A Crise Espiritual do Homem

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AUTOR DE O EGITO SECRETO, B ÍNOIB SECRETA, ETC.

p e n s a m e n t o

P A U L

B R U N T O N

CRISE

ESPIRITUAL

DO

HOMEM

Tradução de OCTÁVIO

MENDES

E D I T O R A

CAJADO

P E N S A M E N T O SÃO

PAULO

Í N D I C E

CAPÍTULO

I II

A Crise na Sociedade

7

Não Haverá um Mundo Melhor sem Homens Melhores

16

III

Idade da Máquina

23

IV

A Crise da Ciência e do Intelecto

33

O Ego em Evolução

48

VI

O Homem na Tribulação e na Felicidade

79

VII

A Vontade do Homem e a Vontade de Deus

100

O Mal em nosso Tempo

115

Deus é!

145

A Voz do Profeta

7S9

Os nossos Recursos Interiores

195

A Busca

213

V

VIII IX X XI XII XIII

O Chamado Silencioso

do E u Supremo

237

CAPÍTULO

A

O

CRISE

NA

I

SOCIEDADE

anterior à guerra procurou ansiosamente e avidam e n t e engoliu u m a dose e x c e s s i v a de p r a z e r p a r a d e l e i t a r os sentidos e de progresso p a r a a g r a d a r à m e n t e . Entretanto, tão p e q u e n o e r a o s e u c o n t r o l e sobre a v i d a que, p o u c o depois, êle se v i a forçado também a engolir u m a dose e x c e s s i v a de s o f r i m e n t o e dano. N o m o m e n t o exato do seu m a i o r t r i u n f o , ao alcançar a c o n q u i s t a s u p r e m a sobre a s c o i s a s m a t e r i a i s e as forças s u t i s , a civilização do m u n d o converteu-se e m tragédia. MUNDO

M u i t a gente e s p e r a v a e s u p u n h a que o f i m d a g u e r r a e o princípio d a p a z também s e r i a m o princípio de u m período de aflições c a d a vez m e n o r e s e n o r m a l i d a d e c a d a vez m a i o r . M u i t a gente e s p e r a v a e s u p u n h a que a s nações i n i c i a s s e m v i d a n o v a no t e r r e n o d a a m i z a d e e d a compreensão. M a s a história do m u n d o do após-guerra, que d e v e r i a t e r sido a história dês^e m o v i m e n t o t r i u n f a l do m a u p a r a o b o m , tornou-se, ao invés disso, a história do d e p l o r a d o m o v i m e n t o do m a u p a r a o p i o r . A p a z que se s e g u i u à g u e r r a , c o m o se vê, não é paz. Os t e m p o s posteriores à g u e r r a são dignos de n o t a p e l a s u p r e m a e x p e c t a t i v a , pelo caos desagradável e p e l a insegurança que d o m i n a m países i n t e i r o s e até c o n t i n e n t e s , e pelo e s t a d o de c r i s e i n i n t e r r u p t a . E x c e t u a n d o - s e u m a v i n t e n a de anos, a s c r i s e s vêm-se sucedendo s e m q u e se p o s s a v i s l u m b r a r - l h e s o fim. N u n c a até a g o r a u m número tão g r a n d e de pessoas se v i u m e r g u l h a d o e m t a m a n h a i n c e r t e z a , e m tão g r a n d e perp l e x i d a d e e inquietação. Os s i n a i s d e s s a situação são t a n t o s e tão c l a r o s que todos p o d e m lê-los. A s confusões começam c o m o café d a manhã. Movimentam-se com medonha rapidez. D i f i c i l m e n t e se p a s s a u m a s e m a n a s e m u m a sensação de proporções m u n d i a i s . Os j o r n a i s nos dão, n u m único número, o que e r a a n t e s a história de u m mês i n t e i r o . A s s u a s páginas

.nn.ternam e conturbam c o m relatos de n o v a s c r i s e s , q u e nos consumiam retesados e se seguem ^ mercados deprimidos a

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ÍSfi!

Expostos como estamos às agitações d a n o s s a e r a , é m a i s difícil do que nunca, para nós, m a n t e r a s e r e n i d a d e d e espírito. As notícias desaleníadoras nos são t r a n s m i t i d a s c o m d e m a s i a d a frequência c os medos perturbadores se t o r n a r a m tão i n s i d i o s o s que não nos permitem conservar a p l a c i d e z senão à c u s t a de ingentes esforços. S e m paz interior, sern segurança e x t e r n a , o homem moderno, que durante tanto t e m p o se c o n d o e u d o s seus antepassados da Antiguidade e d a I d a d e Média, c o n v e r teu-se hoje num objeto de piedade. E x i s t e m características alarmantes no crescimento do seu desequilíbrio e m o c i o n a l e da sua instabilidade mental. Há e m s u a m e n t e e há e m s u a vida excitações neuróticas e tumultos patológicos, paixões v e e m e n tes tes e e perigosas perigosas indecisões. IBHWHWW. Uma sombria implicação flui debaixo d a p a l e s t r a c o t i d i a n a do mundo. Os homens franzem i n t e r m i t e n t e m e n t e o c e n h o , preocupados, à medida que as suas esperanças se r e a c e n d e m e apagam, alternadamente. Vivem n u m a espera prolongada e numa ansiosa expectação. B u s c a m forças u m n o o u t r o , m a s não as encontram. 0 medo substitui a fé, e a p e r p l e x i d a d e e a confiança correm de u m lado p a r a o u t r o , n u m c o n s t a n t e vaivém. Há pressentimentos e m seus corações e a s s o m b r o e m suas mentes. E eles começam a p e r g u n t a r : — É éste o fim inglório a que nos c o n d u z gabada civilização moderna?

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As guerras e as crises p u s e r a m a n u a terrível p o t e n c i a l i dade para o mal que ainda se esconde no h o m e m , a d e s p e i t o da sua aparência civilizada. Não faz m u i t o t e m p o q u e êle supunha haver deixado para trás o s e l v a g i s m o , m a s a s s u a s atividades recentes e contemporâneas m o s t r a m p o s i t i v a m e n t e que isso não aconteceu. A verdadeira tragédia do n o s s o t e m p o nao reside tanto nos próprios a c o n t e c i m e n t o s e x t e r n o s , s e m r\tZT ' ° g é n c i a ética e n a e n f e r m i d a d e e s p i ei a reza O - que eles r e v e l a m c o m t a n t a e dos icwHrc -° . ° . * W esforços i m p r e s s i o n a n t e s tS

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v e r u m pouco menos do velado b a r b a r i s m o , do m a t e r i a l i s m o s e m d i s c e r n i m e n t o e do violento egoísmo que têm campeado, tão agressivos, e m nosso próprio tempo. Terá, p o r v e n t u r a , c a d a época de a p r e n d e r de novo a s u a Ética? J a m a i s descansará, a c a s o , a a l m a e r r a n t e do h o m e m ? O m u n d o está p e j a d o de experiência, m a s ela, ao que tudo i n d i c a não nos v a l e e m nossa h o r a de precisão. A t r i s t e confusão do nosso t e m p o p a r e c e c o m p l e t a . Não é necessário traçar u m q u a d r o vívido d a s condições, tão m a n i festas à m a i o r i a dos e x a u s t o s h a b i t a n t e s deste p l a n e t a a t o r m e n tado. O c i e n t i s t a que t r a b a l h a e m seu laboratório, o político que d e c l a m a do alto dos seus p a l a n q u e s , o h i s t o r i a d o r c o m os olhos fitos nos r e g i s t r o s de séculos d e s a p a r e c i d o s , o e c o n o m i s t a c o m as suas c e r r a d a s f i l e i r a s de c i f r a s , o clérigo p e r p l e x o diante d a s páginas apocalípticas d a s e s c r i t u r a s , e o soldado a t e n t o às paixões n a c i o n a i s — todos, por igual, nos oferecem as suas opiniões, a s s u a s vigorosas convicções c a s s u a s p a n a c e i a s preferidas. N ã o devemos d u v i d a r dc que o que eles têm p a r a oferecer-nos p o s s u a u m a dose m a i o r ou m e n o r de v e r d a d e , m a s q u a n d o o u v i m o s todas a s suas vozes ao m e s m o tempo é c o m o se tivéssemos sido t r a n s p l a n t a d o s p a r a a l g u m a m o d e r n a torre de B a b e l , tão c o n f l i t a n t e s e contraditórias são as suas explicações d e s c r i t i v a s e a s s u a s p r e s c r i t i v a s sugestões. Os escuros p r o b l e m a s da n o s s a e r a não são de fácil solução p a r a os professores, que também não p o d e m m a n d a r os amigos do género h u m a n o saírem p e l a noite a f o r a a f i m de se a c o n s e l h a r e m c o m as e s t r e l a s . S e a c r i s e e s c l a r e c e u m u i t a coisa p a r a u m a s poucas cabeças, c o n f u n d i u tudo p a r a m u i t a s . E s t a s já não s a b e m p a r a onde voltar-se e m b u s c a da v e r d a d e , n e m no que devem a c r e d i t a r no presente, n e m t a m p o u c o o que e s p e r a r do f u t u r o . Sentem-se a t a r a n t a d a s pelas i n c e r t e z a s p a r a l i s a n t e s , e a c a b r u n h a d a s d i a n t e d a s t r e m e n d a s m a n c h e t e s que o l h a m todos os d i a s p a r a elas do a l t o d a s páginas dos j o r n a i s . E s s e s a c o n t e c i m e n t o s fazem c o m que a m a i o r i a se s i n t a c o m o que i m p e l i d a de c a m b u l h a d a , s e m s a b e r ao c e r t o p a r a onde. O r e s u l t a d o é que também não s a b e m c o m o l i d a r c o m as dúvidas que lhes i n f i c i o n a m a consciência, n e m c o m os obstáculos que i n t e r f e r e m n a s u a c o n d u t a . Os terríveis choques físicos da g u e r r a t i v e r a m as s u a s repercussões nos choques m e n t a i s subsequentes. Os h o m e n s , d e s s a r t e , v i r a m - s e obrigados a e x a m i n a r e, p o r conseguinte, a d e s c o b r i r não s o m e n t e os v a l o r e s e as v e r d a d e s , m a s também os e r r o s e os delírios implícitos c m suas opiniões. O c u r s o dos a c o n t e c i m e n t o s forçuu-os a i n d a g a r se v a l i a a p e n a p e r s e v e r a r e m e m s u a s atitudes e se a s s u a s crenças e r a m v e r d a d e i r a s ou f a l s a s As respost a ! podem ter sido t o t a l m e n t e e r r a d a s , m a s eles d i f i c i l m e n t e t e r i a m podido s u b t r a i r - s e às p e r g u n t a s .

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mais. Os ferimentos do curar-se depressa, m a s os

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lentamente.

Efeito curioso, assim da g u e r r a c o m o d a c r i s e , s o b r e a s nessoa em tôda parte é a divisão delas e m t r e s g r u p o s d i s t i n t o s e d ferentTs - tão diferentes que o q u a d r o se t o r n a p a r a d o x a l . p conquanto tenham passado p e l a m e s m a experiência de miséria nos tempos de guerra e de caos nos t e m p o s d e p a z , sacaram dessa experiência conclusões d i v e r g e n t e s ! A mesma angústia universal ou a m e s m a atribulação p e s s o a l , q u e d e s m a n telaram a fé religiosa de m u i t a s pessoas, f o r t a l e c e r a m a d e outras; deixando, ao mesmo tempo, u m t e r c e i r o g r u p o i n d i f e rente e apático em relação à religião, p r e o c u p a d o tão-só c o m uma visão exclusivamente política o u económica d a v i d a , escorada num ódio feroz de classe o u n a c i o n a l . A m e s m a catástrofe que estragou a fé quebradiça de a l g u n s , f o r t i f i c o u e r e v i t a lizou a fé declinante de outros, ou a l e v o u , p e l a p r i m e i r a v e z , à mente de u m terceiro g r u p o ; e n t r e t a n t o , m u i t o s há q u e , perdido o interesse tanto pela aceitação q u a n t o p e l a negação, voltaram-se, de todo, p a r a assuntos m a i s m u n d a n o s . Dentre os que reagiram aceitando a religião, m u i t o s o f i z e r a m p o r necessitarem urgentemente de a l g u m a espécie de refúgio, e não por haverem investigado se, de fato, se t r a t a de u m r e f ú g i o c e r t o o i s

m e s m a s razões, o u t r o s se entregaram a bebida, à sensualidade o u à violência política. vida melL r S f , a afirma 7 a n d a m misturados miI ^J™™ 0 **"««iu o hpm os propósitos e x a l t a T

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C o m os n e r v o s a b a l a d o s e os s e n t i m e n t o s feridos, a h u m a n i d a d e p a s s o u p e l a provação d a g u e r r a m u n d i a l , o u p a r a c a i r m o r a l m e n t e através de u m a interpretação n e g a t i v a d a s s u a s experiências, o u p a r a elevar-se e s p i r i t u a l m e n t e através de u m a compreensão p o s i t i v a do s e u v e r d a d e i r o s i g n i f i c a d o . A p r i m e i r a reação d i l a t o u o egoísmo e e s t i m u l o u a a n i m a l i d a d e . A segunda, r e d u z i u o egoísmo e s u j e i t o u a a n i m a l i d a d e . U m a d e s p e r t o u os h o m e n s , através d a s aflições d a g u e r r a e d a s a n s i e d a d e s d a c r i s e , p a r a a b u s c a e s p i r i t u a l . A o u t r a os c o n d u z i u , pelos m e s m o s a c o n t e c i m e n t o s , p a r a o desleixo e a degradação e s p i r i t u a i s , o u p a r a o ódio s o c i a l v i o l e n t a m e n t e d e s t r u t i v o . À violência d a g u e r r a s u c e d e u o t u m u l t o d a p a z . O sacrifício e o i d e a l i s m o d a p r i m e i r a f o r a m seguidos p o r u m a recaída n o egoísmo e n o c i n i s m o d a s e g u n d a . A s influências d a desintegração m o r a l e d a perturbação s o c i a l são ameaçadoramente a t i v a s . A p e s a r d a s desgraças e lições de v i d a de q u e f o r a m p a l c o a s t e r r a s e s c a l a v r a d a s p e l a s b a t a l h a s , o v e l h o e r r o e o v e l h o espír i t o estão, m a i s u m a vez, e m nosso meio. O s efeitos m o r a i s d a experiência p o r q u e p a s s o u a h u m a n i d a d e não m o s t r a m o p r o g r e s s o s u f i c i e n t e n o t e r r e n o do caráter e d a s m e t a s necessário p a r a c o n d u z i - l a a b o m r e c a d o d u r a n t e esse período perigoso. E m b o r a s u b s i s t a m a l g u n s resíduos, c e r t a m a r c a defin i d a s o b r e o caráter, a inspiração pública e o altruísmo i n d i v i d u a l , t a n t a s vezes g e r a d o s d u r a n t e esses anos críticos de g u e r r a , d e c l i n a r a m e m g r a n d e p a r t e , d e i x a n d o após s i a f r u s tração e a a p a t i a . O s padrões s o c i a i s t o r n a r a m - s e m a i s d u r o s , m e n o s sensíveis e m a i s m a t e r i a l i s t a s do que a n t e s , m a i s do q u e n u n c a v o t a d o s ao c o n f o r t o do c o r p o e aos deleites do espírito; não r e s p e i t a m a p o b r e z a h o n r a d a . A a m p l a degradação d a s m a n e i r a s é u m m a u a c o m p a n h a m e n t o d a d e r r o c a d a dos i d e a i s . Q u a n d o se t o r n a m i m p o t e n t e s a s sanções r e l i g i o s a s d a mor a l , c o m o a c o n t e c e u tão dramática e p r e p o n d e r a n t e m e n t e em c e r t a s t e r r a s , os r e s u l t a d o s são g r a v e s . Q u a n d o se e s c o a a v i d a i n t e r i o r d a religião, q u a n d o a fé e a reverência se d e s g a r r a m p a r a a s gerações m a i s v e l h a s e p e r d e m o s e n t i d o p a r a a s gerações m a i s j o v e n s , é inevitável q u e a v i d a e x t e r i o r d a s o c i e d a d e desvele o caos e o c r i m e , e q u e os h o m e n s se s i n t a m e n o j a d o s dos s e u s s e m e l h a n t e s o u desesperançados deles. Quando a f o r t u n a é i n c e r t a , quando a v i d a é vulgar, e rugem as tempestades s o c i a i s , os h o m e n s q u e não vêem n i s s o u m a admoestação p a r a t r a n s c e n d e r t u d o n a b u s c a e s p i r i t u a l de s i m e s m o s , vèem-se t e n t a d o s a e s q u e c e r t u d o n a b u s c a temerária do p r a z e r . S e n tem-se d e s c o n t e n t e s c o m a s u a situação p e s s o a l e i n s a t i s f e i t o s c o m a f u t i l i d a d e e a f a l t a de s e n t i d o d a existência. D e i x a m - s e , p o r isso m e s m o , f l u t u a r à superfície, t e n t a n d o e s q u e c e r , e r e p e t i n d o os v e r s o s de R o n s a r d , o poeta francês do século X V I : tí

E como Vive,

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o que amanhã

as rosas

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mundo.

O desejo ardente d a excitação física a tendência p a r a a O desejo

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veneração r.e lm i gii o s a , cie a d o r a ç ã o i n t i m a g i d a s a u m P o d e r e a u m a Mente o h o m e m galgou a l t u r a s a q ' . . N e n h u m a outra c r i a t u r a sobre g d c c r i a r , receber h u m a n a > . .

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; m e d i t a r o conceito dc u m D e u s , e m u i t o m e n o s a i d e i a do L u T r o p r i o ser e s p i r i t u a l . E o q u e c m a i s , s o e l e p o d e p a s s a r r sentimento i n t u i t i v o p a r a o p l e n o f l o r e s c e r d a e x p e r i ê n c i a mística do seu E u S u p r e m o , q u e os h o m e n s d e n o m i n a m a a l m a interior É isto que o l i g a à existência s u p r e m a , c é u m r a i o dela a Mente U n i v e r s a l , q u e os h o m e n s c h a m a m D e u s . 0 homem ou a m u l h e r p o d e m concebê-la, m a s o p a v ã o o u o leopardo não podem. 0 vago eco d i s t a n t e , a a b a f a d a indicação da existência da a l m a no f u n d o do s e u c o r a ç ã o , é u m a d i s t â n c i a intransponível, que o s e p a r a dos a n i m a i s . M a n i f e s t a - s e de m a neira dupla. E m p r i m e i r o l u g a r , há u m a c o n s c i ê n c i a m o r a l , u m sentido do certo e do e r r a d o , u m d e s e j o d e o p t a r p e l o b e m ou rejeitar o m a l e a c a p a c i d a d e de fazê-lo. E m s e g u n d o l u g a r , há a capacidade de c o m p a d e c e r - s e , desinteressadamente, de outras c r i a t u r a s . Q u a l é o a n i m a l q u e se c o n d ó i abnegadamente de outros a n i m a i s ? E x i s t e m a l g u n s , m a s são r a r í s s i m o s . u

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P a r a que esses p e n s a m e n t o s não n o s d e i x e m com um complexo m u i t o grande de s u p e r i o r i d a d e , r e b a t a m o - l o s l e m b r a n d o que e x i s t e m vários pontos e m q u e o a n i m a l sç m o s t r a a u m a luz m a i s favorável do que o h o m e m . Dois nos bastarão. ' A placidez de u m a v a c a t e m sido o b j e t o de m e n ç õ e s d e s d e n h o s a s d e vários escritores e, no e n t a n t o , o m o r a d o r d a s c i d a d e s , t e n s a mente nervoso e semineurótico p o d e r i a p r o v e i t o s a m e n t e t r o c a r a sua tensão por esse a t r i b u t o r e p o u s a n t e d a v a c a A i n c a p a c i d a d e dos seres h u m a n o s de a g i r e m de a c o r d o c o m os s e u s c o n h e c i mentos ou as suas crenças, s e j a i s s o d e v i d o à f r a q u e z a d a vontade, a h i p o c r i s i a c o n v e n c i o n a l o u a m o t i v a ç õ e s i n c o n s c i e n t e s , f

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dida que o h o m e m evolver, compreendendo as suas possibil i d a d e s r e a l m e n t e h u m a n a s , cairão do seu coração essas poss i b i l i d a d e s i n u m a n a s e a g u e r r a será b a n i d a d a s s u a s a t i v i d a d e s E à p r o p o r ç ã o q u e êle s e n t i r a p a z d e n t r o e m s i , essa m e s m a paz se estenderá s o b r e a t e r r a . C r i a t u r a s d o m e s t i c a d a s , c o m o o cão no Ocidente e a v a c a no O r i e n t e , a p r e n d e m , através d a s u a associação c o m o h o m e m , a e n t e n d e r i n t e l i g e n t e m e n t e a l g u m a s d a s s u a s perguntas, o u t r a s t a n t a s d a s s u a s p a l a v r a s e m u i t a s d a s s u a s ordens. Isto é p u r a m e n t e a c i d e n t a l , m a s i l u s t r a a lei do desenvolvimento. S e g u i n d o u m a f a l s a orientação de teorias científicas refug a d a s , e e n r e d a d a s n a s t e i a s do próprio pensamento, as fés alcísticas i n t e r p r e t a r a m m a l também a n a t u r e z a pensante, que a s s o c i a m à a n i m a l i d a d e do h o m e m . A m e n t a l i d a d e delas presume d c científica m a s é, n a r e a l i d a d e , pseudocientíf i c a . R e j e i t a precipitadamente o místico p o r s u p e r s t i c i o s o , o metafísico poi i n s e n s a t o , e a a m b o s d e s a u t o r a a s s i m que ouve f a l a r neles. De t a l m o d o se i m p a c i e n t a c o m a s u a s u p o s t a i n s u b s t a n c i a l i d a d e q u e se r e c u s a até a d i s c u t i - l o s , q u a n t o m a i s a investigarI h e s os f a t o s , o q u e u m a v e r d a d e i r a ciência deve fazer. 0 irmão g é m e o d e l a s é o t i p o de m i s t i c i s m o q u e não q u e r libertar-se d a s superstições q u e , p o r t a n t o t e m p o , quase e s t r a n g u l a r a m a própria tradição. A v e r d a d e só deformará a beleza ou negará a intuição q u a n d o d e i x a r de s e r v e r d a d e . 0 m a t e r i a l i s t a ou o c i e n t i s t a q u e não c o n s e g u e percebê-lo, f a l h a n a v i d a . Mas t a m p o u c o o m í s t i c o q u e i g n o r a o fato e coloca m a l a fé no i n t u i t o de a s s e g u r a r a intuição consegue fazê-lo. Assegura-lhe a p e n a s a aparência. O o r g u l h o a r r o g a n t e q u e v e m de u m intelecto b e m desenv o l v i d o é u m p o d e r o s o obstáculo n o c a m i n h o que c o n d i u k v e r d a d e filosófica. M i n i s t r a a o ego u m a presunção a c e r c a d a p r ó p r i a i m p o r t â n c i a q u e o i m p e d e de p r e s t a r a h u m i l d e obediência a o E u S u p r e m o , pré-requisitO indispensável a auto-revelação d e s t e ú l t i m o . S e o e s t r a n h o mistério que se esconde d e n t r o d a v i d a e dos h o m e n s tem zombado das mentes mais a g u d a s , é p o r q u e e l e s t e n t a r a m i m p o r s u a s próprias condições a s u a solução, c m l u g a r de a c e i t a r a s que i n e r e m i n e x o r a v e l m e n t e a ela. O s m é t o d o s u s a d o s e a s f a c u l d a d e s necessárias sao b a s i c a m e n t e tão d i f e r e n t e s n a espécie que a Ciência e n c a r a o e s t u d o d o m i s t i c i s m o c o m o improfícuo E v e r u a a t que c a r á t e r s e v e r o d o s critérios científicos u l t r a p a s s a a t o l a I r i a li/açào d o fanático c do m í s t i c o ; m a s isso nao se v t m i c a , n e c e s s a r i a m e n t e , através t i a oposição a eles, senão a i r . ^ t o t a l d i f e r e n ç a de condições q u e g o v e r n a m a s e x p e n c piritua.fi»

atente i m p a r c i a l m e n t e p a r a

as d i s p u t a s in-

° Hn nosso t e m p o não tardará e m c o n h e c e r q u e o i n t e l e c t u a i s do " . O intelecto pode apresentar lecto, por s i so, i . U

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a intuição dirá, d e f i n i t i v a m e n t e a cZcl é v e r d a d e i r a . Só os p r o f e t a s e místicos se e s t i v e r e m Plenamente desenvolvidos - poderão c h e g a r a c e r t e z a e conhecer aue ela é v e r d a d e i r a . U m a concepção m e c a n i z a d a e s e m D e u s do universo não a p r o x i m o u os n o s s o s m o d e r n o s d a c e r t e z a . Pelo contrário, a c a b o u por aproximá-los da dúvida e d a confusão. Não há o u t r a e s t r a d a q u e c o n f r o n t e a Ciência, senão a q u e l e v a do fato físico à v e r d a d e metafísica, d a o b s e r v a ç ã o f e i t a p e l o s sentidos à iluminação e n c o n t r a d a p e l a m e n t e . A Ciência d e v e erguer-se de r e s u l t a d o s c o n c r e t o s p a r a o s i g n i f i c a d o a b s t r a t o desses r e s u l t a d o s , isto é, da Física m a t e r i a l i s t a p a r a a M e t a f í s i c a mentalista. Só a s s i m poderá c o m p l e t a r - s e . q

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E x i s t e u m mistério n a m e r a existência d o h o m e m , e m u i t o m a i s n a existência do m u n d o . Ninguém que s i n t a r e a l m e n t e ou pense p r o f u n d a m e n t e deixará de r e c o n h e c e r - l h e a presença. 0 m a t e r i a l i s t a foge d e l a . O místico a e x a m i n a . O filósofo a explica. Quando o homem p r i n c i p i a a refletir vigorosamente, pode a d o t a r a concepção m a t e r i a l i s t a de si m e s m o e d a v i d a . M a s quando i n g r e s s a n a fase d a m a t u r i d a d e , a b a n d o n a , por força, essa concepção s u p e r f i c i a l . Q u e m q u e r que peça à razão não i l u m i n a d a o q u e e l a não tem competência n e m qualificação p a r a d a r c a i , p u r a e simplesmente, n u m a auto-ilusão. Pois é o próprio p e n s a m e n t o , quando t r a b a l h a m a i s i n t e n s a m e n t e , q u e m l h e d i z q u e a n a t u reza d a a l m a o u a r e a l i d a d e do m u n d o não p o d e m s e r c o n h e c i d a s pelo p e n s a m e n t o ! O E u E s p i r i t u a l só p o d e r e v e l a r - l h e a s u a n a t u r e z a p e l a intuição, e não pelo p e n s a m e n t o , e m b o r a o p e n s a mento possa s e r u s a d o c o m o t r a m p o l i m p a r a c h e g a r à intuição. 0 p r i m e i r o passo, p o r c o n s e g u i n t e , é e s t a b e l e c e r u m a diferença, não de espécie m a s de q u a l i d a d e , e n t r e esses p e n s a m e n t o s , q u e são d i s c u r s i v o s , e os p e n s a m e n t o s i n t u i t i v o s . O s p r i m e i r o s são c o m u n s e c o t i d i a n o s , os segundos, i n c o m u n s e i n f r e q u e n t e s . 0 p e n s a m e n t o se c o n f u n d e , ao p a s s o q u e a experiência se c o n t r a d i z . Tôda a confusão q u e p r o v é m d a retenção d e u m a m a s s a de ideias contraditórias e tôda a tensão q u e d e c o r r e da t e n t a t i v a de c o n s e g u i r pelo esforço p r ó p r i o o q u e o e u p e s s o a l n u n c a poderá c o n s e g u i r d e s a j u d a d o , conduzirão, u m d i a , à e x a u s tão m e n t a l e e m o c i o n a l . Isto, por seu turno, obriga o c u a oeixar-se l e v a r , e p r o p o r c i o n a u m solo favorável ao a d v e n t o d a intuição. Q u a n d o a reflexão c o m p r e e n d e r a s próprias i m p e r f e i -

44

ções, compreenderá também . a i s dis.an.e , chegou. q

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de u m a técnica, c o m o a ioga o r i e n t a l ou a meditação oddentai E s t a e apenas uma parte do preço e o prelúdio'da TnidaçJo do h o m e m n a b u s c a que conduz diretamente ao centro sereno no i n t e r i o r d a s u a m e n t e o s c i l a n t e . O p e n s a m e n t o e a reflexão terão de c a m i n h a r aqui c o m s u m a delicadeza N e n h u m s i s t e m a m e n t a l , n e n h u m edifício construído i n t e l e c t u a l m e n t e poderão fazê-lo. Não obstante, ao pensar no q u e e s t a a l e m de s i m e s m o , se fôr escrupulosamente honesto e f i r m e m e n t e h u m i l d e , o intelecto poderá a c a b a r aniquilando o p r ó p r i o p o d e r tirânico. O pensamento razoado completa a sua missão m a i s e l e v a d a q u a n d o se obriga a reconhecer as próprias limitações, q u a n d o percebe que as suas ideias m a i s liberantes não p o d e m l i b e r a r - s e , e quando, daí por diante, coloca os seus serviços à disposição d a mística contemplação do Impensável. P o d e dizer-nos que, e m b o r a e s t e j a além da nossa compreensão concebível, o E u S u p r e m o não está além da nossa experiência possível. T e m o s de e n c o n t r a r a verdade não só em nossa reflexão, m a s t a m b é m , e m a i s a i n d a , debaixo dela. Pois é divino o silênc i o do q u a l se ergue a própria função. 0 curso que terá de s e r t o m a d o p e l a n o s s a inteligência r a c i o n a l , quando procurar c o m p r e e n d e r a v i d a , terá de começar c o m o mundo, c o n t i n u a r c o m o h o m e m e t e r m i n a r e m Deus. Q u e s e j a possível, p o r u m processo de reflexão a b s t r a t a , a t i n g i r u m c o n h e c i m e n t o s i t u a d o além da própria reflexão, t a l v e z pareça p a r a d o x a l . M a s não é isto realmente o que se pretende. A reflexão pode levar-nos à s u a própria fonte, m a s a l i terá de deter-se. A p o n t a p a r a o que está além de si mesma, m a s não f o r n e c e a compreensão do que a transcende, senão indireta. E consegue-o, dissolvendo-se no sítio de s u a origem, d e p o i s de r e a l i z a d a a t a r e f a ; m a s só o fará i n t r o v e r t i d a , concentrada e sustentada.

A

Intuição

Além

da

Reflexão

" P o r q u e d e v o a c r e d i t a r e m D e u s ? P o r que devo v i v e r de m o d o q u e não p e r t u r b e o bem-estar dos o u t r o s ? " Nao ajudado p e l a revelação o u não orientado pela intuição, o intelecto j a m a i s cumprirá a t a r e f a de responder adequadamente a essas perg u n t a s , n e m p e r c e b e r "o p o r quê, o donde e o p a r a onde da existência h u m a n a e cósmica. Sozinho, é impotente p a r a j u l g a r c o m exatidão e s s a s questões, p r e c i s a pedir a u x i l i o - p n m u r o o auxílio do s e n t i m e n t o i n t u i t i v o , depois dos estados f i n a l m e n t e , d a visão filosófica. 0 máximo que ele p o d t J a * e r é r e s p o n d e r a o u t r a espécie m a i s grosseira de perguntas.

titude e m relação a o u s o e a o v a l o r d o r a c i o c í n i o desconcertar a l g u n s e s t u d i o s o s q u e v ê e m contradição parece condenação a l t e r n a d a s d o s e u u s o , e m em nossa y a l t e r n a d a s do s e u v a l o r . E s s a a p a r e n t e ^ f h i H d a d e de n o s s a p a r t e e x i g e u m a p e q u e n a explicação. Slndo o p e n s a m e n t o lógico se s e p a r a d a s r e a l i d a d e s d a e x p e riJnda nós o c o n d e n a m o s . Q u a n d o constrói b a s e a d o e m f a t o s investigados, nós o a p o i a m o s . O n d e não é possível a p e n e t r a ç ã o de pensamento a l g u m , q u e r e m o - l o i m ó v e l . Onde o pensamento de u m género metafísico e s p e c i a l c o n d u z a o l i m i a r d a v e r d a d e i r a intuição, queremo-lo a t i v o . D e s s a m a n e i r a , não e x i s t e incoerência nos nossos p r o n u n c i a m e n t o s . a e b

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Os valores c r i a t i v o s l o g r a d o s p e l a p e s q u i s a i n t e l e c t u a l são conservados e p r e s e r v a d o s n o c o n h e c i m e n t o t r a n s c e n d e n t a l s u perior, e m l u g a r de s e r e m r e f u g a d o s c o m o i m p r e s t á v e i s o u d i s pensados como estorvos, c o m o o f a z e m a m i ú d e m í s t i c o s u n i l a terais ou s e m i d e s e n v o l v i d o s , m a s não se l h e s p e r m i t e q u e e r g a m uma barreira à possibilidade h u m a n a . Se bem o verdadeiro d i s c e r n i m e n t o não p o s s a s e r m e r o p r o d u t o d o e x e r c í c i o i n t e l e c tual por s i só, m a s d e v a e m e r g i r de a l g o q u e t r a n s c e n d a o próprio intelecto, esse exercício t e m o s e u l u g a r e o s e u v a l o r . A j u d a a d i s s i p a r ilusões, a c o n t e r a superstição, a a v a l i a r e d i s c i p l i n a r as emoções e a e x p l o r a r territórios n ã o f r e q u e n t a d o s pelo c a m i n h o do s e n t i m e n t o i n t u i t i v o e d a e x p e r i ê n c i a mística. A razão a n a l i s a e i n t e r p r e t a i n t e l e c t u a l m e n t e o q u e a i n t u i ç ã o já conhece. L i b e r t a a s s i m a intuição e l h e p r o p o r c i o n a a s a t i s fação r a c i o n a l . O c u p a u m a posição p a r t i c u l a r e d e s e m p e n h a u m a função p a r t i c u l a r , m a s não e x a u r e a s p o s s i b i l i d a d e s d o h o m e m . Quando este c o m p r e e n d e q u e a razão e a intuição p r e c i s a m t r a balhar u m a com a outra e u m a pela o u t r a ; q u a n d o c o m p r e e n d e que elas não são irreconciliáveis; e q u a n d o d e i x a d e c o n s i d e rar-lhes incongruente a aliança, o h o m e m t e m t u d o a g a n h a r . A s s i m c o m o a razão é e s s e n c i a l , n a q u a l i d a d e de c o n t r o l e d i s c i p l i n a r do s e n t i m e n t o i n t u i t i v o , a s s i m t a m b é m o s e n t i m e n t o i n t u i t i v o é essencialíssimo, n a q u a l i d a d e de c o n t r o l e d i s c i p l i n a r da razão. A não s e r a s s i m , o p e n s a d o r estará a p e n a s a c r e s c e n tando o seu a c e r v o de construções i n t e l e c t u a i s . M a s c o n q u a n t o a razão d e v a c o n t r o l a r o s e n t i m e n t o , não se lhe pode p e r m i t i r que o s u b s t i t u a . I s t o s e r i a u m e r r o . P o i s a m a i s bela flor do j a r d i m do h o m e m , a intuição, o u t r a c o i s a neíí, V Q° ° P u r i f i c a d o do s e u e g o í s m o e i l u m i n a d o núhlirn ^ e x c e l e n t e s p o d e m p e r d e r - s e n o espírito S a S Ç ã o histórica c o m p a l a v r a s i n t e n c i o C

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O m a t e r i a l i s m o é u m a ilusão i n t e l e c t u a l . O u a n t n , ; • . l i g e n t e se j u l g a o s e u a d e p t o , p o r m o t i v o d a sul S c S tiní" m a i s se i l u d e a s i próprio. E q u a n d o m a i s p ^ ^ ^ m

a s u a intuição O i n t e l e c t o s e m intuição s o e u m a bênção p a r a o h o m e m até c e r t o p o n t o , p o i s além desse p o n t o se converte e m v e r d a d e i r a m a l d i ç ã o , q u e o p e r s e g u e . S e , através d a escravização a hábitos a n t e r i o r e s , o u através do domínio e x e r c i d o por u m intelecto lógico, o h o m e m se r e c u s a a d a r tento dos sentimentos intuit i v o s q u e s o b e m à t o n a , p r o v e n i e n t e s do eu não-ego, e a obedec e r - l h e s , e s s e s s e n t i m e n t o s se tornarão c a d a vez m a i s débeis e a c a b a r ã o d e i x a n d o - o de todo. Q u a n d o a intuição fala à s u a m a n e i r a s i l e n c i o s a e s u t i l , m a s não é r e c o n h e c i d a pelo que é, haverá u m v a g o m a l - e s t a r d u r a n t e a l g u m tempo, algumas apreensões, t a l v e z até a l g u m c o n f l i t o . M a s se e l a não fôr obedecida até d e t e r m i n a d o m o m e n t o , a s u a voz deixará de s e r o u v i d a e a v í t i m a do ego terá de c o m e r os f r u t o s d a s u a desobediência. Q u a n d o o h o m e m o b e d e c e aos d i t a m e s d a intuição m a i s íntima, e m l u g a r de s e g u i r a sugestão de o u t r e m , c a m i n h a direito. M a s q u a n d o c e d e aos o u t r o s e faz o que os outros esperam, d e s e j a n d o o u a c o n s e l h a n d o ao a r r e p i o d a intuição, esta última, e n f r a q u e c i d a , p r i n c i p i a a desampará-lo. S e atender à intuição, c o n f i a r n e l a e obedecer-lhe, e l a o dirigirá p a r a o que êle t e m de m e l h o r e o protegerá c o n t r a o que êle t e m de pior. A t r e m e n d a l u t a d a razão c o n t r a a paixão, d a intuição c o n t r a a sugestão, d a v e r d a d e c o n t r a o interesse pessoal, da i n d i v i d u a l i d a d e c o n t r a a m a s s a , e d a contemplação c o n t r a a convenção é u m a l u t a s e m f i m . M a s é também u m a l u t a h o n r o s a . N ã o d e v e m o s , não p o d e m o s a b r i r mão do direito de p e n s a r n e m do p o d e r de i n t u i r p o r nós m e s m o s . É, ao mesmo t e m p o , u m e r r o e u m p e c a d o e s c o l h e r o c a m i n h o m a i s fácil. T e s t e m u n h a m o s , e m n o s s o próprio tempo, as suas terríveis consequências n o c a s o de nações i n t e i r a s . A civilização n o s m i n i s t r o u os meios de c o m u n i c a r o pensam e n t o de m a n e i r a s q u e t e r i a m a s s o m b r a d o os nossos maiores, m a s não s e p r e o c u p o u m u i t o e m proporcionar-nos os meios p a r a cultivar o pensamento intuitivo. P o d e m inventar-se m a q u i n a s p a r a d a r - n o s os p r i m e i r o s , m a s só o h o m e m é capaz de u t i l i z a r os s e g u n d o s . P o d e m o s t e l e f o n a r de N o v a I o r q u e a B o m b a i m , m a s o v a l o r d o q u e d i s s e r m o s será a v e r d a d e i r a p r o v a do nosso progresso. E c o m e ç a r e m o s r e a l m e n t e a dizer a l g u m a coisa que v a l h a a p e n a q u a n d o a p r e n d e r m o s a s e r dóceis e receptivos a m a i s f r a c a d a s intuições, mantendo-nos leais a e l a c o m r a a s c a u t e l a s e x a g e r a d a s e a e x c e s s i v a prudência do intelecto ame drontado.

s u a s raízes g r e g a s : o amor d a sabedoria" r w u o t e m p o l h e t e n h a m degradado o uso é tenSvS^ e x a t o , m a s e s s a e m a i s u m a razão p o r que e l a deve t a d a , restituindo-se-lhe o significado original. Aqui e í á r l T r v a d a , c o m o o s o r i e n t a i s a i n d a a r e s e r v a m , p a r a o i m o d a cu\ t u r a m a i s e l e v a d a do h o m e m , q u e desceu, m a i s silenciosa e m e n o s c o n h e c i d a d o q u e a s f o r m a s exteriores, através das idades e n t r e o s p o u c o s q u e s e i n t e r e s s a v a m p o r e l a e m todos os cont i n e n t e s , e m intuições e experiências religiosas, metafísicas e místicas.

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CAPÍTULO

V

O E G O E M EVOLUÇÃO

ós, q u e v i v e m o s n a c r o s t a e x t e r n a d e u m p l a n e t a q u e segue o s e u c a m i n h o , r o t a n d o , p e l o e s p a ç o s e m f i m , p e r t e n c e mos à m a i s trágica e à m a i s crítica d e t o d a s a s e r a s . P o r i s s o p r e c i s a m o s começar a p r o c u r a r - l h e o s i g n i f i c a d o p a r a n ó s . D e s cobrindo o que é e r e o r i e n t a n d o a n o s s a v i d a de a c o r d o c o m o nosso d e s c o b r i m e n t o , p o d e r e m o s t r a n s f o r m a r a e r a i m i n e n t e n a m a i s abençoada de t o d a s m a s , s e d e i x a r m o s d e fazê-lo, p o d e r e mos f a c i l m e n t e transformá-la n a p i o r . Que o u n i v e r s o t e m u m s i g n i f i c a d o e q u e a v i d a h u m a n a não é u m s i m p l e s e r r a r do n a d a p a r a o n a d a , a f i r m a - o d e c i d i d a , a F i l o s o f i a . E m b o r a ofereça, e m s u a p l e n i t u d e , u m a s a b e d o r i a demasiada sutil, u m a m o r a l d e m a s i a d o e l e v a d a e u m a mística demasiado estranha p a r a que o grosso d a h u m a n i d a d e se interesse p o r e l a e, m u i t o m e n o s , p a r a q u e a c o m p r e e n d a e v i v a de a c o r d o c o m e l a , i s s o n ã o q u e r d i z e r q u e e l a s e j a inútil p a r a os h o m e n s o u q u e não t e n h a m e n s a g e m a l g u m a p a r a eles n a c r i s e m a i s g r a v e de tôda a s u a v i d a . E m b o r a não peça a ninguém q u e se t r a n s f o r m e n u m f i l ó s o f o d e e s p í r i t o m a d u r o , e m b o r a não rogue a ninguém q u e e s t u d e a F i l o s o f i a c a p a z d e t r a z e r a l u z , pede q u e l h e ouçam a m e n s a g e m s o b r e a a t u a l situação d a h u m a n i d a d e . A p a l a v r a " f i l ó s o f o " s i g n i f i c a h o j e , c o m d e m a s i a d a frequência, u m mero especulador m e n t a l , q u e f r e q u e n t o u u m c u r s o s u p e r i o r d e s s a especulação o u l e u m u i t o s t r a t a d o s s o b r e e l a . unatou-se como tantos outros t e r m o s antigos, t r a n s f o r m a n d o - s e Hifprt • n f " ' capaz de c o b r i r c o i s a s muitíssimo ™ ! 7 . - - ' p o r v e n t u r a , d e s c o b r i r u m m e i o q u e difeS " J ^ f m e n t e a p a l a v r a "filosofia" d a s teceduras academ i a ° * a m o - n o s a r e n u n c i a r a o u s o de u m a p a l a v r a c u j a alta e h o n r o s a derivação é r e v e l a d a p e l a s u

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H á , e só p o d e h a v e r , u m a única v e r d a d e u n i v e r s a l e externa. P o r q u e o R e a l e x i s t e s e m p r e e n u n c a desaparece, o Verdadeiro existe s e m p r e e n u n c a desaparece. N e n h u m profeta a revela j a m a i s p e l a p r i m e i r a v e z , n e n h u m vidente a descobre. Todos a r e d e s c o b r e m . E l a não m u d a n e m e v o l v e ; só m u d a e evolve a s u a f o r m a d e apresentação. M a s antes de poder manifestar-se e m n o s s o m u n d o , p r e c i s a e n c o n t r a r mentes h u m a n a s suficientem e n t e p r e p a r a d a s p a r a recebê-la e suficientemente desenvolvidas p a r a c o m p r e e n d ê - l a e ensiná-la. E s s e s homens apuradamente sensíveis são o s p r o f e t a s i n s p i r a d o s , os videntes autênticos, os v e r d a d e i r o s filósofos d a História. E s t a s a b e d o r i a é r e a l m e n t e tão a n t i g a que soa totalmente nova. C o m o é irónico q u e os p r i m e i r o s princípios d a c u l t u r a h u m a n a s e t e n h a m t r a n s m u d a d o n o s últimos princípios! Os s e u s e n s i n a m e n t o s r e c e b e r a m u m a n o v a importância, u m a rec e n t e d i g n i d a d e , q u e l h e s f o r a m c o n f e r i d a s pela tremenda necess i d a d e d a n o s s a geração. 0 filósofo que a c o m p a n h a c o m os s e u s c o n h e c i m e n t o s e s p e c i a i s e a s u a visão m a i s aguda o d r a m a m u n d i a l q u e está s e n d o r e p r e s e n t a d o e m nossos tempos, sabe q u e f o r ç a s m a i s d o q u e h u m a n a s l h e estão determinando o c u r s o s u p r e m o e v ê q u e l e i s m a i s a l t a s l h e estão modelando o f i m . Ê l e p o d e r á n ã o p r e t e n d e r à onisciência, m a s pode pretend e r c o n h e c e r a l g u m a c o i s a s o b r e assuntos que, embora importantíssimos p a r a a v i d a h u m a n a , sãc amiúde descuradissimos pelos seres h u m a n o s . A c r i s e c o m q u e h o j e d e f r o n t a o m u n d o é u m a coisa^ que êle n u n c a p r e c i s o u e n f r e n t a r até agora e m tao a m p l a e s c a U , A m a i o r i a d o s h o m e n s se s e n t e i m p o t e n t e ' . « f; 4 ^ c a t a s t r ó f i c o s , q u e se s u c e d e r a m u n s aos outros tao. I i g e m * nos últimos a n o s . A m e n t e h u m a n a está tao p e r t u r t « d . q « n £ c o n s e g u e a p r e e n d e r - l h e s a d e q u a d a m e n t e o, sigmr c de p e r g u n t a r a nós m e s m o s p o r Q , " ^ d

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s e m p r e c e d e n t e s , t a i s invenções ^ ^ S T ' ^ m a q u i n a ç õ e s c tão t r e m e n d o f e r m e n t o m e n t a _v a h u m a n i d a d e p r e c i s a m e n t e neste ponto e en,i e m s u a c a r r e i r a s e c u l a r . P o r q u e n a o se m a m r e s i a

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É u m e r r o p r o c u r a r p a r a l e l o s históricos p a r a a s s i t u a ç õ e s atuais. Logo se tornará e v i d e n t e q u e a c r i s e d e h o j e n ã o só é única e m s u a t r e m e n d a área, m a s t a m b é m é ú n i c a d e u m d ô muito especial. Não e s t a m o s a p e n a s n o f i m de u m c i c l o S r i c o da vida h u m a n a , e s t a m o s t a m b é m n o f i m de u m r i c l o cósmico. 0 p r i m e i r o j á a c o n t e c e u a n t e s e v o l t a r á a a c o n tecer depois m a s o s e g u n d o é u m a s i t u a ç ã o s e m p a r a l e l o e m tão a m p l a extensão d u r a n t e os t e m p o s p o s t e r i o r e s à A t l â n t i d a . E i s aí p o r que a História h u m a n a a t i n g i u o s e u p e r í o d o m a i s importante e o destino h u m a n o o s e u período m a i s d e c i s i v o nos a n a i s de q u e se t e m notícia. m 0

0 século X X a s s i s t i u a u m n ú m e r o m a i o r d e i n v e r s õ e s d o pensamento, da c o n d u t a e do g o v e r n o h u m a n o s d o q u e q u a l q u e r o u t r a época. V i u o plácido e g o í s m o d o f o r m a l , d o o r t o d o x o e do c o n v e n c i o n a l s a c u d i d o m a i s d e p r e s s a d o q u e n u n c a . E m n e n h u m o u t r o período, além d e s s e n o s s o m e a d o d e s é c u l o , p o d e r i a ter-se d e s e n v o l v i d o tão t r e m e n d a c o m b i n a ç ã o d e f o r ç a s . E m nenhum outro período p o d e r i a t e r o c o r r i d o , de m a n e i r a tão c l a r a , u m a l u t a tão d r a m á t i c a e u n i v e r s a l e n t r e o s p o d e r e s do b e m e a s forças do m a l . Entretanto, em nenhum outro período foi tão possível a o h o m e m c o m u m a p r e n d e r a s v e r d a d e i r a s leis q u e g o v e r n a m a v i d a , e de f o r m a t ã o r a c i o n a l . Tôda a população d e s t e g l o b o está p a s s a n d o c o l e t i v a m e n t e p o r u m a transição t o t a l e n t r e u m a e s p é c i e d e v i d a e o u t r a , que a i n d a p r e c i s a substituí-la. Q u e r a d o t e m o s u m p o n t o de v i s t a m a t e r i a l i s t a , o u u m p o n t o de v i s t a m í s t i c o , q u e r l h e c h a m e m o s o jogo d a s forças a m b i e n t a i s visíveis o u a c o m p l e t a ç ã o dos desígnios invisíveis d a M e n t e U n i v e r s a l , o r e s u l t a d o é o m e s m o : todos terão de c o n c o r d a r e m q u e u m a v e l h a o r d e m está-se d i s s o l v e n d o , e u m a n o v a o r d e m está n a s c e n d o . Tudo tem o seu lugar n a d i v i n a Ideia U n i v e r s a l . O s g r a n d e s e s o m brios sucessos d a nossa geração também d e v e m t e r a l g u m sign i f i c a d o n a q u e l e p e n s a m e n t o , m a s i s s o n ã o s i g n i f i c a q u e eles nos s e j a m e n v i a d o s a r b i t r a r i a m e n t e . Nós mesmos, e m grande p a r t e , os atraímos s o b r e nós, s o b a l e i u n i v e r s a l d a e v o l u ç ã o e a e t e r n a l e i d a compensação, q u e c o n s t i t u e m a essência d a q u e l a Ideia. 0 conhecimento dessas leis nos obriga a o l h a r p o r u m p r i s m a d i f e r e n t e p a r a o s o f r i m e n t o e n g e n d r a d o e, c o n s e q u e n t e mente, com resultados diferentes. A s l e i s cósmicas e x i s t e m , p o i s , s e n ã o e x i s t i s s e m , t u d o e s t a r i a tZfrTh

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fizermos conformar-se a elas a nossa vida individual f a z e n d o a v o n t a d e de D e u s . P o r conseguinte, b e m h o m e m p e r g u n t e , e m s u a prece, q u a l é essa vontade c o n h e c e r , p o r i n t e r m é d i o d a inteligência, q u e l e i s são

estaremos é que o e procure essas.

T ô d a u m a e r a está s e n d o e n c e r r a d a , daí a desintegração de v a l o r e s e instituições. O s s e u s próprios g r a v e s defeitos o s e u p r ó p r i o a t r a s o m o r a l e o s e u p r ó p r i o feio m a t e r i a l i s m o ihe c o n s u m i r a m o c o r p o c o m o ácidos c o r r o s i v o s . E s t a m o s presenc i a n d o u m a i m e n s a liquidação, de proporções planetárias, de f o r m a s e x t e r i o r e s , f a l s a s i d e i a s , instituições hipócritas, a t i t u d e s egoístas e e s t a g n a ç õ e s e s p i r i t u a i s , a i n d a que os c a n a i s e as f o r ç a s d e s s a l i q u i d a ç ã o s e j a m , eles próprios, tão m a u s que acarr e t a m , d u r a n t e a l g u m t e m p o , u m p i o r e s t a d o de c o i s a s do que o anterior. P o i s o b o m está s e n d o d e s i n t e g r a d o ao lado do m a u , o v e r d a d e i r o está s e n d o v a r r i d o c o m o l i x o e o belo t a m b é m está s e n d o destruído. N e s t a e r a de transição, quando a s f o r ç a s e v o l u t i v a s p r e s s i o n a m a h u m a n i d a d e e a t u a m sobre e l a , t a n t o d e d e n t r o q u a n t o de f o r a , a s características m o r a i s p r e d o m i n a n t e s estão s e n d o , e m tôda p a r t e , implacàvelmente o b r i g a d a s a m o s t r a r - s e c o m o r e a l m e n t e são, e s e m d i s f a r c e s . E e m t ô d a p a r t e os h o m e n s estão c o l h e n d o , c o m dramática i n e v i t a b i l i d a d e , a s consequências a q u e c o n d u z e m t a i s c a r a c t e rísticas. N o f i m será tão impossível p a r a eles e s c o n d e r o que d e s e j a m quanto evitar o que merecem. I n c u m b e à lei d a r e c o m p e n s a n e s t e século a j u s t a r i n e x o r a v e l m e n t e a s c o n t a s de t o d o s os g r u p o s e i n t e r e s s e s q u e f o r a m d o m i n a d o s pelo ego animalístico. A H i s t ó r i a t o r n o u - s e d r a m a t i c a m e n t e apocalíptica. E s t e é, c o m e f e i t o , o " d i a " ( i s t o é, o p e r í o d o ) de juízo de q u e f a l a a B í b l i a , o t e m p o e m q u e os p r a t o s d a justiça estão e m p l e n a o p e r a ç ã o p a r a t o d a s a s raças, t o d a s a s c l a s s e s , todas a s nações e t o d a s a s religiões. E s t e s são os p r a t o s e m que a e s t r u t u r a e d i f i c a d a p e l a h u m a n i d a d e , e a própria h u m a n i d a d e , estão s e n d o p e s a d o s , m e d i d o s e a f e r i d o s . M a s a o p e r a ç ã o d e s s a l e i é a p e n a s u m d o s fatôres d a n o s s a c o m p l e x a situação. P o i s não só o p r o c e s s o de a j u s t e m u n d i a l é r e s p o n s á v e l p o r t a n t a s sublevações contemporâneas, m a s t a m b é m o p r o c e s s o d e d e s e n v o l v i m e n t o m u n d i a l é responsável p o r t a n t a s mudanças a t u a i s . A s forças i m p e s s o a i s do p r i m e i r o p r o d u z e m c h o q u e , a s do s e g u n d o , s u r p r e s a . O p r o g r e s s o mater i a l f e n o m e n a l d e s s a e r a m o d e r n a deve-se, e m p a r t e , a aceler a ç ã o d o r i t m o q u e s e m p r e a c o m p a n h a a última fase de u m a t e n d ê n c i a e v o l u t i v a e, e m p a r t e , a o caráter centrífugo do ímpeto q u e , p o r d e t r á s d e s s a tendência p a r t i c u l a r , alcançou a s u a e x p a n s ã o f i n a l e, c o n s e q u e n t e m e n t e , a s u a expansão m a i c n O f e r v i l h a n t e f e r m e n t o do nosso tempo continua. H u m d e c o n s t a n t e t u m u l t o e d e mudança i n c e s s a n t e . r q

P o r a u e a pressão e v o l u t i v a de forças o c u l t a s e m a ç a o n e s t e p l a n e t a está a g o r a i m p a c i e n t e p o r d e s v i a r - n o s d e u m p a s s a d o obsoleto p a r a u m f u t u r o c r i a t i v a m e n t e n o v o . De ordinário, a n a t u r e z a h u m a n a t e m m u d a d o n o p a s s a d o com a máxima g r a d a t i v i d a d e e c o m a m á x i m a l e n t i d ã o , m a s as pressões d a v i d a n o s t e m p o s q u e c o r r e m m o s t r a m a n e c e s s i dade de u m a j u s t a m e n t o m a i s rápido. N e m todas a s forças implícitas n e s s a transição são f a c i l m e n t e p e r c e p t í v e i s , e x c e t o p a r a m e n t e s i n t u i t i v a s e percepções c l a r i v i d e n t e s . A s consequências d a s u a a t i v i d a d e não serão s e n t i d a s e n q u a n t o e s s e fato não a s s u m i r u m a f o r m a m a i s c l a r a e m a i s nítida, m a s serão até m a i s m o m e n t o s a s do q u e a s q u e já se m a n i f e s t a m . 0 estímulo p a r a o a t u a l período histórico de d e s e n v o l v i m e n t o h u m a n o v e m t a n t o de d e n t r o q u a n t o de f o r a , d o m u n d o i n v i sível e do m u n d o físico. A pressão i n t e r n a faz-se s e n t i r e m tôda p a r t e . 0 m u n d o p r o c u r a e n f r e n t a r às c e g a s o s s e u s p r o b l e m a s ; é i n c a p a z de enfrentá-los c o m ê x i t o p o r q u e não lhe a g r a d a p e r c e b e r q u e u m a v e l h a época histórica está-se d i s s o l vendo cèleremente, q u e a c o n t e c i m e n t o s p e r t u r b a d o r e s e d e s i n tegrantes estão p r e p a r a n d o o c a m i n h o p a r a u m a é p o c a n o v a que, d e n t r o e m p o u c o , forcejará p o r n a s c e r , e à q u a l êle terá de a d a p t a r - s e c o n v e n i e n t e m e n t e . A g u e r r a e a p a z são a p e n a s o p o r t a l de u m a n o v a e r a , m u i t o e m b o r a e s s a m e s m a e r a a i n d a se e n c o n t r e n o e x t r e m o de u m a l o n g a a v e n i d a . A força de u m n o v o c i c l o está l e n t a m e n t e e n c e t a n d o o s e u trabalho. A s u a pressão está c o m p e l i n d o o s h o m e n s a e n v e r e d a r e m p o r n o v a s a v e n i d a s de investigação, a a n s i a r p o r m a i s a m p l a consciência d a v i d a , a i n d a q u e a s u a i m a t u r i d a d e o s leve, m u i t a v e z , a c o n f u n d i r o m a l c o m o b e m , a m e n t i r a m a l i g n a c o m a benéfica v e r d a d e . S e a s s i m n ã o fosse, p o r q u e as multidões d a Ásia d e s p e r t a r a m do s e u l o n g o l e t a r g o e p r i n cipiaram a aproveitar c o m avidez as novas o p o r t u n i d a d e s de a p r e n d e r a l e r e a e s c r e v e r , p a r a se t o r n a r e m c i d a d ã o s m a i s instruídos do m u n d o ? P o r q u e os m e n o s p r i v i l e g i a d o s d o s c i n c o c o n t i n e n t e s têm i n s i s t i d o t a n t o e m e x i g i r u m a v i d a e c o n ó m i c a melhor? P o r que as terras que d o r m i a m n u m a t r a s o m e d i e v a l , despertadas pela g u e r r a e pela crise, f o r a m o b r i g a d a s a f r a n q u e a r o espírito a ideias n o v a s e p i o r e s , a s s i m c o m o a i d e i a s novas e melhores? P o r q u e o f e r m e n t o u n i v e r s a l está a g i t a n d o t a n t o o m a l q u a n t o o b e m , há t a n t o t e m p o l a t e n t e s n o e s p í r i t o dos h o m e n s . Só poderão d e c i f r a r a c h a r a d a do n o s s o t e m p o os q u e l h e possuírem a c h a v e , s e g u n d o a q u a l a v e l h a o r d e m do p e n s a m e n t o m a t e r i a l i s t a , a s v e l h a s m a n e i r a s d e e n c a r a r a formas ^ P ™ n t e à superfície e m s u a s l

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r a v e l m e n t e e m pedaços p e l o c h o q u e

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< " < ^ i t a s inexode e v e n t o s s u r p r e e n d e n t e s .

s e r e m

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O s h o m e n s s a o m e r o s j o g u e t e s nesse t r e m e n d o processo e não p o d e m c o n t r o l a - l o n e m detê-lo. Q u e o c u r s o dos a c o m e c i m e n t o s e m a i o r d o q u e os h o m e n s , q u e a tendência do destino do m u n d o e s c a p a a o c o n t r o l e dos indivíduos, ilustra-o a história dos nossos próprios tempos. N e m o próprio H i t l e r , c o m tôda a e n e r g i a n o t a v e l m e n t e dinâmica q u e s a b i a p r o v o c a r e m s i m e s m o e i n s p i r a r n o s outros, poderia alterar essa inevitabilidade. H i s t o r i a d o r e s g u i a d o s u n i c a m e n t e pelo intelecto lógico e p e l a o b s e r v a ç ã o e x t e r n a e n g e n d r a r a m a ilusão de que qualq u e r p e s s o a p a r t i c u l a r é tão i m p o r t a n t e e tão poderosa que é c a p a z d e a l t e r a r o caráter e o d e s t i n o do s e u tempo, o u mesmo o e s p í r i t o e a f o r t u n a d a s u a nação. É v e r d a d e que o advento de t o d o m o v i m e n t o c o i n c i d e c o m a c a r r e i r a de a l g u m homem notável. M a s t u d o o q u e êle faz, t u d o o que pode fazer, é p r o p o r c i o n a r e m s i m e s m o a s condições p o r m e i o d a s quais a s f o r ç a s c á r m i c a s e a s tendências e v o l u t i v a s poderão a t i n g i r os s e u s f i n s p a r a a época o u p a r a o p o v o dele. É inevitável q u e , se f ô r u s a d o c o m o i n s t r u m e n t o , a s s u a s m e t a s pessoais c o i n c i d a m c o m e s s e s f i n s n e s s a ocasião. C u m p r e ao s e u génio percebê-lo e p r e p a r a r - s e p a r a i s s o . A s f o r ç a s c á r m i c a s e os p r o c e s s o s evolutivos e m atividade são i m p o n d e r á v e i s o c u l t o s , q u e fogem ao controle de qualquer indivíduo. S e v i r m o s u m d e t e r m i n a d o h o m e m afeiçoando apar e n t e m e n t e o d e s t i n o contemporâneo, i s t o não passará de aparência. U m h o m e m a s s i m será m e r o i n s t r u m e n t o de poderes m a i s a l t o s , s e j a m eles d i v i n o s e sagrados, sejam infernais e diabólicos. P o r c o n s e g u i n t e , q u a n d o s u r g e m e m c e n a homens c a p a z e s d e g r a n d e liderança, m a i s cedo o u m a i s tarde possuirão u m a influência c o n d i z e n t e c o m a s u a g r a n d e z a . É apenas extern a m e n t e e x a t o q u e os h o m e n s são a n t e r i o r e s aos movimentos, q u e a s épocas notáveis d a História f o r a m i n a u g u r a d a s p o r p e s s o a s n o t á v e i s , m a s é r e a l m e n t e e x a t o q u e eles são os pontos f o c a i s e x p r e s s i v o s d e s s e s m o v i m e n t o s e dessas épocas. Todo g r a n d e m o v i m e n t o , c r i a t i v o o u destrutivo, sempre pareceu ser o b r a d e u m só h o m e m — f r u t o de u m líder m a s o que l h e i m p u l s i o n o u o n a s c i m e n t o , e l h e d e u forças p a r a v i v e r e r e a l i z a r a s u a o b r a , v e i o de f o r a do h o m e m . N a o e o i n d i v i d u o i s o l a d o n a d i r e ç ã o d o s negócios q u e r e m o d e l a a v i d a de u m p o v o , senão a s forças o c u l t a s d a evolução e a s forças ™ do d e s t i n o , q u e e n c o n t r a m v a z ã o a d e q u a d a p a r a o s e u t r a o a i n o nesse indivíduo. P o i s não são a p e n a s a s s u a s ambições e c , s e u s d e s e j o s p e s s o a i s , a s s u a s c a p a c i d a d e s e o seus q u e d i t a m o c u r s o d a história do s e u povo, operações inexoráveis d e s s a s d u a s poderosas molas-rnesir destino auto-suscitado e a I d e i a U n i v e r s a l evolutiva. s

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E m r e s u m o , todos o s heróis e t o d o s o s d i t a d o r e s , a d e s p e i t o da s u a ilusão de h a v e r e m c r i a d o u m m o v i m e n t o o u u m a r e v o lução são r e a l m e n t e c a n a i s p a r a forças i m p e s s o a i s , n a p r o p o r ção e m que r e p r e s e n t a m os s e u s papéis e s p e t a c u l a r e s n o d r a m a do m u n d o 0 d e s t i n o j o g a a última c a r t a , o t r u n f o v e n c e d o r , como s e m p r e . A História só poderá s e r a p r o p r i a d a m e n t e compreendida n u m a base d u p l a — a pessoal e a i m p e s s o a l . A p r i m e i r a a p o n t a p a r a o s propósitos, a s m e n t e s e o s t a l e n t o s dos h o m e n s q u e m a i s f i g u r a m nele, a s e g u n d a p a r a a s g r a n d e s forças u n i v e r s a i s q u e os u t i l i z a m . N o stremendos acontecimentos q u e s e d e s e n r o l a r a m e m t o d o o m u n d o n o s ú l t i m o s anos, a b u n d a m a s p r o v a s d e q u e n o v a s forças estão e n t r a n d o n a m e n t e dos h o m e n s e d e s p e r t a n d o - l h e s a a p r o v a ç ã o o u a oposição i n c o n s c i e n t e s . M a s atrás d e t o d a s a s questões secundárias e de todas a s ramificações m a i s i n d i g n a s , atrás d a l u t a c o l o s s a l entre a s forças r e l a t i v a m e n t e b o a s , q u e o s p u x a m p a r a c i m a , e a s forças r e l a t i v a m e n t e m á s , q u e o s a r r a s t a m p a r a b a i x o , está-se i m p o n d o a v o n t a d e d a I d e i a U n i v e r s a l . Nada poderia s e r m a i s a n o r m a l d o q u e a e r a d a s novas e r a p i d a m e n t e mutáveis condições e m q u e v i v e m o s . Parece-nos difícil q u e o p a s s a d o s e n o s i m p o n h a c o m d e m a s i a d o vigor q u a n d o êle é tão i n a d e q u a d o p a r a o s n o v o s p r o b l e m a s . Os nossos olhos são o b r i g a d o s a c o n c e n t r a r - s e m a i s n o p r e s e n t e e no f u t u r o , a o l h a r m a i s p a r a a f r e n t e d o q u e p a r a trás. C o m o e m t u d o o m a i s , a q u i se f a z m i s t e r u m d u p l o cálculo. A s c o n t a s da História têm u m d e v e e u m h a v e r . Precisamos de coragem e iniciativa p a r a separar-nos d a s coisas más e d e s g a s t a d a s ; p r e c i s a m o s de s a b e d o r i a e c a l m a p a r a c o n s e r v a r a s c o i s a s b o a s e úteis. A s pessoas c h e g a r a m q u a s e a f a z e r u m a r e l i g i ã o d a s u a civilização. A a il aair--ilihi te flò asU deficiências, assim O co e rI - a ' ******Y** " « ososiiin iu Cll^lCilCIdis, cibòllll U Im IIo O ppireeUdIiZzC -lhes a s consequências s e não f o r e m r e m e d i a d a s a t e m p o , ( c o m e t e r sacrilégio e b l a s f e m a r e m presença d o s e u D e u s . E n t r e t a n t o , e s s a m e s m a civilização e x i b e s i n t o m a s s u f i c i e n t e s de haver-se a p r o x i m a d o d o s últimos l i m i t e s d o m a t e r i a l i s m o , c o m consequências a t e r r a d o r a s p a r a s i m e s m a . N ã o existe o u t r a saída v e r d a d e i r a senão u m a r e a ç ã o c o n t r a e s s a p o s i ç ã o e x t r e m a , não e x i s t e alívio r e a l senão v o l t a r - s e a u t o m á t i c a e espontaneamente p a r a a d i r e ç ã o o p o s t a , i s t o é, p a r a a s u a n a t u r e z a e s p i r i t u a l . A insuficiência d o i n t e l e c t o n ã o i l u m i n a d o w

vez m a i s , d e m o d o q u e l h e s e p r e c i s o a f a s t a r - s e dele e v o l t a r - s e p a r a o i n t u i t i v o q u e e x i s t e d e n t r o deles, s i m p l e s m e n t e p o r q u e n ã o e x i s t e o u t r a d i r e ç ã o para a qual possam voltar-se. O c a m i n h o d a evolução h u m a n a n ã o é u m a l i n h a r e t a , m a s u m a espiral ziguezagueante, q u e s a l t a d e u m lado p a r a o u t r o ,

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p a r a c i m a e p a r a b a i x o . E s s e c i c l o de desenvolvimento h u m a n a a l t e r n a d o e h i s t ó r i c o e p o d e s e r e n c o n t r a d o e m todo o n a S homem. D e s s a r t e , c e r t a s tendências o u movimentou o m o m a t e r i a l i s m o , s u r g e m c o m o fenómenos i t e r a t i v o s d a Histó A e v o l u ç ã o d o s e r h u m a n o é a s s i n a l a d a p o r u m movimento e s p i r a l , q u e o t r a z r e i t e r a d a m e n t e d e v o l t a a condições corresp o n d e n t e s , e m b o r a n ã o idênticas. N e m todas a s porções d a h u m a n i d a d e estão n o m e s m o l u g a r nesse m o v i m e n t o . 0 caráter e s p i r a l a d o d o c i c l o e x p l i c a p o r q u e a l g u m a s nações o u raças p a r e c e m e s t a r s u b i n d o e o u t r a s c a i n d o , p o r que algumas são f r a c a s e i n d e f e s a s q u a n d o j á f o r a m fortes e dominadoras, p o r q u e a l g u m a s s ã o i n e r t e s e a t r a s a d a s , a o passo que outras são ativas e determinadas. d

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m u n d o p a s s o u p o r êle e está a g o r a n a última v o l t a do a r c o d e s c e n d e n t e d a f a s e d o m a t e r i a l i s m o excessivo. A reação j á p r i n c i p i o u e m n o s s o p r ó p r i o t e m p o , sob a d u p l a pressão d o s a c o n t e c i m e n t o s e x t e r n o s e d a s d i r e t r i z e s i n t e r n a s do Poder S u p e r i o r , o u m e l h o r , d o p r ó p r i o E u S u p r e m o do h o m e m , exemp l i f i c a n d o a v o n t a d e d e D e u s p a r a e s t a época. E s s a s influências e s p i r i t u a i s a t u a m s o b r e a h u m a n i d a d e e m tôda parte, m a s a t u a m m a i s através d o s corações d o q u e através de organizações oficiais. E x i s t e m e m países c u j o s poderes governantes são a b e r t a m e n t e m a t e r i a l i s t a s e i r r e l i g i o s o s , t a n t o quanto e m países e m q u e o s p o d e r e s g o v e r n a n t e s não o são. S e a evolução h u m a n a e s t i v e s s e a c a r g o d o h o m e m a p e n a s , o u apenas do acaso, é possível q u e i s s o n ã o t i v e s s e a c o n t e c i d o , m a s e l a é obrigada a obedecer a leis universais. D u r a n t e v i n t e a n o s após a p r i m e i r a g u e r r a m u n d i a l , o C a r m a concedeu à civilização u m a l o n g a o p o r t u n i d a d e p a r a colocar a casa e m ordem. E l a mostrou-se i n c a p a z de fazê-lo. O p e r í o d o v i t a l p a r a a h u m a n i d a d e , o período q u e pode s e r aproximadamente denominado c r u c i a l , d u r o u c e r c a de doze m e s e s a n t e s e d e z o i t o m e s e s após o término d a g u e r r a . S e o c a o s o c o r r e u , e n t ã o , e m a l g u n s s e t o r e s do m u n d o de após-guerra. a crise prevaleceu e m outros. A esperança e m m u i t a s t e r r a s e a ruína e m o u t r a s a s s i n a l a r a m esses anos i n i c i a i s de p a z . n e c e s s a r i a m e n t e c h e i o s d e sugestão c o n f u s a e m o v i m e n t o exper i m e n t a l , d e r á p i d a mudança e d e s c o n t e n t a m e n t o a r t i c u l a d o t u d o e m r á p i d a sucessão. C o m o u m a v e l h a árvore, a v e l h a e r a e s t a v a s e n d o a r r a n c a d a p e l a s raízes. M a s todos t i n h a m consciência d e q u e e m a l g u m l u g a r o s e s p e r a v a u m a t r e m e n a a transformação o u u m colapso tremendo. 0 tempo urgia, decisões p r e c i s a v a m s e r t o m a d a s à p r e s s a . A tendência e s p tual d e s s a geração, e consequentemente o seu desuno ^ f o r a m e m g r a n d e p a r t e d e c i d i d o s n o c o r r e r desses a o



F o i então q u e se m o d e l o u , p o r m e n o r i z a d a m e n t e , a f u t u r a S S Í g u S â o do p r e s e n t e e do p r ó x i m o d e s t i n o d o m u n d o . segundo período do após-guerra, a s u a m a n e i r a , f o i tão i m p o r t a n t e q u a n t o o p r i m e i r o . Pois da sabedoria o u da necessidade d a s decisões p e s s o a i s , q u e t e m s i d o e e s t ã o s e n d o tomadas agora, d a c o r a g e m o u d a c o v a r d i a e s p i r i t u a i s r e v e l a d a s por chefes e c h e f i a d o s ao m e s m o t e m p o , d e p e n d e m a f e l i c i d a d e ou a desgraça de milhões de p e s s o a s . O primeiro passo para c u r a r a s misérias p r e s e n t e s é m o d i f i c a r o n o s s o pensamento pessoal e n a c i o n a l , d e i x a r de p e n s a r e m t e r m o s d e m a t e r i a l i s m o e começar a p e n s a r e m t e r m o s de e s p i r i t u a l i d a d e , a b a n d o n a r o egoísmo encarniçado e lançar-se à c o o p e r a ç ã o m ú t u a , a l i g e i r a r a ênfase d a d a às n e c e s s i d a d e s físicas e a u m e n t a r a ê n f a s e c o n cedida às n e c e s s i d a d e s e s p i r i t u a i s . A h u m a n i d a d e c h e g o u ao ponto d e c i s i v o de s u a j o v e m existência. E l a deve preparar-se para assumir a responsabilidade d a m a t u r i d a d e . P r e c i s a i m p r i m i r u m a direção m a i s n o b r e a t o d a e s s a t r e m e n d a atividade dinâmica, u m a significação m a i s p r o f u n d a a t ô d a e s s a i m p e t u o s a energia. A mudança q u e a s forças e v o l u t i v a s d a N a t u r e z a estão s o l i c i t a n d o de nós é u m a m u d a n ç a d r á s t i c a m a s , s e f ô r a c e i t a e l e v a d a a e f e i t o , será a n o s s a m e l h o r g a r a n t i a d e vitória s o b r e a s forças d e s t r u t i v a s . U m a c a l m a percepção d a s limitações n o r m a i s d a h u m a n i dade e a s u a aceitação filosófica não c o n d u z e m , p o r f o r ç a , a u m sinistro e paralisante pessimismo. P o i s está s e m p r e e m a n d a mento u m colossal m o v i m e n t o evolutivo, que a N a t u r e z a guiou e a t i v o u , c o m i n f i n i t a paciência, até o s e u p o n t o presente. Podemos compreender que a h u m a n i d a d e esteja e m p l e n a m a r c h a a s c e n s i o n a l , p o r m a i s l e n t a m e n t e q u e se m o v a e p o r m a i s n u m e rosos e t r i s t e s q u e s e j a m o s s e u s l a p s o s e r e t r o c e s s o s . Alguns m u d a m m a i s depressa do que outros, m a s n e n h u m homem c o n t i n u a a s e r o q u e e r a há dez a n o s . S e se c o n c e d e r a i n e v i t a b i l i d a d e d a mudança, ter-se-á de c o n c e d e r t a m b é m a i n c a p a c i d a d e de v o l t a r p a r a trás e de ser-se o q u e se f o i o u t r o r a . S i m p l e s m e n t e p o r isso lhe s e r impossível, o h o m e m não permanecerá u m a c r i a t u r a estática. C u m p r e - l h e i r p a r a a f r e n t e — ou degenerar. M a s o seu m o v i m e n t o p a r a f r e n t e é d u r a d o u r o , ao p a s s o q u e o s e u m o v i m e n t o p a r a trás é a p e n a s t e m p o r á r i o , r ó i s o q u e e s t a s e m p r e a empurrá-lo e a p e r m i t i r - l h e a e v o l u ç ã o e u m a força q u e s e m p r e e x i s t e d e n t r o e m s i . E e s s a f o r ç a o u t r a n a o e senão a força d o s e u e u s u p e r i o r , d a s u a a l m a d i v i n a . 1 c ! f. ê ^ e o ergue p a r a c i m a e lhe a t i v a o à ^ Á V ^ T ' dependesse tãosòmente S e c r e t a

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Considere-se que as numerosas c é l u ^ ^ o s t e c i d o s d o n o s s o c o r p o , evolverão u m d J ' ^ ' ^ P o e m e m o u t r o s t a n t o s s e r e s h u m a n o s A nnH * *forrnarão é infinita, e conduz o m ^ ^ ^ ^ ^ ^ da e v o l u ^ nàvelmente grande. P ^ u e n o para inima^ q

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N e s t e s t e m p o s terríveis, a b u s c a do F Q valor destacado. Inteiramente à narte H p e s s o a i s , o c o n h e c i m e n t o de que leis m a 1 m u n d o e d e q u e a s f o r ç a s do m a l estão 'LA truição, s a l v a , os esperança-

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A s s i n a l o u - s e n u m t r a b a l h o a n t e r i o r que u m a mudança trem e n d a m e n t e a c e l e r a d a é a tónica do a t u a l período. P o r m a i s q u e n o s d e s a g r a d e a interrupção do p e n s a m e n t o e d a c o n d u t a , n ã o p o d e m o s e s c a p a r às mudanças — tanto às boas quanto às m á s — q u e n o s estão s e n d o i m p o s t a s . P r e c i s a m o s reconhecer u m d e s a f i o n e s s a pressão i n s i s t e n t e e invisível e adaptar-nos a o b e m q u e há nele a s s i m c o m o r e j e i t a r o m a l que também há

nele.

M i l h õ e s d e p e s s o a s t i v e r a m a s s u a s v i d a s desarraigadas durante a guerra. F o r a m c r u e l m e n t e a r r a n c a d a s aos seus a m bientes familiares, impiedosamente s e p a r a d a s , d u r a n t e anos, d o s s e u s v e l h o s l a r e s e a f a s t a d a s d a s s u a s c o m u n i d a d e s , de que f a z i a m p a r t e i n t e g r a n t e . Q u a n t a s p e r d e r a m , o u lhes foi furtado, q u a s e t u d o o q u e possuíam — a v i d a , a saúde, a terra, as casas, o d i n h e i r o , o s n e g ó c i o s , o s m ó v e i s e até a m a i o r parte das suas melhores roupas! F o r a m não só c r u e l m e n t e despojadas das c o i s a s , m a s t a m b é m , e m m u i t o s c a s o s , s e p a r a d a s , à força, de esposas, pais o u filhos. R e v e l a r a m a s estatísticas que, só n a I n g l a t e r r a , m a i s d a m e t a d e d o s c i v i s se m u d o u para novas r e s i d ê n c i a s d u r a n t e a g u e r r a . A s lembranças do passado outrora c o n f o r t á v e l t o r n a r a m - s e t o r t u r a s de s a u d a d e , ao passo que as a m e n a s e s p e r a n ç a s d e f u t u r o se c o n v e r t e r a m e m desamenas antecipações. O d e s t i n o m a i s fácil e r a , m u i t a s vezes, o a o o b r i g a d o s à m u d a n ç a e m razão do t r a b a l h o , e nao aos W*™* t i n h a m c o n e x õ e s c o m a s forças a r m a d a s ; m u i t a s vezes, pore , sucedia

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contrário.

P o r q u e h a v e r i a e s s a l e i d a mudança de ^ ^ d a s f o r m a s físicas b e m c o m o o mundo dos negoci

.

^

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7 J f

P o r que não se pode e n a r e m a n t e r p a r a s e m p r e u m a f o r m a social p e r m a n e n t e , u m a existência i n d i v i d u a l e s t á v e l ? Para nodermos r e s p o n d e r , s e j a - n o s p e r m i t i d o p e n e t r a r a e s t r u t u r a secreta de c a d a átomo. Que é o que vemos? U m a vibração incessante. P e n e t r e m o s , a s e g u i r , e m c a d a m e n t e h u m a n a . A l i veremos o perpétuo n a s c i m e n t o de u m a p r o g é n i e d e i d e i a s . E s t a é a sua verdadeira natureza. M a s esses fatos permanecerão apenas c o m o m e i a s v e r d a d e s se não f o r e m a s s o c i a d o s a o f a t o p r i n c i p a l de que, p o r detrás d o á t o m o , está o e t e r n o S i l ê n c i o d e D e u s ; p o r detrás d a m e n t e está o t e s t e m u n h a n t e S i l ê n c i o d o E u Supremo. P o r m a i s amiúde q u e se t e n h a r e p e t i d o a História no passado, e l a h o j e não se r e p e t i u . P o i s a situação a g o r a é única. É u m a c r i s e mundial, e não a p e n a s u m a c r i s e c o n t i n e n t a l o u n a c i o n a l . I n t e r e s s a a tôda a h u m a n i d a d e e não a p e n a s a u m a porção d e l a . F o i a p r i m e i r a vez e m que s u r g i u u m a situação a s s i m . Esse evento externo está de acordo com o extraordinário evento interno, que assinala um momento decisivo na evolução espiritual do ego humano. O conflito exterior, que a f e t a m a t e r i a l m e n t e a h u m a n i d a d e , c o n d i z c o m o c o n f l i t o i n t e r i o r , que l h e p e r t u r b a o e u s u b c o n s c i e n t e . É m a i s necessário do que n u n c a , e n t r e os t u m u l t o s e p e r i g o s de h o j e , c o m p r e e n d e r alguma coisa da I d e i a d i v i n a inerente ao u n i v e r s o , e c o o p e r a r i n t e l i g e n t e m e n t e e de b o m g r a d o c o m e l a . E s t e s e s t u d o s t ê m , p o r t a n t o , u m a importância não c o m p r e e n d i d a pessoas.

pela m a i o r i a das

A M e n t e U n i v e r s a l não t r a b a l h a e x a t a m e n t e c o m o u m a r q u i t e t o h u m a n o , p o i s não está s e p a r a d a d o s s e u s m a t e r i a i s o u das s u a s a t i v i d a d e s . P o r conseguinte, q u a n d o se u s a n e s t e s e s c r i t o s a expressão " I d e i a d i v i n a " , e s t a não d e v e s e r c o n c e b i d a c o m o u m p l a n o arquitetônico n e m c o m o u m d e s e n h o p i c t ó r i c o , senão c o m o a n e c e s s i d a d e i n e r e n t e p o r c u j o i n t e r m é d i o a m a nifestação segue d e t e r m i n a d o c a m i n h o e não u m c a m i n h o diferente. T u d o n o c o s m o está p a s s a n d o p o r vários estádios d e desdobramento. E p o r q u e o c o s m o s e o r i g i n a d a substância d i v i n a , todas a s p o s s i b i l i d a d e s d e s s e d e s d o b r a m e n t o , d e s d e a m a i s b a i x a até a m a i s a l t a , são i n e r e n t e s a êle. N ã o p r e c i s a m ser p l a n e j a d a s . intima.

Já estão a l i c o m o p a r t e d a s u a n a t u r e z a m a i s

T o d o h o m e m q u e lançar u m o l h a r r e t r o s p e c t i v o à p r ó p r i a v i d a descobrirá q u e e s t a c a m i n h o u p a r a a f r e n t e e m c e r t o s p e n o d o s notáveis, c a d a u m d o s q u a i s e r a expressão de determ i n a d a tendência física o u m e n t a l . T ô d a nação q u e f i z e r o m e s m o f a r a idêntica d e s c o b e r t a a c e r c a d a s u a história c o l e t i v a . e p o r s e r a v i d a i n t e r i o r q u e , a f i n a l , se m a n i f e s t a n a e x t e r i o r ,

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p o r s e r a I d e i a i m p l í c i t a q u e m o d e l a o caráter e a f o r m a de c a d a época, será a l t a m e n t e p r o v e i t o s o m o s t r a r com c l a r e z a à n o s s a consciência a I d e i a e s p e c i a l q u e está n a s c e n d o , q u a n d o tôda u m a época se d e s i n t e g r a tão o b v i a m e n t e d i a n t e dos nossos olhos. P r e c i s a m o s a n a l i s a r e j u l g a r a história contemporânea p e l a s u a conexão s e c r e t a c o m u m a c r i s e e v o l u t i v a e s p e c i a l , q u e o i n t e l e c t o o b s c u r e c e e só a intuição r e v e l a . N ã o é p r e c i s o p r o c e d e r a u m e x a m e m u i t o r i g o r o s o dos f a t o s p a r a d e s c o b r i r q u e a evolução h u m a n a se o p e r a e m três f a s e s s u c e s s i v a s : a física, a i n t e l e c t u a l e a e s p i r i t u a l . Se a e n t i d a d e h u m a n a q u i s e r d e s e n v o l v e r a s s u a s c a p a c i d a d e s , terá de fazê-lo através de u m a i n d i v i d u a l i d a d e c e n t r a d a e m s i m e s m a , que c o m b i n a as duas p r i m e i r a s . E s t a é u m a fase n a t u r a l e necessária d a s u a história. A I d e i a d i v i n a d a evolução h u m a n a t e m u m l u g a r p a r a a c e n t r a l i d a d e própria d a p e r s o n a l i d a d e p o i s , m e r c ê d e s s e d e s e n v o l v i m e n t o d a e g o c e n t r i c i d a d e , dessa intensificação d a consciência s e p a r a t i v a , a e n t i d a d e h u m a n a se d i f e r e n c i a de t o d a s a s o u t r a s . É necessário ao p r o g r e s s o do h o m e m q u e este i n c l u a a a t i t u d e e x t r o v e r t i d a e a egocêntrica. D u r a n t e a l g u m t e m p o e l a t e m u m a f i n a l i d a d e útil e m seu desenvolvimento. A s várias c a p a c i d a d e s do c o r p o físico e a s p o t e n c i a l i d a d e s d a p s i q u e m e n t a l - e m o c i o n a l são p o s t a s em relevo por ela. D a v i d a d e s c o n h e c i d a do p a s s a d o não l e m b r a d o do h o m e m l h e v e m o l e g a d o de p o d e r c o n h e c e r e f a z e r m u i t o m a i s do que p o d e c o n h e c e r o u f a z e r q u a l q u e r a n i m a l . Os i n s t i n t o s egoístas e p o s s e s s i v o s , os a p e g o s m a t e r i a l i s t a s e e x t r o v e r t i d o s d a n a t u r e z a h u m a n a n ã o se e n c o n t r a m a l i e m v i r t u d e de u m a degeneração de s u a p a r t e , m a s e m razão do s e u próprio d e s e n v o l v i m e n t o . S ã o r e s u l t a d o s n a t u r a i s d a expressão d a s s u a s c a p a c i d a d e s e f a c u l d a d e s l a t e n t e s , d a expansão d a s u a consciência, a p a r t i r de f a s e s m a i s p r i m i t i v a s , através de u m a p r o c u r a de v i d a individualizada. São u m a p a r t e d a evolução rítmica, que é u m a t r i b u t o d a d i v i n a Ideia Universal. D e q u e o u t r o m o d o p o d e r i a a N a t u r e z a f o r m a r o ego do h o m e m , s e a s u a v i d a e a s u a consciência a n i m a d o r a s não tivess e m t i d o u m a experiência s u f i c i e n t e m e n t e a m p l a , se nao lhes t i v e s s e s i d o f a c u l t a d o j o r n a d e a r através dos corpos da víbora, do t i g r e , d a v a c a e do c a v a l o p o r e x e m p l o , g a n h a n d o os a t r i b u t o s e a consciência q u e t a i s c o r p o s p o d e r i a m m a n i f e s t a r . Eles f o r a m não a p e n a s úteis senão t o t a l m e n t e necessários a f e i t u r a do ego, do " e u s o u " . Q u a n d o esse c e n t r o f i n i t o de consciência . t e r m i n o u a preparação e m outros reinos d a natureza e principiou a j u a ^ v i d a c o m o ego h u m a n o , o d e s e n v o l v i m e n t o d a n a t u r e z a egoísta e i a

ressário e útil à s u a m e t a s u p r e m a . I s t o l h e p r o p o r c i o n o u , através do desejo, v a l i o s o s m o t i v o s d e a t i v i d a d e e, d u r a n t e as p r i m e i r a s fases e a s f a s e s i n t e r m e d i á r i a s d a q u e l a v i d a , f o i a s u a força e a s u a glória. O ego p r e c i s a v a d i l a t a r o s e u c a m p o de poder e de experiência e e x p a n d i r a s u a e s f e r a d e a q u i s i ç ã o no c u r s o do s e u p r o g r e s s o . A multiplicação dos desejos e a l u t a d a e g o c e n t r i c i d a d e , c o m a c o n s e q u e n t e i n t e n s i f i c a ç ã o d a personalidade e o c r e s c i m e n t o e a extroversão d a s f a c u l d a d e s m e n tais f o r a m fases necessárias d o s e u p r o g r e s s o . 0 h o m e m não p o d e r i a o b t e r de o u t r a m a n e i r a a c o n s c i ê n c i a p l e n a m e n t e i n d i v i d u a l i z a d a de s i m e s m o , d o s o u t r o s e d o m e i o . D u r a n t e o longo c u r s o d a s u a história, f o i a t r a v é s d e s s a p r ó p r i a extroversão egoísta q u e êle g r a d u a l m e n t e m a n i f e s t o u a s p o t e n c i a l i d a d e s de q u e o d o t o u a n a t u r e z a e, a s s i m , s e e x p r e s s o u e d e s e n v o l v e u ao m e s m o t e m p o . E r a u m processo n a t u r a l e e s s e n c i a l , q u e l h e t r o u x e a e x p e r i ê n c i a necessária e o r e s u l t a n t e conhecimento da s u a personalidade e dos seus poderes. Era u m a fase indispensável d o d e s e n v o l v i m e n t o a q u e l a e m q u e o seu ego c r e s c e s s e e m força e s e e x p a n d i s s e e m c o n s c i ê n c i a . I m p e l i d o s pelo d e s e j o e n e c e s s i t a d o s de e x p e r i ê n c i a , o s j o v e n s egos a n s i a v a m p o r a t i v i d a d e . D e s a p o n t a d o s e m s e u s d e s e j o s o u s a c i a d o s de experiência, o u i n t e r i o r m e n t e c o m p e l i d o s p a r a a b u s c a d a v e r d a d e , os v e l h o s egos a n s i a v a m p o r d e s c a n s o . Q u a n t a s séries de existências t e r r e n a s , q u a n t a s o n d a s d e s u c e s s i v a s e n carnações, s e p a r a m o p r i m e i r o g r u p o d o s e g u n d o ! A única razão p e l a q u a l a g r a n d e m a s s a d a h u m a n i d a d e n ã o c o n s e g u i u crescer e s p i r i t u a l m e n t e m a i s d e p r e s s a não foi u m a razão p e l a q u a l p o s s a m o s incriminá-la. E l a não t i v e r a t e m p o s u f i c i e n t e , n e m c o n h e c e r a a s experiências m a i s r i c a s , q u e c h e g a m c o m o tempo. Dúzias de n o v o s r e n a s c i m e n t o s e r a m e são necessários p a r a l o g r a r a consciência m a i s p r o f u n d a e a s p e r c e p ç õ e s m a i s apuradas, que d i s t i n g u e m as pessoas m a d u r a s . Até o p o n t o a t u a l do s e u d e s e n v o l v i m e n t o constituía f u n ç ã o a p r o p r i a d a e útil do h o m e m a d q u i r i r c a p a c i d a d e s e p o s s e s , d i f e r e n c i a r - s e através do e g o í s m o . A o fazê-lo, p o r é m , êle f o i perdendo c a d a vez m a i s o s e u p a r e n t e s c o e s p i r i t u a l c o m a N a t u r e z a e a s u a orientação i n t u i t i v a . E s s e ponto médio d a s u a evolução é a q u e l e e m q u e o i n t e l e c t o d e s p e r t a e s e d e s e n v o l v e , e a i está p o r q u e é o m a i s p e r i g o s o . P o i s a q u i o e g o s e m o s t r a mais robustamente individualista, m a i s teimosamente m a t e r i a l i s t a , m a i s c h e i o de egoísmo, m a i s a f e r r a d o a o u s o d a astúcia e m b e n e f i c i o p r ó p r i o e, p o r t a n t o , m a i s n o c i v o a o s o u t r o s . Muitos egos q u e se e n c a r n a r a m e m c o r p o s c o n t e m p o r â n e o s a l c a n ç a r a m esse l i m i t e e x t r e m o d a individualização, m a s f o r a m os m a i s relutantes e m d a r a meia-volta que a evolução agora s o l i c i t a .

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R e c u s a m - s e a j u n t a r - s e à próxima tendência, q u e é p a r a a harm o n i a , a p a z e a cooperação c o m o u t r o s , p a r a a a j u d a e o s e r v i ç o mútuos, p a r a u m a concepção d o m u n d o m a i s e s p i r i t u a l e menos sensual. v

c

A

e v o l u ç ã o e s p i r i t u a l d a raça h u m a n a , e m p a r t e , é u m a l u t a p a r a s o b r e p u j a r os v i g o r o s o s obstáculos d a s s u a s próprias tendências egoístas, animalísticas e e x t r o v e r t i d a s ; e m p a r t e u m a d i s c i p l i n a d o i n t e l e c t o e s m a g a d o r d a intuição. Não há'nada e r r a d o n e s s a s tendências p o r s i m e s m a s e q u a n d o o c u p a m o seu lugar. M a s q u a n d o d o m i n a m i n t e i r a m e n t e a consciência dão o r i g e m a o e g o í s m o e x t r e m o e ao cínico m a t e r i a l i s m o . É u m r e s u l t a d o i n e v i t á v e l d a s f a s e s p a s s a d a s e p r e s e n t e s que o excess i v o a p e g o a o l a d o a n i m a l e físico d a v i d a s u r j a d e n t r o d e l a e q u e o e g o í s m o e a s más ações s u r j a m n a s relações e n t r e os egos, q u e o m a l se t o r n e tão a t i v o q u a n t o o b e m e até, e m c e r t o s p e r í o d o s , m a i s a t i v o d o q u e o b e m . U m a c r i a t u r a má é s i m p l e s m e n t e u m a c r i a t u r a i n s u f i c i e n t e m e n t e evoluída. E s s e comp a c t o e s p e s s a m e n t o do egoísmo, esse apego e x t r o v e r t i d o à pers o n a l i d a d e física é inevitável no d e s e n v o l v i m e n t o d a entidade humana. N ã o p o d e m ser contidos. M a s eles, a s s i m , n a t u r a l m e n t e r e f o r ç a m o p r ó p r i o egoísmo, e a s próprias a t i t u d e s anti-sociais. I s s o , f i n a l m e n t e , p r o d u z e m b a t e s c o m outros egos. C o m e ç a m a p e c a r e, c o n s e q u e n t e m e n t e , a sofrer. Os m a l e s q u e v i a j a m n o t r e m d e s s e egoísmo, c o m o a a t i t u d e c o m p e t i t i v a q u e , m a i s t a r d e , se c o n v e r t e e m a t i t u d e c o m b a t i v a , e a a q u i s i t i v i d a d e q u e s e t r a n s m u d a e m a g r e s s i v i d a d e , não p o d e m s e r evitados. L e v a d a s , p o r é m , m u i t o longe, e s s a s a t i t u d e s d e r r o t a m o p r ó p r i o o b j e t i v o d e tôda a evolução. 0 v e r d a d e i r o m a l só a p a r e c e n o r e i n o h u m a n o , e m q u e a união do intelecto h u m a n o c o m o d e s e j o a n i m a l p r o d u z c r i a t u r a s c a p a z e s de m a l d a d e s de que n e n h u m a n i m a l é capaz. A t i n g i u - s e a g o r a u m a fase e m q u e i s t o p r e c i s a s e r detido e e m que a m e t a suprema precisa s e r r e l e m b r a d a — a m e t a de e l e v a r a consciência do ego à consciência do E u S u p r e m o . I s t o não p r e c i s a s e r feito e m tôda a s u a p l e n i t u d e ; b a s t a a m a i s s i m p l e s e e l e m e n t a r record a ç ã o , c o m o a q u e s u g e r e a religião p o p u l a r . O h o m e m s u r g i u a g o r a de c o r p o i n t e i r o n o t e a t r o d a N a t u r e z a e o s necessários i n s t r u m e n t o s m e n t a i s p a r a efetuar-lne a e s p i r i t u a l i z a ç ã o j á f o r a m d e s e n v o l v i d o s , m a s estão sendo agora m a l e m p r e g a d o s e m propósitos amiúde a n t i e s p i n t u a i s . ,As m a i s a l t a s o p o r t u n i d a d e s e n s e j a d a s p e l o n a s c i m e n t o físico s a o . m a l b a r a t a d a s e m v a i d a d e s , m a l e m p r e g a d a s e m pecados o u descura^ d a s e m o u t r a s preocupações. 0 ego é c o m o u m a criança que d e s e j a p e r m a n e c e r p a r a todo o s e m p r e n a fase d a R a r e i a . M a s a v i d a não p e r m i t i r á q u e i s s o aconteça. S o « o — e m q u e êle d e v e r á c r u z a r o l i m i a r d a r e s p o n s a b i l i d a d e e s p i r i t u a l

j

|t

_

T

e

r

á

de e n f r e n t a r

os sérios

problemas

da

existência,

f p o r q u ê e o p a r a quê d a s u a presença n a t e r r a . Quando nos r e f e r i m o s a q u i a o ego h u m a n o , é m i s t e r c o m nreender que fazemos referência a o s e u estádio e v o l u t i v o t a l e a u a l se e n c o n t r a n o m a i o r número de s e r e s h u m a n o s q u e h a b i t a m este p l a n e t a . I s t o é, a referência não v i s a à p e q u e n a m i n o r i a o r a e n c a r n a d a , q u e já u l t r a p a s s o u e s s e estádio, m a s à m a i o r i a , que se a c h a , e m s u a m a i o r p a r t e , n o p o n t o m é d i o d a evolução. Êle só poderá c o n t i n u a r p a l m i l h a n d o a a t u a l e s t r a d a se p r e t e n d e r d e s t r u i r - s e a s i próprio. A s u a progressão n e s t e p l a n e t a já a t i n g i u o clímax f i n a l de individualização. P a r a p o d e r e v o l v e r , terá de a c r e s c e n t a r , d a q u i p o r d i a n t e , os c o n t r o l e s , a s v e r i f i cações e os equilíbrios compensatórios de o u t r a m e t a . Deverá a b r i r mão do e x c e s s i v o e g o í s m o p e s s o a l e d a m a t e r i a l i d a d e i n t e l e c t u a l , que o alçou a o p l a n o d a s u a c a p a c i d a d e a t u a l , m a s que, d e s e q u i l i b r a d a , o c e g o u t a m b é m p a r a os s e u s m e l h o r e s interesses e o m a i s v e r d a d e i r o c o n h e c i m e n t o . O seu crescimento foi u m a fase e s p e c i a l , e s s e n c i a l a p e n a s a u m d e t e r m i n a d o período. E s s e período, a g o r a , está-se e n c e r r a n d o abruptamente. H o j e , a s n e c e s s i d a d e s d a e n t i d a d e i n d i v i d u a l são i n e v i t a v e l m e n t e d i f e r e n t e s . A f i m de t o r n a r - s e h o m e m p r e c i s o u d e s e n v o l v e r o egoísmo. A f i m de u l t r a p a s s a r o h o m e m , terá de s u b m e r g i r o egoísmo. Só então p o d e r ã o s e r s e g u r a m e n t e m e l h o r a d a s a l u t a d e s a p i e d a d a e a história c r u e l d a s relações humanas. A f a s e s e g u i n t e do s e u p r o g r e s s o r e s i d e n a p r á t i c a equilibrada da auto-ajuda e d a acomodação aos o u t r o s , n a cultivação d a fé e s p i r i t u a l e d a intuição. A f a s t o u - s e m u i t o d o s protozoários e c h e g o u a u m p o n t o n a e s c a l a e v o l u t i v a e m q u e se t o r n o u i m p e r a t i v a u m a r e v i r a v o l t a considerável e m o u t r a direção. Êle terá de d a r o g r a n d e p a s s o p a r a a f r e n t e n o s e n tido de u m a compreensão m a i s e l e v a d a d a p r ó p r i a existência. E c a d a d i a p r o c r a s t i n a d o estará c h a m a n d o n o v o s sofrimentos. A má direção d a s s u a s próprias forças físicas e i n t e l e c t u a i s c h e g o u p e r i g o s a m e n t e p e r t o de s e r u m m a l t o t a l . A espécie H o m e m se a p r o x i m a d a m a i s crítica d a s c u r v a s f e c h a d a s d e s u a existência i n t e r i o r e e x t e r i o r . C o m o século X X n o m e r i d i a n o , e s s a auto-adoração, e s s a i n t e l e c t u a l i d a d e m a t e r i a l i s t a e esse e x c e s s i v o v o l t a r - s e p a r a f o r a c o m e ç a a p e r d e r o v a l o r evolutivo. A s forças a n i m a i s a g r e s s i v a s d o ego estão f a z e n d o um esforço d e s e s p e r a d o p a r a m a n t e r o a n t i g o d o m í n i o . O que v e m o s à n o s s a v o l t a tôda, e m p a r t e , é u m a m a n i f e s t a ç ã o v i s í v e l d a s invisíveis convulsões p o r q u e êle está p a s s a n d o . A sua

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própria resistência f e r o z se r e f l e t e n a situação i n t e r n a c i o n a l . S e t a n t o os c h e f e s q u a n t o os c h e f i a d o s p e r s i s t i r e m e m i g n o r a r a n o v a orientação, a s s u a s convulsões poderão t o r n a r - s e agônic a s e a s civilizações q u e eles construíram, d e s i n t e g r a r - s e c o m e l e s . _ N e s s e e s t a d o de e x t r e m a extroversão e a g r e s s i v o egoísmo, milhões de p e s s o a s se t o r n a r a m c o m p l e t a m e n t e cegas ao prr> pósito m a i s a l t o d a v i d a h u m a n a . C o n s i d e r a m o h o m e m a p e n a s u m a n i m a l pensante, a luta m o r a l entre o certo e o errado u m a s i m p l e s questão de o p o r t u n i d a d e e conveniência, o a n e l o de b o n d a d e m e r a condição patológica mórbida. Muitíssimos out r o s s e r e s h u m a n o s f o r a m c a i r a i n d a m a i s longe. P o i s d i s s e r a m : " m a l , sê t u o m e u b e m " . P o r t e r a h u m a n i d a d e n o p a s s a d o v i v i d o n u m círculo v i c i o s o de dominação e c o n s e q u e n t e s o f r i m e n t o do ego, esse círculo agora precisa ser rompido. O desdobramento da individualidade através de u m a série de v i d a s n e s t a t e r r a chegou ao ponto culminante. C o n d u z i u , i n e v i t a v e l m e n t e , a u m a situação e m q u e a força e a violência do " e u " d e v e m s e r r e f r e a d a s , p a r a q u e êle não se m o r t i f i q u e c o n s t a n t e m e n t e , a s i e aos o u t r o s , p e l a c e g u e i r a e x c e s s i v a , p e l a ganância e p e l a p o s s e s s i v i d a d e . E m b o r a tôda c r i a t u r a v i v a p o s s u a o egoísmo n a f o r m a d a autopreservação, só o h o m e m o l e v o u a t a i s e x t r e m o s s o c i a l m e n t e p e r i g o s o s , p o i s só êle i n t r o d u z i u no s e u serviço a astúcia intelectual. E s s e egoísmo chegou a u m ponto e m que terá de s u b m e t e r - s e , d a q u i p o r d i a n t e , às verificações e c o n t r o l e s do s e u s u p e r i o r , o u provocará o m a i s g r a v e p e r i g o de destruição para a humanidade. O desregrado apelo da entidade h u m a n a à sua animalidade c o m b a t i v a e à s u a p e r s o n a l i d a d e egoísta está sendo desafiado e a t a c a d o p o r forças m u n d i a i s e c o n v e r t i d o e m c a u s a do seu p r ó p r i o s o f r i m e n t o psíquico. A t r e m e n d a tensão que lhe s u r g i u n a consciência e m v i r t u d e d a s u a resistência i n t e r i o r a essa pressão e v o l u t i v a , q u e a t u a v a não só de d e n t r o pelas influências e s p i r i t u a i s , m a s t a m b é m de f o r a através dos acontecimentos históricos, f o i e x c e s s i v a p a r a m u i t a gente. Desequilibrou-lhe a psique e provocou m u i t a semi-insanidade. O ponto crítico f o i alcançado, o p o n t o m a i s d i s t a n t e do s e u e x t r a v i o ; além d e s s e p o n t o , e s s a gente c o r r e o p e r i g o de p e r d e r q u a i s q u e r q u a l i d a d e s e s p i r i t u a i s q u e a i n d a l h e r e s t e m . A o desenvolver e i n f l a r o egoísmo, afastou-se e l a c a d a vez m a i s d a origem d i v i n a do seu ser. Está sendo a g o r a l e v a d a a excessos, que r e s u l t a m n o ateísmo d i f u n d i d o , no egoísmo a g r e s s i v o e n a f r a n c a i m o r a l i d a d e , de t a l s o r t e q u e s u r g i u o p e r i g o d a c o m p l e t a autodestruição. A agressão do ego a n i m a l e a perfeição do intelecto i n f e r i o r j á f o r a m tão longe q u a n t o p o d e r i a m t e r ido no presente c i c l o ; u r g e q u e c o m e c e a s u a atenuação. S e u m n u m e r o dema-

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siado pequeno de indivíduos e n e n h u m a nação e s t i v e r e m voluntariamente dispostos a i n i c i a r o processo, a s forças do destino cooperarão com os outros fatôres p a r a deter a tendência a t u a l de maneira ainda mais drástica. O choque desses eventos p a r a o sistema nervoso induziria estados de espírito e até concepções da vida diferentes dos que p r e v a l e c i a m a n t e r i o r m e n t e . Dessa maneira, a compulsão evolutiva está sendo e x e r c i d a s o b r e o ego pessoal extrovertido e inflado, p a r a que êle a b a n d o n e a a t u a l posição e retome o c a m i n h o do regresso. •Sabemos que, fisicamente, este é o período m a i s emocionante da História. Saberemos que é, e s p i r i t u a l m e n t e , o m a i s crítico?* A humanidade foi c o n d u z i d a às e n c r u z i l h a d a s d a s u a vida encarnada. P r e c i s a deter-se e refletir. t S o o u a h o r a , n a jornada cósmica do ego, e m que lhe i m p e n d e d e c i d i r se dará ou não meia volta p a r a e n c a r a r c o m a s u a a l m a d i v i n a e, depois, principiar a obedecer-lhe. Chegou ao t e r m o do s e u c i c l o evolutivo mais severo. Não lhe será p e r m i t i d o aprofundar-se a i n d a mais na treva. Alçar-se à luz, êle não quer. Forças a t u a n t e s não só dentro, m a s também fora dele, e m p e n h a m - s e n u m a g u e r r a titânica para guiá-lo, b e m e m a l . Êle chegou ao período c l i m a térico da sua longa história. A aproximação dessas e n c r u z i l h a das evolutivas, de fato, é u m a das m a i s poderosas influências que contribuem p a r a a atual c r i s e m u n d i a l l O s a c o n t e c i m e n t o s se modelam tão constantemente que a situação p r e c i s a ser enfrentada; exigem-se tão a miúdo decisões m o m e n t o s a s , que elas não podem ser retardadas n e m as s u a s exigências ignoradas. E l a tanto poderá responder a esses i d e a i s m o r a i s e a essas crenças não materialistas, que os m e s t r e s e s p i r i t u a i s sempre colocaram à s u a frente, como e s s e n c i a i s à c o n d u t a e ao pensamento retos, como poderá rejeitá-los. Tudo isso é o resultado da t r e m e n d a torção evolutiva da consciência e da reorientação da mente que o ego relutante está sendo instado a manifestar. O resultado é e m b a t e e conflito dentro dele mesmo e, porque a pressão também está sincronizada com as operações do destino cármico, e m b a t e e conflito em sua vida externa. As guerras e as c r i s e s , a s revoluções e as fomes são, ao m e s m o tempo, símbolos exteriores e consequências naturais d a s u a desesperada resistência. Entre os primeiros efeitos da mudança evolutiva i n t e r n a , a o lado d a nobreza, da bondade e d a abnegação, todo o m a l do caráter da humanidade foi arremessado à superfície, todas as paixões mais tenebrosas foram liberadas. O horror e a violência, a concupiscência e a cobiça, o medo e o ódio, a inveja e o despeito foram abertamente glorificados. M a s isso é a noite antes d a aurora, a luta desesperada d a fera acuada, que existe no h o m e m .

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Os nossos próprios pecados e a nossa indolência, os nossos erros e o nosso m a t e r i a l i s m o , nos m a n d a r a m u m Destruidor. D e u s a i n d a terá de mandar-nos u m Libertador. H i t l e r surgiu como figura gigantesca no centro do palco d o mundo, a r m a d a de u m chicote, que b r a n d i a à direita e à esquerda, entre os próprios compatriotas como entre tôda a E u r o p a . S e r i a u m grande erro acreditar que o m u n d o foi punido apenas pelo pecado de H i t l e r . Não foram os resultados dos pensamentos egoístas e dos sentimentos negativos, das paixões animalescas e dos atos imorais de u m homem só, senão os resultados a c u m u l a d o s de muitos milhões de homens, que se fizeram sentir n a catástrofe que esmagou mais de u m continente inteiro. A longa e insuportável agonia dos horrores e atrocidades dos tempos de guerra, o amargor e o sofrimento, merecem aqui uma reflexão especial. E m seu tamanho e e m s u a causa, em sua singularidade e em s u a técnica, a guerra foi o acontecimento proeminente d a história externa das nações. Entretanto, foi simplesmente u m a parte d a crise mundial geral, muito embora fosse a parte mais vívida, mais violenta e mais dramática. As suas sinistras pressões iniciaram o processo de forçar atitudes cooperativas e fusões sociais dos indivíduos e das classes n a m a i o r i a dos países, m a s a tensão relaxada do início da paz inverteu o processo e assistiu a novos regressos de atitudes egoístas. Nas ilusões do ego e na sua ignorância da verdadeira natureza do que se exprime pelo pronome pessoal " e u " , estão a origem não só do m a l que êle faz, mas também da ignorância que revela. No seu egoísmo sem freios está o pior conselheiro da humanidade. E n q u a n t o o seu bem pessoal fôr para êle a m a i s importante de todas as considerações, enquanto êle não perceber que os interesses dos outros devem ser considerados no m e s m o plano dos seus, enquanto êle, sempre que os dois colidirem, sacrificar os segundos em favor do primeiro, em lugar de equilibrá-los sabiamente, ocorrerão sucessos e experiências que, através d a dor e da decepção, tentarão ensiná-lo a emendar esse erro. Se, em sua longa carreira passada, não havia m a l e m que êle procurasse satisfazer aos seus interesses, expandindo o seu domínio e fortalecendo a sua posição, a nova ordem evolutiva é colocar-se sob o domínio do eu superior e equilibrar os próprios interesses com o interesse comum. O apego desordenado aos seus interesses, aos seus valores e às suas opiniões, e m que êle incorreu, assinala o limite extremo de u m a longa fase de desenvolvimento. O ego pessoal inflado na religião, na arte e nos internas e externas, que fazer-lhe o egoísmo. 1 Êle

está em toda parte — na Política e negócios — tentando resistir às forças procuram reduzir lhe a tirania e desse obstina, não querendo sair da sua

oosição. E s s a e u m a d a s r a z o e s p o r q u e a F i l o s o f i a r e i e r a q u e n e m a E c o n o m i a n e m a Política resolverão j a m a i s , a d e q u a d a mente os p r o b l e m a s d a h u m a n i d a d e , n e m s e q u e r os s e u s problemas m a t e r i a i s , q u e são, n o f u n d o , p r o b l e m a s e s p i r i t u a i s . S e i a q u a l fôr a e s f e r a de a t i v i d a d e h u m a n a q u e c o n t e m p l a m o s , ali e n c o n t r a r e m o s o ego p e s s o a l d e f e n d e n d o - s e p e r v e r s a m e n t e chocando-se a g r e s s i v a m e n t e c o m o u t r o s egos. Os seus desejos e posses, a s s u a s ambições e p r e c o n c e i t o s são a s v e r d a d e i r a s metas que êle a m b i c i o n a o b t e r o u r e t e r , atrás d a f a c h a d a grandíloqua que ergue f r e q u e n t e m e n t e . Isso tanto é verdade e m relação às esferas políticas e económicas q u a n t o e m r e l a ç ã o às esferas sociais e r e l i g i o s a s . Daí q u e a F i l o s o f i a d e i x e a o u t r o s a tarefa de a s s e g u r a r r e f o r m a s e x t e r n a s e s e d e d i q u e a e x p o r e e l i m i n a r a t i r a n i a do ego. E l a e n s i n a aos h o m e n s que o que parece o c a m i n h o m a i s c o m p r i d o — o a p r i m o r a r e m - s e — é, ao cabo de c o n t a s , o m a i s c u r t o p a r a a m e t a de a p r i m o r a r o meio. A s s i m c h e g a às v e r d a d e i r a s c a u s a s ; os reformadores l i m i t a m - s e a c h e g a r aos efeitos. A q u e l e s q u e não s e a p r o x i m a m da verdade sobre a v i d a ( i s t o é, F i l o s o f i a ) , atraídos p e l o p r ó p r i o fascínio i n t e r i o r , aproximar-se-ão u m d i a p o r n e c e s s i d a d e de autodefesa n a s l u t a s d a existência. Esse d i a chegou. Os que ainda não o r e c o n h e c e r a m — e são inumeráveis — não p a s s a m de e s c a p i s t a s , que se e s c o n d e m d a r e a l i d a d e m a s , p r o v a v e l m e n t e , serão a r r a n c a d o s aos s e u s e s c o n d e r i j o s p e l a m ã o áspera do Destino. e

Q u e m q u e r que t e n h a olhos p a r a v e r r e c o n h e c e r á q u e a g u e r r a d e v e r i a t e r sido u m período de t r e m e n d o d e s p e r t a r , a f i m de c o m p e n s a r a s u a terrível devastação. E r a i n e v i t á v e l q u e êssc d e s p e r t a r a s s u m i s s e , até a g o r a , u m c u n h o p o l í t i c o e económico. M a s a este se seguirá u m d e s p e r t a r r e l i g i o s o e i n t e l e c t u a l . A h u m a n i d a d e não d e v e r i a t e r t e n t a d o v o l t a r a o v e l h o modo de v i d a m a t e r i a l i s t a a n t e r i o r à g u e r r a . T e v e n a s mãos a oportunidade de o p t a r e n t r e u m c a m i n h o n o v o e p i o r e u m c a m i n h o novo e m e l h o r . P o u c o s d e i x a r a m de s e r p r e s o s n o r e m o i n h o dos a c o n t e c i m e n t o s contemporâneos e, p o r t a n t o , de sofrer-lhes a influência, benéfica o u maléfica. Os que p a s s a r a m por terríveis t r a n s e s , s o f r e n d o o s n a própria c a r n e o u v e n d o os outros sofre-los, t i v e r a m u m a experiência tão drástica q u e l h e s deixou no caráter u m a impressão indelével. A s experiências ao u l t i m o decénio d e v e r i a m tê-los c o n d u z i d o a u m p o n t o de v i s t a m a i s elevado o u m a i s b a i x o , porém d i f e r e n t e d a q u e l e q u e e r a o seu a m e s de i n i c i a r - s e o período. A crise mundial deveria ter levado os p e n s a m e n t o s desses h o m e n s a u m a posição q u e f ° n o r se t e r i a a f i g u r a d o tão i d e a l i s t i c a m e n t c a

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nlreHH ° * u• e vamente repugnante que p a r e c i d o inconcebível e inimaginável n e s t e século. U

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l

d e

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lhe teria

N u m a e r a de transição, e m q u e os a c o n t e c i m e n t o s se suced e m tão r a p i d a m e n t e , c o m o a n o s s a , e de s u c e s s o s tão titânicos q u a n t o os q u e o c o r r e r a m d u r a n t e a n o s s a existência, f o r a tolo c o n s i d e r a r os p r o b l e m a s a p e n a s à l u z do q u e foi. A s avaliações de a n t e s d a g u e r r a já não têm v a l o r p a r a os t e m p o s do após- g u e r r a . S e u m h o m e m o u u m a nação d e s c o b r i r e m que envered a r a m p e l o c a m i n h o e r r a d o , a única a t i t u d e s e n s a t a que l h e s resta é desandar o caminho percorrido e voltar à estrada certa. U r g e t o m a r u m a n o v a direção. I s s o , c o n t u d o , r a r o se faz — t a i s são o ímpeto do p a s s a d o c a pressão do hábito. U m a d a s e s c o r a s m a i s v i g o r o s a s do ego é o hábito, a memória automática d a m e n t e e d a n a t u r e z a sensível, q u e s u s t e n t a e p r e s e r v a o p a s s a d o egoísta o u o p a s s a d o e r r a d o , trazendo-o p a r a o presente, que a r m a e e q u i p a o i n t e l e c t o e m s e u domínio s o b r e a intuição o u e m s u a resistência c o n t r a e l a . P o r detrás do m a l e d a aflição d a g u e r r a e d a c r i s e há este b e m — o fato de n o s d e s p o j a r e m de hábitos que n o s a l g e m a m a u m m o d o de p e n s a r e v o l u t i v a m e n t e obsoleto, a a t i t u d e s d e m a s i a d o pessoais e a ment i r a s c o n v e n c i o n a i s h a u r i d a s n a sociedade, n a civilização o u n a tradição. A renúncia a elas f a z p a r t e do que q u e r i a d i z e r o Místico d a G a l i l e i a q u a n d o nos p e d i u que renunciássemos a nós m e s m o s . U m a i d e i a c u r i o s a c o m o e s s a , de que p r e c i s a m o s r e n u n c i a r a nós m e s m o s a f i m de nos a c h a r m o s , deve s u r g i r c o m o u m p a r a d o x o i r r i t a n t e aos olhos d a intelligentsia, e terá, n e c e s s a r i a m e n t e , de a s s u m i r a f o r m a de u m a parábola desat a v i a d a p a r a os s i m p l e s . M a s não d e v e m o s f u g i r ao p a r a d o x o ; t r a t a - s e , n a r e a l i d a d e , de u m m a n t o que recobre a espécie m a i s p r o f u n d a e, p o r t a n t o , m a i s v a l i o s a de p e n s a m e n t o s . O ego h u m a n o p r e c i s a f a z e r o p r i m e i r o esforço tímido no s e n t i d o de r e n u n c i a r , à própria s o b e r a n i a e m f a v o r do d i v i n o E u S u p r e m o , o u será a r r a s t a d o , pelo destino implacável, n a m e s m a direção. A n e c e s s i d a d e de u m a mudança de pensam e n t o s e s e n t i m e n t o s c o m o prefácio à mudança d a trágica s i n a d a h u m a n i d a d e é u m a condição a b s o l u t a . O arrependimentc) p r e c i s a s e r a t i v o , é m i s t e r q u e a mudança do coração transpareça n a mudança de v i d a . C u m p r e que às emoções n e g a t i v a s s e j a m Telréã _ , a n i m a l , e q u e os exercícios^spirituai^_çomecem__aL_?ujejtar a ""^Fc^uiça^êlpTHtuà^ que o T ã m i n h o d a h u m a n i d a d e «--prtnTípT^^ d? consciência — a i n d a que e s c a s s a — do e u m a i s alto. D e b o m o u de m a u grado, u r g e q u e e l a c o n t o r n e esse p o n t o c r u c i a l e m o d i f i q u e a direção da sua vida interior. U m a mudança d e s s a n a t u r e z a supõe n e c e s s a r i a m e n t e a penitência e p o r e l a se e x p r e s s a . Consequentemente, a s u p r e m a mensagem espiritual, hoje e m dia, é u m c h a m a d o à contrição. Aqueles que r e s p o n d e r e m s i n c e r a m e n t e v

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- «volvos" a êle serão s a i ^

m a s aqueles que se r e c u s a r e m a dar-lhe refeeta c o n t r a a visão m a i s e l e v a d a

S vW°a. S Í r Í § r ^ e i i a n ^

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sofrimentos.

r l r t n s tinos de líderes fanáticos r e p r e s e n t a m u m a seção facilmente reconhecível deste último g r u p o . O s seus cegos adepTos são, de fato, i n f e l i z e s ; não h a l u g a r p a r a s e m a n t e r oermanentemente u m a posição a s s i m n a e r a q u e e s t a n a s c e n d o . E s estão tentando defender u m f o r t e c o n d e n a d o , a p r o x i m a - s e o termo do seu tempo, s e j a através d a auto-rendição, s e j a mediante u m a catástrofe e x t e r n a , p o i s a s forças e v o l u t i v a s são inexoráveis. 3

T a l é o processo de reorientação q u e , a o s e r a t i n g i d o u m ponto da História não m u i t o d i s t a n t e , s e desenvolverá, c a d a vez mais, n a psique h u m a n a , t a l é a p a s s a g e m d e u m e g o í s m o m a t e r i a l i s t a a n t i q u a d o p a r a u m a consciência e s p i r i t u a l q u e s e inicia. À m e d i d a que se p r o c e s s a r esse d e s e n v o l v i m e n t o evolutivo, o ego será c a d a v e z m e n o s vítima d o s s e n t i d o s e d a animalidade e. por c o n s e g u i n t e , c a d a v e z m e n o s m a t e r i a l i s t a em s u a m a n e i r a de p e n s a r . A s n o v a s tendências i n f l u i r ã o não só e m s u a q u a l i d a d e de consciência, senão t a m b é m e m s u a s atitudes m o r a i s . E m épocas de c r i s e s o c i a l e, m a i s e s p e c i a l m e n t e , n u m tempo de i m e n s a transição cíclica c o m o o n o s s o , q u a n d o está iminente u m a r e v i r a v o l t a e v o l u t i v a do ego, os h o m e n s n e m sempre evoluem l e n t a m e n t e , p a s s o a p a s s o , n o s e n t i d o d a a l t a verdade e s p i r i t u a l ; alcançam-na, porém, súbita e d r a m a t i c a m e n t e . E x p e r i m e n t a m - n a c o m tôda a força de u m a r e v e l a ç ã o n ã o a p r e goada. M u i t o e m b o r a já se t e n h a i n i c i a d o u m p e r í o d o de a c e n tuado d e s p e r t a r i n t e l e c t u a l e s o c i a l , será m i s t e r u m p e r í o d o m a i s longo de tempo p a r a que se a t i n j a o p o n t o c u l m i n a n t e do despertar e s p i r i t u a l . A m e n t e a i n d a terá de p e r c o r r e r a l g u m a distância p a r a poder a d m i t i r s e q u e r a p o s s i b i l i d a d e d a m u d a n ç a , e u m a distância a i n d a m a i s l o n g a p a r a p o d e r d i s c e r n i r c o m presteza os p r i m e i r o s s i n a i s do s e u a c o n t e c e r . S e r i a u m erro acreditar-se que t a l mudança se p u d e s s e o p e r a r tão a b r u p t a mente que se patenteasse e m súbito a p e r f e i ç o a m e n t o de tôda a gente. O que v a i a c o n t e c e r é q u e a inspiração p a r a esse súbito aperfeiçoamento se manifestará, e m v i r t u d e d a t r e m e n d a pressão de certas situações que serão c r i a d a s m a i s t a r d e p e l a c r i s e m u n m

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°' ° ' P° h a v e r , compulsão q u e m q u e r que s e j a p a r a a c e i t a r a inspiração ?. ' u m p r e q u e o ego h u m a n o se d e c i d a

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Se refletirmos, por u m momento, sobre o obsoletismo atual d a s i d e i a s dos físicos do século X I X a c e r c a d a e s t r u t u r a do á t o m o e, p o r t a n t o , a c e r c a d a n a t u r e z a do u n i v e r s o físico, chegar e m o s à conclusão de q u e já f i z e m o s u m g r a n d e p r o g r e s s o e m relação à f a l s i d a d e do m a t e r i a l i s m o científico do século passado. Não obstante, conquanto h a j a desaparecido, e m grande p a r t e , a b a s e científica do m a t e r i a l i s m o , não d e s a p a r e c e u a s u a base industrialista. I s s o e x p l i c a , e m p a r t e , p o r que a m a s s a g e r a l do p o v o n o s países " a d i a n t a d o s " a i n d a p e n s a e age c o m o se e l a fosse v e r d a d e i r a . A c a m u f l a g e m r e l i g i o s a sob a q u a l e s s a b a s e não r a r o se esconde não l h e a l t e r a a n a t u r e z a r e a l . E l a não só é a n t i q u a d a , c o m o t a m b é m e x i b e todos os e r r o s que f r e q u e n t e m e n t e e x i b e o c o n h e c i m e n t o científico a n t i q u a d o . Se a s p l e n a s implicações do q u e foi d e s e n v o l v i d o e m P s i c o l o g i a , e m P s i c o b i o l o g i a e n a Física n u c l e a r p u d e s s e m s e r c a b a l m e n t e c o m p r e e n d i d a s pelos ateístas, estes se s e n t i r i a m c o m p e l i d o s a a b a n d o n a r a s u a crença n e g a t i v a . A s investigações subatômicas de u m g r a n d e c i e n t i s t a c o m o o f a l e c i d o L o r d e R u t h e r f o r d r e v e l a r a m - s e m e t a f i s i c a m e n t e favoráveis às d o u t r i n a s não mater i a l i s t a s . M a s , p o r não d a r o d e v i d o v a l o r ao p e n s a m e n t o m e t a físico, o p r ó p r i o R u t h e r f o r d não p e r c e b e u q u e e l a s r e v e l a v a m a m a n e i r a p e l a q u a l a matéria esconde a s e n e r g i a s de u m a r e a l i d a d e não física o u , c o m o n o s d i s s e , de u m a f e i t a , u m v i d e n t e o r i e n t a l a l t a m e n t e i l u m i n a d o , q u a n d o l h e f a l a m o s sobre a p e s q u i s a atómica, " a s e n e r g i a s d a q u e l e s e r i n f i n i t o e e t e r n o — a Mente Universal, Deus". N a França, n a I n g l a t e r r a e n o s E s t a d o s U n i d o s , não poucos intelectuais influentes, que conduziam outrora o pensamento para o ceticismo, o c i n i s m o e o n i i l i s m o , viram-se conduzidos, por u m p r o c e s s o s u b s e q u e n t e do próprio raciocínio, b a s e a d o n o s d a d o s u l t e r i o r e s q u e o r a se c o n h e c e m , a n e g a r o m a t e r i a l i s m o a q u e o m e s m o raciocínio, a princípio, os l e v a r a , e a r e n u n c i a r à a n t i e s p i r i t u a l i d a d e que foi o s e u fruto original. É m a i s do q u e irónico, é trágico, q u e a ciência q u e p r i m e i r o d e s t r u i u a crença r e l i g i o s a n a existência de u m a r e a l i d a d e além d a r e a l i d a d e m a t e r i a l , c o m e c e a g o r a a f o r n e c e r a s p r o v a s necessárias à sustentação d e s s a crença. P o r h a v e r c h e g a d o tão t a r d e a a j u d a , a civilização m o d e r n a está c o r r e n d o o r i s c o de d e s t r u i r u m a g r a n d e porção de s i m e s m a , e m p a r t e graças às a r m a s m i l i t a r e s q u e a Ciência l h e pôs n a s mãos e graças, e m p a r t e , ao m a t e r i a l i s m o m e n t a l q u e a Ciência c r i o u , f r u t o d a s u a a n t i g a ignorância. A história de m u i t a s civilizações p a s s a d a s está e s c r i t a h o j e na água e n a a r e i a ; d u a s mãos estão s e m p r e t r a b a l h a n d o n a redaçào d e s s a trágica n a r r a t i v a , s e n d o a p r i m e i r a a q u e todos vêem — a

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Í a n , 0 a busca dc v á n « p r o p i , „ s , „ f c talvez n e m t i v e s s e importância. E r a preciso que essas P

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nessoas chegassem, através de u m c h o q u e , a consciência de q u e Jada m a i s s u b s t i t u i o propósito s u p e r i o r As guerras crises m u n d i a i s lhes p r o p o r c i o n a r a m o c h o q u e . O repentino aparecimento da b o m b a atómica n o c e n á r i o m u n d i a l e u m símbolo d a r u d e z a c o m q u e n o s f o i lançado o d e s a f i o . Este propõe à h u m a n i d a d e a opção e n t r e a s o b r e v i v ê n c i a e a d e s t r u i ção. P a r a sobreviver, c o n t u d o , faz-se m i s t e r q u e e l a m o d i f i q u e as suas velhas i d e i a s . 0 d e s c o b r i m e n t o f i n a l e r a i n d i s p e n s á v e l para a s s u s t a r e a l a r m a r a h u m a n i d a d e c o m o n u n c a s e fêz, p a r a despertá-la e obrigá-la a e n c a r a r o f a t o de q u e a s v e l h a s m a n e i r a s de l i d a r c o m c e r t o s p r o b l e m a s são h o j e inúteis. É u m lembrete d a f u t i l i d a d e do preguiçoso a f e r r o a i d e i a s m a r cadas c o m o m a t e r i a l i s m o q u e há-de p a s s a r . A t r a v é s d a b o m b a atómica, o intelecto h u m a n o está i n g r e s s a n d o n o m u n d o p s i c o e létrico que existe atrás do átomo, m a s o está f a z e n d o p r e m a t u ramente, antes de e s t a r p r e p a r a d o p a r a i s s o o u de s e r d i g n o de fazê-lo. 0 Poder M u n d i a l não é a p e n a s c r i a t i v o , é d e s t r u t i v o também, como o r e v e l a m a s t r e m e n d a s mudanças r e g i s t r a d a s e m corpos celestes e no nosso p l a n e t a T e r r a , mudanças q u e o c o r r e r a m no passado e tornarão a o c o r r e r n o f u t u r o . Mexer com êle s e m e s t a r m o r a l m e n t e p r e p a r a d o e e s p i r i t u a l m e n t e c a p a c i tado p a r a fazê-lo b e m , é i n s e n s a t e z . O i n t e l e c t o q u e i n s t i g a o homem torna-se tão perigoso p a r a êle, q u a n d o não p o s s u i n e n h u m conhecimento d a s leis e s p i r i t u a i s q u e g o v e r n a m a v i d a , q u a n t o se lhe t o r n a proveitoso a c o m p a n h a d o desse m e s m o c o n h e c i m e n t o . 0 progresso físico e i n t e l e c t u a l já f o i s u f i c i e n t e m e n t e l o n g e e deveria ser detido p o r e n q u a n t o , até q u e o p r o g r e s s o e s p i r i t u a l e m o r a l r e s t a u r a s s e o p e r d i d o equilíbrio. A c r i s e está-se a v i z i nhando de nós. N u m d e t e r m i n a d o p o n t o , os r e s u l t a d o s não somente nos embargarão o cego avanço p a r a o p o d e r c i e n t í f i c o e técnico não c o n t r o l a d o p o r u m a a t i t u d e ética e m relação a o mencionado poder, m a s também n o s m o s t r a r ã o q u e não s o m o s tao fortes que possamos v i v e r s e m r e c u r s o s e s p i r i t u a i s . A nossa definição d a g u e r r a é d e m a s i a d o l i m i t a d a , d e m a siado tísica. Pois a g u e r r a visível é a p e n a s u m e f e i t o , u m a expressão do que já e x i s t e no nível m e n t a l , s e n d o a v e r d a d e i r a c a u s a a g u e r r a invisível de p e n s a m e n t o s e s e n t i m e n t o s . E n q u a n t o rZ/nM?? c a r r a n q u e i a , furioso, para o u t r o grupo, e n q u a n t o esses h o m e n s lançam r e c r i m i n a ç õ e s n S

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e denúncias histéricas, c r i a m a s condições m e n t a i s q u e sust e n t a d a s p o r u m período s u f i c i e n t e de t e m p o , d e s e n v o l v i d a s c o m s u f i c i e n t e i n t e n s i d a d e , e retribuídas pelos adversários, poderão u m d i a , r e f l e t i r - s e e m l u t a a b e r t a o u até e m g u e r r a física! I s t o p o d e r i a a c o n t e c e r mercê de u m a l e i inevitável, a i n d a q u e a própria g u e r r a fosse t e m i d a e indesejável. T a i s forças e x p r e s s a m a n i m a l i d a d e e têm l u t a d o p e l o p o d e r d i a n t e dos nossos m e s m o s olhos e b u s c a d o c o n t r o l a r a própria v i d a d a h u m a n i dade. N o e n t a n t o , esse c o n f l i t o i n t e r i o r é a p e n a s u m a e x p r e s são u n i v e r s a l do q u e v a i p o r d e n t r o do h o m e m i n d i v i d u a l . E é p o r i s s o q u e não pode s e r r e s o l v i d o e x c l u s i v a m e n t e no p l a n o d a redistribuição política, n e m a p e n a s n o p l a n o d a g u e r r a m i l i t a r . Tôda e q u a l q u e r p e s s o a q u e se r e c u s e a t e n t a r resolvê-lo d e n t r o de s i m e s m a , o q u e só poderá f a z e r d i s c i p l i n a n d o a s u a n a t u r e z a i n f e r i o r e voltando-se, c o m fé e a m o r , p a r a o s e u s e r s u p e r i o r , estará t e n d o o s e u quinhão de r e s p o n s a b i l i d a d e , a i n d a q u e d i m i n u t o , p e l a situação d e s a l e n t a d o r a do m u n d o . Duas e s t r a d a s se a b r e m d i a n t e de c a d a indivíduo n a c r i s e de h o j e , c o m o e m t o d a s a s g r a n d e s c r i s e s de s u a v i d a . U m a o conduzirá, c a d a v e z m a i s , p a r a j u n t o do s e u E u S u p r e m o , o u t r a o a p a r tará c a d a v e z m a i s dele. A s exigências que l h e faz e s t a época são t r e m e n d a s e m c o n f r o n t o c o m a s de épocas a n t e r i o r e s . Não l h e é d a d o a d a p t a r a época a s i próprio, m a s c u m p r e - l h e adaptar-se à época. U m período de transição c o m o esse não se p r e s t a à obstinação i n t e l e c t u a l n e m e m o c i o n a l . O s p r o b l e m a s d a c r i s e m u n d i a l não p o d e m s e r e v i t a d o s e p r e c i s a m s e r e n f r e n t a d o s de u m a f o r m a o u de o u t r a . O prob l e m a de a p r e n d e r a v i v e r t e m de s e r a b o r d a d o de novo, e não m a i s t r a t a d o c o m l e v i a n d a d e , c o m o e m tempos n o r m a i s . Esse p r o b l e m a está s e m p r e c o m o h o m e m , m a s só q u a n d o lhe é a p r e s e n t a d o c o m t a m a n h a insistência e de m a n e i r a tão a c a b r u n h a n t e é q u e êle se dá c o n t a de q u e poderá v o g a r de soluções i m p r o v i s a d a s à p r e s s a e, p o r t a n t o , i n s u f i c i e n t e s , p a r a u m a n o v a c r i s e d e p o i s de o u t r a o u , então, p r o c u r a r soluções i n t e i r a m e n t e novas. Q u a n d o a e x c e s s i v a imersão nos m e i o s d a existência, i s t o é, o c o r p o c o m a s s u a s paixões e a p e t i t e s , o ego c o m a s s u a s emoções e i n t e l e c t o , se t o r n a tão d e s c o m e d i d a q u e o h o m e m e s q u e c e a própria f i n a l i d a d e , o u s e j a , a integração c o m o s e u v e r d a d e i r o s e r , a s forças do d e s t i n o e d a evolução começam a pressioná-lo p a r a q u e êle p r o c u r e l i b e r t a r - s e d e s s a imersão ( q u e é u m a f o r m a de m a t e r i a l i s m o ) . A forma a s s u m i d a pela pressão, e m r e g r a g e r a l , é o s o f r i m e n t o . A humanidade nunca p o d e r i a t e r s i d o a r r a s t a d a a t a i s p r o f u n d e z a s de aflições e p a d e c i m e n t o s e o b r i g a d a a s u p o r t a r t a n t a c o i s a que parece insuportável n u m a visão r e t r o s p e c t i v a , não f o s s e m a s grandes f r a q u e z a s do s e u caráter e a s f a l h a s do seu d i s c e r n i m e n t o . 71

c • iHiota de duas g u e r r a s m u n d i a i s p u n i u a civilização A funa s s a s guerras e n s i n a r a m a algumas pelos seus erros. e , m a s e n s i n a r a m também m

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^ZTe^oenLcia alcance, n a consciência, a própria experiên£ Mas ainda que se a d m i t a u m a c o i s a d e s s a s , o q u e foi a p r e n dido por muitos não é suficiente o u n a o e c o r r e t o . Se tivessem a n r e n S o , com a a j u d a dos s o f r i m e n t o s , a e l i m i n a r a s c a u s a s S n a i s desses mesmos s o f r i m e n t o s ; se t i v e s s e m r e n u n c i a d o «os seus erros e emendado as s u a s concepções, a H i s t o r i a t e r i a seouido u m curso melhor. 0 v a z i o de u m a a t i v i d a d e de tôda a vida unicamente votada a propósitos m a t e r i a l i s t a s , e a f u t i l i d a d e de u m a concepção da v i d a e x c l u s i v a m e n t e l i m i t a d a à satisfação do ego e dos sentidos, a c a b a m sendo, a f i n a l , a única retribuição que se lhes depara. H o j e , m a i s do q u e n u n c a , e x i s t e a n e c e s s i dade de se e n c o n t r a r u m sentido p a r a a v i d a . São e s s a s c r i s e s alternadas que, de fora, f a z e m pressão s o b r e eles n e s s e s e n t i d o . E eles são obrigados a e n f r e n t a r a iniludível a l t e r n a t i v a : o u v i v e r num mundo m a i s razoável e m a i s r e v e r e n t e e e n c o n t r a r a verdadeira paz ou r e s v a l a r o u t r a vez p a r a o v e l h o c a o s a n t e r i o r à guerra e e n c o n t r a r novas l u t a s . A necessidade urgente, a insistente exigência f e i t a p e l a s forças e v o l u t i v a s é u m c o r a j o s o rompimento c o m m a u s hábitos e crenças f a l s a s e m t o d o s os níveis — e s p i r i t u a l , i n t e l e c t u a l e s e c u l a r . Só i s t o poderá salvá-los das desastrosas consequências d a prática de n o v a s l o u c u r a s . U

E s t a m o s n u m a e n c r u z i l h a d a m o r a l . É c h e g a d o o g r a v e momento da escolha. É v e r d a d e que o m u n d o e s t e v e enfermo inúmeras vezes e p r e c i s o u s e r c u r a d o . M a s a s u a e n f e r m i d a d e de hoje tornou-se crítica. E assim como a crise e m que hoje nos debatemos se prolongou s u p l i c i a n t e m e n t e , a s s i m t a m b é m progressivamente se a g r a v o u . Quanto mais demorarmos p a r a tomar o remédio d a v e r d a d e , t a n t o m a i s d o e n t e s ficaremos. E s s e remédio nos c o m p e l i r i a a e n c a r a r c a d a v e z m a i s a n o s s a situação c o m a b s o l u t a i m p a r c i a l i d a d e . P o i s a s c a u s a s d a t r i b u lação h u m a n a o l h a m p a r a o coração do h o m e m e v ê e m o s e u egoísmo m o r a l ; o l h a m p a r a a m e n t e do h o m e m e l h e c o n t e m p l a m a ignorância e s p i r i t u a l . T o d o s os géneros de frustrações, todas as condições de m a l o g r o , t o d a s a s espécies de decepções v i e r a m ensinar-nos que a n o s s a m a n e i r a de v i v e r é e r r a d a . Hoje e m d i a , m a i s do q u e n u n c a , a v i d a é u m d e s a f i o , pelos acontecimentos p o r q u e s o m o s responsáveis, p e l o destino que nos foi imposto, e pelo padrão d a I d e i a U n i v e r s a l , p a r a que nos a d v i r t a m o s d a n o s s a ignorância e s p i r i t u a l e a b r a m o s m a o d a nossa auto-admiração. O h o m e m q u e não e n c o n t r o u a sua origem e s p i r i t u a l e o seu d e s t i n o m a i s a l t o p o d e s e r 72

desculpado, surável.

A Necessidade

que Tem o Homem

de um Poder

Superior

V e m o s hoje, e m tôda p a r t e , que o s e r h u m a n o se compreendeu m a l e m a l i n t e r p r e t o u a vontade d a Mente U n i v e r s a l n e s t a era. E porque há u m preço que deve s e r pago por todos os e r r o s , vemos, e m tôda p a r t e , a tribulação h u m a n a e o sofrimento humano. A m a n e i r a de e s c a p a r a essas aflições está sendo d e s e s p e r a d a m e n t e b u s c a d a , m a s r a r o é e n c o n t r a d a . . . pois está sendo b u s c a d a n a direção e r r a d a . Só existe u m a f o r m a aprop r i a d a de e s c a p a r , e e s t a consiste e m c o r r i g i r a má interpretação e e l i m i n a r a má compreensão. P a r a isto se faz m i s t e r u m a dramática mudança de a t i t u d e m o r a l , u m a a m p l a renúncia d a visão m a t e r i a l i s t a e u m a rápida inversão d a indiferença espirit u a l . U m a mudança n a m a n e i r a de p e n s a r é a p r i m e i r a condição p a r a a s s e g u r a r a mudança d a situação do m u n d o . Ao mudar-se a s i m e s m o , o h o m e m dá o p r i m e i r o passo no sentido de m u d a r o s e u m e i o e, ao m u d a r o seu meio, dá o segundo p a s s o no s e n t i d o de m u d a r - s e a s i m e s m o . P o i s o p r i m e i r o passo p a r a a mudança própria há-de s e r m e n t a l , e não físico. Ser-lhe-á, port a n t o , m a i s proveitoso nestes tempos difíceis s u j e i t a r o orgulho e s e r p e r f e i t a m e n t e f r a n c o consigo m e s m o , a i n d a que p a r a isso t e n h a de e n v e r g a r o hábito m e n t a l d a penitência e cobrir-se de cinzas emocionais. É p r e c i s o q u e a s u a a t i t u d e m e n t a l faça m e i a v o l t a . U r g e que êle atente p a r a aquele i n s p i r a d o convite, "Arrependei-vos — e sereis salvos". E s s a t e m sido a m e n s a g e m d i v i n a p a r a t o d a s a s épocas p a r e c i d a s , m a s é e s p e c i a l m e n t e aplicável à época p r e s e n t e . O homem tem vivido u m a vida m a t e r i a l i s t a , que é apenas m e i a vida. O único remédio p a r a o caos m a i s r e c e n t e e m que o m u n d o i n t e i r o se p r e c i p i t o u é também o m a i s v e l h o de todos. A q u e l e s q u e e s p e r a m a proclamação de r e c e i t a s m i l a g r o s a s e s p e r a m e m vão. A v e r d a d e q u e está à n o s s a b e i r a é tão v e l h a q u a n t o o próprio género h u m a n o , c o m u m a diferença: o r o s t o q u e e l a e x i b e é novo, e os t r a j o s que e l a o s t e n t a são t a l h a d o s à feição deste século. H á a l g u n s m i l h a r e s de anos, a e s c r i t u r a s a g r a d a d a índia, o Bhagavad Gita, já p r o c l a m a v a que e x i s t e p a z e p r o s p e r i d a d e n a T e r r a p a r a os q u e a p r e n d e r e m e seguirem as leis d a v i d a interior. D i z e r q u e os p o d e r e s s u p e r i o r e s c r i a r a m u m a c r i s e do d e s t i n o h u m a n o c o m a f i n a l i d a d e de o b r i g a r os seres h u m a n o s a e n f r e n t a r o desafio interior é proferir u m a verdade. D i z e r que a História e a c o n d u t a h u m a n a s a c r i a r a m é p r o c l a m a r outra 73

A A

É necessário j u n t a r e s s a s d u a s m e t a d e s p a r a s e o b t e r f r l e i n t e i r a s o b r e os e s c u r o s a c o n t e c i m e n t o s q u e s a l t e a r a m u n i d a d e Tôda e q u a l q u e r t e n t a t i v a q u e f i z e r o h o m e m nara^aTvar-se; m a s que s e j a a p e n a s e x t e r n a e não i n t e r n a t a n v K estará f a d a d a ao f r a c a s s o . Isto precisa ser relembrado todos os povos, p o r q u e t o d o s o s p o v o s f o r a m s u r p r e e n d i d o s S a situação d e s a f i a n t e do m u n d o , m u i t o e m b o r a a s u a r e s p o n sabilidade p a r t i c u l a r s e j a m e n o r c m c e r t o s c a s o s , c m a i o r c m outros Não são a p e n a s os e u r o p e u s e o s a m e r i c a n o s q u e e s t ã o sendo reptados a g o r a p e l a s s u a s c r i a ç õ e s , s e n ã o t a m b é m os hindus e os c h i n e s e s , h e r d e i r o s d a s m a i s v e l h a s c i v i l i z a ç õ e s do planeta. N ã o somos dos q u e e x a l t a m o O r i e n t e c o m o o ú n i c o refúgio d a e s p i r i t u a l i d a d e c z o m b a m d o O c i d e n t e c o m o o p o l u í d o refúgio do m a t e r i a l i s m o . C a d a h e m i s f é r i o t e m o s s e u s p r ó p r i o s erros p a r a e m e n d a r , c a d a q u a l se d e s g a r r o u d o c a m i n h o o r d e n a d o por Deus e, c o n s e q u e n t e m e n t e , a m b o s e s t ã o s e n d o e n v o l v i d o s n a crise. Todos os povos, t o d a s a s raças, c h e g a r a m a u m p o n t o em que a e s t r a d a p a l m i l h a d a já o n ã o p o d e s e r , c m q u e t a n t o o avançar q u a n t o o r e t r o c e d e r são i m p o s s í v e i s . Q u e farão eles, então? A r e s p o s t a óbvia, a única c o r r e t a , é s a í r e m d a estrada falsa e e n v e r e d a r e m p o r u m a e s t r a d a n o v a . 3

0 destino s u p r e m o do m u n d o — d i s t i n t o d o s e u d e s t i n o imediato — é t o r n a r - s e m a i s e s p i r i t u a l i z a d o , e n ã o m e n o s . Todo homem que a c r e d i t a r n i s s o c o m p r e e n d e r á q u e a s o c i e d a d e é tão boa o u tão má q u a n t o os indivíduos de q u e e l a s e c o m p õ e , que não existe m a g i a a l g u m a c a p a z de f a z e r u m a b o a c i v i l i z a ç ã o de m a u s indivíduos, u m a n o v a o r d e m d e o u r o d o s v e l h o s c a r a c teres de c h u m b o . Acreditará, p o r c o n s e g u i n t e , n a n e c e s s i d a d e de u m esplêndido caráter p a r a g u i a r u m p o v o , m u i t o m a i s que de slogans baratos. Buscará o r i e n t a ç ã o e n t r e h o m e n s q u e a c r e d i t a m n i s s o também, e não e n t r e o s q u e c r ê e m n o m a t e r i a lismo, que t u d o e n s o m b r a e s c u r a m e n t e . A í está p o r q u e a Filosofia inculca, p a r a q u a l q u e r r e f o r m a d u r a d o u r a d a s o c i e d a d e , a necessidade d a r e f o r m a h u m a n a . E i s aí p o r q u e n ã o e x i s t e hoje tarefa m a i s n o b r e d o q u e d i f u n d i r e s s e c o n h e c i m e n t o a c e r c a do próprio h o m e m , q u e pouquíssimos p o s s u e m e d e q u e muitíssimos p r e c i s a m . E s t e é u m s e r v i ç o até m a i s p r e s t a n t e q u e o ae r e t o r m a r a s o c i e d a d e e m q u e êle v i v e , s e b e m a r e f o r m a seja p e r l e i t a m e n t e a d e q u a d a e a b s o l u t a m e n t e necessária c m s e u da rn ° P e m r e a f i r m a r que, sob a lei g a

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apregoar a u m mundo P existe e é o valor s u p r e m o ; i so. s a l x a i a 1i

da

civilização,

mas

nrópria v i d a i n t e r i o r . à sociedade, si

poderá,

por

seu

S e não l h e e

está e m s u a s

mãos, pelo

empenho, dado

trazer

menos,

salvar

a

S

U

a

tranquilidade

tentar

trazê-la a

próprio.

O s n o s s o s t e m p o s são u m a i n t i m a ç ã o a t o d o i n d i v í d u o p a r a que se s a l v e , u m a o r d e m p r o m u l g a d a p a r a q u e ê l e b u s q u e o s e u refúgio i n t e r i o r e n ã o a r r i s q u e t u d o o q u e ^ t e m , d e s o r i e n t a d a mente, contando apenas c o m a proteção política e m i l i t a r . C a d a qual precisa operar u m a mudança e x t e r n a e i n t e r n a e m seu m o d o de v i d a e não c o n t a r a p e n a s c o m o s o u t r o s p a r a q u e v e l e m p o r êle e o c o n d u z a m a b o m r e c a d o a t r a v é s d e s s a c r i s e . C a d a h o m e m terá de s u p o r t a r s o z i n h o a p a r t e m a i s p r o f u n d a da sua ansiedade. N i n g u é m p o d e r á suportá-la p o r êle, n e m s e q u e r ajudá-lo a suportá-la, p o r m a i s q u e êle s e i l u d a i m a g i n a n d o q u e i s t o está s e n d o f e i t o . A v i d a , o g r a n d e m e s t r e , coloca-o n e s s e i s o l a m e n t o p a r a m o s t r a r - l h e o r o s t o d a s u a p s i q u e . Sábio é o h o m e m q u e a p r o v e i t a a r e v e l a ç ã o e c o n h e c e a p r ó p r i a f r a q u e z a e a p r ó p r i a força, a p r ó p r i a i g n o r â n c i a e o p r ó p r i o conhecimento, a própria frustração e a p r ó p r i a suficiência. Ouve-se f a l a r , c o m f r e q u ê n c i a , d a i d e i a e m c í r c u l o s r e l i g i o s o s de a l g u m a n o v a a b o r d a g e m d a s m a s s a s , de a l g u m a oração n a c i o n a l e s p e c i a l , o u de a l g u m a c h a m a d a g e r a l a o a r r e p e n d i mento. A ideia, e m s i , é b o a , m a s n ã o b a s t a p a r a s u p e r a r a c r i s e . C a d a indivíduo p r e c i s a a i n d a e q u i p a r - s e . P r e c i s a c o m e ç a r d e s p e r t a n d o e a c e i t a n d o a l g u m a s p o r ç õ e s d a verdade espiritual elementar. N ã o l h e é p r e c i s o , p a r a fazê-lo, j u n t a r - s e a n e n h u m g r u p o , n e n h u m a instituição, n e n h u m c r e d o , n e n h u m a r e l i g i ã o e n e n h u m a organização, n e m , p o r o u t r o l a d o , l h e será p r e c i s o d e i x a r q u a l q u e r g r u p o , o r g a n i z a ç ã o o u r e l i g i ã o a q u e o r a pertença. T a i s mudanças são m e n o s i m p o r t a n t e s d o q u e a s u a crença de que u m a b o a v i d a é, de c e r t o m o d o , o c a m i n h o d a satisfação, e a prática de más ações, de c e r t o m o d o , é o c a m i n h o d o s o f r i mento. S e êle c o n s e g u i r p e r s u a d i r - s e a a c r e d i t a r n e s s a l e i d a r e c o m p e n s a e n a existência de a l g u m P o d e r S u p e r i o r p o r detrás d e l a , e se êle f i z e r a l g u m e s f o r ç o n o s e n t i d o d e a p r i m o r a r o s e u caráter e d e s d o b r a r os s e u s r e c u r s o s i n t e r i o r e s , t u d o i s s o serão a r m a s e a r m a d u r a p a r a a s u a d e f e s a n a c r i s e . É imperativo p a r a as pessoas capazes de d i s c e r n i m e n t o a p r e n d e r e m a t e r a l g u m a confiança e m s i m e s m a s e e n c e t a r e m o desenvolvimento dos próprios r e c u r s o s . Tais individualistas t e m o m e l h o r f u t u r o , p o i s só e l e s serão c a p a z e s d e r e c o n h e c e r o v e r d a d e i r o c h a m a d o à salvação. M a s os o u t r o s , q u e s e aloj a r a m firmemente em suas rotinazinhas, propendem a aceitar apenas teoricamente u m conselho r e a l m e n t e e s p i r i t u a l . Muitos deles d i f i c i l m e n t e q u e r e r ã o a p l i c a r - l h e a s m e d i d a s práticas a

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s u a p r ó p r i a existência p e s s o a l . P o r c o n s e g u i n t e , acrescentarão a j u s t a m e n t o s às injunções q u e l h e s p a r e c e r e m desagradáveis e f a r ã o r e s e r v a s a c e r c a d o s i d e a i s q u e se l h e s a f i g u r a r e m desconcertantes. S o m e n t e u n s p o u c o s terão a c o r a g e m m o r a l de a f a s t a r - s e d a s a t r a ç õ e s d o s e n s u a l i s m o e do c o n f o r t o b u r g u e s e s e p e s a d o s , q u e h i p n o t i z a m tôda u m a civilização e de r e j e i t a r a f a t u i d a d e a u t o - a d m i r a t i v a q u e p a r a l i s a a s v e r d a d e i r a s intuições e s p i r i t u a i s o u a s p e r v e r t e , c o n v e r t e n d o - a s e m pseudo-intuições. A q u e l e q u e d e s p e r t a p a r a o f a t o de q u e o desafio contemp o r â n e o é u m p r i m e i r o l u g a r i n d i v i d u a l e s o m e n t e e m segundo l u g a r u m d e s a f i o s o c i a l , t a l v e z não s e j a , a princípio, c a p a z de e n c o n t r a r u m m e i o de afeiçoar a s u a v i d a e x t e r i o r m a i s de acordo c o m o ideal da s u a vida. M a s se q u i s e r p e s a r o que d e s e j a c o m o q u e p r e c i s a s a c r i f i c a r p a r a obtê-io, descobrirá f r e q u e n t e m e n t e q u e i n c i d i u n o e r r o c o m u m de t o m a r o a m b i e n t e h a b i t u a l p e l o a m b i e n t e indispensável. 0 h o m e m c o m u m não dá t e n t o d o q u a n t o é presunçosa a s u a concepção, a s s i m como não s a b e q u e a s u a presunção oferece resistência à intuição mística d o i n t e r i o r e a o s e n s i n a m e n t o s d a v e r d a d e do exterior. A t é há p o u c o t e m p o e r a c o s t u m e i r o r e l e g a r os partidários do m i s t i c i s m o a o a s i l o d a c r e d u l i d a d e , d a f r a u d e e até d a loucura. N u m c e r t o n ú m e r o de c a s o s i n d i v i d u a i s , os críticos estav a m p e r f e i t a m e n t e j u s t i f i c a d o s e m fazê-lo, pois quando o pret e n s o m í s t i c o p e r d e o s e u c u r s o reto, desvia-se f a c i l m e n t e p a r a u m a d e s s a s aberrações. M a s c o n d e n a r p o r a t a c a d o todo m i s t i c i s m o s o m e n t e p o r c a u s a d a lamentável situação de u m a parte dele, é i n j u s t o e c o n s t i t u i , p o r s i m e s m o , u m método desequil i b r a d o . A s p e s s o a s q u e se i n t i t u l a m s e n s a t a s , n o r m a i s e práticas e m t o d o o m u n d o são, n a v e r d a d e , m e n o s capazes de e n f r e n t a r a c r i s e do q u e a l g u m a s d a s c h a m a d a s s o n h a d o r a s tolas, anorm a i s e destituídas de espírito prático, e a p e l i d a d a s de maníac a s , fanáticas e excêntricas. E , t o d a v i a , isso não é tão estranho, a f i n a l d e c o n t a s . Q u a n d o h o m e n s c o m o J e s u s , B u d a e Sócrates a p a r e c e r a m p e l a p r i m e i r a vez, eles e os seus adeptos f o r a m cognom i n a d o s de m a n e i r a s e m e l h a n t e . E l e s também f o r a m os hereges d o s e u t e m p o , s i m p l e s m e n t e p o r q u e se r e c u s a v a m a congelar-se n o m a t e r i a l i s m o a u t o d e s t r u t i v o d a sociedade c o n v e n c i o n a l . A s pressões s o c i a i s p o d e m i m p e d i r u m h o m e m de v i v e r e m c o n f o r m i d a d e c o m i d e i a s q u e a s c o n t r a r i a m . Se ele nao q u i s e r a b a n d o n a r a c o m u n i d a d e , terá de a b r i r mão d a s s u a s ideias, modificá-las o u escondê-las. U m a j u s t a m e n t o compulsório dessa n a t u r e z a não é b o m p a r a os seus n e r v o s n e m p a r a o seu c a i É u m c o m e n t á r i o irónico sobre a n a t u r e z a d a nossa c i y u u ^ q u e t a n t a c o i s a q u e é de perene v e r a c i d a d e n a s ideias, mistiuis e tfio c o n h e c i d a d o s a n t i g o s asiáticos, impressione muitos mo-

d e m o s c o m o s e n d o tão n o v a , o u p o r q u e n u n c a t e n h a m o u v i d o falar nela, ou porque, tendo ouvido l a l a r nela, cies a ignoraram completamente. Ideias estranhas e desconhecidas desse género, que colidem c o m a s i d e i a s há m u i t o t e m p o e s p o s a d a s p e l a s o c i e d a d e o u p e r t u r b a m as que f o r a m recebidas p o r convenção, s u r g e m contra a n a t u r e z a h u m a n a , c u j a p r i m e i r a r e s p o s t a i n s t i n t i v a é contradizê-las. I s t o a i n d a s e v e r i f i c a até q u a n d o h o u v e f a t o s , p r o v a s e indícios s o l i d a m e n t e e s t a b e l e c i d o s . T a l é o p o d e r de u m hábito de u m a v i d a i n t e i r a e a f o r ç a d e u m a o p i n i ã o p r e c o n c e bida! O reformador q u e p r o c u r a sobrepujá-los escala uma íngreme l a d e i r a . S ó os c h a m a d o s f a n á t i c o s c e x c ê n t r i c o s se dispõem a o u v i - l o . O s d e m a i s q u e t a m b é m o o u v e m fazem-no m a l g r a d o s e u , q u a n d o têm a m e n t e d e s e s p e r a d a o u o corpo quebrado. N ã o é agradável n a d a r c o n t r a a c o r r e n t e d a s o c i e d a d e e m n o m e de u m i n d i v i d u a l i s m o m í s t i c o ; n a v e r d a d e , é a l g o heróico, a l g u m a s v e z e s . A i d e i a de m o d i f i c a r o s h á b i t o s r o t i n e i r o s e de l i v r a r - s e de tendências a d q u i r i d a s d u r a n t e t ô d a u m a v i d a , a p a v o r a e e n f a d a a m a i o r i a d a s p e s s o a s . E s t a s s e t o r n a r a m vítimas dos hábitos q u e p r e v a l e c e m à s u a v o l t a c a s p r ó p r i a s tendências a s s u m i r a m existência a s s i m p s i c o l ó g i c a c o m o física, c o n v e r t i d a s e m fixações p r o f u n d a m e n t e a r r a i g a d a s n o i n t e r i o r d a m e n t e subconsciente. E n t r e t a n t o , o s o f r i m e n t o estará à e s p e r a d e s s a s vítimas se e l a s i n s i s t i r e m e m p e r m a n e c e r p r i s i o n e i r a s do s e u p r ó p r i o p a s s a d o cediço e não se a c o m o d a r e m à c o n c e p ç ã o diferente agora exigida. P o r que h a v e r i a m elas de o b s t i n a r - s e em c o n s e r v a r a s condições p a s s a d a s d e p e n s a m e n t o o u os padrões a n c e s t r a i s de r e s p o s t a s e m p r e q u e e s t e s s e r e v e l a s s e m i n c a p a z e s de s a t i s f a z e r às exigências p r e s e n t e s ? T o d o h o m e m se a c h a , até c e r t o p o n t o , s o b a t u t e l a d a s m a s s a s . A todo m o m e n t o i n f l u e m n e l e sugestões r e c e b i d a s d a multidão. Êle é m a i s o u m e n o s u m e s c r a v o — e s c r a v o d a s f o r m a l i d a d e s s o c i a i s , e s c r a v o d a s instituições e s t a b e l e c i d a s , esc r a v o de códigos c o n v e n c i o n a i s e e s c r a v o d a o p i n i ã o pública. Se b e m essa escravidão fosse m u i t o p i o r e m o u t r o s tempos, m e s m o e m n o s s a época p o u c a g e n t e p e n s a , s e n t e e age p l e n a e l i v r e m e n t e de a c o r d o a p e n a s c o m a s u a v o n t a d e i n d i v i d u a l . É m a i s provável q u e o h o m e m p e n s e , s i n t a e a j a , e m g r a n d e p a r t e , de a c o r d o c o m o q u e l h e t i v e r s i d o s u g e r i d o p o r o u t r a s p e s s o a s . Daí q u e êle d i f i c i l m e n t e v i v a a s u a p r ó p r i a v i d a indep e n d e n t e o u obedeça ao s e u p r ó p r i o e u i n t e r i o r m a s , c o m o toda a gente, v i v e a v i d a d a m u l t i d ã o . A i n d a que a l g u m a parte d a s u a a t i t u d e p a r a c o m a v i d a s e j a i n a l a , a m a i o r p a r t e nao o é. É-Ihe i m p o s t a p e l a instrução e p e l o s e n s i n a m e n t o s q u

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t

•acebeu, p e l o s a m b i e n t e s

c u j a s influências êle a c e i t a e p e l o s \drõcs c o n v e n c i o n a i s a q u e êle s e c o n f o r m a . Quando u m a concepção d o m u n d o é tão a m p l a m e n t e afeiçoada p e l a sugestão e x t e r n a , a n e c e s s i d a d e de p e n s a r p o r s i m e s m o torna-se, ao m e s m o t e m p o , u m a v i r t u d e p r i m á r i a e u m f a t o r necessário d a saúde m e n t a l .

1L

A m u l t i d ã o h u m a n a está e m e r g i n d o d a adolescência e, a q u i e a l i , s e m i c o n s c i e n t e m e n t e , está-se p r e p a r a n d o p a r a a s u a maior i d a d e . N o v a s e s f e r a s d e experiências cstão-se a b r i n d o p a r a e l a . U r g e q u e e l a a c e i t e p a r t e d a r e s p o n s a b i l i d a d e de p e n s a r p o r si m e s m a , q u e l h e advém c o m a aproximação da m a t u r i d a d e . E l a se e n c o n t r a h o j e n u m a posição i n t e l e c t u a l q u e é m u i t o difer e n t e d a q u e l a e m q u e s e e n c o n t r a r a m todos os s e u s antepassados. Já não é o s i m p l e s a g a r r a r - s e d a criança aos vestidos d a a u t o r i d a d e e o a c a t a r c e g a m e n t e a s determinações do s e u líder. E l a , hoje, p r e c i s a começar a descobrir o seu caminho p o r s i m e s m a e a c o m p r e e n d e r p o r q u e segue e s s a d e t e r m i n a d a direção. A H i s t ó r i a i n g r e s s o u n u m a época e m que a s m a s s a s p r e c i s a m começar a descobrir por si mesmas e em si mesmas a verdade q u e , a n t i g a m e n t e , l h e s e r a t r a n s m i t i d a e, m u i t o a d e q u a d a m e n t e , e r a a c e i t a p o r e l a s , c m cega confiança, de outros homens. A g o r a é m i s t e r q u e e l a s se p r e p a r e m p a r a a b a n d o n a r êssc a d o l e s c e n t e d e p e n d e r de o u t r o s . O destino já não l h e s p e r m i t i r á q u e d e p e n d a m i n d e v i d a m e n t e e apenas do a m p a r o d a a u t o r i d a d e e x t e r n a ; — e l a s p r e c i s a m a p r e n d e r também a d e p e n d e r d a s u a própria e c r e s c e n t e inteligência. U m a criança q u e fôr s e m p r e c a r r e g a d a p e l a mãe, desde a infância até a m a t u r i d a d e , n u n c a aprenderá a c a m i n h a r e se tornará, n a r e a l i d a d e , f r a c a d e m a i s até p a r a f i c a r e m pé. É forçoso que e l a t e n t e , e t r o p e c e , e até c a i a , às vezes, a n t e s que os seus m e m b r o s p o s s a m s e r u s a d o s c o m eficiência. S e a v i d a se t o r n a r e x c l u s i v a m e n t e autoritária, se o h o m e m d a m a s s a se s u j e i t a r a t e r todo o s e u p e n s a r , todo o seu resp o n d e r e t o d o o s e u v i v e r l e v a d o a cabo por outros, acabará f i c a n d o d e m a s i a d a m e n t e e n f r a q u e c i d o ou debilitado p a r a pensar, r e s p o n d e r e a g i r p o r c o n t a própria. Pois quando e incapaz de t e r u m p e n s a m e n t o q u e não t e n h a recebido de fora. quando nâo t o m a u m a única decisão s u a , m a s v i v e recorrendo aos ou tios p a i a q u e a t o m e m p o r êle, c o m o poderá c r e s c e r ? Todos p r e c s a m a g o r a começar a l i b e r t a r - s e d a s sugestões r a c i a i s que i . f o r a m i m p o s t a s , p r e c i s a m começar a a s s u m i r , por e s f o l o p p r i o , a s s u a s a t i t u d e s i n d i v i d u a i s p a i a c o m a v i d a . Já nao t ^ t e m p o q u e o h o m e m revele, a i n d a que vagamente, aigu ^ a t r i b u t o s d a m a t u r i d a d e que aurorece. Precisa conus* • ^ de p a r t e a p a s s i v a aquiescência i . i e t l e t . d a e " ^ responsável p e l a s s u a s próprias crenças e pela sua P » t

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U m a das p r i m e i r a s coisas q u e o e s t u d a n t e de F i l o s o f i a descobre como consequência dos seus estudos semânticos é tremenda influência que a sugestão e x e r c e n a v i d a h u m a n a , um dos primeiros p r o b l e m a s que êle e n f r e n t a é s e p a r a r os hábitos, os pensamentos e as emoções de o u t r a s p e s s o a s dos seus hábitos, pensamentos e emoções. I s s o , t o d a v i a , é difícil, porque eles são quase indistinguíveis dos seus — a m b o s funcionam juntos dentro do seu coração e sobre êle. I d e i a s e impulsos nascidos dentro dele têm de m i s t u r a r - s e c o m os de o r i g e m externa e até de ser submergidos por eles. a

e

N e n h u m professor é r e a l m e n t e indispensável, m u i t o embora todos eles s e j a m s e m p r e úteis. A V i d a e as s u a s experiências, a Natureza e os seus silêncios, a Reflexão e as suas conclusões, a Meditação e as suas intuições, proverão ao que busca o de que êle necessita. C u m p r e - l h e e n c o n t r a r n a s lutas e nas dificuldades da vida u m ginásio e m que p o s s a e x e r c i t a r a sua razão e a c r e s c e n t a r a s u a c a p a c i d a d e , e não u m a d e s c u l p a para buscar o conforto de segunda mão de u m a sociedade sobre cujos ombros são colocados todos os fardos. Pois êle está aqui essencialmente para revelar as suas próprias f a c u l d a d e s de intuição e inteligência; êle está aqui e s s e n c i a l m e n t e p a r a obter u m a compreensão da existência p a r a si e p o r s i m e s m o . Além disso, êle deve compreender que as dores e os s o f r i m e n t o s da vida ajudam a purgá-lo dos seus apegos e a s u s c i t a r o seu conhecimento latente de que este m u n d o do vir-a-ser será sempre imperfeito, de modo que êle possa v o l t a r o rosto p a r a o mundo do ser que é sempre perfeito. A evolução, ao mesmo tempo, é u m fato t r e m e n d o e u m a força sempre premente. I m p e l e tôda v i d a p a r a a frente e para cima. Mas esse duplo m o v i m e n t o não pode realizar-se sem ultrapassar e negar os seus estádios anteriores. P o r isso mesmo, o homem precisa libertar-se das antigas servidões. Precisa começar a procurar e m si mesmo, e m seus próprios recursos, latentes e maravilhosos, a a j u d a de que p r e c i s a . Pois tudo isso é o primeiro passo p a r a o passo final, e n c o n t r a r a divindade dentro de si mesmo, o que, afinal de contas, é o supremo e grandioso objetivo das suas encarnações terrestres. É necessário, contudo, não i n c i d i r e m erro a q u i . O que se quer dizer é que, enquanto o egoísmo do ego deve agora ser atenuado, a capacidade do ego de j u l g a m e n t o i n d i v i d u a l , ao mesmo tempo, tem de ser a u m e n t a d a . Onde

Está

a Fortuna

do

Homem?

Moralmente, todo h o m e m tem liberdade p a r a u t i l i z a r a ameaça de u m a possível aniquilação precoce como pretexto

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para r e s v a l a r a devassidão e a embriaguez, mas êle tem a m e s m a liberdade para utiliza-la como acicate que o mova a diligências m a i s altas, que o dotarão de uma armadura interior. E s t e século, mais do que qualquer outro, tem acumulado o prazer h u m a n o externo com todo o auxílio da Ciência e não obstante, mais do que qualquer outro, tem sentido ironicamente, a perda da felicidade humana. 0 desejo das frívolas atividades, tão difundido hoje em dia, seria mais sadio se fosse equilibrado e moderado,. Mas quando se torna, como tantas vezes o vimos tornar-se, desequilibrado, desordenado, e extrovertidamente escapista, deixa de ser sadio. É agradável folgar e divertir-se, mas isso não é o bastante, por si mesmo, a constituir o propósito da vida. Sem um objetivo mais elevado para redimi-la, u m a vida assim, na verdade, é uma vida malbaratada. O nosso tempo reluta em despertar para o fato de que o sofrimento h u m a n o é u m fato eterno e inevitável, impresso no caráter de tôda existência humana, e não apenas aparecendo ocasionalmente. Pois se êle assim despertasse, teria, consequentemente, a necessidade de despertar para a necessidade de encontrar u m método de fuga interior à dominação exterior do sofrimento. Todas as suas sublevações formam um pungente lembrete de que este mundo é apenas um acampamento de passagem e não u m lar permanente. Um melancólico reconhecimento da transitoriedade da vida terrena e da insuficiência dos valores terrenos faz parte da atitude do indivíduo que haja despertado. Disto lhe decorre a decisão de limitar as suas ambições, de simplificar os seus desejos e de contestar os hábitos do seu ambiente. A partir daí principia êle a executar a momentosa reviravolta, olhando para dentro de si mesmo à cata de ajuda, de paz, de estabilidade e de liberdade. Pois que lhe adianta possuir tantas coisas se ainda não se possui a si mesmo, que lhe adianta ser dono de tantos recursos exteriores e de tão escassos recursos interiores? Que utilidade haverá e m correr, exagitado, de um lado para outro, mas nunca sair à procura da própria alma? T a m a n h a é a insegurança da era atual que somente os poucos que encontraram a própria alma e, com ela, a paz interior, descobriram a segurança autêntica. Quem quer que esteia disposto a arriscar-se na vida vertiginosa do mundo crente de que nela encontrará a felicidade duradoura, engana-se^redondamente. A única coisa que êle poderá encontrar sao uma felicidade pasasgeira e satisfações momentâneas. E s s a crença de que, se puderem encher a ^ vida de coisas, pessoas e acontecimentos, terão realizado o objetixo da

vida e por conseguinte, a t i n g i d o a f e l i c i d a d e , é o e r r o tanto escora a atividade s o c i a l dos m o d e r n o s p o v o s o c i d e n t a i s Equivocados no tocante à n a t u r e z a do s e u v e r d a d e i r o b e m , fim de todos os seus esforços 6, i n e v i t a v e l m e n t e , a frustração, o descontentamento o u a desilusão. N e m u m a multidão de coisas — por m a i s úteis ou mecânicas q u e s e j a m — n e m u m a m u i tidão de pessoas — por m a i s r i c a s , a m a n t e s o u i m p o r t a n t e s que s e j a m — serão s u f i c i e n t e s p a r a d a r ao coração o q u e este realmente, e m b o r a i n c o n s c i e n t e m e n t e , p r o c u r a . O s q u e têm coisas p a r a v i v e r e m q u a n t i d a d e s u f i c i e n t e o u os q u e passar a m c o m facilidade p o r e n t r e as circunstâncias, poderão, durante algum tempo, sentir-se s u f i c i e n t e m e n t e s a t i s f e i t o s consigo mesmos e c o m o m u n d o externo, m a s i s s o será a p e n a s por algum tempo. Outros estão c o r r e n d o de u m a satisfação pretensa e diferente, m a s d e c e p c i o n a n t e , p a r a o u t r a , começando cada experiência c o m a patética ilusão de q u e será a d e f i n i t i v a , mas rematando-a c o m o p e s a r o s o c o n h e c i m e n t o d c q u e não o é. São incapazes de a t e n t a r p a r a a voz de u m a s a b e d o r i a incomensuràvelmente m a i s v e l h a do q u e eles. M a s aqueles que sofreram frustrações, privações e infortúnios, c u j a s esperanças m o r r e r a m e c u j a c o r a g e m se a c a b o u , c u j a decepção é profunda e permanente, poderão q u e r e r e s c a p a r de s i m e s m o s ou do mundo. São eles os que m a i s f r e q u e n t e m e n t e têm ouvidos p a r a ouvir e o u v e m a voz d e s s a a n t i g a s a b e d o r i a mais prontamente. q

u

e

0

É verdade que algumas pessoas se dão c o n t a do v a z i o espiritual que existe dentro delas, e m b o r a as s u a s s a l a s e s t e j a m cheias de trastes, os seus armários de r o u p a s e as s u a s d i s p e n s a s de comidas. E n t r e t a n t o , estão de t a l m a n e i r a d e s i n d i v i d u a lizadas que c o n t i n u a m a m u l t i p l i c a r as s u a s n e c e s s i d a d e s m a teriais por sugestão de vozes e x p r e s s i v a s . A i d e i a de fazer u m a pausa no meio dessa atividade febril e ilusória que não traz felicidade real, e de começar a o u v i r a p a l a v r a dos inúmeros e inspirados mestres espirituais, que m o s t r a r a m o único c a m i n h o para essa felicidade, é u m a s i m p l e s i d e i a n u m vácuo. Nao se aplica à cotidiana rotina da v i d a . O u t r o s sofreram mais e possuem menos e estão, por consequência, u m pouco mais cônscios da necessidade interior. S e m e m b a r g o disso, a mundanidade governa a m a i o r i a dos c o n t i n e n t e s hoje e m dia a tal ponto que eles pouco se i n t e r e s s a m por q u a l q u e r esforço que nao ofereça u m lucro rápido e que não se lhes afigure pessoalmente vantajoso. O esforço i n c u l c a d o p o r u m ideal cujo lucro está muito distante e c u j a v a n t a g e m é u n i c a m e n t e o bem-estar interior, oferece poucos atrativos. Aqui e ali, todavia, os indivíduos estão começando a despertar p a r a o fato de que a m o d e r n a civilização o r i e n t a l , c o m

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a s u a intérmina multiplicação de necessidades, é menos conducente à paz de espírito do que a civilização oriental antiga, m a i s s i m p l e s , c o m todos os seus reconhecidos obstáculos, desvantagens e inconvenientes. Como poderão as pessoas conhecer a paz interior quando sucumbem, indefesas, continuamente, às sugestões v i n d a s de todos os cantos para aumentar os seus desejos? Abaixo de u m certo máximo e acima de u m certo mínimo de posses, não existe n e n h u m a necessidade real delas. A paz interior só é possível àqueles que desprezam não somente a pobreza do p a u p e r i s m o , m a s também as riquezas da superfluidade. As pessoas que se deslumbram com a posse de coisas ao m e s m o tempo que descuram da posse de si mesmas revelam-se e m o c i o n a l e intelectualmente pouco crescidas, uma raça de m e n i n o s e m e n i n a s espiritualmente pequenos, preocupados c o m pequenos brinquedos. E s t a d e i a m a sua adolescência espir i t u a l ao se deixarem levar pela atividade, pelas posses, pela excitação, pelo conseguimento externo e pelo sucesso mundano, S o b r e s t i m a m essas coisas e, em sua luta por adquiri-las, deixam fugir as oportunidades de conquistar a paz de espírito. Estão c o n t i n u a m e n t e radiantes a cada conquista, apenas para deixar-se dominar, m a i s tarde, por arrebatamentos e insatisfações, desarm o n i a s e agitações. Não é pessimismo nem derrotismo assinalar as insuficiências desse modo de vida. Com todas as suas atividades e todas as suas conquistas, que foi o que eles realmente fizeram? Construíram u m a civilização que está sendo ameaçada de todos os lados, além dos perigos internos que também a ameaçam. E que foi o que realmente obtiveram? Obtiv e r a m u m mundo de sempre crescentes frustrações, cobiças, caos, violências, invejas, ódios e intranquilidade. A c u m u l a m propriedades, das quais se orgulham e às quais se apegam. O prazer ministrado por tais aquisições logo transm u d a os luxos em necessidades, o que é pelo menos discutível no tocante à sabedoria, mas também converte valores morais sadios e m falsos valores materialistas, o que já nao o e. Quanto m a i s cedem às sugestões implantadas pelo seu meio ambiente, tanto mais se enchem de desejos os seus corações e tanto ma se inquietam. A complexidade da vida moderna, s o b r a d o da v i d a moderna ocidental, fêz que as suas vitimas 1 * ^ ™ JO capacidade de d i s c r i m i n a r entre o que e meramenu supeitl e o que é realmente indispensável. O significado dessa meta, que nada tem *tt£?«

mentos, o estudioso da Filosofia precisa taz aplicá-los ao seu viver cotidiano.

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roses, o u t i v e r a m agravado o seu m a l pelos métodos tolos ou pelo ridículo desequilíbrio desses cultos. 0 verdadeim mis t i c i s m o , c o m o o que faz parte da Filosofia, procura manter o s e u equilíbrio e c o n s e r v a r o seu bom senso, a sua racionalidade e a s u a p r a t i c i d a d e , durante todo o seu curso É muito m e n o s a t r a e n t e p a r a os neuróticos desordenados e muito mais p a r a as pessoas sensatas ou cultas, a maioria das quais se teme de i n g r e s s a r n u m reino aparentemente duvidoso de ideias e experiências. W-

R e s t a a i n d a o fator benéfico, p o r é m m i s t e r i o s o , d a graça do E u S u p r e m o , q u e símbolo n e n h u m p o d e r e p r e s e n t a r convenientemente. A s s u a s operações são impredizíveis, m a s a sua f a t u a l i d a d e é c e r t a . P o r u m esforço d a espécie a d e q u a d a , j u n t a m e n t e c o m a oração e o serviço, é possível i n v o c a r e s s a graça. D e s s a r t e , não é a p e n a s c o m a s u a força p e s s o a l q u e êle deve c o n t a r . Poderá r e c e b e r inspiração e assistência p a r a fazer o que de outro m o d o l h e s e r i a impossível f a z e r , b a s t a n d o p a r a isso que a s p r o c u r e n o l u g a r c e r t o . F i n a l m e n t e , se êle teve a f e l i c i d a d e de s u j e i t a r - s e m e n t a l m e n t e a a l g u é m q u e se a p r o x i m o u i n t i m a m e n t e do E u S u p r e m o o u q u e o c o m p r e e n d e u c o m êxito, m a s que, n e s s e p r o c e s s o , não p e r d e u a s u a compaixão pelos outros n e m fugiu aos sacrifícios q u e supõe o a c o r r e n t a r os pés ao serviço d a h u m a n i d a d e , a r e c o m p e n s a é f i n a l m e n t e segura. A graça do a m o não será n e g a d a q u a n d o se t o r n a m a d e q u a d a s as condições d a s u a recepção.

Inteireza

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Equilíbrio

N ã o v i s a a p e n a s a m e t a d a B u s c a a f a z e r do h o m e m u m a p e s s o a sábia, d i s c i p l i n a d a e, n o s e n t i d o m a i s v e r d a d e i r o , prática, senão também, ao m e s m o t e m p o , u m a p e s s o a i n t e i r a e e q u i librada. I s t o , c o m efeito, é importantíssimo. A direção p a r a a qual a v i d a nos e m p u r r a é o a l c a n ç a m e n t o d a i n t e i r e z a — o corpo, a m e n t e , os s e n t i m e n t o s e a intuição deverão c o n v e r ter-se n u m c a n a l h a r m o n i o s o , através d o q u a l o E u S u p r e m o pode e x p r e s s a r - s e s e m obstruções. E n t r e os q u e s e g u e m os e n s i n a m e n t o s místicos, e x i s t e u m n ú m e r o s u b s t a n c i a l de c r i a t u r a s q u e se r e v e l a m , p e l a ausência de equilíbrio e m s e u caráter e n a m a n e i r a p e l a q u a l c o n d u z e m o s s e u s negócios, v e r d a d e i r o s c a s o s psiconeuróticos. C o m o tais, e durante algum tempo, n e c e s s i t a m dos serviços d a t e r a p i a m e n t a l e e m o c i o n a l que poderá, de fato, prepará-las p a r a os serviços d a F i l o s o fia e torná-las m a i s c a p a z e s de a p r o v e i t a r - s e d e l e s . É realm e n t e aflitivo e n c o n t r a r e s s e s c a s o s c i t a d o s e m críticas advers a s e e m comentários r u d e s a c u l t o s místicos, e q u a n d o o fato é q u e elas i n g r e s s a r a m n o m i s t i c i s m o j á p a d e c e n d o de n e u -

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E x i s t e m q u a t r o funções distintas da personalidade humana, q u a t r o a t i v i d a d e s separadas no interior da psique humana — o p e n s a r , o sentir, o querer e o intuir. E s s e s quatro elementos d a p s i q u e p r e c i s a m tornar-se ativos e m seus níveis mais elev a d o s e, ao m e s m o tempo, conservar-se equilibrados em sua vados a t i v i d a d e . N a verdade, todo o trabalho da B u s c a se revelará re\ um longo c u r s o no desenvolver e no equilibrar as três faculdades m a i s u s a d a s e, e m seguida, projetar sobre elas a luz da faculd a d e i n t u i t i v a e fazer que lhe obedeçam. Quando apenas u m a o u d u a s d e s s a s funções do s e r são ativas e as outras não o são, o c o r r e u m a falta de equilíbrio. Se o intelecto agir sem a orientação, o freio ou o controle da intuição, e da emoção, êle, s e m dúvida, se desencaminhará, cometerá erros e chegará a conclusões e r r a d a s . S e a emoção ignorar a razão e fôr insensível à intuição, será, decerto, transformada no joguete do seu egoísmo e n a vítima dos seus desejos. Se os ensinamentos e s p i r i t u a i s f o r e m levados apenas ao intelecto ou apenas às emoções, e não à vontade serão, até esse ponto e nesse sentido, estéreis. A m a i o r i a dos aspirantes tem u m desenvolvimento desigual. U m a p a r t e ou o u t r a da psique é deficiente. U m deles pode s e r u m h o m e m m u i t o bom mas, ao mesmo tempo, muito tolo. O u t r o pode s e r m u i t o intelectual, mas também muito sem intuição. C a d a iluminação, n a medida em que ocorre, é u m c h a m a d o p a r a c o r r i g i r essa desigualdade e visar à inteireza. O fato de poucas pessoas conseguirem essa harmonia da p s i q u e e de c o n s t i t u i r a maioria uniões mal ordenadas de d e s e n v o l v i m e n t o adulto e m alguns sentidos e desenvolvimento i n f a n t i l e m outros, é m a i s u m a razão para que o aspirante fervoroso se d e c i d a a examinar-se com sinceridade d e , J m P ! l r ! tempos e utilize os resultados em tentativas decididas para a t i n g i r a inteireza. C a d a vislumbre momentâneo do E u Supremo d e v e r i a l e v a r a esse fim. E s s a necessidade de u m a personalidade ^ ^ ^ ^ l i b r a d a não nasce apenas de causas ^ de c a u s a s psicológicas. P a r a que, por e x e m p l a * » £ p r e s c r e v e r a meditação a u m a pessoa que já seja t i o u r a * m

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v e r t i d a q u e não c o n s e g u e a r c a r c o m a s s u a s circunstâncias pessoais? I s s o servirá a p e n a s d e afastá-la c a d a v e z m a i s d a capacidade p a r a ajustar-se à v i d a e p a r a e n f r e n t a r os seus p . blemas corajosa e c o n v e n i e n t e m e n t e , e d a disposição p a r a arrostar as suas realidades e x t e r n a s . U m h o m e m a s s i m já é u m e s c a p i s t a , e a prática d a m e d i t a ç ã o só s e r v i r á p a r a torná-lo a i n d a m a i s e s c a p i s t a d o q u e n u n c a . E n ã o será e s c a p a n d o p a r a n o v a s ilusões o u p a r a u m a m e t a f i c t í c i a q u e ê l e e n c o n t r a r á o verdadeiro caminho p a r a s i . r o

A Filosofia acredita n a necessidade do desenvolvimento integral e harmonioso, estabelecendo-se u m equilíbrio recíproco e n t r e a razão, a intuição, a e m o ç ã o e a a ç ã o n a t o t a l i d a d e d a personalidade h u m a n a . O s e u propósito não é u n i l a t e r a l . Recusa-se a f o r t a l e c e r o caráter d e i x a n d o o c o r p o f r a c o o u a f o r t i f i c a r a razão e d e i x a r os s e n t i m e n t o s e m d e s a c o r d o c o m e l a . A síntese filosófica reúne todas e s s a s t e n d ê n c i a s d i f e r e n t e s s e m i n t e r f e r i r e m s u a s funções s e p a r a d a s . I s t o se faz concil i a n d o - a s , e m l u g a r d e colocá-las u m a s c o n t r a a s o u t r a s , r e c o n h e c e n d o a m u l t i p l i c i d a d e de t ô d a e x i s t ê n c i a m a n i f e s t a d a . 0 estudioso p r o c u r a c o r r e l a c i o n a r a s s u a s várias tendências e mantê l a s h a r m o n i z a d a s , n ã o p e r m i t i n d o q u e n e n h u m a d e l a s se r e b e l e e u s u r p e o t r o n o d a s o b e r a n i a . Êle p r e c i s a u s a r e u n i r antíteses a p a r e n t e s . Q u a n d o êle c o m p r e e n d e a i n t e r d e p e n d ê n c i a d e t o d o s e s s e s l a d o s d i f e r e n t e s d a s u a n a t u r e z a , r e l a x a a t e n s ã o d e mantê-Ias e m perpétuo c o n f l i t o . 0 s e u s e r i n t e r i o r j á n ã o s e d e s e n t e n d e consigo m e s m o . A s u a v o n t a d e já não se destrói a s i m e s m a p o r s u a s p r ó p r i a s atrações e r e p u l s õ e s . A s s u a s emoções já não estão d i l a c e r a d a s e d i v i d i d a s p o r e x i g ê n c i a s c o n f l i t a n t e s . Êle não s e a g a r r a a u m p ê n d u l o q u e o r a o s c i l a p a r a u m l a d o , ora p a r a outro. Êle não se i n c l i n a p a r a n e n h u m l a d o e s p e c i a l p e l a ignorância d e o u t r o s l a d o s , n ã o a l i m e n t a a l g u m a s q u a l i dades negligenciando todas a s o u t r a s . L o g r a u m caráter perfeitamente e q u i l i b r a d o , q u e não p e n d e d e m a s i a d o p a r a c i m a ou p a r a b a i x o atirando-se a e x t r e m o s i n t e l e c t u a i s , n e m v a i m u i t o longe e m seus estados e m o c i o n a i s , e c o n s e r v a d i s c r i m i n a d a m e n t e u m s e n s o a d e q u a d o d e p r o p o r ç ã o e m t o d o s os s e u s atos. Todas a s d i f e r e n t e s p a r t e s d a s u a n a t u r e z a , t o d a s a s variadas faculdades do s e u ser, t r a b a l h a m u n i d a e e q u i l i b r a m e n t e n o s e n t i d o de l o g r a r o s i m p l e s e s c o p o d e t o r n a r - s e u m .°' P m a n e i r a , êle poderá c o n q u i s t a r u m equilíbrio satisfatório através d o s s e u s e s f o r ç o s e d a s s u a s ações, a i n d a q u e i s s o só l h e v e n h a c o m o p a s s a r d o s a n o s . t o d

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F i l o s o f i a não a l t e r a o s e u caráter i n t e g r a l , m a s p e r m a nece t a l e q u a l é q u e r e s t e j a o c u p a d a c o m p e n s a m e n t o s o u e m p e n h a d a e m silenciá-los, q u e r e s t e j a o r a n d o g e n u f l e x a o u

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trabalhando nos campos A prática d a s s u a s exortações, a i n t e i r e z a e o equilíbrio s a o três elementos e s s e n c i a i s que ela p r o c u r a c u l t i v a r , m a s n a o são os únicos. A eles é m i s t e r a c r e s c e n t a r a l g u n s o u t r o s , q u e não são menos, senão até m a i s i m p o r t a n t e s : a reeducação dos s e n t i m e n t o s , a oração a r e l a x a ção e a m e d i t a ç ã o . A q u e l e s que b u s c a m p o r e s s a ' diligência r e s t a u r a r a própria i n t e g r i d a d e , r e m o v e r as próprias imperfeições e a t i n g i r a própria consciência e s p i r i t u a l , estãose colocand o n a m e l h o r posição possível p a r a a j u d a r outros a fazerem o m e s m o p o r s i próprios. A r e s p o s t a do e u s u p e r i o r ao c h a m a d o h u m a n o é d a d a sob a s restrições d a s a b e d o r i a . N ã o s e r v e de i n s t r u m e n t o ao nosso s e n t i m e n t a l i s m o n e m está d i s p o s t a a reforçar-nos o egoísmo. A p a z q u e t a n t o v a l e não pode s e r h a v i d a s e m p r o d u z i r o seu custo equivalente. Haverá, n e c e s s a r i a m e n t e , u m a l u t a desinter e s s a d a p a r a q u e a sujeição aos sentidos se t r a n s f i r a à a l m a , e p a r a t o r n a r os hábitos p e s s o a i s m a i s condizentes c o m as leis superiores. N ã o i n t e r e s s a à Filosofia lisonjear o homem nem servir de i n s t r u m e n t o à s u a v a i d a d e . P o r conseguinte, i n i c i a o lado p r á t i c o d a s u a d i s c i p l i n a apontando-lhe os defeitos, as falhas e a s deficiências, e a b r i n d o - l h e os olhos, f i n a l m e n t e , p a r a as f r a q u e z a s , a s i n c a p a c i d a d e s e os c o m p l e x o s que, até então, se m a n t i v e r a m i n c o n s c i e n t e s o u disfarçados. A f i m de prosseguir c o m segurança p o r esse c a m i n h o , o h o m e m p r e c i s a s e r curado de obsessões fanáticas e de i r r a c i o n a l i d a d e s convencionais. Êle poderá p e n s a r q u e a erradicação de f a l h a s pessoais tem pouco o u n a d a q u e v e r c o m o d e s c o b r i m e n t o do verdadeiro e u , m a s isto nSo é exato. E s s a s m e s m a s f a l h a s se o r i g i n a m da falsa c o n c e p ç ã o d o " e u " q u e l h e b l o q u e i a o c a m i n h o p a r a esse desc o b r i m e n t o , u m a concepção que o l e v a a identificar-se c o m e m o ç õ e s q u e êle h e r d o u de reencarnações a n i m a i s e de p r i m i t i v a s reencarnações h u m a n a s . E x i s t e m a d e p t o s do m i s t i c i s m o que se u t i l i z a m disso como de u m e s c a p i s m o , q u e e s p e r a m , p o r a l g u m magico^ p o d e r l o g r a r u m a transformação de s i m e s m o s e de suas u d a s s e m p r e c i s a r f a z e r n e n h u m g r a n d e esforço n e m submeter-se a nen h u m a árdua d i s c i p l i n a . Três d o u t r i n a s ^ ^ X c i a i fascínio s o b r e eles. que delas ^ . ^ 7 ^ ™ ^ ^ m e n t e p a r a e v i t a r esse esforço e essa d i s c i p l i n a , esse t r a b a l h o S p e n X i l sobre si mesmos, f t a - s e u ^ ^ o ^ m

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lista da lei da recompensa ícarma) P « j ^ £ Í 3 da i S i nação o u o m a l o g r o . Adota-se u m a concepção i n f a n t i l d a nMa ção c o m u m a m o p a r a l sabilidade pela sua vida

- * * * ^ ^ o u p r o b l e m a s terrenos 1

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peto pelo

«

progresso e s p i r i t u a l . Adota-se, f i n a l m e n t e , u m a concepção demas i a d o p e s s o a l d a d o u t r i n a d a graça a f i m d e b u s c a r o favor i t i s m o de D e u s e s u s t e n t a r o ego. U m sem-número d e p r e t e n s o s i o g u e s , c u j a i m a g i n a ç ã o bordeja facilmente o terreno d a louca f a n t a s i a e c u j a vaidade os faz c u i d a r - s e m a i s a d i a n t a d o s d o q u e r e a l m e n t e estão, deixam-se f i c a r como a r a n h a s n u m a teia, tecendo u m a t r a m a de p e n s a m e n t o s i n t e i r a m e n t e egoístas e, e m s e g u i d a , e n v o l v e n do-se c o m p l e t a m e n t e n e l a . R e s v a l a m a e x p e r i ê n c i a s alucinatór i a s e a f a l s a s visões, o u s e t r a n s f o r m a m e m r e c i p i e n t e s de m e n s a g e n s f a l a z e s de f o n t e s i m a g i n á r i a s todas n a s c i d a s de pré-concepções não j u s t i f i c a d a s , de e x p e c t a t i v a s d e s a u t o r i z a d a s e de sugestões egoístas o r i u n d a s d a má a p l i c a ç ã o d a l e i t u r a de l i v r o s e do c o m p a r e c i m e n t o a conferências. Retrocedem para hábitos d e s c u i d a d o s e d e s l e i x a d o s , t o r n a m - s e m e n o s a l e r t a d o s e m e n o s i n t e l i g e n t e s , m e n o s t a t u a i s e m e n o s úteis, m e n o s r e s ponsáveis e m e n o s práticos. E m b r u l h a m a s s u a s ideias c o m informações s e m v a l o r o u e n g a n o s a s , o b t i d a s p o r a l g u m m e i o "psíquico" ou pseudo-intuitivo. N ã o se deve, p o r t a n t o , i g n o r a r n e m e s q u e c e r a n e c e s i d a d e de u s a r de c a u t e l a e de a s s u m i r r e s p o n s a b i l i d a d e s q u a n d o se t e n t a a prática d a m e d i t a ç ã o . Esta poderá t r a z e r m u i t a s bênçãos se f ô r p r o c u r a d a a p r o p o s i t a d a m e n t e e n o m o m e n t o a z a d o , p o r é m não de o u t r o m o d o . Por c o n s e g u i n t e , a s p e s s o a s q u e p r a t i c a m a m e d i t a ç ã o mística c o m o hábito, d e v e m praticá-la c o r r e t a m e n t e o u não d e v e m praticá-la. A q u e l e s q u e a p r a t i c a m e r r a d a m e n t e o u a n t e s de e s t a r e m p r e parados m o r a l m e n t e o u psicologicamente e q u i l i b r a d o s p a r a fazê-lo, receberão a c a s o a l g u n s benefícios, m a s r e c e b e r ã o prejuízos m u i t o m a i o r e s . D e s v i t a l i z a m o c o r p o físico e d e s b a r a t a m a v i d a física. É preferível e s p e r a r q u e os s e n t i m e n t o s e a razão, a imaginação e a discriminação, s e j a m l e v a d a s a u m s a d i o e q u i líbrio. N e m t o d a s a s p e s s o a s se p r e s t a m à m e d i t a ç ã o , e a s q u e não se p r e s t a m s e m p r e encontrarão o s u f i c i e n t e p a r a d e s e n v o l ver-se e m o u t r a s direções, q u e a s prepararão p a r a e l a a f i n a l . E n t r e m e n t e s , a s i m p l e s relaxação será útil. —

S e a i m a g e m d i v i n a está s e m p r e d e n t r o de nós, a l u z q u e e l a p r o j e t a e o c a l o r q u e e m i t e são, inúmeras v e z e s , g r a n d e o u t o t a l m e n t e obstruídos p o r m u r o s i n t e r p o s t o s , não p o d e n d o , a s s i m , c h e g a r à n o s s a consciência s u p e r f i c i a l . Q u e m u r o s são e s s e s ? São a s tendências m a t e r i a l i s t a s , os apegos e x c e s s i v o s , a e x c e s s i v a extroversão, a n a t u r e z a d e s e q u i l i b r a d a , os s e n t i m e n t o s v i o l e n t o s , os m a u s p e n s a m e n t o s , os c o r p o s p e a d o s e empeçonhados, a s paixões d e s a t i n a d a s e, s o b r e t u d o , o ego i n d i s c i p l i n a d o . Por conseguinte, p a r a tornar-se consciente dessa luz, o aspirante p r e c i s a r e f i n a r a s emoções, g o v e r n a r os i n s t i n t o s , e, d e s s a m a n i r a , f o r t i f i c a r o caráter. Êle d e v e e n c e t a r a prática de exer-

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c i c i o s de introspecção mística, i n i c i a r o estudo d a metatlsica d a v e r d a d e e, através d e s s a auto-educação, a d q u i r i r o conhecim e n t o d o s s i g n i f i c a d o s m a i s profundos do e u e d a v i d a , das l e i s d i v i n a s e u n i v e r s a i s d a evolução e do destino humanos. C u m p r e - l h e c u l t i v a r os s e n t i m e n t o s religiosos e a s intuições míst i c a s pelo esforço r e g u l a r , através d a prece e d a meditação. O propósito de tôda e s s a árdua purificação é a r r a n c a r as peias dos pés d a v o n t a d e e d a mente e, a s s i m , ensejar-lhes a oportunid a d e de m o v e r - s e l i v r e m e n t e pelo reino do E u Supremo. Se êle fôr p a c i e n t e e e s t i v e r disposto a esperar, a resposta a todas a s p e r g u n t a s q u e r e f e r v e m no coração do buscador será encont r a d a u m d i a , c o n t a n t o que êle se empenhe nessa autopurificação e n q u a n t o e s p e r a .

Regenerando

o

Corpo

A E s f i n g e se d e i t o u no deserto p a r a a v i s a r todos os cand i d a t o s à iluminação que l h e p a s s a v a m por entre as patas d i a n t e i r a s , o u d e b a i x o delas, de que lhes e r a m i s t e r sujeitarem a s u a natureza inferior. E l e s não poderiam deixar a área e x t e r n a d o t e m p l o oculto e obter acesso às suas "Câmaras de P o d e r " e n q u a n t o isso não tivesse sido suficientemente feito. M a s a n a t u r e z a i n f e r i o r e a mente inferior só abrem não do s e u domínio depois de m u i t a l u t a . I s t o requer u m treinam e n t o d a v o n t a d e , u m a negação dos apetites e u m a disciplina do c o r p o que, e m b o r a não s e j a agradável no começo, assim a c a b a sendo. N e n h u m h o m e m t e m liberdade absoluta de vontade e de e s c o l h a e m s u a c o n d u t a exterior. N e n h u m homem pode fa: sr e x a t a m e n t e o que lhe a p r a z . I s t o é tão verdadeiro no caso do filósofo q u a n t o no caso do néscio. Todos os homens são limit a d o s p o r a l g u m a circunstância e condicionados por alguma situação f o r a de s i mesmos. M a s se não existe nenhuma liberd a d e r e a l , p l e n a e perfeita de vontade e de escolha para homem a l g u m , n e n h u m a decisão d a mente ou ato do corpo por que c i e s e j a e x c l u s i v a e integralmente responsável, existem, nao o b s t a n t e , d u a s f o r m a s diferentes de * * * f r a n q u e a d a s a êle. É-lhe facultado escolhei entre ser o servo do s e u e u s u p e r i o r o u o escravo da s u a natureza i n f e r o r Onde está a l i b e r d a d e de arbítrio de u m homem que se deixou e s c r a v i z a r p o r ódios, cóleras e luxúrias ™ ^ ^ ^ d r a d a s pelos desatinos ou pelas *™™*J°^T ™™™l que não se l i b e r t a r a m dessas paixões escravizantes e da nu. ciência e s p i r i t u a l , gabar-se-ão, mesmo a s s i m c o m ^ g u W i o da s u a l i b e r d a d e simplesmente porque possuem direitos de u

H

e

á

A libertação d a v o n t a d e à sujeição à n a t u r e z a i n f e r i o r conduz, p o r s i só, a u m a s u f i c i e n t e i l u m i n a ç ã o m e n t a l p a r a m o s t r a r ao a s p i r a n t e quão f a l s a é a l i b e r d a d e q u e p a r e c e a c o m p a n h a r a obediência a e s s a s paixões. É intolerável p a r a o h o m e m q u e p e n s a a i d e i a de d e i x a r - s e e s c r a v i z a r p o r a p e t i t e s q u e j á não são n a t u r a i s e p o r paixões q u e l h e d e s t r o ç a m a p a z . N e n h u m homem que t e m a m i r a posta n u m a m e t a superior a s i m e s m o tem p r o b a b i l i d a d e s de e v i t a r m a l o g r o s d a vontade. P o d e deixá-los p a s s a r d u r a n t e a l g u m t e m p o , m a s não p o d e c r u z a r os braços p o r m u i t o t e m p o , p o i s , n e s s e c a s o , o h á b i t o d a inércia o u do d e r r o t i s m o t a l v e z s e i n s t a l e imperceptivelmente d e n t r o dele e l h e f r u s t r e n o v o s esforços. A certa altura, é p r e c i s o q u e êle d e i x e de s e r i n d u l g e n t e p a r a c o m a s s u a s f r u s trações e p r i n c i p i e a t o m a r a decisão de s e g u i r u m c u r s o de d i s c i p l i n a . A e n f a t u a d a aceitação d a s u a p r ó p r i a f u g a d i a n t e d a a u t o - d i s c i p l i n a física e e m o c i o n a l , é u m a d a s razões p o r q u e êle d e i x a de f a z e r p r o g r e s s o s notáveis. S e êle e t o d o s os o u t r o s b u s c a d o r e s q u e se q u e i x a m de f a z e r p o u c o o u n e n h u m p r o g r e s s o se d e s v e n c i l h a s s e m d a s u a indolência e e m p r e e n d e s s e m a l g u m a d i s c i p l i n a r e a l do c o r p o e u m a d e s t r a m e n t o d a s e m o ç õ e s , c o m p r e e n d e r i a m q u e o p r i m e i r o p a s s o p r á t i c o é fazer alguma coisa no s e n t i d o d a r e f o r m a de s i m e s m o s ; t e r i a m , então, m e n o s q u e lamentar. De m a i s a m a i s , m u i t a s vezes lhes é imprescindível i n i c i a r v i g o r o s a s mudanças físicas se q u i s e r e m t o r n a r m a i s a t i v a e mais acurada a sua receptividade instintiva. U m a disciplina d e s s a n a t u r e z a terá de i n c l u i r a purificação d o c o r p o e a alteração dos s e u s hábitos s e g u n d o as c h a m a d a s diretrizes ascéticas, d u r a n t e a l g u m t e m p o , j á c o m o p r e l i m i n a r , já c o m o acompanhamento de q u a l q u e r t r a b a l h o m e n t a l q u e v e n h a a ser tentado. S e m i s s o , este último se p e r d e n o s i m p l e s s o n h o o u , às vezes, até n a ilusão. Ver-se-á q u e e x i s t e u m l u g a r p a r a o a s c e t i s m o n a existência filosófica, m a s é u m l u g a r s e r e n o e s a d i o . A o invés de s e r u s a d o p a r a f e r i r o u d e s t r u i r o c o r p o , usa-se p a r a o d e s e n v o l v e r e aperfeiçoar. E m v e z de pôr-lhe a saúde e m p e r i g o , p r o m o v e o m a i s e l e v a d o e s t a d o de b o a saúde. E s s e t r a b a l h o de m e l h o r a m e n t o físico e de purificação e m o c i o n a l e p a s s i o n a l é e x i g i d o , c o m muitíssima frequência, à g u i s a de preparação. N e c e s s i t a m o s de u m a n o v a concepção d a a u s t e r i d a d e e d a penitência, de u m a n o v a estimação do a s c e t i s m o e d a abnegação. P r e c i s a m o s i n d a g a r p o r q u e o c u p a r a m eles o s e u l u g a r n a v i d a e s p i r i t u a l tão l o n g a e a m p l a m e n t e . O i d e a l místico s e m p r e esteve h i s t o r i c a m e n t e associado ao ascetismo.

c o m o ilusório p o r negligência e indiferença, c o m o também não se t r a t a d o d e s p r e z o do c o r p o c o m o i n i m i g o p o r u m a l e n t a t o r t u r a ; t r a t a - s e de u m a t e n t a t i v a de c o l o c a r o corpo e m seu d e v i d o l u g a r c o m o s e r v o d a totalidade do s e r do h o m e m , incluindo o seu ser espiritual. C o n q u a n t o m u i t a c o i s a se possa dizer e m f a v o r d a s disc i p l i n a s , s i s t e m a s e r o t i n a s rígidas d a m a i o r i a das instituições monásticas, c o m o e s t r a t a g e m a s p a r a a p a r t a r os homens d a v i d a m u n d a n a e p a r a uni-los a u m a v i d a s a n t a ; conquanto elas p o s s a m a p r o p r i a r - s e à generalidade dos aspirantes de feitio r e l i g i o s o , e l a s não se a d e q u a m confortavelmente aos aspirantes de índole filosófica. E s t e s últimos p r e c i s a m c r e s c e r como cresc e m a s p l a n t a s e a s f l o r e s , c o m o sol a fazer que a s suas folhas e a s s u a s pétalas s e d i s t e n d a m . E l a s p r e c i s a m de u m a r m a i s l i v r e , de u m a a b o r d a g e m menos organizada e m a i s i n d i v i d u a l . E l a s r e q u e r e m r e g r a s menos n u m e r o s a s e regulamentos m a i s fáceis, m e n o s c l a u s u r a e menos v i d a comunitária. Q u a n d o são i n t e l i g e n t e e convenientemente aplicadas, as d i s c i p l i n a s ascéticas se v o l t a m c o n t r a o domínio da mente pelos s e n t i d o s , de m o d o q u e a p r i m e i r a se encontre e m liberdade p a r a v o l t a r a s u a atenção p a r a dentro, a f i m de e x p l o r a r os seus m a i s p u r o s e s c a n i n h o s . I n f e l i z m e n t e , porém, elas v i e r a m a significar a negação dos s e n t i d o s do h o m e m pela mente, m a s também a s u a a u t o - s u p l i c i a n t e flagelação deles. A F i l o s o f i a não recomenda de m a n e i r a a l g u m a u m a s c e t i s m o que b u s c a tornar a vida tão desagradável q u a n t o possível a pretexto de estar, a s s i m , tornand o a v i d a tão v i r t u o s a q u a n t o possível. A m e t a d i r e t a de u m regime de d i s c i p l i n a filosófica é prep a r a r o c a m i n h o p a r a o r e n a s c i m e n t o e s p i r i t u a l , penitenciar-se d a s e n s u a l i d a d e e do egoísmo d a c o n d u t a passada e p r e p a r a r o c o r p o , a s emoções e a mente p a r a o influxo de forças mais a l t a s e c o r r e n t e s m a i s s a n t a s . A s u a m e t a indireta e e l i m i n a r a doença e d a r saúde e v i g o r ao corpo. É m i s t e r reconhecer q u e o c h a m a d o estado n o r m a l do h o m e m civilizado, n a realidade, é d e s n a t u r a i e m ó r b i d o ; que a reeducação d a mente e o t r e i n ^ m e n t o do corpo, que a B u s c a provoca, sao, e m verdade, Processos " r a p L t i c o s ; e que essa t e n t a t i v a de lograr ^ r m o n i a ^ m ^ E u S u p r e m o , e f e t i v a m e n t e , é u m esforço c u ™ ^ J ^ ™ que v i o l e a s l e i s higiénicas do seu corpo e do seu s e n terá. f i n a l m e n t e , p o r imposição d a N a t u r e z a , de sofrer as consequen P

indiferente ao corpo humano, ' J ^ . orpo faz parte, alguma para compreender o mundo dc que £ . e que êle considera como mau ouoomo riusóno. C J mente, não tem revelação nem visão interior qm n

a

u

r

a

m

C

e

s

O v e r d a d e i r o propósito do a s c e t i s m o t e m s i d o f r e q u e n t e m e n t e m a l i n t e r p r e t a d o , t a n t o pelos seus a d e p t o s cegos q u a n t o p e l o s seus críticos s u p e r f i c i a i s . N ã o se t r a t a de u m repúdio do c o r p o

226

0

c o r p

c

e n ( e

a n a t u r e z a , a s l e i s e os d e s e n v o l v i m e n t o blema

de v i v e r

pacificamente

no

corpo

e v o l u t i v o s deles. e

arcar

com

O as

p

r

o

.

suas

moléstias e a s s u a s paixões, n ã o s e r e s o l v e p e l a p r o c l a m a ç ã o d a n a t u r e z a ilusória d o s e u c a r á t e r . O e s t u d i o s o q u e está p r o c u r a n d o esse c o n h e c i m e n t o s u p e r i o r não só não será c a p a z d e assimilá-lo a l é m d a s u a c a p a c i d a d e p e s s o a l , m a s t a m b é m n ã o o será d e v a l e r - s e dele m a i s d o q u e lhe p e r m i t e m a s s u a s deficiências. P o r exemplo, o s e u desequilíbrio o u a s u a i n s e n s i b i l i d a d e , o s s e u s m a u s h á b i t o s c o r p o r a i s ou as suas i n d i s c i p l i n a d a s condições e m o c i o n a i s penetrarão no q u e êle a p r e n d e r e o d e f o r m a r ã o . P o r v i a d e r e g r a s e e s t a b e l e c e c e r t o g r a u de a u t o c o r r e ç ã o m e n t a l e e m o c i o n a l e d e p u r i f i c a ç ã o física, à g u i s a de pré-requisito, a n t e s q u e esse c o n h e c i m e n t o p o s s a ser-lhe p l e n a m e n t e t r a n s m i t i d o . E s s e t r a b a l h o sobre s i m e s m o e x i g e c e r t a dose d e s e v e r i d a d e p a r a c o n s i g o m e s m o . P o r conseg u i n t e , a s práticas d i s c i p l i n a r e s são, m u i t o j u s t a m e n t e , u m a p a r t e d a s p r i m e i r a s f a s e s do m é t o d o m í s t i c o . A própria Filos o f i a a s i n c o r p o r a e não f a z o b j e ç ã o a e l a s . S ó f a z o b j e ç õ e s à e x a g e r a d a importância q u e l h e s é atribuída, e a s u a adoção e m e x t r e m o s ascéticos. E x e m p l o s típicos de a s c e t i s m o e x a g e r a d o e d e s a r r a z o a d o , q u e e l a r e j e i t a t o t a l m e n t e s ã o : a r e c u s a do C u r a d ' A r s d e a s p i r a r o p e r f u m e d a s r o s a s ; a inflição, p o r S u s o , d e t o r t u r a s h o r r í v e i s ao p r ó p r i o c o r p o p o r m e i o d e i n s t r u m e n t o s d e f e r r o , c a m i s a s de c r i n a e até p r e g o s p o n t u d o s ; o f a q u i r m a o m e t a n o q u e m o r a , c o m e e d o r m e e n t r e os túmulos de u m c e m i t é r i o ; Madame G u y o n e n f i a n d o p e d r a s aguçadas e c a l h a u s d e n t r o d o s s a p a t o s q u a n d o se d i s p u n h a a s a i r a p a s s e i o ! É a m a i s árdua d a s l u t a s p a r a o a s p i r a n t e v e n c e r a s s u a s paixões, g o v e r n a r os s e u s d e s e j o s e c o n t r o l a r o s s e u s p e n s a mentos. D i s s e B u d a que o h o m e m q u e se v e n c i a a s i m e s m o e r a m a i o r do q u e o c o n q u i s t a d o r de c i d a d e s . O esforço que isto supõe, c o m efeito, é tão g r a n d e q u e d e v e , n e c e s s a r i a m e n t e , e s t e n der-se p o r m u i t a s e m u i t a s reencarnações. Existem algumas m a n e i r a s práticas, p e l a s q u a i s o a s p i r a n t e p o d e t o r n a r a l u t a m a i s c u r t a e o t r i u n f o m a i s fácil. A p r i m e i r a p u r i f i c a ç ã o a q u e êle s e o b r i g a é a do c o r p o . A prática d e s s a a n t i g a técnica d e s v e l a os v e r d a d e i r o s i n s t i n t o s do c o r p o e, até c e r t o p o n t o , d o s p r ó p r i o s s e n t i m e n t o s , i n s t i n t o s q u e f o r a m p r o f u n d a m e n t e s e p u l t a d o s deb a i x o do m a t e r i a l i s m o c o n v e n c i o n a l d a s o c i e d a d e , d a c i v i l i z a ç ã o e d a tradição. Presta-se a u m t r i p l o p r o p ó s i t o : penitência, purificação e c u r a . A redução, o u até a p r ó p r i a e l i m i n a ç ã o , d a g u l a à m e s a , do c o m e r c a r n e , do t o m a r b e b i d a s a l c o ó l i c a s e do f u m a r são indícios d e s s e p r o g r e s s o . A g u l a é m a i s u m e r r o e m m a t é r i a d e h i g i e n e d o c o r p o do q u e u m p e c a d o e m matéria de p r o c e d i m e n t o m o r a l . C o n s i s t e

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e m l e v a r a b o c a u m a q u a n t i d a d e m a i o r de c o m i d a e bebida do q u e a q u e o corpo realmente precisa para conservar a saúde e o v i g o r , o u n a ingestão de a r t i g o s de d i e t a que são n o c i v o s ao corpo. E s s a trangressão d a s s u a s l e i s deverá acarret a r , i n e v i t a v e l m e n t e , c o m o p a s s a r do tempo, p o r efeitos c u m u l a t i v o s , u m a p e r t u r b a ç ã o do s e u f u n c i o n a m e n t o adequado ou u m a m a n i f e s t a ç ã o de e n f e r m i d a d e . A acumulação desse m a t e r i a l ind e s e j á v e l o u d i s c o r d a n t e a c a b a i n f l u i n d o n a saúde, nos nervos, n a s e m o ç õ e s e n a m e n t e de m a n e i r a o b s t r u e n t e o u degradante! U m a f o r m a e f i c a z de r e d u z i r a acumulação é o j e j u m , p r a t i c a d o d e v e z e m q u a n d o e a p e n a s p o r c u r t o s períodos. N ã o é a b s o l u t a m e n t e necessário a o h o m e m p r i v a r n e n h u m a c r i a t u r a v i v a do próprio corpo p a r a sustentar a s u a carne. A N a t u r e z a m i n i s t r o u - l h e t u d o o de que êle p r e c i s a e m f o r m a de c e r e a i s , v e g e t a i s , f r u t a s e p r o d u t o s do leite. N o século I V , q u a n d o São João Crisóstomo escrevia, dizia êle q u e " n ó s ( o s líderes cristãos) p r a t i c a m o s a abstinência da c a r n e d o s a n i m a i s a f i m de s u b j u g a r os nossos c o r p o s . . . a d e s n a t u r a i ingestão de c a r n e é de o r i g e m demoníaca... a ingestão de c a r n e é c a u s a de poluição". N ã o nos esqueçamos de que o a u t o r d e s s a d e f e s a do v e g e t a r i s m o , n a opinião de S a n t o Agostinho, e r a o m a i s autêntico e o m a i s eloquente advogado literário cristão do seu tempo. O c h a m a d o h o m e m n o r m a l e n c h e o c o r p o de resíduos tóxicos c o m e n d o m a l e p o r f a l t a de l i m p e z a i n t e r i o r . I s s o , p o r s u a vez, e n c h e - o d e a p e t i t e s mórbidos e contínuos desejos. 0 homem r e a l m e n t e n o r m a l s a b o r e i a i n t e g r a l m e n t e a s suas refeições, m a s j a m a i s comerá p o r c o m e r , e n u n c a ingerirá m a i s alimento do q u e o necessário a o c o r p o p a r a s u s t e n t a r as s u a s funções. Ê l e p o d e m a n t e r relações s e x u a i s , m a s não a s " J a n t e r ^ - s o m e n t e p o r o r d e m d o corpo, n e m apenas m o v i d o p e t e sen tidos

m d a s u a m e n t e se mente gasta na a e ^ m u m » ~ . q u e a p r e c i o s a l i b e r d a d e d o seu coração e d a r pelo êxtase s u b m e t a à escravidão s e x u a l . N ã o se deixará t físico p r o d u z i d o pelo a t o s e x u a l , l e m b r a d o d a reflexão metafísica de q u e s e t r a t a a p e n a s de u m a contrafacção breve, lastim á v e l e i n c e r t a do êxtase produzido p e l a elevação espiritual B r e v e — p o r q u e e m poucos m i n u t o s se dissipa. Lastimável p o r q u e o s e u custo, f r e q u e n t e m e n t e , é m u i t o superior ao valor. Incerta porque a s pessoas e m que ela se o n g poderão v i r a c a n s a r , a d e s a m a r e até a odiar umas às out, É m a i s i m e d i a t o e t a l v e z m a i s e s c r a v i z a n t e do que os èxU w

p r o d u z i d o s p e l a criação o u p e l a a p r e c i a ç ã o artística e i n t e l e c t u a l , m a s estes c u s t a m m e n o s e d u r a m m a i s . N ã o o b s t a n t e , a energia sexual é u m a f o r m a b a i x a , l i m i t a d a , d a e n e r g i a c r i a t i v a d a M e n t e U n i v e r s a l . 0 p r a z e r q u e e l a p r o p o r c i o n a é u m eco abafado, c u j o s o m o r i g i n a l p e r t e n c e a u m a r e g i ã o d i v i n a . E i s p o r que êle é tão p r o c u r a d o . 0 a s p i r a n t e não d e v e r i a p e r m i t i r q u e o m ó r b i d o , o n e g a t i v o e o tóxico v i e s s e m a p e n e t r a r - l h e o c o r p o o u a m e n t e . 0 propósito dos r e g i m e s ascéticos é m ú l t i p l o , m a s o s s e u s p r o p ó s i t o s primários são p u r i f i c a r o c o r p o e a s e m o ç õ e s e d e v o l v e r - l h e s a v e r d a d e i r a saúde. A q u e l e q u e v o l u n t a r i a m e n t e r e f o r m a os s e u s hábitos de v i d a , i n t r o d u z i n d o n e l e s c e r t o s e x e r c í c i o s d e extensão, contração e distensão e exercícios r e s p i r a t ó r i o s , modificando a r o t i n a e a d i e t a diárias, e m o b e d i ê n c i a a o p r i n c í p i o e e m desafio ao a p e t i t e , c o n s e g u e , c o m o r e s u l t a d o m a i s a l t o , a p r i m o r a r a f o r m a física e r o b u s t e c e r a força m o r a l . Ê necessário l i m p a r o c o r p o d a s s u a s i m p u r e z a s e curá-lo das s u a s disfunções até c e r t o p o n t o , ao l a d o d a l i m p e z a e m o c i o n a l e m e n t a l , de m o d o q u e a p e r s o n a l i d a d e p o s s a a b r i r - s e p a r a as forças do E u S u p r e m o s e m o u t r a obstrução a l é m d a q u e está s e m p r e p r e s e n t e e é a m a i s f o r m i d á v e l de todas o ego. Urge que a l g u m a purificação p r e c e d a e p o s s i b i l i t e a regeneração. A i n c a p a c i d a d e de compreendê-lo p o d e s e r u m a d a s razões p o r que os que p r a t i c a m a meditação m a s não c u r a m do e q u i l í b r i o n e m d a purificação d e i x a m amiúde de f a z e r os e s p e r a d o s progressos no s e n t i d o de c a p t a r v i s l u m b r e s do E u S u p r e m o . —

S o m e n t e p o r m e i o do d e s e n v o l v i m e n t o d a s u a experiência e do a m a d u r e c i m e n t o d a s u a compreensão virá o h o m e m a i n q u i r i r a n a t u r e z a do s e u d e s e j o e a limitá-lo a o s i n t e r e s s e s d a B u s c a . Pois só então perceberá êle q u e j á não b a s t a a v a l i a r a s c o i s a s do ponto de v i s t a a p e n a s do p r a z e r o u d a d o r q u e e l a s p r o p o r c i o n a m . Através do d e s e n v o l v i m e n t o q u e o t e m p o e a experiênc i a , a razão e a reflexão l h e p r o p i c i a m , êle p r i n c i p i a a e x p u l s a r do seu coração os a p e t i t e s glutões e os m ó r b i d o s d e s e j o s q u e a t o x i c i d a d e do s e u c o r p o c r i a p a r a êle. N a r e f o r m a , n a ascensão, e n a perfeição d a s u a v i d a m o r a l e e m o c i o n a l , êle pode v a l e r - s e de c e r t a s a j u d a s físicas q u e poder i a m f a c i l i t a r - l h e a c e n t u a d a m e n t e o esforço. E s s a reeducação dos i n s t i n t o s e a p e t i t e s , d a s paixões e d o s n e r v o s d o c o r p o é a u x i l i a d a pelo u s o de pressões, tensões, abstenções, l i m p e z a s c até de violência c o n s t r u t i v a m e n t e d i r i g i d a s c o n t r a e l e s . A man e i r a m a i s rápida de fazê-lo é d e s p e r t a r a v o n t a d e c o m o u m ato de s a g r a d a devoção, a prática d e t e r m i n a d a e r e g u l a r de exercícios c r i a t i v o s psico-físicos, q u e c a n a l i z a m a força e x i s t e n t e por detrás dele p a r a a saúde, a v i r t u d e e a proficiência*

230

p u r i f i c a r do c o r p o de carne, como parte do esforço a b r i r c a m i n h o à e n t r a d a do elemento intuitivo seíá a p a s s a g e m p a r a a purificação da natureza dos senE n c o n t r a r a t r a n q u i l i d a d e i n t e r i o r e a saúde exterior do corpo e c a v a r os m a i s seguros alicerces de qualquer outra f e l i c i d a d e q u e a v i d a possa proporcionar.

Desse total p a r a m a i s fácil timentos.

Reeducando

as

Emoções

N o p a s s a d o , a v i d a e m o c i o n a l do buscador era, na maior p a r t e , u m a r e s p o s t a i n s t i n t i v a aos sentidos, u m processo cego e m q u e êle e r a f r e q u e n t e m e n t e arrebatado em seu próprio prejuízo. N ã o h a v i a nesse processo n e n h u m a verdadeira liberd a d e de v o n t a d e , senão u m a liberdade imaginária. Agora, porém, a l g u m a l u z i n c i d e sobre tôda a cena. Doravante, as emoções serão l i b e r t a d a s d a escravidão que as mantém sob o jugo dos s e n t i d o s , serão o r i e n t a d a s no sentido de servir aos melhores i n t e r e s s e s do b u s c a d o r , pela s u a própria vontade superior, serão enobrecidas, refinadas e espiritualizadas. A p e s s o a i n f a n t i l p e t u l a n t e , c u j a atitude emocional é adolesc e n t e , p r e c i s a desenvolver-se e transformar-se n u m adulto mais m a d u r o , m a i s e q u i l i b r a d o e m a i s autodisciplinado para que os exercícios místicos p o s s a m s e r levados adiante com proveito. O neurótico c u j a s emoções a i n d a se encontram num plano i n f a n t i l , q u e dá c a m i n h o ao pânico e aos acessos de cólera, que e x p l o d e e m p a r o x i s m o s histéricos à menor provocação, deveria c o m p r e e n d e r q u e a s u a t a r e f a imediata não é desenvolver pod e r e s místicos, más, antes, desenvolver virtudes morais. 0 E u S u p r e m o l h e recusará u m v i s l u m b r e de S i mesmo enquanto ele não a s desenvolver. É m a i s importante para êle construir o caráter do q u e deixar-se f i c a r sentado e meditar, em cata de sensações psíquicas. S e o não fizer será facílimo para o ego cercá-lo de u m a m i r a g e m emocional, formada de a m o r ódio, s e n t i m e n t a l i s m o , medo, bem-aventurança q u e r o u t r a c o i s a que s i r v a ao ^ f ^ ^ J ^ J ^ T ^ a s s i m i m p e d i r - l h e 0 progresso ou obriga-lo a retrocea .

«mula^^r

Q u e m a l i m e n t a u m agravo, por a t i m e n t o de t e r sido lesado c sente p e s s o a q u e j u l g a responsável por isso, int ^ progresso espiritual. Nao-pode 1 da. ^ os e m c e d e r à s u a provocação, P | atribui esse r e s o u e v i d e n c i a r os seus indignos a . . — r e s u l t a d o à f a l t a de desenvolvimento t s p i n t u a i ^ c ^ ^ deveria recriminar-se a si m e s m a ^ • d a d e é u m velho truque do ego M a .i •"**™ ^ pelos seus t r i u n f o s e reveses do que P«W q

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O ego se m a s c a r a tão c o m p l e t a e t ã o e s p e c i o s a m e n t e q não se dá c o n t a do q u a n t o i s t o o p r e j u d i c a . N ã o c o m e t a êle o e r r o de e s c o n d e r a s s u a s f a l h a s de s i m e s m o . São as emoções negativas c o m o a m a l d a d e , a malevolência, a i n i m i z a d e , a mesq u i n h e z , a intolerância, o f a n a t i s m o , o m a u - h u m o r e a b e l i c o s i dade q u e f a z e m a força d o ego q u a n d o e s t e s e r e c u s a , o b s t i n a damente, a ceder à voz s i l e n c i o s a do E u S u p r e m o . E s s a i n s e n s a t e z de s u s t e n t a r o ego e m l u g a r de r e c o n h e c e r - l h e a c u l p a , c o l o c a obstáculos desnecessários e m s e u c a m i n h o e m a n t é m à d i s tância a graça d a a l m a . O s seus juízos serão erróneos, a s s u a s m e t a s serão f a n t a s m a s e a s u a v i d a será s a l t e a d a de infortúnios q u a n d o êle i n s i s t e e m d e f e n d e r o e g o e m l u g a r de censurá-lo. Será preferível q u e êle t r a n s f i r a o o b j e t o d o r e s s e n t i m e n t o p a r a o s e u p r ó p r i o ego p e l a d e c e p ç ã o d e t ô d a u m a v i d a q u e este l h e p r o p o r c i o n o u , e p e l o d a n o d e tôda u m a v i d a que este l h e c a u s o u . Q u a n t o m a i s s e t o r n a r êle c o n s c i e n t e das s u a s f a l h a s , t a n t o m a i s poderá e s p e r a r d a v i d a . Quanto m a i s d e p r e s s a r e c o n h e c e r os s e u s e q u í v o c o s , t a n t o m e l h o r será o seu futuro comparado c o m o seu passado. Quanto menos a n s i o s o se m o s t r a r de m e l h o r a r os s e u s v i z i n h o s , e q u a n t o m a i s a n s i o s o se r e v e l a r de a p r i m o r a r - s e , t a n t o m a i o r e s serão a s p r o b a b i l i d a d e s de q u e v e n h a a f a z e r a m b a s a s c o i s a s . E n q u a n t o o u t r o s p e r d e m t e m p o e se p r e j u d i c a m p r o c u r a n d o d e s c u l p a s p a r a os s e u s defeitos, o z e l o s o e s t u d a n t e f i l o s ó f i c o a p e r f e i ç o a o s e u t e m p o e se a j u d a a s i m e s m o p r o c u r a n d o m a n e i r a s c o n s t r u t i v a s de e m e n d a . Ê l e precisará de h u m i l d a d e p a r a r e c o n h e c e r a s próprias deficiências e m l u g a r de e n l e v a r - s e n a s d e f i ciências de o u t r a s p e s s o a s , m a s a r e c o m p e n s a será proporcionada. U

e

Tôda provocação p e l a s f a l t a s , p e c a d o s o u e r r o s de o u t r a s p e s s o a s l h e e n s e j a a o p o r t u n i d a d e de p r a t i c a r a expulsão de reações n e g a t i v a s a e l a . Q u a n t o m a i s i r r i t a n t e fôr, t a n t o m a i s deverá êle s o r r i r p o r c a u s a d a m a i o r o p o r t u n i d a d e q u e a s s i m lhe é c o n c e d i d a . Poderá t a m b é m considerá-lo c o m o u m t e s t e . U m a situação p r o v o c a t i v a d e v e r i a s e r c o n s i d e r a d a c o m o ocasião proveitosa p a r a começar u m t r a b a l h o i n t e r i o r , s e m p e r m i t i r que a reação n e g a t i v a c o m u m se m a n i f e s t e p r i m e i r o . Assim, a impaciência e a i r r i t a b i l i d a d e p o r t e r de f i c a r e s p e r a n d o n u m encontro m a r c a d o p o d e m s e r a f a s t a d a s p e l a i m e d i a t a declaração de q u e a p e s s o a p o s s u i paciência i n f i n i t a e p e l a l e m b r a n ç a d o E t e r n o A g o r a , c o m a s u a i n f i n i t a aceitação d a V i d a . S e m e m b a r g o d i s s o , a prudência a a c o n s e l h a a e v i t a r o s l u g a r e s , a s p e s s o a s e a s situações c a p a z e s de d e s p e r t a r a s u a n a t u r e z a inferior. E s s a s c o i s a s são m e l h o r e n f r e n t a d a s p e l o s f o r t e s do q u e pelos f r a c o s , p e l o s m a d u r o s e p u r i f i c a d o s d o q u e p e l o s jovens, imaturos e imoderados. Se a pessoa souber, p o r exem232

pio, que a propensão para a cólera é uma das suas falhas procedera com prudência evitando as situacõe í££ provocar-lha, enquanto não tiver adquirido algum domínT q u e

QO

cu» E s s a conquista da emoção pessoal é uma parte importante

da tarefa do discípulo. A própria vida lhe ministrará ensejos de verificar ate que ponto conseguiu chegar nessa direção. Sao oportunidades de renunciar a u m ponto de vista inferior e m favor de u m ponto de vista mais elevado, oportunidades de alevantar, purificar o u despersonalizar os seus sentimentos, quando estes são de natureza negativa. Essa negação de si mesmo lhe trará recompensas espirituais proporcionadas em termos de progresso permanente. Tais oportunidades se manifestarão de maneira mais conspícua e m conexão com as suas relações com outras pessoas. A s diferenças, os atritos e as desarmonias que poderiam surgir e m outras condições de ambos os lados estarão agora limitadas a u m lado só, que não é o seu. Êle permanecerá frio, senhor de si, desagastado e tranquilo quando poderia sentir-se tentado a proceder de maneira diametralmente oposta. Basta que êle pense profunda e calmamente por u m pequeno espaço de tempo para ver que muitos desses chamados sentimentos humanos e atitudes humanas são, de fato, indesejáveis; e para ver que não deve submeter-se-lhes à tirania nem desculpar-se por experimentá-los simplesmente por serem tão comuns e tão difundidos. Pondere êle que é a despeito das faltas e das fraquezas deles que gosta dos seus amigos o u a m a o s que lhe estão próximos e lhes são caros. Não gostaria deles nem os amaria menos se as mesmas falhas o u fraquezas viessem a desaparecer. Pelo contrário, haveria de querer-lhes ainda mais. E se isto é verdadeiro pelo que respeita a falhas e fraquezas meramente humanas, haverá de se-lo muito mais pelo que respeita a falhas e fraquezas mais baixas, às grosseiras animalidades e aos ressentimentos que poem em relevo o que há de pior n a humanidade. A parte dele que se modifica com as marés emocionais, que receia deseja, se acabrunha e rejubila alternadamente^ nao

desvanecido, Não ou

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será, p o r v e n t u r a , desumano, n a o - r a ate um tanto

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tório? Poderá, acaso, tornar-se alguém tão t o t a l m e n t e a l h e a d o , tão c o m p l e t a m e n t e f r i o , tão i n t e i r a m e n t e impassível e tão i n ç o m o v i d a m e n t e analítico e m relação às experiências e aos s u c e s s o s que m a i s lhe i n t e r e s s a m ? O r a , essas perguntas r e v e l a m u m a concepção errónea d a d i s c i p l i n a filosófica. P a r a a j u d a r a esclar e c e r o a s s u n t o , seja-nos p e r m i t i d o f o r m u l a r a nós m e s m o s o u t r a p e r g u n t a . P o r q u e será tão m a i s fácil e x a m i n a r o p a s s a d o do que e x a m i n a r o p r e s e n t e p a r a v e r o p o n t o e m q u e e r r a m o s , p a r a d i s c e r n i r a v e r d a d e i r a o p o r t u n i d a d e d a ocasião e n g a n o s a , e p a r a e x t r e m a r os a m i g o s v e r d a d e i r o s dos f a l s o s a m i g o s ? O m e n t a l i s m o responde que é p o r q u e o ego p e s s o a l i n t e r f e r e c o m maior facilidade quando estamos realmente envolvidos e m a l g u m a situação do que q u a n d o p o d e m o s observá-la à distância. E i s t o , por s u a vez, acontece p o r q u e a e m o ç ã o p r e d o m i n a e m nós n o instante de q u a l q u e r a c o n t e c i m e n t o , p o r q u e nós, e x c i t a d o s , j u l gamos tratar-se de u m a r e a l i d a d e m a t e r i a l . E n t r e t a n t o , d e p o i s que êle se r e c o l h e u a u m a lembrança, q u e é u m p e n s a m e n t o , i n c o n s c i e n t e m e n t e p r i n c i p i a m o s , c o m f r i e z a e s e m n e n h u m a excitação, a aceitá-la c o m o tendo s i d o u m p e n s a m e n t o desde o início. Vendo-o c o m o t a l , p o d e m o s a d o t a r u m a a t i t u d e m a i s c a l m a e m a i s a l h e a d a e m relação a êle. A c a l m a c o m que somos capazes de e n c a r a r o p a s s a d o é d e l i b e r a d a m e n t e c u l t i v a d a pelo filósofo ao e n c a r a r o p r e s e n t e . A própria essência d a s u a atitude é u m t r a n q u i l o s e n t i m e n t o i m p e s s o a l . O sentimento é u m m o t i v o tão forte d a v i d a h u m a n a q u e n u n c a p o d e s e r m o r t o mas, q u a n d o é egoísta, p r e c i s a s e r d o m i n a d o . E i s s o é t u d o o que a F i l o s o f i a pede de u m h o m e m . 0 s e n t i m e n t o h u m a n o não é c h a m a d o a e l i m i n a r - s e , m a s é c h a m a d o a elevar-se. A emoção h u m a n a não d e v e s e r destruída, m a s deve s e r c o m p r e e n d i d a e g u i a d a . Ninguém pode dar-se ao l u x o de i g n o r a r o s e n t i m e n t o , m a s d e v e , s e m dúvida, h a r m o nizar-se c o m êle. Pois êle p r o p o r c i o n a o c a l o r q u e dá e n e r g i a à v i d a . P r o p o r c i o n a a força p r o p u l s o r a , m a s é p r e c i s o t a m b é m que se v e j a p a r a onde é d i r i g i d o . A s u a força não s u b s t i t u i a segurança d a direção c e r t a . P a r a l o g r a r e s s a visão p r o t e t o r a , o h o m e m n e c e s s i t a , ao m e s m o t e m p o , d a direção d a razão e do estímulo d a intuição. Necessita, igualmente, d a luz da inteligência, e d e l a n e c e s s i t a m a i s q u e de c a l o r . E l a lhe diz a direção e m que deve c a m i n h a r . S e êle t o m a r a direção e r r a d a , a s u a situação se tornará m a i s p e r i g o s a . Será preferível q u e o c a l o r se o r i g i n e d a s u a l u z ; nesse c a s o , êle caminhará d i r e i t o e caminhará b e m . P o r c o n s e g u i n t e , c u m p r e q u e a fé e m o c i o n a l seja e n f r e a d a p e l a reflexão r a c i o n a l . À maioria, basta seguir cegamente os seus s e n t i m e n t o s , m a s o e s t u d a n t e , l e m b r a d o de que a F i l o s o f i a não pode d a r l u g a r a mistificação a l g u m a , p r e c i s a i n t e r r o g a r os seus s e n t i m e n t o s . S e v e r i f i c a r q u e eles o estão

c o n d u z i n d o n u m a direção c e r t a , êle os seguirá com e n t u s i a s m o dos outros. M a s terá a satisfação adicional d e T e r p a r a o n d e v a i . N a o se t r a t a de e x p u l s a r todos os sentimeJo do s e u coração. T r a t a - s e , antes, de expulsar tudo o que é indigno do s e n t i m e n t o e repelente p a r a êle, tudo o que é baixo negativo v i l , d e s t r u t i v o , egoísta, agitado e neuròticamente autocomiserativo ou sentimental. S i m , o s e n t i m e n t o subsiste, m a s purificado, enobrecido, exaltado, a c a l m a d o e tornado filosoficamente verdadeiro. Com efeito, e n q u a n t o os seus s e n t i m e n t o s não forem despertados, o aspir a n t e não conhecerá o E u S u p r e m o , m a s impende que sejam s e n t i m e n t o s elevados de devoção, de reverência, de veneração e de a m o r , d c u m a espécie p a r a a qual o amor terreno poderá, q u a n d o m u i t o , a p o n t a r , m a s à q u a l j a m a i s poderá equiparar-se. É m i s t e r que a B u s c a desperte nele a s u a emoção mais intensa, o s e u s e n t i m e n t o m a i s profundo. É mister que eles se mesclem c o m o s e u intelecto, a s u a intuição e a s u a vontade no serviço q u e todos p r e s t a m à B u s c a . Consequentemente, não pode ser u m a c o i s a f r i a , n e m u m a coisa sem vida. 0 verdadeiro filósofo não é feito de p e d r a , n e m é destituído de coração, mas todo esse s e n t i m e n t o não se acha espalhado n u m a centena de difer e n t e s direções. É dirigido p a r a a única coisa que mais o atrai, p a r a o E u S u p r e m o . Êle não é insensível, frio, nem desumano, m a s e x p r e s s a tão-só as m a i s altas emoções, ou melhor ainda, êle é e m o c i o n a l m e n t e l i v r e . P a r a compreender o quanto é desejável u m estado dessa natureza, basta-nos contrapor a sua durável s e r e n i d a d e à t u m u l t u o s a emotividade do neurótico, do histérico e do p s i c o p a t a . A emoção é u m fator tão poderoso n a vida humana e tão v a l i o s o n a ação h u m a n a , que seria insensatez pedir a alguém que a d i s p e n s a s s e . A F i l o s o f i a não pede u m a coisa dessas^ Pede, porém, u m equilíbrio adequado entre a ™ * * ? ' * ™ e u m a s e n s a t a coordenação entre a emoção e a m a i o r i a dos h o m e n s não vê é que o « está m a i s f r e q u e n t e m e n t e dentro do m a n i f e s t a m e n t e m a i s difícil- r a a o c m a r . c , „- m e nA t emocao. a iiiumiuMuiin-mv. por u m a situação do que s e ^ a j - — ^ si só, é n e u t r a . N a o e u m m a l " . ,. boa a l i a r - s e a u m a ideia má, m a s também pode ah _ c a ^ i d e i a . A d i s c i pMina l i n a filosófica cx.ge-lhe e x i * a subm.ssao q a

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se u n e a u m a i é i a falsa ou « I t a r u m h o m e m' H A do oue cuidado do que viver com maior de e s t a b e l e c e r a d . ^ çôes s u p e r i o r e s . Terá de f f ^ ^ o u t r o . A s emoções inferiores id

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aa maioria das pessoas, terá. m e m o

« Í o ^ nec ei nnc ct ni vu a grupo v wr - o ^ e m e n t e governada l i m

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nela razão as s u p e r i o r e s d e v e m a l i a r - s e h a r m o n i o s a m e n t e a e l a . T o d a s devem s e r m a n t i d a s sob c o n t r o l e p o r u m a p e r s i s t e n t e d i s c i p l i n a que o discípulo se imporá a s i m e s m o . Requintadas pela intuição, e x a l t a d a s pelo propósito m o r a l , e l a s c o n s t i t u e m u m poderoso a t i v o e m s e u e m p r e e n d i m e n t o e s p i r i t u a l m a s , s e se p e r m i t i r que o s c i l e m , s e m freio, de u m l a d o p a r a o u t r o o u que v e n h a m a d o m i n a r o p e n s a m e n t o e a v o n t a d e , representarão u m passivo lamentável. Êle não d e v e s e r f a c i l m e n t e e s t i m u l a d o . Três métodos práticos p a r a l i m p a r e a c a l m a r a s emoções podem s e r p r o v e i t o s a m e n t e incluídos e m todo r e g i m e . O primeiro é t i r a r proveito d a força do hábito. A s s i m , o hábito de enlevar-se d e s c o m e d i d a m e n t e n a b e l e z a d a m u l h e r a c a b a conduzindo ao desejo d a m u l h e r , ao p a s s o q u e o hábito de e n l e v a r - s e com frequência n a beleza d a a l m a a c a b a l e v a n d o a o d e s e j o da a l m a . 0 segundo método c o n s i s t e e m f a z e r u s o do p e n s a m e n t o oposto, d a ideia c o n t r a s t a n t e . Êle d e v e t o m a r u m a q u a l i d a d e m o r a l que represente e x a t a m e n t e o contrário d a f r a q u e z a q u e o perturba. E m s u a meditação diária, porá e s s a q u a l i d a d e o u traço desejado d i a n t e dos olhos d a s u a m e n t e e se imaginará possuidor dela, i d e n t i f i c a n d o c o m e l a o s e u caráter. O poder c r i a t i v o dessa concentração surgirá n o c o r r e r do t e m p o , p o i s e s s a ideia se infiltrará e m s u a m e n t e nos m o m e n t o s ociosos e m q u e esta volta, i n s t i n t i v a m e n t e , aos seus desejos e paixões à v i s t a de algum e s t i m u l a n t e e x t e r n o . A f i r m e decisão de l i m p a r a m e n t e , s e g u i d a do esforço prático de d e s t r u i r todo e q u a l q u e r m a u p e n s a m e n t o a i n d a e m botão, é o t e r c e i r o método, que t e m a j u d a d o m u i t o s a s p i r a n t e s . Se o interessado se a t i v e r ao método, este produzirá r e s u l t a d o s positivos. Até n u m período de a l g u n s m e s e s , a m e l h o r a d a condição da s u a m e n t e será p e r f e i t a m e n t e notável m a s é p r e c i s o não esquecer que o b o m êxito do método d e p e n d e de se a r r a n c a r c a d a p e n s a m e n t o no e x a t o m o m e n t o e m q u e n a s c e e não e s p e r a r que se t r a n s f o r m e n u m a p l a n t a r o b u s t a p a r a depois atacá-lo. 0 a s p i r a n t e deve a p r e n d e r a a c a l e n t a r a e m o ç ã o c e r t a , porém r e p e l i r o falso s e n t i m e n t a l i s m o . F e i t o isso, o e m o c i o n a l já não será o néscio, ao passo que o i n t e l e c t u a l já não será o i n e f i c a z . A repressão d a s emoções perdulárias, o u m e s m o a s u a s u b jugação por meio de camisas-de-fôrça r a c i o n a i s , torna-se recomendável s e m p r e que elas c o n s e g u e m a f a s t a r u m a s p i r a n t e d a p r o c u r a do I d e a l . Faz-se m i s t e r , c o m efeito, c u l t i v a r algo do estóico. Quando, f i n a l m e n t e , se alcança d o m i n a r a paixão pela inteligência e governar, f i n a l m e n t e , a emoção p e l a i m p e s s o a lidade, e m a m b o s os casos através do c a n a l d a v o n t a d e , o h o m e m

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que o logrou esta l i v r e de u m sem-número de ansiedades desnecessárias e a s a l v o de m u i t o s perigos evitáveis. A s u a vida e x t e r i o r s e g u i r a , então, o seu curso m a i s tranquilamente e mais s e g u r a m e n t e , a proporção que a s u a vida interior desfrutar de m a i o r s e r e n i d a d e e de m a i o r liberdade que a dos outros homens. M u i t a s pessoas e x i s t e m p a r a as quais u m a v i d a assim de independência i n t e r i o r , se a f i g u r a aterradora e repulsiva. Não p e r c e b e m elas que a s u a própria escravização não criticada à a m a r g u r a e ao desejo, ao ódio e à ignorância, à cobiça e ao p r e c o n c e i t o , a s u a própria e desvanecida crucificação do Ideal é, n a r e a l i d a d e , o a t e r r a d o r e o repulsivo. O u elas a declaram i n u m a n a , p a d r o n i z a n d o o homem, dessa sorte, pelo que nele é v i l , e m l u g a r de padronizá-lo pelo que nele há de melhor. O f r a c o q u e de pronto cede a u m impulso sensual, que não c o g i t a s e q u e r de e n t r a r e m conflito com êle, vive apenas para o momento. N ã o c u r a de deter-se u m pouco para pensar no p o r quê d a s u a existência. 0 fato de que o melhor da vida só pode s e r g r a n j e a d o p o r u m a d i s c i p l i n a da vida é algo que s a b e m o u t r a s pessoas além dos filósofos. E x i s t e u m prazer prop o r c i o n a d o pelos resultados dessa d i s c i p l i n a que é conhecido dos q u e f l u t u a m c o m os instintos e com os sentidos. Quando a B u s c a i n c u l c a o c u l t i v o de u m a vontade mais firme em certas direções, s e r i a u m a tolice fazê-lo n u m espírito de c a s m u r r a obediência. O f i m desse c u l t i v o só pode ser u m prazer mais v e r d a d e i r o a s s i m como u m prazer mais novo. A s s u m i r u m a posição dessa natureza contra a comum e c o n s t a n t e identificação de s i mesmo c o m os impulsos e as emoções do seu ego é, m a i s cedo o u m a i s tarde, u m ato necessário d a p a r t e de u m a s p i r a n t e à l u z espiritual. Se êle repetir esse ato u m número suficiente de vezes, verificar-se-a, dentro d a s u a v i d a i n t e r i o r , u m a espécie de fissura. Haverá u m eu que o b s e r v a e u m eu observado. Isso talvez nao seja sempre evidente, m a s será c l a r a m e n t e evidente e m momentos c n t i c o s e e m situações i m p o r t a n t e s . E m s u m , êle estará sob a onentação do s e u E u S u p r e m o , sentindo-lhe \ ™ ™ * ™ ^ ™ A s d i f i c u l d a d e s que o u t r o r a se ^ e o da sua natureza inferior e o pa de a g ^ poderão tê-lo desaeorçoado ^ J ^ ^ i r - l h e as c o n t r a isso êle pode agora ^ ^ a hisinjunções o b v i a m e n t e sábias, a " recompensa de x

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fácil o processo

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l e n t a d o r a s exaustões n e r v o s a s . São hoje m a i s n u m e r o s a s a s p e s s o a s neuróticas do q u e e m q u a l q u e r o u t r o período da historia humana. E c o n s t i t u e m o s u b p r o d u t o inevitável não só de u m a g u e r r a d e v a s t a d o r a , m a s também dos a m b i e n t e s meca-

CAPÍTULO

XIII

O SILENCIOSO CHAMADO

DO E U SUPREMO

V^y HOMEM d o século X X v i v e n u m a é p o c a surpreendente, que, frequentíssimamente, p r e f e r e o c h a m a d o c l a n g o r a n t e do saxofone ao s i l e n c i o s o c h a m a d o d o espírito. Passa a maior p a r t e dos s e u s d i a s n a b u s c a a g i t a d a de c o i s a s i n s i g n i f i c a n t e s . V a g u e i a , ansioso, à p r o c u r a de multidões, m a s é i n c a p a z de poupar u m segundo n a p r o c u r a d a q u i e t u d e e m que, diz-nos o Velho Testamento, poderá e n c o n t r a r D e u s . P o r inclinação e educação o o c i d e n t a l é u m e x t r o v e r t i d o . Os s e u s p e n s a m e n t o s e s t ã o s e n d o c o n s t a n t e m e n t e p u x a d o s d e u m lado p a r a o u t r o , os s e u s s e n t i m e n t o s são p r o v o c a d o s p e l o meio e pelos acontecimentos. Êle se d e i x a até e m b r i a g a r de tal m a n e i r a pelos seus próprios feitos q u e não p o d e d e i x a r de f a z e r a l g u m a c o i s a q u a l q u e r . E s s a extroversão desequilib r a d a , e s s a contínua p r e o c u p a ç ã o c o m o a s p e c t o f í s i c o d a v i d a q u e é a m o d e r n a existência h u m a n a , r e p r e s e n t a p a r a a s m a s s a s , m u i t o amiúde, u m a n e c e s s i d a d e , m a s r e p r e s e n t a p a r a a s c l a s s e s mais afortunadas u m a escolha deliberada. E s s e desejo impetuoso de m a n t e r - s e a t i v o , e s s a ânsia d e s u b m e t e r - s e a u m a s é r i e c o n s t a n t e de a t i v i d a d e s o u c o m p r o m i s s o s , e s s e t r e m e n d o r i t m o d e hoje, que c o n s e r v a , já o corpo, já a m e n t e d a s pessoas contin u a m e n t e e m m o v i m e n t o , são a g r a v a d o s p e l a á s p e r a p r e s s ã o e pelo rouco ruído d a v i d a c i t a d i n a contemporânea. A intensificação d o v i v e r f í s i c o o b c e c a a s e n e r g i a s m o d e r n a s e intoxica as mentes modernas. A c r e s c e n t a d a às t o r t u r a n t e s experiências d o t e m p o d a g u e r r a , p e l a s q u a i s p a s s a r a m t a n t o s milhões de p e s s o a s d u r a n t e e s t a d é c a d a , e n d u r e c e o s n e r v o s e p r o d u z u m m a t e r i a l i s m o insensível. E n c h e a a t m o s f e r a de tensões s e m f i m . Os t r a u m a s r e s u l t a n t e s têm p r o d u z i d o inevitav e l m e n t e u m a s a f r a de p s i c o s e s desagradáveis e de n e u r o s e s a t o r m e n t a d o r a s , de i n f e l i z e s d e s o r i e n t a ç õ e s m e n t a i s e d e d e s a -

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pressões d a v i d a . Se a s e r e n i d a d e j á t e v e , u m d i a , a l g u m v a l o r foi, seguramente nesta é p o c a , e m q u e a violência, a destruição, o t u m u l t o , a mudança o c a o s e o f l u x o l h e s u b l e v a m a s águas c o n t u r b a d a s . A v i d a é a g o r a tão a g i t a d a q u e e x i s t e u m a necessidade r e a l de a l g u m r e m é d i o p a r a a s n e u r o s e s de g u e r r a e a s ansiedades d a paz, de u m a n t í d o t o p a r a a s pressões e tensões psicológicas sem precedentes da crise mundial. Ê perfeitamente c o m u m v e r m o s o h o m e m não relaxado d a r - s e p r e s s a de e x e c u t a r os s e u s p r o g r a m a s cotidianos o m a i s d e p r e s s a possível e p e r m a n e c e r n e r v o s a m e n t e tenso enquanto não c o n c l u i a s s u a s tarefas. Dir-se-ia que êle estivesse emp e n h a d o n u m a caçada v e r t i g i n o s a e interminável, r e i n i c i a d a t o d a s a s manhãs c o m impaciência e açodamento p a r a l e v a r a c a b o a s t a r e f a s i m e d i a t a s . Êle dá a m a i o r importância ao tempo r e g u l a d o p e l o relógio e não à correção i n t u i t i v a . A turbulência d a s u a v i d a i n t e r i o r e a t r i v i a l i d a d e dos seus interesses mundanos l h e m a l b a r a t a m os a n o s l i m i t a d o s e r e v e l a m insânia c o m u m o u i n a n i d a d e p e s s o a l . U t i l i z a os seus p r o g r a m a s de atividades c r i a d o s p o r s i m e s m o c o m o e s c u s a p a r a a d i a r o repouso e s p i r i t u a l , e, n a m a i o r i a dos c a s o s , o a d i a m e n t o se prolonga pelo resto da s u a v i d a . N a s condições e x i s t e n t e s , o s i m p l e s trabalho de a t e n d e r aos p o r m e n o r e s d a existência é tão pesado que u m a q u a n t i d a d e e x c e s s i v a do s e u t e m p o e d a s u a força e^ tomada p e l a interminável p e q u e n e z dos m e s m o s pormenores. E s t e s sao tão c o m p l i c a d o s q u e até u m a s i m p l e s concentração n a v i d a e s p i r i t u a l é c e r c a d a de obstáculos a r t i f i c i a i s . A s s i m sendo, ele se p r e n d e à circunferência do e u e n u n c a t e m tempo p a r a atingir-lhe o centro. O h o m e m m o d e r n o se o c u p a j u s t i f i c a d a m e n t e erri ganhar

, o m a r g r a n d e p a r t e do » ' l e T „ , r 5 u e , . rrae n e r a i a m a s não d e v e r a o b s l a r a que en• > S m a i s C e v a d o de e n c o n t r a r *J^£L> ,q% n o s s o s O desassossego, a pressa e a « ^ ° fugi t e m p o s não d e i x a m l u g a r senão a - £ J J * « a $ c o i s i S p n > d i a s e b r e v e s impressões. N e s s a s c i r c u c

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fundas e duradouras principiam a desaparecer, e as coisas superficiais e sensuais começam a altear-se preeminentemente a c i m a delas. O amor é substituído pela lascívia, a reflexão ponderada pela mera curiosidade, e os homens encalçam traiçoeiros fogos fátuos, que os conduzem a pauis onde eles afundam e sofrem. E m tôda parte se vê o espetáculo do h o m e m a fugir p a r a onde êle afunda e sofre. E m tôda parte se vê o espetáculo do homem a fugir da verdadeira vida e a aconchegar de si a sua mera e ilusória aparência, porque isso é m a i s fácil do que submeter-se-lhe às exigências e aceitar-lhe os reajustamentos. Entretanto, êle não parece compreender que é o verdadeiro escapista. Notável tendência deste século, m a i s p r o n u n c i a d a s e m dúvida no Oeste moderno do que em outras áreas, é a de p r o c u r a r encher a experiência diária c o m o m a i o r número possível de sensações. E s s a tendência desenvolveu-se a u m ponto fantástico e contribuiu, por certo, para o aumento fenomenal, e m nossos dias, de casos médicos de hipertensão sanguínea e de prematuros colapsos cardíacos. As implacáveis pressões do programa diário do homem do século X X obrigam-no a realizá-lo correndo e, assim, a desgastar-se. 0 insensato que i n i c i a as suas atividades ou movimentos nessa correria desesperada p a r a terminá-los, que faz u m esforço violento para exaurir-se antes d a hora, não c o m preende que terá de pagar, mais cedo ou m a i s tarde, pela s u a i n sensatez. Devemos lamentar o fato, m a s o caso é que as boas intenções não levam consigo garantia alguma c o n t r a esse erro no viver e contra os sofrimentos que êle necessariamente acarreta. Assim como a necessidade desesperada do introvertido não são mais pensamentos, senão mais atos, assim a desesperada necessidade do extrovertido não são coisas que êle possa fazer, mas alguma coisa que o ajude a abster-se de agir. Quando a doença obriga u m extrovertido extremo a recolher-se ao leito, a não fazer nada, a permanecer imóvel, poderá ser-lhe realmente benéfica possibilitando maior ativação dos seus poderes de reflexão e de intuição, que, a s s i m , lhe serão mais úteis. E s s a reclusão forçada entre os lençóis influi não só no corpo do inválido mas também n a s u a mente, ff Concede-se-lhe a oportunidade de adquirir u m a nova p e r s p e c t i v a do curso de sua vida e u m novo equilíbrio dos seus julgamentos. Êle se encontra de posse de u m a dádiva inestimável — o ensejo de reavaliar esses julgamentos, u m a pausa e m seu curso e a oportunidade de examinar mais profundamente a significação não só dos acontecimentos passados desse curso, m a s também das circunstâncias presentes e das possibilidades futuras. As pressões começam, então, a perder u m pouco do s e u peso e as preméncias a perder u m pouco da s u a rapidez. Aqui,

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debaixo dos lençóis, êle realmente se relaxa — talvez pela prim e i r a vez e m muitos anos — e o E u Supremo, que não pôde forçá-lo a meditar sobre os propósitos da sua vida por meios m a i s agradáveis, consegue-o afinal pela doença desagradável. Quantas pessoas descobrem que a doença é um período em que a relaxação, a reflexão ou a oração lhes são como que impostas, com resultados que influem benèficamente nos anos restantes da sua v i d a ! Quantas vezes o repouso exigido pela moléstia permite a atividade irrestrita das forças curativas da Natureza a fim de remediar o que foi provocado pela desobediência às leis higiénicas do corpo! Dessa maneira, a Natureza equilibra o dano físico que lhe foi causado. S e o corpo fica doente porque a sua higiene apropriada não está sendo respeitada, porque as leis que lhe governam o funcionamento sadio estão sendo transgredidas, a doença, nesse caso, pode revelar-se útil na medida em que desperta o doente p a r a a necessidade de viver corretamente e de reformar os seus hábitos físicos. Isto deveria induzir o médico — o qual, a propósito, segundo a recomendação de Hipócrates, o fundador da medicina europeia, deve ser filósofo também — a refletir sobre o grande número de enfermidades que são, na realidade, u m a busca de refúgio contra o próprio desequilíbrio, desleixo ou auto-envenenamento do eu. ^ E o médico deveria refletir ainda mais sobre a grande percentagem de moléstias que poder i a m ser prevenidas se se pudesse fazer que as pessoas interessadas compreendessem os sinais de perigo que a intuição lhes ministra, advertindo-lhes que se recolham, durante algum tempo, a u m simples repouso ou retiro espiritual, fugindo às excessivas tensões do trabalho, da paixão, da preocupação e da emoção negativa, ou de hábitos defeituosos no comer e no beber. Quando a incapacidade de reconhecer a natureza correta desses sinais provoca a enfermidade e o repouso compulsório do paciente, que se vê obrigado a guardar o leito, este depara com a oportunidade de u m a reconsideração, possivelmente negligenciada há muito tempo e muito atrasada, da base de sua vida e dos padrões que a governam. . Se êle, todavia, se recusar a aceitá-la, se estiver demasiado alcançado pelo sofrimento físico ou se as suas emoções estiverem demasiadamente centralizadas nele mesmo, a moléstia, naturalmente, não fará outra coisa senão prejudicá-lo. f

Não obstante, é paradoxal o fato de que a mesma enfermidade capaz de promover a relaxação e a reflexão numa pessoa, levando-a, assim, indiretamente, a u m a breve iluminação espiritual, poderá também estorvar essa iluminação em outra pessoa. A l e i geral que preside a essa manifestação estatui que o corpo

deve a c h a r - s e e m e s t a d o de saúde p a r a q u e a m e n t e iluminação c o r r e t a m e n t e e s e m empeços.

receba

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E c o m o se t a n t o t u m u l t o , t a n t a agitação e t a n t a pressão não b a s t a s s e m , u m número e x c e s s i v o de c r i a t u r a s s e a f a s t a e i s o l a d a N a t u r e z a mercê d a s circunstâncias a r t i f i c i a i s d a v i d a contemporânea n a s c i d a d e s , a s s i m c o m o e m d e c o r r ê n c i a d e u m a f o r m a errónea de p e n s a r e de r e g i m e s de v i d a f a l h o s . Ninguém deve s u r p r e e n d e r - s e de q u e t u d o i s s o t e n h a r e s u l t a d o s sérios e danosos do p o n t o de v i s t a filosófico. V i v e n d o e m t a i s condições, os h o m e n s t e n d e m a p e r d e r a fé r e l i g i o s a q u e l h e s r e s t a ou, então, n u n c a c h e g a m a c o n h e c e r a intuição mística. Essas condições os i m p e d e m de e n c o n t r a r o t e m p o necessário p a r a p e n s a r , p o r i n i c i a t i v a própria, n a s u a v i d a , n o s p r o b l e m a s i n t e r i o r e s , n a s m e t a s s u p e r i o r e s e n a significação m a i s p r o f u n d a dessa m e s m a v i d a . D e s t r o e m n e l e s a c a p a c i d a d e d e p e n s a r e m p o r s i m e s m o s c o m o indivíduos, e l h e s d i m i n u e m c o n s i d e r a v e l m e n t e a aptidão p a r a l e v a r os s e u s p e n s a m e n t o s a u m e s t a d o concentrado. T r a b a l h a m d e s t r u t i v a m e n t e c o n t r a a q u i e t u d e de sobremão d e l i b e r a d a d a a t i t u d e e s p i r i t u a l . Até m u i t o s a s p i r a n t e s e s p i r i t u a i s t e n d e m a a c e i t a r a s s u gestões d a s p e s s o a s q u e c o n s t i t u e m a s o c i e d a d e à s u a v o l t a q u e não estão i n t e r e s s a d a s n a m e s m a b u s c a n e m , m u i t o m e n o s , e m penhadas nela. E m resultado disso, o a s p i r a n t e c r i a p a r a s i dúvidas fictícias. E n c o n t r a - s e s e m t e m p o p a r a e s t u d a r e p e n s a r , p a r a quedar-se e m silêncio o u m e d i t a r , e s e m e n e r g i a p a r a d e s v i a r a s u a atenção do c u r s o e x t e r n o d o s a c o n t e c i m e n t o s . Dessarte, não e x i s t e o u t r a escapatória p a r a êle senão t o r n a r - s e i n d i v i d u a lista. O homem ocidental explorou e sujeitou a m a i o r p a r t e d a superfície do p l a n e t a ; e n t r e t a n t o , não e x p l o r o u s e q u e r u m d é c i m o do s e u e u i n t e r i o r . P o r q u e êle fêz de u m a v i d a s e m p r e e m m o v i m e n t o , i m p a c i e n t e m e n t e enérgica e a m b i c i o s a , a v i d a i d e a l , êle, m a i s do q u e os o u t r o s , p r e c i s a c o r r i g i r e s s a u n i l a t e r a l i d a d e . A s s u a s agitações e a t i v i d a d e s p o d e m s e r v i r t u d e s a o s s e u s olhos, m a s p r o v o c a m s o r r i s o s e n t r e os o r i e n t a i s , q u e a i n d a se c o n s e r v a m fiéis à s u a herança i n t e r i o r e r e s e r v a m t e m p o s u f i ciente p a r a a adoração, a meditação, o silêncio e a solidão t o d o s os d i a s , e q u e a s s i m c o n s e r v a m u m a v i d a i n t e r i o r c o m o o núcleo d a v i d a e x t e r i o r . O hábito o c i d e n t a l de t e n t a r m a n t e r o c u p a d o o t e m p o todo g e r a o desgaste dos n e r v o s e a confusão m o r a l , u remédio c o n s i s t e e m a r r a n j a r u m l u g a r n a r o t i n a c o t i d i a n a p a r a aprender a arte da quietude m e n t a l . É m i s t e r q u e se . ™ . s a r o t i n a i n t e r v a l o s do m a i s c o m p l e t o r e p o u s o m e n t a l e tísico. O anseio r e p r i m i d o d o o c i d e n t a l p e l a p a z i n t e r i o r preparou-o p a r a o a d v e n t o d e s s a s d o u t r i n a s psicológicas e métodos místicos que p o d e m a g o r a ajudá-lo a a j u d a r - s e . E que 1

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e x i s t e u m r e c o n h e c i m e n t o inconsciente dessa necessidade de a s s e g u r a r u m m e l h o r equilíbrio p e l a adoção de práticas de r e l a x a m e n t o evidencia-se agora pela popularidade c a d a vez m a i o r g r a n j e a d a pelos cultos que advogam tais práticas. C o m o é diferente a atitude do h o m e m r e l a x a d o que a tudo atende e v i v e c a d a m o m e n t o de s u a v i d a t r a n q u i l a e c o n c e n t r a d a m e n t e ! ^ Êle possui u m a serena sensação de lazer, u m a sensação incrível p a r a aqueles c u j a atitude é a de q u e m q u e r que todas a s h o r a s s e j a m ocupadas. Êle v i v e de acordo c o m o s e u próprio r i t m o , s e m se i m p o r t a r c o m o r i t m o de u m a sociedade frenética e d e s e q u i l i b r a d a . Tôda a s u a v i d a se escoa n u m a n d a m e n t o diferente, s e m p r e s s a , pacífico e aprazível. Nela e x i s t e m até h o r a s s e m finalidade, que s e r i a m u m a sandice p a r a o moderno ocidental. E n t r e t a n t o , êle não é u m t u n a n t e n e m u m v a d i o . A direção geral d a s u a v i d a t e m u m propósito b e m definido, a s s u a s atitudes e a s suas ações têm u m a significação que se o c u l t a debaixo d a superfície. O exercício d a c a l m a não p e r t u r b a d a e m q u a i s q u e r c i r c u n s tâncias é u m a a j u d a p o s i t i v a e m todos os sentidos. D e l a advém n a t u r a l m e n t e u m exato d i s c e r n i m e n t o dos v a l o r e s e u m juízo e q u i l i b r a d o . E x i s t e m momentos n a m a i o r i a das v i d a s de grandes tribulações o u de grandes tentações, quando os controles p o d e m s e r f a c i l m e n t e destroçados, m a s isto é m u i t o menos exato q u a n d o se c u l t i v a a c a l m a . O h o m e m r e l a x a d o n u n c a p e r m i t e que a cólera o domine de t a l modo a propósito do que q u e r que s e j a que êle possa p e r d e r o domínio de s i mesmo. Os seus j u l g a m e n t o s , n a t u r a l m e n t e , serão desapaixonados e desinteressados — e não condicionados pelos seus desejos. A s suas apreciações dos p r o b l e m a s m a i s acesamente controvertidos serão e q u i l i b r a d a s c 1 u s t a s e terão m u i t o maiores probabilidades de s e r c o r r e t a s e razoáveis. Êle j a m a i s fará u m a crítica n e g a t i v a s e m fazer, ao m e s m o tempo, u m a sugestão p o s i t i v a . C o m o poderá o h o m e m moderno dissolver a s u a i n t r a n q u i l i d a d e e e n c o n t r a r u m a paz i n t e r i o r tão desejável? Poderá fazê-lo e n c o n t r a n d o s e a s i mesmo. Terá de começar c o m u m nntídoto p a r a a s u a e x c e s s i v a extroversão. E poderá encontra-lo, n a prática deliberada da introversão, q u e r n a S e q u e r n a meditação, quer e m a m b a s , como u m exercício laxaçao, q u pessoas que têm hoje u m a v i d a

25í d e s s a S ^ T S L *

* guerras e e m p a n t u r r a d a de f prío eeração a t u a l p r e c i s a estar p r e p a r a d a p a r a acolher extroversão, a ^ . E l a já tentou, p o r a verdade filosolica e a pi . superior. I s t o sempre m u i t o tempo, v i v e r s e m ™ ^ A prolongada se b a l d o u no P ^ a d o e e s u sc ba ^ ^ . m

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A existência m o d e r n a , t o d a v i a , e n c e r r a distrações e m d e m a s i a n a r a p e r m i t i r o fácil c o n s e g u i m e n t o d a p a z i n t e r i o r s e m u m a l u t a a b n e g a d a p a r a alcançá-la. Q u e é o q u e p o d e s e r f e i t o nelos que são forçados a a c e i t a r o s e u q u i n h ã o d o s c u i d a d o s e das pressões d a v i d a c o t i d i a n a ? A i d e i a de i m p o r u m a súbita p a u s a , a i n d a q u e temporária, a tôda e s s a a t i v i d a d e f e b r i l c o n s t i t u i , p a r a a l g u m a s p e s s o a s , u m a i d e i a desagradável e i r r i t a n t e . Entretanto, é precisamente isso o que a F i l o s o f i a lhes ordena que façam. E l a s t e n d e m a a b s o r v e r - s e de t a l m a n e i r a e m i n t e resses m u n d a n o s e p r a z e r e s s o c i a i s , e m a t i v i d a d e s p e s s o a i s , q u e u m a p a s s i v i d a d e q u e a s a f a s t e t o t a l m e n t e de t u d o i s s o l h e s parece algo t r i v i a l , v a z i o , inútil e a b o r r e c i d o . É forçoso q u e os a s p i r a n t e s se a p a r t e m , de t e m p o s a t e m p o s , d e s u a s o b r i g a ções c o m u n s e que o b s e r v e m , d u r a n t e e s s e s p e r í o d o s , s e estão cometendo e r r o s o u t o l e r a n d o f r a q u e z a s , q u e f a ç a m o i n v e n t á r i o das p a s s a d a s experiências e d a s i d e i a s p r e s e n t e s e q u e i n d a g u e m do m e l h o r c u r s o de d e s e n v o l v i m e n t o f u t u r o . I s t o pode ser feito, c o m s u m a eficácia, e m t r a n q u i l o s r e t i r o s c a m p e s t r e s o u e m pacíficas p r a i a s do l i t o r a l . M a s não se f a z c o m f a c i l i d a d e n a s grandes c i d a d e s b a r u l h e n t a s . Q u a s e todos os h o m e n s têm precisão d e s s e p e r í o d o d e r e t i r o p o r q u e q u a s e todos n e c e s s i t a m , às v e z e s , de u m a f o l g a n a s d i f i c u l d a d e s e l u t a s d a v i d a , de m o d o q u e p o s s a m r e u n i r a s s u a s forças a n t e s de p r o s s e g u i r no esforço p o r a r c a r c o m e l a s . P r e cisam procurar lugares a que possam recolher-se e m secreto, fugindo ao b a r u l h o d a c i d a d e , e m i n t e r v a l o s de p a c í f i c o a f a s t a m e n t o do b u r b u r i n h o c i t a d i n o . I s t o deve s e r feito não c o m o fuga à v i d a do m u n d o , m a s c o m o preparação p a r a e l a . Eles deverão afastar-se q u a n d o a s u a inspiração i n t e r i o r l h e s o r d e n a r que o façam, q u a n d o a n e c e s s i d a d e íntima d e s s e r e t i r o s e t o r n a r p r e m e n t e e a s circunstâncias e x t e r i o r e s o p e r m i t i r e m . T o d o s os a s p i r a n t e s d e v e r i a m u t i l i z a r t a i s i n t e r v a l o s p a r a a p r e n d e r m a i s a c e r c a do q u e r e a l m e n t e são e a c e r c a d o q u e r e a l m e n t e é a v i d a . Regressarão depois às obrigações d o m u n d o , mergulharão n a a t i v i d a d e m u n d a n a e a l i porão à p r o v a o s s e u s c o n h e c i m e n t o s , praticarão a s u a discriminação e expressarão os seus i d e a i s . N e c e s s i t a m r e t i r a r - s e de v e z e m q u a n d o , s e j a p o r m e i a h o r a , s e j a p o r u m mês, a f i m de r e t e m p e r a r a s s u a s torças e c o n c e n t r a r os s e u s s e n t i m e n t o s n a B u s c a . Nesses retiros, h a o m i s t e r de solidão p a r a c r i a r a s u a p r ó p r i a a t m o s f e r a m e n t a l , de l i b e r d a d e p a r a o b e d e c e r às instigações i n t e r i o r e s d a s u a n a t u r e z a e s p i r i t u a l , e de aspiração p a r a r e l a x a r - s e , e p a r a p u r i f i c a r e e n o b r e c e r os s e u s s e n t i m e n t o s . O r e t i r o periódico d a s i n c e r t e z a s dos negócios d o m u n d o p a r a a s c e r t e z a s dos negócios do espírito, d a s distrações d a v i d a n a c i d a d e p a r a a p a z d a s solidões d a N a t u r e z a , é u m a n o r m a

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ouandn « ^ ^ ° ° necessidade de escapar ooriml \ ° ° ° Preocupações os opr rnemi exageradamente, ou quando o excesso de contactos e o excesso de afobação n a s cidades os levam a olhar com enternec i m e n t o p a r a o c a m p o e p a r a a solidão. Nessas ocasiões, u m a trégua n a agitação é benéfica, ou melhor, é necessária. Mas r e c o m e n d a a Filosofia, sé razoado com o teu retiro. F a z e o ocasional no tocante à frequência e limitado no que concerne à duração. Afasta-te de tempos a tempos, mas afasta-te apenas por u m período limitado. Se bem a Filosofia aprove os recol h i m e n t o s ocasionais à ociosidade do quietista como meio temporário p a r a u m f i m mais amplo, não aprova a ociosidade do q u i e t i s t a como f i m e m si mesmo. E l a nunca d i z : encontra u m a e s c a p a d a permanente e sê u m permanente escapista. U m a v i d a bem e q u i l i b r a d a exige u m a forma e q u i l i b r a d a de retiro. É tão eficaz p r o c u r a r u m a coisa dessas e permanecer u m leigo quanto p a s s a r a v i d a i n t e i r a e m instituições escapistas e transformar-se e m monge. l

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Não é preciso recolher-se a mosteiros p a r a executar esse a u t o t r e i n a m e n t o ; qualquer pessoa pode praticá-lo em sua própria casa. Às vezes, poderá até praticá-lo melhor, pois a vitória sobre as oposições e o domínio das dificuldades lhe darão u m a força p r o v a d a que mosteiro algum lhe poderá dar. Lecionando A n a t h a p i n d i k a , u m multimilionário do seu tempo que desejava r e n u n c i a r ao mundo, B u d a , muito embora fosse o arquiapóstolo da renúncia do mundo, d i s s e : "Digo-te que permaneças e m t u a posição n a v i d a e te apliques com diligência à t u a empresa. Não são a v i d a , n e m a riqueza, n e m o poder, que escravizam os homens, senão o apego à v i d a , à riqueza e ao poder". Quando u m h o m e m se m o s t r a interessado e m retirar-se p a r a sempre J o m u n d o , pode estar obedecendo a u m a autêntica necessidade i n t e r i o r que, naquele determinado estádio, lhe favorecerá o verdadeiro progresso. Mas pode ser também que êle esteja obedecendo não a u m a necessidade autêntica, senão a umtímido receio de ver-se enredado nos negócios da humanidade conturbada. Nesse caso êle terá apenas transferido o seu egoísmo de u m estado positivo p a r a u m estado negativo. Como não se exercem pressões sobre ela, a s u a v i r t u d e se torna u m a coisa enelaustrada e enfraquecida. Onde o r e c o l h i m e n t o ocasional p a r a retiro durante períodos , n a i s Toneos de tempo é totalmente impossível, o recolh.mento m a . s longos a c p períodos mais curtos raras vezes cotidiano para rct.ro o u r a m v minutos até u m ,^imposs^ se tomarem férias e das distrações m u n d a n a s .

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A Aventura

da

Meditação

N e s t a e r a enérgica, q u e m q u e r q u e a t r i b u a u m a l t o v a l o r o u v a l o r m a i s a l t o à prática d a relaxação e d a m e d i t a ç ã o , a r r i s c a se a s e r j u l g a d o néscio o u fanático. U m a das principais ilusões dos h o m e n s m o d e r n o s , h a u r i d a s n o s s o r v e d o u r o s u r b a n o s , é que se eles f i z e s s e m e s s a s p a u s a s diárias e m s u a v i d a e s t a r i a m perdendo a l g u m a c o i s a e m razão d o t e m p o r o u b a d o a o s s e u s negócios. Pelo contrário, se a p a u s a f ô r r e a l e s i n c e r a , e l e s estarão g a n h a n d o a l g u m a c o i s a n a p r ó p r i a e s f e r a e m q u e ocorreria a suposta perda. A s i m p l e s introdução de c u r t o s intervalos d a m a i s c o m p l e t a relaxação n o r e g i m e d i á r i o d e a t i v i d a d e pessoal é s u f i c i e n t e p a r a p r o d u z i r r e s u l t a d o s a c e n t u a d a m e n t e benéficos. S o b a s pressões d a c i v i l i z a ç ã o m o d e r n a , e l e s são u m a necessidade biológica. Qualquer homem trabalhará m a i s e melhor, sentir-se-á m e n o s c a n s a d o e c o n s e r v a r á m a i o r v i t a l i d a d e se r e a p r o v i s i o n a r a s s u a s forças p o r m e i o d e s s a r e d i s p o s i ç ã o das suas h o r a s . A s s i m , n a r e a l i d a d e , êle n a d a p e r d e r á p e r d e n d o esses poucos m i n u t o s t i r a d o s do s e u t r a b a l h o o u d o s s e u s p r a zeres. São-lhe indispensáveis e s s e s oásis n o d e s e r t o d a j o r n a d a da v i d a . 0 p e n s a m e n t o e o s e n t i m e n t o a c o l h e r ã o c o m a l e g r i a essas b r e v e s e b e l a s libertações do f a r d o d a existência c o m u m . A t r i s t e i r o n i a , porém, é q u e t a n t a g e n t e está tão p r e o c u p a d a com a s s u a s preocupações q u e não é c a p a z d e p o u p a r t e m p o p a r a o que p o d e r i a ajudá-la a s u p o r t a r m e l h o r a s s u a s p r e o c u p a ções. É e m s e u próprio prejuízo q u e não l h e a c o d e o d e s e j o de r e l a x a r - s e o u de m e d i t a r . E s e e l a p u d e s s e c o m p r e e n d e r a s fases m a i s p r o f u n d a s d a v i d a e s p i r i t u a l , c o m p r e e n d e r i a q u e a ideia c o m u m de q u e a n e n h u m a a t i v i d a d e do c o r p o s i g n i f i c a n a d a feito o u n a d a g a n h o , é d e s m e n t i d a p e l o s satisfatórios r e s u l tados d a meditação. A noção, m e n o s c o m u m , d e q u e a i n a t i vidade do i n t e l e c t o s i g n i f i c a a m e s m a i n u t i l i d a d e , é d e s m e n t i d a pelos r e s u l t a d o s inesquecíveis d a c o n t e m p l a ç ã o . A propósito, essas d u a s não são idênticas, e s i m u m a f a s e m a i s b a i x a e o u t r a m a i s a l t a d a m e s m a prática. l

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Podemos v e r agora a p r o f u n d a s a b e d o r i a q u e se o c u l t a v a por detrás d a injunção dos a n t i g o s l e g i s l a d o r e s r e l i g i o s o s d e g u a r d a r u m d i a sabático de r e p o u s o p o r s e m a n a . E s s e s h o m e n s sábios d a A n t i g u i d a d e v i v i a m g i z a n d o m é t o d o s p a r a l e m b r a r ao h o m e m o s e u v e r d a d e i r o p r o p ó s i t o n a t e r r a . E s t e p r o p e n d i a a enredar-se c o m p l e t a m e n t e n o s d e s e j o s t e r r e n o s e n o s a s s u n t o s físicos, e a e s q u e c e r o q u e d e v e r a s e r o s e u d e s e j o s u p r e m o — o descobrimento da s u a a l m a d i v i n a e a comunhão c o m e l a . E r a p o r isso q u e eles o instruíam, i n c u l c a n d o - l h e a n e c e s s i d a d e de s u b s t i t u i r a s c o i s a s do m u n d o p e l o s a s s u n t o s e s p i r i t u a i s e pelos negócios t r a n s c e n d e n t a i s , e i n s t i t u i n d o u m d i a e s p e c i a l da semana p a r a essa finalidade. D e sete e m s e t e d i a s , e r a - l h e

246

fim s u n í m n S * * ° ° ' P e T sério T t e r á r i o . Cumpria-lhe 1 ™ S ' descartar-se d a frivolidade nesse d i a , porque a m o r t e e r a u m a s o m b r a sempre presente. U m dia a e repouso l h e d e i x a v a a l q u e i v a d a a superfície v a z i a da consciência, p a r a que fosse m a i s fecunda ao depois; proporcionava aos níveis m a i s profundos da mente azo de apresentar o seu c o n h e c i m e n t o i n t u i t i v o e v o l t a v a o pensamento p a r a o sagrado propósito s u p r e m o de tôda v i d a h u m a n a . S

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A m e s m a necessidade, o u obrigação, é a i n d a m a i s urgente neste nosso século X X . Pois a invenção moderna, que poderia s e r e m p r e g a d a p a r a p r o p i c i a r m a i o r lazer às atividades espirit u a i s , é u t i l i z a d a , n a verdade, p a r a f r u s t r a r esse objetivo. C o m a a j u d a de automóveis, trens e até de aviões, e c o m os recursos m i n i s t r a d o s pelos lugares de entretenimento e de esportes, o d i a sabático se p a s s a no meio de prazeres transitórios. U m dia c o m o esse d e v e r i a s e r assinalado pela rededicação da v i d a ao m a i s s u b l i m e dos ideais aceitos e pela reexposição da fé e m seu caráter e s s e n c i a l m e n t e e s p i r i t u a l . É o momento apropositado p a r a se p e n s a r no futuro, p a r a se refletir no passado e, conseg u i n t e m e n t e , p a r a o p e r a r as mudanças aconselháveis no pensam e n t o , no plano e n a prática. É o momento e m que o h o m e m deve t o r n a r a inspirar-se c o m atitudes básicas. Nesse dia, êle deve entregar-se à oração, ponderar sobre princípios fundam e n t a i s , r e f l e x i o n a r sobre metas, r e c o r d a r inspirações, l e r l i v r o s i n s p i r a d o s e p r a t i c a r meditações. Deverá r e e s t i m a r o seu v a l o r c o m o p o r t a d o r de algo divino e m seu coração. Deverá, finalm e n t e , cogitar e t e r consciência da relação que existe entre êle m e s m o e D e u s . 0 f l u i r d a existência c o t i d i a n a e m trabalhos ou lazeres, de ordinário, d e s v i a a mente do seu propósito m a i s elevado e mantém-na e m m o v i m e n t o , entre u m assunto e outro. Essa contínua dissipação das energias psíquicas e das forças v i t a i s do e u i m p e d e q u a l q u e r afastamento da atenção de concentrar-se no esforço p o r v o l t a r a s i . A t e n t a t i v a de poupar certo n u m e r o de m i n u t o s das v i n t e e q u a t r o h o r a s do d i a p a r a o único p n > pósito de i n v e r t e r o f l u x o da atenção, f a z e n d o o p a s s a r da írítacâO ao repouso e dos sentidos p a r a a a l m a . e a m a i s i m J S e m que pode empenhar-se qualquer h o m e m . Aquele oue se d e s c u l p a p r e t e x t a n d o não poder e n c o n t r a r n e m mesmo Asse b r e í r p e r í o d S . d e v e r i a indagar da s u a consciência se toda

o Densamente

da busca espiritual.

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verdade,

contudo,

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p o u c a gente se e n c o n t r a , de f a t o , n u m a situação t a o i n f o r t u n a d a . N e n h u m h o m e m poderá dizer j u s t i f i c a d a m e n t e q u e t e m tido u m a c o m p l e t a experiência d a v i d a se não c o n h e c e u n e n h u m a experiência e s p i r i t u a l d u r a n t e a s u a v i d a . P a r a q u e êle se t o r n e melhor equilibrado, o h o m e m ocidental p r e c i s a r i a entregar-se não só à v i d a a t i v a , m a s t a m b é m à v i d a c o n t e m p l a t i v a . O s e x e r cícios de m e d i t a ç ã o d e v e r i a m ocupar u m lugar definido e assegurado nos hábitos e u r o - a m e r i c a n o s . A s práticas místicas não d e v e r i a m r e s t r i n g i r - s e a u m a s p o u c a s p e s s o a s q u e , p o r i s s o m e s m o , são h a v i d a s p o r a n o r m a i s , e x c ê n t r i c a s o u e s q u i s i t a s . Deveriam ser postas e m uso por u m grupo m a i s a m p l o . Quem quer que consagre a elas u m período do s e u d i a e a s s u s t e n t e c o m u m esforço s i n c e r o p a r a r e f o r m a r o s e u m o d o de v i d a , poderá s e n t i r , u m d i a , d e n t r o e m s i m e s m o , a p r e s e n ç a d e u m a i n d i v i d u a l i d a d e m a i s p u r a , de u m e u e s p i r i t u a l . E s s e hábito diário de e x c l u i r d a a t e n ç ã o os a s s u n t o s p e s s o a i s o u d e d e s t a cá-los d a e m o ç ã o , de m a n t e r a m e n t e a f a s t a d a d a s t r i v i a l i d a d e s , d a s tentações e d o s a t r i t o s d o m u n d o , a o m e s m o p a s s o q u e a deixa m e r g u l h a r m a i s p r o f u n d a m e n t e n a abstração, c o n d u - l a a c o n s e g u i r e s a b o r e a r u m a t r é g u a às p r e s s õ e s d a v i d a , d o t r a b a l h o e das pessoas. 0 h o m e m que a p r e n d e a a r t e de r e c o l h e r - s e ao i n t e r i o r de si m e s m o p a r a t o c a r , n ã o os e s t r a t o s m a i s s o m b r i o s d o s u b c o n s c i e n t e d o ego, senão a p a r t e m a i s p r o f u n d a d o s e r e s p i r i t u a l , aprende a possuir tanto a t r a n q u i l i d a d e q u a n t o a felicidade à s u a disposição. N a m e d i d a e m que c a v a m a i s p r o f u n d a m e n t e a s u a mente, a l i e n c o n t r a poderes abençoantes de c u r a e p a c i ficação. U m a p r e l i m i n a r dessa silente contemplação i r r a d i a a s u a disposição e o s e u e s p í r i t o p e l o r e s t o d o s e u d i a . O s d e g r a u s m a i s i n t e r i o r e s d o p r ó p r i o s e r d a m e n t e são os g r a u s m a i s p r ó x i m o s do E u S u p r e m o . É e m r a z ã o d e s s e f a t o q u e o v a l o r d a meditação mística é único. P o i s a r r a s t a a consciência do m e d i t a d o r c a d a v e z m a i s p a r a d e n t r o , c a d a v e z m a i s p a r a o estado divino que é o s e u c e r n e . Enquanto a mente esquadrin h a r regiões a l h e i a s a êle, o s u p r e m o s e g r e d o d o m u n d o l h e escapará. Pois o p r i m e i r o passo dado pela M e n t e cósmica prim o r d i a l foi p a r a f o r a , p a r a a manifestação d o m u n d o , e i s s o a p o n t a p a r a a direção i n t e r i o r e m q u e o n o s s o d e r r a d e i r o p a s s o d e v e s e r d a d o : i s t o é, o i n t e r i o r d a p r ó p r i a m e n t e . A mente h u m a n a é perenemente curiosa. Q u e r saber m a i s e mais. E n t r e t a n t o , n u n c a pode s a c i a r f i n a l m e n t e essa curiosidade n e m s a t i s f a z e r a esse anelo. T u d o o q u e e l a c o n s e g u e r e u n i r e finito e limitado, i n c o m p l e t o e i n s u f i c i e n t e — e a s s i m deverá permanecer. Quando ela, p o r f i m , d e s p e r t a r p a r a esse fato, m a i s

24S

c e d o o u m a i s t a r d e se a b a l a r . ^ ^ s u finalmente lograr v o l t a r a i m o b i l i z a d a de i n f i n h a s ^ t à ^ ^ ^ ° p e r d e r ã o a s u a razão de s e r ' ****

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Po? T s s i ^ r ° ° movimento. P o i s a s s i m c o m o p r e c i s a m o s p r e s s u p o r a existência d a l u z a f i m de v e r u m a c o i s a , a s s i m p r e c i s a m o s p r e s s u p o r a existência d a m e n t e a f i m de c o n h e c e r u m pensamento. E n q u a n t o a consciência i n d i v i d u a l e s t i v e r i n t e i r a m e n t e a b s o r t a n a contemplação d e s s a apresentação pictórica que e l a d e n o m i n a o " m u n d o " , não t e r a consciência do próprio ser, continuará a s e r u m mistério não d e s v e l a d o p a r a s i m e s m a . Não sabemos que os mesmos p e n s a m e n t o s q u e c o n s t i t u e m o m u n d o d a nossa experiência transitória, a o m e s m o t e m p o nos a f a s t a m do m u n d o da e t e r n a realidade. E i s p o r q u e é s o b e r a n a a necessidade do místico a f a s t a m e n t o d e l a s . A f i n a l i d a d e d a meditação, quando c u l m i n a n a c o n t e m p l a ç ã o , é a aquietação de tôda atividade m e n t a l , de m o d o q u e a própria M e n t e , m a n a n c i a l e condição dessa atividade, p o s s a s e r c o n h e c i d a e m s e u estado o r i g i n a l . A prática, por f i m , l e v a o a r t i s t a a e n c o n t r a r o belo, e o místico a encontrar o divino d e n t r o de s i m e s m o . E s t e é o propósito m a i s alto. Dessarte, isso o s c o n d u z do m a t e r i a l i s m o ao m e n t a l i s m o , que e n s i n a a verdade a r e s p e i t o d a " m a t é r i a " e d e s v e l a a realidade por detrás de suas múltiplas aparências. t

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E x i s t e u m a M e n t e n o h o m e m , imensuràvelmente superior à s u a m e n t e c o m u m . S e , nos momentos de quietude e e m suas disposições t r a n q u i l a s de ânimo, êle aguardar, paciente, as suas inspirações e o b e d e c e r a e l a , e se, nesses devaneios de total relaxação êle e s p e r a r , a t e n t a m a s positivamente que o E u S u premo l h e r e v e l e a s u a presença, êle poderá a d q u i r i r compreensão p o d e r c orientação incomensuràvelmente superiores aos q u e está h a b i t u a d o a c o n h e c e r . c

A f o r c a n e r d e o c o n t r o l e q u a n d o não a dirigem a sabedoria A torça p e r u e y c ^ , conhecimento e a c a l m a ; a v e r d a d e ~ m p l e m e n u r e qu ^ ^

mudo

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enquanto nao e J ^ ^ ^ s e n t a d o e m t r a n q u i l a medUaçao 1

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a n í a n d o debaixo da oe ,

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f r o n d e r e f r i g e r a n t e de u m a u m a estátua de p e d r a , e f ^ ^ ^ f , ^ ^ _ ~e *n»t «a fdeocs . P u m a .tteesstteem u n h a r eer lf elxei xxa . e^ n^« m É idos. t uma

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d a v i d a , os u m mundo e m o l h a r imóvel, e a s u a ^ " ^ ^ V problemas incómodos. •5n e x i s t e m p e r g u n t a s a f l i t i v a s n e m v o T não " e x i s t e m 9 ^ ^ ™ ^ ^ Poderá, c o n t u d o , o iogue t r a z e r esse ativo

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h o m e m c h e g a m a i s p e r t o d a s a n i d a d e m e n t a l e de u m a vida plenamente e q u i l i b r a d a q u a n d o começa, i n t e r r o m p e o u remata o seu dia sentado erecto c o m as p a l m a s d a s mãos c r u zadas sobre os j o e l h o s , a respiração c a l m a e o r d e n a d a , os o l h o s e n t r e a b e r t o s o u c e r r a d o s , e os p e n s a m e n t o s c o n c e n t r a d o s , p e l o m a i o r espaço possível de t e m p o , n a M e n t e q u e é, a o m e s m o tempo, o s u b l i m e m a n a n c i a l e o m i s t e r i o s o s u s t e n t á c u l o d o s e u ser; e ' q u a n d o h a u r e , d e l i b e r a d a m e n t e , força m o r a l e u m a visão p r e v i d e n t e dos s e u s m o m e n t o s de m e d i t a ç ã o a f i m d e e n c e t a r o s e u t r a b a l h o de t o d o s os d i a s , n a f á b r i c a o u n o e s c r i t ó r i o , n o t r i b u n a l o u no h o s p i t a l , n a f a z e n d a o u n o n a v i o ; e s e êle, e n t ã o , procurar executar o seu trabalho c o m zelo eficiente e eficaz p r a t i c i d a d e , t a n t o êle q u a n t o o m u n d o sairão l u c r a n d o . Ê l e terá s u f i c i e n t e a l h e a m e n t o filosófico p a r a d i s c e r n i r , n o p r ó p r i o m e i o das s u a s a t i v i d a d e s e x t e r n a s e d a s s u a s a m b i ç õ e s t e r r e n a s q u e e l a s são tão transitórias q u a n t o a e s p u m a . Ê l e t e n t a r á c u m p r i r a s u a obrigação no m e i o d a a z á f a m a d o m u n d o , e c u m p r i - l a b e m , m a s não descurará d a o b r i g a ç ã o m a i s a l t a q u e êle a p r e n d e da q u i e t u d e q u e se o c u l t a m i s t i c a m e n t e atrás d e s s a a z á f a m a . Êle se disciplinará d i a r i a m e n t e , m a s s e n d o o E u S u p r e m o a fonte d e s s a d i s c i p l i n a , e s t a s e m a n i f e s t a r á c a d a v e z m a i s e s p o n t a n e a m e n t e e s e m esforço n e m p r o c u r a . Através desse r e g i m e lhe será f i n a l m e n t e possível a t i n g i r u m e s t a d o e m q u e a s d o r e s e os m a l e s d a v i d a c o t i d i a n a p o s s u e m e s c a s s o p o d e r d e f e r i r . Os próprios e r r o s serão i m e d i a t a m e n t e c o n v e r t i d o s e m o p o r t u n i d a d e s de c r e s c i m e n t o . A civilização só se justificará q u a n d o os h o m e n s d o m u n d o se t o m a r e m místicos e q u a n d o , a o m e s m o t e m p o , o s m í s t i c o s redescobrirem o mundo. N a espécie d e p e r í o d o e m q u e h o j e vivemos, dominado pela E c o n o m i a e p e l a Política, p e l o mater i a l i s m o e p e l a violência, o m i s t i c i s m o está i n e v i t a v e l m e n t e separado da vida m u n d a n a . As mentes mais tranquilas reagem contra o seu tumulto retirando-se das cidades. O s espíritos m a i s delicados reagem c o n t r a a s u a violência recolhendo-se à solidão. A s m e n t e s i n t u i t i v a s r e a g e m c o n t r a o s e u m a t e r i a l i s m o absorvendo-se no e s t u d o e n a c o n t e m p l a ç ã o . O m i s t i c i s m o não pode e n c o n t r a r u m a posição e m q u e s e a p o i e e a l i a - s e a o e s c a pismo. M a s c o n q u a n t o s e v e j a o b r i g a d o a fazê-lo a g o r a e m legítima d e f e s a , t e m p o virá e m q u e êle será o b r i g a d o a i n v e r t e r o processo, seguindo certos a c o n t e c i m e n t o s . P a s s a d o o c l i m a de violência, e x a u r i d o o m a t e r i a l i s m o , o m i s t i c i s m o terá d e v o l t a r ao servjço a t i v o e os s e u s c h e f e s c o m e ç a r ã o a s e n t i r a n e c e s s i d a d e de t r a b a l h a r no m u n d o e x t e r i o r e a o r i e n t a ç ã o necessária a esse t r a b a l h o . E l e s , então, e n c o n t r a r ã o u m l u g a r p a r a s i m e s m o s

250

n u m a sociedade

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p a r a eles. r a d a p e l a s s u a s revelações.



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Q u a n d o u m a g r a n d e c o n t e m p l a t i v a esnanhnla T p e n e t r o u f i n a l m e n t e o fascínio e n c a n t a d o ? da t a própria r. . e™ n c „i a mística, o » „ K esDiritual ™ « W ..,„,, ubus err v o u :: " Et ss t e é o f i m daouela daquela união a

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q u e d o s s e u s r a b a l h o s podem ter nascido obras" O que " l a d e s c o b n u no t r a n s c u r s o do seu próprio desenvolvimento nre

conote ^ « f f i S

século pelos místicos inteligentes, e m egoístas e neuróticos. E l e s terão de f o r m a r ideias c l a r a e p r e c i s a s a c e r c a d a s implicações práticas e dos valores sociais d o m i s t i c i s m o d u r a n t e u m tempo de convulsão m u n d i a l .

Chegará, c o m efeito, a h o r a e m que o homem extrovertido t e r a de e n c o n t r a r u m a n o v a compreensão de si mesmo e, simult a n e a m e n t e , t r a z e r p a z i n t e r i o r aos seus nervos combalidos. F a z séculos q u e êle v e m i n t e r r o g a n d o o universo inteiro, é, portanto, inevitável q u e êle c o m e c e também a interrogar-se a s i . É difícil dizer, p r e c i s a e acuradamente, como p r i n c i p i a alguém a s a b e r q u e esse poder s u b l i m e , o E u Supremo, existe d e n t r o de s i p r ó p r i o : a revelação é u m a revelação composta. C o n s i s t e n u m a c e r t e z a metafísica, n u m sentimento intuitivo e n u m a experiência mística — tudo apontando p a r a u m algo indescritível, q u e p o r s i só, dentre todas as coisas, existe por s e u próprio d i r e i t o i n d e p e n d e n t e ; que tem como sua própria n a t u r e z a , u m s e r s e m c a u s a , eterno e perfeito. T o m e - s e a a f i r m a t i v a de J e s u s : " 0 reino dos céus está dentro de v ó s " . 0 s i g n i f i c a d o dessas formosas p a l a v r a s é translúcido. Q u e m p r o c u r a r o que q u e r que s e j a eclesiástico atrás delas estará p e r d e n d o tempo. E l a s o r d e n a m manifestamente a todo h o m e m q u e a t e n t e , e m silencioso devaneio, p a r a as sublimes indicações do s e u s e r oculto, isto é, p r a t i c a r a quietude mental e e n t r a r e m contemplação. A s s i m que reconhecer que a Mente D i v i n a , e s t e j a e l a onde e s t i v e r também neste ™ ™ ™ £ £ está c o m c e r t e z a d e n t r o dele, o h o m e m deixa de vagar nas u f v a s e c o m e a a c a m i n h a r n a luz. Deus d d x j i de « então, u m S e r indiferente e distante, P r e c i s a ser P P ' ^ " ^ e s t a d o a b j e t o de m e d o o u H - J e a d o e m lab^ mendicância. m

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s e u p r ó p r i o coração e ser P ™ g r i a , reverência, h u m i l d a d e e a m o r . Religiosos a r e s p e i t o d a . h m i precjsam riéneia p e s s o a l a u t e n t i c a dos lideres, experiéneia p e s s o a l dos adeptos, s e m ficientes.

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A alma essa misteriosa entidade que é totalmente inexistente n a r a m u i t a gente, e c u j a b u s c a é u m a q u i m e r a p a r a a m a i o r i a das p e s s o a s , acabar-se-á r e v e l a n d o a ú n i c a q u e f i c a r á q u a n d o todas a s o u t r a s d e s a p a r e c e r e m . S e o p e n s a m e n t o d e u m h o m e m fôr s e m p r e d i r i g i d o p a r a o s o b j e t o s d a s u a e x p e r i ê n c i a e n u n c a desviado p a r a a consciência q u e p o s s i b i l i t a a e x p e r i ê n c i a , será inevitável q u e e s s e s o b j e t o s a s s u m a m u m a s i g n i f i c a ç ã o e u m a realidade e m si m e s m o s e p o r s i m e s m o s a p e n a s . O que quer d i z e r q u e o h o m e m s e tornará m a t e r i a l i s t a . E n t r e t a n t o , o E u S u p r e m o é o de q u e p r o v e i o a s u a p r ó p r i a c o n s c i ê n c i a . Não deverá êle, p o r v e n t u r a , p r o p o r c i o n a r a s i m e s m o o d i á r i o e n s e j o e s p i r i t u a l de e n t r a r e m c o n t a c t o c o m o E u S u p r e m o , c o m o seu e u m a i s íntimo? Êle poderá p a l m i l h a r , de u m e x t r e m o a o u t r o , o s c i n c o c o n tinentes p a r a e s t a r e m comunhão c o m os s e u s m a i s hábeis c i e n t i s t a s , m a s se êle t a m b é m não v i a j a r p o r d e n t r o d e s i e c o m u n g a r com o s e u próprio e u d i v i n o , o segredo d a v i d a continuará a fugir-lhe. Êle perderá o m a i s i m p o r t a n t e s e n ã o e n t r a r n o t e m p l o invisível do s e u p r ó p r i o c o r a ç ã o . Ali habita a alma, a l i o r a i o de D e u s alcança o i n d i v í d u o , e só a l i p o d e f a z e r - s e o satisfatório d e s c o b r i m e n t o do q u e êle r e a l m e n t e é. Essa é a tarefa f u n d a m e n t a l — a d q u i r i r consciência do d i v i n o q u e existe e m s i . Todas a s o u t r a s são s e c u n d á r i a s e t e r c i á r i a s . C u m p r e q u e êle se estabeleça n a c o n s c i ê n c i a d o E u S u p r e m o por s i m e s m o e p a r a s i m e s m o . N e n h u m outro h o m e m poderá fazê-lo p o r êle. E o labor d a B u s c a e m purificação e m e d i t a ção é indispensável a e s s e p r o p ó s i t o .

Um

Exercício

Prático

de

Relaxação

A s práticas de m e d i t a ç ã o f o r a m d e s c r i t a s e m a l g u n s d o s l i v r o s a n t e r i o r e s do a u t o r , The Secret Path ( O C a m i n h o S e c r e t o ) , The Quest of the Overself ( A B u s c a do E u S u p r e m o ) e The Wisdom of the Overself ( A S a b e d o r i a do E u S u p r e m o ) e n ã o é p r e c i s o r e p e t i r a q u i e s s a s descrições. É, t o d a v i a , a c o n s e l h á v e l r e c o r d a r aos l e i t o r e s a a d v e r t ê n c i a f e i t a n a q u e l e s l i v r o s . Urge que f i q u e b e m c l a r o p a r a e l e s q u e a m e d i u n i d a d e espiritualística não c o n s t i t u i , de m a n e i r a a l g u m a , m e t a q u e d e v a s e r b u s c a d a pelos a s p i r a n t e s à F i l o s o f i a e q u e , s e a s u a p r á t i c a d a m e d i t a ç ã o lhes r e v e l a r indícios de q u e o s está l e v a n d o a e s s e r e s u l t a d o , deve s e r a b a n d o n a d a . E l e s n ã o estão p r e p a r a d o s e devem a p l i c a r os s e u s esforços n a d i r e ç ã o d o a u t o a p r i m o r a m e n t o . A prática i n d i s c r i m i n a d a de exercícios d e p a s s i v i d a d e e n e g a t i v i d a d e psíquica e m e d i u n i d a d e p o r p e s s o a s q u e conhecem pouco o u n a d a s o b r e a s forças q u e estão i n v o c a n d o , é deploráv e l . M a s , de m o d o d i f e r e n t e , a m e s m a crítica d e v e s e r a p l i c a d a

252

a o s q u e c u l t i v a m s u p e r f i c i a l m e n t e os exercício, * * * * a t e n d e r às l e i s m o r a i s e às múltiplas c ^ S ? ™ * ^ o misticismo. A meditação é apenas 7™l t o t a l q u e se f a z m i s t e r n a b u s c T E u sLZ n r e l a t i v o ao equilíbrio a p r o p r i a d o d a psique" ao °fortal do caráter e à eliminação dos traços negativos ^ S * ™ " importante. P o i s é, ao m e s m o tempo, u C ^ S S ™ g

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Q u a n d o f a l e c e m a inteligência, o b o m senso, o discernimento e a discriminação, e se a c h a m vigorosamente presentes as emoções neuróticas, a s tendências histéricas e o egoísmo pessoal q u a n d o p o u c a o u n e n h u m a t e n t a t i v a se faz p a r a disciplinar o caráter, p a r a e l i m i n a r os sentimentos destrutivos como a cólera e o ódio, os p o d e r e s q u e podem s e r desvelados pela meditação r e v e l a m - s e , às vezes, m a i s perniciosos do que benéficos. Surge, então, o p e r i g o dos colapsos nervosos, das alucinações, do amor p r ó p r i o e x a g e r a d o e d a insânia. P o r isso mesmo, os antigos m a n u a i s de ioga estatuíam que a purificação deve preceder ou a c o m p a n h a r a meditação. A s técnicas práticas dos métodos de relaxação ainda não f o r a m d e s c r i t a s e podem-se agora resumir-lhes os elementos essenciais. O e s t u d a n t e pode iniciá-las adotando u m a atitude m a i s s e r e n a e m relação às pessoas e aos acontecimentos, de u m modo geral. I s t o é u m a questão de a s s i m i l a r u m pouco de F i l o s o f i a . E m s e g u i d a , poderá p a s s a r ao exercício propriam e n t e d i t o , deitando-se de costas, n u m a postura supina, cerr a n d o os o l h o s e c o n s e r v a n d o tôda a s u a energia muscular e n e r v o s a . O c o r p o e a m e n t e i n t e r a g e m mutuamente. U m corpo r e l a x a d o t e n d e a p r o v o c a r o r e l a x a m e n t o da mente, assim c o m o a m e n t e e x c i t a d a tende a i n d u z i r o corpo à excitação. A relaxação l h e dará o tónico de que êle precisa e o repouso q u e r e q u e r m a s , p a r a c o l o c a r o corpo n u m estado mais recept i v o , o exercício d e v e s e r p r e f a c i a d o por u m a respiração. pro-

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cinco. A o e x a l a r , o estudante r e p e t i r a n * n £ ™ e n contagem. É a consistência do ritme. equil.D , a t r a i a v i t a l i d a d e do a r p a r a o corpo ^ funções. É p r e c i s o q u e o " ^ ^ ^ H b e d e c e í ã o automática esse r i t m o . C o m o t e m p o os P « ™ ^ identifica* s e m e n t e a ele e a atenção estará tao absorvia H

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25)

c e m êle. A s inspirações d e v e m s e r l o n g a s , p r o f u n d a s , l e n t a s e u n i f o r m e s , e não espasmódicas n e m f o r ç a d a s . A diminuição do r i t m o d a respiração resultará n u m a d i m i n u i ç ã o d a tensão. U n s ' p o u c o s m i n u t o s d e s s a prática p r e l i m i n a r d i f u n d i r ã o v i t a l i d a d e , e m ondulações, p o r t o d o o c o r p o . O e s t u d a n t e pensará n ? Força V i t a l U n a q u e i m p r e g n a t o d o o u n i v e r s o , e x i s t e e m tôda p a r t e , e n c h e todo o espaço, s e c o n t é m e m t o d a s a s c r i a t u r a s , s a t u r a n d o - a s , i n c l u s i v e êle m e s m o e a h u m a n i d a d e i n t e i r a . E m s e g u i d a , imaginará q u e e s s a força está s e n d o a t r a í d a d o espaço p a r a a s u a cabeça, f l u i n d o u n i f o r m e e r i t m i c a m e n t e p e l o lado d i r e i t o d a cabeça, d e p o i s p e l o m e s m o l a d o d o t r o n c o , até p e r c o r r e r tôda a p e r n a d i r e i t a ; e m s e g u i d a , s o b e p e l a p e r n a e s q u e r d a , p a s s a p e l o l a d o e s q u e r d o d o t r o n c o e v o l t a à cabeça. E s s e fluxo c i r c u l a r deve s e r repetido a l g u m a s vezes, deixando-se que a c o r r e n t e d e s c a n s e n a cabeça d u r a n t e a l g u m t e m p o a o cabo de c a d a c i r c u i t o . N e n h u m a p a r t e do c o r p o d e v e r á e x i mir-se do f l u x o benéfico. T u d o i s t o se f a z c o m os o l h o s f e c h a d o s . 0 p a s s o s e g u i n t e c o n s i s t e e m e r g u e r os d o i s b r a ç o s e deixá-los c a i r de r e p e n t e , p e l a ação d o p r ó p r i o peso, c o m o s e t i v e s s e m subitamente morrido. Faz-se o m e s m o c o m as p e r n a s . A seguir, o e s t u d a n t e examinará m e n t a l m e n t e t o d o o c o r p o , d a cabeça aos pés. Descobrirá q u e a l g u n s músculos estão i n c o n s c i e n t e m e n t e contraídos e t e n s o s . Deverá libertá-los d e s s a c o n t r a ç ã o s e m p r e q u e d e r c o m e l a e d a tensão n e r v o s a s e m p r e q u e a s e n t i r . O s m e m b r o s deverão e s t a r c o n f o r t a v e l m e n t e frouxos. Cumpre-lhe t o m a r o c u i d a d o todo e s p e c i a l de a f r o u x a r q u a l q u e r e s t i c a m e n t o d a s mãos o u d a e s p i n h a e r e l a x a r o nó de músculos e n t r e os o m b r o s e a n u c a . O p e r f e i t o e x e m p l o h u m a n o do r e p o u s o é a c r i a n c i n h a a d o r mecida. O s hábitos c i v i l i z a d o s de v i d a a c a r r e t a r a m o a r t i f i c i a l i s m o . A s r o u p a s , os móveis e os métodos m o d e r n o s d e t r a b a l h o i n t e r f e r i r a m nos m e i o s n a t u r a i s de d e s c a n s o e c h e g a r a m até a pervertê-los. C o n t r a e m os músculos q u a n d o n ã o há n e n h u m a n e c e s s i d a d e de fazê-lo e c o m i s s o , desperdiçam e n e r g i a e e s g o t a m a b a t e r i a do c o r p o . U m a prática benéfica s u p l e m e n t a r , p a r a q u e m q u e r q u e e s t e j a e m p e n h a d o e m contínuo t r a b a l h o físico o u p e r m a n e n t e atividade mental, consiste e m tirar, r e p e n t i n a e deliberadamente, u m o u dois m i n u t o s de c a d a h o r a , se e s t i v e r e m condições de fazê-lo, e passá-los n a posição s u p i n a , c o m p l e t a m e n t e flácido e c o m p l e t a m e n t e a l h e i o ao q u e q u e r q u e e s t e j a f a z e n d o n o mom e n t o . Q u a n d o isso é impossível, u m a b r e v e interrupção, no m e i o d a manhã e n o m e i o d a t a r d e , n a m e s m a posição de i m o b i l i d a d e , será q u a s e tão p r o v e i t o s a q u a n t o a prática a n t e r i o r . A q u a n t i d a d e de e n e r g i a c o n s e r v a d a p e l a reversão a esse e s t a d o de r e l a x a m e n t o e n t r e esforços de t r a b a l h o t a l v e z s e j a i n f i n i t e s i m a l 254

e m q u a l q u e r m o m e n t o dado, m a s torna-se considerável m e d i d a n a e s c a l a de meses e anos. 0 que 7 h o n ^ t S S Í nado gasta sem o querer e m contrações d e s n e c e J S í í , e x c e s s i v a s de c e r t o s músculos, e e m movimentos exagerados de todo o c o r p o , s e m f a l a r m o s nos movimentos inconscientes das m a o s o u dos pes, m o s t r a até que ponto êle é vítima de maus jlclDl l O S .

O s exercícios de r e l a x a m e n t o também podem ser praticados q u a n d o a p e s s o a está às v o l t a s c o m m u i t a s espécies de problemas U m a m e n t e e x a g i t a d a p o r a l g u m acontecimento perturbador ou p e l a f a d i g a n e r v o s a logrará u m melhor enfoque do problema q u e a a t o r m e n t a se r e c o r r e r a essa postura flácida e sem vida e, a o m e s m o t e m p o , o b r i g a r o corpo a respirar rítmica e lent a m e n t e , o u a i n d a se se v a l e r desses curtos e estimulantes períodos de folga d a opressão. Se e s b a r r a r em qualquer u m a d a s múltiplas d i f i c u l d a d e s d a vida, provocadoras de ansiedade, de m e d o o u de aflição, o estudante deverá praticar a técnica física s e m p r e que lhe fôr possível, ou a técnica mental de r e l a x a m e n t o e de c o m p l e t a c a l m a , quando essa possibilidade não e x i s t i r . Deverá suspender todo e qualquer juízo sobre a situação, l e m b r a n d o - s e de que a manifestação de medo, por e x e m p l o , já é, n a r e a l i d a d e , a formação de u m juízo. Deverá a b s t e r - s e de q u a i s q u e r considerações sobre o assunto e não p e n s a r nele e n q u a n t o não puder colher o primeiro fruto emoc i o n a l d a prática feliz d a relaxação, a saber, u m a grande redução dos estados de medo, preocupação ou cólera. A aplicação dessas técnicas a u m a situação difícil ou ameaçadora não é u m a f o r m a de escape. Que o homem deve encarar d i r e t a m e n t e os fatos é u m conselho filosofico obvio, porém, encará-los quando está tomado de P*"™'*™™* o u tão c o n t u r b a d o que não consegue atinar com a melhor saída. D e v e , isso s i m , encará-los depois q^e ^ ^ a c a l m o u os n e r v o s e os sentimentos, I h e Ê l h e s a c u d i u as tensões e lhe então, s e g u r a m e n t e , m a i s forte e mais * r e n o t. P

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c a p a z de l i d a r c o m os ^ ^ T c a ^ ™* e, n e s s e caso, m a i s confiado c mais coraj c m terá p e r d i d o no que concerne a ; J ^ t o ^ ; p i s õ e s mais se a b o>rda r d a g eem m dessa u r a » n a t u r e z a , sera capaz dc ornar a. rápidas e, se fôr pree.su, a p r ^ n o sono. N o c a s o d a prolongada relaxação que e P ^ d i a n t e

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todo h o m e m t e r i a m u i t o a ganha s u a a t i v i d a d e diária e a c o n s e l h a v a aos seus discípulos q Q u e d e i x e i de l a / c r que devera, U r interrogação deverão ser utilizados

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T u d o o q u e s e e s c r e v e u até a q u i s o b r e o l i b e r t a r a e m o ç ã o e o p e n s a m e n t o de q u a l i d a d e s n e g a t i v a s e s o b r e o s e u t r e i n a mento no que respeita à meditação e à relaxação l e v a v a a m i r a em conduzir a u m resultado espiritual. E s s e processo prelim i n a r , n a m a i o r i a dos casos, é inevitável p a r a a consecução de tal resultado. Assim como o lavrador precisa gastar muito tempo preparando cuidadosamente a terra e semeando convenientemente as sementes se q u i s e r t e r u m a b o a c o l h e i t a , a s s i m o a s p i r a n t e p r e c i s a p r e p a r a r as condições a d e q u a d a s e desenv o l v e r a s q u a l i d a d e s necessárias s e d e s e j a r u m a a u t ê n t i c a e x p e riência mística. M a s s e r i a u m a injustiça p a r a c o m a B u s c a permanecermos totalmente silenciosos sobre o s e u resultado físico. A ciência m é d i c a p r i n c i p i o u , c o m a l g u m a t r a s o , a p e s q u i s a r a o r i g e m p s i c o s s o m á t i c a d a s m o l é s t i a s , e está sendo obrigada a chegar, u m t a n t o o u q u a n t o r e l u t a n t e , à conclusão de q u e a s m o l é s t i a s físicas p o d e m t e r u m a c a u s a p s i c o l ó g i c a . A saúde física é u m a c o i s a q u e só p o d e m o s c o n t r o l a r p a r c i a l m e n t e p e l a o b e d i ê n c i a às l e i s d a h i g i e n e física. Pois o e s t a d o d o c o r p o está i n s e p a r a v e l m e n t e l i g a d o a o d a m e n t e . A m b o s i n t e r a g e m e e x e r c e m u m a influência recíproca u m s o b r e o outro. Os m a u s p e n s a m e n t o s , os s e n t i m e n t o s feios o u as paixões d e s o r d e n a d a s p o d e m não se t r a d u z i r i m e d i a t a m e n t e e m p e r d a d a saúde física o u e m a c i d e n t e s d e s a g r a d á v e i s , m a s a c a b a r ã o f a t a l m e n t e p o r fazê-lo. O s p e n s a m e n t o s p o d e m b e n e f i c i a r a s a ú d e o u danificá-la, p o d e m a j u d a r a s funções d o c o r p o o u estorvá-las. O homem q u e s e n t e a força d e u m a d e s o l a ç ã o a p o n t o d e e x p e r i m e n t a r u m a angústia i n t o l e r á v e l , c o m e r á e n ã o d i g e r i r á a c o m i d a , p e r m a n e c e r á d e s n u t r i d o , ficará f r a c o e m a g r o . " O c o r p o é i n f l u e n c i a d o p e l a a g o n i a m e n t a l c o m o a água n u m j a r r o p e l o f e r r o e m b r a s a m e r g u l h a d o n e l a " , a f i r m a r a m , há c i n c o m i l a n o s p e l o m e n o s , o s sábios h i n d u s d o Mahabharata. E x i s t e m os q u e a t r i b u e m a m e l a n c o l i a de H a m l e t ao m a u e s t a d o do s e u fígado, m a s s e r i a p r e c i s o q u e eles t a m b é m i n d a g a s s e m s e o m a u e s t a d o do s e u fígado não se d e v i a à s u a m e l a n c o l i a . Os m a u s pensamentos podem reproduzir-se e m tecidos enfermos. O transtorno emocional pode ser a c a u s a o c u l t a d a e n f e r m i d a d e física. A s a t i t u d e s m o r a i s não são destituídas de v a l o r e s práticos. Os processos mentais podem ter resultados físicos. A relação e n t r e o p e n s a m e n t o e o s e n t i m e n t o e a m o l é s t i a é rastreável — os p a r e s n ã o p o d e m ser separados.

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O homem que m a n t i v e r u m a disnn«?irãr> ~ d u r a n t e u m p e r í o d o de t e m p o s u f t ó S S T S L t a r d e a descobrirá r e f l e t i d a n u m estado f í s i c o V E u m a d,sposiçao de e x c e s s i v a crítica dos outros, poderá p r o l ' c a r - l h e u m a secreção e x a g e r a d a de b i l e : a c o n s e ^ n ^ a c r i a ç ã o d e u m e s t a d o b i l i o s o . S e este se prolongar sufícieS m e n t e , a c a b a r a a c a r r e t a n d o u m a disfunção permanente do fígado. E se a c r i t i c a se a c r e s c e n t a r o ódio. impregnando-lhe p a r a s e m p r e a m e n t e , p o r u m a operação d i r e t a da lei da Natur e z a , o s e u s a n g u e acabará f a t a l m e n t e envenenado. Outros sent i m e n t o s n e g a t i v o s , c o m o a cólera e o azedume, a frustração e o ó d i o , a i n v e j a e a cobiça, quando suficientemente fortes e s u f i i c e n t e m e n t e p r o l o n g a d o s , poderão converter-se, com o temp o , e m doenças físicas. A c o r r u p ç ã o dos p e n s a m e n t o s e dos sentimentos do homem — p r o c e s s o l o n g o e l e n t o — r e d u n d a , c o m o tempo, n a corrupç ã o d o s e u c o r p o e dos seus órgãos. Aviltando os primeiros, êle d e t e r i o r o u os s e g u n d o s . E m seus p r i m e i r o s tempos os agent e s c u r a t i v o s e r a m d e s c o n h e c i d o s , porque desnecessários. S e é possível q u e os p e n s a m e n t o s e as emoções negativas p e r t u r b e m o f u n c i o n a m e n t o do corpo, por que não será possível q u e a s p o s i t i v a s o favoreçam? Se a mente, sem o querer, p o d e c r i a r a doença, não se dará que e l a possa, conscientem e n t e , c r i a r a saúde? A lógica impõe u m a resposta afirmativa. S e m e m b a r g o , se é u m a v e r d a d e pouco conhecida, porém assaz necessária, q u e m u i t a s moléstias podem ser rastreadas até a sua o r i g e m psíquica, será fantástico a f i r m a r que todas elas podem ser assim rastreadas. A higiene física t e m o seu lugar e a s u a i m p o r t â n c i a , a s s u a s leis e os seus princípios.

Momentos

de

Iluminação

U a d i f e r i a en.re . - j f t j - g i o s a é q u e , n a p r i m e i r a , h a u m estorço a t r a v é s d a meditação, c o m o poder ^ ™ " J n a última, há u m esforço no s e n t . J d e 0 a t r a v é s d a oração. N a s e g u n d a a separação entre e o a d o r a d o r se r e c o n h e c e c . m a n t é m a o ^ q ^ m

faz-sc u m a t e n t a t i v a p a r a d T ! " * : ^ . \ de a d o r a ç ã o é necessária a v i d a esp „ ro

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lugar. A convicção de q u e « ^ J * r e n t e do s e u e s u p e r i o r a e e possu o v i c ç i o d e q u e esse " O u t r o e .den«co possui o meditador mística ^ u m s e n t i d o de g r a n d e força, p o r q

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da união c o m o s e u e u s u p e r i o r , p a r t e de c u j a força p r i n c i p i a , então, a penetrá-lo. A oração, p o r o u t r o l a d o , graças a o s e n t i d o d a distância e n t r e o d e v o t o e D e u s , mantém-no h u m i l d e e fraco. C o m efeito, a p r e c e não logrará o s e u p r o p ó s i t o se f ô r p r o n u n c i a d a p o r alguém q u e se s i n t a cônscio d a p r ó p r i a força e d a própria s a b e d o r i a , c h e i o de e n t o n o e de confiança e m s i . P a r a que e l a t e n h a a l g u m a eficácia, terá de s e r p r o n u n c i a d a c o m u m s e n t i m e n t o de contrição, de f r a q u e z a , de dependência e de h u m i l d a d e . A devoção r e l i g i o s a é u m a a t i t u d e c o r r e t a p a r a todos os s e r e s h u m a n o s . C o m o raios do sol e s p i r i t u a l , cumpre-lhes adorar a s u a fonte; imperfeitos, impende-lhes a m a r o ser perfeito.

Todas

a s meditações d e v e m s e r p r e f a c i a d a s p o r i n t e n s a devoção, aspiração f e r v e n t e , adoração a m a n t e e h u m i l d e o r a ç ã o . U r g e que a s emoções se e n v o l v a m p r o f u n d a m e n t e n e s s a b u s c a . O p e n s a m e n t o q u e se d e s e n v o l v e a s i m e s m o é necessário, m a s a oração que a s i m e s m a se h u m i l h a é i m p r e s c i n d í v e l . O princ i p a l v a l o r de q u a l q u e r espécie de adoração r e l i g i o s a é a extensão e m q u e e l a r e p e n t i n a m e n t e c h a m a a m e n t e d a s s u a s preocupações c o m os a s s u n t o s m u n d a n o s p a r a o h u m i l d e recon h e c i m e n t o d a s u a própria relação c o m o m a n a n c i a l d i v i n o . T o d o h o m e m t e m o d i r e i t o de o r a r ao s e u E u S u p r e m o . Q u a n do se i n c l i n a m e n t a l m e n t e e m h u m i l d e e s i l e n c i o s a adoração, êle está o b e d e c e n d o a u m i n s t i n t o s a d i o e r e i v i n d i c a n d o o q u e é seu. Às vezes, d u r a n t e os períodos de relaxação, p r e c e o u m e d i tação, m a s , às vezes, f o r a desses períodos, o a s p i r a n t e conhecerá m o m e n t o s , disposições, h o r a s e até d i a s de g r a n d e elevação, s e r e n a exaltação o u extática inspiração. Trata-se, n a verdade, de v i s l u m b r e s , q u e r de p e r t o q u e r de longe, j á c l a r o s j á color i d o s p e l o ego, do E u S u p e r i o r . T a i s m o m e n t o s , r i c o s de s e n t i m e n t o e de p r o f u n d a compreensão, p e r d u r a m n a l e m b r a n ç a e n u n c a se e s q u e c e m . E m p r e s t a m o u t r a dimensão à s u a v i d a . Êle passará a e s t i m a r esses v i s l u m b r e s infreqúentes, e s s a s b r e ves iluminações, c o m o d e t e n t o r e s dos m e l h o r e s d e n t r e t o d o s o s v a l o r e s d a v i d a p a r a êle. L i g a d o a esses l a m p e j o s está t u d o o q u e os m a i s i n s p i r a d o s c u l t o r e s de todas a s a r t e s t e n t a m e n c o n t r a r e e x p r i m i r . É o p u r o espírito d a beleza. F a l a - l h e s à intuição e, através deles, à intuição de tôda h u m a n i d a d e , c u j o m a i s a l t o d e s e n v o l v i m e n t o é assim favorecido.

A feliz experiência do E u S u p r e m o pode v i r , o u não, rapid a m e n t e , m a s s e m p r e v e m de r e p e n t e . N u m momento, o estud a n t e é o s e u e u c o m u m e egoísta, a l u t a r c o m os s e u s p e n s a m e n t o s i n q u i e t o s e os s e u s s e n t i m e n t o s t u r b u l e n t o s e, n o m o

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m e n t o s e g u i n t e , o ego se a q u i e t a de inopino e tôda. f , d a d e s se a p a z i g u a m . A única c o i s a que êle tem a fazer e n ã o r e s i s t i r a d i v i n d a d e q u e e s t a tomando posse dele, recebendo c o m a m o r e n a o p o r f i a n d o c o m e l a . A mudança c o l h e T d e s u r p r e s a pelo seu inesperado. Pode ser precedida de u m a c u r i o s a e f e l i z premonição. Pode s e r também precipitada marc a d a o u a j u d a d a p o r u m i m p o r t a n t e acontecimento externo o u p o r u m a s e r i e de a c o n t e c i m e n t o s . Mas quer isso aconteça' q u e r não, êle terá p l e n a consciência de u m movimento fora do c e n t r o h a b i t u a l dos s e u s s e n t i m e n t o s , pensamentos e atos, que ocorrerá n u m c e n t r o n o v o , s i t u a d o n u m plano totalmente diferente e superior. A iminência d e s s a experiência será m a r c a d a por vários outros sinais. Suspende-se o i n t e l e c t o ; a vontade, o julgam e n t o , a m e m ó r i a e o raciocínio r e s v a l a m suavemente para u m a b r a n d a i n a t i v i d a d e temporária. U m a profunda serenid a d e , até então d e s c o n h e c i d a , apodera-se dele, e u m a calma dulcíssima p o u s a s o b r e êle. Nesses momentos de radiosa beleza, o p a s s a d o m a i s a m a r g o se e c l i p s a e a mais feia das histórias se r e s g a t a . C o m a m e n t e f i r m e m e n t e segura pelo E u Supremo n u m a a t m o s f e r a de exaltação, as mortificações e os encargos d a v i d a m a l se o u v e m b a t e r às portas da atenção; as dificuld a d e s de tôda u m a v i d a reduzem-se a nada, os temores do f u t u r o se c o n v e r t e m e m t r i v i a l i d a d e . A visão do mundo se a l a r g a , e n o b r e c e e i l u m i n a , e já não é totalmente demarcada p o r i n t e r e s s e s v u l g a r e s . L e v a n t a m - s e , por u m momento, alguns dos véus q u e e s c o n d e m a verdade. A ideia de que possui u m e u s u p e r i o r , a convicção de que é fundamentalmente u m a alma, i r r o m p e e m s u a existênciazinha c o m grande força reveladora, e êle s e n t e q u e está e m e r g i n d o no centro de u m a luz gloriosa, após u m a s o m b r i a j o r n a d a através de u m longo túnel escuro. R a r o e m a r a v i l h o s o sucesso será o entregar-se o E u Supremo total e perpetuamente a u m homem. N a maior parte das v e z e s , êle se e n t r e g a apenas por u m curto período de tempo. O v i s l u m b r e é fugaz, porque o ser humano aind*i esta muito despreparado para permanecer d u r a d o u r a ^ de s e r tão e l e v a d a . A resplandecente e x p e n e n e a

e

glonosa

e memorável, m a s o h o m e m recua ^ ^ Z Z está o f u s c a d o pelo s e u b r i l h o . E não pode rete-la porque nao á

equipado Eu

para

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fazê-lo.

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É c o m u m a q u e i x a de que as « ' ^ J S ^ S u p r e m o não são contínuas e f o g e m . i n t e r a m e n ^

n i o do a s p i r a n t e . O E u S u p r e m o P « " J J ' * d e v o l v e ao s e u e u c o m u m . E s s e s fenómenos n a o ^ s à s u a vontade. N ã o l h e e dado, por _ A s v i s i t a s c e l e s t i a i s c h e g a m sem que ele a

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d a m e s m a m a n e i r a m i s t e r i o s a . Ê l e n u n c a será c a p a z d e o b s e r v a r c o m precisão a mecânica d e s s e m o v i m e n t o . Isso indica q u e e l a s l h e são c o n c e d i d a s p o r o b r a e graça d o E u S u p r e m o , o u p e l a graça de u m h o m e m i l u m i n a d o . P o r s e r e m e l a s tão e x c e p c i o n a i s , fora l o u c u r a e x i g i r - l h e s a r e p e t i ç ã o , m a s andará bem avisado quem t r a b a l h a r por ela. Q u e m já v i u a m e t a , lhe s e n t i u a s u b l i m i d a d e , l h e d i s c e r n i u a r e a l i d a d e , l h e d e s f r u tou a b e l e z a e l h e c o n h e c e u a segurança, tirará d a e x p e r i ê n c i a a força de q u e p r e c i s a p a r a e f e t u a r a árdua e s c a l a d a . Deverá c o n s i d e r a r o c u r t o v i s l u m b r e ao fulgor delas, o m e l h o r dos s e u s m o m e n t o s , c o m o u m p l a n o de t r a b a l h o . T e r á de r e l a z e r - s e m a i s u m a v e z de a c o r d o c o m a i m a g e m m e n t a l c o l o c a d a à s u a frente. A diferença e n t r e a i d e i a e a r e a l i d a d e d e v e r á e n v e r gonhá-lo e, a s s i m , instigá-lo c o n s t a n t e m e n t e a u m a n o v a t e n t a t i v a , deverá i n d u z i - l o a esforços m a i s sérios, m a i s f r e q u e n t e s e m a i s s e v e r o s , e deverá d e s p e r t a r - l h e r e d o b r a d o d e s e j o d e a u t o -aperfeiçoamento. M o s t r o u - l h e a s s u a s m a i s b e l a s p o s s i b i l i d a d e s de v i r t u d e ; c u m p r e - l h e a g o r a realizá-las. T o d o s os elementos da personalidade p r e c i s a m ser ajustados aos elementos mostrados pelo v i s l u m b r e , a s s i m como a própria personalidade t o t a l terá de e n t r e g a r - s e a êle. P o d e s e r q u e n u m l a m p e j o q u e d u r o u a p e n a s alguns m i n u t o s esteja a o r i g e m de u m t r a b a l h o de vários a n o s . A delícia desse m o m e n t o e x a l t a d o e a f r a g r â n c i a d e s s a visitação c e l e s t i a l subsistirão n a m e m ó r i a p o r m u i t o s e m u i t o s a n o s d e p o i s q u e e l a se t i v e r d i s s i p a d o . A influência s o b r e o após-vida e o p e n s a m e n t o será tão l o n g a e benéfica q u a n t o e l a m e s m a t i v e r sido c u r t a e bela. A e x p e r i ê n c i a não t a r d a r á a d e l i r - s e , m a s a lembrança d a s u a c e r t e z a p e r m a n e c e r á . Isto servirá de i n t e n s i f i c a r e d i l a t a r o s e u a m o r e a s u a a t r a ç ã o p o r e l a , e de p r o p o r c i o n a r - l h e f o r m o s a s l e m b r a n ç a s p a r a o a m p a r a r e s u s t e n t a r fiel à b u s c a nos anos fatigantes e m o r o s o s de l u t a e d e t r e v a . A esse c u d i v i n o a s s i m v i s l u m b r a d o passará êle, d a l i p o r d i a n t e , a endereçar t o d a s a s s u a s orações, através d a s u a r e c o r dação buscará v a l i m e n t o , c o n f i a d o nele porá p o r o b r a todas a s s u a s t e n t a t i v a s , à s u a l u z caminhará p e l a s e s t r a d a s d a v i d a , e pedirá graças à s u a c o m p a i x ã o . M u i t a s v e z e s se p e r g u n t a p o r q u e esse e u i n t e r i o r se e s c o n d e tão a r d i l o s a m e n t e , p o r q u e é êle tão c o m p l e t a m e n t e e s q u i v o , tão d i s t a n t e d a v i s t a e d a b u s c a h u m a n a s ? P o r q u e se n o s a n t o l h a m t a n t a s d i f i c u l d a d e s p a r a encontrá-lo? A r e s p o s t a é q u e os m a i o r e s t e s o u r o s são os q u e se g u a r d a m c o m m a i o r c u i d a d o . M a s é t a m b é m p o r q u e o E u S u p r e m o não p o d e envergar t r a j o s de p e n s a m e n t o s egoístas e f o r m a s a n i m a l e s c a s s e m f a l -

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si f i c a r o

seu verdadeiro

caráter

Nri* *

D e u s não t e m a intenção de esconder-se p a r a sempre dos Hlhos c u j a própria existência é o resultado da atividade d i v i n a A p o u c o e p o u c o , e a proporção que eles aprenderem a u t i l i z a r os s e u s d o t e s n a t u r a i s e n q u a n t o c r e s c e m , se aproximarão inev i t a v e l m e n t e do E u S u p r e m o , o deputado que Deus lhes enviou N a d a l h e s é n e g a d o , e x c e t o o que não pertence à fase determin a d a p o r q u e eles estão p a s s a n d o . E l e s terão de manifestar t o d a s a s s u a s f a c u l d a d e s de sentimento, de pensamento e de v o n t a d e , m a i s t a r d e de intuição, d i s c i p l i n a e equilíbrio sob a r e g r a d a intuição. I s t o feito, a revelação se fará seguramente, e o E u S u p r e m o , e s p o n t a n e a m e n t e , outorgará a s u a luz, á p r i n c í p i o através de v i s l u m b r e s , m a s , por f i m , plena e finalmente. O E u S u p r e m o é a a l m a do h o m e m , a sua conexão com o Poder Absoluto. U m a p a r t e dele v i v e , sofre e goza no tempo c n o espaço. A o u t r a p a r t e , m i s t e r i o s a , quase desconhecida, t r a n s c e n d e - a de todo e v i v e s e r e n a m e n t e l i v r e das suas mutações. N a s p r o f u n d e z a s do seu ser essencial, todo homem é u m a e m a n a ç ã o d a M e n t e U n i v e r s a l . Por conseguinte, é mais divino do q u e i m a g i n a , m a i s s a g r a d o do que parece e mais sábio do q u e j u l g a . O esforço q u e êle faz não gera a consciência transc e n d e n t a l , não a c r i a . E t e r n a e i m o r t a l , sempre esteve a l i , na c a m a d a m a i s p r o f u n d a d a sua mente. 0 que êle faz é penetrá-la e compreendê-la. O seu ego finito não se acha tão comp l e t a m e n t e s e p a r a d o d a M e n t e U n i v e r s a l i n f i n i t a que não haja s e q u e r a m a i s i n d i r e t a relação entre eles. E x i s t e esse elo s a g r a d o do E u S u p r e m o , através do q u a l e no qual o ego pode e n t r a r à presença d i v i n a . Ê a i n d i v i d u a l i d a d e mais alta, o eu p e r m a n e n t e q u e e x i s t e nele. M a s a i m o r t a l i d a d e do E u S u p r e m o . ^ « e t e r n a n o s s o s padrões t e r r e n o s , está a i n d a s u , e , - • f e c h a m e n t o do c i c l o cósmico. Ê ainda u m a p a r u festado da Mente Universal cujo * » g » ^ £ Z ^ mani a l a t a m b é m o s e u próprio desaparecimento, É m j j * a s s i n aa lm v» o o r n e i o de u m a e r a cósmica, a lamoen. u ^ à imaginação h u m a n a conceber a d a ç a de u ^ ^ T ã o v a s t a é e l a q u e pode s e r t o m a d a u n ^ u

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nidade. O E u Supremo depois, c o m o r e c o l h e r - s e J a M e ^ o de t o d a s a s c o i s a s e de todos os c ^ roce n o V á c u o f i n a l E só v o l t a i a a n de u m n o v o d i a cósmico.

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seu cosmo . .

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Quanto * * ^ ? * ™ * £ e x p e r i m e n t a m o s através d . l h e c h a m a m o s matérta. Q u a n d o a c x j n

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i m a g i n a ç ã o o u do p e n s a m e n t o , c h a m a m o s - l h e ideia. Quando a experimentamos como ela é e m s e u próprio e p u r o ser, c h a m a m o s - l h e Espírito, o u m e l h o r , E u S u p r e m o . I s t o é visão i n t e r i o r , e s s a espontânea c o m p r e e n s ã o d e q u e a M e n t e é p a r a t o d o o sempre, quer c o m o Vácuo, q u e r c o m o m u n d o . Após u m a bela intuição, u m a extática m e d i t a ç ã o m í s t i c a , a c r e d i t a o m í s t i c o t e r recebido u m a v i s i t a do E u S u p r e m o . E s t e , porém, n u n c a poderá visitá-lo r e a l m e n t e , p o r q u e r e a l m e n t e n u n c a s e s e p a r o u d e l e . É u m a e t e r n a presença, q u e está s e m p r e c o m ê l e . O q u e se move, o que m u d a , é o p e n s a m e n t o . »Atente o u não o h o m e m , ouça o u não, o E u S u p r e m o d i z , p e r p é t u a e s i l e n c i o s a m e n t e : EU SOU!". S o m e n t e a l i , n a consciência q u e é c o m p l e t a m e n t e auto-suficiente porque c o m p l e t a m e n t e real, é e f e t i v a m e n t e possível p r o n u n c i a r e m - s e a s p a l a v r a s : " E u s o u ! " P o i s e m t o d o s o s est a d o s i n f e r i o r e s o h o m e m só p o d e d i z e r : " E u s o u e s t e c o r p o " , ou " E u sou estes p e n s a m e n t o s " , o u a i n d a " E u s o u e s t a s emoç õ e s " . E i s aí p o r q u e o q u e o h o m e m n ã o i l u m i n a d o d e n o m i n a Eu é, n a r e a l i d a d e , o u t r a c o i s a . E é p o r i s s o q u e êle p r e c i s a a p r e n d e r a a r t e de a b s t r a i r - s e d o não-eu, s e q u i s e r l o g r a r a p a z d a v e r d a d e i r a realização.

o d i v i n o e o h u m a n o . E l h e s permitirá compreenderem as suas possibilidades potenciais. d S

s u a s

O p r o b l e m a m a i s i m p o r t a n t e de c a d a nação é a ignorância h u m a n a d a s l e i s d i v i n a s . Ninguém negará que o c r i m e a sordidez e o s r e m a n e s c e n t e s d a a n i m a l i d a d e , expressos e m brutalidade e violência, e x i s t e m n a v i d a h u m a n a , m a s não é preciso repisar o a s s u n t o . O m a l n a n a t u r e z a h u m a n a é u m fato p a r a todos o s propósitos práticos, p o r m a i s r e l a t i v o e ideacional que possa s e r p a r a a s f i n a l i d a d e s metafísicas. S e b e m o sábio em seu pináculo m e n t a l p o s s a e n x e r g a r e m tôda parte a bondade divina, o sábio e m s u a s relações físicas c o m os homens não pode p a s s a r p o r a l t o os e s c u r o s elementos d a e s t r u t u r a ética humana. Daí p r e c i s a r e m os a s p i r a n t e s à F i l o s o f i a j u l g a r até onde deverão a c o m p a n h a r a s c o r r e n t e s do s e u t e m p o e e m que ponto precisarão r e s i s t i r a e l a s . S e o u t r o s p r o c e d e m m a l , t e n h a m eles o prazer de p r o c e d e r b e m . S e o u t r o s são néscios e egoístas, tenham eles a satisfação de s e r sábios e altruístas. Se a humanidade está d e s p e n c a n d o l a d e i r a a b a i x o , c o m e c e m eles a subir ladeira acima.

O que tudo isto t e m q u e v e r c o m o e s t a d o crítico dos a s s u n t o s d o m u n d o a t u a l há-de e s t a r a s s a z e v i d e n t e . A conexão depende, ao m e s m o t e m p o , d a v e r d a d e d a n a t u r e z a do h o m e m e do propósito d a s u a encarnação. A reunião de h o m e n s e m u l h e r e s q u e d e n o m i n a m o s s o c i e d a d e n ã o está m e n o s s u j e i t a à n e c e s s i d a d e de afeiçoar a s u a v i d a de a c o r d o c o m e s s a v e r d a d e e esse propósito do q u e q u a l q u e r indivíduo i s o l a d o . • Sócrates c h o r o u d i a n t e d a corrupção e d a ignorância de A t e n a s c o m o J e s u s c h o r o u d i a n t e d a corrupção e d a ignorância de Jerusalém. Os h o m e n s p a s s a m tôda a s u a v i d a m e r g u l h a d o s n o e r r o q u a n d o p o d e r i a m passá-la à l u z d a v e r d a d e . ! F a z e m o m a l q u a n d o p o d e r i a m fazer o b e m . O resultado é o sofrimento quando poderia ser a paz. Q u a n d o t o d a s a s p r i n c i p a i s decisões de s u a v i d a são t o m a d a s n u m e s t a d o d e i g n o r â n c i a e s p i r i t u a l , q u e o u t r o s r e s u l t a d o s , senão d e s a s t r a d o s , se p o d e r i a m e s p e r a r ? É u m mom e n t o a m a r g o — e a consciência d o s e u e r r o s e a b a t e d o l o r o s a m e n t e sobre eles — q u a n d o d e s c o b r e m que os o b j e t i v o s pret e n d i d o s os c o n d u z i r a m a u m b e c o s e m saída e q u e a s a m b i ç õ e s a l i m e n t a d a s só l h e s d e i x a r a m c i n z a s n a s m ã o s . O m a t e r i a l i s m o é inevitável c o m o fase temporária d a tentat i v a d o h o m e m p a r a c o m p r e e n d e r os f a t o s d a v i d a . Aos que d e s e j a m e s c a p a r às pressões e t i r a n i a s d o m a t e r i a l i s m o c o n temporâneo, a F i l o s o f i a oferece o meio m a i s eficaz e a e s t r a d a mais segura. A j u d a a c o m p r e e n d e r a v e r d a d e i r a relação e n t r e

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