Aprenda a Estudar

Table of contents :
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Eu aprovei 10 disciplinas estudando por 30 dias
SUMÁRIO
Por que aprender a estudar é importante?
Será que você é um aluno inteligente?
Como manter o foco durante os estudos?
Pare de procrastinar e comece a se organizar
Qual o melhor local para estudar?
Estudar com música ou em silêncio?
Quais as melhores ferramentas de estudo?
Técnicas de estudo cientificamente comprovadas
Como escolher e ler um livro didático?
Resuma o conteúdo com as suas próprias palavras
Pense sobre como você pensa
Tenho TDAH, e agora?
Como reduzir a ansiedade na hora das provas e das apresentações de trabalho?
Criando o hábito do estudo e repensando sua rotina

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Gabriela Bailas, PhD Aprenda a Estudar Guia prático e científico para um aprendizado eficaz Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático: 1. Estudo : Métodos : Estratégias : Educação 371.30281 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129 SOBRE A AUTORA

Dra. Gabriela Bailas

Gabriela "Bibi" Bailas é PhD em Física Teórica de Partículas. Atualmente, reside no Japão trabalhando junto à Universidade de Tsukuba. É licenciada em Física pela FURG e bacharel em Física pela Universidade de Coimbra (Portugal). Realizou mestrado em Física na UFPel. Bibi realizou seu doutorado na França e mora no exterior há mais de 7 anos (não contínuos), trabalhando em diversos centros de pesquisa. Trabalhou com cientistas renomados internacionalmente e publica artigos na área de Física. Além do seu trabalho acadêmico, realiza divulgação científica no YouTube Física e Afins e no Instagram @bibibailas .

Eu aprovei 10 disciplinas estudando por 30 dias (Sim, eu quase perdi minha bolsa de estudos em Portugal) Antes de começarmos a aprender como devemos estudar de forma eficiente e eficaz, eu quero contar um pouco da minha trajetória como estudante de graduação em Física. Vamos retroceder 11 anos na minha história e entender que assim como vocês, eu nunca aprendi a estudar. Eu aprendi a decorar a matéria, repetir tudo que o professor dizia na sala de aula e pensar quanto eu precisava tirar na próxima prova, para conseguir passar para o próximo semestre. Acredito que neste momento, muitos de vocês estão se identificando comigo. Antes de continuar a leitura pare e pense se alguma vez na vida você aprendeu como

estudar de verdade. Guarde essa informação até o final deste livro. Talvez nos primeiros semestres (ou só no primeiro mesmo) da faculdade esta estratégia funcione, mas conforme o grau de exigência acadêmica vai aumentando as coisas (lentamente ou não) deixam de funcionar. Quando você percebe, você já repetiu pelo menos três matérias, tirou nota baixa em outras duas, não consegue dar vencimento em todos os trabalhos e ainda estudar para provas. Seus colegas parecem mais inteligentes que você, seus professores parecem falar em um idioma que você não faz a menor ideia qual seja, e no fim do ano letivo você pegou recuperação em dez matérias. Sim, essa história aconteceu comigo e foi desse jeitinho, que no ano de 2010, eu quase perdi minha bolsa de estudos na Universidade de Coimbra em Portugal. Se vocês me perguntarem como as coisas chegaram nesse nível, a minha resposta honesta é: NÃO SEI! Eu, sinceramente, não faço a menor ideia como em 2010 eu passei de uma estudante brilhante para uma estudante que estava reprovada em todas as disciplinas possíveis. Essas dez disciplinas faziam parte de dois semestres e eu tinha uma chance para conseguir aprovação em todas elas. Durante o verão eu teria o chamado “período de exames” e teria apenas uma única chance para cada disciplina. Naquele momento, eu achava que minha vida acadêmica em Portugal tinha chegado ao fim e que eu havia colocado no lixo uma das melhores chances da minha vida. Eu chorei por dias, mas chorar não resolve não é mesmo? No meio desse caos acadêmico, meu pai chegou em Coimbra para me visitar e eu acabei contando tudo que aconteceu para ele. Este momento é um dos mais importantes para quem quer mudar a vida acadêmica e começar a obter sucesso nos

estudos: enfrentar a realidade! Externar o problema será o começo da mudança. Até a conversa com o meu pai, eu nunca tinha contado para ninguém o quão ruim minhas notas estavam, o quão terrível havia sido aquele meu primeiro ano em um país diferente, com uma vida diferente, precisando morar sozinha pela primeira vez aos 18 anos, sem nenhuma preparação prévia e lidando com todas as responsabilidades da vida adulta. Para muitas pessoas tudo isso pode ser fácil, mas para muitas outras não é. Bem, para mim não foi e eu havia sido displicente com minhas aulas e com meus estudos. Antes que você ache que tudo está perdido, saiba que não está, porque eu consegui dar a volta por cima e aprovei nas dez disciplinas com sucesso e notas altas. Lembro-me do dia que a coordenadora do Departamento de Física da Universidade de Coimbra encontrou-me no corredor e disse: - Menina Gabriela enganou a todos nós! Parabéns pelas suas aprovações! Saibam vocês que depois desse “fracasso” inicial em 2010, eu nunca mais passei por uma situação semelhante e todos os anos que vieram a seguir, eu sempre tirei notas altas e nunca mais fiquei em recuperação. Como eu consegui dar a volta por cima? Estudando, mudando minha rotina de estudo, mudando meus hábitos, organizando meus horários, trabalhando no meu foco e deixando os pensamentos de “fracassada” para trás. O passado já havia acontecido e eu não podia fazer mais nada para mudar, mas o presente e o futuro eu ainda podia mudar e trabalhar para obter o meu sucesso acadêmico. Hoje em dia, eu consigo entender exatamente porque as coisas foram muito difíceis em 2010 e grande parte do

problema se deu ao fato de que eu não sabia estudar da forma correta. Por isso, decidi escrever este material que é um guia prático e científico de como vocês podem aprender a adquirir conhecimento. Ao longo dos últimos dez anos eu venho estudando quais são as técnicas científicas de ensino e de aprendizagem mais eficientes. Este livro reúne as perguntas e as dúvidas que eu mais recebo dos meus alunos e seguidores nas redes sociais. Espero que todo meu conhecimento científico possa lhe ajudar e que você não precise passar pelo seu próprio “ano de 2010”. Agora, se você já está vivendo “o seu 2010”, eu espero que este livro lhe ajude a sair dele assim como eu saí. Leia todo material com cuidado e atenção. Sugiro que ao longo do texto, você vá fazendo anotações e marcando as partes mais importantes. Não esqueça que eu sempre abro caixinhas de perguntas no Instagram @bibibailas e lá você pode mandar dúvidas extras.

SUMÁRIO Por que aprender a estudar é importante?

Será que você é um aluno inteligente? Como manter o foco durante os estudos? Pare de procrastinar e comece a se organizar Qual o melhor local para estudar? Estudar com música ou em silêncio? Quais as melhores ferramentas de estudo?

Técnicas de estudo cientificamente comprovadas Como escolher e ler um livro didático? Resuma o conteúdo com as suas próprias palavras Pense sobre como você pensa Tenho TDAH, e agora? Como reduzir a ansiedade na hora das provas e das apresentações de trabalho? Criando o hábito do estudo e repensando sua rotina

Por que aprender a estudar é importante?

A

prender a estudar é uma das habilidades mais importantes que você pode adquirir. Vou começar com um exemplo que aconteceu comigo em 2016 na França quando eu decidi aprender a jogar rugby. Entrei para um time local e nunca havia estudado nada sobre o assunto. Cheguei no primeiro dia de treinamento e uma das professoras, mandou que todas as meninas se dividissem em dois grupos, pois iríamos começar com uma partida de rugby. Eu nunca havia jogado rugby ou visto uma partida. Vocês podem imaginar o que aconteceu? Sim, eu me senti uma barata tonta e fiz tudo errado. O que aconteceu comigo no primeiro dia (e por várias semanas) de treinamento é completamente normal, pois eu nunca aprendi a jogar rugby, então eu não era capaz de jogar rugby. Entretanto, eu não poderia me considerar incapaz ou menos inteligente por causa disso, porque eu de fato não sou capaz de fazer algo que nunca me ensinaram a fazer.

O que muitas pessoas não entendem é que isso se aplica a todo aprendizado. As escolas estão sempre dizendo O QUE aprender, mas não COMO aprender. Se você não sabe como aprender, você vai passar pela minha experiência no rugby, mas nesse caso você vai se sair mal nas aulas, nas provas e nos trabalhos. Quando você começa a se sair mal em tudo relacionado aos estudos, você perde autoconfiança e motivação. Conhecer as estratégias certas para aprender, vai fazer com que você consiga controlar melhor sua vida e escolher como e quando vai estudar. Neste livro, você vai reconhecer as melhores técnicas de estudos baseadas em evidências científicas. Você já percebeu também que existe uma certa incompatibilidade na maneira que você aprende e na maneira que os professores testam os seus conhecimentos? Pense sobre as matérias que você tem “facilidade” e as matérias que você tem “dificuldade”. O que acontece, é que cada estudante possui uma combinação única de preferências de aprendizagem, mas a escola testa todos os estudantes da mesma maneira e cria uma desigualdade, pois você não vai conseguir demonstrar todo seu potencial. Aprender como aprender vai ajudar a tornar as coisas mais igualitárias, ou seja, você vai descobrir como aprender melhor e, em seguida, vai conseguir elaborar quais são as melhores estratégias para tornar o seu aprendizado mais eficiente. Aprender quais são as estratégias que mais funcionam para você, vai devolver um pouco da sua autoconfiança e motivação e, consequentemente, vai trazer sucesso para os seus estudos.

Quais são suas habilidades e preferências de aprendizagem? Apesar de encontrarmos semelhanças entre os estudantes, também encontramos muitas diferenças. Aprender quais são

suas habilidades e preferências na hora de estudar pode ser muito benéfico para tornar seu processo de aprendizagem mais eficaz. Este livro vai fornecer diversas técnicas e explicações que podem ajudar na sua trajetória acadêmica. Além das habilidades de aprendizagem, possuímos nossas próprias preferências, como por exemplo estudar através de gráficos, imagens, audiolivros, leitura, etc. Nosso cérebro processa diferentes tipos de informação de diferentes maneiras, por isso os estudantes possuem diferenças em habilidades e preferências. As habilidades entre os alunos variam de maneiras sistemáticas e entendemos que, por exemplo, alguns alunos que em comparação com seus colegas, têm baixa capacidade visual-espacial e forte habilidade verbal. Entretanto, não podemos afirmar a partir daí que tais alunos aprenderão anatomia melhor se seu livro tiver alguns diagramas. Também é importante mencionar que algumas disciplinas acadêmicas são melhor ensinadas visualmente, outras verbalmente e ainda outras por uma combinação das duas. Por isso, quero discutir com vocês algumas habilidades importantes que devemos desenvolver na hora de aprender. Essas habilidades devem ser desenvolvidas por estudantes, pais e professores. Não se preocupe que você não precisa sair correndo para treinar o que vou falar aqui, pois o importante agora é ganhar consciência de quais habilidades existem e quais se encaixam para você.

Habilidade de manter a atenção Este é um dos pontos cruciais na hora de aprender, por isso mais para frente teremos um capítulo específico para este assunto. Entretanto, acho importante introduzirmos o assunto logo no começo para que vocês possam ir digerindo a informação.

A capacidade de atender e permanecer em uma tarefa é crítica para nossa capacidade de funcionar na sociedade. Sem esta habilidade, nosso mundo parece desorganizado e caótico. Para os estudantes, a incapacidade de prestar atenção e permanecer na tarefa enquanto aprendem novas habilidades e informações pode ser frustrante, inclusive para pais e professores de alunos. Se o estudante sentir essa frustração em seus pais e professores, juntamente com suas próprias frustrações, ele pode perder a motivação e tornar-se agressivo ou sem esperança. Quando trabalhos com habilidades relativas à atenção existem, há aproximadamente, cinco fatores principais considerados: Capacidade de foco; Capacidade de manter o foco; Capacidade de alternar ou coordenar a atenção; Capacidade de discriminar; Capacidade de dividir a atenção para incluir vários pensamentos. Quando essas habilidades são fortes e bem desenvolvidas, o aprendizado se torna uma habilidade mais natural. Importante deixar claro que se você sente que manter o foco em alguma coisa é muito difícil ou impossível, você deve procurar um profissional qualificado que possa lhe ajudar de forma eficaz, pois não conseguir manter o foco em alguma coisa, diferentemente do senso popular, não é apenas falta de interesse. Sendo assim não procure na internet por possíveis explicações ou soluções, procure um profissional qualificado para lhe ajudar.

Habilidade para pensar de forma crítica O pensamento crítico é uma habilidade que precisamos desenvolver que nos ajudará na hora de estudar, ler livros didáticos (mais para frente falaremos sobre leitura crítica), interpretar artigos científicos e não cair em golpes. Quais são os pontos importantes sobre pensar de forma crítica? Analisar dividir algo em partes, examinar cada parte e observar como as partes se encaixam; Argumentar é o ato de utilizar uma série de declarações conectadas logicamente, apoiadas por evidências, para chegar a uma conclusão; Classificar é identificar os tipos ou grupos de algo; Comparar e contrastar é apontar semelhanças e diferenças entre dois ou mais assuntos; Definir é explicar o significado de um termo usando denotação, conotação, exemplo, etimologia, sinônimos e antônimos; Descrever é explicar as características de algo, como tamanho, forma, peso, cor, uso, origem, valor, condição, localização e assim por diante. Avaliar é decidir sobre o valor de algo comparandoo com um padrão de valor aceito; Explicar é dizer o que algo é ou como funciona para que outras pessoas possam entendê-lo; Resolver é analisar as causas e os efeitos de um problema e encontrar uma maneira de interromper as causas ou os efeitos;

Rastrear causa e efeito é determinar por que algo está acontecendo e o que resulta disso.

Habilidade para pensar de forma criativa O pensamento criativo é uma habilidade muito importante na hora de estudar ou de realizar uma pesquisa, porque você tem que pensar fora da caixa. Quais são os pontos importantes sobre pensar de forma criativa? Chuva de ideias: envolve fazer uma pergunta e listar rapidamente todas as respostas que você imaginar; Improvisar uma solução: envolve usar algo de uma maneira nova para resolver um problema; A resolução de problemas: envolve descobrir possíveis soluções para o problema; O questionamento: busca ativamente o que é desconhecido para torná-lo conhecido, buscando informações ou uma nova maneira de fazer algo.

Habilidade para se comunicar Esta é uma habilidade muito importante na hora de estudar, apresentar trabalhos, realizar pesquisas, etc. Meus estudantes reclamam muito da dificuldade em se expressar utilizando as próprias palavras. Vocês precisam treinar mais, pois o treino que vai ajudar vocês neste momento de comunicar os seus pensamentos e ideias acerca do conteúdo estudado. Quais são os pontos importantes sobre comunicação? Avaliar mensagens significa decidir se estão corretas, completas, confiáveis, oficiais e

atualizadas; Ouvir ativamente requer atenção cuidadosa, fazer anotações, fazer perguntas e, de outra forma, envolver-se nas ideias que estão sendo comunicadas; Ler é decodificar palavras escritas e imagens para entender o que o seu criador está tentando comunicar; Falar envolve o uso de palavras faladas, tom de voz, linguagem corporal, gestos, expressões faciais e recursos visuais para transmitir ideias; A escrita envolve a codificação de mensagens em palavras, frases e parágrafos com o propósito de se comunicar com uma pessoa que está afastada pela distância, pelo tempo ou ambos.

Habilidade para trabalhar de forma colaborativa A capacidade de trabalhar em grupo é uma importante habilidade no mundo acadêmico e profissional. Conseguir trabalhar em grupo é diferente de precisar ser amigo de todo mundo. Quais são os pontos importantes sobre trabalhar de forma colaborativa? Tomar decisões requer classificar as muitas opções fornecidas ao grupo e chegar a uma única opção para seguir em frente; Delegar significa atribuir tarefas aos membros do grupo e esperar que cumpram suas partes na tarefa; Avaliar os produtos, processos e membros do grupo fornece uma noção clara do que está funcionando

bem e quais melhorias podem ser feitas; O estabelecimento de metas requer que o grupo analise a situação, decida qual resultado é desejado e estabeleça claramente um objetivo alcançável; Liderar um grupo significa criar um ambiente no qual todos os membros possam contribuir de acordo com suas habilidades; Gerenciar o tempo envolve combinar uma lista de tarefas com um cronograma e acompanhar o progresso em direção às metas; A resolução de conflitos ocorre por meio de uma das seguintes estratégias: afirmar, cooperar, transigir, competir ou adiar; A formação da equipe significa trabalhar cooperativamente ao longo do tempo para atingir um objetivo comum.

Alguns mitos populares sobre aprendizagem e desenvolvimento O que mais encontramos pela internet são mitos e fórmulas mágicas que vão melhorar nosso aprendizado. Imediatismo e fórmulas prontas não combinam com aprendizado. Aqui, separei 5 mitos que são super populares e envolvem aprendizagem e desenvolvimento. 1)

   

Estilo de aprendizagem

Ao longo dos anos, mais de 70 estilos de aprendizagem (por exemplo os que consideram alunos visuais, auditivos, cinestésicos, etc) foram criados para ajudar alunos ao redor do mundo inteiro a aprender. Não há evidências científicas

suficientes para relacionar um estilo de aprendizagem com sucesso acadêmico. Entretanto, gostaria de lembrar que os estudantes possuem preferências de aprendizagem, ou seja, alguns preferem aprender de forma visual, outros auditiva, etc. Não quer dizer que você possua apenas uma forma de aprender, mas que você possui um conjunto de preferências e habilidades que irão ajudar na construção do seu conhecimento. Você não precisa seguir um modelo único e limitado, mas pode utilizar de autoconhecimento para observar como você constrói seu pensamento durante o período de aprendizagem (mais para frente voltaremos no tópico). Vale ressaltar que os estudantes que possuem algum transtorno específico do desenvolvimento das habilidades escolares (CID-10), devem buscar ajuda profissional e qualificada.

Transtornos de aprendizagem De acordo com o manual MSD: transtornos de aprendizagem são considerados um tipo de transtorno neurodesenvolvimental. Distúrbios do neurodesenvolvimento são condições neurológicas que aparecem cedo na infância, geralmente antes da idade escolar. Esses transtornos prejudicam o desenvolvimento do funcionamento pessoal, social, acadêmico e/ou ocupacional e normalmente envolvem dificuldades de aquisição, manutenção ou aplicação de habilidades ou conjuntos de informações específicas. Os transtornos podem envolver distúrbios de atenção, memória, percepção, linguagem, solução de problemas ou interação social. Esses transtornos envolvem problemas de leitura, matemática, ortografia, expressões escritas ou manuscritas, compreensão ou uso da linguagem verbal ou não verbal. A maioria dos transtornos de aprendizagem é complexa ou mista, com déficits em mais de um sistema.

2)

   

Lado direito e lado esquerdo do cérebro

Existe uma crença popular que algumas pessoas utilizam mais o lado direito do cérebro e outras utilizam mais o lado esquerdo, ou seja, algumas aprendem de forma mais criativa por utilizarem mais um lado que o outro. Bem, isso é um mito! As pesquisas neurocientíficas, inclusive utilizando neuroimagens, não confirmam tais afirmações. O que as pesquisas demonstram é que em todas as atividades que realizamos os dois hemisférios do nosso cérebro trabalham de forma ativa. 3)

  

10%, 20%, 30%, 50%, 70% e 90%

Esse mito afirma que os estudantes vão lembrar 10% do que eles leem, 20% do que ouvem, 30% do que veem, 50% do que veem e ouvem, 70% do que eles falam e 90% do que fazem e falam. É um mito engraçado na verdade, porque não existe uma evidência de como as pessoas chegaram nesses números exatos, mas o que se sabe é que tudo começou com um erro de interpretação do cone de experiências de Edgar Dale. A ideia dele foi criar um cone (em uma forma geométrica meio piramidal) para incorporar materiais audiovisuais na sala de aula. O cone foi dividido em categorias que incluíam experiências como escutar rádio, assistir filmes, etc. Alguém decidiu que seria interessante atribuir valores específicos às categorias e incluir um significado para cada uma delas. Pronto, foi assim que surgiu o mito. 4)

  

Você usa 10% do seu cérebro

Este é um dos mitos mais fortes e antigos que existem. Acho que todo mundo aqui já deve ter ouvido que utilizamos apenas 10% do nosso cérebro e que treinando poderíamos atingir o desejado 100%. Sinto lhe informar, que este é mais um mito. De acordo com pesquisas neurocientíficas, nós

utilizamos todas as partes do nosso cérebro. Acredito que as pessoas que propagam mitos, esquecem que a tecnologia atual já nos permite analisar através de neuroimagens o nosso cérebro todinho. 5)

  

Homens e mulheres aprendem de forma diferente

Este é o mito mais cretino da lista. Desculpem o palavreado, mas minha avó realmente adora usar essa palavra para definir coisas que ela odeia. Acho que a palavra combina com o mito. Enfim, não existe nenhuma prova até hoje de que homens e mulheres aprendem de forma diferente. Também não existe nenhuma evidência científica de que mulheres são multitarefas. Um estudo realizado pela Universidade de Cambridge , analisou 167 artigos (de um grupo inicial de 5600 artigos) que estudaram os cérebros de homens e mulheres em busca de diferenças e similaridades. O que eles encontraram? Além das diferenças já conhecidas como o tamanho do cérebro, nada significativo foi encontrado. Inclusive, os cientistas alertam para o fato de que ao tentar focar muito em diferenças insignificantes e tentar atribuir algum significado a elas, poderíamos estar caindo em um novo conceito chamado “neurosexismo”. Ao analisar as áreas ativas do cérebro de homens e mulheres, durante sessões de estudo, os cientistas não encontraram diferenças. Então, não caia no papo de que homens são melhores em determinada atividade do que mulheres e viceversa.

A ilusão (ou o mito) do “Studygram” Se você gosta de conteúdos que envolvem estudos, talvez já tenha se deparado com perfis no Instagram que são dedicados a estudar ou materiais de estudo. Esses perfis são chamados de “studygrams” e seus donos são os

“studygrammers”. A origem do nome é a mistura dos termos: “study (estudo)” + “instagram”. Na maioria dos casos, esse tipo de perfil faz com que o estudo seja um estilo de vida caro e utópico. Dificilmente, você vai conseguir comprar todos aqueles materiais caros, que envolvem canetas, tablets, cadernos, folhas, etc. É errado utilizar cadernos e canetas bonitos? Não! Você deve utilizar o que gostar e o que puder pagar sem sofrer no final do mês. O problema surge quando começamos a acreditar que nosso rendimento acadêmico vai melhorar com a utilização de determinados materiais. Além dos materiais, surge uma necessidade de construir resumos inteiros bem escritos, coloridos, cheios de ilustrações, etc. Ao longo deste material, você vai entender que esse tipo de método pode nem ser o adequado para você. Criar todo esse material visualmente maravilhoso, pode apenas estar criando uma “ilusão de aprendizagem”. Ou seja, você acredita que está estudando e aprendendo, pois passa horas escrevendo, desenhando e organizando, mas na verdade seu cérebro está apenas focado no design do material e não no conteúdo em si. Criar resumos bonitos é um problema? Não! O problema é dedicar um tempo muito grande do seu dia em construir algo visualmente bonito, sem de fato aprender o que está escrito ali. Por último, noto que esse tipo de perfil cria uma ideia de “superprodutividade”, pois diversos usuários compartilham suas agendas repletas de compromissos. Não são todos os estudantes que conseguem seguir esse padrão e também não há uma razão para seguí-lo. Ao passar muito tempo consumindo esse tipo de material você, inevitavelmente, começa a se comparar com essas pessoas e vai aos poucos tentando se comportar como elas. Entretanto, quero alertar

que você não precisa copiar ninguém e sim encontrar o que funciona para você e deixar o resto de lado.

Será que você é um aluno inteligente?

A

o procurar no dicionário o significado da palavra inteligência, encontramos logo de cara: conjunto de todas as faculdades intelectuais (memória, imaginação, juízo, raciocínio, abstração e concepção). Ou seja, a inteligência está relacionada a um conjunto de habilidades que um indivíduo possui. Para deixar claro, não estarei discutindo superdotação. Neste momento, quero conversar com vocês sobre o conceito de inteligência estar relacionado ao rendimento escolar. Conforme o semestre vai passando, vamos ficando cada vez mais apreensivos e começamos a calcular médias e porcentagens para ter certeza que chegaremos ao final do semestre com uma boa nota. Não posso dizer aqui que notas não são importantes, pois no mundo em que estamos inseridos elas são, mas o que eu posso fazer é garantir que as notas não estão necessariamente relacionadas à inteligência do estudante. O que de fato importa é como o aluno vai conseguir entender, interpretar e reter o conteúdo adquirido ao longo do semestre. Os cientistas ainda não conseguem convergir em uma única explicação sobre inteligência, pois enquanto alguns acreditam que o “nível de inteligência” se mantém estável ao longo da vida, outros atestam que as pessoas vão se tornando mais inteligentes ao longo da vida. Esta última se chama “teoria incremental da inteligência” e significa que a inteligência é maleável e pode ampliar, se você utilizar estratégias e técnicas corretas. O nosso foco aqui é encontrar quais estratégias se ajustam mais ao seu ritmo de estudos, para que você consiga adquirir e reter mais informações durante o seu período de

estudos. O foco deve ser a aquisição de conhecimento e não as notas das provas e trabalhos. Em alguns países do mundo, incluindo a Finlândia, as escolas não utilizam provas para “testar” o conhecimento dos alunos. E quando usam, é um número irrisório quando comparado a países como Estados Unidos e Brasil. O que de fato significa tirar dez em uma prova na faculdade? Significa apenas que você consegue responder um conjunto de questões específicas propostas pelo seu professor, mas isso não quer dizer que você consegue interpretar aquele conteúdo ou que você consegue aplicá-lo em uma situação da vida real. Inclusive, é muito comum que os alunos saiam da faculdade e começam a fazer cursinhos de especialização que revisam todo conteúdo visto na faculdade. Ou seja, o aluno precisa de um curso para reaprender o que foi “aprendido” na faculdade. Que desperdício de tempo e dinheiro, não é mesmo? Além disso, você tirar dez em uma prova não quer dizer que você é mais inteligente que uma pessoa que tirou seis ou zero. As notas das provas são influenciadas por diversos fatores externos, incluindo o preparo psicológico do estudante. Um dos fatores que mais influencia nas notas dos estudantes é a motivação orientada. Existem alunos que possuem a motivação orientada para o conhecimento, ou seja, que está estudando por prazer, diferenciando-se daquele que possui a motivação orientada para o desempenho, ou seja, que está preocupado com as notas e não com o conhecimento. Eu sei que parece loucura dizer para um estudante não se preocupar com as notas, mas a questão é que no momento que você passa a se concentrar em desenvolver o seu pensamento crítico, suas habilidades de resolução de problemas, ao invés de memorizar informações para um

teste você passa a perceber o aumento do seu rendimento. Consequentemente, suas notas também vão aumentar. Uma das dicas mais importantes que eu posso oferecer neste capítulo é: pare de se comparar com os seus colegas de faculdade, escola ou trabalho. No ano de 2009 (segundo semestre), eu passei para o curso de Engenharia Elétrica e decidi que iria cursar Física e Engenharia Elétrica ao mesmo tempo. Uma loucura, né? Pois é! Mas o que eu realmente quero falar para vocês aqui é sobre a disciplina de “Química”. Eu sempre me considerei uma péssima estudante de Química, que a disciplina era muito difícil e que eu jamais iria aprender. Mas, para tudo existe uma razão e a minha (descobri anos depois) era que durante o ensino médio, meus professores de Química nunca se preocuparam em ensinar a matéria. Eles, na verdade, gostavam muito de bater papo e explicar algumas coisinhas. Bem, eu também tenho minha parcela de culpa, porque como os professores não se preocupavam em ensinar, eu também não me preocupava em aprender. Passei pelo ensino médio? Sim, mas sem aprender nada. Aí cheguei na Engenharia Elétrica e mais uma vez me deparei com Química. Na primeira prova, tirei uma nota tão baixa, mas tão baixa que liguei para minha mãe aos prantos do banheiro da faculdade achando que minha vida havia acabado ali. Obviamente, minha vida não acabou, tanto é que hoje estou contando esta história para vocês. Mas, lá em 2009, aquilo pareceu o fim, mas por sorte eu era muito amiga de uma colega de aula que havia feito um curso técnico em Química e se ofereceu para me ajudar. Durante vários dias, antes das aulas começarem, nós íamos para a biblioteca estudar. Ela me ensinava tudo com calma e paciência. Eu comecei a gostar do conteúdo, comecei a me interessar pelo assunto, estudar sozinha e no final consegui tirar 9,5 em Química. A minha nota só foi possível, pois uma colega de aula fez o papel de professora e começou a mostrar que eu não era tão péssima assim em

Química e que na verdade ela sabia tudo aquilo, porque já havia estudado antes. Então, não se compare com seus colegas de aula, porque você não conhece o passado deles e não se sinta péssima em algo que você possui dificuldades. Talvez, a forma como a matéria foi passada para você em um primeiro momento não é a forma que mais se encaixa para o seu tipo de aprendizagem. Faça amizades com seus colegas de sala de aula e façam grupos de estudos, porque o importante não é a nota, mas sim o conhecimento.

Ao aprender uma nova habilidade, um cérebro super ativo pode impedir o processo. Novas pesquisas, sugerem alguns insights sobre por que algumas pessoas aprendem mais rápido do que outras. Os resultados indicam que pessoas cujos cérebros automatizam processos, em vez de envolver áreas de pensamento de ordem superior, tendem a aprender mais rápido. As descobertas sugerem que, quando o cérebro “pensa demais” em um problema, ele pode retardar o processo de aprendizagem. De acordo com Scott Grafton, professor da UCSB: “Quando você começa a aprender uma nova habilidade desafiadora, como tocar um instrumento musical, seu cérebro usa muitas ferramentas diferentes em uma tentativa desesperada de produzir qualquer coisa remotamente próxima à música. Com o tempo e a prática, menos ferramentas são necessárias e as áreas motoras essenciais são capazes de suportar a maior parte do comportamento”. Então, você não precisa se desesperar em aprender algo rápido, apenas relaxe e aproveite o processo de aprendizagem.

Como manter o foco durante os estudos?

U ma das reclamações mais recorrentes dos estudantes é a falta de foco durante os estudos. Os alunos reclamam que facilmente se distraem, verificam o celular e a mente sai vagando por aí. Não se preocupe, pois se você é assim, você não está sozinho. Manter o foco na hora de estudar pode ser uma tarefa difícil, mas não é impossível. Eu, por exemplo, sou uma das pessoas mais distraídas do Universo, me perco facilmente com o mínimo barulho e adoro inventar coisas que preciso fazer na hora de estudar. Essas distrações são mais fortes na hora de começar a estudar um tópico novo, mas vão se dissipando conforme vou me aprofundando no conteúdo. O hábito do estudo não surge de uma hora para outra e você precisa ser persistente. Nos primeiros dias, você vai sentir um incômodo por sentar para estudar e vai querer acabar com aquele momento o mais rápido possível, mas conforme o tempo vai passando, você vai ficando condicionado ao momento de estudo e vai perceber que as coisas vão começar a fluir e estudar vai se tornar um momento de prazer.

Distração e direção são inversamente proporcionais Você precisa planejar e programar o seu período de estudos e estar no controle da situação. Nós perdemos o nosso foco quando nos sentamos para estudar e não sabemos exatamente o que estudar, como estudar e por quanto tempo iremos estudar. Ao planejar exatamente a tarefa do dia e estar consciente que existe um tempo delimitado para a sua realização, você vai perceber que o foco vai estar mais presente no seu tempo de estudos. Ou seja, quando você direciona (e planeja) suas tarefas, você evita as distrações.

Crie o hábito do estudo (exercício prático) Tenho certeza que por diversas vezes você já ouviu as pessoas mandarem você se concentrar, mas ninguém nunca explicou como você aprende a se concentrar. A concentração é um “músculo” e como qualquer músculo você precisa de exercícios e treinos diários. Vamos lá, se você é um completo inexperiente no hábito do estudo, eu quero propor um exercício inicial para começarmos a nos acostumar com o hábito do estudo: Separe 10 minutos do seu dia; Escolha um ambiente confortável e silencioso; Remova todas as distrações; Se alimente e beba água antes de começar a atividade; Escolha um livro texto ou um artigo científico que você tenha muito interesse para ler. Você precisa escolher um conteúdo que vá prender sua atenção; Separe duas folhas de papel: uma será a “folha de anotações" e a outra será a “folha de distrações”; Coloque o cronômetro para contar 10 minutos; Comece a ler, estudar, sublinhar, falar em voz alta, perguntar coisas para si mesmo sobre o assunto que está lendo, etc; Durante os 10 minutos de estudos, você vai lembrar coisas como: “preciso falar com meu amigo”, “preciso comprar pão”, “preciso limpar o quarto”, etc. Todos esses pensamentos serão anotados na

folha de distrações. Se você possui uma distração, anote e siga o estudo; Ao final dos 10 minutos apenas cronômetro e vá fazer outra atividade.

desligue

o

Nos primeiros dias essa atividade pode parecer estranha, mas com o passar do tempo você vai percebendo que seu corpo e seu cérebro vão se acostumando com a atividade. Com o passar dos dias, a ideia é ir adicionando minutos extras ao tempo inicial de dez minutos. Por exemplo, no quarto dia você pode estudar por 15 minutos, após duas semanas você pode estudar por 20 minutos e assim por diante. Não se preocupe que no começo tudo parece muito difícil, mas com o passar do tempo as coisas vão se tornando naturais.

Cuide da sua saúde mental e física De nada adianta passarmos horas estudando se nosso corpo não está bem. Muitos problemas de concentração podem estar relacionados a questões psicológicas que precisamos trabalhar com um profissional qualificado. Não esqueça de se alimentar de forma saudável, garantir um período de sono e se exercitar. Para que você consiga manter um ritmo de estudos, a sua vida precisa estar em equilíbrio. Lembre-se que o estudo não é a única coisa na sua vida. Eu gosto de trabalhar com a ideia das “muitas vidas” (não é nada espiritual). O que é isso? É simplesmente separar a sua vida em outras vidas, por exemplo: a vida com os amigos, a vida com a família, a vida com o namorado ou namorada, a vida com exercícios, a vida dos estudos, a vida do trabalho, etc. A ideia é que você perceba que sua vida não depende apenas dos estudos ou do trabalho, mas ela é composta por uma série de outras vidas. Então, se um dia você tirar nota baixa na prova, você tem sua família, seus amigos, seu namorado,

etc. Se você colocar o estudo como a única coisa importante na sua vida, no momento em que uma nota baixa surge todo o resto desmorona. Então lembre-se que o equilíbrio é muito importante na vida de qualquer estudante.

Quanto tempo precisamos dormir? Dormir é uma atividade fundamental que nos auxilia no estudo. Não escute pessoas que andam dizendo que você deve dormir o menor tempo possível ou que deve “estudar enquanto eles dormem”. Não! Você deve dormir, enquanto eles dormem também. Deixo para vocês, as recomendações de tempo de sono do painel de especialistas da National Sleep Foundation: Recém-nascidos (0-3 meses): a variação do sono diminuiu para 14-17 horas por dia (anteriormente era de 12-18); Bebês (4-11 meses): a variação do sono aumentou em duas horas para 12-15 horas (anteriormente era de 14-15); Crianças (1 a 2 anos): a faixa de sono aumentou em uma hora para 11 a 14 horas (anteriormente era de 12 a 14); Pré-escolares (3-5): a variação do sono aumentou em uma hora para 10-13 horas (anteriormente era 1113); Crianças em idade escolar (6 a 13): a faixa de sono aumentou em uma hora para 9 a 11 horas (anteriormente era de 10 a 11);

Adolescentes (14-17): a variação do sono aumentou em uma hora para 8-10 horas (anteriormente era de 8,5-9,5); Adultos mais jovens (18-25): A faixa de sono é de 7 a 9 horas (categoria da nova idade); Adultos (26-64): o intervalo de sono não mudou e permanece de 7 a 9 horas; Adultos mais velhos (mais de 65 anos): a faixa de sono é de 7 a 8 horas (categoria da nova idade).

Torne o assunto mais interessante Uma das críticas mais fortes que eu possuo ao ensino brasileiro é a falta de contextualização do conteúdo. É um problema recorrente e que surge no ensino fundamental e pode acompanhar até o final da graduação. Os alunos aprendem um volume muito grande de conteúdo, mas dificilmente entendem como encaixar todo aprendizado na prática. Então, uma dica importante é que antes de começar a estudar um conteúdo, você procure um vídeo ou um podcast onde o conteúdo é explicado de forma áudio-visual. Desta forma, o seu cérebro vai ser estimulado e você vai criar um interesse natural por aprender mais sobre o assunto. Você primeiro desperta o interesse e depois estuda o conteúdo do livro didático. Não se preocupe que mais para frente iremos discutir técnicas para ler livros com maior eficácia. É importante que ao final de cada período de estudo você se permita uma atividade prazerosa como comer um chocolate, brincar com seu pet, ligar para um amigo, etc. Também é importante que você saiba variar as técnicas de estudos que está usando para que o período de estudos não acabe se tornando algo chato. Iremos discutir técnicas de estudos mais para frente no livro.

Mito: Aromaterapia Diversas pessoas afirmam que a aromaterapia pode ajudar na sua concentração e no seu foco, fazendo com que você alcance melhores notas. Saiba que não existem evidências científicas para tais afirmações. Um cheirinho gostoso pode ajudar com que você se sinta mais relaxado e calmo, mas também pode causar uma tremenda alergia em outras pessoas. Então, não se preocupe em gastar seu dinheiro com coisas que você nem sabe se gosta.

Pare de procrastinar e comece a se organizar

D e forma bem direta, procrastinar é o ato de deixar para amanhã diversas atividades que você poderia realizar hoje. Todas as pessoas já passaram por situações de procrastinação. Infelizmente, dizem por aí que procrastinação é “coisa de gente preguiçosa", mas as coisas não são bem assim. Este comportamento está intimamente ligado com questões psicológicas e de saúde mental. A procrastinação está relacionada com ansiedade e baixa autoestima. Por exemplo, alguns estudantes (e pessoas em geral) não realizam suas tarefas obrigatórias, pois possuem algum medo de reprovação ou de falha. Por procrastinar, a falha eventualmente acontece e acaba servindo como um reforço para o pensamento inicial de medo. Aqui, o estudante entra em um ciclo: medo de falhar, procrastinação, falha e assim sucessivamente. A procrastinação é diferente da preguiça, pois ela é um processo ativo, ou seja, você escolhe fazer outra coisa ao invés da tarefa que você deveria estar fazendo. Por outro lado, a preguiça sugere apatia, inatividade e falta de vontade de agir. A procrastinação trabalha com a troca: você

ignora uma tarefa desagradável, mas provavelmente importante, em favor de uma que seja apenas mais agradável e fácil. A procrastinação oferece apenas um alívio imediato, mas conforme as demandas vão acumulando e o que era simples acaba saindo do controle. E aí todas as emoções negativas aparecem, como frustração, incapacidade e insegurança. A pergunta que não quer calar: como eu consigo me livrar da procrastinação? Bem, este é um processo que envolve uma mudança na sua rotina e nos seus hábitos. Saiba que não vai acontecer do dia para noite, mas aos poucos você vai observando pequenas transformações diárias que vão gerar uma mudança na sua vida. O ato de procrastinar pode acarretar em diversos prejuízos na vida do indivíduo, gerando até uma quebra das relações familiares e de trabalho (sendo este acadêmico ou não). A ideia é que possamos organizar nossas atividades diárias de tal forma que a procrastinação vai ficando para trás. O ato de deixar para depois pode se tornar um hábito para alguns indivíduos e o intuito deste livro é fornecer ferramentas para facilitar o seu processo de organização do tempo. Não deixe para depois e comece agora a colocar algumas ações em prática e entenda como você pode superar a procrastinação. O começo: você está procrastinando ou não? Se você está adiando uma tarefa por um bom motivo, você não está procrastinando, mas só você pode dizer se este motivo é de fato real ou não. Agora, se você está adiando as coisas indefinidamente ou está mudando o foco de uma atividade apenas para evitá-la, então você (provavelmente) está procrastinando. Você também está procrastinando se: Está preenchendo o seu dia com tarefas de baixa prioridade;

Deixa uma tarefa por muito tempo na lista, mesmo que esta tarefa seja muito importante; Quando começa uma atividade importante, faz inúmeras pausas para café, mandar mensagens, arrumar a casa, etc; Fica esperando o momento certo de realizar a atividade em questão; Sempre encontra uma desculpa para não começar a atividade. O meio: Por que você procrastina? Para que a mudança aconteça, nós precisamos entender o motivo pelo qual este comportamento faz parte da nossa vida. Algumas atividades podem ser desagradáveis e saiba que todas as pessoas precisam fazer coisas que não gostam muito em alguns momentos. A questão é: quanto antes você finalizar esta atividade chata, mas rápido você vai chegar nas atividades que gosta mais. Outro ponto crucial que permite a procrastinação é a má organização do tempo, da casa, do ambiente de trabalho, etc. Muita gente costuma inventar desculpas para não realizar uma atividade, como por exemplo: não possuo o caderno correto, a cadeira perfeita, o local iluminado, etc. Neste momento, eu sugiro que você pegue um papel e uma caneta ou abra o bloco de notas do celular e digite quais são as ruas razões para procrastinar (se você se identificou como procrastinador). Pense com calma e descubra o quanto você procrastina e quais são as razões. Reconhecer o problema e suas causas é o primeiro passo para começar uma mudança. O fim: vamos procrastinação

trabalhar

em

estratégias

anti-

Entenda que a procrastinação é um hábito, ou seja um padrão de comportamento intrínseco no seu ser. Você não vai conseguir quebrar este padrão de comportamento de forma rápida ou enquanto estiver dormindo. Os hábitos só deixam de ser hábitos quando você trabalha para evitar o comportamento, então tente ao máximo usar minhas estratégias para conseguir sair da procrastinação. Pare de pensar no procrastinador que você foi e perdoe-se por isso. De acordo com o estudo “ Eu me perdoo, agora posso estudar: Como o perdão por procrastinar pode reduzir a procrastinação futura ”, perdoar a si mesmo vai ajudá-lo a se sentir mais positivo sobre o futuro e reduzir a probabilidade de procrastinação. Então vamos lá: Minimize as distrações: Desconecte o seu e-mail e as redes sociais. Evite sentar-se perto de uma televisão enquanto trabalha. Se você está trabalhando em casa, avise sua família que este é o seu momento de estudo e que distrações não são bem-vindas; Comprometa-se com a tarefa: Concentre-se em fazer, não em evitar. Anote as tarefas que você precisa realizar e especifique um horário para realizá-las. Isso o ajudará a lidar proativamente com o seu trabalho; Prometa a si mesmo uma recompensa: Se você concluir uma tarefa difícil a tempo, recompense-se com alguma coisa que você goste. Pode ser um café, um docinho, uma caminhada no parque, ler um pouco do seu livro favorito, etc. Eu recomendo que você evite recompensas ligadas ao mundo digital como assistir um vídeo no YouTube um capítulo de uma série, pois você pode facilmente se perder no tempo e acabar passando 3h na frente do

computador. O mais importante: Para e pense sobre o sentimento satisfatório de terminar uma atividade; Faça algum grupo de estudo ou de tarefas: A pressão dos pares funciona! Este é o princípio por trás dos grupos de autoajuda. Uma dica importante é combinar com outra pessoa a finalização de uma atividade, assim um vai motivando o outro. Combine com algum colega de sala de aula o dia que vocês vão discutir a lista de exercícios ou o dia que vocês vão discutir a matéria para a prova; Faça agora: Realize as tarefas conforme elas forem surgindo, em vez de deixá-las crescer mais um dia; Reformule seu diálogo interno : As frases "eu preciso" e "eu tenho", por exemplo, implicam que você não tem escolha no que fazer. Isso pode fazer você se sentir impotente e pode até resultar em auto sabotagem. No entanto, dizer "eu escolho" implica que você possui um projeto e pode fazer você se sentir mais no controle de sua carga de trabalho; Engula os sapos pela manhã: Faça o mais difícil pela manhã. Tire as tarefas que você acha menos agradáveis do caminho mais cedo. Isso lhe dará o resto do dia para se concentrar no trabalho que você achar mais agradável. Além das estratégias anti-procrastinação você pode ainda não estar preparado para combater este mal que aflige a todos. Outra dica importante é que você deve pensar no ganho a longo prazo. Diversos estudantes (e trabalhadores também) focam nas recompensas a curto prazo. Ou seja, quando tais recompensas não chegam a desmotivação e a procrastinação vão ganhando espaço. Quando você precisar realizar uma atividade que não te deixa muito feliz, pense

nas recompensas a longo prazo que esta atividade vai proporcionar. Por exemplo, muitos estudantes desejam uma vaga para estudar no exterior, mas não querem passar um ano inteiro procurando vagas e enviando currículo, pois não pensam nos benefícios futuros. Uma bolsa de estudos no exterior vai impactar sua vida para sempre, então vale o esforço. Pense sempre nos benefícios que esta atividade “chata” vai lhe trazer, por exemplo: como isso pode afetar seus objetivos pessoais, de equipe ou organizacionais? Agora, se você é o procrastinador desorganizado, aqui vão algumas estratégias que podem ajudar na mudança: Mantenha uma lista de tarefas pendentes: Isso evitará que você se esqueça "convenientemente" dessas tarefas desagradáveis ou opressivas; Classifique suas tarefas em urgentes e importantes (veremos mais sobre isso): Crie uma classificação para as atividades que você precisa concluir baseada na rapidez com que você necessita executá-las; Enfrente as tarefas mais difíceis em seus horários de pico: Você trabalha melhor de manhã, à tarde ou à noite? Identifique quando você é mais eficaz e execute as tarefas que achar mais difíceis nesses momentos; Estabeleça metas com limite de tempo: Crie seus próprios prazos e os cumpra. Se você possui um projeto muito grande, considere dividi-lo em partes menores, assim você vai finalizando cada etapa e se sentindo mais motivado.

A importância da saúde mental

Para algumas pessoas, a procrastinação é mais do que um mau hábito; é um sinal de um sério problema de saúde latente. Por exemplo, TDAH, TOC, TEA, ansiedade e depressão estão associados à procrastinação. Além disso, diversos estudos sugerem que a procrastinação pode ser uma causa de estresse e doenças graves. Portanto, se você sofre de procrastinação crônica ou debilitante, uma dessas condições pode ser a culpada, e você deve procurar o conselho de um profissional qualificado.

Técnica matriz de atividades Agora você já aprendeu como parar de procrastinar, ou melhor já entendeu que você procrastina e como pode trabalhar em estratégias para mudar este comportamento. Preciso falar de algo muito importante: o gerenciamento do tempo. Gerenciar o seu tempo é parte crucial do processo de aprendizagem. Não adianta você dedicar doze horas do seu dia para estudar, se você está estudando errado ou de forma desorganizada. Existem diferentes estratégias para organizar o seu dia, mas eu vou comentar aqui, duas das mais importantes. A primeira estratégia é bem simples e consiste em organizar a sua semana no Domingo à tarde e durante a semana todos os dias à noite você vai reorganizando as suas atividades diárias. No primeiro Domingo do mês: A organização vai se tornar um hábito na sua vida, então vamos por partes. No primeiro domingo do mês, é importante que você acrescente em um calendário ou em um planner (agenda) todas as atividades obrigatórias: provas, data de entrega de trabalhos e reuniões de trabalho ou de estudos. Inclua também os horários das suas aulas e os dias, caso você esteja estudando. Todas essas atividades são obrigatórias e você não pode escolher qual o melhor

horário e dia para realizá-las. Você deve incluir aqui, atividades como academia, aulas de música, grupos de estudos extra-curriculares e toda e qualquer atividade que você faz. Antes de passarmos para a próxima etapa da organização, eu quero que vocês pensem sobre todas as atividades incluídas nos seus calendários e o grau de importância de cada atividade. Para entender o grau de importância de cada atividade, vamos usar a técnica da “matriz de atividades”. O que é isso? É um método para administração do tempo. Devemos gastar nosso tempo com coisas que são importantes e não apenas com as que são urgentes. Para fazer isso e minimizar o estresse de ter muitos prazos apertados, precisamos entender esta distinção: Atividades importantes: possuem um resultado que nos leva a atingir nossos objetivos, sejam eles profissionais ou pessoais. Atividades urgentes: exigem atenção imediata e geralmente estão associadas à realização dos objetivos de outra pessoa. Muitas vezes, são aqueles em que nos concentramos e que exigem atenção, porque as consequências de não lidar com eles são imediatas. Quando sabemos quais atividades são importantes e quais são urgentes, podemos superar a tendência natural de focar em atividades urgentes sem importância, para que possamos ter tempo suficiente para fazer o que é essencial para o nosso sucesso. A ideia aqui é acabar com aquela sensação de estar sempre correndo contra o relógio. Para utilizar o método da “matriz de atividades”, você precisa olhar para o seu calendário mensal e refletir sobre cada atividade, classificando-as em:

1)    Importante e urgente: Essas são as atividades que você poderia ter feito anteriormente, mas deixou para depois ou aquelas que surgem de última hora (no trabalho, por exemplo). Também pode ser aquela mudança de último minuto no seu TCC ou na sua dissertação de mestrado. Uma dica importante é sempre deixar alguma brecha no seu calendário para lidar com imprevistos. Sendo assim, no momento da crise você pode reorganizar suas atividades sem prejuízo. 2)    Importante, mas não urgente: Essas são as atividades que o ajudam a atingir seus objetivos pessoais e profissionais e a realizar trabalhos importantes. Por exemplo, estudar para uma disciplina da faculdade que a prova vai acontecer em 2 meses a partir de hoje. Ou então, você precisa melhorar suas habilidades em programação pensando em um futuro mestrado. Você também pode possuir uma lista de livros importantes para sua carreira que devem ser lidos antes de acabar a faculdade. 3)      Não é importante, mas urgente: Essas tarefas, geralmente, são relacionadas a outras pessoas. Por exemplo, alguém que frequentemente está pedindo ajuda na sua sala de aula para resolver alguma questão da lista de exercícios. No ambiente de trabalho pode ser alguém que não sabe resolver os próprios problemas e precisa da sua ajuda. Muitas vezes acabamos aceitando convites para atividades, que depois percebemos que não conseguimos dar conta. Então pense bem antes de dizer “sim” ou de aceitar algum convite. 4)    Não é importante nem urgente: Essas atividades são apenas uma distração e evita-las (sempre que possível) é importante. Por exemplo, seu chefe quer que você participe de algum tipo de curso ou formação que

não vai impactar positivamente sua carreira. Aprender a dizer “não” é extremamente importante para a organização do tempo. Dizer não para algo que não agrega na sua vida, vai lhe permitir dizer sim para coisas que de fato vão ajudar no seu progresso acadêmico e profissional. Para utilizar a técnica da “matriz de atividades”, você pode colocar os números de 1 a 4 em cada atividade no seu calendário. Outra forma de utilizar esta técnica, é desenhar quatro quadrados e colocar as suas atividades dentro de cada um deles de acordo com a classificação mencionada acima. Se a atividade for classificada como 1, você deve fazer, se for classificada como 2 você pode decidir se vai fazer agora ou depois. As atividades classificadas como 3 você pode tentar delegá-las para outras pessoas e as atividades classificadas como 4 serão deletadas. Agora, organize mais uma vez o seu calendário mensal baseado nessa classificação. Talvez você tenha incluído atividades que na verdade, não agregam em nada para seu crescimento pessoal e profissional. Todos os Domingos do mês: Agora que já organizamos as atividades obrigatórias e classificamos cada uma delas pelo grau de importância é hora de organizar o tempo que sobrou. Sugiro que você utilize uma hora por dia no seu calendário para revisar o que você aprendeu nas aulas. Por exemplo, na segunda-feira você assistiu aulas de metodologia científica e física. Então naquele mesmo dia à noite, você vai revisar o que aprendeu e vai organizar os conhecimentos na sua cabeça. Acessar o que você já sabe sobre o assunto é relevante para a solidificação dos conteúdos no seu cérebro. Se existem conteúdos que você nunca viu, ou não entendeu nada, essa é uma oportunidade para buscar informações

extras sobre o assunto. Caso você estude no período noturno, você pode revisar a matéria no dia seguinte. Além do tempo de revisão das matérias que você aprendeu, você precisa separar um tempo para realização de listas de exercícios, para estudar para provas e realização de pesquisas para trabalhos acadêmicos. Lembre-se que estudar é um hábito, então você vai precisar de calma para se acostumar com as mudanças no seu dia. Mais para frente neste livro, iremos discutir como tornar cada um desses horários de estudo mais eficientes. Todos os dias à noite: Outro momento importante da sua rotina é se acostumar a todos os dias à noite, verificar quais são as atividades do dia seguinte. Assim, você não perde tempo pensando no que vai fazer e em como fazer. Muitos estudantes ficam perambulando durante o dia, sem um plano de ação claro. Isso rapidamente leva à perda de tempo, à procrastinação e à distração por ocupações de baixo valor.

Técnica “blocos de tempo coloridos” Essa técnica ajuda no gerenciamento do seu tempo, organizando seu dia em blocos de tempo com atividades pré-organizadas. Você pode fazer tudo que possui desejo, desde que consiga organizar cada atividade de uma forma eficaz. Outro ponto importante nesta técnica é tentar organizar o seu dia em atividades, onde a execução das tarefas esteja relacionada. Quando você não usa os “blocos de tempo”, seu dia é dividido por coisas que aparecem aleatoriamente, reuniões e outras distrações. Dessa forma, você sabe exatamente no que deve estar trabalhando e está no controle das coisas nas quais trabalha ao longo do dia.

Você pode estar se perguntando, por que colorido? A ideia nesta técnica é criar uma codificação de cores para suas atividades. Cada cor deve representar algo importante na sua vida pessoal, acadêmica e/ou profissional. Azul claro: atividades relacionadas aos estudos como aulas, entrega de trabalhos, dia de provas, etc; Amarelo: atividades relacionadas a diversão e atividades secundárias. Por exemplo, ir ao cinema, sair com os amigos, churrasco em casa, etc; Verde claro: atividades relacionadas à saúde e exercícios físicos. Por exemplo, eu cozinho minha própria comida para levar para o trabalho. Então preciso separar tempo no meu calendário para cozinhar, além de ir para minhas aulas de yoga; Vermelho: atividades relacionadas à sua família ou relação amorosa; Roxo: atividades relacionadas à sua casa. Por exemplo, limpar, consertar, etc. Este é apenas um exemplo de como você pode organizar o seu calendário através das cores. Você pode escolher a cor que quiser e, inclusive, acrescentar atividades que eu não mencionei. Organizar o seu tempo através da técnica dos “blocos de tempo coloridos" possui inclusive evidências científicas. Um estudo mostrou que o bloqueio de tempo melhora o seu foco e concentração, pois quando os participantes estavam “sob pressão” eles se distraiam menos. A ideia é que quando você possui apenas uma hora para trabalhar em determinada tarefa, você percebe que não pode ficar se distraindo com redes sociais, e-mails, etc. Você precisa

manter o foco e atingir o seu objetivo. Mas é importante dizer que este objetivo deve ser determinado por você mesmo. Ou seja, eu decido que tal dia e horário eu preciso entregar uma determinada atividade. Mas esta atividade não será entregue para um chefe, é algo que utilizo para me manter focada. E, preciso confessar, que funciona muito bem. Minha produtividade é muito mais alta quando eu mesmo crio meus prazos de trabalho. Um estudo no British Journal of Health Psychology mostrou que quando os participantes do estudo pretendiam realizar vinte minutos de exercício - sem planejar exatamente quando - apenas 34% dos participantes de fato realizam o exercício. No momento em que eles transformaram essa intenção em um plano específico (por exemplo, das 13h00 às 14h20, irei correr), a taxa de acompanhamento aumentou de 34% para 91%. Ou seja, ao transformar uma boa intenção em um plano objetivo, você tem quase 3 vezes mais probabilidade de realizá-la. Isso é um grande impulso no desempenho para um hábito relativamente simples.

Por que engolir os sapos pela manhã? O senso comum (incluindo os estudantes) tende a acreditar que a produtividade é linear ao longo do dia, ou seja, que ela não muda, mas isso não é verdade. O seu desempenho cognitivo vai flutuando ao longo do dia. Existem momentos em que você está muito mais focado e cheio de energia e outros que você não consegue fazer nada. E não, isso não é algo bizarro, é apenas parte de existir como ser humano biológico. O segredo é trabalhar em conjunto com seu ciclo biológico e não contra ele. De acordo com uma pesquisa da Universidade de Harvard , o turno da manhã é o de maior produtividade para 75% das pessoas. Neste momento, a maioria das pessoas está

mentalmente mais focada e energizada. Então, seria aqui o momento ideal para estudar e lidar com atividades mais complicadas. Lembre-se que não são todas as pessoas que funcionam da mesma forma, ok? Se você pertence aos 25% que são mais produtivos no final da tarde ou à noite, o inverso se aplica. Eu sou uma pessoa muito produtiva no período da manhã e noto que depois das 21h00 eu fico produtiva novamente, mas não é sempre. Na verdade, eu sinto que minha produtividade está muito relacionada à motivação (já discutimos isso antes). O que eu faço? Normalmente, no período da manhã eu faço coisas novas como leitura e/ou escrita de artigos, trabalho em roteiros, nos meus livros, novos cursos, etc. Conforme o dia vai passando eu vou trabalhando em atividades que exigem menos do meu desempenho cognitivo até o meu momento de exercícios e lazer pela noite.

Técnica Pomodoro A Técnica Pomodoro é um sistema para organizar o seu tempo de trabalho ou estudos. Usando esse método, você vai dividir os seus blocos de estudos em períodos menores. Por exemplo, você se planejou para estudar inglês por uma hora. Então, você vai dividir esta uma hora em blocos de 25 minutos separados por intervalos de 5 minutos. Estes intervalos são chamados de pomodoros. Após cerca de quatro pomodoros, você faz uma pausa mais longa de cerca de 15 a 20 minutos. Lembra que eu falei anteriormente que as pessoas “sob pressão” são mais focadas? Essa é a ideia por trás da técnica, ou seja, o cronômetro vai instalar um senso de urgência. As pausas forçadas também são benéficas, pois evitam aquela sensação de esgotamento e exaustão. Muitos estudantes (eu me incluo), passam horas estudando na frente do computador sem nem perceber.

Dependendo do meu ritmo de trabalho, eu esqueço de almoçar e até mesmo de usar o banheiro. Acredito que muitos de vocês podem estar torcendo a boca para esta técnica, porque eu já sei que alguns dos meus alunos não gostam da ideia de um cronômetro. Muitos estudantes acreditam que a ideia do cronômetro deixa a pessoa mais ansiosa, mas para muitos é apenas falta de costume. Os alunos passam horas “estudando”, mas sem perceber eles acessam de 5 em 5 minutos o Instagram, verificam as mensagens que estão chegando no WhatsApp ou vão conversar só uma coisinha com o pessoal que está na sala assistindo televisão, etc. Aí quando colocamos um cronômetro a sensação de “liberdade” desaparece e o aluno se sente pressionado. É apenas falta de costume e eu vou explicar a razão. Quando eu comecei a utilizar a técnica Pomodoro parecia que algo estava errado, e eu já até tentei ignorar o cronômetro e seguir trabalhando, mas eu desisti e resolvi seguir o modelo da técnica. Com o passar do tempo, você percebe que está focado e produtivo durante os 25 minutos de trabalho para tentar estudar e aprender o máximo de coisas possíveis naquele intervalo. Além disso, quando você é forçado a ir ao banheiro ou realizar uma pausa de 5 minutos, você percebe que no final do dia você ainda possui alguma energia. Entretanto, vale mencionar que esta técnica funciona quando você está estudando sozinho em casa (e talvez com um ou dois amigos), mas quando você está assistindo aula ou possui diversas reuniões essa técnica não vai funcionar. Você não pode dizer para o seu chefe no meio da reunião que volta em 5 minutos. A técnica Pomodoro original utiliza 25 minutos de estudo e 5 minutos de pausa, mas você pode adaptar a técnica para o seu ritmo de estudos. Se você é um estudante experiente,

pode realizar intervalos de estudo de 30 minutos ou 1 hora e pausas mais longas. Se você é uma pessoa que não possui o hábito do estudo, pode inclusive realizar períodos de estudos de 10 minutos. Como já mencionei diversas vezes, estudar é um hábito que você adquire gradativamente ao longo dos dias, semanas, meses e anos.

Qual o melhor local para estudar?

U m dos segredos para que você consiga estudar de forma eficaz, é encontrar um local em que você se sinta confortável para estudar. É muito difícil estudar em um ambiente cheio de distrações, sujo ou barulhento. Cada indivíduo possui o seu local de estudos ideal, pois o que serve para mim, pode não servir para vocês. Entretanto, neste capítulo irei deixar alguns conselhos que podem servir para um grande número de estudantes. Meu primeiro conselho é que você escolha um lugar dentro de casa para ser o cantinho do estudo e opte por estudar ali sempre que possível. Assim, você se acostuma com o local e sua família também (evitando interrupções). Mantenha este local sempre limpo, por exemplo, todo domingo faça uma faxina ali. Desta forma, você pode usufruir do espaço durante a semana. Se o cantinho do estudo for no seu quarto, mantenha seu quarto limpo durante a semana. Na minha experiência pessoal, quando eu não estou motivada o suficiente para estudar, eu começo a inventar desculpas ao estilo: “preciso limpar antes de estudar”, “preciso organizar a mesa”, “preciso passar um pano no chão”, etc. Em teoria, eu não preciso fazer isso, mas meu cérebro precisa encontrar desculpas para que eu possa procrastinar sem culpa. Afinal, limpar não é ficar sem fazer nada, né? Não façam como eu e já se livrem das distrações o quanto antes.

Além do cantinho do estudo em casa procurem espaços fora de casa, onde vocês consigam estudar. Por exemplo, vocês podem estudar na biblioteca, em um parque, no pátio da escola, na garagem de casa, em uma cafeteria, etc. A ideia do estudo fora de casa é fazer com o que o nosso cérebro entenda, que o estudo não está atrelado a apenas um local. O problema quando nosso cérebro cria uma dependência com o local de estudo é que muitos estudantes não conseguem realizar provas em locais mais barulhentos ou com mesas e cadeiras mais desconfortáveis. O bom desempenho em uma prova vai além do conhecimento sobre o assunto, o quanto seu corpo está acostumado a aquela situação também vai importar. Por isso, tente estudar em diversos locais fora de casa e também, quando você estiver no supermercado ou no ônibus tente ficar relembrando a matéria. Desta maneira, seu cérebro vai percebendo que você consegue estudar em qualquer ambiente.

Estudar com música ou em silêncio?

M uitos estudantes acreditam que escutar música durante um estudo ou uma revisão ajuda na concentração. Inclusive, essa é uma pergunta que eu recebo diariamente dos meus estudantes e alguns afirmam que estudar sem música é impossível, porque é muito silencioso. Nós podemos encontrar dois tipos principais de estudantes: os que precisam de música e os que odeiam música. Ainda, posso acrescentar pessoas como eu que, às vezes, gostam de música e às vezes não gostam. Alguém se identifica? Mas como trabalho com fatos e não achismos, vamos entender o que as evidências científicas concluem sobre o uso de música durante o período de estudos.

O efeito Mozart

A ideia de escutar música enquanto estuda, especialmente música clássica, é relativamente nova e foi desenvolvida no início dos anos 90. O cientista que conduziu as primeiras pesquisas se chama Gordon Shaw e ele estava interessado em entender mais sobre a capacidade do nosso cérebro para o raciocínio espacial. Shaw e seus colaboradores, desenvolveram um modelo de cérebro e usaram notas musicais para representar a atividade cerebral, que se assemelhava às notas da música clássica quando analisadas. Em 1993, eles decidiram estudar o cérebro de estudantes universitários e, segundo eles, estudar ouvindo a “Sonata para Dois Pianos em Ré Maior” de Mozart aumentou em até 9 pontos os níveis de QI dos estudantes. Por conta desse estudo, a grande mídia começou a espalhar por aí que música clássica iria fazer seu filho mais inteligente e houve uma explosão na fabricação de brinquedos musicais. Para vocês entenderam o poder da informação que mulheres grávidas começaram a colocar suas “barrigas” para ouvirem música clássica, assim o bebê já nasceria mais inteligente. Algum tempo depois, o efeito Mozart foi considerado enganoso e, alguns cientistas o apelidaram de o “Mito de Mozart”. Por que enganoso? Primeiro, os estudantes universitários foram testados apenas em aspectos relacionados à inteligência espacial, o que os obrigou a fazer tarefas como dobrar papel ou resolver labirintos. Nos anos 2000, uma equipe de pesquisadores reuniu diversos estudos envolvendo o efeito Mozart e encontrou pouquíssima evidência de que de fato escutar música clássica ajuda no desempenho de tarefas específicas. Não foi encontrada nenhuma evidência de que os níveis de QI podem realmente aumentar ao ouvir música clássica. Ou seja, você não vai ficar mais inteligente ouvindo música clássica.

A música me deixa mais feliz!

O que a ciência pode dizer é que, na maioria dos casos, a música (todo tipo de música) vai fazer com que as pessoas se sintam mais felizes até mesmo aumentando os níveis de dopamina no nosso cérebro. A dopamina é um neurotransmissor que promove sentimentos de felicidade e excitação. O que podemos inferir é que, geralmente, quando estamos de bom humor conseguimos resolver problemas com maior facilidade do que quando estamos malhumorados. Além disso, escutar músicas relaxantes pode ajudar na redução de níveis de estresse e ansiedade e, inclusive, faz com que as pessoas durmam melhor. O que de fato precisamos prestar atenção é que a música sozinha não vai mudar sua vida, mas um conjunto de hábitos pode ajudar. Por exemplo, ao dormir melhor você tende a se tornar uma pessoa mais produtiva.

Quando a música pode prejudicar? O hábito de escutar música durante a realização de tarefas que envolvam apenas leitura e escrita, pode fazer com que o estudante se torne menos eficiente. Os alunos estariam utilizando o cérebro para duas atividades distintas e similares, ou seja, ele estaria lendo e prestando atenção na música. A recomendação é que ao ler e escrever alguma coisa importante, você tente ficar em silêncio. Também evite escutar músicas “raivosas” ou com um volume muito alto. Outro problema que pode acontecer ao estudar sempre ouvindo música é condicionar o seu cérebro a estar sempre com um som artificial no fundo. Como assim? Lembra que eu falei que nosso cérebro se acostuma com o local de estudos? Pois é, ele também fica condicionado a estudar com música. Muitos estudantes, acabam falhando em testes ou não conseguindo lembrar o conteúdo estudado, pois a sala de testes, geralmente, é silenciosa. A recuperação de

informação (lembrar o que estudou) é mais eficaz quando realizada em um ambiente semelhante ao de estudos. Portanto, os estudantes que preferem um ambiente de estudos mais silencioso acabam se saindo melhor em testes que envolvem relembrar informações do que os estudantes que escutam música. É sempre importante tentar estudar em condições semelhantes às condições dos locais onde você realiza testes e provas.

Afinal, qual tipo de música escutar durante os estudos? A principal recomendação é evitar música com letras durante o período de estudos, pois as letras acabam distraindo o seu cérebro enquanto você lê, estuda e escreve. O seu cérebro, mesmo que inconscientemente, acaba se esforçando para processar o conteúdo da música e você acaba não se concentrando o suficiente nas tarefas. Existe um porém nesse caso, se você estudar com músicas que possuem letras e você estiver muito familiarizado com a letra, o seu cérebro vai se distrair um pouco menos, pois você sabe o que está por vir. Então, pense o que de fato vai ajudar no seu estudo. A minha sugestão, baseada em diversas pesquisas científicas, é que os estudantes que desejam utilizar música de fundo optem por música sem letra ou letras que vocês conhecem muito bem. Escolham músicas que sejam consideradas mais “calmas” e evite músicas muito “agressivas”. Como todo processo de aprendizagem, tudo vai depender das suas preferências como indivíduo. O que funciona para você, pode não funcionar para mim e vice-versa.

Sugestões - Evite música com letras - Escolha música lenta e instrumental - Evite música surpreendente ou experimental: é um tipo de música que pode mudar abruptamente ou não possui ritmo fixo. - Mantenha o volume baixo: a ideia é que a música seja apenas um som de fundo. - Concentre-se em músicas pelas quais você não tem sentimentos fortes. Ouvir música que você ama ou odeia pode afetar sua capacidade de concentração. - Evite músicas em plataformas que durante a playlist surjam comerciais, pois podem atrapalhar o seu fluxo de estudos.

Outros sons que você pode testar: 1) Sons da natureza: se você gosta de atividades ao    

ar livre, os sons suaves da natureza podem te proporcionar mais calma e tornar o seu estudo mais agradável. Você pode ouvir sons de cachoeiras e rios, ondas do oceano, chuva, pássaros, vento, etc.

2) Ruído branco: Se sons aleatórios de fundo    

interrompem sua concentração, o ruído branco, que abafa o ruído de fundo, pode ajudá-lo a manter o foco. Você pode procurar por aplicativos que geram esse tipo de ruído. E na sua casa, você pode ligar um ventilador ou sintonizar um rádio para obter estática.

Mito: Sons binaurais Você encontra pela internet diversos vídeos com supostos sons binaurais que ajudariam na sua concentração, foco e rendimento. Não há nenhuma evidência científica que sons binaurais podem ajudar nos estudos, por isso não perca seu tempo focando em coisas que não possuem nenhuma validação científica.

Quais as melhores ferramentas de estudo?

H oje,

os alunos têm acesso a vários recursos de estudo, desde opções de impressão a seleções de tela. Cada aluno é único, assim como seus hábitos de estudo. Neste capítulo, iremos discutir quais as melhores ferramentas para que você possa estudar de forma eficaz e eficiente.

Leitura: computador ou papel? Uma pesquisa realizada em 2019, descobriu que alunos de todas as idades absorvem mais informações quando estão lendo diretamente no papel. A leitura do papel pode ajudar os alunos a lembrar as informações com muito mais facilidade e retê-las por períodos mais longos. O foco deste material é facilitar o seu processo de aprendizagem, mas é importante deixar claro que adquirir um livro nem sempre será possível para todos os estudantes. Os livros utilizados na universidade possuem um valor alto, então eu sugiro que vocês tentem conseguir um exemplar do material na biblioteca, trabalhem com fotocópias e quando nenhuma das alternativas anteriores for possível, usem as telas. Eu fui estudante universitária e tenho consciência da situação financeira dos estudantes. Não se preocupe que ler na tela do computador não vai destruir sua vida acadêmica.

Existem semelhanças entre ler papel e a tela do computador, mas também existem diferenças significativas. Um estudo científico de 2011, descobriu que os participantes que estudam digitalmente, dedicam menos tempo e têm escores de compreensão mais baixos. Livros impressos permitem que os alunos marquem o progresso que fizeram e voltem para confirmar essas informações. Ser capaz de destacar, sublinhar e marcar informações valiosas mantém o desempenho do aluno muito mais consistente. Além disso, as telas de computador podem cansar nossos olhos e podem oferecer distrações. Os livros também oferecem facilidades na hora de marcar conceitos importantes, voltar para verificar uma informação, adicionar um post-it, etc. Se você não possui condições de comprar um livro ou não o conseguiu na biblioteca, opte por utilizar softwares que permitam que você escreva notas e comentários, sublinhe palavras importantes, etc. Se você estiver lendo um livro através do computador, feche todas as redes sociais para evitar distrações.

Escrita e anotações: computador ou papel? De acordo com diversas pesquisas, os estudantes que assistem aulas e tomam notas manuais (papel e caneta) apresentam maior compreensão do conteúdo. O que acontece é que os estudantes que digitam as informações durante a aula não resumem tanto o conteúdo, pois possuem uma facilidade maior em anotar tudo que o professor fala. Já os alunos que utilizam papel e caneta, precisam escutar bem o que o professor disse e anotar só o que for importante. Nesse processo de prestar atenção, o aluno já vai assimilando o conteúdo e ao escrever reforça o que aprendeu. Por isso, opte por realizar anotações manuais durante as aulas.

Estudar através de vídeoaulas com velocidade aumentada Atualmente, com a pandemia, encontramos um aumento muito grande no ensino à distância. Os alunos se viram obrigados a participar de inúmeras vídeoaulas e muitos não sabiam como agir. O costume da aula gravada também ganhou força e atualmente muitos estudantes assistem os vídeos da aula em velocidade aumentada. Ainda não existem pesquisas científicas específicas sobre o tema, mas o que eu posso trazer de informação é que assistir um vídeo na velocidade aumentada pode não ser benéfico na aquisição de um conteúdo completamente novo. Se você já possui um domínio sobre o assunto, a velocidade aumentada não vai prejudicar seu aprendizado. Entretanto, se você estiver aprendendo pela primeira vez aquele conteúdo, minha sugestão é que assista com calma, vá pausando, fazendo anotações e assimilando aquele conteúdo. O seu cérebro precisa de tempo para aprender um tópico novo, então não force a barra.

Ferramentas extras Para os estudantes que gostam de escrever tudo que aprendem, eu sugiro que vocês utilizem um código de cores bem simples para marcar as informações mais importantes. Também podem usar o código de cores para destacar dúvidas. Por exemplo, utilize uma caneta vermelha para dúvidas, uma caneta verde para explicações importantes, uma caneta roxa para itens que você precisa pesquisar mais informações, etc. A utilização de um código de cores pode auxiliar muito no seu aprendizado. A utilização de post-it também pode facilitar sua vida e fazer com que você concentre naquele pedaço de papel, as informações mais importantes daquela página.

Para o pessoal que cursa exatas, eu recomendo cadernos com folhas pontilhadas, pois facilitam na hora de escrever equações e desenhar gráficos. Mas, lembre-se que você não precisa de uma quantidade enorme de materiais para estudar e aprender. Foque no essencial e no que de fato funciona para você.

Técnicas de estudo cientificamente comprovadas

C aro estudante, se você chegou até aqui você já aprendeu como organizar seu dia, algumas técnicas para não ficar dependente do local de estudo e como deixar a procrastinação de lado. Agora, chegou uma das partes que eu mais gosto: as técnicas de estudo. O objetivo deste capítulo é apresentar uma lista com técnicas de estudo cientificamente comprovadas e assim, você vai poder escolher as que mais gosta. Lembre-se que você não deve usá-las todas ao mesmo tempo, mas pode usar de forma intercalada ou quando necessário. Qual o seu método atual de estudo? Ler um livro rapidamente e esperar que o conteúdo fique no seu cérebro? Se sim, sinto informar que você vai pensar, se estressar e não vai conseguir aprender nada. Como estudante, é fundamental que você desenvolva técnicas eficazes de gerenciamento de tempo e de estudo que o ajudem a reter o máximo de informações. Saiba que estudar na noite anterior não adianta mais. 1.

Pense sobre como você pensa

Vamos começar com algo básico, mas que pode fazer toda diferença. Pense sobre como você pensa, ou seja, faça uma

autoavaliação do seu nível de conhecimento em determinado assunto e como você lida com os estudos. Monitore seu bem-estar emocional em atividades de estudo potencialmente estressantes. Entender como você reage a determinadas atividades, pode te ajudar a organizar melhor seus blocos de estudo. Se uma determinada atividade for muito estressante, você pode quebrá-la em atividades menores visando sua saúde mental. 2.

Não force a barra (“superaprendizado”)

Um erro muito comum dos estudantes é forçar demais a barra e acabar esgotado. Lembra que eu passei para vocês um exercício prático de 10 minutos e deixei claro que após aqueles 10 minutos vocês precisam fechar os livros e ir fazer outra coisa? Pois é, muitos estudantes sentem a adrenalina e a motivação e fazem os 10 minutos, se tornarem 20 ou 30 no primeiro dia de estudos. Isso pode parecer benéfico, mas você dificilmente vai conseguir manter este ritmo com o passar do tempo e, eventualmente, a desmotivação vai chegar. É importante que você respeite seus próprios limites e não atinja o que chamamos de “superaprendizado”. Defina seus períodos de estudo e os respeite. Acabar o momento de estudo de forma motivada, vai te ajudar a retomar o aprendizado do ponto que você parou. 3.

Você não é multitarefas

A ideia de que somos multitarefa é um mito. Talvez você acredite que enviar mensagens de texto enquanto estuda vai facilitar sua vida, mas na verdade, você está criando hábitos de estudos ruins. A chamada “multitarefa” estende o seu tempo de estudos e pode prejudicar seu processo de aprendizagem. 4.

Técnica dos blocos de memória

Essa é uma das técnicas que eu mais gosto que se baseia na ideia de agrupamento. Os estudantes aprendem com mais facilidade, quando estudam através de pequenos blocos de informação do que quando tentam enfiar todo conteúdo de uma vez só na cabeça. Esta técnica é baseada na capacidade da memória de trabalho e em como nossos cérebros transformam memórias de curto prazo em memórias de longo prazo. Geralmente, os estudantes estão submetidos a receber uma quantidade muito grande de informações novas, mas como suas memórias de trabalho não podem conter todos esses fatos, eles tendem a esquecer a maior parte do que aprendem. Uma das maneiras mais eficientes para não perder o conhecimento é agrupá-lo em tópicos. Portanto, se você se encontrar em uma situação (não ideal), em que precisa se lembrar de uma grande quantidade de informações em um pequeno período de tempo, tente agrupar os fatos com base em suas características ou encontre um padrão nas informações que seja significativo para você, para conectar ideias aparentemente não relacionadas. Não se esqueça de tentar conectar as informações novas com o conhecimento que você já possui sobre determinado assunto. 5.

Técnica da memória ativa

Muitos estudantes erram ao acreditar que apenas ler o conteúdo de forma passiva já é o suficiente. Inclusive, muitos estudantes (e pais de estudantes) acreditam que quanto mais horas você fica lendo o livro da escola, mais você aprende. Quantidade de estudo não é qualidade de estudo. A técnica da memória ativa é baseada no conceito de lembrar o que foi aprendido em um momento posterior. Por exemplo, lembrar de uma resposta a uma pergunta melhora

o aprendizado muito mais que procurar a resposta no livro didático. Se você além de lembrar, escrever essa resposta em algum lugar, você torna seu aprendizado mais eficaz. Ao praticar esta técnica, dificilmente você vai esquecer o que aprendeu. Lembre-se que tudo faz parte de uma rotina de estudos e você precisa incorporar a ideia de memória ativa no seu dia a dia. Por exemplo: Utilize simulados: responda perguntas sem olhar no seu livro ou nas suas anotações. Estudos descobriram que alunos que se testaram com um teste prático depois de aprenderem o material retiveram 50% a mais das informações, uma semana depois que seus colegas que não fizeram o teste prático; Crie suas próprias perguntas: seja você seu próprio professor e invente perguntas que você acha que podem cair em uma prova. Vá guardando essas perguntas para tentar responder posteriormente; Use flashcards: crie flashcards, mas não se esqueça de utilizar a técnica de recuperação. De um lado do flashcard coloque uma palavra e do outro lado um conceito. Antes de virar o flashcard para verificar a resposta, escreva em um pedaço de papel qual a resposta que você vai encontrar do outro lado. 6.

Técnica de Feynman

A Técnica de Feynman é um método eficiente de aprender um conceito rapidamente, explicando-o em termos simples e claros. Muitos alunos apenas repetem o que o professor explica na sala de aula, sem nem entender exatamente o que estão falando. Como funciona?

Escreva o assunto ou o conceito que você está estudando no topo de uma folha de papel; Em seguida, explique com suas próprias palavras, como se estivesse ensinando outra pessoa. Se você não sabe explicar alguma coisa muito bem, faça um círculo ao redor do conceito, pois você precisa rever depois; Leia novamente o que escreveu e identifique as áreas em que errou. Depois de identificá-los, volte para suas anotações ou material de leitura e descubra a resposta correta. Reescreva sua explicação, corrigindo as falhas; Se houver alguma área em sua escrita em que você usou termos técnicos ou linguagem complexa, volte e reescreva essas seções em termos mais simples. 7.

Técnica das anotações coloridas

Já mencionei anteriormente a importância de utilizarmos códigos de cores para facilitar o nosso aprendizado. Aqui, vou dar um exemplo mais claro e uma ideia que vocês podem seguir. Saiba que anotações confusas podem dificultar a lembrança dos pontos importantes de uma aula ou palestra. Criar um código de cores pode organizar as informações e facilitar o seu aprendizado. Além de ajudar a priorizar as ideias mais importantes. Um estudo recente descobriu que a cor pode melhorar o desempenho da memória de uma pessoa. Esse mesmo estudo, descobriu que cores quentes (vermelho e amarelo) “podem criar um ambiente de aprendizagem positivo e motivador que pode ajudar os alunos não apenas a ter uma percepção positiva em relação ao conteúdo, mas também a se envolver e interagir mais com os materiais de

aprendizagem”. Ele também relatou que as cores mais quentes “aumentam a atenção e provocam entusiasmo e informação”. Você pode estar achando que esta dica é muito simples, mas não é. Mantenha em mente o seguinte: Anote os pontos-chave em vermelho; Destaque as informações importantes em amarelo; Organize os tópicos por cor; Não pinte tudo - apenas as informações mais importantes. 8.

Técnica do aprendizado espaçado

O objetivo do aprendizado espaçado é fazer com que o aluno estude de forma contínua e não deixe para estudar na noite anterior ao exame. Nesta técnica, nós estudamos o conteúdo em um dia e quando nosso cérebro está quase esquecendo do que aprendemos, nós resgatamos a informação. A técnica do aprendizado espaçado permite que seu cérebro crie conexões fortes entre as informações aprendidas, tornando o seu aprendizado mais eficaz. Para que você consiga aplicar essa técnica no seu dia a dia é importante que você separe o conteúdo para estudar em intervalos espaçados semelhantes ao cronograma abaixo: Dia 1: Aprenda o material em aula; Dia 2: Revisite e analise; Dia 3: Revisite e analise; Após uma semana: Revisite e revise; Após duas semanas: revisite e analise.

Para que esta técnica dê certo, você precisa começar a planejar cedo. No começo de cada semestre, você já deve organizar os períodos de estudo para cada disciplina. Mesmo que faltem meses para as provas, é importante que esse tempo já esteja separado. Lembra que falamos anteriormente sobre organizar o seu horário com antecedência no primeiro domingo do mês? O planejamento é a chave de tudo. Planejar também ajuda a manter a calma, pois você vai evitar surpresas indesejadas ao longo do ano. 9.

Técnica da Revisão Ativa

A revisão ativa pode ser um complemento da “técnica da memória ativa” e usada de forma conjunta com a “técnica do aprendizado espaçado”. Pode parecer muita coisa, mas com o tempo você vai pegando o jeito. A ideia é fazer com que você deixe de ser um estudante passivo. Durante seus estudos, você pode ter um caderno dedicado à "revisão ativa”. Como funciona? Ao longo dos estudos, você vai anotando informações importantes, mas deixando lacunas para serem preenchidas posteriormente. Por exemplo, você leu no livro didático que o núcleo atômico é composto por prótons e nêutrons que por sua vez são compostos por quarks. No seu caderno de revisão ativa, você vai escrever: O núcleo atômico é composto por ______ e ______ que por sua vez são compostos por ______. Essas lacunas servirão como gatilhos de aprendizagem na hora da revisão. Na hora do estudo, antes de abrir o livro ou o caderno da disciplina, você faz uma revisão ativa do material e aí sim começa a sessão de estudos com material adicional. Você pode separar 10 minutos do seu tempo de estudos da disciplina para a revisão. Esse processo de fazer o cérebro lembrar do que já foi estudado anteriormente vai ajudar a fixar a matéria. 10.

Técnica dos mapas mentais

Essa é uma técnica que pode ajudar o estudante a organizar o pensamento, mas se usada de forma equivocada pode atrapalhar por criar a chamada “ilusão do aprendizado”. Os mapas mentais são recomendados após o aluno construir conhecimento sobre o assunto. Você não consegue fazer um bom mapa mental se não souber nada sobre o assunto. Então, primeiro estude, utilize técnicas como a da memória ativa e das anotações coloridas e posteriormente, utilize a técnica dos mapas mentais. A ideia desta técnica é organizar visualmente as informações em uma espécie de diagrama ou esquema. Você deve começar escrevendo uma palavra no centro de uma página em branco. A partir daí, você escreve as principais ideias e palavras-chave e as conecta diretamente ao conceito central. Outras ideias relacionadas continuarão a se ramificar. Os mapas mentais são ótimos aliados, pois estão relacionados à maneira como nosso cérebro armazena e recupera informações. O objetivo é permitir que nosso cérebro crie mais conexões entre as informações aprendidas. Como criar um mapa mental? Pegue uma folha de papel em branco e escreva seu tópico de estudo no centro; Conecte uma de suas ideias principais (ou seja, um capítulo de seu livro ou notas) ao tópico principal; Conecte sub-ramos de ideias de apoio ao seu ramo principal. Esta é a associação de ideias. Você pode usar cores e até mesmo ilustrar alguns conceitos, mas lembre-se que o foco não está em um mapa mental profissional. A ideia é aprender, então não gaste todo seu

tempo ilustrando as informações ou colorindo o mapa por horas; use seu tempo para adquirir conhecimento. Se você gosta de ilustrar conceitos relativos ao seu campo de estudos, separe um bloco de tempo específico para esta atividade. Você pode fazer tudo que desejar, desde que programe com antecedência. 11.

Estude antes de dormir

O sono é crucial para o funcionamento do cérebro, a formação da memória e o aprendizado. Estudar antes de dormir, seja revisando cartões ou anotações, pode ajudar a melhorar a recordação. De acordo com estudos científicos, quando você está acordado, aprende coisas novas, mas quando está dormindo, você as refina, tornando mais fácil recuperá-las e aplicá-las corretamente quando precisa delas maioria. Isso é importante para a forma como aprendemos, mas também para como podemos ajudar a manter funções cerebrais saudáveis. Você pode estudar ou ler um material importante algumas horas antes de dormir e revisar o conteúdo pela manhã. 12.

A curva do esquecimento

Por que as técnicas dos blocos de memória, da memória ativa e do aprendizado espaçado são tão importantes? Porque você pode estar caindo na curva do esquecimento. Como assim? Como já discutimos, as pessoas possuem muito mais probabilidade de se lembrar de informações de uma aula de uma hora quando revisam o que aprenderam mais tarde. Como nosso cérebro está submetido a uma chuva diária de informações novas, ele decide o que manter e o que esquecer. Uma maneira do cérebro decidir o que tem prioridade é prestando mais atenção às informações que processou várias vezes. Logo, você vai se lembrar dos

conteúdos que revisou ao longo dos dias. Caso você não revise nada seu cérebro vai esquecer das informações, por isso a importância de utilizar as técnicas ensinadas até agora.

O que não fazer durante os estudos? - Sublinhar o texto inteiro: Muitos estudantes possuem o hábito de sublinhar o texto inteiro por pensar que tudo é uma informação importante. No entanto a ciência diz que ao sublinhar o texto o seu cérebro cria uma ilusão de aprendizagem, ou seja, o cérebro pensa que ao movimentar a mão você está aprendendo, mas você não está aprendendo nada. - Realizar exercícios com o computador ou o livro aberto: ao acabar de estudar o conteúdo, feche o livro ou o computador e resolva os exercícios como se você estivesse realizando uma prova. Se você tentar resolver a lista de exercícios com o livro aberto, seu olho tende a espiar a informação desejada e você também cria uma ilusão de aprendizagem e na hora da prova você não vai saber nada. Aprender técnicas de estudo eficazes pode garantir que você esteja totalmente preparado para os exames e ajudará a controlar qualquer ansiedade iminente no teste. Esperançosamente, com as técnicas apresentadas aqui, você pode evitar estudar na noite anterior e tornar seu tempo de estudo mais eficaz. 13.

Ensino à distância (virtual)

Na situação da pandemia, muitos alunos começaram a estudar à distância e a adaptação pode ter sido muito difícil ou ainda é muito difícil. Todas as técnicas ensinadas ao longo deste material podem ser aplicadas para o ensino virtual. Ou seja, não existem técnicas de estudos específicas para quem

aprende virtualmente a manter o foco ou atenção, mas algumas dicas são importantes: Tente criar um ambiente exclusivo para o ensino virtual, evitando assistir aulas deitado no sofá ou na cama. Procure estar sentado em uma cadeira com o computador ou telefone em uma mesa. Seu cérebro vai aprender melhor mantendo uma regularidade no local onde as aulas acontecem; Crie grupos virtuais para estudar com seus colegas; Evite assistir aulas de pijama, comendo, tomando banho, brincando com o seu pet, etc; Tenha os momentos de estudo e os momentos de descanso; Organize seu horário e tente estar pronto antes da aula começar, ou seja não acorde faltando 2 minutos para que a aula comece; Faça anotações durante a aula e trate aquele momento como se fosse presencial. O ensino virtual pode ser desafiador, principalmente quando as aulas são gravadas, pois muitos estudantes decidem que vão assistir a aula depois, mas o depois nunca chega. Evite procrastinar até o último momento, porque isso vai evitar muita ansiedade desnecessária. E lembre-se mais uma vez, todas as técnicas ensinadas ao longo deste livro podem ser aplicadas para o ensino virtual.

Como escolher e ler um livro didático?

M

uitos alunos se sentem sobrecarregados com a quantidade de informações disponíveis em um livro didático, acreditam que passam muito tempo lendo livros e, geralmente, não conseguem se concentrar e nem descobrir o que de fato é importante. Os livros da faculdade ou da escola podem ser entediantes e até mesmo difíceis, mas, na verdade, eles são projetados para ajudar no aprendizado. Neste capítulo, iremos buscar técnicas e estratégias práticas para que você possa ler um livro didático de forma mais eficaz.

Como escolher o livro didático? Esse é um ponto crucial na vida de qualquer estudante: qual livro escolher? Não existe uma resposta concreta para essa pergunta, mas é importante que você não se perca em uma pilha de livros. Opte por um livro principal para a parte teórica, um livro para a parte de exercícios (que pode ser o mesmo livro da parte teórica) e um terceiro livro de apoio. O terceiro livro vai te ajudar a responder questões que você acha que o livro um não explica muito bem. Se o professor possuir uma apostila durante as aulas, também leia a apostila do professor. Não compre ou pegue na biblioteca cinco livros diferentes, porque você vai ficar confuso sobre qual livro usar. Como escolher o livro principal? Você vai ter que passear por alguns livros até encontrar o que você se sinta mais à vontade, ou peça recomendações para um colega ou professor. Não tenha medo de trocar o livro principal se você acreditar que o livro não atende às suas expectativas. Geralmente, cada disciplina possui um livro de referência que é usado por todos.

Posso ler na tela? E-reader é uma boa opção?

Você pode ler um livro utilizando a tela do seu computador ou tablet. Uma outra opção é realizar esta leitura em dispositivos específicos para esse propósito, por exemplo o e-reader. Eles não usam telas de LCD, em vez disso usam um tipo de display que é amplamente descrito como epaper. A ideia é se aproximar da experiência de ler um livro com folhas de papel. A desvantagem é que e-readers são um pouco lentos ao abrir um material muito pesado e não possuem cores. Ou seja, se você precisar estudar um livro que possua ilustrações, o e-reader não é uma boa opção.

Técnica da leitura ativa Qual tipo de estudante você é? Aquele que vai lendo cada palavra do livro de forma meticulosa ou aquele que vai lendo uma palavra da página e passando as páginas do livro? Embora esses dois tipos de estudantes pareçam diferentes, as abordagens são passivas. Ou seja, nenhuma das opções anteriores vai ajudar na compreensão ou retenção de informações. Os estudos científicos mostram que estratégias ativas de leitura levam à compreensão e retenção e ajudam os alunos a ter um melhor desempenho nas aulas. O que são estratégias ativas? Aquelas que forçam o seu cérebro a fazer algo enquanto lê o livro. Nesta seção, iremos discutir algumas dessas estratégias.

Antes da leitura Antes de começar a leitura de um livro, observe ele como um todo, vá folheando as páginas e observando cada detalhe. Preste atenção especial a estes recursos ao visualizar seu livro: Títulos, cabeçalhos e legendas; Ilustrações, gráficos, tabelas, visuais;

Listas de vocabulário, glossários; Resumos de fim de capítulo; Apresentações; Reveja as perguntas e pratique os problemas; Caixas de interesse especial e notas nas margens; Palavras em negrito. Ao observar estes aspectos visuais vá tentando criar conexões com conteúdos e informações que você já possui. Ao utilizar a técnica da memória ativa, neste primeiro momento, você vai facilitar a retenção de conteúdo quando começar a ler o livro. Aproveite e faça uma lista do que você já sabe sobre o assunto, o que deseja aprender e as dúvidas que já possui. Outra dica interessante é que você comece a leitura do capítulo do livro pelo resumo final e até mesmo lendo as questões na seção de exercícios. Desta forma, você ganha uma ideia dos aspectos mais importantes daquele capítulo. Ainda antes de iniciar a leitura defina um objetivo, ou seja, tenha em mente o que você quer aprender a partir daquela leitura.

Livros digitais (e-books) Não há nenhum problema se você decidir utilizar recursos digitais para estudar, mas é importante que você conheça os recursos oferecidos pelo software escolhido. Por exemplo, você sabe como passar a página, voltar, sublinhar palavras e outras ferramentas? É importante conhecer a estrutura do seu livro eletrônico, pois assim você economiza tempo durante a sessão de estudos.

Durante a leitura Descubra a ideia principal: concentre-se nas primeiras frases e nos recursos de texto para obter as ideias principais de cada parágrafo ou seção à medida que lê. Frequentemente, elas contêm a ideia principal, enquanto as outras frases do parágrafo fornecem suporte e detalhes. É importante que durante a leitura você vá convertendo os principais tópicos em perguntas e as responda; Crie perguntas: Antes de realizar anotações conclua a leitura da página ou da seção, assim você tem tempo de entender o que realmente é relevante sobre o assunto. Pare e resuma: Após cada seção (ou página), pare (feche o livro) e escreva um breve resumo do que você acabou de ler com suas próprias palavras de memória; Não exagere: Lide com não mais do que cinco a dez páginas por vez. Espace sua leitura ao longo do dia e da semana, ao invés de amontoar tudo em sessões de uma hora de duração. Confira nossos folhetos de gerenciamento de tempo para encontrar alguns calendários e recursos para ajudá-lo a melhorar sua leitura; Técnica da memória ativa: Antes, durante ou depois da leitura, faça conexões entre o material e sua própria vida, o mundo e outros textos / materiais do curso que você aprendeu.

Após a leitura

Visite novamente o capítulo mais tarde: Em vez de reler o capítulo desta vez, concentre-se nos conceitos principais. Observe como o conteúdo abordado na aula se conecta com o material do capítulo. Organize seus pensamentos: Faça um esboço ou mapa conceitual para ajudá-lo a sintetizar e mapear as informações visualmente. O ideal é começar da memória e criar tudo o que puder sem olhar para o livro, para obter uma melhor compreensão do que você sabe bem e do que precisa estudar; em seguida, use seu livro como referência para preencher o que você não sabia bem. Essa técnica ajudará na sua retenção muito mais do que confiar demais no livro didático. Faça flashcards: Crie flashcards para termoschave, datas, pessoas, etc. e use-os para autoteste. Responda à pergunta / defina você mesmo a palavra antes de virar o cartão e ver a resposta.

Técnica 2PL2R A técnica 2PL2R ajuda os alunos a identificarem fatos importantes durante a leitura de um livro ou artigo científico. Esta técnica possui cinco etapas: 1)      Pesquisa: em vez de ler o livro inteiro, comece folheando o primeiro capítulo e fazendo anotações em quaisquer títulos, subtítulos, imagens ou outros recursos de destaque, como gráficos. 2)      Pergunta: Formule perguntas sobre o conteúdo do capítulo, como: Do que trata este capítulo? O que eu já sei sobre esse assunto?

3)      Ler: comece a ler o capítulo completo e procure as respostas para as perguntas que você formulou. 4)      Recite: depois de ler uma seção, resuma com suas próprias palavras o que acabou de ler. Tente relembrar e identificar os pontos principais e responder a todas as perguntas da segunda etapa. 5)      Revisão: depois de terminar o capítulo, é importante revisar o material para entendê-lo totalmente. Faça um teste sobre as perguntas que você criou e releia as partes que você precisar. Esta técnica também é uma grande aliada das pessoas com TDAH (mais para frente iremos falar especificamente sobre o assunto).

Resuma o conteúdo com as suas próprias palavras

O

s alunos possuem a tendência a achar dificuldade em expressar as informações. Não se preocupe, pois você não é a única pessoa que pensa assim. As técnicas ensinadas anteriormente já auxiliam no processo de resumir o conteúdo e fazem com que você use suas próprias palavras. Aqui vou dar mais alguns conselhos que podem ajudar nesse momento crucial: resumo e anotações.

Verbalize a informação Isso mesmo, o som ajuda a criar novas associações em partes diferentes do cérebro. Aqui, além da visão, você utiliza o “efeito sonoro”. Leia o texto em voz alta, especialmente os conceitos importantes;

Ensine alguém (pode ser a parede ou seu animal de estimação); Crie grupos de discussão com seus colegas; A técnica de Feynman (já explicada anteriormente) é uma importante aliada nesse momento.

Escreva as informações Tenha sempre com você uma folha para servir como apoio durante a leitura. Lembre-se, você não deve copiar partes do livro, ok? Na folha, você vai apenas escrever os conceitos importantes do que está aprendendo e ao final da leitura você tentará explicar em voz alta o que aprendeu. Nosso cérebro tende a lembrar de experiências que envolvem os nossos sentidos, por isso transforme o momento de leitura em uma experiência sensorial. Todas as dicas deste livro são gatilhos para que nosso cérebro retenha as informações a longo prazo.

Leitura crítica Este é o ponto alto para criar um bom resumo sem usar as mesmas palavras do livro ou do seu professor. Precisamos fazer com que nosso cérebro pense de forma crítica sobre o que estamos lendo. Mais uma vez precisamos trabalhar com a leitura ativa e não passiva. Vire o FBI da leitura: Sempre tenha uma pergunta em sua mente antes de começar a ler. Aqui, você não está apenas lendo um capítulo, você está procurando pistas para resolver um mistério. Durante a leitura, faça perguntas sobre o material. Por que o autor mencionou este ponto? Eu concordo com o que ele fala? Sim? Não? Por quê? Quais são as evidências científicas usadas para chegarmos a tal

conclusão? O que outros autores falam sobre o assunto? Vire uma árvore cheia de galhos: Quais são as aplicações do que eu estou lendo? Onde usamos na vida real esse conteúdo? Eu saberia dar um exemplo prático? Pense no conteúdo principal como um tronco de uma árvore e tudo que derivar dele são os galhos. Se conecte com o assunto: Pense se esse conteúdo se conecta com a sua mente de cientista. Eu me interesso pelo assunto? Já li coisas parecidas? Eu quero aprender além do que este capítulo me explica? Como você se relaciona com o assunto abordado?

Pense sobre como você pensa

A o longo deste livro, eu falei sobre diferentes técnicas de estudo, diferentes estratégias para organizar seu tempo, sobre o tipo de aluno que você é e tudo isso pode ser resumido em: autoconhecimento. Como assim? Entender o tipo de estratégia e a técnica que funciona para você é também um processo de autoconhecimento. Você precisa pensar com atenção no que funciona e no que não funciona para você como estudante. Neste capítulo, falarei de forma introdutória sobre uma das teorias de aprendizagem que eu mais gosto: a compreensão cognitiva. A ideia aqui é nos concentrarmos no nosso pensamento. A cognição estimula os alunos a “pensarem sobre seu pensamento" como um meio de desvendar um conceito ou assunto no qual possuem dificuldade. A aprendizagem cognitiva nos oferece uma nova maneira de

olhar para nós mesmos e para o nosso cérebro. Geralmente, este tipo de conteúdo é específico para outros professores, mas eu acredito que o estudante, em alguns casos, é o seu próprio professor. Um dos conceitos mais importantes da aprendizagem cognitiva é “metacognição”, ou seja, ganhar consciência sobre os pensamentos e processos que seu cérebro passa ao longo do processo de aprendizagem.

Seja consciente de como seus pensamentos afetam seu desempenho acadêmico Vou falar algo simples, mas que é muito difícil na prática: preste atenção no seu próprio pensamento e nos seus processos mentais. Entenda como seus pensamentos são afetados por fatores internos e externos. Se seus processos cognitivos estão sob controle, você vai possuir uma facilidade maior em aprender. Entretanto, se algo estiver errado, dificuldades podem surgir ao longo do caminho. Como este livro possui o objetivo de ser um guia prático e objetivo, eu não quero confundir vocês com diversos conceitos, mas quero que vocês entendam como conhecer a forma que nossos pensamentos funcionam pode nos ajudar a obter maior sucesso na hora de estudar. Por isso, trago aqui dois conceitos importantes da compreensão cognitiva: A teoria social cognitiva: É a ideia de que nossa aprendizagem é afetada pelo contexto social que nos cerca (pelo ambiente que estamos inseridos). As interações sociais que realizamos ao longo da nossa vida, também podem afetar a forma com que estudamos e desenvolvemos os processos de aprendizagem. Vocês podem começar a observar, como se comportam diante das atividades propostas

ao longo do dia e tomar consciência das consequências de cada decisão feita por vocês. Quando decidimos estudar com antecedência, podemos obter notas mais altas, sentir motivação, não sentirmos tanta ansiedade e podemos perceber a importância de seguirmos com esse comportamento social; A teoria cognitivo-comportamental: É a ideia de que a forma como pensamos, sentimos e nos comportamos estão todos diretamente conectados. Isto quer dizer que nossos pensamentos podem determinar nossos sentimentos e comportamentos. Estes elementos cognitivos podem afetar a forma como vocês aprendem em sala de aula. Por exemplo, se você acredita que não é bom em física, que nunca vai entender a matéria, é provável que sinta frustração, raiva e desmotivação e de fato, tenha um desempenho ruim. Por isso é importante que você como aluno, entenda se esses pensamentos são de fato reais ou apenas criação da sua imaginação. A teoria cognitivo-comportamental está intimamente ligada à teoria social cognitiva, pois esta identifica como as forças externas e as forças internas, seus pensamentos, impactam sua aprendizagem. A teoria social cognitiva utiliza a teoria cognitiva do comportamento para explicar a aprendizagem.

Estratégias práticas para uma aprendizagem cognitiva Existem muitos tipos de aprendizagem cognitiva e uma ampla variedade de estratégias que você pode utilizar para ajudá-lo a maximizar o seu desempenho acadêmico. As estratégias apresentadas aqui podem ser cruciais para que você melhore suas habilidades de escrita, habilidades

analíticas, compreensão, retenção, autorregulação e muito mais. Faça perguntas e pense nas respostas: Suas perguntas vão te dar a oportunidade de entender mais sobre o tópico que você está estudando. Mas além de fazer perguntas, pense nas suas respostas ou nas respostas fornecidas pelo professor. Pense sobre o tipo de resposta que você forneceu, porque usou aquelas palavras, como chegou naquele resultado, etc; Cometa erros: Errar é a maior oportunidade de aprender, principalmente durante as sessões de estudo, onde você pode tentar realizar simulados para fortalecer o seu conhecimento sobre determinado assunto; Pensando alto: Verbalize a sua forma de raciocínio, não tenha medo de expor suas ideias, de mostrar como você chegou em determinado resultado. Externalizar a sua linha de raciocínio, principalmente para um colega ou para o professor, irá ajudar no seu processo de aprendizado.

Segredos sobre aprendizagem cognitiva Algumas técnicas que expliquei ao longo do livro utilizam aprendizagem cognitiva, mas muitos estudantes não sabem. Ganhar consciência sobre nossos processos cognitivos pode ser um dos pequenos segredos deste material. Como assim? Deixa eu contar para vocês um pouquinho mais sobre como aprendemos. Para atingir meu objetivo eu vou contar uma história, cujo título é “Cientista Xereta” . Imagine que você é a pessoa da nossa história e tem sede de conhecimentos, sede de aprender, vontade de se

destacar, mas ainda não sabe como atingir os objetivos. Você decide adquirir um livro sobre técnicas de estudos, onde uma das dicas é escutar podcasts para que sua motivação de aprender cresça. Esta dica está relacionada a nossa aprendizagem implícita , onde não possuímos intenções ativas de aprender, mas acabamos lembrando depois de várias informações que escutamos ao longo do podcast. Após escutar o podcast, você decide ler mais sobre o assunto através de um livro didático e isso é chamado de aprendizagem explícita . Este processo envolve a vontade de se tornar proficiente em uma nova habilidade. Neste momento, você está buscando deliberadamente a aquisição de novos conhecimentos. Imagine que o podcast que você ouviu era sobre abelhas e você imediatamente lembra que abelhas produzem mel e você ama comer um pãozinho quente com mel. Você também lembra que o pão é feito com farinha de trigo e que precisa ir ao forno. Bem, este tipo de processo é chamado de aprendizagem significativa . Isto significa, que você está relacionando os novos conhecimentos adquiridos com informações e experiências passadas. Ou seja, como cientista xereta, você já possui muito conhecimento no seu cérebro, mas precisa aprender a criar uma conexão entre todos eles. Você decide então chamar um grupo de amigos para estudar mais sobre as abelhas e seus processos de reprodução e aqui nós conhecemos a aprendizagem cooperativa e colaborativa . Esta é uma estratégia cognitiva na qual uma pessoa-recurso ensina a um grupo como desenvolver suas ideias em uma habilidade ou área de conhecimento específica. Após estudar em grupo com seus amigos, você vai para o Instagram e lê um post muito interessante sobre como as abelhas trabalham polinizando flores e neste caso temos a aprendizagem por descoberta . Se você de fato for um cientista xereta, você vai visitar algum local para ver as abelhas de pertinho e desenvolvendo a aprendizagem experiencial . Este tipo de aprendizagem, também

acontece quando você pede explicações sobre as abelhas para um expert no assunto ou assiste um documentário confiável sobre o tema. Já que você ama tanto estudar abelhas, você decide estudar biologia da faculdade. Lá, você assiste diversas aulas e palestras, certo? Pois bem, aqui você está aprendendo através da aprendizagem receptiva . E para finalizar sua saga na descoberta das abelhas, você vai trabalhar em um laboratório com simulações computacionais de colmeias, porém, no início, você não sabe usar muito bem os softwares. Mas não se preocupe, porque você pode passar um tempo observando como os outros cientistas trabalham e vai entendendo melhor o que precisa fazer. Esta estratégia de aprendizagem cognitiva é a aprendizagem por observação . Com esse mesmo tipo de estratégia, você pode aprender mais sobre escrever seu trabalho de final de curso, apresentar palestras, criar pôster e muito mais. Cientistas xeretas possuem ideias próprias, mas também conseguem aprender através das vivências com outros cientistas.

Moral da história? O processo de aprendizado e as técnicas de estudo que apresentei neste livro em um primeiro momento podem parecer ideias soltas, mas saiba que não são. Tudo que escrevi aqui é baseado em teorias de aprendizagem sólidas e eficazes. O aprendizado cognitivo é uma excelente ferramenta para melhorar o seu desempenho acadêmico. As estratégias cognitivas condensam suas atividades de aprendizagem em um evento totalmente imersivo que se baseia nas informações do passado enquanto as aplica a cenários futuros. Tornar-se um aluno eficaz não é tão difícil quando tomamos consciência dos nossos processos de aprendizagem.

Tenho TDAH, e agora?

A cho que a primeira pergunta que deve ser feita ao iniciar este capítulo é: você já procurou ajuda profissional? Saiba que esse passo é muito importante. Caso ainda não tenha feito, sugiro que faça. Se você acha que possui o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), não saia lendo textos pelo Google ou perguntando para estranhos na internet. Busque ajuda profissional. De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria: O transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos mentais mais comuns que afetam crianças. O TDAH também afeta muitos adultos. Os sintomas de TDAH incluem desatenção (não ser capaz de manter o foco), hiperatividade (movimento excessivo que não se ajusta ao ambiente) e impulsividade (atos precipitados que ocorrem no momento sem pensamento). Estima-se que 8,4% das crianças e 2,5% dos adultos têm TDAH. O TDAH pode afetar o aprendizado, mas não é uma deficiência de aprendizado. Estudar quando se tem TDAH pode ser assustador, especialmente quando devemos sentar por horas e horas para realização de provas ou para assistir aulas. Antes que você entre em pânico, eu tenho uma ótima notícia, pesquisas científicas recentes mostram que se você tem TDAH você não precisa estudar mais, mas sim estudar de forma diferente. Você pode estudar o mesmo tempo de horas que uma pessoa que não possui TDAH, mas precisa pensar mais cuidadosamente em como vai realizar este processo. Muitos estudantes tentam apenas reter informações de forma passiva lendo um livro. Já falamos anteriormente que esta não é uma boa ideia, né? Ler de forma passiva, além de ser extremamente ineficaz, é um desafio para uma pessoa com TDAH. As pesquisas mais

atuais mostram que a melhor maneira de estudar neste caso, é realizar simulados e testes práticos. Tente prever o que seu professor irá perguntar no dia da prova. Caso você não tenha um simulado, você pode criar um ou até mesmo conversar com o professor e pedir ajuda neste ponto. As técnicas ensinadas anteriormente neste livro também podem ser usadas por pessoas com TDAH, entretanto é preciso encontrar o que funciona para você. Antes de começarmos com as técnicas de estudo, é muito importante que você tenha um grupo de apoio que possa estar ali nos momentos de necessidade. Você deve procurar um professor, um colega, um grupo de outros estudantes com TDAH, pois, ter alguém para ajudar é muito importante. Não sejam solitários, porque pode ser que o tempo passe e quando você decida pedir ajuda o semestre ou o ano já esteja acabando. Peça ajuda o quanto antes.

Encontre o local ideal para estudar (e se puder organize) Anteriormente no livro, eu citei que os locais de estudo são muito importantes e que vocês podem variar o local. As pessoas com TDAH também precisam encontrar os locais que mais funcionam para elas durante as sessões de estudo. Procurem locais que são mais silenciosos e que não possuam tantas distrações. A biblioteca talvez seja muito barulhenta e cheia de distrações, mas a sua casa também pode ter uma vasta gama de distrações. Então, a proposta é você tentar criar um local dedicado ao estudo. É muito importante que você tente manter o seu ambiente de estudos e o seu material o mais organizado possível. Mantenha sua mesa limpa e organize seus cadernos e apostilas. Se você gosta de anotar o que vai aprendendo em um caderno, não esqueça de deixar um espaço extra para anotações posteriores. A

organização é muito importante para pessoas com TDAH. Alguns estudantes também utilizam fones de ouvido que isolam o ruído externo. Existem duas opções: fones para ouvir música que também isolam ruídos externos ou fones utilizados, por exemplo, na construção civil para proteção individual e que também funcionam contra ruídos. A segunda opção pode ser encontrada por um valor inferior a trinta reais.

Técnica do caderninho Uma das características dos estudantes com TDAH é perder o foco constantemente e, até mesmo, esquecer prazos, pensamentos, tarefas e atividades. Uma técnica que para muitos estudantes funciona é andar com um caderno e uma caneta para poder anotar todos os pensamentos e ideias que eles vão tendo durante o dia. Anotar o que você pensa ou o que você deve fazer em todos os momentos, vai evitar a frustração por não se lembrar das atividades ou perder alguma data importante. Você pode também criar um “bloco de notas” no seu celular para fazer as anotações. A utilização de calendários é muito importante para que você consiga organizar sua rotina. As técnicas apresentadas anteriormente para organização do tempo também servem nesse caso.

Técnica das anotações com áudio Se durante as aulas ou durante reuniões você tende a perder o foco e não consegue se concentrar, uma técnica que pode ajudar é “gravar” o que está sendo dito. Mantenha o seu celular ou outro aparelho gravando o que o professor está falando para poder escutar com atenção em outro momento. Transcrever o que o professor falou pode ajudar no entendimento e na compreensão da matéria.

Outra recomendação é que durante as aulas você tente se afastar de pessoas que conversam muito ou potenciais fontes de distração. Tente se isolar dos colegas durante o período da aula. Depois, tudo bem você confraternizar com todo mundo.

Técnica “O que estou pensando agora”? Estudantes com TDAH tendem a se perder nos próprios pensamentos, entrando em estados longos de procrastinação (involuntariamente). Esta técnica pode ser essencial para muitos estudantes: durante seus períodos de estudo coloque alarmes que vão soar a cada período de tempo predeterminado (cada 10, 15 ou 20 minutos). Quando o alarme toca, você para o que está fazendo e foca em: o que estou pensando agora? Você precisa, constantemente, redirecionar o seu pensamento para onde você deseja. O processo de ganhar consciência sobre o pensamento vai ser muito importante aqui. Se esses alarmes não soarem, você corre o risco de se perder por horas e horas. Se você estuda com música, a sugestão é colocar uma música específica na sua playlist que vai tocar, por exemplo, a cada 10 minutos. Essa música vai servir como um gatilho para que esse processo de ganhar consciência aconteça.

Como ler com TDAH? O estudo através da leitura ou uma simples leitura por diversão pode ser realmente frustrante para alguém com TDAH. Infelizmente, não posso fornecer uma fórmula mágica, mas posso trazer algumas informações e técnicas que podem servir de ajuda. Muitos estudantes com TDAH relatam que o momento da leitura é doloroso, pois os pensamentos vão surgindo na mente o tempo inteiro e simplesmente se perdem e quando se dão conta o tempo passou e elas não conseguiram ler nada.

Vamos começar nossa leitura removendo todas as distrações possíveis e mantendo conosco nossa “folha de distrações”. Lembra que falamos dela no começo do livro? Pois é, essa folha serve como um material de apoio durante a leitura para irmos anotando tudo que vamos pensando, mas que não está relacionado ao estudo. Não se sente para ler e tente acabar o livro em dez minutos. Vá lendo ou estudando em blocos. Todas as técnicas anteriores de leitura valem aqui também. Por exemplo, antes de iniciar a leitura dê uma olhada nos títulos e subtítulos, observe as imagens e vá se familiarizando com o que está por vir. Durante sua leitura vá criando metas curtas, por exemplo dois parágrafos por vez. Ao final dessa leitura, você resume no seu caderno o que aprendeu daquele conteúdo. O que você entendeu do que acabou de ler? Dessa forma, você está todo tempo trazendo sua mente de volta para o estudo. Se você apenas sentar para ler um capítulo inteiro, pode correr o risco de não ler nada durante duas horas. Durante todo tempo, vá utilizando a técnica “o que estou pensando agora?”. Ou seja, durante a leitura você pode colocar alarmes ou ao final de cada parágrafo e você se pergunta no que está pensando. Sua folha de distrações vai servir para anotar tudo que vier à mente, mas não for relacionado ao estudo. Essa mesma técnica também pode ser usada durante a leitura de um livro não relacionado aos seus estudos. Durante a leitura você pode usar uma régua ou um marcador de livro para ir acompanhando cada linha. Essa ferramenta evita que seus olhos se distraiam. Então a régua vai guiando a leitura. E, por último, a técnica “2PLR” que vimos anteriormente é uma aliada na hora da leitura. Você deve estar sempre praticando o pensamento consciente para entender onde sua mente está e o que você aprendeu do momento da leitura.

Técnica da prática distribuída Este conceito é bem parecido com os blocos de estudo que havíamos discutido anteriormente. Mas para quem tem TDAH existe uma diferença que é o tempo máximo por intervalo de estudo. Você precisa entender qual é o tempo que você aguenta estudar sem se sentir esgotado ou perdido. Você pode começar com pequenos intervalos de tempo e ir aumentando gradativamente até entender qual o seu comportamento perante os diversos intervalos. Por exemplo, você pode começar estudando três horas ao longo de quatro dias. Ou seja, você pode estudar quarenta e cinco minutos por dia. Caso quarenta e cinco minutos seja um intervalo muito longo ou curto, você pode ir variando conforme o seu sentimento. O importante é que você revise o material diversas vezes, inclusive durante o sono. Além dos intervalos de tempo, você pode variar o local de estudo. Lembra do conceito de “metacognição” que eu expliquei no capítulo anterior? Ele é muito importante neste momento, pois você precisa saber quando e como usar estratégias específicas para aprender. Entenda o que pode ajudar ou atrapalhar a sua concentração durante os períodos de estudo.

Técnica das metas diárias com recompensas Em alguns casos, TDAH está ligada a ausência de disciplina ou falta de um caminho a seguir. Desta forma, o planejamento e a organização são cruciais. As mesmas técnicas que ensinei anteriormente, valem para quem tem TDAH. Organizar o calendário, anotar as atividades com antecedência, etc. Identifique qual a melhor estratégia para que você lembre das suas atividades diárias. Por exemplo, você pode colocar um alarme no celular, colar um post-it na

sua mesa, um cartaz na sua porta, etc. A prática cotidiana e repetitiva será um estímulo extra para o seu cérebro, permitindo que as tarefas e os compromissos fiquem sempre frescos na mente. Estudantes com hiperatividade estão sempre em busca do novo, por isso uma recompensa prazerosa no final de uma atividade pode ajudar na sua motivação. Como funciona? Ao final de cada atividade ou bloco de atividades que você se propôs a realizar, você se auto recompensa com alguma coisa. Não precisa ser nada grande ou especial, mas algo que gere uma satisfação momentânea, por exemplo um café, um chá, ouvir uma música, etc.

Técnica da revisão do sono Esta técnica já foi mencionada anteriormente, mas gostaria de frisar que ela funciona também nos casos de TDAH. Separe 10 a 15 minutos antes de dormir para revisar o que aprendeu no início do dia. Atenção: não estou dizendo que você deve estudar na hora de dormir, mas sim revisar o que estudou. Desta forma, você processa as informações enquanto dorme.

Exercícios são aliados O exercício aeróbico pode ser um aliado no seu processo de aprendizagem. Além dos exercícios aeróbicos, você pode procurar exercícios que exigem foco e atenção. Acho que o importante é você escolher uma atividade que traga felicidade e prazer para sua vida.

A pausa faz parte da música Dependendo do seu ritmo de estudos e da sua idade, você pode optar por cochilos de no máximo 30 minutos por dia.

Além disso, é importante que você realize pausas durante suas sessões de estudo. O tempo de inatividade permite que o seu cérebro analise as informações e o material, mesmo quando ele não sabe que está processando.

Procure professores particulares quando necessário Se você possui muita dificuldade na hora de aprender um conteúdo, talvez esteja na hora de procurar um professor particular ou um tutor que possa te ajudar no processo de aprendizagem. Criar um plano de ensino adequado para você, pode resolver grande parte dos seus problemas.

Importante Para as pessoas que possuem TDAH eu aconselho práticas de aprendizagem cognitiva. Tente entender sozinho (ou com ajuda de um profissional) quais são os processos de aprendizagem cognitiva que mais funcionam para o seu caso. Cada indivíduo é único e você precisa ter consciência do que funciona e do que não funciona para você. Não tente copiar os colegas e não se compare com os outros.

Como reduzir a ansiedade na hora das provas e das apresentações de trabalho?

Q

uem nunca sentiu ansiedade antes de realizar uma prova? Antes de uma prova importante ficamos agitados, ansiosos e muitas vezes nem conseguimos dormir direito. E antes de uma apresentação de trabalho então? Eu sou a pessoa que acaba a apresentação com as costas suando de tão nervosa que eu fico. Em alguns momentos, minha voz treme, eu gaguejo, minha boca seca e eu fico tão ansiosa que após a apresentação preciso dormir dois dias. Quem se

identifica? Toda essa ansiedade está atrelada ao nosso medo de falhar e de ser julgado. Utilizando as técnicas ensinadas ao longo deste livro, você pode trabalhar estratégias que vão reduzir esse estresse todo. Além do que já foi explicado, eu gostaria de acrescentar mais alguns hábitos que podem ajudar, ainda mais na hora de uma prova ou de uma apresentação de trabalho.

Controle sua ansiedade durante as provas 1)    Use as estratégias ensinadas neste livro para obter domínio do material que será abordado no teste. Esse domínio o ajudará a fazer o teste com confiança, em vez de ansiedade excessiva. 2)    Enquanto você estiver estudando não foque no resultado final e sim no que você está estudando naquele momento. 3)    Durma e coma antes da prova. 4)    Se a ansiedade bater durante a prova, respire fundo e feche os olhos por alguns segundos. 5)    Antes de começar a responder o teste pense em uma estratégia. Por exemplo, você pode ler todas as perguntas e verificar as que você sabe, talvez saiba ou não sabe. Comece pelas que você sabe para que você vá ganhando confiança ao longo do teste. 6)    Lembre que você não precisa acertar todas as questões. 7)    Evite excesso de cafeína antes de uma prova. 8)    Se você não sabe a resposta, não force o seu cérebro. Pense um pouco, mas senão souber deixa pra

lá. 9)    Ganhe consciência da causa da ansiedade. Lembre das técnicas de compreensão cognitiva. 10)    Estude sobre o teste que você vai fazer. Por exemplo, tente dar uma olhada nas provas do ano passado ou no formato de prova que aquele professor costuma passar. Conhecer o estilo de prova ajuda a reduzir a ansiedade. 11)    Tente se concentrar e ignorar o que está acontecendo ao seu redor. 12)    Após entregar o teste, vá viver sua vida e esqueça o que passou. 13)    Ao receber a correção do teste, trabalhe nos erros e acertos. Aprenda com seus erros e com o que você fez bem. Isso o ajudará a estar melhor preparado e menos ansioso para o próximo teste.

Controle sua ansiedade nas apresentações de trabalho Um dos maiores medos dos estudantes é o momento da apresentação de trabalho. Esse medo começa no ensino fundamental e nos persegue durante toda formação acadêmica. O medo está relacionado ao julgamento e ao fracasso. Não existe nenhuma fórmula mágica para este processo, mas o que podemos fazer é treinar e praticar. Se você possui uma apresentação de trabalho, você pode seguir algumas dicas: Prepare a apresentação com antecedência;

Estude cada coisinha que durante a apresentação;

você

irá

mencionar

Pense nas possíveis perguntas que irão surgir; Assista outras apresentações ou aulas sobre o tema; Pratique (quantas vezes você precisar) sua apresentação, se possível convide colegas ou professores para ajudar nesse momento; Imprima os slides e vá anotando pontos importantes, caso você esqueça de alguma coisa; Treine mais uma vez. O mais importante de tudo, é você lembrar que uma nota ou uma apresentação de trabalho não define quem você é ou o quão bom você é. Todo mundo tem dias bons e ruins, notas altas e baixas e apresentações maravilhosas e péssimas. Você é muito mais do que isso e seu conhecimento está além do que um teste pode medir. Um teste mede a sua capacidade em responder às perguntas propostas naquele pedaço de papel. O seu conhecimento vai muito além do que o professor pode propor.

Ansiedade e o ensino punitivo no Brasil Infelizmente, no Brasil muitas escolas ainda trabalham com um ensino punitivista através de um sistema de avaliação que é baseado na classificação. Vamos discutir um pouco porque o caráter punitivo das avaliações é um método contraproducente de ensino. As avaliações escolares são baseadas em provas, testes, assiduidade e participação. Esse processo consiste em verificar se os alunos atingiram as metas estabelecidas por determinada escola ou pelos professores. Em teoria, a avaliação está conectada à

aprendizagem, mas na prática sabemos que estas não estão conectadas. Na verdade, a avaliação está mais relacionada com o fim do processo de aprendizagem e não com o meio e, por vezes, adquire até um status superior ao do próprio conhecimento. Ao analisarmos o modelo tradicional de avaliação, percebemos que ele é classificatório e não considera os erros durante o processo de aprendizagem. Tampouco contextualiza respostas, pois estas são pré-fabricadas durante as aulas, ou seja são decoradas e reproduzidas pelos alunos durante as provas. Sendo assim, observamos que os professores adotam uma postura que pune ou premia os resultados, criando assim uma relação de poder e autoritarismo. Nessa relação, os alunos não possuem espaço para questionamentos, dúvidas e erros. Nesse cenário, o processo de aprendizagem é deixado de lado e a prova se torna a protagonista do ensino. Na ânsia pelo “prêmio” - as chamadas notas boas - o aluno acaba se desesperando, se frustrando e por fim se desinteressando pelo aprendizado. Todo esse processo classificatório acaba gerando no estudante uma ansiedade atrelada ao medo do fracasso. Não posso dar uma solução para o problema, porque envolve toda estrutura educacional do nosso país, mas o que eu posso dizer é que uma nota jamais vai conseguir medir o conhecimento que de fato você possui.

Criando o hábito do estudo e repensando sua rotina

A prender a estudar foi um dos grandes marcos da minha vida acadêmica, mas eu demorei muito para ganhar consciência do meu problema. Passava horas e horas estudando, mas sempre sentia que não aprendia o

suficiente. Com o tempo, fui aprendendo sobre a importância de estudar da forma correta e como isso poderia me ajudar e ajudar outros estudantes. Hoje em dia, eu tento aplicar as técnicas de estudos apresentadas neste livro para seguir estudando. Essas técnicas me ajudam muito, principalmente as que envolvem organização, pois eu sou diagnosticada com o transtorno da ansiedade generalizada (TAG). Estudar quando se tem TAG é um desafio, porque você nunca sabe quando uma crise pode acontecer e quando a crise chega o que resta é tentar controlar a situação da melhor forma possível. Após muito tempo de terapia (com psicólogos), eu consigo lidar melhor com o meu diagnóstico. Entretanto, existem momentos da minha vida que eu não consigo fazer nada por conta da ansiedade. Para evitar as minhas crises, eu tento organizar a minha rotina com antecedência e seguir um determinado cronograma. Essa é uma das formas que encontrei para minimizar as consequências do meu transtorno. Além de viver com TAG, eu tenho um sério problema de concentração durante as aulas, principalmente em conteúdos que são desconhecidos para mim. Ou seja, quando começo a estudar algo novo, preciso de total silêncio e calma. Hoje em dia, eu tenho uma dificuldade muito grande para assistir aulas em grupo. Por isso, preciso pensar em estratégias que minimizem as minhas dificuldades. Escolher as técnicas de estudos corretas me ajuda muito no processo de aprendizagem e faz com o que eu me sinta mais calma e menos ansiosa. Estudar faz parte da vida e precisamos buscar alternativas que satisfaçam nossos objetivos e nos permitam uma vida mais calma. Espero que você tenha aproveitado sua leitura até aqui. Infelizmente, estamos chegando ao final, mas este material possui o intuito de fazer com que você repense e ganhe

consciência dos seus hábitos de estudo. Aprender a estudar com inteligência é uma das habilidades mais importantes que um estudante pode possuir. Independente de quantos anos você tem ou do seu grau acadêmico, sempre é possível melhorar suas estratégias de aprendizagem para que elas funcionem da forma mais eficaz possível para atender suas necessidades. Ao desenvolver ativamente boas habilidades de estudo e estratégias de aprendizagem, você manterá sua motivação elevada e alcançará seus objetivos com mais facilidade e eficiência. Além disso, melhorar suas habilidades de aprendizagem geram mais confiança e diminuem seus níveis de ansiedade. A partir de hoje, você pode começar a pôr em prática tudo que aprendeu aqui. Veja o que funciona para você e o que atende às suas necessidades. Você é um ser humano único, com necessidades e desejos únicos. Não se compare com os outros e o mais importante pense como você constrói os processos de aprendizagem. Acredito que o grande “segredo” deste material foi mostrar para vocês que por trás de todas as técnicas de estudo existe um processo cognitivo de aprendizagem diferente. Tome o seu tempo e vá incorporando as mudanças de forma gradativa na sua rotina. Eu desejo que todos vocês obtenham sucesso na carreira acadêmica e profissional. Espero que eu tenha contribuído de forma positiva para melhorar a jornada de estudos de cada um de vocês. Lembra da pergunta lá do comecinho do livro? Alguma vez na vida você aprendeu como estudar de verdade? Espero que após a leitura desse material você tenha aprendido quais estratégias e técnicas de aprendizagem podem funcionar para você. Que tal começar a colocar tudo em prática?