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Portugueze Pages [172] Year 2010
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129826
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
FUNDAÇÃO EDITORA DA UNESP Presidente
do Conselho Curador
Herman
Voorwald
Diretor-Presidente José Castilho Marques
Neto
Editor-Executivo Jézio Hernani
MICHEL VOVELLE
Bornfim Gutierre
Assessor Editorial Antonio
Celso Ferreira
Conselho Editorial Acadêmico Alberto Tsuyoshi Célia Aparecida
Ikeda
Ferreira Tolentino
Eda Maria Góes Elisabeth
Criscuolo
Ildeberto
Muniz de Almeida
Luiz Gonzaga
Urbinati
Marchezan
Nilson Ghirardello Paulo César Corrêa Borges Sérgio Vicente Motta Vicente Pleitez
AS ALMAS DO PURGATÓRIO ou O TRABALHO
DE LUTO
Editores-Assistentes Anderson
Nobara
Arlete Zebber Ligia Cosmo Cantarelli
TRADUÇÃO
ALINE MEYER E ROBERTO CATTANI
~
editora unesp
suMÁRIo
© 1996, Éditions Gallimard Esta edição foi publicada por um acordo com Éditions Gallimard Título original em francês: Les âmes du purgatoire, ou Le trauail du deuil © 2008 da tradução brasileira: Fundação Editora da UNESP (FEU) Praça da Sé, 108 01001-900 - São Paulo - SP Te!.: (Oxxl I) 3242-7171 Fax: (Oxxll) 3242-7172 www.editoraunesp.com.br www.livrariaunesp.com.br [email protected]
Introdução
13
Em busca do terceiro local
23
CIP - Brasil. Catalogação na fonte Sindicato nacional dos editores de livros, RJ V953a Vovelle, Michel, 1933As almas do purgatório, ou, O trabalho de luto/Michel Vovelle; tradução Aline Meyer e Roberto Cattani. - São Paulo: Editora UNESP,2010. 346p. : il.
O apogeu do purgatório na idade clássica
121
Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte do purgatório
209
Conclusão
321
Bibliografia
331
Índice das ilustrações
337
Tradução de: Les âmes du purgatoire, ou Le travail du deuil Inclui bibliografia ISBN 978-85-7139-998-3 l. Purgatório. 2. Purgatório na arte. 3. Morte - Aspectos religiosos - Cristianismo. 4. Aflição - Aspectos religiosos - Cristianismo. I. Tírulo. lI. Título: O trabalho de luto. 10-0254.
CDD: 236.5 CDU: 27-188.6
Editora afiliada:
Asocraciõn de Edltortales uruversuartas de Amér1ca Latlna y et Cartbe
Associação Brasíletra de Editoras Unlversttârtas
Aqui içao:
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sugestivos, que tentaremos comparar com ilustrações recolhidas na
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com a exceção de algumas monografias, mas na França as coleções
Itália e em outras proveniências. As imagens, a partir daquele período, são datadas e identificadas pelo nome do produtor (mais frequente que o nome do artista ou do gravurista). Sua origem é localizada: Paris, e mais ainda Épinal, mas também Caen, Le Mans, Beauvais, Clermont... A província
(Figura 72) S P [R IT (J E L Recondução ~~. dos temas mais 'r=;::-==~=r.=;E~~~~2F====;;;Ç-II~u"\ J!' 1I tradicionais num A••""~.
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CHIESA DI S. GIOVANNI DEI PADRI CARMELlTANI
BAmSTA • RAVENNA
recebia as oferendas, perdeu hoje seu decoro e seu prestígio. Da mesma forma, em Trapani e em Catania, as capelas das almas do purgatório estão hoje fechadas, e abrem só ocasionalmente, enquanto encontramos em Palermo (San Matteo), Nápoles (Nossa Senhora do Purgatório em Arco) e em Matera igrejas abertas e aparentemente bastante frequentadas. Nas penínsulas mediterrâneas, entretanto, numerosas telas testemunham uma demanda persistente, até a metade do século
xx. De Gê-
nova até Madri, e em outros lugares também, observamos imagens cuja inspiração inscreve-se na continuidade direta da temática do século anterior, do qual prolonga o espírito. Na Espanha, levantamentos sem exaustividade assinalam telas e baixo-relevos recentes, durante a década de 1940 principalmente. Contudo, é na Sardenha, em Cagliari, que encontramos a figuração mais impressionante e mais recente de um purgatório monumental, dentro da grande tradição. A igreja Nossa Senhora do Carmo, muito atingida pelos I MA
no PURGATÓRIO
(Figura 95) Há vinte anos, este oratório, colocado na entrada das catacumbas dos Capuchinhos de Palermo, ainda recebia oferendas. Hoje ele foi "modernizado" e banalizado. AS ALMAS DO PURGATÓRIO
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
bombardeios de 1943, foi reconstruída na década de 1950-60. Um retábulo antigo, representando a Virgem do Carmo, foi conservado: (Figura 96) a surpresa não é essa, mas a decoração em mosaicos do fundo da nave e de sua cúpula, completada em 1965 por Sassu, um artista conhecido, que trabalhou também em Milão e nas Baleares. Antifascista, representativo de uma corrente de arte sacra da qual alguns sardos mais cáusticos nos contaram que floresceu na época da reconstrução dos anos de ouro da hegemonia democrata-cristã. Esse purgatório da véspera do Concílio Vaticano II é um purgatório pugnaz, de reconquista católica e de reafirmação doutrinal. Na base da decoração, duas fileiras sobrepostas de retratos de pontífices e padres da Igreja. Mas o que atrai a atenção para a parte central é o personagem gigantesco de um profeta barbudo, empoleirado em um rochedo - o monte Carmelo -, no qual podemos reconhecer o profeta Elias, o que não chega a surpreender numa igreja carmelíta, ainda que isso represente uma ocorrência rara em nosso corpus. Mas não há nenhuma ambiguidade no gesto imperioso do profeta, numa postura neobarroca, indicando com uma mão o inferno, e com a outra o céu. É mesmo Elias, denunciando a descrença dos hebreus, e os falsos deuses de ontem ... ou de hoje. De um lado e do outro do personagem central, há o contraste violento entre os dois lugares que retomam o imaginário do julgamento final: à esquerda um inferno de sofrimentos, de labaredas e desespero, dominado por um São Miguel aterrorizador, de gládio na mão; enquanto à direita, uma incandescência suave envolve aqueles que não estão perdidos, alguns deles vestidos e, ao que parece, ainda empenhados nas ocupações desse mundo, outros nus, sofrendo, sem dúvida, mas progressivamente liberados e acolhidos por um anjo simétrico ao anterior, que lhes abre o céu. Escatologia original, pelo desaparecimento do paraíso, reduzido a uma aspiração ou uma promessa. AI MA DO PURGATÓRIO
(Figura 96) Nos mosaicos da igreja de Nossa Senhora do Carmo em Cagliari, a silhueta gigantesca do profeta Elias reveste, na época da Guerra Fria, uma função de admoestação contra as tentações do mundo moderno.
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
Associando arcaísmo e modernidade, esse purgatório da Guerra Fria
Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
o espaço francês:
uma retração precoce
fornece um testemunho, do qual não temos como dizer, por falta de outras referências, se representa um caso atípico ou um panorama
Essa mudança vale sem dúvida para o caso da França, ao longo
da alma coletiva na Itália pós-guerra. Ele ilustra, de qualquer forma,
das etapas de uma derrota cujas sequências podem ser observa-
a cesura que parece ampliar-se entre a área mediterrânea, ainda
das no testemunho da expressão gráfica desde a Primeira Guerra
ligada a representações tradicionais, e a exceção que representa
Mundial. Vamos arriscar um paradoxo: nos altares da Provença,
o caso francês. Nas regiões em que os restos da antiga religião
a reviravolta apareceu quando as lajes dos mortos da guerra de
popular "mágica" coexistem com uma prática religiosa católica,
1914 substituíram com frequência as imagens das pobres almas
muito exteriorizada e ritualizada, a crença no purgatório tange uma
sofredoras. Mesmo querendo evitar as generalizações abusivas,
sensibilidade ainda viva e profundamente arraigada.
já que não podemos considerar esse fato um fenômeno geral, os
Esses indícios confirmam o que foi descrito por outros pesquisadores
exemplos são significativos: a catedral de Embrum insere a lista
desde o Mezzogiorno, estudado de forma tão ampla, até a Córsega
de seus mortos no centro de um retábulo antigo, parcialmente
(objeto de vários estudos), a Espanha e Portugal.
renovado no século XIX com um altar de mármore. Em Puget-
Sem rebelar-se, o historiador fica incomodado em ver-se nova-
-sur-Argens, no Var, a imagem do retábulo clássico foi tapada por
mente confrontado com o problema costumeiro das sobrevivên-
um grupo em gesso de uma Vitória alada acolhendo um poilu"
cias da antiga "religião popular" e de suas formas de cristianiza-
num uniforme azul, ajoelhado na frente dela, (Figura 97A) repro-
ção: lemos com atenção as narrações dos eruditos, mas também
duzindo de forma quase mimética o gesto do anjo na imagem
dos pesquisadores corsos, as descrições de antropólogos portugueses ou norte-americanos sobre o norte de Portugal (Coletivo,
que oculta. A imagem que apresentamos aqui é uma lembrança
1983; Goldey), para confrontá-Ias com as de Jeanne Fribourg
gruente foi removida mais tarde; da última vez que passamos ali,
sobre a Espanha e em particular sobre a Navarra (Coletivo, 1979;
o poilu e a Vitória haviam sumido, relegados ao esquecimento.
Fribourg, p.349ss.), Luis Carandell (975) sobre a Galícia ... com o
Anedotas, sem dúvida, mas talvez um pouco mais que isso, pois
risco de fixar-se sobre a sensação de uma rede de ritos imutáveis,
o caso não é isolado: em Lançon (Bouches-du-Rhône),
não só nos conservatórios rurais de lendas obscuras contadas
como em Flassans (Var), há Vitórias aladas, envoltas em bandei-
pelos anciões, mas na prática comum. São os próprios autores a
ras tricolores, dominando altares de mármore preto e branco. Em
sugerir as nuances: "até ontem", diz Jeanne Fribourg, "until re-
Villelaure, no Lubéron, a lista dos mortos é rodeada por duas
cently" [até recentemente], sugere Patricia Goldey, "en nuestra juuentud", especificam os informantes de Luis Carandell. Mas até
pequenas estátuas policromadas: (Figura 97B) um poilu à direita,
de outras épocas: fotografado há 25 anos, essa montagem incon-
assim
quando? A memória é um auxílio precioso, mas apto a atribuir uma sobrevivência talvez ilusória a esses indícios residuais, e a mascarar as mudanças. ~I M4 DO PURGATÓRIO
24 Poilu (peludo) era a giria francesa para indicar os soldados de infantaria, especialmente durante a Primeira Guerra Mundial, e deriva do argot para "corajoso", "viril". a., em português antigo, a expressão "barb~eso". (N.T.)
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
(Figura 97AR) Em várias igrejas provençais (A, Puget-sur-Argens; R, Villelaure), a guerra 1914-18 substitui às almas do purgatório a promessa de imortalidade para os mortos da comunidade. A Vitória substitui o anjo e Vercingétorix, os santos intercessores.
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
(Figura 98) Uma mulher nua entre as chamas ... mas sobretudo a promessa da ressurreição anunciada pelos anjos: nos afrescos da capela Saint-Clair em Sete, o purgatório busca uma nova expressão.
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
um gaulês à esquerda, ambos de capacete. Em outros sítios menos
aggiornamento= geralmente é aplicado acrescentando ao altar
iconoclastas ou mais respeitosos do passado, a imagem antiga foi
uma estátua - Santa Rita em Saint-Tropez ou em Carcassonne,
simplesmente movida (mas a marca ainda é visível) ou, em mais
mais frequentemente a Virgem de Lourdes, às vezes São José -,
ou menos dez casos, as placas comemorativas foram justapostas
indícios que, numa época em que as confrarias, ou as associa-
dos dois lados do retábulo. Em Cannes, na igreja da Boa Espe-
ções piedosas que as substituíram, não existem mais, a finalidade
rança, a imagem do século XVIII foi embutida numa decoração
maior do altar fica mais obscura, no quadro de uma sensibilidade
de afrescos evocando a guerra (Cousin, 1970, p.94). Mais de uma
coletiva modificada. Nem por isso podemos concluir que as almas
vez, a presença redundante das estátuas de São Miguel e de joana
do purgatório sumiram da memória dos fiéis: muitas vezes, o que
d'Arc, de quem frisamos o retorno desde o fim do século XIX, reforça a tonalidade patriótica do conjunto.
Bretanha, é a modesta caixa para as oferendas às almas ou para as
Isto não quer dizer que queremos transformar a grande hecatom-
missas em sufrágio dos defuntos, frequentemente acompanhada
be coletiva no evento traumático que teria expulsado as almas do
pelo placar desses ofícios durante a semana. Queimam-se velas,
purgatório, sancionando (ao mesmo tempo que o cristianizava) o
cuja frequência já destacamos na época das festividades de To-
sobrevive, nos lugares onde os altares eram mais raros, como a
triunfo da imortalidade cívica da forma como a concebia o século
dos os Santos ou das Palmas, de forma às vezes insólita quando
XIX. Em outros lugares, as recaídas do evento podem eventualinen-
revelam, numa igreja, a localização de um retábulo desaparecido.
te traduzir-se em termos não de substituição, mas de despertar da
Testemunho - durante quanto tempo ainda? - de uma memória ainda viva.
devoção do purgatório; pensamos, por exemplo, no caso singular da johanniskirche de Sarrebrück, na qual uma família de notá-
-
Quais fiéis para quais almas? A pergunta se revela difícil quando
veis, que perdeu um filho em 1917, mandou erguer uma capela
somem os testemunhos da expressão gráfica, quando as confidências
inteira ao mesmo tempo às almas e aos mortos da guerra. Consi-
rareiam. Nos sítios onde a fidelidade se prolonga, como na Espanha,
derando a Espanha e a Itália, a cesura que detectamos na França
os interlocutores de Luis Barberran nos revelam alguns fragmentos,
não tem equivalente.
que convém decodificar: se o conservatório da Galícia, e em segun-
A partir da década de 1920, na área francesa, a corrente de cria-
da ordem a Andaluzia, fornecem ainda uma fartura de narrações
tividade, ou simplesmente de fervor continuado, que suscitara
de mortos hostis e vingativos, o diálogo cotidiano, da forma como
até então obras e remanejamentos
conforme as modas, vai se
ele o reconstitui, privilegia, pelo contrário, a imagem que vimos
esgotando. Encontramos na Provença raros exemplos de imagens
constituir-se no século anterior, com um intercâmbio apaziguador
repintadas nas primeiras décadas do século XX, de uma fatura
entre a família dos mortos e a dos vivos, no qual os primeiros se
honestamente aflitiva. Uma razão a mais para destacar a singularidade de um ciclo de afrescos (Figura 98) da década de 1960, em Sete, na capela Saint-Clair, tentando oferecer uma visão rejuvenescida do terceiro local. Exceção confirmando a regra: pois se há ~I MA
no PURGATÓRIO
25 Palavra italiana usada a partir do ConcilioVaticano 11para indicar as novas tendências na Igreja e a adaptação aos principios modernizadores do Concilio. (N. 1)
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
tornam intercessores privilegiados, aos quais confidencíar-se, dos
estável, baixou no mesmo período só de 66% para 61%, o além ao
quais esperar pequenos serviços, mas, mais que tudo, com os quais
qual eles se referem tornou-se cada vez menos delineado. Mesmo
tenta-se manter um laço invisível de afeição renovada, na espera
assim o além permanece arraigado nas esperanças de perto da meta-
de uma reunião depois da morte. Menos sofredoras do que antiga-
de da população na década de 1970 a 1980, e alcança hoje 60% dos
mente, essas almas, convencidas de sua salvação, esperam tanto o
sufrágios, enquanto a proporção daqueles que o negam regressou de
paraíso quanto seus entes queridos. Melhor conclusão possível no
53%para 25%.O que mais cresce é o número daqueles que declaram:
melhor além-mundo possível, na convergência da prática cristã e
"Há algo, mas não saberia o quê". Diante de uma solicitação para
do "culto" familial dos mortos.
dizer mais, descobrimos que o inferno, que uma década atrás pare-
Para aprofundar essas anotações impressionísticas, tentamos ir mais
cia desvanecer dos temores coletivos, obteve um retorno marcante
longe, abandonando por enquanto a imagem que nos escapa, para
em 1994, de 23% a 33%, mesmo que isso seja ainda uma presença
averiguar o que dizem as sondagens contemporâneas ou, de forma
escassa; mas o purgatório, que nos interessa mais diretamente, não
mais indiscreta, as preces atuais.
está nada melhor: 35% acreditam nele e, entre eles, 44% daqueles que se dizem católicos e 71% dos praticantes.
Atrás do silêncio da imagem
A França não representa uma imagem confiável do Ocidente: há tempo, aquela que era considerada "a filha primogênita da Igreja"
Vamos tentar discernir as causas do silêncio que se instaura, ao
está dando o mau exemplo, e os dados comparativos dos quais
longo do século XX, não só na França, sugerindo o esgotamento
dispomos para os países vizinhos, infelizmente incompletos, atestam
do imaginário do purgatório, antes mesmo de chegar a medi-lo.
um nível de crença no além geralmente maior. Mesmo se temos
Evitaremos ficar muito longe da imagem, tentando respeitar a esco-
de relativizar a tendência no espaço, podemos sem imprudência
lha feita desde o começo. Mas quando ela própria nos abandona,
retê-Ia no sentido geral. Essa evolução, aparentemente linear até
torna-se necessário interrogar-se sobre o que aconteceu com o além
ontem, revela hoje uma paisagem mais complexa, com um recuo
para os homens do século XX, de ontem a hoje.
marcante dos dogmas professados pela Igreja Católica, seguindo
A lição das pesquisas de sociologia religiosa, que foram se multipli-
uma tendência contínua que acompanha a descristianização con-
cando desde 1968 até 1994 na França, mas também na Europa toda,
temporânea. O retorno do sagrado, que a pastoral católica esperava,
embora de forma mais imprecisa, nos leva para algumas constatações
não tomou as formas previstas, mas nem por isso pode-se dizer
bastante rudes." Se 67% dos franceses se declaram hoje católicos (a
que o ideal do pensamento racionalista ou cientista de uma leitura
proporção era de 81% dez anos atrás), e se a crença em Deus, mais
desmistificada da aventura humana triunfou. Um novo irracionalismo difuso manifesta-se por meio de uma proliferação de bricolagens ideológicas individuais (ou até coletivas, no contexto das seitas),
26
M MA UU PURGATÓRIO
Citamos esses dados estatisticos até 1980 em nossa obra la Mor! e! /'Occiden! de 1300 à nos jours, 1983, p.713-6. Os dados mais recentes são fornecidos pela pesquisa de 1994 publicada pelo jornalle Monde e a revista la Vie: "tes croyances des trançais', ta Vie, n.2541, 12 maio 1994.
elaborando sincretismos variados, que se valem da herança cristã (mas exonerando-se da noção de pecado), e frequentemente de AS ALMAS DO PURGATÓRIO
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
outras místicas 01% acreditam na reencarnação). Mesmo sem já não
dos vivos. Essa necessidade de continuidade inscreve-se no cli-
confiar na ciência, 39% dos franceses acreditam nos extraterrestres
ma de defesa contra qualquer interpretação laxista, manifestada
e 71% acreditam na transmissão do pensamento; e 37% dos pes-
já em 1977 por Paulo VI e mais tarde, com vigor renovado, por
quisados acham que os espíritos dos mortos podem comunicar-se com os vivos. Os crentes, assim como os descrentes, participam
João Paulo II, numa sucessão de textos, de 1979 a 1984. Na base das convergências esperadas, o catecismo francês manifesta uma
dessa redistribuição dos papéis, na qual cada um faz suas esco-
abordagem diferente, para interrogar-se sobre "o além na espe-
lhas: ainda há uma pequena parcela de praticantes encerrados no
rança cristã", constatando que a lembrança do céu, do inferno e
sistema ternário paraíso-purgatório-inferno
(11% dos franceses),
do purgatório "tende a apagar-se". Os bispos advertem contra as
mas a maioria acredita na comunicação entre vivos e mortos. Para
imagens ("não é possível descrever o que se afasta da experiência
uma parte desses, destaque dado à promessa de ressurreição pela
sensível") e reafirmam, assim como os pontífices, as verdades da
nova escatologia cristã afastou as considerações tradicionais sobre
fé, organizadas em volta da ressurreição do Cristo, que esclarece
a contabilidade do além-morte.
o conceito de ressurreição dos mortos. O purgatório ocupa, nesse conjunto, um espaço modesto ("etapa de purificação que pode ser
Questionamentos e reiterações da Igreja
necessária"); "não se trata de um tempo ou de um lugar, é melhor falar de um estado", de qualquer forma não de punição, melhor
Não podemos nos abstrair das reações e das estratégias da Igreja
I MA IlU ~UR ATÓRIO
considerá-Io uma tomada de consciência dolorosa da necessidade de deixar-se purificar.
Católica, até ontem dona e regente da economia do além - mesmo visando a abordar o problema "por baixo", conforme ficamos sa-
Temos nesse texto o eco e o ponto de chegada de um caminho do
bendo das representações coletivas.
qual poderíamos seguir (Vovelle, 1983, p.720s.) - não o faremos - as
Pedimos desculpas por distinguir, para abreviar, com toda a sorte de artifício que isso comporta, os discursos e as prescrições da
etapas desde as décadas de 1940-60,o pré-concílio, com o ensaio de Mathieu Landsberg sobre L 'expérience de Ia mort [Aexperiência
Igreja como instituição da proliferação de reflexões e interrogações
da morte], e as Riflessioni sui fini ultimi [Reflexões sobre os fins
coletivas de um período marcado por grandes mudanças, do qual
últimos] de Romano Guardini. Na década de 1960, a publicação
o Concílio Vaticano II foi o momento crucial. No discurso oficial, aparentemente as reiterações prevalecem, se
do catecismo holandês, as obras de K. Rahner, Zur Tbeologie des Todes [Para uma teologia da morte, (963)] e de G. Martelet,
nos referimos ao Catecismo para adultos dos bispos da França
Victoire sur Ia mort [Vitória sobre a morte, (962)] sintetizaram
0992a), e mais ainda ao Catecismo da Igreja Católica, publicado
a nova abordagem, contestando o esquema dualista platônico da
em 1992 sob a autoridade da Santa Sé (1992b). Este, apoiando-
separação da alma e do corpo, advertindo contra qualquer leitura
-se na autoridade dos concílios e da tradição, reitera o dogma do
literal da ressurreição da carne. O purgatório, assim como o inferno
sofrimento necessário para purgar as culpas, e insiste, lembrando
e o paraíso, não são contestados, mas fogem às categorias humanas
a prática das indulgências, na necessidade das preces e das obras
do espaço e do tempo. Em G. Martelet, o purgatório sem drama AS ALMAS DO PURGATÓRIO
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
torna-se sequência transitória de purgações das escórias que impe-
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
de lamentação sobre o desaparecimento das imagens do purgatório.
dem o homem de gozar imediatamente da visão de Deus.
Entretanto, o que oferece a Provença, nas duas pesquisas, entre 1965
Apesar das advertências - ousaremos dizer dos arrependimentos? -
e 1969, e trinta anos depois, na década de 1990, é uma impressão de
da cúria romana, o que predomina hoje é essa leitura pós-conciliar.
derrocada. Desde o começo, ficamos sensibilizados com a situação
Para nos convencermos disso, é suficiente comparar os livrinhos
ameaçada das riquezas iconográficas que descobrimos: telas reti-
publicados em 1960 pelo vigário deão do Fousseret, sob o título Instructions d 'un euré à ses paroissiens sur le eulte des morts
radas das paredes e abandonadas em muitas igrejas, à espera que
[Instruções de um pároco a seus paroquianos sobre o culto dos
da vontade de rejuvenescimento da decoração interna dos lugares
mortos), ou pelo cônego Jean Michel em 1959, valendo-se de uma
de culto, que tornava incongruentes as decorações macabras da
meditação quase medieval sobre o "transido?" para nos convidar a
devoção de outros tempos. Nesses trinta anos, o movimento foi se
nos prepararmos para a morte, com a obra de Christian Biot (1993) sobre Ia Célébration des funérailles [Acelebração dos funerais].
acelerando, pelo que podemos julgar, ainda mais agora que a maior
Esse livro desvenda os escrúpulos de um pastor operando num
sempre as produções mais recentes da arte sulpiciana do século
hospital, cuidando da assistência dos moribundos, mas mais ainda
XIX que padecem por causa desse aggiornamento,
do labor de luto dos sobreviventes ...
misturam considerações estéticas e litúrgicas: Virgens do Sufrágio
"Cuidado com nossa imaginação", nos diz o cardeal Etchegaray, dura
desaparecidas, como em Salon-de-Provence, mas também Cristo do
admoestação para o apreciador de imagens, e especifica:
Sagrado Coração eliminado brutalmente da catedral Maior de Mar-
alguém as leve, testemunhas legítimas, sem dúvida, mas desoladoras
parte das igrejas está fechada por questões de segurança. São quase no qual se
selha. Será possível salvar o purgatório, perguntamos sem ironia? É Na predicação e na iconografia, havíamos chegado a tratar o purgatório como um inferno não eterno, a contabilizá-Io como se fosse questão de anos ele cadeia. É claro que nào podemos pensar sem imagens, mas é preciso evitar deixar solta nossa imaginação, precisamente onde a Igreja nos ensina a sobriedade e a discrição.
preciso voltar então para Montligeon, que mantém sua imponência. Não chegamos a visitar a basílica num dia de grande afluência, mas a "empresa" - se nos perdoam a expressão - continua próspera, assim como a tipografia anexa. Ela mobiliza considerável quantidade de empregados para a gestão dos milhares de pedidos de afiliação
A derrota dos santos
e de missas que recebe todo ano, assim como para a redação de seus folhetos e boletins. É claro que essas quantias não podem ser
Parece não haver muito espaço para a transcnçao gráfica. Não
comparadas com aquelas do apogeu da década de 1900, mas sua
adianta expressar o último quadro da nossa proposição em termos
irradiação continua relevante na França, especialmente na região Oeste, em vários países europeus (Bélgica, Espanha, Irlanda, Alemanha, mais do que na Itália), e até na América Latina e na África
27 Es [Férias no purgatório], só
namorado da garota de programa reconvertida. O apólogo acaba com outra imagem paradisíaca, bem concreta, com a família zar-
queria ser uma diversão para as famílias no sábado à noite. Entre-
pando no iate do namorado rico rumo à América... Seria ingênuo,
tanto, continha os elementos para um compêndio sobre as imagens
tratando-se de um filme cômico sem muitas pretensões, lamentar
"portáteis" da nossa época, aptas a fornecer um suporte figurado às
a evidente erosão dos valores morais que parece contaminar até o
crenças que evocamos de forma abstrata. Os destinos cruzados das
além, pelo pouco que subsiste. Apostamos que o filme não deve ter
na sociedade consumista. O único sem redenção possível, no fil-
duas protagonistas, uma garota de programa e uma mãe miserável
31
M
PO PURGATÓRIO
Filme de Marc Simenon. Atores: Marie-Anne Chazel, Michel Pilorge.
32 Jornal do partido comunista francês. (N. T.)
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
317
-~•..•..... - -
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Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatôrio
Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
incomodado
as consciências
de um público para o qual se exibem
os chavões da época.
L'Écho des Sauanes= na edição de maio de 1994, chama a nossa atenção com uma capa atiçadora. Sim, é mesmo uma penitente purgatório
a criatura de sonho, cuidadosamente
penteada
do
e ma-
quiada, que nos seduz em sua nudez parcialmente
mascarada pelas
chamas que a envolvem, sem alterar, aparentemente,
sua serenidade
provocadora.
sob o título Les âmes
Aliás, a identificação,
du pur-
gatoire [As almas do purgatório], revela que se trata (Figura 102*) de uma modelo, numa foto de 1990. O que tem a ver sua presença numa revista que não se apresenta Vejam-se as matérias
anunciadas
como uma leitura instrutiva?
na capa: "Os mortos ajudam
a
vender mais?", "O que há de novo sobre o sexo na Inglaterra?", "As sociedades
secretas eróticas": a segunda, evocando práticas sadoma-
soquistas, aponta conexões
instrutivas, mas é claramente
à terceira
matéria que a imagem de capa se refere ... Atiçados dessa forma, evitaremos
apresentar
a mistura de emoções
reflexões retrospectivas
e anacrônicas
que as representações
da Idade Média até a
era barroca, nas quais não faltavam penitentes suscitar nos devotos dos séculos passados." imagem de piedade
apetitosas,
podiam
Um bom exemplo
(Figura 101*) do século :XX, encontrada
feira da cidade mexicana de Aguascalientes.
sobre
é a
numa
As similitudes são no-
táveis: haveria contrafação? Mas há também diferenças: acorrentada, a penitente
méxico-hollywoodiana
levanta um braço para o céu,
para o qual ela mira com um olhar ao mesmo tempo desesperado agradecido. Já a modelo se oferece voluntariamente,
e
nos fitando de
(Figuras 101* e 102*) A imagem, descoberta numa feira mexicana (Aguascalientes) por nosso amigo Jean Meyer, havia sido reproduzida em 1986 em La mort et I'Occident, como lembrança irônica de uma figuração que se tornou exótica. A surpresa foi encontré-la na capa de L'Écho des Savanes (convidendo-nos para novos devaneios).
33 Revista mensal francesa de informação alternativa como erotismo, sátira e histórias em quadrinhos. (N. T.) 34 Discriçãopela qual poderemos ser criticados. Será que por causa desse recato, falhamos numa interpretação psicanalítica do purgatório, no qual nossos antepassados se deleitavam torturando os seus? Sejamos gratos a L'Écho des Savanes por nos permitir entreabrir essa porta.
A !lU PUR~ATÓRIO
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
319
Do século XIX ao XX: metamorfoses e morte no purgatório
forma provocativa, os dois braços levantados como para se submeter
CONCLUSÃO
à nossa concupiscência ... Coitado do purgatório, transformado no
suporte derrisório das nossas assombrações sadomasoquistas! A imagem liberada peregrina por estranhos caminhos. Quem quiser reeditar as aventuras medievais do cavaleiro Owein no purgatório de São Patrício terá de disputar com os filhos a tela da televisão para brincar de Nintendo, com Mario ou Luigi, os heróis que o guiarão por um dédalo de subterrâneos que deverá percorrer, tinas incandescentes, o lago profundo - de profondo lacu! - tomando cuidado com os monstros que avançam nele de repente e a boca de inferno na qual periga despencar. Nada demais: na pior das hipóteses, o
Voltamos, no fim do percurso, à ambição expressa no começo: par-
pior que pode acontecer é voltar ao ponto de partida. Da espera da
tindo das fontes iconográficas, tentar seguir, sob um dos aspectos,
libertação, passamos ao delicioso suplício do frisson prolongado.
o relacionamento dos homens com seus mortos, e as estratégias do
As imagens vivem mais do que as ideias: formas vagantes, elas nos
trabalho do luto. Conseguimos respeitar o contrato? Adotamos de
revelam, em seus avatares mais inesperados, um reflexo do além
propósito um procedimento descritivo e prudente, deixando claro
que achávamos perdido.
tudo o que a pesquisa pode apresentar de incompleto e problemático: dessa forma, será que as árvores encobertaram a floresta, quero dizer, a casualidade profunda que rege a evolução, na perspectiva de longo prazo? Por intermédio da imagem, observamos a ideia do terceiro local buscando a si mesma, se impondo e depois talvez morrendo. Vamos admitir: não conseguimos espreitar seu nascimento, nos séculos em que não havia suporte figurativo, nos quais Jacques Le Goff acompanhou, durante a primeira Idade Média, o que inicialmente era uma ideia, um estado antes de se tornar um lugar. Defasagem cronológica análoga aos silêncios que levantam interrogações, e de certa forma enriquecem. Essa defasagem inclui o prazo inevitável para que uma imagem ganhe corpo, e aquele que separa uma especulação doutrinal, mesmo enriquecida dos sonhos de uns poucos, da difusão popular começando do século XII ao XIII, mas precisando do auxílio da representação para se fixar. Não vamos apressar as
MA OU I'URGATORIO
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
321
Conclusão
A UO PURGATÓRIO
Conclusão
coisas antecipando: o purgatório das iluminuras dos livros de horas
tação radical do terceiro local por causa dos excessos da proliferação
não está aberto para todos no século XIV,ainda que algumas pedras
insana da qual o sistema de indulgências era o exemplo, resta que
fundamentais - o retábulo de Narbona - testemunhem ao mesmo
o que motivou na consciência coletiva sua aparição, e depois sua
tempo uma recepção e um projeto pedagógico elaborado em volta
adoção, permanece a recusa, pela humanidade média, do castigo
do que já se tornou dogma.
eterno; o que fazia dela uma conquista e até, poderíamos dizer, um
Os historiadores ilustraram as condições nas quais aconteceu essa
valor progressista. Perseverando no que pode parecer uma argu-
virada, em termos de mutação das mentalidades, refratada no ima-
mentação ingênua, podemos nos perguntar o que os reformados
ginário. É uma tomada de consciência individual, que se recusa a
fizeram com os mortos trancados na penitenciária, de certa forma
partir daquele momento a se deixar encerrar no esquema binário
misericordiosa, da expiação temporária; ainda que Martinho Lutero
dos dois locais, inferno e paraíso, na época em que a sociedade
tenha respondido evocando o sono "profundo, forte e suave" dos
cavalheiresca começa a mudar de articulação e elabora um novo
eleitos à espera da ressurreição. Mas, e os outros? Convém adotarmos
direito, reflexo de uma nova visão do mundo, na qual se afasta a perspectiva oprimente do fim dos tempos iminente.
os paradoxos sadiamente provocatórios de Nathalie Z. Davis, que busca as consequências, nos países reformados, desse impedimento
Segundo esse esquema nítido, podemos mensurar, por meio do
do trabalho de luto, e perguntarmos se não seria por isso que há
testemunho privilegiado da imagem, por que caminhos, frequentemente obscuros e às vezes inesperados, o terceiro local toma
tantos fantasmas nos castelos da Escócia. O universo católico da Contrarreforma soube levar vantagem desse
forma, nos séculos nos quais as representações se multiplicam e
dilema fazendo da pastoral da morte, na qual o purgatório, sanção
sua recepção ampliada difunde-se a partir de epicentros iniciais. Os
severa mas comedida dos pecados dos homens, tem lugar de des-
mortos duplicados de uma antiga religião, que seria errado qualificar
taque, uma das peças capitais de sua reconquista das almas. Aqui
prematuramente "popular", batem em retirada por etapas progres-
podemos inscrever, mais facilmente do que antes, essa realidade
sivas. O purgatório infernizado continua associado, na maioria das
da ordem da fé num contexto mais amplo de controle social, re-
vezes, nos afrescos e nos primeiros retábulos, à referência ao ]uízo
lativizando o que cabe à ação voluntária dos clérigos. Evocando,
coletivo, sempre ameaçador. Purgatório infernal, purgatório aquático,
conforme Michel Foucault, o quadro geral do "grande trancamento"
purgatório prisão ..., ainda encontrando sua colocação definitiva, o
que permitiu às sociedades em construção da Europa absolutista
purgatório se enriquece de todos os temas conexos à religiosidade,
tomar ou tentar tomar o controle de todos os dissidentes e mar-
frequentemente dolorista, da Idade Média findando. Daí a impres-
ginais - loucos, doentes e mendigos -, não acreditamos estarmos
são de riqueza e de inventividade que provoca essa sequência, em
nos conformando a uma vulgata antigamente provocatória, e hoje
relação ao que se seguirá na idade clássica.
banalizada. Nesse dispositivo geral, o purgatório, penitenciária das
Foi preciso, enquanto isso, enfrentar a prova da Reforma, que não
almas, tem seu lugar específico, objeto ao mesmo tempo de temor
deixa de suscitar interrogações. Se tomarmos certo recuo em relação
e de esperança. Seria por isso que sua imagem transpõe uma etapa
às explicações clássicas, e por si indiscutíveis, justificando a contes-
decisiva no grande esforço de aculturação que se alastra na Europa AS ALMAS DO PURGATÓRIO
323
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Conclusão
IM~ tIO PURGATÓRIO
Conclusão
naquela época? Purgatório normalizado dos amanhãs do concílio
seus mortos. Prova disso é a iconografia que oculta cada vez mais
de Trento, reproduzindo sobre os altares das igrejas não somente a
a imagem das penas purgatórias, para valorizar a elevação da alma
imagem de admoestação do pseudoinferno da expiação nos esprei-
liberada, ao mesmo tempo que vai se afirmando a ativação de uma
tando, mas a estrutura vertical de uma hierarquia celeste, que, por
interação, em que a família invisível das almas intervém em prol
intervenção dos intercessores, se concentra na pessoa do Cristo, cuja
dos vivos. O "culto dos mortos", da forma como é praticado no
morte e Paixão justificam ao mesmo tempo sofrimento e esperança.
cemitério, sem fugir ao controle da Igreja, ilustra esse estreitamento
Vem a época em que esse modelo, acolhido de forma ampla mas
dos vínculos familiares, em que se impõe gradativamente a ideologia
desigual, objeto de conciliação prática, em muitos lugares, com a
da lembrança na memória dos vivos. Que as religiosidades abusivas,
antiga religião popular, é contestado por elites doravante insatisfeitas,
espiritismo e outras, oferecendo soluções alternativas ou esboços
que manifestam essa insatisfação em nome de um novo humanismo
de sincretismos, tenham contribuído para essa evolução nos parece
reticente perante a noção de culpa, de pecado, substituindo às etapas
mais um sintoma do que uma causa determinante.
da salvação cristã o contra modelo de um percurso controlado pelo próprio homem, com provações mas capaz de levá-lo, graças à per-
Falar hoje da morte do purgatório é enunciar uma constatação. A imagem nos abandona, cessando de inspirar os artistas, recusada
fectibilidade do ser humano, para outra imortalidade, frágil talvez, a
até mesmo pelo discurso da Igreja: "Desconfiamos da imagem ...".
da memória e da lembrança. Sonho de uma elite ainda restrita, mas
Fase final desse processo de desculpabilização,
capaz de impregnar o astral da época, como testemunha na França
Delumeau acompanhou seguindo aquelas das representações do
a iconografia depurada do purgatório das Luzes chegando ao ocaso.
pecado e do medo? Para resolver seu relacionamento com os mortos,
Aparentemente afirmado no fim do século XVIII,o purgatório, apesar
os homens do século XX precisam cada vez menos do atalho do
cujas etapas Iean
do abalo localizado da Revolução Francesa, vive no século seguin-
terceiro local, numa sociedade marcada pela descristianização e pelo
te um momento de sucesso, justificado só em parte pelo ativismo
abandono dos dogmas. Isso não significa que esse relacionamento
pastoral da Europa das Restaurações. Continuidade do esforço de
seja doravante pacificado, hoje mais que ontem. O que chamamos
aculturação que mencionamos anteriormente, reconciliação final,
(outros o fizeram) de "a volta dos mortos" (Coletivo, 1987) nos leva
no nível de pastoral, com a religião popular cristianizada, antiga-
de volta para um contexto - oh, quanto mudado! - até o ponto de
mente perseguida, doravante menos suspeita. Mas algumas rupturas
partida. A presença dos mortos, da forma frequentemente lúdica na
começam a aparecer atrás desse triunfo, tão visível nas penínsulas
qual se manifesta, como para exorcizar o medo, no cinema, na tele-
mediterrâneas, por exemplo, mascarando o empobrecimento te-
visão ou nas histórias em quadrinhos, volta a povoar de forma ines-
mático da expressão gráfica, que se encerra nos estereótipos da
perada um além do mundo visível, que o imaginário cristão desertou.
arte sulpiciana, países bons e ruins ... Sobretudo, um processo de
É um sintoma, em sincronia com o que afirmam as pesquisas sobre
contaminação com o novo imaginário, esboçado no fim do século
as novas crenças que os homens inventam, desde a reencarnação
XVIII, modifica em profundidade a natureza do vínculo que os in-
até as comunicações com o além. Isso vai muito além da fase final
divíduos, até os mais ligados à fé e às práticas cristãs, mantêm com
de uma desmistificação bem-sucedida, suscitando a perplexidade do AS ALMAS DO PURGATÓRIO
325
Conclusão
Conclusão
racionalista assim como do cristão, ressurgência do irracionalismo
zando, a partir de uma época, nas inflexões ou até nas mutações
mais do que o que hesitamos em qualificar de novo sagrado, que
da sensibilidade coletiva. Reveladora de todo o que mexe, a ima-
nos confronta com o difícil diagnóstico de uma crise da sociedade e
gem revela igualmente, de forma mais surda, as constantes ou as
dos valores, enunciação simples demais de um mal de vivre.
reminiscências que levantam interrogações: a água e o fogo, as
]acques Le Goff concluía seu Naissance du purgatoire [Nascimento
provações, o sofrimento ao mesmo tempo mostrado e exorcizado,
do purgatório] (1981, p.484-6) com uma defesa do terceiro local,
o relacionamento ambíguo entre vingança e compaixão, transcrito
símbolo de um progresso coletivo na progressão para a tomada
na época em termos abrandados e codificados, e hoje liberado nas
de consciência individual, na época em que ele acompanha seu
expressões de um imaginário sem freios.
nascimento. Poderá parecer paradoxal que o historiador da Revo-
Não conseguimos fornecer, no contexto de um humanismo em
lução, eu mesmo, detecte nesse julgamento otimista um reflexo
busca de si mesmo, hoje ainda mais do que no passado, uma res-
do pensamento das Luzes, ainda que sejam as do intelectualismo conquistador do século XII.
posta satisfatória à pergunta de Robespierre: "Os bons e os maus
Talvez os tempos tenham mudado. No breve tempo que separa nos-
o retorno dos mortos transformados em selvagens mostra que nem
sas duas reflexões, cerca de quinze anos, acaba de se desestruturar
por isso conseguimos resolver o problema.
a visão ainda linear do progresso. Mas não podemos esquecer o
Consideração final à guisa de justificação, se precisar. Seria legítimo,
tempo longo, os dez séculos de duração durante os quais o purga-
por parte de um historiador das mentalidades, aventurar-se nesses
tório passou de uma conquista para, ao mesmo tempo, tornar-se
territórios cercados de mistério, que nos levam para a esfera da fé?
um instrumento ambíguo de controle social e ideológico, e também,
Escrúpulo tardio, diríeis. Afastaremo-nos nos abrigando por trás da
olhando de baixo, o reconhecimento assumido do pecado do qual
autoridade de Mircea Eliade, que não costuma ser uma de nossas
precisa purgar-se por própria conta, assim como tentam livrar-se
referências costumeiras: quando lhe perguntavam a condição ne-
dos mortos. Essa leitura culpabilizante foi se desfazendo nos últi-
cessária para tratar da história religiosa, sabemos que respondeu:
mos dois séculos, suscitando desde a era das Luzes (a do século
"Basta às vezes ter tido sonhos".
desaparecem desse mundo, mas ...". Não há mais bons e maus, mas
XVIII)novas estratégias, progressivamente emancipadas do discurso religioso oficial, estratégias por meio das quais os homens tentam gerir o trabalho do luto, sempre renovado. Poderíamos esperar que a imagem contribuísse para esclarecer os caminhos misteriosos além do que poderia ter feito a análise do discurso. Num primeiro nível, o mais elementar, a imagem representou um teste de difusão social, espacial e cronológica; mas, em um nível mais profundo, a análise do conteúdo das representações nos diz mais do que poderia fazer um discurso, que foi se cristali1M
1)0 PURGATÓRIO
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
327
IDIFUSÃO DAS BACIAS DO PURGATÓRIO NO SÉCULO XIV I
6°~11 fiGURAÇÃO DO CRIsTo
fiGURAÇÃO DA VIRGEM
ZO 10O
50" 40 30
Representação gráfica da difusão dos altares dos purgatórios nos departamentos da Provença e análise dos principais temas vistos nas pinturas.
Menino Jesus
80". 51) 40 30 ~~ O
I
fiGURAÇÃO DO PAI mRNO OU DA TRINDADE Vir em do~osário 40" 30 Madona ZO 1O O 610 113011850 1670 1790 1914
"~~~-"EI 30"~ ZO 10 O
~~ O
Virg!m mediadora
Cruz abstrata
Nenhuma referência a Cristo
--•
fiGURAÇÃO DOS SANTOS INTERCESSORES 60" __ 50_+H-I 40 30 ZO 10 O 1610 1130 1850 1670 1790 1914
.....-,.,.""1
Nenhuma referência a Virgem
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
329
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BIBLIOGRAFIA
De acordo com o espírito desta obra e desta coleção, esta bibliografia é resolutamente seletiva: não seria possível apresentar um levantamento minimamente exaustivo dos estudos sobre o purgatório nas áreas de história, teologia ou antropologia. Optamos por nos restringir às obras diretamente evocadas neste livro. As referências seguem uma ordem alfabética (e cronológica para os catálogos e as obras coletivos), com uma numeração contínua, a fim de facilitar a remissão das notas por capítulo.
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Barockzeitlicher
bücher. Miskole: Beitrage der III Internazionalen
Tagung des Volkkundlichen
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Komitee,
1990.
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VAURILLON, C L 'Iconograpbie
95.
VIRGlm,
F. L'Iconographie
du XIIIe au
xve
96.
du purgatoire
du purgatoire
au Moyen Âge. (978)
dans les manuscrits
liturgiques
As figuras assinaladas
Livre Club Diderot, . Quelques
Le Couronnement
française.
Images et récit. Paris: Messidor/
1*,
images du purgatoire
au temps d'Enguerrand
de Ia Vierge par Enguerrand
Quarton.
Quarton, p.25-32, 1980-
des âmes du purgatoire
2.
(xve_xxe
siêcle),
en Provence
d'apres
les autels
Cahier des Annales,
A. Colin,
3.
Paris, n.29, 1970. . Piété baroque
et déchristianisation
Paris: Plon, 1973 (rced. Abreviada);
en Provence
au XVIIIe siêcle,
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Paris: Le Seuil, 1978.
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102.
. La mort et l'au-delà
103.
. La Mort et l'Occident
des rnonstres, médiévaux
"Enterrement
de Raymond
colorido.
"Apparition
urbain et contemporain 1983.
SUl'
Lanterna
d'aprês les cimetiêres prooençaux.
Paris: Ed.
dos mortos. recebe
(Saône-et-Loire).
São MigueL Tímpano
Descida Doaré,
Chantilly,
Museu Condé.
Foto
século
XiV. Paris, Biblioteca
Paris.
Fios
inglês. Foto © coL M. Vovelle.
em seu seio. Afresco,
século
XiV. Capela
de
Foto © coL M. Vovelle.
ela catedral
de Bourges
(detalhe),
século XIII. Foto
Paris.
do Cristo ao inferno.
Calvário de Pleyben
(Finístêre). Foto © Le
Chateaulin.
O salmista século
Campo
os eleitos
© Roger-Viollet,
10.
XV. Chantilly,
du cavalier de Ia mort". Três Ricbes Heures
Foto © Roger-Viollet,
Brancion
l'imaginaire
fim do século
"San Amador recibe Ia aparicián dela alma de sú madre'. sanctorum. Xilogravura, 1526. Barcelona. D.R. Abraão
à Wonderwo-
Díocres". Três riches beures
Foto © Giraudon, Vanves. Dit des trois et des trois uifs. Miniatura,
6.
9.
VOVELLE, M. BERTRAND, R. La Vil/e des morts. Essai do CN.R.S.,
no encarte
© Giraudon, Vanves. Danse macabre, detalhes: La chanoinesse, Le marchan, La grande darne, Le frêre lai. Afresco, século XV. La Chaise-Dieu, abadia de Saint-Robert.
7. 8.
. Histoires figurales,
man. Paris: Usher, 1989. 105.
5.
de 1300 à nos jours. Paris: Gallimard,
1983. 104.
jean Colombe.
NacionaL
. La Mentalité
100.
Jean Colombe.
du Duc de Berry, fo. 90 vo. Miniatura. . Vision de Ia mort et de l'au-delà
99.
estão reproduzidas
du duc de Berry, fo. 86 vo. Miniatura, Museu Condé. Foto © Gíraudon, Vanves.
1986. 5v.
-1981. 98.
com asterisco
síêcle. Histoire de l'Art, n.20, 1992.
VOVELLE, M. Ia Révolution
97.
Mirakel-
e a provação
XI. Biblioteca
pelo fogo. Psautier
de Bury St. Edmunds,
Vaticana, ms. reg. lar. 12, fo. 30. Foto © Biblioteca
Vaticana.
A (10 PURGATÓRIO
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
337
índice das Ilustrações
índice das Ilustrações
11.
A, B, C, D. Limbo dos patriarcas, ferno. Miniaturas
do
Paris, Biblioteca 12.
Purgatório,
Bréviaire d'arnour
Bréviaires Mss des bibles de France,
lat. 1052, fo. 556 vo. Paris, Biblioteca A, B.
Le Purgatoire
Grande
retábulo
e In-
(detalhes):
de Narbonne
Nacional.
III, p.49-56,
Condé. 25 26.
de Nar-
O
Purgatório
(detalhe):
27.
XV. Flavin, igreja de São
São Miguel, século
Giovanni
Baleison
de Arte e de História. 16*.
Mestre
Missa de São Cregório.
da Bélgica,
Bruxelas.
Foto
Arrneelen-Altar
Escola de Regensburg.
Atualmente
Foto © Stadt Regensburg 18.
Museus
Reais
© Speltdoorn/Museus
almas).
Pintura
no museu
sobre
de
30.
Reais
madeira
da
da cidade de Ratisbonne.
Retábulo
32.
33
Botticelli.
O purgatório. Ilustração
Desenho,
c. 1480. Paris, Biblioteca
Luca Signorelli.
da
Divina comédia,
Nacional.
de Dante.
Foto © Giraudon,
Vanves.
Armeseelenmesse[Missa para de Regensburg.
1499-1504. Foto © Alinari-Giraudon, almas) (detalhe).
Bayerisches
Pintura sobre
Nationalmuseum.
35.
Staatsbibliothek.
36*. 37.
Gravura sobre madeira, Munique, Foto © Bayerische
c. 1470.
A coroação da Virgem. Pintura
(detalhe).
Retábulo
sobre madeira,
Foto © Giraudon,
Vanves.
da coleção
March.
Daniel Hopfer. juizo final (detalhe).
Juan
Palma
de
Gravura,
c. 1470. Paris, Biblioteca
Foto © B.N.F., Paris.
Mestre de S. Missa
de São Gregório.Gravura
germânica.
Paris, Biblioteca
Foto © B.N.F., Paris.
Portelli. O Cristo na cruz. Alegoria da Igreja militante, triunfante e sofredora. Óleo sobre madeira, fim do século XVl. Aix-
Carlo
El Greco.
Museu Granet.
Foto © B. Terlay.
Triunfo do nome dejesus(Osonho
juízojinal(detalhe).
Retábulo,
Guillaume
Greve.
de Felipe J!)
(detalhe).
igreja de Roquebrune-sur-Argens
O purgatório. Six-Four (Var), colegiada
(Var).
de São Pedra.
Staatsbibliothek.
les vivants"
nage de uie humaine de Deguilleville.
[Os mortos
[Peregrinação
servem
os vivos). Pêleri-
de vida humana),
de Guillaume
Ms. fr. 376, fo. 82 vo., 83, século XIV. Paris, Biblioteca
A Virgem e as almas do purgatôrio.
Pedro Machuca. do Prado.
Foto © Museu do Prado, Madri.
Anônimo
italiano.
38.
O Tintoretto.
O
Foto © Museu Franciscano,
purgatório,
© Giraudon-Anclerson-Alinari, 39. 40.
século
XVI. Parrna,
Roma. Pinacoteca.
Foto
Vanves.
São José agonizante. Gênova. Foto © col. M. Vovelle. As almas do purgatório. Pintura, século XVlII. Igreja do M. Vovelle/Foto
Madri, Museu
São Francisco conduz as almas ao purgatório.
Roma, Museu Franciscano.
A, B. "Darne Oraison nourrit les morts" [Dama Oração alimenta os mortos]
Nacional.
Munique.
Foto © J. Bernard.
Foto
Nationalmuseum.
e "Les morts servent
I M~ 00 PURG~T6RI0
as pobres
Munique,
Das Fegefeuer[O purgatório). Bayerische
23.
da Escola de Re-
Foto © Bayerisches
Foto © col M. Vovelle.
© Bayerisches 22.
sobre madeira
Paris. 34*.
O purgatório. Ilustração da Divina comédia, de Dante,
canto X. Orvieto, afresco do Duomo,
madeira
Lorgues
Óleo sobre tela, 1578. Madri, Palácio do Escurial. Foto © Roger-Viollet,
Vanves. 21.
de Benva,
Palma de Maiorca, Museu
Nationalmuseum.
Villeneuve-les-Avignon.
-en-Provence,
Vanves.
20.
Pintura
Bayerisches
Quarton.
juízo jinal
Nacional.
de
Bugnon, c. 1507. Friburgo, Museu de Arte e de História. Foto © Giraudon,
19.
O
Painel de predela.
[O purgatório).
Munique,
Enguerrand
Nacional.
Museen.
Libertação de uma alma do purgatório.
Hans Fries.
29
31.
[Altar das pobres
de Nossa Senhora
Maiorca. Foto © MAS, Barcelona.
de Belas Artes da Bélgica. 17.
Das Fegefeuer
1454-1456.
Foto © L. F. Thévenon.
de Efflighem,
Belas Artes
Afresco para
em Celle Macra (Piemonte), 1484. Nice, Museu
a capela de São Sebastião
Vanves. capela
Foto © MAS, Barcelona.
Nationalmuseum, 28*.
As almas do purgatório.
de Demonte,
Afresco,
Las Penas dei Purgatorio.
gensburg.
Pedro. Foto © Michêle Fournié. 15.
Foto © Giraudon,
Le Purgatoire.
Diocesano.
bonne. 14.
Três riches heures du duc de Berry.
"Le Purgatoire".
fim do século XV. Ms. fr. 65/1284, fo. 113 vo. Chantilly, Museu
(Var). Foto © col. M. Vovelle.
As almas na cuba.
(Aude). Foto © J. Lepage/Ville
Jean Colombe, Miniatura,
ms.
Foto © B.N.F., Paris.
A prova da fornalha,
24*'
1288.
Foto © B.N.F., Paris. Bréoiaire de Charles V, século XIV. Excerto
Nacional.
"A saída do purgatório". de Leroquais,
13.
Limbo das crianças
de Matfre Ermangaux,
Tholonet.
Co,
© J. Bernard.
Foto © B.N.F., Paris.
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
339
índice das Ilustrações
índice das Ilustrações
41.
42. 43. 44.
Abraham Bosse. "La vraye charité c'est d'aimer Dieu pour Dieu', Gravura, frontispício do romance de]. P. Camus, La Caritée, 1641. Paris, Biblioteca Nacional. Foto © B.N.F., Paris. Rubens. Libertação das almas do purgatório (detalhe). Catedral de Tournai. Foto © A.C.L., Bruxelas. Salvator Rosa. Le Anime del Purgatorio (detalhe). Milão, pinacoteca do Palazzo Brera. Foto © Alinari-Giraudon, Vanves. p.129. Battistello Caracciolo. Madonna delle anime purganti e i Santi Francesco Chiara. Pintura, século XVII. Nola, igreja Santa Chiara. Foto © Parvum Photo, Milão, D.R.
45.
Jean Daret. O purgatório. Pintura, 1660. Aix-en-Provence, Prêcheurs. Foto © ]. Bernard.
46.
Michel Serre. A Virgem com Menino intercede pelas almas do purgatório. Pintura, século XVIII. Basílica de São Maximiniano. Foto © ]. Bernard, Aix-en-Provence.
47.
48. 49.
51.
A, B. Michel Le Nobletz. Carte dujugement. Foto © G. Arthur/Inventário geral dos monumentos e das riquezas artísticas da França. Comissão regional da Bretanha. Gentilmente informado por Alain Croix. P. Gallays. "Petit Craion de l'estat bienheureux et éternel". Images morales. XII- Le Paradis. Gravura. Foto © R.M.N., Paris. Ulrich Boas, o Velho. Cântico espiritual. Gravura n.5, pr. 76, meio do
Camponês bósnio comprando uma imagem pia de um mascate italiano. (Segundo Gabor Tuskes e Eva Knapp, cf Bibliografia desta obra, n.93). D.R. A, B. Altar macabro. Elementos de decoração, século XVIII. Igreja de Lambesc (Bouches-du-Rhône). Foto © cal. M. Vovelle.
58.
O sangue do Cristo. Colegiada Nossa Senhora de Briançon. Inventário geral P.A.C.A. Foto © Roucaute-Heller.
59. 60A.
Igreja das Almas do Purgatório. L'Aquila. Foto © cal. M. Vovelle. Andor de Santa Ágata no dia seguinte à procissão. Catânia. Foto © cal. M. Vovelle. Capela das Almas do purgatório (pórtico). Catânia. Foto © cal. M. Vovelle. Igreja das Almas do Purgatório. Trapani. Foto © cal. M. Vovelle. Santa Teresa acolhida pelo Cristo. Segóvia, igreja São Miguel. Foto © cal. M. Vovelle.
60 B. 60 C. 61. 62.
Tronco para as oferendas às almas do purgatório. © cal. M. Vovelle.
63.
A, B. Dois oratórias para as almas do purgatório Portugal. Foto © cal. M. Vovelle.
64.
Oratória para as almas do purgatório. Foto ©]. F. Romero de Ibarra. D.R.
65. 66.
Minha, Portugal. Foto (detalhes).
Minha,
San Pedro de Muinos (Galícia).
Oratório. Norte de Portugal (Penso-Melgaço),
Foto © cal. M. Vovelle.
O bispo (A), O rei (B), O abade (C). Detalhe do altar, igreja de Chaniaes (Portugal). Foto © cal. M. Vovelle.
67*.
As almas do purgatório. Retábulo, Igreja San Pedro da Mezquita,
68.
Galícia. Foto © cal. M. Vovelle. Rocalha. Antuérpia, Igreja dos Franciscanos.
Foto © cal. M. Vovelle.
69.
Capela das almas do purgatório. Paris, Igreja de Santa Margarida, século XVIII. Foto © Ditetoria para assuntos culturais. Serviço dos objetos de arte das igrejas. Cl. MichotIVille de Paris.
70*.
52*.
Altar das almas do purgatório. 1660. Rognes, Igreja Nossa Senhora da Assunção. Cal. M. Vovelle/Foto © ]. Bernard.
D'André Bardon. São Tiago intercedendo pelas almas dopurgatório. Quadro. Igreja de Lambesc (Bouches-du-Rhône). Foto © ]. Bernard.
71.
53*.
Anônimo do século XVIII. Virgem com santo intercede pelas almas do purgatório. Queige (Savoie). Foto © cal. M. Vovelle.
72.
54.
São Lourenço intercede perante a Virgem em favor das almas do purgatório (detalhe). Óleo sobre tela, escola italiana do século XVII. Le Mans, Museu de Tessé. Foto © do museu.
73.
55.
Altar e retábulo do Rosário. 1643. Igreja de Val-des-Prés (Haures-Alpes), Inventário geral P.A.C.A. Foto © Roucaute-Heller.
74*.
56.
Intercessão pelas almas do purgatório (detalhe). Pintura do meio do
Goya. "E mesmo assim, eles não se vão!" Estudo para o Capricho n.59. Madri, Museu do Prado. Foto © Museu do Prado, Madri. "Oração ajesus Cristo"Cântico espiritual. Estampa colorida, Leloup, Le Mans, antes de 1837. Paris, Museu Nacional de Artes e Tradições Populares. Foto © R.M.N., Paris. O juízo universal. Gravura colorida, jean, Paris, século XVIII. Paris, Museu Nacional de Artes e Tradições Populares. Foto © R.M.N., Paris. François Georgin. Le Miroir du Pêcheur. Gravura colorida, Pellerin, Épinal. Paris, Museu Nacional de Artes e Tradições Populares. Foto © R.M.N., Paris.
século XVII. Igreja de La Turbie (Alpes-Maritimes). Foto © L. F. Thévenon.
" 110 PURGATÓRIO
Jacques Bottero. Les Âmes du purgatoire. 1696. Igreja Saint-Dalmas-Ie-Selvage (Alpes-Maritimes). Foto © L. F. Thévenon.
igreja des
século XVII. Biblioteca de Augsburg. Foto © Staats-und Stadtbibliothek, Augsburg. 50.
57.
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
341
índice das Ilustrações
75.
LeAnime dei purgatorio. do Palazzolo.
76.
Gravura,
século XIX. Syracuse,
li Su.ffragio delle anime purganti.
Gravura,
século XIX. Syracuse,
de Turgis, Paris/
Altar. Século XIX. Igreja de La Môle (Var). Foto © cal. M. Vovelle. Pequeno
Igreja de Besse-sur-Issole
(Alpes-Maritimes).
82.
As almas do purgatório.
século
-Victor. Foto © Museu de Arte e História, Pintura,
Inventário
XIX. Nice, igreja da TrinitéNice.
século
Doré.
(detalhe).
Foto © cal.
© ]. Bernard.
Estrasburgo,
101* Ilustração
Museu de Arte Moderna.
da
Divina co-
Foto © B.N.F.,
O purgatório. Desenho,
da Primeira
(Vaucluse).
Alma do purgatório
Foto © cal.
do Carmo. Mosaicos.
um "poilu".'
Estuque.
Igreja de Puget-
Guerra Mundial
(1914-1918).
Igreja de
Foto © cal. M. Vovelle. e Anjo da Ressurreição.
Afresco,
anos
1960. Sete,
Foto © cal. M. Vovelle.
Cauchemar sur l'Arizona.
História
A morte do demônio [Evi!dead; Imagem pia encontrada
Foto © cal. M.
em quadrinhos.
Filme de Sam Raimi. Foto © Cahiers
Paris.
no mercado
de Aguascalientes,
México
0· Meyer,
1960). Foto © cal. M. Vovelle. 102*.
L'Écho des Savanes. capa n.127,
Paul Chenavard.
Foto ©
Carta, D.R.
du Cinéma/Éditions de l'étoile,
Paris. 85.
Palerma.
Vovelle. D.R.
Afresco. Marselha, igreja da Trindade.
O purgatório, canto terceiro.
de Dante.
dos Capuchinhos.
(Var). Foto © cal. M. Vovelle.
capela de Saint-Clair. 99.
XIX. Bretanha.
Luciano
Placa comemorativa Villelaure
100 A, B.
Cal. M. Vovelle/Foto
média
97 B.
geral
M. Vovelle.
As almas dopurgatório
das catacumbas
Estátua da Vitória alada acolhendo -sur-Argens
98.
Pintura,
na entrada
morta. Foto © cal. M. Vovelle.
do Carmo. Foto © cal. M. Vovelle.
Cagliari, coro da igreja Nossa Senhora
96. 97 A.
P.A.C.A. Foto © Roucaute-Heller.
Gustave
Oratória
a Nossa Senhora
M. Vovelle/Cl.
Nossa Senhora da libertação das almas do pU1'-
Thenon-Meunier.
As almas do purgatório.
84.
95.
Foto © cal. M. Vovelle.
altar oval. Século XIX. Gênova.
81.
83*.
Oração
século XIX. Paris, Biblioteca Nacional. Foto © B.N.F., Paris.
79
gatório.
Caveira de Lucia, a princesa
94.
cal. M. Vovelle.
78. 80.
cal.
93 B*.
Foto © G. Gambino.
Rezapara o consolo das almas dopurgatório. Litografia Toulouse,
cal. A. Terzo
Foto © G. Gambino.
A. Terzo do Palazzolo.
77.
índice das Ilustrações
Lyon, Museu de Belas Artes.
por
maio
Foto © Pierre
1994. (Reprodução
et Gilles, modelo da capa gentilmente
Marie-France, autorizada
L'Écho des Savanes.)
Foto © Studio Basset, Lyon. 86.
"Intercessão materna". Pintura,
Ilustração do
Poema da alma, de
Louis Jannot.
século XIX, Lyon, Museu de Belas Artes. Foto © Studio Basset,
Lyon. 87.
Direitos reservados:
reservamos
L'Écho du merueilleux,
n.4lO, fevereiro
apesar de nossos esforços,
dos artistas ou beneficiários
não nos foi possível contatar alguns
para solicitar autorização
em nossa contabilidade
os direitos
de reprodução;
naturalmente,
de uso.
1914. Foto © Roger-Viollet,
Paris. 88.
Rapto pela morte. Gênova, cemitério de Staglieno. Foto © cal. M. Vovelle.
89. A:
Impressão
de mão. Roma, Museu do Purgatório.
Igreja do Purgatório.
B:
São Miguel,
Roma,
Foto © cal. M. Vovelle.
90. A, B. As almas do purgatório.
Vitrais e ex-voto,
Nossa Senhora de Montligeon.
Foto © cal. M. Vovelle.
91.
Eug. Reichlen.
"Les Pauvres Âmes des glaciers". Ilustração das Légendes
du glacier et de laualancbe 92.
de].
Siegen. Centro do livro suíço. D.R.
Carroça caída no rio. Ex-voto, 1880. Ghedi Grafo Edizioni, Brescia. Foto
© L. Pasini, E. Tonoli. D.R. 93 A.
Catacumbas de Nápoles, rituais do purgatõrio. Artes e Tradições
Populares,
Museu Nacional
de
Roma. Foto do museu. Ver nota 24 no capítulo: do século XIX ao XX. (N. T.)
M" IIU rURGATÓRIO
AS ALMAS DO PURGATÓRIO
343