia feito mal algum; sabia que estava sendo punido justamente, e sabia que Jesus não era culpado. Percebeu que Jesus era um rei, embora estivesse pendurado numa curz. Ele cria na existência de um lugar de glória após a morte, e estava mais interessado nele do que em sua vida presente. Entregou-se à misericórdia de Jesus, e sabia que se somente Jesus lembrasse dele, isso seria tudo o que precisava. Todas essas coisas nos mostram que o ladrão que se voltou para Jesus no momento de sua morte, agora realmente pertencia a Deus. Desse modo, o ladrão nos mostra que alguns vêm a Cristo no exato momento de sua morte. Entretanto, tais pessoas são poucas. Devemos ouvir o chamado de Deus para nos arrepender agora, enquanto temos saúde, e não protelar. Alguns, então, são chamados por Deus quase desde o seu nascimento; outros vem a Cristo subitamente, atraído pelo amor do Senhor Jesus. Uns poucos vêm a Ele com a aproximação da morte; mas geralmente as pessoas são encaminhadas para Cristo por perceberem que são pecadores, por serem atingidas em suas consciências, e por perceberem como são totalmente impotentes e sob o julgamento de Deus. Mesmo nesses casos, existem diferenças na maneira como Deus opera. Alguns se apercebem subitamente que são pecadores como o apóstolo Paulo ou o carcereiro em Filipos. Percebem que não podem fazer coisa alguma para salvar a si mesmos - como o carcereiro (Atos 16:30); “que devo fazer para que seja salvo?” Estão dispostos para a salvação de Deus nos termos de Deus e pelo modo de Deus. E mostram uma mudança em suas vidas juntando-se a outros cristãos, assim como Paulo fez depois de sua conversão. E isso que acontece quando as pessoas subitamente percebem que são pecadoras. No entanto, às vezes essas coisas ocorrem durante um longo período, tão vagarosamente que quase não são observadas. Gradualmente Deus mostra às pessoas que são pecadoras; algum trecho bíblico, algum sermão, algum

pensamento que aflora em suas mentes, faz com que percebam que são culpadas perante Deus. Lentamente percebem que são culpadas não somente de alguns pecados, e sim de muitos. Daí percebem que estão cheias de pecados. Assim, o Espírito Santo os convence de seus pecados (João 16:8). Então Deus mostra a essas pessoas que ser religioso não é suficiente. Não podemos simular ter fé em Cristo, quando realmente não cremos nEle. O Espírito convence essas pessoas do pecado porque não acreditaram no Filho de Deus (João 16:9). Assim as pessoas são trazidas a se preocuparem com sua salvação. A questão em suas mentes é: “Que preciso fazer para ser salvo?” Perguntam: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?” (Mat. 16:26). Algumas se tornam tão preocupadas com seus pecados que têm medo de morrer, ou temem que tenham pecado contra o Espírito Santo. Nesse ponto, Deus coloca silenciosamente pensamentos sobre misericórdia na mente dessas pessoas. Percebem que Deus tem sido misericordioso com grandes pecadores, e que Deus recebe a todos que se submetem a Jesus Cristo, não importa o que tenham feito no passado. Esse conhecimenteo de que Deus salva pecadores faz com que as pessoas se tomem mais ávidas a procurar a salvação. Às vezes até pensam que podem fazer algo para merecer sua salvação, porém Deus lhes mostra que ninguém pode servir ao Senhor desse modo, “porquanto é Deus santo, é Deus zeloso” (Jos. 24:19). Deus faz com que sejam mais conscientes que nunca de seus pecados - e como o pecado afeta até o melhor que fazem. Muitas vezes, nesse ponto, as pessoas querem ficar a sós para pensar. Pensam sobre como foram tolas em lutar contra Deus; quantas vezes poderiam ter se voltado para Deus; como os cristãos são felizes por estar em paz com Deus, e como Deus tem sido paciente e misericordioso para com eles. Desse modo se decidem a orar a Deus por misericórdia, e à medida em que oram agora realmente são sinceros quando chamam a si mesmos pecadores. Querem respostas para suas orações, e parecem aguardá-las. Agora estão procurando ansiosamente que Deus tenha misericórdia deles e lhes assegure que

é seu Salvador. Estão em condições de receber a fé autêntica no Senhor Jesus. Não estou dizendo, entretanto, que todas essas coisas acontecem a todas as pessoas que durante um certo período vêm a ter fé em Cristo. Entretanto onde essas coisas ocorrem, é normal encontrar pessoas sendo salvas pela graça de Deus. E claro que as pessoas podem se preocupar com pecado sem que algo de bom resulte disso, porém comumente existem diferenças entre isso e a obra verdadeira de Deus. Quando Deus opera, a preocupação com um pecado levanos a nos preocupar com outro - e então à preocupação com todos os tipos de pecados. Quando Deus está agindo, as pessoas se tornam conscientes de que são pecadoras e que são especialmente culpadas aos Seus olhos. Aqueles que estão somente preocupados com algum pecado especialmente visível, nunca chegam a se perceber desse modo. De fato, geralmente eles pensam que são melhores que os outros de muitos modos, e certamente não pensam que o pecado seja como uma doença dentro deles. Chegam a se esquecer dos poucos pecados com que se preocupam, desde que algo mais interessante conquiste sua atenção! Quando Deus está operando na vida das pessoas, entretanto, elas não têm paz até encontrar a Sua misericórdia. Talvez, naquilo que viu até agora, você tenha pensado que não tem se preocupado o suficiente a respeito de seus pecados. Pode estar se perguntando: “Será que já examinei meu pecado e necessidade minuciosamente? Estou pronto para crer no Senhor Jesus?” Deixe-me, meu amigo, fazer simplesmente quatro perguntas. Primeiro: você já sabe que jamais poderá salvar a si mesmo do pecado? Sabe que precisa de Jesus Cristo para salvá-lo, e que Ele veio “buscar e salvar o que se havia perdido” (Luc. 19:10)? Em segundo lugar, sabe que precisa do Senhor Jesus Cristo, e somente Jesus Cristo, para salvá-lo e trazê-lo para Deus? Porventura Jesus é mais importante que tudo o mais para você? Em terceiro lugar, você quer deixar todo o pecado para trás, abandoná-lo, odiá-lo e lutar contra ele? “Sai do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei” (2 Cor. 6:17). Quarto, acaso você quer fazer tudo o que Deus manda, agradecida e

obedientemente? Se Deus lhe deu o conhecimento de que você não possui nenhum bem espiritual, que Jesus Cristo é tudo o que você precisa, que deve afastar-se de todo o pecado, e se Deus levou-o a desejar fazer a Sua vontade - então você está de fato procurando a Deus e a Sua salvação!

Evidência que uma pessoa é cristã Você é cristão? Essa é a pergunta que estou fazendo neste livro e solicitando que pense a respeito. Quero que você pergunte a si mesmo como pode ter certeza que Jesus Cristo é seu Salvador, e que a misericórdia de Deus já lhe alcançou. Nos capítulos anteriores eu disse que podemos saber estas coisas - e examinamos as diferentes formas em que Deus age para trazer as pessoas a Si. Agora quero apresentar alguns sinais ainda mais evidentes que mostram que uma pessoa é cristã autêntica. A fé é um desses sinais, pois a fé é necessária para que sejamos salvos do pecado. Como Paulo e Silas disseram ao carcereiro em Filipo, “Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo” (Atos 16:31). Apesar disso, às vezes as pessoas pensam que a fé é misteriosa - tão estranha e misteriosa que jamais a podem atingir. Para elas eu diria: a fé não é tão difícil como muitos pensam. Sim - a fé é dádiva de Deus, e não podemos produzi-la. Mas, “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rom. 10:9). Leia a passagem inteira em Romanos, capítulo 10, versículos 5 a 13, e verá que Paulo está dizendo que a fé não é coisa difícil. De fato é uma questão da vontade e do coração. Significa chegar-se a Jesus Cristo, descansar e confiar nEle, apoiarse nEle e achar nosso tesouro nEle. Fé é questão de querer a Jesus Cristo, e procurá-10 para salvação do pecado. Significa receber a Jesus desse modo. João diz: “a todos quantos o receberam, deu lhes o poder de serem feitos filhos de Deus” (João 1:12). Fé significa vir a Cristo, buscando-O com anseio. “Tudo o que o Pai me dá virá a mim”, diz Jesus, “e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6:37). Fé significa buscar a Jesus e querer a Sua salvação -“Olhai para mim, e sereis salvos, vós todos os termos da terra” (Is. 45:22). Assim a fé, do modo que estou falando no momento, não é algo difícil; não significa ter o entendimento de coisas difíceis sobre Deus. Inicialmente, fé não implica em crer que Deus me escolheu, ou que Deus me ama, ou que Cristo morreu por mim. Essas coisas são, de fato, difíceis. Mas a fé que traz a todos nós para as bênçãos de Deus não é assim; a fé que nos traz à salvação é questão de querer a Cristo, ser levado a Ele, apoiar-se e ter confiança nEle.

Mesmo assim, para alguns, essa fé salvadora é reivindicação excessiva. Dizemnos que é excesso de confiança dizer que foram levados a Jesus Cristo. Entretanto, se devemos ser salvos, temos que ter aquela fé que nos conduz a Jesus Cristo e não nos deixa afastar dEle. Sem essa fé confiante, nada mais será suficiente. A não ser que creiamos, ainda estamos condenados por Deus. “Quem não crê já está condenado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (João 3:18). Assim, ter fé salvadora não e nada demais para reivindicar. Se não podemos reivindicá-la, não temos esperança nenhuma. Ainda assim, as pessoas dizem que não podemos ter certeza de possuirmos fé. O apóstolo João, no entanto, nos diz em sua Primeira Epístola que aquele que crê tem um testemunho em si mesmo (1 João 5:10). Noutras palavras,podemos saber que estamos confiando em Cristo. Como podemos saber disso? Bem, no último capítulo expliquei que muitas vezes descobrimos que Deus nos predispôs para a fé. Ficamos convencidos de que estamos perdidos; percebemos que não podemos nos salvar do pecado, e que somente Cristo é capaz de nos salvar completamente. Sabemos que essa é a única coisa boa que podemos fazer. Esse tipo de predisposição ocorre muitas vezes antes da vinda da fé verdadeira. Outras coisas vêm com essa fé verdadeira. Se estamos confiando em Cristo, vamos querer que Ele controle as nossas vidas; aprenderemos do Seu ensino; vamos querer nos entregar completamente e sem reserva a Ele. Todas estas coisas, e outras mais, aconpanham a fé autêntica; mas embora sejam evidências para nós, devo dizer ainda que, à parte delas, podemos saber em nós mesmos, pela ajuda costumeira do Espírito Santo, se realmente temos fé no Senhor Jesus Cristo -ou se não a temos. Talvez ajude se eu disser um pouco mais sobre a natureza desta fé. A Bíblia a descreve de vários modos - pois a fé é uma experiência diferente para pessoas diferentes. As vezes é descrita como querer se unir a Deus e à Sua paz. Isaías chama isso de “olhar para Deus”: “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra” (Is. 45:22). Olhar pode parecer um ato de fé muito fraco, pois podemos olhar àquilo que não devemos aproximar nem tocar; podemos olhar a alguém a quem não temos coragem de falar. Contudo, Deus prometeu que aqueles que olharem para Ele com fé serão salvos do pecado. Isso é simplesmente evidenciado como olhar para Deus, querer ser unido a Deus. É dessa fé que a Bíblia fala ao se referir como “querer”: “Quem quiser, tome de graça da água

de vida” (Apoc. 22:17). Essa fé que olha para Deus também é descrita como ter “fome e sede de justiça” (Mat. 5:6). Às vezes a fé é descrita com “dependendo do Senhor”, ou “descansando” em Jesus Cristo. É colocada também como “confiando em Deus”. Isaías nos diz que Deus conservará em paz perfeita aqueles cujas mentes estão fixas nEle, porque confiam nEle (Is. 26:3). A fé também é descrita como “esperando por Deus”. Deus prometeu: “os que confiam em mim não serão confundidos” (Is. 49:23). De fato, a Bíblia nos mostra claramente que Cristo pode fazer o bem aos pecadores segundo a necessidade deles. A fé nos leva a Cristo nos modos como Ele é descrito: quando ouvimos sobre Cristo como o pão da vida, a fé tem fome dEle; quando ouvimos sobre Cristo levantado da morte, a fé crê que Deus O levantou. A fé crê no nome de Jesus, conforme todos os modos em que Jesus é descrito. Deixem-me repetir, entretanto, que nem todos experimentam a fé do mesmo modo ou com o mesmo ímpeto. No Novo Testamento Jesus fala de certas pessoas que tinham uma grande fé. Um caso desses é o centurião (Mat. 8:10). Dessas falas de Jesus podemos perceber que enquanto outros tinham a fé autêntica, nem todos tinham uma grande fé. Assim, não imaginem que a fé tenha que se mostrar em todas as formas que descrevi, a fim de ser real. Lembrm-se também, que a fé varia em vigor, até na mesma pessoa. Às vezes a fé de alguém está forte e pode ser facilmente percebida; depois pode se tomar fraca e a incredulidade se toma mais forte. Então, a fé se evidencia de muitos modos; mas o que está no âmago da fé verdadeira é o seguinte: estar contente e satisfeito com o plano da salvação de Deus, através de Jesus Cristo. Quando alguém está agradecido pela morte de Cristo no lugar dos pecadores (o que significa que Deus pode, em justiça, perdoar pecadores), então aquela pessoa tem a fé que salva pecadores. A fé salvadora significa desistir totalmente de pensar em conseguir o favor de Deus por meio das obras, e em lugar disso, descansar no que Cristo fez para tomar sobre Si o castigo devido ao pecador. Essa fé está em todos os que nasceram de novo - em todo o verdadeiro cristão - mesmo que não seja evidenciada por todas as maneiras sobre as quais falei. Assim, o que devemos perguntar a nós mesmos é simplesmente o seguinte: estou

satisfeito com o Senhor Jesus Cristo? Ele é aquele a quem dou mais valor do que a qualquer outra coisa? É precioso para mim, por ser o único caminho para Deus? Estar satisfeito com Jesus Cristo como aquele que carregou os nossos pecados e é o nosso único Salvador, é fé autêntica. Isso é crer com o coração. E estar satisfeito com o caminho de Deus para a salvação de pecadores através de Cristo; é concordar com o caminho de Deus para a salvação, e recebê-lo com alegria, através de Jesus Cristo. Deixem-me repetir, podemos saber se temos fé assim, pois não podemos ter dúvidas sobre isso se estamos descansando inteiramente em Jesus Cristo para nos levar a Deus, e se valorizamos o Senhor Jesus Cristo acima de todos e de tudo o mais. Aquele que crê desse modo não perecerá, mas terá “a vida eterna” (João 3:16). Todavia, seria possível existir uma fé falsa que seja como a verdadeira fé -tão parecida que não podemos perceber a diferença? Ora, muitos admiram Jesus hoje, assim como muitos creram nEle quando viram os milagres que fez. Como poderemos distinguir essa falsa fé, fé simulada, da fé genuína, verdadeira? Primeiro, a fé falsa nunca desiste totalmente da idéia de que podemos ajudar, ao menos um pouco, em nossa própria salvação do pecado. Fé falsa faz com que as pessoas perguntem, como o homem em Lucas 10:25: “que farei para herdar a vida eterna?” A falsa fé também quer apegar-se a outras coisas além de Cristo. Assim, a falsa fé nunca confia completamente em Cristo, e somente em Cristo. Em segundo lugar, pessoas com falsa fé não querem que Cristo as dirija, ou faça a paz entre elas e Deus em todos os tempos, ou ensine-as e as guie. A falsa fé de fato não recebe a Cristo como rei, sacerdote e profeta. Em terceiro lugar, a falsa fé não está pronta a seguir a Cristo pelas agruras, perdas e sofrimentos. A fé verdadeira quer somente a Cristo, não importa o que custe. Nos capítulos que seguem, explicarei outras diferenças entre a fé autêntica e a falsa. Por exemplo, somente a fé autêntica tem o efeito de purificar a vida interna da pessoa (Atos 15 :9). Onde houver fé autêntica, sempre haverá também todas as virtudes espirituais (Gal. 5:22-23).

Mais evidência que uma pessoa é cristã “Como podemos saber se alguém é cristão?” - isso é o que estou pedindo neste livro que você pense a respeito. Podemos saber se pertencemos a Deus: existem sinais que mostram se nascemos de novo ou não. Um desses sinais é a fé, que significa querer a Jesus Cristo e dar maior valor a Ele do que a qualquer outra coisa, como nosso Salvador, Rei e Mestre. Desejo escrever agora sobre outro sinal de que alguém é cristão. Verdadeiros cristãos são novas pessoas. Foram feitas de novo. “Se alguém está em Cristo, nova criatura é” (2 Cor. 5:17). E em Colossenses 3:10 um cristão é descrito como uma pessoa vestida “do novo homem”. Em todo cristão existe um novo tipo de vida, que quer crescer em piedade. O cristão é uma pessoa nova que quer crescer em piedade e ser mais parecido com Deus em seu caráter. Isso é um sinal muito claro da vida cristã. Podemos ver claramente se alguém tem essa vida nova de Deus em razão de seus efeitos em toda aquela pessoa. Quando alguém é verdadeiramente um cristão, sua compreensão é afetada. O cristão tem um novo modo de pensar; não pensa simplesmente sobre os ensinamentos cristãos; confia neles, depende deles e sabe que sua vida depende da veracidade deles. Um cristão não pensa nos ensinamentos cristãos como assuntos a serem discutidos ou sobre os quais devemos argumentar sabe que são certos e verdadeiros, algo para o qual viver ou morrer. O modo como um crente compreende sua vida é também novo, pois agora vê sinais da ação de Deus no mundo à sua volta. O cristão vê Deus agindo nos assuntos comuns da vida, refreando o mal e atuando pelo bem. Vê a ação de Deus na criação - no céu e na terra. O cristão também é sensível à ação de Deus nas vidas das outras pessoas assim como em sua própria vida. Além da mente, os desejos do cristão são feitos novos; a força propulsora de sua vida muda. Incrédulos têm “corações de pedra” - não se importam com Deus seus corações são duros para com Deus. Mas quando Deus converte uma pessoa, um conjunto novo de atitudes lhe é dado - ele ou ela é levado por novos desejos e intenções. O cristão agora quer cuidar de outros cristãos, e fazer o bem a eles. O coração do cristão é movido contra o pecado e contra tudo o que Deus

diz ser errado. Essa nova força propulsora em sua vida se agrada em Deus, em Sua lei e em Seu povo. É assim que Ezequiel descreve esse novo coração: “E vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis” (Ez. 36:26-27). Porventura você ama a Deus, Seu povo e Seus mandamentos? Isso faz parte de ser um novo tipo de pessoa - e isso faz parte de ser um cristão. De fato, essa mudança afeta até os nossos corpos, pois se antes usávamos nossas línguas, olhos, ouvidos, mãos e pés para propósitos pecaminosos, agora queremos fazer o que é bom e agradável a Deus com nossos corpos. Essa mudança, essa renovação, que faz parte de ser um cristão, afeta, até certo ponto, toda a vida do cristão. Uma vez unidos a Jesus Cristo, “tudo se fez novo” (2 Cor. 5:17). Nossos interesses mudam para melhor. Antes estávamos interessados no que era vantajoso par nós mesmos. Queríamos progredir para vantagem nossa e estávamos prontos a conseguir o que desejávamos; porém agora nossos interesses mudaram -queremos agradar ao Senhor Jesus Cristo, e ver Seu reino prosperar. Queremos progredir para glória dEle. Nosso culto também se toma novo. Antes, se adorávamos a Deus, era por hábito, por obrigação. Talvez tivéssemos sido ensinados a adorar a Deus, todavia nossos corações nunca estavam envolvidos. Nosso culto não significava coisa alguma para nós pessoalmente; agora, tendo sido salvos, isso também mudou. Nosso culto é ajudado pelo Espírito Santo. Adoramos em espírito e em verdade, como o próprio Senhor Jesus preceituou (João 4:23). Embora muitas vezes falhemos em adorar a Deus como gostaríamos, existe algo de sincero e verdadeiro em nosso culto que não estava ali antes. O modo como trabalhamos e pensamos sobre nossos deveres é transformado e agora queremos ser conforme Romanos, capítulo 12, versículo 11, aconselha: “não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor”. Queremos lazer tudo de modo a agradar a Deus e glorificá-10, quer em nosso trabalho, quer em nossas tarefas diárias. E no trabalho, sempre que possível, também queremos lembrar que Deus está conosco, e queremos falar com Ele em oração.

Nosso relacionamento com outras pessoas está transformado. Queremos ser melhores maridos, pais, irmãos, mães, irmãs e vizinhos. Além disso, nosso uso das bênçãos desta vida muda para melhor. Se somos abençoados com comida, bebida, sono, lazer e roupas, então queremos usar essas coisas para agradar a Deus. Não queremos que essas bênçãos ocupem todo o nosso tempo e atenção. Não queremos que nossa comida, ou bebida ou roupas se tomem excessivamente importantes. Queremos exercer controle no modo como usamos essas bênçãos. Dessa forma, quando somos cristãos somos diferentes em tudo. Poderíamos resumir dizendo que queremos nos tomar santos. Se realmente queremos agradar a Deus; podemos ter certeza de que pertencemos a Deus, pois nossa consciência nos dirá que queremos obedecer aos mandamentos de Deus. O apóstolo João nos ensina que isso é um sinal de que conhecemos a Deus: “E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos” (1 João 2:3). A questão que devemos responder, então, é a seguinte: obedeço aos mandamentos de Deus? Se obedeço, isso é um sinal da vida nova que está em mim. É sinal que nasci de novo e fui feito nova espécie de pessoa. Portanto, obedeço àqueles mandamentos que proíbem o pecado? Acaso luto contra pecados secretos, e pecados que podem parecer não importantes? Cuido para não deixar de fazer o que devo, como também contra fazer o que é errado? (Pois não fazer o que é certo é tão pecaminoso quanto fazer o mal). Porventura cuido em evitar pecados para os quais tenhou uma tendência natural? (Pois todos temos pecados em que facilmente caímos, devido à nossa natureza e nosso temperamento). O verdadeiro cristão luta duramente contra todos os pecados, esforça-se muito para evitar todo o mal, e quer fazer todo o bem possível. Esse é o efeito da nova vida de Deus no crente. E um sinal de que é pessoa regenerada. O cristão respeita todos os mandamentos de Deus, e quer obedecer à vontade dEle cada vez mais completamente. Esse é o caminho da santidade - e mostra que pertencemos a Deus, e que a nova vida que provém dEle nos foi dada. Talvez toda esta conversa sobre a santidade pareça estar acima de você. Você pode pensar: “é muito difícil para pessosas comuns”, mas lembre-se, Deus prometeu a Seu povo, Ele mesmo, dar força e poder para buscar santidade de

vida e para ser santo. Deus disse que tiraria nossos corações de pedra e nos daria corações para reverenciá-10. Prometeu colocar Sua lei em nossos corações e nos dar Seu Espírito Santo. Deus, que dá vida nova aos pecadores, também lhes dá força para viver uma vida nova para Ele. Lembre-se, também, que nem todos os cristãos mostram essa vida nova na mesma medida. Em alguns crentes, ela é muito clara, para que todos vejam; em outros está aí, mas não tão claramente. Como eu disse antes, não há dois cristãos que são exatamente iguais: alguns mostram todos os sinais da vida nova claramente; outros mostram a nova vida com menor clareza. Mesmo assim temos que ser claros quanto ao fato de que todos os verdadeiros crentes têm vida nova de Deus, e de que essa vida pode ser percebida. Se tem dúvidas sobre isto, leia Efésios, capítulo 4, versículos 20 a 24. No versículo 20, Paulo escreve àqueles que conhecem a Cristo, isto é, a cristãos autênticos. Entretanto, como podemos perceber que alguém conhece a Cristo? Paulo fala sobre despir-nos do nosso velho e pecaminoso modo de vida - nossa velha natureza pecaminosa, nossos velhos hábitos - do mesmo modo como tiramos as roupas. Noutras palavras, a nova vida pode ser percebida quando deixamos todo o pecado e todo o mal para trás. Então, Paulo acrescenta, devemos vestir uma nova natureza, que é feita à semelhança da bondade e santidade de Deus. Percebemos a nova vida quando os cristãos se esforçam para serem semelhantes a Deus em caráter - serem justos, puros e bons. Deve haver algo em cada parte da vida do cristão que aponte para Deus. Não podemos ver isso sempre em nós mesmos, porém se pudéssemos ver como Deus está nos mudando, perceberíamos que agora não somos o que fomos no passado. Há uma diferença em nossas vidas, e se somos cristãos, isso deve ocorrer - a nova vida espiritual em alguém se mostra no crescimento em direção à santidade. Precisamos ser claros, também, que ninguém que tenha esta vida possa viver acomodado com o pecado. Uma vez que um cristão compreende que algo é pecaminoso, ele se afastará dele. Não pode haver acordo entre o pecado e uma pessoa regenerada pela graça de Deus. Neste ponto, devemos manter uma coisa em mente. Quando pergunto se você tem os sinais da vida nova dada por Deus, por favor julgue a si mesmo por seu modo de vida normal. As vezes os cristãos caem em pecado - e nesses momentos podemos duvidar se temos quaisquer sinais da vida nova provinda

de Deus. Não pense em si mesmo conforme se sente nessas horas, e sim conforme o transcorrer normal da sua vida. Concluindo, em seu padrão de vida normal, existem sinais de santidade e de uma vida transformada? Todo verdadeiro cristão é uma nova pessoa.

Diferença entre uma fé autêntica e uma falsa Até agora tenho afirmado que é possível saber se somos crentes ou não no Senhor Jesus Cristo. Não precisamos ser inseguros quanto à fé em Cristo. Um verdadeiro cristão é uma nova pessoa: alguém que tem a vida nova vinda de Deus. Se alguém teve esse tipo de mudança, podemos percebê-la. A nova vida do cristão se mostra; em especial, ele percebe que Jesus Cristo está acima de tudo: Cristo é a pessoa mais importante, mais preciosa para o crente. Além disso o cristão quer agradar a Deus em todos os aspectos de sua vida, assim como obedecer aos mandamentos de Deus. Esse tipo de mudança nos ajuda a perceber se a pessoa é nascida de novo. “Ora”, você poderia dizer: “eertamente outros também podem ser mudados, muitos admiram a Jesus Cristo, querem viver de modo cristão. Você estaria dizendo que todas essas pessoas são verdadeiros crentes em Cristo?” Bem, certamente é verdade que as pessoas podem parecer cristãos sem ter a vida nova provinda de Deus. Isso é triste, porém verdade, e é o que desejo explicar neste capítulo. Creio que existem diferenças entre verdadeiros cristãos e aqueles que parecem ser cristãos autênticos, mas não o são. Antes de tudo, deixem-me dizer que esses dois tipos de pessoas podem ser muito parecidos. É possível parecer um cristão e ainda assim não ter mudado ou sido feito de novo. Por exemplo, tanto cristãos verdadeiros quanto aqueles que só parecem sê-lo podem ter muito conhecimento sobre a fé. Como vemos em Hebreus, capítulo 6, versículo 4, “foram iluminados”. Você pode não serum verdadeiro cristão, todavia pode ter uma grande compreensão das crenças cristãs; pode até ficar muito entusiasmado com o ensinamento cristão. Como o solo pedregoso na parábola de Cristo, você pode receber a palavra de Deus com alegria (Mat. 13:20). Pode mudar seu modo de vida, evitar o pecado e fazer o que é certo, como o fariseu que disse corretamente: “ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens” (Luc. 18:11). Você pode aprovar os ensinamentos de Cristo, como aqueles que disseram de Jesus, em João, capítulo 7, versículo 46: “Nunca homem algum falou assim como este homem”. Você pode ser assim, e entretanto não ser um cristão autêntico. Do mesmo modo,

aqueles que não são verdadeiros cristãos podem falar de modo muito semelhante aos crentes. Podem falar sobre o evangelho, admitir seus pecados perante os outros, se entristecer por seus pecados, podem aprender o que Deus quer que façam, podem se juntar aos cristãos por um tempo e trabalhar com eles, podem dar dinheiro para o trabalho de Deus. Podem fazer tudo isso, entretanto ainda assim não ser cristãos autênticos. Ademais, os que de fato não são cristãos podem se tomar dolorosamente conscientes de seus pecados. Podem ficar preocupados sobre o mal neles mesmos, como Judas ao dizer: “Pequei, traindo o sangue inocente” (Mat. 27:4). Podem ficar profundamente perturbados quando ouvem pregações sobre a santidade de Deus, e Seu futuro julgamento contra o pecado, a necessidade de auto-controle e santidade de vida. Félix foi assim, quando Paulo pregou a ele: enquanto Paulo argumentava sobre honradez, auto-controle e o julgamento, Félix teve medo (Atos 24:25). Mais tarde, essas mesmas pessoas, que estavam preocupadas com a verdade de Deus, podem encontrar alguma paz e tranqüilidade, esperando que Cristo as salve. Tudo isso pode se seguir a uma grande reforma de caráter e a uma mudança no modo de viver. De fato, toda essa preocupação com o pecado e mudança e conduta pode parecer endossado por algumas experiências especiais da bondade de Deus. Hebreus, capítulo 6, versículos 4 e 5, até mostra que tais pessoas podem encontrar um certo tipo de satisfação no que Deus diz. No entanto, apesar de tudo, elas ainda podem estar longe de Deus, sem ter sido mudadas por Sua bênção de uma nova vida. Tais pessoas podem até demonstrar sinais muito parecidos com a obra do Espírito Santo nos verdadeiros cristãos. O Espírito Santo dá fé, e você pode ter um tipo de fé, contudo ainda não ser um verdadeiro crente. Simão o Mago também “creu”, diz a Bíblia, “e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito” (Atos 8:13). Você também pode ter um tipo de arrependimento, ou uma sensação de admiração e temor diante de Deus, mas ainda assim não ser um cristão autêntico. Eu diria que tudo o que o Espírito Santo pode dar ao crente pode ser imitado por pessoas que não são crentes verdadeiros. Creio ser bem possível para certas pessoas ter experiências muito similares àquelas dos verdadeiros cristãos, porém mesmo assim não terem sido mudadas por alguma verdadeira obra de Deus em suas vidas. As pessoas podem saber

algo sobre o poder do Espírito Santo agindo nelas, e no entanto não ter sido realmente mudadas em povo de Deus. Creio que o escritor da carta aos Hebreus fala sobre isso, quando diz que aqueles que entenderam alguma coisa da verdade de Deus, e provaram quão boa é a Sua palavra, e o dom celestial, que se tomaram participantes do Espírito Santo, e experimentaram os poderes do século futuro, não podem ser trazidos de novo para o arrependimento se caírem novamente (6:4-6). Então, se os incrédulos podem parecer tanto com os cristãos, como podemos estabelecer a diferença? Uma diferença importante é que a vida interior do verdadeiro crente é transformada e feita de novo. Isso nunca ocorre com alguém que simplesmente se parece com um cristão, porém não é. Cristianismo verdadeiro começa em nossos corações. Quero dizer com isso que a verdadeira mudança ocorre no centro de nossa vida. Há uma profunda mudança em nosso pensamento, quanto ao que queremos como ao que sentimos. E isso que Ezequiel queria dizer quando falou que Deus daria a Seu povo um coração de carne no lugar de coração de pedra (Ez. 36:26). Queria dizer que Deus mudaria o modo como pensava e sentia, mudaria sua vontade de forma que desejasse o que Ele queria. O verdadeiro cristão é mudado desse modo. Em especial, o verdadeiro cristão sabe que Jesus Cristo é a única bênção satisfatória em todo o mundo, por quem compensa deixar tudo o mais para traz. O verdadeiro crente sabe que “o reino de Deus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu: e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo” (Mat. 13:44). Se você tiver sido feito de novo pela graça de Deus, certamente você saberá que uma mudança profunda ocorreu em você, de maneira que ache somente em Jesus Cristo tudo o que é bom e compensador. Isso leva à segunda diferença entre um verdadeiro cristão e alguém que simplesmente pareça como cristão, mas não é. Os que não são realmente cristãos podem mudar seu modo de vida e dizer que são pessoas novas, entretanto essas mudanças não procedem de uma mudança de coração ou do desejo de agradar a Deus. Em vez disso, sempre há algum outro objetivo em mente. Talvez queiram conseguir elogios dos outros por suas vidas. Talvez esperem escapar da ira de Deus contra seus pecados. Podem desejar sair de alguma confusão, ou se livrar de uma consciência dolorida. Seja o que for, o objetivo sempre será outro que não agradar a Deus. Somente o verdadeiro cristão quer agradar a Deus. Somente aquele que nasceu de novo busca “primeiro o reino de Deus, e sua justiça” (Mat. 6:33). A coisa indispensável para ter uma vida cristã é

que tenhamos em Cristo um verdadeiro amigo e companheiro. Mas é exatamente isso que aqueles que não são cristãos autênticos de fato nunca querem. Eu disse há pouco que pessoas que não são crentes verdadeiros podem mostrar sinais de cristianismo muito parecidos com a obra do Espírito Santo de Deus. O Espírito Santo nos traz para o arrependimento, e muitos parecem entristecidos por seus pecados. O Espírito Santo nos ensina a verdade sobre Jesus, e muitos parecem ansiosos em aprender sobre Cristo. Do mesmo modo, o Espírito Santo nos leva às boas obras, e muitos querem fazer boas obras. A questão, entretanto, é como vemos esses sinais de cristianismo. Que valor damos as boas obras, ou aprendizado sobre Cristo, ou entristecimento pelo pecado? Acaso pensamos que essas coisas podem nos ganhar o perdão de Deus? Os que não são verdadeiramente cristãos pensam assim. Pensam que sua própria tristeza pelos pecados, ou o que aprenderam sobre Jesus, ou suas boas obras - talvez com alguma ajuda de Deus - ganharão a misericórdia de Deus para eles. Nenhum verdadeiro cristão pensa assim. Todo o crente sabe que somente Jesus Cristo pode conduzir-nos para Deus. Três coisas são importantes e necessárias no cristianismo. A primeira é, ser esvaziado de toda a própria bondade, ter coração quebrantado, saber que somos pecadores e estamos perdidos e distantes de Deus (pois Cristo veio buscar os que estavam perdidos). A segunda é estar totalmente satisfeito com Jesus Cristo como o único Salvador dos pecadores perdidos, e a terceira - voltar-se sincera e completamente para Jesus Cristo, para fazer Sua vontade e agradá-10. Você poderia dizer: “Sim, as três coisas são verdadeiras a meu respeito”? É isso que mostra que alguém é um cristão autêntico.

Lidando com dúvidas sobre nossa fé Um genuíno cristão valoriza o Senhor Jesus Cristo acima de tudo o mais. Os cristãos sabem que são pecadores, perdidos e distanciados de Deus. Sabendo que não têm em si mesmos nenhuma coisa boa para trazer a Deus, voltam-se sincera e totalmente para Jesus Cristo, a fim de fazer a Sua vontade e agradá-10. Isso descreve você? Talvez ainda não tenha certeza. As vezes você pensa que é um verdadeiro cristão. Em outras ocasiões, entretanto, parece um pecador tão sem esperança que duvida se tem realmente em você a nova vida que vem de Deus. O pecado em nossas vidas às vezes pode nos levar a duvidar se somos cristãos ou não. Mas encontramos na Bíblia crentes confiando em Deus - mesmo quando o pecado parecia forte em suas vidas. Leiam Romanos 7:24-25, onde Paulo agradece a Deus, através de Jesus Cristo, embora esteja triste porque o pecado ainda o domina. No salmo 65:3 lemos, “Prevalecem as iniqüidades contra mim; mas tu perdoas as nossas transgressões”. O pecado estava lá - mas também a confiança no poder de Deus para purificar e perdoar. Portanto, o pecado em nossas vidas não deve levar-nos a duvidar se somos cristãos ou não. Alguns pecados começam com nossa fraqueza humana, e nos dominam inesperadamente, embora não queiramos pecar. Noutras ocasiões queremos pecar; e esses pecados contêm todo tipo de outros males. Nesse ponto, devemos diferenciar as coisas. Pecados inesperados, que resultam de nossa fraqueza natural, sempre preocuparão os cristãos. Mas pecados que desejamos, e que trazem em si outras formas de erro, tomam muito difícil perceber se a pessoa é uma verdadeira cristã. Entretanto, quando os deixamos para traz, mesmo que sejam pecados sérios e deliberados contra Deus, retomamos o sentido de sermos legítimos cristãos. Depois que Davi pecou contra Deus numerando os israelitas, arrependeu-se desse pecado; sua consciência estava preocupando-o depois que contou os guerreiros. Disse ao Senhor: “Muito pequei no que fiz: porém agora, ó Senhor, peço-te que traspasses a iniqüidade do teu servo” (2 Sam. 24:10). Notem que Davi chama a si mesmo servo de Deus. Embora tenha pecado deliberadamente, e tenha sido tolo, quando se volta contra aquele pecado, sabe novamente que é um cristão autêntico.

E quanto àqueles pecados inesperados, que entram em nossas vidas porque somos naturalmente fracos e pecadores? Pensemos mais uma vez sobre o que Paulo disse em Romanos, capítulo 7. Certamente Paulo sabe que é pecador, no entanto também pensa em si mesmo como crente. Paulo sabe que falha em obedecer a toda a lei de Deus; todavia não culpa a lei de Deus - ele culpa a si mesmo como pecador. Paulo é claro quanto a desejar fazer o bem, obedecer toda a lei de Deus e abandonar todo o mal. Diz ele, em Romanos 7:19: “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço”. Em terceiro lugar, Paulo sente que o pecado é um fardo - não gosta dele de forma nenhuma, quer se livrar dele (Rom. 7:24). Então Paulo diz que mesmo enquanto está sob o poder do pecado, ainda há algo nele que luta contra o pecado - e fica alegre quando a luta termina em vitória sobre o pecado (Rom. 7:22-25). Assim, minha pergunta é: você é como Paulo quando descobre que o pecado está levando vantagem sobre você? Culpa a você mesmo quando falha, não a lei de Deus? Já se colocou contra o pecado e quer fazer o bem? Existiria algo em você que luta contra o pecado, e que se alegra quando você faz a vontade de Deus? Se isso ocorre, o pecado pode levar vantagem quando você menos espera, mas mesmo assim você pode se considerar um cristão genuíno. Entretanto, cuidado: evite o pecado e lute contra ele, pois quanto mais fizer isso mais certo estará do amor de Deus por você. Paulo disse: “a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gal. 2:20). Certas pessoas duvidam que são cristãs por uma razão diferente. Não duvidam pelos pecados: duvidam por não terem um sentimento especial do amor de Deus ou da ajuda especial do Espírito Santo, que alguns cristãos parecem ter. Algumas pessoas podem falar dos modos maravilhosos como Deus agiu em suas vidas - Deus parece particularmente real para elas. Mas outras parecem não ter essas bênçãos, e por isso, começam a se perguntar se realmente são cristãs. Se você for assim, deixe-me dizer que todos os cristãos têm, eu creio, muitas bênçãos especiais do Espírito Santo. Você quer ser santo? Quando pensa na santidade, bondade e pureza de Deus, você quer ter parte dessa santidade em você também? Bem, se for assim, isso é um dom do Espírito Santo para você. Você sente que tem um interesse especial por Deus, e que Deus tem um interesse especial por você? Existe um tipo de

compartilhamento entre você e Deus? Acaso o sentimento de que você pertence a Deus e que Deus é o seu Deus, se torna especialmente forte quando adora a Deus? Esse, também, é um dom especial do Espírito Santo. Outra coisa: você sabe que vive sob o olhar de Deus, e quer viver e trabalhar sabendo que Deus o vê e o conhece? Pode dizer, nas palavras do salmista: “Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim”? (Sal. 16:8). Às vezes sente a presença real de Deus junto a você? Isso também é dom especial do Espírito Santo. Certamente alguns cristãos às vezes têm um sentimento muito especial de estar com Deus, e de Sua ajuda. Enoque era assim. “E andou Enoque com Deus” (Gen. 5:24). Mas todo cristão tem alguma percepção da presença de Deus, e isso é um dom do Espírito Santo. Pergunto ainda - você se sente livre para vir a Deus? Sente-se como se nada estivesse entre você e Deus? Talvez você não se sinta assim sempre, nem constantemente. Mas no mínimo sabe que Jesus Cristo abriu o caminho para você vir a Ele. Você pode não conhecer a experiência especial de falar livremente a Deus em oração, com grande confiança. Alguns desfrutam dessa bênção, outros não. No entanto todos os crentes têm algo do dom da liberdade, dado por Deus - e podemos fazer muito, nós mesmos, para chegar à alegria de falar livremente com Deus. Porventura o você sabe da influência do Espírito Santo na sua vida? De maneira comum o Espírito Santo precisa operar desta forma em todos os cristãos, a fim de manter cada um voltado para Deus. Há, porém, uma operação especial do Espírito Santo quando Ele vivifica e fortalece a nossa vida espiritual. Nem todos conhecem essa operação especial -contudo o mesmo Espírito Santo está operando em cada crente. Você sabe que Deus ouve as suas orações? Ocasionalmente os crentes sabem que Deus os tem ouvido porque Ele lhes dá certeza direta de tê-los ouvido. É provável que Ele não faça isso com frequência, porém todo crente sabe que Deus ouve suas orações. Além disso, quando oramos a Deus em nome de Cristo com fé, e sem motivos pecaminosos, podemos crer que Deus nos ouve. 1 João 5:14 nos diz que se pedirmos qualquer coisa que esteja de acordo com a vontade de Deus, Ele nos ouve. Se sabemos que Deus nos ouve desse modo, então

o Espírito Santo nos mostrou isso. Você tem certeza que Deus Se agrada de você? Isso é algo que podemos testar sem experiências especiais. Por exemplo, 1 João 3:18-19 nos diz que se amamos aos outros em nossas ações e em verdade, “diante dele asseguraremos nossos corações”. Amor por outros cristãos é um sinal do amor de Deus em nós, e não precisamos de qualquer experiência especial para compreender isso. Se amamos aos outros cristãos, podemos ter certeza do amor de Deus por nós. Entretanto, às vezes o Espírito Santo mostra aos cristãos, de um modo especial, que têm os sinais da vida de Deus em si mesmos. O Espírito Santo faz com que vejam claramente que alguma coisa em suas vidas é ação de Deus neles, e não sua própria ação. Nem todos os cristãos têm essa certeza especial da ação de Deus em suas vidas. Nem todos os cristãos têm também outra experiência que é muito difícil de descrever: o sentimento da presença de Deus em nós, o sentimento do Seu amor em nossos corações, e a glória de Deus enchendo todo o nosso ser. Tal experiência é um dom especial de Deus a alguns crentes para algum propósito especial. Não duvide de sua fé por não ter esse dom especial. Você conhece a paz com Deus? Cada crente está em estado de paz, pois, “sendo jusificados pela fé, temos paz com Deus” (Rom 5:11). Os crentes nem sempre estão em paz consigo mesmos, pois podem estar preocupados em suas consciências. Mas, todos os cristãos estão num estado de paz com Deus, mesmo que às vezes não sintam isso. “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rom.8:33). Isso, também, é dom do Espírito Santo. Acaso você já teve a experiência de um transporte especial de alegria em Deus? “Crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso” (1 Ped. 1:8). O Espírito Santo às vezes pode fazer com que o crente tenha uma forte sensação de alegria na amizade com Deus. Isso, também é um modo do Espírito Santo dar uma confiança aos crentes que sua fé é verdadeira. Mais uma coisa, para concluir. Uma vez que as experiências especiais do Espírito, que descrevi, não são contínuas, podemos ser tentados a duvidar que vieram verdadeiramente de Deus. Devemos saber que tais experiências normalmente coincidem com algumas circunstâncias particulares na vida, quando temos necessidade de conforto especial. Refiro-me a tempos de acentuada tristeza pelo pecado, ou de perseguição, ou quando estamos

encarando alguma grande responsabilidade perante Deus (1 Ped. 4:14). Espero, portanto, que você possa perceber que o Espírito Santo está agindo continuamente em todos os verdadeiros cristãos -não somente naqueles que têm experiências especiais do amor de Deus. De fato, o importante é o que pensamos de Jesus Cristo. Seria Ele o que temos de mais precioso em nossas vidas? Confiamos nEle como nosso Salvador e Senhor? Desejamos ser santos, como Ele é santo? Fé em Jesus Cristo é santidade - esses são dons maravilhosos do Espírito Santo. Se você percebe algo deles em si mesmo, seja grato por não lhe faltar coisa alguma de essencial para ser filho de Deus!

Parte II Como se tornar cristão

O que significa vir a Cristo * Venho tentando descrever os sinais de um cristão autêntico. Na primeira parte deste livro escrevi sobre três sinais especiais, entre outros, que mostram se alguém é um verdadeiro crente em Jesus Cristo ou não. Primeiro, os crentes são esvaziados de toda justiça própria - sabem que são pecadores e que, sem Cristo, estão perdidos e distantes de Deus. Em segundo lugar, os crentes são totalmente satisfeitos com Jesus Cristo como o único Salvador dos pecadores perdidos. Jesus é tudo o que precisam e é precioso para eles. Em terceiro lugar, os crentes são pessoas que se voltam total e completamente para Jesus Cristo, para fazer a Sua vontade e agradá-10. Mencionei muitos outros sinais do verdadeiro crente em Jesus Cristo -mas esses três estão entre os mais importantes. A medida em que leu essas coisas, talvez você tenha percebido que não tem esses sinais do verdadeiro crente em sua vida. É provável que sequer tenha coragem de reivindicar esses sinais para você mesmo. Bem, nos próximos capítulos quero dizer algo que espero possa auxiliá-lo. Quero ajudá-lo a chegar a ter essa verdadeira fé no Senhor Jesus Cristo. Se você sabe que não é um verdadeiro crente, então é seu dever vir ao Senhor Jesus Cristo, pois é através dEle que Deus salva os pecadores, e somente por meio dEle você terá certeza do amor Capítulo 1 e parte do capítulo 2 do original, por Guthrie

e perdão de Deus. Antes de começar a falar sobre o que significa confiar em Jesus Cristo, quero deixar algumas coisas claras. Por exemplo, quando Adão pecou e comeu do fruto proibido por Deus, trouxe a morte para todos nós. Romanos 5:12 nos diz que por um homem o pecado entrou no mundo, e a morte em razão do pecado; desse modo, a morte atingiu atoda a raça humana, pois todos os seus membros haviam pecado. Somos todos pecadores - nossa natureza humana é pecadora - pois viemos de Adão, cujo pecado infectou e arruinou a todos nós. Não obstante, Deus planejou resgatar as pessoas do pecado e salvá-las através de Jesus Cristo. Prometeu inclusive a Adão e Eva que o Filho de Deus, Jesus Cristo, derrotaria satanás e o mal, pois Deus lhes disse que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente (Gen. 3:15).

Concluindo, Deus prometeu estar em paz com todos que procurassem a salvação do pecado através de Jesus Cristo. Pertencem todos a um novo pacto feito entre Deus e eles mesmos, através de Jesus Cristo - um acordo, através do qual, Deus expiará seus pecados e que eles se tomarão Seu povo. Mesmo assim, sempre houve pessoas que fingiram ser servos de Deus, porém não eram em seus corações. Ao longo da história, e ainda hoje, existem aqueles que compreendem que Jesus Cristo é o único caminho para Deus, mas ainda assim, não importa o que digam, não O amam nem O obedecem de fato. Podem gozar de muitos benefícios do cristianismo, contudo realmente não mudaram por dentro. Como o Salmo 79, versículo 3 7, coloca, “seus corações não são retos para com Deus”. Poucas são as pessoas que verdadeira e honestamente vêm a Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor, pois a Bíblia nos diz que o caminho que leva à vida é estreito e poucos são os que conseguem encontrá-lo (Mat. 7:14). A Bíblia também nos diz que “muitos são chamados, mas poucos são escolhidos” (Mat. 20:16). Pensando sobre essas afirmações, deveríamos querer ter certeza se pertencemos ou não ao povo de Deus. Por último, embora seja verdade que Deus chama os pecadores a Si, também é fato que pecadores vêm a Jesus Cristo. A Bíblia fala nos dois casos. Não podemos evitar nossa obrigação de vir a Jesus, simplesmente dizendo que só os escolhidos de Deus chegarão a Ele. A Bíblia nos conclama a crer em Jesus Cristo e a recebê-10: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”. Todavia Filipenses, capítulo 1, versículo 29, toma claro que nos é dado crer. O poder para crer em Jesus Cristo, para recebê--10, nos é dado por Deus; porém somos exortados a crer em Jesus e a recebê-10. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”, disse Jesus (Mat. 11:28). Espero que você possa entender inicialmente esses poucos pontos. Espero que possa perceber que devemos vir a Jesus Cristo e recebê-10. Mesmo assim, que significa receber a Jesus Cristo e concordar com o plano de Deus para salvação através dEle? Primeiro, significa abandonar qualquer pensamento de salvar a nós mesmos do pecado. Precisamos perceber que somos incapazes de conseguir recuperar a amizade de Deus por nós mesmos; nós a perdemos por causa dos nossos pecados. Não podemos salvar a nós mesmos da ira de Deus, que nós merecemos. Devemos esquecer completamente as tentativas de conseguir o favor de Deus por nossos próprios esforços.

Em segundo lugar então, devemos dar valor a Jesus Cristo como o único que pode nos dar uma nova vida e a verdadeira felicidade. Temos que perceber que Deus nos indica o Senhor Jesus Cristo como o único que pode ficar entre pecadores como nós e um Deus santo, trazendo pessoas pecadoras de volta para Deus. Devemos nos confiar a Jesus Cristo, assim como estamos, dependendo somente de Sua misericórdia para nos ajudar e salvar. Isso se chama fé, ou crer; é receber a Cristo ou acreditar em Seu nome, como o Evangelho de João o coloca no capítulo 1, versículo 12. Essa é a segunda parte relacionada a concordar com o plano de salvação de Deus. Aceitar a Jesus Cristo significa duas coisas. Significa desistir de todo o esforço próprio para nos colocar de bem com Deus, sabendo que jamais poderemos merecer Seu perdão. Significa, também, voltar-se para Jesus Cristo, sabendo que Ele é o único que pode nos trazer o perdão e a paz de Deus. E Ele que Deus mandou ao mundo para fazer isto: buscar e salvar o que estava perdido. Deixe-me lembrá-lo que é seu dever aceitar a Jesus Cristo no sentido que acabei de explicar. Se quiser ter certeza da salvação do pecado e do favor de Deus, então você deve vir a Jesus Cristo, sabendo que somente Ele pode dar-lhe a paz de Deus. Deus ordena que você venha a Cristo. Como já vimos, o próprio Jesus disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mat. 11:28). 1 João capítulo 3, versículo 23, nos diz que “o seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo”. Cumprir esse dever nos dá o direito de sermos chamados filhos de Deus, pois como o Evangelho de João, capítulo 1, versículo 12, diz: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome”. Esse é o único caminho para chegar a Deus. Somos aceitos por Deus somente através de Jesus Cristo, o amado Filho de Deus. E tudo “para louvor e glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado (Jesus Cristo)” (Ef. 1:6). Não importa o que mais tenhamos, se não recebemos a Jesus Cristo e aceitamos o caminho de Deus para a salvação por Ele, então não há esperança para nós não estamos salvos do pecado, não somos aceitos por Deus e nada que façamos pode agradá-10. “Sem fé é impossível agradar-lhe” (Heb. 11:6). “Quem não

crê já está condenado; não verá a vida; mas a ira de Deus sobre ele permanece” (João 3:18, 36). Se não cremos que o único caminho para Deus é Jesus Cristo, que morreu na cruz, que foi pré-anunciado pelos profetas, e que se mostrou Filho de Deus por Seus muitos atos - se não cremos nisso, morreremos em nossos pecados. O próprio Senhor Jesus disse: “se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados” (João 8:24). Enfim, devo dizer que é absolutamente necessário aceitar a Jesus Cristo como Salvador dos pecadores. Lembre-se que sem Jesus você está perdido - e Deus diz: “quem quiser, tome de graça a água da vida” (Apoc. 22:17). Lembre-se que Deus não recusará a ninguém que deseje ser salvo do pecado; pois como Hebreus 7:25 nos diz: Ele “pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus” (i.e., através da confiança em Jesus Cristo).

A importância de vir a Cristo com sinceridade * No último capítulo, estive explicando que não podemos salvar a nós mesmos do pecado. Devemos dar valor a Jesus Cristo como o único que pode nos salvar do pecado. Precisamos voltar a Jesus Cristo, sabendo que Ele é o único que pode perdoar os nossos pecados e trazer-nos paz com Deus. É isso que deveríamos fazer; é nosso dever. Deus nos manda crer no Senhor Jesus Cristo. “O seu mandamento é este: que creiamos no nome de seu Filho, Jesus Cristo.” Quero, agora, que você compreenda que não podemos vir a Jesus Cristo descuidada e despreocupadamente. Dizer que acreditamos nEle não é o suficiente: temos de querer dizer isso. Devemos compreender que nascemos pecadores contra Deus, e desobedientes a Ele. Em decorrência dos muitos pecados durante a vida, perdemos o favor de Deus. Todos pecamos de forma particular - e deveríamos saber quais são esses pecados particulares. Se viermos a Jesus Cristo com honestidade, temos que saber que somos pecadores e nos sentir culpados de nossos pecados particulares. Devemos saber, também, que Deus está irado com pecadores. Deus Se opõe a pecadores por causa de sua natureza Continuação do capítulo 2 do original, por Guthrie

pecaminosa assim como por causa de seus pecados particulares. Deus é contra todo pecado e todos os pecadores, em razão de seus pecados. Na Bíblia Deus nomeia muitos pecados - tais como desrespeito e negligência quanto a Deus, falta de pureza em nossas vidas, e muitos outros pecados. Não é possível ler a Bíblia sem compreender que Deus é contra nossos pecados -e que está irado conosco por causa deles. Devemos saber, também, que não podemos comprar a paz com Deus, pois nada temos de nosso com o que comprá-la. Tudo o que temos de bom se assemelha a trapo imundo, como diz Isaías, capítulo 64, versículo 6. Nem oração, donativos aos pobres, ou qualquer outra coisa que tentemos fazer para Deus, comprarão para nós a paz com Deus - pois, enquanto não estamos perdoados, não fazemos essas coisas por amor a Deus, ou em obediência a Ele, ou para a Sua glória.

Devemos saber que, como pecadores, não temos amor a Deus, nenhuma reverência por Ele, nenhuma tristeza pelo pecado, nenhuma fé em Jesus Cristo. Até sabermos dessas coisas, jamais traremos nosso fardo de pecados ao Senhor Jesus Cristo, mas tentaremos deixá-lo em algum outro lugar. Agora precisamos conhecer todas essas coisas - não só conhecê-las, como também levá-las muito a sério. Devemos sentir seu peso, tratá-las como fatos reais e solenes - devemos tratar essas sérias verdades com mais determinação do que qualquer outra coisa. Jamais teremos que pensar em outra coisa mais importante que isso. Se levarmos esses fatos a sério, creio que então procuraremos ser salvos do pecado de todo o nosso coração. Vamos buscar “primeiro o reino de Deus” (Mat. 6:33). Teremos uma preocupação em nossas mentes: como estar de bem com Deus - ser salvo dos pecados. Se isso não for o mais importante para nós, poderíamos dizer que de fato conhecemos algo sobre o pecado, ou sobre Deus, ou sobre Sua ira eterna contra o pecado? Se levarmos a sério o que Deus nos diz, estaremos quebrantados por nossos pecados e nos odiaremos por causa deles. Se percebermos que temos nos destruído por nossos pecados, certamente teremos vergonha de nós mesmos. Procuraremos, também, alívio de nosso pecado, uma vez que estejamos verdadeiramente convencidos de sermos pecadores. Buscaremos esse alívio com urgência, percebendo que a paz com Deus é mais importante que outra coisa qualquer. Temos que correr para segurança em algum lugar, e não ousamos esperar-temos de chegar ao local seguro agora! Mas, para onde correremos se quisermos ser salvos do pecado? Precisamos do Espírito Santo de Deus para nos mostrar que toda a salvação e toda a bondade de que necessitamos está em Jesus Cristo. É mister que percebamos que Jesus Cristo, Aquele sem pecado, sofreu o castigo de Deus pelos pecados no lugar dos pecadores. Assim, justiça foi feita. Jesus tomou sobre Si a ira de Deus contra o pecado, no lugar dos pecadores. Dessa forma, Jesus Cristo obteve perdão e paz com Deus para todos os que confiem nEle. Devemos entender, também, que Deus está disposto a estar em paz com os pecadores através de Jesus Cristo. De fato, como já vimos, Deus nos ordena que creiamos no Senhor Jesus Cristo. “E o seu mandamento é este: que creiamos no

nome de seu Filho Jesus Cristo” (1 João 3:23). Não devemos questionar a disposição de Deus, de receber a todos que verdadeiramente venham a Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, é imprescindível compreender que vindo a Jesus, precisamos romper com todo o mal. Se reconhecemos que agimos mal, devemos parar imediatamente, antes que possamos correta e verdadeiramente crer no Senhor Jesus. É isso que significa crer verdadeira e retamente em Jesus Cristo. Devemos perceber que somos pecadores, estar cientes dos nossos pecados, saber que Deus está irado com os pecadores por causa dos seus pecados, saber que não podemos fazer coisa alguma para obter paz com Deus, e buscar a Jesus Cristo com todo o nosso coração, como o único que pode nos dar essa paz. Não estou dizendo que cada um conhecerá todos esses fatos clara e distintamente - todavia estou dizendo que tais coisas normalmente são verdadeiras quanto àqueles que crêem corretamente em Jesus. Ora, vir a Jesus do modo correto significa muito mais que conhecer certas coisas e levá-las a sério. Vejam - crer em Jesus é algo pessoal. É algo que devemos fazer por nós mesmos. Habacuque, capítulo 2, versículo 4, diz: “o justo pela sua fé viverá”. Notem: não pela fé de outra pessoa. Aquele que foi tomado justo perante Deus, viverá por sua própria fé. É verdade que fé em Deus é um dom mas devemos, cada um de nós, usar esse dom por nós mesmos. Ser membro de uma igreja, ter pais cristãos, não nos salvará. Somente nossa fé pessoal em Jesus Cristo nos salvará do pecado. E essa fé deve ser sincera, do coração, “com o coração se crê para a justiça” (Rom. 10:10). Deve haver uma procura diligente por Jesus Cristo em nossos corações, se quisermos crer verdadeira e profundamente nEle. Ao mesmo tempo, devemos usar as nossas mentes para entender o que estamos fazendo quando buscamos a Jesus Cristo. Precisamos compreender que somente Jesus pode nos salvar, e devemos vir a Ele porque reconhecemos que necessitamos de Seu perdão - não somente para podermos sair do desconforto de alguma dificudade passageira, ou para ganhar alguma ajuda temporária. Outrossim, devemos vir a Cristo determinados a alcançá--10 e a descançar nEle.

Não devemos permitir que nada nos impeça de vir. Nosso grande objetivo deve ser o de vir a Cristo com fé, para o nosso próprio benefício. Quando viermos a Cristo dessa maneira, teremos algum resultado positivo. Primeiramente saberemos que estamos reconciliados com Deus. Saberemos, quando confiarmos em Cristo, que pertencemos a Ele, e a Deus o Pai. Saberemos que Deus está agindo para o nosso bem, que Se importa conosco, que sente por nós e Se preocupa conosco. Nós também desejaremos falar com Deus, abrir os nossos corações e diariamente procurar Seu perdão e Sua paz através de Jesus Cristo. Confiaremos toda a nossa vida a Deus, sabendo que Ele Se importa conosco; e pediremos a Deus coisas boas, para nós e para outros. Essas são algumas das bênçãos que resultam da paz com Deus, pela fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Porventura você já veio a Jesus Cristo, verdadeira, honesta e sinceramente? Fazer isso honra a Deus, pois significa fazer o que Ele pretendia que todos os que procuram a salvação fizessem, e é trazer bênçãos indizíveis sobre nós. São essas as razões pelas quais satanás se empenha duramente para evitar que creiamos. No próximo capítulo quero responder a alguns dos argumentos de satanás.

Problemas que impedem as pessoas de vir a Cristo * Sei que algumas pessoas sentem que não podem vir a Jesus Cristo - por isso neste capítulo quero meditar sobre isso. As pessoas dão todos os tipos de razão para não crerem em Jesus Cristo. Talvez você sinta que não pode crer nEle. Quero proferir algumas razões pelas quais certas pessoas não confiam em Jesus. Espero que você perceba que não há razão por que não deve crer nEle pessoalmente. Alguns dizem: “Sou tão mau que jamais poderia reivindicar crer em Jesus - seria presunção para alguém tão ruim como eu”. Bem, é verdade que somos todos pecadores e estamos muito longe de Deus em nosso pecado; pois Deus é completamente puro e santo. A despeito de tudo isso, devemos nos lembrar que Deus determinou salvar aos pecadores: o Filho de Deus veio ao mundo para buscar e salvar os perdidos (Luc. 19:10). Em Jesus Cristo, o próprio Deus criou um caminho de paz entre Ele mesmo e o pior dos pecadores. Assim, quando cremos em Jesus, confiamos no que Deus fez para nos salvar. Não devemos pensar que somos ruins demais - ou bons demais - para termos alguma coisa a ver com Jesus. Deus designou este caminho para salvar os pecadores; e é Ele que ordena que nos voltemos para Cristo: “E o seu mandamento é este: que Capítulo 3 do original por Guthrie

creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo” (1 João 3:23). “Mas”, dizem alguns, “meus pecados são muito piores que os dos outros. Posso perceber que, de modo geral, Deus traçou o caminho para salvar os pecadores: porém meus pecados são grandes demais até para isso”. No entanto, a Bíblia fala do perdão de Deus para grandes pecadores: Pedro negou a Cristo; Paulo perseguiu os cristãos; Jonas irou-se contra Deus; Davi cometeu adultério - ainda assim todas essas pessoas foram perdoadas. Em relação à misericórdia de Deus, todos os pecados são iguais: pois todos os pecados precisam do mesmo remédio - o perdão de Deus através Jesus Cristo. Como lemos em Hebreus, capítulo 7, versículo 25, Jesus “pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus”. O pior pecado é não crer em Jesus Cristo, quando ouvimos a respeito do perdão pela fé nEle. “Quem não crê já está condenado” (João 3:18). O apóstolo Paulo disse: “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o

principal” (1 Tim. 1:15). Se o pior dos pecadores pôde dizer isso - como podem os seus pecados, meu amigo, impedi-lo de se voltar para Jesus Cristo? Mesmo assim, alguém poderia dizer: “meus pecados se tomam piores por causa de outros males - piores que os pecados que você mencionou”. Não penso que sejam. Todos os pecados que citei se tomaram piores do que precisavam. Você pode pensar que seus pecados são piores, porque você sabia a respeito de Deus e Seus mandamentos santos. O mesmo era verdade sobre Paulo e Pedro, Jonas e Davi. Você pode ter planejado fazer o mal. Assim fez Davi. Algo muito pequeno pode ter feito você pecar, isso foi o caso de Pedro e Jonas. Você pode ter pecado do mesmo modo muitíssimas vezes. Pedro também fez isso. Nossos pecados não podem se tomar tão ruins que jamais possamos encontrar perdão. Jesus prometeu que não lançará fora nenhum daqueles que vierem a Ele. Leiam as Suas palavras em João 6:37: “o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”. Outros podem dizer nesta altura: “você não especificou meus pecados; mencionou muitos pecados que foram perdoados -mas se apenas conhecesse meus pecados, você jamais poderia ter tanta certeza do perdão de Deus”. Em resposta, simplesmente peço que reflita sobre estas palavras da Bíblia, que nos dizem que Deus está disposto a perdoar todos os pecados. Vejam Êxodo 34:6-7: “Deus misericordioso.. .que perdoa a iniqüidade, e a transgressão, e o pecado”. Porventura isso não inclui todos os tipos de pecado? VejamEzequiel 18:21-22, que nos diz que se alguém abandonar todos os seus pecados, eles não serão lembrados contra ele. Acaso isso não se aplica a qualquer um? Vejam Mateus 12:31: “Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens”. Isso não se refere a todos os tipos de pecado? Todo o pecado será perdoado! “O sangue de Jesus. . .nos purifica de todo o pecado” (1 João 1:7). De fato não há nenhuma razão para você se recusar a vir a Jesus Cristo. Apesar de tudo isso, alguns ainda dirão que foram para além do perdão de Deus. Existem pessoas que pensam que são culpados do pecado contra o Espírito Santo. Pensam que estas palavras de Mateus 12:31-32 se aplicam a eles: “E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro”. Essas palavras de Jesus são muito sérias. Daí algumas pessoas

crerem que pecaram contra o Espírito Santo e não podem ser perdoadas. Quero tentar explicar este “pecado contra o Espírito Santo”. O que significa? Talvez possa dizer inicialmente o que o pecado contra o Espírito Santo não significa. O pecado contra o Espírito Santo não significa falar contra Deus quando estamos sendo tratados com crueldade ou machucados para que falemos coisas erradas contra Ele. Alguns dos cristãos a quem Paulo perseguiu fizeram isso. Foram tratados cruelmente, e forçados a falar contra Deus - mas não deixaram de ser cristãos. Disseram coisas más contra Deus - porém fizeram isso contra a sua própria vontade. O mesmo é verdade se falarmos mal de Deus quando estamos sofrendo de algum modo, quando estamos doentes e momentaneamente sem controle sobre o nosso modo de falar. A despeito disso, ainda somos crentes. O mesmo é verdade quando pensamentos maus sobre Deus, que não queremos ter em nossas mentes, vêm inevitavelmente. Nenhuma dessas coisas é pecar contra o Espírito Santo - pois todo o tempo, em nossos corações, ainda amamos a Deus. O pecado contra o Espírito Santo não é odiar, ou até perseguir o que é bom, enquanto verdadeiramente pensamos que é mau. O apóstolo Paulo perseguiu os cristãos antes dele ser convertido; mas foi perdoado por isso, pois perseguia os cristãos enquanto era incrédulo e não sabia que era o bem ou o mal. Assim, odiar o que é certo, antes de sabermos que é correto, não é o pecado contra o Espírito Santo. O pecado contra o Espírito Santo não significa ter ciúmes dos outros pelas bênçãos que Deus derrama sobre eles, ou reclamar pelo modo como Deus nos trata. Esses pecados foram encontrados em Jonas: ele ficou irado quando o povo de Níneve se arrependeu e quando Deus foi misericordioso para com aquela gente; reclamou contra o modo como Deus a tratou - ainda assim, Jonas continuou sendo um servo de Deus. O pecado contra o Espírito Santo não significa ir para longe de Deus e cair em pecados grosseiros: pois muitos crentes pecaram grandemente dessa maneira. Pedro até negou ao Senhor Jesus Cristo, entretanto foi perdoado. Resistir ao Espírito Santo, ofendê-10, ignorá-10: nada disso é o pecado contra o Espírito Santo, pois a Bíblia nos chama ao arrependimento desses pecados; se fossem imperdoáveis, como poderíamos nos arrepender deles?

Tentar suicidar-se, e até ter sucesso nisso, não é o pecado contra o Espírito Santo. O carcereiro em Filipo queria se matar, mas obteve perdão, como está explicado em Atos 16:27 e 34. Todos esses pecados são horríveis e merecem a ira de Deus se não nos arrependermos deles; porém nenhum deles é o pecado imperdoável contra o Espírito Santo. Então, o que é “o pecado contra o Espírito Santo”? Não é qualquer simples ato de pecado. É a rejeição e oposição ao caminho da salvação de Deus através de Jesus Cristo, que o Espírito Santo nos mostra no evangelho. O pecado contra o Espírito Santo é algo cometido contra Jesus Cristo, contra Seu sangue derramado pelos pecadores, e contra o Espírito Santo que traz as novas do perdão através do sangue de Jesus Cristo. He breus 6:4-6 fala desse pecado: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo. . . E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento”. E Hebreus 10:26 e 29 nos fala que, se deliberadamente continuarmos a pecar depois de recebermos o conhecimento da verdade, não resta outro sacrifício pelo pecado, pois pisoteamos sobre o Filho de Deus, tratamos Seu sangue como coisa profana, e insultamos o Espírito Santo. Isso é algo feito contra o Espírito Santo por alguém que compreende que Jesus Cristo é o Salvador dos pecadores e o caminho para Deus. É o pecado contra o Espírito Santo quando alguém a quem a verdade e o benefício da salvação através de Cristo foram mostrados pelo Espírito, deliberadamente rejeita essas bênçãos. Isso é o pecado contra o Espírito Santo, porque essa pessoa voltou-se contra o que o Espírito Santo lhe havia mostrado, e propositadamente se colocou contra Ele. De fato, como Hebreus, capítulo 6, versículo 8 diz: “quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”. O pecado contra o Espírito Santo, então, pode ser percebido claramente: é a absoluta recusa de aceitar que Jesus é o caminho de Deus para a salvação, por causa de um ódio malicioso contra Deus. E ninguém que tenha se arrependido pode ter pecado desse modo, pois o pecado contra o Espírito Santo nos deixa impenitentes e em rebelião contra Deus. Se você sente necessidade de Jesus Cristo, e da salvação através dEle, nenhum dos seus pecados é grande demais para separá-lo de Jesus. Venha agora para Ele, decididamente, e jamais temerá que seu pecado seja grande demais para ser perdoado.

Mais problemas dificultando que alguns venham a Cristo - e a conclusão disso tudo 1 Neste capítulo quero examinar algumas das razões pelas quais as pessoas não confiam em Cristo para salvá-las do pecado. “Não tenho o poder de crer”, dizem alguns. “Fé é dom de Deus: não podemos produzi-la por nós mesmos.” Bem, é verdade que a fé é dom de Deus, mas ao mesmo tempo, como tentei mostrar antes, Deus nos ordena que creiamos no Senhor Jesus Cristo. Ao ordenar isso, Deus deseja que percebamos que não temos poder para crer, de modo que peç amos esse poder a Ele. Nunca esqueçam que Deus prometeu nos dar um coração novo - um novo desejo de agradá-10 e obedecê-10. Deus nos diz, em Ezequiel 36:37 que permitirá que Seu povo Lhe peçapara fazer coisas por ele. Se você deseja verdadeiramente ser salvo, Deus não falhará em lhe dar o poder e a fé necessários. “Mas”, dizem outros, “tantas pessoas que creram em Jesus lamentam o fato de suas vidas serem tão pobres e mostrarem tão pouco de bom. Não quero ser como eles - infrutíferos e desanimados - de modo que não sinto que possa vir a Jesus Cristo”. Lembrem, entretanto, que Deus ainda ordena que creiam em Jesus Cristo. Pode ser que alguns cristãos não tenham feito progresso em decorrência de sua pequena fé - porém isso não é razão para que você não confie em Jesus Cristo. Mesmo os que fizeram o menor progresso, certamente concordarão que Cristo é a fonte de tudo o que é bom, e que Ele os recebeu com ricas bênçãos, como o Salmo 21:3 o coloca. Entretanto, alguns dizem que estão confusos sobre confiar em Jesus Cristo. Dizem que, às vezes, na Bíblia Deus parece estar oferecendo ser seu Deus sem sequer mencionar Jesus Cristo. Contudo, noutras ocasiões, são chamados a vir diretamente a Cristo. Como devemos chegar a Deus? É verdade que, quando Deus no princípio criou o homem, Adão era perfeito e podia vir diretamente a Deus. Mas quando Adão pecou, foi para longe de Deus e

não podia voltar para Ele. Por conseguinte, Deus abriu um novo caminho para que os pecadores voltassem para Ele - o caminho da fé em Jesus Cristo, o Salvador dos pecadores. Lemos sobre Jesus: “pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus” (Heb. 7:25). Assim, quando Deus nos chama de volta para Ele, quer que venhamos pelo único caminho possível confiando em Jesus Cristo. “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo: escutai-o” (Mat. 17:5). Espero que você possa ver que não há nada que impeça qualquer pecador de se voltar para Cristo para ser salvo do pecado. De fato, existe toda razão para voltar-se para Cristo agora. Deus ordena isso: Ele condenará a todos que não se voltam para Jesus Cristo; e nossa única esperança de paz com Deus, de perdão e tudo o que é bom e santo, está em Jesus Cristo. Espero que você seja um verdadeiro crente no Senhor Jesus Cristo. Espero que tenha percebido como Deus salva pecadores através de Jesus Cristo, que você queira Jesus Cristo mais do que qualquer outra coisa, que dê valor a Ele como o único Salvador dos pecadores, e que você esteja gozando paz com Deus através dEle. Entretanto, compreendo que muitos cristãos autênticos duvidam, posteriormente, se na verdade confiaram no Senhor Jesus Cristo. E muito fácil começar a duvidar se já cremos real e verdadeiramente. Assim, concluindo este capítulo, deixem-me sugerir algo que espero que ajude cada um de vocês que seja um verdadeiro crente no Senhor Jesus Cristo. Diga a Deus definitiva e claramente, falando em alto e bom som, que concorda com o caminho de Deus para a salvação através do Senhor Jesus, e assim tome clara sua aceitação de Sua salvação. É claro, ninguém tem que fazer isso para ser salvo: o importante é crer no Senhor Jesus Cristo em nossos corações, sinceramente. Ainda assim, penso que dizer que você crê dessa forma ajudá-lo-á e fortalecê-lo-á como um cristão. Tomará claro, para você, que existe um entendimento definido entre você e Deus, e desse modo ajudará a reforçar a sua fé e fixar você num modo de vida piedoso. Antes de continuar, deixe-me mostrar que existem boas razões na Bíblia, para dizer deliberadamente, em voz alta, que você concorda com o caminho de Deus para a salvação através de Jesus Cristo. Muitas passagens bíblicas falam do povo

de Deus afirmando que pertence a Ele. Pense em Isaías 44:5: “Este dirá: eu sou do Senhor”; ou em Zacarias 13:9: . .e ela dirá: o Senhor é meu Deus”. Quando Jesus, depois de levantar da morte, mostrou-Se a Tomé (aquele que havia duvidado), Tomé disse a Ele: “Senhor meu, e Deus meu!” (João 20:28). Fazemos questão de ser claros quando negociamos, ou fazemos algum acordo com outra pessoa. Quando um homem e uma mulher se casam, seu acordo é dito aberta e deliberadamente. Consentimento silencioso do coração não faz uma união legal. Além disso, a relação entre um crente e Cristo é, na Bíblia, às vezes comparada com um casamento. A coisa mais importante que podemos fazer é crer no Senhor Jesus Cristo. Acaso não deveríamos expressar nossa fé pessoal nEle clara e sinceramente? Afinal de contas, Deus fala claramente conosco. Tudo o que Deus fez para salvar pecadores foi feito de modo perfeitamente exato, claro e sincero. Como, então, deveríamos colocar nossa fé em Jesus Cristo em palavras? Primeiro, deveríamos fazê-lo com confiança. Sem dúvida, nossas palavras serão imperfeitas: não podem expressar tudo o que desejamos dizer. Mas 2 Corintios, capítulo 8, versículo 12, nos lembra que, quando temos uma mente disposta, Deus aceita o que podemos fazer, mesmo que não nos pareça o suficiente. “Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem, enão segundo o que não tem.” Em segundo lugar, devemos expressar nossa fé de maneira santa. Não devemos dizer que cremos no Senhor Jesus sem tomar muito cuidado: falamos com o Senhor Deus que é santo. Assim, devemos dispor do tempo para primeiro confessar nossos pecados e encher nossa mente com pensamentos da grandeza e do poder de Deus. Lembrem-se de como Davi falou com Deus: “grandioso és, ó Senhor Jeová, porque não há semelhante a ti, e não há outro Deus senão tu só” (2 Sam. 7:22). Nesse estado de mente deveríamos dizer a Deus que aceitamos Seu caminho para salvar pecadores através de Jesus Cristo, por nós mesmos, e que confiamos unicamente em Jesus Cristo para a salvação. Devemos ter cuidado uma vez que tenhamos colocado nossa fé pessoal em palavras dessa maneira. Se nos afastarmos de Deus, tendo dito que confiamos

em Jesus Cristo, nossas consciências ficarão inquietas. Assim, devemos manter tudo o que dissemos e nos firmar em tudo o que cremos, contra todo inimigo. Afinal, é uma vergonha para alguém que tenha se submitido ao caminho de Deus para a salvação, e que disse tê-lo feito, dizer ou fazer qualquer coisa contra Deus. Espero que você perceba que há grande valor em dizer em voz alta, perante Deus, que confiamos em Jesus Cristo. É certo que deveríamos dizer clara e definitivamente que deixados sozinhos estamos perdidos, longe de Deus e culpados perante Ele; que Jesus Cristo é o único que nos pode salvar e nos trazer de volta para Deus, e que aceitamos Seu caminho para a salvação, estamos gratos por ele, satisfeitos com ele, e confiamos a nós mesmos inteiramente a Deus, para sermos salvos à Sua maneira. Significará muito para nós estarmos seguros de que Deus sabe do dia e da hora em que aceitamos a paz com Deus através de Jesus Cristo, e viemos a Deus para ser Seu povo, vivendo em obediência a Ele. Pode ser que nem sempre você sinta tanto amor por Deus como gostaria; lembre-se que naqueles a quem Deus dá uma nova vida espiritual, ainda existe alguma coisa da natureza pecaminosa. No entanto, se você sabe que precisa do Senhor Jesus - fale desse modo com Deus. Você pode temer afastar-se de Deus; mesmo assim, o que mais você pode fazer, exceto vir para Seu caminho de salvação, uma vez que não há outro! Se você está convencido de que somente Jesus Cristo pode salvar, fale com Deus dessa forma. Você pode sentir que existem poucos sinais da vida de Deus em você, mas lembre-se que isso decorre de sua própria incredulidade e falta de cuidado, não da falta de vontade de Deus em recebê-lo. Deus está pronto a receber todos que venham a Ele; Ele nos ordena ir a Jesus Cristo e aceitar a Sua salvação. Oh, como desejo persuadir as pessoas a crerem que todas essas coisas são verdadeiras, de modo que se apressem em ir a Cristo, que vem, Ele mesmo, para julgar o mundo quanto a suas atitudes para com essas verdades! "Oh, como desejo persuadir as pessoas a crerem que todas essas coisas são verdadeiras, de modo que se apressem em ir a Cristo, que vem, Ele mesmo, para julgar o mundo quanto a suas atitudes para com essas verdades." Eis como William Guthrie (1620-1665) conclui The Christian's Great Interest (O

grande interesse do cristão) - seu pequeno livro sobre quem é cristão e como se tornar cristão, que aqui apresentamos numa forma reduzida e reescrita para os leitores de hoje. PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS Rua 24 de Maio. 116- 3e andar - salas 14-17 01041 -000 - São Paulo - SP

1 Continuação do capítulo 3, incluindo o capítulo 4 do original, por Guthrie