A 15ª edição da “bíblia do marketing” mantém a missão de ser um guia que reflete a realidade moderna da área. A obra se
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Portuguese Pages 896 [897] Year 2019
KOTLER
ADMINISTRAQAO DE MARKETING
KELLER Pearson
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ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING 15e
ADMINISTRAÇAO DE MARKETING 15e
PHILIP KOTLER KEVIN LANE KELLER
Tradução
Sonia Midori Yamamoto Revisão técnica
Edson Crescitelli Professor da FEA/USP e diretor acadêmico
de pós-graduação da ESPM
Iná Futino Barreto Coordenadora de pós-graduação e MBA da ESPM e professora da FECAP
Coordenação de estudos de caso
Iná Futino Barreto
© 2016,2012, 21X19 by Pteuson Education, Inc.
£2019 bv Pearson Education do Brasil Lida.
Todas as direitas reservados Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou tnccâiico. incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação. sem prés ti autorização por escrito da Pearson Education do Brasil.
Vlbfccação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasü)
Kotfer, Philip
Admmstração de rrarkeóng / Philip Kotler, Kevin Lane Keller; tradução Sonia Midori Yamamoto . revisão técnica Má Futino Barreto. Edson Cresotelli; coordenação de casos Iná Futino Barreto. - 15. ed. - São Paulo: Pearson Educator do Brasil, 2018.
Titulo original Marcedng managerrert ISBN 978-85-430-2495-0
1. Marketing - Adn-ir rstração I. Keller. Kevn Lane. II. Barreto. Iná
Futino. III. Cresdtelli. Edson. IV. Barreto. Ina Futino. V. TfaJo.
CDD-658.8
18-21877
índice para catálogo sistemático: 1. Marketing ; AdmenstraçâO 658.8
C bee Mana Drat - Btfcotecária - CRB-8/9427
2018 Direitos exclusivos cedidos a Pearson Education do Brasil Ijda., uma empresa do grupo Pearson Education Avenida Santa Marina. 1193 CEP 050^6-001 - Sào Paulo - SP - Brasil Fone: 11 21 "8-8609 e II 2178-8653 pearsonuniversidades@ pearson.com
Este livro é dedicado a minha esposa e melhor amiga, Nancy, com amor. Philip Kotler
Este livro é dedicado a minha esposa. Punam, e minhas duas filhas, Carolyn e Allison,
com muito amor c gratidão. Kevin I_ane Keller
Sumário Sobre os autores
Prefácio
Atualização dos 4 Ps
XIV
27
Tarefas de administração de marketing
XV
29
DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS E 30
PLANOS DE MARKETING
XIX
Agradecimentos
CAPTAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE
Edição brasileira
XXII
MARKETING
30
CONEXÃO COM OS CLIENTES
Parte 1:
0 que é administração de marketing
Capítulo 1
30
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
1
CRIAÇÃO DE VALOR
30
ENTREGA DE VALOR
31
30
Marketing para novas realidades
1
COMUNICAÇÃO DO VALOR 1
A importância do marketing
2
TOMADA DE DECISÕES DE MARKETING
SUCESSO DE LONGO PRAZO Capítulo 2
O QUE É MARKETING?
3
4
A CADEIA DE VALOR
Planejamento estratégico corporativo e em
9
nível de divisão
9
10
ALOCAÇÃO DE RECURSOS A CADA UEN
11 11
45
CRESCIMENTO
12
ORGANIZAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL
12
INOVAÇÃO EM MARKETING
As novas realidades do marketing
13
de negócio
14
50
51
MISSÃO DO NEGÓCIO
RESPONSABILIDADE SOCIAL
15
ANÁLISE SWOT
52
52
Um mercado radicalmente modificado
16
ESTABELECIMENTO DE METAS
NOVAS COMPETÊNCIAS DO CONSUMIDOR
16
FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIAS
NOVAS COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS
CONCORRÊNCIA ACIRRADA
Marketing na prática
17
PROGRAMAS
58
A natureza e o conteúdo de um plano de
20
EQUILÍBRIO DE MARKETING
56
57
FEEDBACK E CONTROLE
19
55
ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE
19
CANAIS EM TRANSFORMAÇÃO
49
Planejamento estratégico de unidades
13
GLOBALIZAÇÃO
45
AVALIAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE
AMBIENTE DE MARKETING
TECNOLOGIA
42
ESTABELECIMENTO DE UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIO 44
10
CONCORRÊNCIA
42
DEFINIÇÃO DA MISSÃO CORPORATIVA
MÍDIA PAGA. CONTEÚDO PRÓPRIO E MÍDIA
CADEIA DE SUPRIMENTO
39
O PAPEL CENTRAL DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 40
8
MERCADOS-ALVO. POSICIONAMENTO E SEGMENTAÇÃO 9
IMPRESSÕES E ENGAJAMENTO
37
38
COMPETÊNCIAS CENTRAIS
8
NECESSIDADES, DESEJOS E DEMANDAS
VALOR E SATISFAÇÃO
37
O PROCESSO DE ENTREGA DE VALOR
6
Conceitos centrais de marketing
CANAIS DE MARKETING
37
Marketing e valor para o cliente
QUEM FAZ O MARKETING?
ORGÂNICA
Elaboração de estratégias e planos de marketing
3
A QUE SE APLICA O MARKETING?
OFERTAS E MARCAS
31
2
MARKETING DE SUCESSO
O escopo do marketing
31
PRÁTICA RESPONSÁVEL DE MARKETING PARA O
marketing
20
MARKETING ACCOUNTABILITY
O PAPEL DA PESQUISA
21
60
0 PAPEL DOS RELACIONAMENTOS
21
MARKETING NA ORGANIZAÇÃO
59
60
DO PLANO DE MARKETING PARA A AÇÃO
Orientações da empresa com relação ao
mercado
DEMARKETING
61
21
A ORIENTAÇÃO PARA PRODUÇÃO
Parte 2:
Captação de oportunidades de
22
A ORIENTAÇÃO PARA PRODUTO A ORIENTAÇÃO PARA VENDAS
21
marketing
22
A ORIENTAÇÃO PARA MARKETING
22
A ORIENTAÇÃO PARA MARKETING HOLÍSTICO
Capítulo 3
22
71
Coleta de informações e previsão
de demanda
71
VIII
ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING Componentes de um sistema de informações de marketing moderno
Registros internos
72
73
cliente
SATISFAÇÃO TOTAL DO CLIENTE 74
Inteligência de marketing
0 SISTEMA DE INTELIGÊNCIA DE MARKETING
74
COLETA DE INTELIGÊNCIA DE MARKETING NA 76
144
Maximização do valor vitalício do cliente
77
CONSTRUÇÃO DE FIDELIDADE
77
NECESSIDADES E TENDÊNCIAS
COMUNIDADES DE MARCA
IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS FORÇAS
O AMBIENTE ECONÔMICO
78
79
O AMBIENTE DEMOGRÁFICO
149
153
155
RECUPERAÇÃO DE CLIENTES
155
GESTÃO DO RELACIONAMENTO COM O 83
CLIENTE (CRM)
155
85
O AMBIENTE TECNOLÓGICO
Capítulo 6
88
Análise de mercados
O que influencia o comportamento do
91
Previsão e mensuração da demanda
168
consumidor?
AS MENSURAÇÕES DA DEMANDA DE
FATORES CULTURAIS
92
168
169
FATORES SOCIAIS
VOCABULÁRIO PARA A MENSURAÇÃO DA
FATORES PESSOAIS
93
95
ESTIMATIVA DA DEMANDA CORRENTE ESTIMATIVA DA DEMANDA FUTURA
167
consumidores
89
O AMBIENTE POLÍTICO-LEGAL
172
Principais fatores psicológicos
98
Pesquisa de marketing
MOTIVAÇÃO
176
PERCEPÇÃO
178
176
105
APRENDIZAGEM O escopo da pesquisa de marketing
105
A IMPORTÂNCIA DOS INSIGHTS DE
106
MARKETING
147
151
Cultivo de relacionamento com o cliente
82
O AMBIENTE SOCIOCULTURAL
145
145
ATRAÇÃO E RETENÇÃO DE CLIENTES
Análise do macroambiente
Capítulo 4
141
QUALIDADE DE BENS E SERVIÇOS
ESTIMATIVA DO VALOR VITALÍCIO DO CLIENTE
77
O AMBIENTE NATURAL
136 141
MONITORAMENTO DE SATISFAÇÃO
LUCRATIVIDADE DO CLIENTE
COMUNICAÇÃO E AÇÃO DE INTELIGÊNCIA DE MARKETING
135
136
VALOR PERCEBIDO PELO CLIENTE
74
DEMANDA
Criação de relações de longo prazo
Construção de valor, satisfação e fidelidade do 73
BANCOS DE DADOS. DATA WAREHOUSE E DATA
MERCADO
135
baseadas em fidelidade
73
SISTEMAS DE INFORMAÇÕES DE VENDAS
INTERNET
Conexão com os clientes
Capítulo 5
0 CICLO PEDIDO-PAGAMENTO
MINING
Parte 3:
EMOÇÕES
182
MEMÓRIA
182
181
O processo de decisão de compra: o modelo
QUEM FAZ PESQUISA DE MARKETING?
106
de cinco estágios
184
SUPERAÇÃO DAS BARREIRAS NO USO DA
RECONHECIMENTO DO PROBLEMA PESQUISA DE MARKETING
108
BUSCA DE INFORMAÇÕES
O processo da pesquisa de marketing
109
ETAPA 1: DEFINIÇÃO DO PROBLEMA, DAS
ALTERNATIVAS DE DECISÃO E DOS OBJETIVOS DA PESQUISA
109
COMPORTAMENTO PÓS-COMPRA
192
110
ETAPA 3: COLETA DE INFORMAÇÕES
Teoria da decisão comportamental e economia
122
ETAPA 4: ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES
comportamental
122
194
HEURÍSTICAS DE DECISÃO
ETAPA 5: APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS ETAPA 6: TOMADA DE DECISÃO
123
PAINÉIS DE MONITORAMENTO DE
128
196
Análise dos mercados 203
O que é compra organizacional?
124
MODELOS DE MIX DE MARKETING
MARKETING
ESTRUTURAÇÃO
organizacionais
124
INDICADORES DE MARKETING
195
122
Capítulo 7
Avaliação da produtividade de
marketing
187
189
EFEITOS MODERADORES SOBRE A TOMADA DE DECISÃO PELO CONSUMIDOR 193
ETAPA 2: DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE
PESQUISA
AVALIAÇÃO DE ALTERNATIVAS
DECISÃO DE COMPRA
185
186
127
203
MERCADO ORGANIZACIONAL VERSUS MERCADO
CONSUMIDOR FINAL SITUAÇÕES DE COMPRA
204 207
SUMÁRIO
Efeitos do país de origem
Participantes do processo de compra
organizacional
O CENTRO DE COMPRAS
262
DE ORIGEM
209
COMPRAS
Parte 4:
SELEÇÃO DE EMPRESAS E CENTROS DE
210
Construção de marcas fortes
Capítulo 9
O processo de decisão de compra/
procurement
RECONHECIMENTO DO PROBLEMA
214
consumidores
SOLICITAÇÃO DE PROPOSTAS
SELEÇÃO DO FORNECEDOR
215
217
SEGMENTAÇÃO DEMOGRÁFICA
273
SEGMENTAÇÃO PSICOGRÁFICA
284 285
217
REVISÃO DO DESEMPENHO
Bases para segmentação organizacional
220
221
221
288
290
Seleção de mercado-alvo
Desenvolvimento de programas eficazes de
Critérios para uma segmentação efetiva
290
AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE SEGMENTOS DE
ATIVIDADES DE COMUNICAÇÃO E BRANDING
COMPRA E VENDA DE SISTEMAS
221
MERCADO
291
224 Capítulo 10
224
A busca pelo posicionamento da marca
Gestão do relacionamento com o
225
301
Desenvolvendo e estabelecendo um
BENEFÍCIOS DA COORDENAÇÃO VERTICAL
225
RELACIONAMENTOS ORGANIZACIONAIS: RISCOS E
OPORTUNISMO
271
SEGMENTAÇÃO COMPORTAMENTAL
ESPECIFICAÇÃO DO PEDIDO DE ROTINA
cliente B2B
270
SEGMENTAÇÃO GEOGRÁFICA
214
PROCURA DE FORNECEDORES
PAPEL DOS SERVIÇOS
269
Bases para segmentação de mercados
DESCRIÇÃO GERAL DA NECESSIDADE E
marketing B2B
Identificação de segmentos
mercados-alvo
213
ESPECIACAÇÃO DO PRODUTO
269
de mercado e seleção de
213
Estágios do processo de compra
227
posicionamento de marca
301
POSICIONAMENTO E PROPOSIÇÃO DE VALOR
Estrutura de referência competitiva
Mercados institucional e governamental Capítulo 8
261
PERCEPÇÕES DO CONSUMIDOR SOBRE O PAÍS
208
PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS NO CENTRO DE
COMPRA
261
A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DO PAÍS
208
IX
228
Ingresso no mercado global
235
302
302
IDENTIFICAÇÃO DE PONTOS DE DIFERENÇA E PONTOS DE PARIDADE POTENCIAIS
305
A ESCOLHA DE PONTOS DE PARIDADE E Competição em nível global
236
PONTOS DE DIFERENÇA MANTRAS DA MARCA
Decisão sobre o ingresso no mercado
internacional
237
Estabelecendo o posicionamento da marca
238
Decisão sobre em quais mercados ingressar DECISÃO SOBRE EM QUANTOS MERCADOS
INGRESSAR
239
STORYTELLING
SUCESSO NOS MERCADOS EM
318
BRANDING CULTURAL
240
319
Posicionamento e branding para pequenos
Decisão sobre a maneira de ingressar no
negócios
319
247
EXPORTAÇÃO INDIRETA E DIRETA
LICENCIAMENTO
248
JOINT-VENTURES
249
INVESTIMENTO DIRETO AQUISIÇÃO
318
BRANDING POR NARRATIVA E
AVALIAÇÃO DE MERCADOS POTENCIAIS
mercado
Abordagens alternativas para o
posicionamento
238
DESENVOLVIMENTO
309
312
Capítulo 11
247
Criação de brand equity
Como o branding funciona?
O PAPEL DAS MARCAS
249
327
327
328
O ESCOPO DO BRANDING
330
249 Definição de brand equity
Decisão sobre o programa de marketing
SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS GLOBAIS ADAPTAÇÃO AO MERCADO
250
251
252
ESTRATÉGIAS DE PRODUTOS GLOBAIS
253
ESTRATÉGIAS GLOBAIS DE COMUNICAÇÃO ESTRATÉGIAS GLOBAIS DE PREÇO
256
257
ESTRATÉGIAS GLOBAIS DE DISTRIBUIÇÃO
MODELOS DE BRAND EQUITY
333
A construção do brand equity
338
DESENVOLVENDO ATIVIDADES DE MARKETING HOÜSTICO 340 COMO ALAVANCAR ASSOCIAÇÕES SECUNDÁRIAS
260
331
341
BRANDING INTERNO
344
314
X
ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING A mensuração de brand equity
345
Gerenciamento de brand equity REFORÇO DA MARCA
Parte 5:
348
produto
349
399
Definição da estratégia de
Capítulo 13
348
REVITALIZAÇÃO DA MARCA
399
Características e classificação dos
Planejamento de uma estratégia de
produtos
400
NÍVEIS DE PRODUTO: A HIERARQUIA DE VALOR
351
branding
Criação de valor
DECISÕES DE BRANDING
PORTFOLIOS DE MARCA
354
EXTENSÕES DE MARCA
356
Customer equity
PARA O CLIENTE
352
400
CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS
Diferenciação
404
DIFERENCIAÇÃO DE BENS
359
402
404
DIFERENCIAÇÃO DE SERVIÇOS Capítulo 12
Dinâmica competitiva e expansão de mercado
Crescimento
365
366
408
O PODER DO DESIGN
366
409
ABORDAGENS PARA O DESIGN
DESENVOLVIMENTO DO CORE BUSINESS
366
Produtos de luxo
367
410
MARKETING DE MARCAS DE LUXO
368
DEFESA DA PARTICIPAÇÃO DE MERCADO
Problemas ambientais
370
EXPANSÃO DA PARTICIPAÇÃO DE MERCADO
373
374
ESTRATÉGIAS DE DESAFIANTE DE MERCADO
374
ESTRATÉGIAS DE SEGUIDORA DE MERCADO
376
ESTRATÉGIAS DE OCUPANTE DE NICHOS DE
Relações entre produtos e marcas
378
SISTEMAS E MIX DE PRODUTOS
415
ANÁLISE DA LINHA DE PRODUTOS
416
EXTENSÃO DA LINHA DE PRODUTOS
PRODUTOS
380
417
422
CO BRANDING E BRANDING DE INGREDIENTE
Embalagem, rotulagem e garantias
OS CICLOS DE VIDA DO PRODUTO
380
EMBALAGEM
CICLOS DE VIDA DE ESTILO, MODA E MODISMO
414
414
DETERMINAÇÃO DE PREÇO DO MIX DE
Estratégias de marketing para o ciclo de vida do produto
411
413
HIERARQUIA DE PRODUTO Outras estratégias competitivas
410
411
MARCAS DE LUXO EM CRESCIMENTO
EXPANSÃO DA DEMANDA DO MERCADO
MERCADO
409
CARACTERÍSTICAS DAS MARCAS DE LUXO
Estratégias competitivas para líderes de
TOTAL
408
LÍDERES DE DESIGN
ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO
mercado
Design
406
ROTULAGEM
382
GARANTIAS
424
426
426 429 429
ESTRATÉGIAS DE MARKETING: O ESTÁGIO DE INTRODUÇÃO E A VANTAGEM DE SER
PIONEIRA
Capítulo 14
383
Desenvolvimento e gerenciamento 435
de serviços
ESTRATÉGIAS DE MARKETING: O ESTÁGIO DE A natureza dos serviços
386
CRESCIMENTO
ESTRATÉGIAS DE MARKETING: O ESTÁGIO DE MATURIDADE
CATEGORIAS DO MIX DE SERVIÇOS
387
388
EVOLUÇÃO DO MERCADO
392
EXCELÊNCIA EM MARKETING
449
MELHORES PRÁTICAS DAS MELHORES EMPRESAS
393
DE SERVIÇOS
EXPLORE A VANTAGEM DE AUMENTAR O INVESTIMENTO APROXIME-SE DOS CLIENTES
449
DIFERENCIAÇÃO DE SERVIÇOS
393 393
REVISE A ALOCAÇÃO ORÇAMENTÁRIA
453
Gestão da qualidade de serviço
394
CLIENTES
458
ADOÇÃO DE TECNOLOGIAS DE
394
AJUSTE A MARCA E AS OFERTAS DE PRODUTOS
456
COMO ADMINISTRAR EXPECTATIVAS DE
APRESENTE A PROPOSTA DE VALOR MAIS CONVINCENTE
448
448
TECNOLOGIA E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
Marketing em tempos de recessão
444
444
Excelência em marketing de serviços
392
439
MUDANÇA DO RELACIONAMENTO COM O CLIENTE
391
O CONCEITO DE CVP: CRÍTICAS
econômica
436
As novas realidades no setor de serviços
EVIDÊNCIAS PARA O CONCEITO DE CICLO DE VIDA DO PRODUTO
436
CARACTERÍSTICAS DISTINTIVAS DOS SERVIÇOS
ESTRATÉGIAS DE MARKETING: O ESTÁGIO DE DECLÍNIO
436
ABRANGÊNCIA DO SETOR DE SERVIÇOS
395
AUTOATEN Dl MENTO
460
SUMÁRIO
Determinação de preço
Gerenciamento dos serviços de suporte e assistência ao produto físico
512
ETAPA 1: SELEÇÃO DO OBJETIVO DE
461
DETERMINAÇÃO DE PREÇOS
IDENTIFICAÇÃO E SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES
DO CLIENTE
XI
514
ETAPA 2: DETERMINAÇÃO DA DEMANDA
461
ESTRATÉGIA DO SERVIÇO PÓSVENDA
462
ETAPA 3: ESTIMATIVA DE CUSTOS
515
518
ETAPA 4: ANÁUSE DE CUSTOS. PREÇOS Capítulo 15
Introdução de novos produtos no mercado
DETERMINAÇÃO DE PREÇOS
470
470
Adequação do preço
PREÇO COM DESCONTOS E CONCESSÕES
472
O SUCESSO DE UM NOVO PRODUTO O FRACASSO DE UM NOVO PRODUTO
PREÇO PROMOCIONAL
474
475
de preços
ORGANIZAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE
534
INICIATIVAS DE REDUÇÃO DE PREÇOS
534
INICIATIVAS DE AUMENTO DE PREÇOS
534
ANTECIPAÇÃO ÀS REAÇÕES DA
477
CONCORRÊNCIA Gerenciamento do processo de
desenvolvimento: idéias
GERAÇÃO DE IDÉIAS
480
SELEÇÃO DE IDÉIAS
486
536
REAÇÕES ÀS MUDANÇAS DE PREÇOS DOS
480
536
CONCORRENTES
Parte 6:
Gerenciamento do processo de
Entrega de valor
Capítulo 17
desenvolvimento: do conceito à
estratégia
532
Iniciativas e respostas a mudanças
476
476
NOVOS PRODUTOS
530
531
PREÇO DISCRIMINATÓRIO
ORÇAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO DE
NOVOS PRODUTOS
529
529
ESCAMBO)
472
Arranjos organizacionais
527
PREÇO GEOGRÁFICO (DINHEIRO. PERMUTA E
Desafios no desenvolvimento de novos
O IMPERATIVO DA INOVAÇÃO
521
ETAPA 6: SELEÇÃO DO PREÇO FINAL
470
TIPOS DE NOVOS PRODUTOS
produtos
521
ETAPA 5: SELEÇÃO DE UM MÉTODO DE
Opções para novos produtos FAZER OU COMPRAR
E OFERTAS DOS CONCORRENTES
469
541
Projeto e gestão de canais
541
integrados de marketing
487
DESENVOLVIMENTO E TESTE DO CONCEITO
487
A IMPORTÂNCIA DOS CANAIS
DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIA DE MARKETING
MARKETING MULTICANAL
491
ANÁLISE DO NEGÓCIO
542
543
INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS DE MARKETING
492
MULTICANAL Gerenciamento do processo de
543
REDES DE VALOR
desenvolvimento: do desenvolvimento à comercialização
542
Canais de marketing e redes de valor
546
A REVOLUÇÃO DOS CANAIS DIGITAIS
547
494
DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO
TESTE DE MERCADO COMERCIALIZAÇÃO
O papel dos canais de marketing
494
FUNÇÕES E FLUXOS DO CANAL
495
NÍVEIS DE CANAL
498
550
CANAIS DO SETOR DE SERVIÇOS
O processo de adoção pelo consumidor
ETAPAS DO PROCESSO DE ADOÇÃO
548
549
551
499 Decisões de projetos de canal
499
552
ANÁLISE DE NECESSIDADES E DESEJOS DE
FATORES QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE ADOÇÃO 499
CLIENTES
552
ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS E LIMITAÇÕES Capítulo 16
Desenvolvimento de programas
DO CANAL
e estratégias de determinação de
preços
CANAL
505
Determinação de preço
506
CANAL
557
Decisões de gerenciamento do canal
506
SELEÇÃO DE MEMBROS DO CANAL
MUDANÇAS NO AMBIENTE DE DETERMINAÇÃO
DE PREÇOS
555
AVALIAÇÃO DAS PRINCIPAIS ALTERNATIVAS DE
DETERMINAÇÃO DE PREÇO EM UM MUNDO
DIGITAL
554
IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS OPÇÕES DE
A PSICOLOGIA DO CONSUMIDOR E A DETERMINAÇÃO DE PREÇO 510
559
TREINAMENTO E MOTIVAÇÃO DE MEMBROS
508
COMO AS EMPRESAS DETERMINAM PREÇOS
559
509
DO CANAL
559
AVALIAÇÃO DOS MEMBROS DO CANAL
560
MODIFICAÇÃO DOS ARRANJOS DE CANAL
560
ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
XII
561
DECISÕES DE ALTERAÇÃO DE CANAL
O desenvolvimento de uma comunicação
CONSIDERAÇÕES SOBRE CANAIS GLOBAIS
Integração de canal e sistemas
561
621
IDENTIFICAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO
563
SISTEMAS VERTICAIS DE MARKETING
eficaz
DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS DA
564
COMUNICAÇÃO
565
SISTEMAS HORIZONTAIS DE MARKETING
621
ELABORAÇÃO DA COMUNICAÇÃO
565
Práticas de marketing no e-commerce EMPRESAS INTEIRAMENTE VIRTUAIS EMPRESAS VIRTUAIS E FÍSICAS
566
SELEÇÃO DOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO
COMUNICAÇÃO DE MARKETING 568
MUDANÇAS NO COMPORTAMENTO DE CLIENTES E
569 570
571
Tipos de conflito e concorrência
Decisão sobre o mix de comunicação de
marketing
630
DE MARKETING
631
COMUNICACÃO DE MARKETING
571
635
572
Gerenciamento do processo de comunicação
GERENCIAMENTO DO CONFLITO DE
integrada de marketing
572
DILUIÇÃO E CANIBAUZAÇÃO
574
Varejo
Capítulo 20
581
Gerenciamento da
Desenvolvimento e gerenciamento de um
TIPOS DE VAREJISTA
plano de propaganda
583
0 AMBIENTE MODERNO DO MARKETING DE
Marcas próprias
644
DETERMINAÇÃO DO ORÇAMENTO DE 590
PROPAGANDA
646
DESENVOLVIMENTO DA CAMPANHA DE
597
0 PAPEL DAS MARCAS PRÓPRIAS
PROPAGANDA
598
647
DECISÃO SOBRE A MÍDIA
FATORES DE SUCESSO DAS MARCAS PRÓPRIAS 598
Promoção de vendas
Logística de mercado
PRINCIPAIS DECISÕES
602
OBJETIVOS DA LOGÍSTICA DE MERCADO DECISÕES DE LOGÍSTICA DE MERCADO
604
665
OBJETIVOS DOS EVENTOS
665
PRINCIPAIS DECISÕES DE PATROCÍNIO
605
CRIAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS
Comunicação do valor
660
661
Eventos e experiências
603
613
Relações públicas
668
RELAÇÕES PÚBUCAS DE MARKETING
comunicação integrada de
PRINCIPAIS DECISÕES EM RELAÇÕES
PÚBLICAS DE MARKETING
613
A função da comunicação de marketing
614
O AMBIENTE DE COMUNICAÇÃO DE MARKETING EM TRANSFORMAÇÃO
Capítulo 21
669
670
Gerenciamento das comunicações digitais
677
614
Marketing on-line Mix de comunicação de marketing
677
615 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS COMUNICAÇÕES DE MARKETING ON-UNE
Como funcionam as comunicações de
marketing?
666
668
Planejamento e gestão da
marketing
659
660
PROPAGANDA VERSUS PROMOÇÃO
601
SISTEMAS LOGÍSTICOS INTEGRADOS
652
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA PROPAGANDA
600
TENDÊNCIAS NO ATACADO
Capítulo 19
645
ESTABELECIMENTO DOS OBJETIVOS
586
DECISÕES DE MARKETING
Parte 7:
643
comunicação de massa
582
Atacado
637
DE MARKETING
Gestão de varejo, atacado e
VAREJO
637
IMPLEMENTAÇÃO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA
574
logística
635
COORDENAÇÃO DE MÍDIAS
QUESTÕES LEGAIS E ÉTICAS NAS RELAÇÕES
Capítulo 18
633
MENSURAÇÃO DOS RESULTADOS
DA COMUNICAÇÃO CAUSAS DO CONFLITO DE CANAL
DECANAL
629
FATORES PARA 0 ESTABELECIMENTO DO MIX DE
571
Conflito, cooperação e concorrência
CANAL
626
CARACTERÍSTICAS DO MIX DE COMUNICAÇÃO
PRÁTICAS DE MARKETING NO M-COMMERCE PRIVACIDADE
622
ESTABELECIMENTO DO ORÇAMENTO TOTAL DE
567
Práticas de marketing no m-commerce
EMPRESAS
621
617
MODELOS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
OPÇÕES DE COMUNICAÇÃO DE MARKETING
618
ON-LINE
680
678
SUMÁRIO 715
MOTIVAÇÃO DOS VENDEDORES
683
Mídias sociais
PLATAFORMAS DE MÍDIA SOCIAL USO DAS MÍDIAS SOCIAIS
Comunicação boca a boca
716
AVALIAÇÃO DOS VENDEDORES
684
685
Princípios da venda pessoal
686
687
718
719
AS SEIS ETAPAS
FORMAS DE COMUNICAÇÃO BOCA A BOCA
XIII
MARKETING DE RELACIONAMENTO
720
CRIANDO BUZZ COM COMUNICAÇÃO BOCA
A BOCA
Gestão responsável de marketing para
Parte 8:
688
MENSURAÇÀO DOS EFEITOS DA COMUNICAÇÃO BOCA A BOCA
o sucesso em longo prazo
725
690 Capítulo 23
691
Mobile marketing
Gestào em longo prazo de
uma organização de marketing
0 ESCOPO DO MOBILE MARKETING
692
holístico
DESENVOLVENDO PROGRAMAS EFICAZES DE
MOBILE MARKETING
Tendências nas práticas
693
de marketing
MOBILE MARKETING PARA DIFERENTES MERCADOS Capítulo 22
693
726
Marketing intemo
727
ORGANIZAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE
Gerenciamento das comunicações
pessoais
725
MARKETING
699
728
RELAÇÕES DO MARKETING COM OUTROS
Marketing direto
700
OS BENEFÍCIOS DO MARKETING DIRETO MALA DIRETA
DEPARTAMENTOS
700
701
MARKETING CRIATIVA
MARKETING DE CATÁLOGO
TELEMARKETING
Marketing socialmente responsável
734
MODELOS DE EMPRESAS SOCIALMENTE
704
RESPONSÁVEIS
QUESTÕES PÚBLICAS E ÉTICAS EM
738 738
MARKETING DE CAUSAS
704
MARKETING SOCIAL
Banco de dados de clientes e database marketing
733
RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA
OUTROS MEIOS NO MARKETING DE
MARKETING DIRETO
732
703
703
RESPOSTA DIRETA
731
DESENVOLVIMENTO DE UMA ORGANIZAÇÃO DE
743
Implementação e controle do marketing
705
BANCO DE DADOS DE CLIENTES
IMPLEMENTAÇÃO DE MARKETING
705
DATA WAREHOUSES E DATA MINING
CONTROLE DE MARKETING
705
DESVANTAGENS DO DATABASE MARKETING
Planejamento da força de vendas
708
707
O futuro do marketing
745
745
746
751
756
Apêndice
OBJETIVOS E ESTRATÉGIA DA FORÇA
DE VENDAS
Ferramentas para controle de marketing
709
TAMANHO DA FORÇA DE VENDAS
CONTROLE DE PLANO ANUAL
711
ESTRUTURA DA FORÇA DE VENDAS
CONTROLE DE LUCRATIVIDADE
712
REMUNERAÇÃO DA FORCA DE VENDAS
Plano de marketing da Sonic e
713
RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE VENDEDORES
exercícios
Glossário
713
TREINAMENTO E SUPERVISÃO DE VENDEDORES
Notas
779
789
713
PRODUTIVIDADE DOS VENDEDORES
759
712 Apêndice
Gerenciamento da força de vendas
756
714
índices
845
763
756
Sobre os autores Philip Kotler é uma das maiores autoridades mundiais em marketing. Professor emérito da cátedra S. C. Johnson & Son de Marketing Internacional da Kellogg Scho ol of Management da Universidade de Northwestern, obteve mestrado na Universi
dade de Chicago e doutorado no MIT, ambos em economia. Fez pós-doutorado em matemática na Universidade de Harvard e em ciência comportamental na Universi
dade de Chicago. Kotler é coautor de Princípios de marketing e autor de diversos outros livros de gran
de importância para a área. Além disso, já publicou mais de 100 artigos em revistas de renome, sendo o único a conquistar três vezes o cobiçado prêmio Alpha Kappa Psi de melhor artigo do ano publicado no Journal ofMarketing. Foi o primeiro a receber o Distinguished Marketing Educator Award (1985) da Ame rican Marketing Association (AMA) e conquistou inúmeros outros prêmios ao longo
dos anos. Em 2014, passou a fazer parle do Marketing Hall of Fame. Recebeu lam
bem o título de doutor honoris causa de diversas universidades em todo o mundo.
Além da carreira acadêmica, Kotler tem prestado consultoria a muitas grandes empresas norte-americanas e estrangeiras, como IBM, General Electric, AT&T, Honeywell, Bank of America, Merck, SAS Airlines, Michelin, entre outras, nas áreas
de estratégia e planejamento de marketing, organização de marketing e marketing internacional. Foi chairman do College of Marketing do Institute of Management Sciences; diretor da American Marketing Association; membro do conselho diretor do Marketing Science Institute; diretor do MAC Group; membro do Yankelovich Advisory Board; e membro do Copernicus Advisory Board. Também foi membro do Board of Governors da School of the Art
Institute of Chicago e do Advisory Board da Drucker Foundation. Atualmente tem viajado com frequência pela Europa,
Ásia e América do Sul como consultor e palestrante para muitas empresas sobre oportunidades globais de marketing.
Kevin Lane Keller é professor de marketing da cátedra E. B. Osborn na Tuck School
of Business da Dartmouth College, graduado pelas universidades de Cornell, Carne
gie-Mellon e Duke. Em Dartmouth, leciona cursos de MBA em gestão de marketing
e gestão estratégica de marcas, além de ser um palestrante renomado e bastante re quisitado, ministrando palestras em todo o mundo sobre esses temas e conduzindo seminários de marketing para altos executivos em uma variedade de fóruns.
A área de expertise geral do Prot. Keller concentra-se em estratégia e planejamento de marketing e branding. Seu interesse específico de pesquisa consiste em como a compre
ensão das teorias e dos conceitos relacionados com o comportamento do consumidor pode melhorar as estratégias de marketing. Com mais de 90 artigos publicados, seu trabalho de pesquisa tem sido amplamente citado e inúmeras vezes premiado.
Ativamente envolvido com o setor empresarial, trabalhou em uma série de projetos de marketing. Prestou consultoria e assessoria a empresas detentoras de algumas das marcas mais bem-sucedidas do mundo, como Accenture, American Express, Disney’, Ford, Intel, Levi Strauss, Procter &
Gamble e Samsung. Também atuou como membro do conselho diretor do Marketing Science Institute, onde atuou como
diretor executivo de julho de 2013 a julho de 2015.
Aficionado por esportes, música c cinema, em seu ‘tempo livre’ ajudou a administrar e colocar no mercado, além de
produzir, uma das maiores bandas de rock australianas. The Church, e as lendas da música pop norte-americana Dwight Twilley c Tommy * Keene. Além disso, é membro do conselho de administração da The Doug Flutic, Jr. Foundation for Autism, do Lebanon Opera House e do Montshire Museum of Science. Keller vive em Etna, no estado de New Hampshi re, com a esposa, Punam (também professora de marketing da Tuck), e suas duas filhas, Carolyn e Allison.
Prefácio O que há de novo na 15a edição A 15a edição de Administração de marketing é um marco na longa e bem-sucedida história
do livro líder do mercado. Nesta edição, tomamos o cuidado de oferecer um guia introdutório à gestão de marketing que reflita verdadeiramente as realidades do marketing moderno. Com
esse propósito, mantivemos conceitos clássicos, diretrizes e exemplos, ao mesmo tempo que
adicionamos novo conteúdo de acordo com as necessidades. Três grandes forças — globaliza
ção, tecnologia e responsabilidade social — foram identificadas como cruciais para o sucesso dos programas modernos de marketing, e esses três tópicos são evidentes em lodo o livro. Assim como nas várias edições até aqui, o objetivo primordial da revisão da 15a edição de
Administração de marketing foi criar um livro de MBA dc marketing que seja tão abrangente, atual e envolvente quanto possível. Quando apropriado, adicionamos material novo, atualiza
mos o antigo e excluímos o que não era mais relevante ou necessário. Ainda que o marketing esteja mudando de muitas maneiras significativas nos dias de hoje, di versos elementos principais persistem — e estamos convictos de que uma abordagem equilibrada às perspectivas clássicas e contemporâneas é o caminho a seguir. Administração de marketing, 15a
edição, permite que os professores que usaram a 14a edição se desenvolvam a partir do que apren
deram e fizeram, ao mesmo tempo que oferece um texto insuperável em amplitude, profundidade e relevância para estudantes que lém seu primeiro contato com a obra. A bem-succdida reorganização dos capítulos em oito partes (iniciada na 12a edição) foi pre
servada, embora diversos ajustes tenham sido feitos para aprimorar a compreensão dos estu dantes, conforme descrito a seguir. Muitos dos recursos bem aceitos introduzidos ao longo dos
anos foram mantidos, como a vinheta temática de abertura dos capítulos, os quadros internos
destacando empresas ou questões notáveis e as seções Insight de marketing e Memorando de marketing, que apresentam comentários conceituais e práticos com profundidade.
Confira as mudanças mais significativas da 15a edição:
I
Novas vinhetas de abertura para cada capítulo definem o contexto a ser abordado em segui
da. Ao abordar marcas ou empresas relevantes, essas vinhetas são um excelente ponto de partida para discussão em sala de aula.
I
Quase metade dos quadros é nova. Baseados nos conceitos do capítulo, os quadros for
necem exemplos de empresas em situações reais. Além disso, abordam uma variedade de produtos e mercados, e trazem, em sua maioria, ilustrações dessas situações em formato de
anúncios ou fotos de produtos.
I
Agora, a seção final dos capítulos inclui dois estudos dc caso sucintos chamados de Excelên
cia em marketing, destacando soluções de marketing inovadoras e inspiradoras realizadas por organizações líderes em seus mercados. Cada caso inclui perguntas que têm o objetivo
de promover análises e discussões do conteúdo em sala de aula.
I
O capítulo com enfoque global (8, anteriormente Capítulo 21) foi movido para a Parte 3,
Conexão com os clientes, e o capítulo de novos produtos (15, anteriormenle Capítulo 20)
passou para a Parte 5, Criação de valor. Os capítulos sobre posicionamento e marca (10 e
11) foram alternados para seguir o modelo convencional de STP (segmentação, seleção de mcrcado-alvo e posicionamento, do inglês segmentation, targeting cpositioning). Essas mu danças permitem uma cobertura mais ampla dos tópicos e alinham-se melhor à estratégia
de ensino da maioria dos professores.
I
Um novo capítulo (21) intitulado Gerenciamento das comunicações digitais foi adicionado
para dar mais destaque a esse importante tópico. Dá-se atenção significativa ao longo do
livro para a ‘revolução digital’, abordada desde o início em uma nova seção no Capítulo 1.
I
O último capítulo (23) passou a ser intitulado Gestão em longo prazo de uma organização de
marketing holíslico e aborda responsabilidade social corporativa, ética empresarial e suslen-
labilidade, entre outros temas.
I
O Capítulo 12 (anteriormente Capítulo 11) passou a ser intitulado Dinâmica competitiva e expansão de mercado para reconhecer a importância do crescimento para uma organização.
XVI
ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
De que trata Administração de marketing? Administração de marketing é o principal texto de referência da área, pois conta com um
conteúdo e uma organização que refletem, com consistência, as mudanças ocorridas na teoria e
na prática do marketing. Sua primeira edição, publicada em 1967, introduziu o conceito de que
as empresas deveríam ser orientadas para o cliente e para o mercado. No entanto, naquela épo ca havia pouca menção a assuntos que se tornaram fundamentais, como segmentação, seleção de mcrcado-alvo c posicionamento. Conceitos como brand equity, análise de valor do cliente, database marketing, comércio eletrônico, redes de valor, canais híbridos, gestão da cadeia de
suprimentos e comunicação integrada de marketing ainda nem faziam parte do vocabulário de marketing naquele momento. Assim como nos últimos 50 anos. Administração de marketing continua refletindo as mudanças na disciplina de marketing. As empresas de hoje comercializam bens e serviços por meio de uma grande variedade de canais diretos e indiretos. A propaganda de massa já não é tão eficiente e, por isso, as organiza ções passaram a explorar novas formas de comunicação, como o marketing de experiência, o
de entretenimento c o viral. Agora, os clientes dizem às empresas que tipos de bem ou serviço desejam c quando, onde c como querem adquiri-los. Eles relatam cada vez mais a outros con sumidores o que pensam de empresas e produtos específicos — usando e-mails, blogs, podcasts
e outras mídias digitais para isso. As mensagens das empresas nesses espaços estão se tomando uma pequena fração do buzz total a respeito de bens e serviços. Em resposta, as empresas passaram da gestão de produtos para a gestão de clientes, com
pilando bancos de dados individualizados para que possam conhecê-los melhor e desenvolver ofertas e mensagens personalizadas. As empresas estão menos voltadas para padronização de
bens c serviços c mais para nichos e customização; passaram a substituir monólogos por diá logos com o cliente; tem aprimorado seus métodos de mensuração da lucratividade c do valor vitalício do cliente, demonstram interesse cm medir o retorno sobre o investimento cm marke ting e seu impacto no valor para o acionista, além de estarem preocupadas com as implicações
éticas e sociais de suas decisões de marketing. À medida que as empresas se modificam, a organização de marketing também se altera. O marketing não é mais um departamento responsável por um número limitado de tarefas — é
uma iniciativa que envolve a empresa como um todo e direciona sua visão, sua missão e seu planejamento estratégico. As atividades de marketing incluem decisões sobre quem a empresa
deseja ter como cliente; que necessidades satisfazer, que bens c serviços oferecer; como definir seus preços; que tipo de comunicação deseja enviar c receber, que canais de distribuição usar; c que parcerias estabelecer. As ações de marketing apenas obtem sucesso quando todos os de partamentos da empresa trabalham juntos para atingir as metas: quando o departamento de
engenharia projeta os produtos certos; o departamento financeiro disponibiliza os recursos ne cessários; o departamento de compras adquire materiais de qualidade; a produção fabrica com qualidade e dentro prazo; e a contabilidade mede com precisão a lucratividade dos diversos
clientes, produtos e áreas. Para abordar todas essas mudanças, executivos de marketing eficazes têm praticado o mar
keting holístico, que consiste cm desenvolver, projetar c implementar programas, processos c atividades de marketing que incorporem a amplitude c as interdependências envolvidas no ambiente de marketing atual. Existem quatro dimcnsões-chavc no marketing holístico:
1. Marketing interno. Assegura que todos na organização adotem os princípios de marketing
apropriados, especialmcnte a alta gerência. 2. Marketing integrado. Assegura que múltiplos meios para criar, entregar c comunicar valor
sejam empregados c combinados da maneira ideal. 3. Marketing de relacionamento. Estabelece relacionamentos profundos e multifacetados
com clientes, membros de canal e outros parceiros de marketing. 4. Marketing de desempenho. Compreende os ganhos do negócio como decorrência das ati vidades e dos programas de marketing, além de abordar questões mais amplas e seus efeitos jurídicos, éticos, sociais e ambientais.
Essas quatro dimensões permeiam todo o livro e, em alguns casos, são explicitadas. O texto
aborda especificamente as seguintes tarefas que constituem a gestão de marketing moderno no século XXI:
PREFÁCIO
1.
Desenvolver estratégias c planos de marketing.
2.
Capturar insights de marketing.
3.
Conectar-se com os clientes.
4.
Construir marcas fortes.
5.
Criar valor.
6.
Entregar valor.
7.
Comunicar valor.
8.
Adotar práticas responsáveis de marketing para o sucesso no longo prazo.
Por que Administração de marketing é líder quando o assunto é marketing? O marketing interessa a todos, independentemente do que envolva — bens, serviços, proprie
dades, pessoas, lugares, eventos, informações, idéias ou organizações. Por ser a principal fonte de referência para estudantes, educadores e executivos da área, Administração de marketing precisa se manter constantemente atualizado. Esse é um dos motivos que fazem com que estudantes (e
professores) sintam que o livro lhes fala dirctamcntc cm termos de conteúdo c formato. O sucesso deste livro pode ser atribuído a sua capacidade de maximizar três dimensões que ca
racterizam os melhores livros de marketing, de acordo com os seguintes critérios: I
Profundidade. Apresenta um embasamento acadêmico sólido, e seu conteúdo contempla
conceitos, modelos e estrutura teóricas importantes; além disso, oferece orientação concei tuai para solucionar problemas práticos.
I
Abrangência. Abrange os tópicos certos e confere a ênfase apropriada a cada um desses tópicos.
I
Relevância. Envolve o leitor, pois é interessante e apresenta exemplos atraentes.
Esta edição tem como base os pontos fortes das edições anteriores que, em conjunto, dife renciam o livro de todos os outros sobre administração de marketing: I
Orientação gerenciai. Concentra-se nas principais decisões enfrentadas pelos gerentes de
marketing e pela alta administração em seus esforços para harmonizar os objetivos, as capa
cidades e os recursos da organização com as necessidades e as oportunidades do mercado. I
Abordagem analítica. Apresenta ferramentas e estruturas conceituais para a análise de pro blemas recorrentes na administração de marketing, além de casos e exemplos que ilustram
princípios, estratégias e práticas eficazes. I
Perspectiva multidisciplinar. Beneficia-se de importantes descobertas de disciplinas cien
tíficas, como economia, ciência compor lamentai, teoria da administração e malemálica, oferecendo conceitos e ferramentas fundamentais. I
Aplicações universais. Aplica o pensamento estratégico ao espectro completo do marke ting: bens e serviços, pessoas, lugares, informações, idéias e causas; mercados consumidor
e organizacional; organizações com e sem fins lucrativos; empresas norte-americanas e de outros países; empresas de pequeno e medio portes; fabricantes e revendedores; c setores de baixa e alta tecnologia. I
Cobertura abrangente e equilibrada. Inclui todos os tópicos que um gerente de marke ting bem informado precisa entender para implementar o marketing estratégico, tático e
administrativo.
XVII
Materiais adicionais Na Sala Virtual deste livro (), professores podem acessar os
seguintes materiais adicionais a qualquer momento:
I
Apresentações em PowerPoint.
I
.Manual do professor (cm inglês).
I
Galeria de imagens.
I
Banco de exercícios (cm inglês).
Esse material é de uso exdusivo para professores e está protegido por senha. Para solicitar o acesso, os professores que adotam o livro devem entrar em contato com seu representante Pearson ou enviar e-mail para [email protected].
Agradecimentos Esta edição é fruto do trabalho de muitas pessoas.
De Philip Kotler, meus colegas na Kellogg Graduate School of Management da North western University continuam a exercer grande influência sobre minhas idéias: Nidhi Agrawal, Eric T. Anderson, James C. Anderson, Robert C. Blattberg, Miguel C. Brendl, Bobby J. Calder, Gregory S. Carpenter, Alex Chemev, Anne T. Coughlan, David Gal, Kent Grayson, Karsten Hansen, Dipak C. Jain, Lakshman Krishnamurti, Angela Lee, Vincent Nijs, Yi Qian, Mohanbir
S. Sawhney, Louis W. Stem, Brian Sternthal, Alice M. Tybout e Andris A. Zoltners. Gostaria de agradecer também à família de S. C. Johnson pelo generoso apoio à minha cátedra na Kellogg
School. Completam a equipe da Northwestern Donald P. Jacobs c Dipak Jain, ex-reitores da instituição, e Sally Blount, atual reitora, aos quais agradeço pelo contínuo apoio às minhas ati
vidades como pesquisador c escritor. Outros membros do corpo docente do departamento de marketing da Kellogg também
exerceram grande influência sobre minhas idéias, entre eles Sleuarl Henderson Britt, Richard
M. Clewett, Ralph Westfall, Harper W. Boyd, Sidney J. Levy, John Sherry c John Hauser. Gos
taria também de agradecer a Gary Armstrong por nosso trabalho em Princípios de marketing. Agradeço ainda a meus coaulores das edições internacionais de Administração de Marketing e Princípios de marketing, que muito me ensinaram enquanto trabalhávamos juntos para adaptar os
conceitos de administração de marketing aos problemas enfrentados por diversas nações:
I
Swee-Hoon Ang e Siew-Meng Leong, National University of Singapore.
I
Chin-Tiong Tan, Singapore Management University.
I
Friedhelm W. Bliemel, Universitãt Kaiserslautern (Alemanha).
I
Linden Brown; Stewart Adam, Dcakin University, Suzan Burton, Macquarie Graduate
School of Management; e Sara Denize, University of Western Sydney (Austrália).
I
Bernard Dubois, Groupe HEC School of Management (França); e Delphine Manceau, ESCP-EAP European School of Management.
I
John Saunders, Loughborough University; e Veronica Wong Warwick University (Reino Unido).
I
Jacob Hornick, Univesidade de Tel-Aviv (Israel).
I
Walter Giorgio Scott, Universita Cattolica del Sacro Cuore (Itália).
I
Peggy Cunningham: Queen’s University (Canadá).
Gostaria de agradecer também a meus coautores em temas mais especializados de marketing: Alan Andreasen, Christer Asplund, Paul N. Bloom, John Bowen, Roberta C. Clarke, Karen Fox,
David Gertner, Michael Hamlin, Thomas Hayes, Donald Haider, Hooi Den Hua, Dipak Jain,
Somkid Jatusripitak, Hcrmawan Kartajaya, Milton Kotler, Neil Kotler, Nancy Lee, Sandra Liu, Suvit Maesincee, James Maken, Waldemar Pfoertsch, Gustave Rath, Irving Rein, Eduardo Ro berto, Joanne Scheff, Norman Shawchuck, Joel Shalowitz, Ben Shields, Francois Simon, Robert Stevens, Martin Stoller, Fernando Trias dc Bcs, Bruce Wrenn c David Young. Minha maior dívida continua sendo com minha amada esposa, Nancy, que me proporcio
nou o tempo, o apoio c a inspiração necessários à preparação desta edição. Este livro é real men
te dela também. De Kevin Lane Keller, agradeço por poder me beneficiar continuamente da sabedoria de
meus colegas na Tuck — Punam Keller, Scott Neslin, Kusum Ailawadi, Praveen Kopalle, Peter Golder, Ellie Kyung, Yaniv Dover, Eesha Sharma, Fred Webster, Gert Assmus e John Farley —, assim como da liderança do reitor Paul Danos. Agradeço também às inestimáveis contribui
ções em pesquisa e ensino oferecidas por meus colegas e colaboradores do corpo docente ao
longo dos anos. Agradeço imensamente a Jim Beltman e Rick Staelin da Duke University, que me impulsionaram e serviram de modelos positivos para minha carreira acadêmica até os dias
de hoje. Também sou muito grato por tudo o que aprendi trabalhando ao lado de executivos, os quais gcncrosamcntc compartilharam comigo suas visões c experiências. Para esta 15a edi
ção, recebi assistência de pesquisa extremamente útil de um talentoso grupo de formandos da
XX
ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING Dartmouth — Caroline Buck, James Carlson, Ryan Galloway, Jack Heise, Jeff Keller, Jill Lyon,
Richard Newsome-White, Rahul Raina e Cameron Woodworth — que foram tào precisos, abrangentes, confiáveis e entusiasmados quanto se podería imaginar. Alison Pearson prestou excelente apoio administrativo. Por fim, agradeço especialmente a Punam, minha esposa, e a
Carolyn e Allison, minhas filhas, que fizeram tudo acontecer e valer a pena.
Temos uma dívida de gratidão com colegas de outras universidades que participaram da revisão desta nova edição:
I
Jennifer Barr, Richard Stockton College.
I
Lawrence Kenneth Duke, Drexel University LeBow College of Business.
I
Barbara S. Faries, Mission College, Santa Clara, CA.
I
William E. Fillner, Hiram College.
I
Frank J. Franzak, Virginia Commonwealth University.
I
Robert Galka, De Paul University.
I
Albert N. Greco, Fordham University.
I
John A. Hobbs, University of Oklahoma.
I
Brian I-arson, Widener University.
I
Anthony Racka, Oakland Community College, Auburn Hills, Ml.
I
Jamie Ressler, Palm Beach Atlantic University.
I
James E. Shapiro, University of New Haven.
I
George David Shows, Louisiana Tech University.
Gostaríamos de agradecer também aos colegas que revisaram as edições anteriores de Administração de Marketing:
Homero Aguirre, TAMIU
Robert Galka, De Paul University
Alan Au, University of Hong Kong
Betsy Gelb, University of Houston at Clear Lake
Hiram Barksdale, University of Georgia
Dennis Gcnsch, University of Wisconsin, Milwaukee
Boris Becker, Oregon State University
David Georgoff, Florida Atlantic University
Sandy Becker, Rutgers University
Rashi Glazer, University of California, Berkeley
Parimal Bhagat, Indiana University of Pennsylvania
Bill Gray, Keller Graduate School of Management
Sunil Bhatia, Case Western Reserve University
Barbara Gross, California State University at Northridge
Michael Bruce, Anderson University
Lewis Hershey, Fayetteville State University
Frederic Brunel, Boston University
Thomas Hewett, Kaplan University
John Burnett, University of Denver
Man- Higby, University of Detroit-Mercy
Lisa Cain, University of California at Berkeley and Mills
Arun Jain, State University of New York, Buffalo
College
Michelle Kunz, Morehead Slate University
Surjit Chhabra, DePaul University
Eric Langer, Johns Hopkins University
Yun Chu, Frostburg State University
Even Lan seng, Norwegian School of Management
Dennis Clayson, University of Northern Iowa
Ron Lennon, Barry University
Bob Cline, University of Iowa
Michael Lodato, California Lutheran University
Brent Cunningham, Jacksonville State University
Henn’ Loehr, Pfeiffer University-Charlotte
Hugh Daubek, Purdue University
Bart Macchiette, Plymouth University
John Deighton, University of Chicago
Susan Mann, Bluefield State College
Kathleen Dominick, Rider University
Charles Martin, Wichita State University
Tad Duffy, Golden Gate University
II. Lee Matthews, Ohio State University
Mohan Dutta, Purdue University
Paul McDevitt, University of Illinois at Springfield
Barbara Dyer, University ofNorth Carolina em Greensboro
Man' Ann McGrath, Loyola University, Chicago
Jackkie Eastman, Valdosta State University
John McKeever, University of Houston
Steve Edison, University of Arkansas-Little Rock
Kenneth P. Mead, Central Connecticut State University
Alton Erdem, University of Houston at Clear Lake
Henry Metzner, University of Missouri, Rolla
Elizabeth Evans, Concordia University
Robert Mika, Monmouth University
Barb Finer, Suffolk University
Mark Mitchell, Coastal Carolina University
Chic Fojtik, Pepperdine University
Francis Mulhern, Northwestern University
Renee Foster, Delta State University
Pat Murphy, University of Notre Dame
Ralph Gaedeke, California State University, Sacramento
Jim Murrow, Drury College
AGRADECIMENTOS
Zhou Nan, University of Hong Kong
Larry Schramm, Oakland University
Nicholas Nugent, Boston College
Alex Sharland, Hofstra University
Nnamdi Osakwe, Bryant & Stratton College
Dean Siewers, Rochester Institute of Technology *
XXI
Donald Outland, University ofTexas, Austin
Anusom Singhapakdi, Old Dominion University
Albert Page, University of Illinois, Chicago
Jim Skertich, Upper Iowa University
Young-Hoon Park, Cornell University
Allen Smith, Florida Atlantic University
Koen Pauwels, Dartmouth College
Joe Spencer, Anderson University
Lisa Klein Pearo, Cornell University
Mark Spriggs, University of St. Thomas
Keith Penney, Webster University
Nancy Stephens, Arizona State University
Patricia Perry, University of Alabama
Michael Swenso, Brigham Young University, Marriott
Mike Powell, North Georgia College and State University
School
Hank Pruden, Golden Gate University
Thomas Tellefsen, The College of Staten Island-CUNY
Christopher Puto, Arizona State University
Daniel Turner, University of Washington
Abe Qstin, lakeland University
Sean Valentine, University' of Wyoming
Lopo Rego, University of Iowa
Ann Veeck, West Michigan University
Richard Rexeisen, University of St. Thomas
R.Venkatesh, University of Pittsburgh
William Rice, California State University-Fresno
Edward Volchok, Stevens Institute of Management
Scott D. Roberts, Northern Arizona University
D. J. Wasmcr, St. Mary'-of-the-Woods College
Bill Robinson, Purdue University
Zac Williams, Mississippi State University
Robert Roe, University of Wyoming
Greg Wood, Canisius College
Jan Napoleon Saykicwicz, Duquesne University
Kevin Zeng Zhou, University of Hong Kong
Nossas calorosas boas-vindas e gratidão a todos os que contribuíram com os estudos de caso globais desenvolvidos para a 14â edição:
Mairead Brady, Trinity College
John R. Brooks, Jr., Houston Baptist University
Abraham Koshy *,
Sanjeev Tripathi e Abhishek, Indian
Institute of Management Ahmedabad
Sylvain Charlebois, University of Regina
Peter Ling, Edith Cowan University
* Geoffrey da Silva, Temasek Business School
Marianne Marando, Seneca College
Malcolm Goodman, Durham University
Lu Taihong, Sun Yat-Sen University
Torben Hansen, Copenhagen Business School
A talentosa equipe da Pearson merece elogios por ajudar a moldar esta 15a edição. Gostaría mos de agradecer a nosso editor, Mark Gaffney, por sua contribuição a esta revisão, e também a
nossa gerente de programa, Jennifer M. Collins. Estendemos nossos agradecimentos a nossa ge rente de projeto, Becca Groves, por assegurar que tudo prosseguisse e se encaixasse de um modo
tão ordenado tanto cm relação ao livro quanto ao material complementar. Nós nos beneficiamos
muito da extraordinária ajuda editorial de Elisa Adams, que emprestou seus talentos como edito ra de desenvolvimento a esta edição. Também agradecemos a nossas gerentes de marketing, Anne Fahlgren e Lenny * Ann Raper. Certamente, somos gratos ao suporte editorial oferecido por Daniel
Petrino. Por fim, agradecemos a estes colaboradores do MyLab: Susan C. Schanne, School of Ma
nagement, Eastern Michigan University, e Barbara S. Faries, MBA, Mission College, Santa Clara.
Philip Kotler Professor emérito da cátedra S. C. Johnson de marketing internacional
Kellogg Graduate School of Management
Northwestern University Evanston, Illinois
Kevin Lane Keller Professor de marketing da E.B. Osborn
Tuck School of Business Darthmouth College
Hanover, New Hampshire
Edição brasileira A edição nacional de Administração de marketing inclui estudos de caso redigidos por renomados acadêmicos e profissionais da área de marketing com o objetivo de trazer uma pers pectiva brasileira de diferentes fenômenos da área. A seção Estudo de caso está presente nos
seguintes capítulos:
I
Capítulo 1 - Metamorfoses cm curso.
I
Capítulo 2 - Crescimento e internacionalização da Natura.
I
Capítulo 4 - Penetração de mercado, frequência de uso e liderança da Listerine no Brasil.
I
Capítulo 5 - Melissa: a construção do relacionamento com jovens.
I
Capítulo 6 - Marketing e pesquisa transformativa do consumidor.
I
Capítulo 8 - Spolcto aprende a competir internacionalmcntc.
I
Capítulo 10 - Gloops: suco gaseificado ou refrigerante natural?
I
Capítulo 13 - Ambev: líder com ‘moderação’.
I
Capítulo 14 - Os desafios dos pedais como modalidade de transporte urbano em São Paulo.
I
Capítulo 17 - Natura: diversificando canais de marketing para retomar a liderança.
I
Capítulo 18 - Super Mercadinhos São Luiz: é mercadinho mas é super; é super mas é mercadinho.
I
Capítulo 19 - Liga Nacional de Basquete (LNB): comunicação de marketing e inovação.
I
Capítulo 20 - Gincana da Solidariedade: parceria de sucesso para a comunidade.
I
Capítulo 21 - Rock in Rio e as múltiplas formas de exposição da marca.
I
Capítulo 23 - Ama: uma água, uma causa.
Agradecimento dos editores brasileiros Agradecemos a todos que contribuíram para esta edição, principalmente pelas ricas ob
servações e explanações dos professores Edson Crescitelli e Iná Futino Barreto, tomando esta obra ainda mais valiosa. Agradecemos em especial à professora Iná pelo seu apoio fundamental
na coordenação dos estudos de caso, bem como aos colaboradores: Ana Akemi Ikeda, Marcos Cortez Campomar, Clarice Secches Kogul, Renato Cota de Mello, Leandro A. Guissoni, Thel
ma Rocha, Angela Satiko Yojo, Andres Rodríguez Veloso, Daniel Faria Chaim, Rodolfo Ro drigues Rocha, Priscila De Nadai Sastre, Alexandre Borba Salvador, Marta Olivia Rovedder de
Oliveira, Carlos Augusto da Silva Loures, Roberto Flores Falcão, Bruno Bordeaux Rego, Denise
de Abreu Sofiatti Dalmarco, Cláudia Buhamra Abreu Romero, Ary José Rocco Jr., Guilherme
dc Farias Shiraishi, Denise Avancini Alves, Isabelle Cristina Galindo Curvclo, Kavita Miadaira
Hamza e Sofia Batista Ferraz. Ficamos orgulhosos em levar um pouco do conhecimento e da
experiência desses brilhantes profissionais ao leitor de Administração de marketing.
PARTE 1: 0 que é administração
de mariceting
1 Marketing para novas realidades
CAPÍTULO
Neste capítulo, abordaremos as seguintes questões: 1.
Por que o marketing é importante?
2.
Qual é o escopo do marketing?
3.
Quais sào os conceitos centrais do marketing?
4.
Quais forças definem as novas realidades do marketing?
5.
Quais novas competências essas forças têm dado a consumidores e empresas?
6.
7.
Em que consiste a filosofia de marketing holístico?
Quais sào as tarefas necessárias para uma administração de marketing bem-sucedida?
K
Formal ou informalmente, pessoas e organizações envolvem-se em inúmeras atividades às quais podemos chamar de marketing. Diante
de uma revolução digital e de outras mudanças importantes no ambiente de negócios, um marketing eficaz é cada vez mais vital e radi calmente novo, como mostra o caso da Unilever a seguir.1
Sob a liderança do ex-executivo de marketing da P&G,
Um marketing eficaz não é acidental. É. ao mesmo tempo, arte e ciência,
Paul Polman, e o mago do marketing Keith Weed, a
e resulta de um cuidadoso processo de planejamento e execução, com o
Unilever está tomando uma direção radicalmente original.
uso das mais avançadas ferramentas e técnicas disponíveis. Neste livro,
Seu ncwo modelo de marketing. Crafting Brands for Life
descrevemos como habilidosos profissionais da área modernizam práticas
(Criando marcas para a vida), estabelece missões sociais,
clássicas e inventam outras para encontrar soluções criativas e funcionais
econômicas e de produtos para cada marca, incluindo
às novas realidades do marketing. Neste primeiro capítulo, estabelecemos
Dove. Ben & Jerry’s, Lifebuoy e Knorr. Pol man afirma:
nossas bases revisando importantes conceitos, ferramentas, estruturas e
■Tenho uma visão de todas as nossas marcas como uma
questões de marketing.
força para o bem, cada uma delas com mais de um bilhão de fãs para ajudar a realizar essa mudança.” Uma parte da missão, por exemplo, é a sustentabilidade - reduzir pela metade sua pegada ecológica ao mesmo tempo em
que se dobram as receitas. Para melhorar a comunicação
de marketing, a empresa pretende encontrar o equilíbrio
entre ‘magia’ e ‘lógica’, duplicando as despesas em treinamento de marketing e dando ênfase à pesquisa
de propaganda. Para entender melhor o mundo digital, o diretor de marketing Weed levou 26 altos executivos de marketing ao Vale do Silício para visitar Google,
Facebook e Hulu e liderou um grupo semelhante para visitar executivos de Hollywood na Disney e na Universal. A Unilever estabeleceu como alvos os mercados em
desenvolvimento e os emergentes (D&E),
esperando
crescer de 15 a 20% anualmente na China e obter de 70
a 75% de seus negócios nos mercados D&E até 2020. A empresa também adotou a inovação reversa', aplicando novidades de branding e embalagem de mercados em
desenvolvimento a mercados desenvolvidos em recessão. Na Espanha, ela passou a vender o sabão em pó Surf
em pacotes de cinco lavagens. Na Grécia, oferece purê de
batatas e maionese em embalagens pequenas. CiM»: Bcort*»E»a Getr, maees.
A importância do marketing Finanças, operações, contabilidade e outras funções organizacionais não terão sentido se não houver demanda su
ficiente por bens e serviços para que a empresa obtenha lucro. Em outras palavras, tem de haver receita para que os
2
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING resultados aconteçam. É por isso que, muitas vezes, o sucesso financeiro dc uma empresa de
pende de suas habilidades de marketing. A importância do marketing estende-se à sociedade
como um todo, pois foi por meio dele que produtos novos ou aprimorados foram introdu
zidos no mercado para facilitar ou melhorar a vida dos consumidores. Um marketing bem-sucedido gera demanda por bens e serviços, o que, por sua vez, cria postos de trabalho. E, ao
contribuir com os resultados financeiros das empresas, também permite seu engajamento cm
atividades socialmente responsáveis.2
TOMADA DE DECISÕES DE MARKETING Os CEOs (diretor-presidente, do inglês Chief Executive Officer) reconhecem o papel do marketing na construção de marcas fortes e de uma base de clientes fiéis — ativos intangí veis que contribuem fortemente para o valor dc uma empresa.3 Muitas empresas, inclusive
as de serviços e as organizações sem fins lucrativos, agora têm um diretor de marketing (CMO, do inglês Chief Marketing Officer) para colocar o marketing em pé de igualdade com outros executivos de nível “C”, como o diretor financeiro (CFO, do inglês ChiefFinan
cial Officer) e o diretor de informática (CIO, do inglês Chief Information Officer).4 Em um ambiente movido pela internet, em que os consumidores, a concorrência, a tecno logia e as forças da economia mudam rapidamente e as consequências se multiplicam instanta neamente, os profissionais de marketing devem escolher atributos, preços e mercados e decidir quanto gastar em propaganda, vendas e marketing on-line e móvel. Enquanto isso, a crise eco nômica global que teve início em 2008 e sua lenta recuperação desde então acarretaram cortes
orçamentários e intensa pressão para fazer valer cada dólar investido em marketing. Há pouca margem de erro no marketing. Pouco tempo atrás, MySpace, Yahoo!, Blockbuster
c Barnes & Noble eram líderes admirados cm suas indústrias. Quanta diferença alguns anos po dem tazer! Cada uma dessas marcas foi completamente ultrapassada por um desafiante inician te — Facebook, Google, Netflix e Amazon — e elas agora lutam, às vezes sem sucesso, pela mera sobrevivência. As empresas devem avançar constantemcntc. Sob maior risco estão aquelas que não conseguem monitorar atentamente seus clientes e concorrentes, melhorar continuamente suas ofertas dc valor c estratégias de marketing ou satisfazer seus funcionários, acionistas, for
necedores e parceiros de canal no processo.
MARKETING DE SUCESSO O marketing eficiente é uma busca interminável, mas algumas empresas conseguem se adaptar
e prosperar em tempos de mudanças. Vejamos o caso da American Express/'
AMERICAN EXPRESS: SMALL BUSINESS SATURDAY (SÁBADO DOS PEQUENOS NEGÓ
Em 2012, a American Express forneceu kits
as pequenas empresas em sua comunida
de marketing para redes sociais, modelos de
de comprando em sua loja favorita' e levou
Lançada em 2010 por anúncios de
e-mail e sinalização para ajudar a divulgar a
suas filhas a livrarias locais. Os titulares de
rádio e TV. mídia social e relações públicas, a
ação. Mais de 350 organizações de peque
cartões American Express obtiveram um des
campanha Small Business Saturday da Ame
nas empresas apoiaram a iniciativa; mais
conto de 25 dólares para compras em lojas
rican Express incentiva as pessoas a comprar
de 3 milhões de usuários curtiram a página
locais e independentes, e a empresa reportou
em pequenos varejistas locais no sábado após
do programa no Facebook; e 213.000 turtes
um aumento de cerca de 21% nas transa
o Dia de Ação de Graças. Entre as empresas
relacionados foram publicados no Twitter. 0
ções dos anos de 2011 e 2012 por causa da
participantes, as vendas aumentaram 28%.
então presidente Obama tuitou: ‘Hoje, apoie
campanha.
CIOS)
Outras empresas de ponta seguiram esse exemplo. Fazendo uma campanha baseada so
mente na internet, a BMW reportou um ganho de receita de USS 110 milhões para seu modelo Série 1. Mais dc 3 milhões dc pessoas assistiram a uma campanha instigadora com
posta de cinco vídeos e 20.000 forneceram seus dados de contato. A BMW também mirou blogueiros influentes e usou o feedback obtido pelas mídias sociais como inputs de estilo e
previsões dc vendas.6
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES
CAPÍTULO 1
3
CtMllo: W W hnif» fa Atnorcan Cxpi»»*.
O projyama Small Business Satirday da American Express tocou o coração de consumidores como a celebridade de TV Kaúe Counc.
Até mesmo empresas B2B tém adotado esse tipo de ação. A Coming vem se empenhando
em deixar para trás sua reputação de fabricante de utensílios de cozinha Pyrex — um negócio
que ela vendeu há mais de uma década — e consolidar seu status atual de fabricante de produ
tos de vidros especiais e cerâmica de alta engenharia. Para chamar a atenção de Wall Street para seu rico portfolio, a empresa criou um vídeo no YouTube, A Day Made of Glass... Made Possible
by Corning (Um dia feito de vidro... possível graças à Coming). Mais longo do que o normal, porém lindamcntc editado, atraiu mais dc um milhão de visualizações cm três semanas. Grande parte da repercussão que o vídeo provocou girou em torno dos vidros — dureza do produto e
esperança para o futuro — exatamente o que a Corning queria?
O escopo do marketing Ao se preparar para trabalhar com marketing, você precisa entender o que é marketing, como
ele funciona, por quem é feito e a que se aplica.
0 QUE É MARKETING? O marketing envolve a identificação e a satisfação de necessidades humanas e sociais. Uma das mais sucintas e melhores definições de marketing é “suprir necessidades gerando lucro”. Quando o Google percebeu que as pessoas precisavam de acesso mais eficiente e eficaz a infor mações na internet, criou um potente mecanismo de busca que organiza e prioriza as consultas;
quando a IKF.A notou que os consumidores queriam bons móveis a preços substancialmente
mais baixos, ela criou sua linha dc móveis desmontáveis. Com tais ações, ambas demonstraram sua competência de marketing ao transformarem uma carência particular ou social em uma oportunidade lucrativa de negócios.
A American Marketing Association propõe a seguinte definição: o marketing é a atividade,
o conjunto de conhecimentos e os processos de criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que te nham valor para consumidores, clientes, parceiros e a sociedade como um todo. Lidar com esses
processos de troca exige uma boa dose de trabalho e habilidade. A administração de marketing
acontece quando pelo menos uma das partes em uma relação de troca potencial procura meios
de obter as respostas desejadas das outras partes. Vemos, portanto, a administração de marke ting como a arte e a ciência de selecionar mercados-alvo e captar, manter efidelizar clientes por
meio da criação, entrega e comunicação de um valor superior para o cliente.
Podemos estabelecer definições distintas de marketing sob as perspectivas social e gerencial. Uma definição social mostra o papel do marketing na sociedade; por exemplo, um profissional
da área afirmou que o papel do marketing é “proporcionar um padrão de vida melhor”. Eis uma definição social que atende aos nossos propósitos: marketing é um processo social pelo qual indi víduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam por meio da criação, da oferta e da livre troca
* B2B (do inglês business to business) ê o termo usado para se referir a empresas que têm como clientes outras empresas, ou seja, empresas que vendem para empresas. (N. da R.T.)
4
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING de produtos de valor entre si. A criação conjunta dc valor entre os consumidores c as empresas e a importância da criação de valor e do compartilhamento tomaram-se temas relevantes no desenvolví mento do pensamento do marketing moderno.9 Do ponto de vista gerencial, muitas vezes o marketing é descrito como “a arte de vender produtos”, mas muitos se surpreendem ao ouvir que a parle mais importante do marketing não
e vender! As vendas são apenas a ponta do iceberg do marketing. Peter Drucker, um dos princi
pais teóricos da administração, apresenta a questão da seguinte maneira:10
Pode-se considerar que sempre haverá a necessidade dc vender. Porém, o objetivo do
marketing é tomar supérfluo o esforço de venda. O objetivo do marketing é conhecer
e entender tão bem o cliente de modo que um bem ou um serviço possa se adequar a ele e se vender sozinho. De maneira ideal, o marketing deveria resultar em um cliente
disposto a comprar. A única coisa necessária, então, seria tomar o produto disponível. Quando a Nintendo projetou seu sistema de jogos Wii, a Apple lançou seu tablet iPad e a Toyota apresentou seu automóvel híbrido Prius, elas receberam uma enxurrada de pedidos
porque haviam desenvolvido o produto certo, com base em uma cuidadosa lição de casa de
marketing sobre consumidores, concorrência e todos os fatores externos que afetam o custo e
a demanda.
A QUE SE APLICA 0 MARKETING? Os profissionais de marketing se envolvem na gestão de dez tipos de produto: bens, serviços,
eventos, experiências, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e idéias. Abor daremos sucintamentc cada uma dessas categorias.
BENS Bens tangíveis constituem a maior parte do esforço de produção e marketing da maioria dos países. As empresas norte-americanas colocam no mercado a cada ano bilhões de produtos alimentícios frescos, enlatados, empacolados e congelados, além de milhões de carros, refrige
radores, televisores, máquinas e vários outros bens que sustentam a economia moderna.
SERVIÇOS À medida que as economias evoluem, uma proporção cada vez maior de suas ati
vidades se concentra na prestação de serviços. A atual economia dos Estados Unidos consiste cm um mix dc dois terços dc serviços c um terço dc bens.11 Entre os serviços estão aqueles
prestados por companhias aéreas, hotéis, locadoras de automóveis, cabeleireiros, esteticistas e técnicos de manutenção e reparo, assim como contadores, bancários, advogados, engenheiros, médicos, programadores de software e consultores de gestão. No entanto, muitos produtos
combinam bens e serviços, como é o caso de uma refeição em um restaurante fasl-food. EVENTOS Os profissionais de marketing promovem eventos periódicos, como grandes feiras setoriais, espetáculos artísticos e comemorações de aniversário. Eventos esportivos globais
como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo são promovidos, na mesma intensidade, tanto para empresas como para torcedores. Eventos locais incluem bazares dc artesanato, encontros
literários em livrarias e feiras livres.
EXPERIÊNCIAS Ao orquestrar diversos serviços e mercadorias, uma empresa pode criar, apre sentar e comercializar experiências. O Magic Kingdom, do Wall Disney World, proporciona
aos clientes uma visita a um reino dc conto dc fadas, um navio pirata ou uma casa mal-assom-
brada. Também há mercado para experiências customizadas, como passar uma semana em um cenlro de Ireinamenlo de beisebol jogando com grandes craques veteranos, dividir o palco com lendas vivas do rock no Rock’n’Roll Fantasy Camp ou escalar o Monte Everest.
PESSOAS Artistas, músicos, CEOs, médicos, advogados e financistas bem-sucedidos, entre outros profissionais, com frequência recorrem à ajuda de consultores de marketing.12 Mui tos atletas c apresentadores dc TV são partieularmente hábeis cm fazer seu marketing pessoal
— pense no jogador de futebol Cristiano Ronaldo, na veterana dos programas de entrevistas Oprah Winfrey' e nas lendas do rock The Rolling Stones. O consultor Tom Peters, ele próprio
um mestre do marketing pessoal, aconselha as pessoas a se tornarem uma ‘marca’.
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES
CAPÍTULO 1
5
O McCI
0 desfile das Olimpíadas, em Sochi, na Rússia, potencializa seu apelo comercial.
LUGARES Cidades, estados, regiões e países inteiros competem ativamente para atrair tu
ristas, novos moradores, fábricas e sedes de empresas.13 Entre os profissionais de marketing
de lugares estão especialistas em desenvolvimento econômico, agentes imobiliários, bancos comerciais, associações comerciais locais e agências de propaganda e relações públicas. O Las Vegas Convention & Visitors Authority obteve êxito com sua provocativa campanha What
Happens Here Stays Here (O que acontece aqui fica aqui), retratando a cidade como um
‘playground para adultos’.
PROPRIEDADES Propriedades são direitos intangíveis de posse tanto de bens imóveis como de bens financeiros (títulos e ações). Podem ser compradas e vendidas, o que requer um esforço de marketing. As imobiliárias trabalham para proprietários de imóveis ou para quem as procura
para comprar e vender imóveis residenciais ou comerciais. Já as instituições bancárias c dc in
vestimentos estão envolvidas no marketing de produtos financeiros tanto para pessoas físicas
como para pessoas jurídicas. ORGANIZAÇÕES Museus, teatros e organizações com e sem fins lucrativos usam o marketing para melhorar sua imagem e competir por público e recursos. Algumas universidades criaram
diretorias de marketing para administrar melhor a identidade e a imagem da escola, cuidando
dc tudo, desde folhetos dc admissão c publicações no Twitter ate a estratégia dc marca.14
Oprah Winfrey construiu uma marca pessoal que vale bifrões de dólares e que tem usado em muitas hnhas de negóaos.
6
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING INFORMAÇÕES Informação c basicamente o que livros, escolas c universidades produzem, co mercializam e distribuem a determinado preço para pais, alunos e comunidades. As empresas
tomam decisões comerciais usando informações fornecidas por organizações como a Thomson
Reuters: “Combinamos conhecimentos setoriais com tecnologia inovadora para fornecer in
formações cruciais aos principais tomadores de decisão nos setores financeiro, jurídico, fiscal
c contábil, dc saúde, cientifico e de mídia, impulsionadas pela organização dc notícias mais confiável do mundo".15
IDÉIAS Toda oferta de marketing traz em sua essência uma ideia básica. Charles Revson, da Revlon, certa vez observou: “Na fábrica, produzimos cosméticos; na loja, vendemos esperan
ça”. Produtos são plataformas para a oferta de algum conceito ou beneficio. Os profissionais de
marketing social estão sempre às voltas com a promoção de idéias como as campanhas norte-americanas Friends Don't Let Friends Drive Drunk (Amigos não deixam amigos dirigirem bê bados) e A Mind is a Terrible Thing to Waste (Desperdiçar um intelecto é uma coisa terrível).
QUEM FAZ 0 MARKETING? PROFISSIONAIS DE MARKETING E CLIENTES POTENCIAIS O profissional de marketing é al guém que busca uma resposta (atenção, compra, voto, doação) de outra parte, denominada cliente potencial (prospect). Se duas partes estão buscando vender algo uma para a outra, am
bas são consideradas profissionais de marketing. Os profissionais de marketing estão capacitados a estimular a demanda pelos produtos de
uma empresa, mas essa é uma visão muito limitada das tareias que desempenham. Eles também
buscam influenciar o nível, a oportunidade e a composição da demanda para atender aos obje tivos da organização. São possíveis oito tipos de demanda:
1. Demanda negativa: os consumidores não gostam do produto e podem até mesmo pagar para evitá-lo.
2.
Demanda inexistente: os consumidores não conhecem o produto ou não estão interessados nele.
3.
Demanda latente: os consumidores compartilham uma forte necessidade que não pode ser satisfeita por nenhum produto existente no mercado.
4. Demanda em declínio: os consumidores passam a comprar o produto com menos frequên
cia ou deixam de comprá-lo. 5.
Demanda irregular: as compras dos consumidores podem ser sazonais ou variar de acordo com o mês, a semana, o dia ou o horário.
6.
Demanda plena: os consumidores compram todos os produtos colocados no mercado.
7.
Demanda excessiva: há mais consumidores interessados em comprar o produto do que
produtos disponíveis. 8.
Demanda indesejada: os consumidores se sentem atraídos por produtos que têm consequên
cias sociais indesejadas. Em cada caso, os profissionais de marketing devem identificar uma ou mais causas subja centes ao estado de demanda e determinar um plano de ação para alterá-la para um estado mais
desejado.
MERCADOS Antigamentc, um ‘mercado’ era um local físico onde compradores e vendedores se reuniam para comprar e vender seus produtos. Atualmente, os economistas descrevem um
mercado como um conjunto de compradores e vendedores que efetuam transações relativas a determinado produto ou classe dc produto (mercado imobiliário ou dc grãos, por exemplo).
A Figura 1.1 mostra cinco mercados básicos e os fluxos que os conectam. Os fabricantes recor
rem aos mercados de recursos (mercados de matérias-primas, mercados de trabalho, mercados financeiros) para adquiri-los e transformá-los em bens e serviços; depois vendem os produtos acabados a intermediários, que os vendem aos clientes finais. O governo recolhe impostos para
comprar produtos dos mercados dc recursos, dc fabricantes c dc intermediários; depois, usa esses bens e serviços para fornecer serviços públicos. A economia de cada nação e a economia global
consistem em conjuntos de mercados integrados e vinculados entre si por processos de troca.
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES Figura 1.1 Estrutura de fluxos em uma moderna economia baseada em trocas
Recursos
Recursos Mercadi
Dinheiro
Dinheiro
de recun
Serviços,
Impostos,
dinheiro
bens Serviços,
Impostos Mercados de
Mercados de
Mercados
fabricantes
governamentais
consumidores Serviços
Impostos, bens Serviços,
Impostos,
bens
dinheiro
Dinheiro
Dinheiro
Bens e serviços
Bens e serviços
Os profissionais de marketing consideram os vendedores como o setor produtivo e usam o termo mercado para descrever agrupamentos dc clientes. Por exemplo, falam cm mercados
de necessidades (o mercado das pessoas que querem emagrecer), mercados de produtos (o mercado de calçados), mercados demográficos (a geração do milênio, ou geração Y, jovens nas
cidos entre 1980 c 1995), mercados geográficos (o mercado chinês) ou os mercados dc eleitores,
de trabalhadores e de doadores. A Figura 1.2 mostra como vendedores e compradores conectam-se por meio de quatro flu
xos: os vendedores enviam bens, serviços e comunicação (como propagandas e mala direta) ao mercado e, em troca, recebem dinheiro e informação (como opiniões dos clientes e dados de vendas); já o fluxo interno mostra uma troca de dinheiro por bens e serviços, enquanto o exter
no mostra uma troca de informações. PRINCIPAIS MERCADOS Os principais mercados são: consumidor, organizacional, global e
sem fins lucrativos.
Mercado consumidor Empresas que comercializam produtos de consumo em massa, como sucos, cosméticos, calçados esportivos e passagens aéreas, estabelecem uma imagem de marca
sólida por meio do desenvolvimento de um produto superior e da garantia de disponibilidade,
sustentado por uma comunicação envolvente c um desempenho confiável. Mercado organizacional Empresas que vendem bens e serviços para outras empresas costumam
se deparar com profissionais de compras bem informados e capacitados para avaliar ofertas de
vários concorrentes. A propaganda e os sites na web desempenham um papel importante, mas a força de vendas, o preço e a reputação da empresa desempenham um papel mais forte.
Figura 1.2 Sistema simples de marketing
Comunicação
1
Bens/serviços
i
Dinheiro
(conjunto de compradores)
Setor produtivo
(conjunto de vendedores)
Mercado
◄------
Informações
__ 1
CAPÍTULO 1
7
8
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
i
ti
Os gotemos sào um mercado importante para muitas empresas.
Mercado global Empresas que vendem seus produtos no mercado global navegam por dife
renças culturais, linguísticas, legais e políticas ao decidirem em que países investir; como en trar em cada um deles (como exportador, licenciado, parceiro em joint-venture, fabricante sob
contrato ou fabricante autônomo); como adaptar as características de seus produtos a cada país; como determinar preços para seus produtos em mercados externos; e como adaptar suas
comunicações a diferentes culturas. Mercado semfins lucrativos e governamental Empresas que vendem seus produtos a organi
zações sem fins lucrativos com limitado poder de compra, como igrejas, universidades, insti tuições de caridade e órgãos públicos, precisam determinar seus preços com cautela. A maioria das compras do governo exige licitação; os compradores costumam se concentrar cm soluções
práticas e, na ausência de fatores atenuantes, favorecer a proposta de menor preço.16
Conceitos centrais de marketing Para compreender a função de marketing, precisamos compreender o conjunto central de con ceitos, conforme a Tabela 1.1.
Tabela 1.1 Conceitos centrais de marketing
Necessidades, desejos e demandas Mercados-aIvo, posicionamento e segmentação Ofertas e marcas Canais de marketing
Mídia paga, conteúdo próprio e mídia orgânica
Impressões e engajamento
Valor e satisfação
Cadeia de suprimento
Concorrência Ambiente de marketing
NECESSIDADES, DESEJOS E DEMANDAS Necessidades são os requisitos básicos do ser humano, como comida, ar, água, roupas e abrigo. Os seres humanos também sentem forte necessidade de recreação, instrução e diversão. Essas
necessidades tornam-se desejos quando direcionadas a objetos específicos que possam satisfa
zê-las. Quando um consumidor norte-americano precisa se alimentar, pode querer uma pizza acompanhada de uma cerveja artesanal. Já um habitante do Afeganistão pode querer arroz,
cordeiro e cenouras. Nossos desejos são moldados pela sociedade à qual pertencemos.
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES Demandas são desejos por produtos específicos sustentados pela capacidade dc comprá-los. Muitos desejam um Mercedes, mas poucos podem comprá-lo. As empresas devem mensurar
não somente o número dc pessoas que desejam seu produto, mas também quantas estariam
realmente dispostas a comprá-lo e teriam condições para isso.
Essas diferenciações lançam uma nova luz sobre a crítica frequente de que “o marketing
faz as pessoas comprarem coisas que não necessitam”. O marketing não cria necessidades: elas surgem antes dele. Os profissionais de marketing podem promover a ideia de que um Mercedes
vai satisfazer a necessidade de status social de uma pessoa, mas não criam a necessidade em si. Alguns clientes têm necessidades das quais não estão plenamente conscientes ou que não
conseguem expressar. O que o cliente quer dizer quando pede um cortador de grama ‘potente’ ou um hotel ‘tranquilo’? O profissional de marketing precisa pesquisar mais a fundo. Podemos
distinguir cinco tipos de necessidade: 1.
Necessidades declaradas (o cliente quer um carro econômico).
2.
Necessidades reais (o cliente quer um carro cujo custo de manutenção — c não seu preço inicial — seja baixo).
3.
Necessidades não declaradas (o cliente espera um bom atendimento por parte do
4.
Necessidades de ‘algo mais’ (o cliente gostaria que o revendedor incluísse um sistema de
revendedor).
GPS).
5.
Necessidades secretas (o cliente quer ser visto pelos amigos como um consumidor
inteligente).
Atender apenas à necessidade declarada pode não ser o bastante para o cliente.1' Os con sumidores não sabiam muito sobre os tablets quando chegaram ao mercado, mas a Apple empenhou-se em moldar as percepções dos consumidores em relação a esses aparelhos.
Para conquistar vantagem competitiva, as empresas devem ajudar os clientes a descobrir o
que querem.
MERCADOS-ALVO, POSICIONAMENTO E SEGMENTAÇÃO Nem todos gostam do mesmo cereal, restaurante, curso ou filme. Por isso, os profissionais
de marketing identificam os diferentes segmentos de consumidores analisando as diferenças demográficas, psicográficas e comporlamentais entre eles. Então, decidem quais apresentam as maiores oportunidades. Para cada mercado-alvo escolhido, a empresa desenvolve uma ojerta
de mercado que é posicionada na mente dos consumidores-alvo como algo que fornece um ou mais benefícios centrais. Por exemplo, a Volvo desenvolve carros para consumidores cuja
maior preocupação é a segurança e, portanto, posiciona seus veículos como os mais seguros disponíveis no mercado. Já a Porsche segmenta compradores que buscam prazer e entusiasmo
ao volante e querem causar uma impressão sobre seu estilo de dirigir.
OFERTAS E MARCAS As empresas atendem a necessidades por meio da emissão de uma proposta de valor, um con
junto de benefícios capazes de satisfazer essas necessidades. A proposta de valor intangível é
materializada por uma oferta, que pode ser uma combinação de bens, serviços, informações e
experiências. Uma marca é uma oferta de fonte conhecida. Por exemplo, a Apple desencadeia na mente das pessoas muitas associações que compõem sua imagem: criativa, inovadora, fácil de usar, divertida, sofisticada, iPod, iPhone e iPad, para citar algumas. Todas as empresas se esforçam para estabelecer uma imagem de marca o mais sólida, favorável e exclusiva possível.
CANAIS DE MARKETING Para atingir um mercado-alvo, os profissionais da área usam três tipos de canal de marketing.
Os canais de comunicação enviam e recebem mensagens dos consumidores-alvo, dentre eles
CAPÍTULO 1
9
10
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING jornais, revistas, rádio, televisão, correio, telefone fixo e móvel, outdoors, cartazes, folhetos, CDs, arquivos de áudio e internet. Além dessas mídias, as empresas comunicam-se por in termédio da aparência dc suas lojas c sites na web, entre outros meios, acrescentando canais bidirecionais, como e-mails, blogs, mensagens de texto e URLs aos canais unidirecionais mais
comuns, como os anúncios. Os canais de distribuição ajudam a apresentar, vender ou entregar bens c serviços a um
comprador ou usuário. Podem ser diretos — via internet, correio ou telefone fixo e móvel — ou indiretos — por meio de distribuidores, atacadistas, varejistas e agentes que atuam como
intermediários. Para realizar transações com compradores potenciais, a empresa também utiliza canais de
serviço, entre os quais estão os armazéns, as transportadoras, os bancos e as companhias de seguros. Os profissionais de marketing claramente enfrentam um desafio na escolha do melhor mix dc canais dc comunicação, distribuição c serviços para suas ofertas.
MÍDIA PAGA, CONTEÚDO PRÓPRIO E MÍDIA ORGÂNICA O crescimento da mídia digital oferece aos profissionais de marketing uma série de novas for
mas de interagir com consumidores e clientes. Podemos agrupar as opções de comunicação em trés categorias.18 A mídia paga inclui anúncios de TV, revistas e banners eletrônicos, pesquisa
paga e patrocínios, tudo o que permite ao profissional de marketing exibir seu anúncio ou marca mediante o pagamento de uma taxa. O conteúdo próprio retere-se a canais de comunica ção próprios, como folheto institucional ou da marca, site, blog, página do Facebook ou conta
do Twitter. A mídia orgânica consiste em canais pelos quais os consumidores, a imprensa ou outros comunicam voluntariamente algo sobre a marca por comunicação boca a boca, buzz
ou marketing viral. O surgimento da mídia orgânica permitiu que algumas empresas, como a Chipotle, reduzissem seus gastos com mídia paga.19
CHIPOTLE Uma das redes de restaurante de
sociais, não gasta quase nada em mídia paga
mais rápido crescimento na última década nos
tradicional. Em vez disso, envolve os clientes
pessoas sabem sobre a maioria das empresas
Estados Unidos, a Chipotle está comprome
por meio do Facebook, do Twitter e de ou
desse ramo, menos provável que elas queiram
tida com alimentos frescos. A empresa apoia
tras mídias sociais com sua estratégia digital
ser cliente delas'. Vídeos do YouTube com a
a agricultura familiar e fontes de ingredientes
baseada em Food With Integrity (Alimentos
lenda da música country Willie Nelson e a indie
sustentáveis de produtores locais que agem de
com integridade) que coloca o foco naquilo
rocker Karen 0 da banda Yeah Yeah Yeahs
forma responsável em relação aos animais e
que vende e em sua origem. Como observa o
musicalizaram o protesto da Chipotle contra
ao meio ambiente. Com mais de 1.600 lojas
diretor de marketing Mark Crumpacker 'Nor
alimentos processados e a industrialização da
e mais de 1,7 milhão de seguidores nas redes
malmente. o marketing do fast-food é um jogo
agricultura familiar.
de tentar ocultar a verdade. Quanto mais as
IMPRESSÕES E ENGAJAMENTO Hoje em dia, os profissionais de marketing pensam em trés ‘telas’ ou meios para atingir os
consumidores: TV, internet e celular. Surpreendentemente, a ampliação de opções digitais não
reduziu de imediato a quantidade de visualizações de TV, em parte porque, conforme um estu do da Nielsen, três entre cinco consumidores usam duas telas ao mesmo tempo.20 As impressões, que ocorrem quando os consumidores visualizam uma comunicação, são
uma métrica útil para rastrear seu escopo ou a amplitude dc seu alcance c para realizar compa rações entre diferentes tipos de comunicação. A desvantagem é que as impressões não forne
cem informações sobre os resultados da visualização da comunicação.
O engajamento é a extensão da atenção de um cliente e seu envolvimento ativo com uma comunicação. Reflete uma resposta muito mais ativa do que uma mera impressão e é mais provável que crie valor para a empresa. Alguns indicadores eletrônicos do engajamento são as
‘curtidas’ do Facebook, as publicações do Twitter, os comentários em um blog ou site e o com partilhamento de um vídeo ou outro conteúdo. O engajamento pode se estender a experiências pessoais que incrementam ou transformam os bens e serviços de uma empresa.
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES
CAPÍTULO 1
11
A Chipotle encontrou sucesso no mercado com pouca mídia paga, concentrando-se nas mídias sociais para contar sua história de Food With Integrity.
VALOR E SATISFAÇÃO O consumidor escolhe entre diferentes ofertas considerando qual parece proporcionar o maior
valor — somatório dos benefícios e custos tangíveis e intangíveis. O valor, um conceito central
de marketing, pode ser considerado primordial mente uma combinação de qualidade, serviço e preço (qsp), denominada tríade do valor para o cliente. As percepções de valor aumentam com
a qualidade e o serviço, mas diminuem com o preço. O marketing pode ser visto como a identificação, a criação, a comunicação, a entrega e o
monitoramento do valor para o cliente. A satisfação reflete os julgamentos comparativos de uma pessoa sobre o desempenho percebido de um produto em relação a suas expectativas.
Se o desempenho não atinge as expectativas, o cliente fica decepcionado. Se o desempenho
alcança as expectativas, o cliente fica satisfeito. Se o desempenho supera as expectativas, o cliente fica encantado.
CADEIA DE SUPRIMENTO A cadeia de suprimento (supply chain) é um canal que se estende das matérias-primas e dos componentes aos produtos finais levados aos consumidores finais. Como mostra a Figura
1.3, a cadeia de suprimento para o café pode começar com agricultores etíopes que plantam,
tratam e colhem os grãos, para depois venderem sua colheita. Se vendido por intermédio de uma cooperativa fair trade (comércio justo), o café é lavado, seco e embalado para remessa
por uma Organização de Comércio Alternativo (ATO, do inglês Alternative Trading Orga nization), que paga um valor mínimo de 1,26 dólares por libra de grãos. A ATO transporta o
café para países desenvolvidos, onde é vendido diretamente ao consumidor ou por canais de varejo. Cada empresa da cooperativa retém apenas determinada porcentagem do valor total
gerado pela cadeia de suprimento. Quando uma empresa incorpora concorrentes ou passa para um estágio superior ou inferior na cadeia produtiva, seu objetivo é obter um percentual
maior do valor da cadeia.
Problemas com uma cadeia de suprimentos podem ser prejudiciais ou mesmo fatais para uma empresa. Quando a Johnson & Johnson teve problemas dc fabricação cm sua unidade dc produtos de consumo (a que produz o Tylenol e outros produtos), ela contratou um alto exe
cutivo da Bayer AG conhecido por sua habilidade em reparar problemas com os consumidores
e com a cadeia de suprimentos.21
12
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING Figura 1.3 A cadeia de suprimento para o café
CONCORRÊNCIA A concorrência abrange todas as ofertas e os substitutos rivais, sejam eles reais ou potenciais, que um comprador possa levar em consideração. Uma empresa automobilística pode comprar aço da U.S. Steel nos Estados Unidos, de um fornecedor estrangeiro no Japão ou na Coréia ou
dc uma pequena siderúrgica como a Nucor, pensando cm uma alternativa econômica. Pode,
ainda, comprar alumínio da Alcoa para determinadas partes do carro a fim de reduzir seu peso ou comprar plásticos especiais da Saudi Basic Industries Corporation (SABIC) em vez de aço.
Obviamente, c mais provável que a U.S. Steel seja afetada pelos produtos substitutos do que pelas outras siderúrgicas integradas e esteja definindo sua concorrência em termos demasiada-
mente restritos, caso não enxergue isso.
AMBIENTE DE MARKETING O ambiente de marketing é constituído pelo microambiente e pelo macroambiente. O mi-
croambiente inclui os participantes imediatos envolvidos na produção, na distribuição e na promoção da oferta. São eles: a empresa, os fornecedores, os distribuidores, os revendedores
c os clicntcs-alvo. Incluídos no grupo dc fornecedores estão os dc materiais c os dc serviços,
como institutos de pesquisa de marketing, agências de propaganda, bancos e seguradoras, transportadoras e operadoras de telefonia. Entre os distribuidores e revendedores estão agen
tes, corretores, representantes dc fabricantes c todos aqueles que facilitam a busca c a venda aos clientes.
O macroambiente é formado por seis componentes: ambiente demográfico, ambiente eco nômico, ambiente sociocultural, ambiente natural, ambiente tecnológico e ambiente politico-
legal. Os profissionais de marketing devem prestar muita atenção às tendências e evoluções
desses ambientes e realizar ajustes oportunos em suas estratégias de marketing. Novas opor tunidades surgem constantemente à espera do marketing certo em termos de perspicácia e
criatividade. Veja o exemplo do Pinterest.22
PINTEREST Um dos sites de mídia social de
o Pinterest é uma ferramenta de marcação
que planejam casamentos, colecionam re
mais rápido crescimento - já superou 10
visual que permite aos usuários coletar e
ceitas e projetam reformas na cozinha, gerou
milhões mensais de visitantes únicos dos Es
compartilhar imagens de projetos ou produ
mais tráfego para outros sites em um mês
tados Unidos em janeiro de 2012 e dobrou
tos em álbuns de recortes digitais ou pinbo
do que Twitter, Google+, Linkedln e YouTu
esse número apenas quatro meses depois
ards. Especialmente popular entre mulheres
be combinados. Parte do apelo é sua grade
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES
CAPÍTULO 1
13
única e personalizável de imagens. O princi
compradores on-line que encontraram um
Peanut Butter & Co. e Zombie SAK estão inte
pal atrativo do Pinterest é que seus usuários
produto via Pinterest efetuaram a compra,
grando esse site a suas estratégias de mídia
estão frequentemente propensos à compra:
em comparação com 40% no caso do Face
social. No entanto, o Pinterest ainda explora
um estudo demonstrou que quase 70% dos
book. Marcas como Dell e Mercedes-Benz ou
como melhor rentabilizar seu negócio.
O Pinterest explorou o desejo do consumidor de colecionar e compartilhar on-line imagens pessoa Imente rele»artes.
As novas realidades do marketing O mercado atual é radicalmente diferente de dez anos atrás, com o surgimento de novos com portamentos, oportunidades e desafios dc marketing. Neste livro, vamos nos concentrar em
três forças transformadoras: tecnologia, globalização e responsabilidade social.
TECNOLOGIA O ritmo das mudanças e a escala da conquista tecnológica são impressionantes. O número de telefones celulares na índia ultrapassou a casa dos 500 milhões; os usuários mensais do Face book passaram de dois bilhões; e mais da metade dos africanos residentes em áreas urbanas
puderam acessar a internet mensalmente.2' Com a rápida expansão do comércio eletrônico, a internet móvel e a penetração da web nos mercados emergentes, o Boston Consulting Group acredita que os gestores de marcas devem
aprimorar seus 'balanços digitais’.24 Grandes quantidades de informações e dados sobre prati camente tudo estão disponíveis para consumidores e empresas. Na realidade, a especialista em pesquisa de tecnologia Gartner indica que os executivos de marketing investem mais tempo em tecnologia da informação (TI) do que os próprios executivos da área. Os diretores de marketing
c TI da Aetna vêm colaborando com sucesso há anos, lançando novos bens c serviços, incluindo o iTriage, um conhecido aplicativo de saúde para iPhone. Com ele, os usuários podem pesqui
sar doenças, encontrar médicos próximos e saber mais sobre os medicamentos prescritos.25
A Procter & Gamble (P&G) está determinada a ficar à frente das tendências dc tecnologia.26
P&G A P&G usa as mais recentes ferra
em tempo real dados de participação de
a marca divulgou anúncios em redes sociais
mentas digitais em todos os 80 países onde
mercado, lucros e preços por país, região,
com imagens reais do noticiário em um prazo
comercializa produtos: redes onipresentes
marca e produto. 0 sabão em pó Tide tem
de 72 horas. A P&G analisa uma ampla gama
de alta velocidade, visualização de dados e
uma ‘mesa de notícias’ exclusiva, que moni
de aplicações de tecnologia. Um estudo pi
análise em alta velocidade de múltiplos flu
tora as interações de mídia social e se junta
loto mostrou que vendedores de campo au
xos de informações. Em 40 locais no mundo,
ao buzz quando relevante. Quando o Tide foi
mentaram a receita em 1,5% apenas usando
uma sala de reuniões de última tecnologia,
usado para limpar um terrível derramamento
iPads para mostrar aos clientes da loja os
chamada de business sphere, pode exibir
de combustível em uma corrida da NASCAR.
layouts de diferentes pisos.
14
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
C*(«in Rrtt»
pnmn NASCAR
Quando o sabão Tide foi usado para lirrpar um flerrar-amerto de combusw.eí em uma corrida da NASCAR, a P&G rapidamente drvulgpu a noticia nas mídias soaas.
A velha crença de que ‘informação é poder’ está dando lugar à nova ideia de que ‘comparti lhar informações é poder’.2, A comunidade on-line do gigante de software SAP conta com mais
de dois milhões de clientes, parceiros e outros. Uma vez por ano, 100 deles são escolhidos para contribuir com idéias para o desenvolvimento de produtos.28
No outro extremo do espectro, a barbearia The Gent’s Place em Frisco, Texas, captou 5.000 clientes colocando anúncios no Facebook que ofereciam lavagem c corte dc cabelo mais um
tratamento facial com toalha quente para novos clientes em troca dos dados de nome, número
de telefone, endereço de e-mail e rede social preferencial. Seu custo médio de marketing para cada um foi dc USS 10,13, rapidamente recuperáveis por meio dc compras repetidas.29 Até mesmo as atividades de marketing tradicionais são profundamente afetadas pela tec nologia. Para melhorar a eficácia da força de vendas, a farmacêutica Roche decidiu fornecer
iPads a toda a equipe de vendas. Embora a empresa tivesse um sofisticado software de gestão de relacionamento com clientes (CRM), ainda dependia dos representantes de vendas para inseri rem dados com precisão e em tempo hábil, o que infelizmente nem sempre acontecia. Com os
iPads, no entanto, as equipes de vendas podiam fazer os registros em tempo real, melhorando a qualidade dos dados inseridos enquanto liberavam tempo para outras tarefas.30
GLOBALIZAÇÃO O mundo encolheu. Com as novas tecnologias de transporte, remessa e comunicação, ficou
mais fácil conhecer o restante do mundo, viajar ou comprar c vender cm qualquer lugar. Em 2025, o consumo anual nos mercados emergentes totalizará USS 30 trilhões e contribuirá
com mais de 70% do crescimento do PIB global.31 Prevê-se que impressionantes 56% do
consumo global dc serviços financeiros advenha desses mercados em 2050, em contraste com os 18% em 2010. Tendências demográficas favorecem mercados em desenvolvimento, como índia, Paquis
tão e Egito, que têm populações de idade média inferior a 25 anos. Em termos de crescimento
da classe média, definida como aquela com renda superior a USS 3.000 por ano, Filipinas, Chi na e Peru são os trés países de mais rápido crescimento.32 A globalização tornou os países cada vez mais multiculturais. As minorias norte-americanas
têm muita influência econômica e seu poder de compra cresce mais rápido que o da população em geral. De acordo com um relatório de compras da minoria da Terry College of Business
da Universidade da Geórgia, o poder dc compra combinado das minorias raciais dos Estados Unidos (afro-americanos, asiáticos e indígenas) deve aumentar de USS 1,6 trilhão em 2010 para
USS 2,1 trilhões em 2015, respondendo por 15% do total da nação. Já o poder de compra dos hispânicos no país aumentará dc USS 1 trilhão cm 2010 para USS 1,5 trilhão cm 2015, quase
11% do total. Uma pesquisa descobriu que 87% das empresas planeja elevar ou manter seus orçamentos para mídia multicultural.33
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES
CAPÍTULO 1
15
0 aparelho de dtrassom portátil da GE. produto introduzido nos mercados em desenroNimento. tem obtido sucesso também nos mercados desemohidos.
A globalização altera a inovação e o desenvolvimento de produtos à medida que as em
presas tomam idéias c lições dc um país c as aplica cm outro. Após anos dc pouco sucesso com seus scanners de ultrassom premium no mercado chinês, a GE teve êxito ao desenvolver
uma versão portátil, de baixíssimo custo, que levou em conta as características únicas das necessidades dc mercado do país. Mais tarde, começou a vender com sucesso cm todo o
mundo o produto desenvolvido para uso em ambulâncias e salas cirúrgicas, onde os modelos
existentes eram muito grandes.34
RESPONSABILIDADE SOCIAL Pobreza, poluição, escassez de água, mudanças climáticas, guerras e concentração de riqueza exigem nossa atenção. O setor privado tem assumido sua cota de responsabilidade pela melho ria das condições de vida e empresas em todo o mundo têm dado destaque ao papel da respon
sabilidade social corporativa.
Visto que os efeitos do marketing se estendem à sociedade como um todo, o profissional de marketing deve levar em consideração o contexto ético, ambiental, jurídico e social de suas ati
vidades.35 O quadro Insight de marketing: Marketing 3.0 descreve como as empresas precisam mudar para fazer isso.
INSIGHT DE Marketm
serviços e sistemas de código aberto. Mídias sociais expressivas
MARKETING 3.0
e colaborativas. como Facebook e Wikipédia, mudaram a forma
Philip Kotler. Hermawan Kartayaya e Iwan Setiawan acreditam que os
como os profissionais de marketing atuam e interagem com os
clientes de hoje querem que as campanhas de marketing os tratem
como seres humanos inteiros e reconheçam que suas necessidades vão além do puro consumismo. Desse modo, o marketing bem-suce
consumidores.
I
dido distingue-se pelo seu elemento humano ou emocional. Segundo
nacional ou local a uma marca global com padrões ambientais in
esses autores, uma terceira onda de pensamento, orientada a valores
satisfatórios. por exemplo.
e anunciada como Marketing 3.0‘, nos leva para além dos modelos
do passado centralizados no produto e no consumidor. Suas três ten dências centrais são o aumento da participação dos consumidores e
o marketing colaborativo. a globalização e o surgimento de uma socie dade criativa.
I Vivemos com desenvolvimento tecnológico sustentado - inter net de baixo custo, computadores e telefones celulares baratos.
Marcas culturalmente relevantes podem ter efeitos de grande alcan
ce. Uma marca cultural pode se posicionar como uma alternativa
I
Pessoas criativas são cada vez mais a espinha dorsal das econo mias desenvolvidas. Agora, o marketing pode ajudar as empresas
a explorar a criatividade e a espiritualidade, incutindo valores de marketing à cultura corporativa, à visão e à missão.
Esses autores acreditam que o futuro do marketing será horizontal: de
consumidor para consumidor. Em sua opinião, a recessão econômica
16
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
recente não fomentou a confiança no mercado e os clientes contam
cada vez mais uns com os outros para obter recomendações e informa ções confiáveis na escolha de produtos.
Fontes: KOTLER. Philip; KARTAJAYA. Hermawan: SET1AWAN. Iwan. Marketing 3.0: From Products to Customers to the Human Spirit Hoboken. NJ: Wiley.
2010; KRAUSS, Michael. Evolution of an Academic: Kotler on Marketing 3.0. Marketing News. 30 jan. 2011: KAUL Vivek. Beyond Advertising: Philip Ko tler Remains One of the Most Influential Marketing Thinkers. The Economic Times. 29 fev. 2012. Para conhecer mais idéias inspiradoras sobre o tema, veja também: STENGEL Jim. Grow: How Ideals Power Growth and Profit at the World’s Greatest Companies. Nova York: Crown. 2011.
A tarefa da organização é, portanto, determinar as necessidades, os desejos e os interesses
dos mercados-alvo e satistazé-los de forma mais eficiente e eficaz do que os concorrentes, sem
deixar de preservar ou melhorar o bem-estar dos consumidores e da sociedade no longo prazo. À medida que os bens se tomam mais comoditizados e os consumidores mais socialmente conscientes, algumas empresas — como The Body Shop, Timberland e Patagonia — incorpo ram a responsabilidade social como forma dc sc diferenciar da concorrência, conquistam a
preferência do consumidor e obtêm vendas e lucros notáveis.36
Um mercado radicalmente modificado Essas três forças — tecnologia, globalização e responsabilidade social — mudaram radicalmen te o mercado, trazendo novas competências não só aos consumidores, mas também às empre
sas. O mercado passa igualmcnte por uma transformação decorrente de mudanças na estrutura
do canal e uma concorrência mais acirrada.
NOVAS COMPETÊNCIAS DO CONSUMIDOR A mídia social é um fenômeno mundial explosivo. Na Alemanha, a porcentagem de consumi dores com mais de 65 anos que acessa a internet aumentou de 24 para 33% de 2011 para 2012;
a maioria deles participa de um serviço dc mídia social. O número dc alemães que navegam na internet sem fio subiu para 29 milhões em 2012 e deve atingir a casa dos 60 milhões em 2016.
Mais dc 10% dos alemães usava tablets para acessar a internet cm 2012 c quase dois terços das empresas alemãs pesquisadas em 2012 relataram retorno positivo para suas atividades de mídia
social (Facebook, Twitter, newsrooms das redes sociais, comunidades de feedback dos clientes).3' O empoderamento, no entanto, não diz respeito apenas à tecnologia. Os consumidores es tão predispostos a trocar de marca se acharem que não estão sendo bem tratados ou se não
gostarem do que veem, como ocorreu com a Progressive Insurance.38
seus críticos ficaram enfurecidos com suas res
PROGRESSIVE INSURANCE Kate Fisher, uma
negligente. Sua publicação no Tumblr. “Minha
cliente da seguradora Progressive, foi morta
irmã pagou a Progressive Insurance para defen
postas nada apropriadas, como: “Examinamos
por um motorista que não respeitou o farol
der o assassino dela no tribunal”, foi captada
com atenção este pedido de indenização e
vermelho. Como o seguro dele tinha cobertura
pelos veículos de mídia e provocou indignação
seus antecedentes relevantes e achamos que
insuficiente, a família de Kate decidiu processar
pública nas páginas do Facebook e do Twitter
tratamos adequadamente o caso, no escopo
o motorista por negligência para que a própria
da empresa. Mais de 1.000 clientes relataram
de nossas obrigações contratuais'. Após dias
Progressive complementasse o que ele não
que estavam deixando a seguradora e muitos
de tumulto, a Progressive chegou a um acordo
podia pagar. Matt Fisher, irmão de Kate, ficou
outros alegaram que não feriam negócios com
com os Fisher de mais de dezenas de milhares
furioso ao saber que a seguradora participava
ela. Embora a empresa considerasse que tinha
de dólares, valor superior aos US$ 76.000 ni-
ativamente da defesa jurídica do motorista
razões comerciais defensáveis para suas ações.
cialmente pedidos pela família.
A informação, a comunicação e a mobilidade expandidas permitem aos clientes fazer es colhas melhores e compartilhar suas preferências e opiniões com outras pessoas ao redor do
mundo. A Tabela 1.2 resume algumas das novas competências do consumidor.
I
Os consumidores podem usar a internet como uma informação poderosa e um as
sistente de compras. De casa, do escritório ou do celular, podem comparar preços e
características dc produtos, consultar avaliações dc usuários c fazer pedidos on-linc dc qualquer lugar do mundo, 24 horas por dia, sete dias por semana, ignorando ofertas
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES Tabela 1.2 Novas competências do consumidor
Usara internet como uma informação poderosa e um assistente de compras. Pesquisar, comunicar e comprar em movimento.
Acessar as mídias sociais para compartilhar opiniões e expressar fidelidade. Interagir ativamente com as empresas.
Rejeitar ações de marketing que considerem inadequadas.
locais limitadas e fazendo economias significativas. Também podem aderir ao showroo
ming: comparar produtos nas lojas físicas, mas comprar pela internet.39 Visto que con sumidores c outros interessados podem, de fato, rastrear praticamcntc qualquer tipo de informação, as empresas passaram a perceber que a transparência em palavras e ações
corporativas é de suma importância. I
Os consumidores podem pesquisar, comunicar e comprar em movimento. Cada vez mais
os consumidores integram smartphones e tablets a suas vidas diárias. Um estudo constatou que a maioria dos usuários europeus de smartphones usava seus aparelhos para pesquisar
produtos e fazer compras.401lá um telefone celular para cada duas pessoas no planeta — e
são registrados globalmenle por dia 10 vezes mais produções desses aparelhos do que nas cimentos de bebês. O setor de telecomunicações é um dos que valem trilhões de dólares no mundo, além do turístico, militar, alimentício e automobilístico.41 I
Os consumidores podem acessar as mídias sociais para compartilhar opiniões e ex
pressarfidelidade. Conexões pessoais e conteúdos gerados por usuários proliferam em mídias sociais como Facebook, Flickr, Wikipédia e YouTube. Sites como Dogsler para amantes de cães, TripAdvisor para viajantes e Moterus para motociclistas reúnem con sumidores com um interesse em comum. No CarSpace.com, entusiastas dc automóveis
falam sobre aros cromados, o modelo BMW mais recente e onde encontrar um ótimo mecânico local. I
Os consumidores podem interagir ativamente com as empresas. Os consumidores veem suas
empresas favoritas como oficinas de onde podem extrair as ofertas que desejam. Ao optar por fazer parte ou sair de listas, podem receber comunicações de marketing e vendas, descontos,
cupons e outras ofertas especiais. Com seus smartphones, podem escanear códigos de barras c códigos QR (quick response) para acessar o site de uma marca e outras informações.42 I
Os consumidores podem rejeitar ações de marketing que considerem inadequadas. Atual
mente, alguns clientes podem constatar menos diferenças entre produtos e se sentirem me
nos leais a uma marca. Outros podem se preocupar mais com o preço e a qualidade em sua busca por valor. Quase dois terços dos entrevistados em uma pesquisa relataram não gostar
de propaganda.43 Por esses e outros motivos, os consumidores podem ser menos tolerantes
ao marketing indesejado e podem optar por filtrar mensagens on-line, ignorar comerciais assistindo a videos e esquivar-se de ofertas de marketing por correio ou telefone.
NOVAS COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS Ao mesmo tempo, a globalização, a responsabilidade social c a tecnologia também geraram um novo conjunto de competências para ajudar as empresas a lidar e a reagir (Tabela 1.3).
Tabela 13 Novas competências organizacionais
Usar a internet como um poderoso canal de informações e vendas, inclusive para individualizar produtos.
Coletar informações mais abrangentes sobre mercados, clientes atuais ou potenciais e concorrentes.
Chegar aos consumidores de forma rápida e eficiente por meio de redes sociais e mobile marketing,
enviando anúncios, cupons e informações. Aperfeiçoar seus processos de compras, recrutamento e treinamento, assim como as comunicações internas e externas.
Melhorar sua eficiência.
CAPÍTULO 1
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18
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING I
As empresas podem usar a internet como um poderoso canal de informações e vendas,
inclusive para individualizar produtos. Um site pode listar os produtos de uma empresa, seu histórico, filosofia de negócios, oportunidades dc trabalho e outras informações que
sejam do interesse de consumidores do mundo todo. A equipe de marketing da Solo Cup percebeu que associar suas vitrines a seu site e página do Facebook facilitava a compra de
copos c pratos descartáveis pelos consumidores enquanto eles se envolviam com a marca on-line.44 Graças aos avanços em customização industrial, tecnologia da informação e soft
ware de database marketing, as empresas permitem que os clientes comprem confeitos da M&M com seus nomes, caixas de cereais Wheaties ou latas de refrigerante Jones com sua
foto estampada nelas e frascos de ketchup Heinz com mensagens personalizadas.4-’
I
As empresas podem coletar informações mais abrangentes sobre mercados, clientes atuais
ou potenciais e concorrentes. Os executivos de marketing também podem conduzir uma pesquisa dc mercado atualizada usando a internet para montar grupos dc discussão, enviar
questionários e coletar dados primários de várias outras maneiras. Podem reunir informa ções sobre cada cliente no que se refere a compras, preferências, dados demográficos e ren
tabilidade. A rede de drogarias CVS usa os dados de seu cartão fidelidade para entender melhor o que os consumidores adquirem, com que frequência vão às lojas e outras preferên
cias dc compra. Seu programa ExtraCarc atende a 69 milhões dc consumidores cm mais dc 7.300 lojas e gerou 80% das vendas da CVS de produtos não farmacêuticos.46
I
/is empresas podem chegar aos consumidores deforma rápida e eficiente por meio de redes
sociais e mobile marketing, enviando anúncios, cupons e informações. A tecnologia GPS pode identificar a localização exata dos consumidores, permitindo que os comerciantes lhes
enviem mensagens no shopping center com lembretes da lista de desejos e cupons ou ofer
tas válidas apenas para o mesmo dia. A comunicação baseada na localização é atrativa por que atinge os consumidores quando eles estão mais próximos do ponto de venda. As mídias
sociais e o buzz também são poderosos. Ao longo de dois anos, a Deli gerou mais de USS 2 milhões em receita nos Estados Unidos com cupons fornecidos pelo Twitter e mais USS 1 milhão daqueles que começaram no Twitter e compraram um novo computador no site da
empresa. Em meados de 2012, a conta @DellOutlet no Twitter tinha mais de 1,6 milhão de seguidores.4' A agencia dc marketing boca a boca BzzAgcnt recrutou 600 mil consumidores
que aderiram voluntariamente a programas promocionais de bens e serviços sobre os quais achavam que valia a pena falar.
Diversos produtos. como os M&Ms, podem ser personalizados pelos consurmcores.
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES I
As empresas podem aperfeiçoar seus processos de compras, recrutamento e treinamen to, assim como as comunicações internas e externas. As empresas podem recrutar novos
funcionários on-line e muitas delas possuem pacotes de treinamento pela internet que po
dem ser baixados por funcionários, revendedores e representantes. Os blogs diminuíram à
medida que as empresas passaram a adotar as redes sociais. “Queremos estar onde nossos clientes estão”, disse o Bank of America ao deixar seu blog em favor do Facebook c do Twit
ter.48 A Farmers Insurance usa software especializado para ajudar seus 15.000 representan tes em todo o país a manter suas próprias páginas no Facebook.49 Por meio de intranets e
bancos de dados, os funcionários podem fazer consultas entre si, buscar recomendações e trocar informações. Visando um único portal de funcionários on-line que transcendesse
as unidades de negócios, a General Motors lançou uma plataforma chamada mySocrates em 2006 para divulgar anúncios, notícias, links e informações históricas. A GM credita ao portal uma economia dc custos da ordem de US$ 17,4 milhões.50 Produtos híbridos como
Twitter/Facebook e projetados especialmente para os funcionários das empresas foram in troduzidos com sucesso pela Salesforce.com, IBM e várias startups.51 I
As empresas podem melhorar sua eficiência. Compradores corporativos podem econo
mizar substancialmente ao fazer uso da internet para comparar preços de fornecedores e adquirir materiais cm leilões ou publicar suas próprias condições cm leilões reversos. As
empresas podem aprimorar a logística e as operações para cortar consideravelmente os cus tos enquanto melhoram a precisão e a qualidade do serviço. As pequenas empresas, em
especial, podem desencadear o poder da internet. Médicos que atendem cm uma pequena clínica podem usar serviços semelhantes ao do Facebook, como a Doximity, para se conec
tar com médicos e especialistas de referência.52
CANAIS EM TRANSFORMAÇÃO Uma das razões pelas quais os consumidores têm mais opções é o fato de que os canais de dis tribuição mudaram cm decorrência da transformação c desintermediação do varejo.
I
Transformação no varejo. Varejistas que possuem lojas físicas enfrentam a concorrência dc
empresas de venda por catálogo; empresas de mala direta; anúncios diretos ao consumidor veiculados em jornais, revistas e TV; programas de venda pela TV e comércio eletrônico. Reagindo a isso, varejistas com visão empreendedora têm incorporado atrações a suas lojas,
como cafés, demonstrações de produtos e shows, vendendo uma ‘experiência’ em vez de uma variedade de produtos. I
Desintermediação. As primeiras empresas pontocom, como Amazon e E’TRADE, entre outras, criaram a desintermediação na entrega de produtos, ao intervir no tradicional fluxo
de bens. Em resposta, empresas tradicionais iniciaram um processo de reintermediação e
passaram a adotar um modelo misto de varejo real e virtual, agregando serviços on-line a suas ofertas normais. Muitas delas se revelaram concorrentes mais poderosas que as empre
sas puramente digitais.
CONCORRÊNCIA ACIRRADA A globalização criou intensa competição entre marcas nacionais e estrangeiras, mas o surgi
mento de rótulos privados e megamarcas e uma tendência para desregulamentação e privatiza ção também acirraram a concorrência. I
Marcas próprias. Os fabricantes de marcas enfrentam ainda o ataque de varejistas pode rosos que comercializam marcas próprias, cada vez mais indistinguíveis de qualquer outro
tipo de marca. I
Megamarcas. Muitas marcas fortes tornaram-se megamarcas e estendem-se a categorias de produtos relacionados, incluindo novas oportunidades na interseção de dois ou mais
setores industriais. Informática, telecomunicações c produtos eletrônicos têm convergido, com a Apple e a Samsung lançando um fluxo de aparelhos estado da arte, de tocadores MP3
e TVs LCD a smartphones que já vêm abarrotados de programas.
CAPÍTULO 1
19
PARTE 1
O QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
Ci&litu Aawciulvd Pivw.
20
I
Desregulamentação. Muitos países dcsrcgulamcntaram setores econômicos para criar maiores oportu
nidades de concorrência e crescimento. Nos Estados Unidos, as leis que restringem os serviços financeiros,
as telecomunicações e os serviços de energia elétrica fo
ram afrouxadas cm favor da maior concorrência. I
Privatização. Muitos países converteram empresas
públicas em empresas de propriedade e gestão privada para aumentar sua eficiência. O setor de telecomuni
cações passou por muita privatização em países como
Austrália, França, Alemanha, Itália, Turquia e japão.33
Marketing na prática Dadas as novas realidades de marketing, as organizações
estão desafiando suas equipes de marketing a encontrar o melhor equilíbrio entre o antigo c o novo, além dc
fornecer evidências comprovadas de sucesso. A seção Memorando de marketing: A reinvençào do marketing
na Coca-Cola descreve algumas das diversas maneiras
em que essa importante empresa mudou.
EQUILÍBRIO DE MARKETING As empresas devem avançar sempre, inovando produ
tos, mantendo contato com as necessidades do cliente
e buscando novas vantagens em vez de depender dos pontos fortes do passado. A Hindustan Unilever da ín
A Coca-Cola reforça sua mensagem de felicidade com máquinas automáticas promocionais com a mensagem Hvg 4fe (Me abrace), que oferecem produtos gratuitos.
dia pede a todos os membros da equipe — não apenas aos dc marketing — que obtenham uma ‘licença de consumidor’ para trabalhar em suas marcas, o que exige gastar 50 horas
de tempo cara a cara com os consumidores. Como um executivo sênior observou: “Nossos consumidores estão se movendo mais rapidamente do que o profissional de marketing;
MEMORANDO DE A REINVENÇÀO DO MARKETING NA COCA-COLA A Coca-Cola tem mudado fundamentalmente a maneira como faz mar keting, em especial adicionando um forte componente digital a suas fer ramentas tradicionais de marketing, 0 novo modelo é baseado em mover os consumidores de impressões para expressões para conversas para
transações.
A Coca-Cola define as expressões do consumidor como qualquer nível de engajamento com o conteúdo da marca: um comentário, uma ‘curti da’ ou um compartilhamento no Facebook, um tufte ou a publicação de
uma foto ou um vídeo. A Coca-Cola esforça-se em disponibilizar peças on-line facilmente compartilháveis que gerem impressões, mas que tam
bém levem a expressões dos consumidores, que se juntam à narrativa da comunicação ou a estendem e, em última instância, compram o produto.
Essas comunicações concentram-se nos temas centrais de felicidade'
e ‘otimismo’ que definem o posicionamento da marca. Uma aplicação
bem-sucedida é o vídeo da máquina de venda automática Hug Me em Cingapura, que liberava latas do refrigerante quando as pessoas colo
cavam seus braços ao redor dela e a abraçavam. Em uma semana, o vídeo gerou 112 milhões de impressões.
A Coca-Cola experimenta ativamente, a locando 70% de seu orçamento a atividades que sabe que vão funcionar. 20% para melhorar essas ativi
dades e 10% para experimentação. A empresa admite que experiências podem falhar, mas acredita em arriscar para aprender e desenvolver melhores soluções. Até em suas propagandas e promoções tradicionais busca inovação.
Por exemplo, a Coca-Cola dá muita importância à liderança cultural
e a causas que beneficiem os outros. A missão de seu projeto Artic
Home é proteger o habitat dos ursos polares - que estrelaram de forma animada seus anúncios de fim de ano por muito tempo. Ao
alocar USS 3 milhões para o World Wildlife Fund, a Coca-Cola cha mou atenção para o projeto, transformando suas tradicionais latas
vermelhas em brancas. Fontes: TRIPOD. Joe. Coca-Cola Marketing Shifts from Impressions to Expres sions. Harvard Business Review, HBR Blog Network. 27 abr. 2011. Dsponivel em: . Acesso em: 16 maio 2018: NUDD.Tim. Coca-Cola Joins the Re\olution in World Where the Mob Rules Adweek. 19 jun. 2012: DAS GUPTA. Surajeet PINTO. Vhrea Susan. Q&A: Joseph Tripodi.The Coca-Cola Company. Business Standard. 3 nov. 2011: Coke Sets Facebook Record. W&rc. Disponível em: . Acesso em: 6 abr. 2018.
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES seja cm termos de mudanças rurais ou urbanas, seja na forma como consomem mídia c _ Vi entretenimento . Avançar significa principalmente incorporar a internet e os esforços digitais aos planos
de marketing. Os profissionais da área devem equilibrar gastos crescentes em propaganda em sites de busca, mídias sociais, e-mails e mensagens de texto com gastos apropriados em comunicações tradicionais dc marketing. Porem, eles devem faze-lo cm tempos econômicos
difíceis, quando a prestação de contas se tornou prioridade e retornos de investimento sào esperados de todas as atividades de marketing. O ideal é manter as práticas vencedoras do passado ao mesmo tempo em que se agregam abordagens originais que reflitam as novas
realidades dc marketing."’3
MARKETING ACCOUNTABILITY Os executivos de marketing são, cada vez mais, solicitados a justificar seus investimentos
em termos financeiros e de rentabilidade, bem como no que se refere a construir a marca e
a ampliar a base de clientes. As organizações reconhecem que grande parte de seu valor de mercado advém de ativos intangíveis, em especial marcas, base de clientes, funcionários,
relações com distribuidores e fornecedores e capital intelectual. Assim, eles têm aplicado
mais métricas — brand equity, valor vitalício do cliente, retorno sobre investimento de marketing (ROMI) — para entender e medir o desempenho de marketing e dos negócios
e uma maior variedade de indicadores financeiros para avaliar o valor direto e indireto
gerado por seus esforços de marketing.
MARKETING NA ORGANIZAÇÃO Como o falecido David Packard, da Hewlett-Packard, certa vez observou: “O marketing é importante demais para ser deixado ao departamento de marketing”. Cada vez mais o mar
keting não se restringe a um departamento; cada funcionário exerce um impacto sobre o
cliente. Os profissionais da área devem administrar adequadamente todos os pontos de con tato possíveis: layouts de loja, projetos de embalagem, funções de produtos, treinamento de funcionários, transporte e logística. Para criar uma forte organização de marketing, os exe cutivos da área devem pensar como os de outros departamentos, enquanto os executivos de
outros departamentos devem pensar mais como os de marketing. Um trabalho em equipe interdepartamental que inclua a equipe de marketing é necessário para gerenciar processos-
-chave, como produção, inovação, desenvolvimento dc negócios, aquisição c retenção dc clientes e atendimento de pedidos.
Orientações da empresa com relação ao mercado Frente às novas realidades de marketing, qual filosofia deveria orientar os esforços de ma rketing de uma empresa? Examinaremos, em primeiro lugar, a evolução dos conceitos de
marketing.
A ORIENTAÇÃO PARA PRODUÇÃO A orientação para produção é um dos conceitos mais antigos nos negócios e sustenta a ideia de que os consumidores dão preferência a produtos fáceis de encontrar e de baixo custo. Os gerentes das empresas orientadas para a produção se concentram em alcançar
alta eficiência de produção, baixos custos e distribuição em massa. Esse tipo de orientação
faz sentido nos países em desenvolvimento, como a China, onde o maior fabricante de PCs, a Legend (principal proprietária do Lenovo Group), c a gigante dos eletrodomésticos, a Haier, se aproveitaram da enorme quantidade de mão de obra barata do país para dominar o mercado. É também um conceito utilizado quando uma empresa deseja expandir mercado.
CAPÍTULO 1
21
22
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
A ORIENTAÇÃO PARA PRODUTO A orientação para produto sustenta que os consumidores dão preferência a bens e serviços
que ofereçam qualidade e desempenho superiores ou que tenham características inova doras. Entretanto, às vezes os gerentes se veem enredados em um ’caso de amor’ com seu produto e podem cair em uma armadilha, acreditando que um produto melhor fará, por si
só, com que as pessoas se acotovelem à sua porta. Assim como várias startups aprenderam do jeito mais difícil, um produto novo ou aperfeiçoado não será necessariamente bem-
-succdido, a menos que tenha o preço certo c seja distribuído, promovido c vendido dc
forma adequada.
A ORIENTAÇÃO PARA VENDAS A orientação para vendas parle do princípio de que os consumidores e as empresas não vão, espontaneamente, comprar os produtos de uma organização em quantidade suficiente. Essa
orientação é praticada de maneira mais agressiva com produtos pouco procurados — aqueles que os consumidores dificilmente pensam em comprar, como seguros e jazigos — e quando
uma empresa que dispõe de excesso de capacidade visa vender aquilo que fabrica, em vez de
fabricar aquilo que o mercado quer. O marketing fundamentado em venda agressiva envolve altos riscos. Ele pressupõe que clientes persuadidos a comprar um produto não vão devolvé-lo nem falar mal dele, tampouco reclamar a um órgão de defesa do consumidor, e talvez até
voltem a comprá-lo.
A ORIENTAÇÃO PARA MARKETING A orientação para marketing surgiu em meados da década de 1950 como uma filosofia de
‘sentir-e-responder’, centrada no cliente. A tarefa não é mais encontrar os clientes certos para
seu produto, mas sim os produtos certos para seus clientes. A Deli não prepara um computador
perfeito para seu mercado-alvo. Em vez disso, oferece plataformas de produtos sobre as quais cada cliente personaliza os recursos que deseja em seu computador.
A orientação para marketing afirma que a chave para uma empresa atingir os objetivos organizacionais consiste em ser mais eficaz que os concorrentes na criação, na entrega e na
comunicação de um valor superior aos mercados-alvo escolhidos. Theodore Levitt, de Har vard, elaborou uma comparação perspicaz entre as orientações de vendas e de marketing?6
A venda está voltada às necessidades do vendedor, o marketing, às necessidades do com prador. A venda se preocupa com a necessidade do vendedor de converter seu produto
em dinheiro; o marketing, com a ideia de satisfazer as necessidades do cliente por meio do produto c dc todo um conjunto dc fatores associado à sua criação, entrega c, final mente, consumo.
A ORIENTAÇÃO PARA MARKETING HOLÍSTICO Sem dúvida, as tendências e as forças que definiram a primeira década do século XXI estão
levando as empresas a um novo conjunto de crenças e práticas. O conceito de marketing holístico bascia-sc cm desenvolvimento, estruturação c implementação dc programas, processos c
atividades de marketing, com o reconhecimento da amplitude e das interdependências de seus
efeitos. Ele reconhece que cm marketing ‘tudo é importante’ e que muitas vezes se faz necessária uma perspectiva abrangente c integrada.
O marketing holístico, portanto, reconhece e concilia o escopo e as complexidades das atividades dc marketing. A Figura 1.4 fornece uma visão geral dos quatro componentes abrangentes que caracterizam o marketing holístico: marketing de relacionamento, marke ting integrado, marketing interno e marketing dc desempenho. Examinaremos esses temas
importantes ao longo deste livro.
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES Figura 1.4 Dimensões do marketing holístico
customer equity
Gerência
Bense
sênior
serviços
Ambiente
Parceiros
MARKETING DE RELACIONAMENTO Cada vez mais, um dos principais objetivos do marketing
é desenvolver relacionamentos profundos e duradouros com todas as pessoas ou organizações que podem, direta ou indiretamente, afetar o sucesso das atividades de marketing da empresa. O marketing dc relacionamento tem como objetivo construir relacionamentos dc longo prazo mutuamente satisfatórios com seus componentes-chave, a fim de conquistar ou manter negó cios com eles. Os quatro componcntcs-chavc no marketing dc relacionamento sào os clientes, os funcio
nários, os parceiros de marketing (canais, fornecedores, distribuidores, revendedores, agên cias) e os membros da comunidade financeira (acionistas, investidores, analistas). As empresas
devem gerar prosperidade entre todos esses componentes e equilibrar os retornos a todos os principais stakeholders. Desenvolver relações sólidas com eles exige a compreensão de suas
competências e recursos, necessidades, metas e desejos. Em última instância, o marketing de relacionamento resulta no desenvolvimento de um ati
vo insubstituível da empresa chamado rede de marketing. Essa rede é composta pela empresa
e seus parceiros de apoio (clientes, funcionários, fornecedores, distribuidores e varejistas, entre outros) com quem são construídos relacionamentos comerciais mutuamente compensadores.
O princípio operacional é simples: forme uma rede de relacionamento efetiva com os principais stakeholders e os lucros rirão como uma consequência natural. Por isso, um número crescente
dc empresas tem optado por priorizar suas marcas cm detrimento dc seus ativos físicos c por terceirizar atividades periféricas com outras empresas capazes de executá-las melhor e com
custo reduzido, enquanto se concentra nas atividades centrais de seu negócio. As empresas também têm moldado ofertas, serviços e mensagens específicas para clientes
individuais, baseadas em informações sobre as transações anteriores de cada um deles, seus
dados demográficos c psicográficos, bem como suas preferências por meios dc comunicação c distribuição. Ao se concentrar em seus clientes, produtos e canais mais lucrativos, essas empre
sas esperam crescer e capturar uma parcela maior dos gastos de cada cliente com a conquista de
sua fidelidade, estimulando o valor vitalício do cliente e desenvolvendo suas ofertas e preços de mercado para obter lucro nesse período. O marketing deve conduzir habilmente não apenas a gestão do relacionamento com o cliente
(CRM), mas também a gestão do relacionamento com parceiros (PRM). As empresas têm apro fundado seus acordos de parceria com os principais fornecedores e distribuidores, tomando-os
CAPÍTULO 1
23
24
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING como parceiros no oferecimento dc valor aos clientes finais para que todos se beneficiem. A IBM
é uma central geradora de negócios B2B, que aprendeu o valor de fortes vínculos com clientes?'
IBM Ao celebrar seu 100° aniversário cor
ênfase atual na computação em nuvem, nos
York ela desenvolveu um método para de
porativo em 2011, a IBM pode ser conside
Big Data e nos serviços de TI. Parte do motivo
tectar a evasão fiscal que. segundo relatos,
rada uma notável sobrevivente que manteve
desse sucesso é que a bem treinada equi
poupou aos contribuintes US$ 1.6 bilhão em
liderança de mercado por décadas na desa
pe de vendas e a organização de serviços
um período de sete anos. Como a renoma-
fiadora indústria da tecnologia. A empresa
da IBM oferecem valor real a seus clientes,
da professora da Harvard Business School,
obteve êxito em desenvolver seu negócio e
mantendo-se próxima a eles e compreenden
Rosabeth Moss Kanter. observou: ‘A IBM
atualizar de forma impecável o foco de seus
do perfeitamente suas necessidades. Muitas
não é uma empresa de tecnologia, mas uma
bens e serviços por inúmeras vezes em sua
vezes a empresa chega a criar produtos em
empresa que soluciona problemas usando a
história - dos mainframes aos PCs até sua
conjunto com os clientes: no estado de Nova
tecnologia’.
MARKETING INTEGRADO O marketing integrado ocorre quando a empresa concebe ativida
des de marketing e monta programas de marketing voltados a criar, comunicar e entregar valor aos consumidores de tal forma que ‘o lodo seja maior do que a soma das partes’. Dois de seus temas fundamentais são: (1) diversas atividades de marketing são capazes de criar, comunicar e
entregar valor e (2) lodo profissional de marketing deve conceber e implementar cada atividade
da área com todas as demais atividades em mente. Quando um hospital adquire um aparelho de ressonância magnética da General Electric, por exemplo, ele espera que bons serviços de instalação, manutenção e treinamento acompanhem a aquisição do produto.
A empresa deve desenvolver uma estratégia integrada de canal. Cada opção de canal deve
ser avaliada por seu efeito direto nas vendas de produtos e no brand equity, bem como por seu efeito indireto por meio de interações com canais alternativos. Todas as comunicações da empresa devem ser integradas de modo que as opções de co
municação se reforcem e complementem entre si. Um profissional de marketing deve usar seletivamente TV, rádio e propaganda impressa, assessoria de imprensa e eventos, bem como
comunicados de relações públicas e site, de modo que cada elemento dé sua própria contribui ção e, ao mesmo tempo, melhore a eficácia dos demais. Além disso, cada qual deve transmitir
uma mensagem de marca que seja consistente em cada ponto de contato. Confira a campanha vencedora da Islândia a seguir.58
ISLÂNDIA Já abalada por grandes perdas
o turismo gerando cerca de 20% das divisas
Facebook e Vimeo. Celebridades como Yoko
na crise financeira global de 2008. a Is
do país e as reservas em queda, autorida
Ono e Eric Clapton compartilharam suas ex
lândia enfrentou mais infortúnio quando o
des governamentais e ligadas ao turismo
periências. e shows ao vivo geraram mídia
vulcão inativo Eyjafjallajõkull entrou inespe
decidiram lançar a campanha Inspired by
espontânea. Câmeras web em tempo real
radamente em erupção em abril de 2010. A
Iceland (Inspirado pela Islândia). Baseada
espalhadas por toda parte mostraram que
enorme cortina de fumaça provocada pelas
na percepção de que 80% dos visitantes do
o país não estava coberto de cinzas, mas
cinzas criou a maior interrupção de viagens
país recomendam o destino para amigos e
de verde. A campanha foi extremamente
aéreas desde a Segunda Guerra Mundial,
familiares, cidadãos islandeses foram recru
bem-sucedida - 22,5 milhões de histórias
resultando em uma onda de repercussões
tados para contar suas histórias e incenti
foram criadas por pessoas de todo o mun
negativas na imprensa e pesar por toda a
var outros a se juntarem a eles por meio de
do - e as reservas que se seguiram ficaram
Europa e em outras partes do mundo. Com
um site ou uma mídia social, como Twitter,
bem acima das previsões.
MARKETING INTERNO O marketing interno, um dos componentes do marketing holístico,
consiste em contratar, treinar e motivar funcionários capacitados que queiram atender bem os clientes. Profissionais de marketing inteligentes reconhecem que as atividades de marketing dentro da empresa podem ser tão importantes quanto aquelas dirigidas para fora da empresa
— se não mais importantes. Não faz sentido prometer excelência em serviço antes que a equipe interna esteja pronta para fornecê-la.
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES
CAPÍTULO 1
25
Uma moderna campanha de turismo tDtaknente integraca ajudou a Islândia a everteruma queda no número de nsrantes ao pais.
O sucesso em marketing ocorre somente quando todos os departamentos atuam em conjunto para atingir as metas voltadas ao cliente (Tabela 1.4): quando a equipe de enge
nharia projeta os produtos certos, o departamento financeiro disponibiliza a quantidade certa de recursos, o setor de compras acerta na escolha do material, a produção faz os pro dutos certos no prazo certo e a contabilidade mede a lucratividade da maneira certa. Essa harmonia interdepartamental só pode se fundir verdadeiramente, porém, quando a admi
nistração comunica claramente uma visão de como a orientação e a filosofia de marketing da empresa servem aos clientes. O exemplo a seguir destaca parte do desafio potencial na integração de marketing: O vicc-prcsidcntc dc marketing dc uma grande companhia acrca européia quer aumen
tar sua participação no tráfego aéreo. A estratégia escolhida consiste em prover maior satisfação ao cliente fornecendo uma comida mais saborosa, cabines mais limpas, uma tripulação mais bem treinada c tarifas mais baixas, mas ele não tem autoridade sobre
essas questões. O departamento de compras seleciona fornecedores de alimentos que
mantenham os custos baixos; o departamento de manutenção usa serviços de limpeza
mais econômicos; o departamento de recursos humanos contrata pessoas sem se preo cupar se elas são naturalmente cordiais; e as tarifas são estipuladas pelo departamen
to financeiro. Visto que esses departamentos geralmente assumem o ponto de vista do custo de produção, o vice-presidente de marketing fica impedido de criar um mix dc
marketing integrado.
O marketing interno pressupõe um alinhamento vertical com a alta gerência e um alinha mento horizontal com os demais departamentos, de tal modo que todos compreendam, valori zem e apoiem o esforço de marketing. MARKETING DE DESEMPENHO O marketing de desempenho pressupõe o entendimento dos retornos financeiros e não financeiros para a empresa e para a sociedade a partir de atividades e
programas de marketing. Cada vez mais, as grandes empresas não se limitam a analisar a receita de vendas, passando a examinar também o scorecard de marketing e a interpretar o que está acontecendo com sua participação dc mercado, taxa dc perda dc clientes, nível dc satisfação do cliente, qualidade do produto e outros indicadores. Elas também têm levado em conta os eleitos legais, éticos, sociais e ambientais de suas atividades e programas de marketing.
26
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING Tabela 1.4 Como avaliar quais departamentos da empresa são orientados para o cliente
P&D
1
Dedica tempo a se encontrar com os clientes e ouvir seus problemas.
1
Aprecia o envolvimento dos departamentos de marketing, produção e outros em cada novo projeto.
1
Faz benchmarking dos produtos concorrentes e busca soluções que sejam as melhores da categoria.
1
Solicita opiniões e sugestões do cliente à medida que o projeto avança.
1
Melhora e refina continuamente o produto a partir do feedback do mercado.
Compras 1
Busca proativamente os melhores fornecedores.
1
Desenvolve relações de longo prazo com menos fornecedores, porém, mais confiáveis e de melhor qualidade.
1
Não compromete a qualidade na busca de economizar no preço.
Produção
1
Convida clientes a visitar e conhecer a linha de produção.
1
Visita as fábricas dos clientes.
1
Está disposta a fazer hora extra para cumprir prazos de entrega combinados.
1
Busca continuamente maneiras de produzir bens de forma mais rápida ou a custos mais baixos.
1
Melhora continuamente a qualidade do produto, buscando o nível do ‘defeito zero *.
1
Atende às solicitações de customização’ dos clientes sempre que possível.
Marketing
1
Estuda as necessidades e os desejos dos clientes em segmentos de mercado bem definidos.
1
Aloca esforços de marketing conforme o potencial de lucratividade de longo prazo dos segmentos-alvo.
1
Desenvolve ofertas imbatíveis para cada segmento-alvo.
1
Avalia continuamente a imagem da empresa e a satisfação dos clientes.
1
Coleta e avalia continuamente idéias para novos produtos, para o aperfeiçoamento de bens e serviços.
1
Estimula todos os departamentos e funcionários da empresa a serem centrados no cliente.
Vendas
1 Tem conhecimento especializado sobre o setor de atuação do cliente. 1
Esforça-se para dar ao cliente ’a melhor solução’.
1
Só faz promessas que é capaz de cumprir.
1
Transmite as necessidades e as idéias dos clientes para aqueles encarregados do desenvolvimento do produto.
1
Atende os mesmos clientes por um longo período.
Logística
1
Estabelece um alto padrão para tempo de entrega e serviço e sempre o alcança.
1
Opera um departamento de serviço ao cliente bem informado e amigável, capaz de responder a perguntas, lidar com queixas e resolver problemas de maneira adequada e satisfatória.
Contabilidade
1
Prepara relatórios periódicos de ‘lucratividade’ por produto, segmento de mercado, área geográfica (regiões, territórios de vendas), tamanho de pedido, canal e cliente individual.
1
Prepara faturas adequadas às necessidades do cliente e responde às consultas dele com rapidez e cortesia.
Finanças
1
Entende e apoia as despesas de marketing (propaganda institucional, por exemplo) que geram a preferência
e a fidelidade do cliente a longo prazo. 1
Adapta os pacotes financeiros às necessidades financeiras do cliente.
1
Toma decisões rápidas quanto à possibilidade de oferecer crédito a um cliente.
Relações públicas
1
Divulga notícias favoráveis sobre a empresa e controla os danos de notícias desfavoráveis.
1
Funciona como cliente interno e defensor público para melhores políticas e práticas da empresa.
Fonte. KOTLER. Philip. Kotler on Marketing. Nova York: Free Press. 1999. p. 21-22. Reproduzido com permissão deThe Free Press, uma divisão da Simon & Schuster Adult Publishing Group. Copyright® 1999 de Philip Kotler. Todos os direitos reservados.
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES
CAPÍTULO 1
27
Quando fundaram a Ben & Jerry’s, Ben Cohen c Jerry' Greenfield adotaram o conceito de marketing de desempenho, dividindo o tradicional resultado financeiro em dois, de modo a
incluir a mensuração do impacto ambiental de seus produtos e processos. Mais tarde, isso se transformaria no ‘tripé de sustentabilidade’, de modo a representar os impactos sociais, negati
vos e positivos, de lodo o leque de atividades comerciais da empresa.
Muitas empresas não tem conseguido cumprir suas responsabilidades legais c éticas, e os consumidores estão exigindo mais comportamento responsável.59 Uma pesquisa relatou que
pelo menos um terço dos consumidores em lodo o mundo acreditavam que bancos, compa nhias de seguros e fabricantes de alimentos industrializados devem ser submetidos a uma regu
lamentação mais rigorosa.60
Atualização dos 4 Ps Há muitos anos, McCarthy classificou várias atividades de marketing em ferramentas de mix de marketing de quatro tipos amplos, aos quais denominou os quatro Ps do marketing: produto,
preço, praça (ou ponto de venda) e promoção (do inglês, product, price, place e promotion).61 As variáveis dc marketing sob cada P são mostradas na Figura 1.5.
Uma visão complementar dos quatro Ps pode ser encontrada no quadro Insight de marke ting: O que sào os 4 As do marketing. Em virtude da abrangência, complexidade e riqueza do marketing — como exemplifica o marketing holístico — claramente esses quatro Ps não representam mais todo o cenário.
INSIGHT DE IVlcllKe
0 QUE SÃO OS 4 AS DO MARKETING De acordo com Jagdtsh Sheth e Rajendra Sisodia, a má gestão decorrente
de não saber o que motiva os consumidores está por trás da maioria dos fracassos de marketing. Os autores afirmam que conhecer o consumidor é
uma rota muito mais confável para o sucesso. Sua estrutura de adminis
As empresas bem-sucedidas desenvolvem formas inovadoras de en tregar ambas, assim como faz o varejista de calçados on-line Zappos,
com excelente atendimento ao cliente e política de devolução e com informações de rastreamento atualizadas minuto a minuto sobre esto que no armazém, marcas e estilos.
tração de marketing centrada no cliente enfatiza o que eles consideram os
Conscientização
valores mais importantes para o consumidor aceitabilidade, viabilidade,
A conscientização è a medida em que os clientes são informados so
acessibilidade e conscientização, conhecidos como os 4 As (do ingês,
bre as caracteristicas de um produto, persuadidos a experimentá-lo e
acceptability, affordability, accessibility e awareness).
Aceitabilidade A aceitabilidade é a medida em que a oferta total de produtos de uma
empresa supera as expectativas dos clientes. Segundo os autores, trata-se do componente dominante na estrutura e que o design, por
sua vez, está na raiz desse conceito. Os aspectos funcionais do de sign podem ser impulsionados, por exemplo, melhorando o benefício
principal ou aumentando a confiabilidade do produto; a aceitabilidade
psicológica pode ser aprimorada com mudanças na imagem da marca, embalagem, design e posicionamento.
lembrados a recomprá-lo. Tem duas dimensões: consciência da marca e conhecimento do produto. Sheth e Sisodia dizem que a conscientiza
ção é o componente mais apto para a melhoria porque a maioria das empresas é ineficaz ou ineficiente em desenvolvê-lo. Por exemplo, uma propaganda devidamente realizada pode ser incrivelmente poderosa, mas a comunicação boca a boca e o comarketing podem atingir mais
eficazmente os clientes potenciais.
Sheth e Sisodia baseiam a estrutura dos 4 As nos quatro papéis dis
tintos que um consumidor desempenha no mercado: buscador, com prador, pagador e usuário. Um quinto papel do consumidor, o de evangelizador. capta o fato de que os consumidores com frequência
Viabilidade
recomendam produtos para outros e estão cada vez mais críticos com
A viabilidade é a medida em que os clientes no mercado-alvo são
o advento da internet e das plataformas de redes sociais.
capazes de pagar o preço do produto e estão dispostos a isso. Tem
Note-se que podemos relacionar facilmente os 4 As aos tradicionais
duas dimensões: econômica (capacidade de pagamento) e psicológica
4 Ps. A equipe de marketing define o produto (que influencia prind-
(vontade de pagar). A aceitabilidade combinada com a viabilidade eco
palmente a aceitabilidade), o preço (que influencia principal mente
nômica determina a proposição de valor do produto. Quando a Peach
a viabilidade econômica), o lugar (que influenda principalmente
tree Software baixou o preço de seu programa de contabilidade, de
a acessibilidade) e a promoção (que influenda prindpalmente a
5.000 dólares para 199 dólares, e começou a cobrar pelo suporte ao
conscientização).
cliente, a demanda de vendas aumentou enormemente.
Acessibilidade A acessibilidade, ou a facilidade com que os clientes podem adquirir um
produto, apresenta duas dimensões: disponibilidade e conveniência.
Fontes: SHETH. Jagdish N; SISODIA, Rajendra. The 4 As ofMarketing: Creating Value for Customer. Company and Society. Nova York: Routledge, 2012; New Rules: Jagdish Sheth Outlines 4A’s of Marketing. The Financial Express, 6 abr. 2004; Industry Leaders Discuss Marketing for Not for Profit Organizations @ BIMTECH Marketing Summit. MBAunNerse.com. 1 maio 2012.
28
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
Figura 1.5 Os quatro Ps do mix de marketing
Mix de
PRODUTO ~
PRAÇA
Variedade
Canais
Qualidade
Cobertura
Design
Sortimentos
Características
Locais
Nome da marca
Estoque
Embalagem Tamanhos
Transporte
Serviços
/ /
Garantias Devoluções
f PREÇO Preço de tabela
Promoção de vendas
Descontos
Propaganda
Bonificações
Força de vendas
Prazo de pagamento
Relações públicas
Condições de financiamento
Marketing direto
Sc os atualizarmos para que reflitam o conceito dc marketing holístico, obteremos um conjunto mais representativo que envolverá as realidades do marketing moderno: pessoas, processos, programas e performance, como ilustra a Figura 1.6.
As pessoas refletem, em parte, o marketing interno e o fato de que os funcionários sào fun
damentais para o sucesso do marketing: será tão bom quanto as pessoas dentro da organização. Também refletem o fato de que as empresas devem ver os consumidores como pessoas e com
preender suas vidas em toda sua amplitude não apenas como alguém que compra e consome produtos. Os processos refletem toda a criatividade, disciplina e estrutura incorporadas à administra ção dc marketing. As empresas devem evitar planejamento e tomada de decisão ad hoc e asse gurar que idéias e conceitos avançados de marketing desempenhem o devido papel em tudo o
que fazem, incluindo a criação de relacionamentos de longo prazo mutuamente benéficos e a geração dc novas idéias c bens, serviços c atividades dc marketing que sejam inovadores.
Os programas refletem todas as atividades da empresa direcionadas aos consumidores.
Eles englobam os tradicionais 4Ps e também uma gama de outras atividades de marketing
que podem não se encaixar perfeitamente à antiga visão de marketing. Indcpendentemente de serem on-line ou off-line, tradicionais ou não, essas atividades devem ser integradas de tal
forma que seu todo seja maior do que a soma dc suas partes c que realizem múltiplos objeti vos para a empresa.
Figura 1.6 A evolução da administração de marketing
Os 4Ps do mix de marketing
Os 4Ps da moderna administração de marketing
Produto
Pessoas
Praça
Processos
Promoção
Programas
Preço
Performance
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES Definimos performance, tal qual no marketing holístico, como a captura do leque dc pos síveis indicadores de resultado que tenham implicações financeiras e nào financeiras (lucrati
vidade, bem como brand equity e customer equity) e implicações que transcendam a própria
empresa (responsabilidade social, jurídica, ética e comunitária). Por fim, na verdade, esses novos quatro Ps se aplicam a todos os setores dentro da em
presa, c, pensando assim, os gerentes ficam mais intimamente alinhados com o restante da
companhia.
Tarefas de administração de marketing A Figura 1.7 resume as trés principais forças do mercado, os dois principais resultados do mer cado e os quatro pilares fundamentais de marketing holístico que ajudam a capturar as novas realidades de marketing. Tendo a filosofia do marketing holístico como pano de fundo, po
demos identificar um conjunto específico de tarefas que compõem uma administração e uma liderança de marketing eficazes.
Vsaremos a seguinte situação para ilustrar tais tarefas no contexto do plano do livro. (A
seção Memorando de Marketing: As perguntas maisfrequentes das empresas apresenta um bom checklist de questões que os gerentes de marketing abordam e que serão examinadas aqui.)
A Zeus Inc. (nome fictício) opera em vários setores, incluindo os de produtos químicos,
câmeras e filmes, e está organizada em unidades estratégicas de negócios (UENs). A administração está analisando o que deve fazer com sua divisão de câmeras Atlas, que produz uma linha de câmeras digitais e de 35 mm. Embora a empresa tenha boa parti
cipação de mercado e gere receita, o mercado de 35 mm passa por um rápido declínio. No segmento dc câmeras digitais, dc crescimento mais rápido, a Zeus enfrenta forte
concorrência e tem-se mostrado lenta na realização de vendas. A administração quer que o grupo de marketing da Atlas desenvolva um plano sólido para a divisão, capaz de reverter a situação.
figura 1.7 As novas realidades Oo marketing
Quatro pilares
As trés principais
Dois principais
fundamentais de
forças do mercado
resultados do mercado
marketing holístico
Marketing de
1 F
Novas
relacionamento
1
competências
do consumidor Marketing
integrado
Marketing
interno
Marketing de desempenho
CAPÍTULO 1
29
30
PARTE 1
O QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING A primeira tarefa da Atlas é identificar suas oportunidades reais de longo prazo, dadas sua
experiência de mercado e suas competências essenciais (Capítulo 2). A empresa pode projetar suas câmeras com recursos melhores e também criar uma linha de câmeras de video ou usar sua
competência central em óptica para projetar uma linha de binóculos e telescópios. Qualquer
que seja a direção escolhida, ela deve desenvolver planos de marketing concretos que especifi
quem as estratégias e táticas de marketing capazes de fazê-la avançar.
CAPTAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE MARKETING A Atlas precisa de um sistema de informações confiável para monitorar de perto seu ambiente
de marketing, avaliar conlinuamenle o potencial de mercado e prever a demanda. Seu microambiente consiste em todos os parceiros que afetam a capacidade da empresa de produzir
e vender câmeras — fornecedores, intermediários de marketing, clientes e concorrentes. Seu macroambiente consiste em forças demográficas, econômicas, naturais, tecnológicas, político-legais e socioculturais que afetam as vendas e os lucros (Capítulo 3).
A Atlas também precisa de um sistema confiável de pesquisa de marketing. Para transformar a estratégia em programas de marketing, os gerentes da área precisam tomar decisões básicas sobre gastos, atividades e alocações de verba. Eles podem usar funções estatísticas que mostram como as
vendas c os lucros seriam afetados pela quantia gasta cm cada aplicação (Capítulo 4).
CONEXÃO COM OS CLIENTES A Atlas deve estudar qual a melhor maneira de criar valor para seus mercados-alvo selecionados
e desenvolver relacionamentos de longo prazo, fortes e lucrativos com os clientes (Capítulo 5). Para isso, ela precisa entender os mercados consumidores (Capítulo 6). Quem compra câmeras e
por quê? O que procuram em termos de recursos e preços? Onde compram? A empresa também vende câmeras para mercados organizacionais, incluindo grandes corporações, varejistas e órgãos
governamentais (Capítulo 7), onde agentes ou comitês dc compra tomam as decisões. A Atlas precisa compreender profundamente como atuam os compradores organizacionais e necessita
de uma força de vendas bem treinada na apresentação dos benefícios dos produtos. Ela também deve levar cm conta as oportunidades c os desafios globais cm constante mudança (Capítulo 8).
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES A Atlas não deseja atingir todos os clientes potenciais. Ela deve dividir o mercado em grandes
segmentos, avaliar cada um deles e escolher aqueles que pode atender melhor (Capítulo 9). Suponhamos que a empresa decida concentrar seu foco no mercado de consumo e desenvolva
uma estratégia de posicionamento (Capítulo 10). Será que ela deveria se posicionar como a
marca ‘Cadillac’, oferecendo câmeras superiores a um preço premium, excelente serviço e in
tensa propaganda? Ou deveria fabricar uma câmera simples e barata, direcionada a consumido res mais preocupados com o preço? Ou, ainda, algo intermediário? A Atlas deve compreender
as forças e fraquezas da marca Zeus na percepção do cliente (Capítulo 11). Será que sua herança dc filmes dc 35 mm pode scr negativa no mercado dc câmeras digitais? A Atlas também deve pensar em estratégias de crescimento sem deixar de prestar muita
atenção nos concorrentes (Capítulo 12), antecipar suas ações e saber como reagir de maneira rápida c decisiva. Ela pode querer partir para ações surpreendentes; neste caso, deve tentar pre
ver como seus concorrentes reagirão.
CRIAÇÃO DE VALOR No cerne do programa de marketing está o produto — a oferta tangível da empresa ao mer
cado, que inclui qualidade, design, recursos e embalagem (Capítulo 13). Para conquistar uma
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES
MEMORANDO DE
CAPÍTULO 1
31
larketing 8. Como podemos reduzir o custo de aquisição de clientes?
AS PERGUNTAS MAIS FREQUENTES DAS EMPRESAS
9. Como podemos manter a fidelidade de nossos clientes por mais
1. Como podemos identificar e acertar na escolha de um ou mais
tempo?
segmentos de mercado?
10. Como podemos saber quais são os clientes mais importantes?
2. Como podemos diferenciar nossa oferta? 11. Como podemos medir o retomo dos diversos tipos de comunica
3. Como devemos responder aos clientes que levam em considera ção o preço antes de fazer a compra?
4. Como podemos competir com concorrentes voltados ao baixo
ção de marketing? 12. Como podemos melhorar a produtividade da força de vendas?
13. Como podemos estabelecer múltiplos canais e ainda gerenciar o
custo e ao baixo preço?
5. Até que ponto podemos personalizar nossa oferta para cada cliente?
conflito de canais?
14. Como podemos fazer com que os outros departamentos da em
6. Como podemos expandir nosso negócio?
presa sejam mais orientados para o cliente?
7. Como podemos construir marcas mais fortes?
vantagem competitiva, a Atlas pode oferecer vários serviços, como leasing, entrega, manuten ção e treinamento como parte de sua oferta de produto (Capítulo 14). Com base em seu po sicionamento, a empresa deve iniciar o desenvolvimento, os testes e o lançamento dc novos
produtos como parte de sua visão de longo prazo (Capítulo 15).
Uma decisão crucial dc marketing relaciona-se ao preço (Capítulo 16). A Atlas deve tomar
decisões quanto aos preços no atacado e no varejo, descontos, bonificações e condições de fi nanciamento. Seu preço deve ser proporcional ao valor percebido da oferta; caso contrário, os clientes podem optar por produtos concorrentes.
ENTREGA DE VALOR A Atlas também deve determinar como entregar adequadamente ao mcrcado-alvo o valor in
corporado por esses produtos. As atividades de canal são aquelas que a empresa executa para tomar o produto acessível e disponível a clientes-alvo (Capítulo 17). A Atlas precisa identificar, recrutar c interligar vários facilitadorcs dc marketing que possam levar seus produtos com efi
ciência ao mercado-alvo. Ela precisa conhecer os vários tipos de varejista, atacadista e distribui
dor e como tomam as decisões (Capítulo 18).
COMUNICAÇÃO DO VALOR A Atlas também precisa comunicar adequadamente ao mercado-alvo o valor agregado de seus produtos, além de desenvolver um programa de comunicação integrada de marketing que ma
ximize a contribuição individual e coletiva de todas as atividades de comunicação (Capítulo 19).
Deve, ainda, adotar programas de comunicação em massa compostos por propaganda, promoção dc vendas, eventos c relações públicas (Capítulo 20), além de explorar os canais on-line, dc mídia social e móvel para atingir consumidores onde quer que seja apropriado (Capítulo 21). É preciso
também estabelecer comunicações mais pessoais na forma dc marketing direto c interativo, assim como contratar, treinar e motivar os profissionais de vendas (Capítulo 22).
PRÁTICA RESPONSÁVEL DE MARKETING PARA O SUCESSO DE LONGO PRAZO Por fim, a Atlas deve construir uma organização de marketing capaz de implementar o plano de marketing (Capítulo 23). Uma vez que sempre pode haver surpresas e decepções durante a im plementação desse plano, a empresa precisará de feedback e controle para entender a eficiência
e a eficácia de suas atividades de marketing e como melhorá-las.
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
PARTE 1
32
Resumo 1. 0 marketing é uma função organizacional e um conjunto de pro
novas oportunidades e desafios e alteraram consideravelmente a
cessos destinados a criar, comunicar e entregar valor para os
administração de marketing. Para atingir excelênda de marketing,
clientes além de administrar as relações com eles de forma a be
as empresas buscam o equilíbrio ideal entre os métodos testados e
neficiar a organização e seus stakeholders. A administração de
comprovados e as novas abordagens avançadas.
marketing é a arte e a ciência de escolher mercados-alvo e obter,
5. Há cinco orientações concorrentes sob as quais as empresas
reter e multiplicar clientes por meio da criação, da entrega e da
podem fazer negócios: a orientação para produção, a orientação
comunicação de um valor superior ao diente.
2. Profissionais de marketing são hábeis em administrar a demanda: procuram influenciar nível, sazonalidade e composição para bens, seiviços, eventos, experiêndas. pessoas, lugares, propriedades,
para produto, a orientação para vendas, a orientação para marke
ting e a orientação para marketing holístico. As três primeiras têm uso limitado hoje em dia.
6. A orientação para marketing holístico baseia-se em desenvolvi
organizações, informações e idéias. Também operam em quatro
mento, concepção e implementação de programas, processos
mercados diferentes: consumidor, organizational, global e sem
e atividades de marketing que reconheçam sua amplitude e in
fins lucrativos.
terdependências. O marketing holístico reconhece que tudo é
3. 0 marketing não se restringe a um departamento: deve afetar to
importante’ no marketing e que muitas vezes é necessária uma
dos os aspectos da experiência do cliente. Para criar uma sólida
perspectiva ampla e integrada. Quatro componentes do marketing
organização de marketing, os profissionais dessa área devem pen
holístico são o marketing de relacionamento, o marketing integra
sar como os executivos de outros departamentos, e os executivos
do. o marketing interno e o marketing sodalmente responsável.
de outros departamentos devem pensar mais como os profissio nais de marketing.
7. Entre as tarefas necessárias para uma administração de marke
ting eficaz estão o desenvolvimento de estratégias e planos de
4. 0 mercado atual é fundamentalmente diferente do que era há algu
marketing, a captação de novas oportunidades de marketing,
mas décadas por causa de imponentes forças sociais que produzi
a conexão com os clientes, a construção de marcas fortes, a
ram competências novas em consumidores e empresas. Em espe
criação, entrega e comunicação de valor e a obtenção de um
cial, a tecnologia, a globalização e a responsabilidade sodal criaram
crescimento de longo prazo.
Aplicações Debate de marketing
ASSUMA UMA POSIÇÃO: O marketing molda as necessidades e os
0 MARKETING CRIA OU SATISFAZ NECESSIDADES?
cessidades e os desejos do consumidor?
De modo geral, o marketing vem sendo definido como algo que satisfaz
Discussão de marketing
desejos do consumidor? Ou o marketing simplesmente reflete as ne
os desejos e as necessidades dos clientes. Alguns críticos, contudo, sustentam que ele vai muito além disso e cria necessidades e desejos
MUDANÇAS NO MARKETING
antes inexistentes. De acordo com esses opositores, os profissionais
Pense nas trés prindpais forças que impulsionam as novas realidades
de marketing incentivam o consumidor a gastar mais dinheiro do que
do marketing. Como elas podem mudar no futuro? Quais outras gran
deveria em bens e serviços de que não predsa.
des tendêndas ou forças podem afetar o marketing?
EXCELÊNCIA EM
1^31X6^0
Nike A Nike começou com o pé direito em 1962. Originalmente conhecida
atletas de destaque. 0 corredor Steve Prefontaine, seu primeiro por
como Blue Ribbon Sports, o foco da empresa consistia em fornecer
ta-voz. tinha uma atitude irreverente que combinava com o espírito
tênis de corrida de alta qualidade, desenhados por atletas para atetlas.
da empresa.
Seu fundador, Philip Knight, acreditava que tênis de alta tecnologia
Em 1985, a Nike contratou o então novato Michael Jordan como
para corredores poderíam ser fabricados a preços competitivos se fos
porta-voz. Jordan ainda era uma promessa, mas personificava um de
sem importados. 0 compromisso da Nike em desenvolver um calçado
sempenho superior. A aposta compensou: a linha Air Jordan de tênis
inovador para atletas dedicados ajudou a empresa a criar um objeto de
para basquete sumiu das prateleiras e as receitas atingiram mais de
desejo entre os consumidores norte-americanos.
US$ 100 milhões somente no primeiro ano. Como um repórter decla
A Nike acreditava em uma pirâmide de influência', na qual as
preferências de uma pequena porcentagem de atletas de primeira
rou: ‘Poucas empresas conseguiram identificar e contratar com tanta segurança atletas que se superam em seus esportes com tanto efeito *.
linha influenciavam as escolhas de produto e marca de outras pes
Em 1988, a Nike veiculou as primeiras propagandas da campa
soas. Desde o inído, suas campanhas de marketing apresentavam
nha de US$ 20 milhões Just Do It. A campanha, que exibiu ao todo
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES
CAPÍTULO 1
33
12 comerciais de TV. desafiava sutilmente uma geração de fãs do
atletas, como nos casos de Tiger Woods e Kobe Bryant, mesmo
esporte a perseguir seus objetivos. Era uma manifestação natural da
quando eles passam por problemas pessoais. No entanto, ela cor
atitude Nike de autocapacitação por meio do esporte.
tou relacionamento com Lance Armstrong, em 2012, depois que
Ao iniciar sua expansão internacional, a Nike descobriu que seu
fortes evidências demonstraram que o ciclista se dopou durante a
estilo norte-americano de fazer propaganda era considerado muito
carreira como atleta e ao competir em todos os Tour de France. A
agressivo na Europa. Ásia e América do Sul. Ela percebeu que tinha de
empresa emitiu uma nota explicando: "A Nike não tolera o uso de
autenticar’ sua marca em outros países, por isso passou a focar em
drogas ilegais para aumento do desempenho sejam quais forem as
futebol e a patrocinar ativamente ligas juvenis, clubes locais e equipes
circunstâncias.' Antes do escândalo, ela havia ajudado a desenvolver
nacionais. No entanto, para a empresa desenvolver autenticidade entre
a campanha LIVESTRONG de Armstrong para angariar fundos para o
o público de futebol, os consumidores tinham de ver atletas profissio
câncer. Projetou, fabricou e vendeu mais de 80 milhões de pulseiras
nais usando seu produto, especialmente atletas vencedores.
amarelas, gerando uma receita líquida de USS 500 milhões para a
A grande oportunidade da Nike surgiu em 1994 quando a se
Fundação Lance Armstrong.
leção brasileira (a única equipe nacional que ela patrocinava real
Enquanto os endossos atléticos da Nike ajudam a inspirar e atin
mente) ganhou a Copa do Mundo. Essa vitória transformou a ima
gir consumidores. suas inovações mais recentes em tecnologia resul
gem da Nike: de uma empresa que fabricava tênis, ela passou a
taram em consumidores mais leais e emocionalmente conectados.
ser vista como uma marca que representava emoção, fidelidade e
Por exemplo, sua liderança na categoria de corrida subiu para 60%
identificação. Isso também a ajudou a se lançarem outros mercados
de participação de mercado graças a seu revolucionário aplicativo de
internacionais; em 2003, as receitas no exterior ultrapassaram as
corrida e comunidade chamado Nike * (plus). Esse aplicativo permite
domésticas pela primeira vez. Em 2007, a Nike adquiriu a Umbro,
aos corredores acesso à experiência de conhecer seu ritmo em tem
fabricante britânica de calçados, vestuário e equipamentos relacio
po real ou à distância e as rotas percorridas, além de dar-lhes dicas
nados ao futebol. A aquisição contribuiu para que a empresa se
de treinamento e possibilidade de compartilhamento on-line. A Nike
tornasse o único fornecedor de uniformes para mais de 100 times de
expandiu o Nike * para enfocar as principais áreas de crescimento,
futebol profissional em todo o mundo e impulsionou sua presença
como basquete e exercícios físicos, e lançou Nike * Basketball. Nike *
internacional e autenticidade nesse esporte. A Nike vendeu a Umbro
Kinect e Nike+ Fuelband, um aplicativo incorporado a uma pulseira
em 2012 por US$ 225 milhões.
que monitora as atividades diárias.
Em anos recentes, a Nike concentrou seus esforços nos merca
Como muitas outras, a Nike vem tentando tomar sua empre
dos emergentes. Durante os Jogos Olímpicos de 2008. em Pequim, a
sa e seus produtos mais ecologicamente corretos. No entanto, ao
empresa investiu na China e desenvolveu uma agressiva estratégia de
contrário da maioria, ela não promove esses esforços. Um consultor
marketing em contraponto à Adidas, patrocinadora oficial do evento.
da marca explicou: ’A Nike sempre teve a ver com vencer. Como
A Nike recebeu permissão especial do Comitê Olímpico Internacional
a sustentabilidade é relevante para sua marca?-. Os executivos da
para veicular suas propagandas com atletas olímpicos durante os jo
empresa concordam que promover uma mensagem ecológica tiraria
gos. Além disso, ela patrocinava diversas equipes e atletas, incluindo
o foco de sua engenhosa imagem high-tech e, por isso, os esforços
a maior parte das equipes chinesas. Essa vigorosa estratégia de pa
de reciclagem de tênis velhos em novos não sào divulgados.
trocínio ajudou a incrementar as vendas na região asiática em 15%.
Como resultado de sua bem-sucedida expansão por mercados
Além de expandir a marca no exterior, a Nike introduziu suas
geográficos e categorias de produto, a Nike domina o mercado de
marcas com sucesso em muitos esportes e novas categorias de cal
roupas e calçados esportivos no mundo. Em 2014, suas receitas
çados, roupas e equipamentos esportivos. Ela continua a usar en
superaram US$ 27 milhões e dominou o segmento de tênis com uma
dossos de atletas, treinadores, times e ligas de grande projeção e
participação de 31% no mercado global e 50% nos Estados Unidos.
influência nessas categorias. Por exemplo, a Nike se aliou aos astros
O símbolo do swoosh está em tudo, de relógios de pulso a skates e
e estrelas do tênis, como Maria Sharapova. Roger Federer e Rafael
toucas de natação. A estratégia de longo prazo da empresa se con
Nadal para impulsionar sua linha de calçados, roupas e equipamen
centra em corrida, basquete, futebol, treino para homens e mulheres
tos. Alguns chamaram a famosa partida de Wimbledon, em 2008.
e cultura desportiva.
entre Roger Federer e Rafael Nadai - ambos vestidos da cabeça aos pés com o famoso símbolo da marca, conhecido como swoosh - de
um comercial de cinco horas da Nike avaliado em USS 10.6 milhões. Para promover sua linha de tênis e vestuário de basquete, a Nike
firmou parceria com superastros do esporte, como Kobe Bryant e
Questões 1. Quais são os prós, os contras e os riscos associados à estratégia
central de marketing da Nike? 2. Se você fosse a Adidas, como competiría com a Nike?
LeBron James. No golfe, seu icônico símbolo aparece em muitos golfistas. sendo o mais famoso deles Tiger Woods. Desde os primeiros
anos em que se associou a ele, a Nike Golf cresceu para se tornar um negócio de US$ 523 milhões e literalmente mudou a forma como
os golfistas se vestem e jogam atualmente. A poderosa influência de Tiger Woods no jogo e seu estilo Nike transformou as finais de campeonato em pista de moda de golfe’.
A Nike é a maior patrocinadora de atletas do mundo e planeja gastar mais de US$ 3 bilhões em endossos esportivos entre 2012
e 2017. A empresa também tem um histórico de dar apoio a seus
Fontes: EWERS, Justin; SMART, Tn. A Designer Swooshes In. U.S. News & World Re port, p. 12, 26 jan. 2004; Corporate Media Executive of the fear. Delaney Report, p. 1,12 jan. 2004; UPPER! Barbara. Game Changers: Inside the Three Greatest Ad Campaigns of the Past Three Decades. Adweek. 17 nov. 2008:10 Top Nontraditional Campaigns. AdvertisingA#. 22 dez. 2003, p. 24: ZOOK Chris: ALLEN. James. Growth Outside the Core. Hrrvard Business Review. p. 66. dez. 2003; MULLMAN, Jeremy. NIKE What Slowdown? Swoosh Rides Games to New Higi. Advertising Age. p. 34. 20 out 2008; KAPLAN.Allison. Look Just lite Tiger (unti you swing). America's Intelkgence Wire. 9 ago. 2009; JANA. Reena; HELM. Burt Nike Goes Green. Very Quietly. BusinessWeek, 22 jun. 2009: FOX. Emily Jane; ISIDORE. Chris. Nike Ends Contracts with Armstrong. CNNMoney.com. 17 out 2012: NikeAnnual Report 2012.
34
PARTE 1
excelência em
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
Marketinc
Google Em 1998. dois alunos de doutorado da Universidade de Stanford, Lany
Social (Google * . Blogger), Specialized Search (Patents, Finance. Scho
Page e Sergey Brin, fundaram uma empresa de mecanismos de busca,
à qual chamaram Google. 0 nome brinca com o termo matemático
larly Papers) e Innovation. À medida que o mundo se toma mais móvel, o Google vem apos
googol - o número 1 seguido por 100 zeros - e refere-se à enorme
tando alto nessa categoria. Com o lançamento em 2008 do Android,
quantidade de dados on-line que a empresa ajuda os usuários a en
um sistema operacional móvel, a empresa passou a competir direta
contrar. Sua missão corporativa é ‘organizar as informações do mundo
mente com o iPhone da Apple. A principal diferença entre os dois era
e torná-las universalmente acessíveis e úteis”. Desde o inicio, ela tem
a gratuidade do Android, com código-fonte aberto e sustentado por
se esforçado em criar o mecanismo de busca perfeito. A pesquisa do
um investimento multimilionário. Isso significava que o Google queria
Google funciona porque usa os milhões de links em outros sites para
que seus parceiros ajudassem a construir e projetar o Android ao longo
ajudar a determinar quais deles oferecem o conteúdo mais valioso. A
dos anos. 0 investimento se pagou e, em 2010, o Android tomou-se o
empresa tomou-se líder no mercado de mecanismos de busca por seu
sistema operacional número um no mercado.
foco estratégico de negócio e constante inovação de produto. 0 Google cria e distribui seus produtos gratuitamente, o que. por
Ao se expandir para a tecnologia móvel, o Googje rapidamente as
sumiu a liderança em propaganda móvel com 75% da participação de
sua vez, tem atraído uma série de anunciantes que buscam espaço
mercado para anúncios de busca e aproximadamente 50% para todos
de propaganda segmentado on-line. Cerca de 96% de suas receitas
os anúncios em dispositivos móveis. Em 2012, o Google ingressou na
provêm desse tipo de propaganda, o que significa que criar um novo
categoria de dispositivo móvel ao adquirira Motorola e lançou o Nexus 7,
espaço de propaganda é fundamental para o crescimento do negócio.
um tablet elegante que compete diretamente com o iPad e o Kindle.
0 Google vende espaço de comunicação em suas páginas de busca
À medida que olha para o futuro, a empresa quer oferecer a solução
por meio de um programa chamado AdWords. que está vinculado a
móvel definitiva: seus dispositivos móveis associados a serviços móveis
palavras-chave específicas. Centenas de milhares de empresas usam
para que os usuários possam acessar o Google o tempo todo.
o AdWords comprando anúncios de busca', que são pequenas caixas
0 objetivo do Google é alcançar o máximo possível de pesso
de texto mostradas ao lado dos resultados relevantes da pesquisa e
as na web, seja por PC, seja por dispositivos móveis. Quanto mais
pelos quais os anunciantes pagam somente quando são clicados pe
usuários, mais propaganda ele pode vender. Os novos produtos da
los usuários. 0 Google também executa um programa de comunicação
empresa também realizam esse objetivo e tomam a experiência
chamado AdSense. que permite a qualquer site da web exibir anúncios
mais personalizada.
segmentados do Google que sejam relevantes para o conteúdo de seu
0 Google tem desfrutado de grande sucesso como empresa e mar
site. Os publicadores dos sites ganham dinheiro sempre que seus visi
ca desde seu lançamento. Desde o início, tem se esforçado em ser um
tantes clicam nesses anúncios.
dos ‘mocinhos’ no mundo corporativo, apoiando um ambiente de tra
Além de oferecer espaços virtuais de primeira linha para os anun
balho sensível, fortemente ético e o famoso slogan Don't Be Evil (Não
ciantes, o Google agrega valor fornecendo ferramentas para direcionar
seja mau). Atualmente, o Google detém uma participação de 65% no
melhor seus anúncios e entender a eficácia de seu marketing. O Google
mercado de busca dos Estados Unidos, sigmficativamente maior do que
Analytics, por exemplo, é gratuito para os anunciantes da empresa e for
a Microsoft com 17%, e o Yahoo I. com 15%. Do ponto de vista global,
nece um relatório personalizado detalhando como os usuários de internet
tem uma vantagem dominante com 85% de participação de mercado em
encontraram o site, quais anúncios eles viram e/ou em quais clicaram,
comparação com os 8% do Yahoo! e os 3% da Microsoft. As receitas do
como se comportaram durante a navegação e quanto tráfego foi gerado.
Google chegaram a US$ 59 bilhões em 2013 e a empresa foi classificada
Com sua capacidade de arregimentar dados que permitem atuali
como a segunda marca mais poderosa do mundo com um valor de marca
zações em tempo real em um programa de marketing na web, o Google
de US$ 107 bilhões. Além disso, sua capitalização de mercado de US$
sustenta um estilo de marketing no qual os recursos e o orçamento de
400 bilhões em 2014 impediram empresas como Walmart e Microsoft de
propaganda podem ser constantemente monitorados e otimizados. Essa
se tomarem a segunda empresa mais valiosa do mundo.
abordagem é chamada de gestão de ativos de marketing', defendendo
que a propaganda deve ser administrada como os ativos em uma cartei ra, dependendo das condições de mercado. Em vez de seguir um plano
de marketing desenvolvido com meses de antecedência, as empresas
Questões 3. Com um portfolio tão diverso quanto o do Google, quais são os principais valores de marca da empresa?
utilizam dados coletados em tempo real sobre suas campanhas para oti
mizar a eficácia da campanha e ser mais sensível ao mercado. Desde seu lançamento, o Google expandiu-se muito além de seus mecanismos de busca com vários outros produtos, aplicativos e
ferramentas que beneficiam tanto os consumidores como as empre sas. O objetivo por trás de cada produto consistia em auxiliar os usu ários a encontrar as informações de que necessitavam e ajudá-los
a conseguir que as coisas fossem feitas melhor, mais rápido e mais fácil do que nunca. Atualmente, o amplo leque de produtos Google
recai nas seguintes categorias: Web (Web Search, iGoogle, Google Chrome). Mobile (Mobile, Search for Mobile. Maps for Mobile), Media (Picasa. Google Play, YouTube.com, adquirida em 2006 por US$1,65
bilhão), Geo (Earth, Maps). Home & Office (Docs. Gmail. Calendar).
4. Qual deve ser o próximo passo do Googje? A empresa está fazen do a coisa certa ao colocar tanto foco no segmento móvel? Fonte: . Acesso em: 6 abc 2018.: TAYLOR. Catherine P Google Flex. Adweek. 20 mar. 2006 (matéria de capa): KARPINSKI. Richard. Keywords. Analytics Help Define User lifetime Value. AdvertisingAge. p. S2,24 abr. 2006: GOROG. Danny. Survival Guide. Herald Sun. 29 mar. 2006: SCHLOSSERJuie. Googe. Fortune, p. 168-69. 31 out. 2005: GRAHAM, Jefferson. Googe's Profit Sails Past Expectations. USA Today. 21 out 2005: FROMMER. Dan. Googe’s Android Mobile Platform Is Getting Huge. Advertising Age. 8 out 2009; CHANG. Rita. Google Set fo' Richer Advertising on Sm aexones. Advertising Age. 5 out 2009: comScore Releases September 2012 US. Search Engne Rankings, comScore.com. 11 out. 2012: MILLER, Claire Cain. As Google Changes. Its Revenue Keeps Rising. The New York Times, 19 jul. 2012; FARZAD, Roben. Googe at S 400 Billion: A New No. 2 in Market Cap. Bloomberg Businessweek. 12 fev. 2014.
MARKETING PARA NOVAS REALIDADES
CAPÍTULO 1
35
ESTUDO DE
Metamorfoses em curso Uma geração de novos consumidores acostumados com o compartilha
baaar músicas da internet e acrescenta: "Trata-se de se livrar da ideia
mento de carros, bicicletas e lava-roupas e com o streaming de filmes e
de possuir um item: a coleção é ótima para jovens de 20 e poucos anos
músicas está revolucionando as formas de negócio. Empresas habitua
em seu primeiro apartamento". (KURUTZ. 2018.)
das com a tradicional relação compra-venda estão reconsiderando os parâmetros do relacionamento entre empresa e consumidor. Consumi
A Kamarq tem planos para expandir a linha, incluindo sofás e ou tras peças, e talvez ampliar a gama de cores com tons de madeira.
dores jovens já não têm a mesma necessidade de posse dos seus pais,
A empresa, que atende a pelo menos duas fortes tendências do
como o sonho da casa própria, do primeiro carro e do emprego fixo. Ao
mercado (desapego de posse e ausência de loja física - com móveis
mesmo tempo, a conconéncia do varejo on-line e os altos aluguéis vêm
que exigiam grandes espaços de exposição, encarecendo os aluguéis),
inviabilizando a estratégia de empresas que expunham produtos em
está bastante próxima de romper um paradigma em um mercado extre
shoppings e lojas de rua.
mamente tradicional.
Começam a surgir negócios que eram inimagináveis há pouco
tempo, como o da Kamarq. empresa japonesa que vende cadeiras,
Questões
mesas e prateleiras, entre outras peças de mobília, por pouco mais que
o preço de uma camiseta de algodão.
A empresa criou um serviço por assinatura similar ao da Netflix
- por cerca de cinco dólares mensais, envia móveis a residências e salas comerciais. Ao final de cada período de assinatura (seis meses
1. Um negócio como a Kamarq é viável no Brasil? Sob quais condições?
2. Negócios como a da Kamarq podem inspirar empreendedores bra
sileiros em seus novos negócios? Dê exemplos.
ou um ano), o cliente pode trocar o produto por outro ou ficar com ele. Por exemplo, a assinatura de US$ 5 mensais dá direito ao uso
Autores
de uma prateleira em um plano de 12 meses, entregue pela FedEx,
Ana Akemi Ikeda: professora titular da Universidade de São Paulo
enquanto outras peças podem requerer planos que custam em tomo
(USP). Possui graduação, mestrado e doutorado em administração de empresas pela mesma instituição. É líder da área de marketing da FEA/
de US$ 18 ao mês.
A empresa japonesa Kamarq tem o nome derivado das palavras
USP e coordenadora de projetos da Fundação Instituto de Administra
‘minha sala’, da língua indonésia, e permite aos clientes alugar mobília
ção (FIA). Estudou na Loyola University, LA: na Thunderbird. AZ; e em
de design em módulos (que podem ser rearranjados de forma a propi
Harvard. MA. todas nos Estados Unidos: e em Essec, na França.
ciar diversas utilidades e estilos), feita por materiais 100% reciclados e sustentáveis e por preços surpreendentemente baixos (inferiores aos da sua concorrente Ikea). A princípio, a coleção inclui cadeiras, prateleiras
e estantes de cores vivas, como amarelo e pink.
As mobílias foram criadas pelos estilistas Nicola Formichetti e PJ Mattan. Formichetti é de ascendência italiana e japonesa, sendo co nhecido por seus trabalhos na indústria da moda, como Diesel, Mugjer
e Uniqto. Formichetti é um ávido colecionador de móveis vintage, sendo ele mesmo designer de estrelas famosas, como Lady Gaga. PJ Mattan é
belga, mora em Nova York e atua como diretor de criação de marcas de moda famosas. Ele questiona: “Por que sua casa tem de ter a mesma aparência por cinco anos?’. Mattan acredita que os móveis da empresa
atraiam uma geração acostumada a compartilhar carros (carona) e a
Marcos Cortez Campomar professor titular sênior da Universidade de São Paulo (USP). Possui mestrado e doutorado em administração de empresas,
além de graduação em economia, pela mesma instituição. É coordenador de projetos da Fundação Instituto de Administração (RA); ex-diretor da FEA/ USP de Ribeirão Preto; e autor de diversos artigos e livros de marketing.
Fontes: KURUTZ. Steven. How to Furnish Your Apartment for $ 5. The New York Ti mes. 16 maio 2018. Disponível em: . Acesso em: 3 out 2018; MARTI. Si las. Boom do comerco virtual esvazia corredores de compras em Nova York. Folha de São Paulo. 27 maio 2018. Mundo. A20: MUNRO. Cait This Company Wants to Be the Rent the Runway of Furniture. Refinery29,15 maio 2018. Disponúel em: . Acesso em: 3 out 2018.
PARTE 1: 0 que é administração
de marketing
2 Elaboração de estratégias e planos de marketing
CAPÍTULO
Neste capítulo, abordaremos as seguintes questões: 1.
Como o marketing afeta o valor para o cliente?
2.
Como o planejamento estratégico é executado
no nível corporativo e no nível de divisão? 3.
Como o planejamento estratégico é executado no nível de unidade de negócio?
4.
Em que consiste o plano de marketing?
k.
Desenvolver a estratégia certa de marketing ao longo do tempo requer uma combinação de disciplina e flexibilidade. As empresas devem se ater a uma estratégia sem deixar de aprimorá-la constantemente. O cenário atual de marketing muda rapidamente e identificar as
melhores estratégias de longo prazo é crucial, embora seja desafiador, como descobriu a HR1
Uma verdadeira pioneira em tecnologia, a Hewlett-Packard (HP)
Este capítulo começa pelo exame de algumas das implicações do
enfrentou muitas dificuldades nos últimos anos, culminando em
marketing estratégico envolvidas na criação de valor para o cliente.
um enorme encargo trimestral de mais de USS 9,5 bilhões
Analisaremos diversas perspectivas sobre planejamento e descrevere
em 2012, o maior de sua história. Desse total, USS 8 bilhões
mos como traçar um plano de marketing formal.
foram uma depreciação (write-down) no valor de sua unidade
de serviços de II. como resultado da desastrosa aquisição da EDS. A receita da unidade caiu quando os clientes pararam de
assinar grandes contratos de longo prazo em terceirização, os quais estavam no centro do modelo de negócios da unidade.
Uma disputa com a Oracle, entre outros fatores, prejudicou as
vendas de grandes servidores da HP para clientes empresariais.
Em um mercado maduro, com poucos bons novos produtos, as vendas de PC diminuíram tanto que a empresa anunciou
sua saída do negócio. As vendas de impressoras e cartuchos de tinta também caíram, à medida que os consumidores passa
ram a imprimir menos. A ex-CEO Meg Whitman então reforçou a ênfase em design, reorganizando o grupo de PCs em busca de uma sensibilidade mais limpa e minimalista. Admitindo que a
empresa ainda não tinha uma estratégia para telefones celula
res. Whitman reconheceu que havia muito trabalho a ser feito.
Marketing e valor para o cliente A missão dc qualquer negócio c fornecer valor ao cliente, sem abrir mão do lucro. Uma em presa somente vencerá se ajustar o processo de entrega de valor e selecionar, proporcionar e
comunicar um valor superior para consumidores cada vez mais bem informados.
O PROCESSO DE ENTREGA DE VALOR A visão tradicional — porém obsoleta — de marketing é a de que uma empresa cria alguma coi sa para então vendê-la, com o marketing tomando lugar no processo de venda. As organizações
que adotam essa visão tém mais chances de sucesso em economias caracterizadas pela escassez
38
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING dc bens, nas quais os consumidores não fazem questão dc qualidade, recursos ou estilo — co caso, por exemplo, dos itens de primeira necessidade nos mercados emergentes.
Em economias constituídas por pessoas de diferentes perfis, em que cada uma delas tem
seus próprios desejos, percepções, preferências e critérios de compra, o concorrente inteligente deve conceber e entregar suas ofertas para mercados-alvo bem definidos. Essa crença inspirou
uma nova visão dos processos dc negócios ao colocar o marketing no início do estágio dc pla nejamento. Em vez de enfatizar o fazer e o vender, as empresas passaram a se considerar como
parte do processo de entrega de valor. Podemos dividir a sequência de criação e entrega de valor em três fases.” Em primeiro lugar,
selecionar o valor representa a ‘lição de casa’ que o marketing deve fazer antes da criação de qualquer produto. Os profissionais da área devem segmentar o mercado, selecionar o mercado-alvo adequado e desenvolver o posicionamento de valor da oferta. A fórmula ‘segmentação, seleção dc alvo (targeting), posicionamento (STP)’ c a essência do marketing estratégico. A
segunda fase consiste em fornecer o valor. O marketing deve determinar as características es
pecíficas, o preço c a distribuição do produto. A tarefa da terceira fase é comunicar o valor utilizando internet, propaganda, força de vendas e outras ferramentas de comunicação para
anunciar e promover o produto. O processo de entrega de valor começa antes da criação de um produto c continua ao longo dc seu desenvolvimento c após seu lançamento no mercado. Cada
uma dessas fases acarreta custos.
A CADEIA DE VALOR Michael Porter, de Harvard, propôs a cadeia de valor como uma ferramenta para identificar
as maneiras pelas quais se pode gerar mais valor para o cliente.3 De acordo com esse modelo, toda empresa consiste cm uma síntese dc atividades executadas para projetar, produzir, co
mercializar, entregar e dar suporte a um produto. A cadeia de valor identifica nove atividades
estrategicamente relevantes — cinco primárias e quatro de apoio — que criam valor e custo em
um determinado negócio. As atividades primárias são: (1) logística interna — levar materiais para dentro da empresa; (2) operações — converter os materiais cm produtos finais; (3) logística externa — expedir os produtos finais; (4) marketing — incluindo vendas; e (5) serviço. Departamentos especializados cuidam das atividades de apoio: (1) compras; (2) desenvolvimento de tecnologia; (3) gestão de
recursos humanos c (4) infraestrutura organizacional. (A infraestrutura inclui custos dc admi nistração geral, planejamento, finanças, contabilidade e assuntos jurídicos e governamentais.)
A tarefa da empresa é examinar seus custos e seu desempenho em toda atividade que gere valor,
fazer benchmarking com os concorrentes e buscar meios de melhorar. Gestores podem identificar as ‘melhores práticas', empregadas pelas melhores empresas do mundo, ao consultar clientes, forne
cedores, distribuidores, analistas financeiros, associações comerciais e a mídia para verificar quem parece fazer o melhor trabalho. Até as melhores empresas podem recorrer ao benchmarking — se
necessário, em outros setores — para melhorar seu desempenho. A GE usou a P&G como padrão de referência (benchmark), além de desenvolver suas próprias melhores práticas.4
O sucesso da empresa depende não só do grau de excelência com que cada departamento desempenha seu trabalho, mas também do grau de excelência com que as diversas atividades
departamentais são coordenadas para conduzir os processos centrais de negócios * São eles:
I
Processo de compreensão do mercado. Coletar e agir com base em informações sobre o
I
Processo de desenvolvimento de nova oferta. Pesquisar, desenvolver e lançar produtos de
mercado.
alta qualidade, com rapidez e dentro do orçamento.
I
Processo de conquista de clientes. Definir mercados-alvo e prospectar novos clientes.
I
Processo de gestão de relacionamento com clientes. Desenvolver compreensão aprofunda da, relacionamentos e ofertas para cada cliente.
I
Processo de gestão do pedido. Receber e aprovar pedidos, expedir pontualmente as merca
dorias c cobrar o pagamento.
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING
CAPÍTULO 2
39
Empresas sólidas tem reestruturado seus fluxos dc negócios c criado equipes multidisciplinares responsáveis pelo gerenciamento de cada processo.6 A Ford formou uma equipe mul tifuncional para ajudar a reduzir em 30% o uso de água por veículo.' Empresas como AT&T, LexisNexis e Pratt & Whitney reorganizaram sua força de trabalho em equipes multidisciplinares. Equipes desse tipo também são encontradas em organizações sem fins lucrativos e órgãos
governamentais.8
Uma empresa deve igualmente buscar vantagens competitivas fora de suas operações, nas cadeias de valor de seus fornecedores, distribuidores e clientes. Atualmente, é comum as em
presas firmarem parcerias com fornecedores e distribuidores para criar uma rede para entrega de valor, também denominada cadeia de suprimento.
COMPETÊNCIAS CENTRAIS As empresas hoje terceirizam recursos menos essenciais, quando estes podem ser adquiridos
fora da organização com melhor qualidade ou a custos mais baixos. O importante é deter a
propriedade e cuidar dos recursos e das competências que constituem a essência do negócio.
Muitas indústrias têxteis, químicas e de informática/eletrônicos usam fabricantes de outros países e concentram suas atividades em design, desenvolvimento e marketing, ou seja, suas
competências centrais. Podemos dizer que a competência central possui três características: (1) é uma fonte de vantagem competitiva, uma vez que contribui de maneira significativa para
os benefícios percebidos pelos clientes; (2) tem aplicações em uma grande variedade de merca dos e (3) é difícil de ser imitada pelos concorrentes. A vantagem competitiva também está associada a competências distintivas ou de excelência em processos de negócios mais amplos. Para George Day, da Wharton School, as organizações
orientadas para o mercado têm excelência cm três competências distintivas: inteligência de mercado, proximidade do cliente e vínculo com o canal de distribuição.9 Em relação à inteli
gência de mercado. Day acredita que grandes oportunidades e ameaças muitas vezes começam
como ‘sinais fracos’ da ‘periferia’ de um negócio.10 Ele propõe um processo sistemático para
desenvolver a visão periférica com base em três perguntas relacionadas a: aprender com o pas
sado, avaliar o presente c vislumbrar o futuro. As empresas podem precisar realinhar-se para maximizar as competências essenciais. Um rea-
linhamento organizacional segue trés etapas: (1) (re)definir o conceito ou ‘grande ideia’ do negó cio, (2) (rc)modelar o escopo dc negócios c (3) (rc)posicionar a identidade dc marca da empresa. A Peabody Energy implementou uma nova estrutura de organização global — criando unidades
de negócio nas Américas, na Austrália e na Ásia — para refletir a pegada de seu crescimento glo bal.11 As mudanças nas fortunas empresariais muitas vezes exigem o realinhamento e a reestrutu ração, como constataram a Panasonic e outras empresas japonesas eletrônicas e de tecnologia.12
Crédito: Alberto CrUot«ri/*3/nm*to/Rodu
->
Planejamento corporativo X ▼ Planejamento de divisão ♦ Planejamento de unidade de negócio
->
Organização
X ▼ Implementação
Controle
-►
Mensuração de resultados
1
Diagnóstico de resdtados I
▼ Ações corretivas
^Planejamento de produto
42
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
Planejamento estratégico corporativo e em nível de divisão Seja deixando a cargo de suas unidades de negócio a definição de seus próprios objetivos e estraté
gias, seja colaborando com isso, toda matriz corporativa realiza quatro atividades de planejamento: 1.
Definição da missão corporativa.
2.
Estabelecimento de unidades estratégicas de negócio (UEN).
3.
Alocação de recursos a cada UEN.
4. Avaliação dc oportunidades dc crescimento.
Examinaremos sucintamcntc cada um desses processos.
DEFINIÇÃO DA MISSÃO CORPORATIVA Uma organização existe para realizar algo: fabricar automóveis, emprestar dinheiro, fornecer
hospedagem. Com o tempo, a missão pode mudar para que novas oportunidades sejam apro veitadas ou para que mudanças nas condições do mercado sejam atendidas. A Amazon.com mudou sua missão: a empresa que queria ser a maior livraria on-line do mundo, agora quer se tornar a maior loja on-line do mundo. O eBay ampliou sua missão de leilões on-line destinados
a colecionadores para leilões eletrônicos com todos os tipos de mercadoria. E a Dunkin’ Donuts mudou sua ênfase dc donuts para café. Para definir sua missão, uma empresa deve responder às clássicas perguntas de Peter
Drucker:13 Qual é o nosso negócio? Quem é o cliente? O que tem valor para o cliente? Qual será
nosso negócio? Como deveria ser nosso negócio? Essas perguntas aparentemente simples estão
entre as mais difíceis que uma organização terá de responder. DEFINIÇÃO DO NEGÓCIO É comum as empresas se definirem em termos de produtos: estão no
‘negócio de automóveis’ ou no ‘negócio de vestuário’. As definições de mercado, no entanto, des crevem o negócio como um processo de satisfação do cliente. Os produtos são transitórios, mas as
necessidades básicas c os grupos dc clientes são eternos. O transporte c uma necessidade: o cavalo
A Steelcase conquistou muito sucesso ao redefinir seu negócio como mais do que mtxeis de escritóno.
e a carruagem, o automóvel, o trem, o avião, o navio e o caminhão são produtos que atendem a essa necessidade. Vejamos como a Steelcase aborda a definição de mercado para seu negócio.1 ’
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING
CAPÍTULO 2
43
STEELCASE Fabricante dos móveis de es
escolas e centros de saúde)". A Steelcase
café, incentivando seus funcionários a fazer
critório mais vendidos do mundo, a Steel-
conta com uma equipe de pesquisa com
brainstorming e colaborar entre si. Hackett
case descreve-se como a “líder global em
posta por 23 pessoas com o objetivo de
define essa tendência como a passagem de
fornecer experiência de trabalho em am
obter conhecimento e realizar entrevistas e
uma mentalidade ‘eu/fixa’ para nós/mó-
bientes de escritório". Segundo seu ex-CEO
pesquisas, filmar atividades em escritórios e
vel’. Aumentar o desempenho é o objetivo
James Hackett, a definição ampla de seus
usar sensores para medir como os trabalha
principal da empresa. Caso perceba que
negócios “permitiu que muitas das grandes
dores usam os ambientes e o mobiliário. As
isso vai deixar os trabalhadores mais felizes
percepções que tivemos sobre o trabalho
empresas têm adquirido menos cabines e
e mais produtivos, a Steelcase pode con
fossem transferidas para além do escritório
armários para arquivo, por exemplo, e mais
vencer um cliente a modernizar e atualizar
(para os ambientes de escritórios em casa.
bancos, mesas e assentos para salas de
seus móveis de escritório.
Analisar negócios sob o enfoque das necessidades dos clientes pode sugerir novas oportu nidades de crescimento. A Tabela 2.2 apresenta uma lista de empresas que migraram de uma
orientação de produto para uma visão de mercado ao definir seu negócio.
Tabela 2.2 Definições de negócio por produto e por mercado Empresa
Definição por produto
Definição por mercado
Union Pacific Railroad
Operamos uma ferrovia
Transportamos pessoas e mercadorias
Xerox
Fabricamos copiadoras
Ajudamos a aumentara produtividade de escritórios
Hess Corporation
Vendemos gasolina
Fornecemos energia
Paramount Pictures
Fazemos filmes
Promovemos entretenimento
Encyclopaedia Britannica
Vendemos enciclopédias
Distribuímos informação
Carrier
Fabricamos aparelhos de ar-condicionado e aquecedores
Fornecemos controle climático residencial
A definição de mercado-alvo tende a focar a venda de um bem ou serviço em um mercado
corrente. O mercado-alvo da Pepsi pode ser definido como todos os que tomam refrigerantes; e, portanto, seus concorrentes seriam outras empresas que fabricam bebidas desse tipo. A definição de
mercado estratégico, por outro lado, concentra seu foco também no mercado potencial. Se a Pepsi considerasse todos os que bebem algo para matar a sede, entre seus concorrentes estariam empresas
que fabricam outros tipos de refrigerante, além de água mineral, suco, chá e café. DEFINIÇÃO DA MISSÃO CORPORATIVA Uma declaração de missão clara e criteriosa, desenvol
vida de forma colaborativa e dividida entre gestores, funcionários e, muitas vezes, clientes, for
nece um senso compartilhado de propósito, direção e oportunidade. As melhores declarações de missão são aquelas guiadas por uma visão, uma espécie de ‘sonho impossível’, que proporciona
à empresa um direcionamento para os próximos 10 a 20 anos. Akio Morita, ex-presidente da Sony, queria que todos tivessem acesso a um ‘aparelho de som pessoal’; assim, sua empresa criou
o Walkman e o Discman. Fred Smith queria entregar correspondências em qualquer lugar nos
Estados Unidos antes das 10h30 da manhã seguinte; assim, criou a Federal Express (FedEx).
Boas declarações de missão apresentam cinco características principais.
1.
Concentração em um número limitado de metas. Compare uma vaga declaração de missão
como “criar valor total de marca, inovando para oferecer valor e liderança ao cliente de forma mais rápida e mais completa do que a nossa concorrência” à declaração de missão
ambiciosa, porém com mais foco, do Google: “organizar as informações do mundo e lorná-las universalmente acessíveis e úteis”. 2.
Ênfase em políticas e valores fundamentais da empresa. Estreitar o conjunto de critérios
exigido para cada indivíduo possibilita aos funcionários atuar de maneira consistente em
questões importantes. 3.
Definição das principais esferas competitivas dentro das quais a empresa pretende ope
rar. A Tabela 2.3 sintetiza algumas das principais dimensões competitivas das declarações
de missão.
44
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING 4.
Visão de longo prazo. A administração dc uma empresa deve mudar sua missão somente quando ela deixa de ser relevante.
5.
Curtas, memoráveis e significativas. O consultor de marketing Guy Kawasaki defende o desenvolvimento de mantras corporativos de três a quatro palavras em vez de declarações
de missão como “enriquecer a vida das mulheres”, adotada pela Mary Kay.15
Tabela 2.3 Como definir o território competitivo e as fronteiras em declarações de missão
I
Esfera setorial. Algumas empresas operam em um único setor, outras, apenas em um conjunto de setores relacionados; há ainda aquelas no setor de bens industriais, bens de consumo ou de serviços e também as
que atuarão em qualquer setor.
I A Caterpillar concentra-se no mercado industrial; a John Deere opera nos mercados industrial e de consumo. I
Esfera de produtos e aplicações. As empresas definem o leque de produtos e aplicações que vão fornecer.
I
A missão da St. Jude Medicai é 'desenvolver tecnologia e serviços médicos que coloquem mais controle nas mãos daqueles que tratam pacientes cardíacos, com problemas neurológicos ou doenças crônicas, em todo o mundo. Fazemos isso porque nos dedicamos a promover a prática da medicina, reduzindo o
risco sempre que possível e contribuindo para resultados eficazes a cada paciente'.
I
Esfera de competência. A empresa identifica a gama de competências tecnológicas e outras centrais que dominará e potencializará.
I
A japonesa NEC formou suas competências centrais em computação, comunicações e componentes de suporte à produção de laptops, TVs e celulares.
I
Esfera de segmento de mercado. 0 tipo de mercado ou de clientes que a empresa atenderá é seu segmento de mercado.
I
A Aston Martin fabrica somente carros esportivos de alto desempenho. A Gerber especializou-se em
produtos para bebê.
I
Esfera vertical. 0 número de níveis de canais dos quais a empresa participará, desde a matéria-prima até o produto final e a distribuição.
I
Em um extremo estão as organizações com grande escopo vertical. A American Apparel tinge, desenha, cos tura, comercializa e distribui sua ínha de roupas a partir de um único endereço no centro de Los Angeles.16
I
No outro extremo ficam as corporações virtuais’ que terceirizam a produção de praticamente todos
os bens e serviços. 0 jornal Metro é publicado em 56 edições, distribuído em 22 países e lido por mais de 17 milhões de pessoas diariamente. Emprega poucos jornalistas e não possui nenhuma
máquina de impressão; em vez disso, compra seus artigos de outras fontes de notícias e terceiriza toda a parte de impressão e grande parte de sua distribuição.17 I
Esfera geográfica. A gama de regiões, países ou grupos de países em que a organização atuará define sua esfera geográfica.
I Algumas empresas operam em uma cidade ou estado específico. Outras são multinacionais, como a
A Metro lercetua grande parte de sua produção e suas operações nos dsçrsos jornais que puUica ao redor do mundo.
Deutsche Post DHL e a Royal Dutch/Shell. presentes em mais de 100 países.
ESTABELECIMENTO DE UNIDADES ESTRATÉGICAS DE NEGÓCIO Normalmente as grandes empresas administram negócios bastan te diversos, cada qual exigindo sua própria estratégia. Houve um tempo em que a General Electric classificava seus negócios em 49
unidades estratégicas dc negócio (UENs). Uma UEN tem três características:
1. É um negócio único ou uma coleção dc negócios relacionados que podem ser planejados separadamente do restante da empresa.
2. Tem seu próprio universo dc concorrentes. 3. Possui um gerente responsável pelo planejamento estratégico e de sempenho da rentabilidade, controlando a maioria dos fatores que afetam o lucro.
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING O objetivo dc identificar as unidades estratégicas dc negócio dc uma empresa consiste cm desen
volver estratégias separadas e alocar recursos adequados. A alta administração sabe que seu portfolio
de negócios costuma incluir alguns ‘antigos sucessos’ ao lado das ‘promessas do amanhã’.
ALOCAÇÃO DE RECURSOS A CADA UEN18 Uma vez que tenha definido as UENs, a administração deve decidir como alocar os recursos da
empresa a cada uma delas. A Matriz GE/McKinsey classifica cada UEN pela força de sua vanta
gem competitiva e pela atratividade de seu setor de atuação. A gerência pode optar por crescer, ‘colher’/desinvestir ou manter o negócio. Outro modelo, a Matriz BCG (Boston Consulting
Group), utiliza a participação relativa de mercado e a taxa anual de crescimento de mercado
como critérios para a tomada de decisões de investimento, classificando as UENs como abaca xis (produtos problemáticos), vacas leiteiras (produtos geradores dc caixa),pontos de interroga
ção (produtos que são incógnitas) e estrelas (produtos promissores). Modelos de planejamento de portfolio como esses caíram em desuso por serem considera
dos simplistas e subjetivos. Novos métodos tomam por base a análise de valor para o acionista
e questionam se o valor de mercado de uma empresa é maior com uma unidade de negócio ou sem ela (se for vendida ou desmembrada). Esses cálculos de valor avaliam o potencial de um
negócio com base em oportunidades de crescimento decorrentes de expansão global, reposicio
namento ou redirecionamento e terceirização estratégica.
AVALIAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE CRESCIMENTO A avaliação de oportunidades de crescimento envolve o planejamento de novos negócios, assim
como a redução ou a extinção dc negócios obsoletos. Sc houver uma lacuna entre as vendas futuras desejadas e as vendas projetadas, a administração corporativa terá de desenvolver ou
adquirir novos negócios para preenchê-la.
A Figura 2.2 ilustra essa lacuna dc planejamento estratégico no caso dc um grande fabri cante fictício de DVDs graváveis, a que chamaremos de Cineview. A curva inferior projeta as vendas esperadas ao longo dos próximos cinco anos para o portfolio atual de negócios da
empresa. A curva superior descreve as vendas desejadas no mesmo período. Evidentemente, a
empresa quer crescer muito mais rápido do que seus negócios atuais permitem. Como ela pode
preencher essa lacuna de planejamento estratégico?
Figura 2.2 Lacuna de planejamento estratégico
Vendas desejadas
Ctesc«nentoP«'‘’ereificaÇâ0
Lacuna de planejamento estratégico
Crescimento integrado
Crescimento intensivo
0
1
2
3
4
5
Tempo (anos)
A primeira opção é identificar oportunidades dc crescimento dentro dos negócios atuais (oportunidades de crescimento intensivo). A segunda é identificar oportunidades para desen
volver ou adquirir negócios relacionados aos atuais (oportunidades de crescimento integrado). A terceira c identificar oportunidades para agregar negócios atraentes não relacionados aos atuais (oportunidades de crescimento por diversificação).
CAPÍTULO 2
45
46
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING CRESCIMENTO INTENSIVO O primeiro curso dc ação da gerencia corporativa deve ser analisar
como o desempenho dos negócios existentes pode melhorar. Uma estrutura útil para detectar novas oportunidades de crescimento intensivo é a ‘matriz de expansão produto-mercado’, que
leva em conta as oportunidades de crescimento estratégico no que se refere a produtos e mer
cados novos e aluais. Em primeiro lugar, a empresa verifica se pode ter maior participação de mercado com seus produtos atuais e em seus mercados atuais, usando uma estratégia de penetração de mercado. A
seguir, examina se pode encontrar ou desenvolver novos mercados para seus produtos atuais
por meio de uma estratégia de desenvolvimento de mercados. Então, avalia se pode desenvolver novos produtos de interesse potencial para seus mercados atuais, usando uma estratégia de desenvolvimento de produtos. Posteriormente, verifica também oportunidades de desenvolver
novos produtos para novos mercados por meio de uma estratégia de diversificação. Veja como
a ESPN aplicou as oportunidades dc crescimento (Figura 2.3).19
Figura 2.3 Oportunidades de crescimento da ESPN
Walt Disney
ESPN Por seu foco exclusivo em programa
restaurantes (ESPN Zone), mais de 600 afilia
mais de 200 países e territórios espalhados por
ção e noticiário esportivo, a ESPN tomou-se o
das locais de rádios, filmes e séries de televisão
sete continentes. Agora de propriedade da The
maior nome do esporte. No início da década
originais, publicação de livros, um negócio de
Walt Disney Company, a ESPN fatura US$ 9,4
de 1990, a empresa elaborou um plano bem
venda de mercadorias por catálogo e comércio
bilhões por ano. representando três quartos das
criterioso: estaria presente onde quer que fãs
eletrônico, música, videogames e um serviço
receitas de rede a cabo da Disney. No entanto,
de esportes assistissem, lessem e discutissem
para celulares. A ESPN International possui,
talvez o maior tributo ao poder de sua marca
esportes. Da perseguiu essa estratégia expan
pardal ou integralmente. 47 redes de TV fora
tenha vindo de um entrevistado em um grupo
dindo sua marca e atualmente abrange dez ca
dos Estados Unidos e uma variedade de ou
de discussão: ‘Se a ESPN fosse uma mulher,
nais a cabo, um site, uma revista, uma rede de
tros negócios que atingem fãs de esportes em
eu me casaria com ela".
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING
CAPÍTULO 2
47
Crrtdtot FSPN I
0 progama carro-chefe da ESPN. SpottsCerfef. é o âncora de sua rede de televisão e de sens negõoos esporthos correlates.
Afinal de contas, como a Cineview pode utilizar as três principais estratégias dc crescimento
intensivo mencionadas para aumentar suas vendas? Ela pode incentivar seus clientes a com prar mais demonstrando os benefícios de usar DVDs para armazenamento de dados, além de gravação dc vídeos. Pode também atrair clientes da concorrência, caso observe pontos fracos
relevantes em seus produtos ou programas de marketing. Por último, a Cineview pode tentar
convencer os não usuários de DVDs a começar a utilizá-los.
Como a Cincvicw pode usar uma estratégia dc desenvolvimento de mercado? Primeiro, ela pode tentar identificar potenciais grupos de usuários nas áreas de vendas atuais. Se a em presa tem vendido DVDs apenas para mercados consumidores, pode prospcctar os mercados
de escritórios e fábricas. Segundo, pode procurar outros canais de distribuição acrescentando comercialização cm massa ou canais on-line. Terceiro, a empresa pode vender cm novos locais cm seu país de origem ou no exterior.
A administração pode ainda considerar possibilidades de novos produtos. A Cineview pode
desenvolver novos recursos para as mercadorias que fabrica, tais como maior capacidade dc armazenamento de dados ou durabilidade. Pode oferecer DVDs em dois ou mais níveis de
qualidade ou pesquisar uma tecnologia alternativa, como a dosflash drives.
Essas estratégias de crescimento intensivo proporcionam várias formas de desenvolvimen to. Contudo, esse crescimento pode não ser suficiente, e a gerência deve avaliar também as
oportunidades de crescimento integrado. CRESCIMENTO INTEGRADO As vendas e os lucros de um negócio podem ser aumentados por meio de integração para trás, integração para frente ou integração horizontal no âmbito de
seu setor de atuação. A Merck formou joint-venture em 1989 com a Johnson & Johnson para vender medicamentos isentos de prescrição; em 1991, fez o mesmo com a DuPont para am
pliar sua divisão de pesquisa básica; e em 1997, associou-se à Rhône-Poulenc S. A. (atualmente Sanofi-Aventis S.A.) para unir suas empresas de saúde animal e genética avícola e formar a
Merial Limited, uma empresa totalmente integrada de saúde animal. Por fim, a Merck adquiriu a Schering-Plough, em 2009.20 Fusões e alianças horizontais nem sempre funcionam. A fusão entre Sears e Kmart não
resolveu os problemas de nenhum dos dois varejistas.21 A Nextel Communications Inc. fiindiu-
-se com a Sprint em 2005 no que os analistas financeiros da Bloomberg chamaram de uma das piores fusões dos últimos 10 anos, em parte devido às suas redes incompatíveis.22 Vejamos os
desafios enfrentados pela United e pela Continental cm sua fusão.23
48
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
UNITED E CONTINENTAL Fusões entre com
logísticos pareciam infinitos porque as duas
pesquisa, chegaram a um consenso - uma
panhias aéreas são notoriamente complica
companhias dirigiam seus negócios de manei
mistura fresca mais leve chamada Journeys
das. carregadas de regulamentos e uma série
ras muito diferentes, desde os procedimentos
mas os clientes não ficaram satisfeitos
de considerações potencialmente conflitantes
de embarque até a forma como os aviões
até a descoberta de que as duas companhias
sobre segurança, custo, estilo, confiabilidade,
eram levados até o portão. Inclusive o café
tinham diferentes filtros para a bebida, e a
conveniência, velocidade e conforto. A fusão
era uma questão espinhosa; a United servia
United estava, na verdade, servindo café ralo.
da United com a Continental fazia sentido es
Starbucks enquanto a Continental usava uma
Novos sachês foram encomendados para re
tratégica e financeiramente, mas os problemas
empresa chamada Fresh Brew. Após extensa
solver o problema.
Uríed e Continental encontraram mais dificuldade na fusão de suas companhias do que simplesmente a necessidade de fundir seus logotipos nos aviões.
As empresas de mídia, por outro lado, têm colhido os benefícios do crescimento integrado
há um bom tempo. Vejamos como a NBC Universal alavancou uma de suas propriedades:24
Após o lançamento do filme Curious George (George, o curioso), em 2006, pela Univer sal Pictures, a versão para TV ioi lançada na PBS Kids em uma produção conjunta entre
Universal Studios Family Productions, Imagine Entertainment e WGBH Boston. Atual
mente, a Universal Studios Hollywood mantém uma atração chamada Adventures of Curious George, em que as crianças podem “ficar ensopadas debaixo de uma divertida
descarga de 1.800 litros de água e soltar milhares de bolas de sabão...”
Como a Cineview pode alcançar um crescimento integrado? Ela pode adquirir um ou mais de seus fornecedores (como os fabricantes de materiais plásticos), para obter maior controle ou gerar mais lucros por meio de integração para trás. Pode também adquirir alguns atacadistas
ou revendedores, sobretudo se forem altamente lucrativos, em uma integração para frente. Por fim, é possível comprar um ou mais concorrentes, desde que o governo não barre essa integra ção horizontal. Essas novas fontes, no entanto, podem ainda não gerar o volume desejado de
vendas. Nesse caso, a empresa deve examinar as possibilidades de diversificação.
CRESCIMENTO POR DIVERSIFICAÇÃO O crescimento por diversificação faz sentido quando
existem boas oportunidades fora dos negócios atuais — o setor é altamente atrativo c a empresa possui a composição de forças necessárias para se sair bem. A partir de sua origem na produção
de filmes de animação, a Walt Disney Company passou a licenciar seus personagens para uso cm bens dc consumo, publicou livros dc ficção sob o selo Hyperion, ingressou no setor televi sivo com um canal próprio, o Disney Channel, adquiriu as redes ABC e ESPN, e desenvolveu parques temáticos c resorts dc férias, além de oferecer experiências dc cruzeiros c cinema.
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING
CAPÍTULO 2
49
Para a Cincvicw, são possíveis vários tipos dc diversificação. Em primeiro lugar, a empresa
pode optar por uma estratégia concêntrica e procurar novos produtos que tenham sinergias tecnológicas e/ou de mercado com as linhas de produtos existentes, embora atraiam o interesse
dc um grupo diferente dc clientes. Assim, a Cincvicw poderia começar a fabricar CDs porque sabe como produzir DVDs ou fabricar flash drives porque sabe como fazer armazenamento
digital. Em segundo lugar, a empresa pode adotar uma estratégia horizontal e produzir estojos plásticos para DVDs, por exemplo, embora isso demande outro processo de manufatura. Por fim, a empresa pode procurar novos negócios sem relação com a tecnologia, com os produtos
ou com os mercados atuais, seguindo uma estratégia de conglomerado. Nesse caso, a Cineview
poderia investir na produção dc software aplicativo ou dc agendas pessoais. DOWNSIZING E ALIENAÇÃO DE NEGÓCIOS ANTIGOS As empresas precisam enxugar, colher’
(maximizar o retomo dc caLxa a curto prazo) ou mesmo abandonar negócios antigos, exau ridos, a fim de liberar recursos para outros usos e reduzir custos. Para se concentrar em suas operações de viagem e cartão de crédito, a American Express desmembrou a American Express
Financiai Advisors, que fornecia seguros, fundos mútuos, consultoria dc investimento e ser
viços de corretagem e gestão de ativos (ela foi renomeada Ameriprise Financial). A American International Group (AIG) concordou em vender duas de suas subunidades — American Ge neral Indemnity Co. e American General Property7 Insurance Co. — para a White Mountains
Insurance Group como parte de uma estratégia de crescimento a longo prazo para descartar ativos redundantes c concentrar-se cm suas principais operações.25
ORGANIZAÇÃO E CULTURA ORGANIZACIONAL O planejamento estratégico é realizado dentro do contexto da organização. A organização de uma empresa consiste em sua estrutura, suas políticas e sua cultura corporativa, que podem se tornar disfuncionais cm um ambiente dc negócios cm rápida transformação. Enquanto a
estrutura e as políticas podem ser alteradas (ainda que com dificuldade), a cultura da empresa
é quase impossível de ser mudada. Muitas vezes, porém, mudar a cultura corporativa é a chave para implementar uma estratégia de sucesso. O que é exatamente uma cultura corporativa? Alguns a definem como “experiências, histó
rias, convicções e normas compartilhadas que caracterizam uma organização”. Basta entrar em qualquer empresa e a primeira coisa que se nota é a cultura corporativa — a maneira como as
pessoas se vestem, como se dirigem umas às outras e como cumprimentam os clientes.
Uma cultura centrada no cliente pode afetar todos os aspectos de uma organização. A En terprise Rent-A-Car apresentou seus próprios funcionários cm sua mais recente campanha de propaganda The Enterprise Way (O jeito Enterprise). Com seu programa de treinamento Making It Right (Fazendo a coisa certa), a Enterprise capacita todos os funcionários a tomar
suas próprias decisões. Um anúncio na campanha, intitulado Fix Any Problem (Solucione qual
quer problema), reforça a forma como qualquer loja local da Enterprise tem autoridade para
tomar medidas que maximizem a satisfação do cliente.26
CiO dlto. Ojtt> I nuuv».
A Enterprise Rent-A-Car é conheoda por sua sólida oJxra corporativa centrada no consumidor.
50
PARTE 1
O QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
INOVAÇÃO EM MARKETING A inovação em marketing é fundamental. Idéias criativas sobre estratégia existem em muitos lugares dentro de uma empresa. A alta gerência deve identificar e encorajar novas idéias de
três grupos pouco representativos: funcionários com perspectivas não definidas ou diversas,
funcionários distantes da sede da empresa e funcionários sem experiência no setor. Cada grupo pode desafiar a ortodoxia da empresa c estimular novas ideias.
A alemã Reckitt Benckiser tem inovado no acomodado setor de produtos de limpeza do
méstica, em que 35% das vendas da empresa provêm de produtos com menos de trés anos de existência.2' Seus profissionais multinacionais são estimulados a conhecer a fundo hábitos dc consumo e são bem recompensados por excelência em desempenho — seu objetivo é gerar
mais de 40% das vendas totais com novos produtos.28 A seção Insight de marketing: Criação de marketing inovador descreve como algumas das maiores empresas abordam a inovação.
CRIAÇÃO DE MARKETING INOVADOR
Quando a IBM pesquisou as prioridades de CEOs e líderes de governo, a inovação do modelo de negócios e a concepção de modos originais
de fazer as coisas pontuaram alto. A própria busca da IBM pela ino vação de seu modelo de negócio acarretou muita colaboração, tanto interna como externa, da parte de empresas, governos e instituições de ensino. 0 CEO na época. Samuel Palmisano, observou como o avan
çado processador Cell, baseado na arquitetura Power da empresa, não teria se materializado sem a colaboração da Sony e da Nintendo, assim como das concorrentes Toshiba e Microsoft
De modo análogo, a Procter & Gamble (P&G) adotou uma meta em
que 50% de seus novos produtos deveríam vir de fora dos labora
tórios da empresa - de inventores, cientistas e fornecedores cujas ideias de novos produtos pudessem ser desenvolvidas intemamente.
Mark Benioff, CEO e cofundador da Salesforce.com, acredita que a chave da inovação é a capacidade de adaptação. Embora a empresa tenha passado anos contando que as ideias revolucionárias viriam de recursos internos, ela adquiriu duas empresas por US$ 1 bilhão por
que "não podia se dar ao luxo de esperar" e acabou comprando 24 delas no total. Como Benioff observa, *a inovação é um continuum. Você tem que pensar em como o mundo tem evoluído e se transfor
exemplos de empresas que tiveram sucesso após executar brilhante
mente uma grande ideia por um longo periodo. Para encontrar ideias inovadoras, algumas empresas recorrem a meios como a imersão de um grupo de funcionários na solução de problemas
de marketing. 0 Value Innovation Program (VIP) da Samsung isola equi pes de desenvolvimento de produto formadas por engenheiros, desig neis e gerentes de planejamento com um cronograma e um prazo final
no centro da empresa ao sul de Seul, na Coréia, enquanto 50 especia listas ajudam a orientar suas atividades. Para facilitar escolhas difíceis,
os membros da equipe desenham ‘cuivas de valor" que classificam atri butos como o som de um produto ou a qualidade de uma imagem em
uma escala de 1 a 5. Para desenvolver um novo carro, a BMW mobiliza especialistas em engenharia, design, produção, marketing, compras e
finanças para seu Centro de Pesquisa e Inovação.
Empresas como Facebook e Google iniciam o processo criativo de solução
de problemas usando a frase ‘Como nós podemos...?". Tim Brown, CEO da IDEO, diz que a empresa pergunta "Como nós podemos...?’ diante de
cada desafio de projeto. "A parte do como’ supõe que existem soluções em algum lugar - da proporciona confiança criativa’, disse Brown. "A parte
do ‘podemos’ diz que podemos expressar ideias que podem funcionar ou não - seja como for, está tudo bem. E a parte do ‘nós’ diz que vamos fazer isso juntos e colaborar com as ideias uns dos outros".
mado. Você faz parte do continuum?' A pesquisa do guru de negócios Jim Collins enfatiza a importância de
Fontes: HAMM, Steve. Innovation: The View from the Top. BusinessWeek. p. 52-
-53, 3 abr. 2006; MCGREGOR, Jena. The Void’s Most Innovative Companies.
uma inovação sistemática, de base ampla: "Estar sempre à procura
BusinessWeek. p. 63-74,24 abr. 2006: KARLGARD. Rich. Digital Rules. Forbes,
do grande avanço, da grande idéia, contradiz aquilo que descobrimos:
p. 31.13 mar. 2006; ROONEY. Jennifer; COLUNS, Jim. Being Great Is Not Just a Matter of Big Ideas. Point, p. 20. jun. 2006: IHLWAN, Moon. Camp Samsung BusinessWeek, p. 46-47. 3 jul. 2006: SAWHNEY, Mohanbir. WOLCOTT. Robert : ARRONE. Inigo. The 12 Different Ways for Companies to Innovate. MIT Sloan C. Management Review, p. 75-85. primavera 2006; BARRET. Victoria. Why Salesforce.com Ranks #1 on Forbes Most Innovative List Forbes, set 2012; BERGER. Warren.The Secret Phrase Top Innovators Use. HBR Blog Network, 17 set 2012.
construir uma empresa verdadeiramente grande implica uma decisão depois da outra, uma ação depois da outra, um dia depois do outro, um mês depois do outro... É um movimento cumulativo, e não ape
nas uma decisão que define uma grande empresa". Ele cita o sucesso
da Watt Disney com parques temáticos e do Walmart no varejo como
As empresas desenvolvem estratégias identificando diferentes visões do futuro. O grupo
Royal Dutch/Shell foi pioneiro nessa análise de cenário, que consiste no desenvolvimento de uma representação plausível do possível futuro dc uma empresa, tendo como base diversas su
posições sobre as forças que impulsionam o mercado e as diferentes incertezas a ele inerentes. Os gestores devem refletir a respeito de cada cenário com a pergunta: “O que faremos se isso
acontecer?”. Depois, devem eleger o cenário mais provável c, à medida que o tempo for pas
sando, ficar atentos a indícios que possam confirmá-lo ou refutá-lo.29 Veja a seguir os desafios impostos à indústria cinematográfica?0
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING
CAPÍTULO 2
51
INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA A Netflix e a
de empresas a cabo. Embora os estúdios fatu
em seus canais de IV e em suas lojas. A War
internet contribuíram para provocar uma queda
rem 70% sobre uma exibição a cabo típica (de
ner entrou no negócio de videogames (como
nas vendas de DVD que teve início em 2007
US$ 4,99) versus 30% sobre a venda de um
o Batman: The Dark Knight) com a esperança
e não cessou desde então. 0 surgimento da
DVD. as vendas de DVD ainda geram 70% dos
de gerar receita adicional com seus persona
Redbox e de seus milhares de quiosques de
lucros de um filme. Para ampliar a distribuição
gens de filmes, e a Warner Interactive costuma
locação de filmes por USS 1 ao dia representa
eletrônica sem destruir seus negócios de DVD,
gastar de US$ 30 milhões a US$ 40 milhões
mais uma ameaça à indústria cinematográfi
os estúdios têm experimentado novas aborda
para produzir seus jogos, tendo gerado cerca
ca e às vendas de DVD. Os estúdios de ci
gens. Alguns deles, como a Warner Bros, têm
de US$ 1 bilhão em vendas em 2011. Os es
nema precisam, claramente, preparar-se para
lançado DVDs juntamente com as versões di
túdios de cinema levam em consideração to
o dia em que os filmes não serão vendidos
gital e a cabo de um filme. A Disney promove
dos os cenários possíveis enquanto repensam
primordialmente por distribuição física, mas
seus filmes de forte apelo familiar, de forma
seus modelos de negócio em um mundo em
por satélite e serviços de vídeo sob demanda
integrada, nos parques temáticos da empresa.
que o DVD não reinará sozinho.
C rM Ita Hwictoul/WT/NuwKQtii.
Estúdios de cinema têm encontrado noas maneiras de expandir suas ‘ranquias de filmes, como ocorre com a Warner Bros, e o Batman.
Planejamento estratégico de unidades de negócio O planejamento estratégico de unidades de negócio consiste nas etapas representadas na Figura 2.4. Examinaremos cada uma delas.
Figura 2.4 Processo de planejamento estratégico de unidades de negócio
Ambiente externo (análise de oportunidades e ameaças) Missão da empresa
_ —
Análise SWOT
Ambiente interno (análise de forças
e fraquezas)
L
Estabelecimento
Formulação
de metas
de estratégias
Elaboração de programas
mptementação —
Feedback e controle
52
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
MISSÃO DO NEGÓCIO Cada unidade de negócio precisa definir sua missão específica dentro do escopo mais amplo da missão corporativa. Assim, um fabricante de equipamentos para iluminação de estúdios de tele
visão poderia definir sua missão como: “Ter como alvo os principais estúdios de televisão e ser seu fornecedor preferencial de tecnologias de iluminação que representem as soluções mais avan çadas e confiáveis de iluminação de estúdios”. Observe que essa missão não prevê negócios com pequenos estúdios, nem a oferta de menores preços ou de produtos que não sejam de iluminação.
ANÁLISE SWOT A avaliação global das forças, fraquezas, oportunidades c ameaças dc uma empresa c denomi nada análise SWOT (dos termos em inglês: strengths, weaknesses, opportunities, threats).
ANÁLISE DO AMBIENTE EXTERNO (OPORTUNIDADES E AMEAÇAS) Uma unidade de negócio deve monitorar importantes forças macroambientais c significativos fatores microambientais que afetam sua capacidade de obter lucros. Ela deve estabelecer um sistema de inteligência de
marketing para acompanhar tendências e mudanças relevantes, além de identificar as oportu
nidades e ameaças associadas a elas.
O marketing eficaz c a arte dc encontrar, desenvolver c lucrar a partir dessas oportunidades.31 Uma oportunidade de marketing consiste em uma área de necessidade e interesse do comprador
à qual é muito provável que uma empresa seja capaz de atender. Existem três fontes principais de oportunidades de mercado.3’ A primeira é oferecer algo cuja oferta seja escassa. Isso requer pouco talento cm marketing, visto que a necessidade é bastante óbvia. A segunda é oferecer um bem ou serviço existente de uma maneira nova ou superior. Como? O método de detecção de problemas
pede sugestões aos consumidores, o método ideal pede que eles imaginem uma versão ideal do bem ou serviço co método da cadeia de consumo pede-lhes que descrevam como adquirem, usam
e descartam um produto. A terceira e última fonte costuma levar à criação de um bem ou serviço
totalmente novo. Os profissionais de marketing devem ser talentosos em identificar oportunidades. Consi
deremos o seguinte:
I
Uma empresa pode se beneficiar com a convergência de tendências entre setores e lan çar produtos ou serviços híbridos que sejam novos para o mercado. Os principais fa bricantes dc celular lançaram modelos com câmera digitai c sistema GPS, entre outras
funcionalidades.
I
Uma empresa pode tomar um processo de compra mais conveniente ou eficiente. A Mobil lançou o Speed Pass, um dos primeiros sistemas amplamente implantados de pagamento por RFID (identificação por radiofrequência), para permitir aos consumidores pagar dc
forma rápida e fácil pelo combustível na bomba.
I
Uma empresa pode atender à necessidade de mais informações e orientações. A Angie’s List conecta clientes com serviços dc reforma residencial c diferentes serviços avaliados por outras pessoas.
I
Uma empresa pode personalizar um bem ou serviço. A Timberland permite aos clientes escolher cores para diferentes partes de suas botas, acrescentar iniciais ou números a elas e
optar por diferentes costuras c bordados.
I
Uma empresa pode lançar um recurso. Os consumidores podem criar e editar filmes digi tais ‘iMovies’ com o iMac e carregá-los em um servidor web da Apple ou em um site como
YouTube, para compartilhá-los com amigos no mundo inteiro.
I
Uma empresa pode entregar um bem ou serviço mais rapidamente. A FedEx descobriu um meio dc entregar correspondências e encomendas mais rapidamente que os correios.
I
Uma empresa pode oferecer um produto a um preço muito mais baixo. Os laboratórios farmacêuticos criaram versões genéricas de medicamentos, antes com nomes comerciais,
vendidos a preços menores. Para avaliar oportunidades, as empresas podem usar a análise de oportunidades de merca
do (AOM) para fazer perguntas do tipo:
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING 1.
Os benefícios envolvidos na oportunidade podem ser articulados dc modo convincente a
um ou mais mercados-alvo definidos? 2.
É possível identificar e alcançar o(s) mercado(s)-alvo por meio dc mídia e canais dc comer cialização eficientes em termos de custo?
3.
A empresa possui ou tem acesso a capacidades e recursos fundamentais necessários para proporcionar benefícios ao cliente?
4.
A empresa consegue proporcionar esses benefícios de modo mais eficaz do que qualquer
um de seus concorrentes atuais ou potenciais? 5.
A taxa de retorno sobre o investimento será igual ou superior ao percentual estipulado pela
empresa? Na matriz de oportunidades da Figura 2.5(a), as melhores oportunidades de marketing para o fabricante dc equipamentos dc iluminação estão relacionadas na célula superior es
querda (1). As oportunidades na célula inferior direita (4) são pequenas demais para serem
levadas cm consideração. As das células superior direita (2) e inferior esquerda (3) devem ser monitoradas para o caso de alguma delas apresentar melhora em atratividade e proba
bilidade de sucesso.
Figura 2.5 Matrizes de oportunidafles e ameaças
(a) Matriz de oportunidades
Probabilidade de sucesso Alta
■ê
1. A empresa desenvolve um sistema de iluminação mais potente.
2. A empresa desenvolve um dispositivo para medir a eficiência energética
2
Alta
Baixa
Baixa
de qualquer sistema de iluminação. 3. A empresa desenvolve um dispositivo para medir niveis de iluminação. 4. A empresa desenvolve um software para ensinar princípios básicos de iluminação aos profissionais dos estúdios de televisão.
3
(b) Matriz de
Probabilidade de ocorrência Alta
€ =
Baixa
2
Alta
1. Desenvolvimento, por um concorrente, de um sistema de iluminação superior. 2. Crise econômica forte
e prolongada 3. Custos mais altos. Baixa
3
4. Redução, por lei. do número de licenças para estúdios de televisão.
Uma ameaça ambiental é um desafio imposto por uma tendência ou um evento desfa vorável que, na ausência dc uma ação dc marketing defensiva, acarretaria a deterioração das
vendas ou dos lucros. A Figura 2.5(b) ilustra a matriz de ameaças que enfrenta o fabricante de equipamentos para iluminação de estúdios. As ameaças localizadas na célula superior esquerda
são importantes, porque têm alta probabilidade de ocorrência e podem prejudicar seriamente
a empresa. Para lidar com elas, é preciso preparar planos de contingência. As ameaças que se encontram na célula interior direita são secundárias e podem ser ignoradas. As ameaças nas
células superior direita e inferior esquerda requerem monitoramento cuidadoso, para o caso de se tornarem mais graves.
ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO (FORÇAS E FRAQUEZAS) Uma coisa é perceber oportunidades atraentes, outra é ter capacidade de tirar o melhor proveito delas. Cada negócio precisa avaliar
periodicamente suas forças e fraquezas internas. Confira a seguir o caso da Loan Bright.33
CAPÍTULO 2
53
54
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
LOAN BRIGHT No site da Loan Bright uma
transformavam os dados em leads (contatos
clientes selecionados, deveriam atender a um
empresa virtual de crédito hipotecário, po
qualificados) para suas equipes de vendas.
universo maior de agentes de crédito que res
tenciais compradores de imóveis residenciais
Mas surgiram questões internas preocupan
pondiam aos anúncios da empresa no Google
podem obter uma lista personalizada de cre
tes. Por um lado, a Loan Bright tinha de agra
e só queriam adquirir uma lista de leads. A
dores e condições disponíveis. Inicialmente, a
dar a cada um de seus grandes clientes, o que
mudança implicava a reformulação do modo
Loan Bright ganhou dinheiro vendendo dados
era cada vez mais difícil, pois isso consumia
como os vendedores da Loan Bright captavam
de compradores em potencial para credores
tempo e recursos. Os altos executivos da em
novos negócios, incluindo o uso de um contra
hipotecários de alto nível, como Wells Fargo
presa reuniram-se para analisar o mercado
to de uma página em vez das tradicionais 12
Home Mortgage. Bank of America Mortgage
e as forças e fraquezas da Loan Bright. Eles
páginas e a criação de um serviço separado
e Chase Home Mortgage. Essas empresas
decidiram que, em vez de atender a poucos
de atendimento ao cliente.
Uma análise do tipo SWOT foi fundamental no desenvolvimento da estratégia corporativa que levou a Dell a anos de sucesso.
I
Aforça da Deli era vender diretamente aos consumidores de forma mais eficaz e eficiente do que a IBM e a Compaq, suas concorrentes de hardware na época.
I
A fraqueza da Dell, no entanto, era que sua marca não era tão forte e faltava-lhe uma infraestrutura de canais consolidada e relacionamentos robustos com revendedores.
I
A oportunidade da Dell era que o mercado consumidor estava se tornando mais sofisticado
e os clientes sabiam cada vez mais o que queriam.
I
A ameaça da Dell era a de não conseguir gerar uma base de clientes suficientemente grande diante de concorrentes fortes e parceiros de canais exigentes. No entanto, tendo em vista que os consumidores desejavam conveniência e flexibilidade
de compra, a internet oferecia uma poderosa opção de marketing direto e venda. A estratégia de negócios da Deli combinava vendas diretas, marketing on-line, personalização em massa e manufatura just-in-time para capitalizar a oportunidade de mercado que ela oferecia.
As empresas podem avaliar suas forças e fraquezas utilizando um formulário como o apresen tado na seção Memorando de marketing: Checklist para análise de forças/fraquezas. É evidente que uma empresa não precisa corrigir todas as suas fraquezas, nem deve se vangloriar de todas
as suas forças. A grande pergunta é se o negócio deve se limitar às oportunidades para as quais dispõe dos recursos necessários ou se deve examinar aquelas para as quais será necessário adquirir
ou desenvolver novas forças.
MEMORANDO DE
CHECKLIST PARA ANÁLISE DE FORÇAS/FRAQUEZAS
Importância
Desempenho
Força
Força
Fraqueza
Fraqueza
maior
menor
Neutro
menor
maior
—
—
—
—
—
Alta
Média
Baixa
—
—
Marketing
1. Reputação da empresa
2. Participação de mercado
—
3. Satisfação do cliente
4. Retenção do cliente 5. Qualidade do produto 6. Qualidade do serviço 7. Eficiência na determinação do preço
8. Eficiência na distribuição 9. Eficiência na promoção
10. Eficiência da força de vendas 11. Eficiência das inovações 12. Cobertura geográfica Continuo
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING
CAPÍTULO 2
55
oniinuaçoo
Desempenho
Importância
Força
Força
Fraqueza
Fraqueza
maior
menor
Neutro
menor
maior
—
—
—
—
—
—
—
—
—
—
—
—
—
Média
Baixa
—
—
—
—
—
—
—
—
—
—
—
Alta
Finanças 13. Custo ou disponibilidade de capital
14. Fluxo de caixa 15. Estabilidade financeira
Produção 16. Instalações
17. Economias de escala 18. Capacidade 19. Força de trabalho capaz e dedicada
20. Capacidade de produzir no prazo 21. Habilidades técnicas de fabricação
Organização 22. Liderança visionária e capaz 23. Colaboradores dedicados 24. Orientação empreendedora
25. Flexibilidade ou boa capacidade de resposta
ESTABELECIMENTO DE METAS Depois de realizar uma análise SWOT, a empresa pode se dedicar ao estabelecimento de me
tas, especificando-as para o período de planejamento. Metas são objetivos específicos no que se refere a proporção c prazo.
A maioria das unidades de negócio busca um conjunto de objetivos que incluem lucrati vidade, crescimento das vendas, aumento na participação de mercado, contenção de riscos,
inovação e reputação. A unidade de negócio estabelece esses objetivos e então pratica a ad ministração por objetivos (APO). Para que um sistema APO funcione, os vários objetivos da
unidade devem atender quatro critérios:
1.
Os objetivos devem ser organizados hierarquicamente, do mais importante para o menos
importante. O objetivo principal de uma unidade de negócio para um período pode, por exemplo, ser o de aumentar a taxa de retomo sobre o investimento. Isso pode ser conse
guido pelo aumento do nível de lucros e/ou redução das despesas. As receitas, por sua vez, podem crescer quando se ampliam a participação de mercado e/ou os preços.
2.
Sempre que possível, os objetivos devem ser estabelecidos quantitativamente. O objetivo dc ‘aumentar o retorno sobre o investimento (ROÍ, do inglês return on investiment)' será mais bem definido se for modificado para ‘aumentar o ROI para 15% em dois anos’.
3.
As metas devem ser realistas. Elas devem surgir de uma análise das oportunidades e das forças da unidade de negócio, não de meros anseios.
4.
Os objetivos devem ser consistentes. Não é possível maximizar as vendas e os lucros
si multaneamente. Outras escolhas importantes incluem lucros no curto prazo versus crescimento no longo
prazo, ampliação da penetração em mercados existentes versus desenvolvimento de novos mer cados, metas dc lucro versus metas sem lucro c alto crescimento versus baixo risco. Cada opção
exige uma estratégia de marketing diferente.34
Muitos acreditam que adotar uma meta de forte crescimento na participação de mercado significa renunciar a bons lucros no curto prazo. A Volkswagen tem um faturamento anual 15
vezes maior do que o da Porsche, mas as margens dc lucro da Porsche são sete vezes maiores do
que as da Volkswagen. Outras empresas de sucesso como Google, Microsoft e Samsung maxi mizaram lucratividade e crescimento.
56
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
FORMULAÇÃO DE ESTRATÉGIAS As melas indicam aquilo que a unidade de negócio deseja alcançar; a estratégia é um plano de
ação para chegar lá. ’iodo negócio deve elaborar uma estratégia para alcançar seus objetivos, que consiste cm uma estratégia de marketing compatível com uma estratégia de tecnologia c
uma estratégia de busca de recursos. ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS DE PORTER Michael Porter propôs três estratégias genéricas que fornecem um bom ponto dc partida para o pensamento estratégico: liderança total cm custos, diferenciação c foco.35
I
Liderança total em custos. A empresa esforça-se para produzir e distribuir a custos meno res, dc modo a oferecer preços mais baixos que os da concorrência c conquistar participação
dc mercado. As empresas que seguem essa estratégia não precisam dc muita habilidade cm marketing. O problema c que outros concorrentes surgirão, com custos menores, c prejudi
carão aquela que fundamentou todo o seu futuro em baixos custos.
I
Diferenciação. A empresa concentra-se em atingir desempenho superior em uma área im portante de benefícios ao cliente, valorizada por grande parte do mercado. As empresas que buscam liderança em qualidade, por exemplo, devem utilizar os melhores componentes, mon
tá-los com habilidade, inspecioná-los com cuidado e comunicar efetivamente sua qualidade.
I
Foco. A empresa concentra-se em um ou mais segmentos estreitos de mercado, passa a conhecê-los intimamente c busca a liderança cm custos ou a diferenciação dentro do scgmcnto-alvo.
O setor de agências de viagens on-line proporciona um bom exemplo desses três tipos de estratégia: a Travelocity’ adota uma estratégia de diferenciação ao oferecer o leque mais abran
gente de serviços ao viajante; a Lowestfare segue a estratégia de baixo custo para o mercado de viagem a lazer; e a Last Minute aplica uma estratégia de nicho com foco nos consumidores que
têm flexibilidade para viajar de imediato. Algumas empresas usam uma abordagem híbrida. De acordo com Porter, as organizações que adotam a mesma estratégia, direcionada para o mesmo mercado-alvo, constituem um grupo estratégico.36 Aquela que executar melhor a estratégia adotada obterá os maiores lucros. A Circuit City saiu do mercado porque não se
destacou no setor de produtos eletrônicos de consumo como sendo a empresa de menor custo,
maior valor percebido ou melhor atendimento a algum segmento de mercado. Porter traçou uma distinção entre eficácia operacional c estratégia. A concorrência c capaz dc
copiar em pouco tempo a empresa operacionalmente eficaz mediante a utilização de benchmark e outras ferramentas, minimizando, assim, a vantagem da eficácia operacional. Porter define es tratégia como “a criação de uma posição única e valiosa que envolve um diferente conjunto de
atividades". Uma organização pode alegar que possui uma estratégia quando “realiza atividades diferentes das dc suas rivais ou realiza atividades similares dc maneiras diferentes”.
ALIANÇAS ESTRATÉGICAS Até mesmo para corporações gigantes — como AT&T, Philips e
Starbucks — é difícil alcançar liderança, nacional ou global, sem constituir alianças com empre
sas locais ou multinacionais que complementem ou alavanquem suas capacidades e recursos.
O simples ato de fazer negócios em outro país pode exigir que a organização licencie seu produto, forme uma joint-venture com uma empresa local ou compre de fornecedores locais para atender a exigências dc ‘conteúdo nacional’. Muitas tem desenvolvido redes estratégicas
globais e a vitória vai para aquelas que desenvolvem a melhor. A Star Alliance, por exemplo,
reúne 27 companhias aéreas — entre elas, Lufthansa, United Airlines, Singapore Airlines, Air New Zealand e South Africa Airways — em uma enorme parceria global que permite a viajantes
de 193 países conexões praticamente perfeitas para centenas de destinos.3, Muitas alianças estratégicas tomam a forma dc alianças dc marketing c podem ser divididas
em quatro categorias principais. 1. Alianças de produtos ou serviços. Uma empresa licencia outra para fabricar seu produto ou
duas empresas comercializam conjuntamente produtos complementares ou um novo pro duto. O setor de cartões de crédito caracteriza-se por uma combinação complexa de cartões
disponibilizados em conjunto, por bancos como Bank of America, operadoras de cartão de crédito como a Visa e empresas parceiras como a Alaska Airlines.
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING 2.
CAPÍTULO 2
57
Alianças promocionais. Uma empresa concorda cm promover um bem ou serviço dc outra. Em 2011, a revista VIBE dc música c estilo de vida urbano anunciou uma aliança promocional
com o Hoop It Up, torneio oficial de basquetebol 3x3 da NBA, com competições em 35 cida des. A parceria multiplataforma incluiu: o VIBE digital, o aplicativo VIBE Cityguide, a cober
tura editorial e a promoção no VIBE, além de uma campanha integrada de mídia social com forte presença da marca VIBE cm todos os eventos ao vivo do Hoop It Up cm todo o país.38
3.
Alianças logísticas. Uma empresa pode oferecer serviços dc logística para o produto dc outra. A Warner Music Group e a Sub Pop Records criaram a Alternative Distribution Alliance (ADA), em 1993, como uma joint-venture para distribuir e fabricar discos de selos
independentes. A ADA é a principal empresa de distribuição independente nos Estados Unidos tanto de produtos físicos como digitais.
4.
Colaboração em preços. Uma ou mais empresas podem lormar uma colaboração especial para a determinação de preços. É comum hotéis e locadoras de automóveis oferecerem des
contos mútuos, por exemplo.
As organizações precisam de criatividade para encontrar parceiros que possam comple mentar suas forças e compensar suas fraquezas. Alianças estratégicas bem gerenciadas permi
tem obter um impacto de vendas maior a um custo menor. Para manter prósperas suas alianças
estratégicas, as corporações começaram a desenvolver estruturas organizacionais de apoio e acabaram por reconhecer na capacidade de formar e administrar parcerias uma habilidade cen tral (denominada gestão do relacionamento com parceiros). Após anos dc crescimento por meio dc aquisições dc ações dc duas dezenas dc empresas, a
maior operadora dc telefonia sem fio, Vodafone, buscou cxtcrnamcntc por parceiros capazes
de alavancar seus ativos.39
VODAFONE Para estimular mais inovação e
não apenas da Vodafone. Embora esses desen
com detalhes personalizados da Amazon.com.
crescimento, a Vodafone adotou um software de
volvedores detivessem os direitos de proprieda
Com 404 milhões de clientes em 30 países, a
fonte aberta e plataformas também abertas que
de intelectual, a Vodafone tinha acesso prévio às
empresa de USS 46 bilhões também não tare
permitiam explorar a criatividade e as habilida
últimas tendências e garantia que as inovações
dificuldade em encontrar ajuda de parceiros cor
des de terceiros. Com seu portal web chamado
fossem compatíveis com sua rede. Entre as apli
porativos interessados. A Dei colaborou com a
Betavine, desenvolvedores de software amado
cações estavam informativos sobre chegadas e
Vodafone para projetar notebooks e netbooks de
res ou profissionais podiam criar e testar suas
partidas de trens em tempo real, assim como
baixo preço com acesso embutido a banda larga
últimas aplicações móveis em qualquer rede,
horários da programação de filmes, e um widget
sem fio pelas redes da Vodafone.
Em vez dc apenas formar uma parceria, uma empresa pode optar por adquirir outra. A Kraft adquiriu a Cadbury em 2010, em parte devido às profundas raízes da Cadbury em mercados emergentes como a índia, onde a Kraft não tinha forte presença. A aquisição
também permitiu à Kraft fazer uma reestruturação e dividir seus negócios em duas empre-
A Kraft adquiriu a Cadbury em parte em razão de seu conhecimento e presença em mercados emergentes.
sas: uma focada em produtos para supermercado, outra em salgadinhos.40
ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE PROGRAMAS Até mesmo a melhor estratégia de marketing pode ser arruinada por uma
implementação ineficiente. Se a empresa decidiu obter liderança tecnológica, deve planejar programas para reforçar o departamento de P&D, reunir dados
tecnológicos, desenvolver produtos de ponta, treinar a força de vendas técni
Uma vez elaborados os programas, a equipe de marketing deve estimar
seus custos. Vale a pena participar de determinada feira de negócios? A con tratação de outro vendedor contribuirá para os resultados? O programa de
custeio baseado cm atividades (ABC, do inglês activity-based cost) — deta
lhado no Capítulo 5 — deve ser aplicado a cada programa dc marketing com
vistas a determinar a probabilidade de produzir resultados bons o suficiente para justificar o custo.41
Ctddlto © AndrewNran/Atoiy
cas e comunicar essa liderança.
58
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING As empresas modernas sabem que, se nào derem atenção aos demais stakeholders — clien
tes, funcionários, fornecedores, distribuidores —, jamais obterão lucros suficientes para os acionistas. Uma empresa pode ter como meta encantar seus clientes, tratar bem seus funcioná
rios e entregar um nível mínimo de satisfação a seus fornecedores. Os stakeholders não devem
se sentir injustiçados quanto ao tratamento que recebem, quando comparados uns aos outros.42 Existe um relacionamento dinâmico que liga os grupos de stakeholders. Uma empresa in teligente cria um alto nível de satisfação para os funcionários, o que leva a um esforço maior,
que por sua vez conduz a bens e serviços de melhor qualidade, que resulta em maior satisfação
do cliente, que acarreta negócios mais frequentes, que levam a maiores taxas dc crescimento c lucros, que geram alto nível dc satisfação dos acionistas, que leva a mais investimentos, c assim
por diante. Esse c o ciclo virtuoso que gera lucros c crescimento. De acordo com a McKinsey & Company, a estratégia é apenas um dos sete elementos — os
quais, em inglês, começam com a letras — de uma prática bem-sucedida de negócio.43 Os três primeiros elementos — estratégia (strategy), estrutura (structure) e sistemas (systems) — são
considerados o ‘hardware’ do sucesso. Os quatro seguintes — estilo (style), habilidades (skills), equipe (staff) e valores compartilhados (shared values) — são o ‘software’.
O primeiro elemento do ‘software’, o estilo, significa que os funcionários da empresa com partilham um modo dc pensar c dc se comportar. O segundo, habilidades, significa que os
funcionários possuem as habilidades necessárias para conduzir a estratégia da empresa. Equipe indica que a empresa contratou pessoas capazes, treinou-as bem e designou-as para os postos
certos. O quarto elemento, valores compartilhados, revela que os funcionários se orientam pelos
mesmos valores. Quando esses elementos estão presentes, as organizações costumam se sair melhor na implementação de estratégias.44
FEEDBACK E CONTROLE A adequação estratégica entre uma empresa e o ambiente sofre desgastes inevitáveis porque o mercado muda mais rapidamente do que os 7Ss. Assim, uma organização pode permanecer efi
ciente enquanto perde a eficácia. Peter Drucker destacou que é mais importante “fazer as coisas
certas” (eficácia) do que “fazer as coisas da maneira certa” (eficiência). Todavia, as empresas
mais bem-sucedidas fazem as duas coisas muito bem. Quando uma organização deixa de reagir a uma transformação ambiental, fica cada vez
mais difícil reaver a posição perdida. As organizações, em especial as de grande porte, estão sujeitas à inércia. Ê difícil mudar uma parte sem ajustar todo o resto, no entanto, as organiza ções podem ser transformadas por uma liderança forte, de preferência antes de uma crise. A
chave para a saúde organizacional é a disposição para examinar o ambiente em transformação
e adotar novos objetivos e comportamentos. A seção Insight de marketing: Negócios em busca
de uma nova direção descreve como algumas empresas e setores econômicos diversos estão se ajustando às novas realidades de marketing.
insight de Marketing
NEGÓCIOS EM BUSCA DE UMA NOVA DIREÇÃO
I
Quando a Dow Chemical descobriu que sua estratégia para commo
dities químicas já não era lucrativa, o novo CEO Andrew Livirie deci
A prosperidade contínua ou mesmo a própria sobrevivência podem de
diu mudar o foco da empresa para produtos únicos e inovadores de
pender da rapidez e eficácia com que uma empresa traça uma nova
alta margem, como tetos solares. A intenção da Dow era capitalizar
direção. Confira os exemplos.
quatro tendências principais: energia limpa, saúde e nutrição, con-
I
Com os consumidores usando cada vez mais smartphones para
sumerismo nas nações emergentes e infraestrutura. Os investimen
obter direções e seguir mapas, a Garmin, maior fabricante de dis
tos em P&D nessas quatro áreas totalizaram US$ 9 bilhões em um
positivos GPS, viu suas vendas caírem rapidamente. A solução
periodo de cinco anos.
encontrada foi concentrar-se na parceria com as montadoras para
I
0 sucesso desenfreado do Kindle da Amazon, do iPad da Apple
incorporar sistemas GPS nas centrais de comando’ no painel dos
e de outros tablets viraram o mundo do livro de cabeça para bai
automóveis. Os argumentos de venda afirmam que a maioria dos
xo. Livrarias, bibliotecas e editoras reconhecem que a venda e a
smartphones não é otimizada para o uso ao volante e representa,
entrega de um livro agora estão a apenas um download. As biblio
portanto, um risco. Restringindo suas apostas, a Garmin também
tecas têm emprestado leitores eletrônicos, além de ‘armazenar’
tem seu próprio aplicativo disponível para smartphones.
e-books para empréstimo. Expirado o prazo de entrega, o livro simplesmente desaparece!
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING I 0 mercado de livros didáticos está sendo transformado por lançamentos como o Flat World Knowledge, que oferece livros
customizáveis com desconto. Livros eletrônicos gratuitos em al gumas escolas permitem aos usuários rolar página por página,
realçar trechos e fazer anotações e compartilhar comentários com colegas de classe e professores. De qualquer maneira, al
guns estudantes compram uma versão em papel, nova ou usa
CAPÍTULO 2
59
usando o livro digital, há a tentação de verificar a caixa de e-mails, consultar minhas notas ou acessar o Facebook’.
Fontes: RHEY, Erik. A GPS Maker Shifts Gears. Fortune. 19 mar. 2012: COLVIN. Geoff. Dows New Direction. Fortune. 19 mar. 2012; BRADFORD, Ben. libraries
Grapple with the Downside of E-books. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2018; TREGASKIS. Sharon. Buy the Book. Cornell Alumni Magpãne. nov.-dez. 2012; Great Digital Expectations. The Economist. 10 set. 2011.
da, do livro eletrônico. Como alguém observou, “quando estou
A natureza e o conteúdo de um piano de marketing Trabalhando de acordo com planos estabelecidos em níveis superiores, os gerentes da área
elaboram um plano de marketing para cada produto, linha de produto, marca, canal ou grupo
de clientes. Um plano de marketing é um documento escrito que resume o que o profissional de marketing sabe sobre o mercado e indica como a empresa planeja alcançar seus objetivos.4’ Contém diretrizes táticas para os programas de marketing e para a alocação de recursos ao
longo do período de planejamento.46 O plano de marketing é um dos produtos mais importantes do processo de marketing, por
fornecer direção e foco para uma marca, um produto ou uma empresa. Informa e motiva os
principais integrantes dentro e fora de uma organização sobre suas metas de marketing e como
devem ser atingidas. Organizações sem fins lucrativos usam os planos de marketing para orien tar seus esforços de levantamento de recursos e expansão, enquanto as agências governamentais os utilizam para desenvolver a consciência pública sobre nutrição e estimular o turismo.
De escopo mais limitado do que um plano de negócio (business plan), o plano de marketing documenta como a organização atingirá seus objetivos estratégicos por meio de estratégias e tá
ticas específicas de marketing, tendo o cliente como ponto de partida. Esse documento também está ligado aos planos de outros departamentos. Supondo que um plano de marketing demande
a venda de 200 mil unidades por ano, o departamento de produção deve se preparar para fabricar essa quantidade, o de finanças deve prover recursos para cobrir as despesas, o de recursos huma
nos deve estar pronto para contratar e treinar pessoal, e assim por diante. Sem o nível apropriado
de suporte e recursos organizacionais, nenhum plano de marketing pode almejar o sucesso. As deficiências mais citadas dos planos de marketing atuais, de acordo com os executivos da
área, são a falta de realismo, a análise competitiva insuficiente e o foco de curto prazo. (A seção Memorando de marketing: Critérios de um plano de marketing apresenta algumas perguntas que ajudam no desenvolvimento de planos de marketing.) A maioria dos planos de marketing cobre um ano em uma faixa de 5 a 50 páginas. Pequenas
empresas podem criar planos mais curtos ou menos formais, enquanto corporações exigem do cumentos altamente estruturados. Cada parle do plano deve ser descrita em detalhes. Algumas
empresas disponibilizam seu plano de marketing na intranet para que todos possam consultar
CRITÉRIOS DE UM PLANO DE MARKETING
A seguir, algumas perguntas a serem feitas durante a avaliação de um plano de marketing.
1. 0 plano é simples e sucinto? É fácil de entender e executar? Co munica seu conteúdo com facilidade e praticidade? Não é desne
cessariamente longo? 2. 0 plano é completo? Inclui todos os elementos necessários?
3. 0 plano é especifico? Seus objetivos são concretos e mensurá
veis? Apresenta um curso de ação daro? Inclui ações e atividades específicas, cada uma delas com datas de conclusão, pessoas
responsáveis e orçamentos determinados?
4. 0 plano é realista? As metas de vendas, previsões de despesas e
prazos são realistas? Foi realizada uma autocrítica franca e hones ta para levantar possíveis problemas e objeções?
Apresenta a abrangência e a profundidade certas? Atingir o equi
Fontes: adaptado de BERRY. Tim; WILSON, Doug On target: The Book on Marke
líbrio entre estar completo e ter inúmeros detalhes, sem deixar de
ting Plans. 2. ed. Eugene: Palo Alto Software, 2000; CHERNEV. Alexander. The Marketing Plan Handbook. Chicago, IL: Cerebellum Press, 2011; experiência dos autores.
lado a simplicidade, a clareza e o foco, costuma ser o segredo de
um plano de marketing bem elaborado.
60
PARTE 1
O QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING seções específicas e colaborar com sugestões dc alteração. Um plano dc marketing normalmcntc contem as seguintes seções:
I
Resumo executivo e sumário.
I
Análise da situação. Esta seção apresenta os dados históricos relevantes quanto a vendas,
custos, mercado, concorrentes c macroambiente. Como o mercado está definido, qual c seu
tamanho c com que velocidade ele cresce? Quais são as tendências relevantes c os problemas críticos? Tais informações são usadas na condução de uma análise SWOT (oportunidades/
ameaças, forças/fraquezas).
I
Estratégia de marketing. Aqui, o gerente da área define a missão, os objetivos de marketing, os objetivos financeiros e as necessidades que o produto oferecido deve satisfazer, bem como seu posicionamento competitivo. Tudo isso requer dados alimenlados por outras áreas organizacionais, como compras, produção, vendas, finanças e recursos humanos.
I
Tática de marketing. O gerente da área descreve as atividades dc marketing que serão rea lizadas para executar a estratégia dc marketing.
I
A seção dc oferta dc bens ou serviços descreve os principais atributos c benefícios que vão atrair os clientes-alvo.
I
A seção de determinação de preços especifica a faixa geral de preços e como ela pode
variar entre os diferentes tipos de cliente ou canal, incluindo quaisquer planos de incen tivo ou desconto.
I
A seção do canal descreve as diferentes formas de distribuição, como direta ou indireta.
I
A seção de comunicações geralmenle oferece orientação de alto nível sobre a mensagem geral c a estratégia dc mídia. Com frequência, as empresas desenvolverão um plano dc comunicação à parte para fornecer os detalhes necessários a agencias c outros parceiros dc mídia, tendo cm vista projetar dc forma eficaz o programa dc comunicação.
I
Projeções financeiras. Projeções financeiras incluem previsão de vendas e de despesas e
uma análise do ponto de equilíbrio. No lado da receita, mostram a previsão de volume de vendas por mês e por categoria de produto; no lado das despesas, mostram a previsão dos
custos de marketing desdobrados em categorias. A análise do ponto de equilíbrio estima quantas unidades devem ser vendidas mensalmente para compensar os custos fixos mensais
e os custos variáveis médios por unidade. Um método mais complexo dc estimativa dc lucro é a análise de risco. Com ela se obtêm trés estimativas (otimista, pessimista c realista) para cada variável incerta que afete a rentabi
lidade, sob um ambiente dc marketing previsto c uma estratégia dc marketing para o período
de planejamento. O computador simula os possíveis resultados e calcula uma distribuição que mostra o leque de possíveis taxas de retorno e suas probabilidades.
I
Controles. A última seção do plano de marketing descreve os controles para monitorar e
ajustar sua implementação. De modo geral, as melas e o orçamento são especificados de talhadamente para cada mês ou trimestre, para que a alta administração possa analisar os
resultados a cada período e tomar as ações corretivas cabíveis.
0 PAPEL DA PESQUISA Os profissionais dc marketing necessitam dc informações atualizadas sobre o ambiente, a con corrência e os segmentos de mercado selecionados. Muitas vezes, a análise de dados internos é
o ponto de partida para avaliar a situação atual de marketing, complementada por inteligência
de marketing e de pesquisa para investigar o mercado global, a competitividade, as questões-
-chave, as ameaças e as oportunidades. Quando o plano é colocado em prática, o marketing usa a pesquisa para medir o progresso em direção aos objetivos e identificar áreas de melhoria.
Por fim, a pesquisa de marketing ajuda os profissionais da área a conhecer melhor os re
quisitos dos clientes, suas expectativas, percepções, satisfação c fidelidade. Assim, o plano dc marketing deve delinear qual pesquisa dc marketing será conduzida c quando, além dc como os resultados serão aplicados.
0 PAPEL DOS RELACIONAMENTOS Embora o plano de marketing mostre como a empresa estabelecerá e manterá relacionamen
tos rentáveis com os clientes, ele também afeta tanto as relações internas como as externas.
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING
CAPÍTULO 2
61
Primeiro, influencia o modo como os profissionais dc marketing trabalham entre si c com
outros departamentos para entregar valor c satisfazer clientes. Segundo, afeta a forma como
a empresa trabalha com fornecedores, distribuidores e parceiros para alcançar os objetivos do
plano. Terceiro, influencia as relações da empresa com stakeholders, entre eles os reguladores do governo, a mídia e a comunidade como um todo.
DO PLANO DE MARKETING PARA A AÇÃO DE MARKETING Os profissionais de marketing começam a planejar com bastante antecedência quanto à data de execução para viabilizar a pesquisa de marketing, a análise, a revisão, a gestão e a coordenação interdepartamental. Assim que cada programa dc ação começa, eles monitoram os resultados
em curso, investigam qualquer desvio dos planos c tomam medidas corretivas quando neces sário. Alguns preparam planos de contingência — os profissionais de marketing devem estar prontos para atualizar e adaptar seus planos a qualquer momento. O plano de marketing normalmente define orçamentos, cronogramas e indicadores de
marketing para acompanhar e avaliar resultados. Munidos dos orçamentos, os profissionais
de marketing podem comparar as despesas previstas com as despesas reais durante determi nado período. Os cronogramas permitem à gerência verificar quando as tarefas deveríam ser
concluídas e quando isso realmenle ocorreu. Os indicadores de marketing apuram os resul tados reais dos programas dc marketing para avaliar se a empresa está avançando cm direção
a seus objetivos, como veremos no Capítulo 4.
Resumo 1. 0 processo de entrega de valor implica escolher (ou identificar),
fornecer (ou entregar) e comunicar um valor superior. A cadeia de
valor é uma ferramenta que serve para identificar as principais atividades que criam valor e geram custo em um dado negócio.
ocorre em quatro níveis: corporativo, de divisão, de unidade de
negócio e de produto. 4. A estratégia corporativa estabelece a estrutura na qual as divi sões e unidades de negócio preparam seus planos estratégicos.
2. Empresas consolidadas desenvolvem capacidades superiores
Estabelecer uma estratégia corporativa significa definir a missão
para administrar os principais processos organizacionais, tais
corporativa, instituir UENs. alocar recursos para cada uma delas e
como desenvolvimento de novos produtos, gerenciamento de
estoque e aquisição e retenção de clientes. No cenário atual do
avaliar as oportunidades de crescimento.
5. Os profissionais de marketing devem definir um negócio ou uma
marketing, administrar os processos centrais de forma eficaz sig
unidade de negócio como um processo de satisfação do clien
nifica criar uma rede de marketing na qual a empresa trabalha em
te. Adotar essa visão pode revelar outras oportunidades de
estreita colaboração com todas as partes da cadeia de produção
crescimento.
e distribuição, desde os fornecedores de matérias-primas até os
6. 0 planejamento estratégico de cada empresa consiste em definir
distribuidores do varejo. Já não são as empresas que competem
a missão corporativa, analisar as oportunidades e ameaças ex
entre si - são as redes de marketing.
ternas. avaliar as forças e fraquezas internas, estabelecer metas,
3. 0 planejamento estratégico orientado para o mercado consiste no processo gerencial de desenvolver e manter um ajuste viável entre
formular estratégias, elaborar programas de ação, implementar programas, coletar feedback e exercer controle.
objetivos da organização, habilidades e recursos e oportunidades
7. Cada categoria de produto dentro de uma unidade de negócio
de mercado em evolução. 0 objetivo do planejamento estratégico
deve desenvolver um plano de marketing para atingir seus objeti
é dar forma aos negócios e produtos da empresa, para que gerem
vos. 0 plano de marketing é um dos produtos mais importantes do
os lucros e o crescimento almejados. 0 planejamento estratégico
processo de marketing.
Aplicações Debate de marketing
Discussão de marketing
PARA QUE SERVE UMA DECLARAÇÃO DE MISSÃO?
PLANEJAMENTO DE MARKETING
Com frequência, as declarações de missão são produto de muita delfcera-
Analise a cadeia de valor de Porter e o modelo de orientação de mar
ção e discussão. Ao mesmo tempo, os críticos afirmam que às vezes elas
keting holístico. Quais implicações ambos têm para o planejamento de
carecem de objetividade e são pouco especificas. não variam muito de
marketing? Como você estruturaria um plano de marketing que incor
uma empresa para outra ou fazem as mesmas promessas vazias.
porasse alguns de seus conceitos?
ASSUMA UMA POSIÇÃO: As declarações de missão são essenciais
ao sucesso de uma organização de marketing? Ou as declarações de missão raramente fornecem um valor de marketing útil?
62
PARTE 1
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
EXCELÊNCIA EM
Cisco A Cisco Systems, líder mundial no fornecimento de equipamen
para residências e pequenas empresas. Passado um ano, oferecia
tos de rede para a internet, comercializa hardware (roteadores e
várias soluções de entretenimento doméstico, como tecnologia sem
switches), software e serviços que potencializam o uso da internet.
fio para música, impressão e vídeo. A transição para o mercado
A empresa foi fundada em 1984 por um casal que trabalhava na
de consumo desencadeou uma campanha de reposicionamento de
área de computação da Universidade de Stanford. Eles a nomearam
marca, em 2006, para aumentar a conscientização entre os consu
como cisco, com ‘c’ minúsculo, forma como é conhecida a cidade
midores e ajudar a aumentar o valor global da marca Cisco.
de San Francisco, e desenvolveram um logotipo que se assemelha
va à ponte Golden Gate, a qual atravessavam frequentemente.
A campanha The Human Network (A rede humana) tentou hu manizar' a gigante da tecnologia reposidonando-a como mais do
A Cisco abriu seu capital em 1990. e os dois fundadores deixa
que um mero fornecedor de switches e roteadores e comunicando
ram a empresa pouco tempo depois. Ao longo da década seguinte,
seu papel fundamental na conexão de pessoas por meio da tec
a empresa cresceu exponencialmente, impulsionada pelo lança
nologia. Essa campanha evoluiu para Built for the Human Network
mento de novos produtos, como roteadores patenteados, switches,
(Feito para a rede humana) dirigida a todos, de consumidores a
plataformas e modens - que contribuíram significativamente para a
profissionais de TI. Como resultado, a Cisco desenvolveu uma nova
espinha dorsal da internet. A Cisco abriu seus primeiros escritórios
estratégia de marketing que mostrava como sua marca era divertida
internacionais em Londres e na França, em 1991. e expandiu-se
e acessível usando jogos interativos, vídeos e eventos virtuais.
para mais de 165 países. Durante a década de 1990, a empresa
A parceria da Cisco com instalações esportivas e de lazer criou
adquiriu e integrou com sucesso 49 empresas a seu negócio princi
a oportunidade perfeita para mostrar como suas tecnologias co
pal. Como resultado, a capitalização de mercado da empresa cres
nectavam as pessoas às suas paixões. A Cisco Connected Sports
ceu mais rapidamente do que a de qualquer outra na história: de
é uma plataforma que transforma estádios em espaços interativos
US$ 1 bilhão, em 1991, para US$ 300 bilhões, em 1999. Em março
digtalmente conectados, *a experiência dos fãs levada às últimas
de 2000, a Cisco tornou-se a empresa mais valiosa do mundo, com
consequências". Os fãs podem se encontrar virtualmente com os
sua capitalização de mercado atingindo o pico de US$ 582 bilhões
jogadores por meio de um sistema de videoconferência, enquanto
ou US$ 82 por ação.
displays digitais espalhados pelo estádio permitem que eles aces
No final do século XX, embora a empresa fosse extremamente
sem o placar de outros jogos, peçam comida e saibam como está o
bem-sucedida, o reconhecimento de sua marca era baixo. Muitos
tráfego local. Essas plataformas flexíveis podiam também ser usa
conheciam a Cisco mais pelo preço de suas ações do que por aquilo
das em eventos corporativos e shows de música.
que realmente fazia. Ela desenvolveu parcerias de cobranding com
0 objetivo final da Cisco é intensificar o tráfego na internet, o
Sony, Matsushita e US West para modens com o logotipo da Cisco,
que acaba impulsionando a demanda por seus produtos de hard
na expectativa de desenvolver o conhecimento de seu nome e valor
ware de rede. A empresa expandiu-se recentemente para o mercado
de marca. Além disso, a empresa lançou suas primeiras propagan
de eletroeletrônicos de consumo, software de colaboração comer
das de televisão como parte de uma campanha intitulada Are You
cial e servidores de computador. Sua receita atingiu US$ 47 bilhões
Ready? (Você está pronto?). Nas propagandas, crianças e adultos
em 2014, e a capitalização de mercado excedeu USS 118 bilhões.
de todo o mundo relatavam fatos sobre o poder da internet e desa
Conforme exaltado em seu site: 'Ajudamos as empresas mais ino
fiavam os espectadores a refletir sobre essa pergunta.
vadoras do mundo a fazerem coisas que jamais puderam fazer".
Sobrevivente do colapso da internet, em 2001 a empresa reor-
ganizou-se em 11 novos grupos de tecnologia e uma organização de marketing, que pretendia comunicar a linha de produtos e as vantagens competitivas da empresa de modo mais efetivo do que fi
zera no passado. Em 2003, a Cisco introduziu uma nova mensagem de marketing: This is the Power of the Network. Now (Este é o poder da rede. Agora). A campanha internacional visava a executivos cor porativos e reforçava o papel crucial da Cisco em um complicado sistema tecnológico, adotando um modelo de venda soft-sell (o foco
da venda está na demanda do cliente). Comerciais de televisão mostravam como os sistemas da Cisco mudam a vida das pessoas
ao redor do mundo, e um anúncio impresso de oito páginas só men cionava o nome da empresa na terceira página. Marilyn Mersereau,
vice-presidente corporativa de marketing, explicou: ‘a comunicação inteligente envolve o leitor em algo que é instigante e provocativo, sem lhe impor a marca já na primeira página'.
A Cisco ingressou no segmento de consumidores finais pela aquisição da Linksys, uma fabricante de equipamentos de rede
Questões 1. Como a construção de uma marca em um contexto B2B
(business-to-business) difere do mercado de consumo (B2C - business-to-consumer)?
2. O plano da Cisco para atingir consumidores finais é uma opção viável? Por quê? Fonte: REARDON, Marguerite. Cisco Spends Millions on Becoming Household Name. CNET, 5 out 2006: KESSLER. Michelle. Tech Giants Build Bridge to
Consumers. USA Today, 13 mar. 2006: MATTER. Marla. Cisco Faces the Mas ses. Los Angeles Times. 20 ago. 1998: BAKER. David R. New Ad Campaign for Cisco. San Francisco Chronicle, 18 fev. 2003: WHITE, Bobby. Expanding into Consumer Electronics. Cisco Aims to Jazz Up Its Stodgy Image. Wall Street Journal, p. Bl. 6 set 2006: HELM. Burt Best Global Brands. BusinessWeek. 18 set 2008: VANCE. Ashlee. Cisco Buys Norwegian Firm for USS 3 Billion. The New York Times. 1. out 2009: LEGGIO. Jennifer. 10 Fortune 500 Companies Doing Social Media Rign. ZDNeL 28 set 2009; BANNAN, Karen. How Cisco Used Consumer-Based Marketing Strategies to Reach B2B Clients. BtoB Mar keting. 20 jul. 2010. Disponível em: . Acesso em: 10 abr. 2018.
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING
excelénci* em
CAPÍTULO 2
63
Marketmcr
Intel A Intel fabrica os microprocessadores encontrados na maioria dos
of Tomorrow (Patrocinadores do amanhã). Os comerciais destaca
computadores pessoais, tablets e smartphones do mundo. Atual
vam o papel da Intel em mudar o futuro da tecnologia e adotavam
mente, é uma das marcas globais mais valiosas, com faturamento
um tom bem-humorado. Em um deles, um homem de meia-idade
superior a US$ 54 bilhões. No início, porém, seus microprocessado
usando o crachá da empresa caminha pomposo pelo refeitório en
res eram conhecidos simplesmente pelos números de engenharia,
quanto colegas de trabalho gritam, tocam nele e imploram por um
tais como ’80386’ ou ’80486’. Visto que números não podem ser
autógrafo. Na tela se lê: "Ajay Bhatt, coinventor do USB. Nossos
patenteados, os concorrentes lançavam seus próprios chips ‘486’ e
super-heróis não são como os seus".
a Intel não tinha como se diferenciar deles. Tampouco os consumido
À medida que se anunciava a era pós-PC. a Intel, conhecida por
res podiam ver os produtos da empresa, embutidos em seus compu
sua relação com os PCs, viu-se redirecionando o foco e tomando me
tadores. Por conseguinte, a Intel tinha dificuldade em convencê-los a
didas arriscadas para se manter uma líder tecnológica. Em 2011.
pagar mais por seus produtos de alto desempenho.
adquiriu duas grandes empresas, a McAfee e o negócio de soluções
Para contornar esse problema, a Intel fez história ao criar uma
sem fio da Infineon Technologies, expandindo suas competências. No
emblemática campanha de marketing baseada em branding de in
mesmo ano, fez uma mudança estratégica na linha de produtos e lan
grediente. Primeiramente, escolheu um nome para poder registrar
çou o sistema Ultrabook, uma nova categoria de dispositivos móveis
seu recente lançamento de microprocessador, o Pentium, e lançou a
finos e seguros que combinavam os recursos de tablets e netbooks.
campanha Intel Inside para criar conscientização de marca de toda
A empresa lançou sua maior campanha de marketing em mais
sua família de microprocessadores. Essa campanha ajudou a levar o
de uma década - A New Era of Computing (Uma nova era da com
nome da marca para fora do PC e penetrar na mente dos consumido
putação) - para comunicar sua evolução na categoria de tablets e
res. Era essencial que os fabricantes de computadores que usavam
smartphones. Kevin Sellers, vice-presidente do Grupo de Vendas e
processadores Intel apoiassem o programa, por isso foram ofereci
Marketing, explicou: *Não se trata de uma campanha em que fala
dos a eles descontos expressivos para incluir o logotipo da Intel em
mos do microprocessador ou da empresa. Em vez disso, transmiti
suas propagandas de PC ou para colocar a etiqueta Intel Inside do
mos uma sensação cinematográfica e épica de como os sistemas
lado de fora de seus PCs e notebooks.
Ultrabook da Intel estão iniciando uma nova era da computação e
A empresa criou várias campanhas de marketing memoráveis no final da década de 1990 para se tornar um nome de marca ingre
fazendo com que tudo o mais pareça coisa do passado". À medida que a Intel se expandir no mercado de dispositivos mó
diente reconhecido. A série Bunny People mostrou técnicos da Intel
veis, sua influência sobre o futuro da tecnologia e o valor de sua marca
usando vestimentas esterilizadas de cores berrantes e dançando ao
crescerá. A combinação de marketing eficaz e consistente com lança
som de música no estilo discoteca dentro de uma fábrica de proces
sadores. A Intel também usou o famoso Blue Man Group em seus
mentos tecnológicos inovadores transformou sua marca em uma das
mais valiosas do mundo, superando os USS 34 bilhões.
comerciais para o Pentium III e o Pentium IV.
Quando a indústria de PCs desacelerou em meados da década
Questões
de 2000, a Intel buscou oportunidades em novas áreas de cresci mento, tais como o entretenimento em casa e os dispositivos de
1. Discuta como a Intel mudou a história do branding de ingrediente.
mobilidade. Lançou o Centrino, uma plataforma de tecnologia sem
0 que ela fez de tão extraordinário nessas primeiras campanhas
fio; a Viiv (em inglês, rima com five - cinco), dirigida a entusiastas
de marketing?
do entretenimento doméstico: e a Centrino Duo. centrada na mobili
2. Avalie as ações de marketing mais recentes da Intel à medida que
dade. Além disso, investiu US$ 2 bilhões em uma campanha global
o setor deixa para trás a era dos PCs. Quais são os maiores riscos
de marketing para se reposicionar de uma empresa inteligente de
e os pontos fortes da Intel nesse momento de mudança?
microprocessadores para uma "empresa vigorosa e de múltiplas pos
* sibilidades que também oferecia soluções para os consumidores. Com um novo logotipo, o slogan Leap Ahead (Um salto à frente)
substituiu a conhecida campanha Intel Inside.
Em 2008, reagindo à nova onda de dispositivos móveis e netbooks ultraleves, a Intel lançou o processador Atom, o menor da empresa até então, do tamanho de um grão de arroz. No mesmo ano.
introduziu seu microprocessador mais avançado, o Intel Core i7, com foco nas necessidades de vídeo, jogos 3D e informática avançada.
Ambos os processadores tiveram sucesso instantâneo. A Intel ven deu mais de 20 milhões de processadores Atom em seu primeiro ano
e 28 milhões no segundo. A campanha correspondente da Intel teve como objetivo melho rar a conscientização de marca da empresa e foi intitulada Sponsors
Fonte: EDWARDS. Oiff. Intel Everywhere? BusinessWeek, p. 56-62. 8 mar. 2004; CAMR Scott van. ReadMe.lst. Brandweek, p. 17,23 lev. 2004: How to Become a Superbrand. Marketing, p. 15. 8 jan. 2004; SLAVENS, Roger. Pam Pollace. VP-Director. Corporate Marketing Group. Intel Corp. BtoB. p. 19. 8 dez. 2003: HEIN. Kenneth. Study: New Brand Names Not MakingTheir Mark. Brand week. p. 12. 8 dez. 2003; CLANCY. Heather. Intel Thinking Outside the Box. Computer Reseller News. p. 14. 24 nov. 2003: WEBB. Cynthia L A Chip Off the Old Recovery? Washingtonpost.com, 15 out 2003; Intel Launches Se cond Phase of Centrino Ads. Technology Advertising & Branding Report. 6 out. 2003: KIRKPATRICK. David. At Intel. Speed Isn’t Everything. Fortune, p. 34. 9
fev. 2004; CLARK, Don. Intel to Overhaul Marketing in Bid to Go Beyond PCs. Wall Street Journal. 30 dez. 2005; CUFFORD, Stephanie. Tech Company’s Cam paign to Burnish Its Brand. The New York Times, p. B7.6 maio 2009; BAJARIN. Tim. Intel Makes Moves in Mobility. PC Magazine. 5 out 2009: Intel Ushers in ‘A New Era of Computing’ with Ultrabook Campaign. Intel press release. 4 abr. 2012: Interbrand.Best Global Brands 2014.
PARTE 1
64
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
EXEMPLO DE PLANO DE MARKETING: PEGASUS SPORTS INTERNATIONAL 1.0
Resumo executivo
FATORES DEMOGRÁFICOS
I Tanto homens como mulheres são usuários, em proporção prati A Pegasus Sports International é um fabricante startup de aces
sórios para patins in-line - aqueles com quatro ou cinco rodas
camente equivalente.
I
Idade entre 13 e 46 anos, com 48% dos usuários concentrados
alinhadas, também chamados de 'rollerblades' em homenagem
na faixa etária de 23 a 34 anos. Os usuários que buscam recrea
a um dos pioneiros da categoria. Além de acessórios, a empresa
ção estào dispersos por uma faixa mais ampla de idade, variando
está desenvolvendo, em parceria com uma loja de patins local,
de jovens a adultos ativos. Aqueles que buscam condicionamento
o SkateTours, um serviço que leva os clientes para uma tarde de
físico têm em média de 20 a 40 anos. Os que valorizam a veloci
patinação, com direito a alguns acessórios da Pegasus, como o
dade estão nas faixas de 20 a 30 anos. A idade do segmento de
SkateSails.
jogadores de hóquei e do segmento de esporte radical é similar.
O mercado de acessórios para patins tem sido ignorado. Embora
I
existam vários grandes fabricantes de patins, o mercado de acessó
rios não tem recebido a mesma atenção. Isso proporciona à Pega
Dentre os usuários com mais de 20 anos, 65% estudou apenas
até o ensino médio ou o curso técnico.
I
Os usuários adultos têm renda média anual de US$ 47 mil.
sus uma oportunidade extraordinária de crescimento. Hoje em dia,
a patinação é tida como atividade recreativa. Existe, entretanto, um
FATORES COMPORTAMENTAIS
número crescente de competições que a envolvem, incluindo esportes
I
em equipe, como o hóquei, ou individuais, como corridas de patins.
a uma vida mais saudável, mas sim porque gostam do esporte
A Pegasus está empenhada em ampliar esses mercados, assim como
em desenvolver um mercado de transporte por patins, visando a um
em si.
I
uso mais utilitário.
A empresa esboçou um programa de marketing para entrada em
Usuários praticam esportes, não necessariamente porque visam
Usuários gastam dinheiro em acessórios, geralmente equipamen
tos esportivos. I
novos mercados que combina bens e serviços altamente relevantes
Usuários apresentam estilo de vida ativo que inclui algum tipo de atividade de lazer, no mínimo de duas a três vezes por semana.
com uma estratégia em desenvolvimento de distribuição direta ao consumidor para explorar as paixões e a fidelidade dos clientes. 2.0
Análise da situação
2.1.2 Necessidades do mercado
A Pegasus proporciona à comunidade de patinadores uma ampla
gama de acessórios para todas as atividades que envolvem pa A Pegasus está em seu primeiro ano de operação. Seus produtos foram bem recebidos e o marketing será a chave para desenvolver a
marca e o conhecimento do produto, assim como para ampliar a base
de clientes. A Pegasus International oferece diversos acessórios para
tinação. Seu objetivo é oferecer os seguintes benefícios para seus
clientes: I
nheiro e não gostariam de desperdiçá-lo em produtos descartáveis
patinação, dirigidos ao crescente setor de patins in-line. 2.1 Resumo do mercado
Artigos de qualidade. Os clientes trabalham duro para ganhar seu di
que durem apenas um ou dois anos. I
Design criterioso. O mercado de patinação não dispõe de produtos
elaborados que atendam às necessidades dos praticantes. A ex A empresa possui boas informações sobre o mercado e conhece bem
periência da Pegasus no setor e a dedicação pessoal ao esporte
os atributos comuns do cliente mais almejado. Essas informações
proporcionarão à empresa as informações necessárias para fabri
serão aproveitadas para entender melhor o público e suas necessi
car produtos com design criterioso.
dades específicas, bem como para saber como se comunicar melhor
com ele.
MERCADOS-ALVO
I
Recreação
I
Condicionamento fcico
I
Atendimento ao cliente. Somente com atendimento exemplar é
possível construir um negócio sustentável, com uma base de clientes fiéis. 2.1.3 Tendências do mercado
I Velocidade
A Pegasus irá distinguir-se por comercializar produtos até então não
I
Hóquei
disponíveis. No passado, a ênfase do mercado consistia em vender
I
Esporte radical
patins e algumas poucas peças de reposição. Como o mercado de patinadores não se restringe a um único país, continente ou faixa
2.1.1
Demografia do mercado
etária, existe um mercado global. A Pegasus possui produtos para praticamente todos os grupos de patinadores.
O perfil do cliente típico da Pegasus enquadra-se nos seguintes fato
O segmento de mais rápido crescimento é o de pessoas que ado
res geográficos, demográficos e comportamentais:
taram a prática com o objetivo de aprimorar seu condicionamento físi
FATORES GEOGRÁFICOS
co (Tabela 2.4). Portanto, o marketing será direcionado a esse grupo.
I
A Pegasus não definiu uma área geográfica como alvo. Com base no amplo alcance da internet e em múltiplos serviços de entrega, ela pode atender tanto clientes domésticos como internacionais.
I
A população-alvo estimada é de 31 milhões de usuários.
0 BladeBoots (uma capa para as rodas e para a estrutura de patins in-line) permitirá que os usuários entrem em estabelecimentos sem
precisar tirar seus patins: seu segmento-aIvo é o maior deles, o de
patinação para recreação. Os SkateAids (produto de auxílio na prática
de patinação que serve de apoio ao patinador), por outro lado, são voltados a todos os patinadores.
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING
CAPÍTULO 2
65
Tabela 2.4 Proieçào de mercado-alvo
Projeção de mercado-alvo Clientes potenciais
Crescimento
Ano 1
Ano 2
Ano 3
Ano 4
Ano 5
CAGR’
Recreação
10%
19.142.500
21.056.750
23.162.425
25.478.668
28.026.535
10,00%
Condicionamento físico
15%
6.820.000
7.843.000
9.019.450
10.372.368
11.928.223
15,00%
Velocidade
10%
387.500
426.250
468.875
515.763
567.339
10,00%
Hóquei
6%
2.480.000
2.628.800
2.786.528
2.953.720
3.130.943
6,00%
Esporte radical
4%
2.170.000
2.256.800
2.347.072
2.440.955
2.538.593
4,00%
10,48%
31.000.000
34.211.600
37.784.350
41.761.474
46.191.633
10,48%
Total
'Siga em ingês para CompoundAnnual GrtMth Rate (taca composta de crescimento anual). 0 skatesailing (patinação à vela) também impulsionará a patinação.
I
Redução nos custos do produto graças à economia de escala.
Trata-se. basicamente, de um esporte para o patinador de nível médio
I
Possibilidade de alavancar os esforços de marketing de outros
a avançado, e seu potencial de crescimento é tremendo. As velas fabri
participantes do setor e contribuir para o crescimento do mercado
cadas pela Pegasus foram vendidas na Europa e seguem um padrão
em geral.
semehante ao do windsurfe - esporte que surgiu em Santa Monica, na Califórnia, mas não deslanchou até ganhar popularidade na Europa.
2.2.4
Ameaças
Outra tendência é a patinação em grupo. Um número cada vez
maior de grupos se reúne no mundo inteiro para andar de patins. Em
I
São Francisco, por exemplo, há um grupo noturno que reúne cente nas de pessoas. As tendências de mercado mostram um crescimento
no mercado. I
contínuo em todas as modalidades dessa atividade. 2.1.4
Concorrência futura/potencial de um participante já estabelecido
Uma retração continuada na economia que possa ter efeito ne gativo sobre o modo como as pessoas consomem produtos para esportes ou lazer.
Crescimento do mercado
I
A publicação de um estudo que coloque em questão a segurança
Com o preço dos patins caindo graças à existência de muitas empre
na prática do esporte ou a impossibilidade de prevenir traumatis
sas concorrentes, o mercado apresentou um crescimento estável no
mos graves causados por ele.
mundo, embora as vendas tenham sofrido desaceleração em alguns mercados. A estimativa de crescimento para o primeiro ano é de 31
2.3 Concorrência
milhões de unidades. Um número crescente de pessoas está desco
brindo - ou, em muitos casos, redescobrindo - os benefícios para a
A Pegasus Sports International está formando seu próprio mercado.
saúde e a diversão proporcionados pela patinação.
Embora existam algumas empresas que fabricam as velas e lâminas que os patinadores vêm utilizando, a Pegasus é a única cujos produ
2.2
Análise SWOT
A análise SWOT a seguir captura as principais forças e fraquezas da
empresa, bem como descreve as oportunidades e ameaças que se apresentam à Pegasus. 2.2.1 Forças
tos são, de fato, projetados por praticantes e para eles. As poucas
velas fabricadas pelos concorrentes não são desenhadas especifica
mente para patinação, mas para windsurfe ou skateboard. No caso
das lâminas, o armazenamento e o transporte não são práticos. Exis tem diversos concorrentes indiretos, que são os próprios fabricantes
de patins. Após muitos anos no mercado, essas empresas podem acabar se tomando concorrentes diretos, produzindo acessórios para
I
Experiência e profundo conhecimento do setor.
I
Designers de produto criativos, porém práticos.
I
Utilização de um modelo de negócios altamente eficiente, basea
os patins que fabricam. 2.4 Produtos
do na venda e distribuição direta ao cliente.
Atualmente,
a
Pegasus
Sports International
oferece diversos
produtos: 2.2.2 Fraquezas
I
I
para as rodas e para a estrutura de patins in-line, que permite
A necessidade de recorrer a capital externo para promover o cres
aos praticantes entrar em lugares onde normalmente seu uso
cimento do negócio.
I
não é permitido. 0 BladeBoots vem com uma pequena bolsa
A falta de varejistas que possam trabalhar diretamente com o
e um cinto que se convertem em uma sacola prática para car
cliente para gerar conhecimento de marca e de produto.
I
A dificuldade de desenvolver conhecimento de marca por se tra tar de uma empresa startup.
2.2.3 Oportunidades
0 primeiro produto desenvolvido foi o BladeBoots, uma capa
regar os patins. I
0 segundo produto é o SkateSails. As velas são desenhadas es pecificamente para patinação, e o feedback que a Pegasus tem recebido dos patinadores indica que o skatesaihng pode tornar-
-se um esporte muito popular. O processo de registro de marca
I
Participação em um setor em crescimento.
desse produto está em andamento.
PARTE 1
66
I
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
0 terceiro produto, o SkateAid. terá sua produção iniciada em de
de artigos esportivos dos Estados Unidos, demonstra que o nicho já
zembro. Outras idéias para produtos estão sendo desenvolvidas,
está criado. A meta da Pegasus é expandir esse mercado promoven
mas não serão reveladas antes que a Pegasus possa protegê-las
do o skatesailing. um novo esporte popular tanto em Santa Monica
com um pedido de patente.
como em Venice Beach, na Caífómia. A participação da patinação
subdividida em categorias é a seguinte: 1% velocidade (em cresci 2.5 Fatores-chave para o sucesso
mento), 8% hóquei (em declínio), 7% esporte radical (em declínio), 22% condicionamento físico (quase 7 milhões - de crescimento mas
0 fator-chave para o sucesso é desenhar e fabricar produtos que
atendam à demanda do mercado. Além disso, a Pegasus deve ga rantir a satisfação total do cliente. Caso esses fatores se concretizem, ela se tomará uma empresa lucrativa e sustentável. 2.6 Questões fundamentais
Sendo uma startup, a Pegasus ainda está em seus estágios iniciais.
As questões fundamentais para ela são:
I
Estabelecer-se como a empresa líder em acessórios para patinação.
I
Buscar o crescimento controlado - isto é, os gastos com folha de pagamento nunca devem excedera base de receita. Isso ajudará
a proteger a empresa contra recessões.
I
rápido) e 61% recreação (iniciantes). Os produtos da Pegasus focam
os segmentos de condicionamento físico e recreação, porque são os de maior crescimento. Esses grupos estão se voltando para a saúde e para a prática de exercícios e. juntos, podem chegar facilmente a 85%
(ou 26 milhões) do mercado nos próximos cinco anos. 3.5
Posicionamento
A Pegasus se posicionará como a empresa líder em acessórios para
patinação. Esse posicionamento será alcançado pela alavancagem
de sua vantagem competitiva: experiência no setor e paixão pelo esporte. Trata-se de uma empresa de artigos para patinação formada por patinadores e para eles. Sua administração pode usar a vasta
Monitorar constantemente a satisfação do cliente, assegurando
experiência e a paixão pessoal pelo esporte para desenvolver aces
que a estratégia de crescimento jamais comprometa a qualidade
sórios inovadores, úteis para uma ampla gama de praticantes.
do atendimento e os níveis de satisfação. 4.0 Tática de marketing 3.0 Estratégia de marketing
O único objetivo do programa de marketing consiste em posicionar a O segredo para uma estratégia de marketing eficiente é focar os seg
Pegasus como a fabricante líder de acessórios para patinação, aten
mentos de velocidade, condicionamento físico e recreação. A Pegasus
dendo tanto o mercado doméstico como o internacional. A estratégia
pode cobrir cerca de 80% do mercado de patinação porque fabrica
de marketing buscará de início criar um conhecimento do cliente
produtos dirigidos a todos os segmentos. Ela consegue atender os dife
sobre os bens e serviços oferecidos e. depois, desenvolver uma base
rentes segmentos porque, embora cada um deles seja distinto em ter
de clientes. Especificamente, o programa de marketing da Pegasus
mos de usuários e equipamentos, seus produtos são úteis para todos.
compõe-se de abordagens de produto, determinação de preço, dis
tribuição e comunicações a seguir. 3.1 Missão
4.1 Produto
A missão da Pegasus Sports International é oferecer ao cliente os melhores acessórios para patinação disponíveis no mercado. "Exis
Vários dos produtos atualmente desenvolvidos pela Pegasus pos
timos para atrair e manter clientes. A adoção rigorosa desse lema
suem patentes pendentes, e uma pesquisa de mercado local indica
garantirá nosso sucesso. Nossos bens e serviços superarão as ex
que é grande a demanda por eles. A empresa alcançará rápida e
pectativas dos clientes."
considerável penetração de mercado com um modelo de negócio só lido, um planejamento de longo alcance e uma equipe de gerencia
3.2 Objetivos de marketing
mento forte que seja capaz de executar essa oportunidade atrativa.
I
Manter um forte crescimento positivo em cada trimestre (apesar
Os três diretores na equipe gerencial contam com mais de 30 anos
dos padrões de vendas sazonais).
de experiência pessoal e industrial. Essa extensa experiência fornece
I Alcançar um aumento contínuo de penetração no mercado. I
Reduzir os custos de aquisição de cliente em 1,5% por trimestre.
à Pegasus informações empíricas, bem como a paixão para fornecer
ao segmento de patinação o tão necessário mercado de acessórios. 4.2 Determinação de preço
3.3
Objetivos financeiros
Será baseado em um preço de varejo por produto. Tendo em vista
I Aumentar a margem de lucro em 1% por trimestre devido à eficiência e aos ganhos com economia de escala.
I
Manter um orçamento significativo de pesquisa e desenvolvimen
as vantagens da venda direta, margens mais elevadas podem ser alcançadas com preços premium que, ainda assim, serào atrativos
aos segmentos de clientes.
to (como um percentual das vendas) para incentivar o desenvol vimento de novos produtos.
4.3 Distribuição
I Alcançar uma taxa de crescimento da ordem de dois ou trés dígi tos nos três primeiros anos.
A Pegasus venderá seus produtos inicialmente pelo site. Além de proporcionar maiores margens, essa abordagem direta ao consumi
3.4 Mercados-alvo
dor permitirá à empresa manter uma relação estreita com os clientes, o que é essencial para a produção de produtos que tenham real
A patinação é um mercado mundial com mais de 31 milhões de
demanda de mercado. Até o fim do ano, a Pegasus também desen
praticantes e de crescimento continuo, e a estatística fornecida pela
volverá relacionamentos com diversas lojas de skate e começará a
Sporting Goods Manufacturers Association, associação de fabricantes
vender parte de seus produtos por meio de varejistas.
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING
CAPÍTULO 2
67
Previsão de vendas
4.4 Comunicações
5.2
A mensagem que a Pegasus pretende transmitir é a de que oferece
A Pegasus considera conservadores os números da previsão de ven
os acessórios para patinação mais úteis e bem desenhados. Essa
das. Ela vai aumentar consistentemente as vendas conforme o orça
mensagem será comunicada por diversos meios. Primeiro, pelo pró
mento de comunicação permitir. Embora a projeção de mercado-alvo
prio site da empresa, no qual os consumidores encontrarão muitas
(Tabela 2.4) tenha subdividido os clientes potenciais em diversos
informações sobre os produtos e poderão fazer pedidos. Para trans
grupos, a previsão de vendas (Tabela 2.6) agrupa-os em duas cate
mitir a percepção de profissionalismo e utilidade dos bens e serviços
gorias: recreação e competição. Reduzir o número de categorias per
da Pegasus, muito dinheiro e tempo serão investidos nesse site.
mite ao leitor compreender rapidamente as informações, tomando o
Em segundo lugar, a empresa pretende pubícar anúncios em
gráfico mais funcional.
várias revistas do setor. Existem diversas publicações especializadas,
destinadas a promover o setor de patinação como um todo. Além disso, alguns periódicos menores atendem segmentos específicos do
Tabela 2.6 Previsão mensal de vendas (USS)
setor de patinação. Por último, serão utilizados folhetos promocionas
Ano 1
Ano 2
Ano 3
455.740
598.877
687.765
72.918
95.820
110.042
528.658
694.697
797.807
Custo direto das vendas
Ano 1
Ano 2
Ano 3
tinação: Venice. Califórnia. Para tirar o melhor proveito disso, ela pode
Recreativa
82.033
107.798
123.798
trabalhar com muitos dos diferentes patinadores que vivem na região.
Competitiva
13.125
17.248
19.808
Subtotal do custo de vendas
95.158
125.046
143.606
Vendas
de vendas. Os dois meios anteriores criarão demanda para os folhe tos. que serão então enviados aos clientes. 0 custo dos folhetos será
Recreativa
pequeno porque serão utilizadas as informações já compiladas no site.
Competitiva Vendas totais
4.5 Pesquisa de marketing
A Pegasus tem a sorte de estar localizada no centro do mundo da pa
Na verdade, a Pegasus testou todos os seus produtos não só com seus
diretores, que são exímios patinadores, mas também com muitos ou tros praticantes dedicados e alguns ‘novatos’ de Venice. Esse extenso
5.3 Previsão de despesas
teste de produtos com uma ampla variedade de usuários proporcionou
um feedback valioso, que levou a diversos aprimoramentos no design.
A previsão de despesas será usada como ferramenta para, por um lado, manter o departamento dentro da meta e, por outro, indicar a
5.0 Projeções financeiras
necessidade de correções ou modificações para a implementação
Esta seção oferecerá uma visão financeira da Pegasus em relação às
adequada do plano de marketing
atividades de marketing A empresa abordará análise do ponto de
equilíbrio, previsão de vendas e previsão de despesas para mostrar
como essas atividades se incluem na estratégia de marketing 5.1
6.0 Controles
A finalidade do plano de marketing da Pegasus é servir como um guia para a organização. As seguintes áreas serão monitoradas para
Análise do ponto de equilíbrio
medir o desempenho: Segundo essa análise (Tabela 2.5). serão necessários USS 7.760,00
I
Receita: mensal e anual.
mensais em receita de vendas para alcançar o ponto de equilíbrio.
I
Despesas: mensais e anuais.
I
Satisfação do cliente.
I
Desenvolvimento de novos produtos.
Tabela 2.5 Análise do ponto de equilíbrio Ponto de equilíbrio de unidades por mês
62
US$
Ponto de equilíbrio de vendas por mês
6.1 Implementação
7.760 Os marcos descritos a seguir identificam os principais programas de marketing (Tabela 2.7). É importante atingir cada um dentro do prazo
Suposições:
Receita média por unidade
USS
125,62
Custos variáveis médios por unidade
US$
22,61
Custos fixos estimados por mês t
US$
6.363
e do orçamento (Tabela 2.8).
Tabela 2.7 Marcos Plano Data de início
Data de término
Conclusão do plano de marketing
1/jan
1/fev
Conclusão do site
Atividade
Orçamento (USS) 0
Responsável
Departamento
Stan
Marketing
Fora da empresa
Marketing
1/jan
15/mar
20.400
Campanha de propaganda n91
1/jan
30/jun
3.500
Stan
Marketing
Campanha de propaganda n9 2
1/mar
30/dez
4.550
Stan
Marketing
Desenvolvimento do canal de varejo
1/jan
30/nov
0
Stan
Marketing
Totais
28.450
PARTE 1
68
0 QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MARKETING
Tabela 2.8 Orçamento de despesas de marketing (USS)
Ano 1
Site
Propagandas
Ano 2
6.3
Ano 3
25.000
8.000
10.000
8.050
15.000
20.000
1.725
2.000
3.000
34.775
25.000
33.000
Porcentagem de vendas
6,58%
3,60%
4,14%
Margem de contribuição
398.725
544.652
621.202
75,42%
78.40%
77,86%
Material impresso
Despesas totais de vendas e marketing
DIFICULDADES E RISCOS
contribu ição/vendas
Problemas para gerar visibilidade - o preço pago por ser uma
I
startup on-line.
I
A entrada no mercado de um concorrente já estabelecido no setor.
AS PIORES SITUAÇÕES DE RISCO
I
6.2 Organização de marketing
Chegar à conclusão de que o negócio não consegue se sustentar de forma contínua.
I
Margem de
Plano de contingência
Descobrir que é necessário liquidar equipamentos ou capital inte lectual para cobrir passivos.
Fonte: adaptado de um modelo de plano fomeddo pela Paio Alto Softwa
re, Inc., devidamente protegido por direitas autorais. Encontre modelos mais completos de plano de marketing em: . Reimpresso com permissão da Paio Alto Software.
Stan Blade será o responsável pelas atividades de marketing.
ESTUDO DE
Crescimento e internacionalização da Natura posicionamento de marca orientado pelo bem-estar bem, isto é, as
construir o ambiente para que os negócios ganhem impulso" (SA LOMÃO. 2018). Com presença conjunta em 72 países, a Natura &
A Natura é uma multinacional brasileira do setor de cosméticos, com "relações harmoniosas do indivíduo consigo mesmo, com os outros e
Co ainda tem bastante espaço para crescer internacionalmente, uma
com a natureza’ (NATURA. 2018b). A empresa tem compromisso com
vez que Brasil, Estados Unidos e França sào os únicos países nos
o desenvolvimento sustentável, visando sempre a gerar impactos finan
quais as três marcas do grupo estão presentes. Além disso, também
ceiro, social, cultural e ambiental positivos.
é possível usar a experiência e o conhecimento de canal de cada
Fundada em 1969 por Luiz Seabra, a empresa começou suas ope
marca e dos mercados em que operam para ajudar as outras mar
rações com uma pequena loja física na ma Oscar Freire, na cidade de
cas a atingirem seus objetivos com mais rapidez. Com investimentos,
Sào Paulo, ottendo crescimento e sucesso com a venda por catálogo,
transformações e sinergias, a empresa espera que sua receita cresça
iniciada em 1976, e com o programa de vendas diretas por meio de
50% nos cinco anos seguintes à última aquisição (de 11,67 bilhões
uma rede de consultoras, que chegou a 1,8 milhão em 2018.
de reais em 2017 para 17,15 bilhões de reais em 2022).
Em 2018, a Natura tomou-se líder em venda direta no mercado doméstico e implantou uma estratégia multicanal: expandiu sua ain
Para mais informações sobre a nova estratégia de canal da Natura,
veja o estudo de caso no final do Capítulo 17.
da tímida atuação no varejo, iniciada em 2016 (26 lojas, parcerias com franquias e redes de farmácias), e apostou em uma crescente plataforma digital (2% de vendas em 2017), usada tanto pelos consu midores finais como pelas consultoras.
Questões 1. Em que estágio de internacionalização a marca Natura se encon
Intemacionalmente, a marca Natura começou sua expansão na dé
tra? Discuta estágios e modos de entrada nos diversos mercados.
cada de 1990. tendo em 2018 negócios na Argentina, no Chile, na Co
2. Como você acha que as recentes aquisições poderão ajudar a
lômbia, nos Estados Unidos, na França, no México, no Peru e na Bolívia,
marca Natura em seu processo de internacionalização? Quais ris
onde opera por meio de um distribuidor local. Possui também, além das
cos, se houver algum, poderão ser mitigados?
fábricas próprias em Cajamar (SP) e Benevides (PA), produção terceiri
zada na Argentina, na Colômbia e no México. Alinhada com seu objetivo de se tomar mais eficiente, internacio
nal e multicanal. a empresa partiu para aquisições de marcas globais
3. Se você fosse o gestor do grupo Natura & Co, quais seriam os
próximos passos para cada uma das marcas em relação à:
I
como - modo de entrada);
que complementassem sua atuação nesses pontos e tivessem os mesmos princípios e valores de sustentabilidade. Em 2013, comprou
a australiana Aesop (integralmente adquirida no final de 2016 com
entrada em novos mercados (em quais mercados entrar e
I
estratégia de marketing (padronizada ou adaptada? Interligada
ou independente para cada marca?).
10% de vendas on-line, 209 lojas próprias e presença em 23 países
com 99 lojas de departamento) e, em 2017, a britânica The Body
Autores
Shop (com 9% de vendas on-line, 3.049 lojas físicas entre próprias
e franqueadas e presença em 68 países, sendo 66% em mercados
Clarice Secches Kogut doutoranda, pesquisadora e professora convidada
novos para a Natura).
de marketing e rítemational business do Instituto Coppead/UFRJ e Alumni
Com a união das três marcas, o grupo tornou-se o 14° maior
Coppead. Possui credencial CFA, é mestre em business pela Columbia Uni-
do mundo em cosméticos, adotando uma nova identidade: Natura
vesity (Estados Unidos) e graduada em administração de empresas pela
& Co. A companhia espera ‘consolidar as bases do grupo e, assim.
Eaesp-FGV.
ELABORAÇÃO DE ESTRATÉGIAS E PLANOS DE MARKETING Renato Dourado Cotta de Mello: professor associado do Instituto Co-
ppead/UFRJ, com pós-doutorado pela Ohio University (Estados Unidos). É doutor em engenharia de produção pela Coppe/UFRJ e mestre pelo Instituto Coppead/UFRJ. Fontes: NATURA. Natura - relações com investidores, 2018a. Disponível em:
. Acesso em: 5 jul. 2018; NATURA. Site da empresa, 2018b. Disponível em: . Acesso em: 5 jul. 2018; NATURA. Natura
CAPÍTULO 2
69
&Co: uma jornada de transformação para desuavar valor. Natura & Co Day, 20 abr. 2018 São Paulo, p. 102. 2018c; SALOMÃO. Karin. Os novos planos da Natura para se multiplicar e ganhar o mundo. Revista Exame. 2018. Disponwel em: . Acesso em: 3 out. 2018; VAZ, Tatiana. Em dez anos, teremos entrado em 70 países, diz presidente da Natura. Folha de São Paulo. Sào Pauto. 7 jan. 2018. Disponível em; . Acesso em: 3 out. 2018.
PARTE 2: Captação de oportunidades de marketing
3 Coleta de informações e previsão de demanda
CAPÍTULO
Neste capítulo, abordaremos as seguintes questões:
1.
Quais sào os componentes de um moderno sistema de informações de marketing?
2.
Quais registros internos sào úteis para tal sistema?
3.
O que compõe um sistema de inteligência de
marketing? 4.
Quais são as principais tendências macroambientais?
5.
Como as empresas podem medir e prever demanda
com precisão?
Tomar decisões de marketing em um mundo em rápida transformação é tanto uma arte como uma ciência. Os profissionais de marketing
holístico reconhecem que o ambiente de marketing apresenta constantemente novas oportunidades e ameaças e entendem a importân cia de monitorar, analisar e se adaptar a esse ambiente continuamente. A Campbell é uma das muitas empresas que tentam conquistar
o consumidor mais jovem da geração Y.1
As icônicas latas de sopa nas cores vermelho e branco da
Praticamente todos os setores foram afetados por transform ações
Campbell Soup Company representam uma das mais famosas
radicais nos ambientes econômico, sociocultural, natural, tecnológico e
marcas dos Estados Unidos e foram inclusive tema de uma
politico-legal. Neste capítulo, examinaremos como as empresas podem
obra de arte de Andy Warhol. No entanto, recentemente a em
identificar e rastrear tendências macroambientais relevantes e desen
presa de 143 anos sofreu um golpe duplo: o consumo total de
volver previsões de vendas eficazes.
sopa enlatada diminuiu 13% e sua participação de mercado caiu de 67% para 53% em virtude da popularidade de sopas
mais frescas e de qualidade superior. Para conter a queda nas vendas, a Campbell dedicou-se a entender melhor o público
spicy. Chorizg
de 18 a 34 anos que compõe 25% da população do país e afetará profundamente o futuro da empresa. Adotando uma abordagem antropológica de pesquisa, enviaram executivos
para estudar pessoalmente os consumidores da geração Y em
'centros do mercado hipster *,
’■.th Blacky
como Londres, Austin. Portland e
Washington D.C. Eles participavam de sessões chamadas live■alongs (compartilhamento de vida), em que faziam compras
com jovens consumidores e comiam na casa deles; ou eat-
-alongs (compartilhamento de refeições), em que jantavam com eles em restaurantes. 0 principal insight? Consumidores
da geração Y adoravam especiarias e provavam mais comida exótica do que seus pais — eles simplesmente não cozinha
vam em casa! A solução encontrada foi uma nova linha: a Campbell’s Go! Soup, de refeições prontas para consumo em seis variedades de sabor, tais como frango marroquino com
grão de bico; chouriço picante e frango com feijão preto; e
A Ca'npbdl snoj .ma nova li'/a ce «ahn-asas sopas premas para consjm r visando cair m> gosio ccs cixisjrn cures da gerarão Y.
frango com curry e cogumelos shitake. Vendidas em sachês em vez de latas, para transmitir a ideia de frescor, e a um preço três vezes maior que o da linha básica vermelha
e branca, os novos produtos foram promovidos exclusivamente on-line, incluindo sites de música e humor, plataformas de jogos e mídias sociais. A Campbell também vende pães e biscoitos Pepperidge Farms, sucos
vegetais V8 e molho de macarrão Prego, mas as sopas representam metade de sua receita, de modo que o sucesso de marketing da nova linha era crucial.
CW»to Ortaú 34,000|
MENSURAÇÃO DO ROI DE MÍDIAS SOCIAIS
Estima-se que as despesas das empresas com campanhas de redes
eCBOOY
3«^0O taÃWMtt ir CO M Rrc OJ
hwe
Inicialmente, o foco da mensuração dos efeitos das mídias sociais recaía sobre quantidades facilmente obseiváves, como o número de curtidas do
sociais vão duplicar nos próximos quatro anos, mas muitos dos profis
Facebook e de publicações por semana do Twitter. Essas quantidades nem sempre se correlacionavam com o sucesso de marketing ou comercial, en
sionais de marketing não sabem o que vão receber em retorno pelos
tão os pesquisadores começaram a aprofundar sua análise. Avaliar o valor
dólares investidos nessas campanhas. Quando a Audi veiculou o pri
da mídia social não é tarefa fácil. Alguns especialistas em marketing com
meiro anúncio do Super Bowl que exibia uma hashtag do Twitter em
param as redes sociais a um telefone: como avaliar o ROI (retomo sobre
2011, não tinha ideia de quanto o alto envolvimento de sua base de
fãs do Facebook se traduziría em vendas de mais canos. Um relató
investimento, do inglês return on investment) de todas as diversas chama das que fazemos? Josh Bemoff, o adamado guru de marketing digital da
rio demonstrou que 50% das empresas da Fortune 1000 não faziam
Forrester Research, divide os benefícios de curto prazo e os benefícios de
benchmark nem mediam o retorno de seus projetos de CRM social.
longo prazo das mídias sociais em quatro categorias:
126
PARTE 2
CAPTAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE MARKETING
1. Benefícios financeiros de curto prazo, tais como aumento de
V. Kumar e colegas sugerem um processo de sete etapas para obter
receita ou redução de custos. Do lado da receita, quando a NetShops.com adicionou classificações e avaliações a seu site, as
sucesso nas redes sociais, com vários índices úteis que poderíam ser
vendas cresceram 26% em um período de seis meses. Do lado do custo, a National Instruments, fabricante de produtos sofisticados
desenvolvidos a cada etapa: 1.
Monitore as conversas.
2. Identifique indivíduos influentes.
de engenharia, constatou que os membros de sua comunidade de usuários responderam a 46% das perguntas de outros usuá
3. Identifique os fatores compartilhados.
rios, assim permitindo que a empresa economizasse seu custo típico de serviço de USS 10 por chamada. Da mesma forma, a
5. Recrute esses influenciadores.
reformulação da comunidade on-line da AT&T poupou-lhe 16% no
6. Incentive-os a espalhar um boca a boca positivo.
suporte ao cliente por telefone em um mès.
7. Colha as recompensas.
4. Localize potenciais influenciadores que tenham interesses relevantes.
2. Benefícios digitais globais de curto prazo. Quando a Swanson
Pesquisas também demonstram que o uso das mídias sociais difere
Health Products melhorou a visibilidade das avaliações de seus
de maneira significativa. As pessoas tendem a ser mais positivas nas
produtos, elas se tornaram mais acessíveis aos mecanismos de busca, e o tráfego para suas páginas de produtos subiu 163%.
comunicações unilaterais (como blogs e Twitter) do que em fóruns bi laterais onde compartilham e discutem sobre marcas ou experiências
Vídeos, comunidades e blogs on-line, além do Twitter, também podem impulsionar o desempenho das buscas.
de produtos com outros.
3. Ascensão da marca no longo prazo. As midias sociais podem me lhorar as mensurações de desempenho da marca no longo prazo.
Quando a P&G criou uma página no Facebook em apoio à esquia dora Lindsey Van, ela coletou 40 mil assinaturas em uma petição para tornar o esqui um esporte olímpico. Surveys de usuários par ticipantes do Facebook constataram de 8 a 11% de aumento na preferência de marca e na intenção de compra.
4. Prevenção ao risco no longo prazo. Lidar com uma crise pode custar a uma empresa milhões de dólares ao longo do tempo. É melhor evitá-
la antes que provoque qualquer dano à marca. Empresas como o McDonald's e a AT&T contam com equipes de atendimento ao cliente que monitoram os turtes sobre seus produtos para cortar o mal pela
raiz assim que surge qualquer alegação de problema. 0 analista de mídia social da Forrester, Zach Hofer-Shall, acredita que
extrair insights acionáveis e feedback mensurável das mídias sociais re quer (1) as pessoas certas para interpretar os dados; (2) uma meta co mercial para impulsionar a estratégia; (3) a melhor plataforma de escuta social para atingir metas; e (4) um processo formal de análise de dados
e tomada de ações.
A maneira mais fácil de gerar e medir retomo nas redes sodas é criar um concurso, sorteio ou promoção. A agenda de publicidade Wildfire, sediada no Vale do Silício, criou uma promoção para o suco Jamba Juice em que o valor de um cupom da sorte' era revelado apenas na loja. Com a participa
ção de dezenas de milhares de clientes, a promoção foi um sucesso, mas
os resultados das redes sociais ainda podem ser imprevisweis.
A campanha da P&G na internet em apoio ã esquiadora Lindsey Van gerou benefícios também para sua marca de desodorante Secret Fontes: ROI Lacking in Sodal CRM. Disponível em: . Acesso em: 23 jul. 2018; BERNOFE Josh. A Balanced Perspective on Social ROI. Marketing News. 28 fev. 2011; LEVY. Piet. 10 Minutes with... Zach Hofer-Shall. Marketing News, 15 set 2011; MANJOO. Frahad. Does Social Media Have a Return on In vestment? Fast Company, jul./ago. 2011; SCHWEIDELDavidA.: MOE. Wendy W; BOUDREAUX, Chris. Social Media Intelligence: Measuring Brand Sentiment from
Online Conversation. MSI Report 12-100. Cambridge. MA: Marketing Science Institute. 2012.
Um defensor de indicadores simples e relevantes, Paul Farris, da Universidade de Virginia, estabelece uma analogia com a forma como um piloto de jato Boeing 747 decide quais informa ções usar dentre a vasta gama de instrumentos no cockpit para pilotar o avião:49
Pilotos de aeronaves seguem protocolos. Quando estão na pista de decolagem aquecen
do seus motores prestes a decolar, eles observam algumas coisas. Quando taxiam, ob
servam outras. Quando alçam voo, observam mais outras. Há uma sequência que define quando prestar atenção em quais métricas, o que lhes permite várias ações ao mesmo tempo, contrabalançando simplicidade e complexidade.
Tim Ambler, da London Business School, acredita que as empresas podem dividir a avalia ção do desempenho dc marketing cm duas partes: (1) resultados a curto prazo c (2) mudanças
no brand equity.50 Os resultados a curto prazo costumam refletir questões de lucro e prejuízo,
como mostrado pelo giro de vendas, pelo valor para o acionista ou por uma combinação dos
PESQUISA DE MARKETING dois. A avaliação do brand equity inclui mensurações dc conscientização, atitudes c compor tamentos dos consumidores; participação de mercado; preço premium relativo; número de reclamações; distribuição e disponibilidade, número total de clientes; qualidade percebida c
fidelidade/ retenção?1 As empresas também podem monitorar um extenso conjunto de indicadores internos,
como a inovação. Por exemplo, a 3M monitora a proporção dc suas vendas resultante dc inova ções recentes. Ambler recomenda ainda o desenvolvimento de medidas e indicadores relativos
aos funcionários, argumentando que “seus clientes são os usuários tinais, mas seus funcionários são os primeiros usuários, e você precisa avaliar a saúde do mercado interno”. A Tabela 4.3 apresenta uma lista sucinta de indicadores de marketing internos e externos extraídos do levan
tamento de Ambler no Reino Unido.'2
Tabela 4.3 Exemplo de indicadores de marketing
1. Externos
II. Internos
Conscientização
Conscientização das metas
Participação de mercado (volume ou valor)
Compromisso com as metas
Preço relativo (participação de mercado em valor/volume)
Suporte ativo para inovação
Número de reclamações (nível de insatisfação)
Adequação de recursos
Satisfação do cliente
Níveis de pessoal/competências
Distribuição/disponibilidade
Desejo de aprender
Número total de clientes
Disposição para mudar
Qualidade percebida/estima
Liberdade para falhar
Fidelidade/retenção
Autonomia
Qualidade relativa percebida
Satisfação relativa dos funcionários
Fonte: AMBLER, Tim AmWer. What does marketing success look like? Marketing Management, p. 13-18. prima»era 2001.
MODELOS DE MIX DE MARKETING A prestação de contas no marketing também significa que os profissionais da área devem
estimar com maior precisão os efeitos de seus investimentos. Os modelos de mix de mar keting analisam dados de várias fontes, como dados coletados de leitores de códigos de barra no varejo, dados de expedição da empresa e dados dc determinação de preços, mídia
e despesas com promoções, para compreender com maior precisão os efeitos de cada ati vidade de marketing. ’3 Para aprofundar esse entendimento, análises multivariadas, como
a análise dc regressão, são conduzidas para identificar como cada elemento dc marketing
influencia os resultados relevantes, tais como as vendas de determinada marca ou a parti cipação de mercado. Espccialmente popular nas empresas de produtos embalados como a Procter & Gamble, a
Clorox e a Colgate, os resultados dos modelos de mix de marketing são usados para alocar ou rcalocar despesas. As análises tentam descobrir quanto da verba para propaganda foi desperdi
çada, quais são os níveis ideais de gastos e quais devem ser os níveis mínimos de investimento. Embora os modelos de mix de marketing ajudem a isolar efeitos, são menos eficazes em
avaliar como os diferentes elementos de marketing funcionam em conjunto. Dave Reibstein, da
Wharton School, também observa três outras deficiências:54
I
O modelo de mix de marketing concentra-se no crescimento incrementai e não nas vendas
dc base ou nos efeitos dc longo prazo.
I
A integração de indicadores importantes, tais como satisfação do cliente, reconhecimento
de marca e brand equity, ao modelo de mix de marketing é limitada.
I
De modo geral, o modelo de mix de marketing não consegue incorporar indicadores rela cionados à concorrência, ao comércio ou à força de vendas (na média, as empresas gastam
muito mais com força dc vendas c promoção comercial do que cm propaganda ou promo ção ao consumidor).
CAPÍTULO 4
127
128
PARTE 2
CAPTAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE MARKETING
PAINÉIS DE MONITORAMENTO DE MARKETING As empresas também empregam processos e sistemas organizacionais para se certificar da maxim ização do valor de toda essa diversidade de indicadores. A gerência pode montar um
conjunto sucinto dos indicadores internos e externos relevantes em um painel de monitora
mento de marketing para síntese e interpretação. Os painéis de marketing são como o painel
dc instrumentos cm um carro ou avião que exibe a visualização cm tempo real dos indicadores que asseguram o funcionamento adequado. Formalmente, os painéis de marketing são “um conjunto conciso de drivers interconectados de desempenho a serem vistos em comum por toda a organização”?5
Eles são eficientes na mesma medida em que as informações nas quais se baseiam também o são, mas ferramentas sofisticadas de visualização ajudam a dar vida aos dados para melhorar
sua compreensão e análise. A codificação por cores, símbolos e diferentes tipos de gráfico, ta
bela e indicador são eficazes e fáceis de usar. Algumas empresas também nomeiam controllers dc marketing para examinar itens c gastos orçamentários. Cada vez mais, esses controllers usam software de business intelligence para criar versões digitais de painéis de marketing que agregam dados de fontes internas e externas.
Como insumo para o painel de monitoramento de marketing, as empresas devem incluir dois principais scorecards, ou indicadores, baseados no mercado, que reflitam o desempenho e forneçam possíveis sinais precoces de alerta.
I
Uma análise de performance do cliente registra como a empresa se sai ano após ano, com
base em indicadores de clientes como os mostrados na Tabela 4.4. A gerência deve definir metas para cada indicador c agir quando os resultados extrapolam os limites.
I
Uma análise de performance dos stakeholders acompanha a satisfação dos vários gru
pos que têm interesse e impacto cruciais no desempenho da empresa: funcionários, for
necedores, bancos, distribuidores, varejistas c acionistas. Também, nesse caso, a gerencia deve agir quando um ou mais grupos registram níveis de insatisfação elevados ou acima do esperado.56
Tabela 4.4 Exemplos de indicadores da análise de performance dos clientes I Porcentagem de novos clientes em relação ao número médio de clientes.
I
Porcentagem de clientes perdidos em relação ao número médio de clientes.
I Porcentagem de clientes recuperados em relação ao número médio de clientes.
I
Porcentagem de clientes incluídos nas categorias de muito insatisfeitos, insatisfeitos, neutros, satisfeitos e muito satisfeitos.
I
Porcentagem de clientes que comprariam o produto nova mente.
I Porcentagem de clientes que recomendariam o produto. I Porcentagem de clientes do mercado-alvo que conhecem e se lembram da marca. I Porcentagem de clientes que consideram o produto da empresa o preferido da categoria.
I
Porcentagem de clientes que identificam corretamente o posicionamento e a diferenciação pretendidos pela marca.
I Percepção média da qualidade do produto da empresa em relação ao produto do principal concorrente.
I
Percepção média da qualidade do serviço da empresa em relação ao seiviço do principal concorrente.
Alguns executivos receiam perder a visão do todo ao se concentrarem demais em um con
junto de números em um painel. Há críticos que se preocupam com a privacidade e a pressão que essa técnica impõe aos funcionários, mas a maioria dos especialistas considera que as
recompensas valem o risco. A seção Memorando de marketing: Painéis eficazes de monitora mento de marketing fornece conselhos práticos sobre o desenvolvimento dessas ferramentas
de marketing.
PESQUISA DE MARKETING
PAINÉIS EFICAZES DE MONITORAMENTO DE MARKETING
O consultor de marketing Pat LaPointe considera que os painéis de
monitoramento de marketing fornecem todas as informações atualiza das necessárias à condução dos negócios de uma empresa, tais como vendas versus previsão, eficácia do canal de distribuição, evolução do brand equity e desenvolvimento do capital humano. De acordo com LaPointe, um painel eficaz se concentra na reflexão, melhora a comu
nicação interna e revela onde os investimentos em marketing estão LaPointe observa quatro caminhos' de mensuração mais comuns se guidos atualmente pelos profissionais de marketing (Figura 4.2). A mensuração baseada no diente analisa a forma como consumi
dores em potencial se convertem em clientes, desde o reconheci mento da marca até a preferência, a experimentação e a repetição da compra, ou algum modelo menos linear. Essa área também exa
mina como a experiência do cliente contribui para a percepção de valor e a vantagem competitiva. I
I
129
Modelos de ROI de programas e campanhas medem o impacto ime diato ou o valor presente líquido dos lucros esperados de determi
nado investimento. I A mensuração baseada na marca acompanha o desenvolvimento
do impacto do marketing no longo prazo. Isso é feito pelos indi cadores de brand equity que avaliam a qualidade da percepção
da marca pelo cliente e pelo consumidor em potencial e a saúde financeira geral da marca. LaPointe considera que um painel de monitoramento de marketing
compensando ou não.
I
CAPÍTULO 4
A mensuração baseada na venda de um bem ou serviço reflete o que os profissionais de marketing conhecem sobre as vendas
pode apresentar percepções de todos os caminhos em uma visão gra ficamente relacionada que ajuda a empresa a enxergar ligações sutis
entre elas. Um painel bem construído pode ter uma série de guias que
permitem ao usuário alternar facilmente entre diferentes famílias' de indicadores organizados por cliente, produto, experiência, marca, ca nais, eficiência, desenvolvimento organizacional ou fatores macroam
bientais. Cada guia apresenta três ou quatro indicadores mais criterio sos, com dados filtrados por unidade de negócio, região geográfica ou segmento de clientes com base nas necessidades dos usuários. (Veja
na Figura 4.3 um exemplo de página de indicadores de marca.)
unitárias de bens/serviços: a quantidade vendida por linha de
Idealmente, o número de indicadores apresentados em um painel de
produto e/ou região geográfica; o custo de marketing por unidade vendida como um critério de eficiência; e onde e como a margem
monitoramento de marketing se reduzirá a poucos fatores-chave ao
é otimizada em relação às características da linha de produto ou
longo do tempo. Enquanto isso, o processo de desenvolvimento e aper feiçoamento do painel de marketing vai, sem dúvida, levantar e resolver
do canal de distribuição.
muitas questões fundamentais sobre o negócio.
A mensuração baseada no fluxo de caixa concentra-se na eficácia
Fonte: adaptado de LAPOINTE. Pat. Marketing by the Dashboard Light. Associa
com que as despesas de marketing obtêm retornos no curto prazo.
tion of National Advertisers, 2005. .
Figura 4.2 Caminhos de mensuração de marketing
Esforços tecnicamente corretos, porém pontuais, com múltiplas estruturas de mensuração
i
L
1
♦
—I
Indicadores de clientes
Indicadores Indicadoresde de vendas de bens e serviços
Hierarquia de efeitos
Vendas por produto/categoria
ROI de campanhas /programas
Imagens e atributos da marca
Satisfação/ Experiência
Custo de marketing por unidade
Modelos de mix de mídias
Impulsionadores de brand equity
1
1
1
Otimização de margem
Otimização de portfolio de atividades
Avaliação financeira
. .. .___ . Indicadores de fluxo de caixa
Indicadores de marca
II
c
Migração de segmento de atitude/
Centenas de relatórios, mas pouca integração de conhecimentos ou sintese de aprendzagem
AI I
130
PARTE 2
CAPTAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE MARKETING
Figura 4.3 Exemplo de um painel de monitoramento de marketing
Fonte: adaptado de LAPOINTE. Patrick. Marketing by the Dashboard Liffit: How to Get More Insight Foresight and Accountability from Your Marketing Investments.
© 2005, Patrick Laftrinte.
Resumo 1. As empresas podem conduzir sua própria pesquisa de marketing ou contratar outras organizações para fazer esse trabalho por elas.
comportamentais ou experimentais) e ao instrumento de pes quisa a ser utilizado (questionário, pesquisa qualitativa ou dis
Alguns meios de conduzir uma pesquisa de forma criativa e aces sível sào: envolver estudantes ou professores para elaborar e rea lizar projetos; usar a internet; verificar a concorrência; aproveitar a
positivos tecnológicos). Além disso, devem determinar um plano de amostragem e os métodos de contato (por correio, telefone,
experiência dos parceiros de marketing; e explorar a criatividade e os conhecimentos dos funcionários. 2. Uma pesquisa de marketing eficaz caracteriza-se port método
5. Duas das abordagens complementares para a mensuração da pro dutividade de marketing são: (1) indicadores de marketing para
científico, criatividade, multiplicidade de métodos, desenvolvi mento de modelos precisos, análise de custo-benefício, ceticismo
para estimar relações causais e medir como a atividade de marke ting afeta os resultados. Os painéis de monitoramento de marketing
saudável e foco ético. 3. 0 processo de pesquisa de marketing consiste em definir o proble
são uma forma estruturada de disseminação dentro da organização das percepções coletadas dessas duas abordagens.
ma, as alternativas de decisão e o objetivo da pesquisa; desen volver o plano de pesquisa; coletar as informações; analisar as in
6. Avaliar o R0I das redes sociais é um desafio e requer uma gama de
formações; apresentar os resultados à gerência; e tomar decisões. 4. Ao conduzir as pesquisas, as empresas devem decidir entre
contato pessoal ou internet).
avaliar os efeitos de marketing e (2) modelo de mix de marketing
recursos financeiros de curto prazo e de longo prazo, além de indi cadores relacionados à marca. Embora as curtidas do Facebook e
coletar suas próprias informações ou fazer uso das já existen tes. Também devem decidir quanto à abordagem a ser adotada
as publicações do Twitter forneçam alguma noção do nível de envol vimento com a marca, um conjunto mais completo de indicadores costuma ser necessário para que se obtenha uma imagem mais
(por observação, focus group, pesquisa do tipo survey, dados
precisa das mídias sociais ou de outras atividades on-line.
PESQUISA DE MARKETING
CAPÍTULO 4
131
Aplicações Debate de marketing
ASSUMA UMA POSIÇÃO: A pesquisa de marketing mais eficiente é de natureza quantitativa ou qualitativa?
QUAL É 0 TIPO DE PESQUISA DE MARKETING MAIS EFICIENTE?
Existem abordagens ou técnicas de pesquisa que são preferidas entre os pesquisadores de mercado. Alguns sustentam que a única maneira
Discussão de marketing
de realmente obter informações sobre consumidores e marcas é uma pesquisa qualitativa detalhada. Outros argumentam que a única forma
QUALIDADE DA PESQUISA SURVEY
sustentável de pesquisa de marketing envolve avaliações quantitativas. Assuma uma posição: a pesquisa de marketing mais eficiente é de
survey? A informação que você proporcionou foi útil? O que deveria ser modificado na pesquisa para tomá-la mais eficaz?
Quando foi a última vez que você participou de uma pesquisa do tipo
natureza quantitativa ou qualitativa?
EXCELÊNCIA EM
IDEO A IDEO é a maior e uma das mais influentes empresas de consul toria em design dos Estados Unidos. Ela criou alguns dos ícones
pensamos no design a partir do exterior para que possamos colocar os clientes em primeiro lugar’. Em última análise, a IDEO projeta
mais conhecidos da era da tecnologia, como o primeiro laptop, o primeiro mouse (para a Apple), o PDA Palm V e o gravador digital
produtos que os consumidores desejam e valorizam porque ofere cem uma experiência superior e resolvem um problema. Entre as
de vídeo da TiVo. Além de sua magia high-tech, a empresa projetou artigos para o lar como a vassoura mágica Swiffer Sweeper e o tubo
recentes inovações de produtos estão um desfibrilador cardíaco que ■fala' as instruções durante uma emergência e uma versão renovada
de creme dental da Crest, ambos para a Procter & Gamble. Sua lista diversificada de clientes inclui AT&T, Bank of America. Ford Motor
da clássica carteira de madeira em salas de aula. Em outro exemplo, a Marriott contratou a IDEO para ajudá-la a tor
Company, PepsiCo. Nike. Marriott. Caterpillar. Eli Lilly, Lufthansa. Prada e Clínica Mayo.
nar sua rede de hotéis Courtyard by Marriott mais atraente ao público jovem. A IDEO realizou entrevistas e observou hóspedes em lounges,
0 sucesso da I DEO é atribuído a uma abordagem chamada de
lobbies e restaurantes do hotel. Sua pesquisa revelou que o desinte resse dos mais jovens era pela falta de atividade nas áreas públicas do
sign thinking - um método inovador que incorpora o comportamento
aos projetos. Trata-se de uma maneira pouco convencional de reso lução de problemas que parte da formação de equipes compostas por indivíduos com vários antecedentes e experiências, abrangendo
hotel, falta de tecnologia oferecida e poucas opções de refeição. Como resultado, a rede Courtyard by Marriott mudou seu mobiliário e decora
ção para ser mais confortável e convidativo. Além disso, disponibilizou
desde antropólogos e jornalistas até MBAs e engenheiros. A crença da IDEO é a de que, ao reunir um grupo diversificado com esses talentos,
opções de tecnologia avançada em seus lobbies e lounges, como te levisões de tela plana e acesso Wi-Fi gratuito, e converteu seu bufê de
eles vão aprimorar as idéias uns dos outros e chegar a uma solução que uma só mente não poderia alcançar.
café da manhã em um café 24 horas, onde os hóspedes podiam tomar um café gourmet e comer algo saudável rapidamente e a qualquer mo
Além disso, a IDEO usa diversas metodologias de pesquisa com-
mento. Também criou áreas ao ar livre com som ambiente e lareiras. Após as reformas, a rede Courtyard by Marriott mudou seu slogan para
portamental e por observação para entrar na mente do consumidor. Isso a ajuda a desvendar insights profundos e compreender como os
Courtyard. Its a new stay (Courtyard, uma nova estadia).
A criação de protótipos ocorre durante todo o processo de design
consumidores compram produtos, interagem com eles, os usam ou até os descartam. Por exemplo, um dos métodos consiste em seguir
da IDEO para que as pessoas possam testar, experimentar e melho
os consumidores, tirar fotos ou gravar vídeos deles nos momentos de compra ou uso de produtos e realizar entrevistas detalhadas com
rar cada nível de desenvolvimento. A empresa incentiva seus clientes, inclusive os altos executivos, a participarem da pesquisa para que te
eles para aprofundar a avaliação de suas experiências. A IDEO usa outro método chamado mapeamento comportamental e mantém um
nham uma noção da experiência real do consumidor com seu bem ou serviço. Por exemplo, ao criar um protótipo para o primeiro mouse da
registro fotográfico de pessoas confinadas a determinada área, como a sala de embarque de uma companhia aérea, a sala de espera de
Apple. Steve Jobs nào gostou do ruído que ele fazia quando em contato com a mesa e insistiu para que a IDEO encontrasse uma forma de
um hospital ou a praça de alimentação em um shopping center para
reduzi-lo. A empresa de design superou esse enorme obstáculo técnico revestindo a bola de aço do mouse, sem interferir com sua função.
avaliar como a experiência deles pode ser melhorada. Os participan tes mantém um 'diário de câmera' em que registram suas impressões
visuais de dado produto ou categoria. A IDEO também convida os consumidores a usar técnicas de storytelling para compartilhar narra
A nova abordagem de design orientada ao consumidor da IDEO levou a inúmeras histórias de sucesso e prêmios para seus clientes e para a própria empresa. Seu trabalho também serviu de inspiração para
tivas pessoais, vídeos, esquetes ou até mesmo animações sobre suas experiências com um bem ou serviço.
a criação da escola de design da Universidade de Stanford - The Hasso Plattner Institute of Design -, onde os estudantes trabalham na solução
Essa abordagem focada no cliente contraria a tendência predo minante de muitas empresas de alta tecnologia que se concentram
de problemas centrada na abordagem do design thinking. 0 resultado mais importante dos projetos da IDEO é que eles resol
mais em suas próprias competências ao desenhar produtos. Da
vem problemas de usabilidade para os clientes. A empresa ‘vai fundo' para atingir esse objetivo. Desde sua fundação, obteve milhares de pa
vid Blakely, diretor de tecnologia do grupo, explicou: ‘As empre sas de tecnologia criam projetos de dentro para fora, enquanto nós
tentes e gerou milhões de dólares em faturamento.
132
PARTE 2
CAPTAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE MARKETING
Questões 1. Por que a IDEO tem sido tào bem-sucedida? 2. Qual é o desafio mais difícil que ela enfrenta na realização de suas pesquisas e no design de seus produtos?
3. No final das contas, a IDEO cria grandes soluções para empresas
que recebem todo o crédito. Ela deve tentar criar mais reconheci mento de marca para si mesma? Por quê?
Fontes: CHAMBERLAIN. Lisa. Going Off the Beaten Path for New Design Ideas. New York Times. 12 mar. 2006: TAYLOR. Chris. School of Bright Ideas. Time.
6 mar. 2005. p. A8; MORRISON. Scott Sharp Focus Gives Design Group the Edge. Financial Times. 17 fev. 2005, p. 8: NUSSBAUM, Bruce. The Power of Design. BusinessWeek, 17 maio. 2004. p. 86; lEZZl.Teressa. Innovate, but Do It for Consumers. Advertising Age. 11 set. 2006: DE LOLUS, Barbara. Marriott Perks Up Courtyard with Edgier, More Social Style. USA Today. 1 abr. 2008; BROWN. Tim. Change by Design. BusinessWeek. 5 out. 2009, p. 54-56; 60 Minutes. CBS News, 6 jan. 2013.
EXCELÊNCIA EM
Intuit A Intuit desenvolve e comercializa software de solução financeira e fis
os clientes usam e se sentem sobre seus produtos, além de se manter
cal para consumidores e pequenas e médias empresas. Foi fundada em 1983 por um ex-fundonário da Procter & Gamble, Scott Cook, e
a par da tecnologia, das necessidades do consumidor e da competiti vidade do setor.
um programador da Universidade de Stanford, Tom Proulx, após Cook perceber que devia haver um modo mais eficaz de automatizar seu
Pesquisas de campo ajudam a Intuit a obter insights de diversas maneiras. Durante um Site Visit (visita às instalações), seus pesqui
processo de pagamento de contas. Por quase 30 anos, sua missão tem sido a de ‘revolucionar a vida das pessoas na resolução de seus
sadores visitam a casa ou o escritório das pessoas para observar
principais problemas de administração de negócios e finanças’. A Intuit lançou seu primeiro produto, Quicken, em 1984 e quase
saiu do mercado por duas vezes nos primeiros anos. Para sobreviver, mudou a estratégia de distribuição e passou a oferecer o software aos
bancos. Após críticas favoráveis publicadas em jornais de comércio e uma eficaz campanha de propaganda impressa que divulgou seu nú mero de discagem direta gratuita, a empresa conseguiu sua primeira
grande chance. Em 1988, Quicken era o produto de finanças mais ven dido no mercado. Em 1992, a empresa lançou o QuickBooks. um sof
exatamente como seus produtos são utilizados, o que funciona bem, o que frustra os usuários e como realizar melhorias. Um Lab Study (estudo de laboratório) convida os consumidores a um dos labo
ratórios de pesquisa da empresa nos Estados Unidos para testar novos produtos e ideias. Durante um Remote Study (estudo remoto), os consumidores são entrevistados por telefone e com frequência
solicitados a conhecer novos conceitos de design pela internet. A empresa também realiza uma pesquisa extensiva e contínua em con
tware de contabilidade e folha de pagamento para pequenas empresas, e abriu seu capital no ano seguinte.
junto com o Institute for the Future para saber mais sobre tendências futuras que afetarão as empresas de pequeno porte. A Intuit usa o que aprende não só para produzir versões melhoradas de seus produtos a cada ano, mas também para entender melhor a próxima
A Intuit cresceu rapidamente no início da década de 1990, graças ao sucesso do Quicken, do QuickBooks e do TurboTax, um software de
geração de softwares financeiro e fiscal. As pesquisas em profundidade da Intuit levaram recentemente a
preparação de imposto de renda. Os produtos da empresa faziam algo pelas pequenas empresas que os pacotes de contabilidade mais com
novos produtos e a serviços inovadores. Por exemplo, seus funcionários observaram que os consumidores mais jovens ficavam frustrados ao
plexos não faziam: resolviam problemas financeiros e fiscais de uma forma simples e fácil de usar. A Intuit havia reconhecido corretamente
usar um software fiscal da empresa, porque não podiam tirar fotos dos formulários fiscais e preenchê-los em seus dispositivos móveis. Essa
que a chave era a simplicidade, e não uma análise contábil detalhada.
frustração, associada à empatia entusiasta da Intuit pelo consumidor, gerou o desenvolvimento de um aplicativo chamado SnapTax. Lançado
Em 1995. a empresa detinha 70% de participação de mercado e a Mi crosoft tentou comprá-la por USS 2 bilhões. No entanto, o Departamen to de Justiça dos Estados Unidos barrou o acordo como anticompetitive e a aquisição não foi adiante.
De 1995 a 1997, as ações da Intuit caíram 72%, obrigando a em presa a reorientar seus esforços estratégicos. Ela se voltou para o cres
em 2010, já foi baixado mais de um milhão de vezes. A demanda por produtos da Intuit é sazonal, e seus esforços de marketing costumam se concentrar na época da preparação do imposto de renda - de novembro a abril. Nesse periodo, a empresa cria promo ções com fabricantes de insumos e grandes varejistas via mala direta,
cente poder da internet a recursos de serviços bancários on-line e às contribuições valiosas de seus clientes para desenvolver novas versões
web marketing e propagandas impressa, por rádio e por televisão. Embora as campanhas de marketing da Intuit tenham evoluído ao
do produto, o que. por sua vez. aumentou o valor das ações da empresa
longo dos anos, ficou claro desde cedo que a comunicação boca a boca positiva e seu serviço excepcional ao cliente eram suas ferramen
e melhorou sua posição de mercado ao longo da década de 2000. Em 2007, Scott Cook quis que a empresa se concentrasse ainda mais atentamente à inovação. Como resultado, adotou uma promis sora abordagem voltada ao desenvolvimento de produtos chamada design thinking. Trata-se de um modo pouco convencional de resolu
tas de marketing mais eficazes. Harry Pforzheimer, diretor de comunica ções e líder de marketing, explicou: ‘É um pouco mais difícil de men
surar. mas, quando você sabe que aproximadamente oito em cada dez clientes compraram o produto por causa do boca a boca, percebe que
ção de problemas que incorpora extensiva observação dos consumi
é uma ferramenta muito poderosa... Por isso, nosso envolvimento direto
dores e pesquisas por tentativa e erro, além de prototipagem contínua de produtos.
com os clientes faz parte de nosso DNA, e a comunicação com eles em tempo hábil é essencial. E esse tempo hábil agora é instantâneo'.
Atualmente, a Intuit investe um montante significativo de tempo e dinheiro - cerca de 20% da receita líquida - em pesquisa do consumi
A Intuit expandiu-se globalmente por meio de ofertas de novos bens e serviços e por meio também de aquisições estratégicas. A
dor por ano. Essa pesquisa permite à empresa saber exatamente como
compra da Mint.com, por exemplo, agregou valor ao oferecer aos
PESQUISA DE MARKETING consumidores outra ferramenta para analisar suas despesas em re lação ao orçado. Ela também adquiriu a Demandforce, que agregou a capacidade de fornecer ferramentas de marketing e comunica ção on-line para pequenas empresas. Em 2009, obteve uma vitória
CAPÍTULO 4
133
Questões 1. Por que as pesquisas com o consumidor e a metodologia de de sign thinking são cruciais para o sucesso da Intuit?
rara contra a Microsoft quando a gigante do software descontinuou
2. Quais são os desafios que a Intuit enfrentará no futuro próximo?
sua linha de produtos Money após uma batalha de 18 anos com o Quicken. E a expansão da empresa para o nicho de soluções mó
3. Qual é a importância dos produtos da Intuit para os dispositivos
veis incentivou o público-alvo mais jovem a adotar seu software de finanças e fiscal. Atualmente, a Intuit tem mais de 50 aplicativos
Fontes: INTUIT. 2012 Annual Report KLEIN. Karen E.The Face of Entrepreneurship in 2017. BusinessWeek. 31 jan. 2007: INTUIT. Intuit Study: Next-Gen Artisans
móveis e mais de 45 milhões de clientes usaram seus serviços ba seados na nuvem nos últimos cinco anos. À medida que se expande globalmente, a Intuit desenvolve novos produtos para consumidores em todo o mundo. Na índia, por exem
Fuel New Entrepreneurial Economy. 13 lev 2008: BUSH. Michael. Ho * PR Chiefs Have Shifted Toward Center of Marketing Departments. Advertising Age. 21 set 2009: SWARTZ. Jon. More Marketers Use Social Networking to Reach Customers. USA Today. 28 ago. 2009: JOHNSON. Mark; SINF1ELD. Joe. Focusing on Consumer Needs Is Not Enough. Advertising Age. 28 abr. 2008: Intuit CEO Sees Growth in Mobile. Global Markets. Associated Press. 23 set 2009: NEEDLEMAN. Sarah. How I Built It: For Intuit Co-Founder. the Numbers Add Up. Wall Street Journal, 18 ago. 2011. p. B4; SIVERMAN, Rachel Emma. Companies Change Their Way of Thinking. Wall Street Journal, 7 jun. 2012; BLUMENTHAL Robin Goldwyn. Intuit: Lots More Than Quicken. Wall Street Journal, 30 set 2012.
plo, lançou o Fasal. um serviço que oferece a centenas de milhares de agricultores informações de marketing atualizadas que ajuda a obter o melhor preço para suas colheitas. A Intuit faturou US$ 4.51 bilhões
no ano fiscal de 2014. principalmente com as vendas de Quicken. QuickBooks e TurboTax.
móveis?
ESTUDO DE
Penetração de mercado, frequência de uso e liderança da Listerine no Brasil Embora os produtos da categoria ‘antisséptico bucal’ tenham apresen
no mercado brasileiro um antisséptico bucal menos intenso, o Listerine
tado rápido crescimento no Brasil, a marca líder de mercado, Listerine.
Zero. Como consequência, os dentistas, que estavam preocupados com
viu seu domínio ser desafiado. A gestão da marca concebeu uma estra
a fórmula à base de álcool do Listerine, começaram a recomendar o
tégia de longo prazo para manter e aumentar sua posição de mercado,
Listerine Zero aos pacientes, aumentando ainda mais a penetração da
focando, a princípio, em aumentar a penetração da marca no mercado
marca no mercado.
para, em um segundo momento, aumentar a frequência de uso da ca
tegoria por parte do consumidor.
Em seguida, em 2013, a marca lançou a campanha Desafio de 21 dias, prometendo reembolso aos consumidores que não estivessem
Até 2010. a penetração no mercado de antissépticos bucais no
satisfeitos com a compra após 21 dias. Em parte devido a esses esfor
Brasil era de 36%, e a Listerine, da Johnson & Johnson, estava na lide
ças, até o final de 2013, o tamanho do mercado de antisséptico bucal
rança em termos de participação de mercado na categoria. Embora o
no Brasil tinha dobrado. A penetração de mercado da categoria atingiu
uso geral recomendado de enxaguante buscai seja de 20 mililitros duas
40,2%, o que representou um aumento de 4,3 milhões de domicílios.
vezes ao dia - implicando um uso anual de aproximadamente 14.6
No entanto, enquanto as campanhas da marca com foco na pene
os consumidores usavam uma média de menos de um litro
tração da categoria contribuíam de maneira bem-sucedida para o cres
litros
por ano. Naquele momento, Ronaldo Art foi contratado para se tomar o
cimento de antissépticos bucais, a Listerine havia perdido participação
gerente de produto da marca Listerine no Brasil. 0 trabalho de Art era
de mercado. No início de 2010, essa participação era de 33,5%, e a da
liderar os esforços da Listerine para alcançar o crescimento geral da ca tegoria no Brasil, mantendo sua posição de liderança em antissépticos
principal concorrente, Colgate. 20,1%. No início de 2013, a Colgate viu
bucais e assegurando assim a lucratividade da marca.
cação de esforços promocionais, enquanto a participação da Listerine
sua participação no mercado crescer para 31%, em razão da intensifi
Em busca dos objetivos estabelecidos de liderança e lucrati
caiu para 32,3%. Além disso, em 2013, a Colgate passou a liderar o
vidade, as decisões de mix de marketing de Art para a gestão da
ranking da pesquisa Top of Mind em antisséptico bucal, liderança que
Listerine concentraram-se na inovação do produto, conscientização
antes pertencia à Listerine.
do consumidor sobre a categoria, visibilidade da marca no ponto de
Para reverter a tendência, em 2014, a marca introduziu novos sa
venda e no preço e promoção específicos em alguns produtos do
bores, que ajudaram a aumentar sua posição na prateleira da loja e a
portfolio da marca.
estimular a frequência de uso do consumidor ou seja, a gestão da mar
Em 2010, a Listerine lançou uma submarca chamada Essencial, com preços em torno de 15% mais baratos do que o preço médio da
ca passou a priorizar a métrica de índice de uso, em vez de continuar buscando novos consumidores para a categoria.
marca mãe, criando assim um ponto de paridade com a estratégia de
Com o apoio de pesquisas em painel de domicílios, Art percebeu
preços do principal concorrente. 0 novo produto ganhou distribuição
que os consumidores de antissépticos bucais compravam produtos
numérica, prioritariamente em varejistas localizados em regiões e bair
dessa categoria com pouca frequência. Assim, a Listerine lançou pro
ros com consumidores de baixa renda, introduzindo o produto em um
dutos de embalagem maior, para oferecer promoções que garantissem
novo grupo demográfico. Ao mesmo tempo. Art observou pesquisas que
o uso de longo prazo do produto, sem comprometer a lucratividade da
apontavam o forte sabor da Listerine como um obstáculo para adquirir
marca, incluindo a oferta explícita de uma embalagem de 1,5 litro pelo
novos consumidores. Em 2012, portanto, a Johnson & Johnson lançou
preço de 750 ml. Em 2014, a participação de mercado da Listerine
134
PARTE 2
CAPTAÇÃO DE OPORTUNIDADES DE MARKETING
para 29,7%. Além disso, a Listerine alcançou maior penetração entre
atividades críticas de mix de marketing, levando à penetração no mer cado e, em decorrência, encorajando a frequência de uso, foi essencial
os heavy users da categoria, atingindo 10 pontos percentuais a mais
para alcançar resultados positivos.
do que a segunda marca. O movimento iniciado por Art e sua equipe foi impactante para a
Questões
aumentou para 33.4%. e a da principal concorrente. Colgate, diminuiu
marca no Brasil. Analisar esse processo nos permite identificar alguns pontos de aprendizado, como destacado a seguir. I Novos produtos ajudaram a expandir segmentos do mercado. I As campanhas de propaganda e promoções ampliaram a penetra ção da marca e depois apoiaram o aumento da frequência de uso
com uma campanha específica para ajudar a desenvolver o hábito
1. Discuta as vantagens e desvantagens de determinada marca se
lecionar o crescimento da penetração de mercado como objetivo. 2. Discuta as vantagens e desvantagens de determinada marca sele cionar a frequência e o índice de uso como objetivo.
3. Em sua opinião, qual foi o segredo do sucesso da estratégia de Ronaldo Art para a Listerine? Justifique sua resposta.
de utilização do produto. I Embalagens maiores oferecem conveniência ao consumidor para
que desenvolva maior frequência de uso e maior share de gôndola na loja varejista. A gestão da Listerine tinha a exata intenção de desenvolver uma estratégia de longo prazo para a marca, em vez de estimular aumentos
Autor Leandro A. Guissoni: professor de marketing da FGV-Eaesp e professor
adjunto internacional da University of Virginia. Darden School of Busi ness, nos Estados Unidos.
de curto prazo na participação de mercado que poderíam comprome
Fontes: EUROMONITOR International Report 2015. Oral Care in Brazil. Disponí
ter sua vantagem competitiva no futuro. Por isso, a decisão inicial da marca foi de acelerar o crescimento da categoria até próximo da matu
vel em: . Acesso em: 12 ago. 2018; FARRIS, RW. et al. Marketing Metrics: 50 * Metrics Every Execu tive Should Master. 3. ed. Upper Saddle River, NJ: Pearson Prentice Hall, 2006; GUISSONI, Leandro A.; FARRIS, Paul W.; ARAÚJO, Olegãno. Choosing the Right Metrics for Listerine in Brazi. Darden Business Pubbshing. Harvard Business Publishing, 2016. UV7205.
ridade, a fim de consolidar o mercado e sua liderança, mesmo colocan do em risco a participação de mercado no curto prazo. A capacidade
de selecionar métricas adequadas para cada momento e desenvolver
PARTE 3: Conexão com os clientes
5 Criação de relações de longo prazo baseadas em fidelidade CAPÍTULO
Neste capítulo, abordaremos as seguintes questões:
1.
O que é valor, satisfação e fidelidade de clientes, e como as empresas podem proporcioná-los?
2.
O que é valor vitalício do cliente e como os profissionais de marketing podem maximizá-lo?
3.
Como as empresas podem atrair e reter os
clientes certos e cultivar um relacionamento forte com eles e suas comunidades?
4.
Como as novas competências dos
clientes afetam a forma como as empresas conduzem seu marketing?
Embora consumidores com competências aprimoradas possam ajudar as empresas a obter sólida fidelidade dos clientes, esse aumento impõe desafios. Seja como for, os profissionais de marketing devem conectar-se com os clientes - informá-los, engajá-
-los e talvez até fazer com que participem ativamente do processo. As empresas centradas nos clientes conseguem desenvolver relacionamentos com eles, e não apenas com produtos; são hábeis em engenharia de mercados, e não apenas em engenharia de produtos. A tecnologia desempenha um papel cada vez mais importante para muitas empresas e indústrias, oferecendo novas formas de satisfazer as necessidades dos clientes e criar fidelidade. A indústria da música é um exemplo notável disso.1
Talvez nenhum setor econômico tenha se
As empresas de sucesso são aquelas que administram cuidadosamente sua base de
transformado tanto como a indústria da
clientes. Neste capítulo, descreveremos como elas conseguem atrair clientes e denotar a
música. Avanços tecnológicos mudaram a
concorrência.
maneira como os consumidores compram, escutam e compartilham música, e os ser
viços de streaming travam uma batalha vir tual por sua fidelidade. A rádio on-line Pan
dora. uma das maiores do mercado norte
americano, conta com seu inovador serviço automatizado de busca e recomendação de
músicas - o Projeto Music Genome - que contribui para atrair cada vez mais usuários
registrados. Com base na seleção musical
de um ouvinte, a Pandora recomenda ou
9:53
tras seleções musicais de gênero seme
lhante. 0 feedback dos ouvintes a essas
recomendações e mais de 400 atributos musicais, julgados por amantes profissio
nais da música que passam por um teste
rigoroso, são combinados e analisados para
A Parc?-3 cf-ji. u n: st- i:: ticsl cade de ? Tter, xm seus serviços novodores de busca c recomendaç-ão d? "usca on I ne.
sugerir futuras músicas. A empresa lançou
C M-o
um aplicativo para smartphone em 2008,
disponibilizando seu serviço "em qualquer lugar e a qualquer hora", potencializando a oportunidade de fornecer feedback e adquirir música - o que a torna altamente envolvente para os ouvintes. Os anunciantes podem atingir o público da Pandora por dados demográ
ficos e traços fundamentais, tais como gênero, ano de nascimento, localização do código postal, ripo de música e hora do dia. A Pandora enfrenta, porém, forte concorrência de empresas como Spotify. iHeartRadio e Slacker, cada uma das quais possui características únicas
capazes de atrair a preferência e a fidelidade dos clientes.
136
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
Construção de valor, satisfação e fidelidade do cliente Os gestores que acreditam que o cliente é o único e verdadeiro ‘centro de lucro’ da empresa
consideram obsoleto o organograma tradicional mostrado na Figura 5.1(a) — uma pirâmide
com a alta administração no topo, a gerência de nível médio no meio e o pessoal da linha de
frente e os clientes na base.2
Figura 5.1 Organograma tradicional versus organograma moderno orientado ao cliente
(a) Organograma tradicional
(b) Organograma moderno orientado ao cliente
As empresas que dominam o marketing invertem o organograma, como mostra a Fi
gura 5.1(b). No topo estão os clientes; a seguir, por grau de importância, vem o pessoal da
linha de frente, que atende e satisfaz os clientes; abaixo deles está a média gerência, cuja
tarefa é dar apoio ao pessoal da linha dc frente para que possam atender bem os clientes; na base está a alta gerência, cuja tarefa é contratar gerentes eficientes de nível médio e
dar-lhes suporte. Acrescentamos os clientes nas laterais da Figura 5.1(b) para indicar que todos os gerentes da empresa devem estar pcssoalmcntc envolvidos na missão dc contatá-los, conhecê-los e atendê-los. Algumas empresas foram criadas com o cliente no topo do modelo de negócios e, ao longo
do tempo, a defesa dos direitos do consumidor tem sido sua principal estratégia — e vantagem
competitiva. Com a ascensão das tecnologias digitais, consumidores cada vez mais informados
esperam que as empresas façam mais do que se conectar com eles, mais do que satisfazê-los e até mais do que encantá-los. Eles esperam que as empresas ouçam e atendam. Quando a Office Depot passou a acrescentar as avaliações dos clientes ao seu site, o fatura mento e as taxas de conversão de vendas aumentaram significativamente. A empresa também
incorporou termos baseados nas opiniões dos clientes à propaganda vinculada a buscas pagas.
Como resultado desses esforços, a receita do site e o número de novos compradores que o visi tavam cresceram mais de 150%.3
VALOR PERCEBIDO PELO CLIENTE Além dc serem mais instruídos c estarem mais informados do que nunca, os clientes atuais pos
suem ferramentas para verificar os argumentos das empresas e buscar melhores alternativas.
Até mesmo as empresas mais bem administradas devem ficar atentas para não descuidar de sua clientela, como a Deli descobriu.4
CRIAÇÃO DE RELAÇÕES DE LONGO PRAZO BASEADAS EM FIDELIDADE
DELL A Deli rumou para o sucesso com a ofer
ta de computadores de baixo preço, eficiência logística e seiviço pós-venda. 0 foco obsessi
vo em custos baixos tem sido a chave de seu sucesso. Embora a empresa tenha transferido
suas centrais de atendimento ao cliente para a índia e as Filipinas visando ao corte de cus tos, a falta de pessoal frequentemente fazia
CAPÍTULO 5
137
com que os clientes tivessem de esperar cerca de 30 minutos para serem atendidos. Quase
e preço de produtos, além de oferecerem melhores serviços, a participação da Dell no
a metade das chamadas exigia pelo menos uma transferência. Para desencorajar as liga
mercado e o preço de suas ações caíram de
ções dos clientes, a Deli chegou a remover o número de serviço gratuito de seu site. Com
maneira acentuada. Mais funcionários norte-a merica nos acabaram sendo contratados
a satisfação do cliente desmoronando e os
para o call center. ‘A equipe gerenciava custos em vez de gerenciar o serviço e a qualidade’,
concorrentes se equiparando em qualidade
confessou Michael Dell.
Quando a Deli reduziu excessr.amente os custos de seu serviço ao ciente, a satisfação de sua clientela caiu e o preço de suas ações despencou.
Então, como os clientes fazem suas escolhas? Eles tendem a maximizar o valor, dentro dos
limites impostos pelos custos envolvidos cm sua busca c pelas limitações dc conhecimento, mo
Figura 5.2 Determinantes do
valor percebido pelo cliente
bilidade e renda. Os clientes estimam qual oferta acreditam que — seja lá por qual razão — entre
gará o maior valor percebido e agem com base nisso (Figura 5.2). A probabilidade de satisfação e
Valor perce
repetição da compra depende de a oferta atender ou não a essa expectativa de valor. Em um levan
bido pelo cliente
tamento no qual se perguntou a consumidores norte-americanos “A Marca X tem um bom valor
em relação àquilo que você paga? ”, as dez marcas de maior pontuação foram: Subway, Cheerios,
Amazon, History'Channel, Ford, Discovery’ Channel, Lowe’s, Olive Garden, YouTube e Google.'1
DEFINIÇÃO DO VALOR O valor percebido pelo cliente é a diferença entre a avaliação que o
Benefício
cliente potencial faz dc todos os benefícios c custos relativos a um produto c as alternativas
total para o ciente
Custo total para o diente
percebidas. Já o benefício total para o cliente é o valor monetário de um pacote de benefícios econômicos, funcionais e psicológicos que os clientes esperam de determinada oferta de merca
do cm função dc produto, serviço, pessoal c imagem. O custo total para o cliente c o conjunto
de custos que os consumidores esperam ter para avaliar, obter, utilizar e descartar um produto,
Benefício
Custo
do bem
monetário
Beneficio dos serviços
Custo de
incluindo os custos monetário, de tempo, de energia física e psicológico. O valor percebido pelo cliente baseia-se, portanto, na diferença entre o que o cliente obtém
e os custos que ele assume pelas diferentes opções possíveis. A empresa pode elevar o valor da oferta para o cliente aumentando os benefícios econômicos, funcionais ou emocionais e/ou a
tempo
redução de um ou mais tipos de custo. Um cliente que esteja escolhendo entre duas ofertas de
valor, VI e V2, favorecerá VI se a razão V1:V2 for maior do que um, ou V2, se for menor do
que um, e será indiferente a ambas se for igual a um.
Beneficio do pessoal
energia física
Beneficio da imagem
Custo psicológico
Custo de
APLICAÇÃO DE CONCEITOS DE VALOR Suponhamos que o comprador de uma grande emprei teira deseja adquirir um trator para construção de casas e está em dúvida entre o da Caterpillar
c o da Komatsu. Ele gostaria que o veículo lhe proporcionasse determinados níveis de con fiabilidade, durabilidade, desempenho e valor de revenda. Os vendedores concorrentes des
crevem minuciosamente suas respectivas ofertas. O comprador observa que, com base nesses atributos, o trator da Caterpillar traz mais benefícios. Ele também percebe diferenças nos servi ços incluídos — entrega, treinamento e manutenção — e conclui que a Caterpillar oferece um
138
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES atendimento melhor c que seu pessoal aparenta conhecer melhor o produto, além dc ser mais atencioso. Por fim, o comprador valoriza mais a imagem de marca e a reputação da Caterpillar.
Ele soma todos os benefícios econômicos, funcionais e psicológicos dessas quatro fontes — bens, serviços, pessoal e imagem — e deduz que a Caterpillar oferece mais benefícios ao cliente. Ele, então, compra o trator da Caterpillar? Não necessariamente, pois também pondera o cus
to total com o qual terá dc arcar para efetuar a transação com a Caterpillar c com a Komatsu; esse custo total consiste em mais do que o custo monetário. Como observou Adam Smith há mais
de dois séculos em A riqueza das nações, “o verdadeiro preço de alguma coisa é a dificuldade e o trabalho para adquiri-la”. O custo total para o cliente também inclui os custos de tempo, de ener
gia física e psicológica para adquirir o produto, e seu uso, manutenção, propriedade e descarte. O comprador leva em conta esses custos juntamente com o custo monetário para formar um
quadro do custo total para o cliente. Então, ele verifica se o custo total da Caterpillar é demasiada mente elevado em relação ao benefício total entregue por ela. Se for, poderá optar pelo trator da
Komatsu. O comprador vai adquirir aquele que entregar o maior valor percebido. Agora apliquemos essa teoria do processo decisório do comprador para ajudar a Caterpillar a vender seu trator. A oferta da empresa pode ser melhorada de três maneiras. A primeira
consiste em aumentar o benefício total para o cliente, melhorando os benefícios econômicos, funcionais c psicológicos dc seus bens, serviços, pessoal c/ou imagem. A segunda consiste cm reduzir os custos não monetários do comprador, ou seja, seus custos de tempo, de energia física
e psicológica. A terceira é reduzir o custo monetário do produto. Suponhamos que a Caterpillar conclua que, para o comprador, sua oferta vale USS 20 mil.
Além disso, suponhamos que o custo da empresa para produzir o trator seja de USS 14 mil. Isso significa que a olerta da Caterpillar gera potencialmente USS 6 mil acima do custo da empresa
e, portanto, ela precisa cobrar um preço entre USS 14 mil e USS 20 mil. Se cobrar menos que
USS 14 mil, não cobrirá seu preço de custo; se cobrar mais, poderá ficar fora do mercado.
O preço cobrado pela Caterpillar determinará que valor será entregue ao comprador e que valor ela receberá de volta. Se cobrar USS 19 mil, estará concedendo USS 1 mil de valor ao cliente e USS 5 mil para si. Quanto menor o preço determinado pela empresa, maior seu valor
entregue e, portanto, maior o incentivo para o cliente comprar. Para realizar a venda, a Cater pillar deve oferecer um valor para o cliente maior do que a Komatsu.6 A Caterpillar está ciente
da importância de ter uma visão ampla do valor para o cliente.'
CATERPILLAR A Caterpillar assumiu a li derança pela maximização do valor total
encontrem o produto certo, fornecendo uma linha completa de equipamentos de
todo o valor que a Caterpillar cria em suas ofertas, o que lhe permite estipular um
para o cliente no setor de equipamentos de
construção e uma ampla gama de condi ções de pagamento. A Caterpillar mantém
preço premium de 10 a 20% maior do que seus concorrentes. A Caterpillar também
o maior número de revendedores indepen dentes do setor, os quais trabalham com
faz aquisições estratégicas para adquirir novos clientes, como no caso do fabrican
construção, apesar dos desafios de uma sé rie de concorrentes capacitados, como John
Deere, Case, Komatsu, Volvo e Hitachi, além dos emergentes como a LiuGong Machinery,
a linha completa de produtos da empresa
te de equipamentos de mineração Bucyrus
da China. Em primeiro lugar, a Caterpillar fabrica equipamentos de alta performance,
e normalmente são mais bem treinados e apresentam um desempenho mais confiável
International por US$ 8.6 bilhões em 2010. Apesar de uma recessão que trouxe tempos
conhecidos por sua confiabilidade e dura bilidade - fatores essenciais de compra
do que os revendedores da concorrência. A Caterpillar também desenvolveu uma rede
difíceis para o setor e abalou as finanças de seus concorrentes, a Caterpillar foi uma das
em equipamentos industriais pesados. A empresa também facilita que os clientes
mundial de peças e um sistema de serviço inigualável no setor. Os clientes reconhecem
ações de melhor desempenho entre as 30 empresas da Dow Jones Industrial Average.
Muitas vezes, os gerentes realizam uma análise de valor para o cliente que revela os pontos
fortes c fracos da empresa cm relação aos concorrentes. As etapas dessa análise são:
1.
Identificar os principais atributos e benefícios, valorizados pelos clientes. Os clientes são questionados sobre os atributos, benefícios e níveis de desempenho que buscam ao escolher
produtos e fornecedores. Atributos e benefícios devem ser definidos de forma ampla para abranger todos os fatores que compõem as decisões dos clientes.8
2.
Avaliar a importância quantitativa dos diferentes atributos e benefícios. Os clientes são solicitados a classificar a importância de diferentes atributos e benefícios. Se suas avaliações
divergem muito, o profissional de marketing deve agregá-las em diferentes segmentos.
CRIAÇÃO DE RELAÇÕES DE LONGO PRAZO BASEADAS EM FIDELIDADE
CAPÍTULO 5
139
0 sucesso de mercado da Caterpillar pode ser atribuído em
C iM to: J # ™ * S V ittiyyiJtoilook
parte a seu foco na marimração do valor total para o diente.
3.
Avaliar o desempenho da empresa e dos concorrentes nos diferentes valores para o cliente em relação a sua importância. Os clientes descrevem onde enxergam o desempenho da
empresa e dos concorrentes cm cada atributo c beneficio. 4.
Examinar como os clientes, eni um segmento específico, avaliam o desempenho de uma em
presa em relação a um grande concorrente sobre um atributo individual ou uma base de benefício. Se a oferta da empresa supera a do concorrente em todos os atributos e benefícios importantes, a empresa pode cobrar um preço mais elevado (e, desse modo, conseguir lucros
maiores) ou pode cobrar o mesmo preço c obter maior participação dc mercado. 5.
Monitorar os valores para o cliente ao longo do tempo. A empresa deve refazer periodi
camente seus estudos sobre os valores para o cliente e a classificação dos concorrentes à
medida que a economia, a tecnologia e os recursos se modificam. PROCESSOS DE ESCOLHAS E SUAS IMPLICAÇÕES Alguns profissionais de marketing po
derão argumentar que o processo que descrevemos aqui é demasiadamente racional. Supo nhamos que o cliente escolha o trator da Komatsu. Como explicar essa escolha? Veja as três
possibilidades a seguir. 1.
O comprador pode ter sido orientado a comprar o produto de menor preço. A tarefa do vende dor da Caterpillar é convencer o gerente de compras de que fazer a aquisição levando em conta
unicamente o preço resultará em menores lucros e menos valor para o cliente no longo prazo. 2.
O comprador se aposentará antes que a empresa perceba que o trator da Komatsu é mais
caro de operar que o da Caterpillar. O comprador conquistará prestígio a curto prazo —
estará maximizando o benefício pessoal. A tarefa do vendedor da Caterpillar é convencer outras pessoas na empresa-cliente de que sua oferta oferece maior valor no longo prazo.
3.
O comprador tem uma longa amizade com o vendedor da Komatsu. Nesse caso, o vende dor da Caterpillar precisa mostrar ao comprador que o trator da Komatsu suscitará recla
mações entre os operadores quando perceberem o alto custo com combustível e a necessi dade frequente dc manutenção.
A lição desses exemplos c clara: os compradores operam sob diversas limitações c, às vezes, fazem escolhas motivadas mais por interesse pessoal do que pelos interesses da empresa. O valor percebido pelo cliente é um fundamento útil que se aplica a muitas situações e nos
proporciona ensinamentos importantes. Ele sugere que o vendedor deve avaliar o benefício c o custo total para o cliente em relação à oferta da concorrência para saber como sua oferta é vista
pelo comprador. Também sugere que o vendedor que estiver em desvantagem em relação ao valor entregue tem duas alternativas: elevar o beneficio total para o cliente ou reduzir o custo total para o diente. A primeira alternativa requer o fortalecimento ou o aumento dos benefí
cios econômicos, funcionais e psicológicos relacionados a bens, serviços, pessoal e imagem da oferta. A segunda requer uma redução dos custos para o comprador, com a redução do preço
140
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES ou do custo dc posse c manutenção, a simplificação do processo dc encomenda c entrega ou a absorção de algum risco do comprador por meio de garantia.
ENTREGA DE ALTO VALOR PARA 0 CLIENTE Os consumidores possuem diferentes níveis
de fidelidade a marcas, lojas e empresas específicas. A fidelidade tem sido definida como “um compromisso pro fundamente arraigado de comprar ou recomendar repetidamente cer
to produto no futuro, apesar de influências situacionais e esforços de marketing potencial mente capazes de causar mudanças comportamenlais”.9 A Tabela 5.1 exibe marcas com o
maior grau de fidelidade de clientes de acordo com um levantamento realizado em 2012 com consumidores norte-americanos.
Tabela 5.1 As 30 maiores marcas em termos de fidelidade do cliente
Marca
Categoria
Classificação
2012
2011
Apple
Tablet
1
N/A
Amazon
Tablet
2
N/A
Apple
Smartphone
3
2
Amazon
Varejo on-line
4
1
Apple
Computador
5
5
Samsung
Tablet
6
N/A
Call of Duty
Franquia de jogos de tiro
7
N/A
Samsung
Telefone celular
8
4
Halo
Franquia de jogos de tiro
9
N/A
Twitter
Redes sociais
10
20
Kindle
Leitor eletrônico
11
8
Mary Kay
Cosméticos
12
10
Grey Goose
Vodca
13
15
Google
Mecanismo de busca
14
16
YouTube
Redes sociais
15
N/A
Facebook
Redes sociais
16
3
Dunkin' Donuts
Café
17
12
Zappos
Varejo on-line
18
6
Patron
Tequila
19
9
Crest Whitestrips
Branqueador dental
20
10
Walmart
Varejo de desconto
21
13
Maybelline
Cosméticos
22
14
Clinique
Cosméticos de luxo
23
34
Ketel One
Vodca
24
17
Hyundai
Automotiva
25
7
Samsung
Smartphone
26
56
LG
Telefone celular
27
19
Mary Kay
Hidratante facial
28
28
Avis
Locação de veículos
29
23
Linkedln
Redes sociais
30
24
Fonte: 2012 Brand Keys Customer Loyalty Leaders List Disponível em: . Acesso em: 9 maio 2018.
Uma proposição de valor consiste em um conjunto de benefícios que a empresa promete
entregar; c mais do que o posicionamento central da oferta. Por exemplo, o posicionamento
CRIAÇÃO DE RELAÇÕES DE LONGO PRAZO BASEADAS EM FIDELIDADE central da Volvo c ‘segurança’, mas ela promete ao comprador mais do que um carro seguro;
outros benefícios incluem bom desempenho, design e respeito ao meio ambiente. Basica mente, a proposição de valor é uma promessa relativa à experiência que os clientes podem esperar da oferta que a empresa faz ao mercado e de seu relacionamento com o fornecedor. O
cumprimento ou não da promessa dependerá da capacidade da empresa em administrar seu
sistema de entrega dc valor, constituído por todas as experiências que o cliente terá ao longo
do processo de obtenção e uso da oferta. Na essência de um sistema de entrega de valor eficaz
está um conjunto de processos organizacionais centrais que contribuem para a entrega de um valor diferenciado ao consumidor.10
SATISFAÇÃO TOTAL DO CLIENTE Dc modo geral, a satisfação c o sentimento dc prazer ou decepção que resulta da comparação entre o
desempenho (ou resultado) percebido de um produto e as expectativas do comprador.11 Se o desem
penho não alcançar as expectativas, o cliente ficará insatisfeito. Se alcançá-las, ele ficará satisfeito. Se
o desempenho for além das expectativas, o cliente ficará altamente satisfeito ou encantado.12 As avaliações dos clientes sobre o desempenho de um produto dependem de muitos fatores, sobretudo do tipo de relação de fidelidade que eles mantêm com a marca. 3 É comum que os
consumidores formem percepções favoráveis sobre um produto de uma marca que eles asso
ciem a sentimentos positivos. Pesquisas também mostraram um efeito assimétrico do desempe nho do produto e das expectativas de satisfação: o efeito negativo sobre a satisfação do cliente ao não ter suas expectativas atendidas é desproporcionalmente mais forte do que o efeito positivo
de superação das expectativas.14 F.mbora a empresa centrada no cliente busque criar um alto nível de satisfação, essa não é
sua meta principal. Sc cia aumenta a satisfação do cliente reduzindo seu preço ou melhorando
seus serviços, o resultado pode ser lucros menores. A empresa pode aumentar sua lucratividade por meios diferentes do aumento da satisfação do cliente (melhorando processos de fabricação ou investindo mais cm P&D, por exemplo).
Além disso, são muitos os stakeholders, incluindo funcionários, revendedores, fornecedo
res c acionistas; gastar mais para aumentar a satisfação do cliente pode desviar recursos que aumentariam a satisfação dos demais ‘parceiros’. Em última análise, a empresa deve tentar ofe recer um alto nível de satisfação ao cliente, além de também atingir níveis aceitáveis de satisfa ção dos demais stakeholders, considerando seus recursos totais.
Como os compradores formam suas expectativas? Com base em experiências de compras anteriores, recomendações de amigos e colegas, informações e discurso público e informações e
promessas de profissionais de marketing e de concorrentes. Se as expectativas criadas forem mui to altas, o comprador provavelmente ficará desapontado. Por outro lado, se forem muito baixas,
não atrairão compradores suficientes (embora satisfaçam aqueles que efetivarem a compra).15 Algumas das empresas mais bem-sucedidas atualmente elevam as expectativas e encontram formas de garantir um desempenho superior. A montadora de automóveis coreana Kia obteve
êxito nos Estados Unidos ao lançar carros de baixo custo e alta qualidade com confiabilidade suficiente para oferecer garantia dc 10 anos c 100.000 milhas.
MONITORAMENTO DE SATISFAÇÃO Muitas empresas medem sistematicamente a forma como tratam os clientes, identificando os
fatores que moldam sua satisfação e modificando as operações e ações de marketing como resultado disso? Empresas inteligentes medem a satisfação dos clientes com regularidade porque esse é o
segredo para retê-los?
De modo geral, um cliente altamente satisfeito permanece fiel por
mais tempo, compra mais à medida que a empresa lança produtos ou aperfeiçoa aqueles exis tentes, fala bem da empresa e de seus produtos, dá menos atenção a marcas e propagandas
concorrentes e é menos sensível ao preço. Além disso, sugere ideias sobre bens ou serviços
e custa menos para ser atendido do que um cliente novo, uma vez que as transações já se 18 tornaram rotineiras.
CAPÍTULO 5
141
142
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES Entretanto, a relação entre a satisfação c a fidelidade do cliente não c proporcional. Supo nhamos que a satisfação do cliente seja avaliada em uma escala de um a cinco. No patamar mais baixo de satisfação (nível um), os clientes normalmente abandonam a empresa e estão propen
sos a falar mal dela. Nos níveis de dois a quatro, os clientes estão apenas satisfeitos e podem mu dar facilmente de fornecedor caso suija uma oferta melhor. No nível cinco, o cliente tem grande
chance dc repetir a compra c elogiar a empresa. Um alto nível dc satisfação c encantamento cria
um vínculo emocional com a marca ou a empresa e nào apenas uma preferência racional. A alta
administração da Xerox constatou que seus clientes ‘altamenle satisfeitos’ estão seis vezes mais propensos a repetir a compra de produtos da empresa ao longo dos 18 meses seguintes do que
seus clientes ‘muito satisfeitos’.19 É preciso, contudo, levar em conta que os clientes definem um bom desempenho de manei
ras diferentes. Uma entrega satisfatória pode significar entrega antecipada, entrega dentro do prazo ou entrega do pedido completo, c dois clientes podem se dizer ‘altamente satisfeitos’ por motivos diversos. Um deles pode ser daquele tipo que está sempre satisfeito, e o outro pode ser
do tipo difícil de agradar, mas que ficou satisfeito na ocasião.20 Também é importante saber o grau de satisfação dos clientes com a concorrência a fim de avaliar o 'share of wallet' ou qual é
a parcela dos gastos do cliente que a marca da empresa obtém: quanto melhor o consumidor classificar a marca da empresa nos quesitos dc satisfação c fidelidade, mais provável será que gaste com essa marca.21 TÉCNICAS DE MENSURAÇÃO Pesquisas do tipo survey periódicas podem monitorar direta
mente a satisfação do cliente e fazer perguntas adicionais aos entrevistados para medir sua
intenção de recompra, a probabilidade ou a disposição de recomendarem a empresa ou a marca
a outras pessoas e percepções específicas de atributos ou benefícios que provavelmente estarão relacionadas à satisfação do cliente. Claes Fomell, da Universidade de Michigan, desenvolveu o ACSI (índice norte-americano
dc satisfação do cliente, do inglês American Customer Satisfaction Index) para medir a sa tisfação percebida pelos consumidores em relação a diferentes empresas, indústrias, setores
econômicos e economias nacionais.22 A pesquisa mostrou uma associação forte e consistente
entre a satisfação do diente, conforme medido pelo ACSI, c o desempenho financeiro corpora tivo em termos de ROI (retomo sobre o investimento, do inglês return on investment), vendas,
valor de longo prazo da empresa (Tobin’s Q) e outros indicadores.23 A Tabela 5.2 exibe alguns
dos líderes do índice ACSI 2014. A seção Insight de marketing: A metodologia Net Promoter e
a satisfação do cliente descreve por que algumas empresas acreditam que basta uma pergunta bem-feita para avaliar a satisfação do cliente.24
Tabela 5.2 Indicadores ACSI por setor, em 2014
Setor
Empresa
Transporte aéreo
JetBlue
79
Vestuário
Lévi-Strauss, V. F.
82
Automóveis e veículos leves
Mercedes-Benz
84
Bancos
JPMorgan Chase
76
Cervejarias
Anheuser-Busch InBev
81
Telefones celulares
Samsung
81
Lojas de departamento e de desconto
Nordstrom
83
Serviço de telefonia fixa
Verizon
73
Alimentício
H. J. Heinz, Quaker & General Mills
87
Seguradoras de saúde
Blue Cross and Blue Shield
74
Hotelaria
Marriott
81
Corretagem na internet
Charles Schwab
84
Notícias e informações na internet
FOXNews.com & USAT0DAY.com
76
Pontuação
Continuo
CRIAÇÃO DE RELAÇÕES DE LONGO PRAZO BASEADAS EM FIDELIDADE
CAPÍTULO 5
143
Lonunjaçoo
Portais e mecanismos de busca na internet
Google
83
Varejo on-line
Amazon
88
Viagens pela internet
Orbitz
77
Seguro de vida
New York Life
80
Cuidados pessoais e limpeza
Clorox. Colgate-Palmolive & Unilever
85
Computadores
Apple
84
Refrigerantes
Dr Pepper Snappie
86
Supermercados
Publix
86
Serviço de telefonia móvel
Verizon Wireless
75
Fonte. ACSI LLC. Disponível em: . Acesso em: 9 maio 2018.
INSIGHT DE Marketing
]
A METODOLOGIA NET PROMOTER E A SATISFAÇÃO DO CLIENTE Para muitas empresas, a mensuração da satisfação do cliente é uma
prioridade - mas como elas devem tratar essa questão? Frederick
Reichheld, da consultoria Bain, sugere que há somente uma pergunta sobre o cliente que realmente importa: ‘Qual é a probabilidade de você recomendar esse produto a um amigo ou colega?’. Reichheld foi inspirado, em parte, pelas experiências da Enterprise
Reference Promoter para que clientes dispostos a recomendar a marca o fizessem por meio de depoimentos gravados. Reichheld desenvolveu o NPS em resposta aos levantamentos excessi
vamente complicados - e. portanto, ineficazes - que eram realizados com os clientes. Desse modo, não surpreende que as empresas-cliente louvem sua simplicidade e forte relação com o desempenho financeiro.
Quando a Intuit aplicou o Net Promoter a seu produto TurboTax, os
Rent-A-Car. Quando, em 1998, reduziu as 18 perguntas de seu le
feedbacks recebidos revelaram insatisfação com o procedimento de desconto do software. Assim que a Intuit abandonou a exigência do
vantamento de satisfação do cliente para apenas duas - uma sobre a
comprovante de compra, as vendas saltaram 6%.
qualidade da experiência de locação e outra sobre a probabilidade de
0 NPS não está, porém, isento de criticas. Uma das mais comuns é a
os clientes fazerem uma nova locação com a empresa -, a empresa
de que muitos padrões diferentes de resposta podem levar ao mesmo
descobriu que aqueles que atribuíram as notas mais altas para sua
NPS. Por exemplo, esse índice é igual a 20% quando os promotores equivalem a 20%. os passivos a 80% e os detratores a 0%, bem como
experiência de locação estavam três vezes mais propensos a repeti-
-la do que os que deram a segunda classificação mais alta. Também
constatou que as informações diagnosticas que os gerentes coletavam
quando os promotores são iguais a 60%. os passivos a 0% e os de tratores a 40%, mas as implicações gerenciais dos dois padrões de
de clientes insatisfeitos ajudavam a ajustar suas operações.
resposta são muito diversas. Outra crítica comum é a de que não se
Em um tradicional levantamento Net Promoter, que segue o raciocí
trata de uma previsão útil para vendas ou crescimento futuro porque
nio de Reichheld, os clientes são convidados a avaliar a probabilidade
ignora importantes questões de custo e receita.
de fazer recomendações em uma escala de 0 a 10. Em seguida, os
Outros questionam seu real apoio à pesquisa. Um abrangente estu
profissionais de marketing subtraem os detratores (aqueles que deram notas de 0 a 6) dos promotores (aqueles que deram notas 9 ou 10)
do acadêmico com 21 empresas e mais de 15 mil consumidores na Noruega não encontrou qualquer superioridade do NPS em relação
para chegar ao Net Promoter Score (NPS). Os clientes que atribuem
a outros indicadores, como o ACSI. Alguns criticaram ambos, NPS e
notas 7 ou 8 à marca são considerados passivamente satisfeitos e não
ACSI, por não contabilizarem os ex-clientes ou aqueles que nunca fo ram clientes. As opiniões das pessoas sobre qualquer um dos itens ou
são incluídos. 0 índice NPS mais comum recai na faixa de 10 a 30%. mas as empresas de nível mundial podem pontuar mais de 50%. Algu mas empresas com alta pontuação NPS em 2014 foram: USAA (82%).
índices que medem a satisfação do cliente dependem, em parte, de como elas valorizam o equilíbrio entre simplicidade e complexidade.
Amazon.com (64%). Southwest (62%). Wegmans (61%), Apple (72%)
Fontes: REICHHELD. Fred. Ultimate Question: For Driving Good Profits and True
e Costco.com (82%).
Growth. Cambridge. MA: Harvard Business School Press. 2006: REICHHELD. Fred. The One Number tou Need to Grow. Harvard Business Review. dez. 2003: MORGAN. Neil A.: REGO. Lopo Leotte.Tbe Value of Different Customer Satisfac tion and Loyalty Metrics in Predicting Business Performance. Marketing Science 25. set-out. 2006, p. 426-39; KEININGHAM. Timothy L et al. Linking Customer Loyalty to Growth. MIT Sloan Management Review, verão 2008. p. 51-57: KHAN, Suhai. How Philips Uses Net Promoter Scores to Understand Customers. HBR Blog Network, 10 maio 2011; EAST. Robert. ROMANIUK. Jenni; LOMAX. Wendy. The NPS and ACSI: A Critique and an Alternative Metric. International Journal of Market Research 53. n. 3.2011. p. 327-45; HANSON. Randy. Life after NPS Mar keting Research, verão 2011, p. 8-11; DOORN. Jenny van; LEEFLANG, Peter S H.; TUS. Marleen. Satisfaction as a Predictor of Future Performance: A Replication. International Journal of Research in Marketing 30, set 2013, p. 314-18; . Acesso em: 9 maio 2018.
Reichheld tem conquistado adeptos. American Express. Dell e Micro
soft. entre outros, adotaram a métrica NPS: a GE, por exemplo, atrelou
20% dos bônus de seus gerentes a seu índice NPS. Quando a unidade europeia da GE Healthcare recebeu uma pontuação baixa, uma pes quisa de acompanhamento revelou que os tempos de resposta para
os clientes constituíam um grande problema. Depois de reformular seu call center e colocar mais especialistas para trabalhar externamente, o índice Net Promoter da GE Healthcare saltou de 10 a 15 pontos. A
Philips concentrou-se em não só engajar os promotores, mas também abordar as preocupações dos detratores, desenvolvendo o programa
144
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES As empresas também preci
sam
de
monitorar seus
o
desempenho
concorrentes.
Podem
acompanhar o índice de perda de
clientes e contatar aqueles que pa raram de comprar com a empresa
1
ou trocaram de fornecedor para
saber por que o fizeram. Por fim, como descrevemos no Capítulo 3,
UIGvn Oony
W
as
empresas
podem
contratar
compradores misteriosos para se passarem por compradores po
C nW Ittn
tenciais e reportar os pontos for tes e fracos experimentados na compra dos produtos da empresa A Enterprise Rent-A-Car constatou que suas pesquisas de satisfação de dientes eram mars eficazes com apenas duas questões.
e dos concorrentes. Nas situações de compra em que possam passar despercebidos, os próprios gerentes podem fazer esse papel e experimentar diretamenle a forma como os clientes são tratados,
ou podem ligar para sua empresa c fazer perguntas ou reclamações para ver como os telefonemas
são conduzidos. INFLUÊNCIA DA SATISFAÇÃO DO CLIENTE Para as empresas centradas no cliente, a satisfação é
ao mesmo tempo uma mela e uma ferramenta de marketing. Hoje em dia, as empresas devem se preocupar, sobretudo, com o nível dc satisfação do cliente porque a internet proporciona uma fer
ramenta para que os consumidores espalhem reclamações — assim como elogios — para o resto
do mundo. Alguns clientes criam seus próprios sites para publicar queixas c promover protestos,
visando marcas de alta visibilidade como United Airlines, Home Depot e Mercedes-Benz.”'' As empresas que alcançam altos índices de satisfação do cliente fazem questão de que seu mercado-alvo saiba disso. Assim que atingiram o topo de sua categoria nas classificações de
satisfação do cliente da J. D. Power, empresas como Hyundai, American Express, Medicine Shoppe (rede de farmácias) e Alaska Airways trataram de comunicar esse fato.
QUALIDADE DE BENS E SERVIÇOS A satisfação também depende da qualidade de bens c serviços. Porém, o que exata mente significa qualidade? Vários especialistas a definem como ‘adequação para o uso’, ‘conformidade
com as exigências’ e ‘não sujeição a variações’. Utilizaremos a definição da Sociedade Ameri cana de Controle de Qualidade: qualidade é a totalidade dos atributos e características de um produto que afetam sua capacidade de satisfazer necessidades declaradas ou implícitas.26 Essa
é uma definição claramente voltada para o cliente. Podemos dizer que a empresa fornece quali
dade sempre que seu produto atende às expectativas do cliente ou as excede. Uma empresa que satisfaz a maioria das necessidades dos clientes durante a maior parte do tempo é tida como uma empresa dc qualidade, mas é importante distinguir entre qualidade
dc conformidade c qualidade dc desempenho (ou grau). Um Lcxus oferece uma qualidade dc desempenho mais elevada do que um Hyundai: ele proporciona mais estabilidade, velocidade e durabilidade. Entretanto, pode-se dizer que tanto um Lexus como um Hyundai oferecem a mesma qualidade de conformidade, caso todas as unidades entreguem a qualidade prometida.
IMPACTO DA QUALIDADE Há uma estreita ligação entre qualidade dc bens c serviços, satisfação
dc clientes c lucratividade. Níveis mais elevados dc qualidade resultam cm níveis mais elevados de satisfação de clientes, o que justifica preços mais altos e — frequentemente — propicia custos menores. Estudos mostram uma alta correlação entre a qualidade de produtos e a lucratividade
da empresa.2’ O esforço para a produção de bens superiores em mercados mundiais tem levado alguns países a conceder prêmios a empresas que apresentam as melhores práticas relaciona das à qualidade, tais como o Prêmio Deming, no Japão, o Malcolm Baldrige National Quality
Award, nos Estados Unidos, e o European Quality Award, na Europa.
As empresas que reduziram custos para aparar arestas pagaram o preço quando a qualidade
da experiência do cliente foi afetada. A Home Depot enfrentou problemas quando se tornou cxccssivamcntc centrada na redução dc custos.28
CRIAÇÃO DE RELAÇÕES DE LONGO PRAZO BASEADAS EM FIDELIDADE
HOME DEPOT Quando a Home Depot decidiu
expandir seus negócios para o setor de supri mento a empreiteiras e, ao mesmo tempo, re
145
norte-americana. Para reverter a situação da empresa, uma nova administração simplificou
a adesão à nova estratégia, as avaliações de desempenho foram modificadas de modo que
as operações. Os gerentes das lojas tinham de
os funcionários de loja fossem avaliados quase inteiramente pelo atendimento que dispensa
duzir custos e racionalizar operações em 1.816 lojas nos Estados Unidos, muitos funcionários
alcançar três metas: armazéns mais ímpos, prateleiras abastecidas e excelência no serviço
de tempo integral foram substituídos por ou tros de meio período, que logo passaram a
ao cliente. Os mais de duzentos e-mails en viados da sede corporativa em uma segunda-feira comum foram substituídos por apenas
representar cerca de 40% do pessoal de loja. 0 indicador ACSI de satisfação dos clientes da
CAPÍTULO 5
vam ao diente. Essas e outras iniciativas de atendimento ao cliente aumentaram o núme
ro de horas de trabalho dedicadas à atividade de atendimento ao cliente de 40 para 53%. À
um; o restante das informações passou a ser disponibilizado on-line. Em uma nova prática
medida que a recessão passava, a melhoria no atendimento ao cliente associada a novas prá
chamada power hours, nos dias úteis, das dez da manhã até as duas da tarde e aos sábados
ticas de sortimento de produtos e centros de
aos consumidores - a Lowe's - e o preço de
suas ações caiu 24% durante o maior boom no setor de reformas residenciais na história
e domingos, os funcionários não deviam fazer nada além de atender clientes. Para garantir
rede ficou abaixo de grandes varejistas do país, 11 pontos atrás do concorrente mais amigável
distribuição centralizados ajudou a Home Depot a recuperar a liderança de mercado e se distan
ciar da Lowe's.
A qualidade total, assim como o marketing, é tarefa de todos. No entanto, o marketing de sempenha um papel especialmente importante ao ajudar empresas a identificar e entregar bens
e serviços de alta qualidade aos clientes-alvo. Como os profissionais de marketing contribuem?
I
Identificam corrctamcntc as necessidades c os requisitos dos clientes.
I
Comunicam adequadamente as expectativas dos clientes aos designers de produtos.
I
Certificam-se de que os pedidos dos clientes sejam preenchidos corretamente e a tempo.
I
Verificam se os clientes receberam de modo apropriado instruções, treinamento e assistência técnica sobre o uso do produto.
I
Mantêm contato com os clientes após a venda para garantir que eles estejam, e permane
çam, satisfeitos.
I
Coletam idéias de clientes para melhorias de bens e serviços para transmiti-las aos departa
mentos apropriados. Ao fazer isso, os profissionais de marketing contribuem substancialmente com a gestão de qua lidade total e com a satisfação do cliente, bem como com a rentabilidade do cliente e da empresa.
Maximização do valor vitalício do cliente Em última análise, o marketing é a arte de atrair e reter clientes lucrativos. No entanto, toda empre sa perde dinheiro com alguns de seus clientes. Segundo a conhecida regra de Pareto, 80% ou mais
dos lucros da empresa são gerados por 20% de seus melhores clientes. Alguns casos podem ser mais extremos — os 20% dc clientes mais rentáveis (cm uma base per capita) podem contribuir com 150
até 300% de rentabilidade. Os 10 a 20% menos rentáveis, em contrapartida, podem reduzir os lu cros entre 50 c 200% por conta, com os 60 a 70% intermediários atingindo o ponto dc equilíbrio.29 A implicação disso é que uma empresa pode melhorar seus lucros ‘demitindo’ seus piores clientes. As empresas precisam se preocupar com o Retorno sobre Clientes (ROC) e com a eficiência com
que criam valor a partir dos clientes existentes e potenciais disponíveis.30 Não são necessariamente os maiores clientes, que podem demandar um serviço considerável e os maiores descontos, os que
geram o maior lucro. Os clientes menores pagam o preço integral e recebem um mínimo de serviço, mas os custos de transação reduzem sua lucratividade. Os clientes de porte médio que recebem um
bom atendimento e pagam quase o preço integral costumam ser os mais lucrativos.
LUCRATIVIDADE DO CLIENTE Um diente lucrativo é uma pessoa, família ou empresa que, ao longo do tempo, rende um fluxo
de receita que excede, por uma margem aceitável, o fluxo de custos para atrair, vender e atender
esse cliente. Observe que a ênfase recai sobre o fluxo de receita e custo ao longo do tempo, e não sobre o lucro advindo de uma transação específica.31 A lucratividade do diente pode ser avalia da individualmente, por segmento de mercado ou por canal.
146
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES Embora muitas empresas avaliem a satisfação dos clientes, a maioria dcLxa dc avaliar a lu
cratividade de cada um deles.32 Os bancos alegam que se trata de uma tarefa difícil, uma vez que um cliente utiliza diferentes serviços bancários c as transações são registradas em depar tamentos distintos. Entretanto, os bancos que conseguem avaliar as transações se assombram
com o número de clientes não lucrativos. Alguns relatam que perdem dinheiro com mais de
45% dc seus clientes.
ANÁLISE DA LUCRATIVIDADE DO CLIENTE A Figura 5.3 mostra um método útil para analisar a lucratividade do cliente. ' *
Os clientes são dispostos em colunas, e os produtos, em linhas. Cada
célula contém um símbolo representando a lucratividade da venda daquele produto àquele
cliente. O cliente 1 (Cl) é altamente lucrativo; ele compra dois produtos lucrativos (Pl e P2). O
cliente 2 (C2) apresenta um quadro de lucratividade variável; ele compra um produto lucrativo
(Pl) c outro não lucrativo (P3). O cliente 3 (C3) causa prejuízo, uma vez que ele compra um produto lucrativo (Pl) e dois nào lucrativos (P3 e P4).
Figura 5.3 Análise da lucratvidade diente-pfoduto
Clientes Ci
Cz
C3
Pl
+
+
+
p2
+
Produto lucrativo
Pmrtirtnc riuuuiuo —
Pí
P
WeTners
Alguns profissionais dc marketing organizacional estão adotando práticas dos colegas do
marketing de consumo para construir sua marca. A Xerox realizou uma campanha de comu
nicação tolalmente integrada para habilmente reforçar o falo de que 50% de sua receita vêm
de serviços empresariais e não de copiadoras. Vejamos como foi o anúncio em que a Xerox menciona a rede de hotéis Marriott:54 Dois mensageiros do Marriott estão sentados em um escritório. “Você terminou as fa turas do mês passado?”, um pergunta ao outro. “Nào, mas peguei suas roupas na lavan deria e mandei engraxar seus sapatos”, responde o segundo. “Bom, eu fiz reserva para você no restaurante de sushi da esquina!”, diz o primeiro mensageiro. Ouve-se, então,
esta locução cm off: “A Marriott sabe que c melhor a Xerox automatizar seus processos
globais de fatura para que ela possa se concentrar em atender seus clientes”. Às vezes, um toque pessoal pode fazer toda a diferença. Clientes que pensam cm fazer tran
sações de seis ou sete dígitos por bens e serviços de grande monta querem toda a informação que puderem obter, especialmente de uma fonte confiável e independente. A seção Memorando de marketing: Divulgação com programas de referências de clientes descreve o papel dessa ferra menta de marketing cada vez mais importante.
MEMORANDO DE
DIVULGAÇÃO COM PROGRAMAS DE REFERÊNCIAS DE CLIENTES
Em uma economia em rede, os consumidores dependem cada vez mais da contribuição dos outros para ajudá-los a tomar decisões de compra. Uma maneira de atrair ou tranquilizar potenciais no vos compradores consiste em criar um programa no qual clientes satisfeitos atuam em conjunto com o departamento de vendas e marketing da empresa concordando em servir como referências. Empresas de tecnologia como HP, Lucent e Unisys já empregaram esse tipo de programa.
2. Coloque as referências no centro de sua estratégia de crescimento.
3. Dê a seu programa de referências de clientes uma posição de destaque alocando um executivo experiente como líder.
4. Não se esforce por ‘100% de referências’ - foque em um grupo menor de defensores que sejam verdadeiramente comprometidos e impactantes. 5. Revolucione a proposta de valor para o cliente; encontre clientes que queiram ser defensores em virtude de sua paixão pela empre sa e não em troca de qualquer incentivo financeiro.
Os consumidores podem interagir com uma empresa e seus clientes de diversas maneiras - por meio de mídias sociais; conferências, eventos
Pesquisas comprovam que outro benefício potencial de um programa de referências de clientes é aumentar a lealdade até mesmo dos pró
e feiras comerciais; e suas próprias redes profissionais e pessoais. As empresas precisam reconhecer a importância da interação entre pares e saber como ela pode ajudar um potencial comprador. Confira as re comendações de um especialista:
prios clientes que defendem a marca.
1.
Estabeleça um programa formal e organizado de referências de clientes para formar um exército de defensores.
Fontes: KUMAR. V. et al. Defining. Measuring, and Managing Business Reference Value, jbtma/ ofMarketing 77, jan. 2013, p. 68-86; GOOES. David. The Strategic Impact of References in Business Markets. Marketing Science 31. mar.-abr. 2012. p. 257-76: LEE, Bil. Customer Reference Programs at theTipping Point. HBRBog Network,? jun. 2012.
224
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
COMPRA E VENDA DE SISTEMAS Muitos compradores organizacionais preferem adquirir de um único vendedor uma solução completa para seu problema. Essa prática, conhecida como compra de sistemas, teve origem nas aquisições de grandes sistemas de armamento e de comunicação feitas pelo governo dos Estados
Unidos. O governo solicitava orçamentos de fornecedores primários que, se escolhidos, seriam responsáveis por cotar c montar os subcomponentes adquiridos dc fornecedores secundários. O fornecedor primário oferecia, portanto, uma 'solução turnkey (chave na mão), que ganhou esse
nome porque bastava ao comprador girar uma chave para ter o serviço completo.
Cada vez mais, as empresas percebem que os clientes gostam dc comprar dessa maneira c muitas delas têm adotado a venda de sistemas como ferramenta de marketing. A Cisco Systems
começou a tirar participação de sua rival no setor de telecomunicações, Avaya, oferecendo uma
solução completa para tecnologias de comunicação?2’ Gigantes de tecnologia como HewlettPackard, IBM, Oracle, Dell e EMC têm feito a transição de especialistas para concorrentes de
soluções completas que podem fornecer a tecnologia central necessária à migração dos negó cios para a nuvem.56
Uma variante dessa estratégia é a contratação de sistemas, na qual uma única fonte atende a to das as necessidades relativas às atividades de manutenção, reparo e operação. Durante a vigência do contrato, o vendedor também gerencia os estoques do cliente. Por exemplo, a Shell Oil geren
cia o estoque de combustível de muitos de seus clientes empresariais e sabe quando é necessário fazer reposições. O cliente beneficia-se com a redução de custos de aquisição e gerenciamento e com a proteção do preço durante a vigência do contrato. Já o vendedor lucra com a redução dos custos operacionais por causa da estabilidade da demanda e da redução da burocracia.
A venda de sistemas é uma estratégia de marketing organizacional considerada fundamen tal na concorrência para a construção de projetos industriais de grande escala, como represas,
siderúrgicas, sistemas de irrigação, sistemas de saneamento, oleodutos, serviços de utilidade
pública c até para a construção dc novas cidades. Para ganhar esse tipo dc concorrência, as empresas de engenharia têm de competir em preço, qualidade, confiança e outros atributos. Os fornecedores, no entanto, não ficam à mercê das demandas dos clientes. O ideal é que aluem
ativamente junto aos clientes desde o início do processo para influenciar o desenvolvimento efetivo das especificações ou vão além das especificações para oferecer valor adicional de várias
maneiras, como mostra o exemplo a seguir.
VENDA PARA 0 GOVERNO DA INDONÉSIA 0
governo da Indonésia. Uma concorrente japone
japonesa ganhou a concorrência. Obviamente,
governo da Indonésia abriu uma licitação para a construção de uma fabrica de cimento perto de
sa. ao apresentar sua proposta, além de incluir todos esses serviços, ofereceu a contratação e
os japoneses não viram o projeto apenas como a construção de uma fábrica de cimento (uma
Jacarta. Uma empresa norte-americana apresen tou uma proposta que induía a escolha do terre
o treinamento de funcionários para operarem a fábrica, a exportação de cimento por intermédio
visão estreita da venda de sistemas), mas como uma contribuição ao desenvolvimento econômi
no. o projeto da fábrica, a contratação da equipe de construção, a montagem de materiais e equi
de suas tradings e o uso do cimento para a cons trução de estradas e novos prédios de escritórios
co da Indonésia. Eles visualizaram o projeto e as necessidades do cliente de maneira mais ampla,
pamentos e a entrega da fabrica concluída ao
em Jacarta. Apesar de mais cara, a proposta
e essa é a verdadeira venda de sistemas.
PAPEL DOS SERVIÇOS Os serviços desempenham um papel estratégico e financeiro crescente para muitas empresas B2B que comercializam principalmente bens. Ao agregar serviços de alta qualidade a suas ofer tas de bens, podem oferecer maior valor e estreitar seus vínculos com os clientes.
Um exemplo clássico é o da Rolls-Royce, que investiu fortemente no desenvolvimento de modelos de motores a jato gigantes para os novos aviões jumbo lançados pela Boeing e Airbus.
Uma importante fonte dc lucros para a Rolls-Royce, além da venda dc motores c peças dc re
posição, é o contrato de reparo e manutenção de longo prazo ‘potência por hora’. As margens são mais elevadas porque os clientes estão dispostos a pagar um ágio pela paz de espírito e a previsibilidade que esses contratos oferecem.5.
ANÁLISE DOS MERCADOS ORGANIZACIONAIS
CAPÍTULO 7
225
As empresas dc tecnologia também tem agrupado serviços para melhorar a satisfação do cliente e aumentar os lucros. Como muitas empresas de software, a Adobe Systems está em
transição para um negócio de marketing digital com base em assinaturas mensais na nuvem. A receita vem crescendo porque ela pode vender serviços de suporte, hospedagem de sites e
gerenciamento de servidores a seus clientes na nuvem.58 Todo tipo dc empresa tem buscado maneiras dc criar pacotes dc serviços dc valor agregado
a seus produtos. A italiana Mondo faz pistas de atletismo de última geração para estádios em lodo o mundo. Apesar da concorrência, continua a conquistar novos clientes, como as Olim píadas de Londres, em parte por causa dos serviços de instalação e manutenção que oferece.'’9
A Mondo combina pistas de atletismo de última geração com serviços de valor agregado para ter êxito na renda de estádios
O M io : Momo S.pA
por todo o mundo.
Gestão do relacionamento com o cliente B2B Fornecedores e clientes do mercado organizacional têm explorado diversas maneiras de geren
ciar seus relacionamentos.60 A lealdade à marca é impulsionada pela gestão da cadeia dc supri mentos, pelo envolvimento antecipado do fornecedor ou por alianças de compras.61
Os profissionais de marketing B2B têm evitado abordagens do tipo spray and pray (es palhar e rezar) para atrair e reter clientes, preferindo aprimorar o relacionamento com seu público-alvo e desenvolver abordagens de marketing one-to-one.62 Quase 80% das empresas
listadas na Fortune 500 usam o software SAP, mas a gigante do software começou a per
der participação de mercado e receita quando, como um coftmdador observou: “Perdemos a confiança nos relacionamentos com nossos clientes e os funcionários não confiavam na administração”. A adoção da inovação com novos serviços baseados na nuvem foi um gran
de componente da estratégia dc reviravolta da empresa; o outro foi o foco na melhoria dos relacionamentos com os clientes. Um aumento de preços controverso introduzido durante
a crise financeira foi revertido, e os novos co-CEOs comprometeram-se a ouvir mais atenta mente as preocupações dos clientes.63
BENEFÍCIOS DA COORDENAÇÃO VERTICAL Muitas pesquisas defendem a necessidade de maior coordenação vertical entre compradores e
vendedores, de forma que seu relacionamento deixe de ser uma mera parceria de transações e
transforme-se em uma atividade capaz de criar mais valor para ambas as partes.64 Estabelecer confiança entre as partes é pré-requisito para um relacionamento saudável no longo prazo. A
seção Insight de marketing: Estabelecendo confiança, credibilidade e reputação corporativa iden
tifica algumas dimcnsõcs-chavc desses conceitos. O conhecimento específico c relevante para
um parceiro de relacionamento também constitui um fator importante na força dos vínculos
entre empresas.65
226
PARTE 3
insight de
CONEXÃO COM OS CLIENTES
iviarKetin
ESTABELECENDO CONFIANÇA. CREDIBILIDADE E REPUTAÇÃO
I
Fornece informações completas e honestas.
CORPORATIVA
I
Oferece aos funcionários incentivos alinhados ao atendimento às necessidades do cliente.
Por credibilidade corporativa, entende-se em que medida os clientes
acreditam que uma empresa pode gerar e entregar bens e serviços
I
capazes de satisfazer suas necessidades e desejos. Ela reflete a repu tação alcançada pelo fornecedor no mercado e forma a base de um
I
Estabelece parceria com os clientes para ajudá-los a aprender e
tornarem-se mais independentes.
Oferece comparações válidas com produtos concorrentes.
relacionamento estreito.
Como a confiança pode ser particularmente enganosa em ambientes
A credibilidade corporativa depende de três fatores:
virtuais, muitas empresas impõem exigências mais rigorosas a parceiros
I Competência corporativa: até que ponto a empresa é vista como ca paz de fabricar e vender produtos ou prestar serviços.
de negócios on-line. A preocupação dos compradores organizacionais
I Confiabilidade corporativa: até que ponto a empresa é vista como motivada em ser honesta, confiável e sensível às necessidades do cliente.
I Atratividade corporativa: até que ponto a empresa é vista como amis tosa. atraente, de prestígio e dinâmica.
Em outras palavras, uma empresa com credibilidade é considerada boa no que faz, atenta aos interesses do cliente e de convívio agradável. A confiança reflete-se na disposição de uma empresa em cortar com um parceiro de negócios. Vários fatores interpessoais e interorganizacionas afe tam a confiança em um relacionamento entre empresas, tais como com petência. integridade, honestidade e benevolência. As interações pessoais
com os funcionários da empresa, as opiniões sobre a empresa como um todo e as percepções de confiança evoluem com a experiência. Uma empre
sa tem mais chance de ser considerada confiável quando:
é que os produtos não sejam entregues com a qualidade desejada, no local certo e dentro do prazo. A preocupação dos vendedores é não receber em dia - ou não receber nunca - e debater a quantidade de
crédito que devem estender. Alguns deles, como a empresa de trans
porte e logística Ryder System, usam ferramentas como aplicativos de
consulta de crédito e serviços de informações on-line para ajudar a determinar a credibilidade de seus parceiros de negócios. Fontes: KELLER. Kevin Lane; AAKER. David A. Corpo rate-Level Marketing: The Impact of Credibility on a Company’s Brand Extensions. Corporate Reputation Review 1. ago. 1998, p. 356-78; MORGAN. Robert M.; HUNT. Shelby D. The Commitment-Trust Theory of Relationship Marketing. Journal of Marketing 58.
n. 3.jul. 1994. p. 20-38: MOORMAN. Christine; DESHPANDE. Rohit; ZALTMAN. Gerald. Factors Affecting Trust in Market Research Relationships. Journal of Marketing 57. jan. 1993, p. 81-101: URBAN. Glen. Where Are You Positioned on the Trust Dimensions? Don't Just Relate Advocate: A Bluepnnt for Profit in the Era of Customer Power. Upper Saddle River. NJ: Pearson Education/ Wharton School Publishers, 2005.
Diversas forças influenciam o desenvolvimento de um relacionamento entre parceiros
de negócios. Os quatro fatores relevantes são: disponibilidade de alternativas e importância,
complexidade c dinâmica de mercado do suprimento. Com base neles, o relacionamento entre cliente e fornecedor pode ser classificado em oito categorias:66 1.
Compra e venda básicas. Trata-se de negociações simples e rotineiras com moderados ní
veis de cooperação e troca de informações. 2.
Compra e venda com poucas informações. Relacionamentos desse tipo requerem mais
adaptação por parte do vendedor e menos cooperação e troca de informações. 3.
Transação contratual. Essa negociação é definida por um contrato formal e, de modo geral,
apresenta baixo nível de confiança, cooperação e interação.
4. Fornecimento para o cliente. Nessa situação tradicional de suprimento, a concorrência pre
domina em relação à cooperação como forma dominante de governança. 5.
Sistemas cooperativos. Os parceiros nesse tipo de sistema estão integrados no âmbito ope racional, mas nenhuma das partes demonstra compromisso estrutural por meios legais ou
por iniciativas de adaptação.
6.
Colaboração. Nas negociações colaborativas, um alto grau de confiança e compromisso
levam a uma verdadeira parceria.
7. Adaptação mútua. Compradores e vendedores engajam-se em muitas adaptações especí ficas do relacionamento entre eles, mas sem que necessariamente se estabeleça uma forte
relação de confiança ou cooperação.
8.
O cliente é o rei. Nesse relacionamento estreito e cooperativo, o vendedor adapta-se para atender às necessidades do cliente sem esperar cm troca muita adaptação ou mudança por
parte dele. Contudo, com o passar do tempo, os papéis desempenhados em um relacionamento podem mudar ou ser ativados sob circunstâncias diferentes.6' Algumas necessidades podem ser satis
feitas com um desempenho razoavelmente básico do fornecedor. Nesse caso, os compradores
ANÁLISE DOS MERCADOS ORGANIZACIONAIS nào querem ou nào precisam manter um relacionamento estreito com ele. Por sua vez, alguns
fornecedores podem nào considerar vantajoso investir em clientes com potencial de crescimen
to limitado. Um estudo concluiu que relacionamentos mais estreitos entre cliente e fornecedor surgem
quando o suprimento é importante para o cliente e existem obstáculos para a seleção de forne cedores, tais como requisitos complexos para a compra e poucos concorrentes.68 Outro estudo
sugeriu que a integração vertical maior entre comprador e vendedor por meio de troca de in formações e planejamento é necessária somente em ambientes de grande incerteza e quando os investimentos específicos (descritos a seguir) são modestos.69
RELACIONAMENTOS ORGANIZACIONAIS: RISCOS E OPORTUNISMO Pesquisadores observaram que estabelecer um relacionamento entre cliente e fornecedor cria
um conflito entre segurança (garantir soluções previsíveis) c adaptação (permitir flexibili dade para a ocorrência de imprevistos). A coordenação vertical facilita o estabelecimento de
vínculos fortes, mas ao mesmo tempo aumenta o risco para os investimentos específicos de
ambas as partes.'0 Investimentos específicos sào aqueles desenvolvidos para se adaptar especificamente a uma
empresa parceira na cadeia de valor (investimentos em treinamento, equipamentos e procedi
mentos ou sistemas operacionais específicos para a empresa, por exemplo).'1 Esses investimentos ajudam as empresas a aumentar sua lucratividade e alcançar o posicionamento desejado.'2 Traba lhando lado a lado com os fornecedores, a Xerox conseguiu desenvolver processos e componentes customizados que reduziram os custos de fabricação de suas copiadoras de 30 a 40%. Em troca, os fornecedores obtiveram garantia de vendas e volume, maior compreensão das necessidades de seu
cliente e uma grande probabilidade de voltar a fazer negócios com a Xerox.' 3
Entretanto, investimentos específicos também implicam risco considerável tanto para o cliente como para o fornecedor. A teoria econômica dos custos de transação defende que, por
serem parcialmente irrecuperáveis, esses investimentos criam uma forte dependência entre as partes. Talvez elas tenham dc trocar informações sigilosas sobre custos c processos. Um com
prador pode ficar vulnerável a uma quebra de contrato por causa de mudanças nos custos; um fornecedor pode ficar vulnerável em razão do uso de ativos específicos e/ou à expropriação
tecnológica/intelectual. Com relação ao segundo risco, consideremos o exemplo a seguir.' 4
Um fabricante de peças para automóveis firma um contrato para fornecer um compo nente de motor para um fabricante de peças originais. Um contrato de exclusividade
por um ano com o fornecedor protege o investimento específico do fabricante de peças
originais cm uma linha dc produção dedicada. No entanto, é possível que durante a vigência do contrato o fornecedor também seja obrigado a trabalhar (de modo extracontratual) como parceiro da equipe interna de engenharia do fabricante de peças originais,
usando computadores interligados para trocar informações detalhadas sobre engenha ria e coordenar mudanças frequentes de projeto e manufatura. Essas interações podem reduzir custos c/ou aumentar a qualidade por meio dc uma resposta mais ágil da empre
sa a mudanças no mercado. Por outro lado, podem aumentar a ameaça à propriedade intelectual do fornecedor. Quando os compradores não conseguem monitorar com facilidade o desempenho do for
necedor, ele pode não honrar o compromisso assumido ou trapacear e não entregar o valor prometido. Define-se oportunismo como “uma forma de trapaça ou ineficiência relativa a um contrato implícito ou explícito”.75 Quando se descobriu, em 2007, que o fornecedor de um for necedor dc um fornecedor dc um fornecedor da Mattel optou por usar componentes à base de
chumbo, fora das especificações da empresa, a reputação dos fabricantes de brinquedos sofreu repercussão negativa na mídia.
Uma forma dc oportunismo passiva pode envolver a recusa ou a relutância cm se adaptar a situações de mudança ou simplesmente a negligência em cumprir obrigações contratuais.
CAPÍTULO 7
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PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
A descoberta de que uma empresa de processamento dc amendoim, a Peanut Corporation of America, com apenas USS 25 milhões em vendas, tinha um produto contaminado, gerou um
recall de USS 1 bilhão porque o ingrediente foi encontrado em 2.000 outros produtos.'6
O oportunismo é motivo de apreensão porque força as empresas a dedicar recursos para
controle e monitoramento que poderíam ser usados para fins mais produtivos. Um contrato pode ser um instrumento inadequado para regular transações quando c difícil detectar opor
tunismo por parte do fornecedor, quando a empresa investe em ativos que não possuem utili zação alternativa e quando as contingências são difíceis de prever. Formar uma joint-venture
é uma opção melhor para clientes e fornecedores (comparativamente a um contrato simples) quando a especificidade do ativo do fornecedor é alta, quando se toma difícil monitorar o comportamento do fornecedor e quando o fornecedor não goza de boa reputação.'' Fornece dores com boa reputação procuram evitar o oportunismo para proteger esse ativo intangível.
A existência de uma perspectiva futura significativa e/ou dc regras robustas de solidariedade normalmente estimula clientes e fornecedores a buscar benefícios conjuntos. Seus investimen
tos específicos passam da expropriação (aumento do oportunismo pela parte que recebe) para o compromisso (menor oportunismo).78
Uma erpresa corro a Mattel dere mexitorar ajidadosamente a conduta Ce seus fornecedores para garanjr a conformidade aos padrões e calores da err.piesa.
Mercados institucional e governamental Até aqui, nossa discussão concentrou-se principalmcnte no comportamento de compra de em
presas com fins lucrativos. Ainda assim, muito do que foi mencionado aplica-se às práticas de compra das organizações institucionais e governamentais. Desejamos, contudo, enfatizar
características específicas encontradas nesses mercados. O mercado institucional é formado por escolas, hospitais, creches, prisões e demais ins tituições que precisam oferecer bens e serviços às pessoas sob sua responsabilidade. Muitas
dessas organizações caracterizam-se por recursos financeiros limitados e clientela cativa. Os hospitais, por exemplo, precisam decidir que tipo de comida comprar para seus pacientes. O objetivo da compra não é o lucro, pois a alimentação é fornecida aos pacientes como parte do
pacote total de serviços. Tampouco é a minimização dos custos, pois uma alimentação de baixa qualidade provocará queLxas dos pacientes c prejudicará a reputação do hospital. O comprador
do hospital deve procurar vendedores de alimentos para organizações institucionais cujo pa drão de qualidade se iguale ou supere o padrão mínimo estabelecido e que, ao mesmo tempo,
ofereçam preços baixos. Na verdade, muitas indústrias alimentícias montam um setor separado para atender a compradores de organizações institucionais, em razão das necessidades e carac
terísticas específicas desses clientes. Para atender a especificações dc hospitais, universidades c presídios, a lleinz produz, embala e determina os preços de seu ketchup de maneira diferen te. A ARAMARK, que fornece serviços de alimentação para estádios, arenas, carnpi, empresas
e escolas, também possui vantagem competitiva no fornecimento dc alimentos para prisões
ANÁLISE DOS MERCADOS ORGANIZACIONAIS
CAPÍTULO 7
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norte-americanas, como resultado direto do refinamento de suas práticas dc compra e da ges tão de sua cadeia de suprimentos. 9
ARAMARK Se antes a ARAMARK limitava-se a selecionar produtos de listas ofereci
das por fornecedores potenciais, ela agora colabora com esses fornecedores para de
senvolver produtos personalizados, a fim de atender às necessidades de cada segmento. No segmento penitenciário, a qualidade tem
sido tradicionalmente sacrificada para aten der a custos que operadores fora desse mer cado considerariam impraticáveis. ‘Se você quer negociar no segmento penitenciário.
saiba que suas propostas serão avaliadas em centésimos de centavo', diz John Zillmer.
o preço sem deixar de criar um produto acei tável para os clientes da ARAMARK. permi
presidente da ARAMARKs Food & Support
tindo à empresa reduzir custos. A ARAMARK. então, repetiu esse processo com 163 itens
Services. ‘Portanto, qualquer vantagem que se consiga obter no lado da compra é extre
diferentes formulados exclusivamente para
mamente valiosa.' A ARAMARK selecionou uma série de produtos proteicos e os ad
prisões. Em vez de reduzir o custo com ali mentação em um centavo por refeição, que
quiriu de parceiros exclusivos a preços que jamais poderia ter imaginado. Esses parcei
era o padrão nesse mercado, a empresa conseguiu uma economia de cinco a nove
ros eram diferenciados porque entendiam a química das proteínas e sabiam como baixar
centavos por refeição - enquanto mantinha ou aumentava a qualidade.
Na maioria dos países, os órgãos públicos são os maiores compradores de bens e serviços. É comum que eles solicitem propostas aos fornecedores e contratem aquele que oferecer o preço
mais baixo. F.m alguns casos, o órgão dá preferência a fornecedores conhecidos pela qualidade superior ou pela pontualidade dc entrega. Os governos compram também cm uma base dc con tratos negociados, principalmente no caso de projetos de grande complexidade, que envolvem custos e riscos importantes de P&D, e nos casos em que a competição é fraca.
Uma das principais queixas das multinacionais cm operação na Europa é que os países favorecem os fornecedores nacionais, mesmo diante de ofertas melhores feitas por empresas es trangeiras. Apesar dc ser uma prática bastante arraigada, a União Européia está empenhada cm
eliminar essa parcialidade. Outro desafio é a volatilidade dos gastos em virtude de mudanças e ciclos econômicos. Quando governos estaduais reduzem repenlinamenle seus gastos, uma em presa como a Cisco, que concentra 22% de suas vendas no setor público, deve sentir os efeitos disso.80 Quando o governo norte-americano anunciou um corte de longo prazo de centenas de
bilhões de dólares em gastos de defesa em 2011 — com mais cortes previstos —, muitos forne cedores do setor prepararam-se para tomar um golpe considerável.81 Uma vez que suas decisões de gastos passam pelo crivo público, os órgãos públicos re
querem muito trabalho burocrático dos fornecedores, o que provoca queixas frequentes
relacionadas à burocracia, à regulamentação, à demora nos processos decisórios e às mu danças constantes do pessoal responsável pelos suprimentos. Porém, o fato é que o governo
norte-americano adquiriu bens e serviços avaliados em USS 500 bilhões ao ano — ou apro ximadamente 14% do orçamento federal —, dc fornecedores do setor privado, tornando os
Estados Unidos o maior e, portanto, mais atrativo cliente do mundo.82 A Motorola Solu tions, criada quando a Motorola foi dividida em duas empresas, comercializa equipamentos
dc comunicação sem fio para órgãos dc segurança pública cm todo o mundo que necessitam
de redes de comunicação de última geração para carros de polícia em um mercado gover namental multibilionário.83 E não é apenas a cifra em dólares que é enorme; o número de compras efetuadas também.
De acordo com o General Senices Administration Procurement Data Center, mais de 20 mi
lhões de contratos individuais são processados a cada ano. Embora a maioria dos itens adqui ridos custe entre USS 2.500 e USS 25.000, o governo norte-americano também faz compras da
ordem de bilhões, em geral, de tecnologia.
É comum os tomadores de decisão no governo considerarem que os fornecedores não cum prem seu dever de casa. Diferentes tipos dc órgão — dc defesa, civil ou inteligência — possuem
diferentes necessidades, prioridades, estilos de compra e prazos. Ademais, os vendedores não se preocupam em justificar os custos, e essa é uma das principais funções dos profissionais do
governo responsáveis por suprimentos. As empresas que almejam fechar contrato com um governo precisam ajudar os departamentos governamentais a analisar o impacto dos produtos nos resultados financeiros. Demonstrar experiência útil e desempenho anterior bem-sucedido
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PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
por meio dc estudos dc caso, sobretudo os que envolvem outras organizações governamentais, pode exercer alguma influência.84 Assim como as empresas fornecem indicações aos órgãos públicos sobre como comprar
e utilizar melhor seus produtos, o governo também oferece aos fornecedores potenciais indi cações detalhadas sobre como vender para ele. Deixar de seguir essas diretrizes ou preencher formulários c contratos incorrctamcntc pode resultar cm um pesadelo jurídico.85
Felizmente para negócios de todos os portes, os governos federais têm tentado simplificar os procedimentos de contratação e tornar as licitações mais atraentes. Algumas reformas dão
ênfase à compra de itens disponíveis comercialmente, em vez de itens teitos especialmente de acordo com as especificações do governo; à comunicação on-line com os fornecedores, para
eliminar o peso da burocracia; e à análise das lições aprendidas com os fornecedores que per deram licitações, para que possam ter sucesso na próxima oportunidade.86 Mais compras são
feitas eletronicamente por meio de formulários disponibilizados pela internet, assinaturas digi
tais e cartões corporativos (conhecidos como p-cards).
Muitos órgãos federais que atuam como agentes de compras para outros departamentos governamentais disponibilizaram catálogos virtuais permitindo que órgãos civis e militares au
torizados comprem pela internet um grande número de itens, desde suprimentos médicos e material dc escritório ate roupas. O General Services Administration, por exemplo, não só ven
de mercadorias estocadas pelo seu site como também cria conexões diretas entre compradores e fornecedores subcontratados. Um ponto de partida recomendável para qualquer trabalho com o governo norte-americano, por exemplo, é ccrtificar-sc de que a empresa está no cadastro
do Central Contractor Registration (CCR), órgão responsável por coletar, validar, armazenar e disseminar dados de suporte às aquisições de órgãos governamentais.8'
Seja como for, muitas empresas que vendem para o governo não utilizam uma orientação
de marketing. Algumas, porém, criaram um departamento de marketing separado para atender aos órgãos públicos. Empresas como Gateway, Rockwell, Kodak e Goodyear preveem as neces
sidades e os projetos do governo, participam da fase de especificação do produto, acumulam
informações sobre a concorrência, preparam cuidadosamente suas propostas e produzem forte atividade de comunicação para divulgar a empresa e realçar sua boa reputação.
Resumo 1.
Compra organizacional é o processo de decisão segundo o qual
as organizações formais estabelecem a necessidade de comprar bens e serviços para, depois, identificar, avaliar e escolher entre marcas e fornecedores alternativos. 0 mercado organizacional é formado por todas as organizações que adquirem bens e serviços utilizados na produção de outros bens e serviços, posteriormente vendidos, alugados ou fornecidos a terceiros. 2.
4.
Quando comparados aos mercados de consumo B2C, os merca dos organizacionais costumam apresentar compradores em menor quantidade, mas de maior porte; um relacionamento cliente-forne-
cedor mais próximo; e compradores geograficamente mais concen
trados. A demanda dos mercados organizacionais é derivada da demanda dos mercados de consumo final e segue o delo de ne gócios. Nào obstante, a demanda total de muitos bens e serviços organizacionais è inelástica em relação ao preço. Os fornecedores
de produtos organizadonais devem estar informados sobre o papel exerddo pelos compradores profissionais e seus influenciadores, bem como sobre a necessidade de vários contatos de venda e a importância da compra direta, da reciproddade e do leasing.
3. 0 centro de compras é a unidade de decisão da organização compradora. Ele é formado por iniciadores, usuários, influenciadores, decisores, aprovadores, compradores e filtros internos. Para in fluenciar esses participantes, as empresas que atuam no mercado
5.
organizacional devem estar informadas sobre fatores ambientais, organizacionais, interpessoais e individuais. 0 processo de compra consiste em oito estágios chamados fa ses da compra: (1) reconhecimento do problema; (2) descrição geral da necessidade; (3) especificação do produto; (4) procura de fornecedores; (5) solicitação de propostas; (6) seleção do for necedor (7) especificação do pedido de rotina; e (8) revisão do desempenho. Os profissionais de marketing organizacional têm fortalecido suas marcas e usado tecnologia e outras ferramentas de comunicação para desenvolver programas de marketing eficazes. Eles também
usam venda de sistemas e adicionam serviços para fornecer valor agregado aos clientes. 6. Empresas que atuam no mercado organizacional devem manter relacionamentos estreitos com seus clientes. Alguns clientes, en tretanto. preferem um relacionamento mais orientado à transação. 7. 0 mercado institucional consiste em escolas, hospitais, creches, presídios e outras instituições que têm como função fornecer bens e serviços às pessoas sob sua responsabilidade. Os compradores dos órgãos públicos tendem a exigir dos vendedores um extenso trabalho de documentação e a favorecer fornecedores locais. Os fornecedores devem estar preparados para adaptar suas ofertas às necessidades e aos procedimentos especiais encontrados nos mercados institucional e governamental.
ANÁLISE DOS MERCADOS ORGANIZACIONAIS
CAPÍTULO 7
231
Aplicações Debate de marketing
ASSUMA UMA POSIÇÃO: O marketing B2B requer um conjunto de concei
QUÃO DIFERENTE É 0 MARKETING B2B?
e os concertos e princípios básicos de marketing também se aplicam a ele?
Muitos executivos de marketing que atuam no mercado organizacio
nal reclamam das dificuldades que enfrentam, alegando que gran de parte dos conceitos e princípios do marketing tradicional não se aplica a esse segmento. Segundo eles, vender bens e serviços para uma empresa é fundamentalmente diferente de vender para
tos e princípios espedf cos ou o marketing B2B não é tão diferente assim,
Discussão de marketing CONCEITOS B2C E B2B
Pense em alguns dos tópicos sobre comportamento do consumidor final
pessoas. Outros executivos discordam, alegando que a teoria do marketing permanece válida nesse campo e apenas envolve algu
no marketing B2C (business toconsumer) apresentado no Capítulo 6.
mas adaptações táticas.
nariam os modelos não compensatórios? E a contabilidade mental?
excelência em
Como você os aplicaria a um cenário B2B? Por exemplo, como funcio
Marketing ;
Accenture A Accenture iniciou suas atividades em 1942 como Administrative Ac
A Accenture acreditava que seu diferencial era tanto a capacidade
counting Group, o braço de consultoria da empresa de auditoria Arthur Andersen. Em 1989, lançou-se como uma unidade de negócios se
de fornecer ideias inovadoras - ideias fundamentadas nos processos de negócios, bem como em TI - como a de executá-las. Concorren
parada e focada em consultoria de TI. com o nome de Andersen Con sulting. Naquela época, embora faturasse US$ 1 bilhão anualmente,
tes como a McKinsey eram vistos como altamente especializados no desenvolvimento de estratégias, enquanto outros como a IBM eram
a Andersen Consulting tinha baixo reconhecimento de marca entre as
tidos como altamente qualificados em implementação tecnológica. A Accenture almejava ser considerada excelente em ambos. Como lan
consultorias de tecnologia da informação e era geralmente confundida com sua matriz corporativa. Para construir sua marca e distinguir-se da empresa de auditoria, a Andersen Consulting lançou a primeira campa
Watmore, principal executivo no Reino Unido, explicou: "A menos que possamos fornecer tanto uma consultoria transformational como uma
nha de propaganda em larga escala na área de serviços profissionais.
capacidade de terceirização, não há como vencer. Os clientes esperam
No final da década, era a maior organização de consultoria de gestão e tecnologia do mundo. Em 2000. como resultado de uma arbitragem contra sua matriz cor
as duas coisas." Em 2002, a Accenture revelou um novo posicionamento que refletia
porativa. a Andersen Consuting obteve plena independência da Arthur Andersen, mas teve de renunciar ao nome Andersen. Ela teve três meses
seu novo papel como parceiro na criação e na execução de estratégias. 0 slogan Innovation Delivered (Inovação entregue) era sustentado pela
para encontrar um nome que pudesse ser marca registrada em 47 paí
declaração: “Da inovação à execução, a Accenture ajuda a acelerar sua visão". Como parte de seu novo compromisso em ajudar os clientes a
ses, fosse eficaz e que soasse bem em mais de 200 línguas, bem como aceitável para funcionários e clientes - além de corresponder a uma
alcançar seus objetivos de negócio, a Accenture introduziu uma política segundo a qual muitos de seus contratos continham incentivos que
URL disponwel. O esforço que se seguiu foi uma das maiores e mais bem-sucedidas campanhas de reposicionamento da história corporativa.
só seriam concretizados caso metas corporativas específicas fossem atingidas. Por exemplo, o contrato com a agência de viagens britânica
0 novo nome da empresa veio de um consultor no escritório da em
Thomas Cook foi estruturado de tal forma que o bônus da Accenture
presa em Oslo. Em uma iniciativa interna de geração de nome chamada de Brandstorming, ele sugeriu ‘Accenture’ porque rimava com ‘adven
dependia de cinco métricas, incluindo a de redução de custos. No final de 2003, a Accenture partiu do tema de entrega de ino vação para anunciar seu novo slogan, High Performance. DeiNered (Alto
ture’ (aventura, em inglês) e trazia a conotação de 'acento no futuro’. Esse nome também continha as iniciais do nome original, Andersen Consulting (repercutindo o site ac.com). o que ajudaria a empresa a preservar parte de seu brand equity anterior. À meia-noite de 31 de
dezembro de 2000, a Andersen Consulting adotou oficialmente o nome
Accenture e lançou uma campanha de marketing global visando a exe cutivos seniores de empresas clientes e potenciais, todos os parceiros e seus funcionários, a mídia, os principais analistas do setor, possíveis novos membros e o meio acadêmico. Os resultados da campanha foram rápidos e impressionantes. 0
brand equity da Accenture aumentou 11%, e o número de consultas a seus serviços cresceu 350%. 0 reconhecimento da amplitude e profun
didade dos serviços da Accenture atingiu 96% de seu nível anterior, e seu reconhecimento como uma consultoria de gestão e tecnologia foi de 76% do nível anterior. Esses resultados permitiram à Accenture con cluir com êxito uma IPO de USS 1.7 bilhão em julho de 2001.
desempenho, entregue), associado a uma campanha que contou com o superstar do golfe Tiger Woods como porta-voz. Quando a Accenture o escolheu, o atleta estava no auge da carreira - o melhor golfista do mundo, com uma imagem impecável. Não podia haver um símbolo
melhor de alto desempenho. A mensagem da Accenture comunicava que ela poderia ajudar empresas clientes a se tornarem ‘líderes de alto desempenho em seus negócios’, e o endosso de Woods reforçava a
importância do alto desempenho. Nos seis anos seguintes, a Accenture investiu quase US$ 300 mi lhões em propaganda que, em grande parte, exibia Tiger Woods asso ciado a slogans como: "Sabemos o que é preciso para ser um Tigre’ e "Vá em frente. Seja um Tigre’. A campanha capitalizou o apelo inter
nacional de Woods, percorreu o mundo e tornou-se o foco central de
eventos patrocinados pela Accenture, como o Campeonato Mundial de Golfe e a Maratona de Chicago.
232
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
Tudo isso mudou quando o escândalo dos casos extraconjugais
unificador essencial em todos os materiais impressos, digitais e de
envolvendo Tiger Woods e sua ausência por tempo indeterminado dos
campos de golfe chegou à imprensa no final de 2009. A Accenture
mídias sociais da Accenture, bem como entre os funcionários. A Accenture contínua a se sobressair como uma empresa de con
deixou de usar Woods como porta-voz. alegando que ele não era mais
sultoria global em gestão, serviços de tecnologia e terceirização. Em
um bom símbolo para sua marca. Na verdade, focus groups revelaram
sua carteira de clientes estão 99 empresas das 100 maiores do mundo e mais de três quartos das 500 maiores listadas pela revista Fortune.
que o escândalo desviara a atenção dos consumidores da mensagem estratégica da Accenture. A consultoria viu-se em território familiar e trabalhou para desenvolver e executar uma campanha inovadora que
não só repercutisse pelo mundo e se traduzisse adequadamente em
diferentes culturas, mas também levasse a marca a um nrvel acima. Em 2011, a Accenture lançou a campanha Greater Than (Maior que) para um público internacional em 35 países. Essa campanha destacou estudos de caso bem-sucedidos de clientes como Unilever, Starwood Hotels e Caterpillar e focou as competências da Accenture
em áreas como tecnologias emergentes e globalização. A empresa
realizou pesquisas abrangentes para garantir que seu posicionamen
to de marca - High Performance. Delivered. - fosse não somente eficaz, mas também relevante para os líderes empresariais. Por fim, a Accenture criou um toque de marketing para a campanha. 0 símbolo
maior que’ (>), sempre presente no logotipo da Accenture, foi des tacado e usado como o principal elemento da campanha. Aparecia
em táxis e outdoors nas principais cidades e tornou-se um elemento
Questões 1. Como a Accenture consegue atngjr seu público B2B de modo tão eficaz?
2. Avalie o histórico das campanhas de branding da Accenture. O que se mantém consistente em todas elas? Fontes: Annual Reports. Disponwel em: . Acesso em: 31 maio 2018; Lessons Learned tom Top Arms’ Marketing Blunders. Management Consul tant International. dez. 2003. p. 1: CALLAHAN. Sean. Tiger Tees Off in New Accen ture Campaign. BtoB Magazine. 13 out 2003. p. 3; Inside Accenture’s Biggest UK Cl err. Management Consultant International, out 2003. p. 1-3: Accenture's Results HighlightWeakness of Consulting Market Management Consultant International, out 2003, p. 8-10: Accenture Re-Branding Wins UK Plaudits. Management Consultant International, out 2002. p. 5; PODMOUK Mary Bien. Accenture Turns to Tiger for Global Marketing Effort BtoB Magazine. 25 out. 2004; CALLAHAN, Sean. Tiger Tees Off in New Accenture Campaign. BtoB Magazine. 13 out 2003; STEEL Emily. Alter Ditching Tiger. Accenture Tries New Game. Wan Street Journal, 14 jan. 2010: Best Global Brands 2012. Integrand.
EXCELÊNCIA EM
GE Thomas Edison fundou a Edison Electric Light Company em 1878. A
viagens aéreas, essa opção proporciona aos clientes um custo menor
empresa, que logo mudou seu nome para General Electric (GE), foi pioneira em lâmpadas e aparelhos elétricos e atendeu às necessida
de propriedade.
des elétricas de vários setores, como transportes, utilidade pública, manufatura e difusão. Nas décadas de 1950 e 1960, a GE foi reco nhecidamente a pioneira mundial no marketing B2B com o slogan Pro gress Is OurMosl Important Product (0 progresso é nosso produto mais
importante). Enquanto diversificava suas linhas de produtos B2B nas décadas de 1970 e 1980, a empresa criava campanhas corporativas, como Pro gress for People (Progresso para as pessoas) e We Bring Good Things
Em 2003, a GE e seu novo CEO, Jeffrey Immelt enfrentaram um novo desafio: como promover sua marca diversificada com uma men sagem global unificada. Uma fonte na GE explicou: "(Immelt) quer que a propaganda seja mais tecnológica, inovadora e contemporânea. Algo que faça a GE parecer mais avançada, à frente’. Assim, após 24 anos e US$ 1 bilhão de aporte financeiro, a GE abandonou o slogan We Bring Good Things to Life e passou a adotar Imagination at work (Imagina
ção em ação/no trabalho), destacando seu foco em inovação e novas
to Life (Trazemos coisas boas à vida). Em 1981, Jack Welch sucedeu
tecnologias. A nova e premiada campanha promoveu algumas unidades,
Reginald Jones como o oitavo CEO da GE. Em duas décadas de lideran ça. Welch ajudou a expandir a GE de um "fabricante norte-americano
como a GE Aircraft Engines, a GE Medical Systems e a GE Plastics, salientando a abrangência das ofertas de produto da empresa. E
para um gigante de serviços globais', e aumentou seu valor de mer cado de USS 12 bilhões, em 1981. para USS 280 bilhões em 2001.
os resultados vieram. ‘Uma pesquisa indicou que a GE passou a ser associada a atributos como alta tecnologia, avanço, inovação,
transformando-a na empresa mais valiosa do mundo na época.
modernidade e criatividade’, afirmou Judy Hu, gerente geral de pro paganda e branding global. Além disso, os entrevistados continua
Ao longo dos anos, a GE demonstrou ter uma compreensão aguça da do mercado organizacional e do processo de compras nesse merca
do colocando-se no lugar de seus clientes corporativos. Por exemplo, a empresa sabe que a aquisição de um motor de aeronave é uma
ram a associar a GE a alguns de seus atributos tradicionais, como confiança e idoneidade. Em 2005. a empresa ampliou a campanha com uma iniciativa
despesa multimilionária que não cessa com o ato em si da compra. Os clientes (no caso, as companhias aéreas) enfrentam custos substan
que continua vigente, a Ecomagination, a qual destacou as ações da empresa em desenvolver tecnologias verdes’, ecologicamente corre
ciais de manutenção para atender às diretrizes da FAA (Federal Aviation Administration - entidade governamental responsável por regulamentar
tas, como energia solar, motores de baixas emissões e tecnologias de purificação de água. Inicialmente, a GE estabeleceu várias metas
a aviação civil nos Estados Unidos) e garantir a confiabilidade dos mo tores. Em 1999, a GE lançou uma nova opção de preços denominada
agressivas para a nova iniciativa, incluindo a duplicação da receita dos produtos Ecomagination para USS 20 bilhões em cinco anos e
Power by the Hour (Energia por hora), oferecendo aos clientes a opor
o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 1% no período de sete anos. A empresa acreditava na época - e
tunidade de pagar uma tarifa fixa cada vez que colocam o motor em funcionamento. Em troca, a GE executa toda a manutenção e garante a
confiabilidade do motor. Em um cenário incerto quanto à demanda por
ainda acredita - que abraçar a inovação em tomo da Ecomagination é fundamental para seu crescimento.
ANÁLISE DOS MERCADOS ORGANIZACIONAIS
CAPÍTULO 7
233
Immelt tomou algumas decisões de reestruturação estratégica que ajudaram a empresa a sobreviver à recessão mundial de 2008 e 2009
melhores do que as partes que a compõem", declarou a então diretora de marketing Beth Comstock.
e contribuíram para direcioná-la ainda mais para o mercado B2B. A GE passou de onze para cinco divisões e vendeu alguns de seus negócios
Atualmente, a General Electric atua em uma ampla gama de seto res, incluindo energia e água, petróleo e gás. gestão energética, avia
focados nos consumidores, incluindo 51% da NBC Universal (vendida
ção. cuidados de saúde, transporte, soluções residenciais e comerciais e capital. Como resultado disso, a empresa comercializa uma diversida
à Comcast). Essa mudança permitiu à GE investir mais recursos em inovação, iniciativas verdes e outros negócios em expansão, como ge
de de bens e serviços, de eletrodomésticos a motores a jato, sistemas
ração de energia, aviação, diagnóstico por imagem e tecnologias para células a combustível.
de segurança, turbinas eólicas e serviços financeiros. Suas receitas su peraram US$ 146 bilhões em 2013, tomando-a tão grande que suas
A GE sabia que precisava de outra grande iniciativa para ajudar a tirar o conglomerado de sua então precária situação financeira.
maiores unidades de negócios poderíam dassificar-se separadamente na Fortune 200. Se a GE fosse um país, seria o 50° maior do mundo,
A administração acreditava que havia enorme potencial de cres cimento em cuidados de saúde acessíveis em nível mundial. Por
à frente de Kuwait Nova Zelândia e Iraque.
isso, adotou um projeto de US$ 6 bilhões chamado Healthymagi na
Questões
tion. A estratégia organizacional visava ao crescimento do negócio de cuidados de saúde da GE fornecendo soluções inovadoras para mais pessoas ao redor do mundo, e a empresa lançou um plano de marketing integrado para esse fim.
Por anos, a perspicácia de marketing B2B ajudou a GE a consolidar sua posição no topo, no levantamento conduzido pelo Financial Times
sobre as empresas mais respeitadas do mundo. Sua profunda com preensão de cada um de seus mercados organizacionais tem mantido
suas estratégias de marketing B2B progressivas, relevantes e eficazes. Além disso, sua campanha de marketing global ajuda a manter seu brand equity forte. A GE ficou em sexto lugar e foi avaliada em USS 45 bilhões na classificação Interbrand/fiusfoessWeek das 100 maiores marcas globais. 'A marca GE é o que nos conecta e nos toma muito
1. Discuta a estratégia de marketing B2B da GE Por que a empresa tem obtido tanto êxito ao longo dos anos ao atender a um público
organizacional tão grande? 2. As campanhas Ecomagjnation e Healthymagination comuncaram com sucesso o foco da GE em seus esforços mais recentes? Por quê? Fontes: A New Life. General Elective to Change Corporate Image. Delaney Report, 10 jun. 2002; COLVIN, Geoffrey. What Mates GE Great? Fortune, 6 mar. 2006, p. 90-104; STEWART, Thomas A. Growth as a Process. Harvard Business Review.
jun. 2006, p. 60-70; KRANHOLD, Kathryn. The Immelt Era, Five Years Old, Trans forms GE. Street Journal. 11 set. 2006: ASHER. Daniel. GE Turns Green. Forbes. 15 ago. 2005. p. 80- 85: BYRNE. John A. Jeff Immelt Fast Company, jul. 2005, p. 60-65: LAYNE Rachel. GE’s NBC Sale Brings Immelt Cash. Scrutiny. BusinessWeek. 3 dez. 2009: GE Annual Report 2013.
PARTE 3: Conexão com os clientes
8 Ingresso no mercado global
Neste capítulo, abordaremos as seguintes questões:
CAPÍTULO
1.
Quais fatores uma empresa deve considerar antes
de decidir ingressar no mercado internacional?
2.
Como as empresas podem avaliar e selecionar
mercados internacionais específicos nos quais poderiam ingressar? Quais são as diferenças entre o marketing
3.
em um mercado em desenvolvimento e em um mercado desenvolvido? Quais são as principais maneiras de
4.
ingressar em um mercado internacional?
5. Até que ponto a empresa deve adaptar seus produtos e seu programa de
marketing para cada país?
6.
Como os profissionais de marketing influenciam os efeitos do país de origem?
k.
0 mundo vem encolhendo drasticamente nos últimos anos. Os países têm se tomado cada vez mais multiculturais, e bens e serviços de
senvolvidos em um país são amplamente aceitos em outros. Um executivo alemão pode vestir um terno italiano para encontrar um amigo
inglês em um restaurante japonês e. mais tarde, ao chegar em casa, tomar uma vodca russa e assistir a um seriado norte-americano
em uma televisão coreana. Mercados emergentes que adotam o capitalismo e o consumismo são alvos especialmente atrativos. E os profissionais de marketing têm encontrado êxito tanto nos mercados em desenvolvimento como nos desenvolvidos. Vejamos a rápida ascensão da Hyundai.1
Sinônimo de carros baratos e pouco
Embora as oportunidades de entrar e competir nos mercados internacionais sejam
confiáveis no passado, a Hyundai Mo
significativas, os riscos também podem ser altos. Empresas que vendem em setores glo
tor Company passou por uma profunda
balizados, no entanto, não têm outra escolha a não ser internacionalizar suas operações.
transformação global. Em 1999, seu novo
Neste capítulo, examinaremos as principais dedsões que a empresa deve tomar quando
presidente, Mong-Koo Chung, declarou
pretende se expandir para mercados globais.
que a empresa não se concentraria mais em volume e participação de mercado,
mas sim em qualidade. A Hyundai come çou a fazer benchmark com a líder setorial
Toyota, adotou as práticas Seis Sigma, organizou o desenvolvimento de produ
tos multifuncionais, estreitou parcerias
com fornecedores e aumentou o número de reuniões de supervisão de qualidade.
De uma das últimas colocadas no estudo da J.D. Power sobre a qualidade de veícu
los novos nos Estados Unidos em 2001 - em que ocupava a 328 colocação
entre 37 marcas
a Hyundai teve uma
ascensão meteórica, chegando à quar ta posição em 2009, superada apenas
COnFIGURíTOPE
pelas marcas de luxo Lexus, Porsche e
Ao como na- -abírnente çuatatede. confeMKldte e esü o. 3 moTlcdo^ de avtcn óre s coreana Hyi/cai
Cadillac. A Hyundai também transformou
.cír obtido sucesso eni inercados ao cdo' do mu"Co.
seu marketing. Sua inovadora garantia de
OMtoà: "rrúa Mota
SCOPRII F rUTZUMEfT)
Gtass ftynttCa^ S Jwes.
10 anos emitia um forte sinal de confiabilidade e qualidade, levando mais consumidores a apreciar o valor que seus elegantes automóveis tinham a oferecer. 0 mercado norte-americano não foi o único a receber atenção da Hyundai e de sua marca irmã mais jovem e de preço mais acessível, a Kia. Na índia, a Hyundai é a segunda maior fabricante de automóveis. Na Europa, investiu US$
1.4 bilhão em uma fábrica na República Tcheca para abastecer o mercado europeu e desenvolveu um novo centro de pesquisas próximo a uma famosa pista de corrida na Alemanha, ultrapassando a Toyota em participação no mercado. Uma joint-venture como
a Beijing Automotive tem como alvo a China.
236
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
Competição em nível global Muitas empresas operam globalmente há décadas — faz anos que Shell, Bayer e Toshiba, entre
outras, vendem produtos ao redor do mundo. No caso de produtos de luxo, como joias, relógios
e bolsas, em que o mercado a ser abordado é relativamente pequeno, um perfil global é essencial para que empresas como Prada, Gucci c Louis Vuitton cresçam com lucratividade. Porém, a
competição global tem-se intensificado em um maior número de categorias de produtos à me dida que novas empresas imprimem sua marca no cenário internacional.
No mercado chinês dc telefonia móvel cm acelerada expansão, a Motorola viu sua até então promissora participação de mercado cair para o oitavo lugar na classificação geral, atrás de uma
série de novos concorrentes.” Para entender melhor o mercado chinês, o CEO e a alta admi nistração da Starwood foram temporariamente deslocados para Xangai por cinco semanas em
2011. Em seus hotéis na China, 60% dos hóspedes eram nativos e a empresa previa uma onda
de viajantes chineses indo para o exterior? A concorrência de empresas dos mercados em desenvolvimento também está aquecida. Fundada na Guatemala, a Polio Campero (em espanhol, ‘galinha caipira’) lançou mais de 50
lojas em diversas regiões dos Estados Unidos — inclusive três no extremo norte do país, como cm Massachusetts —, misturando preferências antigas como banana frita c bebidas lácteas
horchata com tradicionais pratos norte-americanos como frango grelhado e puré de batata.4 A Tata criou uma potência de marketing na índia e estabeleceu-se em outras partes do mundo/
TATA NANO 0 Tata Group, maior conglome rado da índia, é também o maior fabricante
compram lambretas e motocicletas anualmen te, em parte porque não podem adquirir um
de um tuk-tuk, o riquixá motorizado de três
de veículos comerciais. Em 2009, criou um alvoroço com o lançamento do modelo Tata
em desenvolvimento. Muitos consumidores de baixa renda decidiram tentar esticar seus or
Nano de US$ 2.500, apelidado de ‘carro do povo’. Apesar do preço incrivelmente baixo
carro. 0 potencial de mercado é enorme - há somente sete automóveis para cada mil pes soas na índia. 0 Tata também visa a outros mercados da ‘base da pirâmide’, como Áfri
para os padrões ocidentais, a um lakh india no, o preço do Nano é três vezes maior do que
ca. Sudeste Asiático e até mesmo regiões da Europa Oriental e América Latina, bem como
do Nano. Por outro lado, alguns clientes-alvo que nunca haviam tido um carro ficaram in
a renda per capita anual da India. Parecido
o mercado norte-americano. Apesar de suas características positivas, o Nano teve um início
timidados com os showrooms reluzentes da Tata. Após as vendas despencarem em no
difícil na India devido, em parte, ao estigma
vembro de 2012 - apenas 3.500 unidades vendidas contra uma meta de 10.000 ou
com um ovo sobre rodas, o Nano acomoda confortavelmente cinco pessoas e roda com um motor de 33 cavalos-força que percor re cerca de 23 km/litro. Com o objetivo de
associado à compra de um carro barato’. Em um país onde os rendimentos cresceram
vender 250 mil unidades por ano. o Tata tem como alvo os sete milhões de indianos que
vertiginosa mente nos últimos anos, alguns viam o veículo como uma versão melhorada
rodas muitas vezes visto nas ruas dos países
çamentos para comprar o Maruti-Suzuki Alto, com motor maior de 800 cilindradas. em vez
tra mudança foi anunciada, a terceira desde o lançamento em 2009, incluindo um possível motor de 800cc e uma opção a diesel.
A Tata está atacando mercados automobilísticos no mundo todo
com seu extraordinariamente barato Nano ou 'carro do pmo.
Embora algumas empresas norte-americanas queiram eliminar a concorrência estrangeira por meio de legislações protecionistas, a melhor maneira de concorrer é por meio do aperfeiçoamento
INGRESSO NO MERCADO GLOBAL
CAPÍTULO 8
237
contínuo dos produtos nacionais c a expansão nos mercados internacionais. Em um setor global, as posições estratégicas dos concorrentes nos principais mercados geográficos ou nacionais são
afetadas basicamente por suas posições globais gerais.6 Uma empresa global opera em mais de
um país e capta vantagens de P&D, produção, logística, marketing e financeiras fora do alcance
Figura 8.1 Decisões importan-
dc concorrentes que se limitam a atuar localmcntc.
tes no marketing internacional
Empresas globais planejam, operam e coordenam suas atividades em nível mundial. Os elevadores Olis utilizam o sistema de portas da França, pequenas engrenagens da Espanha,
sistema eletrônico da Alemanha, motor especial do Japão e integração de sistemas feita nos Es
tados Unidos. Embora alguns países tenham erguido barreiras à entrada ou adotado outros re
Decisão sobre o ingresso no mercado intemaoonaJ
gulamentos restritivos, a Organização Mundial do Comércio (OMC), composta por 160 países, continua a pressionar por livre comércio no setor de serviços internacionais e em outras áreas.'
Um mundo interconectado e cadeias de suprimento globais podem acarretar desvantagens, no entanto, como o tsunami e o terremoto de 2011 no Japão vividamente demonstraram.8 Para vender no exterior, muitas marcas globais bem-sucedidas dos Estados Unidos explora
ram valores e necessidades universais dos consumidores — como fez a Nike com o desempenho atlético, a MTV com a cultura jovem e a Coca-Cola com o otimismo juvenil. Essas empresas
empregam milhares de funcionários no exterior e cuidam para que seus produtos e atividades
dc marketing sejam consistentes com as sensibilidades locais. O marketing global vai além dos
bens. Os serviços representam o setor de maior crescimento da economia mundial e respon dem por dois terços da produção global, um terço do nível de emprego global e quase 20% do comércio global. Para que uma empresa de qualquer tipo ou tamanho tome-se global, uma série de decisões
deve ser tomada (Figura 8.1). Examinaremos cada uma delas a seguir.9
Decisão sobre o ingresso no mercado internacional A maioria das empresas preferiría permanecer no mercado interno, caso fosse grande o sufi ciente. Os gerentes não precisariam conhecer outras línguas e leis, lidar com a oscilação de moe
das e enfrentar incertezas políticas e legais, nem alterar o design de seus produtos para adaptá-los às diferentes necessidades e expectativas dos consumidores. Seria muito mais fácil e seguro fazer
negócios. No entanto, muitos fatores podem levar as empresas ao mercado internacional:
I
Alguns mercados internacionais apresentam oportunidades de lucro maiores que as do
mercado interno. I
A empresa precisa de uma base dc clientes maior para atingir economias dc escala.
I
A empresa quer ser menos dependente de um único mercado.
I
A empresa deseja contra-atacar
A Qnrabon descobriu que alguns de seus produtos desemoNídos para a América Central e do Sul tinham aceitação também nos Estados Unidos.
concorrentes globais em seus mercados internos. I
Os clientes
passaram
a via
jar para fora do país e a exigir atendimento internacional.
Dada a miscigenação cultural
em vários países, outro benefício
da expansão global é a capacida de de transferir idéias e bens ou serviços de um mercado para ou
a América Central e do Sul tam bém faziam sucesso nos Estados Unidos dada a grande população
hispânica no país.10
CftoltO AMOCiftlOd PfOM.
tro. A Cinnabon descobriu que
os produtos que desenvolvia para
238
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
Refletindo o poder dessas forças, as exportações foram responsáveis por aproximadamente
14% do PIB dos Estados Unidos em 2013, quase o dobro do índice de 40 anos atrás.11 Antes de tomar a dedsão de ingressar no mercado internadonal, é necessário ponderar vários riscos: I
A empresa pode não compreender as preferências do mercado estrangeiro e não conseguir oferecer um produto competitivamente atraente.
I
A empresa pode não compreender a cultura empresarial do país estrangeiro.
I
A empresa pode subestimar as normas estrangeiras e incorrer em custos inesperados.
I
A empresa pode não ter gerentes com experiênda internacional.
I
O país estrangeiro pode mudar suas leis comerciais, desvalorizar sua moeda ou passar por uma revolução política e desapropriar bens estrangeiros. Algumas empresas não tomam nenhuma atitude até serem empurradas para o mercado
internacional por algum acontecimento. O processo de internacionalização tem quatro etapas:12 Etapa 1: Atividades de exportação inconstantes. Etapa 2: Exportação por meio de representantes independentes (agentes). Etapa 3: Estabelecimento de uma ou mais filiais de vendas. Etapa 4: Estabeledmento de instalações industriais no exterior. A tarefa inicial é passar da primeira para a segunda etapa. A maioria das empresas trabalha
com um agente independente e ingressa em países próximos ou semelhantes ao seu. Depois,
cria um departamento de exportação para gerenciar o relacionamento com seus agentes. Mais adiante, nos mercados para onde mais exporta, substitui seus agentes por filiais próprias dc
vendas. Isso aumenta o investimento e o risco da empresa, mas também seu potencial de lucro. Para gerenciar essas subsidiárias, a empresa substitui o departamento de exportação por um
departamento ou uma divisão internacional. Sc os mercados forem grandes c estáveis ou se o país anfitrião insistir na produção local, a empresa estabelecerá suas instalações industriais
nesses mercados. A essa altura, a empresa já opera como uma multinacional e está empenhada em otimizar recursos, investimentos, manufatura e marketing como uma organização global. De acordo
com alguns pesquisadores, a alta gerência começa a dar mais atenção às oportunidades globais quando descobre que mais de 15% da receita provém de mercados estrangeiros.13
Decisão sobre em quais mercados ingressar Ao decidir ingressar no mercado internacional, a empresa precisa definir seus objetivos e políti cas de marketing. Que porcentagem de seu total de vendas desejará atingir no mercado interna cional? A maioria das empresas começa com um empreendimento pequeno quando se arrisca no exterior. Algumas planejam permanecer pequenas; outras têm ambições maiores.
DECISÃO SOBRE EM QUANTOS MERCADOS INGRESSAR A empresa deve decidir em quantos países vai entrar e com que velocidade pretende se expan
dir. As estratégias de entrada mais comuns são a abordagem de entrada sequencial, na qual as
empresas são introduzidas gradual c sequencialmente, c a abordagem dc entrada pulverizada, na qual a empresa ingressa em muitos países ao mesmo tempo. Cada vez mais, as empresas —
sobretudo as on-line ou intensivas em tecnologia — já nascem globais e comercializam com o mundo inteiro desde o princípio.14
Empresas como Matsushita, BMW, General Electric, Benetton e The Body Shop seguem a
abordagem sequencial. A expansão pode ser cuidadosamente planejada e tem menos probabili
dade de pressionar demais os recursos humanos e financeiros. Quando a vantagem de ser pio neiro é crucial e a alta intensidade competitiva prevalece, a abordagem pulverizada é preferível.
A Microsoft vendeu mais de 60 milhões de licenças e atualizações do Windows 8 nas 10 primei
ras semanas após seu lançamento global cm 26 dc outubro dc 2012. O marketing abrangeu 42
países com anúncios na TV, impressos e banners de propaganda, além de outdoors e marketing
INGRESSO NO MERCADO GLOBAL
CAPÍTULO 8
239
dc entretenimento. O principal risco diz respeito aos recursos substanciais envolvidos c à di ficuldade de planejar estratégias de entrada em tantos mercados potencialmente diferentes.1'' A empresa também deve decidir sobre os tipos de país a serem considerados com base em produto, localização geográfica, renda, população e clima político. Considerações competitivas
também entram em jogo. Pode fazer sentido ingressar em mercados onde os concorrentes já entraram para forçá-los a defender sua participação de mercado, bem como para aprender
como fazem marketing nesse ambiente. Sem dúvida, uma consideração crucial é o crescimento do mercado. Ter um ponto de apoio
em um mercado em rápido crescimento pode ser uma opção muito atrativa, ainda que prova
velmente esse mercado logo esteja abarrotado com mais concorrentes.16 A KFC entrou em uma série de países como pioneira, franqueando seu conceito de varejo e tomando seu marketing cultural men te relevante.1
KFC 0 KFC é a maior rede mundial de res taurantes fast-food especializados em frango, atendendo a mais de 12 milhões de clientes
em mais de 4.600 restaurantes nos Estados Unidos e mais de 18 mil unidades em 120 países e territórios pelo mundo. É mundial mente famoso por sua receita original de
seu menu ao gosto local com opções como o Dragon Twister, um sanduíche de frango
cortado em tiras, molho de pato à Pequim, pepino e cebolinha. 0 KFC tem até uma mas cote chinesa - um personagem amigo das crianças chamado Chicky que a empresa se orgulha em dizer que é o 'Ronald McDonald
se desculpar por não ter controles mais rígi dos. Os problemas da cadeia de suprimentos representaram um desafio diferente na África,
o próximo objetivo de crescimento do KFC. Sem oferta doméstica suficiente de frangos, a empresa precisou importá-los, o que é ilegal na Nigéria e no Quênia. Para superar o proble ma da oferta na Nigéria, foi adicionado pei
frango frito - feito com a mesma mistura se creta de 11 ervas e especiarias que o Coronel Harland Sanders aperfeiçoou mais de meio
da China'. Como ocorre em qualquer mer
século atrás. Na China, o KFC é a maior, a mais antiga e a mais popular rede de restau
início de 2013, quando a mídia estatal chi nesa acusou a empresa de usar fornecedo
rantes de serviço rápido, com mais de 4.260 estabelecimentos em 850 cidades, com fre
res locais que davam a suas galinhas doses excessivas de antibiótico para estimular seu
que local ao cardápio - vendendo Ugali, um tipo de mingau. no Quênia, e arroz joíoí na
quência apresentando margens saudáveis de 20% por loja. A empresa também adaptou
crescimento. Seguiu-se uma tempestade nas mídias sociais, que acabou levando o KFC a
Nigéria - e exibir a cultura local nas paredes e na propaganda.
cado emergente, a China impõe desafios ao KFC. As vendas sofreram um tropeço no
xe ao menu. Até 2013, a KFC tinha mais de 1.000 restaurantes em 17 países da África. À medida que ingressava em mais mercados africanos, a empresa cuidava para dar um to
0 KFC tomou-se una das maiores marcas globais Co mundo ao
CrOdltc*: CJoíf (zoenl
adaptar adequadamente seus produtos e superar quaisquer obstáculos do mercado local.
AVALIAÇÃO DE MERCADOS POTENCIAIS Por mais que muitas nações e regiões integrem suas políticas e padrões comerciais, cada uma
mantém características peculiares que precisam ser compreendidas. O quão preparadas estão para receber diferentes bens e serviços e o nível de atratividade de seu mercado dependem de seus ambientes demográfico, econômico, sociocultural, natural, tecnológico e político-jurídico.
Como uma empresa escolhe cm qual mercado potencial ingressar? Muitas preferem vender para países vizinhos porque eles os entendem melhor e podem controlar mais efetivamente
seus custos de entrada. Não é de estranhar que os dois maiores mercados de exportação dos
240
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
Estados Unidos sejam o Canadá c o México, nem que as empresas suecas vendam primaria
mente para seus vizinhos escandinavos. Em outras ocasiões, é a proximidade psicológica que determina as escolhas. Muitas empresas
norte-americanas preferem fazer negócios com Canadá, Inglaterra e Austrália — em vez de partir para mercados maiores como Alemanha e França — porque se sentem mais à vontade
com o idioma, as leis c a cultura. Entretanto, as empresas devem ser cuidadosas ao escolher mercados em virtude da proximidade cultural. Além de haver o risco de negligência de mer
cados potendalmente melhores, tal tática pode resultar em uma análise superficial de algumas diferenças reais entre os países que podem colocá-las em desvantagem.18 Muitas vezes faz sentido operar em menos mercados, mas com um comprometimento mais
profundo e maior penetração em cada um deles. De modo geral, uma empresa prefere entrar
em países que tenham um mercado de alta atratividade e baixo risco e nos quais detenha vanta gem competitiva. A Digiccl adotou uma estratégia dc expansão dc mercado bastante incomum, desviando-se desses critérios de entrada no mercado.19
DIGICEL Em seus 11 anos de existência,
Digicel de intervenções agressivas do governo.
programas de desenvolvimento educacional,
a Digicel, com sede na Jamaica, conquistou
Atuando em 32 mercados no Caribe. Pacífico
cultural e social da Fundação Digicel. Os es
países
forços de marketing da empresa em Fiji são
politicamente
Sul e América Central e do Sul, atende a 13
instáveis como Papua Nova Guiné. Haiti e
milhões de clientes. Para ser localmente rele
ilustrativos. Em meio a uma batalha aguerrida
Tonga com produtos e serviços de telecomu
vante, a Digicel patrocina times de críquete,
com a Vodafone apenas dois anos após seu
em desenvolvimento
nicações móveis atraindo a população pobre
rugby e outros esportes de alta visibilidade em
ingresso no mercado, a Digicel Fiji adicionou
e geralmente negligenciada de consumidores.
cada uma dessas áreas. 0 conhecido velocis-
a cor azul da bandeira nacional a seu próprio
A empresa busca uma cobertura de 100% da
ta campeão olímpico Usain Bolt é o principal
logotipo vermelho para refletir o orgulho da
população com suas redes, levando serviço
embaixador da marca em várias propagandas
empresa por suas contribuições para a vida e
os esportes do país, conforme reflete a cam
móvel acessível para residentes locais e rurais
e promoções por toda a região. A empresa
que jamais tiveram oportunidade de cobertu
também administra uma série de ações co
panha Fiji Matters to Us (Nós nos importamos
ra e cuja feroz fidelidade ajuda a proteger a
munitárias em cada mercado por meio dos
com Fiji).
SUCESSO NOS MERCADOS EM DESENVOLVIMENTO
500 SMS ONLY 99C j
Uma das mais nítidas distinções no marketing global ocorre entre os paí ses desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento ou mercados emergentes, como Brasil, Rússia, índia. China e África do Sul, que compõem o BRICS
(sigla formada pelas iniciais dos nomes dessas nações)."0 Outro mercado em desenvolvimento com muita relevância econômica e de mercado é a Indoné
sia. Alguns começaram a agrupar esse país e a África do Sul com Colômbia, Vietnã, Egito e Turquia, chamando-os de CIVETS para aumentar sua vi sibilidade.21 Esses mercados oferecem muitas oportunidades, mas também inúmeros desafios.
As necessidades ainda não satisfeitas das economias em desenvolvimen to representam grandes mercados potenciais para alimentação, vestuário,
habitação, eletroeletrônicos, eletrodomésticos e muitos outros produtos. Os líderes de mercado contam com os mercados em desenvolvimento para
impulsionar seu crescimento. A Nestlé estima que cerca dc um bilhão dc consumidores em mercados emergentes terá incremento suficiente em
Digicel
seus rendimentos para passar a comprar os produtos da empresa ao longo
da próxima década. A maior indústria alimentícia do mundo obtém cerca de 40% de sua receita de economias emergentes. Os mercados em desen
A Digcel oferece um serviço acessnel de telefonia celular e programas de marketing localmente relevantes para
consumidores negigenciados nos mercados em deserMAiniento.
volvimento são responsáveis por mais de 50% das vendas da Unilever e 30% do volume total da
Kraft, bem como mais de 40% de seu novo negócio de salgadinhos, o Mondelez.22 As nações em desenvolvimento representam aproximadamente 82% da população mundial,
e estima-se que 90% do crescimento populacional futuro ocorram nessas regiões.2’’ Resta saber
INGRESSO NO MERCADO GLOBAL
sc as empresas conseguirão atender a esse imenso universo dc consumidores, que detêm um poder de compra muito menor e condições de vida que variam da pobreza à miséria. A seguir,
destacamos importantes desdobramentos em cada país do BRICS e na Indonésia.
BRASIL24 País rico cm recursos naturais, o Brasil c a maior economia da América Latina c a sexta maior do mundo. De acordo com um estudo da Goldman Sachs, provavelmente assumirá
a quarta posição no ranking mundial até 2050, o que significa que será economicamente maior
do que nações como Alemanha, Japão e Reino Unido. A Copa do Mundo de futebol de 2014
e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro lançaram os holofotes do mundo sobre os recentes avanços realizados pelo Brasil, embora tenham destacado também certo desconforto do país
quanto a investir tanto em eventos esportivos em detrimento de tratar questões domésticas urgentes, como educação e infraestrutura. O Brasil também é o quinto maior país na esfera glo
bal em termos de usuários digitais, com cerca de 91 milhões de pessoas conectadas à internet, o que torna atrativas as estratégias digitais. As mídias sociais são cspccialmcntc populares. As empresas estão cada vez mais usando o marketing móvel, com forte influência local, em suas comunicações dc marketing. As empresas tém buscado maneiras inovadoras de vender bens e serviços às populações de
baixa renda. A Nestlé Brasil elevou as vendas de biscoitos Bono em 40% ao reduzir o pacote de
200 gramas para 140 gramas e baixar seu preço. Um vice-presidente de marketing da Unilever Brasil observou: Há lemas comuns que repercutem bem com os brasileiros: vida familiar, felicidade, oti
mismo e orgulho de ser do Brasil. São otimistas naturais, notoriamente animados, e a
forma como as marcas se envolvem com eles deve refletir isso. O Brasil passou por alguns anos de crescimento acelerado nas décadas de 1960 e 1970,
quando foi a segunda grande economia do mundo de mais rápido crescimento. Como resulta
do, agora o país ostenta setores de grande porte e bem desenvolvidos de agricultura, mineração, manufatura e serviços.
Entre as empresas brasileiras que obtiveram êxito internacional podemos citar as fabrican tes de aeronaves Embraer, de sandálias Havaianas e de cerveja e outras bebidas AmBev, que se fundiu com a Interbrew para formar a InBev. O Brasil também difere de outros mercados emer
gentes por ser uma democracia plena, ao contrário da Rússia e da China, e por não ter conflitos
graves com países vizinhos, diferentemente da índia.
Existe, porém, uma série dc obstáculos conhecidos como custo Brasil. O custo dc transporte de produtos abocanha até cerca de 13% do PIB brasileiro, cinco pontos percentuais a mais do que nos Estados Unidos. Descarregar um contcincr sai duas vezes mais caro do que na índia c demora trés vezes mais do que na China. Leis trabalhistas rigorosas e onerosas inspiraram uma
enorme economia subterrânea que, segundo estimativas da McKinsey, chega a responder por 40% do produto interno bruto do Brasil, abrangendo cerca de metade dos empregos urbanos.
Crime e corrupção ainda são problemas no país. RÚSSIA25 A fragmentação da União Soviética cm 1991 transformou a economia isolada c cen tralizada da Rússia em uma economia de mercado globalmente integrada. O país é o maior exportador de gás natural do mundo, o segundo maior exportador de petróleo e o terceiro
maior exportador de aço e alumínio primário. No entanto, a dependência de commodities tem
seu lado negativo. Durante a recente recessão, a economia russa foi penalizada pela queda nos
preços das commodities e pela crise de crédito. Os russos fazem uso intensivo das mídias sociais — uma média de 9,8 horas mensais por visitante, duas vezes a média mundial —, embora o Facebook tenha ficado para trás dos con
correntes locais. A empresa tem envolvido desenvolvedores russos de aplicativos, jogos e ferra
mentas similares para fornecer mais conteúdo local. A Rússia tem uma força de trabalho declinante e uma infraestrutura precária. A Organiza ção para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) adverte que as reformas econô
micas estagnaram e classifica a Rússia como uma das nações mais corruptas do mundo. Muitos avaliam o governo de Vladimir Putin como imprevisível e difícil de lidar.
CAPÍTULO 8
241
242
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
Por essas c outras razões, a entrada no mercado russo pode ser intimidadora. Para fazer distribuição na Rússia, a Cyclo Industries, fabricante norte-americana de produtos químicos para a indústria automotiva, teve de traduzir seus rótulos, entender como determinar preços
competitivos e desenvolver planos de marketing especializados. Problemas logísticos levaram
um executivo de marketing da empresa a observar: “As estradas são simplesmente horríveis, e não há como ir dc uma parte da Rússia a outra”. Embora tenha levado mais dc um ano para a
empresa estabelecer presença no país, em seis meses o mercado russo já contribuía com 10% do faturamento da Cyclo.
ÍNDIA26 A transformação da índia ao longo de uma geração foi impressionante. Reformas rea
lizadas no início da década de 1990 que reduziram barreiras comerciais e liberalizaram mer cados de capitais trouxeram a expansão dos investimentos e do consumo. O país possui uma democracia vigorosa c uma população jovem. A segunda nação mais populosa do mundo, com
1,21 bilhão de pessoas, também é uma das mais jovens entre as grandes economias, com idade
média de 25 anos. Na realidade, um quarto da população mundial abaixo dessa faixa etária vive na índia.
Uma economia forte foi acompanhada pelos avanços em alfabetização e pelo acesso a ser viços financeiros c tecnologia moderna. A índia adotou plcnamentc a tecnologia móvel: a den sidade de telefones móveis é de aproximadamente 75% da população, dos quais cerca de 15%
usam seus dispositivos móveis para acessar a internet. Com acesso a alguns dos preços mais baixos, um terço dos assinantes móveis indianos vive em áreas rurais.
A ascensão da índia abre um mercado maior para produtos norte-americanos e ociden tais. Cerca de 16 milhões, ou 3%, de consumidores indianos constituem um público-alvo de
alto poder aquisitivo para marcas de estilo de vida jovem e conotação de status e riqueza. Car
ros de luxo e motocicletas reluzentes são os símbolos de prestígio mais desejados, seguidos por vestuário, alimentação, entretenimento, bens de consumo duráveis e viagens. Oportuni dades não faltam para empresas dc todos os tipos. Os indianos tomaram cm média apenas 14
garrafas de 250 ml de Coca em 2012, em comparação com uma média de 241 no Brasil e 745 no México, levando a Coca-Cola a anunciar um investimento local de USS 5 bilhões para o
período dc 2012 a 2020. Como o sétimo maior país em tamanho, no entanto, a índia possui importantes diferenças regionais. Cada um dos 28 estados tem suas próprias políticas e regras fiscais, e no país há 23 línguas oficiais, 1.500 dialetos e uma infinidade de religiões. Áreas em torno de Mumbai e
Bangalore são as mais ricas e alfabetizadas, enquanto os estados mais pobres e menos educados
estão no leste. Até mesmo o clima é relevante para as empresas. Invernos frescos no norte criam condições para o ressecamento da pele, em forte contraste com os climas úmidos de Mumbai
e Chennai. Algumas empresas indianas — como Mittal, Reliance Group, Tata, Wipro, Infosys e Mahin
dra — alcançaram sucesso internacional. A Reliance é um conglomerado que toca a vida de um
em cada 10 indianos todos os dias, e sua base de clientes em todo o mundo chega a 100 milhões.
Apesar de todas as oportunidades que oferece, a índia tem dificuldades com infraestrutura
c serviços públicos precários — educação, saúde c abastecimento dc água — c leis trabalhistas restritivas. O governo nacional em Nova Deli comprometeu-se a gastar USS 1 trilhão em infra-
estrutura ao longo de cinco anos, embora, como em muitos mercados emergentes, a corrupção continue a ser um grande problema cm praticamente todos os níveis governamentais. Uma rede
de varejo complexa tem demorado a se modernizar, acarretando problemas de distribuição. CHINA27 Uma população de 1,34 bilhão de habitantes faz com que as empresas lutem para
conquistar seu espaço na China, e a concorrência é acirrada entre as nacionais e as internacio nais. A entrada do país na Organização Mundial do Comércio em 2001 abrandou suas leis de manufatura e investimento, além de ter modernizado os setores de varejo e logística. O resul tado foi uma concorrência maior em termos de preços, produtos e canais, mas alguns setores
permaneceram fortemente protegidos ou totalmente fora do alcance de estrangeiros. As empresas de fora queixam-se de concorrência subsidiada, acesso restrito, regulamentos
conflitantes, burocracia obscura e aparentemente arbitrária e falta de proteção à proprieda
de intelectual; 90% dos softwares para PC são supostamente pirateados na China. O governo
INGRESSO NO MERCADO GLOBAL
chinês incentiva parcerias com empresas estrangeiras, cm parte para que as locais aprendam o suficiente para virem a ser potências globais. No entanto, oportunidades existem. Embora seja o nono maior mercado da Nestlé, na China
a empresa vende metade do que no Brasil, cuja população é sete vezes menor do que a chinesa. Apesar de ser o maior mercado de automóveis do mundo, com uma proporção de 60 veículos por
1.000 pessoas, a China tem a metade da media mundial no que se refere à propriedade dc veículos. A PepsiCo tem grandes planos para suas marcas de alimentos e bebidas, ciente de que o consumo
de batatas fritas na China gira em tomo de uma embalagem pequena a cada quatro semanas, em comparação com as 15 nos Estados Unidos, e que o consumidor médio chinês compra uma bebi
da 230 vezes por ano, enquanto o consumidor médio norte-americano compra 1.500. Vender na China significa ir além das grandes cidades para as de segundo e terceiro nível, bem como atingir os 700 milhões de consumidores em potencial que vivem em pequenas co
munidades do interior rural. Chengdu c Chongqing são duas potências econômicas dc segundo nível no oeste do país e experimentam muito crescimento. Os consumidores da zona rural representam um desafio à parte; eles têm renda mais baixa (a relação de renda entre as cidades costeiras do país e o interior rural é de seis para um), são menos instruídos e costumam se apegar a hábitos locais. A China também é etnicamente diversificada — as cédulas bancárias
possuem oito idiomas, incluindo árabe, mongol e tibetano.
A classe média urbana emergente na China é ativa e exigente, demandando maior qualidade
e variedade. Embora superem em quatro vezes a população dos Estados Unidos, os consumi
dores chineses gastam uma fração do que os norte-americanos gastam. Atualmente, a China é o maior consumidor mundial de bens de consumo de luxo, considerados por muitos chineses como troféus de sucesso. Os carros de luxo são o segmento automotivo que mais cresce graças
às crescentes fileiras de milionários do país. As vendas da Burberry na China correspondem praticamenle aos de toda a Europa. A concorrência entre as empresas estrangeiras é feroz pelo domínio nesse mercado em rápi
do crescimento. O Walmart compete com o Carrefour, a General Motors com a Volkswagen e a Nike com a Adidas. Na concorrência com os negócios locais, muitas empresas ocidentais be
neficiam-se de sua reputação de qualidade, segurança e confiabilidade junto aos consumidores chineses, que têm testemunhado inúmeros escândalos nas empresas nacionais. Ao mesmo tem
po, as corporações ocidentais precisam ser relevantes localmente. A Starbucks tem um cardápio
de bebidas especialmente adaptadas para os consumidores chineses — incluindo uma mistura chamada East meets West (O oriente encontra o ocidente) — de livre escolha para as lojas locais. ÁFRICA DO SUL28 Embora seja um mercado desenvolvido, a África do Sul foi incluída aqui não
apenas por ser um importante mercado por si só, mas também por ser um ponto de acesso ao continente africano. Muitas empresas internacionais tém usado o país como uma plataforma de lançamento para sua expansão na região. A Copa do Mundo de 2010 ofereceu uma oportunida
de de reexame do progresso econômico sul-africano e de outros países do continente. A África passou por muitas mudanças nos últimos anos. Embora a turbulência política no
Egito, na Tunísia e na Líbia durante a Primavera Árabe seja um lembrete da instabilidade que atormentou o continente e os problemas de logística c infraestrutura persistam, melhorias cm outras áreas, como saúde, educação e serviços sociais, pintam um quadro mais auspicioso para o
íuturo, assim como as previsões econômicas. O McKinsey Global Institute estima que o número
dc famílias africanas com renda discricionária — dinheiro disponível para gastar em itens que não sejam alimentos — cresça robustos 50% para 128 milhões de pessoas até 2020.
Outra pesquisa da McKinsey revela que muitos consumidores africanos buscam produtos
de alta qualidade e têm conhecimento de marcas, “contradizendo a visão de que o continente
é um lugar retrógrado onde as empresas podem vender mercadoria de segunda categoria”. A Unilever tem obtido sucesso na adaptação de produtos para clientes africanos: alimentos
acessíveis, sabão em pó que economiza água e produtos de higiene adaptados aos gostos locais. Sua linha mais vendida dc xampus c condicionadores, a Motions, foi criada espccialmcntc para
cabelos afros e pele negra.
Algumas empresas trabalharam por anos para desenvolver seus negócios africanos. Atual mente, a General Motors comercializa em mais de 50 países africanos e fabrica na África do
CAPÍTULO 8
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244
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
Sul, no Egito c no Quênia. Como qualquer outro continente, a África c altamentc heterogênea,
e alguns especialistas enfatizam que ela deve ser vista como 53 países separados e muitas vezes bastante diferentes. O Boston Consulting Group batizou as oito economias mais fortes da Áfri
ca dc ‘leões africanos’: Argélia, Botswana, Egito, Líbia, Ilhas Maurício, Marrocos, África do Sul e Tunísia. E a Nestlé é especialmente otimista quanto ao Quênia, Etiópia, Moçambique, Angola e República Democrática do Congo. Embora a agricultura seja o maior setor econômico, as áreas de telecomunicações, energia, produtos de consumo e saúde apresentam crescimento mais rápido. Mais de 650 milhões de
africanos possuíam telefones celulares ao final de 2011; mais de 300 milhões deles são assinan tes novos desde 2000. Esses aparelhos são usados não apenas para falar, mas também como
uma plataforma de apoio à vida diária, desempenhando papel crucial nos cuidados de saúde e no setor bancário, por exemplo, que não conta com uma infraestrutura abrangente. Dois terços
dos adultos usam um serviço bancário móvel, com Vodafone e MTN à frente. A internet tem
desempenhado um papel cada vez mais importante na África em relação ao marketing, normal mente acessada via celulares.
INDONÉSIA29 A reputação da Indonésia de um país historicamente em luta contra catástrofes naturais, terrorismo e incerteza econômica vem sendo rapidamente substituída pela de um país
caracterizado por estabilidade política e crescimento econômico. Diante de tanto progresso, o quarto maior país do mundo e o maior entre os muçulmanos desponta na visão de muitos
como preparado para se juntar às nações do BRICS. A Indonésia tomou-se a terceira economia que mais cresce na região — atrás da índia e da
China — em grande parte com base em seus 240 milhões de consumidores. Estima-se que, em
2030, o número de indonésios de classe média — aqueles que recebem entre USS 2 e USS 20 por dia — aumente de 131 milhões para 244 milhões e aqueles na ‘classe de consumo’ — que ganham mais de USS 3.600 por ano — passem de 45 milhões para 135 milhões. Os especialistas
em marketing constataram que os consumidores indonésios têm muita consciência de marca, uma preferência importante dada às rendas crescentes.
Como um arquipélago com mais de 14 mil ilhas e um clima quente e úmido, a Indonésia apresenta desafios. A eficiência e a eficácia na distribuição são cruciais. Grandes importadores
estabeleceram amplas redes dc distribuição que permitem estender seu atendimento para além do um terço da população que vive nas seis ou sete maiores cidades. Como em muitos países em desenvolvimento, a infraestrutura é precária.
Não obstante, o progresso da Indonésia nos últimos anos tem sido notável. É o mercado
de mais rápido crescimento da I/Oréal na região da Ásia-Pacífico, o que levou a empresa a construir uma fábrica no país. A IKEA ingressou no mercado recentemente. Mais de 20% dos usuários de internet no país têm conta no Twitter, o que transformou a Indonésia no sexto país
mais ativo nesse microblog. ESTRATÉGIAS DE MARKETING PARA 0 DESENVOLVIMENTO DE MERCADOS Ingressar com su cesso nos mercados em desenvolvimento requer um conjunto especial de habilidades e planos,
além da capacidade de fazer uma série de coisas boas e diferentes.’0 Vejamos como algumas em presas foram pioneiras no modo dc atender aos consumidores ‘invisíveis’ desses mercados:31 I
A Grameen phone comercializou telefones celulares para 35 mil aldeias cm Bangladesh con tratando aldeãs como agentes que alugavam tempo de uso dos aparelhos para outros aldeões,
permitindo uma chamada por vez.
I
A Colgate-Palmolive passou por aldeias indianas com vans que exibiam videos mostrando
os benefícios da escovação de dentes. I
A Corporación GEO constrói moradias dc baixa renda no México, entregando casas dc dois quartos que são modulares e expansíveis.
Essas empresas aproveitaram o potencial dos mercados em desenvolvimento alterando suas práticas convencionais de marketing. Vender em áreas em desenvolvimento não pode
ser visto como ‘um negócio como outro qualquer’. Diferenças econômicas e culturais não
INGRESSO NO MERCADO GLOBAL
faltam, a infracstrutura dc marketing c precária c a concorrência local pode ser surpreenden
temente acirrada?2
Muitas empresas têm explorado a crescente classe média nos mercados em desenvolvimen to. O Boston Consulting Group estima que haverá quase um bilhão de chineses e indianos de
classe média até 2020.33 Muitos deles terão aspirações que incluem a aquisição de produtos de
qualidade superior e marcas globais.34 Por exemplo, quando a Unilever introduziu o TRF.Semmé no Brasil, garantiu o suporte de
40 grandes varejistas, cortejou blogueiros de moda, distribuiu 10 milhões de amostras grátis
e lançou a maior blitz publicitária de um dia da companhia, que atraiu 1 milhão de fãs para a página brasileira da marca no Facebook. Em menos de um ano, as vendas do TRESemmé ultrapassaram as do xampu Pantene da P&G em hipermercados e drogarias, dando à Unilever confiança para, cm seguida, cstabclcccr-sc na índia c na Indonésia.3’
Visto que as práticas de marketing necessárias são mais parecidas com as empregadas nos mercados em desenvolvimento, costuma ser muito mais fácil explorar a classe média nos mer
cados cm desenvolvimento do que alcançar os 4 bilhões dc pessoas na ‘base da pirâmide’. Em bora possam valer coletivamente US$ 3 trilhões, cada consumidor individual de baixa renda pode ter muito pouco a gastar. Satisfazer a base da pirâmide também exige cuidadoso planejamento e execução. Diz o sen
so comum que um modelo de negócio de ‘baixo preço, baixa margem e alto volume’ é o segre do para atrair com sucesso os mercados de baixa renda nos mercados em desenvolvimento. Embora existam bons exemplos de tal estratégia — por exemplo, a Hindustan Unilever com o sabão em pó Wheel na índia —, outros tiveram dificuldade. A Procter & Gamble lançou seu
produto Pur para purificação de água na índia, o qual, apesar de custar apenas 10 centavos por sachê, gerava uma margem de 50%. Porém, em virtude dos resultados globais decepcionantes,
a empresa transformou a marca em um empreendimento filantrópico.36 As empresas têm aprendido as nuances do marketing dirigido a uma população mais
ampla nos mercados emergentes, especialmente quando reduzir custos toma-se difícil em uma cadeia dc suprimento já estabelecida c quando os métodos de produção, a estratégia de distribuição e as bonificações de preço são difíceis de controlar em razão da sensibilidade do
consumidor ao preço. Obter a equação correta de marketing nos mercados em desenvolvimento pode render altos dividendos: I
Embalagens menores e preços mais baixos são muitas vezes cruciais quando há limitação de
renda c espaço. Os sachês dc quatro centavos do sabão e do xampu da Unilever foram um
grande sucesso na índia rural, onde ainda vivem 70% da população.3' I
A grande maioria dos consumidores nos mercados emergentes adquire seus produtos
de pequenos armazéns, barracas, quiosques e lojinhas de família que não são muito maiores do que um armário, o que a Procter & Gamble chama dc ‘lojas dc alta frequên
cia’. Na índia, a comida é amplamente adquirida nos 12 milhões de estabelecimentos
familiares da vizinhança chamadas de kirana. Esses negócios prosperam oferecendo conveniência, crédito e até entrega em domicílio, embora o varejo moderno esteja co
meçando a fazer incursões.38 I
A Nokia enviou a equipe de marketing, vendas e engenharia de seu grupo de telefonia para passar uma semana nas casas de moradores da zona rural da China, da Tailândia e do Quê
nia, com o propósito de observar como usavam os telefones. Ao desenvolver aparelhos de
baixo preço com apenas a funcionalidade necessária, a Nokia manteve a liderança na parti cipação de mercado em algumas regiões da África e da Ásia, apesar de ser ultrapassada por
outras marcas em partes do mundo desenvolvido.39 As estratégias digitais serão cruciais no desenvolvimento de mercados, dada a rápida pene
tração dos smartphones como mais do que um meio de comunicação. Um estudo mostrou que as mídias sociais são seis vezes mais importantes para as marcas nos mercados em desenvolvi
mento como a Indonésia e a Tailândia do que no Japão ou no Reino Unido.40
CAPÍTULO 8
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PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
Na índia, milhões de
consumidores compram aimertos
CrMIlO»; CiiiMifvBROKEIVAIviv-
nas onipresentes fcranas ou lojinhas de famiia.
MERCADOS EM DESENVOLVIMENTO E MERCADOS DESENVOLVIDOS Empresas baseadas nos mercados cm desenvolvimento também vem acirrando a concorrência. Wipro da índia, Ccmcx
do México, HTC de Taiwan e Petro nas da Malásia vieram de mercados em desenvolvimento para se tornarem multinacionais robustas que atuam em diversos países. Muitas vezes, o se
gredo é tanto desenvolver um modelo de negócios global como construir uma marca global efetivamente atuante em todos os mercados-alvo.41
Uma estratégia empregada com sucesso por algumas empresas provenientes dos mercados emergentes é identificar nichos negligenciados em mercados maiores.42 A Mahindra vende a
fazendeiros norte-americanos pequenos tratores de suas três fábricas de montagem nos Estados Unidos há mais de 20 anos. Ela aproveita sua experiência na fabricação de pequenos tratores para também se expandir aos nichos dc mercado dc corte dc grama e manutenção de campos
de golfe. Outra estratégia para se tornar global é adquirir uma ou mais empresas nos mercados de
senvolvidos. A Apollo Tyres da índia adquiriu negócios na Holanda c na Africa do Sul. Após
a Lenovo adquirir o negócio de computadores da IBM por US$ 1,25 bilhão em 2005, muitas outras empresas chinesas começaram a olhar para o exterior em busca de possíveis aquisições,
levando um erudito a declarar que a conhecida frase Made in China (Produzido na China) logo seria substituída por Owned by China (Pertencente à China).43
Por outro lado, muitas empresas dc mercados desenvolvidos têm aplicado lições extraídas dos mercados em desenvolvimento para competir melhor em suas searas domésticas ou exis tentes (lembremos a discussão da ‘base da pirâmide’ no Capítulo 3). A inovação de produtos
tornou-se uma via dc mão dupla entre mercados cm desenvolvimento c mercados desenvol vidos. O desafio é pensar de forma criativa sobre como o marketing pode realizar o sonho da
maioria da população mundial em ter um melhor padrão de vida.44 Muitas empresas apostam nisso. Para alimentar uma população mundial estimada em nove
bilhões em 2050, analistas estimam que a produção global de alimentos deve aumentar 60%,
um desafio que a John Deere tem abordado.45
JOHN DEERE A nova linha 8R da John Deere
de maior porte. Entretanto, é altamente
2012, os clientes encomendaram mais de
foi a primeira linha de tratores projetados
adaptável às necessidades dos produtores
para acomodar as necessidades de diferen tes agricultores em 130 países do mundo.
tanto nos mercados em desenvolvimento, como Brasil e Rússia, como nos mercados
7.800 configurações do trator 8R. A Deere tem nove fábricas fora dos Estados Unidos
0 8R é potente, sem deixar de ser ágil e econômico, mais adequado para fazendas
desenvolvidos dos Estados Unidos ou da Alemanha. De março de 2011 a março de
em mercados desenvolvidos e em desen volvimento, como Alemanha, índia. China, México e Brasil.
INGRESSO NO MERCADO GLOBAL
CAPÍTULO 8
247
A integração econômica regional — ou seja, a criação de acordos comerciais entre blo cos de países — tem se intensificado nos últimos anos. Isso significa que as empresas estão
mais propensas a ingressar em regiões inteiras ao mesmo tempo. Alguns países forma ram zonas de livre comércio ou comunidades econômicas, ou seja, grupos de nações or
ganizados para trabalhar em direção a objetivos comuns na regulamentação do comércio internacional.
Decisão sobre a maneira de ingressar no mercado Quando uma empresa define determinado país como alvo, precisa definir a melhor manei
Figura 82 Cinco maneiras de in
ra de ingressar nele com suas marcas. As principais opções são exportação indireta, expor
gressar no mercado internacional
tação direta, licenciamento, joint-ventures e investimentos diretos, mostradas na Figura 8.2.
Cada estratégia subsequente envolve maior potencial de comprometimento, risco, controle
Investimento direto
e lucro.
EXPORTAÇÃO INDIRETA E DIRETA A maneira mais comum de se envolver em um mercado internacional é por meio da exporta
2 -
Joint-ventures
ção, especificamente a exportação indireta — isto é, operar com intermediários independen tes. O exportador estabelecido no próprio país compra os produtos dos fabricantes c depois
os revende no mercado internacional. O agente de exportação estabelecido no país procura compradores estrangeiros, negocia e recebe uma comissão. As cooperativas representam di
versos fabricantes em atividades de exportação — geralmente de produtos primários como frutas ou castanhas —, e estão parcialmenle sob seu controle administrativo. As empresas de
gestão de exportações aceitam gerenciar as atividades de exportação de uma empresa median
te remuneração. A exportação indireta tem duas vantagens. A primeira é que envolve menos investimentos. A empresa não precisa desenvolver um departamento de exportação nem uma equipe de ven
das ou contatos no mercado internacional. A segunda é que envolve menos riscos. Visto que
í c o o 8 M w 6 c E o £ o a
E 8 "O
os intermediários internacionais agregam know-how e serviços ao relacionamento, a empresa
O -
vendedora normalmente comete menos erros.
S.
Exportação direta
Em determinado momento, as empresas podem decidir controlar suas próprias exporta ções. O investimento e o risco são um pouco maiores, mas o potencial de retorno também é. A
exportação direta ocorre de diversas maneiras: I
Departamento ou divisão interna de exportação. Uma função exclusivamente de ser viço pode tomar-sc um departamento independente dc exportação que opera como centro de lucros.
I
Filial ou subsidiária de vendas no exterior. A filial de vendas é responsável pelas vendas e
pela distribuição; pode também cuidar da armazenagem e das promoções. Frequentemente funciona como showroom e central de atendimento ao cliente. I
Representantes de vendas de exportação que viajam para o exterior. Representantes de
vendas estabelecidos no país exportador são enviados a outros países para buscar oportuni
dades de negócios. I
Agentes ou distribuidores estabelecidos no exterior. Os distribuidores e agentes podem ob
ter direitos exclusivos ou apenas limitados para representar a empresa cm um país. Muitas empresas usam a exportação, seja ela direta ou indireta, como forma de avaliar o
mercado antes dc construir uma fábrica c produzir uma mercadoria no exterior. Com a inter net, talvez nào seja mais necessário às empresas participar de feiras a fim de atrair novos clientes fora de seus países de origem, dar atendimento a clientes já existentes que vivem no exterior, comprar de fornecedores internacionais e criar uma conscientização de marca global.
Empresas bem-sucedidas adaptam seus sites para oferecer conteúdo e serviços específi
cos do país a seus mercados internacionais mais promissores, de preferência na língua local.
Exportação indireta
248
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
Encontrar informações gratuitas sobre comercio c exportação nunca foi tão fácil. A seguir,
alguns sites em que se pode começar a busca:
I
www.trade.gov - U.S. Department of Commerce’s International Trade Administration
I
www.exim.gov - Export-Import Bank of the United Stales
I
www.sba.gov - U.S. Small Business Administration
I
www.bis.doc.gov - Bureau of Industry and Security *,
um braço do Departamento de Comércio
Além disso, os escritórios de promoção de exportação de muitos estados dispõem de recur
sos on-line e permitem que as empresas façam link para seus sites.
LICENCIAMENTO O licenciamento é uma forma simples de ingressar no mercado internacional. O licenciador
concede a uma empresa estrangeira o uso do processo de fabricação, da marca, da patente,
dos segredos comerciais ou de outros itens de valor em troca do pagamento de uma taxa ou de royalties. O licenciador consegue entrar no país com pouco risco, enquanto o licenciado passa
a dominar um processo específico de produção ou explora a popularidade de um produto ou marca muito conhecidos. No entanto, o licenciador tem menos controle sobre o licenciado do que teria em suas pró
prias instalações de produção e vendas. Se o licenciado tiver muito sucesso no empreendimento, Empresas como a Best 'óesterr usaram acordos de franquia para entrar de forma econômica em
mercados pelo mundo.
a empresa terá aberto mão dos lucros; e quando o contrato vencer, ela poderá descobrir que criou um concorrente. Para evitar que isso aconteça, o licenciador geralmente fornece alguns ingredien tes ou componentes proprietários (como faz a Coca-Cola). Contudo, a melhor estratégia é sempre
liderar as inovações, de modo que o licenciado continue a depender do licenciador.
Existem variações no acordo dc licenciamento. Em
presas como Hyatt e Marriot negociam contratos de gestão com proprietários de hotéis em vários países para geren
ciar os negócios mediante pagamento dc honorários. A
empresa gestora pode até ter a opção, durante determina do período, de comprar ações da empresa administrada.
Na fabricação por contrato, a empresa contrata fabri
cantes locais para produzir o produto. A Volkswagen tem
um contrato com o grupo GAZ até 2019, pelo qual o GAZ montará os modelos Jetta, Skoda Octavia e Skoda Yeti da
VW em Nizhny Novgorod para o mercado russo, com
volume dc produção planejado dc 110.000 veículos por ano.46 Toshiba, Hitachi e outros fabricantes japoneses de
televisores usam a fabricação por contrato para atender ao
mercado da Europa Oriental.4,
A fabricação por contrato reduz o controle da empresa sobre o processo e coloca em risco a perda de lucros poten
ciais. Contudo, oferece a chance de um início mais rápido,
com a oportunidade dc formar uma parceria com o fabrican te local ou até de comprá-lo posteriormente. Por fim, uma empresa pode ingressar em um merca
do internacional por meio de franquia, uma forma mais
O nm ir«to/8hi«M fiiloek
completa de licenciamento. O franqueador oferece todo
um conceito de marca e um sistema operacional. Em
contrapartida, o franqueado faz um investimento inicial
e paga determinadas taxas ao franqueador. Operadores de serviço rápido como .McDonald’s, Subway e Burger King têm franquias espalhadas pelo mundo, assim como as empresas de serviços e varejo, como 7-Eleven, Hertz e
Hotéis Best Western.48
INGRESSO NO MERCADO GLOBAL
JOINT-VENTURES Historicamente, investidores estrangeiros têm se unido a investidores locais para criar uma joint-venture na qual possam dividir o controle e a propriedade. Para expandir-se geográfica
e tecnologicamenle, além de diversificar seus investimentos e riscos, a GE Capital — o braço de financiamento para pessoas físicas da GE — considera as joint-ventures uma de suas “mais poderosas ferramentas estratégicas”. Ela formou joint-ventures com instituições financeiras da
Coréia do Sul, Espanha e Turquia, entre outros países.49 Os mercados emergentes, especial mente os de grande porte e complexidade como a China e a índia, abrigam muita atividade de
joint-venture. A formação de uma joint-venture pode ser necessária ou desejável por razões econômicas ou políticas. A empresa estrangeira pode não dispor de recursos financeiros, físicos ou de ge
renciamento para, sozinha, levar o empreendimento adiante ou o governo estrangeiro pode exigir que seja feita uma joint-venture como condição para a entrada. A propriedade conjunta pode implicar certas desvantagens. Os sócios podem discordar a respeito dos investimentos,
do marketing ou de outras políticas. Um sócio pode querer reinvestir os lucros para crescer, enquanto o outro pode querer distribuir mais dividendos. Além disso, a propriedade conjunta pode impedir uma multinacional de realizar políticas específicas de marketing e fabricação para o mundo todo.
O valor de uma parceria pode estender-se para além do aumento de vendas ou do acesso à
distribuição. Bons parceiros compartilham ‘os valores da marca’ que ajudam a manter a consis tência da marca cm todos os mercados. Por exemplo, o compromisso ferrenho do McDonald’s
com a padronização de seus produtos é uma das razões pelas quais suas lojas de varejo são tão semelhantes em todo o mundo. O .McDonald’s escolhe a dedo seus parceiros globais para en
contrar ‘empreendedores compulsivos’ que farão o esforço desejado.
INVESTIMENTO DIRETO A forma final de envolvimento no mercado internacional ocorre por meio de propriedade di
reta, pela qual a empresa estrangeira pode comprar uma parte ou o todo de uma empresa local ou construir suas próprias instalações industriais ou de serviço. A Cisco não estava presente na índia antes de 2005, mas abriu uma segunda sede em Bangalore para aproveitar oportunidades
no país e em outros locais, como Dubai.50
Sc o mercado cm questão for suficicntcmcntc grande, o investimento direto oferecerá várias vantagens. Primeiro, a empresa garante economia de custos por meio de mão de obra e
matérias-primas mais baratas, incentivos do governo e economia de frete. Segundo, fortalece
sua imagem no país anfitrião ao criar empregos. Terceiro, desenvolve um relacionamento
mais profundo com o governo, clientes, fornecedores locais e distribuidores, facilitando a adaptação dos produtos ao ambiente local. Em quarto lugar, mantém total controle sobre seus investimentos e pode, assim, desenvolver políticas de produção e marketing que aten
dam a seus objetivos internacionais no longo prazo. E, por fim, garante sua entrada no mer cado caso o país onde tenha se estabelecido insista que os produtos adquiridos localmcntc tenham conteúdo nacional.
A principal desvantagem do investimento direto é que a empresa expõe um grande inves timento a riscos como desvalorização ou bloqueio da moeda, mercados desfavoráveis ou expropriações. A empresa também poderá incorrer em alto custo para reduzir ou encerrar suas
operações caso o país anfitrião exija o pagamento de uma indenização substancial aos funcio
nários demitidos.
AQUISIÇÃO Em vez de trazer suas marcas para certos países, muitas empresas optam por adquirir marcas locais para seu portfolio de marca. As marcas locais fortes podem influenciar o sentimento do
consumidor dc um modo que pode ser difícil para as marcas internacionais. Um bom exemplo de uma empresa que monta uma coleção de ‘joias locais’ é a SABMiller.51
CAPÍTULO 8
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250
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
SABMILLER De suas origens remotas como cervejaria dominante na África do Sul, a SAB
A estratégia da Anheuser-Busch InBev para a
Miller passou a ter presença em 75 países em
do, posicionada como The American Dream in
todo o mundo, graças a uma série de aqui sições, incluindo a compra da Miller Brewing em 2002 nos Estados Unidos por USS 5,6
a Bottle (0 sonho americano em uma garrafa).
Budweiser é vender a marca em todo o mun
A SABMiller considera-se ‘o mais local dos
bilhões. A empresa é a segunda maior fa
cervejeiros gjobais’ e acredita que o segredo de seu sucesso gobal seja pressionar mar
bricante de cerveja do mundo, produzindo marcas conhecidas como Grolsch, Miller Lite, Peroni, Pilsner Urquell e Castle Lager da Áfri
cas locais em sintonia com os costumes, as atitudes e as tradições do país de origem. A empresa conta com sociólogos, antropólogos
ca do Sul e Victoria Bitter da Australia. Sua
e historiadores para encontrar o caminho certo para criar intimidade local', além de empregar
estratégia global, no entanto, contrasta cla ramente com a de seu principal concorrente.
10 analistas cuja única responsabilidade é
pesquisar a segmentação em diversos merca dos. A marca Cusquena do Peru "homenageia o padrão de elite do artesanato inca". A Trmisoreana da Romênia explora as próprias raízes
do século XVIII. Em Gana e outras regiões da África, a cerveja Chibuku custa apenas 584 por litro para competir com as marcas domés
ticas. Quando uma pesquisa revelou que mui tos tomadores de cerveja na Polônia sentiam que ‘ninguém nos leva a sério’, a SABMiller lançou uma campanha para sua marca Tyskie
exibindo estrangeiros que elogjam a cerveja e o povo polonês.
A SABVBIer reuniu um portfolio
dhetsiícado de marcas icõnicas de cenejas locais de todo o mundo.
Decisão sobre o programa de marketing Empresas internacionais devem decidir até que ponto adaptarão suas estratégias de marketing às condições locais.'2 Em um extremo, está o programa de marketing padronizado, que promete custos mais baixos. A Tabela 8.1 resume alguns dos prós e contras dessa modalidade. No outro
extremo, temos um programa de marketing adaptado, em que a empresa, coerente com o conceito dc marketing, acredita que as necessidades dc consumo variam c ajusta o programa dc marketing para cada mercado-alvo. Um bom exemplo da segunda estratégia são os biscoitos Oreo.33 Tabela 8.1 Prós e contras do marketing global padronizado
Vantagens___________________________________________________________________________________ Economias de escala em produção e distribuição. Custos mais baixos de marketing.
Poder e escopo.
Consistência em imagem de marca. Habilidade para alavancar boas ideias com rapidez e eficiência.
Uniformidade em práticas de marketing.
Desvantagens________________________________________________________________________________
Ignora diferenças entre os consumidores quanto a necessidades, desejos e padrões de uso dos produtos. Ignora diferenças em respostas de consumidores a programas e atividades de marketing. Ignora diferenças de marca e desenvolvimento de produto e o ambiente competitivo. Continuo
INGRESSO NO MERCADO GLOBAL
CAPÍTULO 8
251
-Cn.;nu3Ç. 3 jul.2012. Acesso em; 10 jun. 2018: .
aos ativistas a oportunidade de divulgar rapidamente as informações burlando as restrições governamentais’. Durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2012, o Twitter teve enorme impacto em campanhas e comunicações com o eleitorado. Na verdade, o tuíte mais popular desse ano foi Four more years (Mais quatro anos), publicado por Barack Obama após vencer a
reeleição. Foi retuitado quase um milhào de vezes. 0 Twitter abriu seu capital em novembro de 2013 e levantou USS 2,1 bilhões no segundo maior IPO da internet na história (o Facebook
arrecadou USS 16 bilhões em 2012). Seu impacto global cresceu tanto que opera em 35 idiomas e 70% dos usuários vivem fora dos Estados
a expandir sua marca globalmente?
EXCELÊNCIA EM MaiRStlIlC
LOréal Quando se trata de globalizar a beleza, ninguém faz isso melhor do que
Atualmente, a L’Oreal concentra-se em cinco áreas de especializa
a L’Oreal. A empresa foi fundada em Paris há 100 anos por um jovem
ção: cuidados com a pele, cuidados com os cabelos, maquiagem, tintura
químico, Eugene Schueller, que vendia sua tintura de cabelo patentea
de cabelo e perfume. Suas marcas recaem em quatro grupos: (1) produ
da para cabeleireiros e salões locais. Na década de 1930, Schueller
tos de consumo (52% das vendas, incluindo a linha Maybelline vendida
já havia inventado outros produtos de beleza, como óleo de bronzear
em massa e produtos de alta tecnologia vendidos a preços competitivos
e o primeiro xampu comercializado em massa. Até os dias de hoje, a
por meio de redes de varejo de massa); (2) produtos de luxo (27% das
empresa evoluiu para a maior empresa de produtos de beleza e cosmé
vendas, incluindo marcas de prestigio como o perfume Ralph Lauren,
ticos do mundo, com distribuição em 130 países. 27 marcas globais e
disponível somente em lojas sofisticadas, lojas de departamento ou lojas
mais de USS 30,8 bilhões em vendas.
especializadas): (3) produtos profissionais (14% das vendas, incluindo
Grande parte da expansão internacional inicial da empresa é credi
marcas como a Redken, criada especificamente para cabeleireiros pro
tada a Sir Lindsay Owen-Jones, que transformou a L’Oreal de uma pe
fissionais); e (4) Active Cosmetics (7% das vendas, incluindo produtos
quena empresa francesa em um fenômeno internacional de cosméticos
dermocosméticos vendidos em farmácias, drogarias e spas).
com visão estratégica e gestão precisa de marca. Durante seus quase
Para a L’Oréal, o marketing de segmentação precisa do mercado
20 anos como CEO e presidente. Owen-Jones alienou marcas fracas,
- atingir o público certo com o produto certo no lugar certo - é crucial
investiu pesadamente em inovação de produtos, adquiriu marcas etni-
para seu sucesso global. Como Owen-Jones explicou: "Cada marca está
camente diversas e expandiu-se para mercados com os quais ninguém
posicionada em um segmento [de mercado] muito preciso, que se so
sonhava, como China, América do Sul e a antiga União Soviética. Sua
brepõe o mínimo possível aos outros’.
missão era atingir a diversidade, ’atender as necessidades de homens
A empresa construiu seu portfolio principalmente pela aquisição de
e mulheres ao redor do globo e tornar os produtos de beleza disponíveis
empresas locais de produtos de beleza em todo o mundo, renovando-
para o máximo possível de pessoas".
-as quanto à direção estratégica e expandindo a marca para novas
266
PARTE 3
CONEXÃO COM OS CLIENTES
áreas por meio de seu poderoso braço de marketing. Por exemplo, a L’Oréal tomou-se instantaneamente forte (com 20% de participação
clientes nos próximos anos. Marc Menesguen, diretor de marketing es
de mercado) na crescente indústria de cuidados para cabelos étnicos
a 60% das vendas venham de mercados emergentes". Como resultado
quando comprou e fundiu as empresas norte-americanas Soft Sheen Products, em 1998. e Carson Products, em 2000. A LOréal acreditava
disso, novos centros de pesquisa surgiram nesses países, e a empresa
tratégico da L’Oréal, explicou: "Nossa projeção para 2020 é que de 50%
que a concorrência havia negligenciado essa categoria porque era an
trabalha de forma agressiva para compreender as necessidades desses consumidores e desenvolver produtos de beleza para satisfazê-los.
tes fragmentada e mal compreendida. Contando com o suporte de um amplo portfolio de marcas e produtos, a SoftSheen-Carson é líder de
eu mereço"
mercado na indústria étnica de cuidados com os cabelos.
presa gasta aproximadamente US$ 5 bilhões em propaganda por ano.
A L’Oréal também investe tempo e dinheiro na inovação de seus 22 centros de pesquisa ao redor do mundo, aplicando 3.5% das vendas
o que faz dela a terceira maior anunciante. Como Gilles Weil, diretora
anuais em P&D, mais de um ponto percentual acima da média setorial, pesquisando e inovando produtos que atendam às necessidades espe
forte quanto as melhores empresas locais, mas sustentado por uma
cíficas de cada região. Compreender as rotinas de beleza e as necessidades específicas
de diferentes culturas, países e consumidores é fundamental para o sucesso global da L’Oréal. Cabelo e pele diferem muito de uma parte do
Bem conhecida pelo slogan de sua campanha de 1973 - ‘Porque
a LOréal è líder mundial em produtos de beleza. A em
de produtos de luxo da LOréal. explicou: "Você tem que ser local e tão imagem e uma estratégia internacionais".
Questões 1. Examine o portfolio de marcas da L’0réal. Que papel desempenha
mundo para outra; por isso, a empresa escuta e observa consumidores do mundo todo para obter uma compreensão profunda de suas neces
ram o marketing de segmentação de mercado, as aquisições inte
sidades de beleza. Os cientistas da LOréal estudam os consumidores
2. Qual o segredo do sucesso dos lançamentos de produtos locais
em banheiros de laboratório e em suas próprias casas, podendo atingir marcos científicos de beleza.
3. 0 que o futuro reserva para a L’Oréal em nível global? Quem são
No Japão, por exemplo, a L Oréal desenvolveu o rimei Wondercurl
seus principais concorrentes? Se você fosse CEO da empresa,
especialmente formulado para curvar os olios das mulheres asiáticas, que costumam ser curtos e retos. Como resultado, em trés meses esse rímel tomou-se o mais vendido do Japào, e jovens entusiasmadas
faziam fila na frente das lojas para comprá-lo. A LOréal continuou a pesquisar o mercado e desenvolveu esmalte de unha, blush e outros cosméticos destinados a essa nova geração de asiáticas. A LOréal acredita que seu futuro reside em áreas emergentes como Ásia, África e América Latina, onde espera encontrar milhões de novos
ligentes e as atividades de P&D no crescimento dessas marcas? como o rímel Wondercurl da Maybelline no Japão?
como sustentaria sua liderança global? Fontes: ROBERTS. Andrew. LOréal Quarterly Sales Rise Most since 2007 on Luxury Perfume. Bloomberg BusinessWeek. 22 abr. 2010; TOMLINSON. Richard. EOréal s Global Makecwer. Fortune. 30 set. 2002: CARVAJAL Doreen. Internatio
nal Business: Primping for the Cameras in the Name of Research. New tort Times. 7 fev. 2006: MORAIS, Richard C.The Color of Beauty. Forbes. 27 nor. 2000: NEFF. Jack. How L’Oreal Zen Master Menesguen Shares Best Practices around the Glo be. ArtertismgAgp, 11 jun. 2012; .
ESTUDO DE
Spoleto aprende a competir internacionalmente Em recente pesquisa da Agência Brasileira de Promoção de Exporta
mexicana, franqueada da rede de pizzarias Domino’s no Brasil). Ouri
ções e Investimentos (Apex Brasil) sobre internacionalização de em
presas, o principal destino apontado por quase 70% dos respondentes
vio e Chady se tomaram sócios da Domino's no Brasil e, em troca, o Spoleto foi introduzido no mercado mexicano pela Alsea, como máster
foi os Estados Unidos, um mercado maduro e atrativo, porém, muito
franqueada. Segundo Ourivio (2016), esse foi ’‘um verdadeiro ensaio
competitivo. Foi especificamente nesse mercado que Eduardo Ourivio e
da internacionalização e tivemos contato com uma grande empresa que
Mário Chady, empreendedores do Spoleto, sempre tiveram o sonho de
já operava várias marcas".
entrar, desde a inauguração do primeiro restaurante Spoleto. em 1999.
no Rio de Janeiro.
Além do México, a rede se expandiu para a Espanha, em 2006.
Em ambos os casos, a iniciativa de internacionalizar não foi antecedida
0 Spoleto nasceu a partir da ideia de democratização da boa culi
de rigoroso planejamento de expansão internacional, mas de um misto
nária’ ao oferecer pratos rápidos, práticos, personalizados e saborosos.
de desejo de crescimento, acesso a recursos e ativos estratégicos e
Para alcançar essa combinação, Ourivio e Chady criaram, na época, um
oportunidades inesperadas de parcerias. Contudo, dificuldades com os
conceito inovador no preparo de pratos italianos: o cliente escolhe a
parceiros locais, com a estrutura operacional (fornecedores), desconhe
massa, um punhado de ingredientes, o molho, e o prato é rapidamente
cimento dos mercados, entre outros aspectos, determinaram o fim das
preparado na frente do cliente. Nasceu assim o Spoleto - uma proposta
operações do Spoleto nesses países.
que desde sua gênese procura unir a conveniência do sistema fast food
Entretanto, o desejo de crescimento da rede em mercados interna
com a sofisticação de um restaurante tradicional ao oferecer pratos de
cionais permanecia latente. Ainda no ano 2000, os empresários fizeram
porcelana e talheres de inox em praças de afimentação. Em 2001, os em
o registro da marca Spoleto nos Estados Unidos, mas as operações
presários fizeram a opção de expansão por meio do sistema de franquias
começaram somente muitos anos depois. Em 2007, contrataram All
e. desde sua criação, a trajetória da marca ganhou o país e já conta com
Badoc, membro do conselho de administração da rede Chipotle Me
mais de 360 restaurantes em todas as regiões do Brasil.
xican Grill, para assessorá-los no planejamento de internacionalização
Em 2004, o Spoleto fez sua primeira incursão internacional no
do Spoleto naquele país. Então, em 2012, surgiu a oportunidade de
México, por meio da sociedade com a Alsea (food service de origem
realmente iniciar as operações em solo americano a partir da proposta
INGRESSO NO MERCADO GLOBAL
CAPÍTULO 8
267
de sociedade oferecida por John Velasquez. Ourivk) e Chady conhe
operação diminui tanto para a empresa como para o cliente, que
ciam bem Velásquez, pois haviam trabalhado juntos por muitos anos
não precisa incorporar o custo da gorjeta ao total consumido (nos Estados Unidos, a gorjeta gira entre 10% e 20%).
nas operações da Domino’s no Brasil. Ourivio (2016) destaca que a parceria com Velásquez 'fez toda a diferença, pois ele não só já tinha
4
Preço: pratica-se a política de preço acessível e precifica-se com
trabalhado com a gente ombro a ombro, quando encontramos o mode
base nos custos e no mercado no qual atuam. Uma massa, focac
lo da Domino’s para o Brasil, como entendia e compartilhava da nossa
cia ou salada com direito a molho e seis ingredientes custa USS
cultura. Nós já havíamos passado por muitas coisas juntos’. Além dis
9.00. No McDonald’s, um combo do Big Mac custa USS 5,99 e
so. Velásquez era norte-americano e cuidaria da operação localmente.
um prato de Fettuccine Alfredo ou Chicken Alfredo, seividos na famosa rede de restaurantes italiano Olive Garden, custam, res
Para ingressar no mercado norte-americano, os empreendedores per ceberam que seria vantajoso competir no segmento gastronômico denomi
pectivamente, USS 13,99 e USS 16,99, sem incluir a gorjeta.
nado fast casual. Trata-se de uma segmentação que se posiciona entre o
A operação nos Estados Unidos conta com seis restaurantes pró
fast-food e os restaurantes que oferecem serviço completo, em um modelo
prios, sendo cinco localizados na Flórida e um na Califórnia. Há inten
de negócios que se apoia em quatro pilares: tipo de serviço, qualidade da
ção de expansão por meio de franquias, mas a iniciativa ainda está
comida, ambiente e preços do cardápio. Assim, em 2014, teve início o
em processo de seleção de interessados. Mais experientes. Ourivio e
reposicionamento da marca Spoleto, a princípio para ingresso no mercado
Chady compreendem a importância estratégica do parceiro local para
norte-americano e, posteriormente, para inserção no BrasiL Em março de
gerenciar o negócio. No Brasil, das mais de 360 unidades. 47 delas
2015. enfim foi inaugurado o primeiro restaurante nos Estados Unidos.
já operam como Minha Cozinha Italiana e. nos próximos quatro anos,
O reposicionamento de marca deu origem ao Spoleto My Italian
espera-se que toda a rede já esteja reposidonada.
Kitchen (no Brasil. Minha cozinha italiana). O novo conceito se afasta
dos produtos prontos e busca aprimorar a experiência do consumidor e democratizara boa culinária italiana, ao trabalhar com ingredientes de melhor qualidade, frescos, sem conservantes e preparados no mesmo
dia. As principais mudanças no mix de marketing foram as seguintes: 1
Produto: a massa seca e a matéria-prima para produção das mas sas frescas são importadas da Itália. Os demais ingredientes são
adquiridos localmente. O processo de escolha dos pratos continua o mesmo, assim como os tamanhos das porções. 0 novo conceito
panhola e norte-americana ao se preparar para entrarem um novo
mercado? 2. Com base no estudo de caso e em visitas a websites e redes sodais do Spoleto no Brasil e nos Estados Unidos, avalie as estra tégias globais de produto e de comunicação.
Autora
segue a mesma lógica da escolha dos ingredientes). Os molhos,
Priscila De Nadai Sastre: doutora em administração pela FEA/USP. é professora convidada da pós-graduação da ESPM e técnica extensio-
msta no Projeto de Qualificação para Exportação (Peiex) Espírito Santo
cerveja foram incorporados ao cardápio.
2016-2018, da Apex Brasil.
Comunicação: a marca reforça o conceito de liberdade culinária
Fontes: APEX BRASIL. Resultados da Pesquisa sobre Internacionalização de Em presas no Âmbito do Plano Nacional de Exportações. Apex Brasil, 2016. Disponí
(culinary freedom), ao permitir que cada cliente crie sua versão
de refeição com base em um variado ma de ingredientes. Além disso, a marca se utiliza de promoções de vendas que incluem re
feições gratuitas para incentivar a experimentação, especialmente divulgadas no Facebook e no Instagram. Também desenvolvem relacionamento com as crianças por meio do Bambino Kids Oub,
um dube voltado para os pequenos e que proporciona workshops culinários uma vez por mês. 3
1. Quais lições o Spoleto pode tirar das experiências mexicana, es
permite que o cliente escolha entre opção de massa, salada e focaccia (chamada de flatbread, é preparada como uma pizza e temperos para salada e alguns ingredientes usados no preparo dos pratos também foram adaptados ao paladar local. Vinho e 2
Questões
Praça: o Spoleto My Italian Kitchen é uma rede de restaurantes grandes que contam com estacionamento e possuem mesas e
cadeiras, estação de atendimento e uma togo station (local com itens descartáveis e estrutura apropriada para embrulhar eventu ais sobras). A ambientação recebeu atenção especial: as cores
mudaram de vermelho e amarelo para café e amarelo, tanto no restaurante como nos uniformes, e azulejos, tijolos e inox comple tam o visual. Contudo, como não há serviço de mesa, o custo da
vel em: . Acesso em: 11 out. 2018; BARAKAT, L L et al. Ranking FDC das Multinacionais Brasileiras 2017.12. ed. Fundação Dom Cabral. 2017: KHAUAJA. D. M. R. Gestão de marcas na estratégia de inter nacionalização de empresas: estudo com franqueadoras brasileiras. Tese (dou torado em administração). Universidade de São Paulo. Sào Paulo, 2009, p. 299; McDONALD S Prices. Fast Food Menu Prices. Disponível em: . Acesso em: 2 out 2018: MENU lis ting. Olive Garden. Disponível em: . Acesso em: 2 out 2018: OURIVIO. E. Do Rio para os EUA: como internacionalizamos o Spoleto. Endeavor Brasil. 4 ago. 2016. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2018: SPOLETO. Site institucional. Disponível em: . Acesso em: 2 out 2018; SPOLETO ITALIAN KITCHEN. Site institucional. Disponível em: . Acesso em: 2 out 2018; VINÍCIUS. A. Fast casual: um novo modelo de negócio na gastronomia. Infood. 2015. Disponivei em: . Acesso em: 2 out. 2018.
PARTE 4: Construção de marcas fortes
9 Identificação de segmentos de mercado e seleção de mercados-alvo
CAPÍTULO
Neste capítulo, abordaremos as seguintes questões:
1.
Como uma empresa pode dividir o
mercado consumidor em segmentos?
2.
3.
Como os mercados organizacionais devem ser segmentados? Como uma empresa deve selecionar
os mercados-alvo mais atrativos?
4.
Quais são os requisitos de uma
segmentação eficaz?
5.
Quais são os diferentes níveis de
segmentação de mercado?
As empresas não conseguem atender todos os clientes em mercados amplos ou diversificados. Predsam. portanto, identificar os segmentos
de mercado em que poderão atender com eficácia. Essa decisão requer um profundo entendimento do comportamento do consumidor e uma cuidadosa análise estratégica sobre o que distingue cada segmento. Identificar e satisfazer os segmentos certos de mercado costumam ser a chave para o sucesso de marketing. 0 Linkedln criou uma potência na internet satisfazendo as necessidades dos profissionais de carreira.1
O Linkedln foi a primeira grande rede social a
Para competir com mais eficácia, muitas empresas têm adotado o marketing seg
emitir uma IPO (oferta pública inicial, do inglês
mentado. Em vez de dispersar seus esforços de marketing, elas concentram sua
initial pubic offering), depois de ser um dos pri
atenção em consumidores a quem poderíam efetivamente satisfazer.
meiros entrantes da área em 2003. A empresa
Um marketing segmentado eficaz exige que os gerentes de marketing:
visou a um público diferente daquele da maioria
das outras redes, estabelecendo-se como o prin
1. Identifiquem e tracem o perfil de grupos distintos de compradores com diferen
tes necessidades e preferências (segmentação de mercado).
cipal site de relacionamento profissional com a
2. Seledonem um ou mais segmentos em que ingressar (mercados-alvo).
visão "de criar oportunidade econômica a todos
3. Para cada segmento, estabeleçam, comuniquem e entreguem os principais benefí
os profissionais do mundo’. 0 que também dis
cios que diferenciam os produtos da empresa (posicionamento de mercado).
tingue o Linkedln de outras redes sociais é o
A segmentação, a seleção de mercado-alvo e o posicionamento de mercado são
fato de ter diversos fluxos de receita, impulsio
conhecidos como o SIP (do inglês, segmentation, targeting e positioning) do mar
nados por três segmentos de cliente: candidatos
keting. Este capítulo enfocará as duas primeiras etapas: o Capítulo 10 discutirá a
a emprego que compram assinaturas premium
terceira. Os capítulos 11 e 12 descreverão como a efetividade da segmentação, da
com vários serviços especiais; anunciantes de
seleção de mercado-alvo e do posicionamento de mercado pode criar marcas fortes
grande e pequeno porte que contam com sua
que crescem ao longo do tempo e suportam ataques competitivos.
unidade de soluções de marketing; e, apoiando
seu maior negócio e o de mais rápido cresci mento. recrutadores corporativos que adquirem
ferramentas de busca especiais de sua unidade
de soluções de talento. No momento da IPO. em
19 de maio de 2011, o Linkedln acumulava 100 milhões de usuários registrados, ganhando um
novo literalmente a cada segundo e um milhão a cada 10 dias, metade deles fora dos Estados
Unidos. Esses usuários eram atraídos pela ca pacidade de gerenciar suas carreiras relacio nando-se com outros profissionais, buscando
e compartilhando ideias e procurando emprego em caso de necessidade. C'W:os- € PSL
/ iMan».
270
PARTE 4
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
Como a maioria dos serviços on-line, o Linkedln empenha-se em envolver os usuários em seu site pelo
maior tempo possível por meio de aprimoramentos contínuos de conteúdo e novos recursos. Para esse objetivo, a empresa adquiriu o SlideShare, um site de hospedagem de apresentações, e o Pulse, um
aplicativo de leitura de notícias, além de lançar o Talent Pipeline para ajudar os recrutadores a gerenciar seus contatos. 0 Linkedln espera muito crescimento de seus usuários móveis, que em 2013 contabiliza
ram mais de 30% das visitas únicas ao site, levando a uma completa reformulação de seus aplicativos para uma navegação mais fácil e maior personalização. Embora a marca bem direcionada e posicionada
do Linkedln tenha acarretado grande sucesso inicial, começa a surgir concorrência de outros gigantes da internet, como o Facebook, e de serviços de rede profissional estabelecidos no exterior, como o Viadeo SA na Europa e em outros lugares.
Bases para segmentação de mercados consumidores A segmentação de mercado divide um mercado em fatias bem definidas. O segmento de mercado é composto de um grupo de clientes que compartilham um conjunto semelhante
de necessidades e desejos. A tarefa dos profissionais de marketing consiste em identificar o número apropriado e a natureza dos segmentos de mercado e selecionar como alvo um
ou mais deles. Dois grupos gerais de variáveis são usados para segmentar mercados consumidores. Al
guns pesquisadores tentam formar segmentos por meio dc análise dc características descriti vas: geográficas, demográficas e psicográficas. Depois, examinam se esses segmentos de clien
tes possuem diferentes necessidades ou respostas em relação a um produto, pesquisando, por
exemplo, as atitudes distintas dc ‘profissionais liberais’, ‘operários’ c outros grupos cm relação
a determinado benefício de um produto, como ‘segurança’. Outros pesquisadores tentam identificar segmentos por meio da análise de questões ‘com-
portamentais’, como as respostas dos consumidores aos benefícios, ocasiões de uso ou marcas. Uma vez identificados os segmentos, os pesquisadores verificam se existem características dis
tintas associadas a cada segmento de respostas do consumidor. Por exemplo, se as pessoas que preferem ‘qualidade’ a ‘preço baixo’ na compra de um carro diferem em termos de característi cas geográficas, demográficas e psicográficas. Independentemente do tipo de segmentação utilizado, o importante é ajustar o programa de marketing ao reconhecimento das diferenças entre clientes. As principais variáveis da segmentação
— geográfica, demográfica, psicográfica e comportamental — estão especificadas na Tabela 9.1.
Tabela 9.1 Principais variáveis da segmentação para mercados consumidores nos Estados Unidos
Região geográfica
Montanhas do Pacífico; Centro-Norte Ocidental; Centro-Sul Ocidental; Centro-Norte Oriental; Centro-Sul Oriental; Atlântico-Sul; Atlântico Setentrional; Nova Inglaterra
Porte da cidade ou região metropolitana
Menos de 5.000; de 5.000 a 20.000; de 20.000 a 50.000; de 50.000 a
Densidade
Urbana; suburbana; rural
Clima
Região Norte; região Sul
Idade
Abaixo de 6 anos; de 6 a 11 anos; de 12 a 17 anos; de 18 a 34 anos: de
100.000; de 100.000 a 250.000; de 250.000 a 500.000; de 500.000 a 1 milhão; de 1 milhão a 4 milhões; acima de 4 milhões
35 a 49 anos; de 50 a 64 anos: acima de 64 anos
Tamanho da família
1 a 2 membros; 3 a 4 membros; mais de 4 membros
Ciclo de vida da família
Jovem, solteiro; jovem, casado, sem filhos; jovem, casado, filho mais novo com menos de 6 anos: jovem, casado, filho mais novo com 6 anos ou mais; adulto, casado, com filhos; adulto, casado, sem filhos com menos de 18
anos: adulto, solteiro; outros Sexo
Masculino; feminino CohcTxkj
IDENTIFICAÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO E SELEÇÃO DE MERCADOS-ALVO
Renda (em dólares/ano)
CAPÍTULO 9
271
Menos de US$ 10.000; de US$ 10.000 a USS 15.000; de USS 15.000
a USS 20.000; de USS 20.000 a USS 30.000; de USS 30.000 a USS 50.000; de USS 50.000 a USS 100.000; acima de USS 100.000
Ocupação
Profissionais liberais e técnicos; gerentes, funcionários públicos e
empresários; funcionários da parte administrativa; artesãos; supervisores; operadores; agricultores; aposentados; estudantes; donas de casa;
desempregados
Grau de instrução
Ensino fundamental ou menos; ensino médio incompleto; ensino médio completo; superior incompleto; superior completo
Religião
Católica; protestante; judaica; muçulmana; hindu; outras
Raça
Branca; negra; asiática; hispânica; outras
Geração
Geração silenciosa; baby boomers; geração X; geração Y
Nacionalidade
Norte-americana; latino-americana; britânica; francesa; alemã; italiana; chinesa; indiana; japonesa
Classe social
Baixa-baixa; baixa-alta; média-baixa; média; média-alta; alta; alta-alta
Estilo de vida psicográfico
Orientado para a cultura; para os esportes; para atividades ao ar livre
Personalidade
Compulsiva; gregária; autoritária; ambiciosa
Ocasiões comportamentais
Ocasião comum; ocasião especial
Benefícios
Qualidade; serviço; economia; rapidez
Status do usuário
Não usuário: ex-usuário; usuário potencial: usuário iniciante; usuário regular
índice de utilização
Light user; medium user heavy user
Status de fidelidade
Nenhuma; média; forte; total
Estágio de disposição
Desconhece; conhece; interessado informado; desejoso; pretende comprar
Atitude em relação ao produto
Entusiasta; positiva; indiferente; negativa; hostil
SEGMENTAÇÃO GEOGRÁFICA A segmentação geográfica pressupõe a divisão do mer
cado em diferentes unidades geográficas, como nações, es tados, regiões, cidades ou bairros. Uma empresa pode atuar
em uma ou mais áreas geográficas; pode até mesmo atuar em
todas elas, desde que preste atenção às variações locais. Desse modo, pode criar programas de marketing sob medida para
as necessidades e os desejos de grupos de clientes locais em áreas comerciais, bairros e até lojas individuais. Em uma ten dência crescente chamada marketing locai, tais atividades se
concentram ao máximo em se tornar próximas e pessoalmen
te relevantes em relação a cada cliente. Grande parte do sucesso inicial da Nike resultou do enga
jamento de consumidores-alvo por meio dc ações dc marke ting local, como o patrocínio de times de uma escola de bairro,
aulas práticas conduzidas por especialistas e fornecimento de CMdto: OinvwPom va Ooít» imci*.
uniformes c equipamentos para jovens atletas. O Citibank ofe rece diferentes combinações de serviços bancários dependen
do das características demográficas do bairro onde se situam
suas agências. Varejistas como Starbucks, Costco, Trader Joe’s
e REI obtiveram grande sucesso enfatizando iniciativas de marketing local, mas empresas de outros segmentos também
partiram para a ação.2 Cada vez mais o marketing regional significa agir em de terminado código postal. Muitas empresas usam um software
A rede de varejo REI. que comercializa artigos para atrridades ao ar Iwre. enfatiza as ações de marketing local para erwher seus diertes.
272
PARTE 4
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
dc mapeamento para identificar as localizações geográficas dc seus clientes, descobrindo,
por exemplo, que a maioria deles está a um raio de 15 km da loja e ainda mais concentrada
em certas áreas dc distribuição (identificadas pelos quatro últimos algarismos do código
postal nos Estados Unidos e pelos trés últimos no Brasil). Ao mapear as áreas mais densas, o varejista pode recorrer à clonagem de clientes, pressupondo que os melhores prospects
vivem nas localidades dc onde a maioria dos clientes já vem.
Algumas abordagens combinam dados geográficos com dados demográficos e, assim, obtêm descrições mais detalhadas de consumidores e bairros. A Nielsen Claritas desenvol
veu uma abordagem de análise geodemográfica chamada PRIZM (índice de classificação de potencial por mercados divididos por código postal, do inglês potential rating index by zip markets), que classifica mais de meio milhão de bairros residenciais nos Estados Unidos
em 14 grupos distintos e 62 segmentos de estilos de vida — os chamados ‘agrupamentos PRIZM’.3 Os agrupamentos levam cm consideração 39 fatores, distribuídos cm cinco ca
tegorias principais: (1) grau de instrução e nível de renda; (2) ciclo de vida da família; (3)
urbanização; (4) raça e etnia; e (5) mobilidade social. Os bairros foram divididos por códi
go postal ou divisão de recenseamento. Os grupos recebem títulos descritivos como Blue
Blood Estates (Propriedades de sangue azul). Winner’s Circle (Círculo dos vencedores). Hometown Retired (Aposentados na cidade natal). Shotguns and Pickups (Espingardas c
picapes) e Back Country Folks (Pessoas que retomam ao interior). Os membros de cada
grupo tendem a se assemelhar na vida que levam, nos carros que dirigem, nos empregos que mantêm e nas revistas que leem. A Tabela 9.2 ilustra três desses agrupamentos PRIZM.
Tabela 9.2 Exemplos de agrupamentos PRIZM
I Jovens ‘digntelectuais' {Young Digerati). Jovens solteiros ou casados que são adeptos da tecnologia e moram em bairros chiques da região urbana. De alto poder aquisitivo, com bom nível de instrução e etnicamente miscigenados, vivem em áreas normalmente ocupadas por apartamentos e condomínios modernos, academias de ginástica e butiques, restaurantes informais e todos os tipos de bar - de lojas de sucos a cafés e microcervejarias.
I
Crianças e obrigações {Beltway Boomers). Segmento do imenso cohort de baby boomers - com nível universitário, de classe média alta e com casa própria. Geração que se casou tarde, ainda estão criando
os filhos, moram em bairros confortáveis afastados dos centros urbanos e levam estilos de vida centrados nas crianças.
I
Cosmopolitas {The Cosmopolitans). Instruídos, de classe média e multiétnicos. os cosmopolitas são casais
urbanos que vivem em cidades norte-americanas de crescimento acelerado. Concentrados em algumas áre as metropolitanas - como Las Vegas. Miami e Albuquerque esses domicílios são ocupados por pessoas mais velhas, que não moram mais com os filhos e têm nível universitário. Um ambiente social agitado rodeia as casas e os apartamentos mais antigos, cujos residentes adoram a vida noturna e levam um estilo de vida
intensamente voltado ao lazer. Fonte: Nielsen. Disponível em: . Acesso em: 8 jul. 2018.
A análise geodemográfica captura a crescente diversidade da população norte-americana
e o PRIZM pode ser usado para responder a perguntas como: Em quais agrupamentos (por bairro ou código postal) estão nossos clientes mais valiosos? Em que medida já penetramos
nesses segmentos? Quais canais de distribuição e meios dc promoção são mais eficazes em atingir nossos mercados-alvo em cada área? A Bames & Nobles instalou lojas por onde circula o segmento Money & Brains (pessoas com dinheiro c inteligência). A Hyundai direcionou com
sucesso uma campanha promocional para bairros onde poderíam ser encontrados os Kids and Cul-de-Sacs (casais de classe média alta com filhos), Bohemian Mix (jovens progressistas com
estilo dc vida liberal) c Pool & Patios (famílias suburbanas com casais no auge da carreira pro fissional e filhos morando fora de casa).4
O marketing para microssegmentos tomou-se possível até para pequenas organizações, na medida em que os custos de banco de dados baixaram, os softwares ficaram mais fáceis de usar
e a integração de dados aumentou. Adotar a internet para acessar direlamenle os clientes pode abrir uma série de oportunidades locais, como a Yelp descobriu/
IDENTIFICAÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO E SELEÇÃO DE MERCADOS-ALVO
YELP Fundada em 2004, a Yelp.com quer
‘conectar pessoas com grandes empresas locais’, visando aos consumidores que pro curam ou querem compartihar avaliações de empresas locais em 96 mercados pelo mundo. Quase dos terços dos milhões de avaliações
devidamente verificadas que o site recebe são para restaurantes e lojas de varejo. A Yelp foi lançada em São Francisco, onde festas men sais com usuários preferenciais evoluíram para
CAPÍTULO 9
273
um programa formal, o Yelp Elite, que passou a ser utilizado para lançar o serviço em novas
US$ 90 bilhões e USS 130 bilhões -, mas relativamente inexplorado, dado que muitas
cidades. 0 aplicativo móvel, lançado recente
empresas locais não têm experiência com tec nologia. Sheryl Sandberg, diretora operacional
mente pela empresa, permite ignorar a internet e conectar-se diretamente com os consumido res; quase 50% das consultas ao site vêm de
sua plataforma móvel. A Yelp gera receita ven dendo anúncios para comerciantes locais por
meio de centenas de vendedores. 0 negócio de propaganda local é enorme - estimado entre
do Facebook (concorrente da Yelp), chama a propaganda local de "Santo Graal’ da internet As empresas locais também se beneficiam da Yelp - vários estudos demonstraram o retomo de receita potencial proveniente das avaliações de seus negócios no site.
A Yelp atraiu muitos consumidores e anunciantes com suas aaiaçòes
Cfftlltn O rx>nSi»»wc»/Awmy.
on-line de negócios locais cuidadasamerte wriícadas.
Aqueles que favorecem essas ações de marketing localizado consideram a propaganda em nível nacional um desperdício, pois é muito ‘generalista’ e deixa de atender às necessidades locais.
Aqueles que se opõem ao marketing local argumentam que ele aumenta os custos de fabricação
e comercialização ao reduzir economias de escala e ampliar os problemas logísticos. A imagem global da marca poderá ser diluída se o produto e a mensagem diferirem conforme a localidade.
SEGMENTAÇÃO DEMOGRÁFICA Na segmentação demográfica, o mercado c dividido por variáveis como idade, tamanho da família, ciclo de vida da família, sexo, renda, ocupação, grau de instrução, religião, raça, gera
ção, nacionalidade e classe social. Uma das razões pelas quais as variáveis demográficas são tão populares entre os profissionais de marketing é que elas costumam estar associadas às necessi dades e aos desejos dos consumidores. Outra razão é que são fáceis de mensurar. Mesmo quan
do o mercado-alvo é descrito em termos não demográficos (por exemplo, por tipo de persona lidade), é necessário considerar as características demográficas para estimar o tamanho desse
mercado-alvo e o meio de comunicação que deverá ser usado para atingi-lo de modo eficiente. F.is algumas das variáveis demográficas utilizadas em mercados segmentados. IDADE E ESTÁGIO NO CICLO DE VIDA Os desejos e as habilidades dos consumidores mudam com
a idade. Marcas de creme dental como Crest e Colgate oferecem três linhas de produto principais
voltadas para crianças, adultos c consumidores mais velhos. A segmentação por idade pode ser ainda mais refinada. A Pampers divide seu mercado em pré-natal, recém-nascidos (de zero a cin
co meses), bebês menores de um ano (de seis a 12 meses), bebês maiores de um ano (de 13 a 24 meses) e crianças em idade pré-escolar (mais de 24 meses). Efeitos indiretos da idade também atu am em alguns produtos. Um estudo com crianças de oito a 12 anos constatou que 91% delas de
cidiam ou influenciavam as compras de roupas ou acessórios; 79%, as compras dc supermercado;
e 54%, as opções de férias; enquanto 14% tomavam ou influenciavam até as escolhas de carros.6
274
PARTE 4
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
Porem, idade c ciclo dc vida podem ser variáveis enganosas. O mercado-alvo para um produto
pode ser o dos psicologicamente jovens. A Honda, por exemplo, tentou atrair jovens na faixa dos
21 anos com seu compacto de linhas retas, o Element, que os executivos da empresa descreveram
como ‘um quarto de república sobre rodas’. Contudo, tantos baby boomers sentiram-se atraídos pelos anúncios — que mostravam universitários sensuais divertindo-se na praia perto do carro — que a idade media dos compradores acabou girando cm tomo dos 42 anos! Com os baby boomers
procurando manter-se jovens, a Honda constatou que as linhas divisórias entre os grupos etários tornavam-se indistintas. Quando as vendas caíram, a Honda decidiu suspender as vendas do Ele
ment e, quando estava prestes a lançar um novo compacto chamado Fit, a empresa selecionou deliberadamente como alvo a geração Y, bem como seus pais de ‘ninho vazio’/
0 Honda Fit visa a compradores jorens da geração Y assim como os pats psicologicamente jovens
do 'ninho vaao’.
FASE DA VIDA Indivíduos que estão no mesmo momento do ciclo dc vida podem diferir em relação à fase em que se encontram. A fase da vida define a preocupação principal de uma
pessoa, como passar por um divórcio ou por um segundo casamento, cuidar dc pais idosos,
decidir morar com alguém ou comprar uma casa nova, e assim por diante. Como apresentado no Capítulo 6, essas fases da vida apresentam oportunidades para os profissionais de marketing
que podem ajudar as pessoas a lidar com as decisões a elas associadas.
Por exemplo, a indústria do casamento atrai empresas de uma vasta gama de bens e servi ços. Não é para menos: o casal norte-americano médio gasta quase USS 27.000 para casar (veja
a Tabela 9.3 com algumas despesas importantes do casamento).8 Mas esse é apenas o começo. Os recém-casados nos Estados Unidos gastam um total de cerca de USS 70 bilhões em seus
lares no primeiro ano após o enlace — e compram mais nos primeiros seis meses do que um lar estabelecido compra em cinco anos!
Tabela 9.3 Principais despesas de casamento (EUA)
Recepção: USS 11.599__________________________________________________________________________________ Anel de noivado: USS 5.229_____________________________________________________________________________
Anéis de casamento: USS 1.594 Fotografia: USS 2.186
Vestido de casamento: USS 1.355
Flores: USS 1.334 Bolo de casamento: USS 486 Fonte: pesquisa da revista Brides em maio de 2012.
Os profissionais de marketing sabem que um casamento normalmente significa que dois con
juntos de hábitos de compras e preferências de marca devem se fundir em um. Procter & Gamble, Clorox e Colgate-Palmolive incluem seus produtos cm ‘kits de recém-casados’, distribuídos quando
IDENTIFICAÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO E SELEÇÃO DE MERCADOS-ALVO
CAPÍTULO 9
275
Dadas as elevadas taxas de gastos domésticos, os recém-
Crtdloi: O MNStudo/Fotdla,
-casados são um segmento abo lucramo para as empresas.
os casais solicitam a licença de casamento. A JCPenney identificou os ‘Nubentes’ como um dos dois
principais grupos de cliente. As empresas pagam alto por listas de nomes para apoiar seu marketing direto porque, como se observou, os contatos de recém-casados ‘valem ouro’.9
Mas nem todos atravessam esse estágio dc vida cm determinado momento — ou cm qualquer outro, a bem da verdade. Mais de um quarto de todas as residências dos Estados Unidos são for
madas por apenas uma pessoa — uma alta recorde. Não surpreende que esse mercado de USS 1,9 trilhão esteja atraindo o interesse das empresas: a Lowe’s veiculou um anúncio com uma mulher solteira que reformava seu banheiro; a DeBeers vende um ‘anel de mão esquerda’ para mulheres
solteiras; c na recém-inaugurada ultramoderna torre dc 63 andares no centro de Manhattan, dois terços dos ocupantes vivem sozinhos em apartamentos de um dormitório e do tipo estúdio.10
SEXO Homens e mulheres costumam ter orientações atitudinais e comportamentais diferentes, devido em parte a características genéticas ou ao tipo de socialização.11 Estudos demonstram que as mulheres têm um perfil mais comunitário, enquanto os homens são mais individualistas e obje
tivos. As mulheres costumam assimilar informações do ambiente em que vivem como um todo,
ao passo que os homens tendem a focar a parte do ambiente que lhes permite atingir um objetivo. Um estudo sobre o comportamento de compra dos homens e das mulheres constatou que
os homens frequentemente precisam ser convidados a tocar um produto, enquanto as mulheres
tendem a pegá-lo sem necessidade de estímulo. Os homens gostam de ler informações sobre pro dutos, enquanto as mulheres costumam se relacionar com um produto em um nível mais pessoal.
Os profissionais dc marketing agora podem alcançar mais facilmente as mulheres por meio de mídias como as redes de televisão dirigidas ao público feminino Lifetime, Oxygen e WE, além de uma série de revistas e sites voltados a esse público. Por outro lado, é mais fácil atingir
os homens por meio dc canais de esportes como ESPN, Comedy Central c Spike ou por revistas masculinas como Maxim e Men’s Health.12 Depois que a Pinterest provou sua popularidade
entre as mulheres, cinco sites diferentes com funcionalidades semelhantes, mas direcionados a homens, surgiram, incluindo MANlnteresting, Dudepins e Gentlemint.13
As diferenças de gênero estão diminuindo em outras áreas à medida que homens e mulhe
res ampliam seus papéis. Uma pesquisa do Yahoo descobriu que mais da metade dos homens se identificaram como os principais compradores de supermercado cm suas famílias. A Procter
& Gamble cria alguns anúncios pensando nos homens, como em suas marcas de sabão em pó Gain e Tide, odorizador de ambiente Febreze e vassouras Swiffer. Por outro lado, de acordo
com alguns estudos, as mulheres nos Estados Unidos c no Reino Unido tomam 75% das deci sões de compra de novas casas e compram 60% dos carros novos.14 No entanto, faz tempo que a segmentação por sexo tem sido aplicada a roupas, penteados e cosméticos. A Avon, por exemplo, construiu um negócio dc mais dc USS 6 bilhões vendendo
produtos de beleza para mulheres. A Gillette encontrou sucesso semelhante com sua lâmina de depilação Venus.15
276
PARTE 4
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
LÂMINAS VENUS A lâmina Venus da Gillet te tomou-se a linha de depilação feminina mais bem-sucedida de todos os tempos -
retendo mais de 50% do mercado mundial
do setor - como resultado de uma criteriosa pesquisa de consumo e extensivos testes de mercado que revelaram dicas de de
se depilarem, dentre as quais uma superfície de depilaçào nove vezes maior que a face
se restringiu às diferenças entre as necessi dades de barbear dos homens e de se depi-
masculina, em um ambiente úmido e pas
lar das mulheres; a Gillette detectou quatro perfis distintos de depiladoras e projetou
sando por áreas curvilíneas do corpo. O de sign feminino resultante incluiu um cartucho na forma oval para encaixar melhor em áreas
itens da linha Venus para cada um deles: as perfeccionistas (nenhum pelo perdido), as que cuidam da pele, as funcionais pragmá
sign. embalagem e propaganda do produto. Essa lâmina abandonou designs anteriores,
estreitas como axilas e a linha do biquíni, além de lubrificação adicional para um des lize melhor. Além disso, ao descobrir que as
que haviam sido essencialmente versões coloridas ou reembaladas das lâminas de
valha aproximadamente 30 vezes durante
on-line entre mais de 6.500 mulheres em 13 países que resultou em sete das dez
cada sessão de depilação, a Gillette dese nhou a Venus com um cabo emborrachado
mais desejadas peles de deusa', definidas como lisas (68%), saudáveis (66%) e sua
largo e esculpido que oferece firmeza e con
ves (61%), e que levou ao lançamento do
trole superiores. O trabalho de design não
novo aparelho Gillette Venus & Olay.
barbear masculinas. A Venus foi projetada
exclusiva mente para atender às necessida des das mulheres; pesquisas abrangentes
identificaram necessidades específicas ao
mulheres mudam sua pegada em uma na
ticas e as que buscam facilidade. Também encomendou à Harris Interactive um estudo
RENDA A segmentação por renda é uma prática bastante utilizada em várias catego
rias como automóveis, roupas, cosméticos,
Gillette
serviços financeiros e viagens. Contudo, a
for Women
renda nem sempre prevê o melhor cliente para determinado produto. Os operários
foram os primeiros compradores da tele
visão em cores; era mais barato para eles comprar esses aparelhos do que ir a cine mas ou restaurantes.
Muitas
empresas
visam
deliberada-
mente a grupos de renda mais baixa, em alguns casos descobrindo menos pressões
competitivas ou maior fidelidade do con
sumidor. A Procter & Gamble lançou duas
to- rroi-rro t-M tot
SoftPmttcfHtC
extensões de marca de papel higiênico com
desconto de preço em 2005 — Bounty Ba
sic e Charmin Basic — que obtiveram cer
RjlUs :d to
to sucesso. Outras empresas estão se sain r
do bem com produtos de preço premium.
Quando a Whirlpool lançou uma linha
mais cara de máquina de lavar, a Duet, as
CiUrtW Pmrter A CwcnNn Comfwnj
vendas dobraram suas previsões em um
período de economia estagnada, principalmente graças a consumidores de classe
média que trocaram produtos mais baratos
Reveal the Cjodíüí$ in i/ou ■cw.GfetteMe-aB.ctiT
por outros mais caros (tendência conheci
da como trading up). Cada vez mais as empresas descobrem que seus mercados são como uma ‘ampu
Anos de pesquisa aprofundada com mulheres foram cruciais para o sucesso de longo prazo da lâmina \fenus da Giletie.
lheta’, à medida que as pessoas de renda média migram tanto para os produtos com desconto
como para os produtos premium. As empresas que perderem a oportunidade de entrar nesse novo mercado correrão o risco de ser ‘esmagadas’ entre dois segmentos e ver sua participação
cair ano após ano. Ao perceber que sua estratégia de canal enfatizava varejistas como a Sears, que vendiam principalmente para a classe média, a Lévi-Strauss introduziu linhas premium,
como a Levi’s Made & Crafted, para varejistas de luxo como Bloomingdales e Saks Fifth Ave nue, e a linha mais barata Signature by Levi Strauss & Co. para varejistas do mercado de massa
Walmart e Kmart.
IDENTIFICAÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO E SELEÇÃO DE MERCADOS-ALVO
CAPÍTULO 9
277
GERAÇÃO Cada geração ou cohort c pro
fundamente influenciada pela época em
que foi criada — por músicas, filmes, políti ca e eventos daquele período. Esses grupos
de pessoas compartilham experiências cul turais, políticas c econômicas importantes,
além de ter visões e valores semelhantes. Os profissionais de marketing costumam fazer propaganda para um cohort usando
os ícones e as imagens proeminentes em sua experiência, além de desenvolver pro
dutos que atendem como nenhum outro
os interesses ou as necessidades específicas
de um público-alvo geracional. Embora as datas de nascimento iniciais
e finais de qualquer geração sejam sempre subjetivas — e generalizações possam mas
carar diferenças importantes dentro do
grupo —, descreveremos a seguir algumas
observações gerais sobre os quatro princi pais cohorts dc geração de consumidores,
do mais jovem para o mais velho.16
Geração Y Embora varie a faixa etária
a ela atribuída, a geração Y, também co nhecida como geração do milênio, com
preende normalmentc os nascidos entre
1979 e 1994, e nos Estados Unidos repre Crakillo: PRNmwwn».
senta 78 milhões de indivíduos com gastos anuais estimados cm US$ 200 bilhões. Sc computarmos crescimento profissional e
formação de um lar e uma família e multi
plicarmos o resultado por mais 53 anos de expectativa de vida, trilhões de dólares em gastos do consumidor estarão em jogo ao longo das expectativas dc vida dessas pessoas. Não surpreende que as empresas estejam correndo para
focar o comportamento de compra da geração Y. Vejamos a seguir como um banco abordou esses consumidores.1'
A bnha de jeans Signature by Levi Strauss & Co. pennite que a empresa alcance eficiente e eficazmente mais consumidores do mercado de massa do que com suas outras linhas de jeans.
VIRTUAL WALLET DO PNC No início de 2007,
contas), Reserve (conta de reserva que rende
dinheiro para a poupança quando recebem o
o banco PNC contratou a consultoria de proje tos IDEO para estudar a geração Y - definida
juros para uso como cheque especial e emer gências) e Grow (aplicações de longo prazo)
salário e obter o saldo da conta por mensagens de texto. 0 PNC adicionou ainda mais recur
pela instituição financeira como indivíduos en tre 18 e 34 anos de idade - e ajudar a desen volver um plano de marketing para atraí-los. A
- por meio de uma ferramenta engenhosa de finanças pessoais, a Money Bar, pela qual
sos à carteira virtual, como informações sobre transações de cartões de crédito e uma visão
os clientes podem arrastar o dinheiro de uma
pesquisa da IDEO identificou que esse cohort (1) não sabia como administrar o dinheiro e
conta para outra em uma tela. Em vez de um registro contábil tradicional, eles visualizam os
compartilhada do calendário para detentores de conta conjunta, o que ampliou o apelo do
(2) considerava os sites bancários confusos e
saldos em um calendário que exibe um fluxo de caixa futuro estimado com base em quando
tes da geração Y. 0 PNC também envolve mas de 80.000 clientes da Virtual Wallet no blog
são pagos, quando pagam as contas e seus hábitos de despesa. Os clientes também po dem instalar uma ferramenta para transferir
Inside the WaUet, oferecendo feedback mais
complicados de usar. Com base nisso, o PNC decidiu introduzir uma nova oferta, a Virtual Wallet (carteira virtual), que combinava três contas: Spend (conta normal e pagamento de
serviço para além de seu um milhão de clien
detalhado do que o obtido com suas contas do Twitter e do Facebook.
Também conhecidos como eco-boomers, esses consumidores estão ‘conectados’ pratica
mente desde o nascimento — acessam jogos de computador, navegam na web, baixam músicas
e interagem com amigos ria mensagens de texto e mídias sociais. Eles são muito mais propensos
278
PARTE 4
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
do que outros grupos etários a possuir vários dispositivos c realizar multitarcfas enquanto estão on-line, movendo-se entre plataformas móveis, sociais e no computador. Também são mais
propensos a usar a internet para divulgar o que pensam e vivenciam, além dc contribuir com conteúdo gerado pelo usuário e confiar mais nos amigos do que em fontes corporativas de
informações.18
Apesar dc passíveis dc um senso dc direito dc posse c abundância por terem crescido du
rante um boom econômico e serem mimados por pais da geração boomers, a geração Y tem alta consciência social, preocupa-se com questões ambientais e é sensível ao marketing de causa.
Atingida em cheio pela recessão, muitos de seus membros contraíram uma dívida considerável. Uma implicação disso é que é menos provável que tenham comprado sua primeira casa e ain
da morem com os pais, influenciando suas compras no que os demógrafos chamam de efeito bumerangue. Ou seja, os mesmos produtos que atraem pessoas de 20 e poucos anos também
atraem muitos dc seus pais obcecados pela juventude.
Como muitas vezes os membros da geração Y perdem o interesse diante de práticas de bran ding exageradas e de ‘vendas agressivas’, os profissionais de marketing vêm tentando diversas abordagens para conquistá-los.19 Confira as práticas experienciais amplamente usadas. 1.
Estudantes embaixadores: a Red Bull recruta universitários como gerentes dc marca para distribuir amostras, fazer pesquisas sobre tendências de bebida, desenvolver iniciativas de
marketing no campus e escrever artigos para jornais estudantis. A American Eagle, entre
outras marcas, também desenvolveu um amplo programa de embaixadores de campus. 2. Equipes de rua: um dos pilares da indústria da música há tempos, as equipes de rua ajudam
a promover bandas grandes e pequenas. A banda de rock Foo Fighters criou uma ‘equipe
de rua digital’, responsável por enviar e-mails “com as últimas notícias e trailers exclusivos de áudio e vídeo do grupo, além de toneladas de oportunidades de ganhar prêmios Foo
Fighters e fazer parte da Família Foo Fighters”. 3.
Eventos badalados: a Hurley, que se definiu como uma autentica marca “microfone para
a juventude” consolidada em surfe, skate, arte, música e culturas de praia, patrocina há muito tempo o campeonato U. S. Open of Surfing. O principal patrocinador do evento
cm 2013 foi a Vans, cujos calçados c roupas também tem forte apelo à geração Y. Essa
empresa também patrocinou por quase 20 anos a turnê Warped, que mistura música e
esportes radicais.
Os Foo Fighters usaram ‘equipes de rua digitais’ para construir laços mais fortes e uma sensação de comunidade com sua base de Bs.
Geração X .Muitas vezes perdidos no embaralhamento demográfico, os cerca dc 50 milhões de consumidores da geração X, nome inspirado em um romance de 1991 de Douglas Cou
pland, nasceram entre 1964 e 1978. A popularidade de Kurt Cobain, líder da banda de rock Nirvana, c do estilo dc vida retratado no aclamado filme Slacker levou à utilização dc termos
como grunge (pessoa que tem aversão aos padrões estabelecidos) e slacker (pessoa preguiço sa, que foge do dever) para caracterizar adolescentes e jovens adultos da geração X. Era uma
IDENTIFICAÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO E SELEÇÃO DE MERCADOS-ALVO
imagem pouco lisonjeira para um grupo de descontentes caracterizados pela falta de atenção
e pouca ética no trabalho. Esses estereótipos desapareceram aos poucos. Certamente, a geração X foi criada em uma época mais desafiadora, na qual os pais que trabalhavam deixavam os filhos pequenos em cre
ches ou por conta própria em casa depois da escola, e o downsizing corporativo trazia a ameaça
dc demissões c incerteza econômica. Ao mesmo tempo, a diversidade social c racial era aceita c a tecnologia mudava rapidamente a forma como as pessoas viviam e trabalhavam. Embora os
membros da geração X tenham criado normas em níveis educacionais, também foram a pri meira geração a considerar seriamente o desafio de superar o padrão de vida dos pais. Essa realidade foi profundamente impactante. A geração X valoriza a autossuficiència e a
capacidade de lidar com qualquer circunstância. Para eles, a tecnologia é um tacilitador, não uma barreira. Ao contrário dos membros da geração Y, mais otimistas e orientados ao traba
lho cm equipe, a geração X é mais pragmática c individualista. Como consumidores, eles des confiam de propaganda e discurso de venda que pareçam enganosos ou paternalistas. Apelos
diretos nos quais o valor é claro muitas vezes funcionam melhor, especialmente quando esses
indivíduos se tornam pais.20 Baby boomers Os baby boomers são os aproximadamente 76 milhões dc consumidores norteamericanos nascidos entre 1946 e 1964. Embora representem um público-alvo de alto poder aquisitivo, com gastos anuais de US$ 1,2 trilhão e o controle de três quartos da riqueza do país,
os profissionais de marketing com frequência se esquecem deles. No círculo das redes de televi são, em que os anunciantes estão interessados principalmenle em consumidores na faixa etária
de 18 a 49 anos, os telespectadores com mais de 50 são referidos como ‘indesejáveis’, embora ironicamente a idade média da audiência da TV no horário nobre seja de 51. Com muitos baby boomers chegando aos 70 anos e até mesmo a última e mais jovem onda
deles beirando os 50 anos, houve uma explosão na demanda por produtos que promovem uma
volta no tempo. De acordo com um levantamento, quase um cm cada cinco boomers resistia ativamente ao processo de envelhecimento, impulsionado pelo mantra ‘cinquenta é o novo
trinta’. A busca pela fonte da juventude impulsionou as vendas de implante e tintura para ca
belos, matrículas cm academias dc ginástica, compra dc equipamentos dc ginástica domésticos, cremes rejuvenescedores, suplementos nutricionais e alimentos orgânicos. Contrariando o senso comum de marketing segundo o qual as preferências de marca dos
consumidores com mais de 50 anos são fixas, um estudo com boomers entre os 55 e os 64 anos
constatou que um número significativo deles está disposto a mudar de marca, gastar com tec nologia, usar sites dc redes sociais c fazer compras na internet.21 Embora gostem dc comprar,
detestam ser incitados à compra; como um profissional de marketing observou: “você tem que conquistar seu espaço todos os dias”. E oportunidades não faltam. Os boomers também estão
menos propensos a associar a aposentadoria ao ‘começo do fim’ e a consideram um novo capí tulo em suas vidas com novas atividades, interesses, carreiras ou até mesmo relacionamentos.22
Geração silenciosa Aqueles nascidos entre 1925 e 1945 — a ‘geração silenciosa’ — estão rede finindo o significado dc velhice. Para começar, muitas pessoas cuja idade cronológica as coloca nessa categoria não se consideram velhas.23 Uma pesquisa mostrou que 60% dos entrevistados
com mais de 65 anos disseram se sentir mais jovens do que sua idade real. Um terço daqueles com idade entre 65 e 74 anos afirmou se sentir de 10 a 19 anos mais jovem e um em cada seis se sentiu pelo menos 20 anos mais jovem.24
Em conformidade com o que dizem, muitos consumidores mais velhos levam uma vida bas tante ativa. Como um especialista observou, é como se eles vivenciassem uma segunda meia-
idade antes de se tornarem idosos. Os anunciantes aprenderam que os consumidores mais velhos não se importam de ver outros consumidores mais velhos em uma propaganda segmen
tada a eles, desde que pareçam estar vivendo intensamente. Mas os profissionais de marketing aprenderam também a evitar clichês como casais mais velhos e felizes andando de bicicleta ou passeando de mãos dadas em uma praia ao pôr do sol. Enfatizar o papel de avós é bem recebido. Muitos consumidores mais velhos não só pas sam tempo com seus netos de bom grado como também suprem suas necessidades básicas ou, no mínimo, dão presentes ocasionais. Os fundadores do site elkanstalk.com, que vende
CAPÍTULO 9
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PARTE 4
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
brinquedos educativos pela internet, imaginaram que seu negócio seria cm grande parte impul sionado por consumidores jovens que começavam a formar uma família. Eles ficaram surpre
sos ao descobrir que ate 40% de seus clientes eram consumidores idosos, principalmente avós,
geralmente muito exigentes, mas dispostos a pagar mais do que os mais jovens.25 Entretanto, eles também precisam de produtos para uso próprio. Com o propósito de projetar
aparelhos melhores para os idosos, a GE realiza sessões dc empatia a fim dc ajudar seus projetistas
a entender os desafios do envelhecimento, enfaixando as juntas dos dedos para representar màos artríticas, colocando milho de pipoca nos sapatos para criar desequilíbrio e sobrepeso em panelas
para simular o desafio de colocar comida no fogão. Pesquisadores do MIT AgeLab vestem um traje chamado AGNES (sistema empático de envelhecimento instantâneo, do inglês age gain now
empathy system) para pesquisar as novas necessidades dos idosos. O traje tem um cinto pélvico que se conecta a um capacete, simulando o envelhecimento da espinha dorsal e a restrição de
mobilidade, amplitude dc movimento, função articular, equilíbrio c visão.26
Pesquisacores Co MIT AgeLab vestem trajes espeaais em seus experir-entos de compras para simular as limitações físicas de um idoso.
RAÇA E CULTURA O marketing multicultural é uma abordagem que reconhece que os diferen tes segmentos étnicos e culturais têm necessidades e desejos suficienlemenle diferentes para
demandar atividades de marketing direcionadas, e que uma abordagem de massa não é refinada o bastante para a diversidade do mercado. Consideremos que o McDonald’s gera atualmente
40% de seus negócios nos Estados Unidos com as minorias étnicas. Sua bem-sucedida campa
nha I’m Lovin’ It (no Brasil, Amo muito tudo isso) foi fundamentada na cultura hip-hop, mas revelou um apelo que transcende raça c ctnicidadc.-' Os segmentos hispânico, africano e asiático do mercado norte-americano têm crescido de
duas a três vezes mais do que a taxa das populações não multiculturais, com inúmeros submercados, e seu poder dc compra tem se expandido. Os mercados multiculturais também variam caso sejam a primeira, a segunda ou as futuras gerações ou caso sejam imigrantes ou nascidos
e criados nos Estados Unidos. Normas, nuances de linguagem, hábitos de compra e práticas de negócios dos mercados
multiculturais devem ser levados em conta na formulação inicial de uma estratégia de marke ting, cm vez dc adicionados posteriormente. Toda essa diversidade também traz implicações à
pesquisa de marketing; é preciso uma amostragem cuidadosa para traçar um perfil adequado
do mercado-alvo.
O marketing multicultural pode resultar em diferentes mensagens de marketing, mídias, canais, e assim por diante. Existe mídia especializada para atingir praticamente qualquer seg
mento cultural ou grupo minoritário, embora algumas empresas venham se esforçando para
proporcionar apoio financeiro e administrativo para programas completos. Felizmenle, à medida que os países se tomam mais diversificados culturalmenle, muitas cam
panhas de marketing dirigidas a um grupo cultural específico podem se disseminar e influenciar positivamente os outros. A Ford desenvolveu um anúncio de TV' com o comediante Kevin Hart
IDENTIFICAÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO E SELEÇÃO DE MERCADOS-ALVO
CAPÍTULO 9
281
para lançar seu novo modelo Explorer que inicialmcntc visava ao mercado affo-americano, mas se tornou um dos principais anúncios para o lançamento também no mercado como um todo. A seguir, abordaremos questões referentes aos três maiores mercados multiculturais norte-ame
ricanos: hispânico, africano e asiático. A Tabela 9.4 lista fatos e números importantes sobre eles.29
Tabela 9.4 Perfil do mercado multicultural norte-americano Hispano-americano
Ásio-americano
Afro-americano
População estimada em 2012
52,4 milhões
15,7 milhões
41.1 milhões
População estimada em 2060
128,8 milhões
34,4 milhões
61,8 milhões
2.3 milhão
1.5 milhão
1.9 milhão
USS 345.2 bilhões
USS 507.6 bilhões
USS 137,5 bilhões
USS 38.624
USS 65.129
USS 32.229
25.3%
12,3%
27.6%
65%
88,8%
84.9%
1.200.000
264.695
2.300.000
Idade média em 2011
27.0
36,0
31,7
Porcentagem da população com menos de 18 anos em 2011
35%
23%
28%
Número de empresas pertencentes a representantes da minoria
em 2007 Receitas geradas por empresas pertencentes a representantes
da minoria em 2007 Renda familiar média em 2011 Taxa de pobreza em 2011
Porcentagem de pessoas com idade superior a 25 anos, com pelo menos o ensino médio completo em 2012
Número de veteranos das Forças Armadas dos EUA
Fontes: Disponível em: . Reproduzido com permissão. Acesso em: 8 jul. 2018. consumidores cuja motivação é a autoexpressão anseiam por atividade social ou física, varie
dade e risco. Traços de personalidade como energia, autoconfiança, intelectualismo, busca por novidades, inovação, impulsividade, liderança e vaidade — em conjunto com dados demo gráficos essenciais — determinam os recursos de um indivíduo. Diferentes níveis de recurso
intensificam ou restringem a expressão da principal motivação dc uma pessoa.
SEGMENTAÇÃO COMPORTAMENTAL Embora possa fornecer uma compreensão mais aprofundada dos consumidores, a segmen
tação psicográfica é criticada por alguns profissionais de marketing por se distanciar um pouco do comportamento real do consumidor.60 Na segmentação comportamental, os consumidores são divididos em grupos segundo seu conhecimento, atitude, uso ou reação a um produto. NECESSIDADES E BENEFÍCIOS Nem todos os que compram um produto têm as mesmas neces sidades ou buscam os mesmos benefícios. A segmentação baseada em necessidades ou benefícios
é uma abordagem amplamente aplicada porque identifica distintos segmentos de mercado, com claras implicações dc marketing. Por exemplo, a Constellation Brands identificou seis segmentos
de benefício no mercado norte-americano de vinhos premium (a partir de US$ 5,50 por garrafa).61 I
Entusiastas (12% do mercado). Inclinação para o sexo feminino, com renda média anual
de aproximadamente USS 76 mil. Cerca de 3% são ‘amantes do luxo’, com inclinação para homens de renda mais alta. I
Autocentrados (20%). O único segmento com inclinação para o sexo masculino, com idade
média de 35 anos. Usam o vinho, basicamente, como um distintivo para mostrar quem são
e estão dispostos a pagar mais para ter certeza de que estão levando a garrafa certa. I
Compradores sabidos (15%). Adoram fazer compras e acreditam que não precisam gastar muito para obter uma boa garrafa de vinho. Gostam de aproveitar as promoções.
CAPÍTULO 9
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286
PARTE 4
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
I
Tradicionalistas (16%). Com valores muito tradicionais, gostam dc comprar marcas sobre as quais já ouviram falar e de vinícolas de longa data. Sua idade média é 50 anos e 68% sào mulheres.
I
Satisfeitos (/4%). Por nào saberem muito sobre vinho, tendem a comprar as mesmas mar
cas. Cerca de metade do que bebem é branco da uva zinfandel.
I
Assoberbados (23%). Um mercado-alvo potencialmenle atraente, acham complicado com prar vinho.
PAPÉIS DE DECISÃO É fácil identificar o comprador para inúmeros produtos. Nos Estados Unidos, normalmente os homens escolhem seu aparelho de barbear e as mulheres, sua meia-calça; mesmo
assim, os profissionais de marketing devem tomar cuidado na hora de definir o mercado-alvo, por que os papéis de compra podem mudar. Quando a ICI, gigante britânica de produtos químicos que
agora se chama AkzoNobel, descobriu que as mulheres tomavam 60% das decisões sobre a marca de tinta para pintura da casa, decidiu anunciar sua marca DuLux para o público feminino.
As pessoas podem desempenhar cinco papéis no processo de decisão de compra: iniciador,
influenciador, decisor, comprador c usuário. Suponhamos que uma esposa inicie uma compra
pedindo uma esteira de ginástica como presente de aniversário. O marido pode buscar infor mações em muitas fontes, incluindo seu melhor amigo que tem uma esteira e é um influencia
dor importante sobre quais modelos avaliar. Após apresentar as opções dc escolha à mulher, ele compra o modelo que ela preferiu e que, no final das contas, acaba sendo usado pela família
inteira. Diferentes pessoas desempenham diferentes papéis, todos cruciais para o processo de decisão e para a derradeira satisfação do cliente.
VARIÁVEIS RELATIVAS AO USUÁRIO E AO USO Muitos profissionais de marketing acreditam que as variáveis associadas a diversos aspectos de usuários e usos — ocasiões, status do usuário, índice de utilização, estágio de disposição e status de fidelidade — são os melhores pontos de
partida para definir segmentos de mercado.
Ocasiões As ocasiões podem ser definidas em termos de hora do dia, semana, més, ano ou
outros aspectos temporais bem definidos da rida dos consumidores, podendo ser identificados
de acordo com a ocasião em que sentem uma necessidade, fazem uma aquisição ou utilizam um produto. Por exemplo, as viagens aéreas sào desencadeadas por ocasiões relacionadas com negócios, férias ou questões familiares. A segmentação por ocasião pode ajudar as empresas a
expandir o uso de seu produto. Status do usuário Os mercados podem ser segmentados em não usuários, ex-usuários, usu
ários potenciais, novos usuários e usuários frequentes de um produto. Bancos de sangue não devem contar somente com os doadores regulares para seu abastecimento, mas sim recrutar novos doadores e entrar em contato com ex-doadores, cada qual com uma estratégia de marke ting específica. O segredo para atrair usuários potenciais, ou até os não usuários, consiste cm
compreender por que eles não estão usando o produto em questão. Eles tém atitudes, convic ções ou comportamentos profundamente arraigados ou simplesmente desconhecem os benefí
cios e os usos do produto ou da marca?
Fazem parte do grupo de usuários potenciais os consumidores que se tornarão usuários a partir dc alguma fase ou evento da vida. Gestantes são usuárias potenciais que podem se tomar
usuárias frequentes (heavy users). Os fornecedores de produtos para bebês descobrem seus no mes e as enchem de amostras e propaganda para abocanhar uma falia de suas futuras compras.
Os líderes de participação dc mercado costumam focar a atração de usuários potenciais porque é o segmento em que mais tém a ganhar. Já as empresas menores se concentram em conquistar usuários atuais do líder de mercado.
índice de utilização Os mercados podem ser segmentados em light users, medium users e hea vy users. Muitas vezes, os heavy users representam uma porcentagem pequena do mercado, mas respondem por uma alta parcela do total dc consumo. No caso das cervejas, os heavy users são
responsáveis por 87% do total consumido — quase sete vezes mais do que os light users. Entre
tanto, um problema potencial é que, de modo geral, os heavy users ou são extremamente fiéis a uma marca ou não são fiéis a nenhuma c vivem atrás do menor preço. Também tem menos
margem para expandir sua compra e consumo. Já os light users podem ser mais receptivos a novos apelos dc marketing.62
IDENTIFICAÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO E SELEÇÃO DE MERCADOS-ALVO
Estágio de disposição Há quem conheça ou desconheça o produto, quem seja informado
sobre ele ou esteja apenas interessado, além daqueles que o desejam ou pretendem comprá-
-lo. Para ajudar a caracterizar quantas pessoas estão em diferentes estágios e quantas foram convertidas de um estágio para outro, os profissionais de marketing podem utilizar um funil
de marketing para decompor o mercado em diversos estágios de disposição do consumidor, como vimos no Capitulo 5. As proporções de consumidores em diferentes estágios podem fazer uma grande diferença
na hora de planejar o programa de marketing. Suponha que um órgão de saúde queira incenti var as mulheres a fazer o exame papanicolau anualmente para detectar um possível câncer do colo do útero. No início, muitas mulheres podem não conhecer o exame. O esforço de mar
keting deve ser voltado para uma propaganda altamente educativa que use uma mensagem simples. Mais tarde, a propaganda deve abordar os benefícios do papanicolau e os riscos de não
fazê-lo. Oferecer um exame gratuito pode motivar as mulheres a realizá-lo. A Figura 9.2 mostra um funil para duas marcas hipotéticas. Em comparação com a marca B,
a marca A apresenta mau desempenho na conversão de usuários iniciantes para usuários mais
recentes (somente 46% se convertem para a marca A enquanto 61% para a marca B). Depen dendo das razões pelas quais os consumidores não voltaram a usar o produto em questão, uma campanha dc marketing pode lançar produtos mais relevantes, encontrar pontos de venda de
fácil acesso ou dissipar rumores e crenças incorretas dos consumidores.
Marca B
Conhece
Já experimentou
Experimentou recentemente
Usa ocasionalmente
Usa frequentemente
Usa com maior frequência
Status de fidelidade Os consumidores podem ser divididos em quatro grupos, de acordo com o status de fidelidade à marca:
1.
Muitofiéis: compram sempre a mesma marca.
2.
Fiéis divididos: são fiéis a duas ou três marcas.
3.
Fiéis inconstantes: mudam constantemente de uma marca para outra.
4.
Infiéis: não são fiéis a nenhuma marca.63 Uma empresa pode aprender muito ao analisar os graus de fidelidade à marca: (1) os
muito fiéis podem ajudar a identificar os pontos fortes de seus produtos; (2) os divididos podem identificar quais marcas concorrentes representam a maior ameaça; e (3) os clientes que deixam de usar a marca podem levar ao conhecimento dos pontos fracos de seu marke
ting e sua correção. Um alerta: o que parece ser um padrão de compra fiel à marca pode, na
verdade, refletir hábito, indiferença, preço baixo, alto custo de mudança ou indisponibilidade de outras marcas. Atitude Cinco tipos dc atitude dc consumidores cm relação a produtos podem scr encontrados
em um mercado: entusiasta, positiva, indiferente, negativa e hostil. Em uma campanha política, cabos eleitorais percebem por meio da atitude do eleitor quanto tempo devem gastar com ele. Agradecem aos entusiastas c os lembram de votar, reforçam a disposição daqueles que têm uma
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PARTE 4
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
recepção positiva; tentam ganhar os votos dos indecisos; c não perdem tempo tentando mudar eleitores com atitudes negativas e hostis.
Bases múltiplas Combinar diferentes bases comportamenta is pode proporcionar uma visão
mais ampla e consistente de um mercado e seus segmentos. A Figura 9.3 apresenta uma das maneiras de decompor um mercado-alvo com base na segmentação comportamental.
Figura 9.3 Decomposição do mercado-alvo com base na segmentação comportamental
Bases para segmentação organizacional Os mercados organizacionais podem ser segmentados de acordo com algumas variáveis empre
gadas na segmentação do mercado consumidor, como as variáveis geográficas, os benefícios pro curados c o índice dc utilização. É possível, ainda, aplicar-lhes algumas outras variáveis. A Fabela 9.5 apresenta um conjunto delas. As variáveis demográficas são as mais importantes, seguidas pelas
operacionais. As características pessoais do comprador são as variáveis de menor importância. A tabela relaciona as principais perguntas que os profissionais que atuam no mercado or
ganizacional devem fazer para determinar qual segmento e qual cliente atender. Um fabricante
de pneus pode vender seus bens para fabricantes de automóveis, caminhões, tratores, empilhadeiras ou aviões. Uma vez escolhido, o setor-alvo pode ser dividido pelo tamanho da empresa e adotar operações separadas de venda para grandes e pequenas empresas. Uma empresa também pode segmentar por critério de compra. Por exemplo, os laborató
rios do governo precisam dc preços baixos c contratos dc serviço quando compram equipa mentos científicos; os laboratórios de universidades necessitam de equipamentos que exijam
pouca manutenção; e os laboratórios industriais requerem equipamentos altamente confiá veis c precisos.
Para identificar segmentos, os profissionais de marketing organizacional costumam usar um processo de segmentação sequencial. Consideremos o exemplo de uma indústria de alu
mínio. Inicialmente a empresa realizou a macrossegmentação, analisando em qual mercado
IDENTIFICAÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO E SELEÇÃO DE MERCADOS-ALVO
Tabela 9.5 Principais variáveis de segmentação para mercados organizacionais
Demográficas
1. Setor: quais setores devemos atender? 2. Porte de empresa: devemos atender a empresas de que porte? 3. Localização: quais áreas geográficas devemos atender?
Operacionais 4. Tecnologia: em quais tecnologias de clientes devemos focar? 5. Status de usuários e não usuários: devemos servir os heavy users, os medium users, os light users ou os
não usuários? 6. Recursos dos clientes: devemos atender a clientes que necessitam de muitos ou de poucos serviços? Abordagens de compras
7. Organização da função de compras: devemos atender a empresas com organizações de compras altamente centralizadas ou descentralizadas? 8. Estrutura de poder: devemos atender a empresas em que predomina a engenharia, a área financeira, e assim por diante? 9. Natureza dos relacionamentos existentes: devemos atender às empresas com as quais temos um relacionamento forte ou ir atrás das que mais nos interessam?
10. Políticas gerais de compras: devemos atender a empresas que preferem o leasing? Contratos de serviço? Compras de sistemas? Propostas lacradas? 11. Critérios de compras: devemos atender a empresas que buscam qualidade? Serviço? Preço?
Fatores situacionais
12. Urgência: devemos atendera empresas que necessitam de entregas ou serviços rápidos e repentinos? 13. Aplicação específica: devemos focalizar determinadas aplicações de nosso produto em vez de todas as aplicações? 14. Tamanho do pedido: devemos focalizar pedidos grandes ou pequenos?
Características pessoais
15. Similaridade comprador/vendedor: devemos atendera empresas em que os recursos humanos e os valores sejam semelhantes aos nossos?
16. Atitudes em relação ao risco: devemos atender aos clientes que assumem riscos ou aos que os evitam? 17. Fidelidade: devemos atender a empresas que demonstram alto grau de fidelidade a seus fornecedores? Fonte- adaptado de BONOMA.T. V.; SHAPIRO, B. R Segmenting the Industrial Market. Lexington: Lexington Books, 1983.
final atuar: automóveis, residências ou vasilhames de bebidas. Tendo optado pelo mercado
residencial, foi preciso determinar a aplicação do produto mais atraente: material semiacabado, componentes para construção ou trailers de alumínio. Ela decidiu focalizar os compo
nentes para construção e, no quesito de melhor porte de cliente, decidiu-se pelos grandes. O segundo estágio consistiu na microssegmentação, em que é necessário escolher entre os clientes que compram por preço, serviço ou qualidade. Por se destacar pelos seus serviços, a indústria de alumínio decidiu concentrar-se no segmento de mercado que dá mais atenção
a esse aspecto.
Os especialistas em marketing B2B, James C. Anderson e James A. Narus, incentivam os profissionais de marketing a apresentar ofertas de mercado flexíveis, em vez de uma oferta padronizada a todos os membros de um segmento.64 Uma oferta de mercado fle xível consiste cm duas partes: uma solução básica, que contem produtos valorizados por
todos os membros do segmento, e opções discricionárias, valorizadas por alguns membros. Cada opção pode apresentar um ônus adicional. Por exemplo, a Siemens Electrical Appa ratus Division vende caixas de interruptor a pequenos fabricantes por um preço que inclui
entrega e garantia, mas oferece instalação, testes e periféricos como opcionais, cobrando preços adicionais por eles.
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PARTE 4
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
Seleção de mercado-alvo Existem muitas técnicas estatísticas para desenvolver segmentos de mercado.6'' Após identificar segmentos de mercado potenciais, uma empresa deve decidir quantos e quais de
seja focar. Os profissionais de marketing estão cada vez mais combinando diversas variáveis para identificar mercados-alvo menores c mais definidos. Dessa forma, um banco pode não
só identificar um grupo de aposentados abastados, mas, dentro desse grupo, distinguir vários
segmentos segundo a renda atual, o patrimônio, os investimentos e as preferências de risco.
Isso levou alguns pesquisadores a defender uma abordagem de segmentação de mercado ba seada em necessidades, comentada anteriormente. Roger Best propôs a abordagem de sete etapas, mostrada na Tabela 9.6.
Tabela 9.6 Etapas no processo de segmentação Descrição
1. Segmentação baseada nas necessidades
Agrupe os clientes em segmentos, com base em necessidades semelhantes e em benefícios procurados por eles para resolver determinado problema de consumo.
2. Identificação do segmento
Para cada segmento baseado nas necessidades, determine que características demográficas, estilos de vida e comportamentos de
uso tornam o segmento distinto e identificável (acionável). 3. Atratividade do segmento
Usando critérios predeterminados de atratividade de segmento (como crescimento do mercado, intensidade competitiva e acesso ao mercado), determine a atratividade de cada segmento.
4. Rentabilidade do segmento 5. Posicionamento do segmento
Determine a rentabilidade do segmento.
Para cada segmento, crie uma proposta de valor e uma estratégia de posicionamento produto-preço com base nas necessidades e nas características singulares dos clientes daquele segmento.
6. ’Teste crítico’ de segmento
Crie ‘simulações de segmento’ para testar a atratividade da estratégia de posicionamento em cada segmento.
7. Estratégia de mix de marketing
Amplie a estratégia de posicionamento do segmento a fim de incluir todos os aspectos do mix de marketing: produto, preço, praça e promoção.
Fonte: adaptado de BEST, R. J. Maiketibased Management. 6. ed. Upper Saddle Riven Prentice Hall, 2013. ©2013. Impresso e reproduzido eletronicamente com permissão da Pearson Education, Inc. Upper Saddle River, Nova Jersey.
Critérios para uma segmentação efetiva Nem toda segmentação é útil. Por exemplo, consumidores de sal de cozinha poderíam ser
divididos em loiros e morenos, mas a cor do cabelo não é relevante na compra desse item. Além disso, se todos os compradores adquirirem a mesma quantidade de sal por mês, acreditarem que lodo sal é igual e pagarem um único preço por ele, esse mercado, do ponto de vista de mar keting, será minimamente segmentável. Para serem úteis, os segmentos de mercado devem atender preferencial mente aos cinco
critérios a seguir: I
Mensuráveis. O tamanho, o poder dc compra c as características dos segmentos devem ser
passíveis de mensuração. I
Substanciais. Os segmentos devem ser grandes e rentáveis o suficiente para serem aten
didos. Um segmento deve ter o maior grupo homogêneo possível e um programa de mar
keting bem desenvolvido. Não valería a pena, por exemplo, um fabricante de automóveis desenvolver carros para pessoas com menos de 1,20 metro de altura. I
Acessíveis. Deve ser efetivamente possível alcançar e atender ao segmento.
I
Diferenciáveis. Os segmentos são conceitualmenle distintos e respondem de maneira di ferente a cada elemento e programa do mix de marketing. Se mulheres casadas e solteiras
respondem de modo similar à venda de perfumes, não constituem segmentos separados.
IDENTIFICAÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO E SELEÇÃO DE MERCADOS-ALVO
I
Acionáreis. Deve ser possível desenvolver programas efetivos para atrair c atender aos segmentos.
Michael Porter identificou cinco forças que determinam a atratividade intrínseca dc lon go prazo de um mercado ou segmento de mercado: concorrentes do setor, possíveis entran
ts, substitutos, compradores e fornecedores. As ameaças que essas forças representam são as seguintes. 1.
Ameaça de intensa rivalidade dentro do segmento — um segmento não é atraente se já
contém inúmeros concorrentes fortes ou agressivos. Será ainda menos atraente se for es tável ou estiver cm declínio, se uma capacidade fabril tiver dc ser adicionada cm grandes incrementos, se os custos fixos ou as barreiras à saída forem elevados ou se os concorrentes
tiverem alto interesse em permanecer no segmento. Essas condições levam a frequentes
guerras de preço, batalhas de propaganda e lançamentos de novos produtos, o que onera a competição. O mercado de telefonia celular tem visto uma concorrência feroz em razão da
rivalidade dc segmento. 2.
Ameaça de novos entrantes — o segmento mais atraente é aquele em que as barreiras à entrada são elevadas e as barreiras ã saída são baixas. Poucas empresas novas podem entrar
no setor c aquelas com fraco desempenho podem facilmente sair. Quando tanto as barreiras
à entrada como à saída são elevadas, o potencial de lucro é alto, mas as empresas enfren tam mais risco, porque outras de fraco desempenho ficam e as combatem. Quando tanto
as barreiras à entrada como à saída são baixas, as empresas facilmente entram no setor e
saem dele, e os retornos são estáveis, porém reduzidos. O pior caso é quando as barreiras ã entrada são baixas e as barreiras à saída são elevadas: as empresas entram em períodos fa
voráveis, mas acham difícil sair em épocas de crise. O resultado disso é o excesso crônico de
capacidade e ganhos reduzidos para todos. A indústria aérea tem baixas barreiras à entrada, mas altas barreiras à saída, levando todas as transportadoras a sobreviver com dificuldade durante as crises econômicas.
3.
Ameaça de produtos substitutos — um segmento não é atraente quando há reais ou poten ciais substitutos para o produto. Os substitutos impõem um limite aos preços e lucros. Se
a tecnologia avança ou a concorrência aumenta nesses setores substitutos, preços e lucros tendem a cair. As viagens aéreas desafiaram seriamente a rentabilidade das empresas de
ônibus Greyhound e de trens Amtrak. 4.
Ameaça do crescente poder de barganha dos compradores — um segmento não é atraente
se os compradores possuem forte ou crescente poder de barganha. A ascensão de gigantes do varejo como a Walmart tem levado alguns analistas a concluir que a rentabilidade poten
cial de empresas de bens de consumo será reduzida. O poder de barganha dos compradores cresce quando se tomam mais concentrados ou organizados, quando o produto representa
uma fração significativa de suas despesas, quando o produto é indiferenciado, quando os custos de troca dos compradores são baixos, quando os compradores são sensíveis ao preço por causa de baixos lucros ou quando eles podem se integrar para a frente. Para se prote
gerem, fornecedores podem selecionar compradores que detenham menos poder para ne
gociar ou trocar dc fornecedor. A melhor defesa c desenvolver ofertas superiores que nem mesmo os compradores fortes possam recusar. 5.
Ameaça do crescente poder de barganha dos fornecedores — um segmento não é atraente
se os fornecedores da empresa podem aumentar os preços ou reduzir a quantidade ofertada. Os fornecedores tendem a ser poderosos quando são concentrados ou organizados, quando podem se integrar para trás, quando há poucos substitutos, quando o produto fornecido c
um insumo importante e quando os custos de troca de fornecedor são altos. As melhores defesas são construir relações em que tanto comprador como fornecedor saiam ganhando ou utilizar múltiplas fontes dc abastecimento.
AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO Ao avaliar os segmentos dc mercado, a empresa deve examinar dois fatores: a atrativida
de global do segmento e os objetivos e recursos da própria empresa. Ela deve considerar se o segmento potencial atende aos cinco critérios de utilidade; se ele possui características que
CAPÍTULO 9
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292
PARTE 4
CONSTRUÇÃO DE MARCAS FORTES
o tornam atrativo, como tamanho, crescimento, lucratividade, economias dc escala c baixo
risco; e se esse investimento condiz com seus objetivos, competências e recursos. Alguns segmentos atraentes podem não estar de acordo com os objetivos de longo prazo da empre sa ou ela pode não ter uma ou mais competências necessárias para oferecer um produto de valor superior. Os profissionais dc marketing têm à disposição uma gama ou uma serie dc possíveis níveis de segmentação que podem orientar suas decisões sobre mercado-alvo. Como a Fi
gura 9.4 mostra, de um lado está um mercado de massa composto essencialmenle por um
segmento; no outro, estão indivíduos ou segmentos de uma só pessoa. Entre eles, estão os segmentos múltiplos e os segmentos únicos. A seguir, descreveremos cada uma dessas qua tro abordagens.
COBERTURA TOTAL DE MERCADO Com a cobertura total de mercado, uma empresa tenta atender a todos os grupos de clientes com todos os produtos de que necessitam. Somente or
ganizações de grande porte como Microsoft (mercado de software). General Motors (mercado
automotivo) e Coca-Cola (mercado de bebidas não alcoólicas) podem empreender uma estra tégia de cobertura total do mercado. Grandes empresas podem cobrir um mercado de duas formas principais: por meio de marketing diferenciado ou indiferenciado.
No marketing indiferenciado ou de massa, a empresa ignora as diferenças entre os segmen
tos e busca atingir todo o mercado com apenas uma oferta. Ela desenvolve um plano de mar
keting para um produto com uma imagem superior que possa ser comercializado ao maior número dc consumidores por meio dc distribuição c comunicação massificadas. O marketing indiferenciado é apropriado quando todos os consumidores tém praticamente as mesmas pre ferências e o mercado não apresenta nenhum segmento natural. Henry Ford sintetizou essa estratégia de marketing quando lançou o Ford-T em uma cor, o preto.
O argumento a favor do marketing de massa é a criação de um mercado potencial maior, gerando custos mais baixos, que, por sua vez, levam a preços mais baixos ou a margens mais altas. A linha de produtos limitada mantém reduzidas as despesas com pesquisa e desenvolvi mento, produção, estoque, transporte, pesquisa de marketing e de propaganda e gerenciamento
de produto. O programa de comunicação indiferenciada também reduz custos. No entanto, muitos críticos apontam para a fragmentação crescente do mercado c a proliferação dc canais e comunicações de marketing, o que torna difícil e dispendioso atingir um público em massa. Diferentes grupos de consumidores com diferentes necessidades e desejos possibilitam aos profissionais dc marketing dcfmir segmentos múltiplos. Com frequência, uma empresa pode
aprimorar o design, a determinação de preço, o lançamento e a entrega do produto, além de
ajustar o plano e as atividades de marketing para espelhar melhor o marketing da concorrência.
No marketing diferenciado, a empresa comercializa diversos produtos a todos os segmentos do
mercado. A fabricante de cosméticos Eslée Lauder comercializa marcas que atraem mulheres
(c homens) dc diversos gostos: a marca mãe, a original Estcc Lauder, atrai consumidoras mais
maduras; a Clinique é voltada para mulheres de meia-idade; a M.A.C. para jovens descoladas; a Aveda para adeptas da aromalerapia; e a Origins para consumidoras que preferem cosméticos produzidos com ingredientes naturais.6' Talvez nenhuma outra empresa pratique marketing diferenciado como a Hallmark Cards, cujo centenário foi celebrado em 2010.68
IDENTIFICAÇÃO DE SEGMENTOS DE MERCADO E SELEÇÃO DE MERCADOS-ALVO
HALLMARK Os produtos de saudações pes
soais da Hallmark são vendidos em mais de 40.000 lojas de varejo nos Estados Unidos e
CAPÍTULO 9
293
específicos. A Fresh Ink visa a mulheres en tre 18 a 39 anos. A linha Simple Motherhood
de trilhas de filmes, programas de TV e mú sicas populares. A linha de produtos interati
é voltada para mães, com fotografias viçosas
vos. Magic Prints, com a tecnologia da luva mágica’ permite às crianças deixarem uma
em 100 países no mundo. A cada ano. são produzidos 10 mil cartões novos e redese
e sentimentos simples, porém empáticos. Três linhas étnicas - Mahogany. Sincera
nhados, além de produtos relacionados, como artigos para festas, papéis de em
mente Hallmark e Tree of Life - são dirigidas a consumidores afro-americanos, hispânicos
brulho e ornamentos. Seu sucesso deve-se em parte a uma vigorosa segmentação do
e judeus, respectivamente. Cartões de sau dação específica também beneficiam insti
sim como cartões personalizados impressos que remete aos consumidores. Para atender
negócio de cartões de saudações. Além de submarcas populares como a humorística
tuições de caridade, tais como (PRODUCT) RED™, UNICEF e Susan G. Komen Race for
às necessidades das empresas, a Hallmark Business Expressions oferece cartões corpo
Shoebox Greetings, a Hallmark lançou li
the Cure. A Hallmark também adotou a tec
nhas voltadas para segmentos de mercado
nologia. Cartões musicais incorporam clipes
rativos personalizados de boas-festas e para todas as ocasiões e eventos.
impressão da mão no encarte de um cartão ou em outra lembrança para pais ou avós. Pela internet, a Hallmark oferece e-cards, as
O'Mitos: © lo t' Grwnoorg 1 vcs redutos e uma campanha puo ís tái? renovada.
CȎbr * Times, 14 maio 2004. p. Cl.
PARTE 5: Criação de valor
CAPÍTULO
16
Desenvolvimento de programas e estratégias de determinação de preços
Neste capítulo, abordaremos as seguintes questões:
1.
Como consumidores assimilam e avaliam preços?
2.
Como uma empresa deve determinar o
preço inicial de bens e serviços?
3.
Como o preço deve ser adequado para atender a oportunidades e circunstâncias variáveis?
4.
Quando e como uma empresa deve iniciar
uma mudança de preços? 5.
Como uma empresa deve responder à mudança
de preço de um concorrente?
0 preço é o único elemento do mix de marketing que gera receita, enquanto os outros geram custos. 0 preço também informa ao mercado o
posicionamento de valor pretendido pela empresa para seu produto ou marca. Um produto bem desenvolvido e comercializado pode cobrar um preço superior e colher altos lucros, mas a nova realidade econômica levou muitos consumidores a reavaliar o que estão dispostos a pagar
por bens e serviços, fazendo com que as empresas tivessem de rever cuidadosamente suas estratégias de determinação de preços. Uma empresa que chamou a atenção de consumidores e de outras empresas é a Ryanair, com uma estratégia de preços incomum.1
Os lucros da companhia aérea Ryanair,
As decisões de preço são complexas e devem levar em consideração muitos fatores - a em
que pratica descontos, tém estado nas
presa. os clientes, os concorrentes e o ambiente de marketing. Os profissionais de marketing
alturas graças a um revolucionário mo
holístico sabem que suas dedsòes sobre a definição de preços devem ser coerentes com a
delo de negócio. 0 segredo? Seu fun
estratégia de marketing da empresa, seus mercados-alvo e o posicionamento de suas marcas.
dador Michael O'Leary pensa como um
Neste capítulo, apresentamos conceitos e ferramentas que facilitam a determinação de um
varejista, cobrando quase tudo exceto
preço inicial, bem como seu ajuste ao longo do tempo e de acordo com cada mercado.
o assento propriamente dito. Um quar
to dos assentos da Ryanair é gratuito. O'Leary pretende dobrar esse número
no prazo de cinco anos, com o objetivo final de não cobrar por nenhum assen to. Atualmente, os passageiros pagam
somente impostos e taxas de cerca de
USS 10 a USS 24, com uma tarifa mé dia por trecho de cerca de USS 52. Os passageiros pagam um adicional por tudo o mais: por bagagem despacha
da (USS 9,50 por volume), alimentação
(USS 5,50 por um cachorro-quente,
USS 4,50 por uma canja de galinha e USS 3,50 por uma garrafa de água mi neral) e transporte por meio de ônibus ou trem até o centro da cidade a partir
de aeroportos localizados em pontos remotos usados pela Ryanair (USS 24).
Os comissários de bordo vendem uma
série de mercadorias, como câmeras ClóHos O Xe. ScÇ-c-Aar».
506
PARTE 5
CRIAÇÃO DE VALOR
digitais (US$ 137,50) e tocadores MP3 iPocket (USS 165). Jogos de azar a bordo e serviço de telefonia celular sào novas fontes de receita em estudo. Outras estratégias cortam custos ou geram receita ex
terna: as poltronas nào são reclináveis, o anteparo das janelas e os bolsos nos encostos das poltronas foram removidos e não há entretenimento. As bandejas nos encostos exibem propaganda e o exterior
das aeronaves sào outdoors gigantes que trazem anúncios de empresas como Vodafone Group, Jaguar e Hertz, entre outras. Mais de 99% dos bilhetes sào vendidos pela internet. 0 site também oferece
seguro de viagem, hotéis, pacotes de lazer e locação de veículos. Somente jatos Boeing 737-800 são
usados, para reduzir os custos de manutenção, e a tripulação compra seus próprios uniformes. O’Leary
chegou a discutir a possibilidade de cobrar pelo uso de banheiros e de ter 10 fileiras para acomodar
passageiros em pé com corrimãos como em um vagão do metrô de Nova York (para colocar mais 30 pas sageiros a bordo), mas ambas as sugestões geraram muita preocupação e ceticismo do público. Embora
essas idéias possam parecer nada convencionais, essa fórmula funciona para os clientes da Ryanair; a companhia transporta 58 milhões de passageiros para mais de 150 aeroportos por ano. Todos os
extras somam 20% das receitas. A Ryanair tem margens líquidas de 25%, mais que o triplo dos 7% da Southwest. Alguns especialistas do setor chegam a se referir à Ryanair como “o Walmart com asas!”.
Determinação de preço O preço não é um mero número em uma etiqueta. Ele assume diversas formas e desempe
nha muitas funções. Aluguel, mensalidades escolares, tarifas de transporte público, hono
rários, pedágios, adiantamentos, salários e comissões são preços pagos por algum tipo de bem ou serviço. O preço também tem muitos componentes. Quando você compra um car
ro novo, o preço de tabela pode ser abatido por descontos e promoções da concessionária.
Algumas empresas aceitam múltiplas formas de pagamento; por exemplo, uma passagem
aérea pode ser adquirida com o pagamento de USS 150 mais 25 mil milhas acumuladas em um programa de milhagem.2 Ao longo de grande parte da história, os preços foram determinados por meio da negocia ção entre compradores c vendedores. Em algumas áreas, ‘barganhar’ ainda faz parte do jogo.
A determinação de um preço para todos os compradores é uma ideia relativamente moderna, que surgiu com o desenvolvimento do varejo em grande escala no fim do século XIX. Empresas
como F. W. Woolworth, Tiffany & Co. e John Wanamaker, entre outras, praticavam uma 'po lítica estrita de preço único’, porque vendiam uma ampla variedade de itens e supervisionavam
um número muito elevado de funcionários.
DETERMINAÇÃO DE PREÇO EM UM MUNDO DIGITAL Tradicionalmente, o preço funciona como o principal determinante na escolha do que com
prar. Consumidores e compradores que têm acesso a informações sobre preços e descontos podem pressionar os varejistas a reduzir seus preços. Os varejistas, por sua vez, podem pressio
nar os fabricantes a baixar seus preços também. O resultado é um mercado caracterizado por muitas liquidações e promoções de vendas.
A pressão por preços mais baixos imposta pelas mudanças no cenário econômico coincidiu
com algumas tendências de longo prazo no ambiente tecnológico. Há alguns anos a internet vem modificando a interação entre consumidores e empresas fornecedoras. Eis uma pequena lista de
como a tecnologia web possibilita que os vendedores diferenciem compradores e vice-versa. Os compradores podem:
I
Obter comparações instantâneas entre os preços de milhares defornecedores. Os consumi
dores podem comparar os preços cobrados por vários varejistas simplesmente clicando em mySimon.com. Softwares inteligentes de compra (denominados bots) levam a comparação
de preços um passo adiante e buscam produtos, preços e avaliações de centenas, se não milhares, de comerciantes.
DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS E ESTRATÉGIAS DE DETERMINAÇÃO DE PREÇOS
I
CAPÍTULO 16
507
Verificar os preços no ponto de venda. Os dientes podem usar celulares para comparar pre
ços nas lojas antes de decidir comprar, pressionar o varejista a igualar ou melhorar o preço ou comprar em outro lugar. I
Pagar o preço que definiram. No Priceline.com, o cliente estabelece o preço que deseja pa
gar por uma passagem aérea, uma diária de hotel ou o aluguel de um carro, e o site verifica
se algum fornecedor aceita esse preço.3 Sites que agregam volume reúnem os pedidos de diversos clientes para pressionar o fornecedor a conceder um desconto maior. I
Obter produtos grátis. Os sistemas de código-fonte aberto (open source), movimento ini
ciado pelo Linux, vão corroer a margem de lucro de praticamente todas as empresas de
software. O principal desafio enfrentado por empresas como Microsoft, Oracle, IBM e por
quase todos os principais desenvolvedores de software é: Como competir com programas que podem ser obtidos gratuitamente? A seção Insight de marketing: De mão beijada descre
ve como diversas empresas obtiveram êxito com ofertas cssencialmentc gratuitas.
insight de
j larKetin
DE MÃO BEIJADA
gratuitamente para todos, enquanto se vende a versão superior FlickrPro a usuários mais engajados).
Oferecer amostras grátis de produtos tem sido uma tática de marketing
bem-sucedida há anos. A Estée Lauder distribuía amostras grátis de cosméticos a celebridades, e organizadores de eventos de premiaçâo
cobrem os vencedores com uma profusão de itens gratuitos para serem dados como brinde. Outros fabricantes, como a Gillette e a HP. basearam seu modelo de negócio na venda do produto principal praticamente a preço de custo e ganham dinheiro com a comercialização de suprimentos necessários, como lâminas de barbear e cartuchos de impressora. Empresas de software começaram a adotar práticas semelhantes. 0
Adobe disponibilzou gratuitamente seu leitor de arquivos PDF em 1994, assim como fez a Macromedia com seu aplicativo Shockwave em 1995. Esses softwares tornaram-se padrão, mas as empresas real mente lu cravam vendendo seus programas de criação. Recentemente, startups
como a ferramenta de publicação Blogger Weblog, a comunidade on-line MySpace e os telefonemas pela internet da Skype alcançaram algum sucesso com a estratégia freemium - isto é. serviços on-line
Algumas empresas que atuam na internet tiveram sucesso na transição
do serviço grátis para o cobrado. Com um novo mecanismo participa
tivo de determinação de preços que permite aos consumidores definir o preço que consideram justo, os compradores costumam optar por pagar mais do que zero e até mesmo o suficiente para que o vendedor
aumente sua receita para além do que um preço fixo teria rendido. A Red Hat aplicou com sucesso um modelo freemium. Uma pioneira no
uso do software de código aberto Linux, a empresa oferece a seus clien
tes empresariais estabilidade e confiabilidade. De tempos em tempos,
congela uma versão do software em constante evolução e vende uma edição de suporte em longo prazo com aplicativos personalizados, atua
lizações retroativas de versões posteriores do Linux e suporte ao cliente,
tudo por uma taxa de assinatura. A Red Hat também trabalha com de
senvolvedores e programadores para sua versão gratuita do Linux via seu programa Fedora. Graças a esses movimentos, a Red Hat é uma empresa
bilionária que atende grande parte das empresas da Fortune 500.
gratuitos com um componente superior. Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, acredita que em um mer
cado digital as empresas podem ganhar dinheiro com produtos gra tis'. Como evidência disso, cita os modelos de receita que envolvem
concessões cruzadas (distribuir um DVR - gravador digital de vídeo - para vender serviço a cabo) e freemiums (oferecer o sistema de ge
renciamento de fotos on-line Flickr e o aplicativo de compartilhamento
Fontes: VANCE. Ashlee. Red Hat Sees Lots of Green. Bloomberg Businessweek. 29 mar. 2012; BRODKIN. Jon. How Red Hat Killed hs Core Product-and Became a Billion-Dollar Business. Arsrechnica.com. 28 fev. 2012. Acesso em: 5 ago. 2018: ANDERSON. Chris Free: The Future of a Radical Price. New York: Hyperion, 2009; KIM, Ju-Ybung; NATTER, Martin; SFANN, Martin. Pay What You Wane A New Partici pate Pricing Mechanism. Journal of Marketing 73,jan. 2009. p. 44-58; PAUWELS, Koen; WEISS, Alen. Mwing from Free to Fee: How Online Firms Market to Changi Their Business Model Successfully. Journal of Marketing 72. maio 2008, p. 14-31.
Detentora do software de códig) aberto Unux. a Red Hal complementa suas ofertas gratuitas com serviços valiosos baseados em taxas.
508
PARTE 5
CRIAÇÃO DE VALOR
Os vendedores podem:
I
.Monitorar o comportamento dos clientes e preparar ofertas personalizadas para cada um
deles. A GE Lighting, que recebe 55 mil solicitações de preço ao ano de seus clientes B2B, possui programas on-line que avaliam 300 componentes de uma cotação, tais como dados
sobre vendas passadas e descontos, a fim de reduzir o tempo de processamento de 30 dias para seis horas.
I
Dar a determinados clientes acesso a preços especiais. A Rue La é um site exclusivo para
membros que vende moda, acessórios e calçados de luxo para mulheres por meio de ven das por tempo limitado, geralmenle em eventos de dois dias. Outras empresas de produtos
empresariais já usam extranets para ter controle preciso sobre estoques, custos e demanda a qualquer momento e, assim, ajustar os preços instantaneamente. Tanto vendedores como compradores podem:
I
Negociar preços em leilões e bolsas on-line ou mesmo pessoalmente. Quer vender centenas
de quinquilharias encalhadas e quase sem uso? Anuncie no eBay. Quer comprar cartões de beisebol antigos por uma ninharia? Acesse www.baseballplanet.com. De acordo com a Consumer Reports, mais da metade dos adultos nos Estados Unidos relatou ter negociado
preços mais baixos em bens e serviços nos últimos três anos; quase 90% obtiveram desconto
pelo menos uma vez. Algumas táticas bem-sucedidas incluem: dizer ao vendedor que vai verificar os preços do concorrente (57% dos entrevistados); pesquisar preços mais baixos
em uma loja fisica (57%); conversar com o vendedor para estabelecer uma conexão pessoal (46%); usar anúncios ou cupons de lojas como alavancagem (44%); e verificar avaliações dc
usuários para saber quanto os outros pagaram (39%).4
MUDANÇAS N0 AMBIENTE DE DETERMINAÇÃO DE PREÇOS As práticas de determinação de preços mudaram significalivamente desde a severa recessão
entre 2008 c 2009, com uma recuperação lenta c rápidos avanços tecnológicos. Mas a nova ge ração do milênio também traz novos valores e atitudes para o consumo. Muitas vezes sobrecar regados por empréstimos estudantis e outras demandas financeiras, os membros desse grupo
(nascidos entre 1977 e 1994) estão repensando o que realmente precisam possuir. Alugar, pedir emprestado e compartilhar são opções válidas para muitos.
Alguns dizem que esses novos comportamentos criam uma economia de compartilha
mento na qual os consumidores compartilham bicicletas, carros, roupas, sofas, apartamen tos, ferramentas e habilidades, extraindo assim mais valor do que já possuem. Como um
empresário do setor observou: “Estamos passando de um mundo onde nos organizamos em torno dc propriedades para outro organizado cm tomo dc acesso aos ativos”. Em uma eco
nomia compartilhada, alguém pode ser tanto um consumidor como um produtor, colhendo os benefícios de ambos os papéis.5
Confiança c boa reputação são cruciais cm qualquer tipo dc troca, mas são imperativas
em uma economia compartilhada. A maioria das plataformas que fazem parte de um negó cio relacionado ao compartilhamento tem alguma iorma de mecanismo de autopoliciamen-
to, como perfis públicos e sistemas de classificação da comunidade, em alguns casos vincu
lados ao Facebook Vamos analisar o escambo e a locação, dois pilares de uma economia de compartilhamento.
ESCAMBO O escambo (bartering), uma das formas mais antigas de adquirir bens, está voltando
por meio de transações estimadas em USS 12 bilhões anuais nos Estados Unidos. Empresas de
trocas comerciais como a Florida Barter c sites como o www.swap.com conectam pessoas c empresas que buscam soluções ganha-ganha. Um analista financeiro trocou planos financeiros por um tutorial sobre como bater manteiga e aulas de trapézio e cospe-fogo. O ThredUP per mite que pais troquem roupas e brinquedos que seus filhos não usam mais com outros pais em situações semelhantes nos Estados Unidos. A Zimride é uma rede social de compartilhamento
dc caronas para campi universitários.6
DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS E ESTRATÉGIAS DE DETERMINAÇÃO DE PREÇOS
CAPÍTULO 16
509
Os especialistas aconselham usar o cscambo apenas para bens c serviços pelos quais alguém
estaria disposto a pagar de qualquer maneira. Os fundadores de um site de troca de artigos
esportivos e equipamentos para atividades ao ar livre elaboraram critérios para objetos compartilháveis: custam mais de US$ 100, porém menos de USS 500, sào facilmente transportáveis
e usados com pouca frequência.'
LOCAÇÃO O setor da nova economia compartilhada que está realmente explodindo é o de lo
cação. A Rent the Runway aluga vestidos de grile a um preço acessível. As clientes recebem dois tamanhos do modelo escolhido — para garantir melhor ajuste — a um custo de USS 50 a USS 300, ou cerca de 10% do preço de varejo. O site conquista 100 mil clientes por mês, com idades entre
15 e 35 anos.8 Um dos pioneiros da economia de locação é o Airbnb.9
AIRBNB Graduados pela Escola de Design de Rhode Island, nos Estados Unidos, Brian
de couchsurfing adicionando recursos como
corretor para gerar receitas: 3% do anfitrião
pagamento de caução e fotografia profissio
Chesky e Joe Gebbia tiveram a ideia de ga nhar um dinheiro extra lançando o www.airbed
nal, para que as propriedades alugadas pas sassem a melhor imagem. Um atendimento
e de 6 a 12% do hóspede, dependendo do preço da propriedade. Embora atualmente
andbreakfast.com e alugando colchões de ar para os participantes de uma conferência de
ao hóspede 24 horas por dia e uma apólice de seguro de US5 1 milhão para os anfitriões
dades. faça milhões de reservas de espaços por ano e tenha visto seu valor de mercado
design industrial em San Francisco. Encoraja dos pelo sucesso de atrair três hóspedes de
garantiam uma valiosa paz de espírito a ambas as partes. Todos os tipos de espaço
ultrapassar US$ 30 bilhões, a Airbnb enfrenta desafios consideráveis, como a intervenção
perfis muito diferentes por uma semana, os dois abreviaram o nome do empreendimento
foram incluídos - não apenas quartos, apar tamentos e casas, mas também entradas de
governamental em forma de impostos, litígios por sublocação ilegal e a imposição de regras
para Airbnb, contrataram um especialista em
garagem, casas na árvore, iglus e até mesmo castelos. A Airbnb aplicou o modelo de um
de segurança e outras relacionadas à ativida de hoteleira.
tecnologia e decidiram estender seu negócio
opere em mais de 190 países e 80 mil ci
Até as grandes empresas estão entrando em cena. A montadora alemã Daimler lançou seu serviço Car2Go para clientes que querem alugar um carro por um curto período — até mesmo no
calor do momento. Em cerca de metade de suas lojas, a Home Depot tem uma unidade que aluga
todos os tipos de produto, como brocas e serras, também vendidos pela loja.10
COMO AS EMPRESAS DETERMINAM PREÇOS Nas pequenas empresas, os preços costumam ser determinados pelo dono do negócio. Nas grandes, gerentes de divisão e de produto são incumbidos da tarefa. Mesmo nessas organiza ções a alta administração estabelece os objetivos e as políticas gerais de determinação de preços
e muitas vezes aprova os preços sugeridos pelos níveis mais baixos na hierarquia gerencial. Em setores nos quais a determinação de preços é um fator-chave (como aeroespacial,
ferroviário e de petróleo), as empresas costumam dispor de um departamento subordinado
ao departamento de marketing, ao de finanças ou à alta administração para realizar essa ta refa ou para auxiliar em sua execução. Outros que exercem influência sobre a determinação
de preços sào os gerentes de vendas, os gerentes de produção, os gerentes financeiros e os contadores. Nas configurações de B2B, pesquisas sugerem que o desempenho da determina
ção de preço melhora quando a responsabilidade pela tarefa é distribuída horizontalmente
entre as unidades dc vendas, marketing c finanças, c quando há um equilíbrio cm centralizar
e delegar essa responsabilidade entre vendedores — individualmente ou em equipe — e a
gerência central.11 Muitas empresas nào lidam bem com essa tarefa e acabam adotando ‘estratégias’ como:
“determinamos os custos internos e aplicamos as margens tradicionais do setor". Outros erros comuns são: não rever os preços com frequência suficiente para capitalizar mudanças
de mercado; determinar os preços independentemente do restante do mix de marketing, em vez de pensá-los como um elemento intrínseco da estratégia de posicionamento de merca
do; e não variar os preços de acordo com diferentes itens de produto, segmentos de mercado
e ocasiões de compra.
510
PARTE 5
CRIAÇÃO DE VALOR
Para planejar e implementar estratégias dc determinação dc preço com eficácia, é preci
so entender profundamente a psicologia da definição de preços do consumidor e adotar uma
abordagem sistemática dc estabelecimento, adaptação e mudança dc preços.
A PSICOLOGIA DO CONSUMIDOR E A DETERMINAÇÃO DE PREÇO Tradicionalmente, muitos economistas acreditavam que os consumidores eram ‘seguidores de
preços’ e os aceitavam por seu ‘valor nominal’ ou conforme determinados. Porém, as empresas reconhecem que na maioria das vezes os consumidores processam as informações de preço ati
vamente, interpretando de acordo com o conhecimento adquirido em experiências de compra anteriores, na comunicação formal (propagandas, visitas de vendas e folhetos), na comunicação
informal (amigos, colegas dc trabalho, familiares) c nos pontos de venda ou recursos on-line,
entre outros fatores.12 As decisões dc compra basciam-sc cm como os consumidores percebem os preços c
qual consideram ser o verdadeiro preço corrente — e não o preço definido pela empresa —, estabelecendo um limite mínimo abaixo do qual os preços podem representar qualidade
inferior ou inaceitável, assim como um limite máximo acima do qual os preços serão vistos como proibitivos e não compensadores. Cada pessoa tem sua própria interpretação dos preços. Veja a seguir a psicologia do consumidor envolvida na compra de um simples par
de jeans e uma camiseta.13
JEANS E CAMISETA Por que uma simples ca
marca de luxo conhecida por temos, bolsas e
Fitch custem US$ 70. Mas isso é uma bagatela
miseta preta, que parece algo tão comum,
vestidos de gala vendidos por milhares de dó
em comparação com a calça cáqui Michael Bas
custa US$ 275 na Armani, USS 14,90 na Gap
lares. Por outro lado, as camisetas Gap e H&M
tian de USS 480 ou Giorgio Armani de USS 595.
e US$ 7,90 na rede de lojas sueca H&M? Os
são feitas principalmente de algodão. Para cal
As calças de grife podem usar tecidos caros,
clientes que adquirem camisetas Armani pagam
ças que combinem com essa camiseta, as esco
como gabardine de algodão, e exigem horas de
por uma peça de corte mais elegante feita 70%
lhas são abundantes. A Gap vende suas Khakis
meticulosa costura à mão para criar um design
de náilon, 25% de poliéster e 5% de elastano.
originais' por US$ 44,50, embora os modelos
distinto, mas a imagem e a percepção de exclu
que ostenta uma etiqueta Made in Italy, de uma
chinos’ clássicos com botões da Abercrombie &
sividade são igualmente importantes.
Entender como os consumidores chegam a suas percepções dc preço é uma prioridade de marketing. Aqui, abordaremos três tópicos principais — preços de referência, inferências preço-qualidade e preços finais. PREÇOS
DE
REFERÊNCIA Embora os consumidores possam conhecer
bem a iaixa de preços em questão, surpreendentemente poucos conseguem
se lembrar com precisão do preço específico de produtos.14 Ao examinar
opções dc compra, porém, os consumidores costumam utilizar preços de referência, comparando um preço observado com um preço de referência
interno de que se recordem ou com uma estrutura de referência externa,
como um ‘preço praticado no varejo’.13 Existem vários tipos de preços de referência possíveis (Tabela 16.1) e é
comum que as empresas os manipulem. Por exemplo, uma empresa pode colocar seu produto entre os mais caros para sugerir que ele pertence a essa
classe. As lojas de departamentos expõem vestuário feminino em vários de partamentos diferenciados por preço, presumindo que os vestidos encontra
dos no departamento mais caro sejam de melhor qualidade.16 Os profissionais Até mesmo para algo tão simples como uma camiseta preta e um par de caibasjeans, os consumidores podem optar por pagar meros USS 50 ou cer teras ce dólares.
de marketing também estimulam a mentalidade de preço de referência ao exibir o alto preço sugeri do pelo fabricante, indicando que o produto era originalmente bem mais caro ou apontando o alto preço de um concorrente.1'
DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS E ESTRATÉGIAS DE DETERMINAÇÃO DE PREÇOS
Tabela 16.1 Possivas preços de referência para o consumidor I
Preço justo’ (o que os consumidores acham que o produto deveria custar).
I
Preço padrão.
I
Último preço pago.
I
Limite máximo de preço (preço de reserva ou o máximo que a maioria dos consumidores estaria disposta a pagar).
I
Limite mínimo de preço (limite inferior de preço ou o mínimo que os clientes pagariam).
I
Preços históricos do concorrente.
I
Preço futuro esperado.
I
Preço usual com desconto.
Fonte: adapiado de WINER. Russell & Pricing (Série MSI Relevant Knowledge). Cambridge. MA: Marketing Science Institute. 2006.
Quando os consumidores evocam uma ou mais dessas estruturas de referência, o preço percebido pode variar em relação ao preço praticado.18 Uma pesquisa revelou que as sur
presas desagradáveis — quando o preço percebido é inferior ao preço praticado — podem
exercer um impacto maior na probabilidade dc compra do que as surpresas agradáveis.19 As expectativas dos consumidores também podem desempenhar um papel fundamental na
reação ao preço. Em sites de leilões eletrônicos, como o eBay, quando consumidores des
cobrem que produtos semelhantes estarão disponíveis em futuros leilões oferecem menos no leilão atual.20
Empresas inteligentes procuram estruturar os preços para indicar o melhor valor possível. Por exemplo, um item relativamcnte caro pode ser xisto como mais barato se o preço for subdi vidido em valores menores, como uma taxa de associação anual de USS 500 apresentada como
‘menos de USS 50 por mês’, mesmo que os totais sejam iguais.21
INFERÊNCIAS PREÇO-QUALIDADE Muitos consumidores usam o preço como um indica dor de qualidade. A determinação de preços com base na imagem é especialmente eficaz com produtos que apelam para a vaidade das pessoas, como perfumes, carros dc luxo c roupas de grife. Em um frasco de perfume, a essência pode valer apenas USS 10, mas quem
dá o perfume de presente está disposto a desembolsar USS 100 somente para comunicar ao presenteado todo seu apreço.
No caso dos automóveis, as percepções de preço e qualidade interagem entre si. Carros mais caros são percebidos como de alta qualidade. Da mesma maneira, aqueles de maior
qualidade são percebidos como mais caros do que rcalmcntc são. Quando estão disponí veis informações adicionais sobre a verdadeira qualidade, o preço torna-se um indicador menos significativo de qualidade. Quando essas informações não existem, o preço passa a ser o principal indicador.
Algumas marcas adotam a exclusividade c a escassez para denotar qualidade c justificar
preços premium. Fabricantes de artigos de luxo como relógios, joias e perfumes geralmente enfatizam a exclusividade em suas ações de comunicação e estratégias de canal. Para os consu midores de artigos de luxo que desejam singularidade, a demanda realmente pode aumentar o
preço, porque eles acreditam que menos clientes poderão pagar pelo produto.22 Para manter um ar de exclusividade, a Ferrari limitou deliberadamente a venda de seu
icônico carro esportivo dc USS 200 mil, senão mais, a até 7 mil unidades, apesar da deman
da crescente na China, no Oriente Médio e nos Estados Unidos. Mas até mesmo as percep ções de exclusividade e status podem variar de acordo com o cliente. A cerveja Brahma é
uma bebida de baixa fermentação e sem sofisticação no mercado brasileiro, mas se desta
cou na Europa, onde é vista como ‘o Brasil em uma garrafa’. A cerveja Pabst Blue Ribbon, por sua vez, é a bebida ‘retró’ preferida dos estudantes universitários norte-americanos,
mas suas vendas explodiram na China, onde uma garrafa modernizada e o argumento de ser 'maturada em um precioso barril de madeira como um uísque escocês’ permite que seja
vendida ao preço de US$ 44.23
CAPÍTULO 16
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512
PARTE 5
CRIAÇÃO DE VALOR
Apesar da demanda crescente, a Ferrari limita a produção e o
número de cirros esporrnns que vende para manter a percepção de exclusividade da marca.
PREÇO COM NÚMERO QUEBRADO (PREÇO DE EFEITO PSICOLÓGICO) Muitas empresas acre
ditam que os preços devem terminar cm um número quebrado. Os consumidores consideram que um item que custa USS 299 está na faixa dos USS 200, e nào na de USS 300, pois tendem
a memorizar os preços ‘da esquerda para a direita’, cm vez de arredondá-los.24 A codificação dos preços dessa forma é importante quando existe uma quebra mental do preço em um valor arredondado maior.
Outra explicação para isso c que os preços terminados cm ‘9’ transmitem a ideia dc des
conto ou pechincha e, portanto, se uma empresa almeja uma imagem de alto preço, deve evitar
a tática dos números quebrados.2' Um estudo mostrou inclusive que a demanda realmente aumentou em um terço quando o preço de um vestido subiu de USS 34 para USS 39, mas per maneceu inalterada quando o preço subiu de USS 34 para USS 44.26 Preços que terminam em ‘0’ e ‘5’ sào igualmente comuns no mercado porque acredita-
-se que os consumidores os memorizam com mais facilidade. Placas de ‘liquidação’ afixadas
ao lado de preços estimulam a demanda, mas apenas quando não utilizadas em excesso. As vendas totais de uma categoria sào maiores quando alguns de seus itens, mas não todos, le
vam placas dc liquidação; a partir dc certo ponto, o uso dc placas adicionais pode diminuir suas vendas.2'
Preços sugestivos com placas de liquidação e preços que terminam em 9 sào mais influentes
quando o conhecimento dos consumidores sobre preço c escasso, quando compram o item com pouca frequência ou se é novo na categoria; e quando há variação de design de produtos ao
longo do tempo, variação sazonal de preços ou variação de qualidade ou tamanho entre lojas.28 Quanto mais usados, menos eficazes serão. Disponibilidade limitada (por exemplo, ‘por apenas três dias’) também pode estimular as vendas entre consumidores que estejam ativamente bus
cando comprar um produto.29
Determinação de preço Uma empresa deve estabelecer um preço pela primeira vez ao desenvolver um novo produto,
ao introduzir seu produto habitual em um novo canal de distribuição ou em uma nova área
geográfica e ao participar de licitações de contratos. A empresa deve decidir o posicionamento de seu produto em relação à qualidade e ao preço. Na maioria dos mercados, podem ser encontrados até oito pontos ou níveis de preço. A rede
de hotéis Marriott é especialista em desenvolver marcas específicas para diferentes níveis de preço: Marriott Vacation Club — Vacation Villas (o preço mais alto), Marriott Marquis (preço alto), Marriott (preço alto-medio). Renaissance (preço medio-alto). Courtyard (preço medio).
DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS E ESTRATÉGIAS DE DETERMINAÇÃO DE PREÇOS
CAPÍTULO 16
513
TowncPlace Suites (preço medio-baixo) c Fairfield Inn (preço baixo). As empresas elaboram suas estratégias de branding de modo a ajudar a transmitir aos consumidores os níveis de
prcço-qualidade de seus bens ou serviços.30
Adotar uma gama de níveis de preço permite a uma empresa uma cobertura maior de seu
mercado e o oferecimento de mais escolhas a seus consumidores. A seçào Insight de marketing: Trading up, down e over descreve como os hábitos dc consumo tem mudado nos últimos anos.
INSIGHT DE
Marketing ;
TRADING UP, DOWN E OVER
Michael Silverstein e Neil Fiske, autores de Trading Up. observaram periodicamente determinado número de consumidores do mercado intermediário que fizeram a transição (trade up) para o que eles cha mam de bens e serviços do novo luxo - ‘com níveis mais elevados de qualidade, preferência e desejo de consumo do que outros produtos da categoria, mas não custam tanto a ponto de serem inacessíveis’. Os autores identificam três tipos principais de produtos do novo luxo: Produtos super premium acessíveis, como as roupas íntimas da Victoria’s
Secret e os chips de batata gourmet Kettle, apresentam significativas características premium em relação às marcas de médio porte, mas os consumidores podem facilmente fazer a troca por eles (trade up), porque são itens de valor relativamente baixo em categorias acessíveis. Extensões demarca do luxo tradicional estendem marcas historicamente
caras para o mercado de menor poder aquisitivo (down market), man tendo seu prestígio, como o carro Mercedes-Benz Classe Ceo cartão American Express Blue.
os gastos em uma categoria pelos gastos em outra, por exemplo com prando um novo sistema de home theater, em vez de, digamos, um carro novo). Frequentemente, isso significa estabelecer prioridades e tomar a decisão de não comprar itens de algumas categorias para po der comprar os de outras. Fontes: TIMBERLAKE. Cotten. U.S. 2 Percenters Trade Down with Post-Reces sion Angst Bloomberg.com. 15 maio 2013. Acesso em: 25 out 2018: JACKSON. Anna-Louise: FELD. Anthony. Frugality Fatigue Spurs Americans to Trade Up. Bioomberg.com. 13 abr. 2012. Acesso em: 25 out 2018: SMITH. Walker. Consumer Behavior: From Trading Up to Trading Off. Branding Strategy insider, 26 jan. 2012: RICE. Sbriya. I Can’t Afford Surgery in the U.S..’ Says Bargain Shopper. CNN.com, 26 abr. 2010. Acesso em: 25 out. 2018; HOROVITZ. Bruce. Sale. Sale, Sale: Today Everyone Wants a Deal. USA Today, 21 abr. 2010, p. 1A-2A; SILVERSTEIN. Michael J. Treasure Hunt Inside the Mind of the New Consumer. Nova York: Portfolio, 2006: SILVERSTEIN, Michael J.; FISKE, Neil. Trading Up: The New American Luxury. Nova tork: Portfolio, 2003.
Bens masstige, como a marca de cuidados da pele Kiehl’s e os vinhos
Kendall-Jackson, têm preços fixados entre as marcas do mercado inter mediário e as marcas super premium do luxo tradicional. São "sempre baseados em emoções, levando os consumidores a manter vínculos emocionais bem mais fortes com eles do que com outros bens".
Para poderem fazer a troca por marcas superiores que oferecem tais benefícios emocionais, é comum os consumidores optarem por adquirir produtos de baao custo (trade down), comprando em lojas de desconto como Walmart e Costco artigos de necessidade básica que não confe rem nenhum benefício emocional, mas ainda assim oferecem qualida de e funcionalidade. Como uma consumidora explicou ao racionalizar por que sua cozinha ostentava uma geladeira Sub-Zero, uma lava-louça de última geração Fisher & Paykel e uma estufa de US$ 900, mas um pacote gigante com 12 toalhas de papel Bounty de um varejista de baixo preço: "Quando se trata de artigos para a casa, eu não faço nenhuma concessão. Mas quando se trata de alimentos ou produtos de limpeza, se não estão em promoção, não compro." A recente desaceleração econômica aumentou a predominância da
de adiar as compras discricionárias, as vendas no varejo cresceram, beneficiando assim os produtos de luxo. As práticas de trading up e trading down persistiram, no entanto, assim como o trading over (trocar
CMdita»: Olg*ai V*oiVG
582
PARTE 6
ENTREGA DE VALOR
Varejo O varejo inclui todas as atividades relativas à comercialização de bens ou serviços diretamente
ao consumidor final para uso pessoal e não comercial. Um varejista ou loja de varejo é qual quer empreendimento comercial cujo volume de vendas provenha principalmente do varejo. Toda organização que vende para consumidores finais — seja ela um fabricante, um ata
cadista ou um varejista — está envolvida cm varejo. Não importa como os bens ou serviços são vendidos (pcssoalmcntc, pelo correio, por telefone, por máquinas dc venda automática
ou pela internet) ou onde são vendidos (em uma loja, na rua ou na casa do consumidor).
O varejo é um segmento desafiador que está em rápida transformação. Vejamos o caso da Sears."
SEARS A Sears é uma empresa norte-americana clássica. Foi uma das primei ras a vender mercadorias por catálogo de mala direta e, por mais de 100 anos, uma das marcas de lojas de departamento mais fortes, associada a produtos de alta qua lidade e um atencioso serviço ao cliente. Entretanto, no início dos anos 2000. co meçou a enfrentar dificuldades financeiras e. para manter os lucros estáveis, passou
a vender ativos e cortar custos. Os clientes começaram a reclamar de vendedores desa tentos, prateleiras desorganizadas e instala ções precárias. A Sears gastava apenas de US$ 2 a USS 3 por pé quadrado ao ano em manutenção e reforma de lojas, bem menos que a faixa de US$ 6 a USS 8 gasta pelos
e encontravam o mesmo lugar antigo... sem
concorrentes Target e Walmart. “[Eles] não estavam cumprindo sua promessa. Consu midores sofisticados entravam nessas lojas
prolongado das vendas nas lojas existentes, muitos acham que a Sears não conseguirá recuperar os clientes frustrados.
frescor, entusiasmo ou interatividade na experiência de compra". De acordo com o índice Norte-Americano de Satisfação do Cliente (ACSI), em 2012, a Sears ocupava o 10° lugar entre 11 lojas de departamen tos e de descontos. Considerando o declínio
Ao mesmo tempo, são muitas as histórias de sucesso no setor varejista. A seção Memo rando de marketing: Organizações inovadoras de varejo destaca quatro exemplos de varejistas
que obtiveram sucesso de mercado nos últimos anos. Depois de analisar os diferentes tipos de
varejista e algumas características importantes do moderno ambiente de marketing no varejo, examinaremos as decisões dc marketing que essas empresas devem tomar.
MEMORANDO DE
ORGANIZAÇÕES INOVADORAS DE VAREJO GAMESTOP. A loja de videogames e software de entretenimento Game-
Stop possui mais de seis mil pontos de venda convenientemente lo calizados em shopping centers e ruas comerciais por todo o território
Rewards. Os membros desse programa são recompensados com pon
tos que permitem gerenciar seus interesses em uma biblioteca on-line que exibe os jogos que tiveram no passado, os que possuem no mo
mento e os que gostariam de ter.
norte-americano, além de contar com funcionários que sào assíduos
DICK’S SPORTING GOODS. A Dick’s Sporting Goods começou como
jogadores de videogame e gostam de se conectar com os clientes. A empresa destaca sua política de troca que dá aos clientes créditos por
York para se tornar a maior varejista dos Estados Unidos de uma linha
um jogo antigo para serem trocados por um novo. Para acompanhar
completa de artigos esportivos, com mais de 570 lojas em 44 estados.
uma loja de iscas e equipamentos de pesca em Binghamton, Nova
as atividades de seus 25 milhões de clientes, também conta com um
Parte de seu sucesso vem dos recursos interativos de suas lojas. Os
bem-sucedido programa de fidelidade orientado a dados, o PowerUp
clientes podem testar tacos em campos de golfe internos, experimentar
GESTÃO DE VAREJO. ATACADO E LOGÍSTICA
calçados em uma pista apropriada e treinar a pontaria em uma área
CAPÍTULO 18
583
Jacobs e outras em ascensão. A empresa despacha mercadorias para
de arco e flecha. Com o slogan Every Season Starts at Dick's (Toda
170 países e oferece entrega no mesmo dia em Londres e Manhattan;
temporada começa na Dick’s), o varejista também enfatiza seu objetivo fundamental de conquistar e melhorar a atividade esportiva visando a
o valor médio do pedido é de US$ 250. Um novo site, Mr. Porter, é dirigido ao público masculino.
estabelecer uma conexão emocional mais forte com a clientela. Fontes: GameStop: PETERSON. Steve. GameStop Sees Targeted Marketing on the
LUMBER LIQUIDATORS. A Lumber Liquidators é a maior varejista es
pecializada em pisos de madeira nos Estados Unidos, com mais de
Rise. AListDaify.com, 26 set. 2013. Acesso em: 30 out. 2018; POGGI. Jeanine. GameStop Revamps Business to Ensure Success in a Digital Future. Advertising
345 pontos de venda. A empresa compra madeira excedente com des
A&. 9 abr. 2012: DANIELS. Chris. GameStop CMO Sees CRM as Key. ftrect Mar
conto diretamente de serrarias e estoca quase 350 tipos de piso de madeira, quase o mesmo que a Lowe’s e a Home Depot. Ba vende a
keting News, out 2011: LEONARD, Devin. GameStop Racks Up the Points. Fortit ne. 9 jun. 2008. p. 109-22.
preços baixos porque mantém custos operacionais reduzidos, cortando intermediários e mantendo lojas em locais de baixo custo. A Lumber Liquidators também conhece muito bem seus clientes, como o fato de
Dick's Sporting Goods: Brand Genius: Lauren Hobart Chief Marketing Officer, Dick’s Sporting Goods. Ad.'.ee *. 23 set. 2013: TOWNSEND. Matt. Dick’s Channels Rudy’ in
que os consumidores que solicitam amostras de produtos tém 30%
de probabilidade de efetuar a compra no prazo de um mês, e que a
New Branding Strategy. Bloomberg.com. 1. mar. 2012. Acesso em: 30 out 2018; Dick’s Sporting Goods Details Grwth Strategy to Reach $10 Billion n Sa es and 10.5% Operating Margin by the End of Fiscal 2017. PR Newswire. 3 agp. 2013.
mesmo tempo.
Lumber Liquidators: HESCHMEYER, Mark. Lumber Liquidators Planning to Spruce Up Retai Image. CoStar.com. 30 jan. 2013: MUCH. Marilyn. Lumber Liquidators'
NET-A-PORTER. Com sede em Londres, a Net-a-Porter é uma varejista
New CEO Helps Drive Sales Surge. Investor's Business Daily. 17 maio 2012; COSTER. Helen. Hardwood Hero.Forbes, 30 nov. 2009. p. 60-62.
maioria tende a renovar um cômodo por vez e não a casa inteira ao
on-line de roupas e acessórios de luxo cujo site combina o estilo de
uma revista de moda com o clima de fazer compras em uma butique chique. Considerada por seus clientes fiéis como uma autoridade em moda, a Net-a-Porter estoca mais de 300 marcas internacionais, como
Jimmy Choo. Alexander McQueen. Stella McCartney. Givenchy. Marc
Net-a-Porter. MOTH. David. How Net-a-Porter Plans to Build on Its Mobile Success
in 2013. Econsultancy.com, 18 mar. 2013. Acesso em: 30 out 2018; BINKLEY, Christina. Finding an Audience for Edgy’ Runway Styles. Wall Street Journal, 28 mar. 2012; SONNE, Paul. Richemont to Buy Net-a-Porter. Wall Street Journal. 2 abr. 2010; BRODIE. John.The Amazon of Fashion. Fortune. 14 set 2009. p. 86-95.
TIPOS DE VAREJISTA Hoje em dia, os consumidores podem adquirir bens e serviços em lojas de varejo, varejo sem loja e organizações dc varejo.
LOJAS DE VAREJO O tipo mais conhecido talvez seja a loja de departamentos. As lojas de de partamentos japonesas, como a Takashimaya e a Mitsukoshi, atraem milhões de compradores anualmente e oferecem galerias de arte, restaurantes, cursos de culinária, academias de ginás tica e playgrounds. Os tipos mais importantes de loja de varejo são descritos na Tabela 18.1.
Tabela 18.1 Principais tipos de varejista
Loja de especialidade: linha restrita de produtos. The Limited. The Body Shop.__________________________________________________ Loja de departamentos: várias linhas de produtos. JCPenney, Bloomingdale's.___________________________________________________
Supermercado: operações de autosserviço relativamente grandes, de baixo custo, baixa margem e alto volume, projetadas para atendera todas as necessidades de alimentação e limpeza doméstica. Kroger, Safeway.___________________________________________________ Loja de conveniência: lojas relativamente pequenas, localizadas nas proximidades de áreas residenciais, que funcionam em horários prolongados todos os dias da semana e exibem uma linha limitada de produtos de conveniência e alta rotatividade, além de comida para viagem. 7-Eleven, Circle K.
Farmácia: medicamentos com ou sem prescrição, artigos de higiene pessoal e beleza, outros artigos de cuidados pessoais, bens duráveis de pequeno porte, itens diversos. CVS, Walgreens.__________________________________________________________________________ Loja de desconto: mercadorias padrão ou especialidades vendidas a preços mais baixos, com margens menores e volume maior. Walmart. Kmart.______________________________________________________________________________________________________________
Loja de ultradesconto ou valor mínimo: mix de mercadorias mais restrito do que o de lojas de desconto, mas a preços ainda mais baixos. Aldi, Lidl. Dollar General. Family Dollar.____________________________________________________________________________________
Varejista off-price (de liquidação): sobras de mercadorias, pontas de estoque e produtos com defeito vendidos a preços inferiores aos de varejo. Pontas de estoque de fabricantes; varejistas off-price independentes, como TJ Maxx; atacadistas, como Costco._________________ Superloja: área de vendas espaçosa, oferece itens de alimentação e limpeza doméstica que os consumidores costumam comprar, além
de serviços (como lavanderia, sapataria e caixa eletrônico). Category kiUer (dominante em uma categoria), como a Staples; loja combinada. como a Jewel-Osco; hipermercado (lojas imensas que combinam supermercado, loja de desconto e atacado), como o Carrefour._________ Showroom de vendas por catálogo: ampla seleção de mercadorias de alto markup, alta rotatividade e marcas vendidas com desconto. Os
clientes retiram nas lojas a mercadoria que encomendaram por catálogo. Inside Edge Ski e Bike.
584
PARTE 6
ENTREGA DE VALOR
Diferentes formatos dc loja dc varejo tem diferentes dinâmicas competitivas c dc preços. As lojas de desconto, por exemplo, vêm competindo historicamente de maneira mais direta entre si do que com outros formatos, embora isso esteja mudando, como veremos a seguir.3 Os varejistas tam
bém atendem a preferências de consumo muito diversas quanto a níveis de serviço e serviços espe
cíficos. Eles se posicionam especificamenle para oferecer um dos quatro níveis de serviço a seguir. 1. Autosserviço — O autosserviço é a base de todas as operações de desconto. Em nome da economia, muitos clientes dispõem-se a conduzir sozinhos seu processo de procura, com
paração e seleção de produtos. 2. Autoatendimento — Os próprios clientes encontram os produtos que querem comprar, embora possam pedir ajuda.
3.
Serviço limitado — Esses varejistas comercializam mais mercadorias e oferecem serviços
como crédito e o privilégio dc devolução dc mercadorias. Os clientes precisam dc mais informações e ajuda. 4.
Serviço completo — Os vendedores estão prontos para ajudar cm todas as fases do processo
de procura, comparação e seleção. Os clientes que gostam de ser atendidos pessoalmente preferem esse tipo de loja. O alto custo de pessoal, associado ao maior número de produtos
especializados c itens dc menor movimentação, além do grande número dc serviços, resulta em um varejo de alto custo. VAREJO SEM LOJA Embora a maioria das mercadorias e dos serviços seja vendida em lojas, o
varejo sem loja tem crescido muito mais rapidamente do que as lojas de varejo, principalmente
em razão do e-commerce c do m-commerce, como vimos no Capítulo 17. O varejo sem loja pode ser dividido em quatro categorias principais: venda direta, marketing direto (que inclui o telemarketing e a venda pela internet), máquinas de venda automática e serviços de compra.
1. Marketing direto tem raízes na mala direta e no marketing por catálogo (Lands' End, L.L.
Bean); inclui o telemarketing (1-800-FLOWERS), o televendas de resposta direta (HSN,
QVC) e as compras eletrônicas (Amazon.com, Autobytel.com). À medida que se acostu
mam a fazer compras pela internei, os consumidores encomendam maior variedade de bens e serviços de uma ampla gama de sites. Nos Estados Unidos, as vendas on-line foram esti
madas em USS 225 bilhões em 2012, aproximando-se de 6% das vendas totais do varejo.4 2.
Venda direta, também chamada venda mullinivel ou marketing de rede, é uma atividade multibilionária, com empresas que vendem de porta em porta ou em reuniões domiciliares. Avon,
Electrolux e Southwestern Company of Nashville (vendendo bíblias) são exemplos conheci
dos de vendas pessoais. Os produtos da Tupperware e da Mary Kay Cosmetics, por sua vez,
são vendidos para um grupo: um vendedor vai à casa de uma anfitriã que convidou amigas, demonstra os produtos c anota os pedidos. A Amway foi pioneira cm sistemas dc marketing
multinível (de rede), em que as empresas recrutam empresários que atuam como distribui
dores, os quais recebem uma porcentagem das vendas dos vendedores que recrutam, assim como lucros sobre vendas diretas a clientes. Hoje em dia, por encontrar menos consumidores
em casa, as empresas de venda direta passaram a desenvolver estratégias de mullidislribuição. 3. Máquinas de venda automática são utilizadas para uma variedade dc mercadorias, incluindo
produtos comprados por impulso, como refrigerantes, café, balas, jornais, revistas e outros pro dutos como meias-calças, cosméticos, refeições prontas e livros de bolso. As máquinas de venda
automática são encontradas em fábricas, escritórios, grandes lojas de varejo, postos de gasolina, hotéis, restaurantes e em muitos outros lugares. Elas oferecem serviço 24 horas, autosserviço e estoque tresco de mercadorias. Com mais de cinco milhões de unidades, o Japão tem a maior
cobertura per capita de máquinas de venda automática no mundo. Pode-se comprar de tudo:
de ovos frescos a besouros-rinoceronle de estimação. A Coca-Cola tem cerca de um milhão de máquinas no país e vendas anuais de US$ 50 bilhões — o dobro dos Estados Unidos/
4.
Serviço de compra é um varejo sem loja que atende a uma clientela especifica — geralmente funcionários de grandes organizações — e oferece uma lista de varejistas que dão descontos mediante filiação. Sem dúvida, o varejo on-line sem loja está explodindo e assumindo diversas formas. Veja
mos o sucesso de sites de vendas relâmpago, como o Gilt.6
GESTÃO DE VAREJO. ATACADO E LOGÍSTICA
CAPÍTULO 18
585
muitas
2007 para vender moda feminina das melho
desafiada pelo estoque em declínio, a concor
marcas de grife viram-se com um excesso de
res grifes com até 60% de desconto, mas por
rência crescente de outros sites e sua própria
estoque que precisava ser colocado no mer
um periodo limitado e apenas para aqueles
estratégia agressiva de expansão, que incluía
cado. Sites de venda relâmpago de terceiros,
que se inscreviam no site. Os membros eram
roupas masculinas, produtos infantis, artigos
oferecendo grandes descontos para artigos
avisados sobre as ofertas e seus prazos por
para casa, pacotes de viagem e alimentos. A
de luxo e outros bens por um curto periodo
meio de e-mails que transmitiam um senso de
empresa reagiu concentrando-se mais em sua
todos os dias, permitiam que isso fosse feito
imediatismo e urgência. Agregando marcas de
força principal - a moda feminina - e desen
de modo controlado, menos propenso a pre
luxo como Theory e Louis Vuitton, a empresa
volvendo relacionamentos mais próximos com
judicar suas marcas. Nos moldes do Vence-
chegou a mais de oito milhões de membros e
os clientes via e-mails personalizados para
-Privée, pioneiro em vendas instantâneas da
um valor estimado em US$ 1 bilhão. Quando
anunciar suas vendas.
França, a Gilt foi lançada em novembro de
a recessão abrandou, no entanto, a Gilt viu-se
GILT Durante a
VAREJO
recente recessão,
CORPORATIVO
E
FRANQUIA Embo
ra muitas lojas de varejo sejam independentes,
um número crescente delas faz parte, de alguma forma, do varejo corporativo. Essas organiza
ções obtem economias de escala, maior poder
de compra, maior reconhecimento de marca e funcionários mais bem treinados do que as lo
jas independentes costumam obter sozinhas. Os principais tipos dc varejo corporativo — redes corporativas, redes voluntárias, cooperativas de
varejo, cooperativas de consumidores, franquias
e conglomerados de comercialização — são des critos na Tabela 18.2. Franquias como Hampton, Jiffy-Lube, Subway,
Supercuts, 7-Eleven e muitas outras respondem
por mais dc 10% das empresas com funcionários remunerados nas 295 indústrias para as quais os
dados de franquias são coletados pelo Censo dos Estados Unidos.'
Em um sistema dc franquia, os franqueados são um grupo estritamente consolidado de em
presas cujas operações sistemáticas são plane
jadas, dirigidas e controladas pelo proprietário, denominado franqueador. As franquias distinguem-se por trés características: 1.
O franqueador possui uma marca comercial
ou de serviço e a licencia aos franqueados em
troca de pagamento de royalties. 2.
O franqueado paga pelo direito de fazer parte
do sistema. Os custos iniciais incluem aluguel
e arrendamento de equipamento e acessórios, e, em geral, uma taxa regular de licenciamen
to. Os franqueados do McDonald’s podem investir até USS 15 milhão em custos e taxas
iniciais. Depois disso, o franqueado continua pagando ao McDonald’s determinado percen tual sobre as vendas, além de um aluguel mensal.8 3. O franqueador fornece a seus franqueados um sistema para fazer negócios. Nos Estados
Unidos, o McDonald’s exige que seus franqueados frequentem sua Universidade do Ham búrguer, em Oak Brook, Illinois, durante duas semanas, para que aprendam como admi nistrar o negócio. Os franqueados também devem seguir alguns procedimentos relativos à
compra dc materiais.9
Máquinas de venda automática podem ser encontradas em toda pale no Japão, oferecendo praticamente todo
tipo de mercadoria, mdusrce guarda-dnuvas.
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PARTE 6
ENTREGA DE VALOR
Tabela 182 Principais tipos de organização no varejo corporativo
Rede corporativa: duas ou mais lojas de propriedade da mesma empresa e sob seu controle empregam um sistema central de compras e merchandising e vendem linhas similares de mercadorias. (GAP e Pottery Barn.)_______________________________________________________________________________ Rede voluntária: um grupo de varejistas independentes, patrocinado por um atacadista, compra grandes volumes de mercadorias comuns. (Independent Grocers Alliance - IGA.)_______________________________ Cooperativa de varejo: varejistas independentes estabelecem uma organização central de compras e realizam esforços conjuntos de promoção. (Associated Grocers e ACE Hardware.) Cooperativa de consumidores: empresa de varejo de propriedade de seus clientes. Os membros contribuem com dinheiro para abrir sua própria loja, votam suas políticas, elegem um grupo para gerenciá-la e recebem dividendos. (Cooperativas de supermercados locais podem ser encontradas em vários mercados.) Franquia: associação contratual entre franqueador e franqueados, popular em dezenas de categorias de bens
e serviços. (Dunkin' Donuts. Marriott. H&R Block e The UPS Store.)____________________________________
Conglomerado de comercialização: uma corporação que combina linhas diversificadas de varejo e que se forma sob uma propriedade central, além de manter certa integração em distribuição e administração. (A Federated Department Stores passou a adotar o nome de seus mais conhecidos varejistas, a Macy's, mas possui outros varejistas como a Bloomingdale’s.) A franquia beneficia tanto o franqueador como o franqueado. Os franqueadores obtêm a
motivação e o trabalho duro de funcionários que são empreendedores e não ‘mão de obra con
tratada’; a familiaridade dos franqueados com as comunidades e as condições locais; c o enorme poder de compra de ser um franqueador. Os franqueados, por sua vez, são beneficiados ao
entrar em um negócio garantido, com uma marca comercial conhecida e de grande aceitação.
Fica mais fácil conseguir dinheiro emprestado dc instituições financeiras c receber apoio cm
inúmeras áreas que vão desde marketing e propaganda até a seleção do local de instalação e da equipe de trabalho. Os franqueados ficam em dúvida entre ser independentes ou fiéis ao franqueador. Alguns franqueadores dão a seus franqueados mais liberdade para executar suas próprias operações, desde personalizar o nome da loja até adaptar promoções c preço. A Great Harvest Bread acre
dita em uma abordagem de ‘franquia livre’, incentivando seus padeiros franqueados a criar novos itens para os menus de suas lojas e a compartilhá-los com outros franqueados se forem
bem aceitos pela clientela.*1
0 AMBIENTE MODERNO DO MARKETING DE VAREJO O ambiente do marketing dc varejo difere drasticamente na atualidade do que era há apenas
cerca de uma década. Nesta seção, vamos nos concentrar em duas áreas que passaram por uma
grande mudança: a estrutura competitiva do mercado de varejo e o papel da tecnologia. ESTRUTURA COMPETITIVA DO MERCADO DE VAREJO O mercado de varejo é muito dinâmico
e uma série de novos tipos de concorrente e concorrência surgiu nos últimos anos. Veja a seguir cinco importantes desdobramentos (a Tabela 18.3 apresenta um resumo).
Tabela 183 Evolução recente do varejo
I
Novas formas de varejo e combinações.
I
Crescimento de megavarejistas.
I
Crescimento da concorrência intraformatos.
I
Surgimento do fast retailing.
I
Declínio dos varejistas de mercado intermediário.
I
Novos formatos e combinações de varejo. Para atender melhor às necessidades de con veniência dos clientes, surgiu uma variedade de novas formas de varejo. As livrarias in
corporaram cafeterias. Postos de gasolina incluem lojas de alimentos. Os supermercados Loblaw’s têm academias de ginástica. Nos corredores de shopping centers, estações de ôni bus e dc trem, há estandes que vendem dc tudo. Os varejistas também tem experimentado
GESTÃO DE VAREJO. ATACADO E LOGÍSTICA
CAPÍTULO 18
587
Vuitas empresas estabelecem lojas pop-up para criar experiências especiais de
compras, partícularmente no Natal.
lojas temporárias (pop-up) para promover marcas a compradores sazonais por algumas
semanas e em áreas movimentadas. As lojas pop-up costumam criar burburinho por meio
de experiências interativas. Empresas de internet como Amazon.com e Google usam as lojas pop-up como um meio fácil dc estabelecer presença física durante a temporada de compras de fim de ano.11
I
Crescimento de megavarejistas. Valendo-se da superioridade de seus sistemas de informa ção, operações logísticas c poder dc compra, megavarejistas como Walmart sào capazes dc oferecer um bom serviço e imensos volumes de mercadorias para consumidores em massa
c a preços atraentes. Eles espremem os pequenos fabricantes que não conseguem entregar
volume suficiente e com frequência ditam aos fabricantes mais poderosos o que fabricar,
como determinar preço e fazer promoção, quando e como despachar e até mesmo como melhorar a produção e a administração. Os fabricantes dependem dessas contas; caso con trário, perderíam dc 10 a 30% do mercado. Alguns megavarejistas são dominantes de categoria (category killers), isto é, concentram-se
em uma categoria de produto, como ração para animais de estimação (PETCO), reforma de imóveis (Home Depot) ou material de escritório (Staples). Outros são supercentros, que combinam mantimentos com uma grande variedade dc produtos nào alimentícios (Wal
mart). Com um sortímento amplo de produtos, preços razoáveis e serviço conveniente, os dominantes dc categoria eliminaram muitos pequenos varejistas especializados. A ascensão
da Amazon.com e de outros varejistas on-line anulou suas vantagens e alguns dominantes de categoria como Borders, Circuit City e Tweeter já faliram.12
I
Crescimento da concorrência intraformatos. Uma consequência do crescimento dos su percentros é que as lojas de departamento nào podem preocupar-se apenas com outras lojas
de departamento — redes de desconto como Walmart e Tesco têm se expandido para áreas de produtos que abrangem vestuário, saúde, beleza e eletrodomésticos.13 Os supermercados
também devem se preocupar com esses supercentros. Os produtos de mercearia represen taram 56% das vendas do Walmart nos Estados Unidos cm 2012, acima dos 41% dc apenas
seis anos atrás. A realidade é que diferentes tipos de varejistas podem competir pelos mes
mos consumidores oferecendo o mesmo tipo de mercadoria.
I
Surgimento do fast retailing. Uma tendência importante no varejo de moda em particular,
mas com implicações mais amplas, é o surgimento dofast retailing. Nesse caso, os varejistas
desenvolvem um sistema de cadeia de suprimentos e distribuição complelamente diferen te que permite oferecer aos consumidores opções de produtos em constante mudança. O fast retailing requer decisões ponderadas em diversas áreas, incluindo desenvolvimento de
novos produtos, suprimento, manufatura, gestão de estoques e práticas de vendas. Como descrito no Capítulo 12, esse tipo de varejo obteve sucesso uma vez que os consumidores
588
PARTE 6
ENTREGA DE VALOR
cederam ao apelo dc varejistas do fast fashion — como H&M, Zara, Uniqlo, Top Shop c Forever 21 — em virtude da novidade, do valor e do senso de moda de seus produtos. Os
críticos, no entanto, desaprovam o fastfashion por sua obsolescência planejada e pelo cará
ter descartável e de desperdício resultantes.14
I
Declínio dos varejistas do mercado intermediário. Podemos dizer que o atual mercado de
varejo possui a forma dc uma ampulheta ou dc uma gravata borboleta: o crescimento parece se concentrar no topo (com produtos de luxo de varejistas como Tiffany e Neiman Marcus)
e na base (com preços baixos de varejistas como Walmart e Dollar General). À medida que os varejistas que praticam grandes descontos melhoram sua qualidade e imagem, os con sumidores tendem a migrar para eles. A Target oferece roupas e acessórios de grifes como
Phillip Lim, Jason Wu c Missoni, c o Kmart, uma extensa linha dc roupas íntimas c pijamas
Joe Boxer. Na outra ponta, recentemente a Coach converteu 40 de suas cerca de 300 lojas em um formato mais sofisticado que oferece bolsas mais caras e serviços de concierge. As
oportunidades são mais escassas no mercado intermediário, em que varejistas dc sucesso no passado, como JCPenney, Kohl’s, Sears, CompUSA, RadioShack e Montgomery Ward, pas sam por dificuldades ou até já saíram do negócio. Redes de supermercados como Supervalu
e Safeway viram-se a meio caminho entre o apelo afluente de redes como a Whole Foods e o apelo de desconto da Aldi e do Walmart. Para agravar o problema, há o flagelo da classe
média — os 40% dos consumidores norte-americanos com renda anual entre US$ 50 mil
e USS 140 mil — que viu seu poder de compra encolher em razão da crise imobiliária e da estagnação da renda.1'
PAPEL DA TECNOLOGIA A tecnologia afeta profundamente a maneira como os varejistas con duzem virtualmente todas as facetas de seus negócios. Quase todos agora usam a tecnologia
para produzir previsões, controlar os custos de estoque e solicitar fornecedores, reduzindo a
necessidade de descontos e vendas para eliminar os produtos em risco. A tecnologia também afeta diretamente a experiência de compra do consumidor dentro da loja. A etiquetagem eletrônica de prateleira permite que os varejistas mudem os níveis de preços
instantaneamente quando necessário.16 A programação de TVs nas lojas pode transmitir de monstrações contínuas ou mensagens promocionais. Os varejistas estão experimentando telas
dc compras virtuais, apresentações dc áudio/vídeo c integração dc QR code. Para suas lojas conceito de Taipei, Hong Kong, Londres e Chicago, a Burberry provocou
uma ‘chuva virtual’ com um filme 360°, como parte de seu programa digital Burberry World Live, que exibia sua capa dc chuva. A Marks & Spcnccr do Reino Unido instalou espelhos vir
tuais em algumas de suas lojas para que, assim como em seu site, os clientes possam ver como
uma sombra ou um batom lhes cairía sem ter que aplicá-los fisicamente.1' Depois de encontrar problemas ao medir o tráfego da loja nos corredores — o GPS nos car
rinhos de compras não funcionava porque os consumidores tendiam a abandoná-los e as ima gens térmicas não conseguiam fazer a distinção entre bebes c perus —, sensores infravermelhos bidirecionais instalados nas prateleiras das lojas provaram ser bem-sucedidos. A seção Insight
de marketing: O crescimento do marketing no ponto de venda (shopper marketing} descreve o papel importante que a tecnologia tem desempenhado nos corredores.
INSIGHT DE
.arketinç
0 CRESCIMENTO D0 MARKETING N0 PONTO DE VENDA (SHOPPER
no ponto de venda, a Procter & Gamble chama a presença na loja
MARKETING)
de ‘primeiro momento da verdade’ (o uso e o consumo do produto constituem o segundo momento). A P&G observou o poder dos dis plays em um projeto do Walmart destinado a impulsionar as vendas de
Com base em pesquisas que sugerem que de 70 a 80% das decisões de compra são tomadas dentro da loja, as empresas reconhecem cada
vez mais a importância de influenciar os consumidores no momento da compra. 0 marketing no ponto de venda é a forma como fabricantes e varejistas usam os estoques, os displays e as promoções para afetar consumidores no processo de aquisição de um produto.
fraldas premium, como a Pampers. Ao criar a primeira ala infantil na qual produtos infantis - antes espalhados pela loja - foram reunidos em um único corredor, o novo layout de prateleiras incentivava os pais a permanecerem no local por mais tempo e a gastarem mais, elevando
Onde e como um produto é exposto e comercializado pode exercer con
as vendas da Pampers. Outra promoção bem-sucedida, dessa vez para a marca de cosméticos Cover Girl da P&G, explorou a tendência de
siderável impacto sobre as vendas. Uma forte defensora do marketing
maquiagem do ‘olho esfumaçado’, desenvolvendo kits para o Walmart
GESTÃO DE VAREJO, ATACADO E LOGÍSTICA
CAPÍTULO 18
589
e conectando-se com clientes em potencial no Facebook oferecendo
Leverages Facebook to Enhance Promotions in Walmart. CPGMatters.com, nov.
instruções, blogs e uma galeria de fotos.
2011. Acesso em: 30 out 2018; SHANKAR, Vfenkatesh. Shopper Marketing. Cur
Os varejistas também usam a tecnologia para influenciar os clientes no momento da compra. Alguns supermercados empregam aplicativos de celular ou carrinhos de compras inteligentes’, que ajudam os clientes a
localizar itens na loja, descobrir liquidações e ofertas especiais e pagar com mais facilidade. Um estudo acadêmico constatou que o feedback
rent Insights, Emerging Trends, and Future Directions. Cambridge. MA: Market ing Science Institute, 2011; DUKES. Anthony; UU. Yunchuan. In-Store Media and Distribution Channel Coordination. Marketing Science 29. jan.-fev. 2010.
p. 94-107: WESTLUND. Richard. Bringing Brands to Ute: The Power of In-Store Marketing Special Advertising Supplement to Adweek. jan. 2010: CHANDON.
Pierre: HUTCHINSON. J. Wesley: BRADLOW. EricT.: YOUNG. Scott H. Does In-Store
de gastos em tempo real fornecido por um carrinho inteligente esti
Marketing Work? Effects of the Number and Postion of Shelf Facings on Brand
mulava os compradores com restrições orçamentárias a gastar mais
Attention and Evaluation at the Point of Purchase. Journal of Marketing Research
(adquirindo mais marcas nacionais), mas levava os compradores sem
73, nov. 2009, p. 1-17; BELLAS. Michael C. Shopper Marketing’s Instant Impact. Beverage World, nov. 2007, p. 18: FREEDMAN, Michael.The Eyes Hare It. Forbes.
restrição orçamentária a gastar menos (substituindo marcas nacionais por marcas de loja).
4 set. 2006. p. 70.
A Mondelez. spinoff da Kraft Foods, usa a tecnologia de smart shelf. instalando nas prateleiras perto dos caixas sensores capazes de de tectar a idade e o sexo do consumidor e. em virtude de análises avan
çadas, segmentá-los com anúncios e promoções para uma provável :o
opção de lanche em uma tela de vídeo.18
iw q
A tecnologia também desempenha papel de pesquisa crucial na elabo ração de programas de marketing no ponto de venda. Alguns varejistas equipam seus corredores com sensores ou usam câmeras de vídeo de segurança ou outros meios para monitorar a movimentação dos consu
midores. Outros usam óculos infravermelhos ou câmeras de vídeo por táteis para registrar o que os clientes realmente veem. Uma descoberta
foi que muitos clientes ignoravam os produtos ao nível dos olhos - a
localização ideal ficava entre a cintura e o nível do perto.
Outra pesquisa acadêmica descobriu que as compras não plane jadas aumentavam quanto mais um produto fosse tocado, quanto
mais uma compra fosse ponderada, quanto mais próximo um cliente estivesse da prateleira, quanto menos itens estivessem expostos nas
prateleiras e quanto mais rapidamente os compradores pudessem
acessar informações externas. Para capitalizar essas conclusões, os pesquisadores recomendam que os varejistas coloquem QR codes próximos aos produtos para serem digitalizados com celulares. Pes quisas demonstraram que até mesmo o simples ato de tocar um pro
duto na tela de um tablet aumenta a intenção de compra.
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Carrinhos de compras inteligentes são apenas uma das morações tecnoló0cas que estão transformando os supermercados.
Os varejistas também têm desenvolvido estratégias de comunicação digital totalmente integradas com sites bem projetados, e-mails, estratégias de busca e campanhas de mídia
social. As mídias sociais são especialmente importantes para os varejistas na temporada de
festas de fim dc ano, quando os compradores buscam informações c compartilham suces
sos. Na temporada de 2013, a Toys “R” Us focou no YouTube; a Sears usou o Instagram e
promoveu festas no Twitter; a Target usou o Pinterest, além de seis ou sete outras opções de mídia social.19 Para além das festas dc fim dc ano, muitos varejistas concctam-sc com fotos
de clientes apoiando suas marcas no Instagram, Pinterest e outros sites para criar engaja mento social.20
590
PARTE 6
ENTREGA DE VALOR
DECISÕES DE MARKETING Com essa nova realidade do mercado varejista como pano de fundo, examinaremos as decisões de marketing de varejistas nas seguintes áreas: mercado-alvo; canais de distribuição; sortimento de produtos; procurement; preço; serviços; atmosfera da loja; atividades e experiências dentro da loja; comunicação; e localização. A importância das marcas próprias de varejistas será abor
dada na próxima seção. MERCADO-ALVO Até que o mercado-alvo seja definido e lenha seu perfil avaliado, o varejista não pode tomar decisões consistentes sobre sortimento de produtos, decoração de loja, propa
ganda, mídia, preços c níveis dc serviço. A Whole Foods teve sucesso ao oferecer uma experiên
cia única de compras para uma base de clientes interessada em alimentos orgânicos e naturais.21
WHOLE FOODS MARKET Em suas mais de
mais acessíveis 365 Everyday Value. Tam
480 lojas na América do Norte e no Reino
bém são fornecidas informações detalha
preços rabiscados a giz, caixas de papelão
Unido, a Whole Foods celebra a arte de co
das sobre os produtos vendidos. Se você
e gelo em toda parte e outros toques criati vos de exposição para deixar o consumidor
criar uma atmosfera de loja convidativa com
mer bem. Em suas lojas iluminadas e com
quiser saber, por exemplo, se o frango que
atendimento impecável, os alimentos são
está embalado no balcão refrigerado teve
à vontade. Essa abordagem tem dado certo,
expostos com fartura e de modo sedutor. A
uma vida feliz, receberá um folheto de 16
sobretudo para os consumidores que consi
Whole Foods é a maior rede de supermer
páginas e um convite para visitar a granja na
deram alimentos orgânicos e artesanais um
cados de alimentos naturais dos Estados
Pensilvânia onde a ave foi criada. Para obter
luxo justificável. De 1991 a 2009, as vendas
Unidos e oferece mais de 2.4 mil itens em
outras informações, basta perguntar aos fun
cresceram a uma taxa anual composta de
quatro linhas de produtos de marca própria
cionários bem informados e acessíveis. Uma
28%. Embora seriamente atingida, a varejis
que respondem por 11% das vendas: as li
loja típica da Whole Foods tem mais de 200
ta emergiu da recessão com um crescimento
nhas premium Whole Foods Market. Whole
funcionários, quase o dobro da Safeway.
de dois dígitos.
Kitchen e Whole Market e a linha de preços
A empresa trabalha incansavelmente para
Erros na escolha de mercados-alvo podem custar caro.
Quando a joalheria Zales, que tradicionalmente atuava no mercado de massa, decidiu atrair clientes de alto po
der aquisitivo, substituindo um terço de sua mercadoria —trocando joias baratas feitas com diamantes dc baixa qualidade por peças mais glamorosas e de alta margem
feitas com ouro e prata de 14 quilates — e modificando
sua propaganda nesse processo, a mudança foi um desas tre. A Zales perdeu muitos de seus clientes tradicionais, sem conquistar os novos clientes que esperava atrair.22
Para atingir seus alvos com mais eficiência, os varejis tas têm fatiado o mercado em segmentos cada vez mais
finos c introduzido novas linhas de lojas para explorar ni chos de mercado com ofertas mais relevantes: a Gymbo-
ree lançou a Janie and Jack para vender roupas e presen tes para bebês e crianças; a Hot Topic introduziu a Torrid para vender moda para adolescentes acima do peso; e a
marca Tween Brands, da Limited Brands, vende moda a preços mais baixos para meninas na pré-adolescência em suas lojas Justice e para os meninos nas lojas Brother.
CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO Com base em uma análise de mercado-alvo c outras considerações que analisamos no A Whole Foods sdeaona mercadorias e cria um ambiente acoBiedor na loja para atrair os apreciadores de aimentos orgânicos e naturais.
Capítulo 17, os varejistas devem decidir que canais de distribuição utilizar para atingir seus clientes e, cada vez mais, a resposta é ‘múltiplos canais’. A Staples vende por meio de seu canal
de varejo tradicional, site de resposta direta, shopping centers virtuais e milhares de links em sites afiliados.
Como vimos no Capítulo 17, os canais devem ser projetados para operar eficazmente em conjunto. Embora alguns especialistas tenham previsto o contrário, as vendas por catálogos
GESTÃO DE VAREJO. ATACADO E LOGÍSTICA
CAPÍTULO 18
591
cresceram cm um mundo dominado pela internet à medida que mais empresas os reformula
ram para usá-los como recursos de branding e para complementar suas atividades on-line.23 A abordagem multicanal integrada da Victoria’s Secret com lojas de varejo, catálogo e inter
net tem desempenhado um papel fundamental em seu desenvolvimento de marca.24
VICTORIA'S SECRET A Victoria s Secret, ad
escala nos Estados Unidos, embora esse for
de oito a dez sutiãs por ano, em comparação
quirida pela Limited Brands em 1982. tornou-
mato fosse diferente de tudo que a consumi
com a média nacional de dois. Para intensi
-se uma das marcas mais identificáveis no
dora média encontraria em meio às prateleiras
ficar sua reputação de luxo e apelo gamoro
varejo por seu talento em fazer marketing de
desinteressantes das lojas de departamento.
so. a marca é endossada por supermodelos
roupas femininas, lingerie e produtos de bele
Wexner, no entanto, tinha razão para crer que
de alta exposição em propagandas e desfiles
za. A maioria das mulheres norte-americanas
as mulheres norte-americanas apreciariam a
de moda. A Victoria's Secret vende por suas
de uma geração atrás comprava roupas ínti
experiência de compra de lingerie no estilo eu
lojas e site, além dos 325 milhões de catálo
mas em lojas de departamento e possuía pou
ropeu. com papel de parede rosa claro, prova
gos que posta por ano nos Estados Unidos, ao
cos itens que poderíam ser considerados lin
dores convidativos e funcionárias simpáticas e
custo de USS 200 milhões. As vendas on-line
gerie. Ao ver consumidoras comprando roupa
atenciosas. 'As mulheres precisam de roupa
e por catálogo respondem por cerca de 28%
íntima cara como itens de moda em pequenas
íntima, mas querem lingerie', ele observou.
da receita de USS 5 bilhões da empresa. A ex
butiques na Europa, o fundador da Limited
Wexner provou estar certo: pouco mais de uma
pansão internacional tem ocorrido por meio de
Brands, Leslie Wexner, achou que um modelo
década depois de ter adquirido o negócio, a
butiques no conceito de loja dentro de uma
de loja semelhante poderia funcionar em larga
cliente média da Victoria’s Secret comprava
loja’ para reduzir riscos.
SORTIMENTO DE PRODUTOS O sortimento dc produtos dc um varejista deve estar dc acordo
com as expectativas de compra do mercado-alvo em amplitude e profundidade.2^ Assim, um restaurante pode oferecer um sortimento restrito e superficial (bufês com poucos pratos), um
sortimento restrito e profundo (delicatésseri), um sortimento amplo e superficial (cafeterias) ou
um sortimento amplo c profundo (grandes restaurantes). As categorias de destino podem desempenhar um papel especialmente importante porque impactam mais onde as famílias optam por comprar e como enxergam determinado varejista.
Um supermercado pode ser conhecido pelo frescor de suas hortaliças ou pela variedade e pro
moções que oferece em refrigerantes e salgadinhos.26 Identificar o sortimento certo de produtos pode ser particularmente difícil em setores de
rápida movimentação como tecnologia ou moda. A Urban Outfitters teve problemas quando se
desviou de sua fórmula ’moderna, mas não moderna demais’, passando a adotar novos estilos
muito rapidamente.2. Por outro lado, a varejista de roupas casuais Aéropostale teve sucesso ao combinar com cuidado o sortimento de produtos com as necessidades de seu mercado-alvo de prc-adolcsccntcs.28
AÉROPOSTALE Jovens de 14 a 17 anos,
um preço acessível. Embarcar na tendência
clientes on-line para a criação de novos es
em especial os que compõem a faixa etá
certa nào é fácil, mas a Aéropostale está en
tilos. Em média, 3,5 mil deles participam
ria mais nova, geralmente querem parecer
tre os varejistas mais atentos do segmento
de cada um dos 20 testes realizados por
iguais a outros adolescentes. Portanto, en
adolescente quando se trata de pesquisa
ano. A Aéropostale mantém controle sobre
quanto a Abercrombie e a American Eagle
de mercado. Além de focus group e testes
as marcas proprietárias cuidando de seu
reduziam a quantidade de calças largas com
de produtos na loja envolvendo colegiais,
design, suprimento, marketing e vendas. Os
bolsos laterais à venda, a Aéropostale man
a empresa lançou um programa na internet
produtos da empresa podem ser adquiridos
tinha um amplo suprimento delas à mão a
que busca opiniões de seus 10 mil melhores
apenas em lojas próprias e pelo site.
O verdadeiro desafio começa após a definição do sortimento de produtos da loja e
consiste em desenvolver uma estratégia de diferenciação. Relacionamos a seguir algumas possibilidades: I
Apresentar marcas exclusivas nacionais que não estejam disponíveis em varejistas concor
rentes. A Saks pode obter o direito exclusivo de vender os vestidos dc um renomado estilista internacional.
592
PARTE 6
ENTREGA DE VALOR
A varejista de roupas Aéropostale estuda cuidadosamente seu mercado adolescente ro esforço de estocar e expor o sortimento certo de produtos.
I
Apresentar principalmente mercadorias de marcas próprias. A Benetton e a Gap criam a
maior parle das roupas vendidas em suas lojas. Muitas redes de supermercados e de lojas de conveniência vendem mercadorias de marcas próprias.
I
Realizar eventos de impacto para promover produtos especiais. A Bloomingdale’s come morou durante um mês o aniversário de 50 anos da boneca Barbie.
I
Trocar o mostruário de forma regular ou repentinamente. A loja de desconto TJ Maxx oferece sem aviso lotes de mercadorias que precisam ser vendidas imediatamente para gerar
capital de giro porque estão encalhadas ou são ponta de estoque. Esses itens são supridos por mais dc 16 mil fornecedores c vendidos a preços dc 20 a 60% inferiores aos dc lojas dc
departamento e de especialidade, pela internet e em suas mais de mil lojas.
I
Apresentar as novidades em primeira mão. A Zara destaca-se e lucra em ser a primeira a
lançar no mercado novos modelos e estilos.
I
Oferecer serviços de personalização de produtos. A londrina Harrod’s oferece ternos, cami sas e gravatas sob medida, além de roupa masculina pronta.
I
Oferecer sortimento altamente direcionado. A I^ne Bryant comercializa produtos para mulheres que usam numeração grande. A Brookstonc oferece ferramentas c utensílios in-
comuns para pessoas que querem fazer compras em uma ‘loja de brinquedos para adultos’. As mercadorias podem variar por mercado geográfico. A Macy’s e a Ross Stores empregam o micromerchandising e permitem que seus gerentes selecionem uma parcela significativa do
sortimento da loja.29 PROCUREMENT Após decidir a estratégia de sortimento de produtos, o varejista deve encon trar fontes de suprimentos e estabelecer critérios e práticas de compras. Na sede corporativa
de uma rede de supermercados, os compradores especializados (algumas vezes denominados gerentes de compras) são responsáveis por desenvolver sortimentos de marcas e atender vende dores que desejam mostrar seus produtos. Os varejistas tém melhorado rapidamente sua capacidade de prever demandas, selecionar mercadorias, controlar estoques, alocar espaço e expor os itens na loja. Utilizam software com
plexo para controlar o estoque, calcular lotes econômicos dc pedidos, fazer encomendas e ana
lisar as despesas com fornecedores e produtos. As redes de supermercados aproveitam as infor mações das leitoras de códigos de barras para administrar seu mix de produtos para cada loja.
Algumas lojas têm usado sistemas de identificação por radiofrequência (RFID, do inglês
radio frequency identification), constituídos de etiquetas ‘inteligentes’ — microchips conecta
dos a minúsculas antenas dc rádio — e leitoras eletrônicas. As etiquetas inteligentes podem
GESTÃO DE VAREJO. ATACADO E LOGÍSTICA
CAPÍTULO 18
593
ser embutidas nos produtos ou coladas nos rótulos e, quando a etiqueta sc aproxima dc uma
leitora, ela transmite um número de identificação único para sua base de dados computadori zada. Coca-Cola e Gillette usam esse sistema para monitorar estoque c controlar mercadorias em tempo real à medida que passam das fábricas aos supermercados e depois aos carrinhos de in compras.
As lojas tem usado a lucratividade direta do produto (LDP) para avaliar os custos dc ma nuseio de um produto (referentes a recebimento, movimentação de estoque, trâmite de do
cumentos, seleção, verificação, carregamento e alocação de espaço) desde o momento em que chega ao depósito até a compra pelo cliente final na loja. Pode ocorrer que os varejistas des
cubram que o volume de vendas de um produto tem pouca relação com seu lucro direto. Al
guns produtos de grande volume podem ter custos de manuseio tão elevados que são menos lucrativos e merecem menor espaço nas prateleiras do que certos produtos de pouco volume, a
menos que os clientes comprem produtos mais rentáveis para justificar a perda envolvida cm empurrar os produtos de alto volume. No caso da Trader Joe’s, a diferenciação baseou-se prin cipalmente em uma estratégia inovadora de procurement31
TRADER JOE'S Fundada em Los Angeles, a
tailandesa. Em relação ao procurement, a Tra
no que os clientes querem e engajando-os no
Trader Joe’s criou um nicho especial como
der Joe’s adotou a filosofia do ’quanto menos,
processo, a empresa introduz até 20 produtos
‘híbrido de atacadista e loja de desconto de
melhor'. Suas lojas oferecem de dois a três mil
por semana para substituir itens que não caí
comida gourmet’, vendendo um sortimento
artigos, um número muito diferente dos 55 mil
ram no gosto deles. Com esses milhares de
em constante rotatividade de alimentos e vi
de um supermercado convencional, e, ainda
fornecedores ao redor do mundo, fica difícil
nhos finos a preços moderados em suas 400
assim, somente os produtos que consegue
copiar a fórmula de sucesso da Trader Joe’s.
lojas. Aproximadamente 80% dos produtos
comprar a um bom preço, mesmo que isso
Especialistas elogiam sua capacidade de ser
vendidos pela Trader Joe’s são de marcas pró
signifique mudar o estoque semanalmente.
um contador de histórias e criar experiências
prias (comparados aos apenas 16% vendidos
Os compradores especializados da empresa
únicas e amistosas. Segundo um deles: Tudo
na maioria dos supermercados), de biscoitos
vão diretamente a centenas de fornecedores,
se resume a pequenos formatos, sortimentos
amanteigados belgas a castanhas de caju
não a intermediários, dos quais cerca de 25%
bem selecionados e atribuição de um valor
temperadas com limão e pimenta à moda
localizam-se no exterior. Sempre pensando
justo a produtos exclusivos de marca própria."
A estratégia inovadora de
procurement da Trader Joe’s dá destaque a um sortimento em
CrtOito»: © ZUMAP«». I
constante rotatividade de produtos selecionados de marca própria.
PREÇO Os preços são um fator-chavc dc posicionamento e precisam ser definidos cm relação
ao mercado-alvo, ao mix de sortimento de bens e serviços e à concorrência.32 Todo varejista
gostaria de ter altosgíros e altos^un/ios (altos volumes e altas margens brutas), mas as duas coi sas geralmente não caminham juntas. A maioria dos varejistas enquadra-se em um desses dois grupos: alto nuirkup e baixo volume (lojas de artigos finos) ou baixo markup ealto volume (lojas
de venda em massa e lojas de descontos). Cada um desses grupos incorpora mais graduações.
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PARTE 6
ENTREGA DE VALOR
Pm ».
Assim, cm uma ponta do espectro está a loja da Bijan na Rodeo Drive, cm
Beverly Hills, que só atende com hora marcada e é tida como a loja mais cara do mundo. O preço original de sua colônia era dc US$1,5 mil por frasco; seus
CMrtto:
ternos custam USS 25 mil, as gravatas US$ 1,2 mil e um par de meias USS 100.33 No outro extremo está a Target, que combinou habilidosamente uma
imagem moderna a preços com descontos c, assim, oferece aos clientes uma forte proposta de valor. A empresa lançou inicialmente uma linha de produtos
de designers de renome mundial, como Michael Graves, Isaac Mizrahi e Liz Lange, e continuou a agregar à sua marca nomes de alta visibilidade, como a
cantora Gwen Stefani, para vender roupas infantis.34
A maioria dos varejistas derruba o preço de alguns itens para estimular o movimento da loja (ou servir como chamariz) e sinalizar suas políticas de
preços.35 Há os que promovem liquidações gerais abrangendo todos os pro
dutos da loja. Outros planejam liquidações de mercadorias com menos saída.
Os varejistas do ramo de calçados, por exemplo, esperam vender 50% de seus sapatos ao preço normal, 25% por 40% de seu markup padrão e os 25% res tantes a preço de custo. O nível médio de preços e as políticas de descontos dc uma loja afetarão a imagem dc preço que ela tem junto aos consumidores,
mas fatores não relacionados a preços, como a atmosfera da loja e os níveis de serviço também são importantes.36
Conforme vimos no Capítulo 16, alguns varejistas como o Walmart aban donaram a prática de liquidações, preferindo oferecer ‘preço baixo todo dia’.
Essa estratégia pode gerar custos menores de propaganda, maior estabilidade
de preços, uma imagem mais sólida de honestidade e confiabilidade e maiores
lucros no varejo. Redes supermercadislas que praticam preços baixos constan tes costumam ser mais lucrativas do que aquelas que promovem liquidações, A estratégia de sortimento e preço dentro do conceito ‘massificação com classe’ daTargH apresenta designers como a artista norte-americana G *en Stefari.
mas somente em determinadas circunstâncias, como quando o mercado é caracterizado por
muitos compradores de ‘carrinhos cheios’, que tendem a comprar muitos itens de uma só vez.37 Todos os varejistas buscam cortar os custos para melhorar as margens. Alguns o fazem de
maneira ecologicamente correta. O Walmart reduziu o consumo dc energia cm mais dc 50% e a necessidade de manutenção em mais de 30% ao pintar o telhado das lojas de branco para refletir a luz solar e reduzir o uso de ar-condicionado; ao capturar água da chuva em tanques de
armazenamento para descarga dos banheiros c outros usos que não exijam água potável; c ao
instalar luzes LED nos estacionamentos.3'* SERVIÇOS Outro fator de diferenciação é a provisão de um atendimento ao cliente infalivel mente confiável, seja prestado por contato pessoal, por telefone ou por chat on-line. Os varejis tas devem decidir qual mix de serviços oferecerão aos clientes:
I
Serviços depré-compra incluem a aceitação de pedidos por telefone e correio, propaganda, decoração de loja e de vitrines, provadores, horários de funcionamento, desfiles de moda e
trocas.
I
Serviços de pós-compra incluem despacho e entrega, embalagens para presente, ajustes e devoluções, alterações c customizações, instalações e gravação.
I
Serviços auxiliares incluem balcões de informação, caixas eletrônicos, estacionamento, res
taurantes, consertos, decoração de interiores, financiamento, banheiros e fraldário. Atendendo às reclamações dos consumidores, muitos varejistas afrouxaram suas políticas
de devolução nos últimos anos. Para reduzir qualquer impedimento possível às vendas e me
lhorar a imagem junto à clientela, essas empresas também têm eliminado a cobrança de quais quer taxas e prorrogado o prazo em caso de devoluções. Algumas políticas foram mantidas, no entanto, para combater fraudes como o wardrobing — a prática de usar e depois devolver itens
de vestuário.39 Os vale-presentes permanecem como ofertas de serviço que caíram no gosto dos dientes; são gastos anualmente mais de US$ 100 bilhões em cartões de vale presente.40
ATMOSFERA DA LOJA Cada loja tem uma atmosfera e um layout físico que pode facilitar ou
dificultar a movimentação de pessoas em seu interior (veja a seção Memorando de marketing:
GESTÃO DE VAREJO. ATACADO E LOGÍSTICA
CAPÍTULO 18
595
Ajudando as lojas a vender). A mcgavarejista Kohl’s utiliza um plano dc loja baseado cm uma
pista de corrida projetada para conduzir os clientes por todas as seções. Há também um cor
redor central que os mais apressados podem usar como atalho, gerando um nível dc gasto por parte do consumidor maior do que em muitos de seus concorrentes.41
MEMORANDO DE
AJUDANDO AS LOJAS A VENDER
I
importância das mãos dos clientes. Uma loja pode oferecer os me
Em busca de maior volume de vendas, os varejistas passaram a estudar
lhores. os mais baratos e os mais sedutores artigos, mas muito
a ambientação de suas lojas para descobrir como melhorar a experiên
de seu apelo pode ser perdido se o cliente não puder tocá-los ou
cia dos consumidores. Paco Underhill é pioneiro nessa área e diretor da
consultoria de varejo Envirosell, que atende clientes como McDonald’s. Starbucks. Estée Lauder, Gap. Burger King. CVS e Wells Fargo. Usando
Deixe a mercadoria ao alcance das mãos. Não há como negar a
pegá-los. I
Receba bem as crianças. Se as crianças se sentirem acolhidas, os
uma combinação de gravação de vídeo e observação dentro das lojas
pais se sentirão da mesma forma. Adote o ponto de vista de uma
de até 40 comportamentos diferentes. Underhill e seus colegas estudam 50 mil pessoas por ano enquanto elas fazem compras. Ele oferece as
criança de três anos de idade e certifique-se de que a visão é atraente
seguintes recomendações para otimizar o espaço de varejo:
nossauro pintado no chão pode transformar um momento entediante
I
para uma criança em uma experiência divertida.
Atraía clientes e os mantenha na loja. 0 período que os consumi
dores passam em uma loja talvez seja o fator mais importante em
I
no nível de seus olhos. Uma brincadeira de amarelinha ou um di
I
movem mais rapidamente do que as mulheres pelos corredores de
proporcione aos compradores a sensação de que pertencem a uma comunidade; reconheça-os de alguma forma; ofereça-lhes maneiras
coisa exceto aquilo que vieram comprar. Também não gostam de
uma loja. Em muitos locais, é difícil fazer com que olhem para outra
de Idar com seus acompanhantes, como cadeiras em locais conve
perguntar onde estão os produtos que procuram. Se um homem nào
nientes para namorados, maridos, filhos ou bolsas, além de tomar o ambiente familiar e renovado a cada visita.
conseguir encontrar a seção que procura após rodar pela loja uma
Respeite a zona de transição. Ao entrar em uma loja, as pessoas
ou duas vezes, sairá sem pedir ajuda.
I
precisam desacelerar e selecionar os estímulos, o que significa que provavelmente se movimentarão com rapidez para reagir positiva
se outro cliente esbarrar nelas, mesmo que de leve, enquanto es tiverem olhando um display. Manter corredores amplos e livres é
que atravessam antes de fazer essa transição. Certifique-se de que as linhas de visão estão desobstruídas. Crie um ponto focal de
crucial. Em um cenário no qual as mulheres desempenham um papel de compra cada vez mais significativo do que os homens,
informações dentro da loja. A maioria das pessoas destras vira à
criar experiências de varejo para satisfazê-las é crucial. Limpeza,
direita ao entrar em uma loja.
juntos, criar uma cacofonia visual. Use uma sinalização concisa e dara - Nosso campeão de vendas' ou ‘Nosso melhor computador
de decisão de compra para as mulheres. I
Tome agradável o momento do pagamento. Nào deixe de expor ar
tigos de alta margem perto das caixas registradoras para atender
ea instale em locais que façam as pessoas se
as compras por impulso. As pessoas gostam de comprar balas ao
sentirem confortáveis em parar e focar adequadamente. Na vitrine,
saírem de supermercados - então satisfaça seu anseio por doces.
para estudantes’
indicações, displays e manequins comunicam melhor sua mensa gem quando dispostos a um ângulo de 10 a 15 graus na direção em que as pessoas se movem. I
controle, segurança e respeito estão entre os importantes fatores
Evite a poluição visual. Instalações de loja, informações no ponto
de venda, embalagens, sinalização e TVs de tela plana podem,
Lembre-se de que as mulheres precisam de espaço. As mulheres,
em especial, estarão bem menos propensas a comprar um item
mente à sinalização, às mercadorias ou aos vendedores na zona
I
Observe que os homens não fazem perguntas. Os homens sempre se
determinar o quanto compram. Para aumentar o tempo de compras,
Fontes: UNDERHILL. Paco. What Women Want The Science of Female Shopping. Nova York: Simon & Schuster. 2011; UNDERHILL Paco. Call of the MaH: The Geography of Shopping. Nova York: Simon & Schuster, 2004; UNDERHILL Paco.
pados e incentive aqueles com tempo livre a demorar mais. Na
Why We Buy: The Science ofShopping. Nma Ybrfc Simon & Schuster. 1999. Veja também: MOSS. Gloria.Time for Gatherers to Have More Clout in the Boardroom! Huffington Post. 3 jun. 2012:TARREN. Brian. Watchman. Research. 17 jul. 2012: BERFIELD, Susan. Getting the Most Out of Every Shopper. BusinessWeek. 9 fev.
Staples, os cartuchos de impressora são um dos primeiros itens que os compradores encontram ao entrar.
2009, p. 45-46; HEIN, Kenneth. Shopping Guru Sees Death of Detergent Aisle. Brandweek. 27 mar. 2006. p. 11.
Não force os cientes a caçar o que querem. Coloque os produtos
mais populares na frente da loja para atender aos clientes ocu
Os varejistas devem levar em consideração todos os sentidos ao moldar a experiência do
cliente. Ritmos variados de música afetam as médias de tempo e dinheiro gastos em supermer cados — música lenta pode gerar mais vendas. A Bloomingdale’s usa essências diferentes em
cada departamento: talco dc bebe na seção infantil; loção bronzeadora na de maiôs; lavanda na
de lingeries; e canela e pinho na época do Natal. Outros varejistas, como a Victoria’s Secret e a
Juicy Couture, usam perfumes de marca própria, que também são colocados à venda.42 ATIVIDADES E EXPERIÊNCIAS NA LOJA O crescimento do comércio eletrônico forçou os varejistas tradicionais a reagirem. Além de suas vantagens naturais, como produtos que os
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PARTE 6
ENTREGA DE VALOR
compradores podem ver, tocar c experimentar, atendimento pessoal ao diente c entrega ime diata para compras pequenas ou médias, oferecem também a experiência de compra como forte
diferencial.
A atmosfera da loja deve corresponder às motivações básicas dos compradores — se estive rem suscetíveis a um estado dc espírito funcional c orientado a tarefas, uma atmosfera dc loja
mais simples e contida é recomendável.43 Por outro lado, alguns revendedores de produtos experiendais passaram a criar entretenimento dentro das lojas para atrair clientes em busca
de diversão e animação.44 A RF.I, revendedora de equipamentos e roupas para atividades ao ar livre, permite aos consumidores experimentar equipamentos de escalada em paredes construí das na loja ou capas de chuva Gore-Tex sob uma tempestade simulada. As lojas Bass Pro Shops
também oferecem experiências intensas a seus clientes.45
I---------------BASS PRO SHOPS Varejista de equipamen tos esportivos, a Bass Pro Shops atende a
pesca no gelo até presen/ação ambiental tudo gratuito. Cada departamento está confi
'eles estão entrando em uma atração, não apenas em um espaço de varejo’ - e sào
caçadores, campistas, pescadores, velejadores e adeptos de outros tipos de atividade
gurado para reproduzir a experiência externa correspondente em apoio a demonstrações
recebidos por uma placa irreverente com os dizeres "Bem-vindos pescadores, caçadores
ao ar livre. Suas superlojas Outdoor World
e testes de produtos. No verão, os pais po
têm 60 mil metros quadrados ou mais e abrigam aquários gigantescos, cachoeiras,
dem levar seus filhos a um acampamento montado dentro de uma loja com uma série
e outros mentirosos'. Em 2012. 116 mi lhões de pessoas fizeram compras em uma
lagos com trutas, alvos para prática de arco e flecha e tiro, demonstrações de pesca
de atividades em todos os departamentos. A Bass Pro Shops cria uma forte conexão
mais de 80 quilômetros para chegar a uma loja da rede e permaneceu por mais de duas
com iscas artificiais e área coberta com um pequeno campo de golfe sem obstáculos,
com seus clientes fiéis desde o momen to em que entram na loja - passando por uma catraca projetada para destacar que
horas nela. Seu primeiro e maior showroom no Missouri é o destino turístico número um
além de diversas aulas que englobam desde
Bass Pro Shop e o cliente médio percorreu
do estado.
u*>j«MUV|/*nun|irtViz/iiww
COMUNICAÇÃO Os varejistas recorrem a uma variada gama dc fer ramentas de comunicação para gerar tráfego e compras nas lojas. Publicam propagandas, fazem liquidações, distribuem cupons de
descontos, enviam e-mails promocionais, promovem programas de
fidelidade, oferecem degustação de alimentos nas lojas e anunciam
mtj wovwo
descontos nas prateleiras ou nos caixas. Também aluam em conjunto com fabricantes para criar materiais de ponto de venda que reflitam a
imagem de ambos. O momento de disparo dos e-maiis é monitorado
e são criados com linhas de assunto chamativas e animação ou men
sagens c recomendações personalizadas. Os varejistas também usam mídias interativas e sociais para trans
mitir informações e criar comunidades em tomo de suas marcas. F.les
estudam o modo como os consumidores respondem a seus e-mails, não apenas onde c como as mensagens são lidas, mas também quais palavras e imagens levam a um clique. A Macy’s segmenta os clientes
em mais de uma dezena de grupos e envia diferentes e-mails para diferentes produtos.46 O site da rede de lanchonetes Houlihan, HQ,
obtém feedback imediato e sem filtro de 10,5 mil clientes especial mente convidados, chamados de ‘Houlifans’, em troca de informa ções privilegiadas sobre receitas e reformulações.4’
Considerando que 15% dos clientes mais fiéis de um varejista res pondem por até metade de suas vendas, os programas de recompensa
ganham cada vez mais sofisticação. Consumidores que aceitam com partilhar informações pessoais podem receber descontos, vendas se cretas ou antecipadas, ofertas exclusivas e créditos. A CVS conta com
A Bass Pro Shops Iet de Marketing
TRUQUES PARA CONSTRUIR UMA MARCA
Profissionais de marketing têm tirado proveito de vídeos vireis e outras
formas digitais de expressão para desenvolver encenações criativas ou ‘pegadinhas’ para promover suas marcas. As mais bem-sucedidas capturam a imaginação do público e ao mesmo tempo reforçam o po
sicionamento da marca. Seguem dois exemplos. Para demonstrar a qualidade de imagem de suas TVs Ultra HD. com
resolução até quatro vezes maior do que as TVs HD normais, a LG pro duziu um comercial com uma pegadinha usando uma câmera oculta
prêmio de consolação. Quanto mais tempo um participante fosse capaz
de fixar o olhar no S4. maior seria o desconto que teria na compra de um. Ambos os vídeos viralizaram com milhões de visualizações, reforçando
de forma divertida os principais benefícios que constituíam o posicio namento da marca. Fontes: BURNS. Wil. Samsung‘Stare Down’ the Latest Great Reality Prank. Forbes. 31 maio 2013: CHILDS, Nick. An Eye to Eye Phone Competition. FleishmanHiOard TRUE. 5 jun. 2013.Acesso em: 1. nov. 2018; BURNS. Will. LG Ultra HDTV: A Product Demo for the A^s. Forbes. 5 set 2013; RODRIGUEZ. Salvador. LG Hidden-Camera Prank Ad for Ils Ultra HDTV Goes Viral. LosAngeles Times. 7 set 2013.
no Chile. Em um escritório localizado no alto de um prédio, a empresa substituiu a grande janela com vista para a cidade por uma de suas
TVs Ultra HD exibindo o mesmo cenário. Então, filmaram candidatos a emprego desavisados sendo entrevistados por um ator posando de empregador. Tudo corre bem até que, no meio da entrevista, vê-se um
grande meteoro colidindo com a cidade e uma nuvem imensa de poeira vindo em direção ao edifício. Todos os entrevistados tentam manter a calma, mas as imagens realistas acabam levando a melhor e eles
acabam entrando em pânico.
Para demonstrara tecnologia de rastreamento ocular de seu novo celular Galaxy S4, a Samsung lançou o desafio Stare Down (Olhe fixamente). 0 conceito era simples. Qualquer pessoa que conseguisse manter contato visual com um aparelho S4 por uma hora inteira em um ambiente púbico
movimentado ganharia o telefone. 0 celular foi colocado ao nível dos olhos, mas, com o passar do tempo, surgem distrações que chamam a atenção: um policial puxando um pastor alemão que late, uma banda de
um homem só vagando pelo ambiente tocando música alta, uma moto batendo em um carrinho de flores e assim por diante. Havia também um
Uma peg^cinha da LG com candidatos a emprego aterrorizados demonstrou com
.haádade a qualidade de imagem de suasTVs Ultra HD.
INTEGRAÇÃO DOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO Apesar dc a comunicação pessoal gcralmcntc
ser mais eficaz do que a comunicação de massa, os meios de massa podem ser o estímulo mais
importante da comunicação pessoal. A comunicação de massa afeta atitudes e comportamentos
PLANEJAMENTO E GESTÃO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING
individuais por meio dc um processo dc fluxo dc comunicação cm duas etapas. Comumente, as ideias fluem do rádio, da TV e da imprensa para os formadores de opinião e destes para os grupos da população menos envolvidos com a mídia.31
Esse fluxo em duas etapas possui diversas implicações. Primeiro, a influência dos meios
de comunicação de massa sobre a opinião pública não é tão direta, poderosa e automática quanto sc pensa, mas c mediada pelos formadores dc opinião — pessoas cuja opinião c se
guida por outras ou pessoas que levam suas opiniões a outras. Em segundo lugar, o fluxo em
duas etapas contesta a ideia de que os estilos de consumo são influenciados sobretudo por
um efeito de ‘gotejamento descendente’ ou ‘gotejamento ascendente’ (efeitos obtidos pouco a pouco, de forma gradual) dos meios de comunicação de massa. As pessoas interagem ini cialmente dentro de seu próprio grupo social e adotam as ideias dos formadores de opinião
desse grupo. Terceiro, a comunicação em duas etapas sugere que os comunicadores de massa
devem direcionar mensagens cspccificamcntc aos formadores dc opinião c deixar que estes as levem a outras pessoas.
ESTABELECIMENTO DO ORÇAMENTO TOTAL DE COMUNICAÇÃO DE MARKETING Uma das decisões de marketing mais difíceis é definir quanto investir em comunicação. John Wanamaker, o magnata das lojas de departamentos, certa vez confessou: “Sei que metade de
minha propaganda é inútil, mas não sei qual metade”. O investimento em comunicação varia muito de setor para setor e de empresa para empre
sa. Os gastos podem variar de 40 a 45% das vendas no setor de cosméticos, mas somente de 5 a 10% no setor de equipamentos industriais. Mesmo dentro de determinado setor, há empresas
que gastam mais e empresas que gastam menos.
Como as empresas decidem sobre o orçamento de comunicação? Descreveremos a seguir quatro métodos comuns: o método dos recursos disponíveis, o método da porcentagem das vendas, o método da paridade com a concorrência e o método de objetivos e tarefas.
MÉTODO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS Algumas empresas estabelecem o orçamento para co municação de acordo com o que acham que podem gastar com isso. O método dos recursos
disponíveis ignora completamente o papel da comunicação como investimento e seu impacto
instantâneo no volume de venda e leva a um orçamento anual incerto que dificulta o planeja
mento de longo prazo. MÉTODO DA PORCENTAGEM DAS VENDAS Algumas empresas estabelecem gastos de comu nicação com base em determinada porcentagem de vendas atuais ou previstas ou do preço de
venda. As empresas automobilísticas costumam destinar um percentual fixo para comunicação
com base no preço calculado do carro. Já as empresas dc petróleo estabelecem o orçamento a partir de uma fração de centavo para cada litro vendido da gasolina de sua marca. O método da porcentagem das vendas não se justifica muito porque encara as vendas
como determinante da comunicação c nào como seu resultado, o que leva a um orçamento estabelecido pela disponibilidade de fundos e não por oportunidades de mercado, desenco rajando iniciativas mais ousadas, como comunicações anticíclicas c investimentos agressivos.
Além disso, a dependência das flutuações das vendas ano a ano interfere no planejamento de longo prazo. A única base lógica para a escolha da porcentagem específica é o que foi feito
no passado ou o que os concorrentes têm feito. Por fim, o método não incentiva o desen volvimento de um orçamento para comunicação que determine o que cada produto e cada
território merecem. MÉTODO DA PARIDADE COM A CONCORRÊNCIA Algumas empresas estabelecem seu orça
mento de comunicação para alcançar paridade com os orçamentos dos concorrentes. Essa
abordagem, porém, também tem seus problemas. Não há motivos para acreditar que os con correntes saibam o quanto deve ser gasto com comunicação. A reputação de cada empresa,
seus recursos, oportunidades e objetivos são tão diferentes que os orçamentos de comunicação dificilmente servirão dc parâmetro. Alcm disso, nada indica que os orçamentos baseados na
paridade com a concorrência desencorajem guerras de comunicação.
CAPÍTULO 19
629
630
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
MÉTODO DE OBJETIVOS E TAREFAS O método mais defensável, o dc objetivos c tarefas, leva os
profissionais de marketing a desenvolver orçamentos de comunicação definindo objetivos espe
cíficos, determinando as tarefas que devem ser executadas para alcançar tais objetivos e avaliando os custos para executá-los. A soma desses custos é o orçamento de comunicação proposto. Suponhamos que a Dr. Pepper Snapple queira lançar uma bebida energética natural chama
da Sunburst para praticantes amadores dc esportes.32 Seus objetivos poderíam ser os seguintes: 1.
Estabelecer a meta de participação de mercado. A empresa estima um potencial de 50 milhões
de usuários e estabelece a meta de atrair 8% do mercado, isto é, quatro milhões de usuários. 2. Determinar a porcentagem do mercado a ser atingida pela propaganda. O anunciante
espera atingir 80% do mercado (40 milhões de clientes potenciais) com sua mensagem de propaganda.
3.
Determinar a porcentagem de clientes potenciais cientes da marca que deveríam serpersuadi
dos a experimentá-la. O anunciante ficaria satisfeito se 25% dos clientes potenciais conscienti zados (10 milhões) experimentassem o Sunburst, porque estima-se que 40% dc todos os clientes que experimentarem o produto se tomarão usuários fiéis. Essa é a meta de mercado.
4.
Determinar o número de exposições de propaganda por 1% do índice de experimentação.
O anunciante estima que 40 exposições dc propaganda para cada 1% da população deve ríam originar uma taxa de experimentação de 25%. 5.
Determinar o GRP (pontos de audiência bruta, do inglês gross rating points) que teria de
ser comprado. O GRP é uma unidade que equivale a uma exposição para 1% da populaçãoalvo. Visto que a empresa deseja alcançar 40 exposições para 80% da população, lerá de comprar 3.200 GRPs. 6.
Determinar o orçamento de propaganda necessário com base no custo médio de com pra de um GRP. Supondo que uma exposição a 1% da população-alvo cusle em média US$ 3.277 nos F.stados Unidos, 3.200 GRPs de classificação custariam USS 10.486.400
(US$ 3.277 x 3.200) no ano dc lançamento.
O método de objetivos e tarefas possui a vantagem de exigir que a administração explicite suas premissas sobre a relação entre a quantia gasta, o nível dc exposição, o índice dc experi
mentação e o uso regular.
COMPENSAÇÕES NO ORÇAMENTO DE COMUNICAÇÃO Uma questão essencial a ser considerada é
a importância que a comunicação de marketing deve receber em comparação a alternativas como
melhoria do produto, preços mais baixos ou melhores serviços. A resposta depende do estágio do ciclo de rida dos produtos da empresa, se são genéricos ou allamente diferenciados, se são neces
sários regularmente ou se precisam ser ‘vendidos’, além de outras considerações. Os orçamentos
de comunicação de marketing costumam ser maiores quando há pouco apoio do canal de distri buição, muitas alterações no programa dc marketing ao longo do tempo, muitos clientes difíceis dc atingir, tomada de decisões mais complexas por parte dos clientes, produtos diferenciados, neces
sidades heterogêneas dos clientes e compras frequentes do produto em quantidades pequenas.3-'
Na teoria, o orçamento total de comunicação deveria ser estabelecido de modo que o lucro
marginal do último dólar de comunicação apenas se igualasse ao lucro marginal do último dólar dc melhorias não advindas da comunicação. Entretanto, implementar esse princípio não é fácil.
Decisão sobre o mix de comunicação de marketing As empresas devem distribuir o orçamento de comunicação entre as oito principais formas dc comunicação: propaganda, promoção de vendas, eventos e experiências, relações públicas e pu
blicidade, marketing on-line e de mídias sociais, mobile marketing, marketing direto e interativo
c força dc vendas. Em um mesmo setor, as empresas podem diferir consideravelmente quanto
às escolhas das formas e canais. A Avon concentra seus recursos de comunicação nas vendas pessoais, enquanto a Revlon investe pesadamente em propaganda. A Eleclrolux fez grandes in vestimentos em força dc vendas porta a porta durante anos, enquanto a Hoover focou mais em
propaganda. A Tabela 19.2 prevê os gastos em algumas das principais formas de comunicação.
PLANEJAMENTO E GESTÃO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING
Tabela 19.2 Investimentos em propaganda e maiketing digital em 2016 Participação de gastos globais em propaganda por mídia - 2016
Cinema Internet no PC
(%)
0.5%
17,9%
Revistas
7.9%
Internet móvel
2,7%
Jornais
17,0%
Outdoor
6,9%
Rádio
6,9%
TV
40,2%
Fonte: Executive Summary: Advertising Expenditure Forecasts December 2013. ZenrthOptimedia. Disponível em: . Acesso em: 30 ago. 2018. Comunicações de marketing digital nos EUA - 2016 Display
26.4%
E-mail marketing
2.4%
Mobile marketing
25.5%
Marketing de busca
37.5%
Mídias sociais
8.2%
Fonte: dados extraídos de Forrester Research Online Display Advertising Forecast 2014 a 2019 (US). 21 maio 2014; Forrester Research Search Engine Marketing Forecast 2014 a 2019 (US). 8 mak) 2014: Forrester Research Mobile Advertising Forecast 2014 a 2019 (US). 5 maio 2014: Forrester Research Social Media Forecast. 2014 a 2019 (US). 4 abr. 2014: Forrester Research Email Marketing Forecast 2013 a 2018 (US). 8 jul. 2013.
As empresas sempre buscam maneiras de aumentar sua eficiência substituindo uma ferra
menta de comunicação por outra. Muitas substituíram algumas atividades de venda de campo
por propaganda, mala direta e telemarketing. Depois que certa revendedora de automóveis de mitiu cinco vendedores e reduziu preços, as vendas dispararam. A alternância das ferramentas
de comunicação explica por que as funções de marketing precisam estar coordenadas.
CARACTERÍSTICAS DO MIX DE COMUNICAÇÃO
DE MARKETING Cada ferramenta dc comunicação tem custos próprios c características exclusivas. Isso será abordado sucintamente aqui e em detalhes nos Capítulos 20,21 e 22.
PROPAGANDA A propaganda alcança consumidores dispersos geograficamente. Pode desen
volver uma imagem duradoura para um produto (os anúncios da Coca-Cola) ou desencadear
vendas rápidas (um anúncio da Macy’s sobre uma liquidação de fim de semana). Algumas formas de propaganda, como anúncios na TV, podem exigir um orçamento maior, enquanto outras, como anúncios cm jornais, podem custar menos. A mera existência dc uma propaganda
pode exercer efeito sobre as vendas. Os consumidores talvez acreditem que uma marca muito
anunciada ofereça um ‘bom valor’.34 Visto que existem muitas formas e utilizações da propa ganda, é difícil fazer generalizações.33 Contudo, podemos notar as seguintes qualidades: 1.
Penetração — A propaganda permite que a mensagem seja repetida muitas vezes e que o consumidor receba c compare a mensagem dc vários concorrentes. A propaganda cm larga
escala transmite algo positivo sobre o tamanho, o poder e o sucesso do fornecedor. 2.
Aumento da expressividade — A propaganda oferece oportunidades para colocar em cena
a empresa e suas marcas e produtos por meio do uso artístico da impressão, do som e da cor. 3.
Controle — O anunciante pode escolher os aspectos da marca e do produto nos quais focar suas comunicações.
PROMOÇÃO DE VENDAS As empresas utilizam ferramentas de promoção de vendas como cupons,
concursos, prêmios c outras para atrair uma resposta mais intensa e rápida do consumidor, incluindo
CAPÍTULO 19
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632
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
efeitos dc curto prazo como chamar mais atenção para o lançamento dc produtos ou aumentar ven
das em declínio. As ferramentas de promoção de vendas oferecem trés benefícios característicos: 1.
Capacidade de chamar a atenção — Atraem atenção e geralmente levam o consumidor ao produto.
2. Incentivo — Incorporam algum tipo de concessão, estímulo ou contribuição valiosa para o
consumidor. 3.
Convite — Constituem um convite especial para efetuar a transação imediatamente.
EVENTOS E EXPERIÊNCIAS Existem diversas vantagens ligadas a eventos e experiências, con tanto que sejam:
1. Relevantes — Um evento ou experiência bem escolhidos podem ser vistos como extrema
mente relevantes à medida que o consumidor seja pcssoalmcntc envolvido. 2. Envolventes — Por ocorrerem ao vivo e em tempo real, eventos e experiências são conside
rados mais ativamente envolventes pelos consumidores. 3.
Implícitos — Os eventos costumam ser um tipo dc venda indireta c ‘não agressiva’.
RELAÇÕES PÚBLICAS E PUBLICIDADE Os profissionais dc marketing tendem a subutilizar a
atividade de relações públicas; no entanto, um programa bem elaborado e coordenado com outros elementos do mix de comunicação pode ser exlremamente eficaz, sobretudo se uma empresa precisa contestar percepções distorcidas por parte dos consumidores. O apelo das ati
vidades de relações públicas e publicidade baseia-se em três características distintas: 1. Alta credibilidade — Matérias e artigos em jornais e revistas são mais autênticos e confiá
veis para os leitores do que propagandas. 2.
Possibilidade de atingir consumidores arredios — A atividade dc relações públicas pode atingir clientes potenciais que preferem evitar a mídia de massa e as comunicações dirigidas.
3.
Dramatização — A atividade de relações públicas pode contar uma história a respeito de
uma empresa, marca ou produto. MARKETING ON-LINE E DE MÍDIAS SOCIAIS O marketing e as mensagens on-line podem assumir
diversas formas para interagir com os consumidores quando estão envolvidos em uma busca ativa ou apenas navegando pela internet para passar o tempo. Três características são compartilhadas: 1.
Abundância — Muitas informações ou formas de entretenimento podem ser oferecidas —
tantas quanto um consumidor quiser.
2.
Interatividade — Informações podem ser alteradas ou atualizadas dependendo da resposta
de determinado consumidor. 3. Atualização — Uma mensagem pode ser preparada muito rapidamente e difundida pelos
canais de mídia social.
MOBILE MARKETING Cada vez mais, o marketing on-line e de mídias sociais dependem de formas móveis de comunicação e celulares ou tablets. Trés características distintivas do mobile
marketing são: 1.
Oportunismo — As comunicações móveis podem refletir o senso de urgência e também
quando e onde um consumidor está.
2.
Influência — As informações recebidas ou obtidas por meio do celular podem atingir e influenciar os consumidores no momento de decisão da compra.
3.
Onipresença — Os consumidores costumam levar seus celulares a todos os lugares, portan to, as comunicações móveis estão na ponta dos dedos das pessoas.
MARKETING DIRETO E INTERATIVO O advento do Big Data deu aos profissionais de marketing
a oportunidade de aprender ainda mais sobre os consumidores e desenvolver comunicações de marketing mais pessoais c relevantes. As características notáveis do marketing direto c interativo são:
1. Personalização — Fatos, opiniões e experiências de natureza pessoal podem ser armazena dos em bancos de dados imensos e incorporados a mensagens pessoais.
2.
Proatividade — Uma peça dc marketing direto pode chamar a atenção, informar os consu midores e induzir à ação.
PLANEJAMENTO E GESTÃO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING
3.
CAPÍTULO 19
633
Complementaridade — Informações de produtos podem ser fornecidas como apoio a ou
tras comunicações de marketing, especialmente em termos de comércio eletrônico. Um
catálogo bem elaborado pode estimular as compras on-line. VENDAS PESSOAIS A venda pessoal é a ferramenta mais eficaz nos estágios mais avançados do processo de compra, especialmente para desenvolver a preferência e a convicção do consumi
dor e levá-lo à ação. As vendas pessoais possuem três características distintas: 1.
Customização — Uma mensagem pode ser criada para atrair qualquer indivíduo.
2.
Relacionamento — As relações pessoais dc venda podem variar dc um simples relaciona mento profissional a uma genuína amizade pessoal.
3.
Resposta — Com frequência, o comprador pode fazer escolhas pessoais e é estimulado a
responder diretamente.
FATORES PARA 0 ESTABELECIMENTO DO MIX DE COMUNICAÇÃO DE MARKETING As empresas devem considerar diversos fatores no desenvolvimento do mix de comunicação: o
tipo de mercado de produto, a disposição do consumidor em fazer uma compra e o estágio do
ciclo de vida do produto. TIPO DE MERCADO DE PRODUTO Empresas que vendem ao consumidor final tendem a gastar
mais com promoção de vendas e propaganda, enquanto as que têm como clientes outras em
presas gastam mais com vendas pessoais. Dc modo geral, as vendas pessoais são mais utilizadas no caso de mercadorias complexas, caras e que dão margem a riscos em mercados ocupados
por um número limitado de empresas de grande porte (isto é, em mercados organizacionais). Embora nos mercados organizacionais as empresas deem preferência às visitas dc vendas, a propaganda ainda tem um papel significativo: I
A propaganda pode apresentar a empresa e seus produtos.
I
Se o produto incorpora novas características, a propaganda pode esclarecê-las.
I
Quando se trata de um lembrete, a propaganda é mais econômica do que as visitas de
vendedores. I
Anúncios que oferecem material informativo sobre o produto e que contêm o número de telefone da empresa são uma forma eficaz de gerar indicações de venda aos vendedores.
I
Os vendedores podem utilizar os anúncios para legitimar a empresa c seus produtos.
I
A propaganda pode lembrar o cliente de como utilizar o produto e tranquilizá-lo quanto à
compra. A propaganda associada às vendas pessoais pode elevar as vendas acima do que seria alcan çado somente com as vendas pessoais. A propaganda corporativa c capaz, ainda, de melhorar
a reputação da empresa e aumentar as chances de a força de vendas provocar uma primeira impressão favorável e a rápida adoção do produto. A ação de marketing corporativo da IBM alcançou notável sucesso nos últimos anos.36
PLANETA MAIS INTEUGENTE IBM Em con
mundo são solucionáveis agora. A campanha
energia, saúde, educação e segurança pública.
junto com a agência de propaganda Ogilvy &
começou intemamente para informar e inspirar
0 sucesso da campanha ficou evidente nas me
Mather, a IBM lançou a campanha Smarter Pla
os funcionários da IBM sobre como poderiam
lhorias significativas na imagem da IBM como
net (Planeta mais inteligente) em 2008 como
contribuir para a construção de um planeta mas
uma empresa que ‘toma o mundo melhor’ e que
uma estratégia de negócios e um programa de
inteligente'. Seguiram-se, então, anúncios im
é reconhecida por resolver os problemas mas
comunicações multiplataforma. 0 objetivo era
pressos em um formato inusitadamente longo e
desafiadores de seus clientes’. Apesar de uma
promover como a tecnologia e a experiência da
ricos em conteúdo, anúncios de TV segmentados
recessão, ocorreram aumentos consideráveis em
IBM ajudam governos, bem como as áreas de
e anúncios interativos detalhados on-line. Uma
novas oportunidades de negócios e no número
transporte, energia, educação e saúde e outras
tumê Smarter Cities (Cidades mais inteligen
de empresas interessadas em fazer negócios
empresas, a trabalhar melhor e de modo ‘mais
tes) sediou grandes eventos nos quais a IBM e
com a IBM. As ações da empresa subiram de
inteligente'. 0 mote central era que a tecnolo
outros especialistas discutiram e debateram os
US$ 80 no início da campanha para mais de
gia evoluiu tanto que muitos dos problemas do
desafios que toda odade enfrenta: transporte.
US$ 200 cinco anos depois.
634
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Por outro lado, as vendas pessoais também podem
exercer um papel importante no marketing de bens de consumo. Algumas empresas dc consumo utilizam a equipe de vendas principalmente para anotar os pedidos semanais dos revendedores e verificar se o estoque do produto está no nível ideal. No entanto, uma equipe dc
vendas bem treinada pode oferecer quatro contribuições importantes:
1. Aumento do estoque no varejo — Os represen
tantes de vendas podem persuadir os revende dores a aumentar o estoque e dedicar mais espa ço na prateleira para a marca da empresa.
2.
Desenvolvimento do entusiasmo — Os repre
sentantes dc vendas podem aumentar o entu siasmo antecipando aos revendedores a pro paganda planejada e o suporte da empresa à
promoção dc vendas.
3.
Venda missionária — Os representantes de
vendas podem cadastrar mais revendedores. Gerenciamento de contas-chave — Os repre
sentantes de vendas podem assumir a respon sabilidade de gerar mais negócios com as contas
mais importantes.
ESTÁGIO DE DISPOSIÇÃO DO COMPRADOR A relação custo-benefício das ferramentas de comunicação varia em A camparha de anúncios corporativos Smarter Planet da IBM metiorou a imagem da empresa e impulsionou as vendas.
cada estágio da disposição do consumidor para comprar. A Figura 19.4 mostra a relação custo-benefício relativa de quatro ferramentas de comunicação. A propaganda e a publicidade desempenham os papéis mais importantes no estágio de desen volvimento da conscientização. O conhecimento é mais fortemente aletado pela propaganda e as
vendas pessoais. Já a persuasão é influenciada, sobretudo, pelas vendas pessoais. O fechamento de
uma venda é influenciado fundamenlalmente pelas vendas pessoais e pela promoção de vendas. Por fim, a renovação de pedidos é primordialmente influenciada pelas vendas pessoais e as pro
moções de vendas e até certo ponto pela propaganda recordatória. Note também que as atividades on-line podem aletar praticamente qualquer estágio.
Figura 19.4 Relação custo-benefício de três ferramentas de comunicação em diferentes estágios de disposição do comprador
| Propaganda e publicidade
■ fromocão de «ndas
□ Vendas pessoas
ESTÁGIO DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO No estágio de introdução, a propaganda, os eventos e experiências c a publicidade tem a relação custo-benefício mais positiva, seguidos pelas vendas
PLANEJAMENTO E GESTÃO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING
CAPÍTULO 19
pessoais, para aumentar a cobertura dc distribuição, c pela promoção dc vendas c o marketing
direto, com o objetivo de induzir a experimentação do produto. No estágio de crescimento, a
demanda é impulsionada pela comunicação boca a boca e pelo marketing interativo. Durante o estágio de maturidade, a propaganda, os eventos e experiências e as vendas pessoais tornam-se mais importantes. No estágio de declínio, a promoção de vendas continua forte, outras ferramen
tas de comunicação são reduzidas e os vendedores dão o mínimo possível de atenção ao produto.
MENSURAÇÃO DOS RESULTADOS DA COMUNICAÇÃO A alta gerencia deseja saber os resultados e as receitas obtidos com os investimentos cm comunica ção, mas, com frequência, os diretores da área de comunicação fornecem apenas dados e despesas:
contagens de clippings de jornais e revistas, números de anúncios veiculados ou custos de mídia. Em busca de objetividade, tentam traduzir os dados em resultados intermediários, como alcance e fre
quência (a porcentagem do mercado-alvo exposta a uma comunicação e o número de exposições), índices de recall e reconhecimento, mudanças de persuasão e cálculos de custo por miL Em última
análise, são os indicadores dc mudanças comportamentais que dirão se o esforço valeu a pena.
Depois de implementar o plano de comunicação, o executivo em questão precisa avaliar o impacto no público-alvo. Deve-se perguntar a integrantes desse grupo se reconhecem ou lem bram da mensagem, quantas vezes a viram, que pontos foram mais marcantes, o que sentiram
em relação à mensagem transmitida e quais são suas atitudes anteriores e atuais em relação ao produto e à empresa. Também se devem reunir dados comportamentais da resposta do públi
co, como quantas pessoas compraram o produto, quantas gostaram dele e quantas falaram a
respeito dele a outras pessoas. A Figura 19.5 ilustra uma avaliação eficaz de feedback Constatamos que 80% dos con sumidores do mercado total estão cientes da marca A, 60% a experimentaram c apenas 20%
dos que a experimentaram ficaram satisfeitos. Isso indica que o programa de comunicação de marketing é eficaz para criar conscientização, mas o produto não atende às expectativas do consumidor. Por outro lado, apenas 40% dos consumidores do mercado total estão cientes da
marca B e apenas 30% a experimentaram, mas 80% daqueles que a experimentaram ficaram
satisfeitos. Nesse caso, o programa de comunicação de marketing precisa ser fortalecido para tirar vantagem da força da marca.
Figura 19.5 Posição atual dos consumidores em relação a duas marcas Marca A
Marca B
20% nào estão cientes 60% não estão cientes
40%
não experimentaram
100%
do mercado
80% estão dentes
20% _ estão satisfeitas
80% estão satisfeitos
100%
do mercado 60%
80% nàoaprwaram
40% estão dentes
e-penr-eTaram
70% nào experimentaram
20% nào aprwaram
30% eiperimentaram Total
Conscientização Experimentação da marca
Satisfação
Total
Conscientização
Experinentação da marca
Gerenciamento do processo de comunicação integrada de marketing A American Marketing Association define a comunicação integrada de marketing (CIM)
como “um processo de planejamento destinado a assegurar que todos os contatos da marca
com um cliente ou consumidor em potencial relativo a um produto, serviço ou organização
—
Satisfação
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PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
sejam relevantes para essa pessoa c consistentes ao longo do tempo”. Quando bem executado, esse processo de planejamento avalia os papéis estratégicos de uma série de disciplinas da co
municação e habilmente as combina dc modo a oferecer clareza, coerência c impacto máximo
por meio de mensagens integradas com coesão. A ampla gama de ferramentas de comunicação, mensagens e públicos torna obrigatório que
as empresas caminhem para uma comunicação integrada dc marketing. É preciso adotar uma ‘visão de 360 graus’ do consumidor para compreender plenamente todas as diferentes formas pelas quais a comunicação pode influenciar seu comportamento cotidiano?'
Para facilitar a contratação dc diversos serviços ao mesmo tempo, as principais agências ad quiriram outras agências especializadas em promoção, empresas de relações públicas, consulto
rias de design e embalagem, desenvolvedores dc sites c especialistas cm mala direta. Elas têm se re definido como empresas de comunicação que ajudam os clientes a melhorar a eficácia geral de suas
comunicações, oferecendo consultoria estratégica e prática sobre muitas formas de comunicação.
Essas capacidades expandidas tornam mais fácil para as empresas reunir várias proprieda des da comunicação — bem como os serviços de marketing correlacionados — em um progra ma de comunicação integrada. A Tabela 19.3 mostra as diferentes linhas de negócios do maior conglomerado de serviços de comunicação do mundo, a WPP.
Tabela 19.3 Unhas de negócios da WPP Propaganda
Serviços de propaganda global, nacional e especializada prestados por uma série de grandes agências internacionais e especializadas, entre elas Bates CHI & Partners, Grey. JWT. Ogilvy & Mather, United Network e Y&R. Gerenciamento de investimento em mídia
Planejamento e contratação de mídias de comunicação de massa e mídias alternativas, além de patrocínio
especializado e serviços de entretenimento de marca das empresas do GroupM: MediaCom, MEC, Mindshare. Maxus e outras.
Visão do consumidor
As empresas Kantar da WPP, incluindo TNS, Millward Brown, The Futures Company e muitas outras especializadas em marca, consumo, mídia e visão de mercado, atuam em conjunto com os clientes para gerar e aplicar grandes insights.
Relações públicas e assuntos governamentais
Serviços corporativos, ao consumidor, financeiros e de construção de marca prestados pelas empresas de relações públicas e lobby dos grupos Burson-Marsteller. Cohn & Wolfe. Hill & Knowlton Strategies, Ogilvy
Public Relations Worldwide, RLM Finsbury e outras. Branding e identidade corporativa
Serviços de criação e branding para consumidores, empresas e funcionários - abrangendo identidade visual, embalagem, literatura, eventos, treinamento e arquitetura - prestados pelas agências Addison, The Brand
Union. FITCH. Lambie-Nairn, Landor Associates. The Partners e outras. Marketing direto, promocional e de relacionamento
A gama completa de serviços gerais e especializados de cliente, canal, campo, varejo, promocional e ponto de
venda das empresas AKQA. Geometry Global, OgilvyOne. RTC Relationship Marketing, VML, Wunderman e outras. Comunicação especializada em saúde GCI Health, ghg, Ogilvy Healthworld Worldwide. Sudler & Hennessey e outras fornecem soluções integradas
de marketing para saúde, desde propaganda até educação médica e marketing on-line. Comunicação especializada Uma ampla gama de serviços especializados, desde mídia personalizada e marketing multicultural até eventos, esportes, marketing para jovens e de entretenimento: serviços corporativos e B2B; serviços de
mídia, tecnologia e produção. WPP Digital Por meio da WPP Digital, as empresas WPP e seus clientes têm acesso a um portfolio de especialistas
digitais, incluindo 24/7 Media, Blue State Digital e POSSIBLE.
Fonte: adaprado de WPR What We Do. Disponível em: . Acesso em: 30 ago. 2018. Usado com permissão.
PLANEJAMENTO E GESTÃO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING
CAPÍTULO 19
637
COORDENAÇÃO DE MÍDIAS A coordenação de mídias pode ocorrer entre diferentes tipos de mídia e no âmbito de cada um, mas os profissionais de marketing devem combinar os canais de comunicação pessoais e não
pessoais por meio de campanhas de múltiplos veículos e múltiplos estágios para alcançar máxi
mo impacto e aumentar o alcance e o impacto da mensagem. As promoções e os chamamentos on-line podem ser mais eficazes quando combinadas com
a propaganda, por exemplo.38 A conscientização e as atitudes provocadas pelas campanhas de propaganda conseguem aumentar o sucesso dos apelos de vendas mais diretos. A propaganda pode transmitir o posicionamento dc uma marca c bcneficiar-sc da propaganda dc exposição
on-line ou do marketing de mecanismo de busca que ofereça uma incitação à ação mais forte.39 Muitas empresas passaram a coordenar suas atividades dc comunicação on-line e off-line.
A menção do endereço eletrônico em propagandas (principalmente impressas) e embalagens permite que as pessoas explorem os produtos da empresa em sua totalidade, saibam a localiza
ção das lojas c obtenham mais informações sobre bens c serviços. Ainda que os consumidores não efetuem um pedido pela internet, podem usar o site de forma a serem direcionados às lojas
com o intuito de comprar.
IMPLEMENTAÇÃO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING Diversos clientes internacionais como IBM (Ogilvy), Colgate (Red Fuse da WPP) e GE (BBDO)
optaram por concentrar uma parcela considerável de seu trabalho de comunicação em uma
única agencia que ofereça serviços completos. O resultado disso c uma comunicação dc marke ting mais integrada e eficaz a um custo total muito mais baixo.
A comunicação integrada de marketing é capaz de produzir uma mensagem mais coerente e contribuir para o desenvolvimento de brand equity c a geração de um impacto mais expressivo
nas vendas.40 Ela força a gerência a refletir sobre todas as formas pelas quais o cliente estabelece contato com a empresa, como a empresa comunica seu posicionamento, a importância relativa
de cada veículo e as questões de timing. Também atribui a alguém — que antes nào existia — a responsabilidade de unificar as imagens e as mensagens da marca à medida que passam pelas milhares de atividades da empresa. A CIM deve aprimorar a capacidade da empresa de atingir os clientes certos com as mensagens certas, no momento certo e no local certo.41 A seção Memoran
do de marketing: Até que ponto seu programa de CIM é integrado? apresenta algumas orientações.
MEMORANDO DE ATÉ QUE PONTO SEU PROGRAMA DE CIM É INTEGRADO?
I
Ao avaliar o impacto conjunto de um programa de CIM. o principal
até que ponto as informações transmitidas por diferentes opções de
objetivo é criar o programa de comunicação mais eficaz e eficiente pos
comunicação compartilham o mesmo significado. A coerência e a
sível. Os seis critérios apresentados a seguir podem ser usados para
coesão da imagem da marca são importantes porque determinam a
ajudar a determinar se a comunicação está realmente integrada.
I
facilidade com que as associações e as respostas existentes podem
Cobertura. A cobertura é a proporção do público atingjda em cada
ser lembradas, bem como a facilidade com que outras associações
opção de comunicação empregada, assim como o tanto de sobrepo
sição existente entre as opções. Em outras palavras, até que ponto
as diferentes opções de comunicação atingem o mercado-alvo de signado e os mesmos, ou diferentes, consumidores que o integram?
I
Contribuição. A contribuição é a capacidade inerente que cada co municação de marketing tem de gerar a resposta do consumidor e
os efeitos de comunicação desejados na ausência de exposição a qualquer outra opção de comunicação. Em que medida a comuni
cação influencia o processamento pelo consumidor e cria conscien tização, aprimora a imagem, provoca respostas e induz vendas?
Compartilhamento. 0 compartilhamento é o grau em que associa ções comuns sào reforçadas pelas opções de comunicação, isto é,
e respostas podem ser vinculadas à marca na memória.
I
Complementaridade. De modo geral, as opções de comunicação são mais eficazes quando utilizadas em sequência. A complemen
taridade está relacionada ao grau em que associações e vínculos diferentes são enfatizados pelas opções de comunicação. Para
um posicionamento eficaz, as marcas geralmente precisam esta belecer múltiplas associações. Diversas opções de comunicação de marketing podem ser mais apropriadas para estabelecer um tipo específico de associação com a marca; por exemplo, o pa
trocínio de uma causa pode melhorar as percepções de confiança
638
I
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
e credibilidade de uma marca, mas comerciais de TV e anúncios
- comunicando-se bem com consumidores que tenham ou não tido
impressos podem ser necessários para comunicar suas vantagens de desempenho.
contato com outras comunicações - é de extrema importância.
Versatilidade. Em qualquer programa de comunicação integrada, a
mensagem será nova para alguns consumidores e não para outros. A versatilidade significa até que ponto uma opção de comunicação
I
Custo. A avaliação das comunicações de marketing em todos esses
critérios deve ser comparada com seu custo, para que se chegue ao
programa de comunicação mais eficaz e eficiente.
de marketing é forte e funciona para diferentes grupos de consumi
Fonte: Adaptado de KELLER. Kevin Lane. Strategic brand management. 4. ed.
dores. A capacidade da comunicação de trabalhar em dois níveis
Upper Saddle River, NJ: Pearson. 2013.
Resumo 1. 0 marketing moderno exige mais do que desenvolver um bom
6. A elaboração da comunicação requer a solução de três proble
produto, estabelecer preços atraentes e tomá-lo acessível aos clientes-alvo. As empresas também precisam se comunicar com
mas: o que dizer (estratégia de mensagem), como dizer (estratégia criativa) e quem deve dizer (fonte da mensagem). Os canais de
os stakeholders atuais e potenciais e com o público em geral. 2. 0 mix de comunicação de marketing é composto por oito formas
comunicação podem ser pessoais (canais defensores, especiali zados e sociais) ou não pessoais (mídia, atmosferas e eventos).
principais de comunicação: propaganda, promoção de vendas, re lações públicas e publicidade, eventos e experiências, marketing
7. Embora existam outros métodos, o mais recomendável é o de ob jetivos e tarefas para definição do orçamento de comunicação,
on-line e de mídias sociais, mobile marketing, marketing direto e
que leva os profissionais de marketing a desenvolver seus orça
vendas pessoais. 3. 0 processo de comunicação compõe-se de nove elementos:
mentos mediante a definição de objetivos específicos. 8. Ao decidir sobre o mix de comunicação de marketing, os profis
emissor, receptor, mensagem, meio, codificação, decodificação, resposta, feedback e ruído. Para transmitir mensagens, os profis
sionais de marketing precisam examinar as vantagens e os custos específicos de cada ferramenta de comunicação e a classificação
sionais de marketing precisam codificar suas mensagens levando em consideração o modo como o público-alvo as decodifica. Pre
da empresa no mercado. Precisam também considerar o tipo de mercado de produto em que estão atuando, se os consumidores
cisam também transmiti-las por meio de veículos de comunicação eficazes que alcancem o público-alvo e desenvolver canais de
estão dispostos a realizar uma compra e o estágio do ciclo de vida do produto.
feedback para monitorar a resposta.
9. A avaliação da eficácia do mix de comunicação de marketing
4. 0 desenvolvimento de uma comunicação eficaz passa por oito etapas: (1) identificar o público-alvo, (2) determinar os objetivos
consiste em perguntar aos integrantes do público-alvo se reco nhecem ou se lembram da mensagem, quantas vezes a viram,
da comunicação, (3) elaborar a comunicação, (4) selecionar os canais de comunicação, (5) estabelecer o orçamento total de co
que pontos foram mais marcantes, como se sentem em relação a ela e suas atitudes anteriores e atuais em relação ao produto,
municação, (6) decidir sobre o mix de comunicação, (7) medir os resultados da comunicação e (8) gerenciar o processo de comuni
à marca e à empresa. 10. 0 gerenciamento e a coordenação de um processo completo de
cação integrada de marketing. 5. Ao identificar o público-alvo, o profissional de marketing precisa
comunicação requerem uma comunicação integrada de marketing (CIM): planejamento de comunicação de marketing que reconhe
procurar corrigir qualquer lacuna existente entre a visão atual do pú
ce o valor agregado de um plano abrangente, capaz de avaliar
blico e a imagem pretendida. Os objetivos de comunicação podem envolver a necessidade da categoria, a conscientização da marca, a
os papéis estratégicos de diversas disciplinas de comunicação e combiná-las a fim de oferecer clareza, coerência e o máximo
atitude em relação a ela e a intenção de compra da marca.
impacto por meio da integração coesa de mensagens criteriosas.
Aplicações Debate de marketing
ASSUMA UMA POSIÇÃO: A propaganda na TV vem perdendo importân cia ou ainda é o mais poderoso meio de divulgação?
A PROPAGANDA PELA TV PERDEU SEU PODER?
Há muito tempo considerado o meio de comunicação mais bem-suce
Discussão de marketing
dido. a propaganda televisiva é cada vez mais criticada por ser muito
AUDITORIA DE COMUNICAÇÃO
onerosa e. pior ainda, já não tão eficaz como no passado. Os críticos afirmam que os consumidores ignoram muitos anúncios ao mudarem
Escolha uma marca e acesse seu site. Localize o máximo de formas de
de canal e que é difícil causar uma forte impressão. Para alguns, o futuro é a propaganda on-line. Os defensores da propaganda na TV
discordam, alegando que o impacto multissensorial da TV é insuperável e que nenhuma outra opção de mídia oferece o mesmo impacto.
comunicação que puder encontrar. Realize uma auditoria de comunica ção informal. 0 que você observa? As diversas comunicações mantêm a
coerência?
PLANEJAMENTO E GESTÃO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING
excelénci* em
CAPÍTULO 19
639
Marketmcr
Red Bull O mix de comunicação integrada de marketing da Red Bull foi tão bem-
Outro aspecto essencial do mix de comunicação de marketing da
-sucedido que a empresa criou uma categoria inteiramente nova e avalia da em bilhões de dólares - a de bebida energética funcional. Além disso,
Red Bull é a experimentação do produto. Enquanto as empresas de be bidas tradicionais tentam alcançar o número máximo dos consumidores
a Red Bul tomou-se uma marca multibiionária de bebidas enfrentando a concorrência acirrada dos que reinavam soberanos no setor, como Coca-
com amostras, a empresa busca atingir os consumidores apenas em ocasiões de uso ideais, por exemplo quando estão cansados e preci
-Cola. Pepsi e Anheuser-Busch. Até hoje, a empresa já vendeu mais de
sam de um choque de energia. Como resultado disso, suas campanhas
62 bilhões de latas de bebidas energéticas em 171 países. Como? A Red Bull assumiu a liderança do mercado de bebida energética ao se conec
de degustação ocorrem em shows de música, festas, festivais, eventos esportivos, praias, áreas de descanso em estradas (para motoristas
tar habilmente com a juventude global e fazer isso como ninguém mais. Dietrich Mateschitz fundou a empresa em 1987. na Áustria, com
fatigados), bibliotecas universitárias e em limusines estacionadas na frente de eventos de premiaçào.
um único produto. Em 1997, a lata delgada nas cores prata e azul
A Red Bull também se alinhou com uma grande variedade de es portes radicais, atletas, times e artistas de música, dança e cinema. De
estava disponível em 25 mercados globais, como Europa Ocidental e Oriental. Nova Zelândia e África do Sul. Seu tamanho e estilo sinaliza ram imediatamente aos consumidores que seu conteúdo era diferente
dos refrigerantes tradicionais. Os ingredientes da bebida - aminoácido taurina, vitaminas do com plexo B, cafeína e carboidratos - foram formulados especificamente para
esportes a motor a mountain biking, snowboard a surf, shows de rock e atividades náuticas radicais, não há limite para a loucura de um evento realizado ou patrocinado pela Red Bull. Alguns ficaram famosos por sua originalidade e adrenalina, incluindo o anual Flugtag. Nesse evento, os concorrentes constroem máquinas voadoras caseiras que devem pesar
usuários a chamarem de ‘cocaína líquida' e velocidade em lata’. Durante
menos de 205 kg incluindo o piloto. As equipes, então, lançam suas geringonças a partir de uma rampa especial mente concebida que leva
a última década, a Red Bull introduziu outros produtos e sabores, muitos dos quais não tiveram sucesso. Além do Red Bull Energy Drink original,
a marca Red Bull a um pouco mais de nove metros acima de um leito d’água. Multidões de até 300 mil jovens consumidores torcem enquan
lançaram ao mercado o Red Bul Total Zero. Red Bull Sugar Free e edições
to os concorrentes e seus ‘aviões’ concretizam o slogan da marca: ‘Red
especiais nos sabores de frutas vermelhas. ímào e cranberry. À medida que continuou a se expandir pelo mundo, a empresa de
Bull te dá asas!'. A Red Bull contrata propaganda tradicional quando o mercado está maduro e a empresa necessita reforçar a marca junto a seus consumi
tomar a bebida altamente cafeinada e energizante, a ponto de alguns
senvolveu um plano de comunicação integrada de marketing que atingia seu público-alvo em diversos niveis e construiu sua imagem de marca baseada em autenticidade, originalidade e comunidade. Primeiramente, a Red Bull focou no pré-marketing. patrocinando eventos como o campe onato de esqui Red Bull Snowthrill de Chamonix, na França, para ajudar
a gerar entusiasmo boca a boca em tomo da marca. Ao ingressar em
um novo mercado, ela cria buzz por meio de seu programa de semeadura', que microssegmenta lojas, clubes e bares da moda. Isso permitia à elite cultural acessar antes o produto da Red Bull e influenciar outros
consumidores. Como um executivo explicou: "Primeiro trabalhamos com
dores. Como um executivo explicou: "A mídia nào é uma ferramenta que usamos para estabelecer um mercado. É uma parte crucial. Usamos
somente no final da fase de desenvolvimento’. A estratégia CIM ‘antimarketing' da Red Bull tem sido extremamen te eficaz em se conectar com seus jovens consumidores. Ela se alinha diretamente com a missão da empresa de ser vista como única, original e rebelde - tal qual os consumidores da geração Y querem ser vistos.
Questões
as contas in loco, porque o produto tem muita visibilidade e chama aten
1. Quais sào as maiores forças da Red Bull e os riscos que corre
ção. Damos prioridade a contas individuais, nào às grandes redes e seu
à medida que mais empresas entram na categoria de bebidas energéticas e conquistam participação de mercado? Quais são os
processo burocrático'. A empresa também visava aos líderes de opinião capazes de influenciar as compras dos consumidores, incluindo atletas
de esportes de ação e celebridades do mundo do entretenimento.
Quando a Red Bull ganhou certo impulso em bares, seu próximo passo foi em direçào a academias, lojas de alimentos naturais e res
taurantes localizados perto de faculdades e, por fim, supermercados. A principal ferramenta de ponto de venda da empresa sempre foi suas uni dades de vendas refrigeradas, exibindo com destaque o logo da Red Bull Isso diferenciava a marca de outras bebidas e garantia uma localização
proeminente em cada ambiente de varejo. Para garantir consistência e qualidade nos displays de ponto de venda, a empresa contratava equipes de motoristas de van cuja única responsabilidade era estocar Red Bull.
riscos de competir contra essas potências? 2. Discuta os prós e contras das táticas de marketing nào conven
cionais da Red Bull. A empresa deveria veicular mais propaganda tradicional? Por quê?
3. Discuta a eficácia dos patrocínios da Red Bull. Onde a empresa deve estabelecer seu limite quanto a inovações e riscos? Fontes KELLER. Kevin Lane. Red Bull: Managing a High-Growth Brand. In: Best Practice Cases in Branding. 3. ed. Upper Saddle River. NJ: Prentice Hall. 2008: HA. Peter. Red Bull Stratos: Man Win Freefall from Earth's Stratosphere. Time. 22 jan. 2010: Red Bull to Go on Sale in U.S. with Fruity Flavors. Businessweek. 8 out 2012; . Acesso em: 30 ago. 2018.
640
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
EXCELÊNCIA EM IViai.
Target Em meados da década de 1980, a então dominante Kmart e a estrela
snowboard Shaun White, e as principais cerimônias de premiação como
em ascensão Walmart comunicavam sua promessa de preços baixos, mas sua mercadoria era percebida como barata e de baixa qualidade.
Oscar, Emmy, Grammy e Globo de Ouro. A Target reforça sua imagem de marca positiva contribuindo com
A Target, fundada em 1962, percebeu uma lacuna no mercado para
5% de sua receita anual, ou mais de US$ 4 milhões por semana, para
o varejo de massa do barato chique' e partiu para se distinguir dos concorrentes dando um ar de sofisticação a sua marca sem perder a
programas comunitários com foco em educação, artes, serviço social e voluntariado. Os funcionários também dedicam tempo de expediente
relevância para os consumidores interessados em preço. Por meio de
merchandising cuidadoso e um plano de comunicação de marketing
doando centenas de milhares de horas a cada ano para trabalho volun tário nas comunidades vizinhas.
estratégico, posicionou-se como uma marca de alta moda com estilos modernos e mercadoria de qualidade a preços acessíveis.
A Target atualiza continuamente seu mix de produtos, atenta aos com portamentos e às necessidades de compras dos dientes. Por exemplo,
A Target cumpriu essa promessa da marca de várias formas. Em meados dos anos 2000, por exemplo, introduziu a estratégia europeia
durante a recessão de 2008 a 2009, quando os consumidores cortaram
de fast fashion nos Estados Unidos, o que lhe garantiu uma forte van tagem competitiva. Seus funcionários viajam pelo mundo; assim que
identificam uma tendência de estilo, produto ou esquema de cores, apressam-se em levá-las às prateleiras das lojas antes de qualquer outro varejista. Essa abordagem de velocidade para o mercado também
mantém renovada a seleção de produtos da empresa, o que, por sua vez, leva a visitas mais frequentes dos consumidores às lojas. Muitas linhas de estilo são vendidas exclusivamente na Target por
meio de parcerias com designers de renome mundial, como a moda de Mossimo Giannulli; roupas para gestante da Liz Lange; cosméticos da Sonia Kashuk, bolsas da Anya Hindmarch; sapatos da Sigerson Morri
gastos discricionários com itens como roupas e artigos para casa, a empre sa ajustou sua mensagem de marketing e a estratégia de merchandising adicionando produtos perecíveis a seu estoque, uma tática que se mostrou acertada. Em 2012, expandiu-se com um novo formato de pequena loja
chamado CityTarget. localizada em grandes cidades e dirigida a consumi dores urbanos. A CityTarget estocava suas prateleiras com alimentos fres cos, itens domésticos adequados a moradores em apartamentos, roupas e acessórios da moda e as últimas coleções dos designers parceiros.
Como resultado de seu plano de comunicação de marketing altamente integrado, a Target tem atraído muitos consumidores que jamais compra riam em uma loja de desconto. Seus clientes sào mais jovens e têm maior poder aquisitivo e grau de ostroção do que os de seus concorrentes como
son; e artigos de beleza da Petra Strand. Esses itens são básicos nas
o Walmart Além disso. 97% dos consumidores norte-americanos reconhe cem o logotipo do alvo da Target e a empresa é o terceiro maior varejista
lojas Target ou fazem parte da linha Go Internacional, uma coleção es pecial disponível apenas por alguns meses.
de desconto dos Estados Unidos (depois de Walmart e Kroger) com USS 73
o mix de comunicação integrada de marketing da Target para divulgar
bilhões em vendas. A empresa aparece continuamente na ísta das Empre sas Mas Admiradas’ da Fortune e recebeu prêmios por sua inovação, ética e consciência ambiental. Seu mix de marketing integrado tem funcionado
seu posicionamento barato chique’. Por exemplo, a empresa trabalha
tão bem que os consumidores muitas vezes brincam pronunciando o nome
continuamente para melhorar a aparência e o desempenho de cada loja.
da empresa de um modo mais sofisticado: Tar-ZHAY'.
As coleções assinadas por designers são apenas uma parte de todo
Usa prateleiras baixas estrategicamente colocadas, lâmpadas halógenas e embutidas, instalações e sinalização mais simples e corredores mais
Questões
largos para evitar poluçào visual. Os carrinhos de compras trazem um
design com centenas de buracos que lembram o alvo da logomarca da Target Os caixas devem ser eficientes, limpos, velozes e agradáveis. Até o telhado de lojas localizadas próxmas a um aeroporto exibem um alvo
vermelho para atrair a atenção dos passageiros a bordo dos aviões.
A Target utiliza uma ampla gama de propaganda tradicional, como
í. Descreva a estratégia de comunicação de marketing da Target 0
que a empresa fez bem ao longo dos anos? 2. Como a Target compete com o gigante Walmart, que fatura quatro
vezes mais? Quais são as principais diferenças em suas estraté gias CIM?
comerciais de TV, malas diretas, anúncios impressos, spots de rádio
3. Quais são os riscos e desafios associados ao mix de comunicação
e informes. Todo o material dá destaque a seu slogan Expect more,
de marketing da Target? Eles mudaram ao longo dos anos? Explique.
pay less (Espere mais, pague menos) e exibe clientes jovens moder
Fontes: Value for Money is Back-Target Does Marketing Right The Meeting Doctor. 2 out 2006: STEVERMAN. Ben. Ta-get vs. Wal-Mart The Nee Phase. BusinessWeek. 18 ago. 2009; ZIMMERMAN. Ann. Stringon Target Wail StreetJournal, 7 maio 2007: FRAZIER. Mya.The Latest European Import Fast Fashion.AdvertisingAge, 9 jan. 2006. p. 6; SCHLOSSER. Julie. Ho * Target Does t Fortune. 18 out 2004. p. 100: CON UN. Michelle. Look Who’s Stalking Wal-Mart. BusinessWeek 7 dez. 2009, p. 30-36; *wwMkírKestcom>. Acesso em: 30 ago. 2018; w. < ** < target com>. Acesso em: 30 ag). 2018; Target 2012 Annual Report
nos. uma série de fortes produtos de marca e um tom leve. A Target
também atinge grupos demográficos específicos alinhando-se a uma
variedade de eventos, esportes, atletas e museus por meio de patrocí nios corporativos. Desde o Target Field, campo de beisebol do Minne
sota Twins em Minneapolis, até equipes nas corridas da NASCAR e da
Fórmula Indy e atletas contemporâneos, como o campeão olímpico de
ESTUDO DE
Liga Nacional de Basquete (LNB): comunicação de marketing e inovação A Liga Nacional de Basquete (LNB) foi fundada em 1° de agosto de 2008.
em um modelo empresarial inspirado na National Basketball
Association (NBA), dos Estados Unidos, por 20 dubes que, na época, estavam insatisfeitos com os rumos do esporte no país.
PLANEJAMENTO E GESTÃO DA COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING
CAPÍTULO 19
641
0 basquete brasileiro passava por um período conturbado, com
para a LNB. Hoje, além do NBB. a LNB administra a Liga Ouro de Bas
diversas brigas entre os clubes e a Confederação Brasileira de Basquete
quete, espécie de divisão de acesso do NBB. e a Liga de Desenvolvi
(CBB). Por conta das divergências políticas entre todos os envolvidos, o
mento do Basquete (LDB), que envolve equipes com atletas jovens,
Campeonato Brasileiro de Clubes de 2007 nào chegou ao final.
com idade inferior a 22 anos.
Como resultado desse processo de má gestão da modalidade, o
Além da atração de novos patrocinadores, a LNB contribui para o
basquete apresentava baixa popularidade no país, pequeno ou nenhum
resgate do basquete brasileiro em nível internacional. Em 2012, depois
interesse dos meios de comunicação, ausência de ídolos de destaque
de 16 anos fora dos Jogos Olímpicos, a Seleção Brasileira retomou à
internacional e nível praticamente inexistente de envolvimento de patro
principal competição do basquete masculino internacional, disputando
cinadores, investidores e empresas que poderiam dar apoio ao esporte.
a edição de Londres. As equipes brasileiras voltaram a dominar as com
Antes da LNB, os principais clubes brasileiros de basquete já ha
viam tentado gerenciar a própria competição no modelo de liga. A Nos sa Liga de Basquetebol (NLB). em 2005, e a Associação de Clubes de Basquete do Brasil (ACBB), em 2008, foram duas tentativas frustradas das agremiações mais importantes da modalidade no pais em criar
uma entidade, em moldes empresariais, para administrar o principal campeonato brasileiro entre clubes de basquete.
0 modelo empresarial de liga, uma novidade na gestào do esporte até então, trazia para os clubes a valorização de seus interesses espor
tivos e comerciais na administração da empresa LNB, constituída para gerenciar as principais competições do basquete entre clubes do Bra
sil. No contexto do esporte nacional da época, os campeonatos eram organizados por Federações estaduais e Confederações nacionais das
diversas modalidades esportivas. Após sua fundação, a LNB promoveu o Novo Basquete Brasil (NBB), competição que substituiu o Campeonato Brasileiro de Basque
petições continentais a partir de 2013 (Liga Sul-Americana, Liga das Américas e Copa Intercontinental). A LNB se tomou a primeira entidade esportiva no Brasil a fechar parceria com o Facebook para transmissões de jogos via streaming.
Em 2017, ocorreu a parceria com o Twitter, bem como a criação de um
emoji especial para as finais do NBB.
Segundo o Ibope Repucom (2018), empresa líder em pesquisa
de marketing esportivo e patrocínio no Brasil, foram 330 horas de ex posição na mídia durante a temporada 2016/2017, com 246,8 mil
aparições dos patrocinadores, o equivalente a R$ 2,9 bilhões em es
paço ocupado na mídia. O esporte é um meio de comunicação para o consumo, e os patrocinadores buscam retomo quando investem em
competições, equipes e atletas. Os gestores tém como desafio aumen tar o comprometimento dos torcedores e o consumo de seu produto
esportivo. Isso a LNB fez e faz com qualidade e estratégia.
te. A primeira ediçào da disputa, que envolveu 15 equipes, aconteceu em 2009. A principal emissora de TV do país abraçou o projeto e se tornou sócia e parceira da LNB na empreitada.
Estratégias que envolviam o mix de comunicação de marketing fo ram adotadas pela LNB para promover seu principal produto, o NBB. O próprio nome da competição. Novo Basquete Brasil, procurava comu
nicar a ideia de renovação da modalidade. A partir da segunda edição,
a LNB passou a investir na consolidação do NBB. com estratégias para
Questões 1. Das oito principais ferramentas de comunicação que compõem o mix de comunicação de marketing, identifique e explique as utili zadas pela Liga Nacional de Basquete (LNB) para seu crescimento
e desenvolvimento atual. 2. Como, em sua opinião, as atividades de comunicação de marke
ting utilizadas pela Liga Nacional de Basquete contribuíram para o
dar visibilidade à competição, levar o basquete a um maior número de pessoas e comunicar ao público a nova imagem do basquete brasileiro.
Em 2009, por exemplo, a LNB criou o Jogo das Estrelas, evento que reúne os melhores jogadores do NBB, tendo já passado por diversas
cidades envolvidas na competição. 0 evento é, atualmente, uma expe
posicionamento atual e a valorização da marca LNB? 3. Quais foram os objetivos de comunicação definidos pela Liga Na
cional de Basquete que contribuíram para o desenvolvimento da organização desde seu nascimento até os dias atuais?
riência de entretenimento e interação do público com o esporte. Para se desenvolver e expandir, a LNB apostou em se comunicar estrategicamente com uma série de parceiros de importância para seu
crescimento. As condições para buscar empresas e entidades dispostas
a apostar no projeto eram ética, seriedade e eficiência nas entregas, algo que justificasse o apoio recebido dos parceiros investidores. Em
presas brasileiras, como Caixa Econômica Federal. Eletrobrás e Rede Globo de Televisão abraçaram o NBB e as ações da LNB. Em 2014, as ações da Liga Nacional de Basquete atraíram as
atenções da NBA, a principal liga esportiva de basquete do mundo. 0
objetivo da parceira norte-americana foi colaborar com a expansão e o desenvolvimento da modalidade no Brasil. A cultura da LNB e. conse quentemente, do basquete, voltava a se consolidar no país.
A partir de 2016, diversos patrocinadores passaram a orbitar em tomo do NBB. O naming hgttis (direito de nome) da competição foi ven
dido para uma grande empresa estatal do Brasil. Gigantes dos ramos
da aviação e da comunicação também aportaram seus investimentos na principal competição da LNB. Os jogos da disputa chegaram de vez. em dia e horário semanalmente fixos, na TV aberta brasileira. Era a
visibilidade que faltava para o NBB.
Novos produtos, como o Jogo das Estrelas, também surgiram e am pliaram as possibilidades de investimentos de novos patrocinadores
Autor Ary José Rocco Jr.: pesquisador e professor da Escola de Educação
física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE/USP). É líder do
Grupo de Pesquisa e Estudos em Comunicação e Marketing no Esporte
(Gepecom). presidente da Associação Brasileira de Gestão do Esporte
(Abragesp) e doutor em comunicação e semiótica, além de jornalista e administrador público.
Fontes: GIOIA. D.: Schultz. M.; Corley, K. Organizational identity, image and adap tive instability. The Academy of Management Renew, n. 25. v. 1, p. 63-81. 2000: A ASCENSÃO DA NBB: torneio se consolida como um dos campeonatos mais
transmitidos do país. IBOPE Repucom. 30 maio 2018. Disponível em: . Acesso em: 11 ago. 2018: KUNSCH. M. M. K. Planejamente de relações públicas na comunicação integrada. 4. ed. revista, ampliada e atualizada. Sào Paulo: Summus, 2003; UGA Nacional de Basquete. Fundação, primeiros passos e história: LNB completa
10 anos e consolida maior movimento de renovação do espora brasileiro. Site institucional, 1. ago. 2018. Disponível em: . Acesso em: 11 ago. 2018: MICHELS. R. Teambuil ding - the road to success. Spring City: Reedswain Publishing, 2001: PEDERSEN, R M.: MILOCH. K. S.: LAUCELLA. R C. Strategic Sport Communication. Champaign: Human Kinetics, 2007.
PARTE 7: Comunicação do valor
CAPÍTULO
20
Neste capítulo, abordaremos as seguintes questões:
1.
Quais sào as etapas envolvidas no desenvolvimento
de um plano de propaganda? 2.
Gerenciamento da comunicação de massa
Como os profissionais de marketing devem escolher
os meios de propaganda e medir sua eficácia? 3.
Como as decisões sobre promoção de
vendas devem ser tomadas? 4.
Quais sào as diretrizes para a realização de eventos
e experiências eficazes em construção de marca?
5.
Como as empresas podem explorar o potencial das relações públicas?
Embora tenha ocorrido um enorme aumento no uso de comunicações pessoais por parte das empresas em razão da natureza onipresente
da internet, o fato é que a mídia de massa continua sendo um componente de vital relevância da maior parte dos programas de comu nicação de marketing. No entanto, os velhos tempos do “se você criar uma grande propaganda, os clientes virão" já se foram. Para gerar
interesse no consumidor e vendas, os meios de comunicação de massa com frequência têm de ser complementados e cuidadosamente
integrados a outras formas de comunicação. A Procter & Gamble conquistou medalha de ouro com sua campanha olímpica totalmente integrada Thank You Mom (Obrigado, màe).1
Depois que o patrocínio da equipe nacio
Embora seja evidente o grande sucesso da campanha multimídia olímpica da P&G, outras
nal dos Estados Unidos nos Jogos Olím
empresas ainda tentam entender a melhor forma de usar os meios de comunicação de massa
picos de Inverno de 2010, em Vancouver,
no novo - e ainda desafiador - ambiente da comunicação.2 Neste capítulo, examinaremos a
gerou estimados USS 100 milhões em
natureza e a utilização de quatro ferramentas de comunicação de massa - propaganda, pro
aumento de receita, a P&G assinou con-
moção de vendas, eventos e experiências e relações públicas e publicidade.
trato para os próximos cinco Jogos de Ve
rão e de Inverno, de 2012 a 2020. Tendo como alvo as mulheres no papel de ‘cuidadoras e âncoras da família’, a empresa
deu sustentação a seu patrocínio com a
campanha de marketing global Thank You
Mom. A campanha de anúncios pela TV
Moaník Vo
e on-line Best Job (0 melhor trabalho do mundo) para os Jogos Olímpicos de Verão
de 2012 em Londres retratou com emo
ção os papéis cruciais desempenhados
por mães cujos filhos se tomaram cam peões olímpicos. Cada anúncio terminava mostrando o logotipo corporativo da P&G
e algumas de suas marcas bilionárias.
como Pampers, Gillette, Duracell e Bounty. Mais de 70 milhões de telespectadores norte-americanos assistiram a ao menos um anúncio ou vídeo digital durante a campanha totalmente integrada. Também foram combinadas promoções, relações
públicas, marketing de causa e outras co municações para ‘mergulhar o consumi
Hesps dado cor um o-ograma totairreir® integrase- de contmcação, o pairocnto às Oi mpiacas mittlado
fàar« Ycm
(Otngado. màe) dc P&G conectou se com os d entes e mel'crou as vendas mu ciars.
dor nas marcas e na mensagem em todos
C-édCo: xn ,ti triree-vawta.
os níveis, em todas as plataformas, de telefones celulares a lojas em 204 mercados internacionais'. Os profissionais de marketing da P&G estimaram que a empresa obteve USS 200 milhões em vendas adicionais com a campanha. Para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi, na Rússia, foi lançada a campanha Pick Them Back Up (Cair apenas nos toma mais fortes), que "prestava homenagem a mães de atletas em todo o mundo, relembrando as lições diárias que todas as mães ensinam e o amor incondicional que dão às crianças nào importa
o que aconteça". Vídeos virtuais adicionais contaram histórias da vida real de atletas olímpicos de diferentes países.
644
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Desenvolvimento e gerenciamento de um plano de propaganda A propaganda pode ser uma forma rentável de disseminar mensagens, seja para desen volver uma preferência de marca, seja para instruir as pessoas. Até mesmo no ambiente
de mídia desafiador dos dias de hoje, propagandas eficazes podem compensar. A GEICO
saiu-sc bem mantendo renovadas tanto suas campanhas publicitárias como sua execução.3
GEICO A GEICO investiu centenas de mi
marca, quatro delas simultaneamente em
disso). A pessoa então continua tentando
lhões de dólares com propaganda na IV.
2014. Propagandas de TV que exibem como
ostentar algum conhecimento distorcendo
Valeu a pena? Warren Buffet, presiden
porta-voz o lagarto Gecko com sotaque
outra sabedoria popular, como a de que Pi-
te e CEO da companhia-mãe da GEICO, a
Cockney reforçam a imagem de marca da
nóquio foi um péssimo palestrante motiva
Berkshire Hathaway, certamente pensa que
GEICO como confiável e realizada. A cam
tional ou que a canção infantil *Seu McDo
sim. A empresa mais que quintuplicou sua
panha Happier Than (Mais feliz que) retrata
nald tinha um sítio' era fraca em rimas. As
receita durante a última década, passando
situações exageradas para descrever quão
várias campanhas complementam-se entre
de pouco menos de US$ 3 bilhões em 1998
felizes são os clientes da GEICO, como um
si e beneficiam-se com o sucesso mútuo: a
para mais de US$ 17 bilhões em 2013 -
camelo em uma quarta-feira (hump day)'
empresa domina as transmissões de TV com
tornando-se a companhia de seguros para
ou o Drácula se voluntariando para doar
tantas mensagens de seguros para carros
automóveis de mais rápido crescimento nos
sangue. Uma terceira campanha exibindo
que quaisquer propagandas da concorrên
Estados Unidos. A empresa vende direta
Maxwell, um porco falante, salienta recursos
cia ficam perdidas.
mente aos consumidores com uma men
específicos de produtos e serviços. A quar
sagem básica: ‘15 minutos podem poupar
ta campanha. Did You Know (Você sabia?),
• Termo informal usado nos Estados Unidos que de
15% ou mais no seguro de seu carro". Em
começa com uma pessoa comentando so
signa o meio da semana de trabalho, a quarta-feira,
parceria com a agência Martin, a GEICO
bre o famoso slogan de ‘15 minutos’ da
veiculou diversas campanhas premiadas de
empresa com um companheiro, que respon
como o topo da corcova (hump) de um camelo. Chamar a quarta-feira de hump day passa a ideia de
TV para enfatizar diferentes benefícios da
de: Everyone knows that (Todo mundo sabe
que a semana é uma corcova’ que precisa ser esca
lada para chegar ao fim de semana. (N. da T.)
A Geico, companhia de seguros para automóveis de rápido crescimento, veicula dversas campanhas de propaganda ao mesmo tempo, cada uma enfatizando diferentes aspectos de sua marca e sentço.
Para desenvolver um plano dc propaganda, os gerentes dc marketing devem sempre come
çar pela identificação do mercado-alvo e dos motivos que levam os consumidores à compra. Depois, podem tomar as cinco principais decisões, conhecidas como ‘5 .Ms’:
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
1.
Missão: Quais são os objetivos da propaganda?
2.
Moeda: Quanto investir e como distribuir o orçamento entre os vários tipos de mídia?
3.
Mensagem: Que mensagem deve ser transmitida?
4.
Mídia: Que meios devem ser utilizados?
5.
Mensuração: Como serão avaliados os resultados?
Essas decisões estão resumidas na Figura 20.1 e descritas nas seções a seguir.
Figura 20.1 Os 5 Ms da propaganda
ESTABELECIMENTO DOS OBJETIVOS Os objetivos da propaganda devem resultar de decisões previamente tomadas sobre o mer cado-alvo, o posicionamento da marca e o plano de marketing. Um objetivo da propaganda é
uma tarefa específica de comunicação e um nível de sucesso a ser atingido em meio a determi
nado público e dentro de um prazo específico:4
Aumentar de 10% para 40% em um ano o número de donas de casa — entre as 30 mi
lhões que possuem máquinas de lavar roupa — que identificam a marca X como um sabão que produz pouca espuma e deixa as roupas mais limpas.
Os objetivos da propaganda podem ser classificados dc acordo com o propósito dc infor
mar, persuadir, lembrar ou reforçar, e correspondem aos diferentes estágios da hierarquia de
efeitos descrita no Capítulo 19. I
A propaganda informativa busca criar conscientização e conhecimento de marca no caso
de novos produtos ou novos recursos de produtos já existentes/' Empresas de bens de con sumo como Colgate, General Mills e Unilever normalmente se concentram nos principais
benefícios do produto. I
A propaganda persuasiva procura criar simpatia, preferência, persuasão c a compra dc um
bem ou serviço. Algumas formas de propaganda persuasiva utilizam a propaganda com parativa, que faz uma comparação explícita dos atributos de duas ou mais marcas, como o anúncio de TV da Chrysler para o Dodge Ram que pergunta: “E se você retirasse a potência,
o torque e a cobertura de garantia de um Ram? Bem, você acabaria com um Ford F-150".6 A propaganda comparativa funciona melhor quando desperta, ao mesmo tempo, motivações
CAPÍTULO 20
645
646
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
cognitivas c afetivas, c quando os consumidores processam a propaganda de um modo de talhado e analítico.' I
A propaganda de lembrança busca estimular a repetição da compra de bens e serviços. A Coca-Cola publica anúncios caros e coloridos em revistas para lembrar as pessoas de com
prar o refrigerante. I
A propaganda de reforço visa a convencer atuais compradores de que fizeram a escolha certa. Os anúncios de carro geralmente apresentam clientes satisfeitos que usufruem as van
tagens exclusivas de seu novo automóvel.
O objetivo da propaganda deve surgir de uma análise completa da situação atual do mer
cado. Se a dasse do produto estiver madura, a empresa for líder no mercado e o uso da marca for baixo, o objetivo adequado será estimular mais o uso. Se a classe do produto for nova, a
empresa não for líder no mercado, mas a marca for superior à líder, então o objetivo adequado
será convencer o mercado da superioridade da marca.
DETERMINAÇÃO DO ORÇAMENTO DE PROPAGANDA Como uma empresa sabe se está despendendo a quantia certa? Embora a propaganda seja tra tada como uma despesa corrente, parte dela é, na verdade, um investimento na construção de brand equity e fidelidade dos clientes. Quando uma empresa investe USS 5 milhões em bens
de capital, pode tratar o equipamento como um ativo amortizável em cinco anos e dar baixa de apenas um quinto do custo no primeiro ano. Quando investe USS 5 milhões em propaganda para lançar um produto, deve amortizar o custo integral no primeiro ano, reduzindo o lucro
lançado no balanço, ainda que os efeitos persistam durante muitos anos. FATORES QUE AFETAM A DETERMINAÇÃO DO ORÇAMENTO Veja a seguir os cinco fatores
específicos que devemos considerar ao estabelecer o orçamento de propaganda:8 1.
Estágio no ciclo de vida do produto — Novos produtos geralmente recebem grandes or
çamentos de propaganda para desenvolver a conscientização e serem experimentados pelo
consumidor. Marcas estabelecidas, por sua vez, costumam manter-se com orçamentos de propaganda mais baixos em relação às vendas.
2.
Participação de mercado e base de consumidores — Marcas com forte participação dc
mercado gcralmcntc exigem menos investimento com propaganda para manter sua parti cipação. Por essa razão, adotam o critério dc porcentagem sobre vendas para definição dc
recursos. Por outro lado, aumentar a participação de mercado, nesses casos, requer grandes
despesas em propaganda. 3.
Concorrência e saturação da comunicação — Em um mercado com grande número de concorrentes e despesas elevadas com propaganda, uma marca precisa anunciar maciça
mente para ser conhecida. Mesmo as propagandas não diretamente concorrentes à marca
criam saturação e a necessidade de investir mais. 4.
Frequência da propaganda — O número dc repetições necessárias para passar a mensagem
aos consumidores exerce um impacto significativo sobre o orçamento dc propaganda. 5.
Grau de substituição do produto — Marcas dc produtos genéricos ou nào tão bem diferen
ciados, como cerveja, refrigerantes, bancos e companhias aéreas, precisam de propaganda maciça para estabelecer uma imagem diferenciada. ELASTICIDADE DA PROPAGANDA A função de resposta predominante da propaganda é fre
quentemente côncava, mas também pode apresentar-se em forma de S. Quando a resposta do consumidor aparece em forma de S, certa quantidade positiva de propaganda é necessária para
gerar impacto de vendas, mas o aumento nas vendas acaba se achatando.9
Um estudo clássico identificou que o aumento do orçamento de propaganda na TV teve
um efeito mensurável sobre as vendas apenas na metade das vezes. A taxa dc sucesso era maior para novos produtos ou extensões de linha do que para marcas estabelecidas; e quando havia mudanças na redação ou na estratégia de mídia (como um mercado-alvo expandido). Nos casos
em que houve aumento nas vendas, o impacto durava até dois anos após o pico de investimento em propaganda. Além disso, as vendas incrementais geradas no longo prazo eram aproxima damente o dobro das vendas incrementais observadas no primeiro ano de um aumento nos
investimentos com propaganda.10
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
CAPÍTULO 20
647
Outros estudos reforçam essas conclusões. Em 2004, cm um estudo com 23 marcas dc um im
portante grupo de pesquisa de mercado — o instituto IRI — foi constatado que, normalmenle, a
propaganda não aumentava as vendas de marcas maduras ou categorias em declínio. Uma revisão
da pesquisa acadêmica constatou que as elasticidades de propaganda eram maiores para produtos novos (0,3) do que para produtos estabelecidos (0,1).” Também descobriu que aquilo que se diz
(texto do anúncio) é mais importante do que o número de vezes que se diz (frequência do anúncio).12
DESENVOLVIMENTO DA CAMPANHA DE PROPAGANDA Os profissionais de marketing usam tanto arte como ciência para elaborar a estratégia da men
sagem ou o posicionamento dc uma propaganda — o que a propaganda tenta transmitir sobre
a marca — e sua estratégia criativa — como a propaganda expressa as vantagens da marca. Os anunciantes passam por três etapas: criação e avaliação da mensagem, desenvolvimento e exe
cução criativos e análise da responsabilidade social.
CRIAÇÃO E AVALIAÇÃO DA MENSAGEM Anunciantes estão sempre cm busca da ‘grande ideia’ que se conecte com os consumidores de modo racional e emocional, se dislinga nitidamente da marca
dos concorrentes e seja ampla e flexível o suficiente para se traduzir em diferentes mídias, mercados e períodos. Novas percepções são importantes para a criação de posicionamento e apelos únicos.13
TEM LEITE? Em 1993, após um declínio de
que a maioria dos consumidores já acreditava
a campanha foi licenciada para o National
20 anos no consumo de leite entre os californianos, os processadores de leite de todo o
que o leite fazia bem à saúde. Assim, a cam
Dairy Board. Em 1998. o National Auid Milk
panha lembraria o consumidor da inconveni ência e do aborrecimento de ficar sem a bebi
Processor Education Program, que usava a campanha do bigode de leite’ desde 1994
da para acompanhar certos alimentos, o que ficou conhecido como a privação do leite'. A
para impulsionar as vendas, comprou os di reitos do slogan Got Milk?, usado por mais 15
estado formaram o California Milk Processor
Board (CMPB) com um objetivo em mente: fazer com que as pessoas bebessem mais lei te. A agência de propaganda contratada pelo
chamada Gol Mlk? (Tem leite?) lembrava aos
anos. Essa campanha continua a render altos
CMPB. a Goodby, Silverstein & Partners, de
consumidores de verificar se tinham a bebida
senvolveu uma nova abordagem para vender os benefícios do leite. Uma pesquisa mostrou
na geladeira. Um ano após o lançamento, o
dividendos por deter o declínio das vendas de leite na Califórnia mesmo após uma década
volume de vendas cresceu 1,07%. Em 1995,
de lançamento.
Normalmcntc, uma boa propaganda enfoca uma ou duas proposições principais dc venda.
Como parte do refinamento do posicionamento de marca, o anunciante deve realizar uma pes quisa de mercado para determinar qual apelo funciona melhor entre seu público-alvo e, então, preparar um briefing criativo que costuma ter uma ou duas páginas. Trata-se de uma elaboração
da declaração de posicionamento que inclui questões como mensagem principal, público-alvo, objetivos da comunicação (fazer, saber, acreditar), principais benefícios da marca, sustentações
à promessa da marca e mídias. Quantos temas alternativos dc propaganda o anunciante cria antes de tomar uma deci são? Quanto maior o número de propagandas criadas, maior a probabilidade de encontrar
uma excelente. Felizmente, o departamento de criação de uma agência pode, em pouco tempo, compor várias alternativas de propagandas a partir de arquivos digitais que con tenham fotos e imagens de vídeo. Também é possível reduzir drasticamente o custo de
criação usando os consumidores como equipe de criação, uma estratégia chamada ‘fonte
aberta’ ou crowdsourcing.1*
PROPAGANDA GERADA PELO CONSUMIDOR
seis mil inscrições e mais de 10 milhões de
Uma das primeiras grandes empresas a apre
visualizações on-line, e as vendas aumenta
sociais. 0 McDonald s também veiculou uma conhecida campanha gerada por usuários
sentar propagandas geradas por consumido res foi a Converse, cuja premiada campanha
ram mais de 13% ano a ano. Além de criar
para o patrocínio da Olimpíada de Londres
propagandas, os consumidores podem aju dar na divulgação. 0 anúncio britânico Life's
em 2012. Pesquisadores acadêmicos mos traram que os anúncios gerados pelo consu
usava filmes criados pelos consumidores em uma série de propagandas para TV e inter
for Sharing (A vida é para ser compartilhada)
para a T-Mobile em que 400 pessoas fazem
midor criam apelo emocional e pessoal, são considerados mais confiáveis e autênticos e
net. A H. J. Heinz lançou o desafio Top This
uma dança coreografada na Liverpool Street
elevam ainda mais os níveis de fidelidade
TV Challenge (Seja o vencedor desse desa fio de TV), convidando o público a criar o
Station foi exibido uma vez no programa de
à marca e intenção de compra do que os
próximo comercial de sua marca de ketchup
TV Celebrity Big Brother, mas foi visto mais de 15 milhões de vezes na internet quando a
anúncios produzidos pela empresa, contanto que os consumidores não sejam excessiva
Heinz e ganhar US$ 57 mil. Houve mais de
notícia se espalhou por e-mail, blogs e redes
mente céticos.
Brand Democracy (Democracia da marca)
648
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Embora confiar aos consumidores uma ação dc marketing da marca possa ser genial,
também pode resultar em fracasso. Quando a Kraft procurava um nome moderno para um
novo sabor de seu icônico produto Vegemite na Austrália, rotulou os primeiros três milhões
de frascos com uma etiqueta Name Me (Dê-me um nome) para obter o apoio dos consu
midores. De 48 mil sugestões, no entanto, a empresa selecionou uma que foi inscrita como uma brincadeira — iSnack 2.0 — e as vendas despencaram. A empresa teve que retirar os
potes de iSnack das prateleiras e começar do zero de uma forma mais convencional, criando o nome Cheesy bite.15
DESENVOLVIMENTO E EXECUÇÃO CRIATIVOS O impacto da propaganda depende não somente
do que é dito, mas principalmente de como é dito. A execução da mensagem pode ser decisiva.16 Toda mídia de propaganda apresenta vantagens e desvantagens. Analisaremos três delas: TV,
mídia impressa e rádio. Propagandas para a TV Dc modo geral, a TV é tida como a mídia mais poderosa dc propa
ganda e atinge amplo espectro de consumidores a um custo baixo por exposição. A propaganda televisiva possui duas vantagens particularmente importantes. Em primeiro lugar, pode de
monstrar vividamente os atributos do produto e explicar de maneira persuasiva seus benefícios
ao consumidor. Em segundo, pode retratar com dramalicidade imagens do uso e do usuário, a personalidade da marca e outros fatores intangíveis. No entanto, em virtude da natureza fugaz da mensagem e dos elementos criativos que poten
cialmente provocam distração, as mensagens relacionadas ao produto e à própria marca podem
ser ignoradas. Além disso, o grande número de propagandas inseridas na programação de TV cria uma saturação que acaba fazendo com que seja facilmente ignorada ou esquecida pelo consumi dor. Entretanto, propagandas dc TV bem criadas c executadas são capazes dc melhorar o brand
equity e impactar vendas e lucros. No setor altamente competitivo de seguros, a propaganda pode ajudar uma marca a se sobressair.1.
AFLAC A American Family Life Assurance
o nome da empresa, ‘Aflac!', enquanto con
2005. As mídias sociais permitiram aos profis
Company (Aflac), maior fornecedora de segu
sumidores ou celebridades conversam sobre
sionais de marketing desenvolver mais a per
ros complementares, era relativamente desco
seus produtos. A tentativa frustrada do pato
sonalidade do pato - ele tem 790 mil fãs no
nhecida até que uma campanha de propagan
em chamar a atenção cativou os consumido
Facebook e esse número continua a crescer!
da muito criativa a transformou em uma das
res. As vendas subiram 28% no primeiro ano
0 pato Aflac não é um fenômeno apenas dos
marcas mais reconhecidas de que se tem notí
em que o pato foi ao are o reconhecimento do
Estados Unidos, mas também estrela propa
cia na história recente. Criada pela agência Ka
nome passou de 13% para 91%. A Aflac man
gandas na IV japonesa - com um pouco mais
plan Thaler, uma campanha alegre apresenta
teve o pato em sua propaganda, chegando a
de disposição - e credita-se a ele um impulso
um pato irritadiço que grita incessantemente
incorporá-lo em sua logomarca corporativa em
nas vendas do maior mercado da Aflac.
Propagandas impressas A mídia impressa caracteriza-se por um total contraste em rela ção à mídia eletrônica. Visto que os leitores impõem à leitura seu próprio ritmo, revistas e
jornais podem oferecer muitas informações detalhadas sobre o produto e comunicar com
eficácia o imaginário do usuário e do uso. Ao mesmo tempo, a natureza estática das fotos na mídia impressa dificulta a apresentação e a demonstração dinâmicas, podendo ser con sideravelmente passiva.
As duas principais mídias impressas — revistas e jornais — compartilham vantagens e des vantagens. Embora os jornais tenham um bom liming e penetração, as revistas normalmente
são mais eficazes na construção do imaginário do usuário e do uso. Os jornais diários costu
mam ser muito utilizados para propaganda local — principalmente de lojas. Em um dia nor mal, cerca de metade até trés quartos dos adultos norte-americanos leem um jornal, embora
cada vez mais prefiram a versão eletrônica. A circulação de jornais tem declinado continua
mente nos últimos anos.18 Apesar de os anunciantes terem alguma flexibilidade na criação e
na colocação dc anúncios cm jornais, a qualidade inferior da reprodução c o curto período dc exposição podem diminuir seu impacto.
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
Pesquisadores que estudam as propagandas
CAPÍTULO 20
649
impres
sas relatam que os principais elementos sào, em ordem de
importância, foto, título e texto. A foto deve ser forte o su ficiente para chamar a atenção. O título deve reforçá-la e
fazer com que a pessoa leia o texto. O texto em si precisa ser envolvente c o nome da marca deve estar cm destaque.
Ainda assim, um anúncio realmente notável será percebido por menos de 50% do público exposto a ele. Cerca de 30% se lembrará do argumento principal do título; cerca de 25% se lembrará do nome do anunciante; e menos de 10% che
gará a ler a maior parte do texto. Anúncios medíocres nem sequer atingem esses resultados.
Considerando o modo como os consumidores proces sam os anúncios impressos, algumas claras implicações
gerenciais surgem, como resume a seção Memorando de
marketing: Critérios de avaliação do anúncio impresso. Um anúncio impresso deve ser claro e consistente, além de des tacar a marca. Em uma campanha premiada, anúncios do
iPad Mini nas contracapas das revistas Time e The New Yorker comparavam o tamanho real do dispositivo com o da
revista.19 Para comemorar seu 75fi aniversário, a premiada
campanha impressa Never Hide (Nunca se esconda) da Ray0 sucesso do pato da Aflac levou o personagem a ser incorporado ao logrripo da marca e aparecer em diversas comunicações, como o patrocínio ao piloto da NASCAR, Cad Edwards.
-Ban apresentou sete anúncios mostrando como os usuários do óculos desprezaram as convenções e destacaram-se da multidão por sete décadas.20
MEMORANDO DE
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO ANÚNCIO IMPRESSO Ao avaliar a eficácia de um anúncio impresso, o profissional de mar
keting deve estar apto a responder ‘sim’ às seguintes perguntas, no que diz respeito à execução:
1.
A mensagem é clara à primeira vista? Você consegue dizer rapi damente do que trata o anúncio?
2.
0 benefício do produto está no título?
3.
A ilustração sustenta o titulo?
4.
A primeira linha do texto sustenta ou explica o título e a ilustração?
5.
É fácil ler e acompanhar o anúncio?
6.
0 produto é identificado com facilidade?
7.
A marca ou o patrocinador são identificados com clareza?
Fonte: adaptado de PURVIS. Scott C.: BURTON. Philip Ward. WhichAd PuOed Best. 9. ed. Lincolnwood. IL NTC Business Books. 2002.
A propaganda em revistas pode
scf jma forma eficaz de construir ou reforçar o imagnáho do usuãno para determinada marca, como aconteceu com a campanha da Ray Ban tfever Hide (Xunca se esconda).
650
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Propagandas em rádio O rádio é uma mídia penetrante: 93% dos norte-americanos com
mais de 12 anos escutam rádio diariamente e, em média, mais de 20 horas por semana. E esses números tém se sustentado nos últimos anos. A maioria das pessoas escuta rádio no carro e tora de casa. Para ter sucesso, as redes de rádio estão se tornando multiplatatormas
com forte presença digital para permitir que os ouvintes sintonizem a qualquer hora e em qualquer lugar.
Talvez a principal vantagem desse meio seja a flexibilidade — as estações têm público
bem definido, as propagandas são relativamente baratas de criar e veicular e as finalizações
rápidas possibilitam respostas rápidas. O rádio pode envolver os ouvintes ao combinar marcas conhecidas, presença local e personalidades fortes.21 É particularmente eficaz no período da manhã e permite que as empresas alcancem um equilíbrio entre cobertura am
pla e local. As desvantagens óbvias do rádio são a falta de imagens e a natureza relativamente passi
va do processamento das mensagens por parte do consumidor. Por outro lado, as propagan das de rádio podem ser extremamente criativas. Alguns transformam a falta de imagens em
um benefício, porque percebem que o uso inteligente de músicas, sons e outros elementos criativos pode aguçar a imaginação do ouvinte e, assim, criar imagens relevantes e agradá veis. Veja o exemplo a seguir.22
MOTEL 6 0 Motel 6, a maior rede de hotéis
bem-humoradas de 60 segundos, apresen
Awards por uma propaganda chamada DVD.
de estrada econômicos nos Estados Unidos,
tando Tom Bodett, um simpático ex-emprei
Nela, Bodett apresenta a versão DVD' de seu
foi fundado em 1962, quando o ‘6’ signifi
teiro que virou escritor, com o inteligente títu
último comercial, usando seu conhecido esti
cava seis dólares por noite. Depois de ver
lo We'll Leave the Light on for You (Deixaremos
lo autodepreciativo para fornecer comentários
seu faturamento despencar em 1986, com
a luz acesa para você). Considerada uma das
de bastidores' sobre seu próprio desempe
uma taxa de ocupação de apenas 66,7%, o
100 melhores campanhas de propaganda do
nho. Ainda no ar, credita-se a essa campa
Motel 6 realizou diversas mudanças em seu
século XX pela influente revista Advertising
nha um aumento na taxa de ocupação e uma
marketing. Entre elas, estava o lançamento de
Age. a propaganda do Motel 6 recebeu diver
revitalização da marca que persistem até os
uma campanha de rádio com propagandas
sos prêmios, inclusive o 2009 Radio Mercury
dias de hoje.
QUESTÕES LEGAIS E SOCIAIS Para se sobressaírem na multidão, alguns anunciantes acreditam que devem ser ousados e transpor os limites do que os consumidores estão acostumados a ver
em propaganda. Ao fazê-lo, porém, as empresas precisam se certificar de que sua propaganda nào infringe normas legais c sociais nem ofende o público em geral, grupos étnicos, minorias
ou grupos de interesse especial.
Um conjunto significativo de leis e regulamentos rege a propaganda. De acordo com a le gislação norte-americana, os anunciantes não podem apresentar falsas declarações, usar fal
sas demonstrações ou criar propagandas passíveis de causar enganos, mesmo que ninguém
realmente se deixe enganar. Não se pode, por exemplo, anunciar que determinada cera para assoalho oferece seis meses de proteção e polimento, a menos que, sob condições habituais de
uso, apresente realmente esse resultado, nem se pode anunciar que determinado pão diet tenha menos calorias só porque as fatias sào mais finas. O problema é definir a diferença entre engano
e propaganda ‘exagerada’ — exageros sem pretensão de serem levados a sério e que são permi tidos por lei. A seção Insight de marketing: Batalhas de anúncios fora do ar descreve disputas
legais recentes sobre o que deve ser permitido na propaganda de uma marca.
insight de Marketing
BATALHAS DE ANÚNCIOS FORA D0 AR Em um ambiente altamente competitivo, talvez não surpreenda que
nem todos tenham a mesma visão sobre o que é uma propaganda adequada. Vejamos a seguir duas notáveis disputas recentes.
Splenda 0 slogan do adoçante artificial Splenda era Made from Sugar, So It Tas
tes Like Sugar (Feito de açúcar, então tem gosto de açúcar), seguido por But It’s Not Sugar (Mas não é açúcar) em letras menores quase
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
como por desencargo de consciência. A McNeil Nutritionals, fabricante do Splenda, realmente inicia a produção do adoçante com açúcar de cana, mas ele é totalmente queimado no processo de manufatura.
A Merisant. fabricante do concorrente Equal, alegou que a propaganda
do Splenda confundia os consumidores que poderíam ser induzidos a concluir que um produto ‘feito de açúcar * é mais saudável do que um feito de aspartame, o principal ingrediente do Equal. Segundo um do
CAPÍTULO 20
651
Juice Maker Welch’s Intentionally Misled Consumers. Reuters. 15 set 2010: GOYANES, lly. Welch’s Lies about Its Juice. Pays $30 Milion and No One Notices. Miami Ne.v Times. 24 fev. 2011: MINATO. Charlie. POM Wonderful Is Bragging about Loss to FTC in Full Page Ads in the NY Times. Business Insider. 24 maio 2012: MUNDY. Aida. FTC Bars Pom Juice’s Health Claims. Wan StreetJournal, 16 jan. 2013. Para uma discussão do possível papel da propaganda corretiva, veja DARKE. Peter ASHWORTH. Laurence: RITCHIE. Robin J. B. Damage from Corrective Advertising: Causes and Cures. Journal ofMarketing 72. nov. 2008, p. 81-97.
cumento extraído dos próprios arquivos da McNeil e usado no tribunal,
a percepção dos consumidores sobre o Splenda como ‘não artificiar era um dos maiores triunfos da campanha de marketing da empresa,
iniciada em 2003. 0 Splenda tomou-se o líder absoluto na categoria de produtos substitu
tos do açúcar com 60% do mercado, deixando cerca de 14% para cada
um dos concorrentes Equal e Sweet’N Low. Embora a McNeil tenha concordado em liquidar a ação judicial e pagar à Merisant um valor não revelado, porém substancial’ (e mudar sua propaganda), pode ter sido tarde demais para mudar a percepção do Splenda como algo
açucarado, embora sem açúcar. POM Wonderful
Em maio de 2012, a FTC (Comissão Federal de Comércio, do ingjês Fede ral Trade Comission) dos Estados Unidos emitiu uma ordem de cessação proibindo a veiculação de propaganda enganosa contra a POM Wonder
ful - marca de bebidas e extratos de frutas -. sob a alegação de que a empresa havia espalhado informações enganosas em anúncios impres sos, em outdoors e pela internet, segundo as quais seu suco de romã POM poderia tratar ou prevenir a disfunçào erétil, o câncer de próstata e
doenças cardíacas. A decisão veio após dois anos de idas e vindas. Es tranhamente. no entanto, a POM pareceu declarar vitória, veiculando um anúncio de página inteira no jornal The New York Times exaltando o fato
de que a decisão não a forçava a obter uma nova aprovação da Food and Drug Administration (como as empresas farmacêuticas devem fazer). Um apelo posterior foi rejeitado, com a FTC mantendo seu pronunciamento
contra os anúncios da POM que usavam slogans como Cheat Death (En
gane a morte), sem evidências mas sólidas. CtódAoi: P-osnetocl/AWniy.
A POM não foi a única a ter problemas com romãs. A Welch’s liquidou dois processos coletivos por US$ 30 milhões porque os rótulos de seu suco 100% feito com uvas brancas e romãs alegava ter mais romã do
que realmente tinha - apenas 30 ml em uma garrafa de 2 I. Fontes: HILLS, Sarah. McNeil and SugarAssociation Settle Splenda Dispute. Food Navigatorusa.com, 18 nov. 2008: MILER, James P Bitter Sweets Fi^it Ended. Chicago Tribute. 12 maio 2007: JOHNSON, Avery. How Sweet It Isn't Maker of Equal Says Ads for J&J’s Splenda Misled; Chemistry Lesson for Jurors. W&fl Street Journal, 6 abr. 2007: In lawsuit Brought by POM Wonderful, a Federal Jury Finds
A POM Wonderful emoheu-se err uma contenda com a FTC sobre alegações em seus anúncios.
Por lei, os varejistas nos F.stados Unidos são obrigados a evitar propagandas do tipo cha
mariz, usadas para atrair compradores com falsas ofertas. Imaginemos que uma loja anuncie uma máquina de costura a US$ 149. Quando o consumidor tentar comprá-la, a loja não pode se recusar a vendê-la e nem usar subterfúgios, como falar que sua qualidade é ruim, mostrar um
defeito ou prometer datas de entrega absurdas para que o comprador mude de ideia e prefira comprar uma máquina mais cara.23
A propaganda pode desempenhar um papel social positivo mais amplo. O Ad Council c uma organização sem fms lucrativos que usa grandes talentos do setor para produzir e dis tribuir propagandas de serviço público para entidades sem fins lucrativos e órgãos governa
mentais. Desde suas origens com cartazes de Buy War Bonds (Compre títulos de guerra), o Ad
Council abordou inúmeras questões sociais urgentes ao longo dos anos, desde dirigir embria gado e a prevenção da AIDS até seu atual foco na violência doméstica.
652
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
DECISÃO SOBRE A MÍDIA Depois de escolher a mensagem, a próxima tarefa do anunciante é selecionar a mídia para
veiculação. Nessa fase, é preciso tomar decisões sobre cobertura, frequência e impacto; escolher
entre os principais tipos de mídia; selecionar veículos de comunicação específicos; e decidir quanto ao timing dc mídia c sua distribuição geográfica. Na sequência, os resultados dessas
escolhas precisam ser avaliados. COBERTURA. FREQUÊNCIA E IMPACTO Fazer uma seleção de mídia significa encontrar o
meio mais eficaz em termos de custo para oferecer o número e o tipo dc exposições deseja dos ao público-alvo. O que queremos dizer com número de exposições desejado? O anun
ciante busca um objetivo específico de propaganda e certa resposta do público-alvo — por exemplo, determinado nível de experimentação do produto. Esse nível dependerá, entre
outros fatores, do nível de reconhecimento da marca por parte do público. Imaginemos que o índice dc experimentação do produto aumente em uma proporção menor do que o nível de conscientização do público, conforme mostra a Figura 20.2a. Se o anunciante
está tentando obter uma taxa de experimentação de produto T , *
será necessário atingir um
nível de conscientização A . * A próxima tarefa é descobrir quantas exposições, E , *
produzirão um nível de conscienti
zação do público A’. O efeito das exposições sobre a conscientização do público depende da cobertura, da frequência e do impacto das exposições.
I
Cobertura (C). O número de pessoas ou tamílias diferentes expostas a determinada progra
mação da mídia pelo menos uma vez durante um período específico.
I
Frequência (F). O número dc vezes durante determinado período cm que uma pessoa ou família é exposta à mensagem, em média.
I
Impacto (I). O valor qualitativo de uma exposição em determinado veículo (uma propagan
da de alimento na revista Bon Appetit teria maior impacto do que na Fortune, por exemplo). A Figura 20.2b mostra a relação entre conscientização do público e cobertura. Quan
to maior a conscientização, maiores a cobertura, a frequência e o impacto das exposições.
Existem compensações importantes entre esses fatores. Imaginemos que um gerente de pla nejamento disponha de um orçamento de USS 1 milhão e que o custo por mil exposições de
qualidade média seja de USS 5. Isso significa que o anunciante pode comprar 200 milhões de exposições (USS 1.000.000,00 -s- (5 / 1.000]). Se ele está cm busca dc uma frequência media dc
exposição de dez, pode atingir 20 milhões de pessoas (200.000.000 -e-10) com o orçamento em
questão. Todavia, se o anunciante quiser uma média melhor a um custo de USS 10 por mil exposições, poderá atingir apenas 10 milhões de pessoas, a menos que diminua a frequência
da exposição desejada. A relação entre cobertura, frequência e impacto está representada nos conceitos a seguir:
I
Número total de exposições (E). É a cobertura multiplicada pela frequência média; isto é, E = C x F, também conhecida como GRPs (do inglês, gross rating points). Se determinada
programação de mídia atinge 80% dos lares com uma frequência média de exposição de três, diz-se que a programação dc mídia tem 240 GRPs (80 x 3). Sc outra programação dc
mídia apresentar 300 GRPs, terá mais peso, mas não podemos dizer em que proporção a cobertura e a frequência contribuem para esse peso.
I
Número ponderado de exposições (NPE). É a cobertura multiplicada pela frequência média vezes o impacto médio, isto é, NPE = Cx F x I.
A cobertura é mais importante quando se trata do lançamento de produtos, de marcas pa ralelas, de extensões de marcas bastante conhecidas, de marcas pouco compradas ou quando se
busca um mercado-alvo indefinido. A trequência é mais importante quando há fortes concor rentes, um assunto complexo a ser apresentado, alta resistência do consumidor ou um ciclo de
compra frequente.24
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
CAPÍTULO 20
653
Figura 20.2 Relação entre experimentação, conscientização e função da exposição
(a) Relação entre o índice de
(b) Relação entre o nível de
conscientização do público e a cobertura e a frequência da exposição
experimentação do produto e o nível de conscientização do público
S
Frequência = 5 Impacto = 1.5
3
Frequénaa = 5 Impacto = 1
Frequência = 3 Impacto = 1
£ * Cobertura
Um forte argumento a favor das repetições é o esquecimento. Quanto maior o índice de
esquecimento associado a uma marca, categoria de produtos ou mensagem, maior o nível de repetição justificado. Todavia, os anunciantes não devem relaxar apresentando propagandas
antigas, mas insistir para que a agência de propaganda crie novas apresentações.2’’ ESCOLHA ENTRE OS PRINCIPAIS TIPOS DE MÍDIA O planejador de mídia precisa conhecer a
capacidade dos principais tipos de mídia em fornecer cobertura, frequência e impacto. Os prin cipais tipos de mídia, com seus respectivos custos, vantagens e limitações, estão relacionados
na Tabela 20.1. Os profissionais escolhem entre as diversas categorias de mídia considerando variáveis como hábitos de mídia do público-alvo, características do produto, requisitos da men
sagem e custo.
Tabela 20.1 Perfil dos principais tipos de mídia Meio
Jornais
TV
Mala direta
Vantagens
Limitações
Flexibilidade; timing; boa cobertura de mercado local;
Vida curta; baixo nível de qualidade de reprodução; público
ampla aceitação; alta credibilidade.
circulante pequeno.
Combinação de visão, som e movimento; apelo aos
Custo absoluto alto: elevada saturação de comunicação;
sentidos: alto nível de atenção; ampla cobertura.
exposição transitória; menor grau de seletividade do público.
Seletividade de público; flexibilidade; ausência de
Custo relativamente alto: imagem de correspondência inútil'.
concorrência dentro do mesmo veículo; personaízação.
Rádio
Uso em massa; alto grau de seletividade geográfica e
Apenas apresentação sonora; menor grau de atenção do que a
demográfica; baixo custo.
TV; tarifas não tabeladas; exposição transitória.
Alto grau de seletividade geográfica e demográfica;
Revistas
credibiidade e prestigio: alta qualidade de reprodução;
vida longa; boa circulação de leitores.
Outdoor
Páginas Amarelas
Flexibilidade; alto grau de repetição de exposição; baixo
0 espaço precisa ser comprado com muita antecedência; certo
desperdício de circulação.
Seletividade de público limitada; imitações criativas.
custo; baixa concorrência.
Excelente cobertura local; alta credibilidade; ampla
Alta concorrência; o espaço precisa ser comprado com muita
cobertura; baixo custo.
antecedência; limitações criativas.
Seletividade muito alta: controle total: oportunidades
Newsletters
interativas; custos relativos baixos.
Flexibilidade; controle total; mensagens de maior
Folhetos
Telefone
Os custos podem fugir do controle.
A produção excessiva pode levar ao descontrole dos custos.
impacto.
Muitos usuários; oportunidade de dar um toque pessoal.
Custo relativo alto; resistência crescente por parte dos consumidores.
654
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
PROPAGANDA EXTERIOR COMO OPÇÀO A propaganda exterior, ou out-of-honie, c uma categoria ampla que abrange diversas formas criativas e inusitadas para atrair a atenção
dos consumidores no local em que trabalham, divertem-se e, obviamente, fazem compras.
Algumas das opções mais usuais são outdoors, espaços públicos, product placement e pon tos de venda.
Outdoors Os outdoors transformaram-se com o passar do tempo e atualmente utilizam artes
gráficas coloridas e produzidas digitalmente, iluminação, sons, movimento e imagens inco-
muns — até tridimensionais.26 Em Nova York, tampas de bueiro serviram de inspiração para fumeganles xícaras de café Folgers; na Bélgica, o eBay colou adesivos Moved to eBay (Mudamos para o eBay) em tachadas de prédio vazios; e na Alemanha, operários imaginários trabalhando
dentro de máquinas de venda automática e cabines de caixas eletrônicos e de fotos serviram para justificar que um site alemão de classificados proclamasse: Life is too shortfor the wrong job (A vida é curta demais para o emprego errado).” Novas técnicas dc mensuração conhecidas como Eyes On (De olho) permitem que os pro
fissionais de marketing entendam melhor quem realmente viu sua propaganda exterior.28 O outdoor certo pode fazer toda a diferença. A Chang Soda de Bangkok tinha recursos suficientes
cm seu orçamento para apenas um outdoor digital. Para maximizar o impacto, construiu uma
gigantesca garrafa borbulhante no painel para ilustrar a carbonatação do produto. O buzz da comunicação boca a boca que resultou da ação quintuplicou as vendas, de 200 mil para um
milhão de garrafas.29 Espaços públicos Cada vez mais os anunciantes têm colocado propagandas em locais inu
sitados, como cinemas, aviões e academias de ginástica, além de salas de aula, estádios, elevadores de prédios comerciais ou hotéis e outros locais públicos.311 Propagandas em ôni
bus, metrôs e trens tornaram-se um meio valioso de atingir mulheres que trabalham fora. O ‘mobiliário dc rua’ — pontos dc ônibus, quiosques c áreas públicas — é outra opção que
vem ganhando espaço rapidamente. Os anunciantes podem comprar espaço em estádios e arenas ou em latas de lixo, bicicle-
tários, parquímetros, esteiras dc bagagem cm aeroportos, elevadores, bombas dc gasolina, no fundo de piscinas e de buracos em campos de golfe, embalagens de lanches servidos em aviões e frutas dc supermercados com rótulos minúsculos colados cm maçãs c bananas. É possível, ain
da, comprar espaço em cabines sanitárias e acima de mictórios — os quais, segundo pesquisas,
são visitados por funcionários de escritórios em uma média de três a quatro vezes por dia, cada visita levando mais ou menos quatro minutos/
Product placement Os anunciantes pagam de USS 100 mil a até USS 500 mil nos Estados
Unidos para que seus produtos façam breves aparições no cinema e na TV.32 Em alguns
casos, o product placement resulta dc um acordo mais abrangente dc propaganda cm rede; em outros, resulta do trabalho de pequenas agências especializadas que mantêm vínculos estreitos com cenógrafos e executivos de produção. Há empresas que conseguem exibir seus produtos sem nenhum custo. A Nike não paga
para aparecer nos filmes, mas quase sempre fornece tênis, jaquetas, mochilas etc. Cada vez
mais produtos c marcas são incluídos no próprio roteiro, como quando um novo iPad para o pai aficionado por aparelhos eletrônicos da série de TV Modem Family foi tema de um
episódio inteiro. Em alguns casos, no entanto, as marcas pagam pelos direitos de aparecer em um filme, como no caso do Operação Skyfall.33
SKYFALL No filme Operação Skyfall. o 23° da
Martin, Audi. Omega. Sony e Tom Ford. Uma
que terminava com uma participação espe
série, supõe-se que a Heineken tenha pago
empresa de pesquisa estimou que as marcas
cial de Daniel Craig, o ator britânico que fez o
quase US$ 40 milhões pelos direitos de ter
do filme receberam mais de USS 7,6 milhões
papel de Bond no filme. Mais de 22 milhões
James Bond bebendo sua ceiveja em vez da
em exposição no fim de semana de lançamen
de pessoas viram a campanha on-line, e a
tradicional vodea martini, cobrindo um terço
to. Algumas marcas também exibiram uma
promoção Crack the Case (Desvende o caso)
do orçamento estimado para a produção do
promoção do filme fora da tela. A Heineken
da Heineken convidou os consumidores em
filme. Além da Heineken, as empresas com
fez um anúncio extravagante de 90 segundos
grandes centros urbanos a demonstrar suas
maior presença em tela foram Adidas. Aston
com uma perseguição criativa em um trem
habilidades à la Bond em um jogo.
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
CAPÍTULO 20
655
O product placement nào está imune a críticas;
legisladores desaprovam cada vez mais sua nature
za dissimulada e ameaçam impor uma divulgação mais explícita dos anunciantes participantes.34 Pontos de venda O Capítulo 18 discutiu a im
portância do marketing de comprador (shopper)
e das ações de marketing dentro das lojas. O apelo da propaganda no ponto de venda funda
menta-se no fato de que em muitas categorias de
produtos os consumidores tomam, no interior
da loja, a maior parte de suas decisões sobre a marca que comprarão — 74% delas, dc acordo com um estudo.33
Existem inúmeras maneiras de sc comunicar com os consumidores no ponto de venda (PDV). A propaganda dentro de lojas inclui mensagens nos carrinhos c cestos dc compra, nos corredores c
nas prateleiras, além de ações promocionais como demonstrações no interior das lojas, experimenta
ção no local e máquinas de cupons instantâneos, comuns no mercado norte-americano.36 Alguns
supermercados vendem espaço no piso para apli
cação de logotipos de empresas e testam novas
sumidores. Rádios no PDV veiculam uma pro gramação ao estilo das estações FM cm milhares
de mercados e farmácias nos Estados Unidos. Em algumas lojas, telas de projeção exibem comerciais
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como os da TV.3' COMING SOON A Heineken foi um grande patrocinador do famoso filme
WALMART SMART NETWORK Um dos pioneiros da
e beleza. Propagandas de cinco segundos veicula
propaganda dentro da loja, o Walmart substituiu sua
das a cada dois minutos por duas semanas nas te
programação original de TV por uma nova rede SMART
las de recepção custam aos anunciantes US$ 80 mil,
em 2008 apresentada em 27 mil telas em cerca de
enquanto as de 10 segundos exibidas duas vezes a
2,7 mil lojas em todo território norte-americano. A
cada seis minutos em toda a rede custam US$ 50
programação atinge 160 milhões de telespectadores
mil por semana. Ao vincular os momentos em que as
a cada quatro semanas com grandes telas de recep
propagandas foram mostradas com aqueles em que
ção na entrada da loja, em uma tela de categoria de
as vendas do produto foram registradas, o Walmart
produto em cada departamento e em um display nas
pode estimar o quanto as propagandas aumentam as
extremidades dos corredores. Os anunciantes pagam
vendas por departamento (de 7% em produtos ele
US$ 325 mil por comerciais de 30 segundos por delo
trônicos a até 28% em saúde e beleza) e por tipo de
de duas semanas na seção de mercearia e US$ 650
produto (itens maduros têm incremento de 7% e itens
mil por quatro semanas no departamento de saúde
sazonais. 18%).
AVALIAÇÃO DA MÍDIA ALTERNATIVA Mídias não tradicionais podem aparecer cm praticamente qualquer lugar em que os consumidores disponham de alguns segundos para notá-la e podem atingir
um público muito preciso dc maneira econômica. Portanto a mensagem deve ser simples e direta. Na
verdade, a propaganda exterior é muitas vezes denominada ‘venda de 15 segundos’, sendo mais eficaz para intensificar a conscientização ou reforçar a imagem da marca do que criar novas associações.
Ações de propaganda em locais alternativos que sejam criadas para sobressair na multidão também podem ser tidas como invasivas e inoportunas, especialmente em espaços tradicio nalmente livres de propaganda, como escolas, patrulhas policiais e salas de espera de médicos.
Entretanto, talvez em razão da grande difusão da propaganda, alguns consumidores parecem
sentir-se menos incomodados com a mídia não tradicional do que no passado. A seção Insight
de marketing: Brincando com as marcas descreve como as marcas foram inseridas nos jogos.
de James Bond. Operação Skyfall, usando product placement, anúncios e uma promoção como suporte.
Oód«o«
tecnologias de prateleiras ‘que falam’ com os con
656
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
insight de iviarKetin 54% se inscreveram para receber e-mails. A Gatorade apareceu no
BRINCANDO COM AS MARCAS Mais da metade dos adultos e praticamente a totalidade dos adoles
centes (97%) norte-americanos jogam videogame, e cerca de um em cada cinco joga todos os dias ou quase todos os dias. Cerca de 40% dos jogadores são mulheres, que preferem quebra-cabeças e jogos colaborativos, ao passo que os homens parecem mais atraídos por jogos competitivos ou de simulação. Diante dessa estrondosa popularidade,
muitos anunciantes embarcaram na onda.
Desenvolver uma propaganda em forma de jogo, ou advergame, com alta qualidade, pode custar entre USS 100 mil e USS 500 mil nos Esta dos Unidos. É possível jogar no site da empresa, em portais de jogos ou
até em locais públicos, como restaurantes. A marca de cereais Apple Jacks tem um advergpme em seu site chamado Race to the Bowl RaKy.
que tem como público-alvo as crianças e dá pontos de bonificação por caixas de Apple Jacks apanhadas no circuito de corrida. No jogo M&M Chocolate Factory, os usuários ajudam os personagens da M&M
a passar por 12 níveis de jogo dentro de uma fábrica de chocolate, podendo compartilhar o conteúdo via Facebook e Twitter. Os profissio
nais de marketing reúnem dados importantes sobre o cliente a partir do cadastro e. muitas vezes, procuram obter permissão para enviar e-mails. Dos que usaram os jogos patrocinados pela Ford Escape SUV,
NBA 2kl3 (um simulador do campeonato norte-americano de basquete
da NBA); o desodorante corporal AXE em Chaos Theory, o terceiro jogo da série Splinter CeN; e a rede de restaurantes White Castle em Home front. Empresas tradicionais como Apple. Procter & Gamble, Toyota e
Visa também desenvolveram jogos. Ao integrar estruturas de marca a
um jogo de construção de cidade chamado We City para dispositivos móveis, a Century 21 aumentou o reconhecimento da marca com seu
principal público-alvo, de 25 a 34 anos.
Uma pesquisa sugere que os jogadores aceitam bem essa forma de propaganda e a forma como afeta a experiência do jogo. Um estudo mostrou que 70% dos jogadores achavam que propagandas dinâmicas dentro do jogo contribuíam para o realismo', 'estavam em sintonia com
os jogos' e pareciam 'legais'. Fontes: JOHNSON. Lauren. Mars Ups Brand-Building Efforts through Mobile Game. Mobile Marketer. 12 dez. 2012; SCAT. Molly. Virtual Development Marketing News. 31 maio 2103: KUNG. Michelle. We Intempt This Video Game for a Word tom Our Sponsor. IteO Street Journal, 13 jun. 2011; . Acesso em: 5 set 2018: LENHART. Amanda. Video Games: Adults Are Placers Too. Pe * *. Interne & American Life Project 7 Cez. 2008. Dtsponúel em: . Acesso em: 6 nw.2011; BROWN. Erika. Game On! Forbes. 24 jul. 2006. p. 84-86.
O desafio da mídia não tradicional é demonstrar sua cobertura e eficácia por meio de pes quisa confiável e independente, mas sempre haverá espaço para meios criativos de posicionar
a marca diante dos consumidores, como quando a Intel fechou um acordo de cinco anos com o famoso lime de futebol Barcelona para colocar seu logotipo Intel Inside na parle interna das
camisas dos jogadores, de tal modo que, quando as levantassem depois de marcar um gol, um
gesto habitual, o logotipo aparecería.38 SELEÇÃO DE VEÍCULOS ESPECÍFICOS O planejador de mídia precisa procurar os veículos mais eficazes cm termos dc custo dentro dc cada mídia escolhida. Nos Estados Unidos, um anun ciante que quiser comprar 30 segundos de propaganda em uma rede de TV poderá desembolsar
USS 75 mil para aparecer em um programa novo, USS 350 mil no horário nobre em progra mas famosos como Sunday Night Football, The Big Bang Theory ou The Voice e mais de USS 4
milhões em um evento como o Super Bowl.39 Essas escolhas são fundamentais: o custo médio para se produzir um comercial de TV em rede nacional de 30 segundos gira em torno de USS 300 mil.40 Veicular essa propaganda uma única vez na TV' pode custar tanto quanto criá-la e
produzi-la! A seção Memorando de marketing: Vencendo o Super Bowl da propaganda descreve
como as empresas abordam o maior evento da cena esportiva dos Estados Unidos.
I MEMORANDO DE
VENCENDO 0 SUPER BOWL DA PROPAGANDA
dos Los Angeles Raiders sobre o Washington Redskins, o anúncio foi
0 Super Bowl atrai o maior público na TV; 111 milhões de telespecta
o assunto do jogo, e tanto as empresas como as agências de publici dade passaram a encarar a propaganda no jogo de uma forma mais
dores assistiram à transmissão da Fox em 2014. Com uma audiência
ambiciosa.
tão grande, 30 segundos de propaganda custavam vultosos US$ 4
A introdução do Ad Meter, um 'medidor de preferência' do jornal
milhões.
Desde o primeiro jogo em 1975, anunciar no Super Bowl cresceu em
USA Today em 1989, concentrou ainda mais a atenção do consu
importância à medida que o futebol americano se popularizou. 0 icôni-
midor nos anúncios e em seu valor de entretenimento. Enquanto a taxa normal de desconcentração (tune-out) da audiência durante
co spot T984' da Apple no lançamento dos computadores Macintosh apresentava um mundo orwelliano futurista filmado pelo famoso diretor
um comercial é de 4%, a média no caso dos anúncios do Super
de cinema Ridley Scott inaugurando um novo mundo da propagan
Bowl é inferior a 1%. Eles revelaram ser mais lembrados e cair mais no gosto dos telespectadores do que os anúncios comuns e podem
da no Super Bowl. Exibido uma única vez durante uma vitória parcial
até mesmo provocar uma alta no preço das ações de uma empresa.
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
CAPÍTULO 20
657
Muitos anúncios do Super Bowl agora tém um novo propósito: gerar
É para gerar buzz em mídias sociais, pesquisas de produtos on-line
curiosidade e interesse para que os consumidores acessem a internet e participem de mídias sociais e de comunicação boca a boca para obter
ou visitas a lojas ou revendedores? Segundo ele, ‘há um milhão de métricas e você precisa decidir o que está medindo'. Outro executivo
informações mais detalhadas. Os mais populares - como um anúncio
de agência. Brad Kay, defende uma abordagem holística. alavancan-
do Honda CR-V com Matthew Broderick parodiando seu papel no filme
do a alta visibilidade do spot de IV para criar mais oportunidades
Curtindo a vida adoidado e um anúncio da VW com um garoto brincando
de conversão on-line.
de Darth Vader - atraíram dezenas de milhões de visualizações no YouTube. Cada vez mais, os anúncios são divulgados on-line antes do jogo em uma tentativa das empresas de maximizar suas mídias sociais
e seu poder de relações públicas. Dados o porte e a diversificação do público, muitos anunciantes do Super Bowl tentam agradar o maior número possível de pessoas, lan
çando mão de bebês fofos, animais brincalhões e humor pastelão. No entanto, Paul Venables, um veterano do Super Bowl, recomenda ser o mais explícito possível sobre o objetivo estratégico buscado.
Fontes KILLORAN, Ellen. Super Bowl Ads 2014: Whai Does $4 Million Really Buy You? International Business Times, 30 jan. 2014: KIM, Jin-Wbo; FREUNG. Traci ; GRISAFFE, Douglas & The Secret Sauce for Super Bowl Advertising. Journal of H. Advertising Research 53. jun. 2013. p. 134-49; O LEARY. Noreen. How to Wm the Super Bowl. Adweek. 28 jan. 2013; MOSES, Lucia. Ad Play. Adneek. 28 jan. 2013: KONRAD. Alex. 5 Ways the Super Bowl Ad Playbook Has Changed. Fortune.com. 2 fev. 2012. Acesso em: 5 set 2018; LEARMONTH. Michael. How USA Todays Ad Meter Broke Super Bowl Advertising. AdvertisingAge. 30 jan. 2012; HOROVITZ. Bruce. Super Bow! Marketers Go All Out to Create Hype. Online Buzz. USA Today. 8 fev. 2010.
0 Super Bowl é uma extravagância de mídia que muitos anunciantes cobiçam, inclusive os shows no intervalo, como no Super Bowl XLVIII de 2014 com Bruno Mars e a banda convidada Red Hot Chii Peppers.
Ao tomar essas decisões, o planejador de mídia precisa consultar os serviços de avaliação de
mídia para saber o tamanho e a composição do público, bem como os custos da mídia. A seguir, deve calcular o custo por mil pessoas atingidas por um veículo. Assim, se uma propaganda de
página inteira em quatro cores na Sports Illustrated custa aproximadamente US$ 412,5 mil e o número estimado dc leitores da resista c dc três milhões dc pessoas, o custo dc exposição
da propaganda para mil pessoas é de aproximadamente USS 13,75. A mesma propaganda na resista People custa cerca de USS 337,4 mil, mas atinge 3,475 milhões de leitores — a um custo
menor dc USS 9,71 por mil pessoas.4 As resistas costumam montar um ‘perfil dc leitor’ para os anunciantes, caracterizando-os em relação a idade média, renda, residência, estado civil e atisidades dc lazer.
Várias considerações precisam ser feitas levando-se em conta o custo por mil. Em pri meiro lugar, deve-se considerar a qualidade da audiência. No caso de uma loção para bebês,
uma resista lida por um milhão dc jovens mães teria um valor dc exposição dc um milhão; se fosse lida por um milhão de adolescentes, o valor de exposição seria praticamente zero.
Em segundo lugar, o valor dc exposição deve ser ajustado à probabilidade de atenção do público. Os leitores da Vogue tendem a prestar mais atenção nas propagandas do que os da Sports Illustrated. Em terceiro lugar, o valor de exposição deve considerar também a qualida
de editorial da revista, ou seja, seu prestígio e credibilidade. É mais provável que as pessoas
658
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
acreditem cm uma propaganda dc TV ou rádio c desenvolvam uma inclinação positiva cm relação à marca quando a propaganda for inserida em um programa de que gostam. E, por fim, o valor dc exposição deve ser ajustado às políticas de colocação de propagandas e serviços
adicionais, por exemplo, as edições regionais ou direcionadas e em cronogramas específicos
de produção em revistas. Cada vez mais, os planejadores dc mídia tomam por base medidas sofisticadas dc eficácia c
as empregam em modelos matemáticos para chegar ao melhor mix de mídia.42 Muitas agências de propaganda utilizam um programa de computador para selecionar a mídia inicial e, depois, realizam ajustes com base em fatores subjetivos.
DECISÃO SOBRE 0 TIMING E A ALOCAÇÃO DA MÍDIA Ao escolher a mídia, o anunciante terá que considerar a macroprogramação e a microprogramação. A decisão de macroprogramaçào
refere-se à programação da propaganda cm face da temporada c do ciclo dc negócios. Imagi nemos que 70% das vendas de um produto aconteçam entre junho e setembro. A empresa em
questão pode variar as despesas dc propaganda para acompanhar esse padrão sazonal, para desafiá-lo ou para mantê-lo estável durante todo o ano.
A decisão de microprogramação exige a distribuição das despesas de propaganda dentro
dc um curto período para obter o máximo impacto. Suponhamos que a empresa decida com prar 30 spots de rádio no mês de setembro. A coluna da esquerda na Figura 20.3 indica que as
mensagens de propaganda para o mês podem estar concentradas (propaganda de ‘explosão’), dispersas continuamente ao longo do mês ou distribuídas de maneira intermitente. A faixa
superior indica que as mensagens podem ser transmitidas em uma frequência uniforme, cres cente, decrescente ou alternada.
Figura 20.3 Classificação dos padrões de timing de propaganda
O modelo escolhido deve atender aos objetivos da comunicação e levar em conta três fa tores. A rotatividade do comprador expressa o índice pelo qual novos compradores entram no mercado; quanto maior o índice, mais continuidade a propaganda deverá ter. Frequência
de compra é o número de vezes durante dado período em que o comprador médio adquire o produto; quanto maior a frequência, maior a continuidade que a propaganda deverá ter. O
índice de esquecimento indica em que medida o comprador esquece a marca; quanto maior esse índice, maior a continuidade que a propaganda deverá ter.
Ao lançar um produto, o anunciante precisa escolher entre continuidade, concentração, alternância (flight) e intermitência (pulso) da propaganda.
I
Continuidade significa exposições regulares durante determinado período. Geralmente, os anunciantes utilizam a propaganda contínua em casos de ampliação de mercado, com itens comprados com frequência ou com uma categoria de compradores bem definida.
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
I
CAPÍTULO 20
Concentração significa utilizar todos os recursos destinados à propaganda cm um único pe
ríodo. Tal estratégia aplica-se a produtos vendidos em uma única ocasião ou por temporada. I
Alternância, ou flight, implica fazer propaganda durante um período, seguido dc um hiato sem propaganda c dc um segundo período dc intensa exposição. É utilizada quando os recursos são
limitados, o ciclo de compra é relativamente descontínuo e quando se trata de itens sazonais. I
Intermitência, ou pulso, c a propaganda contínua cm níveis baixos, reforçada perio dicamente por ondas de atividade mais intensas. Ela se utiliza da força da propaganda
contínua e alternada para criar uma estratégia de programação balanceada. Seus defen sores acreditam que o público compreende a mensagem mais complctamcntc, além dc ser mais econômica.43 Uma empresa deve decidir como alocar seu orçamento de propaganda tanto no espaço
como no tempo. Dizemos que ela faz ‘compras nacionais’ quando veicula propagandas nas redes de TV ou revistas de circulação nacional. Faz ‘compras pontuais’ quando adquire horário
na TV em apenas alguns mercados ou em edições regionais de revistas. Esses mercados são cha
mados áreas de influência dominante ou áreas designadas de marketing. Dizemos, ainda, que a empresa faz ‘compras locais’ quando anuncia em jornais, rádios ou outdoors locais.
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA PROPAGANDA Muitos anunciantes tentam avaliar o efeito da comunicação de uma propaganda, isto é, o efeito potencial sobre a conscientização, o conhecimento c a preferência, além dc também gos
tarem de analisar o efeito da propaganda sobre as vendas. PESQUISA DE EFEITO DA COMUNICAÇÃO A pesquisa de efeito da comunicação, também
chamada pré-teste de texto, procura determinar se uma propaganda comunica a mensagem de maneira eficaz. Ela deve ser feita antes e depois de a propaganda ser veiculada. A Tabela 20.2
descreve algumas técnicas específicas de pesquisa pré-teste de propaganda.
Tabela 20.2 Técnicas de pesquisa pré-teste de propaganda Para propagandas impressas
A Starch e a Gallup & Robinson. Inc. são duas empresas que fazem serviços de pré-teste de mídia impressa. Anúncios-teste são veiculados em revistas, então distribuídas aos consumidores. Mais tarde, faz-se contato com esses consumidores e eles são entrevistados. Testes de lembrança são usados para determinara eficácia da propaganda. Para mídia eletrônica
Testes domiciliares: um vídeo é levado à casa de consumidores-alvo, ou é baixado pela internet, para que eles assistam
aos comerciais. Testes externos.- em trailers colocados em shopping centers, dá-se aos visitantes a oportunidade de escolher uma série de
marcas em uma simulação de situação de compra. Em seguida, os consumidores assistem comerciais e recebem cupons
para serem usados no shopping. Avaliando o resgate dos cupons, os anunciantes podem estimar a influência dos comerciais no comportamento de compra.
Testes de audiência restrita: convidam-se consumidores para assistira um novo seriado de TV em uma sala de projeção, juntamente com alguns comerciais. Antes de começar o programa, os consumidores indicam marcas preferidas em
diferentes categorias. Depois da apresentação, pede-se novamente aos consumidores que escolham suas marcas preferidas em várias categorias. Mudanças de preferência avaliam o poder de persuasão dos comerciais.
Testes de audiência aberta: selecionam-se pessoas para assistir a um programa em uma emissora de TV aberta e, no decorrer do programa, o comercial a ser testado é exibido. Também podem ser selecionadas pessoas dentre os espectadores que assistiram ao programa. Os entrevistados devem relatar o que se lembram do comercial.
Os críticos do pré-teste afirmam que as agências podem criar propagandas que se saiam bem nos testes, mas que não necessariamente gerem bons resultados no mercado. Os defensores dessa tática, por sua vez, sustentam que pode trazer informações úteis de diagnóstico e que, de qualquer
forma, não deve ser usada como o único critério de decisão. Reconhecida amplamente como uma
das melhores anunciantes, a Nike tem fama de efetuar pouquíssimos pré-testes.
659
660
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Muitos anunciantes também conduzem pós-testes para avaliar o impacto geral dc uma campanha de propaganda já concluída. Se a empresa desejava aumentar a conscientização de
Rgura20.4 Fórmula para avaliar os diversos estágios do impacto
marca de 20% para 50% e só conseguiu aumentá-la para 30%, significa que ela investiu pouco, suas propagandas eram fracas ou algum outro fator foi ignorado.
da propaganda sobre as vendas PESQUISA DE EFEITO SOBRE VENDAS Quais as vendas geradas por uma propaganda que au
menta em 20% a conscientização de marca e em 10% a preferência de marca? Quanto menos
desses fatores houver, ou quanto mais controláveis forem, mais fácil será medir o efeito sobre as vendas. O impacto sobre as vendas é mais fácil de ser medido em situações de marketing direto
e mais dificil em propagandas para a construção de imagem corporativa ou de marca. As empresas geralmente se interessam em saber se estão gastando mais ou menos do que de
viam com propaganda. Um meio de responder a essa questão é trabalhar com a fórmula descrita na Figura 20.4. A participação nos investimentos em propaganda de uma empresa produz deter minada participação em comparação com a concorrência (share ofvoice) — isto é, a proporção da propaganda que uma empresa faz sobre um produto cm relação a toda a propaganda que c feita
sobre ele —, que conquista uma participação na lembrança e na preferência do consumidor (share of mind e share ofheart, respectivamente) e, em última instância, uma participação de mercado. Os pesquisadores podem avaliar o impacto sobre as vendas pela abordagem histórica, que uti
liza técnicas de estatística avançadas para estabelecer uma correlação entre as vendas passadas e as despesas incorridas com propaganda.44 Outros pesquisadores utilizam um modelo experimental para medir o impacto da propaganda sobre as vendas. Um número crescente de empresas têm
se empenhado em medir o efeito sobre as vendas dos investimentos em propaganda, em vez de realizar apenas avaliações do efeito comunicativo.43 A Millward Brown International realizou estudos de acompanhamento no Reino Unido durante muitos anos com o objetivo de fornecer
informações para auxiliar os anunciantes a decidirem se a propaganda, de falo, ajudava a marca.46
Promoção de vendas Ingrcdientc-chavc cm campanhas dc marketing, a promoção de vendas consiste cm um conjunto de ferramentas de incentivo, a maioria para curto prazo, projetadas para estimular a
compra mais rápida ou em maior quantidade de produtos específicos por parte do consumidor
ou do canal de distribuição.4' Enquanto a propaganda oferece uma razão para comprar, a pro moção de vendas oferece um incentivo.
PROPAGANDA VERSUS PROMOÇÃO A porcentagem dos investimentos em promoção de vendas dentro do orçamento anual cresceu por vários anos, embora tenha desacelerado recentemente. Os consumidores começa ram a se desligar das promoções: nos Estados Unidos, o resgate de cupons atingiu o pico em
1992 com 7,9 bilhões de cupons trocados, mas caiu para 2,9 bilhões em 2013.48 Uma leva inces
sante dc redução dc preços, cupons, ofertas c prêmios também pode desvalorizar o produto na percepção dos consumidores. Tendo recorrido a financiamento sem juros, descontos polpudos
em dinheiro e planos especiais de leasing para impulsionar as vendas no cenário econômico que sc seguiu a um período dc recessão econômica, as montadoras dc automóveis encontraram, desde então, dificuldade em desacostumar os consumidores de descontos.49
O conceito de promoção dc vendas inclui ferramentas dc promoção de longo prazo (consumer franchise building) que divulgam uma mensagem de venda em conjunto com a oferta, como no caso de amostras grátis, cartões de fidelidade, cupons com uma mensagem de venda e prêmios rela
cionados ao produto. As ferramentas de promoção de vendas que não visam à construção de marca
incluem pacotes de produtos com desconto, prêmios ao consumidor não relacionados ao produto,
concursos e sorteios, ofertas de reembolso em dinheiro e bonificações ao canal de distribuição. As promoções em mercados de alta similaridade de marcas geram vendas altas no curto pra
zo, mas pouco ganho permanente em preferência de marca no longo prazo. Em mercados nos quais há grande disparidade entre as marcas, as promoções de vendas podem alterar as partici pações de mercado em bases permanentes. Além de trocar de marca, os consumidores podem
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
CAPÍTULO 20
661
ser estimulados a estocar — comprar o produto antes do habitual (antecipação da compra) ou comprar quantidades extras. Contudo, as vendas podem apresentar um declínio pós-promoção.50 As promoções de preço podem não aumentar o volume total permanente de uma categoria.
Um estudo sobre mais de mil promoções concluiu que apenas 16% delas se pagavam/1 Concor
rentes com pouca participação de mercado consideram vantajoso utilizar promoção de vendas porque não tem condições dc acompanhar os altos orçamentos dc propaganda das líderes c tam
pouco conseguem espaço nas gôndolas sem oferecer bonificações comerciais ou estimular o con
sumidor a experimentar um produto sem dar incentivos. As marcas dominantes não costumam
lazer ofertas com frequência, porque a maioria subsidia somente os que já são usuários. As promoções de longo prazo podem oferecer o melhor de dois mundos — construir brand
equity e, ao mesmo tempo, promover o giro de produtos. McDonald’s, Dunkin’ Donuts e Star bucks distribuíram milhões de amostras de novos produtos porque é uma ação apreciada pelos
consumidores c que, muitas vezes, gera mais vendas no longo prazo para produtos dc qualida
de.’* A campanha Love at First Sniff(Amor à primeira fragrância), da Gain, usou mala direta
e blocos de anotação perfumados distribuídos na loja, além do circuito interno de TV ShelfVision, para induzir os consumidores a sentirem a fragrância do produto, o que resultou em um
aumento de quase 500% de remessas em relação à meta. ’3 A área dc mais rápido crescimento cm promoções dc vendas é a dc cupons digitais, resga tados via celular ou baixados diretamente para a impressora de um consumidor. Cupons digi tais eliminam custos de impressão, reduzem desperdício de papel, são facilmente atualizáveis
e apresentam maiores índices dc resgate. A Coupons.com recebe 620 mil visitantes diários à procura de ofertas, enquanto a CoolSavings.com recebe 120 mil visitantes em busca de cupons
e ofertas, além de dicas e artigos úteis, boletins informativos, receitas, sorteios, experimentação gratuita, amostras grátis e muito mais. Muitos varejistas tém oferecido cupons personalizados com base no histórico de compras do consumidor.34 Uma empresa desenvolveu uma forma bastante diferente de oferecer descontos.5''
GROUPON 0 Groupon foi lançado em 2008
oferecidas em nome de varejistas locais, como
atrai empresas locais para oferecer negócios
com o propósito de ajudar as empresas a ala
spas, academias de ginástica e restaurantes,
em horários e locais específicos via web ou
vancar a internet e o e-mail para usar promo
mas o Groupon também gerencia negócios em
celular. 0 aplicativo para iPhone desse novo
ções como uma forma de propaganda. Mais
nome de marcas nacionais. Algumas empre
serviço tem dois botões - ‘Estou entediado’
especificamente, a empresa envia à sua am
sas reclamaram que o Groupon atrai apenas
e ‘Estou com fome’ - para ativar ofertas em
pla base de assinantes uma oferta diária em
os interessados em ofertas e não é tão eficaz
tempo real. Para as empresas, esse serviço
tom jocoso - podendo ser uma porcentagem
assim na conversão de clientes regulares. Um
é uma forma de gerar tráfego em tempos de
ou um valor monetário de desconto em relação
estudo descobriu que 32% das empresas
recessão. Até mesmo um restaurante concor
ao preço normal - para um bem ou um servi
perderam dinheiro e 40% disseram que nào
rido pode pensar em algum desconto para o
ço de determinada marca. Com esses e-mails
usariam tal promoção novamente, sendo que.
meio do dia ou o meio da semana, ciente de
de desconto, o Groupon oferece às empresas
no setor de serviços, os restaurantes apresen
que raramente estará lotado nesses períodos.
clientes três benefícios: aumento da exposição
taram os piores resultados, enquanto os spas
Depois de um IPO (oferta pública inicial, do
da marca ao consumidor, possibilidade de dis
e os salões de beleza foram os mais bem-su
inglês initial public offering) badalado, suas
criminar preços e geração do ‘fator de buzz'.
cedidos. 0 Groupon tem tentado inovar de vá
ações não tiveram um bom desempenho, já
0 Groupon retém de 40 a 50% das receitas
rias maneiras. Alavancando sua enorme força
que o Groupon tem patinado para encontrar a
em cada negócio feito. Muitas promoções são
de vendas para comercializar o Groupon Now.
fórmula certa de negócio.
PRINCIPAIS DECISÕES Ao usar a promoção de vendas, a empresa deve definir seus objetivos, selecionar as ferra mentas, desenvolver e pré-testar o plano, implementá-lo c controlá-lo para depois avaliar os
resultados.
ESTABELECIMENTO DE OBJETIVOS Os objetivos da promoção de vendas derivam de objetivos
de comunicação mais amplos, que, por sua vez, decorrem de objetivos de marketing básicos, desenvolvidos para o produto.
I
No caso dos consumidores, os objetivos envolvem o incentivo às compras cm maiores quantidades, a experimentação do produto por nào usuários e a atração de usuários instáveis
662
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
das marcas concorrentes. Sc algum dos que trocaram dc marca nào o teriam feito dc outra
forma, a promoção pode render incrementos de longo prazo em participação de mercado.
O ideal é que as promoções voltadas aos consumidores exerçam impacto de curto prazo nas vendas, assim como efeitos de longo prazo no brand equity.5'
I
No caso do varejo, os objetivos consistem em persuadir os varejistas a adquirir novos itens c manter maiores níveis dc estoque, estimular a compra fora dc época c o estoque dc itens
relacionados, equiparar as promoções da concorrência, construir fidelidade à marca e con quistar acesso a novos pontos de varejo.
I
Para aforça de vendas, os objetivos incluem o apoio a um novo produto ou modelo, o incen
tivo a uma maior prospecção de vendas e o estímulo a vendas fora de época.
SELEÇÃO DAS FERRAMENTAS DE PROMOÇÃO PARA 0 CONSUMIDOR O responsável pelo planejamento de promoções deve levar em conta o tipo de mercado, os objetivos da promoção
dc vendas, as condições dc competitividade c a eficácia dc custo dc cada ferramenta. As princi
pais ferramentas de promoção para o consumidor estão resumidas na Tabela 20.3. As promo ções do fabricante são ilustradas pelo uso na indústria automobilística de descontos e brindes
para incentivar test-drives c compras, além dc valorizar o carro usado na troca por um novo.
Já as promoções do varejista caracterizam-se por redução de preços, destaque dos atributos do
produto, cupons de desconto e concursos ou prêmios oferecidos pelo varejista.58
Tabela 20.3 Principais ferramentas de promoção para o consumidor Amostras: oferta gratuita de determinada quantidade de um produto entregue de porta em porta, enviada pelo correio, retirada em uma loja, anexada a outro produto ou exibida em um anúncio.
Cupons: cédulas que conferem ao portador o direito a um desconto declarado na compra de um produto específico: são enviadas pelo correio, acompanham outros produtos ou são inseridas em anúncios de revistas e jornais.
Ofertas de reembolso em dinheiro pós-venda (rebates): proporcionam uma redução de preço depois da compra e não na própria loja. 0 consumidor envia determinado comprovante de compra ao fabricante, que reembolsa parte do valor pago pelo correio.
Pacotes de produtos com desconto: oferecem aos consumidores descontos sobre o preço regular de um produto, estampados na etiqueta ou no pacote. Um pacote com preço reduzido é um pacote de um único produto vendido a um preço reduzido (como dois pelo preço de um).
Um pacote conjugado são dois produtos relacionados vendidos juntos (como uma escova de dentes e um creme dental).
Brindes: mercadoria oferecida a um preço relativamente baixo ou grátis, como incentivo à compra de outro produto. 0 brinde pode acompanhar o produto dentro da embalagem ou ser anexado ao pacote. Pode também ser enviado pelo correio a consumidores que mandam um comprovante de compra, como a tampa da embalagem ou um código de barras. Já o brinde self-liquidating é vendido abaixo
de seu preço normal de varejo a consumidores que compram o produto.
Programas de Fidelidade: programas que oferecem recompensas relacionadas à frequência e à intensidade na aquisição de bens ou serviços da empresa.
Prêmios (concursos, sorteios, jogos): oportunidades de ganhar dinheiro, viagens ou mercadorias como decorrência da compra de um produto. Um concurso conclama os consumidores a fazer uma inscrição, a ser examinada por um corpo de jurados que escolherá os melhores. Já em um sorteio, solicita-se aos consumidores que inscrevam seu nome para premiação aleatória. Um jogo dá algo aos consumidores que pode ajudá-los a ganhar um prêmio toda vez que efetuam uma compra - números de bingo, palavras com letras
faltando, entre outros.
Recompensas por comprar o produto: valores em dinheiro ou outras formas que sejam proporcionais à compra, fornecidos por um revendedor ou grupo de revendedores.
Experimentação gratuita: compradores potenciais são incentivados a experimentar o produto sem nenhum ônus na expectativa de que o comprem posteriormente.
Garantias do produto: promessas explícitas ou implícitas de uma empresa de que seu produto terá o desempenho especificado ou de que, em caso de falha, será consertado ou terá seu valor reembolsado ao consumidor dentro de determinado prazo.
Promoções combinadas: duas ou mais marcas ou empresas se unem oferecendo cupons de desconto ou reembolsos e promovendo concursos para aumentar seu poder de atração. Promoções cruzadas: utilização de uma marca para anunciar outra não concorrente.
Displays e demonstrações no ponto de venda (PDV): displays e demonstrações que ocorrem no ponto de venda.
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
CAPÍTULO 20
663
SELEÇÃO DAS FERRAMENTAS DE PROMOÇÃO PARA O VAREJO Os fabricantes costumam usar uma série de ferramentas promocionais para o canal de distribuição (veja a Tabela
20.4 )?9 Eles dão incentivos monetários aos revendedores por quatro razões: (1) para persu adir o varejista ou o atacadista a estocar a marca; (2) para convencê-lo a ter em estoque mais unidades do que o habitual; (3) para induzir os varejistas a promover a marca, expondo-a
mais ou reduzindo seu preço; c (4) para estimular os varejistas c seus vendedores a aumentar a venda do produto.
Tabela 20.4 Principais ferramentas de promoção para o varejo
Desconto direto: desconto concedido no preço de tabela em cada caixa comprada durante um período estipulado.
Bonificação: quantia oferecida em troca de o varejista concordarem destacar os produtos do fabricante de alguma maneira. Uma bonificação de propaganda compensa os varejistas por propagandas com o produto do fabricante. Já uma bonificação de exposição compensa-os por darem qualquer tipo de destaque na exposição do produto.
Mercadorias gratuitas: ofertas de caixas extras de mercadoria a intermediários que comprem certa quantidade ou que incluam no pedido determinado sabor ou tamanho.
A força crescente dos grandes varejistas aumentou sua capacidade de exigir promoção ao canal de distribuição.60 A torça de vendas da empresa e seus gerentes de marca geralmente não se entendem sobre como fazer promoções para o varejo. Os primeiros dizem que os varejistas locais não manterão os produtos da empresa na prateleira a menos que recebam mais verbas
dc promoção, enquanto os gerentes de marca querem concentrar os orçamentos limitados em
promoção para o consumidor e em propaganda. Os fabricantes quase sempre acham difícil policiar os varejistas para se certificar de que
cumprem o acordo e cada vez mais exigem comprovações dc desempenho antes dc pagar qualquer bonificação. São vários os desafios envolvidos no gerenciamento de promoções para o varejo:
I
Alguns varejistas vêm praticando a compra antecipada, isto é, compram durante a vigência
da oferta uma quantidade maior do que podem vender imediatamente. Com isso, o fabri cante tem de programar mais produção do que o planejado e arcar com os custos de turnos
e horas extras.
I
Outros varejistas estão praticando o desvio, ou seja, compram mais caixas do que o neces
sário em uma região em que o fabricante fez a oferta e encaminham o excedente para suas
lojas em regiões em que não foi feita. Para evitar a compra antecipada c o desvio, os fabricantes limitam a quantidade a ser vendi
da com desconto, ou produzem e distribuem menos do que o pedido total, a fim de minimizar a produção.61 Por tudo isso, muitos fabricantes sentem que a promoção para o varejo se transformou em
um pesadelo, uma vez que contém várias camadas de negociação, é complexa de administrar e frequentemente resulta cm perda dc receita.
SELEÇÃO DAS FERRAMENTAS DE PROMOÇÃO DE NEGÓCIOS E PARA FORÇA DE VENDAS As empresas investem bilhões em ferramentas de promoção de negócios e em equipes de vendas (veja a Tabela 20.5). Essas ferramentas são usadas para identificar perspectivas de
negócios, impressionar e recompensar os consumidores e motivar a equipe de vendas.62
É comum as empresas desenvolverem orçamentos para cada ferramenta promocional, os
quais permanecem razoavelmente constantes de ano para ano. Para muitas novas empresas que querem fazer alarde junto ao público-alvo, especialmente no mundo B2B, as feiras co
merciais são uma ferramenta importante, mas seu custo por contato c o maior de todas as opções de comunicação.
664
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Tabela 20.5 Principais ferramentas de promoção de negócios e para a força de vendas
Feiras e convenções: todos os anos, as associações setoriais organizam feiras comerciais e convenções. Trata-se de um negócio multibilionário, com empresas que chegam a utilizar até 35% de seu orçamento anual de promoção em eventos desse tipo. O público
de uma feira nos Estados Unidos pode chegar a 70 mil pessoas, como no caso de grandes feiras promovidas pelo setor hoteleiro ou de bares e restaurantes. A International Consumer Electronics Show (CES) é uma das maiores feiras de negócios e tecnologia do mundo
com mais de 180 mil visitantes em 2017. Os expositores esperam obter diversos benefícios, inclusive gerar novos negócios, manter contato com a clientela, lançar produtos, identificar novos consumidores, vender mais aos clientes atuais e divulgar informações sobre
produtos por meio de impressos, vídeos e outros materiais audiovisuais.
Concursos de vendas: tém como objetivo incentivar a equipe de vendas ou os revendedores a aumentar seus resultados em um período estipulado, oferecendo prêmios (em dinheiro, viagens ou pontos) àqueles que têm sucesso.
Brindes: artigos úteis e baratos com o nome e o endereço da empresa e. às vezes, uma mensagem promocional, oferecidos pelos vendedores a clientes e consumidores potenciais. São brindes comuns como canetas, calendários, chaveiros, lanternas, sacolas e blocos de notas.
DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA No planejamento de programas de promoção de vendas, os profissionais de marketing integram cada vez mais diversos tipos de mídia em um conceito
de campanha total, como é possível verificar na premiada promoção descrita a seguir.65
SAMSUNG Para promover sua onerosa (USS
dos mais famosos influenciadores do Instagram,
fotogênica. A cada semana um recurso diferente
450) marca de câmeras Galaxy, a Samsung de-
representando oito mercados internacionais, que
da câmera era exibido e os fãs votavam em suas
senvoKeu uma campanha ritefigente envohen-
trocassem seu aplicativo favorito de câmera para
fotos favoritas. 0 vídeo da campanha foi visua
do dispositivos móveis e de cunho social: Life's a
celulares pela câmera Galaxy. Eles deviam usar
lizado 1,3 milhão de vezes, o reconhecimento
Photo: Take It (A vida é uma foto pronta para ser
a nova câmera para mostrar sua cidade no Insta
de marca da câmera Galaxy melhorou 58% e a
cficada). Um concurso de dois meses pediu a 32
gram e no Tumblr a fim de provar que era a mais
intenção de compra aumentou 115%.
Para tomar decisões sobre a utilização de um incentivo em particular, os profissionais de mar
keting devem determinar primeiramente seu volume, atenlando-se ao mínimo a ser atingido para que a promoção tenha sucesso. Em segundo lugar, o gerente de marketing precisa estabelecer as
condições de participação, podendo oferecer incentivos a todos ou a grupos selecionados. Ter
ceiro, é preciso estipular a duração do programa. Quarto, escolher um meio de distribuição, por exemplo, um cupom de desconto pode ser distribuído na embalagem, em lojas, pelo correio ou
cm anúncios. Quinto, o gerente dc marketing precisa estabelecer o timing da promoção. Por fim,
é necessário determinar o orçamento total da promoção de vendas. O custo de uma promoção em particular é composto da soma do custo administrativo (impressão, postagem e promoção da
oferta) c do custo do incentivo (o prêmio ou o desconto, incluindo os custos dc resgate) multipli cado pelo número esperado de unidades vendidas. O custo de uma oferta com cupons deve levar
em conta que apenas uma parte será resgatada pelos consumidores. IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DO PROGRAMA Os gerentes de marketing devem elaborar
planos de implementação e controle que cubram o tempo de produção e o tempo de venda para
cada promoção. O tempo de produção é aquele necessário para preparar o programa antes dc
lançá-lo. O tempo de venda começa com o lançamento promocional e termina quando aproxi
madamente 95% da mercadoria em oferta está em poder do consumidor. Os fabricantes podem avaliar seus programas usando dados dc vendas, pesquisas com con sumidores e experimentações.
I
Os dados de venda (obtidos por leitoras de códigos de barras) ajudam a analisar os tipos de
pessoa que aproveitam as promoções, o que compravam antes da promoção e como se com portaram depois em relação à marca e a outras concorrentes. A promoção funciona melhor
quando atrai clientes da concorrência e esses clientes mudam de marca.
I
Pesquisas com consumidores podem revelar quantos se lembram das promoções, o que acha ram delas, quantos aproveitaram as ofertas e como a promoção afetou o comportamento
posterior em relação à escolha da marca.64
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
I
As experimentações levam cm conta a variação dc atributos como valor dc incentivo, du
ração e meio de distribuição. É possível, por exemplo, enviar cupons para metade das re
sidências de certo painel de consumidores. Dados de leitoras dc códigos de barras podem ser utilizados para observar se os cupons levaram mais pessoas a comprar o produto e em
quais momentos. Há outros custos envolvidos em cada promoção em particular. O primeiro deles é o risco
de afetar a fidelidade à marca no longo prazo. Em segundo lugar, as promoções podem ser mais onerosas do que parecem; algumas inevitavelmente acabam nas mãos dos consumidores errados. Além disso, existem os custos da execução de operações especiais, do trabalho extra dos vendedores e dos requisitos de manuseio. E, finalmente, algumas promoções irritam os va rejistas, que podem exigir compensações comerciais suplementares ou se recusarem a cooperar.
Eventos e experiências O IF.G Sponsorship Report projetou um investimento de USS 19,8 bilhões em patrocínios
na América do Norte cm 2013, sendo 70% desse valor reservado para esportes; 10% para turnês
e outras atrações de entretenimento; 4% para festivais, feiras e eventos anuais; 4% para artes; 3% para associações c entidades; c 9% para o marketing dc causas.6:> Fazer parte de um momento relevante na vida pessoal dos consumidores por meio de eventos e experiências pode ampliar e
aprofundar o relacionamento de uma empresa ou marca com o mercado-alvo. O contato diário com as marcas também pode afetar as atitudes e crenças do consumidor
em relação a elas. A atmosfera é um ‘ambiente calculado’ que cria ou reforça inclinações à com
pra do produto. Escritórios de advocacia decorados com tapeies orientais e mobília de carvalho,
por exemplo, comunicam ‘estabilidade’ e ‘sucesso’.66 Um hotel cinco estrelas, por sua vez, pode utilizar candelabros elegantes, colunas dc mármore c outros sinais tangíveis dc luxo.
OBJETIVOS DOS EVENTOS Do ponto de vista das empresas, há uma série de motivos para patrocinar eventos. 1.
Criar identificação com um mercado-alvo ou com um estilo de vida específico. Os clien tes podem ser segmentados com base em dados geográficos, demográficos, psicológicos ou
comportamentais dependendo do evento. A Old Spice patrocina torneios esportivos es tudantis — como o campeonato de basquete universitário Old Spice Classic no final de novembro — para destacar a relevância do produto e distribui amostras gratis entre seu
público-alvo masculino com idade entre 16 e 24 anos.
2.
Aumentar a exposição do nome da empresa ou do produto. O patrocínio quase sempre oferece a exposição sustentada da marca, condição necessária para reforçar sua visibilidade.
A lembrança espontânea de patrocinadores da Copa do Mundo, como Emirates, Hyundai, Kia c Sony, beneficiou-se da repetição da marca c exposição dc propaganda no decorrer dc
um mês de duração do torneio. 3.
Criar ou reforçar as percepções do consumidor quanto a associações-chave com a imagem
da marca. Os eventos em si possuem associações que ajudam a criar ou reforçar as asso
ciações de marca.6, Para fortalecer sua imagem e apelo junto a duas áreas vitais da cultura norte-americana, o Toyota Tundra optou por patrocinar os torneios dc pesca B.A.S.S c a
turnê de música country Brooks & Dunn.
4.
Intensificar a imagem corporativa. O patrocínio pode melhorar a percepção de que a em
presa é simpática e tem prestígio. Embora a Visa veja seu patrocínio de longa data das Olim píadas como um meio de ampliar o reconhecimento internacional da marca e aumentar seu
uso e volume, isso também inspira patriotismo e explora o espírito olímpico. 5.
Criar experiências e provocar sensações. As sensações provocadas por um evento empol
gante ou recompensador também podem ser associadas indiretamente à marca. Os modelos
da Audi tiveram destaque no sucesso de bilheteria Homem de Ferro 2, em 2010, incluindo o R8 Spyder pessoal do personagem principal Tony Stark, os SUV's A8, Q5 e Q7 e o hatch A3.
CAPÍTULO 20
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666
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Após uma blitz dc marketing que durou um mês, pesquisas revelaram que a comunicação
boca a boca positiva sobre a marca havia dobrado.68 6.
Expressar compromisso com a comunidade ou com questões sociais. O marketing dc cau sas consiste em patrocínios que envolvem a associação da empresa com organizações sem
fins lucrativos e instituições de caridade. Empresas como Timberland, Stoneyfield Farms,
Home Depot, Starbucks, American Express c Tom’s of Maine transformaram o marketing de causas no alicerce de seus programas de marketing. 7. Entreter os principais clientes ou recompensar os melhoresfuncionários. Muitos eventos ofe
recem tendas de recepção e outros serviços ou atividades especiais que ficam disponíveis ape nas aos patrocinadores e seus convidados. Esse tipo de agrado inspira boa vontade e estabelece valiosos contatos comerciais. Pela perspectiva do funcionário, os eventos podem melhorar a participação e a autoestima ou ser usados como incentivos. O BB&T Corp., grande empresa
dc serviços bancários c financeiros nas regiões sul c sudeste dos Estados Unidos, usou seu pa trocínio da NASCAR Busch Series para entreter clientes corporativos e seu patrocínio de um pequeno campeonato de beisebol para gerar entusiasmo entre seus funcionários.69
8. Permitir oportunidades de merchandising ou promoções. É comum os profissionais de
marketing associarem concursos ou sorteios, merchandising dentro da loja, resposta direta c outras atividades dc marketing a um evento. Empresas como Ford c Coca-Cola patroci
naram uma série de sucesso na TV norte-americana, a American Idol, com esse objetivo.
Apesar dessas vantagens potenciais, o resultado de um evento pode ser imprevisível e esca par ao controle do patrocinador. Embora muitos consumidores valorizem os patrocinadores
por oferecer o suporte financeiro que toma possível a realização de um evento, alguns podem
se ressentir com o caráter comercial que possui.
CfúdKO»: OZUM* Piuw. tacyAlm
Grardes eventos esportnos. corro a Copa do Mundo da FIFA, atraem patnxxàos viitosos.
PRINCIPAIS DECISÕES DE PATROCÍNIO O sucesso de uma ação de patrocínio passa pela escolha dos eventos apropriados, pela cria ção do plano de patrocínio ideal para o evento e pela avaliação dos efeitos que produz. 0
ESCOLHA DE EVENTOS Em virtude da diversidade de oportunidades existentes e do enorme investimento envolvido, os profissionais de marketing tém se tomado mais seletivos quando se
trata da escolha de eventos a serem patrocinados. Os objetivos de marketing e a estratégia de comunicação que foram definidos para a marca devem ser cumpridos pelo evento, que, por sua vez, deve contar com reconhecimento suficiente, possuira imagem desejada e ser capaz de criar os efeitos desejados nesse mercado-alvo. Os consumidores devem atribuir imagens favoráveis
ao patrocinador por seu envolvimento no evento. O evento ideal é singular, mas não está com prometido com muitos patrocinadores, possibilita atividades de marketing complementares e reflete ou aprimora a imagem corporativa ou da marca do patrocinador.'1
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
CAPÍTULO 20
667
ELABORAÇÃO DE PLANOS DE PATROCÍNIO Muitos profissionais dc marketing acreditam que o plano de marketing que acompanha o patrocínio de um evento é, no fim das contas, o que determina seu sucesso. Pelo menos o dobro ou o triplo do valor do investimento dc patrodnio
deve ser aplicado em atividades de marketing relacionadas.
A criação do evento é uma habilidade particularmente importante na divulgação de movi mentos dc captação dc recursos para organizações filantrópicas. Os captadorcs dc recursos vem
criando um vasto repertório de eventos especiais, como comemorações de aniversários, expo sições de arte, leilões, noites beneficentes, lançamentos de livros, festivais de bolos, concursos,
danças, jantares, feiras, desfiles de moda, teletons, bazares, tumês e caminhadas.
Mais empresas passaram a usar seus nomes para patrocinar arenas, estádios e outros locais
que sediam eventos. Bilhões foram gastos na última década pelo direito de dar nome a grandes instalações esportivas na América do Norte. Mas, como ocorre com qualquer forma de patro cínio, a questão mais importante a considerar são as atividades complementares dc marketing.
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES DE PATROCÍNIO Avaliar o sucesso dc eventos não é tarefa facil. A seção Memorando de marketing: Como medir patrocínios de alto desempenho apresenta diretrizes cruciais para questões de avaliação de patrocínios propostas pela consultoria especializada IEG.
MEMORANDO DE
outros departamentos facilita a aceitação de qualquer forma de
COMO MEDIR PATROCINIOS DE ALTO DESEMPENHO
análise de patrocínio.
1.
Avahe os resultados e nào o que foi executado. Concentre-se no que
6.
um patrocínio realmente gerou em vez de naquilo que um patro cinador obteve ou fez - em vez de focar as cinco mil pessoas
psicologicamente os consumidores, além de facilitar e aprofundar
impactadas em um evento, avalie quantas delas podem ser clas sificadas como parte do mercado-alvo e qual é a provável taxa de conversão entre sua experimentação e seu comportamento futuro.
2.
as relações de fidelidade no longo prazo? 7.
Defina objetivos e pontos de referência desde o inicio. Objetivos es
indicadores diferentes do que o objetivo de construir uma imagem de
pelo patrocínio?
8.
Avalie o retomo de cada objetivo em relação a sua participação pro
porcional nos investimentos realizados Classifique os objetivos em
ordem de importância e faça a alocação do orçamento total de
patrocínio para cada um desses objetivos. 4.
Avalie o comportamento. Realize uma análise completa de vendas
para identificar mudanças no comportamento de mercado como
resultado do patrocínio.
5.
Aplique os pressupostos e os índices usados por outros departamen
tos dentro da empresa. Aplicar os métodos estatísticos usados por
Inclua a redução de custos nos cálculos de ROI. Com pare as despe
sas que uma empresa já fez no passado para alcançar um obje
marca e seus principais benefícios. Compare indicadores em relação aos efeitos do patrocínio versus o que teria acontecido sem ele.
3.
Identifique as regras grupais. Qual é a força de uma comunidade
imbuída no evento patrocinado ou em seus participantes? Há grupos formais que compartilham interesses que serão afetados
pecíficos ajudam a identificar quais indicadores devem ser monitora dos. 0 objetivo de motivar a força de vendas e os distribuidores pede
Pesquise as identidades emocionais dos clientes e mensure os re sultados de vínculos emocionais. De que forma um patrocínio afeta
tivo específico com as despesas alocadas para atingir o mesmo objetivo por meio de patrocínio. 9.
Segmente os dados. Um patrocínio afeta cada segmento de mercado
de uma forma diferente. Decompor um mercado-alvo em segmentos
menores permite identificar melhor os efeitos do patrocínio.
10. Colete dados normativos Desenvolva um conjunto básico de crité rios de avaliação que possam ser aplicados em qualquer tipo de plano de patrocínio. Fonte: IEG SPONSORSHIP CONSULTING. Measuring Higi Performance Sponsor ship Programs. IEG Executive Brief. 2009.
Os métodos da oferta avaliam a extensão da cobertura na mídia, por exemplo, o número de segundos em que a marca fica nitidamente visível na tela da TV ou o número de centí metros na cobertura da mídia impressa sobre um evento que cila a marca. Essa medida de
‘aparições’ potenciais é então convertida em um valor equivalente em investimentos com propaganda, de acordo com as taxas relacionadas à propaganda real em determinado veículo
de comunicação. Alguns consultores do setor estimam que 30 segundos de exposição do lo gotipo durante um evento televisionado pode valer de 6 a 10%, ou até 25%, de um comercial
de TV dc 30 segundos. Embora os métodos da oferta proporcionem medidas quantificáveis, colocar no mesmo
plano a cobertura na mídia e a exposição da propaganda não leva em consideração o conteú
do dc cada comunicação recebida pelo consumidor. O anunciante utiliza espaço c tempo na mídia para comunicar uma mensagem estrategicamente concebida. A cobertura da mídia e a
668
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
transmissão dc TV apenas expõem a marca, não necessariamente incrementam seu significado
de forma direta. Apesar de alguns profissionais de relações públicas sustentarem que a cober tura editorial positiva pode valer de cinco a dez vezes o equivalente na propaganda, c raro que
um patrocínio apresente um tratamento tão favorável.
O método da demanda procura identificar os efeitos que o patrocínio exerce no conheci mento da marca por parte dos consumidores. É possível pesquisar espectadores dc eventos com o intuito de medir a lembrança do patrocinador, assim como as atitudes e intenções resultantes
em relação a ele.
CRIAÇÃO DE EXPERIÊNCIAS Uma grande parcela do marketing local é o marketing experiential, que não somente comu nica atributos c benefícios como também conecta um bem ou serviço a experiências únicas c
interessantes. “A ideia não é vender algo, mas demonstrar como uma marca pode enriquecer a vida de um cliente”/2 Diversas empresas também têm organizado seus próprios eventos e experiências para gerar interesse e envolvimento por parte de consumidores e mídia. Os consumidores parecem gostar disso. Em uma pesquisa, quatro de cada cinco entrevista
dos achavam que participar de um evento ao vivo era mais envolvente do que qualquer outra forma de comunicação. A grande maioria também afirmou que o marketing experiencial for
necia mais informações do que outras formas de comunicação, provavelmente fazendo com que contasse aos outros como é participar de um evento e tosse receptiva a outras ações de
marketing da marca. 3 As empresas podem até mesmo criar uma imagem forte ao convidar consumidores em po tencial e clientes a visitar sua sede e fábricas.'4 Empresas como Ben & Jerry, Boeing, Crayola
c Hershey' patrocinam excelentes visitas a suas instalações, atraindo milhões dc visitantes por ano. Outras como Hallmark, Kohler e Beiersdort (fabricantes do creme NÍVEA) construíram
museus corporativos em sua sede ou nas proximidades para mostrar sua história e o que envol ve a fabricação e o marketing dc seus produtos. Muitas empresas passaram a criar experiências
com produtos e marcas em ambientes internos e externos. Há o World of Coca-Cola em Atlan ta c Las Vegas c o M&M’s World na Times Square cm Nova York.
Relações públicas A empresa precisa relacionar-se de maneira construtiva não somente com consumidores,
fornecedores e revendedores, mas também com muitos públicos de interesse. Um público é todo grupo que tenha um interesse real ou potencial na empresa ou que possa exercer impacto
em sua capacidade de atingir seus objetivos. As relações públicas (RP) envolvem uma série de
programas desenvolvidos para promover ou proteger a imagem de uma empresa ou de seus produtos em particular.
A empresa sensata toma medidas concretas para administrar relações de sucesso com seus públicos principais. A maioria possui um departamento dc relações públicas que monitora as atitudes dos públicos da organização e divulga informações e boletins para construir um bom
relacionamento. Os melhores departamentos de RP procuram aconselhar a alta gerência a ado
tar programas positivos c a eliminar práticas questionáveis, a fim dc evitar publicidade negati va. Para tanto, executam as cinco funções a seguir: 1. Relações com a imprensa. Apresentam notícias e informações sobre a organização com o
melhor enfoque possível. 2.
Publicidade de produto. Conjuga esforços para divulgar produtos específicos.
3.
Comunicação corporativa. Mediante comunicações internas e externas, faz com que a em
presa seja mais bem compreendida pelos diversos públicos. 4.
Lobby. Negocia com legisladores e autoridades governamentais a promoção ou a alteração
de leis e regulamentações. 5. Aconselhamento. Orienta a administração quanto a problemas públicos e quanto às posi ções e à imagem da empresa, nos bons e nos maus momentos.
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
CAPÍTULO 20
669
RELAÇÕES PÚBLICAS DE MARKETING A fim de apoiar a promoção corporativa ou de produtos e a construção de imagem, muitas
empresas tém se voltado a atividade de relações públicas de marketing. Essa atividade, como a de RP financeira ou a de RP comunitária, atende um cliente especial: o departamento de marketing.
Costumava-sc chamar a atividade dc relações públicas dc marketing de publicidade, isto c, a tarefa de assegurar espaço editorial — em oposição ao espaço pago — na imprensa e na mídia eletrônica, com o intuito de promover ou ‘alardear’ um bem, serviço, ideia, lugar, pessoa ou organização. No entanto, o papel dc relações públicas dc marketing vai além da simples divul gação, exercendo importante função nas seguintes tarefas:
I
Lançamento de produtos. O impressionante sucesso comercial de brinquedos como as Tar tarugas Ninja, os bichinhos Beanie Babies e até a última sensação entre as crianças, as pul
seiras Silly Bandz, deve-se, em grande parte, ao esforço de publicidade.
I
Reposicionamento de um produto maduro. Em um clássico estudo de caso de RP, a cidade
de Nova York era muito criticada na imprensa na década de 1970 até o lançamento da cam panha I Love New York (Eu amo Nova York).
I
Geração de interesse por uma categoria de produtos. Empresas e associações comerciais usam a atividade de relações públicas de marketing para renovar o interesse em commodi
ties em declínio, como ovos, leite, carne e batatas, e para expandir o consumo de produtos
como chá, carne dc porco e suco dc laranja.
I
Influência sobre grupos-alvo específicos. O McDonald’s patrocina eventos comunitários
especiais cm comunidades latino-americanas c afro-americanas para que a marca tenha maior aceitação entre elas.
I
Defesa de produtos que enfrentaram problemas públicos. Os profissionais de RP precisam estar aptos a administrar crises, como as enfrentadas rcccntcmcntc por marcas estabelecidas
como Tylenol, Toyota e BP.
I
Construção de imagem corporativa que reflita favoravelmente nos produtos. Os tão es
perados discursos de Steve Jobs no evento anual Macworld ajudaram a criar uma imagem
inovadora e iconoclasta para a Apple Corporation. À medida que a propaganda de massa perde força, os gerentes de marketing voltam-se
mais para a atividade de relações públicas de marketing, com o intuito de promover cons cientização e conhecimento da marca para produtos novos e estabelecidos. Essa atividade
é eficiente também na cobertura dc comunidades locais c no alcance dc grupos específicos, podendo ser mais vantajosa em termos de custo do que a propaganda. Cada vez mais, ela ocorre on-line, mas deve ser planejada em conjunto com a propaganda e outras comunica
ções dc marketing.'3 Obviamente, relações públicas com criatividade podem influenciar a conscientização do público por uma fração do custo da propaganda. A empresa não paga pelo espaço ou pelo
tempo obtido na mídia; paga somente para sua equipe desenvolver e divulgar fatos relevantes
e gerenciar determinados acontecimentos. Uma história interessante que capte a atenção da mídia pode equivaler a um investimento milionário em propaganda. Alguns especialistas afir mam que os consumidores são cinco vezes mais propensos a ser influenciados pela mensagem
editorial do que pela propaganda. Vejamos um exemplo de uma premiada campanha de rela ções públicas.'6
MEOW MIX Uma marca histórica, a Meow
os escolhidos para fazer as honras. 0 vídeo
de TV Access Hollywood. 0 tráfego na inter
Mix Cat Food, decidiu explorar suas raízes
com Green cantando uma versão remixada
net para a marca aumentou 150% e mais
e resgatar um de seus elementos de marca
do jingle em um dueto com Purrfect atraiu
de 10 mil fãs baixaram a música ou o toque
mais identificáveis: um jingle com refrão re
atenção geral. A história recebeu 1.2 mil
de chamada. Para cada download, um quilo
petitivo de miado, fora do ar há 16 anos. 0
colocações de mídia e 535 milhões de im
de Meow Mix era doado a uma instituição
cantor e apresentador de reality show da TV
pressões de mídia, incluindo exclusividades
de caridade para animais de estimação em
CeeLo Green e seu gato persa Purrfect foram
com a AP (Associated Press) e o programa
Los Angeles.
670
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
PRINCIPAIS DECISÕES EM RELAÇÕES PÚBLICAS DE MARKETING Ao considerar quando e como utilizar a ação de relações públicas de mar keting, a gerência deve estabelecer os objetivos de marketing, escolher as men
sagens e os veículos de RP, implementar cuidadosamente o plano e avaliar os resultados. As principais ferramentas para isso estão descritas na Tabela 20.6.
ESTABELECIMENTO DOS OBJETIVOS A atividade de relações públicas de mar
keting desenvolve a conscientização divulgando notícias na mídia que chamem
a atenção para um bem, serviço, pessoa, organização ou ideia. Pode desenvolver
credibilidade comunicando a mensagem cm um contexto editorial c aumentar o entusiasmo da equipe de vendas e dos revendedores com artigos sobre um novo produto antes de seu lançamento, além de reduzir custos de promoção, uma vez
que custa menos do que mala direta e propaganda na mídia. CrMIhw: f>*f NMMt/Alnny
Uma campanha eficaz de relações públicas pode alcançar vários objetivos.
Com a reputação em baixa, a Cisco lançou a campanha The Comeback Kid Ini tiative (Iniciativa ‘dar a volta por cima’) para recuperar a confiança em sua vi
são corporativa e liderança. Melhorar o perfil dos principais executivos globais, criar dois estudos globais relevantes e apresentar alguns de seus próprios pro
dutos e soluções tecnológicas contribuíram para aumentos de 25% na avaliação A ração para gatos Meow Mix resgatou seu famoso jingle em uma ampla campanha de relações púWicas com o cantor CeeLo Green e seu gato persa Purrfect
de ações, de 11% na receita de vendas e de 15% na confiança do funcionário.'' ESCOLHA DAS MENSAGENS E DOS VEÍCULOS Suponhamos que uma faculdade rclativamcnte desconhecida queira ter mais visibilidade. A atividade de relações públicas de marketing deverá procurar material para possíveis artigos. Há algum professor trabalhando em um pro
jeto singular? São ministrados cursos novos ou inusitados? Eventos interessantes acontecem no campus? Se o número de matérias interessantes for insuficiente, o responsável pela ação deverá propor que a faculdade patrocine eventos que costumam ser noticiados pela mídia.
Aqui o desafio é criar notícia. Idéias de relações públicas incluem sediar convenções acadê micas importantes, convidar especialistas ou celebridades para proferir palestras e programar
coletivas à imprensa. Cada evento é uma oportunidade para desenvolver uma série de artigos direcionados a diferentes públicos.
Tabela 20.6 Principais ferramentas de relações públicas de marketing
Publicações: as empresas dependem bastante de materiais publicados para alcançar e influenciar seus mercados-alvo. Isso inclui relatórios anuais, folhetos, artigos, boletins e revistas corporativas e materiais audiovisuais.
Eventos; as empresas podem chamar a atenção para novos produtos ou outras atividades organizando
e divulgando eventos especiais que alcancem o público-alvo, como coletivas de imprensa, seminários, passeios, exposições, concursos, competições e aniversários.
Patrocinios: as empresas podem promover o nome de suas marcas e seu próprio nome patrocinando e divulgando eventos esportivos e culturais e causas extremamente relevantes.
Noticias: uma das principais tarefas dos profissionais de relações públicas é encontrar ou criar notícias favoráveis sobre a empresa, seus produtos e funcionários, além de fazer com que a mídia aceite press
releases e participe de entrevistas coletivas. Apresentações: com maior frequência, os executivos devem abrir um espaço para respondera perguntas da mídia ou promover palestras em associações comerciais ou em reuniões de vendas. Essas aparições em público podem contribuir para a imagem da empresa.
Atividades de prestação de serviços de interesse público: as empresas podem influenciar positivamente o público contribuindo com dinheiro e tempo para causas sociais.
Identidade de midia: as empresas precisam de uma identidade visual para que o público possa reconhecê-las imediatamente. A identidade visual é transmitida por logotipos, itens de papelaria, folhetos, sinalização,
formulários, cartões de visita, instalações, uniformes e tipos de vestimenta.
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
CAPÍTULO 20
671
Enquanto os profissionais dc RP continuam a alcançar seu público-alvo pela mídia dc
massa, a atividade de relações públicas de marketing utiliza cada vez mais as técnicas e a tecnologia do marketing de resposta direta para alcançar individualmente seu público-alvo. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS A contribuição da ativi dade de relações públicas de marketing para os resultados financeiros é difícil de avaliar, já que é empregada em conjunto com outras ferramentas promocionais. A maneira mais
fácil de medir a eficácia da ação de relações públicas de marketing é calcular o número de
exposições na mídia. Os profissionais de publicidade fornecem ao cliente um clipping com todas as publicações em que apareceram notícias sobre o produto, além de um resumo
como o seguinte: A cobertura da mídia incluiu cerca de nove mil centímetros de colunas de notícias
c fotografias cm 350 publicações, com uma circulação combinada dc 79,4 milhões
de exemplares; 2,5 mil minutos de tempo no ar em 290 estações de rádio, com uma audiência estimada em 65 milhões; 660 minutos de tempo no ar em 160 emissoras
de TV', com uma audiência estimada em 91 milhões. Se esse tempo e espaço tivessem
sido comprados de acordo com as tarifas vigentes de propaganda, totalizariam a cifra de US$ 1,047 milhão.78
Essa mensuração, porém, não é muito satisfatória porque não contém nenhuma indi cação dc quantas pessoas rcalmcntc leram ou ouviram a mensagem, nem dc quantas se
lembram ou do que pensam sobre ela depois. Tampouco traz informações sobre a audiência
total, pois as publicações se sobrepõem em termos de leitores, além de ignorar os efeitos da
mídia eletrônica. Como o objetivo da publicidade é a cobertura, e não a frequência, seria
mais útil conhecer o número de exposições não duplicadas entre todos os tipos de mídia. Um indicador mais apropriado é a ‘mudança na conscientização, na compreensão ou na
atitude’ em relação ao produto que resulta de uma campanha de relações públicas de marketing
(depois de levar em conta o efeito de outras ferramentas promocionais). Por exemplo, quantas
pessoas se lembram de ter ouvido notícias sobre o produto? Quantas pessoas contaram a ou tras sobre ele (mensuração da comunicação boca a boca)? Quantas pessoas mudaram de ideia
depois de ouvir a mensagem?
Resumo 1. Propaganda é qualquer forma paga de apresentação não pes soal e promocional de ideias, bens ou serviços por um patro
cinador identificado. Entre os anunciantes estão não somente
pré-testar esse programa, implementá-lo e controlá-lo para, en tão, avaliar seus resultados.
5. Eventos e experiências são oportunidades de participação em
empresas privadas como também agências governamentais e
momentos relevantes e mais pessoais da vida dos consumido
instituições sem fins lucrativos e filantrópicas.
res. Desde que devidamente gerenciado, o envolvimento em
2. 0 desenvolvimento de um plano de propaganda é um proces so que envolve cinco etapas: (1) definição dos objetivos da
eventos é capaz de ampliar e aprofundar o relacionamento do patrocinador com seu mercado-alvo.
propaganda: (2) estabelecimento de um orçamento: (3) esco
6. Por relações públicas (RP) entende-se uma variedade de pro
lha da mensagem da propaganda e da estratégia criativa; (4)
gramas destinados a promover ou proteger a imagem de uma
decisão sobre a mídia; e (5) avaliação da comunicação e dos
empresa ou de seus produtos. A atividade de relações públicas
efeitos da propaganda nas vendas.
de marketing, de dar suporte ao departamento de marketing
3. Uma promoção de vendas consiste em ferramentas de incenti
na promoção de produtos ou empresas e na formação de sua
vo. principalmente de curto prazo, destinadas a estimular com
imagem, pode afetar a conscientização do público a um cus
pras maiores e mais rápidas de determinados bens ou serviços
to menor do que a propaganda e, frequentemente, com muito
por parte de consumidores ou do canal de distribuição.
4. Ao utilizar a promoção de vendas, a empresa deve estabelecer seus objetivos, escolher as ferramentas, desenvolver o programa.
mais credibilidade. As principais ferramentas de RP são publi
cações, eventos, notícias, atividades comunitárias, identidade visual, lobby e responsabilidade social.
672
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Aplicações Debate de marketing A PROPAGANDA DEVE SER TESTADA?
Os criativos da propaganda acreditam que o pré-teste inibe o processo de criação e resulta na mesmice de muitos comerciais. Os profissionais de marketing, por sua vez. acreditam que o pré-teste faz as verificações
ASSUMA UMA POSIÇÃO: Na maioria dos casos, o pré-teste de cam
panhas é um desperdício de investimento de marketing ou fornece um diagnóstico importante para os profissionais de marketing quan
to ao provável sucesso de uma campanha de propaganda?
Discussão de marketing
necessárias para garantirque uma determinada campanha se conectara
PROPAGANDA NA IV
com os consumidores e será bem aceita no mercado.
Quais são seus comerciais de IV favoritos? Por quê? Quão eficazes são as estratégias da mensagem e a criatividade? Como conquistam a pre
ferência dos consumidores e desenvolvem fidelidade e brand equity?
EXCELÊNCIA EM ]V .EU. £6tlHÇ[
Coca-Cola Quando se trata de marketing de massa, talvez ninguém faça isso me
idiomas - inglês, espanhol, filipino, mandarim, hindi, hebraico, keres
lhor do que a Coca-Cola. A Coca é o refrigerante mais popular e mais
(a língua do povo Pueblo), francês e árabe - mostrando que pessoas
vendido na história. Com um orçamento anual de marketing de quase
de diferentes etnias podem conectar-se por meio de seu amor pelos
US$ 3 bilhões e vendas anuais superiores a USS 30 bilhões, a marca
Estados Unidos e pela Coca-Cola. Outros comerciais adotam um tom
lidera o ranking da Interbrand ano após ano. Na verdade, a Coca-Cola
leve para atrair o público jovem. Em um deles, um grupo de jovens está
é um fenômeno tão global que seu nome é a segunda palavra mais
sentado em volta de uma fogueira, tocando violão, rindo e passando
compreendida do mundo (depois de okay).
uma garrafa de Coca-Cola de mào em mão. A garrafa chega a um alie
A história de sucesso da Coca-Cola é surpreendente. A bebida foi
nígena viscoso de um olho só que se junta à diversão, toma um gole
inventada em 1886 pelo Dr. John S. Pemberton, que misturou um xa
e passa a garrafa adiante. Quando o próximo da roda limpa o gargalo
rope de sua própria criação com água carbonatada para curar dores de
visivelmente enojado, a música para de repente e o grupo olha para
cabeça. Mais tarde, o primeiro presidente da empresa transformou o
ele com ar de decepção. 0 rapaz devolve a garrafa timidamente para o
produto em um fenômeno da cultura pop apresentando-o a farmacêuti
alienígena lambuzá-la de novo e bebe em seguida; a música e a festa
cos e consumidores ao redor do mundo e distribuindo relógios, cartazes
continuam em perfeita harmonia.
e outras parafernálias com o logotipo da Coca-Cola.
Jonathan MildenhaII. quando era diretor global de conteúdo e pro
Desde o início, a empresa acreditou que, para ganhar aceitação
paganda da Coca-Cola, explicou a importância contínua dos anúncios
mundial, a marca precisaria se conectar emocional e socialmente com
de TV: "O papel da TV nunca deixara de ser importante para a empresa
as massas enquanto o produto precisaria estar ao alcance do desejo'.
Coca-Cola: a TV tem um conjunto exclusivo de atributos em uma cam
Por isso, ela se concentrou em obter ampla distribuição e se empenhou
panha de marketing que outras mídias simplesmente não podem nos
para tomar o produto adorado por todos. Durante a Segunda Guerra
dar. mas eu não acho que deveria ser o ponto de partida". A estratégia
Mundial, declarou que “todo homem vestindo uniforme pode comprar
de comunicação de massa da Coca-Cola mescla, assim, uma grande
uma garrafa de Coca-Cola por cinco centavos onde quer que esteja,
variedade de meios de comunicação, incluindo TV, rádio, mídia impres
não importando o que isso custe à empresa". Essa estratégia ajudou
sa, internet, lojas, digital, outdoors, relações públicas, eventos, brindes
a apresentar o refrigerante a pessoas em todo o mundo, bem como se
e até mesmo seu próprio museu. 0 público-alvo e o alcance da empre
conectar com elas de um modo positivo em tempos de turbulência.
sa são tão grandes que acertar na escolha da mídia e das mensagens
Por que a Coca-Cola é muito maior do que qualquer outro concor
rente? O que a Coca faz melhor do que todos é criar campanhas globais
de marketing é fundamental, apesar de um orçamento de marketing da
ordem de USS 3 bilhões.
alta mente atuais, otimistas, que se traduzem bem em diferentes paí
A Coca-Cola usa eventos de grande porte para atingir um público
ses, idiomas e culturas. A propaganda da empresa ao longo dos anos
imenso: patrocina os Jogos Olímpicos desde 1928 e anuncia no Super
tem focado principalmente o atributo do produto de matar a sede e a
Bowl. A empresa visa aos consumidores mais jovens por meio de ações
habilidade mágica da marca de conectar as pessoas, não importando
como 1,3 mitião de tuítes por trimestre e product placements estraté
quem sejam ou como vivam. Um dos comerciais mais memoráveis e
gicos. como os copos vermelhos da Coca-Cola diante dos jurados no
mais bem-sucedidos da Coca-Cola foi o Hilltop (No topo da colina) que
programa de TV American Idol. Também são investidos mais de USS 1 bi
apresentava a canção Fd Like to Buy the World a Coke (Eu queria dar
lhão por ano em patrocínios esportivos como NASCAR e Copa do Mundo.
uma Coca-Cola para todo o mundo). Lançada em 1971, a propaganda
O delicado equilíbrio entre o marketing local e global da Coca-Cola
destacava jovens de todo o mundo compartilhando um momento feliz
é crucial; as campanhas devem ser relevantes e traduzir-se bem em
e harmonioso e algo em comum (tomar uma Coca) na encosta de uma
escala local. Na China, por exemplo, os gerentes regionais da empresa
colina na Itália. O comercial tocou emocionalmente tantos consumido
têm autonomia para personalizar a propaganda com mensagens cultu
res e mostrou com tanta eficácia o apelo mundial da Coca-Cola que a
rais apropriadas. Como um executivo da empresa explicou: “Criar um
canção ficou entre as dez mais tocadas daquele ano.
marketing eficaz em nível local sem escala global pode ser extrema
Os comerciais de TV do produto ainda transmitem a mensagem
mente ineficiente". Em 2006, por exemplo, a Coca-Cola veiculou duas
de ligação universal com uma Coca-Cola. 0 anúncio da empresa no
campanhas durante a Copa do Mundo da FIFA em conjunto com vá
Super Bowl de 2014 apresentou America the Beautiful cantada em nove
rias campanhas locais. Durante o mesmo evento em 2010, a empresa
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
lançou uma campanha única em mais de 100 mercados. Executivos da
CAPÍTULO 20
673
Questões
empresa estimam que essa última estratégia, mais global, gerou uma economia de mais de US$ 45 milhões em termos de eficiência.
Apesar desse sucesso sem precedentes ao longo dos anos, nem
tudo foi perfeito. Em 1985, no que talvez tenha sido o pior lançamento
de produto de todos os tempos, a empresa apresentou a New Coke - uma versão mais doce da fórmula secreta original. A rejeição dos
consumidores foi imediata e as vendas despencaram. Três meses de
pois. a New Coke foi retirada do mercado e a fórmula original relançada com o nome de Coca-Cola Classic, para alegria de consumidores em
toda parte. 0 então presidente Roberto Goizueta declarou: '0 fato é
que nem todo o tempo, dinheiro e competência investidos em pesquisa
do consumidor sobre a nova Coca-Cola foi capaz de medir ou revelar
o profundo e persistente apego emocional sentido por tantas pessoas pela Coca-Cola original'. 0 sucesso da Coca-Cola em divulgar um produto em uma escala tào global e maciça é único. Apesar dos altos e baixos das tendências
de refrigerantes ao longo dos anos, nenhum outro produto é tão univer salmente acessível, acerto e adorado.
excelência em
1. 0 que a Coca-Cola representa? 0 significado é o mesmo para todos? Justifique. 2. 0 marketing da Coca-Cola atinge com sucesso bilhões de pessoas
ao redor do mundo. 0 que explica esse sucesso?
3. A Pepsi ou qualquer outra empresa pode vir a superar a CocaCola? Por quê? Quais são os maiores riscos enfrentados pela
Coca-Cola?
Fontes: ZMUDA. Natalie. Coca-Cola Lays Out Its Vision for the Future at 2010 Meeting. AAerSszng Age. 22 nov. 2009: ZMUDA. Natalie. Coke s 'Open Ha ppiness’ Keeps It Simple for Global Audience. Advertising Age. 21 jan. 2009: GREENWALD. John. Will Teens Buy It? Time. 24 jun. 2001: Coca-Cola StiU Viewed as Most Valuable Brand. USA Today. 18 set 2009: ROTHSTEIN. Edward. Ingredients: Carbonated Water. High-Fructose Corniness... New York Times. 30 jul. 2007; COOK. Brad. Coca-Cola: A Classic. Brandchamel. 2 dez. 2002; ZMU DA. Natalie. Coca-Cola Boosts Media Spending as Demand Slows. Advertising Age. 18 fev. 2014; MCINTYRE. Paul. Coke’s Local Advertising Campaign a World wide Success. Financial Review. 25 mar. 2013; Coca-Cola Company 2012 An nual Report
Marketin
Gillette A Gillette conhece bem os homens. Não somente entende o que desejam
investe USS 7 milhões por ano para patrocinar o Gillette Stadium, casa
para se cuidar como também sabe vender para esse público em diferen
do New England Patriots, e é patrocinadora corporativa da NFL
tes países, culturas e idiomas pelo mundo. O apelo de massa da Gillette
A Gillette também tem patrocinado lutas de boxe; campeonatos de
é resultante de vários fatores, como inovação de alta qualidade, extensa
basquete e de futebol americano da NCAA; corridas da NASCAR; campe
pesquisa de consumidores e comunicação de massa eficaz.
onatos de golfe PGA Tour, Champions Tour e LPGA Tour, e a liga nacio
Desde a invenção do aparelho de barbear seguro por King C.
nal de hóquei. Intemacionalmente, foram patrocinados eventos como a
Gillette em 1901. a empresa lançou inúmeros produtos inovadores.
Copa do Mundo da FIFA, o torneio de rugby Tri-Nations do Reino Unido,
Exemplos disso são o primeiro aparelho de barbear com duas lâminas
a Copa Gillette de Críquete e as corridas de Fórmula 1. Greg Via, diretor
paralelas em 1971, denominadoTrac II; uma lâmina com cabeça móvel
global de marketing esportivo, explica: Temos um ciclo de 18 meses que
em 1977, chamada Atra; e o primeiro aparelho com duas lâminas pa
começa com uma estratégia de marca. Fabricamos muitos produtos em
ralelas montadas sobre molas independentes em 1989, o Sensor. Em
bases globais e tentamos alavancar de forma holrstica nossas principais
1998, a Gillette introduziu o Mach3, o primeiro sistema de barbear com
parcerias. Isso requer muito planejamento e trabalho. Não somos o tipo
três lâminas que se transformou em uma marca bilionária superada
de empresa que alavanca uma parceria com um comercial e uma SKU.
apenas pelo lançamento em 2006 do melhor barbear do planeta' - o
Abraçamos uma parceria com promoções de TV, digitais, de mídia social
Fusion, de seis lâminas. Hoje em dia. as lâminas Fusion e Fusion Pro-
e em loja’. A empresa muitas vezes integra criatividade em seus patrocí
Glide respondem por aproximadamente 45% dos aparelhos vendidos
nios. Por exemplo, transformou máquinas de nivelar superfícies de gelo
para homens nos Estados Unidos.
- as Zamboms - em aparelhos de barbear Fusion gigantes nos jogos de
A Gillette certamente lançou produtos de alta qualidade, mas foram
seu impressionante conhecimento de marketing e sua comunicação de
hóquei da NHL para criara ilusão de que uma lâmina Gillette acabara de dar ao gelo um barbear perfeitamente suave.
massa que a ajudaram a atingir esse nível de sucesso internacional. Tra
A Gillette também faz parcerias com atletas para comunicar suas
dicionalmente, a Gillette usa uma mensagem de marketing global em
mensagens de marketing e refletir a imagem da marca. Em 2004, a
vez de mensagens segmentadas por país ou região. Essa mensagem é
empresa contratou o astro de futebol David Beckham para anúncios
sustentada por um amplo espectro de atividades complementares de
e campanhas promocionais em todo o mundo. Em 2007, lançou o
propaganda, como patrocínios esportivos, comerciais de TV, promoções
programa Gillette Champions, destacando as realizações atléticas dos
em lojas, anúncios impressos, propaganda on-line e marketing direto.
campeões Roger Federer (tênis), Thierry Henry (futebol) e Tiger Woods
Talvez o elemento crucial seja o marketing esportivo. A propaganda
(golfe). Apresentou o superastro de beisebol Derek Jeter, o astro do
da Gillette apresenta heróis do beisebol, como Hank Aaron, Mickey Man
futebol Park Ji-Sung, o campeão de motociclismo Kenan Sofuoglu, o jo
de e Honus Wagner, desde 1910, patrocinando a Major League Baseball
gador de críquete Rahul Dravid e vários jogadores de futebol americano.
desde 1939. A ligação natural da Gillette com o beisebol e a tradição aju
Embora o marketing esportivo seja um elemento crucial da estraté
dou a empresa a conectar-se emocional e literalmente com seu público-
gia de marketing da Gillette, a marca pretende atingir o público mascu
-alvo. Tim Brosnan, antigo vice-presidente executivo da liga, explicou: ‘A
lino em geral e. por isso, faz parceria com músicos, videogames e filmes
Gillette é pioneira no marketing esportivo e abriu caminho para o patrocí
- em um dos filmes de James Bond, Goldfinger uma lâmina de barbear
nio e os endossos esportivos dos dias de hoje'. A empresa também tem
Gillette continha um dispositivo de acionamento de míssil.
ligações com o futebol americano e patrocina os campeonatos universi
A propaganda da Gillette repercutiu bem junto aos consumido
tários Orange Bowl. Sugar Bowl, Cotton Bowl e Rose Bowl. Atualmente.
res ao longo dos anos e deixou para trás alguns dos slogans mais
674
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
conhecidos na história da propaganda. Dois deles são Look Sharp. Feel
3. Alguns garotos-propaganda da Gillette, como Derek Jeter e Tiger
Sharp (Pareça bem, sinta-se bem) e o atual The Best a Man Can Get (O
Woods, envolveram-se em polêmicas depois de se tomarem de
melhor que um homem pode alcançar).
fensores da marca. Isso prejudica de alguma forma o brand equity
Quando a Procter & Gamble adquiriu a Gillette em 2005 por USS
57 bilhões (um recorde de dnco vezes o faturamento), visava mais do que às vendas e ao lucro. A P&G. especializada no marketing para mu
lheres. queria aprendera fazer marketing para homens em escala global
e ninguém faz isso melhor do que a Gillette. Atualmente, os mercados de barbear e de cuidados pessoais representam 9% da receita total da
P&G, e os aparelhos de barbear são um de seus negócios mais rentá veis. com margens operacionais de 31%.
Questões 1. A Gillette conseguiu convencer o mundo de que mais é melhor’ com relação ao número de lâminas e outros atributos do barbear. Por que isso funcionou no passado? O que podemos esperar no
futuro? Por quê? 2. Explique por que as parcerias de marketing esportivo da Gillette têm sido tão bem-sucedidas.
da Gillette ou sua mensagem de marketing? Justifique.
4. A Gillette pode vir a ser tão bem-sucedida no marketing para mu lheres? Por quê?
Fontes: Gillette Launches New Global Brand Marketing Campaign. Gillette press release. 1 jul. 2009: Major League Baseball Announces Extension of Historic Sponsorship with Gillette Dating Back to 1939. Major League Base ball press release, 16 abr. 2009; Gillette. 2009 Annual Report: MULLMAN. Jeremy: THOMASELLI, Rich. Why Tiger Is Stil the Best Gillette Can Get. Adver Using Age. 7 dez. 2009: STORY, Louise. Procter and Gillette Leam from Each Other s Marketing Ways. New York Times. 12 abr. 2007: BEUCKE, Dan. A Blade Too Far. BusinessWeek. 14 ago. 2006; ABELSON. Jenn. And Then There Were Five. Boston Globe. 15 set 2005; NEFFJack. Six-Blade Blitz. Advertising Age. 19 set. 2005. p. 3-53: EDITORIAL. Gilette Spends Smart on Fusion. Adver tising Age, 26 set 2005, p. 24: World’s Most Valuable Brands. Fortune, nov. 2013; Five Questions: Greg Via. Gillette Global Director of Sports Marketing. IEG Sponsorship Report. 18 nov. 2013: Gillette Enlists Top NFL Players and Sport Science’s John Brenkus to Highlight the Importance of Precision in Football and Shaving. P&G corporate press release, 3 set 2013; P&G 2013 Annual Report.
ESTUDO DE
Gincana da Solidariedade: parceria de sucesso para a comunidade Há quase duas décadas trazendo solidariedade, alegria e engaja
somam pontos de acordo com os quilos de alimentos arrecadados.
mento das crianças para a comunidade das regiões do Vale do Pa
As escolas são agrupadas em chaves regionais e as vencedoras de
raíba, do Litoral Norte, da Serra da Mantiqueira e para a Região
cada etapa participam da grande final festiva.
Bragantina do Estado de São Paulo, a Gincana da Solidariedade é
A viabilização desse evento de impacto social se dá pela união
uma atividade de congregação de seus colégios e cidades promovida
de forças entre a emissora de TV Rede Vanguarda, detentora do
pela Rede Vanguarda, com o intuito de arrecadar alimentos e cadei
evento, e empresas patrocinadoras da ação. No ano de 2018, o
ras de rodas para instituições locais do terceiro setor. Em quase 20
Grupo Empresarial Universo Materiais Elétricos e Iluminação, diante
anos de realização, o evento já arrecadou mais de 3,2 milhões de
da oportunidade de praticar sua responsabilidade social e divulgar
quilos de alimentos doados e, nos últimos cinco anos, mais de 30
o espírito de solidariedade entre seus clientes e comunidade local,
cadeiras de rodas.
tornou-se patrocinador exclusivo da Gincana.
A Rede Vanguarda é muito bem avaliada na promoção desse
Com a colaboração da empresa Universo como patrocinador
evento, reforçando sua credibilidade, sua marca e o compromisso
exclusivo, foram programadas diversas ações de comunicação pela
com os mais carentes, e está inserida em uma região de altíssima
Rede Vanguarda. Entre as ações promocionais de distribuição de
importância econômica. A responsabilidade de fazer e reinventar a
brindes, coleta de alimentos e materiais de merchandising em pon
televisão com alto padrão de entrega, qualidade e comprometimen
tos de concentração de público, destaca-se o uso da propaganda
to social faz da Rede Vanguarda um dos maiores expoentes da cul
nos intervalos da grade de programação da Rede Vanguarda.
tura e da propriedade intelectual e tecnológica do Vale do Paraíba.
O objetivo da propaganda foi de informar à população sobre
Diante de tantas expectativas e desafios, a Rede Vanguarda não
a Gincana e a maneira que cada cidade poderia contribuir com as
é somente um canal televisivo, mas, sobretudo, produto do produ
escolas para a arrecadação de alimentos. A definição do orçamento
to, por meio da prova social de sua própria marca: forte, perene e
se deu pelos custos de veiculação e criação das peças, havendo
sempre em evolução. Isso dá a ela legitimidade e capacidade para
grande esforço de todos para reduzir o máximo possível os valo
construir e consolidar marcas por meio de sua força de comunica
res envolvidos na veiculação de propagandas junto à comunidade
ção, penetração e alta aceitação, com uma das maiores médias
da região. Com os argumentos do impacto social da Gincana e a
nacionais de audiência em toda a programação, ao longo de sete
definição clara dos objetivos da propaganda, a diretoria da empre
dias por semana, 365 dias por ano.
sa patrocinadora se convenceu de que os valores disponibilizados
Sob a organização de Daniel Pasqualin, a Gincana da Solida
seriam na verdade bons investimentos de impacto social, e não
riedade configura-se como uma das maiores em termos de arreca
mera despesa administrativa. A Rede Vanguarda escolheu o uso de
dação de mantimentos não perecíveis no Brasil. Entre as atividades
mensagens de motivação para a participação de todos, gerando um
programadas, as escolas representantes de cada uma das cidades
clima sadio de competição em prol do benefício às entidades de
da região participam de brincadeiras e apresentações culturais e
assistência social da região.
GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO DE MASSA
CAPÍTULO 20
675
- Wt-wtingvanguarda
Solidariedade é citada por quase todos os clientes novos e tradicionais das lojas da Universo, trazendo um sentimento de engajamento positivo
e solidariedade. A propaganda veiculada gerou mais de oito milhões de impactos nos telespectadores, alcance domiciliar de cerca de 80% e
«í#nooWjminnya
uma frequência média de visualizações de 10 propagandas por teles
pectador. Gerou também mídia espontânea nas redes sociais por meio de publicações das escolas participantes, dos estudantes e de outros
colaboradores do evento, bem como por meio de matérias informativas nos principais jornais da região.
OM«o:
A Rede Vanguarda e a patrocinadora do evento. Grupo Empresarial
Universo Materiais Elétricos e Iluminação, sentem o dever de missão cumprida em prol da comunidade. Fazer o outro feliz é sentir-se mais feliz. E, estando imbuídas desse espírito, pode-se vislumbrar o sucesso garantido das próximas edições.
Entrega do prêmio de campeão da 193 Gincana da Solidariedade.
0 último passo do programa de ação da propaganda aconteceu com
a escolha das mídias para veiculação das chamadas de participação da
Questões 1. Quais foram os 5 Ms da propaganda presentes no caso da Ginca na da Solidariedade?
Gincana. A assessona de marketing deveria garantir um bom indicador
2. Imagine se a Gincana da Solidariedade não fosse um projeto de
de exposição, limitando-se à cobertura do público desejável, da frequên
televisão, sem contar com a divulgação da TV Vanguarda. Quais
cia e do impacto. As regiões do Vale do Paraíba. Litoral Norte. Serra da
decisões de criação, avaliação, seleção e execução da mensagem
Mantiqueira e a Região Bragantina possuem a cobertura da Rede Van
você utilizaria para a propaganda desse evento?
guarda de Televisão, realizadora do evento. Por meio de inserções na grade de programação de novelas, jornais, shows e eventos esportivos, e
chamadas ao vivo durante as atividades da Gincana, a Vanguarda, com
o patrocínio da Universo, realizou veiculações em um periodo de quatro semanas, época da realização do evento, com chamadas direcionadas
Autor Guilherme de Farias Shiraishi: professor de marketing da FEA-USP e do curso de design da FAU-USP e coordenador do MBA Marketing da FIA Business School.
a todo o público-alvo da campanha, tendo 82 inserções de propaganda
regular e 8 vinhetas especiais de chamada para participação da popu lação. A duração dos vídeos era de 30 segundos, sendo 23 segundos dedicados à mensagem e sete segundos ao patrocinador. Além disso, o
Fontes: GINCANA DA SOLIDARIEDADE. Site do evento. Disponível em: . Acesso em: ago. 2018: LINK VANGUARDA. Co meçou nesta sexta a 19a Gincana da Solidariedade. Disponível em: . Acesso em: 22 out. 2018; UNK VANGUARDA. Final da Gincana da Solidariedade é disputada nesta quinta. Disponível em: . Acesso em: 22 out. 2018; LINK VANGUARDA. Nesta quarta (6) acontece mais uma etapa da Gincana da Solidariedade. Disponível em: . Acesso em: 22 out. 2018; PASQUAUN. Daniel. Fanpage do apresentador. Disponível em: . Acesso em: 22 out 2018: UNIVERSO MATERIAIS ELÉTRICOS Site institucional. Disponível em: . Acesso em: 22 out 2018.
acesso à propaganda também foi estimulado na internet com apoio de
mídia display no site regional da G1 (gl.com.br/vanguarda), resultando em mais 530 mil impressões.
Os resultados da campanha de propaganda foram mais que positi vos do ponto de vista da Gincana. A última edição, sozinha, arrecadou
PARTE 7: Comunicação do valor
CAPÍTULO
21
Gerenciamento das comunicações digitais
Neste capítulo, abordaremos as seguintes questões:
1.
Quais são os prós e os contras do marketing on-line?
2.
Como realizar campanhas eficazes de mídia social?
3.
Como aproveitar positivamente a comunicação boca a boca?
4.
Quais são as principais diretrizes
do mobile marketing?
Diante da revolução da internet as comunicações de marketing passaram a ocorrer como uma espécie de diálogo pessoal entre a empresa e seus clientes. As empresas devem perguntar não apenas “Como atingir nossos dientes?". mas também "Como nossos dientes podem fazer contato
conosco?" e “Como nossos dientes podem fazer contato entre si?". Novas tecnologias têm incentivado as empresas a migrar da comunicação em
massa para comunicações segmentadas e bidiredonais. Como resultado, os consumidores podem desempenhar um papel muito mais participativo no processo de marketing Confira como a PepsiCo eiKOlveu o consumidor nas comunicações de marketing de várias de suas marcas.1
A PepsiCo foi uma das primeiras a aderir ao marketing
Os canais distais são os meios mais recentes e os de mais rápido crescimento quan
digital. Para seu refrigerante Mountain Dew, criou o
do se trata de comunicação e venda direta aos clientes. A internet oferece a empresas
primeiro concurso Dewmocracy cort-idanCo consu
e consumidores oportunidades de maior interação e individualização. Muito poucos
midores a acessar a internet e determinar o sabor,
programas de marketing podem ser considerados completos sem um componente
a cor, a embalagem e o nome de um novo produto
digital significativo. Neste capítulo, examinaremos como as empresas podem usar
da linha. O sabor vencedor. Voltage. gerou receita de
marketing on-line, mídias sociais e mobile marketing para criar clientes fiéis, construir
centenas de milhões de dólares para a empresa no
marcas fortes e gerar lucros. Também analisaremos o tópico mais amplo da comuni
primeiro ano. O segundo concurso. Dewmocracy 2,
cação boca a boca.
expandiu a votação para o Facebook, oTwitter e uma comunidade on-line pmada denominada Dew Labs,
tendo como vencedor o sabor White Out. Para sua marca de salgadinhos de tortiha Doritos, a PepsiCo
realiza todos os anos o concurso Crash the Super
BcmI (Irvada o Super Bowl), dando aos participantes a oportunidade de criar um anúncio a ser exibido durante a transmissão do jogo e embolsar USS 1
milhão. Em 2014, o concurso foi estendido aos 35
mercados globais da Doritos e resultou em mais de três mil inscrições. 0 anúncio vencedor. Time Ma
chine (Máquina do tempo), apresentava um homem atendendo ao chamado de uma criança para dar
um passeio em uma máquina do tempo feita de papelão - com resultados inesperados. Ao custo de apenas USS 200 e um dia de filmagem, foi um dos
comerciais do Super Bowl mais bem recebidos pelos telespectadores naquele ano. Durante o concurso,
a Doritos sempre apresenta uma oscilação positiva no Twitter, no Facebook e em outras mídias sociais.
C-Mcw
ccn
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WíImb
HlcXa». inc.
Marketing on-line Como vimos no Capítulo 1, faz-se distinção entre mídia paga, conteúdo próprio e mídia orgânica (ou gratuita). A mídia paga inclui propaganda c outras ações promocionais geradas pela empresa. A mídia orgânica abrange os benefícios
da atividade de relações públicas e da comunicação boca a boca que uma empresa obtém sem pagar diretamente por quaisquer notícias, blogs e conversas em redes sociais que envolvam uma marca2 — as mídias sociais desempenham um
678
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
papel fundamental nesse tipo de mídia. No caso do conteúdo próprio, grande parte consiste cm
comunicações de marketing on-line, as quais analisaremos a seguir.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS COMUNICAÇÕES DE MARKETING ON-LINE Quatro das principais categorias de comunicações de marketing on-line são: sites, search
ads (anúncios que aparecem no topo dos resultados de busca), display ads (banners de pro
paganda) e e-mail. A variedade de meios de comunicação on-line significa que as empresas podem oferecer ou enviar informações e mensagens personalizadas que envolvam os consumi
dores ao refletir seus interesses c comportamentos específicos. As comunicações de marketing on-line têm outras vantagens. Pode-se facilmente moni torar seus efeitos: quantos UVs (visitantes únicos, do inglês unique visitors) clicaram em uma
página ou anúncio, quanto tempo gastaram, o que fizeram e para onde foram em seguida/' A
internet também oferece a vantagem do contextual placement, que permite às empresas com prar anúncios em sites relacionados a seus produtos, e a possibilidade de anunciar com base nas palavras-chave que os consumidores digitam cm mecanismos dc busca para alcançá-los
quando estão efetivamente envolvidos no processo de compra. No entanto, estar on-line também traz desvantagens. Os consumidores podem filtrar a maioria das mensagens. Os profissionais de marketing poderão pensar que seus anúncios são
mais eficazes do que realmente são se ocorrerem cliques não intencionais ou cliques falsos A Estêe Lauder sempre contou com a comunicação boca a boca para construir suas marcas, mas passou a adotar um componente digital considerável.
gerados por softwares maliciosos.4 Os anunciantes também perdem certo controle sobre suas
mensagens eletrônicas, que podem sofrer ação de hackers ou vandalismo. No entanto, sem dúvida os prós superam os contras, e a internet tem atraído empresas de
todos os tipos. No passado, a pioneira do setor de beleza Estée Lauder alardeou que contava com três meios de comunicação para construir seu negócio
iSTEE LAUDER
multimilionário de cosméticos — “telefone, telégra fo e o boca a boca entre as mulheres”. Agora, teria de
acrescentar a essa lista a internet, onde o site oficial da empresa descreve produtos novos e antigos, anuncia
ESTÊE LAUDER
ofertas e promoções especiais e ajuda clientes a locali
zar lojas onde possam comprar produtos Estée Lauder. As empresas precisam estar onde os clientes estão,
e cada vez mais a internet é o lugar certo. Do tempo gasto pelos consumidores norte-americanos com to das as mídias, quase a metade é on-line (Figura 21.1)?
Entretanto, os clientes estabelecem as regras de seu en volvimento e, se desejarem, se isolam com a ajuda de agentes e intermediários, definindo quais informações são necessárias, quais ofertas interessam e quanto es
tão dispostos a pagar.6
A propaganda digital continua a mostrar um crescimento muito mais rápido do que a mídia tradicional. Na realidade, estima-se que o total de
gastos com anúncios digitais em 2013 chegou a
USS 42,8 bilhões, o que significa que superou a pro paganda na TV (USS 40,1 bilhões) pela primeira
vez. Os anúncios cm sites de busca representaram 43% do total com US$ 18,4 bilhões; a propaganda relacionada a banners, 30%, com US$ 12,8 bilhões; o mobile marketing, 17%, com USS 7,1 bilhões; e OfMItri Wc
os vídeos digitais, 7%, com USS 2,8 bilhões." Mais marcas têm sido construídas pela mídia on-line.
Vejamos o caso da Tough Mudder.8
GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES DIGITAIS
CAPÍTULO 21
679
Rgura 21.1 Divisão do tempo gasto por dia com as principais mídias, por adulto nos EUA, 2014 (horas: min) Rádio 01:20
Jornais
-------- 00:14 Revistas
Computador de mesa e portátil 02:12
Fonte: Digital Set to Surpass TV in Time Spent with US Media. eMarketer. 1 ago. 2013. Disponível em: . Acesso em: 1 set 2018.
TOUGH MUDDER A Tougi Mudder é uma
perigos como muros, pranchas de 4,5 m de
lançamento com propaganda no Facebook,
corrida de obstáculos para equipes, criada no
altura, mergulhos em água gelada, barras te
o que gerou bastante comunicação boca a
espírito das Forças Especiais Britânicas, que
nebrosas em que precisam se pendurar, tu
boca. A primeira corrida foi um sucesso e a
apresenta 29 obstáculos diferentes com no
bos escorregadios e rasteja mento pela lama
notícia espalhou-se rapidamente. Em 2013,
mes tão criativos como DeviFs Beard (Barba
com obstáculos eletrificados. Financiada com
mais de 750 mil competidores participaram
do diabo). Shocks on the Rocks (Choques
capital inicial de USS 20 mil em 2010, a
de 53 eventos. Com taxas de inscrição de
rochas) e Funky Monkey (Macaco
Tough Mudder gastou todo o orçamento de
cerca de US$ 155 por pessoa, a margem da
batuta). Os competidores deparam-se com
USS 8 mil disponível para a comunicação de
empresa gira em tomo de 48%.
contra
A Tough Mudder usou somente a propaganda no Facebook e a comunicação boca a boca para lançar sua marca.
680
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
OPÇÕES DE COMUNICAÇÃO DE MARKETING ON-LINE Uma empresa escolhe quais formas de marketing on-line serão mais eficazes em termos de
custo para alcançar seus objetivos de comunicação e vendas.9 As opções incluem sites, anúncios em sites de busca, banners e e-mail. SITES As empresas devem criar sites que incorporem ou expressem seus objetivos e produtos,
bem como sua história e visão, e que sejam atrativos na primeira visualização e interessantes o suficiente para incentivar novas visitas.10 Jeffrey Rayport e Bernard Jaworski propõem que sites eficazes apresentem sete elementos de design a que chamam dc 7 Cs (Tabela 21.1).11 Para
estimular novas visita, as empresas devem prestar atenção especial aos fatores de contexto e conteúdo c abraçar outro “C” — o da constante mudança.12
Tabela 21.1 Sete elementos principais na criação de um site eficaz
I Contexto. Layout e design. I Conteúdo. Texto, imagens, som e vídeo. I Comunidade. Como o site permite a comunicação entre usuários. I Customização. Capacidade de adaptar-se às necessidades de diferentes usuários ou permitir que o
personalizem. I Comunicação. Como o site permite a comunicação site-usuário, usuário- site ou nos dois sentidos. I Conexão. 0 nível de conectividade do site a outros sites. I Comércio. A capacidade do site de realizar transações comerciais.___________________________________ Fonte: RAYPORT. Jeffrey F: JAWORSKI. Bernard J. E-commerce. Nova Yoric McGraw-Hill. 2001. p. 116.
Os visitantes avaliam o desempenho de um site com base em sua facilidade de uso e atrati
vidade física.13 Facilidade de uso significa: (1) o site carrega rapidamente; (2) a primeira página
é fácil de entender; e (3) é fácil navegar para outras páginas que se abrem rapidamente. A atra tividade fisica é determinada quando: (1) cada página é limpa e não abarrotada de conteúdo;
(2) o tamanho e o tipo das fontes são legíveis; e (3) o site faz bom uso de cores (e sons). J. D. Power descobriu que os consumidores ’encantados’ com o site dc uma montadora dc automó veis sentiam-se mais propensos a fazer um test-drive.14
Como descreveremos em detalhes a seguir, empresas como a comScore e a Nielsen Online monitoram por onde os clientes navegam, tomando por base métricas como page views (aces sos), visitantes únicos, duração da visita e assim por diante.1'' As empresas também devem preocupar-se com os problemas dc segurança c dc proteção
à privacidade no ambiente da internet. Um grupo de pesquisadores recomenda transformar vários ’pontos de contato’ relacionados à privacidade no site em uma experiência positiva para o cliente (1) desenvolvendo controles de privacidade centrados no usuário; (2) evitando múl
tiplas intrusões; e (3) impedindo a intrusão humana com automação sempre que possível.16 Além dos sites, as empresas podem usar microsites — páginas individuais ou em conjunto que funcionam como complementos de um site principal — especialmente relevantes para empresas que comercializam produtos dc baixo interesse. Por exemplo, as pessoas raramente visitam o site dc
uma companhia de seguros, mas a empresa pode criar um microsite em sites de carros usados para
dar dicas aos compradores desse tipo de veículo, além de uma proposta de seguro atrativa. ANÚNCIOS EM SITES DE BUSCA Um componente importante do marketing on-line são os
anúncios pagos por busca ou por clique, uma vez que consta que 35% das buscas se referem a
bens ou serviços. Nos anúncios pagos por busca, as empresas dão lances em um leilão contínuo por lermos
dc busca que sirvam dc referencia aos interesses dc produto ou consumo dos usuários. Quando um consumidor busca qualquer um desses termos no Google, no Yahoo! ou no Bing, o anúncio
de uma empresa pode aparecer no topo ou ao lado dos resultados da busca, dependendo do lance feito e do algoritmo que os mecanismos de pesquisa usam para determinar a relevância
de um anúnáo para determinada busca.*1" Os anunciantes só pagam se as pessoas clicam nos links, mas as empresas acreditam que
os consumidores que já expressaram interesse ao iniciar uma busca sejam clientes dc alto
GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES DIGITAIS
potencial. Nos Estados Unidos, a media dc cliques (ou seja, a porcentagem dc consumidores
que clicam cm um link) c dc cerca dc 2%, bem acima dos anúncios por banner, que variam dc
0,08% para banners padrão com gráficos e imagens a 0,14% para anúncios de rich media (ban ners expansíveis) que incorporem recursos de áudio e/ou vídeo.1 O custo por clique depende da popularidade do link e da palavra-chave pesquisada. A cres
cente popularidade dos anúncios pagos por busca acirrou a concorrência entre os arrematado res de palavras-chave, elevando consideravelmente o preço de anúncios baseados em busca e incitando a cobrança de um ágio pelas melhores palavras-chave possíveis, por lances estratégi
cos c por acompanhamento dos resultados dc eficácia c eficiência.
A otimização dos mecanismos de busca (SEO, do inglês search engine optimization) descreve atividades que visam a melhorar a probabilidade dc que o link dc uma marca esteja no topo dc todos os links não pagos quando os consumidores pesquisam termos relevantes. Trata-se de uma parte crucial do marketing, dado o grande montante gasto em pesquisa pelas empresas. Uma
série de diretrizes tem sido sugerida para melhorar a eficácia dos anúncios baseados em busca.19
I
Termos dc busca mais amplos (‘MP3 player’ ou ‘iPod’) são úteis para a construção dc mar
cas em geral; termos mais específicos que identifiquem determinado modelo ou serviço
(‘Apple iPod classic 160GB’) são úteis para gerar e concretizar indicações de vendas.
I
Os termos de pesquisa devem ser destacados nas páginas apropriadas do site da empresa para que os mecanismos de busca possam identificá-los facilmente.
I
De modo geral, qualquer produto pode ser identificado por várias palavras-chave, mas as empresas devem dar lances por termos de acordo com seu provável retomo sobre receita. Também ajuda ter sites conhecidos que façam link com o site da empresa.
I
Os dados podem ser coletados para monitorar os efeitos da pesquisa paga. Empresas de qualquer porte podem beneficiar-se de uma estratégia de busca bem executada. O
dono da Ris er Pools and Spas, nos estados norte-americanos de Virginia e Maryland, deu uma revira volta cm seu negócio, que estava à beira do fracasso, publicando artigos dc perguntas c respostas que eram facilmente captados pelos mecanismos dc busca c direcionava tráfego para o site da empresa.20
Os consumidores também são influenciados pelas opiniões c recomendações on-line dc ou tros consumidores. As redes sociais informais que surgem entre os consumidores complemen tam as redes de produtos criadas pelas empresas.21 ‘Influenciadores’ digitais, um dos poucos ou
talvez os únicos a influenciar certo perfil de consumidores, são particularmente importantes e valiosos para as empresas.22
BANNERS Os banners de propaganda são pequenas caixas retangulares que contêm texto e, em alguns casos, uma imagem, que as empresas pagam para colocar em sites relevantes.Quanto
maior o público atingido, mais caro é o anúncio. Nos primórdios da internet, os visitantes clica vam em 2 a 3% dos banners que viam, mas, como observado anteriormente, essa porcentagem
despencou rapidamente e os anunciantes passaram a explorar outras formas de comunicação. Levando em consideração que os usuários da internet gastam apenas 5% de seu tempo on-
-line cm busca dc informações, os banners continuam sendo muito promissores cm compa
ração aos concorridos anúncios cm sites dc busca. No entanto, os anúncios precisam ser mais atrativos e influentes, mais bem direcionados e mais atentamente acompanhados.24
Os interstitials são anúncios, muitas vezes com vídeo ou animação, que saltam na tela entre trocas de página em um site ou em vários deles. Por exemplo, os anúncios do medicamento para dor de cabeça Tylenol, da Johnson & Johnson, aparecem nos sites de corretoras sempre
que o mercado de ações cai cem pontos ou mais. Visto que os consumidores acham os pop-ups invasivos e irritantes, muitos instalam softwares para bloqueá-los. E-MAIL Uma campanha por e-mail permite às empresas passar informações aos clientes e se
comunicar com eles por uma fração do custo de uma campanha por mala direta. Podem, por tanto, ser ferramentas de vendas muito produtivas. Estima-se que seu índice de indução à com
pra seja pelo menos três vezes superior ao dos anúncios de mídia social e que o valor médio do pedido seja 17% maior.2*^ Empresas como Kellogg, Whirlpool e Nissan enfatizam tanto o marketing por e-mail como por busca.26
Os consumidores têm sido assediados por c-mails, levando muitos deles a empregar filtros anti-spam. Preocupações com a privacidade também aumentam — quase a metade dos entre
vistados britânicos declarou que se recusaria a compartilhar qualquer informação pessoal com
CAPÍTULO 21
681
682
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Com a permissão dos cientes, a floricultura FTD enáa e-mails de lembretes para eventos importantes.
as marcas, mesmo que com isso recebessem ofertas e descontos personalizados?7 Algumas em
presas têm pedido aos consumidores que informem se e quando gostariam de receber e-mails. A floricultura FTD permite aos clientes escolher se desejam receber e-mails como lembrete para o envio de flores praticamente todo feriado, bem como aniversários ou bodas.28
Os e-mails devem ser oportunos, segmentados e relevantes. Por exemplo, o Gilt Groupe
envia mais dc três mil variações dc seu c-mail diário para seu site dc ofertas relâmpago com base
nos históricos de clique, de navegação e de compras do destinatário.29 A seção Memorando de marketing: Como maximizar o valor de marketing dos e-mails fornece diretrizes importantes para campanhas produtivas de e-mail.
comportamento de compras pela internet e por catálogo dos con
COMO MAXIMIZAR 0 VALOR DE MARKETING DOS E-MAILS
I
sumidores. Uma chamada envolvente na linha de assunto é espe
Dê ao consumidor um motivo para responder. As empresas devem
cialmente crucial. Um especialista observa: ’Você realmente tem
oferecer incentivos atrativos para que os e-mails e os anúncios on-line sejam lidos, como jogos de conhecimentos gerais, caça ao
cerca de cinco segundos para chamar a atenção deles antes que
apaguem seu email".
tesouro e sorteios instantâneos.
I
Personalize o conteúdo de seus e-mails. A Williams-Sonoma, for
I
Ofereça ao cliente algo que ele nào pode obter por mala direta.
necedora de utilidades domésticas e utensílios de cozinha dos Estados Unidos, relatou um aumento de 10 vezes nas taxas de
Uma vez que podem ser realizadas rapidamente, as campanhas
resposta ao adotar ofertas de e-mail personalizadas com base no
0 site de viagens Travelocity envia e-mails frequentes oferecendo
de e-mail podem oferecer informações extremamente atualizadas.
GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES DIGITAIS
I
683
descontos relâmpago em tarifas aéreas, e o Club Med oferece pa cotes de férias encalhados com desconto.
adicionar 45 mil fãs a sua página do Facebook por meio de uma
Facilite o aceite e o cancelamento da subscrição. Faça testes con
dicional torneio de basquete March Madness da NCAA, uma asso
trolados do tipo A/B (split tests) para explorar como os fatores de
localização e cor, dentre outros, afetam as mensagens do tipo Ins creva-se já'. Esses testes contrapõem amostras de consumidores que recebem uma mensagem de teste (em que se manipula um fator) com outra amostra em que não há tal manipulação (essa
I
CAPÍTULO 21
campanha por e-mail que convidava os clientes a participar do tra
ciação norte-americana de basquete universitário.
Para aumentar a eficácia dos e-mails, alguns pesquisadores empregam
a técnica de heat mapping (mapeamento por calor), que rastreia o mo vimento dos olhos por meio de câmeras para medir o que as pessoas leem em uma tela de computador. Um estudo mostrou que ícones grá
segunda amostra funciona como um controle de status quo). Os clientes on-line também exigem uma experiência de saída positiva;
ficos e botões clicáveis vinculados a mais detalhes de uma oferta de
os insatisfeitos que deixam um comentário desfavorável são mais propensos a espalhar seu descontentamento aos outros.
com links que usavam apenas um endereço eletrônico.
Combine os e-mails com outros meios de comunicação como as
mídias sociais. A Southwest Airlines constatou que o maior número
de reservas é feito após uma campanha de e-mail seguida por ou tra de mídia social. A pizzaria Papa John's, por sua vez, conseguiu
marketing aumentavam em 60% as taxas de cliques se comparados
Fontes: AURFREHER. Nora; BOUDET, JJ:en; WENG, Vvien.Why Marketers Keeo Sending You E-Mails. McKinsey Quarterly. jan. 2014: Email Marketing Central for US. Retaiters. WARC.com, 20 dez. 2012. Acesso em: 7 nov. 2018; WESTLUND. Richard. Success Stories in eMail Marketing.AdweekSpeda/Advert®ngSect»n. 16fev.2010; VRANICA, Sjzanne. Marketer Gw E-mail Anrxhef Look, ktetf Street Journal. 17 jul. 2006.
Mídias sociais Componente importante do marketing digital, as mídias sociais sào um meio para os con sumidores compartilharem textos, imagens e arquivos dc áudio c vídeo entre si c com empre
sas, ou vice-versa. As mídias sociais dão às empresas voz e presença pública na internet, po
dendo reforçar com eficiência econômica outras atividades de comunicação e, em razão de seu imediatismo cotidiano, também incentivar as empresas a se manterem inovadoras e relevantes. Os profissionais de marketing podem criar ou explorar comunidades virtuais de modo a incitar
a participação de consumidores e criar um ativo de marketing de longo prazo. Após analisar diversas plataformas de mídia social, veremos como usá-las e como podem
promover o fluxo da comunicação boca a boca. A seguir, vamos nos aprofundar na formação
e na circulação desse tipo de comunicação. Para iniciar nossa discussão, confira como uma empresa usou as mídias sociais com inteligência para criar sua marca.
DOLLAR SHAVE CLUB A startup de comércio
eletrônico Dollar Shave Club vende pela inter net um suprimento de lâminas e aparelhos de
barbear a um baixo custo mensal de acordo com três planos. A chave do lançamento da empresa foi um vídeo on-line. Considerado por alguns como o ‘melhor vídeo de startup de to dos os tempos' e vencedor de vários prêmios.
o filme de 90 segundos do Dollar Shave Club recebeu milhões de visualizações no YouTu
lâminas e aparelhos de barbear da empre sa. Dubin obseivou: 'Apresentamos um novo
be e conquistou milhares de seguidores nas redes sociais. Em um vídeo peculiar e ineverente, o CEO da empresa, Michael Dubin,
negócio, uma boa ideia, um vídeo engraçado e abordamos temas sensíveis a muitos con
dirige uma empilhadeira. joga tênis e dança com um urso felpudo enquanto promove a
de milhares de clientes, a empresa também conseguiu levantar mais de US$ 20 milhões em capital de risco.
qualidade, a conveniência e o preço das
sumidores". Além de conquistar centenas
0 video on-line do CEO Michael Dubin para lançar o Dólar Shave Club foi uma sensação na internet
684
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
PLATAFORMAS DE MÍDIA SOCIAL São trés as principais plataformas de mídias sociais: comunidades e fóruns on-line, blogs (in
dividuais e redes, como Sugar e Gawker) e redes sociais (como Facebook, Twitter e YouTube). COMUNIDADES E FÓRUNS ON-LINE As comunidades e fóruns on-line assumem as mais
variadas formas c tamanhos. Muitos são criados por consumidores ou grupos dc consumi dores sem interesses comerciais ou ligações com empresas. Outros são patrocinados por
empresas e seus membros se comunicam com elas e entre si por meio de publicações, men sagens de texto e salas de bate-papo sobre interesses especificamente relacionados aos pro
dutos e às marcas de determinada empresa. Essas comunidades e fóruns on-line podem ser
um recurso valioso para os negócios c preencher múltiplas funções, tanto pela coleta como
pela transmissão de informações fundamentais. O segredo do sucesso das comunidades on-line é criar atividades individuais e de grupo que ajudem a formar laços entre seus membros. A Apple realiza um grande número de grupos de
discussão organizados por linhas de produto e tipos de usuário (consumidor ou profissional).
Esses grupos são a principal ionte de informações sobre produtos que os clientes têm após a garantia expirar.
O fluxo de informações em comunidades e fóruns on-line é bidirecional e pode propor cionar às empresas informações e insights de clientes que são úteis, porém, difíceis de obter. Quando a GlaxoSmithKline se preparava para lançar seu primeiro medicamento para perda
de peso, o Alli, ela patrocinou uma comunidade dc apoio ao emagrecimento. A empresa con siderou o feedback recebido como mais valioso do que aquele que poderia ter obtido de focus groups tradicionais.
No entanto, pesquisas revelam que as empresas devem evitar o excesso de democratização da inovação. Um risco é que ideias inovadoras podem ser substituídas por soluções de senso comum.31
BLOGS Os blogs — periódicos ou diários on-line atualizados regularmente — tornaram-se um importante canal para a comunicação boca a boca. Existem milhões deles e muita variação entre um e outro; alguns são pessoais, para amigos e familiares, enquanto outros se destinam
a atingir e influenciar um vasto público. Um apelo óbvio dos blogs consiste em reunir pessoas com interesses em comum. Redes de blogs como a Gaw-ker Media oferecem aos profissionais de marketing um leque
de opções. O blog on-line de fofocas sobre celebridades PopSugar gerou uma família de blogs descontraídos sobre moda (FabSugar), beleza (BellaSugar) e romance e cultura (TrèsSugar),
atraindo mulheres com idades entre 18 e 49 anos. As empresas criam seus próprios blogs e monitoram com atenção os alheios.32 Os blogs
mais populares têm gerado influentes líderes de opinião. No site TreeHugger — o principal canal dc comunicação dedicado à promoção da sustentabilidade —, uma equipe dc bloguciros monitora produtos de consumo com apelo ecológico para cinco milhões de visitantes únicos
por mês, oferecendo um blog atualizado, boletins semanais ou diários c páginas atualizadas com frequência no Twitter e no Facebook.33
Tendo em vista que muitos consumidores examinam informações sobre produtos e opini ões contidas nos blogs, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC) também
tomou medidas para exigir que os blogueiros revelem sua ligação com empresas cujos produtos
endossam. No outro extremo, alguns consumidores usam blogs e vídeos como forma de reta liação ao mau atendimento ou a produtos defeituosos fornecidos por uma empresa. Algumas
retaliações de clientes são lendárias. Falhas de serviço ao cliente da Deli foram disseminadas pela internet por meio de uma série
de publicações intitulada Dell Hell (o inferno da Dell). A AOL foi alvo de pressão quando um diente frustrado gravou c transmitiu on-line a resistência enfática dc um atendente da empresa
a seu pedido de cancelamento do serviço. A Comcast passou por constrangimento quando um video foi divulgado com um dc seus técnicos dormindo no sofá dc um cliente.34 REDES SOCIAIS As redes sociais tornaram-se uma importante força tanto das empresas para os consumidores como das empresas entre sL3’ As principais são o Facebook, uma das maiores
do mundo; o Linkedln, que se concentra em profissionais com foco na carreira; e o Twitter,
GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES DIGITAIS
CAPÍTULO 21
685
com suas mensagens de 280 caracteres ou tuítes. Cada rede oferece benefícios específicos para as empresas. Por exemplo, o Twitter pode servir como um sistema de alerta que gera resposta
rápida, enquanto o Facebook possibilita mergulhos mais profundos para envolver os consumi
dores de maneiras mais significativas.36
Os profissionais de marketing ainda estão aprendendo a melhor forma de explorar as redes sociais e seu público vasto c bem segmentado?
Dada a natureza não comercial das redes —
os usuários geralmente as acessam para conectar-se com outras pessoas —, atrair a atenção e persuadir são tarefas mais desafiadoras. Além disso, como os usuários geram seu próprio con
teúdo, os anúncios podem aparecer ao lado de material inadequado ou até mesmo ofensivo.38
A propaganda, porém, é apenas uma das vias. Assim como qualquer indivíduo, as empre
sas podem fazer parte de grupos sociais e participar ativamente, uma vez que ter uma página no Facebook tornou-se um pré-requisito virtual.'9 O Twitter pode beneficiar até mesmo as
menores empresas. Para gerar interesse cm seus produtos c nos eventos que realiza, a Mission Pie, uma pequena padaria de San Francisco, começou a enviar alertas de tuíte, conquistando rapidamente mil seguidores e um considerável aumento nos negócios. Placas de ‘Siga-nos no Twitter’ tém aparecido cada vez mais em portas e vitrines de lojas de pequeno porte.40
F.mbora as principais redes sociais ofereçam maior visibilidade, as redes de nicho dão acesso
a um mercado mais segmentado c, portanto, mais propenso a disseminar a mensagem da mar ca, como a CafeMom fez para a Playskool.41
CAFEMOM Iniciada em 2006, a comunida
sobre atividades lúdicas adequadas ao desen
o diretor de mídia da Hasbro, companhia-màe
de on-line CafeMom chegou a 20 milhões de usuárias, somando o púbico do site principal
volvimento infantil, a fabricante de brinque dos Playskool enviou kits de brinquedos para
da Playskool. Esse tipo de feedback também pode ser inestimável no processo de desenvol
e de outros meios como The Stir (um blog com conteúdo diário para màes) e Mamás Latinas
mais de cinco mil membros e as encorajou a compartilhar suas experiências, resultando em
vimento de produtos. 0 público-alvo do site são mulieres jovens de classe média, com filhos,
(o primeiro site bilíngue para mães latinas). São 70 mil fóruns diferentes dedicados às màes.
11.600 pubícações no Playskool Preschool Playgroup. 'A melhor coisa é que você rece
que adoram a oportunidade de fazer amigos e buscam apoio, passando uma média de 44 mi
Quando o site iniciou um fórum para discutir
be feedback direto das próprias màes', disse
nutos por dia no site.
USO DAS MÍDIAS SOCIAIS As mídias sociais permitem que os consumidores se envolvam com uma marca em um
nível provavelmente mais profundo e mais amplo do que nunca. Os profissionais de marketing
devem fazer o máximo possível para incentivar o envolvimento produtivo de consumidores dispostos a isso. Entretanto, por mais úteis que sejam, as mídias sociais raramente são a única fonte de comunicação de marketing para uma marca.42
I
As mídias sociais podem não ser tão eficazes para atrair novos usuários c impulsionar a
penetração da marca.
I
Uma pesquisa da DDB sugere que as marcas e os produtos variam muito quanto ao nível de socialização on-line. Os consumidores estão mais propensos a se engajar quando o assunto
é a mídia, as instituições de caridade e a moda e menos propensos quando se trata de bens dc consumo.43
I
Embora os consumidores possam usar as mídias sociais para obter informações úteis ou
ofertas e promoções, ou para usufruir de conteúdo interessante ou divertido criado por
determinada marca, uma porcentagem muito menor está disposta a usar as mídias sociais para manter ‘conversas’ bidirecionais com marcas.
Em suma, os profissionais de marketing devem levar em conta que, quando se trata de mí dias sociais, apenas alguns consumidores querem se envolver com algumas marcas e, mesmo assim, apenas algumas vezes.
Adotar a mídia social, aproveitar a comunicação boca a boca c criar buzz também exigem que as empresas aceitem tanto o lado ruim como o lado bom das coisas. Quando o concurso Do Us a Flavor (Faça-nos um sabor) da Frito-Lay convidou seus fãs nos Estados Unidos a
sugerir novos sabores dc batata frita pela chance dc ganhar um vultoso prêmio cm dinheiro, o
686
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
aplicativo dc inscrições no Facebook travou no primeiro dia cm virtude do alto volume dc trá
fego. Apesar disso, a promoção voltou aos trilhos e o vencedor — batatas com sabor de queijo
e alho — juntou-se aos vencedores anteriores de outros países, como as batatas com sabor dc
salada Caesar, na Austrália, e as batatas de camarão, no Egito.44 O exemplo da Frito-Lay mostra o poder e a velocidade das mídias sociais, mas também os desafios impostos às empresas. A realidade, no entanto, c que, nào importa se uma empresa
escolha aderir às mídias sociais ou nào, a internet sempre permitirá vigilância, críticas e até mesmo ‘golpes baixos’ de consumidores e organizações.
Ao usar as mídias sociais e a internet de maneira construtiva e ponderada, as empresas têm ao menos um meio de criar forte presença on-line e oferecer pontos de vista alternativos que sejam
confiáveis, caso ocorra feedback negativo.45 Caso uma empresa construa uma forte comunidade
virtual, os membros dessa comunidade frequentemente se apressarão em defender a marca e de sempenhar um papel dc policiamento cm relação a caracterizações imprecisas ou injustas.
A Frito-Lay usou uma campanha de mídia social para lançar nokos sabores criados pelos
GWIto. tMilon fO' Ftitoüiy.
consumidores.
Comunicação boca a boca As mídias sociais são um exemplo de comunicação boca a boca on-line e uma poderosa fer ramenta de marketing. A AT&T descobriu que elas eram um dos impulsionadores mais eficazes
de suas vendas, junto com a conscientização espontânea promovida pela propaganda. Algumas marcas foram construídas quase exclusivamente com base em comunicação boca a boca.
SODASTREAM A Soda Stream, uma máquina
atraindo especialmente os donos de barcos
que permite aos consumidores carbonatar
e trailers. 0 CEO Daniel Birnbaum observa:
po de propaganda nos Super Bowls de 2013
água em casa para substituir os refrigerantes
‘Preferi investir em RP em vez de em propa
e 2014. Ironicamente, com essa decisão, a
vendidos no varejo, foi desenvolvida com um
ganda, porque com o RP não sou eu falando,
empresa continuou a se beneficiar de ações
gasto mínimo de mídia graças ao poder da
é outra pessoa". Uma das atividades de mar
de relações públicas e de comunicação boca
comunicação boca a boca. Para promover
keting mais bem-sucedidas da SodaStream
a boca porque seus anúncios iniciais foram
conversas sobre a marca, a empresa fez farta
é a The Cage (A gaiola). A empresa calcula
proibidos por serem muito agressivos. Os
distribuição de amostras, recorreu ao product
o número médio de latas e garrafas jogadas
anúncios banidos receberam mais atenção
placement e envolveu-se com grupos de afi
fora por uma família durante um ano em
do que os efetivamente veiculados, acumu
nidade que pudessem estar interessados na
determinado país para, em seguida, encher
lando milhões de visualizações on-line e uma
carbonatação em domicílio dada suas vanta
uma gaiola gigante com elas e deixá-la em
enxurrada de cobertura da mídia. Comprada
Pepsi, a SodaStream chegou a comprar tem
gens ambientais - inclusive várias organiza
locais de tráfego intenso, como aeroportos,
por US$ 6 milhões em 2007. a SodaStream
ções 'verdes' - ou por oferecer a conveniên
chamando a atenção para o assunto. Ao
tinha valor de mercado superior a US$ 1 bi
cia de não ter de armazenar garrafas e latas.
decidir atacar frontalmente a Coca-Cola e a
lhão em 2014.
GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES DIGITAIS
CAPÍTULO 21
687
FORMAS DE COMUNICAÇÃO BOCA A BOCA Contrariando a opinião popular, grande parte da co municação boca a boca não é gerada on-line. Na realida
de, a empresa de pesquisa e consultoria Keller Fay observa
que 90% dessa forma de comunicação ocorre off-line, es pecificamente 75% por contato pessoal e 15% por telefo ne. A Keller Fay também destaca como a propaganda e a
comunicação boca a boca estào intrinsecamente ligadas:
“O boca a boca tem se mostrado altamente confiável e associado a vendas; a propaganda tem se mostrado útil para desencadear conversas”.4. Outros observam como a
comunicação boca a boca off-line funciona bem com as
mídias sociais. Os consumidores “iniciam conversas cm
um canal, dão continuidade a elas em um segundo e as terminam em um terceiro. Quando a comunicação ocorre em tantos canais, fica quase impossível separar ações onClMtto: Fatocortonlnifcr SaMttrmm
-line de ações off-line”.48 O marketing viral é uma forma on-line de comunica
ção boca a boca, também conhecido por word of mouse,
que estimula os consumidores a passarem adiante pela internet informações sobre bens e serviços desenvolvidos
por uma empresa ou arquivos dc áudio, vídeo ou texto.49 Com os sites de conteúdo gerado pelo usuário, como YouTube e Vimeo, consumidores e anunciantes podem lazer
upload dc anúncios c videos para serem compartilhados dc modo viral por milhões dc pessoas.50 Vídeos on-line podem ser relativamente econômicos — custando entre USS 50 mil e USS 200 mil
— c os profissionais de marketing tém mais liberdade com eles, como fez a Blcndtcc?1
BLENDTEC Com sede no estado norte-ameri cano de Utah, a Blendtec era conhecida prin cipalmente por seus liquidificadores e proces sadores de aímentos de uso profissional. A empresa não era conhecida pelo público em geral até lançar uma série hilária de vídeos on-íne intitulada Will It Blend? (Será que vai ba ter?) para promover alguns de seus produtos para uso doméstico. 0 vídeo mostra o fundador
e CEO da empresa. Tom Dickson, vestindo um jaleco branco e triturando objetos que vão des de bolas de golfe e canetas a garrafas de cer veja. tudo de um jeito espirituoso, porém des carado. A genialidade dos vídeos está em sua conexão com eventos atuais. Quando o iPhone foi lançado com alarde midiático, a Blendtec exibiu um vídeo em que Dickson dizia sorrindo: ‘Eu adoro meu iPhone. Ele faz tudo. Mas será
A SodaStream beneficiou-se de atr.idades de relações púbkcas e de comunicação boca a boca no lançamento de sua marca.
que vai bater?’. Assim que o liquidificador es tilhaçou o aparelho, Dickson levantou a tampa e, olhando para um montinho de pó preto, fa lou simplesmente ‘iSmoke’ (fumaça). 0 clipe atraiu mais de 3,5 milhões de visualizações no YouTube. Dickson apareceu no Today e em ou tros programas de TV e fez uma ponta em um vídeo da banda Weezer. Um dos poucos itens que não dá para triturar um pé de cabra!
A Blendtec construiu sua marca de consumo em parte com a série inteligente de vídeos on-line
CrOdto OorútflC
Win It Blend?
688
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Recorrer a situações absurdas c uma faca dc dois gumes. O site da Blcndtcc coloca clara mente seus vídeos cômicos na categoria ‘Nào tente isto em casa’ c desenvolveu outra serie mos
trando como triturar legumes para uma sopa, por exemplo, na categoria * Tente isto em casa’.
CRIANDO BUZZ COM COMUNICAÇÃO BOCA A BOCA Os produtos não precisam recorrer a situações absurdas ou arrojadas para gerar buzz. Em
bora seja mais provável que as marcas mais interessantes sejam comentadas on-line, o fato de
uma marca ser vista como nova, excitante ou surpreendente surte pouco efeito na questão de ser ou não discutida em comunicações verbais, cara a cara.52 As marcas debatidas fora da internet costumam ser salientes, visíveis c vir facilmente à mente?3
Pesquisas revelam que os consumidores tendem a gerar uma comunicação boca a boca po sitiva e compartilhar informações sobre suas próprias experiências positivas de consumo. No entanto, tendem a apenas transmitir impressões negativas e passar adiante informações que
ouviram sobre as experiências de consumo negativas dos outros.5* Vale lembrar que muito conteúdo on-line não é necessariamente compartilhado de forma espontânea nem se toma viral. Um estudo constatou que apenas 4% do conteúdo ‘cascateava’ para mais de uma pessoa além do destinatário inicial?’ Ao decidir se contribuem ou não com
as mídias sociais, os consumidores podem ser motivados por fatores intrínsecos — por exem plo, se estão sc divertindo ou aprendendo —, mas são influenciados com mais frequência por fatores extrínsecos, como considerações sociais e de autoimagem.56
O especialista em vídeo viral da Harvard Business School, Thales Teixeira, dá os seguintes conselhos para ter um anúncio viral compartilhado: (1) use brand pulsing para que a marca não seja muito invasiva no vídeo; (2) faça uma abertura com alegria ou surpresa para fisgar aque les espectadores volúveis que se entediam facilmente; (3) crie uma montanha russa emocional
dentro do anúncio para manter os espectadores envolvidos; e (4) surpreenda, sem chocar — se
um anúncio deixar o público muito desconfortável, é improvável que seja compartilhado?' As empresas podem ajudar a criar buzz para seus bens ou serviços, e nem sempre a mídia
e a propaganda são necessárias para que isso ocorra. A Procter & Gamble (P&G) inscreveu
mais de meio milhão de mães no Vocalpoint, um grupo formado com base na premissa dc que certos indivíduos altamente engajados querem saber mais sobre os produtos, receber amostras
e cupons, compartilhar suas opiniões com as empresas e, é claro, conversar sobre suas experi ências com os outros. A P&G escolhe pessoas bem conectadas — as mães do Vocalpoint têm amplas redes sociais e costumam falar com outras 25 a 30 mulheres ao longo do dia, em com
paração com uma média de cinco no caso das outras mães — e suas mensagens carregam uma forte razão para compartilhar informações sobre o produto com um amigo. Uma campanha para o desodorante Secret Clinical Strength da P&G resultou em 42 mil cliques para o resgate
de um cupom dc adesão (opt-in) c 50 mil avaliações sólidas dc produtos no site da marca. Algumas agências existem apenas para ajudar os clientes a criar buzz. A BzzAgent é uma delas.58
BZZAGENT Sediada em Boston, a capital do
boca mensurável e estimula uma defesa sus
concluiu centenas de projetos. Para a Hasbro,
estado norte-americano de Massachusetts, a
tentada da marca. Como um alto executivo da
ajudou a lançar os brinquedos Nerf FireVi-
BzzAgent montou uma rede internacional de
empresa obseivou: '0 nivel está muito baixo
sion - que parecem brilhar no escuro quando
comunicação boca a boca movida por um mi
para ser um fã e muito alto para ser um defen
vistos com óculos especiais - distribuindo
lhão de pessoas demograficamente dispersas
sor". A empresa alega que o buzz é honesto
amostras do produto entre os membros de
- mas essencialmente comuns - que se ofere
porque estar na rede exige trabalho suficiente
seu painel que têm filhos mais novos. Para a
cem para falar sobre produtos que consideram
para desencorajar que as pessoas se inscre
Green Mountain Coffee, enviou amostras e in
merecedores de promoção. A agência conecta
vam exclusiva mente para ganhar brindes e os
formações a 10 mil membros cuidadosamen
consumidores com produtos, informações e
membros não falam sobre produtos de que
te escolhidos para divulgar o compromisso do
ferramentas digitais de seus clientes para ati
não gostam. Eles também devem divulgar que
cliente com o FairTrade Coffee como parte de
var um amplo compartilhamento de opiniões
estão ligados à BzzAgent. Depois de ser adqui
um programa de marketing mais amplo. Mais
por todo o seu site de mídia social, chamado
rida pela Dunhumby, a BzzAgent lançou seu
de 1,8 milhão de mensagens foram comparti
BzzScapes, e no âmbito dos círculos sociais
painel de análise, o Pulse, que combina infor
lhadas sobre o programa Fair Trade da Green
pessoais de cada membro. A BzzAgent acre
mações de mídias sociais com dados reais de
Mountain, aumentando a compreensão dos
dita que essa combinação única de pessoas
vendas para traçar o impacto do buzz gerado
clientes sobre a certificação Fair Trade em
e plataforma acelera a comunicação boca a
pela comunicação boca a boca. A empresa
61% e as vendas do café em 14%.
GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES DIGITAIS
CAPÍTULO 21
689
O marketing viral tenta criar sensação no mercado para apresentar uma marca c suas ca
racterísticas notáveis. Alguns acreditam que as ações de marketing viral são conduzidas mais pelas regras de entretenimento do que pelas regras de venda. Consideremos estes exemplos: a
Quicksilver apresenta vídeos e livros sobre surfe para adolescentes; a Johnson & Johnson e as
fraldas Pampers tém sites populares com dicas para os pais; o Walmart apresenta vídeos com
dicas dc economia no YouTube; a vodea Grey Goose tem uma divisão inteira dedicada ao en
tretenimento; a Mountain Dew possui uma gravadora; e a Hasbro vem unindo forças com a Discovery- para criar um canal de TV.59
F.m última análise, no entanto, o sucesso de qualquer campanha viral ou comunicação boca a boca depende da disposição dos consumidores de conversar com outros consumidores.60 As avaliações dos clientes podem ser especialmente influentes.61 Uma pesquisa recente da Nielsen descobriu que esse tipo de avaliação na internet era a segunda fonte mais confiável de infor mações sobre uma marca (perdendo apenas para as recomendações dc amigos c familiares).62 Muitos sites de avaliação usam um login do Facebook que associa o comentário publicado ao
perfil da pessoa na rede social. Ao vincular sua crítica a sua própria página no Facebook, os
usuários podem descobrir o que amigos ou celebridades consideram positivo ou negativo sobre uma marca.63
Contudo, como vimos no Capítulo 5, as avaliações on-line podem ser tendenciosas ou fal sas.64 Pesquisas revelam que a influência social pode levar a comentários virtuais despropor-
cionalmenle positivos, tomando os avaliadores subsequentes mais propensos a serem influen ciados pelos comentários positivos anteriores do que pelos negativos. Os consumidores que
publicam avaliações são suscetíveis a pressões por conformidade e adotam normas alheias.6> Por outro lado, avaliações ou classificações positivas on-line geralmente não são tão influentes ou valorizadas quanto as negativas.66
As empresas podem tentar estimular os canais de influência pessoal a trabalhar em seu fa
vor. A varejista norte-americana de roupa feminina Chico’s aumentou sua receita por visitante
e o valor médio do pedido para suas três marcas após adicionar avaliações, comentários, per guntas e respostas aos sites das marcas.6, A seção Memorando de marketing: Como iniciar um buzz descreve técnicas para intensificar a comunicação boca a boca.
COMO INICIAR UM BUZZ Ao analisar o sucesso on-line de diversas músicas, o pesquisador
de mídia Duncan Watts descobriu que a popularidade delas era ‘incrivelmente imprevisíver. 0 segredo para colocar uma música no
caminho da popularidade consistia em conseguir alguns downloads iniciais - um fenômeno que Watts chama de ‘vantagem cumulati va’. Embora muitos efeitos da comunicação boca a boca escapem
ao controle das empresas - como sugere o trabalho de Watts determinadas ações podem melhorar a probabilidade de desenca dear um buzz positivo:
I
Identificar indivíduos e empresas influentes e dedicar lhes esforço extra. Na tecnologia, os influenciadores podem ser grandes clientes
corporativos, analistas e jornalistas do setor, decisores seleciona CiOiito BlmnilMtigvn Gott»InwUim
dos e adotantes iniciais. As empresas podem monitorar a atividade on-line para identificar os usuários mais influentes que podem atuar como líderes de opinião.
I
Fornecer amostras de produtos a pessoas-chave. A Chevrolet sele
cionou cerca de 900 pessoas com alta pontuação Klout - uma ferramenta de medição que classifica a influência de usuários nas redes sociais - e ofereceu-lhes uma locação gratuita por três dias do Chevy Volt A campanha resultou em 46 mil tuftes e mais de
20,7 milhões de publicações em blogs, em grande parte positivas, sobre o carro elétrico.
Para ircitar o ítjzz sobre seu carro elétrico. o Che>-/ Volt, a Chevrolet ofereceu a 900
consumidores influentes uma locação gratuita por três dias.
690
I
PARTE 7
COMUNICAÇÃO DO VALOR
Trabalhar em conjunto com influenciadores de comunidades. A cam -
Fornecer informações convincentes que os clientes desejem passar adiante. As empresas não devem se comunicar com os clientes em
jovens da Geração Y escolhidas a dedo para testar o carro Fiesta
uma linguagem que seria mais adequada para um comunicado de imprensa. Torne mais fadl e desejável para um cliente tomar
por seis meses. Os motoristas foram selecionados com base em sua experiência on-line com blogs e pelo tamanho e qualidade de suas
emprestados elementos de uma mensagem de e-mail ou blog. As
redes sociais, bem como por um vídeo produzido por eles sobre seu desejo de aventura. Depois dos seis meses de uso experimental, a
informações devem ser originais e úteis. A originalidade intensifica o volume de comunicação boca a boca, mas a utilidade determina
campanha havia atraído 4.3 milhões de visualizações no YouTube, mais de 500 mil visualizações no Flickr, mais de três milhões de im
se será positiva ou negativa.
pressões no Twitter (número de vezes que um turte é lido) e 50 mil clientes em potencial, 97% dos quais ainda não eram proprietários de um Ford.58
I
I
panha de pré-lançamento da Ford Fiesta Movement convidou 100
Desenvolver canais de referência boca a boca para desenvolver
negócios. Muitas vezes, os profissionais incentivam os clientes a
recomendar seus seiviços. Os Vigilantes do Peso descobriram que a referência boca a boca de um membro do programa tivera um
enorme impacto nos negócios.
Fontes: SAULNIER. Be:h. Its Com»ica:eC. Corn&lAIumni Magazine, set-out 2013. p. 45-49; KHARIF. Olga. Finding a Haystack’s Most Influential Needles. Bloomberg Businessweek. 22 dez. 2012; TRUSOV. Michael: BODAPAT. Anand V.: BUCKLIN. Randolph E. Determining Influential Users in Internet Social Networks. Journal of Marketing Research 47. agp. 2010, p. 643-58: DOLAN. Matthew. Ford Takes On line Gamble with New Fiesta. Wall Street Journal. 8 abr. 2009; MOLDOVAN, Sarit GOLDENBERG. Jacob; CHATTOPADHYAY. Amtava. What Drives Wxd of Mouth?The Roles of Product Originality and Usefulness. In: MS/ Report n. 06 111. Cambridge, MA: Marketing Science Institute. 2006; BANNA Karen J. Online Chat Is a Grapevine That Yields Precious Fruit New ibrfc Times, 25 dez. 2006.
O valor de um cliente para uma empresa depende, em parte, de sua capacidade de fazer referências e da probabilidade de isso ocorrer, além de engajar-se em comunicação boca a boca
positiva.69 Porém, por mais útil que seja receber uma avaliação positiva de um consumidor, fazer com que os consumidores se envolvam diretamente com a empresa e forneçam feedback e
sugestões leva a um nível de fidelidade e vendas ainda maiores.'0 Huba e McConnell descrevem os seguintes degraus na escada de fidelidade do cliente (por ordem crescente):'1 1.
Satisfação — O cliente mantém-se fiel à empresa, desde que suas expectativas sejam atendidas.
2. 3.
Repetição de compra — O cliente volta à empresa para comprar novamente.
Comunicação boca a boca/buzz — O d iente coloca sua reputação à prova para falar de uma empresa aos outros.
4. Evangelização — O cliente convence outras pessoas a comprar de uma empresa ou partici
par dc uma campanha. 5. Propriedade — O cliente sente-se responsável pelo sucesso contínuo de uma empresa.
MENSURAÇÃO DOS EFEITOS DA COMUNICAÇÃO BOCA A BOCA Muitas empresas concentram-se nos efeitos virtuais da comunicação boca a boca, dada a faci lidade de monitorá-los por meio de propaganda, atividades de relações públicas e agências digi
tais. Usando informações demográficas ou afins c cookies, as empresas podem monitorar quan
do seus clientes redigem blogs, comentam, publicam, compartilham, vinculam, fazem upload
e streaming, ampliam o círculo de amigos, escrevem em um mural ou atualizam um perfil. Com essas ferramentas dc rastreamento, c possível, por exemplo, que uma empresa dc cinema seg
mente para sua comunicação “um milhão de usuários norte-americanos do sexo feminino, com idades entre 14 e 24 anos, que se envolveram com upload, blog, classificação, compartilhamento
ou comentário sobre entretenimento nas 24 horas anteriores”.72 A seção Insight de marketing: Como monitorar um buzz on-line descreve ações de algumas empresas.
INSIGHT DE__________________
C0M0 MONITORAR UM BUZZ ON-UNE F .... .. ..... .. .. Os profissionais de marketing precisam decidir o que monitorar on-hne . . . , ,. e também como faze-lo.
0 que monitorar. A DuPont emprega métricas de comunicação boca a boca na internet como escala (até onde a campanha chegou): . .. J , ... ,. v . . . velocidade (com que rapidez se espalhou); share of voice nessa
CAPÍTULO 21
GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES DIGITAIS
691
escala; share of voice nessa velocidade; se provocou um sentimen
A Gatorade é apenas uma das muitas empresas que reconhecem a im
to positivo; se a mensagem foi compreendida; se foi relevante; se
portância de sentir a pulsação digital da marca. Voamos outros exemplos:
houve sustentabilidade (não foi uma tacada só) e o quanto evoluiu
I
A Equipe de Aceleração Digital da Nestlé é um centro de monitora
a partir de sua origem.
mento que funciona 24 horas por dia para monitorar em tempo real
Outros pesquisadores concentram-se em caracterizar a fonte da comuni
percepções sobre suas duas mil marcas.
cação boca a boca. Por exemplo, um grupo avalia blogs de acordo com
I
0 centro de controle e comando das mídias sociais da Deli em
três dimensões: relevância, sentimento e autoridade. Os pesquisadores
Round Rock, no Texas, tem 70 funcionários e processa 25 mil even
acadêmicos Hoffman e Fodor defendem a medição dos vários tipos de
tos diários nas mídias sociais em 11 idiomas, respondendo à maio
investimento que os clientes fazem ao se envolverem com as marcas no
ria das consultas e reclamações em um prazo de 24 horas.
tocante à sua atividade com blogs, microblogging (como Twitter), cocria-
I
0 centro de comando das mídias sociais da Wells Fargo monito
çào (como NIKED). fóruns e painéis de discussão, avaliação de produ
ra de duas a quatro mil menções por dia. A equipe acompanha e
tos. redes sociais e compartilhamento de fotos ou vídeos.
publica mensagens em canais de mídia como Facebook. Twitter.
Como monitorar. Cada vez mais empresas têm instalado centrais
Linkedln, Pinterest e YouTube. Quando surgiu o boato de que o ban
tecnologicamente avançadas para direcionar seus esforços de ras-
co pretendia instituir uma nova taxa de US$ 5 para depósitos, o
treamento on-line. Para monitorar a marca Gatorade nas redes so
centro de comando conseguiu desmenti-lo rapidamente.
ciais 24 horas por dia. a empresa criou o Mission Control Center’ - montado como uma sala de controle de transmissões de TV - bem
no meio do departamento de marketing em sua sede em Chicago.
Essa central é atendida 24 horas por dia. todos os dias da semana, por uma equipe multifuncional formada por agências digitais, de mí dia e sociais da Gatorade, e seis monitores de grande porte exibem
visualizações e painéis de dados. A equipe da Gatorade analisa conversas em blogs e avalia os quesitos de
percepção e feedback, além de decidir quando intervir ou não em uma conversa on-line. Toda publicação que envolva uma consulta direta sobre a marca ou que reflita um mal-entendido costuma ser uma brecha para intervenção, mas como um dos membros observou, "se eles querem falar sobre fazer ginástica, deixamos a conversa corre. Acesso
em:24fev. 2013. 49. DEUTSCH. Claudia H. The Venturesome Giant NewYorkTimes. 5 out. 2007. 50. MAHIDHAR. Vikram; GIFFI. Craig; KAMBIL. Ajit com ALVANOS, Ryan. Rethinking Emerging Market Strategies. Deloitte Review n. 4. 2009.
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Consumer Responses to Unexpected Incentives. Journal of Consumer Research 36. fev. 2010. p. 792-805: USTUNER, Tuba: HOLT. Douglas B. Toward a Theory of Status Consumption in Less Industrialized Countries. Journal of Consumer Research 37, jun. 2010, p. 37-56:
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