A trindade (De Trinitate) 8534900981

O texto latino de base é o da Edição Maurina, conforme B.A.C., t. V. A revisão da tradução foi cotejada com edições em f

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A trindade (De Trinitate)
 8534900981

Table of contents :
ÍNDICE
Catalogação Bibliográfica
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
CARTA PRÓLOGO
LIVRO I
LIVRO II
LIVRO III
LIVRO IV
LIVRO V
LIVRO VI
LIVRO VII
LIVRO VIII
LIVRO IX
LIVRO X
LIVRO XI
LIVRO XII
LIVRO XIII
LIVRO XIV
LIVRO XV
NOTAS COMPLEMENTARES
INTRODUÇÃO
LIVRO I
Livro II
Livro III
Livro IV
Livro V
Livro VI
Livro VII
Livro VIII
Livro IX
Livro X
LIVRO XI
LIVRO XII
LIVRO XIII
LIVRO XIV
LIVRO XV
BIBLIOGRAFIA
TEXTOS COMPLETOS DA OBRA
BIBLIOGRAFIA DAS NOTAS COMPLEMENTARES
PATROLOGIA
TEOLOGIA
FILOSOFIA
SOBRE SANTO AGOSTINHO
SOBRE A SSMA. TRINDADE

Citation preview

SANTO AGOSTINHO A Trindade

PAULUS

Dados Internacionais de Calalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brélsil) Agostinho, Santo, Bispo de Hipona, 354-430. A Trindade/ Santo Agostinho ; [tradução do original latino e introdução Agustino Belmonte ; revisão e notas complementares Nair de Assis OliveiraJ. São Paulo : Paulus, 1994 - (Patrística) Bibliografia. ISBN 85-349-0098-1 1. Teologia dogmática -- História - Igreja prirnitiv2., ca. 30-600 2. TrinrfarlR 1. Título. li. Sérifl. 92-2000 lrioices para catálogo sistemático: 1. Teologia trrn1tána: Teologia dogmática cristã 231.044 2. Trindade: Teologia dogmática cristã 231.044

Coleção PATRÍSTICA • Padres Apostólicos • Pe.dres Apologistas • JLIstino de Roma • lreneu de Lião • Santo Agostinho, A Trindade

CDD-231 .044

SANTO AGOSTINHO

A TRINDADE

PAULUS

Título original De Trinitate O texto latino de base é o da Edição Maurina, conforme B.A.C., t. V. A revisão da tradução foi cotejada com edições em francês e espanhol. Tradução do original latino e Introdução Frei Agustino Belmonte, O.A.A. Revisão e notas complementares Ir. Nair de Assis Oliveira, C.S.A. Revisão H. Oalbosco Direção editorial Pe. Manoel Quinta

"! PAULUS - 1995 Rua Francisco Cruz, 229 04117-091 São Paulo (B·asil) rax (011} 575-7403 Tel. (011) 572-2362 ISBN 85-349-0098-1

APRESENTAÇÃO

Surgiu, pelos anos 40, na Europa, especialmente na França, um movimento de interesse voltado para os anti­ gos escritores cristãos e suas obras conhecidos, tradicio­ nalmente, como "Padres da Igreja", ou "santos Padres". Esse movimento, liderado por Henri de Lubac e Jean Daniélou, deu origem à coleção "Sources Chrétiennes", hoje com mais de 300 títulos, alguns dos quais com várias edições. Com o Concílio Vaticano II, ativou-se em toda a Igreja o desejo e a necessidade de renovação da liturgia, da exegese,da espiritualidade e da teologia a partir das fontes primitivas. Surgiu a necessidade de "voltar às fontes" do cristianismo. No Brasil, em termos de publicação das obras destes autores antigos, pouco se fez. Paulus Editora procura, agora, preencher este vazio existente em língua portugue­ sa. Nunca é tarde ou fora de época para se rever as fontes da fé cristã, os fundamentos da doutrina da Igreja, espe­ cialmente no sentido de buscar nelas a inspiração atuante, transformadora do presente. Não se propõe uma volta ao passado através da leitura e estudo dos textos primitivos como remédio ao saudosismo. Ao contrário, procura-se ofere­ cer aquilo que constitui as "fontes" do cristianismo para que o leitor as examine, as avalie e colha o essencial, o espírito que as produziu. Cabe ao leitor, portanto, a tarefa do discernimento. Paulus Editora quer, assim, oferecer ao público de língua portuguesa, leigos, clérigos, religiosos, aos estudiosos do cristianismo primevo, uma série de títulos, não exaustiva, cuidadosamente traduzidos e pre­ parados, dessa vasta literatura cristã do períodopatrístico.

APRESENTAÇÃO

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Para não sobrecarregar o texto e retardar a leitura, procurou-se evitar anotações excessivas, as longas intro­ duções estabelecendo paralelismos de versões diferentes, com referências aos empréstimos da literatura pagã, filo­ sófica, ;·eligiosa,jurídica, às infindas controvérsias sobre determ.;nados textos e sua autenticidade. Procurou-se fa­ zer com que o resultado desta pesquisa original se tradu­ zisse numa edição despojada, porém, séria. Cada autor e cada obra terão uma introdução breve com os dados biográficos essenciais do autor e um comen­ tário sucinto dos aspectos literários e do conteúdo da obra suficientes para uma boa compreensão do texto. O que interessa é colocar o leitor diretamente em contato com o texto. O leitor deverá ter em mente as enormes diferenças de gêneros literários, de estilos em que estas obras foram redigidas: cartas, sermões, comentários bíblicos, paráfra­ ses, exortações, disputas com os heréticos, tratados teoló­ gicos vazados em esquemas e categorias filosóficas de tendências diversas, hinos litúrgicos. Tudo isso inclui, necessariamente, uma disparidade de tratamento e de esforço de compreensão a um mesmo tema. As constantes, e por vezes longas, citações bíblicas ou simples transcri­ ções de textos escriturísticos, devem-se ao fato de que os Padres escreviam suas refiexões sempre com a Bíblia numa das mãos. Julgamos necessário um esclarecimento a respeito dos termos patrologia, patrística e padres ou pais da Igreja. O termo patrologia designa, propriamente, o estu­ do sobre a vida, as obras e a doutrina dos pais da Igreja. Ela se interessa mais pela história antiga incluindo tam­ bém obras de escritores leigos. Por patrística se entende o estudo da doutrina, as origens dessa doutrina, suas de­ pendências e empréstimos do meio cultural, filosófico e pela evolução do pensamento teológico dos pais da Igreja. Foi no século XVII que se criou a expressão "teologia

APRES3NTAÇÀO 7 patrística" para indicar a doutrina dos Padres da Igreja distinguindo-a da "teologia bíblica", da "teologia escolástica", da "teologia si,nbólica" e da "teologia especulativa". Finalmente, "Padre ou Pai da Igreja" se refere a escritor leigo, sacerdote ou bispo, da antiguidade cristã, considera.do pela tradição posterior como testemu­ nho particularmente autoriza.do da fé. Na tentativa de eliminar as ambigüidades em torno desta expressão, os estudiosos convencionaram em. receber conw "Pai da Igre­ ja'·' quem tivesse e.c:itas qua.lif'icações: ortodoxia de dozdri­ na, santidade de vida, aprovação eclesiástica e re a Trindade

Além desta genial obra, temos diversos outros escritos em que santo Agostinho trata do tema do mistério trinitário. Todos eles, porém, de caráter pastoral ou polêmico. Citemos os principais: - Numerosos sermões, entre os quais sobressaem: os nn. 52 - 139 • 140 • 182 - 217. - O De Symholo ad entechumenos, coleção de 4 sermões. Talvez, só o primeiro seja autêntico (P.L. 40). Neles, a linguagem é mais espontânea do que neste presente tratado. - Referências múltiplas no "Comentário ao Evangelho de são,João". Especial­ mente: 1,8; 18,3-6; 20,3-11; 36, 6 ; 71, 2 . - Diversos "Comentários aos Salmos". Por ex.: 54, 22 ; 68,5; 130,1 l. -Algumas cartas: 11 e 12 a Nebrídio; 120 a Conscêncio; 169 a Evódío; 14 7,8,20 a Paulina.

NOTAS COMPLEMENTARES

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- As cartas contra os Arianos: 170, 238 e 242. Especialmente importante é a 239. - Os livros antiarianos: - Contra sermonem quendam arianorum (fins de 418); - Collatio cum Maximino arianorum episcopo (427); - Contra Maximinum haereticum, libri duo (428). - De agone christiano ("O combate cristão"), caps. 13 a 16 (396). - Em "A Cidade de Deus", no livro 11, cap.10. - "A Doutrina cristã", I,5,5. - "A verdadeira religião", 36,66. Na verdade, esses textos não apresentam grande importãncia para o estabelecimento de sua doutrina trinitária, mas contêm formulações breves e pertinentes. 10. (3,5) • "Empresa de grande risco" Com temor e tremor na alma pelo risco da empresa, Agostinho aproxima­ se reverente dos mistérios da vida íntima de Deus, sob a luz da Palavra revelada. Diz ele aqui: "Não existe assunto a propósito do qual o erro possa ser mais perigoso, a investigação mais árdua e a descoberta mais fecunda". No original, lemos: "- Nec periculosis alicubi erretur, nec laboriosius aliquid quaeritur, nec fructuosius aliquid invenitur" Aí estão boas advertências válidas para todos os tratadistas deste augusto mistério. 11. (3,5) • Conffonte.ç invocações a Deus São contínuas as invocações cheias de amor e confiança que Agostinho dirige ao Senhor, no correr desta obra. E manifestam elas aquele humilde sentimento de dependência e ardente súplica, tão características da oração agostiniana. Neste capítulo, vemo-lo voltar-se com total confiança a Deus: Sperans de misericordia Dei ... No final do próximo cap. 5,8, diz que assumiu o trabalho "por ordem e com o auxílio do Senhor nosso Deus": Iubente atque adiuuante DominoDeo nastro. Logo no Prólogo do 1. II, reafirma que se esforçará no trabalho "se Deus, como suplico e espero, me defender e me proteger com o escudo de sua santa vontade e com a graça de sua misericórdia". No cap. 3,5, desse 1. II, repete que haverá de dissertar sobre a procedência do Espírito Santo "se Deus lho conceder e o quanto lhe conceder" (se Deus donauerit et quantum donauerit, disseremus). No Prólogo do 1. IV, temos uma belíssima oração, tipicamente agostiniana. No 1. V,1,1, encontramos ainda bons testemunhos de sua entrega à misericórdia divina. Constatamos assim, estar toda esta obra elaborada em clima de oração. A alma do contemplativo assoma a cada pa!'õso. 12. (3,6) - As dificuldades no caminho Com essas humildes e ardentes disposições de espírito, Agostinho entrega­ se ao trabalho, reconhecendo as ingentes dificuldades da empresa. Mas qual-

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LIVRO I

quer que seja o esforço de seu gênio, sabe que não poderá ultrapassar as barreiras impostas a seu võo: "Sou forçado a me dirigir por caminhos densos e opacos (Cogor per quaedam densa et opaca viam carpere). 13. (3,6) • Atitude de Agostinho diante de -�eus leitores Entre a lisonja dos aduladores e a crítica acerba dos adversários, Agostinho prefere a dentada canina destes à doçura enganosa dos primeiros. �o Prólogo do próximo livro, entre outras considerações, nesse teor, encontramos esta luminosa afirmação: "Quem ama a verdade não deve temer crítica alguma" (Nullus reprehensor formidandus est amatori veritatis). E no Prólogo do livro III, tece ele novas considerações sobre os diversos tipos de eleitores que espera encontrar. Não é costume seu tomar tom dogmático. Ele sabe estar em busca, ao perscrutar os mistérios divinos. Até o fim da vida dirá: "Não leiam meus livros como se fossem escritos canônicos". (Cf. III, Pró!., 2). Cuida de não influenciar além da conta: "Não quero complacências para comigo da parte de meus leitores (id. ibid). 14. (4, 7) - Os antecessores de Agostinho Antes de santo Agostinho,já haviam explanado o tema do mistério trinitário, no Oriente: S. Clemente de Alexandria; santo Atanásio (Cartas a Serapião ); os Capadócios: são Basílio e os dois Gregórios; s. Cirilo de Alexandria (J)iálogos .�obre a Trindade). E no Ocidente: santo Hipólito, Tertuliano (Adversus Praxeam ); Novaciano erdade O amor pela verdade: eis a poderosa mola de toda busca de Agostinho, durante o decorrer de sua vida."- O que deseja o homem mais fortemente do que a verdade?" indaga ele no "Comentário do Evangelho de são João" (!n Io, 26,6). Na presente obra, nesta passagem, Agostinho põe em realce esse mesmo amor que o dominava: "Sentimo-nos arrebatados pelo amor de indagar a verdade" (Quoniam rapimu amare in.dagandae veritatis). E cumpre notar que por enquanto ele está ainda nas questões teológicas, não ainda no esforço filosófico propriamente dito, que o ocupará na segunda parte da obra. 17. (5,8) -Agostinho torna a falar de suus mr>tiuações Neste capítulo, constatamos ainda mais claramente os motivos que leva­ ram Agostinho a empreender sua gigantesca obra. Não foram os fins polêmicos, como já observamos na nota 4, à Introdução. Na meditação das coisas santas a que se dedica com tanto esmero, iluminado pela luz divina, ele descobria cada dia algu ma coisa nova e de maior profundidade. R sua caridade não lhe per:nitia deixar de partilhar com os seus amigos as descobertas feitas. Esperava em Deus, que assim partilhando com os outros, ele próprio haveria de progredir e encontrar o que tanto buscava. 18, (6,9) - Os arianoH -- negadores da divindade de Cristo

No tempo cm que Agostinho escrevia o seu "A Trindade", inúmeros eram os que negavam Cristo ser Deus. Entretanto, o arianismo - a grande heresia cristolcígica -, já havia sido vencida pelo anátema do I Concílio de Nicéia, do ano 325. Ário (256-336), sacerdote em Alexandria, havia ensinado sei· o !ra, todo amor autêntico implica relação à "forma" (ideal ou modelo), da . Justiça Ccf. VIU,6,9, n. 171. O que leva Agostinho a situar o problema do conha nas analogia.s trinitárias A primeira trilogia analógica: men.s, notitia, amor foi apresentada por Agostinho no l.lX,3,3. O estudo das relações entre os momentos do conhecimen­ to: notita et cogita/.io foi o objeto de estudo do 1. X,5,7. Levou-nos Agostinho daí a uma nuva lriwla\S COMl'LEM!\NTARES

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Comentário ao SI 42,6: "Devemos entender que temos em nós, algo onde está a imagem de Deus, a saber, a mente e a razão. É essa mente, a qual invoca a luz de Deus e a verdade de Deus, por ela percebemos o que é justo e o que é injusto. É ela, pela qual distinguimos o verdadeiro e o falso. É chamada entendimento (intellectum), e dela carecem os animais." 22. (7, 12) - Homem e mulher - símbolo da dupla função da alma? Já tivemos a explicação dessa dupla função da alma: a inferior e a superior. A primeira. voltada para as roisas sensíveis; e a segunda, para as espirituais. Na zona inferior da alma, a que se ocupa das coisas temporais, pode ser encontrada uma trindade de elementos, mas nela não está realmente, a imagem de Deus. Esta só se encontra na zona superior da alma, aquela que está em busca de Deus. Entretanto, Agostinho nunca identifica a razão inferior da natureza humana com a mulher; e a razão superior, com o homem. Recusa-se também ele, a procurar uma semelhança trinitária a partir da distinção das duas funções da alma. É a alma toda inteira que é a imagem única - ainda que só seja imagem, e embora imperfeita-, quando está tendendo para Deus, na atividade superior da contemplação. É pois, na função contemplativa que está a imagem da Trindade, e é esta uma possibilidade comum aos dois sexos, sem distinção. 23. (8, 13) - A íntima e gradual a.�censão da alma Agostinho apresenta aqui, de passagem, o processo de santificação das criaturas humanas. O aperfeiçoamento da imagem de Deus na alma dá-se ao mesmo tempo que a sua interiorização e ascensão. (Ascendentibus itaque introrsus, quibusdam gradibus considerationi.,, per animas partes). Note-se o emprego do termo: gradibus, já encontrado anteriormente, no sentido de ascensões espirituais gradativas (cf. l. IV,1,2,n. 2). Em suas "Confis­ sões", X,8,12, ele já dissera: Gradibus ascendam ... (Ultrapassarei, passo a passo ... ). No próximo 1. XIV especialmente de 15,21 a 17,23, discorrerá melhor sobre as progressivas purificações da imagem de Deus na alma humana. Será oportuno ler e nota 10, relativa ao cap. 3,5 de 1. XIV. 24. (8, 13) - Definição da "ratio" S. Agostinho define a "ratio" (razão), por oposição ao psiquismo animal (unde incipit aliquid occurrere, quod non sit nobis commune cum bestiis, inde incipit ratio). E sem alterar a unidade da razão total, isto é, da inteligência humana, Agostinho distingue dois aspectos ou funções (of/icia), ou se for preferível dizer, duas maneiras de se servir dela: a razão inferior e a superior. Tão se procure fora a Deus que é amor, ele está perto de nós, se quisermos estar perto dele" (Cf. l. VllI,7,ll-8,12 e notas, 21 a 24). E pergunta-se ai;:ida: ·'Esse amor cm mim, que tem sua fonle em Deus, e sobre o qual fixo o olhar de meu espírito, será ele capaz de me revelar a Trindade? Sim, tu vês a Trindade, se vês a caridade", afirma resolutamente. (1. VIII,8,121. Entretanlo faz a seguir, uma análise rápida demais, a nosso entender, sobre a estrutura trinitária do amor humano: aman..s, quod amatur et amor (10, 14). Ficamos como que decepcionados ... Opta ele por buscar uma fonte mais cristalina ...

NOTAS COMPLEMESTARES

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Entretanto, nesta passagem do 1. XV, reconhece claramente, que a Trinda­ de lançara um raio de sua luz naquela ocasião. E confessa que aquela luz inefável era então excessivamente brilhante para a fraqueza de seu olhar. Lançou-se, então, sobre as análises dos livros IX ao XIV. Na resenha feita, no último cap. 3,5, considera, não obstante, que o mistério trinitário foi um pouco desvendado, graças a essas pesquisas feitas. 18. (6, 10) -A série de imagens apresentadas A primeira imagem apresentada foi: 1. amans, - quod amatur - amor (1. VIII,10, 14) As outras reduzem-se a três grupos: lg) As tomadas da atividade natural do homem: 2. mens - notitia - amor {IX,3,3) 3. memoria - intelligentia - voluntas (X,11,17) 4. res (visa) - visio (exterior) intentio (animi) (XI,2,2) 5. memoria (sen.qibüis) - visio (interior) - volitio (XI,3,6) 2'1) As que concernem a atividade moral do cristão: 6. memoria (intellectus) - scientia - r,oluntas (XII,15,25) 7. scientia (fidei) - cogitatio - amor (XIII,20,26) 3") A sabedoria sobrenatural: 8. memoria Dei - intelligentia Dei• amor Dei (XIV,12,15). Para Agostinho, é esta última a verdadeira e perfeita imagem de Deus na alma. Est.á ela apoiada na atividade natural e moral, como sobre seu fundamen­ to necessário. Por outro lado, ela as aperfeiçoa e completa. 19. (7,11) -A definição agostiniana do homem Para Agostinho, o homem completo, na união substancial de seus elementos é: spiritus - anima - corpus. O corpo entra na definição do homem, e não deve ser considerado um instrumento ou ornamento exterior. ( Cf. "O cuidado devido aos mortos", cap. 3,6). Na presente obra, a definição precisa e explícita dada por ele, é a seguinte: Homo est substantia rationalis, constans ex anima et corpore. Depois de ter estabelecido a unidade substancial, ele precisa que o homem é constituído de alma e corpo. Ora, essa união não pode ser senão intrínseca e substancial. Assim, os dois elementos: alma e corpo, separadamente, não poderiam chamar­ se de homem. (Leia-se também: "Os costumes da Igreja católica"(I,4,6 e 27,52). (Cf. M.F. Sciacca, "Saint Au.gustin et le neoplatonisme", pp. 28-31). E releia-se com proveito, no 1. III,2,8, a nota 6). 20. (7,11) -A excelência da mente Encontramos aqui a famosa definição agostiniana da mente: Non igitur a.n.imn., sPrl. qu.orl. P.Xc:P.llit in. anima, m,ms r,or.ntur. (A mente não é a alma, mas nela, o que excede). Mais adiante, no final do cap. 27,49, Agostinho explicará ainda algo sobre a excelência da mente, aí denominada "presidente de honra" encontrando-se acima dela, somente Deus - a quem ela deve se submeter.

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Livro XV

Sobre o sentido desse termo "mente" ,já voltamos diversas vezes nesta obra. Veja-se em particular no 1. XlV,8,11, com a nota 22; e nesse mesmo livro, 16,22 (11. 47). 21. !7,11)-A.ç dessemelhcmças da imCJgem trinitária Há distância infinita entre as analogias das trindades criadas com a excelsa Trindade. Depois de ler consagrado os 14 primeiros livros de "A •rrindade" para aprofundar o mistério de Deus trino, Agostinho emprega este XV e ültimo, a apontar as diferenças radicais que separam a Trindade criadora de suas imagens criadas. Na raiz de todas essas diferenças, encontra-se a perfeita simplicidade de Deus. A imperfeição extrema da imagem está precisamente em que estando a imagem no interior de cada pessoa humana não consegue representar a trindade das Pessoas divinas. O presenleeapítulo inicia-se assim: Sed haectria ita sunt in homine, ut rwn ipsa sint homo. Esse lwec tria refere-se à trindade criada, mencionada nu final do capítulo anterior: a mente, o conhecimento e o amor de si (11w11s, notitia, dilectio). "Essas três realidades estão no homem mas não são o homem". E ai está a diferença radical com a Trindade divina. A trindade criada é da ordem do ter. O homem possui essas faculdades, que são o que há de melhor nele. Mas na Trindade, elus são da ordem do ser: Deus é, por natureza, não possui as qualidades. Não podemos dizer que a Trindade está em Deus, como algo de Deus, sem ser Deus. As três Pessoas divinas são de uma só essência. Ao passo que cada homem é uma pef'soa singular. Acontece, ainda, que a merrn, a rwtitia e a dileclio não são o homem todo. Em Deus, esses três termos são Pessoas distintas. Assim, a distinção das Pessoas é mais acusada em Deus do que na imagem. Leia-se a mais, os próximos caps. 22,42 e 23,43. 22. ( 7 ,12) • As inadequaçciqueA11g11 sti 11ien11.e. vol. 71, 72, 73A e 7:lD, l.rad. e notas por M.F. I3errouanl, Paris, 19G9, 1988, U)füJ. Soliloq1úa, JJe beata uita, in HAC, t..I, introd. geral e trnd. cm espanhol por P. Victorino Capánaga, ORSA, Madri, 1957.

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