A Vanguarda Literária no Brasil: Bibliografia e Antologia crítica 9783964560070

Contém informações sobre as obras mais experimentais e ousadas da vanguarda histórica dos anos 20. Com uma extensa antol

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A Vanguarda Literária no Brasil: Bibliografia e Antologia crítica
 9783964560070

Table of contents :
Índice
Cinco Prefácios
Bibliografía
Modernismo e Vanguarda Reconsiderados
Revistas
Autores
Antologia Crítica
Modernismo e Vanguarda Reconsiderados
"Modernismo Brasileiro: 1922 e Hoje"
"Antropofagia e Surrealismo"
"Antropofagia e o Controle do Imaginário"
"A Questão Futurista no Brasil"
"As Linguagens Imaginárias"
"Vanguarda e Nacionalismo na Década de Vinte"
"As Influencias no Modernismo"
"Linguagem e Realidade do Modernismo de 22"
Revistas
"Historia de Revistas e de Jornais Literários"
"Revistas Re-vistas: Os Antropófagos"
"Noticia Impopular de 'O Homem do Povo'"
"A Revista: Um Novo Elo na Cadeia de Periódicos Modernistas"
"Recado de urna Geração"
"Os Verdes da 'Verde'"
Autores
"Oswald de Andrade e as Artes Plásticas no Modernismo dos Anos 20"
"Murilo Mendes e a Fase Histórica do Modernismo"
"Mario de Andrade: A Imaginagáo Estrutural"
"Manuel Bandeira e o Lirismo de Libertinagem"
"O Poeta Enquanto Intelectual"
"A Carroça, O Bonde e o Poeta Modernista"
"Flávio de Carvalho: Modernismo e Vanguarda em Sao Paulo entre 1927 e 1939"
"O Poeta Itinerante"
índice Onomástico

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K. David Jackson A Vanguarda Literaria no Brasil

Bibliografía e Antologia Crítica das Vanguardas Literárias no Mundo Ibérico e Luso-Brasileiro Editores da Serie Merlin H. Forster, Brigham Young University, EUA K. David Jackson, Yale University, EUA Harald Wentzlaff-Eggebert, Friedrich-Schiller-Universitát Jena, Alemanha

Volumes Publicados Jackson, K. David. A Vanguarda Literária no Brasil. Bibliografía e Antología Crítica. Frankfurt am Main/Madrid: Vervuert/Iberoamericana, 1998. Volumes no Prelo Póppel, Hubert. Las vanguardias literarias en Bolivia, Colombia, Ecuador, Perú. Forster, Merlin H. La vanguardia literaria en México y la América Central. Bibliografía y antología crítica. Wentzlaff-Eggebert, Harald. La vanguardia literaria en España. Bibliografía y antología crítica.

Volumes da Série Catalunha Espanha Portugal Argentina, Uruguai, Paraguai Chile Brasil Perú, Colombia, Equador, Bolivia México e a América Central Cuba, Porto Rico, República Dominicana, Venezuela

K. David Jackson

A Vanguarda Literaria no Brasil Bibliografia e Antologia Critica

Vervuert • Iberoamericana 1998

Die Deutsche Bibliothek - CIP-Einheitsaufnahme

Bibliografía y antología crítica de las vanguardias literarias en el mundo ibérico / ed. Merlin H. Forster ... - Frankfurt am Main : Vervuert; Madrid : Iberoamericana Vol. 1 mit Parallelt.: Bibliografía e antología crítica das vanguardas literárias no mundo ibérico e luso-brasileiro

Vol. 1. Jackson, K. David: A vanguarda literaria no Brasil. - 1998 Jackson, K. David: A vanguarda literaria no Brasil: bibliografía e antología crítica / K. David Jackson. - Frankfurt am Main : Vervuert; Madrid : Iberoamericana, 1998 (Bibliografía e antología crítica das vanguardas literárias no mundo ibérico e luso-brasileiro ; Vol. 1) ISBN 3-89354-290-6 (Vervuert) ISBN 84-88906-88-9 (Iberoamericana)

© Vervuert Verlag, Frankfurt am Main 1998 © Iberoamericana, Madrid 1998 Todos os direitos reservados Capa: Jorge Colombo Técnico: Melvin R. Smith Este livro foi impresso inteiramente em papel ecológico branqueado sem cloro. Impresso na Alemanha

Às Musas Antropófagas Aos Mestres do Modernismo

O planejamento e a coordenado desta série nao haveria sido possível sem a generosa ajuda do ACLS (American Council of Learned Societies), do DAAD (Deutscher Akademischer Austauschdienst) e das seguintes Universidades com as respectivas bibliotecas e cole?öes: University of Texas at Austin, Brigham Young University, Yale University, Otto-Friedrich-Universität Bamberg, Friedrich-Schiller-Universität Jena, Ibero-Amerikanisches Institut Berlin.

índice

Cinco Prefácios Introduçâo Vanguardista Tripartita Telegrama sobre Vanguarda Perguntas sem Respostas Dez Teses Manifestas Cédulas de Identidade Retrato Anti-Convencional da Vanguarda Brasileira Retrato Convencional desté Livro

xiii xvii xxi xxvii xxviii

Bibliografía Modernismo e Vanguarda Reconsiderados Visôes de Conjunto Antologías Bibliografías Livros Artigos e Teses Manifestos Textos Coleçôes Artigos e Teses Poesia Livros Artigos e Teses Narrativa Livros Artigos e Teses Revistas Bibliografías Visôes de Conjunto Lista Alfabética de Revistas: Ediçôes e Crítica

vii

3

28

30 32

35 35 35

Autores Alcántara Machado, Antonio de Almeida, Tácito de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Oswald de Aranha, Luís Bandeira, Manuel Bastos, Abguar Bopp, Raul Carvalho, Flávio de Costa, Sosígenes Galváo, Patricia Lima, Jorge de Machado, Alexandre Ribeiro Marcondes (Juó Bananére) Machado, Aníbal Meireles, Cecilia Mendes, Murilo Milliet, Sérgio

43 44 44 48 62 79 79 83 83 84 86 86 88 88 89 89 91 94

Antologia Crítica Modernismo e Vanguarda Reconsiderados Sena, Jorge de. "Modernismo Brasileiro: 1922 e Hoje" Nunes, Benedite. "Antropofagia e Surrealismo" Costa Lima, Luiz. "Antropofagia e o Controle do Imaginário" Fabris, Annateresa. "A Questào Futurista no Brasil" Schwartz, Jorge. "As Linguagens Imaginárias" Souza, Gilda de Mello e. "Vanguarda e Nacionalismo na Década de Vinte" Zilio, Carlos. "As Influencias no Modernismo" Barbosa, Joào Alexandre. "Linguagem e Realidade do Modernismo de 22"

97 111 125 131 143 151 159 171

Revistas Doyle, Plinio. "Historia de Revistas e de Jornais Literários" . . 197 Campos, Augusto de. "Revistas Re-vistas: Os Antropófagos" 211 "Noticia Impopular de 'O Homem do Povo'" 225 Lara, Cecilia de. "A Revista: Um Novo Elo na Cadeia de Periódicos Modernistas" 233 Nava, Pedro. "Recado de urna Gera?ào" 237 César, Guilhermino. "Os Verdes da 'Verde'" 241

viii

Autores

Aracy Amaral. "Oswald de Andrade e as Artes Plásticas no Modernismo dos Anos 20" Araújo, Lais Correa de. "Murilo Mendes e a Fase Histórica do Modernismo" Campos, Haroldo de. "Mário de Andrade: A Imaginado Estrutural" Helena, Lucia. "Manuel Bandeira e o Lirismo de Liberíinagem" Santiago, Silviano. "O Poeta Enquanto Intelectual" Schwarz, Roberto. "A Carrosa, o Bonde e o Poeta Modernista" Leite, Rui Moreira. "Flávio de Carvalho: Modernismo e Vanguarda em Sao Paulo entre 1927 e 1939" Candido, Antonio. "O Poeta Itinerante"

índice Onomástico

251 259 267 281 285 295 309 323

341

IX

CINCO PREFACIOS

Introdujo Vanguardista Tripartita

Telegrama sobre Vanguarda

SOBRE

VANGUARDA: vanguarda,

essencialmente

literaria ^ í 1 contribuiu de forma definitiva á modernidade com idéias muito debatidas ibérico ©

[GARCIA LORCA] ©

ARCE] •

conceitos radicáis [OSWALD DE

rebeliáo contra a tradigáo [GIRONDO] ©

[GOMEZ DE LA SERNA] ©

subconsciencia

tem que ver

o mesmo na Itália e Franca como no mundo

formas abertas [NERUDA] ©

ANDRADE] ©

mítica

vanguarda

síntese [BORGES] ©

fragmentado cinematografía

formalismo geométrico [SALVAT-PAPASSEIT]

©

[ASTURIAS] '^D' energía mecánica

[MAPLES

radicaliza5ao cultural [MÁRIO DE ANDRADE] ©

linguagem

experimental [VALLEJO]

tipografía nao convencional [HUIDOBRO]

percepgao pura do novo [PESSOA]

SOBRE VANGUARDA: reconhecimento crescente da importancia e complexidade

'^D' movimento

transcendente

nacionais

termos utilizados: avant-garde, vanguarda ou vanguardismo

xiii

com

repercussoes

inter-

Cinco Prefácios os movimentos literários mais radicais flP vanguarda equivale a urna intensa radicalizado estética '^D' ruptura com a mimese aristotélica transforma a crítica cultural e a experimenta^áo artística flD revoluciona a arte, a literatura e últimamente a própria vida ' f l P o cometo de urna nova era ' i P o impacto da vanguarda é comparável ao do renascimento

SOBRE VANGUARDA: apagou as fronteiras entre a arte e a literatura ^ ^ manipulou os géneros literários

transformou em poesia as

coisas nao poéticas l ® ' exaltou a diversidade de expressáo '^D' divertiu-se com o dinamismo conceitual

SOBRE livremente pacto

fl®

VANGUARDA:

o

termo

vanguarda

utilizado

agora

refere-se a qualquer produgáo atrevida ou de grande imo uso universal do termo relaciona o contemporáneo com o

histórico

SOBRE VANGUARDA: as vanguardas históricas eram o futurismo, o cubismo, o dadaísmo, o surrealismo, etc.

mudaram a percep5áo do

mundo, da humanidade e deles mesmos

primeiras rebelioes impor-

tantes através de seus artistas e escritores '^D' apoiaram atividades criativas

xiv

Introdu$áo Vanguardista Tripartita que continuaram por todo o século históricas ao pós-modernismo

suas técnicas ligam as vanguardas

fl^

SOBRE VANGUARDA: converteu-se em um discurso e um paradigma para escrever sobre a literatura

levou a crítica contemporánea até

a era pós-moderna '^D' vanguardismo reconhecido agora como movimento internacional ampio e poderoso ^ ^ inclui figuras de primeira ordem em muitas literaturas nacionais

nossa série está aberta ao estudo das

vanguardas literarias '^D' sem restri§áo de língua ou de nacionalidade

SOBRE VANGUARDA: a vanguarda nao pára

xv

9

Perguntas sem Respostas •

Devemos responder, neste momento de nossa apresentaçâo, a todas as perguntas que possam surgir sobre o vanguardismo na Península Ibérica e O na América Latina • agressivas

e

Nao seria melhor documentar só as interrogaçôes

radicais

que

formavam

parte

do

que

chamamos

de

O vanguardismo, junto às várias perguntas críticas que surgiram sobre ele • O Pode ser que nao tenha chegado ainda o momento para respostas •

Será

possível—pelo menos

sem

neste

momento—que

as

respostas

ofusquem

O esclarecer a natureza particular do vanguardismo luso-hispánico •

Nâo é

melhor apenas registrar as perguntas que a crítica levantou, sem propôr O respostas rápidas e talvez incompletas •

Tal registro nâo servirá de convite

o

à investigaçâo da parte dos nossos leitores •

Nâo funcionará assim por guia

para considerar as perguntas mais importantes ou para fazer outras novas ou O melhores •

Nâo é a melhor forma de pôr em perspectiva a diversidade de

aspectos no complexo fenómeno vanguardista dos países luso-hispánicos, um fenómeno que se manifestou em portugués e catalâo)

pelo

menos

très

línguas

(espanhol,

e em países tâo diferentes como Espanha,

México, Perú e Brasil O•

xvii

Cuba,

Cinco Prefácios

A primeira pergunta, entáo, nao será até que ponto o vanguardismo luso-hispánico

foi-especialmente

em

algumas

áreas—simplesmente

urna

o importado dos movimentos franceses, alemaes ou italianos •

Nao havia

precursores importantes, como por exemplo Armando Vasseur, no Uruguai, ou Gabriel Alomar, na Catalunha, cujas idéias eram semelhantes O Marinetti, mas que se expressaram anos antes •

ás de

E Huidobro, no Chile e

Tablada, na Venezuela e no México, nao come?aram a experimentar com a o poesia visual ao mesmo tempo que Apollinaire e outros na Franga •

Além

disso, nao há fortes i n d i c a r e s de que os contextos especificamente latino-

9

americanos mudaram as diretrizes do vanguardismo europeu importado, para criar expressSes

vanguardistas

auténticamente

americanas •

E nao

é

provável que o vanguardismo na Espanha e na América Hispánica tenha sido afetado até certo ponto pelo modernismo hispano-americano

anterior de

9

Rubén Darío, e que a evolu$ao da poesia vanguardista possa ser considerada como a última fase e a mais extravagante desse modernismo • Podemos desconfiar dos próprios vanguardistas, que adotaram posi§oes rígidas como O inimigos da poesia modernista de língua espanhola •

Nao é verdade que os

vanguardistas abandonaram o discurso retórico/patriótico/patético herdado do romantismo e ainda muito vivo ñas celebrares da Independéncia no ano de

9

1910«

Pode-se

considerar

o vanguardismo

XVlll

como

a vitória do

texto

Introdujo Vanguardista Tripartita

amimético sobre o modelo aristotélico que havia reinado durante mais de o dois mil anos • Nao é óbvio hoje em dia que escritores peninsulares como o cataláo Joan Salvat-Papasseit, o espanhol Ramón de Valle-Inclán e o portugués Fernando Pessoa sao reconhecidos cada vez mais como figuras revoluo clonarías na expressáo literária de seu tempo •

Pode haver ainda qualquer

dúvida de que os poetas mais inovadores do século vinte na América Latina-Vicente Huidobro, Jorge Luis Borges, César Vallejo, Murilo Mendes, Pablo Neruda, Oliverio Girando, Octavio Paz—tiveram contactos signifiO cantes com os movimentos vanguardistas europeus •

Mas ao mesmo tempo

9

as obras origináis desses poetas nao demonstraram a liberta§áo definitiva do Novo Mundo da hegemonia cultural do Velho Mundo europeu • finalmente, a experimentagao

E,

verbal e textual dos romances de Julio

Cortázar, Gabriel García Márquez,

Joáo

Guimaráes

Rosa

ou Clarice

Lispector teria sido possível sem a prévia destruigáo vanguardista de hábitos, normas e géneros literarios 9.

Há outras perguntas

9 •

xix

Dez Teses Manifestas

Propomos documentar da forma mais completa possível o fenómeno das vanguardas históricas. Começamos com urna série de volumes sobre as vanguardas luso-hispánicas, mas reservando para o futuro outras áreas do mundo onde havia atividade vanguardista significativa durante a primeira metade do século vinte.

Na melhor t r a d i t o

manifestária,

tomamos

posse

metade do século atual como nosso marco cronológico.

da

primeira

Afirmamos obvia-

mente que a maioria das atividades vanguardistas aconteceram ñas décadas dos 20 e 30, mas reconhecemos que havia precursores e também figuras tardías nos anos posteriores.

lllll. Rejeitamos como insuficiente e antiquada

a no§ào de que as

vanguardas literárias luso-hispánicas da primeira metade do século vinte foram experimentagoes

estéreis,

derivagSes

impacto sobre desenvolvimentos subseqüentes.

que

nao

tiveram

nenhum

Ao contràrio, declaramos

que essas vanguardas devem ser apreciadas como expressoes

artísticas

valiosas, que funcionavam ao mesmo tempo como p r e p a r a d o para a notável p r o d u j o literária da segunda metade do século. xxi

Cinco Prefácios

Muito se fez em anos recentes para facilitar o acesso organizado aos materiais necessários para o estudo cuidadoso e crítico dos movimentos de vanguarda.

Urna dimensáo central desse trabalho foi recolecionar e

reimprimir manifestos e outros textos importantes da época vanguardista. Quanto a materiais peninsulares, reconhecemos, entre outros, as recompila?óes de Ilie (1969), Buckley e Crispin (1973), Brihuega (1979) e Fuentes (1992). Para a América Latina as obras mais importantes sao de Colazos (1977), Verani (1986), Osorio (1988), Videla (1990/1994) e Schwartz (1991/1995).

Pode-se consultar também as recentes guias bibliográficas

feitas por Forster e Jackson para a América Latina (1990) e por WentzlaffEggebert para Espanha e Hispano-América (1991).

No momento atual, o discurso crítico sobre as vanguardas lusohispánicas é muito mais ampio do que em anos passados, e se desenvolveu desde distintos pontos de vista.

O objetivo principal de nossa série de

publicaçôes é precisamente chamar atençâo para a expansâo e diversidade desta área de investigaçâo cultural e literária.

Oferecemos os nossos vo-

lumes como urna base sólida e equilibrada que facilite o trabalho de outros estudiosos.

xxii

I n t r o d u j o Vanguardista Tripartita 4444«. Propomos nesses volumes destacar

e exemplificar o discurso

vanguardista, ampliado em duas dimensóes principáis. Primeiro, documentamos a riqueza desse processo crítico com urna detalhada apresenta?áo bibliográfica. Esforgamo-nos para fazer desta apresentaijáo a mais completa possível, que permita acesso rápido e claro a dados e comentários sobre autores, obras, revistas e grupos literários. Segundo, e o que nos diferencia de publicagoes anteriores, prestamos muita aten§ao nao aos manifestos e pronunciamentos da época mas aos ensaios críticos das últimas décadas. Apresentamos urna ampia antología desses materiais, geralmente na forma de trechos selecionados dos textos mais pertinentes.

Apesar de haver meditado bastante sobre o assunto, depois de tudo resolvemos usar, de forma claramente arbitraria, as áreas nacionais ou regionais para estruturar a nossa consideraçâo hispánicas.

das

vanguardas

luso-

Sabemos que o panorama histórico-literário é bastante com-

plexo, indo desde o estudo de um só autor ou livro em algumas áreas até a relaçâo de vários escritores, grupos e publicaçôes em outras.

Outra

complicaçâo é que alguns vanguardistas foram associados a mais de uma área nacional (Tablada com o México e a Venezuela, por exemplo, Alberto Hidalgo com o Perú e a Argentina, ou César Moro com o Perú e o México).

xxiii

Cinco Prefácios Declaramos, nao obstante, que o nosso esquema nacional/regional oferece o melhor caminho para representar o fenómeno vanguardista multifacetado.

22222. Ao mesmo tempo mantemos a visâo de um ámbito cultural lusohispánico

firmamente unificado, através do qual as várias

vanguardas

históricas latino-americanas possam estar profundamente relacionadas aos grupos peninsulares. Várias figuras e atividades nos dois lados do Atlántico estâo identificadas com as duas dimensoes:

por exemplo, Huidobro, com o

creacionismo na Espanha e na América Hispánica; Borges, com o ultraísmo na Espanha e na Argentina; Vallejo, com o Perú e a Espanha; Neruda, com o Chile e a Espanha; Gómez de la Serna, com a Espanha e a Hispanoamérica; García Lorca, com a Espanha, Cuba, a Argentina e o Uruguai; a revista Alfar, com a Espanha e o Uruguai.

Hiiii. Além destas relaçôes de duplas luso-hispánicas, deveríamos levar em conta também urna extensáo até áreas nao-ibéricas.

Vários escritores

vanguardistas tiveram laços familiares ou estadas significativas fora da América Latina ou da Península Ibérica. Podemos pensar, por exemplo, na residência e educaçâo primária e secundária que Pessoa teve na África do Sul, na dimensâo británica da familia de Borges e sua residência enquanto jovem na Suiça, ou na herança francesa de Carpentier e seus estudos de xxiv

I n t r o d u j o Vanguardista Tripartita música em Paris. Huidobro, Oswald de Andrade, Vallejo, Asturias e Moro também passaram temporadas chaves na Franga, principalmente em Paris; Neruda teve urna prolongada residencia no Oriente, comparável à de García Lorca em Nova York. As vezes estes lagos ou residencias resultaram numa produgào literaria em linguas nào-ibéricas (por exemplo, Pessoa e Borges em inglés, Huidobro e Moro em francés).

Um. Finalmente,

acabamos

onde comegamos,

com urna

insistente

chamada em prol de urna documentarlo adequada e de mais e melhor atividade crítica

dedicada

ao estudo das vanguardas históricas

luso-

hispánicas. Há muito ainda por fazer e este nào é um momento para fracos. A luta continua e por isso convidamos os interessados do mundo para trabalharmos juntos no estudo deste

significante fenòmeno cultural

e

literário. K. D. J. / H. W.-E. / M. H. F.

XXV

Cédulas de Identidade Retrato Anti-Convencional da Vanguarda Brasileira "Leitor(a)! Nao Verás Nenhuma Vanguarda Como Esta" Ovalo Calib "Tinha urna Bibliografía no Meio do Caminho" A. R. S. Nome:

A Vanguarda Literária no Brasil

Enderezo: Filia?áo:

Bahia, Oropa e Outros Estados Poéticos Gra?a Aranha (padrasto) D. Olivia (governanta) Paulo Prado (fiador)

Antecedentes:

Indiciados por paranóia e mistifica$áo Suspeitos na misteriosa morte de Miss Cyclone

Idade:

Histórica, dos anos 20 e 30 para cá.

Cidadania: Pau-Brasil, de Tapanhumas Características: Mecha de cábelo na testa; vestida por Poiret; kabeluda; desvairada Sapato:

Abaporu™

Gostos:

Moquéns, vatapá, café e caipirinhas

Passaporte:

Verde-Amarelo. Emitido na Paulicéia desvairada com foto de indio. Bolsas para viajar a Paris e outras capitais européias. Visto para excursâo de carro até Ouro Preto e Cataguazes; cruzeiro no rio Amazonas para o encontro das águas indígenas com a vanguarda européia.

N°:

1.922

Testemunhas:

Biaise Cendrars (tio) Machado Penumbra (escrivâo)

Observaçôes:

[preencha o leitor]

xxvii

Retrato Convencional deste Livro "Quanto à "vanguarda literaria", ela existirá sempre . . ." Jorge de Sena Esta bibliografía e antología crítica pertence a uma série de nove volumes sobre a vanguarda latino-americana e ibérica em língua original, preparados num esquema de cooperaçâo entre estudiosos alemâes e norteamericanos (eds. Harald Wentzlaff-Eggebert, Merlin H. Forster, K. David Jackson). A "Introduçâo Vanguardista Tripartita" dos editores apresenta um sumário das características literárias e das tendências da situaçâo atual das vanguardas ibéricas e latino-americanas. Ao apresentar informaçôes sobre os movimentos de vanguarda, os quatro prefácios precedentes imitam estilos característicos da expressâo vanguardista. Merecendo um volume à parte, o estudo sobre o Brasil tem o propósito de servir como livro de referência bibliográfica sobre a produçâo literária da vanguarda brasileira. Além da informaçâo bibliográfica, inclui uma dimensâo interpretativa, sendo uma fortuna crítica de estudos por especialistas brasileiros no modernismo e na vanguarda. Esses estudos formam um panorama da recepcâo crítica da vanguarda até o presente, vista no seu conjunto e também ñas obras de seus autores característicos. O presente livro também atualiza e dialoga com bibliografías e outros livros de referencia anteriores: Xavier Placer, Modernismo Brasileiro (1972); Merlin H. Forster e K. David Jackson, Vanguardism in Latín American Literature (1990); Harald Wentzlaff-Eggebert, Las literaturas hispánicas de vanguardia (1991); Jorge Schwartz, Vanguardas Latino-Ame ricanas (1995). Procuramos dar a informaçâo mais completa possível sobre o tema. Há bibliografías de obras, homenagens, antologias e coleçôes, teses e ensaios, livros e artigos com informaçôes sobre a vanguarda literária no Brasil. A primeira grande unidade da presente obra é a bibliografía, que está organizada em très partes. A primeira inclui livros e artigos sobre o modernismo e a vanguarda como conceito ou no seu conjunto, incluindo estudos comparados e a influência das artes plásticas e da música. Há também estudos sobre os movimentos estéticos inventados ou seguidos pela vanguarda [Futurismo, Surrealismo, Antropofagia, etc.]. A segunda seçâo apresenta informaçâo sobre 28 das principáis revistas dos anos 20, com uma bibliografía para o seu estudo, orientada por título de revista. Na terceira parte, apresentamos os autores que contribuíram para a vanguarda modernista, através das obras respectivas. Primeiro, registramos as publicaçôes vanguardistas mesmas—desde antologias, revistas e manifestos até coleçôes de textos poéticos, narrativas de ficçâo e obras de teatro dos diferentes autores—e nâo somente as primeiras ediçôes, mas também as ediçôes críticas e as atuais no mercado, junto com as obras escolhidas e completas do autor respectivo. Logo a seguir, para cada autor há uma bibliografía crítica de livros e artigos sobre a produçâo vanguardista. O rol dos autores inclui alguns dos nomes mais importantes do século [Carlos xxviii

Cédulas de Identidade Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Murilo Mendes e outros]. Nos últimos anos, alguns nomes esquecidos ou negligenciados pela crítica foram reincorporados á historia da vanguarda e reinterpretados sob nova ótica. E o caso em especial de urna figura sumamente vanguardista, Flávio de Carvalho, cuja obra experimental e atua9áo extravagante chegaram novamente á aten§áo do público, através de uma exposi§ao retrospectiva de suas obras na 17.° Bienal de Sao Paulo em 1983. Da mesma forma, a reimpressao do romance Parque Industrial (1933), de Patricia Galváo (Pagu), seguido pelo estudo de Augusto de Campos em Pagu—Vida-Obra (1982), resultou numa reavalia§áo da visao plástica e paródica que a "musa antropófaga" dirigiu á sociedade paulistana e á vanguarda literária da época. Incluímos também em nossa bibliografía autores que contribuíram só tangencialmente á vanguarda mas, nao obstante, revelam ñas suas obras uma dimensao estética experimental. A antología crítica forma a segunda grande unidade do livro. Pretendemos facilitar e até aprofundar o entendimento da vanguarda, através da apresenta§áo de diversas visóes e análises. Reunimos ensaios publicados por alguns dos mais conhecidos estudiosos brasileiros, colecionados em fontes muito diversas, selecionados nao só pela sua importancia histórica, mas também pela tendencia a provocar ou inovar, tanto no campo do conceito quanto no da análise. A antología segue a ordem de apresenta?áo da bibliografía: primeiro, os ensaios sobre a estética da vanguarda, como teoría e conceito; segundo, os estudos descritivos e críticos sobre as revistas literárias; terceiro, os ensaios sobre os autores da fase vanguardista e suas obras. A antología crítica constituí uma visao retrospectiva da recep?ao crítica da vanguarda internacional, dos autores brasileiros e das obras da vanguarda nacional. Serve ao propósito de incentivar novos parámetros e novas percepgSes críticas, através do exemplo de uma orientado histórica interpretativa. Agradecemos aos autores da antología crítica a autorizasáo para reproduzir os seus ensaios nesta série. Para facilitar a consulta da bibliografía, segue-se um índice onomástico. K. D. J.

xxix

BIBLIOGRAFIA

Modernismo e Vanguarda Reconsiderados

Visoes de Conjunto Antologías 1

2 3

Batista, Marta Rossetti, Telé Porto Ancona López e Yone Soares de Lima. Brasil-1." Tempo Modernista: 1917-1929, Documentagáo. Sao Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros, Universidade de Sao Paulo, 1972. [Excelente fonte de documenta§áo da época com bibliografía] Schwartz, Jorge. Vanguardas Latino-Americanas. Sao Paulo: Iluminuras; Editora da Universidade de Sao Paulo, 1995. [Edi?ao brasileira aumentada, baseada na espanhola de 1991] . Las vanguardias latinoamericanas: Textos programáticos y críticos. Madrid: Cátedra, 1991. [Reprodu§áo de textos fundamentáis traduzidos para o espanhol, com apresentagSes críticas] Bibliografías

4 5

6

Forster, Merlin H. e K. David Jackson. Vanguardism in Latin American Literature: An Annotated Bibliographical Guide. Westport, CT.: Greenwood, 1990. [Bibliografía brasileira seleta, 1972-1989] Placer, Xavier. Modernismo Brasileiro: Bibliografía (1918-1971). Rio de Janeiro: Divisao de Publicares e Divulga9ao, Cole§áo Rodolfo Garcia, Biblioteca Nacional, 1972. [Bibliografía monumental sobre o modernismo literário brasileiro] Reía, Walter. Literatura brasileña. Bibliografía selecta del barroco a las vanguardias. Ensayos Bibliográficos, 6. Montevideo: El Galeón, 1992. Livros

7 8 9

Almeida, Guilherme de [Andrade e]. Cosmópolis: (Sao Paulo/29) Oito Reportagens. CarvSes de A. Gomide. Sao Paulo: Companhia Editora Nacional, 1962. Almeida, Paulo Mendes de. De Anita ao Museu. Sao Paulo: Perspectiva, 1976. [O papel das artes plásticas na eclosáo do modernismo] Amaral, Aracy, ed. Arte y arquitectura del modernismo brasileño. Caracas: Biblioteca Ayacucho, 1978.

3

Bibliografia 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

20 21 22 23

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Edi?ào

Autores "Oswald de Andrade e as Artes Plásticas no Modernismo dos Anos 20" Aracy Amaral A riqueza interdisciplinar distingüe o movimento modernista brasileiro dos anos 20 daqueles ocorridos em outros países da América Latina. O grupo que se forma após a exposiçâo rebelde de Anita Malfatti em 1917 e que explode na Semana de Arte Moderna de 1922 em Sao Paulo já é, nesse ano, claramente, urna uniâo de forças de urna nova geraçâo que deseja urna revoluçâo formal; ñas artes plásticas, como na poesía e literatura, na música, na arquitetura. E nesse aspecto o Modernismo brasileiro e único no contexto latino-americano. No decorrer dos anos 20 a renovaçâo em todas essas áreas de criatividade será marcante. Oswald de Andrade e Mário de Andrade serâo, como já se escreveu, personalidades complementares, indispensáveis, por sua criatividade poética e produçâo reflexiva e ensaística, a caracterizar a nossa modernidade. Que deveria surgir em Sao Paulo, cidade desvairada cantada por Mário de Andrade e Biaise Cendrars, a crescer e desenvolver-se de maneira assombrosa desde as primeiras décadas do século. Marinetti e o futurismo assim como a palavra de Baudelaire nâo eram estranhos aos jovens da segunda década. Mas Oswald registraría também o fascínio pela cidade nova e pelo progresso que inspiraría os modernistas: "Eu canto o Jardim das Delicias na tormenta ritimada das usinas, no cubo incontrolável dos arranha-céus, na geometría ensolarada das avenidas e na terra que volta centuplicada de frutas, pela intervençâo miraculosa do adubo e do arado", mostrando nesta expressâo dos anos 40 a permanência da vinculaçâo cidade-campo, racionalismo-magia que nos anos 20 marcaram seu Manifestó Antropofágico. No entanto, se em sua primeira viagem à Europa, em 1912, Oswald de Andrade descobre o manifestó futurista, alerta, portanto, às inovaçôes, em 1915 o jovem intelectual já define seu interesse também pelas artes plásticas ao criticar académicos que vâo à Europa e apenas copiam mestres reconhecidos e ultrapassados sem se darem conta de que nossa realidade é outra; e pede urna pintura que afirme essa circunstância específica. Mencionando o pintor Almeida Júnior como precursor de um espirito novo, chama a atençâo para os pintores que depois do contato com a França, onde tudo está "cultivado, reduzido à expressâo complacente, ajardinado, por assim dizer", ficam tomados de pavor, ao regressar, "diante da nossa natureza tropical e virgem, que exprime luta, força desordenada, e vitória contra o mirrado inseto que quer possuir." Assim, faz um veemente apelo 1

Oswald de Andrade, Antopofagia, 1." pag., s. d., Arquivo Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de Sao Paulo.

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Antologia Crítica contra o mirrado inseto que quer possuir." Assim, faz um veemente apelo para que, à sua volta, se desembaracem as recordares de motivos picturais que tiveram, das sugestoes da arte local que sofreram . . . incorporados ao nosso meio, à nossa vida, é dever deles tirar dos recursos imensos do país, dos tesouros de cor, de luz . . . arte nossa que se afirme, ao lado de nosso intenso traballio material de construyo de cidades, e desbravamento de térras, urna manifestagao superior de nacionalidade. Pouco depois, Oswald de Andrade seria o primeiro defensor de Anita Malfatti, que realizou a primeira individual "fauve" no Brasil, a primeira exposi?áo realmente transgressora, em dezembro de 1917 e janeiro de 1918. Oswald de Andrade sempre se orgulharia dessa defesa, a que faria men?ào em escritos posteriores, mas em 1917, diante das obras de Anita afirma que A impressào inicial que produzem os seus quadros é de originalidade e de diferente visao. As suas telas chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espirito para as novas exposi?òes de pintura (. . .) Anita Malfatti é um temperamento nervoso e urna intelectualidade apurada, a servido de seu século.3 Nessas linhas apreende-se que Oswald identifica Malfatti como uma personalidade artística diferente das demais que usualmente expunham em Sao Paulo ou Brasil, embora nào a localizasse exatamente como "fauve" ou expressionista. Esse dado o surpreende, e nota-se seu respeito em rela9ào a essa singularidade. Por outro lado, embora nào a classifique como escola, quigá mesmo por desconhecimento do expressionismo alemào, menciona que eia está "a servido de seu século", qualificando-a portanto como moderna, de seu tempo, talvez por isso chocante para o público habituado ao academismo. Como se sabe, apesar do ataque de Monteiro Lobato à sua pintura, a exposÌ5ào de Anita fez com que déla se aproximassem Di Cavalcanti, 2

O. de Andrade, "Por uma Pintura Nacional", O Pirralho (2 jan. 1915). 3 Mário da Silva Brito, Historia do Modemimo Brasileiro: 1 Antecedentes da Semana de Arte Moderna (Rio de Janeiro, 1964), 61. O artigo de Oswald de Andrade se intitulou "A Exposifao de Anita Malfatti" e foi publicado no Jornal do Comércio