Um livro-documento. Por meio desta obra, os leitores têm acesso não apenas à análise e interpretação da atual LDB, mas t
2,277 217 2MB
Portuguese Pages [478] Year 2019
Table of contents :
Folha de rosto
Créditos
Dedicatória
Sumário
Lista das siglas mencionadas no livro
Prefácio à 13ª edição
Prefácio à 12ª edição
Prefácio à 11ª edição
Prefácio à 10ª edição
Prefácio à 9ª edição
Prefácio à 8ª edição
Prefácio à 7ª edição
Prefácio à 6ª edição
Prefácio à 2ª edição
Prefácio
Introdução: a educação como questão nacional
Capítulo um: Antecedentes históricos da LDB atual
1. O tema das “diretrizes e bases” nas Constituições Federais
2. A nossa primeira LDB: Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961
3. As reformas da LDB (Leis n. 5.540/1968 e n. 5.692/1971)
Capítulo dois: A trajetória da LDB atual
1. A gestação do projeto original
Anexo um – Texto do primeiro projeto de LDB apresentado à Câmara dos Deputados em dezembro de 1988 pelo deputado Octávio Elísio
2. Do projeto original ao Substitutivo Jorge Hage (dez./1988-jun./1990)
2.1. Aspectos positivos do “Substitutivo Jorge Hage”ao projeto de LDB
2.2. Aspectos a serem revistos
Anexo dois – Texto do Substitutivo Jorge Hage
3. Correndo por fora: um projeto azarão no Senado (maio/1992-fev./1993)
Anexo três – Texto do projeto do senador Darcy Ribeiro
4. Do Substitutivo Jorge Hage ao projeto aprovado na Câmara (jun./1990-maio/1993)
5. O projeto da Câmara vai ao Senado (maio/1993-fev./1995)
6. A volta do azarão: o Substitutivo Darcy Ribeiro (fev./1995-dez./1996)
Anexo quatro – Texto da LDB sancionada em 20 de dezembro de 1996
Capítulo três: A LDB aprovada: limites e perspectivas
1. Concepções de LDB: os projetos da Câmara e do Senado
1.1. Concepção liberal de LDB: suas contradições
1.2. Em direção a uma concepção socialista de LDB
1.3. A concepção do projeto da Câmara dos Deputados
1.4. A concepção do projeto do Senado
1.5. A concepção do texto final da LDB
2. As diretrizes da educação na LDB atual
2.1. Conceito de educação
2.2. Princípios e fins da educação
2.3. Direito, dever e liberdade de educar
2.4. Sistema Nacional de Educação
3. As bases da educação na LDB atual
3.1. Educação básica
3.2. Educação profissional
3.3. Educação superior
3.4. Educação especial
3.5. Os profissionais da educação
3.6. Recursos financeiros
3.7. Disposições gerais
3.8. Disposições transitórias
4. A LDB e a situação das escolas
Capítulo quatro: A LDB modificada em vinte anos de vigência
Anexo cinco – Texto integral da LDB atualizada com a incorporação das mudanças introduzidas pelas trinta e nove leis aprovadas entre 1997 e 2015
Conclusão: O contexto de implantação da atual LDB e a estratégia da resistência ativa
1. Mais uma oportunidade perdida
2. O contexto de implantação da LDB
3. A estratégia da resistência ativa
Referências
Atividades do autor no processo de elaboração da LDB
Sobre o autor
Coleção Educação Contemporânea Esta
coleção
educacional
abrange
brasileiro
trabalhos de
uma
que
abordam
perspectiva
analítica
o e
problema crítica.
A
educação é considerada fenômeno totalmente radicado no contexto social mais amplo e os textos desenvolvem análise e debate acerca das consequências dessa relação de dependência. Divulga propostas de ação
pedagógica
coerentes
e instrumentos
teóricos
e práticos
para o trabalho educacional, considerado imprescindível para um projeto histórico de transformação da sociedade brasileira. Conheça mais obras desta coleção, e os mais relevantes autores da área, no nosso site: www.autoresassociados.com.br
Copyright © 2019 by Editora Autores Associados Ltda.
Todos os direitos desta edição reservados à Editora Autores Associados Ltda. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Saviani, Dermeval A lei da educação: LDB [livro eletrônico] : trajetória, limites e perspectivas / Dermeval Saviani. – Campinas, SP : Autores Associados, 2019. 2 Mb; ePub Bibliogra a. ISBN 978-85-7496-431-7 1. Brasil. Lei de diretrizes e bases da educação nacional (1996) 2. Educação e Estado - Brasil 3. Ensino - Legislação - Brasil I. Título. 19-29407
CDD-370.2681
Índice para catálogo sistemático:
1. Brasil : Leis : Educação
370.2681
2. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional : Brasil CIBELE MARIA DIAS - BIBLIOTECÁRIA - CRB-8/9427
370.2681
Ebook – setembro de 2019 Conversão EPub – Bookwire (versão impressa: 1. reimpressão – maio de 2019 | 13. edição revista, atualizada e ampliada – setembro de 2016 | ISBN 978-85-7496-372-3)
EDITORA AUTORES ASSOCIADOS LTDA.
Uma editora educativa a serviço da cultura brasileira Av. Albino J. B. de Oliveira, 901
Barão Geraldo | CEP 13084-008 Campinas - SP Telefone: +55 (19) 3789-9000 E-mail: [email protected] Catálogo on-line: www.autoresassociados.com.br Conselho Editorial “Prof. Casemiro dos Reis Filho” Bernardete A. Gatti Carlos Roberto Jamil Cury Dermeval Saviani Gilberta S. de M. Jannuzzi Maria Aparecida Motta Walter E. Garcia
Diretor Executivo Flávio Baldy dos Reis
Coordenadora Editorial Érica Bombardi
Copidesque Maria Clarice Sampaio Villac
Revisão Maria Clarice Sampaio Villac Melissa Barros 12. ed
.
Mariana Rodrigues 13. ed
Diagramação e Composição Vlad Camargo Maisa S. Zagria 12. ed
Capa – Arte- nal
.
.
Érica Bombardi
Por intermédio de Benjamim, dedico este livro a todas as crianças em idade escolar.
sumário
LISTA
DAS SIGLAS MENCIONADAS NO LIVRO
P REFÁCIO À
13ª EDIÇÃO
P REFÁCIO À
12ª EDIÇÃO
P REFÁCIO À
11ª EDIÇÃO
P REFÁCIO À
10ª EDIÇÃO
P REFÁCIO À
9ª EDIÇÃO
P REFÁCIO À
8ª EDIÇÃO
P REFÁCIO À
7ª EDIÇÃO
P REFÁCIO À
6ª EDIÇÃO
P REFÁCIO À
2ª EDIÇÃO
P REFÁCIO
I NTRODUÇÃO: A EDUCAÇÃO COMO QUESTÃO NACIONAL
CAPÍTULO UM A NTECEDENTES HISTÓRICOS DA LDB
ATUAL
1. O tema das “diretrizes e bases” nas Constituições Federais 2. A nossa primeira LDB: Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961 3. As reformas da LDB (Leis n. 5.540/1968 e n. 5.692/1971)
CAPÍTULO DOIS A
TRAJETÓRIA DA
LDB
ATUAL
1. A gestação do projeto original Anexo um – Texto do primeiro projeto de LDB apresentado à Câmara dos Deputados em dezembro de 1988 pelo deputado Octávio Elísio 2. Do projeto original ao Substitutivo Jorge Hage (dez./1988jun./1990) 2.1. Aspectos positivos do“Substitutivo Jorge Hage”ao projeto de LDB 2.2. Aspectos a serem revistos Anexo dois – Texto do Substitutivo Jorge Hage 3. Correndo por fora: um projeto azarão no Senado (maio/1992fev./1993) Anexo três – Texto do projeto do senador Darcy Ribeiro 4. Do Substitutivo Jorge Hage ao projeto aprovado na Câmara (jun./1990-maio/1993) 5. O projeto da Câmara vai ao Senado (maio/1993-fev./1995) 6. A volta do azarão: o Substitutivo Darcy Ribeiro (fev./1995dez./1996) Anexo quatro – Texto da LDB sancionada em20 de dezembro de 1996
CAPÍTULO TRÊS A LDB
APROVADA: LIMITES E PERSPECTIVAS
1. Concepções de LDB: os projetos da Câmara e do Senado 1.1. Concepção liberal de LDB: suas contradições 1.2. Em direção a uma concepção socialista de LDB 1.3. A concepção do projeto da Câmara dos Deputados 1.4. A concepção do projeto do Senado 1.5. A concepção do texto final da LDB 2. As diretrizes da educação na LDB atual
2.1. Conceito de educação 2.2. Princípios e fins da educação 2.3. Direito, dever e liberdade de educar 2.4. Sistema Nacional de Educação 3. As bases da educação na LDB atual 3.1. Educação básica 3.2. Educação profissional 3.3. Educação superior 3.4. Educação especial 3.5. Os profissionais da educação 3.6. Recursos financeiros 3.7. Disposições gerais 3.8. Disposições transitórias 4. A LDB e a situação das escolas
CAPÍTULO QUATRO A LDB
MODIFICADA EM VINTE ANOS DE VIGÊNCIA
Anexo cinco – Texto integral da LDB atualizada com a incorporaçãodas mudanças introduzidas pelas trinta e nove leis aprovadasentre 1997 e 2015
CONCLUSÃO O
CONTEXTO DE IMPLANTAÇÃO DA ATUAL
LDB
E A ESTRATÉGIA DA RESISTÊNCIA
ATIVA
1. Mais uma oportunidade perdida 2. O contexto de implantação da LDB 3. A estratégia da resistência ativa REFERÊNCIAS A TIVIDADES DO AUTOR NO PROCESSO DE ELABORAÇÃO DA LDB
SOBRE O AUTOR
|lista das siglas mencionadas no livro
ABE | Associação Brasileira de Educação AEC | Associação dos Educadores Católicos A NDE | Associação Nacional de Educação A NDES | Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior A NFOPE |
Associação Nacional de Formação dos Profissionais da
Educação A NPAE |
Associação Nacional dos Profissionais de Administração
Educacional A NPEd
|
Associação
Nacional
de
Pesquisa
e
Pós-Graduação
Educação A RENA | Aliança Renovadora Nacional CBCE | Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte CBE | Conferência Brasileira de Educação CEDES | Centro de Estudos Educação & Sociedade CEE | Conselho Estadual de Educação CFE | Conselho Federal de Educação CGT | Central Geral dos Trabalhadores CIAC | Centro Integrado de Atenção à Criança CIEP | Centros Integrados de Educação Pública CNBB | Conferência Nacional dos Bispos do Brasil CNE | Conselho Nacional de Educação CNI | Confederação Nacional da Indústria CNTE | Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação
em
CNTEEC | Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação,
Esportes e Cultura CONAM | Confederação Nacional das Associações de Moradores CONARCFE | Comitê Nacional pela Reformulação dos Cursos de
Formação de Educadores CONEd | Congresso Nacional de Educação CONSED | Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação CONTAG | Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura CPI | Comissão Parlamentar de Inquérito CRUB | Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras CUT | Central Única dos Trabalhadores DRE | Delegacia Regional de Ensino FASUBRA
|
Federação
das
Associações
dos
Servidores
das
Universidades Brasileiras FBAPEF | Federação Brasileira das Associações dos Professores de
Educação Física FENAJ | Federação Nacional dos Jornalistas FENASE | Federação Nacional dos Supervisores da Educação FENOE | Federação Nacional dos Orientadores Educacionais GT | Grupo de Trabalho GTRU | Grupo de Trabalho da Refonrna Universitária INEP
|
Instituto
Nacional
de
Estudos
e
Pesquisas
Anísio Teixeira IPES | Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais LDB | Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MDB | Movimento Democrático Brasileiro MEC | Ministério da Educação e do Desporto OAB | Ordem dos Advogados do Brasil PCdoB | Partido Comunista do Brasil
Educacionais
PDS | Partido Democrático Social PDT | Partido Democrático Trabalhista PFL | Partido da Frente Liberal PL | Partido Liberal PLC | Projeto de Lei da Câmara PLS | Projeto de Lei do Senado PMDB | Partido do Movimento Democrático Brasileiro PMN | Partido da Mobilização Nacional PPB | Partido Progressista Brasileiro PPR | Partido Popular Renovador PPS | Partido Popular Socialista PRN | Partido da Reconstrução Nacional PSB | Partido Socialista Brasileiro PSC | Partido Social Cristão PSD | Partido Social Democrático PSDB | Partido da Social Democracia Brasileira PST | Partido Social Trabalhista PT | Partido dos Trabalhadores PTB | Partido Trabalhista Brasileiro PTR | Partido Trabalhista Renovador SBF | Sociedade Brasileira de Física SBPC | Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência SENAC | Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial SENAI | Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SESC | Serviço Social do Comércio SESI | Serviço Social da Indústria UBES | União Brasileira dos Estudantes Secundaristas UDN | União Democrática Nacional
UNDIME | União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação UNE | União Nacional dos Estudantes UNICAMP | Universidade Estadual de Campinas UNIP | Universidade Paulista USAID
|
Agência
Internacional
Desenvolvimento
dos
Estados
Unidos
para
o
|prefácio à 13ª edição (São Paulo, 23 de junho de 2016)
este ano
de 2016, a
N
Lei
de Diretrizes
e Bases
da
Educação
Nacional completa vinte anos de vigência. É, pois, uma boa oportunidade
para
verificar
as
mudanças
introduzidas
e
apresentar a versão atualizada da assim denominada lei magna
da educação nacional. Este
livro
foi
lançado
no
início
de
1997,
logo
após
a
promulgação da LDB. De lá para cá, foram editadas 39 novas leis alterando aspectos desta que é a principal lei de educação do país. Considerando que a maioria das modificações tinha caráter tópico sem
maiores
ressalvada
apenas a
introduziu educação
implicações
para
o
funcionamento
Lei n. 11.741, de 16
algumas
mudanças
profissional
e
mais
tecnológica,
de julho
tomei
ensino,
de 2008, que
significativas não
do
a
referentes iniciativa
à de
acompanhar e introduzir, a cada nova edição, as medidas aprovadas até a
última
reedição
deste livro
que aconteceu em
2011. Dessa
forma, limitei-me apenas a inserir, na 10ª edição datada de 2006, uma nota de rodapé sobre o ensino religioso no texto integral da LDB sancionada em 20 de dezembro de 1996, transcrito no anexo quatro, informando que o artigo 33 foi alterado pela Lei n. 9.475, de 22 de julho de 1997, reproduzindo o teor dessa lei com a nova redação desse artigo. Mas em 2013 foi aprovada, em 4 de abril, a Lei n.
12.796
que
efetuou
diversas
modificações
ajustando
os
dispositivos da LDB à determinação da Emenda Constitucional n. 59,
de
11
obrigatória
de e
novembro gratuita
de
de
2009,
oito
que
anos,
estendeu
a
escolaridade
correspondente
ao
ensino
fundamental, para catorze anos abrangendo desde a pré-escola até o final do ensino médio, ou seja, dos 4 aos 17 anos de idade. Assim, por ocasião da comemoração dos vinte anos de vigência, aproveito
para
atualizada
e
lançar
ampliada
esta com
nova um
edição
capítulo
inteiramente
dedicado
às
revista,
mudanças
introduzidas na LDB contendo, ainda, um novo anexo com o texto integral
da
LDB
no
qual
se
encontram
incorporadas
todas
as
mudanças que sofreu ao longo desses vinte anos de vigência. Em consequência da referida atualização, também o título do livro sofreu uma alteração já que a atual LDB não é mais nova. É, pois, de bom alvitre retirar o adjetivo “nova” do título, que passa a ser, simplesmente, A
lei
da
educação
(LDB): trajetória, limites
e
perspectivas. Por fim, nessa fase difícil que estamos atravessando, marcada por retrocesso político com o país sendo dirigido por um governo ilegítimo,
implantado
para
retomar
sem
rebuços
a
agenda
neoliberal, resulta, a meu ver, extremamente oportuna a estratégia da resistência ativa que propus ao final do livro como forma de combatermos as medidas restritivas dos direitos sociais, entre eles, o direito a uma educação de qualidade, pública e gratuita, acessível a toda a população brasileira. Essa foi e continua sendo, agora de forma
ainda
mais
incisiva,
a
nossa
luta.
A
luta
de
todos
os
educadores do nosso país.
Dermeval Saviani
|prefácio à 12ª edição (Campinas, 9 de março de 2010)
ano de 2010 ocupa posição central no calendário da educação
O
brasileira. Com a realização entre 28 de março e 1º de abril da Conferência central
Nacional
articula
dois
de
Educação
aspectos
(CONAE)
fundamentais
–
na
cujo
tema
organização
educacional do país: o Sistema Nacional de Educação (SNE) e o Plano Nacional de Educação (PNE). A questão do SNE se impôs à agenda da educação brasileira já a partir da realização, em abril de 2008, da Conferência Nacional da Educação Básica (CONEB). Ali se ventilou a ideia da organização de um sistema nacional de educação básica, mas logo se advertiu que, na verdade, a educação básica não constitui um sistema, em sentido próprio, mas se põe como parte integrante do Sistema Nacional de Educação.
Isso
porque
a
educação
básica
é
impensável
sem
a
educação superior, a começar pela prosaica constatação de que os professores da educação básica são, via de regra, formados em nível superior.
Era
preciso,
pois,
pensar
o
significado
do
sistema
da
educação em sua totalidade e discutir a proposta de sua construção e implantação. E, para isso, previu-se a realização da CONAE. Definido o tema central, quando se desencadeou o processo de preparação
da
CONAE
municipais
ou
regionais
conveniência
de
por e
meio
da
estaduais
aproveitar-se
o
realização de
das
educação,
momento
da
conferências
verificou-se
Conferência
a
para
discutir-se, de forma articulada com a questão do SNE, o problema do PNE. Esse encaminhamento se impunha, até mesmo por uma
questão prático-política, da ordem do calendário. Com efeito, o Plano atual, aprovado em janeiro de 2001, com validade de dez anos, se encerra em janeiro do próximo ano. Portanto, é necessário providenciar, neste ano de 2010, um novo projeto de PNE a ser encaminhado ao Congresso Nacional, tendo em vista sua aprovação em tempo hábil para entrar em vigor a partir de 19 de janeiro de 2011. No entanto, para além dessa questão do cronograma político que ensejou a discussão articulada dos temas relativos ao SNE e ao PNE, cabe considerar que há, de fato, uma estreita ligação entre esses
dois
temas.
Em
verdade,
sistema
implica
articulação
intencional de aspectos distintos formando um conjunto orgânico. Supõe, portanto, uma ação planejada. Ora, a ação planejada assume suas características mais próprias quando se desenvolve de acordo com
um
situação
plano. da
O
PNE,
educação
no
portanto, país,
ao
efetuar
estabelecendo
o as
diagnóstico metas
a
da
serem
atingidas, bem como os meios e os recursos que tornarão possível sua consecução, indica o âmbito em que deve atuar o sistema e as tarefas que ele deve cumprir. O SNE, por sua vez, ao constituir-se no conjunto articulado dos serviços educacionais em operação no país, se revela a condição sine qua non para a viabilização do que fora disposto no PNE. Ao lançar mais uma edição deste livro, só nos resta esperar que a realização da CONAE, equacionando satisfatoriamente as questões relativas
ao
SNE
e
ao
PNE,
transforme
em
verdade
prática
a
expectativa de superação dos limites da atual Lei de Diretrizes e Bases
da
Educação
Nacional
(LDB)
tal
como
foram
analisados
nesta obra.
Dermeval Saviani
|prefácio à 11ª edição (Campinas, 13 de outubro de 2008)
stamos, no corrente mês de outubro de 2008, comemorando os
E
vinte anos da atual Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988. Essa constituição –
ao
confere
manter
à
União
no a
artigo
22,
prerrogativa
inciso de
XXIV,
legislar
o
dispositivo
privativamente
que
sobre
diretrizes e bases da educação nacional – ensejou a iniciativa da elaboração de uma nova LDB. Para subsidiar a mobilização dos educadores
em
torno
desse
objetivo,
redigi,
ainda
antes
da
promulgação da nova constituição, um anteprojeto da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que acabou dando origem ao primeiro projeto de LDB apresentado à Câmara Federal pelo deputado havia
Octávio
inserido,
Elísio
no
Fundamental”, um
em
Título
dezembro VI,
dispositivo
de 1988.
denominado
que preconizava
Nesse texto “Da
a
eu
Educação
articulação
da
educação de toda a faixa etária que precede o ensino superior, nos seguintes termos: “Art. 16 – A educação fundamental abrange o período correspondente à faixa etária dos 0 aos 17 anos e tem por objetivo
geral
o
desenvolvimento
omnilateral
dos
educandos
de
modo a torná-los aptos a participar ativamente da sociedade. Art. 17 – A educação fundamental compreende três etapas: educação anterior ao 1º grau, de 0 a 6 anos; educação de 1º grau, dos 7 aos 14 anos; e educação de 2º grau, dos 15 aos 17 anos”. Evidentemente, a terminologia aí adotada levava em conta a situação então vigente, já que foi formulada antes da aprovação da nova constituição. Consequentemente, teve de ser alterada para se
ajustar
à
nova
nomenclatura
passou
a
denominar
o
introduzida
então
“ensino
pela
de
1º
constituição grau”
de
que
“ensino
fundamental” e o então “ensino de 2º grau”, de “ensino médio”. Assim,
o
que
fora
proposto
com
o
nome
de
“educação
fundamental” passou a ser chamado de “educação básica”. Eis por que a nova LDB registra em
seu artigo 21: “A
educação escolar
compõe-se de: I – educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II – educação superior”. O texto
do
projeto
universalização
do
original ensino
previa,
também,
médio, “ampliando
no para
artigo
41,
onze anos
a a
oferta de ensino gratuito obrigatório”. É oportuno, pois, lembrar, ao ensejo da comemoração dos vinte anos
de
sua
promulgação,
que
a
Constituição
definiu,
nos
parágrafos 1º e 2º do artigo 208: “o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo” (§1º); “o não oferecimento do ensino
obrigatório
importa
pelo
Poder
responsabilidade
da
Público,
autoridade
ou
sua
oferta
competente”
irregular,
(§2º).
E
a
nova LDB reiterou essa exigência dispondo no artigo 5º: “O acesso ao
ensino
qualquer
fundamental
cidadão,
organização
grupo
sindical,
é
direito de
público
cidadãos,
entidade
de
subjetivo,
associação
classe
ou
podendo
comunitária,
outra
legalmente
constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo”. Ora, se a educação é direito público subjetivo passível, portanto, de
mandado
de
injunção
e
se
o
não
atendimento
desse
direito
importa na responsabilização da autoridade competente, então a área jurídica, de modo geral, e o ministério público, em particular, tem muito trabalho pela frente à vista do objetivo de efetivar, de modo universal, o direito à educação no Brasil. Se o ministério público assumisse à risca os preceitos constitucionais, os tribunais
estariam
atulhados
de
mandados
de
injunção
e
a
maioria
das
autoridades já estaria no banco dos réus.
Dermeval Saviani
|prefácio à 10ª edição (Campinas, 26 de junho de 2006)
o próximo dia 20 de dezembro do corrente ano a nova Lei de
N
Diretrizes
e
Bases
da
Educação
Nacional
(Lei
n.
9.394/96)
estará completando dez anos. A publicação da décima edição deste livro coincide, pois, com o décimo aniversário da nova
LDB. Esse é um momento importante porque o próprio texto da lei, em seu último título que tratou das disposições transitórias, dá uma ênfase especial aos dez primeiros anos de vigência da lei. O artigo 87 instituiu a década da educação, com início após um ano da publicação da lei. E incumbiu a União de encaminhar ao Congresso
Nacional,
até
um
ano
após
a
publicação,
o
Plano
Nacional de Educação (PNE), fixando as diretrizes e metas para os dez anos seguintes. Com um atraso de quase dois meses a União atendeu a essa exigência encaminhando, em 12 de fevereiro de 1998, seu projeto do PNE. Provavelmente o fez sob pressão da oposição que, dois dias antes, protocolou junto à Câmara dos Deputados sua proposta
resultante
do
II
Congresso
Nacional
de
Educação,
realizado entre 6 e 9 de novembro de 1997 em Belo Horizonte. Entretanto,
a
vigência
do
Plano
que,
na
lógica
das
Disposições
Transitórias da LDB, deveria coincidir com a década da educação, se estendeu para mais três anos, pois o projeto do PNE só se converteu em lei no dia 9 de janeiro de 2001. A década da educação foi imaginada por Darci Ribeiro como um momento em que a educação receberia atenção especial; em que ela seria a prioridade número 1 da sociedade e do Estado; em que,
finalmente, o tão repetido discurso que exalta o poder da educação teria a sua contrapartida prática. Mas como levar a sério essa proclamação se nem o corpo da lei e nem o título das disposições transitórias especificou o montante de recursos que deveria ser destinado à educação para que ela viesse a corresponder às grandes expectativas nela depositadas? Se não quisermos ser pessimistas, o que nos levaria a considerar que a proclamada “década da educação” não passaria de mais uma tirada
demagógica, só
nos cabe concluir que a
LDB confiou ao
próprio Plano Nacional de Educação a garantia de êxito da “década da educação”. Fixando as diretrizes e metas, o Plano especificaria também os recursos necessários para que as metas fossem atingidas ao longo dos dez anos de sua vigência. Efetivamente, a
Lei
n. 10.172, de 9
de janeiro
de 2001, que
aprovou o PNE, especificou um aumento gradativo dos recursos destinados à educação, de modo a atingir, ao término dos dez anos de vigência do Plano, o índice de 7% do Produto Interno Bruto. No entanto, além de se tratar de um acréscimo não muito expressivo e diluído ao longo de dez anos, essa medida acabou excluída do texto aprovado
em
razão
dos
vetos
apostos
pelo
então
presidente da
República, Fernando Henrique Cardoso. Verifica-se,
assim,
que
a
lei
relativa
ao
Plano
Nacional
de
Educação reduziu-se a uma peça de ficção. E isso não apenas pelos vetos que a tornaram uma mera carta de intenções. Mesmo nessa condição de um documento indicativo das intenções que deveriam guiar as ações no âmbito das políticas educativas, o Plano ficou inteiramente esquecido. Ninguém, nem mesmo o governo, o toma como referência, a tal ponto que os próprios dispositivos da lei que o
instituiu
vêm
esquecimento. Poderes
da
sendo
Veja-se
União,
o
dos
descumpridos caso,
por
Estados,
por
exemplo, do
inteira do
Distrito
omissão
artigo Federal
e
6º:
“Os
e
dos
Municípios
empenhar-se-ão
progressiva
realização
sociedade
o
de
conheça
na
seus
divulgação objetivos
amplamente
e e
deste
Plano
e
metas,
para
que
acompanhe
da a
sua
implementação”. Quem conhece o Plano? Onde e como se deu sua divulgação?
Um
determinou a
outro
exemplo:
exigência
O
artigo
3º
da
de avaliações periódicas da
mesma
lei
execução
do
Plano Nacional de Educação, estabelecendo, no parágrafo 2º: “a primeira avaliação realizar-se-á no quarto ano de vigência desta Lei, cabendo
ao
Congresso
Nacional
aprovar
as
medidas
legais
decorrentes, com vistas à correção de deficiências e distorções”. Ora, o quarto ano de vigência da lei encerrou-se há mais de um ano, em 9 de janeiro de 2005, e passou inteiramente em branco, ignorado pelo Congresso Nacional. E não foi por falta de advertência. Eu próprio,
ao
participar
do
“Seminário
Nacional
sobre
Educação
Superior” na Câmara Federal em 2 de junho de 2004, lembrei aos deputados presentes que nos encontrávamos exatamente no quarto ano de vigência do PNE, impondo-se a necessidade de sua avaliação nos termos do parágrafo 2º do artigo 3º da Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Desenha-se, pois, como melancólico o término da década da educação, que acontecerá, conforme a definição dezembro
do
próximo
ano. Seu principal
legal, em
22 de
instrumento, o
Plano
Nacional de Educação, apesar de contar com uma sobrevida de três anos, fornece uma imagem eloquente do fracasso da década: é letra morta; nada significa. Paralelamente a esse histórico de descaso, estamos em pleno ano eleitoral. E os candidatos, como sói acontecer, já ressuscitam seus discursos grandiloquentes em matéria de educação. Vejamos a manifestação dos dois principais postulantes ao cargo de presidente da República. O candidato da situação, que busca reeleger-se, assim
se
pronunciou
no
discurso
proferido
na
convenção
do
PT
que
ratificou seu nome no dia 24 de junho deste ano de 2006:
Mas se tivesse que destacar uma só área de prioridade máxima, para um próximo governo, eu citaria a educação. Se reeleito, pretendo intensificar
ainda
mais
o
esforço
que
estamos
fazendo
para
revolucionar a qualidade da educação no Brasil. O
Brasil
só
poderá
ocupar
seu
verdadeiro
papel
no
mundo
se
formar melhor a sua juventude, se aperfeiçoar seus quadros técnicos, se criar novas gerações pensantes. Para isso não basta que nosso jovem tenha o direito de entrar na escola, mas que tenha felicidade de sair dela bem formado, preparado para a vida em condições de competir no mercado de trabalho. Prioridade na educação significa, também, cultura. Cultura erudita e popular. Apoio e incentivo às artes, à música, ao teatro, ao cinema, à dança, ao livro e a todas as manifestações culturais do nosso povo. Já disse que estudei menos do que gostaria. Exatamente por isso, quero ser o presidente que mais fez pela educação no Brasil. Ela terá 1
prioridade absoluta .
“Prioridade máxima”. “Prioridade absoluta”. Quem ainda não ouviu esse discurso? Qual o político que não encheu a boca para pronunciá-lo? O principal candidato da oposição, por sua vez, na convenção do PSDB que homologou sua candidatura em 11 de junho de 2006, assim se manifestou:
Junto com a economia, nossa prioridade será a educação. Não há país
que
tenha
progredido
sem investimento
e
esforço
enormes
em
educação. Cada vez mais, a escola deve ocupar um papel central na vida, não só dos estudantes, mas de suas famílias e da comunidade, articulada lazer.
com as políticas de trabalho,
saúde,
segurança,
cultura
e
E,
após
criticar
as
ações
da
atual
gestão,
prossegue,
três
parágrafos adiante:
A
maioria
dos
brasileiros,
mas
não
todos,
já
compreendeu
a
importância da educação para o seu desenvolvimento pessoal e o de seus filhos. Uma preocupação básica do meu governo será fixar de uma vez
por
públicos
todas
na
consciência
o valor da
dos
cidadãos
comuns
educação como ferramenta
e
dos
agentes
de desenvolvimento
pessoal e nacional ao mesmo tempo. Não
permitirei
que
se
dispersem
recursos,
retrocedendo
nos
avanços obtidos com o FUNDEF. Não podemos perder o foco no ensino básico, a grande prioridade que permitiu a países como a Coreia do Sul darem um verdadeiro salto de desenvolvimento. Ainda mais porque, em comparação com países desenvolvidos, e mesmo
com
outros
países
emergentes,
os
brasileiros
adultos
têm
escolaridade baixa: em média, apenas 6,7 anos de estudo. Isso limita seu
acesso
a
bons
empregos
e
compromete
o
potencial
de
desenvolvimento do país como um todo, em um mundo em que o domínio do conhecimento é o grande diferencial de produtividade.
Em
seguida
afirma
que
vai
transferir
para
o
plano
federal
iniciativas que tomou no Estado de São Paulo como o acesso ao diploma
universitário
para
todos
os
professores
da
rede
de
educação básica e o aumento do turno escolar, “caminhando para a escola de tempo integral”. Não se esclarece, entretanto, como isso seria feito, uma vez que o governo federal, à exceção da rede de escolas técnicas, não mantém escolas de educação básica, isto é, de educação
infantil,
ensino
fundamental
e
ensino
médio.
Mas
o
candidato continua:
Minha
meta
como
presidente
é
completar
a
informatização
das
escolas e facilitar o acesso pessoal dos professores e alunos à internet. Vamos
abrir
as
portas
das
escolas
às
famílias
dos
alunos
e
à
comunidade local; e melhorar a gestão escolar incorporando processos de avaliação e incentivos focados no aproveitamento dos estudantes. Em nossa proposta de educação para o desenvolvimento, a meta é universalizar cidadão, com
o
ensino
quanto a
médio.
E
isso
servirá
tanto
capacitação do trabalhador.
flexibilidade
às
necessidades
da
à
Esta
formação
do
deve responder
economia
em
rápida
transformação e encarar o trabalhador como empreendedor, um agente da
inovação,
seja
na
condição
de
autônomo,
empregado
ou
2
empregador .
Também aqui não se explica como o governo federal fará a abertura das escolas às famílias e à comunidade local nem como será cumprida a meta da universalização do ensino médio, uma vez que,
segundo
municípios;
a
o
LDB, ensino
a
educação
infantil
fundamental
é
é
atribuição
responsabilidade
dos dos
municípios e dos estados; e o ensino médio incumbe aos estados. Na
sequência
o
candidato
defende
a
separação
entre
ensino
médio e ensino técnico, na linha do que fez Paulo Renato Costa Souza,
quando
Henrique
ministro
Cardoso,
da
Educação
orientação
no
governo
fortemente
de
Fernando
criticada
pelos
especialistas da área. Aliás, fica claro no discurso de Alckmin que se pretende retomar a política do governo anterior, inclusive no que diz
respeito
à
ampliação
das
parcerias
com
organizações
não
governamentais. Nos discursos de ambos os candidatos não faltou, como já se esperava, o louvor à educação. Mas nenhum deles especificou como pretende
traduzir,
em
termos
prático-políticos,
a
prioridade
proclamada para a educação. Mais especificamente, nenhum deles informou
o
montante de recursos
que pretende investir. Nessas
circunstâncias, são fundadas as suspeitas de que as proclamações em
favor
da
educação
não
passam
de
discurso
de
candidato
destinado a atrair a adesão da população para se obter dividendos eleitorais. Claro. Pode-se argumentar que o discurso de lançamento da candidatura
tende
a
ser
necessariamente
genérico,
não
sendo
o
momento para se especificar metas de governo. Isso será objeto do programa do candidato a ser delineado em todos os seus detalhes técnicos
por
educadores,
equipes
por
de
meio
das
especialistas. entidades
Cabe,
que
os
portanto,
aos
congregam
em
associações e sindicatos de diferentes tipos e modalidades, ficarem atentos e exercer pressão sobre os partidos e seus candidatos. Num momento como este em que os cidadãos são chamados a decidir
sobre
novos
mandatos
abrangendo
a
presidência
da
República; os governos de todos os estados; e seus representantes na Câmara Federal, no Senado e nas Assembleias Legislativas, mais do que nunca devemos pôr em prática a estratégia da resistência ativa proposta na conclusão do presente livro. Com mais uma reedição desta obra esperamos manter acessíveis aos leitores subsídios que reputamos importantes para fortalecer a luta que travamos para converter
a
educação
em
verdadeira
e
efetiva
prioridade
na
organização social e política de nosso país. Aproveito, por fim, o ensejo desta nova edição para incorporar uma
alteração
introduzida
no
corpo
da
lei
pelo
Congresso
Nacional. Embora tenha sido aprovada sem vetos, a nova LDB teve o seu artigo 33, referente ao ensino religioso, modificado pela Lei n. 9.475, de 22 de julho de 1997. Tratei desse assunto no item 4 do Capítulo I, páginas 67-69, do livro Da nova LDB ao novo Plano Nacional de Educação, lançado em março de 1998. Para tornar essa mudança diretamente acessível ao leitor, decidi inserir, nesta décima edição, uma nota de rodapé na página 201, reproduzindo o teor da Lei n. 9.475 que deu nova redação ao artigo 33 da LDB. Atualiza-se,
dessa
forma,
o
conteúdo
do
Anexo
IV
que
transcreve
o
texto
integral da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Dermeval Saviani
1
Disponível
em:
. Acesso em: 26 jun. 2006. 2
Disponível
. Acesso em: 26 jun. 2006.
em:
|prefácio à 9ª edição (Campinas, 4 de junho de 2004)
o
prefácio
N
à
oitava
edição
deste
livro,
redigido
em
12
de
novembro de 2002, manifestei a esperança de que, com a posse do
novo
numa
governo
era
de
no
início
políticas
de 2003, viéssemos
afirmativas
no
campo
a
da
ingressar educação,
viabilizando, por esse caminho, o acesso a um ensino de qualidade a toda a população brasileira. Agora, decorridos um ano e meio do governo presidido por Luiz
Inácio
Lula
da
Silva,
não
temos
ainda
sinais
claros
que
apontem na direção da realização daquela esperança. Após um ano de hesitações sob a batuta de Cristovam Buarque, iniciamos este ano
de
2004
com
a
posse
de
Tarso
Genro
no
Ministério
da
Educação, que anunciou direcionar o foco de suas iniciativas para o ensino
superior,
tendo
como
carro-chefe
aquilo
que
a
opinião
pública atende pelo nome de “reforma universitária”. Nesse contexto, a primeira iniciativa foi a aprovação de uma lei que
mudou
alunos
nos
“Provão”
a
sistemática
cursos
pelo
de
de
nível
“SINAES”
avaliação superior,
(Sistema
do
aproveitamento
substituindo
Nacional
de
o
dos
chamado
Avaliação
da
Educação Superior). Em seguida, foi encaminhado ao Congresso Nacional
o
projeto
relativo
à
reserva
de
vagas
nas
instituições
particulares. Paralelamente, foram sendo feitos os estudos relativos à reforma do ensino superior, os quais deverão ser consolidados em uma proposta do MEC que, após ser discutida de forma geral pelos diferentes setores envolvidos de alguma maneira com a educação de
nível superior e, especificamente, em audiências públicas, deverá ser consolidada em um projeto de lei orgânica a ser enviado no final do corrente ano, por volta de outubro ou novembro, ao Congresso Nacional para discussão e aprovação. Uma análise preliminar dessas iniciativas do MEC permite-nos concluir
que,
de
um
lado,
parece
haver
boas
intenções
e
um
interesse real de, procedendo democraticamente mediante consultas amplas, chegar a respostas satisfatórias para questões candentes que necessitam ser resolvidas. Em contraposição a esse aspecto positivo manifesta-se, de outro lado, o temor de que toda essa iniciativa da chamada
“reforma
universitária”
tenha
como
marca
a
questão
fiscal. Três indícios dão forma a essa inquietação: a proposta dessa reforma
na
sequência
da
reforma
da
previdência, na
qual
ficou
evidente que o objetivo do governo foi minorar o aludido déficit do setor,
não
hesitando,
trabalhadores,
aí
para
isso,
compreendidos
em os
subtrair
direitos
funcionários
dos
públicos;
o
controle férreo exercido pela área econômica do governo contra qualquer tentativa que envolva ampliação, por mínima que seja, dos gastos públicos, como ficou evidenciado com o caso do reajuste do valor do salário mínimo; e, finalmente, o fato de não ter havido, por
parte
do
MEC,
uma
sinalização
mais
forte
de
alguma
disposição em ampliar a participação da União no financiamento da
educação.
No
entanto,
sabe-se
que
esse
é
o
problema
fundamental, sem cuja solução se perde qualquer perspectiva de valorização da educação pública. Vê-se, assim, que este e o próximo ano prometem movimentar bastante a
comunidade educacional. Tudo
indica, portanto, que
está na hora de reativar o Fórum em Defesa da Educação Pública e desencadear uma grande mobilização visando a reorientar a política educacional, corrigindo
os
desvios
que acabaram
por marcar as
diretrizes e bases da educação nacional fixadas pela Lei n. 9.394, de
20
de dezembro
de 1996. Nessa
conjuntura, entendemos
que o
conteúdo deste livro, abrangendo a análise da trajetória, limites e perspectivas
da
nova
LDB,
conferirá
à
referida
mobilização
um
instrumento útil para se detectar o que convém manter e o que deve ser
alterado
na
legislação
em
vigor
hoje.
Assim
procedendo,
estaremos também em melhor situação para determinar a direção que deve tomar o projeto da Lei Orgânica da Educação Superior que o MEC pretende submeter à apreciação do Congresso Nacional. Haja vista o exposto, entendemos justificar-se uma nova edição do presente livro.
Dermeval Saviani
|prefácio à 8ª edição (Campinas, 12 de novembro de 2002)
o prefácio à sétima edição, redigido em 3 de setembro do ano
N
passado, destaquei dois fatos ligados à LDB que marcaram o ano de 2001: a aprovação, em 9 de janeiro, da Lei n. 10.172, que instituiu o Plano Nacional de Educação, sancionada com
vetos pelo presidente da República; e o Projeto de Lei n. 09/00, que se encontrava no Senado após ter sido aprovado pela Câmara dos Deputados. Tal projeto determinava a introdução da filosofia e da sociologia
como
disciplinas
obrigatórias
do
currículo
do
ensino
médio. Pois bem. Esse projeto foi aprovado também no Senado mas,
por
recomendação
do
Ministério
da
Educação,
foi
integralmente vetado pelo presidente da República. Assim,
a
política
educacional
do
governo
que
se
finda
foi
marcada, nos últimos dois anos, por dois eventos negativos no que se refere à LDB: os vetos apostos a aspectos importantes do Plano Nacional de Educação e o veto integral ao projeto que pretendia dar status de disciplina obrigatória aos conhecimentos de filosofia e sociologia médio.
E,
preconizados embora
competência
para
pela
LDB
para
formalmente
o
derrubar
vetos
os
o
currículo
Congresso
do
Nacional
presidenciais,
ensino tenha
nenhum
movimento foi sequer esboçado nessa direção. Diante desse quadro só nos resta manifestar a esperança de que, com a posse do novo governo no início de janeiro do próximo ano de 2003, ingressemos numa era de políticas afirmativas no campo
da educação, viabilizando, por esse caminho, o acesso a um ensino de qualidade a toda a população brasileira.
Dermeval Saviani
|prefácio à 7ª edição (Campinas, 3 de setembro de 2001)
o
dia
9
de janeiro
N
presidente
da
deste ano
República
o
de 2001
texto
foi
do
sancionado
Plano
pelo
Nacional
de
Educação aprovado pelo Congresso Nacional, dando origem à Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001, publicada no Diário
Oficial da União de 10 de janeiro de 2001. Dir-se-ia que, com esse ato,
estaria
completo
o
processo
de
reorganização
da
educação
brasileira. Com efeito, aprovada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em dispositivos
eram
acontecendo
através
20 de dezembro de 1996, vários de seus
objeto de
de
regulamentação,
Decretos
assim
como
o de
que
veio
Pareceres
e
Resoluções do Conselho Nacional de Educação. Entretanto, a peça mais importante e, sem dúvida, mais complexa desse processo de regulamentação dizia respeito ao Plano Nacional de Educação com validade de dez anos, o qual, nos termos da LDB, deveria entrar em vigor mediante lei resultante de projeto submetido à apreciação do Congresso Nacional. A promulgação dessa lei seria, pois, um bom motivo passaria
para a
orientação
comemoração
contar, das
a
partir
políticas
uma daí,
vez
com
educativas
que um
a
educação
brasileira
instrumento
consubstanciado
global no
de
Plano
Nacional de Educação. Entretanto,
o
desfecho
resultou
melancólico
como
o
fora
também a aprovação do projeto que resultou na atual LDB. Na verdade, não houve comemoração e nem poderia haver, à vista dos vetos apostos pelo Presidente da República ao texto aprovado pelo Congresso
Nacional.
Foram
vetados
nove
dispositivos
afetando
todos os níveis e modalidades de ensino. O
principal
dentre os
dispositivos vetados foi aquele que previa o aumento gradativo do orçamento destinado à educação até atingir, ao término dos dez anos
de
vigência
do
Independentemente
da
Plano,
o
apreciação
índice que
se
de faça
7%
do
sobre
as
PIB. razões
invocadas para os vetos, o que se patenteia nesse ato é a falta de vontade política
do
atual
governo
para
traduzir
em
incremento
orçamentário a alegada prioridade concedida à educação. Assim, à frustração que acometeu a comunidade educacional quando da aprovação da LDB soma-se, agora, uma nova decepção expressa
na
sanção
com
vetos
do
texto
do
Plano
Nacional
de
Educação. Um outro fato marcante deste ano de 2001 envolvendo a nova LDB é a possibilidade de aprovação de uma nova emenda. Com efeito, como assinalei no livro Da nova LDB ao novo Plano Nacional de Educação, p. 67-68, apenas sete meses após a aprovação da LDB, foi ela objeto de alteração através da Lei n. 9.475, de 22 de julho de 1997, que deu nova redação ao artigo 33 que versa sobre o ensino religioso.
Agora
encontra
no
se
trata
Senado
e
do
Projeto
de
que
propõe
a
Lei
n.
09/2000
introdução,
em
que
se
caráter
obrigatório, das disciplinas filosofia e sociologia no ensino médio. O Senado pautou sua votação para o dia 28 de agosto mas, por requerimento do líder do governo, a decisão foi adiada para o dia 18 de setembro prevendo-se, para o dia 11 do mesmo mês, uma audiência pública sobre o projeto com a presença do Ministro da Educação. Pode-se questionar, como o fez a Folha de S. Paulo no Editorial denominado
“Reeducação
setembro, a
pertinência
detalhe
inclusão
da
de
Curricular”
de uma
lei
deste
geral
determinadas
domingo,
de educação
disciplinas
no
dia
2
de
descer ao currículo
escolar. É certo, porém, que esse tipo de situação foi criada pelo
próprio
texto
da
LDB
quando
estabeleceu,
no
inciso
III
do
parágrafo 1o do artigo 36, que trata do currículo do ensino médio, que “os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o educando demonstre domínio dos conhecimentos de filosofia e de sociologia necessários ao exercício da cidadania”. Além do mais, o texto da lei grafou filosofia e sociologia com maiúsculas sinalizando, assim, que se
tratava
de
disciplinas
e
não
simplesmente
do
domínio
de
conhecimentos filosóficos e sociológicos. Portanto,
encontram-se
cobertos
de
razão
aqueles
que,
com
base no dispositivo acima transcrito e, para garantir a sua eficácia, estão propondo a inclusão obrigatória das mencionadas disciplinas no currículo do ensino médio. Estamos, pois, no momento presente, diante de duas questões postas para a nossa legislação educacional, cuja expressão máxima se traduz na LDB. De um lado, os vetos ao texto do Plano Nacional de Educação os quais não foram, ainda, apreciados pelo Congresso Nacional que, formalmente, tem competência para os derrubar. E, de outro lado, a votação do Projeto de Lei n. 09/2000 que prevê a inclusão
obrigatória
das
disciplinas
filosofia
e
sociologia
no
currículo do ensino médio. Nesse
contexto,
mobilização,
que
manifesto
não
está
a
sequer
esperança esboçada,
de para
que
tanto
pressionar
a os
parlamentares a derrubar os vetos ao Plano Nacional de Educação, como a movimentação, esta sim, já efetivada, visando à aprovação do Projeto de Lei n. 09/2000, não fiquem num plano restrito mas ganhem caráter mais amplo inserindo-se na estratégia da resistência ativa que proponho na Conclusão do presente livro, cuja sétima edição tenho a satisfação de apresentar aos leitores.
Dermeval Saviani
|prefácio à 6ª edição (Campinas, 9 de abril de 2000)
ste livro foi lançado em 25 de abril de 1997. Tendo-se esgotado
E
em apenas um mês a primeira edição redigi, em 25 de maio de 1997, o prefácio à segunda edição onde registrava as medidas de regulamentação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional que vinham sendo tomadas pelo Ministério da Educação e pelo
Conselho
Nacional
de
Educação.
Entre
essas
medidas
mencionei o Decreto 2.207, baixado em 15 de abril de 1997, que regulamentou, para o Sistema Federal de Ensino, os artigos 19, 20, 45, 46 e parágrafo primeiro, assim como o artigo 52 e seu parágrafo único e os artigos 54 e 88 da nova LDB. Cumpre alertar o leitor para o fato de que esse Decreto foi revogado e reeditado, com pequenas alterações, sob
o
número
2.306
em
19
de agosto
de 1997. Esse
Decreto encontra-se analisado e transcrito na íntegra no Anexo IV do Capítulo I do livro Da Nova LDB ao Novo Plano Nacional de Educação: por uma outra política educacional, também de minha autoria, cuja primeira edição
foi lançada em
março
de 1998. O
leitor interessado em conhecer o teor do referido Decreto, assim como
todo
o
processo
de regulamentação
da
nova
LDB que se
desenrolou ao longo do ano de 1997, poderá lançar mão desse novo livro. Transcorridos já três anos e três meses da promulgação da nova LDB, o processo de sua regulamentação ainda não se completou. Haja vista que, no dia 7 de dezembro último, os educadores e o próprio Conselho Nacional de Educação foram surpreendidos com a publicação no Diário Oficial da União do Decreto Presidencial n.
3.276, de 6 de dezembro de 1999, dispondo “sobre a formação em nível
superior
de
Interrompendo comunidade
professores
as
dos
para
discussões
atuar
que
educadores
e
o
se
na
educação
vinham
debate
de
básica”.
travando dois
na
pareceres
contrapostos apresentados no Conselho Nacional de Educação, os quais procuravam encontrar a melhor forma de regulamentar os artigos 61, 62 e 63 da LDB que tratam da formação de professores, o
Decreto
impõe
a
vontade
governamental
determinando,
no
parágrafo 2° do artigo 3°, que “a formação em nível superior de professores para a atuação multidisciplinar, destinada ao magistério na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, farse-á exclusivamente em cursos normais superiores” (itálicos meus). O recurso ao Decreto imposto de cima para baixo mostra que, apesar
da
sociedade
retórica e
dos
do
convite
educadores,
à
participação
em
ativa
particular,
na
de
toda
solução
a
dos
problemas educacionais, o governo está disposto a fazer valer as suas próprias soluções, independentemente e, mesmo, indo contra a vontade
e
os
desejos
da
população
diretamente
interessada
nos
serviços educativos. Esse fato comprova, pois, a validade da análise desenvolvida nesta obra quando evidencia que o governo conclama a
população
a
assumir
suas
responsabilidades
em
matéria
de
educação visando, com isso, que ela assuma os custos dos serviços educativos. Não
está
disposto, porém, a
abrir
mão
do
controle
desses serviços aos quais ele pretende impor a orientação que lhe convém, ao arrepio do que pensam e desejam os educadores e os próprios destinatários da atividade educativa. No
contexto
descrito,
mais
uma
vez
revela-se
acertada
a
estratégia proposta na conclusão deste livro, centrada na resistência ativa. Tal encaminhamento se impõe uma vez que, à luz dos fatos observados,
resulta
descartada
qualquer
possibilidade
de
uma
atitude de colaboração com a política educacional conduzida pelo
governo
atual.
Isto
medida
tomada
no
porque, âmbito
mesmo dessa
se,
política
pontualmente, possa
alguma
ser considerada
acertada, a própria política, como tal, está formulada numa direção contrária aos interesses maiores da educação do povo brasileiro. Por isso é necessário resistir a ela, e não apenas de forma passiva, mas
ativamente.
educadores
vêm
As
sucessivas
sofrendo
derrotas
tornam
essa
que as
organizações
conclusão
cada
vez
dos
mais
evidente. Urge, pois, superar as relutâncias. Do contrário, quando nos convencermos da necessidade da resistência organizada, forte e ativa, ela talvez já não seja mais viável. Isso porque, ao chegar esse momento, o adiantado estado de deterioração das condições do trabalho
educativo
efetivamente
e
o
desmantelamento
comprometidos
com
uma
dos
quadros
educação
de
públicos melhor
qualidade acessível a todos os brasileiros acabarão por inviabilizar qualquer tentativa de resistência. E se consumará, então, o processo, já
em
curso,
de
fortalecimento
dos
empresários
privados
da
educação que vêm se constituindo, cada dia mais, nos beneficiários e, por essa mesma razão, nos verdadeiros sustentáculos da política educacional
posta em
prática pelos atuais governantes do
nosso
país. Insistimos, pois, na necessidade de nos mobilizarmos, fazendo nossas as palavras de Gramsci:
Instruí-vos,
porque
teremos
necessidade
de
toda
a
nossa
todo
o
nosso
inteligência. Agitai-vos,
porque
teremos
necessidade
de
entusiasmo. Organizai-vos, porque teremos necessidade de toda a nossa força.
Dermeval Saviani
|prefácio à 2ª edição (Campinas, 25 de maio de 1997)
ançada em 25 de abril do corrente ano, em um mês esgotou-se a
L
primeira edição desta obra. Agradecendo a generosa acolhida, sentimo-nos recompensados ao constatar que a expectativa de que este livro se constituiria num valioso auxílio aos educadores
de um modo geral, vem se realizando. Promulgada a Lei em 20 de dezembro e publicada no Diário Oficial da União em 23 de dezembro de 1996, estamos agora na fase da regulamentação. Ainda na etapa final da tramitação da nova LDB,
tramitava
parágrafo
concomitantemente
sétimo
do
artigo
a
60
lei
do
que
Ato
regulamentou das
o
Disposições
Constitucionais Transitórias, por sua vez já modificado através de Emenda Constitucional aprovada também no ano de 1996. Trata-se da Lei n. 9.424/1996, sancionada em 24 de dezembro de 1996, que dispôs
sobre
o
“Fundo
de
Manutenção
e
Desenvolvimento
do
Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério”. A
referida
regulamentar
Lei o
n.
9.424,
artigo
60
de
24
das
de
dezembro
Disposições
de
1996,
ao
Constitucionais
Transitórias, estava regulamentando também os artigos 73, 74 e seu parágrafo único, 75 com seus quatro parágrafos e 76 da nova LDB. Em verdade, os referidos dispositivos da LDB, o texto da Emenda Constitucional e a sua regulamentação através da Lei n. 9.424 foram redigidos relativa
obedecendo
ao
ensino
implementar.
à
mesma
fundamental
diretriz que
o
de
política
MEC
vem
educacional procurando
Em
15
de
abril
de
1997
foi
baixado
o
Decreto
n.
2.207,
regulamentando, para o Sistema Federal de Ensino, os artigos 19, 20, 45, 46 e parágrafo primeiro, 52 com o seu parágrafo único, 54 e 88 da nova LDB. Essa regulamentação se refere especificamente à “educação superior”, abrangendo as instituições federais e também as instituições privadas de ensino superior, já que estas integram o Sistema Federal de Ensino. Dois
dias
depois
da
regulamentação
do
“Sistema
Federal
de
Ensino”, cuidando da “educação superior”, foi a vez da “educação profissional”. O Decreto n. 2.208, baixado em 17 de abril de 1997, regulamentou o parágrafo segundo do artigo 36 e os artigos 39, 40, 41 e 42 da nova LDB. Por outro lado, o Conselho Nacional de Educação emitiu o Parecer 05/97, aprovado na Câmara de Educação Básica em 7 de maio
de
1997,
explicativo
contendo
sobre o
uma
teor da
longa
nova
explanação
LDB, além
de já
de
caráter
ter aprovado
também, em 6 de maio de 1997, o Parecer 04/1997, de 4 de maio de 1997, que trata da “Licenciatura Especial”. Ainda neste mês de maio foram
editadas
Portarias
do
MEC
regulando
a
aplicação
das
normas baixadas pelo Decreto n. 2.207, relativo ao “Sistema Federal de Ensino”. No
contexto
indicado, alerta-se para a necessidade de que a
comunidade educacional, especialmente através de suas entidades representativas, esteja atenta a esse processo procurando articular-se com
o
Conselho
Nacional
de
Educação
para
acompanhar
o
andamento das medidas em curso. Com efeito, como se procurou mostrar
no
dispositivos dependência
presente gerais da
livro, cujo
a
LDB,
em
vários
encaminhamento
regulamentação
subsequente.
pontos, efetivo
Assim,
contém fica
na
diante
dos
limites detectados no texto da nova LDB, se quisermos fazer com que a educação em nosso país avance para além da situação em que
se
encontra
atualmente,
precisamos
nos
mobilizar,
pondo
em
prática a estratégia da resistência ativa, de acordo com a proposta apresentada na Conclusão da presente obra. Além de novos decretos e portarias do MEC e dos Pareceres e Deliberações elaboração,
do
Conselho
chama-se
Nacional
atenção
de
Educação
especialmente
que
para
estão
o
em
parágrafo
primeiro do artigo 87 das Disposições Transitórias da nova LDB: “a União,
no
prazo
encaminhará,
de
ao
um
ano
Congresso
a
partir
da
Nacional
publicação
o
Plano
desta
Lei,
Nacional
de
Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos”. Portanto, até 23 de dezembro deste ano de 1997, o MEC deverá encaminhar ao Congresso Nacional o Plano Nacional de Educação, de
caráter
decenal.
É,
pois,
retome a
perspectiva
aberta
Nacional
de Educação
de
fundamental
por ocasião
realizado
em
Belo
do
importância Primeiro
que
se
Congresso
Horizonte entre 31 de
julho e 3 de agosto de 1996, cujo objetivo central foi a reunião de subsídios para a elaboração do Plano Nacional de Educação O ano de 1997 será, pois, decisivo para a educação brasileira. As decisões tomadas ao longo deste ano definirão os rumos a serem seguidos a partir de 1998. Que os educadores sejam esclarecidos e estimulados, através da leitura deste livro, a participar das referidas decisões
de
modo
a
torná-las
as
mais
acertadas
que
nos
seja
possível, é esta a motivação principal do autor deste trabalho.
Dermeval Saviani
|prefácio (São Sepé, 2 de janeiro de 1997)
xatamente trinta e cinco anos depois de promulgada a nossa
E
primeira
LDB
sancionada
(Lei
no
dia
4.024, de 20 20
de
de dezembro
dezembro
de
1996
de 1961), foi a
nova
Lei
de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Em consequência, o
ano de 1997 se inicia sob a vigência da nova lei, o que obriga os educadores de um modo geral, aí incluídos os professores de todas as escolas do país, a adequarem as suas atividades às normas fixadas nessa lei. Para tanto, se faz necessário conhecê-la. O presente livro se propõe a tornar acessível não apenas o teor da nova LDB mas também a sua trajetória, o seu significado social, político e pedagógico, assim como seus limites e perspectivas. É este, pois, um livro-documento, uma vez que coloca nas mãos dos leitores a descrição do percurso que vai da gestação do projeto original, que remonta ao ano de 1987, até a aprovação final do texto sancionado em 20 de dezembro de 1996, documentando-a com
a
transcrição,
na
forma
de
anexos,
dos
textos
legais
que
resultaram das principais etapas da tramitação da lei no Congresso Nacional,
culminando,
no
Capítulo
Três,
com
uma
análise
suficientemente detalhada do conteúdo da nova LDB. Assim, os leitores encontrarão no próprio livro não apenas a análise
e
interpretação
da
lei
mas
também
os
documentos
produzidos no processo de sua elaboração, sem necessidade de ir buscá-los
nas
teoricamente
bibliotecas
disponíveis
ou
para
arquivos
todos,
na
os
prática
quais,
embora
transcendem
a
possibilidade da grande maioria dos professores que ensinam nas mais de trezentas mil escolas espalhadas por esse imenso país. Após uma Introdução em que se coloca o problema histórico do advento da educação como questão nacional, o livro se desdobra em três capítulos seguidos de uma Conclusão. O primeiro capítulo trata dos antecedentes históricos da nova LDB. Nesta parte o texto foi construído com base em pesquisas anteriores (SAVIANI,
do
autor,
1996a),
Congresso
em
especial
versando
Nacional
na
Política
sobre
gênese
e
o
e
Educação
papel
no
desempenhado
aprovação
das
Leis
Brasil pelo
4.024/1961
(Diretrizes e Bases da Educação Nacional), 5.540/1968 (Reforma Universitária)
e
5.692/1971
(Reforma
do
Ensino
de
Primeiro
e
Segundo Graus). No
segundo
Considerando sempre
capítulo
a
é feita
acumulados
reconstitui
participação
bastante
descrição
se
a
próxima, com partir
ativa
no
trajetória
da
autor, quando
desenrolar
base no dessa
do
a
de
conhecimento
participação.
todo
o
e nos
Foram,
nova
não
lei.
direta
processo,
a
documentos no
entanto,
consultadas as publicações pertinentes, de modo especial aquelas divulgadas
na
revista
Educação
&
Sociedade,
tendo
em
vista
assegurar-se da exatidão das próprias informações e da procedência das análises efetuadas. Na bibliografia estão as referências das fontes consultadas. Desejava-se, ainda nesse segundo capítulo, incluir na forma de anexos os documentos legais resultantes de cada uma das etapas consideradas.
Entretanto,
isso
tomaria
o
livro
excessivamente
extenso e, em alguns casos, bastante repetitivo. Com efeito, embora fosse recomendável a inclusão do projeto aprovado pela Câmara dos
Deputados,
seu
teor
é,
fundamentalmente,
o
mesmo
do
Substitutivo Jorge Hage. Algo semelhante cabe dizer do Substitutivo Cid Sabóia, cujo texto coincide, com pequenas modificações, com
aquele aprovado pela Câmara. Em consequência, optou-se por não incluí-los. O capítulo terceiro tem por objeto a análise do próprio texto da lei, precedida, porém, de uma consideração de ordem geral sobre as concepções
de
LDB,
indicando-se
a
sua
incidência
sobre
a
tramitação dos projetos na Câmara e no Senado. Finalmente, à guisa de condusão, alerta-se para a importância de se levar em conta o contexto de implantação da nova lei tendo em vista o encaminhamento das lutas educacionais para o que se propõe a estratégia da “resistência ativa”. Com
o
lançamento
desta
obra
o
autor e a
Editora
Autores
Associados esperam estar prestando um valioso auxílio a todos os que atuam no campo educacional, tendo em vista a necessidade de se atingir uma compreensão objetiva e ao mesmo tempo crítica dessa nova lei geral que passa a reger os destinos da educação em nosso país.
Dermeval Saviani
|introdução
a educação como questão nacional
omo
C
se depreende do
próprio
enunciado, percebe-se que a
tarefa de fixar diretrizes e bases da educação nacional, isto é, estabelecer metas e parâmetros de organização da educação a serem
implica
seguidos
pela
compreender
desenvolveu
totalidade de uma
como
historicamente
a
educação
de
modo
a
nação se
se
determinada,
constituiu
colocar
e
como
se um
problema de caráter nacional. Ora, a educação é inerente à sociedade humana, originando-se do
mesmo
homem
é
mediação momento
processo homem
que
ele
vive
da educação. A em
deu
origem
em
ao
sociedade
homem. e
se
Desde
que
desenvolve
o
pela
humanidade se constituiu a partir do
que determinada
espécie natural
de seres vivos se
destacou da natureza e, em lugar de sobreviver adaptando-se a ela necessitou, para continuar existindo, adaptar a natureza a si. Em consequência do fenômeno acima apontado, o homem tem de se apropriar da natureza e transformá-la de acordo com suas necessidades,
sem
o
que
ele
perece.
Para
continuar
existindo
o
homem necessita produzir sua própria existência. E a forma de sua existência é determinada pelo modo como ele a produz ou, já que o homem só existe em sociedade, a forma da sociedade é determinada pelo
modo
conjunto.
como
é
produzida
a
existência
humana
em
seu
Ora, a produção da existência implica o desenvolvimento de formas e conteúdos cuja validade é estabelecida pela experiência, o que configura
um
enquanto
elementos
os
verdadeiro
processo
não
de aprendizagem. Assim,
validados
pela
experiência
são
afastados, aqueles cuja eficácia a experiência corrobora necessitam ser preservados e transmitidos às novas gerações no interesse da continuidade da espécie. Nas comunidades primitivas (modo de produção comunal) a educação coincide totalmente com o fenômeno acima descrito. Os homens
se apropriam
coletivamente dos
meios
de produção
da
existência e nesse processo se educam e educam as novas gerações. Nas sociedades antigas (modo de produção escravista) e medieval (modo de produção feudal) com a apropriação privada da terra, então o principal meio de produção, surge uma classe ociosa (que vive do trabalho alheio) e em consequência disso se desenvolve um tipo
de educação
diferenciada
destinada
aos
grupos
dominantes
cuja função é preencher o tempo livre de “forma digna”, isto é, aquilo
que
na
Idade
Média
foi
traduzido
pela
expressão
latina
“otium cum dignitate”. É no quadro acima esboçado que se situa a origem da palavra escola
que
em
grego
significa
lazer,
tempo
livre,
ócio
e,
por
extensão, ocupação dos homens que dispõem de lazer; estudo. O mesmo ocorre com a palavra ginásio que em grego significa local dos
exercícios
físicos,
local
dos
jogos
que
eram
praticados
por
aqueles que dispunham de tempo livre, de ócio. Essa música,
educação na
arte
diferenciada, da
palavra
centrada e
nas
nos
exercícios
atividades
físicos,
intelectuais
e
desenvolvida de forma sistemática através de instituições específicas era, portanto, reservada à minoria, à elite. A maioria, isto é, aqueles que, através do trabalho, garantiam a produção da existência de si mesmos assim como dos seus senhores, continuava a ser educada de
maneira assistemática através da experiência de vida cujo centro era o trabalho. Nesse contexto a forma escolar da educação era uma forma secundária que se contrapunha como não trabalho à forma de educação generalizada, determinada pelo trabalho. Na sociedade moderna (modo de produção capitalista) a classe dominante (burguesia) detém a propriedade privada dos meios de produção (condições e instrumentos de trabalho convertidos em capital)
obtida
diferentemente
pela dos
expropriação
senhores
dos
feudais
produtores.
(nobreza),
a
Entretanto,
burguesia
não
pode ser considerada uma classe ociosa. Ao contrário, é uma classe empreendedora relações
de
atividades
produção, mercantis
acumulação produtos
de
do
incorporada processo,
compelida
o
que a
trabalho
é
toda
a
permitiram burguesia
em
capital
campo
revolucionar
portanto,
capital,
ao
a
que
valor se
sociedade. um
tende de
à
a
troca
amplia
subordinado
constantemente Oriunda
das
primeiro
nível
de
converter
todos
os
cuja
mais-valia
insaciavelmente.
cidade
as
e
a
é
Nesse
agricultura
à
indústria que realiza a conversão da ciência, potência espiritual, em potência material. O
predomínio
da
cidade e da
indústria
sobre o
campo
e a
agricultura tende a se generalizar e a esse processo corresponde a exigência da generalização da escola. Assim, não é por acaso que a constituição da sociedade burguesa trouxe consigo a bandeira da escolarização universal e obrigatória. Com efeito, a vida urbana, cuja
base
é
a
indústria,
rege-se
por
normas
que
ultrapassam
o
direito natural, sendo codificadas no chamado “direito positivo” que, dado o seu caráter convencional, formalizado, sistemático, se expressa em termos escritos. Daí a incorporação, na vida da cidade, da
expressão
escrita
de
tal
modo
que
não
se
pode
participar
plenamente dela sem o domínio dessa forma de linguagem.
Em razão do exposto, para ser cidadão, isto é, para participar ativamente
da
vida
da
cidade,
do
mesmo
modo
que
para
ser
trabalhador produtivo, é necessário o ingresso na cultura letrada. E sendo
essa
um
processo
formalizado,
sistemático,
só
pode
ser
atingida através de um processo educativo também sistemático. A escola é a instituição que propicia de forma sistemática o acesso à cultura letrada reclamado pelos membros da sociedade moderna. Nesse contexto, a
forma
principal
e dominante de educação
passa a ser a educação escolarizada. Diante dela a educação difusa e assistemática, embora não deixando de existir, perde relevância e passa
a
ser
educação
aferida
escolar
pela
determinação
representa,
pois,
da
forma
em
escolarizada.
relação
à
A
educação
extraescolar, a forma mais desenvolvida, mais avançada. E como é a partir do mais desenvolvido que se pode compreender o menos desenvolvido e não o contrário, é a partir da escola que é possível compreender a educação em geral e não o contrário. Parafraseando Marx, se não é possível compreender a renda imobiliária sem o capital
mas
é
possível
compreender
o
capital
sem
imobiliária, dir-se-ia que, na sociedade moderna, não
a
renda
é possível
compreender a educação sem a escola, mas é possível compreender a escola sem a educação. É, assim, no âmbito da sociedade moderna que a educação se converte, de forma generalizada, numa questão de interesse público a ser, portanto, implementada pelos órgãos públicos, isto é, pelo Estado o qual é instado a provê-la através da abertura e manutenção de escolas. Luzuriaga (1959), em sua História da educação pública, situa as origens da instrução pública nos séculos XVI e XVII quando teria havido aquilo que ele chama de “educação pública religiosa”. Com efeito, nessa época de modo especial os representantes da Reforma Protestante
conclamavam
os
governantes
a
disseminarem
a
instrução elementar através da abertura de escolas. Já o século XVIII é
caracterizado
pelo
surgimento
da
“educação
pública
estatal”
quando, sob o influxo do Iluminismo, se trava um combate contra as ideias religiosas, fazendo prevalecer uma visão laica de mundo. Esse século culmina com a Revolução Francesa quando se difunde a bandeira da escola pública universal, gratuita, obrigatória e leiga firmando-se
com
clareza
o
dever
do
Estado
em
matéria
de
século
da
educação. Segundo
o
mesmo
autor,
o
século
XIX
será
o
“educação pública nacional”. Efetivamente, é nesse século que se constituem (ou se consolidam) os Estados Nacionais que vão se colocar
o
nacionais
problema de
da
educação,
o
organização
dos
respectivos
sistemas
que
a
efetivar
final
começa
se
no
do
mencionado século. Finalmente, Luzuriaga considera que o século XX corresponde ao advento da “educação pública democrática”. É, com efeito, neste século que se busca democratizar a educação, seja quantitativamente através da universalização e prolongamento da escola fundamental, seja qualitativamente através da difusão dos movimentos de renovação pedagógica. O
Brasil
Ocidental” coincide,
entra
para
exatamente
pois,
com
o
ao
a
História abrir-se
período
da
o
chamada
século
caracterizado
XVI. pelo
“Civilização Sua
história
surgimento
e
desenvolvimento da educação pública. As relações entre Estado
e Educação
no
Brasil
remontam
às
origens de nossa colonização. Quando os primeiros jesuítas aqui chegaram em 1549, chefiados pelo padre Manoel da Nóbrega, eles cumpriam mandato do Rei de Portugal, D. João III, que formulara, nos
“Regimentos”,
aquilo
que
poderia
ser
considerado
a
nossa
primeira política educacional. A partir daí foi elaborado o plano de ensino de Nóbrega dirigido tanto aos filhos dos indígenas como aos filhos dos colonos portugueses. Tal plano foi logo suplantado pelo
plano
geral
privilegiou
dos a
criados
ensinadas
nos
já
portuguesa,
constitui
Os
“Ratio
que
elites
nos
colégios
contava
jesuítas
a
Studiorum”,
das
principais
implantado,
religiosa”.
a
formação
“humanidades” sendo
jesuítas,
centrada e
povoados.
com
nossa
a
nas
chamadas
ensino
incentivo
dominaram
o
seminários O
versão
com
e
da
que
que
da
“educação
educação
foram
jesuíta
subsídio
se
então coroa
pública
brasileira
até
a
metade do século XVIII quando, em 1759, foram expulsos pelo marquês de Pombal, primeiro-ministro do Rei de Portugal, D. José I. As “reformas pombalinas da instrução pública” se inserem no quadro das reformas modernizadoras levadas a efeito por Pombal visando
colocar
Portugal
“à
altura
do
século”,
isto
é,
o
século
XVIII, caracterizado pelo Iluminismo. Através do Alvará de 28 de junho de 1759, determinou-se o fechamento dos colégios jesuítas introduzindo-se, posteriormente, as
“aulas
régias”
a
serem
mantidas
pela
Coroa
para
o
que
foi
instituído em 1772 o “subsídio literário”. As ideias
reformas
pombalinas
religiosas
Iluminismo, instrução
e,
com
instituem
surgindo,
o
assim,
se
base
contrapõem nas
privilégio a
nossa
ideias do
ao
laicas
Estado
versão
predomínio
da
inspiradas em
matéria
“educação
das no de
pública
estatal”. Entretanto, essa iniciativa não passou de um esboço que não chegou
propriamente a
se efetivar,
por
diversas
razões,
entre as
quais podemos mencionar: a escassez de mestres em condições de imprimir formação
a
nova
estava
orientação marcada
às
pela
aulas
régias,
uma
ação
pedagógica
vez dos
que
sua
próprios
jesuítas; a insuficiência de recursos dado que a Colônia não contava com uma estrutura arrecadadora capaz de garantir a obtenção do “subsídio
literário” para financiar as “aulas régias”; o
retrocesso
conhecido
como
“viradeira
de
Dona
Maria
I”
que
sobreveio
a
Portugal após a morte de D. José I em 1777; e, principalmente, o isolamento através
cultural
do
da
Colônia
ensino,
se
motivado
difundissem
pelo na
temor
de
Colônia
que,
ideias
emancipacionistas. Com efeito, a circulação das ideias iluministas em meados do século XVIII vinha propiciando a influência das ideias liberais europeias em países americanos, alimentando não só desejos mas movimentos reais visando à autonomia política desses países. Com a independência política proclamada em 1822 o Brasil se constitui
como
um
Estado
Nacional
que
adota
o
regime
monárquico sob o nome de “Império do Brasil”. A oportunidade de configurar institucionalmente o novo país, criada
com
a
instalação
da
Assembleia
Constituinte
de
1823
é
abortada pelo golpe de Estado de 12 de novembro do mesmo ano através do qual D. Pedro I fechou a Constituinte outorgando, em 1824, a Constituição do Império. Além disso, ainda em 1823, a lei de 20 de outubro declarava livre a instrução popular, “eliminando o privilégio
do
Estado,
estabelecido
desde
Pombal,
e
abrindo
caminho à iniciativa privada” (P AIVA , 1973, p. 61). Reaberto o Parlamento em 1826, em 15 de outubro de 1827 foi aprovada lugares
uma
lei
que estabelecia: “em
populosos
haverá
escolas
de
todas
as
primeiras
cidades, vilas
letras
que
e
forem
necessárias” (Cf. X AVIER, 1980, p. 41-54). Pode-se dizer, entretanto, que
essa
lei
permaneceu
letra
morta.
E
o
Ato
Adicional
à
Constituição do Império, promulgado em 1834, colocou o ensino primário sob a jurisdição das Províncias, desobrigando o Estado Nacional
de cuidar
províncias
não
desse nível
estavam
de ensino.
equipadas
Considerando
nem
financeira
que as e
nem
tecnicamente para promover a difusão do ensino, o resultado foi
que atravessamos o século XIX sem que a educação pública fosse incrementada. A proclamação da República em 1889 significou efetivamente, ao
menos
no
plano
institucional,
uma
vitória
das
ideias
laicas.
Decretou-se a separação entre Igreja e Estado e a abolição do ensino religioso nas escolas. Entretanto,
a
educação
popular
não
se
tornou,
ainda,
um
problema do Estado Nacional. Dado que no Império, que era um regime
político
descentralizada,
centralizado, considerou-se
a
instrução
que,
a
popular
fortiori,
na
estava
República
Federativa, um regime político descentralizado, a educação deveria permanecer
descentralizada.
mais
vez
uma
a
Com
organização
esse
argumento
nacional
da
se
postergou
instrução
popular
mantendo-se o ensino primário sob a responsabilidade das antigas províncias, agora transformadas em Estados federados. Com o desenvolvimento da sociedade brasileira, que acelera o processo de industrialização e urbanização, as pressões sociais em torno da questão da instrução pública se intensificam, difundindose
o
entendimento
vergonha
nacional,
do
analfabetismo
que
devia
ser
como
uma
erradicada.
doença,
Nesse
uma
contexto
formulam-se, ao longo da década de 20 deste século, reformas do ensino em diversos Estados da Federação tendo em vista a expansão da
oferta
pública, ao
mesmo
tempo
que a
influência
das ideias
renovadas provoca o surgimento de movimentos organizados que levantam também questões relativas à qualidade da educação. Mas o Poder Nacional permanece, ainda, à margem dessas discussões. Efetivamente
foi
somente
após
a
Revolução
de
1930
que
começamos a enfrentar os problemas próprios de uma sociedade burguesa
moderna,
entre
eles,
o
da
instrução
pública
popular.
Assim é que, ainda em 1930 logo após a vitória da Revolução, é criado o Ministério da Educação e Saúde. A educação começava a
ser
reconhecida,
inclusive
no
plano
institucional,
como
uma
questão nacional. Na
sequência
tivemos
uma
série
de
medidas
relativas
à
educação, de alcance nacional: em 1931, as reformas do Ministro Francisco
Campos;
em
1932,
o
Manifesto
dos
Pioneiros
da
Educação Nova, dirigido ao povo e ao governo, que apontava na direção
da
construção
Constituição
de
1934
de
um
que
sistema
colocava
a
nacional
de
educação;
exigência
de
fixação
a
das
diretrizes da educação nacional e elaboração de um plano nacional de educação; as leis orgânicas do ensino, um conjunto de reformas promulgadas entre 1942 e 1946 por Gustavo Capanema, ministro da
Educação
do
Estado
Novo.
Mas
foi
somente
em
1946
que
viemos a ter uma lei nacional referente ao ensino primário. A Constituição Federal de 1946 ao definir a educação como direito de todos e o ensino primário como obrigatório para todos e gratuito nas escolas públicas e ao determinar à União a tarefa de fixar as diretrizes e bases da educação nacional, abria a possibilidade da organização e instalação de um sistema nacional de educação como
instrumento
de
democratização
da
educação
pela
via
da
universalização da escola básica. A elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, iniciada em 1947 era o caminho para realizar a possibilidade aberta pela Constituição de 1946. Entretanto,
passados
treze
anos,
a
lei
aprovada
em
20
de
dezembro de 1961 não correspondeu àquela expectativa. Assim, à parte as diversas limitações da lei, basta lembrar que o próprio texto incluía
expressamente,
responsabilidade
quanto
entre ao
os
motivos
cumprimento
da
de
isenção
da
obrigatoriedade
escolar, o “comprovado estado de pobreza do pai ou responsável” e a “insuficiência de escolas”. Reconhecia-se, assim, uma realidade limitadora da democratização do acesso ao ensino fundamental, sem dispor os mecanismos para superar essa limitação.
A limitação que acaba de ser apontada não é revertida com a política educacional de que é expressão a Lei n. 5.692 de 11 de agosto
de 1971 que “fixa as diretrizes e bases para o
primeiro
e
segundo
graus”.
Ao
justificar
a
ensino
de
profissionalização
universal e compulsória do ensino de segundo grau, o Relatório do Grupo
de
dualismo
Trabalho
que
anterior do
elaborou
ensino
o
médio
texto
dessa
aludindo
ao
lei
critica
o
slogan “ensino
secundário para os nossos filhos e ensino profissional para os filhos dos outros”. Com esse slogan o Relatório estava sugerindo que as elites reservavam para si o ensino preparatório para ingresso no nível
superior,
relegando
a
população
ao
ensino
profissional
destinado ao exercício das funções subalternas. Para corrigir essa distorção converteu-se a formação profissional em regra geral do ensino
de
segundo
grau
devendo,
pois,
ser
seguida
por
todos
distinção
entre
indistintamente. No
entanto,
terminalidade
a
ideal
referida ou
lei
legal,
introduziu
que
a
corresponde
à
escolaridade
completa de primeiro e segundo graus com a duração de onze anos, e terminalidade real, preconizando-se a antecipação da formação profissional de modo a garantir que todos, mesmo aqueles que não cheguem
ao
segundo
grau
ou
não
completem
o
primeiro
grau,
saiam da escola com algum preparo profissional para ingressar no mercado de trabalho. Em outros termos, admitiu-se previamente que nas
regiões
menos
desenvolvidas, nas
escolas
mais
carentes,
portanto, para a população de um modo geral, a terminalidade real resultaria
abaixo
escolaridade
ou
da
legal,
oito,
isto
sete,
é, seis
chegaria ou
até
os
mesmo
dez
anos
quatro
de
anos
correspondentes ao antigo curso primário; ainda assim, também nesses casos o
aluno
deveria
receber algum
preparo
profissional
para daí passar diretamente ao mercado de trabalho. Com isso a diferenciação e o tratamento desigual foram mantidos no próprio
texto
da
lei,
apenas
convertendo
o
slogan
anterior
neste
outro:
“terminalidade legal para os nossos filhos e terminalidade real para os filhos dos outros”. Em
consequência, o
Estado
brasileiro
não
se revelou, ainda,
capaz de democratizar o ensino, estando distante da organização de uma educação pública democrática de âmbito nacional. À vista da situação descrita, já transpusemos o limiar do século XXI sem termos conseguido realizar aquilo que, segundo Luzuriaga, a sociedade moderna se pôs como tarefa dos séculos XIX e XX: a educação pública nacional e democrática. É nesse contexto e a partir dessas coordenadas que me dispus a analisar a trajetória, limites e perspectivas da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional aprovada pelo Parlamento brasileiro e sancionada, sem vetos, pelo presidente da República no dia 20 de dezembro de 1996. Antes, convém
porém,
examinar
de
nos
mais
dedicarmos de
perto
diretamente
os
a
antecedentes
essa
tarefa,
históricos
específicos dessa lei geral da educação brasileira. Dessa forma será mais fácil, assim entendemos, configurar mais claramente o âmbito próprio em que ela se situa.
capítulo|um
antecedentes históricos da LDB atual
1. O tema das “diretrizes e bases” nas Constituições Federais origem da temática relativa às diretrizes e bases da educação
A
nacional remonta à Constituição Federal de 1934, a primeira das
nossas
privativa
cartas
da
nacional”(artigo
magnas
União
quinto,
que
“traçar inciso
fixou
as
XIV).
como
diretrizes
competência da
Observa-se
educação que,
nesse
momento, ainda não aparecia a palavra “bases”. Mas resulta claro, pelo enunciado, que se pretendia organizar a educação em âmbito nacional; daí a necessidade de diretrizes a serem observadas em todo o território nacional. A compreensão supra é reforçada quando se considera o artigo 150, alínea a, onde se estabelece que compete à União “fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos,
comuns
e
especializados;
e
coordenar
e
fiscalizar
a
sua
execução, em todo o território do país”. Além disso, o artigo 152 irá dispor inclusive sobre o órgão encarregado de formular o referido plano:
Compete
precipuamente
ao
Conselho
Nacional
de
Educação,
organizado na forma da lei, elaborar o plano nacional de educação para
ser
aprovado
pelo
Poder
Legislativo
e
sugerir
ao
Governo
as
medidas que julgar necessárias para a melhor solução dos problemas educativos, bem como a distribuição adequada dos fundos especiais.
É evidente que se visava à implantação de um Sistema Nacional de Educação. Com efeito, previam-se normas nacionais, um plano nacional, uma coordenação e fiscalização da execução em âmbito nacional
e
um
colegiado
nacional
para
elaborar
o
plano
e
encaminhar a solução dos problemas educativos do país. O dispositivo do artigo quinto, inciso XIV não chegou a resultar numa Lei de Diretrizes da Educação Nacional, ou seja, a União não chegou a exercer a competência a ela atribuída de traçar as diretrizes da educação. Em contrapartida, o disposto no artigo 150, alínea a, resultou, sim, na formulação de um Plano Nacional de Educação. Entretanto, esse fato aconteceu já às vésperas do golpe que instituiu o Estado Novo, o que inviabilizou a sua execução. Na
Constituição
novembro
de
1937
do
Estado
também
Novo
ainda
promulgada
não
aparece
em a
10
de
expressão
“diretrizes e bases”. No entanto, os dois termos se fazem presentes isoladamente no artigo 15, inciso IX que define como competência privativa
da
educação
União
“fixar
as
nacional, traçando
bases
e
determinar
as diretrizes a
os
quadros
da
que deve obedecer a
formação física, intelectual e moral da infância e da juventude”. Foi
certamente
dando
cumprimento
a
esse
dispositivo
constitucional que o ministro Gustavo Capanema elaborou as “leis orgânicas
do
ensino”,
também
conhecidas
como
“Reformas
Capanema”, implantando-as através de uma série de Deretos-Leis baixados entre 1942 e 1946. Por essa via foram promulgadas em 1942 as leis orgânicas do ensino secundário (Decreto-Lei n. 4.244 de 09/04/1942)
e
30/01/1942)
tendo
Decreto-Lei
n.
Aprendizagem
do
ensino sido
4.048 Industrial
industrial
criado de
nesse
(Decreto-Lei mesmo
22/01/1942
(SENAI),
ano
Serviço
colocado
sob
n.
4.073
de
através
do
Nacional o
controle
de da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), entidade representativa do empresariado industrial. Em 1943 foi a vez da lei orgânica do ensino comercial (Decreto-Lei n. 6.141 de 28/12/1943). E em 1946, portanto já após a queda do Estado Novo, foram decretadas as leis orgânicas do ensino agrícola (Decreto-Lei n. 9.613 de 20/08/1946), do
ensino
primário
(Decreto-Lei
n.
8.529
de
02/01/1946)
e
do
ensino normal (Decreto-Lei n. 8.530 de 02/01/1946), tendo sido ainda
criado
o
Serviço
Nacional
de
Aprendizagem
Comercial
(SENAC) (Decretos-Leis 8.621 e 8.622 de 10/01/1946) que, a exemplo do SENAI, foi também colocado sob o controle do empresariado correspondente. Com Novo,
a
reabertura
política
reorganizaram-se
os
propiciada
partidos
e
pela
foi
queda
eleita
do
a
Estado
Assembleia
Constituinte da qual resultou uma nova Constituição promulgada em 18 de setembro de 1946. É nesta Carta que iremos encontrar, pela
primeira
vez,
a
expressão
“diretrizes
e
bases”
associada
à
questão da educação nacional. Com efeito, o artigo 5º, inciso XV, alínea
d
define
como
competência
da
União
legislar
sobre
“diretrizes e bases da educação nacional”. Dando cumprimento a esse dispositivo constitucional, o então ministro da educação, Clemente Mariani, constituiu uma comissão composta
de educadores
de variadas
tendências, iniciando-se os
trabalhos em 18 de setembro de 1947, quando se comemorava o primeiro
aniversário
trabalhos
da
recebendo Projeto
de
da
comissão
algumas Lei
de
promulgação resultou
modificações Diretrizes
e
um do
da
Constituição.
anteprojeto Ministro,
Bases
da
de
deu
lei
Dos que,
origem
Educação
ao
Nacional,
encaminhado pelo presidente da República Eurico Gaspar Dutra à Câmara
Federal
em
29
de
outubro
de
1948,
data
em
que
se
comemorava o terceiro aniversário da queda do Estado Novo. Do processo
assim
iniciado
resultou,
após
uma
longa
tramitação
e
diversas vicissitudes, a nossa primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sancionada em 20 de dezembro de 1961. É essa lei que, embora modificada por leis subsequentes, como se verá mais adiante, veio a ser substituída pela atual LDB. A Constituição Federal promulgada em 24 de janeiro de 1967 no contexto do regime militar implantado em decorrência do golpe de Estado desfechado em 31 de março e consumado em 1º de abril de
1964,
diretrizes
manteve e
bases
a da
competência educação
da
União
nacional
alínea q). Igualmente, tal dispositivo
para
(artigo
não
8º,
legislar
sobre
inciso
XVII,
foi alterado
pela nova
redação decorrente da Emenda n. 1 outorgada em 17 de outubro de 1969 pela Junta Militar que então governava o país. Registre-se que, embora mantendo o dispositivo constitucional relativo
à
competência
da
União
para
legislar
sobre
a
matéria,
durante o regime militar não se cogitou da elaboração de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Preferiu-se, como ocorrera no Estado Novo, alterar a organização do ensino através de leis específicas. Assim, permaneceram em vigor os primeiros títulos da LDB (Lei n. 024/1961) relativos às diretrizes gerais, tendo sido alterados os dispositivos referentes ao ensino superior através da Lei n. 5.540/1968 e as normas correspondentes ao ensino primário e médio que, através da Lei n. 5.692/1971, passou a se chamar de primeiro e segundo graus. Finalmente, com o desgaste do regime militar e no contexto da transição democrática, o Congresso Nacional eleito em 1986 foi investido de poderes constituintes, tendo elaborado a Constituição Federal
atualmente em
vigor,
promulgada
em
5
de outubro
de
1988. Essa Constituição também preserva a competência da União para legislar, em
caráter privativo, sobre as diretrizes e bases da
educação nacional (artigo 22, inciso XXIV). Em consequência desse dispositivo e como resultado de um processo iniciado em dezembro
de 1988, foi promulgada no dia 20 de dezembro de 1996 a LDB atualmente em vigor.
2. A nossa primeira LDB: Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961 Embora tivesse sido encaminhado à Câmara Federal em 29 de outubro de 1948, só a 29 de maio de 1957 é que se iniciou, naquela Casa
do
Congresso,
a
primeira
discussão
sobre
o
Projeto
das
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Durante todo esse tempo o projeto foi matéria de estudos mais intensos algumas vezes, mais morosos
outras,
primeiro
na
Comissão
Mista
de
Leis
Complementares e depois na Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal. O
projeto
especialistas
original
constituída
elaborado pelo
em
Ministro
1948 da
pela
comissão
Educação
de
Clemente
Mariani, tinha a seguinte estrutura: Título I - Do direito à educação Título II - Dos fins da educação Título III - Da administração da educação Título IV - Dos sistemas de ensino Título V - Da educação pré-primária Título VI - Da educação primária Título VII - Da educação de grau médio Capítulo I - Dos objetivos da educação de grau médio Capítulo II - Do curso secundário Capítulo III - Dos cursos profissionais Capítulo IV - Dos cursos de formação de docentes para o ensino primário
Título VIII - Do colégio universitário Título IX - Do ensino superior Capítulo I - Dos objetivos do ensino superior Capítulo II - Dos estabelecimentos de ensino superior Capítulo III - Das Universidades Capítulo IV - Do reconhecimento dos estabelecimentos de ensino superior e das universidades Título X - Dos recursos para educação Título XI - Da Conferência Nacional de Educação Título XII - Disposições gerais e transitórias. Esse
projeto
se
caracterizava
por
uma
tendência
descentralizadora esposada desde a década de 30 pela Associação Brasileira de Educação
(ABE). Almeida Júnior, Relator Geral do
projeto, busca fundar essa concepção descentralizadora no exame estrito do texto constitucional. Combinando o artigo quinto, inciso XV, alínea d (à União compete legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional) com o artigo sexto (a competência federal para legislar sobre as matérias do
artigo
legislação
ou
estadual
supletiva
quinto, XV, d, não
complementar),
exclui a
acrescidos
dos
artigos 170 (a União organizará o sistema federal de ensino com caráter meramente supletivo e o sistema dos territórios) e 171 (os Estados e o Distrito Federal organizarão os seus sistemas de ensino) acreditava impunha
o
relator geral
do
projeto
peremptoriamente.
entendimento
do
Não
ex-ministro
da
que a foi
sua
interpretação
se
entretanto,
o
esse,
educação
do
Estado
Novo,
Gustavo Capanema. Tendo entrado no Congresso em outubro de 1948 o projeto foi distribuído
às
comissões
de
Educação
e
Cultura
(na
qual
foi
designado relator Eurico Salles) e de Finanças. Em 8 de dezembro foi
remetido
Comissão
ao
Mista
Senado de
Leis
para
ser
submetido
Complementares,
à
tendo
apreciação sido
da
indicado
relator o deputado Gustavo Capanema. Em longo e erudito parecer emitido em 14 de julho de 1949, Capanema, após discorrer sobre o “sentido constitucional das diretrizes e bases da educação nacional”, sobre os “sistemas de ensino locais”, a “tendência centralizadora das federações”, o
“caráter nacional
da educação”
e a “dispersão
da
ordem pedagógica”, conclui que o projeto deve ser refundido ou emendado. Em suma, Capanema fulminou o caráter descentralizador do projeto
considerando-o
contrário
ao
espírito
e
à
letra
de
Constituição. Para ele a palavra “diretrizes” tem um significado que inclui
leis,
regulamentos,
administrativa,
orientações
programas traçadas
e
pelos
planos
chefes
e
de
ação
subchefes
de
serviços para a execução dos mesmos. Essa interpretação do termo “diretrizes” reforçada pelo acréscimo da palavra “bases” no texto constitucional
ensejou
uma
concepção
centralizadora
da
organização da educação nacional. Havia, porém, o artigo 171 que, ao determinar que “os Estados e o Distrito Federal organizarão os seus sistemas de ensino”, parecia contrariar, de forma explícita, a interpretação de Capanema. Como foi que ele encarou essa questão? Aqui a técnica hermenêutica do deputado funcionou em sentido inverso. Se, no que diz respeito à expressão
“diretrizes
e
bases”
a
técnica
aplicada
foi
de
caráter
ampliativo, no tocante a “sistemas de ensino” a técnica apresentou uma índole restritiva:
Sistema, neste caso, significa, precisamente, sistema administrativo. Sistema
de ensino é aí a
organização de serviço público constituída
pelas atividades e instituições educativas de cada Estado ou do Distrito Federal. A Constituição quer que, em cada unidade federativa, exista e funcione,
consoante as
exigências
locais
de educação
e cultura,
um
adequado sistema de repartições e estabelecimentos de ensino, sob a
gestão,
o
controle
ou
a
assistência
do
respectivo
governo
[G.
Capanema, “Parecer Preliminar”, apud S AVIANI, 1996, p. 11].
Excluindo
da
noção
de
“sistema
de
ensino”
os
princípios
e
regras educacionais, em suma, uma legislação autônoma, buscou-se compatibilizar
a
concepção
centralizadora
da
educação
nacional
com o texto da Constituição. Para Capanema “sistema educativo, em toda parte, é um conceito de administração pública”. Portanto, o artigo 171, já que não se refere à legislação do ensino, não amplia a competência legislativa das unidades federativas: “o que há nesse preceito é uma determinação puramente administrativa”. A consequência do Parecer Capanema foi o arquivamento do projeto. Em 17 de julho de 1951 a Câmara solicita o desarquivamento da Mensagem Presidencial n. 605 através da qual o projeto fora enviado
pelo
presidente
Como, porém, o
da
Senado
República
respondera
ao
Congresso
que o
processo
Nacional. tinha
sido
extraviado, determina a sua reconstituição. Desarquivada a Mensagem, o processo tramita na Comissão de Educação e Cultura por cerca de cinco anos e meio. Somente na reunião de 14 de novembro de 1956 é apresentado o relatório da subcomissão
encarregada
de
estudar
o
projeto
das
Diretrizes
e
Bases, cujo relator foi o deputado Lauro Cruz. E finalmente, na sessão do dia 29 de maio de 1957 inicia-se, no plenário da Câmara, a discussão do projeto que recebeu o n. 2.222/1957. Desde
sua
entrada
no
Congresso
Diretrizes e Bases da Educação
o
projeto
original
esbarrou na correlação
das
de forças
representada pelas diferentes posições partidárias que tinham lugar no Congresso Nacional. Oriundo
de
uma
comissão
cujo
relator
geral,
o
professor
Almeida Júnior, era filiado à UDN e encaminhado ao Congresso
por um ministro, também da UDN, enfrenta as críticas do bloco majoritário
no
Parlamento.
Assim
é
que
o
líder
do
PSD,
o
deputado Gustavo Capanema, com o apoio de sua bancada, que era majoritária,
fustiga
o
projeto
tachando-o
de
infeliz,
inconstitucional e incorrigível, enquanto os deputados da UDN se empenham na defesa do mesmo acusando Capanema de boicote à proposta. Tudo indica que o interesse de Carlos Lacerda no projeto de Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional se deu, inicialmente, por motivação União
tipicamente
Democrática
partidária.
Nacional,
Com
partido
efeito,
ao
qual
os
deputados
pertencia
da
Carlos
Lacerda, com frequência se manifestavam no plenário da Câmara reivindicando a agilização do andamento do projeto. E o faziam inequivocamente como membros da oposição, contra aquilo que consideravam
como
medidas
protelatórias
tomadas
pelos
representantes da situação. É nesse contexto que Lacerda toma a iniciativa, em 1955, de reconstituir o projeto original. Assim, na sessão de 2 de maio de 1955,
Carlos
Lacerda
apresenta
questão
de
ordem
pedindo
esclarecimentos sobre como poderia incluir o projeto das Diretrizes e
Bases
poderia
na
ordem
acontecer
do
dia,
depois
recebendo de
receber
a
resposta
parecer
de
da
que
isso
Comissão
só de
Educação e Cultura na qual, conforme esclarecimento de Afonso Arinos, o projeto estava sendo reelaborado devido a divergências surgidas. E na sessão de 3 de junho de 1955, Lacerda volta a levantar nova questão
de ordem, desta vez para se instruir a respeito
de
como transformar a mensagem presidencial de 1948 em projeto de lei.
Esclarecido
a
respeito,
ele
promete
assumir
a
mensagem,
assinando-a e apresentando-a à Mesa da Câmara. Tais Lacerda
medidas via
no
eram
projeto
tomadas, das
ao
Diretrizes
que e
se
Bases
presume, da
porque
Educação
um
instrumento útil para, da oposição, fustigar as posições do bloco no poder. O projeto cuja discussão se iniciara no plenário da Câmara no final de maio de 1957 já não era o mesmo que dera entrada naquela Casa em 29 de outubro de 1948. Na verdade, o projeto original, agora identificado pelo número 2.222/1957, chegava ao Plenário consideravelmente emendado. De fato, consistia numa nova versão decorrente das modificações previamente aprovadas pela Comissão de Educação e Cultura. O cinco
projeto
supra
durou
pouco
em
emendas retorna à Comissão
plenário.
Tendo
de Educação
recebido
e Cultura para
exame. Reencaminhado ao plenário o projeto entra em segunda discussão quando recebe três novas emendas e por isso retorna à Comissão
em
8
de
novembro
de
1958.
Em
9
de
dezembro
do
mesmo ano, Coelho de Souza, presidente da Comissão de Educação e Cultura, pede a retirada do projeto da ordem do dia, tendo sido atendido na sessão de 10 de dezembro 1958. Na verdade, como denunciara Aurélio Vianna na referida sessão de 10 de dezembro de 1958, a retirada do projeto da ordem do dia, embora contra o regimento da Câmara, se deveu à apresentação à subcomissão
relatora,
através
de
um
de
seus
membros,
do
substitutivo de Carlos Lacerda. O rumos
referido na
conclusões Particulares
substitutivo
trajetória do de
III
do
projeto.
Congresso
Ensino,
Consequentemente,
representou uma inteira mudança de
os
Seu
conteúdo
Nacional
ocorrido
representantes
dos
em dos
incorporava
as
Estabelecimentos
janeiro interesses
de
1948.
das
escolas
particulares tomavam a dianteira do processo. Na verdade, o Substitutivo Lacerda coroa um processo cujas origens remontam ao mencionado Congresso realizado em 1948. E, na tramitação do projeto detecta-se, já em 1952, nas “sugestões da
Associação Brasileira de Educação” encaminhadas à Comissão de Educação e Cultura, que se começava a ceder às pressões das escolas particulares. Entretanto, é a partir do final de 1956 que os defensores da iniciativa privada em matéria de educação, à testa a Igreja Católica, se
mostram
decididos
a
fazer
valer
hegemonicamente
os
seus
interesses no texto da futura Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Marco
desse
movimento
é
o
discurso
do
padre
deputado
Fonseca e Silva, na sessão de 5 de novembro de 1956, onde ele se insurge contra a orientação filosófica do I NEP, que era dirigido por Anísio Teixeira, além de atacar também o I Congresso Estadual de Educação Primária realizado de 16 a 23 de setembro de 1956 em Ribeirão Preto-SP e presidido por Almeida Júnior. Essas críticas são
reiteradas pelo
mesmo
Fonseca e Silva nas
sessões de 27 de novembro, de 8 de dezembro e de 14 de dezembro de 1956, quando acusa Anísio Teixeira de comunista e aproxima o pragmatismo
de
Dewey
do
marxismo.
Desencadeia-se,
assim,
o
conflito entre escola pública e escola particular que irá polarizar a opinião pública do país até 1961. A emergência do conflito acima referido deslocou o eixo das preocupações
do
âmbito
político-partidário,
mais
próximo
da
esfera da “sociedade política”, para o âmbito de uma luta ideológica que envolveu amplamente a “sociedade civil”. Com efeito, a partir desse
momento
entram
em
cena
importantes
“partidos
ideológicos”, tais como a Igreja e a imprensa, além de associações dos mais diferentes matizes. A
referida
mudança
de
rumos,
como
era
previsível,
se
manifestou fortemente no Parlamento. Dessa forma, a correlação de forças passou a se definir mais pelos partidos ideológicos do que pelos partidos políticos, como ocorria até então. Assim é que, no
Congresso,
os
colocavam
parlamentares
favoráveis
incondicionalmente
a
favor
à
do
escola
privada
Substitutivo
se
Lacerda,
invocando argumentos baseados fundamentalmente no arrazoado ideológico
que
vinha
sendo
formulado
e
difundido
pelos
representantes da Igreja Católica. Os que se contrapunham a essa tendência
marcaram
a
sua
atuação
muito
mais pelas críticas ao
Substitutivo Lacerda do que pela defesa de uma posição diversa. A situação descrita põe em evidência o deslocamento do eixo das discussões que passou a girar em torno do projeto apresentado por Carlos Lacerda. Dessa forma, ficava camuflado o fato de que o substitutivo
que
se
lhe
contrapunha,
elaborado
por
uma
subcomissão de redação constituída pela Comissão de Educação e Cultura, já havia incorporado, mediante seguidas concessões, vários dos dispositivos defendidos na proposta de Lacerda. Na verdade, do projeto
original
o
texto
da
subcomissão
guardava
apenas
a
estrutura formal, isto é, a disposição dos títulos; seu conteúdo já era outro. O
Substitutivo
Lacerda,
por
sua
vez,
apresentava
a
seguinte
estrutura: Título I - Fins da educação Título II - O direito de educar Título III - A liberdade de ensino Título IV - Competência do Estado em relação ao ensino Título V - A verificação dos trabalhos escolares Título VI - A educação primária Capítulo I - Objetivos e condições Capítulo II - Estrutura e duração do curso primário Título VII - A educação de grau médio Título VIII - A educação secundária Capítulo I - Objetivos
Capítulo
II
-
Condições
de
admissão
ao
curso
secundário Capítulo III - Estrutura e duração do ensino secundário Capítulo IV - Os períodos letivos e as férias Capítulo V - As transferências Capítulo VI - O ensino profissional Título IX - O magistério Capítulo I - Formação do magistério Capítulo II - Os orientadores educacionais Título X - O administrador escolar Título XI - Os inspetores de ensino Título XII - O acesso aos cursos superiores Título XIII - O ensino superior Título XIV - Recursos da educação Capítulo I - Os fundos e as bolsas Capítulo II - Financiamentos e empréstimos Título XV - A defesa da educação Título XVI - Os poderes da educação Capítulo I - Definição Capítulo II - O Conselho Nacional de Educação Capítulo III - Os Conselhos Regionais de Educação Capítulo IV - O órgão auxiliar Título XVII - Educação de excepcionais Título XVIII - Disposições transitórias. Vê-se que se trata de uma estrutura bastante diferenciada em relação àquela do projeto original. Entretanto, como já se assinalou, seu
conteúdo
ia
sendo
enxertado
no
texto
que
vinha
sendo
elaborado na Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal.
Ao longo do ano de 1959 a referida Comissão trabalhou na elaboração
de
um
novo
substitutivo
cuja
redação
final
se
completou em 10 de dezembro de 1959. E este acabou sendo o texto que a Câmara dos Deputados aprovou na sessão realizada em 22 de janeiro de 1960. O
projeto
finalmente
aprovado
pelos
deputados
foi
encaminhado ao Senado através do Ofício n. 293, de 25 de fevereiro de 1960. No
Senado
o
projeto
recebeu
238
emendas,
além
do
substitutivo de Nogueira da Gama. Apenas algumas emendas foram aprovadas.
O
Substitutivo
Nogueira
da
Gama
foi
rejeitado
em
sessão realizada no dia 3 de agosto de 1961. O
projeto
aprovado
na
Câmara
apresentava
a
seguinte
estrutura, a qual foi mantida no texto que, aprovado também pelo Senado em agosto de 1961, se converteu na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional:
Título I - Dos fins da educação Título II - Do direito à educação Título III - Da liberdade do ensino Título IV - Da administração do ensino Título V - Dos sistemas de ensino Título VI - Da educação de grau primário Capítulo I - Da educação pré-primária Capítulo II - Do ensino primário Título VII - Da educação de grau médio Capítulo I - Do ensino médio Capítulo II - Do ensino secundário Capítulo III - Do ensino técnico
Capítulo IV - Da formação do magistério para o ensino primário e médio Título VIII - Da orientação educativa e da inspeção Título IX - Da educação de grau superior Capítulo I - Do ensino superior Capítulo II - Das universidades Capítulo III - Dos estabelecimentos isolados de ensino superior Título X - Da educação de excepcionais Título XI - Da assistência social escolar Título XII - Dos recursos para a educação Título XIII - Disposições gerais e transitórias. A Comissão de Educação e Cultura do Senado emitiu parecer sobre o projeto chegado da Câmara, cujo relator foi o senador Mem de
Sá.
Este
considerou
a
propositura
como
caracterizada
pela
transigência das diferentes facções interessadas na questão. Por essa razão representava um denominador comum admitido por todos. Essa
tendência
conciliadora,
já
detectada
no
texto
aprovado
pelos deputados, foi acentuada no Senado que, com as emendas introduzidas na lei, realizou a “média” de todas as correntes. Em
síntese,
representou correntes
pode-se
uma
em
concluir
“solução
disputa.
de
que
o
texto
compromisso”
Prevaleceu,
convertido entre
portanto,
a
as
em
lei
principais
estratégia
da
conciliação. Para se visualizar mais claramente a resultante da estratégia da conciliação traduzida no texto da Lei n. 4.024/1961, pode-se fazer uma comparação entre o projeto de 1948, o Substitutivo Lacerda de 1958 e o texto da Lei n. 4.024/1961. Confrontando-se os principais títulos nas três versões é possível
perceber como
a
lei aprovada
configurou
uma
solução
intermediária
entre
os
extremos
representados pelo projeto original e pelo Substitutivo Lacerda. Assim, o título que trata “Do direito à educação” estabelece no projeto original a responsabilidade do poder público de instituir escolas
de todos
os
primário
e
ensino
graus, garantindo estendendo-a
a
gratuidade imediata
progressivamente
aos
do
graus
ulteriores e mesmo às escolas privadas. Já o Substitutivo Lacerda define que a educação é direito da família, não passando a escola de prolongamento
da
própria
instituição
familiar.
Ao
Estado
cabe
oferecer recursos para que a família possa desobrigar-se do encargo da educação. O texto da Lei n. 4.024/1961 conciliou os dois projetos garantindo à família o direito de escolha sobre o tipo de educação que deve dar a seus filhos e estabelecendo que o ensino é obrigação do poder público e livre à iniciativa privada. O
título
referente
aos
“fins
da
educação”,
como
se
pode
observar nas três versões, embora com redações diferentes, mantém um conteúdo basicamente equivalente. Entretanto, a redação que prevaleceu no texto da lei combina no caput do artigo primeiro a formulação do projeto original com a formulação do Substitutivo Lacerda que foi incorporada nas alíneas do mesmo artigo. O
título
original.
Foi
“Da
liberdade do
introduzido
pelo
ensino”
não
Substitutivo
constava Lacerda
do e
projeto
mantido,
embora com redação alterada, no texto da lei. Em contrapartida, o título “Dos sistemas de ensino”, que constava do projeto original, fora eliminado no Substitutivo Lacerda mas mantido no texto da lei. Tal fenômeno também traduz a intervenção da estratégia da conciliação uma vez que o título da liberdade de ensino era uma reivindicação da iniciativa privada, ao passo que o título referente aos
sistemas
de ensino
poder público.
implicava
a
precedência
da
iniciativa
do
O título “Da administração da educação” do projeto original estabelecia
inequivocamente
que
a
educação
é
matéria
de
competência do Estado, ao qual caberia garantir, nos termos da lei, o
direito
à
educação.
Substitutivo ensino”
e
O
título
equivalente
Lacerda de “Competência do estabelecia
solicitada, assistência
que
compete
técnica
denominado
Estado
ao
e material
foi
Estado
às
em
no
relação
“dar,
ao
quando
escolas”, cabendo-lhe
“fundar e manter escolas oficiais” apenas em “caráter supletivo nos estritos limites das deficiências locais”. O texto da Lei n. 024/1961 mantém o título “Da administração do ensino”, mas se limita a afirmar
que
“o
atribuições do cabendo-lhe
Ministério
da
Poder Público
“velar
pela
Educação
Federal
observância
em das
e
Cultura
exercerá
as
matéria de educação”, leis
do
ensino
e
pelo
cumprimento das decisões do Conselho Federal de Educação”. Os demais
artigos
atribuições
do
desse CFE
título
cuidam
prevendo,
o
de
regular
último
a
artigo,
constituição a
criação
e
dos
Conselhos Estaduais de Educação. Finalmente, o título “Dos recursos para a educação” regula no projeto original a aplicação de recursos para o desenvolvimento do sistema público de ensino, enquanto que o Substitutivo Lacerda estabelece que além dos recursos destinados ao ensino oficial, “o Fundo Nacional do Ensino Primário, o do Ensino Médio e o do Ensino
Superior
proporcionarão
recursos,
previamente
fixados,
para a cooperação financeira da União com o ensino de iniciativa privada em seus diferentes graus”. Em seguida, institui a cooperação financeira
tanto
da
União
como
dos
Estados
e Municípios
que
passariam a financiar, com recursos públicos, a iniciativa privada em matéria de ensino. O texto da Lei n. 4.024/1961, numa clara posição
conciliatória, estabelece que os
recursos
públicos
“serão
aplicados preferencialmente na manutenção e desenvolvimento do sistema público de ensino”. E em seguida regula a concessão de
bolsas bem como a cooperação financeira da União com Estados, Municípios assistência reforma
e
iniciativa
técnica de
e
privada
financeira
prédios
sob
a
“para
escolares
e
forma
de
compra,
subvenção,
construção
respectivas
ou
instalações
e
equipamento”. A
prevalência
da
estratégia
da
conciliação
foi
documentada
pelas reações dos principais líderes do movimento, de ambos os lados. Assim, aprovada a lei, em depoimento concedido ao Diário de
Pernambuco,
Anísio
Teixeira,
defensor
incansável
da
escola
pública, afirmou: “Meia vitória, mas vitória”. Por
sua
vez,
Carlos
Lacerda,
que
se
colocara
em
posição
diametralmente oposta à de Anísio Teixeira, interrogado a respeito do resultado obtido, respondeu: “Foi a lei a que pudemos chegar”. Portanto, o texto aprovado não correspondeu plenamente às expectativas de nenhuma das partes envolvidas no processo. Foi, antes, uma solução de compromisso, uma resultante de concessões mútuas prevalecendo, pois, como vem sendo assinalado, a estratégia da conciliação. Daí porque não deixou de haver também aqueles que consideraram a lei então aprovada pelo Congresso Nacional como inócua. Ilustra essa posição a definição espirituosa enunciada por Álvaro Vieira Pinto: “É uma lei com a qual ou sem a qual tudo continua tal e qual”. Do
ponto
4.024/1961)
de vista
manteve,
da no
organização
do
fundamental,
ensino a
a
LDB (Lei
estrutura
em
n.
vigor
decorrente das reformas Capanema, flexibilizando-a, porém. Com efeito, do conjunto das leis orgânicas do ensino decretadas entre 1942 e 1946 resultou uma estrutura que previa, grosso modo, um curso primário de quatro anos seguido do ensino médio com a duração
de
sete
ginasial,
de
quatro
horizontalmente,
anos
dividido
anos,
por
sua
e
o
vez,
verticalmente colegial, nos
de
ramos
em
três
dois
anos,
secundário,
ciclos,
o
divididos normal
e
técnico
sendo
este,
por
seu
turno,
subdividido
em
industrial,
agrícola e comercial. Ocorre que, nessa estrutura, apenas o ensino secundário dava acesso a qualquer carreira do ensino superior. Os demais ramos do ensino médio só davam acesso às carreiras a eles correspondentes. Por outro lado, se um aluno quisesse passar de um ramo a outro do ensino médio, ele perderia os estudos já feitos, tendo que começar do início no novo ramo. Ora, a LDB manteve essa estrutura mas flexibilizou-a, isto é, tornou possível que, concluído qualquer ramo do ensino médio, o aluno
tivesse acesso, mediante vestibular, a qualquer carreira do
ensino superior. De outra parte, possibilitou o aproveitamento de estudos de modo que determinado aluno pudesse se transferir de um
ramo
para
outro
matriculando-se
na
mesma
série
ou
na
subsequente àquela em que fora aprovado no ramo que cursava anteriormente.
3. As reformas da LDB (Leis n. 5.540/1968 e n. 5.692/1971) A ruptura política levada a efeito pelo golpe militar de 1964 foi considerada necessária pelos setores economicamente dominantes para
garantir
a
continuidade
da
ordem
socioeconômica
que
se
acreditava ameaçada pelo grupo que então exercia o poder político formal, apoiado numa crescente mobilização popular alimentada pela ideologia do nacionalismo desenvolvimentista. A nova situação exigia adequações no âmbito educacional, o que
implicava
Entretanto, considerou
mudanças
como
já
necessário
foi
na
legislação
assinalado,
editar,
por
o
que
regulava
governo
completo,
uma
o
setor.
militar nova
Lei
não de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional. E isso é compreensível porque,
se
se
socioeconômica,
tratava as
de
garantir
diretrizes
gerais
a da
continuidade
da
educação,
vigor,
em
ordem não
precisavam ser alteradas. Bastava ajustar a organização do ensino ao novo
quadro
político,
como
um
instrumento
para
dinamizar
a
própria ordem socioeconômica. O ajuste em questão foi feito através da Lei n. 5.540/1968 que reformou a estrutura do ensino superior sendo, por isso, chamada de lei da reforma universitária. O ensino primário e médio, por sua vez,
foi
reformado
pela
Lei
n.
5.692/1971
que
alterou
a
sua
denominação para ensino de primeiro e segundo graus. Com isso os dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.
4.024/1961)
relativos
ao
ensino
primário,
médio
e
superior
foram revogados e substituídos pelo disposto nessas duas leis. O
projeto
que deu origem
à
Lei n. 5.540/1968
resultou dos
estudos desenvolvidos por um Grupo de Trabalho, criado para esse fim, por decreto do então presidente da República, marechal Arthur da Costa e Silva. O decreto presidencial foi baixado em 2 de julho de 1968 e estipulava
o
concluísse
os
prazo
de
estudos
30 e
dias
para
que
apresentasse
o
uma
Grupo
de
proposta
Trabalho
de
reforma
universitária. O decreto estabelecia, ainda, que os referidos estudos tinham
por
objetivo
garantir
a
“eficiência,
modernização
e
flexibilidade administrativa” da universidade brasileira, tendo em vista
a
“formação
de
recursos
humanos
de
alto
nível
para
o
desenvolvimento do país”. Na
mesma
República Reforma
data
designou
de os
Universitária
sua
criação,
membros que
ficou
do
o
próprio
Grupo
assim
de
presidente
da
Trabalho
da
constituído:
Fernando
Bastos de Ávila, Fernando Ribeiro do Val, João Lyra Filho, João Paulo dos Reis Velloso, Newton Sucupira, Roque Spencer Maciel de Barros
e
Valnir
Chagas,
aos
quais
se
juntou
posteriormente
o
deputado Haroldo Leon Peres. O ato de nomeação incluía também os
nomes
dos
estudantes
João
Carlos
Moreira
e
Paulo
Bouças.
Entretanto,
apesar
dos
esforços
do
governo
para
obter
a
participação oficial dos estudantes, estes se recusaram a participar. A recusa dos estudantes se explica uma vez que o movimento estudantil universitário se transformara no único foco de resistência manifesta ao regime militar. E uma das suas principais bandeiras de mobilização
era
a
reforma
universitária.
Em
1968,
levando
ao
extremo suas pretensões, os estudantes decidiram fazer a reforma pelas
próprias
universidades
mãos. No e
mês
instalaram
de junho
ocuparam
cursos-piloto
e
as
principais
comissões
paritárias,
ficando algumas escolas sob o controle dos alunos durante o mês de julho e praticamente todo o segundo semestre. É nesse quadro que o
governo,
como
que
raciocinando
em
termos
de
“façamos
a
reforma antes que outros a façam”, apressou-se a desencadear o processo
baixando,
em
2
de
julho,
portanto
no
auge
da
crise
estudantil, o Decreto n. 62.937 que instituiu o Grupo de Trabalho da Reforma Universitária. O
Grupo
de
Trabalho
funcionou,
portanto,
sem
nenhuma
representação estudantil. Dadas as circunstâncias em que o Grupo foi instituído, o governo tinha pressa. Por isso concedeu-lhe apenas 30 dias para concluir os trabalhos. Não foi, porém, apenas nesse momento que o governo se voltou explicitamente para essa questão. A crise estudantil simplesmente apressou o desfecho de algo que estava nas cogitações do governo militar desde sua instalação. Com efeito, além dos Acordos MECUSAID, importa lembrar que em 1961 foi criado o I PES (Instituto de Pesquisas
e
empresários
Estudos de
São
funcionou até 1971
Paulo como
empresariado,
tendo
deflagração
golpe
estruturação
do
do
Sociais) e
por do
um
iniciativa Rio
verdadeiro
desempenhado de
novo
1964,
regime
de
e
na
um
Janeiro. partido
papel
exercendo
de
grupo
Tal
instituto
ideológico
fundamental
influência
formulação
decisiva
de
de
do na na
diretrizes
governamentais,
de
modo
especial
nos
âmbitos
político
e
econômico. A
educação
também
não
deixou
de
entrar
na
esfera
de
preocupações do I PES. Assim é que, já em 1964, nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro, se dedicou à preparação de um “simpósio sobre a reforma da educação” realizado em dezembro do mesmo
ano,
culminando
com
a
realização,
em
outubro
e
novembro de 1968, em colaboração com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), de um Fórum de Educação denominado
“A
educação
que
nos
convém”.
Registre-se
que
participaram desse Fórum dois integrantes do Grupo de Trabalho da Reforma Universitária: Fernando Bastos de Ávila e João Lyra Filho. Portanto,
ao
iniciar
seus
trabalhos,
o
Grupo
da
Reforma
Universitária já dispunha de um conjunto de subsídios que vinha desde os estudos produzidos no âmbito dos Acordos MEC-USAID entre os quais se destacavam os Relatórios Atcon, Meira Matos e da Equipe de Assessoramento ao Planejamento do Ensino Superior, assim como os estudos patrocinados pelo I PES. Os
resultados
dos
estudos
do
Grupo
de
Trabalho
foram
consubstanciados no Relatório Geral do GTRU, encaminhando-se as propostas para um grupo de nível ministerial, integrado pelos ministros Antonio Delfim Netto, da Fazenda, João Paulo dos Reis Velloso, do Planejamento, Luiz Antonio da Gama e Silva, da Justiça e Tarso Dutra, da Educação. E em 7 de outubro de 1968 entrava na ordem do dia do Congresso Nacional a Mensagem Presidencial n. 36, contendo o projeto de Lei n. 32 destinado a fixar as “normas de organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média e dar outras providências”. A referida Mensagem n. 36 integrou um pacote de 7 mensagens que
deram
entrada
no
Congresso
no
mesmo
dia
para
serem
discutidas e votadas em regime de urgência, portanto, pelo prazo de 40 dias, findo o qual, não tendo sido apreciadas, seriam aprovadas por
decurso
de
prazo.
Além
disso,
estabelecido
o
regime
de
urgência, pela legislação então em vigor as mensagens deveriam ser examinadas
ao
mesmo
sessões conjuntas. Em
tempo
pelo
Senado
consequência, o
e
estudo
pela
Câmara
em
dos projetos seria
feito em comissões mistas, compostas por senadores e deputados. No Congresso que recebeu as mensagens já não figuravam mais os partidos que desenharam o cenário político brasileiro entre 1945 e 1964. Esses partidos haviam sido extintos pelo Ato Institucional n. 2, de 27 de outubro de 1965. Em seu lugar foram criados, pela mesma
iniciativa
Nacional
(A RENA ),
do
governo
definida
militar,
como
o
a
Aliança
partido
da
Renovadora
situação,
e
o
Movimento Democrático Brasileiro (MDB) que desempenharia o papel de oposição. Portanto, dadas as suas origens, o MDB teve, de início, o caráter de oposição consentida. Apesar de alguns protestos da oposição formulados através de questões de ordem dos líderes do MDB, senador Josaphat Marinho e deputado Mário Covas, as 7 mensagens foram lidas iniciando-se a contagem irreversível dos 40 dias em que tudo deveria ser discutido e
votado
projetos
pelo nos
Congresso
termos
se
se
propostos
quisesse pelo
evitar
a
Executivo,
aprovação por
decurso
dos de
prazo. Lidas as mensagens, na mesma sessão foi designada a Comissão Mista composta por 14 parlamentares (7 senadores e 7 deputados) da A RENA e 8 do MDB (4 senadores e 4 deputados). No dia 31 de outubro, como previa o calendário definido pela Mesa que presidia os trabalhos do Congresso, a Comissão Mista apresentou seu parecer cujo relator foi o deputado Lauro Cruz. De seu trabalho sobre o projeto original e as emendas apresentadas
resultou um substitutivo que entrou na ordem do dia da sessão de 6 de novembro de 1968 tendo sido aprovado sem alterações. O texto em referência se compunha de 59 artigos dispostos na seguinte estrutura: Capítulo I - Do ensino superior; Capítulo II - Do corpo docente; Capítulo III - Do corpo discente; Capítulo IV - Disposições gerais; Capítulo V - Disposições transitórias. O
projeto
aprovado
pelo
Congresso
foi
sancionado
pelo
presidente da República que lhe apôs, no entanto, diversos vetos. O texto mutilado pelos vetos foi promulgado em 28 de novembro de 1968, convertendo-se na Lei n. 5.540/1968, conhecida como a lei da reforma universitária. Sua implantação se deu através do DecretoLei n. 464 de 11 de fevereiro de 1969. O projeto de reforma universitária procurou responder a duas exigências
contraditórias:
estudantes
ou
de
postulantes
um a
lado,
a
demanda
estudantes
dos
universitários
jovens e
dos
professores que reivindicavam a abolição da cátedra, a autonomia universitária e mais verbas e mais vagas para desenvolver pesquisas e ampliar o raio de ação da universidade; de outro lado, a demanda dos grupos ligados ao regime instalado com o golpe militar de 1964 que
buscavam
vincular
mais
fortemente
o
ensino
superior
aos
mecanismos de mercado e ao projeto político de modernização em consonância com os requerimentos do capitalismo internacional. O
Grupo
atender
à
de
Trabalho
primeira
da
demanda
Reforma
Universitária
proclamando
a
procurou
indissociabilidade
entre ensino e pesquisa, abolindo a cátedra, instituindo o regime universitário superior
e
como
forma preferencial
consagrando
a
de organização
autonomia
do
ensino
universitária
cujas
características outro
e
atribuições
foram
lado, procurou atender à
definidas
segunda
e
especificadas.
demanda
De
instituindo
o
regime de créditos, a matrícula por disciplina, os cursos de curta duração, a organização fundacional e a racionalização da estrutura e funcionamento. Aprovada a lei pelo Congresso, os dispositivos decorrentes da primeira demanda que não se coadunavam com os interesses do regime instaurado especificavam
com
o
golpe de 64, em
as atribuições relativas ao
especial
exercício
da
aqueles
que
autonomia
universitária, foram vetados pelo presidente da República. E, através do Decreto-Lei n. 464/1969, ajustou-se melhor a implantação da reforma aos desígnios do regime. Por
outro
reivindicada
lado,
na
prática,
a
expansão
pelos jovens postulantes à
do
ensino
superior
universidade se deu pela
abertura indiscriminada, via autorizações do Conselho Federal de Educação, de escolas isoladas privadas, contrariando não só o teor das
demandas
estudantis
mas
o
próprio
texto
aprovado.
Com
efeito, por esse caminho inverteu-se o enunciado do artigo segundo da
Lei
n.
5.540
que
estabelecia
como
regra
a
organização
universitária admitindo, apenas como exceção, os estabelecimentos isolados; de fato, estes se converteram
na regra da expansão
do
ensino superior. Essas
escolas
isoladas,
por
sua
vez,
organizando-se
dominantemente como empresas lucrativas, não se interessaram em se transformar em universidades pois a margem de manobra e o arbítrio das mantenedoras, isto é, dos donos dessas empresas, era muito maior sob o regime das instituições isoladas. Essa situação se alterou com a Constituição de 1988 que, ao dar status de norma constitucional daquelas
à
autonomia
instituições
para
universitária, provocou uma se
transformar
em
corrida
universidades
na
esperança de que, por essa forma, sua ampla margem de manobra e
seu arbítrio ilimitado se tornariam invioláveis já que revestidos do caráter
de
direito
constitucional.
Essa
corrida
se
traduziu
em
pressões de todo tipo junto ao Conselho Federal de Educação, o que culminou no fechamento desse órgão por motivo de corrupção no final de 1994. Nesse momento, porém, já haviam se multiplicado rapidamente
as
instituições
formalmente
nomeadas
como
universidades destituídas, no entanto, do espírito universitário. Menos de dois anos depois de deflagrado o processo da reforma universitária foi a vez da reforma do ensino primário e médio. Com efeito, o projeto que deu origem à Lei n. 5.692/1971 que veio
a
fixar
as
“diretrizes
e
bases
para
o
ensino
de
primeiro
e
segundo graus”, decorreu dos estudos elaborados por um Grupo de Trabalho
instituído
pelo
então
presidente
da
República
general
Emílio Garrastazu Médici através do Decreto n. 66.600, de 20 de maio de 1970. O referido decreto registrava em sua ementa: “Cria Grupo de Trabalho
no
Ministério
da
Educação
e
Cultura
para
estudar,
planejar e propor medidas para a atualização e expansão do ensino fundamental composto
e do
colegial”. Conforme o
por 9 membros, cabendo
ao
decreto
ministro
o
Grupo
seria
da Educação
e
Cultura designá-los e fixando-se o prazo de 60 dias contados da data de sua instalação para a conclusão dos trabalhos. O ministro da Educação, coronel Jarbas Gonçalves Passarinho, designou para compor o Grupo de Trabalho os seguintes membros: padre José de Vasconcellos (presidente), Valnir Chagas (relator), Aderbal Jurema, Clélia de Freitas Capanema, Eurides Brito da Silva, Geraldo Bastos da Silva, Gildásio Amado, Magda Soares Guimarães e Nise Pires. O Grupo de Trabalho foi instalado no dia 15 de junho de 1970 e iniciou as atividades no dia seguinte na Faculdade de Educação da Universidade
de
Brasília.
Trabalhou
inicialmente
em
tempo
integral,
utilizando-se
trabalho.
E
em
14
posteriormente
de
agosto
de
de
1970,
outros
portanto
regimes
de
rigorosamente
dentro do prazo estabelecido no decreto de sua criação, o Grupo encaminhou ao ministro da Educação seu relatório acompanhado de um anteprojeto de lei. Iniciando-se
por
uma
apresentação
em
que
se
registra
a
instalação do Grupo de Trabalho e se recorda o sentido da tarefa que lhe fora acometida pelo decreto que o instituiu, o relatório se desdobra em sete partes, seguidas de uma breve conclusão. A primeira parte trata da estrutura preconizada, abordando os pressupostos
e
as
soluções
adotadas.
A
segunda
parte
cuida
da
concepção de currículo que orientou a elaboração do anteprojeto. Ali
se
levanta
a
questão
da
determinação
dos
conteúdos
curriculares, distinguindo-se o “conteúdo comum” e o “conteúdo diversificado”,
e
explicitam-se
ordenação
e
tempo
duração
de
terceira
sequência
parte
dos
dos
versa
noções
conteúdos,
cursos
sobre
as
a
de
de
bem
primeiro
organização
e
currículo
como e
a
pleno,
fixação
segundo
do
graus.
funcionamento
A
dos
estabelecimentos de ensino, discorrendo sobre os seguintes aspectos: períodos
letivos,
matrícula,
avaliação
do
aproveitamento
e
assiduidade, orientação educacional e transferência de alunos de um para outro estabelecimento de ensino. O tema da quarta parte é o ensino
supletivo, em
que se distinguem
suprimento
e suplência,
propõe-se uma solução integrada do ensino supletivo com o ensino regular
e
se
justifica
qualificação formação ficando
e
existência
profissionais. regime
para
Finalmente,
a
a
a
de
sexta
sétima
A
quinta
trabalho a
questão
parte
dos
dos do
cursos parte
de aprendizagem tem
professores
por e
e
justifica
previstas para a implantação da reforma proposta.
a
especialistas,
financiamento
estabelece
objeto
e
as
do
ensino.
condições
Seguem-se, de forma resumida, as características principais da reforma concebida pelo Grupo de Trabalho: a) Integração Através desse princípio visava-se a unificação dos antigos ensino primário e médio, eliminando-se a diferença entre ramos tais como o
secundário,
agrícola,
industrial,
comercial
e
normal,
e
articulando-se as diferentes ações curriculares no interior de cada série e ao longo das séries desde o início do primeiro até o final do segundo grau. Temos, assim, a integração vertical dos graus, níveis e séries de ensino e das atividades, áreas de estudo e disciplinas, em sentido diacrônico; e a integração horizontal dos ramos de ensino e das áreas de estudo e disciplinas entre si, em sentido sincrônico. b) Continuidade-terminalidade A
combinação
do
binômio
continuidade (formação
geral) e
terminalidade (formação especial) tinha a pretensão de superar o dilema entre o ensino geral, de caráter propedêutico, organizado em função
do
ensino
superior,
e
o
ensino
profissional,
de
caráter
terminal. c) Racionalização-concentração Este princípio representava a pedra de toque da reforma, uma vez que era a condição para se atingir a eficiência e produtividade gerando um máximo de resultados com um mínimo de custos. Envolvia, em consequência, a concentração de esforços assim como a concentração e uso racional dos recursos materiais e humanos. d) Flexibilidade Através desse dispositivo se procurava garantir:
-
a variedade de currículos;
-
a utilização de metodologias apropriadas a cada tipo e nível de ensino;
-
o aproveitamento dos estudos realizados;
a combinação do binômio continuidade-terminalidade,
-
de acordo com a idade, interesse e aptidões dos alunos, a capacidade
do
estabelecimento
de
ensino
e
o
nível
socioeconômico da região; -
a possibilidade de adoção do regime de matrícula por disciplina no ensino de segundo grau.
Esse
princípio
conquista
foi
louvado
inestimável
autoritarismo postulado constituía
que
de
da
uma
nova
definia
ampla faca
como
o
dois
grande
legislação. regime
flexibilidade? de
a
Como
então
Na
gumes,
já
inovação se
que
com
tal
tanto
uma
conciliou
vigente
verdade
e
o
esse
princípio
poderia
ser
invocado por professores e alunos como pelas autoridades. E, no contexto
do
regime militar, o
princípio
de flexibilidade foi
um
instrumento importante para preservar no âmbito educacional o arbítrio que caracterizava o poder então exercido. Com efeito, pela flexibilidade as autoridades governamentais evitavam se sujeitar a definições
legais
mais
precisas
que
necessariamente
imporiam
limites à sua ação, ficando livres para impor à nação os programas educacionais de interesse dos donos do poder. E com a vantagem de facilitar a busca de adesão e apoio daqueles mesmos sobre os quais eram impostos os referidos programas. e) Gradualidade de implantação Diferentemente
das
leis
até
então
promulgadas,
que
simplesmente definiam uma data a partir da qual entrariam em vigor
todos
Disposições
os
seus
dispositivos,
Transitórias,
um
a
Lei
processo
n. de
5.692
estabelece,
implantação
nas
gradual,
conforme estipulado no artigo 72, em que se previa a implantação progressiva “segundo as peculiaridades, possibilidades e legislação de cada
sistema
Implantação”
de ensino”
precedido
de
a
partir
um
de um
“Plano
“planejamento
Estadual
prévio”
em
de
que
seriam fixadas as linhas gerais do Plano e disciplinado o que deveria ter
execução
imediata.
O
parágrafo
único
do
mesmo
artigo
estabelecia o prazo de 60 dias, a partir da vigência da lei, para a elaboração do planejamento prévio e 120 dias para a formulação do Plano Estadual de Implantação. f) Valorização do professorado Nesse âmbito previam-se as seguintes medidas:
-
estudos para a formação, aperfeiçoamento, treinamento e retreinamento de professores e especialistas;
-
profissionalização
do
professor
pelo
Estatuto
do
Magistério; -
critérios para fixação dos padrões de vencimentos à base da capacitação do professor e não pelo nível de ensino em que esteja atuando;
-
tratamento especial para os professores não titulados;
-
aproveitamento de graduados do ensino superior como professores das disciplinas de formação profissional;
-
capacitação do magistério para as suas responsabilidades polivalentes na escola;
-
corresponsabilidade dos professores na ministração do ensino e verificação da eficiência da aprendizagem dos alunos.
g) Sentido próprio para o ensino supletivo O ensino supletivo mereceu um tratamento especial na Lei n. 5.692/1971, cabendo-lhe um capítulo inteiro. Ali foram definidas as suas funções de suplência (substituição dos estudos regulares para os que não os fizeram ou não os concluíram na idade própria) e de suprimento (complementação ou continuidade de estudos paralela
ou posteriormente aos cursos regulares) ao mesmo tempo que se consagrou a possibilidade de sua articulação com o ensino regular. A
orientação
da reforma proposta pelo
consubstanciada
nos
princípios
apresentados, foi traduzida num
Grupo
de Trabalho,
resumidamente
anteprojeto
acima
de lei contendo
66
artigos distribuídos pelos 8 capítulos seguintes: Capítulo I - Do ensino de primeiro e segundo graus; Capítulo II - Do ensino de primeiro grau; Capítulo III - Do ensino de segundo grau; Capítulo IV - Do ensino supletivo; Capítulo V - Dos professores e especialistas; Capítulo VI - Do financiamento; Capítulo VII - Disposições gerais; Capítulo VIII - Disposições transitórias. O
documento
elaborado
pelo
Grupo
de
Trabalho
foi
submetido pelo ministro da Educação e Cultura à apreciação do Conselho Federal de Educação, tendo sido também discutido em reunião conjunta do Conselho Federal com os Conselhos Estaduais de Educação, daí resultando algumas emendas e sugestões. De posse desses elementos, o ministro os reuniu num “texto integrado” no qual consignou também as suas “próprias opções para manter a coerência
geral
da
proposição
e
ajustá-la
à
política
geral
do
Governo”. Em consequência, o anteprojeto do Grupo de Trabalho foi
ampliado
de
66
para
86
artigos.
Os
acréscimos
ocorreram
dominantemente no capítulo “Do financiamento”, que passou de 9 para 24 artigos. O “texto integrado” acima referido constituiu o projeto de lei encaminhado pelo ministro da Educação e Cultura, coronel Jarbas Passarinho, ao presidente da República em 30 de março de 1971. O
presidente
Médici,
por
sua
vez,
encaminhou-o
ao
Congresso
Nacional em 25 de junho de 1971. O projeto da lei que fixou as diretrizes e bases para o ensino de primeiro e segundo graus, da mesma forma que o projeto da lei de reforma universitária, deu entrada no Congresso para ser apreciado em regime de urgência, portanto, em sessões conjuntas do Senado e da Câmara dos Deputados, e no prazo de 40 dias, findo o qual, não havendo deliberação dos parlamentares, o projeto estaria aprovado por decurso de prazo na forma encaminhada pelo Poder Executivo. A sistemática adotada em relação à Lei n. 5.692/1971 foi, pois, a mesma que vigorou para a Lei n. 5.540/1968. A referida sistemática incluiu as seguintes etapas:
1.
decreto
presidencial
Educação
e
Cultura
instituindo Grupo
de
junto
ao
Trabalho
Ministério
da
encarregado
de
elaborar o anteprojeto (com prazo de 30 dias no caso da Lei n. 5.540 e 60 dias no caso da Lei n. 5.692); 2.
designação
dos
membros
e
instalação
do
Grupo
de
Trabalho pelo ministro da Educação e Cultura; 3.
desenvolvimento das atividades do Grupo de Trabalho que culminam
na
apresentação
do
anteprojeto
precedido
de
“Relatório do GT”; 4.
Exposição de Motivos do ministro da Educação e Cultura encaminhando
ao
presidente
da
República
o
projeto
e
respectivo relatório; 5.
Mensagem
do
Congresso
Nacional
documentos
presidente da o
República
projeto
complementares
de
lei
para
encaminhando acompanhado
discussão
ao dos
conjunta
(Senado e Câmara dos Deputados) em regime de urgência (prazo de 40 dias);
6.
leitura da Mensagem em plenário e designação de comissão mista (com representantes do Senado e da Câmara) para estudar o conteúdo da Mensagem, bem como as emendas apresentadas
pelos
parlamentares
e
apresentar
parecer
seguido, se for o caso, de substitutivo; 7.
discussão e votação em plenário do resultado dos trabalhos da comissão mista;
8.
o
documento
resultante
dos
trabalho
do
Congresso
Nacional é encaminhado ao presidente da República para apreciação e eventual aposição de vetos; 9.
havendo
vetos,
o
documento
retorna
ao
Congresso
para
exame e votação dos vetos presidenciais; 10. a lei é editada e publicada no Diário Oficial da União.
Tendo o projeto dado entrada no Congresso em 25 de junho de 1971,
na
sessão
de
28
de
junho
o
presidente
do
Senado,
na
qualidade de presidente do Congresso Nacional, convoca para o dia 29 de junho sessão conjunta para apreciação da matéria. A sessão de 29 de junho foi aberta às 10 horas e, uma vez lida a mensagem, foram designados os membros da comissão mista, que ficou A RENA
constituída e 1 do
seguida
foi
por
22
parlamentares,
sendo
10
senadores
MDB, e 8 deputados da A RENA e 3 do
anunciado
o
calendário
dos
trabalhos
e
da
MDB. Em a
sessão
se
encerrou às 10h25. Portanto, em menos de meia hora estava tudo acertado e concertado. O
calendário
definido
pela
presidência
do
Congresso
foi
o
seguinte: Em 29 de junho de 1971, leitura da mensagem. Em 30 de junho, instalação da Comissão, eleição do presidente, do vice-presidente e designação do relator.
De 1º a 8 de julho, apresentação
de emendas por parte dos
parlamentares perante a Comissão. Em 15 de julho, apreciação na Comissão do parecer elaborado pelo relator. Em
18
Comissão.
de
julho,
apresentação
Imediatamente
após
a
do
parecer
publicação
por do
parte
da
parecer
da
Comissão, a presidência convocará sessão conjunta para apreciar a matéria.
A
quando
se
votação
deverá
completam
ocorrer
os
40
até
dias
o
dia
8
de
previstos
agosto
no
1971,
dispositivo
constitucional relativo ao “regime de urgência”. A primeira reunião da Comissão Mista foi realizada no dia 30 de junho Wilson
de 1971, tendo
Gonçalves
e
sido
para
eleitos para
vice-presidente
presidente o o
senador
deputado
Brígido
Tinoco. Na mesma sessão foi designado para relator o deputado Aderbal Jurema. Os
parlamentares
apresentaram
357
emendas,
de
um
modo
geral, porém, pouco relevantes. O relator, deputado Aderbal Jurema, examinou o conjunto das emendas às quais acrescentou outras 5, de sua autoria, elevando, assim, para 362 o total das emendas. Do
estudo
das
emendas
resultou
o
substitutivo
do
relator,
apresentado e aprovado na segunda reunião da Comissão, realizada em 20 de julho de 1971. Uma
vez
aprovado
na
Comissão
Mista
o
parecer
com
o
substitutivo do relator, o presidente da Comissão autorizou a sua publicação, matéria
estando
entrasse na
pois
preenchidos
ordem
do
dia
os
para
requisitos
discussão
para
que
e votação
a
em
sessão conjunta do Congresso Nacional. Tal sessão foi convocada para o dia 27 de julho de 1971, às 21 horas. Na referida sessão do dia 27 de julho, toda a matéria é colocada em
discussão
em
turno
único,
resultando
na
aprovação
do
substitutivo apresentado pelo relator. Concluídos os trabalhos no Congresso Nacional, o projeto foi encaminhado à sanção presidencial. E em 11 de agosto de 1971 era promulgada a Lei n. 5.692/1971, ressaltando-se a ausência de vetos por parte do presidente da República. A reforma resultante dessa legislação alterou sensivelmente a estrutura do ensino até então em vigor. Em lugar de um curso primário com a duração de quatro anos seguido de um ensino médio subdividido verticalmente em um curso ginasial de quatro anos e um curso colegial de três anos, passamos a ter um ensino de primeiro grau com a duração de oito anos e um ensino de segundo grau de três anos, como regra geral. Em lugar de um ensino médio subdividido horizontalmente em ramos, instituiu-se um curso de segundo grau unificado, de caráter profissionalizante, albergando, ao menos como possibilidade, um leque amplo de habilitações profissionais. Entretanto,
a
profissionalização
universal
e
compulsória
do
ensino de segundo grau enfrentou vários percalços, acabando por ser revogada pela Lei n. 7.044 de 18 de outubro de 1982. A partir daí, conquanto a profissionalização não tenha sido excluída, ela perdeu o caráter universal e compulsório de que se revestia na Lei n. 5.692/1971. As medidas decorrentes das Leis n. 5.540/1968 e n. 5.692/1971 integram um conjunto de iniciativas tomadas no âmbito do regime autoritário caracterizado pelo fechamento político. As modificações introduzidas na organização educacional brasileira visavam garantir a
continuidade
da
ordem
socioeconômica
mas
para
isso
foi
necessário ajustar a educação à ruptura política operada em 1964, assestando,
assim,
um
rude
golpe
nas
aspirações
populares
que
implicavam a luta pela transformação da estrutura socioeconômica do país.
A
continuidade
socioeconômica
se
reflete
no
enunciado
explícito dos objetivos da Lei n. 5.692/1971 cuja formulação não difere daqueles da Lei n. 4.024/1961. Aliás, essa continuidade pode ser imediatamente constatada pelo simples fato de que os cinco primeiros
títulos
educação,
do
da
Lei
direito
à
n.
4.024/1961
educação,
da
que
tratam
liberdade
do
dos
fins
da
ensino,
da
administração do ensino e dos sistemas de ensino permaneceram em vigor. Ora, são exatamente esses títulos que consubstanciam as diretrizes, isto é, a orientação fundamental da organização escolar brasileira. Mas preciso
se
a
proclamação
considerar
que,
dos
no
objetivos
que
diz
revela
continuidade,
respeito
à
estrutura
é e
funcionamento dos sistemas de ensino, ocorreu uma ruptura. E isto é
compreensível
porque,
se
a
continuidade
da
ordem
socioeconômica só pôde ser garantida através da ruptura política, na educação
a continuidade das funções dela demandadas pelas
condições sociais e econômicas exigiu uma ruptura no âmbito da política educacional, ou seja, na forma de organizar e operar os serviços educacionais. Resulta, pois, importante, na legislação educacional, distinguir os objetivos proclamados dos objetivos reais. Os
objetivos
amplas,
as
proclamados
intenções
indicam
últimas.
as
finalidades
Estabelecem
um
gerais
horizonte
e de
possibilidades, situando-se num plano ideal em que o consenso, a identidade de aspirações e interesses, é sempre possível. Os objetivos reais, por sua vez, indicam os alvos concretos da ação,
aqueles
efetivamente definição
aspectos
está
daquilo
Diferentemente
dos
objetivos
empenhada que
dos
se
está
objetivos
a
proclamados
sociedade;
buscando
implicam,
preservar
proclamados,
os
ou
em
que
pois,
a
mudar.
objetivos
reais
situam-se num plano em que se defrontam interesses divergentes e,
por vezes, antagônicos, determinando o curso da ação as forças que controlam o processo. Compreende-se, então, que, enquanto os objetivos proclamados coincidem exatamente com aquilo que se explicita em termos de objetivos na letra da lei, os objetivos reais se revelam antes na forma de
funcionamento
da
organização
escolar
prevista
em
lei
e,
dialeticamente, nos meios preconizados. Percebe-se, assim, por que os objetivos proclamados na Lei n. 4.024/1961
não
foram
5.692/1971. Não tenham
revogados
pelas
cabe, porém, inferir
permanecido
os
mesmos.
Leis
n.
5.540/1968
daí
que os
Dado
que
objetivos
a
e
n.
reais
continuidade
socioeconômica exigiu uma ruptura política, esta, inevitavelmente, marcou
as
duas
últimas
leis.
Consequentemente,
a
inspiração
liberalista que caracterizava a Lei n. 4.024/1961 cedeu lugar a uma tendência
tecnicista
tanto
na
Lei
5.540/1968
como
na
Lei
n.
5.692/1971. A diferença entre as duas orientações se caracteriza pelo fato de que, enquanto o liberalismo põe a ênfase na qualidade em lugar da quantidade; nos fins (ideais) em detrimento dos métodos (técnicas); na autonomia em oposição à adaptação; nas aspirações individuais antes que nas necessidades sociais; e na cultura geral em detrimento da formação profissional, com o tecnicismo ocorre o inverso. Ora, observa-se claramente que, enquanto os princípios da Lei n.
4.024/1961
acentuavam
o
primeiro
elemento
dos
pares
de
conceitos acima enunciados, os princípios das Leis n. 5.540/1968 e n. 5.692/1971 fazem a balança pender para o segundo. Com efeito, os princípios de não duplicação de meios para fins idênticos com seus corolários, tais como a integração (vertical e horizontal),
a
intercomplementaridade,
racionalização-concentração, a
flexibilidade,
a
a
continuidade-
terminalidade, o aproveitamento de estudos, do mesmo modo que
medidas
tais
como
a
departamentalização,
a
matrícula
por
disciplina, o sistema de créditos, a profissionalização do segundo grau,
o
detalhamento
preocupação
com
o
curricular
e
tantas
aprimoramento
outras
técnico,
indicam
com
a
uma
eficiência
e
produtividade em busca do máximo de resultados com o mínimo de dispêndios. A orientação supra foi implantada num contexto político em que
as
decisões
em
matéria
de
educação
passavam
a
ficar
circunscritas ao grupo militar-tecnocrático que havia assumido o poder,
excluídos
organizados
em
os suas
educadores associações
de
modo
especial
representativas.
enquanto
Adotou-se,
em
consequência, a diretriz segundo a qual as decisões em matéria de educação executar
não de
competem
modo
aos educadores. A
eficiente
as
medidas
estes caberia apenas
tomadas
na
esfera
da
tecnoburocracia ocupada por técnicos oriundos dominantemente da área econômica. A
situação
educacional
configurada
a
partir
das
reformas
instituídas pela ditadura militar logo tornou-se alvo da crítica dos educadores que crescentemente se organizavam em associações de diferentes tipos, processo esse que se iniciou em meados da década de 1970 e se intensificou ao longo dos anos 1980. A
organização
dos
educadores
no
período
referido
pode ser
caracterizada através de dois vetores distintos: aquele caracterizado pela preocupação com o significado social e político da educação, do qual decorre a busca de uma escola pública de qualidade, aberta a toda a população e voltada precipuamente para as necessidades da maioria, isto é, das camadas não dirigentes; e outro, marcado pela preocupação com o aspecto econômico-corporativo, portanto de caráter
reivindicativo,
cuja
expressão
mais
saliente
é
dada
pelo
fenômeno das greves que eclodiram a partir do final dos anos 1970 e se repetem em ritmo, frequência e duração crescentes ao longo da
década
de 1980
e penetram
nos anos 1990. O
primeiro
vetor é
representado pelas entidades de cunho acadêmico-científico, isto é, voltadas para a produção, discussão e divulgação de diagnósticos, análises, críticas e formulação de propostas para a construção de uma
escola
pública
de
qualidade.
Nesse
âmbito
situam-se
a
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (A NPEd),
criada
em
1977,
o
Centro
de
Estudos
Educação
&
Sociedade (CEDES), constituído em 1978 e a Associação Nacional de Educação
(A NDE),
fundada
em
1979.
Essas
três
entidades
se
reuniram para organizar as Conferências Brasileiras de Educação (CBEs), tendo a primeira se realizado em 1980, a qual foi seguida de outras cinco ocorridas em 1982, 1984, 1986, 1988 e 1991. O segundo vetor é protagonizado pelas entidades sindicais dos diferentes Estados do
País, articuladas em
âmbito
nacional
pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) e Associação
Nacional
de
Docentes
do
Ensino
Superior
(A NDES).
Nesse caso, embora a motivação dominante tenha sido de caráter econômico-corporativo, o
movimento
foi evoluindo
de modo
a
incorporar progressivamente preocupações econômico-políticas e, mesmo, nas
especificamente
temáticas
vieram
a
Educação
dos
liderar
últimos a
realizado
substituindo
a
político-pedagógicas, congressos
organização de
série
31
de
do
dessas I
julho
interrompida
o
que
entidades
Congresso a
3
das
transparece
de
quais
Nacional
agosto
CBEs
as
de
de
1996
(Conferências
Brasileiras de Educação). Essa
mobilização
repercutiu
também
no
âmbito
da
política
educacional dando origem a várias iniciativas, de modo especial por parte de Estados e Municípios. Efetivamente, desde as gestões municipais oriundas das eleições de
1976,
passando
pelos
governos
estaduais
surgidos
do
restabelecimento das eleições diretas para governadores de Estado
em
1982,
as
iniciativas
de
política
educacional
voltada
para
as
crianças e jovens das camadas populares multiplicaram-se, tendo algumas delas ganhado destaque em âmbito nacional como foi o caso
de
Boa
Esperança
(ES),
Lages
(SC)
e
Piracicaba
(SP).
A
experiência desses três municípios tornou-se referência para a busca de um modelo de administração democrática, como se evidenciou nos Encontros Nacionais de Municípios realizados em 1982 e 1986. Em
nível
estadual, diversos
governos
de oposição
ao
regime
militar, eleitos em 1982, ensaiaram medidas de política educacional de interesse popular, destacando-se: Minas Gerais, com o Congresso Mineiro de Educação, o combate ao clientelismo e a desmontagem do privativismo; São Paulo, com a implantação do ciclo básico, o estatuto
do
magistério,
reforma
curricular;
a
criação
Paraná,
com
dos os
conselhos
regimentos
de
escola
escolares
e e
a as
eleições para diretores; Rio de Janeiro, com os CIEPs, apesar de seu caráter controvertido; e mesmo Santa Catarina, onde a oposição não conquistou o governo do Estado, mas realizou um Congresso Estadual de Educação que permeou todas as instâncias políticoadministrativas da educação catarinense. É nesse contexto que se foi impondo cada vez mais fortemente a exigência
de
se
modificar
por
inteiro
o
arcabouço
da
educação
nacional, o que implicava a mudança da legislação em oportunidade chamada Federal.
surgiu
Nova
com
a
instalação
República) e a
de
elaboração
um da
governo
nova
vigor. A civil
(a
Constituição
capítulo|dois
a trajetória da LDB atual
comunidade educacional organizada se mobilizou fortemente
A
em face do tratamento a ser dado à educação na Constituição Federal que iria resultar dos trabalhos do Congresso Nacional Constituinte instalado em fevereiro de 1987.
Antes mesmo Conferência agosto
de
que os constituintes entrassem
Brasileira 1986,
de
teve
Educação,
como
tema
realizada central
em
em
“A
ação, a
Goiânia
educação
IV em
e
a
constituinte”. E na assembleia de encerramento dessa Conferência foi
aprovada
a
“Carta
de
Goiânia”
contendo
as
propostas
dos
educadores para o capítulo da Constituição referido à educação. Aí previa-se a manutenção do artigo que definia como competência da União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. Mantida a mobilização no sentido de garantir que os pontos da “Carta de Goiânia” fossem incorporados ao texto da Constituição, o que se conseguiu quase totalmente, iniciou-se concomitantemente em 1987 o movimento em torno da elaboração das novas diretrizes e
bases
da
educação
nacional.
Eis
que
o
autor
deste
livro
foi
convidado pela diretoria da A NPEd para proferir conferência sobre o tema “Em direção às novas diretrizes e bases da educação” em sua X Reunião Anual realizada em Salvador, o que de fato aconteceu em 13 de maio de 1987.
No final de 1987, ao definir-se a pauta do número 13 da Revista da
ANDE,
decidiu-se
que
o
tema
central
seria
a
nova
LDB.
Novamente este autor, que à época integrava a equipe editorial da revista, foi chamado a redigir um artigo sobre o tema. Tinha início aí a elaboração do projeto original da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
1. A gestação do projeto original O plano inicial do artigo a ser publicado no número 13 da Revista
da
ANDE
não
previa
a
formulação
de
um
anteprojeto.
Pensava-se em explicitar o sentido da expressão “diretrizes e bases”, reconstituir o
seu histórico
educação, concluindo
com
e destacar a a
sua
apresentação
importância
das
exigências
para
a
que se
deveria levar em conta na elaboração da nova LDB. No entanto, à medida
que
o
texto
foi
tomando
forma,
concluiu-se
que
era
importante pensar a própria estrutura da lei já que o objetivo era a mobilização dos educadores no sentido de influenciar diretamente junto aos parlamentares no processo de elaboração da nova lei. Sem isso correríamos o risco de discutir grandes e relevantes questões que, no entanto, não seriam matéria de uma lei geral de educação ou, mesmo que o fossem, não teríamos clareza sobre a forma em que elas integrariam o texto legal. Em consequência as discussões se perderiam e nós nos desviaríamos do alvo principal. O texto em referência, após esclarecer o significado de uma Lei de
Diretrizes
e
Bases,
apresenta
apresentada e termina com
a
justificativa
uma proposta de texto
da
proposta
para a nova
LDB. Na justificativa esclarecia-se que embora as diretrizes e bases estejam intimamente ligadas sendo difícil discernir umas de outras, julga-se conveniente discriminar, de um lado, as linhas gerais do
sistema
enunciadas
conformação
do
configurando
a
nos
sistema
base
primeiros que
sobre
a
títulos
estrutura qual
deve
e,
de
outro,
os
graus
ser
construído
a
educacionais todo
o
arcabouço da educacação nacional. Quanto às diretrizes foram indicados de forma sucinta os fins (Título I) e definidos o direito à educação (Título II) e o dever e a liberdade de educar (Título III). Até aí reiteravam-se determinados princípios formulados, porém, em coerência com a concepção de LDB que orientava a proposta. Já a inclusão do Título IV versando sobre o sistema nacional de educação traduzia um avanço real na nossa legislação educacional. Com efeito, trata-se de uma tendência que se foi firmando em todas as nações modernas confundindo-se de certo modo a história da
educação
pública
com
a
história
dos
sistemas
nacionais
de
educação. No Brasil também essa questão vem sendo levantada desde a década de 1930 quando a aspiração por se organizar a educação pública a nível nacional começa a se impor irreversivelmente. Assim é que a Constituição de 1934 determinava a competência da União para “fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especializados, e coordenar e fiscalizar a sua execução em todo o território nacional”. Em 1948 o então ministro da educação Clemente Mariani, na “Exposição de Motivos” do anteprojeto da nossa primeira LDB, considerava que o traço mais assinalado do capítulo sobre a educação da Constituição de 1946 era “a oportunidade que abre para um sistema contínuo e articulado de educação para todas as classes, desde o ensino infantil até
o
superior”.
“sistema
nacional
Em de
seguida ensino”.
utiliza E
expressamente
Almeida
Júnior,
a
locução
embora
como
Mariani adepto da descentralização, no Relatório Geral da comissão que elaborou o referido anteprojeto, afirma:
Haverá
no
Brasil,
é
certo,
um
todo
orgânico
formado
pela
totalidade de seus sistemas de ensino – um supersistema coordenado e vitalizado pelas diretrizes e bases nacionais e, mais ainda, pelo que de comum já existe, de norte a sul, nas tradições, nos sentimentos e nos ideais da nacionalidade.
Também Lourenço Filho, ao analisar o título sobre os sistemas de ensino na Lei n. 4.024/1961, afirma que a existência das diretrizes e bases fixadas pela União supõe “centralização funcional de uma parte, e descentralização executiva de outra, num complexo sistema nacional”. Abre-se agora a oportunidade de se consagrar, em termos legais, essa falta
aspiração, criando de
unidade
e
de
mecanismos que permitam harmonia
assim
como
a
ultrapassar a
improvisação
e
descontinuidade que têm marcado a educação em nosso país. Propositalmente
evitou-se
utilizar
a
expressão
“sistemas
de
ensino” para resguardar o caráter de unidade que se entende ser a marca distintiva da noção de sistema. Pela mesma razão também evitou-se a
multiplicação
das
instâncias
normativas
que ficaram
restritas a duas: o plano federal e o estadual. A este nível caberá efetuar
as
adequações
necessárias
ajustando
a
norma
geral
à
especificidade regional e ordenando esta à luz daquela. No Título V vale destacar o tratamento dado aos Conselhos de Educação. A esse respeito duas medidas se revelavam fundamentais: a
forma
de
constituição
dos
Conselhos
e
a
autonomia
de
funcionamento dos mesmos de modo a desatrelá-los do Executivo ao qual estavam totalmente subordinados. Sem isso melhor seria extinguir os conselhos e enfeixar todo o processo administrativonormativo nas mãos do Ministério e das Secretarias de Educação. Para atender àquelas duas exigências propôs-se, de um lado, a diversificação formar
o
das
fontes
Conselho
de
indicação
garantindo,
com
dos
isso,
nomes sua
que
deverão
legitimidade.
De
outro lado, consagrou-se o princípio de autonomia com o que se pretende que o Conselho, à semelhança dos Poderes Legislativo e Judiciário,
disponha
de
orçamento
constrangimentos que sua
próprio
dependência
em
libertando-se
relação
ao
dos
Executivo
tem contraposto ao exercício pleno de suas funções. Obviamente, sendo a proposta referida a uma lei de caráter federal, não lhe cabia determinar a forma de constituição dos Conselhos Estaduais. No entanto, espera-se que a legislação estadual supletiva siga o mesmo espírito quando da regulamentação dessa matéria. Os títulos seguintes estabelecem as bases sobre as quais se deve assentar o sistema nacional de educação como algo concreto, vivo, dinâmico. Destaca-se aí o novo conceito de educação fundamental 1 (educação básica) abarcando desde as atuais creches até os umbrais da universidade. Nesse
âmbito
regulamentação indispensável
a
um
da
passo
educação
partir
da
importante infantil.
foi
Tal
conjuntura
dado
medida
em
com
se
que
a
tornava
então
nos
encontrávamos. Com efeito, ainda que se tratasse de um tipo de educação cuja forma institucional não era obrigatória, é dever do Estado atender às necessidades educacionais da população situada na faixa etária de 0 a 6 anos. A demanda por essa modalidade de educação
vinha
surgimento
de
particulares
que
crescendo um
sensivelmente,
considerável
vinham
abusando
o
número da
que
de
boa-fé
e
propiciou
o
estabelecimentos das
expectativas
educacionais da população e permanecendo, todavia, impunes já que,
organizando-se
sob
a
égide
da
categoria
“cursos
livres”,
ficavam ao abrigo da intervenção das autoridades educacionais. Com órgãos
a
regulamentação
públicos
proposta
responsáveis
pela
viabilizava-se
educação
seja
a
no
ação sentido
dos de
orientar e estimular as iniciativas relevantes sob os pontos de vista social e pedagógico, seja para coibir os eventuais abusos.
Quanto
à
educação
escolar
de
primeiro
grau
(ensino
fundamental), cabia-lhe proporcionar a formação básica necessária à participação dos indivíduos na sociedade em que vivem. Portanto, o modo como está organizada a sociedade atual é a referência para a organização do ensino fundamental. Ora,
o
nível
de
desenvolvimento
atingido
pelas
formações
sociais contemporâneas em geral e pela formação social brasileira em
particular,
colocava
a
exigência
de
um
acervo
mínimo
de
conhecimentos sistemáticos sem o que não se pode ser cidadão, isto é, não se pode participar ativamente da vida da sociedade. O
acervo
matemática, ciências
em
já
referência
incorporadas
naturais,
cujos
inclui na
a
vida
linguagem
da
elementos
escrita
sociedade básicos
e
a
moderna;
as
relativos
ao
conhecimento das leis que regem a natureza são necessários para se compreender
as
transformações
operadas
pela
ação
do
homem
sobre o meio ambiente; e as ciências sociais, através das quais se pode compreender as relações entre os homens, as formas como eles
se
organizam,
as
instituições
que
criam
e
as
regras
de
convivência que estabelecem, as quais vão implicar na definição de direitos e deveres. O último componente, as ciências sociais, na estrutura então vigente, correspondia aos conteúdos de história e geografia. Pelo seu caráter
nuclear,
Obviamente,
o
tais
elementos
currículo
pleno
foram das
registrados
unidades
na
proposta.
escolares
conteria
outros componentes que, por economia, deixou-se de mencionar explicitamente na formulação da proposta. Como se vê, a própria organização da escola de primeiro grau (ensino fundamental) está centrada no trabalho, o qual determina, em
última
instância,
o
conteúdo
curricular.
Entretanto,
se
no
primeiro grau (ensino fundamental) a relação é implícita e indireta, no
segundo
grau
(ensino
médio)
a
relação
entre
educação
e
trabalho,
entre o
conhecimento
e a
atividade prática
deverá
ser
tratada de maneira explícita e direta. O saber tem uma autonomia relativa em relação ao processo de trabalho do qual se origina. O papel
fundamental
da
escola
de segundo
grau será, então, o
de
recuperar essa relação entre o conhecimento e a prática do trabalho. Assim, no ensino médio já não basta dominar os elementos básicos e gerais do conhecimento que resultam e ao mesmo tempo contribuem
para
o
processo
agora, de explicitar como
o
de trabalho
na
conhecimento
sociedade. Trata-se,
(objeto
específico
do
processo de ensino), isto é, como a ciência, potência espiritual, se converte
em
explicitação
potência deve
material
envolver
o
no
processo
domínio
não
de
produção.
apenas
teórico,
Tal mas
também prático sobre o modo como o saber se articula com o processo produtivo. Um
exemplo
de
como
a
atividade
prática,
manual,
pode
contribuir para explicitar a relação entre ciência e produção é a transformação da madeira e do metal pelo trabalho humano. O trabalho com a madeira e o metal tem imenso valor educativo pois apresenta
possibilidades
amplas
apenas
produção
maioria
a
processo
da
produtivo
instrumentos
com
moderno, os
quais
de
transformação.
dos mas
esses
objetos
que
também
objetos
são
a
Envolve
não
compõem produção
produzidos.
o de
No
trabalho prático com madeira e metal, aplicando os fundamentos de diversificadas técnicas de produção, pode-se compreender como a ciência e seus princípios são
aplicados ao
processo
produtivo,
pode-se perceber como as leis da física e da química operam para vencer a resistência dos materiais e gerar novos produtos. Faz-se, assim,
a
articulação
da
prática
com
o
conhecimento
teórico,
inserindo-o no trabalho concreto realizado no processo produtivo. O ensino médio envolverá, pois, o recurso às oficinas nas quais os alunos manipulam os processos práticos básicos da produção;
mas não se trata de reproduzir na escola a especialização que ocorre no processo produtivo. O horizonte que deve nortear a organização do
ensino
médio
é
o
de
propiciar
aos
alunos
o
domínio
dos
fundamentos das técnicas diversificadas utilizadas na produção, e não o mero adestramento em técnicas produtivas. Não a formação de técnicos especializados, mas de politécnicos. Politecnia
significa,
fundamentos
das
aqui,
especialização
diferentes
técnicas
como
domínio
utilizadas
na
dos
produção
moderna. Nessa perspectiva a educação de segundo grau tratará de se
concentrar
nas
modalidades
fundamentais
que
dão
base
à
multiplicidade de processos e técnicas de produção existentes. Esta é uma concepção radicalmente diferente da que propõe um segundo
grau
(ensino
profissionalização determinada
médio)
profissionalizante,
é entendida
habilidade
sem
como
o
um
caso
em
adestramento
conhecimento
dos
que
em
a
uma
fundamentos
dessa habilidade e, menos ainda, da articulação dessa habilidade com o conjunto do processo produtivo. A
concepção
generalização
do
acima ensino
formulada
médio
como
implica formação
a
progressiva
necessária
para
todos, independentemente do tipo de ocupação que cada um venha a exercer na sociedade. Para a educação de terceiro grau (educação superior) propôs-se uma
concepção
ensino
superior
que
implica
destinado
também a
uma
formar
inovação.
profissionais
Além de
do
nível
universitário (a imensa gama de profissionais liberais e de cientistas e
tecnólogos
de
diferentes
matizes),
formula-se
a
exigência
da
organização da cultura superior com o objetivo de possibilitar a toda a população a difusão e discussão dos grandes problemas que afetam o homem contemporâneo. Terminada a formação comum propiciada pela educação básica, os jovens têm diante de si dois
caminhos: a vinculação permanente ao processo produtivo através da ocupação profissional ou a especialização universitária. Ora, em lugar de abandonar o desenvolvimento cultural dos trabalhadores necessário,
a
pois,
um
processo
que
eles
difuso,
trata-se
disponham
de
de
organizá-lo.
organizações
É
culturais
através das quais possam participar em igualdade de condições com os estudantes universitários, da discussão, em nível superior, dos problemas que afetam toda a sociedade e, portanto, dizem respeito aos interesses de cada cidadão. Com isto, além de propiciar o clima estimulante
imprescindível
à
continuidade
do
desenvolvimento
cultural e da atividade intelectual dos trabalhadores, tal mecanismo funciona como um espaço de articulação entre os trabalhadores e os estudantes universitários, criando a atmosfera indispensável para vincular de forma indissociável o trabalho intelectual e o trabalho material. Ressalte-se que essa proposta é bem diversa da atual função da extensão
universitária.
Não
se
trata
de
estender
à
população
trabalhadora, enquanto receptora passiva, algo próprio da atividade universitária. Trata-se, antes, de evitar que os trabalhadores caiam na
passividade intelectual, evitando-se ao
mesmo
tempo
que os
universitários caiam no academicismo. Aliás, Gramsci imaginava que
tal
função
viesse
a
ser
desempenhada
exatamente
pelas
Academias que, para tanto, deveriam ser reorganizadas e totalmente revitalizadas deixando de ser os “cemitérios da cultura” a que estão reduzidas atualmente. Um Título
último referente
prevista
no
excepcionais, filantrópicas
destaque aos
projeto verbas e
que
recursos da
importa para
a
Constituição
públicas
comunitárias,
para ficava
registrar
educação. de
se
diz A
respeito
possibilidade
destinar,
entidades
ao
em
casos
confessionais,
condicionada
ao
pleno
atendimento público, em quantidade e qualidade da escolaridade
no nível do ensino fundamental. Com isso pretendia-se colocar as coisas em seus devidos lugares, fechando o caminho para a inversão que costuma ocorrer nessa matéria quando se argumenta que tal transferência de recursos se justificaria em função da falta de vagas suficientes nas escolas públicas como
previa
a
legislação. Ora, é
exatamente o contrário; a insuficiência de vagas indica justamente que as verbas públicas têm que ser destinadas à educação pública precisamente para que seja sanada a insuficiência. Após essa justificativa apresentava-se o esboço de uma proposta de texto para a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, contendo 68 artigos dispostos na seguinte estrutura: Título I - Dos fins da educação; Título II - Do direito à educação; Título III - Do dever e da liberdade de educar; Título IV - Do sistema nacional de educação; Título V - Da administração da educação e dos conselhos de educação; Título VI - Da educação fundamental: Capítulo I - Da educação anterior ao primeiro grau, Capítulo II - Da educação escolar de primeiro grau, Capítulo III - Da educação escolar de segundo grau; Título VII - Da educação de terceiro grau; Título VIII - Dos professores e especialistas; Título IX - Dos recursos para a educação; Título X - Disposições gerais e transitórias. À
guisa
de conclusão
esclarecia-se que o
texto, denominado
“Contribuição à Elaboração da Nova LDB: um Início de Conversa”, representava, efetivamente, um início de conversa. Fora apresentado já
na
forma
de
uma
espécie
de
anteprojeto
de
lei,
apenas
para
facilitar o desencadeamento da discussão e fixar, de certo modo, os
parâmetros e a forma na qual o debate necessariamente teria que desembocar, tendo em vista o objetivo de se chegar à formulação e, quiçá,
à
aprovação
Educação
de
Nacional
uma
nova
adequada
às
Lei
de
Diretrizes
necessidades
e
e
Bases
da
aspirações
da
sociedade brasileira atual. Para a elaboração da proposta haviam sido levados em conta elementos ainda bastante mutáveis como o que estava previsto no projeto
de
Constituição
Obviamente, Plenário
o
do
texto
da
final
da
Congresso
Comissão
de
Constituição
Constituinte
a
Sistematização.
ser
aprovado
determinaria
pelo
que
se
corrigissem as eventuais discrepâncias entre a proposta da LDB e a norma constitucional. Além disso, reconhecia-se de antemão que a contribuição
apresentada
era
limitada
e
continha,
certamente,
imperfeições. Procurou-se, contudo, fixar as linhas mestras de uma ordenação
da
educação
nacional
orgânica
e
coerente.
Em
consequência, fez-se um esforço de síntese, procurando chegar a um texto enxuto que registrasse o essencial sem se perder em excessivas minúcias como parece convir a uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A
proposta
fevereiro
de
em
1988.
presidente da
referência Em
abril
teve do
a
sua
mesmo
entidade circulou na
XI
redação ano,
Reunião
por
concluída iniciativa
Anual
da
em do
A NPEd
realizada em Porto Alegre de 25 a 29 de abril de 1988. Em julho subsequente,
como
previa
a
pauta
originária,
foi
publicada
na
Revista da ANDE, n. 13, p. 5-14. E no início de agosto de 1988 foi objeto
de
discussão
na
V
Conferência
Brasileira
de
Educação
realizada em Brasília cujo tema central foi exatamente “a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional”. Nessa oportunidade o autor deste livro coordenou o simpósio “Fundamentos Filosóficos, Sociais, Políticos e Culturais da Educação”, tendo apresentado um texto denominado “Os Fundamentos da Educação e a nova LDB”.
Promulgada a Constituição Federal em 5 de outubro de 1988, em dezembro do mesmo ano o deputado Octávio Elísio apresentou na Câmara Federal o projeto de lei que recebeu o número 1.158A/1988 fixando as diretrizes e bases da educação nacional. O projeto em pauta estava constituído pelo texto integral da proposta acima referida, ampliado no Título IX- Dos recursos para a educação, que passou de 7 para 19 artigos. O Anexo I reproduz o teor
completo
do
projeto
original
de
Octávio Elísio, do PSDB de Minas Gerais.
iniciativa
do
deputado
anexo|um
texto do primeiro projeto de LDB apresentado à Câmara dos Deputados em dezembro de 1988 pelo deputado Octávio Elísio
O CONGRESSO NACIONAL Decreta:
TÍTULO I DOS FINS DA EDUCAÇÃO Art. 1º - A educação nacional: a) inspirada nos ideais de igualdade e de liberdade, tem por fim a formação de seres humanos plenamente desenvolvidos, capazes, em consequência, de compreender os direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado e dos diferentes organismos que compõem a sociedade; b) inspirada nos ideais democráticos, visa colocar cada cidadão brasileiro na condição de poder ser governante e de controlar quem governa; c)
inspirada
nos
ideais
de
solidariedade
humana,
promoverá
o
fortalecimento da unidade nacional e a solidariedade internacional, assim como
a
preservação,
difusão
e
expansão
do
patrimônio
cultural
da
humanidade; d) inspirada nos ideais de bem-estar social, tem por objetivo o preparo dos indivíduos para o domínio dos recursos científicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar as possibilidades do meio em função do bem comum.
TÍTULO II DO DIREITO À EDUCAÇÃO Art. 2º - A educação é direito de todos e será promovida e incentivada por todos os meios legítimos disponíveis na sociedade. Art. 3º - O direito à educação é assegurado pela instituição de um sistema nacional de educação mantido pelo poder público, gratuito em todos os níveis, aberto e acessível a todos os brasileiros.
TÍTULO III DO DEVER E DA L IBERDADE DE EDUCAR Art.
4º - A
observado
educação é dever do Estado e é livre à
o
disposto
na
presente
lei
e
as
normas
iniciativa
que,
em
particular,
decorrência,
vierem a ser estabelecidas pelas autoridades competentes.
TÍTULO IV DO S ISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO Art. 5º - Haverá no país um sistema nacional de educação constituído pelos vários
serviços
intencionalmente
educacionais reunidos
de
desenvolvidos modo
a
no
formar
um
território
nacional,
conjunto
coerente,
conforme o disposto na presente lei. Art.
6º
-
O
sistema
nacional
de
educação
articulará
as
redes
federal,
estadual, municipal e particular nos diferentes graus, modalidades e tipos de educação. Art.
7º
-
A
organizarão,
União, em
os
regime
Estados, de
o
Distrito
colaboração,
a
Federal
e
educação
os
Municípios
pública,
com
observância da presente lei. § 1º - A União desenvolverá preferencialmente a educação de terceiro grau;
§ 2º - Os Municípios desenvolverão preferencialmente a educação anterior ao 1º grau e a de 1º grau, não podendo atuar em graus ulteriores, enquanto não estiverem plenamente atendidas as necessidades relativas à
educação
anterior ao 1º grau e à de 1º grau, nos limites de seus territórios. Art.
8º
-
É
da
competência
da
União
autorizar
e
supervisionar
o
funcionamento dos estabelecimentos particulares de 3º grau. §
1º
-
Aos
Estados
que
mantenham
rede
de
3º
grau
própria
com
funcionamento regular, poderá ser delegada a competência referida neste artigo. Art. 9º - É da competência dos Estados e do Distrito Federal autorizar e supervisionar
o
funcionamento
dos
estabelecimentos
municipais
e
particulares de educação anterior ao 1º grau, de 1º e de 2º graus.
TÍTULO V DA ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO E DOS CONSELHOS DE EDUCAÇÃO Art.
10
-
As
instituições
de
educação
mantidas
pela
União
serão
administradas pelo Ministério da Educação, observadas as disposições da presente lei e as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Educação. Art.
11
-
O
Conselho
Federal
de
Educação,
órgão
normativo
a
nível
nacional, será constituído por trinta membros, nomeados pelo presidente da República, com quatro anos de mandato, escolhidos da seguinte forma: – um terço, por indicação do Ministro da Educação; – um terço, por indicação da Câmara Federal; – um terço, por indicação das entidades representativas do magistério. § 1º - De dois em dois anos cessará o mandato de metade dos membros do Conselho, permitida a recondução por uma só vez. Ao ser constituído o Conselho, metade de seus membros terá mandato de apenas dois anos. §
2º
-
Para
o
bom
exercício
de
suas
funções,
o
Conselho
Federal
Educação gozará de autonomia econômica, financeira e administrativa.
de
Art. 12 - As instituições de educação mantidas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios serão administradas pelas respectivas Secretarias de Educação, obedecidas as disposições desta lei e as normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Educação e pelos Conselhos de Educação dos Estados ou do Distrito Federal. Art. 13 - As entidades privadas administrarão suas instituições educacionais com observância da presente lei e das normas fixadas pelo C.F.E., no caso dos
estabelecimentos
de
3º
grau,
e
pelos
C.E.E.,
no
caso
dos
estabelecimentos que atuam nos demais graus. Art.
14
-
Os
Conselhos
Estaduais
de
Educação
organizados
por
leis
estaduais exercerão as atribuições que esta lei lhes consigna. Art. 15 - As linhas mestras da administração da educação serão definidas no Plano Nacional de Educação e nos Planos Estaduais aprovados de quatro em quatro anos pelos respectivos Conselhos de Educação.
TÍTULO VI DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL Art. 16 - A educação fundamental abrange o período correspondente à faixa etária
dos
omnilateral
0
aos dos
17
anos
e
educandos
tem de
por
modo
objetivo a
geral
torná-los
o
desenvolvimento
aptos
a
participar
ativamente da sociedade. Art.
17
-
A
educação
fundamental
compreende
três
etapas:
educação
anterior ao 1º grau, de 0 a 6 anos; educação de 1º grau, dos 7 aos 14 anos; e educação de 2º grau, dos 15 aos 17 anos. Art.
18
-
Os
poderes
progressivamente toda
a
sejam
infraestrutura
públicos
providenciarão
convertidas física,
em
técnica
centros e
para
que
educacionais
de
serviços
as
escolas
dotados
necessária
de ao
desenvolvimento de todas as etapas da educação fundamental. Art. 19 - A educação escolar de 1º e 2º graus será organizada por séries anuais
correspondendo,
cada
uma,
a
um
ano
letivo
de,
no
mínimo,
duzentos dias letivos de trabalho escolar efetivo, sendo a jornada diária de
pelo
menos
quatro
horas,
excluído
o
tempo
reservado
para
recreio
e
merenda. Parágrafo único - Para efeito do disposto neste artigo, a hora de trabalho escolar terá a duração de sessenta minutos. Art. 20 - A verificação do rendimento escolar tanto no 1º como no 2º grau ficará
a
cargo
dos
estabelecimentos
de
ensino,
conforme
o
disposto
nos
respectivos regimentos devidamente aprovados pelo Conselho de Educação a que estiver subordinado. Art. 21 - Os alunos portadores de deficiências físicas ou mentais e os que se encontrem
em
atraso
considerável
quanto
à
idade
regular
de
matrícula
deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos Conselhos de Educação competentes. Art. 22 - Para aqueles que não tenham seguido ou concluído a educação escolar de 1º ou 2º graus na idade própria será organizado ensino regular específico,
além
do
ensino
supletivo
que
abrangerá
cursos
e
exames,
conforme as normas baixadas pelos Conselhos de Educação competentes. Art. 23 - Caberá aos estabelecimentos escolares expedir os certificados de conclusão de série e os diplomas ou certificados de conclusão de 1º ou 2º graus, regular ou supletivo. Art.
24
-
As
empresas
onde
trabalham
menores
em
idade
escolar
estão
obrigadas a adequar os horários de trabalho, inclusive reduzindo a jornada em até duas horas diárias, a fim de possibilitar a frequência dos mesmos às escolas.
CAPÍTULO I DA EDUCAÇÃO ANTERIOR AO PRIMEIRO GRAU Art. 25 - Cabe à família escolher o tipo de educação anterior ao 1º grau que deve dar a seus filhos. Art. 26 - A organização da educação anterior ao 1º grau na forma escolar não é obrigatória, mas é dever do Estado instituir escolas desse nível para
atender à demanda da população. Art. 27 - A educação escolar anterior ao 1º grau tem por objetivo geral o desenvolvimento harmonioso das crianças nos aspectos físico, emocional e intelectual.
Nesse
último
aspecto
terá
como
objetivo
específico,
especialmente na fase dos 4 aos 6 anos de idade, a aquisição dos hábitos psicofísicos necessários à realização do trabalho intelectual. Art.
28
-
A
educação
escolar
anterior
ao
1º
grau
será
ministrada
em
instituições públicas ou particulares. Art. 29 - As instituições particulares de educação anterior ao 1º grau só poderão funcionar mediante prévia autorização e com supervisão dos órgãos próprios da respectiva secretaria estadual de educação. Art. 30 - As empresas que tenham a seu serviço mães de menores de 7 anos serão
obrigadas
a
organizar
e
manter,
por
iniciativa
própria
ou
em
cooperação com os poderes públicos, estabelecimentos de educação anterior ao 1º grau. Art. 31 - Cabe aos Conselhos Estaduais de Educação estabelecer as normas de organização e funcionamento das instituições de educação anterior ao 1º grau, definindo o seu caráter, objetivos e a abrangência de sua ação.
CAPÍTULO II DA EDUCAÇÃO ESCOLAR DE 1º GRAU Art. 32 - A educação escolar de 1º grau é obrigatória a partir dos 7 anos, deve
ser
ministrada
desenvolvimento
na
língua
unilateral
dos
nacional
educandos
e de
tem
por
modo
a
objetivo
geral
o
torná-los
aptos
a
compreender as leis que regem a natureza e as relações sociais próprias da sociedade contemporânea. Parágrafo único - É assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Art. 33 - Os currículos das escolas de 1º grau abrangerão obrigatoriamente o estudo da língua nacional, matemática, ciências naturais e ciências sociais.
§ 1º - O Conselho Federal de Educação fixará as matérias comuns de âmbito nacional, definindo seus objetivos e amplitude; §
2º
-
Os
Conselhos
de
Educação
dos
Estados
e
do
Distrito
Federal
estabelecerão as normas para a organização dos currículos nas escolas sob sua jurisdição; § 3º - Pautando-se nas normas dos Conselhos de Educação, cada escola organizará o currículo pleno, estabelecendo a organização e sequência dos estudos por séries anuais. Art. 34 - A educação escolar de 1º grau terá a duração de oito anos letivos.
CAPÍTULO III DA EDUCAÇÃO ESCOLAR DE 2º GRAU Art. 35 - A educação escolar de 2º grau será ministrada apenas na língua nacional
e tem por objetivo geral
politécnica
necessária
à
propiciar aos
compreensão
teórica
e
adolescentes prática
dos
a
formação
fundamentos
científicos das múltiplas técnicas utilizadas no processo produtivo. Art.
36
-
Para
ingresso
na
educação
escolar
de
2º
grau
será
exigida
a
conclusão do ensino de 1º grau ou de estudos equivalentes. Art. 37 - Os currículos das escolas de 2º grau abrangerão obrigatoriamente além
da
língua
nacional,
o
estudo
teórico-prático
das
ciências
e
da
matemática, em íntima vinculação com o trabalho produtivo. Parágrafo
único
-
As
escolas
de
2º
grau
disporão
de
oficinas
práticas
organizadas preferencialmente como unidades socialmente produtivas. Art.
38
-
O
Conselho
Federal
de
Educação
fixará
as
normas
gerais
de
organização curricular e os Conselhos de Educação dos Estados e do Distrito Federal
procederão
à
adequação
dessas
normas
às
especificidades
das
respectivas regiões. Art. 39 - Com base na orientação dos Conselhos de Educação, as unidades escolares organizarão o seu currículo pleno.
Parágrafo único - As escolas tomarão as medidas necessárias para articular, no
plano
curricular,
a
experiência
prática
dos
alunos
já
vinculados
ao
trabalho socialmente produtivo. Art. 40 - A educação escolar de 2º grau terá a duração de três anos letivos. Art.
41
-
Os
poderes
públicos
tomarão
as
providências
para,
progressivamente, universalizar a educação de 2º grau ampliando para onze anos a oferta de ensino gratuito obrigatório.
TÍTULO VII DA EDUCAÇÃO DE 3º GRAU Art.
42
-
A
educação
de
3º
grau
tem
por
objetivos
a
pesquisa,
o
desenvolvimento das ciências, letras e artes, a formação de profissionais de nível universitário e a difusão e discussão sistemática da cultura superior aberta à participação de toda a população. Art.
43
-
A
educação
de
3º
grau
abrangerá,
além
do
ensino
superior
destinado à formação de profissionais de nível universitário, a organização da cultura superior destinada à difusão e discussão dos grandes problemas que interessam ao conjunto da população. Art. 44 - A educação de 3º grau será desenvolvida preferencialmente em universidades. Art.
45
-
As
instituições
de
educação
de
3º
grau
poderão
ministrar
os
seguintes cursos: a) de graduação; b) de pós-graduação; c) de especialização, aperfeiçoamento e extensão. Além dos cursos mencionados, as instituições organizarão sistematicamente eventos abertos à participação de toda a população, destinados à difusão e discussão da cultura superior.
Art. 46 - Cabe ao Conselho Federal de Educação fixar o currículo mínimo e a
duração
mínima
dos
cursos
superiores
correspondentes
a
profissões
reguladas em lei. Art.
47
-
As
Universidades
gozarão
de
autonomia
didático-científica,
disciplinar, administrativa e econômico-financeira. Art.
48
-
A
disciplinados
organização em
e
estatutos
o e
funcionamento
em
regimentos
das
universidades
próprios,
os
quais
serão serão
submetidos à aprovação do Conselho de Educação competente. Parágrafo único - A aprovação dos regimentos das unidades universitárias passará à competência da universidade, quando esta dispuser de Regimento Geral aprovado na forma indicada. Art. 49 - A organização e o funcionamento dos estabelecimentos isolados de educação
de
3º
grau
serão
disciplinados
em regimentos,
cuja
aprovação
deverá ser submetida ao Conselho de Educação competente. Art. 50 - Os Estatutos e Regimentos disporão sobre a organização dos cursos e
respectivos
eventos
de
currículos;
cultura
administrativas;
a
o
regime
superior;
indicação
as
de
didático
e
unidades seus
escolar;
a
organização
pedagógicas,
dirigentes;
os
de
órgãos
dos
pesquisa
e
colegiados;
a
carreira docente; a organização discente e seus órgãos de representação; as normas
disciplinares
e
demais
disposições
necessárias
ao
bom
funcionamento das instituições de educação de 3º grau. Art. 51 - O Conselho Federal de Educação, após inqúerito administrativo, poderá suspender o funcionamento de estabelecimento de educação de 3º grau ou a autonomia da universidade por motivo de infringência desta lei ou dos próprios estatutos ou regimentos, nomeando diretor ou reitor “pro tempore”.
TÍTULO VIII DOS PROFESSORES E ESPECIALISTAS Art.
52
-
A
formação
de
professores
e
especialistas
para
a
educação
fundamental será feita regularmente em nível de 3º grau, através de cursos
de graduação e pós-graduação resultantes da articulação entre as Faculdades ou
Centros correspondentes aos diferentes componentes curriculares,
e a
Faculdade ou Centro de Educação. Parágrafo único - No estágio atual da formação
de
professores
para
as
educação brasileira
quatro
primeiras
séries
admitir-se-á
do
1º
grau
a
em
cursos de 2º grau organizados de modo a garantir a compreensão teóricoprática
dos
fundamentos
e
procedimentos
que
caracterizam
o
trabalho
pedagógico nas séries iniciais da educação escolar de 1º grau. Art. 53 - Os currículos dos cursos de formação de professores e especialistas serão organizados pelos estabelecimentos a partir das normas baixadas pelos competentes Conselhos de Educação. Art. 54 - As condições para o execício do magistério a nível de 3º grau serão reguladas
nos
Estatutos
e
Regimentos
das
respectivas
instituições
de
educação de 3º grau. Art. 55 - O provimento dos cargos iniciais e finais da carreira do magistério nas instituições oficiais será feito mediante concurso público de provas e títulos. Art.
56
- Nos estabelecimentos particulares de educação a
admissão e a
carreira de professores e especialistas obedecerão às disposições desta lei, às normas que obrigatoriamente devem constar dos respectivos regimentos e ao regime das leis do Trabalho. Art. 57 - O Ministério da Educação, por proposta do Conselho Federal de Educação, encaminhará projeto de lei estabelecendo a carreira nacional dos professores e especialistas em educação.
TÍTULO IX DOS RECURSOS PARA A EDUCAÇÃO Art. 58 - A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito por cento e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, no mínimo,
da
receita
resultante
de
impostos,
inclusive
a
transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
proveniente
de
§ 1º - Os recursos destinados à manutenção e desenvolvimento de ensino resultantes dispõe
da
o
aplicação dos
artigo
212
percentuais
da
referidos
Constituição
neste artigo,
Federal,
visam
conforme assegurar
preferencialmente o cumprimento do preceito de escolarização obrigatória. § 2º - Dos recursos globais destinados à educação e referidos no art. 212 da Constituição,
deverão
ser
aplicados
no
ensino
de
1º
grau,
pelo
menos
cinquenta por cento para eliminar o analfabetismo e universalizar o ensino fundamental, conforme o art. 60 das Disposições Transitórias. Art. 59 - Os recursos mencionados no art. 58 originar-se-ão, na União, da receita de impostos que venha a arrecadar, nos Estados, no Distrito Federal e nos
Municípios,
das
respectivas
receitas
de
impostos
que
venham
a
arrecadar, bem como das que lhes venham a ser transferidas. § 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados,
ao
Distrito
Federal
e
aos
Municípios,
ou
pelos
Estados
aos
respectivos Municípios, não é considerada, para efeitos do cálculo previsto no art. 58, receita do governo que a transferir. §
2º - São excluídos da
receita
de impostos mencionada
no caput deste
artigo os recursos oriundos: a) de operações de crédito internas ou externas; b)
de
entradas
compensatórias,
no
ativo
e
passivo
financeiros,
quando
relativas à receita de impostos; c) do Fundo de Investimento Social- FINSOCIAL, do salário-educação e outras Contribuições sociais ou parafiscais que venham a ser criadas. Art.
60
-
Para
a
fixação
dos
valores
correspondentes
aos
percentuais
mínimos estabelecidos no art. 59 desta lei, serão consideradas a receita e a despesa
estimadas na
Lei de Orçamento Anual, ajustadas,
quando for o
caso, por decreto de abertura de crédito adicionais com base no eventual excesso de arrecadação. § 1º - Na hipótese de abertura de crédito adicional por eventual excesso de arrecadação
não
serão
consideradas
adotando-se como critério de cálculo:
a
receita
e
a
despesa
estimadas,
I - Os valores relativos à receita: a) na data de seu crédito financeiro junto ao Tesouro Nacional, quando se tratar de receita da União, na forma do art. 59. b) na data de seu crédito financeiro aos respectivos Tesouros dos Estados, do
Distrito
Federal
e
dos
Municípios,
quando
se
tratar
de
receitas
das
Unidades Federadas ou dos Municípios, na forma do art. 59 nelas incluídas as transferências que vierem a receber; II - Os valores relativos às despesas com a manutenção e desenvolvimento do ensino: a)
na
data
de
sua
execução
financeira
pelos
Ministérios
competentes,
quando se tratar de dispêndios da União; b) na data de sua execução financeira pelas Secretarias de Educação dos Estados,
do
dispêndios
Distrito
das
Federal
respectivas
ou
dos
Municípios,
Unidades
Federadas
quando
ou
se
tratar
Municípios,
de
destes
excluídas as transferências. c) na data de seu crédito financeiro junto às Secretarias de Educação dos Estados,
do
Distrito
Federal
e
dos
Municípios,
quando
se
tratar
de
transferências da União às Unidades Federadas ou aos Municípios, ou de transferências dos Estados aos respectivos Municípios. §
2º
-
Para
efeito
dos
cálculos
dos
percentuais
previstos
no
art.
58,
os
quantitativos referidos no parágrafo anterior serão corrigidos mensalmente conforme a Taxa de variação das Obrigações do Tesouro Nacional - OTN, ou título que o substitua. § 3º - A diferença entre a receita efetivamente realizada, quando resulte no não atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios determinados no art. 58 será apurada e corrigida em valores reais, nos termos deste artigo, durante
os
diferenças,
dois estas
últimos serão
trimestres
do
compensadas,
exercício
fiscal
igualmente
em
e,
ainda
valores
havendo reais,
no
exercício seguinte. Art. 61 - Os recursos previstos no art. 58 desta Lei destinar-se-ão ao ensino de todos
os
graus,
regular ou
ministrado pela
via
supletiva,
ensino pré-escolar, de excepcionais e de pós-graduação.
incluídos
o
§ 1º - São despesas com a manutenção e o desenvolvimento do ensino todas as que se façam, dentro ou fora das instituições de ensino, com vistas ao disposto
neste
artigo,
desde
que
as
correspondentes
atividades
estejam
abrangidas pelas disposições da presente Lei e suas normas conexas e sejam supervisionadas pelos competentes sistemas de ensino, ou ainda as que: I
-
resultem em bens
ou
serviços
que se integram nas
programações
de
ensino; II - consistam em levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas levados a efeito em instituições integrantes dos sistemas de ensino; III
-
correspondam
à
amortização
e
ao
custeio
de
operações
destinadas ao financiamento de programações de ensino,
de
crédito
nos termos do
caput deste parágrafo e de sua alínea a; IV - importem em concessões de bolsas de estudo a alunos regularmente matriculados
na
rede
pública
dos
sistemas
de
ensino
ou
resultem
em
despesas na forma do parágrafo único do art. 213 da Constituição Federal; V - assumam a forma de atividades-meio de estabelecimento de normas, gestão,
supervisão,
controle,
fiscalização
e
outras,
necessárias
ao
regular
funcionamento dos sistemas de ensino; VI - decorram da manutenção de pessoal inativo, estatuário, originário das instituições de ensino, em razão de aposentadoria. § 2º - Estão excluídas das despesas com a manutenção e desenvolvimento do ensino: a) as
que sejam custeadas
com recursos
não oriundos
de impostos,
nos
termos do § 2º do art. 59; b) as que importem em assistência social, mesmo quando ligadas ao ensino, compreendendo didáticos,
as
de
transporte,
custeio
de
assistência
alimentação,
livros
e
médico-odontológica,
demais
materiais
farmacêutica
e
psicológica e outros similares fornecidos a alunos, docentes ou funcionários dos sistemas de ensino; c) as que importem em assistência hospitalar, mesmo quando ligadas ao ensino,
inclusive
os
gastos
com
hospitais
universitários
que
não
sejam
estritamente indispensáveis às atividades de ensino; d)
as
que
consistam
em
levantamentos
estatísticos,
estudos
e
pesquisas
realizadas em instituições que não integram os sistemas de ensino; e) as que importem em concessão de bolsas de estudo a alunos regularmente matriculados na rede particular dos sistemas de ensino, exceto se amparadas pelo disposto no § 1º do art. 213 da Constituição Federal; f)
as
que
se
traduzam
em
subvenções
a
instituições
privadas
de
caráter
assistencial ou cultural; g) as que se destinem à formação específica de quadros para a administração pública, sejam civis, militares ou diplomáticos, bem como as efetuadas com instituições de ensino de 1º e 2º grau propedêuticos a esta formação; h) as que decorram da manutenção de pessoal inativo, não estatutário nem originário de instituições de ensino, em razão de aposentadoria. Art. 62 - A prestação de assistência técnica e financeira da União, prevista no § 1º do art. 211 da Constituição Federal, fica condicionada ao efetivo cumprimento pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios do disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras cominações legais. Art. 63 - Os órgãos e entidades integrantes dos sistemas de planejamento e orçamento detalharão seus programas de trabalho, de modo que as ações, definidas
nesta
Lei
como
de
manutenção
e
desenvolvimento
do
ensino,
sejam identificadas em seus aspectos operacionais, a nível de subprojeto e subatividade
orçamentários,
para
efeito
de
consideração
nas
fases
da
elaboração e execução do orçamento. Art. 64 - Os órgãos centrais dos sistemas de planejamento e orçamento e administração
financeira,
contabilidade
e
auditoria,
em
suas
áreas
de
atuação, estabelecerão mecanismos e meios de gerenciar, controlar, apurar e divulgar
para
disposto
nesta
o
público
Lei
no
os
que
resultados se
refere
às
que
visem
despesas
dar com
cumprimento a
ao
manutenção
e
desenvolvimento do ensino. § 1º - Os resultados referidos no caput deste artigo serão de domínio público e divulgados na data de aprovação de Lei de Orçamento Anual e ao final de cada trimestre do exercício fiscal.
§ 2º- Compete ao Ministro de Estado da Educação, no âmbito da União, e aos secretários de Educação,
no âmbito dos respectivos Estados,
Distrito
Federal e Municípios, diligenciar para que se dê cumprimento ao disposto no caput deste artigo em seu § 1º. Art.
65
- Compete ao Poder Público proceder, trimestralmente,
à
ampla
divulgação da aplicação dos recursos públicos destinados à educação. § 1º - A divulgação referida no caput deste artigo: a) é da competência do Ministro da Educação no que se refere a despesas realizadas
pela
União
e
será
feita
mediante
publicação
das
informações
pertinentes no Diário Oficial da União e em pelo menos um periódico de grande circulação nacional; b) é da competência dos secretários da Educação dos Estados, do Distrito Federal
e
dos
respectivos
Municípios,
Estados,
no
Distrito
que
se
Federal
refere
e
a
despesas
Municípios,
e
realizadas
será
feita
pelos
mediante
publicação das informações pertinentes no Diário Oficial e em periódico de grande circulação na unidade federada; c)
incluirá
relação
beneficiadas
com
nominal recursos
das
entidades
públicos
assim
de
ensino
como
sem
os
fins
lucrativos
quantitativos
a
elas
destinados e suas respectivas finalidades; d) incluirá indicação das despesas com bolsas de estudos, discriminando-se os
recursos
e
o
número
de
bolsas
por
instituição
em
que
estiverem
matriculados os alunos beneficiados. § 2º - Constitui crime de responsabilidade da autoridade competente o não cumprimento do disposto nos artigos 64 e 65 desta Lei. Art.
66
-
Na
publicação
dos
balanços
das
entidades
de
ensino
de
fins
filantrópicos, referida no art. 65 § 1º, item C será realizada: a) Em periódico de grande circulação nacional, em se tratando de instituição de educação superior; b)
Em
periódico
de
grande
circulação
no
Estado
no
qual
se
situa
a
instituição, caso esta desenvolva atividades de ensino pré-escolar, de 1º e 2º graus.
Art.
67
-
O
Poder
comprovada
Público
sua
concederá
insuficiência
de
bolsas
de
estudo
recursos,
aos
estiverem
alunos
que,
regularmente
matriculados em instituições oficiais de 2º grau ou de educação superior, integrantes dos sistemas de ensino. Art.
68
-
O
ensino
financiamento
o
público
fundamental
salário-educação,
terá
recolhido
como
na
fonte
forma
adicional
desta
Lei
de
pelas
empresas, que poderão deduzir desta contribuição a aplicação realizada com ensino fundamental de seus empregados e dependentes. § 1º - A aplicação dos recursos do salário-educação pelas empresas, referida no caput deste artigo, é restrita à manutenção de escolas próprias de 1º grau, de
caráter
regular
ou
supletivo,
destinadas
a
seus
empregados
e
dependentes, e geridas paritariamente por representantes do empregador e do sindicato da categoria. § 2º - Os recursos de que trata o caput deste artigo serão aplicados exclusiva e diretamente no ensino fundamental público, sendo vedada sua utilização para qualquer outro fim, ressalvado o disposto no § 1º deste artigo e nos §§ 1º e 5º do art. 71. § 3º - É vedada a criação ou manutenção, pelo Poder Público, de sistemas de recolhimento do salário-educação que permitam ao contribuinte optar pela destinação a ser dada aos recursos, ressalvada a hipótese prevista no § 1º deste artigo. Art. 69 - O salário-educação incidirá sobre: I - a receita bruta das empresas públicas e privadas que realizem venda de mercadorias, bem como das instituições financeiras e entidades seguradoras; II
-
o
valor
do
imposto
de
renda
devido,
como
se
devido
fosse,
pelas
empresas públicas e privadas que realizam exclusivamente venda de serviços; III - o excedente financeiro das entidades de ensino de fins não lucrativos e das entidades assistenciais e filantrópicas assim definidas na forma da lei. Parágrafo
único
-
É
vedado
entidades
mencionadas
nos
ao
Poder
incisos
I,
Público II
e
III
conceder, do
às
caput
empresas
deste
e
artigo,
suspensão temporária ou isenção de recolhimento do salário-educação.
Art. 70 - A alíquota do salário-educação será definida por ato do Poder Público
Executivo,
sendo
seu
valor
determinado
em
função
da
receita
estimada de tal forma que esta corresponda a 1/5 (um quinto) da soma das despesas realizadas pela
União, pelos Estados e pelos Municípios com o
ensino público de 1º grau no ano anterior ao da promulgação desta Lei, deduzidas
destas
despesas
aquelas
efetuadas
com
recursos
do
salário-
educação. Parágrafo único - A alíquota do salário-educação poderá ser reajustada a maior, por ato do Poder Executivo, a cada cinco anos contados da data da promulgação desta Lei, sempre que sua receita for inferior ao índice estabelecido no caput deste artigo, calculado no ano anterior ao do reajuste. Art. 71 - O montante da arrecadação do salário-educação, em cada Estado, Município, Território e no Distrito Federal, será creditado: a) 25%
(vinte e cinco por cento) em favor do Ministério da
Educação,
denominado quota federal; b)
60%
(sessenta
respectivo
por
Estado,
cento)
Território
em
favor
da
ou
Distrito
Secretaria Federal,
da
Educação
denominado
do
quota
estadual; c) 15 (quinze por cento) em favor da Secretaria de Educação do respectivo Município, denominado quota municipal. § 1º - Os recursos da quota federal serão aplicados: a)
em
programas,
de
aperfeiçoamento
de
versando
este
sobre
iniciativa
docentes nível
própria
para de
a
do
escola
ensino,
Ministério, de
sendo
1º
grau
vedado
de e
formação de
seu
e
pesquisas uso
para
empréstimos, concessão de bolsas, auxílios ou transferências a instituições de ensino particular. b)
em
transferências
aos
Estados,
aos
Territórios
e
ao
Distrito
Federal,
segundo critérios determinados por ato do Poder Executivo, que levem em consideração o respectivo déficit de escolarização obrigatória na faixa etária dos 7 aos 14 anos e o valor da respectiva quota estadual.
§ 2º - O valor total das transferências referidas na alínea b do § 1º deste artigo não poderá ser inferior a 4/5 (quatro quintos) do montante da quota federal. § 3º - Os recursos da quota estadual serão aplicados: a) nos Estados e no Distrito Federal, na manutenção e desenvolvimento do ensino público de 1º grau, de acordo com os planos de aplicação aprovados pelos respectivos Conselhos de Educação; b)
nos
critérios
Estados,
em
transferências
determinados
por
ato
aos
do
respectivos
Poder
Municípios,
Executivo,
que
segundo
levem
em
consideração o respectivo déficit de escolarização obrigatória na faixa etária dos 7 aos 14 anos e o valor da respectiva quota municipal. § 4º - O valor total das transferências mencionadas na alínea b do § 3º deste artigo não poderá ser inferior a um terço do montante da quota estadual somado ao valor das aplicações diretas realizadas pelas empresas, no Estado. § 5º - Os recursos da quota municipal serão aplicados em programas de manutenção
e
desenvolvimento
do
ensino
de
1º
grau,
aprovados
pelos
respectivos Conselhos de Educação no caso de Municípios de porte médio ou maiores. § 6º - O órgão ou agência que vier a arrecadar o salário-educação fará jus a 0,01% (um décimo de um por cento) do valor da quota federal, da quota estadual e da quota municipal, o qual lhe será transferido pela União e pelo Distrito Federal ou
pelo Estado e respectivo Município ao final de cada
trimestre do exercício. § 7º - Os créditos de que tratam as alíneas a, b e c do caput deste artigo serão efetivados, no máximo, após quinze dias contados da data de arrecadação dos recursos pela agência ou órgão dela encarregado. § 8º - As transferências da União aos Estados e ao Distrito Federal, e dos Estados
aos
respectivos
Municípios,
serão
efetivadas,
no
máximo,
após
quinze dias contados da data dos créditos mencionados no § 7º deste artigo. § 9º - Ao final do exercício fiscal, as diferenças eventualmente existentes para satisfação das proporções mínimas mencionadas nos §§ 2º e 4º deste artigo serão compensadas no exercício seguinte,
corrigidas segundo as taxas de
variação das Obrigações do Tesouro Nacional – OTN, ou título que venha a substituí-lo. § 10º - As transferências mencionadas neste artigo ficam condicionadas: I
- no caso de transferência
aplicação
do
percentual
da
União aos
mínimo
de
25%
Estados da
e Distrito Federal,
receita
de
impostos
à
na
manutenção e desenvolvimento do ensino, nos termos desta Lei, apurados trimestralmente. II - no caso de transferências dos Estados aos respectivos Municípios, ao disposto no item I deste parágrafo, à aprovação do estatuto do Magistério pela Câmara Municipal e à comprovação de seu efetivo cumprimento. Art.
72
-
As
universidades
gozam
de
autonomia
didático-científica,
administrativa e de gestão financeira e patrimonial. Art.
73
-
A
União
destinará
recursos
à
universidade
federal
visando
assegurar à instituição: I - adequada manutenção e expansão das atividades de ensino, pesquisa e extensão; II
-
padrão
de
qualidade
de
suas
atividades-fim
e
seu
continuado
aperfeiçoamento; III - democratização das oportunidades de acesso e de prosseguimento de estudos; IV - autonomia de gestão financeira e patrimonial. Art. 74 - O orçamento geral da União consignará, sob a forma de dotação global,
os
recursos
destinados
princípios expressos no art. 73
à
Universidade
federal
obedecidos
os
desta Lei, considerado o plano bienal de
desenvolvimento da instituição. § 1º - A universidade federal encaminhará ao Ministério da Educação, para informação atendimento
do no
Poder
Executivo
disposto
no
e
caput
do
Poder
deste
Legislativo,
artigo
e
com
demais
vistas
ao
providências
cabíveis por parte do Poder Público: a) a previsão dos recursos necessários à execução de suas atividades-fim, segundo o seu plano bienal de desenvolvimento;
b) os eventuais ajustes semestrais da previsão constantes do plano bienal, conforme requerido pelo desenvolvimento de suas atividades. § 2º - Os recursos do tesouro destinados pela União à universidade federal durante um exercício fiscal não poderão ter valores percentuais inferiores ao montante que lhe foi transferido no exercício precedente, salvo se houver ocorrido desativação de curso ou unidade, e incluirá margem de aumento que permita novos investimentos e custeios, com vistas ao atendimento do disposto no art. 74. § 3º - Como critério de cálculo para cumprimento do disposto no § 2º deste artigo, será tomada a proporção entre os recursos do tesouro destinados à universidade
federal
e
a
receita
tributária
da
União
no
exercício
fiscal
correspondente. Art.
75
-
Compete
à
universidade
federal,
no
gozo
de
sua
autonomia,
elaborar seu orçamento. §
1º - O orçamento da
colegiados
competentes,
universidade federal será após
discussão
aprovado pelos órgãos
envolvendo
a
representação
de
todos os segmentos da comunidade universitária, nos termos dos estatutos da instituição. § 2º - O orçamento da universidade federal será amplamente divulgado no âmbito
interno
da
instituição
e,
bem
assim,
junto
ao
público
em
geral,
competindo ao Reitor diligenciar para dar cumprimento ao disposto neste parágrafo. § 3º - A universidade federal dará conhecimento ao Ministério da Educação, anualmente, de seu orçamento aprovado, assim como, semestralmente, das alterações nele efetuadas durante o exercício fiscal. § 4º - A universidade federal adotará a sistemática de gestão orçamentária e financeira adequada ao cumprimento de suas atividades-fim, respeitadas as normas gerais de contabilidade que regem a matéria, sendo-lhe facultado: a) transferir recursos de uma para outra dotação; b) abrir créditos suplementares por ocasião de aumento de receita; c) executar ou anular restos a pagar;
d) incorporar ao seu saldo patrimonial os saldos de exercícios anteriores, considerando-os como receita própria no orçamento do exercício seguinte; e) efetuar demais transferências, quitações e tomar outras providências de ordem
orçamentária,
financeira
e
patrimonial
necessárias
ao
bom
desempenho da instituição. § 5º - A universidade federal deve estar apta a fornecer a qualquer tempo, ao público em geral e ao Ministério da Educação em especial, as informações necessárias
ao
acompanhamento
do
seu
desempenho
financeiro,
administrativo, patrimonial e didático-científico. §
6º
-
O
Tribunal
balanço
de
da
Contas
universidade
da
União,
federal
será
de
será
submetido
domínio
público
e
a
exame
do
amplamente
divulgado pela instituição. Art.
76
- A
rentável,
União dotará
sob
a
forma
de
a
universidade federal
prédios,
terrenos,
ações
de patrimônio próprio de
empresas
estatais
e
outros bens, tendo por fim assegurar-lhe receita própria, sem prejuízo do disposto no art. 74. § 1º - A receita da universidade federal advinda de seu patrimônio próprio integrará o orçamento e o balanço da instituição e não será computada para efeito do que dispõem os parágrafos 2º e 3º do art. 74. § 3º - A gestão do patrimônio próprio da universidade federal será pautada pela
eficiência
no
uso
dos
bens
e
visará
permitir
maior
flexibilidade
no
custeio das atividades-fim da instituição. §
4º
-
A
critérios
dotação
de
referida
no
proporcionalidade
caput do
deste
valor
artigo
do
será
realizada
patrimônio
em
segundo
relação
às
despesas realizadas pela instituição com recursos do tesouro, no ano anterior ao da promulgação desta Lei. §
5º
-
É
vedado
exceto para
à
universidade
federal
alienar
seu
aquisição, no mesmo exercício fiscal,
patrimônio
próprio,
de outro bem de valor
comprovadamente idêntico ao do alienado ou maior do que este, ou ainda, em
casos
Educação,
excepcionais, concedida
à
mediante vista
requerente, na forma da lei.
de
autorização petição
expressa
do
fundamentada
Ministério da
da
instituição
§ 6º - A alienação de patrimônio próprio da universidade federal, na forma do disposto no parágrafo 5º deste artigo, depende de aprovação de dois terços do Conselho Universitário da instituição. Art. 77 - Os Estados e Municípios ajustarão sua legislação do ensino ao disposto nesta Lei.
TÍTULO X DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Art.
78
-
Os
pedagógicas,
Conselhos
com
de
regimes
Educação
diversos
poderão
dos
autorizar
prescritos
na
experiências presente
lei,
assegurando a validade dos estudos assim realizados. Art.
79
-
A
transferência
de
alunos
de
um
para
outro
estabelecimento,
inclusive de escola de outro país, será regulada pelos Conselhos de Educação competentes. Art. 80 - O ensino ministrado nos estabelecimentos militares é regulado por lei específica. Art.
81
- As questões suscitadas pela
transição entre o regime até agora
vigente e o instituído pela presente lei serão resolvidas pelo Conselho Federal de Educação. Art. 82 - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 83 - Revogam-se as disposições em contrário.
2. Do projeto original ao Substitutivo Jorge Hage (dez./1988-jun./1990) Já
em
apresentou
15
de
uma
dezembro primeira
de
1988
emenda
o
de
próprio autor,
Octávio
seguida
de
Elísio uma
segunda em 4 de abril de 1989 e de uma terceira em 13 de junho de 1989. Submetido à apreciação da Comissão de Constituição, Justiça
e
Redação,
o
projeto
“constitucionalidade,
obteve
juridicidade
parecer
e
boa
favorável
técnica
à
legislativa”,
aprovado pela Comissão em 29 de junho de 1989. Em março de 1989 o deputado Ubiratan Aguiar (PMDB-CE), então presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara,
constituiu
um
Grupo
de
Trabalho
da
LDB
sob
a
coordenação de Florestan Fernandes (PT-SP), tendo sido indicado relator Jorge Hage (na época PSDB-BA). Ao projeto original foram anexados 7 projetos completos, isto é,
propostas
alternativas
à
de
Octávio
Elísio
para
fixação
das
diretrizes e bases da educação nacional, e 17 projetos tratando de aspectos
específicos
correlacionados
com
a
LDB,
além
de
978
emendas de deputados de diferentes partidos. Mas além dessas propostas formalmente registradas na Câmara dos Deputados, é preciso mencionar que um número incontável de sugestões dos mais diferentes tipos e oriundas das mais diversas fontes e dos mais distintos locais também foi levado à consideração do relator. Em verdade, como testemunhou o próprio relator, teve início
em
março
de
1989
“o
que
talvez
tenha
sido
o
mais
democrático e aberto método de elaboração de uma lei de que se tem notícia no Congresso Nacional”. De início importa considerar que diferentemente da tradição brasileira em que as reformas educacionais resultam de projetos invariavelmente
de
iniciativa
do
Poder
Executivo,
neste
caso
a
iniciativa se deu no âmbito do Legislativo e através de um projeto gestado no interior da comunidade educacional. Esta manteve-se mobilizada principalmente através do Fórum em Defesa da Escola Pública
na
âmbito
nacional:
CGT,
LDB
CNTE,
que
reunia
A NDE,
CNTEEC,
aproximadamente
A NDES-SN, CONAM,
A NPAE,
30
A NPEd,
CONARCFE
entidades CBCE,
(depois
de
CEDES,
A NFOPE),
CONSED, CONTAG , CRUB, CUT, F ASUBRA , FBAPEF, F ENAJ, F ENASE, F ENOE
(as duas últimas, depois, se integraram à CNTE), OAB, SBF, SBPC, UBES,
UNDIME
e
UNE,
além
das
seguintes
entidades
convidadas:
CNBB, I NEP e AEC. O deputado Jorge Hage, na condição de relator, demonstrou competência, negociação
tenacidade, e
foi
capacidade
incansável
de
trabalho,
no
habilidade
empenho
em
de
ouvir
democraticamente todos os que, a seu juízo, pudessem de alguma forma
contribuir para
o
equacionamento
da
matéria
em
pauta,
tendo percorrido o país a convite ou por sua própria iniciativa para participar de eventos dos mais diferentes tipos em que expunha o andamento do projeto e acolhia as mais diversas sugestões. Já no primeiro semestre de 1989 foram ouvidas em audiências públicas cerca de 40 entidades e instituições. E no segundo semestre do
mesmo
ano
especialistas
foram
promovidos
convidados
para
seminários
discutir
os
temáticos
pontos
com
polêmicos
do
substitutivo que o relator vinha construindo. Finalmente, no primeiro semestre de 1990, mais precisamente entre
9
de
maio
e
28
de
junho,
desencadeou-se
o
processo
de
negociação e votação na Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados, agora presidida pelo deputado Carlos Sant’Anna sob cuja direção se deu o exame detalhado, artigo por artigo, parágrafo por parágrafo, entabulando-se negociações diárias à luz das quais o relator foi reescrevendo o texto dando origem à terceira
versão
de seu substitutivo. Ao
final
do
processo
que se
consumou em 28 de junho de 1990, o texto logrou a aprovação unânime,
transformando-se
conteúdo
se
distribuía
por
no 172
substitutivo artigos
da
Comissão.
desdobrados
em
Seu
grande
número de parágrafos, incisos e alíneas e ordenados em 20 capítulos na seguinte estrutura: Capítulo I - Da Educação Capítulo II - Dos fins da educação nacional
Capítulo III - Do direito à educação e do dever de educar Capítulo IV - Dos princípios da educação escolar Capítulo V - Do sistema nacional de educação Capítulo VI - Da educação escolar e seus níveis Capítulo VII - Da educação básica Capítulo VIII - Da educação infantil Capítulo IX - Do ensino fundamental Capítulo X - Do ensino médio Capítulo XI - Da formação técnico-profissional Capítulo
XII
-
Da
educação
básica
de
jovens
e
adultos
trabalhadores Capítulo XIII - Da educação superior Capítulo XIV - Da educação especial Capítulo XV - Da educação para comunidades indígenas Capítulo XVI - Da educação a distância Capítulo XVII - Dos profissionais da educação Seção I - Da formação Seção II - Da carreira Capítulo XVIII - Dos estágios Capítulo XIX - Dos recursos financeiros Capítulo XX - Das disposições gerais e transitórias. O
texto
em
referência
representava
inegavelmente,
em
confronto com a situação ainda vigente, um avanço. Seu tom geral era
progressista, não
necessitariam aprovação, o
ser
obstante a
revistos
e
autor deste livro
existência
de vários pontos que
modificados.
Logo
após
a
empreendeu uma análise em
sua que
destacava os pontos positivos e negativos do substitutivo elaborado pelo relator o qual passou a ser conhecido como “Substitutivo Jorge Hage”. Seguem abaixo, os pontos referidos:
2.1. Aspectos positivos do “Substitutivo Jorge Hage” ao projeto de LDB 2.1.1. A abrangência da lei
O empenho em conceituar a educação de forma ampla, assim como
a
tentativa
de
articular
a
variada
gama
de
iniciativas
educacionais sob o conceito de sistema nacional de educação, em que
pesem
parte,
alguns
devem
incorporados ulterior,
ser à
para
problemas
que
contabilizados
legislação, superar
a
serão
como
poderão visão
levantados avanços,
contribuir,
fragmentária
na
que, num
e
o
segunda uma
vez
momento estado
de
desagregação em que se encontra a nossa educação. Indicadora da abrangência do projeto é também a inclusão explícita da educação de jovens e adultos trabalhadores, educação especial, educação de populações indígenas, formação técnico-profissional e educação à distância que mereceram um tratamento articulado com a educação escolar regular.
2.1.2. A tentativa de se configurar um sistema nacional de educação
Tal tentativa consubstanciada no extenso Capítulo V, embora ainda
bastante
problemática
como
será
evidenciado
posteriormente, não deixa de ser altamente significativa, pois rompe com a atitude até agora invariavelmente tomada pelos educadores em geral e especialmente pelos legisladores, a qual consiste em fugir a essa questão considerando o sistema como algo constantemente referido,
mas
cujo
sentido
permanece
sempre
implícito,
supostamente compreendido mas jamais assumido explicitamente. A consagração da noção de sistema nacional de educação no texto legal pode abrir caminho para a construção de uma escola comum,
extensiva
a
todo
o
território
nacional,
unificada
pelos
mesmos
objetivos, organizada sob normas também comuns e regida pelo mesmo padrão de qualidade.
2.1.3. A regulamentação da pré-escola (educação infantil)
Considerando socioeconômico educação
os
e
escolar
níveis
e
educacional na
faixa
o
tipo
que
etária
de
desenvolvimento
atingimos,
de
0
a
6
a
demanda
anos
tem
por
crescido
significativamente. Em consequência, têm proliferado “pré-escolas” de
iniciativa
particular
que
se
organizam
na
forma
de
“cursos
livres”, não integrando, portanto, o sistema de ensino. Com isso independem Público.
de
Nessas
autorização,
supervisão
circunstâncias,
os
e
fiscalização
eventuais
do
abusos
Poder
cometidos
ficam impunes, pois o Poder Público não pode realizar correição, já que, na condição de “cursos livres”, tais instituições ficam sob a responsabilidade exclusiva das respectivas mantenedoras. Assim, as irregularidades, autoridades situação
mesmo
quando
educacionais,
pode
ser
não
ilustrada
formalmente
geram
com
o
denunciadas
consequência
caso
concreto
alguma. da
às Tal
denúncia
formulada na cidade de Campinas-SP e que foi objeto de um longo parecer por mim relatado no Conselho Estadual de Educação (Cf. Parecer CEE n. 1.751/1985). Após examinar detidamente a questão sob os aspectos legal, pedagógico e social, concluí pela apresentação de duas alternativas, as
quais
deveriam
ser
examinadas
amplamente
por
todos
os
envolvidos com o problema, tendo em vista a obtenção de sugestões para o seu devido equacionamento. Alguns
meses
depois
a
Delegacia
Regional
de
Ensino
de
Campinas encaminhou sugestões cujo primeiro e principal ponto propunha
“legislação
tornando
obrigatória
a
autorização
para
funcionamento de todos os estabelecimentos que trabalham com crianças
na
faixa
etária
do
pré-escolar,
definindo
qual
a
idade
abrangida por tal faixa”. Respondi à DRE de Campinas, através de um novo parecer do Conselho Estadual de Educação, que essa proposta no âmbito do estado de São Paulo esbarrava na legislação federal atual que torna possível a organização desses estabelecimentos na forma de “cursos livres”. Para viabilizar a proposta seria necessário alterar a legislação sobre
os
sistemas
de
ensino.
E
acrescentava
no
referido
parecer
redigido em junho de 1987:
Tal oportunidade se apresenta agora, com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que por certo deverá decorrer da nova Constituição
do
país,
atualmente
sendo
elaborada
pela
Assembleia
Nacional Constituinte. A nova LDB é o lugar adequado para incluir as escolas de educação infantil no âmbito do ensino regular, sujeito às normas de funcionamento e à supervisão dos sistemas de ensino.
O projeto-substitutivo aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara contempla satisfatoriamente essa importante questão.
2.1.4. Algum avanço no ensino médio
O ensino médio constitui um verdadeiro nó na organização da educação escolar. Há uma grande dificuldade de se definir o lugar e o papel desse grau no conjunto do sistema de ensino. Embora no texto do projeto ainda persista um certo grau de dualidade entre o ensino geral e profissionalizante, deve-se reconhecer que já houve algum progresso no sentido de se localizar o eixo desse grau escolar na
educação
politécnica
ou
tecnológica.
E
pode-se,
mesmo,
interpretar a timidez da sua formulação, do mesmo modo que o
complemento
profissionalizante
previsto
no
artigo
53
como
concessões exigidas pela “realidade rebelde” de nossas deficiências sociais
e
educacionais
interesses
divergentes
ou e
pela
negociação
conflitantes.
Uma
entre
parceiros
avaliação
com
sumária
da
conjuntura presente indica que dificilmente será possível avançar mais nesse terreno no momento atual. Resta esperar, pois, que a pequena conquista representada pelo inciso IV do artigo 51 seja confirmada no texto final, de modo a constituir um patamar que possibilite,
na
oportunidade
subsequente,
avanços
mais
significativos.
2.1.5. A redução da jornada de trabalho
O capítulo XII contém medida que considero decisiva para a questão
da
qualidade da
educação
dos
jovens
trabalhadores, de
modo especial no tocante ao ensino noturno. Trata-se da redução da
jornada
frequência
de à
trabalho
escola.
de
Tal
modo
medida
a
viabilizar
pode
abrir
as
condições
caminho
de
para,
aprofundando-se o seu alcance, corrigir a distorção representada pela tendência a subordinar a escolarização à realidade da jornada de
trabalho
jovens
em
dos
alunos-trabalhadores.
idade
escolar
que
Ora,
em
se
obrigatoriamente
tratando devem
de
estar
frequentando as instituições de ensino, o contrário é que deve ser feito, subordinando-se a jornada de trabalho à duração regular da jornada escolar.
2.1.6. A instituição do salário-creche
Trata-se de uma medida com duplo efeito positivo. De um lado ela viabiliza o cumprimento do dispositivo constitucional (artigo 208, inciso IV) que considera o atendimento educacional às crianças de 0 a 6 anos como dever do Estado. De outro lado, garante que tal
atendimento se efetive sem que se faça uso do montante de recursos obtidos através dos mecanismos destinados ao ensino fundamental, como é o caso do salário-educação.
2.1.7. A delimitação do que pode e do que não pode ser considerado como despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino
Essa
medida
é
dispersão
e
educação.
Com
construir
estrada
da
mesmo
maior
importância
desvios
efeito,
sem
vicinal
no
uso
esse com
porque
dos
recursos
dispositivo recursos
permite
evitar
destinados
pode-se
até
educacionais
à
mesmo sob
o
argumento de que a estrada é necessária para acesso (físico) dos alunos à escola.
2.2. Aspectos a serem revistos 2.2.1. O conceito de sistema nacional de educação
Não
obstante
o
avanço
representado
por
este
dispositivo,
é
preciso levar em conta que a questão está ainda um tanto nebulosa. Com
efeito, cabe indagar se a
experiências sistema.
Em
populares, verdade
inclusão
cursos esse
livres
conceito
de instituições culturais,
etc.,
não
denota
descaracteriza
um
conjunto
o de
atividades que se cumprem tendo em vista determinada finalidade, o que implica que as referidas atividades são organizadas segundo normas que decorrem dos valores que estão na base da finalidade preconizada.
Assim,
sistema
implica
organização
sob
normas
comuns que obrigam a todos os seus integrantes. Ora, os cursos livres são tais exatamente porque não se subordinam às normas gerais e comuns. Dessa maneira, parece que os cursos livres, por definição, estão fora do sistema educacional.
Por outro lado, nas sociedades modernas a instância dotada de legitimidade para legislar, isto é, para definir e estipular normas comuns que se impõem a toda a coletividade, é o Estado. Daí que, a rigor, só se pode falar em sistema, em sentido próprio, na esfera pública. Por isso as escolas particulares integram o sistema quando fazem parte do sistema público de ensino, subordinando-se, em consequência, às normas comuns que lhe são próprias. Assim, é só por analogia que se pode falar em “sistema particular de ensino”. O abuso da analogia resulta responsável por boa parte das confusões e imprecisões
que
cercam
a
noção
de
sistema,
dando
origem
a
expressões como sistema público ou particular de ensino, sistema escolar, sistema de ensino superior, primário, profissional etc. Nesse
contexto
cabe
indagar
se
é
correto
e,
mesmo,
se
é
oportuno incluir as experiências de educação popular no âmbito do sistema. Tais experiências, à medida que se originam dos próprios movimentos populares, não se caracterizam exatamente pela sua autonomia em face da regulamentação estatal? E não seria desejável que essa autonomia fosse não só mantida como estimulada? Algo semelhante poderia ser dito das instituições culturais. Cabe
observar
que
as
dificuldades
em
relação
a
esse
tema
decorrem já do próprio texto constitucional. Tudo indica que os constituintes
procederam
nesse
assunto
segundo
aquela
atitude
antes descrita, pressupondo tacitamente o significado de sistema, mas
sem
introduziram
compreendê-lo. no
texto,
por
Com
isso,
analogia,
o
inadvertidamente,
conceito
de
sistema
municipal de ensino. Ora, a própria Constituição, ao prescrever no artigo 22, inciso XXIV, que compete privativamente à União legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional; que compete à União, aos Estados e ao
Distrito
cultura,
Federal
ensino
e
legislar
desporto
concorrentemente (artigo
24,
inciso
sobre IX);
educação, e
que
é
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios
educação
e
à
proporcionar
ciência
(artigo
os
meios
23,
de
inciso
acesso
V),
não
à
cultura,
estendeu
à
aos
Municípios a competência para legislar em matéria de educação. Portanto, não tendo autonomia para baixar normas próprias sobre educação
ou
impedidos
ensino,
de
os
instituir
Municípios
sistemas
estão
próprios,
constitucionalmente
isto
é,
municipais,
de
educação ou de ensino. Não obstante, o texto constitucional deixa margem, no
artigo
211, para que se possa falar em
sistemas de
ensino dos Municípios. Trata-se, obviamente, da organização das redes de escolas dos Municípios, as quais, apenas por analogia, são chamadas aí de sistemas de ensino dos Municípios. O
texto
do
substitutivo
procurou,
sabiamente
a
meu
ver,
contornar essa dificuldade, distinguindo “sistemas de ensino” de “sistemas de educação” e incluindo os diferentes sistemas de ensino, aqui
entendidos
como
conjuntos
de
instituições
independentemente de se reger ou não por normas próprias, no “sistema
nacional
de
educação”.
Entretanto,
permanece
a
ambiguidade. No que se refere ao “sistema nacional de educação” a ambiguidade
decorre
da
abrangência
excessiva.
Com
efeito,
de
acordo com a regra da lógica formal segundo a qual quanto maior a compreensão menor a extensão e vice-versa, uma noção que abarca tudo já não significa mais nada. Assim, dada a extensão ilimitada do
“sistema
nacional
de
educação”,
tal
conceito
resulta
muito
pouco compreensivo. Já em relação aos “sistemas municipais de ensino” a ambiguidade decorre do uso analógico, o qual acabou permitindo a interpretação segundo a qual os Municípios seriam dotados da faculdade de instituir sistemas próprios de ensino, o que conflita, Federal.
como
já
mostrado,
com
o
Título
III
da
Constituição
2.2.2. O Conselho Nacional de Educação
No que diz respeito ao Conselho Nacional de Educação, me pareceu
problemática
a
composição
prevista
no
substitutivo.
A
representação por entidades ou por níveis ou tipos de instituições de ensino
acaba
conferindo
ao
órgão
corporativo. Nesse caso, cada interesses
específicos
subordinando-lhes
os
da
uma
composição
conselheiro
tenderá
corporação
interesses
que
comuns
da
a
de
caráter
defender
ele
os
representa,
educação
nacional.
Acresce que, frequentemente, os interesses particulares a cada uma das corporações se contrapõem entre si, tornando problemático o processo de decisão do Conselho. Penso
que
apresentei
seria
em
mais
minha
indicada
proposta
uma
solução
inicial,
que
do
tipo
que
implicava
a
diversificação das fontes de indicação dos membros do Conselho sem
lhe
atribuir,
entretanto,
caráter
corporativo.
Assim,
as
entidades participam do processo de indicação de conselheiros, mas não indicam representantes seus. Com efeito, se pensarmos, por exemplo,
na
Confederação
Nacional
dos
Trabalhadores
em
Educação (CNTE), faz diferença determinar que lhe cabe participar da
indicação
de
conselheiros
ou
definir
que
ela
irá
indicar
representantes do magistério do ensino básico. No primeiro caso, ela poderá indicar nomes que, a seu juízo, estarão capacitados a defender os interesses da educação nacional, independentemente de atuar
neste
modalidade,
ou
naquele
em
escola
nível
pública
de
ensino,
nesta
ou
privada;
ao
ou
passo
naquela que,
no
segundo caso, ela terá necessariamente que indicar professores do ensino básico, com o agravante de que, nos termos do substitutivo, deverá ser um da rede pública e outro da rede privada. Vê-se, assim, que, embora a composição do CNE, globalmente considerada, não colida com o espírito dominante no substitutivo
que prioriza o ensino público, pelo mecanismo adotado chegou-se ao ponto de prever, no inciso VI do artigo 24, que os donos de escolas particulares estejam representados no Conselho. Ora, há aí uma inversão. Para alguém ser dono de escola no âmbito do ensino regular, ele terá
que se sujeitar às
normas
definidas
pelo
Poder
Público; caso contrário, ele sequer tem direito de possuir escola. No entanto, pelo dispositivo analisado, porque é dono de escola ele tem direito,
ele
Conselho,
próprio o
que
ou
seu
representante,
significa
que
ele
de
estará,
ter
assento
nessa
no
condição,
participando da definição das próprias normas a que terá de se submeter. Quero deixar claro, aqui, que não estou negando o seu direito
a
essa
envolvido
participação,
com
a
a
qual
problemática
lhe
cabe
educacional.
enquanto O
que
cidadão
me
parece
descabido é fundar esse direito na sua condição de proprietário de escola.
Entendo
composição
que
do
é
CNE
exatamente que
acabou
a
concepção
conduzindo
corporativa a
esse
tipo
da de
inversão. O problema acima levantado avulta em importância à medida em
que
constatamos
Conselho
uma
gama
que
o
substitutivo
enorme
de
enfeixou
atribuições,
o
nas
que
mãos
lhe
do
confere
grande poder. Nesse contexto, o modo como se dá a investidura dos conselheiros se torna decisivo no que respeita aos rumos a serem tomados pela educação no país.
2.2.3. O Fórum Nacional de Educação
Qual
o
sentido
do
Fórum?
Se se trata
de um
órgão
apenas
consultivo, por que a lei o institui, definindo até com um certo detalhe a sua composição? Se as suas conclusões podem não ser convertidas em normas a serem obrigatoriamente cumpridas, qual o
seu
significado
no
âmbito
legal?
Qual
a
diferença
entre ele e
iniciativas semelhantes não previstas em lei, como, por exemplo, a Conferência Brasileira de Educação? Nas
condições
propostas
prevê-se
que
o
Fórum
terá
dificuldades de se instalar, mesmo porque não foram consignados os
recursos
garantam
necessários
os
recursos,
ao
seu
dado
o
funcionamento. caráter
E,
ainda
meramente
que
se
consultivo,
a
tendência será na direção de um rápido esvaziamento do Fórum. Parece, pois, que nos termos propostos esse órgão é inócuo, sendo portanto,
inteiramente
dispensável,
desde
entidades nele representadas já se fazem
que
quase
todas
as
representar também
no
Conselho Nacional de Educação. Além do mais, já que se trata de uma
instância
consultiva
do
CNE,
parece
mais
lógico
que
o
Conselho consulte diretamente as próprias entidades, recolhendo as sugestões e propostas e articulando-as em
vista do
originou
elaboração
a
consulta,
como
é
o
caso
da
objetivo do
que
Plano
Nacional de Educação. À vista do exposto, entendo que só faz sentido instituir na LDB o
Fórum
Nacional
de Educação
se ele tiver caráter deliberativo.
Neste sentido, ele poderia ser pensado como uma espécie de CNE ampliado, que seria convocado periodicamente, com as atribuições de definir a política nacional de educação, as diretrizes da execução orçamentária, o Plano Nacional de Educação e, após o período de vigência
do
avaliação
Primeiro
diagnóstica
Plano da
Nacional
sua
de
execução,
Educação, redefinindo
proceder
à
diretrizes,
prioridades e objetivos com vistas à elaboração do novo Plano a ser executado no período subsequente. Dessa forma o Fórum dividirá com
o
CNE
a
condição
de
instância
máxima
de
deliberação
e
avaliação do sistema nacional de educação. As considerações acima mereceram do deputado Jorge Hage um breve comentário em que ele reafirma a importância do Fórum mesmo como instância consultiva e a sua fixação em lei: “é a certeza
de que essa consulta ampla que se fez agora, seja sempre feita, e não fique ao sabor da eventual presença de pessoas com abertura para isso, o 140).
que se busca
Concordo.
A
com
sua
previsão
institucionalização”(HAGE,1990, p.
e
respaldo
legal
ao
mecanismo
de
consulta não deixa de ser preferível à sua exclusão. A minha análise desse ponto talvez tenha sido um tanto radical. Contudo, penso que tenham sido as vicissitudes do processo de negociação que levaram à redução do Fórum a instância meramente consultiva, uma vez que a proposta original do Fórum, formulada pelo CEDES, lhe conferia caráter deliberativo. Quanto à composição do Fórum, uma ideia a ser considerada seria a de que as entidades representativas da educação gozariam da prerrogativa,
não
de
indicar
representantes,
mas
de
lançar
candidatos que disputariam as vagas do Fórum em eleições amplas, cujo
colégio
eleitoral
seria
constituído
por
todas
as
pessoas
envolvidas diretamente com a educação, tais como profissionais da área,
professores,
alunos,
pais
de
alunos
e
funcionários
das
instituições escolares. Seria este talvez um mecanismo importante de
organização
do
campo
pedagógico
e
de
estímulo
à
sua
mobilização e politização.
2.2.4. O Conselho Nacional de Formação Profissional
Já
foi
registrado
o
avanço
representado
pela
inclusão
da
formação técnico-profissional no âmbito da LDB, de vez que isto concorre para superar o dualismo caracterizado pela existência do sistema
nacional
Ministério Entretanto,
do o
de
formação
Trabalho, dualismo
de
mão
paralelamente ainda
persiste
de ao
obra,
localizado
sistema
com
a
no
educacional.
manutenção
do
Conselho Nacional de Formação Profissional em posição paralela ao Conselho Nacional de Educação. Parece que a solução racional
seria incorporá-lo ao CNE, seja pela absorção pura e simples das suas
atribuições,
profissional
seja
como
se
prevendo-se fez
com
a
uma
câmara
educação
de
básica
e
formação
a
educação
superior. Também
esse ponto
mereceu um
brevíssimo
comentário
do
deputado Jorge Hage onde ele objeta que “fundir de uma vez tudo no CNE, seria um exagero, e traria confusão indesejável, até mesmo quanto
aos
recursos
da
Educação”.
Concedo
que
existem
complicadores que provavelmente conduziram à conclusão de que “a
forma
140).
adotada
Mas
está
continuo
dosada
pensando
na
medida
que
a
certa”(HAGE, 1990, p.
solução
racional
é
aquela
apresentada no parágrafo supra.
2.2.5. A questão da organização da cultura superior
Na
proposta
por
mim
apresentada
a
título
de
início
de
conversa, eu distinguia no âmbito da educação superior o ensino superior, destinado à formação de profissionais de nível superior, e a organização da cultura superior, destinada a possibilitar a toda a população
a
difusão
e
discussão
aprofundada
dos
grandes
problemas que afetam o homem contemporâneo. Tal distinção é importante
porque
pode
constituir-se
numa
via
que
permitirá
equacionar o problema do acesso à educação superior, resolvendo, com
isso,
o
problema
do
vestibular.
Com
efeito,
se
o
ensino
superior não pode generalizar-se, o mesmo não se pode dizer da cultura superior. Em verdade, se pensarmos numa sociedade que universalizou
o
ensino
médio
tal
como
preconiza,
em
caráter
progressivo, a nossa Constituição, em tese todos estariam aptos a ingressar na educação superior. Entretanto, não parece exequível que as profissões ditas de nível superior
possam
absorver
todos
os
membros
da
sociedade.
A
distorção parece residir no fato de que, aprovado no vestibular, o estudante ganha o direito, não apenas de cursar a carreira escolhida, mas
de
usufruir
da
cultura
universitária
propiciam,
privilégio
qual
do
estão
o
superior que
que
acaba
excluídos
todos
o
clima
e
a
vida
configurando-se aqueles
num
que ou não
se
inscreveram nos concursos vestibulares ou, embora tendo feito as suas inscrições, não lograram classificação. A distinção proposta permitiria corrigir essa distorção, abrindo a universidade a todos pela via da participação na cultura superior organizada
e
dimensionando
as
carreiras
de
nível
superior
de
acordo com as necessidades e prioridades do desenvolvimento da sociedade, à luz das quais seriam redefinidos os vestibulares, que só persistiriam
para
efeitos
de
acesso
ao
ensino
superior,
sendo
perfeitamente dispensáveis no tocante ao acesso à cultura superior. Com isso, o problema que está hoje na ordem do dia e que se expressa
na
classificatório, qualificação, mantidos
em
oposição e
entre
vestibular
estaria
baseado
superada.
função
das
vestibular
Os
em
facilitado,
requisitos
requisitos
características
mínimos
mínimos
específicas
apenas
das
de
seriam carreiras
profissionais cujas vagas seriam estipuladas à luz das prioridades e necessidades sociais. Evitar-se-iam, assim, tanto a eliminação das exigências cujo risco é a banalização do ensino superior, como a exclusão do acesso à cultura superior que incidiria sobre aqueles que
não
viessem
a
preencher
os
requisitos
correspondentes
aos
perfis de determinadas carreiras profissionais. Observo, entretanto, que essa questão da organização da cultura superior ficou à margem das sucessivas versões e projetos da LDB, estando
também
Comissão Deputados.
de
ausente
Educação,
do
projeto-substitutivo
Cultura
e
Desporto
aprovado
da
Câmara
pela dos
2.2.6. Credenciamento e avaliação da educação superior
A iniciativa de instituir, na própria LDB, a figura da avaliação das instituições de educação superior é procedente e corresponde a uma preocupação que está fortemente presente, não só nos meios acadêmicos,
mas
se
espraia
por
diferentes
setores
da
sociedade.
Trata-se, no entanto, de uma questão ainda não enraizada em nossa tradição de ensino superior e cuja realização pode se dar por um leque amplo de alternativas, várias delas, porém, conflitantes entre si
ou
controvertidas.
regulamentar
essa
Parece,
questão
nas
assim,
ser
suas
prematuro
formas
e
tentar
mecanismos
específicos. Penso que a lei deveria prever a obrigatoriedade da avaliação interna, na
forma
a
ser definida
nos estatutos e regimentos das
instituições de educação superior, e também a avaliação externa, na forma a ser definida pelo Conselho Nacional de Educação. Além disso, caberia também prever a avaliação periódica do desempenho dessas
instituições
educacional
em
termos
traçada para o
da
sua
adequação
sistema nacional
à
política
de educação, assim
como às metas e prioridades do Plano Nacional de Educação, à luz do
diagnóstico
fornecido
pelas
avaliações
internas
e
externas
efetuadas no período. Obviamente, se se faz avaliação, supõe-se que ela gere certos efeitos. E, no limite, é de se prever que uma instituição autorizada a funcionar
possa
terminologia,
vir
a
uma
ser
desautorizada
instituição
ou,
credenciada
para
usar
venha
outra a
ser
descredenciada. Entretanto, cabe observar que a figura do credenciamento foi introduzida
no
substitutivo
tendo
por
referência
apenas
as
universidades diferenciando-se, assim, dois tipos de instituições de educação
superior:
as
universitárias
e
as
não
universitárias.
A
questão que se põe, aqui, diz respeito à conveniência de se manter essa dualidade. O problema da legislação atual é que, embora tendo fixado
como
regra
a
forma
universitária, admitindo, apenas em
caráter excepcional, os estabelecimentos isolados (Lei n. 5.540/1968, artigo 2º), a política de expansão do ensino superior traçada sob a sua égide estimulou a criação de faculdades isoladas, com o que se inverteu a prescrição legal. O
substitutivo,
realidade,
consagra
admitindo ensino
como
superior.
como a
curvando-se
excepcionalidade
regra No
que
os
institutos
entanto,
os
da
ao
princípio
forma
isolados
requisitos
ou
que
de
universitária, os
centros
estipula
de
como
mínimos para o credenciamento como universidade (artigo 70) na sua
maioria
são
alcançáveis
pelas
demais
instituições.
Considerando-se o desenvolvimento já atingido ao longo do tempo que nos separa da última lei de reforma universitária, penso que não
seria
o
caso
universitária. estabelecer couber,
de
Cabe,
as
se
à
luz
condições,
fixar
prazos
abrir do
mão
preferência
princípio
determinar
para
da
que
o
as
de
pela
realidade,
providências
dispositivo
forma
isto e,
legal
sim,
quando
se
torne
progressivamente verdade prática.
2.2.7. Educação a distância
Já registrei como um avanço o fato de o substitutivo não se haver omitido sobre esse tema de grande atualidade. Entretanto, é preciso convir que o próprio conceito de educação a distância é problemático.
Parece
que
não
cabe
entendê-la
como
uma
modalidade própria de educação. Tratar-se-ia, antes, de um recurso auxiliar
do
processo
circunstância
alguma,
escolar regular.
educativo. Nesse caso constituir-se
como
ela
não
alternativa
poderia, em à
educação
Compartilho,
assim,
da
opinião
que
desaconselha
a
adoção
dessa modalidade nos cursos que conferem titulação de validade nacional. Penso que, na educação superior, esse seria um recurso que poderia ser bastante explorado no âmbito daquilo que chamei de
organização
prudente
evitar
da a
cultura
superior.
exploração
Entendo,
comercial
desse
ainda,
recurso
que
seria
educativo.
Nesse sentido, no que diz respeito aos meios de comunicação de massa,
tais
atividades
deveriam
ficar
restritas
aos
canais
com
finalidade exclusivamente educativa ou à requisição de horários nos canais comerciais por parte do Poder Público.
2.2.8. Carreira do professor
A este respeito destaco apenas um aspecto. Estranhamente, o parágrafo terceiro do artigo 100 ainda admite o professor horista. Isto
parece
inadmissível
no
contexto
do
substitutivo.
Quando
muito poderia figurar nas disposições transitórias. Além do mais, esse parágrafo conflita com o disposto no inciso XIV do mesmo artigo, que admite, como mínimo, o regime de 20 horas. Jorge Hage, em seu comentário sobre esse ponto, esclarece que “não há conflito ali. O horista persiste na escola privada. O mínimo de 20 horas semanais é a regra para a escola pública” (HAGE, 1990, p. 141). Seria conveniente, então, deixar isso explítico. Com efeito, diferentemente parágrafo
do
terceiro
que não
ocorreu aparece
com a
o
parágrafo
expressão
“nas
segundo,
instituições
no de
ensino privado”. Por outro lado caberia perguntar: mas não seria o caso de se determinar, ao menos em caráter progressivo, que as escolas privadas também adotassem, como mínimo, o regime de 20 horas?
2.2.9. Recursos para escolas particulares
O
que
se
substitutivo
esperava
da
caminhou
LDB
–
e
deve-se
decididamente
nessa
reconhecer direção
–
que
era
o
que
encontrasse algum mecanismo que reduzisse, o máximo possível, a abertura
para
a
transferência
de
recursos
públicos
para
escolas
privadas prevista no artigo 213 da Constituição. Nessa perspectiva, não se entende a razão da exclusão do limite de 15% do orçamento de
custeio
para
os
recursos
destinados
a
instituições
de
ensino
superior para atividades de pesquisa e extensão (artigo 20, parágrafo segundo, inciso III e artigo 105, parágrafo terceiro). Igualmente, o
artigo
105, parágrafo
primeiro, só
poderia ser
tolerado como disposição transitória. No corpo da lei, ele acaba configurando uma inversão. Com efeito, se há falta de vagas nas escolas
públicas,
concentrados
em
com
mais
razão
investimentos
para
os
recursos
criar
mais
devem
vagas,
ser
não
se
justificando o repasse para escolas particulares. Em seu comentário Jorge
Hage
constitucional.
retruca A
que
lei
esse
ordinária
dispositivo não
“é
poderia
simplesmente
transformar
em
Disposições Transitórias o que a Constituição fixou como exceção permanente” (HAGE, 1990, p. 141). Parece-me, porém, que, como o referido dispositivo constitucional (artigo 213, parágrafo primeiro) afirma que os recursos poderão ser destinados e, ainda, na forma da lei,
ao
regulamentar
a
forma
da
destinação
dos
recursos,
a
lei
ordinária estaria autorizada a estabelecer as condições, inclusive de transitoriedade, o que de certo modo é feito no parágrafo segundo do mesmo artigo 105 do substitutivo. Penso,
também,
que
o
disposto
no
artigo
106
deveria
ser
condição para as concessões do artigo 105 e não opção adicional. Isto porque, ainda que não necessariamente na forma da co-gestão mencionada, está posta aí a questão do necessário controle, por parte do Poder Público, do uso de recursos públicos.
Finalmente, não parece conveniente a possibilidade prevista no artigo
108
e
incisos,
de
transferir
verbas
de
manutenção
e
desenvolvimento do ensino para as escolas particulares aplicarem nas oito modalidades aí elencadas. A
análise acima
apresentada
se integrava
a
um
conjunto
de
outras apreciações tendo em vista as novas etapas a serem vencidas no processo de tramitação do projeto da nova Lei de Diretrizes e Bases
da
Educação
Substitutivo
Jorge
nacional.
Hage
na
De
fato,
Comissão
com
de
a
aprovação
Educação,
do
Cultura
e
Desporto da Câmara dos Deputados, se concluía a primeira etapa do processo. A trajetória da nova LDB prosseguia, devendo passar por novas e insuspeitadas vicissicitudes.
anexo|dois
texto do Substitutivo Jorge Hage
CAPÍTULO I DA EDUCAÇÃO Art. 1º - A Educação abrange os processos educativos que se desenvolvem na convivência ensino,
humana,
na
vida
de educação infantil,
familiar,
no
trabalho,
nas
de formação profissional,
instituições
de pesquisa,
de nos
movimentos sociais e organizações da sociedade civil, no esporte, no lazer, nas
manifestações
culturais
e no contato com os
meios
de comunicação
social. §
1º
-
A
presente
lei
disciplina
a
educação
escolar
que
se
desenvolve,
predominantemente, através do ensino, em instituições próprias. § 2º - A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
CAPÍTULO II DOS FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL Art. 2º - A educação nacional, instrumento da sociedade para a promoção do exercício da cidadania, fundamentada nos ideais de igualdade, liberdade, solidariedade, democracia, justiça social e felicidade humana, no trabalho como fonte de riqueza, dignidade e bem-estar universais, tem por fins: I - o pleno desenvolvimento do ser humano e seu aperfeiçoamento;
II
-
a
formação
realidade
social
de e
cidadãos
capazes
conscientes
dos
de
seus
compreender direitos
e
criticamente
a
responsabilidades,
desenvolvendo-lhes os valores éticos e o aprendizado da participação; III - o preparo do cidadão para a compreensão e o exercício do trabalho, mediante
acesso,
à
cultura,
ao
conhecimento
científico,
tecnológico
e
artístico e ao desporto; IV - a produção e difusão do saber e do conhecimento; V - a valorização e a promoção da vida; VI - a preparação do cidadão para a efetiva participação política; VII
-
o
fortalecimento
da
soberania
do
país,
da
unidade
e
soberania
nacional e da solidariedade internacional, pela construção de uma cidadania contrária à exploração, opressão ou desrespeito ao homem, à natureza e ao patrimônio cultural da humanidade.
CAPÍTULO III DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR Art. 3º - A educação, direito fundamental dos cidadãos, é dever do Estado e da família, com a colaboração da sociedade, cabendo ao Poder Público: I - assegurar a todos o direito à educação escolar, em igualdade de condições de acesso e permanência pela oferta de ensino público e gratuito em todos os níveis, além de outras prestações suplementares, quando e onde necessário; II - promover e estimular com a colaboração da família e da sociedade a educação extraescolar, pelos diversos processos educativos disponíveis. Parágrafo único - O acesso à educação escolar pública não sofrerá restrições decorrentes de limite máximo de idade, nem de limitações impostas pelas obrigações de trabalho do educando e observará
modalidades e horários
compatíveis com as características da clientela. Art. 4º - O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
I
-
universalização
da
educação
básica,
em
todos
os
seus
níveis
e
modalidades, através de: a) atendimento em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos de idade, nos
termos
previstos
nos
arts.
7º,
XXV,
30,
VI,
208,
IV
e
227
da
Constituição; b) oferta de ensino gratuito fundamental e médio, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria, vedada a cobrança, a qualquer título, de taxas escolares ou outras contribuições dos alunos; c) cumprimento da obrigatoriedade imediata no ensino fundamental e da sua progressiva extensão ao ensino médio, nos termos da Constituição, desta lei e dos planos nacionais de educação. II
-
oferta
de
ensino
noturno
regular,
nos
níveis
fundamental,
médio
e
superior, no mesmo padrão de qualidade do ensino diurno; III
-
oferta
de
características
educação
e
escolar
modalidades
regular
para
adequadas
jovens
às
suas
e
adultos,
com
necessidades
e
disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; IV - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; V - oferta de educação superior, que possibilite o acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística; VI
-
programas
suplementares
de
material
didático-escolar,
transporte,
alimentação e assistência à saúde física e mental, nos níveis da educação básica e sobretudo nas áreas de maior carência; VII - programas especiais de apoio para alunos carentes de nível médio e superior; VIII - condições especiais de escolarização para os superdotados. Art 5º - A educação escolar básica, na condição de direito social, pode ser exigida
do
Poder
Público
por
cidadão,
grupo
de
cidadãos,
associação
comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, bem como pelo Ministério Público.
§ 1º - O acesso ao ensino público obrigatório e gratuito é direito público subjetivo, e a falta do seu oferecimento regular importa em responsabilidade do chefe do Poder Executivo competente. §
2º
-
Qualquer
legitimidade parágrafo
para
das
partes
peticionar
anterior
sendo
mencionadas
perante
gratuita
e
o
no
Poder de
caput
deste
Judiciário,
rito
sumário
na a
artigo hipótese
ação
tem do
judicial
correspondente. § 3º - Compete ao Poder Público: I - recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso; II - fazer-lhes a chamada pública; III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola; IV - estabelecer as prioridades de atendimento nos planos de educação. § 4º - É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos 7 anos de idade, no ensino fundamental. § 5º - A progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio, o respectivo censo e a chamada escolar deverão constar das políticas e planos de educação. Art. 6º - Para garantir a universalização do direito à educação escolar básica, o Poder Público criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente de escolarização anterior.
CAPÍTULO IV DOS PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO ESCOLAR Art. 7º - A educação escolar será ministrada com observância dos seguintes princípios: I - igualdade de condições para acesso e permanência na escola, cabendo ao Estado a adoção de medidas capazes de torná-la efetiva;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a cultura, a arte e o saber; III
-
pluralismo
de
ideias
e
concepções
pedagógicas
e
coexistência
de
instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público; V - valorização do profissional da educação escolar; VI - gestão democrática; VII - garantia de padrão de qualidade do ensino e da sua integração, no nível superior, com a pesquisa e a extensão; VIII - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais; IX - garantia a todos de educação básica comum, anterior ou simultânea à educação profissional ou formação técnico-profissional; X - garantia de continuidade e permanência do processo educativo; XI - reconhecimento da experiência extraescolar.
CAPÍTULO V DO S ISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO Art.
8º
esforço
-
O
Sistema
organizado,
Nacional
autônomo
de e
Educação,
permanente
expressão do
Estado
institucional e
da
do
sociedade
brasileira pela educação, compreende os sistemas de ensino da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como outras instituições públicas ou privadas, prestadoras de serviços de natureza educacional. Parágrafo
único
-
Incluem-se
entre
as
instituições
públicas
e
privadas,
referidas neste artigo, as de pesquisa científica e tecnológica, as culturais, as de ensino militar, as que realizam experiências populares de educação, as que desenvolvem ações de formação técnico-profissional e as que oferecem cursos livres. Art. 9º - O Sistema Nacional de Educação objetiva garantir a universalização da educação e seu padrão de qualidade no território nacional, orientando-se
pelas seguintes normas: I - promoção da qualidade pela valorização da competência e pela garantia de condições de trabalho necessárias; II
-
coordenação,
planejamento
e
administração
democrática
da
política
educacional; III
-
participação
da
sociedade,
dos
agentes
da
educação
e
dos
seus
descentralização
dos
destinatários; IV
-
simplificação
das
estruturas
burocráticas,
processos de decisão e de execução e fortalecimento das unidades escolares; V - colaboração entre as diferentes esferas do Poder Público e entre a escola e outras agências públicas e privadas; VI - articulação entre os diferentes níveis de ensino; VII - integração entre a educação escolarizada formal e as ações educativas produzidas fora dos sistemas de ensino; VIII - flexibilidade para o reconhecimento da experiência extraescolar; IX - valorização do processo de avaliação institucional. Art. 10 - O Sistema Nacional de Educação tem como órgão normativo e de coordenação o Conselho Nacional de Educação e como órgão executivo o Ministério responsável pela área. Parágrafo único - O Sistema Nacional de Educação contará, ainda, como instância
de
consulta
e
de
articulação
com
a
sociedade,
com
o
Fórum
Nacional de Educação. Art. 11 - Os sistemas de ensino da União, dos Estados e dos Municípios compreendem as redes de instituições escolares, públicas e privadas, sob sua respectiva jurisdição, e os órgãos e serviços públicos de caráter normativo, administrativo e de apoio técnico existentes em seu âmbito. §
1º
-
As
instituições
verticalmente
integradas,
que
oferecem
ensino
em
diferentes níveis, situam-se na jurisdição do sistema a que corresponda o nível mais elevado.
§
2º
-
A
ensino,
e
autorização de
seus
e
supervisão
cursos,
nas
do
redes
funcionamento
pública
e
de
privada,
e
instituições a
de
definição
de
diretrizes complementares cabem ao órgão normativo do sistema de ensino no qual está incluída a instituição, salvo quando disposto diferentemente nesta lei. § 3º - Aplicam-se ao Distrito Federal as disposições que, nesta lei, se referem aos Estados, especialmente aos sistemas estaduais de educação. Art. 12 - O sistema de ensino da União abrange o Sistema Federal e o dos Territórios,
compreendendo
incorporadas,
a
rede
de
instituições
de
ensino
criadas
ou
mantidas e administradas pelo Poder Público Federal e as
instituições de ensino superior credenciadas como universidades, mantidas e administradas
pela
iniciativa
privada,
credenciadas
como
universidades,
bem como os órgãos e serviços federais de caráter normativo, administrativo e de apoio técnico. § 1º - O Conselho Nacional de Educação e o Ministério referidos no art. 10 exercerão, além das atribuições relativas ao Sistema Nacional de Educação, as funções, respectivamente, de órgão normativo e técnico-administrativo superiores do sistema de ensino da União. § 2º - Cabe à União, além de organizar, financiar e administrar a sua rede de
ensino,
Municípios,
prestar
assistência
visando
ao
técnica
e
financeira
desenvolvimento
dos
aos
Estados
respectivos
e
aos
sistemas,
à
compensação e à superação das desigualdades sociais e regionais, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Art. 13 - O sistema de ensino do Estado compreende: I - a rede pública, integrada pelas: a) instituições de ensino criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público Estadual; b)
instituições
de
ensino
superior
criadas
ou
incorporadas,
mantidas
e
administradas pelo Poder Público Municipal. II - a rede privada, integrada pelas instituições de ensino médio e superior, não universitárias, mantidas e administradas pela iniciativa privada;
III - os órgãos e os serviços estaduais de caráter normativo, administrativo e de apoio técnico. Parágrafo único - A autorização do funcionamento de instituições privadas de
Ensino
referendo
Superior do
não
universitárias
Conselho
Nacional
ou
de
de
seus
cursos
Educação,
que
dependerá verificará
de seu
ajustamento nas prioridades dos planos nacional e estaduais de educação. Art. 14 - O sistema de ensino dos Municípios compreende: I - a rede pública, integrada pelas instituições de ensino fundamental, médio e de educação infantil, criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público Municipal; II - a rede privada, integrada pelas instituições de ensino fundamental e de educação infantil, mantidas e administradas pela iniciativa privada; III - os órgãos e serviços municipais de caráter normativo, administrativo e de apoio técnico. § 1º - A organização do sistema de ensino previsto neste artigo dependerá de solicitação
do
Município
Estadual e obedecerá
a
interessado
ao
órgão
normativo
do
Sistema
requisitos e normas gerais por este estabelecidos,
considerados, dentre outros fatores, as dimensões da rede municipal, sua qualidade e organização, a população escolar, o corpo docente e as taxas de escolarização no ensino fundamental. § 2º - Não existindo Sistema Municipal organizado, as instituições referidas neste artigo integrarão o respectivo Sistema Estadual. § 3º - A hipótese prevista no parágrafo anterior não elimina a obrigação de o Município manter plano de carreira para o seu pessoal. § 4º - Ao Município com sistema de ensino organizado poderá ser delegada competência,
pelo
Sistema
Estadual,
para
que
inclua
em
seu
sistema
as
instituições privadas de ensino médio. § 5º - Dois ou mais Municípios poderão organizar ações conjuntas, pelas diversas formas permitidas em direito, para o atendimento de demandas educacionais de caráter regional, de acordo com as normas do respectivo Sistema Estadual.
Art. 15 - Na sua organização geral e na composição do órgão normativo de coordenação, Municípios,
o
sistema
adotarão,
de
ensino
dos
Estados
obrigatoriamente,
as
e,
onde
normas
de
houver,
o
dos
planejamento
e
administração democrática estabelecidas neste capítulo e a forma colegiada e representativa, com participação das comunidades interna e externa. § 1º - Um representante do Sistema da União integrará o órgão normativo do sistema de cada Estado, a fim de assegurar a integração das respectivas responsabilidades. § 2º - No caso de Município, o órgão colegiado normativo poderá ter a participação de um ou mais representantes do Sistema Estadual, a fim de assegurar a integração das responsabilidades correspondentes. Art. 16 - O sistema de ensino dos Estados organizará, em seu território, as ações educacionais, mediante a articulação e colaboração das redes públicas federal,
estadual
e
municipal
e
da
rede
privada,
em
todos
os
níveis
e
modalidades de ensino, para garantir o atendimento escolar em padrão de qualidade, nos termos desta lei e de sua legislação própria. Parágrafo
único
competência
-
A
existência
do Estado para
de
Sistema
Municipal
não
interfere
legislar concorrentemente com a
na
União em
matéria educacional. Art. 17 - A repartição das responsabilidades na oferta de ensino na rede pública obedecerá às seguintes diretrizes: I- a União atuará prioritariamente na manutenção e expansão da sua rede de ensino superior e da sua rede especializada de educação tecnológica; em caráter
supletivo,
corretivo
de
desigualdades
regionais,
atuará
nos
níveis
anteriores, mediante prestação de assistência financeira e técnica aos Estados e Municípios delas mais necessitados; II - os Estados atuarão prioritariamente na educação infantil e no ensino fundamental e médio; atendida a universalização da educação básica em seu território, nos padrões de qualidade estabelecidos pelo Sistema Nacional de Educação,
passarão
os
Estados
educação superior pública;
a
atuar,
ou
ampliar
sua
atuação,
na
III
-
Os
ensino
Municípios
atuarão
fundamental,
prioritariamente
sendo-lhes
vedada
a
na
educação
aplicação
infantil
de
e
recursos
no do
percentual obrigatório da sua receita de impostos na ampliação da oferta em níveis ulteriores de ensino, enquanto não atendida plenamente a demanda nos níveis iniciais. § 1º - A definição de níveis de atuação prioritários, nos termos deste artigo, não reduz a responsabilidade compartilhada ou corretiva, atribuída nesta lei à União e aos Estados, em relação a níveis de ensino anteriores, nem o dever de colaboração entre os sistemas. §
2º
-
A
conjunta
colaboração de
redes
deverá
físicas,
incluir,
pessoal,
quando recursos
conveniente, materiais
a
e
utilização
financeiros,
vinculados a diferentes esferas administrativas, devendo ser os respectivos acordos
precedidos
de
autorização
dos
órgãos
normativos
dos
sistemas
envolvidos. Art. 18 - As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas seguintes categorias administrativas: I
-
públicas,
assim
entendidas
as
criadas
ou
incorporadas,
mantidas
e
administradas pelo Poder Público; II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Art.
19
-
O
ensino
é
livre
à
iniciativa
privada,
atendidas
as
seguintes
condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público. § 1º - Na autorização para o funcionamento de instituições privadas de ensino, ou de seus cursos, o sistema de ensino competente deverá exigir, além da observância das diretrizes gerais desta lei e das normas específicas dos órgãos competentes, o atendimento aos seguintes requisitos: I - proposta pedagógica e de organização institucional capazes de assegurar padrão de qualidade;
II
-
participação
da
comunidade
docente
na
definição
das
orientações
pedagógicas da instituição; III
-
piso
salarial
nacional
definido
em
lei
e
possibilidades
de
aperfeiçoamento do corpo docente; IV - viabilidade econômica; V - liberdade de crença e de expressão, vedada a discriminação de qualquer natureza; VI - liberdade de organização sindical e associativa. § 2º - No caso de instituições de ensino superior, a autorização obedecerá, ainda,
ao
disposto
no
Cap.
13
e
dependerá,
preliminarmente,
do
seu
enquadramento nas prioridades do plano nacional e dos planos estaduais de eduacação. Art. 20 - As instituições privadas de ensino, de finalidade não lucrativa, nos termos dos incisos I e II do artigo 213 da Constituição, se enquadram nas seguintes categorias: I - comunitárias – quando, criadas com ou sem a interveniência do Poder Público,
são
organizadas,
mantidas
e
administradas
por
associações
comunitárias, cooperativas ou sindicatos e têm por objetivo o atendimento de necessidades educacionais da comunidade; II
-
confessionais
denominações
–
quando
religiosas,
organizadas
reconhecidas
e
pelos
mantidas respectivos
pelas
diversas
conselhos
ou
federações de igrejas, e que prestam serviço pedagógico em cumprimento de sua missão específica; III - filantrópicas – quando, cumpridos os requisitos exigidos por lei, se dedicam
a
suprir
carências
educacionais
específicas
e
oferecem
ensino
gratuito pelo menos na proporção das doações e subvenções recebidas do Poder Público, ainda que sob a forma de bolsas de estudo. §
1º
-
A
finalidade
autorização não
do
lucrativa
funcionamento
depende
dos
de
instituições
requisitos
anterior e da comprovação das seguintes condições:
de
estabelecidos
ensino no
de
artigo
I
-
objetivos
exclusivamente
educacionais,
sem
prejuízo
das
finalidades
inerentes ao caráter confessional, filantrópico ou comunitário da instituição; II
- instituição mantenedora,
quando houver,
sem fins lucrativos e com
objetivos idênticos e restritos aos da instituição de ensino por ela mantida; III - constituição sob a forma de associação, sociedade civil ou fundação de direito privado; IV - contabilidade unificada da instituição de ensino e sua mantenedora, com publicação anual do balanço; V - recursos para a sua manutenção provenientes de fontes privadas, em montante suficiente para que as eventuais subvenções, ou quaisquer outros repasses do Poder Público, não ultrapassem a 15% (quinze por cento) do seu orçamento de custeio; VI - utilização do patrimônio, livre de qualquer remuneração a terceiros, proprietários ou não; VII - dirigentes não vitalícios nas instituições mantidas, observados, para a sua remuneração, parâmetros equivalentes aos das instituições públicas de igual porte; VIII - aplicação dos excedentes financeiros nos mesmos objetivos definidos no inciso I; IX - destinação de seu patrimônio a outra instituição de ensino comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades. § 2º - Excluem-se do limite de 15% (quinze por cento) fixado no inciso V do parágrafo anterior: I
-
as
instituições
especializadas
no
atendimento
de
portadores
de
deficiência; II - as instituições que mantenham gratuidade plena para todos os alunos; III - os recursos destinados a instituições de ensino superior para aplicação específica aprovados
e
exclusiva pelos
em
órgãos
projetos
públicos
de
pesquisa
competentes,
e
extensão,
observadas
devidamente as
normas
limites percentuais estabelecidos pelo órgão normativo correspondente.
e
§
3º
-
No
caso
de
instituição
de
ensino
ou
respectiva
mantenedora
organizada sob a forma de fundação, o recebimento de recursos públicos dependerá
de
demonstração
de
que
a
entidade
instituidora
não
tem
finalidade lucrativa. Art. 21 - As instituições públicas de ensino e aquelas que recebem recursos públicos
para
a
sua
manutenção
observarão,
em
sua
organização
e
administração, as seguintes diretrizes: I - constituição de conselhos escolares, com representação da comunidade interna e externa à escola; II - participação da comunidade escolar na gestão do ensino; III
-
participação
dirigentes,
da
respeitada,
comunidade na
rede
escolar
pública,
a
no
processo
opção
pelo
de
escolha
sistema
de
dos
mérito
através de concurso; IV - obrigatoriedade de prestação de contas e divulgação de informações referentes ao uso de recursos e qualidade dos serviços prestados; V - avaliação do desempenho institucional; VI - discussão ampla dos objetivos e prioridades anuais. Parágrafo único - Quando se tratar de instituição de ensino superior serão observadas também as disposições específicas desta lei. Art.
22
-
unidades
Os
órgãos
escolares
normativos
públicas
que
dos os
sistemas
de
integram,
ensino
assegurarão,
autonomia
às
pedagógica,
administrativa e de gestão financeira, observando, em relação às instituições de ensino superior, o disposto no capítulo 13. §
1º
-
A
autonomia
de
gestão
financeira
da
escola,
em
qualquer
nível,
incluirá a competência para o ordenamento e a execução de gastos rotineiros de manutenção e custeio, excetuados os relativos a pessoal. § 2º - O sistema de ensino dos Estados deverá descentralizar as decisões e controles de caráter pedagógico, administrativo e financeiro. Art. 23 - Cabe ao Conselho Nacional de Educação:
I - formular e coordenar a política nacional de educação, articulando-a com as políticas públicas de outras áreas; II - definir as diretrizes e prioridades para o Plano Nacional de Educação e sua expressão anual na Lei de Diretrizes Orçamentárias, acompanhando e avaliando a sua implementação; III
-
interpretar
opinar
sobre
a
legislação
alterações
de
de
diretrizes
iniciativas
e
do
bases
Poder
da
educação
Executivo
e
nacional,
estabelecer
normas comuns a serem observadas pelos sistemas de ensino; IV - decidir sobre recursos por arguição de contrariedade à legislação de diretrizes e bases da educação nacional, interpostos de decisões finais dos órgãos
normativos
dos
sistemas
de
ensino
dos
Estados
e
dos
órgãos
deliberativos máximos das instituições que integram o sistema da União; V - articular-se com os órgãos normativos do sistema de ensino e com as Comissões de Educação do Congresso Nacional e estimular a
integração
entre as redes de ensino federal, estaduais, municipais e privadas; VI
-
fixar,
após
ouvir
educadores
e
comunidades
científicas
das
áreas
envolvidas, diretrizes curriculares gerais, definindo uma base nacional de estudos para cada nível de ensino, curso ou área de formação; VII
- estabelecer diretrizes gerais para
organização e desenvolvimento da
pós-graduação; VIII - fixar normas para revalidação de diplomas e certificados expedidos por instituições estrangeiras, de nível médio e superior; IX
-
aprovar
convencionais sistemas
de
a de
adoção educação,
ensino
dos
de
inovações
educacionais
experimentadas
Estados
ou
por
com
êxito
instituições
e no
formas âmbito
educacionais
não dos de
reconhecido valor; X - estabelecer diretrizes para validação e reconhecimento, pelos sistemas de ensino, das experiências adquiridas nos processos educativos extraescolares; XI - estabelecer diretrizes para articular as instituições referidas no parágrafo único do art. 8º com os sistemas de ensino;
XII - estabelecer normas para o reconhecimento e implantação de formas de educação a distância; XIII - estabelecer normas de avaliação de instituições de ensino e de seus cursos; XIV - estabelecer diretrizes para a expansão do ensino superior e normas para autorização de funcionamento de instituições e cursos desse nível; XV - referendar a autorização do funcionamento das instituições privadas de ensino superior ou de seus cursos; XVI
-
promover,
através
de
comissões
de
especialistas,
os
processos
de
avaliação institucional necessários ao credenciamento e recredenciamento, que atribua a qualificação de Universidade a instituições de ensino superior, emitindo parecer a respeito; XVII - publicar, anualmente, a relação das universidades do país, com os resultados das últimas avaliações a que forem submetidas; XVIII - designar, em articulação com os órgãos normativos dos respectivos sistemas,
as
universidades
que,
em
cada
região
do
país,
registrarão
os
diplomas das instituições não universitárias e aquelas que exercerão funções de apoio acadêmico a essas instituições, na respectiva área de influência, expedindo as normas necessárias; XIX
-
estabelecer
normas
e
critérios
gerais
para
destinação
de
recursos
públicos a projetos de pesquisa e extensão a cargo de instituições privadas de ensino superior, nos termos do § 2º do art. 213 da Constituição; XX - exercer as funções de órgão normativo do sistema de ensino da União, cabendo-lhe, especialmente, nessa condição: a) deliberar, após conclusão de inquérito, sobre intervenção nas instituições federais de ensino; b)
apreciar
os
estatutos
e
os
projetos
de
criação,
implantação
e
desenvolvimento de instituições federais de ensino, com vistas à autorização de seu funcionamento; c) apreciar os projetos de criação ou reformulação de cursos oferecidos por instituições não universitárias de ensino superior federais;
d) promover a avaliação quinquenal das instituições não universitárias de ensino superior federais e dos seus cursos; e) publicar, anualmente, os resultados das últimas avaliações das instituições federais de ensino superior; f)
definir
critérios
instituições
para
federais
de
a
alocação
ensino,
de
avaliar
recursos os
orçamentários
resultados
de
sua
entre
utilização
as e
propor ao Poder Executivo, quando for o caso, as alterações necessárias. Art. 24 - O Conselho Nacional de Educação terá a seguinte composição: I - 4 conselheiros escolhidos livremente pelo presidente da República por indicação
do
ministro
do
Estado
responsável
pela
área
da
Educação,
observados critérios de representatividade regional e cobertura dos diferentes níveis e modalidades de ensino; II - 3 conselheiros integrantes do sistema de ensino dos Estados, indicados por entidades nacionais que congreguem os secretários responsáveis pela educação nas unidades federadas e os órgãos normativos dos respectivos sistemas; III
-
3
conselheiros
integrantes
dos
sistemas
de
ensino
dos
Municípios,
indicados por entidade nacional que congregue os dirigentes municipais de Educação; IV
-
3
conselheiros
indicados
pela
entidade
nacional
que
congregue
os
Reitores das Universidades do País, sendo 1 representando as universidades federais, 1 as estaduais e 1 as privadas; V
-
2
conselheiros
universitárias,
indicados
sendo
um
pelas
deles
instituições
representando
de as
ensino públicas
superior e
não
outro
as
privadas; VI
-
1
conselheiro
indicado
pela
entidade
nacional
representativa
dos
estabelecimentos privados de ensino básico; VII - 2 conselheiros indicados pela entidade representativa do magistério superior, sendo 1 da rede pública e 1 da rede privada; VIII - 2 conselheiros indicados pela entidade representativa do magistério do ensino básico, sendo 1 da rede pública e 1 da rede privada;
IX - 2 conselheiros indicados pela entidade representativa dos trabalhadores não docentes da educação, sendo 1 da rede pública e 1 da rede pririvada; X - 2
conselheiros indicados por entidades nacionais representativas dos
estudantes de nível médio e superior; XI
-
3
conselheiros
indicados
por
associações
ou
sociedades
científicas
nacionais que congreguem pesquisadores nas áreas da educação, da ciência e da tecnologia e da comunicação; XII - 1 conselheiro representante da área de fomento à pesquisa do sistema de Ciência e Tecnologia, indicado pelo Ministério responsável pela área; XIII - 1 conselheiro representante da área cultural-artística, indicado pelo Ministério responsável pela referida área; XIV - 2 conselheiros representantes do Sistema de Formação Profissional, indicados pelo Conselho Nacional de Formação Profissional, previsto nesta lei; XV - 1 conselheiro representante da área de Comunicação, indicado pelo Conselho de Comunicação Social previsto no art. 224 da Constituição, que não seja parlamentar; XVI
-
1
conselheiro
indicado
por
entidade
nacional
que
congregue
associações comunitárias que realizem experiências populares de educação; XVII
-
1
conselheiro
indicado
por
entidade
nacional
que
congregue
as
instituições que atuam na área da proteção da criança e do adolescente, especialmente na saúde e na alimentação. §
1º
-
Todos
nomeados
pelo
os
membros
presidente
do
da
Conselho
República
Nacional
para
de
mandato
Educação de
quatro
serão anos,
vedada a recondução imediata, cessando a cada dois anos o mandato de metade dos conselheiros. § 2º - Cada membro do Conselho Nacional de Educação será indicado com seu suplente, que o substituirá nos termos do Regimento. § 3º - Os conselheiros previstos nos incisos XII e XIII serão escolhidos pelo ministro da área respectiva em lista tríplice eleita pela comunidade técnicoprofissional do Ministério.
§ 4º - O Conselho Nacional de Educação será Unidade Orçamentária do Ministério
responsável
cabendo-lhe
elaborar
pela e
área
e
aprovar
gozará
seu
de
autonomia
regimento
administrativa,
interno,
observadas
as
disposições legais aplicáveis. § 5º - O Conselho se organizará internamente em câmaras, cujo número, denominação, atribuições e composição serão previstos no seu regimento interno. §
6º
-
Haverá
uma
Câmara
de
Educação
Básica
e
uma
de
Educação
Superior, dentre outras a serem especificadas no regimento, que determinará também quais as atribuições internamente delegadas às mesmas para decisão em caráter terminativo, assegurado sempre o recurso ao plenário. § 7º - A Câmara de Educação Superior terá, dentre outras, as atribuições referidas nos incisos VII, XIV, XV, XVI, XVII, XVIII e XIX, bem como os aspectos relativos ao nível superior das atribuições enumeradas nos incisos VI, VIII, XIII e XX. Art. 25 - O Fórum Nacional de Educação, previsto no parágrafo único do art.
10,
será
realizado
quinquenalmente,
precedendo
a
elaboração
dos
Planos Nacionais de Educação, de modo a manifestar-se a respeito das suas diretrizes e prioridades. §
1º
-
Extraordinariamente,
o
Fórum
reunir-se-á
sempre
que
motivo
relevante ligado à Educação Nacional o justifique, especialmente quando necessária a revisão da legislação básica da educação. § 2º - O Fórum Nacional será, sempre que possível, precedido de Fóruns Estaduais,
Regionais
e
Municipais,
com
finalidade
e
organização
equivalentes, em suas respectivas jurisdições. § 3º - O Fórum Nacional de Educação será promovido e coordenado pelo Conselho Educação
Nacional do
de
Educação,
Congresso
com
Nacional
e
a
colaboração
do
Ministério
das
Comissões
responsável
de
pela
Educação, e integrado por representantes especialmente indicados para esse fim pelas seguintes entidades e instituições de âmbito nacional: I - entidades referidas nos incisos III a XI e XIV a XVII do art. 24;
II
-
organizações
sindicais
patronais
de
grau
mais
elevado
e
entidades
privadas de formação técnico-profissional a elas vinculadas; III - organizações sindicais, de grau mais elevado, dos trabalhadores; IV
-
entidades
religiosas
das
diversas
confissões,
com
atuação
na
área
educacional, sem discriminação a qualquer credo, e vedada a presença de mais de 3 (três) representantes de qualquer denominação isoladamente; V - entidades representativas das escolas comunitárias; VI - o secretário de Estado responsável pela Educação em cada unidade federada; VII - um representante do órgão normativo do sistema de ensino de cada Estado. §
4º
-
Cada
uma
das
representações
referidas
no
inciso
I,
e
aquelas
enumeradas nos incisos II a V deste artigo, será constituída de 10 (dez) membros, eleitos de forma a atender ao critério regional e, quando for o caso,
representar,
quanto
possível,
as
diferentes
entidades
nacionais
existentes. § 5º - Participarão, ainda, do Fórum, com direito a voz, representantes dos órgãos promotores e, quando convocados, dos sistemas ou agências públicas federais das áreas de trabalho, assistência social, proteção ao menor, saúde, ciência e tecnologia, cultura, desporto e comunicação.
CAPÍTULO VI DA EDUCAÇÃO ESCOLAR E S EUS NÍVEIS Art. 26 - A educação escolar será organizada da seguinte forma: I - Educação básica, compreendendo os níveis: a) Educação infantil – oferecida a crianças de 0 a 6 anos, através de creches e pré-escolas; b) Ensino fundamental – com duração mínima de oito anos, obrigatório a partir dos 7 anos de idade e facultativo a partir dos 6;
c) Ensino médio – posterior ao fundamental e com duração mínima de três anos, ou 2.400 horas de trabalho escolar; II - Educação superior – que se realiza através do ensino, da pesquisa e da extensão,
e
com
duração
variável
de
acordo
com
os
requisitos
dos
seus
cursos. Parágrafo único - Assegurados os padrões de qualidade, a educação escolar poderá
adotar
alternativas
de
processos,
estratégias
e
metodologias
mais
adequadas aos seus objetivos, às características do educando e às condições disponíveis,
inclusive
mediante
a
sua
combinação
com
processos
extraescolares.
CAPÍTULO VII DA EDUCAÇÃO BÁSICA Art.
27
-
A
educação
básica
tem
como
objetivo
geral
desenvolver
o
indivíduo, assegurar-lhe a formação comum indispensável para participar, como cidadão, da vida em sociedade, e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Art. 28 - A educação básica, em seus diferentes níveis, poderá ser oferecida, verticalmente
integrada,
em
uma
mesma
instituição
escolar,
pública
ou
privada, que se denominará Centro de Educação Básica. § 1º - Os centros de educação básica poderão, a critério do sistema de ensino respectivo, ensino,
abranger
fisicamente
uma
ou
mais
unidades
reunidas
num
prédio,
escolares
ou
de
cada
distribuídas
em
nível
de
prédios
próximos, com serviços comuns, utilizáveis em regime de rodízio. §
2º
-
Nos
centros
de
educação
básica,
será
promovida
a
articulação
pedagógica entre as propostas para os diferentes níveis de ensino, através de mecanismos de integração. Art. 29 - Os sistemas de ensino providenciarão para que as escolas públicas próximas entre si, vinculadas
a
de um ou
diferentes
mais níveis de educação básica,
esferas
articulado de seus espaços.
de
governo,
promovam
o
uso
ainda
que
comum
e
Art. 30 - A educação básica, em seus diversos níveis, poderá se organizar por séries
anuais,
períodos
semestrais,
plurianuais,
ou
outros,
a
critério
do
respectivo sistema de ensino, admitida, ainda, a matrícula por disciplina no ensino médio e, em qualquer nível, no ensino noturno e no ensino de jovens e adultos. Parágrafo único - O calendário escolar poderá adequar-se às peculiaridades regionais, inclusive climáticas e econômicas, a critério de cada sistema de ensino. Art. 31 - A educação básica, nos níveis fundamental e médio, se organizará de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de 800 horas, distribuída em um mínimo de 200 dias de trabalho escolar efetivo, excluído o tempo reservado às provas finais, quando houver, sendo a jornada diária de, pelo menos, 4 horas,
ressalvados
os
casos
do
ensino
noturno,
do
ensino
de
jovens
e
adultos, do ensino rural, do ensino em regiões de difícil acesso ou condições climáticas
adversas,
e
as
formas
alternativas
de
organização
autorizadas
nesta lei, a critério dos respectivos sistemas; II - a matrícula em qualquer série do ensino fundamental, excetuada a 1ª, e do ensino médio, poderá ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; b) por transferência,
para
candidatos procedentes de outras escolas,
que
comprovem aproveitamento em estudos anteriores; c) independentemente de escolarização anterior, pela
escola,
que
defina
o
grau
de
mediante avaliação feita
desenvolvimento
e
experiência
do
candidato, e permita sua inscrição na série ou etapa adequada. III
- nos
estabelecimentos
que adotam a
progressão regular por série,
o
regimento escolar poderá admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a sequência do currículo, e observadas as normas do respectivo sistema de ensino; IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com
níveis
equivalentes
de
adiantamento
na
matéria,
para
o
ensino
de
línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares em que tal solução se recomende; V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a)
prevalência
dos
aspectos
qualitativos
sobre
os
quantitativos
e
dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) aproveitamento parcial de estudos concluídos com êxito; d) períodos de estudos de recuperação para os casos de reprovação. VI
- o controle de frequência
ficará
a
cargo de cada
estabelecimento de
ensino, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do sistema de ensino,
exigida
a
frequência
mínima
de
70%
(setenta
por
cento)
de
comparecimento à escola para a aprovação; VII
-
os
estabelecimentos
deverão
funcionar
também
nos
intervalos
dos
períodos e horários letivos regulares para oferecer oportunidades de reforço de
aprendizagem
aos
alunos,
de
aperfeiçoamento
aos
profissionais
de
educação e pessoal administrativo, bem assim para oferecer programações outras de interesse da comunidade; VIII
-
caberá
a
cada
instituição
de
ensino
expedir
os
certificados
de
conclusão de série e os diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis. Art. 32 - Deverá ser assegurada relação adequada entre o número de alunos, o
número
de
professores,
a
carga
horária
e
as
condições
materiais
do
estabelecimento. Parágrafo
único
-
Caberá
aos
sistemas
de
ensino,
à
vista
das
condições
efetivamente disponíveis e das características regionais e locais, regulamentar o
disposto
neste
artigo,
respeitados
os
professor: I - creche – 20 crianças; II - Pré-escola e alfabetização – 25 alunos; III - demais séries e níveis – 35 alunos.
seguintes
limites
máximos
por
Art.
33
-
A
organização
administrativa,
pedagógica
e
disciplinar
das
instituições de educação básica, ou de qualquer de seus níveis isoladamente, será regulamentada no respectivo regimento, observado o disposto nesta lei, na legislação estadual e nas normas estabelecidas pelo respectivo sistema de ensino. Art.
34
-
Os
currículos
obrigatoriamente,
o
do
estudo
ensino
da
fundamental
língua
e
portuguesa
e
médio da
abrangerão,
matemática,
o
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. §
1º - Os
conteúdos
relativos
aos
conhecimentos
especificados
no caput
deverão abranger uma base nacional comum, a ser complementada em cada sistema de ensino e, quando for o caso, em cada escola, com uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. § 2º - O tratamento dos conteúdos curriculares levará em conta o ponto de partida de aprendizado do aluno, a sua prática escolar anterior, o seu meio ambiente
social
e
familiar
e,
quando
for
o
caso,
as
suas
condições
de
trabalho. § 3º - Caberá a cada instituição de ensino elaborar o seu currículo pleno, observado
o
disposto
nesta
lei
e
as
diretrizes
do
Conselho
Nacional
de
Educação e do sistema de ensino respectivo. § 4º - Às instituições de ensino privado é assegurada a faculdade de regular, a
seu
critério,
o
ensino
religioso
que
ministrarem,
nos
termos
da
Constituição. Art. 35 - O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, para desenvolver a criatividade, a percepção e a sensibilidade estética, respeitadas as especificidades de cada linguagem artística, pela habilitação em cada uma das áreas, sem prejuízo da integração das artes com as demais disciplinas. Parágrafo único - A preservação do patrimônio cultural nacional e regional, bem como as diferentes formas de manifestação artístico-cultural originárias do Brasil, terão tratamento especial.
Art. 36 - A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente
curricular
obrigatório
na
educação
básica,
ajustando-se
às
faixas etárias e às condições da população escolar, de modo a contribuir para o desenvolvimento do organismo e da personalidade do educando. Art. 37 - Os sistemas de ensino promoverão, em todos os níveis: I - o desporto educacional e as práticas desportivas não formais, tendo como objetivo
a
formação
características
de
integral
seletividade
para e
a
cidadania
competitividade
e de
o
lazer,
outras
evitadas
as
manifestações
desportivas; II
-
programas
de
saúde
para
desenvolvimento
de
práticas
úteis
ao
educando e à comunidade. Art. 38 - Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes: I
- a
educação ambiental
será
considerada
na
concepção dos
conteúdos
curriculares de todos os níveis de ensino, sem constituir disciplina específica, para
desenvolver
hábitos
e
atitudes
sadios
de
conservação
ambiental
e
respeito à natureza; II - será dada especial atenção à iniciação tecnológica, a partir do ensino fundamental; III - o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas, raças e etnias para a formação do povo brasileiro. Art. 39 - Será incentivada a colaboração das prefeituras e de outros órgãos públicos, de entidades comunitárias, de empresas industriais, comerciais e agrícolas, e de entidades civis e sindicais, para utilização de uma parte do tempo dos alunos em serviço de caráter comunitário e social, em períodos determinados e sob supervisão da escola, com caráter de estágio ou visitas orientadas. Art. 40 - As instituições de ensino ou, na sua falta, o sistema de ensino respectivo,
proporcionarão,
orientação
para
profissional.
o
trabalho
aos e
alunos
do
informações
ensino que
fundamental
auxiliem
a
e
sua
médio, escolha
Art. 41 - O Sistema Nacional de Educação acompanhará e avaliará o efeito dos meios de comunicação de massa e as possibilidades de contribuição da informática
e
de
novas
tecnologias
educacionais
nos
processos
de
aprendizagem. Art.
42
-
Na
oferta
de educação básica
para
as
comunidades
rurais,
os
sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriados às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação às imposições do trabalho característico da zona rural; IV
-
critérios
específicos
de
formação,
seleção,
admissão
e
promoção
de
professores; V - especialização de professores; VI - organização própria da oferta de transporte escolar; VII - integração à comunidade, incluindo cooperativas e sindicatos rurais, órgãos públicos e privados de pesquisa, assistência técnica e extensão rural, centros comunitários, igrejas e outras organizações que atuam na área rural.
CAPÍTULO VIII DA EDUCAÇÃO INFANTIL Art. 43 - A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem os seguintes objetivos específicos: I
-
proporcionar
condições
para
o
desenvolvimento
físico,
psicológico
e
intelectual da criança, em complementação à ação da família; II
-
promover
a
ampliação
de
suas
experiências
e
conhecimentos,
estimulando seu interesse pelo processo de transformação da natureza e pela convivência em sociedade;
Art. 44 - A educação infantil será oferecida em creches, para crianças de 0 a 3 anos, e em pré-escolas, para as de 4 a 6, e constitui direito da criança e dos seus pais, e dever do Estado e da família, na forma dos artigos 7º, XXV, 30, VI, 208, IV e 227 da Constituição. §
1º
-
Os
estabelecimentos
integrados
por
creche
e
pré-escola
serão
denominados Centros de Educação Infantil. § 2º - As creches e pré escolas, isolada ou integradamente, são instituições de educação infantil e se incluem no sistema de ensino do Município, cabendo a este a autorização e supervisão do seu funcionamento, inclusive quando mantidas pelas empresas para os filhos dos seus empregados. §
3º
-
Nos
Municípios
onde
não
exista
sistema
de
ensino
próprio,
as
instituições referidas no parágrafo anterior se incluem no Sistema do Estado respectivo. §
4º
-
As
instituições
de
educação
infantil,
além
da
sua
função
básica,
assegurarão saúde e assistência, em complementação à ação da família, e quando mantidas pelo Poder Público, contarão com recursos dos sistemas de Saúde e de Assistência Social, além daqueles específicos da educação. § 5º - As creches e pré-escolas deverão garantir a higiene e a saúde das crianças, articulando-se, para isso, com os serviços de saúde física e mental e assistência social, para orientação coletiva e encaminhamento dos problemas individuais. § 6º - Os sistemas de ensino competentes organizarão, com a colaboração do sistema
de
Saúde
e
dos
órgãos
de
Assistência
Social,
equipes
multidisciplinares para orientação e supervisão das instituições de educação infantil. §
7º
-
As
instituições
de
educação
infantil
deverão
atender
crianças
portadoras de necessidades especiais, após avaliação competente. § 8º - As instituições de educação infantil funcionarão em horário parcial ou integral,
e
observarão
as
exigências
mínimas
de
tempo
de
permanência
diário e dias de funcionamento por ano, estabelecidas pelo sistema de ensino competente.
§ 9º - Os educadores que atuarão nas creches e pré-escolas serão formados em cursos de nível médio ou superior. Art. 45 - As creches e pré-escolas constituirão responsabilidade prioritária dos
Municípios,
não
excluindo,
quando
necessária,
a
ação
direta
dos
Estados. § 1º - A União e os Estados prestarão assistência técnica e financeira aos Municípios, no atendimento à educação infantil. § 2º - Os recursos públicos destinados à educação infantil serão aplicados prioritariamente no atendimento às áreas habitadas por população de baixa renda. Art. 46 - As empresas, excetuadas as microempresas e as que empreguem menos de 10 trabalhadores, são obrigadas a manter creches e pré-escolas para os filhos e dependentes dos seus empregados. Parágrafo
único
recolhimento
do
-
O
cumprimento
salário-educação,
desta
obrigação
podendo-se
independe
deduzir
as
do
despesas
correspondentes do montante a ser recolhido como salário-creche, criado por esta lei. Art. 47 - Os currículos da educação infantil deverão levar em conta, na sua concepção
e
administração,
o
grau
de
desenvolvimento
da
criança,
a
diversidade social e cultural das populações infantis e os conhecimentos que se pretendam compensar e universalizar. §
1º
-
Os
conteúdos
curriculares
referidos
no
caput
deste
artigo
terão
orientação nacional, de caráter geral, estabelecida pelo Conselho Nacional de
Educação,
a
ser
complementada,
no
âmbito
de
cada
Estado
ou
Município, por normas do sistema de ensino respectivo, cabendo a cada instituição de educação infantil a montagem da sua proposta curricular. § 2º - As propostas curriculares de educação infantil serão articuladas com o ensino fundamental. § 3º - Na educação infantil, a avaliação far-se-á mediante acompanhamento do desenvolvimento da criança, sem julgamento de aprovação, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.
CAPÍTULO IX DO ENSINO FUNDAMENTAL Art. 48 - O ensino fundamental tem por objetivos específicos: I
-
o
domínio
progressivo
da
leitura,
da
escrita
e
do
cálculo,
enquanto
instrumentos para a compreensão e solução dos problemas humanos e o acesso sistemático aos conhecimentos; II - a compreensão das leis que regem a natureza e as relações sociais na sociedade contemporânea; III - o desenvolvimento da capacidade de reflexão e criação, em busca de uma participação consciente no meio social. Art. 49 - O currículo do ensino fundamental obedecerá ao disposto no cap. 7, acrescidas as seguintes diretrizes: I
-
será
ministrado
em
língua
portuguesa,
assegurada
às
comunidades
indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem; II - na parte diversificada do currículo, será incluído, obrigatoriamente, a partir da 5ª série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição. Art. 50 - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, podendo ser oferecido de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis: a) em caráter confessional, de acordo com a opção religiosa do aluno ou seu responsável,
ministrado
por
professores
ou
orientadores
religiosos
preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; b)
em
caráter
interconfessional,
resultante
de
acordo
entre
as
diversas
entidades religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa.
§ 1º - Os sistemas de ensino se articularão com as entidades religiosas para efeito da oferta do ensino religioso e do credenciamento dos professores ou orientadores. § 2º - Aos alunos que não optarem pelo ensino religioso será assegurada atividade
alternativa
que
desenvolva
os
valores
éticos,
o
sentimento
de
justiça, a solidariedade humana, o respeito à lei e o amor à liberdade.
CAPÍTULO X DO ENSINO M ÉDIO Art. 51 - O ensino médio, etapa final da educação básica, tem os seguintes objetivos específicos: I - o aprofundamento e a consolidação dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental; II - a preparação básica do educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar, com flexibilidade, a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posterior; III - o desenvolvimento da capacidade de pensamento autônomo e criativo; IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando
a
teoria
com
a
prática,
no
ensino
de
cada
disciplina científica. Art. 52 - O currículo do ensino médio observará o disposto no cap. 7 e as seguintes diretrizes: I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência,
das
sociedade
letras
e
da
e das
artes,
cultura,
e
a
o processo histórico de transformação da língua
portuguesa
como
instrumento
de
comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; II
-
adotará
metodologias
de
ensi
no
e
de
avaliação
que
estimulem
a
iniciativa do estudante; III
-
será
incluída
uma
língua
estrangeira
moderna,
como
disciplina
obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, dentro das disponibilidades
da instituição e oferecida uma segunda, em caráter optativo. Art. 53 - Assegurada aos alunos a integralidade da educação básica, que associa
à
educação
mais
geral,
nesta
etapa,
as
bases
de
uma
educação
tecnológica e politécnica, conforme disposto no artigo 51, o ensino médio poderá, mediante ampliação da sua duração e carga horária global, incluir objetivos adicionais de educação profissional. § 1º - Observadas as diretrizes do Conselho Nacional de Educação, caberá aos órgãos normativos dos sistemas de ensino regulamentar as alternativas de educação profissional, tendo em vista as peculiaridades regionais e as condições disponíveis em cada instituição. § 2º - Independentemente da regulamentação de outras, ficam definidas as modalidades Normal e Técnica, como áreas de educação profissional que poderão ser oferecidas pelas instituições de ensino médio em todo o país, que, quando dedicadas exclusivamente a uma dessas modalidades, usarão a denominação de Escola Normal ou Escola Técnica. § 3º - A modalidade Normal se destina à preparação de professores para a educação devendo
infantil o
e
as
currículo
quatro
incluir,
primeiras
além
dos
séries
do
conteúdos
ensino do
fundamental,
ensino
básico,
os
conteúdos pedagógicos necessários à prática docente e ao domínio teóricoprático
do
processo
educativo,
os
estudos
humanísticos
e
as
tecnologias
educacionais. § 4º - A modalidade Técnica se destina a preparar pessoal técnico de nível intermediário,
habilitado
para
atuar
em
equipes
de
pesquisa
e
desenvolvimento de tecnologias, no processo produtivo e na prestação de serviços
à
população,
básica
comum,
especializações
devendo
conteúdos
técnicas
o
currículo
tecnológicos
oferecidas,
que
abranger,
além
específicos,
serão
definidas
da
formação
necessários pelo
sistema
às de
ensino. § 5º - A duração mínima para as modalidades previstas nos parágrafos 3º e 4º será de 4 (quatro) anos, totalizando uma carga horária global de 3.200 horas
de
trabalho
supervisionado.
escolar
e
mais
um
semestre
letivo
de
estágio
Art. 54 - A educação profissional de nível médio poderá assumir a forma de educação continuada, podendo o concluinte do ensino médio recebê-la a qualquer tempo, e assegurado à instituição o direito de exigir avaliação para admissão de candidatos egressos de outras instituições, ou dos que hajam concluído o curso médio básico há mais de 5 (cinco) anos. § 1º - Ressalvada a avaliação prevista no caput, não haverá restrições para transferência
de
alunos
entre
diferentes
instituições
de
ensino
médio,
independentemente da oferta de modalidades de educação profissional em qualquer delas. §
2º
-
Será
assegurada
a
possibilidade
de
obtenção
do
diploma,
correspondente à conclusão do ensino médio básico, ao aluno que conclua o terceiro ano, com aproveitamento, independentemente da duração total da modalidade de educação profissional em que se tenha matriculado. § 3º - Os estudos correspondentes à educação profissional de nível médio poderão ser aproveitados em cursos de educação superior da mesma área e vice-versa, de acordo com as normas do respectivo sistema e os estatutos e regimentos das instituições de ensino superior, observadas as diretrizes do Conselho Nacional de Educação. § 4º - O Conselho Nacional de Educação, ouvido o Conselho Nacional de Formação
Profissional,
estabelecerá
complementaridade
entre
ofereçam
média
educação
as
formas
instituições
profissional,
de
de e
cooperação
ensino
as
médio
instituições
e
regras
regular,
de que
específicas
de
formação técnico-profissional previstas no cap. XI desta lei. § 5º - As instituições de ensino médio podem articular-se com instituições de
ensino
superior,
inclusive
para
uso
comum
de
equipamentos,
laboratórios, instalações hospitalares, oficinas e outros recursos, bem como para programas de aperfeiçoamento de pessoal docente. Art. 55 - Os diplomas de cursos de educação profissional de nível médio, correspondentes
a
ocupações
regulamentadas,
quando
registrados,
terão
validade nacional, como prova da educação recebida por seu titular. § 1º - As instituições de ensino médio públicas e as entidades privadas de formação técnico-profissional vinculadas ao sistema sindical registrarão os diplomas por elas expedidos.
§ 2º - Os sistemas de ensino disciplinarão o registro de diplomas expedidos por instituições de ensino médio privadas e demais entidades de formação técnico-profissional.
CAPÍTULO XI DA FORMAÇÃO TÉCNICO-PROFISSIONAL Art. 56 - O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental e médio, bem como o trabalhador em geral, jovem e adulto, além da garantia de educação básica comum, e das ofertas de educação profissional no ensino médio regular, deverá contar com a possibilidade de acesso a uma formação técnico-profissional contribua
para
o
específica, seu
que
não
substitua
desenvolvimento
a
como
educação cidadão
regular
e
produtivo,
proporcionando-lhe meios para prover sua existência material. §
1º
-
A
formação
técnico-profissional
referida
neste
artigo
deverá
ser
conjugada com as demais formas e modalidades de educação e corresponde à preparação para tarefas específicas no trabalho. § 2º - A formação técnico-profissional será oferecida predominantemente fora
do
sistema
de
ensino
regular,
em
instituições
especializadas
ou
no
próprio ambiente de trabalho. §
3º
-
As
modalidades
e
processos
de
ensino-aprendizagem
a
serem
utilizados na formação técnico-profissional serão definidas pelo Conselho Nacional de Formação Profissional. § 4º - O Conselho Nacional de Formação Profissional proporá ao Conselho Nacional
de
Educação
complementaridade
entre
formas a
formação
de
articulação,
equivalência
técnico-profissional
regulada
e
neste
capítulo, a educação profissional de nível médio ministrada no sistema de ensino regular e a educação básica nos níveis fundamental e médio. § 5º - A formação técnico-profissional será planejada e desenvolvida para atender às necessidades identificadas no mercado de trabalho,
tendo em
vista os interesses da produção e as necessidades dos trabalhadores e da população.
Art.
57
-
As
instituições
destinadas
à
formação
técnico-profissional
constituem uma rede própria. § 1º - A formação técnico-profissional pode, excepcionalmente, ser oferecida nas instituições de ensino médio dos sistemas de ensino regular, mediante autorização do órgão normativo respectivo, como atividade de extensão, sem prejuízo das responsabilidades básicas da instituição. § 2º - As instituições de formação técnico-profissional que integram a rede definida formas
no caput e
deste artigo podem oferecer,
modalidades
educacionais,
inclusive
excepcionalmente, de
ensino
médio
outras
regular,
básico ou profissional, de acordo com as normas do respectivo sistema de ensino. Art.
58
-
A
rede
estabelecimentos profissional, Constituição, semelhantes,
de
que
integram
vinculados demais bem
formação
ao
como
os
sistema
instituições os
técnico-profissional serviços sindical
privadas
centros
compõe-se
nacionais
referidos ou
no
públicas
públicos
de
de
dos
formação
artigo
240
da
com
objetivos
Formação
Técnico-
profissional criados pelo Poder Público. § 1º - Os centros públicos de Formação Técnico-profissional serão criados por lei estadual, de iniciativa do Poder Executivo competente, e dotados dos requisitos mínimos de autonomia
pedagógica,
administrativa
e de gestão
financeira assegurada às comunidades escolares. § 2º - Os centros referidos neste artigo funcionarão nos turnos matutino, vespertino e noturno, de modo a facilitar o acesso e a frequência dos alunos matriculados ou que hajam concluído o ensino fundamental ou médio, e que demandem formação técnico-profissional, concedendo-lhes, para isso, preferência para fins de matrícula. § 3º - Os centros serão localizados preferencialmente nas proximidades das unidades escolares de ensino fundamental e médio. § 4º - Qualquer empresa, entidade da sociedade civil ou instituição pública, desde que respeitadas, manter
unidade
neste último
própria
caso,
destinada
à
suas
finalidades
formação
observadas as condições estabelecidas nesta lei.
legais,
poderá
técnico-profissional,
Art.
59
- A rede de formação técnico-profissional terá,
a
nível nacional,
como órgão normativo e de coordenação superior, o Conselho Nacional de Formação Profissional. Parágrafo único - Compete ao Conselho Nacional de Formação Profissional: I
-
formular
e
coordenar
a
política
nacional
de
formação
técnico-
formação
técnico-
profissional; II
-
definir
diretrizes
e
prioridades
em
matéria
de
profissional; III
- propor ao Conselho Nacional
de Educação formas
de cooperação,
articulação, equivalência e complementaridade entre as ações educativas dos sistemas de ensino regular, as da rede de formação técnico-profissional e as que ocorrem nos processos produtivos; IV
-
deliberar
sobre
projetos
de
empresas
para
formação
técnico-
profissional, destinados à obtenção de benefícios e estímulos fiscais previstos em lei. Art. 60 - O Conselho Nacional de Formação Profissional será composto de 19
membros,
nomeados
pelo
presidente
da
República
e
escolhidos
da
seguinte forma: I
-
3
representantes
das
organizações
sindicais
de
mais
alto
grau
dos
trabalhadores; II - 3 representantes das organizações sindicais patronais de mais alto grau; III - 2 representantes do ministério responsável pela área do Trabalho; IV - 2
professores representantes do ministério responsável pela
área
da
Educação; V - 2 professores representantes do Conselho Nacional de Educação; VI - 1 representante do ministério ou secretaria responsável pela área do planejamento; VII - 1 representante do ministério ou secretaria responsável pela área da Ciência e Tecnologia;
VIII - 2 representantes das secretarias estaduais responsáveis pelas áreas da Educação
e
do
Trabalho,
indicados,
cada
um
deles,
pelo
colegiado
que
congregue nacionalmente os respectivos titulares; IX - 3 professores, de reconhecida experiência na área das relações entre Educação e Trabalho, indicados pelas entidades previstas no inciso XI do art. 24. §
1º
-
Aplicam-se
ao
Conselho
Nacional
de
Formação
Profissional
as
disposições constantes dos parágrafos 1º, 2º, e 4º do art. 24. § 2º - As Unidades Federadas instituirão, em sua esfera de competência, órgãos
colegiados
referido
neste
com
artigo,
representatividade para
incumbir-se
correspondente da
formulação,
à
do
Conselho
coordenação
e
supervisão, a nível estadual, da política de formação técnico-profissional, em estreita articulação com o órgão estadual normativo do sistema de ensino. §
3º
-
Nos
Municípios
com
mais
de
100
mil
habitantes,
poderão
ser
instituídos, por delegação dos Estados, colegiados semelhantes. Art.
61
-
A
rede
de
formação
técnico-profissional
será
financiada
com
recursos provenientes de: I
-
receitas
orçamentárias
da
União,
dos
Estados
e
dos
Municípios,
destinados, para esse fim, nos orçamentos dos ministérios e das secretarias responsáveis pelas áreas do Trabalho e da Educação; II - receitas provenientes de contribuição social das empresas, sendo: a) 1%
do
valor
das
respectivas
folhas
de salário
destinado
às
entidades
privadas de formação profissional vinculadas ao sistema sindical, nos termos do art. 240 da Constituição; b) 0,5% do valor das referidas folhas, destinado às secretarias de Estado responsáveis pelas áreas do Trabalho ou Educação nas unidades federadas, segundo normas a serem estabelecidas pelo Conselho Nacional de Formação Profissional e pelos órgãos estaduais correspondentes. III
-
recursos
efetivamente
gastos
pelas
empresas
em
seus
próprios
programas de formação técnico-profissional, mantidos os incentivos fiscais previstos em lei;
IV
-
receitas
provenientes
de
acordos,
convênios,
doações
e
outros,
destinados à formação técnico-profissional. Parágrafo único - Os recursos previstos neste artigo destinados à formação técnico-profissional
não
se
consideram
despesas
de
manutenção
e
desenvolvimento do ensino, nos termos desta lei.
CAPÍTULO XII DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES Art.
62
-
A
educação básica
pública
oferecerá
alternativas
adequadas
às
necessidades da população trabalhadora, jovem e adulta. Parágrafo único - As alternativas referidas neste artigo incluirão, no mínimo: I - regime especial de trabalho para trabalhadores-estudantes, nos seguintes termos: a)
redução
prejuízo
da
jornada
salarial,
de
para
trabalho
em
até
trabalhadores
2
(duas)
horas
adolescentes,
diárias,
salvo
sem
quando
matriculados no ensino noturno, quando a redução será de 1 (uma) hora; b) redução da jornada em 1 (uma) hora diária, sem prejuízo salarial, para trabalhadores adultos matriculados no ensino noturno; c)
oferta
de
trabalho
em
tempo
parcial,
com
turno
de
4
ou
6
horas,
especialmente para adolescentes; d) intervalos para estudo, de até 2
(duas) horas na jornada semanal de
trabalho, e de até 1 (uma) semana por semestre, aos empregados inscritos em programas de educação a distância. II - disponibilidade de aparelhagem e demais condições para recepção de programas
de
teleducação
no
local
de
trabalho,
em
empresas
e
órgãos
públicos com mais de 100 (cem) empregados; III - oferta regular de ensino noturno, entendido como tal o oferecido a partir das 18 horas, nos mesmos padrões de qualidade do diurno, e em escola próxima dos locais de trabalho e residência;
IV - alternativas de acesso a qualquer série ou nível, independentemente de escolaridade anterior, sem restrições de idade máxima, mediante avaliação dos conhecimentos e experiências, admitida, quando necessária, a prescrição de programas de estudos complementares em paralelo; V
-
conteúdos
metodologia
curriculares
de
centrados
na
ensino-aprendizagem
prática
adequada
social ao
e
no
trabalho
amadurecimento
e e
experiência do aluno; VI - organização escolar flexível, inclusive quanto à redução da duração da aula
e do número de horas-aulas,
à
matrícula
por disciplina
e a
outras
variações envolvendo os períodos letivos, a carga horária anual e o número de anos letivos dos cursos; VII - professores especializados; VIII
-
programas
transporte,
sociais
de
independentemente
alimentação, do
horário
e
saúde, da
material
modalidade
escolar de
e
ensino,
financiados com recursos específicos; IX - outras formas e modalidades de ensino, que atendam a demandas dessa clientela, nas diferentes regiões do país. Art. 63 - O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si, que incluirão: I
-
ações
diretas
dos
sistemas
de
ensino,
para
implementação
das
providências contidas nos incisos III a IX do artigo anterior; II - ações junto aos empregadores, mediando processos de negociação com os trabalhadores, fiscalizando o cumprimento das normas legais, e criando incentivos
e
estímulos,
inclusive
de
natureza
fiscal
e
creditícia,
para
as
empresas que facilitem a educação básica dos seus empregados, na forma dos incisos I e II do referido artigo; III - ações diretas do Estado, na condição de empregador, por si e por suas entidades vinculadas e empresas públicas. Parágrafo
único
-
O
valor
de
bolsas
de
estudos
ou
outros
benefícios
educacionais, concedidos pelos empregadores a seus empregados, não será
considerado,
para
integrando
a
nenhum efeito,
remuneração
como utilidade e parcela
do
empregado
para
fins
salarial,
não
trabalhistas,
previdenciários ou tributários.
CAPÍTULO XIII DA EDUCAÇÃO S UPERIOR Art. 64 - A educação superior realiza-se através do ensino, da pesquisa e da extensão. § 1º - O ensino superior tem por objetivos: I - aperfeiçoar a formação do homem para a atividade cultural; II - capacitá-lo para o exercício de uma profissão; III
-
prepará-lo
para
o
exercício
da
reflexão
crítica
e
a
participação
na
produção, sistematização e superação do saber. § 2º - A pesquisa tem por objetivo o avanço do conhecimento teórico e prático,
em
seu
caráter
universal
e
autônomo,
e
deve
contribuir
para
a
solução dos problemas sociais, econômicos e políticos, nacionais e regionais. § 3º - A extensão, aberta à participação da população, visará difundir as conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. Art.
65
-
O
ensino
superior
abrange
as
seguintes
espécies
de
cursos
e
programas: I
-
cursos
de
graduação,
abertos
à
matrícula
de
candidato
que
haja
concluído o ensino médio ou tenha educação equivalente, nos termos desta lei; II - programas de pós-graduação, compreendendo cursos de Mestrado e Doutorado e, ainda, os cursos de especialização e aperfeiçoamento, abertos à matrícula de candidato diplomado em curso de graduação; III - programas de pós-doutorado, para candidato à alta especialização ou à atualização de sua formação profissional ou acadêmica avançada, abertos à
matrícula de candidato possuidor do título de doutor. Parágrafo único - Poderão, ainda, ser oferecidos cursos de extensão, com objetivos,
duração,
clientela
e
demais
características
livremente
definidos
pela instituição promotora. Art.
66
-
No
ensino
superior
de
graduação,
o
ano
letivo
regular,
independente do ano civil, corresponderá, no mínimo, a duzentos dias de trabalho
acadêmico,
podendo,
ainda,
distribuídos
em
oferecidos,
nos
ser
períodos
a
intervalos
critério dos
da
períodos
instituição, regulares,
programas especiais. Art.
67
-
superior
O
ensino
públicas
superior
ou
será
privadas,
ministrado
com
variados
em
instituições
graus
de
de
ensino
abrangência
ou
especialização. Art. 68 - A criação de instituições de ensino superior, bem como de seus cursos
e
habilitações
será
efetivada
em
conformidade
com
a
política
de
expansão do ensino superior expressa no Plano Nacional de Educação. § 1º - A criação de instituição de ensino superior pública será feita por lei de iniciativa
do
Poder
Executivo
competente,
sendo
a
mesma
autorizada
a
funcionar após aprovação, pelo órgão normativo do respectivo Sistema de Ensino,
dos
seus
estatutos
e
projeto
de
criação,
implantação
e
desenvolvimento. §
2º - A
criação de instituição de ensino superior privada
obedecerá
às
formas em direito permitidas, observado o disposto no capítulo V, mediante decreto
do
Poder
Executivo
competente,
sendo
a
mesma
autorizada
a
funcionar, após aprovação, pelo órgão normativo do respectivo sistema de ensino,
dos
seus
estatutos
e
projeto
de
criação,
implantação
e
desenvolvimento. § 3º - A criação de cursos e habilitações em instituições não universitárias de ensino superior, públicas ou privadas, será efetivada por decreto do Poder Executivo
competente,
sendo
as
mesmas
autorizadas
a
funcionar
após
parecer favorável do órgão normativo do respectivo sistema de ensino. § 4º - A criação de cursos e habilitações em instituições de ensino superior, públicas ou privadas, credenciadas como universidades, será efetivada nos
termos dos seus estatutos e regimentos, no exercício da autonomia definida no art. 77 desta lei. Art. 69 - Cabe ao Poder Público Federal credenciar como universidades as instituições que comprovem alta qualificação científica, nos termos desta lei. §
1º
-
O
credenciamento
universidades conduzido através
será
sob
de
a
de
precedido
instituições de
processo
responsabilidade
Comissões
de
do
Autônomas
de
Conselho de
ensino
superior
avaliação Nacional
Especialistas,
como
institucional de
e
Educação,
com
apoio
administrativo e técnico do Ministério responsável pela educação. §
2º
-
As
indicados órgãos
comissões
referidas
paritariamente
de
pelas
fiscalização
representativas
dos
no
§
1º
serão
associações
do
exercício
docentes
de
e
integradas sociedades
profissional,
ensino
superior,
por
especialistas
científicas,
pelos
pelas
entidades
pelas
entidades
representativas de reitores e pelo ministério responsável pela
educação,
e
constituídas, em cada caso, para a tarefa específica. § 3º - As normas e procedimentos da avaliação referida neste artigo serão estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação, atendidos os parâmetros básicos fixados nesta lei e assegurado à instituição amplo direito de recurso, bem
como
prazos
adequados
para
que
eventuais
insuficiências
sejam
sanadas. § 4º - O credenciamento de instituições como universidades dar-se-á por lei do
Congresso
Nacional,
de
iniciativa
do
presidente
da
República,
após
parecer favorável do Conselho Nacional de Educação, à vista do relatório de avaliação da Comissão prevista no § 1º. §
5º
-
O
termo
validade
do
credenciamento
Conselho,
dependendo
das
renovação
far-se-á
decreto
por
condições do
inicial
existentes
presidente
na
da
ficará
a
critério
instituição
República,
à
e
a
vista
do sua de
parecer favorável do Conselho. § 6º - Na hipótese de parecer contrário à renovação do credenciamento, e esgotadas as possibilidades de correção das deficiências, caberá ao presidente da República submeter ao Congresso Nacional projeto de lei suspendendo ou
cancelando
a
credencial
de
universidade,
devendo
o
mesmo
ato
especificar
se
o
estabelecimento
permanece
autorizado
a
funcionar,
na
condição de instituição de ensino superior não universitária. § 7º - Na hipótese prevista no final do parágrafo anterior, e em se tratando de instituição multiescolar, a denominação “Universidade” será substituída por “Centro de Ensino Superior”. §
8º
-
O
relatório
final
do
processo
de
avaliação
incluirá
o
elenco
de
providências para a superação das deficiências institucionais identificadas, com prazos para o seu cumprimento. Art.
70
-
Constituem
requisitos
mínimos
para
o
credenciamento
como
Universidade: I - institucionalização da pesquisa pura e aplicada; II - pluralidade de áreas do conhecimento na oferta de ensino de graduação e organização multi e interdisciplinar, admitida a ênfase em determinadas áreas do saber; III - produção científica comprovada; IV
-
1/3
do
corpo
docente,
pelo
menos,
com
titulação
acadêmica
de
mestrado ou doutorado; V - 1/3 do corpo docente, pelo menos, em regime de dedicação exclusiva; VI
-
infraestrutura
para
ensino
e
pesquisa,
em
termos
de
laboratórios,
bibliotecas, equipamentos e instalações; VII - oferta de cursos de mestrado ou doutorado, com base nas atividades de pesquisa e produção científica e tecnológica; VIII - atividades de extensão, nos termos do art. 64, § 3º. Parágrafo único - Os órgãos normativos dos sistemas de ensino dos Estados poderão solicitar ao Conselho Nacional de Educação a elevação dos níveis de exigência mínimos, contidos neste artigo, para efeito do credenciamento de universidades em sua área de jurisdição. Art.
71
-
A
autorização
para
funcionamento
de
instituições
não
universitárias de ensino superior, ou de seus cursos isoladamente, pode ser suspensa ou cancelada, por recomendação do órgão normativo do sistema,
com base em avaliações quinquenais das condições de funcionamento e da qualidade do ensino ministrado. § 1º - A avaliação prevista neste artigo adotará procedimentos semelhantes aos
estabelecidos
no
art.
69,
em
tudo
o
que
lhe
for
aplicável,
com
as
adaptações decorrentes das suas finalidades. § 2º - A primeira avaliação da instituição, ou do curso autorizado, será concluída antes da diplomação da primeira turma de alunos. Art. 72 - Na avaliação externa, além dos que constam nos artigos 69 e 71, serão observados os seguintes objetivos: I
- identificação de deficiências a
serem superadas,
a
fim de melhorar a
qualidade da educação superior no país; II - orientação dos investimentos e outras providências necessárias, no caso de
instituições
instituições
públicas,
privadas,
por
parte
por
parte
do
Poder
dos
Público,
proprietários
e,
no
ou
caso
de
entidades
mantenedoras; III - orientação da clientela usuária e da sociedade em geral. §
1º - A avaliação será
conduzida
de forma
aberta,
cabendo aos órgãos
normativos publicar, anualmente, os resultados da última avaliação a que foram submetidas as instituições sob a sua jurisdição. §
2º
-
Juntamente
com
os
resultados
referidos
no
parágrafo
anterior,
deverão ser explicitadas as condições materiais e financeiras da instituição e individualizadas
as
instâncias
decisórias
responsáveis
pelas
providências
saneadoras. § 3º - A avaliação das instituições levará em conta as suas funções sociais e terá, necessariamente, instâncias externas ao sistema, a serem definidas pelo Conselho Nacional de Educação. Art.
73
internos
-
As
de
instituições
autoavaliação
de de
ensino suas
superior
atividades,
devem que
manter
envolvam
mecanismos professores,
alunos e demais trabalhadores da educação. Art. 74 - Os órgãos normativos dos sistemas de ensino respectivos, ou o Conselho
Nacional
de
Educação,
podem
determinar
a
instauração
de
inquérito administrativo em instituições de ensino superior, em razão de infringência da legislação de ensino ou de preceito estatutário. § 1º - Concluído o inquérito, o órgão que o determinou poderá declarar a instituição sob intervenção ou determinar a adoção de medidas saneadoras. §
2º - Declarada
a
intervenção,
o Poder Executivo competente nomeará
dirigente pro tempore para a instituição, indicado pelo órgão referido no parágrafo anterior. § 3º - Constatada a conveniência da cessação definitiva do funcionamento da
instituição,
efetiva
por
lei
pelo ou
órgão
decreto,
normativo de
competente,
acordo
com
a
a
medida
hierarquia
do
se ato
tornará de
sua
autorização. Art. 75 - As instituições de ensino superior adotarão, obrigatoriamente, além dos princípios de organização e administração previstos no capítulo V, as seguintes diretrizes: I - os órgãos colegiados serão constituídos de forma a assegurar: a) a participação de representantes dos professores, servidores e alunos, bem como
da
comunidade
externa,
nos
órgãos
deliberativos
estatutários
e
regimentais, de nível máximo da instituição; b) a participação de representantes dos professores e alunos em todos os colegiados
com
competências
acadêmicas,
inclusive
nas
comissões
temporárias, cabendo, ainda, a critério da instituição, representação externa de segmentos sociais específicos, quando se tratar de colegiados setoriais; c) a participação da comunidade acadêmica, pelas formas definidas nos seus estatutos
e
regimentos,
nas
demais
instâncias
de
deliberação
coletiva
da
instituição; d) presença majoritária da representação docente, em todos os colegiados referidos nas alíneas anteriores. II
-
a
elaboração
e
modificação
dos
estatutos
e
regimentos
observará
processo que assegure a participação de professores, servidores e alunos; III - o dirigente máximo da instituição de ensino e seu vice serão escolhidos entre
os
seus
docentes,
com
a
participação
de
professores,
servidores
e
alunos, na forma definida em seus estatutos; IV - a duração dos mandatos dos dirigentes referidos no inciso anterior será definida nos estatutos da instituição, não podendo exceder a três anos, se permitida uma recondução ou a quatro anos, quando vedada a recondução; V - os dirigentes dos demais escalões internos das instituições, inclusive de unidades
de
ensino
e
pesquisa,
quando
for
o
caso,
serão
escolhidos
e
nomeados internamente, na forma prevista nos estatutos ou regimentos; VI - no caso das instituições públicas, a indicação de representantes para órgãos colegiados e a escolha do dirigente máximo e seu vice, previstos nos incisos I e III, obedecerão a processo eletivo direto, cabendo a nomeação do dirigente máximo ao Chefe do Poder Executivo competente; VII - os orçamentos, planos de aplicação de recursos e prestações de contas serão
aprovados
por
órgãos
de
deliberação
coletiva,
nos
diversos
níveis
hierárquicos da instituição. Parágrafo superior
único
-
definirão
Os
estatutos
as
regras
e
regimentos
para
sua
das
instituições
organização
e
de
ensino
administração,
respeitadas as disposições desta lei e o que dispuser o sistema de ensino respectivo. Art.
76
- As instituições de ensino superior públicas constituir-se-ão em
categoria
jurídico-institucional
própria,
com
características
específicas,
inclusive quanto ao regime do seu pessoal e à autonomia administrativa e de gestão financeira e patrimonial de que gozarão, nos termos do art. 77. Art. 77 - As instituições de ensino superior gozarão de diferentes graus e elementos de autonomia, segundo se encontrem, ou não, credenciadas como universidades. § 1º - A autonomia didático-científica consiste em: I
-
fixar
seus
objetivos
filosóficos,
pedagógicos,
científicos,
tecnológicos,
artísticos e culturais, organizando o ensino, a pesquisa e a extensão, sem quaisquer restrições doutrinárias, ideológicas ou políticas; II - garantir aos pesquisadores e grupos de pesquisa a liberdade de elaborar projetos e definir os problemas que considerem relevantes, sujeitos apenas à
avaliação dos seus pares da comunidade científica interna e externa; III - criar, organizar, alterar e extinguir cursos, habilitações e programas de ensino, pesquisa e extensão; IV - definir os currículos dos seus cursos, observadas as diretrizes gerais do Conselho Nacional de Educação; V
-
estabelecer
didático
de
a
seus
duração,
o
calendário
diferentes
cursos,
escolar
e
observadas
o
as
regime
de
exigências
trabalho mínimas
estabelecidas nesta lei; VI - estabelecer critérios e normas de seleção, admissão e promoção de seus alunos e da matrícula dos transferidos; VII - conferir graus, diplomas, certificados e outros títulos acadêmicos; VIII - fixar e alterar os limites quantitativos da oferta de vagas nos seus cursos; IX - zelar pela observância de princípios éticos nas pesquisas que envolvam seres humanos vivos. § 2º - A autonomia administrativa consiste em: I
-
organizar-se
peculiaridades, subunidades,
internamente
estabelecendo
quando
for
o
na
forma
suas
caso,
mais
instâncias
sem
conveniente
decisórias,
quaisquer
restrições
às
suas
unidades que
não
e as
decorrentes desta lei; II - estabelecer a política geral de administração da instituição; III
- elaborar e reformar seus estatutos e regimentos,
de acordo com os
procedimentos estabelecidos nesta lei; IV - escolher seus dirigentes, respeitadas as disposições desta lei e as normas dos respectivos sistemas de ensino, quando houver; V - estabelecer seus quadros de pessoal, em articulação com o ministério ou secretaria
a
que
esteja
vinculada,
e
administrá-lo
dentro
dos
limites
orçamentários aprovados; VI
- autorizar o afastamento do país ao seu
atividades científicas e culturais;
pessoal,
para
participar de
VII
-
admitir
professores,
pesquisadores
ou
especialistas
estrangeiros,
na
forma prevista nos seus estatutos ou regimentos; VIII - celebrar acordos, contratos, convênios e convenções; IX
-
manter
regulamento
próprio
para
licitações,
compras,
alienações
e
contratações de obras, locações e serviços respeitados os princípios gerais da legislação específica, no caso das instituições públicas. §
3º
-
A
autonomia
de
gestão
financeira
e
patrimonial,
no
caso
das
instituições públicas, compreende as competências para: I - elaborar e executar o seu orçamento, com fluxo regular de recursos do Poder Público, que lhe permita planejar e implementar as suas atividades, independentemente de outras fontes de receita com fins específicos; II - receber os recursos que o Poder Público tem o dever de prover-lhe em montante
suficiente,
assegurada
a
dotação
necessária
ao
pagamento
do
pessoal e dotações globais para outros custeios e despesas de capital que permitam
livre
aplicação
e
remanejamento
entre
diferentes
rubricas
de
elementos ou categorias de despesas, sem prejuízo de fiscalização posterior dos órgãos externos competentes; III - gerir livremente o seu patrimônio; IV - administrar as rendas patrimoniais e as decorrentes de suas atividades e serviços, delas dispondo na forma dos seus estatutos; V - receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação financeira resultante de convênios com entidades públicas e privadas; VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do poder
competente,
para
investimento
de
capital
em
obras,
imóveis,
instalações e equipamentos; VII - definir, em regulamento próprio, suas normas e procedimentos de elaboração, discussão, aprovação, execução e controle orçamentário. § 4º - As instituições de ensino superior privadas desfrutarão, em relação às suas
entidades
mantenedoras
e
ao
Poder
Público,
dos
elementos
de
autonomia relacionados neste artigo, que lhes sejam aplicáveis, na forma prevista em seus estatutos e regimentos.
Art. 78 - As instituições de ensino superior credenciadas como universidades gozarão, durante a vigência do credenciamento, da plenitude da autonomia definida no artigo anterior. §
1º
-
Às
instituições
de
ensino
superior
não
credenciadas
como
universidades, aplicam-se os elementos de autonomia constantes nos incisos I, II, V, VII e IX do § 1º, II, IV, V, VIII e IX do § 2º e I, II, III, IV, V, VI e VII do § 3º do artigo 77. § 2º - Os órgãos normativos dos sistemas de ensino respectivos disporão sobre o exercício das competências não atribuídas às instituições referidas no parágrafo anterior, nos casos em que não haja prescrição expressa, a esse respeito, nesta lei. Art. 79 - Por delegação do Conselho Nacional de Educação, ouvido o órgão normativo como
do
sistema
universidades
autorização
de
de
ensino
poderão
respectivo,
assessorar
funcionamento
bem
as
instituições
credenciadas
o
sistema
nos
processos
como
exercer
funções
de
de
apoio
acadêmico às instituições de ensino superior não universitárias, na respectiva região ou área de influência. Parágrafo único - Cabe ao Conselho Nacional de Educação expedir normas regulamentadoras do apoio acadêmico, que deverão incluir, dentre outros, os seguintes procedimentos: a) assessoria em programações curriculares, atividades de ensino, pesquisa e extensão e organização acadêmica e administrativa; b) participação nos processos de avaliação da instituição; c)
registro
avaliação
dos
dos
aprendizagem
diplomas
respectivos dos
expedidos cursos
diplomandos,
e,
pela
instituição,
excepcionalmente,
com
orientação
da
condicionado à
verificação
universidade
à de
para
superação das deficiências; d) cooperação acadêmica, através de convênios entre a Universidade e a instituição
não
universitária,
inclusive
para
aperfeiçoamento
de
pessoal
docente. Art.
80
-
Os
diplomas
expedidos
pelas
instituições
de
ensino
superior,
referentes aos cursos de graduação e programas de pós-graduação, quando
registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida pelo seu titular. § 1º - Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias registrados,
e aqueles
registrados
em
conferidos
universidades
por instituições
indicadas
pelo
não universitárias Conselho
serão
Nacional
de
asseguram
os
Educação. §
2º
-
Os
diplomas
e
graus
conferidos
por
universidades
direitos relativos ao exercício da respectiva profissão, independentemente de qualquer outra providência. § 3º - A fiscalização do exercício da profissão cabe aos órgãos legalmente investidos dessa responsabilidade. Art.
81
-
As
instituições
de
ensino
superior
credenciadas
como
Universidades integrar-se-ão também, na sua condição de instituições de pesquisa,
ao
Sistema
Nacional
de
Ciência
e
Tecnologia,
nos
termos
da
legislação específica. Art. 82 - Os planos de ensino, pesquisa e extensão das instituições de ensino superior levarão em conta a necessidade de articulação desse nível de ensino com os anteriores, principalmente quanto aos critérios de seleção de alunos, aos
objetivos
e
estrutura
curricular
e
à
formação
e
aperfeiçoamento
de
profissionais do magistério para aqueles níveis de ensino. Art. 83 - As instituições de ensino superior oferecerão, no período noturno, cursos
de
instituição
graduação no
nos
período
mesmos
diurno,
padrões
sendo
de
qualidade
obrigatória
a
mantidos
oferta
pela
noturna
nas
instituições públicas, excetuadas as áreas das ciências agrárias e da saúde. Art. 84 - Aos docentes das instituições públicas de ensino superior serão garantidos estatutos e planos de carreira que assegurem: I - identidade de estrutura de cargos e funções e isonomia de pisos salariais; II - ingresso na carreira exclusivamente por concurso público de provas e títulos; III - regime de progressão funcional, baseado na avaliação do desempenho acadêmico e titulação;
IV - direito ao exercício de atribuições administrativas e de cargos eletivos na estrutura
universitária,
independentemente
da
posição
funcional,
ressalvadas as funções de conteúdo essencialmente acadêmico e científico que exijam competência específica; V - apoio a programas de capacitação de pessoal docente, através de uma política de pós-graduação, que garanta o progresso na carreira docente e a possibilidade permanente de aperfeiçoamento; VI - instituição do semestre ou do ano sabático para a carreira docente, cuja concessão será condicionada à avaliação do mérito e aprovação de plano de atividades
pelo
respectivo
colegiado
acadêmico,
sem
prejuízo
da
licença
especial, instituída em lei; VII - direito a adicional por tempo de serviço, após cada ano de efetivo exercício; VIII
-
regime
assegurada
a
de
trabalho
opção
pela
preferencial
dedicação
em
dedicação
parcial
de
20
exclusiva,
horas,
a
sendo
juízo
da
instituição; IX - aposentadoria com proventos integrais não inferiores ao valor da última remuneração recebida em atividade, assegurada a sua revisão, nos termos do § 4º. do art. 40 da Constituição; X - férias anuais de 45 dias; XI
-
afastamento
de
docentes
para
exercício
de
atividades
em
órgãos
públicos fora da instituição, condicionado a aprovação prévia do respectivo colegiado acadêmico, sem ônus para a instituição, por prazo determinado e assegurada a substituição. § 1º - As instituições de ensino superior poderão estabelecer a exigência de concurso público de provas e títulos para a investidura no nível mais alto da carreira. § 2º - Na hipótese prevista no inciso XI, serão mantidos todos os direitos do docente
durante
o
período
cumprimento de tarefas própria instituição.
de
afastamento,
docentes,
ainda
sendo
que realize a
ele
dispensado
do
pós-graduação na
§ 3º - Nas instituições privadas de ensino superior, as disposições relativas ao pessoal docente constarão dos seus estatutos,
regimentos e planos de
carreira.
CAPÍTULO XIV DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Art.
85
-
Entende-se
modalidade
de
por
educação
educação escolar,
especial, oferecida
para
os
efeitos
desta
preferencialmente
lei,
na
a
rede
regular de ensino, para educandos portadores de deficiências. § 1º - Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na Escola Regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º - O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de Ensino Regular. § 3º - A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de 0 a 6 anos, durante a educação infantil. §
4º - O
educando em condições de integrar-se no Ensino Regular tem
assegurada matrícula no ensino público básico. Art. 86 - Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I
-
currículos,
métodos,
técnicas,
recursos
educativos
e
organização
específicos, para corresponder às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não possam atingir o nível exigido para conclusão do ensino fundamental; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do Ensino Regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com o
Sistema
de
Formação
Técnico-profissional,
e
as
áreas
do
Trabalho
e
da
Assistência Social; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o nível de Ensino Regular respectivo. Art. 87 - Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único - O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria
rede pública
regular de ensino,
independentemente do apoio às
instituições previstas neste artigo.
CAPÍTULO XV DA EDUCAÇÃO PARA COMUNIDADES INDÍGENAS Art.
88
-
O
Sistema
Nacional
de
Educação,
preferentemente
através
do
sistema de ensino da União, e com a colaboração das agências federais de fomento
à
cultura
e
de
assistência
aos
índios,
desenvolverá
programas
integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas. Parágrafo único - Os programas previstos neste artigo serão formulados com audiência das comunidades envolvidas, através das respectivas organizações e de entidade representativa das comunidades indígenas. Art. 89 - Os programas referidos no artigo anterior deverão ser incluídos nos Planos Nacionais de Educação,
com recursos específicos das agências de
cultura e de assistência ao índio, além das dotações ordinárias da educação, e terão os seguintes objetivos: I - preservar e fortalecer a organização social, a cultura, os costumes, as línguas, crenças e tradições das comunidades indígenas;
II
-
fortalecer
as
práticas
socioculturais,
a
língua
materna
de
cada
comunidade indígena e desenvolver metodologias específicas do processo de ensino-aprendizagem
da
educação
escolar
de
comunidades
indígenas,
especialmente na aprendizagem de primeiras e segundas línguas; III - manter programas de formação de recursos humanos especializados, destinados
à
educação
escolar
de
comunidades
indígenas,
garantindo,
preferencialmente, ao índio, o acesso aos mesmos; IV
-
desenvolver
aprendizagem,
currículos,
bem
como
programas material
e
processos
didático
e
de
avaliação
calendário
de
escolares
diferenciados e adequados às diversas comunidades indígenas; V - publicar material didático em línguas indígenas maternas e material bilíngue, destinados à educação em cada comunidade indígena, visando à integração do ensino em seus diversos níveis. VI
- preparar o educando da
comunidade indígena
para
o exercício da
cidadania, tal como expresso no art. 2º. desta lei. Art. 90 - Os sistemas de ensino da União, dos Estados e dos Municípios articular-se-ão para assegurar que as escolas situadas em áreas indígenas ou em suas
proximidades,
vinculadas
a
qualquer dos
sistemas,
observem as
características especiais da educação de comunidades indígenas estabelecidas nos artigos anteriores, inclusive quanto à formação especializada dos seus professores. Parágrafo único - É obrigatória a isonomia salarial entre professores índios e não índios.
CAPÍTULO XVI DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Art. 91 - Considera-se educação a distância a forma de ensino que se baseia no
estudo
horários,
ativo
da
independente
e
possibilita
duração e do local de estudo,
ao
estudante
combinando a
a
escolha
dos
veiculação de
cursos com material didático de autoinstrução e dispensando ou reduzindo a exigência da presença.
Art. 92 - As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação a distância e a autorização para a sua implantação caberão ao órgão normativo do sistema de ensino do Estado, observadas as diretrizes do Conselho Nacional de Educação. § 1º - Na educação infantil e no ensino fundamental, a educação a distância desempenhará apenas função complementar. §
2º
-
A
educação
a
distância
deve
ser
utilizada,
preferencialmente,
em
programas destinados a jovens e adultos engajados no trabalho produtivo ou a pessoas na terceira idade, com características de educação continuada, para aperfeiçoamento profissional ou enriquecimento cultural. §
3º
-
Para
programas
de
educação
profissional
em
nível
médio,
com
titulação de validade nacional, a regulamentação e autorização caberão ao órgão normativo do sistema de ensino respectivo. § 4º - Quando se tratar de programa destinado ao ensino superior, que conceda diploma de validade nacional, a iniciativa e a competência para promovê-lo ficarão restritas a instituições de ensino superior, credenciadas como universidades, mediante autorização específica do Conselho Nacional de Educação, e desde que as mesmas possuam setor organizado de educação a
distância,
que
funcione
em
articulação
com
as
estruturas
acadêmicas
responsáveis pelos conteúdos curriculares respectivos, no Ensino Regular, ou a instituição pública de igual nível, criada por lei, especificamente com essa finalidade. § 5º - Não haverá discriminação ou restrições aos diplomas e certificados expedidos
pelos
programas
de
educação
a
distância,
ministrados
em
observância ao disposto nesta lei. § 6º - Os conteúdos curriculares dos programas de educação a distância serão os mesmos ministrados no Ensino Regular de cada nível e modalidade. §
7º
-
O
planejamento
e
produção
de
material
didático,
bem
como
o
acompanhamento e verificação da aprendizagem dos alunos, deverão contar com a participação de professores habilitados para o magistério no nível e modalidade de ensino a que se dirige o programa.
Art.
93
-
veiculação
Os
programas
nos
meios
de
de
educação
a
comunicação,
distância
de
gozarão,
tratamento
para
a
sua
diferenciado
que
incluirá: I - redução de tarifas postais e telegráficas; II - custos de transmissão reduzidos, em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; III - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; IV
-
reserva
de
concessionários
tempo de
mínimo,
canais
sem
comerciais,
ônus para
para
o
Poder
transmissão
de
Público,
pelos
programas
de
educação a distância.
CAPÍTULO XVII DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO SEÇÃO I DA FORMAÇÃO Art.
94
-
específicos,
A
fomação
de
modo
do a
profissional
atender
aos
da
educação
objetivos
dos
far-se-á
em
diferentes
cursos
níveis
e
modalidades do ensino e às características de cada fase do desenvolvimento dos educandos. Art. 95 - A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, admitida como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas 4 primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. § 1º - Será exigida formação específica, preferentemente em nível superior, regulamentada pelo órgão normativo do sistema de ensino competente, para o professor que atue em alfabetização, educação infantil, educação especial, educação de comunidades indígenas e educação de jovens e adultos, sem prejuízo de outras áreas.
§
2º
-
A
preparação
habilitação
pedagógica
profissional
no
nível
do
professor
médio
para
deverá
ser
as
disciplinas
feita
em
curso
de de
complementação de estudos, de nível superior, em conformidade com as diretrizes gerais fixadas pelo Conselho Nacional de Educação e as normas dos sistemas de ensino. § 3º - O Sistema Nacional de Educação e os sistemas de ensino, em suas áreas
de
jurisdição,
atualização
do
promoverão
professor,
a
continuidade
assegurando
em
seus
do
aperfeiçoamento
planos
e
e
orçamentos,
recursos e condições materiais e institucionais, e vinculando essa atualização aos planos de carreira docente. §
4º
-
formas
A
política
regulares
de de
incentivo
ao
especialização
aperfeiçoamento e
atualização
e
do
professor
recurso
aos
incluirá
meios
de
educação a distância, assegurando, em qualquer caso, atividades em sala de aula e avaliações periódicas. Art.
96
-
A
preparação
de
educadores
para
o
exercício
de
funções
de
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em
nível
de
pós-graduação,
a
critério
da
instituição
de
ensino,
exigida
experiência docente com duração mínima de dois anos e outras condições a critério dos órgãos normativos dos sistemas de ensino. Art. 97 - Na preparação para o magistério da educação básica, será exigido estágio,
com duração
mínima
de
6
meses,
sob
supervisão
da
instituição
formadora, em escola do mesmo nível daquela onde irá atuar o formando, de acordo com as normas estabelecidas pelo sistema de ensino. Art.
98
- A
preparação para
o exercício do magistério superior far-se-á,
preferencialmente, em nível de pós-graduação, em cursos e programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, na forma prevista nos estatutos e regimentos das instituições de ensino. Parágrafo único - A equivalência de títulos dependerá do que dispuserem os estatutos e regimento da instituição de ensino e do disposto em normas do Conselho Nacional de Educação. Art.
99
-
Os
sistemas
de
ensino
e
as
Universidades
poderão
promover
experiências alternativas, por prazo determinado, com diferentes modelos de
estrutura
e organização,
profissionais
de
curricular e administrativa,
educação,
mediante
aprovação
e
para
a
formação de
acompanhamento
do
respectivo projeto pelo órgão normativo do sistema de ensino.
SEÇÃO II DA CARREIRA Art. 100 - Os sistemas de ensino da União, dos Estados e dos Municípios promoverão a valorização dos profissionais da educação, garantindo-lhes condições
dignas
e
remuneração
adequada
às
suas
responsabilidades
profissionais e níveis de formação, e aos do magistério público, na forma dos artigos 39 e 206, V da Constituição, planos de carreira que assegurem: I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II - piso salarial profissional, nacionalmente unificado, fixado em lei federal, com reajuste periódico que preserve o seu valor aquisitivo; III - regime jurídico único; IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V - progressão salarial por tempo de serviço; VI - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; VII - liberação de tempo, para estudo, durante a jornada normal, no local de trabalho, inclusive em programas de educação a distância ou programas itinerantes de reciclagem, aprovados pelo sistema de ensino respectivo; VIII - aposentadoria com proventos integrais, não inferiores ao valor da última remuneração recebida em atividade, assegurada a sua revisão, nos termos do § 4º. do art. 40 da Constituição; IX - qualificação dos professores leigos, em cursos regulares; X - adicional de pelo menos 30% para a aula noturna ou redução da carga horária regular noturna, sem prejuízo salarial;
XI - adicional de remuneração para os que trabalhem em regiões de difícil acesso ou na periferia dos grandes centros urbanos e ainda para os que lecionem nas 4 primeiras séries do ensino fundamental; XII - transporte gratuito para os que trabalhem na zona rural; XIII - férias anuais de 45 dias; XIV
-
regime
máximo,
de
trabalho
preferencial
50% do tempo em regência
de
40
horas
semanais,
com
no
de classe e o restante em trabalho
extraclasse, com incentivo para a dedicação exclusiva, e admitido, ainda, como mínimo, o regime de 20 horas. § 1º - A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino. §
2º -
Nas
instituições
de ensino
privado,
a
carreira
do
profissional
da
educação obedecerá às disposições da legislação trabalhista e às normas que deverão
constar
dos
seus
estatutos
ou
regimentos,
observadas,
quando
pertinentes, as diretrizes deste artigo. § 3º - Ao pagamento da horas-aula integrantes da jornada do professor horista em sala de aula acrescentar-se-á um adicional de no mínimo, 50%, a título de pagamento do trabalho extraclasse.
CAPÍTULO XVIII DOS ESTÁGIOS Art.
101
-
As
empresas
e
entidades
privadas,
dos
setores
primário,
secundário e terciário, os órgãos e agências públicas, as organizações civis e comunitárias
e
as
instituições
de
ensino
em
geral
podem
aceitar,
como
estagiários, alunos regularmente matriculados no ensino médio ou superior, e nas diversas modalidades de formação técnico-profissional. §
1º
-
O
estágio
proporcionar
a
ocorrerá
experiência
em
instituições
prática
que
orientada,
tenham
na
linha
condições de
estudos
de e
formação do estudante, e será planejado e acompanhado com a participação
da instituição de ensino, de modo a constituir-se, de fato, em um processo auxiliar de aprendizado e integração. § 2º - Os sistemas de ensino estabelecerão as normas para realização dos estágios nos diversos níveis, em sua jurisdição. Art. 102 - O estágio, realizado nas condições deste capítulo, não estabelece vínculo empregatício, devendo o estagiário receber bolsa de estágio, estar segurado
contra
acidentes
e
ter
a
cobertura
previdenciária
prevista
na
deverá
ser
legislação específica. §
1º
-
A
jornada
diária
e
semanal
de
atividade
no
estágio
compatível com o horário escolar do estagiário e com o necessário repouso semanal, podendo, nos períodos de férias escolares, ser alterada, em comum acordo das partes. § 2º - Será sempre assegurado ao estagiário um mês de férias da atividade de estágio, por ano, mantido o pagamento da bolsa.
CAPÍTULO XIX DOS RECURSOS FINANCEIROS Art. 103 - A educação pública será financiada com recursos provenientes das seguintes fontes: I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - receita de transferências constitucionais e outras transferências; III - receita decorrente de programas governamentais específicos; IV - receita do salário-educação, do salário-creche e de outras contribuições sociais; V - receita de loterias e de quaisquer concursos de prognósticos; VI - receita de incentivos fiscais; VII - receita decorrente de royalties pagos a Estados e Municípios;
VIII - doações e legados; IX - operações de crédito internas e externas; X - outras receitas previstas em lei. Art. 104 - A educação promovida pela iniciativa privada será financiada através da
remuneração dos serviços educacionais,
a
ser paga
pelos seus
beneficiários, observadas as normas em vigor. Art. 105 - Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, nos termos
do
artigo
213
da
Constituição,
podendo
ainda,
atendidas
as
responsabilidades do Poder Público com a sua rede, ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas no artigo 20 desta lei, mediante projeto aprovado pelo órgão normativo do sistema de ensino. §
1º
-
Os
recursos
de
que
trata
este
artigo
poderão
ser
destinados
à
concessão de bolsas de estudo, no ensino fundamental e médio, a alunos comprovadamente carentes, de acordo com as normas específicas adotadas pelo órgão normativo de cada sistema, desde que haja falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando. § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, fica o Poder Público Estadual responsabilizado
pela
envolvidas,
para
fins
pública
localidade,
na
articulação de
com
investimento
no
prazo
as
demais
prioritário
máximo
de
esferas
na
um
de
expansão
ano,
governo da
rede
respondendo
a
autoridade competente, nos termos desta lei. §
3º
-
As
atividades
de
pesquisa
e
extensão
das
instituições
de
ensino
superior poderão também receber apoio financeiro do Poder Público, nos termos do artigo 20, § 2º, inciso III. § 4º - O órgão normativo do sistema de ensino estabelecerá as normas para o credenciamento de instituições de finalidade não lucrativa que pretendam receber recursos públicos na forma deste artigo. §
5º
-
O
credenciamento
previsto
no
parágrafo
anterior
será
divulgado
anualmente e terá validade por 5 (cinco) anos, dependendo a sua renovação de processo de reavaliação, a cargo do órgão normativo do sistema.
§ 6º - Não se aplica aos recursos oriundos do salário-educação a permissão contida no caput deste artigo e nos parágrafos anteriores. Art. 106 - Sem prejuízo da observância das condições estabelecidas no artigo anterior e no artigo 20, as instituições privadas de finalidade não lucrativa que pretenderem utilizar recursos públicos poderão optar pelo regime de cogestão como forma de relacionamento financeiro e administrativo com o Poder Público. §
1º
-
A
cogestão
Administração,
implicará
integrado
por
na
constituição
número
igual
de
de
um
Conselho
representantes
do
de
Poder
Público e da instituição privada, que terá como atribuição o planejamento, a orçamentação, a gestão financeira e administrativa e o acompanhamento do desempenho global da instituição. § 2º - Para efeito da opção prevista neste artigo, as instituições dependerão, além do atendimento às exigências contidas nesta lei, da aprovação prévia do órgão normativo do sistema de ensino respectivo. Art.
107
-
Das
receitas
resultantes
de
impostos,
compreendidas
as
provenientes de transferências, a União aplicará, anualmente, nunca menos de 18% e os Estados e Municípios nunca menos de 25% ou do que constar nas
respectivas
Constituições
e
Leis
Orgânicas,
na
manutenção
e
desenvolvimento do ensino público. § 1º - A parcela de arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados,
ao
DF
e
aos
Municípios,
ou
pelos
Estados
aos
respectivos
Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. §
2º - Considerar-se-ão excluídas
das
receitas
de impostos
mencionados
neste artigo as operações de crédito por antecipação da receita orçamentária de impostos. §
3º
-
Para
estatuídos
fixação
neste
inicial
artigo,
será
dos
valores
correspondentes
considerada
a
receita
aos
estimada
mínimos na
lei
orçamentária anual, ajustada, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura
de
arrecadação.
créditos
adicionais,
com
base
em
eventual
excesso
de
§ 4º - As diferenças, em valores reais, entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento dos percentuais mínimos
obrigatórios,
serão
apuradas
e
corrigidas
a
cada
bimestre
do
exercício financeiro, procedendo-se a sua compensação, em valor real, no período imediatamente seguinte. § 5º - Os valores referidos neste artigo serão repassados, automaticamente, ao
órgão
executivo
responsável
pela
educação,
imediatamente
após
o
recolhimento dos respectivos impostos ou o recebimento das correspontes transferências. § 6º - A receita de impostos será contabilizada pelos seus valores reais na data da arrecadação e os percentuais serão apurados pelos valores reais na data da liberação dos recursos. Art. 108 - Para efeito do disposto no artigo anterior, consideram-se como despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino aquelas realizadas no âmbito dos sistemas de ensino, diretamente para a consecução dos objetivos básicos das instituições de ensino públicas e, uma vez atendidos estes, as diretamente relacionadas com o ensino nas demais instituições previstas no artigo 105, desde que, em qualquer dos casos, refiram-se a: I
-
remuneração
e
aperfeiçoamento
do
pessoal
docente
e
demais
trabalhadores da educação, em atividade de manutenção e desenvolvimento do ensino; II - aquisição e manutenção de equipamentos utilizados no ensino; III - construção e manutenção de instalações físicas diretamente vinculadas ao ensino; IV - uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino; V
-
estudos
e
pesquisas
levadas
a
efeito
em
instituições
integrantes
dos
sistemas de ensino; VI - atividades de apoio técnico-administrativo e normativo, necessários ao regular funcionamento dos sistemas de ensino; VII
-
amortização
e
custeio
de
operações
de
crédito
destinadas
manutenção e desenvolvimento do ensino, nos termos aqui definidos;
à
VIII
-
concessão
de
bolsas
de
estudos
a
alunos
da
rede
pública
ou
na
hipótese do § 1º do artigo 105; § 1º - Os bens móveis, imóveis, equipamentos e outros, adquiridos com recursos
considerados
para
os
fins
deste
artigo,
não
poderão
ser
remanejados para outra função ou atividade distinta das de manutenção e desenvolvimento do ensino. § 2º - No caso em que, por razões de interesse público, se revele imperioso o remanejamento
previsto
no
parágrafo
anterior,
caberá
ao
Poder
Público
promover a devida compensação no período subsequente, em valores reais. Art. 109 - Não constituem despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino,
para
efeito
do
cálculo
dos
percentuais
mínimos
obrigatórios
referidos no art.107, as relacionadas com: I - programas assistenciais suplementares, de alimentação, material didáticoescolar,
transporte,
assistência
médico-odontológica,
farmacêutica,
psicológica, e outras similares, para alunos, docentes ou servidores, inclusive o pagamento do pessoal encarregado, ainda quando custeados com recursos oriundos de impostos; II - assistência médico-hospitalar à comunidade, mesmo quando ligada ao ensino, inclusive nos hospitais universitários; III - subvenções a instituições privadas de caráter assistencial ou cultural; IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas, quando realizadas em instituições não integrantes dos sistemas de ensino; V - preparação de quadros para a administração pública, civis, militares ou diplomáticos; VI - manutenção de pessoal inativo e de pensionistas; VII - obras de infraestrutura urbana, ainda quando venham a beneficiar a rede escolar; VIII - concessão de bolsas de estudos a alunos da rede particular, quando não incluídos na hipótese do § 1º do artigo 213 da Constituição; IX
-
formação
técnico-profissional,
na
quando custeada com receita de impostos;
forma
prevista
nesta
lei,
ainda
X - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de
função
ou
em
atividade
alheia
à
manutenção
e
desenvolvimento
do
ensino. Art.
110
-
O
órgão
central
dos
sistemas
de
planejamento,
orçamento,
administração financeira, contabilidade e auditoria, bem como os Tribunais de Contas e órgãos equivalentes, estabelecerão mecanismos para gerenciar, controlar
e
apurar
os
resultados
que
visem
ao
cumprimento
das
determinações do artigo 212 da Constituição, regulamentadas nesta lei. §
1º
-
As
ações
identificadas diferentes
nas
de
manutenção
Leis
de Diretrizes
esferas
discriminatórios
e
desenvolvimento
Orçamentárias
administrativas,
dos
projetos
e
devendo
atividades
do
e nos
ensino
serão
orçamentos
estes
conter
correspondentes
e
das
anexos
da
receita
constitucionalmente vinculada. §
2º -
As
despesas
realizadas
com a
manutenção
e desenvolvimento
do
ensino serão apuradas e publicadas nos balanços do Poder Público assim como nos relatórios a que se refere o art. 165, § 3º, da Constituição. § 3º - A Mensagem Anual do Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo incluirá relatório sobre o que foi realizado no período em cumprimento ao artigo 212 da Constituição e ao disposto nesta lei. Art.
111
-
Sem
prejuízo
de
outras
cominações
legais,
a
prestação
de
assistência técnica e financeira da União aos Estados e Municípios, e dos Estados
aos
Estados
e
seus
pelos
Municípios,
Municípios,
ficará
do
condicionada
disposto
nesta
lei,
à
observância,
em
pelos
atendimento
ao
art.212 da Constituição. Art.
112
-
O
não
cumprimento
da
aplicação
mínima
em
educação,
considerados os valores reais, acarretará a intervenção da União nos Estados ou do Estado nos seus Municípios, nos termos do artigo 34, VI e 35, III da Constituição. Art. 113 - Cabe às Comissões de Educação, de Finanças e de Orçamento da Câmara
dos
responsáveis
Deputados pelas
áreas
e
do
da
Senado
Educação
Federal, e
da
aos
ministros
Economia,
e
ao
de
Estado
Conselho
Nacional de Educação exigir o cumprimento, pelos meios ao seu alcance, do
disposto
neste
capítulo,
especialmente
quanto
à
aplicação
mínima
em
educação e sua devida divulgação. § 1º - A divulgação das aplicações em educação, de responsabilidade do Poder Executivo, instituições
incluirá
privadas
de
a
relação nominal dos montantes destinados a
fins
não
lucrativos
e
os
destinados
a
bolsas
de
estudos. § 2º - Nos Estados, DF e Municípios, as responsabilidades definidas no § 1º caberão aos órgãos correspondentes nas respectivas esferas. Art. 114
- O Plano Nacional de Educação, de duração quinquenal, será
aprovado por lei do Congresso Nacional, e terá a sua elaboração coordenada pelo Conselho Nacional de Educação,
em colaboração com o Ministério
responsável pela área, com prévia consulta ao Fórum Nacional de Educação. Parágrafo único - O Plano Nacional de Educação visará a articulação das ações das várias esferas de governo e compatibilizará objetivos, diretrizes e metas prioritárias, com os recursos financeiros disponíveis e mobilizáveis, integrando-se com o plano plurianual do governo federal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orçamentária de cada ano. Art.
115
-
O
ensino
público
fundamental
terá
como
fonte adicional
de
financiamento a contribuição social do Salário-Educação, recolhido pelas empresas, que poderão dela deduzir os valores comprovadamente aplicados na manutenção de escolas próprias para os seus empregados e dependentes. §
1º - A
aplicação dedutível da
educação,
na
forma
contribuição a
deste artigo,
ser recolhida
restringe-se à
manutenção,
do saláriodiretamente
pela empresa, de escolas de ensino fundamental, geridas paritariamente pelo empregador e por representantes dos empregados. § 2º - Ressalvados o disposto no parágrafo anterior e a remuneração da agência
arrecadadora,
os
recursos
do
Salário-Educação
serão
aplicados,
exclusiva e diretamente pelo Poder Público, no ensino público fundamental. Art. 116 - O salário-educação incidirá sobre a folha de salários e sobre a soma
dos
demais
salários-bases
entidades
dos
públicas
titulares, ou
sócios
privadas,
e
diretores definidos
das na
empresas
e
legislação
previdenciária, com base em alíquota de 3,5% (três e meio por cento), a ser recolhido no Município onde se dá o fato gerador. § 1º - O Poder Executivo, ouvido o Conselho Nacional de Educação, poderá promover referida
o
reajustamento,
neste
artigo,
para
mediante
mais,
a
cada
demonstração
cinco
da
anos,
variação
da
do
alíquota
custo
real
unitário do ensino fundamental. §
2º
-
A
contribuição
da
empresa
obedecerá
aos
mesmos
prazos
de
recolhimento e estará sujeita às mesmas sanções relativas às contribuições da Previdência Social, sem prejuízo de outras penalidades. Art.
117
-
O
montante
da
arrecadação
do
salário-educação
em
cada
Município, Estado e Distrito Federal será creditado em quotas distintas, da seguinte forma: I - uma parcela em favor do Ministério responsável pela área da educação, denominada quota federal; II - uma parcela em favor da Secretaria de Estado ou órgão equivalente incumbido
da
educação
no
respectivo
Estado
ou
Distrito
Federal,
denominada quota estadual; III - uma parcela em favor da secretaria ou órgão responsável pela educação no respectivo Município, denominada quota municipal. § 1º - Os valores das quotas federal, estadual e municipal serão fixados por lei
a
cada
cinco
desigualdades
anos,
tendo
interestaduais
em
e
vista
a
progressiva
intermunicipais
no
redução
atendimento
das à
escolaridade obrigatória. § 2º - Os recursos da quota federal serão aplicados da seguinte forma: I - noventa por cento, no mínimo, em transferências aos Estados e Distrito Federal, segundo critérios determinados pelo Plano Nacional de Educação, em função dos respectivos déficits de escolarização obrigatória e considerado o valor da respectiva quota estadual; II - o restante, em programas de iniciativa do Ministério, de formação e aperfeiçoamento
de
docentes
para
pesquisas sobre este nível de ensino.
o
ensino
público
fundamental
ou
de
§ 3º - Os recursos da quota estadual serão aplicados da seguinte maneira: I
-
trinta
por
cento,
no
mínimo,
em
transferências
aos
respectivos
Municípios, segundo critérios que levem em consideração os seus déficits de escolarização
obrigatória
e
considerado
o
valor
da
quota
municipal,
em
conformidade com o Plano Estadual de Educação; II
-
o
restante,
pelo
Estado
ou
Distrito
Federal,
na
manutenção
e
desenvolvimento do ensino público fundamental, de acordo com os planos de aplicação aprovados pelo órgão normativo do sistema de ensino e em conformidade com o Plano Estadual de Educação. § 4º - Os recursos da quota municipal serão aplicados em programas de manutenção e desenvolvimento do ensino público fundamental, segundo critérios fixados pelo órgão normativo do sistema de ensino. § 5º - O órgão ou agência pública incumbido da arrecadação do salárioeducação fará
jus
à
quota
de 0,1%
(um décimo de um por cento) dos
valores arrecadados. §
6º
-
A
arrecadação
do
salário-educação
será
creditada
diretamente
à
unidade federada na qual foi recolhida, no prazo de 15 dias contados da data da arrecadação dos recursos pela agência ou órgão dela encarregado. §
7º
-
Cabe
à
unidade
federada
calcular
o
valor
da
quota
estadual
e
transferir o saldo a crédito da União e dos Municípios, conforme estimativa dos montantes das respectivas quotas, no prazo de 15 dias contados da data do crédito referido no parágrafo anterior. § 8º - As transferências da União aos Estados e ao Distrito Federal, e dos Estados quinze
aos dias
respectivos contados
da
Municípios data
dos
serão
efetivadas,
créditos
no
respectivos,
máximo,
após
mencionados
no
parágrafo anterior. §
9º
-
As
diferenças
existentes
nas
transferências
serão
apuradas
semestralmente, para compensação no semestre seguinte, considerados os valores reais. § 10º - As transferências mencionadas neste artigo ficam condicionadas:
I
- no caso de transferência
aplicação
do
percentual
da
União aos
mínimo
de
Estados
25%
da
e Distrito Federal,
receita
de
impostos
à
na
manutenção e desenvolvimento do ensino, nos termos desta lei, apurados bimestralmente; II - no caso de transferência dos Estados aos respectivos Municípios, ao disposto no item I deste parágrafo e à implantação do respectivo plano de carreira do magistério. Art. 118 - Fica criada a contribuição social do salário-creche, como fonte adicional creches
de
financiamento
e pré-escolas,
públicas
ou
privadas
a
da
educação
ser recolhida
vinculadas
à
infantil
pelas
pública,
empresas
Previdência
oferecida
e demais
Social,
em
entidades
incidindo
sobre
a
folha de salários e sobre a soma dos salários-bases dos titulares, sócios e diretores, com base em alíquota de 1% (um por cento). §
1º
-
Os
recursos
do
salário-creche
poderão
também
ser
destinados
a
instituições privadas de educação infantil de finalidade não lucrativa, nos termos do art. 20 desta lei. § 2º - Aplicam-se ao salário-creche todas as disposições desta lei relativas ao salário-educação, excetuadas as referentes à sua finalidade e à sua alíquota e ressalvado o disposto no § 1º. Art.
119
-
temporária
É
vedado
do
ao
Poder
recolhimento
Público
do
conceder
salário-educação
isenção e
do
ou
suspensão
salário-creche,
ressalvados os casos das seguintes instituições: I - instituições públicas de ensino; II - instituições de ensino privadas, de finalidade não lucrativa, nos termos desta lei; III - instituições de formação profissional vinculadas ao sistema sindical. Art.
120
criadas
- O
ou
Poder Público assegurará
incorporadas,
mantidas
e
às
instituições
administradas,
de ensino por ele
os
recursos
para
a
realização dos seus objetivos institucionais. Parágrafo único - Em relação às instituições públicas de ensino superior, serão
observadas
as
seguintes
regras,
em
complementação
àquelas
que
definem a sua autonomia, nos termos dos artigos 77 e 78: I
-
os
recursos
serão
consignados,
anualmente,
na
lei
orçamentária
e
repassados de modo a evitar perdas no seu valor real; II - à dotação inicial serão incorporados, ao longo do exercício, créditos adicionais, relativos à correção dos valores ou a encargos supervenientes, aos quais será dado o mesmo tratamento referido no inciso anterior; III
-
incorporar-se-á
apurado
em
ao
balanço
seu
saldo
patrimonial
patrimonial do
o
exercício
superávit
anterior,
financeiro
podendo
a
instituição dele dispor no exercício subsequente; IV - os recursos provenientes de outras fontes de financiamento terão caráter suplementar, e serão incorporados ao orçamento da instituição e geridos de acordo com o disposto nos seus regulamentos; V - cabe às instituições, independentemente da fiscalização dos órgãos de controle
externo,
submeter
ao
ministério
ou
à
secretaria
a
que
estejam
vinculadas a prestação de contas relativa à aplicação de todos os recursos consignados no seu orçamento; VI - os recursos destinados, em cada esfera do Poder Público, às instituições de
ensino
superior
de
sua
rede,
em
conjunto
ou
individualmente,
não
poderão ter valores reais inferiores aos verificados no exercício anterior, salvo por
desativação
aumentos
que
de
cursos
permitam
ou
redução
de
investimentos
outras
para
atividades,
expansão,
e
incluirão
manutenção
e
melhoria qualitativa; VII - A Lei de Diretrizes Orçamentárias estabelecerá um percentual mínimo de
recursos
de
Outros
Custeios
e
Capital,
que
serão
destinados
a
cada
instituição pública de ensino superior, calculado sobre o total de recursos a serem repassados pelo Poder Público a cada instituição; VIII - caso as deficiências encontradas no processo de avaliação referido nos arts. 69 a 72 decorram de insuficiência de recursos, o Poder Público será responsabilizado,
devendo
o
Conselho
Nacional
de Educação
estabelecer
prazos para o atendimento das providências necessárias à superação dos problemas.
Art.
121
diversas
-
Constitui
instâncias,
responsabilidade
o
bom
uso
dos
das
autoridades
recursos
educacionais,
públicos,
nas
respondendo
as
mesmas, criminalmente, por sua má aplicação, malversação ou desperdício. Parágrafo único - Os recursos públicos eventualmente objeto de aplicações financeiras para garantia do seu valor real deverão sê-lo em estabelecimentos bancários oficiais, revertendo-se o resultado das aplicações em benefício dos mesmos projetos ou atividades a que estavam alocados os recursos originais. Art.
122
previstos
-
Os
no
programas
artigo
208,
suplementares VI,
da
de
caráter
Constituição,
assistencial
serão
e
social,
descentralizados
e
regionalizados, tanto na sua gestão quanto no concernente à produção e aquisição de materiais, gêneros e serviços. Art. 123 - As escolas da rede pública receberão, para despesas de Outros Custeios
e
Capital,
percentual
mínimo
calculado
sobre
os
gastos
com
pessoal, a ser determinado nas Leis Orçamentárias da respectiva esfera de governo.
CAPÍTULO XX DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Art.
124
-
Em
cumprimento
ao
que
dispõe
o
artigo
60
do
Ato
das
Disposições Constitucionais Transitórias: I - as instituições públicas e as entidades civis de caráter comunitário, tais como sindicatos, igrejas, associações de moradores, entidades profissionais, clubes de serviços, clubes esportivos e sociais, participarão do esforço da sociedade
pela
eliminação
do
analfabetismo
e
universalização
do
ensino
fundamental, cedendo espaços e instalações para os referidos programas; II - as instituições de ensino superior e médio que atuem na formação de profissionais de educação participarão, de forma específica, desse esforço conjunto, mediante as seguintes contribuições, dentre outras: a) oferta intensiva de cursos de formação de alfabetizadores;
b)
reciclagem
de
professores
que
atuam
no
ensino
fundamental,
na
alfabetização e na educação de jovens e adultos; c)
elaboração
de
material
didático
adequado
ao
ensino
fundamental,
à
alfabetização e à educação de jovens e adultos; d) realização de projetos de pesquisa e de extensão voltados para a solução de
problemas
ligados
à
alfabetização
e
à
universalização
do
ensino
fundamental; e) cessão de espaços para programas de alfabetização; f)
liberação
quando
de
for
tempo
o
caso,
de
professores,
as
devidas
servidores
e
compensações,
alunos, para
procedidas,
dedicação
de
determinados períodos de tempo, em cada semestre, a atividades diretas de alfabetização de jovens e adultos. III - os órgãos de comunicação social cederão espaços ao Poder Público para a veiculação de programas, anúncios, avisos e mensagens relacionados aos objetivos referidos neste artigo, à razão de dez minutos diários na televisão e trinta
no
rádio,
em
horários
e
períodos
anuais
a
serem
regulados
pelo
Conselho Nacional de Educação e pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, de modo a não exceder a oito meses por ano, distribuídos na forma mais adequada às peculiaridades de cada região; IV - as empresas, excetuadas as microempresas e as que empreguem menos de 10 (dez) trabalhadores, responsabilizar-se-ão pela alfabetização dos seus empregados analfabetos; V - os planos nacionais, estaduais e municipais de educação, nos próximos dez
anos,
atribuirão,
em
seu
conjunto,
no
mínimo,
50%
das
aplicações
constitucionalmente estabelecidas no artigo 212 às metas de erradicação do analfabetismo
e
responsabilidades
universalização diferenciadas
do de
ensino
cada
fundamental,
esfera,
nos
termos
observadas do
artigo
as 17
desta lei; VI - o ensino médio, na modalidade Normal, receberá investimentos para a sua expansão e melhoria qualitativa. Art. 125 - O primeiro Plano Nacional de Educação a ser elaborado na forma prevista no artigo 114 deverá abranger período de cinco anos, a partir do
ano
seguinte
ao
da
publicação
da
presente
lei,
e
observará
os
seguintes
objetivos prioritários: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do ensino público fundamental, inclusive para jovens e adultos trabalhadores; III
- universalização e extensão da
obrigatoriedade ao ensino médio e à
educação infantil públicos; IV - melhoria da qualidade do ensino na rede pública; V - estímulo à formação e aperfeiçoamento dos profissionais da educação e melhoria das condições de desenvolvimento do trabalho educacional; VI - estímulo à formação para o trabalho, assegurada a educação básica comum; VII - expansão e melhoria do ensino noturno em todos os níveis; VIII - ampliação do período diário de permanência do aluno na escola, na educação básica; IX
-
estímulo
à
formação
de
pesquisadores
e
especialistas
em
áreas
essenciais; X - articulação entre os diferentes níveis de ensino. Art. 126 - Nos primeiros Planos Nacionais de Educação, serão observadas, ainda, as seguintes diretrizes: I - os dois primeiros Planos Nacionais de Educação, a vigorar nos próximos dez anos, serão elaborados tomando em consideração o disposto no artigo 35 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e no artigo 165, § 7º, da Constituição; II - nos dois primeiros Planos Nacionais de Educação, pelo menos 80% dos recursos oriundos da quota federal do salário-educação serão aplicados nas áreas
de
maior
déficit
de
escolarização
obrigatória,
ouvido
o
Conselho
Nacional de Educação; III - após a universalização do ensino fundamental de qualidade, na sua jurisdição,
o
sistema
de
ensino
deslocará
a
prioridade
de
alocação
de
recursos e demais elementos da
sua
política
educacional para
alcançar a
universalização do ensino médio e da educação infantil; IV - na medida em que se efetive a extensão progressiva da obrigatoriedade ao ensino médio,
a
alíquota
do salário-educação será
revista
de modo a
cobrir parcela crescente dos custos do ensino fundamental e liberar recursos oriundos de impostos e outras fontes para atender ao nível médio. Art. 127 - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adaptarão a sua legislação educacional e de ensino às disposições desta lei, no prazo máximo de um ano, a partir da data da sua publicação. §
1º
-
O
sistemas
Conselho
de
ensino
Nacional
emitirão
de
as
Educação
normas
e
os
órgãos
necessárias
à
normativos
dos
implementação
dos
dispositivos desta lei, dentro do prazo máximo de 180 dias, contados da sua publicação,
salvo
disposição
expressa
em
contrário
e
os
casos
que
presente
lei,
dependerem de legislação estadual ou municipal. §
2º
-
Incluem-se
entre
as
normas
de
implementação
da
previstas no parágrafo anterior, um Plano de Transição, que definirá etapas, prazos, prioridades, condições e providências necessárias, a nível de cada sistema de ensino. § 3º - O Plano de Transição referido no parágrafo anterior observará as seguintes diretrizes gerais: I - prazo máximo de um ano, a contar da edição do plano, para dar início às medidas práticas nele contempladas, evitada, sempre, a descontinuidade do período letivo; II - definição dos prazos considerados necessários para implementação das medidas programadas, que não poderão ultrapassar de cinco anos, salvo disposição expressa, em contrário, nesta lei; III
-
vigência
progressiva
dos
dispositivos
legais
que
alterem
direitos
e
obrigações de caráter escolar ou financeiro, de modo a que não interfiram no período letivo em curso; IV - ênfase na formação, atualização e aperfeiçoamento dos profissionais da educação,
sobretudo daqueles
que atuam nas
quatro primeiras
séries
do
ensino fundamental, e na melhoria das suas condições de remuneração e trabalho; V - atenção especial às condições para implantação da nova concepção do ensino médio, incluindo-se providências para: a) criação de um Programa Especial de Atualização de Professores do Ensino Médio, com duração de cinco anos e recursos especificamente alocados para esse fim; b) ampliação dos recursos aplicados na rede pública de ensino médio, em valores
reais,
ao
longo
dos
próximos
dez
anos,
de
modo
a
aumentar
a
participação desse nível de ensino nos gastos públicos com educação; c) definição de formas de relacionamento operacional entre as atuais escolas técnicas,
as
demais
escolas
de
nível
médio
e
as
instituições
de
ensino
superior, independentemente da sua vinculação administrativa, para fins de colaboração, orientação e intercâmbio. Art.
128
-
As
instituições
educacionais
adaptarão
os
seus
estatutos
e
regimentos aos dispositivos desta lei e às normas dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes estabelecidos. Parágrafo único - Enquanto não dispuserem de seus estatutos e regimentos adaptados,
as
instituições
deverão
observar
normas
gerais
para
esse
fim
expedidas pelos sistemas respectivos, respeitada a autonomia universitária. Art. 129 - No prazo de 180 dias, o Congresso Nacional disporá, mediante leis específicas, ajustadas às diretrizes desta lei, sobre as seguintes matérias: I - Plano Nacional de Educação; II - valores das quotas do salário-educação; III - condições para o exercício de profissões; IV
-
incentivos
e
benefícios
às
empresas
que
facilitem
e
estimulem
a
educação básica dos seus empregados. Parágrafo
único
-
No
prazo
de
cumprimento ao disposto no art. 93:
180
dias,
o
Poder
Executivo,
em
a) submeterá ao Congresso Nacional projeto de lei estabelecendo a reserva de
horários
nos
canais
comerciais
de
radiodifusão
sonora
e
de
sons
e
imagens, para programas públicos de educação a distância e definindo os canais que ficarão reservados, em todas as faixas de onda, para concessão com
finalidade
exclusivamente
educativa,
bem
como
as
condições
de
habilitação para concorrer a essa concessão; b) regulamentará a redução das tarifas e outros custos para a educação a distância. Art. 130 - Até que a lei disponha sobre os valores das quotas do salárioeducação, ficam fixados os níveis de 30% (trinta por cento), 50% (cinquenta por cento) e 20% (vinte por cento), respectivamente, para as quotas federal, estadual, e municipal. Parágrafo único - Nos primeiros 180 dias de aplicação da nova sistemática do salário-educação prevista nesta lei, os prazos estabelecidos nos parágrafos 6º, 7º e 8º do artigo 117 serão ampliados para 30 dias. Art. 131 - Até que a lei disponha sobre todos os efeitos financeiros do artigo 195 da Constituição, e sobre a compensação das perdas acarretadas para a área da educação, a instituição administradora do Fundo de Investimento Social
–
FINSOCIAL
deverá
aplicar
20%
no
mínimo,
desse
Fundo,
em
programas de educação básica, inclusive de educação de jovens e adultos, incluídos,
na
base
de
cálculo,
tanto
os
recursos
provenientes
de
bens
e
produtos quanto os oriundos de serviços. Parágrafo
único
-
Os
recursos
previstos
neste
artigo
serão
entregues
ao
ministério responsável pela área da educação, que os aplicará nas regiões mais carentes do país. Art.
132
-
As
creches,
pré-escolas
e
escolas,
atualmente
mantidas
pelas
empresas para os seus empregados e dependentes, terão o prazo de 180 dias para adaptar-se à forma de gestão estabelecida nesta lei. Art.
133
-
Após
os
dois
primeiros
anos
de
aplicação
da
sistemática
de
distribuição do salário-creche entre as diferentes esferas de governo, poderão ser
revistos
transferidas,
os
valores de
percentuais
modo
a
das
respectivas
adaptá-las
à
quotas
repartição
e
das
parcelas
concreta
das
responsabilidades pela manutenção da rede de educação infantil, na forma estabelecida nesta lei. Art. 134 - Os alunos regularmente beneficiados, até a publicação desta lei, pelo
Sistema
de
Manutenção
do
Ensino
–
SME
–,
ora
extinto,
terão
garantida a sua condição de bolsista até a conclusão do ensino fundamental, cabendo aos órgãos competentes, sob a supervisão do órgão normativo do respectivo
sistema
de
ensino,
alocar
os
recursos
necessários
nas
leis
orçamentárias anuais dos próximos exercícios, para a continuidade desse benefício, em caráter excepcional. Art. 135 - A partir da publicação desta lei, nenhuma instituição de ensino criada ou incorporada pelo Poder Público e mantida, no todo ou em parte, com
recursos
públicos,
cobrar
dos
seus
alunos
qualquer
espécie
de
mensalidade, anuidade, taxa ou outra forma de contribuição ou pagamento, pela oferta de seus cursos regulares. Parágrafo
único
anteriormente recursos
-
à
As
instituições
promulgação
públicos
em
criadas
da
montante
por
lei
Constituição
inferior
a
50%
estadual de do
1988, seu
ou
municipal,
que
recebem
orçamento,
e
se
encontram excluídas do princípio da gratuidade, por força do artigo 242 da Constituição,
são
equiparadas,
para
os
efeitos
desta
lei,
às
instituições
comunitárias, a elas aplicando-se as disposições dos artigos 20 e 105 desta lei, com ampliação para 30% do limite de recursos públicos previstos no inciso V do § 1º do artigo 20. Art. 136 - As atuais instituições privadas de ensino, sem finalidade lucrativa, registradas como “filantrópicas”, deverão ajustar-se às exigências desta lei, para receber os benefícios dela decorrentes. Parágrafo único - Não se aplicam às instituições de ensino, para quaisquer efeitos
decorrentes
desta
lei,
as
disposições
da
lei
n.
1.493,
de
13
de
dezembro de 1951. Art.
137
- As instituições referidas no artigo 61
Constitucionais
Transitórias,
sejam
elas
as
do Ato das Disposições
previstas
no
artigo
213
da
Constituição, sejam as fundações de ensino e pesquisa criadas por lei, que tenham recebido recursos públicos nos últimos três anos e preencham os mesmos requisitos, poderão continuar a recebê-los, bastando, para isso, que
estejam
enquadradas
na
disciplina
desta
Lei
sobre
instituições
sem
fins
lucrativos. Parágrafo
único
-
Atendidas
as
condições
credenciamento das instituições para
previstas
neste
artigo,
o
o recebimento de recursos públicos
será concedido pelo órgão normativo do sistema respectivo, com validade quinquenal, na forma prevista nos parágrafos 4º e 5º do art. 105. Art. 138 - Fica extinto o Conselho Federal de Educação e encerrados os mandatos dos seus atuais conselheiros. §
1º
-
O
servidores
Poder do
Executivo antigo
Federal
disporá
Conselho
sobre
Federal
de
o
aproveitamento
Educação,
dos
mediante
remanejamento, cabendo ao presidente do Conselho Nacional de Educação requisitar os que pretenda aproveitar no novo órgão. § 2º - O acervo documental, bibliográfico, mobiliário e as instalações físicas e equipamentos do Conselho Federal de Educação serão transferidos para o Conselho Nacional de Educação. § 3º - No seu primeiro ano de funcionamento, o Conselho Nacional de Educação sucederá, orçamentariamente, ao Conselho Federal de Educação, sendo-lhe
transferidas,
automaticamente,
as
dotações
orçamentárias
correspondentes. § 4º - O presidente da República, no prazo de 30 dias, nomeará os membros que integrarão o Conselho Nacional de Educação, nos termos desta lei. § 5º - Não haverá impedimento para a inclusão, na composição inicial do Conselho
Nacional
de
Educação,
de
membros
integrantes
da
atual
composição do Conselho Federal de Educação. § 6º - Efetivadas as nomeações previstas no § 4º, os nomeados serão, de imediato, educação,
convocados para
pelo
Ministro
reunirem-se sob a
de
sua
Estado
responsável
coordenação,
pela
área
dentro de 5
da
dias,
e
elegerem o presidente que, a partir daí, responderá pela instalação plena do organismo, com o apoio do Ministério. §
7º - Em sua
Educação
primeira
decidirão,
reunião,
mediante
os membros do Conselho Nacional de
sorteio,
quais,
dentre
eles,
terão
mandato
reduzido para dois anos, a fim de atender ao disposto no § 1º do art. 24
desta lei, dando-se ciência imediata da decisão ao presidente da República, para as devidas alterações nos decretos de nomeação. Art. 139 - As transferências de alunos de uma instituição de ensino para outra
serão
reguladas
pelo
órgão
normativo
do
sistema
de
ensino
competente, pelas instituições de ensino, no caso de ensino superior, e pelo Conselho Nacional de Educação, no caso de instituições estrangeiras ou de conflito de jurisdição entre sistemas distintos. Art.
140
-
Será
concedida
transferência,
em
qualquer
época
do
ano,
e
independentemente da existência de vaga: I - para estabelecimentos vinculados a qualquer sistema de ensino, quando se
tratar
inclusive
de
servidor
seus
público
dependentes,
federal,
quando
ou
membro
requerida
em
das
Forças
razão
de
Armadas,
comprovada
remoção ou transferência de ofício, que acarrete mudança de residência para o município onde se situe o estabelecimento em que se solicite a matrícula ou para localidade próxima deste, observadas as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; II - para estabelecimentos vinculados ao sistema estadual, quando se tratar de servidor público estadual e seus dependentes, se requerida na condição prevista no inciso anterior, respeitadas as normas expedidas pelos órgãos normativos dos sistemas estaduais de ensino. Parágrafo
único
dependentes
será
-
Aos
trabalhadores
assegurada
em
matrícula
atividade
inicial
ou
itinerante
por
e
a
transferência,
seus nas
escolas públicas locais de ensino fundamental e médio, independentemente de vaga. Art. 141 - Serão estimuladas as experiências educacionais inovadoras, em todos os
níveis
e modalidades de ensino,
promovendo-se,
quando for o
caso, a sua incorporação ao sistema regular, mediante aprovação dos órgãos normativos competentes. § 1º - As instituições escolares poderão submeter aos órgãos normativos dos respectivos
sistemas,
para
fins
deste
artigo,
as
inovações
que
hajam
desenvolvido em sua prática escolar, com vistas à sua adoção, inicialmente em
caráter
experimental,
e,
após
cinco
anos,
em
termos
definitivos,
em
âmbito local, estadual ou, a critério do Conselho Nacional de Educação, em escala nacional. § 2º - Será permitida a organização de cursos ou escolas experimentais, com currículos,
métodos
funcionamento
de
e
períodos
autorização
escolares dos
próprios,
órgãos
dependendo
normativos
dos
o
seu
respectivos
sistemas de ensino. Art. 142 - A administração dos sistemas de ensino e as pessoas jurídicas de direito privado poderão instituir, para algumas ou todas as instituições de ensino
fundamental
assegurando a
por
elas
unidade básica
mantidas, estrutural
um
regimento
e funcional
da
comum
rede,
que,
preserve a
necessária flexibilidade didática de cada escola. Art. 143 - Enquanto não existirem professores, em número suficiente, com as habilitações exigidas nesta lei, para atender às necessidades de cada nível da educação básica, admitir-se-á a preparação emergencial, sem prejuízo da qualidade de ensino, por meio de cursos intensivos e exames, nas formas adotadas pelos órgãos normativos dos sistemas de ensino, durante período limitado, estabelecido nos Planos de Transição, e com validade restrita ao Município ou Estado responsável pelo programa. Art. 144 - As licenciaturas curtas de 1º grau, oferecidas por instituições de ensino superior, devem ser convertidas em licenciaturas plenas, no prazo máximo de dois anos, assegurados os direitos dos diplomados no sistema anterior. Parágrafo único - Os alunos atualmente matriculados nos cursos referidos neste artigo terão o prazo de 5 (cinco) anos para a sua conclusão, vedada a admissão de novos alunos. Art.
145
-
Os
professores
leigos
constituirão
quadro
suplementar,
em
extinção, cabendo ao órgão normativo do sistema de ensino, de acordo com diretrizes do Conselho Nacional de Educação,
estabelecer as condições e
prazos para habilitação e acesso ao plano de carreira respectivo. Parágrafo
único
-
Os
professores
leigos
em
exercício
nas
instituições
de
educação infantil terão o prazo de 8 (oito) anos para obter a qualificação mínima, de nível médio, exigida nesta lei.
Art. 146 - As instituições de ensino médio que oferecerem a modalidade Normal poderão manter, durante cinco anos, a partir da publicação desta lei, cursos de estudos adicionais organizados na forma do artigo 30 da lei 5.692/71, com a redação dada pela lei 7.044/82. Parágrafo único - Durante o mesmo prazo do caput deste artigo, poderá a formação pedagógica de professores para as disciplinas de língua estrangeira ser feita em cursos de complementação de estudos, de nível superior, de acordo com as diretrizes do Conselho Nacional de Educação e do sistema de ensino respectivo. Art.
147
-
autorização
Até dos
que
os
cursos
órgãos médios
normativos técnicos
na
respectivos respectiva
decidam
sobre
jurisdição,
a
ficam
autorizados a continuar funcionando os cursos técnicos de 2º grau existentes na data de publicação desta lei. Art. 148 - Fica assegurado ao aluno de qualquer nível o direito de concluir os estudos do nível em que se encontre na data da publicação desta lei, de acordo com as diretrizes curriculares vigentes à época do seu início. Parágrafo único - O dever das instituições de ensino de se adaptarem às novas diretrizes, nos prazos concedidos neste capítulo, será compatibilizado com o disposto no caput
deste artigo,
em normas do sistema
de ensino
respectivo ou orientações gerais do Conselho Nacional de Educação. Art. 149 - As creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta lei, integrar-se ao sistema de ensino respectivo, sem que isso implique em perda do vínculo empregatício de origem dos seus empregados, nem em perda dos recursos da assistência social ou da vinculação com o sistema de saúde. Parágrafo único - O
pessoal
atualmente em exercício nas
creches
e pré-
escolas terá a sua situação trabalhista preservada, independentemente do disposto no § 9º do artigo 44 desta lei. Art. 150 - Enquanto não for atingida, no ensino fundamental, uma taxa de escolarização e permanência na escola, superior a 50%, até a 8ª série, poderá ser fornecido, a critério do órgão normativo de cada sistema de ensino, aos alunos
que
completem
a
4ª
série,
um
certificado
de
conclusão
das
4
primeiras
séries,
com
a
denominação
de
“primeira
etapa”
do
ensino
fundamental. Parágrafo
único
certificado “primeira
-
Essa
referido etapa”
terminalidade
neste
no
artigo,
ensino
precária,
bem
como
fundamental
expressa
a
na
emissão
caracterização
somente
serão
de
admitidas
do
uma pelo
prazo máximo de 5 (cinco) anos, prorrogável por igual período, a critério do Conselho Nacional de Educação. Art. 151 - A regulamentação prevista no parágrafo único do art. 32 poderá, quando necessário, incluir a concessão de prazo não superior a 5 anos, para a
redução
progressiva
do
número
de
alunos
por
professor
em
cada
estabelecimento da respectiva jurisdição. Art. 152 - As atuais escolas técnicas e agrotécnicas federais, bem como os centros
federais
de
Educação
Tecnológica,
gozarão
do
mesmo
grau
de
autonomia definido nesta lei para as instituições de ensino superior não universitárias,
independentemente
da
sua
natureza
jurídico-institucional
atual. § 1º - As instituições referidas neste artigo, que se encontrem na condição de órgãos da Administração Federal Direta, passam a ter, por força desta lei, personalidade jurídica própria, e integrar a Administração Federal Indireta, na
condição
de
Autarquias
em
Regime
Especial,
com
os
atributos
de
autonomia aqui definidos. § 2º - O Centro de Educação Tecnológica da Bahia – CENTEC –, criado pela lei
n.
6.344/76
fica
transformado
em
Centro
Federal
de
Educação
Tecnológica – CEFET – Bahia, com as finalidades, competências e demais características próprias dos centros federais de Educação Tecnológica criados pela lei n. 6.545/78 e legislação posterior. § 3º - O Conselho Nacional de Educação definirá diretriz, no prazo máximo de
180
dias,
a
respeito
da
conveniência
de
novas
funcionamento,
de instituições verticalmente integradas,
níveis
e
superior
médio
de
ensino,
com
caráter
autorizações
de
que ofereçam os
especializado,
na
área
tecnológica, a partir da experiência dos atuais Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETS).
Art.
153
-
Enquanto
não
regulamentadas
pelos
órgãos
normativos
competentes, as disposições dos artigos 23, X e 62, parágrafo único, IV, continuam
em
vigor
as
regras
da
lei
5.692/71
sobre
exames
supletivos,
reduzidos os seus limites de idade, respectivamente, para 15 (quinze) anos, no que se refere ao ensino fundamental, e 17 (dezessete) anos, para o ensino médio. Parágrafo
único
funcionamento
-
Os
regular
a
cursos 31
supletivos
de
dezembro
que de
se
encontravam
1989
poderão
em
continuar
funcionando pelo prazo de 3 anos a partir da publicação desta lei, sendo mantidos
por
igual
período,
na
forma
deste
artigo,
na
jurisdição
dos
respectivos sistemas, os exames supletivos correspondentes. Art. 154 - Enquanto não forem baixadas novas regras de equivalência entre as modalidades de formação técnico-profissional e o Ensino Regular, nos termos previstos no § 4º do art. 56, permanecem em vigor as normas que atualmente regem a matéria. Art.
155
-
As
instituições
de
ensino
superior
credenciadas
como
Universidades, ao deliberarem sobre critérios e normas de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino médio, articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de ensino. Parágrafo
único
-
Enquanto
não
definidas
novas
formas
de
seleção,
permanecem em vigor, para todas as instituições, as atuais normas sobre o concurso vestibular. Art. 156 - Nos próximos 5 (cinco) anos, o Conselho Nacional de Educação, avaliando
a
experiência
de
funcionamento
das
instituições
de
ensino
superior, nas condições de autonomia e de categoria jurídico-institucional própria, previstas nesta lei, deliberará quanto à continuidade, ou extinção, das fundações de apoio atualmente existentes junto às instituições federais de ensino superior. Art.
157
-
ministério elaborará
O
Conselho
responsável e
instituições
aprovará públicas
Nacional
pela
área
norma
de
de e
geral
ensino
Educação,
outros
órgãos
definidora
superior,
em
colaboração
do
das
enquanto
Poder
com
Executivo,
características categoria
o
das
jurídico-
institucional própria, nos termos do art. 76, observadas as disposições desta lei, particularmente aquelas atinentes à autonomia, estabelecidas no artigo 77. § 1º. O disposto neste artigo será efetivado dentro do prazo máximo de 90 dias. §
2º.
Enquanto não forem editadas
instituições
públicas
de
ensino
as
normas
superior
previstas
continuarão
neste artigo, a
reger-se
as
pela
legislação atual, no que se refere à sua natureza jurídica. Art. 158 Ficam, de imediato, credenciadas como Universidades, nos termos definidos no artigo 69, todas as instituições de ensino superior legalmente criadas como “Universidades” até o dia 31 de dezembro de 1989. § 1º. Caberá ao Conselho Nacional de Educação estabelecer calendário para renovação
do
credenciamento
das
instituições
incluídas
neste
artigo,
observadas as regras dos artigos 69 e 70 escalonando as universidades para serem submetidas aos processos de avaliação. § 2º. Constatadas insuficiências na primeira avaliação, prevista no parágrafo anterior, será concedido prazo para a sua correção, findo o qual haverá nova avaliação. Art. 159 No caso das universidades privadas, o cumprimento do requisito constante no inciso V do art. 70 será exigido em três etapas, de 4 anos, em iguais percentuais, de modo a totalizar, ao cabo de 12 anos, a exigência legal de 1/3. Art. 160 As instituições de ensino superior não universitárias atualmente existentes
poderão
requerer
ao
Conselho
Nacional
de
Educação
o
seu
credenciamento como Universidade, na forma dos artigos 23, 69 e 70 desta lei. Parágrafo único - Fica mantida a autonomia concedida em lei às instituições de
ensino
Educação
superior promova
federais a
isoladas,
avaliação
até
necessária
que
o
Conselho
ao
seu
Nacional
credenciamento
de
como
Universidades, ressalvados os casos das que deixem de requerê-lo. Art.
161
Os
órgãos
normativos
dos
sistemas
de
ensino
estabelecerão
calendários próprios para a realização da primeira avaliação quinquenal das
instituições de ensino superior, não universitárias, sob a sua jurisdição, para os fins previstos no art. 71 desta lei. Parágrafo único - O calendário previsto neste artigo não poderá ultrapassar o limite de 2 (dois) anos, a partir da data da publicação desta lei, devendo, dentro desse prazo, estar concluídos os pareceres do órgão normativo. Art. 162 Enquanto não forem designadas as universidades responsáveis e expedidas as normas regulamentadoras do apoio acadêmico, conforme o disposto no artigo 23, XVIII, e até que seja aprovada a lei prevista no art. 129, III, desta lei, permanecem inalteradas as normas em vigor quanto aos efeitos dos diplomas de cursos superiores para fins de exercício profissional. Parágrafo único - O Conselho Nacional de Educação concluirá, no prazo máximo
de 180
dias,
as
providências
de sua
competência,
mencionadas
neste artigo. Art. 163 - Não serão criadas ou autorizadas novas instituições ou cursos de nível
superior,
Conselho
nem
transformados
ou
de
estabeleça
Nacional
Educação
alterados as
os
existentes,
respectivas
até
que
normas
o de
autorização. Art. 164 - A obrigação de oferta de cursos noturnos, em nível de graduação, nas instituições públicas de ensino superior, prevista no art. 83 desta lei, será cumprida de acordo com planos de implantação coordenados pelo órgão normativo do sistema de ensino respectivo, onde serão definidos os recursos necessários, de modo a que a oferta noturna alcance, pelo menos, 1/3 (um terço) do total de vagas de cada instituição, nos seguintes prazos: I - nas áreas das ciências sociais e humanas, letras e artes, e nas ciências básicas em geral: 3 (três) anos; II - nas demais áreas do conhecimento, excluídas as ciências agrárias e da saúde: 5 (cinco) anos. Art. 165 - As instituições públicas de ensino superior que ainda mantenham pessoal docente em regime de 40
horas sem dedicação exclusiva
terão o
prazo de um ano para incluí-lo no regime de dedicação exclusiva ou, a seu juízo, oferecer a opção pelo de 20 horas.
Art. 166 - Ao professor de nível superior das instituições de ensino público, que não tenha sido admitido na forma regulada no art. 37 da Constituição e que, na data de sua promulgação, contasse, pelo menos, 10 (dez) anos de efetivo exercício das funções de professor de nível superior do magistério público, é assegurado o direito de se submeter, sem prejuízo da sua situação funcional, a concurso público de provas e títulos, para cargo de professor da mesma classe ou da classe imediatamente superior à classe a que pertence. Parágrafo único - Na petição solicitando a abertura do concurso público o professor indicará o cargo, a classe, o regime de trabalho, o setor de estudos e a unidade de ensino a que pertence, necessários à definição do objeto do concurso,
e
o
dirigente
da
instituição
de
ensino
superior,
verificada
a
legitimidade e a legalidade do pedido, emitirá o seu deferimento, fazendo publicar o edital do concurso no prazo de 30 (trinta) dias contados da data do protocolo da petição. Art. 167 - Até o ano de 1998, serão implantadas instituições públicas de ensino superior nas cidades ou regiões de maior contingente populacional do
interior
de
cada
Estado,
de
acordo
com
as
suas
necessidades
e
de
conformidade com o Plano Nacional de Educação. Art. 168 - O ensino ministrado nas instituições militares será regulado em lei específica, admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino. Art. 169 - As instituições educacionais de todos os níveis deverão estimular e facilitar o acesso dos seus alunos ao texto da forma
preconizada
pelo
art.
64
do
ADCT,
Constituição brasileira, fazendo-o
acompanhar
na de
palestras introdutórias ou seminários sobre o assunto, sem prejuízo do seu tratamento regular nos conteúdos curriculares das disciplinas próprias, em cada nível de ensino. Art. 170 - Os órgãos normativos dos sistemas de ensino regularão, na sua jurisdição, o uso dos livros didáticos, evitando a sua excessiva e constante substituição, de modo a impedir abusos e exploração comercial. Art. 171 - As questões suscitadas na transição entre o regime anterior e o que se
institui
na
presente
lei
serão
resolvidas
pelo
Conselho
Nacional
de
Educação
ou,
mediante
delegação
deste,
pelos
órgãos
normativos
dos
sistemas de ensino, preservada a autonomia universitária. Art. 172 - Esta lei entrará em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário, especialmente as leis n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961; 5.540, de 28 de dezembro de 1968; 5.692, de 11 de agosto de 1971; 6.660, de 21 de junho de 1979; 7.044, de 18 de outubro de 1982; 7.348, de 24 de julho de 1985; o Decreto-lei 1.422, de 23 de outubro de 1975, assim como as leis e os decretos-leis que os modificaram. Sala da Comissão, em 28 de junho de 1990. Deputado CARLOS SANT’ANNA – Presidente Deputado JORGE HAGE – Relator
3. Correndo por fora: um projeto azarão no Senado (maio/1992-fev./1993) Aprovado na Comissão de Educação em 28 de junho de 1990, o Substitutivo Jorge Hage ainda teria pela frente um longo percurso na Câmara dos Deputados, passando pela Comissão de Finanças no segundo semestre de 1990, indo ao Plenário no primeiro semestre de 1991
e retornando
às
comissões
onde ficaria
até o
primeiro
semestre de 1993 quando logrou aprovação final na sessão plenária da Câmara de 13 de maio de 1993. Nesse período a correlação de forças
políticas
características
se alterou, imprimindo
bastante
distintas
da
à
fase
tramitação anterior,
do
projeto
como
será
esclarecido posteriormente. Numa sistemática de funcionamento bicameral como é o caso do Parlamento Brasileiro, um projeto de lei pode ser apresentado e iniciar sua tramitação, indistintamente, em qualquer uma das duas casas do Congresso. Assim, se um projeto começa a sua tramitação na Câmara dos Deputados, ao ser aprovado deverá seguir para o
Senado que funcionará como casa revisora. Uma vez aprovado no Senado, havendo alterações, o projeto deve retornar à Câmara para deliberação
final
após
a
qual
é
encaminhado
para
sanção
ao
presidente da República que, por sua vez, detém o direito de veto. Se houver vetos, o projeto deve retornar à Câmara que pode manter ou derrubar os vetos. Só então a lei é promulgada. Caso o projeto comece
a
tramitar
no
Senado
segue-se
o
mesmo
processo,
invertendo-se as posições; nessa hipótese é a Câmara dos Deputados que desempenha o papel de casa revisora. Formalmente é possível também que, estando um projeto tramitando em uma das casas, surja outro projeto sobre a mesma matéria na outra casa. Nesse caso prevalece o projeto que for aprovado antes, transformando a outra casa em câmara revisora. Enquanto o projeto da LDB tramitava na Câmara, surgiram iniciativas paralelas no Senado. A título de exemplo, recorda-se o projeto n. 208, de 1989, de autoria do senador Jorge Bornhauser (PFL-SC) versando sobre o ensino superior, o qual chegou a ser aprovado pela Comissão de Educação do Senado em maio de 1990. Ora, essa
matéria
é parte da
LDB
não
sendo
desejável
que seja
regulada de forma paralela e à margem de sua discussão no interior do projeto de LDB em tramitação na Câmara. Graças à atuação decidida
do
Fórum
Nacional
em
Defesa
da
Escola
Pública,
foi
possível sustar a sua tramitação. Por outro lado, o senador Marco Maciel (PFL-PE) manifestou a intenção de apresentar um projeto de LDB no
Senado
paralelamente àquele da
Câmara, o
que foi
contornado através de um acordo entre ele e Jorge Hage quando da participação de ambos num encontro promovido pela SBPC em São
Paulo,
ocasião
em
que
Maciel
assumiu
publicamente
o
compromisso de que nenhuma votação sobre essa matéria ocorreria na Comissão de Educação do Senado antes que aí desse entrada o projeto de LDB então em tramitação na Câmara dos Deputados.
Entretanto, dois anos depois, alterado o contexto político e a correlação de forças, deu entrada naquela Comissão do Senado, em 20 de maio de 1992, um projeto de LDB de autoria do senador Darcy Ribeiro (PDT-RJ) e assinado também pelos senadores Marco Maciel (PFL-PE) e Maurício Correa (PDT-DF), tendo sido indicado relator o senador Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) ficando, porém, sem ser apreciado. O
referido
projeto
tinha
uma
concepção
e
um
conteúdo
inteiramente diversos do projeto em tramitação na Câmara, o que fica evidenciado já na simples observação da estrutura em que se distribuem os 110 artigos do texto: Título I - Dos princípios e fins da educação nacional Título II - Do direito à educação e do dever de educar Titulo III - Da liberdade de ensino Título IV - Dos sistemas de ensino Título V - Dos níveis e das modalidades de educação e ensino Capítulo I - Das disposições comuns Capítulo II - Da educação infantil Capítulo III - Dos princípios gerais do ensino fundamental e médio Capítulo IV - Do ensino fundamental Capítulo V - Do ensino médio Capítulo VI - Da educação supletiva de jovens e adultos Capítulo VII - Da formação técnico-profissional Capítulo VIII - Do ensino superior Título VI - Da qualidade do ensino Capítulo I - Das disposições comuns Capítulo II - Dos profissionais da educação Título VII - Dos recursos para a educação Título VIII - Do plano nacional de educação
Título IX - Das disposições gerais Título X - Das disposições transitórias Com
a
“Sistema
omissão
Nacional
de
de
questões
da
Educação”
e
maior o
relevância
“Conselho
como
Nacional
o de
Educação”, com uma organização da educação básica limitada a um primário de cinco anos e um ginásio também de cinco anos e com o retorno dos exames de madureza, seu autor ainda afirmava que pretendia desengessar a educação brasileira. Em verdade o que se desengessava era o governo, isto é, o Poder Executivo que ficava livre para formular a política educacional segundo as conveniências dos círculos que lhe são próximos, sem nenhum mecanismo de controle por parte da sociedade organizada. Com
efeito,
formulou
diferentemente
sobre
uma
do
concepção
projeto de
da
Câmara
democracia
que
se
participativa,
compartilhando-se as decisões entre as autoridades governamentais e a comunidade educacional organizada, através de Conselhos de caráter
deliberativo,
o
projeto
do
senador
tem
por
base
uma
concepção de democracia representativa na qual a participação da sociedade se limita ao momento do voto através do qual se dá a escolha dos governantes. Uma vez escolhidos, estão eles legitimados para
tomar
as
decisões
em
nome
de
toda
a
sociedade
não
necessitando mais sequer consultá-la. Enquanto se frustrava a expectativa de aprovação do projeto da Câmara
durante
a
convocação
extraordinária
do
Congresso
em
fevereiro de 1993, no vácuo político daí decorrente Darcy Ribeiro vislumbrou espaço para acelerar a aprovação de seu projeto. Para isso se beneficiava do novo Regimento Interno do Senado que dava às decisões das comissões temáticas caráter terminal. Isto significava que, uma vez aprovado na Comissão de Educação, o projeto de LDB
estaria
diretamente
automaticamente para
apreciação
aprovado
da
Câmara
no dos
Senado
seguindo
Deputados
cujo
projeto seria, então, deixado de lado como matéria vencida. Deve-se observar que o substitutivo J. Hage, sendo decorrente do projeto 1.258/1988, apresentado
ainda
Interno
Deputados
da
Câmara
dos
na
vigência
do
antigo
Regimento
deveria, necessariamente, ser
apreciado pelo Plenário da Casa. Em reunião do dia 2 de fevereiro de 1993, para surpresa de todos os que se empenhavam na luta pela aprovação da LDB e que desconheciam
qualquer
articulação
a
respeito
de
sua
possível
votação no Senado, o Projeto Darcy Ribeiro, tendo agora como relator
o
senador
apresentou Educação
parecer do
Cid
Sabóia
favorável,
Senado
com
de foi
Carvalho aprovado
apenas
três
(PMDB-CE) na
votos
que
Comissão contrários
de dos
senadores João Calmon (PMDB-ES), Wilson Martins (PMDB-MS) e Eva Blay (PMDB-SP). De acordo com o Regimento do Senado esta seria a decisão final, a menos que, no mínimo um décimo dos membros da casa, portanto, matéria
oito
fosse
senadores, apreciada
assinassem
em
Plenário.
requerimento O
senador
para
João
que
a
Calmon
encabeçou esse requerimento tendo conseguido mais de três vezes o número
mínimo
Ribeiro
articulou
necessário um
de
pedido
assinaturas. de
À
urgência
vista com
disso, mais
Darcy de
50
assinaturas para a tramitação de seu projeto no Plenário. Recorde-se que o Projeto Darcy Ribeiro havia sido elaborado com uma certa articulação com o Governo Collor, tendo contado com a assessoria de membros do primeiro escalão do Ministério da Educação. Entretanto, em decorrência do impedimento de Collor, aprovado pela Câmara dos Deputados em 29 de setembro de 1992, assumiu a presidência da República Itamar Franco que indicou para o
Ministério
da
Educação
o
professor
Murílio
Hingel.
Diferentemente dos ministros do Governo Collor, o novo ministro
se manifestara favoravelmente ao projeto de LDB em tramitação na Câmara . O requerimento de urgência apresentado pelo senador Darcy Ribeiro foi incluído na pauta da reunião do dia 18 de fevereiro de 1993. Registre-se que essa data era a antevéspera do carnaval e o dia da votação em primeiro turno do ajuste fiscal. O ministro Murílio Hingel
e
o
líder
(PMDB-RS), impedir
a
do
governo
articularam
aprovação
no
Senado,
senadores
do
dos
requerimento
senador diversos de
Pedro
Simon
partidos
urgência
para
que
foi
defendido na tribuna pelo próprio Darcy Ribeiro. Por sua vez, o senador Jarbas Passarinho
(PDS-PA) manifestou-se contrário
ao
requerimento e levantou questão de ordem considerando nula a decisão da Comissão de Educação do dia 2 de fevereiro uma vez que o PL 67/1992 (projeto D.Ribeiro) não constava da pauta daquela convocação e, portanto, o Senado não podia deliberar sobre ele. Aceita a questão de ordem pela presidência do Senado o referido projeto
voltou
chegou
a
tentativa
ser de
à
Comissão
novamente Darcy
de
Educação
apreciado.
Ribeiro
de
onde,
entretanto,
Frustrara-se,
“roubar
protagonismo da Câmara dos Deputados.
a
cena”
desta da
não
vez,
LDB
a do
anexo|três
texto do projeto do senador Darcy Ribeiro
PROJETO
DE
L EI
DO
S ENADO n.
67, DE 1992
Estabelece as diretrizes e fixa as bases da educação nacional. (Do senador Darcy Ribeiro e outros) O CONGRESSO NACIONAL decreta:
TÍTULO I DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL Art. 1º - A presente lei estabelece as diretrizes e fixa as bases da educação nacional, visando alcançar os objetivos estatuídos pela Constituição Federal e legislação pertinente. Art. 2º - A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais pessoa,
de
solidariedade
seu
preparo
humana,
para
o
objetiva
exercício
o
pleno
responsável
desenvolvimento da
cidadania
e
da sua
qualificação para o trabalho. Art. 3º - O ensino é ministrado com base nos seguintes princípios: I - implantação progressiva da igualdade de condições para o acesso à escola e a continuidade dos estudos; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - apreço à
liberdade,
à
solidariedade e à
tolerância
e coexistência
de
instituições públicas e privadas de ensino; V - gratuidade dos cursos regulares do ensino público em estabelecimentos oficiais; VI - valorização dos profissionais do ensino, garantindo, na forma da lei e respeitada a autonomia universitária, planos de carreira para o magistério público,
com
piso
salarial
profissional
e
ingresso
exclusivamente
por
concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União; VII - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VIII - garantia de padrão de qualidade, nos termos do Título VI.
TÍTULO II DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR Art. 4º - Os sistemas de ensino têm liberdade de organização nos termos da presente Lei. Art. 5º - A gestão democrática do ensino público se orienta pelos seguintes princípios: I - integração dos sistemas de ensino e dos estabelecimentos com a família, a comunidade e a sociedade; II - preferentemente gestão descentralizada; III
-
participação
democrática
no
processo
educacional,
conforme
as
características especiais de cada tipo e modalidade de ensino; IV - maioria absoluta dos professores nos órgãos colegiados e comissões. Art.
6º
-
A
educação
é
um
direito
social,
cabendo
ao
Estado
efetivá-lo
mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças até 6 anos de idade; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
pesquisa
e da
criação
artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, através de programas
suplementares
de
material
didático-escolar,
transporte,
alimentação e assistência à saúde; VIII - condições especiais de escolarização para os superdotados. Art. 7º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo, podendo
qualquer
cidadão,
organização sindical,
grupo
de
cidadãos,
entidade de classe ou
associação
outra
comunitária,
legalmente constituída,
acionar o Estado para exigi-lo. § 1º - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta
irregular,
importa
responsabilidade
do
chefe
do
Poder
Executivo
competente. §
2º
-
Compete
ao
Poder
Público
recensear
os
educandos
no
ensino
fundamental, fazer-lhes a chamada a partir dos 7 anos de idade e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. § 3º - Em todas as suas ações, o Poder Público assegura em primeiro lugar o acesso
ao
ensino
contemplando
em
obrigatório, seguida
os
nos
demais
termos níveis
do e
caput
deste
modalidades
de
artigo, ensino,
conforme as prioridades constitucionais e legais. Art. 8º - É direito dos trabalhadores urbanos e rurais a assistência gratuita aos seus filhos e dependentes, desde o nascimento até os 6 anos de idade em creches e pré-escolas, na forma da lei.
TÍTULO III
DA L IBERDADE DE ENSINO Art. 9º - É livre o exercício do direito de transmitir seus conhecimentos. Art.
10
-
O
ensino
é
livre
à
iniciativa
privada,
atendidas
as
seguintes
condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público; III - capacidade de autofinanciamento.
TÍTULO IV DOS S ISTEMAS DE ENSINO Art. 11 - União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizam, em
regime
de
colaboração,
seus
respectivos
sistemas
de
ensino,
com
a
observância da presente Lei. Art.
12
- Os
Municípios
dedicam-se com absoluta
prioridade ao ensino
fundamental e, em seguida, à educação infantil, vedada a atuação em outros níveis
e
modalidades
de
ensino
enquanto
não
estiverem
plenamente
atendidas as necessidades da sua área de competência. Art. 13 - Os Estados e o Distrito Federal incumbem-se prioritariamente do ensino médio e da formação de educadores, só podendo atuar em outros níveis e modalidades de ensino quando estiverem plenamente atendidas as necessidades
relativas
à
educação
infantil,
ao
ensino
fundamental
e
ao
ensino médio no seu território. § 1º - Os Estados exercem ação supletiva e redistributiva em relação aos seus Municípios no campo do ensino fundamental e da educação pré-escolar. §
2º
-
O
disposto
no
caput
não
se
aplica
aos
Estados
que
mantêm
instituições de ensino superior na data de publicação da presente Lei. Art. 14 - União incumbe-se:
I - da coordenação das ações educativas e da assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus
sistemas
obrigatória,
de
ensino
visando
e
o
atendimento
corrigir
as
disparidades
prioritário de
acesso
à e
escolaridade qualidade
do
ensino; II - preferencialmente do ensino superior; III - da organização, financiamento e administração do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Territórios. Art. 15 - O sistema federal de ensino compreende: I - as instituições de ensino mantidas pela União e os sistemas de ensino dos Territórios; II
- as
instituições
de ensino superior criadas
e mantidas
pela
iniciativa
particular. Art.
16
-
Os
sistemas
de
ensino
dos
Estados
e
do
Distrito
Federal
compreendem: I
- as instituições de ensino mantidas pelo Poder Público estadual e do
Distrito Federal; II
-
as
instituições
de
ensino
superior
atualmente
mantidas
pelo
Poder
Público municipal, respeitado o disposto no art. 12; III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa particular. Parágrafo único - No Distrito Federal, as instituições de educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa particular, integram seu sistema de ensino. Art. 17 - Os sistemas municipais de ensino compreendem: I
- as
instituições
de ensino fundamental,
médio e de educação infantil
mantidas pelo Poder Público municipal; II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa particular. Art.
18
-
Os
Estados,
o
Distrito
Federal
e
os
Municípios
respectivos órgãos normativos e de administração do ensino.
definem
seus
TÍTULO V DOS NÍVEIS E DAS M ODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES COMUNS Art. 19 - A educação escolar se divide em: I - educação infantil, oferecida a crianças de até 6 anos, através de creches, casas comunitárias, centros de puericultura, pré-escolas e equivalentes; II - ensino fundamental, com duração de cinco anos, obrigatório a partir dos 7
anos de idade,
para
a
formação plena,
comum,
do cidadão e do
trabalhador e para o desenvolvimento da pessoa; III - ensino médio, dividido em: a) ginásio, com cinco anos de duração, posterior ao ensino fundamental, tendo em vista a formação cultural geral e profissional de nível médio; b)
curso
preparatório
para
o
ensino
superior,
posterior
ao
ginásio,
com
duração de um ou dois anos, segundo as exigências da carreira. IV - ensino superior, destinada à formação de pessoas de alto nível de saber, tendo
duração
variável
de
acordo
com
os
requisitos
dos
seus
cursos
e
programas.
CAPÍTULO II DA EDUCAÇÃO INFANTIL Art.
20
-
A
educação
infantil
tem
como
finalidade
o
desenvolvimento
integral da criança até 6 anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 21 - A educação infantil constitui direito da criança e dos seus pais que dela necessitam e, neste caso, dever do Estado.
Art. 22 - A educação infantil é oferecida em casas comunitárias, centros de puericultura, em creches ou em entidades equivalentes para crianças de até três
anos
de
articuladas,
idade,
sempre
e
em
que
pré-escolas
possível,
para
com
as
centros
de
quatro
a
educacionais
seis de
anos, tempo
integral. § 1º - Sob a designação de creche ou pré-escola, a educação infantil contém oferta interdisciplinar integral e integrada, conforme as necessidades básicas da criança, vedada a partição institucional da idade. §
2º
-
Casa
comunitária
ou
centro
de
puericultura
é
uma
instituição
assistencial-educativa que assegura à criança aqueles mínimos indispensáveis ao
seu
desenvolvimento,
sem
assumir
a
responsabilidade
de
atendê-la
durante todo o dia, dando à sua clientela, mães e filhos, semanalmente, suprimento alimentar, assistência médica, pediátrica e ginecológica. Art.
23
-
A
avaliação
registro do seu
das
crianças
desenvolvimento,
se
faz
vedada
a
mediante
acompanhamento
utilização de provas,
e
exames,
graus e menções.
CAPÍTULO III DOS PRINCÍPIOS GERAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL E M ÉDIO Art. 24 - O ensino fundamental e médio pode organizar-se por séries anuais, períodos semestrais ou outros, a critério do respectivo sistema de ensino, admitida ainda, a matrícula por disciplina no ensino médio e, em qualquer nível, no ensino noturno e na educação de jovens e adultos. Parágrafo único - O calendário escolar deve adequar-se às peculiaridades regionais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir a carga letiva prevista nesta Lei. Art. 25 - O ensino fundamental e médio regulares se organizam de acordo com as seguintes normas comuns:
I - a carga horária mínima anual é de oitocentas horas, distribuída por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluindo o tempo reservado aos exames finais, quando houver; II
-
a
matrícula
em qualquer
série do
ensino
fundamental,
excetuada
a
primeira, e do ensino médio, pode ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas; c) independentemente de escolarização anterior, pela
escola,
que
defina
o
grau
de
mediante avaliação feita
desenvolvimento
e
experiência
do
candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino. III - Os estabelecimentos que utilizam a progressão regular por série podem adotar no ensino fundamental terceira
série
anual,
sem
o regime de promoção automática,
prejuízo
da
avaliação
do
processo
de
até a
ensino-
aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino; IV - devem organizar-se classes, ou turmas, compostas por alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento nos conteúdos sempre que o interesse do processo de ensino-aprendizagem assim o exigir; V - a verificação do rendimento escolar observa os seguintes critérios: a)
prevalência
dos
aspectos
qualitativos
sobre
os
quantitativos
e
dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade da aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação de aprendizado excepcional; d) aproveitamento parcial de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar. VI - o controle de frequência fica a cargo de cada estabelecimento de ensino, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema
de
ensino,
exigida
comparecimento
à
a
frequência
escola
para
mínima
aprovação,
de
setenta
excetuados
por
os
cento
de
programas
de
educação a distância; VII - cabe a cada instituição de ensino expedir as declarações de conclusão de
série
e
os
diplomas
ou
certificados
de
conclusão
de
cursos,
com
as
especificações cabíveis. Art.
26
-
Os
currículos
de
ensino
fundamental
e
médio
têm
uma
base
nacional comum, que pode ser complementada em cada sistema de ensino e, se for o caso, em cada escola, com uma parte diversificada, conforme as características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. §
1º
-
A
atividade
educação
física,
obrigatória
no
integrada
ensino
à
proposta
fundamental
e
pedagógica médio,
da
sendo
escola,
é
oferecidas
progressivamente oportunidades apropriadas para alunos excepcionais. § 2º - A transferência do aluno de um para outro estabelecimento se faz pela base nacional comum e, quando for o caso, pelos mínimos estabelecidos para as habilitações profissionais. Art.
27
-
Os
conteúdos
curriculares
do
ensino
fundamental
e
médio
observam, ainda, as seguintes diretrizes: I - a difusão de valores fundamentais ao interesse público, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II
-
ajustamento
às
condições
culturais
de
escolaridade
da
maioria
dos
alunos em cada estabelecimento; III
-
a
educação
ambiental
é
considerada
na
concepção
dos
conteúdos
curriculares, sem constituir disciplina específica para desenvolver hábitos e atitudes sadios de amor à vida, que prezem a conservação ambiental e o respeito à natureza; IV - é dada especial atenção à iniciação tecnológica, nas mesmas condições do item I; V
-
o
ensino
diferentes
de
História
culturas,
raças
do e
Brasil
etnias
leva
para
em a
conta
formação
as
contribuições
do
povo
das
brasileiro,
constituindo elemento central de preparação para a cidadania. Art. 28 - Os currículos do ensino fundamental e médio têm o ensino do idioma
nacional
como
base
do
desenvolvimento
de
todos
os
seus
componentes. Art. 29 - O ensino fundamental regular é ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Art. 30 - Os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso significativo quanto à idade regular de matrícula e os superdotados recebem tratamento especial, conforme as normas específicas dos respectivos sistemas de ensino. Art.
31
-
A
organização
administrativa,
pedagógica
e
disciplinar
das
instituições de ensino é regulamentada no respectivo regimento, observado o disposto nesta
Lei e nas normas estabelecidas pelo respectivo sistema
de
ensino.
CAPÍTULO IV DO ENSINO FUNDAMENTAL Art.
32
- O ensino fundamental tem por objetivo a
formação básica
do
cidadão, mediante: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender, tendo como meios básicos o domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político e da tecnologia em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a futura aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores. IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.
Art. 33 - O ensino fundamental é ministrado progressivamente em tempo integral, associado a programas suplementares de alimentação, assistência à saúde, material didático-escolar e transporte. § 1º - Os sistemas de ensino darão prioridade, na criação e extensão da escolarização em tempo integral: a) a zonas prioritárias de atenção educacional, caracterizadas pela elevada ocorrência de pobreza e baixo desempenho educacional, especialmente nas áreas metropolitanas; b) às crianças de sete anos de idade. § 2 - A extensão da escolaridade em tempo integral pode fazer-se através de escolas integradas, da combinação de escolas-classe com escolas-parque ou outras modalidades definidas pelos sistemas de ensino. § 3º - A jornada escolar é de pelo menos quatro horas de trabalho efetivo, ressalvados formas
os
casos
alternativas
do
de
ensino
fundamental,
organização
do
autorizadas
ensino
nesta
Lei,
noturno a
e
das
critério
dos
respectivos sistemas de ensino. §
4º
-
O
apoio
financeiro
da
União
aos
Estados,
Distrito
Federal
e
Municípios fica condicionado aos esforços efetivos para a implantação da jornada de tempo integral no ensino fundamental. Art. 34 - A erradicação do analfabetismo se realiza mediante: I - a universalização do atendimento a todas as crianças a partir de sete anos de idade; II - a criação de cursos supletivos especiais para jovens de quatorze a dezoito anos que não conseguiram completar o ensino fundamental.
CAPÍTULO V DO ENSINO M ÉDIO Art. 35 - O ensino médio tem como objetivos: I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental;
II - o aprimoramento do educando como pessoa humana; III - a preparação básica para o trabalho e a cidadania; IV - nos cursos preparatórios para o ensino superior, o aprofundamento dos estudos gerais necessários ao ensino de graduação. Art.
36
-
O
ginásio,
além do seu
matemática
e ciências,
através
clubes,
de
currículo básico,
de língua
vernácula,
desenvolve práticas educativas de enriquecimento,
incluindo
o
ensino
de
línguas
e
atividades
pré-
profissionalizantes e profissionalizantes. §
I
-
As
práticas
selecionadas
educativas
conforme
as
a
que
condições
se e
refere
o
caput
interesses
dos
deste
artigo
educandos,
são as
possibilidades da escola e a realidade local e regional. § 2º - Os cursos noturnos de recuperação educativa se regem pelo sistema de Madureza I. Art.
37
- O
curso preparatório para
o ensino superior,
quando exigido,
estabelece seu currículo de acordo com a carreira visada. Parágrafo único - As instituições de ensino superior e os estabelecimentos que oferecem o curso a que se refere o caput cooperam mutuamente, tendo em vista o atingimento dos seus objetivos.
CAPÍTULO VI DA EDUCAÇÃO S UPLETIVA DE JOVENS E ADULTOS Art. 38 - A educação supletiva de jovens e adultos é destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. Parágrafo único - Os sistemas de ensino asseguram aos jovens acima de quatorze
anos
de
idade
continuidade e conclusão
e
aos
dos
adultos
seus
oportunidades
estudos,
apropriadas
inclusive mediante o
de
ensino
noturno, levando em conta as características do alunado, seus interesses, condições de vida e trabalho.
Art. 39 - Os sistemas de ensino mantêm exames supletivos ou de madureza que compreendem a
base nacional
comum do
currículo,
habilitando
ao
prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º - Os exames a que se refere o caput deste artigo se realizam: a) ao nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos, denominado Madureza I; b)
ao
nível
de
conclusão
do
ginásio,
para
os
maiores
de
dezoito
anos,
denominado Madureza II. §
2º
-
Os
exames
credenciados
pelos
supletivos vários
ficam
sistemas
a
de
cargo ensino,
de
estabelecimentos
ampliando-se
seu
oficiais número
progressivamente até atingir a totalidade de estabelecimentos tecnicamente capacitados ao exercício desta atribuição.
CAPÍTULO VII DA FORMAÇÃO TÉCNICO-PROFISSIONAL Art. 40 - O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental e médio, bem
como
o
trabalhador
em
geral,
jovem
ou
adulto,
conta
com
a
possibilidade de acesso à formação técnico-profissional específica. §
1º
-
A
formação
técnico-profissional
é
planejada
e
desenvolvida
para
atender às necessidades do mercado de trabalho, tendo em vista os interesses da produção e as necessidades dos trabalhadores e da população. §
2º
-
A
formação
técnico-profissional,
oferecida
fora
dos
sistemas
de
ensino, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho, não tem vinculação obrigatória com o ensino regular e supletivo. § 3º - O Poder Público estabelece processos de coordenação e articulação entre as oportunidades educacionais e as de formação técnico-profissional, incluindo a orientação para o trabalho no ensino médio. Art.
41
-
O
Poder
Público
é
estimulado
a
criar,
em
suas
escolas
profissionalizantes, cursos abertos aos alunos das redes pública e particular de ensino fundamental e médio, condicionada a sua matrícula à capacidade de aproveitamento e não ao nível de escolaridade.
CAPÍTULO VIII DO ENSINO S UPERIOR Art. 42 - O ensino superior tem por finalidade promover o domínio e o cultivo
das
difusão
ciências,
cultural
e
letras
e artes,
contribuir
para
a
formação
a
solução
humana
dos
e profissional,
problemas
nacionais
a e
regionais. Art. 43 - O ensino superior abrange os seguintes cursos e programas: I
-
de graduação,
abertos
a
candidatos
que tenham concluído
o
ensino
médio ou equivalente e tenham sido classificados em concurso vestibular; II
-
de
pós-graduação,
compreendendo
programas
de
mestrado
e
doutorado, bem como cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino; III
-
de
extensão,
abertos
a
candidatos
que
atendam
aos
requisitos
estabelecidos pelas instituições de ensino. Parágrafo único - O concurso vestibular, referido no inciso I, abrange os conhecimentos complexidade
comuns para
do
avaliar
ensino a
médio,
formação
sem
recebida
ultrapassar pelos
este
nível
candidatos
e
de sua
aptidão intelectual para estudos superiores. Art. 44 - As instituições de ensino superior se organizam na forma de: I - universidades; II - centros de ensino superior; III - outras formas de organização. Parágrafo
único
-
Os
estatutos
e
regimentos
das
instituições
de
ensino
superior serão aprovados pelo órgão competente do respectivo sistema de ensino. Art. 45 - Cabe à União: I
-
criar
através
mantenedora;
de
lei
as
instituições
de
ensino
superior
de
que
for
II - credenciar, supervisionar e acompanhar as universidades em geral e as demais
instituições
de
ensino
superior,
exclusive
as
que
façam
parte
de
outros sistemas de ensino. Art.
46
-
Compete
organização
dos
à
União
cursos
de
baixar
normas
graduação,
bem
gerais
como
sobre
sobre
a
currículos
e
autorização,
funcionamento, reconhecimento e credenciamento de cursos de graduação e programas de pós-graduação. Art. 47 - No ensino superior, o ano letivo regular, independente do ano civil,
tem,
podendo,
no
mínimo,
ainda,
as
duzentos
instituições
dias
de
oferecer,
trabalho entre
os
acadêmico períodos
efetivo,
regulares,
programas de ensino, pesquisa e extensão. §
1º
-
É
obrigatória
a
frequência
de
professores
e
alunos,
salvo
nos
programas de ensino a distância. § 2º - Os alunos que tenham comprovado excepcional aproveitamento nos estudos podem abreviar a duração dos seus cursos. § 3º - É obrigatório o cumprimento dos programas de ensino de graduação aprovados para cada período letivo. Art. 48 - As instituições de ensino superior podem ministrar cursos regulares em regime seriado ou sistema de créditos. §
1º
-
Os
cursos
regulares
podem
ser
de
meio
período
ou
de
período
integral, qualquer que seja o horário ou ainda ministrados a distância. § 2º - Em qualquer caso, os cursos superiores estão sujeitos aos mesmos critérios de avaliação e se submetem a inspeção federal permanente, tendo em vista a garantia de qualidade. Art.
49
-
Os
diplomas
expedidos
pelas
instituições
de
ensino
superior
credenciadas ou reconhecidas, quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular. Parágrafo único - Cabe às instituições de ensino superior credenciadas ou reconhecidas registrar os diplomas por elas expedidos. Art. 50 - As instituições de ensino superior podem conceder certificados de estudos superiores de sequência àqueles alunos que acumulem créditos em
pelo menos cinco disciplinas correlacionadas. Parágrafo único - Cada instituição de ensino superior define as condições e requisitos do certificado a que se refere o caput. Art. 51 - É instituído o exame para concessão de registro profissional nas áreas
da
saúde
física
e
mental
e
da
engenharia
estrutural,
a
cargo
dos
respectivos órgãos de fiscalização. Art. 52 - É livre o exercício das demais profissões. Art. 53 - As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior e de domínio e cultivo do saber humano. Art. 54 - As universidades têm como alvo: I - produção científica avaliada através de indicadores usualmente aceitos pela comunidade científica nacional e internacional; II - maioria do corpo docente em regime de dedicação exclusiva; III
-
existência
organizados
com
de
programas
base
nas
de
pós-graduação
atividades
de
pesquisa
em e
sentido
produção
estrito, artística,
científica e tecnológica, quando for o caso. Parágrafo único - É facultada a criação de universidades especializadas por campo do saber. Art. 55 - No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições: I
- criar e organizar cursos e programas de graduação,
pós-graduação e
extensão, na sua sede ou fora dela, obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do respectivo sistema de ensino; II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as normas gerais pertinentes; III
-
estabelecer
planos,
programas
e
projetos
de
pesquisa
científica,
produção artística e atividades de extensão; IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências do seu meio;
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas gerais atinentes; VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; VII - firmar contratos, acordos e convênios; VIII
- aprovar e executar planos,
referentes a
obras,
programas e projetos de investimentos
serviços e aquisições em geral,
bem como administrar
rendimentos conforme dispositivos institucionais; IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos estatutos; X - receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação financeira resultante de convênios com entidades públicas e privadas. Art. 56 - As universidades criadas e mantidas pelo Poder Público têm regime jurídico próprio, de modo a regular suas relações com o Poder instituidor. § 1º - No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas poderão: a) criar o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo, assim como um plano de cargos e salários, atendidas as normas gerais pertinentes; b) elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as normas gerais concernentes; c)
aprovar
e
executar
planos,
programas
e
projetos
de
investimentos
referentes a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo Poder instituidor; d) elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais, bem como submetê-los à apreciação do respectivo Poder instituidor; e) adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas peculiaridades de organização e funcionamento, respeitadas as leis referentes à utilização de recursos públicos; f) estabelecer normas próprias complementares de licitação para compras, obras e serviços e, exceto quanto a imóveis, para alienação de bens;
g) reavaliar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do Poder
competente,
para
aquisição
de
bens
imóveis,
instalações
e
equipamentos; h) efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho. § 2º - Até um ano a partir da publicação desta Lei, a União transferirá às suas universidades todos os recursos que lhes são atribuídos para que elas se encarreguem automaticamente da sua aplicação. § 3º - A gestão administrativa e financeira das universidades públicas cabe preferentemente
a
fundações
mantenedoras,
estruturadas
com
economia
autossustentável. § 4º - No repasse dos recursos da União é assegurado quantitativo suficiente para atender aos direitos trabalhistas e previdenciários dos profissionais de suas universidades que alcançaram estabilidade por norma constitucional. § 5º - Atribuições inerentes à autonomia universitária podem ser estendidas a
instituições
que
comprovem
alta
qualificação
científica,
com
base
em
avaliação procedida pelo Poder Público. Art. 57 - Cabe à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral, sob a
forma
de
dotação
global,
recursos
suficientes
para
manutenção
e
desenvolvimento das instituições de ensino superior por ela mantidas, que serão transferidos em duodécimos mensais. Art. 58 - As instituições públicas de ensino superior obedecem ao princípio da
gestão
democrática,
assegurada
a
existência
de
órgãos
colegiados
deliberativos, de que participam os segmentos da comunidade institucional, local e regional. § 1º - Em qualquer caso, os docentes têm maioria absoluta em cada órgão colegiado
e
comissão,
inclusive
nos
que
tratarem
da
elaboração
e
modificações estatutárias e regimentais, bem como da escolha de dirigentes. § 2º - É livre a associação de estudantes em diretórios e centros acadêmicos, que atuarão como entidades representativas dos discentes.
Art.
59
abertura
-
Qualquer
cidadão
academicamente
credenciado
de concurso público de provas e títulos para
instituição
pública
de
ensino
professor não concursado, assegurados
pelos
artigos
superior
que
estiver
por mais de seis anos, 41
da
Constituição
pode
exigir
a
cargo docente de
sendo
ocupado,
por
ressalvados os direitos
Federal
e
19
do
Ato
das
Disposições Constitucionais Transitórias. Art. 60
- Nas instituições públicas de ensino superior, o professor ficará
obrigado ao mínimo de dez horas semanais de trabalhos com os alunos, incluindo-se aulas e orientação acadêmica.
TÍTULO VI DA QUALIDADE DO ENSINO CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES COMUNS Art. 61 - Cabe ao Poder Público desenvolver ações que assegurem a todos, em igualdade de condições, um padrão mínimo de qualidade do ensino. Art. 62 - A União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
estabelece
padrão
mínimo
de
oportunidades
educacionais,
baseado no piso de recursos humanos e materiais necessários ao processo educacional. Parágrafo único - O padrão estabelecido pelo caput deste artigo orienta a política educacional, inclusive a alocação de recursos, com prioridade para o ensino obrigatório. Art. 63 - Os sistemas de ensino exercem a função supervisora da qualidade do ensino. § 1º - A supervisão a que se refere o caput do presente artigo tem como funções: a) colaborar com a melhoria do ensino, no que concerne à prática docente e à administração;
b) normatizar a avaliação educacional; c) zelar pelo cumprimento das leis, regulamentos e demais normas. §
2º
-
Para
o
estabelecimentos
exercício de
destas
ensino,
funções
cabendo-lhe
a
supervisão
o
direito
de
tem
acesso
receber
aos
todas
as
informações solicitadas. Art. 64
- A União, em colaboração com os sistemas de ensino, mantêm
processo nacional de avaliação do rendimento escolar em âmbito nacional. § 1º - O processo a que se refere o caput deste artigo orienta a política educacional, não servindo à promoção dos alunos. §
2º
-
A
assistência
financeira
da
União
aos
sistemas
de
ensino
fica
condicionada à ativa colaboração destes à implantação e desenvolvimento do processo estabelecido pelo caput. Art. 65 - As instituições de ensino superior públicas e particulares mantêm processos envolvam
de
autoavaliação
professores,
e
alunos,
heteroavaliação demais
de
suas
trabalhadores
atividades
da
que
educação,
a
comunidade e a sociedade. Parágrafo único - O apoio financeiro do Poder Público é condicionado à criação e desenvolvimento dos processos estatuídos no caput. Art.
66
-
O
Poder
Público
é
incumbido
de
estimular
a
pesquisa
e
as
inovações educacionais a partir dos problemas prioritários da comunidade e da sociedade. Art. 67 - As instituições particulares de ensino superior são reconhecidas a cada quinquênio, quando será realizada pelo Poder Público avaliação global das suas atividades e condições de funcionamento.
CAPÍTULO II DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Art.
68
-
A
formação de docentes
para
atuar no ensino fundamental
médio se faz preferentemente em Institutos regime de tempo integral.
Superiores
de Educação,
e
em
Parágrafo único - Os institutos superiores de educação são insituições de nível superior, integrados ou não a universidades e federações de escolas superiores, e mantêm: a)
curso
normal
superior
para
formação
de
docentes
para
a
educação
infantil, o ensino fundamental e médio; b) programas de formação em serviço para educadores, sobretudo recémformados; c) programas de educação continuada para os docentes dos diversos níveis; d) centros de demonstração, com cursos regulares, experimentais ou não, de todos os níveis de ensino, para assegurar pesquisa e formação em serviço aos seus alunos nas práticas da arte de educar. Art. 69 - É facultado aos sistemas de ensino e às instituições formadoras de docentes
parcelar
seus
intercalando ciclos modo,
inclusive,
programas
de
de instrução teórica a
aproveitar
os
formação
e
aperfeiçoamento,
e de treinamento em serviço,
intervalos
entre
os
períodos
de
letivos
regulares. Art.
70
-
A
preparação
de
educadores
para
o
exercício
das
funções
de
administração, planejamento, inspeção, orientação pedagógica e orientação educacional
é
realizada
em
cursos
de
graduação
em
educação
ou,
preferentemente, em nível de pós-graduação. Art. 71 - É exigida formação preferencial em nível superior, para o professor que atue em nível pré-escolar, fundamental e médio, regular ou especial. Art. 72 - Nas regiões onde houver comprovada impossibilidade de cumprir o
disposto
no
art.
71,
é
admitida
a
formação
de
docentes
em
escolas
normais. § 1º - As escolas normais são instituições de ensino médio que formam professores para a educação infantil e o ensino fundamental. § 2º - Qualquer que seja a sua área de atuação, as escolas normais mantêm obrigatoriamente turmas de educação infantil e ensino fundamental para treinamento dos seus alunos.
§ 3º - É facultado o treinamento em escolas conveniadas com escola normal, visando à concretização do disposto no Parágrafo 2º. Art. 73 - A formação docente, exceto para o ensino superior, inclui prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas. Art. 74 - A preparação para o exercício do magistério superior se faz, em nível
de
pós-graduação,
acompanhados
da
em
respectiva
programas
formação
de
mestrado
e
doutorado,
didático-pedagógica,
inclusive
de
modo a capacitar o uso das modernas tecnologias do ensino. Parágrafo único - É asegurado o direito de exercício do magistério superior às pessoas de notório saber. Art.
75
-
Os
sistemas
de
ensino
e
as
universidades
podem
promover
experiências alternativas, por prazo determinado, com diferentes modelos de estrutura
e
organização
profissionais
de
curricular
educação,
e
administrativa,
mediante
aprovação
e
para
a
formação
acompanhamento
de do
respectivo projeto pelo órgão normativo do sistema de ensino. Art. 76 - Os sistemas de ensino promovem a valorização dos profissionais da educação,
assegurando-lhes,
nos
termos
dos
estatutos
e
dos
planos
de
carreira: I - piso salarial nunca inferior ao estabelecido no respectivo serviço público, para categorias profissionais de outras áreas, cujo nível de formação seja equivalente; II - ingresso na carreira mediante concurso público de provas e títulos; III - progressão na carreira com base na qualificação profissional e avaliação do seu
desempenho técnico,
independente dos
níveis
de ensino em que
atuem, tendo como critério predominante o mérito acadêmico; IV - formação contínua visando ao aprofundamento e atualização da sua competência técnica; V
-
aposentadoria
com
proventos
nunca
inferiores
à
remuneração
em
atividade. Art.
77
-
particulares
Os de
profissionais ensino
têm
da
educação
piso
salarial
em
atividade
mínimo,
nas
compatível
instituições com
seus
encargos e qualificações. Parágrafo
único
disposto
no
-
Os
caput
reconhecimento
dos
sistemas como
de
ensino
condição
respectivos
zelam
essencial
estabelecimentos
pelo
cumprimento
para
autorização
e
supervisão
da
do e da
qualidade do seu ensino.
TÍTULO VII DOS RECURSOS PARA A EDUCAÇÃO Art. 78 - São recursos públicos destinados à educação os originários de: I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - receita de transferências constitucionais e voluntárias; III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais; IV - receita de incentivos fiscais; V - outros recursos previstos em lei. Art.
79
Estados,
-
A
União
aplica,
o Distrito Federal
anualmente, e os
nunca
Municípios
menos
de
dezoito,
e
vinte e cinco por cento,
os no
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. § 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados,
ao
Distrito
Federal
e
aos
Municípios,
ou
pelos
Estados
aos
respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. § 2º - Para efeito do cumprimento do disposto no caput deste artigo, são considerados
os
sistemas
de
ensino
federal,
estadual
e
municipal
e
os
recursos aplicados na forma do art. 213 da Constituição Federal. § 3º - Consideram-se excluídas das receitas de impostos mencionadas neste artigo:
I
-
as
operações
de
crédito
por
antecipação
de
receita
orçamentária
de
impostos; II - as entradas compensatórias, no ativo e no passivo financeiros, quando relativas à receita de impostos. §
4º
-
Para
fixação
inicial
dos
valores
correspondentes
aos
mínimos
estatuídos neste artigo, é considerada a receita estimada na lei do orçamento anual,
ajustada,
quando for o caso,
por lei que autorizar a
abertura
de
créditos adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação. § 5º - As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente realizadas,
que
obrigatórios,
resultem
são
no
apuradas
não e
atendimento
corrigidas
a
dos
cada
percentuais bimestre
mínimos
do
exercício
financeiro. Art. 80 - Consideram-se como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas realizadas com vistas à instituições
educacionais
de
todos
consecução dos objetivos básicos das os
níveis,
compreendendo
as
que
se
e
demais
destinam a: I
-
remuneração
e
aperfeiçoamento
do
pessoal
docente
profissionais da educação em atividade; II - aquisição, manutenção e conservação de instalações e equipamentos; III - uso e sustentação de bens e serviços relacionados com o ensino; IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino; V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI - concessão de bolsas de estudo e de trabalho; VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos itens deste artigo. Art. 81 - Não constituem despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com:
I - pesquisa, quando não vinculada ao ensino ou quando efetivada fora dos sistemas de ensino, e que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão; II - subvenções a instituições privadas, de caráter assistencial ou cultural; III - formação de quadros para a administração pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; IV - manutenção de pessoal inativo; V
-
programas
suplementares
de
alimentação,
assistência
à
saúde
e
transporte; VI - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar. Art. 82 - As despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino são apuradas
e publicadas
nos
balanços
do
Poder
Público,
assim como
nos
relatórios a que se refere o art. 165, § 3º, da Constituição Federal. Art. 83 - Os órgãos fiscalizadores examinarão, prioritariamente, na prestação de contas de recursos públicos, o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição Federal e na legislação concernente. Art.
84
-
São
aplicados
a
programas
suplementares
de
alimentação
e
assistência à saúde os recursos oriundos de contribuições sociais, excetuado o salário-educação. Art. 85 - A alocação dos recursos para a manutenção e desenvolvimento do ensino tem como critério básico os recursos materiais e humanos mínimos per capita necessários para que seja assegurado a cada aluno matriculado o padrão mínimo de qualidade. Art. 86 - A União organiza e financia o sistema federal de ensino, de caráter supletivo, e o dos Territórios, e presta assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus
sistemas
de
ensino
e
o
atendimento
prioritário
à
escolaridade
obrigatória. Parágrafo único - O exato cumprimento desta norma é fiscalizado em cada sistema de ensino.
Art. 87 - As transferências de recursos entre os diferentes níveis de governo visam prioritariamente assegurar os recursos mínimos per capita a que se refere o artigo 85, de modo a corrigir progressivamente as disparidades de acesso e qualidade do ensino. §
1º
-
As
transferências
de
recursos
obedecem
a
fórmula
de
domínio
público, que inclui o mínimo per capita a que se refere o art. 85, ajustado ao custo de vida
local,
bem como a
medida
do esforço fiscal do respectivo
Estado, do Distrito Federal ou do Município em favor da manutenção e desenvolvimento do ensino. §
2º
-
Enquanto
não
estiverem
disponíveis
os
dados
estabelecidos
pelo
parágrafo anterior, a fórmula inclui o déficit de escolarização, a população local, o inverso da renda per capita e, no caso do ensino fundamental, o inverso da respectiva quota do salário-educação. Art.
88
-
A
assistência
condicionada
ao
efetivo
técnica
e
financeira
cumprimento
pelos
prevista
Estados,
no
art.
Distrito
86
fica
Federal
e
Municípios, do disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais. Art.
89
-
O
ensino
financiamento
a
público
fundamental
contribuição
social
do
tem
como
fonte
salário-educação,
adicional recolhida,
de na
forma da lei, pelas empresas, que podem deduzir desta contribuição despesa comprovadamente realizada no ensino fundamental de seus empregados e dependentes. Parágrafo único - O exato cumprimento desta norma é fiscalizado em cada sistema de ensino. Art. 90 - O montante da receita do salário-educação é assim distribuído: I - vinte por cento em favor da União, constituindo a quota-federal; II
-
sessenta
por
cento
em
favor
dos
Estados
e
do
Distrito
Federal,
constituindo a quota estadual; III - vinte por cento em favor dos Municípios que tiverem constituído o seu sistema de ensino. § 1º - Os recursos da quota federal são assim distribuídos:
a) noventa por cento, no mínimo, em transferências aos Estados, Distrito Federal e Municípios; b) dez por cento, no máximo, em programas de iniciativa da União. § 2º - Os recursos da quota estadual são assim distribuídos: a)
trinta
por
cento,
no
mínimo,
em
transferências
aos
respectivos
Municípios; b) setenta
por cento,
no mínimo, em programas próprios dos Estados e
Distrito Federal. § 3º - A lei baixa outras disposições referentes à arrecadação e utilização da contribuição social a que se refere o caput deste artigo. Art. 91 - As instituições privadas de ensino não têm finalidade lucrativa e se enquadram nas seguintes categorias. I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo; II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas de âmbito local ou municipal, inclusive cooperativas de professores e alunos; III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas
físicas
ou
por
uma
ou
mais
pessoas
jurídicas
que
atendem
à
orientação confessional e ideologia específicas. IV
-
filantrópicas,
assim
entendidas
as
que
proveem
seus
serviços
gratuitamente. Art. 92 - Os recursos públicos são destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, que: I
-
comprovem
finalidade
não
lucrativa
e
apliquem
seus
excedentes
financeiros em educação; II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades;
III - ofereçam suas contas ao exame público dos professores, dos pais, dos alunos e da sociedade. § 1º - Os recursos de que trata este artigo podem ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência
de recursos,
quando houver falta
de vagas e
cursos regulares da rede pública na localidade da residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão de sua rede na localidade. § 2º - As atividades universitárias de pesquisa e extensão podem receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive através de bolsas de estudo. Art. 93 - Nenhum prédio escolar pode servir a outra finalidade, a não ser que a mudança de sua destinação atenda aos interesses públicos.
TÍTULO VIII DO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO Art.
94
-
É
estabelecido
o
Plano
Nacional
de
Educação,
de
duração
plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público que conduzam à: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do ensino fundamental; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. Art.
95
- O
Plano Nacional
de Educação,
instrumento de execução das
diretrizes e bases da educação nacional, é coordenado pela União, com a participação dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos vários segmentos da educação nacional.
TÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 96 - A educação especial tem como objetivo proporcionar, mediante atendimento apropriado, o pleno desenvolvimento das potencialidades do educando com necessidades especiais. §
1º
-
Os
educandos
com
necessidades
especiais
são
matriculados
preferentemente no ensino regular. § 2º - Quando, em virtude das condições especiais do educando, não é possível a sua integração ao ensino regular, o atendimento é feito em classes, escolas e serviços especializados. §
3º
-
O
exercício
do
magistério
em
educação
especial
exige
formação
específica em cursos de nível médio e superior. Art. 97 - O Poder Público incentiva o desenvolvimento e a veiculação de programas
de
ensino
a
distância,
em
todos
os
níveis
de
ensino,
e
de
educação continuada, tendo em vista a democratização de todos os níveis de ensino. § 1º - A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais de forma
a
suprir
a
falta
de
frequência,
tem
exames
realizados
em
estabelecimentos públicos ou credenciados. §
2º
-
No
ensino
superior
as
práticas
são
realizadas
em
universidades
credenciadas. § 3º - Compete aos sistemas de ensino disciplinar e avaliar continuamente os cursos e programas de ensino a distância. Art. 98 - A administração dos sistemas de ensino e as pessoas jurídicas de direito privado podem adotar, para as instituições educacionais de ensino fundamental assegurando
e a
médio, unidade
por
elas
básica
mantidas,
estrutural
e
um
regimento
funcional
da
comum
rede
de
que,
ensino,
preserve a necessária flexibilidade didática de cada escola. Art. 99 - As práticas desportivas formais e não formais, são oferecidas no ensino fundamental, médio e superior.
Art. 100 - Os sistemas de ensino promovem o desporto educacional, como complemento da formação integral do educando. Art. 101 - É permitida a organização de cursos ou escolas experimentais, com
currírulos,
métodos
e
períodos
escolares
próprios,
dependendo
seu
funcionamento de autorização dos sistemas de ensino. Art.
102
-
O
ensino
militar
é
regulado
em
lei
específica,
admitida
a
equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de ensino. Art. 103 - Aos trabalhadores em atividade itinerante e a seus dependentes é assegurada matrícula inicial ou por transferência nas escolas públicas locais, de ensino fundamental e médio, independentemente de vaga. Art. 104 - O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, é mantido no sistema federal de ensino.
TÍTULO X DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 105 - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adaptarão sua legislação
educacional
e
de
ensino
aos
dispositivos
desta
Lei
no
prazo
máximo de dois anos, a partir da data de sua publicação. Art. 106 - As instituições educacionais e de ensino adaptarão seus estatutos e regimentos
aos
dispositivos
desta
Lei
no
prazo
máximo
de
dois
anos,
observadas, no que couber, as normas dos respectivos sistemas de ensino. Art. 107
- A União, cada Estado e cada Município aplica o mínimo de
cinquenta
por
Federal
erradicação
à
cento
do
piso
do
estabelecido
analfabetismo
pelo e
à
art.
212
da
Constituição
universalização
do
ensino
fundamental, observadas as responsabilidades diferenciadas de cada esfera de governo. § 1º - As aplicações referidas no caput se realizam por dez anos a partir da promulgação da Constituição Federal, prorrogando-se por tantos exercícios financeiros quantos forem aqueles em que,
por falta
de regulamentação,
deixou
de
ser
cumprido
o
caput
do
art.
60
do
Ato
das
Disposições
Constitucionais Transitórias. §
2º
-
A
erradicação
do
analfabetismo
se
faz
inclusive
mediante
cursos
noturnos intensivos de recuperação educacional para jovens de 14 a 20 anos de idade. Art. 108 - No período de no máximo dez anos, a partir da promulgação da Constituição
Federal,
as
universidades
públicas
descentralizarão
suas
atividades, de modo a estender suas unidades de ensino às cidades de maior densidade populacional. Art. 109 - Ficam revogadas a Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961, a Lei n.
5.540,
de 28
de dezembro de 1968,
o Decreto-Lei n.
869,
de 12
de
setembro de 1969, a Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971, a Lei n. 6.660, de 21 de junho de 1979, a Lei n. 7.044, de 18 de outubro de 1982, assim como as leis e os decretos-leis que os modificaram. Art. 110 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
4. Do Substitutivo Jorge Hage ao projeto aprovado na Câmara (jun./1990-maio/1993) Após sua aprovação na Comissão de Educação da Câmara, o Substitutivo Jorge Hage foi encaminhado à Comissão de Finanças e Tributação Cavalcanti
onde
foi
(PFL-RJ).
designada
relatora
Corria
segundo
o
a
deputada
semestre
de
Sandra 1990,
coincidente com o período da campanha eleitoral em que se faria a renovação Sandra
dos
mandatos
Cavalcanti,
no
quando
Congresso
inquirida
a
Nacional. respeito,
A
deputada
reafirmava
seu
compromisso com o projeto, ela que, membro titular da Comissão de Educação, participara da votação do texto que, reconhecia, havia sido
aprovado
de forma consensual. E reiterava que brevemente
apresentaria seu relatório. No entanto, apesar dessas declarações, ela continuava retendo o seu parecer. A questão do prazo era crucial porque, em virtude de disposição regimental, os comissões
ao
projetos final
de
que não uma
fossem
legislatura
aprovados seriam
em
todas
as
obrigatoriamente
arquivados. Corria-se, pois, o risco de se perder todo o trabalho até então realizado, caso até o final daquele segundo semestre de 1990 o projeto
não
fosse
apreciado
pela
Comissão
de
Finanças
e
Tributação. Finalmente, no apagar das luzes, em 28 de novembro de 1990, foi apresentado o relatório. Embora o Regimento da Câmara seja claro ao estabelecer que a Comissão de Finanças deva se cingir, no exame do projeto, à admissibilidade da matéria sob o ponto de vista
financeiro,
a
relatora
propôs
a
inclusão
no
texto
de
25
subemendas na sua grande maioria abordando questões de mérito, o que é atribuição de outra comissão, a saber, a de Educação. De fato essas emendas contemplavam, de um modo geral, interesses das escolas privadas, em especial as confessionais. O parecer da relatora foi incluído na pauta da reunião do dia 5 de
dezembro
de
1990.
Iniciada
a
reunião
manifestou-se
um
inesperado “pedido de vista” do deputado José Lourenço (PDSBA). O Regimento da Câmara dispõe que a “vista” do processo deve ser concedida a membros da Comissão pelo prazo de duas sessões. Ora, isso inviabilizaria a apreciação da matéria uma vez que havia tempo para apenas exatamente mais duas sessões na legislatura que estava
se
encerrando.
A
situação
só
foi
contornada
porque,
imediatamente, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) também pediu “vista” caracterizando, assim, “vista conjunta” que, de acordo com o Regimento, impede a retirada do processo da Comissão. Dessa forma, na reunião do dia 12 de dezembro de 1990, após “lances significativos e até espetaculares”
(HAGE, 1990, p. 139) e
mediante
empenho
dos
deputados
Jorge
Hage,
Octávio
Elísio,
Hermes Zanetti e membros do Fórum em Defesa da Escola Pública na
LDB
para
substitutivo
garantir
com
as
25
o
quorum
emendas
da
favorável relatora
à
foi
aprovação, aprovado
o
“por
unanimidade” somando 20 votos a favor e nenhum contra, uma vez que
os
contrários
já
haviam
se
retirado
acreditando
que
dessa
maneira não haveria quorum suficiente para aprovação. O projeto da LDB estava salvo do inexorável arquivamento. As
dificuldades
enfrentadas
na
Comissão
de
Finanças
já
prenunciavam as vicissitudes que teria pela frente o projeto da LDB. Das eleições de outubro de 1990 resultou um perfil bem mais conservador do Congresso Nacional para a Legislatura que iria se iniciar em fevereiro de 1991. Parlamentares que desempenharam papel
central
na tramitação
do
projeto
como
o
próprio
relator,
Jorge Hage (PDT-BA), Octávio Elísio (PSDB-MG), Hermes Zanetti (PSDB-RS), época
no
Carlos
Sant’Anna
PCdoB-BA),
(PMDB-BA),
Gumercindo
Lídice
Milhomem
da
Mata
(PT-SP)
já
(à
não
mais integravam o Congresso Nacional. Se na fase anterior a articulação dos partidos progressistas lhes garantiu o controle do processo de discussão e votação da LDB, no período que se inicia em 1991 esses partidos perderam a condução do
processo.
As
relatorias
das
comissões
de
Educação
e
de
Constituição e Justiça foram entregues ao PDS, partido de perfil conservador e bastante sensível aos interesses privatistas do campo educacional.
No
primeiro
caso
assumiu
a
relatoria
a
deputada
Ângela Amin (PDS-SC); no segundo, o deputado Edevaldo Alves da Silva (PDS-SP), dono de uma grande rede de escolas em São Paulo. Para a Comissão de Finanças foi indicado como relator Luís Carlos Hauly (PMDB-PR, depois PST-PR), integrante do Bloco Economia de Mercado.
O
projeto-substitutivo
Comissão
de
Constituição,
Educação,
Cultura
e
da
LDB,
Justiça
Desporto;
e
e
devidamente
aprovado
na
Redação;
Comissão
de
na
na
Comissão
de
Finanças
e
Tributação foi encaminhado em janeiro de 1991 à Mesa da Câmara dos Deputados. Enfrentando muitas dificuldades, apenas no final de maio
foi
inscrito
na
ordem
do
dia
do
Plenário
da
Câmara.
Submetido à apreciação dos deputados, recebeu 1.263 emendas, o que se constituiu em pretexto para se determinar a volta do projeto às Comissões Técnicas para exame das emendas. Visando às negociações em torno das emendas e a preparação do
projeto
para
votação
em
plenário,
o
Colégio
de
Líderes
constituiu, em setembro de 1991, uma Comissão Suprapartidária composta pelos representantes de todos os partidos e pelos relatores das
comissões
técnicas.
A
referida
Comissão
ficou
assim
constituída: Aécio de Borba (PDS-CE, presidente da Comissão de Educação);
Ângela
Educação);
Álvaro
Amin Valle
(PDS-SC, (PL-RJ);
relatora
Artur
da
da
Comissão
Távola
de
(PSDB-RJ);
Carlos Lupi (PDT-RJ); Celso Bernardi (PDS-RS); Eraldo Tinoco (PFL-BA); Eurides Brito (PTR-DF); Maria Luísa Fonteneli (PSBCE); Raul Borges
Pont (PT-RS); Renildo
dos
Reis
Calheiros (PCdoB-AL); Sólon
(PTB-SP);Ubiratan
Aguiar
(PMDB-CE).
Essa
Comissão foi mantida em 1992 com algumas alterações decorrentes de modificação na Comissão de Educação, a saber: Celso Bernardi (PDS-RS), presidente e Maria Valadão (PDS-GO), vice-presidente da Comissão; Costa Ferreira (PTR-DF); e Eduardo (PDT-RJ).
Note-se
a
ausência
nas
reuniões
dos
Mascarenhas relatores
das
Comissões de Justiça e de Finanças. Apesar do Colégio de Líderes haver fixado várias datas limites para
a
volta
do
projeto
ao
Plenário,
as
quais
foram
sendo
sucessivamente prorrogadas, o ano de 1991 se encerrou sem que as negociações se concluíssem.
Dado que as negociações não avançavam, o Colégio de Líderes determinou que entre 20 e 30 de maio de 1992 fosse votado na Comissão de Educação o parecer da relatora Ângela Amin sobre as 1.263 emendas apresentadas em Plenário. Aberta a votação, foram registrados
1.622
destaques
dos
quais
aproximadamente
80%
(1.287) apresentados pelo deputado Eraldo Tinoco (PFL-BA), líder do
Governo
Collor
na
Câmara
dos
Deputados.
Ficava,
assim,
esclarecida a razão do emperramento das negociações. Tratava-se de uma estratégia de obstrução levada a efeito pelo Bloco Parlamentar, composto
por
deputados
do
PFL,
PRN,
PSC
e
PMN.
Eraldo
Tinoco, além de representante do governo, era também líder do Bloco. Diante do impasse gerado pela intransigência de Eraldo Tinoco, que se recusou a atender aos apelos dos demais partidos para que retirasse os destaques, a saída articulada pelo Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública na LDB juntamente com os deputados Celso Bernardi e Ubiratan Aguiar, foi encaminhar o requerimento de urgência-urgentíssima, com as assinaturas que já haviam sido preventivamente
coletadas,
ao
presidente
da
Câmara
para
sua
aprovação em agosto. Naquele momento isso, porém, revelou-se inviável; já se estava no mês de julho e a Comissão de Educação não conseguiu quorum em nenhuma das duas convocações efetuadas. Além das eleições, o espaço político do segundo semestre de 1992
foi
todo
ele
preenchido
com
a
CPI
do
P.C.
Farias
e
o
movimento pelo afastamento do presidente Collor por motivo de corrupção,
o
que
se
consumou
na
votação
da
Câmara
Federal
realizada no dia 29 de setembro. Com a posse de Itamar Franco na Presidência da República e a ascensão do professor Murílio Hingel ao
Ministério
favorável
ao
requerimento
da
Educação,
andamento
do
a
situação
projeto.
política
Logrou-se
de urgência-urgentíssima e em
se a
tornou
mais
aprovação
novembro
do
de 1992
iniciou-se no projeto
da
Plenário
LDB
e
da
das
Câmara
emendas
dos
de
Deputados
plenário
a
votação
acompanhadas
do dos
relatórios das três Comissões, embora não tivessem sido aprovados pelas mesmas. Foram mantidos os mesmos relatores: Ângela Amin (PDS-SC),
pela
Comissão
de
Educação,
Cultura
e
Desporto;
Edevaldo Alves da Silva (PDS-SP), pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação; e Luís Carlos Hauly (PST-PR), pela Comissão de Finanças e Tributação. Tendo
conseguido
a
relatoria
através
Alves da Silva (PDS-SP), proprietário escolas,
a
Comissão
de
Justiça
se
do
deputado
Edevaldo
de uma poderosa rede de
transformou
no
reduto
dos
empresários da educação. Tentou-se, então, uma manobra que mais tarde o
senador
Darcy
Ribeiro
repetiria, com
êxito, no
Senado.
Explorando com agilidade o fator surpresa, os representantes dos empresários da educação no Congresso conseguiram, em setembro de 1991, incluir o
parecer do
relator na
pauta
da
Comissão
de
Justiça. Em
verdade o
relator, ao
arrepio
do
Regimento
da Câmara,
elaborara um novo projeto visando sobrepô-lo àquele oriundo da Comissão de Educação. Com isso entrara na análise do mérito, o que
não
era
atribuição
inconstitucionalidades,
da
Comissão
apresentou
um
de
Justiça.
Alegando
substitutivo
em
que
acomodava os interesses dos empresários do ensino. A manobra só não teve êxito em virtude da mobilização rápida do Fórum em Defesa
da
Escola
Pública
na
LDB,
o
que
forçou
o
deputado
Edevaldo Alves da Silva a retirar seu parecer da ordem do dia, como uma tática provisória que deixava espaço para, eventualmente, uma nova
investida.
progressistas relator
na
Pressentindo
isso,
o
se preveniram, conseguindo
Comissão
de
Justiça.
Não
Fórum bloquear
tendo
sido
e o
deputados parecer
votado
do
ali,
o
relatório foi encaminhado ao Plenário da Câmara após a aprovação do requerimento de urgência-urgentíssima. Quanto à relatoria da Comissão de Educação, embora a relatora tenha procurado respeitar aquilo que resultou de consenso ou de posições amplamente majoritárias, tendencialmente o seu relatório favoreceu
os
interesses
privados
especialmente
nos
Educação,
Financiamento,
ao
capítulos
como
referentes e
à
ao
Carreira
se
pode
Sistema dos
observar
Nacional
de
Profissionais
da
Educação. Também nesse caso o parecer da relatora não chegou a ser aprovado pela Comissão, tendo sido encaminhado à apreciação do Plenário da Câmara. Conforme a sistemática adotada para a votação do projeto na Câmara, aprovou-se na primeira sessão, por acordo, o Substitutivo Jorge Hage assim como os três pareceres, ressalvados os destaques. Na apreciação dos destaques começou-se pelos 1.275 apresentados ao Parecer da Comissão de Educação, por ser esta a comissão de mérito
e,
como
tal,
gozando
de
precedência.
Nessa
fase
foi
necessário retomar as negociações as quais ficaram centralizadas no Gabinete da Liderança do Governo e coordenadas pelo vice-líder, deputado Ubiratan Aguiar (PMDB-CE), por indicação do deputado Roberto Freire (PPS-PE), então líder do Governo Itamar Franco. Nas reuniões de negociação, os pontos em
que se conseguia
consenso eram levados ao Plenário para votação: aqueles sobre os quais pairavam divergências eram “sobrestados”, isto é, destacados para votação posterior. Através desse procedimento, trabalhando em
novembro
e
dezembro
de
1992,
durante
a
convocação
extraordinária em janeiro de 1993 e na nova legislatura a partir de l5
de
fevereiro
de
1993,
a
Câmara
dos
Deputados
chegou
à
aprovação final do projeto-substitutivo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 13 de maio de 1993.
O
texto
decorrente
aprovado
do
resultou
Relatório
modificações. A
de
bastante
Ângela
próximo
Amin,
apesar
mudança mais visível ocorreu no
da de
versão
algumas
Título
V que
deixou de ser “Do Sistema Nacional de Educação”, passando para “Da Organização da Educação Nacional”. Venceram, pelo menos nominalmente, denominação
já
que
se
anterior, os
procurou deputados
preservar Eraldo
o
conteúdo
Tinoco
da
(PFL-BA) e
Sandra Cavalcanti (PFL-RJ), secundados por Eurides Brito (PTRDF), que opuseram tenaz resistência à manutenção do conceito de “sistema nacional de educação” no texto da LDB. Estava vencida a etapa correspondente às iniciativas da Câmara dos Deputados. A partir de então, o palco das ações se transferia para o Senado da República.
5. O projeto da Câmara vai ao Senado (maio/1993 - fev./1995) O
Projeto
Federal
em
de Lei n. 1.158-B, de 1988, aprovado
13 de maio
de 1993, ao
dar entrada no
na
Câmara
Senado
foi
identificado como PLC (Projeto de Lei da Câmara) n. 101, de 1993 “que
fixa
diretrizes
e
bases
da
educação
nacional”,
tendo
sido
designado relator na Comissão de Educação o senador Cid Sabóia (PMDB-CE). De
início
algumas
incógnitas
pairaram
sobre
o
destino
do
referido projeto. Tendo
em
vista
a
proximidade
da
revisão
constitucional
prevista no artigo terceiro do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, havia os parlamentares que entendiam ser preferível aguardar a revisão para só depois retomar a tramitação do projeto de
LDB,
sob
o
argumento
de
que
poderiam
ser
alterados
os
dispositivos constitucionais relativos à educação. Havia até mesmo a
possibilidade,
em
nosso
entender
extremamente
remota,
de
exclusão da exigência de se fixar as diretrizes e bases da educação nacional. Aliás, a deputada Sandra Cavalcanti (PFL-RJ), defensora intransigente da livre iniciativa em matéria de educação, esposava a tese de que as diretrizes e bases deveriam se limitar ao que já estava estabelecido
na
Seção
I-
(Da
Educação),
do
Capítulo
III
da
Constituição Federal. Por isso, durante as negociações sobre a LDB na
Câmara,
ela
mantinha
na
gaveta
uma
proposta
de
emenda
constitucional que excluía o disposto no inciso XXIV do artigo 22, e
ameaçava
apresentá-la
quando
as
negociações
não
seguiam
o
rumo por ela esperado. Por outro lado, temia-se que o relator, senador Cid Sabóia de Carvalho,
uma
vez
que
havia
relatado
senador Darcy Ribeiro, viesse a tomá-lo análise
do
projeto
da
Câmara,
também como
o
projeto
do
referência para a
subordinando
este
à
estrutura
daquele. À medida que o senador Cid Sabóia foi assumindo a relatoria, as
incógnitas
foram
se
dissipando
e
os
temores
se
revelaram
infundados. O relator adotou um procedimento semelhante àquele da
fase de construção
do
Substitutivo
Jorge Hage, promovendo
audiências públicas, consultando os que tinham contribuições a dar e
ouvindo
entidades
os
representantes
educacionais,
além
do
governo,
da
dos
interlocução
partidos com
o
e
das
Fórum
Nacional em Defesa da Escola Pública. O resultado foi a apresentação de um novo substitutivo que preservava
a
estrutura
do
projeto
aprovado
na
Câmara,
tendo
incorporado aspectos aceitáveis do PLS (Projeto de Lei do Senado) n. 67
de 1992, de autoria
dúvida
que,
ao
menos
do
sob
senador Darcy Ribeiro. Não o
aspecto
da
forma,
houve
resta um
aperfeiçoamento do projeto que foi reorganizado e escoimado de detalhes considerados desnecessários. Como esclarece o próprio relator em seu parecer,
Com
o
objetivo
caracterizar
a
de
proposição
corrigir como
os
problemas
realmente
de
apontados
diretrizes
e
e
de
bases
da
educação, está sendo apresentado Substitutivo ao Projeto em análise. É preciso registrar que, apesar das alterações propostas, o Substitutivo mantém a concepção e a estrutura básicas do projeto original.
E, após destacar a importância das Emendas oferecidas pelos senadores para o aperfeiçoamento da redação do substitutivo, em especial aquelas que apresentam o texto modificado do PLS n. 67 de 1992 (Projeto Darcy Ribeiro), acrescenta:
De
fato,
vários
aperfeiçoados,
na
dispositivos forma
do
do
PLC
n.
101/93
Substitutivo,
puderam
pela
ser
comparação
empreendida com o PLS n. 67/92. Dentre os dispositivos deste Projeto do
Senado
que
foram
simplesmente
incorporados
ao
Substitutivo
merecem destaque aquele que institui processo nacional de avaliação do rendimento escolar, a ser conduzido pela União, em colaboração com os sistemas de ensino; e o que faculta a criação de universidades especializadas por campo de saber [S ABÓIA , 1993, p. 6].
O parecer de Cid Sabóia acompanhado de substitutivo ao PLC 101 de 1993 foi aprovado na Comissão de Educação do Senado em 30 de novembro de 1994 e encaminhado ao Plenário do Senado em 12 de dezembro do mesmo ano. O projeto parecia, agora, navegar em águas tranquilas, passada a borrasca que quase o fizera naufragar. Aportaria ele em lugar seguro de onde se poderia dotar o país de uma ordenação educacional que, embora ainda com muitos limites, se configurava como um avanço significativo em relação à situação anterior? Em
verdade
“iceberg”
que
essa
iria
projeto de LDB.
aparência
provocar
uma
de
tranquilidade
reviravolta
total
escondia no
rumo
um do
6. A volta do azarão: o Substitutivo Darcy Ribeiro (fev./1995 dez./1996) Naquele dezembro de 1994, quando dera entrada no Plenário do Senado o Substitutivo Cid Sabóia, ainda não se pressentia a turbulência
que
teria
de
atravessar
abertura da nova Legislatura em
o
projeto
fevereiro
da
LDB
de 1995. No
logo
na
entanto,
todos os elementos tendentes a esse desfecho já estavam dispostos: um
novo
governo
da
República
já
estava
eleito,
com
o
seu
ministério constituído e pronto para tomar posse no início do ano que
estava
para
começar;
os
deputados
e
senadores
que
configuravam a nova composição do Congresso Nacional também já estavam eleitos, aguardando a reabertura dos trabalhos prevista para o próximo mês de fevereiro. A aliança de centro-direita que conduzira Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República sob a liderança da coligação PSDB-PFL, predispunha as condições para uma nova ofensiva conservadora. Como o quadro político delineado interferiu no processo de discussão e aprovação do projeto da LDB cuja origem, como já se informou, se deu no interior do Poder Legislativo e não no âmbito do Poder Executivo como era a tradição brasileira? Para clarear a resposta a essa pergunta convém recapitular o papel desempenhado pelo governo no decorrer de todo o processo, no qual se diferenciam quatro momentos: o primeiro corresponde à fase final do Governo Sarney e se estende de dezembro de 1988 ao início de março de 1990; o segundo vai da posse de Collor de Mello em 15 de março de 1990 à sua queda em setembro de 1992; o terceiro outubro
momento de
1992
é
aquele
do
e
dezembro
Governo de
1994;
Itamar
Franco,
finalmente,
o
entre
último
momento corresponde ao Governo Fernando Henrique Cardoso,
cobrindo o período que vai de janeiro de 1995 até a sanção da nova LDB em 20 de dezembro de 1996. No primeiro momento Carlos Sant’Anna, então ministro da educação do Governo Sarney, criou um grupo de trabalho para elaborar um anteprojeto de LDB como subsídio ao GT da LDB instituído na Comissão de Educação da Câmara tendo sido, porém, confrontado Conselho
com
os
Federal
de
burocratas, Educação
em
que,
especial em
os
reação
membros
não
do
apenas
ao
projeto da Câmara mas também à proposta do grupo de trabalho do
MEC,
interesses
redigiram dos
grupos
ministério,
ao
apresentou
nenhum
relação
a
outro
anteprojeto
privatistas.
comparecer
à
questões
Diante
audiência
anteprojeto,
procurando da
específicas.
divisão
pública
tomando Deve-se
preservar
o
interna
ministro
posição
apenas
ressaltar
que
os no
não em seu
comportamento foi de pleno respeito às relações entre Governo e Parlamento, evitando encaminhar um projeto do Executivo através de Mensagem Presidencial a qual, dado o seu caráter privilegiado, iria
atropelar
o
processo
democrático
de
construção
da
lei
que
estava em curso na Câmara dos Deputados através da estratégia que Florestan Fernandes chamou de “conciliação aberta”. O segundo momento teve início com a posse de Collor tendo como ministro da educação Carlos Chiarelli que logo se revelou hostil ao projeto de LDB em discussão, ao emitir declaração à Imprensa taxando-o de “muito ideológico”. Entretanto, o desconhecimento da matéria por
parte
dele
e
de
sua
equipe
teve
por
consequência
a
não
interferência do governo no andamento do projeto na Comissão de Educação da Câmara. A situação se alterou com a posse do professor José Goldenberg no
Ministério
dispositivos do
da
Educação.
projeto
Sua
dificultou o
posição
contrária
a
vários
seu andamento. O ministro
chegou, inclusive, a apelar, numa reunião do Colégio de Líderes de
que participou em dezembro de 1991, para que não fosse aprovado o
projeto
de
LDB
naquele
ano
porque,
como
estava,
ele
iria
“engessar” a educação. Nesse posicionamento o ministério contava com
o
respaldo
dos
partidos
que
compunham
o
“Bloco
Parlamentar”, sob a liderança do deputado Eraldo Tinoco (PFLBA). Isso teria levado, inclusive, a um acordo entre o Bloco, o MEC e o PDT que resultou no Projeto Darcy Ribeiro que, como já se informou, contou na sua elaboração com assessoria do primeiro escalão
do
MEC.
aproximado
do
Sabe-se, Governo
com
efeito,
Collor,
que
o
PDT
especialmente
na
havia
se
área
de
educação. Isso, aliás, foi confirmado pelo próprio Darcy Ribeiro. Em entrevista concedida à Revista Presença Pedagógica no início de 1996, ele afirma que
O Brizola convence o Collor de fazer dez mil CIEPs. O Collor resolve fazer
cinco
mil,
mas
pede
que
não
sejam
iguais
aos
de
Niemeyer.
Pegamos, então, os planos de Minas e foram construídos os CIACs. O projeto que fiz cuidadosamente para Minas, foi adotado pelo Collor [RIBEIRO, 1996, p. 12].
Essa posição do PDT não deixou de ser paradoxal, uma vez que o relator e, nessa condição, o principal responsável pelo teor do projeto que tramitava na Câmara pertencia a esse mesmo partido: Jorge Hage (PDT-BA). Mas
ao
longo
do
primeiro
semestre
de
1992
a
posição
de
Goldenberg no governo foi se fragilizando e as pretensões de Eraldo Tinoco
de
sucedê-lo
no
comando
da
pasta
de
Educação,
os
colocaram em rota de colisão. Enquanto o deputado líder do Bloco endurece
sua
posição,
o
ministro
flexibiliza
sua
resistência
ao
projeto de LDB. De fato, em agosto Goldenberg deixa o governo e Eraldo
Tinoco
Educação.
Mas
(PFL-BA) esse
já
ocupa era
um
o
seu
lugar
“gabinete
como fim
de
ministro festa”
da que
desmoronaria menos de dois meses depois com a queda de Collor no final de setembro de 1992. O momento seguinte, de outubro de 1992 a dezembro de 1994, é o período em que o projeto contou com o apoio decidido do ministro Murílio Hingel, com o que se conseguiu vencer a posição de
obstrução
do
Bloco
Parlamentar,
em
especial
do
PFL,
acelerando-se a tramitação e culminando com a aprovação do texto da LDB no plenário da Câmara dos Deputados. O quarto momento se inicia em janeiro de 1995 com a gestão de Paulo Renato Costa Souza no ministério da Educação, tendo retornado ao primeiro escalão do MEC algumas das pessoas que haviam ocupado essa mesma posição na gestão de José Goldenberg, tendo participado da assessoria ao Projeto Darcy Ribeiro. Logo de início ficou evidenciada a posição contrária do novo governo tanto no que diz respeito ao projeto aprovado na Câmara como ao Substitutivo Cid Sabóia, então tramitando no Senado. Tal posição se manifesta quando, apenas iniciada a nova Legislatura, o senador Beni Veras (PSDB-CE) apresenta requerimento solicitando o retorno do projeto de LDB à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. A trajetória do projeto já estava entrando em área de turbulência. A relatoria do projeto na Comissão de Constituição e Justiça foi assumida
pelo
senador
Darcy
Ribeiro.
Consumada
a
manobra
regimental, o senador dá a conhecer seu parecer em 21 de março de 1995. No
referido
parecer
Darcy
Ribeiro,
procedendo
de
maneira
análoga ao comportamento de Edivaldo Alves da Silva pouco mais de
três
Câmara,
anos
antes
alega
inviabilizar tanto
na
Comissão
de
inconstitucionalidades o
PLC
(Projeto
Constituição de
de Lei
da
todo
e o
Justiça tipo
da
para
Câmara) n. 101/93
como o Substitutivo Cid Sabóia. Registre-se, como lembra Ivany Rodrigues Pino, que
As inconstitucionalidades a que se refere o senador são, em sua expressiva
maioria,
Educação
e
Educação.
No
devido
à
da
decorrentes da
consequente
limite,
Medida
as
extinção do Conselho Federal
criação
do
Conselho
inconstitucionalidades
Provisória
n.
992/95
(várias
já
Nacional
estariam
vezes
de de
sanadas
reeditada)
de
iniciativa do Poder Executivo (Governo Itamar Franco) [PINO, 1995, p. 358-359].
Ou institui
seja, o
atribuição
mesmo
Conselho
que
o
dispositivo
Nacional
constitucional
do
de
do
projeto
Educação,
presidente
da
em
de
sendo
República,
LDB esta o
que uma
que
é
discutível, fosse, de fato, inconstitucional, ainda assim o problema já
estaria
resolvido. Com
efeito, através
da
mencionada
Medida
Provisória o presidente da República havia tomado a iniciativa de criar o Conselho Nacional de Educação pautado nos termos do disposto no projeto de LDB. Assim procedendo, aquele dispositivo deixara de ser de iniciativa apenas do Poder Legislativo, assumido que fora também pelo Poder Executivo. A propósito das alegações de inconstitucionalidades basta um exemplo para se compreender a sua relatividade e os objetivos a que servem. No processo de discussão da LDB um dos pontos mais insistentemente acusados de ferir a Constituição foi o relativo ao “Sistema Nacional de Educação”. Já foi registrada a resistência tenaz de Eraldo Tinoco (PFL-BA), Sandra Cavalcanti (PFL-RJ) e Eurides Brito (PTR-DF) a esse dispositivo. Ora, o deputado Edivaldo Alves da Silva (PDS-SP) cujas posições se alinham de um modo geral com aquelas dos deputados acima mencionados, ao tentar a mesma manobra regimental
de Darcy Ribeiro
em
setembro
de 1991 na
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, também afirmara
em seu relatório sobre o Substitutivo Jorge Hage que “a estrutura básica
do
projeto
está
eivada
de
inconstitucionalidades”.
No
entanto, não considerou inconstitucional o “Sistema Nacional de Educação” nem o “Conselho Nacional de Educação”. Tanto assim que no Substitutivo que apresenta, ele mantém o Capítulo IV - Do Sistema Nacional de Educação e, dentro dele, o artigo 10 com o seguinte enunciado:
O
Sistema
Nacional
de
Educação
tem
como
órgão
normativo,
decisório, recursal e de coordenação o Conselho Nacional de Educação e como órgãos pelas
áreas
executivos
de
os
educação,
Ministérios
saúde,
ou
trabalho,
Secretarias ação
responsáveis
social,
ciência
e
tecnologia, pesquisa e cultura.
Em
sua
análise,
o
deputado
teve
os
olhos
voltados
para
a
liberdade de iniciativa privada em matéria de educação descobrindo inconstitucionalidades onde suspeitava que os interesses privados seriam afetados. Não entendendo que os dispositivos relativos ao Sistema Nacional de Educação e ao Conselho Federal de Educação ferissem
esses
interesses,
inconstitucionalidade
aí.
Já
Eraldo
não
precisou
Tinoco
e
enxergar
Sandra
Cavalcanti,
considerando que o Sistema Nacional se constituiria numa camisa de
força
para
implicaria
a
uma
iniciativa
privada
ingerência
do
e,
pelo
Estado
seu
nas
caráter
escolas
unificado,
particulares,
detectaram-no como inconstitucional. Por sua vez Darcy Ribeiro e o
MEC,
entendendo
que
participação
dos
cidadãos
governantes
aos
quais
é
numa nas
democracia
decisões
delegada
a
se
representativa
limita
à
prerrogativa
escolha de
a
dos
tomar
e
implementar as decisões, viram no Conselho Nacional de Educação, nos termos definidos pelo projeto, um cerceamento à liberdade de ação
do
Executivo;
inconstitucionalidade.
ato
contínuo,
flagraram
a
sua
O fato é que, diferentemente do que ocorrera com Edivaldo Alves
da
Silva,
a
manobra
regimental
no
âmbito
do
Senado
resultou exitosa. Tendo considerado inaproveitáveis tanto o projeto oriundo da Câmara como o texto de Cid Sabóia, dado que este mantivera a mesma estrutura daquele, Darcy Ribeiro apresentou substitutivo próprio que logrou fosse aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Diante de uma certa comoção que se seguiu à inteira mudança de rumo a que fora conduzido o projeto de LDB, o senador Ribeiro foi
apresentando
incorporando
sucessivas
emendas
que
versões atenuassem
de de
seu
substitutivo
algum
modo
as
resistências e o mal-estar provocados pela estratégia acionada que ficou
conhecida
como
“manobra
regimental”.
A
última
versão
aprovada no Plenário do Senado em 8 de fevereiro de 1996 tinha a seguinte estrutura com 91 artigos: Título I - Da educação Título II - Dos princípios e fins da educação nacional Título III - Do direito à educação e do dever de educar Título IV - Da organização da educação nacional Título V - Dos níveis e das modalidades de educação e ensino Capítulo I - Da composição dos níveis escolares Capítulo II - Da educação básica Seção I - Das disposições gerais Seção II - Da educação infantil Seção III - Do ensino fundamental Seção IV - Do ensino médio Seção V - Da educação de jovens e adultos Capítulo III - Da educação profissional Capítulo IV - Da educação superior Capítulo V - Da educação especial
Título VI - Dos profissionais da educação Título VII - Dos recursos para a educação Título VIII - Das disposições gerais Título IX - Das disposições transitórias Vê-se
que
essa
estrutura
se
baseia
fortemente
naquela
do
primeiro projeto de D. Ribeiro com leves alterações baseadas no projeto
aprovado
bastante
do
na Câmara. Quanto
primeiro
projeto,
ao
conteúdo, se distancia
aproximando-se
da
proposta
da
Câmara sob o aspecto da organização das bases, isto é, dos níveis e modalidades de ensino. Já no que diz respeito ao controle político e à administração do sistema educacional, retoma a orientação do primeiro projeto aperfeiçoando-a e sintonizando-a com as linhas da política educacional do governo de Fernando Henrique Cardoso. A
se
depreender
proprietário
da
“Universidade correspondeu
da
Rede
manifestação
de
Paulista”
Cursos
(UNIP),
inteiramente
às
e
o
de
João
Carlos
Colégios
texto
Genio,
“Objetivo”
aprovado
expectativas
Di
dos
no
e
da
Senado
empresários
do
ensino. Com efeito, antes da aprovação ele havia declarado que a lei era ótima, tendo apenas um defeito: a exigência de que as escolas de nível superior, para se constituírem como universidades, deveriam ter a maioria do corpo docente constituída de mestres ou doutores. Para ele essa exigência era irrealista, já que dificilmente alcançável pelas universidades particulares. No dia da votação final ele esteve no Senado, na condição de reitor da Universidade Paulista, fazendo lobby em favor das escolas particulares, e conseguiu que o senador Antonio
Carlos
retirando
a
exigência
substituindo-os apresentou
Magalhães
essa
por
(PFL-BA)
dos
títulos
subscrevesse de
mestre
curso
de
especialização.
proposta
na
forma
de
O
sua ou
proposta doutor
senador
emenda
que
e
baiano resultou
aprovada. Com isso o “único defeito” foi sanado e, aos olhos dos interesses privados, a lei resultou perfeita.
Uma vez aprovado no Senado o projeto retornou à Câmara dos Deputados
na
forma
do
Substitutivo
Darcy
Ribeiro.
Ali
foi
designado relator o deputado José Jorge (PFL-PE). Depois de mais de
sete
meses
de
seu
ingresso
na
Câmara
o
projeto
ganha
o
noticiário da Imprensa no início de outubro de 1996: “Constituição do ensino vai à reta final” (Folha de S. Paulo, 6 de outubro de 1996, Caderno
3, p. 4). Nessa
reportagem
se informava
que o
relator
estava ultimando o seu parecer e que o governo esperava ver a lei aprovada até o mês de dezembro. De fato, em sessão realizada em 17 de dezembro de 1996 era aprovado na Câmara dos Deputados o relatório
apresentado
por José Jorge (PFL-PE) contendo
o
texto
final da LDB. Indo à sanção presidencial o texto foi mantido sem vetos sendo promulgada em 20 de dezembro de 1996 a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O texto do relator mantém a mesma estrutura do Substitutivo Darcy Ribeiro com praticamente o mesmo número de artigos e, fundamentalmente,
o
mesmo
conteúdo
tendo
introduzido
pequenas alterações que não chegaram a afetar o espírito geral do projeto aprovado no Senado. A ausência de vetos é fato raro na história da nossa política educacional, recordando-se que isto também se deu com a Lei n. 5.692/71 durante o governo do general Emílio Garrastazu Médici sob cujo autoritarismo a oposição estava inteiramente silenciada, não havendo espaço sequer para os “pálidos protestos” ocorridos durante
a
votação
da
Lei
n.
5.540/68
no
governo
do
marechal
Arthur da Costa e Silva quando, no entanto, o texto foi sancionado com diversos vetos. Esse resultado é explicável uma vez que o MEC foi, por assim dizer,
coautor
do
texto
de
Darcy
Ribeiro
e
se
empenhou
diretamente na sua aprovação. E, como a iniciativa privada, ficou
inteiramente satisfeito com o desfecho. Tanto que recomendou ao presidente da República a sanção sem vetos. E assim foi feito. Em
anexo
Diretrizes
e
o
leitor
Bases
da
tem
acesso
Educação
ao
teor
Nacional
completo na
forma
da
Lei
como
de foi
sancionada pelo presidente da República e promulgada em 20 de dezembro de 1996. O próximo capítulo será dedicado à análise do texto da lei, buscando
explicitar
começar-se-á abordagem
por
o
seu
clarear
apresentando
conteúdo
em
suas
e
significado.
linhas
algumas
gerais
a
considerações
Nessa
tarefa,
perspectiva de
fundo
de e
identificando as concepções de LDB que se fizeram presentes nas propostas da Câmara e do Senado. A partir daí serão examinados os principais dispositivos da lei.
anexo|quatro
texto da LDB sancionada em 20 de dezembro de 1996
Lei n. 9.394
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
TÍTULO I DA EDUCAÇÃO Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar,
na
convivência
humana,
no
trabalho,
nas
instituições
de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. §
1º
-
Esta
Lei
disciplina
a
educação
escolar,
que
se
desenvolve,
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º - A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
TÍTULO II DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL
Art. 2º - A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento
do
educando,
seu
preparo
para
o
exercício
da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II-
liberdade
de
aprender,
ensinar,
pesquisar
e
divulgar
a
cultura,
o
pensamento, a arte e o saber; III- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV- respeito à liberdade e apreço à tolerância; V- coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI- gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII- valorização do profissional da educação escolar; VIII-
gestão
democrática
do
ensino
público,
na
forma
desta
Lei
e
da
legislação dos sistemas de ensino; IX- garantia de padrão de qualidade; X- valorização da experiência extraescolar; XI- vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
TÍTULO III DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR Art. 4º - O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I- ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II- progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III-
atendimento
educacional
especializado
gratuito
aos
educandos
com
necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; IV- atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de 0 a 6 anos de idade; V-
acesso
aos
níveis
mais
elevados
do
ensino,
da
pesquisa
e
da
criação
artística, segundo a capacidade de cada um; VI- oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII-
oferta
de
características
educação e
escolar
modalidades
regular
para
adequadas
jovens
às
suas
e
adultos,
com
necessidades
e
disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; VIII- atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de
programas
suplementares
de
material
didático-escolar,
transporte,
alimentação e assistência à saúde; IX- padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade
mínimas,
por
aluno,
de
insumos
indispensáveis
ao
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Art.
5º
-
podendo
O
acesso
qualquer
ao
ensino
cidadão,
fundamental
grupo
de
é
direito
cidadãos,
público
associação
subjetivo,
comunitária,
organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo. § 1º - Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da União: I- recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que a ele não tiveram acesso; II- fazer-lhes a chamada pública; III- zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. § 2º - Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro
lugar
contemplando
o
acesso
em
ao
seguida
ensino os
obrigatório,
demais
níveis
conforme as prioridades constitucionais e legais.
e
nos
termos
deste
modalidades
de
artigo, ensino,
§
3º
-
Qualquer
das
partes
mencionadas
no
caput
deste
artigo
tem
legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. § 4º - Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade. § 5º - Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior. Art. 6º - É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos 7 anos de idade, no ensino fundamental. Art.
7º
-
O
ensino
é
livre
à
iniciativa
privada,
atendidas
as
seguintes
condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino; II-
autorização
de
funcionamento
e
avaliação
de
qualidade
pelo
Poder
Público; III- capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal.
TÍTULO IV DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL Art.
8º
-
A
União,
os
Estados,
o
Distrito
Federal
e
os
Municípios
organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. § 1º - Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. § 2º - Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei.
Art. 9º - A União incumbir-se-á de: I- elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II-
organizar,
manter
e
desenvolver
os
órgãos
e
instituições
oficiais
do
sistema federal de ensino e o dos Territórios; III- prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios
para
o
desenvolvimento
atendimento prioritário à
de
seus
sistemas
escolaridade obrigatória,
de
ensino
exercendo sua
e
o
função
redistributiva e supletiva; IV- estabelecer, Municípios,
em colaboração com os
Estados,
competências e diretrizes para
a
o Distrito Federal
educação infantil,
e os
o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; V- coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação; VI-
assegurar
processo
nacional
de
avaliação
do
rendimento
escolar
no
ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; VII- baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação; VIII- assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino; IX-
autorizar,
respectivamente,
reconhecer, os
cursos
credenciar,
das
instituições
supervisionar de
educação
e
avaliar,
superior
e
os
estabelecimentos do seu sistema de ensino. §
1º
-
Na
estrutura
educacional,
haverá
um
Conselho
Nacional
de
Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei. § 2º - Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso
a
todos
os
dados
e
informações
estabelecimentos e órgãos educacionais.
necessários
de
todos
os
§
3º - As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos
Estados
e
ao
Distrito
Federal,
desde
que
mantenham
instituições
de
educação superior. Art. 10 - Os Estados incumbir-se-ão de: I- organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino; II- definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental,
as
quais
devem
assegurar
a
distribuição
proporcional
das
responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; III- elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; IV-
autorizar,
respectivamente,
reconhecer, os
cursos
das
credenciar, instituições
supervisionar de
educação
e
avaliar,
superior
e
os
estabelecimentos do seu sistema de ensino; V- baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; VI- assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio. Parágrafo
único
-
Ao
Distrito
Federal
aplicar-se-ão
as
competências
referentes aos Estados e aos Municípios. Art. 11 - Os Municípios incumbir-se-ão de: I- organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas
de
ensino,
integrando-os
às
políticas
e
planos
educacionais
da
União e dos Estados; II- exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; III- baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; IV- autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino;
V- oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino
fundamental,
permitida
a
atuação
somente quando estiverem atendidas área
de
competência
e
com
em
outros
plenamente as
recursos
acima
dos
níveis
de
ensino
necessidades
de sua
percentuais
mínimos
vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. Parágrafo único - Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema
estadual
de
ensino
ou
compor
com
ele
um
sistema
único
de
educação básica. Art. 12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI
-
articular-se com as
famílias
e a
comunidade,
criando
processos
de
integração da sociedade com a escola; VII - informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. Art. 13 - Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV
-
estabelecer
rendimento;
estratégias
de
recuperação
para
os
alunos
de
menor
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento,
à
avaliação e ao
desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I
- participação dos
profissionais da
educação na
elaboração do projeto
pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15 - Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de
educação
básica
que
os
integram
progressivos
graus
de
autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. Art. 16 - O sistema federal de ensino compreende: I - as instituições de ensino mantidas pela União; II - as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada; III - os órgãos federais de educação. Art.
17
-
Os
sistemas
de
ensino
dos
Estados
e
do
Distrito
Federal
compreendem: I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal; II
-
as
instituições
de
educação
superior
mantidas
pelo
Poder
Público
municipal; III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada; IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente.
Parágrafo único - No Distrito Federal, as instituições de educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino. Art. 18 - Os sistemas municipais de ensino compreendem: I
- as instituições do ensino fundamental,
médio e de educação infantil
mantidas pelo Poder Público municipal; II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; III - os órgãos municipais de educação. Art. 19 - As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas seguintes categorias administrativas: I
-
públicas,
assim
entendidas
as
criadas
ou
incorporadas,
mantidas
e
administradas pelo Poder Público; II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Art. 20 - As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias: I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo; II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de
professores
e
alunos
que
incluam
na
sua
entidade
mantenedora
representantes da comunidade; III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas
físicas
orientação
ou
por
confessional
uma e
ou
mais
ideologia
pessoas
específicas
anterior; IV - filantrópicas, na forma da lei.
TÍTULO V
jurídicas e
ao
que
disposto
atendem no
a
inciso
DOS NÍVEIS E DAS M ODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO CAPÍTULO I DA COMPOSIÇÃO DOS NÍVEIS ESCOLARES Art. 21 - A educação escolar compõe-se de: I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II - educação superior.
CAPÍTULO II DA EDUCAÇÃO BÁSICA SEÇÃO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 22 - A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe cidadania
a
formação
comum
e fornecer-lhe meios para
indispensável
para
o
exercício
da
progredir no trabalho e em estudos
posteriores. Art. 23 - A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma
diversa
de
organização,
sempre
que
o
interesse
do
processo
de
aprendizagem assim o recomendar. § 1º - A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais. §
2º
-
O
calendário
escolar
deverá
adequar-se
às
peculiaridades
locais,
inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei.
Art.
24
-
A
educação
básica,
nos
níveis
fundamental
e
médio,
será
organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino fundamental, pode ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas; c) independentemente de escolarização anterior, pela
escola,
que
defina
o
grau
de
mediante avaliação feita
desenvolvimento
e
experiência
do
candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino; III
- nos
estabelecimentos
que adotam a
regimento escolar pode admitir formas
progressão regular por série,
de progressão parcial,
o
desde que
preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino; IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com
níveis
equivalentes
de
adiantamento
na
matéria,
para
o
ensino
de
línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares; V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a)
avaliação
contínua
e
cumulativa
do
desempenho
do
aluno,
com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período
letivo,
para
os
casos
de
baixo
rendimento
escolar,
a
serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu
regimento
e
nas
normas
do
respectivo
sistema
de
ensino,
exigida
a
frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação; VII
-
cabe
a
cada
instituição
de
ensino
expedir
históricos
escolares,
declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis. Art. 25 - Será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar relação adequada entre o número de alunos e professor, a carga horária e as condições materiais do estabelecimento. Parágrafo
único
-
Cabe
condições
disponíveis
e
ao das
respectivo
sistema
características
de
ensino,
regionais
e
à
locais,
vista
das
estabelecer
parâmetro para atendimento do disposto neste artigo. Art. 26 - Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional
comum,
estabelecimento
a
ser
complementada,
escolar,
por
uma
em
parte
cada
sistema
diversificada,
de
ensino
exigida
e
pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. §
1º
-
Os
currículos
obrigatoriamente,
o
a
estudo
que da
se
refere
língua
o
caput
portuguesa
e
devem da
abranger,
matemática,
o
conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 2º - O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos. §
3º
-
A
educação
física,
integrada
à
proposta
pedagógica
da
escola,
é
componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.
§ 4º - O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes
culturas
e
etnias
para
a
formação
do
povo
brasileiro,
especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. § 5º - Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir
da
quinta
série,
o
ensino
de
pelo
menos
uma
língua
estrangeira
moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição. Art. 27 - Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes: I
-
a
difusão
de
valores
fundamentais
ao
interesse
social,
aos
direitos
e
deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II
-
consideração
das
condições
de
escolaridade
dos
alunos
em
cada
estabelecimento; III - orientação para o trabalho; IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais. Art. 28 - Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de
ensino
promoverão
as
adaptações
necessárias
à
sua
adequação
às
peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
SEÇÃO II DA EDUCAÇÃO INFANTIL Art. 29 - A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30 - A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até 3 anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de 4 a 6 anos de idade. Art.
31
-
Na
acompanhamento
educação e
registro
infantil do
seu
a
avaliação
desenvolvimento,
far-se-á sem
o
mediante objetivo
de
promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.
SEÇÃO III DO ENSINO FUNDAMENTAL Art.
32
-
O
ensino
fundamental,
com
duração
mínima
de
oito
anos,
obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. § 1º - É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos. § 2º - Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar
no
ensino
fundamental
o
regime
de
progressão
continuada,
sem
prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino.
§ 3º - O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. § 4º - O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado
como
complementação
da
aprendizagem
ou
em
situações
emergenciais. Art. 33º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, sendo oferecido, sem ônus para os cofres públicos, de acordo com as preferências manifestadas pelos alunos ou por seus responsáveis, em caráter: I
-
confessional,
responsável,
de
acordo
ministrado
com
por
a
opção
religiosa
professores
ou
do
aluno
ou
orientadores
do
seu
religiosos
preparados e credenciados pelas respectivas igrejas ou entidades religiosas; ou II
-
interconfessional,
resultante
de
acordo
entre
as
diversas
entidades *
religiosas, que se responsabilizarão pela elaboração do respectivo programa . Art.
34
- A jornada
escolar no ensino fundamental incluirá
pelo menos
quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. § 1º - São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. § 2º - O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino.
SEÇÃO IV DO ENSINO M ÉDIO Art. 35 - O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III
- o aprimoramento do educando como pessoa
formação
ética
e
o
desenvolvimento
da
humana,
autonomia
incluindo a
intelectual
e
do
pensamento crítico; IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando
a
teoria
com
a
prática,
no
ensino
de
cada
disciplina. Art. 36 - O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes: I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência,
das
sociedade
letras
e das
da
cultura;
e
artes; a
o processo histórico de transformação da
língua
portuguesa
como
instrumento
de
comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; II
-
adotará
metodologias
de
ensino
e
de
avaliação
que
estimulem
a
iniciativa dos estudantes; III
-
será
incluída
uma
língua
estrangeira
moderna,
como
disciplina
obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição. §
1º
-
Os
conteúdos,
organizados
de
tal
as
forma
metodologias que
ao
final
e
as
do
formas ensino
de
avaliação
médio
o
serão
educando
demonstre: I
-
domínio
dos
princípios
científicos
e
tecnológicos
que
presidem
a
produção moderna; II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania. § 2º - O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas.
§ 3º - Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos. § 4º - A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, ensino
poderão
médio
ou
ser
em
desenvolvidas
cooperação
nos
com
próprios
estabelecimentos
de
especializadas
em
instituições
educação profissional.
SEÇÃO V DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Art. 37 - A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. § 1º - Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos,
que
não
puderam
efetuar
os
estudos
na
idade
regular,
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. § 2º - O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. Art. 38 - Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão
a
base
nacional
comum
do
currículo,
habilitando
ao
prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º - Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de 15 anos; II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de 18 anos. §
2º - Os
conhecimentos
e habilidades
adquiridos
pelos
educandos
meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.
CAPÍTULO III
por
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL Art.
39
-
educação,
A ao
educação trabalho,
profissional, à
ciência
e
à
integrada
às
tecnologia,
diferentes
conduz
ao
formas
de
permanente
desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Parágrafo único - O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio
e
superior,
bem como
o
trabalhador
em geral,
jovem ou
adulto,
contará com a possibilidade de acesso à educação profissional. Art. 40 - A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou
por diferentes estratégias de educação continuada,
em
instituições especializadas ou no ambiente de trabalho. Art. 41 - O conhecimento adquirido na educação profissional, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos. Parágrafo único - Os diplomas de cursos de educação profissional de nível médio, quando registrados, terão validade nacional. Art. 42 - As escolas técnicas e profissionais, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à
capacidade
de
aproveitamento
e
não
necessariamente
ao
nível
de
escolaridade.
CAPÍTULO IV DA EDUCAÇÃO S UPERIOR Art. 43 - A educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura,
e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV
-
promover
a
divulgação
de
conhecimentos
culturais,
científicos
e
técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos
numa
estrutura
intelectual
sistematizadora
do
conhecimento de cada geração; VI
-
estimular
particular
os
o
conhecimento
nacionais
e
dos
problemas
regionais,
prestar
do
mundo
serviços
presente,
em
especializados
à
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão
das
conquistas
e
benefícios
resultantes
da
criação
cultural
e
da
pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. Art. 44 - A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas: I
-
cursos
sequenciais
por
campo
de
saber,
de
diferentes
níveis
de
abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino; II - de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo; III
-
de
pós-graduação,
doutorado,
compreendendo
cursos de especialização,
programas
de
mestrado
aperfeiçoamento e outros,
e
abertos a
candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino; IV
-
de
extensão,
abertos
a
candidatos
que
atendam
aos
requisitos
estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino. Art. 45
- A educação superior será ministrada em instituições de ensino
superior,
públicas
especialização.
ou
privadas,
com
variados
graus
de
abrangência
ou
Art.
46
-
A
autorização
e
o
reconhecimento
de
cursos,
bem
como
o
credenciamento de instituições de educação superior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, após processo regular de avaliação. §
1º
-
Após
um
prazo
para
saneamento
de
deficiências
eventualmente
identificadas pela avaliação a que se refere este artigo, haverá reavaliação, que
poderá
resultar,
habilitações,
conforme
em intervenção na
o
caso,
em
instituição,
desativação
de
cursos
e
em suspensão temporária
de
prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento. § 2º - No caso de instituição pública, o Poder Executivo responsável por sua manutenção acompanhará o processo de saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários, para a superação das deficiências. Art. 47 - Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver. § 1º - As instituições informarão aos interessados, antes de cada período letivo,
os
programas
duração,
requisitos,
dos
cursos
qualificação
e
demais
dos
componentes
professores,
curriculares,
recursos
sua
disponíveis
e
critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições. § 2º - Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos, demonstrado específicos,
por
meio
aplicados
de
por
provas
e
outros
instrumentos
banca
examinadora
especial,
de
avaliação
poderão
ter
abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino. §
3º
-
É
obrigatória
a
frequência
de
alunos
e
professores,
salvo
nos
programas de educação a distância. § 4º - As instituições de educação superior oferecerão, no período noturno, cursos
de
graduação
nos
mesmos
padrões
de
qualidade
mantidos
no
período diurno, sendo obrigatória a oferta noturna nas instituições públicas, garantida a necessária previsão orçamentária. Art.
48
-
Os
diplomas
de
cursos
superiores
reconhecidos,
quando
registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular.
§ 1º - Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias registrados,
e aqueles
registrados
em
conferidos
universidades
por instituições
indicadas
pelo
não universitárias Conselho
serão
Nacional
de
Educação. § 2º - Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível
e
área
ou
equivalente,
respeitando-se
os
acordos
internacionais
de
reciprocidade ou equiparação. §
3º
-
Os
diplomas
de
Mestrado
e
de
Doutorado
expedidos
por
universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior. Art. 49 - As instituições de educação superior aceitarão a transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo. Parágrafo único - As transferências ex officio dar-se-ão na forma da lei. Art. 50 - As instituições de educação superior, quando da ocorrência de vagas,
abrirão
regulares
que
matrícula
nas
disciplinas
demonstrarem
capacidade
de
seus
de
cursos
cursá-las
a
alunos
com
não
proveito,
mediante processo seletivo prévio. Art.
51
-
As
instituições
de
educação
superior
credenciadas
como
universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino médio,
articulando-se com os
órgãos
normativos
dos
sistemas
de
ensino. Art. 52 - As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por: I
- produção intelectual institucionalizada
mediante o estudo sistemático
dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional;
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral. Parágrafo único - É facultada a criação de universidades especializadas por campo do saber. Art. 53 - No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições: I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior
previstos
nesta
Lei,
obedecendo
às
normas
gerais
da
União
e,
quando for o caso, do respectivo sistema de ensino; II - fixar os currículos de seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes; III
-
estabelecer
planos,
programas
e
projetos
de
pesquisa
científica,
produção artística e atividades de extensão; IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências do seu meio; V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas gerais atinentes; VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; VII - firmar contratos, acordos e convênios; VIII
- aprovar e executar planos,
referentes a
obras,
programas e projetos de investimentos
serviços e aquisições em geral,
bem como administrar
rendimentos conforme dispositivos institucionais; IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos estatutos; X - receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação financeira resultante de convênios com entidades públicas e privadas. Parágrafo
único
universidades,
-
Para
caberá
aos
garantir seus
a
autonomia
colegiados
de
didático-científica
ensino
dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre:
e
pesquisa
das
decidir,
I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; II - ampliação e diminuição de vagas; III - elaboração da programação dos cursos; IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão; V - contratação e dispensa de professores; VI - planos de carreira docente. Art. 54 - As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal. § 1º - No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas poderão: I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo, assim como um plano de cargos e salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos disponíveis; II - elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as normas gerais concernentes; III
-
aprovar
e
executar
planos,
programas
e
projetos
de
investimentos
referentes a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo Poder mantenedor; IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas peculiaridades de organização e funcionamento; VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do Poder
competente,
para
aquisição
de
bens
imóveis,
instalações
e
equipamentos; VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho.
§
2º
-
Atribuições
instituições
que
de
autonomia
comprovem
alta
universitária qualificação
poderão para
o
ser
estendidas
ensino
ou
para
a a
pesquisa, com base em avaliação realizada pelo Poder Público. Art. 55 - Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e desenvolvimento das instituições de educação superior por ela mantidas. Art.
56
-
princípio
As
instituições
da
gestão
públicas
democrática,
de
educação
assegurada
superior a
obedecerão
existência
de
ao
órgãos
colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos da comunidade institucional, local e regional. Parágrafo único - Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da
elaboração
e
modificações
estatutárias
e
regimentais,
bem
como
da
escolha de dirigentes. Art. 57 - Nas instituições públicas de educação superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de aulas.
CAPÍTULO V DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Art.
58
-
Entende-se por educação especial,
modalidade
de
educação
escolar,
oferecida
para
os
efeitos
desta
preferencialmente
Lei,
na
a
rede
regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. § 1º - Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º - O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º - A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de 0 a 6 anos, durante a educação infantil. Art. 59 - Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I
-
currículos,
métodos,
técnicas,
recursos
educativos
e
organização
específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido
para
a
conclusão
do
ensino
fundamental,
em
virtude
de
suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida
em
sociedade,
revelarem
inclusive
capacidade
articulação
com
apresentam
uma
os
de
condições
inserção
órgãos
oficiais
habilidade
no
trabalho
afins,
superior
adequadas
nas
bem áreas
para
os
competitivo,
como
para
artística,
que
não
mediante
aqueles
intelectual
que ou
psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Art. 60 - Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único - O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria
rede pública
regular de ensino,
independentemente do apoio às
instituições previstas neste artigo.
TÍTULO VI DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Art. 61 - A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos:
I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades. Art. 62 - A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível
superior,
em
curso
de
licenciatura,
de
graduação
plena,
em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras
séries
do ensino fundamental,
a
oferecida
em nível
médio,
na
modalidade Normal. Art. 63 - Os institutos superiores de educação manterão: I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II - programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis. Art.
64
-
A
formação
planejamento,
de
inspeção,
profissionais supervisão
e
de
educação
orientação
para
administração,
educacional
para
a
educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Art. 65
- A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá
prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas. Art. 66 - A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível
de
pós-graduação,
prioritariamente
em
programas
de
mestrado
e
doutorado. Parágrafo único - O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.
Art. 67 - Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da
educação,
assegurando-lhes,
inclusive nos
termos
dos
estatutos
e dos
planos de carreira do magistério público: I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III - piso salarial profissional; IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; VI - condições adequadas de trabalho. Parágrafo único - A profissional
de
experiência
quaisquer
outras
docente é pré-requisito para funções
de
magistério,
nos
o exercício termos
das
normas de cada sistema de ensino.
TÍTULO VII DOS RECURSOS FINANCEIROS Art. 68 - Serão recursos públicos destinados à educação os originais de: I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - receita de transferências constitucionais e outras transferências; III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais; IV - receita de incentivos fiscais; V - outros recursos previstos em lei. Art.
69
- A
União aplicará,
anualmente,
nunca
menos
de dezoito,
e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que
consta
nas
respectivas
Constituições
ou
Leis
Orgânicas,
da
receita
resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento do ensino público. § 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados,
ao
Distrito
Federal
e
aos
Municípios,
ou
pelos
Estados
aos
respectivos Municípios, não será considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. § 2º - Serão consideradas excluídas das receitas de impostos mencionadas neste artigo as operações de crédito por antecipação de receita orçamentária de impostos. §
3º
-
Para
estatuídos
neste
orçamento abertura
fixação
artigo,
anual,
de
inicial será
ajustada,
créditos
dos
valores
correspondentes
considerada
quando
adicionais,
for
a
o
com
receita
caso,
base
estimada
por
no
aos
lei
que
mínimos
na
lei
do
autorizar
eventual
excesso
a
de
arrecadação. § 4º - As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente realizadas,
que
obrigatórios,
resultem
serão
no
apuradas
não e
atendimento
corrigidas
a
dos
cada
percentuais trimestre
do
mínimos exercício
financeiro. § 5º - O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação, observados os seguintes prazos: I
- recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia
de cada
mês,
até o
vigésimo dia; II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia de cada mês, até o trigésimo dia; III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente. § 6º - O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção monetária e à responsabilização civil e criminal das autoridades competentes. Art.
70
-
Considerar-se-ão
como
de
manutenção
e
desenvolvimento
do
ensino as despesas realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos
das instituições educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se destinam a: I
-
remuneração
e
aperfeiçoamento
do
pessoal
docente
e
demais
profissionais da educação; II
-
aquisição,
manutenção,
construção
e
conservação
de
instalações
e
equipamentos necessários ao ensino; III - uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino; IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino; V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas; VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar. Art. 71 - Não constituirão despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada
fora
dos
sistemas
de
ensino,
que
não
vise,
precipuamente,
ao
aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão; II - subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural; III - formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; IV
-
programas
odontológica,
suplementares
farmacêutica
e
de
alimentação,
psicológica,
e
outras
assistência formas
de
médico-
assistência
social; V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;
VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de
função
ou
em
atividade
alheia
à
manutenção
e
desenvolvimento
do
ensino. Art.
72
- As receitas e despesas com manutenção e desenvolvimento do
ensino serão apuradas e publicadas nos balanços do Poder Público, assim como nos relatórios a
que se refere o § 3º.
do art. 165
da
Constituição
Federal. Art. 73 - Os órgãos fiscalizadores examinarão, prioritariamente, na prestação de contas de recursos públicos, o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição Federal,
no art.
60
do Ato das
Disposições
Constitucionais
Transitórias e na legislação concernente. Art. 74 - A União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
estabelecerá
padrão
mínimo
de
oportunidades
educacionais
para o ensino fundamental, baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade. Parágrafo único - O custo mínimo de que trata este artigo será calculado pela União ao final de cada ano, com validade para o ano subsequente, considerando
variações
regionais
no
custo
dos
insumos
e
as
diversas
modalidades de ensino. Art.
75
- A
ação supletiva
e redistributiva
da
União e dos Estados será
exercida de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de qualidade de ensino. § 1º - A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula de domínio público que inclua a capacidade de atendimento e a medida do esforço fiscal do respectivo Estado,
do Distrito Federal ou
do Município em favor da
manutenção e do desenvolvimento do ensino. § 2º - A capacidade de atendimento de cada governo será definida pela razão
entre
os
recursos
de
uso
constitucionalmente
obrigatório
na
manutenção e desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão mínimo de qualidade. § 3º - Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada estabelecimento de ensino,
considerado o número de alunos que efetivamente frequentam a escola. § 4º - A ação supletiva e redistributiva não poderá ser exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V do art.
11
desta
Lei,
em número inferior à
sua
capacidade de
atendimento. Art. 76 - A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo anterior ficará condicionada
ao
efetivo
cumprimento
pelos
Estados,
Distrito
Federal
e
Municípios do disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais. Art. 77 - Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas que: I
-
comprovem
finalidade
não
lucrativa
e
não
distribuam
resultados,
dividendos, bonificações, participações ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto; II - apliquem seus excedentes financeiros em educação; III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades; IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos. § 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede local. § 2º - As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive mediante bolsas de estudo.
TÍTULO VIII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 78 - O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais
de
fomento
à
cultura
e
de
assistência
aos
índios,
desenvolverá
programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos: I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas
memórias
históricas;
a
reafirmação
de
suas
identidades
étnicas;
a
valorização de suas línguas e ciências; II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos
técnicos
e
científicos
da
sociedade
nacional
e
demais
sociedades indígenas e não índias. Art. 79 - A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no
provimento
da
educação
intercultural
às
comunidades
indígenas,
desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa. §
1º
-
Os
programas
serão
planejados
com
audiência
das
comunidades
indígenas. §
2º
-
Os
programas
a
que
se
refere
este
artigo,
incluídos
nos
Planos
Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos: I
-
fortalecer
as
práticas
socioculturais
e
a
língua
materna
de
cada
comunidade indígena; II - manter programas de formação de pessoal especializado, destinado à educação escolar nas comunidades indígenas; III
-
desenvolver
currículos
e
programas
específicos,
neles
incluindo
os
conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunidades; IV
-
elaborar
e
publicar
sistematicamente
material
didático
específico
e
diferenciado. Art. 80 - O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas
de
ensino
a
distância,
em
todos
os
níveis
e
modalidades
de
ensino, e de educação continuada. § 1º - A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.
§ 2º - A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. §
3º - As normas para
produção,
controle e avaliação de programas de
educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. §
4º
-
A
educação
a
distância
gozará
de
tratamento
diferenciado,
que
incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens; II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III
-
reserva
de
tempo
mínimo,
sem
ônus
para
o
Poder
Público,
pelos
concessionários de canais comerciais. Art.
81
- É permitida
a
organização de cursos ou
instituições de ensino
experimentais, desde que obedecidas as disposições desta Lei. Art. 82 - Os sistemas de ensino estabelecerão as normas para realização dos estágios dos alunos regularmente matriculados no ensino médio ou superior em sua jurisdição. Parágrafo
único
estabelece
vínculo
estágio,
estar
-
O
estágio
realizado
empregatício,
segurado
contra
nas
podendo
acidentes
e
condições
o ter
estagiário a
deste
artigo
receber
cobertura
não
bolsa
de
previdenciária
prevista na legislação específica. Art.
83
-
O
ensino
militar
é
regulado
em
lei
específica,
admitida
a
equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de ensino. Art. 84 - Os discentes da educação superior poderão ser aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo com seu rendimento e seu plano de estudos. Art. 85 - Qualquer cidadão habilitado com a titulação própria poderá exigir a abertura de concurso público de provas e títulos para cargo de docente de instituição pública de ensino que estiver sendo ocupado por professor não
concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Art.
86
-
As
instituições
de
educação
superior
constituídas
como
universidades integrar-se-ão, também, na sua condição de instituições de pesquisa,
ao
Sistema
Nacional
de
Ciência
e
Tecnologia,
nos
termos
da
legislação específica.
TÍTULO IX DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 87 - É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei. §
1º - A União,
no prazo de um ano a
partir da
publicação desta
Lei,
encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos. §
2º
-
O
Poder
Público
deverá
recensear
os
educandos
no
ensino
fundamental, com especial atenção para os grupos de 7 a 14 e de 15 a 16 anos de idade. § 3º - Cada Município e, supletivamente, o Estado e a União, deverá: I
-
matricular
todos
os
educandos
a
partir
dos
7
anos
de
idade
e,
facultativamente, a partir dos 6 anos, no ensino fundamental; II
-
prover
cursos
presenciais
ou
a
distância
aos
jovens
e
adultos
insuficientemente escolarizados; III
-
realizar
programas
de
capacitação
para
todos
os
professores
em
exercício, utilizando também, para isto, os recursos da educação a distância; IV
-
integrar
todos
os
estabelecimentos
de
ensino
fundamental
do
seu
território ao sistema nacional de avaliação do rendimento escolar. §
4º
-
Até
o
fim
da
Década
da
Educação
somente
serão
admitidos
professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em
serviço. § 5º - Serão conjugados todos os esforços objetivando a progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino fundamental para o regime de escolas de tempo integral. § 6º - A assistência financeira da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios,
condicionadas
bem
ao
como
a
dos
cumprimento
do
Estados art.
aos
212
da
seus
Municípios,
Constituição
ficam
Federal
e
dispositivos legais pertinentes pelos governos beneficiados. Art. 88 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir da data de sua publicação. § 1º - As instituições educacionais adaptarão seus estatutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes estabelecidos. § 2º - O prazo para que as universidades cumpram o disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos. Art. 89 - As creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de ensino. Art. 90 - As questões suscitadas na transição entre o regime anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo Conselho Nacional de Educação ou,
mediante
delegação
deste,
pelos
órgãos
normativos
dos
sistemas
de
ensino, preservada a autonomia universitária. Art. 91 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 92 - Revogam-se as disposições das Leis n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28
de novembro de 1968, não alteradas pelas Leis n.
9.131, de 24 de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis n. 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982,
e as demais leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer
outras disposições em contrário.
Brasília, 20 de dezembro de 1996; 175º da Independência e 108º da República.
1
Nas versões subsequentes dos projetos que tramitaram no Congresso Nacional a denominação “educação fundamental” foi substituída por “educação básica”
para
adequar-se à
nova
terminologia
introduzida
pela Constituição de 1988. O mesmo ocorreu com as denominações “ensino de segundo grau” e “educação de terceiro grau” que foram substituídas,
respectivamente,
por
“ensino
médio”
e
“educação
superior”. *
Este artigo foi modificado pela Lei n. 9.475, de 22 de julho de 1997, cujo teor é o seguinte: Art. 1º - O art. 33 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 33 - O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da
formação
normais
das
básica escolas
do
cidadão
públicas
de
e
constitui
ensino
disciplina
fundamental,
dos
horários
assegurado
o
respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo. §
1º
Os
sistemas
de
ensino
regulamentarão
os
procedimentos
para
definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores. § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso. Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário.
capítulo|três
a LDB aprovada: limites e perspectivas
1. Concepções de LDB: os projetos da Câmara e do Senado onsiderar
C
as
concepções uma
propostas
de
questão
fundo
de
que
preliminar
LDB
as
do
ponto
diferenciam
relativa
ao
fato
de
implica de
que
vista
das
esclarecer o
próprio
problema da concepção já se encontra, direta e explicitamente,
imbricado no objeto examinado. Com efeito, fixar as diretrizes da educação
nacional
parâmetros, educação
os
no
não
é
princípios,
país.
E
ao
outra os
se
coisa
rumos
fazer
isso
senão
que
se
estará
estabelecer
deve
sendo
os
imprimir
à
explicitada
a
concepção de homem, sociedade e educação através do enunciado dos
primeiros
Nacional
títulos
relativos
aos
da
Lei
fins
liberdade de educar e ao
de
da
Diretrizes
e
educação, ao
Bases
da
Educação
direito, ao
sistema de educação
bem
dever, à
como
à sua
normatização e gestão. Essa reflexão já fora objeto de minha intervenção na V CBE em 1988 ao tratar do tema “Os fundamentos da educação e a nova LDB”. Ali eu observava que, quando nos debruçamos sobre essa problemática,
verificamos
que
estamos
no
nível
de
enunciados
gerais que parecem insuscetíveis de modificação ou, mesmo que modificáveis, não parecem relevantes as modificações propostas.
Assim, se passarmos os olhos, por exemplo, sobre os fins da educação estabelecidos pela Lei n. 4.024/1961 que fixou as diretrizes e bases da educação nacional em cumprimento à Constituição de 1946, veremos que, em princípio, não há razões para rejeitarmos o que aí está estipulado. Com efeito, quem ousaria negar que cabe à educação promover “a
compreensão
dos
direitos
e
deveres
da
pessoa
humana,
do
cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade”?; que ela deve garantir “o respeito à dignidade e às liberdades
fundamentais
fortalecimento
da
do
homem”?;
unidade
que
nacional
deva
e
da
favorecer
“o
solidariedade
internacional”?; que lhe cabe propiciar “o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação na obra do bem comum”?. Algo
semelhante
cabe
dizer
do
“preparo
do
indivíduo
e
da
sociedade para o domínio dos recursos científicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar as possibilidades e vencer as dificuldades do meio”, da “preservação e expansão do patrimônio cultural” e da “condenação
a
qualquer
tratamento
desigual
por
motivo
de
convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe ou de raça”. Essa constatação não deixa de provocar uma certa perplexidade quando nos colocamos diante da tarefa de formular uma nova Lei de
Diretrizes
inegavelmente inspiração
e
Bases.
traduzem,
liberal.
E
Isto no
porque contexto
quando,
numa
os da
enunciados Lei
n.
proposta
citados
4.024/1961, de
LDB
a
que
apresentamos como contraposição à concepção liberal, registramos enunciados
semelhantes,
inevitavelmente
surge
a
questão:
mas
então qual é a diferença? Os fundamentos são os mesmos? A nova proposta também não escapa ao âmbito do liberalismo? Em que ela se diferencia da lei atualmente em vigor?
Para encaminhar a resposta a esse tipo de questionamento é preciso,
preliminarmente,
retomar
a
distinção
entre
objetivos
proclamados e objetivos reais à qual já se fez referência quando da comparação
entre os objetivos da Lei n. 4.024/1961 e da Lei n.
5.692/1971 no Capítulo I. Os
objetivos
proclamados
indicam
as
finalidades
gerais,
as
intenções últimas, ao passo que os objetivos reais indicam os alvos concretos da ação. Enquanto os objetivos proclamados se situam num plano ideal onde o consenso, a convergência de interesses é sempre possível, os objetivos reais situam-se num plano onde se defrontam interesses divergentes e, por vezes, antagônicos, determinando o curso da ação as forças que controlam o processo. No contexto referido os objetivos reais podem se configurar como
concretizações
podem
também
se
parciais opor
a
dos
objetivos
eles,
o
que
proclamados
ocorre
com
mas
bastante
frequência. Nesse último caso os objetivos proclamados tendem a mascarar os objetivos reais. À
luz
do
exposto
resulta
claro
por
que
os
objetivos
proclamados coincidem exatamente com aquilo que se explicita em termos de objetivos na letra da lei, contrariamente aos objetivos reais
que
se
organização
revelam
escolar
antes
prevista
na em
forma lei
de
funcionamento
e, dialeticamente, nos
da
meios
preconizados. Assim,
dado
um
texto
de
LDB,
os
objetivos
proclamados
fluirão diretamente dos títulos que consubstanciam as diretrizes, isto é, que definem o conceito de educação, os fins da educação, o direito,
o
dever
e
a
liberdade
de
educar
e,
de
certo
modo,
a
conformação do sistema ou organização geral da educação. Já a identificação
dos
objetivos
reais
exigirá
o
exame
dos
títulos
relativos às bases, isto é, a organização e funcionamento dos níveis e
modalidades de ensino, os mecanismos de decisão, as formas de gestão
e os
recursos
para
a
manutenção
e desenvolvimento
dos
órgãos, serviços e agentes educativos.
1.1. Concepção liberal de LDB: suas contradições Foi
dito
acima
que
os
objetivos
reais
podem
se
opor
aos
objetivos proclamados, situação em que os objetivos proclamados tendem a mascarar os objetivos reais. Ora,
a
função
de
mascarar
os
objetivos
reais
através
dos
objetivos proclamados é exatamente a marca distintiva da ideologia liberal,
dada
a
sua
condição
de
ideologia
típica
do
modo
de
produção capitalista o qual introduziu, pela via do “fetichismo da mercadoria”, a opacidade nas relações sociais. Com sociais
efeito, se nas
eram
sociedades
transparentes
já
escravista
que
o
e feudal
escravo
era,
no
as
relações
plano
da
realidade e no plano da concepção, de fato e de direito, propriedade do
senhor
e
o
servo,
por
sua
vez,
estava
submetido
ao
senhor
também de fato e de direito, real e conceitualmente, na sociedade capitalista defrontam-se no mercado proprietários aparentemente iguais
mas
de
fato
desiguais,
realizando,
sob
a
aparência
da
liberdade, a escravização do trabalho ao capital. Instala-se a cisão entre a aparência e a essência, entre o direito e o fato, entre a forma e o conteúdo. As cisões acima mencionadas expressam o caráter contraditório da ideologia liberal, contradição que é ao mesmo tempo a sua força e a sua fraqueza. É a sua força porque é mediante esse mecanismo que ela se converte
em
expressão
universal,
apresentando-se
como
representativa de todos os homens. Por essa via, a classe que lhe dá
sustentação – a burguesia – formula em termos universais os seus interesses
particulares
o
que
a
torna
porta-voz
do
conjunto
da
humanidade logrando, com isso, a hegemonia, isto é, a obtenção do consenso
das
demais
classes
em
torno
da
legitimidade
de
sua
direção. Mas é também a sua fraqueza, uma vez que o caráter universal foi obtido ao preço de uma concepção abstrata de homem que, embora histórica, não se reconhece como tal, buscando justificar-se a-historicamente. Não é o caso de se examinar aqui as múltiplas manifestações contraditórias que se ocultam sob a aparente unidade da concepção liberal. Entre as muitas contradições, interessa-nos examinar apenas três
cujas
implicações
se
relacionam
mais
diretamente
com
a
questão educacional. Trata-se das contradições entre o homem e a sociedade, entre o homem e o trabalho e entre o homem e a cultura. A
contradição
entre
o
homem
e
a
sociedade
contrapõe
o
homem enquanto indivíduo egoísta e o homem enquanto pessoa moral,
isto
é,
como
cidadão
abstrato.
Por
isso
os
direitos
do
cidadão são direitos sociais que cada indivíduo possuirá sempre em detrimento de outros.
O direito do homem à liberdade não se baseia na união do homem com
o
homem,
mas,
pelo
contrário,
na
separação
do
homem
em
relação a seu semelhante. A liberdade é o direito a esta dissociação, o direito do indivíduo delimitado, limitado a si mesmo [MARX , s/d., p. 31].
Eis como a sociedade burguesa se constitui numa “sociedade que faz com
que todo homem
encontre noutros homens não a
realização de sua liberdade, mas, pelo contrário, a limitação desta” (idem, p. 32). Em suma,
O homem enquanto membro da sociedade burguesa, é considerado como o verdadeiro homem, como homem, distinto do cidadão por se tratar do homem em sua existência sensível e individual imediata, ao passo
que
alegórico,
o
homem
moral.
indivíduo egoísta;
O e
político
homem o
é
apenas
real
homem
só
é
o
homem abstrato,
reconhecido
verdadeiro,
somente
artificial,
sob
a
forma
de
sob
a
forma
do
cidadão abstrato [idem, p. 37].
Compreende-se,
então,
por
que
a
escola
primária
pública,
universal, gratuita, obrigatória e leiga, idealizada e realizada pela burguesia para converter os súditos em cidadãos, não tenha passado de um instrumento a serviço da emancipação política entendida como “a redução do homem, de um lado a membro da sociedade burguesa, a indivíduo egoísta independente e, de outro, a cidadão do Estado, a pessoa moral” (idem, p. 38). Enquanto a versão tradicional da concepção liberal de educação pôs o acento na formação da pessoa moral, isto é, o cidadão do Estado burguês, a versão moderna (escolanovista) pôs o acento na formação do indivíduo egoísta independente, membro ajustado da sociedade burguesa. É esta a educação básica, geral e comum que a burguesia foi capaz de propiciar à humanidade em seu conjunto. A
contradição
homem, contexto, humana
entre
enquanto o
da
homem
indivíduo
trabalho,
através
o
que
qual
o
e
o
genérico,
constitui homem
a se
trabalho ao
contrapõe
trabalhador.
atividade produz
o
Nesse
especificamente a
si
mesmo,
se
converte, para o trabalhador, de afirmação da essência humana, em negação existência
de
sua
humanidade.
humana,
elemento
O
de
trabalho,
fonte
humanização
da
criadora natureza
da que
liberta a humanidade do jugo natural, se constitui, na sociedade burguesa,
em
trabalhador.
elemento
de
degradação
e
escravização
do
Em
consequência,
a
educação
que
a
burguesia
concebeu
e
realizou sobre a base do ensino primário comum não passou, nas suas
formas
mais
avançadas,
da
divisão
dos
homens
em
dois
grandes campos: aquele das profissões manuais para as quais se requeria uma formação prática limitada à execução de tarefas mais ou menos delimitadas, dispensando-se o domínio dos respectivos fundamentos teóricos; e aquele das profissões intelectuais para as quais se requeria domínio teórico amplo a fim de preparar as elites e representantes da classe dirigente para atuar nos diferentes setores da sociedade. A referida separação foi traduzida seja na proposta dualista de escolas profissionais para os trabalhadores e “escolas de ciências e humanidades” para os futuros dirigentes, seja na proposta de escola única
diferenciada
educandos
que efetuava
segundo
as
internamente a
funções
sociais
para
distribuição as
quais
dos
se
os
destinavam em consonância com as características que geralmente decorriam de sua origem social. A contradição entre o homem e a cultura contrapõe a cultura socializada,
produzida
coletivamente
pelos
homens,
à
cultura
individual, apropriada privadamente pelos elementos colocados em posição
dominante
na
sociedade.
Nesse
contexto,
a
par
de
um
desenvolvimento sem precedentes dos meios de produção e difusão cultural, aprofunda-se o fosso entre a exigência de generalização da alta
cultura
e
as
dificuldades
crescentes
que
as
relações
sociais
burguesas apõem ao desenvolvimento cultural. Em tal situação, a educação burguesa inevitavelmente teve de considerar pequenos
a
cultura
grupos
que
superior
como
compõem
a
um
elite
privilégio
da
restrito
sociedade.
No
a
seu
período revolucionário correspondente à fase de impulso criador, tal
educação
se
destinou
à
formação
de
elites
dinâmicas
que
impulsionaram o desenvolvimento das ciências, das letras, das artes
e da filosofia. No seu período conservador, as expressões culturais burguesas tendem a fazer coexistir o rebaixamento vulgar da cultura para
as
massas
com
a
sofisticação
esterilizadora
da
cultura
das
elites. É nesse quadro que cabe entender a chamada crise atual da educação em geral, e do ensino superior, em particular. Vê-se, assim, que diante dos enunciados relativos às diretrizes da educação, não basta levar em conta a forma que assumem mas é preciso
examinar
o
seu
conteúdo.
E
o
conteúdo
emergirá
do
confronto entre o que é proclamado e o que se realiza através das bases em que se assenta o sistema educacional.
1.2. Em direção a uma concepção socialista de LDB Eis
por
que,
contrapondo-nos
à
concepção
liberal,
preconizamos em nossa proposta preliminar de LDB uma educação de primeiro grau (ensino fundamental) que supere a contradição entre o
homem
comum
que
e a
sociedade garantindo
possibilite
a
reconciliação
uma
entre
formação o
básica
indivíduo
e
o
cidadão de modo que “o homem individual real recupere em si o cidadão abstrato e se converta, como homem individual, em ser genérico” (MARX, s/d., p. 38). Eis
também
por
que,
pela
mesma
razão,
propomos
uma
educação de segundo grau (ensino médio) que, centrada na ideia de politecnia, permita a superação da contradição entre o homem e o trabalho
através
da
tomada
de
consciência
teórica
e
prática
do
trabalho como constituinte da essência humana para todos e cada um dos homens. E,
finalmente,
eis
a
razão
pela
qual
atribuímos
à
educação
superior a tarefa de possibilitar a organização da cultura superior como
forma
de possibilitar que participem
plenamente da
vida
cultural em sua manifestação mais elaborada, todos os membros da
sociedade independentemente do tipo de atividade profissional a que se dediquem. Supera-se, assim, a contradição entre o homem e a cultura. À vista do exposto, percebe-se que quando defendemos como diretrizes de nossa proposta, a igualdade, a liberdade, a democracia, a solidariedade humana etc., só aparentemente tais fundamentos podem ser tidos como de inspiração liberal. Em verdade, trata-se de uma concepção radicalmente distinta e, mais do que isso, oposta. Nesse
sentido
podemos
fazer
nossas
as
seguintes
palavras
de
Suchodolski:
Quando afirmamos que a educação socialista se opõe à concepção burguesa da vida, não pretendemos rechaçar as grandes e destacadas tradições que, em relação com um passado ainda mais remoto, deram luz na época do Renascimento e da Ilustração aos ideais essenciais da civilização contemporânea. Não pretendemos nem de longe rechaçar nem a fé na força própria do homem libertado das sanções religiosas e metafísicas,
nem
o
grandioso
programa
de
edificação
de
uma
vida
muito mais feliz na terra, nem a fé na razão conhecedora das leis da realidade e da técnica que permite dominar as forças da natureza, nem a peculiar apoteose do trabalho e da cultura, nem tampouco os ideais de um progresso ilimitado de toda a humanidade. Muito ao contrário: esses ideais são precisamente nossos ideais, que – é certo que sob uma formulação muito mais moderna – desejamos defender
contra
os
que
valendo-se
de
seu
atual
pertencimento
ao
mundo capitalista, só assumem esses ideais de um modo puramente verbal
e,
ao
anunciar
suas
palavras,
as
contradizem
com
o
maior
cinismo em sua atividade política e social [S UCHODOLSKI, 1976, p. 23].
Diante
de
tais
argumentos
provavelmente
o
questionador
renitente retrucará: “está bem; admitamos que essa nova proposta seja mesmo distinta; que ela nada tenha de inspiração liberal; ao contrário, trata-se de uma proposta de inspiração socialista. Mas é
exatamente aí
que reside o
problema, a
grande objeção: é uma
proposta utópica. Nossa sociedade é capitalista. Em consequência, enquanto
isso
persistir,
uma
proposta
educacional
de
caráter
socialista é inviável, não passa de utopia”. Cabe-nos observar que esse tipo de objeção quer nos encurralar entre o cinismo e o ceticismo: cinismo que mistifica, através de belas
e
respeitáveis
palavras
como
a
liberdade,
o
homem,
a
democracia e o progresso, o desprezo pelos valores da vida humana e o
esvaziamento
cultural; ceticismo
que pretende nos induzir à
ideia de que fora do capitalismo e da sociedade burguesa não se descortina horizonte algum. Rejeitamos
veementemente
esse
dilema
e
afirmamos
resolutamente que é exatamente o capitalismo que não nos deixa escolha e, por contradição, nos aponta a saída. Com efeito, não somos nós que escolhemos o socialismo; é o próprio capitalismo que nô-lo impõe. Assim é que a sociedade burguesa vem mostrando cada vez com maior evidência que os problemas educacionais que ela mesma levanta ela é incapaz de resolver, do que dá evidência a crise da educação nos países desenvolvidos, em especial nos Estados Unidos.
Portanto,
a
proposta
de
LDB
deve,
sim,
partir
das
condições existentes mas sem perder de vista o horizonte que essas mesmas condições comportam como realidade virtual.
1.3. A concepção do projeto da Câmara dos Deputados A
proposta
aprovado
pela
acima
mencionada
Câmara
dos
está
Deputados.
na É
origem
dela,
do
com
projeto
efeito,
que
partiu o primeiro projeto apresentado pelo deputado Octávio Elísio em
dezembro
de
1988.
Na
Comissão
de
Educação,
Cultura
e
Desporto da Câmara o projeto original foi emendado pelo próprio autor
através
de
novas
versões
e
outros
projetos
foram
a
ele
anexados
além
de
inúmeras
sugestões
apresentadas
formal
e
informalmente. O relator do
assunto, deputado
Jorge Hage, trabalhou sobre
todo o material disponível, ouvindo democraticamente todos os que pudessem contribuir para o equacionamento da matéria em pauta, chegando
a um
projeto-substitutivo
que foi aprovado
na
Comissão em 28 de junho de 1990. Dir-se-ia proposta
que,
de
original,
uma
as
concepção
socialista
transformações
que
operadas
marcava
ao
longo
a da
tramitação na Comissão de Educação da Câmara deram ao texto aprovado o caráter de uma concepção social-democrata. Assim é que a educação é aí fortemente entendida como um direito social que
deve
ser
garantido
pelo
Estado
a
quem
cabe
regulamentar,
planejar e executar ou supervisionar a execução das medidas que viabilizem a cada cidadão o exercício desse direito nos limites da ordem vigente. Daí o empenho do texto legal em atingir o máximo de explicitação dos mecanismos instituídos o que lhe conferiu, do ponto de vista formal, um caráter analítico que se estendeu por 20 capítulos com 172 artigos contendo, por sua vez, grande número de parágrafos, incisos e alíneas. O referido projeto-substitutivo, chegando ao Plenário, recebeu 1.263 emendas, o que se constituiu em pretexto para que retornasse às Comissões para ser submetido a nova análise e discussões e ser novamente relatado. Na verdade essa foi uma manobra dos setores conservadores decorrente da
que,
alentados
posse do
pela
Governo
nova
correlação
Collor, procuravam
de
forças
introduzir
alterações noSubstitutivo Jorge Hage. Este, sem dúvida constituía, em confronto com a situação ainda vigente, um avanço. Retornando à Comissão de Educação, Cultura e Desporto, o projeto depois
teve PPR
como e
relatora
atualmente
a
deputada
PPB.
Seu
Ângela
relatório
Amin,
do
incorporou
PDS, várias
emendas, notadamente aquelas que correspondiam aos interesses dos grupos privados. Além disso, por pressão de Eraldo Tinoco que representava
o
parlamentares
“Bloco
do
PFL,
Parlamentar”, PRN,
PSC
e
composto
PMN,
uma
à
época
das
por
principais
conquistas do projeto representada pelo Capítulo V referente ao Sistema Nacional de Educação, foi alterada passando a denominarse “Da Organização da Educação Nacional”. O projeto aprovado pela
Câmara
dos
Deputados
é,
com
poucas
alterações,
o
texto
resultante do relatório Ângela Amin. Com isso, o caráter socialdemocrata e progressista do Substitutivo Jorge Hage foi atenuado pela incorporação de aspectos correspondentes a uma concepção conservadora de LDB.
1.4. A concepção do projeto do Senado Quando, em 1992, a tramitação do projeto na Câmara entrava em sua fase final, surge no Senado o projeto apresentado por Darcy Ribeiro. Tal iniciativa causou perplexidade em vários sentidos: pela forma
açodada
e
intempestiva
com
que
foi
apresentado;
pela
quebra do bom senso na relação entre as duas casas do Congresso; pela contradição entre a “exposição de motivos” e os dispositivos adotados;
e
por
ter,
um
projeto
com
essas
características,
se
originado de um intelectual respeitável com um passado político identificado com as forças progressistas. A forma açodada e intempestiva se traduziu no aparecimento instantâneo do projeto urdido nos bastidores com o auxílio de um pequeno número de técnicos ligados ao governo e à margem de qualquer discussão. Quanto à quebra do bom senso, é verdade que formalmente o Senado
tinha
acolher
a
competência
iniciativa
de
para, independentemente da
qualquer
de
seus
membros
e
Câmara, iniciar
a
tramitação de projeto sobre a matéria em questão. No entanto, o bom senso indica que, estando o assunto já em discussão avançada na Câmara, caberia encaminhar sugestões à própria Câmara para a sua eventual incorporação ou aguardar a chegada do projeto no Senado para então proceder à sua discussão buscando introduzir as modificações julgadas pertinentes. Dentre as várias omissões do projeto destacam-se a referente ao Sistema Nacional de Educação e, por consequência, ao Conselho Nacional de Educação. Aliás, esses eram os pontos do projeto da Câmara mais fortemente combatidos pelos conservadores ligados ao Governo Collor. As incoerências se expressam, basicamente, na coexistência entre propostas avançadas, via de regra, transpostas do projeto da Câmara, e medidas que constituem verdadeiro retrocesso como a redução do ensino fundamental obrigatório e a restauração dos exames de madureza. Quanto
à
contradição
entre
a
“exposição
de
motivos”
e
os
dispositivos preconizados, ela se evidencia no fato de que o texto do projeto
foi precedido
de um
longo
arrazoado
que constitui um
contundente libelo às mazelas de nossa educação. Esse
diagnóstico
severo
alimentava
a
expectativa
de
que
o
projeto viesse a propor os mecanismos adequados para reverter esse estado de coisas. No entanto, suprema ironia, o texto do projeto revela-se
um
recuo
não
aprovada
pelos
situação
atualmente
considerações
apenas
deputados,
mas
vigente,
preliminares
que
em
relação
em
confronto
tão
à
duramente
encaminharam
proposta
de
mesmo
com
criticada o
projeto
lei a
nas do
senador. Consequentemente, posta em vigência uma legislação desse teor, a educação brasileira resultaria ainda mais calamitosa do que o era então, segundo diagnóstico produzido pelo próprio senador.
Com efeito, o rebaixamento do patamar legal relativo ao ensino fundamental
obrigatório;
o
empobrecimento
do
ensino
médio
reduzido a cinco anos de ginásio e um ou dois anos de cursinho pré-vestibular; o restabelecimento dos antigos cursos e exames de madureza I e II; as diferentes omissões como as já mencionadas referentes Nacional
ao de
Sistema
Nacional
Educação,
além
de
da
Educação
ausência
de
e
ao
Conselho
mecanismos
que
garantissem a efetivação das medidas preconizadas, o que acabaria por tornar letra morta os pontos que poderiam representar algum avanço, são alguns exemplos de como o projeto do senador não apenas
permitia
implementado,
que
teria
a o
situação condão
não
de
se
alterasse
agravar
ainda
como,
mais
se
aquela
situação. É de pasmar que não apenas no espírito mas até mesmo na letra se expresse a contradição entre a “exposição de motivos” e o texto do projeto. Assim, na página 4 da apresentação do projeto se lê:
As famílias brasileiras, mesmo as mais carentes, já despertaram para a
necessidade de dar educação a
cento
das
crianças
oferecemos.
Nelas
de
cada
passam
seus filhos.
geração
em
média
entram mais
de
Cerca nas oito
de noventa escolas anos,
que
por lhes
porém,
só
concluem com êxito cinco séries. Assim, a maioria delas sai da escola sem o domínio da leitura [RIBEIRO, 1992, p. 4].
E, no entanto, o inciso II do artigo 19 determinava que o ensino fundamental
tivesse
a
duração
de
cinco
anos.
Ora,
se
embora
concluindo com êxito cinco séries, apesar de passar mais de oito anos na escola, a maioria das crianças sai dela sem o domínio da leitura, o que acontecerá à medida que elas fiquem apenas cinco anos?
Concluirão
com
êxito
cinco
séries?
Mesmo
em
caso
de
resposta afirmativa, o próprio senador afirma que ainda assim não se atinge sequer o domínio da leitura. Como o projeto não institui
mecanismos
que
garantam
um
ensino
de
novo
tipo
capaz
de
viabilizar que sejam atingidos os objetivos do ensino fundamental em cinco anos, fica a pergunta: o que se pretendia, então, é que as crianças viessem domínio
da
absurda,
a
a concluir o
leitura?
única
Como
conclusão
ensino
essa
é
fundamental
uma
possível
pergunta
é de que há
sem
atingir o
evidentemente uma
flagrante
contradição entre a “exposição de motivos” e o texto do projeto. Por fim, registre-se a perplexidade decorrente do fato de que esse
projeto
do
Senado
traz
a
assinatura
de
Darcy
Ribeiro.
O
depoimento de Florestan Fernandes na sessão de 27 de maio de 1992
da
Câmara
dos
Deputados
dá
bem
ideia
desse
estado
de
espírito:
Ficamos chocados com a iniciativa que, infelizmente, partiu de um homem eminente, meu amigo, e que realizou uma grande obra como etnólogo Ribeiro.
e
como
O
educador
projeto
do
verdadeiramente
senador
Darcy
notável,
Ribeiro
o
Sr.
absorve
Darcy
posições
antagônicas, ou seja, aquelas consagradas pelo projeto a que me referi, que
tramita
nesta
casa,
e
outras
que
correspondem
a
medidas
e
aspirações que o Executivo desejava ver adotadas, mas não quis suscitálas de forma direta para não se envolver no debate, que poderia sair muito
caro,
em
termos
de
desgaste
para
o
Governo
e
para
o
Sr.
Ministro da Educação [FERNANDES, 1993].
O mesmo deputado faria outras manifestações do mesmo teor no Parlamento e na Imprensa. No Jornal Folha de S.Paulo de 6 de julho de 1992, escreveu:
Eis
que
estávamos
prestes
a
sofrer
uma
decepção
única.
Nada
menos que o senador Darcy Ribeiro iria tomar a peito apresentar um projeto de lei de diretrizes e bases da educação nacional no Senado! Sua impaciência não permitiu esperar que a Câmara dos Deputados terminasse
o
normalmente
seu no
trabalho, Senado
e
ocasião lá
sofreria
em
que
o
projeto
transformações.
Por
tramitaria que
essa
precipitação? vontade
O
para
senador,
aliviar
o
como
representante
Governo
Collor
Recebendo suas sugestões (e por essa
via
do
de
PDT,
uma
sentiu-se
tarefa
à
ingrata.
os anseios imperativos do
ensino privado) e aproveitando como lhe pareceu
melhor o projeto
mencionado (o da Câmara), mostrou aquilo que se poderia chamar de versão sincrética “oficial” daquela lei. Terrível decepção para todos os que
somos
amigos,
colegas
ou
admiradores
cabeça privilegiada decidiu “servir o rei”
de
Darcy
Ribeiro!
Sua
e voltar as costas a Anísio
Teixeira, o seu mentor pedagógico, e à nossa geração, que combateu ardorosamente os “idola” que ele empolgou sem constrangimento.
Essas citações respondem a um duplo propósito: o de registrar, por
um
lado,
através
representatividade
e
de
um
testemunho
legitimidade,
o
de
mal-estar
inequívoca
causado
pela
iniciativa do senador Darcy Ribeiro; e, por outro lado, prestar uma homenagem Florestan soube
à
que,
integridade passando
manter
desempenhando
inteira
da
moral vida
intelectual
acadêmica
coerência
importante
e
com
papel
na
à
suas
do
vida
parlamentar,
lutas
tramitação
professor
do
anteriores, projeto
na
Câmara dos Deputados que, como ele mesmo afirmou, “é digno das melhores tradições daqueles que se empenharam na luta pela democratização da educação e da cultura desde a década de 20”. Qual,
afinal,
a
concepção
que
está
na
base
do
projeto
do
Senado? À vista das considerações feitas, essa é uma questão de difícil resposta. Em relação ao PLS n. 67/1992, isto é, o primeiro Projeto Darcy Ribeiro, talvez a denominação mais adequada seja aquela contida
no
depoimento
citado
de
Florestan
Fernandes:
uma
concepção sincrética. Em verdade, o projeto, a par da contradição entre a visão que apresentou da educação brasileira e as medidas que queria instituir, incorporava, como peça legislativa, dispositivos heterogêneos de difícil conciliação e arranjados de forma apressada
albergando
simplificações
inaceitáveis
no
estágio
então
atingido
pela organização do campo pedagógico no país.
1.5. A concepção do texto final da LDB Quando consideramos o segundo Projeto Darcy Ribeiro, isto é, o
substitutivo
apresentado
em
março
de
1996
com
as
suas
sucessivas versões que resultaram no texto finalmente convertido na atual
Lei
de
Diretrizes
e
Bases
da
Educação
Nacional,
vamos
constatar que se trata de um documento legal que está em sintonia com a orientação política dominante hoje em dia e que foi adotada pelo Governo FHC em termos gerais e, especificamente, no campo educacional. O ministério da Educação, em lugar de formular para a área uma política global, enunciando claramente as suas diretrizes assim como as formas de sua implementação e buscando inscrevêlas
no
texto
do
projeto
da
LDB
que
estava
em
discussão
no
Congresso Nacional, preferiu esvaziar aquele projeto optando por um texto inócuo e genérico, uma “LDB minimalista” na expressão de Luiz Antonio Cunha, texto esse assumido pelo senador Darcy Ribeiro através do substitutivo que se logrou converter na LDB. Certamente essa via foi escolhida para afastar as pressões das forças organizadas que atuavam junto ou sobre o Parlamento de modo a deixar o caminho livre para a apresentação e aprovação de reformas
pontuais,
tópicas,
localizadas,
traduzidas
em
medidas
como o denominado “Fundo de Valorização do Magistério”, os “Parâmetros Curriculares Nacionais”, a lei de reforma do ensino profissional e técnico, a emenda constitucional relativa à autonomia universitária, além mediante provas
de outras
aplicadas
como
aos
os
alunos
mecanismos do
médio e o “provão” para os universitários.
ensino
de avaliação
fundamental
e
Em suma, a política do ministério da Educação escolheu a via das alterações parciais operando, por assim dizer, segundo a célebre fórmula das “doses homeopáticas”. Isso, todavia, não significa que o ministério não tenha uma política global para a área de educação. Certamente
ele
a
tinha.
Entretanto,
estrategicamente
parece
ter
optado por não anunciá-la, procurando implementá-la através de reformas pontuais acreditando, talvez, que dessa forma seria mais fácil viabilizá-la politicamente, safando-se das pressões e quebrando as eventuais resistências. E
nesse
contexto
a
questão
da
LDB
se
revelou
um
espaço
decisivo. Isto porque, nesse âmbito, não se tratava apenas de se aplicar a mesma estratégia mas se estava diante da condição
de
viabilidade da própria estratégia. Com
efeito,
prevalecendo Deputados
o
e
se
a
LDB
texto
ficasse
elaborado
depois
convertido
e
de
fora
dessa
aprovado
no
na
orientação,
Câmara
Substitutivo
Cid
dos
Sabóia
aprovado pela Comissão de Educação do Senado, toda a estratégia de sustentação da política do MEC se inviabilizaria. Isto porque, nesse caso, boa parte das questões objeto das medidas tópicas do ministério restante,
já
as
compartilhar
estariam
medidas com
a
equacionadas
a
serem
na
tomadas
comunidade
lei; o
e
quanto
governo
educacional
as
à
parte
teria
representada
de no
Conselho Nacional de Educação, definido como órgão de caráter deliberativo. Daí a opção por uma “LDB minimalista”, compatível com o “Estado
mínimo”,
ideia
reconhecidamente
central
na
orientação
política então dominante. Seria possível considerar esse tipo de orientação e, portanto, essa concepção de LDB, como uma concepção neoliberal? Levando-se em
conta
o
significado
correntemente
atribuído
ao
conceito
de
neoliberal, a saber: valorização dos mecanismos de mercado, apelo
à
iniciativa
privada
e
às
organizações
não
governamentais
em
detrimento do lugar e do papel do Estado e das iniciativas do setor público, com a consequente redução das ações e dos investimentos públicos, a resposta será positiva. Com
efeito,
em
todas
as
iniciativas
apesar de seu caráter localizado desarticulação
entre
elas,
e da
de
política
aparência
encontramos
um
educacional,
de autonomia
ponto
comum
e
que
atravessava todas elas: o empenho em reduzir custos, encargos e investimentos
públicos
buscando
senão
transferi-los,
ao
menos
dividi-los (parceria é a palavra da moda) com a iniciativa privada e as organizações não governamentais. É
essa
a
concepção
insistentemente
nas
que
mais
aparecia
variadas
com
toda
do
MEC.
ações
a
clareza
Um
e
folheto
publicitário distribuído para a campanha “Acorda Brasil. Está na hora da escola” mostrava isso com meridiana evidência. Vejamos algumas frases: “Os professores precisam ter condições para
se
atualizar;
realização
de
entre
palestras,
outras
coisas,
seminários
e
você
cursos
pode: de
patrocinar
atualização
a
nas
escolas, doar livros e assinaturas de jornais e revistas para uso dos professores”. Outro
exemplo:
“O
trabalho
didático
utiliza
diferentes
materiais; entre outras coisas, você pode: doar máquinas de escrever, videocassetes, projetores, televisores, computadores e impressoras, doar equipamentos de esporte, promover a criação de bibliotecas, ludotecas e videotecas…” etc. etc. Seguiam-se pérolas de igual teor, chegando-se mesmo a apelar à prestação de “auxílio administrativo à escola” e, inclusive, pedindo para
“ajudar
as
crianças
com
dificuldade,
ministrando
aulas
de
reforço”. Diante do exposto, a impressão que fica é que a solução das questões
educacionais,
em
lugar
de
dever
do
Estado
como
está
inscrito em nossa Constituição (e o mote para barrar o projeto da Câmara foi a alegação de inconstitucionalidade!), estava afeta à boa vontade da população, sugerindo um regresso à época em que a educação, ao
invés
de responsabilidade pública, era
considerada
assunto da alçada da filantropia. Eis
como,
educacional
para
e
a
correspondiam,
além
do
rótulo
concepção com
da
consciência
de
“neoliberal”,
LDB ou
com
ela
não
desse
a
política
sintonizada, fato,
ao
entendimento que se tem difundido sob o nome de neoliberalismo, apesar das imprecisões e equívocos implicados nessa denominação, como destaquei em meu livro Educação e Questões da Atualidade onde,
para
maior
precisão,
lancei
mão
do
conceito
de
“pós-
liberalismo”. A seguir será feita a análise crítica do conteúdo da nova LDB. O leitor poderá acompanhar essa análise, conferindo as referências aos títulos, capítulos, artigos e parágrafos através do anexo IV, p. 163188, que contém o texto integral da nova lei.
2. As diretrizes da educação na LDB atual 2.1. Conceito de educação O texto da lei mantém a conceituação abrangente de educação (Título I, artigo 1º) incorporada desde o Substitutivo Jorge Hage. Trata-se de um aspecto positivo uma vez que constitui um ponto de partida
para
se
corrigir
a
fragmentação,
assim
como
os
unilateralismos que têm marcado a situação educacional em nosso país. Por outro lado, o risco de dispersão e excessiva generalidade fica afastado
na
medida
em
que o
parágrafo
1º especifica
o
âmbito
próprio de incidência dessa legislação, ou seja, a educação escolar. Isto nos parece procedente porque, como se indicou na Introdução deste trabalho, a educação escolar emergiu na modernidade como a forma principal e dominante de educação, erigindo-se em ponto de referência e critério para se aferir as demais formas de educar. Nada também a objetar ao preceito de que a educação escolar deve se vincular ao mundo do trabalho e à prática social (parágrafo 2º).
Apenas
se
adverte
que
o
significado
real
desse
enunciado
dependerá do entendimento que se tem de “mundo do trabalho” e “prática social”. Mas isso nos remete para os dispositivos relativos ao ensino médio e educação profissional que serão considerados mais adiante.
2.2. Princípios e fins da educação Nesse aspecto o texto da lei limita-se, praticamente, a repetir os artigos 205 e 206 da Constituição Federal, com alguma adaptação redacional
e acrescentando,
em
consonância
com
o
conceito
de
educação do artigo primeiro e seu parágrafo segundo, os princípios da
“valorização
da
experiência
extraescolar”
e
“vinculação
entre
educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”. Chama atenção, porém, a modificação de alguns detalhes no texto constitucional. O primeiro deles é a inversão operada no enunciado do artigo 205. Enquanto ali se lê que a educação é “dever do Estado e da família”, na lei está escrito “dever da família e do Estado”. Dir-se-ia que tanto faz, que a ordem dos fatores não altera o produto. Pode ser. Mas não deixa de ser estranho. Se a ordem é indiferente então por que inverter apenas nesse caso, uma vez que nos demais casos se transcreveu pura e simplesmente?
A questão aumenta de importância quando nos recordamos da momentosa polêmica entre os defensores da escola pública e da escola particular na discussão do projeto de LDB que resultou na lei aprovada
em
privatistas,
1961.
A
afirmava
Igreja
a
Católica,
precedência
justificando
da
família
os
em
interesses
matéria
de
educação, situando o Estado em posição subsidiária. Coincidência ou não, o fato é que o grande mentor, ao lado de Hayek,
do
neoliberalismo,
Milton
Friedman,
também
defende
explicitamente a precedência da família sobre o Estado em matéria de educação. No capítulo denominado “O que há de errado com nossas
escolas”,
do
livro
Liberdade
de
escolher,
ele
afirma,
para
justificar essa precedência, que ninguém melhor do que os pais para saber
o
que
é
melhor
para
as
crianças
em
termos
gerais
e,
especificamente, em relação à educação escolar (SANTANA , 1996, p. 192). Uma
outra
modificação,
contudo,
parece
trazer
maiores
implicações. Trata-se do princípio expresso no inciso V do artigo 206
da
Constituição:
“Valorização
dos
profissionais
de
ensino,
garantindo, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por
concurso
público
de
provas
e
títulos,
assegurado
regime
jurídico único para todas as instituições mantidas pela União”. Na LDB esse princípio foi reduzido para “valorização do profissional da educação escolar” (artigo 3º, inciso VII). Observe-se que no projeto aprovado no Senado (Substitutivo Darcy Ribeiro) constava “valorização dos profissionais da educação, garantindo, na forma da lei e respeitada a autonomia universitária, plano
de
carreira
profissional” Câmara
dos
para
(artigo
o
magistério
3º, inciso
Deputados,
público,
com
VII). O relator do
José
Jorge
(PFL-PE)
piso
texto
salarial final
recusou
na
esse
enunciado dando preferência à redação do projeto que havia sido
aprovado na Câmara. Ocorre que nesse projeto havia uma seção no Capítulo
XVII
Educação,
que
onde
tratava
se
da
garantia
Carreira
dos
inteiramente
Profissionais
da
o
na
disposto
Constituição. O texto da lei, ao tratar dos Profissionais da Educação no Título VI inclui o ingresso por concurso público e o piso salarial profissional
mas
antecipação
ao
omite
o
empenho
regime do
jurídico
governo
em
único.
Seria
eliminar,
uma
mediante
reforma constitucional, o regime jurídico único?
2.3. Direito, dever e liberdade de educar Nesse âmbito também predomina a transcrição dos preceitos constitucionais evitando explicitá-los exceto em relação à educação de jovens e adultos, ao padrão mínimo de qualidade e ao ensino como direito público subjetivo. No
último
constitucional. obrigatório
e
caso, Este
porém, foi
gratuito
o
assim
é
texto
da
lei
enunciado:
direito
público
restringe
“o
acesso
subjetivo”
o ao
preceito ensino
(artigo
208,
inciso VII, parágrafo 1º). Na LDB está escrito: “o acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo…” (artigo 5º). Tal restrição fora inscrita já no Substitutivo Darcy Ribeiro, aprovado no Senado. O que teria levado alguém que se apresentava como paladino da constitucionalidade a essa decisão? Estaria o governo articulando também
alguma emenda constitucional eliminando
o
direito
ao
ensino obrigatório e gratuito e reduzindo esse direito apenas ao ensino fundamental que, além do mais, o governo não precisaria garantir gratuitamente? Uma outra conjectura é a de que se quis acautelar em relação à pretensão
de
se
incluir
como
direito
público
subjetivo
a
obrigatoriedade e gratuidade do ensino médio. Com efeito, abriu-se uma
polêmica
sobre
a
“universalização
da
educação
básica,
em
todos os seus níveis e modalidades”, inscrita no Substitutivo Jorge Hage e mantida no projeto aprovado pela Câmara. Havia aqueles que
entendiam
que
essa
norma
não
teria
respaldo
claro
na
Constituição. No entanto, é óbvio que a Constituição não a impede. Ao contrário; ao instituir a exigência da “progressiva extensão da obrigatoriedade
e
gratuidade
ao
ensino
médio”
ela
estava
sinalizando a desejabilidade de sua efetivação. Mais do que isso, ela estava indicando que quanto antes isso acontecesse, melhor. Ora, a obrigatoriedade implica a universalidade. Com efeito, obrigatório é aquilo a que ninguém pode se furtar. Portanto, se estende a todos, ou seja, é universal. Importa obscurecer
reconhecer
esse
fato
–
–
e
que
as a
questões
levantadas
manutenção
no
texto
não da
devem lei
dos
dispositivos do artigo quinto com seus parágrafos e incisos, que já constavam dos projetos anteriores, relativos à regulamentação do ensino
como
direito
público
subjetivo,
constitui
um
avanço
importante em relação à situação anterior. Esperava-se mesmo que este viesse a ser um mecanismo que, intensamente utilizado pelas organizações populares, se transformasse numa alavanca capaz de mudar radicalmente o perfil educacional do país. Quanto à liberdade da iniciativa privada de exercer o ensino, a lei se limitou ao disposto na Constituição, não incorporando as condições Câmara
mais
dos
específicas
Deputados.
definidas Alegou-se
no que
projeto aquele
aprovado
pela
detalhamento
implicaria cerceamento à liberdade de iniciativa sendo, portanto, inconstitucional.
Mas
o
próprio
enunciado
“cumprimento
das
normas gerais da educação nacional” está remetendo para regras definidas em outra instância. E, em âmbito nacional, essas normas se consubstanciam na Lei de Diretrizes e Bases que, obviamente, está autorizada a estabelecer as condições para o exercício da liberdade de ensino.
Considerando-se os abusos que se têm cometido em nome da liberdade de iniciativa, a mercantilização do ensino, os expedientes escusos
envolvendo
corrupção,
o
que
levou,
inclusive,
ao
fechamento do Conselho Federal de Educação, esperava-se que a lei fosse mais específica na regulamentação do direito à liberdade de ensino.
2.4. Sistema Nacional de Educação Essa
expressão,
presente
no
Substitutivo
Jorge
Hage,
acabou
sendo retirada quando da aprovação do projeto na Câmara, não figurando também no texto da lei. No entanto é, com certeza, um aspecto crucial, podendo mesmo ser considerada a questão central da LDB. Com efeito, não há como fugir à constatação de que a exigência de
se
fixar
as
diretrizes
e
bases
da
educação
nacional
implica
diretamente o sistema nacional de educação. E este é um enunciado que pode ser demonstrado histórica e logicamente. Historicamente,
como
já
se
indicou
na
Introdução,
a
emergência dos Estados nacionais no decorrer do século XIX foi acompanhada da implantação dos sistemas nacionais de ensino nos diferentes países como via para a erradicação do analfabetismo e universalização da instrução popular. O Brasil foi retardando essa iniciativa e, com isso, foi acumulando um déficit histórico imenso no campo educacional, em contraste com os países que instalaram os respectivos sistemas nacionais de ensino América
do
Norte
mas
também
na
não
América
só
na Europa e
Latina,
como
o
ilustram os casos da Argentina, Chile e Uruguai. Para
se
ter
uma
ideia
da
importância
dessa
questão
consideremos o caso da Itália. Quando esse país se constituiu como Estado Nacional em consequência do processo de unificação que se
completou em 1861 sob a liderança do Piemonte, foi estendida a toda a Itália a Lei Casati, uma extensa lei composta de 380 artigos que regulava o funcionamento da educação nos seus mais diferentes aspectos regulava
e
que
fora
aprovada
minuciosamente
o
no
Piemonte
ensino
em
superior
e
1859.
Essa
continha
lei um
brevíssimo capítulo sobre o ensino primário que era relegado ao encargo das comunas, isto é, dos municípios. Com isso, a Itália chegou ao final do século com metade de sua população analfabeta, o que levou Ernesto Nathan a afirmar em 1906: “Em relação à nossa posição social somos muito cultos e muito ignorantes, de um lado atormentados pelo analfabetismo, de outro pelo universitarismo” (BARBAGLI, 1974, p. 29). Portanto, sua situação, então, não era muito diferente daquela do Brasil. No entanto, ao longo do final do século XIX desenvolveu-se uma
intensa
Estado”
ou
campanha seja,
o
pela
governo
“avocação central.
do
Essa
ensino
primário
campanha
ao
resultou
vitoriosa e em 1911, através da reforma Daneo-Credaro (CATARSI, 1985, p. 55-71 e 123-131), o ensino primário foi colocado sob a responsabilidade nacional
de
do
ensino
Estado a
partir
Nacional, do
qual
instalando-se foi
possível
o
sistema
erradicar
o
analfabetismo. O Brasil ainda esperaria a década de 1930 para que o problema começasse a ser formulado com maior clareza. Assim, em 1932 o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, dirigido ao povo e ao governo, não só irá conclamar à organização da educação em âmbito nacional, como apresentará um programa que contém já as coordenadas de um verdadeiro sistema nacional de educação. E a partir da Constituição de 1934 a competência da União para legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional marcará presença na viga mestra da nossa ordenação jurídica, a indicar a necessidade de normas
comuns
a
toda
a
nação,
orientando
a
organização
da
educação em todo o país, também em termos comuns, isto é, como um sistema nacional. Consequentemente, do ponto de vista histórico, a ideia de lei nacional de educação
esteve sempre associada à implantação
do
sistema nacional de educação, como o demonstra a experiência da maioria dos países nos últimos dois séculos. Do
ponto
implicação
de
entre
vista
os
lógico,
conceitos
parece
de
“lei
evidente de
a
diretrizes
relação
de
e
da
bases
educação nacional” e de “sistema nacional de educação”. Quando a Constituição determina que a União estabeleça as diretrizes e bases da educação nacional, obviamente ela está pretendendo com isso que
a
educação,
segundo
em
diretrizes
todo
comuns
o
território
e
sobre
do
bases
país,
seja
também
organizada
comuns.
E
a
organização educacional com essas características é o que se chama “sistema nacional de educação”. O fato de que, por se tratar de uma República Federativa, a Constituição reconheça também a competência dos Estados para legislar
em
matéria
de
educação,
em
nada
afeta
o
enunciado
anterior. Com efeito, sistema não é unidade da identidade, uma unidade monolítica, indiferenciada, mas unidade da um
todo
que
articula
uma
variedade
de
diversidade,
elementos
que,
ao
se
integrarem ao todo, nem por isso perdem a própria identidade. Ao contrário, participam do todo, integram o sistema, na forma das respectivas
especificidades.
Em
outros
termos:
uma
unidade
monolítica é tão avessa à ideia de sistema como uma multiplicidade desarticulada. Em articular
verdade, sistematizar significa
elementos
enquanto
partes
de
um
reunir, ordenar,
todo.
E
esse
todo
do
tema
articulado é o sistema. Considerar,
pois,
como
inconstitucional
a
inclusão
relativo ao sistema nacional de educação na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional é uma contradictio in terminis, é a própria contradição lógica. E isto porque a LDB implica o sistema. Como demonstrei em outro trabalho (SAVIANI, 1996), há uma estreita
relação
entre
a
LDB
e
a
sistematização
da
educação.
A
educação assistemática não é objeto de legislação específica. Veja-se, por exemplo, as questões referentes ao pátrio poder, às diversões públicas
etc.,
segundo
o
que
podem
próprio
ser
conceito
consideradas adotado
no
atividades Título
I
educativas
da
LDB;
no
entanto, tais questões são reguladas pelo Código Civil. Quando, no entanto, se pensa numa lei específica para a educação, é porque se está
visando
à
sua
institucionalização.
sistematização
Antes
de
haver
e
não
apenas
à
leis
de
educação,
sua havia
instituições educativas. Isso não implica, entretanto, a vinculação necessária da sistematização à legislação, ou seja: não é necessário que
haja
lei
específica
de
educação
para
que
haja
educação
sistematizada; esta poderá existir mesmo não existindo aquela. O que fica claro é a vinculação necessária da lei específica de educação à sistematização. Tal lei visará consolidar o sistema ou reformá-lo (caso exista), ou então, instituí-lo, ou pelo menos, determinar as condições para que ele seja criado (caso não exista). Ora,
em
se
tratando
de
uma
lei
que
se
propõe
a
fixar
as
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, mais ainda se impõe a conclusão acima apresentada. Com efeito, se por diretrizes e bases se
entendem
fins
e
meios,
ao
serem
estes
definidos
em
termos
nacionais pretende-se não apenas indicar os rumos para onde se quer caminhar, mas organizar a forma, isto é, os meios através dos quais os fins serão atingidos. E a organização intencional dos meios com vistas a se atingir os fins educacionais preconizados em âmbito nacional, eis o que se chama “sistema nacional de educação”. Não obstante essa evidência, na trajetória da LDB houve aqueles protagonistas
que
incidiram
nessa
contradictio
in
terminis,
opinando pela inconstitucionalidade do Título relativo ao Sistema Nacional de Educação que integrava o Substitutivo Jorge Hage. Em consequência,
a
referida
denominação
foi
substituída
por
esta
outra: Organização da Educação Nacional. Em verdade, essa resultou uma solução de tipo nominalista já que os que a postularam se satisfizeram com a mudança do nome sem se preocupar com a manutenção do mesmo conteúdo. O viés nominalista
talvez
formalmente,
tenha
pois
se
tido
mesmo
argumentava
algum
que
na
peso,
ao
menos
Constituição
não
aparecia a expressão “sistema nacional de educação” mas apenas “sistemas de ensino”. Aos que defendiam o sistema nacional, em contrapartida,
preocupava
exatamente
o
seu
conteúdo,
secundarizando a denominação o que permitiu, nas negociações, que se abrisse mão da denominação. Efetivamente, no projeto aprovado na Câmara o Capítulo que tratava
“Da
Organização
da
Educação
Nacional”
preservava
os
mecanismos básicos do sistema entre os quais desempenhava papel central o Conselho Nacional de Educação secundado pelo Fórum Nacional de Educação. Com a prevalência do Substitutivo Darcy Ribeiro
manteve-se
a
denominação
(Organização
da
Educação
Nacional) mas o conteúdo foi fortemente alterado. O Título IV - Da Organização da Educação Nacional, da lei finalmente aprovada, esteve calcado no Substitutivo Darcy Ribeiro. Em
consequência,
desapareceu
o
Fórum
Nacional
de
Educação,
assim como a regulamentação criteriosa dos artigos 209 e 213 da Constituição. Recorde-se que esses artigos versam respectivamente sobre
a
liberdade
de
ensino
conferida
à
iniciativa
privada
e
a
destinação de recursos públicos às instituições de ensino de caráter comunitário, confessional e filantrópico. O
Conselho
Nacional
de
Educação
que
estava
inteiramente
ausente do primeiro projeto D. Ribeiro, na versão final convertida
em
lei
mereceu
apenas
uma
menção
no
parágrafo
primeiro
do
inciso IX do artigo nono. E isso era inevitável, uma vez que já se encontrava
em
vigor,
homologada
pelo
Congresso,
a
medida
provisória originária do presidente Itamar Franco e reeditada por Fernando Henrique Cardoso. Foi excluído, assim, o detalhamento referente
à
composição
e
atribuições
do
CNE
que
do
Conselho
figurava
no
Nacional
de
projeto aprovado pela Câmara. A
razão
Educação
invocada para a exclusão do
texto
da
LDB
foi
a
denominada
“inconstitucionalidade por vício de iniciativa”. Remete-se, então, ao artigo 61, parágrafo1º, alínea e (são de iniciativa do presidente da República
as
leis
de
“criação,
estruturação
e
atribuições
dos
Ministérios e órgãos da administração pública”) e ao artigo 84, VI (“compete privativamente ao presidente da República dispor sobre a
organização
forma
da
lei”)
e
o e
funcionamento
XXV
(“prover
e
da
administração
extinguir
os
federal,
cargos
na
públicos
federais, na forma da lei”). Entendo que a interpretação supra não é inteiramente tranquila. Em verdade ela parte do entendimento prévio do CNE como sendo meramente um órgão administrativo federal. Na concepção de LDB que prevaleceu na Câmara o CNE tinha um outro caráter: era uma instância
com
funções
deliberativas
no
âmbito
da
educação
análogas àquelas exercidas pelo Legislativo e Jucidiário no âmbito da sociedade como um todo. Fica
claro,
no
entanto,
que
não
era
esse,
propriamente,
o
problema. Admitamos, apenas para efeito argumentativo, que, de fato, estivesse configurado o “vício de iniciativa”. Isso não impediu que o Governo Itamar Franco, através do ministro da Educação Murílio Hingel referendasse o CNE tal como proposto no projeto da LDB podendo, se necessário, sanar o vício de iniciativa como de fato
o
fez
quando,
ao
fechar
o
Conselho
Federal
de
Educação,
instituiu, através de Medida Provisória, o Conselho Nacional de Educação. A questão, aí, era o caráter deliberativo do CNE que, segundo a interpretação
do
Governo
Collor
como
do
Governo
Fernando
Henrique Cardoso, secundarizaria o MEC na tarefa de formular a política nacional de educação. O que se pretendia, no entanto, era instituir uma instância com representação permanente da sociedade civil
para
compartilhar
com
o
governo
a
formulação,
acompanhamento e avaliação da política educacional. Tanto assim que na versão aprovada pela Câmara metade dos membros do CNE era escolhida pelo presidente da República. E deve-se destacar que com esse encaminhamento se pretendia evitar a descontinuidade que tem marcado a política educacional, o que conduz ao fracasso as tentativas de mudança pois tudo volta à estaca zero a cada troca de equipe de governo. Na verdade cada governante
quer
imprimir
a
própria
marca,
quer
fazer
a
sua
reforma. Com isso interrompe o que havia sido iniciado na gestão anterior e a educação fica marcando passo, já que se trata de um assunto que só pode ser equacionado satisfatoriamente a médio e longo prazo, jamais a curto prazo. E as consequências recaem sobre a população que vê indefinidamente adiado o atendimento de suas necessidades educacionais. O CNE, pensado como um órgão revestido das características de
autonomia,
instância
representatividade
permanente
e
renovada
e
legitimidade,
por
critérios
enquanto e
uma
periodicidade
distintos daqueles que vigoram no âmbito da política partidária, estaria, senão imune, pelo menos não tão vulnerável aos interesses da política miúda. Infelizmente parece que mais uma vez a vitória foi da política miúda,
o
que
educacional.
nos
deixa
à
mercê
do
vai
e
vem
da
política
É certo que a proposta do CNE como órgão central do sistema nacional de educação não estava isenta de problemas. Mas a simples impossibilidade de submetê-la uma
perda
que
enfrentamento
pode
dos
ao
teste da
postergar
nossos
por
problemas
experiência
mais
configura
alguns
educacionais
anos
o
aumentando,
assim, o já excessivo déficit histórico acumulado. A opção que prevaleceu no texto da lei representa, como já se assinalou,
a
precedência
da
democracia
representativa
sobre
a
participativa que se reflete em toda a organização da educação, o que
é
ilustrado
pela
secundarização
dos
conselhos
escolares
no
âmbito das unidades de ensino. Deve-se ressaltar que, em confronto com a situação anterior, ficaram mais bem definidas no texto da lei as incumbências e a abrangência
das
instâncias
federal,
estadual,
municipal
e
dos
próprios estabelecimentos escolares. As
atribuições
de
articulação,
coordenação
e
avaliação
enfeixadas no âmbito da União, vale dizer, do MEC, apesar das resistências de caráter “nominalista”, implicam, de algum modo, a ideia de sistema nacional de educação. Um outro ponto a ser observado é que o ensino fundamental é definido
como
prioridade dos União
não
prioridade
dos
Estados. Quando
consta
a
prioridade
Municípios são ao
e
definidas
ensino
o as
ensino
médio,
atribuições
superior
e
sequer
da há
referência à responsabilidade da União de manter universidades ou instituições de nível superior. Tal omissão estaria sinalizando para uma possível política da União
de se desfazer das universidades
federais ou pelo menos não priorizar o ensino superior?
3. As bases da educação na LDB atual
Sabe-se que a distinção entre as diretrizes e as bases no quadro da LDB é relativa porque em realidade elas se imbricam resultando difícil discriminar os Títulos e artigos correspondentes às diretrizes daqueles referidos às bases. No entanto, é útil manter presente essa distinção e tentar verificar como ela se manifesta na ordenação do texto legal. Numa visão de conjunto pode-se perceber que o Título acima examinado referente à Organização da Educação Nacional (ou Sistema Nacional de Educação) opera como uma espécie de ponte entre as diretrizes propriamente ditas e as bases propriamente ditas. Assim, enquanto os Títulos que tratam da conceituação de educação,
dos
fins,
dos
princípios,
do
dever,
do
direito
e
da
liberdade de educar claramente se situam no âmbito das diretrizes gerais, o Título que trata da organização da educação nacional já enuncia
diretrizes
específicas,
definindo
o
perfil
do
sistema
e
configurando o modo como as bases do edifício educacional devem ser
assentadas
de
maneira
a
funcionar
em
consonância
com
as
diretrizes traçadas. Os Títulos seguintes, por sua vez, já integram claramente
as
considerados
bases
não
da
menos
educação, como
ainda
diretrizes
a
que serem
possam
ser
seguidas
na
organização do sistema por parte das instâncias incumbidas de fazêlo funcionar.
3.1. Educação básica O
conceito
consigna
a
formulada
de
LDB e
educação
integrou
resistiu
a
básica
já
todas
a
com
proposta
as
a
abrangência preliminar
vicissitudes
que
que
por
lhe
mim
atingiram
os
diversos projetos com suas diferentes versões, figurando no texto final convertido em lei. Trata-se
de
uma
importante
conquista
no
sentido
de
se
caminhar em direção a um verdadeiro sistema nacional de educação
abrangente
e
universalizado,
isto
é,
capaz
de
garantir
a
plena
escolaridade a toda a população do país. A
orientação
em
pauta
corresponde
a
uma
exigência
dos
tempos atuais que, na esteira das mudanças tecnológicas em curso tendo por base a revolução microeletrônica, vêm demandando uma formação geral comum cuja consistência envolve uma escolaridade mais prolongada. É preciso, no entanto, não perder de vista que o conceito de educação básica adotado implica não apenas uma reordenação do ensino fundamental, mas o empenho decidido em universalizar o ensino
médio
articular
a
objetivo
de
pois,
em
na
perspectiva
diversidade formar
condição
de
seres de
de uma
escola
experiências humanos
assumir
a
e
unificada, capaz de
situações
plenamente direção
da
em
torno
desenvolvidos sociedade
ou
do e, de
controlar quem dirige. Não parece, contudo, que essa implicação tenha sido levada em conta ao se manter o conceito de educação básica no texto final da LDB cuja concepção geral conflita, em certos aspectos, com aquele conceito. Quanto às “Disposições gerais” relativas à “educação básica” (Capítulo II do Título V, artigos 22 a 28), cabe destacar a elevação do
número
mínimo
de dias letivos para
200
ao
ano
nos níveis
fundamental e médio totalizando uma carga horária mínima de 800
horas
proposta
anuais. Essa
medida
também
preliminar
permanecendo
esteve presente desde a em
todos
os
textos
subsequentes, com exceção do primeiro projeto de Darcy Ribeiro que
mantinha
o
disposto
na
Lei
n.
5.692,
ou
seja,
720
horas
distribuídas em cento e oitenta dias letivos ao ano. Considerando-se que o tempo de permanência na escola é, por vezes, decisivo para o sucesso
das
crianças,
em
especial
aquelas
das
famílias
de
baixa
renda, essa ampliação resulta um avanço diante da situação vigente.
De
um
modo
geral
esse
Capítulo
traz
a
marca
de
uma
flexibilização da forma de organização do tempo, reclassificação dos
alunos,
definição
do
calendário,
critérios
de
promoção
e
ordenação curricular. Especificamente ensino
quanto
fundamental
e
ao
currículo
médio,
uma
o
artigo
base
de
ensino
anteriormente. competente lógica
e
e
No
para
de
cada
entanto,
estabelecer
também
pelo
escola
não a
como,
se
base
de
resto,
comum
nacional
na
é
de cada
já
qual
a
Medida
no
nacional
âmbito
definiu
disposto
prevê,
comum
complementada por uma parte diversificada no sistema
26
ocorria
instância que,
pela
Provisória
correspondente, só poderia ser o Conselho Nacional de Educação. Levando-se em conta o disposto no inciso IV do artigo nono, tratase de uma competência a ser exercida pela União, ou seja, o MEC. Provavelmente encaminhamento
essa que
ambiguidade
o
MEC
tem
vinha
a
dando
ver à
com
questão
o dos
“Parâmetros Curriculares” onde parecia haver uma oscilação entre a sua adoção obrigatória por todas as escolas dos diferentes Estados e Municípios e a sua consideração apenas como referência a partir da
qual
os
formulariam modo,
Estados, as
mesmo
os
respectivas nesse
caso,
Municípios propostas o
e
as
próprias
curriculares.
encaminhamento
da
De
escolas
qualquer
questão
dos
“Parâmetros” por parte do MEC previa a manifestação do CNE que nessa matéria tem atribuição deliberativa. Não se compreende, pois, a razão da lacuna do texto da lei. No que diz respeito à educação infantil (Seção II, artigos 29 a 31),
a
lei
se
limitou
a
indicar
sua
finalidade
(artigo
29),
a
sua
organização em creches, para crianças de até 3 anos de idade e em pré-escolas, para crianças de 4 a 6 anos (artigo 30) e que a avaliação será
feita
pelo
acompanhamento
e
registro
do
desenvolvimento
infantil, sem objetivo de promoção (artigo 31). Não consta do texto
a
regulamentação
minuciosa
e
a
exigência
de
autorização
e
supervisão por parte do Município ou do Estado que se encontrava no Substitutivo Jorge Hage. Consequentemente,
o
ponto
positivo
destacado
naquele
substitutivo, cuja regulamentação colocava as escolas de educação infantil na dependência da autorização, supervisão e fiscalização do Poder Público, acabou não figurando na versão final convertida em lei. Assim, tratamento
as
escolas
dos
de
demais
educação
níveis
infantil
figurando
tiveram
apenas
nos
o
mesmo
artigos
que
estipulam a sua pertinência no âmbito dos sistemas de ensino. Ora, se
isso
é
inteiramente
satisfatório
em
relação
aos
níveis
fundamental, médio e superior uma vez que a legislação anterior e a prática político-administrativa já os condicionava à autorização e controle
público,
instituições
de
a
questão
educação
não
infantil
é
tão
que
tranquila se
no
caso
organizavam
das
sob
a
modalidade de “cursos livres”. Aqui, parece, teria sido desejável que fosse
afirmada
explicitamente
acompanhamento
por
a
parte das
necessidade autoridades
de
autorização
educacionais
e
como
condição para a abertura e funcionamento das escolas privadas de educação infantil. De qualquer modo, no Título IV - Da Organização da Educação Nacional, há um dispositivo definindo que “os sistemas municipais de ensino compreendem as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada” (artigo 18, inciso II). É preciso estar atento a esse enunciado que, combinado com o artigo 89 das Disposições
Transitórias,
é
o
único
ponto
a
que
podemos
nos
apegar para evitar os eventuais abusos e, nos casos em que isso vier a ocorrer, para que se possa punir aqueles que, conforme inúmeras denúncias,
abusam
escolas
educação
de
da
boa-fé
infantil
da
população.
continuarem
a
Com se
efeito,
organizar
se
as
como
“cursos livres”, nada será possível fazer contra os eventuais abusos uma vez que, nessa condição, estarão fora do alcance da fiscalização dos sistemas de ensino. Outro
ponto
economistas
e
que
enfrentou
tributaristas,
a
oposição
sendo
de
parlamentares
também
considerado
inconstitucional, foi o salário-creche que constava do Substitutivo Jorge Hage e acabou sendo abandonado. Em verdade, se tratava de uma
solução
engenhosa
visando
a
garantir
o
cumprimento
do
dispositivo constitucional que colocou a educação infantil como responsabilidade
do
Estado,
sem
comprometer
os
recursos
orçamentários previstos para a manutenção e desenvolvimento do ensino e nem do salário-educação, obrigatoriamente vinculado ao ensino fundamental. Em se tratando do ensino fundamental, o mesmo esteve por duas
vezes
sob
sério
risco.
A
primeira
ocorreu
quando
da
apresentação do primeiro projeto de Darcy Ribeiro o qual propôs a sua redução para cinco anos. Depois, o mesmo senador levou a bancada do PDT na Câmara dos Deputados à obstrução, exigindo a aprovação de uma emenda que dividia o ensino fundamental em duas etapas, a primeira de cinco anos e a segunda, de três anos, concedendo-se certificado de conclusão ao término de cada etapa. Mediante acordo, essa emenda acabou sendo aprovada. No Senado esse dispositivo foi retirado ao ser apresentado o Substitutivo Cid Sabóia, tendo sido restabelecido indiretamente e de forma atenuada no
Substitutivo
Darcy
Ribeiro
que
introduziu
um
parágrafo
facultando os sistemas de ensino a dividir o ensino fundamental em dois
ciclos.
retirando-se,
Voltando
à
porém,
número
o
Câmara,
esse
dois.
parágrafo
Ficou,
pois,
foi a
mantido
critério
dos
sistemas de ensino a decisão de dividir ou não em ciclos e, no caso de optarem pela divisão, cabe-lhes também decidir quantos serão os ciclos.
Diante
dessa
possibilidade,
esperava-se
que
os
sistemas
de
ensino, caso decidissem pela divisão em ciclos, o fizessem apenas por razões de rendimento pedagógico e progressão escolar e não para configurar duas etapas distintas, o que tendencialmente levaria à priorização da primeira etapa para efeitos do cumprimento da responsabilidade
constitucional
do
Poder
Público
na
oferta
do
ensino obrigatório e gratuito. Outro ponto a destacar é aquele relativo ao ensino religioso. Houve uma pressão considerável da Igreja Católica no sentido de que não somente fosse mantido como obrigatório mas que fosse também
financiado
com
recursos públicos. No
texto
finalmente
aprovado prevaleceu o bom senso. O artigo 33 estipula que o ensino religioso seria mantido como disciplina regular das escolas públicas, sendo oferecido, porém, sem ônus para os cofres públicos. Finalmente, estabeleceu-se
registre-se que
progressivamente
“o
em
que,
ensino
tempo
embora
de
fundamental
integral,
a
forma será
critério
dos
tímida,
ministrado sistemas
de
ensino” (artigo 34, parágrafo segundo). Esperava-se que os sistemas de ensino viessem a ser mais ousados e adotassem o critério da efetiva
expansão
da
jornada
escolar
visando
atingir,
em
futuro
próximo, o regime de tempo integral. O
ensino
médio
teve,
no
texto
da
lei,
um
tratamento
que,
fundamentalmente, não discrepa daquele que recebera nas versões anteriores. Comparado ao Substitutivo Jorge Hage o texto da lei tem a vantagem de ser mais conciso mas tem a desvantagem de ter diluído o pequeno avanço representado pelo esforço em explicitar a exigência de uma maior articulação entre os estudos teóricos e os processos práticos; entre os fundamentos científicos e as formas de produção que caracterizam o trabalho na sociedade atual, deixando algum
espaço
para
se
encaminhar
a
organização
ensino com base na perspectiva da politecnia.
desse
grau
de
Essa ideia de politecnia, que havia orientado a elaboração da proposta preliminar por mim apresentada, foi se descaracterizando ao longo do processo restando dela, na lei, apenas o inciso IV do artigo
35
que
proclamou
compreensão processos primeiro
dos
como
fundamentos
produtivos…”, do
finalidade
artigo
36:
do
ensino
médio
científico-tecnológicos
reiterado
pelo
“domínio
inciso
dos
I
do
princípios
“a
dos
parágrafo
científicos
e
tecnológicos que presidem a produção moderna”. De
certo
modo,
esse
desfecho
era
previsível.
Na
análise
do
Substitutivo Jorge Hage, logo após sua aprovação na Comissão de Educação
da
apreciação dificilmente
Câmara
sumária seria
dos da
Deputados, conjuntura
possível
avançar
eu
registrara
presente
mais
nesse
que
uma
indicava
que
terreno
naquele
momento. Em verdade, quando lancei a proposta de organização do ensino médio com base na noção de politecnia, o que estava pretendendo era
contribuir com
o
debate no
sentido
de trazer maior clareza
sobre o lugar e o papel desse grau escolar no conjunto do sistema de ensino. Não tinha a veleidade ou a ingenuidade de esperar que tal proposta viesse a ser vitoriosa e incorporada à legislação. Aliás, já numa entrevista concedida há dez anos atrás (SAVIANI, 1986, p. 13-15), havia afirmado:
Essa concepção sobre o ensino de segundo grau é um ponto de referência
a
longo
prazo.
A
curto
prazo,
teríamos
que
caminhar
bastante antes de poder viabilizá-la. Há certas mudanças sociais que necessitam ser desenvolvidas no âmbito político e econômico para que uma proposta como essa possa se viabilizar. No entanto, gostaria de salientar um fato concreto: grande parte dos
nossos
alunos,
não
apenas
do
segundo
grau
mas
também
das
últimas séries do primeiro, já trabalham. Isto é algo muito forte, muito presente no âmbito do ensino noturno. Na verdade o trabalho está
entrando nas escolas por meio de seus alunos. Seria necessário que as escolas
capitalizassem
esse
dado
real
como
elemento
de
articulação
entre o ensino e o trabalho. Como grande parte dos alunos já vivem a experiência
do
trabalho,
por
que
não
partir
daí
para
explicitar
as
relações entre o saber e o processo produtivo, assim como os problemas que surgem dessas relações? Esta realidade deveria ser alvo de atenta discussão por parte de todos os órgãos responsáveis pelo ensino, desde o MEC,
passando pelas Secretarias de Educação,
pelos Conselhos e
pelas escolas, até chegar aos professores, para que se organizassem os conteúdos curriculares com base nessa realidade. Do ponto de vista prático, do que é possível fazer hoje, tendo como horizonte
essa
politecnia,
concepção
considero
que
de a
ensino
realização
de
segundo
dessa
grau
proposta
ligada
enfrenta
à
um
conjunto de obstáculos. É preciso discuti-los e analisá-los dentro da situação atual de conflitos, disputas e jogo de interesses presentes na sociedade brasileira, para que se elaborem estratégias de curto, médio e longo prazos, para avançar nesse caminho.
Passados mais de dez anos, se por um lado o avanço tecnológico vem evidenciando a relevância dessa discussão, por outro lado as condições políticas traduzidas nos mencionados conflitos, disputas e jogo de interesses tornaram a situação ainda mais adversa. E esse quadro está refletido no texto da nova LDB. Passando à análise dos dispositivos da Seção V que versa sobre a Educação de jovens e adultos, não há como fugir à constatação que se
trata
apenas
de
um
novo
nome
para
o
“ensino
supletivo”
regulado no Capítulo IV da Lei n. 5.692/1971. Quanto
à
idade
mínima
exigida
para
se
prestar
os
exames
supletivos, houve uma redução. A Lei n. 5.692 a fixara em 18 anos para o primeiro grau e 21 para o segundo. A nova lei estabeleceu 15 e
18
anos
para
o
ensino
fundamental
e
o
ensino
médio,
respectivamente. Tal medida constitui uma faca de dois gumes. Por um lado, pode viabilizar mais cedo os estudos para aqueles cujas
condições
de
vida
e
de
trabalho
impedem
ou
dificultam
a
frequência ao ensino regular, mesmo noturno. Por outro lado, pode estimular o adolescente matriculado no ensino regular a abandonar a
escola
para, aos 15
anos, obter o
certificado
de conclusão
do
ensino fundamental mediante exames supletivos, aguardando os 18 anos para prestar os exames supletivos do ensino médio. Afinal, 15 e 18 anos estão abaixo da média de idade dos concluintes do ensino regular
ao
nível
fundamental
e
médio.
Não
é
descabido
supor,
portanto, que a maioria possa ter a expectativa de, pela via dos exames supletivos, lograr concluir a educação básica antes mesmo do que através do ensino regular. A
situação
fossem
descrita
equivalentes,
resultaria
isto
é,
se
até
vantajosa
através
dos
se
exames
as
duas
vias
supletivos
se
garantisse uma formação da mesma qualidade daquela resultante da
escolaridade
entanto,
uma
regular.
Exceções
hipótese muito
de
pouco
praxe
à
parte,
provável.
Não
essa
é,
no
fosse assim,
melhor faríamos em voltar à Reforma Leôncio de Carvalho de 1879 que
estabelecera
o
“ensino
livre”
que
implicava
a
liberdade
de
frequência, cabendo à escola, como tarefa principal, ser severa nos exames. Observa-se, então, que essa Seção V resultou bastante diversa do Capítulo XII do Substitutivo Jorge Hage que tratava Da educação básica de jovens e adultos trabalhadores. Aí se procurou voltar os olhos para a especificidade das condições de frequência à escola dos jovens e adultos trabalhadores. Por isso se previa horas de estudo durante
a
jornada
de
trabalho,
condições
para
recepção
de
programas de teleducação no local de trabalho, oferta de trabalho em tempo parcial, em turnos de 4 ou 6 horas, redução da jornada de trabalho em uma ou duas horas, sem prejuízo salarial, além de outras
medidas
visando
trabalhador na escola.
garantir
o
acesso
e
a
permanência
do
Tais medidas, em especial a redução da jornada de trabalho, se revestiam
da
maior
importância,
inclusive
para
corrigir
a
visão
dominante que subordina a escolarização à jornada de trabalho dos alunos trabalhadores. Isso configura uma distorção, pois se esses trabalhadores
se
encontram
em
idade
escolar,
sua
obrigação
precípua é a frequência às instituições de ensino, devendo a jornada de trabalho adequar-se à jornada escolar, e não o contrário. Mas, medidas como essas não tinham mesmo chance de figurar no
texto
legal nestes tempos neoliberais em
que os direitos dos
trabalhadores tendem a ser comprimidos, senão eliminados, jamais expandidos. E a LDB, sob esse aspecto, representa um claro recuo em relação ao substitutivo que havia sido aprovado na Comissão de Educação da Câmara do Deputados em 28 de junho de 1990.
3.2. Educação profissional O Capítulo III, do Título V, tratou da integração da educação profissional com as diferentes formas de educação, o trabalho, a ciência
e
a
tecnologia
(artigo
39),
da
articulação
com
o
ensino
regular ou outras estratégias de educação continuada (artigo 40), do aproveitamento
do
conhecimento
obtido
através
da
educação
profissional para fins de prosseguimento ou conclusão de estudos (artigo 41) e da oferta de cursos especiais abertos à comunidade pelas escolas técnicas e profissionais (artigo 42). Em verdade, esse capítulo pareceu mais uma carta de intenções do
que
um
documento
legal,
já
que
não
definiu
instâncias,
competências e responsabilidades. A cargo de quem estaria essa educação profissional? Da União, dos Estados, dos Municípios, das empresas, da iniciativa privada indistintamente? Localiza-se aí o chamado “sistema CNI”, isto é, o SENAI, o SESI? E também o SENAC, o SESC etc.? A nível da União o
órgão responsável seria o Ministério da Educação ou o Ministério do Trabalho? Ou ambos? A lei foi omissa em relação a questões desse tipo. Essa indefinição ter-se-ia dado em função de se deixar o espaço aberto
para
a
lei
relativa
ao
ensino
profissional
e
técnico
cujo
projeto, de iniciativa do governo federal, se encontrava tramitando no Congresso Nacional? O
projeto
localizado
referido
das
é
iniciativas
mais do
um
exemplo
MEC.
De
do
outro
caráter
modo
tópico
como
e
seria
possível que um projeto como esse tramitasse concomitantemente mas de forma independente e paralela ao projeto da LDB? Além disso,
esse
projeto
descomprometimento federais,
trazia
do
provavelmente
organização concepção
do
nível
MEC a
médio
que articula
como
em
relação
experiência a
qual
formação
consequência
mais
contém
geral
às
escolas
o
técnicas
bem-sucedida
de
os gérmens de uma
de base científica
com
o
trabalho produtivo, de onde poderia se originar um novo modelo de ensino médio unificado e suscetível de ser generalizado para todo o país.
3.3. Educação superior Quanto à educação superior, observa-se de início que, apesar da denominação, o objeto desse Capítulo IV, senão exclusivamente, é dominantemente o ensino superior. A própria pesquisa, embora figurasse
entre
as
finalidades
(e,
mesmo
aí,
apenas
a
título
de
incentivo), não recebeu um tratamento que a incorporasse como uma
atividade
regular,
sistemática
e
continuada,
dotada
de
mecanismos específicos e institucionalizados. Entende-se, assim, a ausência da dimensão relativa à cultura superior como distinta do ensino superior na conceituação de educação superior, o que já foi
objeto de comentário quando da apreciação do Substitutivo Jorge Hage. Por outro lado, cabe destacar como ponto positivo a revogação da emenda do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), de iniciativa do
representante das universidades particulares, com
o
consequente restabelecimento da norma que incluiu como uma das características das universidades a exigência de que pelo menos um terço do corpo docente seja constituído de mestres ou doutores. Sob o aspecto da gestão, registre-se a exigência de que 70% das vagas
dos
órgãos
colegiados
das
instituições
públicas
de
nível
superior sejam ocupadas por professores. Com isso, as propostas assim como as experiências de gestão paritária, ficaram descartadas. Por fim, importa destacar que o artigo 57 determinou que “nas instituições
públicas
de
educação
superior,
o
professor
ficaria
obrigado ao mínimo de oito horas semanais de aulas”. Não deixa de ser louvável a preocupação com a importância do ensino
no
âmbito
das atividades docentes, além
de ser bastante
razoável a quantidade definida como mínima. No entanto, quando tanto se criticou o fato do projeto da Câmara comportar minúcias não pertinentes a uma lei geral da educação, cabe indagar se esse dispositivo não estaria deslocado numa Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Outro aspecto a considerar é o fato de não introduzir qualquer condicionante. obrigado
ao
Afirma
mínimo
simplesmente
de oito
que
o
professor
ficará
horas semanais de aula. Portanto,
todo professor, em qualquer circunstância. Logo, também os que estão
com
encargos administrativos, inclusive o
reitor. E não
se
previu nenhuma exceção. Portanto, mesmo que em determinada circunstância viesse a ser mais relevante, mais produtivo etc., que um professor, em um certo semestre, se dedicasse integralmente a uma
atividade
de
pesquisa
ou
de
outra
ordem,
a
lei
estaria
impedindo intenção
que isso
do
acontecesse. Teria
legislador?
Por
sido
outro
essa, efetivamente, a
lado,
esse
caráter
de
obrigatoriedade resulta inconstitucional, já que fere o princípio da autonomia universitária. Diante do exposto, parecia mais sensata, por exemplo, a norma que já
vigorava
há
alguns
anos
na
UNICAMP, que estabelecia
um
mínimo de oito horas de aulas semanais no ensino de graduação. Portanto,
as
aulas
na
pós-graduação
deviam
necessariamente
se
acrescentar a esse limite, o que significa que se tratava de uma regra de maior alcance do que o dispositivo inscrito na lei. No entanto, esse
mínimo
por
professor
correspondia
à
média
mínima
do
conjunto dos professores e não a cada um em particular. Cabia aos departamentos
e
às
unidades
acadêmicas
(as
Faculdades
ou
Institutos) gerir a aplicação dessa norma. Assim, se em determinado momento
fosse
de
interesse,
não
apenas
do
professor,
mas
do
departamento ou da própria instituição, que um docente tivesse uma carga didática menor ou ficasse liberado dela, isto deveria ser feito mantendo-se a média, ou seja, a redução seria compensada por um aumento proporcional da carga didática dos outros docentes do departamento.
3.4. Educação especial O
Capítulo
V
compôs-se
de
três
artigos
versando
sobre
educação especial. O artigo 58 apresentou o entendimento dessa área como uma modalidade da educação escolar que deve situar-se preferencialmente na rede regular de ensino (caput), determinou a existência, quando
necessário, de serviços de apoio
especializado
(parágrafo primeiro), previu o recurso a classes, escolas ou serviços especializados quando não fosse possível a integração nas classes
comuns (parágrafo segundo) e estabeleceu que sua oferta se daria já a partir da educação infantil (parágrafo terceiro). O artigo 59 dispôs que os sistemas de ensino devem assegurar: adequada
organização
do
trabalho
pedagógico
para
atender
às
necessidades específicas (inciso I); terminalidade específica para os que não possam chegar ao nível regular de conclusão do ensino fundamental concluir
e
em
aceleração
menor
aos
tempo
superdotados
o
programa
para
que
escolar
possam
(inciso
II);
professores preparados para atendimento especializado assim como professores
do
ensino
regular
capacitados
para
integrar
os
educandos portadores de necessidades especiais nas classes comuns (inciso
III);
educação
especial
para
o
trabalho
(inciso
IV);
e
igualdade de acesso aos programas sociais disponíveis no ensino regular (inciso V). Por
fim,
o
artigo
60
atribuiu
aos
órgãos
normativos
dos
sistemas de ensino a definição dos critérios para apoio técnico e financeiro
do
Poder
exclusivamente estabelecendo, preferencial
Público
às
dedicadas porém,
seria
a
que,
entidades
à
educação
em
qualquer
ampliação
do
sem
fins
lucrativos
especial
(caput),
caso,
atendimento
a
na
alternativa
própria
rede
definição
que
pública regular de ensino (parágrafo único). À
parte o
caráter circular, vago
e genérico
da
encabeça o artigo 59 (entende-se por educação especial a educação destinada a educandos portadores de necessidades especiais), não resta dúvida que a educação especial ganhou, nesta lei, um lugar mais destacado, ao se configurar como um Capítulo autônomo, em comparação com a Lei 5.692/1971 onde o assunto foi regulado em apenas
um
artigo
(o
artigo
9º)
do
Capítulo
I
que
trata
disposições comuns ao ensino de primeiro e de segundo graus.
3.5. Os profissionais da educação
das
O texto da LDB estabeleceu como regra para a formação dos profissionais da educação o nível superior admitindo, porém, como formação
mínima
para
o
magistério
no
âmbito
da
educação
infantil e das quatro primeiras séries do ensino fundamental, a de nível médio na modalidade Normal (artigo 62). A
inovação, nesse aspecto
da
formação
dos
profissionais
da
educação, residiu na criação dos “institutos superiores de educação” prevista
no
regulada
artigo
no
62
artigo
como
63
onde
uma se
alternativa
estabeleceu
às
universidades,
que
esses
e
institutos
manteriam: cursos para a formação de profissionais da educação básica, incluído o “curso normal superior”, para formar docentes para
a
educação
infantil
e
para
as
primeiras
séries
do
ensino
fundamental (inciso I); formação pedagógica para diplomados no ensino superior que queiram se dedicar à educação básica (inciso II);
educação
continuada
para
os
profissionais
da
educação,
de
modo geral (inciso III). Esse
dispositivo
não
deixou
de
configurar
uma
iniciativa
importante no sentido de dar maior organicidade ao processo de formação
de
educadores,
centralizando-o
em
torno
da
problemática propriamente pedagógica. No
entanto, convém
ter presente a
experiência
internacional
nessa área para não incidir eventualmente em equívocos que já são conhecidos. Sabe-se, com efeito, que a Alemanha dispunha de instituições semelhantes, as “Pädagogische Hochschule” que acabaram sendo extintas enquanto tais, e integradas às universidades, num processo que foi o inverso daquele previsto na nova LDB, isto é, a criação de institutos paralelos à universidade. Por outro
lado, as “universidades pedagógicas”
existentes na
América Latina, enquanto instituições especializadas na formação de
profissionais
para
o
sistema
escolar,
apesar
do
nome,
paradoxalmente, nas
áreas
a
pedagógica.
privilegiaram
serem
Ilustra
a
formação
ensinadas,
essa
profissional
subordinando-lhes
situação
o
caso
da
centrada
a
questão
Venezuela
onde
a
Universidade Pedagógica sequer conta com o curso de pedagogia, isto
é,
o
curso
fundamentos
de
formação
de
teórico-científicos
da
educadores educação.
com
Essa
base
nos
formação
é
encontrada na Universidade Central da Venezuela onde se cultivam, além das aplicações práticas, os fundamentos da educação. Outro risco que se corre é o de que esses institutos, apesar de serem definidos como de nível superior, venham a ser considerados de
segunda
superiores
categoria
já
em
existentes
e
relação
às
universidades
organizadas
tendo
e
como
as
escolas
referência
o
padrão universitário. A esse respeito é também ilustrativa a experiência internacional. Além dos casos já mencionados das Pädagogische Hochschule e das Universidades Pedagógicas, consideradas de segunda categoria em face das universidades tradicionais, cabe citar o exemplo da Itália, cujos Institutos de Magistério, embora equiparados aos institutos universitários, quando
eram
foram
Faculdades
de
considerados
incorporados Magistério,
à
de
segunda
ordem.
Universidade
continuaram
sendo
na
E
mesmo
forma
das
estigmatizados
e
taxados como uma duplicação piorada das Faculdades de Filosofia e Letras. É preciso, pois, considerar com cautela a alternativa da criação dos Institutos Superiores de Educação. Parece não ser o caso de se abrir mão da experiência e do perfil das universidades nesse âmbito. Em
verdade,
a
atual
administração
do
MEC
no
Governo
FHC
estava desacreditada da universidade. Insistia em que a universidade dava muito pouca contribuição ao desenvolvimento dos sistemas estaduais e municipais de ensino, sobretudo no que toca ao ensino fundamental
e,
especificamente,
na
questão
da
formação
de
professores,
considerando
universidade
ficavam
apresentavam
que,
anos
alternativas,
nesse e
aspecto,
anos
não
os
professores
discutindo,
encaminhavam
a
mas
na
não
solução
das
questões práticas. Esse tipo
de crítica
vinha
sendo
feita
de forma
acentuada
e
reiterada no governo presidido por Fernando Henrique Cardoso. E isso ficava, inclusive, exacerbado pelo fato de que se encontravam na
cúpula
do
Ministério
da
Educação
pessoas
oriundas
da
universidade, e que conheciam, por dentro, o modus vivendi assim como as idiossincrasias dos professores universitários. Qual a procedência dessa crítica? Se desvinculada daqueles que a formulavam, a crítica, em si mesma, não deixava de ter alguma consistência. Eu próprio, num texto preparado para a XXVIII Reunião Plenária do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, realizada em Belo Horizonte em janeiro de 1979 e depois incluído no livro Educação: do senso comum à consciência filosófica (SAVIANI, 1996b, p. 69-86), formulei uma série de questões evidenciando um certo descompromisso da universidade atenção
em
para
a
relação
ao
necessidade
ensino de
se
fundamental alterar
esse
e
chamando
estado
de
a
coisas.
Tratava-se, presume-se, de um fórum adequado para se formular essa
denúncia
com
o
apelo
dela
decorrente,
pois
o
fórum
em
questão era nada mais, nada menos do que uma reunião de reitores. No caso em tela, cabe indagar sobre a pertinência da referida crítica
quando
oriunda
de integrantes
do
próprio
Ministério
da
Educação. A impressão que fica é que, passando para o outro lado, esses
professores
universitários
se
deram
conta
do
problema
e
passaram a denunciá-lo acompanhado de um matiz desqualificador da instituição universitária. À
parte
o
fato
de
que
essa
desqualificação,
consciente
ou
inconscientemente, se inseria naquela política dita neoliberal que,
como já indicado, se revestia de um caráter redutor da importância do setor público, cumpre reconhecer a característica deslocada e, mesmo, imprópria da crítica, tendo em vista o lugar de onde ela era formulada. Com efeito, embora tenha sido o deslocamento da universidade para o MEC que possibilitou a percepção do problema originário da crítica, seus autores pareciam enunciá-la ainda na condição de professores universitários que lamentavam não poder contar com a colaboração dos próprios pares; e não enquanto dirigentes do órgão do
Estado
que
mantinha,
e
ainda
mantém,
a
maioria
das
universidades públicas do país. Nessa condição, em lugar de assumirem plenamente suas novas funções agindo em consonância com as responsabilidades a elas inerentes,
o
que
implicaria
a
formulação
de
políticas
com
a
definição de prioridades de investimento tendentes a estimular, e até mesmo a exigir, que as universidades se incorporassem ao esforço comum,
dando
a
sua
contribuição
específica
para
se
atingir
o
objetivo de universalização do ensino fundamental, se entregaram a uma
crítica
desmobilizadora
eludindo,
desse
modo,
a
vacilante
vontade política no trato da questão. No caso específico da formação dos profissionais da educação, com
destaque
para
a
formação
de
professores,
havia
uma
considerável massa crítica acumulada nas universidades, tanto em termos de estudos como
de experiências, que se encontrava um
tanto dispersa. Necessitava ser galvanizada e articulada num projeto coerente
que
o
próprio
MEC
teria
todas
as
condições
de
protagonizar, já que contava com quadros intelectuais qualificados e
com
a
prerrogativa
do
encaminhamento
e
coordenação
das
iniciativas na área educativa que já vinha exercendo e que a LDB acabava de sancionar.
De outra parte, havia um movimento de caráter molecular no interior
das
formalizadas, estrutura
universidades vinha
como
que,
modificando
na
forma
de
prescindindo
o
perfil
de
decisões
institucional
funcionamento
do
tanto
na
processo
de
produção de conhecimentos. Trata-se dos grupos de pesquisa. Ora, levando
em
conta
essa
tendência, cabia
indagar se não
estaria na hora de se pensar também em “grupos de ensino” como um mecanismo para se alterar a estrutura e a forma de condução dos
processos
formativos.
Tais
grupos
de
ensino,
à
semelhança
daqueles de pesquisa, reuniriam os professores com experiência e interesse
em
determinada
modalidade
de
ensino,
independentemente do Departamento, Instituto ou Faculdade ou mesmo
Universidade
desenvolvendo
a
projetos
que de
eles
ensino
pertencessem, que
viessem
propondo responder
e
aos
problemas formativos próprios de cada uma dessas modalidades. Os
Institutos
Superiores
de
Educação
poderiam
vir
a
ser
o
espaço apropriado para a implantação de propostas como a que se indicou acima. Mas para isso como
um
mecanismo
eles não
paralelo
à
poderiam
ser concebidos
universidade
e
como
uma
alternativa que teria vindo resolver um problema para cuja solução a
universidade
se
revelara
incapaz.
Ao
contrário,
tais
institutos
deveriam ser criados, senão no interior das próprias universidades, como
organismos
a
elas
fortemente
articulados
de
modo
a
se
beneficiar dos quadros qualificados que se encontravam disponíveis em seu interior. A
par
das
universidades,
esses
institutos
deveriam
estar
articulados, também de maneira estreita, com os sistemas de ensino de modo a poder tomar o funcionamento real das escolas como ponto de partida e ponto de chegada dos processos formativos que lhes
caberia
desenvolver. Por
essa
via
seria
possível, igualmente,
equacionar de forma adequada a questão dos estágios (prática de
ensino), que a nova legislação estipula em um mínimo de trezentas horas.
3.6. Recursos financeiros O
Título
incorporou
VII,
à
lei
que uma
tratou série
do
de
financiamento
aspectos
da
positivos,
educação,
alguns
que
constavam já do projeto original, e outros que foram introduzidos ainda no período de tramitação na Câmara dos Deputados. O primeiro aspecto a destacar diz respeito à fixação de prazos para
o
repasse dos
Distrito
Federal
educação recursos
e
(artigo
valores dos
69,
arrecadados
do
caixa
Municípios
parágrafo do
da
União, dos
ao
órgão
quinto).
primeiro
ao
Aí
responsável
se
décimo
Estados, do
definiu
dia
de
pela
que
cada
os
mês
deviam ser repassados até o vigésimo dia do mesmo mês (inciso I); os que fossem arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia seriam
repassados
até
o
trigésimo
dia
(inciso
II);
e
aqueles
arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de cada mês teriam prazo
até
repassados
o
décimo
(inciso
dia
III).
E
do o
mês
subsequente
parágrafo
sexto
para
que
estabeleceu
fossem que
“o
atraso da liberação sujeitaria os recursos a correção monetária e à responsabilização civil e criminal das autoridades competentes”. Esse dispositivo era, efetivamente, da maior importância para se evitar as distorções que ocorriam repasse
dos
recursos.
Embora
com
haja
os constantes atrasos no aqueles
que
consideram
idealismo essa pretensão de impor prazos, o fato de que isso seja disposto em lei, acompanhado da responsabilização civil e criminal, constitui um relevante mecanismo de pressão do qual a população organizada
pode
lançar
mão
ao
reivindicar
adequado de suas necessidades educacionais.
o
atendimento
Outro ponto positivo foi a delimitação do que pode e do que não
pode
ser
considerado
desenvolvimento
do
ensino,
como
despesa
prevista
nos
de
manutenção
artigos
70
e
71.
e
Essa
medida constava já do projeto original e se manteve ao longo de toda a tramitação, sofrendo apenas pequenos deslocamentos em relação
aos pontos contemplados, como
didático
e do
podiam
ser
transporte escolar que, em considerados
desenvolvimento acabaram
foi o
do
sendo
como
ensino,
incluídos
e
em
do
material
alguns momentos não
despesas outros,
como
caso
de
manutenção
sim.
despesas
No
de
texto
e
final,
manutenção
e
desenvolvimento do ensino. Apesar de uma ou outra perda como a mencionada, essa
norma
representou uma
importante conquista
pois ajudaria a evitar, ou pelo menos a reduzir, a dispersão ou o desvio dos recursos destinados à educação. O
artigo
74
tratou
do
padrão
mínimo
de
oportunidades
educacionais para o ensino fundamental, baseado no cálculo do custo mínino por aluno, e o artigo 75 dispôs sobre a ação supletiva e
redistributiva
disparidades qualidade.
da
de
Os
União
acesso
e
ao
parágrafos
dos
ensino
Estados
visando
fundamental
respectivos
definiram
e os
corrigir garantir critérios
as sua de
aplicação das normas correspondentes a cada um dos artigos. Esses dois dispositivos estão dispôs Ensino
sobre
o
“Fundo
Fundamental
e
de de
em
consonância com
Manutenção
Valorização
e
do
a Lei que
Desenvolvimento Magistério”,
do
também
aprovada em dezembro de 1996. A lei que criou esse “Fundo” teve o inegável mérito de chamar os
municípios
constitucionais limitou-se a
ao no
cumprimento
tocante
regular a
ao
de
ensino
aplicação
suas
responsabilidades
fundamental.
dos recursos já
No
entanto,
vinculados, não
prevendo novas fontes de financiamento. Ao contrário, através de emenda constitucional aprovada previamente, liberou a União da
obrigação que lhe havia sido fixada pelo artigo 60 das disposições constitucionais transitórias. Em consequência dessa limitação de recursos, o custo mínimo por aluno
foi fixado
em
R$300,00 muito
aquém, portanto, dos
valores mínimos praticados pelos países que implantaram no início do
século
XX
os
respectivos
sistemas
nacionais
de
ensino.
Esse
patamar, em última instância, teve o condão de cristalizar o estado de miséria da educação nacional. Finalmente, registre-se que o artigo 77, ao definir os critérios para
a
destinação
de
recursos
públicos
às
escolas
particulares,
limitou-se, praticamente, ao já disposto na Constituição. É de se lamentar que as propostas de critérios mais específicos e mais rigorosos não tenham sido aceitas sob o argumento de que atentariam
contra
a
liberdade
de
ensino
da
iniciativa
privada
prevista na Constituição. Em verdade, no caso de utilização de recursos públicos, não se vê
por
qual
motivo
o
Poder
Público
não
possa
estabelecer
condições, como a publicação de balanços, a definição de objetivos idênticos ensino
nos
por
Estatutos
elas
das
mantidas,
mantenedoras assim
como
e a
das
instituições
unificação
de
de
suas
contabilidades etc. Em seu comentário sobre o Substitutivo Jorge Hage, Jacques Velloso, professor de economia da educação da UnB, esclareceu como, sem isso, “facilita-se a proliferação de artifícios contábeis
que
ocultam
lucros”.
E
exemplificou:
“todos
os
reais
lucros de uma instituição confessional de ensino atualmente podem ser transferidos à Provincial’,
mantenedora
sendo
então
a
título
registrados
de ‘contribuição como
despesas,
à
Casa como
frequentemente vem ocorrendo” (VELLOSO, 1990, p. 125). Através de expedientes como o acima exemplificado, diferentes tipos de instituições se apresentam como “entidades privadas sem
fins
lucrativos”
habilitando-se,
nos
termos
do
artigo
213
da
Constituição, a beneficiar-se de recursos públicos. Convenhamos que definir critérios que permitam
evitar essa
“proliferação de artifícios” está muito longe de se configurar como atentado à liberdade de ensino da iniciativa privada. Significa, ao contrário, o empenho em zelar pela boa destinação e bom uso dos recursos públicos.
3.7. Disposições gerais O
texto
da
LDB
remeteu
para
o
Título
VIII,
onde
foram
localizadas as Disposições Gerais, os temas relativos à Educação para
Comunidades
Indígenas
(artigos
78
e
79)
e
educação
a
distância (artigo 80) que, no projeto aprovado pela Câmara dos Deputados, eram tratados em capítulos próprios. No
primeiro
caso
estabeleceram-se
mecanismos
visando
garantir educação escolar bilíngue e intercultural às comunidades indígenas. No segundo, regularam-se em linhas gerais as formas através das quais “o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”. Além
das
disposições
de
praxe
relativas
à
permissão
de
se
organizar cursos experimentais (artigo 81), normas para realização de estágios (artigo 82), especificidade do ensino militar (artigo 83), atividades de monitoria dos discentes do ensino superior (artigo 84) e integração das universidades ao Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia (artigo 86), merece destaque o artigo 85 que tornou possível a exigência de abertura de concurso público para cargo de docente em instituição pública de ensino, no caso em que o referido cargo esteja sendo ocupado por professor não concursado por mais de seis anos.
Esse
dispositivo
enquanto
não
mecanismo
deixou
que
de
levasse
as
ter
alguma
autoridades
importância à
prática
da
abertura regular de concursos públicos para provimento dos cargos correspondentes à função docente, o que é, de resto, uma exigência constitucional.
3.8. Disposições transitórias O destaque do último Título foi o artigo 87 através do qual se instituiu
a
publicação
Década da
lei
da
Educação
(caput),
com
início
prevendo-se
as
um
ano
seguintes
após
a
medidas:
encaminhamento, pela União, do Plano Nacional de Educação ao Congresso
Nacional
(parágrafo
primeiro);
recenseamento
dos
educandos no ensino fundamental (parágrafo segundo); atribuição aos Municípios e, supletivamente, aos Estados e à União (parágrafo terceiro) de matricular todos os educandos a partir dos 7 anos no ensino fundamental (inciso I), prover cursos aos jovens e adultos insuficientemente escolarizados (inciso II), realizar programas de capacitação para os professores em exercício (inciso III) e integrar todos
os
estabelecimentos
de
ensino
fundamental
ao
sistema
nacional de avaliação escolar (inciso IV). No parágrafo quarto houve uma falha de redação, pois em lugar de “até o fim da Década da Educação…”, deveria ser: a partir do fim da Década da Educação “somente serão admitidos professores habilitados em
nível superior ou formados por treinamento
em
serviço”. O parágrafo quinto estipulou que “serão conjugados todos os esforços
objetivando
a
progressão
das
redes
escolares
públicas
urbanas de ensino fundamental para o regime de escolas de tempo integral”. E o parágrafo sexto condicionou a assistência da União aos
Municípios
e
aos
Estados
e
destes
aos
seus
Municípios
ao
cumprimento do disposto no artigo 212 da Constituição que os obriga a destinar pelo menos 25% da arrecadação à manutenção e desenvolvimento do ensino. O artigo 88 estabeleceu, no caput, o prazo de um ano para a adequação
às
novas
primeiro,
a
definidos
pelos
parágrafo
segundo,
disposições
adaptação
das
escolas
respectivos o
legais
prazo
conforme
sistemas de
prevendo,
oito
no
normas
de
ensino
anos
para
e as
parágrafo e
prazos
fixando,
no
universidades
atingirem as metas de um terço do corpo docente com os títulos de mestre
ou
doutor
e
um
terço
em
tempo
integral
previstas
nos
incisos II e III do artigo 52 da lei. Para infantil,
a
regularização
reveste-se
de
das
escolas
particular
particulares
importância,
de
educação
conforme
já
foi
salientado, o teor do artigo 89: “As creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da
publicação
desta
Lei,
integrar-se
ao
respectivo
sistema
de
ensino”. Por fim, a solução das questões suscitadas na transição entre o anterior e o novo regime foi remetida ao Conselho Nacional de Educação, que poderá delegá-la aos órgãos normativos dos sistemas de ensino (artigo 90). Como se pode ver pelos dispositivos do artigo 87, a Década da Educação teria como objetivo precípuo a universalização do ensino fundamental,
cujo
corolário
é
a
erradicação
do
analfabetismo.
Também a Constituição de 1988, ao ser promulgada, estabeleceu, no artigo 60 das Disposições Transitórias, um prazo de dez anos “para
eliminar
o
analfabetismo
e
universalizar
o
ensino
fundamental”. Às vésperas desse prazo se encerrar, recomeçou, com início previsto para janeiro de 1998, a contagem dos dez anos para a mesma
finalidade. Com
a
diferença
(triste ironia!) de que lá
se
determinara que o Poder Público, portanto, a União, os Estados e
os Municípios, deveria destinar pelo menos 50% dos seus recursos vinculados à educação ao cumprimento daquela finalidade. E no momento da aprovação da LDB, não só não foram previstos outros recursos, como, mediante a emenda constitucional aprovada para viabilizar a criação do F UNDEF, foi retirada a parcela correspondente à União. Embora a sistemática instituída pelo F UNDEF tenha elevado de 50 para 60% os percentuais dos Estados e Municípios, esse aumento não
compensou
valores
a
mínimos.
retirada E
a
da
hipótese
parcela de
da
que
União,
houvesse
em
termos
efetiva
de
vontade
política para solucionar o problema, o que garantiria a eficácia dos mecanismos adotados e conduziria recursos
necessários
para
a
a
União
solução
a
complementar os
definitiva
da
questão,
independentemente e até mesmo para além dos limites mínimos antes fixados pela Constituição, aventada na primeira edição deste livro
lançado
quando
se
iniciava
a
vigência
do
F UNDEF,
não
se
efetivou no Governo FHC sob a gestão do ministro Paulo Renato Costa Souza. Ao contrário, o MEC sequer cumpriu o dispositivo aprovado de complementação com recursos próprios, pois o fez lançando mão do salário-educação.
4. A LDB e a situação das escolas Concluída a análise do texto da nova LDB, provavelmente o leitor, especialmente se ele é professor da rede pública de educação básica, terá, já devidamente engatilhada, a seguinte pergunta: afinal, com a entrada em vigor da nova lei, o que mudou, efetivamente, na vida real das escolas? A rigor, a única mudança visível correspondeu ao calendário anual de duzentos dias letivos. A partir de 1998 as escolas teriam de adequar os respectivos calendários ao ano letivo de, ao menos 200
dias,
correspondentes
a
um
mínimo
de
800
horas
de
efetivo
trabalho pedagógico. Quanto ao mais, haveria ou não mudança, dependendo dos encaminhamentos de política educacional e das decisões
dos
órgãos
normativos
dos
sistemas
de
ensino
ou
das
próprias escolas. Isto porque a lei, ainda que pareça paradoxal, resultou mais indicativa do que prescritiva. Trata-se, como se observou, de uma “lei minimalista”, que deixa muita coisa em aberto, aparentemente para viabilizar as ações do MEC cujo papel foi reforçado em face das atribuições que a lei conferiu à União nos termos do parágrafo primeiro do artigo oitavo e dos nove incisos e três parágrafos do artigo nono, concentrando aí as tarefas de coordenação da política educacional e articulação dos diferentes níveis e sistemas de ensino com funções normativas, redistributivas e supletivas; a definição de competências e diretrizes para nortear os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio; e a avaliação do rendimento das escolas de todos os níveis de ensino. De um modo geral, os pontos positivos destacados na análise, como
por
repasse
exemplo
dos
cumpridos, atividades
recursos não
teria
estabelecimento financeiros
deixariam
escolares.
relevância,
o
Mas
o
de
esse
sentido
às
de
escolas,
exercer influxo,
de
prazos se
influxo sem
melhorar
curtos
o
efetivamente benéfico
dúvida a
para
da
nas
maior
eficiência
do
funcionamento das escolas, não implicando mudança de estrutura em
termos
de
Igualmente os
sua
pontos
organização
e
modo
de
funcionamento.
negativos, que se caracterizam
mais
pelas
omissões do que por medidas diretamente prejudiciais, tiveram o sentido
de
criar
algumas
dificuldades
ao
funcionamento,
não
alterando, também eles, a estrutura das escolas. É certo que estiveram em curso mudanças de vulto, como a municipalização do ensino fundamental. Mas tais mudanças não
decorreram nem dependeram da entrada em vigor da LDB para se processar.
Apenas,
na
forma
como
foi
aprovada,
a
lei
não
as
impediu, mas também não as obrigou. Por isso, a eventualidade da troca de ministro ou da equipe dirigente do MEC pode determinar, a
nível
nacional,
conduzindo
a
a
interrupção
política
das
educacional
medidas para
em
andamento,
rumos
inteiramente
diversos. Em suma, se em relação à nossa primeira LDB Álvaro Vieira Pinto pôde afirmar: “é uma lei com a qual ou sem a qual tudo continua tal e qual”, agora, diante da atual LDB nós poderíamos parafrasear essa espirituosa definição nos seguintes termos: chegouse a uma lei com a qual a educação poderia ficar aquém, além ou igual à situação anterior. O sentido dessa ironia não é apenas o de indicar que a nova lei resulta em educação
grande parte inócua em
nacional.
Ela
sinaliza
face da situação
também
para
o
objetiva da
fato
de
que
a
organização escolar não é obra da legislação. Ambas são produtos da sociedade no seio da qual entram em interação. Em se tratando de uma sociedade dividida em classes, como no caso em questão, essa interação se dá sob o influxo de forças sociais contrapostas que freiam ou impulsionam o desenvolvimento tanto da escola como da legislação. No primeiro caso, isto é, prevalecendo as forças que freiam o seu desenvolvimento, a educação tenderá a se deteriorar ficando, pois,
aquém
da
situação
atual.
No
segundo
caso
será
possível
conduzi-la para além do estado em que se encontra presentemente. Segue-se, pois, que, de modo especial em face de uma lei que deixou
muita
coisa
em
aberto,
os
seus
limites,
expressos
dominantemente na forma de omissões, poderiam se converter na abertura
de
novas
perspectivas
para
a
educação
brasileira.
A
realização dessa possibilidade, contudo, estava na dependência da
capacidade de mobilização e de ação das forças identificadas com a necessária transformação da nossa organização escolar tendo em vista a construção de um sistema nacional de educação que garanta a todos o acesso e conclusão da educação básica.
capítulo|quatro
a LDB modificada em vinte anos de vigência
atual LDB, promulgada em 20 de dezembro de 1996, entrou
A
em vigor três dias depois, em 23 de dezembro do mesmo ano. Embora aprovada sem vetos, o que foi comemorado como um feito
Darcy
tecendo-se
homenagem
Ribeiro, falecido
menos
ao
seu
de dois
principal
meses
proponente,
depois, em
17
de
fevereiro de 1997, a referida lei já sofreu sua primeira modificação sete meses depois, pela Lei n. 9.475, de 22 de julho de 1997, que alterou o artigo 33 referente ao ensino religioso. A razão dessa mudança foi a pressão da Igreja Católica que, além da garantia da inclusão do ensino religioso como disciplina obrigatória nos currículos do pela
Constituição,
pretendia
ensino
fundamental, já assegurada
também
que
esse
ensino
fosse
remunerado pelos cofres públicos. E a referida lei veio a possibilitar o
atendimento
a
essa
reivindicação
ao
excluir a
expressão
“sem
ônus para os cofres públicos” que constava no artigo 33 do texto aprovado em 20 de dezembro de 1996. É pertinente observar que essa modificação e a rapidez com que ocorreu foi algo que não se manifestou diante de uma dupla falha do texto da lei no que se refere à formação de professores que, esta sim, necessitava de imediata correção. Trata-se, aqui, daquilo que foi
considerado
uma
das
principais
inovações
da
atual
LDB:
a
exigência de que a formação dos professores de todos os níveis e
modalidades
de
abrangendo, educação
ensino
portanto,
infantil
fundamental,
e
até
passasse
também das
então
a
a
ser
formação
quatro
realizada
feita
em dos
primeiras
nível
superior
professores
séries
do
predominantemente
da
ensino
em
nível
médio. Na letra da lei houve, porém, duas falhas: uma de redação e a outra de técnica legislativa. A falha de redação ocorreu no parágrafo quarto do artigo 87 das Disposições Transitórias. Ali está escrito: “Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível
superior
ou
formados
por
treinamento
em
serviço”.
Ora,
literalmente isso significa que até o final da década da educação, que a lei definiu como se iniciando “um ano a partir” de sua publicação, portanto, de 23 de dezembro de 1997 a 22 de dezembro de 2007, somente seriam admitidos professores formados em nível superior. Então,
depois
de
22
de
dezembro
de
2007,
não
haveria
essa
exigência, o que significaria que seria possível admitir professores sem formação superior. É evidente que há, aí, um erro de redação. O que se queria dizer, e todos assim entenderam, é que a partir do fim da década da educação somente seriam admitidos professores habilitados
em
período
de
exceção.
Mas
porque, ao
nível
superior.
transição, essa
após
falha
o
não
Assim, que
a
chegou
que parece, ninguém
a
os
dez
regra a
ter
anos
não
seriam
admitiria
maiores
notou. Já
a
um mais
implicações
falha
de técnica
legislativa, esta provocou consequências. A referida falha consiste em que, no artigo 62, fixa-se a regra de que a formação de docentes para a educação básica será feita em nível
superior.
admitindo-se
Mas, como
estabelecimento
de
no
mesmo
formação prazo.
artigo, mínima
E
se o
somente
introduz nível nas
a
exceção,
médio,
sem
“Disposições
Transitórias”, no mencionado parágrafo do artigo 87, se fixa um prazo de dez anos para que a regra passe a valer plenamente. Ora,
em termos de técnica legislativa caberia fixar, no corpo da lei, a regra e, nas disposições transitórias, admitir-se a exceção no período de transição. Assim, o artigo 62 deveria, simplesmente, estabelecer que a formação de docentes para a educação básica seria feita em nível superior. E, nas disposições transitórias, registrar que, até o fim da década da educação admitir-se-ia, como formação mínima, a oferecida em nível médio para o magistério da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental. Nesse caso, sim, caberia na redação a expressão “até o fim da década”, referida à formação em nível médio, que deveria cessar, dando lugar à norma fixada pela lei que exige a formação em nível superior. Diante dessa situação, mal a lei foi aprovada já começaram a surgir
interpretações,
provindas
geralmente
dos
empresários
do
ensino que mantinham cursos de magistério de nível médio, dando conta que, juridicamente, as disposições transitórias não poderiam prevalecer sobre o corpo da lei. E como a formação mínima em nível médio estava no corpo da lei, isso significava que se tratava de uma disposição permanente. Portanto, as escolas de formação do magistério
em
nível
médio
poderiam
continuar
existindo,
sem
problema algum. Finalmente, o próprio Ministério e o Conselho Nacional de Educação acabaram chancelando essa interpretação. Ora, o lógico seria que fosse aprovada uma emenda à LDB, corrigindo a falha apontada, procedendo-se da mesma forma como se fez, por pressões da CNBB, em relação ao ensino religioso. Nesse caso, para atender a um segmento da iniciativa privada, a Igreja, mudou-se o texto da lei. Em relação à formação de professores atendeu-se à iniciativa privada evitando-se mudar o texto da lei, sacrificando, porém, o seu espírito. Além da modificação apontada relativa ao ensino religioso, ao longo
dos
vinte
anos
de
vigência,
outras
trinta
e
oito
leis
introduziram mudanças no texto da LDB, sendo duas em 2001, três
em 2003, uma em 2004, duas em 2005, quatro em 2006, duas em 2007, seis em 2008, cinco em 2009, uma em 2010, duas em 2011, duas em
2012, uma
em
2013, três em
2014
e quatro
em
2015.
Como se vê, apenas nos segundo, terceiro, quarto e sexto anos de vigência não ocorreram alterações na LDB. Lancemos, então, um breve olhar sobre as referidas leis modificadoras em sua sequência cronológica. A Lei n. 10.287, de 20 de setembro de 2001, apenas acrescentou uma nova atribuição aos estabelecimentos de ensino incumbindoos de notificar aos órgãos competentes a lista dos alunos com faltas 50%
superior
ao
limite
permitido
por
lei.
Para
de
2001,
isso
essa
lei
acrescentou o inciso VIII ao artigo 12. A
Lei
n.
10.328,
de
12
de
dezembro
limitou-se
a
acrescentar a palavra “obrigatório” ao componente curricular da educação física objeto do § 3º do artigo 26 da LDB. A
Lei
n. 10.639, de 9
introduzir
o
Brasileira”.
ensino
Para
determinando
a
de janeiro
da
tanto
temática
de 2003, teve o
“História
acrescentou
inclusão
obrigatória
à
e
LDB
da
escopo
de
Cultura
Afro-
artigo
26-A,
o
referida
temática
nos
currículos do ensino fundamental e médio. E, pelo acréscimo do artigo 79-B, determinou a inclusão, no calendário escolar, do dia 20 de novembro como o “Dia Nacional da Consciência Negra”. A Lei n. 10.709, de 31 de julho de 2003, determinou aos estados e municípios a incumbência de assumir o transporte escolar das respectivas redes de ensino. Para isso acrescentou o inciso VII ao artigo 10, que trata das incumbências dos estados, e o inciso VI ao artigo 11, que trata das incumbências dos municípios. A Lei n. 10.793, de 1º de dezembro de 2003, alterou o § 3º do artigo 26 estendendo o caráter facultativo da frequência às aulas de educação
física
aos
alunos
maiores
de
30
anos
(inciso
II),
que
estiverem prestando o serviço militar (inciso III), amparados pelo
Decreto-Lei n. 1.044, de 21 de outubro de 1969, que dispõe sobre tratamento
excepcional
aos
alunos
portadores
de
determinadas
necessidades especiais (inciso IV) e aos que tenham filhos (inciso VI). O inciso V, já que se referia aos alunos dos cursos de pósgraduação, foi
vetado
por não
ser pertinente ao
artigo
26, cujo
objeto é a educação básica. A Lei n. 10.870, de 19 de maio de 2004, ao instituir taxa de avaliação in loco a ser paga ao
I NEP quando
do
credenciamento,
recredenciamento ou reavaliação dos cursos de graduação e de pósgraduação das instituições privadas, se reporta ao artigo 46 da LDB não propriamente o alterando, mas especificando uma exigência para seu cumprimento. A Lei n. 11.114, de 16 de maio de 2005, ao tornar obrigatório o início do ensino fundamental aos 6 anos de idade, alterou os artigos 6º, 32 e 87 da LDB. O projeto previa, também, a alteração do inciso II do artigo 30, que previa a oferta de “pré-escolas para as crianças de 4 a 6 anos de idade”, passando a ser para as crianças de 4 e 5 anos de idade. Mas esse dispositivo foi vetado apenas por uma questão formal, já que tal mudança implicaria alteração da Constituição. No caso do inciso I do § 3º do artigo 87, além do ajuste em sua redação, foram acrescentadas três alíneas revogadas, porém, pela Lei 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. A
Lei
n. 11.183, de 5
de outubro
de 2005, foi
promulgada
apenas para incluir a palavra “pais” no inciso II do artigo 20 da LDB que conceituava as instituições de ensino comunitárias. Assim, onde
constava
passou
a
“inclusive
constar,
com
cooperativas a
aprovação
de da
professores nova
lei,
e
alunos”
“inclusive
cooperativas de pais, professores e alunos”. A Lei n. 11.274, de 6 de fevereiro de 2006, instituiu o ensino fundamental de nove anos com matrícula obrigatória a partir dos 6 anos de idade. Como consequência, ajustou a redação dos artigos
32 e 87 da LDB. O projeto previa ajustes também nos artigos 29 e 30
referentes
à
educação
infantil
que foram, entretanto, vetados
meramente por questão formal. No caso do artigo 87, além ajuste
da
redação,
foram
revogadas
as
três
alíneas
do
introduzidas
menos de nove meses antes pela Lei n. 11.114, de 16 de maio de 2005. A Lei n. 11.301, de 10 de maio de 2006, acrescentou um novo parágrafo ao artigo 67 da LDB abrangendo no conceito de “funções do magistério” aquelas realizadas por professores e especialistas em educação
“quando
exercidas
em
estabelecimento
de
educação
básica em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício
da
docência, as
de direção
de unidade escolar e as
de
coordenação e assessoramento pedagógico”. A Lei n. 11.330, de 25 de julho de 2006, foi aprovada apenas para mudar a redação do caput do § 3º do artigo 87 da LDB de: “Cada Município e, supletivamente, o Estado e a União” para: “O Distrito
Federal,
União”.
Como
cada se
Estado
vê,
com
e
Município,
essa
alteração
e,
supletivamente,
aquelas
a
atribuições
especificadas nos incisos I, II, III e IV do referido parágrafo que antes
eram
acometidas
apenas
aos
municípios, agora
devem
ser
assumidas também pelo Distrito Federal e pelos estados. A
Lei
n.
11.331,
de
25
de
julho
de
2006,
acrescentou
um
parágrafo ao artigo 44 da LDB determinando que os resultados do processo
seletivo
no
ensino
superior
devem
ser
divulgados
constando a relação nominal dos candidatos aprovados, a ordem de classificação e o cronograma das chamadas para matrícula. A Lei n. 11.525, de 25 de setembro de 2007, foi aprovada apenas para incluir, no artigo 32, um novo parágrafo, numerado como o 5º,
com
incluirá,
o
seguinte
teor:
obrigatoriamente,
“O
currículo
conteúdo
do
que
ensino
trate
dos
fundamental direitos
das
crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei n. 8.069, de 13
de
julho
de
Adolescente,
1990,
que
observada
institui a
o
Estatuto
produção
e
da
Criança
distribuição
de
e
do
material
didático adequado”. A Lei n. 11.632, de 27 de dezembro de 2007, apenas acrescenta, ao inciso I do artigo 44, referente aos cursos sequenciais, a condição “desde que tenham concluído o ensino médio ou equivalente”. Prosseguindo
com
as
mudanças
pontuais
na
LDB,
a
Lei
n.
11.645, de 10 de março de 2008, incidindo sobre o artigo 26-A, que havia sido introduzido pela Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, alterou sua redação. A lei de janeiro de 2003 tornou obrigatório no ensino fundamental e médio o ensino da história e cultura afrobrasileira. E a decisão
de
mudança
contemplar
efetuada também
em o
março
ensino
de 2008
da
deveu-se à
história
e
cultura
indígena. A Lei n. 11.684, de 2 de junho de 2008, introduziu no artigo 36 o
inciso
IV,
tornando
obrigatórias
as
disciplinas
filosofia
e
sociologia em todas as séries do ensino médio e revogou o inciso III que se referia ao “domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da cidadania”. Apenas onze dias depois uma nova lei introduziu mais uma mudança tópica na LDB. Trata-se da Lei n. 11.700, de 13 de junho de 2008, que acrescentou ao artigo 4º o inciso X garantindo “vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em que completar 4 anos de idade”. Já a Lei n. 11.741, de 16 de julho de 2008, teve alcance mais amplo, pois tratou de “redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da educação profissional técnica de nível médio, da educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica”. Para esse fim modificou a LDB alterando a redação dos artigos 37, 39, 41 e 42, acrescentando ao capítulo II do Titulo V uma inteira Seção, a
IV-A,
denominada
“Da
Educação
Profissional
Técnica
de
Nível
Médio” composta pelos artigos 36-A, 36-B, 36-C e 36-D e mudou a denominação do Capítulo III do Titulo V, que passou a se chamar “Da
Educação
Profissional
e
Tecnológica”
em
lugar
de
“Da
Educação Profissional” como constava no texto original aprovado em 20 de dezembro de 1996. Segue-se a Lei n. 11.769, de 18 de agosto de 2008, acrescentando ao artigo 26 o parágrafo 6º para explicitar que a música deve ser conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, do ensino de arte previsto no § 2º do mesmo artigo 26. A Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008, ao regulamentar o estágio de estudantes, modificou o caput do artigo 82 e revogou seu parágrafo único. Enquanto o artigo 82 do texto original da LDB atribuía aos sistemas de ensino o estabelecimento das normas para os estágios dos estudantes do ensino médio ou superior em sua jurisdição,
a
redação
dada
pela
Lei
n.
11.788
mantém
essa
atribuição, acrescentando, porém: “observada a lei federal sobre a matéria”. A Lei n. 12.013, de 6 de agosto de 2009, teve tão somente o escopo de modificar a redação do inciso VII do artigo 12 da LDB. Dessa forma, a redação original, “Informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução
de
sua
proposta
pedagógica”
foi
substituída
por
esta:
“Informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola”. E, no mesmo dia, a Lei n. 12.014, também de 6 de agosto de 2009, modificou o categorias
de
artigo
61 da LDB especificando
trabalhadores
que
podem
ser
profissionais da educação atuantes na educação básica.
as diferentes considerados
Não bastasse a alteração inócua efetuada pela Lei n. 11.183, de 5 de outubro de 2005, apenas para incluir a palavra “pais” no inciso II do artigo 20 da LDB, a mesma passagem do inciso II do artigo 20 foi novamente modificada pela Lei n. 12.020, de 27 de agosto de 2009. Agora o trecho “inclusive cooperativas de pais, professores e alunos” foi substituído
por “inclusive cooperativas educacionais,
sem fins lucrativos”. A Lei n. 12.056, de 13 de outubro de 2009, acrescentou três parágrafos ao artigo 62 da LDB determinando a ação da União, estados, Distrito Federal e municípios, em regime de colaboração, na formação inicial, continuada e na capacitação docente (§ 1º), a possibilidade
do
continuada
na
presencial
e
na
uso
da
educação
capacitação
formação
(§
2º)
a e
inicial, fazendo
distância a
na
preferência
uso
formação ao
ensino
subsidiariamente da
educação a distância (§ 3º). A modificação introduzida pela Lei n. 12.061, de 27 de outubro de 2009, decorreu da decisão de universalizar o ensino médio. Em consequência, foram alterados, por essa lei, o inciso II do artigo 4º e o inciso VI do artigo 10 da LDB. A Lei n. 12.287, de 13 de julho de 2010, alterou o § 2º do artigo 26 referente ao ensino da arte, apenas para acrescentar o aposto “especialmente em suas expressões regionais”. A Lei n. 12.416, de 9 de julho de 2011, acrescentou ao artigo 79 da LDB um terceiro parágrafo dispondo sobre a oferta de ensino superior para os povos indígenas. Também a Lei n. 12.472, de 1º de setembro de 2011, incluiu um novo
parágrafo
ao
texto
da
LDB.
Desta
vez
tratou-se
do
§
6º
acrescentado ao artigo 32, determinando a inclusão do estudo dos símbolos nacionais como tema transversal no ensino fundamental. A Lei n. 12.603, de 3 de abril de 2012, acrescentou à redação do inciso I do § 4º do artigo 80 da LDB a expressão “e em outros meios
de
comunicação
que
sejam
explorados
mediante
autorização,
concessão ou permissão do poder público”. E A Lei n. 12.608, de 10 de abril de 2012, ao instituir a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, acabou por incluir mais um parágrafo ao texto da LDB. Nesse caso foi o artigo 26 que recebeu o § 7º pelo qual “os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir
os
princípios
da
proteção
e
defesa
civil
e
a
educação
ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios”. A
Lei
n.
12.796,
de
4
de
abril
de
2013,
diferentemente
das
anteriores, introduziu um número maior de alterações adequando a LDB à extensão da escolaridade obrigatória e gratuita para a faixa etária
dos
4
aos
Constitucional
n.
17
59,
anos
de
de
11
de
idade
prevista
novembro
de
na
2009.
Emenda Além
de
acrescentar ao artigo 3º o inciso XII para contemplar a diversidade étnico-racial, ajustou a redação dos artigos 4º, 5º, 6º, 26, 29, 31, 58, 59 e 60 à extensão da escolaridade e à substituição do conceito de “educandos
com
necessidades
deficiência,
transtornos
especiais”
globais
do
por
“educandos
desenvolvimento
e
com altas
habilidades ou superdotação”. Finalmente reformulou também os dispositivos
sobre
a
formação
docente
acrescentando
mais
três
parágrafos ao artigo 62, além dos três anteriormente incluídos pela Lei n. 12.056, de 13 de outubro de 2009 e introduzindo um novo artigo,
o
62-A
assegurando
a
formação
dos
profissionais
da
educação “por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível
médio
ou
superior,
incluindo
habilitações
tecnológicas”
e
garantindo, no parágrafo único, formação continuada “no local de trabalho incluindo
ou
em
cursos
instituições de
educação
de
educação
profissional,
básica cursos
e
superior,
superiores
de
graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação”. A
Lei
n.
12.960,
de
27
de
março
de
2014,
acrescentou
um
parágrafo único ao artigo 28 para condicionar o fechamento de
escolas
do
campo, indígenas
e quilombolas
à
“manifestação
do
órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar”. A Lei n. 13.006, de 26 de julho de 2014, acrescentou o parágrafo 8º
ao
artigo
produção
26,
determinando
nacional
que
constituirá
“a
exibição
de
componente
filmes
de
curricular
complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais”. A Lei n. 13.010, de 26 de junho de 2014, ao alterar a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, que instituiu o Estatuto da Criança e do Adolescente, modificou também a LDB acrescentando ao artigo 26 o
§
9º
para
incluir
como
temas
transversais,
nos
currículos
escolares, “conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente”. A Lei n. 13.168, de 6 de outubro de 2015, acrescenta, ao § 1º do artigo
47,
a
exigência
de
publicação
da
abertura
de
vagas
nas
instituições de ensino superior especificando, em cinco incisos, a forma da publicação e o conteúdo que nela deve figurar. Assim, indica que a publicação deve ocorrer em página na internet no site oficial da instituição (inciso I); em toda propaganda eletrônica da instituição (inciso II); na própria instituição em local visível e de fácil acesso (inciso III); devendo ser atualizada semestralmente ou anualmente, conforme a duração das disciplinas (inciso IV); e deve conter a lista de todos os cursos oferecidos, a lista das disciplinas que
compõem
cada
curso
e
a
identificação
dos
docentes
que
atuarão em cada um dos cursos oferecidos (inciso V, alíneas a, b e c). A Lei n. 13.174, de 21 de outubro de 2015, acrescenta o inciso VIII ao artigo 43 indicando como finalidade da educação superior
“atuar
em
educação
favor
da
básica,
profissionais,
universalização
mediante
a
a
realização
e
do
formação
de
aprimoramento
e
a
pesquisas
capacitação
pedagógicas
e
da de o
desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares”. A
Lei n. 13.184, de 4
de novembro
de 2015, acrescenta
um
segundo parágrafo ao artigo 44 da LDB determinando que, “no caso
de empate no
processo
seletivo, as
instituições
públicas
de
ensino superior darão prioridade de matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor renda familiar, quando mais de um candidato preencher o critério inicial”. Finalmente, a Lei n. 13.234, de 29 de dezembro de 2015, dispõe “sobre
a
identificação,
educação
básica
e
na
o
cadastramento
educação
e
superior,
o
de
atendimento, alunos
com
na
altas
habilidades ou superdotação”. Para isso altera a LDB acrescentando o inciso IV-A ao artigo 9º e o artigo 59-A. Como
se
pode
constatar,
a
grande
maioria
das
mudanças
efetuadas por essas trinta e oito leis é de caráter pontual, incidindo sobre
aspectos
acidentais.
Como
alteração
estrutural
registra-se
apenas a ampliação da escolaridade obrigatória que passou dos oito anos do ensino fundamental para a faixa etária compreendida entre os 4 e os 17 anos de idade abrangendo desde a fase pré-escolar da educação infantil até o final do ensino médio. Enfim,
para
tornar
disponível
aos
leitores
a
LDB
atualizada
estou anexando, a seguir, o texto integral com a incorporação de todas
as
mudanças
introduzidas
pelas
trinta
e
nove
leis
dispositivos foram sumariamente apresentados neste capítulo.
cujos
anexo|cinco
texto integral da LDB atualizada com a incorporação das mudanças introduzidas pelas trinta e nove leis aprovadas entre 1997 e 2015
Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA. Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
TÍTULO I DA EDUCAÇÃO Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar,
na
convivência
humana,
no
trabalho,
nas
instituições
de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. §
1º
Esta
Lei
disciplina
a
educação
escolar,
que
se
desenvolve,
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social
TÍTULO II DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento
do
educando,
seu
preparo
para
o
exercício
da
cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II
-
liberdade
de
aprender,
ensinar,
pesquisar
e
divulgar
a
cultura,
o
pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII
-
gestão
democrática
do
ensino
público,
na
forma
desta
Lei
e
da
legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013)
TÍTULO III DO DIREITO À EDUCAÇÃO E DO DEVER DE EDUCAR
Art.
4º O
dever
do
Estado
com educação
escolar
pública
será
efetivado
mediante a garantia de: I
-
educação
básica
obrigatória
e
gratuita
dos
4
aos
17
anos
de
idade,
organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) a) pré-escola; (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) c) ensino médio; (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 anos de idade; (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) III
- atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
transversal
preferencialmente na
a
todos
os
níveis,
rede regular de ensino;
etapas
e
modalidades,
(Redação dada
pela
Lei n.
12.796, de 2013) IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na
idade própria;
(Redação dada
pela
Lei n.
12.796, de 2013) V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
pesquisa
e da
criação
artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII
-
oferta
de
características
e
educação
escolar
modalidades
regular
para
adequadas
às
jovens suas
e
adultos,
com
necessidades
e
disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por
meio
de
programas
suplementares
transporte, alimentação e assistência
à
de
material
didático-escolar,
saúde; (Redação dada
pela
Lei n.
12.796, de 2013) IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade
mínimas,
por
aluno,
de
insumos
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
indispensáveis
ao
X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais
próxima
de
sua
residência
a
toda
criança
a
partir
do
dia
em
que
completar 4 anos de idade. (Incluído pela Lei n. 11.700, de 2008). Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo
qualquer
cidadão,
grupo
de
cidadãos,
associação
comunitária,
organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo. (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) §
1º O
poder
público,
na
esfera
de sua
competência
federativa,
deverá:
(Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram a educação básica; (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) II - fazer-lhes a chamada pública; III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. § 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro
lugar
contemplando
o
acesso
em
ao
seguida
ensino os
obrigatório,
demais
níveis
e
nos
termos
deste
modalidades
de
artigo, ensino,
conforme as prioridades constitucionais e legais. §
3º
Qualquer
das
partes
mencionadas
no
caput
deste
artigo
tem
legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judicial correspondente. § 4º Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade. § 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior. Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 anos de idade. (Redação dada pela Lei n.
12.796, de 2013) Art.
7º
O
ensino
é
livre
à
iniciativa
privada,
atendidas
as
seguintes
condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino; II
-
autorização
de
funcionamento
e
avaliação
de
qualidade pelo
Poder
Público; III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal.
TÍTULO IV DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. §
1º
Caberá
à
União
a
coordenação
da
política
nacional
de
educação,
articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei. Art. 9º A União incumbir-se-á de: I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II
-
organizar,
manter
e
desenvolver
os
órgãos
e
instituições
oficiais
do
sistema federal de ensino e o dos Territórios; III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios
para
o
desenvolvimento
atendimento prioritário à redistributiva e supletiva;
de
seus
sistemas
escolaridade obrigatória,
de
ensino
exercendo sua
e
o
função
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
competências e diretrizes para
a
educação infantil,
o ensino
fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum; IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos para identificação, cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação; (Incluído pela Lei n. 13.234, de 2015) V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação; VI
- assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no
ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino; VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação; VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino; IX
-
autorizar,
respectivamente,
reconhecer,
os
cursos
das
credenciar, instituições
supervisionar de
educação
e
avaliar,
superior
e
os
estabelecimentos do seu sistema de ensino. (Vide Lei n. 10.870, de 2004) § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei. § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso
a
todos
os
dados
e
informações
necessários
de
todos
os
delegadas
aos
estabelecimentos e órgãos educacionais. §
3º
As
Estados
atribuições e
ao
constantes
Distrito
Federal,
do
inciso
desde
educação superior. Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
IX
que
poderão
ser
mantenham
instituições
de
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino; II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental,
as
quais
devem
assegurar
a
distribuição
proporcional
das
responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; IV
-
autorizar,
respectivamente,
os
reconhecer, cursos
das
credenciar, instituições
supervisionar de
educação
e
avaliar,
superior
e
os
estabelecimentos do seu sistema de ensino; V - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; (Redação dada pela Lei n. 12.061, de 2009) VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. (Incluído pela Lei n. 10.709, de 31.7.2003) Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes aos Estados e aos Municípios. Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas
de
ensino,
integrando-os
às
políticas
e
planos
educacionais
da
União e dos Estados; II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o
ensino
fundamental,
permitida
a
atuação
em
outros
níveis
de
ensino
somente quando estiverem atendidas área
de
competência
e
com
plenamente as
recursos
acima
dos
necessidades percentuais
de sua
mínimos
vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. (Incluído pela Lei n. 10.709, de 31.7.2003) Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema
estadual
de
ensino
ou
compor
com
ele
um
sistema
único
de
educação básica. Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI
-
articular-se com as
famílias
e a
comunidade,
criando
processos
de
integração da sociedade com a escola; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei n. 12.013, de 2009) VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei.(Incluído pela Lei n. 10.287, de 2001) Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV
-
estabelecer
estratégias
de
recuperação
para
os
alunos
de
menor
rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento,
à
avaliação e ao
desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I
- participação dos
profissionais da
educação na
elaboração do projeto
pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação
básica
que
os
integram
progressivos
graus
de
autonomia
pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público. Art. 16. O sistema federal de ensino compreende: I - as instituições de ensino mantidas pela União; II - as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada; III - os órgãos federais de educação. Art.
17.
Os
sistemas
de
ensino
dos
Estados
e
do
Distrito
Federal
compreendem: I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
II
-
as
instituições
de
educação
superior
mantidas
pelo
Poder
Público
municipal; III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada; IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente. Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino. Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem: I
- as instituições do ensino fundamental,
médio e de educação infantil
mantidas pelo Poder Público municipal; II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada; III – os órgãos municipais de educação. Art.
19.
As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas
seguintes categorias administrativas: I
-
públicas,
assim
entendidas
as
criadas
ou
incorporadas,
mantidas
e
administradas pelo Poder Público; II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. Art.
20.
As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes
categorias: I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos abaixo; II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entidade mantenedora representantes da comunidade; (Redação dada pela Lei n. 12.020, de 2009) III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas
físicas
ou
por
uma
ou
mais
pessoas
jurídicas
que
atendem
a
orientação
confessional
e
ideologia
específicas
e
ao
disposto
no
inciso
anterior; IV - filantrópicas, na forma da lei.
TÍTULO V DOS NÍVEIS E DAS M ODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO CAPÍTULO I DA COMPOSIÇÃO DOS NÍVEIS ESCOLARES Art. 21. A educação escolar compõe-se de: I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; II - educação superior.
CAPÍTULO II DA EDUCAÇÃO BÁSICA SEÇÃO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe cidadania
a
formação
comum
e fornecer-lhe meios para
indispensável
para
o
exercício
da
progredir no trabalho e em estudos
posteriores. Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma
diversa
de
organização,
sempre
aprendizagem assim o recomendar.
que
o
interesse
do
processo
de
§ 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no país e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais. §
2º
O
calendário
escolar
deverá
adequar-se
às
peculiaridades
locais,
inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta Lei. Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino fundamental, pode ser feita: a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola; b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas; c) independentemente de escolarização anterior, pela
escola,
que
defina
o
grau
de
mediante avaliação feita
desenvolvimento
e
experiência
do
candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino; III
- nos
estabelecimentos
que adotam a
regimento escolar pode admitir formas
progressão regular por série,
de progressão parcial,
o
desde que
preservada a sequência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino; IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com
níveis
equivalentes
de
adiantamento
na
matéria,
para
o
ensino
de
línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares; V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a)
avaliação
contínua
e
cumulativa
do
desempenho
do
aluno,
com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período
letivo,
para
os
casos
de
baixo
rendimento
escolar,
a
serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu
regimento
e
nas
normas
do
respectivo
sistema
de
ensino,
exigida
a
frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação; VII
-
cabe
a
cada
instituição
de
ensino
expedir
históricos
escolares,
declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis. Art.
25.
Será
objetivo permanente das
autoridades
responsáveis
alcançar
relação adequada entre o número de alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais do estabelecimento. Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista das condições disponíveis e das características regionais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto neste artigo. Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. §
2º
O
ensino
constituirá
da
arte,
componente
especialmente
curricular
em
suas
obrigatório
nos
expressões diversos
regionais, níveis
da
educação
básica,
de
forma
a
promover
o
desenvolvimento
cultural
dos
alunos.(Redação dada pela Lei n. 12.287, de 2010) §
3º
A
educação
física,
integrada
à
proposta
pedagógica
da
escola,
é
componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei n. 10.793, de 1º.12.2003) I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; (Incluído pela Lei n. 10.793, de 1º.12.2003) II – maior de 30 anos de idade; (Incluído pela Lei n. 10.793, de 1º.12.2003) III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela Lei n. 10.793, de 1º.12.2003) IV
–
amparado
pelo
Decreto-Lei
n.
1.044,
de
21
de
outubro
de
1969;
(Incluído pela Lei n. 10.793, de 1º.12.2003) V – (VETADO) (Incluído pela Lei n. 10.793, de 1º.12.2003) VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei n. 10.793, de 1º.12.2003) § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes
culturas
e
etnias
para
a
formação
do
povo
brasileiro,
especialmente das matrizes indígena, africana e europeia. § 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir
da
quinta
série,
o
ensino
de
pelo
menos
uma
língua
estrangeira
moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição. §
6º
A
música
deverá
ser
conteúdo
obrigatório,
mas
não
exclusivo,
do
componente curricular de que trata o § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei n. 11.769, de 2008) §
7º
Os
princípios
currículos da
do
proteção
ensino e
defesa
fundamental civil
e
a
e
médio
educação
devem
ambiental
incluir de
os
forma
integrada aos conteúdos obrigatórios. (Incluído pela Lei n. 12.608, de 2012) §
8º A
exibição de filmes de produção nacional constituirá
componente
curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo
a sua exibição obrigatória por, no mínimo, duas horas mensais. (Incluído pela Lei n. 13.006, de 2014) § 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei n. 13.010, de 2014) Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena. (Redação dada pela Lei n. 11.645, de 2008). § 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade
nacional,
resgatando
as
suas
contribuições
nas
áreas
social,
econômica e política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela Lei n. 11.645, de 2008). § 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas
brasileiros
serão
ministrados
no
âmbito
de
todo
o
currículo
escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. (Redação dada pela Lei n. 11.645, de 2008). Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes: I
-
a
difusão
de
valores
fundamentais
ao
interesse
social,
aos
direitos
e
deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática; II
-
consideração
das
condições
de
escolaridade
dos
alunos
em
cada
estabelecimento; III - orientação para o trabalho; IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais.
Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino
promoverão
as
adaptações
necessárias
à
sua
adequação
às
peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. Parágrafo
único.
quilombolas
será
O
fechamento
precedido
de
de
escolas
do
campo,
manifestação
do
órgão
indígenas
normativo
e do
respectivo sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar. (Incluído pela Lei n. 12.960, de 2014)
SEÇÃO II DA EDUCAÇÃO INFANTIL Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5
anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) Art. 30. A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até 3 anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de 4 a 5 anos de idade. (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças,
sem
o
objetivo
de
promoção,
mesmo
para
fundamental; (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013)
o
acesso
ao
ensino
II - carga horária mínima anual de oitocentas horas, distribuída por um mínimo de duzentos dias de trabalho educacional; (Incluído pela
Lei n.
12.796, de 2013) III - atendimento à criança de, no mínimo, quatro horas diárias para o turno parcial e de sete horas para a jornada integral; (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a
frequência
mínima
de
60%
(sessenta
por
cento)
do
total
de
horas;
(Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) V
-
expedição
de
documentação
que
permita
atestar
os
processos
de
desenvolvimento e aprendizagem da criança. (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013)
SEÇÃO III DO ENSINO FUNDAMENTAL Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 anos, gratuito na
escola
pública,
iniciando-se aos 6
anos de idade,
terá
por objetivo a
formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei n. 11.274, de 2006) I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos.
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar
no
ensino
fundamental
o
regime
de
progressão
continuada,
sem
prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino. § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. §
4º
O
ensino
utilizado
fundamental
como
será
presencial,
complementação
da
sendo
o
ensino
aprendizagem
ou
a
em
distância situações
emergenciais. §
5º
O
currículo
do
ensino
fundamental
incluirá,
obrigatoriamente,
conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei n. 11.525, de 2007). §
6º
O
estudo
transversal
nos
sobre
os
currículos
símbolos do
nacionais
ensino
será
fundamental.
incluído
como
(Incluído
pela
tema Lei
n.
12.472, de 2011). Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural
religiosa
do
Brasil,
vedadas
quaisquer
formas
de
proselitismo.
(Redação dada pela Lei n. 9.475, de 22.7.1997) §
1º
Os
sistemas
de
ensino
regulamentarão
os
procedimentos
para
a
definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação
e
admissão
dos
professores.
(Incluído
pela
Lei
n.
9.475,
de
22.7.1997) §
2º
Os
sistemas
diferentes
de
ensino
denominações
ouvirão
religiosas,
entidade
para
a
civil,
definição
constituída dos
pelas
conteúdos
do
ensino religioso. (Incluído pela Lei n. 9.475, de 22.7.1997) Art.
34.
A
jornada
escolar
no
ensino
fundamental
incluirá
pelo
menos
quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente
ampliado o período de permanência na escola. § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização autorizadas nesta Lei. §
2º O
ensino fundamental será
ministrado progressivamente em tempo
integral, a critério dos sistemas de ensino.
SEÇÃO IV DO ENSINO M ÉDIO Art.
35.
O
ensino
médio,
etapa
final
da
educação
básica,
com
duração
mínima de três anos, terá como finalidades: I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III
- o aprimoramento do educando como pessoa
formação
ética
e
o
desenvolvimento
da
humana,
autonomia
incluindo a
intelectual
e
do
pensamento crítico; IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando
a
teoria
com
a
prática,
no
ensino
de
cada
disciplina. Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes: I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência,
das
sociedade
letras
e das
da
cultura;
e
artes; a
o processo histórico de transformação da
língua
portuguesa
como
instrumento
de
comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania; II
-
adotará
metodologias
iniciativa dos estudantes;
de
ensino
e
de
avaliação
que
estimulem
a
III
-
será
incluída
uma
língua
estrangeira
moderna,
como
disciplina
obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição. IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio. (Incluído pela Lei n. 11.684, de 2008) §
1º
Os
conteúdos,
organizados
de
tal
as
metodologias
forma
que
ao
e
final
as
formas
do
ensino
de
avaliação
médio
o
serão
educando
demonstre: I
-
domínio
dos
princípios
científicos
e
tecnológicos
que
presidem
a
produção moderna; II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem; § 3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de estudos.
SEÇÃO IV-A DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL M ÉDIO(INCLUÍDO PELA L EI N. 11.741, DE 2008) Art. 36-A. Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Capítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas. (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação
profissional
estabelecimentos
de
poderão
ensino
médio
ser ou
desenvolvidas
em
cooperação
nos com
próprios instituições
especializadas em educação profissional. (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível médio será desenvolvida nas seguintes formas: (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) I - articulada com o ensino médio; (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha concluído o ensino médio.(Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008)
Parágrafo
único.
A
educação
profissional
técnica
de
nível
médio
deverá
observar: (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curriculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação; (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) II - as normas complementares dos respectivos sistemas de ensino; (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) Art.
36-C.
A
educação
profissional
técnica
de
nível
médio
articulada,
prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei, será desenvolvida de forma: (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) I
-
integrada,
fundamental,
oferecida sendo
o
somente
curso
habilitação profissional
a
quem
planejado
técnica
de nível
de
já
tenha
modo
médio,
a
na
concluído conduzir
mesma
o
o
ensino
aluno
à
instituição de
ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o esteja cursando,
efetuando-se
matrículas
distintas
para
cada
curso,
e
podendo
ocorrer: (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) a)
na
mesma
instituição
de
ensino,
aproveitando-se
as
oportunidades
educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) b) em instituições
de ensino distintas,
aproveitando-se as
oportunidades
educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) c)
em
instituições
de
ensino
distintas,
mediante
convênios
de
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico unificado. (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível médio,
quando
prosseguimento
registrados, de
11.741, de 2008)
estudos
terão
na
validade
educação
nacional
superior.
e
habilitarão
(Incluído
pela
Lei
ao n.
Parágrafo único. Os cursos de educação profissional técnica de nível médio, nas formas articulada concomitante e subsequente, quando estruturados e organizados
em
certificados
de
etapas
com
qualificação
aproveitamento,
de
cada
terminalidade, para
etapa
o
que
possibilitarão
trabalho caracterize
após uma
a
a
obtenção
conclusão,
qualificação
de
com
para
o
trabalho. (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008)
SEÇÃO V DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. §
1º
Os
adultos,
sistemas que
de
não
ensino
assegurarão
puderam
efetuar
gratuitamente
os
estudos
aos
na
jovens
idade
e
aos
regular,
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. § 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente, com a educação profissional, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão
a
base
nacional
comum
do
currículo,
habilitando
ao
prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de 15 anos; II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de 18 anos. § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.
CAPÍTULO III DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA (REDAÇÃO DADA PELA L EI N. 11.741, DE 2008) Art.
39.
A
objetivos
educação
da
modalidades
profissional
educação de
e
nacional,
educação
e
às
tecnológica,
integra-se
dimensões
do
no
aos
cumprimento
diferentes
trabalho,
da
dos
níveis
ciência
e
e da
tecnologia.(Redação dada pela Lei n. 11.741, de 2008) §
1º
Os
cursos
de
educação
profissional
e
tecnológica
poderão
ser
organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do respectivo sistema e nível de ensino. (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) § 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá os seguintes cursos: (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) I – de formação inicial e continuada ou qualificação profissional; (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) II – de educação profissional técnica de nível médio; (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós-graduação. (Incluído pela Lei n. 11.741, de 2008) § 3º Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pósgraduação duração, pelo
organizar-se-ão,
no
de acordo com as
Conselho
Nacional
de
que
concerne
diretrizes Educação.
a
objetivos,
curriculares (Incluído
características
nacionais pela
Lei
e
estabelecidas
n.
11.741,
de
2008) Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou
por diferentes estratégias de educação continuada,
instituições especializadas ou no ambiente de trabalho.
em
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional e tecnológica, inclusive
no
trabalho,
poderá
ser
objeto
de
avaliação,
reconhecimento
e
certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos.(Redação dada pela Lei n. 11.741, de 2008) Art. 42. As instituições de educação profissional e tecnológica, além dos seus cursos
regulares,
condicionada
oferecerão
a
matrícula
cursos à
especiais,
capacidade
abertos
de
à
comunidade,
aproveitamento
e
não
necessariamente ao nível de escolaridade. (Redação dada pela Lei n. 11.741, de 2008)
CAPÍTULO IV DA EDUCAÇÃO SUPERIOR Art. 43. A educação superior tem por finalidade: I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV
-
promover
a
divulgação
de
conhecimentos
culturais,
científicos
e
técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos
numa
estrutura
intelectual
sistematizadora
do
conhecimento de cada geração; VI
-
estimular
particular
os
o
conhecimento
nacionais
e
dos
problemas
regionais,
prestar
do
mundo
serviços
presente,
em
especializados
à
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão
das
conquistas
e
benefícios
resultantes
da
criação
cultural
e
da
pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramento da educação básica, mediante a formação e a capacitação de profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis escolares. (Incluído pela Lei n. 13.174, de 2015) Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas: I
-
cursos
sequenciais
por
campo
de
saber,
de
diferentes
níveis
de
abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino, desde que tenham concluído o ensino médio ou equivalente; (Redação dada pela Lei n. 11.632, de 2007). II - de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo seletivo; III
-
de
pós-graduação,
doutorado,
compreendendo
cursos de especialização,
programas
de
mestrado
aperfeiçoamento e outros,
e
abertos a
candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino; IV
-
de
extensão,
abertos
a
candidatos
que
atendam
aos
requisitos
estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino. § 1º. Os resultados do processo seletivo referido no inciso II do caput deste artigo serão tornados públicos pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória a divulgação da relação nominal dos classificados, a respectiva ordem
de
classificação,
matrícula,
de
acordo
constantes
do
respectivo
bem
com
como os
edital.
do
critérios
cronograma para
(Incluído
pela
das
chamadas
preenchimento Lei
n.
11.331,
para
das
vagas
de
2006)
(Renumerado do parágrafo único para § 1º pela Lei n. 13.184, de 2015) § 2º No caso de empate no processo seletivo, as instituições públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao candidato que comprove ter renda familiar inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor renda
familiar,
quando
mais
de
um
candidato
preencher
o
critério
inicial.
(Incluído pela Lei n. 13.184, de 2015) Art.
45.
superior,
A
educação
públicas
superior
ou
será
privadas,
ministrada
com
variados
em
instituições
graus
de
de
ensino
abrangência
ou
especialização. Art.
46.
A
autorização
e
o
reconhecimento
de
cursos,
bem
como
o
credenciamento de instituições de educação superior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, após processo regular de avaliação. (Vide Lei n. 10.870, de 2004) §
1º
Após
um
prazo
para
saneamento
de
deficiências
eventualmente
identificadas pela avaliação a que se refere este artigo, haverá reavaliação, que
poderá
habilitações,
resultar,
conforme
em intervenção na
o
caso,
em
instituição,
desativação
de
cursos
em suspensão temporária
e de
prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento. (Vide Lei n. 10.870, de 2004) § 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo responsável por sua manutenção acompanhará o processo de saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários, para a superação das deficiências. Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver. §
1º
As
letivo,
os
duração,
instituições programas requisitos,
informarão dos
cursos
qualificação
aos e
interessados,
demais
dos
antes
componentes
professores,
de
cada
período
curriculares,
recursos
sua
disponíveis
e
critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições, e a publicação
deve
ser
feita,
sendo
as
3
(três)
primeiras
formas
concomitantemente: (Redação dada pela Lei n. 13.168, de 2015) I - em página específica na internet no sítio eletrônico oficial da instituição de ensino superior, obedecido o seguinte: (Incluído pela Lei n. 13.168, de 2015) a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como título “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela Lei n. 13.168, de 2015)
b) a página principal da instituição de ensino superior, bem como a página da
oferta
de
seus
cursos
aos
ingressantes
sob
a
forma
de
vestibulares,
processo seletivo e outras com a mesma finalidade, deve conter a ligação desta com a página específica prevista neste inciso; (Incluída pela Lei n. 13.168, de 2015) c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio eletrônico, deve criar página específica para divulgação das informações de que trata esta Lei; (Incluída pela Lei n. 13.168, de 2015) d)
a
página
específica
deve
conter
a
data
completa
de
sua
última
atualização; (Incluída pela Lei n. 13.168, de 2015) II - em toda propaganda eletrônica da instituição de ensino superior, por meio de ligação para a página referida no inciso I; (Incluído pela Lei n. 13.168, de 2015) III - em local visível da instituição de ensino superior e de fácil acesso ao público; (Incluído pela Lei n. 13.168, de 2015) IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de acordo com a duração das
disciplinas
de cada
curso oferecido,
observando o seguinte:
(Incluído pela Lei n. 13.168, de 2015) a)
caso
o
curso
mantenha
disciplinas
com
duração
diferenciada,
a
publicação deve ser semestral; (Incluída pela Lei n. 13.168, de 2015) b) a publicação deve ser feita até um mês antes do início das aulas; (Incluída pela Lei n. 13.168, de 2015) c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo docente até o início das aulas, os alunos devem ser comunicados sobre as alterações; (Incluída pela Lei n. 13.168, de 2015) V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela Lei n. 13.168, de 2015) a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de ensino superior; (Incluída pela Lei n. 13.168, de 2015) b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular de cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela Lei n. 13.168, de 2015)
c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas em cada curso, as disciplinas
que
efetivamente
ministrará
naquele
curso
ou
cursos,
sua
titulação, abrangendo a qualificação profissional do docente e o tempo de casa do docente, de forma total, contínua ou intermitente. (Incluída pela Lei n. 13.168, de 2015) §
2º Os
alunos
demonstrado específicos,
que tenham extraordinário
por
meio
aplicados
de
por
aproveitamento
provas
e
outros
instrumentos
banca
examinadora
especial,
nos de
estudos, avaliação
poderão
ter
abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino. § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores, salvo nos programas de educação a distância. § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no período noturno, cursos
de
graduação
nos
mesmos
padrões
de
qualidade
mantidos
no
período diurno, sendo obrigatória a oferta noturna nas instituições públicas, garantida a necessária previsão orçamentária. Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por seu titular. §
1º Os
diplomas
expedidos
registrados,
e aqueles
registrados
em
pelas universidades serão por elas próprias
conferidos
universidades
por instituições
indicadas
pelo
não universitárias Conselho
serão
Nacional
de
Educação. § 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível
e
área
ou
equivalente,
respeitando-se
os
acordos
internacionais
de
reciprocidade ou equiparação. § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos
de
pós-graduação
reconhecidos
e
avaliados,
na
mesma
área
de
conhecimento e em nível equivalente ou superior. Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a transferência de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese de existência de vagas, e
mediante processo seletivo. Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na forma da lei. Art.
50.
vagas,
As
instituições
abrirão
regulares
de
matrícula
que
educação
nas
superior,
disciplinas
demonstrarem
de
capacidade
quando
seus
de
da
ocorrência
cursos
cursá-las
a
alunos
com
de
não
proveito,
mediante processo seletivo prévio. Art.
51.
As
instituições
de
educação
superior
credenciadas
como
universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino médio,
articulando-se com os
órgãos
normativos
dos
sistemas
de
ensino. Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros
profissionais
de
nível
superior,
de
pesquisa,
de
extensão
e
de
domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por: I
- produção intelectual institucionalizada
mediante o estudo sistemático
dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional; II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral. Parágrafo único. É facultada a criação de universidades especializadas por campo do saber. Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições: I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior
previstos
nesta
Lei,
obedecendo
às
normas
gerais
da
União
e,
quando for o caso, do respectivo sistema de ensino; II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes; III
-
estabelecer
planos,
programas
e
projetos
produção artística e atividades de extensão;
de
pesquisa
científica,
IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências do seu meio; V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas gerais atinentes; VI - conferir graus, diplomas e outros títulos; VII - firmar contratos, acordos e convênios; VIII
- aprovar e executar planos,
referentes a
obras,
programas e projetos de investimentos
serviços e aquisições em geral,
bem como administrar
rendimentos conforme dispositivos institucionais; IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos estatutos; X - receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação financeira resultante de convênios com entidades públicas e privadas. Parágrafo
único.
universidades,
Para
caberá
garantir
aos
seus
a
autonomia
colegiados
de
didático-científica
ensino
e
pesquisa
das
decidir,
dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre: I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos; II - ampliação e diminuição de vagas; III - elaboração da programação dos cursos; IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão; V - contratação e dispensa de professores; VI - planos de carreira docente. Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão, na forma da lei,
de
estatuto
jurídico
especial
para
atender
às
peculiaridades
de
sua
estrutura, organização e financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal. § 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas poderão:
I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo, assim como um plano de cargos e salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos disponíveis; II - elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as normas gerais concernentes; III
-
aprovar
e
executar
planos,
programas
e
projetos
de
investimentos
referentes a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo Poder mantenedor; IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas peculiaridades de organização e funcionamento; VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do Poder
competente,
para
aquisição
de
bens
imóveis,
instalações
e
equipamentos; VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de ordem orçamentária, financeira e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho. §
2º
Atribuições
instituições
que
de
autonomia
comprovem
alta
universitária
poderão
qualificação
para
o
ser
estendidas
ensino
ou
para
a a
pesquisa, com base em avaliação realizada pelo Poder Público. Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral, recursos suficientes para manutenção e desenvolvimento das instituições de educação superior por ela mantidas. Art.
56.
princípio
As
instituições
da
gestão
públicas
democrática,
de
educação
assegurada
superior a
obedecerão
existência
de
ao
órgãos
colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos da comunidade institucional, local e regional. Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da
elaboração
e
modificações
escolha de dirigentes.
estatutárias
e
regimentais,
bem
como
da
Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de aulas.
CAPÍTULO V DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Art.
58.
Entende-se
por
educação
especial,
para
os
efeitos
desta
Lei,
a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino,
para
educandos
com
deficiência,
transtornos
globais
do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. §
3º A oferta
de educação especial,
dever constitucional do Estado,
tem
início na faixa etária de 0 a 6 anos, durante a educação infantil. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) I
-
currículos,
métodos,
técnicas,
recursos
educativos
e
organização
específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido
para
a
conclusão
do
ensino
fundamental,
em
virtude
de
suas
deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida
em
sociedade,
inclusive
condições
adequadas
para
os
que
não
revelarem
capacidade
articulação
com
apresentam
uma
os
de
inserção
órgãos
oficiais
habilidade
no
trabalho
afins,
superior
bem
nas
competitivo,
como
áreas
para
artística,
mediante
aqueles
que
intelectual
ou
psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro nacional de alunos com altas habilidades ou superdotação matriculados na educação
superior,
a
fim
de
fomentar
a
execução
educação básica de
políticas
e na
públicas
destinadas ao desenvolvimento pleno das potencialidades desse alunado. (Incluído pela Lei n. 13.234, de 2015) Parágrafo único. A identificação precoce de alunos com altas habilidades ou superdotação,
os
critérios
e
procedimentos
para
inclusão
no
cadastro
referido no caput deste artigo, as entidades responsáveis pelo cadastramento, os
mecanismos
de
acesso
aos
dados
do
cadastro
e
as
políticas
de
desenvolvimento das potencialidades do alunado de que trata o caput serão definidos em regulamento. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação
do
atendimento
aos
educandos
com
deficiência,
transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013)
TÍTULO VI DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos,
são: (Redação dada pela Lei n. 12.014, de 2009) I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; (Redação dada pela Lei n. 12.014, de 2009) II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação
em
administração,
planejamento,
supervisão,
inspeção
e
orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; (Redação dada pela Lei n. 12.014, de 2009) III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. (Incluído pela Lei n. 12.014, de 2009) Parágrafo único.
A
formação dos profissionais da
educação,
de modo a
atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos: (Incluído pela Lei n. 12.014, de 2009) I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos
científicos
e
sociais
de
suas
competências
de
trabalho;
(Incluído pela Lei n. 12.014, de 2009) II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; (Incluído pela Lei n. 12.014, de 2009) III
–
o
aproveitamento
da
formação
e
experiências
anteriores,
em
instituições de ensino e em outras atividades. (Incluído pela Lei n. 12.014, de 2009) Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível
superior,
em
curso
de
licenciatura,
de
graduação
plena,
em
universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima
para
primeiros
o exercício do magistério na
anos
do
ensino
fundamental,
a
educação infantil e nos cinco oferecida
em
nível
médio
na
modalidade normal. (Redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013) § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração,
deverão
promover
a
formação
inicial,
a
continuada
e
a
capacitação dos profissionais de magistério. (Incluído pela Lei n. 12.056, de 2009).
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância. (Incluído pela Lei n. 12.056, de 2009). § 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a distância. (Incluído pela Lei n. 12.056, de 2009). §
4º
A
União,
o
Distrito
Federal,
os
Estados
e
os
Municípios
adotarão
mecanismos facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação de docentes em nível superior para atuar na educação básica pública. (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) § 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios incentivarão a formação
de
profissionais
do
magistério
para
atuar
na
educação
básica
pública mediante programa institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de educação superior. (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) § 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer nota mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino médio como pré-requisito para o ingresso em cursos de graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação - CNE. (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) § 7º (VETADO). (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou
superior,
incluindo
habilitações
tecnológicas.
(Incluído
pela
Lei
n.
12.796, de 2013) Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica
e
superiores
superior, de
incluindo
graduação
cursos
plena
ou
de
educação
tecnológicos
e
profissional, de
cursos
pós-graduação.
(Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: (Regulamento)
I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II - programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis. Art.
64.
A
formação
planejamento,
de
inspeção,
profissionais supervisão
de
e
educação
orientação
para
administração,
educacional
para
a
educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Art.
65.
A
formação
docente,
exceto
para
a
educação
superior,
incluirá
prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas. Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível
de
pós-graduação,
prioritariamente
em
programas
de
mestrado
e
doutorado. Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico. Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da
educação,
assegurando-lhes,
inclusive nos
termos
dos
estatutos
e dos
planos de carreira do magistério público: I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III - piso salarial profissional; IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho;
VI - condições adequadas de trabalho. § 1º A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino.(Renumerado pela Lei n. 11.301, de 2006) § 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8º do art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas,
quando exercidas em estabelecimento de educação básica
em
seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as
de direção de unidade escolar e as
de coordenação e assessoramento
pedagógico. (Incluído pela Lei n. 11.301, de 2006) § 3º A União prestará assistência técnica aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração de concursos públicos para provimento de cargos dos profissionais da educação. (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013)
TÍTULO VII DOS RECURSOS FINANCEIROS Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os originários de: I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - receita de transferências constitucionais e outras transferências; III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais; IV - receita de incentivos fiscais; V - outros recursos previstos em lei. Art.
69.
A
União
aplicará,
anualmente,
nunca
menos
de
dezoito,
e
os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que
consta
nas
respectivas
Constituições
ou
Leis
Orgânicas,
da
receita
resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento do ensino público.
§
1º
A
Estados,
parcela ao
da
arrecadação
Distrito
Federal
de
e
aos
impostos
transferida
Municípios,
ou
pela
pelos
União
aos
Estados
aos
respectivos Municípios, não será considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. §
2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos mencionadas
neste artigo as operações de crédito por antecipação de receita orçamentária de impostos. § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos mínimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura de créditos adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação. § 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente realizadas,
que
obrigatórios,
resultem
serão
no
apuradas
não e
atendimento
corrigidas
a
dos
cada
percentuais trimestre
do
mínimos exercício
financeiro. § 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação, observados os seguintes prazos: I
- recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia
de cada
mês,
até o
vigésimo dia; II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia de cada mês, até o trigésimo dia; III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de cada mês, até o décimo dia do mês subsequente. § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção monetária e à responsabilização civil e criminal das autoridades competentes. Art.
70.
Considerar-se-ão
como
de
manutenção
e
desenvolvimento
do
ensino as despesas realizadas com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos os níveis, compreendendo as que se destinam a:
I
-
remuneração
e
aperfeiçoamento
do
pessoal
docente
e
demais
profissionais da educação; II
-
aquisição,
manutenção,
construção
e
conservação
de
instalações
e
equipamentos necessários ao ensino; III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino; IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino; V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas; VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar. Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada
fora
dos
sistemas
de
ensino,
que
não
vise,
precipuamente,
ao
aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão; II - subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural; III - formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; IV
-
programas
odontológica,
suplementares
farmacêutica
e
de
alimentação,
psicológica,
e
outras
assistência formas
de
médico-
assistência
social; V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de
função
ou
em
atividade
alheia
à
manutenção
e
desenvolvimento
do
ensino. Art.
72.
As
receitas
e
despesas
com
manutenção
e
desenvolvimento
do
ensino serão apuradas e publicadas nos balanços do Poder Público, assim como nos
relatórios
a
que se refere o §
3º do art.
165
da
Constituição
Federal. Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, prioritariamente, na prestação de contas de recursos públicos, o cumprimento do disposto no art. 212 da Constituição Federal,
no art.
60
do Ato das
Disposições
Constitucionais
Transitórias e na legislação concernente. Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
estabelecerá
padrão
mínimo
de
oportunidades
educacionais
para o ensino fundamental, baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade. Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo será calculado pela União
ao
final
considerando
de
cada
variações
ano,
com
regionais
no
validade custo
para
dos
o
ano
insumos
subsequente, e
as
diversas
modalidades de ensino. Art.
75.
A
ação
supletiva
e
redistributiva
da
União
e
dos
Estados
será
exercida de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e garantir o padrão mínimo de qualidade de ensino. § 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula de domínio público que inclua a capacidade de atendimento e a medida do esforço fiscal do respectivo Estado,
do Distrito Federal ou
do Município em favor da
manutenção e do desenvolvimento do ensino. § 2º A capacidade de atendimento de cada governo será definida pela razão entre os recursos de uso constitucionalmente obrigatório na manutenção e desenvolvimento do ensino e o custo anual do aluno, relativo ao padrão mínimo de qualidade. § 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada estabelecimento de ensino, considerado o número de alunos que efetivamente frequentam a escola.
§ 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios se estes oferecerem vagas, na área de ensino de sua responsabilidade, conforme o inciso VI do art. 10 e o inciso V do art.
11
desta
Lei,
em número inferior à
sua
capacidade de
atendimento. Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo anterior ficará condicionada
ao
efetivo
cumprimento
pelos
Estados,
Distrito
Federal
e
Municípios do disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições legais. Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas que: I
-
comprovem
finalidade
não
lucrativa
e
não
distribuam
resultados,
dividendos, bonificações, participações ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto; II - apliquem seus excedentes financeiros em educação; III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades; IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos. § 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente na expansão da sua rede local. §
2º As atividades universitárias de pesquisa
e extensão poderão receber
apoio financeiro do Poder Público, inclusive mediante bolsas de estudo.
TÍTULO VIII DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais
de
fomento
à
cultura
e
de
assistência
aos
índios,
desenvolverá
programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos: I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas
memórias
históricas;
a
reafirmação
de
suas
identidades
étnicas;
a
valorização de suas línguas e ciências; II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos
técnicos
e
científicos
da
sociedade
nacional
e
demais
sociedades indígenas e não índias. Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sistemas de ensino no provimento
da
educação
intercultural
às
comunidades
indígenas,
desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa. §
1º
Os
programas
serão
planejados
com
audiência
das
comunidades
indígenas. § 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos: I
-
fortalecer
as
práticas
socioculturais
e
a
língua
materna
de
cada
comunidade indígena; II - manter programas de formação de pessoal especializado, destinado à educação escolar nas comunidades indígenas; III
-
desenvolver
currículos
e
programas
específicos,
neles
incluindo
os
conteúdos culturais correspondentes às respectivas comunidades; IV
-
elaborar
e
publicar
sistematicamente
material
didático
específico
e
diferenciado. § 3º No que se refere à educação superior, sem prejuízo de outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á, nas universidades públicas e privadas, mediante a oferta de ensino e de assistência estudantil, assim como de estímulo à pesquisa e desenvolvimento de programas especiais. (Incluído pela Lei n. 12.416, de 2011) Art. 79-A. (VETADO) (Incluído pela Lei n. 10.639, de 9.1.2003) Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”.(Incluído pela Lei n. 10.639, de 9.1.2003)
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas
de
ensino
a
distância,
em
todos
os
níveis
e
modalidades
de
ensino, e de educação continuada. § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União. § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a distância. §
3º
As
normas
para
produção,
controle
e
avaliação
de
programas
de
educação a distância e a autorização para sua implementação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração entre os diferentes sistemas. § 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá: I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios de comunicação que sejam explorados mediante autorização, concessão ou permissão do poder público; (Redação dada pela Lei n. 12.603, de 2012) II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas; III
-
reserva
de
tempo
mínimo,
sem
ônus
para
o
Poder
Público,
pelos
concessionários de canais comerciais. Art.
81.
É
permitida
a
organização
de
cursos
ou
instituições
de
ensino
experimentais, desde que obedecidas as disposições desta Lei. Art.
82.
Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de realização de
estágio em sua jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria. (Redação dada pela Lei n. 11.788, de 2008) Art.
83.
O
ensino
militar
é
regulado
em
lei
específica,
admitida
a
equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de ensino. Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo com seu rendimento e seu plano de estudos.
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação própria poderá exigir a abertura de concurso público de provas e títulos para cargo de docente de instituição pública de ensino que estiver sendo ocupado por professor não concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos assegurados pelos arts. 41 da Constituição Federal e 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Art.
86.
As
instituições
de
educação
superior
constituídas
como
universidades integrar-se-ão, também, na sua condição de instituições de pesquisa,
ao
Sistema
Nacional
de
Ciência
e
Tecnologia,
nos
termos
da
legislação específica.
TÍTULO IX DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um ano a partir da publicação desta Lei. §
1º
A
União,
no
prazo
de
um
ano
a
partir
da
publicação
desta
Lei,
encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos. § 2º (Revogado pela Lei n. 12.796, de 2013) §
3º
O
Distrito
Federal,
cada
Estado
e
Município,
e,
supletivamente,
a
União, devem: (Redação dada pela Lei n. 11.330, de 2006) I (Revogado pela Lei n. 12.796, de 2013) II
-
prover
cursos
presenciais
ou
a
distância
aos
jovens
e
adultos
insuficientemente escolarizados; III
-
realizar
programas
de
capacitação
para
todos
os
professores
em
exercício, utilizando também, para isto, os recursos da educação a distância; IV
-
integrar
todos
os
estabelecimentos
de
ensino
fundamental
território ao sistema nacional de avaliação do rendimento escolar. § 4º (Revogado pela Lei n. 12.796, de 2013)
do
seu
§ 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino fundamental para o regime de escolas de tempo integral. § 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
bem
condicionadas
ao
como
a
dos
cumprimento
Estados do
art.
aos
212
seus
da
Municípios,
Constituição
ficam
Federal
e
dispositivos legais pertinentes pelos governos beneficiados. Art. 87-A. (VETADO). (Incluído pela Lei n. 12.796, de 2013) Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir da data de sua publicação. § 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos e regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos por estes estabelecidos. § 2º O prazo para que as universidades cumpram o disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos. Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de ensino. Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo Conselho Nacional de Educação ou,
mediante
delegação
deste,
pelos
órgãos
normativos
dos
sistemas
de
ensino, preservada a autonomia universitária. Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28
de novembro de 1968, não alteradas pelas Leis n.
9.131, de 24 de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis n. 5.692, de 11 de agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982,
e as demais leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer
outras disposições em contrário.
Brasília,
20
de
dezembro
de
1996;
175º
da
Independência
e
108º
da
República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Renato Souza
|conclusão
O contexto de implantação da atual LDB e a estratégia da resistência ativa
1. Mais uma oportunidade perdida utra
vez
deixamos
O
coordenadas construção
e
de
escapar
criar um
os
a
oportunidade
mecanismos
sistema
nacional
que de
de
traçar
viabilizassem
educação
as a
aberto,
abrangente, sólido e adequado às necessidades e aspirações da
população brasileira em seu conjunto. O esboço de um sistema nacional, traçado no “Manifesto dos Pioneiros
da
Educação
Nova”
de
1932,
enfrentou
resistências
expressas nas disputas em torno da elaboração da Constituição de 1934 e acabou inviabilizado com o advento do Estado Novo em 1937. A
nova
oportunidade
aberta
pela
Constituição
de
1946
e
materializada no projeto de LDB que deu entrada no Congresso Nacional em 1948 se viu engolfada no conflito escola particularescola pública e se deteve diante do avanço dos setores privatistas. Desta
vez, a
circunstância
da
elaboração
de uma
nova
LDB,
propiciada pela Constituição de 1988, criou novas esperanças que resultaram
frustradas
pela
ofensiva
neoconservadora
tornar-se politicamente hegemônica a partir de 1990.
que
logrou
À
vista
da
trajetória
percorrida,
transpusemos
o
limiar
do
século XXI sem termos conseguido realizar aquilo que a sociedade moderna se pôs como tarefa dos séculos XIX e XX: a educação pública nacional e democrática. Como resultado, o déficit histórico em matéria de educação foi se
acumulando
de
forma
a
neutralizar
os
pequenos
avanços
obtidos. Assim é que, em 1890 a taxa de analfabetismo estava em torno de 85% em relação à população total (12.213.356 para uma população de 14.333.915). No início da década de 1990, quando o projeto
da
atual
LDB
estava
em
discussão
na
Câmara
dos
Deputados, pode-se considerar que houve um progresso relativo, já que aquela taxa caiu para cerca de 30% (oficialmente registram-se 21,6% em relação à população de idade igual ou superior a 7 anos, o
que
projeta
tomando-se
uma
os
taxa
dados
de
do
33,68%
Censo
para
de
a
1991).
população No
total,
entanto,
se
considerarmos a população total (146.825.475, conforme o mesmo Censo de 91), veremos que 33,68% correspondem a 49.458.776. Portanto, o número absoluto de analfabetos quadruplicou. Vê-se, pois, que o déficit em termos absolutos tende a aumentar mesmo quando o Estado detém a iniciativa de formular políticas educacionais equacionar
que,
o
dentro
problema
dos
reduzindo
parâmetros as
taxas
vigentes,
relativas.
A
visam situação
acaba por se agravar, atingindo limites intoleráveis, num contexto em
que
o
Estado
transferindo-as neoliberal
para
adotada
busca
demitir-se
outras pelo
instâncias.
Governo
de
suas
Com
Collor,
responsabilidades
efeito,
a
orientação
prosseguida
pelo
de
Fernando Henrique Cardoso, ainda que parcialmente revertida nos Governos Lula e Dilma, é agora retomada com força no governo interino
e ilegítimo
de Michel
Temer. E essa orientação
política
caracteriza-se por políticas claudicantes: combinam
um
que
redução
reconhece
a
importância
da
educação
com
a
discurso dos
investimentos na área e apelos à iniciativa privada e organizações não
governamentais,
como
se
a
reponsabilidade
do
Estado
em
matéria de educação pudesse ser transferida para uma etérea “boa vontade pública”. A
situação
descrita
só
poderia
ser
revertida
com
a
clara
determinação do Estado de assumir a educação como prioridade número 1, com a consequente vontade política de realizar as ações concretas em que se expressa essa prioridade. Ilustremos o que foi dito com a questão orçamentária. A
Constituição
anualmente,
de
nunca
1988
menos
determina
de
dezoito,
que e
“a
os
União
Estados,
o
aplicará, Distrito
Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita
resultante
transferências,
na
de
impostos,
compreendida
manutenção
e
a
proveniente
desenvolvimento
do
de
ensino”
(artigo 212). Frise-se: na manutenção e desenvolvimento do ensino. Ora, manter significa garantir a continuidade do que já existe. Portanto, esse dispositivo supõe o sistema já instalado. Assim, se o sistema nacional de ensino estivesse já implantado e funcionando plenamente, isto é, se todas as crianças pudessem nele ingressar e permanecer até concluir com êxito o ensino fundamental, então tratar-se-ia apenas de mantê-lo funcionando e desenvolvê-lo, isto é, ampliá-lo na medida das novas necessidades postas pela sociedade. Quanto
à
manutenção,
portanto,
os
recursos
aí
alocados
deveriam, por um lado, garantir a infraestrutura, conservando-a e repondo os elementos consumidos no processo de funcionamento do
sistema;
e,
por
outro
lado,
deveriam
garantir
também
o
pagamento dos salários e as condições de trabalho dos professores e dos demais funcionários que atuam no sistema. Quanto ampliação
ao do
demográfico;
desenvolvimento, duas necessidades se impõem: a sistema
e
a
em
decorrência
atualização
do
do
sistema
eventual
pela
crescimento
incorporação
dos
avanços tecnológicos tanto em termos dos instrumentos e métodos como no que respeita ao aperfeiçoamento dos agentes da educação. Observa-se,
pois,
que
o
problema
da
manutenção
e
desenvolvimento do ensino estaria satisfatoriamente equacionado nos termos constitucionais, se o sistema já estivesse implantado e funcionando plenamente como o fizeram os principais países que instituíram os respectivos sistemas nacionais de ensino a partir do final do século XIX e início do século XX. Porque nós assim não procedemos, o déficit histórico foi se acumulando. O nosso problema, portanto, consiste no fato de que o sistema não está instalado. Será necessário fazê-lo. Mas para isso os recursos orçamentários regulares não
são
suficientes. Impõe-se um
plano
emergencial que permita investir maciçamente na construção do sistema, elevando-se substantivamente e em
termos
imediatos
o
percentual do PIB destinado à educação, o que implica o status de prioridade 1 e a vontade política de que se falou antes. Que isso é possível,
o
demonstram
os
países
que
implantaram
os
seus
sistemas, inclusive aqueles que o fizeram tardiamente como são os casos do Japão e da Coreia. Mas também o demonstra o nosso próprio
país através de projetos de impacto
que contaram
com
grandes investimentos públicos em decorrência da vontade política de torná-los realidade. Estão nesse caso a construção de Itaipu, as usinas nucleares de Angra dos Reis, o SIVAM, o gasoduto proveniente da Bolívia e o P ROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), conhecido como o
Programa
de
Recuperação
dos
Bancos.
Por
isso,
em
outra
oportunidade levantei a ideia, sugerindo-a, inclusive, ao MEC, de se criar uma espécie de P ROEN (Programa de Recuperação da Educação Nacional), através do qual seriam captados recursos de monta para viabilizar a implantação de nosso sistema de educação em âmbito
nacional logrando-se, assim, universalizar o ensino fundamental, erradicando definitivamente o analfabetismo. O
desfecho
da
tramitação
do
projeto
da
LDB
evidenciou,
porém, que no âmbito da educação a vontade política que acabou prevalecendo
operou em
sentido
contrário
ao
esforço
necessário
para se equacionar um problema que vem se arrastando há mais de um
século
e
que,
por
isso
mesmo,
já
não
pode
mais
ser
escamoteado e cuja gravidade é consensualmente reconhecida. Consequentemente,
também
os
conservadores,
em
razão
de
suas pretensões à hegemonia, não se podem furtar às proclamações da importância e prioridade da educação. Por isso, na tramitação da
LDB,
os
embates
se
deslocaram
para
questões
de
filigrana
jurídica, tendo como carro-chefe a palavra “inconstitucionalidade”. A
cada
proposta
que
implicasse
alguma
transformação
mais
significativa, se contrapunha a palavra mágica: “é inconstitucional; não pode. Essa iniciativa é privativa do presidente da República”. Ou então: “fere a autonomia dos Estados, dos Municípios, ou da iniciativa privada”. Ora,
houvesse
efetiva
vontade
política
por
parte
dos
setores
hegemônicos para se resolver o crônico problema da educação nesse país, tais dificuldades não existiriam. Nessa hipótese, a maioria dos problemas estariam
sequer
rápida
e
seriam
levantados.
facilmente
E
resolvidos.
aqueles Um
que
exemplo:
o
fossem
Digamos
que, diante de determinado dispositivo, se constate claramente que, segundo
a
Constituição, se trata, sem
dúvida, de uma
iniciativa
privativa do presidente da República. Então, chama-se o ministro da Educação, pede-se a ele que formule um projeto ou a minuta de um decreto, o presidente o encaminha, e o texto da LDB remete o assunto
para
o
disposto
no
ato
de
iniciativa
do
presidente
da
República. Pronto. Está resolvida a questão. Simples, fácil, rápido, descomplicado.
O problema, portanto, deve ser posto em outros termos. Cabe examiná-lo no quadro da correlação de forças determinada pelas mudanças
estruturais
e
conjunturais
que
estão
em
curso
no
contexto atual.
2. O contexto de implantação da LDB A conjuntura em que entrou em vigor a atual LDB, e que se estende até nossos dias, decorre de significativas transformações da base
material
Revolução
da
sociedade,
Industrial
cuja
identificadas
fundamentação
como
uma
nova
físico-científica
se
expressa na microeletrônica tendo como resultado a automação dos processos produtivos e a impregnação do conjunto da vida social pela informática. A
reestruturação
década
de
1970
produtiva
conduziu
à
exigida
pela
substituição
crise do
capitalista
fordismo
da
pelo
toyotismo. Se o fordismo operava com tecnologia pesada de base fixa
lançando
mão
de métodos
tayloristas
de racionalização
do
trabalho, o toyotismo opera com tecnologia leve e flexível baseada na microeletrônica, recorrendo a trabalhadores polivalentes. Diferentemente
da
Primeira
Revolução
Industrial,
quando
aconteceu a transferência de funções manuais para as máquinas, o que agora está ocorrendo é a transferência das próprias operações intelectuais para as máquinas. A
Primeira
simplificação
Revolução
dos
ofícios,
Industrial tendendo
conduziu à
a
supressão
uma da
crescente
qualificação
manual específica. Por sua vez, na Revolução Microeletrônica, ainda em curso, além das qualificações manuais específicas, também as qualificações intelectuais específicas tendem a desaparecer, o que traz
como
geral.
contrapartida
a
elevação
do
patamar
de qualificação
Com
efeito,
a
introdução
Revolução
Industrial,
específica,
impôs
ao
um
da
maquinaria,
dispensar
patamar
a
obra
exigência
mínimo
de
de
da
Primeira
qualificação
qualificação
geral,
equacionado no currículo da escola primária, como requisito para que os trabalhadores pudessem se adequar ao processo produtivo mecanizado. Mas, como assinalei em outro estudo (SAVIANI, 1994, p. 163-164), além de operar com as máquinas, era necessário realizar outras atividades como manutenção, reparos, ajustes das próprias máquinas, assim como o desenvolvimento de novos procedimentos laborais
e
adaptação
a
novas
circunstâncias.
Isso
levou
a
que
subsistissem, ainda, no interior da produção, tarefas que exigiam certas qualificações específicas, demandando um preparo intelectual também
específico
profissionais no
obtido
âmbito
por
meio
da
organização
das empresas ou do
sistema
de
cursos
de ensino,
tendo como referência o padrão escolar, mas determinados pelas necessidades do processo produtivo. Portanto, sobre a base geral e comum da escola primária, o sistema de ensino se bifurcou entre as escolas de formação geral e as escolas
técnicas.
Mas
estas,
não
estando
diretamente
ligadas
ao
processo de produção, tendiam a enfatizar as qualificações gerais (intelectuais)
em
detrimento
da
qualificação
específica.
Em
contrapartida, os cursos profissionalizantes, diretamente ligados à produção,
enfatizavam
os
aspectos
operacionais
vinculados
ao
exercício de tarefas específicas (intelectuais e manuais) no processo produtivo. É essa situação que vem sendo revolucionada. Ao transferir para as
máquinas,
intelectuais
agora
de
específicas,
base
eletrônica,
dispensa-se
a
inclusive exigência
as
operações
dos
cursos
profissionalizantes. Esse é um dos motivos pelos quais o modelo de profissionalização instituições
do
da tipo
Lei das
n.
5.692/1971
“Escolas
fracassou,
Técnicas
enquanto
Federais”,
por
enfatizarem
as
qualificações
intelectuais
gerais
em
articulação,
porém, com o trabalho produtivo, contêm maior potencial para responder
a
essas
novas
necessidades
desde
que
devidamente
reorientadas. Pode-se, pois, conjecturar que a
revolução
em
curso
alberga
virtualidades que, sendo desenvolvidas, conduziriam ao limiar da consumação
do
processo
de constituição
da escola como
forma
principal, dominante e generalizada de educação. Em consequência, a universalização de uma escola unitária que desenvolva ao máximo as potencialidades dos indivíduos conduzindo-os ao desabrochar pleno de suas faculdades espirituais-intelectuais, estaria deixando o terreno
da
utopia
para
se
converter
numa
exigência
posta
pelo
próprio desenvolvimento do processo produtivo. Efetivamente, o grau de desenvolvimento das forças produtivas nas
condições
da
atual
revolução
tecnológica
torna
essa
possibilidade factível, uma vez que praticamente toda a produção dos
bens
socialmente
necessários
passa
a
poder
ser
feita
por
complexos automáticos, liberando o homem para o usufruto de uma ampla margem de tempo livre possibilitando-lhe o cultivo do espírito,
a
criação
cultural,
o
desenvolvimento
pleno
de
suas
faculdades. No entanto, para que esse grau de desenvolvimento atingido pelas
forças
produtivas
possa
produzir
todos
os
seus
frutos,
beneficiando toda a humanidade, é necessário que se preencha uma condição:
a
apropriação
obstaculizado generalização tecnologias
pelas da
coletiva
relações
produção
avançadas,
de
sociais
baseada
dificultam
seus
resultados.
vigentes na
que,
isso
é
dificultando
a
incorporação
também
a
E
maciça
universalização
das da
escola unitária. Sabe-se,
com
efeito,
que
as
relações
sociais
próprias
da
sociedade capitalista se baseiam na apropriação privada dos meios
de produção e, consequentemente, dos produtos daí decorrentes. Assim, enquanto o capitalismo socializou a produção, ele manteve sob controle privado a apropriação. Nesse contexto, as revoluções tecnológicas se, por um lado, aumentam a capacidade de produção humana, por outro lado, têm sido feitas sob o signo do aumento da produtividade,
entendida
como
valorização
do
capital. Com
produtivas
humanas,
em
o
isso, o
lugar
incremento
da
margem
desenvolvimento
de
beneficiar
o
das
de
forças
conjunto
da
humanidade, redunda em benefício daquela parcela que detém a propriedade dos meios de produção. O panorama atual é, pois, atravessado por esta contradição: estão já disponíveis as condições tecnológicas capazes de produzir os bens necessários para manter todos
os
homens
num
nível
de
vida
altamente
confortável;
no
entanto, o incremento da produtividade produz o efeito contrário, provocando a exclusão e lançando na miséria um número crescente de seres humanos. Em suma, as transformações no âmbito econômico, ancoradas na
revolução
microeletrônica,
foram
acompanhadas
no
plano
social por um reordenamento nas relações de classe beneficiando os detentores do capital em detrimento da força de trabalho, para o que se foi instituindo, a nível político, uma nova relação Estadosociedade traduzida na orientação denominada neoliberal. Esse
processo
foi
ganhando
maior
visibilidade
a
partir
da
década de 1970 como resposta aos sinais de esgotamento da “Idade de Ouro”, período da grande expansão capitalista que se seguiu ao término
da
Certamente
Segunda não
terá
Guerra
sido
por
Mundial mera
(HOBSBAWM,
coincidência
que
1995). os
dois
maiores protagonistas da corrente neoliberal, Friedrich von Hayek e Milton Friedman tenham sido agraciados com o Prêmio Nobel de Economia respectivamente em 1974 e 1976. A tendência em pauta foi sendo articulada e difundida por organismos internacionais, à
testa o Banco Mundial, tendo sido assumida por alguns governos (Thatcher na Inglaterra e Reagan nos Estados Unidos) ao longo da década
de
1980,
tornando-se
hegemônica
na
década
de
1990,
favorecida pelo desmoronamento do chamado “socialismo real”. Uma
das
globalização,
características com
o
principais
consequente
desse
novo
enfraquecimento
quadro dos
é
a
Estados
Nacionais, o que faz com que a tendência dominante se reproduza de
forma
semelhante
nos
diferentes
países,
de
modo
especial
aqueles dependentes dos grandes centros produtores de tecnologia e que controlam as finanças, vale dizer, o fluxo de capitais. Tomando como eixo o livre mercado, advoga-se a redução do Estado através dos processos de privatização, desregulamentação, redução da carga tributária e extensão das leis de mercado mesmo para
aquelas
áreas
que
tradicionalmente
eram
consideradas
próprias da esfera pública e da alçada do Estado como a saúde, a previdência população
social
e
a
educação.
trabalhadora
e
das
E
as
forças
possíveis
políticas
a
resistências ela
da
articuladas
tendem a ser quebradas pelo crescente desemprego que repercute no enfraquecimento de suas organizações cujas lideranças se procura cooptar ou neutralizar. A atual LDB foi implantada, pois, num contexto de dificuldades para os setores populares e seus representantes progressistas, sendolhes a correlação de forças claramente desfavorável. Verificou-se, com efeito, um refluxo no ascendente processo de organização e nas grandes mobilizações que caracterizaram o campo educacional nos anos de 1980. Como enfrentar essa situação?
3. A estratégia da resistência ativa À vista dos elementos dispostos e tendo presente o desfecho da tramitação
do
projeto
de LDB no
Congresso
Nacional, resultou
inviável
que
as
forças
progressistas,
vale
dizer,
a
comunidade
educacional organizada, viessem a assumir a dianteira do processo de implantação da nova LDB. E a única alternativa que restou foi o desenvolvimento de formas de resistência. Tem-se constatado, entretanto, que as resistências às iniciativas de
política
educacional,
progressista, têm
por
se revestido
parte de um
do
movimento
crítico
e
caráter passivo. Quando
se
anuncia uma medida de política educacional, tendem a surgir vozes discordantes
que
expressam
suas
críticas,
formulam
objeções,
alertam para os riscos e apontam as consequências negativas que poderão advir, caso a medida proposta venha a ser efetivada. São, em
geral, manifestações individuais que, embora em
significativa
e
generalizados
representativa
entre
os
de
quantidade
preocupações
profissionais
que
e
militam
anseios
no
campo
educacional, acabam não ultrapassando o âmbito do exercício do direito de discordar. Ora, durante
esse o
procedimento
Governo
Collor,
podia não,
surtir
porém,
algum no
efeito
caso
de
prático
FHC.
Isso
porque no primeiro caso se tratava de um governo destituído de legitimidade, competência e sustentação política, razão pela qual, ocorrendo
resistências,
a
iniciativa
se
inviabilizava.
O
Governo
FHC, ao contrário, dispunha de legitimidade, competência e base política
para
resistências
fazer
valer
suas
contemporizava,
propostas.
alterava
a
Diante
tática
e,
de
através
eventuais de
nova
investida, acabava efetivando a sua proposta. Aos críticos só restava conviver com o fato consumado, tendo que se ajustar de algum modo à nova situação. Nesse
novo
contexto,
a
resistência
passiva
terminava
por
resultar inútil. Daí a necessidade de se passar à resistência ativa. Esta implica pelo menos duas condições: a primeira se refere à forma, isto
é, a
exigência
de que a
resistência
se manifeste não
apenas
individualmente,
mas
através
de
organizações
coletivas,
galvanizando fortemente os que foram atingidos, de algum modo, pelas
medidas
envolvendo,
anunciadas;
portanto,
a
a
segunda
formulação
diz de
respeito
ao
alternativas
conteúdo,
às
medidas
propostas, sem o que seria difícil conseguir a mobilização. O relativo impasse em que desembocou o encaminhamento da LDB
tem
a
ver
com
a
prevalência
da
resistência
passiva.
A
mobilização anterior se arrefeceu e a capacidade de resistência foi quebrada pela adoção da estratégia das reformas pontuais. A falta de
alternativas
a
essa
forma
de
encaminhamento
da
política
educacional, assim como ao seu conteúdo, imobilizou as chamadas “esquerdas”. Nesse contexto de crescente desemprego fazia todo o sentido que os sindicatos retomassem vigorosamente a luta pela redução da jornada de trabalho. Ora, esse é um ponto que tem importantes consequências Seção
no
referente
âmbito
à
da
educação
educação.
de
jovens
Quando e
comentamos
a
salientamos
a
adultos,
importância das medidas incluídas no Substitutivo Jorge Hage, em especial
a
redução
da
jornada
de
trabalho
para
viabilizar
a
frequência à escola. E observamos, diante da sua exclusão do texto aprovado, que medidas como essa não tinham mesmo chance de figurar no texto legal nesses tempos neoliberais em que os direitos dos trabalhadores tendem a ser comprimidos, senão eliminados, jamais expandidos. No entanto, embora a redução da jornada de trabalho contrarie a
orientação
política
desenvolvimento tecnológico, trabalho.
A
uma
da
dominante,
produção
maior
articulação
que
ela
permite,
produtividade entre
as
tem
em
respaldo
pelo menor
organizações
no
incremento tempo do
de
âmbito
educacional e as organizações operárias em torno desse objetivo comum, é um exemplo de como se pode acionar a estratégia da
resistência ativa. Além do mais, como se trata de pontos que a lei não
incluiu
mas
também
não
proibiu,
na
esteira
da
luta
pela
redução da jornada de trabalho é possível reintroduzir as outras medidas correlatas como
o
direito
a
horas de estudo
durante a
jornada de trabalho, recepção de programas de teleducação no local de trabalho, oferta de trabalho em tempo parcial etc., no próprio processo de implantação da LDB. E isso com base na Constituição e no artigo quinto da mesma LDB que considera que o acesso ao ensino como direito público subjetivo abrange também os jovens e adultos devendo, em consequência, lhes ser garantido pelo Estado. Vários
outros
exemplos
ilustrar como, através
da
poderiam
resistência
ser
mencionados
ativa, se poderia
para
ocupar os
espaços deixados pelas diversas lacunas ou omissões do texto da lei. Entretanto,
penso
que
a
referida
estratégia
poderá
ser
desencadeada sobre a base das duas instâncias consideradas centrais no projeto aprovado pela Câmara porque através delas se garantiria a
efetiva
participação
comunidade educacional.
da
população
educacional, Refiro-me
ao
nas
organizada,
decisões
Fórum
em
relativas
Nacional
de
especial à
da
política
Educação
e
ao
Conselho Nacional de Educação. No Primeiro Congresso Nacional de Educação, realizado em Belo Horizonte entre 31 de julho e 3 de agosto de 1996, colocou-se como tema central a reunião de subsídios para a elaboração do Plano
Nacional
partir
desse
Educação,
I
com
de Educação. Ocorreu-me, então, sugerir que, a CONED,
se
caráter
constituísse permanente
um e
Fórum
estruturado
Nacional à
base
de de
comissões técnicas, com a tarefa de levar a cabo um diagnóstico consistente a partir do
qual
se pudesse formular metas a curto,
médio e longo prazo e delinear os meios e as ações que permitissem viabilizá-las. A esse Fórum caberia a tarefa não apenas de formular
uma proposta de plano mas também de acompanhar e avaliar a execução do referido Plano Nacional de Educação. Nos
termos
do
parágrafo
primeiro
do
artigo
87
da
lei,
foi
atribuída à União a tarefa de encaminhar ao Congresso Nacional, no prazo de um ano, o Plano Nacional de Educação para os dez anos seguintes. Ora, o resultado do trabalho do Fórum, caso não houvesse
espaço
para
ser
incorporado
em
termos
oficiais,
se
constituiria como proposta alternativa àquela do MEC, podendo ser
eventualmente
considerada
pelo
Congresso
Nacional,
permanecendo, de qualquer modo, como referência para a análise e avaliação da execução e possível alteração do plano que viesse a ser aprovado. E foi o
que, de fato, aconteceu. No
já mencionado
I
CONED, assumiu-se a tarefa de construir, de forma democrática e coletiva,
um
consonância
projeto
com
as
de
Plano
aspirações
Nacional
da
de
Educação
em
sociedade brasileira. E, no
II
CONED, que também se realizou em Belo Horizonte, entre 6 e 9 de novembro de 1997, foi aprovado o “Plano Nacional de Educação: proposta da sociedade brasileira”. Foi esse projeto que, encabeçado pelo deputado Ivan Valente, então do PT-SP, e assinado por mais de
setenta
parlamentares
e
por
todos
os
líderes
partidários
da
oposição, deu entrada na Câmara dos Deputados em 10 de fevereiro de 1998, antecipando-se ao
projeto
do
governo
que, certamente
provocado pela iniciativa da oposição, foi protocolado dois dias depois. Mas essa iniciativa da oposição só foi possível pela estratégia da resistência ativa acionada pelo movimento dos educadores. Eis
como
se
pode
acionar
a
estratégia
da
resistência
ativa.
Resiste-se à tendência dominante mas formulando e apresentando proposta
alternativa
que,
pelo
conteúdo
e
pela
forma
de
mobilização, permite conduzir o embate com alguma chance de reverter a situação, senão imediatamente, acumulando energia para o momento em que a correlação de forças se tornar mais favorável.
A estratégia proposta parte da consideração de que a mudança da
situação
orientavam também
está as
nas
exigindo
forças
de
formas
alteração
esquerda,
de
luta.
nos
conceitos
com
O
a
que até então
consequente
conceito
de
alteração
Estado
está
se
“alargando”, quando se constata o espaço que vem sendo ocupado pelas
chamadas
organizações
não
governamentais,
o
mesmo
acontecendo com o conceito de partido. Por isso talvez esteja na hora
de retomarmos, de forma
atenta
às circunstâncias em
que
vivemos, a metodologia gramsciana de análise das situações, com os conceitos daí decorrentes como o de Estado ampliado, envolvendo a
articulação
entre
partido,
também
voltado
mais
partido
sociedade
ampliado,
diretamente
ideológico
que
política
abarcando
para
visa
e
à
a
sociedade tanto
sociedade
hegemonia
no
o
civil,
partido
política seio
e
o
de
político
quanto
da
o
sociedade
através dos organismos da sociedade civil. Em
suma,
respondem
às
há
transformações
necessidades
de
caráter
de desenvolvimento
orgânico
da
que
humanidade.
Contra essas não cabe resistir o que, aliás, seria reacionário. Tais transformações se manifestam, via de regra, na forma de crises de conjuntura
cuja
raiz
reside
nas
contradições
da
estrutura
social
vigente. Nesse quadro, eis como se configura a correlação de forças: uma
vez
estrutura
que de
os que
interesses são
dominantes
beneficiários,
procuram
busca-se
conservar
evitar
que
a as
contradições da estrutura vigente venham à tona, interpretando-se a crise conjuntural como um acidente de percurso, um desvio que não só pode como deve ser corrigido. Tais interesses caminham, pois, na direção de frear o processo histórico. Inversamente, os interesses dominados caminham na direção da aceleração camadas
do
processo
dominadas
a
histórico. E isto manutenção
da
porque não estrutura
e
interessa sim
a
às
sua
transformação, tendo em vista a construção de um novo tipo de
sociedade
livre
conjuntura
da
é
dominação.
vista
Nessa
efetivamente
perspectiva
como
a
crise
manifestação
de das
contradições da estrutura que devem ser explicitadas e superadas através da transformação da própria estrutura social. É este o embate que se pôs no processo de tramitação da LDB e no
encaminhamento
de sua implantação. Os que se identificam
com a forma social atualmente existente procuram responder às questões postas pela implantação da nova legislação educacional na direção
da
consolidação
do
status
quo,
evitando
mudanças
ou
incorporando aquelas inovações que concorram para esse objetivo. De outro lado, os que visam à transformação da ordem existente, se empenham
no
encaminhamento
das
questões
educacionais
em
sintonia com as necessidades de transformação. A Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que “estabelece as diretrizes e bases da educação nacional”, em vigor a partir de sua publicação no Diário Oficial da União de 23 de dezembro de 1996, embora
não
tenha
apontem
na
direção
estrutura
educacional
incorporado da
dispositivos
necessária
que
transformação
brasileira, ela, de si, não
da
claramente deficiente
impede que isso
venha a ocorrer. A abertura de perspectivas para a efetivação dessa possibilidade depende da nossa capacidade de forjar uma coesa vontade política capaz de transpor os limites que marcam a conjuntura presente. Enquanto prevalecer na política educacional a orientação de caráter neoliberal, a estratégia da resistência ativa será a nossa arma de luta. Com
ela
nos
hegemônica adequar
a
brasileira.
empenharemos
que
viabilize
educação
às
as
em
construir
transformações
necessidades
e
uma
nova
relação
indispensáveis
aspirações
da
para
população
|referências
Obs.:
Foram
incluídas
nas
referências,
além
das
obras
citadas,
aquelas
consultadas e que podem ser úteis aos leitores eventualmente interessados em aprofundar ou ampliar o estudo dos temas tratados no livro.
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|atividades do autor no processo de elaboração da LDB
01. Conferência sobre o tema “Em direção às Novas Diretrizes e Bases da Educação”, proferida por ocasião da X Reunião Anual da A NPEd, em Salvador-BA, em 13 de maio de 1987. 02. Palestra sobre “As Novas Diretrizes e Bases da Educação Nacional”,
proferida
na
Universidade
Estadual
de
Maringá,
no
Paraná, no dia 6 de abril de 1988, turno da tarde. 03. Aula inaugural sobre o tema “O novo papel da universidade no
Sistema
Nacional
de
Ensino”,
proferida
na
Universidade
Estadual de Maringá, no Paraná, no dia 6 de abril de 1988, turno da noite. 04. Conferência sobre “A educação na Nova LDB”, proferida na Universidade Federal da Paraíba, no dia 26 de maio de 1988, em João Pessoa. 05. sociais,
Coordenador políticos
do
Simpósio
e culturais
da
“Fundamentos
educação”,
realizado
filosóficos, na
V
CBE,
tendo discorrido sobre o tema “Os fundamentos da educação e a Nova LDB”, no dia 3 de agosto de 1988, em Brasília-DF. 06.
Palestra
sobre
“Autonomia
universitária”,
proferida
na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, no dia 24 de agosto de 1988. 07. Expositor no debate: “A discussão da LDB e o compromisso dos educadores”, organizado
pela A NDE, na Universidade de São
Paulo, em 01 de julho de 1988. 08.
Palestra
sobre
o
tema
“Da
Constituição
à
Nova
Lei
de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional”, proferida no dia 7 de
março de 1989, na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. 09.
Participação
no
Encontro
de
Professores
de
Geografia
e
História, abordando o tema “Os currículos de história e geografia e a Nova LDB”, realizado na USP, São Paulo, em 20 de março de 1989. 10. Palestra sobre o tema “O ensino de segundo grau e a ideia de politecnia” proferida no MEC-I NEP, em Brasília, no dia 8 junho de 1989, discorrendo sobre o lugar e o conteúdo do ensino de segundo grau no projeto da nova LDB. 11.
Exposição
sobre
o
tema
“A
questão
da
politecnia
e
a
formação do homem completo”, realizada no dia 13 de julho de 1989, no Simpósio “O quadro atual da LDB: pontos polêmicos e tendências”, na 41ª Reunião Anual da SBPC, em Fortaleza-CE. 12. Conferência sobre o tema “Os profissionais da educação e a nova LDB”, proferida no 4º Encontro da CONARCFE, em Belo Horizonte-MG, no dia 25 de julho de 1989. 13. Conferência sobre o tema “O projeto da LDB”, proferida em Candeias, Grande Salvador-BA, no dia 26 de julho de 1989. 14.
Conferência
sobre
o
tema
“Lei
de
Diretrizes
e
Bases
da
Educação Nacional”, proferida na Universidade Federal de Santa Maria, em Santa Maria-RS, em 5 de setembro de 1989. 15. “Educação e trabalho”. Exposição feita no Painel sobre o Projeto da LDB, na Câmara dos Deputados, em Brasília-DF, no dia 5 de outubro de 1989. 16. “A Nova Lei de Diretrizes e Bases” (Entrevista). Pro-Posições, Revista da FE-UNICAMP, n.1, mar. 1990. 17. “A educação pública e a conjuntura nacional”. Conferência proferida no I Seminário do Fórum Estadual em Defesa da Escola Pública na Nova LDB, no dia 27 de agosto de 1990, em São LuísMA.
18.
“Politecnia
e
formação
de
professores”.
Conferência
proferida aos professores de licenciatura na Universidade Federal do Maranhão,
no
dia
28
de
agosto
de
1990,
em
São
Luís-MA,
abordando a questão da formação de professores na nova LDB. 19.
“Diretrizes
e
Bases
da
Educação:
evolução
histórica
e
perspectivas atuais”. Mini-curso ministrado em Curitiba-PR, nos dias 15 e 16 de março de 1991. 20. “Nova LDB: em busca de uma síntese”. Palestra proferida no Curso
de
Política
Educacional
promovido
pelo
Programa
de
Estudos Pós-Graduados em Educação: Supervisão e Currículo da PUC/SP, no dia 24 de maio de 1991. 21. “A Nova Lei de Diretrizes e Bases”. Conferência proferida no dia 25 de outubro de 1991, na II Semana de Educação promovida pela
Faculdade
de
Ciências
e
Tecnologia
da
UNESP,
campus
de
Presidente Prudente-SP. 22.
“O
Nacional
em
novembro Defesa
Projeto
da
de
sua
da
fase
1992,
Escola
na
Lei
de
atual”. oitava
Pública,
Diretrizes
e
Bases
Conferência sessão
Gratuita
do e
da
proferida
Fórum
Educação em
19
Paranaense
Universal,
realizada
de em em
Curitiba-PR. 23.
“A
crise
da
educação
pública
no
contexto
pós-liberal:
implicações no projeto da nova LDB”. Conferência proferida na Universidade Federal de Santa Maria-RS, no dia 21 de dezembro de 1992. 24. “Dezembro de 1992: finalmente em votação o projeto das Diretrizes e Bases da Educação Nacional”. Revista de Educação da CNTE, ano I, n. 1, 1993, p. 19-30. 25. “A questão do Sistema Nacional de Ensino diante do atraso da
educação
LDB”.
brasileira:
Conferência
a
responsabilidade
proferida
em
12
de
do
projeto
março
Universidade Estadual do Ceará, em Fortaleza.
de
da
nova
1993,
na
26. “A Nova LDB”. Palestra proferida no Insituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, no dia 4 de maio de 1993. 27.
“A
Legislação Fórum
Lei
de
Diretrizes
Complementar”.
Paranaense
em
e
Bases
da
Educação
Nacional
Conferência
proferida
a
Defesa
da
Escola
Pública,
e
convite
a
do
Gratuita
e
Universal, no dia 13 de maio de 1993, em Curitiba. 28. Expositor no Painel “LDB e Conjuntura Nacional” realizado no dia 28 de junho de 1993 na Câmara Municipal de Goiânia-GO. 29. Conferência sobre a nova LDB proferida em 23 de outubro de
1993
no
Primeiro
Seminário
Arquidiocesano
de
Pastoral
da
Educação, promovido pela PUC de Campinas. 30. “Os fins da educação na nova LDB”. Conferência proferida no
dia
26
de
outubro
de
1993
no
colégio
“Culto
à
Ciência”,
promovida pela Secretaria Municipal de Educação de Campinas-SP. 31. Debatedor no
Seminário
“Leis e Planos de Educação
no
Brasil: Lei de Diretrizes e Bases e Plano Decenal”, promovido pelo Instituto de Estudos Avançados da USP, no dia 25 de abril de 1995 em São Paulo-SP. 32. “Um projeto para a universidade brasileira: a educação de 3º grau na LDB”. Exposição efetuada no “III Encontro Nacional de Professores do Ensino Superior das Escolas Particulares”, realizado em São Paulo-SP, de 2 a 4 de junho de 1995. 33.
“A
universidade
brasileira
e
a
política
de
formação
do
docente pesquisador no contexto da crise atual”. Aula inaugural do curso
de
mestrado
em
educação
da
Universidade
Federal
do
Maranhão, proferida em 25 de setembro de 1995 em São Luís-MA. 34. “Um projeto de uma nova educação, escola e universidade brasileira”.
Conferência
proferida
no
“II
Encontro
Educacional
Integrado e Olhares sobre o Futuro 2: desafio da qualidade nas condições contemporâneas do trabalho e da educação”, promovido
pelo Sindicato dos Professores (SINPRO), do Rio Grande do Sul, de 9 a 11 de outubro de 1995, em São Leopoldo-RS. 35.
Membro
“Cidadania
e
da
banca
educação:
examinadora análise
da
tese
comparativa
de dos
doutorado processos
redemocratizantes da Espanha e do Brasil, ressaltando luas Leis de Diretrizes e Bases”, de Ângela V. M. Fernandes, defendida na FEUNICAMP em 23 de novembro de 1995. 36. Participação como debatedor no IV Seminário do Projeto Educação: “As novas propostas governamentais para a educação brasileira”, promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no dia 3 de maio de 1996. 37. Membro
da
banca
do
exame de qualificação
da
tese de
doutorado “A LDB e o contexto nacional: o papel dos partidos políticos
na
elaboração
dos
projetos
(1988
a
1996)”, de Regina
Tereza Cestari Oliveira, realizado na FE-UNICAMP em 25 de junho de 1996. 38. “Políticas culturais na área de arte-educação”. Conferência proferida
no
II
Fórum
Goiano
sobre
Cultura,
promovido
pela
Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Goiânia-GO, de 15 a 18 de agosto de 1996. 39.
“A
Nova
LDB
e
as
perspectivas
da
educação
nacional”.
Conferência proferida no I Encontro Nacional de Normatização e Legislação Educacional realizado em Recife-PE, de 18 a 20 de agosto de 1996. 40.
Participação
como
expositor
e
debatedor
no
Seminário
sobre “Municipalização do Ensino”, realizado no dia 31 de agosto de
1996
por
iniciativa
da
Câmara
Municipal
de
Campinas
e
Secretaria Municipal de Educação de Campinas-SP. 41. “Brasil: educação para a elite e exclusão para a maioria” (Entrevista).
Revista
Comunicação
jan./abr. 1997, p. 63-77.
&
Educação,
ECA-USP,
n.
8,
42. “Educação não é filantropia” (Entrevista). Revista Presença Pedagógica, vol. 3, n. 13, jan./fev. 1997, p. 5-15.
|sobre o autor
Dermeval Saviani
raduado
G
filosofia
em da
filosofia educação
pela
PUC-SP
(PUC-SP,
(1966),
1971)
e
é
doutor
em
livre-docente
em
história da educação (UNICAMP, 1986), tendo realizado “estágio sênior” na Itália em 1994-1995.
Foi membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo, coordenador do Comitê de Educação do CNPq e coordenador de pós-graduação na UFSCAR, PUC-SP e UNICAMP, diretor associado da Faculdade
de
Educação
da
UNICAMP
e
sócio-fundador
da
A NPED,
CEDES, A NDE, CEDEC e SBHE, da qual foi o primeiro presidente. Autor de grande número de trabalhos publicados na forma de livros e de artigos
em
revistas
nacionais
e
internacionais,
concluiu
dezoito
projetos de pesquisa e orientou mais de uma centena de trabalhos acadêmicos. Emitiu grande número
de pareceres científicos para
agências de apoio à pesquisa, universidades, associações científicas, revistas e congressos da área de educação. Foi
condecorado,
em
1994,
com
a
medalha
do
mérito
educacional do Ministério da Educação; e recebeu da UNICAMP, em 1997, o Prêmio Zeferino Vaz de Produção Científica. Foi
contemplado
com
o
prêmio
Jabuti
em
2008
pela
publicação, em 2007, do livro História das ideias pedagógicas no Brasil, classificado em 1º lugar na área de Educação, Psicologia e
Psicanálise; em 2014, pela publicação, em 2013, do livro Aberturas para a história da educação, classificado
em
2º lugar na área de
Educação; em 2015, pela publicação, em 2014, do livro O lunar de Sepé: paixão, dilemas e perspectivas na educação, classificado entre os
dez
melhores
livros
da
área
de
Educação;
e
em
2016,
contemplado com o 2º lugar na categoria Educação e Pedagogia, pela publicação, em 2015, do livro História do tempo e tempo da história: estudos de historiografia e história da educação. Professor
emérito
da
UNICAMP,
pesquisador
emérito
do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
e
coordenador
geral
do
Grupo
de
Estudos
e
Pesquisas
“História, Sociedade e Educação no Brasil” (HISTEDBR), recebeu, em 17 de maio de 2017, o título de doutor honoris causa, outorgado pela Universidade Tiradentes (Aracaju/SE); e, em 7 de novembro de 2017, recebeu também o título de doutor honoris causa outorgado pela
Universidade
Federal
da
Paraíba
(João
Pessoa/PB).
Dando
continuidade a suas atividades docentes, permanece atuando como professor
titular
colaborador
pleno
Graduação em Educação da UNICAMP.
do
Programa
de
Pós-