A civilização do Ocidente medieval [1 ed.] 2-08-081047-2

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A civilização do Ocidente medieval [1 ed.]
 2-08-081047-2

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Coordel/nçüo Editorial Irmã [acinta Turolo Garcia Coordennçüo Administrativa Irmã Adelir Weber Coordenação da Coleção Historin Luiz Eugênio Véscio

A civilização do ocidente

medieval

Coordenaçüo Executiva Luzia Bianchi Comitê Editorial Acadêmico Irmã Iacinta Turolo Garcia - Presidente José lobson de Andrade Arruda Luiz Eugênio Véscio Marcos Virmond Glória Maria Palma Maria Arminda do Nascimento Arruda

Jacques Le Goff

Tradução José Rivair de Macedo

OEDUSC

eEDUSC L516c

SUMÁRIO

Le Goff, Iacques. A civilização do ocidente medieval! Iacques Le Goff; tradução José Rivair de Macedo. -- Bauru, SP : Edusc, 2005. 400 p. ; 23 e111. -- (Coleção História) Inclui bibliografia. Tradução de: La civilisation de I'occident médiéval, c 1964. ISBN 85-7460-283-3 I:Civilização medieval.2. Idade Média - História. I. Título. Il. Série.

7

NOTA

9

INTRODUÇAO

DO TRADUTOR

CDD 940.1

PARTE ISBN 2-08-081047-2

(original)

1

Do mundo antigo à cristandade medieval

Copyright© 1964 B. Arthaud Copyright© 1982 Flammarion, tous droits réservés Copyright© (tradução) EDUSC, 2005

19

CAPÍTULO 1 A instalação dos bárbaros (séculos 5°-7°)

CAPÍTULO

43

2

'..

A tentativa de organização ger~ CAPÍTULO

(séculos 8o-1()" mtulo

/lI/ligo

Ú tTisltlllt!lIllc

II1i'dit'l'ttl

mente certas cidades italianas ~ sobretudo historiador

sério continua

tar e o desenvolvimento contribuído

Gênova e Veneza. Mas nenhum

da Cristandade

para o empobrecimento

medieval; que, ao contrário, do Ocidente,

em particular

tenham

Louis VII, na qual o

ódio entre alemães e franceses se agrava em cada episódio);

que ela tenham

cavado um fosso definitivo

(de cruzada

se acentua

entre Ocidentais

a hostilidade

e Bizantinos

de latinos e gregos, que terminará

Cruzada com a tomada de Constantinopla res excessos, desde os pogroms perpetrados que se pode ler tanto nas narrativas çulmanos

ou bizantinos);

das indulgências;

de cronistas

que o financiamento

vo.ou pretexto ao enrijecimento

em

na IV

1204,

cristãos quanto nas de mu-

fazer do espírito de cruzada o cristalizador latentes do Ocidente. Uma longa prepa-

e da mentalidade

tinha orientado

A sede de vadiagem que atormentava

os corações para a

aos cristãos os contornos

desta

os cristãos, pouco afeitos às rea-

lidades da terra e à fixação ao solo, era de repente saciada numa peregrinação da qual tudo se podia esperar: aventura, riqueza, salvação eterna. A cruz era mas de triunfo. Pregando-

.1sobre o peito dos cruzados, a Igreja dava enfim a esta insígnia sua verdadeira significação e lhe restituía a função que tinha desempenhado ti 110e os primeiros

com Constan-

cristãos.

As clivagens sociais podiam .uompanhàdo

da

a

imagem ideal e que através de Jerusalém terrestre podia-se chegar à Jerusalém

da fiscalidade pontifical, à prática irrefletida na defesa e conservação

e ela conseguiu

1.1\.10 d.l sensibilidade

para animar

impotentes

dividida contra

para absorver sua própria vitalidade.

b1lsca da Jerusalém celeste. A Igreja mostrou

da cruzada tenha sido moti-

e que, finalmente,

I)

mas turbulenta,

ainda no Ocidente não um símbolo de sofrimento,

aos pio-

em sua rota até os massacres e pi-

lhagens (por exemplo, de Jerusalém em 1099 e de Constantinoplaem

11111.1 expectativa

c clcste.

em 1204); que, longe de abrandar

os costumes, a violência da Guerra Santa tenha levado os cruzados

11 I

1,"-11//'"

«onquistadora

dos desejos vagos e das inquietações

da II cruzada por Eudes de

Deuil, monge de Saint Denis e capelão do capetíngio

do (kidcnll',

1'1.1mesma, impotente

t

lill"'''I~11,1'111 /1111/"'''.1,'

Fste grande objetivo fracassou. Mas ~ Igreja tinha sabido responder

da classe

moral da Cristandade,

ler a narração

Cluistiuna

tenham

bastante para envenenar as rivalidades nacionais nascentes (é su-

ficiente, entre outros testemunhos,

cruzada

""cl"

a crer que as cruzadas tenham suscitado o desper-

dos cavaleiros; que, longe de criar a unidade contribuído

li

ardores paralelos

ser encontradas

e convergentes.

na cruzada, mas serviam

O exército de cavaleiros era

do exército de pobres. Por ocasião da I Cruzada, a cruzada dos

pobres, mais inspirada, partiu primeiro, massacrou muitos judeus em sua pas-

Terra Santa, as ordens militares tenham se voltado para o Ocidente, ali se en-

,",Igem, mas se dispersou

tregando

doenças e dos turcos, antes de ter atingido seu objetivo: a Cidade santa. Mais

a toda sorte de exações financeiras

ou militares, eis de fato o pesa.-

lentamente,

terminando

sob oflagelo

da fome, das

do saldo destas expedições. Para mim, o único fruto trazido pelos cristãos das

tarde ainda o espírito de cruzada se manteve por muito tempo entre os humil-

cruzadas foi o damasco.

des, os quais experimentavam

Constata-se foi o primeiro

que o estabelecimento

exemplo de colonialismo

fornece muitos ensinamentos Quando

efêmero dos cruzados na Palestina europeu,

ao historiador.

em 1095 o papa Urbano

Clermont

e quando

pensavam

em transformar

II acendeu

São Bernardo o reanimou

o fogo da cruzada em

em 1146 em Vézelay, ambos

o estado de guerra crônico 'vigente no Ocidente

e dos combates

sua espiritualidade,

sua

mitologia. No início do século 13, a cruzada das crianças, formada por jovens camponeses,

encarnou

a persistência

emocional

da atração provocada

pelo

movimento.

numa causa justa, a luta contra os infiéis. Queriam escândalo

e que, nesta condição, ele

mais profundamente

entre correligionários,

mundo 'feudal uma finalidade louvável, indicar

purgar a Cristandade

da mística das sufocar tão

grande agitação. Ao longo do século 12 e mesmo depois, o chamado do ultra-

do

dar ao ardor .belicoso do

à Cristandade

Nem as sucessivas derrotas, nem a rápida transformação

cruzadas em cálculo político, nem os maus exemplos, conseguiram

o grande pro-

mar, da "passagem", perturbou

a imaginação

e a sensibilidade

dos Ocidentais,

que erl'l suas terras não viam o sentido de seu destino individual ou coletivo. 1099: Jerusalém é tomada

e um império latino se estabelece na Terra

pósito, o grande desígnio necessário para forjar a unidade de corpo e alma que

Santa, mas é logo ameaçado. Em 1148 Luís VII e Conrado III mostram-se

lhe faltava. Certamente

a

potentes para o socorrer, e a partir de então o mundo cristão da palestina pas-

esta Respu-

. sa a ser uma espécie de pele mal curtida que se contrai sem cessar. Em 1187

que, ao assumir

Igreja e o papado pensavam

66

ter encontrado

a direção espiritual

da Cruzada,

os meios de dominar

im-

67

~í;"~/IIIl "/"",1,,,/,'

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nnulo

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ntcdicvul

(I'Í.~I{/lldl/(/('

A ,,1"///'/1'1111 "" "

Saladino retoma Jerusalém; Ricardo Coração-de-Leão durante

a III Cruzada

(1183-1192)

enquanto

multiplica

suas proezas

Filipe Augusto retoma

mente ao seu reino; a IV Cruzada é desviada pelos venezianos tantinopla,

criando um efêmero império latino em Constantinopla

cia (1204-1261); excomungado

e na Gré-

pelo papa, Frederico II obtém,por

um tratado

de Jerusalém em 1229, mas a cidade é reconquistada

pelos mu-

em 1244. Apenas alguns poucos idealistas conservavam

então o es-

a restituição çulmanos

rapida-

e ataca Cons-

pírito de cruzada, e São Luís era um deles. Em meio à consternação

dos mem-

I"" 11/,"

,ks), as cidades foram reduzidas q"ase que exclusivamente .uhninistrativa uuportancia

- ela própria .urofiadn. As mais prósperas menos à presença de uni soberano

',I'I1\a de um bispo. Religião até então urbana, ( h idcnte a continuidade \,10

econômica,

(os poucos que ha-

o cristianismo

.umazcnados

tribuídos para a maioria do pequeno

os víveres provenientes

',('(viços do que de dinheiro no urbano no primeiro

grupo de habitantes

e, em momentos

mais em troca de

de escassez, gratuitamente. numa continuidade

des medievais

URBANO

milênio da Idade Média foi que a cidade medievalse

sucederam

em geral pequenas

as grandes cida-

cidades da Antigüidade

Ao mesmo tempo em que Jerusalém monopolizava

as imaginações

oci-

viam no Ocidente.

por Pavia entre os séculos 7°-11), Paris, Bruges,

( ;'lI1d, Londres, sem falar de Hamburgo (:0111

exceção das cidades renanas

e Lübeck, foram criações medievais.

(Colônia e Mainz) e sobretudo

de Roma

(que não era mais que um grande centro religioso, uma espécie de Santiago de destas cidades já existiam antes do ano mil, remontando

ou talvez antes. Mesmo em territórios como os dos Escandinavos,

medievais constituíam

um prolongamento

hilo' na Idade Média. Entretanto,

bárbaros,

Germânicos

cristianizados

e Eslavos, as cidades

das aldeias primitivas:

lavo, o wik nórdico. Raros foram os estabelecimentos

o grod es-

urbanos surgidos ex ni-

mesmo nos casos mais freqüentes

de conti-

( .ompostela com população

permanente

Média as cidades mais importantes

mais numerosa),

ao longo da Idade

do Império Romano desapareceram

n: e se desenvolve

a partir de sua função econômica.

rou o papel desempenhado

pelos mercadores,

Mas sem dúvida exage-

minimizou

o papel dos arte-

soes, deu grande relevo ao renas cimento comercial em detrimento

suas predecessoras?

volvimento agrícola que lhe deu sustentação

No mundo romano

as cidades eram um centro político, administrati-

vo, militar e, em segundo plano, econômico;

Durante a Alta Idade Média, en-

num canto de suas antigas muralhas ,(que ficaram muito gran-

ou fi-

laram em segundo plano. Henri Pirenne mostrou de forma magnífica que a cidade medieval nas-

nuidade, seria possível afirmar que as cidades medievais eram as mesmas que

carquilhadas

ou da

Alta Idade Média. Veneza, Florença, Gênova, Pisa e mesmo Milão (medíocre

dentais, outras cidades, mais reais e com melhor futuro na Terra, se desenvol-

à Antigüidade

O

do fenôme-

instalou ao lado do núcleo antigo. Ela veio a ser uma cidade subúrbio, podgro-

.ué o século 4°, suplantada

tardiamente,

pelos ce-

na cidade), nos quais estavam

.:;•.cslava, portus ocidental. Mesmo onde houve continuidade,

Grandeparte

no

da área rural adjacente, e que eram dis-

'1"1' muitas vezes levou a crer, erroneamente,

de partir para a cruzada, mas ninguém mais partirá.

o RENASCIMENTO

preservou

isto se deveu à função, bem simples, desempenhada

selheiros' ele conseguiu reunir um exército de cruzados, do qual ~ maior par-

'Até o fim do século 15, e mesmo depois, falar-se-á ainda muitas vezes

deslocamento

urbana. E se a cidade episcopal conservou certa fun-

te o seguiu mais por devoção ao rei do que por amor a Cristo, uma vez em dos infiéis no Egito, e uma segun-

deviam sua relativa

Vi,1I1I11.10tinham muitos seguidores fora dos "palácios" reais), do que a pre-

leiros dos bispos e dos mosteiros (estabelecidos

1248 (até 1254), mas para cair prisioneiro

à função política e

(em constante

(' mais afeito à vida aldeã) ou de algum alto funcionário

bros de sua família - a começar por sua mãe Branca de Castela - e de seus con-

da vez em 1270, mas para morrer diante de Túnis.

11 I I)

ao alimentar

com víveres e homens. É preciso aceitar o fato de que o nascimento cidades medievais deve-se a um conjunto

do desen-

os centros urbanos

e o desenvolvimento

das

complexo de, estímulos e, sobretu-

do, a diversos grupos sociais. "Novos ricos ou filhos de ricos?" Tal foi a per7 A partir do nada. (N.T.)

68

gunta feita, depois de Pirenne, num debate célebre coordenado

por Lucien

69

,..

" .•••••••• '.' i'liFlhll'"

!'ti,.,•. , O" mudo antig» li cristandud«

as cidades atraíram homines novi.' recém-chegados

Febvre. Certamente

dos do campo, das [amiliae' monásticas,

livres de preconceitos,

gociar e obter ganhos, mas com eles, misturados emprestando-lhes

evadi-

prontos

a eles ou dando-lhes

a aristocracia

fundiária

superiores

no renascimento dieval-

da hierarquia

urbano. As regiões fortemente

se deixarmos

na e muçulmana

às

teve parte significativa

urbanizadas

do Ocidente me-

de lado aquelas onde a tradição greco-romana.bizanti-

havia deixado bases mais sólidas (Itália, Provença, Langue-

doe, Espanha) - são sem dúvida aquelas tocadas por grandes rotas comerciais (Norte da Itália, onde terminam terrânicas;

Norte da Alemanha

as vias alpestres e as rotas marítimas e Flandres, onde chega o comércio

Nordeste da França, onde sobretudo

nos séculos 12 e 13 mercadores

tos do Norte e do Sul podiam ser encontrados

cres-

mas também os homens, A emigração do campo para as cidades ocorrida en-

e o clero tiveram um pa-

feudal, certamente

e a produção

ajuda -

saídos quase sempre da escravidão e da servidão e elevando-se rapidamente camadas

os arroteamentos

ce, de modo que, de suas áreas rurais vizinhas, ela retira não somente víveres

Uma categoria como a dos ministeriales," agentes senhoriais

peldeterminante.

ser abastecida. Ao seu redor estendem-se

11 1.1)

a ne-

o dinheiro que só eles tinham no início -, estavam os mem-

bros das classes dominantes:

""",,,,,.1,,.1,'1,\,',,11,,\

A 'iH'/IIf1l'lfil""

IIIt'dit'VIII

medi-

tre os séculos 10° e 14 foi um dos fenômenos versos elementos

humanos

maiores da Cristandade.

nova. Sem dúvida esta sociedade pertence também ao mundo costuma imaginar

como um ambiente

rural. A ad-

jacência rural sobre a qual ela impõe seu poder de tipo feudal, o ban;" acomrumo ao que ficou conhecido como senhorio banal- este também fundado no exercício crescente do bano Ela é tocada pela

panha a evolução do senhorio

influência dos senhores feudais que, por vezes: - como na Itália -, têm aí uma residência. Seus notáveis imitam o gênero de vida nobre, mandam

construir

. casas de pedra e erguer torres, que embora sirvam como pontos de defesa e como locais de annazenamento

e produ-

bolos de seu prestígio. Sem dúvida a sociedade

Mas

feudal, que se

quase que exclusivamente

do Leste;

nas feiras-de Champanhe).

Dos di-

por ela recebidos, a cidade criou uma sociedade

mundo que permanece

de víveres, são também e antes de tudo símurbana

é minoritária

num

ainda rural. Porém, pouco a pouco conseguirá substi-

estas regiões são também de ricas planícies, onde se pode observar os progres-

tuir as diretrizes vindas do campo por impulsos próprios. A Igreja não se en-

sos obtidos pelo afolhamento

ganou neste aspecto. No século 12 ainda é a voz dos monges, de um Pedro o

trienal, o uso mais difundido

cavalo como animal de tração. É difícil ainda determinar é conseqüência

da charrua

o que é causa e o que

na íntima relação entre cidade e campo durante

dia. Para nascer, as cidades tiveram necessidade

e do

a Idade Mé-

de um meio rural favorável,

mas; na medida em que se desenvolveram,

exerceram uma força de atração

cada vez maior na área rural circunvizinha

- cuja dimensão

acordo com suas exigências. Grupo de consumidores, não marginalmente

da produção

aumentava

que não participava

,I

Venerável de Cluny, sobretudo caminho

à Cristandade.

de um São Bernardo de Cister, que mostra o

Ainda é São Bernardo

que vai pregar a cruzada em

Vezelay, cidade híbrida e cidade nova em torno de seu mosteiro, e tenta inutilmente arrastar o grupo de estudantes

de

conduzi-los

se-

tuais - dominicanos

agrícola (na verdade não existiram campos

de Paris das seduções urbanas para re-

ao deserto, à escola do claustro. No século 13 os líderes" espirie franciscanos

suas igrejas e das universidades,

~ se instalam nas cidades e, das cátedras de

governam as almas.

no interior da cidade medieval, e sim jardins e vinhedos que tiveram certo papel na alimentação

dos citadinos),

a população

urbana tinha necessidade

de

11 Do antigo germânico bannan, proclamar. Designava o poder de mando reconhecido ao chefe de um grupo de guerreiros. No vocabulário feudal, termo indicava o conjunto de poderes (judiciais, econômicos), inclusive de coerção, reservado aos senhores, de onde as obrigações impostas aos dependentes derivadas do exércício do ban, conhecidas como "banalidades". Os senhorios coletivos detinham poder banal. As cidades, por exemplo, exerciam esse poder na circunvizinhanca rural, chamada banlieue. Nos séculos 11 e 12, o senhorio repousava principalmente no exercício do ban, sendo por isto chamado por alguns historiadores de "senhorio ba(N.T.)

o

8 Homens novos, quer dizer, novas categorias sociais que viriam a ocupar espaço em ambiente urbano. (N.T,) 9 Família, do latim [amulus, vocábulo empregado para designar os servos, criados e domésticos de uma casa. No caso, trata-se do conjunto de servos e dependentes dos mosteiros rurais. (N.T.) 10 Ministeriais. Do latim mintster, que significa, em sentido amplo, servo, doméstico, escravo, e ministcrium, o ofício dos servos' ou função servil. (N:[) \

70

il

nar:

12 Leaders, no original. (N.T.)

71

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I'.,

IIII1,J.IIIIIJig.I"

("'/"111/,'

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Este papel de guia, de fermento e de motor assumido daí em diante pela cidade afirma-se primeiramente princípio,

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" 1",11'"\",, ,/" ,1/,/,11''/''.1,· ,-,,',"/,,, t t

",.·,lin·,II

,.r;slllll'/,''/,·

no âmbito econômico.

Mas, mesmo que, no

a cidade tenha sido um lugar de trocas, um centro comercial, um

{I)

110" liilO~, sedas), dimensões quase industriais e estimulam

anexas,

guêde ou paste}!' que, a partir do sé-

11111141 .1de plantas tintoriais denominada

,"1•• 1.\, assume

produções

lugar de destaque. Resta a construção,

cujo caso é especial.

mercado, sua função essencial neste .dominio ligava-se à atividade produtiva. Ela era um canteiro e, o que é mais importante,

sobre este canteiro se instau-

rou uma divisão do trabalho. No campo, durante priedade rural, mesmo que comportasse concentrava

a Alta Idade Média, a pro-

certa especialização técnica artesanal,

todas as funções da produção.

Uma etapa intermediária

tra-se talvez nos países eslavos - notadamente

naPolônia

se vê entre os séculos 10° e 13 os grandes proprietários aldeias particulares carpinteiros.

e na Boêmia - onde em suas

ferreiros, ceramistas,

conserva ainda hoje a lembrança

deste costume. Na .

Polônia, por exemplo, o nome da cidade de Szewce provém de sutores, quer dizer, sapateiros. Como Aleksander Gieysztor as definiu, "tratavam-se submetidas

à autoridade

submetidos

ao cumprimento

o essencial de sua subsistência,

de obrigações

ços artesanais especializados"

Convém entretanto

de servi-

Mas com as cidades esta especialização

foi leva-

e o "burguês" de

não exagerar o dinamismo

grande parte de seus domínios)

e institucionais

nem a autonomia

(as matérias-primas

10

dos

vinham em

as taxas, afetavam a produção e as trocas, malgradoas

fran-

a atividade econômica.

As cor por ações nas quais os novos ofícios encontram-se

enquadrados,

C01110

bem as definiu Gunnar Mickwitz, são antes de tudo "cartéis" que eliminam a e fream a produção. A especialização exagerada (basta abrir o Li-

vre des Métiers de Etienne de Boileau, que regulamentava

as corporações

pari-

também o papel de centros de troca. Du-

tempo apenas os produtos

de luxo (tecidos, pastel, especiarias) ou

,I.- I'lilllcira necessidade (sal) alimentaram II.I~(grilos, madeira) só lentamente

o comércio. As mercadorias

pesa-

passaram a fazer parte deste comércio. Al-

1l"11l.ISpraças bastavam para assegurar a venda destes produtos

e as práticas

111,'1..uuis rudimentares

o câmbio

que as acompanham

- em. particular

1I11I1'l1.1S. Nos séculos 12 e 13 as feiras de Champanhe

constituíam

de

o principal

,,'111ro comercia]. Portos e cidades da Itália e do Norte da Alemanha

então

rllll -r~i"m. Os italianos, fossem Venezianos, Genoveses, Pisanos, Amalfitanos, Ahl

u-uscs. Milaneses, Sieneses, e algum tempo depois os Florentinos,

m.us 011 menos isoladamente, 111\\10os moradores I" I•• IS num

agiam

no âmbito de suas respectivas cidades, assim

de Amiens e de Arras. Mas no norte, a Hansa, uma vasta

comercial, adquiriu

rapidamente

poder político, dominando

as

longo raio de ação. No fim do século 13 ela estendia suas ativida-

,10-.\ de Flandres e da Inglaterra até o Norte da Rússia. Na mesma época, as relações entre os dois grupos que dominavam

(os direitos feudais dos senho-

quias obtidas pelas cidades), os "feudais" controlavam

concorrência

1.1I1temui

, unlcdcração

fundiário.

novos ofícios. Por muitos entraves econômicos res, principalmente

estavam

na forma de prestações

da ao extremo. O artesão deixou de ser antes um camponês, ser antes um proprietário

de aldeias

do castelão ducal, habitadas por artesãos que, embo-

ra devendo à pratica da agricultura

Mas as cidades desempenham

encon-

distribuírem

diversos especialistas: palafreneiros,

A toponímia

A \{I':NOVAÇÃO COMERCIAL

p,I,l\Ide comércio, Hanseáticos 1.1,,111.Em vez de se encontrar t

.h.uupanhe,

ao norte e italianos ao sul, sofreram uma altepelas vias terrestres

( 1

que levavam às feiras de

longas, custosas, sempre ameaçadas, eles estabeleceram

g.I,.\O direta e regular por mar.' Frotas mercantes V,'\Il'/a

o

passaram

uma li-

a ligar Gênova e

a Londres e Bruges e, dali, ao espaço báltico e seus territórios

vizinhos.

modesto comércio medieval, limitado às vias fluviais na Alta Idade Média,

sienses entre 1260 e 1270, ao fim do reinado de São Luís, para se espantar com

,10 St' desenvolver

pelas vias terrestres

o número de ofícios do ferro: vinte e dois num total de cento e trinta) é senão

.ivcnturar pelos mares, de Alexandria

no decurso dos séculos 10° e 14, ao se

à Riga pelas rotas do Mediterrâneo,

do

a causa, pelo menos um sinal de fraqueza da nova economia, que se limita a satisfazer as necessidades locais. Raras são as cidades que produzem tação. Apenas os têxteis, ao Noroeste da Europa, sobretudo

para a e:>"'}Jor-

em Flandres, e ao

Norte. da Itália atingem, pela produção de tecidos de luxo e semi luxuosos (pa-

1.\

Guêde, também conhecida como "pastel dos tintureiros', é uma planta tintorial cultivada na Picardia e na Inglaterra, da qual se extraía a matéria-prima para a tinta empregada nos tecidos de cor azul. (N.T.) /'

72

73

Do mudo

tllJligo

",,'.'.=r", ."'t """"{: . (','/111"",

l'art •. I ti cristandade medieval

li

Atlântico, do Canal da Mancha, do Mar do Norte e do Báltico, preparava a ex-

I

,'I~""'I'.ill,/,., 1101,11I,/",/"

I'·", "I,,, 11 11)

() PROGRESSO INTFLECTUAL E ARTÍSTICO'

pansão comercial da Europa moderna. Apoiado nas cidades, este grande comércio outros fenômenos

medieval.

No Mediterrâneo,

nezianos obtiveram um verdadeiro

a expansão

privilégios mais e mais exorbitantes

a expansão da

genovesa e veneziana

o quadro de uma colonização

comercial. Os Ve-

dos imperadores

de

(em 992 e em 1082) e, após a IV Cruzada de 1204, fundaram império colonial às margens do Adriático, em Creta,uas

jônicas e egéias (notadamente

1\ marca urbana não é menor no domínio duvida o modelo monástico permanece

de filiais distantes, ele completava

chegou mesmo a ultrapassar Constantinopla

dois

de primeira grandeza.

Pelo estabelecimento Cristandade

nascente beneficiava

em Negroponto,

monástica

da cultura e da arte. A espiri-

desenvolveram-se

.\ grande igreja do abade Hugo (1049-1109)

nos conventos. Cluny e

simbolizam

No decurso do século 12 as escolas urbanas ganham decisivamente dianteira

em relação às escolas monásticas.

novos centros escolares tornam-se

seus estabelecimentos

mestres e de seus alunos, e pelos métodos e programas

ra de alume, essencial como corrosivo na indústria Negro (Caffa) em pontos (escravos domésticos

sólidos de escoamento

e homens

de ambos os sexos).

Ao norte, a Hansa estabeleceu em Bruges, Londres,

comercial

(fundada

em território

seguiu-se a colonização

belecendo aí uma verdadeira

(Novgorod).

urbana e rural alemã que,

privilégios não apenas econômicos,

superioridade

via comercial também habituou

cristão,

em 1251), mas também

pagão (Riga, em 1201) ou ortodoxo

ora pacífica e ora belicosa, adquiriu

esta-

étnica. A própria colonização

os ocidentais a um colonialismo

por

que lhes va-

leriam os êxitos e os dissabores conhecidos. O grande comércio também desempenhou são da economia monetária.

Centros de consumo

um papel capital na expane de troca, ascidades

preci-

No século 13 veio a ocorrer uma etapa decisiva. Para atender as novas necessidades, Florença, Gênova, Veneza, os soberanos espanhóis, franceses, alemães, ingleses, tiveram que cunhar moedas, em primeiro

lugar de prata com valor

elevado (os gros), e depois de ouro (o florim flo'rentino data de 1252, o escudo de São Luís data de 1263-1265 e o ducado veneziano data de 1284). gresso da economia

nas áreas rurais, modificando

monetária

mação do Ocidente medieval.

.74

é filha das cidades, e reina nas instituições

pelo recrutamento'

de seus

que adotam. A escolas-

novas, as universidades,

far(!cs'" intelectuais. O estudo e o ensino tornam-se

corpo-

um ofício, uma das nume-

resto, é significativo, pois universitas é o mesmo que corpo ração. As universidades não deixam de ser corpo rações de mestres e estudantes IIlIlgistrorum

com suas atividades

et scolarium)

onde reinam os estudantes torna-se um instrumento

dominam.

O livro

e não mais um ídolo. Como toda ferramenta,

n-nde a ser fabricado em série, torna-se objeto de produção A arte românica,

i universitates

e suas nuances, de Bolonha

até Paris onde os professores

produto

transcurso

ele

e comercialização.

e expressão do desenvolvimento

dade após o ano mil, transforma-seno

saram recorrer cada vez mais ao uso da moeda para regular suas transações.

Ao introduzir-se

t ica

independentes

rosas atividades em que se pode especializar no canteiro urbano. Seu nome, de

seus mercadores

Bergen, Estocolmo

mais ao leste, em território À colonização

textil) e do norte do Mar de mercadorias

a

Saídos das escolas episcopais, os

nos séculos 14 e 15 englobava Corfu e Chipre. Os Genoveses transformaram na costa da Ásia Menor (a Fócida era grande produto-

esta preeminência

na aurora dos novos tempos. E com outros meios, Cister, suas fi-

lhas c suas netas a continuarão.

ilhas

isto é, na Eubéia), que ainda

mística e a arte românica

,1

e artístico. Sem

no século 11 e, em menor medida, no

'.(',olo 12, o mais favorável ao desenvolvimento tu.rlidade

intelectual

da Cristan-

do século 12. Seu novo ros-

to, o gótico, é uma arte urbana. Arte das catedrais surgidas do corpo urbano, das o sublimam

e o dominam.

A iconografia

das catedrais é a expressão da

cultura urbana: a vida ativa e a vida contemplativa tável, as corporações

ornamentando

buscam um equilíbrio ins-

as igrejas com vitrais e o saber escolásti-

co aí sendo exibido. Em redor da cidade, as igrejas rurais reproduzem menor felicidade artística e com recursos materiais planta da catedral da cidade-modelo ficativos: o campanário,

com

muito mais limitados

a

ou algum de seus elementos mais signi-

a torre, o tímpano. Feita para abrigar um povo novo,.

a renda feudal, o pro-

passa a ser um elemento decisivo da transfor14 Em itálico, no original. (N.T.)

75

.,.":~~~'"é

l'artr ! ')0 '"11110 IlIIliy,o li

mais numeroso,

mais humano

dar-lhe a vida rural próxima presentados os trabalhos nais da igreja urbana.

(·ris/IIIII./."/.'

III"tlin'.,1

1\

e mais realista, a catedral não deixa de recore benfazeja. O tema dos meses, no qual são re-

rurais, continua

a ser um dos ornamentos

tradicio.

t.ium.uúrgic«

po

011 IIIll

11111

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abade queria .uuncntar,

milagre lhe fazia descobrir

(otlduir,

;IS

t I·""

realidades econômicas.

reconstruir

tandade.

de primeiro

Não que ela tenha representado

diretamente

da Cris-

no desenvolvimento

econômico o papel essencial que se lhe tem muitas vezes prestado com muito exagero, especialmente depois de Montalembert. i, .

Georges Duby sublinhou

que os monges

muito apagado nos arroteamentos antiga observância

desempenharam

um papel

porque "os c1uniacenses, beneditinos

da regra, levavam uma vida de tipo senhorial,

ociosa" e as ordens novas no século 12, "estabeleceram-se te já organizadas", 'interessando-se "assim preocuparam-se

principalmente

relativamente

portanto

em c1areíras em par-

pela criações de animais e

pouco em aumentar

os campos de cul-

tivo" e, enfim, "pelo desejo que tinham de proteger seu 'deserto', mantendo camponeses

a distância,

as abadias de estilo novo contribuíram

do arranque

no âmbito próprio da economia,

ela investiu recursos que ninguém

guém, ela acumulara da construção

o desenvolvimento

civil, exigia um financiamento

não podia fornecer, ela "desentesourou", mulados.

que, na

a Igreja foi eficaz. Na fase

mais possuía. Mais que nin-

riquezas durante a fase de entesouramento

A partir do ano mil, quando

os

antes para

proteger certas ilhotas florestais contra as empresas de arroteamento sua ausência, as teriam reduzido". Entretanto,

de

econômico,

da economia. em particular· o

que o jogo normal da produção

pondo em circulação os tesouros acu-

Claro que isto se fez numa atmosfera

de milagre, cuja roupagem

76

desempenharam

o papel de "esta-

de .crédito"

Até o fim do período, a Igreja protege o comerciante ccr o preconceito

e ajuda-o a ven-

que fazia dele um objeto de desprezo pela classe senhorial

ociosa. Ela procura

reabilitar

mico e transformar

o trabalho-castigo

do deve, como penitência,

a atividade responsável

pelo progresso

econô-

definido no Gênesis - o homem decaí-

ganhar o pão com o suor de seu rosto - num va-

lor de salvação. Sobretudo,

ela se adapta à evolução da sociedade e lhe dá as palavras de

ordem espiritual necessárias. Isto se vê com as Cruzadas, quando a Igreja oferece sonhos que funcionam

como um equilíbrio necessário em face das reali-

dades difíceis do tempo. Ao longo deste período, em que a prosperidade construída lentamente,

era

em que o dinheiro se propagava, em que a riqueza tor-

nava-se um incentivo cada vez mais sedutor, ela ofereceu aos bem-sucedidos que se afligiam com seu próprio da sobre a possibilidade neciam dominados,

êxito - o evangelho exprime uma séria dúvi-

de o rico entrar no reino dos céus - e aos que perma-

uma válvula de escape ideológica: a apologia da pobreza.

O movimento múltiplas

se esboça no século l l , sinalizando

aproximações

apostolica), inspirando

de um retorno

à simplicidade

as reformas

uma reforma do clero em sentido comunitário

dita de Santo Agostinho -, e expandiu-se

a necessidade

organizar novas formas de atividade econômica mais produtores

a regra

de ir ao "deserto"

valores dos quais o mundo

parecia afastar-se sem cessar, mas que, ao preconizar dos de cultura (afolhamento

- o mo-

no fim do século 11 e início do 12.

Deu origem a novas ordens que afirmavam na solidão os verdadeiros

e suas

evangélica tvita vere

vimento canonical que renova a instituição dos cônegos impondo-lhes

reencontrar 15 Charles de Montalembert (l81O~ 1870). Publicista, historiador, tilú~o'", orador e membro da Academia Francesa, colaborador em periódicos e escritor de lima his~ória do monasticismo na Idade Média, pelas quais difundiu ,\

IIInljcl',Il

sua virtude liga-se ao fato de terem sido dirigidas deliberadamente urbano. Procuraram

4; a

oferecer respostas aos problemas

ao meio

desta nova sociedade,

11 I ,I)

ção viria a ser efiGI/, na medida em que visava a tendências

seguras. Certamente

era

um sinal de que a Igreja, mesmo que nem todos os clérigos aprovassem

tais

meio da multidão. O mapa das casas franciscanas

condenações,

e dominicanas

dade, juntaram instalaram

às cadeiras conventuais

e onde brilharam

as cadeiras universitárias

de modo incomparável.

ventura, mestres da Universidade

do fim do sé-

E, com alguma dificulnas quais se

Tomás de Aquino e Boa-

de Paris, eram o primeiro

dominicano

eo

segundo franciscano. Entretanto,

apesar destas adaptações

evolução da Cristandade

e destes êxitos, a Igreja seguia a

e não mais a guiava, como tinha feito na Alta Idade

Média. Desde o fim do século 12 as ordens "novas" de Cister e Prémontré estão ultrapassadas.

Os próprios

mendicantes



não têm uma aprovação unâni-

tornara-se

suficientemente

que

pela pregação, confissão e exemplo. Levaram os conventos do deserto para o culo 13 segue de perto o mapa urbano da Cristandade.

não se apoiavam em infra-estruturas

de vanguarda

não apenas atrasada, mas "reacionária".

É verdade que seu monopólio çado. Desde as primeiras

ideológico tinha sido gravemente

manifestações

do progresso

do Ocidente, em torno

à liderança" eclesiástica vieram à tona. Tratavam-

do ano mil, as contestações

se de heresias limitadas. Leutard, o camponês de Champanhe evangelho pouco ortodoxo

aos habitantes

ticos italianos de Monforte

e também

treitamente

amea-

ligados ao movimento

que pregava um

de Vertus e seus arredores, os heré-

os de Milão agrupados

na Pataria," es-

urbano, e muitos outros agitavam uma ci-

dade ou uma região apenas temporariamente.

Da mesma maneira as heresias

eruditas de um Roscelino,"

(se é que foi herético),

de um Abelardo"

de seu

me: num tempo em que o trabalho passara a ser o valor de base da nova so-

discípulo Arnaldo de Brescia, que desloca a heresia do ambiente escolar para

ciedade, pretender

as ruas de Roma, amotinando

viver na mendicidade

te do povo, dominicanos sia, e os dominicanos tomaram

não era fácil. Aos olhos de uma par-

e franciscanos

excitaram

passaram a ser o símbolo da hipocri-

ódios suplementares

pela maneira

a frente na repressão da heresia, pelo papel desempenhado

sição. São Pedro Mártir, o primeiro "mártir" dominicano, tumulto

popular

em Verona, e a propaganda

de bom grado o socorro de seu "braço secular" - reagira rápido e com força.

na Inqui-

Em 1022 acenderam-se

foi assassinado num

da ordem fez multiplicar

sua

concílios dos séculos 12 e 13 seguem sua evolução. O mais célebre e mais imdentre eles, o IV Concílio de Latrão (1215), que organizou pascal obrigatória,

as primeiras

fogueiras contra hereges em Orléans.

Mas em breve um movimento

mais vasto e mais perigoso ganhou for-

ma e se espalhou. Inspirado nas heresias orientais, em ligação com os Bogomilos dos Balcãs, percorreu as estradas da Itália à França e à Europa central, agru-

Os sínodos da Alta Idade Média davam o tom à sociedade cristã, e os

e instituiu a comunhão

somente cír-

com que

imagem com a faca cravada no crânio (1252).

portante

o povo contra o papa, perturbam

culos restritos. A Igreja - muitas vezes apoiada pelos príncipes que lhe trazem

o ensino

era já um aggiornamcnto, a recupe-

pando coalizões heterogêneas ses e artesãos - sobretudo

n~s quais uma parte da nobreza, novos burgue-

das classes urbanas - formaram

movimentos

mais

ou menos interligados com nomes diversos. O que conheceu maior fortuna foi o dos cátaros - que eram maniqueístas.

Para eles, havia dois princípios

igual-

ração de um atraso. Antes de ser o século das catedrais e das sumas cscolásticas, o século 13 foi o século da "laicização" Em 1277 o bispo de Paris, Etienne Tempier, condenou

num syllabus" duzentos e dezessete proposições,

bispo de Cantuária,

o dorninicano

to similar, ambos tentando

Robert Kilwardby, preparou

indistin-

dos costumes, o uso exagerado da ra-

zão na teologia, o esboço de uma ciência experimental

17 Lista de doutrinas condenadas pela Igreja. (N.T.)

80

um documen-

frear a evolução intelectual. Condenaram

tamente o amor cortês e o relaxamento

c o arce-

e racional. Esta obstru-

18 Leadership, no original. (N.T.) 19 Movimento religioso, predominantemente laico e popular, ocorrido em Milão na segunda metade do século 11, motivado inicialmente contra a prática da simonia e do concubinato de clérigos. No princípio teve apoio da Igreja, mas com o tempo assumiu caráter abertamente contestatório e herético. (N.T.) 20 Roscelino de Compiegne (1050-1120). Filósofo e teólogo versado em dialética e adepto do nominalismo. (N.T.) 21 Pedro Abelardo (1079-1142). Filósofo, teólogo e célebre professor parisiense, discípulo de Roscelino de Compiegne e de Guilherme de Champeaux, com os quais polemizou violentamente. (N.T.)

81

~r~'t'f"'·

11 11

.

,

l'art« I J)O

Ido lIntigo il cristandade

11/o""""t"

mcdicva!

mente poderosos: o Bem e o Mal. O Deus bom era impotente

em face do prín-

cipe do mal - fosse este para uns um Deus igual ao outro, ou fosse um Diabo,

praticamente

/'",,/1,,1,.' .I" , 'h/,,,,oI,,,/,'

I"', ulo» I1 I

I)

ganho ,. I'.•rtida. Mas perdera-a no plano moral diante do julga-

mente da história.

inferior mas revoltado com sucesso. O mundo terrestre e a matéria que o compõe eram criações do Deus mau. Segundo os cátaros, a Igreja católica era uma Igreja do mal. Em face do mundo, em face da sua organização, a sociedade feu-

o FEUDALISMO

OCIDENTAL

dal, em face do seu guia, a Igreja romana, não podia haver senão uma atitude de total recusa. O catarismo

transformou-se

.rapidamente

numa Igreja, com

As grandes heresias dos séculos 12 e 13 têm sido às vezes definidas

seus bispos, com seu clero, os perfeitos, impondo ritos especiais aos seus adep-

como "antifeudais"

tos. Era uma anti-Igreja, um anticatolicismo.

Iise detalhada,

mo certas ligações, com outros movimentos Valdenses e Espirituais"

- e sobretudo

Tinha certas semelhanças, e mesheréticos do século 12, como os

com o movimento

na fronteira entre a ortodoxia e heresia denominado de seu inspirador,

mais difuso situado

Joaquimismo

- do nome

o monge calabrês Joaquim de Fiore. Os joaquimitas

criam

tem validade no âmbito de uma expli~ação global.

Ao contestar a própria

A feudalização e o movimento

pela da Justiça e do Novo Testamento, ainda corrompida

cialmente camponesa

e, corno toda sociedade camponesa,

ta porcentagem

eterno. Este milenarismo

dade ocidental, é dominada

mesmo na espera de um data que deve-

nova ordem: 1260. Passada esta data, muitos acreditaram chegara com a ascensão ao pontificado

e a exaltação de uma que a era joaquimita

de alguém que compartilhava

idéias: Pedro Morone, o Papa Celestino V (294).

de suas

Mas foi um pontificado

mero. Celestino V teve que abdicar após alguns meses, morrendo

êfe-

pouco depois

urbano são dois aspectos de uma mesma

de Daniel Thorner, a sociedade do Ocidente Medieval é essen-

atual, que deveria desaparecer e ceder lugar ao reino de Amor e ao Evangelho exprimia-se

da sociedade, essas heresias atacavam

evolução que organiza ao mesmo tempo o espaço e a sociedade. Para retomar a terminologia

ria marcar o fim da sociedade e da Igreja corrompida

estrutura

seu âmago: o feudalismo."

em três épocas: a da Lei ou do Antigo Testamento, que teria sido substituída e dirigida pela Igreja

Embora o termo seja contestável no âmbito de uma aná-

- minoritária

- de cidades que, no caso particular da Cristan-

conforme

o feudalismo

no quadro

entre os séculos 10° e 14, contentemo-nos

em resumir seu aparecimento no Mâconnais"

uma cer-

por um sistema definido pelo termo feudalismo.

Nesse esboço, que pretende.apenasrecolocar da evolução do ocidente

comporta

apenas

de acordo com François Ganshof, sua evolução

Georges Duby e sua periodização

tal como a viu

Marc Bloch.

num convento sob a suspeita de que a trama tenha sido urdida por seu sucessor, Bonifácio VIII. O fim daquele que, nas palavras de Dante, fez a "grande recusa" simbolizou,

após 1277, uma virada na história da Cristandade.

Ao fim do século 13, a Igreja levava a melhor. Diante do fracasso dos meios tradicionais

e pacíficos contra o catarismo

e heresias similares, ela re-

correu à força, em primeiro lugar à guerra. A Cruzada Albigense terminou com a vitória da Igreja, apoiada pela nobreza do norte da França e, depois de muitas reticências, pelo rei da França no tr~tado de Paris (1229). Depois veio a repressão, organizada por uma nova instituição: titucional,

110

a Inquisição. No plano ins-

início do século 1.4 a Igreja, com grandes dificuldades,

22 Facção franciscana adepta da. pobreza apostólica. (N.T.)

82

tinha

23 Péodalité, no original. Embora o termo "feudalismo" (jéodalisme) seja conhecido na França, certos autores franceses, entre os quais Iacques Le Goff, preferem utilizar o vocábulo "feudalidade" (jéodalité) para designar o sistema social vigente nos tempos medievais. Alain Guerreau assim inicia o verbete "feudalismo", no Dicionário Temático do Ocidente Medieval, obra coordenada por Iacques Le Goff e [ean-Claude Schmitt (Bauru, SP; EDUSC, 2002): "Os termos feudal idade, feudalismo, Idade Média, têm inúmeras conotações e mesmo entre os medievalistas seu emprego suscita graves discordâncias. Podemos utilizá-Ias como sinônimos) ou eles designam realidades distintas? Podemos separar, para cada um deles, um sentido restrito e um sentido amplo, que seria errado confundir? Pressentimos problemas detrás destas divergências, mas quais?" (Tomo I, p. 437). Aqui, optamos pelo vocábulo "feudalismo" porque parece ser a forma usualmente' empregada no Brasil para designar as realidades históricas a que o autor faz referência. (N.T,) 24 Designação. da região circunvizinha nha. (N.T.)

à .cidade de Mâcon, situada no sul da Borgo.

83

l)jI

Em primeiro

/',1/"" I l'l (J'isllllu/ddc

1//lIdtll/lllígo

lugar, o feudalismo

unem entre si, hierarquicamente,

'''1'"

A

IIII'diCI'(d

é o conjunto

de laços pessoais que

os membros das camadas dominantes

da so-

dores modernos

do que

;

, ••••••••

.I"

nll'tll'f\l'h'

/·';;,.1111/," """""Ioio/,'

vocábulo

UIlI

("',1/1",

11 11)

da época. O importante

quase sempre era uma terra. Esse fato faz o feudalismo

é que o feudo

assentar sobre sua base

ciedade. Tais laços apóiam-se numa base "real": o benefício que o senhor con-

rural e torna manifesto que se trata, em primeiro lugar, de um sistema de pos-

cede a seu vassalo em troca de um certo número de serviços e de um juramen-

se e exploração

to de fidelidade. Em sentido estrito, o feudalismo é a homenagem O senhor e seu vassalo uniam-se prestação de homenagem. zem respeito

ao condado

pelo contrato

e o feudo.

vassálico, mediante

a

Os textos mais antigos em que a palavra aparece dide Barcelona

(1035), à parte oriental do Languedoc

(1020), ao condado

do senhor, que a

uma fórmula do tipo: "Senhor, passo a ser vosso homem" (França, século 13). Em seguida, pronunciava e podia-se

um juramento

ainda acrescentar,

num "homem

de fidelidade, garantindo-lhe

sua fé

seu senhor o consilium, o conselho, que consistia em geral na obrigação participar

a. de

das assembléias reunidas pelo senhor, e em particular, na obrigação

de aplicar a justiça em seu nome, e o auxilium, a ajuda, em geral militar e eventualmente

financeira. O vassalo devia, pois, contribuir

ção, a justiça e o exército senhoriais.

Em contrapartida,

para a administrao senhor devia-lhe

proteção. Contra o vassalo infiel, que incorrera em felonia," o senhor, em geral com a opinião de seu conselho, podia pronunciar cipal era o confisco do feudo. Inversamente,

sanções, das quais a prin-

o vassalo podia "desafiar", quer

dizer, romper com sua fidelidade ao senhor que faltara aos seus compromissos. Teoricamente,

o "desafio", que apareceu primeiro na Lotaríngia

século 11, devia ser acompanhado

de uma proclamação

ao fim do

solene e da renúncia

ao feudo. Vê-se que o essencial gira em torno do feudo. A palavra apareceu no oeste da Alemanha no início do século 11 e sob sua acepção técnica difundiuse ao fim daquele mesmo século, sem ser empregada

em todo lugar ou em

todo tempo com este sentido preciso. É mais um termo dos juristas

l'

historia-

feudalismo

de fidelidade e a homenagem,

mediante

ato escrito ocorria

evidentemente,

a hereditariedade

evolução se produziu

84

O

Manifestou-se

crescente do vassalo sobre seu feudo era,

~este - peça essencial do sistema feudal. Esta

cedo na França, do século 10° ao princípio

mais tardiamente'

por Conrado

na Alemanha

mente no século 12. Fora dos casos de ruptura

do contrato

político no sistema feudal é a pluralidade

do século 11.

e no norte da Itália, sendo aí

11 em 103.7. Na Inglaterra

veio a se generalizar

so-

vassálico, o qut~ permite o jogo

dos compromissos

de um mesmo

vassalo. Quase todo vassalo era homem de vários senhores. Tal situação, que o punha às vezes em situação embaraçosa, zes oferecer uma fidelidade

preferencial

também

lhe permitia

muitas ve-

ao senhor que lhe fizesse a melhor

oferta. Para se precaver contra a anarquia que podia resultar disso, os senhores mais poderosos a homenagem

tentaram,

nem sempre com êxito, obter de seus vassalos

"lígia" - uma homenagem

tada aos demais senhores.

proeminente,

Foi o que especialmente

superior àquela presos soberanos

ram obter de todos os vassalos de seu reino. Mas aí nos deparamos sistema diferente

do feudal, o sistema monárquico,

a tratar adiante. A evolução de um feudalismo tudou no Mâconnais

pretendecom um

sobre o qual voltaremos

regional como o que Georges Duby es- -

nos séculos 11 e 12 mostra como, concretamente,

o sis-

tema feudal, tal qual acabamos de descrever de maneira abstrata e esquemática, baseava-se na exploração pela hierarquia

feudal-

pequenos

da terra por intermédio

da dominação

senhores e vassalos - sobre os camponeses

sava os limites do.contrato 25 Traição. Ver segunda parte, capítulo 8, nota 34. (N.T.)

e antes do século 13 sua

apenas em casos excepcionais.

era um mundo do gesto, não da escrita.

O que assegurava o domínio

precipitada

como na França, o beijo que o transformava

de boca e de mãos': Após o contrato vassálico, o vassalodevia

que consistia num ato simbólico, na entrega de um objeto (es-

tandarte, cetro, vara, anel, faca, luva, pedaço de palha, etc.). Em geral ela ocor.consignação

de na França na segunda metade do século 11 e aparece pela primeira vez na as fechava com as suas, e expressava sua vontade de entregar-se recorrendo

a investidura,

ria após a juramento

de Cerdagne

(1033) e ao Anjou (1037). Ela se difun-

Alemanha em 1077. O vassalo colocava suas mãos, juntas,nas

da terra.

A concessão do feudo pelo senhor ao vassalo era feita numa cerimônia,

vassálico, assegurando

senhores um conjunto

exercida e ultrapas-

a cada um dos grandes ou

muito vasto de direitos sobre seu senhorio

85

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ou seu feudo. A exploração rural, o domínio, veio a ser a base de uma organi-

U permitiu

zação social e política: o senhorio. Georges Duby insiste num fato capital que não diz respeito apenas ao Mâconnais.

O centro de organização

feudal era o castelo. Um dos fenômenos

da história ocidental do século 10° ao 13 é o surgimento

dos castelos, cujo as-

No fim do século 10°, a estrutura

social do Mâconnais

era ainda, apa-

a da época carolíngia. A principal fronteira era a que separava os

homens livres dos servos, e muitos camponeses condal, expressão

mente as coisas mudaram tenha se difundido

eram ainda livres. O poder

do poder público, parecia ainda respeitado. e o feudalismo

foi se instalando.

Mas rapida-

Não que o feudo

muito na região. Mas o castelo tornou-se

11111

lliVl'bllll'lllo

da nobreza que no princípio

a L'IIlL'rgl'lIlia das "casas fortes" dos pequenos

deia, contrapondo-se

o centro de um

ria de novos poderosos:

os grandes senhores, os príncipes,

Em 1239 o Mâconnais

era anexado

terminara. Marc bloch distinguiu

rou em meados do século 11, corresponde

à organização

livres e aos servos. Data de de um senhor, e de

ridade crescente do comerciante Georges Duby encontrou

- via sua condição unifor-

mizar-se no seio de uma vasta classe de "manants", uma hierarquia

se instau-

rava no grupo senhorial. Por volta de 1075 a cavalaria, "primeiro

uma classe

de fortuna

e um gênero de vida", tornou-se

dadeira nobreza". Passou contudo «a repartição

uma "casta hereditária,

a comportar

dos poderes sobre os humildes":

uma ver-

dois escalões, de acordo com o mais alto era o dos senhores

do castelo (domini, castellani), que exercia o conjunto de poderes públicos sobre territórios

de certa importância

(o antigo ban real); o mais baixo era o dos

simples cavaleiros, "que eram seg~idos apenas por um pequeno dependentes

pessoais':

Do castelo o senhor

exercia seu ban, resultante

dominava

número

um território

da mescla de poderes privados

de

onde

e públicos. Era o

dito senhorio "banal" (embora o termo bannus fosse muito raro na época). Aproximadamente

em 1160 novas mudanças

se esboçam e entre 1230

de um espaço rural

ponto de mutação

entre os dois períodos

descreveram

mas situa o

são sucedidas pelos feu-

feudais". a evolução e as fases ~o feudalismo

dieval tendo em referência a evolução econômica. "a partir da metade do século 11, o movimento em grupos fechados; o outro, acelerando-se,

econô-

vai se fechando em classes,

prepara uma liberação, uma fle-

todos os quadros", é no fundo da mesma opinião de Marc bloch.

Não estou certo de que os dois movimentos

não tenham

seguido, durante

mais tempo, no mesmo sentido. O senhorio feudal organiza a produção luntariamente

me-

Georges Duby, para quem,

social e o movimento

mico seguem direções opostas: um, retardando-se, xibilizaçãode

da supcrio-

um século mais tarde, por volta de

em que as castelaniasindependentes

Os historiadores

monetária,

sobre o produtor. esta periodização no Mâconnais,

dos, pelas censives" e pelos principados

alodiais, ministeriais

que se encer-

dos grandes arroteamentos,

do comércio, da difusão da economia

1160, "momento

com pou-

o rei. clássico

estável em que as trocas são fracas e irregulares, a moeda rara, e o trabalho as-

1019 a última sentença proferida por uma corte condal contra um castelão. A e em 1032 o termo nobilis de-

mino-

e sobretudo

duas "idades feudais". A primeira,

partir de 1030 o contrato vassálico instaura-se cas exceções - proprietários

enfraqueci-

real. O feudalismo

ao domínio

do renascimento

tribu-

nal privado, o da abadia de Cluny; em 988 pela primeira vez um senhor, o con-

o grupo dos camponeses,

de al-

mento do poder dos senhores sobre os manants, por cima em razão da perda

rio, político. Em 971 aparece o título cavaleiresco e em 986 o primeiro

saparece para dar lugar a miles. Enquanto

cavaleiros

atacada por baixo e por cima. Por baixo em razão do progressivo

salariado quase inexistente. A segunda é produto

1004 a última menção a uma corte vicarial independente

do século

aos grandes castelos do séculos 11 e 12. A castelania foi

senhorio que absorveu pouco a pouco todos os poderes: econômico, judiciá-

de de Chalon, impôs exações sobre os camponeses

I)

de uma parte dos poderes dos castelãos em proveito de uma pequena

pecto militar não deve mascarar seu significado muito mais amplo. rentemente,

lugar, por causu de

(,,', ulo-. 11 I

ou não, transmite-a

burgueses que dele dependem

e, vo-

ao grupo de cidadãos, de comerciantes,

durante muito tempo. Certamente,

po, o progresso da burguesia urbana mina o feudalismo,

de

com o tem-

mas ao fim do sécu-

10 13 isto estava longe de acontecer, inclusive no plano econômico. Seria pre~ ciso esperar alguns séculos para que a distância crescente entre o poder eco-

e 1250 uma outra sociedade feudal se constitui. "A castelauia deixou de ser a peça mestra na organização

86

dos poderes banais". Dissolveu-se,

em primeiro

26 Terra sujeita ao censo anual e ao pagamento de. tributos. (N.T.)

87

l'art« , 1)(1

nuulo

I/III(\.!tl



Ú

""/"/11/ ntnlicvul

(I"ij/,lllllll.ll'

!\ "I' ""'\ 1,.1,/"

nômico e a fraqueza social e política das camadas superiores urbanas viesse a

l.rvam

produzir

nao-uobres

as revoluções burguesas dos séculos 17 e 18.

A evolução econômica a melhorar

ajudou uma grande parte da classe camponesa

sua situação: sobre as terras recentemente

arroteadas,

des" camp.oneses obtêm franquias e liberdades, especialmente biente urbano

ou semi-urbano

os "hóspe-

enriquecidos,

francesa. No conjunto

no século 13 um movimento

que levou a uma

com a substituição

das corvéias

ou dos serviços em trabalho pelo pagamento

de um rendimento

fixo, o "cen-

so", e a fixação das obrigações mediante

cartas

crita contribuiu,

para a liberação social) de um valor

ao menos no-princípio,

c

PERIPÉCIAS POLÍTICAS: O SACERDÓCIO E O IMPÉRIO

(ao fazer recuar o gesto, a es-

No plano político da evolução histórica, os fenômenos Ias vezes complexos, perdidos nas particularidades

dos hoinens, dos aconteciseduzidos por tais aparên-

composta

sobretudo da mais afor-

por proprietários

mentas, em face da massa dos "manouvriers"

de animais e ferra-

ou "brassiers"."

quena e média cavalaria, que foi s~ endividando

mais rápido do que enrique-

cendo, vendo-se obrigada a vender parte de suas terras. No Mâconnais,

o úl-

concedido por cavaleiros data de 1206 e, a partir de 1230, os

pequenos cavaleiros proprietários

alodiais vendiam sua homenagem,

do cada vez mais seu bem hereditário,

transformando

seus alódios" em feu-

dos - com exceção em geral de uma reserva. Os beneficiários que embora

dividin-

eram os senho-

não tivessem muito dinheiro podiam

as igrejas, principalmente

facil- .

as urbanas, que acurnu-

28 Laboureurs, no original. (N.T.)

29 Trabalhadores manuais, trabalhadores

e do monopólio

em virtude dos poderes

está somente confusão

do feudalismo.

nesta atomização

horizontal

Mas a realidade do Ocidente

medieval não

da sociedade e do governo, está também

e vertical dos poderes.

Entre .os múltiplos

na

senhores,

a

Igreja e as igrejas, as cidades, os príncipes e os reis, os homens da Idade Média nem sempre sabem de quem dependem administração

politicamente.

e da justiça, os conflitos de jurisdição

No próprio âmbito da

que se repetem continua-

mente exprimem esta complexidade, Como conhecemos o desfecho da história, podemos neste domínio tomar como fio condutor

a evolução dos Estados.

Pouco após o ano mil, dois personagens

parecem guiar a Cristandade:

O conflito entre eles ocupará o primeiro plano ao lon-

go de todo o período. Teatro de ilusões, por trás do qual se passarão as coisas . mais importantes. Após a morte de Silvestre II (1003), o papado não faz boa figura. Caiu nas mãos dos senhores do Lácio, e depois de 1146, nas mãos dos imperadores

braçais. (N.T.)

30 Termo originário provavelmente do gerrnânico al-lod, designa em geral os bens patriruoniais, por oposição aos bens adquiridos. A partir dos séculos 11" " 11. aplicava-se aos bens tidos em propriedade plena. (N.T.)

88

e da sociedade,

públicos pelos chefes de grupos mais ou menos isolados - como se viu, uma

o papa e o imperador. 27 Villeneuves (Cidades novas), villeiranches (Cidades francas, cidades livres) c liastides. Cidades nascidas dos arroteamentos, mediante a concessão de franquias l' incentivos por parte dos senhores. (N.T.)

porque reflete o extremo desmernbramento

da economia

das características

a partir do século 13, esta evolução não favoreceu a pe-

facilmente

cias e aparições superficiais. A história política do Ocidente medieval é espeda fragmentação

das camadas camponesas,

aparecem mui-

mentos, e dos textos dos historiadores cialmente complicada

mente obtê-lo emprestado;

os

burgueses. A crise,

ulo 14 que será, em sua essência, uma crise do feudalismo.

tos de uma certa promoção

res mais poderosos,

e sobretudo

que começa a afetar a "renda feudal" dos senhores, levará à crise geral do sé-

fixo pfra as principais obrigações - a "talha ajustada" - são sinais e instrumen-

timo empréstimo

alguns camponeses

senão em sua própria situação

material. A limitação das exações senhoriais,

Mas, sobretudo

I I)

maiores no am-

das terras ocidentais

de emancipação

melhora na condição jurídica dos camponeses,

tunada, a dos "lavradores',"

/ '01;, ul.« 11

por meio das esmolas; e, finalmente,

d.1 1111I1"11.1 , irculautc

park

I

das "villeneuves", "villeiranches" e "bastides";"

para falar apenas da terminologia generalizou-se

.

lima

••

I' "'.II,tI.li/.'

germânicos.

Mas recuperou-se

em seguida. Melhor ainda, libertou

também

toda a Igreja do poder senhorial laico. É ao nome de Gregório VII (1073-1085) que se liga a Reforma Gregoriana,

que constitui

apenas o aspecto mais exte-

89

.

rio r do grande movimento rar a autonomia

/'1/''''

"",./,',""1,','", .'

I-tI

da Igreja rU1110às suas raizes. Tratava-se de

reiros. A Igreja teve que se renovar e dar contornos va de independência

dos senhores, a nomeação

ao poder espiritual

baixando

o gládio temporal

IV em Canossa (1077). Mas o penitente

guida sua revanche. Urbano 11,mais prudente,

do Impe-

imperial teve em se-

aprofundou

a obra e recorreu

da Cruzada com o fim de atrair para si a autoridade Em 1122 chegou-se a um compromisso

sobre a

mas conservou

A luta reacendeu

sob outras

Das monarquias

kl.rdc Media

a qual resumiu em sua obra

o olhar voltado para o passado.

formas

com Frederico

e Estados herdeiros do poder político que se fortalece-

ou um território

definido. Tomando

"pelo ce-

I Barba-Ruiva

metade do século 13 com Frede-

seguran-

apenas um exemplo, todo o e assim continua-

ria até o século 15. Mas o futuro se desenhava na formação de conjuntos riioriais que, em meio a avanços e recuos, metamorfoses, «urfiguração

caminhavam

ter-

para a

de pequenas células medievais. Os soberanos foram os rapsodos

da ( .ristandade

medieval.

Três realizações estão em primeiro plano. A Inglaterra, depois da conquista normanda mcira vez sob Henrique neta (1154-1189)

e atingiu o clímax na primeira

I

r.uu entre o século 11 e o 14, nem mesmo os mais fortes adquiriram

,.1 dinástica

respeitar a

a investidura

tro" do poder temporal dos bispados. (1152-1190)

.1.1

.0111

I

em Worms: o imperador

reservou ao papa a investidura "pelo báculo e pelo anel', prometeu liberdade das eleições e consagrações,

I.I.~I,

"l'ste da França atual oscilava entre a França e a Inglaterra,

os dois gládios ao papa.

Gregório VII pareceu ter vencido por ocasião da humilhação

Cristandade.

l'll\

PERIPÉCIAS POLÍTICAS: OS ESTADOS

e, por isso,

dos bispos, e para, ao mesmo "tempo,

diante do gládio espiritual ou mesmo entregando

ao expediente

hunu-ru

~ralldl'

,morrt'u

os esforços para subtrair

laica, para retirar do imperador

e investidura

o poder temporal

o último

a si própria, de onde a luta

do papado ao reservar a eleição do pontífice aos cardeais

o clero do domínio da aristocracia

dl'll'.\,

gl'nial

/1/," 11 / I)

do celibato clerical. De onde a tentati-

(decreto de Nicolau 11em 1059). De onde, sobretudo,

rador Henrique

rcst.iu-

e o poder da classe dos sacerdotes em face da classe dos I:>zuer-

contra a simonia e a lenta instauração

submeter

"-"-~~Y-Tt\i~/,j/ll' I A /i.m/lf\lI ••,1"" /./.",./."/,, I 'I"

I

"\1.111.1,,,1.'u,,-.l"·I".,1

I (1110-1135)

a imagem

(1066), apresenta pela pri-

e sobretudo

de uma monarquia

sob Henrique centralizada,

II Plantage-

Desde 1085, o

Livro do Iuízo final, o Domesday Book, recenseia as posses e direitos reais e dá ;J

autoridade

real uma base incomparável.

Sólidas instituições

financeiras

(a

morreu em 1250, deixando o império exposto à anarquia do Grande Interreg-

Court of the Bxchequeri" e funcionários estreitamente dependentes do trono (os slzeriffs)" completaram esta obra. Uma grande crise eclodiu no princípio

no (12·50-1273). Mas ao combater

um ídolo de pés de barro, um poder ana-

do século 13 e se estendeu por décadas. João Sem Terra teve que aceitar os li-

o papa negligenciou - chegando por vezes a fa-

mites impostos ao poder real pela Magna Carta (1215), e após a revolta da pe-

rico 11. Ao final, o papa do pareceu

crônico como o do imperador,

definitivamente

vitorioso.

Frederico

11

quena nobreza liderada por Simão e Montfort,

vorecer - a emergência de um novo tipo de poder, o dos reis. O conflito entre o mais poderoso deles, Filipe o Belo, rei da França, e o papa Bonifácio VIII, terminou

com a humilhação

do pontífice, esbofeteado

em Agnani (1303) e exilado, e com o "cativeiro" do papado em Avinhão (13051376). Na primeira

metade do século 14, o confronto

Luís da Baviera será apenas uma sobrevivência

aos partidários

de Luís, sobretudo

e temporal estavam nitidamente

que permitirá

a Marsílio de Pádua, em seu Defensor pacis na qual os poderes espiritual

separados. Com ele, a Iaicização desembocou

na ideologia política, Dante, o último grande partidário

as Provisões de Oxford coloca-

ainda mais sob vigilância. Mas Eduárdo

mesmo Eduardo II (1307-1327) controle parlamentar

souberam

restaurar

baseado na cooperação

I (1272-1307)

e

o poder real e aceitar um

dos nobres, eclesiásticos e bur-

entre o papa João XXII

e o imperador

(1324), definir um novo modelo de Cristandade

ram a monarquia

da confusão dos po-

31 Instituição administrativa criada durante a dinastia normanda, na qual eram tratadas todas as questões financeiras do reino, funcionando como um tribunal do tesouro. Exchcquer era o nome do tecido quadriculado que cobria a mesa em cima da qual etam examinadas as contas. (N.T.) 32 Xerifcs. Funcionários

reais encarregados de velar pela ordem pública nos condados.

(N.T.)

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I 90

91

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T"

IIwdicl'al

Â

gueses das cidades com o governo. As guerras, bem-sucedidas

contra Galeses,

Iransformou

malsucedidas

e táticas novas,

jusliça, com o Parlamento

contra Escoceses, deram aos ingleses armamento

r uma parte do povo passou a participar verno local e central. No princípio tão mais moderno

e estável. Isto permitiu

mente quatro milhões de habitantes Anos resultados de habitantes.

tanto da ação militar quanto do go-

do século 14 a Inglaterra era o Estado crisao pequeno

país de aproximada-

alcançar no princípio

em ( :orll' do rei, em matéria

receu um número

brilhantes sobre o colosso fnlncês com seus quatorze milhões

encaminhadas

ao rei. Corrio na Inglaterra,

de prelados, barões e burgueses

dos sob Filipe o Belo, representaram rei e seus conselheiros,

a França do princípio

avançar. Seus progressos sob a monarquia

do século 14 também não deixava de

de su-

os Estados

ricos das cidades, reuni-

mais uma ajuda que uma limitação

os "Iegistas", formados

lias universidades

ao

e conhece-

capetíngia foram mais lentos, mais

dor em seu reino". Em 1315, depois da morte de Filipe o Belo, houve uma reação feudal,

seguros talvez. Entre a eleição de Hugo Capeto (987) e a ascensão de Luís VII

mas em 1328 a mudança

(1137) os monarcas

Valois, transcorreu

capetíngios,

fracos, consumiam

conflitos contra os senhores

breza entrincheirados

suas forças nos peque-

saqueadores

da pequena

no-

em suas fortalezas da região de Ile de France. Faziam

triste figura diante de seus grandes Duque da Nonnandia, os vastos domínios

de finanças e principalmente

por Filipe o Belo em 1303, que lhe ofe-

dores do direito romano posto ao serviço do soberano - verdadeiro "impera-

Entretanto,

nos e incessantes

/1)

crescente de causas judiciais por causa do progressivo

(CSSo das "apelações" Gerais, compostos

da Guerra dos Cem

organizado

//

vassalos, dos quais o mais poderoso,

o

juntou ao seu ducado o reino inglês em 1066, e depois

dos Plantagenetas

na segunda metade do século 12. Mas

dinástica, com a substituição

sem dificuldade.

Quando

dos capetíngios

pelos

muito, a nova dinastia pareceu

mais aberta às influências feudais, ainda muito fortes na corte de Paris. A terceira realização

da monarquia

centralizadora

pelo Papado. Tal sucesso deveu pouco ao poder temporal territorialmente toridade

no pobre Patrimônio

foi levada a cabo do Papa, baseado

de São Pedro, Foi .ao assegurar sua au-

sobre os bispos, e sobretudo

ao drenar - não sem despertar

vivos

desde 1124 a França mostrou coesão em torno de seu rei diante da ameaça do

protestos, por exemplo, na Inglaterra

imperador

Igreja, ao encabeçar a codificação do direito romano, que o papado, no sécu-

germânico

real, com a eliminação

e este teve que recuar. Foi no aumento

maram a base de seu poder crescente. (1137-1180), consolidaram

aceleraram-se

Os progressos,

lipe o Ousado (1270-1285) do poder real permanecia

estenderam

e se

Luís IX (São Luís) (1226-1270)', Fi-

e Filipe IVo Belo (1285-1314). fraca, o rei continuava

A base financeira

a obter os recursos essen-

domínio, a viver "do seu", mas tinha em mãos a adminis-

tração desde a instituição, e dos "prebostes";"

nítidos sob Luís VII

sob Filipe Augusto (1180-1223),

sob Luís VIII (1223-1226),

ciais de seu próprio

do domínio

dos senhores feudais violentos, que os c~petíngios fir-

sob Filipe Augusto, dos "bailios":" ou "senescais?"

desde a ampliação

e a especialização

do Conselho, que se

lo 12 e sobretudo monarquia

no 13; tornou-se

e na França - os recursos financeiros

uma monarquia

supranacional

da

eficaz. Esta

não somente resistirá ao exílio de Avinhão mas afirmará seu po-

der sobre a Igreja. Os resultados

da unificação

monárquica

foram menores na Península

Ibérica onde, não obstante algumas uniões passageiras, os reinos permaneceram separados.

Portugal (reino desde 1140), Navarra, Castela (que absorveu

Leão após 1230), Aragão - sem contar, com a união política após 1137, a persistência do dualismo Aragão-Catalunha cada reino realiza em suas fronteiras, conquista

e as combinações

- parecem formações duráveis, Mas mutáveis segundo os processos da Re-

dinásticas, remarcáveis

progressos na centraliza-

ção. Em Castela, data do reinado de Afonso X o sábio (1252~ 1284) a redação 33 Do antigo francês, baillir, admin-istrat. Oficial senhorial, e depois oficial da monarquia a quem, a partirdo século 13, era conferida autoridade em matéria judiciária, financeira e militar. (N.T.) _

volvimento

34 Oficiais do palácio real e, após o século 12, representantes administrar a justiça -ern nome do rei. (N.T.)

potência

35 Oficial senhorial ou da monarquia

92

locais cllcarregados de

com funções de aplicação da ;\lsti~'a, (N.'!')

do grande código legislativo das Siete Partidas e, graças ao apoio real, o desenda Unive~sidade de Salamanca, Aragão, que sob o impulso dos Ca-

talães volta-se cada vez mais para o horizonte sob Jaime o Conquistador

mediterrânico,

(1213-1276)

é uma grande

e, após a divisão do reino

(1262), o reino de Majorca, com sua capital Perpignan,

e as cidades de Major-

93

I Ijl

GI l'

Montpellier

III1/t!,.

IIl1ligo



t'art« I 11(.,.i.\/,II,d"df'

....... ,0._' li

- onde os reis residem de muito bom grado - são florescen-

tes. As condições

especiais da Reconquista

Ibérica, principalmente,

permitiram

e do repovoamento

ao povo participar

da Península

plenamente

no, em assembléias locais muito vivazes, as Cortes, que funcionavam metade do século 13. O fracasso da centralizaçãornonárquica Alemanha. Na Itália, o poder temporal autoridade

.••••.••••.• ,• 'r.',;,.I,,,/,,'

lIIed;(,I'tll

do goverdesde a

ea

que se operasse a unificação territo-

ria], O jogo das facções, dos .partidos, de uma cidade a outra, no interior

de

cada cidade, realiza-se mais ou menos em torno da eterna luta entre Guelfos l'

Gibelinos. No sul, o reino de Nápoles ou das Duas Sicílias, apesar dos esfor-

\'OS

de reis normandos,

alemães (Prederico

II funda a primeira

estatal em Nápoles no ano de 1224 e mantém o feudalismo meio das Constituições estrangeiras

Na Alemanha, germânicas.

para chegar a uma administração

a ilusão italiana

Frederico Barba-Ruiva,

o mais poderoso

universidade

sob controle por

de Melfi em 1231) e angevinos, vê l~lUitas dominações

sucederem-se

sólida.

afasta os imperadores

especialmente

príncipe alemão, Henrique

em 1181 domina

real. Mas as disputas di-

à coroa, o interesse crescente por

uma Itália cada vez mais rebelde levaram ao fracasso da centralização quica com o Grande Interregno

manha no final do século 13 são, nas fronteiras dolfo de Habsburgo, aproveitou

da colonização

ao norte e a ' Em 1273 Ro-

um jovem príncipe alsaciano, cingiu a coroa imperial e

sua passagem pelo trono para moldar no sudeste, na Àustria, Es-

tíria e Caríntia,

a futura fortuna

tas dinásticas e a fragmentação barreiras à autoridade ção germânica. "

monár-

(1250-1273). As forças políticas vivas da Ale-

leste, as cidades da Hansa e as velhas e novas casas principescas.

Na Dinamarca,

de sua dinastia.

A leste

e ao norte, as dispu-

feudal, a imprecisão das fronteiras constituem

do poder central, enfraquecido

principalmente

no de Magnus Eriksen (1319-1332).

aristocracia

laica e eclesiástica e torna a monarquia

Na Polônia,

hereditária.

não há mais rei após Boleslau o Ousado,

tir com duques que não esqueceram Boca Torta (1102-1138)

A

submete a

coroado

a dinastia dos Piasts continuou a obra unificadora,

em

a exis-

tal como Boleslau da

e Mesco o Velho após 1173. Mas as revoltas feudais

laic~s e eclesiásticas, também aqui auxiliadas direta ou indiretamente nas pelos Alemães mas também

por Tchecos e Húngaros,

Polônia num grupo de ducados independentes

cujo número

não ape-

transformaram aumentou

curso do século 13. Em 1295, Przemysl da Grande Polônia restaurou proveito a realeza, mas, depois dele, dois reis da Boêmia tomaram

a

no deem seu

o título de

rei da Polônia e foi preciso esperar a sagração de Ladislau o Breve, pequeno senhor da Cujávia, em Cracóvia no ano de 1320, para que a Corona rcgni Po-

loniae" se afirmasse. Seu filho será Casimiro o Grande (1333-1370). Mas nes-

das realidades

o Leão, Duque da Saxônia e da

Baviera, parecia ter imposto aos feudais a autoridade násticas, as guerras entre os pretendentes

quando

l'

11 I I)

Noruega parece a mais favorecida. Haakon V o Velho (1217-1263)

Gniezno no natal de 1076. Entretanto

é mais manifesto na Itália e na

dos papas no centro da península

imperial no norte impediram

duslas (1274-1290)

lil"''''',-'''' ,/,' , ,,,,,11,.1,••/,, ''''.11/."

também pela coloniza-

te meio tempo Conrado os Prussianos, (Chelmno)

de Mazóvia chamou os Cavaleiros teutónicos

e estes, apoiados nos novos bispados de Thorn (Torun),

e Marienwerder,

da Prússia, invadiram lo de Marienburg

fundaram

uma verdadeira

No fim do século 12, Otakar I

se fez coroar rei em 1198 e criou a hereditariedade

dos Przemyslides. do império

Mas os reis da Boêmia atuavam

e realizavam

na Alemanha

também

ser chamado

em ser eleitor do Império e disputou

À Boêmia e Morávia,

como príncipes

ele juntou

de "rei de ouro':

pessoalmente

por conquista

em seu lugar, esmagou-o

na batalha de Dürnkrut

um rei de nova dinastia

estrangeira,

a coroa

a Áustria, Estíria,

Caríntia e Carniola." Mas se deparou com Rodolfo de Habsburgo

que, eleito

em 1278. O sonho da Gran-

de Boêmia acabara, mas não o sonho alemão, concretizado depois de altos e baixos, a realeza parece levar a melhor

na dinastia

um jogo perigoso. Otakar 11 (1253-

1278), que pelo fausto de sua corte costuma não se contentou imperial.

Gdansk, fazendo de seu castecapital.

O caso da Boêmia é mais complexo. (1192-1230)

Kulm

um Estado alemão e, após a conquista

em 1309 a Pomerâniade

(Malbork)

contra

no século 14 por

Carlos de Luxemburgo,

o Imperador

sobre os feudais no início do século 14, mas o rei é tão pobre que em 1319 tem de colocar seu próprio

país como garantia diante de um credor, o conde de

Holstein. Na Suécia, a realeza tornou-se

eletiva no século IJ, mas a família

dos

Folkungar conseguiu impor-se durante um tempo no reinado de Ma~nus La-

94

36 Coroa do reino da Polõnia. (N.T.) 37 Nome latino da província de Kranjska, situada na Eslovénia, que fazia parte da antiga província romana da Panônia, (N.T.)

95

.. '-'---~'

","1,'1

I

Carlos IV. Entretanto, imigrantes

unul»

'ti

,,,,,,,\:,1 ". •

11,\111I'dllll,

,

iW" ••••

crescente da Boêmia por

I

,'III'"ld,' I 11 'lII'mll,il,' ti" , e 14, torna entretanto

Il'ssidalk de confrontar

esta conjuntura

evidente a ne-

com 'a evolução das estruturas econô-

lIliUIS t' sociais, quer dizer, lembrar, de um lado, da passagem daeconomia-naIlII'l'~,a.1economia-dinheiro

é produzida

todos os intercâm-

fechada. O senhor e o cameconômicas

principalmente

nos limites do

no âmbito doméstico:

qual tem direito depois de ter entregue a parte do senhor e o dízimo da Igrebásicos - mó

a braço, torno de mão, tear - são familiares. Se, nos textos, as prestações

dos rendimentos

senhoriais são indicados

em dinheiro, não quer dizer que fossem efetivamente lante. A avaliação monetária

pagas em moeda-circu-

não estava obrigatoriamente

ligada a um paga-

mento em dinheiro. A moeda era apenas uma referência, "servia de medida ao valor': era uma apreciadura, uma avaliação, como diz uma passagem do sobrevivência

dos pagamentos

de um vocabulário

monetário

em mercadorias.

E

o testemunho

ou quando I i('dadl',~ em 'rês fases: Naturalwirtschaft e Creditwirtschaft

dividiu a evolução econômica das so(economia-natureza), (economia-crédito),

1'11ISI'II grande livro de 1930, Économie-nature 11-

Geldwirtschaft e Alfons Dopsch,

et économie-argent dans l'histoi-

utondiulc, impôs este voculário ou pelo me~os este problema aos rnedieva-

IiSliIS.Truta-se pois de apreciar o papel desempenhado mia. Sendo este papel insignificante dll~·.\o, consumo e trocas permitem nalmcnrc, Ao contrário,

pela moeda na econo-

tem-se uma economia natural onde proque a moeda intervenha

apenas excepcio-

sendo tal papel essencial ao funcionamento

cvonómica, encontramo-nos

em face de uma economia monetária.

da vida O que, a

('sll' respeito, se passava no Ocidente medievai? Com Henri Pirenne e Marc Bloch, lembremos

disrinçôes necessárias.

2-lh

EJ;11

Esse

constitui

de uma regressão. Não se deve tomar: por "moeda de conta" as

menções monetárias dos textos medievais assim como as expressões pagãs que subsistem na literatura cristã medieval. Quando o mar é chamado de Netuno

II.í um século Bruno Hildebrand (vconomia-dinheiro)

GII/-

É claro que esta

não é algo sem importância.

resíduo de uma herança antiga, como em muitos outros domínios,

E

("','/11",,

no sistema inglês atual, correspondia

diante da regressão da economia-dinheiro.

que se

de fato a uma adaptação

Não se cunhava mais ouro. A libra

e o soldo não eram mais moeda corrente, mas apenas moeda de conta. A única moeda verdadeiramente

cunhada

foi, até o século 13, o "dinheiro

ta'," quer dizer, uma unidade monetária

bem pequena, a única da qual se teve

nhorar nossos cálices e livros. E eis que o Senhor acaba de nos enviar uni ho-

necessidade,

mcm

existência demoedas

de cobre de valor mais baixo. Significativa é a reação dos

Assim, vou trocá-Ia por dinheiro para poder reaver nossos penhores e recons-

cruzados ao penetrar

em 1147 em território

ti III i I' nosso gado':

descrita por Eudes de Deuil: "Foi lá que vimos pela primeira

qlll'

nos deu uma quantidade

de ouro que cobre as duas necessidades.

Mas esta forma de entesourarnento sidatk testemunha

afraqueza

que Iibera.apenas

e inelasticidade

em face da neces-

da circulação monetária.

O mesmo vale para a existência de moedas não metálicas - bois ou vat'US,

peças de tecido, e sobretudo pimenta - que constitui um sinal inegável de

IlrulÍSl1l0, a expressão de uma economia estudo natural ao estado monetário. IlIl'1;\lica permanece em função

que dificilmente

consegue passar do

Cb~O

excluía, para as trocas ainda mais modestas, bizantino

cobre e de estanho: por uma destas dávamos tristemente, mos, cinco dinheiros". O renascimento causa da retomada

monetário

da cunhagem

a

durante a Il Cruzada, vez moedas de

ou melhor, perdía-

do século 13 fascinou os historiadores

por

de moedas de ouro: o genovês e o florim de

1252, o escudo de São Luís, o ducado veneziana

de 1284. Mas, por significati-

Além disso, a própria natureza da moeda

longo tempo arcaica. Com efeito, a moeda era apreciada

de seu valor, não

mas que também

de pra-

signo mas como mercadoria;

ela vale nãoo

36 Denier d'argent, no original. Designação de uma moeda corrente na Idade Média. (N.T.)

VO

ljlll' eSll' ucontccimento

4$ i4A

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P.\

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':;

iQUP

("'/'1111/ •• "

1/1",/1"",11

ti "'loI"III,II"l'i"II-

- acentuando

li

vndividamento

lI,hallO-

sua dependência

Nestas sociedades

WIIllIl'l'S ou pelos mais ricos, ondea

das tenências cujo

tiveram ou que trabalhar

ao privar sua própria

ou endividar-se.

em algumas terras. Mais

um parcelamento

camponeses

se acen-

apenas por uma extensão da

do rendimento

para os

social e sua in-

tenência de uma parte de seu camponesas

exploradas

pelos

terra é avara e as bocas são numerosas,

é um grande flagelo. Endividamento

para com o usurário

lia maioria das vezes judeu - ou para com o camponês

muito hábil em geral em evitar o rótulo

de usurário

reservado

mais rico, aos empres-

t.ulorcs urbanos. Diminuição

por exemplo, no Boulonnais.

26 (ou seja,43%)têm

No ano de

à abadia de Saint-Bertin,

de 60,

menos de 2 hectares; 16 (27%) têm de 2 a 4

luxtares: 12 (20%) têm de 4 a 8 hectares, e somente 6 (isto é, 10%) têm mais til'

H hectares, Na Inglaterra,

r.unponeses dispunham a ser de 42,8%.

passou

no momento

senhoriais,

dos

dos casa-

e 53% se comprome-

após a colheita e a vindima.

os comerciantes

e cambistas

tanto no Namurois,"

italianos,

onde os documentos

de uma aldeia quase inteira a eles entre 1295 e

1311, quanto nos Alpes, onde, no início do século 14, os usurários

de Asti ti-

nham casas"de penhor - casane - em quase todos os pequenos burgos dos Estados da Casa de Sabóia. Os que parecem mais aproveitar foram os principais

o desenvolvimento

da economia

É verdade que o desenvolvimento

mo-

urbano, do qual

beneficiá rios, esteve ligado ao progresso da economia-di-

nheiro e que a "ascensão da burguesia" classe social cujo poder econômico ra. Mas qual a importância

numérica

Quantos pequenos mercadores

representa

o aparecimento

de uma

baseia-se mais no dinheiro do que na terdesta classe antes de 1300 ou 1350?

não passavam de modestos negociantes,

com-

paráveis em tudo a estes usurários

de períodos mais recentes que sabemos ter

pouca relação com o capitalismo?

Quanto à minoria

dos grandes mercadores

ou - o que não vem a ser a mesma coisa - da elite urbana, da qual falaremos adiante, e que chamaremos seu comportamento

econômico,

Os mercadores vida os usurários

de patriciado,

de sua ação sobre as estruturas

envolviam-se

muito pouco na produção

acima mencionados,

vam por trás de um empréstimo

qual é a natureza de seus lucros, de

sobretudo

econômicas? rural. Sem dú-

os de Namurois,

assim comercializados aumentado,

continuava

por seu intermédio

de produtos

da co-

agrícolas

e em seu proveito, mesmo tendo

a ser pequena.

No início do século 14, o mercador vendedor

dissimula-

com garantia uma compra antecipada

lheita, que depois vendiam no mercado. Mas a parcela de produtos das tenências,

1.I0S, em Beuvrequen, nas terras pertencentes trnências,

que se encontram

netária são Os mercadores.

da massa camponesa

da cidade eram camponeses,

em agosto e setembro,

o endividamento

I)

no outono,

dos rendimentos

Eram ainda credores dos camponeses

(ll'lklll ia ao senhor Constant

I

onde ao redor de 1300 os registros notariais

seus empréstimos

tiam a reembolsarem

ur

em relação aos judeus pode ser observa-

revelam que 65% dos devedores a usurários

W·1I1~l'S,um rico fazendeiro, que habita a beira do lago, sai de sua casa seguiIIIIIIHlaque lhe preparem

"",/..,.i," r .•,',""1,,,

1\ ""I"

h'x tos literário», Assim, no Roma" de Rcnart: "Chega a aurora,

tu, clareando

"..,

·lr"

III."li,'I'.,1

era sempre e essencialmente

um

excepcionais, raros, luxuosos, exóticos. A constante de-

em Weedon Beck, em 1248, apenas 20,9% dos

de menos de 6 hectares, e em 1300 esta proporção

40 Área adjacente ao antigo condado de Namur, situado na Valônia, na confluência dos rios Sarnbre e Mosa. (N.T.)

253

I 1'1

llIillld •• til' tais produtos 1lIIIlH'ru l' da importância

41

(

'"/',,,,,,,(,

1\ I'id" IIlolf,'/ i,II (,\I'dll.I\

pelas categorias superiores dos comerciantes.

44.'5$

AU)ij "

/',"" r,' 1\ ,h'lIi,'lIf,I,' IIlI'oIi""II/

provo, ava o ,1IJ111l'lllodo

Eram complementares,

forneceu-

(h mercadores permitam

e o patriciado

IIJ" / I)

urbano

procuram

obter domínios que

a eles, sua família e seus domésticos' se proteger contra a fome, que

do o pequeno setor do supérfluo necessário que a economia dominial não po-

os façam participar

di,. produzir. Como constituíam

nos seus

pela aquisição de um senhorio, façam-lhes passar à condição de senhores fun-

e da sociedade, alguns clérigos com-

diários; ou ainda terras e imóveis urbanos cujos aluguéis são lucrativos; ou.fa-

tundameutos

a estrutura

"epifenômenos',

da economia

plI'rllsivos desculpavam-nos

e justificavam-nos.

não perturbando

Como Gilles le Muisit, abade

dI' Silillt-Martill de Tournai, em seu Dit des Marchands:

zer empréstimos

da dignidade

de possuidor

a senhores e príncipes,

principalmente,

por vezes também

sozinho, trabalhare penar os reinos levar, tratá-tos mal,

madas superiores

os senhores tornam-se

são

caros e em pe-

especiarias, tecidos de luxo, sedas. Isto é sobretudo

verda-

driro para os italianos, pioneiros do comércio, cuja principal habilidade paresido simplesmente

Illilia cukulur

saber que a estabilidade dos preços orientais lhes per- ,

antecipadamente

seus lucros. Porque Ruggiero Romano

teve

selll dúvida razão de ver aí a causa essencial do "milagre" comercial da EuroP'\ cristá. O mesmo vale, embora em menor grau, para os Hanseáticos, pos,\ivd,

COlHO

mas é

sustentou, entre outros, M. P. Lesnikov, que até a metade do sé-

,"10 '" o comércio de grãos, e até da madeira, tinha apenas papel secundário ('\11

seu negócio, as ceras e as peles representando ;\ própria

'011\

natureza

esses produtos

melhores benefícios,

dos lucros mercantis,

por vezes enormes,

das companhias

co-

nu-rciais em que, ao lado das sociedades de tipo familiar e durável, a maioria das associações entre mercadores se constituem 011

para um negócio, uma viagem

um lapso de tempo de 3,4 ou 5 anos. Não havia verdadeira

ncssus empresas, não havia investimento,

a longo prazo - isto sem levar em

,ollta () hábito por longo tempo conservado par em doações uma parte importante,

continuidade

de, ao morrer o mercador, dissi-

por vezes o essencial, de sua fortuna.

fundiária

de fazer negócios, um progresso

l'

o

rural

em despesas de prestígio e de luxo, cada vez. mais dispcndiosas,

mais devoradoras. Os inegáveis progressos cussões sociais. Começaram dos assalariados, as categorias

da economia

monetária

tiveram graves reper-

a subverter o estatuto das classes pela expansão

principalmente

campo. Aumentaram

na cidade, mas também

cada vei mais no

cada vez mais o fosso entre as classes, ou melhor, entre

sociais no interior

das classes. Isto foi visto no que respeita às É mais verdadeiro

classes rurais: senhores e camponeses.

ainda para as classes

urbanas. Uma camada superior começou a se destacar do pov() médio e miúdo dos artesãos, dos trabalhadores. Mas se o dinheiro

obtidos

de luxo mostra que tais transações se faziam à margem da

economia essencial. Isto também ocorre com a estrutura

impedia a aristocracia

daí

Na maioria dos países, a ins-

que ,poderia ser ao menos investido na terra e alimentar era dissipado

da renda da ter-

diretos. Mas nem por isto o numerário

resultante era investido no progresso econômico.

os mercadores

Illar~illais, O essencial de suas transações incide sobre produtos

Ih'

por pessoas que vivem de ren-

também cada vez mais "beneficiários

tituição da derrogação

1('

e social esboça da acima. As ca-

são cada vez mais compostas

ra" e' cada vez menos exploradores

qucnu quantidade:

e,

da, pois, por causa da evolução da renda feudal, nas palavras de Marc Bloch,

l'otuuc mercadores vão para além-mar e aquém-mar l'aru prover os países, e isto faz que sejam dignos de serem amados.

Para dizer a verdade, mais 'do que complementares,

aos humildes;

as rendas perpétuas.

Convém lembrar a evolução econômica Nenhum país pode governar-se {: P'"' isso que vão mercadores ( ) t/"/' [alta IlOS países, a todos /:'assiin não se deve sem razão

de terras e que, sendo o caso,

sociais, a hierarquia

passou cada vez mais a fundamentar

as diferenças

social passou cada vez mais a ser definida segundo

um

outro novo valor: o do trabalho: Com efeito, as classes urbanas conquistaram efetivamente ideal senhorial

seu lugar por causa da nova força de sua função econômica. baseado na exploração

do trabalho

camponês,

opuseram

Ao seu

sistema de valores baseado no trabalho que as fez poderosas. Mas, sendo ela também

uma classe de pessoas que se beneficiavam

de rendas, a camada su-

perior da nova sociedade urbana impôs uma nova linha de clivagem dos valores sociais, separando Isto correspondeu

o trabalho

também

manual

das outras formas de atividade.

a uma evolução das classes camponesas,

porque

255

4

""rlf' .•

, '. $i' i

;Uii: .'"

;4?

,~ .'II'ili:I/\,.I., 1II1'I/i"I',,1

1111I.1 dite que, por uma curiosa evolução I,'mll\" de "lavradores"

- camponeses

. to de utrclagem e de seus instrumentos

do vocabulário,

abastados.proprietários

braçais'."

1l1l'IlSmecânicos"

Nas classes urbanas,

artesãos e trabalhadores

Inlllilis, os universitários,

de cquipamen-

de trabalho - p'a,ssa a se opor à massa

qUl' Il:m apenas os braços para viver: os "jornaleiros"

"trabalhadores

Capitulo 7

na chaiu .•da na

e mais precisamente

os

a nova divisão isolou os "ho-

ainda pouco numerosos.

tentados num momento

a se definir como trabalha-

dures, trabalhadores

intelectuais

lado a lado com outros ofícios do canteiro

urbano, rapidamente

juntaram-se

à elite de mãos limpas. Mesmo o pobre Ru-

(('!lellf bradava com orgulho: "Não sou trabalhador

A SOCIEDADE

Os inte-

(SÉCULOS

CRISTÃ

100-13)

manual".

A SOCIEDADE DAS TRÊS ORDENS Nas proximidades

do ano mil, a literatura

ocidental apresenta a SOCiL"

dade cristã segundo um esquema novo que logo conhece grande sucesso. A sociedade é composta por um "povo triplo": sacerdotes, guerreiros, camponeses. Três categorias

distintas e complementares,

cada uma necessitando

outras duas. Seu conjunto forma o corpo harmonioso ma parece ter aparecido na tradução

muito livre da Consolação de Boécio fei-

ta no fim do século 9° pelo rei Alfredo o Grande, da Inglaterra. ter jebedmen (homens de prece),fyrdmen mens de trabalho).

das

da sociedade. Tal esqueO rei deveria

(homens a cavalo) e weorcmen (ho-

Um século mais tarde, esta estrutura

tripartida

da socieda-

de reaparece em Aelfric e em Wulfstan, e por volta de 1030 o bispo Adalbéron de Laon lhe deu uma versão elaborada em seu poema ao rei capetíngio Roberto o Piedoso: "A sociedade dos fiéis forma um só corpo; mas o Estado compreende três. Porque a outra lei, a lei humana,

distingue duas outras classes:

nobres e servos, com efeito, não são governados

pelo mesmo estatuto ... Eis os

guerreiros-protetores e dos pequenos,

das igrejas; eles sãó os defensores do povo, dos grandes

enfim, de todos, assegurando

ao mesmo tempo sua própria

segurança. A outra classe é a dos servos: essa raça maldita nada possui sem penar. Quem poderia, com o ábaco na mão, contar as inquietações ·11 No original, manouvriers e brassiers, ambos os termos indicando o trabalho com as mãos ou com os braços. Na ausência de melhor correspondência para "manouvrier", optamos pelo vocábulo "jornaleiro'; quer dizer, aquele que trabalha por jornada, por dia. (N.T.)

suas longas caminhadas, servos fornecem

dos servos,

seus duros afazeres? Dinheiro, vestuário, alimento, os

tudo a todo mundo, e nenhum

homem

livre poderia viver

sem eles. Há um trabalho a fazer? Alguém quer se meter em despesas? Vemos

257

!\

reis

l'

, ' ' 'JIIM'';~i!IJII;gil:,II'JIII•• A''4.UIlil''!!\'I',A,,"' ~.

n"'/I' .~ ,.,1'1/'''''1'10 ,,,.',Ii""II/

11

prelados r'II,lTl'm-SC servos de seus servos; o senhor

servo, de, que pretende alimentá-lo.

t'

ulinu-ntudo pelo

E o servo não vê fim para suas higrimas e

suspiros. A casa de Deus, que se crê una, está assim dividida em três: uns oram, outros l'omhall'm, tciu

uno sofrem

e os outros, enfim, trabalham.

l;OI1l

Estas três partes que coexis-

sua disjunção; os serviços prestados por uma são a con-

lIi\ilO da obra das outras: e cada uma, por sua vez, encarrega-se lodo, Assim, esta tripla associação triunf.u

de aliviaro

não é menos unida, e a lei tem podido

c omingos, no século 13: "Um dia que São Domingos ia atravessar um

viria dar a menor importância

rio. perto de Toulouse, seus livros caíram n'água. Três dias depois um pesca-

. sado - às testemunhas,

do/', tendo jogado sua linha neste lugar, pensou ter, pescado um grande peixe, I'

,I

um

IlOVO

num armário':

Não que São Domingos

sq~uiral1l evitar. A Legenda Aurea testemunha:

"Como lhe perguntavam

l'/'a o livro em que tinha mais estudado, ele respondeu: Por outro lado, é sintomático

lor econômico

do livro lhe parecia estar em contradição

nal, do ouvir-dizer, da tradição oral, habitua-se

de personagem ver '1

11\.'

o livro tornou-se

ca. Em todos estes domínios, "

ao

utilitário, deixando de ser objeto de cuidados respei-

Se'

técnicas no domínio

em tratados. A sociedade

trudicioc 11 ler

a manipular

a utilizar o dinheiro na vida c(ollc\ml-

a utensilagem

econômico,

lentamente

se renova. Como pelas inovnçoes

as novidades

no domínio

cultural

/l,lo vie-

ram a se impor sem resistências porque, ao lado das reticências dos meios tru

com a prática da po-

da ordem dos frades pregadores no século 13, indignava-se

e o canônico, corporificam-se

os atos escritos assim como aprendera

adap-

onde

as cartas de franquia, onde o direito feudal, tanto ,quanto o direi-

to romano

de Romans, um gran-

do que ocorria no pas- .

em que se generaliza a redação dos costumes,'

qual'

intelectual porque a considerava ainda como um tesouro e o va-

brcza que ele desejava ver entre seus irmãos. Humberto

multiplicam

o livro da caridade!':

ver as próprias ordens mendicantes

11

que são mortais, "de onde convém que as letras valham

con-

tar-se mal a este novo papel do livro. São. Francisco tinha grande desconfian-

,a da cultura

É o momento

tenha sucumbido

fetichismo, o do livro, coisa que nem todos os universitários

possível - ao contrário

de prova, esta é

por si próprias, como é, de fato, o caso':

rl'l irou os livros do santo da água tão intactos como se estivessem cuidado-

s.uncntc guardados

sobre o qual declara: "De todas as maneiras

dicionalistas, ,

'. 'I

há aqui também a oposição das classes inferiores à apropriuçüo

pelas classes dominantes

de técnicas novas que por vezes reforçam a explora-

ção senhorial. A carta de franquia garantia algumas vezes mais os direitos do senhor que os dos camponeses

e será deste modo tão detestada quanto' o moi-

tosos: "Assim como os ossos, que são as relíquias dos santos, são conservadas

nho ou o forno banal. Destruir os cartórios; os censiers." a que mais tardese

com tanta reverência,

deu o nome de terriers, será um dos gestos essenciais das jacqueries.

envolvidos com sedae guardados

com ouro e prata,' é

vonden.ivel ver-se os livros, que carregam tanta santidade, lHO pouco cuidado': Para dizer a verdade, a transformação 11111

caso particular

conservados

o uso do es-

um novo valor: o da prova. Os ordálios, proibidos

IV Concílio de Latrão em 1215, foram pouco a pouco substituídos

escritas, o que revolucionou

A dessacralização métodos

da função do livro não é senão

de uma evolução mais geral, a que difundiu

oito e lhe reconheceu

com.

no

por provas

a justiça. No fim do século 13, ao enumerar

as ca-

intelectuais

do livro é acompanhada

e dos mecanismos

,H4

dos

causa o objeto de exame e de investigação. Por exemplo, as críticas às relíquias, cada vez mais numerosas.no princípio

tal qual o célebre opúscu1o de Guibertde

do século 12, de resto pouco "progressista"

Nogent

- não colocam em

causa sua eficácia. Tendem apenas a descartar as falsas relíquias, multiplicadas por causa das cruzadas e do desenvolvimento ~grejas. Mais profundamente,

20 No processo de preparação dos livros na Idade Média, às vezes a primeira cópia de uma obra era feita em cadernos de quatro fólios, que ficavam separados uns dos outros. Cada um destes cadernos feitos de pele de carneiro dobrada em quatro era chamado de pecia, ou "peça': Esta divisão do texto permitia que um número maior. de copistas transcrevesse o manuscrito com maior rapidez. (N.T.).

de uma "racionalização"

mentais. Não se trata de colocar l'll1

das necessidades financeiras das

o método escolástico não coloca a fé em causa,

21 No original, "gages de bataille". (N.T.) 22 Conjunto de normas sociais transmitidas oralmente e aceito pela sociedade; pertencente ao direito consuetudinário. (N,T.) 23 Locais'em que estavam registrados os censos, os cadastros das propriedades.

(N.T.)

345

,f'~>S2

I~k provém, ao cont r,1do, do "l'SeiO lho melhor iluminar, discernir e COIllprccndcr

Iles quucrens iutcllectum (a que os métodos das atitudes

te em

bUSGI de sua própria compreensão).

utilizados para tal fim representam

0'/111,1111 R 1\1"III"Ii,/"d,'", \(·II.,i/Ii/id".J",I, 1/11111I/." (f,I,',/I", /fIO./,I)

É difícil saber em que medida alguns foram além deste uso

da lrusc célebre de Santo Anselmo: Fi-

tul fé. Era o desellvolvillll'lllo

4,#'

temperado

de 1270 e de 1"277 parecem fazer rcferéncia não

da escolástica. As condenações

Ocorre

apenas aos "av~rroístas""

que, sob a influência de mestres (O11l0 Siger de Um-

uma verdadeira alteração

bante, teriam professado

uma doutrina

mentais. No âmbito superior da teologia, o padre Chenu.mostrou

da "dupla verdade" que pcrigosumen-

nhecer suas verdadeiras

opiniões, seu número e sua audiência. A l"CIlSUI'II eele-

siástica parece ter eliminado círculos universitários cena personagens.

:1

() ESPÍRITQ ESCOLÃSTICO

sobretudo

f: diflcil ,u-

agnósticos,

te separava a fé da razão, mas também a verdadeiros

muito bem tudo o que significou para ela, nos séculos 12 e 13, transfor~ar-se l'lIl "ciência"

Iimituvam-se 1I do século 13 põe também em

seus traços, mas provavelmente

estreitos.

A literatura

apresentados

como totalmente

nas classes superiores

descrentes

ou

incrédulos,

da sociedade. Aqui ainda não parece 'IUC'

UM

"espíritos fortes" tenham sido mais do que alguns casos isolados, . Seria presunçoso

1\ evolução

primordial

tatio." O método procedimento,

Através de três fenômenos

tentar definir em poucas linhas o método escolástico.

gem intelectual decorrente

foi a que levou da lectio" à questio" e da questio à dispu-

escolástico é, em primeiro

empregado

notadamente

lugar, a generalização

do velho

lebre Sic et

em relação à Bíblia, das questiones et

Nl'SIl'

divergências

a escolástica foi o estabelecimento

importância

de autoridade,

diferentes,

St'

eles próprios como autoridades, intelectual ao engajamento.

questão, mas devia comprometer-se.

se

li

dCSII(1I1"l11l nl\1I

das obras ou do. mau estado dos textos, de

com idéias correntes,

de opiniões

alheia»

011

com frases em que fala não de

mas sob forma de exortação, de conselho ou de dispensa,

o desacordo parecesse irredutível, f~zia-se necessário seguir a autoridade

!Ir

mais

qualificada.

A disputatio ajudou os espíritos a se habituarem

de apenas colocar em

opiniões diferentes, a reconhecerem

No extremo do método escolástico estava

a afirmação do indivíduo na sua responsabilidade

investigando

.1.

de dhnlllnr

da v~riedade do sentido das palavras segundo os diferentes autores. Enfim,

tendiam a colocar-

a conclusão podia ser fonte de uma tirania

Ele não podia contentar-se

da não autenticidad~

maneira dogmática

illlelt'dua~. Mas mais do que estes abusos, o que importa é que ela constrangia li

aparentes entre as autoridades

em que se conformava

crescente. Enfim, a disputa acabava-se com uma conclusio" dada e como os mestres universitários

Discurso do 1I/8"do da hll1dc M~dIA,

passagens em que o autor era.um simples reprodutor

o recurso à razão ganhou

pelo mestre. Sem dúvida tal conclusão podia sofrer com limitações pessoais daquele que a pronunciava,

de Abelardo, verdadeiro

proviria do emprego de palavras num sentido inusitado ou com signifkll~ôCN

de uma proble-

1Il.\lil"I. Passou em seguida a ser um debate, a "disputa': e aqui a evolução consisliu em ,que, ante o puro argumento

lIt.n.lh.~

tal quul upurece nu c4.

Re~um'indo o que diz o padre Chenu, tratava-se principalmente

no plural, levou a que fossem colocados "em questão", no singular.

primeiro momento,

nO/1

dn

da escolástica.

O primeiro foi o uso mais sutil das autoridades,

rcsponsioncs (questões e respostas). Mas colocar problemas, pôr os autores "~m qucsróes',

pode-se medir () refimllllclllu

da, o ideal continuou

intelectual.

Decretum, Graciano I

a legitimidade

da diversidade.

a ser o da unidade, da concórdia, proclama

que procura

num (acordo entre os cânones discordantes).

com a coexistência

de

Sem dúvi-

da harmonia.

a concordia discordantium

Em seu cuI/o-

Era um sinfonista. Mas tal sin-

2,1 Leitura, lição, (N.T.) 2~ Busca, pergunta, questão. (N.T.) 21> DisCL/SSIlO, debate. (N.T.) 27

COllclusão.(N.T.)

28 Adeptos ou simpatizantes das idéias de Ibn-Rushd, mais conhecido no mundo .:ris· tão como Averróis. O filósofo muçulmano viveu emCórdova (1126-1198) e se notabilizoupela extensa obra filosóficadestacando-se como grande comentado r das obras de Aristóteles. (N.T.)

347

Pi

,~,

ti

,,,,,>'

t"'''''" "",II ••,~"

do universo, descobrirás

10 muito belo e que as criaturas,

Entretanto,

O

',.

I'i

quanto mais jovem se é mais perspicaz". Em sua medíocre Suma das sentenças, /111/111'

insere todavia o que os contemporâneos

novitates (novidades profanas),

e Guilherme

chamavam

de pro-

de Tocco, biógrafo de São

'11>111;\s de Aquino, louva-o por suas inovações: "O irmão Tomás colocava em

suas aulas problemas

novos, descobria novos métodos, empregava novos sis-

temas de provas". scnvolverarn o recurso à observação

e à experimentação,

de-

O nome citado na

vezes é o de Roger Bacon, que parece ter sido o primeiro a empre-

~Ilr o te •.•no scientia experimentalis muitn dogmáticos

~ que desdenhava

dos mestres parisienses,

- com exceção de Pierre de Maricourt,

os mestres de Oxford, instruídos

-, opondo-Ihes

nas ciências da natureza. Na verdade os oxo-

niauos eram e seriam principalmente

matemáticos,

e aqui se revelam as difi-

ruldudes dos intelectuais medievais para estabelecer relações orgânicas entre a Il'oria e a prática. Múltiplas foram as razões, mas a evolução social dos universir.uios pesou muito no semifracasso de tais tentativas. A escolástica nascente tentara estabelecer

uma ligação entre artes liberais e artes' mecânicas,

lil~nda c técnica. Alinhando-se

o

fizeram abortar tal tentativa. Em certos do-

mínios o divórcio era rico em conseqüências.

Os físicos preferiram

Aristóteles

os médicos e cirurgiões preferiam Galeno às dissecações. Bem

mais que as reticências da Igreja, foram os preconceitos tardaram

entre

entre as categorias sociais que desdenha~am

trabalho manual, os universitários .\s experiências,

~I

em casos de consciência.

rito desta grande reviravolta .ela resultou das profundas

É tradicional

da psicologia e da sensibilidade procurava

dos doutores que re-

a prática da dissecação e os progressos daanatomia

por volta der 1300, tinham conhecido

primórdios

Ias viriam a viver, por sua vez, estas contradições

que, entretanto,

promissores, interiores.

Os humanis-

CSl'O-

o

a Ahelardo,

méMIIl\

fora de si a medida c a slln~i\u de

suas faltas e de seus méritos. Os penitenciais o valor de multas, Depois de pagá-Ias,

infligiam-lhe

encontrava-se

o desejava, o desgosto (os mais escrupulosos

castigos que tlnhum

reconciliado

chegariam

trição, Era ela que o absolvia. No [abliau intitulado cavaleiro aceita a penitência

material

com I)eU_,

pediu-se-lhe,

ao remorso)

Chevalicr

t clt

c II cono

11/1/111";;':('/,

que consiste em encher

na água, mas enquanto

recipiente continuaria

atribuir

mutações daquilo que Alphonse I >upl'Olll chamou

"o mental coletivo". O homem

mergulhando-o

autor de um Trata-

"o sobre o ímã, a quem chamava de "mestre das experiências

intcrio-

rizava-se, uma frente pioneira abria-se nas consciências 'e as questões da lástica prolongavam-se

com a Igreja, com a sociedade e consigo próprio. Doravantc

Na busca de provas novas, os escolásticos - certos deles ao menosmuioriu.das

em relação J natureza r

culos 12 e 13 cavavam novos abismos neles mesmos. A vida espiritual

princípio

lUIS"tem mais sutileza e sagacidade porque, segundo as palavras de Prisciano, l.ombardo

na medida em que se afirmavam

uma segurança crescente em face do mundo, os homens d~)~st·

conquistavam

causa cada vez menos medo. Desde

do século 12, em seu De musica; [ean Cotton afirmava que os músicos moder-

Ihlro

,1//111I/,'.' ( .••','''/'01 1/1" 1.1)

lJUl' {) universo é como um G\Il~

por causa da sua variedade, ao cantar em

uníssono Iorrnam um acorde de suprema beleza". Enfim, a modernidade

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